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Teenagers


Última atualização: 06/05/2016

Capítulo 1 – Ela usou o “querido”


colocou rapidamente seu dedo dentro da pia, deixando a água gelada aliviar a dor dar queimadura que acabara de fazer. Ela definitivamente não servia para cozinhar. Nem para fazer uma simples pipoca.
- Droga! – ela reclamou em voz alta.
- O que foi, ? – a voz de seu namorado surgiu da sala de seu apartamento. era, hum, como descrever? Perfeito. Seus pais tinham sua própria empresa de... petróleo? Só o que todo mundo sabia era que ele era rico. Os moravam numa mansão na zona leste da cidade e o irmão mais velho de , Alex, era conhecido pelas festas que fazia no ensino médio quando os pais viajavam, o que acontecia com frequência.
tinha seus cabelos castanhos em forma de cachos, olhos verdes perfeitos e um corpo típico de um campeão em natação. Era o tipo de cara que as meninas queriam. E não tinha como não querer. Ele era irresistível e cheirava a loção pós-barba misturado com menta. Seu rosto anguloso e bem formado derretia o coração das meninas, misturado com sua simpatia e seu sorriso sedutor. Se ele sabia que era perfeito? Sim, ele sabia. Mas isso guardava só para ele, pois não tinha nada de convencido.
- Algum problema? – ele disse aparecendo na cozinha. Seu suéter azul de lã parecia não ser o suficiente para lhe proteger do frio, já que ele estava todo encolhido.
- Queimei meu dedo. – respondeu.
- De novo? – zombou de brincadeira.
levantou as sobrancelhas perfeitamente feitas. Ela era presidente do clube de teatro da escola e bem conhecida pelos alunos. Não do tipo rainha da escola, mas tinha muitos amigos. Seu cabelo louro claro estava preso em uma trança que ia até a cintura. Sua blusa de gola alta marrom-clara combinava com suas botas de cano longo de couro vegetal.
Ela morava em um prédio chique no centro da cidade com os pais. Eles tinham dois andares e a cobertura. O segundo andar era só dela. foi para a casa dela mais cedo e os dois decidiram ficar por lá mesmo, estava frio demais para sair.
- Eu disse que era melhor você fazer a pipoca. – ela retrucou, revoltada.
- Você fica bravinha tão fácil. – ele riu. – É por isso que eu amo te fazer raiva.
- Gosta de mulheres com raiva?
- Tenho um fraco por mulheres com raiva. – ele chegou mais perto dela com aquele sorriso malicioso nos lábios que ela conhecia bem. – Me deixa... empolgado.
soltou uma risada sem graça. colocou a mão em sua cabeça e a levantou até a dele, lhe dando um beijo doce. As cabeças dos dois se mexiam em perfeita sintonia, até mesmo as línguas. Pareciam feitos um para o outro, o que deixava as garotas revoltadas. Mas o fato deles estarem juntos já era algo natural, eles eram namorados desde os quatorze anos.
- ! – a Sra. gritou do andar de baixo, fazendo os dois se separarem. Entregue o terno do seu pai para mim.
- está aqui, mãe! – gritou de volta irritada.
- Ele pode ir com você, não pode , querido?
- Ela usou o querido. – murmurou derrotado, fazendo rir. – Estamos indo!
- Acho horrível você ser tão puxa-saco assim da minha mãe, . Isso não é bom para uma relação.
- Amor, você está com ciúmes até da sua mãe agora?
- Não.
- Sei.
a puxou pela cintura de novo e lhe deu um beijo na testa, outro na bochecha esquerda e outro na direta. Quando ia beijar sua boca, a Sra. gritou de novo.
- Andem logo vocês dois!
bufou de raiva e eles desceram as escadas.



Capítulo 2 – A verdade machuca, nos entristece e nos irrita


acordou com beijando seu pescoço. Ela olhou no relógio e já eram três horas da tarde. A noite passada era um borrão em sua mente. O que ela fazia com o gostosão – porém, também seu amigo – na cama?
O quarto dele era todo azul, com armários altos e roupas por todo lado. As cortinas estavam fechadas e nenhuma luminosidade entrava pelas janelas. A escrivaninha dele parecia estar mais longe do que o normal, ou será que ela ainda estava bêbada? Ah, isso era a única coisa que sabia que acontecera na noite anterior: ela ficou bêbada.
- Bom dia. – disse beijando sua bochecha e subindo lentamente em cima dela. Ele cheirava muito à cerveja do Ireland, aquele bar encardido que tinha perto da casa dele. As pessoas sempre diziam que essa cerveja era tão forte que deixava a pessoa com amnésia por três semanas. começou a temer que aquilo fosse mesmo verdade.
Quando notou que estava somente de cueca, logo se afastou.
- O que aconteceu ontem?
- Não sei. – ele riu, mostrando sua pequena covinha no canto esquerdo da boca. –Mas que se dane, não é mesmo?
ignorou o que ele tinha dito e pegou seu celular em cima da cômoda. Sete chamadas perdidas da mãe, cinco de Julia, sua melhor amiga careta e duas de . Sim, o cara tem nome de terno. Ele era meio que o ficante de . Os dois estavam “juntos” a sete meses, mas ele era maricas demais para pedi-la em namoro. Dava mole para todas as meninas bonitas do Elizabeth Medium High School, o que eram muitas.
Talvez tivesse sido por isso que se embriagara em uma festa e acabou no dia seguinte com ao seu lado na cama, que por acaso era um dos melhores amigos de . Ah, mas qual é, quem não queria beijar ? Principalmente com aquelas covinhas e aqueles músculos de um típico jogador de futebol.
olhou para ele mais uma vez. Ela tinha feito uma bobagem enorme, mas ninguém ficaria sabendo nunca. Ela e ficariam felizes como sempre, como um casal feliz. Tirando o fato dos dois não serem um casal.
se lembrou da prova de vestido que ela faria às quatro horas no shopping com a sua mãe para a Festa do Luar. A Festa do Luar era organizada todo ano por Monique , uma amiga da sua mãe. Era uma festa beneficente, que arrecadava fundos para várias escolas menosprezadas da cidade. Já eram três e quinze, e se ela não se apressasse, não chegaria a tempo para estar meia hora atrasada.
- Eu tenho que ir. – disse se sentando na cama e vestindo seu cardigã apressadamente. se sentou ao lado dela, atordoado.
- O que foi? – ele perguntou arrumando seu cabelo preto sedoso.
- Estou atrasada para... uma coisa com minha mãe. Vou experimentar alguma coisa para a Festa do Luar.
- Sobre a festa, eu estava pensando... Não tá a fim de ir comigo?
- , eu acho que você entendeu errado. Noite passada foi um erro, eu estava bêbada demais. Eu namoro seu melhor amigo.
- Não namora. Vocês não têm nada sério.
- Estamos juntos há sete meses. Eu acho que isso prova alguma coisa.
- Vocês não estão namorando.
- Não é preciso de um pedido formal, em que século você está? Simplesmente é assim que as coisas são.
- mesmo para um cara como o ... sete meses? Ele com certeza levaria isso a sério.
- Ele sai com um monte de meninas, não é só você.
- Está mentindo. – quando imaginamos uma pessoa chocada era exatamente como estava naquele momento. Não podia ser, podia? imaginou levando outra garota para o quarto dele e dizendo para que ela era linda. Ele balançou a cabeça negativamente, com raiva. Era óbvio que só estava tentando ferrar o amigo.
- Sou seu amigo há um tempão. Estou te falando a verdade.
- Como eu não sabia disso?
- Boa pergunta, todo mundo sabe. Achei que você soubesse.
- Tenho que ir.
- Não quer ficar?
- Eu ligo mais tarde.
se moveu tão rápido que quando ela percebeu, já estava dentro de um táxi indo se encontrar com a sua mãe, com o coração disparado.



Capítulo 3 – Vou te ensinar a ser fabulosa. É bem fácil, olhe para mim!


saiu com sua mãe de dentro de um táxi, parando na Avenida Treze. Elas entraram em uma loja feminina para comprar um vestido para a festa que sua mãe estava organizando. Ela era obrigada a ir todo ano com um par que sua mãe escolhia para ela, pois segundo a Sra. , eram necessárias técnicas do século passado.
- Filha, vamos andar rápido com isso. Sarah ainda vai chegar e eu tenho que ir a todas as boas floriculturas da cidade. Quero escolher as flores dessa vez, no ano passado mandei um empregado escolher e acabamos com cravos por todo o salão.
revirou os olhos, irritada com o exagero da mãe. Monique era uma ótima organizadora de festas, mas fazia questão de deixar tudo sempre pronto semanas antes. Já que ela esteva em Praga com a avó de fazendo um “intervalo de rotina”, os preparativos estavam um pouco atrasados. E a Sra. estava ficando louca.
- , vamos desistir disso. Eu tenho tantas coisas para fazer, e você já tem tantos vestidos.
- Mas eu não posso repetir um vestido na Festa do Luar, mãe! Sabe que é importante para mim!
E era. A mãe de finalmente concordara em deixá-la ir com quem quisesse. Ela podia ir com qualquer um, era a garota mais bonita em um raio de quilômetros. Mas a única pessoa com quem ela realmente queria ir era , que namorava , a garota do teatro. Isso era tão revoltante.
Ela já tentara beijar umas sete vezes, mas a namorada dele era como uma víbora. Comparada a ela, Jen era tão sem graça. O cabelo louro claro sem brilho dela era muito inferior ao cabelo cor de ouro que formava ondas perfeitas nos ombros magros de . E seus olhos que não eram nem verdes nem azuis eram muito menos surpreendentes do que os olhos azuis bem claros de . E por favor, ela usava manequim trinta e quatro. Seu corpo era malhado e bronzeado. só devia ser cego.
mexeu nas araras de roupas, analisando os vestidos chiques da loja como se fossem insetos em um laboratório.
- Monique, querida! – a Sra. disse abraçando a mãe de . – Como foi em Praga? Você está ótima!
- Obrigada, Sarah. veio comigo. Praga foi perfeita.
- Olá, . – a Sra. disse com aquele sorriso grande demais para ser real. analisou suas bochechas. Ela com certeza já tinha feitos umas boas plásticas ali. Ninguém naquela idade sorria tão abertamente sem deixar escapar uma pequena ruga.
- Oi. – respondeu, sem vontade, depois de um cutucão de sua mãe. Só cuidando para não pegar germes de gente velha.
- Garotas. – Sarah ajeitou seu terninho rosa que parecia ter sido passado há pouco. – também veio.
olhou para com o nariz franzido. Era aquela garota que Deus sabe por qual motivo preferiu a . É claro que também era lindo – muito mesmo –, mas era um caso à parte para . Ela parecia ser a única pessoa normal por aí.
tinha a pele bem clara e os olhos azuis meio acinzentados. Seus cabelos pretos estavam desgrenhados e sua roupa toda amassada. Apesar do frio, seu cardigã de gola alta parecia lhe sufocar. Ela estava com certeza com algo a incomodando, como um... Segredo. farejava segredos à distância. Ela sabia muitos de muitas pessoas.
- Olá. – tentou soar educada, mas a expressão dela fazia parecer que ela tinha comido algo estragado.
Como se ela fosse uma santa, pensava , mordendo o dedo indicador. já devia ter dormido com o time de futebol da escola inteiro. Elas costumavam ser amigas, mas no momento considerava uma rodada. E não que fosse virgem, ela só não era piranha. Sua última relação amorosa não acabara muito bem. Michael Jones a rejeitou para ficar com , há sete meses. O namoro dos dois durou uma semana. Patético.
Depois disso, apesar de não admitir, não namorara sério. Só alguns encontros que não duravam muito, alguns ficantes e algumas ficadas com . Ela rejeitava garotos diariamente, pois por enquanto nenhum do seu completo agrado apareceu. Só , que tinha namorada.
- O que acha desse? – a Sra. perguntou, lhe mostrando um vestido amarelo rodado meio rendado. Normalmente não confiava muito no gosto da mãe, mas aquele vestido era impecável.
- Vou experimentar.
Quando ela puxou a cortina do primeiro provador, uma de calcinha e sutiã apareceu do outro lado assustada. não pôde deixar de reparar nela. Seu corpo era ótimo e sua bunda era meio gigante. Mas ela estava cheia de marcas vermelhas espalhadas pela barriga, braços e pescoço. mordeu o canto de dentro de sua bochecha. Eram marcas de chupão.
Isso explicava porque ela estava tão desarrumada e desconfortável. Será que foi com ? Será que não tinha sido e ela estava esquisita daquele jeito porque se sentia culpada? não se surpreenderia se não fosse com . era a maior piranha.
- Opa. – ela disse e fechou a cortina, soltando uma risadinha e deixando constrangida.
Quando acabou de experimentar o vestido, tinha ficado linda. A única coisa que conseguia pensar era a cara de ao vê-la com o vestido. Normalmente, ficaria um tempão para escolher o vestido que queria, mas dessa vez estava decidida. E quando decidia algo, fazia de tudo para ganhar. Ela sempre ganhava o que queria.
E ela decidiu que também queria o .



Capítulo 4 – Afinal, o que seria de nós sem os sonhos?


pegou a sua última mala na esteira. Já eram quase cinco horas da tarde e ela tinha acabado de chegar de viagem, da casa de seu pai. Seu irmão Marco já devia estar lá esperando por ela. Mas do jeito que Marco era, ainda devia estar na faculdade. Não porque ele era uma daquelas pessoas muito aplicadas nos estudos –muito pelo contrário –, ele só queria ficar o mais longe possível da família porque ainda não aceitava o fato de seus pais terem se divorciado e do pai estar com outra mulher.
A família de era bem complicada. A mãe e o pai dela se divorciaram há três anos e permaneceu ao lado da mãe. Marco se mudou para outra cidade, sem querer saber de mais nada relacionado aos . A mãe dela era metida à riqueza e queria que também fosse, fingindo que era rica para os que não a conhecia. Elas moravam no quarto andar de um prédio chique no centro da cidade. A Sra. trabalhava com Carrie , que foi quem conseguiu um apartamento no centro da cidade para que as duas pudessem morar.
precisava pegar roupas emprestadas de lojas de marca, mas ninguém sabia disso. Oh, mas coitadinha. Ela só queria ser descolada. E metade da culpa era da mãe dela.
caminhou até o lado de fora do aeroporto e encontrou sua mãe parada em frente a uma cafeteria, o cheiro de chá de ervas ocupando o lugar. odiava chá.
- Mãe? – ela perguntou, confusa. A mãe dela se aproximou e a ajudou a pegar as malas que estavam na mão de . – Onde está Marco?
- Segundo ele, dever demais. – a Sra. tentou disfarçar a decepção enquanto chamava um táxi, mas sabia que ela estava triste, porque ela também estava. Marco tinha finalmente dado sinal de vida e disse que pegaria a irmã no aeroporto para que eles pudessem dar uma volta. começou a se sentir idiota por achar que ele realmente faria aquilo. – Como foi com seu pai?
- Foi o de sempre. – ela deu de ombros. – Aquela namorada idiota dele ficou me fazendo perguntas embaraçosas. E ela parecia querer esfregar na minha cara o tempo inteiro que as filhas dela são melhores do que eu.
- Elas não são. Deixa o seu pai para lá, tudo bem? Você tem a mim.
- Eu sei disso. E aí, que tal uma pizza hoje?
- Desculpe, . Fica para a próxima. Hoje tenho que trabalhar até mais tarde.
As duas entraram dentro do táxi depois de colocarem as malas de no porta-malas pequeno e apertado do carro. A mãe dela deu as instruções ao motorista.
- De novo, mãe? Mas que droga. – ela apoiou a cabeça no vidro do carro. – Não acha que a Sra. está se aproveitando de você?
- É por causa da Festa do Luar, querida. Todo mundo fica meio afobado.
suspirou. A Festa do Luar era um evento beneficente que acontecia todo ano. Ela costumava ficar meio deprimida com isso, porque todo vestido maravilhoso era caro demais para sua mãe poder bancar, e ela tinha que se contentar com o que a loja podia emprestar.
- , sobre a festa, por que você não passa nas lojas para escolher um vestido lindo para usar? Mas com aquela mesma condição que você sabe.
- Pegar emprestado. – ela girou os olhos, não entendendo como sua mãe ainda lhe falava aquilo.
- Se não quiserem te emprestar, dê meu número e diga quem eu sou.
- Mãe, não fará nenhuma diferença eu falar quem você é, nós não somos ninguém.
- Claro que somos. – a Sra. colocou a mão sobre o peito, ofendida. – Acostume-se com isso. Vamos, querida. Somos as !
Só porque temos o mesmo sobrenome de Adam , não quer dizer que somos tão bem-sucedidas como ele, pensou em responder, mas deixou para lá.
Ela olhou para fora da janela. O trânsito estava horrível. Se sua mãe queria se deixar acreditar que elas eram alguém, nada a impedia.
E se queria acreditar que
notaria sua presença na sala de aula e que as duas seriam melhores amigas, nada a impedia.
Afinal, o que seria de nós sem os sonhos?



Capítulo 5 – Só o que você precisa é relaxar


chamou a garçonete gostosona para a mesa onde estava sentado sozinho. Ele, por um milagre divino do universo, decidiu começar a fazer seu dever de Química Avançada por livre e espontânea vontade. Alguns poderiam chamar de fundo do poço, outros poderiam achar que ele era um nerd, mas no caso de , a explicação mais provável era que ele tinha ficado doido.
- O que posso fazer por você? – a loura se abaixou, espremendo os peitos de propósito. Típica técnica das garotas, hum, necessitadas. E se você é um tolo funciona. No caso de , funcionou. Não porque ele era um tolo, mas sim porque ele era... O .
- Várias coisas. – riu e levantou as sobrancelhas escuras. A garçonete riu. Era por isso que ele gostava dali. A base do atendimento do Joke’s eram mulheres que deviam estar na faculdade e sem amor próprio. – Me traga uma cerveja.
document.write(Fred) fez um barulho. Uma nova mensagem.
, minha filha sairá hoje à noite. Vou ver se compro um vinho. Quer vir para cá? – Anna”
Anna era a coroa que estava tendo um caso com . A única razão para ele estar com ela era que qualquer cara que se preze devia pegar uma coroa pelo menos uma vez. E até que era divertido, porque ela entendia das coisas.
A garçonete levou a cerveja para ele, que derramou tudo na boca num só gole.
- Mais uma. – ele pediu.
“Chego aí às oito. –
No exato momento em que ele desligou seu telefone, ele voltou a tocar. Emburrado, pegou-o de novo.
- Fala. – ele falou com raiva.
- Nossa, o que houve? – a voz de ecoou do outro lado da linha. – Sou eu. Onde você está?
- Oi, e esse interrogatório? Está desconfiada de alguma coisa?
- Deixa disso. É só que você parecia bravo.
- É que o dever de Química está me deixando louco.
- Vem pra cá, eu posso te ajudar.
- Sua cerveja. – a garçonete cantarolou colocando o copo americano em cima da mesa meio ensebada.
- De quem foi essa voz? – perguntou, seca.
- Da minha mãe.
- Sua mãe te dando bebida, ?
- Hoje ela acordou de bom humor.
- Sei. Por que está mentindo para mim?
- Ah, , relaxa. Dá um tempo.
- Vai vir pra minha casa ou não? Parece ocupado.
- Chego aí em meia hora.
- Tá.
- Você tem que aprender a relaxar.
- Desculpe.
guardou o telefone dentro do bolso de novo. As vezes era tão implicante e desconfiada. Ele deixou uma nota em cima da mesa e saiu do Joke’s.



Capítulo 6 – Bata como um homem


tomou o último gole de água de sua garrafinha. Depois de ter acordado na cama com uma de suas melhores amigas, foi esfriar a cabeça indo jogar tênis com o irmão mais novo, Jonny.
A verdade era que gostava de . Muito. Ele tinha secretamente fantasiado a primeira noite dos dois juntos umas três vezes. E apesar de normalmente ser um mulherengo, ele não era como . Se não fosse seu amigo, já teria o enchido de pancada há muito tempo por fazer o que ele fazia com . Ela era tão perfeita, com aqueles olhos azuis perfeitos. Talvez aquela noite não tenha mesmo feito bem para .
Mas de todas as suas fantasias, “Essa noite foi um erro.” era uma frase que não estava inclusa em nenhuma delas. Ele devia ligar para , mas não podia parecer que estava ligando para aquilo tudo mais do que ela, devemos deixar claro quem era a garota da situação. Não devemos?
até ficara arrependido porque a tinha acordado com um beijo no pescoço, e não naqueles lábios carnudos dela. Um homem apaixonado pode ser bem mais estranho do que uma mulher apaixonada. era sua melhor amiga. Eles eram amigos muito antes dela começar a ficar com , que também era seu amigo.
E se ele também saía com tantas garotas, então tinha o direito de sair com outros caras. Mas ela não aceitava. Não enxergava que o não era o carinha perfeito dos sonhos dela.
- O que foi, cara? – seu irmão perguntou. Ele se sentou ao lado de e ficou olhando para ele, piscando sem parar, coisa que Jonny sempre fazia quando sabia que algo estava errado. – Vamos, não é que você seja bom, mas hoje estava pior ainda! Por que está tão desconcentrado?
- Não foi nada, Jonny. Você não entenderia.
olhou para o campo de golfe ao lado da quadra. Ele viu uma menina loira que por um segundo pensou ser , mas não era. Ele e eram amigos desde sempre e já tinham ficado algumas vezes.
- É uma garota. – Jonny deu uma risadinha. – Cara, você está assim porque brigou com a namorada.
- Eu não tenho namorada.
- Sei que não. Só estava esfregando isso na sua cara. - deu um tapinha no ombro dele. - Ui, .Você é um fracote.
- Eu só não quero te machucar.
- Como se conseguisse. Nem consegue pegar meninas.
- Ei, é mentira! O que você sabe sobre meninas? Nada.
- Pelo visto mais que você. Cara, você precisa ligar para ela. Todo mundo sabe disso.
- Eu sabia.
- Então por que não ligou?
- Porque estava jogando com você. – deu uma boa analisada com os olhos verdes em seu irmão, que tinha traços inocentes. – Você parece saber muito sobre meninas.
- É minha obrigação.
- Qual é, você é tão novo.
- Tenho mais experiência do que você.
- Me diga uma coisa... você é virgem?
- Claro que não, mano.
- O que?!
- Achei que soubesse. Já viu tantas meninas saindo do meu quarto.
- Mas eu não pensava que faziam essas coisas.
- O que achava que fazíamos?
- Não sei, dormiam abraçadinhos?
- Cara...
- Você não pode já ter feito isso. Achei até que nunca tinha beijado. Você é meu irmãozinho.
- Eu não acredito que você falou no diminutivo. , você ultimamente tem andado meio gay. Isso pode ser perigoso.
- Ai meu Deus, ele usou diminutivo de novo. – Jonny colocou as mãos na cabeça, como se fosse ficar doido. segurou a vontade de rir e seu irmão se virou para ele e bateu no peito. – Me bate.
- O que?
- Sério. Me bate o mais forte que conseguir.
- Claro que não, ficou doido?
- Sabia que era gay.
bateu em Jonny fraquinho. O garoto caiu no chão, se contorcendo e com os olhos apertados, desesperando o irmão.
- Ai, merda. – se abaixou, tocando o braço do irmão. – Jonny? Jonny! Merda, merda, merda. Jonny, responde!
- Cara, é brincadeira. – Jonny riu e se levantou. – Você bate como mulher.
- Jonny, seu idiota, você me assustou! Vai... Olha, eu não coloquei força.
- Vou fingir que acredito. Você é um fracote mesmo.
Jonny riu e deu um tapa na cabeça dele. Irmãos....



Capítulo 7 - Às vezes as mães nervosas nos ajudam a sair de situações constrangedoras


colocou um prato de macarrão na frente de e outro para ele. Ela olhou para o prato com o pequeno nariz enrugado.
- Ah, amor... Essa coisa não está com uma cara muito boa. – ela disse rindo.
- Só come logo! – falou, também rindo. –Menos mal a minha comida do que a sua.
- Infelizmente você está certo. – pegou uma garfada de macarronada e colocou em sua boca, mastigando quase que em câmera lenta. Ela olhou para por uns segundos antes de colocar outra garfada e engolir. – Estive pensando... Aquela Festa do Luar?
- O que tem?
- Você não quis ir esse ano.
- Não? Achei que íamos.
- Mas você não quer ir...
- O quê? Por que eu não iria querer ir?
- É que você não falou nada, nem me convidou.
- E preciso? Quer dizer, nós dois vamos juntos todo ano, achei que esse ano já era certo que iríamos.
- Ah. Tudo bem, então. Mas você vai ter que alugar um terno.
- O que tem de errado com os ternos que eu tenho? – ele perguntou ofendido.
- Ele já está velho demais. Você usa ele em todas as festas que vai.
- Ei, aquele terno era do meu avô.
- É por isso que está velho!
- Não seja má.
se calou. Ela sabia como a família de era importante para ele. O fato de eles estarem sempre tão ausentes causava muito efeito em .
Uma vez, quando ele queria visitar a mãe que estava no hospital em outra cidade e ninguém o deixava vê-la, pegou sua bicicleta e saiu pedalando até o hospital que ela estava internada. Ele tinha doze anos. E mais incrível era que ele realmente tinha conseguido chegar lá. E quando você já tem certeza de que ele é perfeito, surge uma coisa dessas.
se inclinou e lhe deu um selinho rápido, mais como um sussurro em seus lábios. Ela colocou o prato dos dois na pia.
- Melhor eu ir. – disse.
- Já?
- Minha mãe está doente de novo. E provavelmente está na menopausa ou sei lá o que, porque ela está naquele humor que a faz gritar dezessete palavrões seguidos se não trouxermos café para ela rápido.
- Viu só? Mais um motivo para você ficar.
- Ah, é? E qual é o outro? – se levantou também, colocando seu prato na pia ao lado do dela e colocando suas mãos na cintura de , que estava encostada à pia.
- Eu quero muito que você fique. – deu um sorrisinho. – Tem muito mais coisas para se fazer aqui.
- Por exemplo?
Ela o beijou de novo, mas dessa vez mais forte, entrelaçando suas pernas na cintura de num movimento rápido. Ele foi caminhando até o sofá e a deitou no sofá, ficando em cima dela e a beijando com vontade. mexia no cabelo dela, enquanto ela alisava suas costas por baixo da camisa com a ponta dos dedos gelados.
fez um gesto para que ele se sentasse e ela subiu no colo dele, beijando seu pescoço. riu. Ela voltou a beijar sua boca e deu leves puxões nos cachos dele.
- , eu estava pensando, eu... – a voz da Sra. ecoou da porta.
A mãe dela estava parada em frente ao sofá, olhando para os dois sem expressão nenhuma no rosto. virou lentamente sua cabeça em direção à Sra. .
, quando percebeu o que estava acontecendo, se levantou rapidamente de cima do namorado, pondo-se de pé.
- Que droga, mãe.
- Ah, eu... – Carrie estava meio em choque.
Ela já tinha visto os dois se beijando diversas vezes, mas dessa vez acontece que as mãos dele estavam dentro da blusa dela e as mãos de alisava as coxas de .
- Isso é tão estranho. – murmurou. Seu telefone começou a tocar e ele deu graças a Deus por isso ter acontecido. Sua mãe mandou uma mensagem mandando ele ir na farmácia para ela. – Minha mãe precisa de mais remédio, melhor eu ir.
- É. – a mãe de só conseguiu dizer isso.
deu um beijo na bochecha da namorada e apertou o ombro da mãe dela antes de sumir, deixando as duas paradas na sala, ambas assustadas.



Capítulo 8 – New Girl


saiu da área de roupas íntimas e foi até as araras olhar mais vestidos, enquanto esperava sua mãe chegar. Acontece que a mãe tinha esquecido o cartão de crédito na bolsa do trabalho e mandou a filha voltar na loja para pegar o vestido, que estava reservado. Ela nem estar perto da mãe quando ela chegasse em casa, ela estaria tão nervosa por causa do atraso que iria estourar os ouvidos de .
Ela estava esperando a Sra. , que mudou de ideia e resolveu largar todas as suas responsabilidades da Festa do Luar e ir para lá comprar um par de sapatos. Ela ficou mais uma hora e meia com a mãe, a Sra. e fazendo compras. a irritava um pouco, ela se fazia de santa para todo mundo, só para se derreterem por ela. A mãe de não era exceção. Sempre foi assim, sua mãe babando por .
Chegou uma hora que ela pensou que a filha da Sra. era a , e não ela. já estava cheia daquilo tudo. Às vezes tinha a impressão de que a mãe não gostava dela. sempre tentava impressioná-la de qualquer jeito e melhorar cada vez mais. Ela era a garota mais bonita e descolada do ensino médio de sua escola, era inteligente, magra, linda e graciosa. Todo mundo parecia enxergar, menos a senhora .
A loja estava lotada, era como se a data da festa tivesse sido adiantada para aquela noite.
viu uma garota baixinha perto dela que usava botas de couro pretas até o lho, uma calça jeans clara meio rasgada que estava há tempos tentando conseguir, um casaco de cashmere amarelo simplesmente maravilhoso. Seus cabelos caíam em cachos castanhos pelos ombros e ela usava um chapéu pequeno branco adorável. Sua boca em formato de coração estava brilhando pelo brilho labial que cheirava a abacaxi de longe. não lembrava de tê-la visto antes. A garota estava babando por um vestido verde BCBG.
- Boa escolha. – disse se aproximando.
A garota olhou em um tom de alerta para . Seus olhos cor de avelã se arregalaram e sua boca ficou em formato da letra O.
- Obrigada. – ela piou gaguejando.
- O que foi? – fingiu estar confusa. Ela sabia muito bem que não era uma das pessoas mais desconhecidas. – Sou , mas gosto que me chamem de .
- Eu sei... Meu nome é .
- E aí, está escolhendo um vestido para a Festa do Luar?
- Gostou muito desse vestido? – perguntou depois que assentiu rapidamente com a cabeça.
- Gostei. – olhou para a etiqueta do vestido. Eram novecentas pratas. Ela engoliu em seco. – Mas é caro demais para ser usado só uma vez.
piscou sem entender. E qual era o problema nisso? Festas únicas merecem um vestido único. mordeu o lábio, percebendo que tinha feito bobagem. Admitir que algo era caro demais era o mesmo que admitir que era pobre. E quando você faz isso na frente de , ela repensa na sua decisão de vir falar com você.
- Eu acho que vou procurar outro. – ela por fim disse algo.
- Mas você gostou muito desse. – colocou a mão sobre tecido de seda macia. – Pode pegá-lo emprestado.
- Pegar emprestado? Ninguém nunca faz isso.
- Ah, qual é. Claro que faz. Eu pego joias emprestadas o tempo inteiro.
não queria que pensasse que ela estava rebaixando-a. Muito pelo contrário. Nos últimos anos ela vinha tentando chamar a atenção de , fazer com que ela a aceitasse e ser igual a . Mas algo sempre dava errado.
E depois de tudo isso, ela ter chegado perto de
do nada e ter começado a conversar com ela era meio estranho. Não que se importasse. era uma espécie de ídolo para ela, e ela tinha que fazer as coisas direito.
- Eu nunca te vi por aqui. É nova na cidade? – perguntou.
- Não! – respondeu rapidamente. Ela estava tão aliviada que não ficara ofendida que nem percebeu que ela nunca tinha reparado em sua existência. – Moro aqui desde que nasci.
- É? E você está no ensino médio?
- Somos da mesma escola.
levantou as sobrancelhas, surpresa. Ela realmente nunca tinha visto antes. Ela foi até uma mulher com cabelo curto horroroso e umas sardas no rosto. a seguiu.
- Oi, Christina. – falou com simpatia. Ela era tão pequena.
- , querida! – a mulher a abraçou. – O que vai querer hoje?
- Quero esse vestido. – lhe entregou o BCBG.
- Emprestado. – acrescentou.
- Claro. – Christina disse com delicadeza, como se fosse óbvio.
ficou confusa. Por que era tão óbvio? Aquele vestido nem era tão caro assim para ser comprado. Será que era uma espécie de celebridade que todos conheciam e era boa demais para comprar aquele vestido?
Ela se sentiu culpada por nunca ter conhecido antes. Ela se vestia bem, era simpática, descolada e conhecia até os vendedores da loja. Nem que tinha o nome conhecido pela cidade inteira era tratada daquele jeito pelos funcionários.
Quando Christina voltou com seu vestido embrulhado, assinou um papel.
- Vê se devolve no prazo dessa vez. – a mulher brincou fingindo estar branca.
ficou vermelha e sorriu com superioridade. Qualquer garota já devia ter pego uns dez vestidos emprestados. Não era uma vergonha assumir isso.
- Ok, talvez eu já tenha pegado alguns vestidos emprestados. – disse quando Christina se afastou. Ela se sentiu uma idiota por ter mentido para . Mas o que ela podia fazer, dizer que precisa pegar a maioria de suas roupas emprestadas? O mundo é tão dramático.
- Toda garota pega roupas emprestadas. – respondeu por fim.
não podia acreditar. era o máximo mesmo. Normalmente, ela já teria abandonado há muito por ter mentido sobre algo tão bobo como aquilo. Mas viu algo nela, e com a sua ajuda, podia ser tão legal quando ela.
E além do mais, estava precisando de amigas. Aquelas suas amigas preocupadas demais com a faculdade já estavam deixando-a nos nervos. É claro que iria mantê-las – ela precisava –, mas seria bom variar.
- Sabe, acho que naquela loja ali da esquina podem ter sapatos que combinem com esse vestido.
- Sério? – os olhos de brilharam. – Me desculpe por essa coisa toda.
- Esqueça isso. – sorriu. Ela viu sua mãe acenando para ela perto dos provadores. – Eu tenho que ir. Venha almoçar comigo amanhã.
- Ah! – exclamou maravilhada. – Claro!
deu seu último sorriso, deixando lá abobada.



Capítulo 9 – Como é amar um cafajeste, estrelando: !


trocou de roupa pela terceira vez. Ela estava nervosa e não sabia o que fazer. Colocou um blusão xadrez com seu jeans velho e desbotado. Não queria que parecesse que ela estava se arrumando toda. Era só o .
Mas ela não sabia como agir. Sabia que o certo era começar falando que ele teria que se decidir entre um relacionamento único e exclusivo com ela ou ele a esquecesse e os dois terminariam tudo – algo já havia começado?
Porém, outra parte sua gritava mais alto. A parte que não era guiada pelo seu raciocínio lógico, pelo seu cérebro. Ela não queria parar de ver o , gostava muito dele. E mesmo com um buraco no peito por ter descoberto que ela não era a única garota de , não conseguia odiá-lo. Ela se odiava por não odiá-lo.
Sua mãe tinha saído para jantar com o pai e a casa estava vazia. Normalmente ela ficaria animada pois daquele jeito algo podia finalmente começar a esquentar entre ela e . Mas naquele momento, só queria acabar logo com aquele drama e mandá-lo decidir o que queria dar vida. Se vista de longe, ela seria o símbolo da confiança. Bem, bem de longe.
Quando e começaram a sair, tinha a pedido em namoro uma semana antes. Ela estava carente e era atencioso, além de já ter tentando beijá-la várias vezes. O amor te faz ficar meio idiota. Como quando estava bêbado e fez uma serenata para . Então é bebida que te faz ficar idiota. Os dois, na verdade. E quando você experimenta uma dose dos dois, vira um cantando na janela da casa da amada às quatro da madrugada.
Mas sempre gostou muito de , como amigo. Ela tinha uma paixão platônica por . Quando ele a beijou pela primeira vez em um jogo do beijo, foi a gota d’água. ficou louca por ele. E depois eles começaram a sair e ficar, e ela se esqueceu completamente que um dia quis ser seu namorado. Até a noite passada. tinha pensado muito nisso depois que saiu da casa de e aquilo a estava incomodando.
A campainha tocou, tirando-a de seus devaneios. desceu as escadas correndo para atender a porta. entrou e lhe deu um beijo rápido, de modo que ela só percebeu o beijo quando ele já tinha se afastado. Ele colocou seus livros em cima da mesa da copa e se sentou em umas das cadeiras de madeira.
- Vamos, então? – ele perguntou.
- Mas já? – disse ainda na frente da porta. – Você nem me cumprimentou nem nada.
- Lu, eu te dei um beijo. O que você quer, outro?
se sentou ao lado dele, pronta para dizer tudo o que estava pensando. Mas se inclinou para perto dela e lhe deu um beijo. E nesse momento, tudo desapareceu. Ela fez carinho em seus cabelos castanho-claro enquanto ele enfiava a língua na boca dela. Percebe a diferença?
não era uma má pessoa. Ele até ajudava o pai no seu trabalho, vendendo carros e conseguia fazer amizade muito rápido com os clientes. Só era um safado. Ele gostava de . Sentia que ela era a única pessoa que ele não precisava se esforçar para ela gostar dele. Sabia que era apaixonada por ele.
- A gente tem que conversar. – falou, parando de beijá-la.
- Eu sei. – ela gaguejou, surpresa. – Também tenho algo para falar.
- Ah, é? Então pode falar primeiro.
- Tá. Eu quero saber se você está saindo com mais alguém. Quer dizer, eu sei que está.
- E daí?
- Pensei que tínhamos alguma coisa.
- E temos. Estamos saindo.
- Há sete meses, !
- Você nunca disse que queria nada sério.
- E era preciso?
tinha a testa franzida e sentiu um bolo se formar em sua garganta. A saliva arranhou em sua garganta quando ela engoliu. olhou para o livro de Química Avançada em cima da mesa e deu um suspiro.
- , presta atenção. Se você for parar para pensar, isso tudo é ótimo para você. Estou te dando liberdade. Pode sair com quem quiser e ainda ficar comigo. Desse jeito não fica presa a mim e nada te impedirá de experimentar coisas novas.
estava decepcionada. Ela não queria acreditar que pensava assim. Sempre achou que os dois estavam apaixonados um pelo outro. Ela queria ficar presa a ele.
- Porque, pense. – ele continuou. – Você pode acabar como e . Tem certeza que é isso que quer para sua vida? Qual é, temos dezoito anos.
na verdade sentia inveja deles. Ela nunca achou que fosse tão egoísta. Então ela era a garota reserva dele? Começou a pensar em quem mais ele estaria gostando. a alertara de ser cafajeste, mas ela nunca dera ouvidos. A raiva tomou conta dela.
- Você se sente preso a mim?
- Claro que não, gatinha. Sabe que eu gosto de você. Mas para mim, mesmo gostando de você, eu preciso manter minhas opções em aberto, entende? Se não der para você...
- Não. – disse rápido. – Acho que tudo bem.
- Ótimo. – lhe deu um selinho.
- Sobre o que você ia me falar?
- Ah... – ele olhou no relógio. – Fica pra depois. Estou atrasado para um lance de família lá em casa.
- Tá. – ela ficou confusa e deu de ombros. beijou seu pescoço e saiu.
ficou um tempo naquela mesma posição até que pegou seu celular e ligou para a casa de .
- Quem é? – a voz da Sra. ecoou do outro lado da linha.
- Sra. , é .
- Olá , querida. E como está a sua mãe?
- Bem. está aí?
- Não, ele disse que ficaria fora a noite toda.
- Ah. Obrigada.
Ela desligou o telefone com raiva e imaginou em um encontro naquele exato momento. Pegou seu telefone de volta e mandou uma mensagem para .
“Sobre seu convite para a festa, eu aceito. Beijo. –



Capítulo 10 – não tem só uma mulher em sua vida


tirou seu casaco e colocou em cima da sua cama. Ele tinha acabado de voltar da casa de e tinha ficado meio atordoado com aquilo. A Sra. era como uma mãe para ele. E se a sua mãe um dia –que estivesse doente, porque essa era a única condição para ela ficar em casa –, o visse em cima de , ela iria com certeza arranjar meia hora de seu tempo para dar um longo sermão para sobre como é importante se proteger e nunca fazer nada que os dois não queiram. E como a Sra. era como uma mãe, ele estava com medo de que ela tivesse aquela conversa com ele também.
Apesar de se dar bem com todo mundo, tinha uma certa dificuldade com pais. Mas ele era visto pelos outros como perfeito tantas vezes que ninguém percebia. Na verdade, ninguém nunca percebia nenhum defeito dele, porque para os outros, não tinha nenhum defeito. E isso era meio que verdade. Mais ou menos.
e já dormiram juntos umas sete vezes e em todas eles estavam bêbados e nenhum se lembrava. Só sabiam que tinha acontecido porque acordavam juntos em uma cama no dia seguinte. realmente queria repetir essa experiência com sem que estivesse bêbado, mas toda vez que isso estava prestes a acontecer, algo ou alguém os interrompia.
- , é você? – a voz da Sra. ecoou do quarto dela.
Ele subiu os três lances de escada até o terceiro andar e foi até o quarto da mãe ver como ela estava. As duas enfermeiras e a empregada que estava no quarto foram embora assim que viram na porta do quarto. Ele se sentou na cama e sorriu para a mãe. A Sra. estava com uma camisola de seda, o cabelo castanho preso em um coque e a cara péssima.
- Estava na casa da ? – ela perguntou com doçura na voz.
- Sim.
- Ah, é? – o rosto dela se iluminou. – E como ela está?
- Ótima e linda.
A Sra. deu um sorriso. Ela amava ver como era com . E podia ser meio egoísta, mas ele meio que gostava quando a mãe ficava doente. Ela se parecia mais com a Emily carinhosa que sempre era quando não estava trabalhando.
- Já a chamou para a Festa do Luar? – ela olhou para ele com expectativa e ele deu um sorrisinho que indicava que sim. – Aposto que ela vai ficar linda.
- Vai. E você também poderá ver, já que irá na festa com meu pai.
- Não, , querido. – a mãe deu um sorriso triste. – Esse ano não vai dar para eu ir em lugar nenhum.
-O quê? Por quê?!
- Porque... porque por enquanto eu estou de cama.
- Mas você vai ficar boa logo.
- É... Pena que não vou poder ir, a Festa do Luar fica sempre tão bonita. Monique sempre faz um belo trabalho. E a filha dela, a ?
- O que tem a ? – ele olhou para a mãe que estava sorrindo daquele jeito desconfortável que os pais sorriam, como se soubessem das coisas. – Eu não tenho nada com ela. – ele riu sem graça. – E de qualquer forma, ela é bonita demais para mim.
- De qualquer forma? Primeiro que você é lindo demais e segundo... Como assim está cogitando a ideia?
- Não, mãe. Só porque eu tenho namorada não quer dizer que perdi a opinião. A é linda, mas a é... A . Não sei, ela é a minha linda.
- Eu estou muito orgulhosa de você, . Deixa eu te dar um beijo.
- Mãe, você está doente! E além do mais, beijos só da minha namorada.
- O que?
- Brincadeira. – ele soltou uma risada fofa e deu um beijo no alto da cabeça da mãe, como ela sempre fazia com ele quando ele ficava doente e não podia nadar. – Descansa, vai.
foi para seu quarto e se deitou em sua cama. Ben Ferrari o chamou para ir matar aula no dia seguinte no Joke’s, mas estava cansado demais para pensar sobre aquilo. Ou sobre qualquer outra coisa.



