Prólogo
Vinte anos atrás...
– Então seu marido está participando de um processo seletivo para um cargo de engenheiro químico em outra cidade? – ela perguntou, enquanto observava correr de enquanto riam alto.
– Sim, é uma vaga e tanto. Caso ele passe ganhará bem mais do que ganha atualmente... – ela suspirou fundo.
– Mas você não quer se mudar para lá, certo? – Alice questionou, enquanto a fitava.
– De verdade, não. – fez uma pequena pausa. – Minha família é daqui, sabe? Gosto da calmaria do interior... Se nos mudarmos estaria completamente sozinha em uma cidade grande.
– Eu te entendo, Anny. Mas às vezes é preferível arriscar, a ficar na mesmice. Trabalhe essa ideia, já que ainda não é certeza de se mudarem.
– Sim, você tem toda a razão. – ela deu um breve sorriso a Alice, enquanto a última lhe dava um afago nas costas, em forma de conforto.
As duas mulheres observavam seus filhos brincarem animadamente na pracinha que tinha perto da casa delas.
– Peguei você. – finalmente havia alcançado à amiga.
– Ai, . – ela estava ofegante pela corrida – Deveríamos brincar com aqueles garotos. – apontou alguns meninos mais a frente – Eles parecem legais. Brincar de pega-pega só nós dois não é tão legal. – ela tentava convencê-lo.
– Ai, não, , eles são idiotas... – ele fez careta enquanto os encarava. – Já sei! Vamos brincar de outra coisa. – a garotinha no auge de seus onze anos revirou os olhos.
– Certinho... do que quer brincar? – ele deu um sorriso torto.
– Vamos brincar de... Stop! – a garota franziu o cenho.
– Stop? Me parece bem legaaal! – ela exclamou e bateu na mão do garoto. – Países?
– Não, , eu não conheço muitos – revirou mais uma vez os olhos – Você é muito esperta, você sabe que está mais avançada do que eu em geografia. – ele fez um bico. sempre fora mais dedicada aos estudos do que o garoto.
– Chorão. – ele aumentou ainda mais o bico. – Ok... que tal nome de pessoas? – ele suavizou a expressão.
– Feito! – Eles começaram a sacudir as mãos com os punhos fechados.
– O Sssstop – disseram juntos quando abriram as mãos. mostrou apenas um dedo, já o garoto colocou dois.
– Letra C! Eu primeiro – ela sorriu – Camila! – apontou pra ele, indicando que era sua vez.
– Hummm... Caroline. – ele respondeu rapidamente.
– Eu me preocupo com eles. – apontou para as crianças. – Eles brigam tanto, mas não se desgrudam.
– Sim – a vizinha deu um riso leve. – É verdade. sentirá muito a perda de caso vocês realmente mudem-se.
– E ele dela... E ele dela... – a mulher suspirou, enquanto os observava.
– Então seu marido está participando de um processo seletivo para um cargo de engenheiro químico em outra cidade? – ela perguntou, enquanto observava correr de enquanto riam alto.
– Sim, é uma vaga e tanto. Caso ele passe ganhará bem mais do que ganha atualmente... – ela suspirou fundo.
– Mas você não quer se mudar para lá, certo? – Alice questionou, enquanto a fitava.
– De verdade, não. – fez uma pequena pausa. – Minha família é daqui, sabe? Gosto da calmaria do interior... Se nos mudarmos estaria completamente sozinha em uma cidade grande.
– Eu te entendo, Anny. Mas às vezes é preferível arriscar, a ficar na mesmice. Trabalhe essa ideia, já que ainda não é certeza de se mudarem.
– Sim, você tem toda a razão. – ela deu um breve sorriso a Alice, enquanto a última lhe dava um afago nas costas, em forma de conforto.
As duas mulheres observavam seus filhos brincarem animadamente na pracinha que tinha perto da casa delas.
– Peguei você. – finalmente havia alcançado à amiga.
– Ai, . – ela estava ofegante pela corrida – Deveríamos brincar com aqueles garotos. – apontou alguns meninos mais a frente – Eles parecem legais. Brincar de pega-pega só nós dois não é tão legal. – ela tentava convencê-lo.
– Ai, não, , eles são idiotas... – ele fez careta enquanto os encarava. – Já sei! Vamos brincar de outra coisa. – a garotinha no auge de seus onze anos revirou os olhos.
– Certinho... do que quer brincar? – ele deu um sorriso torto.
– Vamos brincar de... Stop! – a garota franziu o cenho.
– Stop? Me parece bem legaaal! – ela exclamou e bateu na mão do garoto. – Países?
– Não, , eu não conheço muitos – revirou mais uma vez os olhos – Você é muito esperta, você sabe que está mais avançada do que eu em geografia. – ele fez um bico. sempre fora mais dedicada aos estudos do que o garoto.
– Chorão. – ele aumentou ainda mais o bico. – Ok... que tal nome de pessoas? – ele suavizou a expressão.
– Feito! – Eles começaram a sacudir as mãos com os punhos fechados.
– O Sssstop – disseram juntos quando abriram as mãos. mostrou apenas um dedo, já o garoto colocou dois.
– Letra C! Eu primeiro – ela sorriu – Camila! – apontou pra ele, indicando que era sua vez.
– Hummm... Caroline. – ele respondeu rapidamente.
– Eu me preocupo com eles. – apontou para as crianças. – Eles brigam tanto, mas não se desgrudam.
– Sim – a vizinha deu um riso leve. – É verdade. sentirá muito a perda de caso vocês realmente mudem-se.
– E ele dela... E ele dela... – a mulher suspirou, enquanto os observava.
Capítulo 1
2017
Uma semana antes...
– Filho! Levanta! – Anny abriu as cortinas do quarto. sentiu o sol em sua pele, abriu os olhos, incomodado. Mais uma vez sua mãe entrava de supetão em sua casa.
– Mãe, o que faz aqui? – ele abriu os olhos com dificuldade em focá-los nela. Tateou a cama em busca de seu celular. Com certa dificuldade, o achou. Franziu o cenho e suspirou alto quando viu que ainda eram 06h30min da manhã, havia perdido 30 minutos de sono.
– Ué, filho, eu vim para ver como você estava, saber se precisava de algo, te ajudar a organizar as coisas em sua casa... Você tem comido direito? Têm dormido o necessário todos os dias? – ela o olhava, preocupada.
era seu filho único, e ela nunca havia aceitado bem que ele morasse sozinho, mesmo que o rapaz tivesse maturidade para isso. Pelo menos uma vez na semana ela aparecia de surpresa para ver como o rapaz vivia.
– Ah, mãe, por favor, eu já tenho 30 anos! Você e essa mania de super proteção. – disse entediado, enquanto se espreguiçava preguiçosamente pela cama.
– , entenda: filhos não crescem para uma mãe, então se você tiver 30, 40 ou 50 anos, eu virei a sua casa e te tratarei como o meu bebê. – Ela sentou-se na cama dele e alisou o rosto do rapaz, com um sorriso doce nos lábios.
– Eu desisto. – ele fez uma careta fofa e sorriu pra ela – Respondendo suas perguntas; Não tem nada pra organizar aqui em casa. Dona Rita já fez a faxina da semana. Sim, fiz todas as refeições, café da manhã, almoço e jantar e dormi o necessário esses dias! – ele riu ao final do interrogatório.
– Que bom, meu bem. Agora, levante dessa cama e vá tomar um bom banho. Vou terminar de preparar o seu café da manhã que está do jeitinho que você gosta. – assentiu como um garotinho de cinco anos, acatando as ordens da mãe. Era sempre assim, não adiantava.
– , que bagunça é essa no armário de panelas!? – Ela chegou à cozinha tentando achar algo naquela desordem.
sorriu, balançando a cabeça negativamente, enquanto entrava no banheiro. Terminou o banho, fez sua barba, colocou sua camisa social rosa bebê e vestiu a calça preta social. Pra finalizar, penteou os cabelos de uma forma desorganizada, mas que lhe caia perfeitamente bem, pegou sua mochila e saiu do quarto. Deparou-se com uma mesa de café da manhã repleta de coisas que ele amava, os olhos dele brilharam. Não demorou mais de dez segundos para que ele jogasse a mochila no sofá e atacasse aquela comida, começando com o pão francês e o iogurte. Sua mãe o olhava com satisfação.
*
– Que porcaria é essa de relatório? – Edgard entrou como um furacão na sala do rapaz e tacou os papéis na mesa dele – Faça outro já! – Saiu batendo a porta da sala do rapaz, não lhe dando oportunidade de que pudesse se defender.
Ele bufou e começou a bater a cabeça na mesa de uma forma desesperada. O dia tinha se iniciado relativamente bem com a visita de sua mãe, mas seu chefe conseguia sempre estragar tudo.
trabalhava na Engeali há seis anos, entrou na empresa como estagiário, passou por diversas promoções e agora era analista sênior de recursos humanos no local. Seu chefe, Edgard, sempre fora uma pessoa difícil de lidar, mas de uns tempos pra cá, estava mais insuportável, sempre pegando no seu pé e exigindo perfeições. desconfiava que era porque o homem estava em processo litigioso e sua ex esposa queria arrancar até as cuecas dele. Ele sempre descontava no primeiro que aparecia, na grande maioria das vezes era em , seu subordinado direto.
Ele respirou fundo, amassou o papel com força e se pôs a redigir novamente o documento. Depois de conferir todos os dados dos funcionários que tinham adquirido assistência médica e o custo do benefício, mudou algumas palavras e sentiu que estava melhor do que o anterior. Colocou para imprimir e levou a sala de Edgard.
deu duas batidinhas na porta e entrou rapidamente sem esperar permissão. Deparou-se com uma cena bem inusitada. Jane, auxiliar de limpeza, estava se debatendo nos braços de seu chefe, enquanto chorava desesperada, tentando se soltar dele. Quando ela o viu aproveitou a oportunidade e saiu correndo da sala, enquanto chorava alto. Ele sentia seu rosto queimar, uma raiva lhe consumia por inteiro.
– Aprenda a bater na porta, caro! – Edgard arrumou a calça que estava desabotoada.
– Você não tem vergonha?! – rosnou, sua vontade era de lhe dar uns bons socos.
– Vergonha de quê? Elas se fazem de difíceis, mas eu sei que elas gostam – deu um sorriso malicioso.
– Jane claramente não o queria, você estava... – dera um soco na mesa de raiva – Estava tentando estuprá-la!
– E você vai fazer o que a respeito? Me denuncie e eu mando você e aquela vagabunda embora. – Edgard respondeu com um sorriso de escárnio.
não lhe respondeu, simplesmente jogou os relatórios na mesa do homem de qualquer jeito e se retirou da sala, sem olhar para trás. Ele estava possesso de raiva, ele não podia e não queria deixar aquilo pra lá. Foi em direção à copa onde Jane geralmente ficava, ele iria ajudá-la.
A encontrou em um canto da sala, com o rosto escondido pelas mãos, ele viu quando os ombros dela abaixavam e levantavam, sinal de que ela ainda chorava. Ele se aproximou dela e tocou em seu ombro, ela se retesou ao toque, assustada.
– Ei, calma, sou eu, – ela foi tirando as mãos do rosto e pode observar o rapaz – Vem, senta aqui, vou te preparar uma água com açúcar.
Ele a conduziu até a cadeira e a ajudou a se sentar, percebeu que ela tremia, e que estava com o rosto bastante vermelho. Pegou os ingredientes e preparou o calmante caseiro. Deu para que ela tomasse. A garota foi se acalmando aos poucos.
– Obrigada, muito obrigada. – ela suspirou fundo.
– Não precisa me agradecer. – ele passou a mão no cabelo – Há quanto tempo isso acontece?
– Há uns meses ele me assediava, dizia que eu era muito bonita, me olhava de uma forma maliciosa, mas foi a primeira vez que ele de fato tentou algo – ela respondeu com um fio de voz. sentiu as mãos tremerem, a raiva voltando com força total.
– E por que nunca o denunciou?
– Porque eu tenho duas filhas para sustentar sozinha, não posso perder meu emprego! Eu estava aguentando isso por elas. – ela sentiu os olhos voltarem a umedecer.
– Eu posso compreender. – ele respondeu com um tom de voz ameno – Olha, eu vou te ajudar, isso não pode e não vai ficar assim.
– Me ajudar como? Se nós tentarmos algo contra ele sem provas, vamos os dois pra rua.
– Sim, eu sei. – ele passou a mão nos cabelos novamente, os bagunçando mais, enquanto pensava por alguns instantes – É por isso que não tentaremos sem provas.
– O que pensa em fazer? – ela o olhou, esperançosa.
– Vamos gravar a confissão dele. – ele sorriu confiante.
– Ele nunca confessaria algo assim, !
– Temos que ter paciência, Jane. Só o que eu te peço é que confie em mim, por favor, eu só quero te ajudar.
– Eu confio sim. – ela passou a mão pelo rosto limpando os resquícios de lágrimas.
– Eu tenho um plano, mas eu preciso que você tenha sangue frio!
***
Passaram-se alguns dias, Edgard não havia tentado mais nada com Jane, e a moça estavam na espreita, ele sabia que seu chefe não aguentaria e voltaria a assediá-la, era típico de homens assim.
Foi em uma quinta-feira que tudo aconteceu, Jane limpava a estante de livros da sala do homem, estava sozinha no local, já que ele estava em uma reunião com alguns gerentes. Limpava distraída, quando sentiu alguém lhe abraçar por trás com força. Ela virou seu corpo pra frente e não sentiu surpresa quando viu que era Edgard ali.
– Me solte – ela o empurrou com força. Ligou à micro câmera que estava no botão de sua blusa, para focar no homem que estava a sua frente – Me deixe em paz, por favor!
O notebook de apitou, ele sabia o que aquilo significava e logo clicou em cima do programa do monitoramento da câmera. Abriu Skype e criou uma videoconferência com as imagens em tempo real para todos os gerentes. Estava pronto para interromper quando fosse necessário.
– Para de se fazer de difícil, eu sei que você quer também! – ele mexia no cinto, tentando desafivelá-lo.
– Eu não quero, você está louco! – ela se afastava mais dele – Você me persegue, me assedia há meses... Por que eu?! – ele tentava uma aproximação.
– Eu quero você, estou completamente louco. Eu mandei te contratarem porque você era a mais gostosa daquele processo seletivo, eu te queria... Eu quero comer você em todas as posições possíveis, nem que tenha que ser a força.
– Nojento! Não! – ela corria desesperada pela sala, tentando sair, mas não conseguia.
saiu correndo de sua sala antes que o pior pudesse acontecer ali. Entrou de repente, colocou Jane atrás de si e deu um soco na cara do homem, que cambaleou para trás devido à força que depositara ali. O homem cuspiu sangue.
– Você está louco? Perdeu o juízo corporativo? – Edgard lhe olhava incrédulo – Pega as suas coisas e se manda daqui e leve essa vadia junto com você. Está demitido!
– Veremos quem sai demitido daqui... Veremos – sorriu misterioso e saiu da sala com Jane em seus braços. O homem limpou o sangue do canto da boca, extremamente irritado. Só que o que ele não sabia era que tudo aquilo estava sendo transmitido em tempo real no Skype empresarial para todos os seus líderes. Não demorou muito para que os seguranças acompanhados dos gerentes aparecessem no escritório e demitissem o homem por justa causa.
Atualmente...
Naquele mesmo dia Edgard havia saído da empresa escoltado pelos seguranças até a polícia. foi homenageado pelos gerentes e ainda convidado pela diretoria para participar do processo seletivo que aconteceria naquela mesma semana para ocupar a vaga de Edgard, já que o cargo de gestor de recursos humanos era de suma importância e não podia ficar vago.
Porém, não havia conseguido passar. De acordo com a selecionadora, ele não tinha o perfil que eles procuravam. Ele ficou desolado, tinha perdido a chance de crescimento de sua vida. Tinha até voltado a assinar a Catho* e estava há procura de vagas.
tinha ido almoçar aquele dia com Joe, um de seus melhores amigos. Fazia um bom tempo que não almoçavam juntos. Trabalhavam na mesma empresa, porém Joe fazia parte do TI.
– Eu tô procurando outro emprego, se souber de alguma coisa me avisa. – Joe arregalou os olhos, desacreditado.
– Como assim? Você trabalha há seis anos aqui... Eu não entendo – suspirou audivelmente antes de responder.
– Eles abriram recrutamento externo, ao invés de me promoverem. A Margareth disse que eu não tenho perfil. Que porra de perfil eu não tenho?
– Ei, calma, cara. Às vezes eles querem uma pessoa que tenha experiência na área, devido à emergência, por isso você não passou.
– E você acha que essa pessoa que eles contrataram tem experiência com os custos-benefícios da empresa?
– Talvez não tenha, mas um gestor precisa saber liderar, analisar algumas estratégias, elaborar planos e isso, você não tem experiência nenhuma.
– Eu sei, eles podiam me dar à oportunidade.
– Com a folha de pagamento fechando? Nem pensar, eles querem alguém pronto.
odiava admitir, mas sabia que o amigo tinha toda a razão. Acabou por tomar um longo gole de sua bebida já que não tinha mais argumentos para rebater.
– Foda-se, eu não ajudarei em nada. – ele deu de ombros, ressentido. Joe resolveu ignorar a ultima fala do amigo, sabia que ele não faria isso, não era de sua personalidade.
– Já contrataram o novo gestor? – Joe lhe questionou de boca cheia.
– Sim, inclusive está hoje na empresa, conhecendo as instalações – revirou os olhos – E não é novo gestor, é nova gestora.
– Hum... Já pensou se é gostosa? – Joe deu um sorrisinho malicioso.
– Deve ser uma senhora de cinquenta anos, mal amada, e que tenha mais de dezessete gatos – Joe riu alto com a suposição do amigo.
– , não morda a língua – Joe o advertiu, ainda rindo.
– Eu não vou morder, pode apostar. – lhe deu uma piscadela, enquanto ria.
Eles terminaram de almoçar, sem mais conversas significativas. Deram uma passada na loja de doces que ficava do outro lado da rua para comprarem chocolates e chicletes para o decorrer da tarde. Voltaram para suas respectivas funções, sem muitas novidades.
passara uma boa parte da tarde traçando o perfil de uma vaga para auxiliar contábil, quando foi interrompido por batidas na porta. Respondeu um entra, discretamente.
– Oi, – era a Margareth que entrou acompanhada de alguém em sua sala.
– Sim? – ele quis revirar os olhos, mas continuou de cabeça baixa enquanto terminava de digitar.
– Vim te apresentar a nova gestora de recursos humanos – ele parou de digitar, e finalmente encarou Margareth. – , este é , analista sênior. , está é , sua nova líder.
Quando ambos escutaram os nomes, empalideceram. Não, não podia ser. Aquilo era uma brincadeira de muito mau gosto, não escutava aquele nome fazia anos. arfou quando olhou bem e viu quem era o analista.
– Você?! – eles disseram em uníssono. Os olhos arregalados e corações disparados.
* Catho: agência online de empregos.
Uma semana antes...
– Filho! Levanta! – Anny abriu as cortinas do quarto. sentiu o sol em sua pele, abriu os olhos, incomodado. Mais uma vez sua mãe entrava de supetão em sua casa.
– Mãe, o que faz aqui? – ele abriu os olhos com dificuldade em focá-los nela. Tateou a cama em busca de seu celular. Com certa dificuldade, o achou. Franziu o cenho e suspirou alto quando viu que ainda eram 06h30min da manhã, havia perdido 30 minutos de sono.
– Ué, filho, eu vim para ver como você estava, saber se precisava de algo, te ajudar a organizar as coisas em sua casa... Você tem comido direito? Têm dormido o necessário todos os dias? – ela o olhava, preocupada.
era seu filho único, e ela nunca havia aceitado bem que ele morasse sozinho, mesmo que o rapaz tivesse maturidade para isso. Pelo menos uma vez na semana ela aparecia de surpresa para ver como o rapaz vivia.
– Ah, mãe, por favor, eu já tenho 30 anos! Você e essa mania de super proteção. – disse entediado, enquanto se espreguiçava preguiçosamente pela cama.
– , entenda: filhos não crescem para uma mãe, então se você tiver 30, 40 ou 50 anos, eu virei a sua casa e te tratarei como o meu bebê. – Ela sentou-se na cama dele e alisou o rosto do rapaz, com um sorriso doce nos lábios.
– Eu desisto. – ele fez uma careta fofa e sorriu pra ela – Respondendo suas perguntas; Não tem nada pra organizar aqui em casa. Dona Rita já fez a faxina da semana. Sim, fiz todas as refeições, café da manhã, almoço e jantar e dormi o necessário esses dias! – ele riu ao final do interrogatório.
– Que bom, meu bem. Agora, levante dessa cama e vá tomar um bom banho. Vou terminar de preparar o seu café da manhã que está do jeitinho que você gosta. – assentiu como um garotinho de cinco anos, acatando as ordens da mãe. Era sempre assim, não adiantava.
– , que bagunça é essa no armário de panelas!? – Ela chegou à cozinha tentando achar algo naquela desordem.
sorriu, balançando a cabeça negativamente, enquanto entrava no banheiro. Terminou o banho, fez sua barba, colocou sua camisa social rosa bebê e vestiu a calça preta social. Pra finalizar, penteou os cabelos de uma forma desorganizada, mas que lhe caia perfeitamente bem, pegou sua mochila e saiu do quarto. Deparou-se com uma mesa de café da manhã repleta de coisas que ele amava, os olhos dele brilharam. Não demorou mais de dez segundos para que ele jogasse a mochila no sofá e atacasse aquela comida, começando com o pão francês e o iogurte. Sua mãe o olhava com satisfação.
– Que porcaria é essa de relatório? – Edgard entrou como um furacão na sala do rapaz e tacou os papéis na mesa dele – Faça outro já! – Saiu batendo a porta da sala do rapaz, não lhe dando oportunidade de que pudesse se defender.
Ele bufou e começou a bater a cabeça na mesa de uma forma desesperada. O dia tinha se iniciado relativamente bem com a visita de sua mãe, mas seu chefe conseguia sempre estragar tudo.
trabalhava na Engeali há seis anos, entrou na empresa como estagiário, passou por diversas promoções e agora era analista sênior de recursos humanos no local. Seu chefe, Edgard, sempre fora uma pessoa difícil de lidar, mas de uns tempos pra cá, estava mais insuportável, sempre pegando no seu pé e exigindo perfeições. desconfiava que era porque o homem estava em processo litigioso e sua ex esposa queria arrancar até as cuecas dele. Ele sempre descontava no primeiro que aparecia, na grande maioria das vezes era em , seu subordinado direto.
Ele respirou fundo, amassou o papel com força e se pôs a redigir novamente o documento. Depois de conferir todos os dados dos funcionários que tinham adquirido assistência médica e o custo do benefício, mudou algumas palavras e sentiu que estava melhor do que o anterior. Colocou para imprimir e levou a sala de Edgard.
deu duas batidinhas na porta e entrou rapidamente sem esperar permissão. Deparou-se com uma cena bem inusitada. Jane, auxiliar de limpeza, estava se debatendo nos braços de seu chefe, enquanto chorava desesperada, tentando se soltar dele. Quando ela o viu aproveitou a oportunidade e saiu correndo da sala, enquanto chorava alto. Ele sentia seu rosto queimar, uma raiva lhe consumia por inteiro.
– Aprenda a bater na porta, caro! – Edgard arrumou a calça que estava desabotoada.
– Você não tem vergonha?! – rosnou, sua vontade era de lhe dar uns bons socos.
– Vergonha de quê? Elas se fazem de difíceis, mas eu sei que elas gostam – deu um sorriso malicioso.
– Jane claramente não o queria, você estava... – dera um soco na mesa de raiva – Estava tentando estuprá-la!
– E você vai fazer o que a respeito? Me denuncie e eu mando você e aquela vagabunda embora. – Edgard respondeu com um sorriso de escárnio.
não lhe respondeu, simplesmente jogou os relatórios na mesa do homem de qualquer jeito e se retirou da sala, sem olhar para trás. Ele estava possesso de raiva, ele não podia e não queria deixar aquilo pra lá. Foi em direção à copa onde Jane geralmente ficava, ele iria ajudá-la.
A encontrou em um canto da sala, com o rosto escondido pelas mãos, ele viu quando os ombros dela abaixavam e levantavam, sinal de que ela ainda chorava. Ele se aproximou dela e tocou em seu ombro, ela se retesou ao toque, assustada.
– Ei, calma, sou eu, – ela foi tirando as mãos do rosto e pode observar o rapaz – Vem, senta aqui, vou te preparar uma água com açúcar.
Ele a conduziu até a cadeira e a ajudou a se sentar, percebeu que ela tremia, e que estava com o rosto bastante vermelho. Pegou os ingredientes e preparou o calmante caseiro. Deu para que ela tomasse. A garota foi se acalmando aos poucos.
– Obrigada, muito obrigada. – ela suspirou fundo.
– Não precisa me agradecer. – ele passou a mão no cabelo – Há quanto tempo isso acontece?
– Há uns meses ele me assediava, dizia que eu era muito bonita, me olhava de uma forma maliciosa, mas foi a primeira vez que ele de fato tentou algo – ela respondeu com um fio de voz. sentiu as mãos tremerem, a raiva voltando com força total.
– E por que nunca o denunciou?
– Porque eu tenho duas filhas para sustentar sozinha, não posso perder meu emprego! Eu estava aguentando isso por elas. – ela sentiu os olhos voltarem a umedecer.
– Eu posso compreender. – ele respondeu com um tom de voz ameno – Olha, eu vou te ajudar, isso não pode e não vai ficar assim.
– Me ajudar como? Se nós tentarmos algo contra ele sem provas, vamos os dois pra rua.
– Sim, eu sei. – ele passou a mão nos cabelos novamente, os bagunçando mais, enquanto pensava por alguns instantes – É por isso que não tentaremos sem provas.
– O que pensa em fazer? – ela o olhou, esperançosa.
– Vamos gravar a confissão dele. – ele sorriu confiante.
– Ele nunca confessaria algo assim, !
– Temos que ter paciência, Jane. Só o que eu te peço é que confie em mim, por favor, eu só quero te ajudar.
– Eu confio sim. – ela passou a mão pelo rosto limpando os resquícios de lágrimas.
– Eu tenho um plano, mas eu preciso que você tenha sangue frio!
Passaram-se alguns dias, Edgard não havia tentado mais nada com Jane, e a moça estavam na espreita, ele sabia que seu chefe não aguentaria e voltaria a assediá-la, era típico de homens assim.
Foi em uma quinta-feira que tudo aconteceu, Jane limpava a estante de livros da sala do homem, estava sozinha no local, já que ele estava em uma reunião com alguns gerentes. Limpava distraída, quando sentiu alguém lhe abraçar por trás com força. Ela virou seu corpo pra frente e não sentiu surpresa quando viu que era Edgard ali.
– Me solte – ela o empurrou com força. Ligou à micro câmera que estava no botão de sua blusa, para focar no homem que estava a sua frente – Me deixe em paz, por favor!
O notebook de apitou, ele sabia o que aquilo significava e logo clicou em cima do programa do monitoramento da câmera. Abriu Skype e criou uma videoconferência com as imagens em tempo real para todos os gerentes. Estava pronto para interromper quando fosse necessário.
– Para de se fazer de difícil, eu sei que você quer também! – ele mexia no cinto, tentando desafivelá-lo.
– Eu não quero, você está louco! – ela se afastava mais dele – Você me persegue, me assedia há meses... Por que eu?! – ele tentava uma aproximação.
– Eu quero você, estou completamente louco. Eu mandei te contratarem porque você era a mais gostosa daquele processo seletivo, eu te queria... Eu quero comer você em todas as posições possíveis, nem que tenha que ser a força.
– Nojento! Não! – ela corria desesperada pela sala, tentando sair, mas não conseguia.
saiu correndo de sua sala antes que o pior pudesse acontecer ali. Entrou de repente, colocou Jane atrás de si e deu um soco na cara do homem, que cambaleou para trás devido à força que depositara ali. O homem cuspiu sangue.
– Você está louco? Perdeu o juízo corporativo? – Edgard lhe olhava incrédulo – Pega as suas coisas e se manda daqui e leve essa vadia junto com você. Está demitido!
– Veremos quem sai demitido daqui... Veremos – sorriu misterioso e saiu da sala com Jane em seus braços. O homem limpou o sangue do canto da boca, extremamente irritado. Só que o que ele não sabia era que tudo aquilo estava sendo transmitido em tempo real no Skype empresarial para todos os seus líderes. Não demorou muito para que os seguranças acompanhados dos gerentes aparecessem no escritório e demitissem o homem por justa causa.
Atualmente...
Naquele mesmo dia Edgard havia saído da empresa escoltado pelos seguranças até a polícia. foi homenageado pelos gerentes e ainda convidado pela diretoria para participar do processo seletivo que aconteceria naquela mesma semana para ocupar a vaga de Edgard, já que o cargo de gestor de recursos humanos era de suma importância e não podia ficar vago.
Porém, não havia conseguido passar. De acordo com a selecionadora, ele não tinha o perfil que eles procuravam. Ele ficou desolado, tinha perdido a chance de crescimento de sua vida. Tinha até voltado a assinar a Catho* e estava há procura de vagas.
tinha ido almoçar aquele dia com Joe, um de seus melhores amigos. Fazia um bom tempo que não almoçavam juntos. Trabalhavam na mesma empresa, porém Joe fazia parte do TI.
– Eu tô procurando outro emprego, se souber de alguma coisa me avisa. – Joe arregalou os olhos, desacreditado.
– Como assim? Você trabalha há seis anos aqui... Eu não entendo – suspirou audivelmente antes de responder.
– Eles abriram recrutamento externo, ao invés de me promoverem. A Margareth disse que eu não tenho perfil. Que porra de perfil eu não tenho?
– Ei, calma, cara. Às vezes eles querem uma pessoa que tenha experiência na área, devido à emergência, por isso você não passou.
– E você acha que essa pessoa que eles contrataram tem experiência com os custos-benefícios da empresa?
– Talvez não tenha, mas um gestor precisa saber liderar, analisar algumas estratégias, elaborar planos e isso, você não tem experiência nenhuma.
– Eu sei, eles podiam me dar à oportunidade.
– Com a folha de pagamento fechando? Nem pensar, eles querem alguém pronto.
odiava admitir, mas sabia que o amigo tinha toda a razão. Acabou por tomar um longo gole de sua bebida já que não tinha mais argumentos para rebater.
– Foda-se, eu não ajudarei em nada. – ele deu de ombros, ressentido. Joe resolveu ignorar a ultima fala do amigo, sabia que ele não faria isso, não era de sua personalidade.
– Já contrataram o novo gestor? – Joe lhe questionou de boca cheia.
– Sim, inclusive está hoje na empresa, conhecendo as instalações – revirou os olhos – E não é novo gestor, é nova gestora.
– Hum... Já pensou se é gostosa? – Joe deu um sorrisinho malicioso.
– Deve ser uma senhora de cinquenta anos, mal amada, e que tenha mais de dezessete gatos – Joe riu alto com a suposição do amigo.
– , não morda a língua – Joe o advertiu, ainda rindo.
– Eu não vou morder, pode apostar. – lhe deu uma piscadela, enquanto ria.
Eles terminaram de almoçar, sem mais conversas significativas. Deram uma passada na loja de doces que ficava do outro lado da rua para comprarem chocolates e chicletes para o decorrer da tarde. Voltaram para suas respectivas funções, sem muitas novidades.
passara uma boa parte da tarde traçando o perfil de uma vaga para auxiliar contábil, quando foi interrompido por batidas na porta. Respondeu um entra, discretamente.
– Oi, – era a Margareth que entrou acompanhada de alguém em sua sala.
– Sim? – ele quis revirar os olhos, mas continuou de cabeça baixa enquanto terminava de digitar.
– Vim te apresentar a nova gestora de recursos humanos – ele parou de digitar, e finalmente encarou Margareth. – , este é , analista sênior. , está é , sua nova líder.
Quando ambos escutaram os nomes, empalideceram. Não, não podia ser. Aquilo era uma brincadeira de muito mau gosto, não escutava aquele nome fazia anos. arfou quando olhou bem e viu quem era o analista.
– Você?! – eles disseram em uníssono. Os olhos arregalados e corações disparados.
* Catho: agência online de empregos.
Capítulo 2
Sem pensar nas consequências de suas ações, se aproximou do rapaz e pulou em seus braços, o abraçando com toda a sua força. , surpreso a segurou por reflexo. Ele, a princípio havia ficado sem reação, mas depois que percebeu que quem lhe abraçava era , sua melhor amiga de infância, ele a abraçou de volta e a apertou em seus braços. Passaram alguns minutos abraçados, parecia estranho, mas naquele abraço sentiram-se finalmente em casa. Margareth olhava a cena surpresa por eles se conhecerem, viu que eles não se desgrudariam tão cedo e resolveu pigarrear os despertando. Relutantes, separaram-se, desceu do colo do rapaz, tímida e ajeitou a roupa, indo para o lado da selecionadora.
– Então já se conhecem, correto? – Margareth perguntou o óbvio.
– Sim, era meu amigo de infância, não nós víamos há vinte anos. – ela sorria, enquanto falava. lhe fitava intensamente, estava em choque.
– Que coincidência, não? – Margareth olhava de um para o outro.
– É sim, o destino nos pregando peças. – ela o olhou com os olhos brilhando, aquilo parecia um sonho.
– Quer que eu lhes dê mais privacidade? – Margareth perguntou ácida. balançou a cabeça, voltando a si, e lembrando onde estava.
– Claro que não. Eu peço desculpas pelo meu comportamento, é que... – ela suspirou, o fitando rapidamente. O coração ainda estava batendo rapidamente. – Bom... – ela olhou a mulher – Quero conhecer o restante da minha equipe.
– Ah, claro – a mulher sorriu falsamente, enquanto conduzia até a porta. Tudo sendo acompanhado pelos olhos atentos de .
– Nos vemos, – o chamou pelo seu apelido. Margareth saiu atrás da moça encostando a porta.
se jogou na cadeira, abriu alguns botões da camisa, alarmado. Ela havia se tornado uma mulher maravilhosamente linda. As emoções de quando ele era um garotinho de dez anos voltaram como uma avalanche, porém tudo ainda mais intenso, como aquilo era possível?
conheceu mais dois analistas e três assistentes depois de . Estava extremamente cansada, tinha andado aquela empresa inteira acompanhada de Margareth, tudo o que ela queria era sentar. Ela não via a hora daquela “tour” acabar. Pararam em frente a uma porta.
– Essa aqui é sua sala. – Margareth abriu a porta do lugar. A sala era enorme, e ficava no fim do corredor. – Fique à vontade para decorá-la como bem entender. Logo mais chegarão às plaquinhas para colocar na sua porta e mesa. Dúvidas me procure, ok? Ah, e seja muito bem-vinda a Engeali. Com licença. – Margareth saiu da sala.
Finalmente ela estava sozinha, sentou-se no sofá que havia no canto da sala e tirou os sapatos de salto, massageando seus pés, estavam bem doloridos. Levantou-se e pegou o notebook o ligando, não fazia ideia do que fazer naquele momento. Teria que conversar com o seu chefe para saber. Pegou-se pensando em , e naquele encontro de mais cedo. Queria ter conversado com ele, conhecido sua vida, mas se repreendeu, ali não era lugar para aquilo, ela tinha que se controlar. Levou um susto quando escutou um barulho do notebook, era notificação de um e-mail. Seu gerente pedindo para que ela se dirigisse a sala dele, ela suspirou pegando os sapatos e os colocando de volta, aquele dia estava bem longe de acabar.
