02. Os Anjos Cantam

Finalizada em: 05/01/2018

Capítulo Único

28 anos atrás...

e estavam sentados na grama e abraçados, enquanto olhavam o céu daquela tarde que estava ensolarada. alisava os braços de sua eterna namorada enquanto curtiam aquele enquanto relembrando das vivências passadas.
- , você se lembra quando nos encontramos e éramos de famílias inimigas? – ela sorriu nostálgica com a lembrança.
- É claro que me lembro, tivemos tanto trabalho para vivermos o nosso amor. – agora ele alisava os cabelos dela, que tinha os olhos fechados sentindo o carinho.
- Fugimos e casamos escondidos. Nossos pais quase infartaram quando souberam, mas no fim, tiveram que aceitar.
- Sim, sim, ninguém nunca conseguirá impedir o nosso amor – ela abriu os olhos e apertou levemente a mão livre do rapaz – Por falar nisso, , o conselheiro veio falar comigo... – ele franziu o cenho, surpreso.
- Veio, é? - ela assentiu positivamente com a cabeça – E o que ele queria?
- Me perguntou se eu queria voltar para a Terra... – ela suspirou, enquanto brincava com os dedos dele. Ele a ajeitou, de forma que ela ficasse sentada de frente para ele.
- E você? Disse o quê? – ele tinha os olhos arregalados.
- , você não quer voltar? – ela devolveu o questionamento a ele.
- Sinceramente? Não. Aqui é tão bom, a Terra é um mundo cheio de provas e expiações. É complicado ser feliz lá... – ele concluiu.
- Não acho... Lá é uma espécie de escola para evoluirmos sempre. Se ficarmos aqui no paraíso, nunca chegaremos ao grau de evolução que precisamos.
- Ah, ... – ele respirou fundo.
- Já faz seis anos que estamos aqui. Não estou sendo ingrata, gosto desse lugar maravilhoso, mas sinto que preciso voltar para Terra para aprender mais.
- Eu sei, você tem razão, meu anjo. – ela sorriu e deu um selinho nele – É que eu tenho medo.
- Medo de quê? – ela o olhava profundamente.
- De te perder – ele confidenciou tímido.
- Nós nunca nos perdemos, . Eu sempre vou te amar. – ela deu um selinho casto nele.
- Eu te amo – ele suspirou fundo, ela sorriu fofamente com a declaração – Você disse que sim a ele? – ele passou a mão no próprio cabelo.
- Não, eu disse que veria com você, eu só volto para a Terra se você aceitar isso – ela o olhava, apreensiva, aguardando sua decisão.
- Você quer muito voltar, não é? – ele olhava cada extensão do rosto dela.
- Quero muito – ela sussurrou, mas foi possível que ele escutasse.
- Tudo bem, eu volto por você. – ela sorriu e o abraçou fortemente. estava bastante feliz com aquilo. - Quando embarcamos?
- Obrigada, meu amor – gostava de estar nos braços do rapaz, sentia que seu mundo era ali – Quanto ao embarque ainda não sei. Precisamos ir à sala do conselheiro para obtermos mais informações.
- Tudo bem, então vamos lá.
Ele se levantou, e a ajudou a se levantar também. Os dois foram caminhando de mãos dadas até o local que se intitulava sala do conselheiro. Deram leves batidas na porta, escutaram um entra e assim o fizeram.
- Com licença, senhor. – os dois disseram juntos e sorriram um para o outro.
- Sempre em sintonia, gosto disso em vocês – ele sorriu bondosamente – Sente-se, por favor. – indicou as duas cadeiras, e o casal sentou-se. – E então? O que decidiram?
- Voltaremos a Terra – respondeu pelos dois.
- Muito bom! Eu sabia que vocês não me decepcionariam – ele estralou os dedos e apareceu o documento que continha os dados da vida que eles teriam na Terra. – Já que concordaram, vou dar algumas informações importantes da nova vida de vocês, mas somente algumas, porque vocês tem livre arbítrio, então nem tudo o que está planejado aqui acontecerá.
- Tudo bem, conselheiro – concordou, ansioso.
- Dessa vez eu quis fazer diferente, vocês não embarcarão juntos...
- Mas como assim? – arregalou os olhos, enquanto tentava acalmar o rapaz. – Nós nunca embarcamos separados.
- irá primeiro. – o conselheiro o avaliava.
- E eu? Irei quando? – atropelava a fala do sábio, estava nervoso.
- Daqui a oito anos, colocou a mão na boca, em choque. Já estava pálido, aquilo não podia ser verdade.
- Mas, senhor, é minha alma gêmea, é muito dolorido ficar tanto tempo longe dele – já tinha uma das mãos no peito, enquanto entrelaçava a outra com a de , que ainda estava sem reação.
- É por isso que será um desafio. – ele coçou o queixo – Está na hora de começarem a caminhar um pouco sozinhos, fará bem a evolução de vocês.
- Eu não aguento viver tanto tempo longe do meu amor, Conselheiro – os olhos de estavam úmidos, vendo aquilo não conseguiu impedir que lágrimas rolassem por seus olhos.
- É preciso... Meus filhos, vocês sempre se encontram, sempre!
limpava a face dele, enquanto sussurrava que as coisas ficariam bem. Tentava acalmá-lo, sabendo que seria impossível, nem ela mesmo acreditava no que dizia a ele.
- E quando ela embarca? – perguntou com um fio de voz.
- Hoje mesmo – sentiu facadas em seu peito. Hoje... Oito anos longe de , oito longos anos.