Capítulo 11 – Só não vou te chamar de papai


Algum tempo depois, abriu a porta do seu prédio e caminhou lentamente até o elevador. Ela não estava acreditando que aquilo tinha mesmo acontecido. tinha realmente ido falar com ela na loja, do nada?
Na sua mão direita, segurava uma sacola da loja onde tinha pegado o vestido e conhecido melhor a . Aquela se tornou sua loja preferida. observou sair da loja com a mãe para depois voltar para casa.
Ela apertou o botão do elevador e respirou fundo. Sua mãe ainda devia estar trabalhando para a Sra. . Ela se aproveitava muito da Sra. porque ela era a mais confiável.
- Segura o elevador! – gritou correndo pelo saguão. Seu casaco grande, que batia nas canelas, estava todo molhado em baixo, como se ela tivesse pulado numa poça de água. esperou entrar e apertou o último andar para ela. se acomodou no outro canto do elevador e começou a bater na parede com a unha, sem graça. Ela e já foram melhores amigas, mas a súbita obsessão de por fez com que se afastassem. – Obrigada. – a voz de estava bem rouca, como sempre ficava nos dias frios.
Ela e tentavam evitar momentos embaraçosos, não se encontrando. O problema era que não se encontrar era algo difícil para as duas, quando elas moravam no mesmo prédio. Antigamente, isso era sorte demais para duas melhores amigas. Elas se revezavam dormindo cada dia uma na casa da outra. Velhos tempos.
- Vai à Festa do Luar? – perguntou.
- Vou. – respondeu, surpresa por ela ter começado um assunto. – E você?
- Vou com meu namorado, . – fechou as mãos com força. não precisava ter falado que ia com , isso era óbvio. E como se ela não soubesse quem era o namorado dela. sempre ficava se gabando de ter namorado e não. Ela fingia que estava brincando, mas sabia que não estava. Isso porque achava que ela tinha uma paixão secreta por . Era difícil não ter uma quedinha por ele, mas para , era só isso. – E você, com quem vai?
- Vou com a minha melhor amiga, .
- ? ?
- É.
levantou as sobrancelhas. sabia que era uma mentira feia, mas ela não queria que sua ex-amiga levasse a melhor daquela vez. E do jeito que as coisas iam andando, podia virar a melhor amiga de , se trabalhasse nisso.
A porta do elevador se abriu no apartamento de e ela saiu sem nem se despedir de . A casa estava toda escura e chegou a conclusão de que a Sra. ainda estava trabalhando. Quando ela acendeu as luzes, um cara alto, de cabelos castanhos penteados num topete e olhos cor de esmeralda estava descendo as escadas. Ela largou as sacolas no chão e ia soltar um grito, até que colocou a mão sobre sua boca, paralisando-a.
- Não grita. Não era pra você saber, por favor não conte para ninguém que eu estou pegando sua mãe.
saiu correndo, deixando paralisada pela segunda vez no dia.



Capítulo 12 – Sua mãe sabe que você está matando aula?


fechou com força a porta de seu armário e olhou sério para Logan Elis. Ele estava esperando uma resposta.
- Cara, decide. Não estou te pedindo para me dar a cura do câncer. É simples. – ele encostou-se ao armário de , levantando as sobrancelhas. – Vai querer matar o segundo horário ou não?
- Eu não sei. – respondeu. – Estou apertado em Trigonometria.
- E daí? Você acha que eu estou numa boa? Estamos todos perdidos mesmo, vamos.
deu de ombros. Os garotos atravessaram o pátio da escola no meio da multidão de alunos e foram para o bar mais perto da escola, lugar onde a maioria das pessoas ia matar aula ou namorar escondido. O bar estava com alguns alunos. pôde ver conversando animadamente com Bem Ferrari e os caras da natação. Ele assistia às vezes os treinos de e sempre ficava impressionado sobre o quanto ele era bom.
estava conversando em um canto com suas amigas. Ela estava radiante com seu vestido florido por baixo de sua jaqueta jeans, mas, pensando bem, qualquer coisa ficava bem nela. e eram amigos desde que ele se entendia por gente e havia muita história por trás da amizade deles. já tinha sido tanto tempo apaixonado por que ficava assustado por ter realmente conseguido parar de pensar nela daquela forma. Ela era ótima beijando, parecia ser perfeita em tudo.
O que não fazia diferença para , já que ele só conseguia pensar em no momento. deu um aceno com a cabeça para ele, que sorriu de volta. O bar estava escuro como sempre e ele conseguia ouvir Heaven Knows, de The Pretty Reckless.
- Oi, cara. – disse colocando a mão no ombro dele. se assustou, ele tinha surgido do nada. Ele não falava com há um tempinho, antes dele e , bem... Antes. – A gente pode conversar?
- Claro. – se afastou de Bem e foi até o balcão ensebado com . O amigo estava com a expressão indecifrável e começou a ficar preocupado. – O que foi?
- Eu estou apertado. Eu estava saindo com uma coroa, mas a filha dela descobriu.
- sabe disso?
- Não, sem chance. Concordamos em não sermos exclusivos.
- Então já que é assim, você devia falar com alguém da mesma espécie que a coroa.
- Ficou doido, cara? Falar com a sobre outras mulheres?
- É, tem razão. Então me fala. Quem é a mulher?
Antes que pudesse responder, foi interrompido por uma mesa caindo no chão, copos se quebrando e dois garotos brigando, com uma roda de pessoas em volta.
- , cara, é o seu irmão! – gritou.
- O que?! – ele chegou mais perto para ver.
Quando se deparou com Jonny, entrou para dentro da roda e começou a mandá-lo parar. Mas nada pararia Jonny. Ele deu um soco no rosto do outro garoto que se debatia no chão enquanto Jonny chutava a barriga dele. Logo, o garoto tinha conseguido dar a volta por cima e ficou em cima do irmão de .
Ele entrou na briga e, com seus braços de jogador de futebol, conseguiu separar os dois e se enfiar no meio. O outro garoto estava com o nariz sangrando e Jonny com um olho roxo, apesar de ambos estarem com arranhões e atrapalhados.
As garçonetes tentavam acalmar os outros alunos e clientes que não tinham nada a ver com aquilo. Elas gritavam para que os dois raivosos saíssem do restaurante, e uma morena mexia as mãos freneticamente enquanto pedia para e para que tirassem os dois dali. Quando finalmente conseguiu tirar o irmão e o outro garoto para fora, ele já estava ofegante.
- O que é isso, cara?! Vocês dois piraram? Qual é o problema com vocês?
- Jonny, ainda bem que seu irmãozão mais velho apareceu. Se não você já estava morto! – o garoto gritou, olhando para Jonny com um olhar matador por trás de .
- Pare de ser infantil! – gritou para o garoto, com o rosto vermelho de raiva. – A sua mãe sabe que você está matando aula?
Quando o garoto começou a avançar para bater em , uma mão apareceu no meio da cara dele, fazendo-o cair no chão, com o nariz sangrando mais ainda. e Jonny olharam para assustados para frente e viram em cima do garoto.
- pode ser o irmãozão de Jonny e não vai te bater. Mas eu não sou. E é isso que vai acontecer com você toda vez que chegar perto de Jonny.
Ele saiu andando e quando percebeu que os irmãos não o seguiam virou-se para trás.
- Vocês não vêm? – perguntou.
Os garotos seguiram e deixaram o garoto no chão, se levantando. Pelo menos o garoto sabe o que vai acontecer com ele da próxima vez que quiser bater em Jonny.



Capítulo 13 – Aprenda como desestressar sua namorada


Quando guardou seu último lápis na mochila, foi andando lentamente até o refeitório. não tinha aparecido nem no primeiro, nem no segundo horário e aquilo a estava deixando nervosa. Ela estava meio desesperada para conversar com ele sobre a noite passada. Quando ele foi embora, sua mãe simplesmente deu meia-volta e saiu também. esperava um longo discurso.
Amanda Johnson foi correndo até e lhe deu um abraço. Ela apertou com força sua cintura, fazendo se contorcer de dor. A única pessoa que fazia isso nela . As duas costumavam ir almoçar juntas todos os dias e na noite anterior, ao vê-la no elevador, todas as lembranças das duas voltaram à tona. Parecia que finalmente tinha conseguido o que queria: conquistar a confiança de .
não ia muito com a cara dela por três motivos básicos. Primeiro: Ela acreditava que na escola havia uma hierarquia, assim como em todos esses filmes americanos para adolescentes. E assim que ela acreditava nisso, fazia os dois acreditarem também. Segundo motivo: Ela se considerava a rainha. Estava no topo da hierarquia e tinha a opinião fixa de quem era “descolado” e quem não era. E por sei lá qual motivo as pessoas consideravam sua opinião a lei. Não que fosse dessas excluídas revoltadas, ela era bem popular, mas ela era porque as pessoas realmente gostavam dela e não porque precisavam da sua aprovação para serem consideradas alguém. E o terceiro e principal motivo: não tirava os olhos de . E sabia que ela era mais bonita, mais rica e mais popular do que ela, e todos os caras gostavam dela. Não é que não confiasse em , claro que confiava, era só que não tinha como não ter uma quedinha por . Assim como não tinha jeito de todas as meninas da escola não terem uma quedinha por ele. Ela sabia que não era a única interessada em seu namorado, mas ignorava o fato.
Naquela manhã o frio tinha diminuído de um jeito milagroso. E toda vez que aquilo acontecia, ninguém perdia a oportunidade de sair com menos roupa na rua. Ela inclusive tinha colocado um vestido branco que sua mãe lhe dera de presente naquela manhã, segundo ela era “para comemorar o que o calor estava chegando”.
- Você está quieta. – Amanda murmurou. – O que foi?
- Não é nada. – mexeu em sua pulseira de ouro com pingentes que seus tios te davam toda vez que ela os encontrava. – e viraram melhores amigas?
- e ? – Amanda fez uma careta. – Acho que não. não é assim tão popular.
- Hum. Foi o que eu pensei.
- Por quê? Quem te disse isso?
- Esquece.
As duas entraram no grande refeitório, com o piso recém arrumado e as paredes recém pintadas de verde musgo. O cheiro de comida ocupava todos os cantos daquele lugar. pegou um bolo de chocolate e se sentou com Amanda em uma mesa com mais cinco garotas. Três que foram do clube de teatro e duas líderes de torcida. Elas eram amigas de desde o jardim de infância.
- E aí, ? – Cindy, uma líder de torcida, falou mordendo a colher de seu iogurte light. – Jonas viu hoje matando aula no Joke’s. Ele ficou só até o segundo horário, mas seu namorado ainda deve estar lá. Você devia falar comigo, ele comentou comigo que estava apertado em Trigonometria.
- Todo mundo está apertado em Trigonometria. – Amanda girou os olhos. ficou nervosa, com medo de que a estivesse evitando por causa do ocorrido na noite passada. Mas se fosse isso, seria injustiça. A culpa não era de , não é? Não é? – Vocês dois vão querer ir na festa do Luar amanhã?
- Nós vamos. – respondeu rapidamente.
Naquele exato momento, entrou no refeitório com uma manada de seguidoras atrás. Conforme ela andava, seu vestido ia rodopiando com graça e ela atraía vários olhares. Ao seu lado estava ninguém mais ninguém menos do que . cerrou os dentes.
Eles conversavam animadamente sobre qualquer coisa, caminhando lentamente em direção à mesa dela, que era ao lado da de . Ela não estava com ciúmes. Não estava. Ela tentou fingir que não os tinha visto, pra ver se viria falar com ela. Típico.
- Ah! – Julie, a outra animadora exclamou. – Olha ali a com o...
- Meninas, já comeram esse bolo de chocolate? – falou interrompendo. – Delicioso.
- Mesmo? – Amanda perguntou. – Achei que hoje ficou péssimo.
E tinha ficado. O bolo tinha um gosto de café vencido horroroso.
- Não, está maravilhoso.
- Nem você parece estar gostando.
- Que isso! – deu uma mordida gigante no bolo, mastigando o mais rápido e custando para engolir, com mais vontade de cuspir tudo para fora. – Amei.
se sentou ao lado de na mesa ao lado. Ele parecia não ter notado .
Ela normalmente não ficava com ciúmes assim fácil. Quando se namora o mesmo cara desde os catorze anos, você tem que aceitar que ele também tenha amigas. Ela saía com as amigas e algumas vezes ela até ia junto, sem problema nenhum. Mas nenhuma delas era .
acreditava fielmente que era perigosa. Ela sempre tinha tudo o que queria, desde o jardim de infância, quando destruiu todo o painel da sala só porque a professora não quis deixá-la ficar na primeira carteira, que já estava ocupada. Depois disso, ela obrigada a deixá-la se sentar ali. Como se a professora fosse a criada e fosse a... A rainha.
se levantou bruscamente e foi até , que quando a viu, abriu um sorriso. Ela se curvou e deu um beijo demorado nele, meio exagerado demais, considerando que estavam no meio do refeitório da escola. Quando o soltou, estava com uma cara péssima. Ela não podia acreditar que não podia desgrudar de por apenas dez minutos. Aquilo a deixava muito brava. Ele abriu um sorriso e pegou a mão dela.
- Bom dia, amor! – disse ainda sorrindo. Quando ele contou isso aos seus amigos, todos riram da cara dele, mas ele mantinha sua opinião. Por mais estranho que parecesse, ele amava na parte da manhã porque seu rosto ficava um pouco inchado e ele achava bonitinho. Não tinha como isso soar normal, até mesmo para . Ok, tinha sim. Se ele usasse uma fantasia de banana de pijamas gigante ainda seria perfeito. – Não te vi essa manhã.
- Deve ser porque você ficou o primeiro e o segundo horário inteiros no Joke’s. Matando aula.
- Foi mesmo. Minha cabeça estava doendo muito para assistir a aula. E teve uma briga lá, então provavelmente a diretora já descobriu que voltamos a ir pra lá matar aula e vai ficar nos vigiando.
- Assim você vai repetir em Trigonometria. – ela brincou. – Quem foi que brigou?
- O irmão de , qual é mesmo o nome dele?
- Jonny. – disse entrando na conversa. Ela respirava rapidamente, como quem está com raiva.
- Isso. O Jonny com Matthew Liam e separou os dois. Depois deu um soco em Matthew. Foi radical.
- E eles estão bem?
- Matthew não. Acho que ele pode ter quebrado o nariz.
olhou em volta, procurando por . Ele devia muito estressado.
- Ah. – olhou um pouco para . – Pode vir comigo?
- Claro. – se levantou depois de dar um beijo rápido na bochecha de . – Até mais.
Ela acenou em resposta e os dois foram para um canto.
- Eu só queria me desculpar por ontem. – falou sem graça.
- Não tem nada para se desculpar. A culpa não foi sua.
- Ah! – ela exclamou aliviada. – Não está bravo?
- Claro que não. Sua mãe te deu um sermão?
- Não, ela foi embora assim que você saiu.
- Só espero que ela não dê um sermão em mim.
- Eu também espero que isso não aconteça. – ela riu. – Então, o que você e tanto conversavam? – ela deixou escapar, curiosa.
Em resposta, a deu um beijo. Ele agarrou sua cintura e a puxou para perto.
- Isso não é uma resposta, .
- Então vai ficar decepcionada.
Ele a deu outro beijo e, sem nem perceber, ficaram se beijando por um tempo. O tempo voa quando estamos nos divertindo. Decepcionada, ? Imagina.



Capítulo 14 – Decida de que lado você está


empurrou as pesadas portas do refeitório e pegou uma salada de frutas com seu molho especial de caramelo. amava caramelo. colocou o molho de volta e levou só a salada.
Ela olhou em volta e achou sentada com Jojo Marques, Olívia Jay, Hanna White, Maria Duncan e Trina Ângela. Todas revezavam-se em namorar os garotos do time de futebol e natação da escola. Menos . E , que mesmo conversando com várias garotas, todo mundo sabia que não tinha chance nenhuma de alguma conquistá-lo, mesmo exibindo seus seios para o coitado.
Ela deu uma conferida na sua roupa no espelho perto da cozinha. Sua saia estampada combinava perfeitamente com a blusa bege que tinha escolhido. E seus saltos Annabella tinham sido escolhidos com muito cuidado para que ficassem perfeitos. Com eles, ela era do tamanho exato de . Acredite, ela sabia o tamanho de .
Seus cabelos encaracolados caíam em cachos perfeitos sobre seus ombros e sua pele bronzeada estava brilhando com o creme hidratante que ela tinha passado. Ela estava ótima. Na verdade, era muito bonita e com certeza chamaria atenção se fosse mais alta e/ou amiga de . Mas a partir do momento que você é amiga dela, o problema da altura é esquecido completamente.
Ela se aproximou da mesa, ficando de frente para .
- Olá! – disse animada, dando uma leve analisada no que ela estava vestindo. foi aprovada, já que ela deu um leve sorriso antes de continuar. – Você veio.
- É, eu vim. – concordou timidamente.
- Sente-se. Han, você pode chegar para lá?
se sentou ao lado de Hanna, que disse “oi” baixinho. Ela estava rouca por ter gritado tanto na noite passada, quando foi a um show.
- Pessoal, essa é a . – falou. As meninas sorriram para ela. – Conheci ontem quando fui comprar meu vestido. Acho que podemos ser boas amigas.
- Então, , precisamos de um apelido para você. – Jojo disse. – Já sei! Pode ser Beer.
- Cerveja? – Trina riu.
- Pode ser Beeh.
- Não, Beeh com a letra H no final. – Jojo girou os olhos.
- Ah! – riu. – Pode ser.
- Ótimo, Beeh. – Olívia achava que reconhecê-la de algum lugar. – Já te vimos antes?
- Eu não sei. – estava muito animada. – Eu não sou novata, sabe. Conhecia vocês há muito tempo. Eu amei a linha que Olívia lançou na Internet das roupas que ela ganhou de aniversário no mês passado, lancei propagandas pela escola inteira falando da Trina quando ela queria ser representante da classe. Ajudei Maria na prova de Francês e um dia paguei o lanche de Jojo para ela no Joke’s.
- Uau. – suspirou. – Você realmente gosta da gente.
- Não! – não queria que parecesse que ela as perseguia, mas acabou parecendo que ela não gostava delas. – Quer dizer, sim, eu ajudo todo mundo... É uma coisa normal minha. Sempre faço trabalho voluntário com a minha mãe nas férias e ajudo as pessoas menos favorecidas. Vocês sabiam que nesse exato momento há um monte de criancinhas passando fome? E há uma garota gótica andando pelas ruas escutando Metálica?
Elas olharam para espantadas. Ela falou muito e rápido demais, normalmente as seguidoras de não conseguiam processar tanta informação em tão pouco tempo. Era por isso que duas delas precisavam de aulas particulares de reforço.
- Desculpe. – ficou envergonhada. Ela estava estragando tudo. – Eu falo muito quando estou nervosa.
- Tudo bem. – foi a primeira a falar. – E por que está nervosa?
- Hã, eu...
- Gente, Jonny entrou no refeitório! – Olívia apontou.
Elas olharam para Jonny, que estava chamando não só a atenção delas. Ele iria para a diretoria a qualquer minuto e toda a escola tentava ficar antenada para saber se eles um dia conseguiriam escapar da escola novamente. O olho esquerdo dele estava roxo e ele parecia ignorar os olhares das pessoas.
- Coitadinho... – Hanna choramingou com sua voz rouca.
- Não acredito que você está com pena dele. – Trina zombou dela, bebendo seu café com leite, uma escolha meio estranha para um almoço.
- Ele é tão fofo.
- Fofo é o irmão dele. – Jojo falou. lançou um olhar mortal para ela e Olívia engoliu em seco. – Mas é verdade!
deixou escapar um risinho e girou os olhos. Na mesa ao lado, almoçava com suas amigas, que eram amigas de também. Seu namorado já devia ter ido para o treino de natação. Quando a viu, acenou. Ela acenou de volta com um sorriso tímido. Era estranho cumprimentá-la, mas sempre foi muito simpática. seguiu seu olhar e enrugou a testa.
- O que foi? – Maria perguntou e seguiu o olhar das duas, fuzilando com os olhos castanhos. – Ah. Devo contar para ela?
- Contar o que? – perguntou.
- Quer ser nossa amiga, ? – Jojo levantou uma sobrancelha perfeitamente feita.
- Claro!
- Então tem umas coisinhas que você devia saber. – Trina continuou. – Nós nunca pegamos o namorado uma da outra.
O que era irônico, pois as amigas de faziam um rodízio entre si de namorados. concordou com a cabeça.
- E nós não gostamos de . – Olívia completou.
- Por que não?
- Porque não. – disse firme.
- quer o . – Maria deixou escapar.
Uma sensação estranha percorreu o corpo de . era sua ex-amiga e sabia que ela amava muito seu namorado. E se estava interessada nele, não iria desistir até tê-lo. E por um lado, ela simplesmente desejou que ela não o conseguisse. Porque sabia que e eram perfeitos juntos.
- Você entendeu? – Jojo perguntou. Ela parecia um general dando ordem para um soldado.
- Entendi.
atravessou o refeitório e foi para a mesa onde elas estavam sentadas. Ele cumprimentou as meninas e deu um beijo na bochecha de . sentiu uma sensação de nervosismo. Era surreal o quanto conseguia ser ainda mais bonito de perto.
- Oi, . – jogou seus cabelos dourados para trás. – Você está bem? Fiquei sabendo da briga.
-Pois é. Eu estou bem, o Jonny não. Nem o Matthew. Eu não faço ideia do porquê dos dois estarem brigando, mas a diretora vai chamá-los a qualquer momento. Eu preciso de um favor.
- Qualquer coisa.
- Eu sei que sua mãe tem muita influência aqui na escola, e se a coisa ficar preta para o lado de Jonny, por favor, será que você podia ajudar? Ele não pode ser expulso, isso complicaria tudo.
- Claro.
- Sério?
- Você tem a minha colaboração.
- Ah, , sua linda! – a abraçou. – Te adoro.
Ela riu e completou:
- Só tente relaxar.
Ele riu e olhou em volta. Quando seus olhos verdes pararam em , ele a olhou com atenção e ela pôde sentir suas bochechas esquentarem.
- Eu te conheço.
- Meu nome é . Já fomos parceiros nas aulas de Química por uns dois anos.
- Isso! – ele apontou o indicador para ela, que sorriu abobada. – Você mudou. Para melhor, eu digo.
congelou. Ela não acreditou naquilo. Tinha falado com e ele ainda tinha dito que ela mudou para melhor?
- Obri... Obrigada.
- Tenho que ir. – ele disse depois de dar uma piscadinha para . – Até mais, meninas. Valeu, .
Ele se afastou e olhou duramente para . Ela gostava de . Não como gostava de , mas gostava assim mesmo. E ele tinha dito que era bonita. Aquilo não estava certo. Ela balançou a cabeça, tirando todos os pensamentos ruins dela. Ele só fora educado, como sempre. E mesmo que não tivesse sido, o alvo de era outro no momento.
sorriu, contente consigo mesma. Ela estava vivendo o que sempre quis. Era perfeito. A não ser pela parte que nada é perfeito.



Capítulo 15 – A festa nunca importa. O que importa é quem estará lá


colocou seu casaco de lã no cabide, ao lado do vestido preto que tinha comprado para ir à Festa do Luar, que aconteceria no dia seguinte. Ela estava ansiosa para a festa, apesar das circunstâncias. Não que ela não gostasse de , muito pelo contrário. Mas mesmo não aceitando, sabia que queria ir com . Era algo que não podia evitar, sempre fantasiara como seria a primeira vez que iria a uma festa de importância acompanhada por . Ele sempre estava visitando a irmã no dia. E, por incrível que pareça, essas viagens eram sempre marcadas na data de uma festa. morria de raiva, mas pensava ser só coincidência.
- Achei! – Julia Thompson, sua amiga, falou pegando um brinco de pérola em baixo da cama de dossel de .
- Você gostou da minha roupa de amanhã? – ela perguntou distraída.
- Hã... – Julia ficou sem jeito. – Ela é... preta.
- Você não gostou. Por quê?
olhou para seu vestido preto curto. Ele tinha umas tirinhas brilhantes e um cinto fino branco. Era um pouco vulgar, ela tinha que admitir, mas ela queria escolher um vestido que fizesse babar. E alguém como Julia – careta – com certeza não gostaria.
- Tudo bem, é meio vulgar. Eu só quero deixar com vontade.
- Eu ainda não entendi porque vocês não vão juntos.
- Achei que estava namorando a . Vi os dois juntos hoje.
- Juntos? – ficou surpresa.
- É, ele deu um beijo na bochecha dela e começou a conversar com ela.
- E daí? Isso não significa nada. Ah, Julia, você é tão inocente!
- E com quem vai?
- Não sei.
- Por que parece que você não está gostando disso?
- Eu amo o , mas sempre sonhei em ir à Festa do Luar com .
- Então por que você simplesmente não fala para que quer ir com ele?
- Porque agora quero fazer ciúmes nele para provar que se ele tem outras opções além de mim, eu também tenho outras opções além dele. E também não quero deixar ir sozinho.
- Sozinho? Qualquer garota amaria poder ir com ele, Lu. Deixá-lo sozinho seria a última de suas preocupações. Só estou sendo realista.
mordeu o lábio, uma mania que tinha desde os cinco anos.
- E qual é o seu vestido?
Julia mexeu em uma sacola rosa em cima da cama de , que até então ela não tinha notado ali. Ela tirou de lá um vestido bege inflado horroroso.
- Nossa, Julia.
- O que? Não gostou?
- Vou ter que dar um jeito nesse vestido para você.
- Mas...
- Deixa ele aqui. Vai ficar legal, prometo.
O celular de tocou e ela deu um pulo na cama, fazendo sua camiseta azul voar e metade de suas costas e seu sutiã aparecer. Ela pegou seu celular na cômoda do outro lado da cama e leu a mensagem de texto que tinha recebido.

, convidamos você para vir conhecer nossa casa de irmandade chamada April Hall. Você foi uma de nossas selecionadas e, se gostar, será bem vinda para morar aqui! Venha para a reunião às dezoito horas. O endereço está anexo à mensagem. Atenciosamente. – Charles Barker, diretor da April Hall”
Ela franziu a testa. Devia ser só um trote idiota. Ela ia guardar seu telefone, quando ele tocou de novo. Era do mesmo endereço.

”Chamamos mais seis pessoas de sua escola: , , , , e .”
Quando leu o nome de , ela se decidiu e chamou Julia.
- O que foi? – ela estava distraída tentando equilibrar seu cabelo loiro em um coque.
- Pegue seu casaco.



Capítulo 16 – Você nem faz ideia da sorte que tem


jogou sua blusa na espreguiçadeira e deu um pulo na piscina de sua casa. Os moravam em uma chique casa de madeira construída no estilo colonial. No jardim da casa de tinha uma plantação de hortênsias, cultivadas com muito carinho pela sua mãe. A Sra. tinha muito ciúmes de suas flores e sempre que tinha tempo estava cuidando delas.
Ele se lembrava bem do dia em que sua mãe teve a ideia maluca de colocar aquele tanto de flores no jardim de sua casa. Era uma quinta chuvosa e ele estava com no bar do Hotel Harris, na rua paralela à sua casa. O bar estava cheio de gente, era uma festa que Hanna White estava dando. Ela reservara o hotel todo só para sua festa e o plano era que as pessoas usassem só o bar. Mas nos primeiros quinze minutos de festa as pessoas já nadavam na piscina da cobertura ou davam uns amassos umas nas outras em todos os quartos do hotel.
e estavam tentando achar a garota mais bonita da festa para que fosse até ela e falasse com ela. Estavam em um empate entre e Olívia Jay, mas era “proibida segundo ”. Olívia tinha tirado a tintura que deixava seu cabelo ruivo, voltando ao loiro natural. E ela tinha ficado muito gata. Foi então que achou a garota mais bonita da festa. Ela se aproximara dos dois e abraçara , dizendo:
- Olá, ! Finalmente te achei.
deu um sorriso e a apresentou para .
- , essa aqui é a . Ela se mudou para a nossa escola. Nossas mães são amigas.
A única coisa que ele fez foi ficar olhando-a. tinha cabelos pretos lisos com uma franja grande caindo sobre sua pele branca. Seus olhos azuis pareciam duas pedras preciosas brilhantes, combinando com seu vestido. Ele ficou encantado com , desde a primeira vez que a vira. percebeu isso.
O que ninguém entendia era o porquê dele não poder ficar só com ela. Devia ser porque ele não aceitava ter relacionamentos sérios. Não se dava muito bem para entender o que se passava na cabeça de . Mas o que todo mundo sabia era que ele não conseguia ficar sem . E sabia disso também. Apesar de gostar dela, não era um homem de uma só mulher e às vezes queria largar para não se sentir preso a ninguém. Porém, quando ele estava prestes a fazer isso, algo sempre o impedia. Ele se lembrava de como ela era linda e se lembrava de como ele ficou quando a viu pela primeira vez.
- Vocês dois são namorados? – foi o que conseguiu dizer. – não me disse que estava namorando.
- Não. – deu uma risadinha. – Não tenho namorado. – ela olhou para . E fora assim que tudo começara.
O que mais intrigava era o fato de não gostar mais de do que dele. Afinal, os dois já se conheciam há muito mais tempo que a conhecia. sempre concordava com ela e na maioria das vezes que ele e ela brigavam, era do lado dela que o amigo ficava. Era provável que gostasse de , mas sempre era tão carinhoso com que pareciam namorados há anos.
Sua irmã mais velha, Caroline, passou de biquíni ao lado dele e ele sem querer olhou para a sua bunda. Já havia se tornado um ato involuntário e fez uma careta quando percebeu o que fez.
- Olá, maninho. – Caroline disse entrando na água.
- O que faz aqui em uma quinta?
- Os professores foram para um congresso, então não tenho aula no resto da semana. Quase ninguém da faculdade quis ficar no campus por causa do tempo. Parece até que nunca viram sol.
- É que o tempo não fica assim há um tempo. E você parece que também nunca viu sol, já que na primeira oportunidade veio para casa aproveitar a piscina.
- O que posso dizer? Encontre-me correndo atrás do sol.
O celular de vibrou e ele saiu da piscina quente, um vento frio batendo em sua barriga malhada e ele se arrepiou. A água do corpo dele pingou no chão, fazendo um rastro por onde ele passava. Ele pegou uma toalha e se encolheu dentro dela, enquanto pegava o celular e lia a mensagem de texto enviada há pouco.

, convidamos você para vir conhecer nossa casa de irmandade chamada April Hall. Você foi um de nossos selecionados e, se gostar, será bem-vindo para morar aqui! Venha para a reunião às dezoito horas. O endereço está anexo à mensagem. Chamamos mais seis pessoas de sua escola: , , , , e . Atenciosamente. – Charles Barker, diretor da April Hall.”

- Pensei que essas irmandades fossem coisa de universitárias. – pensou alto.
- Irmandade? – Caroline perguntou com curiosidade. Sua irmã era a pessoa mais xereta que ele já viu na vida. – Que irmandade?
- Aqui diz April Hall.
- April Hall te mandou uma mensagem-convite? – os olhos dela brilharam e quando ele respondeu que sim, ela deu um gritinho de empolgação. – , isso é ótimo!
- É?
- Claro! Nunca ouviu falar? Um monte de gente tenta entrar e não consegue. A April Hall começou a convidar alguns alunos que estão se formando no Ensino Médio. É maravilhoso você ter entrado! Quando é a primeira reunião?
- Seis horas.
- Então, o que está esperando?
- Não sei se quero ir nessa coisa.
- Tá brincando! Falaram os outros selecionados?
- ...
Caroline bufou. Por algum motivo que era desconhecido por , ela não gostava de .
- , , , e .
- ? – ela pegou seu celular e discou um número. – ! É Caroline . Estou ótima, querida. Soube que entrou para a April Hall, parabéns! É, meu irmão, me falou. É, eu vi o nome de na lista, quer dizer, meu irmão me contou. Ele é um gato mesmo. Já está aí? Sim, estou com ele. Com certeza ele vai.
pegou o celular e perguntou para se ele iria nessa reunião. Como ele respondeu que sim, foi tomar um banho.



Capítulo 17 – Não distraia o motorista


estava com quando eles receberam a mensagem da April Hall. Eles tentavam escolher um presente para ele, que faria dezoito anos no dia seguinte. estava muito animada com o aniversário, talvez até mais do que ele. Para , não faria assim tanta diferença. Ele seria maior de idade e tudo o mais, mas era só. Ainda não estava em clima festivo.
Apesar de terem andado muito, não acharam quase nada. estava sem ideias, bêbado e desanimado. Quando recebeu a mensagem, ficou mais empolgada ainda, dizendo que sempre quis conhecer o lugar. Não estava em seus planos ir morar em uma casa assim, tanto porque ele ainda não tinha certeza de onde iria estudar, mas ele concordou em ir conhecer a casa.
estava ao seu lado no carro, cantarolando algo que passava no rádio, que parecia ser Mcfly. tirou os olhos da rua e observou a boca vermelha natural de .
- O que foi? – ela perguntou, parando de cantar e olhando para ele.
- Você canta bem.
- Ah, claro.
- Estou falando sério.
- Para com isso, .
- Não falo mais nada, então.
Sem parar de dirigir, se inclinou e beijou todo o pescoço de , dando leves cutucões em sua barriga magra com o dedo direito.
- Para! – ela disse rindo. Ele não parou. – , você está dirigindo!
Ele voltou a prestar atenção no trânsito e começou a rir.
- Eu só queria provar meu amor a você.
- Amor, você está bêbado, isso sim. Foi com Jonas e James ao bar?
- Talvez, depois do treino.
- Agora está explicado. Você nunca é tão bonzinho assim.
- O que? Claro que sou. Do que você está falando? Eu te amo, meu amor.
- Que droga, o que a April Hall vai pensar do meu namorado? Ah, dane- se. Você é perfeito mesmo. Vem, deixa eu dirigir.
- Não quer encostar o carro?
- Para que?
- Para que eu possa provar meu amor a você.
- Por mais que eu queira, tenho que chegar lá a tempo. Enquanto isso você pode fazer uma declaração mesmo. Vai ser engraçado com você bêbado.
- O que você quer, ? – ele perguntou, acompanhando a música que tocava no rádio. – O que você quer? Você quer a lua? Basta dizer a palavra e eu vou buscar para você. Ei, isso é uma boa ideia. Eu vou te dar a lua, .
- Lindo, amor, fiquei emocionada. Só que quando eu te pedi uma declaração de amor, não quis dizer que era para você repetir o que a música do rádio estava falando. E eu conheço o Mcfly.
- Ah! – ele fez biquinho. – Droga.
- Mas eu amei mesmo assim.
Ele a puxou e começou a beijá- la deixando um bafo de cerveja sair. encostou a mão na buzina do carro, fazendo um barulho horrível. Ela se afastou de , foi para o banco do motorista e fez o máximo para não se distrair com ele.



Capítulo 18 – É preciso causar uma boa impressão


tirou um gloss de sua bolsa de couro da Gucci e passou pelos lábios, enquanto dava uma pancada na porta de seu carro para fechar. Ela sempre quis fazer parte da April Hall, desde os catorze anos. E quanto ela recebeu o torpedo mais cedo, ficou satisfeitíssima.
Quando descobriu sobre a April Hall, ela e Jojo fizeram vários e vários planos sobre como iriam na reunião, as roupas que usariam e de quem ficariam amigas. Ao ver que Jojo não tinha sido escolhida, teve uma decepção gigante. Por um lado ficou muito feliz porque e também foram convidados. Mas ela não gostava muito de e muito menos de , então seria pior do que ela esperava. poderia ajudá- la com isso. E mesmo que eles não gostassem dela, ela não ficaria sozinha. Ela nunca ficava sozinha porque alguém sempre queria lhe fazer companhia. E ela esperava que na April Hall não fosse uma exceção.
não entendia como nenhuma de suas amigas tinha sido convidada e e foram. Não fazia sentido, todo mundo da cidade conhecia ela e suas amigas. Ela tentou afastar aqueles pensamentos da cabeça. Afinal, estava na April Hall!
A mansão era enorme e amarela com branco, absolutamente perfeita. Na frente duas fontes se destacavam, com pinheiros, roseiras e trepadeiras que subiam por alguns cantos da parede da casa, quase parando no nome da casa, que ficava colado um pouco acima da porta dupla branca. Estava aberta. deu uma última olhada em seu visual pelo vidro de seu carro. Seu cabelo loiro sedoso estava solto e cheirando a morango, como sempre. Ela tinha aproveitado a súbita mudança no clima para colocar um vestido na nova coleção que sua mãe tinha reservado duas semanas atrás para o caso delas ser chamada pela April Hall.
Antes mesmo de tocar a campainha, uma moça que parecia ter uns vinte e poucos anos apareceu do nada, com um sorriso de orelha a orelha, exibindo seus dentes que pareciam de propaganda de creme dental.
- Oi! – ela disse abraçando . – Bem vinda! Meu nome é Sofia.
- Obrigada. .
- Ah, querida, sabemos quem você é. Ouvimos muito sobre você. Venha, entre.
Quando entrou lá dentro, deu um sorriso. O lugar era enorme, com um lustre de cristal maior que ela na sala de estar, e uma escada branca contornando a sala. A sala era estendida até outra sala maior ainda, com um piso de madeira brilhante e em baixo da escada haviam várias portas, umas quinze. O outro canto que era continuação da sala, que parecia ser a cozinha, estava cheirando a chocolate. tremeu de vontade, mas se ela queria seguir a dieta que sua mãe passara para ela – não que precisasse –, ela só poderia comer chocolate no dia seguinte.
- Outros dos seus colegas chegaram. Você já deve conhecer e .
- Ahã.
Quando viu os dois conversando em um sofá, foi até e lhe deu um abraço. Ele usava uma camisa vermelha que ela sabia ter sido comprada por seu amigo Jackson quando fizera dezesseis anos. sempre fora bastante cuidadoso com suas coisas.
- Oi, !
- Oi, linda!
- E aí, deu tudo certo com seu irmão?
- A diretora ainda não nos chamou. – ele fez uma cara de medo. – Mas tudo bem. Esse lugar aqui é irado.
sorriu, concordando. foi caminhando timidamente até ela e lhe deu um cutucão no ombro.
- Oi. – Ela disse cumprimentando . – Fiquei feliz quando vi que você também foi convidada! Pelo menos alguma menina legal que eu já conheça.
ficou vermelha, não acreditando que tinha a chamara de “menina legal”. Ela demorara meia hora para achar a roupa perfeita, pensando o que iria achar dela, e o que o pessoal da casa também iria. Talvez ganhasse mais confiança deles, se mostrasse que era amiga de .
Aquilo era tão surreal para . Como ela tinha conseguido?! Em um momento não era ninguém em um aeroporto voltando pra casa, e em outro tinha virado amiga de , conversado mais de uma vez com e fora convidada para fazer parte da April Hall. Era perfeito.
Em seguida, para o horror de , chegou de mãos dadas com . Ele não parecia muito normal, estava andando meio desengonçado e tinha as bochechas coradas. Com certeza tinha bebido. Mas mesmo se vomitasse no chão da sala de estar, April Hall ainda iria querê-lo como um membro da casa.
- Oi, gente. – disse, imediatamente espalhando seu bafo de cerveja pela sala. acenou timidamente. Ótimo, por que aquela garota precisava estar com em todos os lugares que ele ia?
- Oi, . – disse. – Legal você ter entrado.
veio logo atrás deles. Nesse exato momento, um monte de universitários apareceu naquela sala, cantando e dando as boas-vindas para os calouros.
- Oi, gata. – um cara quase careca disse passando a mão nos ombros de . Ela sorriu. Até aquele momento, já havia atraído vários olhares masculinos e femininos.
- Você deve ser a . – uma morena alta de olhos castanhos disse, analisando- a. enrugou o nariz. As garotas atrás dela a olhavam do mesmo jeito.
- . .
- Isso. Ouvimos falar sobre você.
- E você, quem é?
- . – ela sorriu para um cara que estava a secando, que quando olhou pela segunda vez, percebeu que era .
- Desculpe. Nunca ouvi falar.
ficou boquiaberta, e as outras meninas a olharam com espanto. havia percebido que tinha uma certa importância ali, ela reconhecia uma rainha quando via uma. Mas não existe nenhuma monarquia com duas rainhas.
- E essa aí do seu lado, quem é? – disse.
Só então percebeu que ainda estava do seu lado.
- . – disse.
- Olá! – disse animada. – Amei seu cabelo.
- Oh, obrigada, amor. Então, você está animada com o convite para a April Hall?
- Sim, sim! Muito! Todo mundo conhece aqui por causa das festas e tudo o mais. Quando eu recebi meu convite, nem acreditei que isso estava realmente acontecendo comigo. Quer dizer, esse lugar é perfeito!
- Que gracinha. – disse rindo com as outras amigas. – Mas, sim. Aqui é ótimo, aposto que vai adorar as festas que daremos.
- Estou fazendo o máximo para poder ficar aqui, não sei em qual faculdade vou querer cursar.
- Você pode cursar qualquer faculdade do país e ficar aqui na April Hall, querida. Mas por que não cursa alguma das do campus? São as melhores.
- Bom, para isso eu tenho que passar nelas. – disse rindo, fazendo as outras garotas rirem também.
olhou para ela com perplexidade. Ela não estava acreditando que conseguira roubar a cena dela. Aquela atenção toda devia estar sendo direcionada para ela, e não para . Aquilo não estava certo. pediu licença para elas e puxou-a para um canto, empurrando alguns universitários no caminho.
- O que pensa que está fazendo? – ela perguntou brava.
- Conversando? Hã... Eu só estava tentando me enturmar.
- Mas você me interrompeu.
- Desculpe. É que você pareceu ter ofendido a , e eu só quis te ajudar.
- Pode até ser, só que acabou piorando. Olha, tudo bem você querer se enturmar. Mas isso aqui é muito importante para mim, então será que você poderia por favor, continuar fazendo seja lá o que esteja fazendo em outro lugar?!
- Tá. – disse triste. – Desculpe.
Quando ela se afastou, imediatamente se arrependeu do jeito que tinha falado com . Ela realmente só estava querendo ajudar. E aquelas meninas que pareciam ser idiotas mesmo.
Ela olhou em volta e viu levando para o banheiro, provavelmente pra ver se ele colocava toda aquela cerveja pra fora. E acreditava fielmente que era só para aquilo mesmo.
conversava com um cara alto idêntico ao Alex Pettyfer. Ela provavelmente estava querendo dar o bote nele. Ela era tão piranha.
conversava com a garota que atendeu a porta para , e ela a fazia rir o tempo inteiro. conversava com uns meninos altos e conversava com um cara careca.
Ela só não iria ali ficar parada. Tinha que começar a conversar com todas as pessoas que visse pela frente e conquistar a confiança deles. Porque ela queria ficar naquela casa. E quando queria uma coisa, ela sempre conseguia.