***
Já eram 18h00min, arrumava suas coisas para ir embora, queria deitar na sua cama e dormir, mas não podia. Ajeitou tudo e encaminhou-se até o elevador, que a levou até o térreo. Ela caminhava desajeitada com algumas pastas nas mãos, nelas consistiam as avaliações de cada liderado seu, ela queria saber as aptidões de cada um para começar a demandar algumas coisas.
Ficou em frente ao prédio da empresa, e pegou seu celular, chamando um uber pelo aplicativo. Enquanto aguardava resolveu olhar sua redes sociais. Foi surpreendida por um toque sútil em seu ombro esquerdo, virou-se e viu parado atrás de si. Deu um passo para trás, visivelmente surpresa.
– Preciso me acostumar com isso. – deu um riso leve se referindo à presença do rapaz.
– Eu mais ainda, afinal de contas, você é minha chefe agora. – ele sorriu, coçando a nuca.
– Sou sua chefe dentro daquele prédio ali. – apontou para empresa. – Aqui fora você é somente e eu . – ela sorriu.
– Certo. – ele pigarreou. – Está fazendo o que parada ai?
– Chamei um uber estou esperando ele chegar. – ela deu uma olhada no aplicativo. Ainda faltavam cinco minutos para o motorista chegar. Bufou.
– Parece que vai demorar um pouquinho... – ele deu uma espiadinha no celular dela. – Quer uma carona? – ela pareceu ponderar.
– Bom, acho que sim. – resolveu aceitar, era só uma carona.
– Certo, deixa eu te ajudar com essas pastas. – ele as pegou da mão dela e as carregou como o cavalheiro que era.
Eles atravessaram a rua lado a lado, sem falarem nada. destravou seu Renault Clio 2015, e abriu a porta para que ela entrasse, e em seguida entrou com as pastas e as colocou no banco de trás. Ela mexia freneticamente no celular para cancelar a corrida do aplicativo.
– Para que lado eu devo ir? – ele a questionou, visivelmente curioso.
– Eu moro na Bela Vista, conhece?
– Conheço sim. Quando estivermos perto você me diz onde eu devo seguir, ok? – ela assentiu.
Ele deu partida no veículo, e um silêncio desconfortável se instaurou ali. olhava para a janela, desconcertada, ela queria conversar com ele, mas nada vinha na sua cabeça. A mesma coisa se passava com .
– Então... – os dois disseram juntos, e riram.
– Primeiro as damas. – lhe incentivou a falar.
– Quero te perguntar tantas coisas, ... – ela o olhou concentrado no trânsito. – Primeiro de tudo, como você passou esses vinte anos?
– Depois que eu me mudei para São Paulo, eu repeti alguns anos no colégio, terminei o ensino médio aos 20 anos. Fiquei muito indeciso sobre o que fazer então ingressei aos 24 anos na faculdade de adm porque abrange tudo, e saberia ao final do curso o que eu queria da minha vida. Entrei na Engeali como estagiário e tenho seis anos de empresa. Moro atualmente sozinho. Meu pai aposentou-se e está casado com minha mãe ainda. E eu ainda estou indeciso sobre a profissão que escolhi pra minha vida. Acho que resumidamente, é isso ai. – ela não pode evitar rir no fim do relato. – E você?
– Uau, estou com saudades de seus pais, sua mãe ainda faz aquele bolo de cenoura maravilhoso? – ele riu, assentindo.
– De vez em quando ela vai lá em casa e deixa ele pra mim. – ele deu uma rápida olhada para ela.
– Eu quero, já necessito daquele bolo pra ontem. – sentiu a boca salivar. – E quanto a ter ou não ter escolhido a profissão certa, nunca é tarde para se encontrar. – ela tocou sutilmente no ombro do rapaz.
– Sim, você tem toda a razão. – ele não pode evitar sorrir. Depois de tantos anos ela sempre sabia o que dizer.
– Bom, eu me formei no mesmo colégio no qual estudávamos. Vim para São Paulo com 18 anos, pois passei na FGV*, cursei administração porque gostei da grade curricular, fiz pós em gestão de pessoas, e agora estou concluindo meu MBA em gestão empresarial. Meu pai faleceu há doze anos, minha mãe mora ainda em Montecastelo, junto com minha irmã Helena.
– Nossa, eu sinto muito por seu pai... Como foi isso? – ele perguntou visivelmente triste.
– Ele infartou enquanto trabalhava, chegou ao hospital já sem vida. – ela sentiu um aperto no peito, aquilo ainda doía muito, mesmo tendo passado tantos anos. Ele percebendo o clima, rapidamente mudou de assunto.
– Veio pra cá e por que não me procurou? – ele perguntou, brincalhão.
– Mas eu procurei... Aqui é uma cidade muito grande, acabei desistindo com o tempo. – ela mexeu nas unhas, fingindo interesse na atividade. Ele acabou surpreso com a resposta.
– Procurou? – ela assentiu. – Eu sempre quis voltar para Monte, mas eu nunca consegui. Eu senti muito a sua falta. – ele a confidenciou. – Meus pais acham que eu repeti a quinta série por isso, e eu acho que eles têm razão. – ela sorriu largo, achando graça.
– Ai, , isso foi um enorme problema então. – ela deu uma leve risadinha. – Eu também senti a sua falta. Eu chorei algumas noites de saudade. – confessou, sentindo as bochechas queimando. Ele a olhou rapidamente e achou adorável.
– Por que perdemos o contato, ? – ele a fitou, intensamente. O carro estava parado no farol.
– Nossos pais... – ele ainda a fitava. Ele não tinha a noção do que aquele olhar fazia com a mulher.
– Não sei por que nos afastaram desse jeito. – ele se aproximou e alisou o rosto dela. – Você se tornou uma mulher muito linda... – ele sussurrou. Ela umedeceu os lábios, sentia a boca seca. A região que ele alisava parecia formigar.
Despertaram daquele momento com buzinas dos carros de trás alertando que o farol havia ficado verde. passou as mãos nos cabelos, os bagunçando. engoliu em seco. Foram o restante do trajeto calados, não eram capazes de falar mais nada.
Quando chegou ao bairro dela, a moça explicou o lugar onde morava e seguiu o caminho que ela indicava, não demorou em que chegassem em frente a casa.
– Muito obrigada pela carona, . – ela esticou-se para o banco de trás e pegou suas pastas que estavam lá. – Quer entrar? – ela perguntou por educação, torcendo internamente que ele não quisesse.
– Melhor não, , você deve estar cansada. – ela agradeceu aos anjos por aquela resposta.
– Estou um pouquinho... – ela sorriu. – Bom, é... Tchau. – ela estava pronta para abrir a porta, mas segurou seu braço levemente.
– Até amanhã. – ele se aproximou dela, a respiração de ambos estava um pouco acelerada. Ele desviou dos lábios dela e lhe deu um beijo demorado na bochecha, e a soltou relutante.
Ela desceu rapidamente do carro, procurou desesperadamente sua chave, e entrou na casa, sendo acompanhada pelo olhar do rapaz. Abriu a porta, e encostou-se a ela quando a fechou. Passou a mão por sua testa, ainda com a respiração ofegante.
– O que houve, ? – , sentada no sofá, a questionou, preocupada.
– Hãn, oi, amiga. – ela abriu os olhos. – Nada. – jogou as coisas em cima da mesinha de centro e foi até a cozinha procurando alguma coisa pra comer.
– Como assim nada? – a olhava incrédula. Tinha levantado do sofá e seguido à amiga até a cozinha. – Não mente pra mim.
suspirou, não tinha como mentir para . Elas se conheciam há treze anos, quando ela e a mulher moravam em uma república junto com mais cinco pessoas. Ambas não eram de São Paulo, e vieram cursar a faculdade ali, acabaram se apegando uma à outra e hoje dividiam uma casa juntas.
– Tudo bem, não vou mentir. – colocou um pedaço de lasanha no micro-ondas. – Como você sabe hoje foi meu primeiro dia na empresa nova. – assentiu. – Então, conheci o local que me agradou muito, um ambiente muito limpo e bem estruturado e...
– Vamos direto ao ponto que te fez entrar em casa desse jeito, por favor? – a interrompeu, rolando os olhos.
– Às vezes você é tão insuportável! – franziu o cenho. – Enfim, eu reencontrei na empresa, ele será meu liderado.
– ?! Aquele seu amigo de infância? Seu primeiro...
– Sim, esse mesmo! – a interrompeu. – Ele me trouxe até em casa, e inevitavelmente rolou um clima no fim da carona.
– Gente... – puxou uma cadeira para sentar. – Estou chocada!
– Eu estou muito mais, pode acreditar. Isso não podia acontecer, eu tenho um namorado! – ela mexeu no cabelo, nervosa.
– Sim, você tem. – ela desdenhou – Mas era o tal , seu primeiro amor... E o primeiro amor à gente nunca esquece. – ela sorriu, enquanto piscava os olhos freneticamente.
– Éramos só crianças, , para com isso! – chamou a atenção da amiga, sem graça.
– Sim, mas agora são adultos, e se rolou um clima, é porque ainda se amam. Isso é tão fofo... – ela suspirou audivelmente.
– Para de falar asneiras, por favor! Ai, tá vendo? Era por isso que eu não queria te contar nada. – ela ralhou com .
– Ok, não falo mais nada. – fingiu passar um zíper na boca. – Nossa, e isso é tão sexy, você, chefe dele, essa tensão de anos acumulados, os dois transando em cima da mesa da sua sala e... – tacou o pano de prato na amiga, enquanto ria. – Tá bom, eu realmente parei.
– Idiota! – chamou sua atenção rindo alto. O micro-ondas apitou avisando que a comida estava pronta. – Eu sou profissional e espero que ele seja também.
– Agora só saberemos disso amanhã. – ela sorriu, enquanto observava a amiga comer.
– Sim. Só te garanto uma coisa: eu não pego mais carona com ele.
Elas riram, enquanto passaram a noite conversando sobre outras trivialidades.
* Faculdade Getúlio Vargas: fundada em 20 de dezembro de 1944 com o objetivo inicial de preparar pessoas qualificadas para a administração pública do Brasil.
– Então já se conhecem, correto? – Margareth perguntou o óbvio.
– Sim, era meu amigo de infância, não nós víamos há vinte anos. – ela sorria, enquanto falava. lhe fitava intensamente, estava em choque.
– Que coincidência, não? – Margareth olhava de um para o outro.
– É sim, o destino nos pregando peças. – ela o olhou com os olhos brilhando, aquilo parecia um sonho.
– Quer que eu lhes dê mais privacidade? – Margareth perguntou ácida. balançou a cabeça, voltando a si, e lembrando onde estava.
– Claro que não. Eu peço desculpas pelo meu comportamento, é que... – ela suspirou, o fitando rapidamente. O coração ainda estava batendo rapidamente. – Bom... – ela olhou a mulher – Quero conhecer o restante da minha equipe.
– Ah, claro – a mulher sorriu falsamente, enquanto conduzia até a porta. Tudo sendo acompanhado pelos olhos atentos de .
– Nos vemos, – o chamou pelo seu apelido. Margareth saiu atrás da moça encostando a porta.
se jogou na cadeira, abriu alguns botões da camisa, alarmado. Ela havia se tornado uma mulher maravilhosamente linda. As emoções de quando ele era um garotinho de dez anos voltaram como uma avalanche, porém tudo ainda mais intenso, como aquilo era possível?
conheceu mais dois analistas e três assistentes depois de . Estava extremamente cansada, tinha andado aquela empresa inteira acompanhada de Margareth, tudo o que ela queria era sentar. Ela não via a hora daquela “tour” acabar. Pararam em frente a uma porta.
– Essa aqui é sua sala. – Margareth abriu a porta do lugar. A sala era enorme, e ficava no fim do corredor. – Fique à vontade para decorá-la como bem entender. Logo mais chegarão às plaquinhas para colocar na sua porta e mesa. Dúvidas me procure, ok? Ah, e seja muito bem-vinda a Engeali. Com licença. – Margareth saiu da sala.
Finalmente ela estava sozinha, sentou-se no sofá que havia no canto da sala e tirou os sapatos de salto, massageando seus pés, estavam bem doloridos. Levantou-se e pegou o notebook o ligando, não fazia ideia do que fazer naquele momento. Teria que conversar com o seu chefe para saber. Pegou-se pensando em , e naquele encontro de mais cedo. Queria ter conversado com ele, conhecido sua vida, mas se repreendeu, ali não era lugar para aquilo, ela tinha que se controlar. Levou um susto quando escutou um barulho do notebook, era notificação de um e-mail. Seu gerente pedindo para que ela se dirigisse a sala dele, ela suspirou pegando os sapatos e os colocando de volta, aquele dia estava bem longe de acabar.
Já eram 18h00min, arrumava suas coisas para ir embora, queria deitar na sua cama e dormir, mas não podia. Ajeitou tudo e encaminhou-se até o elevador, que a levou até o térreo. Ela caminhava desajeitada com algumas pastas nas mãos, nelas consistiam as avaliações de cada liderado seu, ela queria saber as aptidões de cada um para começar a demandar algumas coisas.
Ficou em frente ao prédio da empresa, e pegou seu celular, chamando um uber pelo aplicativo. Enquanto aguardava resolveu olhar sua redes sociais. Foi surpreendida por um toque sútil em seu ombro esquerdo, virou-se e viu parado atrás de si. Deu um passo para trás, visivelmente surpresa.
– Preciso me acostumar com isso. – deu um riso leve se referindo à presença do rapaz.
– Eu mais ainda, afinal de contas, você é minha chefe agora. – ele sorriu, coçando a nuca.
– Sou sua chefe dentro daquele prédio ali. – apontou para empresa. – Aqui fora você é somente e eu . – ela sorriu.
– Certo. – ele pigarreou. – Está fazendo o que parada ai?
– Chamei um uber estou esperando ele chegar. – ela deu uma olhada no aplicativo. Ainda faltavam cinco minutos para o motorista chegar. Bufou.
– Parece que vai demorar um pouquinho... – ele deu uma espiadinha no celular dela. – Quer uma carona? – ela pareceu ponderar.
– Bom, acho que sim. – resolveu aceitar, era só uma carona.
– Certo, deixa eu te ajudar com essas pastas. – ele as pegou da mão dela e as carregou como o cavalheiro que era.
Eles atravessaram a rua lado a lado, sem falarem nada. destravou seu Renault Clio 2015, e abriu a porta para que ela entrasse, e em seguida entrou com as pastas e as colocou no banco de trás. Ela mexia freneticamente no celular para cancelar a corrida do aplicativo.
– Para que lado eu devo ir? – ele a questionou, visivelmente curioso.
– Eu moro na Bela Vista, conhece?
– Conheço sim. Quando estivermos perto você me diz onde eu devo seguir, ok? – ela assentiu.
Ele deu partida no veículo, e um silêncio desconfortável se instaurou ali. olhava para a janela, desconcertada, ela queria conversar com ele, mas nada vinha na sua cabeça. A mesma coisa se passava com .
– Então... – os dois disseram juntos, e riram.
– Primeiro as damas. – lhe incentivou a falar.
– Quero te perguntar tantas coisas, ... – ela o olhou concentrado no trânsito. – Primeiro de tudo, como você passou esses vinte anos?
– Depois que eu me mudei para São Paulo, eu repeti alguns anos no colégio, terminei o ensino médio aos 20 anos. Fiquei muito indeciso sobre o que fazer então ingressei aos 24 anos na faculdade de adm porque abrange tudo, e saberia ao final do curso o que eu queria da minha vida. Entrei na Engeali como estagiário e tenho seis anos de empresa. Moro atualmente sozinho. Meu pai aposentou-se e está casado com minha mãe ainda. E eu ainda estou indeciso sobre a profissão que escolhi pra minha vida. Acho que resumidamente, é isso ai. – ela não pode evitar rir no fim do relato. – E você?
– Uau, estou com saudades de seus pais, sua mãe ainda faz aquele bolo de cenoura maravilhoso? – ele riu, assentindo.
– De vez em quando ela vai lá em casa e deixa ele pra mim. – ele deu uma rápida olhada para ela.
– Eu quero, já necessito daquele bolo pra ontem. – sentiu a boca salivar. – E quanto a ter ou não ter escolhido a profissão certa, nunca é tarde para se encontrar. – ela tocou sutilmente no ombro do rapaz.
– Sim, você tem toda a razão. – ele não pode evitar sorrir. Depois de tantos anos ela sempre sabia o que dizer.
– Bom, eu me formei no mesmo colégio no qual estudávamos. Vim para São Paulo com 18 anos, pois passei na FGV*, cursei administração porque gostei da grade curricular, fiz pós em gestão de pessoas, e agora estou concluindo meu MBA em gestão empresarial. Meu pai faleceu há doze anos, minha mãe mora ainda em Montecastelo, junto com minha irmã Helena.
– Nossa, eu sinto muito por seu pai... Como foi isso? – ele perguntou visivelmente triste.
– Ele infartou enquanto trabalhava, chegou ao hospital já sem vida. – ela sentiu um aperto no peito, aquilo ainda doía muito, mesmo tendo passado tantos anos. Ele percebendo o clima, rapidamente mudou de assunto.
– Veio pra cá e por que não me procurou? – ele perguntou, brincalhão.
– Mas eu procurei... Aqui é uma cidade muito grande, acabei desistindo com o tempo. – ela mexeu nas unhas, fingindo interesse na atividade. Ele acabou surpreso com a resposta.
– Procurou? – ela assentiu. – Eu sempre quis voltar para Monte, mas eu nunca consegui. Eu senti muito a sua falta. – ele a confidenciou. – Meus pais acham que eu repeti a quinta série por isso, e eu acho que eles têm razão. – ela sorriu largo, achando graça.
– Ai, , isso foi um enorme problema então. – ela deu uma leve risadinha. – Eu também senti a sua falta. Eu chorei algumas noites de saudade. – confessou, sentindo as bochechas queimando. Ele a olhou rapidamente e achou adorável.
– Por que perdemos o contato, ? – ele a fitou, intensamente. O carro estava parado no farol.
– Nossos pais... – ele ainda a fitava. Ele não tinha a noção do que aquele olhar fazia com a mulher.
– Não sei por que nos afastaram desse jeito. – ele se aproximou e alisou o rosto dela. – Você se tornou uma mulher muito linda... – ele sussurrou. Ela umedeceu os lábios, sentia a boca seca. A região que ele alisava parecia formigar.
Despertaram daquele momento com buzinas dos carros de trás alertando que o farol havia ficado verde. passou as mãos nos cabelos, os bagunçando. engoliu em seco. Foram o restante do trajeto calados, não eram capazes de falar mais nada.
Quando chegou ao bairro dela, a moça explicou o lugar onde morava e seguiu o caminho que ela indicava, não demorou em que chegassem em frente a casa.
– Muito obrigada pela carona, . – ela esticou-se para o banco de trás e pegou suas pastas que estavam lá. – Quer entrar? – ela perguntou por educação, torcendo internamente que ele não quisesse.
– Melhor não, , você deve estar cansada. – ela agradeceu aos anjos por aquela resposta.
– Estou um pouquinho... – ela sorriu. – Bom, é... Tchau. – ela estava pronta para abrir a porta, mas segurou seu braço levemente.
– Até amanhã. – ele se aproximou dela, a respiração de ambos estava um pouco acelerada. Ele desviou dos lábios dela e lhe deu um beijo demorado na bochecha, e a soltou relutante.
Ela desceu rapidamente do carro, procurou desesperadamente sua chave, e entrou na casa, sendo acompanhada pelo olhar do rapaz. Abriu a porta, e encostou-se a ela quando a fechou. Passou a mão por sua testa, ainda com a respiração ofegante.
– O que houve, ? – , sentada no sofá, a questionou, preocupada.
– Hãn, oi, amiga. – ela abriu os olhos. – Nada. – jogou as coisas em cima da mesinha de centro e foi até a cozinha procurando alguma coisa pra comer.
– Como assim nada? – a olhava incrédula. Tinha levantado do sofá e seguido à amiga até a cozinha. – Não mente pra mim.
suspirou, não tinha como mentir para . Elas se conheciam há treze anos, quando ela e a mulher moravam em uma república junto com mais cinco pessoas. Ambas não eram de São Paulo, e vieram cursar a faculdade ali, acabaram se apegando uma à outra e hoje dividiam uma casa juntas.
– Tudo bem, não vou mentir. – colocou um pedaço de lasanha no micro-ondas. – Como você sabe hoje foi meu primeiro dia na empresa nova. – assentiu. – Então, conheci o local que me agradou muito, um ambiente muito limpo e bem estruturado e...
– Vamos direto ao ponto que te fez entrar em casa desse jeito, por favor? – a interrompeu, rolando os olhos.
– Às vezes você é tão insuportável! – franziu o cenho. – Enfim, eu reencontrei na empresa, ele será meu liderado.
– ?! Aquele seu amigo de infância? Seu primeiro...
– Sim, esse mesmo! – a interrompeu. – Ele me trouxe até em casa, e inevitavelmente rolou um clima no fim da carona.
– Gente... – puxou uma cadeira para sentar. – Estou chocada!
– Eu estou muito mais, pode acreditar. Isso não podia acontecer, eu tenho um namorado! – ela mexeu no cabelo, nervosa.
– Sim, você tem. – ela desdenhou – Mas era o tal , seu primeiro amor... E o primeiro amor à gente nunca esquece. – ela sorriu, enquanto piscava os olhos freneticamente.
– Éramos só crianças, , para com isso! – chamou a atenção da amiga, sem graça.
– Sim, mas agora são adultos, e se rolou um clima, é porque ainda se amam. Isso é tão fofo... – ela suspirou audivelmente.
– Para de falar asneiras, por favor! Ai, tá vendo? Era por isso que eu não queria te contar nada. – ela ralhou com .
– Ok, não falo mais nada. – fingiu passar um zíper na boca. – Nossa, e isso é tão sexy, você, chefe dele, essa tensão de anos acumulados, os dois transando em cima da mesa da sua sala e... – tacou o pano de prato na amiga, enquanto ria. – Tá bom, eu realmente parei.
– Idiota! – chamou sua atenção rindo alto. O micro-ondas apitou avisando que a comida estava pronta. – Eu sou profissional e espero que ele seja também.
– Agora só saberemos disso amanhã. – ela sorriu, enquanto observava a amiga comer.
– Sim. Só te garanto uma coisa: eu não pego mais carona com ele.
Elas riram, enquanto passaram a noite conversando sobre outras trivialidades.
* Faculdade Getúlio Vargas: fundada em 20 de dezembro de 1944 com o objetivo inicial de preparar pessoas qualificadas para a administração pública do Brasil.
Capítulo 3
se espreguiçou longamente, desligando o despertador que mostrava o horário das 06h30min, hoje era seu segundo dia de trabalho. Ela tinha ido dormir razoavelmente tarde estudando o perfil de cada liderado, era bem perfeccionista com seu trabalho. Acordara bem disposta e agradecida por ter conseguido aquele emprego. Se ela não tivesse arranjado, completaria na semana que vem cinco meses desempregada.
Seu telefone começou a tocar, ficou bem surpresa quando viu quem era... Tinha se esquecido por completo de seu pobre namorado.
– Oi, amor! – ela colocou o aparelho no viva voz, enquanto se arrumava.
– , tudo bem? Você disse que me ligaria, mas não ligou... – ela bateu na própria testa se lembrando.
– Estou bem, Bru e você? Bom, eu disse mesmo, mas cheguei bem cansada ontem que deitei e dormi. Me desculpa.
– Tudo bem, e como foi o primeiro dia de trabalho? – ele perguntou, interessado.
– Muito bom. Reencontrei meu amigo de infância, você acredita? – ela comentou. Decidiu que não esconderia aquela informação, não tinha motivos para tal.
– Que legal, amor. Já tem em quem confiar ali dentro. Isso ajuda muito. – ela terminava de pentear os cabelos.
– Sim, ajuda mesmo... – ela suspirou fundo, tentando ignorar os pensamentos que estavam rondando sua cabeça, todos envolvendo . Ela não tinha como negar que aquele repentino reencontro tinha mexido muito com ela. – Volta quando de viagem? – Bruno era agente de viagens, e muitas vezes precisava viajar por conta disso.
– Volto na segunda ou no máximo terça.
– Ah, então falta pouquinho. – ela sorriu meigamente. – Queria conversar mais com você, mas preciso terminar de me arrumar, o dever me chama. Beijo.
– Beijo, vida. Bom trabalho.
– Pra você também. – sorriu e desligou o contato. Depois do telefonema percebeu que estava com saudades dele.
Terminou de se vestir e deu uma rápida checada no espelho alisando a roupa. Pegou a bolsa e foi até a cozinha para preparar o seu café. Estava sozinha, já que a melhor amiga tinha saído de casa mais cedo por ter uma consulta marcada com um paciente às 07h00min, era psicóloga.
Tomou o café rapidamente, enquanto olhava suas redes sociais. Decidiu que hoje iria de metrô, tinha que economizar. Utilizar uber todos os dias não cabia em seu orçamento de recém-empregada.
***
Desceu do metrô zonza, era sempre assim que se sentia quando pegava o transporte aquele horário, sempre estava superlotado. Alisou a roupa, se ajeitando, respirou fundo e entrou na empresa, cumprimentando alguns funcionários da recepção e caminhando até o elevador que a deixaria em seu andar.
Viu que todos os seus liderados já estavam ali, exercendo suas funções, demorou-se um pouco mais na sala de um certo rapaz. Respirou fundo, arrancando aqueles pensamentos de si, e se dirigiu a sua própria sala.
Antes de fazer qualquer uma de suas tarefas diárias tinha decidido que queria apresentar-se adequadamente aos colaboradores, para se familiarizar com todos. Então se sentou em sua mesa e mandou um e-mail convocando a presença de todos em sua sala. Olhou o lugar e viu que caberia perfeitamente todos ali.
Escutou breves batidas na porta e assustou-se com a rapidez que eles tinham lido ao e-mail. Apareceram três moças com sorrisos tímidos, as cumprimentou e pediu que sentassem. Não tardou para que chegasse ali, acompanhado de um sorriso lindo e de um perfume delicioso. Ele lhe surpreendeu quando lhe deu um beijo estalado na bochecha e dirigiu-se para o sofazinho no canto da sala. Viu o olhar que as meninas lhe lançaram, sabia bem o que aquilo significava, sentiu seu rosto inteiro muito quente, e com certeza aquilo não era timidez. Não tardou para que viessem os outros dois analistas que faltavam.
– Bom dia a todos!
Ela os cumprimentou brevemente e escutou um sonoro bom dia em resposta.
– Chamei todos vocês aqui, porque queria me apresentar adequadamente e conhecê-los um pouco melhor também. – ela deu um rápido sorriso. – Vou começar por mim... Meu nome é , tenho 31 anos e sou formada em administração. Atualmente faço MBA em gestão empresarial. Trabalho na área de recursos humanos há nove anos e amo o que faço – sorriu fechado.
– Uaau, não parece que tem 31 anos, é lindíssima! – Bianca comentou. Os colegas reviraram os olhos com o puxa-saquismo da garota.
– Linda mesmo... – disse mais para si do que tudo, mas foi possível que e os outros colaboradores escutassem. Ela respirou fundo, estava a colocando em uma saia bem justa com aquele comportamento.
– Obrigada. – sorriu sem mostrar os dentes. estava bem acostumada com liderados do tipo da moça, todo o lugar tinha um. – Agora eu quero saber o nome de vocês, idade, quanto tempo de empresa, se estudam e quais são as funções de cada um, ok? – eles assentiram. – Quem começa? – Bianca rapidamente levantou as mãos pedindo a palavra.
– Meu nome é Bianca, tenho 22 e dois anos na Engeali. Esse ano me formo na faculdade de recursos humanos. Eu cuido do treinamento e desenvolvimento de cada funcionário da empresa, garantindo as 100 horas que cada colaborador deve ter dentro de sala de treinamento ou a distância (e-learning).
– Muito bom, Bianca, prazer em conhecê-la. – sorriu. – Próximo?
– Eu! – sorriu, e tomou à vez – Meu nome é , tenho 30 anos, sou formado em administração. Atualmente não estudo e tenho seis anos de empresa. Eu cuido do recrutamento e seleção, traço os perfis das vagas, emito a contratação de novos funcionários para todas as áreas da empresa, exceto gerência. – ele deu uma piscadinha e sorriu para . Ela tinha que impor limites a ele, caso não, aquilo lhe traria graves problemas em seu ambiente de trabalho. Ela queria sim retomar a amizade dele, mas da porta pra fora da empresa, ali era a chefe do rapaz e demonstração de afeto e intimidade queimariam seu filme, e por Deus, ela demorou muito para conseguir aquele emprego.
– Obrigada, . – sorriu sem mostrar os dentes.
E assim se prosseguiu, o restante do grupo se apresentou e foi conhecendo cada um pessoalmente, apesar de ter os estudado no dia anterior. Dispensou a todos, exceto seu melhor amigo, causando estranhamento dos demais.
– , precisamos impor limites aqui! – ela ralhou com o rapaz, nervosa. – Aqui dentro, sou sua líder e essas intimidades não podem e não devem acontecer! – ela terminou a frase com a voz bem fininha. – Sim, eu te abracei ontem, na frente da selecionadora, mas acabou. Eu já perdi alguns pontos com aquilo, não posso mais me prejudicar!
– Sim, chefa. – ele frisou bem a palavra e assim se retirou da sala com um biquinho chateado.
Ela se lembrou que ele sempre fazia aquela carinha quando ela não concordava com alguma brincadeira que ele propunha. Ela sentou-se na cadeira, fechou os olhos e suspirou alto. Quem foi que disse que as coisas seriam fáceis com ali? Ledo engano.
***
Duas semanas haviam se passado, evitava qualquer tipo de contato com , senão o profissional. Tinha ficado magoado com o corte que ela tinha lhe dado. Ele sabia que ela era sua chefa, mas aquilo era muito novo para ele. Ela tinha que tentar compreendê-lo.
Escutou duas batidinhas leves na porta e respondeu um entra, enquanto tentava se focar na demanda nova que tinha recebido. E por ironia, quem estava ali na porta era .
– ? – ela abriu a porta e a encostou. Sentou-se de frente ao rapaz, sem nenhum tipo de convite. – Vim te explicar como traçar esse perfil de vaga em específico.
– Ah, tudo bem. – ele respondeu sério, sem encará-la. Ela rolou os olhos com o jeito dele.
Ele empurrou sua cadeira, deixando que se aproximasse. Ela foi lhe explicando como ele deveria fazer, e ele ia anotando tudo para não precisar incomodá-la novamente.
– Entendeu? – ele assentiu, ela suspirou fundo. – Me desculpa, ok? Eu fui grossa com você, desnecessariamente. Queria ter feito isso antes, mas estava tão corrido com o fechamento da folha que eu não consegui.
– Com quem eu estou falando agora? Com a minha líder ou com a minha amiga? – ele a alfinetou.
– Não acredito que você é tão criança assim, ! – ela mexeu no cabelo, nervosa.
– Criança, eu? Não vem com essa, , eu tenho o direito de estar magoado com você. Poxa, eu sei que eu passei dos limites, concordo. Mas tem jeitos e jeitos de se falar com alguém! – ele se levantou da cadeira, bravo.
– Eu sei que fui grossa, não tô aqui engolindo meu orgulho me desculpando com você? Que saco, ! – ela já ia se retirando da sala, quando ele segurou o braço dela, fazendo com que ela voltasse para trás. Ela espalmou as mãos no peito dele, surpresa.
– Eu desculpo. – ele sussurrou. Ela levantou a cabeça, estava perdida nos olhos dele.
Ela sentiu o coração de bater forte, o seu estava do mesmo jeito. Aquela pseudo discussão tinha deixado o clima bem mais intenso, e ambos não estavam conseguindo se segurar. Aproximaram-se devagar, até que seus narizes se tocassem, as respirações estavam aceleradas, estavam quase se beijando quando foram interrompidos por duas batidas na porta, rapidamente se desvencilharam.
– , eu preciso que me ajude a... – Lucas se interrompeu quando viu que estava ali. – Nossa, me desculpe, eu não sabia que estava aqui, .
– Não, tudo bem, Lucas, já terminei com . Com licença. – saiu sem graça da sala. respirou fundo e se sentou na cadeira.
– Do que precisa, Lucas. – o olhou entediado, se ele não tivesse aparecido com toda certeza ele a beijaria, dessa vez não hesitaria.
***
Já eram 18h45min, agradecia a Deus por hoje ser sexta-feira, aquela semana tinha sido bem tumultuada. Decidira que estava na hora de ir embora já que tinha chegado às 08h00min aquele dia, tinha hora para chegar, mas não tinha hora para sair, já que não batia ponto por seu cargo ser de confiança. Ajeitou a sala e saiu dirigindo-se ao elevador, tinha sido um dia bem cansativo. Desceu e caminhou até a saída da empresa. Foi em direção ao metrô quando sutilmente sentiu alguém segurar o seu braço direito. Virou-se, surpresa.
– Oi, ! – sorriu docemente para ela, que não pode evitar retribuir o gesto.
– Oi, ! – ela ajeitou a bolsa no ombro, sem graça. Deus sabia que era errado, mas estava o evitando desde o incidente de mais cedo.
– Tem algum compromisso pra hoje? – ela o olhou, desconfiada. Resolveu responder a verdade.
– Nada, vou assistir netflix à noite inteira. – sorriu fofamente. Bruno tinha novamente viajado para mais um trabalho, deixando sozinha. Quando ela estava desempregada até o acompanhava em algumas viagens, mas agora não tinha como. Pelo menos amanhã ele estaria de volta.
– Não, nada disso. Hoje é sexta feira, dia de happy hour! – ele estava animado. – Nós geralmente vamos a um barzinho com karaokê na rua de cima, você está convidada e não aceito não como resposta. – ela o olhou, desconcertada. Sabendo o que ela perguntaria, ele completou. – Ninguém do nosso setor vai. Vamos, ! Por favor...
– Eu... – ela ponderava os prós e contras daquilo. Os dois sentiam uma atração fortíssima, era inegável, e ela definitivamente não podia se entregar a aquilo.
– , vamos! – ele a despertou de seus devaneios. tinha o olhar pidão.
– Tudo bem. – ela sorriu e ele a abraçou de lado, enquanto andavam em direção a dois rapazes que estavam encostados em um muro.
sabia que deveria não ter aceitado, mas ela queria mais de em sua vida. Aproximaram-se dos rapazes.
– Gente, essa é a . esses são Joe e Pedro, ambos trabalham no departamento de TI e são meus amigos.
– Oi, moça. – Pedro foi breve no cumprimento.
– Então você é a famosa ... Muito prazer! – Joe foi mais específico. Ela não pode conter uma risadinha leve.
– Famosa, é? – olhou para , desconfiada, enquanto cumprimentava com beijos estalados a bochecha dos rapazes. – Prazer, meninos.
Antes que respondesse a pergunta dela o celular de começou a tocar, ela viu o número e empalideceu, era Bruno. Ela sabia que não estava fazendo nada errado, mas fora impossível controlar as emoções. Desfez o abraço com , pediu licença e foi atender um pouco mais afastada.
– Aposto que deve ser uma mulher de cinquenta anos, mal amada, e com dezessete gatos. – Joe lembrou-se da conversa que teve com o amigo há algumas semanas. – Eu disse que você ia morder a língua.
– Ah, cala a boca, idiota. – deu um cascudo no amigo.
– Ela é uma mulher muito bonita, . – Pedro analisava de longe. franziu o cenho com comentário do amigo, mas antes que pudesse dizer algo, Joe o fez.
– É sim, mas tira os olhos que o viu primeiro. – deu um leve empurrãozinho no rapaz. sentiu as bochechas pegarem fogo.
– Joe! – ele ralhou.
– Seja sincero, , estou mentindo?!
– Não... – ele passou a mão no cabelo, o bagunçando. – Desde que eu a reencontrei não consigo tirá-la da minha cabeça. É como se um sentimento que estivesse adormecido dentro de mim acordasse de uma vez, me sufocando. – ele respirou fundo.
