Capítulo Único
(Não viva uma mentira)
This is your one life, ooh
(Essa é a sua única vida)
Don't live in lie
(Não viva uma mentira)
You won't get Lost
(Você não vai se perder)
Just walk, just walk
(Apenas ande, apenas ande)
tinha um sonho.
Desde muito pequena, ela sonhava em ser atriz como aquelas que faziam os seus filmes favoritos. Brincava com sua irmã fingindo estar gravando algum vídeo ou cena de algum filme infantil que haviam assistido, nas noites de Natal, juntavam as crianças na sala e tentavam fazer uma peça improvisada dos Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida e claro, o papel principal era sempre dela.
Conforme foi ficando mais velha, o amor pelo teatro e cinema foi ficando bem evidente para sua família. Entrou para o grupo de teatro da escola, participando e organizando diversas peças com bastante dedicação fazendo com que lhe rendesse grandes elogios. Quando fez dezesseis anos, seus pais lhe deram de presente uma viagem para Hollywood, uma parte de seu sonho realizado e claro, naquela viagem jurou para si mesma que lutaria por seu sonho.
Entretanto, os anos foram passando e no auge dos seus vinte anos, precisava tomar uma decisão importante que definiria toda a sua vida. A verdade era que mais nova sua família gostava de vê-la nos palcos, mas, quando ganhou mais idade e continuou investindo em seu sonho, seus pais começaram a criticá-la, lançar sobre ela apenas palavras negativas e pressões psicológicas numa tentativa de arrancar a ideia descabida de tentar a vida de atriz em Los Angeles. Para eles, sua filha mais velha deveria assumir os negócios e casar, vivendo feliz com sua família em Salt Lake City, Utah.
Mas esse não era o sonho de .
Ela queria mais para si. Queria experimentar mais do mundo, conhecer, encantar, levar o seu trabalho para as pessoas de diversos lugares. Amava a sensação de viver mil personalidades em baixo de uma mesma pele, estar fisicamente como Bridgestone, mas, a personalidade de um personagem, uma outra vida.
It's a liberty walk, it's a liberty walk
(Essa é a caminhada da liberdade)
It's a liberty, liberty, liberty
(Essa é a liberdade, liberdade, liberdade)
Não iria viver a vida que seus pais queriam para ela, jamais faria isso caso fosse mãe um dia. Nunca se imaginou vivendo em Utah com um marido e filhos enquanto cuidava da pizzaria da família. Por isso, havia fingido se esquecer do seu sonho impossível para muitos, mas, que para ela seria alcançado. Juntou durante anos boa parte do salário que ganhava trabalhando com seus pais na pizzaria e se manteve guardando esse segredo durante anos até aquele momento.
Dois meses antes...
Era noite de segunda-feira, sua família tinha a noite de folga da pizzaria nesse dia. Estavam reunidos à mesa de jantar: seus pais e sua irmã caçula. Todos comiam tranquilamente – menos - a deliciosa refeição que havia sido preparada com tanto amor. Suas mãos que seguravam os talheres suavam frio, as batidas do seu coração eram agitadas e na sua cabeça, só se ouvia pensamentos negativos, as vozes de seus pais ecoavam com todas as palavras, ameaças que tentavam pôr juízo na filha mais velha. Enquanto conversavam sobre algo que acontecera recentemente na cidade, ela apenas conseguia manter o foco no peso, nas consequências do que seria dito aquela noite. Por dentro, poderia estar com os nervos à flor da pele, mas, anos de experiência como atriz lhe renderam um bom controle externo de suas feições. Para sua família, estava apenas concentrada em terminar sua refeição, como todas as noites em que estavam reunidos naquela pequena sala de jantar.
- já topou. - Falou a caçula arrancando a mais velha de sua distração. Encarou-a, piscando diversas vezes, tentando se situar sobre o que estava sendo dito.
- O que?
- Ué, você ficou de trabalhar no meu lugar amanhã. - Lembrou a caçula com uma expressão de confusão enquanto colocava mais um bocado de comida na boca. Seus pais lhe observavam atentamente, pareciam ler seus pensamentos deixando-a ainda mais nervosa.
- Ah, sim. Vou cobrir a pirralha amanhã. - Avisou implicante enquanto mostrava a língua para irmã que revirou os olhos.
- , minha filha, está tudo bem com você? Parece agitada. - Perguntou sua mãe amavelmente enquanto analisava-a. Seu pai permaneceu em silêncio, observando-a com seus olhos de águia fazendo com que ela se sentisse ainda mais descontrolada, receosa em anunciar os seus planos que estavam próximos.
bebeu todo o seu suco numa tentativa de disfarçar e negou com um gesto rápido de cabeça.
- Você sabe que uma hora terá que nos contar, né? - Perguntou seu pai num tom sério enquanto cortava seu bife calmamente. Ela gelou dos pés à cabeça enquanto o encarava de olhos arregalados. Se questionou ser possível terem descoberto os seus planos.
- Nós vimos o dinheiro que está escondido embaixo da sua cama. Como conseguiu juntar aquela fortuna? - Perguntou sua mãe com uma expressão de curiosidade enquanto deixava seus talheres no prato.