***

preparava-se mentalmente para passar pela máquina do esquecimento. Aquilo significava que tudo o que ela tinha vivido no paraíso e suas outras vidas seriam apagadas, e o que lhe matava ainda mais era que se esqueceria de seu grande amor, .
Ela tinha que se despedir dele, então correu em sua direção e o abraçou fortemente chorava muito, aquilo estava quebrando-a. Ela limpou as lágrimas de sua alma gêmea delicadamente.
- , presta atenção em mim – ela suplicou – Eles nos ofereceram uma oportunidade para nossa evolução, eles sabem que a gente dá conta disso, ok? – ele abaixou a cabeça – Olha pra mim – ele lhe olhou – Eu só posso encontrar a felicidade ao seu lado, não tema, meu amor. Como o Conselheiro nos disse, nós sempre, sempre nos encontramos.
- Eu sei, mas você vai passar pela máquina de esquecimento e será mais fácil para você, para mim não, ficarei oito anos aqui... – ele disse em tom baixo.
- Amor, participe do pronto socorro para os necessitados, se inscreva para auxiliar os anjos, faça algo para se distrair... Não pense que eu não estou sofrendo, eu estou e muito.
- É que está doendo muito. Eu não quero que você vá, mas eu sei que é preciso.
- Sim, é preciso – ela sorriu delicadamente – Ai, meu amor, eu já tenho que ir. – ela deixou a frase morrer.
- Eu te amo, você é minha vida! – ele sorriu e a beijou delicadamente. Um beijo de despedida. Não se sabe quanto tempo aquele beijo durou, mas relutantes eles se separaram. As testas ainda estavam coladas.
- Eu também te amo muito, muito mesmo. Meu amor! – ela lhe deu um selinho – Fique bem! – eles descolaram as testas, com olhares tristes.
Ela seguiu para o local onde ficava a máquina que a levaria de volta a Terra com o coração apertado por ter que deixar para trás.

***

Atualmente...