– É melhor mudarmos de assunto, ela está vindo. – Pedro sinalizou. guardava o celular na bolsa enquanto se aproximava. – Não vou furar seu olho. – eles riram.
– Vamos?! – eles assentiram e caminharam para o lugar.
Chegaram ao barzinho, e sentaram em uma mesa próxima do palco no qual tinha um rapaz cantando uma música qualquer.
***
Já estavam na quarta rodada de cerveja daquela noite. Os rapazes conversavam animados, e já estava bem enturmada e participava ativamente das conversas deles.
– Então o se compadeceu do sofrimento da moça e eles bolaram um plano e pegaram o ex chefe dele. – Pedro bebericou a bebida quando terminou de falar. – o expôs para a diretoria da empresa.
– Uaau! – ela exclamou, surpresa. – É louvável o que fez, não posso deixar de reconhecer isso, mas me deixa enojada que em pleno século XXI existam homens com atitudes iguais as do antigo chefe dele. Isso jamais deveria acontecer!
– É, eu concordo. Atitudes como as do não seriam necessárias se os homens entendessem que devem respeitar uma mulher. – Joe comentou.
– Exatamente! Quando essa sociedade entenderá? – exclamou. Os rapazes concordaram com ela, exceto que estava calado. – ?! – ela o cutucou na barriga, ele se sobressaltou com o susto.
– Oi?! – estava alheio à conversa, olhava o catálogo de músicas, curioso.
– Tá quietinho demais... – ele largou o catálogo e lhe olhou. Joe e Pedro conversavam entre si.
– Ah, é que eu estava procurando uma música pra cantar. – ele fechou o livro.
– E achou? – ela bebericou sua cerveja, esperando sua resposta.
– Achei sim. Só um minuto. – foi até o dj e pediu para que ele colocasse a música que ele havia escolhido, e voltou a companhia dela. – Não vai cantar?
– Eu? Não mesmo, canto muito mal. – ela debochou de si mesma.
– Eu também não canto bem, mas hoje eu senti uma vontade imensa de cantar. – ele sorriu.
Escutaram o nome do rapaz no alto-falante, já era a vez dele.
Coloquem essa música para tocar, por favor:
estava nervoso, não era nenhum cantor profissional, mas uma vontade súbita de cantar algo veio em sua cabeça. Subiu ao palco, sentou-se em um banquinho e ouviu os acordes da música.
Linda do jeito que é
Da cabeça ao pé
Do jeitinho que for
É, e só de pensar
Sei que já vou estar
Morrendo de amor
De amor
cantava de olhos fechados, tinha escolhido aquela música a dedo, e assim como a letra sugeria, era uma homenagem a , que tinha voltado a sua vida. Dessa vez ele não deixaria que nada os separasse.
Coisa linda
Vou pra onde você está
Não precisa nem chamar
Coisa linda
Vou pra onde você está
Desde quando cantava tão bem assim? Seu amigo era um talento nato, por que ele não tinha investido na música ainda? Eram as perguntas que rondavam na cabeça de . Aos poucos a ficha foi caindo e ela foi percebendo o teor da letra da música, ficou surpresa com aquilo.
Linda feito manhã
Feito chá de hortelã
Feito ir para o mar
Linda assim, deitada
Com a cara amassada
Enrolando o acordar
O acordar
Ele a encarava agora, com o olhar firme e preciso. Era assustador para ele, mas estava sim apaixonado por sua melhor amiga, e temia não ser correspondido. Ela estava com os olhos arregalados, era estranho, mas ela estava presa a aquele olhar, e não conseguia quebrar aquele contato.
– Céus... – ela balançou a cabeça, sorrindo, estava mesmo muito surpresa.
Joe e Pedro olharam a situação e soltaram risinhos entre si, tinham perdido mesmo um soldado.
estava amando, ninguém nunca havia cantado ou feito algo assim para ela. Era adorável, era apaixonante... Ela o queria para si, o achava a coisa mais linda que já tinha visto.
Mas ela tinha um namorado. Sim, ela tinha um namorado, aquilo caiu como um tijolo em sua cabeça quando lembrou-se de Bruno. Ela não deveria estar ali, ela não podia ter aceitado aquele convite, se as coisas continuassem assim ela feriria o coração de duas pessoas. E eles não mereciam.
Coisa linda
Vou pra onde você está
Não precisa nem chamar
Coisa linda
Vou pr aonde você está
Ah, se a beleza mora no olhar
No meu você chegou e resolveu ficar
Pra fazer teu lar
Pra fazer teu lar
Ele foi terminando a música com um sorriso lindo em seu rosto, mas assim que percebeu a situação que se seguia embaixo, o sorriso se desmanchou. deixava o dinheiro na mesa e saía apressadamente do bar. Ele sem mesmo terminar a música saiu atrás da amiga, sendo aplaudido de pé por todos os presentes no bar. Ele ignorou as parabenizações e foi atrás dela
Ele a viu em frente ao bar, mexendo freneticamente no celular, se aproximou cautelosamente.
– , você saiu correndo, me desculpe, eu não fiz para te assustar, nem nada, eu só quis mesmo cantar a música e... – ela o interrompeu.
– Me desculpe você, . Eu deveria ter te contado antes, mas eu tenho um namorado. – ela mexeu no cabelo, nervosa.
– Eu pensei que... Estava solteira. – ele comentou, derrotado.
– Eu sei que você pensou, e peço mesmo desculpas por isso. – um carro foi estacionando em frente aos dois, era o veículo que ela havia solicitado pelo aplicativo. Abriu a porta de trás do carro, mas não sem antes sussurrar. – Eu sinto muito.
Ele encostou-se a parede, calado, vendo o carro se distanciar cada vez mais dele. Ele não estava louco, sabia que ela não era totalmente imune a ele, por isso não desistiria dela, não desistiria mesmo.
Coisa linda
Vou pra onde você está
Vou pra onde você está
Seu telefone começou a tocar, ficou bem surpresa quando viu quem era... Tinha se esquecido por completo de seu pobre namorado.
– Oi, amor! – ela colocou o aparelho no viva voz, enquanto se arrumava.
– , tudo bem? Você disse que me ligaria, mas não ligou... – ela bateu na própria testa se lembrando.
– Estou bem, Bru e você? Bom, eu disse mesmo, mas cheguei bem cansada ontem que deitei e dormi. Me desculpa.
– Tudo bem, e como foi o primeiro dia de trabalho? – ele perguntou, interessado.
– Muito bom. Reencontrei meu amigo de infância, você acredita? – ela comentou. Decidiu que não esconderia aquela informação, não tinha motivos para tal.
– Que legal, amor. Já tem em quem confiar ali dentro. Isso ajuda muito. – ela terminava de pentear os cabelos.
– Sim, ajuda mesmo... – ela suspirou fundo, tentando ignorar os pensamentos que estavam rondando sua cabeça, todos envolvendo . Ela não tinha como negar que aquele repentino reencontro tinha mexido muito com ela. – Volta quando de viagem? – Bruno era agente de viagens, e muitas vezes precisava viajar por conta disso.
– Volto na segunda ou no máximo terça.
– Ah, então falta pouquinho. – ela sorriu meigamente. – Queria conversar mais com você, mas preciso terminar de me arrumar, o dever me chama. Beijo.
– Beijo, vida. Bom trabalho.
– Pra você também. – sorriu e desligou o contato. Depois do telefonema percebeu que estava com saudades dele.
Terminou de se vestir e deu uma rápida checada no espelho alisando a roupa. Pegou a bolsa e foi até a cozinha para preparar o seu café. Estava sozinha, já que a melhor amiga tinha saído de casa mais cedo por ter uma consulta marcada com um paciente às 07h00min, era psicóloga.
Tomou o café rapidamente, enquanto olhava suas redes sociais. Decidiu que hoje iria de metrô, tinha que economizar. Utilizar uber todos os dias não cabia em seu orçamento de recém-empregada.
Desceu do metrô zonza, era sempre assim que se sentia quando pegava o transporte aquele horário, sempre estava superlotado. Alisou a roupa, se ajeitando, respirou fundo e entrou na empresa, cumprimentando alguns funcionários da recepção e caminhando até o elevador que a deixaria em seu andar.
Viu que todos os seus liderados já estavam ali, exercendo suas funções, demorou-se um pouco mais na sala de um certo rapaz. Respirou fundo, arrancando aqueles pensamentos de si, e se dirigiu a sua própria sala.
Antes de fazer qualquer uma de suas tarefas diárias tinha decidido que queria apresentar-se adequadamente aos colaboradores, para se familiarizar com todos. Então se sentou em sua mesa e mandou um e-mail convocando a presença de todos em sua sala. Olhou o lugar e viu que caberia perfeitamente todos ali.
Escutou breves batidas na porta e assustou-se com a rapidez que eles tinham lido ao e-mail. Apareceram três moças com sorrisos tímidos, as cumprimentou e pediu que sentassem. Não tardou para que chegasse ali, acompanhado de um sorriso lindo e de um perfume delicioso. Ele lhe surpreendeu quando lhe deu um beijo estalado na bochecha e dirigiu-se para o sofazinho no canto da sala. Viu o olhar que as meninas lhe lançaram, sabia bem o que aquilo significava, sentiu seu rosto inteiro muito quente, e com certeza aquilo não era timidez. Não tardou para que viessem os outros dois analistas que faltavam.
– Bom dia a todos!
Ela os cumprimentou brevemente e escutou um sonoro bom dia em resposta.
– Chamei todos vocês aqui, porque queria me apresentar adequadamente e conhecê-los um pouco melhor também. – ela deu um rápido sorriso. – Vou começar por mim... Meu nome é , tenho 31 anos e sou formada em administração. Atualmente faço MBA em gestão empresarial. Trabalho na área de recursos humanos há nove anos e amo o que faço – sorriu fechado.
– Uaau, não parece que tem 31 anos, é lindíssima! – Bianca comentou. Os colegas reviraram os olhos com o puxa-saquismo da garota.
– Linda mesmo... – disse mais para si do que tudo, mas foi possível que e os outros colaboradores escutassem. Ela respirou fundo, estava a colocando em uma saia bem justa com aquele comportamento.
– Obrigada. – sorriu sem mostrar os dentes. estava bem acostumada com liderados do tipo da moça, todo o lugar tinha um. – Agora eu quero saber o nome de vocês, idade, quanto tempo de empresa, se estudam e quais são as funções de cada um, ok? – eles assentiram. – Quem começa? – Bianca rapidamente levantou as mãos pedindo a palavra.
– Meu nome é Bianca, tenho 22 e dois anos na Engeali. Esse ano me formo na faculdade de recursos humanos. Eu cuido do treinamento e desenvolvimento de cada funcionário da empresa, garantindo as 100 horas que cada colaborador deve ter dentro de sala de treinamento ou a distância (e-learning).
– Muito bom, Bianca, prazer em conhecê-la. – sorriu. – Próximo?
– Eu! – sorriu, e tomou à vez – Meu nome é , tenho 30 anos, sou formado em administração. Atualmente não estudo e tenho seis anos de empresa. Eu cuido do recrutamento e seleção, traço os perfis das vagas, emito a contratação de novos funcionários para todas as áreas da empresa, exceto gerência. – ele deu uma piscadinha e sorriu para . Ela tinha que impor limites a ele, caso não, aquilo lhe traria graves problemas em seu ambiente de trabalho. Ela queria sim retomar a amizade dele, mas da porta pra fora da empresa, ali era a chefe do rapaz e demonstração de afeto e intimidade queimariam seu filme, e por Deus, ela demorou muito para conseguir aquele emprego.
– Obrigada, . – sorriu sem mostrar os dentes.
E assim se prosseguiu, o restante do grupo se apresentou e foi conhecendo cada um pessoalmente, apesar de ter os estudado no dia anterior. Dispensou a todos, exceto seu melhor amigo, causando estranhamento dos demais.
– , precisamos impor limites aqui! – ela ralhou com o rapaz, nervosa. – Aqui dentro, sou sua líder e essas intimidades não podem e não devem acontecer! – ela terminou a frase com a voz bem fininha. – Sim, eu te abracei ontem, na frente da selecionadora, mas acabou. Eu já perdi alguns pontos com aquilo, não posso mais me prejudicar!
– Sim, chefa. – ele frisou bem a palavra e assim se retirou da sala com um biquinho chateado.
Ela se lembrou que ele sempre fazia aquela carinha quando ela não concordava com alguma brincadeira que ele propunha. Ela sentou-se na cadeira, fechou os olhos e suspirou alto. Quem foi que disse que as coisas seriam fáceis com ali? Ledo engano.
Duas semanas haviam se passado, evitava qualquer tipo de contato com , senão o profissional. Tinha ficado magoado com o corte que ela tinha lhe dado. Ele sabia que ela era sua chefa, mas aquilo era muito novo para ele. Ela tinha que tentar compreendê-lo.
Escutou duas batidinhas leves na porta e respondeu um entra, enquanto tentava se focar na demanda nova que tinha recebido. E por ironia, quem estava ali na porta era .
– ? – ela abriu a porta e a encostou. Sentou-se de frente ao rapaz, sem nenhum tipo de convite. – Vim te explicar como traçar esse perfil de vaga em específico.
– Ah, tudo bem. – ele respondeu sério, sem encará-la. Ela rolou os olhos com o jeito dele.
Ele empurrou sua cadeira, deixando que se aproximasse. Ela foi lhe explicando como ele deveria fazer, e ele ia anotando tudo para não precisar incomodá-la novamente.
– Entendeu? – ele assentiu, ela suspirou fundo. – Me desculpa, ok? Eu fui grossa com você, desnecessariamente. Queria ter feito isso antes, mas estava tão corrido com o fechamento da folha que eu não consegui.
– Com quem eu estou falando agora? Com a minha líder ou com a minha amiga? – ele a alfinetou.
– Não acredito que você é tão criança assim, ! – ela mexeu no cabelo, nervosa.
– Criança, eu? Não vem com essa, , eu tenho o direito de estar magoado com você. Poxa, eu sei que eu passei dos limites, concordo. Mas tem jeitos e jeitos de se falar com alguém! – ele se levantou da cadeira, bravo.
– Eu sei que fui grossa, não tô aqui engolindo meu orgulho me desculpando com você? Que saco, ! – ela já ia se retirando da sala, quando ele segurou o braço dela, fazendo com que ela voltasse para trás. Ela espalmou as mãos no peito dele, surpresa.
– Eu desculpo. – ele sussurrou. Ela levantou a cabeça, estava perdida nos olhos dele.
Ela sentiu o coração de bater forte, o seu estava do mesmo jeito. Aquela pseudo discussão tinha deixado o clima bem mais intenso, e ambos não estavam conseguindo se segurar. Aproximaram-se devagar, até que seus narizes se tocassem, as respirações estavam aceleradas, estavam quase se beijando quando foram interrompidos por duas batidas na porta, rapidamente se desvencilharam.
– , eu preciso que me ajude a... – Lucas se interrompeu quando viu que estava ali. – Nossa, me desculpe, eu não sabia que estava aqui, .
– Não, tudo bem, Lucas, já terminei com . Com licença. – saiu sem graça da sala. respirou fundo e se sentou na cadeira.
– Do que precisa, Lucas. – o olhou entediado, se ele não tivesse aparecido com toda certeza ele a beijaria, dessa vez não hesitaria.
Já eram 18h45min, agradecia a Deus por hoje ser sexta-feira, aquela semana tinha sido bem tumultuada. Decidira que estava na hora de ir embora já que tinha chegado às 08h00min aquele dia, tinha hora para chegar, mas não tinha hora para sair, já que não batia ponto por seu cargo ser de confiança. Ajeitou a sala e saiu dirigindo-se ao elevador, tinha sido um dia bem cansativo. Desceu e caminhou até a saída da empresa. Foi em direção ao metrô quando sutilmente sentiu alguém segurar o seu braço direito. Virou-se, surpresa.
– Oi, ! – sorriu docemente para ela, que não pode evitar retribuir o gesto.
– Oi, ! – ela ajeitou a bolsa no ombro, sem graça. Deus sabia que era errado, mas estava o evitando desde o incidente de mais cedo.
– Tem algum compromisso pra hoje? – ela o olhou, desconfiada. Resolveu responder a verdade.
– Nada, vou assistir netflix à noite inteira. – sorriu fofamente. Bruno tinha novamente viajado para mais um trabalho, deixando sozinha. Quando ela estava desempregada até o acompanhava em algumas viagens, mas agora não tinha como. Pelo menos amanhã ele estaria de volta.
– Não, nada disso. Hoje é sexta feira, dia de happy hour! – ele estava animado. – Nós geralmente vamos a um barzinho com karaokê na rua de cima, você está convidada e não aceito não como resposta. – ela o olhou, desconcertada. Sabendo o que ela perguntaria, ele completou. – Ninguém do nosso setor vai. Vamos, ! Por favor...
– Eu... – ela ponderava os prós e contras daquilo. Os dois sentiam uma atração fortíssima, era inegável, e ela definitivamente não podia se entregar a aquilo.
– , vamos! – ele a despertou de seus devaneios. tinha o olhar pidão.
– Tudo bem. – ela sorriu e ele a abraçou de lado, enquanto andavam em direção a dois rapazes que estavam encostados em um muro.
sabia que deveria não ter aceitado, mas ela queria mais de em sua vida. Aproximaram-se dos rapazes.
– Gente, essa é a . esses são Joe e Pedro, ambos trabalham no departamento de TI e são meus amigos.
– Oi, moça. – Pedro foi breve no cumprimento.
– Então você é a famosa ... Muito prazer! – Joe foi mais específico. Ela não pode conter uma risadinha leve.
– Famosa, é? – olhou para , desconfiada, enquanto cumprimentava com beijos estalados a bochecha dos rapazes. – Prazer, meninos.
Antes que respondesse a pergunta dela o celular de começou a tocar, ela viu o número e empalideceu, era Bruno. Ela sabia que não estava fazendo nada errado, mas fora impossível controlar as emoções. Desfez o abraço com , pediu licença e foi atender um pouco mais afastada.
– Aposto que deve ser uma mulher de cinquenta anos, mal amada, e com dezessete gatos. – Joe lembrou-se da conversa que teve com o amigo há algumas semanas. – Eu disse que você ia morder a língua.
– Ah, cala a boca, idiota. – deu um cascudo no amigo.
– Ela é uma mulher muito bonita, . – Pedro analisava de longe. franziu o cenho com comentário do amigo, mas antes que pudesse dizer algo, Joe o fez.
– É sim, mas tira os olhos que o viu primeiro. – deu um leve empurrãozinho no rapaz. sentiu as bochechas pegarem fogo.
– Joe! – ele ralhou.
– Seja sincero, , estou mentindo?!
– Não... – ele passou a mão no cabelo, o bagunçando. – Desde que eu a reencontrei não consigo tirá-la da minha cabeça. É como se um sentimento que estivesse adormecido dentro de mim acordasse de uma vez, me sufocando. – ele respirou fundo.
– É melhor mudarmos de assunto, ela está vindo. – Pedro sinalizou. guardava o celular na bolsa enquanto se aproximava. – Não vou furar seu olho. – eles riram.
– Vamos?! – eles assentiram e caminharam para o lugar.
Chegaram ao barzinho, e sentaram em uma mesa próxima do palco no qual tinha um rapaz cantando uma música qualquer.
Já estavam na quarta rodada de cerveja daquela noite. Os rapazes conversavam animados, e já estava bem enturmada e participava ativamente das conversas deles.
– Então o se compadeceu do sofrimento da moça e eles bolaram um plano e pegaram o ex chefe dele. – Pedro bebericou a bebida quando terminou de falar. – o expôs para a diretoria da empresa.
– Uaau! – ela exclamou, surpresa. – É louvável o que fez, não posso deixar de reconhecer isso, mas me deixa enojada que em pleno século XXI existam homens com atitudes iguais as do antigo chefe dele. Isso jamais deveria acontecer!
– É, eu concordo. Atitudes como as do não seriam necessárias se os homens entendessem que devem respeitar uma mulher. – Joe comentou.
– Exatamente! Quando essa sociedade entenderá? – exclamou. Os rapazes concordaram com ela, exceto que estava calado. – ?! – ela o cutucou na barriga, ele se sobressaltou com o susto.
– Oi?! – estava alheio à conversa, olhava o catálogo de músicas, curioso.
– Tá quietinho demais... – ele largou o catálogo e lhe olhou. Joe e Pedro conversavam entre si.
– Ah, é que eu estava procurando uma música pra cantar. – ele fechou o livro.
– E achou? – ela bebericou sua cerveja, esperando sua resposta.
– Achei sim. Só um minuto. – foi até o dj e pediu para que ele colocasse a música que ele havia escolhido, e voltou a companhia dela. – Não vai cantar?
– Eu? Não mesmo, canto muito mal. – ela debochou de si mesma.
– Eu também não canto bem, mas hoje eu senti uma vontade imensa de cantar. – ele sorriu.
Escutaram o nome do rapaz no alto-falante, já era a vez dele.
Coloquem essa música para tocar, por favor:
estava nervoso, não era nenhum cantor profissional, mas uma vontade súbita de cantar algo veio em sua cabeça. Subiu ao palco, sentou-se em um banquinho e ouviu os acordes da música.
Da cabeça ao pé
Do jeitinho que for
É, e só de pensar
Sei que já vou estar
Morrendo de amor
De amor
Vou pra onde você está
Não precisa nem chamar
Coisa linda
Vou pra onde você está
Desde quando cantava tão bem assim? Seu amigo era um talento nato, por que ele não tinha investido na música ainda? Eram as perguntas que rondavam na cabeça de . Aos poucos a ficha foi caindo e ela foi percebendo o teor da letra da música, ficou surpresa com aquilo.
Feito chá de hortelã
Feito ir para o mar
Linda assim, deitada
Com a cara amassada
Enrolando o acordar
O acordar
– Céus... – ela balançou a cabeça, sorrindo, estava mesmo muito surpresa.
Joe e Pedro olharam a situação e soltaram risinhos entre si, tinham perdido mesmo um soldado.
estava amando, ninguém nunca havia cantado ou feito algo assim para ela. Era adorável, era apaixonante... Ela o queria para si, o achava a coisa mais linda que já tinha visto.
Mas ela tinha um namorado. Sim, ela tinha um namorado, aquilo caiu como um tijolo em sua cabeça quando lembrou-se de Bruno. Ela não deveria estar ali, ela não podia ter aceitado aquele convite, se as coisas continuassem assim ela feriria o coração de duas pessoas. E eles não mereciam.
Vou pra onde você está
Não precisa nem chamar
Coisa linda
Vou pr aonde você está
Ah, se a beleza mora no olhar
No meu você chegou e resolveu ficar
Pra fazer teu lar
Pra fazer teu lar
Ele a viu em frente ao bar, mexendo freneticamente no celular, se aproximou cautelosamente.
– , você saiu correndo, me desculpe, eu não fiz para te assustar, nem nada, eu só quis mesmo cantar a música e... – ela o interrompeu.
– Me desculpe você, . Eu deveria ter te contado antes, mas eu tenho um namorado. – ela mexeu no cabelo, nervosa.
– Eu pensei que... Estava solteira. – ele comentou, derrotado.
– Eu sei que você pensou, e peço mesmo desculpas por isso. – um carro foi estacionando em frente aos dois, era o veículo que ela havia solicitado pelo aplicativo. Abriu a porta de trás do carro, mas não sem antes sussurrar. – Eu sinto muito.
Ele encostou-se a parede, calado, vendo o carro se distanciar cada vez mais dele. Ele não estava louco, sabia que ela não era totalmente imune a ele, por isso não desistiria dela, não desistiria mesmo.
Vou pra onde você está
Vou pra onde você está
Capítulo 4
Finalmente o final de semana havia chegado, era uma manhã linda de sábado, levantava-se cansada, tinha tido uma madrugada difícil, não conseguira pregar o olho, um certo alguém e sua apresentação não saiam de sua cabeça, lhe causando certa preocupação. Bocejou audivelmente, criando coragem para o dia que viria.
Foi até a cozinha e encontrou uma cozinhando para ambas. sempre gostou de cozinhar, amava e sempre dizia que a relaxava. Esse tipo de tarefa era dela, agradecia muito pela amiga gostar, porque se fossem depender dela, morreriam de fome.
– Bom dia. – ela sussurrou e sentou-se a mesa, enquanto observava a amiga fazer panquecas.
– Bom dia. – ela virou rapidamente e viu grandes marcas roxeadas embaixo dos olhos de – Não dormiu bem?
– Pois é, as coisas no trabalho estão bem puxadas... – mexia nos detalhes da toalha de mesa, tudo para não encarar a psicóloga. Detestava como conseguia lê-la facilmente.
– Eu imagino, liderar uma equipe de muitos funcionários não é fácil, admiro muito sua profissão. – estava concentrada nas panquecas e não a encarava. – Só o trabalho mesmo? Ou alguém de lá? – a psicóloga riu levemente.
– Só, . – bufou, rapidamente mudando de assunto. – E ai, como foi o encontro com o carinha do tinder? – percebeu isso, e anotou mentalmente que assim que tivesse oportunidade levaria aquela conversa mais a fundo, com certeza a insônia da amiga tinha nome e sobrenome.
– Uma porcaria... – ela suspirou, derrotada.
– Por quê? – mudou a postura para escutar a amiga.
– Bom, eu cheguei às catracas do metrô liberdade pontualmente, porque você bem sabe que eu detesto atrasar e deixar a pessoa esperando. – ela deu uma breve pausa para experimentar a calda, estava faltando chocolate. – Ele perdeu dez pontos comigo porque me fez esperar quinze minutos! Quinze minutos! Assim como odeio atrasar, eu detesto esperar! – exclamou irritada. – Ele me pediu desculpas e disse que estava muito trânsito e blá, blá, blá, é claro que eu não acreditei.
– , eu já disse que você é chata hoje? – a amiga mostrou o dedo do meio para .
– Então fomos para o Emporio Zuki ali na Rua Galvão Bueno, sabe?
– Sim, eu sei. Comida japonesa, né? – assentiu fervorosamente.
– Eu estava bem animada, mesmo com o atraso dele, nós conversávamos sobre tudo. Tudo o que vinha em minha cabeça era que dessa vez eu desencalharia. O cara sabia conversar, era boa pinta, amava comida japonesa como eu, era cheiroso... Como dizia Anastasia Steele*: Minha deusa interior estava dançando merengue com passos de salsa. – riu alto. pausou a história para experimentar novamente a calda, agora estava no ponto.
– Continua, pelo amor de Deus. – a apressou, extremamente curiosa.
– Calma. – sorriu. – Então terminamos de comer e fomos caminhar pela região, conversamos sobre algumas coisas e eu não aguentei o lenga lenga, parti pro ataque e beijei o boy! Agora vem o meu desespero: , ele baba! – simulava um choro.
– Como assim? Baba? – ela arqueou a sobrancelha, com um sorriso no rosto. colocou as panquecas na mesa para que pudessem se servir.
– Baba muito, eu o beijei e até o meu nariz tinha baba dele. Eu pensei, não o boy deve ter sido pego de surpresa, por isso babou meu rosto inteiro, então beijei de novo e para minha decepção ele achava que minha boca e rosto eram depósitos de baba! Como alguém conseguia salivar desse jeito? Eu nunca beijei um cara que babasse tanto! Qual era o problema dele?
– Puta que pariu! Que nojo! – não pode evitar e riu muito.
– Ri mesmo, sua ridícula! – fingiu estar magoada. limpava as lágrimas de tanto rir. – Eu o bloqueei da minha vida! Que noite! Meu Deus!
– Psico louca, por que não tenta achar alguém pessoalmente? – deu uma bela mordida na panqueca, já recuperada da crise de riso.
– Eu tenho preguiça de procurar, socializar... – ela pegou uma panqueca e colocou a calda nela.
– Vou ver se o Bruno não tem nenhum amigo solteiro.
– Ah não, nem vem com essa, ! Já basta o pseudo relacionamento que eu tive com o melhor amigo dele. Que não vale o que come.
– Mas... – a interrompeu.
– Sem "mas" prefiro mil vezes o tinder a isso. – ela terminou de mastigar. – E por falar no Bruno... Ele volta quando?
– Hoje à tarde, ele disse que o desembarque aqui em São Paulo tá marcado para as 14 horas. Vou passar o fim de semana com ele. – ela fechou os olhos por alguns segundos, à psicóloga percebeu.
– , vamos lá, o que está acontecendo com você? – tinha um olhar bem cansado.
Contou tudo para o que tinha acontecido naquela semana, do quase beijo no escritório até a declaração de amor em forma de música.
– De verdade, posso ser sincera? – piscou os olhos incessantemente.
– Lá vem porcaria... – conhecia bem a amiga que tinha.
– Termina com o Bruno, porque não vai demorar pra você empurrar todos os objetos da mesa do seu escritório e cair de boca no ! – ao término da frase começou a rir. acabou rindo também. Mesmo prevendo o que poderia vir, sempre a surpreendia.
– Eu aqui desesperada, e você fazendo piada. – revirou os olhos, e riu levemente. – Não quero nem pensar em segunda feira, não sei como vou encará-lo.
– Amiga! – segurou as mãos dela. – Seu relacionamento com o Bruno é morno, eu não vejo aquela paixão nos seus olhos. Ele é muito ausente por conta do trabalho dele, e talvez isso seja um agravante. – ela se arrumou na cadeira. – De repente, brota na sua vida com a intensidade como sobrenome, joga as verdades na mesa de uma forma extremamente apaixonante, e você fica como? Balançada! Ele foi seu primeiro amor, amiga! – concordava com tudo o que a amiga dizia. – Enfim, meu conselho é você terminar com o Bruno antes que você cometa alguma loucura.
– Não é simples assim, , eu gosto dele! Ele é um cara tão legal, bacana, tenho medo de magoá-lo.
– Por ele ser tão legal e bacana que ele não merece uma pela metade. Pare de altruísmo e pensa somente em você, ok? , o que você quer?
– Eu quero os dois! Pode, tia ? – sorriu brincalhona.
– Sua gulosa. – elas riram alto.
– Brincadeiras a parte, você nunca disse palavras tão certeiras como essas. Eu vou pensar a respeito sobre isso tudo.
– Certo, eu estou aqui para isso. – ela levantou-se da mesa, deu um abraço apertado na amiga, e um leve apertão no bumbum dela. – ‘Bora correr pra queimar as calorias do nosso café da manhã?
– Ah, não... tô com preguiça. – revirou os olhos.
– Sedentária! Fui. – pegou a garrafinha de água e se mandou, deixando uma imersa em pensamentos.
Bruno havia desembarcado finalmente na cidade. Pode observar concentrada no celular, chegou de mansinho e sussurrou no ouvido da amada.
– Oi, coração! – revirou os olhos, odiava esse apelido, era extremamente piegas.
– Não gosto que me chame assim... – ela lhe olhou entediada enquanto dava um abraço no namorado. Deu um selinho longo no rapaz.
– Estava com muitas saudades de você, espero não precisar viajar tão cedo.
– Eu também estava. – alisou o rosto do rapaz. – Vamos?
– Com certeza – ele passou o braço pelos ombros da moça e caminharam juntos até a saída do aeroporto.
***
Era domingo, os dois estavam deitados assistindo ao novo filme do Will Smith na Netflix, curtindo o dia após um almoço maravilhoso que Bruno havia preparado. O rapaz prestava total atenção a tela da tevê e lhe observava. Sempre gostou muito do rapaz, era uma companhia muito agradável, admirava o jeito como Bruno era aventureiro, queria ser um terço do que o namorado era.
– O filme é muito mais interessante do que eu, você devia tentar assisti-lo. – ela apertou o nariz dele de leve.
– Sério? Acho você bem mais. – sorriu safada.
O rapaz pausou o filme no notebook e pulou nos braços da namorada. O beijo começou lento, mas rapidamente ganhou intensidade. As mãos do rapaz percorriam todos os locais que conseguiam alcançar, as mãos dela não estavam diferentes.
Bruno estava entre as pernas de , cada vez mais pressionando suas intimidades. Ele desceu o rosto e começou a beijar o pescoço dela, fechou os olhos curtindo o momento. Quando os abriu, puxou Bruno para si, mas tudo o que viu foi o rosto de seu melhor amigo ali. Assustada, empurrou o namorado que foi ao chão.
– Outch! – ele exclamou, confuso. – O que foi que eu fiz de errado? – ela se sentou no sofá, com as mãos cobrindo seu rosto.
– Nada... – ela sussurrou. Sua mente estava brincando com ela.
– E então por que me empurrou? – ele levantou do chão e sentou-se ao lado dela no sofá.
– Eu... Olha, me desculpa, Bru. – ela balançou a cabeça negativamente, ainda com o rosto tampado.
– Ei, tá tudo bem. – ele a abraçou de lado, forçando que ela tirasse as mãos do rosto. – Fica tranquila.
– Não, não está tudo bem. – ela desfez o abraço, levantou-se e arrumou os cabelos que estavam desgrenhados. – Eu vou embora.
– Mas, , são 15h22min – ele olhou rapidamente a hora no notebook; – Ainda está cedo. – ele levantou-se e a seguiu até o quarto onde ela já fechava sua mochila para ir embora. Ela a colocou nas costas e parou em frente ao rapaz.
– É que eu lembrei que preciso organizar umas coisas para amanhã! – ela passou as mãos pelo cabelo, nervosa.
– Eu não estou entendendo mais é nada. – ele encostou-se a porta enquanto a encarava firmemente. Ela respirou fundo e passou em direção a sala, ele estava em seu encalço. – ...
– Xiu... Não é nada com você, Bruno. Fica tranquilo que você não fez nada de errado. É que eu me lembrei da análise do perfil de um candidato para gerência amanhã, por isso te empurrei daquele jeito, na hora acabei me assustando. – ela mentiu descaradamente. Nem se chovesse dinheiro ela contaria o que surgiu em sua cabeça naquele momento.
– Tudo bem, você está em experiência no trabalho, precisa se dedicar. – ela mordeu os lábios, e o namorado fingiu acreditar. Não era de hoje que a mulher estava estranha, investigaria aquilo mais a fundo. – Vem aqui. – ele a abraçou e lhe deu um beijo casto. – Fica bem. A gente vai se falando. Eu amo você; – ele a abraçou novamente.
– A gente vai se falando. – ela suspirou e fez um coração com as mãos. Não se sentia capaz de responder um “eu também te amo”, não era justo.
***
Já fazia dois dias que não vinha ao trabalho por estar de atestado, e aquilo de alguma forma preocupava , o que ele teria de tão grave assim? Deixou aquele assunto pra lá, precisava se concentrar, tinha alguns recrutamentos externos e precisava mensurar se aprovava ou não essas novas contratações. Olhou o quadro operacional para ver quantas vagas deveria abrir para o mercado, tinha que aprovar logo a quantidade para que Lucas e fizessem os perfis das vagas. ... Bateu a mão na mesa brava. Resolveu fechar a tela do notebook, e suspirou. Não conseguia ignorar a preocupação com o rapaz. Levantou-se de sua mesa e caminhou para fora de sua sala, precisava fazer uma breve visitinha ao departamento de tecnologia da informação.
Joe ouviu três batidas delicadas soarem por sua porta. Rapidamente autorizou a entrada de quem quer que fosse, mas quando viu quem era tomou um susto.
– ? O que faz aqui? – a garota lhe olhava envergonhada.
– Bom dia pra você também, Joe! – ele riu, sem graça.
– Bom dia. É que eu esperava qualquer um, menos você aqui.
– Eu sei... – ela pigarreou, desconcertada. – É que faz dois dias que o não vem trabalhar. – Joe arqueou a sobrancelha. – Eu sei que ele está de atestado, mas queria saber o que houve...