Capítulo 19 - A April Hall é a sua melhor opção


bateu na porta do banheiro. Desde que chegaram, estava tonto, e quase vomitando no carpete da sala, mas antes que ele começasse, ela o levou até o banheiro para que pudesse descarregar tudo o que quisesse sem se constranger. Afinal, ele já estava meio envergonhado em relação a , mas não disse nada. Ela percebeu e lhe assegurou que cuidar do namorado não era vergonha nenhuma. Ele inclusive já tinha ficado na casa dela cuidando dela várias vezes.
- Posso entrar, amor? – ela perguntou. passou ao seu lado, provavelmente querendo saber o que estava acontecendo. Elas se encararam por uns cinco segundos, e voltou a rebolar por aí.
Apesar de ter se interessado muito em ir para aquela casa, sabia exatamente o tipo de gente que encontraria ali. Provavelmente clones e mais clones de , tanto mulheres como homens.
E era exatamente por aquele motivo que havia sido convidada. Era uma espécie de April Hall Mirim. E ela já tinha visto várias garotas daquele jeito na casa. Era como a escola, só que com mais festas, mais bebidas, mais testes, mais pegações, mais... Ok, não era exatamente como a escola.
E não era preconceito, de jeito nenhum. pessoalmente achava a casa super legal, e haviam várias festas que pareciam bem divertidas. O problema eram as meninas. Ela esperava conhecer meninas iguais a ela, menos esnobes. Iria ficar amiga só delas.
- Entra. – ela escutou a voz de tremida do outro lado da porta.
abriu a porta do banheiro e pisou no piso que era tão branco que parecia neve. O lugar era inteiramente branco e cheirava a hortelã, mesmo depois do pequeno estrago feito por seu namorado ali.
Ela se aproximou de e ele também estava cheirando a hortelã. Estava completamente lindo, como sempre. Seu rosto estava radiante, e não branco. Ela não entendia como conseguia ser perfeito em todos os momentos.
- Como está se sentindo? – perguntou.
- Muito melhor. – ele disse, ligando a torneira e bochechando água com um enxaguante bucal de menta que achou em cima da pia.
- Ainda bem, eu estava começando a me preocupar de verdade...
Por sorte, precisava beber muito para ficar realmente bêbado. E com certeza aquele não era o caso. Ela sabia muito bem quando era o caso. Por acaso eles haviam dormido juntos todas aquelas vezes.
- , tem certeza que quer vir morar aqui? – ela disse meio sem jeito. Ele a encarava, confuso. Seus olhos verdes estavam semicerrados e sua testa enrugada. – Você não parecia estar muito animado. Não precisa ficar se não quiser. Eu fico, porque eu realmente estou interessada em morar aqui. Só pensei que além dos meus interesses, seria uma boa ideia para morarmos juntos e cada um frequentar a faculdade que quiser.
- Sei disso. E tudo bem, eu quero ficar aqui, . Eu estava passando mal. Mas me diga uma coisa, além dos seus interesses? Quais são os seus interesses, hein?
- Bom... Tentar fazer amigos que não são esnobes como a maioria do pessoal da escola, ir a festas legais e você sabe que sempre foi meu sonho fazer parte de uma irmandade.
- Ah, tá. – ele disse desconfiado, fazendo-a rir. – Bom, eu tenho que pensar sobre isso.
- Eu sei, mas para você pensar, é melhor antes saber do que está pensando.
- Já entendi, já entendi. Vem, vamos conhecer o pessoal. Eu vou para um lado da sala e você para outro.
- E por mim tudo bem se não quiser ficar. Tem uns caras bem gatos aqui.
- Mudei de ideia. Vamos juntos conhecer o pessoal.
começou a rir e fez uma cara de sério, pegando na sua mão e beijando-a. Hálito de hortelã era com certeza melhor do que de cerveja. Os dois caminharam pela sala cheia de gente. Lá já estava rolando uma pequena festa, alguém colocara música e serviam comes e bebes por todos os lados.
esbarrou em , que quando se encararam, pediram desculpa rapidamente. conversava com um monte de garotas, sempre fazendo-as rirem. levantou as sobrancelhas, surpresa.
Ela tinha esquecido completamente que também fora convidada para fazer parte da April Hall. Era até meio surreal aquilo acontecer. Ela não queria ser metida, mas não era uma pessoa muuuuito popular. O único motivo racional que conseguia pensar era o fato de agora ela e serem amigas. Isso fazia as pessoas ganharem atenção.
- Olá, calouros! – um cara alto de cabelos loiros e olhos azuis os encarava com um sorriso perfeito nos lábios. – Legal terem vindo.
- Oi, cara. – disse apertando sua mão. – . - E aí, ? Te conheço, cara. Você nada bem demais. Meu nome é , mas todo mundo me chama de chefão.
- Obrigado.
olhou- o com uma cara estranha, não entendendo a piada. riu e ela riu também, só então entendendo.
- Esquece essa piada. – disse. – Foi patética.
- Tudo bem. – ela sorriu. –
Meu nome é...
- Hum, deixa eu ver. – ele a interrompeu. – ? Sua mãe que está organizando a Festa do Luar, certo?
se contorceu de raiva. Como assim alguém a tinha confundido com ?! Elas nem mesmo se pareciam!
- Não. Meu nome é . Mas gosto que me chamem de .
- Ah, desculpa, . É um prazer te conhecer. Mas então, só por curiosidade, quem é ? Ela deve estar te procurando, .
- Me procurando? Por quê? – ele disse confuso. o encarou.
- Me disseram que ela é a sua namorada.
engasgou e se segurou muito para não rir.
- Não, cara. é minha amiga. A minha namorada é a .
- Tá brincando! – bateu a mão com força na testa. – , seu idiota! Desculpa, desculpa mesmo, .
- Não se preocupe.
- Então é a que é a solteira, e não você? Só esclarecendo.
- Isso mesmo. – disse antes que pudesse abrir a boca.
pareceu meio desapontado. Apesar de não ter nenhum interesse, ficou lisonjeada. Afinal, ele parecia preferir a . Espere até conhecê-la então, querido. afastou esse pensamento da cabeça. Ela tinha que se permitir sentir- se superior. Ela sempre colocava a si mesma em segundo plano, e resto do mundo em primeiro.
- Beleza. – disse disfarçando seu desapontamento com indiferença na voz. – Gente, vocês vão amar esse lugar aqui. É simplesmente demais. Já decidiram onde vão estudar?
- Sim. –
disse.
- Não. Quase.
Ela sabia muito bem o que queria, desde os treze anos. Queria Direito. sempre fora mais indeciso do que ela, mas esse era o jeito dele.
- Sabe, cara, acho que a April Hall é a sua melhor opção. Não estou falando só porque estudo aqui não. A maior vantagem daqui é que você pode cursar em qualquer faculdade do país e ainda morar aqui. Mas se eu fosse você, escolheria uma das do campus. São as melhores.
O pessoal da April Hall com certeza era treinado para falar isso. Era o mínimo que podiam fazer para morar em uma casa como aquela.



Capítulo 20 - Pequena condição


já tinha falado com um monte de pessoas, meninas e meninos. Algumas garotas que mais pareciam Barbies já tinham ido falar com ele. Ele achou o pessoal bem legal. Tudo bem que algumas das Barbies eram meio superficiais, mas elas contaram várias coisas sobre a casa. Eram organizadas festas super legais, comitês de estudos, a casa era enorme e bonita. Ele já entraria em uma das universidades do campus mesmo, então já estava quase tudo resolvido.
O plano inicial era ele e dividirem um apartamento perto da faculdade, mas devido ao que aconteceu, era só os dois pedirem para que ficassem no mesmo quarto. Nos breves momentos que conversou com ele, parecia ter gostado muito do lugar, também. Ao contrário de , as super Barbies o atraíram muito. ficou até meio ofendido que estivesse mais animado com isso do que com o fato de que os dois finalmente acharam um lugar bom para ficar.
Os dois tinham decidido dividir um lugar quando tinham quatorze anos e, a partir daí, já foram olhando vários lugares legais para ficar, que fossem perto do campus. Mas todos já estavam alugados, eles não foram rápidos e bobearam. Nem a mãe de e o pai de queriam construir uma casa só para os dois, queriam que eles aprendessem a viver em um lugar em que tivessem que ter responsabilidades e conviver com outras pessoas. Então, o convite da April Hall veio em uma hora perfeita.
Os pais dos dois já deixaram, baseado na opinião dos dois de como seria a casa, eles poderiam ficar. estava até bem animado com isso. também fora convidada, e provavelmente ficaria. Ela lhe contou que cursaria biologia em uma das faculdades de lá.
A festa ainda estava rolando, poucas pessoas estavam mesmo dançando. Se balançavam um pouco, mas estavam mais era conversando. Uma rodinha de gente estava em volta de e , outra rodinha um pouco maior em volta de . conversava com uma morena alta, que dissera se chamar . Ele não achava em lugar nenhum.
De repente, começou a querer companhia. Ele já tinha conversado com tantas pessoas desconhecidas que naquele momento queria alguém conhecido para conversar. Olhou em volta e perto dele viu . Ela estava com um vestido verde-limão rodado que a deixava linda. Seus cabelos loiros pareciam mais loiros ainda, considerando que estava embaixo da janela. Ela balançava levemente ao ritmo da música.
Mesmo sozinha e meio deslocada parecia uma rainha. Era estranho, ela parecia ter um brilho próprio que impressionava as pessoas. E que ao mesmo tempo, as mantinha longe. Praticamente todos os caras que passavam perto dela a encaravam e até mesmo iam falar com ela. Mas sua expressão perdida não parecia querer papo, e ela logo dava um jeito de dispensá-los. Era assim com as meninas que iam falar com ela também. É como se quando ela não quisesse falar com ninguém, ou estivesse de mal humor as pessoas soubessem, sem ela nem mesmo falar.
estava procurando alguém. Ela não sabia quem, só sabia que estava procurando alguém. pensou que poderia querer conversar com alguém conhecido, assim como ele.
Foi assim que finalmente se mexeu e foi falar com ela.
- Oi. – ele disse em voz baixa.
- Oi, . – ela sorriu, parecendo aliviada. Era como se ela estivesse prendendo a respiração por muito tempo e, quando chegou, ela finalmente expirasse. – Estava procurando por alguém conhecido.
Ele sorriu, deixando-a sem entender nada.
- Quer sair um pouco daqui? Andar um pouco. Depois a gente volta.
- Ótima ideia. – ela disse sorrindo.
Os dois foram caminhando até uma sorveteria que ficava ali perto, sem dizer nada. Dava para ver o campus inteirinho dali. Várias e várias faculdades, com pessoas circulando por todos os lados.
tinha uma paixão secreta por quando era pequeno. Os dois costumavam falar que eram namorados. Eles tinham oito anos. Mas aos doze, quando ele conheceu a as coisas mudaram um pouco.
Ela ainda não tinha percebido, mas ele a estava encarando, tentando descobrir o que se passava pela cabeça dela.
- O que foi? – perguntou.
- Não é nada. – respondeu. – É que eu pensei que estaria mais animada com esse dia. Seu sonho sempre foi entrar na April Hall, e quando você finalmente consegue fica desse jeito. Parecia deslocada.
- É que... Eu sempre estou acostumada com as coisas serem do meu jeito. E quando eu cheguei aqui, pensei que continuariam assim. Não passou pela minha cabeça que já tinham coisas rolando lá. Sabe, grupos.
de cara entendeu o que ela quis dizer. Apesar de gostar de , sempre soube que ela gostava de ser o centro das atenções. Ela provavelmente deve ter visto outra pessoa que era o centro das atenções naquele lugar e ficou deprimida. Mas o que não percebia é que sem tentar já chamava muita atenção. Os caras olhavam para ela e iam falar com ela. Talvez ela só não quisesse perceber e dar uma de coitadinha.
- Em todo lugar que você entrar como novata, já vão ter coisas acontecendo, . Precisa aceitar isso. Acho que só devia tentar se enturmar. Sua amiga, , ela estava tentando.
ficou calada. Sabia que ele tinha razão. Ela e era como e ela mesma. Assim como se deu bem com ela, teria que tentar se dar bem com também. Isso ou ficaria sem amigos.
sorriu de lado, percebendo que ela tinha entendido. as vezes só precisava de um empurrãozinho.
- Já está decidido? Vai se mudar para a April Hall mesmo? – ela perguntou.
- Bom, meus pais já deixaram. Eles disseram que se eu gostar de lá, já é. Mas agora estou impondo uma condição.
- Qual?
- Sempre caminhamos juntos, eu e você. Sempre fomos amigos, . E eu não sei se vou conseguir ficar longe de você. Por isso, minha condição é você. Se ficar, eu fico.
deu uma risada. Ela sempre amou o , sempre foram amigos. E se pensasse bem, também não conseguiria ficar longe dele.
- É claro que eu fico. Mas não por você, pela April Hall.
ficou boquiaberto.
- Brincadeira. Acho que metade-metade. – ela disse rindo. estava sério, mas logo riu também.



Capítulo 21 – Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço


fechou a porta do banheiro e molhou o rosto com a água gelada da torneira. Ele tinha acabado de sair de uma reunião só com os calouros falando sobre a casa e a faculdade. E como não tinha visto nem lá, ele chegou à conclusão que os dois podiam ter saído para... Conversar. nunca entendeu qual era a de . Não dava para saber se ele gostava de , de ou de nenhuma das duas. nunca conversava sobre isso com ele. Era estranho.
Os dois tinham combinado desde pequenos que iriam morar juntos. E todos os lugares que pensavam já tinham sido alugados. A April Hall tinha feito aquele convite na hora exata. E ele tinha amado aquele lugar. Cheio de gatas, festas, caras legais e era perto do campus. Estava feliz por também ter entrado, mas ficou com medo dela não sair do pé dele e dar uma crise de ciúmes toda vez que ele saísse com alguém. Sabia que ela não aceitara muito bem a questão “sem compromisso”. Porém, se acalmou quando a viu conversando com um cara. Tinha que admitir que ficou um pouquinho incomodado com aquilo. era só dele. Ok, não era. Só que mesmo ele concordando em não ter nada sério com ela, sabia que os sentimentos amorosos dela eram todos direcionados a ele. E ela parecia tão interessada na conversa com aquele cara idêntico ao Alex Pettyfer.
Ele também tinha conhecido alguém. O nome dela era . a achou muito gata, mas difícil de se conversar. Para um diálogo entre os dois dar certo, ela teria que parar de colocar roupas tão decotadas. Mas ele preferia que isso não acontecesse. achava que poderia dar certo com ela. Queria gostar dela. Na verdade, quando viu conversando com um cara, aquilo meio que abriu os olhos dele. Sempre achara que ela era apaixonada por ele, e mesmo gostando dela também, gostava dela gostar dele. Ele não era lá a pessoa mais santa do mundo.
Ligou para , que atendeu no segundo toque.
- Oi, . – disse num tom calmo. – E aí? Estava mesmo querendo falar com você.
- Onde você estava?
- Acabei de deixar na casa dela.
- ? O que rolou, cara?
- Nada, só fomos tomar um sorvete.
- Sei.
- Estou falando sério. Ela estava meio mal e eu saí com ela pra esfriar a cabeça. Sabe que nós dois somos amigos desde sempre.
- Amigos não se beijam, .
- Nós não... Ok, tudo bem que foram algumas vezes, mas não tem nada entre a gente.
- Tudo bem, então. Mesmo achando que isso seja meio estranho, deixa quieto. Escutei minha irmã falando no telefone com ela e acho que está afim do .
- Claro que não, . Você fala umas coisas estranhas, cara. Mas me conta, o que achou da April Hall?
- , se você não morar lá, eu moro. Eu amei, tem gatas por todo lado, um monte de festas e sei lá mais o que, parei de prestar atenção porque a tem uns amiguinhos que me interessam.
- Cara, você é doente. Mas eu também gostei muito de lá, vou ficar. A gente tem que pedir pra dividir o mesmo dormitório. Só uma coisa que eu fiquei pensando. E quanto à ?
- Pelo jeito vai ficar também. Só estou com medo dela me vigiar o tempo inteiro.
- Acho que isso não será problema. Provavelmente vai ser bem o contrário.
- Como assim?
- Você que vai ter que vigiá-la.
- Olha, se está falando isso por causa daquele cara que ela estava conversando...
rapidamente encerrou a ligação, assustado. surgira do nada na sua frente. Ela estava olhando para uma vitrine de sapatos.
- . – ele disse se aproximando aos poucos.
- Olá! – ele disse, empolgada. Logo ficou meio sem jeito, sem saber se o beijava ou não. Antes que pudesse fazer algo, a beijou. Um beijo rápido, porém, um beijo. Suficiente para deixá-la surpresa e satisfeita. – Que surpresa.
- Gostou da April Hall?
- Gostei muito, acho que vou ficar. Você vai?
- Com certeza, essa casa é demais.
- Eu estou vendo que você gostou.
- O que quer dizer?
balançou a cabeça. Não pôde deixar de notar que passara um tempão conversando com uma morena.
- Nada. – ela por fim disse.
- Bom, você também pareceu ter gostado.
- Não entendi.
- Esquece. – ele disse pensando no cara que ela estava flertando.
- Tá legal, a gente tinha combinado que seria sem compromisso.
- E é.
- O que a gente está fazendo não prova isso. , esquece, tudo bem? Você está feliz, eu estou feliz, está todo mundo feliz. Eu tenho que ir, hoje é aniversário da minha prima.
- Ah. Claro. Tchau.
Ela ficou na ponta dos pés, lhe deu um beijo na bochecha e saiu andando, deixando- o ainda confuso. olhou para os lados e não viu ninguém, então voltou a andar para a sua casa.



Capítulo 22 – Parabéns pra você!



acordou na manhã de sexta assustada com o despertador. Normalmente quando esperava muito para alguma coisa acontecer, acabava sonhando com aquilo. E daquela vez não fora diferente. Ela sonhou que estava no baile com , e estava tudo correndo às mil maravilhas, até que Monique , a mãe de , foi até o palco e pediu para a filha escolher qualquer cara do salão para dançar. escolheu , e quando os dois começaram a dançar, se sentiu péssima. Aí eles ficaram o resto da noite juntos, ficou de lado.
Ela balançou a cabeça para tirar aquele pensamento de dentro dela. Normalmente os sonhos dela não tinham sentido nenhum, e não seria dessa vez que ela se importaria com eles.
O dia seria perfeito. Porque ela faria ser perfeito.
pegou seu telefone e mandou uma mensagem para .
Tem alguém ficando mais velho hoje... Parabéns, amor! Não quero nem saber, só chega na escola hoje mais cedo para dar tempo de eu te dar um beijo. À tarde você decide, mas à noite você é só meu. –
Alguns minutos depois, ele respondeu a mensagem de dizendo:
Obrigado, linda! Droga, então você não vai mesmo desgrudar de mim hoje? Tudo bem, só estou esperando meu beijo.
Ela riu e pegou sua bolsa. Estava frio de novo. vestiu uma calça jeans skinny branca e uma blusa azul que tinha lhe dado. Com um estojo de maquiagem na mão direita, ela desceu a escada até o andar de baixo, fazendo o piso ranger com os saltos da bota.
- Bom dia, filha! –sua mãe disse. ainda não tinha falado com ela depois do incidente do dia anterior.
- Oi, mãe. Pode me ajudar? Preciso passar essa maquiagem.
- Pra que? Você só vai pra escola.
- Estou tentando ficar bonita, hoje é aniversário do .
- Ah, é mesmo! Dê um abraço nele por mim. , você não precisa se maquiar. Se gosta mesmo de você, o que é óbvio que sim, o melhor presente de aniversário que pode ganhar é você, somente você, sem pó por cima.
- Estou sem tempo para lição de moral, mãe. Por que você acha que os presentes vêem embrulhados? Para ficarem mais bonitos. A maquiagem é como o embrulho de presente.
- Você que sabe, então.
- Ah, mãe, eu só quero que seja tudo perfeito.
- E vai ser. –ela disse sorrindo. –Eu tenho uma coisa pra você.
- Tem?O que é?
- Só vai poder ver hoje à noite.
Ela foi sarcástica:
- Ah, ótimo. Obrigada, mãe.
- Não seja tão ignorante.

chegou na escola animada. Estava doida para ver . Ela tinha ficado linda, depois de tanto esforço. Não que ela não fosse bonita –muito pelo contrário - mas ela ficou ótima depois da maquiagem e de comer um pouco.
Ela se segurou fortemente no corrimão, para não escorregar no gelo do chão. Os flocos de neve caíam sobre sua cabeça, molhando um pouco o gorro. Não dava para entender como o clima daquele lugar podia mudar tão rápido. Tudo bem que no dia anterior não estava assim tão quente, mas um dia sol e no dia seguinte neve já é uma mudança.
caminhou até o pátio da escola, onde havia uma rodinha de pessoas em volta de alguém. Ela semicerrou os olhos, tentando enxergar melhor quem era. Poderia ser .
Mesmo tentando sair de casa o mais cedo possível, ela já tinha chegado meio atrasada. já devia estar esperando- a há muito tempo.
Quando se espremeu entre as pessoas, pôde ver seu namorado no meio, conversando com . Atrás dela estava uma faixa imensa desejando feliz aniversário a ele. E na mesa ao lado dos dois, tinha um bolo quase do tamanho da mesa com a foto dele. A borda do bolo era coberta com chantilly e cheirava à baunilha com chocolate branco.
Onde estava dava para ver perfeitamente o que estava acontecendo lá, mas não dava para vê- la de onde os dois estavam. parou de conversar com ele e puxou um “parabéns para você”. O pessoal todo começou a cantar junto com ela, deixando vermelho. sempre amava fazê- lo ficar com vergonha.
Quando acabou, ele foi conversar com seus amigos, recebendo inúmeros abraços e beijos. observou aquilo calada. Ela não acreditava que tinha feito aquilo. Era simplesmente ótimo. Para . Ela fora tão egoísta pensando que ele teria que ser dela o dia inteiro. Era o aniversário dele, não dela. Ele decidiria com quem queria ficar. E já que não a esperava na porta da escola como ela achou que seria, pelo jeito a decisão dele já fora tomada, e estava muito clara.
Sem saber o que estava fazendo, deu meia volta e começou a se distanciar. Ela queria desejar os parabéns para ele, mas não conseguiu ir até lá. Parecia tudo tão perfeito sem ela, ele e pareciam até namorados.
Ela pensara em várias formas de surpreendê-lo, mas no final decidiu simplesmente não fazer nada. Assim, eles decidiriam o que fariam no momento. E , que nem era sua namorada –queria ser, mas não era - , tinha feito uma coisa que o deixou tão feliz. Ela não poderia competir com isso.
- ?! ! –ela escutou uma voz a chamando, fazendo-a pular de susto. Ela já estava quase dentro do prédio, quando virou- se para trás rapidamente e olhou para . Ele usava o suéter branco que a Sra. tinha lhe dado na semana passada. o achava horrível, mas garantiu que amou. Ele estava com as bochechas rosadas, os cachos saindo de dentro da touca e seus sapatos cheios de neve. sorriu. –O que está fazendo?
Ele correu até ela, deslizando no gelo e quase caindo umas duas vezes. Ela pôde sentir os observando. tirou o cabelo do rosto e não conseguiu pensar em mais nada. Quando ficou parado na sua frente, ela se atirou em seus braços e o abraçou forte.
- Parabéns, meu amor! –ela disse ainda o apertando.
- Obrigado.
Ela se separou dele e pisou em seus sapatos, ficando na ponta dos pés, quase batendo no nariz dele. Levantou a cabeça e beijou-o apaixonadamente. sorriu e voltou a beijá-la, entrelaçando suas mãos na cintura dela.
Quando se separaram, ele olhou para ela, que ainda estava em transe. Ele sorriu.
- Está usando a blusa que eu te dei. –disse.
- Estou sim. E você está usando a blusa ridícula que minha mãe te deu. Pelo menos quem está usando é lindo, então faz dela menos feia.
deu um beijo nela, depois perguntou, confuso:
- Onde estava indo?
- Não faço a menor ideia.
- Mas por que estava voltando? Você não ia lá me abraçar?
- Eu... – ela recuou um pouco, olhando nos olhos dele. Era difícil se concentrar com aqueles dois olhos verdes a encarando. –Ah, você estava tão contente com a lá e tudo mais...
- Já entendi. Você é uma boba se pensou que não fazia parte daquele lugar. Eu vou querer te ver em todos os momentos, não importa com quem eu esteja.
Ela sorriu, dando outro beijo nele.
- Esse é nosso jeito de dizer “obrigado”, pelo visto. –ele riu. –Você nunca vem de maquiagem.
- É que hoje é um dia especial.
- Não precisava ter feito isso, se viesse de pijama já tava bom.
sorriu, comovido. Ele sabia que abominava maquiagem. Era uma das coisas que ele adorava nela.
- Não quer voltar pra lá? –ela disse apontando com a cabeça para a mini-festa. –Tudo mundo está lá por causa de você.
- Tudo bem pra você?
- Claro, vou com você.
Ele pegou na mão dela e a apertou forte.
- , eu te amo.
Ela sorriu, completamente abobada. Gelava todas as vezes que falava aquilo.
- Eu também te amo,.



Capítulo 23 – Garota errada.



abriu a porta da April Hall e colocou seu casaco no armário de casacos. As aulas da semana finalmente tinham acabado e ele estava exausto. Tinha acabado de sair da faculdade, que liberara os alunos um pouco antes naquele dia.
A April Hall estava uma confusão por causa da Festa do Luar, que apesar de ser uma festa aberta ao público, eram mais jovens que iam nesse lugar.
Ele se olhou no espelho da sala. Seu cachecol estava cobrindo até a sua boca perfeitamente desenhada. Algumas meninas passaram pela sala, olhando para ele.
- Oi ! –uma delas disse.
As outras garotas olharam para ele com um sorriso. Pareciam modelos. Eram as amigas de , sua ex-namorada. O rompimento dos dois tinha sido por um único e simples motivo: o traiu com , seu melhor amigo.
Havia garotas andando por todos os lados, preparando cada pequeno detalhe da festa. A maioria parava e o cumprimentava. Quando chegou no seu quarto, jogou sua mochila em cima da cama e tirou a camisa, coisa que o fez se arrepender na mesma hora, por causa do frio. caminhou até a janela para fechá-la quando viu umas quatro meninas na janela do quarto na frente do seu, onde uma música do Backstreet Boys invadia o andar inteiro. Ele olhou para trás para ter certeza que era ele que elas estavam encarando. E como não tinha ninguém mais atrás dele, ficou meio constrangido.
Não era surpresa. Quando se tem a oportunidade de ver sem camisa, precisa-se aproveitar. Ele deu um leve aceno para as meninas e fechou a janela rapidamente. Logo em seguida, seu colega de quarto, , entrou cantando junto com Jesse McCartney.
- Oi, cara. –ele disse animado.
- Oi. – disse. –Tá a maior confusão aqui. Qual é a desse pessoal com a Festa do Luar?
- A festa é legal. Você não vai?
- Vou. Só que para mim não é como se a Madonna estivesse vindo para a April Hall, ou coisa assim.
- Ah, deixa o pessoal. Eu, inclusive, estou muito animado.
- É? E por quê?
- Conheci uma menina ontem, ela provavelmente vai. É mesmo, você não estava aqui quando os calouros vieram visitar, estava?
- Não, Gina me obrigou a ir ajudá-la a comprar um vestido.
Gina era a irmã mais nova dele. Ela devia estar na mesma escola que os calouros. A maioria das famílias da cidade eram obcecadas com esse tipo de evento. Era por aquele mesmo motivo que não só a April Hall, mas a cidade toda estava de pernas pro ar.
- Cara, ela é muito gata e simpática, mas só tem um problema: tem namorado.
- Qual é o nome dela?
- . Conhece?
pensou um pouco e uma sensação ruim percorreu seu corpo. Ela era namorada de desde sempre, pelo o que ele sabia. Quando era veterano no colégio, era capitão do time de natação e treinava com ele também. Mesmo novo, já era ótimo. Seria uma furada começar a gostar de , ela e seu namorado eram um só.
- Cara, esquece isso. namora o .
- Eu sei disso. Mas agora já não dá mais.
- Você não entende, . Ela e são muito apaixonados. Eu já fui do time de natação com ele. Sem chance de você ganhar essa.
- Então vai ser um desafio.
- Desiste! – se estressou. –Pelo jeito você gosta de garotas que já tem namorado!
olhou para ele, ofendido.
Três meses antes, quando e namoravam, a April Hall tinha feito a Festa da Pizza, e todo mundo ficou lá por causa disso. ficou a noite inteira conversando com seus amigos, e estava muito brava porque ele não dava atenção pra ela. Mas o que ela não entendia é que ele já estava meio bêbado e queria de todo jeito ganhar o campeonato de pôquer que estavam fazendo.
finalmente perdeu e foi procurar por ela. Procurou pela casa inteira, até no quarto dela e das amigas, onde provavelmente ela estaria chorando por ele não lhe dar atenção. O problema de é que ela tinha um ego gigante.
Então, desistira. Assim, foi para o quarto dormir, estava um caco. Quando abriu a porta, pegou beijando . Ele ficara irado. tentou explicar, o que só o deixou com mais raiva ainda. Ele a expulsara do quarto e depois brigara com , deixando seu olho esquerdo roxo. Os dois ficaram um tempão sem se falar, até pedira transferência de quarto. Mas, depois de um tempo, decidiu conversar com seu amigo, que não se lembrava de como tinha ganhado o olho roxo, nem o que tinha acontecido antes e também não sabia por que eles não se falavam mais. tentara conversar com , mas toda vez que aquilo acontecia, ele ficava bravo.
Então chegou à conclusão de que não tinha culpa, estava totalmente bêbado. Mas o problema é que estava sóbria a duas semanas. Os dois não tem se falado muito desde então.
Não ter mais a como namorada alegrou a vida de várias meninas. era desejado por elas pela sua aparência perfeita. Mas o problema é que não tinha dado uma chance para nenhuma desde seu rompimento com .
Ele já tinha tido uns encontros, nada sério. Na verdade, gostara de . Não a ponto de se apaixonar, essa era uma situação pela qual ele nunca tinha passado. Porém, apesar de tudo, ela era uma ótima companhia e eles ficaram juntos por nove meses.
- Desculpa.
- Você disse que não ia tocar mais no assunto. Eu nem lembro disso, cara. Não foi culpa minha.
- Eu sei, foi mal. Só fiquei irado, é uma ótima pessoa, e seria injusto com ele.
- E eu? Sou seu melhor amigo desde sempre, . Mano, você devia me apoiar.
- Tem razão. – disse mesmo sem ter certeza. As chances de querer alguma coisa com ele era uma em mil. –Faz o que quiser, mas boa sorte.
- Tá. Valeu.
- Preciso alugar um smoking pra hoje à noite.
- Quer que eu vá com você?
Ele concordou com a cabeça e pegou a chave do carro.



Capítulo 24 – Uma fá sempre se espelha em seu ídolo.



abriu a porta do White Club, um bar/lanchonete que o pessoal da escola também costumava ir. A diretora passara em todas as salas dizendo que agora todos estavam proibidos de ir ao Joke’s dentro do horário escolar. Os professores começariam a fazer chamada e fiscalizar as saídas da escola.
Alguns caras ficaram tão irritados que quiseram ir bater em Johnny ou no menino que bateu nele. Quanto ao outro ela não sabia, mas estava grudado no irmão o tempo inteiro, para o caso de alguém querer encarar. E obviamente ninguém iria caçar briga com . Por dois motivos: mesmo que a culpa seja dele, o ferrado vai ser você. consegue todo mundo a favor dele, porque conhece todo mundo. E o segundo motivo: é burrice tentar brigar com um cara que faz futebol desde os nove anos, Kickboxing desde os doze e que já ganhou primeiro lugar em um campeonato de quem é mais forte. sempre sonhara em falar com ele, e quando finalmente conseguira ainda não estava acreditando. era muito lindo, e legal, e perfeito.
As aulas já tinham acabado pela semana e todo mundo estava louco por causa da festa que aconteceria naquela noite. Por aquele mesmo motivo, o bar estava vazio. Ela tinha combinado de se encontrar com e as outras meninas ali. ficava repetindo milhões de vezes para si mesma que realmente estava indo se encontrar com elas. Aqueles últimos dias estavam sendo perfeitos.
No dia anterior, quando foi convidada para a April Hall, começou a pular no meio da rua, fazendo as pessoas acharem que era louca. Aquele lugar era demais, ela tinha feito um monte de amigas. Achou que ficaria decepcionada com pelo jeito que ela a tratara, mas não ficou. Se ela pensasse bem, todo mundo sabia que era o sonho de entrar na April Hall. Ela tinha colocado isso como lista de interesses no MySpace e curtira todas as páginas da casa no Facebook.
E assim como ela, também estava muito interessada. As duas podiam conquistar a confiança do pessoal – separadas -, mas se conseguissem, depois poderiam solicitar um quarto para dividirem.
Limpou a neve da calça e procurou as meninas. Elas estavam sentadas perto do balcão. O White Club era um lugar completamente branco, provavelmente sem nenhuma cor se não o branco, a não ser as comidas e bebidas. As paredes eram revezadas por espelhos e pedaços de guardanapo com vários nomes. Os clientes escreviam alguma bobeirinha ali e colavam na parede. já achou aquilo emocionante. Nas partes do fundo do bar, colocavam vários sofás com algumas televisões, que naquele momento estavam transmitindo um jogo de rúgbi. Ela adorava ver jogos com seu pai, era sempre tão emocionante.
Se e suas amigas soubessem que ela achava aquilo, iam achá-la uma esquisitona. Provavelmente achavam o pior jogo do mundo, com violência explícita. Mas o pai de a ensinara a jogar futebol e basquete quando era mais nova. Ela era boa. Aqueles detalhes eram esquecidos por enquanto.
Conversara na noite anterior com a sua mãe e ela disse que poderia bancar até o final da escola para que ficasse na April Hall, mas, se na faculdade ela não conseguisse uma bolsa, então não teria jeito. Naquelas duas semanas ela teria que estudar feito doida. Justo quando ela finalmente tinha feito amizade com e umas garotas legais da casa.
Era tudo tão injusto. Por que sua mãe não podia simplesmente deixar o orgulho de lado e pedir dinheiro para o pai de ? Ele dava dinheiro para ajudar a criá-la, mas era só a Sra. dizer que precisava de mais. Era tão difícil assim?
O pior é que ela também não aceitava de pedir para seu pai. Aquilo sim era injusto.
Ela esbarrou em alguém, que quando se virou para ela, percebeu que era . Ele parecia apressado, com uma garrafa de coca-cola na mão.
- Desculpe, .
Fazia um tempão que eles não se falavam. A ligação dos dois era feita por , e como elas não eram mais amigas, e pararam de se falar. Naquele momento, estava muito bonito, como sempre. Sua touca verde não cobria quase nada dos seus cabelos e seu casaco branco estava começando a ficar molhado, à medida que a neve ia derretendo nele.
se lembrou que era o aniversário dele.
- Parabéns, ! – ela disse lhe dando um abraço rápido.
- Valeu. – ele sorriu agradecido. – Tenho que ir, minha mãe me obrigou a almoçar em família hoje.
- Vai lá. – deu um sorriso simpático.
Quando ele se afastou, seu olhar caiu sobre suas recentes amigas, que a encaravam atentamente. Ela se aproximou bem devagar de onde elas estavam e se sentou em uma cadeira vazia ao lado de Hanna e Trina, que deram um “oi”.
- É amiga do ? – Olívia foi a primeira a perguntar.
- Ah! – disse entendendo porquê elas a encaravam como se fosse uma assassina. – Na verdade, quando eu era amiga de , eu e ele conversávamos. Mas à medida que fui me afastando dela, fui me afastando dele também. Só estava desejando feliz aniversário.
- Claro. – Trina disse. – Viu o que fez hoje cedo para ele?
- Não, mas me falaram. Muito legal, .
sorriu.
- O único problema foi ter aparecido. – ela disse. – Estava tudo perfeito, até vê-la indo embora e ter ido atrás dela. Depois disso, tive que ficar o resto do dia tentando arranjar um milésimo de segundo com .
- quer ficar com hoje à noite. – Jojo disse.
- O que?! – não conseguiu conter o espanto. e iam à Festa do Luar juntos desde que começaram a sair. – Como?
- Isso eu ainda não sei. – disse dando um gole no seu chá de hortelã com um pouco de álcool. – Mas eu preciso conseguir. Não quero ela na April Hall.
tentou esconder o nervosismo. Aquilo era mesmo muito malvado da parte de . Será que elas eram capazes de qualquer coisa só para conseguir o cara que queriam?
- Mas e você, ? – Hanna perguntou com a voz ainda rouca. – Quem está querendo?
- Eu? – ficou mais nervosa ainda. – Eu?
- É. – Olívia disse. – Ficou nervosa?
- Não, não estou gostando de ninguém.
- Hum... Jura?
- É sério.
- Tudo bem, então. Meninas, todas já tem vestidos?
As meninas concordaram com a cabeça.
- Vocês podem ir pra minha casa se arrumar. – disse. – , por que não pede um chá pra você? Eles colocam álcool, fica uma delícia.
- Não, obrigada. Não quero beber hoje.
- Então pede só o chá.
- Tá. – ela disse pedindo um chá para a garçonete que estava passando por ali.
Ela não acreditava que a convidara para ir à sua casa. No que ela estava pensando? não era má, ela era perfeita. Assim como também queria ser.



Capítulo 25 – não tem problema nenhum em ser o melhor amigo


colocou o vestido que escolhera para usar na Festa do Luar e se olhou no espelho. Tinha feito cachos no cabelo e passara um delineador nos olhos. Seu batom vermelho estava dando uma quebra ali. Ela estava muito bonita.
Quando acabou de abotoar seu sapato prateado de salto agulha, seu celular vibrou. Uma nova mensagem.
Estou na porta da sua casa. –
Ela combinou de ir pegá-la às nove e meia. Ele tinha chegado no horário exato.
Ainda não estou pronta. Vai ter que subir. –
Faz um tempão que eu não falo com seus pais,. –
Uma hora você vai ter que falar! Estou te esperando. –
Ela deu um sorrisinho e pegou o estojo de maquiagem, dando os últimos retoques. Queria se divertir naquela noite, tanto a ponto de fazer se arrepender pelo resto da vida pelo que tinha decidido entre os dois. Ela combinara consigo mesma que não iria beijá-lo nem dar atenção pra ele.
No dia anterior, quando fora para a April Hall, não fazia a menor ideia do que seria aquele lugar. Com certeza já ouvira falar uma vez ou outra, mas não sabia o que esperar. Tirando o fato de que também foi convidado, decidiu ir para ver como seria.
Ela deixou Julia em sua casa e foi correndo para lá. E acabou que gostou muito, o lugar era incrível. Conheceu um cara lindo chamado David, que conversou muito com ela. E ela não pôde deixar de notar que também conhecera uma garota.
Quando se encontraram, no dia anterior, fora estranho. Ela estava atrasada para o aniversário de Bianca, sua prima. Tinha sido rápido. Ela não sabia dizer se tinha ficado feliz ou triste por ela ter entrado para a April Hall.
E ao contar para sua mãe, ela explodiu de alegria. Achou muito chique uma filha sua ser convidada para a April Hall. Nem suas irmãs, Jackie e Diana conseguiram. Foi uma surpresa para também.
Ela acabou de se maquiar e desceu as escadas até a sala de jantar de sua casa, onde conversava com Diana. Ela se lembrou que seus pais e Jackie já tinham ido para a festa, só Diana escolheu ficar, esperando pelo namorado.
Quando contou para ela que tinha entrado na April Hall, Diana ficara feliz, mas não conseguiu esconder a inveja. Era seu sonho entrar na casa e não conseguira. Tentou de tudo, mas a sorte não estava a seu favor. Ela faria vinte e um anos no mês que vem, mas ainda se comportava como se tivesse a idade de . O que era legal, mas às vezes irritava.
Sua irmã que mais odiava era Gabriela, que tinha quatorze anos. As outras não a suportavam porque ela estava naquela fase que cisma que é adolescente e quer fazer tudo que os adolescentes fazem em todos os segundos possíveis.
Diana viu descer as escadas, deu um sorrisinho e foi se afastando devagar. Quando seguiu seu olhar e viu , ficou boquiaberto.
A única coisa que conseguia pensar era em como ela estava absurdamente linda e queria beijá-la.
deu um sorriso ao vê-lo e foi abraçá-lo.
- Ei, ! – ela disse, soltando-se dele. – Tá vendo só? Minha mãe não está aqui, não foi tão ruim assim.
- É, eu sei. Você está...
- Estou... Por favor, não vai dizer feia porque senão eu te bato.
- Está linda.
- Ah! Obrigada. Você também não está nada mal, de smoking.
- Sério? Valeu. Esses sapatos são do Johnny, estão me matando. E quanto ao smoking, ele foi comprado de última hora porque precisei ficar na escola a tarde inteira.
- Por quê?
- Ah, aquela coisa com o Johnny.
- Ah, é. E o que aconteceu?
- Bom, a diretora nos chamou na sala dela. – ele começou, guiando-a até o carro. já estava exausto e a noite nem tinha começado. Mas qual é, ele precisava se animar. aceitara ir com ele! – Aí eu descobri que Johnny estava brigando com Matheus por causa de uma garota. Acredita? Meu irmão é muito novo para essas coisas.
- , seu irmão tem quinze anos.
- Só eu que acho isso?!
- É. – riu. – Mas então, continue.
- A reunião foi adiada porque uns pais apareceram lá para falar sobre algum garoto mais novo que você. Pobre Johnny. Ele ia à Festa do Luar com essa menina, mas ela deu o fora nele.
- O que?! Por que?
- Você provavelmente não vai gostar da resposta.
- O que foi? – disse aflita.
- A menina está gostando do .
- E ele?
- Nem sabe, eu acho. não costuma dar bola para mais novas.
- Oh! – disse aliviada. Ela de repente ficou desesperada para mudar de assunto. – O que achou da April Hall?
- Legal. Lembra do meu plano com o de acharmos um lugar melhor para morar?
- Lembro.
- Agora achamos.
- Que ótimo. Porque eu vou ficar também. Sinceramente, , eu conheci um cara legal lá. O nome dele é David e ele me chamou para sair.
- E você aceitou? – ele disse tentando esconder a preocupação.
- Ainda não, mas vou. Só estou pensando... Não acha que seria estranho com por lá?
- E o que tem? Vocês dois estão liberados para outras pessoas. Não estão?
- Sim. Por que você está falando desse jeito?
- Eu? Jeito? Que jeito?
- Assim. O que você tem?
- Imagina. Estou normal. E também já conheceu uma menina, uma tal de .
- É... Estou sabendo. , me dá um conselho... Acha que eu aceito?
Nesse exato momento eles chegaram, e um manobrista bateu no vidro do carro, fazendo-os sair. O prédio estava cheio de luzes e pessoas do lado de fora.
- Convites. – um homem gordo disse.
os entregou e os dois entraram no salão.