- Mas eu não quero ir, Erika – tentava convencer a amiga de ficarem em casa e curtirem a noite maratonando na netflix alguma série qualquer. Ela tinha trabalhado até tarde no escritório de advocacia e ainda tinha campeonato no dia seguinte.
- Nós precisamos, você não pode e não deve ficar enfurnada dentro de casa por ter terminado com o Elton. – a olhou, incrédula.
- Só pode mesmo ser loucura dessa cabecinha oca! – ela revirou os olhos – Eu não quero ir pra balada contigo porque tô com preguiça. Caso você tenha esquecido fui eu quem terminou com o Elton porque as coisas esfriaram! – ela se jogou na cama.
- Ok, foi você. Mas esse não é ponto - revirou os olhos - São vips, vips para essa balada. São cem reais a entrada!- Erika não desistiria enquanto não convencesse à amiga.
- Que balada é essa, pelo amor de Deus! Cem reais a entrada, eu tô chocada.
- Pois é, por isso você deveria valorizar esses vips... – Erika se jogou ao lado da amiga na cama, enquanto a abraçava de lado – Por favorzinho?
- Você não vai desistir, né? – lhe olhava entediada.
- Não vou, . Você é minha melhor amiga, não existe melhor companhia no mundo do que você.
- Uau, diante dessa confissão linda, vejo que não tenho escolha – riu, dando um beijo estalado na bochecha de Erika. Levantou-se preguiçosamente em foi em direção ao guarda roupa para escolher a roupa que usaria aquela noite.
Erika esperava a amiga terminar de se arrumar já que estava pronta desde quando chegara à casa da amiga para lhe convencê-la ir.
esborrifou o perfume mais uma vez e gostou do que viu, estava sentindo-se realmente muito bonita.
- Está linda, amiga! – Erika sorriu, enquanto elogiava .
- Muito obrigada! – alisou a própria roupa - Vamos logo antes que eu desista e me jogue na minha cama para terminar a temporada de Scandal – Erika arregalou os olhos e puxou a amiga para fora do cômodo.

Chegaram em frente ao local, passaram pela revista básica, o segurança conferiu os passes vips da Érika e lhes deu a pulseira. Entraram, e se assustaram como lugar era fantástico, viram uma pista de dança enorme, o bar com muita variedade de bebidas, o lugar era open bar. Ao fundo da balada havia o DJ que tocava animadamente para as pessoas que dançavam na pista. sorriu discretamente, fazia muito tempo que não vinha para baladas, afinal de contas, havia ficado presa em um relacionamento por alguns bons anos. Erika segurava firmemente a mão da amiga enquanto as conduzia para o camarote, no qual havia uma mesa livre e que elas se sentaram.
- Precisamos descer, hoje quero me acabar na pista até o sol nascer - Erika comentava empolgada. Seria uma longa noite.

***

- E ai? Gostaram do lugar? – questionava os dois amigos que lhe acompanhavam.
- Sim, é muito louco – Douglas comentava – Você não poderia ter escolhido balada melhor para comemorar os seus vinte anos.
- Concordo com o Douglas, essa balada é cara pra caramba, mas vale cada real – Diego completou e eles riram.
- Vou circular por ai, quero ver mesmo se vale cada real – Douglas comentou e saiu da frente dos amigos. Era sempre assim, Douglas nunca ficava ao lado deles nesses tipos de eventos, ele sempre circulava a caça de mulheres.
- Bom, bora pro bar? – convidou Diego para que pudessem ir juntos, e assim foi feito. Os dois pediram uma cerveja e riram alegremente enquanto iniciavam os trabalhos daquela noite.
Douglas circulava pela balada, quando viu uma mulher que lhe chamou a atenção por sua beleza angelical, ele sem pensar duas vezes se aproximou dela.
- Oi, moça – ele sorriu galanteador para ela.
- Oi... - Céus, tudo o que não queria era alguém dando em cima dela. Ela respirou fundo e contou mentalmente até três.
- Bora dançar? – Douglas tentou puxar conversa com a moça.
- Se você não percebeu eu já estou dançando – ela fingiu um sorriso, mas por dentro ela quis revirar os olhos.
- Puxa, é mesmo – ele sorriu sem graça, coçando a nuca. Que garota metida – Vamos pra o bar? Te pago uma bebida.
- Eu estou bem aqui, obrigada. – ela não direcionou o olhar para ele, continuou dançando distraída.
- Quem você pensa que é para me tratar dessa forma? – Douglas explodiu diante a indiferença dela, ele não estava acostumado com rejeições.
- Eu sou uma mulher que não quer receber flertes de um babaca que não aceita um não! – ela esbravejou, e tentou sair do local, mas foi surpreendida.
- Olha como você fala comigo – ele segurou o braço dela com força.
- Se eu fosse você não faria isso, você vai se arrepender – ela rosnou olhando para o braço que ele segurava com força. Maldita a hora que ela decidiu aceitar o convite de Erika, que inclusive havia a deixado sozinha e essa altura estava nos braços de um cara que havia conhecido ali.
- Vai fazer o quê? – ele sacudiu o braço dela enquanto ainda segurava com força.
- Eu avisei – ela deu um giro no corpo, levando seu braço que estava sendo apertado por ele para trás, e com o esquerdo ela acertou a nuca dele. Desnorteado, ele cambaleou para trás – Agora você vai aprender a tratar uma mulher de verdade.
Ela desferiu um chute com o peito do pé que acertou em cheio o tórax do rapaz. Ele caiu, com impacto do golpe. era faixa vermelha de Taekwondo*, então ela sabia se defender com maestria.
- Só pode ser brincadeira mesmo – ele avançou na mulher. Há essa altura já se formava uma roda em volta deles.