– Ah, isso. – ele sorriu. – Depois que você foi embora daquele jeito o ficou bem mal, bebeu demais. – ela suspirou fundo. – Tivemos que levá-lo pra casa e tudo. No dia seguinte, ele acordou com a famosa ressaca, porém com muitas dores de garganta. Foi ao hospital e as amígdalas estavam superinflamadas, o médico resolveu dar cinco dias pra ele. Provavelmente foi o gelo das bebidas.
Ela ficou calada, estava tentando assimilar tudo, sentia uma culpa imensa por ele ter ficado daquela forma, ela precisava fazer algo por ele.
– Joe, qual é o endereço do ?
– Pra quê? – Joe arqueou a sobrancelha, zombeteiro. revirou os olhos.
– Pra que se pede o endereço de uma pessoa? – ela perguntou irônica.
– Com essa delicadeza toda eu não vou passar é nada. – ele respondeu risonho.
– Cala a boca e passa logo, vai. – ele riu. Pegou um papel e caneta e anotou o endereço para ela.
– Pronto, dona grosseria, está aqui. – ele lhe olhou. Ela pegou o papel e suspirou.
– Vou pegar a linha mais movimentada do metrô?! Ele mora em Itaquera. – ela riu, divertida. Lembrava-se do primeiro dia em que se viram, o rapaz tinha desviado completamente sua rota pra deixá-la em casa. Joe riu.
– Não é todo mundo que mora no centro de São Paulo, . – ele sorriu.
– Tudo bem, não estou reclamando, só lembrei-me de algumas coisas. – sorriu. – Mas muito obrigada, Joe. – ele assentiu. Ela já estava pronta para sair, quando Joe a chamou.
– , só não o magoe mais, ele não merece. – ela segurou a maçaneta com mais força.
– Pode deixar. – ela sussurrou e abriu a porta saindo do local. Ela só não tinha certeza de suas últimas palavras.
***
encarava a portaria do prédio de seu amigo do outro lado da rua, tudo o que vinha na sua cabeça eram as palavras de Joe. não merecia mesmo que ela o magoasse, mas ela não queria ficar longe dele. Egoísta? Talvez um pouco. Definitivamente aquilo estava tomando proporções que ela já não tinha mais nenhum controle. Ela passou as mãos no cabelo, nervosa e parou em frente ao prédio do rapaz. Tocou o interfone e pode escutar uma voz.
– Boa tarde, qual o apartamento, por favor?
– Apartamento 303, bloco C. O nome do morador é ! Me chamo .
– Ok, moça. Vou ligar, só um minuto. – ela escutou o barulho do interfone ficar mudo. Estava com medo dele não querer vê-la depois do que tinha acontecido naquela fatiga sexta feira. Aquela demora para o porteiro retornar estava a deixando mais apreensiva. Ela escutou o clique do portão e mordeu o lábio inferior.
– Pode entrar, moça. Bloco C é o rosa bebê. – ele apontou na direção onde ficava.
– Ok, muito obrigada. – ela entrou no prédio, suas mãos tremiam, estava nervosa.
Caminhou em direção ao local em que o porteiro lhe indicou, logo avistando o elevador. Entrou e apertou o número três. Deu uma olhadinha no espelho, ajeitando a roupa que usava. Antes de vir para casa do amigo, ela tinha ido a sua casa para trocar de roupa, colocando algo mais confortável. Tinha saído do trabalho às 16h00 aquele dia, havia adiantado tudo para conseguir fazer a visita ao amigo.
O elevador parou, indicando que o andar havia chegado. Ela desceu, e achou rapidamente a porta do apartamento. Ficou encarando-a por incontáveis segundos. Finalmente criou coragem e tocou a campainha.
A porta foi aberta por ninguém menos que Anny, a mãe do rapaz. quando percebeu estava sendo abraçada apertadamente por ela, era um abraço tão gostoso. Trazia-lhe lembranças de sua cidade natal. Sorriram felizes quando se separaram aos poucos.
– Você se tornou uma linda mulher, ! – ela segurou as mãos da mais nova. – Por favor, entre. – ela abriu espaço para que passasse. – Como está?
– Oi, tia Anny! – ela não pode evitar chamá-la assim, sempre fora tia Anny para ela. – Eu estou bem, graças a Deus. – sorriu.
– Como sua mãe está? Tem notícias de Montecastelo? – a mulher lhe enchia de perguntas, tinha sua curiosidade, afinal, já eram vinte anos sem voltar para aquele local.
– Minha mãe está bem. Faz uns dois meses que não vou lá, mas as coisas estão nas mesmas, tia. Claro que não está tudo igual, porque com a globalização, enfim... Deixa pra lá. – ela riu nervosa. Mesmo com a mãe dele ali, ela não estava 100% à vontade.
– Eu imagino. Sinto saudades de lá, mas até hoje não sei por que nunca voltei... – ela comentou pensativa.
– São coisas da vida que a gente não tem uma explicação. – sorriu para a senhora.
– Fiquei sabendo de seu pai... – ela passou a mão pelos braços de em sinal de conforto. – E mesmo que tenha se passado muitos anos, eu sinto muito.
– Oh, sim. Eu agradeço pelas palavras. – ela desviou o olhar, encarando o chão. O clima acabou pesando.
– Bom, eu já vou indo, fico mais tranquila que não ficará sozinho. – se desesperou.
– Não, tia, fica mais um pouco para gente colocar as fofocas em dia. – ela tentava convencer Anny, queria que a mãe do rapaz estivesse ali para que se sentisse mais confortável na presença de .
– Infelizmente eu não posso, . Meu marido daqui a pouco está em casa e eu preciso conversar algumas coisas muito importantes com ele. Estava mesmo de saída quando você chegou. – não tinha como contra argumentar, então sorriu amarelo.
– Manda um beijo para o tio. Precisamos todos marcarmos alguma coisa. – Anny sorriu animada.
– Mas é claro que sim, dessa vez não perderemos o contato, ok? E pode deixar que eu dou sim o beijo a ele. – elas se abraçaram novamente. – Ah, está deitado no quarto, teve febre hoje, mas agora está bem melhor. – achava adorável a ligação que Anny tinha com o filho. – Ele detesta que eu faço isso com ele, mas eu não posso evitar, . – ela sorriu.
não estava mais deitado, naquele momento ele espiava entre as pilastras as duas mulheres conversarem. Desde o momento que sua mãe tinha atendido ao interfone na hora que estava saindo do apartamento, ele havia tomado um baque quando a senhora tinha lhe perguntado se podia autorizar a entrada de . ... Ela queria acabar com a sanidade dele, só podia mesmo ser isso. Sem pensar duas vezes, ele liberou a entrada dela. Ele voltou a si, quando escutou a fala das duas:
– Pode deixar que eu peço para ele tomar a sopa. – Anny já estava abrindo a porta.
– Obrigada, ! Foi um enorme prazer revê-la. – elas sorriram e a mais velha saiu do local.
percebendo a movimentação, correu para o quarto e se jogou na cama se cobrindo, parecendo um garotinho de oito anos que havia acabado de aprontar.
deixou sua bolsa no sofá, e olhou o local que estava impecável, aquilo não era bem a cara de , mas no fim ele sempre a surpreendia. Estralou todos os dedos das mãos, e devagar foi até o quarto do rapaz. Deu leves batidas na porta anunciando sua presença. direcionou o seu olhar para ela, que sorriu sem graça.
– Oi! Como você está? – ela perguntou entrando de vez no ambiente.
– Já estive melhor... – ele respondeu com a voz rouca.
Ela se aproximou da cama, e o abraçou. Estava tão preocupada, sentia-se responsável de alguma forma por aquilo. O problema ali não era a dor de garganta do rapaz, e sim o coração dele, que ela havia despedaçado. não teve outra reação, se não corresponder ao abraço dela, como gostava de tê-la em seus braços, era uma das melhores sensações que ele já havia sentido.
– Eu sinto muito. – soltaram-se devagar e sentou-se na ponta da cama, enquanto se ajeitava.
– Quando ia me contar que tem um namorado? – ela desviou o olhar para suas unhas.
– Você nunca me perguntou, por isso eu nunca falei. – ele esperava qualquer resposta vinda dela, menos aquilo. era inacreditável, sempre conseguia surpreendê-lo de infinitas formas.
– Claro, porque isso não é nada relevante! – sua fala pingava ironia. – Para que compartilhar, não é? – ela engoliu a resposta para aquilo, e o encarou.
– , por favor, não quero discutir com você sobre isso, eu só... Não contei. – direcionou o olhar para ele, e viu que ele estava visivelmente magoado. – Eu sei que deveria ter falado, mas não esperava que você estivesse... – ela não teve coragem de terminar a frase.
– Apaixonado? Sim, eu estou completamente apaixonado por você. – ela o encarava surpresa. Escutar aquilo, assim sem qualquer tipo de preparação, era estranho.
– , eu... Droga! – xingou, ele havia a desarmado por inteira. Não conseguia completar nenhuma resposta, eram sempre reticências atrás de reticências.
– , eu respeito o seu relacionamento, não sou um adolescente inconsequente, posso conviver com sua rejeição.
– Por favor, eu não te rejeito, eu quero você em minha vida. Quero muito, não posso te perder de novo. – tinha a voz esganiçada.
– Você não me quer do jeito que eu te quero! – ele suspirou, chateado.
– , não faz assim... – ela se levantou da cama. – Eu vou esquentar sua sopa, você precisa se alimentar. De acordo com sua mãe você não comeu ainda. – ela mudou completamente de assunto, não estava pronta para ter aquela conversa com ele, não assim.
se jogou na cama com um sorriso no rosto. Ela estava extremamente confusa, era perceptível e ele daria o tempo dela. Não tocaria mais naquele assunto, pelo menos não por agora.
Ela foi até a cozinha, pegou um prato em uma das prateleiras do armário e colocou uma quantidade razoável para esquentar a sopa no micro-ondas. Enquanto esquentava, sua mente vagava para a conversa com . Ela teria que por um fim no relacionamento com Bruno, ela precisava ficar sozinha para organizar sua cabeça, não era justo com nenhum deles. Pode escutar um bip do aparelho indicando que a comida estava quente. Ela retirou o prato, o deixando na mesa e procurava por talheres, quando foi surpreendida por uma voz:
– Segunda gaveta à direita – ela deu um gritinho assustado.
– Você me assustou! – ela colocou a mão no coração que estava a mil. Foi em direção ao local informado por ele.
– Não foi minha intenção. – ele passou a mão nos cabelos os bagunçando ainda mais. – Não precisava levar nada na minha cama, posso comer bem aqui. – ele sentou-se na cadeira e indicou uma para que ela se sentasse também, assim que ela lhe entregou uma colher. – Não acredite em tudo o que minha mãe diz, ela é exagerada. Eu já comi hoje. – ele balançou a cabeça negativamente.
Ela o encarou, ele tinha um sorriso de lado, seus cabelos estavam bagunçados e sua barba por fazer. Ela prendeu a respiração, mesmo cheio de olheiras e desleixado, ele continuava incrivelmente lindo. a flagrou o encarando descaradamente, ela sentiu as bochechas esquentarem e desviou rapidamente o olhar e ele riu internamente. Mais um ponto pra ele.
– As mães exageram mesmo, principalmente tia Anny. – ela sorriu. levava algumas colheradas na boca.
– Minha mãe exagera demais, pra ela eu sempre serei um garotinho indefeso.
– É porque você é o filho único dela, ... – riu do bico que ele fazia.
– É, nem me fale. – sorriu, mudando rapidamente de assunto. – Hum, como conseguiu meu endereço? – ele estava curioso.
– Joe. – não parecia nada surpreso com a informação. – Ele me contou que depois que fui embora, você bebeu muito e ficou doente por... – ele a interrompeu.
– Por ingerir muito gelo. – ela assentiu. – Tinha que ser o tapado do Joe! – ele passou a mão pelo rosto, incrédulo. – Bebi muito, mas não foi só por isso que fiquei doente. Eu já estava com a garganta meio estranha naquele dia, só acelerou o processo. – ele empurrou o prato para longe com mais da metade da sopa, estava doendo engolir qualquer comida.
– Eu imagino, o vírus estava incubado em você. – ela concluiu por fim. – Ah, não posso deixar de enaltecer o quanto você canta bem, fiquei admirada.
– Ah, isso... – sorriu envergonhado. – Não me acho isso tudo, mas obrigado.
– Você deveria investir nisso, viu? – o olhava ternamente. – Tem futuro.
– Eu não sei, tenho minhas dúvidas. – ele se levantou, e tampou o prato com um pano e guardou na geladeira, junto com a panela de sopa. – Eu vou para o quarto, me acompanha? – ela arregalou os olhos e ele gargalhou. – , bem que eu queria isso ai que você está pensando, mas é que eu estou bem cansado mesmo. – ela sentiu mais uma vez as bochechas queimarem de vergonha, era claro que ele queria descansar, que tola.
– Ah, claro. Eu já vou pra minha casa... – ela já ia pra sala, quando sentiu o toque suave da mão dele.
– Fica, vamos assistir a um filme ou sei lá. Só me faz companhia. – ele tinha os olhos pidões. – Por favor, .
– , já são 18h30, eu vou atravessar a cidade para chegar em casa. – ele continuava com aquele olhar. – Tá bom, mimado, nós vamos assistir a um filme apenas. – ela frisou bem a última palavra. – Algumas coisas nunca mudam mesmo. – ela riu, lembrando-se como ele era persuasivo desde criança.
– Vamos. – ele a abraçou de lado e caminharam até o quarto do rapaz.
Ele foi até o notebook, o conectando a televisão. Não tinha noção de qual filme assistir, até que uma ideia surgiu em sua cabeça e sem pensar muito digitou no google o título do filme. havia puxado o celular do bolso para olhar algumas notificações, viu o nome de Bruno em algumas delas. O respondeu:
Estou bem, Bru, dia de trabalho bem produtivo, graças a Deus! ☺
Depois nos falamos, vou tomar banho! 💜
Sentia-se péssima por omitir estar na casa de , mas aquilo não pegaria bem, e não estavam fazendo nada de errado mesmo.
– Pronto, . – sorriu enigmático. – Adivinha qual filme é? – ela guardou o celular no bolso do short finalmente olhando a tela da tevê.
– Não faço ideia. – ela respondeu risonha.
– Vamos matar a sua curiosidade. – Ele apertou o play e se jogou na cama, deitando no canto esquerdo.
ficou na pontinha olhando a tela curiosa. Soltou um grito quando viu a introdução do filme.
– Não acredito nisso, . – a mulher riu alto. – O filme da minha vida, cara! O Rei Leão!
– Lembra quando a gente saía correndo da escola para ver? – ele comentou nostálgico.
– Claro que lembro, nossas mães não aguentavam mais ver a gente colocando aquela fita no videocassete. Era um ritual todo dia depois da escola.
– Tempo bom demais... – elucidou. Ele percebeu que estava na pontinha da cama, e balançou a cabeça negativamente. – , deita aqui do meu lado, eu não mordo, só se você pedir... – ele arqueou a sobrancelha direita e soltou um risinho malicioso.
– Você é um idiota, isso sim. – ela tirou o tênis e deitou ao lado do rapaz, a uma distância razoavelmente grande. Ele a puxou pra si e a fez encostar a cabeça em seu peito, abraçando-a de lado, ela reprimiu um gritinho assustando pela repentina aproximação dele.
– Bem melhor assim. – ela revirou os olhos pra ele, virando-se completamente para o filme.
E assim foi o começo de noite deles, começaram vendo O Rei Leão. Depois que terminaram decidiram maratonar, com O Rei Leão II. Mas antes do término do filme, acabou pegando no sono, fazendo com que sorrisse.
– Algumas coisas nunca mudam mesmo... – ele e a abraçou mais, dando lhe um beijo em sua testa e sorrindo largamente. Acabou depois de alguns minutos adormecendo abraçado a ela.
*Menção ao livro Cinquenta Tons de Cinza autoria de E. L. James.
Foi até a cozinha e encontrou uma cozinhando para ambas. sempre gostou de cozinhar, amava e sempre dizia que a relaxava. Esse tipo de tarefa era dela, agradecia muito pela amiga gostar, porque se fossem depender dela, morreriam de fome.
– Bom dia. – ela sussurrou e sentou-se a mesa, enquanto observava a amiga fazer panquecas.
– Bom dia. – ela virou rapidamente e viu grandes marcas roxeadas embaixo dos olhos de – Não dormiu bem?
– Pois é, as coisas no trabalho estão bem puxadas... – mexia nos detalhes da toalha de mesa, tudo para não encarar a psicóloga. Detestava como conseguia lê-la facilmente.
– Eu imagino, liderar uma equipe de muitos funcionários não é fácil, admiro muito sua profissão. – estava concentrada nas panquecas e não a encarava. – Só o trabalho mesmo? Ou alguém de lá? – a psicóloga riu levemente.
– Só, . – bufou, rapidamente mudando de assunto. – E ai, como foi o encontro com o carinha do tinder? – percebeu isso, e anotou mentalmente que assim que tivesse oportunidade levaria aquela conversa mais a fundo, com certeza a insônia da amiga tinha nome e sobrenome.
– Uma porcaria... – ela suspirou, derrotada.
– Por quê? – mudou a postura para escutar a amiga.
– Bom, eu cheguei às catracas do metrô liberdade pontualmente, porque você bem sabe que eu detesto atrasar e deixar a pessoa esperando. – ela deu uma breve pausa para experimentar a calda, estava faltando chocolate. – Ele perdeu dez pontos comigo porque me fez esperar quinze minutos! Quinze minutos! Assim como odeio atrasar, eu detesto esperar! – exclamou irritada. – Ele me pediu desculpas e disse que estava muito trânsito e blá, blá, blá, é claro que eu não acreditei.
– , eu já disse que você é chata hoje? – a amiga mostrou o dedo do meio para .
– Então fomos para o Emporio Zuki ali na Rua Galvão Bueno, sabe?
– Sim, eu sei. Comida japonesa, né? – assentiu fervorosamente.
– Eu estava bem animada, mesmo com o atraso dele, nós conversávamos sobre tudo. Tudo o que vinha em minha cabeça era que dessa vez eu desencalharia. O cara sabia conversar, era boa pinta, amava comida japonesa como eu, era cheiroso... Como dizia Anastasia Steele*: Minha deusa interior estava dançando merengue com passos de salsa. – riu alto. pausou a história para experimentar novamente a calda, agora estava no ponto.
– Continua, pelo amor de Deus. – a apressou, extremamente curiosa.
– Calma. – sorriu. – Então terminamos de comer e fomos caminhar pela região, conversamos sobre algumas coisas e eu não aguentei o lenga lenga, parti pro ataque e beijei o boy! Agora vem o meu desespero: , ele baba! – simulava um choro.
– Como assim? Baba? – ela arqueou a sobrancelha, com um sorriso no rosto. colocou as panquecas na mesa para que pudessem se servir.
– Baba muito, eu o beijei e até o meu nariz tinha baba dele. Eu pensei, não o boy deve ter sido pego de surpresa, por isso babou meu rosto inteiro, então beijei de novo e para minha decepção ele achava que minha boca e rosto eram depósitos de baba! Como alguém conseguia salivar desse jeito? Eu nunca beijei um cara que babasse tanto! Qual era o problema dele?
– Puta que pariu! Que nojo! – não pode evitar e riu muito.
– Ri mesmo, sua ridícula! – fingiu estar magoada. limpava as lágrimas de tanto rir. – Eu o bloqueei da minha vida! Que noite! Meu Deus!
– Psico louca, por que não tenta achar alguém pessoalmente? – deu uma bela mordida na panqueca, já recuperada da crise de riso.
– Eu tenho preguiça de procurar, socializar... – ela pegou uma panqueca e colocou a calda nela.
– Vou ver se o Bruno não tem nenhum amigo solteiro.
– Ah não, nem vem com essa, ! Já basta o pseudo relacionamento que eu tive com o melhor amigo dele. Que não vale o que come.
– Mas... – a interrompeu.
– Sem "mas" prefiro mil vezes o tinder a isso. – ela terminou de mastigar. – E por falar no Bruno... Ele volta quando?
– Hoje à tarde, ele disse que o desembarque aqui em São Paulo tá marcado para as 14 horas. Vou passar o fim de semana com ele. – ela fechou os olhos por alguns segundos, à psicóloga percebeu.
– , vamos lá, o que está acontecendo com você? – tinha um olhar bem cansado.
Contou tudo para o que tinha acontecido naquela semana, do quase beijo no escritório até a declaração de amor em forma de música.
– De verdade, posso ser sincera? – piscou os olhos incessantemente.
– Lá vem porcaria... – conhecia bem a amiga que tinha.
– Termina com o Bruno, porque não vai demorar pra você empurrar todos os objetos da mesa do seu escritório e cair de boca no ! – ao término da frase começou a rir. acabou rindo também. Mesmo prevendo o que poderia vir, sempre a surpreendia.
– Eu aqui desesperada, e você fazendo piada. – revirou os olhos, e riu levemente. – Não quero nem pensar em segunda feira, não sei como vou encará-lo.
– Amiga! – segurou as mãos dela. – Seu relacionamento com o Bruno é morno, eu não vejo aquela paixão nos seus olhos. Ele é muito ausente por conta do trabalho dele, e talvez isso seja um agravante. – ela se arrumou na cadeira. – De repente, brota na sua vida com a intensidade como sobrenome, joga as verdades na mesa de uma forma extremamente apaixonante, e você fica como? Balançada! Ele foi seu primeiro amor, amiga! – concordava com tudo o que a amiga dizia. – Enfim, meu conselho é você terminar com o Bruno antes que você cometa alguma loucura.
– Não é simples assim, , eu gosto dele! Ele é um cara tão legal, bacana, tenho medo de magoá-lo.
– Por ele ser tão legal e bacana que ele não merece uma pela metade. Pare de altruísmo e pensa somente em você, ok? , o que você quer?
– Eu quero os dois! Pode, tia ? – sorriu brincalhona.
– Sua gulosa. – elas riram alto.
– Brincadeiras a parte, você nunca disse palavras tão certeiras como essas. Eu vou pensar a respeito sobre isso tudo.
– Certo, eu estou aqui para isso. – ela levantou-se da mesa, deu um abraço apertado na amiga, e um leve apertão no bumbum dela. – ‘Bora correr pra queimar as calorias do nosso café da manhã?
– Ah, não... tô com preguiça. – revirou os olhos.
– Sedentária! Fui. – pegou a garrafinha de água e se mandou, deixando uma imersa em pensamentos.
Bruno havia desembarcado finalmente na cidade. Pode observar concentrada no celular, chegou de mansinho e sussurrou no ouvido da amada.
– Oi, coração! – revirou os olhos, odiava esse apelido, era extremamente piegas.
– Não gosto que me chame assim... – ela lhe olhou entediada enquanto dava um abraço no namorado. Deu um selinho longo no rapaz.
– Estava com muitas saudades de você, espero não precisar viajar tão cedo.
– Eu também estava. – alisou o rosto do rapaz. – Vamos?
– Com certeza – ele passou o braço pelos ombros da moça e caminharam juntos até a saída do aeroporto.
– O filme é muito mais interessante do que eu, você devia tentar assisti-lo. – ela apertou o nariz dele de leve.
– Sério? Acho você bem mais. – sorriu safada.
O rapaz pausou o filme no notebook e pulou nos braços da namorada. O beijo começou lento, mas rapidamente ganhou intensidade. As mãos do rapaz percorriam todos os locais que conseguiam alcançar, as mãos dela não estavam diferentes.
Bruno estava entre as pernas de , cada vez mais pressionando suas intimidades. Ele desceu o rosto e começou a beijar o pescoço dela, fechou os olhos curtindo o momento. Quando os abriu, puxou Bruno para si, mas tudo o que viu foi o rosto de seu melhor amigo ali. Assustada, empurrou o namorado que foi ao chão.
– Outch! – ele exclamou, confuso. – O que foi que eu fiz de errado? – ela se sentou no sofá, com as mãos cobrindo seu rosto.
– Nada... – ela sussurrou. Sua mente estava brincando com ela.
– E então por que me empurrou? – ele levantou do chão e sentou-se ao lado dela no sofá.
– Eu... Olha, me desculpa, Bru. – ela balançou a cabeça negativamente, ainda com o rosto tampado.
– Ei, tá tudo bem. – ele a abraçou de lado, forçando que ela tirasse as mãos do rosto. – Fica tranquila.
– Não, não está tudo bem. – ela desfez o abraço, levantou-se e arrumou os cabelos que estavam desgrenhados. – Eu vou embora.
– Mas, , são 15h22min – ele olhou rapidamente a hora no notebook; – Ainda está cedo. – ele levantou-se e a seguiu até o quarto onde ela já fechava sua mochila para ir embora. Ela a colocou nas costas e parou em frente ao rapaz.
– É que eu lembrei que preciso organizar umas coisas para amanhã! – ela passou as mãos pelo cabelo, nervosa.
– Eu não estou entendendo mais é nada. – ele encostou-se a porta enquanto a encarava firmemente. Ela respirou fundo e passou em direção a sala, ele estava em seu encalço. – ...
– Xiu... Não é nada com você, Bruno. Fica tranquilo que você não fez nada de errado. É que eu me lembrei da análise do perfil de um candidato para gerência amanhã, por isso te empurrei daquele jeito, na hora acabei me assustando. – ela mentiu descaradamente. Nem se chovesse dinheiro ela contaria o que surgiu em sua cabeça naquele momento.
– Tudo bem, você está em experiência no trabalho, precisa se dedicar. – ela mordeu os lábios, e o namorado fingiu acreditar. Não era de hoje que a mulher estava estranha, investigaria aquilo mais a fundo. – Vem aqui. – ele a abraçou e lhe deu um beijo casto. – Fica bem. A gente vai se falando. Eu amo você; – ele a abraçou novamente.
– A gente vai se falando. – ela suspirou e fez um coração com as mãos. Não se sentia capaz de responder um “eu também te amo”, não era justo.
Joe ouviu três batidas delicadas soarem por sua porta. Rapidamente autorizou a entrada de quem quer que fosse, mas quando viu quem era tomou um susto.
– ? O que faz aqui? – a garota lhe olhava envergonhada.
– Bom dia pra você também, Joe! – ele riu, sem graça.
– Bom dia. É que eu esperava qualquer um, menos você aqui.
– Eu sei... – ela pigarreou, desconcertada. – É que faz dois dias que o não vem trabalhar. – Joe arqueou a sobrancelha. – Eu sei que ele está de atestado, mas queria saber o que houve...
– Ah, isso. – ele sorriu. – Depois que você foi embora daquele jeito o ficou bem mal, bebeu demais. – ela suspirou fundo. – Tivemos que levá-lo pra casa e tudo. No dia seguinte, ele acordou com a famosa ressaca, porém com muitas dores de garganta. Foi ao hospital e as amígdalas estavam superinflamadas, o médico resolveu dar cinco dias pra ele. Provavelmente foi o gelo das bebidas.
Ela ficou calada, estava tentando assimilar tudo, sentia uma culpa imensa por ele ter ficado daquela forma, ela precisava fazer algo por ele.
– Joe, qual é o endereço do ?
– Pra quê? – Joe arqueou a sobrancelha, zombeteiro. revirou os olhos.
– Pra que se pede o endereço de uma pessoa? – ela perguntou irônica.
– Com essa delicadeza toda eu não vou passar é nada. – ele respondeu risonho.
– Cala a boca e passa logo, vai. – ele riu. Pegou um papel e caneta e anotou o endereço para ela.
– Pronto, dona grosseria, está aqui. – ele lhe olhou. Ela pegou o papel e suspirou.
– Vou pegar a linha mais movimentada do metrô?! Ele mora em Itaquera. – ela riu, divertida. Lembrava-se do primeiro dia em que se viram, o rapaz tinha desviado completamente sua rota pra deixá-la em casa. Joe riu.
– Não é todo mundo que mora no centro de São Paulo, . – ele sorriu.
– Tudo bem, não estou reclamando, só lembrei-me de algumas coisas. – sorriu. – Mas muito obrigada, Joe. – ele assentiu. Ela já estava pronta para sair, quando Joe a chamou.
– , só não o magoe mais, ele não merece. – ela segurou a maçaneta com mais força.
– Pode deixar. – ela sussurrou e abriu a porta saindo do local. Ela só não tinha certeza de suas últimas palavras.
– Boa tarde, qual o apartamento, por favor?
– Apartamento 303, bloco C. O nome do morador é ! Me chamo .
– Ok, moça. Vou ligar, só um minuto. – ela escutou o barulho do interfone ficar mudo. Estava com medo dele não querer vê-la depois do que tinha acontecido naquela fatiga sexta feira. Aquela demora para o porteiro retornar estava a deixando mais apreensiva. Ela escutou o clique do portão e mordeu o lábio inferior.
– Pode entrar, moça. Bloco C é o rosa bebê. – ele apontou na direção onde ficava.
– Ok, muito obrigada. – ela entrou no prédio, suas mãos tremiam, estava nervosa.
Caminhou em direção ao local em que o porteiro lhe indicou, logo avistando o elevador. Entrou e apertou o número três. Deu uma olhadinha no espelho, ajeitando a roupa que usava. Antes de vir para casa do amigo, ela tinha ido a sua casa para trocar de roupa, colocando algo mais confortável. Tinha saído do trabalho às 16h00 aquele dia, havia adiantado tudo para conseguir fazer a visita ao amigo.
O elevador parou, indicando que o andar havia chegado. Ela desceu, e achou rapidamente a porta do apartamento. Ficou encarando-a por incontáveis segundos. Finalmente criou coragem e tocou a campainha.
A porta foi aberta por ninguém menos que Anny, a mãe do rapaz. quando percebeu estava sendo abraçada apertadamente por ela, era um abraço tão gostoso. Trazia-lhe lembranças de sua cidade natal. Sorriram felizes quando se separaram aos poucos.
– Você se tornou uma linda mulher, ! – ela segurou as mãos da mais nova. – Por favor, entre. – ela abriu espaço para que passasse. – Como está?
– Oi, tia Anny! – ela não pode evitar chamá-la assim, sempre fora tia Anny para ela. – Eu estou bem, graças a Deus. – sorriu.
– Como sua mãe está? Tem notícias de Montecastelo? – a mulher lhe enchia de perguntas, tinha sua curiosidade, afinal, já eram vinte anos sem voltar para aquele local.
– Minha mãe está bem. Faz uns dois meses que não vou lá, mas as coisas estão nas mesmas, tia. Claro que não está tudo igual, porque com a globalização, enfim... Deixa pra lá. – ela riu nervosa. Mesmo com a mãe dele ali, ela não estava 100% à vontade.
– Eu imagino. Sinto saudades de lá, mas até hoje não sei por que nunca voltei... – ela comentou pensativa.
– São coisas da vida que a gente não tem uma explicação. – sorriu para a senhora.
– Fiquei sabendo de seu pai... – ela passou a mão pelos braços de em sinal de conforto. – E mesmo que tenha se passado muitos anos, eu sinto muito.
– Oh, sim. Eu agradeço pelas palavras. – ela desviou o olhar, encarando o chão. O clima acabou pesando.
– Bom, eu já vou indo, fico mais tranquila que não ficará sozinho. – se desesperou.
– Não, tia, fica mais um pouco para gente colocar as fofocas em dia. – ela tentava convencer Anny, queria que a mãe do rapaz estivesse ali para que se sentisse mais confortável na presença de .
– Infelizmente eu não posso, . Meu marido daqui a pouco está em casa e eu preciso conversar algumas coisas muito importantes com ele. Estava mesmo de saída quando você chegou. – não tinha como contra argumentar, então sorriu amarelo.
– Manda um beijo para o tio. Precisamos todos marcarmos alguma coisa. – Anny sorriu animada.
– Mas é claro que sim, dessa vez não perderemos o contato, ok? E pode deixar que eu dou sim o beijo a ele. – elas se abraçaram novamente. – Ah, está deitado no quarto, teve febre hoje, mas agora está bem melhor. – achava adorável a ligação que Anny tinha com o filho. – Ele detesta que eu faço isso com ele, mas eu não posso evitar, . – ela sorriu.
não estava mais deitado, naquele momento ele espiava entre as pilastras as duas mulheres conversarem. Desde o momento que sua mãe tinha atendido ao interfone na hora que estava saindo do apartamento, ele havia tomado um baque quando a senhora tinha lhe perguntado se podia autorizar a entrada de . ... Ela queria acabar com a sanidade dele, só podia mesmo ser isso. Sem pensar duas vezes, ele liberou a entrada dela. Ele voltou a si, quando escutou a fala das duas:
– Pode deixar que eu peço para ele tomar a sopa. – Anny já estava abrindo a porta.
– Obrigada, ! Foi um enorme prazer revê-la. – elas sorriram e a mais velha saiu do local.
percebendo a movimentação, correu para o quarto e se jogou na cama se cobrindo, parecendo um garotinho de oito anos que havia acabado de aprontar.
deixou sua bolsa no sofá, e olhou o local que estava impecável, aquilo não era bem a cara de , mas no fim ele sempre a surpreendia. Estralou todos os dedos das mãos, e devagar foi até o quarto do rapaz. Deu leves batidas na porta anunciando sua presença. direcionou o seu olhar para ela, que sorriu sem graça.
– Oi! Como você está? – ela perguntou entrando de vez no ambiente.
– Já estive melhor... – ele respondeu com a voz rouca.
Ela se aproximou da cama, e o abraçou. Estava tão preocupada, sentia-se responsável de alguma forma por aquilo. O problema ali não era a dor de garganta do rapaz, e sim o coração dele, que ela havia despedaçado. não teve outra reação, se não corresponder ao abraço dela, como gostava de tê-la em seus braços, era uma das melhores sensações que ele já havia sentido.
– Eu sinto muito. – soltaram-se devagar e sentou-se na ponta da cama, enquanto se ajeitava.
– Quando ia me contar que tem um namorado? – ela desviou o olhar para suas unhas.
– Você nunca me perguntou, por isso eu nunca falei. – ele esperava qualquer resposta vinda dela, menos aquilo. era inacreditável, sempre conseguia surpreendê-lo de infinitas formas.
– Claro, porque isso não é nada relevante! – sua fala pingava ironia. – Para que compartilhar, não é? – ela engoliu a resposta para aquilo, e o encarou.
– , por favor, não quero discutir com você sobre isso, eu só... Não contei. – direcionou o olhar para ele, e viu que ele estava visivelmente magoado. – Eu sei que deveria ter falado, mas não esperava que você estivesse... – ela não teve coragem de terminar a frase.
– Apaixonado? Sim, eu estou completamente apaixonado por você. – ela o encarava surpresa. Escutar aquilo, assim sem qualquer tipo de preparação, era estranho.
– , eu... Droga! – xingou, ele havia a desarmado por inteira. Não conseguia completar nenhuma resposta, eram sempre reticências atrás de reticências.
– , eu respeito o seu relacionamento, não sou um adolescente inconsequente, posso conviver com sua rejeição.
– Por favor, eu não te rejeito, eu quero você em minha vida. Quero muito, não posso te perder de novo. – tinha a voz esganiçada.
– Você não me quer do jeito que eu te quero! – ele suspirou, chateado.
– , não faz assim... – ela se levantou da cama. – Eu vou esquentar sua sopa, você precisa se alimentar. De acordo com sua mãe você não comeu ainda. – ela mudou completamente de assunto, não estava pronta para ter aquela conversa com ele, não assim.
se jogou na cama com um sorriso no rosto. Ela estava extremamente confusa, era perceptível e ele daria o tempo dela. Não tocaria mais naquele assunto, pelo menos não por agora.