A jovem respirou fundo tentando se acalmar, criando coragem para confessar os seus planos. Gostaria de ter reclamado sobre terem mexido em suas coisas sem autorização, mas era melhor evitar piorar a situação, pois sabia que seria muito difícil externar os seus planos.
(Isso é para todos aqueles que estão)
Trying to hold you back
(Tentando te prender)
Trying to make you feel like
(Tentando fazer você se sentir menor)
You're less than that
(Do que realmente é)
Givin nothing more better
(Dando nada melhor)
Than to make you crack
(Do que te fazer explodir)
But really just trying put
(Mas apenas tente colocar)
Your dreams off track
(Seus sonhos em ordem)
And you know in the end
(E você sabe que no final)
It'll be ok
(Tudo ficará bem)
- Eu vou morar em Los Angeles. - Anunciou num tom falsamente calmo enquanto encarava um de cada vez. O silêncio na mesa foi perturbador, ninguém reagiu por alguns instantes, pareciam estar assimilando a bomba que fora jogada na mesa. Até que seu pai riu como se tivesse contado a piada mais engraçada do mundo, reação inesperada já que ele não poderia ser considerado um homem de bom humor.
- Só pode ser brincadeira, porque se não for, é uma brincadeira de muito mau gosto. - Falou seu pai com uma expressão séria como se não tivesse rido segundos antes. Sua irmã e sua mãe não ousaram dizer qualquer palavra.
apenas o encarou séria para que ele pudesse compreender que estava falando a realidade.
- Você está maluca? Olha o quanto lutei para criar você e sua irmã para jogar no lixo tudo isso por uma vida falida! - Falou seu pai aumentando o tom de voz enquanto seu rosto começava a ficar vermelho.
- Eu agradeço por cada centavo que tenha gasto comigo, mas não vou viver os seus sonhos. - Agradeceu tentando manter o tom de voz firme enquanto olhava nos olhos dele, sem pestanejar.
- Está vendo? Eu te avisei que não éramos para ter deixado ela entrar naquela porcaria de teatro, mas você não me ouviu! - Reclamou irritado ao falar olhando para a mãe da jovem. - , você não vai fazer essa loucura! Não vai! Se você sair dessa casa, você não me volte mais! Você ouviu? Não vai poder contar com nenhum centavo meu! - Berrou irado, batendo com o punho na mesa assustando-as e em seguida, levantou e saiu subindo as escadas, pisando com força numa tentativa de descontar a raiva que estava sentindo da filha.
As três mulheres permaneceram em silêncio na mesa, encarando qualquer ponto menos umas às outras. estava segurando as lágrimas, não esperava que seu pai fosse explodir daquela forma, nunca o vira reagir daquele jeito. Por um momento, pensou em desistir de tudo, sentiu medo do desconhecido em estar cometendo a maior loucura da sua vida. Não deixou de se questionar sobre dar tudo errado e como teria seus pais para lhe socorrer? E se seu pai jamais lhe perdoasse? Como viveria com essa dor?
- Eu sempre soube que você não aceitaria ficar nessa cidade, iria abrir suas asas e voar para longe. Não me arrependo em te ajudar a subir naqueles palcos, você merece realizar os seus sonhos. Seu pai te ama e nós também. - Falou com lágrimas nos olhos enquanto segurava a mão da jovem e da caçula por cima da mesa. Ouvir as palavras de sua mãe fora o suficiente para que a jovem começasse a liberar as lágrimas que estavam presas desde a explosão de seu pai.
- O papai vai te perdoar, dê tempo a ele. - Pediu sua irmã docemente enquanto sorria para ela.
- Eu amo vocês - Confessou em meio aos soluços.
Don't be afraid to make a move
(Não fique com medo de tomar a atitude)
It won't hurt you
(Isso não vai te machucar)
Just do what you were born to do
(Você simplesmente faz o que nasceu para fazer)
And everything works that away
(E todo o resto funcionará assim)
Hoje...
estava secando algumas lágrimas silenciosas enquanto observava a paisagem pela janela do avião, faziam apenas alguns minutos que havia se despedido da sua mãe e irmã com uma promessa de que voltaria para visitá-las. Seu coração parecia pesar uma tonelada no peito, pois foi muito difícil para si mesma estar ali sem dizer adeus para o seu pai, sem ter o seu apoio. Ela sabia que deveria ser forte para estar preparada para enfrentar todos os obstáculos que lhe aguardavam, pois não aceitaria o fracasso como resposta. O seu pai lhe amava e em algum momento, iria perdoá-la, mas, era difícil saber que poderia levar algum tempo para isso acontecer. Pelo menos, teria o apoio da sua mãe, irmã e da sua melhor amiga que estava lhe aguardando em Los Angeles.
O seu coração estava pronto para os desafios: seria uma atriz de sucesso.
(Não pare continue andando)
Don't stop keep on talking(shii)
(Não pare continue falando(shii))
Don't stop keep on walking, walk, walk
(Não pare continue andando, ande, ande)
Fim
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