Capítulo 26 - Verdadeiras amizades começam do nada


e pegaram uma limonada. O pessoal não servia álcool na festa do luar. Sua mãe tinha estabelecido àquela regra ridícula desde a segunda Festa do Luar que fizera em sua vida. Isso porque na primeira as pessoas acabaram bebendo demais e acabou virando uma festa como as de faculdade.
Elas estavam dançando a mais de uma hora. ficou impecável em seu vestido amarelo. Ela fizera cachos nos cabelos e passara um batom vermelho nos lábios. Mais de sete caras já tinham dado em cima dela.
também estava ótima. Ela colocara o vestido que a incentivara a comprar e estava linda. Todo mundo que ia cumprimentar conversara com ela como se conhecessem- se a anos. E seis caras já tinham dado em cima dela, mas ela recusara todos, assim como .
- O que foi? – perguntou quando percebeu o olhar perdido de .
- Não foi nada. –ela disse. –Estou procurando por .
- Ah. – achou melhor não falar mais nada sobre aquele assunto. Mesmo querendo ser amiga de , sua opinião não iria mudar, ela achava que e eram perfeitos um para o outro. – O que vai fazer para conquistá- lo?
- Você vai ver. – ela estava super distraída. Olhou em volta, e ainda não tinha visto- o.
Ela viu dois caras se aproximando. Um deles tinha o cabelo loiro claro e olhos azuis, o outro tinha o cabelo cor de mel e olhos verdes. Ela girou os olhos. Mais caras iriam dar em cima dela?
- Olá, . – o cara de olhos azuis disse. Ele se inclinou e cumprimentou- a com um beijo na bochecha. –Esse é o meu amigo , ele também mora na April Hall. , a é caloura, ela foi ontem conhecer a casa.
- Oi, , legal te conhecer. – disse com um sorriso simpático no rosto e seu olhar se concentrou bastante nela. não pode deixar de notar, os dois eram muito lindos. Mas algo em chamou sua atenção.
- Oi, . Gente, essa é a . Ela também foi aceita.
Quando os meninos viraram para ela, não puderam deixar de reparar na beleza de , como qualquer outro cara faria. Ela sorriu para os dois, mais para do que para .
- Então você é a . – disse, levantando as sobrancelhas. – O pessoal da April Hall fala muito de você.
- É mesmo? – disse fingindo surpresa.
- Sim, você é muito conhecida. Não é mesmo, ?
- É, claro. – disse sem tirar os olhos de . É claro que ele já ouviu falar dela, e com certeza era linda.
- Então, meninas, gostariam de um coquetel? – disse.
- Ah, sim. – disse.
- Vamos pegar para vocês.
Eles lentamente saíram andando, deixando e sozinhas.
- Nossa. – disse sorrindo. –Você tem amigos bonitos.
- não é meu amigo. Quer dizer, só nos conhecemos ontem. – disse, mesmo assim lisonjeada. – E acho que gostou de você.
- Como assim? Ele nem me conhece.
- Mas estava flertando.
- Claro que não.
- Claro que sim.
- Não estava não! – deixou escapar uma risada, ao mesmo tempo feliz e surpresa por ter achado uma amiga assim. Ninguém nunca discordara dela e, em vez de se irritar, aquilo fizera ela sentir muita alegria. Porque ela teve a sensação de que estava sendo verdadeira, e não só querendo sua aprovação.



Capítulo 27 - Agora sim você irá conhecê-la melhor. Não era o que você queria?


David Grenwood entornou outra taça de coquetel de frutas na boca. Ele tinha chegado a Festa do Luar a pouco tempo, mas já estava impaciente. No dia anterior, tinha conhecido uma garota simplesmente linda, . Eles rapidamente ficaram amigos e David queria ficar com ela. Quem sabe assim eles não passavam a se encontrar mais?
lhe disse que iria à festa, mas que iria acompanhada de um amigo. Ele torceu o nariz depois daquelas frases. Mesmo achando meio idiota da parte dele, queria muito vê-la de novo e conversar mais com ela, e sabia que se ela estivesse acompanhada aquilo seria muito difícil. Ele pegou seu telefone e ligou para o número de . Os dois tinham trocado números antes de ela ir embora, apressada com um aniversário de uma prima.
- Alô? – disse. O barulho do seu lado da linha estava muito alto, e ele chegou a conclusão de que ela já estava lá. – David?
- Oi, ! – ele disse animado. – Então, já está na festa. Por que você não larga esse seu amigo e vem conversar comigo?
riu, surpresa com aquela proposta. Não que ela não tivesse achado David legal nem nada disso. Aliás, legal e bonito. Mas ela estava com e aquilo seria completamente errado.
- Não vai ser uma boa deixar . Ele é meu par essa noite. Desculpe, David. – ela respondeu.
- Ah, que pena... Se você se cansar do seu acompanhante, me liga e a gente se encontra.
- Pode deixar.
Ele desligou o telefone decepcionado. Enquanto andava, olhava para a tela do celular, ainda pensando em . Não era como se ela fosse a única garota do mundo, ele podia procurar alguma bonita e chamá-la para dançar.
Mas gostara de e queria conhecê-la melhor .Subitamente, David sentiu algo batendo em seu ombro. Tirou os olhos do telefone e procurou onde tinha batido.
- Ei, cara! – disse irritado. – Olha por onde anda!
- Desculpa, foi mal. – David disse, se afastando um pouco. Ficou observando para onde o cara estava indo, e, para sua surpresa, ele foi justamente até .
David sorriu ao vê-la. Ela estava muito bonita em seu vestido preto e seus olhos pareciam mais azuis a cada cinco minutos. Seu braço estava entrelaçado no de um cara alto e moreno, que ele chegou a conclusão de ser o tal .
Quando o cara no qual tinha trombado se aproximou dos dois, apertou a mão de e deu um beijo na testa de . Aquilo pareceu ter irritado um pouco , mas ele não disse nada. Ela sorriu, fazendo David ficar meio bobo.
Resolveu se aproximar mais.



Capítulo 28 - Uma revelação chocante


estava impressionado. caprichara no visual. Mas, o que mais lhe impressionou, foi o fato dela estar junto com . Eles eram amigos e tudo o mais, só que estava certo de que seu amigo viria com .
- Obrigado por ter cuidado dela, . – ele sorriu para , que o encarava sem expressão nenhuma. – Mas agora pode deixar que eu assumo.
Os dois não pareceram entender, e levantou as sobrancelhas, esperando. Por que estava demorando tanto para ir com ele? Os dois ainda tinham que dançar.
- Do que você está falando? – disse.
- Que agora que eu cheguei, a gente pode dançar. Vamos, .
- Não, eu vou ficar com o .
- O que?! Seu par sou eu, !
- Não, você está errado. Meu par não é você, é o .
- Para com esses joguinhos. Hoje não.
- Não é joguinho nenhum! – disse. – A está comigo.
- Não se mete, cara.
- Acontece que o me convidou para ir com ele na festa e você não. Está achando o que? Acha que sou propriedade sua?
Sim.
- É que... Eu... – ficou sem palavras. Ele não estava entendendo. Para ele, os dois já iam juntos, ele não precisava falar. É a mesma coisa de dois namorados terem que perguntar um ao outro se estão juntos ou não. É óbvio que estão.
Então ele se deu conta de uma coisa. Os dois não eram namorados. E fizera questão de deixar isso bem claro para . Ele teve vontade de bater na própria testa, um mau hábito que ele tinha quando fazia besteira.
- Você queria o que? – ele então ficou com raiva. – Que eu me ajoelhasse e te pedisse?
- Não. Quando amigos querem sair, eles ligam uns para os outros e chamam. – disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Cala a boca, ! Cara de pau você, hein? De todas as meninas que você poderia convidar, tinha que ser a , minha... A ?
- Não vejo problema nenhum. Ela não pertence a você.
- A gente tá ficando! – disse.
- É? – David apareceu no meio da multidão, para espanto de .
- Quem é esse cara? – e perguntaram ao mesmo tempo.
- David, esses são e . – disse com a voz cansada. – E , vamos esclarecer uma coisa... Eu sou livre para sair com quem eu quiser.
- E tem que ser com o meu melhor amigo?!
- Acontece que ele também é o meu melhor amigo. Até antes de eu te conhecer. E, vou dizer mais, eu estou cheia de você! Acho que foi por isso que eu dormi com o !
Os olhos de se arregalaram. ficou tonto, sem acreditar no que tinha escutado. O QUE ELA TINHA FEITO?
- Filho da mãe! – deu um soco na cara de , e começou a protestar, até que também avançou no amigo e virou uma briga. As pessoas começaram a olhar, e vários organizadores já estavam indo acalmá-los.
David empurrou para longe e se enfiou na frente dos dois, conseguindo separá-los.
Monique caminhou depressa até os dois e os mandou se retirarem. olhou tristemente para , que na mesma hora se arrependeu do que tinha falado. O que ela mais queria era estar acompanhada por . O desespero invadiu seu corpo. O que ela tinha dito? Ela arruinara tudo, nunca iria perdoá-la por isso.
foi para fora, acompanhado por dois seguranças. Ele não acreditava que dormira com seu melhor amigo. Saiu correndo em direção ao bar mais próximo.



Capítulo 29 - Enquanto não demonstrava seus sentimentos, era transparente


estava contentíssimo. Depois de ter conversado melhor com , descobriu que ela também tinha interesses em desfazer o casal /. Depois de ter conversado com , percebeu que talvez ele estivesse mesmo doido, mas sempre corria atrás do que queria, assim como .
Era muito bonita, tinha que admitir. Mas, mesmo assim, ainda conseguia ser mais bonita para ele. E ele tinha que encarar uma coisa: talvez ele e ela nem combinassem, nem dessem certo, só que para só tinha um jeito de descobrir.
Os dois tinham combinado que trabalhariam juntos, então. Segundo , poderiam começar naquela noite mesmo. Ele não via porque não. , enquanto isso, ficou conversando com . Ela parecia ser muito engraçada, porque o fazia rir muito. Pensou até que tinha rolado um clima ali, até ele se lembrar do jeito que o amigo ficou quando ele apresentou a para ele. Sinto muito, amigão. Mas a vai acabar com , e eu vou cuidar para que isso realmente aconteça, pensou.
As duas tinham ido ficar com outras amigas enquanto e foram comer alguma coisa. pegou alguns espetinhos de peixe de um garçom que passava e lhe entregou um. Ele estava meio nas nuvens, meio distraído.
- O que você tem? – perguntou.
- Eu? O que quer dizer? – perguntou, como se tivesse sido pego fazendo coisa errada.
- Sei lá, parece até que não está nesse mundo. Talvez na lândia.
- Sério, você tem que parar de fazer piadas, cara. Isso já está ficando preocupante. – disse rindo.
- Do que você está falando? Minhas piadas são ótimas.
- Claro que são.
- O que quer dizer com isso?
- Nada, só estou dizendo que são boas.
- Não está nada. Está discordando de mim.
- Eu não, acabei de dizer que suas piadas são ótimas.
- Disse com sarcasmo, porque antes de dizer isso você disse que eu tinha que parar de fazer piadas.
- Eu disse isso? Acho que você está ficando louco.
- Para com isso, você disse sim.
- Está escutando coisas.
- Não estou. – já não tinha tanta certeza assim.
- Está sim. – começou a rir, se divertindo com a situação.
- , você está dando um nó na minha cabeça.
Ele deu uma risada fofa, que derreteria o estômago de qualquer garota. decidiu parar de fazer hora com a cara dele.
- Esquece isso. – disse. – Achei a super legal e engraçada, mas não fiquei interessado por ela.
- Eu sei que não, só estou te enchendo.
queria perguntar se ele tinha ficado interessado pela , porém ele sabia que não falaria. Ele não falava muito da sua vida amorosa com as pessoas.
- Uma coisa que eu e ficamos curiosos... O que você e tanto conversavam?
- Não é nada. – disse. Ele não queria contar para o amigo ainda. Até porque, se ele estivesse certo e tivesse gostado de , iria ficar uma fera se soubesse que o melhor amigo estava ajudando- a conquistar outro cara. – Você está conversando com a ?
- Só às vezes. Ela me disse que viria pra cá, mas não disse nada sobre estar acompanhada. Também, mesmo se tiver, por mim tanto faz. Já parei de gostar dela há muito tempo.
- Hum. – assentiu com a cabeça. – Falando nela...
chegou e cumprimentou os dois. Ela vestia com um vestido azul longo e com o cabelo liso solto, como sempre, bonita.
- Oi, garotos! – ela sorriu. – Achei vocês. Como estão?
- Bem. – respondeu pelos dois.
deu um sorriso tímido. Ele não era bom no requisito ex- namoradas.
- Fico feliz por terem vindo. – ela disse. Uma amiga dela a chamou para dançar, deixando- a dividida. – Rapazes, tenho que ir. Até mais.
Eles acenaram e viram se distanciar aos poucos. olhou para , e ele estava com seus olhos verdes sem expressão nenhuma, seguindo todos os movimentos da ex. Era difícil saber o que estava sentindo. Ele nunca fora um cara que demonstra dor ou tristeza. não gostava que as pessoas vissem fraqueza nele.



Capítulo 30 - A vista do paraíso


se olhou no espelho do carro. Ele não era muito bom em se arrumar quando tinha que ir a um evento chique. Como sua mãe estava doente e não podia ajudá-lo, teve que dar conta do recado sozinho. Seu pai e sua irmã tinham ido comprar um bolo para comerem depois que voltasse da festa, e seu irmão já tinha ido para a festa com sua nova namorada. Mesmo dizendo que não precisava, eles fizeram questão de comprar o bolo. então teve que concordar, também porque sua mãe queria ter a família reunida para celebrar o aniversário do filho. Ele sabia que ela estava frustrada por não poder sair com ele ou passar o dia com ele.
tentou se virar. A sua blusa por baixo do terno estava meio amarrotada e teve que engraxar os sapatos às pressas. Apesar disso, estava impecável. A gravata que usaria estava no banco do passageiro, esperando para que pudesse colocá-la em .
Ele não se sentia aniversariante. estava mais animada com seu aniversário de 18 anos do que o ele mesmo. Tinha ganhado vários presentes e abraços durante o dia, mas para ele era como se fosse qualquer outro dia. Era estranho pensar que já era maior de idade. Para alguns de seus amigos, dezoito anos significa você poder fazer todas as coisas que fazia desde os quinze, só que legalmente.
De manhã, quando o acordara com uma mensagem de texto, ele pensou ter ganhado o dia. Então, ficara de bom humor o resto do dia. Aliás, ficava sempre de bom humor, então até que não fez muito diferença. Quando chegou à escola e viu uma faixa enorme lhe desejando feliz aniversário, primeiramente achou que era coisa de . Só então viu que a responsável por aquilo tudo não era sua namorada, e sim . Ele ficou muito envergonhado, porém muito feliz. gostava muito de e ficou muito agradecido por ela ter feito aquilo.
Ele almoçou com seus amigos no Clube Sunset e passaram a tarde lá. Depois, foi para casa e acabou dormindo. Quando acordou, só faltavam vinte minutos para às dez horas, a hora que ele tinha combinado de pegar na casa dela. Correu mais do que tudo para ficar pronto e tomou o banho mais rápido de sua vida. Chegou dez minutos atrasado, mas tudo bem.
Respirou fundo e abriu a porta do carro, com a gravata em uma mão e um buquê de orquídeas em outra. O porteiro o deixou entrar e até lhe deu um abraço, desejando- lhe tudo de bom. agradeceu meio assustado, sem saber como ele poderia saber que era seu aniversário.
- Vou avisar à que você chegou. – ele disse.
- Obrigado. – respondeu e entrou no elevador.
Ele analisou sua aparência de novo. Estava meio paranoico de estar desarrumado. Ele não devia ter dormido tanto, quase nem deu tempo dele se arrumar. Estava com medo de ficar chateada e pensar que ele não estava dando a mínima para aquela festa. Sabia que era uma tradição os dois irem a Festa do Luar e ficava muito animada.
Quando a porta do elevador se abriu, dando para a sala de estar da casa de , ele foi recebido pela Sra. .
- , querido! – ela disse abrindo os braços para que ele a abraçasse. – Feliz Aniversário! Que você tenha muita saúde, meu amor.
- Muito obrigado. – disse dando um sorriso.
- Você está muito bonito. – ela falou sorrindo.
- Jura? Acabei pegando no sono e acordei em cima da hora. Não deu tempo de passar a minha blusa.
- Nem dá para notar. Você está ótimo, como sempre.
- Obrigado. – ele disse sem graça.
- já está quase acabando de se arrumar. – ela olhou para a cozinha, de onde vinha um barulho. – Vou atender ao telefone, já volto.
Ele assentiu com a cabeça, permanecendo em pé mesmo. Olhou em volta. A casa de sempre estava completamente arrumada, como se ninguém morasse lá. Um barulho vindo da escada chamou sua atenção. Era .
Quando o viu, deu um sorriso. Ela desceu as escadas lentamente. ficou paralisado, achando que nunca tinha visto algo tão bonito em sua vida. Ele ficou boquiaberto, completamente boquiaberto.
O cabelo super loiro de estava em forma de cachos, que iam até os ombros. Ela os cortou. Tinha ficado perfeito. Seus olhos azuis estavam sobre uma sombra prata e sua boca vermelha estava mais vermelha ainda depois de uma camada de brilho labial vermelho sangue. Ela estava perfeita em seu vestido tomara- que-caia rosa, que ia até o chão, cheio de babados.
teve vontade de pular da janela, pelo jeito que estava vestido. Ele não acreditava que tinha se arrumado tão mal para aquilo, sua namorada estava a visão do Paraíso e ele parecia mais um mendigo. Mesmo a Sra. dizendo que estava bonito, ele não conseguia convencer a si mesmo disso.
sorriu, ficando sem graça.
- O que foi? – perguntou.
- Você... Você... – ele gaguejou.
- O que foi? Não gostou?
- Você está parecendo um anjo. – foi tudo que ele conseguiu dizer.
Ela sorriu sem graça.
- Obrigada. Você também está ótimo.
- Não estou nada... – ele ia dizer o que aconteceu, mas parou. Não queria que achasse que ele estava com má vontade de se arrumar.
Para acabar com aquele assunto rápido, deu de ombros. chegou perto dele, sorrindo e passou a mão sobre o seu cabelo.
- Feliz aniversário. – ela disse sorrindo e olhando em seus olhos. Ela olhou no relógio, parecendo estar incomodada.
- O que foi?
- Eu... Eu ia fazer uma surpresa pra você, quando chegasse aqui uma banda iria cantar “parabéns pra você” e dar um mini-show aqui na sala. Mas eles se atrasaram e pelo jeito nem vem mais. Eu só queria fazer algo especial para você.
- Você não precisa fazer nada para mim. – disse rapidamente.
- Não seja bobo. Vem, está na hora de receber o meu presente para você.
- ! Eu disse que você não precisava me dar nada.
- E você acha mesmo que eu iria te obedecer? – ela deu uma risada, fazendo sorrir. Ele não conseguia parar de olhar para ela.
pegou uma embalagem azul e lhe entregou. abriu e viu um relógio Rolex prateado dentro dela.
- Uau. – ele deixou escapar. – Muito obrigado, amor.
- Eu sei que não é uma faixa no meio da escola com um bolo gigante... Sei que não é muita coisa, mas eu...
- Você tem que parar com isso. – colocou a caixa em cima da mesa e segurou o rosto dela com as duas mãos, fazendo-a olhar em seus olhos. – Eu já tenho tudo o que preciso.
beijou seus lábios, fazendo o estômago de revirar. Ele sorriu no meio do beijo e voltou a beijá-la.
- E não se atreva a perguntar o que é, porque sabe muito bem que é você. – completou sorrindo. sorriu meio abobada. – Inclusive, esse relógio é lindo. Eu estava precisando de um relógio. Vou colocá-lo agora mesmo.
- Agora? – ela soltou um riso. – Por quê? Você está indo para uma festa.
- E daí? Eu posso precisar de um relógio.
- , não precisa fazer isso. O relógio não tem nada a ver com seu terno.
- Você vai ficar com vergonha?
- Claro que não. Para ser sincera, tenho dúvidas de que você um dia passará vergonha na sua vida. A questão é que não precisa fazer isso por mim.
- Não é por você. É porque eu gostei do relógio. – antes que pudesse questionar, ele já estava com o presente em volta do pulso. Ela girou os olhos e sorriu. – Ah, eu me esqueci. Isso aqui é para você.
lhe entregou as orquídeas. cheirou e deu um sorriso.
- São lindas. Obrigada. E essa gravata na sua mão?
- Pode colocar para mim?
- Claro. Mãe!
A Sra. apareceu na sala e sorriu ao ver a filha.
- Você ficou ótima.
- Obrigada. Pode colocar essas orquídeas na água para mim?
- Me dê aqui. – ela as pegou e cheirou. – Nossa, são lindas. te deu?
- Sim. – os dois responderam juntos.
- Lindas, .
Quando a mãe de saiu da sala, ela se aproximou do namorado e começou a ajeitar a gravata em seu pescoço.
- Sua mãe já te deu um sermão sobre o que ela viu aquele dia? – ele sussurrou rindo.
- Não, e pelo jeito nem vai dar. Ela sabe que sou uma jovem responsável.
- Ah, é. – ele disse sarcasticamente.
- Ei! – ela riu. – Sou sim!
deu um selinho nela.
- Está achando que assim eu vou esquecer o que você falou? – ela disse rindo. – Eu... – ela foi interrompida por outro. – Sou... – por outro. – Responsável... – outro. – Sim! – e outro.
- Viu como estou concordando?
- Isso não vale.
- Claro que vale.
- Ah, dane- se. – Ela disse passando os braços os braços em volta do pescoço dele e voltando a beijá-lo.



Capítulo 31 - pede por ajuda


ajeitou seu cabelo e passou a mão no rosto, tentando tirar o sangue que escorria do seu nariz. Mas ele só acabou espalhando-o pelo rosto inteiro. Ele estava sentado na porta da sua casa, em cima de um banco de madeira apoiado na cerca. A árvore em frente sua casa era iluminada com luzinhas brilhantes, como aquelas que as pessoas colocam no Natal.
Ele tinha esquecido a chave de casa, e ninguém atendia o interfone. Seus pais e seu irmão deviam estar na festa. Na verdade, todo mundo devia estar na festa, menos ele. Então, ficou preso do lado de fora da casa, esperando alguém de sua família resolver abrir a porta para ele.
Quando convidou para a festa, com certeza já tinha previsto que a chamaria antes, mas não viu porque não tentar. Ele tinha certeza de que o amigo já tinha convidado qualquer outra menina para ir com ele, mas não convidou. Esperava ir com a . Isso fez com que ficasse bravo e tenso ao mesmo tempo. Bravo, porque se sentia totalmente propriedade de e fazia tudo que ele mandava. E tanto fez, como aconteceu. também passou a acreditar que ela era só dele. Mas, ao mesmo tempo, ficou tenso, porque aquilo podia querer dizer que um significa muito para o outro. Que as coisas entre eles podem estar ficando até mais sérias, se os dois serem um par tinha se tornado um fato.
E quando estupidamente contou que eles tinham passado a noite juntos, virou uma fera assassina. Ele realmente se importou com sua ficante ter dormido com alguém. sabia que gostava de , mas nunca analisou a possibilidade dele estar apaixonado por ela.
Tentou ligar para , e quando o telefone chamava, ela sempre rejeitava a ligação. Já tinha deixado um recado falando para ela não ficar com raiva dele. Ele só tinha lutado para se defender, porque ao se não, do jeito que estava bravo, já podia estar no hospital.
Alguma coisa dentro dele o incomodava, e ele sabia exatamente o que era. tentava recusar aquele pensamento de todo jeito, mas não estava conseguindo. Quando estava brigando com , sentiu como se aquela fosse uma disputa pela . Que, quem ganhasse, também a ganharia. Sentiu que seu amigo também pensava assim na hora. Mas o que mais lhe chateava é que já existia um vencedor, e não era ele.
De repente, escutou um barulho ao seu lado e se deparou com seu irmão mais novo, Jonny. Ele estava abrindo o portão.
- O que está fazendo aí fora? – perguntou.
- Eu pensei que não tivesse ninguém em casa! Chamei o interfone milhares de vezes e ninguém atendeu. – falou irritado.
- O interfone está estragado, cara. Entra aí.
Ele se levantou e caminhou em direção ao irmão.
- Opa! – Jonny exclamou. – O que é isso aí na sua cara?
- Sangue.
- Tá brincando!
- Foi você que perguntou.
- Eu sei que é sangue, seu burro. O que aconteceu?
- e eu fomos expulsos da Festa do Luar porque brigamos. A mãe da deve estar uma fera com agente.
pegou um pano e passou pelo nariz. Assim que o fez, uma rajada forte de dor veio, fazendo-o apertar os olhos com força. Jonny fez uma careta de nojo.
- Você está uma bosta, .
- Obrigado. Isso realmente me faz sentir muito melhor.
- Por que vocês brigaram?
- Convidei para ir à festa comigo e se irritou. Ele nem a convidou e achou que os dois iam juntos.
- Brigaram por causa disso?
- Sim. – disse, não querendo contar para o irmão o real motivo.
- Tenho certeza que não foi por causa disso. Se fosse, a única explicação seria que vocês são meninas e tem doze anos.
Com o silêncio do irmão, Jonny continuou tirando conclusões.
- Acho que você fez algo que deixou o realmente puto. Ele e estão ficando, não estão?
- Sim. – ele soou amargo.
- Então, cara... Você dormiu com a !
arregalou os olhos, se perguntando como o irmão tinha descoberto aquilo.
- Como você sabe?!
- É evidente, basta pensar um pouco.
- Você não deveria saber essas coisas.
- E por que não? Acha que sou burro?
- Não é isso, você só é muito novo.
- Mano, tenho muito mais experiência nisso do que você. Quando eu briguei com o Matthew, briguei porque ele tinha dormido com a minha mina. Mas depois descobri que o cara estava era bêbado e a minha mina não. Dei um pé na bunda dela e agora estou na paz com o cara.
- Nossa. – deixou escapar. – Não acredito nisso, meu irmão está virando homem.
- Ai meu Deus, de novo não! – Jonny disse, saindo de perto dele. – Pare de ser gay.
riu, deixando Jonny meio irritado.
- Você não vai voltar pra festa?
- Eu fui expulso de lá. Eles com certeza não me deixariam entrar.
- Ah. Cara...
- O que?
- Acho que descobri porque você teve esse surto de gay. Você está apaixonado pela mina. Você está gamado na , mano.
- O que? – disse rindo dele. – Claro que não, a é minha amiga.
- Sei. Cara, diz para ela o que você sente.
- Eu não... Eu não acho que ela sente o mesmo. E eu nem tenho certeza, cara. Eu amo a , mas não sei se amo de um jeito maior do que a amizade. - Jonny o encarou, incrédulo.
- Eu não acredito nisso. – Jonny girou os olhos. O irmão tinha uma capacidade imensa de gostar de suas amigas. – Cara, você já conhece até o fundo da alma dela. Quando decidir se gosta dela ou não, fale isso para ela.
- Mas, e se ela não sentir o mesmo?
- Só tem um jeito de descobrir. E vê se pede desculpas para o .
- Mas eu não tenho culpa de nada! A não pertence a ele.
- Pede mesmo assim não vai doer. – Jonny olhou no relógio. – Só não fica gay demais com isso, já tá me assustando. Estou indo embora, tenho um encontro.
- Ah, é? Com quem?
- Hanna.
- Hanna? Amiga de ?
- Ela mesma.
- Ah. Ela é bonita.
- Até mais, mano.
Quando Jonny sumiu de vista, pegou o celular e ligou para , que atendeu o telefone depois de vários toques.
- Oi! – ele pôde ouvir a voz dela e deu um sorriso de lado.
- Oi, . Está sabendo? Meu irmão convidou a Hanna para sair.
- Ela me contou. – riu. – A Hanna gosta dele.
- Está na festa?
- Sim, e fiquei sabendo o que aconteceu entre você e . Por que brigaram?
- Não é importante. – caminhou até o sofá e se deitou, com uma mão segurando o telefone e outra segurando uma bolsa de gelo em cima do olho roxo. O motivo pareceu irrelevante. – Você está bem?
- Estou. Quero saber é se você está bem.
- Mais ou menos. Estou todo dolorido.
estava no banheiro do salão. Ela se encostou a parede, sentindo serenidade pela primeira vez no dia. Pensou em tudo o que estava prestes a fazer. Então sentiu que, por mais que queria , isso podia esperar. Tinha algo mais importante naquele momento.
- Quer que eu vá aí? – ela perguntou.
- Isso seria ótimo.
- Só vou avisar para a minha mãe que não vou mais fazer o discurso de agradecimento. Chego aí daqui a pouco.
Ela sorriu e desligou o telefone. Foi procurar para desmarcar tudo. Enquanto isso, desligou o telefone e sorriu.



Capítulo 32 - Melhor que um passo de dança


ainda estava meio atordoada. Ela tinha demorado séculos para perceber o que estava acontecendo. Quando notou que tinha contado para o seu segredo, imediatamente ficou arrependida. Talvez aquilo significasse o fim de tudo o que tinha com ele.
Ela ficou meio feliz quando se irritou e bateu em . Não que ela gostou de vê-los brigando, depois vê-los feridos e indo embora da festa, de jeito nenhum. Mas ter ficado tão bravo assim que soube significava que ele gostava mesmo dela, e aquilo foi bom para .
O pessoal da festa tinha feito um interrogatório para ela, perguntando o que tinha acontecido e porquê, mas as únicas pessoas que realmente sabiam eram os três. A mãe dela estava desapontadíssima com e . Ela sempre gostou muito deles, mas depois de tamanha confusão, estava muito envergonhada. não duvidava nada de que ela iria mandá-la cortar a amizade com e terminar tudo com - ela acreditava que eles estavam namorando sério.
já tinha ligado para ela algumas vezes, mas quando o seu celular começava a tocar, ela rejeitava a ligação. Não queria falar com ele de jeito nenhum. Mesmo a culpa maior ter sido de – ela também tinha rejeitado as ligações dele –, também bateu nele. Ela também tinha que assumir que a culpa era dela. Se não tivesse falado naquilo para , tudo isso não teria acontecido. E, primeiramente, se não tivesse dormido com nada disso também teria acontecido.
Ela estava um caco. Queria ir embora logo, não aproveitara nada da noite. Porém, sua mãe a obrigara a ficar. Como tinha dado um jeito de ir embora, ficara encarregada de fazer o discurso de agradecimento. Maravilhoso. Ela não era filhinha de mamãe, só achou que, se ela fosse embora, seria outro constrangimento que sua mãe teria que passar e resolveu ficar, para pelo menos tentar compensar os adultos que estavam assustadíssimos com o comportamento de seus dois amigos briguentos.
Ela tinha ficado com sua amiga, Julia, desde então. A irmã dela tinha entrado em trabalho de parto e Julia teve que ir embora correndo. se encostou no banco perto do bar e respirou fundo.
David estava procurando por ela como um doido. Desde que aqueles dois caras tinham brigado por causa dela, ela sumira. Finalmente a encontrou, sentada em um banco perto do bar. Ela estava muito bonita sobre a luz do salão. Ele se aproximou e se sentou ao lado dela.
- Olá.
- Oh! – exclamou .Ela parecia ter saído de um transe quando ele a chamou e parecia ter sido trazida de volta para o planeta Terra. – Você sumiu.
- Eu? Você! Fiquei te procurando a noite inteira. Nem conversamos hoje, como você está?
- Já estive melhor.
- Ah ,é. Não quer me contar o que aconteceu?
- Achei que já tivesse escutado tudo. – ela ergueu as sobrancelhas pretas finas.
- Sobre isso, desculpe ter ouvido a conversa de vocês. É que estou interessado em uma pessoa que fazia parte dela.
- Não tem problema. – ela ignorou o comentário dele. David a conhecia fazia um dia. – Contanto que não me julgue.
- Claro que não, todo mundo erra.
- Pensa bem. – tentou se justificar. – disse que eu estava livre para sair com quem eu quisesse e ficar com quem eu quisesse e ainda o teria. Eu não vejo o que fiz de errado.
- Também não. – David engoliu em seco. Ele chegou a óbvia conclusão: e gostavam dela. – Eles já tentaram falar com você? – ele olhou de forma expressiva para ela. – E o que disseram?
- Não quis falar com eles. Eu estou com raiva, David. Os dois me envergonharam e brigaram à toa. Como eu fico?
- De todo jeito, devia escutá-los. Mas hoje não, o resto da noite você fica comigo.
Ela sorriu, já percebendo que David gostou dela. Ele era muito bonito e também uma boa companhia. Estava cansada de depender de .
- Quer dançar comigo? - perguntou.
- Claro. – ele disse.
Ela levantou e o puxou pela mão. O DJ estava tocando uma música do Maroon 5 e mesmo com o incidente de e , todos estavam muito animados. David pegou pela cintura e ela colocou as mãos em seus ombros. Os dois dançavam animadamente, olhando um para o outro.
- Você dança bem. – falou sorrindo. – Os caras geralmente não dançam tão bem assim.
- Obrigado. Tem muita coisa que eu sei fazer bem. – ele piscou e a girou.
- E como sabe que é bom?
- Muita gente me fala.
- Me mostre o que mais você sabe fazer bem.
pensou que ele fosse lhe mostrar um paço de dança. David a puxou para si e a beijou. Os lábios dele eram quentes e tinham gosto de amora. Inicialmente, ficou com a boca paralisada e os olhos arregalados. À medida que David a beijava, ela foi cedendo. E, por incrível que pareça, achou bom.
Ela colocou os braços em volta do pescoço dele de novo e aproveitou aquele momento ao máximo que pôde.



Capítulo 33 - Algumas coisas precisam ser repetidas


e estavam se divertindo muito. A noite estava perfeita. E, por incrível que pareça, só tinham visto uma vez, quando ela estava indo embora. Provavelmente tinha ido ficar com alguém. E esperava muito que fosse isso mesmo, assim ela poderia esquecer de vez seu namorado.
Ela tinha deixado na pista de dança e estava na coxia, esperando para entrar no palco. Ia fazer uma pequena surpresa para ele. Quando acabou de falar, as pessoas aplaudiram. deu um sorriso simpático para ela quando passou por ela, estranhando o fato dela estar fazendo aquele discurso e não .
entrou no palco e pegou o microfone. As pessoas olhavam com atenção para ela, que demorou um pouquinho para falar, procurando por . Ela o achou sentado em um banco perto do bar, onde seus amigos também estavam. Ele a olhava com um sorriso surpreso.
- Pessoal, prestem atenção um pouquinho. – ela disse, esperando. Todos já prestavam atenção nela, mas por um momento ela ficou meio nervosa, sem saber por quê. Não era como se ela nunca tivesse subido em um palco. – Toda vez, antes de conhecer alguém, julgamos com nós mesmos se essa pessoa é legal ou não é. Não sabemos que essa é o maior erro que podemos cometer; antes de falar de alguém, devemos conhecer essa pessoa. Eu era assim, julgava todo mundo antes de conhecer.
Ela deu um riso nervoso e colocou o peso do seu corpo no pé direito, depois no pé esquerdo, como sempre fazia quando estava nervosa.
– E, aproveitando o que aconteceu, aposto que todos aqui julgaram os dois adolescentes que brigaram, uns idiotas. Não façam isso, eu estudo com os dois desde o jardim de infância e sei que são pessoas que todos aqui um dia deveriam ser. Todos cometem erros.
As pessoas pareciam estar prestando atenção, mas sabia que eles só queriam voltar para a festa logo. Ela pôde sentir suas bochechas esquentando.
- Não se preocupem, vou ser rápida. – ela continuou. – Bom, voltando ao meu objetivo, eu era uma pessoa assim aos doze anos. Julgava a todos, mesmo por ser criança e ingênua. Porém, foi aí que conheci . – ela sorriu para ele, que estava mais vermelho que um tomate e tinha os olhos arregalados. sorria abertamente. As pessoas olhavam para ele como se tivessem reconhecendo-o de algum programa de televisão. – Foi aí que eu me tornei uma pessoa melhor. Porque ele me faz ser uma pessoa melhor. Espero que todos aqui encontrem alguém que façam se sentir assim também. E hoje, no aniversário de dezoito anos dele, eu só quero me desculpar por um erro. Meu erro foi não dizer que eu o amo pelo menos dezoito vezes. Então, aqui vai. – depois disso, ela completou seu discurso com 18 “eu te amo”, esquecendo completamente de quando ela disse que seria rápida.
Assim que terminou, as pessoas bateram palmas e o pessoal do colégio puxou um “parabéns pra você”. Eles começaram a pular juntos com e ele estava feliz.
Quando terminaram, tirou os saltos e saiu correndo na direção do namorado. Ele a viu se aproximar e abriu os braços. Quando se encontraram, a abraçou forte e girou-a no ar. Ao colocar os pés no chão, ela recebeu um beijo demorado e cheio de paixão.
- Eu te amo tanto, . – ele sorriu, mostrando seus dentes brancos e alinhados. – Quero que venha comigo.
pegou na mão dela e a puxou para o andar de cima do salão, onde haviam vários quartos. Ele não queria saber o que aconteceria, só queria naquele exato momento. Ele trancou a porta atrás de si e começou a beijá-la na boca, descendo para o pescoço e tentando segurar o fôlego, sem se importar de estar indo rápido demais. Ela tirou o terno e depois a blusa dele e foi empurrando-a para a cama, sem parar de beijá-la. Os dois estavam ofegantes. Eles pararam para respirar enquanto subia em cima dela e voltava a beijá-la, fazendo carinho em sua cabeça. Ele desceu bem devagar o zíper do seu vestido enquanto a olhava nos olhos. estava nervosa e tremia em todas as partes do corpo, mas queria aquilo.
- Tem certeza? – perguntou. Ela concordou com a cabeça e ele sorriu. – Não estou dizendo isso só porque você disse sim. Mas eu te amo mesmo, . Você é a melhor coisa que já me aconteceu. – ela sorriu, sem falar nada. Se abrisse a boca, com certeza começaria a chorar e estragaria o momento. – E você não precisa falar de volta. – ele continuou com sua voz mimosa. – Porque eu acho que já deu para entender depois dos dezoito “eu te amo”.
- Vou falar o máximo de vezes que conseguir. – ela disse depois de dar uma risada nervosa, com a voz falhando. – Eu também te amo, amor.
esticou o braço e apagou a luz.



Capítulo 34 - Pessoas machucadas merecem tratamento especial


puxou a barra de seu vestido para cima. Estava começando a nevar de novo. Quando finalmente conseguiu convencer sua mãe de colocar para fazer o discurso de agradecimento, ela foi conversar com . Não sabia se tinha se saído bem, mas era o mínimo que ela podia fazer por ter criado toda aquela confusão na festa. É claro que ela era a culpada; se ela não fosse tão piranha, nada daquilo teria acontecido. Que tipo de pessoa dormia com o melhor amigo? respirou fundo. Ela dormiu.
Pelo menos sua mãe e o mundo iriam ver quem realmente era. Ela esperava.
Como não encontrou , mandou uma mensagem para ele, dizendo para eles adiaram tudo que estavam pensando em fazer. Assim que a mensagem foi enviada, seu celular acabou a bateria. Ela trancou seu carro e caminhou até a porta da casa de , que estava aberta. A casa estava toda escura, com somente a luz da cozinha acesa. Ela andou lentamente até a copa.
- ? – chamou e sua voz deu um eco na casa. Estava tão assustadoramente quieto que ela pensou que ele tivesse ido embora. E se os machucados dele fossem tão graves a ponto dele precisar dar pontos? Será que ele estava no hospital? Ela chamou de novo e não obteve resposta. – , você está aí?
- Aqui na sala, . – a voz dele saiu meio tremida. Ele estava aliviado por ela ter chegado e ela estava aliviado por ele estar ali.
estava com uma cara péssima. Seu olho estava roxo e seu nariz ainda estava escorrendo sangue sem parar. O paletó dele estava em cima de uma cadeira e sua blusa tinha uns pingos de sangue. Ele começou a se levantar para deixar sentar ao seu lado.
- Não faça isso. – ela disse, empurrando-o delicadamente de volta para sua posição original. – Eu vou cuidar de você.
- Cuidar de mim? – perguntou, dando um leve sorriso e em seguida se contorcendo de dor. ficou com muita pena dele. – Não sou mais uma criança.
- Não, mas age como se ainda fosse uma.
Ele se calou. se levantou e foi até a cozinha, tomando liberdade para pegar uma bolsa de gelo que achou no freezer e enrolar em uma toalha. Ela já conhecia a casa dele, fora lá inúmeras vezes.
Quando voltou para sala, tirou seu sapato e colocou-o ao lado do dele. Agachou-se para ficar de frente para , que, no exato momento, direcionou seus olhos verdes para . A visão dos olhos inchados e um roxo a fez ficar triste. Ele a olhava sem expressão nenhuma no rosto, mas ao mesmo tempo parecia estar absorvendo a alma dela. Ela sabia o que ele estava tentando fazer.
sempre fazia isso para atrair as meninas. Ele as olhava daquele jeito, com aqueles olhos mimosos encarando você e o nada ao mesmo tempo. Parece meio estranho, mas funciona completamente.
Ele já tinha feito aquilo com ela algumas vezes, mas ela nunca caíra. não a intimidava e se incomodava com isso. Na verdade, provavelmente ninguém intimidava . A única coisa que a deixou incomodada foi ele estar fazendo aquilo.
- Feche os olhos. – ela disse com doçura na voz, como se não tivesse reparado no que ele acabara de fazer. a obedeceu e lentamente fechou os olhos. colocou a mão esquerda sobre o ombro direito dele. – , eu sei que está com dor, mas vai só piorar se você não relaxar. Só tenta. Respira fundo.
Ele tentou, mas foi em vão. Ninguém relaxa completamente quando está todo machucado, é como baixar a guarda. colocou suavemente a bolsa de gelo em cima de seu olho roxo e ele deu uma leve contorcida, mas parou. Não queria mostrar fraqueza na frente de ninguém.
- Quer que eu tire um pouco? – ela perguntou.
- Não. – sacudiu a cabeça. – Não precisa.
- Olha, você não tem que bancar o fortinho. Eu estou aqui para cuidar de você, . – ela tirou um pouco o pano.
- Eu sei que o que eu fiz foi errado. – finalmente falou alguma coisa. – Você não devia estar cuidando de mim, . Eu sou um idiota.
- Não, você não é. – ela manteve sua voz firme enquanto recolocava o gelo e o observava sentir dor. – Eu sei que você sabe que foi errado, te conheço muito bem. Aliás, não vim aqui para te dar sermão. Onde estão seus pais?
- Eles foram para a festa e meu pai alugou um quarto no hotel para eles celebrarem o aniversário deles.
- Ah. – ela levantou as sobrancelhas, desviando o olhar para a camisa dele. Estava com uns respingos de sangue. – , de onde vem esse sangue na sua camisa?
- me acertou em cheio no nariz. Não viu que estou com esses algodões? – ele tentou rir. – Eu inclusive achei super atraente.
- Com certeza. – ela soltou uma risada. – Onde tem remédios aqui?
- No meu quarto. Vista uma camisa minha, se você quiser.
Ela concordou e subiu as escadas, sumindo de vista. tirou um pouco o pano de seu rosto e abriu os olhos, que estavam frios e doloridos. Ele estava ao mesmo tempo encantado e abobado. se mostrou ser a mesma de sempre, doce e amorosa. Ela não o julgara e nem mesmo disse uma palavra sobre a briga. Lembrou-se de todos os sentimentos que já sentira por ela e sorriu com isso.
No quarto de , abriu seu guarda- roupa e pegou uma camisa verde velha dele, de algodão. Ela tirou seu vestido da festa e colocou em cima da cama dele. Depois, procurou até achar um comprimido para dor e um remédio para ferimentos. Quando ia fechar a porta, deixou cair um porta-retratos, que estava dentro do armário. O retrato mostrava ele e seu irmão mais novo, Jonny. Colocou-o de volta no lugar e olhou para sua escrivaninha, onde havia um retrato dele com o time de futebol, outro dele com na frente do colégio, outro dele e de , que fez enrugar o nariz. E, por fim, dele com ela. Eles estavam na sétima série. Os dois sempre foram muito bonitos. Na foto, sorriam como se nada de ruim existisse no mundo. Ela tirou a foto do porta-retratos e leu o verso, que dizia, com a letra de :

Sétima série, o melhor ano da minha vida.