Ela foi até a cozinha, pegou um prato em uma das prateleiras do armário e colocou uma quantidade razoável para esquentar a sopa no micro-ondas. Enquanto esquentava, sua mente vagava para a conversa com . Ela teria que por um fim no relacionamento com Bruno, ela precisava ficar sozinha para organizar sua cabeça, não era justo com nenhum deles. Pode escutar um bip do aparelho indicando que a comida estava quente. Ela retirou o prato, o deixando na mesa e procurava por talheres, quando foi surpreendida por uma voz:
– Segunda gaveta à direita – ela deu um gritinho assustado.
– Você me assustou! – ela colocou a mão no coração que estava a mil. Foi em direção ao local informado por ele.
– Não foi minha intenção. – ele passou a mão nos cabelos os bagunçando ainda mais. – Não precisava levar nada na minha cama, posso comer bem aqui. – ele sentou-se na cadeira e indicou uma para que ela se sentasse também, assim que ela lhe entregou uma colher. – Não acredite em tudo o que minha mãe diz, ela é exagerada. Eu já comi hoje. – ele balançou a cabeça negativamente.
Ela o encarou, ele tinha um sorriso de lado, seus cabelos estavam bagunçados e sua barba por fazer. Ela prendeu a respiração, mesmo cheio de olheiras e desleixado, ele continuava incrivelmente lindo. a flagrou o encarando descaradamente, ela sentiu as bochechas esquentarem e desviou rapidamente o olhar e ele riu internamente. Mais um ponto pra ele.
– As mães exageram mesmo, principalmente tia Anny. – ela sorriu. levava algumas colheradas na boca.
– Minha mãe exagera demais, pra ela eu sempre serei um garotinho indefeso.
– É porque você é o filho único dela, ... – riu do bico que ele fazia.
– É, nem me fale. – sorriu, mudando rapidamente de assunto. – Hum, como conseguiu meu endereço? – ele estava curioso.
– Joe. – não parecia nada surpreso com a informação. – Ele me contou que depois que fui embora, você bebeu muito e ficou doente por... – ele a interrompeu.
– Por ingerir muito gelo. – ela assentiu. – Tinha que ser o tapado do Joe! – ele passou a mão pelo rosto, incrédulo. – Bebi muito, mas não foi só por isso que fiquei doente. Eu já estava com a garganta meio estranha naquele dia, só acelerou o processo. – ele empurrou o prato para longe com mais da metade da sopa, estava doendo engolir qualquer comida.
– Eu imagino, o vírus estava incubado em você. – ela concluiu por fim. – Ah, não posso deixar de enaltecer o quanto você canta bem, fiquei admirada.
– Ah, isso... – sorriu envergonhado. – Não me acho isso tudo, mas obrigado.
– Você deveria investir nisso, viu? – o olhava ternamente. – Tem futuro.
– Eu não sei, tenho minhas dúvidas. – ele se levantou, e tampou o prato com um pano e guardou na geladeira, junto com a panela de sopa. – Eu vou para o quarto, me acompanha? – ela arregalou os olhos e ele gargalhou. – , bem que eu queria isso ai que você está pensando, mas é que eu estou bem cansado mesmo. – ela sentiu mais uma vez as bochechas queimarem de vergonha, era claro que ele queria descansar, que tola.
– Ah, claro. Eu já vou pra minha casa... – ela já ia pra sala, quando sentiu o toque suave da mão dele.
– Fica, vamos assistir a um filme ou sei lá. Só me faz companhia. – ele tinha os olhos pidões. – Por favor, .
– , já são 18h30, eu vou atravessar a cidade para chegar em casa. – ele continuava com aquele olhar. – Tá bom, mimado, nós vamos assistir a um filme apenas. – ela frisou bem a última palavra. – Algumas coisas nunca mudam mesmo. – ela riu, lembrando-se como ele era persuasivo desde criança.
– Vamos. – ele a abraçou de lado e caminharam até o quarto do rapaz.
Ele foi até o notebook, o conectando a televisão. Não tinha noção de qual filme assistir, até que uma ideia surgiu em sua cabeça e sem pensar muito digitou no google o título do filme. havia puxado o celular do bolso para olhar algumas notificações, viu o nome de Bruno em algumas delas. O respondeu:
Sentia-se péssima por omitir estar na casa de , mas aquilo não pegaria bem, e não estavam fazendo nada de errado mesmo.
– Pronto, . – sorriu enigmático. – Adivinha qual filme é? – ela guardou o celular no bolso do short finalmente olhando a tela da tevê.
– Não faço ideia. – ela respondeu risonha.
– Vamos matar a sua curiosidade. – Ele apertou o play e se jogou na cama, deitando no canto esquerdo.
ficou na pontinha olhando a tela curiosa. Soltou um grito quando viu a introdução do filme.
– Não acredito nisso, . – a mulher riu alto. – O filme da minha vida, cara! O Rei Leão!
– Lembra quando a gente saía correndo da escola para ver? – ele comentou nostálgico.
– Claro que lembro, nossas mães não aguentavam mais ver a gente colocando aquela fita no videocassete. Era um ritual todo dia depois da escola.
– Tempo bom demais... – elucidou. Ele percebeu que estava na pontinha da cama, e balançou a cabeça negativamente. – , deita aqui do meu lado, eu não mordo, só se você pedir... – ele arqueou a sobrancelha direita e soltou um risinho malicioso.
– Você é um idiota, isso sim. – ela tirou o tênis e deitou ao lado do rapaz, a uma distância razoavelmente grande. Ele a puxou pra si e a fez encostar a cabeça em seu peito, abraçando-a de lado, ela reprimiu um gritinho assustando pela repentina aproximação dele.
– Bem melhor assim. – ela revirou os olhos pra ele, virando-se completamente para o filme.
E assim foi o começo de noite deles, começaram vendo O Rei Leão. Depois que terminaram decidiram maratonar, com O Rei Leão II. Mas antes do término do filme, acabou pegando no sono, fazendo com que sorrisse.
– Algumas coisas nunca mudam mesmo... – ele e a abraçou mais, dando lhe um beijo em sua testa e sorrindo largamente. Acabou depois de alguns minutos adormecendo abraçado a ela.
*Menção ao livro Cinquenta Tons de Cinza autoria de E. L. James.
Capítulo 5
cantarolava alguma música qualquer enquanto preparava seu café da manhã. Hoje lhe deu uma imensa vontade de comer torrada feita de forma tradicional: com pão amanhecido. Tinha acabado de colocar os pedaços do pão no forno, sua boca salivava de vontade, com toda a certeza estava na TPM. Enquanto aguardava, resolveu olhar o whatsapp, nenhuma consulta desmarcada, suspirou aliviada. Ela escutou a campainha tocar e franziu o cenho, não esperava ninguém àquela hora.
– Oi, Bruno. – ela sorriu para o rapaz que aguardava do outro lado da porta. Ela deu passagem para que ele entrasse.
– Hey, . – ele lhe deu um beijo na bochecha e entrou.
– O que a anta da esqueceu que te obrigou a vir buscar? – Bruno franziu o cenho.
– Como assim?
– Ué, a não dormiu na sua casa ontem? Pra você vir tão cedo é porque ela esqueceu algo. – ela respondeu irônica.
– Ela não dormiu na minha casa. – ela empalideceu. – Eu vim cedo porque queria fazer uma surpresa pra ela. Pensei de irmos a alguma cafeteria, sei lá... Agora isso não importa. Onde ela está?
– Misericórdia! – ela quis morrer, tinha acabado de entregar a amiga para o boy.
– !? Onde ela está? – Bruno estava exaltado.
– Eu... Não sei. – ela o olhava apavorada.
– Porra! Ontem ela me disse que estava indo tomar banho pelo whats e sumiu! – ele puxou o celular e tentou ligar para ela. – Caixa de mensagens! – ele estava preocupado.
– Minhas torradinhas! – correu até o forno, as tirando a tempo. As colocou em cima da pia, colocou manteiga em cima da mesa, pronta pra comer, mas ficou sem graça com a aflição do rapaz. – Bruno, se acalma. Ela deve estar bem, pensamento positivo. – ela tentou lhe passar força.
– Eu espero, só não estou com bom pressentimento sobre isso. – ele respondeu descontente. Ele puxou o celular novamente, tentando ligar para a namorada. engoliu em seco. Sua amiga tinha muitas explicações para dar.
sentiu uma forte claridade em seus olhos e percebeu que estava abraçada a alguém, acabou abrindo os olhos, sonolenta. Tomou um susto quando viu a figura de seu amigo tão próxima de si. Alarmada, levantou da cama bruscamente. Céus, ela tinha dormido na casa de ! Com a movimentação brusca dela, acabou acordando, e a viu desesperada colocando o tênis. Ela direcionou o olhar para o rapaz, enfurecida.
– Por que não me acordou?! Que merda, ! – ela amarrava o all star.
– Você dormia tão profundamente que eu não tive coragem. – ele passou a mão pelos olhos, os coçando. Terminou de colocar o tênis e tirou o celular do bolso do short. Frustrou-se quando viu que ele estava desligado.
– Meu celular está completamente descarregado, que horas são? – pegou o próprio aparelho e fez uma careta quando viu. Ela se aproximou e tomou o celular da mão dele – 08h58min. Porra! – ela gritou assustada. Correndo até a sala atrás de sua bolsa. – Eu ainda estou na experiência na empresa! Céus, eu não sei o que vou fazer se eles me mandarem embora.
– Calma, , isso não vai acontecer. Eu te levo pra você não chegar tão atrasada.
– Não, , você tá doente! Eu vou direto trabalhar agora, se eu chegar umas 10h00min com uma boa explicação não vai dar problema e... – ele a interrompeu.
– , suas roupas não estão bem adequadas para trabalhar. – ela caiu em si com a fala do rapaz. Ele tinha toda a razão.
– EU VOU PERDER MEU EMPREGO! – ela estava desesperada. – Eu sou uma irresponsável, não prezo as coisas que eu conquisto, eu mereço mesmo a minha demissão e... – a segurou pelos braços.
– Ei, ei, . – ela o encarou – Para com isso. Você é uma mulher extraordinária, uma excelente profissional, ninguém vai te demitir por um atraso. – ele a encarava fixamente. – Confia em mim. – ela suspirou, assentindo. – Eu só vou me trocar e então eu te levo até sua casa, você se troca e pronto você vai trabalhar. Vai dar tudo certo.
Ela sentiu uma leve calmaria com as palavras dele, respirou fundo, o fitando.
– Certo, eu vou ao banheiro. – ela o respondeu um pouco mais calma e se trancou no cômodo.
Viu o enxaguante bucal do rapaz e o utilizou, aquilo daria até chegar em casa, lavou o rosto e o enxugou. Deu uma checada no espelho para ver sua aparência e abriu a porta. Viu o rapaz terminando de fechar a calça, sem camisa. Ela não pode deixar de olhar para o corpo dele, mas especificamente a barriga que com toda a certeza ele gastava algumas horas trincando na academia. Ele se assustou com o barulho da porta que foi aberta bruscamente.
– Nossa, , mais um pouquinho e você me pegava de cueca. – só de pensar na possibilidade, a mulher sentiu o rosto fervendo. sem calça lhe tiraria a sanidade.
– Vou... É... Vou te esperar na sala. – ela saiu do cômodo atordoada com a visão que teve. balançou a cabeça para os lados, rindo.
Ele rapidamente vestiu uma camiseta branca, colocou um tênis, foi ao banheiro e depois a sala. Encontrou bisbilhotando alguns porta retratos seus. Tocou levemente no ombro dela.
– Vamos? – ela assentiu, pegando a bolsa.
Durante o trajeto até o Renault Clio do rapaz os dois não trocaram uma palavra, aquele silêncio não era nada agradável. bufou, frustrado. Ele destravou o veículo e abriu a porta para que ela pudesse entrar, assim que ela entrou, ele fechou a porta e deu a volta no veículo, entrando. Lentamente, o automóvel começou a andar.
– deve estar preocupada... – ela soltou as palavras de repente.
– Quem é ? – desviou os olhos da rua rapidamente para encará-la.
– Minha melhor amiga, ela mora comigo. – ela tentou mexer no rádio dele, tentando ligá-lo. Ele viu a dificuldade dela e o ligou.
– Pensei que morasse com seu namorado... – ele jogou aquilo, espiando rapidamente a expressão dela.
– Não estamos nesse nível. – ela olhou para a janela. Não se sentia confortável para falar de Bruno para .
– Ah, certo. – ele pigarreou. Resolveu amenizar o assunto. – Como conheceu ?
– Na faculdade, morávamos em uma república, a amizade foi crescendo e agora não consigo viver sem ela na minha vida. é meu oposto, é aquela amiga que você pode estar com o maior problema do mundo e ela sempre acha o humor nas coisas. – ela refletiu.
– Quero conhecê-la. – ele comentou, animado. O farol havia fechado.
– Ela também quer te conhecer, precisamos marcar alguma coisa. – ela comentou animada, o encarando.
– Ah, então você fala de mim pra ela... O que você fala? Já sei, você diz que eu sou irresistível e que está sendo difícil se aguentar para não me tascar um beijo na boca? – ele passou a mão no cabelo teatralmente.
– Você é um idiota e um puta convencido. – mal ele sabia que aquelas palavras eram bem verdades. – Dirigi essa droga de carro que o farol abriu.
– Sim, senhora. – ele bateu continência, arrancando com o veículo.
Não demorou mais que trinta minutos para que encostasse o veículo em frente à casa de . Ela rapidamente olhou o relógio do rádio e viu que era 09h47min. Abriu a porta do carro, sendo acompanhada por .
– Você quer entrar? – ela falou enquanto abria o portão da casa.
– Não precisa, eu te espero aqui. – ela já abria o portão. – Só me traz algo pra eu mastigar? Tô em jejum ainda.
– Claro que trago. – ela o encarou, envergonhada. – Você não tem noção da culpa que eu tô sentindo de tirar você de casa desse jeito. – ela se virou para o rapaz.
– Fica tranquila, eu tô com um pouco de dor ainda, mas tô bem melhor.
– Tá certo. – ela assentiu agora abrindo a porta e entrando na residência.
Tomou um susto quando viu que Bruno estava dentro de sua casa. Sentiu o coração querer sair pela boca. Ele e possuíam celulares nas mãos e ambos estavam conversando. Com toda a certeza eles a procuravam, talvez ligassem para parentes ou conhecidos.
– Graças a Deus você apareceu. – foi a primeira que a avistou. – Bruno estava quase careca! – ficou petrificada enquanto encarava o rapaz.
– Onde você estava? – ele estava nitidamente nervoso. Ela engoliu em seco e se dirigiu para o quarto, calada. Precisava se trocar para ir trabalhar estava muito atrasada. Bruno a seguiu, bravo.
ficou bem quieta na dela, aquilo ia explodir a qualquer momento. Deu uma rápida olhada na janela e viu um rapaz mexendo no celular, parado em frente a um veículo. A julgar pela descrição que tinha lhe dado, com certeza aquele era o . Santo Deus, o circo estava armado.
percebeu que Bruno a seguia, como ela previra. O tranquilizaria de alguma forma. Entrou no quarto e se virou para ele.
– Bruno, eu sei que é complicado, mas mantenha a calma, por favor... – ela fez uma careta quando viu a face que o namorado fazia. – Eu posso explicar, estava na casa de um amigo que precisou de uma ajuda. – ela foi até o guarda-roupa pegando qualquer peça social.
– Que amigo!? – ele alterou a voz. Enquanto ela tirava o short e colocava uma calça social.
– É o meu amigo que eu reencontrei, se lembra? – ele arqueou a sobrancelha. – Ele estava doente, eu passei a noite lá. – ele franziu o cenho. – Eu sei como isso soa nos seus ouvidos, mas tudo tem uma explicação plausível. – ela fez um coque no cabelo, não dava tempo de penteá-los adequadamente.
– Você dormiu com ele. – ele cuspiu as palavras, ressentido. Ela largou o cabelo e se aproximou do rapaz.
– Eu não faria uma coisa dessas. Você precisa confiar em mim. – ela tentou tocá-lo, mas ele se esquivou.
– Não me toca, ! – ele rosnou para a garota, que recolheu a mão se afastando.
– Bruno, me deixa explicar tudo, por favor? – ela tinha súplica na voz. – Olha, esse momento não é o adequado para conversarmos sobre isso, eu preciso trabalhar estou em período de experiência e estou muito atrasada. Me deixa eu ir a sua casa hoje a noite assim que eu largar o expediente? Vou te explicar tudo, eu prometo. Eu não te trai. – ela terminou de prender o cabelo.
– Difícil de acreditar diante dos fatos... – ele respondeu sarcástico, mas acabou ponderando. – Uma chance de me explicar essa situação direito. – ele fechou as mãos em punho.
– Eu não vou desperdiçá-la, eu prometo. Agora, eu preciso realmente ir.
correu até a sala, pegou a bolsa, quando estava quase na porta se lembrou que ainda estava em jejum, voltou pra cozinha, pegou um pote e colocou as torradas que havia feito, sendo observada pela amiga e por Bruno.
– Depois conversamos. – ela direcionou o olhar a moça, que concordou. Ela pegou o pote, já estava pronta para sair quando escutou a voz de Bruno.
– Você vai de ônibus? – ela engoliu em seco com aquela pergunta.
– Ah... não. Eu... É, tem um Uber me esperando. – arqueou a sobrancelha com a hesitação da amiga, ela precisava aprender a mentir melhor.
O rapaz assentiu, estava magoado com ela, mas acima de tudo queria que ela se mantivesse no emprego. Depois de tanto tempo desempregada... Ele viu de perto o quanto ela lutou para estar na Engeali. Se ela não tivesse o uber a esperando, ele a levaria sem hesitar.
Ela se despediu silenciosamente de e Bruno e saiu em disparada de casa, tinha demorado mais do que pretendia. a viu abrindo o portão e ia falar algo com ela, mas ela fez um gesto de silêncio com uma das mãos, sabia da mania que Bruno tinha de olhar pela janela pra vê-la saindo. achou estranho o jeito dela, e ficou ainda mais confuso quando ela entrou no banco de trás do carro. Ele entrou no veículo, e a primeira coisa que fez foi questioná-la sobre as suas atitudes.
– O que houve? – ele se virou para trás, confuso.
– Para ali na esquina, que eu passo para o banco da frente e te explico o que está acontecendo.
E assim fez, deu partida no carro, e parou na esquina. Ela desceu, entrou no carro de novo e passou para o banco do carona. arrancou, dirigindo o mais rápido que lhe era permitido, já que o máximo que ele poderia atingir era 50 km por hora, maldito limite de velocidade.
– Estou esperando explicações... – ele a instigou a falar.
– Certo, meu namorado estava na minha casa logo cedo e eu dormi fora, ! Olha a merda toda! – ela fechou os olhos, massageando as têmporas.
– Mano... – ele fez uma mini careta. – E o que você falou para ele?
– A verdade. – ela o olhou. – Só que a verdade não era a melhor saída, já que eu dormi na sua casa... Agora ele acha que transei com você.
– Se você quiser eu posso, sei lá, falar com ele, não fizemos nada de errado.
– , não! As coisas só piorariam, deixa que eu me viro com isso. Eu vou conversar com ele hoje à noite, vou contar tudo. – agora ela tinha o olhar preso na janela. A última frase ela tinha dito mais pra ela do que pra ele.
– Contar o quê? – ele a fitou, confuso.
– Não te interessa! – ela revirou os olhos com a curiosidade dele. lembrou-se do pote com as torradas, e antes que ele a retrucasse, ela já emendou. – Trouxe comida pra você. – ele não lhe deu ouvidos.
– É lógico que me interessa, já que nessa conversa vai rolar meu nome. – ele parou o carro no semáforo.
– Meu Deus, você não tem limites, é pessoal! – ela franziu o cenho. – Vai comer ou não? – ela abriu o pote, vendo pela quentura que as torradas estavam mornas, pegou uma pra si.
– Meu Deus, como você é irritante. – ele elucidou, retomando a direção do veículo. – Me dá uma?
– Agora a irritante serve pra alguma coisa. – ela acabou sorrindo de lado. – Pega. – ela estendeu o pote pra ele.
– Sem chances eu dirigir e comer ao mesmo tempo, coloca na minha boca? – ele tentou segurar a risada, quando percebeu que ela o fitava de forma estranha. – Por favor, ? – ela suspirou fundo. – Eu tô doente ainda. – o coração dela pesou. sabia bem como utilizar as palavras.
– Abre a boca, . – ela pediu e assim ele o fez. colocou uma torrada na boca do rapaz.
– Cara, é caseira... – ele comentou de boca cheia.
– É sim. e sua criatividade matinal. – comentou.
Ela já reconhecia onde estava. Passavam em frente ao Memorial da América Latina, faltava pouco para chegar até a Engeali. colocou mais uma torrada na boca do rapaz, enquanto entrava na rua da empresa e encostava o carro em frente ao local.
– Prontinho, entregue. – ela tirou o cinto e o fitou. Aproximou-se, acariciou levemente o rosto dele, que engoliu em seco e lhe deu um singelo beijo na bochecha.
– Obrigada pela carona, . – ela desceu do carro, sem esperar a resposta dele. Atravessou a rua entrando rapidamente no prédio. encostou-se ao banco do veículo.
– Cara, eu amo mesmo essa mulher! – ele suspirou apaixonado, começando a seguir o longo caminho até sua casa.
entrou apressada na empresa, tinha que passar despercebida, já que já eram 10h25min. Embarcou no elevador e chegou até seu andar dando passos apressados, quando foi surpreendida por Bianca, sua liderada mais complicada.
– Oi, chefa! Dormiu demais, né? – sorriu maliciosamente.
– Oi, Bianca. Dormi sim. – sorriu falsamente. – Estou achando que você está bem ociosa para ficar prestando atenção nas horas que eu chego. Espero que o e-learnig de segurança do trabalho esteja pronto no meu e-mail, caso não, terei que rever algumas coisas.
– Estará em breve, chefa. – ela mordeu os lábios, nervosa. – Me desculpe.
a ignorou, deixando a moça extremamente pálida correndo em direção a própria sala para mexer nos últimos detalhes daquele treinamento. entrou na sua sala, e como sempre tirou os sapatos os deixando embaixo da mesa. Assustou-se com a presença de Jane, a colaboradora da limpeza.
– Oi. Me desculpe, não foi minha intenção te assustar, – ela se desculpou, sorridente.
– Oi, Jane. Ah, não, fique tranquila. Eu entrei de repente. – ela sorriu. – Muita bagunça na minha sala?
– Nenhuma, sua organização é impecável. – ela comentou verdadeira. – Você quer ver um lugar bagunçado? É a mesa do . – franziu o cenho com a intimidade que ela chamava o rapaz. Jane deveria ter no máximo trinta anos, morena, corpo esbelto... Perfeita para o amigo.
– Ah... ele é bagunceiro mesmo, já entrei na sala dele e acabei observando. – ela concordou com a moça.
– Agora está tudo tão organizado... – ela mencionou desanimada. – Você sabe quando ele volta? Sinto falta da alegria dele aqui. – ela passava o pano distraída na janela. engoliu seco, estava sentindo aquele bendito sentimento, queria se trucidar.
– Amanhã ele estará aqui, se tudo der certo. – ela tentou soar neutra, mas sua vontade era perguntar o quão íntimos eles eram.
– Ah, que bom, fico feliz – ela terminou de limpar a janela, e se preparou para sair. – Com licença e um ótimo dia.
– Pra você também. – ela respondeu da mesma forma e se jogou na sua cadeira.
Passou a mão pelo rosto, nervosa. Estava sentindo raiva de si mesma. Não tinha o direito de sentir ciúmes de . Ele estava a deixando completamente louca. Ele seria sua ruína. Suspirou fundo, abrindo a tela do notebook e o ligando. Cinquenta e quatro e-mails não lidos, estralou os dedos deixando os pensamentos pessoais de lado, para começar mais um longo dia de trabalho.
***
Bruno encarava a tela do celular sentado no sofá, já se passava das 20h30 e nada de aparecer, ela lhe devia boas explicações, não era certo a conduta que ela teve. Ela estava estranha há um tempo, mas especificamente desde que entrou no novo emprego, ele tinha percebido, mas acabou deixando pra lá devido à correria na agência. Não era um dos melhores namorados, já que vivia viajando direto, mas gostava muito dela, tinha um apreço imenso pela moça. Era quase um ano de relacionamento. Escutou a porta abrindo e se virou de frente para ela, ainda sentado.
– Oi, Bruno. – ela tentou soar alegre ao cumprimentar o namorado.
– Você veio mesmo. – comentou inexpressivo.
– Pois é, eu vim... – ela estava parada próxima à porta e entrou de vez no apartamento e se jogou no sofá ao lado do rapaz. Ele acabou saindo do sofá e se sentou na mesinha de centro. Ficaram face a face.
– Bom, Bruno, eu vou ser direta. – colocou o cabelo atrás da orelha. – Vou falar toda a verdade pra você. – ela suspirou, retomando o fôlego. – Esse meu amigo que fui visitar ontem porque estava doente. – era difícil falar aquilo para o namorado. – A gente teve uma história muito importante na infância/puberdade, ele era aquele tipo de amigo que eu fazia tudo junto, era aquela pessoa que esteve sempre ao meu lado, brincávamos juntos, éramos inseparáveis até o dia que ele se mudou para São Paulo e...
Flashback
estava extremamente calado desde o começo do dia, sempre monossilábico. Não havia esperado a amiga para o recreio, estava bem diferente do usual dele, não conseguia entender o que se passava. No final da aula, estava pronto para ir para casa, quando o abordou.
– O que há com você? – eles caminharam lado a lado para a saída do lugar.
– Não é nada... – ele olhava o chão, cabisbaixo.
– , nem vem. Me conta, por favor, por favorzinho. – ele acabou sorrindo do jeito dela.
– Vou sentir sua falta...
– Como assim? – ela o fitou, confusa.
– Eu tô indo embora, . – ele finalmente a encarou. – Eu vou morar em São Paulo na semana que vem. – ela balançou a cabeça, descrente.
– Para de mentir, vai. – ela o empurrou de leve sorrindo, ele não devolveu o sorriso. – O quê? Como assim?
– É que meu pai conseguiu emprego lá, vai ganhar muito melhor que aqui. Minha mãe disse que meu quarto vai ser bem maior, com tevê e um próprio videocassete. – ela mordeu os lábios.
– E você gostou de ganhar todas essas coisas? – ela perguntou triste. Ele se virou rapidamente para ela.
– , eu pouco me importo com essas baboseiras de tevê no quarto, eu não quero ir, quero ficar aqui na escola com você.
– Você é meu melhor amigo, , como as coisas vão ser sem você? – ela sentiu uma lágrima escorrer, a limpou depressa, antes que o garoto percebesse.
– Eu não sei, . – ele a olhou rapidamente.
Ela segurou a mão dele, o parando na caminhada e o abraçou fortemente, um abraço apertado e tristonho, ele retribuiu com a mesma ternura. Não queriam se separar, o que seria de um sem o outro? O abraço foi desfeito aos poucos e ela foi beijar a bochecha dele, mas o garoto acabou se virando de repente, o beijo acabou virando um selinho. Ambos ficaram bem envergonhados.
– Isso foi bem estranho. – a olhou, encabulado.
– Sim, foi mesmo. – ela sentiu as bochechas esquentarem.
Ele se aproximou rapidamente dela e lhe deu um selinho de novo.
– É um estranho bom. – eles acabaram rindo no final, voltando a caminharem até a casa de .
Nunca mais haviam se beijado de novo.
Fim do Flashback
contou tudo ao rapaz, desde a infância até o reencontro dentro da empresa.
– Então esse é o amigo que você reencontrou no trabalho... – ele já sabia a resposta, mas queria confirmar. – Eu sabia que era algo a ver com seu novo emprego, só não imaginava que seria algo dessa magnitude.
– Sim, é ele, Bruno. O fato é que, ele é apaixonado por mim e... – ele a interrompeu.
– E você por ele! Ah, deixa eu adivinhar: eu tô sobrando na história. – ele riu melancólico.
– Bruno, eu contei essa história toda para que você entendesse o que estava acontecendo desde o início. Eu gosto de você, mesmo. Quero que você entenda que eu não te trai, eu nunca seria capaz de um ato desses.
– Você não negou estar apaixonada por ele. – ela abaixou a cabeça. – Você quer terminar o nosso namoro, é isso? Tudo por conta de uma lembrança do passado?
– Eu não sei se estou apaixonada, eu não sei! – ela mordeu fortemente os lábios, sentindo o gosto de sangue. – Eu quero terminar sim, porque não é justo eu ficar com você confusa com meus próprios sentimentos.
– Eu queria me firmar aqui, reduzir as viagens para a gente ficar mais junto, mas você destruiu tudo.
– Bruno, não faz assim. – ela faz uma breve pausa. – Você não tem noção do quão difícil está sendo para mim, mas não é justo você não me ter por inteira. – lembrou-se das palavras de , sentindo a voz embargar. – Eu sinto muito por quebrar seu coração, eu me sinto um monstro. – acabou começando a chorar.
Eles choraram por um tempo, calados, só se ouvia respirações pesadas e fungadas. Ela decidiu ir embora, aquilo não era saudável para ninguém. Tirou a cópia da chave do apartamento dele e colocou na mesa. Levantou-se pronta pra sair, abriu porta, deu uma última olhada no rapaz, que tinha tampado o rosto com as mãos e se sentiu ainda mais angustiada.
– Espero que um dia você possa me compreender. – ela disse aquelas últimas palavras e saiu do local.
Ela tinha se aliviado por dizer toda a verdade para Bruno, mas não se sentia nada bem por deixá-lo tão mal daquele jeito. Ele não merecia aquilo mesmo. Aliás, ela não merecia nenhum dos dois, acabou por refletir.
– Oi, Bruno. – ela sorriu para o rapaz que aguardava do outro lado da porta. Ela deu passagem para que ele entrasse.
– Hey, . – ele lhe deu um beijo na bochecha e entrou.
– O que a anta da esqueceu que te obrigou a vir buscar? – Bruno franziu o cenho.
– Como assim?
– Ué, a não dormiu na sua casa ontem? Pra você vir tão cedo é porque ela esqueceu algo. – ela respondeu irônica.
– Ela não dormiu na minha casa. – ela empalideceu. – Eu vim cedo porque queria fazer uma surpresa pra ela. Pensei de irmos a alguma cafeteria, sei lá... Agora isso não importa. Onde ela está?
– Misericórdia! – ela quis morrer, tinha acabado de entregar a amiga para o boy.
– !? Onde ela está? – Bruno estava exaltado.
– Eu... Não sei. – ela o olhava apavorada.
– Porra! Ontem ela me disse que estava indo tomar banho pelo whats e sumiu! – ele puxou o celular e tentou ligar para ela. – Caixa de mensagens! – ele estava preocupado.
– Minhas torradinhas! – correu até o forno, as tirando a tempo. As colocou em cima da pia, colocou manteiga em cima da mesa, pronta pra comer, mas ficou sem graça com a aflição do rapaz. – Bruno, se acalma. Ela deve estar bem, pensamento positivo. – ela tentou lhe passar força.
– Eu espero, só não estou com bom pressentimento sobre isso. – ele respondeu descontente. Ele puxou o celular novamente, tentando ligar para a namorada. engoliu em seco. Sua amiga tinha muitas explicações para dar.
sentiu uma forte claridade em seus olhos e percebeu que estava abraçada a alguém, acabou abrindo os olhos, sonolenta. Tomou um susto quando viu a figura de seu amigo tão próxima de si. Alarmada, levantou da cama bruscamente. Céus, ela tinha dormido na casa de ! Com a movimentação brusca dela, acabou acordando, e a viu desesperada colocando o tênis. Ela direcionou o olhar para o rapaz, enfurecida.
– Por que não me acordou?! Que merda, ! – ela amarrava o all star.
– Você dormia tão profundamente que eu não tive coragem. – ele passou a mão pelos olhos, os coçando. Terminou de colocar o tênis e tirou o celular do bolso do short. Frustrou-se quando viu que ele estava desligado.
– Meu celular está completamente descarregado, que horas são? – pegou o próprio aparelho e fez uma careta quando viu. Ela se aproximou e tomou o celular da mão dele – 08h58min. Porra! – ela gritou assustada. Correndo até a sala atrás de sua bolsa. – Eu ainda estou na experiência na empresa! Céus, eu não sei o que vou fazer se eles me mandarem embora.
– Calma, , isso não vai acontecer. Eu te levo pra você não chegar tão atrasada.
– Não, , você tá doente! Eu vou direto trabalhar agora, se eu chegar umas 10h00min com uma boa explicação não vai dar problema e... – ele a interrompeu.
– , suas roupas não estão bem adequadas para trabalhar. – ela caiu em si com a fala do rapaz. Ele tinha toda a razão.
– EU VOU PERDER MEU EMPREGO! – ela estava desesperada. – Eu sou uma irresponsável, não prezo as coisas que eu conquisto, eu mereço mesmo a minha demissão e... – a segurou pelos braços.
– Ei, ei, . – ela o encarou – Para com isso. Você é uma mulher extraordinária, uma excelente profissional, ninguém vai te demitir por um atraso. – ele a encarava fixamente. – Confia em mim. – ela suspirou, assentindo. – Eu só vou me trocar e então eu te levo até sua casa, você se troca e pronto você vai trabalhar. Vai dar tudo certo.
Ela sentiu uma leve calmaria com as palavras dele, respirou fundo, o fitando.
– Certo, eu vou ao banheiro. – ela o respondeu um pouco mais calma e se trancou no cômodo.
Viu o enxaguante bucal do rapaz e o utilizou, aquilo daria até chegar em casa, lavou o rosto e o enxugou. Deu uma checada no espelho para ver sua aparência e abriu a porta. Viu o rapaz terminando de fechar a calça, sem camisa. Ela não pode deixar de olhar para o corpo dele, mas especificamente a barriga que com toda a certeza ele gastava algumas horas trincando na academia. Ele se assustou com o barulho da porta que foi aberta bruscamente.
– Nossa, , mais um pouquinho e você me pegava de cueca. – só de pensar na possibilidade, a mulher sentiu o rosto fervendo. sem calça lhe tiraria a sanidade.
– Vou... É... Vou te esperar na sala. – ela saiu do cômodo atordoada com a visão que teve. balançou a cabeça para os lados, rindo.
Ele rapidamente vestiu uma camiseta branca, colocou um tênis, foi ao banheiro e depois a sala. Encontrou bisbilhotando alguns porta retratos seus. Tocou levemente no ombro dela.
– Vamos? – ela assentiu, pegando a bolsa.
Durante o trajeto até o Renault Clio do rapaz os dois não trocaram uma palavra, aquele silêncio não era nada agradável. bufou, frustrado. Ele destravou o veículo e abriu a porta para que ela pudesse entrar, assim que ela entrou, ele fechou a porta e deu a volta no veículo, entrando. Lentamente, o automóvel começou a andar.
– deve estar preocupada... – ela soltou as palavras de repente.
– Quem é ? – desviou os olhos da rua rapidamente para encará-la.
– Minha melhor amiga, ela mora comigo. – ela tentou mexer no rádio dele, tentando ligá-lo. Ele viu a dificuldade dela e o ligou.
– Pensei que morasse com seu namorado... – ele jogou aquilo, espiando rapidamente a expressão dela.
– Não estamos nesse nível. – ela olhou para a janela. Não se sentia confortável para falar de Bruno para .
– Ah, certo. – ele pigarreou. Resolveu amenizar o assunto. – Como conheceu ?
– Na faculdade, morávamos em uma república, a amizade foi crescendo e agora não consigo viver sem ela na minha vida. é meu oposto, é aquela amiga que você pode estar com o maior problema do mundo e ela sempre acha o humor nas coisas. – ela refletiu.
– Quero conhecê-la. – ele comentou, animado. O farol havia fechado.
– Ela também quer te conhecer, precisamos marcar alguma coisa. – ela comentou animada, o encarando.