e Diego riam distraidamente enquanto bebiam mais uma cerveja, quando perceberam uma aglomeração enorme na pista de dança, curiosos se aproximaram do local e viram uma cena que os surpreenderam. Douglas estava no chão enquanto recebia chutes na barriga. Dois seguranças tentavam segurar a moça, que parecia descontrolada. olhou bem para ela, e assustou-se com a sensação que o dominou.
- Me solta, eu ainda não acabei com esse babaca! – ela esperneava enquanto saia carregada pelos dois homens em direção à saída do lugar.
Diego olhava a cena e ria loucamente, ajudou Douglas a se levantar, seu amigo estava acabado. Já tinha o olhar perdido em direção ao local onde estava, sem pestanejar ele seguiu o mesmo caminho, guiado por seus instintos.
- , onde você tá indo? Me ajuda aqui com o Douglas – Diego gritava com o amigo, em vão, já que ele se encontrava cada vez mais distante – Douglas, você pode me explicar por que estava apanhando daquela moça?
- Ai! –O orgulho de Douglas estava ferido, nunca tinha passado por tamanha humilhação em toda a sua vida.

- Me soltem, seus brutamontes – as pernas de estavam no ar, enquanto ela tentava se soltar. Eles só a soltaram quando chegaram à porta dos fundos da balada e a deixaram lá. – Seus brutos! Venham sozinhos que eu acabo com a raça dos dois! – ela limpava a roupa, emburrada.
seguiu o mesmo caminho, chegou à porta dos fundos e a viu ajeitando a roupa. Era bizarro, mas o coração dele estava disparado. O que poderia ser aquilo? virou-se bruscamente e se deparou com um par de tênis all star preto, ela quis morrer. Estava pronta para xingar quem quer que fosse, mas tomou um susto quando viu o rosto do rapaz. Sentiu as mãos suarem, parecia presa a aquele olhar. Aproximou-se de e ficou de frente a ele, ambos calados, observavam um ao outro com curiosidade, as borboletas passeavam pelo estômago deles.
- Não é possível eu estar sentindo tudo isso sozinho... – ele lhe olhava encantado.
- Não, você não está sozinho, eu sinto o mesmo – ela se aproximou dele a ponto de que os narizes do casal se encostassem.

Em um outro lugar...

- Conselheiro, Conselheiro! – Denis entrava afobado pela sala do sábio.
- Calma, rapazinho, o que houve? – ele sinalizou a cadeira para que ele se sentasse.
- É que aconteceu... e se encontraram, finalmente! Mesmo com as adversidades eles se reconheceram.
- Ah, aqueles dois são almas gêmeas de verdade, pode existir o maior dos empecilhos, eles sempre, sempre se encontrarão. Eu nunca duvidei disso.

*O nome "taekwondo" se origina da fusão de três palavras coreanasː Tae (Pés), kwon (mãos) e Do(espírito/caminho). Indica a técnica de combate sem armas para defesa pessoal, envolvendo destreza no emprego das mãos e punhos, de pontapés voadores, de esquivas e intercepções de golpes com as mãos, braços ou pés, para a rápida destruição do oponente.




Fim?



Nota da autora: Eu me virei nos 30 para entregar esse ficstape, eu achei que não fosse conseguir porque foi bem em cima da hora, mas deu tudo certo, rs! Foi à coisinha mais fofinha que eu escrevi até hoje hahaah, se leram até aqui não se esqueça de deixar um comentáriozinho básico. <3



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