E ao lado, na letra dela:

e = Para sempre

começou a rir sozinha. Ela não se lembrava daquela foto. era tão meigo, ainda a guardava. Uma sensação de conforto percorreu seu corpo e ela se sentiu imensamente feliz, sem saber o motivo.
Voltando ao primeiro andar, viu tirando e colocando a bolsa de gelo no rosto. Quando a viu, parou o que estava fazendo e a encarou por uns segundos.
- Uau. – ele disse. – Você fica bem em roupas masculinas. Aliás, você fica bem em qualquer coisa.
- Obrigada. – ela sorriu. Agachou-se de novo na sua frente e tentou resistir à tentação de olhar para a sua barriga. tinha tirado a camisa, deixando seu corpo perfeito à mostra.
tirou o algodão das narinas dele e notou que não saía mais sangue dali. Ela lhe deu um comprimido para aliviar a dor e passou a pomada na ponta de seu nariz e entre seu nariz e a boca. não sabia se era por causa dela ou do remédio, mas já não doía tanto assim mais.
Ela continuou passando a pomada ao redor de sua boca e fez algo inusitado. Ele beijou seu dedo, fazendo-a sorrir. Ela não conseguiu não imaginar se ele tentaria fazer algo mais naquela situação. Mas não faria. Não porque estava sem condições, mas porque para ele aquele momento não precisava de nada mais.
- Hora de tirar um pouco esse gelo, já deve estar morrendo de dor. – ela colocou o gelo em cima da mesinha ao seu lado.
- Imagina. – ele respondeu com um sorriso, mostrando sua pequena covinha adorável no canto da boca. – Eu sou forte.
- Acho melhor o Super Homem colocar um pijama. E acho melhor eu ir.
- Sim e não.
- O que?
- Vou para meu quarto colocar um pijama, só que você não precisa ir embora. Passe a noite aqui. Por favor.
- Acho melhor não.
- Mas eu estou machucado, lembra? E se eu sentir dor no meio da noite? Quem é que vai cuidar de mim?
- O Jonny.
- Você acha mesmo?
- Tudo bem, eu fico. Mas não pense que vou acordar só para te dar remédio.
Eles subiram a escada e foi para o banheiro se trocar. tirou seu vestido da cama de casal de e colocou sobre sua escrivaninha. Ele chegou do banheiro e fechou a porta do quarto, deitando em sua cama.
- Deita aqui. – ele chamou. hesitou um pouco antes de deitar ao seu lado. Ela se deitou de frente para ele e os dois ficaram se encarando sem dizer nada por uns momentos. – Eu só queria te agradecer por ter vindo.
- Não precisa. – ela passou a mão sobre os cabelos dele. – Você sempre será prioridade para mim, .
Ele sorriu e fechou os olhos para dormir, deixando-a sozinha acordada. não se importou. Afinal, ele devia estar exausto.



Capítulo 35 - Olhe duas vezes


e Maria Duncan estavam cansadas. Depois que foi embora, ela ficou com Maria, que também era uma ótima companhia. Enquanto conversava secretamente com , ela ficou conversando com , que era perfeito. Ela não podia negar que tinha gostado dele.
E não era para menos. Quem não gostaria de ? Apesar disso, ela teve uma visão bem clara de quem ele tinha gostado e essa pessoa não era .
- Vamos parar de dançar um pouco. – Maria arfou.
concordou com a cabeça. As duas foram para uma mesa, passando por , que conversava com um cara loiro. Isso fez se lembrar da briga que e tiveram por causa dela. Ela nem mesmo conseguiu limpar a barra dos três em seu discurso, conseguiu. ficara aliviada por ter ido embora e não ter ouvido o discurso de para . Mas ela iria descobrir, com certeza. E não iria querer estar perto quando acontecesse. Olívia Jay filmou tudo e, num ato de estupidez, enviou para .
- Olha lá, ! – Maria apontou para a esquerda delas, perto da pista de dança. – É com outro cara. Meu Deus, ela foi o motivo da briga de dois amigos e ainda fica se esfregando em outro, que, aliás, não é nada feio.
- Eu sei. – concordou. Ela já foi percebendo que a turma de não era muito fã de . – Ela é tão piranha.
- Total.
- Com licença. – ouviu uma voz conhecida. Quando se virou para trás, viu abrindo espaço entre as pessoas para chegar até a mesa dela. Deu um sorriso. – Oi, .
- ! – ela sorriu surpresa. Ele estava tão bonito e cheirava a alguma loção masculina, provavelmente Hugo Boss. Maria olhava dela para ele com expectativa. – Essa é a Maria.
- Olá, . – Maria disse sorrindo. –Por que ainda não te conheço?
- Eu não estou no Ensino Médio. – ele explicou com um sorriso simpático. – Moro na April Hall.
deu um sorriso forçado.
- , eu estou atrapalhando? – perguntou, e ela teve vontade de derreter. – Você está com a sua amiga. Talvez eu deva te procurar depois.
- Não está atrapalhando. – as duas disseram juntas. Maria continuou. – Você quer falar com a , já entendi. Eu vou procurar a Trina.
- Você não... – ele ficou meio sem graça e olhou para baixo enquanto passava a mão na nuca.
- Foi um prazer, .
deu um sorriso para ele, encantada. Recebeu o mesmo de volta.
- Eu pensei que você podia vir ao White Club comigo. – ele deu de ombros.
- Agora? – ela olhou em volta. A festa ainda estava acontecendo, e poderia estar vestida bem demais para ir ao White Club. Mas então se deu conta de uma coisa: entre todas as pessoas que ele podia convidar, ele a convidou. – Tudo bem.
Ele colocou a mão em seu ombro, guiando-a para a saída. Quando já estavam lá fora, o frio invadiu o corpo dela, fazendo-a se arrepiar. Ele olhou para ela e tirou seu paletó, colocando-o em volta de seus ombros. levou um susto ao perceber o que ele tinha feito, mas logo ficou vermelha e com vergonha. Sua voz saiu esganiçada.
- Não precisa. Eu não estou com frio.
- Dá para ver. – ele riu. – Use-o.
Ela concordou com a cabeça. Com certeza não iria reclamar. O paletó de tinha cheiro de sua loção e era aconchegante como a sua própria cama. Os dois caminharam até o White Club, que ficava a apenas uma quadra de lá. Ao chegarem, algumas pessoas olharam para os dois, que estavam formais demais. pareceu não ter notado e ficou constrangida.
Se tinha um problema, era esse. Ela se importava demais com o que as pessoas pensavam dela. Nunca fazia algo arriscado demais e provavelmente nunca disse não para ninguém. Eles se sentaram em uma das mesas e pediu uma porção de batatas fritas para cada um.
- Eu estou com fome. – ele deu seu lindo sorriso. – Não comi nada durante a festa.
- Nem eu.
Alguns caras do outro lado da lanchonete gritaram e os dois viraram rapidamente a cabeça para ver o que estava acontecendo. Um jogo de rúgbi estava passando na televisão. enrugou a testa, se aproximando ainda mais para ver. o seguiu e girou os olhos.
- Ridículo.
Ele fez uma careta. Quando tinha conversado com ela mais cedo, não pensara que ela fosse uma dessas garotas frescas, muito pelo contrário. Ela sempre tinha assunto. Mas, depois daquele comentário, ele pensou que tinha se enganado a respeito dela. já namorou várias meninas daquele jeito e nenhuma delas o conquistou. Ele só não queria ser amigo de mais uma garota fútil. Desanimado, perguntou:
- Não gosta de rúgbi?
- Gosto, claro.
- Não parece, você disse que era ridículo.
- É que eu já vi esse jogo milhares de vezes, e ainda assim eles insistem em repeti-lo. Foi um dos piores jogos da temporada. Já viu?
- Não. – ele gaguejou, surpreso.
- Como não? Não acredito que não viu esse jogo ainda, ! É da semana retrasada. Você não vai acreditar no resultado.
sorriu, pensando que tivera realmente uma impressão muito errada dela. Pelo jeito, era muito melhor do que a garota que ele imaginara.



Capítulo 36 - Pessoas que sabem o que querem conseguem o que querem mais rápido


andou pelo quarto morrendo de frio. Ele tinha essa mania horrível: quando estava gostando de alguém que não deveria, ele fazia tentativas inúteis de esquecer essa pessoa. Ele se torturava com várias coisinhas, como, por exemplo, ficar só de cueca em seu quarto no frio ou ficar de jejum durante várias horas. Ele não era depressivo nem nada. Só tinha uma teoria: se ele se ocupasse com outras coisas, chegaria à conclusão de que não valia a pena sofrer por uma garota se ele podia se preocupar sofrendo com outras coisinhas. Não era inteligente, mas às vezes funcionava.
não precisava se torturar para não gostar de alguém. Ele conseguia quem quisesse com aqueles olhos azuis meio acinzentados alegres e com aquele charme misturado com senso de humor.
Ele fazia uma análise da garota antes de dar o primeiro passo. Não julgava ninguém, só existiam pessoas que realmente não valiam a pena. Na noite anterior, quando viu com , teve vontade de empurrá-lo para longe. Não sabia por que se sentia daquele jeito a respeito dela, fazia só uns dois dias que tinham se conhecido. Mas ele só queria ficar sozinho com ela para conhecê-la melhor. Depois de sua análise, chegou à conclusão de que era inacessível, por isso não tinha certeza se compensava ou não. Pela primeira vez, ele não se importava, e isso com certeza significava algo. era um desafio e ele adorava desafios.
- . – chamou, andando para perto da janela. – Pegue uma garrafa de água para mim.
- Não. , cara, vê se veste uma roupa. Não sou obrigado a ver isso.
Ele o ignorou e continuou concentrado em seu notebook. Ele usava uma calça de moletom e uma camisa do time de natação de sua antiga escola. a guardava como lembrança desde que saíra da escola. Seu professor de História, o Sr. Rony, passara um trabalho enorme para ele.
ainda estava frustrado, e mesmo perguntando umas três vezes o que tinha acontecido, ele não diria. Era como dizer: Ah, não aconteceu nada demais. Só estou me torturando porque é divertido.
- Não vai me contar o que houve? – o amigo insistiu.
- Nada.
- Você está andando de cueca pelo quarto em um frio enorme. Como eu sei que você não é burro, aconteceu alguma coisa. Está com aquela teoria ridícula da tortura de novo?
- tem telefone fixo? – perguntou, ignorando a pergunta dele. enrugou a testa. ? Por que ele ainda estava pensando em uma garota com namorado?
- Como é que eu vou... – ele começou a falar, até que se deu conta da gravidade da situação. – Ah, não.
- Você disse que não me julgaria!
- Eu me importo com você. Sei que isso não vai rolar.
- Vai sim. vai me ajudar.
- ? Por que ela te ajudaria?
- Porque... Porque ela... Ela tem interesses.
- Quais?
- Por que você está tão curioso?
- Só estou tentando te mostrar que isso não vai dar certo.
Ariana Lee bateu na porta do quarto, ansiosa. Porque, afinal, toda garota tinha o sonho de passar uma noite no quarto 307. Parecia meio esquisito, mas era verdade. Estar cara a cara com ou era excitante. Ariana era só uma das vitimas do incrível charme dos dois. tinha um jeito misterioso e sei lá porque motivo ele estava sempre bem. Quer dizer, mesmo se ele tivesse acabado de acordar, com o cabelo despenteado, as roupas amassadas, o rosto inchado e de ressaca ainda daria um tom sofisticado e perfeito. E quanto à , ele era tão bem humorado e engraçado que derretia o coração de qualquer menina. Uma amiga de Ariana uma vez se inscrevera em aulas online e aprendera a fazer shows de Stand Up só para impressioná-lo. Mas não dera muito certo, já que ele era apaixonado por na época.
- Oi, Ariana. – disse. – E aí?
- Olá...Olá, . – ela gaguejou. – Eu... Eu não queria incomodar. Só passei aqui por que... Bom, para avisar que vocês esqueceram a janela aberta.
- Oh! – ele exclamou e olhou para trás, imaginando porque aquilo tinha importância.
- É que tem sete garotas nos quartos em frente e ao lado do de vocês, e elas estavam aproveitando a vista de só de cueca. Quer dizer, achei que poderiam querer privacidade. – ela justificou, sem jeito.
- É mesmo? – foi até a janela e viu um monte de garotas assustadas por terem sido flagradas. Ele sorriu envergonhado e fechou as persianas. Aquilo acontecia de vez em quando. – Mas eu só não entendo porque você veio aqui nos avisar. Não estava gostando do show?
Ariana ficou vermelha como um tomate e começou a inventar uma desculpa, quando interrompeu:
- É brincadeira, Ariana. Obrigado por ter me avisado.
- De nada. – ela deu uma risadinha sem graça e ele piscou para ela, que saiu aos pulinhos do quarto.
Ele fechou a porta e olhou em volta. O quarto estava completamente escuro. Voltou para sua cama e se concentrou em seu trabalho. saiu do banheiro, dessa vez de roupas. A calça jeans e a blusa azul de lã que ele usava pareciam bem quentes.
- Estou indo falar com Sofia. – ele anunciou. – Se vier aqui, converse com ela e não deixe ela ir embora até eu voltar.
- ? – disse em tom de alerta. – vem aqui? Tipo, aqui, no nosso quarto?
- É isso aí. Pode fazer esse favor para mim? – assentiu com a cabeça e sorriu. – Valeu, cara.
foi até o quarto de Sofia Mercedes, que era um ano mais velha do que ele. Sofia tinha vinte anos e cursava Arquitetura. Ela tinha cabelos loiros claros, e seus olhos castanhos pareciam dois botões em seu rosto redondinho. Era muito bonita e extremamente inteligente. Sofia era tipo uma monitora na April Hall. Ela ajudava o reitor nos assuntos da casa. Ele já teve uma quedinha por Sofia, mas foi muito passageiro. Quando a viu com seu namorado de dois anos, Jeremias Groove, caiu na real.
- Oi, ! – Sofia exclamou enquanto abriu a porta lentamente. Ela usava uma roupa de moletom e seu cabelo loiro estava preso num coque no alto da cabeça. Suas bochechas estavam rosadas. –E aí?
- Te acordei? – ele perguntou, tentando olhar para dentro do quarto.
- Não, eu estava conversando com a minha mãe. Ela está na Flórida.
- Legal. Por que você não foi com ela? Flórida parece ser bem legal.
- Flórida é bem legal. Meus tios moram lá, mas eu não pude ir, estou cheia de dever de casa. Fazer o que, não é mesmo?
- Eu que eu diga. Aliás, está lá no quarto agora tentando terminar um trabalho que o professor dele deu.
- Esses professores estão afetados essa semana.
- O Sr. Dallas é seu professor? Ele é o cara de trinta anos mais velho que eu já vi. Só se preocupa com a escola. Esse cara está precisando de uma mulher na vida dele.
- Verdade! – Sofia riu. – Mas e você? O que manda hoje?
- Nada demais. Só queria saber quando os calouros vão se mudar para cá.
- Os calouros? – ela levantou uma sobrancelha, desconfiada. – Por quê? Algum interesse em especial?
- Fiz uma amiga.
- Eu posso ver. Não vai me contar quem é?
- Isso fica pra depois.
- Tá bom. – ela cruzou os braços. – Se você não contar, eu não conto.
- Ok. – ele cedeu. Ele não podia contar para Sofia sobre , porque, se contasse, ela falaria sobre o assunto “”, e além de pegar mal para , ele não estava com vontade de escutar outro sermão. – .
- Sério? é bem legal. Se você quiser, eu te ajudo com ela. A April Hall solicitou a vinda dela em primeiro lugar. Já viu o quanto essa garota é conhecida?
- Mesmo? – ele fingiu surpresa. – E então, que dia eles vão vir?
- Direto ao ponto, então. Essa segunda.
- Depois de amanhã?
- Depois de amanhã.
- Obrigado, Sofia. Até mais.
- Espera, você não vai querer algumas dicas? Eu posso te dar...
Mas já tinha sumido de vista. Sofia sorriu. Meninos.





Capítulo 37 - Um belo despertar


acordou subitamente, sentindo uma rajada de dor nos olhos. Foi então que se lembrou de tudo o que tinha acontecido na noite passada. Parecia que seus sentidos se confundiram e resolveram não funcionar naquele dia. Além disso, alguém esmurrava sua cabeça, repetidas vezes, e o chamava de idiota. Focou sua visão e tentou em vão fazer seus músculos relaxarem. Quando finalmente conseguiu, percebeu que ninguém o esmurrava, apenas sentia uma dor bem parecida. Ele passou a mão pelo rosto, cansado.
dormia à sua frente, com o rosto a centímetros do dele. Seu cabelo estava todo para trás, os fios espalhados pelo travesseiro, quase no formato de sol, deixando seu rosto à mostra. O batom que ela usava na noite passada estava borrado, saindo um pouco do contorno da boca. pensou se concertava ou não. Decidiu não acordá-la. Observou como ela dormia serenamente e chegou à conclusão que pelo menos um dos dois conseguiu. Seu sono não conseguiu ser nem um pouco assim, muito pelo contrário, foi pesado. Tinha a impressão de que acordou mais cansado do que quando se deitou. E a garota respirava tranquilamente ali ao seu lado, como se nenhum problema fosse grande o bastante para incomodá-la, como se estivesse acima de tudo isso. Depois de uns segundos, se deu conta do que estava fazendo. Ele estava secando a boca da . Não, não estava. Não estava.
A blusa que emprestou para ela subiu um pouco, deixando parte da sua bunda à mostra. olhou para o outro lado, resistindo a tentação de olhar enquanto cobria- a com um cobertor, pensando repetidas vezes que isso era uma prova de que ele não tirava vantagem de suas amigas, em sentido nenhum.
Rajadas de sol entravam pelo quarto. Ele se levantou e fechou cuidadosamente as cortinas, sem fazer barulho nenhum. Depois foi até o banheiro. Quando viu a si mesmo no espelho, se assustou. Seu olho estava muito roxo, mas não doía mais. Seu nariz tinha um pouco de sangue seco por dentro e ele abriu a torneira para lavar. Lavou o rosto, esperando que aquilo fizesse sua aparência melhorar, ou para parecer menos trouxa a seus olhos. Se sua cabeça pelo menos parasse de doer quando lavasse o rosto. Pegou um enxaguante bucal e bochechou algo com gosto de menta. Seu bafo já não estava uma droga, ao contrário do resto dele.
Penteou um pouco seu cabelo, mas não tinha feito muita diferença. Encontrou marcas de lençol em sua barriga. O único motivo das meninas do Elizabeth Medium High School irem assistir aos treinos de futebol era para ver os meninos sem camisa, principalmente . Seu corpo era perfeitamente malhado e sua barriga esculpida, cada músculo do abdômen bem desenhado e definido, resultado de anos de dedicação. Não continuaria dessa forma se elas o vissem naquele momento.
O garoto passou um desodorante e se deitou na cama novamente. estava dormindo ainda e ele não se importou. Pegou um pedaço do cobertor em cima dela e se enrolou nele também. Estava tão grogue que nem se lembrava do que ela fizera por ele na noite anterior. Assim que as lembranças invadiram seus pensamentos, ficou inteiramente feliz e grato. Mesmo depois de tudo o que já passaram, a garota continuava a seu lado e largava tudo só para ajudá- lo. Não sabia o que faria sem ela.
se aproximou ainda mais e passou os braços em volta dela, puxando- a para si. O rosto de ficou colado em seu peito musculoso com o nariz e a testa quentes encostando em sua pele fria, e ele aproveitou a ocasião para se aquecer também. Era reconfortante tê- la em seus braços e ele até começou a pensar que estava gostando daquilo. Talvez como uma irmã que o protegia sempre que o precisava, e até mesmo... Interrompeu seus pensamentos. Ela não era como uma irmã para ele, pois irmãs não faziam muitas coisas que os dois já fizeram, e acima de tudo, não sabia se alguma pessoa possuía uma irmã como , pois era bem singular.
pôde sentir os cílios dela batendo em sua pele, que inclinou a cabeça para cima para poder olhá-lo, sem entender direito o motivo daquele abraço tão caloroso.
- Bom dia. – ele disse sorrindo para ela.
- Bom dia... Por que esse carinho todo? – ela perguntou com a voz rouca, e sem querer fez com que o garoto se arrepiasse. Aquele era meio que seu ponto fraco, quando as vozes das meninas ficavam roucas. Não sabia explicar, só sabia que amava aquilo.
- Você cuidou de mim. – ele disse simplesmente. sorriu e deixou ser abraçada, colocando seus braços em volta do pescoço de . É claro que ela cuidaria dele.
Eles continuaram se encarando e se sentia esquisito. Ele não pensou direito. Colou seus lábios nos de e começou a beijá-la. No início, ela ficou paralisada, sem saber o que fazer. Depois, beijou-o também. não queria parar, somente... Queria. também não sabia o que estava fazendo. Passou as mãos pela barriga malhada dele, que subiu em cima dela, quase explodindo. Começou a beijar seu pescoço, deixando uma trilha com os lábios, onde pinicava sempre que se afastava e fazendo-a respirar pesadamente. Ela tinha que parar, e não eram nada. Mas não conseguia. se apertou mais contra ela, voltando a beijá-la e sentindo uma sensação extasiante ao preencher seus lábios macios com os dele. puxou os cabelos dele um pouco e ele começou a tirar a blusa que ela estava usando, quando escutou a porta de seu quarto sendo aberta.
- , você melhorou... – Jonny começou a falar, mas parou quando viu aquela cena. Ele arregalou os olhos. – Puta merda!
saiu de cima de num pulo e se sentou na cama, jogando um travesseiro em Jonny.
- Cara, você tá com a aí... Porra! – ele começou a rir, deixando o irmão muito vermelho e a garota meio constrangida também. Hanna apareceu com uma camisa de Jonny atrás dele e olhou assustada para os dois.
- Eu só estava... – começou a inventar uma desculpa.
- O que? – Jonny perguntou se divertindo. – Tirando uma sujeirinha do dente dela? Cara, sua língua estava na barriga dela! Não seja ingênuo a ponto de tentar inventar uma desculpa. Pensando bem, depois do que eu acabei de ver, vocês dois são tudo, menos ingênuos.
- Minha língua não...
- Quer que eu deixe vocês a sós? Posso colocar uma câmera aí?
- Some daqui, Jonny!
- Como quiser, cara. Eu entendo.
Ele fechou a porta, ainda rindo. arrumou o cabelo, confusa. O que tinha acabado de acontecer ali? Como ela explicaria tudo para Hanna depois? E se Jonny espalhasse para todo mundo? E se espalhasse para todo mundo? Droga, droga, droga. Não era só por sua cabeça loira que passava a preocupação. O outro estava ofegante, confuso e envergonhado. Ele não queria que o irmão tivesse visto aquilo. Seria lembrado para sempre. Envergonhado porque não sabia como reagir e confuso porque não sabia o porque tinha feito aquilo. Quer dizer, se Jonny não os tivesse interrompido, eles continuariam? Os dois permaneciam imóveis, no canto da cama, abraçando os joelhos e na beirada com a cabeça apoiada nas mãos, temendo não se mover tão cedo.
- Eu preciso ir. – ela disse se levantando. – Tenho um compromisso.
- ...
Isso a fez parar um pouco e virar-se tão bruscamente que seu cabelo voou e bateu em seus ombros ao cair.
- O que foi?
- Eu... – ele começou. Como dizer aquilo? – Me... Me desculpe.
- , eu também... Quer dizer... Não... – ela tentava buscar as palavras. Enquanto fazia isso, foi até o banheiro, tirou a blusa dele colocou seu vestido do dia anterior. Olhou no espelho e viu uma mancha vermelha em seu pescoço. Legal, como iria até a April Hall naquelas condições?
ainda olhava para onde estava antes. Queria pular da janela. Nunca sentiu tamanho desconforto perto dela antes. Eles já tinham feito aquilo mais vezes, por isso não entendia o que deixava a situação tão estranha. A observou sair do banheiro e entregar a camisa em suas mãos, para depois lhe dar um abraço, que foi retribuído. Ao fazê-lo, sentiu o cheiro de seu perfume no pescoço da amiga.
- A gente sabe que isso foi... – começou, mas parou novamente. – Vamos esquecer isso, certo?
concordou com a cabeça sem ter muita certeza. Não planejou nenhum diálogo específico consigo mesmo, porém acreditava que as palavras seriam diferentes. Algo menos parecido com aquilo que acabou de ouvir. Conhecia a garota à sua frente e sabia perfeitamente que ela era mais sensível do que deixava transparecer.
– Deixa pra lá.
- Certo. Até mais.
a olhou indo embora pela janela do seu quarto enquanto ainda segurava a camisa. Ele foi até o banheiro e ligou o chuveiro, tirando a sua calça e entrando lá dentro para tentar esfriar a cabeça.



Capítulo 38 - Regra número um para não ser um idiota: não seja


limpou a barra da calça cheia de neve e molhou sua mão. Ela estava andando pelo parque, no lado leste da cidade, e se arrependeu muito por não ter calçado um par de botas. À esquerda, havia vários bancos recém-limpos da neve e algumas pessoas sentadas neles. No centro de todos os bancos, crianças brincavam, fazendo bonecos de neve ou guerrinhas, a obrigando a se desviar rapidamente de uma bola que vinha na sua direção.
Na noite anterior, quando saiu do baile com , os dois foram comer algo e acabaram se empolgando com o jogo que estava passando na televisão. Ela lhe contou como aprendeu a jogar rúgbi e como todas as meninas com que conversaram com ela sobre isso a achavam, no mínimo, estranha, mas ele estava fascinado com a conversa. Nunca conheceu uma garota que possuía tantas coisas em comum com ele. E o jeito como suas bochechas coravam levemente e seus olhos brilhavam ao falar de algo que gostava a deixava adorável aos seus olhos.
Ela tinha realmente gostado dele. Quer dizer, ele era lindo e legal. E a escutava. Queria vê-lo de novo, só que infelizmente não pegou seu número, só ele o dela. Então o que teria que fazer era esperar. também podia pegar seu número com . Ao mesmo tempo em que queria muito perguntá-la, achava que isso significaria que estava desesperada, e aquele não era bem o caso. A última vez que namorou sério tinha catorze anos, e depois disso, só algumas ficadas. era tímida e insegura. Principalmente insegura. Esse era um dos motivos que queria ser amiga de . Ela era tão segura e tão cheia de brilho.
passou na Zone, uma lanchonete no estilo retrô, que ficava a duas quadras do parque. Ao entrar, os sininhos em cima da pesada porta de madeira tocaram. As luzes pretas e brancas quase se apagavam de tão fracas e o balcão no centro da loja cheirava a café. Nas paredes eram pendurados vários discos de vinil clássicos e no fundo um jukebox meio velho tocava uma música que a garota não conhecia. As pessoas conversavam em voz baixa e bebiam café. O mais agradável era que, mesmo não sendo nenhuma lanchonete chique e extravagante, as pessoas pareciam ficar mais calmas ao entrar lá dentro.
Ela pediu um café com leite para viagem e sentou-se em um banco de madeira em frente ao balcão. Enquanto esperava, lia a mensagem de sua mãe, que dizia que ela chegaria tarde em casa. De novo.
De repente, um braço frio esbarrou no seu, fazendo-a pular de susto. a olhou, também assustado. logo se lembrou da festa, e antes disso, de quando encontrou com ele em seu apartamento. O que ele dissera... Será que estava falando a verdade? Não podia ser. desconfiava que sua mãe ainda amava seu pai, sempre pensou que os dois ainda poderiam voltar pelo modo como ele a olhava e pela tensão que pairava no ar quando os dois conversavam por telefone. Ela sabia disso devido ao fato de escutar pela outra linha suas conversas. E se não amava mais, por que sua mãe não contou que estava namorando? Ou seja lá o que fosse aquilo. E por que não podia namorar alguém que não fosse da idade de ? E por que ? O cara mais canalha de todos. Não podia deixá-lo magoar a sua mãe. Ela não deixaria.
ainda usava o terno da noite anterior e seus cabelos estavam bagunçados. O que um dia foi um topete, naquele momento era somente umas mechas de cabelo castanho caindo em seus olhos cheios de olheiras. Uma região de seu rosto estava roxa e ele quase feriu seu supercílio. Também ganhou um hematoma na clavícula, que conseguia ser visto pelo fato do paletó dele estar com um rasgo enorme. Céus, o garoto dormiu na rua? A raiva dominou o corpo de ao constatar que, mesmo com uma aparência um tanto assustadora, ele ainda conseguia ter um charme.
- Foi mal. – Conseguiu pronunciar numa voz arrastada. Bêbado. Ele olhou para o homem do outro lado do balcão. – Um café bem forte.
- Tudo bem. – gaguejou num fiapo de voz. – Você... Você está bem?
- Claro. – ele ia se sentar ao seu lado quando mirou errado o banco e caiu no chão. deixou escapar um risinho antes de flagrá-lo tentando se levantar lentamente. – Quem foi que tirou o banco daqui? Onde ele foi parar? Ah... Ainda está aqui.
se sentou ao lado dela, dessa vez acertando sua bunda no lugar certo. Ele apoiou a cabeça no braço direito e analisou de baixo para cima, fazendo-a ficar desconfortável. O cheiro de álcool que saía de seu corpo era tão forte que foi necessário muito esforço para conseguir ficar ao lado dele.
- Você estava muito bonita ontem, . – ele se aproximou dela e baforou em seu pescoço, fazendo-a se encolher. – Eu devia ter ido ficar com você e esquecido aquela . Nunca fiz tanta besteira.
- Obrigada, eu acho. – ser cantada por aquele garoto bêbado não estava na lista de coisas que gostaria de fazer antes de morrer. Reuniu toda a coragem que achava correr em seu sangue. – Olha, a gente precisa conversar sobre a minha mãe.
- Sua mãe? Oh. Você não contou para ninguém, contou?
- Não. Mas você precisa parar com isso. Não é certo, minha mãe tem responsabilidades. Coisas importantes, .
- Sua mãe é gostosa.
- Você está bêbado. Conversaremos quando não estiver fora de si.
- Quero fazer mais do que apenas conversar.
- Não! – sua vontade era de bater nele. – Pare de se envergonhar, ! Você é melhor do que isso.
pegou o café e deixou o dinheiro em cima do balcão. não merecia ser invejado. Merecia ser ignorado. Ela sabia que ele tinha um bom coração, mas precisava amadurecer. tinha pena dele.



Capítulo 39 - As mães cuidam dos filhos e os filhos cuidam das mães


teve um aniversário incrível. Ele não esperava tanto, mas parece que o mundo decidiu que aquele dia seria ótimo. Não se sentia o aniversariante, só um espectador do dia. Todas as partes foram incríveis. Quando o sol estava nascendo, ele deixou na casa dela. Os dois ficaram um tempão encostados no capô do carro, só se beijando. não queria deixá-la ir, só que as pessoas precisam dormir. Também não queria deixá-la dormir, isso somente aconteceu quando passou as mãos pelos braços da namorada e percebeu o quão gelados estavam.
Depois disso, quando chegou em casa ele desmaiou em sua cama e acordou bem depois. Ele fez o que precisava fazer toda manhã: ir falar com a sua mãe e pegar os remédios para ela. Normalmente as enfermeiras faziam isso, mas ele sempre insistia. precisava cuidar da sua mãe. Quando fosse para a April Hall outra pessoa o faria, e não queria que fosse uma desconhecida. Por isso, na terça passada esteve conversando com várias enfermeiras, para ver qual delas era a mais civilizada e mais doce. Não que soubesse que iria para a April Hall, mas ele sabia que logo estaria rumando para a faculdade, e que teria que se mudar. Algumas enfermeiras mais novas ficaram meio desconcentradas na entrevista por causa de , o que o fez descartá-las da lista. Se elas ficavam tão desconcentradas assim à toa, não queria nem pensar em como elas reagiriam se algo grave acontecesse.
No fundo, ele sabia que não era tão à toa assim, tinha plena consciência de sua boa aparência. Só não gostava de admitir e tentava não pensar nisso, mas sabia que as garotas gostavam dele, sabia que já conseguiu várias coisas – mesmo que fosse sem querer – por causa daquilo. E não havia como negar. Se alguém pelo menos tentasse, o garoto era capaz de derrubar todos os seus argumentos com um sorriso cativante e suas covinhas adoráveis nas bochechas. Sendo assim, não era tudo por causa de seu rosto. possuía um talento nato convencendo as pessoas. Ele abusava da sua educação e do humor; era uma pessoa agradável, que fazia as outras se sentirem bem ao seu lado sem precisar dizer muito.
Mesmo com o coração na mão, finalmente decidiu contratar uma enfermeira mais velha, que já era avó. A senhora tinha uma boa condição física e era muito gentil. Ela disse que podia gostar de sua neta, que segundo a avó era muito bonita, e continuou insistindo nisso mesmo com ele dizendo que namorava desde bem novo.
Ele contou a sua mãe sobre seu aniversário – excluindo algumas partes, é claro –, sobre e sobre a faculdade, a deixando à par de quase tudo o que estava acontecendo, porque achava que era o mínimo que podia fazer por sua mãe, já que ela não podia vivenciar as coisas que ele estava vivenciando.
Não havia muito mais do que isso para se fazer por ela. O problema era que toda vez que perguntava para a Sra. o que ela tinha, sua mãe respondia muitas coisas sem nexo nenhum ou falava que não era nada sério. Seu irmão devia saber. Sua irmã devia saber. Seu pai com certeza. Mas ele não sabia. Por que não? Quem sempre acordava meia hora mais cedo todo dia antes da escola só para poder fazer as vontades da mãe? Era ele o que mais se importava: abria mão da escola, dos amigos, de e de qualquer coisa só para assistir um filme com a mãe. Ela ficava doente com muita frequência, e meio que aproveitava esses momentos para tê-la quieta em casa. Só que precisava saber o que tinha de errado com ela. Era um direito dele.
Por isso não entendia o motivo da mãe não dizer logo. Obviamente não era algo grave, se não ele já estaria sabendo há muito tempo. O que custava para ela falar?
- Mãe... Eu não quero... Quer dizer, minha obrigação é cuidar de você... Eu, eu não vou descumprir minhas obrigações... Se...
- , olhe para mim. – a Sra. pegou o queixo dele, trazendo-o para perto de si. – Eu não quero que deixe de se divertir porque acha que tem uma obrigação. Sou adulta, sei cuidar de mim... E, aliás, temos muitos empregados para fazer isso. A enfermeira já está vindo. Não se preocupe comigo, querido. Agora, me conte mais sobre a April Hall. Você sabia que eu já morei lá?
- Sério? – se empolgou. – Na verdade, eu fui por causa de . Mas acho que posso até acabar ficando por lá.
- Acho que deveria, querido. É tão bom. – ela sorriu e abriu a boca, como se fosse começar uma história. Seus olhos se estreitaram um pouco e ela bocejou. – , eu preciso descansar, querido. O remédio que tomei mais cedo está começando a fazer efeito e ele me dá sono.
- Ah. – ele não conseguiu impedir a decepção de visitar seu corpo. Era como se os dois apenas tivessem conversado por cinco minutos. – Claro. Vou sair com Paul e dar uma passada na casa da .
- Manda um beijo por mim.
saiu do quarto cabisbaixo. Ele odiava ver a mãe daquele jeito, mas infelizmente não tinha nada que pudesse fazer. Pobre .



Capítulo 40 - Aprenda com seus erros e aprenda a flertar


acordou com batidas na porta. Depois que saiu para conversar com Sofia, ele acabou pegando no sono. Não estava com cabeça para fazer dever. Ele sentia uma inquietação imensa, mas não conseguia entender o que era.
- Espera um pouco! – gritou, sua voz saindo grossa. Foi até o banheiro e molhou o rosto. Observou seus olhos no espelho e deu de ombros para sua aparência: adorável, como sempre. Terra chamando : as pessoas não ficam bonitas ao acabar de acordar. Dá um jeito nisso.
Quando abriu a porta, deu de cara com . Um vento bateu no seu rosto e ele colocou a mão por cima da boca ao bocejar. Ela vestia uma calça jeans por baixo de botas de couro com franjas, que combinavam com sua blusa de frio marrom. Ela devia estar congelando com aquela camisa fina. A neve derretia em sua touca e molhava um pouco seu nariz, que já estava vermelho, de um jeito bonitinho. Mesmo assim, não parecia bem.
- Oi. – ele disse com a voz rouca e deu um meio sorriso. – não está, mas por favor, não vá. Ele pediu para que eu te fizesse companhia até que chegasse. E também quero alguém para conversar.
Ela assentiu com a cabeça e entrou no quarto. Quando tirou sua touca, seus cabelos se espalharam pelo rosto, emoldurando-o de uma forma perfeita, quase como se ela tivesse saído de um comercial ou coisa assim.
- Fique a vontade. – disse apontando para um espaço vazio ao lado dele na cama de casal. – E aí, animada por ter voltado para a April Hall?
- Ah, claro. – ela disse. Seus olhos vazios e sem foco encaravam o armário em frente a cama de um jeito estranho, quase como se ela estivesse em um transe. Ou até mesmo morta. Definitivamente alguma coisa aconteceu. Quando a conheceu, ela parecia irradiar alegria.
- O que foi?
Aquilo pareceu tirá-la de seu mundo de lamentações, pois virou-se com rapidez para poder vê-lo melhor e seu sorriso em seguida foi brilhante e seguro, como se nunca tivesse parado de sorrir.
- Nada. Tudo ótimo.
Foi o que ela garantiu, porém sabia que não era verdade. A experiência que ganhou com sua irmã mais nova era suficiente para fazê-lo duvidar até a morte de que estava realmente bem. Sabia reconhecer os momentos em que Gina fingia estar bem, ou quando mentia e até mesmo quando o problema era um garoto.
- Não quer conversar sobre isso?
Não foi preciso muito esforço para convencê-la, pois só precisava contar aquilo para alguém ou explodiria.
- ... Eu cometi um erro enorme.
- Erro? Que erro?
- Eu não quero falar o que foi, mas isso me deixou muito confusa, porque eu não sei se foi um erro ou não. Me ajuda, o que eu faço?
Ele pensou um pouco. tinha os olhos arregalados num tom de súplica. Isso o deixou nervoso, considerando que não tinha ideia do que fazer. Quer dizer, nem sabia do que ela falava e mal a conhecia. Talvez falasse algo não a agradasse nem um pouco.
- Não sei ao certo como te ajudar. – foi sincero. – O que eu sei é que o melhor passo para seguir em frente, depois de ter aprendido com o erro, é esquecendo-o e só lembrando o que isso te ensinou.
- Não sei o que isso me ensinou. Acho que não aprendi nada.
- Se você está confusa pensando se o que aconteceu foi bom ou ruim, eu acho que você então não deve considerar bom. Porque se fosse realmente bom, você não estaria confusa.
deixou escapar um sorriso. O garoto era um doce, e o que disse fez total sentido. Ela se sentia confusa e desesperada sobre o que aconteceu mais cedo na casa de , mas talvez aquilo só quisesse mostrar de uma vez por todas que os dois não serviam para ficar juntos. Ela disse para o que esqueceria. Então iria esquecer.
- Nossa, desculpa. – deu aquele sorriso típico. – Você deve estar achando uma droga isso. Eu nem te conheço e fico depositando meus problemas em você.
- Não vamos deixar que isso seja um problema. – riu e isso por pouco não provocou uma careta no rosto dela. Ele iria mesmo começar a falar sobre seus problemas também? – Me conte mais sobre você.
- Ah! – suspirou aliviada. – Eu estudo no Elizabeth Médium High School, você deve saber onde é. Estudei lá desde sempre e agora sou veterana, estou me mudando para cá na segunda. Eu sempre quis estudar aqui na April Hall. É perfeita.
- Eu já ouvi falar de você. – disse antes que pudesse perceber. se desconcentrou um pouco olhando nos olhos dele. – Me disseram que era bem bonita...
- Minha aparência faz jus aos comentários?
- Não. – disse. Que constrangedor.
não sabia o que fazer. Ninguém nunca a chamou de feia antes, porque isso era algo que ela definitivamente não era. Antes de pensar em qualquer coisa para dizer, foi interrompida.
- Você não é como os comentários. – ele deu um sorriso. – É muito melhor.
- Oh, obrigada! – o alívio preencheu seus sentidos. – E como é a faculdade? No que pensa em se formar?
- É bem diferente. Em Direito.
- Sério? Você não tem cara de advogado.
- E você não tem cara de ter problemas com garotos, mas... – ele parou. Que merda ele tinha acabado de dizer?! – Droga. Me desculpa.
- Tudo bem, eu acho. Na verdade, eu não costumo ser tão insegura assim.
- Tenho certeza que não. Eu já fui melhor flertando, sabe. Acho que depois que terminei com a minha namorada fiquei um tempo sem praticar. Nunca precisei me esforçar muito...
- Quem era sua namorada?
- , conhece?
- Sim. – ela disse com a voz seca. Que ótimo. – Sua namorada é... Hum...
- Não gostou dela, não é? – ele riu, fazendo se remexer um pouco onde estava, sentindo-se desconfortável. – Ela às vezes pode ser insuportável. E fútil. Na verdade, não sei bem ao certo porque não terminei com ela antes do nosso aniversário de um mês. Ficávamos juntos porque isso meio que ajudava a mãe dela, nossas mães eram sócias e a minha mãe é chefe dela. A é muito divertida, e sabe ser amável nas horas que resolve ser, mas realmente não é para mim.
- Como terminaram?
- Hum... Eu só... Finalmente tomei uma atitude. – se sentiu meio mal, com certeza não falaria para que ele viu a ex na cama com seu melhor amigo. – E você? Tem namorado?
- Não. – disse, pensando que o garoto comentou já ter sido melhor flertando. Estava flertando com ela, então? Se sim, gostou daquilo. Apesar dos elogios bem convenientes, reconheceu que foi abordada de um jeito bem suave.
- E aí, e que você e tanto precisam resolver?
- Nada demais. – ela deu de ombros, fazendo-o olhá-la por um tempo e depois desviou o olhar. ficou aflita. estava ou não flertando com ela? Dava para saber muito bem com qualquer outro cara, e naquele momento ela já não tinha tanta certeza. Isso era frustrante. Quer dizer, olhe para ele, não consigo ver porque alguém não gostaria dele, foi o que passou por sua cabeça, só que não sabia se estava contando coisas dele só para ser educado ou porque gostou dela. Parou de pensar naquilo. – falou sobre . Não queria magoá-lo, só não entendia como ele podia esperar que isso desse certo. tem namorado, e pelo que eu sei há confiança total entre os dois.
- Quer saber? Eu acho que pode dar certo sim. Não sei, acho que nem gosta dela de verdade. – ela franziu os lábios como quem pensava no assunto. – Acho que pode.
- Hum... – não queria parecer chato, apesar de ser óbvio que gostava de . Até ele que não os conhecia podia ver isso. – é doido. Ele acha que gosta dela e nem a conhece direito. Tudo bem gostar de uma garota, mas não uma que namora o mesmo cara desde sempre. Isso não é muito seguro. Imagina, quando ele finalmente consegue separar os dois e vai sair com ela, imagine se os dois nem dão certo? É loucura.
- É. – não estava se importando muito com isso. Contanto que os dois ficassem separados, ótimo. – Vai saber.
Ângela Kudrow bateu na porta do quarto, seus cabelos encaracolados que iam até a cintura balançando ao se movimentar. O rosto cor de caramelo brilhava depois de uma limpeza de pele profunda que sua mãe arranjara para ela com sua amiga profissional. Custou trezentas pratas. Seu moletom amarelo creme estava um pouco amassado perto da barriga, mas nem dava para notar. Angel era uma daquelas garotas que ganhava tudo dos pais. Ela sempre andava elegante, mesmo com seu moletom de marca. Era uma das melhores amigas de , mas rezava noite e dia para que terminasse tudo na época em que eles eram namorados. Sempre gostou dele, que sabia perfeitamente disso. Mas o que a irritava muito era que ele era misterioso demais. Simplesmente não dava para conquistá-lo. Todo mundo achou que ela tinha desistido no mês passado, porém a garota era como um pitbull. Meninas mimadas daquela forma não desistiam do que queriam até conseguirem, e com certeza não seria uma exceção.
- ! – ela deu um gritinho. – É Angel!
Ele fechou os olhos, meio desanimado. Definitivamente não queria falar com Angel. Ela era legal e muito bonita, mas esses dias para cá vinha se esfregado nele o tempo inteiro e aquilo já estava começando a irritá-lo.
- Só um minuto. – disse e sua voz mais uma vez saiu grossa. Ele deu uma risada sem graça irresistível e deu um sorrisinho. Ela o olhava de um jeito confuso, esperando uma explicação. – Duas coisas que você deve saber sobre Angel: é amiga de . E às vezes ela pode ser...
- Estava com saudade! – Angel disse invadindo o quarto e dando um abraço em . – Não te vejo desde quarta! Você não me disse como foi a Festa do Luar.
- Foi legal. E você, o que achou?
- Fui com aquele cara, o James. Não deu certo. – ela deu um riso forçado. Na verdade, foi com James só para ver se perceberia. – E ela, quem é?
- . – a própria respondeu dando seu sorriso eu sou mesmo demais. Odiava quando as pessoas se apresentavam em seu nome. – Desculpe, você é...
- Angel Kudrow. – o narizinho dela se franziu. mencionou duas vezes. Uma vez disse que ela era uma putinha que se achava demais. Outra foi na sexta, quando uma turma de calouros foi visitar a April Hall. Nesse dia os comentários não foram muito diferentes. – Mas acho que você já sabe.
- Hmmm, suponho que deveria saber. – deu uma risada falsa e irritante. estreitou os olhos querendo dar o fora dali. – Somente suponho. E então, quantos anos você tem?
- Dezenove. – ela olhou os dois em cima da cama. – Você não vai ficar aqui, vai?
- Estou me mudando. Amanhã, quer dizer.
- E o que está fazendo aqui... Agora? E com ?
- veio ver , mas acabamos conversando. – ele disse com simplicidade. – Já que não está...
- Ah. – Angel deu de ombros. – Calouros não deviam ficar no quarto de outras pessoas. Sofia me disse que isso não é uma coisa boa porque vocês são novas demais, não sabem exatamente o que estão fazendo. Acho que consegue entender.
franziu o nariz. Angel a chamou de criança, sério? Ah, porque ela era muito mais velha que ela. E a falsa doçura na voz dela só a fez ficar mais brava. Ela iria dar uma de suas respostas típicas do jeito cale- se, sua idiota, antes de pensar melhor e decidir ser educada. Como se ela merecesse aquele favor.
- Você e Sofia não são amigas. – disse com educação, fazendo Angel se calar. – Vocês não conversam desde o ano retrasado, quando...
- ! – Angel o interrompeu. – Não. Precisa. Lembrar.
A loira se remexeu por cima dos lençóis.
- Você já estava de saída, não estava?
- Na verdade, não.
- Eu tenho certeza que escutei você falando que já estava de saída.
Angel bufou, indo até o garoto e lhe dando um beijo demorado na bochecha, um pouco perto demais da boca. Saiu andando do quarto sem nem se despedir da outra. Foi direto falar com , para dizer que ela estava errada sobre ser uma droga. Ela era muito pior que isso.
- Desculpe mandá-la embora. – disse quando a porta se fechou. – Mas o diálogo não estava muito bom.
- Não, eu agradeço. – ele riu. – Gosto de Angel, só não gosto do fato dela achar que é minha dona. Nós dois nunca nem ficamos!
- Algumas pessoas são assim. Veem coisas onde não tem nada.
sorriu, fazendo-a admirar-se outra vez com a sua beleza.