– Ah, então você fala de mim pra ela... O que você fala? Já sei, você diz que eu sou irresistível e que está sendo difícil se aguentar para não me tascar um beijo na boca? – ele passou a mão no cabelo teatralmente.
– Você é um idiota e um puta convencido. – mal ele sabia que aquelas palavras eram bem verdades. – Dirigi essa droga de carro que o farol abriu.
– Sim, senhora. – ele bateu continência, arrancando com o veículo.
Não demorou mais que trinta minutos para que encostasse o veículo em frente à casa de . Ela rapidamente olhou o relógio do rádio e viu que era 09h47min. Abriu a porta do carro, sendo acompanhada por .
– Você quer entrar? – ela falou enquanto abria o portão da casa.
– Não precisa, eu te espero aqui. – ela já abria o portão. – Só me traz algo pra eu mastigar? Tô em jejum ainda.
– Claro que trago. – ela o encarou, envergonhada. – Você não tem noção da culpa que eu tô sentindo de tirar você de casa desse jeito. – ela se virou para o rapaz.
– Fica tranquila, eu tô com um pouco de dor ainda, mas tô bem melhor.
– Tá certo. – ela assentiu agora abrindo a porta e entrando na residência.
Tomou um susto quando viu que Bruno estava dentro de sua casa. Sentiu o coração querer sair pela boca. Ele e possuíam celulares nas mãos e ambos estavam conversando. Com toda a certeza eles a procuravam, talvez ligassem para parentes ou conhecidos.
– Graças a Deus você apareceu. – foi a primeira que a avistou. – Bruno estava quase careca! – ficou petrificada enquanto encarava o rapaz.
– Onde você estava? – ele estava nitidamente nervoso. Ela engoliu em seco e se dirigiu para o quarto, calada. Precisava se trocar para ir trabalhar estava muito atrasada. Bruno a seguiu, bravo.
ficou bem quieta na dela, aquilo ia explodir a qualquer momento. Deu uma rápida olhada na janela e viu um rapaz mexendo no celular, parado em frente a um veículo. A julgar pela descrição que tinha lhe dado, com certeza aquele era o . Santo Deus, o circo estava armado.
percebeu que Bruno a seguia, como ela previra. O tranquilizaria de alguma forma. Entrou no quarto e se virou para ele.
– Bruno, eu sei que é complicado, mas mantenha a calma, por favor... – ela fez uma careta quando viu a face que o namorado fazia. – Eu posso explicar, estava na casa de um amigo que precisou de uma ajuda. – ela foi até o guarda-roupa pegando qualquer peça social.
– Que amigo!? – ele alterou a voz. Enquanto ela tirava o short e colocava uma calça social.
– É o meu amigo que eu reencontrei, se lembra? – ele arqueou a sobrancelha. – Ele estava doente, eu passei a noite lá. – ele franziu o cenho. – Eu sei como isso soa nos seus ouvidos, mas tudo tem uma explicação plausível. – ela fez um coque no cabelo, não dava tempo de penteá-los adequadamente.
– Você dormiu com ele. – ele cuspiu as palavras, ressentido. Ela largou o cabelo e se aproximou do rapaz.
– Eu não faria uma coisa dessas. Você precisa confiar em mim. – ela tentou tocá-lo, mas ele se esquivou.
– Não me toca, ! – ele rosnou para a garota, que recolheu a mão se afastando.
– Bruno, me deixa explicar tudo, por favor? – ela tinha súplica na voz. – Olha, esse momento não é o adequado para conversarmos sobre isso, eu preciso trabalhar estou em período de experiência e estou muito atrasada. Me deixa eu ir a sua casa hoje a noite assim que eu largar o expediente? Vou te explicar tudo, eu prometo. Eu não te trai. – ela terminou de prender o cabelo.
– Difícil de acreditar diante dos fatos... – ele respondeu sarcástico, mas acabou ponderando. – Uma chance de me explicar essa situação direito. – ele fechou as mãos em punho.
– Eu não vou desperdiçá-la, eu prometo. Agora, eu preciso realmente ir.
correu até a sala, pegou a bolsa, quando estava quase na porta se lembrou que ainda estava em jejum, voltou pra cozinha, pegou um pote e colocou as torradas que havia feito, sendo observada pela amiga e por Bruno.
– Depois conversamos. – ela direcionou o olhar a moça, que concordou. Ela pegou o pote, já estava pronta para sair quando escutou a voz de Bruno.
– Você vai de ônibus? – ela engoliu em seco com aquela pergunta.
– Ah... não. Eu... É, tem um Uber me esperando. – arqueou a sobrancelha com a hesitação da amiga, ela precisava aprender a mentir melhor.
O rapaz assentiu, estava magoado com ela, mas acima de tudo queria que ela se mantivesse no emprego. Depois de tanto tempo desempregada... Ele viu de perto o quanto ela lutou para estar na Engeali. Se ela não tivesse o uber a esperando, ele a levaria sem hesitar.
Ela se despediu silenciosamente de e Bruno e saiu em disparada de casa, tinha demorado mais do que pretendia. a viu abrindo o portão e ia falar algo com ela, mas ela fez um gesto de silêncio com uma das mãos, sabia da mania que Bruno tinha de olhar pela janela pra vê-la saindo. achou estranho o jeito dela, e ficou ainda mais confuso quando ela entrou no banco de trás do carro. Ele entrou no veículo, e a primeira coisa que fez foi questioná-la sobre as suas atitudes.
– O que houve? – ele se virou para trás, confuso.
– Para ali na esquina, que eu passo para o banco da frente e te explico o que está acontecendo.
E assim fez, deu partida no carro, e parou na esquina. Ela desceu, entrou no carro de novo e passou para o banco do carona. arrancou, dirigindo o mais rápido que lhe era permitido, já que o máximo que ele poderia atingir era 50 km por hora, maldito limite de velocidade.
– Estou esperando explicações... – ele a instigou a falar.
– Certo, meu namorado estava na minha casa logo cedo e eu dormi fora, ! Olha a merda toda! – ela fechou os olhos, massageando as têmporas.
– Mano... – ele fez uma mini careta. – E o que você falou para ele?
– A verdade. – ela o olhou. – Só que a verdade não era a melhor saída, já que eu dormi na sua casa... Agora ele acha que transei com você.
– Se você quiser eu posso, sei lá, falar com ele, não fizemos nada de errado.
– , não! As coisas só piorariam, deixa que eu me viro com isso. Eu vou conversar com ele hoje à noite, vou contar tudo. – agora ela tinha o olhar preso na janela. A última frase ela tinha dito mais pra ela do que pra ele.
– Contar o quê? – ele a fitou, confuso.
– Não te interessa! – ela revirou os olhos com a curiosidade dele. lembrou-se do pote com as torradas, e antes que ele a retrucasse, ela já emendou. – Trouxe comida pra você. – ele não lhe deu ouvidos.
– É lógico que me interessa, já que nessa conversa vai rolar meu nome. – ele parou o carro no semáforo.
– Meu Deus, você não tem limites, é pessoal! – ela franziu o cenho. – Vai comer ou não? – ela abriu o pote, vendo pela quentura que as torradas estavam mornas, pegou uma pra si.
– Meu Deus, como você é irritante. – ele elucidou, retomando a direção do veículo. – Me dá uma?
– Agora a irritante serve pra alguma coisa. – ela acabou sorrindo de lado. – Pega. – ela estendeu o pote pra ele.
– Sem chances eu dirigir e comer ao mesmo tempo, coloca na minha boca? – ele tentou segurar a risada, quando percebeu que ela o fitava de forma estranha. – Por favor, ? – ela suspirou fundo. – Eu tô doente ainda. – o coração dela pesou. sabia bem como utilizar as palavras.
– Abre a boca, . – ela pediu e assim ele o fez. colocou uma torrada na boca do rapaz.
– Cara, é caseira... – ele comentou de boca cheia.
– É sim. e sua criatividade matinal. – comentou.
Ela já reconhecia onde estava. Passavam em frente ao Memorial da América Latina, faltava pouco para chegar até a Engeali. colocou mais uma torrada na boca do rapaz, enquanto entrava na rua da empresa e encostava o carro em frente ao local.
– Prontinho, entregue. – ela tirou o cinto e o fitou. Aproximou-se, acariciou levemente o rosto dele, que engoliu em seco e lhe deu um singelo beijo na bochecha.
– Obrigada pela carona, . – ela desceu do carro, sem esperar a resposta dele. Atravessou a rua entrando rapidamente no prédio. encostou-se ao banco do veículo.
– Cara, eu amo mesmo essa mulher! – ele suspirou apaixonado, começando a seguir o longo caminho até sua casa.
entrou apressada na empresa, tinha que passar despercebida, já que já eram 10h25min. Embarcou no elevador e chegou até seu andar dando passos apressados, quando foi surpreendida por Bianca, sua liderada mais complicada.
– Oi, chefa! Dormiu demais, né? – sorriu maliciosamente.
– Oi, Bianca. Dormi sim. – sorriu falsamente. – Estou achando que você está bem ociosa para ficar prestando atenção nas horas que eu chego. Espero que o e-learnig de segurança do trabalho esteja pronto no meu e-mail, caso não, terei que rever algumas coisas.
– Estará em breve, chefa. – ela mordeu os lábios, nervosa. – Me desculpe.
a ignorou, deixando a moça extremamente pálida correndo em direção a própria sala para mexer nos últimos detalhes daquele treinamento. entrou na sua sala, e como sempre tirou os sapatos os deixando embaixo da mesa. Assustou-se com a presença de Jane, a colaboradora da limpeza.
– Oi. Me desculpe, não foi minha intenção te assustar, – ela se desculpou, sorridente.
– Oi, Jane. Ah, não, fique tranquila. Eu entrei de repente. – ela sorriu. – Muita bagunça na minha sala?
– Nenhuma, sua organização é impecável. – ela comentou verdadeira. – Você quer ver um lugar bagunçado? É a mesa do . – franziu o cenho com a intimidade que ela chamava o rapaz. Jane deveria ter no máximo trinta anos, morena, corpo esbelto... Perfeita para o amigo.
– Ah... ele é bagunceiro mesmo, já entrei na sala dele e acabei observando. – ela concordou com a moça.
– Agora está tudo tão organizado... – ela mencionou desanimada. – Você sabe quando ele volta? Sinto falta da alegria dele aqui. – ela passava o pano distraída na janela. engoliu seco, estava sentindo aquele bendito sentimento, queria se trucidar.
– Amanhã ele estará aqui, se tudo der certo. – ela tentou soar neutra, mas sua vontade era perguntar o quão íntimos eles eram.
– Ah, que bom, fico feliz – ela terminou de limpar a janela, e se preparou para sair. – Com licença e um ótimo dia.
– Pra você também. – ela respondeu da mesma forma e se jogou na sua cadeira.
Passou a mão pelo rosto, nervosa. Estava sentindo raiva de si mesma. Não tinha o direito de sentir ciúmes de . Ele estava a deixando completamente louca. Ele seria sua ruína. Suspirou fundo, abrindo a tela do notebook e o ligando. Cinquenta e quatro e-mails não lidos, estralou os dedos deixando os pensamentos pessoais de lado, para começar mais um longo dia de trabalho.
– Oi, Bruno. – ela tentou soar alegre ao cumprimentar o namorado.
– Você veio mesmo. – comentou inexpressivo.
– Pois é, eu vim... – ela estava parada próxima à porta e entrou de vez no apartamento e se jogou no sofá ao lado do rapaz. Ele acabou saindo do sofá e se sentou na mesinha de centro. Ficaram face a face.
– Bom, Bruno, eu vou ser direta. – colocou o cabelo atrás da orelha. – Vou falar toda a verdade pra você. – ela suspirou, retomando o fôlego. – Esse meu amigo que fui visitar ontem porque estava doente. – era difícil falar aquilo para o namorado. – A gente teve uma história muito importante na infância/puberdade, ele era aquele tipo de amigo que eu fazia tudo junto, era aquela pessoa que esteve sempre ao meu lado, brincávamos juntos, éramos inseparáveis até o dia que ele se mudou para São Paulo e...
Flashback
estava extremamente calado desde o começo do dia, sempre monossilábico. Não havia esperado a amiga para o recreio, estava bem diferente do usual dele, não conseguia entender o que se passava. No final da aula, estava pronto para ir para casa, quando o abordou.
– O que há com você? – eles caminharam lado a lado para a saída do lugar.
– Não é nada... – ele olhava o chão, cabisbaixo.
– , nem vem. Me conta, por favor, por favorzinho. – ele acabou sorrindo do jeito dela.
– Vou sentir sua falta...
– Como assim? – ela o fitou, confusa.
– Eu tô indo embora, . – ele finalmente a encarou. – Eu vou morar em São Paulo na semana que vem. – ela balançou a cabeça, descrente.
– Para de mentir, vai. – ela o empurrou de leve sorrindo, ele não devolveu o sorriso. – O quê? Como assim?
– É que meu pai conseguiu emprego lá, vai ganhar muito melhor que aqui. Minha mãe disse que meu quarto vai ser bem maior, com tevê e um próprio videocassete. – ela mordeu os lábios.
– E você gostou de ganhar todas essas coisas? – ela perguntou triste. Ele se virou rapidamente para ela.
– , eu pouco me importo com essas baboseiras de tevê no quarto, eu não quero ir, quero ficar aqui na escola com você.
– Você é meu melhor amigo, , como as coisas vão ser sem você? – ela sentiu uma lágrima escorrer, a limpou depressa, antes que o garoto percebesse.
– Eu não sei, . – ele a olhou rapidamente.
Ela segurou a mão dele, o parando na caminhada e o abraçou fortemente, um abraço apertado e tristonho, ele retribuiu com a mesma ternura. Não queriam se separar, o que seria de um sem o outro? O abraço foi desfeito aos poucos e ela foi beijar a bochecha dele, mas o garoto acabou se virando de repente, o beijo acabou virando um selinho. Ambos ficaram bem envergonhados.
– Isso foi bem estranho. – a olhou, encabulado.
– Sim, foi mesmo. – ela sentiu as bochechas esquentarem.
Ele se aproximou rapidamente dela e lhe deu um selinho de novo.
– É um estranho bom. – eles acabaram rindo no final, voltando a caminharem até a casa de .
Nunca mais haviam se beijado de novo.
Fim do Flashback
contou tudo ao rapaz, desde a infância até o reencontro dentro da empresa.
– Então esse é o amigo que você reencontrou no trabalho... – ele já sabia a resposta, mas queria confirmar. – Eu sabia que era algo a ver com seu novo emprego, só não imaginava que seria algo dessa magnitude.
– Sim, é ele, Bruno. O fato é que, ele é apaixonado por mim e... – ele a interrompeu.
– E você por ele! Ah, deixa eu adivinhar: eu tô sobrando na história. – ele riu melancólico.
– Bruno, eu contei essa história toda para que você entendesse o que estava acontecendo desde o início. Eu gosto de você, mesmo. Quero que você entenda que eu não te trai, eu nunca seria capaz de um ato desses.
– Você não negou estar apaixonada por ele. – ela abaixou a cabeça. – Você quer terminar o nosso namoro, é isso? Tudo por conta de uma lembrança do passado?
– Eu não sei se estou apaixonada, eu não sei! – ela mordeu fortemente os lábios, sentindo o gosto de sangue. – Eu quero terminar sim, porque não é justo eu ficar com você confusa com meus próprios sentimentos.
– Eu queria me firmar aqui, reduzir as viagens para a gente ficar mais junto, mas você destruiu tudo.
– Bruno, não faz assim. – ela faz uma breve pausa. – Você não tem noção do quão difícil está sendo para mim, mas não é justo você não me ter por inteira. – lembrou-se das palavras de , sentindo a voz embargar. – Eu sinto muito por quebrar seu coração, eu me sinto um monstro. – acabou começando a chorar.
Eles choraram por um tempo, calados, só se ouvia respirações pesadas e fungadas. Ela decidiu ir embora, aquilo não era saudável para ninguém. Tirou a cópia da chave do apartamento dele e colocou na mesa. Levantou-se pronta pra sair, abriu porta, deu uma última olhada no rapaz, que tinha tampado o rosto com as mãos e se sentiu ainda mais angustiada.
– Espero que um dia você possa me compreender. – ela disse aquelas últimas palavras e saiu do local.
Ela tinha se aliviado por dizer toda a verdade para Bruno, mas não se sentia nada bem por deixá-lo tão mal daquele jeito. Ele não merecia aquilo mesmo. Aliás, ela não merecia nenhum dos dois, acabou por refletir.
Capítulo 6
chegou em casa cabisbaixa. Percebeu que estava na cozinha pela movimentação no cômodo, apareceu na soleira da porta e observou que a amiga estava com uma caixa de pizza aberta e ainda encontrava-se vestida com a roupa que tinha ido trabalhar. Sinal de que havia acabado de chegar em casa. Suspirou fundo, anunciando sua chegada para ela.
– Oi, ! Desculpa não te esperar para comer, estava faminta. Fiz um acompanhamento terapêutico com um cliente cleptomaníaco, isso me deixou morta de fome, não é novidade, né? – a garota se atropelava enquanto tentava absorver aquela enxurrada de palavras. – Pedi as nossas pizzas preferidas, metade portuguesa e a outra metade cinco queijos, hummmm – ela engoliu o resto da comida que tinha na boca. – Tá tão boa, sis! – finalmente olhou para e percebeu que ela não estava nada bem. – E eu estou falando como uma tagarela enquanto você está visivelmente mal. O que há?
sentou-se na cadeira ao lado de e sentiu as lágrimas voltarem com força.
– Eu terminei com o Bruno. – largou o pedaço de pizza pela metade e se aproximou da amiga, a abraçando fortemente. não estava entendendo como o dia havia findado desse jeito.
– Ai, ... Como assim? – mordeu o lábio inferior. – Eu imagino que esse término não tenha sido fácil. – enxugou as lágrimas que desciam incessantemente do rosto dela.
– Não foi mesmo. Você tinha que ver a cara que ele fez, . Aquilo doeu mais do que se ele tivesse me xingado. – ela soluçou.
– Eu sei, o Bruno sempre foi um cara muito bacana. – enxugou mais duas grossas lágrimas que rolaram do rosto de . – Acho que a melhor coisa para você neste momento é tomar um banho, tentar relaxar, depois a gente faz aquele chazinho de camomila, hum?
– Tá certo, eu vou. – ela abraçou fortemente. Levantou-se da cadeira e foi até o quarto. suspirou fundo, olhou a pizza e voltou a comer, ainda estava morta de fome.
*
saiu do banho, tinha chorado um pouco durante o momento, porém saiu um pouco mais renovada, o banho realmente havia a relaxado. Foi até a sala e viu uma sentada no sofá, assistindo a The Criminal Minds. assustou-se, acabou demorando bem mais tempo que o esperado no banho.
– Acabei fazendo o chá, acho que ele não está mais fumegante, ou seja, pronto para ser consumido.
– Ai, , o que seria de mim sem você? – ela sorriu fofamente. – Obrigada!
– Você não seria nadinha, . – sorriu. foi até a cozinha, pegou a caneca e encheu de chá, não gostava muito de chás, ainda mais em pleno verão, mas camomila, era camomila e sempre a acalmava. Voltou para a sala, e sentou-se ao lado de . – Ami... – A psicóloga abriu a boca pra continuar a falar, mas acabou se calando. Queria perguntar aquilo que tinha visto de manhã, mas viu que não era pertinente.
– O que foi, ? – ela fungou, tinha chorado demais.
– Não é nada. – olhou pra baixo, desviando o olhar de .
– Fala logo o que você quer saber. – com um estalo, lembrou-se que não tinha contado a amiga a história toda. – Ah, nossa! Você não deve estar entendendo nada. Vou te contar tudo desde o começo da noite de ontem até o término com o Bruno.
contou sobre ter passado a noite com , de ele estar doente e mesmo assim levá-la em casa, a saia justa com Bruno, até o término do relacionamento com ele.
– Primeiro lugar: é lindo, ! – riu. – Eu o vi pela janela hoje de manhã. – não pode deixar de sorrir a escutando. – E segundo, sobre o término com o Bruno você fez o certo, eu já tinha te falado não é saudável você ficar com ele apaixonada pelo . – balançou a cabeça negando. – Você não nega porque você está sim, desde o dia que você o reencontrou. E terceiro, o que você vai fazer agora? – a encarou, curiosa.
– Eu vou passar o fim de semana em Montecastelo. – bateu a mão na testa teatralmente. – Assim eu vejo a minha mãe e principalmente a Helena.
– Você acha que fugir vai adiantar? – revirou os olhos.
– Eu não estou fugindo, , eu só quero ficar um tempo com a minha família, me preocupar com os problemas delas que são muito maiores que os meus, diga-se de passagem, e manter distância do Bruno e do ! Eu só quero respirar!
– Você está fugindo! – piscou rapidamente os olhos. – Mas você não disse que amanhã o volta do afastamento? Será inevitável não encontrá-lo.
– Amanhã eu tenho um congresso na zona sul, mas especificamente em Santo Amaro, não vou para a empresa.
– E segunda feira? Uma hora você vai ter que encontrar o senhor eusougostoso.com.
– Até segunda feira eu estarei mais equilibrada. – embrenhou a mão nos cabelos, e bufou alto. – Você não tem noção de como eu sinto raiva do . – a instigou a falar. – Ele chegou bagunçando tudo. Eu beijava o Bruno pensando nele, eu trabalhava pensando nele, e Deus sabe e você também, a luta que foi conseguir esse emprego. – ela fez uma breve pausa. – Os muitos meses que eu passei desempregada e os preconceitos que eu passei para chegar aonde cheguei. Agora para fechar com chave de ouro: até ciúmes dele eu tenho sentido! – acabou rindo no final da frase.
– Então o negócio é sério mesmo e... – a interrompeu, retomando seu monólogo.
– E que direito eu tenho de sentir ciúme dele? Me diz? – ameaçou falar algo, mas a mulher a interrompeu. – Sim, eu estou incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele e a intensidade que a cada dia esse sentimento cresce dentro de mim me assusta. – ela tampou o rosto com as duas mãos. Finalmente ela havia externalizado, não tivera coragem de falar aquilo para o ex namorado, mas a verdade era que sabia muito bem o que sentia, só não queria admitir.
– De verdade, sabe o que eu acho? Que é difícil demais ser você. – elas riram. – Só se joga, curta o , você quer ele, ele te quer; – abaixou a cabeça. – Pensa somente em você, esquece um pouco o Bruno, ele vai superar um dia, gatinha.
– É difícil isso, não é drama é só que eu não quero magoar o Bruno. – ela respirou fundo. – Enfim, por isso quero me afastar de tudo isso.
– Fuja, vai ter um tempo com sua família, vai pra calmaria de sua cidade natal, talvez te faça bem. – bocejou ao término da frase.
– É nisso que eu estou apostando. – ela sorriu levemente. soltou mais um logo bocejo.
– Vou dormir, , estou extremamente cansada, hoje foi um dia bem complexo.
– Vou tentar dormir, estou bem cansada também. – foi até a televisão e a desligou. As duas foram caminhando até os quartos, despediram-se e cada uma entrou no seu.
***
observou o ônibus fazer o contorno para estacionar em sua cidade natal, uma viagem de 07h40 min, estava até com dores de tanto tempo sentada, apesar das paradas. A cidade fazia quase divisa com o estado do Mato Grosso do Sul. Ela tinha dormido e acordado diversas vezes durante o trajeto.
Enquanto o ônibus estacionava pôde ver sua mãe na plataforma de saída da rodoviária, sentiu um aperto no peito, estava mesmo com saudades dela e de tudo aquilo. O ônibus finalmente estacionou, ela pegou sua pequena mochila e desceu.
– Confesso que eu não esperava você aqui, querida. Quando me ligou avisando sobre a viagem, fiquei surpresa. – A garota sorriu com o comentário da mãe e foi de encontro a ela, a abraçando fortemente. Demoraram longos minutos para se soltarem.
– Você para, hein? Eu já estava pensando em vir aqui, só que tive uma motivação. – elas caminhavam, enquanto segurava fortemente a alça da mochila em seus ombros.
– Que seria? – a mãe examinou o rosto da filha para encontrar algo.
– Saudade da minha mãe maravilhosa, ué? – ela estalou mais um beijo no rosto da senhora.
– Quem não te conhece que te compre, filha. – riram. – Estava com saudades de você também, meu amor.
Continuaram a caminhada já que a rodoviária era bem próxima da casa de sua mãe.
– Você tá bem mesmo, meu amor? – Alice perguntou desconfiada.
– Eu estou sim, mãe. – ela desviou o olhar, não estava ali para pedir conselhos sobre a situação que estava vivendo, queria espairecer e tocando no assunto não ajudaria em nada. – E Helena?
– Está na mesma, filha. Deprimida, não sai do quarto... – o sorriso da mulher morreu. – Não está indo ao psicólogo, estou bem preocupada com a saúde mental de sua irmã. – suspirou fundo. – Espero que com sua visita, ela se entusiasme pelo menos um pouco.
– Mãe, eu nunca imaginei que ela ficaria tão mal assim. – franziu o cenho. – Eu sinto que tem algo a mais ali.
– Creio que sim, mas sua irmã não me conta nada, ela é tão fechada... Com você ela se sente tão à vontade. – a mãe apertou os lábios.
Elas logo chegaram a casa, e a mais velha empurrou o pequeno portão de madeira permitindo a entrada de . Ela sentiu um cheiro familiarizado, consequentemente um bolo quentinho de fubá estava em cima da mesa pronto para consumo. Elas adentraram ao cômodo, jogou a mochila no sofá.
– Mãe, eu vou vê-la. – a mulher assentiu e logo subiu as escadas.
– Espero que tenha sorte. – a mãe sussurrou.
viu a primeira porta do corredor, a qual pertencia a irmã mais nova, bateu levemente e escutou um vai embora.
– Mas eu não vou embora mesmo! – abriu a porta e suspirou fundo com a escuridão que predominava aquele ambiente. Sua irmã sofria, e aquilo lhe destroçava. – Helena?
– Oi, ! – a garota respondeu baixo.
acendeu a luz, se aproximou e sentou no canto da cama ao lado da adolescente. Lhe abraçou ternamente, Helena sentia saudades da irmã mais velha, nos braços dela sentia certo conforto e paz. tinha preocupação nos olhos, Lena estava visivelmente mais magra e tinha extensas olheiras.
– Eu senti tanto a sua falta. – ela deu um beijo na testa da irmã, enquanto a tinha em seus braços.
– Eu também senti, . – Helena deixou escapar algumas lágrimas.
– Quer me contar o porquê está tão triste? – ela alisava o cabelo da irmã, e dava beijos na testa dela.
– A minha mãe já deve ter te contado. – ela suspirou fundo, se agarrando ao abraço.
– Sim, ela me contou, mas eu quero escutar de você.
– Certo. – ela suspirou. – Meu melhor amigo Dennis sofreu um acidente de moto e morreu! Ele não podia ter morrido, sabe? Eu o amava tanto... – ela vomitava as palavras, como se elas a sufocassem – Eu o amava mais do que um amigo, e ele morreu sem saber disso. – ela se embolava com as palavras e as lágrimas desciam incessantemente.
– Lena, não se martirize assim. Olha, o Dennis morreu sabendo que poderia contar com você pra tudo e do amor mais puro e sincero que você tinha por ele.
– Sim, mas eu também era apaixonada por ele, . – ela soluçou.
– Onde ele estiver ele sabe de tudo, Lena, e ele não gostaria de te ver tão triste assim. Você precisa viver por ele, por mim e pela mamãe, nós te amamos tanto.
– Eu também amo vocês, mas dói muito. Eu já tentei inúmeras vezes levantar e tentar seguir em frente, mas eu simplesmente travo.
– Eu sei que dói, e dói muito. Com o tempo essa dor vai se transformando em saudade e a gente acaba aprendendo a conviver com ela. – suspirou fundo. – Quando o papai morreu, eu achei que fosse morrer junto com ele tamanha era a dor dentro de mim. Com a força da mamãe e a sua, que era tão criança e não entendia nada, eu fui conseguindo me estabilizar emocionalmente. O que eu quero dizer com isso é que você tem a mim e a mamãe para te ajudar no que precisar, seja apenas para te fazer companhia, ou para chorarmos juntas. Helena, eu estou aqui pra você.
– Eu sei que está. – ela voltou a abraçar a irmã e assim ficaram por um tempo. – ?
– Diga. – ela sussurrou rouca.
– Faça tudo o que sentir vontade e acima de tudo se arrependa por ter feito algo e não por nunca tê-lo feito.
– Por que está me dizendo essas coisas? – franziu o cenho, completamente confusa.
– Porque o que aconteceu me deixou essa lição. Não quero que cometa os mesmos erros que eu. Não esconda seus sentimentos. – ela sorriu minimamente.
estava petrificada, nunca pensou que as palavras de uma garota de dezessete anos, que a seu ver, pouco sabia da vida, lhe surtiria tanto efeito.
– Certo, eu prometo seguir seus conselhos. – elas sorriram uma para outra. – Se você seguir os meus. Vai voltar a frequentar o psicólogo e o psiquiatra. Você precisa querer melhorar. Promete pra mim, bebê? – a chamou pelo apelido de infância.
– Eu prometo que vou tentar. – ela suspirou fundo, enquanto sentia o carinho feito pela irmã em seus cabelos.
– Tentar é um ótimo passo, mas eu tenho certeza que você vai conseguir. Mesmo eu estando em São Paulo, me mande áudios, me escreva, me liga, só me procura sempre que se sentir angustiada ou sufocada com essa dor, ok?
– Eu farei isso, , pode deixar. – lhe deu um beijo na testa.
– Agora o que acha de descermos pra tomar café com bolo de fubá? Hein?
– Não tô com fome... – a interrompeu.
– O que conversamos, Lena? – a garota fez um biquinho, desanimada.
– Pra eu viver. – suspirou. – Tá certo, vamos descer.
Ela se levantou da cama e as duas seguiram abraçadas até a cozinha, a mãe passava o café e respirou aliviada ao ver um sorriso mínimo no rosto da filha mais nova. havia conseguido.
– Gosto de ver vocês duas assim, meus amores! – elas sorriram uma para outra e juntas deram um abraço apertado na mãe. Helena concluiu que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço tão acolhedor como aquele. Só elas para lhe darem força nessa fase tão difícil.
***
Era segunda feira e já estava de volta a São Paulo. Passar o fim de semana com a família foi extremamente bom e gratificante. Deixara uma Helena um pouco melhor, e ainda a fez prometer que voltaria as consultas psicológicas. E assim que a garota entrasse em férias escolares em julho a traria para passar alguns dias com ela.
Já era quase oito horas da manhã e andava devagar dentro da Engeali até sua sala. Sentia o corpo moído, parecia que tinha sido surrada dentro daquele metrô, precisava de um carro com urgência, não estava mais aguentando pegar aquele transporte superlotado. Ficava mais cansada no trajeto, do que com o trabalho em si.
Entrou em sua sala com cara de poucos amigos, o dia havia começado tumultuado. Olhou a mesa e uma série de documentos pendentes estavam em cima dela, quis chorar com o tamanho da pilha deles. Tirou os saltos dos pês como de praxe e os colocou no canto da mesa. Sentou na cadeira com pernas de índio e se pôs a ler os documentos.
Não passou nem cinco minutos lendo, quando foi interrompida pela porta.
– Oi! Licença, dona . – Wesley colocou somente a cabeça para dentro da sala. Era o mais novo jovem aprendiz da Engeali.
– Diga, Wesley. – ela o olhou rapidamente, dividindo a atenção aos documentos e ao garoto.
– Pediram para te entregar isso. – se segurou para não revirar os olhos, provavelmente mais um documento.
– Certo, deixa em cima da mesa. – ela voltou a olhar para o rapazinho e se surpreendeu com que ele carregava em mãos. – Quem mandou?
– O . Ele pediu para te entregar esse café, porque de acordo com ele: Esse café melhora qualquer humor. – o rapaz terminou a frase imitando o homem. acabou sorrindo, era ridicularmente fofo.
– Certo, obrigada. – ele entregou o café nas mãos dela e saiu discretamente da sala.
Ela voltou à leitura dos documentos agora com um sorriso de lado, enquanto se deliciava com o café.
**
assobiava uma música qualquer que tocava no ipad. Estava bem melhor de saúde, agora só tinha uma tosse incômoda, mas nada que ele não pudesse viver. Havia seguido as orientações do médico e tivera uma boa recuperação.
– , . – Jane apareceu na porta a abrindo, com um sorriso enorme. Ele acabou se assustando com a aparição espontânea dela ali. – Trouxe biscoito de água e sal e café porque você é um viciado.
– Jane, é bolacha! – ele comentou brincalhão, pegando o alimento que ela oferecia.
– Não vou discutir isso com você. – sorriu divertida. Jane entregou o café na mão do rapaz e desastrado do jeito que ele era acabou virando o conteúdo do copo em cima de si mesmo.
– Nossa, que merda! – reclamou. Pegou folha sulfite para se secar.
– Ai, , folha sulfite não seca nada. – ela bateu a mão na testa – Deixa eu te ajudar. – pegou o pano que estava em sua cintura e colocou sobre a blusa e parte da calça dele tentando absorver o café.
– , preciso urgente que você m... – se interrompeu com a cena que visualizou. Jane sentada na mesa, com a cabeça abaixada, e sentado de frente para a moça. – O que está acontecendo aqui?
Os dois tomaram um susto com a aparição da mulher, rapidamente eles se arrumaram em posições mais confortáveis.
– Não é nada demais, é que o derrubou café e eu estava o ajudando a se secar. – Jane tentava se explicar.
– Não é o que me pareceu. – olhava para os dois com a sobrancelha arqueada.
– ... – ela lhe lançou um olhar matador, ele se calou. Aquela cara... Já tinha se passado tantos anos, mas aquela cara significava... Ah, não, não, ela não podia estar com ciúmes? Ou podia?
– Bom, é... – a moça gaguejava, de olhos arregalados, buscando ajuda com , que parecia petrificado. – Eu só estava o ajudando, ele queria se secar com papel sulfite e eu peguei meu pano, foi somente isso. Não desconfie, por favor. Eu nunca faria algo nesse nível, de jeito nenhum.
– Jane, deixa que eu falo com a minha chefa, vá em paz. – tocou no ombro da moça, voltando a si. Ele tentava esconder a sombra de um sorriso. Jane franziu o cenho, confusa. – Confia em mim, ok? – piscou e ela assentiu.
– Tudo bem, com licença. – ela saiu da sala. acompanhava a cena de braços cruzados.
– , estamos em um ambiente corporativo e eu quase pego meu subordinado com outra colaboradora fazendo... Você sabe o quê! – balançava a cabeça negando. – Não negue, era essa a visão que eu tive quando entrei!
– , pelo amor de Deus! Olha o estado da minha camisa, eu nunca faria uma coisa dessas. – ele se levantou, mostrando que o tecido pingava café. – Não veja maldade onde não há. – Ela o avaliava e media as palavras do rapaz. Suspirou fundo, praticamente convencida.
– Ok, que isso não se repita, porque, caso aconteça, terei que tomar medidas drásticas!
– Não vai se repetir, porque não fizemos nada! – torceu a boca com a insistência dela naquilo.
Ele desabotoou a camisa rapidamente, tirando-a e ficando apenas de regata branca. Os olhos de não puderam ser direcionados para outro lugar senão para os braços e ombros do rapaz.
– , olha a postura! – ela ralhou com ele.
– Eu não vou ficar com a blusa cheirando café, já basta a calça. – ele sorriu de lado. – O que foi? Te incomoda? – ele apontou pra si.
– Ah, ... Você não merece nem resposta. – ela revirou os olhos. – Você não saaa dessa sala sem a sua camisa, estamos entendidos?
– Sim, senhora. – ele bateu continência.