Capítulo 41 - A ajuda está a caminho


sentou-se na praça ao lado de sua casa. Havia duas árvores imensas do lado dele, cobertas de neve. Algumas crianças brincavam ao seu lado, parando e olhando um pouco para ele. Se estivesse de bom humor, correria atrás delas para assustá-las. Aquele não era o caso. Um floco de neve caiu de um galho direto para sua bochecha, bem onde um arranhado se encontrava. Isso só fez com que seu humor piorasse.
Sua aparência era proporcional ao seu humor. Na noite anterior, depois que brigou com seu melhor amigo, foi encher a cara e acabou dormindo no bar. O dono tentou mandá-lo para casa, mas estava tão derrotado que deu dó no pobre homem e ele o deixou dormir lá. Quando acordou, na manhã seguinte, levou um susto ao perceber onde estava. Sua cabeça doía a ponto de desmaiar e seu corpo doía em lugares que nem ao menos pensou em encostar. O olho roxo ardia bastante e sua boca tinha com um hematoma gigante perto dos lábios. Depois de sair do bar que dormiu, andou um pouco pelo bairro para ver se achava . Precisavam urgentemente conversar, mas ela ignorava suas ligações. Quando não obteve resultado, decidiu ir para outro bar encher a cara de novo. Depois de bêbado, viu comprando um café. Ela estava bonita quando o implorou para parar de sair com sua mãe. Mas não deu ouvidos.
Naquele momento, estava sóbrio. Já era mais de duas horas da tarde e seu estômago roncava muito. Não podia voltar pra casa, seus pais deviam estar furiosos com ele pelo sumiço. Enquanto permanecia sentado ali, repensou no que tinha feito. Não só com , também com a vida dele. era seu melhor amigo e não merecia aquilo. Ele queria muito que tudo estivesse bem entre os dois para lhe contar sobre a mãe de . queria muito ver , beijá-la e resolver de uma vez por todas a situação dos dois. Ele só tinha dezoito anos e bebia demais. Que merda.
E o pior é que não tinha ninguém a quem recorrer. e estavam fora de questão. Seus outros amigos não entenderiam e aquela garota bonita que conheceu o acharia idiota por descarregar todos os problemas dele nela. Então lhe ocorreu uma pessoa: . Ela não sentiu pena do garoto, e o que disse... Mesmo bêbado, aquilo não saiu da sua cabeça. Pare de se envergonhar, . Você é melhor que isso. Ele pegou seu celular e ligou para ela, agradecendo a si mesmo por não apagar os números de seus contatos que nunca achou que usaria. Chamou três vezes até ela atender.
- .
- Quem é?
- , aqui é... É o . Eu sei... Eu sei que provavelmente você não quer me ver agora, mas... – ele apertou os olhos antes de falar. – Por favor, pode me ajudar?
- Onde você está?
- Na praça em frente ao Zone.
- Estamos no mesmo lugar, já te acho.
desligou o celular, agradecido. Ele pôde vê-la se aproximar lentamente dele e se sentar ao seu lado no banco. Seus cabelos se escondiam por baixo de um gorro felpudo e as pontas das franjas de seu cachecol roçavam a mão gelada do garoto.
- O que foi?
- Sua mãe está em casa?
bufou. Era isso que ele queria?
- Não, ela vai passar o dia fora. Era isso?
- Não, é que... , sério, eu não posso ir para a minha casa, eles estão furiosos comigo. E eu não como nada desde ontem à tarde.
- Você não tem família?
- Por favor, . Eles não vão entender.
- Tá bom. Vem rápido.
e andaram rapidamente até o prédio dela, sem dizer nada um para o outro. Nenhum dos dois sabia muito bem o que estavam fazendo. só queria ajuda, e mesmo achando muito bonita, não iria tentar nada a mais. também não sabia porque o estava ajudando. Ela planejara arrumar suas malas para a April Hall e ficar com a sua mãe. As duas não conversavam direito há um tempão.
Ao chegar à recepção, os dois passaram por e a Sra. , que olharam assustadas para . não sabia que e eram amigos. E , ele tinha pelo menos voltado para casa depois da festa?
- Olá, ! – a mulher cantarolou alegre. – Sua mãe disse que volta para casa amanhã de manhã para te ajudar a arrumar as malas.
- Ah. Certo. – ficou triste.
- April Hall, hein? Animada?
- Claro. Vai ser legal. – não gostava muito dela, porque abusava demais da sua mãe. Mas a Sra. disse para ser o mais educada possível com a patroa dela.
- Olha só que coincidência! Você e vão morar juntas de novo! Nada mal para duas melhores amigas.
- Hã... – olhou para , que desviou o olhar para o chão. Alguém ali não disse várias coisas para a mamãe. – É. Com licença.
No apartamento cor-de-rosa de , via-se uma sala de estar aconchegante, com um sofá grande branco – que pertenceu aos – , onde se sentou.
- Primeiro, eu acho melhor você tomar um banho.
- Que tal você... – parou. Ele ia cantar , mas decidiu não fazer isso. – Tudo bem. Sei onde fica.
Ela o encarou atônita e o garoto tratou de mudar sua frase.
- Você pode me dizer onde fica?
- Segundo andar, primeira porta à direita. Tem uma toalha na gaveta esquerda e vou deixar uma roupa na porta do banheiro.
agradeceu e seguiu as instruções dela até o banheiro, ainda que soubesse onde ficava. Cheirava a um perfume que ele não sabia qual era e era todo branco, com florzinhas de silicone coladas no vidro. O tapete de nuvens, que cobria o chão inteiro, e o porta escova de dentes em forma de sapinho na pia do banheiro fazia o banheiro dela parecer o de uma menina de sete anos. Ele sorriu, se divertindo um pouco com a situação.
foi até o quarto de visitas e abriu o grande armário, em uma parte estreita, quase não dando para ver, onde estavam algumas mudas de roupa que seu pai deixou pra trás. Ela pegou uma blusa cinza e uma calça de algodão azul-escuro. Sentir seu cheiro nas roupas fez com que se sentisse triste. Seu pai se divorciara da mãe quando tinha catorze anos e ela sofrera muito com aquilo. Enquanto tentava se acostumar com a vida sem um pai, ele se casara novamente e se ocupara com as filhas da madrasta dela, duas garotas idiotas. Na verdade, um dos maiores motivos que queria ser igual a era para poder ser melhor que as duas. Toda vez que visitava o homem se sentia um lixo.
Depois de um tempo, desceu os degraus da escada para a cozinha e se acomodou em uma cadeira a sua direita. Ela tinha preparado um prato de lasanha enquanto tomava banho. Enquanto o servia, começou a se perguntar se os pais dele não deviam estar preocupados.
- Quando acabarmos de almoçar vou ver se acho algum remédio para passar no seu olho. Você melhorou um pouco depois do banho?
- Não precisa se incomodar. – já estava meio constrangido. Na última vez que esteve ali, causara um choque bem grande nela ao contar que estava dormindo com sua mãe. E mesmo ela pedindo-o, ele a ignorou. E lá estava a garota naquele momento, ajudando-o. – Melhorei, acho. Preciso me deitar depois.
- Vou preparar uma cama para você. Mas é sério, . Você tem que ligar para os seus pais.
- Tudo bem. – ele a encarou por uns segundos. – Obrigado por fazer tudo isso por mim e por me emprestar essa roupa.
- Essa roupa é do meu pai. – quando acabou de pronunciar essas palavras, ela se perguntou por que tinha dito aquilo. – Mas não se incomode. Ele não mora mais aqui há um bom tempo, nem deve se lembrar mais delas.
- Sua mãe me disse que era divorciada há muito tempo. Eu entendo como é difícil. Na verdade, eu não entendo. Mas sinto muito.
- Não faz mal, não é como se ele tivesse morrido. Eu só fiquei triste quando você começou a sair com a minha mãe, por que... Achei que era meio um desrespeito ao meu pai. Quer dizer, você é bonito, . Só que minha mãe já é uma adulta, entende?
- Eu sei, foi mal. Já estava pensando sobre isso e se é o que você quer, eu vou parar de sair com ela.
- Obrigada, isso realmente ajudaria muito. Sinceramente, eu não te entendo. Você sai com tantas meninas ao mesmo tempo, mas eu nunca vi fazer por elas algo parecido com que fez para ontem. Por que se incomoda tanto com ela sair com outras pessoas, se você faz o mesmo?
- Eu... – começou a responder quando o telefone dele começou a tocar. – Quem é?
- Onde diabos você está? – a voz de sua irmã Caroline chiou do outro lado da linha e ele teve que afastar o telefone do ouvido para não ficar surdo.
- Eu dormi na casa de uma amiga. O pai e a mãe estão bravos?
- Claro que sim! Estávamos morrendo de preocupação! Tudo bem você passar a noite fora e não avisar, você já fez isso várias vezes. Mas depois do que ficamos sabendo do que aconteceu ontem... , como você faz uma besteira dessas?
- Não quer saber se estou bem?
- Quero. Desculpe. Você está bem?
- Melhor agora. Caroline, faça um favor para mim. Diga aos dois que estou bem e que não me machuquei, que vou ficar aqui e que à noite estou voltando. Peça desculpas por mim e diga que estou arrependido do que fiz.
- Tá bom. ... – a voz dela falhou. – O problema é que nós dois sabemos a verdade e nenhum tem certeza de que está realmente arrependido. Não faça mais isso.
- Me desculpe, Caroline.
Ele desligou o telefone e respirou fundo. Teria que mudar. E teria que começar naquele momento.



Capítulo 42 - Aceite um conselho de mulher


David foi com Liz Johnson até a área da piscina, onde alguns jovens usavam a churrasqueira. No canto, havia um lugar cheio de árvores e redes, onde uns relaxavam. Em outro canto, uma área onde pouca gente dançando. No centro, uma piscina enorme com barraquinhas e espreguiçadeiras e um quiosque bem redondo e grande. O clima estava agradável e as pessoas não faziam tanto barulho.
Os dois eram bastante amigos, não de um jeito superficial. Ela tinha cabelos ruivos que iam até o queixo, uma pele bem clara com algumas sardinhas nas bochechas e no nariz. Seu corpo atlético e magro não condizia com seu tamanho – não tinha muita altura – e era da idade do amigo. Todos geralmente gostavam dela, porque ela era muito engraçada. O fato de serem somente amigos sempre deixava algumas dúvidas pelo caminho, mas ambos faziam questão de ignorar todos os comentários e dar o máximo para que aquela situação não ficasse nunca desconfortável para nenhum deles.
- Uh! – Liz gritou no ritmo da música. Ela lhe entregou um copo de cerveja enquanto entornava outro na boca. – Como foi a festa ontem?
- Foi ótima. Eu fiquei com .
- Ah. – Liz ficou surpresa. , a caloura? – Sério? Ah... Legal... Eu acho.
- O que?! É ótimo. Quando a vi no dia dos calouros, bem ao meu lado, e sozinha... Você não disse para eu aproveitar as meninas que estavam do meu lado o tempo inteiro?
- Não foi isso que eu quis dizer. – era difícil esconder a decepção. Quase impossível. Como David era tão tonto a ponto de não perceber o que ela queria dizer? – Mas e aí, vai rolar mais alguma coisa?
- Tem umas complicações. Ela tem um amigo e um ex-ficante que gostam dela e que ontem brigaram por causa dela.
- É mesmo? Você não acha que deveria dar um espaço para que se decida? Acho que ela precisa de um tempo para respirar depois do que aconteceu.
- Um tempo? Eu não tinha pensado nisso.
- Claro que não, você é um homem. Quando ela se mudará para cá?
- Depois de amanhã.
- Faça o seguinte: não fale com ela. Deixa que venha falar com você. Se não falar, quer dizer que não quer nada.
- Tem certeza?
- Claro que tenho. – Liz sorriu com sinceridade. – Por que eu mentiria para você, David?



Capítulo 43 - não será uma boa anfitriã


Na tarde de domingo, estava no quarto tentando fazer uma máscara facial com as próprias mãos. Seu cabelo molhado era o responsável por ela tremer de frio. O tempo tinha que esquentar logo.
Normalmente, aos domingos, as pessoas da April Hall aproveitavam para ir visitar as suas famílias ou para ficar o dia inteiro sem fazer nada ou de ressaca. Outras pessoas levavam bebidas para os quartos sem que a diretora da casa visse. Como os pais de estavam em Roma, ela decidiu que seu destino seria a April Hall, dessa forma ela poderia se preparar para a Semana de Iniciação. Era quando os calouros iam para a April Hall e começavam várias festas de inauguração e tudo o mais. Para os que não eram novatos, as aulas acabavam duas horas mais tarde, assim eles poderiam estudar o que teoricamente estariam estudando se não estivessem nas festas. Essa semana possuía aquele nome devido a todo o estereótipo do que uma fraternidade deveria ser, apesar da maioria considerar um nome meio besta.
não esbanjava animação para ir à Festa do Luar, mas foi mesmo assim. Pôde observar de perto com aquela garota bonitinha que conhecera no dia da apresentação. Como era mesmo o nome dela? . Apesar de tê-la incomodado um pouco, aquela não era uma das suas maiores preocupações no momento. Resolveu tentar deixar para lá.
A família de tinha muita importância no local. Os ancestrais dela ajudaram a fundar a cidade, e desde sua bisavó e bisavô até pais e tias e tios, todos eles moraram na April Hall. Desde os onze anos sabia que iria para lá. E não era segredo para ninguém ali que, em sua cabeça, aquele lugar pertencia a ela.
Seus momentos de sossego foram interrompidos por uma Angel desesperada, coisa que a fez suspirar de preguiça. Quando sua amiga se desesperava, ou não era nada demais ou alguma coisa realmente chocante acontecera. E ela não estava em condições psicológicas para lidar com um problema naquele momento.
- ! – a garota gritou batendo na porta. – Posso entrar? É importante!
- Entra. – disse com raiva na voz. Ela não podia ficar um segundo sozinha? – O que foi?
Angel entrou no quarto, fechando a porta atrás de si e se sentando ao lado de sua amiga na cama. Seus cachos balançavam freneticamente para todos dos lados, deixando-a mais irritada ainda e seu moletom obviamente não foi passado. Ela disparou a falar.
- Você se lembra daquela garota, ?
- Sei. O que tem?
- Ela estava aqui ontem de manhã.
- É mesmo? Pelo jeito ela mal pode esperar para se mudar pra cá, já que não sai mais daqui. Onde foi que a encontrou?
- Ela veio falar com , mas como ele não estava, ficou no quarto de . Foi lá que conversamos.
- O que? – se sentou rapidamente, fazendo os pedaços de pepino que estavam nos seus olhos voarem para longe. Ela olhou para os olhos pretos de Angel, procurando uma explicação.
- Vai se mudar para cá amanhã e praticamente me expulsou do quarto! Mesmo depois de eu dizer que meninas da idade dela não deveriam ficar no quarto dos meninos! Achei que você fosse querer saber que o seu está sendo fisgado. Precisava ver como ele olhava para ela.
- Mas... Mas ontem ele estava com ... E hoje com ... E já ficou amiga de todo mundo... – ela respirou fundo. – até que é inofensiva. A única coisa que ela quer é que gostem dela. Incluímos ela no meio de nós e ela fica feliz, mas quanto a ... Nós não vamos deixar que essas calouras tomem nosso lugar, Angel. A April Hall é minha e somente minha.
A garota pigarreou e a outra precisou consertar.
- Nossa. E somente nossa.



Capítulo 44 - Que bom que melhores amigas dividem tudo


colocou sua última camiseta na gaveta e sorriu. Pronto. Já estava na April Hall, o lugar onde passaria os próximos anos com seus amigos e outras pessoas, que provavelmente nunca iria nem saber o nome. E era tão legal! Ela olhou para o outro lado do quarto, onde uma cama ainda vazia se destacava perto de seu lado do quarto completamente ocupado. Quem seria sua colega de quarto? Tentou se convencer de que aquilo não importava muito no momento, mesmo que estivesse curiosíssima para saber quem seria. Correu e deu um pulo na cama de casal que escolheu, ao lado de janela. Finalmente estava saindo daquele colégio de mimadas! Faculdade, onde ela esperava ser todo mundo normal e não clones de . Mas ótimo, porque ela estava na April Hall! Sua amiga Amanda a ajudou a fazer as malas, mas infelizmente não pôde entrar para ver o quarto e a casa, porque não tinha sido convidada. Faltava muito pouco para o ensino médio acabar, e apesar de muitas pessoas ficarem tristes e quererem aproveitar ao máximo o final, ela só queria que acabasse logo. Não suportava algumas meninas do Elizabeth Médium High School. Sim, era desafiador o futuro que estaria pela frente, sua vida mudaria completamente. E não podia esperar.
Uma menina ruiva passou pelo corredor e deu uma olhada em seu quarto, fazendo-a encará-la e se perguntar por que a garota tinha tanto interesse no quarto dela. A menina então balançou a cabeça.
- Oh! – ela riu. – Desculpe! Eu não costumo ficar olhando o quarto de outras pessoas... – sua risada sem graça fez sorrir também, meio confusa. – Desculpa. É que fiquei curiosa para ver os calouros. Bom, bem vinda! Meu nome é Liz.
- Sou . – ela sorriu. Aquela garota não parecia ruim. Seus olhos claros transpiravam confiança, como se qualquer segredo estivesse a salvo ali, como se entendesse todos os seus problemas.
- Onde está sua colega de quarto?
- Não sei quem é ainda.
- Sério? Eu pude escolher com quem quis ficar. Você conhece algum dos outros calouros?
- Conheço, mas não tenho muita amizade com nenhum deles. Quer dizer, só o meu namorado.
- Quem é seu namorado?
- .
- ? – Liz sorriu. – O da natação?
- Hã... É. Você conhece o ?
- Claro que sim. Todo mundo conhece seu namorado.
- E você, tem namorado? – não queria ser rude, era só que às vezes se gabar a respeito de seu namorado podia ser legal, porém não quando tentava ficar amiga de alguém. Não queria que sua amizades fossem baseadas em quem achava lindo. Algumas meninas da escola se aproximavam dela por causa dele e aquilo a tirava do sério.
- Não... – pelo sorriso de Liz, notou que ela estava gostando de alguém. – Mas se eu fosse o seu namorado, ficava esperto, porque tem vários garotos lindos por aqui.
Uma de suas sobrancelhas se ergueu.
- Mais bonitos que o ?
- Uau. – Liz se apoiou na porta. – Há quanto tempo estão juntos?
- Uns cinco anos.
Liz arregalou os olhos. Nossa. Ok.
- Você não quer vir almoçar?
- Quero, claro.
Liz guiou até a cozinha, onde elas comeram e conheceram mais pessoas. começou a pensar que Liz poderia ser uma ótima amiga, ela era simples, mas muito divertida.
lhe informou que só chegaria às três horas, porque teria que acompanhar sua mãe em uma consulta médica. Ela ficou meio preocupada e o perguntou se não gostaria de companhia. A resposta foi não. Entendia que o garoto considerava a mãe prioridade dele, e que ele era quem sempre queria acompanhá-la nessas coisas, mas precisava deixar outras pessoas ajudarem também. não entendia que sozinho poderia não dar conta de todo o recado. A responsabilidade que estava assumindo não era sua, e mesmo tentando falar isso para ele, não funcionava, pois conseguia ser orgulhoso demais.
Ela disse para Liz que iria para o quarto ligar para a mãe e dizer que tinha dado tudo certo com o quarto e com a mudança. Quando chegou ao seu dormitório, viu uma garota de costas, remexendo em sua mala rosa. A garota usava botas de montaria marrons por cima de uma calça jeans desbotada e uma blusa de frio de renda branca. Não soube identificá-la antes de reparar em seus cabelos ondulados, que a denunciaram. Engoliu em seco e exclamou:
- Você é minha colega de quarto?!
virou-se para trás rapidamente. Ah, não. Quando viu , se assustou. Não era possível que seria sua colega de quarto. Já não era o bastante suas mães serem amigas e elas morarem no mesmo prédio? Será que nunca ficaria livre da sombra daquela família? Aquilo não era bom. Não era nada bom. Não podia ficar no quarto de , seria horrível. As duas não tinham uma conversa maior que cinco minutos desde os dezesseis anos. sentou-se na cama, tentando forçar um sorriso. Por que ela não ficou no mesmo quarto que ?
- Com... Com licença. – disse indo para o banheiro, pegando o celular e discando tão rápido que seus dedos até doeram. – Mãe.
- Oi, filha! Está tudo bem por aí?
- Está.
- Já fez alguma amiga?
- Fiz.
- Tem caras bonitinhos aí? Você que se cuide, hein? O quarto de é perto do seu? Porque se não for, você vai poder flertar com outros garotos a vontade e...
Qual era o problema daquela mulher? A garota tratou de cortá-la o mais rápido que conseguiu.
- Mãe.
- O que foi? Você gostou da surpresinha que eu fiz pra você?
- Que surpresinha?
- Bom, como temos uma relação ótima de mãe e filha... E você vai começar uma fase nova na sua vida... Eu conversei com algumas pessoas e consegui colocar você e no mesmo quarto, já que são tão amigas!
arregalou os olhos. Ok, agora sim ela tinha um problema.



Capítulo 45 - Um mau começo


queria que sua mãe participasse um pouquinho mais de toda aquela mudança, mas pelo jeito ela era ocupada demais para isso, pois precisou lidar com todos os comentários negativos da Festa do Luar de sexta para poder continuar a organizá-la todo ano. Gostaria de companhia maternal para arrumar as malas, e ser levada até a April Hall – onde passaria os próximos anos de sua vida –, só que sua mãe nunca tinha tempo para ela. Nunca. Mesmo depois de mil pedidos de desculpas, a ignorou e saiu da sua casa sozinha. Dispensou o motorista que lhe foi arranjado para levá-la até a grande casa e foi sozinha em seu carro.
No dia anterior, conversara por horas com até chegar. Os dois se tornaram amigos e ele lhe garantiu que se precisasse de ajuda pegando as malas quando chegasse, poderia ligar para ele. Quando chegou, eles conversaram durante mais ou menos uma hora até que foi embora. Ambos eram muito divertidos, e ela se sentiu bem quando estava perto dos dois. Um homem, de uns cinquenta anos de idade, a ajudou a levar suas malas para o quarto, deixando que concluísse que deveria ser o zelador da casa.
estava tão animada! April Hall, finalmente! Passou por vários cômodos, sendo guiada por Sofia. Ao chegar ao seu quarto, o homem deixou suas malas na cama de casal que não estava ocupada e saiu andando.
- Vou deixá-la à vontade para que possa se acomodar em seu quarto. – Sofia lhe deu um sorriso agradável. – Acho que vai gostar dele.
- Minha colega de quarto já chegou. Pode me dizer quem é?
- , me desculpe, eu não sei. Não sou eu que divido os quartos. Se você quiser, eu procuro saber e te respondo daqui a pouco.
- Não precisa. Eu vou vê-la mais cedo ou mais tarde, não é?
- Isso mesmo. Deixe ser uma surpresa. Bom, se não precisa mais de mim...
- Obrigada.
- De nada, querida.
Ela a observou saindo do quarto e imaginou como seria se as duas fossem amigas. Ela não conseguia entender. teve uma facilidade muito maior que a dela para fazer amigos ali. Todo mundo gostava de !
Enquanto desfazia suas malas, prestou atenção no outro canto do quarto, que já tinha sido decorado. A cama de casal do lado da janela era a da sua colega de quarto. Ela colocou um edredom cheio de coraçõezinhos amarelos e laranjas sobre a cama e um coração de pelúcia escrito BFF. Quantos anos essa garota tinha, doze? Na cômoda, um monte de livros didáticos e um exemplar de Alice no País das Maravilhas. Por que alguém traria um livro de Literatura para a April Hall? Não fazia sentido. começou a temer que sua colega de quarto fosse uma otária. Já concluiu que não era , porque se fosse, ela mandaria uma mensagem no momento em que descobrisse. Teve um mau pressentimento. Talvez seja uma outra caloura, não precisava ser da escola dela. Poderia ser uma universitária que eles decidiram chamar por causa de sua súbita popularidade na faculdade. Pensando bem, para alguém que trouxera uma cópia de Alice no País das Maravilhas para a April Hall, se fosse uma universitária faria sentido.
Quando finalmente acabou de arrumar suas camisas, ela passou para as calças. Seu armário era organizado muito bem. Roupas da estação passada, roupas que ela poderia usar no exato momento, roupas para ir para a escola, roupas que ela poderia usar em um encontro, ordem de cores, calças com calças, meias separadas das calcinhas... Provavelmente aquele armário seria pequeno demais para tudo.
- Não achei, vou tomar banho e continuar procurando. Tchau. – escutou uma voz conhecida e estremeceu.
Quando se virou para trás, lá estava . Ela vestia uma blusa de gola alta rosa clara e uma calça jeans rasgada em todos os lugares que os olhos de conseguiam alcançar. Seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo no alto da cabeça e seus olhos azuis se arregalaram. Não, não, não. Ela a analisou de baixo para cima, tentando entender a situação. A calça justa marrom e a blusa branca de botões estava começando a lhe sufocar, apesar do frio. Só podia ser brincadeira.
- Não pode ser! – gritou. – Você não pode ser minha colega de quarto.
ainda parecia estar processando a situação e quando finalmente se tocou do que acontecia, endireitou os ombros e estreitou as sobrancelhas, tentando manter a calma.
- Eu não quero você como minha colega de quarto.
- Não vou conseguir te aguentar. – colocou as duas mãos na cabeça de um jeito dramático. – Isso é uma brincadeira, certo? Você só está tentando me passar um susto, não é?
- Por que eu tentaria te passar um susto?
- Não sei. Porque você me odeia.
- O mundo não gira ao seu redor, . Eu juro que se soubesse que você seria minha colega de quarto, não teria nem vindo para a April Hall.
- Pois eu digo o mesmo. Não posso ficar no mesmo quarto que você. Como eu vou te aguentar trazendo cada dia um cara diferente para a cama, como sempre faz? Como vou suportar dois amigos se batendo aqui todos os dias por que você não consegue decidir com qual dos dois quer ficar?
ficou boquiaberta.
- Você não disse isso. – ela continuou tentando manter a calma. – Como vou aguentar uma garota mimada e idiota tentando decidir o dilema de sua vida: Usar um vestido verde ou azul?
- Você não me conhece! Tenho coisas muito mais importantes que isso para lidar e com barulhos que sairão de sua cama eu não vou conseguir.
- E até parece que você me conhece. – fez uma careta, ignorando o último comentário de . – Que coisas importantes? Como você vai manipular as próximas três pessoas que surgirem na sua frente?
- , você é uma piranha que só pensa em si mesma. Comece a se preocupar com qual homem você vai ficar em vez de tentar descobrir o que eu faço da minha vida.
- Pelo menos eu tenho opções das quais preciso decidir.
- Eu te garanto que tenho mais pretendentes do que você. Só que eu digo de uma vez que não estou interessada em vez de fazer os pobres coitados brigarem por mim sem eu nem mesmo gostar de nenhum dos dois.
O que era verdade. realmente tinha mais pretendentes que , mas ela só usou como ataque porque todo mundo sabia o ponto fraco de : .
- Vai se... Olha aqui, eu vou agora mesmo até aquela mulher que cuida dos dormitórios para trocar de quarto e sair de perto de você. Não vou conseguir passar uma noite nesse quarto.
- Já deveria ter ido.
saiu marchando e a outra suspirou. Ela não podia começar tão mal assim. Era de extrema importância que a garota conseguisse convencer a mulher a trocá-las de quarto.



Capítulo 46 - O que os olhos não veem o coração não sente


caminhou pelo andar de seu quarto. Ele chegou a April Hall mais ou menos três horas da tarde, assim como tinha dito para . No sábado, depois de conversar com sua mãe, foi para a casa de seu amigo Paul. Havia outros caras ali também, e eles se ocuparam no resto da tarde aproveitando para apostar um pouco no pôquer. Só se lembrou de que deveria ir ver a namorada quando estava cansado demais para fazer algo que não fosse ir para casa.
Estava indo encontrar com ela naquele momento. Seria a primeira vez que eles se veriam depois que... Do ocorrido. O nervosismo insistia em visitá-lo de um em um minuto, fazendo o garoto recear que, depois daquilo, as coisas ficassem diferentes entre os dois. Mas era bobagem, não era? Eles já dormiram juntos antes e tudo ficara bem. Por Deus, eram namorados desde sempre. Isso o deixou parecendo um bobo a seus olhos.
Uma porta do corredor aberta lhe convidou a dar uma olhada para ver se era o quarto dela. Em vez disso, achou sentada na cama com a cabeça apoiada nas mãos. Ela chorava? chegou mais perto e se encostou à porta.
- ? – chamou e se sentou em sua cama. – Você está bem?
Ela levantou a cabeça lentamente, e quando o viu se sobressaltou. O que fazia no em seu quarto? De onde ele surgiu? E estava tão lindo...
- ! – a garota forçou um sorriso e lhe deu um abraço rápido. – Nossa, você me assustou.
- Quem me assustou foi você. Está tudo bem?
- Sim. Por que não estaria?
- Eu estava passando e você parecia estar chorando. O que aconteceu?
- Ah, isso. Minha colega de quarto, . Ela me odeia. Na minha casa, meu pai trabalha muito, mas ainda assim temos muito contato. Minha mãe é diferente. Parece que ela se recusa a ficar comigo, e eu não tenho uma relação com minha mãe a muito tempo. Eu só queria vir para cá e ficar com uma colega de quarto que realmente fosse minha amiga, que seria uma pessoa que eu pudesse confiar.
não acreditou que aquelas palavras saíram de sua boca. Nem sabia que era por aquele motivo que queria ficar com uma colega de quarto legal. Só sentia muita falta da sua mãe, e se assustou por estar se abrindo com alguma pessoa, mas ficou feliz por ter sido com ele.
- E por que você não pede uma transferência de quarto? Pode ficar com .
- , sem querer ofender, mas isso seria pior ainda. Você sabe que sua namorada não gosta de mim por sua causa. Sabe disso.
- Certo, mas por que não gosta de você?
- Nunca fomos muito amigas. Ela acha que sou uma mimada idiota e eu acho que ela é meio piranha. Poderia ficar no mesmo quarto que , mas até agora não voltou com a resposta.
- Não se preocupe. Vai dar tudo certo. – colocou a mão no ombro dela. Escutá-la contar aquilo sobre sua mãe o deixou com pena, considerando que mesmo com os problemas dela, sua relação com a sua mãe era boa. Pelo que já tinha lhe contado há mais tempo, a mulher não era exatamente a melhor mãe do mundo, e entendeu como aquilo era importante. – Se não der certo, você pode...
Ele hesitou. O coração dela começou a bater mais rápido, na expectativa de ouvir o que queria mais do que tudo ouvir. Ia mesmo sugerir o que ela estava pensando?
- Eu posso o que, ? Não há nada para se fazer.
- Se não der certo, você pode levar seu colchão para o meu quarto e dormir lá. Quando te ver, acho que meu colega de quarto, David, não se importará nem um pouco.
- Sério?
- Claro. Eu sei como isso é importante pra você.
- Nossa, obrigada! , você é demais! – deu um beijo na bochecha dele, que sorriu. Ok, não iria gostar nada daquilo. Contanto que não descobrisse.
- Tudo bem, mas sério, fique bem. Eu tenho que ir.
- Vou ficar. Obrigada.
saiu do quarto repensando em sua atitude. Ia ficar tudo bem, era só relaxar. Ele encontrou Sofia no corredor e a reconheceu.
- Olá, Sofia. – cantarolou. – Será que pode me dizer qual é o quarto de ?
- Quarto 413, . – ela sorriu. – Gostou do seu quarto?
- Eu gostei, meu colega de quarto é legal. E esse lugar é bem legal também.
- Que bom que está gostando. Então, vai rolar uma festa hoje à noite aqui mesmo. É para dar boas vindas a vocês. Nada demais, só uma noite com pizza, você sabe.
- Sério? Isso é ótimo. Vou ficar bonitão então hoje à noite.
Sofia riu. Não era preciso muito esforço para que isso acontecesse.
- Bom mesmo.
- Valeu, Sofia. Até mais.
- Tudo bem. Te vejo na festa.
O garoto saiu procurando o quarto 413 e quando finalmente achou, bateu na porta. a abriu sem expressão nenhuma no rosto, que foi tomado por um sorriso ao vê-lo do outro lado.
- Oi! – disse animada e lhe deu um beijo rápido na bochecha. – Como foi hoje com a sua mãe?
- A mesma coisa de sempre. Minha mãe não me deixou entrar na clínica. Quando é que ela vai me contar o que está acontecendo?
entrou no quarto de e se sentou na cama dela, reconhecendo seu edredom azul escuro com estampa de zebra. não estava mais lá. Na verdade, quando saiu do banheiro, ela já tinha dado o fora. Provavelmente foi pedir transferência de quarto, nada a impediria. A mala que ela desfazia ocupava toda a sua cama, junto com as roupas. Um sutiã rosa saía de um canto, mas não arrumaria tão cedo.
- Ela só não quer que você se envolva muito.
- Mas eu preciso me envolver! Já estou envolvido. Sou eu quem ajuda ela todo dia, largo tudo só para cuidar dela, se for preciso. É injusto eu não saber o que estava acontecendo. O problema é que algo já parece ter acontecido e acho que isso pode ser a recuperação, não sei... É muito injusto.
- Essa responsabilidade não é sua.
- Mas posso pelo menos saber!
ficou calada. Ele estava certo e ela não queria pensar naquilo. Só queria aproveitar a presença do namorado até a festa.



Capítulo 47 - Encare as consequências


se remexia na cadeira da diretoria de sua escola. A reunião foi marcada para as cinco horas da tarde. Faltavam quinze minutos.
Quando foi embora de sua casa, ele preparou um almoço para os três. Jonny fez um interrogatório, mas ele disse que não queria falar sobre aquilo. Hanna ficara preocupada, perguntando se a amiga estava bem, mas lhe garantiu que estava. Pelo menos ele esperava. O que a garota tinha feito foi injusto. Ela não podia mandá-lo simplesmente cortar aquilo de sua memória. E se o irmão não interrompesse os dois? Eles já fizeram aquilo antes, por que dessa vez deu tão errado? Será que estava mesmo gostando de outra pessoa?
Passou à tarde de sábado inteira descansando, e não era somente o corpo que doía. A cabeça doía, tudo doía. Tentou ligar para milhares de vezes, pois precisavam muito conversar. Ela rejeitara todas as ligações dele, e seu único consolo era que uma hora teriam que conversar, não poderia passar o resto da vida sem falar com ele.
Quando seus pais chegaram em casa, os irmãos combinaram de não contar nada sobre a briga. Nem a briga de Jonny, nem a de . Eles provavelmente iriam descobrir, mas não precisava ser naquele momento, quando estavam tão felizes por causa do aniversário.
No domingo, passou o dia descansando, arrumando suas malas e depois saiu com o garoto para um shopping perto dali. Eles jogaram boliche e foram a uma boate mais tarde. Jonny tentou convencê-lo a ficar com alguma menina, mas estava com a cabeça cheia demais.
Na aula, não viu – provavelmente ela faltou por causa da April Hall – e também não viu . Sabia que não matara aula porque Julia disse que ela tinha ido e que estava fugindo dele. Aquilo o fez ficar muito triste. A garota precisava ter maturidade o suficiente para encará-lo e conversar. Pensando bem, quem era ele para falar de maturidade, depois do que aconteceu na Festa do Luar? Não era um exemplo de nada, fez o impensável, tudo em um período de quarenta e oito horas: brigou com , se desentendeu com e se desentendeu com . Boa, .
Jonny estava ao seu lado. Os dois combinaram que contariam somente a verdade, mesmo com o irmão mais novo insistindo em levar toda a culpa por ele, que precisava ficar com o histórico escolar exemplar para entrar na faculdade. Uma briga era a última coisa de que precisava no momento. Matthew se sentou ao lado de Jonny, e apesar da tensão, os dois conversavam também. Ficou feliz quando o irmão lhe contou que os dois já fizeram as pazes. Queria que ele e fizessem as pazes rápido assim. Matthew concordara em contar a verdade também. E eles também não podiam mentir. Havia testemunhas no local.
Lembrou-se de avisar aos dois que os ajudaria se as coisas começassem a se complicar. Pensando bem, não tinha mais tanta certeza se poderia contar com ela. Ah, qual é. Foi a própria quem afirmou estar tudo bem e que os dois iriam esquecer aquilo. Ela já devia ter esquecido. Ele iria fazer o mesmo.

, ainda vai me dar cobertura naquele assunto do Jonny? –

Depois de alguns segundos, ela respondeu:

Claro que vou. Por que não daria? –

respirou fundo. Viu só? – pensou. – Está tudo no passado. Ele ficou aflito quando a secretária da diretora, a Srta. Melo, uma mulher de trinta anos de idade, que parecia não ter vida social e viver com gatos, lhe ligou para avisar que a reunião com o diretor seria às cinco horas. Contou a ela que teria que se mudar para a April Hall naquela tarde, mas a diretora dissera que precisavam resolver aquilo com urgência.
E quando Sofia falou que a festa seria a noite, começou a ficar ainda mais aflito, pensando que não teria tempo para desfazer as malas. Estava se mudando para um lugar onde passaria os próximos cinco anos. Queria que fosse com calma, e não correndo. Queria que fosse despreocupado, com ao seu lado. Mas pelo jeito, nada do que queria aconteceria.
As pessoas na escola o encaravam mais que o normal, provavelmente pensando que ele era um idiota. só queria que nada daquilo tivesse acontecido. Também não quis faltar à reunião com a diretora, porque aquela seria uma desculpa para conversar com . Se ele não quisesse conversar mesmo depois de suas tentativas, então precisaria entender. gostava da “namorada” dele esse tempo todo. Isso era meio traição.
entrou na sala quando faltavam menos de um minuto para as cinco. Nunca era tão adiantado assim. Seus sapatos estavam sujos de neve e seu cabelo um pouco molhado. Ele cumprimentou Jonny e Matthew com um aceno de cabeça, mas seus olhos nem passaram perto do outro. Um homem careca, que parecia ter uns quarenta anos, saiu da sala da diretora e assim que foi embora, a Sra. Rodrigues olhou para os quatro com as sobrancelhas erguidas.
- Vamos lá, meninos.
Os quatro entraram na sala da diretora, que era um grande retângulo com uma mesa de madeira grande, de uns quatro metros. No canto, havia uma escrivaninha e no outro canto algumas estantes cheias de livros. Perto delas, tinham três sofás: dois grandes e um pequeno. O lugar tinha um piso de madeira e paredes pintadas de laranja, a cor da escola. E cheirava fortemente à madeira, fazendo espirrar. pigarreou. Sempre que entrava naquela sala, ficava indignado. Como aquilo podia ser uma sala de uma diretora? Parecia mais uma mini- escola. Conhecia bem aquele lugar; esteve lá quase mais vezes do que a própria Sra. Rodrigues.
- Podem se sentar, cada dois em um sofá. – ela disse sentando-se sozinha em um. Quando todos estavam acomodados, olhou para eles, como que os analisando. Todos ali se encontravam impacientes. – Vocês podem me contar o que aconteceu naquele dia.
- Jonny estava no Joke’s. – e falaram ao mesmo tempo. o olhou pela primeira vez no dia, como que dizendo: me deixe falar. O outro o obedeceu e encostou-se ao sofá de veludo vermelho. – Ele estava matando aula e...
- Pode deixar que eu falo, . – Matthew disse. – Algumas pessoas do primeiro ano foram matar aula lá.
Jonny continuou:
- Uma garota, que nós decidimos deixá-la fora disso, veio falar comigo que ela tinha... Que ela tinha ficado com o Matthew. E ela era a minha namorada. Acontece que eu fiquei muito irado e fui falar com ele, que disse que minha garota não comentou nada sobre ter um namorado no dia que eles ficaram. Então eu o xinguei e ele começou a me bater. Depois, nos colocaram para fora.
- E eu comecei a xingar Jonny. E me bateu. E depois eles foram embora.
- Garotos. – a Sra. Rodrigues disse com calma. – Não é minha responsabilidade o que vocês fazem fora da escola, o problema é que vocês estavam matando aula. Não vou castigá-los por causa da briga. Vou castigá-los porque saíram da escola sem permissão no horário de aula. Não se preocupem com a faculdade, e , porque vocês brigaram na rua e ninguém precisa saber disso. Não tem nada a ver com a escola. Por isso, vocês vão pegar detenção todo dia depois da aula, durante duas semanas.
Eles suspiraram. Que ótimo.
- Eu só quero dizer uma coisa. Vocês não devem se rebaixar tanto a ponto de brigar. Uma conversa é sempre melhor, ouçam o que eu digo. Porque depois da briga, vão ter que conversar uns com os outros para tudo ficar bem de novo, a conversa ainda vai ser necessária. O que estou tentando dizer é que vocês não precisam brigar.
- Você vai falar com nossos pais? – Jonny perguntou, só querendo ir embora dali logo.
- Acho que vocês já são grandinhos o suficiente para falarem com eles e assumir o erro. Porém, tenham certeza que na troca de horários as saídas da escola serão monitoradas. Por favor, estamos no final do ano, meninos. Se comportem. Dessa vez ficará desse jeito, mas da próxima – e eu espero que não tenha próxima – terei que tomar atitudes mais sérias.
Os meninos concordaram com a cabeça, aliviados do fundo do coração.
- Jonny e Matthew, vocês estão dispensados. e , vocês ficam.
engoliu em seco. Só podia ser brincadeira.
- Bom, agora que os dois saíram, eu queria ter uma conversa muito séria. Como educadora, seria bom que ficassem sabendo de algumas coisas. Soube da briga dos dois na Festa do Luar e me preocupei. Apesar de não ter nada a ver com a escola, se meteram em duas brigas em uma mesma semana! Se não pararem de criar tantas confusões, as faculdades saberão, e não vão querer duas pessoas que não tem autocontrole! Sei que são bons meninos, mas tem gente que não sabe. E a impressão que deixaram não foi das melhores. Ainda tem a April Hall, seria ruim se eles ficassem sabendo que vocês dois entraram em brigas, porque elas não vão querer pessoas sem autocontrole na casa! Entenderam o que eu quero dizer?
Os dois assentiram com a cabeça.
- Eu sei que precisam se mudar, então já vou liberá-los. Mas o recado era esse, mantenham-se na linha.
- Obrigado, Sra. Rodrigues. – disse e acenou com a cabeça.
- Sem café dessa vez?
- De nada. – ela ignorou o outro. – Podem ir.
Na porta da escola, ele se aproximou do amigo e o observou bem. Seu olho não estava mais roxo, mas sua boca ainda estava com um pequeno corte, perto dos lábios. Eles já estavam com aparências bem melhores. não tinha hematomas no rosto, só um no pulso.
- Ainda bem que deu tudo certo, não é? – disse feliz. Precisava pedir desculpas, e seria naquele momento.
- É. – respondeu seco e virou-se em direção ao carro, deixando parado no meio-fio.
Ele prometeu para si mesmo que iria mudar, mas seu melhor amigo dormiu com . Isso ele demoraria mais tempo para esquecer.



Capítulo 48 - Amigas se sacrificam por amigas


A confusão invadiu os pensamentos de . A felicidade a dominava por completo todas as vezes em que se lembrava que estava se mudando para a April Hall, mas ela diminuiu bastante quando descobriu quem seria sua colega de quarto. Ela e não conversavam mais como antes. A única coisa que a garota se preocupava atualmente era com e as amigas dela. E faculdade, sempre a faculdade. tinha mais objetivos, mais interesses.
Além disso, não queria ter que contar para cada detalhe das visitas do menino ao seu quarto para ver a namorada. Seria horrível se não conseguisse achar a diretora e pedir à ela para trocar de quarto. Precisava sair dali o quanto antes.
-Oi, . Não sabia que você já tinha chegado.
Seu estômago se agitou um pouco quando se deparou com parado à sua porta. Ele a encarava de um jeito engraçado e ela rapidamente deu uma arrumada no cabelo, desejando tê-los penteado antes de ir para lá e temendo estar desarrumada. Tomara que não, pensou.
-! Olá! – Ela levantou da cama e foi para perto dele. –Eu cheguei faz pouco tempo e estou pensando em procurar alguém que possa me ajudar a mudar de quarto.
-Por quê? Não gostou do seu quarto?
-Na verdade não, porque eu e minha colega de quarto não somos mais amigas. ?
-Ah. Sei quem é. –ele pensou em e engoliu em seco. Aquilo não podia acabar bem. –Você pode procurar a Helena, acho que o quarto dela é ali no final do corredor. Ela é responsável pela organização dos dormitórios.
-Ela pode me ajudar?
-Pode. – o garoto colocou as mãos nos bolsos e concordou com a cabeça, analisando-a e tentando captar algum sinal de que ela estivesse miseravelmente decepcionada. Era uma grande mudança a que estava fazendo, e precisar lidar com algo assim devia ser estressante. Por sorte, quando entrou naquela fraternidade não teve problema nenhum. Resolveu tentar confortá-la. –Depois me procure e me diga se deu certo. Quarto 307.
-Tudo bem. – gaguejou. Acabou de ser convidada para ir ao quarto do garoto ou era impressão sua? sorriu e se afastou, enquanto ela sorria abobada.
procurava por desesperadamente, como um pitbull procura por um pedaço de carne no meio do quintal. Precisava encontrá-la antes que fosse tarde demais. Na verdade, ela precisava encontrar e impedi-la de solicitar a troca de quartos. Quando viu o quarto da monitora, a loira finalmente a avistou.
-! Espera! –gritou, correndo na direção dela.
-O que foi? –ela perguntou assustada, suas bochechas corando com o susto, e seus olhos escuros agitados, olhando na direção de uma garota que parou para ver o que acontecia. –O que aconteceu?
-O que você está fazendo?
sorriu, orgulhosa com sua ideia.
-Vou pedir transferência de quarto, aí poderemos ficar juntas.
-Não! Quer dizer, eu adoraria ficar no mesmo quarto que você, mas hoje foi ao meu quarto e depois que contei o que aconteceu, o fato de eu não suportar a , ele ofereceu um pedaço do seu quarto. Disse que eu poderia levar meu colchão. Isso não é maravilhoso?
Quer dizer que as duas não ficariam no mesmo quarto? Aquele sinal de decepção que temeu finalmente se manifestou no rosto dela. estaria disposta a aguentar só para poder ir ao quarto de vez em quando? não iria gostar nada daquilo.
-É. – concordou. –É maravilhoso.
-Mas eu preciso que você me ajude. foi procurar a monitora também. Precisamos falar uma desculpa, inventar alguma coisa.
concordou com a cabeça e ligou para . Tinha ficado amiga de Sara hall, que era prima de e que deu o telefone dela pra . Chamou umas três vezes até atender.
-? Aqui é .
- ? – a voz dela soou estranha, como se estivesse embaixo da água. Receou estar incomodando a garota, porém, sabia que aquilo precisava ser feito. Os olhos da amiga ao seu lado pareciam maiores quando cheios de expectativa. –Ah.
-Estou ligando para saber se você já falou com a monitora.
-Não consigo encontrá-la.
-Pois eu encontrei. Tenho más notícias. Ela não concordou com a troca de quartos.
-Não? Por quê?
-Ela disse para você esperar um pouco. Que devemos aprender a conviver com pessoas novas.
-Mas eu já convivi muito com a . E isso nunca deu certo.
-Sinto muito.
desligou o telefone e deu um sorriso forçado para , que sorria abertamente. Não queria fiar no quarto de e o que estava fazendo era um sacrifício. Acontece que faria qualquer coisa por .
-Obrigada! –os braços magros da loira envolveram seus ombros, possibilitando-a de sentir o cheiro de seu perfume característico. –Você vai ficar bem com ?
-Vou, eu acho. Nós realmente já fomos mais amigas. Mas não somos mais, e ficar no mesmo quarto que ela vai ser constrangedor. Por isso eu vim procurar Mercedes. A monitora.
-O me falou dela. –ela sorriu impressionada. –Uau. Muito obrigada por fazer isso por mim. É muito legal da sua parte.
estava realmente impressionada. iria aguentar só para ela poder ter mais tempo sozinha com .
-Tudo bem. É para isso que servem as amigas.




Capítulo 49 - Não confie em ninguém


e Angel andaram pelo corredor como duas vitoriosas, que sabem que no fundo são as melhores no que fazem e que não há competição. Elas conversaram sobre o assunto e decidiram fazer o de sempre: Exatamente o que dissesse. Quando bateram na porta do quarto do garota, foi a própria que atendeu. Ao ver e a garota que ficou se esfregando em , seus olhos se arregalaram levemente em surpresa, e sua expressão se fragilizou um pouco, mas foi imperceptível aos olhos das garotas.
-! – forçou um sorriso grande demais para ser verdade. –Olá.
-Oi. E aí? –ela queria bater a porta na cara das duas. Seu humor estava menos estável que o normal e ela ainda precisava arrumar aquela bagunça que estava ali.
Provavelmente a morena percebeu o desconforto da garota à sua frente, pois foi rápida ao abrir a boca mais uma vez antes que fosse deixada sozinha com a amiga no corredor.
-Você deve conhecer minha amiga, Angel Kudrow. Então... Podemos entrar?
-Na verdade, eu ainda não terminei de arrumar o quarto.
-Ótimo.
As duas ignoraram completamente o que disse e entraram no quarto praticamente atropelando, quase atropelando a garota, que começou a ficar aflita como sempre ficava quando não estava no controle da situação. Ela sempre estava no controle. Sempre. Sempre. Por isso, falou:
-Até onde eu sei não fui muito bem recebida por você. – cruzou os braços. As meninas se entreolharam por alguns segundos, sem resposta. –Será que é mesmo uma boa ideia eu deixar alguém assim entrar no meu quarto?
-Eu acho que começamos errado. –ela fez um biquinho e algumas mechas de cabelo caíram do lado do rosto. –Por que não começou de novo? – sorriu depois de um tempo.
-É, . –Angel apoiou. –Eu também acho.
Ela pensou um pouco. estava pedindo trégua. Sabia da influência da garota, e tinha consciência de que sua vida seria mais fácil se simplesmente aceitasse. Não estava disposta a encará-las como um problema, poderia usá-las como uma solução. Como uma ponte para conhecer pessoas novas e ser reconhecida. Não era uma ideia tão ruim. E elas até podiam ajudá-la a acabar com .
-Certo. –concordou. –Trégua parece ótimo.
-Oba! – deu pulinhos. –Que bom ouvir isso. Vejo você na festa?
-Festa? – a voz dela saiu até um pouco mais alta, como quando um cachorrinho flagra o dono comendo alguma coisa. –Que festa?
-Não está sabendo? –Angel enrolou uma mecha de seu cabelo encaracolado em seu dedo indicador. Ela fez uma bola no seu chiclete azul escuro, estourando-a com um barulho irritante. –Daqui a pouco, a festa dos calouros. Não se atrase.
-É sempre bom um pouco de atraso.
sorriu.
-A gente se vê na festa.
concordou e as duas saíram do quarto sorrindo uma para a outra. Enquanto isso subiu o último degrau daquele lance de escadas e caminhou o corredor até o quarto de , mas antes que pudesse fazer algo, se enfiou na frente dele.
-O que está fazendo?
-Vou falar com... –ele parou o que estava falando para suspirar e encarar a ex-namorada, sua paciência se esvaindo com mais rapidez que desejava. –Posso passar?
-Você não pode.
-Não? E por que não?
-Porque... Porque ela está trocando de roupa. Se arrumando para a festa dos calouros.
-Ah. –ele estreitou os olhos verdes, olhando desconfiado para ela. A pequena ruga que se formou no meio de suas sobrancelhas demonstrava que não sabia ao certo se o que ouviu era verdade ou não. Decidiu não perder tempo com isso. –Tudo bem, depois eu falo com ela.
-Não quer deixar o recado comigo?
-Por que, virou minha secretária agora?
Angel segurou o riso, sem conseguir esconder que estava amando aquilo.
-Não precisa me tratar desse jeito. Eu me importo tanto com você...
-Desculpa, . Mas eu não gosto de interrogatórios. Sabe disso. Vá direto ao assunto.
-Um futuro advogado não gosta de interrogatórios? –ela riu. a olhou com censura, fazendo com que a menina bufasse. – Certo. Hoje às nove horas. No meu quarto, precisamos conversar.
-Acho melhor não.
-Mas...
-Eu preciso resolver umas coisas. Desculpe.
se distanciou rápido, praticamente saiu correndo. Ela bufou de raiva mais uma vez.
-Que droga.
-Não fique triste. –Angel colocou a mão de forma protetora sobre o ombro da amiga. –Ele vai aceitar falar com você.
-Você acha?
-Claro que sim.
Um sorriso brotou no rosto de Angel tão facilmente e de forma tão natural que por um momento ela se sentiu mal, sensação que foi embora tão rápido quanto .
*



Capítulo 50 - Às vezes é bom experimentar coisas novas


fechou a porta do seu armário. Ela precisou passar em casa para pegar mais algumas roupas, e deixou na April Hall. Poia ouvir sua mãe no andar de baixo sentada à mesa da sala de jantar, lendo em voz alta. Haviam várias folhas de papel espalhadas pela mesa, e a Sra. usava óculos, tinha os cabelos loiros presos em um coque no alto da cabeça. Parecia cansada.
-Mãe, estou voltando para a April Hall. – falou abrindo a porta da sala para sair, uma brisa vindo do corredor e batendo no rosto claro da garota.
-Não tão rápido. Feche a porta.
O olhar ameaçador da mulher fez com que a filha obedecesse de prontidão. Fechou a porta e foi até perto da mãe, preocupada, enquanto ela levantou os olhos lentamente dos papeis e olhou seriamente para a menina.
-Temos que conversar sobre algumas coisas. –bateu na cadeira ao lado dela, como que convidando para se sentar ao seu lado. Ela se sentou. –Agora você vai morar com adolescentes, e tem algumas coisas que você precisa entender. Os garotos...
-Mãe. – girou os olhos, sentindo um pouco de alívio. Era disso que se tratava? Sua mãe sabia como exagerar como ninguém, e mesmo assim isso a fez ficar aflita. Ela sabia que a mulher não ia deixar barato quando viu ela com no andar de cima. –Eu tenho dezoito anos. Sei o que estou fazendo.
-Pois não parece. Está na hora de termos uma conversa sobre o que se deve fazer e o que não se deve fazer.
-Mãe, por favor, para. Eu te garanto, eu te juro que isso não é necessário.
-Mas...
O interfone do apartamento tocou alto, interrompendo o que poderia ser um discurso. A Sra. bufou e foi atender. soltou uma risada, imaginando que droga tinha sido aquela. A mãe dela realmente queria ter “a conversa” com ela naquele momento? Não estava meio atrasada?
-, é para você. Um garoto chamado . O porteiro disse que ele está te esperando lá em baixo.
-Sim. . Obrigada. – piou, surpresa pela visita de . –Tchau.
-Depois nós precisaremos terminar a nossa conversa.
-Ah, não precisaremos.
-Mas, ...
Antes que a Sra. pudesse falar mais alguma coisa, a menina fechou a porta. Ela não sabia porque estava lá, mas mesmo assim estava grata por ele ter chegado naquele momento e interrompido a conversa ridícula que sua mãe inventou. Quando saiu da portaria do prédio, viu o garoto esperando em frente a porta giratória do prédio, encostado em um carro que provavelmente era dele.
-Oi! – disse e a abraçou. Usava uma calça jeans escura e um suéter preto, que ela precisou admitir consigo mesma, o deixavam muito bem. Não era preciso muito esforço para que ficasse bonito, porém ele sempre parecia querer impressionar. –Desculpa aparecer assim sem avisar. Eu só queria te surpreender.
-É, conseguiu. –ela sorriu. –Não se preocupe.
-Eu queria te levar pra festa da April Hall que está rolando agora para os calouros. Quer me acompanhar?
parou, mais surpresa ainda. estava chamando-a para ir a uma festa. Onde também estaria, e queria que ela fosse a acompanhante dele. Algo daria muito errado.
-Qual é, . –ele disse com um sorriso incentivador. –Vamos lá, vai ser legal. Você vai deixar de sair com meninos só porque tem namorado? Você pode ter amigos!
Amigos. achou que não teria problema, então. Contanto que não descobrisse. Ah, mas ele vivia saindo com as amigas dele e ela aceitava numa boa. Ele podia aceitar também.
-Tudo bem. Vamos.
-É disso que eu estou falando! – sorriu e saiu correndo na frente dela para abrir a porta do passageiro para ela. –Fique à vontade.
-Obrigada.
Quando os dois saíram de lá, o garoto sorriu. A parte mais difícil já se passou.
-Eu sei que você não vai gostar muito de ouvir isso, mas o não manda em você. Pode ter amigos, sabia? Aposto que ele tem várias amigas.
-Na verdade, tem sim.
-Está vendo? E o que você faz sobre isso?
-Nada. Eu controlo meus ciúmes. Além do mais, confio em e sei muito bem o que ele é capaz de fazer e onde é capaz de chegar.
-Ah. –ele sorriu falsamente. –Que ótimo que exista confiança. Mas quando ele estiver com as amigas, só reze para ele não beber. Porque depois que isso acontece, nem um escudo de confiança é capaz de segurá-lo.
- não é muito de beber. Ele só bebe em comemorações.
-E quando ele estava indo conhecer a April Hall? Falaram-me que chegou lá bêbado.
-Os amigos dele e ele passaram de etapa no campeonato de natação. Eles foram a um bar para comemorar. – retribuiu o sorriso de , que já estava murchando. Ela nem tinha percebido que era falso. Isso o fez suspirar. Os dois eram ligados demais, não havia nada que um fizesse e o outro não soubesse e aceitasse. Entender aquilo, ou até mesmo superar, era difícil demais para ele. Praticamente impossível. As pessoas tem segredos, mesmo tentando muito esconder, elas tem. Não é possível que não tivesse. –Provavelmente você não está muito afim de falar do meu namorado. Me conta como foi quando você entrou pra April Hall.
-Bom, eu era do mesmo ano que você. Estava jogando futebol com meus amigos quando a mensagem chegou. E o engraçado é que eu e estávamos no mesmo lugar e recebemos a mesma mensagem na mesma hora. Ficamos curiosos e fomos ver como era. Aí gostamos.
soltou uma risada fofa, que fez se inquietar um pouco. Ela tinha sensibilidade, percebeu que não estava gostando daquele assunto. E era tão bonita. Por que ela precisava do ? Analisando os dois: tinha cabelos castanhos em forma de cachos e tinha cabelos loiros lisos. tinha olhos verdes e tinha olhos azuis. fazia natação, enquanto jogava futebol. Eles eram muito diferentes, mas ainda se preferia.
Era como escolher entre verão e inverno, apesar das duas estações serem igualmente maravilhosas.
A garota fingiu não reparar o olhar dele sobre seu rosto. Ela já tinha percebido que ele possuía algum interesse. E de todo jeito, o garoto não fazia muita questão de ser discreto. Quando o sinal abriu, voltou sua atenção para o volante e ela pôde relaxar.
-Você e são amigos há muito tempo?
-Desde que me entendo por gente. –ele sorriu. – é a melhor pessoa que já conheci. Só nunca conte a ele que eu disse isso. Nunca.
-Não vou. –ela começou a rir. –Eu queria ter amigos assim. Quer dizer, eu tenho muitos amigos, mas queria ter uma amizade com alguém igual a que você tem com ele. Pelo que você diz, parece ser bem legal.
-Ele é meu irmão. nunca fez nada de mal para mim, nem sem querer. E eu acho que se continuar, vou ficar parecendo gostar demais dele, então... –os dois riram. –Sim. É legal.
-Eu já tive uma amiga assim. . Mas com o tempo fomos nos afastando por causa de e agora nem nos falamos mais. Minha mãe deu um jeito de colocá-la no mesmo quarto que eu, e está muito embaraçoso. Eu devia ter contado a ela que não somos mais amigas, mas se eu fizesse isso, ela daria um jeito de fazer com que voltássemos a ser amigas, nem que fosse à força. Minha mãe tem uma paixão louca pela , eu não entendo. O problema é que como eu a vejo agora... está muito diferente, exatamente como... Como .
-E como as pessoas como são? – fez uma cara de confuso. Gostosas?
-Hã... Acho melhor eu não falar minha opinião sobre , caso o contrário você vai se assustar. Mas é isso aí. Eu não gosto dela. Nem um pouco.
-E por que não? – fingiu estar confuso. É lógico que não gostava de por causa de . –Não entendo.
-Digamos que ela é... Inconveniente.
-Deixe-me adivinhar. Ela gosta de .
-É. Isso. Sabe, eu realmente acho ótimo falar com alguém que não gosto de sem essa pessoa me olhar como se eu fosse um alienígena. Então, obrigada por isso.
sorriu, até se esquecendo de que tinha ciúmes de . Ela realmente o valorizou. Aquilo era demais. Mal podia esperar para contar a tudo o que já tinha avançado.
-Pronto. – saiu do carro e deu a volta nele, abrindo a porta para . –Chegamos.
-Você não precisa fazer isso.
-Eu insisto.
sorriu envergonhada. Os dois entraram na casa um ao lado do outro. A sala de estar estava lotada. A casa estava lotada. Haviam balões pelo teto todo e uma faixa enorme de boas vindas. As pessoas dançavam e conversavam meio bêbadas. Os dois foram até o lado de fora da casa, uma varanda perto da área da piscina, onde também haviam algumas pessoas. entregou um copo de cerveja a ela e os dois foram dançar na sala de estar, que era o lugar onde tinham mais pessoas.
Eles dançaram durante muito tempo, e mesmo com um pouco de medo, estava se divertindo muito. Parecia que nenhum amigo de quis atrapalhar os dois, ao contrário de quando ela estava com . Caiam pessoas até do céu para conversar com ele. E aquilo às vezes ficava muito estressante.
De repente, a garota achou o namorado. Ele não a viu, dançava com e parecia muito bêbado. A mão direita dele estava na cintura dela, e a mão esquerda estava na mão de , e os dois dançavam como um casal. Os dois riam como dois idiotas, e toda hora ela cochichava algo no ouvido dele.
tinha muita confiança em . Ela confiava nele como se fosse a própria vida. Como dissera a , sabia das limitações dele, mas precisava que admitir. Ultimamente ele estava bebendo mais que o normal. Ela podia vê-lo com qualquer menina que não se sentiria assim. Mas com não. Aquela idiota só podia estar brincando.
A raiva invadiu seu corpo de uma forma tão brusca que até parou de dançar. seguiu o olhar dela, e quando viu dançando com , sorriu. começou a ficar aflita. Olhou para o garoto ao seu lado, que automaticamente parou de sorrir, fingindo também estar arrasado.
-Não importa. –ele disse. –Você também merece se divertir.
pegou um balde cerveja em cima da mesa e e lhe ofereceu um, fazendo uma expressão engraçada para a garota, que começou a rir, mesmo não querendo. Alcançou seu pulo e a levou até o lado de fora da April Hall. Os dois entraram no carro e não se importou de ir com , seja lá para onde ele a estava levando.
*



Capítulo 51 - Quer um jeito melhor de esquecer alguém?


fez uma amiga, Sofia. Ela foi muito gentil ajudando todos os calouros na April Hall e era muito simpática. Já fazia muito tempo desde que as duas começaram a dançar. A garota sentia a música dominar seus ouvidos e mexia seu corpo no ritmo da melodia animada, se distraindo com tudo o com todos à sua volta, apenas desfrutando da alegria de uma nova amizade. Apesar de se sentir desinibida durante aqueles minutos, como se não precisasse de ninguém e nada específico, procurou por David com os olhos e não o encontrou em lugar nenhum. Ela queria conversar com ele, conhecê-lo melhor e talvez até sair novamente para algum lugar legal. Seu jeito a cativara de uma forma que fez com que a garota quisesse saber mais a seu respeito. Na verdade ela sabia que os dois tinham só ficado, mas estava com aquela ideia na cabeça. Tinha que esquecer logo tudo relacionado a , e . Ter todos eles morando na mesma casa justo quando pensou que estaria livre não era o que chamava de liberdade. Não estava nada feliz.
Primeiro, por causa da briga. Aquilo ainda martelava na cabeça dela. Por que tinha dormido com ? Por que na hora ela estava adorando? Por que ela não sabia mais o que pensar? É claro que seu melhor amigo era encantador de tantos jeitos diferentes... Mas era isso que ele era. Seu melhor amigo. Algumas lembranças daquela noite rodeavam seus pensamentos e o sorriso terno do garoto parecia aquecer a sala de sua casa. As rugas que se formavam em volta de seus olhos quando achava algo engraçado eram acentuadas pelo álcool que circulava em seu corpo. Beberam uma quantidade considerável para que se sentisse menos tímido em relação a ela e falasse o que pensava de e do relacionamento dos dois. Menos tímido para que pudesse olhá-la de uma forma tão pura e densa, e apaixonada que nenhuma garota sã ou não seria capaz de resistir, a não ser que tivesse outra pessoa nos pensamentos naquele momento. E ela tinha. Por que ela gostava de ? Ele não queria nada sério com ela e estava na hora de cair na real. Mas então como ele brigou com seu melhor amigo por causa dela? E por que ela não tinha respostas?
Segundo, sua colega de quarto ridícula. Aquilo tinha tudo para dar errado. Quando lhe disse que a monitora não permitiu a transferência, ficou furiosa. Pareceu a cereja do bolo para sua temporada de má sorte. Ela não podia estar mentindo, porque provavelmente queria ficar no mesmo quarto de . Não havia razão para mentir. Ela não ficaria na April Hall por muito tempo se não mudasse de colega de quarto. Não era novidade que era uma garota explosiva não tinha mais paciência no corpo de para aguentar uma criança morando no mesmo cômodo que ela.
E por último, ela queria esquecer aquilo tudo e se concentrar em David. Mas ele não aparece dado as caras. Aquilo já estava deixando-a brava.
-O que foi? –Sofia perguntou, percebendo a irritação dela. Suas sobrancelhas finas e arqueadas se estreitaram, e seus olhos correram pelos cantos da sala onde estavam até pararem novamente no rosto da garota ao seu lado e tentar estudá-la. –Aconteceu alguma coisa?
-Não. – apertou os olhos, percebendo a cara de desconfiança de Sofia para ela. Talvez seria bom se conseguisse conversar com alguém. Talvez tirasse um pouco do peso da culpa de seus ombros. Ok. –David Grenwood?
-Sei. O que aconteceu?
-Nós nos conhecemos no dia das boas vindas e então ficamos juntos na Festa do Luar. Ele é um cara muito legal, pelo menos foi isso que eu pensei até ele não ter aparecido mais.
-E você acha que ele está indiferente?
-Acho.
-Isso é bem atípico de David. Não acho que realmente tenha sido isso. Talvez aconteceu alguma coisa e ele não teve tempo de te procurar ainda. , sinceramente? Não seja boba. Se ele não foi até você, vá até ele esclarecer isso de uma vez.
-Sério? Você acha?
-O pior que pode acontecer é ele não querer mais nada.
-E se acontecer o pior?
Um sorriso cruzou o rosto da garota, reconhecendo um genuíno interesse ali. Porém, ele logo foi substituir por um olhar estranho.
-Achei que você e aquele outro calouro namorassem. O nome dele é , certo?
-Eu nunca fui namorada dele. – disse, seca. Algo em seu interior se manifestou, e suas mãos formigaram um pouco. –Aliás, preciso mesmo é esquecê-lo de uma vez.
-E você está interessada em David apenas porque ele pode te ajudar a superar o último homem em sua vida ou porque você gostou mesmo dele?
-Bom, os dois.
-Então não tem nada a perder. E para sua sorte, ele está bem ali conversando com Kevin Lino. –ela piscou e não conseguiu não se sentir irritada. Quando o procurou por todos os cantos, determinada a arrancar uma satisfação do garoto ele não estava em lugar nenhum, e depois que foi desestruturada e forçada a se lembrar de , o garoto apareceu bem em sua frente. –Acho que devia tentar.
Sofia apontou para um lugar perto da cozinha, bem em frente a onde elas estavam. olhou para ela insegura, mas o olhar foi retribuído por um sorriso e um empurrão motivador, que aos olhos da garota mais pareceu como se ela tivesse sido jogada na direção do garoto, fato um tanto constrangedor se estivesse sendo observada. Coragem, . Coragem.

O garoto conversava animadamente, fazendo gestos com as mãos grandes para enfatizar suas palavras, e seu olhar foi arrastado para a morena que andava em sua direção. Seus olhos se arregalaram um pouco ao pousar sobre seu rosto seu corpo. Parecia que cada vez que a olhava ela parecia mais bonita do que da última vez. Era incrível, e ele parecia um idiota. O interesse que aquela garota despertou nele o deixava curioso como uma criança. Era difícil negar o fato de que ele parecia bastante insistente em relação a ela, por isso resolveu dar uma respirada antes de procurá-la novamente. Mesmo que tudo o que queria naquele momento era encontrá-la e conhecê-la melhor. Queria saber tudo a seu respeito. E queria beijá-la também, é claro. Mas isso ele podia fazer agora. Ele abriu caminho em meio à multidão e pegou a cintura de , encostando sua testa na dela e depois seus lábios, num beijo rápido e doce. Ela ficou muito surpresa com aquela atitude, só que mesmo assim, feliz. David era muito lindo, ela podia mesmo começar a gostar dele, ainda mais quando ele demonstrava atitude daquela forma. Não podia dizer isso sobre muitos garotos e estar com ele era como se estivesse saindo uma pessoa realmente madura. Ela queria aquilo. E aliás, beijava muito bem. Pisou nos pés dele, que a levou para longe daquela confusão de pessoas até se deparar com uma parede, onde encostou a garota com delicadeza e ela deixou David beijá-la daquele jeito doce e bom. Alguns pequenos fios loiros do cabelo dele caíam sobre seu rosto enquanto ela se deliciava nos lábios aveludados do garoto. Ao mesmo tempo era um pouco estranho, pois não parecia haver nada de errado com ele. Nada mesmo. Ao sentir sua cintura ser apertada um pouco mais pela mão dele, decidiu que mesmo se houvesse defeitos, deveria parar de procurá-los. David sorriu e sem dizer uma palavra, pegou a mão dela e levou-a até o quintal, seguindo a enorme quantidade de pessoas que tinham ido para lá.
Naquele exato momento, cruzou o salão procurando por . Pobrezinho. Ele foi até a sala de estar, onde a maioria das pessoas estavam mais cedo. Mas já não tinha quase ninguém ali. Os balões já tinham murchado e a maioria estava no chão. Serpentinas e confetes de todas as cores estavam espalhados e agarrados no enorme lustre de cristal no centro da sala.
Em um dos enormes quintais da casa onde a maioria das pessoas se concentrava, começou a andar por entre as pessoas que dançavam, ganhando algumas trombadas, encontrões e cotoveladas. Passou perto de um grupo de caras conversando sobre futebol, em forma de roda. Pôde distinguir sem dificuldade do que estavam falando, e se não estivesse ocupado provavelmente entraria para a discussão. No meio havia um cara imitando um lance de um jogador, e logo confirmou sua teoria sobre o assunto abordado por eles. Era de um dos jogos de basquete na cidade que aconteceu semana passada. O garoto sem querer trombou em outro que estava assistindo a imitação dele, fazendo-o quase derrubar a bandeja de um garçom que passava por ali. Que confusão.
Também reconheceu Love Drunk, de Boys Like Girls tocando alto de algum lugar que ele não conseguiu dizer qual era. Em um canto onde não haviam muitas pessoas, parou um pouco, e depois descobriu que aquela fora a pior decisão que ele já tinha feito no dia.
estava encostada a um muro de plantas, beijando um cara loiro que não conhecia. Ele passava as mãos pelos cabelos e pela cintura dela, e ela mantinha as unhas cravadas no pescoço dele. A primeira vez que se beijaram, fizera a mesma coisa com . Se lembrava muito bem como tinha se arrepiado e ela rira dele. Por isso, não soube o que fazer. De repente, sentiu como se paredes inexistentes se fechassem em volta dele, deixando o lugar cada vez mais apertado. Ele nunca se importou –se importou, mas aprendeu a conviver com aquilo – quando ela beijava na frente dele porque sabia que não era real. Agora, vê-la com outra pessoa... Olhou em volta e viu que ao lado de um vaso de samambaias, seu amigo também observava a situação de braços cruzados. A expressão no rosto dele era muito estranha para a ocasião. Ele não estava arrasado como , ele só... observava, como se estivesse assistindo televisão. não era muito de demonstrar seus sentimentos, mas até naquela situação ele não deveria estar tão normal. Ele precisou admitir que a expressão serena no rosto do garoto pareceu um pouco assustadora. O receio foi logo substituído pela raiva. Parece que alguém acabou de perder sua namorada, . Enquanto isso, o que passava pela cabeça de era um pouco diferente do que raiva ou tristeza. Ele não acreditava no que via, por isso não demonstrou sentimento nenhum. Simplesmente não parecia real. E não era, certo? Certo?
parou de beijar David um pouco. Ela tinha até ficado sem ar. Mas também, não era para menos. Olhar para ele por alguns segundos era o bastante para deixar qualquer uma sem ar. Ela sentiu alguém a observando, e levou um susto ao ver que era seu melhor amigo. De repente, algo dentro dela murchou e ela já não estava assim tão destemida. desviou o olhar, e seguiu o olhar dele, que parou em , que também a encarava. Quase sentiu a cor sumir do seu rosto. Por quanto tempo eles já estavam lá? Um nó gigante se formou na garganta dela. Ela simplesmente não conseguia aguentar olhando-a daquele jeito. amava . Era demais para ela. Mas aí a cena da briga da Festa do Luar passou pela sua cabeça, o que só fez o nó ficar maior e ela mal conseguir se segurar para não chorar. Se brigou com por ela quando soube que dormira com ele, então realmente gostava dela. Ele queria se tornar exclusivo dela, só não sabia como falar aquilo ainda. E se tivesse aceitado as ligações dele durante todo o final de semana, talvez os dois já tivessem se tornado oficialmente namorados. Por isso, começou a se sentir culpada. De novo. O que ela fazia com David?
O arrependimento saiu de seu corpo na mesma rapidez com que entrou. Aquele garoto a magoara bastante, e não foi somente uma vez. Foi duro saber que ele ficava com outras meninas enquanto achava que tinha um namorado só dela. E o pior foi saber isso pelo melhor amigo dele. Era demais para , ele não a merecia, era muito problemático, mulherengo e as vezes um bêbado idiota. Ela merecia coisa melhor. David percebeu o silêncio dela, e seguiu seu olhar, que estava fixo em um ponto atrás dele. Quando viu e , ficou furioso a ponto de ir bater nos dois, mas se conteve. Ele precisava.
- eu sei que a gente não se conhece direito ainda, mas eu gosto de você. Por favor, escute. –David disse, fazendo-a olhar para ele. –Quero que a gente tente alguma coisa. Mas não vou querer que isso aconteça se você ainda quiser alguma coisa com aqueles dois. Então eu preciso que se decida. Posso te dar um tempo.
nunca achou que aquilo fosse acontecer. Ela nunca achou que ficaria com alguém que não fosse . Com muita dificuldade e dor no coração, ela deu um beijo nele e disse:
-Já me decidi.
*



Capítulo 52 - A presa cai na armadilha


riu. Bastava passar um tempinho com para que se sentisse animado e se divertisse. Eles estavam sentados em uma mesa com um guarda-sol em cima perto da piscina, com mais quatro pessoas: Anna Miller e Jessica Lime, e Brian Neles e Jason Mane, todos da turma de Direito com . Eles eram amigos dele desde sempre e era muito grato por tê-los como amigos. A noite inteira ficaram conversando sobre qualquer coisa ou jogando cartas sem aposta nenhuma, e mesmo assim riram a noite inteira. Qualquer coisa que um deles falava virava a coisa mais engraçada do mundo. Nada que uns goles de cerveja não ajudem também.
Os alunos da April Hall custaram a convencer a diretora da April Hall a deixá-los batizar um pouco suas bebidas, e eram vigiados por causa disso. Se descumprissem o combinado –não eram autorizados a comprar bebidas em todas as festas –, ficavam um mês sem abastecimento. Não era como se algum dos alunos quisesse arriscar..
era demais. Ela era engraçada e simples. Não era como ou várias das meninas da April Hall que eram fúteis e sem graça. também não podia negar: era muito bonita. Possuía um sorriso tão sincero que qualquer um poderia acreditar no que dizia, e seus olhos escuros emitiam um brilho um tanto infantil. Apesar de que estava querendo se encontrar naquela noite com a amiga dela, , achou a companhia de ótima. Ele gostou de sua conversa com . A menina era realmente intrigante. Não era como várias outras garotas a descreveram: uma mimada idiota que só ligava para a sua aparência. Era muito melhor que aquilo e ele gostou muito dela, uma pena não tê-la visto a noite inteira. A única vez que a viu, na verdade, ela estava com e suas amigas, que pareciam estar tendo a conversa do século. não quis incomodar, então se manteve onde estava.
-Eu já passei por uma experiência muito louca. –Jessica disse. –Fiquei trancada em um banheiro com o cara que eu era apaixonada. Foi a coisa mais embaraçosa da minha vida. –ela começou a rir, fazendo os outros rirem também. –E o pior é que ele sabia que eu gostava dele.
-E você ficou com ele no banheiro? – perguntou rindo. –Não consigo imaginar cenário mais romântico.
-Claro que fiquei. Foi meu primeiro beijo, eu devia ter uns treze anos.
-Uau. –Brian foi sarcástico. –Realmente bem romântico. E depois vocês, garotas, reclamam que nós não somos românticos. –ele olhou de soslaio para . –Não é mesmo, ?
-Vocês tem a obrigação de serem românticos. –Jessica se defendeu. –Nós não. Isso é fato. concorda com isso, mesmo que tenha vergonha de dizer. Toda garota sabe que se o garoto não se esforçar nem um pouco quer dizer que ele não se importa de verdade.
Jason fez uma careta, provavelmente reconhecendo a indireta que lhe foi mandada por Jessica. de longe sentiu uma tensão ali, e suas bochechas esquentaram um pouco por estar exatamente no meio dos dois e daquela pequena discussão que talvez se formaria ali. O garoto suspirou.
-Estou adorando o rumo que essa conversa está tomando.
-Eu também. – a maldade era quase que palpável na voz de Brian. –Conte para nós o que você acha de tudo isso, Jason. Por que não nos conta sua opinião sobre a afirmação que Jessica acabou de fazer?
-E você, ? –Anna perguntou, acalmando um pouco os nervos dos dois ali, e pegando o garoto de surpresa. Ele arregalou seus olhos claros e coçou a parte de trás da cabeça, pronto para tentar desviar de qualquer assunto constrangedor. Sabia que não conseguiria, é claro que seus amigos não deixariam que ele escapasse daquilo. –Qual a experiência mais estranha que você já teve com uma garota?
Ele ficou sem graça. Hum,não sei,talvez eu ter pegado minha namorada na cama com o meu melhor amigo? É, talvez isso. Um gosto ruim atingiu sua boca quando algumas lembranças daquela noite cruzaram sua mente. Olhou para a garota perto dele e tentou transmitir algum tipo de pedido de socorro. sorria.nA noite estava sendo o cúmulo da perfeição e a beleza de era grande demais para ser verdade. Alguns flocos de neve caíam, deixando o ambiente todo branco. Mas pelo que ela percebeu, as pessoas não pareciam ligar muito para a neve na festa deles. O clima era sempre tão instável que as pessoas estavam sempre preparadas para o que poderia acontecer. E algo como o clima não seria de jeito nenhum um obstáculo para as festas.
-Acho que foi meu primeiro beijo. Foi muito estranho, eu estava muito nervoso e acabei empurrando-a um pouco para trás durante o beijo e ela caiu em cima do bolo de aniversário. Fiquei com tanta vergonha que desejei que fosse o meu rosto coberto de bolo para que pudesse me trancar no banheiro e nunca mais aparecer.
-Você ficou nervoso. – concluiu, um sorriso cruzando o rosto. –Isso é muito bonitinho.
-Deve ter sido bonitinho o jeito que ela ficou depois, cheia de bolo. –Jason disse rindo. –Ou como ela deve ter te perseguido por toda a festa até te dar uma surra.
Bibi Liuvera andou até a mesa de e se abaixou para falar no ouvido dele. Foi um pouco difícil escutar no meio de seus amigos rindo, e ele percebeu que foi a única que notou a presença da garota ali, mas logo desviou seus olhos dele e riu junto com seus amigos. Ele se sentiu um pouco desconfortável por Bibi estar sussurrando no pé de seu ouvido, mas não fez nada para sair, pois achou que seria indelicado.
-Eu estava saindo do meu quarto e vi uma garota de cabelos loiros e olhos azuis... o nome dela, eu acho. Perguntou onde você estava e eu disse que provavelmente aqui em baixo. Ela está no seu quarto nesse exato momento.
-O que? – se levantou num pulo. –Obrigado, Bibi.
Ela sorriu e saiu andando.
-Pessoal, eu preciso dar um pulo no meu quarto. –ele disse. –Minha irmã Gina está me ligando. Pode ser importante.
-Falou, cara. –Brian disse.
perguntou:
-Aconteceu alguma coisa?
-Não. Está tudo ótimo. Já volto.
saiu correndo feito um louco pela enorme casa até chegar ao quarto 307, querendo muito ver . Por que será que ela estava no quarto dele? Ele deu um sorriso malicioso. Calma, . Calma. Andou a passos rápidos e abriu a porta do quarto. Quando entrou, fechou a porta atrás de si e deu alguns passos, com a testa enrugada. Não tinha ninguém ali. De repente, ele sentiu duas mãos nos olhos dele e ele automaticamente colocou as mãos em cima das mãos que estavam sobre seus olhos. A mão dela estava fria e as unhas afiadas. Ele sentiu um beijo em seu pescoço e em sua nuca, estremecendo levemente pelo susto.
-Quem é?
escutou uma risada abafada. O quarto estava todo escuro e ele podia escutar a música de lá, seu coração batendo forte por causa da altura do som. Começou a ficar curioso e sentiu o cômodo começar a ficar mais quente. Quem quer fosse, passou uma das mãos geladas pelas costas dele, por baixo do moletom cinza, e ele sentiu algo estranho naquele toque, enquanto a pessoa ainda beijava seu dele, traçando vários beijinhos por sua pele. Depois seu lábios pararam e o garoto se pegou mentalmente protestando. Encontrou o queixo da garota com os dedos e afastou uma mecha de cabelo que sentiu ali, levando sua boca ao encontro da dela num movimento um tanto forte e grosseiro, para depois desacelerar deixar o beijo fluir normalmente. A pele dela parecia tão quente que queimava ao encostar nos cabelos loiros de seu braço. Ou era ele quem estava quente. Se soltou dela.
-? –ele chamou.
-Muito melhor.
Quando escutou aquela voz, estremeceu. Não. Merda. Droga.
-! –ele gritou acendendo a luz. Seu coração estava acelerado e não era só por causa da música. A raiva invadiu seu corpo e se espalhou mais ainda depois que ele começou a se sentir um tolo. Queria se esconder como quis se esconder no seu aniversário de treze anos. –Que droga você pensa que está fazendo?!
Ela começou a rir muito. Uma risada maldosa, que soou áspera a seus ouvidos.
- Você devia ver como estava a sua cara! Você estava gostando que eu vi, !
-Só porque eu achei que fosse... –ele parou. É claro. Bibi era amiga de . Ele esqueceu. –Eu não acredito que você fez isso. Realmente não acredito.
-Eu esqueci como você beija bem. –ela riu. –E como acho você lindo. Espera, isso eu não esqueci. Está sempre... –a garota o encarou intensamente, e se não estivesse tão nervoso, desviaria o olhar no mesmo instante. –Nos meus pensamentos.
- , você não está me escutando!
-Sabe, ... –ela foi se aproximando dele novamente. –Todo mundo achava que nós éramos o casal perfeito. O que aconteceu com a gente, hein?
-Você dormiu com o meu melhor amigo. Isso aconteceu.
-Eu ainda gosto muito de você. – estava ignorando completamente o que ele estava dizendo. –Você não tem noção de como eu ainda gosto de você, . Eu poderia gastar um mês explicando de todas as formas que desejar e ainda assim você ainda não entenderia o quanto eu quero você de volta.
-Você é doida. Não tem jeito. Você é doida! – abriu a porta do quarto, furioso. –Por favor, saia, . Eu não quero te ver. Por favor, saia do meu quarto.
sorriu e saiu, não se deixando abalar pela raiva do garoto. Ele queria gritar de raiva. Por que ele tinha ido lá? Por que ele tinha beijado ? Tudo bem que ele pensou que fosse , mas podia pelo menos ter visto quem era antes de beijar. Que merda, , ninguém saía beijando os outros no escuro sem saber quem é, qual o seu problema? Desceu mais rápido que subiu para a mesa que estava, tentando se acalmar. Quando chegou, os amigos dele o olharam com preocupação.
-Com licença, pessoal. –ele disse. –, dança comigo?
-Claro. –ela sorriu sem acreditar e os dois foram para a pista de dança improvisada, que já estava cheia de neve. Sua mão era bem pequena e ele a pegou para puxá-la levemente, só para depois perceber que talvez a apertava. –Desculpe.
-Não tem problema. Você está bem, ?
-Estou bem.
*