– Enfim, com essa bagunça toda acabei me esquecendo de falar o mais importante. Estou sendo cobrada pelo comercial, eles precisam desses desligamentos que te demandei mais cedo, não demora mais!
– Tá faltando só algumas coisas, mas já libero os kits. – ela assentiu. Estava caminhando para saída da sala, quando disse algo que a fez parar. – Não precisa ter ciúmes de mim, , eu sou todo seu.
– Como você é prepotente, por Deus! – ela acabou se virando. – Eu já disse que a cena que eu presenciei foi extremamente estranha, e eu sou sua líder.
– Deixa a minha líder de lado, não quero falar com ela. – ela enrugou o nariz. – O seu olhar de ciúmes continua o mesmo de vinte anos atrás, eu te conheço. – sorriu sacana. Como aquele sorriso a irritava, caminhou e parou de frente para ele.
– Aonde quer chegar com isso? – ela o examinou.
– Eu quero entender o que você sente por mim, porque a cada minuto eu fico mais confuso com cada ação sua. – fechou os olhos, aquele assunto não era para ser discutido ali.
– , eu não vou falar com você sobre isso agora, aqui não é lugar. É nosso ambiente de trabalho!
– Sim, está coberta de razão. Hoje eu te dou uma carona, e a gente conversa. – ele a pressionou.
– Ok – foram essas últimas palavras de e o baque alto da porta pode ser ouvido.
***
olhou o relógio, já era 18h49, sentiu que era seguro. Abriu a porta bem devagar, evitando qualquer ruído, pegou sua bolsa, e pé por pé foi até o elevador. Entrou no veículo mais seguro do mundo com um sorriso de alívio, provavelmente já havia ido embora. Ela se sentia como uma adolescente de quinze anos, mas quanto mais pudesse evitar ter aquela conversa com , ela evitaria. Estava quebrando a promessa com Lena, mas não se sentia a vontade, não ainda.
O elevador abriu, e o sorriso dela morreu quando avistou conversando com a recepcionista. Ele ainda não tinha ido embora. Ele não tinha a visto ainda e por isso, ela andou depressa, olhando para o lado oposto ao qual ele estava, mas de nada adiantou, ele a viu. Ele pegou a mochila depressa para alcançá-la.
– Não mesmo, . – ele segurou de leve o braço dela. Ela virou-se pra ele, sem graça.
– Eu não tinha te visto, me desculpa. – ele enrugou a testa, em descrença.
– Claro que não viu, eu acredito mesmo. – ele a respondeu sarcástico. Ela forçou um sorriso. – Vamos?
– Vamos. – suspirou fundo, andando junto com ele.
Eles caminharam até o carro do rapaz que estava estacionado do outro lado da rua, e entraram calados. Um silêncio desconfortável se instaurou ali.
– Pra onde? – ele perguntou.
– Para minha casa, . não está lá, fica ótimo para conversarmos.
– Se você quiser falar no carro mesmo, só tem a gente aqui. Eu não vejo problema.
– Não! Na minha casa. Não me sinto segura de conversar sobre isso no seu carro. – era uma mentira deslavada. Ela estava tentando ganhar tempo com o rapaz, ela não sabia ainda como começar a abordar o assunto. Ela sentia o estômago embrulhando.
– Tudo bem, pra sua casa então. – sorriu de lado e começou a dirigir.
Durante o percurso, tentou conversar com , mas ela era monossilábica. A tensão que emanava do corpo da mulher, deixava curioso, querendo entender o que poderia vir dali.
Ele finalmente estacionou o veículo em frente à casa dela. Desceram e rapidamente entraram na casa, calados. Ela colocou a bolsa em cima do sofá, direcionando seu olhar a ele.
– Quer tomar alguma coisa? – perguntou educadamente.
– Não, estou bem. – lançou-lhe um olhar curioso. Ficaram em um silêncio desconfortável por alguns instantes.
– Eu estou completamente apaixonada por você. – ela quebrou o silêncio, capturando a atenção do rapaz.
– Você o quê? – ele se assustou com a frase dela.
– Quando eu te vejo, meu coração dispara, borboletas sambam no meu estômago, eu fico nervosa... Me sinto uma adolescente. – sentiu-se desconfortável abrindo-se dessa forma pra ele. – Eu estou apaixonada por você, . – ele sorriu, era o sorriso mais lindo que tinha visto em sua face. – E sim, eu fiquei com ciúmes de você com Jane.
Ele riu alto, e a abraçou, não aguentando se segurar mais.
– Eu nunca esperei que escutar essas palavras me fariam tão bem. – ele ainda sustentava o sorriso. – Você é tão marrenta! Se declara pra mim desse jeito, mas está namorando. Assim você me quebra, . – fez um biquinho.
– Eu terminei meu namoro tem uns dias. – suspirou fundo, não queria falar de Bruno, não naquele momento.
– Ah, , então eu vou te beijar. – ele a examinou.
– Então beija...
Ele se aproximou do rosto dela, ela o encarava, ansiosa. Ele desenhou seu lábio inferior com os dedos, ela fechou os olhos, completamente entregue a ele. lhe deu um selinho longo, um simples encostar de lábios. entreabriu os lábios, e ele tornou aquele simples selinho em um beijo de verdade. Eles se beijavam como se tivessem sede um do outro, começara lento e agora era feroz. grudou seus corpos de forma que não havia se quer algum espaço entre eles. Ele a trouxe para o seu colo, e as mãos dele passavam por todo o corpo dela. As mãos da mulher, ora bagunçavam o cabelo dele, ora arranhavam a nuca do homem. não queria parar de beijá-la, estava viciado em .
– Oi, ! Desculpa não te esperar para comer, estava faminta. Fiz um acompanhamento terapêutico com um cliente cleptomaníaco, isso me deixou morta de fome, não é novidade, né? – a garota se atropelava enquanto tentava absorver aquela enxurrada de palavras. – Pedi as nossas pizzas preferidas, metade portuguesa e a outra metade cinco queijos, hummmm – ela engoliu o resto da comida que tinha na boca. – Tá tão boa, sis! – finalmente olhou para e percebeu que ela não estava nada bem. – E eu estou falando como uma tagarela enquanto você está visivelmente mal. O que há?
sentou-se na cadeira ao lado de e sentiu as lágrimas voltarem com força.
– Eu terminei com o Bruno. – largou o pedaço de pizza pela metade e se aproximou da amiga, a abraçando fortemente. não estava entendendo como o dia havia findado desse jeito.
– Ai, ... Como assim? – mordeu o lábio inferior. – Eu imagino que esse término não tenha sido fácil. – enxugou as lágrimas que desciam incessantemente do rosto dela.
– Não foi mesmo. Você tinha que ver a cara que ele fez, . Aquilo doeu mais do que se ele tivesse me xingado. – ela soluçou.
– Eu sei, o Bruno sempre foi um cara muito bacana. – enxugou mais duas grossas lágrimas que rolaram do rosto de . – Acho que a melhor coisa para você neste momento é tomar um banho, tentar relaxar, depois a gente faz aquele chazinho de camomila, hum?
– Tá certo, eu vou. – ela abraçou fortemente. Levantou-se da cadeira e foi até o quarto. suspirou fundo, olhou a pizza e voltou a comer, ainda estava morta de fome.
– Acabei fazendo o chá, acho que ele não está mais fumegante, ou seja, pronto para ser consumido.
– Ai, , o que seria de mim sem você? – ela sorriu fofamente. – Obrigada!
– Você não seria nadinha, . – sorriu. foi até a cozinha, pegou a caneca e encheu de chá, não gostava muito de chás, ainda mais em pleno verão, mas camomila, era camomila e sempre a acalmava. Voltou para a sala, e sentou-se ao lado de . – Ami... – A psicóloga abriu a boca pra continuar a falar, mas acabou se calando. Queria perguntar aquilo que tinha visto de manhã, mas viu que não era pertinente.
– O que foi, ? – ela fungou, tinha chorado demais.
– Não é nada. – olhou pra baixo, desviando o olhar de .
– Fala logo o que você quer saber. – com um estalo, lembrou-se que não tinha contado a amiga a história toda. – Ah, nossa! Você não deve estar entendendo nada. Vou te contar tudo desde o começo da noite de ontem até o término com o Bruno.
contou sobre ter passado a noite com , de ele estar doente e mesmo assim levá-la em casa, a saia justa com Bruno, até o término do relacionamento com ele.
– Primeiro lugar: é lindo, ! – riu. – Eu o vi pela janela hoje de manhã. – não pode deixar de sorrir a escutando. – E segundo, sobre o término com o Bruno você fez o certo, eu já tinha te falado não é saudável você ficar com ele apaixonada pelo . – balançou a cabeça negando. – Você não nega porque você está sim, desde o dia que você o reencontrou. E terceiro, o que você vai fazer agora? – a encarou, curiosa.
– Eu vou passar o fim de semana em Montecastelo. – bateu a mão na testa teatralmente. – Assim eu vejo a minha mãe e principalmente a Helena.
– Você acha que fugir vai adiantar? – revirou os olhos.
– Eu não estou fugindo, , eu só quero ficar um tempo com a minha família, me preocupar com os problemas delas que são muito maiores que os meus, diga-se de passagem, e manter distância do Bruno e do ! Eu só quero respirar!
– Você está fugindo! – piscou rapidamente os olhos. – Mas você não disse que amanhã o volta do afastamento? Será inevitável não encontrá-lo.
– Amanhã eu tenho um congresso na zona sul, mas especificamente em Santo Amaro, não vou para a empresa.
– E segunda feira? Uma hora você vai ter que encontrar o senhor eusougostoso.com.
– Até segunda feira eu estarei mais equilibrada. – embrenhou a mão nos cabelos, e bufou alto. – Você não tem noção de como eu sinto raiva do . – a instigou a falar. – Ele chegou bagunçando tudo. Eu beijava o Bruno pensando nele, eu trabalhava pensando nele, e Deus sabe e você também, a luta que foi conseguir esse emprego. – ela fez uma breve pausa. – Os muitos meses que eu passei desempregada e os preconceitos que eu passei para chegar aonde cheguei. Agora para fechar com chave de ouro: até ciúmes dele eu tenho sentido! – acabou rindo no final da frase.
– Então o negócio é sério mesmo e... – a interrompeu, retomando seu monólogo.
– E que direito eu tenho de sentir ciúme dele? Me diz? – ameaçou falar algo, mas a mulher a interrompeu. – Sim, eu estou incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele e a intensidade que a cada dia esse sentimento cresce dentro de mim me assusta. – ela tampou o rosto com as duas mãos. Finalmente ela havia externalizado, não tivera coragem de falar aquilo para o ex namorado, mas a verdade era que sabia muito bem o que sentia, só não queria admitir.
– De verdade, sabe o que eu acho? Que é difícil demais ser você. – elas riram. – Só se joga, curta o , você quer ele, ele te quer; – abaixou a cabeça. – Pensa somente em você, esquece um pouco o Bruno, ele vai superar um dia, gatinha.
– É difícil isso, não é drama é só que eu não quero magoar o Bruno. – ela respirou fundo. – Enfim, por isso quero me afastar de tudo isso.
– Fuja, vai ter um tempo com sua família, vai pra calmaria de sua cidade natal, talvez te faça bem. – bocejou ao término da frase.
– É nisso que eu estou apostando. – ela sorriu levemente. soltou mais um logo bocejo.
– Vou dormir, , estou extremamente cansada, hoje foi um dia bem complexo.
– Vou tentar dormir, estou bem cansada também. – foi até a televisão e a desligou. As duas foram caminhando até os quartos, despediram-se e cada uma entrou no seu.
Enquanto o ônibus estacionava pôde ver sua mãe na plataforma de saída da rodoviária, sentiu um aperto no peito, estava mesmo com saudades dela e de tudo aquilo. O ônibus finalmente estacionou, ela pegou sua pequena mochila e desceu.
– Confesso que eu não esperava você aqui, querida. Quando me ligou avisando sobre a viagem, fiquei surpresa. – A garota sorriu com o comentário da mãe e foi de encontro a ela, a abraçando fortemente. Demoraram longos minutos para se soltarem.
– Você para, hein? Eu já estava pensando em vir aqui, só que tive uma motivação. – elas caminhavam, enquanto segurava fortemente a alça da mochila em seus ombros.
– Que seria? – a mãe examinou o rosto da filha para encontrar algo.
– Saudade da minha mãe maravilhosa, ué? – ela estalou mais um beijo no rosto da senhora.
– Quem não te conhece que te compre, filha. – riram. – Estava com saudades de você também, meu amor.
Continuaram a caminhada já que a rodoviária era bem próxima da casa de sua mãe.
– Você tá bem mesmo, meu amor? – Alice perguntou desconfiada.
– Eu estou sim, mãe. – ela desviou o olhar, não estava ali para pedir conselhos sobre a situação que estava vivendo, queria espairecer e tocando no assunto não ajudaria em nada. – E Helena?
– Está na mesma, filha. Deprimida, não sai do quarto... – o sorriso da mulher morreu. – Não está indo ao psicólogo, estou bem preocupada com a saúde mental de sua irmã. – suspirou fundo. – Espero que com sua visita, ela se entusiasme pelo menos um pouco.
– Mãe, eu nunca imaginei que ela ficaria tão mal assim. – franziu o cenho. – Eu sinto que tem algo a mais ali.
– Creio que sim, mas sua irmã não me conta nada, ela é tão fechada... Com você ela se sente tão à vontade. – a mãe apertou os lábios.
Elas logo chegaram a casa, e a mais velha empurrou o pequeno portão de madeira permitindo a entrada de . Ela sentiu um cheiro familiarizado, consequentemente um bolo quentinho de fubá estava em cima da mesa pronto para consumo. Elas adentraram ao cômodo, jogou a mochila no sofá.
– Mãe, eu vou vê-la. – a mulher assentiu e logo subiu as escadas.
– Espero que tenha sorte. – a mãe sussurrou.
viu a primeira porta do corredor, a qual pertencia a irmã mais nova, bateu levemente e escutou um vai embora.
– Mas eu não vou embora mesmo! – abriu a porta e suspirou fundo com a escuridão que predominava aquele ambiente. Sua irmã sofria, e aquilo lhe destroçava. – Helena?
– Oi, ! – a garota respondeu baixo.
acendeu a luz, se aproximou e sentou no canto da cama ao lado da adolescente. Lhe abraçou ternamente, Helena sentia saudades da irmã mais velha, nos braços dela sentia certo conforto e paz. tinha preocupação nos olhos, Lena estava visivelmente mais magra e tinha extensas olheiras.
– Eu senti tanto a sua falta. – ela deu um beijo na testa da irmã, enquanto a tinha em seus braços.
– Eu também senti, . – Helena deixou escapar algumas lágrimas.
– Quer me contar o porquê está tão triste? – ela alisava o cabelo da irmã, e dava beijos na testa dela.
– A minha mãe já deve ter te contado. – ela suspirou fundo, se agarrando ao abraço.
– Sim, ela me contou, mas eu quero escutar de você.
– Certo. – ela suspirou. – Meu melhor amigo Dennis sofreu um acidente de moto e morreu! Ele não podia ter morrido, sabe? Eu o amava tanto... – ela vomitava as palavras, como se elas a sufocassem – Eu o amava mais do que um amigo, e ele morreu sem saber disso. – ela se embolava com as palavras e as lágrimas desciam incessantemente.
– Lena, não se martirize assim. Olha, o Dennis morreu sabendo que poderia contar com você pra tudo e do amor mais puro e sincero que você tinha por ele.
– Sim, mas eu também era apaixonada por ele, . – ela soluçou.
– Onde ele estiver ele sabe de tudo, Lena, e ele não gostaria de te ver tão triste assim. Você precisa viver por ele, por mim e pela mamãe, nós te amamos tanto.
– Eu também amo vocês, mas dói muito. Eu já tentei inúmeras vezes levantar e tentar seguir em frente, mas eu simplesmente travo.
– Eu sei que dói, e dói muito. Com o tempo essa dor vai se transformando em saudade e a gente acaba aprendendo a conviver com ela. – suspirou fundo. – Quando o papai morreu, eu achei que fosse morrer junto com ele tamanha era a dor dentro de mim. Com a força da mamãe e a sua, que era tão criança e não entendia nada, eu fui conseguindo me estabilizar emocionalmente. O que eu quero dizer com isso é que você tem a mim e a mamãe para te ajudar no que precisar, seja apenas para te fazer companhia, ou para chorarmos juntas. Helena, eu estou aqui pra você.
– Eu sei que está. – ela voltou a abraçar a irmã e assim ficaram por um tempo. – ?
– Diga. – ela sussurrou rouca.
– Faça tudo o que sentir vontade e acima de tudo se arrependa por ter feito algo e não por nunca tê-lo feito.
– Por que está me dizendo essas coisas? – franziu o cenho, completamente confusa.
– Porque o que aconteceu me deixou essa lição. Não quero que cometa os mesmos erros que eu. Não esconda seus sentimentos. – ela sorriu minimamente.
estava petrificada, nunca pensou que as palavras de uma garota de dezessete anos, que a seu ver, pouco sabia da vida, lhe surtiria tanto efeito.
– Certo, eu prometo seguir seus conselhos. – elas sorriram uma para outra. – Se você seguir os meus. Vai voltar a frequentar o psicólogo e o psiquiatra. Você precisa querer melhorar. Promete pra mim, bebê? – a chamou pelo apelido de infância.
– Eu prometo que vou tentar. – ela suspirou fundo, enquanto sentia o carinho feito pela irmã em seus cabelos.
– Tentar é um ótimo passo, mas eu tenho certeza que você vai conseguir. Mesmo eu estando em São Paulo, me mande áudios, me escreva, me liga, só me procura sempre que se sentir angustiada ou sufocada com essa dor, ok?
– Eu farei isso, , pode deixar. – lhe deu um beijo na testa.
– Agora o que acha de descermos pra tomar café com bolo de fubá? Hein?
– Não tô com fome... – a interrompeu.
– O que conversamos, Lena? – a garota fez um biquinho, desanimada.
– Pra eu viver. – suspirou. – Tá certo, vamos descer.
Ela se levantou da cama e as duas seguiram abraçadas até a cozinha, a mãe passava o café e respirou aliviada ao ver um sorriso mínimo no rosto da filha mais nova. havia conseguido.
– Gosto de ver vocês duas assim, meus amores! – elas sorriram uma para outra e juntas deram um abraço apertado na mãe. Helena concluiu que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço tão acolhedor como aquele. Só elas para lhe darem força nessa fase tão difícil.
Já era quase oito horas da manhã e andava devagar dentro da Engeali até sua sala. Sentia o corpo moído, parecia que tinha sido surrada dentro daquele metrô, precisava de um carro com urgência, não estava mais aguentando pegar aquele transporte superlotado. Ficava mais cansada no trajeto, do que com o trabalho em si.
Entrou em sua sala com cara de poucos amigos, o dia havia começado tumultuado. Olhou a mesa e uma série de documentos pendentes estavam em cima dela, quis chorar com o tamanho da pilha deles. Tirou os saltos dos pês como de praxe e os colocou no canto da mesa. Sentou na cadeira com pernas de índio e se pôs a ler os documentos.
Não passou nem cinco minutos lendo, quando foi interrompida pela porta.
– Oi! Licença, dona . – Wesley colocou somente a cabeça para dentro da sala. Era o mais novo jovem aprendiz da Engeali.
– Diga, Wesley. – ela o olhou rapidamente, dividindo a atenção aos documentos e ao garoto.
– Pediram para te entregar isso. – se segurou para não revirar os olhos, provavelmente mais um documento.
– Certo, deixa em cima da mesa. – ela voltou a olhar para o rapazinho e se surpreendeu com que ele carregava em mãos. – Quem mandou?
– O . Ele pediu para te entregar esse café, porque de acordo com ele: Esse café melhora qualquer humor. – o rapaz terminou a frase imitando o homem. acabou sorrindo, era ridicularmente fofo.
– Certo, obrigada. – ele entregou o café nas mãos dela e saiu discretamente da sala.
Ela voltou à leitura dos documentos agora com um sorriso de lado, enquanto se deliciava com o café.
– , . – Jane apareceu na porta a abrindo, com um sorriso enorme. Ele acabou se assustando com a aparição espontânea dela ali. – Trouxe biscoito de água e sal e café porque você é um viciado.
– Jane, é bolacha! – ele comentou brincalhão, pegando o alimento que ela oferecia.
– Não vou discutir isso com você. – sorriu divertida. Jane entregou o café na mão do rapaz e desastrado do jeito que ele era acabou virando o conteúdo do copo em cima de si mesmo.
– Nossa, que merda! – reclamou. Pegou folha sulfite para se secar.
– Ai, , folha sulfite não seca nada. – ela bateu a mão na testa – Deixa eu te ajudar. – pegou o pano que estava em sua cintura e colocou sobre a blusa e parte da calça dele tentando absorver o café.
– , preciso urgente que você m... – se interrompeu com a cena que visualizou. Jane sentada na mesa, com a cabeça abaixada, e sentado de frente para a moça. – O que está acontecendo aqui?
Os dois tomaram um susto com a aparição da mulher, rapidamente eles se arrumaram em posições mais confortáveis.
– Não é nada demais, é que o derrubou café e eu estava o ajudando a se secar. – Jane tentava se explicar.
– Não é o que me pareceu. – olhava para os dois com a sobrancelha arqueada.
– ... – ela lhe lançou um olhar matador, ele se calou. Aquela cara... Já tinha se passado tantos anos, mas aquela cara significava... Ah, não, não, ela não podia estar com ciúmes? Ou podia?
– Bom, é... – a moça gaguejava, de olhos arregalados, buscando ajuda com , que parecia petrificado. – Eu só estava o ajudando, ele queria se secar com papel sulfite e eu peguei meu pano, foi somente isso. Não desconfie, por favor. Eu nunca faria algo nesse nível, de jeito nenhum.
– Jane, deixa que eu falo com a minha chefa, vá em paz. – tocou no ombro da moça, voltando a si. Ele tentava esconder a sombra de um sorriso. Jane franziu o cenho, confusa. – Confia em mim, ok? – piscou e ela assentiu.
– Tudo bem, com licença. – ela saiu da sala. acompanhava a cena de braços cruzados.
– , estamos em um ambiente corporativo e eu quase pego meu subordinado com outra colaboradora fazendo... Você sabe o quê! – balançava a cabeça negando. – Não negue, era essa a visão que eu tive quando entrei!
– , pelo amor de Deus! Olha o estado da minha camisa, eu nunca faria uma coisa dessas. – ele se levantou, mostrando que o tecido pingava café. – Não veja maldade onde não há. – Ela o avaliava e media as palavras do rapaz. Suspirou fundo, praticamente convencida.
– Ok, que isso não se repita, porque, caso aconteça, terei que tomar medidas drásticas!
– Não vai se repetir, porque não fizemos nada! – torceu a boca com a insistência dela naquilo.
Ele desabotoou a camisa rapidamente, tirando-a e ficando apenas de regata branca. Os olhos de não puderam ser direcionados para outro lugar senão para os braços e ombros do rapaz.
– , olha a postura! – ela ralhou com ele.
– Eu não vou ficar com a blusa cheirando café, já basta a calça. – ele sorriu de lado. – O que foi? Te incomoda? – ele apontou pra si.
– Ah, ... Você não merece nem resposta. – ela revirou os olhos. – Você não saaa dessa sala sem a sua camisa, estamos entendidos?
– Sim, senhora. – ele bateu continência.
– Enfim, com essa bagunça toda acabei me esquecendo de falar o mais importante. Estou sendo cobrada pelo comercial, eles precisam desses desligamentos que te demandei mais cedo, não demora mais!
– Tá faltando só algumas coisas, mas já libero os kits. – ela assentiu. Estava caminhando para saída da sala, quando disse algo que a fez parar. – Não precisa ter ciúmes de mim, , eu sou todo seu.
– Como você é prepotente, por Deus! – ela acabou se virando. – Eu já disse que a cena que eu presenciei foi extremamente estranha, e eu sou sua líder.
– Deixa a minha líder de lado, não quero falar com ela. – ela enrugou o nariz. – O seu olhar de ciúmes continua o mesmo de vinte anos atrás, eu te conheço. – sorriu sacana. Como aquele sorriso a irritava, caminhou e parou de frente para ele.
– Aonde quer chegar com isso? – ela o examinou.
– Eu quero entender o que você sente por mim, porque a cada minuto eu fico mais confuso com cada ação sua. – fechou os olhos, aquele assunto não era para ser discutido ali.
– , eu não vou falar com você sobre isso agora, aqui não é lugar. É nosso ambiente de trabalho!
– Sim, está coberta de razão. Hoje eu te dou uma carona, e a gente conversa. – ele a pressionou.
– Ok – foram essas últimas palavras de e o baque alto da porta pode ser ouvido.
O elevador abriu, e o sorriso dela morreu quando avistou conversando com a recepcionista. Ele ainda não tinha ido embora. Ele não tinha a visto ainda e por isso, ela andou depressa, olhando para o lado oposto ao qual ele estava, mas de nada adiantou, ele a viu. Ele pegou a mochila depressa para alcançá-la.
– Não mesmo, . – ele segurou de leve o braço dela. Ela virou-se pra ele, sem graça.
– Eu não tinha te visto, me desculpa. – ele enrugou a testa, em descrença.
– Claro que não viu, eu acredito mesmo. – ele a respondeu sarcástico. Ela forçou um sorriso. – Vamos?
– Vamos. – suspirou fundo, andando junto com ele.
Eles caminharam até o carro do rapaz que estava estacionado do outro lado da rua, e entraram calados. Um silêncio desconfortável se instaurou ali.
– Pra onde? – ele perguntou.
– Para minha casa, . não está lá, fica ótimo para conversarmos.
– Se você quiser falar no carro mesmo, só tem a gente aqui. Eu não vejo problema.
– Não! Na minha casa. Não me sinto segura de conversar sobre isso no seu carro. – era uma mentira deslavada. Ela estava tentando ganhar tempo com o rapaz, ela não sabia ainda como começar a abordar o assunto. Ela sentia o estômago embrulhando.
– Tudo bem, pra sua casa então. – sorriu de lado e começou a dirigir.
Durante o percurso, tentou conversar com , mas ela era monossilábica. A tensão que emanava do corpo da mulher, deixava curioso, querendo entender o que poderia vir dali.
Ele finalmente estacionou o veículo em frente à casa dela. Desceram e rapidamente entraram na casa, calados. Ela colocou a bolsa em cima do sofá, direcionando seu olhar a ele.
– Quer tomar alguma coisa? – perguntou educadamente.
– Não, estou bem. – lançou-lhe um olhar curioso. Ficaram em um silêncio desconfortável por alguns instantes.
– Eu estou completamente apaixonada por você. – ela quebrou o silêncio, capturando a atenção do rapaz.
– Você o quê? – ele se assustou com a frase dela.
– Quando eu te vejo, meu coração dispara, borboletas sambam no meu estômago, eu fico nervosa... Me sinto uma adolescente. – sentiu-se desconfortável abrindo-se dessa forma pra ele. – Eu estou apaixonada por você, . – ele sorriu, era o sorriso mais lindo que tinha visto em sua face. – E sim, eu fiquei com ciúmes de você com Jane.
Ele riu alto, e a abraçou, não aguentando se segurar mais.
– Eu nunca esperei que escutar essas palavras me fariam tão bem. – ele ainda sustentava o sorriso. – Você é tão marrenta! Se declara pra mim desse jeito, mas está namorando. Assim você me quebra, . – fez um biquinho.
– Eu terminei meu namoro tem uns dias. – suspirou fundo, não queria falar de Bruno, não naquele momento.
– Ah, , então eu vou te beijar. – ele a examinou.
– Então beija...
Ele se aproximou do rosto dela, ela o encarava, ansiosa. Ele desenhou seu lábio inferior com os dedos, ela fechou os olhos, completamente entregue a ele. lhe deu um selinho longo, um simples encostar de lábios. entreabriu os lábios, e ele tornou aquele simples selinho em um beijo de verdade. Eles se beijavam como se tivessem sede um do outro, começara lento e agora era feroz. grudou seus corpos de forma que não havia se quer algum espaço entre eles. Ele a trouxe para o seu colo, e as mãos dele passavam por todo o corpo dela. As mãos da mulher, ora bagunçavam o cabelo dele, ora arranhavam a nuca do homem. não queria parar de beijá-la, estava viciado em .
Capítulo 7
Ele se separou rapidamente dela e tirou a própria regata. suspirou fundo, voltando a beijá-lo rapidamente, não queria desgrudar do rapaz. Agora as mãos dela passeavam por todo o abdômen de , o que ela mais desejava era manter as mãos naquele tanquinho que, de acordo com ela, era delicioso. Desejou colocar as mãos desde que o viu pela primeira vez sem camisa.
Ela foi sentindo a ereção do rapaz cada vez maior, e aquilo estava a deixando completamente louca. Não era como se tivesse sem transar há muito tempo, tinha transado com Bruno há menos de um mês, mas era ali em seus braços, era algo que ela sempre desejou em seu subconsciente. Não queria perder a oportunidade, apesar de que talvez se arrependesse da decisão tomada.
cortou o beijo, e tirou a própria blusa, ficando de sutiã. não resistiu, e acabou admirando um pouco mais a região, viu que os peitos da mulher eram perfeitos. Mal cabia em si para saber o que aquele sutiã escondia. Automaticamente ele levou a mão ao fecho, os liberando dali.
– Deveria ser proibido que você usasse sutiã. Eles são tão lindos... – ele sussurrou no ouvido dela, fazendo com que ela se arrepiasse.
Ele levou as mãos ali, e começou a massagear o local. arqueou o corpo para trás automaticamente quando sentiu beijos molhados por todo o local. Fechou os olhos, enquanto curtia aquele momento tão único.
Eles só não esperavam que a porta fosse aberta tão bruscamente e uma completamente alheia entrasse ali. Automaticamente os dois se separaram, puxou uma almofada que estava no sofá para se cobrir, virando de costas para a porta, enquanto puxou uma almofada para cobrir sua ereção. se deparou com a cena e escancarou a boca.
– ! – soltou um grito fininho. mordeu os lábios e fechou os olhos. olhava pra baixo, querendo rir.
– Ai, meu Deus, ! – ela pegou a blusa que jogou para ela, vestindo a depressa. – Eu não tenho nem o que dizer pra você... – virou para a amiga finalmente a encarando, estava realmente envergonhada. Tinham anos de amizade, mas nenhuma das duas presenciou esse tipo de coisa uma da outra.
– Já que eu empatei mesmo a foda, me apresenta ele. – sentou-se ao lado do rapaz. não aguentou a fala da mulher e acabou não conseguindo prender o riso, gargalhando alto. quis sumir de vez.
– Me chamo , prazer tão famosa . – ele ainda ria, quando se aproximou da moça para lhe cumprimentar com dois beijinhos no rosto.
– Ela me ama demais, né? Eu sei. – balançou as sobrancelhas, divertida. – Você também é bem famoso nessa casa. Chegou de forma bem avassaladora na vida dessa pobre mulher. – revirou os olhos encabulada.
– Ela que chegou com tudo por aqui – apontou o próprio coração. – Me deixou completamente louco, nunca me senti tão vivo.
– Ela é muito linda, né? – o instigou, era adorável o jeito que ele olhava pra amiga.
– Sim, essa mulher é linda demais. É uma deusa de Ébano. – riu alto da careta que a melhor amiga fazia. Era bem piegas, mas era adorável. balançou a cabeça negando, ela mataria assim que tivesse oportunidade, ela estava dando corda demais.
– Você já olhou para sua barriga? Tem umas marcas de...
– Chega disso! Pelo amor de Deus! – a interrompeu bruscamente. – Veste essa regata logo, ! – ele segurou a risada rapidamente vestindo a blusa.
– Acho melhor eu ir embora. – ele coçou a nuca, rindo levemente ao perceber o quão desconfortável a amada estava. Levantou-se do sofá, sabendo que agora depois da sessão risadas seu amiguinho tinha se acalmado, ao menos um pouco.
– Sim, olha que ideia maravilhosa, não? – forçou um sorriso, puxando-o pela mão até a porta.
– Fica pra jantar, ? – perguntou risonha. Antes que pudesse responder, tomou a frente.
– Hoje ele não pode, mas oportunidades não faltarão. – abriu a porta, o empurrando para que ele saísse o mais depressa possível.
– Nossa senhora, tá me expulsando mesmo. – ele sussurrou somente para que ela escutasse.
– Cala a boca, pelo amor de Deus! – ela lhe deu um longo selinho, se despedindo dele e em seguida fechou a porta. Encostou-se à mesma, suspirando fundo. assistia a cena gargalhando alto.
– Isso tudo é culpa sua, viu? Você sabe das regras, não trazemos boys para casa, a não ser que comuniquemos uma a outra com antecedência.
– Eu não estava pretendendo trazer aqui, aconteceu... – jogou-se no sofá ao lado da amiga.. – Mas você precisava mesmo me envergonhar desse jeito?
– Foi mais forte que eu, você me conhece, sou meio destrambelhada. Me desculpa, amiga. – ela apertou as bochechas dela.
– O que achou dele? – arrancou as mãos da mulher de sua bochecha.
– Adorável, ele gosta mesmo de você. – fingiu suspirar apaixonadamente. – Deu para perceber pelos olhos dele e é tão fofo isso. – não pode deixar escapar um sorriso da face.
– Sim, é completamente meu oposto, acho engraçado isso...
– Ele é muito intenso, , essa é a verdade. Você é mais fria, talvez por isso você dois deem certo.
– Nossa, muito obrigada pela parte que me toca. – colocou a mão no coração, fingindo que doía a região.
– Trago verdades, meu bem. – sentiu a barriga roncar, acabou se levantando preguiçosamente dali indo até a cozinha para ver o que tinha na geladeira. – Precisava mesmo expulsar o boy desse jeito? Eu não mordo. – piscou os olhos inocentemente.
– Ridícula! – acabou rindo. – O mínimo que você pode fazer para se redimir é me alimentar...
– Ah vá, sua aproveitadora. – revirou os olhos. – Vai ser macarrão alho e óleo, queridinha. Estou morta de cansaço para fazer algo mais elaborado.
– Qualquer coisa está ótimo. – se levantou do sofá e se dirigiu para a cozinha para ajudá-la no que fosse preciso.
***
Era sábado de manhã, estava em completo tédio em casa, havia marcado um encontro com mais algum rapaz do aplicativo, eles almoçariam juntos. torcia que dessa vez desse certo, mesmo que ela preferisse mil vezes que a amiga procurasse alguém de forma convencional.
Pegou o celular, e olhou a tela inicial e viu que havia algumas mensagens ali, viu o nome de e sorriu. Eles passaram a semana bem no ambiente de trabalho, não havia tentado beijá-la, só uma brincadeirinha aqui, um elogio acolá, uma tentativa de almoço ali, mas estava tudo sobre controle. Ela deu graças a Deus por isso. Ela temia que ele não conseguisse separar as coisas, mas quase foi ela que caiu em tentação ali...
Quinta feira: 15h17 min
– Licença. – deu três batidinhas na porta, anunciando sua chegada ali. Ela não o encarou, estava concentrada, precisava avaliar aquele e-learnig de Bianca, a avaliação do treinamento havia sido muito baixa, os funcionários reclamavam da didática.
– Diga, . – colocou na frente do rosto dela os formulários de liberação de contratação pra que ela assinasse.
– Preciso que você assine esses documentos pra liberar a contratação de três analistas junior. – finalmente o fitou, começando de cima a baixo e percebeu que aquela calça estava extremamente justa, marcando um certo volume ali. Ela acabou engolindo seco.
– Hãn, certo. – balançou a cabeça, tentando não direcionar o olhar ali. – Deixa em cima da mesa, e assim que eu terminar, eu assino. – seu rosto voltou novamente para o lugar proibido.