Capítulo 53 - Técnica infalível para conseguir o que quer


suspirou. Mas não um suspiro ruim, um suspiro de cansaço bom. Enquanto os outros seis deviam estar morrendo de ressaca, ela não estava. tinha um segredo simples para não ficar: era só tomar um pouco de Tilenol antes de dormir que no dia seguinte estava menos mal. No caso dela, estava com a mesma beleza de sempre. Talvez fosse psicológico, mas sempre funcionava com ela.
A neve ainda insistia em cair, por isso ela precisou pegar seu sobretudo rosa escuro com suas botas de coura bege. Sua touca rosa já estava começando a ficar molhada, mas nem percebeu. Não seria qualquer coisinha que tiraria sua alegria. Enquanto ia subindo as escadas escorregadias para o segundo andar e ia cumprimentado de volta quem a cumprimentava, foi se lembrando de cada detalhe da noite passada. Ela estava no quarto acabando finalmente de arrumar suas coisas, quando passou para ver se tudo tinha dado certo. Ela disse que nada tinha dado certo e que estava muito triste, e ele pareceu ficar muito mal por ela, e mesmo inseguro – sabia exatamente porque –, reforçou seu convite para o quarto dele. Contou a ela que fora em sua casa pegar algumas coisas antes da festa começar. disse a ele que lhe disse que iria com à festa, fazendo-o ficar muito confuso. Depois disso, ele a chamou para acompanhá-la. É claro que ela aceitou. Os dois beberam e acabaram ficando bêbados, mas não pararam de dançar nenhum segundo. Quando a festa já estava perdendo a graça, porque a diretora da April Hall não os deixou ficar até depois de uma hora da manhã, em plena segunda, os dois foram cada um para seu quarto, e estavam alegrinhos feito idiotas. Mesmo um pouco bêbada, ela se lembrava claramente da noite. Mas não era para menos, ela precisava se lembrar. O melhor de tudo foi que nem nem ninguém os interromperam, tipo assim, em momento algum. A noite foi dela, e ela queria que a semana também fosse. Só teve um momento em que os amigos dele o chamaram para uma partida de pôquer, e insistiu que ele fosse. Enquanto isso, ela aproveitou para conversar com e suas amigas para chegar a conclusão de quem aquelas garotas realmente eram, e decidiu que era justamente de amigas daquele jeito que precisava. Não sabia como tinha conseguido não gostar delas antes.
O celular dela vibrou, e quando atendeu, sorriu ao ler as duas primeiras mensagens, mas seu sorriso se apagou na terceira.
Pelo jeito tudo correu perfeitamente bem, hein ? Você é uma ótima parceira. Te vejo mais tarde na sua nova casa. Xxx –
Senti sua falta na festa ontem. Por onde você andou? Não me diga que perdeu a festa feita para você! –
, por favor, quero que me perdoe. Acredito que você já passou da idade para entender que obrigações são obrigações. Venha almoçar aqui em casa amanhã, o que acha? Pode trazer uma amiga. –Mamãe

Ela respondeu a que os dois se veriam mais tarde, e quanto : “Acho que você não me procurou direito.Posso estar onde você menos esperar. Xxx.”
Por um lado, queria muito ir almoçar com a mãe dela no dia seguinte, mas por outro, sentia raiva dela. Muita raiva. Era como todos os casos típicos pais ocupados demais para os filhos, mas seu caso parecia ser pior ainda. Sua mãe conseguia tirá-la do seu bom humor com uma simples mensagem de texto.
-Oi ! –Hanna cantarolou indo até ela, que deixou sua bolsa em uma carteira perto da janela. –Uau, nós duas não nos vemos desde sexta, na Festa do Luar. Na verdade, desde sábado, quando...Opa. Desculpa.
-Tudo bem, Han. – deu de ombros e tirou seu sobretudo. – não é um assunto proibido. Aquilo lá foi um erro e já foi esquecido. Estamos bem.
-Ah, que ótimo. Mas e que tal a April Hall?
-Melhor impossível. Eu preciso te contar tudo sobre lá. Queria tanto que vocês também tivessem sido selecionadas!
-Tudo bem, eu não poderia me mudar para lá mesmo. Você sabe que minha mãe quer que eu more em Miami com a minha tia e meu pai quer que eu more aqui com a minha irmã. Já está uma confusão, a April Hall me convidar pioraria a situação.
-Como está com Jonny?
-Ele é perfeito. Tudo o que ele faz é legal, tudo o que ele diz é engraçado. Eu só quero que dure. Decidimos tentar algo mais sério, mais Jonny é simplesmente... Não sei. Fico apreensiva porque quero muito que dê certo.
-Não acho que Jonny perderia seu tempo com algo que realmente não lhe interessasse. Eu fico feliz por você. A família não é de se decepcionar. – deu um sorriso triste. –Conheço bem aquele garoto.
-Você tem certeza que está bem?
-Tenho, claro. Estou avançando no assunto .
-Mesmo? –Hanna precisou falar um pouco mais baixo ao perceber que a conversa das duas era escutada por Milton Henri, um garoto que tinha uma quedinha por sua amiga. Ela girou os olhos azuis, acostumada com aquilo. –O que aconteceu?
-Eu tenho muita coisa pra falar, não dá tempo. No intervalo nos vemos.
Hanna jogou um beijinho na direção da amiga concordou com a cabeça, para depois sair da sala. suspirou fundo e se sentou em sua carteira, esperando que o sinal batesse, a aula de história acabasse e ela pudesse sair logo dali. a encontrou sentada perto da janela. Ele suspirou fundo de alívio. Finalmente. Quando estava de frente para , se alhou diante dela e lhe deu um sorriso.
-Graças a Deus te encontrei.
devolveu seu sorriso com menos entusiasmo, olhando em volta em busca de algum professor que mandasse o garoto ir para seu lugar e assim não precisassem conversar. Não queria passar por aquela situação embaraçosa com ele. E não queria aceitar aquilo. O clima estava tenso e não podia ficar daquele jeito com ela. Por isso, pegou as mãos dela e a levantou, puxando-a para si e segurando a cintura dela, enquanto lhe abraçava fortemente, com o rosto afogado nos cabelos loiros de . Aos poucos ela foi cedendo ao abraço e permitiu ser abraçada e abraçar também. Mesmo sendo uma atitude arriscada devido aos acontecimentos anterior, o garota distribuiu alguns beijinhos pela bochecha dela, antes de passar seus dedos por sua barriga e lhe fazer cócegas. soltou aquela gargalhada inconfundível. Não aquela que possuía quando ria de alguém – ele não gostava dessa –, ou aquela que possuía quando ria por educação. Aquela que realmente era dela, quando ria com prazer e não se importava de chamar atenção, coisa que de fato, os dois chamaram.
-Para , para!
-Só se você disser.
-Nunca!
-Diz que me ama ou eu não solto.
-Não vou dizer, eu não te amo! – não aguentava mais. –Eu te amo, ! Eu te amo, tá feliz? Faço o que você quiser se me soltar.
-Meu dever de casa por uma semana?
-Seu idiota! –ela parecia se afogar. –Se eu morrer de rir eu te mato... ...
-Estou muito feliz. – a puxou de novo e lhe deu outro beijo na bochecha dela, e ao mesmo tempo o sinal bateu.
-E você? Não vai dizer que me ama também? Que era uma brincadeira e que eu não preciso fazer seu dever de casa? Não seja uma criança.
-Claro que não.
Ele começou a rir, deixando-a indignada. De repente, toda a tensão sumiu como se nunca estivesse visitado os dois.
*



Capítulo 54 - Nada mais romântico do que um encontro a três


-Cara, onde você está com a cabeça? –James perguntou a . –Você está passando bem?
-Desculpe. Eu estou bem, só com uma ressaca horrível. – resmungou levantando a cabeça da mesa fria do refeitório. –Só quero voltar para casa e dormir.
-Morando na April Hall você vai ficar de ressaca até no Natal. Quem te deixou beber tanto? Sua namorada com certeza não foi. Ela odeia quando você bebe.
-Eu estava com .
-, cara? A ? –James sorriu e bateu na mesa com a mão direita, fazendo a água do copo dele voar pela mesa. –Você é corajoso.
-Por quê?
-É a . Ela é intocável. E além do mais, odeia ela.
- é minha amiga. não se importa. Aliás, eu não a vi ontem, ela praticamente me deu um fora. Falou que ia para a casa dela pegar alguma coisa e não voltou mais.
James riu dele e falou de boca cheia:
-Alguém se cansou de você.
deu um sorriso amarelo. Passar a noite com foi legal. Ele resolveu voltar para seu quarto quando saiu e aproveitou para perguntar a se tinha dado tudo certo com a transferência de quarto. Ela disse que não e ele, mesmo inseguro, reforçou o convite para o quarto dele. Meu Deus, iria matá-lo. Os dois estavam a conversar até que a festa começou. Eles ficaram bêbados e dançaram muito. Foi ótimo. Uma coisa que ele tinha que reconhecer que era diferente entre e era que às vezes tentava controlá-lo e que elas às vezes era mandona. era mais apta à loucuras, não se preocupava muito com as coisas como preocupava. Às vezes era bom estar perto de uma garota que se preocupava com ele, mas que ao mesmo tempo o deixava em paz.
Ele viu a namorada conversando com Lili Santiago do outro lado do refeitório. Ao contrário dele, ela estava com uma cara ótima. apontou para ela com a cabeça e James concordou. Ele se levantou e foi falar com ela. Quando estava próximo dela, deu-lhe um beijo na bochecha que a assustou. olhou para ele de cima para baixo, e sua voz não soou exatamente animada ao cumprimentá-lo.
-Oi, .
-Você desapareceu ontem. Não te vi mais na nossa primeira festa na April Hall.
-É, mas você estava bem visível.
-O que quer dizer?
O olhar de sua namorada estava distante e ele percebeu que aquele poderia ser o início de uma longa conversa. Não soube se estava preparado para ter aquela conversa.
-Lili, pode nos dar licença?
-Claro.
-Eu não estou te entendendo, . –ele cruzou os braços em baixo do peito. Meninas do sexto ano passavam por eles com seus uniformes de Educação Física, as lideres de torcida amigas de estavam sentadas perto de onde eles estavam, tentando fazer os caras do time de futebol beberem todo o suco do galão. Pareciam fazer aquilo todos os dias desde que ele se entendia por gente. –Onde você estava ontem à noite?
-Com .
-? Que ?
-Aquele que nós conhecemos na reunião dos calouros.
-Na nossa primeira festa na April Hall.
-Ah, qual é, . Se estava tão preocupado, por que não me procurou?
-Eu não te encontrei.
-Como se encontra algo que nem está procurando? –ela olhou de forma ameaçadora para ele. franziu a testa e fechou os olhos com força. Não queria ter essa conversa com ele naquele momento. –Eu vi você com .
-É por isso que você está seca assim comigo. , o que você tem contra ela?
-O que eu tenho contra ela? Não seja ridículo.
-Quem está sendo ridículo não sou eu. Então eu não posso ter amigas?
-Não se for ela.
-Vai me dizer de quem eu posso ser amigo ou não?
-Foi você que perguntou.
-Está sendo má com .
-Eu? , ela me odeia! Ela gosta de você.
-É claro que eu sei disso. Também gosto dela, somos ótimos amigos.
-Você me entendeu.
-Entendi, mas ignorei completamente. Vamos fazer o seguinte: Nós três saímos hoje à noite. Aí você poderá conhecê-la melhor.
-Eu já conheço o bastante.
-.
-Tudo bem, mas se topar, o que eu acho bem difícil, isso vai dar errado.
-Não vai.
-Você foi avisado.
-... Escuta... – tentou se concentrar. Sua cabeça doía. –Você é agradável com todo mundo. Seja com .
-Ela não. Ela quer roubar meu namorado.
- Você está viajando.
-Ah, claro. – foi sarcástica. –Por que se importa tanto? Por que faz tanta questão de que eu goste de ? Por que ela é tão importante?
-Porque eu quero que você se dê bem com meus amigos. Porque quero que as coisas importantes para mim se deem bem.
Ela ficou calada. Ele falando daquele jeito era injustiça.
-Certo, . Mas chantagem emocional? Não é justo.
-Eu sei. –ele beijou a testa dela. –Funciona, não funciona?
-Sim. –ela riu.
-Vou conversar com .
-Acabamos de discutir pela e você me corta para ir falar com ela?
-Eu não te cortei. Achei que esse assunto estivesse resolvido.
-Tá. –ela concordou amargurada. –Faça o que quiser.
suspirou. Por que não conseguia entender? Por que ela não podia fazer um esforço? era só amiga dele e não queria nada mais. Quando a viu conversando com Hanna White, correu até a mesa em que ela estava sentada. Assim que o viu, ela abriu um sorriso surpreso.
-Oi meninas. , tenho que perguntar algo para você. –ele sorriu e se sentou na frente dela, ao lado de onde Hanna comia um sanduíche.
-Até mais, gente. –Hanna falou olhando para algo atrás do ombro dele, que quando ele se virou para ver, se deparou com Jonny . Ela se levantou e deixou os dois a sós.
-Hanna e Jonny, hein? Quem poderia imaginar.
-Eu com certeza não. – riu e seus cabelos loiros em forma de cachos escorregaram por suas bochechas, caindo quase na comida dela. Ela afastou seu prato, onde um pedaço de bolo meio comido esperava por ela. –Mas e aí, o que foi? Na verdade, eu também preciso te pedir uma coisa.
-É? Pode pedir primeiro.
-Ok, eu quero que vá almoçar comigo e com a minha mãe hoje.
-Sua mãe? Vocês estão se dando bem?
-Ela está se esforçando e eu vou dar a ela uma chance.
-Isso é ótimo, .
-Então você topa?
-Com uma condição. Que você aceite sair comigo e com à noite. É isso que eu vim te pedir.
-...
-Eu sei. Eu sei que vocês não se dão bem, mas poderia fazer esse esforço por mim?
-Não vai dar certo.
-Apenas tente. Por favor.
-Ok, mas se der errado...
-Já entendi. Você veio de carro para a escola?
-Sim.
-Então vamos no seu carro.
-Para onde?
-Para a casa da sua mãe.
-Ah! Combinado!
saiu de perto dela, deixando-a meio em transe. Ele se virou para trás para ter certeza de que ela concordou. Ele sorriu. Iria fazer aquilo dar certo.
*



Capítulo 55 - Situações de desespero pedem medidas desesperadas


estava furiosa. Ela começava a ganhar a vida que sempre quis, morava na April Hall e tinha largado sua mãe para lá. Mas não. Sempre precisava ter alguma coisa errada. O pai dela ligou para sua mãe e exigiu que fosse à casa dele imediatamente para o aniversário de Joane, a madrasta idiota dela. A vontade dela era de explodir, e mesmo insistindo muito a Sra. disse que era importante para o pai de que ela fosse. Então, a coitadinha teria que aturar duas adolescentes idiotas que faziam a visita dela um inferno para visitar uma pessoa que ela odiava no seu aniversário. Naquele momento ela estava dentro de um avião. Não queria ir, de jeito nenhum. Preferia pegar uma passagem só de ida para a um lugar do outro lado do continente do que ir para a casa do pai.
Passou mais cedo na April Hall para pegar umas roupas e deixou um bilhete no quarto de avisando que estaria fora por uns dias. Como seria ruim faltar em sua primeira semana na April Hall! Deixar de ir às festas de boas vindas... Será que sentiria a falta dela? pensava nele com muita frequência nos últimos dias. Quando os dois conversaram na festa com os amigos dele alguns até perguntaram se eram namorados. E aí quando a chamou para dançar, ela achou que desmaiaria. Aquilo realmente estava acontecendo com ela? ? A vida era tão injusta. Quando podia estar na April Hall bebendo chocolate quente e fofocando com sobre o garoto mais bonito que já conheceu, ela estava em um maldito avião.


O quarto de visitas era até legal. Era feito especialmente para , num tom de roxo, com uma cama de dossel roxa e um guarda-roupa roxo. O pai dela disse que sabia que roxo era sua cor favorita, por isso o quarto era assim. Mas a cor favorita dela era rosa. Apesar de seu pai ser uma pessoa completamente diferente depois do divórcio, ela tinha que considerar o esforço que ele fazia para agradá-la. Uma cesta cheia de chocolate e doces a aguardava em cima da escrivaninha de madeira velha disposta solitariamente no canto do quarto.
-São somente essas malas? –Seu pai a perguntou em frente à cama dela. Seus cabelos começaram a ganhar um tom grisalho perto das orelhas, e vê-lo era sempre um tanto estranho. Sua camiseta de flanela não era nova, inclusive, era do tempo em que ele ainda morava com ela. –Não tem mais nenhuma?
-Sim, isso é tudo, obrigada.
-Não foi nada, querida. Joane chega daqui à meia hora e às oito sairemos para jantar.
esticou seu braço para alcançar a mala e a arrastou sobre as rodinhas pelo quarto até estar perto o suficiente para colocá-la em cima do edredom macio na cama. Distraidamente abriu o fecho e tentou se lembrar se havia esquecido alguma coisa.
-Quem sairá para jantar?
-Todos nós: eu, você, Joane, Camilla e Bianca.
-Isso é uma ordem?
-.
-Tudo bem, só queria ter certeza de que eu realmente serei obrigada a ir jantar com você e sua família.
O homem fez uma cara de desaprovação e saiu do quarto. Ela caiu na cama e uma sensação de alivio percorreu seu corpo, os músculos finalmente relaxando e as os ossos das costas dando a impressão de que poderiam até quebrar por estarem confortáveis depois de uma viagem dentro de um avião. Realmente estava cansada.
Bianca era da idade de e Camilla tinha dezesseis. As duas eram mimadas e se achavam demais para que uma pessoa normal pudesse aguentar. Bianca era morena e tinha o corpo atlético. As grandes mechas loiras de Camilla causariam inveja em qualquer uma. As duas tinham corpos dignos de uma revista de roupa de banho e os olhos esmeralda pareciam ser tão ou mais bonitos do que o resto do corpo. Ela sabia o que a esperava, e ter tal perspectiva em sua mente deixava as coisas bem piores.
No horário marcado, depois que a garota se arrumou e guardou suas coisas, estava pronta. Desceu as escadas de vidro da grande casa do pai e sentou-se no sofá da sala. Estava só com a empregada em casa. Belo anfitrião, seu pai. Ela estava odiando cada segundo que passava ali. Enquanto esperava, a campainha tocou, mas continuou olhando para um ponto fixo na parede. A empregada apareceu lá furiosa.
-Por que não atendeu?
-Eu não moro aqui. – respondeu. Normalmente, ela era legal com todo mundo, mas não naquele lugar. Arrastou o sapato pelo chão de madeira recém encerado, com cheiro de limão tão forte que até uma pessoa gripada e com o nariz entupido sentiria. Piscou duas vezes, resistindo à vontade de espirrar. –Por isso não atendo.
-Esta é a sua casa também.
-Minha casa não é aqui. É na Avenida Trinta e Sete. Não fica nessa cidade.
A mulher girou os olhos.
-Quem é?
-Sou eu, sua idiota. –a voz esganiçada de Camilla preencheu o cômodo como uma pessoa com diarreia preenche o barreiro: rápida e amargamente. Algumas sacolas de lojas diferentes foram jogadas para a sala, quase perto de onde sua por ser considerada irmã se sentava. –Mais um pouco e eu morreria de esperar lá fora.
-Por que não abriu com a sua chave?
-Dá muito trabalho pegar a chave na bolsa.
-E eu vir até aqui te atender também.
-É para isso que você é paga. Bem paga. Agora, por que não coloca um sorriso nesse seu rosto emburrado?
- já está aqui.
Parecia que conviver com aquelas mulheres trazia à tona o mau humor das pessoas, e até mesmo uma mulher que era paga para sorrir e tratá-las bem não conseguia se submeter à tortura que deveria ser ter que sorrir para aquelas pessoas e fingir amar o modo como era tratada. A garota levantou as sobrancelhas claras, e fez um sinal com a cabeça, como se não fizesse a mínima ideia de quem a mulher falava, coisa que deixou um pouco irritada. Ela era obrigada a abandonar sua nova amiga, sua nova casa e , enquanto as filhas de Joane não se esforçavam nem para lembrarem de seu nome.
-A filha do seu padrasto.
-Ah.
Só então Camilla notou que estava na sala. O olhar recebido pela garota só não poderia ser mais gelado porque continha um pouco de indiferença. As irmãs não se importavam com , o problema é que pareciam querer que o padrasto delas não se importasse também. Ela a olhou de cima para baixo e a garota ficou sem graça. Vamos lá, . Pense em .
-Oi . –Cam murmurou com a voz desanimada. Ela cruzou a sala com seus sapatos recém comprados como se um passo em falso fizesse com que uma bomba escondida explodisse. Não sabia dizer se a garota não queria se aproximar ou se ela simplesmente fosse meio estranha. Provavelmente as duas opções. –Você está aqui na minha casa...
-Por causa do aniversário.
Ela olhou para a loira como se fosse uma criança, e a garota não melhorou a situação quando fez um biquinho com seus lábios pintados de rosa claro.
-Que aniversário?
-O da sua mãe. –girou os olhos castanhos, perguntando para si mesma o que fez de tão errado em algum ponto de sua vida para merecer aquilo. –Esqueceu o aniversário da sua mãe. Uau.
-Não esqueci o aniversário da minha mãe. Eu tenho que me arrumar. Papai disse que jantaremos em um restaurante tailandês. Será que os garçons tailandeses são bonitinhos?
trincou os dentes. Odiava o fato das duas irmãs chamarem o pai dela de “papai”. Elas não deviam chamar de pai um homem que realmente não fosse pai delas, achava um desrespeito ao pai que realmente é pai delas. Ainda mais porque ele já havia há tempos falecido. Cam parecia nunca ter visto meninos na vida dela. Qualquer sinal de um cara, e ela ficava doida. Flertava com todos os namorados de Bianca –o que era muitos –, e ainda por cima todos flertavam com ela de volta. Chegava até a ser meio depressivo o modo como aquelas duas garotas viviam e não era de se assustar o fato de nenhum garoto ficar com Bianca por muito tempo.
-Ah, você quer dizer o meu pai. Não precisa chamá-lo assim.
Cam girou os olhos e saiu rebolando para o andar de cima. Pensando bem, era mais correto aquela menina chamar o pai dela dessa forma do que ela mesma chamá-lo de pai.
-Estamos em casa! –Bob gritou entrando na casa cheio de sacolas de compras na mão. Não era para ele estar trabalhando? Ao lado dele, Joane usava com um vestido preto longo, exagerado demais para uma mísera terça. Quando viu , deu o sorriso mais plástico que conseguiu e foi abraçá-la.
-, querida! –ela disse, soltando-a. Joane só a abraçou por uns segundos, mas pareceu uma eternidade. Depois de se afastar um pouco, tentou – tentou – ser discreta ao alisar sua roupa, como se a garota estivesse cheia de poeira. Após fazer isso, analisou a roupa da enteada e com o nariz franzido fez uma carinha triste. –Oh, querida, você perdeu uma de suas malas no aeroporto?
Isso fez com que ficasse furiosa, um calor subindo a partir do pescoço e irradiando em suas bochechas, e naquele momento pensou que explodiria. Ela tinha acabado de falar mal de sua roupa? Sinto muito por não vestir um vestido preto ridículo que é demais para ocasiões normais.
-Não, Joane, não se preocupe. Eu não trouxe muita roupa porque não vou ficar por muito tempo. Só vim para o seu aniversário. Afinal, quando se chega a certo ponto, é preciso aproveitar todo aniversário como se fosse o último, certo?
Joane teve uma crise de espirros, e o pai dela olhou-a com um olhar espantado.
-! –Bob disse.
-Desculpe. – deu de ombros, segurando o riso e sentindo a adrenalina correr por seu corpo como sempre corria quando ela dizia algo que não devia. –Foi inconveniente. Aproveitando a ocasião, eu queria me desculpar de novo pelas minhas roupas. Não estamos numa situação muito favorável depois que meu pai saiu de casa.
-Filha...Vá. Para. O. Carro. Por. Favor.
concordou e foi até o carro. Era assim que ela seria a partir daquele momento com o pai. Ela não queria ser mais ser a tímida ela queria ser outra , uma que surpreenderia a todos. Queria ser como... Como . A roupa dela era linda. O vestido verde-claro com preto da BCBG era emprestado, e seu cabelo ondulado estava preso em uma trança. Era só Joane que era uma idiota. Cam chegou em seguida e se sentou ao lado dela, enquanto mexia euforicamente em seu celular. Nenhuma das duas falaram uma palavra com a outra, não que realmente precisassem. Quando Bob e sua esposa entraram no carro, o telefone de tocou. No visor leu . E ela começou a ficar nervosa. Não podia falar com ali. Mas também não ignoraria a ligação dele. Sua voz saiu como um sussurro e quase não escutou a própria voz.
-Oi.
A voz do garoto também soou bem baixa pelo telefone.
-Olá. Você tem um tempo?
-Na verdade, eu não tenho, . Não estou na cidade.
-Liguei em uma má hora?
-Hã... Sim.
-Desculpe. Me ligue quando voltar, tudo bem?
-Não tem problema. Até logo.
-Tchau.
desligou lentamente, sentindo-se mal por ele. realmente não tinha nenhuma piedade. Ao mesmo tempo, não sabia se ele era digno de alguma piedade, pelo o que via e pelo o que escutava pelos corredores da escola.
- é seu namorado? –Joane perguntou naquela voz alegre demais. Pelo jeito já tinha esquecido o que acabara de acontecer.
-Não, não é meu namorado. –ela disse rapidamente. –É só um cara da escola.
-Ele é bonito?
-É, acho que sim.
Camilla estalou a língua ao seu lado.
-Então ele realmente não é seu namorado.
-É claro que ele não é meu namorado. – disse. Pense como . Pense como . –Porque eu não acho legal ter dois namorados.
O carro deu uma freada depois de uns segundos, provavelmente até seu pai raciocinar o que a filha sugeriu, e as cabeças de e de Cam bateram fortemente no banco da frente. A menina gemeu e Joane levou um susto, mas Bob não ligou para elas. A filha dele tinha um namorado? Como foi que não soube disso antes? Perguntou com a voz mais controlada que conseguiu:
-O que você disse?
-Eu disse que já tenho um namorado.
-Quanto tempo tem isso?
-Uns dias.
-E por que eu não fiquei sabendo?
Os carros que estavam atrás do carro de Bob começaram a tentar cortá-lo, e os motoristas começaram a buzinar. Mas ele não estava com pressa nenhuma.
-Querido, por favor, continue dirigindo antes que...
-Por que eu não fiquei sabendo?
-Acho que me esqueci de mencionar.
-Não... Não acredito que não me contou que está namorando. Quem é ele?
-Ele é um amigo.
-Não deixo você vê-lo mais.
-Pai, eu tenho dezoito anos. Posso decidir quem namoro ou não. E aliás, você não tem o direito de interferir na minha vida, agora que quase nem faz parte dela mais.
-Me deixa ver uma foto dele? –Cam perguntou, de repente parecendo bem mais simpática do que antes. Ela se esticou pelo banco do carro e ergueu o queixo para enxergar o celular da irmã.
-Claro.
pegou seu celular e clicou em uma foto. O pai dela encostou no estacionamento do restaurante e se inclinou junto com a esposa para ver o namorado da filha. A foto que ela mostrou exibia um jovem com cabelos loiros e olhos verdes hipnotizantes. A beleza espantou a todos, colocou inveja em Camilla e fez o pai de ficar ressentido. Foi tirada quando estava na festa dançando com seu suposto namorado. O pai ergueu uma sobrancelha.
-Qual é o nome dele?
-O nome dele é . .
engoliu em seco. Aquilo definitivamente não era algo que faria.
*



Capítulo 56 - Não é uma droga quando o amor não é correspondido?


Pense em uma pessoa triste. Era assim que estava.
Mesmo feliz por ter acertado as coisas com , estava muito triste por ter visto com outro cara. Fazia menos de uma semana que ela terminou com (na verdade, não tem jeito de terminar algo que nunca começou, mas mesmo se tivesse começado, não houve nenhum término) e já tinha ficado com outra pessoa. O único jeito de aceitar aquilo era se essa pessoa fosse ele mesmo. Estava com tanta raiva de naquele momento que até começou a dar razão à quando ela dissera mil vezes a ele que era uma piranha. Ele respirou fundo, desistindo. Não conseguia ficar com raiva dela. Ele estava completamente apaixonado por . Bom, completamente poderia ser uma palavra muito forte. Só sabia que precisava conversar com ela. Saiu de seu quarto e bateu na porta de e de . O sol estava começando a se por e ele não fazia ideia de onde as duas estavam. Por sorte, foi a própria quem atendeu a porta. Ela estava só com um roupão branco, e seus cabelos pretos caiam molhados por cima dele. Quando viu , uma expressão surpresa passou pelo seu corpo. Depois, ficou com raiva.
-O que você quer?
-Por favor, . – ficou desconcertada por vê-la tão bonita. –Eu preciso conversar com você. Me dê só alguns minutos?
-Claro. –ela girou os olhos, como sempre fazia quando estava sem paciência. Ele nunca imaginou que ela faria aquele gesto para ele. –O que você quer falar?
-Quero saber o que está acontecendo.
-Achei que soubesse, já que você e ficaram me espionando. Ainda bem que eu fechei a janela agora, ou vocês já...
-Não estávamos te espionando. Acredite ou não, foi uma coincidência. Pelo menos da minha parte foi.
-Sei.
-Você acha que se eu estivesse te espionando viria aqui te perguntar o que está se passando na sua vida? Seja menos ignorante, por favor, .
-Ah, então a ignorante sou eu agora? Você dá um soco no meu namorado porque ele te bateu por tê-lo traído!
-! – gritou. –Desculpa. Eu e sabemos que não deveríamos ter brigado. Me desculpa.
-Eu...
-Mas você também não é inocente. pode até ser meu amigo, mas não temos nenhuma regra sobre não ficar com as namoradas do outro. Quem traiu o não fui eu, . Foi você. Foi você quem traiu seu namorado.
-Eu e não somos...
parou. sorriu por dentro. Finalmente. Finalmente! Ela finalmente tinha reconhecido que os dois não eram nada. deu um passo para frente e perguntou:
-O que você disse?
-Pare. –lágrimas começaram a rolar dos olhos dela. Ele parou de se sentir vingativo e começou a se sentir mal por ter feito-a chorar. – saia com muitas meninas. Por que eu não podia sair com algum menino? Por que? Isso é injusto!
não teve mais forças para falar e se sentou na cama, apoiando a cabeça nas mãos. imediatamente sentou-se ao lado e a abraçou forte. Ele acariciou os cabelos dela.
-Por que você beijou aquele cara? –ele perguntou, baixinho. –Diga a verdade. Você não gosta dele, gosta?
-Eu estou tentando. Gosto dele. – disse entre soluços. –Eu amo o . É isso.
Ele ficou sem reações. Depois disso, quem tinha vontade de chorar era ele. Odiava quando a garota dizia isso e toda vez parecia ser pior do que a anterior.
-, me desculpa por essa confusão toda.
-A culpa não foi só sua. Estamos bem?
-Estamos.
-Ótimo.
Mas não estava.
*



Capítulo 57 - Não se preocupe comigo


Jonny saiu da casa de Hanna. Ele estava muito feliz pelas coisas estarem dando certo com os dois. Mas não conseguia parar de pensar no irmão. Não sabia o que estava acontecendo com ele. Achou que estava tudo bem com ele, até ver saindo às pressas um tempo depois que ele e Hanna foram para o quarto dele. ficou estranho pelo resto do dia e quase não falou nada. Quando se encontrou com ele para a reunião com a diretora, ainda estava abalado. Parecia estar entrando em algum tipo de depressão, ou sei lá. Ele achava que isso era coisa de meninas. Mesmo insistindo muito, Hanna não quis contar o que estava acontecendo, ela só respondeu que e estavam bem. Então, o que tinha de errado com aquela criatura? Jonny sempre apostou a vida que o irmão era apaixonado por , mas pelo visto era pela . Se não encontrasse ele logo, teria que falar com os seus pais. Ele já ligara até para a April Hall, mas ele pelo visto não estava lá.
Jonny começou a ficar preocupado consigo mesmo, então. Não deveria estar se preocupando, o irmão sabia se virar.
*



Capítulo 58 - Pizzarias são tãããão românticas


entrou no banheiro e colocou uma calça de couro com uma blusa branca e um cardigã por cima, tentando ficar sexy, mas ao mesmo tempo intelectual. Queria mostrar a que era muito melhor do que .
-E agora? –os saltos da bota de camurça fizeram barulho no chão de madeira. O ultimo vestido que ela colocou era decotado e meio vulgar demais, por isso decidiu que seria mais sutil e que deveria trocar de roupa.
-Eu prefiro do outro jeito... – riu e girou os olhos. –Mas vá assim. Já está pronta?
-Sim.
-Então vamos.
-Vamos? Para onde você vai?
O garoto levantou e mostrou seu sorriso de lado, agindo como se fosse óbvio.
-Vou levar você.
-Eu vou com .
-, gatinha. Tem algumas coisas que você precisa entender. depende de . Você tem que mostrar sua autoridade. Gostamos de garotas confiantes.
-Isso é ridículo, . Eu sei que você quer passar mais tempo comigo, mas sem essa.
-Não fique se achando. Confie em mim, eu sou um homem.
concordou e a deixou em frente a uma pizzaria perto da casa dela. e estavam sentados em uma mesa perto da porta. A pizzaria era verde e amarela, com mesas de madeira espalhadas por todo o lugar. Cheirava à manjericão com hortelã. vestia um suéter de linho vermelho e uma calça jeans desbotada. Suas botas marrons estavam molhadas. a deu um sorriso e acenou quando a viu. se ajeitou na cadeira desconfortável.
-Oi, gente.
O garoto deu outro sorriso.
-Oi, . Como você está?
-Melhor impossível.
-É mesmo? – perguntou surpresa, se lembrando do quando ela parecia bêbada na festa. –Não está de ressaca?
-Não. –ela sorriu com educação. –Eu nunca fico de ressaca.
-Sorte a sua. – disse sem perceber a expressão amargurada no rosto de . –Minha cabeça está me matando.
-Deixe eu te ensinar uma coisa. – colocou as mãos com as unhas pintadas de vinho em cima da mesa e seus olhos azuis rodearam o rosto de . –Antes de ir dormir tome Tilenol com água.
-Jura?
-Juro. Minha mãe me ensinou.
-Sua mãe. –ele pareceu refletir. –Como estão as coisas com ela?
-Melhor. Mas e aí, ? O que achou da April Hall?
-Ótima. – respondeu estranhando a educação dela. –Minha mãe me colocou no mesmo quarto que sua amiga, .
-Foi ela quem solicitou? Por quê?
-Porque ela acha que nós duas somos melhores amigas.
-E você não disse a ela que não são?
-Não.
-Por que não? – entrou na conversa e inclinou a cabeça. Disso ele não sabia. ficou desconfortável.
-Eu e minha mãe não conversamos tanto. Ela é sempre muito ocupada.
-A minha também. – abanou a mão. –Mas eu dei um jeito nisso.
-Talvez sua mãe tenha arranjado um tempo, mas a minha definitivamente não tem. – já estava nervosa. Ela não sabia porque, só sabia que conseguia deixá-la assim sem dizer muita coisa. A garota queria que ficasse como vilã, ou era só paranoia dela?
-A ponto de não contá-la que brigou com sua amiga?
-Não brigamos, apenas não somos mais amigas.
-As coisas não ficam estranhas com a sua mãe achando que ainda são amigas? – fez biquinho. –Agora que a transferência de quarto não foi autorizada, o clima deve ficar estranho. Você devia... Quer ajuda? Eu poderia...
-Cuidar da sua vida? – gritou, chamando a atenção de algumas pessoas. Ela estava ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona. a olhou assustado.
-! –ele ralhou. –O que é isso?
-Eu sei como cuidar de mim.
- só queria ajudar.
-Tudo bem, . – falou com aquela mesma voz enjoada. –Ela tem razão, eu não devia me meter.
-Certo. Vou pedir a pizza. , fique comportada, por favor.
se levantou. Seu pé ficou preso no pé da cadeira e quando ele foi andar, tropeçou.
-Cuidado! – o alertou.
-Não seja um banana! – falou rindo, e começou a ir como se fosse a coisa mais hilária do mundo. Ela olhou para . –Coisa de bêbado.
olhou para ele com a testa enrugada, sem entender nada.
-É uma coisa que aconteceu com a gente. –ele explicou ainda rindo. –E não seja um tonto.
riu e jogou uma mecha do cabelo para trás, fazendo-o olhar para o piercing no meio de sua orelha.
-Quando foi que colocou piercing? – perguntou.
bufou. O que estava acontecendo ali? Ela se sentiu excluída. Além de ter ficado como vilã na história da mãe, ainda por cima tinha que aturar os códigos usados por e . Isso não era falta de educação? Ele se afastou, deixando as duas sozinhas. sorriu para , que teve náuseas. Por que ela fingia ridiculamente que as duas eram amigas? Normalmente, as duas nem se falavam, ou a respondia mal ou fingia que ela não existia. Tudo bem que ela queria impressionar , mas isso não significava que precisava ser cem por cento falsa. Além da aparência e dinheiro, aquela garota não tinha nada para oferecer? achava que não. Ela apostava que naquele momento, ele preferia a companhia dela do que a de , que estava visivelmente confusa e irritada. A menina se inclinou:
-E aí, como foi com ontem?
-Foi legal. –ela respondeu com simplicidade. –Espera, como sabe?
-Os boatos correm. – pegou um pouco de água do copo dele e despejou no dela, bebendo graciosamente. fingiu que não notou. –Ele é bem legal. E é lindo também, não acha?
-É, ele é legal. – disse rapidamente. Ela teve vontade de perguntar algo como: E você com meu namorado, como foi?Você se esfregou muito nele? , mas se conteve.
voltou, trazendo uma pizza grande de pimentão, queijo, brócolis e presunto. Ele se sentou onde estava antes e eles se serviram. olhou para o seu prato, fingindo estar sem graça.
-O que foi? –ele perguntou. Observou o prato dela. –Ah.
Pegou todo o pimentão da pizza dela e colocou em seu prato. Ela sorriu. olhou para ele, de olhos arregalados, mas não notou.
- é alérgica a pimentões.
fez uma careta, querendo explodir. continuou comendo, sem notar o que estava acontecendo. sorriu.
*




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