– Tá tudo bem contigo? – perguntou visivelmente preocupado com a face dela.
– Claro é... – ela mexeu nos cabelos desajeitadamente. – Por que não estaria?
– Sei lá. – deu de ombros, se virou e foi saindo da sala para que a deixasse trabalhar em paz. A visão da bunda dele naquela calça social a tirou o ar...
– – ela o chamou, ele se virou –, essa sua calça está extremamente justa, não? – franziu o cenho não entendendo onde ela queria chegar.
– Está? – perguntou enquanto levava o olhar ali.
– Ai, sai daqui logo, pelo amor de Deus! – fechou os olhos, enquanto prendia a risada pela lerdeza dele. Ele ainda a encarava tentando descobrir algo até que como um click se tocou o que era e acabou rindo.
– Acho que vou repetir mais vezes ela, viu? Só pra poder ver essa carinha safada ai. – zombou dela, enquanto ainda ria.
– , não brinca com fogo que nós dois seremos demitidos por justa causa. – mordeu os lábios, derrotada. – Agora vai logo.
– Também te amo. – sorriu abertamente, enquanto saia dali ainda rindo.
Riu se lembrando daquilo, mas acabou não visualizando as mensagens do rapaz, primeiro tinha que fazer algo. Procurou um determinado contato e rapidamente discou, olhou as unhas enquanto aguardava que fosse atendida.
– Oi, . – ela escutou do outro lado da linha.
– Oi, bebê. – cumprimentou animada, fazendo com que Lena do outro lado da linha sorrisse com a saudação. – Como você está? Comendo direitinho?
– Estou bem sim e você? Aham, pode perguntar para a minha mãe. – sorriu ternamente, o tom de voz dela estava bem melhor. Sua bebê estava caminhando para uma melhora, sem sombra de dúvidas aquilo acalentava seu coração.
– Estou bem também. Ô possessiva, a mãe também é minha, não se esqueça que eu nasci primeiro. – permitiu-se brincar com a mania da irmã de sempre se referir a mãe como apenas dela.
– Não precisa esfregar na minha cara que você tem ela há mais tempo na sua vida. – elas riram.
– Eu nunca me canso de falar isso, amo te perturbar, Lena. – a mais nova balançou a cabeça concordando, como se a outra pudesse ver.
– E as coisas ai em SP? Como estão?
– Andam boas, nada de novo sob o sol. – respondeu. Não tinha tido coragem de contar a irmã ou a mãe que havia terminado o namoro, não queria preocupá-las. Quando voltasse lá contaria pessoalmente a bagunça em sua vida. – Como anda a escola?
– Normal... – ela suspirou fundo.– Não, eu sinto tanta falta dele lá. – esboçou preocupação.
– Eu imagino, meu bem. Ele passava os intervalos com você, né?
– Sim, éramos inseparáveis, a minha ficha tá demorando a cair que nunca mais o verei.
– Eu sei, eu sei. – tentou consolá-la. – Isso faz parte do processo de luto, tem seus altos e baixos. A ficha demora muito a cair, ainda mais quando a pessoa é tão presente assim na nossa vida.
– Sim, tem dias que a saudade é insuportável, e então eu sigo seus conselhos e te perturbo no whatsapp. – sorriu com a última fala da menina.
– Perturbe mesmo, eu estou aqui pra isso, meu amor. Pra te ajudar a passar por esse momento.
– Eu amo muito você. – suspirou fundo. – Estou com muitas saudades. Você vem antes de eu ir ai? Falta uns dois meses mais ou menos pras férias.
– Eu também tenho saudades. – sorriu. – Sim, certeza que vou antes. Acho que vou ai até de carro. – a irmã deu um gritinho. – Isso mesmo, estou pensando em comprar um.
– Ah, finalmente! Demorou, , tem 31 anos nas costas e não tem um carro, é deprimente.
– Sua ridícula, olha o jeito que você fala comigo, hein? Vou já, já dar uns tapas em você. – brincou.
– Vem, eu... – Helena escutou a campainha de casa tocar, ela sabia quem era. – , vou precisar desligar, vou ao cinema com uma amiga, o pai dela vai nos levar na cidade vizinha.
– Que coisa mais maravilhosa, isso mesmo saía e se distraia. Amo você.
– Amo mais – se despediram e desligaram.
estava mais aliviada, Lena parecia bem melhor, estava indo à escola, saindo com amigos, tentando seguir em frente. Estava com saudades, precisava voltar lá, mas o tempo estava escasso... E ainda estava planejando se endividar com a possível compra do carro. Lembrando-se disso, resolveu abrir o whatsapp, sabia bem quem poderia ajudá-la com o primeiro passo pra que ela pudesse comprar o veículo.
[]: Bom dia!
[]: Você está bem?
[]: Quero te ver hoje! Vai fazer algo?
[]: Isso é meio louco porque a gente se viu ontem, mas cara você é viciante...
Ela acabou rindo com as mensagens dele, ele era a companhia perfeita para ajudá-la com aquilo.
[]: Bom dia! Estou ótima e você?
[]: Queria comprar um carro, mas tem um pequeno problema...
[]: Bem 😊
[]: Opa, que legal! Qual o problema?
[]: Faz muito tempo que não pego no volante, então pensei, por que não pedir ajuda do meu melhor amigo? Você me daria umas aulinhas no seu carro?
[]: Só melhor amigo? 😟
Ela revirou os olhos com aquilo, mesmo que eles tivessem ficando, eles ainda eram amigos, certo? O que ele queria que ela respondesse?
[]: 🙄🙄🙄
[]: Sim ou não?
Ela acabou o ignorando, não queria falar sobre o que tinham ainda, era muito cedo.
[]: Claro que sim, se quiser podemos fazer isso agora.
Claro que por ele estariam em um relacionamento sério, mas conhecia bem aquela mulher. Nada com era fácil.
[]: Vou almoçar e a gente se encontra em algum lugar, pode ser?
[]: Não. Eu vou na sua casa, e a gente vê algumas ruas desertas por ai.
[]: Se não for te incomodar por mim ok.
[]: Você jamais me incomoda. 😍😍
[]: Então fechou. Passo ai umas 14hrs.
[]: Combinado. Obrigada 😘
[]: 💖💖💖
Ela deixou o celular de lado e foi tomar um banho, queria estar pronta pra quando ele aparecesse. Já voltou a malhar agora com um sorriso largo no rosto.
****
Ela escutou buzinas do lado de fora, sabia que havia chegado. Pegou as chaves, o celular e trancou a casa. Encontrou o rapaz encostado no veículo, mexendo no celular distraído. Se aproximou sorrateiramente dele, abaixou o celular do mesmo e lhe deu um selinho se afastando. Ele a puxou para si negando com a cabeça.
– Não tão rápido, mocinha. – juntou suas bocas, abraçando a garota com força, enquanto aprofundava o beijo. O beijo de era como uma droga pra ele, sem sombra de dúvidas. Ela se afastou dele com um sorriso tímido.
– Vamos? – ele jogou a chave pra ela. Ela franziu o cenho – Já vou dirigindo?
– Claro, por que não? – sorriu fofamente pra ela.
– Acho melhor esperarmos chegar em uma rua deserta, já pensou se eu causo um acidente ou algo assim? Jamais me perdoaria. – ela jogou a chave de volta pra ele, e se direcionou ao banco do carona.
– Tudo bem, você que sabe. – correu para abrir a porta para ela.
Conduziu o veículo atrás de ruas menos movimentadas por ali, algo raro, já que estavam na zona central da cidade, por fim encontraram. Desceram do veículo e ambos trocaram de lugar. Ele agora estava no banco do passageiro, observando-a ligar o carro.
As mãos dela tremiam levemente enquanto segurava o volante, querendo ou não fazia muito tempo que não fazia isso. Ela tentou sair com o veículo, mas o carro morreu.
– Vamos lá. – ela falou mais pra si do que pra ele e riu nervosa. Mais uma vez o carro morreu.
– , você precisa fazer o ponto da embreagem. – ele comentou. Ela franziu o cenho, então se recordando disso.
– Ai, , como eu vou ter um carro se nem o básico eu me lembro? – fingiu um choro, colocando as mãos no rosto.
– Respira fundo, vai. – ele fez e ela o imitou. – Agora com o pé no freio e na embreagem, vá soltando o pedal da embreagem levemente até sentir uma trepidação no carro. – fez o que ele pediu – Quando sentir. pare de soltar o pedal da embreagem e deixe-o na posição sem mexer.
– Assim? – ela apontou para o pé, e ele concordou.
– Agora solte o freio e acelere um pouco para dar força ao carro e em seguida vá soltando a embreagem levemente para o carro começar a andar. – o veículo andou alguns metros, mas morreu – Repete o processo de novo. – ela fez uma careta. – Isso é manha, com o tempo você vai ficar craque. – se aproximou dela e roubou um selinho. sorriu e assentiu, ligando o carro de novo.
Passaram a tarde de sábado assim, ensinando e dando boas dicas pra ela. Ele sabia que aquilo não seria tão difícil, ela só estava mesmo enferrujada.
***
– Estou exausta! – se jogou no sofá e fechou os olhos. se acomodou ao lado dela.
– E isso é só o começo, hein? – apertou a perna dela levemente. – Se tudo der certo logo, logo a gente vai no feirão e escolhe seu carro, hun?
– Se eu estiver mais segura dirigindo, né? Não quero comprar o carro pra garagem fazer uso dele. – abriu os olhos, direcionando o olhar a ele.
– Concordo plenamente, fora que deixar o carro muito tempo parado estraga. – virou o corpo na direção dela, a fitando. Colocou o cabelo dela atrás da orelha. – Você é linda demais...
– , você me deixa sem graça com esses elogios. – segurou a mão dele e lhe deu um beijinho ali. – Mas obrigada.
– É que eu olho pra você, e eu não consigo resistir, as palavras saem sem que eu perceba. – ela lhe roubou um selinho. Ele a segurou, e se aproximou do ouvido dela. – Quero terminar o que a gente começou aqui... – ela fechou os olhos e sentiu a boca seca.
– , não aqui. – ela suspirou fundo, – A está em casa.
Foi só falar no nome da moça que ela apareceu ali, cantarolando alguma coisa.
– Me digam que eu não atrapalhei nada dessa vez, por favor. – ela fez uma mini careta, enquanto voltava para o quarto.
– Amiga, relaxa, por favor e senta aqui. – sorriu minimamente, negando.
– Oi, ! – ela acenou em direção ao rapaz.
– Eu não vou sentar mesmo ai, não quero ser um castiçal. Sabemos bem o fogo que é começo de namoro.
– Não estamos namorando! – esganiçou a corrigindo. se sentiu mal com o jeito que aquilo foi dito. É claro que eles não estavam namorando, mas precisava ser dito assim? sempre foi uma pessoa do bem, mas se magoava com facilidade. percebeu o clima que se instaurou ali e rapidamente decidiu mudar de assunto.
– Eu sai agora do quarto e estava indo pedir algo pra comer, o que acham?
– Por mim ok, e ai, ? – assentiu calado. franziu o cenho, não entendendo o porquê de repente ele havia ficado estranho.
– Comida japonesa? – assentiram e se levantou em busca do celular para efetuar o pedido, deixando o casal sozinho.
– Por que está com essa cara? – mordeu os lábios, esperando que ele lhe respondesse logo.
– Nada não. – desviou o olhar dela. Ela suspirou fundo, puxando o rosto dele para que ele lhe encarasse.
– Você mente tão mal, pensei que soubesse disso. – abriu um sorriso de lado, e ele ainda estava sério.
– Ah, ... – ele passou a mão nos próprios cabelos. – Você respondeu a como se namorar comigo fosse alguma doença.
– Às vezes eu esqueço do quão sensível você é pra algumas coisas. – respirou fundo. – Você parece uma bomba relógio, nunca sei quando vai explodir.
– E você é muito diferente, né? Um poço de exemplo pra apontar os defeitos dos outros. – ela soltou uma risada irônica.
– Eu não sou exemplo pra ninguém, , eu sou um poço de defeitos, isso sim. Eu reconheço. – ela passou a mão no rosto, nervosa. – Não faz nem três semanas que eu sai de um relacionamento sério. Poxa, eu pensei que você fosse maduro pra entender, mas novamente a gente bate na tecla sobre sua infantilidade.
– Porra, , eu estou apaixonado por você. É crime isso?
– Não é crime, , é recíproco, mas eu quero que as coisas aconteçam devagar, eu não queria nem ficar assim tão rápido contigo. – passou a mão sobre a face dele. – Mas está acontecendo e eu estou deixando rolar naturalmente. Quanto ao meu tom de voz, eu me assustei com a possibilidade de estar namorando tão rápido, por isso a respondi assim. É o meu jeito, me desculpa se soou meio rude, não foi intencional. – ele se arrependeu quando escutou a justificativa dela. Ela estava certa.
– Não, me desculpa você, eu fui rude. Você tem razão, acabou de sair de uma relação longa... – ele acabou respirando fundo. – Sabe de quem é a culpa por eu ser tão sensível? – ele falou sério e ela franziu o cenho negando. – É da minha lua em câncer. – afinou a voz e ela acabou rindo alto.
– Meu Deus, você é terrível! – balançava a cabeça negando, enquanto ainda ria. – Lua, Vênus e os caralho a quatro em câncer, eita ser humano sensível. – ele fez biquinho. – Como a gente fica brava com você, hein? – lhe deu um selinho.
– Eu já cansei de te dizer, eu sou o ser humano mais apaixonante desse mundo. – ele mexeu as sobrancelhas de cima a baixo.
– Bobo. – eles escutaram a campainha tocar. – Ué, mas que rápido esse japonês, hein? – concordou, enquanto ela se levantava do sofá e ia atender a porta. Quando a abriu, tomou um susto.
– , a gente precisa conversar... Eu não paro de pensar em você! – Bruno tinha a face transtornada e já foi entrando dentro da casa.
– Bruno, eu... – ele estagnou próximo ao sofá quando viu que um homem estava ali. fez uma careta, fechando os olhos. – Ai, meu Deus! – ela sussurrou.
– Quem é esse cara? – Bruno quase não piscava encarando os olhos do rapaz. acabou trincando o maxilar, já sabia bem quem era o bendito Bruno.
Ela jamais pensou que estaria em uma situação dessas tão precocemente, estava muito ferrada. Que Deus lhe ajudasse, porque estava armada a terceira guerra mundial...
Ela foi sentindo a ereção do rapaz cada vez maior, e aquilo estava a deixando completamente louca. Não era como se tivesse sem transar há muito tempo, tinha transado com Bruno há menos de um mês, mas era ali em seus braços, era algo que ela sempre desejou em seu subconsciente. Não queria perder a oportunidade, apesar de que talvez se arrependesse da decisão tomada.
cortou o beijo, e tirou a própria blusa, ficando de sutiã. não resistiu, e acabou admirando um pouco mais a região, viu que os peitos da mulher eram perfeitos. Mal cabia em si para saber o que aquele sutiã escondia. Automaticamente ele levou a mão ao fecho, os liberando dali.
– Deveria ser proibido que você usasse sutiã. Eles são tão lindos... – ele sussurrou no ouvido dela, fazendo com que ela se arrepiasse.
Ele levou as mãos ali, e começou a massagear o local. arqueou o corpo para trás automaticamente quando sentiu beijos molhados por todo o local. Fechou os olhos, enquanto curtia aquele momento tão único.
Eles só não esperavam que a porta fosse aberta tão bruscamente e uma completamente alheia entrasse ali. Automaticamente os dois se separaram, puxou uma almofada que estava no sofá para se cobrir, virando de costas para a porta, enquanto puxou uma almofada para cobrir sua ereção. se deparou com a cena e escancarou a boca.
– ! – soltou um grito fininho. mordeu os lábios e fechou os olhos. olhava pra baixo, querendo rir.
– Ai, meu Deus, ! – ela pegou a blusa que jogou para ela, vestindo a depressa. – Eu não tenho nem o que dizer pra você... – virou para a amiga finalmente a encarando, estava realmente envergonhada. Tinham anos de amizade, mas nenhuma das duas presenciou esse tipo de coisa uma da outra.
– Já que eu empatei mesmo a foda, me apresenta ele. – sentou-se ao lado do rapaz. não aguentou a fala da mulher e acabou não conseguindo prender o riso, gargalhando alto. quis sumir de vez.
– Me chamo , prazer tão famosa . – ele ainda ria, quando se aproximou da moça para lhe cumprimentar com dois beijinhos no rosto.
– Ela me ama demais, né? Eu sei. – balançou as sobrancelhas, divertida. – Você também é bem famoso nessa casa. Chegou de forma bem avassaladora na vida dessa pobre mulher. – revirou os olhos encabulada.
– Ela que chegou com tudo por aqui – apontou o próprio coração. – Me deixou completamente louco, nunca me senti tão vivo.
– Ela é muito linda, né? – o instigou, era adorável o jeito que ele olhava pra amiga.
– Sim, essa mulher é linda demais. É uma deusa de Ébano. – riu alto da careta que a melhor amiga fazia. Era bem piegas, mas era adorável. balançou a cabeça negando, ela mataria assim que tivesse oportunidade, ela estava dando corda demais.
– Você já olhou para sua barriga? Tem umas marcas de...
– Chega disso! Pelo amor de Deus! – a interrompeu bruscamente. – Veste essa regata logo, ! – ele segurou a risada rapidamente vestindo a blusa.
– Acho melhor eu ir embora. – ele coçou a nuca, rindo levemente ao perceber o quão desconfortável a amada estava. Levantou-se do sofá, sabendo que agora depois da sessão risadas seu amiguinho tinha se acalmado, ao menos um pouco.
– Sim, olha que ideia maravilhosa, não? – forçou um sorriso, puxando-o pela mão até a porta.
– Fica pra jantar, ? – perguntou risonha. Antes que pudesse responder, tomou a frente.
– Hoje ele não pode, mas oportunidades não faltarão. – abriu a porta, o empurrando para que ele saísse o mais depressa possível.
– Nossa senhora, tá me expulsando mesmo. – ele sussurrou somente para que ela escutasse.
– Cala a boca, pelo amor de Deus! – ela lhe deu um longo selinho, se despedindo dele e em seguida fechou a porta. Encostou-se à mesma, suspirando fundo. assistia a cena gargalhando alto.
– Isso tudo é culpa sua, viu? Você sabe das regras, não trazemos boys para casa, a não ser que comuniquemos uma a outra com antecedência.
– Eu não estava pretendendo trazer aqui, aconteceu... – jogou-se no sofá ao lado da amiga.. – Mas você precisava mesmo me envergonhar desse jeito?
– Foi mais forte que eu, você me conhece, sou meio destrambelhada. Me desculpa, amiga. – ela apertou as bochechas dela.
– O que achou dele? – arrancou as mãos da mulher de sua bochecha.
– Adorável, ele gosta mesmo de você. – fingiu suspirar apaixonadamente. – Deu para perceber pelos olhos dele e é tão fofo isso. – não pode deixar escapar um sorriso da face.
– Sim, é completamente meu oposto, acho engraçado isso...
– Ele é muito intenso, , essa é a verdade. Você é mais fria, talvez por isso você dois deem certo.
– Nossa, muito obrigada pela parte que me toca. – colocou a mão no coração, fingindo que doía a região.
– Trago verdades, meu bem. – sentiu a barriga roncar, acabou se levantando preguiçosamente dali indo até a cozinha para ver o que tinha na geladeira. – Precisava mesmo expulsar o boy desse jeito? Eu não mordo. – piscou os olhos inocentemente.
– Ridícula! – acabou rindo. – O mínimo que você pode fazer para se redimir é me alimentar...
– Ah vá, sua aproveitadora. – revirou os olhos. – Vai ser macarrão alho e óleo, queridinha. Estou morta de cansaço para fazer algo mais elaborado.
– Qualquer coisa está ótimo. – se levantou do sofá e se dirigiu para a cozinha para ajudá-la no que fosse preciso.
Era sábado de manhã, estava em completo tédio em casa, havia marcado um encontro com mais algum rapaz do aplicativo, eles almoçariam juntos. torcia que dessa vez desse certo, mesmo que ela preferisse mil vezes que a amiga procurasse alguém de forma convencional.
Pegou o celular, e olhou a tela inicial e viu que havia algumas mensagens ali, viu o nome de e sorriu. Eles passaram a semana bem no ambiente de trabalho, não havia tentado beijá-la, só uma brincadeirinha aqui, um elogio acolá, uma tentativa de almoço ali, mas estava tudo sobre controle. Ela deu graças a Deus por isso. Ela temia que ele não conseguisse separar as coisas, mas quase foi ela que caiu em tentação ali...
Quinta feira: 15h17 min
– Licença. – deu três batidinhas na porta, anunciando sua chegada ali. Ela não o encarou, estava concentrada, precisava avaliar aquele e-learnig de Bianca, a avaliação do treinamento havia sido muito baixa, os funcionários reclamavam da didática.
– Diga, . – colocou na frente do rosto dela os formulários de liberação de contratação pra que ela assinasse.
– Preciso que você assine esses documentos pra liberar a contratação de três analistas junior. – finalmente o fitou, começando de cima a baixo e percebeu que aquela calça estava extremamente justa, marcando um certo volume ali. Ela acabou engolindo seco.
– Hãn, certo. – balançou a cabeça, tentando não direcionar o olhar ali. – Deixa em cima da mesa, e assim que eu terminar, eu assino. – seu rosto voltou novamente para o lugar proibido.
– Tá tudo bem contigo? – perguntou visivelmente preocupado com a face dela.
– Claro é... – ela mexeu nos cabelos desajeitadamente. – Por que não estaria?
– Sei lá. – deu de ombros, se virou e foi saindo da sala para que a deixasse trabalhar em paz. A visão da bunda dele naquela calça social a tirou o ar...
– – ela o chamou, ele se virou –, essa sua calça está extremamente justa, não? – franziu o cenho não entendendo onde ela queria chegar.
– Está? – perguntou enquanto levava o olhar ali.
– Ai, sai daqui logo, pelo amor de Deus! – fechou os olhos, enquanto prendia a risada pela lerdeza dele. Ele ainda a encarava tentando descobrir algo até que como um click se tocou o que era e acabou rindo.
– Acho que vou repetir mais vezes ela, viu? Só pra poder ver essa carinha safada ai. – zombou dela, enquanto ainda ria.
– , não brinca com fogo que nós dois seremos demitidos por justa causa. – mordeu os lábios, derrotada. – Agora vai logo.
– Também te amo. – sorriu abertamente, enquanto saia dali ainda rindo.
Riu se lembrando daquilo, mas acabou não visualizando as mensagens do rapaz, primeiro tinha que fazer algo. Procurou um determinado contato e rapidamente discou, olhou as unhas enquanto aguardava que fosse atendida.
– Oi, . – ela escutou do outro lado da linha.
– Oi, bebê. – cumprimentou animada, fazendo com que Lena do outro lado da linha sorrisse com a saudação. – Como você está? Comendo direitinho?
– Estou bem sim e você? Aham, pode perguntar para a minha mãe. – sorriu ternamente, o tom de voz dela estava bem melhor. Sua bebê estava caminhando para uma melhora, sem sombra de dúvidas aquilo acalentava seu coração.
– Estou bem também. Ô possessiva, a mãe também é minha, não se esqueça que eu nasci primeiro. – permitiu-se brincar com a mania da irmã de sempre se referir a mãe como apenas dela.
– Não precisa esfregar na minha cara que você tem ela há mais tempo na sua vida. – elas riram.
– Eu nunca me canso de falar isso, amo te perturbar, Lena. – a mais nova balançou a cabeça concordando, como se a outra pudesse ver.
– E as coisas ai em SP? Como estão?
– Andam boas, nada de novo sob o sol. – respondeu. Não tinha tido coragem de contar a irmã ou a mãe que havia terminado o namoro, não queria preocupá-las. Quando voltasse lá contaria pessoalmente a bagunça em sua vida. – Como anda a escola?
– Normal... – ela suspirou fundo.– Não, eu sinto tanta falta dele lá. – esboçou preocupação.
– Eu imagino, meu bem. Ele passava os intervalos com você, né?
– Sim, éramos inseparáveis, a minha ficha tá demorando a cair que nunca mais o verei.
– Eu sei, eu sei. – tentou consolá-la. – Isso faz parte do processo de luto, tem seus altos e baixos. A ficha demora muito a cair, ainda mais quando a pessoa é tão presente assim na nossa vida.
– Sim, tem dias que a saudade é insuportável, e então eu sigo seus conselhos e te perturbo no whatsapp. – sorriu com a última fala da menina.
– Perturbe mesmo, eu estou aqui pra isso, meu amor. Pra te ajudar a passar por esse momento.
– Eu amo muito você. – suspirou fundo. – Estou com muitas saudades. Você vem antes de eu ir ai? Falta uns dois meses mais ou menos pras férias.
– Eu também tenho saudades. – sorriu. – Sim, certeza que vou antes. Acho que vou ai até de carro. – a irmã deu um gritinho. – Isso mesmo, estou pensando em comprar um.
– Ah, finalmente! Demorou, , tem 31 anos nas costas e não tem um carro, é deprimente.
– Sua ridícula, olha o jeito que você fala comigo, hein? Vou já, já dar uns tapas em você. – brincou.
– Vem, eu... – Helena escutou a campainha de casa tocar, ela sabia quem era. – , vou precisar desligar, vou ao cinema com uma amiga, o pai dela vai nos levar na cidade vizinha.
– Que coisa mais maravilhosa, isso mesmo saía e se distraia. Amo você.
– Amo mais – se despediram e desligaram.
estava mais aliviada, Lena parecia bem melhor, estava indo à escola, saindo com amigos, tentando seguir em frente. Estava com saudades, precisava voltar lá, mas o tempo estava escasso... E ainda estava planejando se endividar com a possível compra do carro. Lembrando-se disso, resolveu abrir o whatsapp, sabia bem quem poderia ajudá-la com o primeiro passo pra que ela pudesse comprar o veículo.
[]: Bom dia!
[]: Você está bem?
[]: Quero te ver hoje! Vai fazer algo?
[]: Isso é meio louco porque a gente se viu ontem, mas cara você é viciante...
Ela acabou rindo com as mensagens dele, ele era a companhia perfeita para ajudá-la com aquilo.
[]: Bom dia! Estou ótima e você?
[]: Queria comprar um carro, mas tem um pequeno problema...
[]: Bem 😊
[]: Opa, que legal! Qual o problema?
[]: Faz muito tempo que não pego no volante, então pensei, por que não pedir ajuda do meu melhor amigo? Você me daria umas aulinhas no seu carro?
[]: Só melhor amigo? 😟
Ela revirou os olhos com aquilo, mesmo que eles tivessem ficando, eles ainda eram amigos, certo? O que ele queria que ela respondesse?
[]: 🙄🙄🙄
[]: Sim ou não?
Ela acabou o ignorando, não queria falar sobre o que tinham ainda, era muito cedo.
[]: Claro que sim, se quiser podemos fazer isso agora.
Claro que por ele estariam em um relacionamento sério, mas conhecia bem aquela mulher. Nada com era fácil.
[]: Vou almoçar e a gente se encontra em algum lugar, pode ser?
[]: Não. Eu vou na sua casa, e a gente vê algumas ruas desertas por ai.
[]: Se não for te incomodar por mim ok.
[]: Você jamais me incomoda. 😍😍
[]: Então fechou. Passo ai umas 14hrs.
[]: Combinado. Obrigada 😘
[]: 💖💖💖
Ela deixou o celular de lado e foi tomar um banho, queria estar pronta pra quando ele aparecesse. Já voltou a malhar agora com um sorriso largo no rosto.
– Não tão rápido, mocinha. – juntou suas bocas, abraçando a garota com força, enquanto aprofundava o beijo. O beijo de era como uma droga pra ele, sem sombra de dúvidas. Ela se afastou dele com um sorriso tímido.
– Vamos? – ele jogou a chave pra ela. Ela franziu o cenho – Já vou dirigindo?
– Claro, por que não? – sorriu fofamente pra ela.
– Acho melhor esperarmos chegar em uma rua deserta, já pensou se eu causo um acidente ou algo assim? Jamais me perdoaria. – ela jogou a chave de volta pra ele, e se direcionou ao banco do carona.
– Tudo bem, você que sabe. – correu para abrir a porta para ela.
Conduziu o veículo atrás de ruas menos movimentadas por ali, algo raro, já que estavam na zona central da cidade, por fim encontraram. Desceram do veículo e ambos trocaram de lugar. Ele agora estava no banco do passageiro, observando-a ligar o carro.
As mãos dela tremiam levemente enquanto segurava o volante, querendo ou não fazia muito tempo que não fazia isso. Ela tentou sair com o veículo, mas o carro morreu.
– Vamos lá. – ela falou mais pra si do que pra ele e riu nervosa. Mais uma vez o carro morreu.
– , você precisa fazer o ponto da embreagem. – ele comentou. Ela franziu o cenho, então se recordando disso.
– Ai, , como eu vou ter um carro se nem o básico eu me lembro? – fingiu um choro, colocando as mãos no rosto.
– Respira fundo, vai. – ele fez e ela o imitou. – Agora com o pé no freio e na embreagem, vá soltando o pedal da embreagem levemente até sentir uma trepidação no carro. – fez o que ele pediu – Quando sentir. pare de soltar o pedal da embreagem e deixe-o na posição sem mexer.
– Assim? – ela apontou para o pé, e ele concordou.
– Agora solte o freio e acelere um pouco para dar força ao carro e em seguida vá soltando a embreagem levemente para o carro começar a andar. – o veículo andou alguns metros, mas morreu – Repete o processo de novo. – ela fez uma careta. – Isso é manha, com o tempo você vai ficar craque. – se aproximou dela e roubou um selinho. sorriu e assentiu, ligando o carro de novo.
Passaram a tarde de sábado assim, ensinando e dando boas dicas pra ela. Ele sabia que aquilo não seria tão difícil, ela só estava mesmo enferrujada.
– E isso é só o começo, hein? – apertou a perna dela levemente. – Se tudo der certo logo, logo a gente vai no feirão e escolhe seu carro, hun?
– Se eu estiver mais segura dirigindo, né? Não quero comprar o carro pra garagem fazer uso dele. – abriu os olhos, direcionando o olhar a ele.
– Concordo plenamente, fora que deixar o carro muito tempo parado estraga. – virou o corpo na direção dela, a fitando. Colocou o cabelo dela atrás da orelha. – Você é linda demais...
– , você me deixa sem graça com esses elogios. – segurou a mão dele e lhe deu um beijinho ali. – Mas obrigada.
– É que eu olho pra você, e eu não consigo resistir, as palavras saem sem que eu perceba. – ela lhe roubou um selinho. Ele a segurou, e se aproximou do ouvido dela. – Quero terminar o que a gente começou aqui... – ela fechou os olhos e sentiu a boca seca.
– , não aqui. – ela suspirou fundo, – A está em casa.
Foi só falar no nome da moça que ela apareceu ali, cantarolando alguma coisa.
– Me digam que eu não atrapalhei nada dessa vez, por favor. – ela fez uma mini careta, enquanto voltava para o quarto.
– Amiga, relaxa, por favor e senta aqui. – sorriu minimamente, negando.
– Oi, ! – ela acenou em direção ao rapaz.
– Eu não vou sentar mesmo ai, não quero ser um castiçal. Sabemos bem o fogo que é começo de namoro.
– Não estamos namorando! – esganiçou a corrigindo. se sentiu mal com o jeito que aquilo foi dito. É claro que eles não estavam namorando, mas precisava ser dito assim? sempre foi uma pessoa do bem, mas se magoava com facilidade. percebeu o clima que se instaurou ali e rapidamente decidiu mudar de assunto.
– Eu sai agora do quarto e estava indo pedir algo pra comer, o que acham?
– Por mim ok, e ai, ? – assentiu calado. franziu o cenho, não entendendo o porquê de repente ele havia ficado estranho.
– Comida japonesa? – assentiram e se levantou em busca do celular para efetuar o pedido, deixando o casal sozinho.
– Por que está com essa cara? – mordeu os lábios, esperando que ele lhe respondesse logo.
– Nada não. – desviou o olhar dela. Ela suspirou fundo, puxando o rosto dele para que ele lhe encarasse.
– Você mente tão mal, pensei que soubesse disso. – abriu um sorriso de lado, e ele ainda estava sério.
– Ah, ... – ele passou a mão nos próprios cabelos. – Você respondeu a como se namorar comigo fosse alguma doença.
– Às vezes eu esqueço do quão sensível você é pra algumas coisas. – respirou fundo. – Você parece uma bomba relógio, nunca sei quando vai explodir.
– E você é muito diferente, né? Um poço de exemplo pra apontar os defeitos dos outros. – ela soltou uma risada irônica.
– Eu não sou exemplo pra ninguém, , eu sou um poço de defeitos, isso sim. Eu reconheço. – ela passou a mão no rosto, nervosa. – Não faz nem três semanas que eu sai de um relacionamento sério. Poxa, eu pensei que você fosse maduro pra entender, mas novamente a gente bate na tecla sobre sua infantilidade.
– Porra, , eu estou apaixonado por você. É crime isso?
– Não é crime, , é recíproco, mas eu quero que as coisas aconteçam devagar, eu não queria nem ficar assim tão rápido contigo. – passou a mão sobre a face dele. – Mas está acontecendo e eu estou deixando rolar naturalmente. Quanto ao meu tom de voz, eu me assustei com a possibilidade de estar namorando tão rápido, por isso a respondi assim. É o meu jeito, me desculpa se soou meio rude, não foi intencional. – ele se arrependeu quando escutou a justificativa dela. Ela estava certa.
– Não, me desculpa você, eu fui rude. Você tem razão, acabou de sair de uma relação longa... – ele acabou respirando fundo. – Sabe de quem é a culpa por eu ser tão sensível? – ele falou sério e ela franziu o cenho negando. – É da minha lua em câncer. – afinou a voz e ela acabou rindo alto.
– Meu Deus, você é terrível! – balançava a cabeça negando, enquanto ainda ria. – Lua, Vênus e os caralho a quatro em câncer, eita ser humano sensível. – ele fez biquinho. – Como a gente fica brava com você, hein? – lhe deu um selinho.
– Eu já cansei de te dizer, eu sou o ser humano mais apaixonante desse mundo. – ele mexeu as sobrancelhas de cima a baixo.
– Bobo. – eles escutaram a campainha tocar. – Ué, mas que rápido esse japonês, hein? – concordou, enquanto ela se levantava do sofá e ia atender a porta. Quando a abriu, tomou um susto.
– , a gente precisa conversar... Eu não paro de pensar em você! – Bruno tinha a face transtornada e já foi entrando dentro da casa.
– Bruno, eu... – ele estagnou próximo ao sofá quando viu que um homem estava ali. fez uma careta, fechando os olhos. – Ai, meu Deus! – ela sussurrou.
– Quem é esse cara? – Bruno quase não piscava encarando os olhos do rapaz. acabou trincando o maxilar, já sabia bem quem era o bendito Bruno.
Ela jamais pensou que estaria em uma situação dessas tão precocemente, estava muito ferrada. Que Deus lhe ajudasse, porque estava armada a terceira guerra mundial...
Capítulo 8
– Bruno, por favor, fi... – tentava explicar a situação a Bruno, quando fora interrompida bruscamente.
– Eu tenho nome e é ! – respondeu, se levantando do sofá, alterado.
– Ah, então é ele... – zombou, enquanto olhava para o rapaz. – Você nem esperou a cama esfriar, , e já colocou outro no lugar? – se aproximou do rapaz, com rapidez. já temia o que poderia vir dali.
– , por favor, não faz isso. – o alcançou antes que ele chegasse em Bruno, desesperada. O abraçou, encostando a cabeça no peito dele, ele tinha as mãos em punhos. – Por favor, por favor... – ela sussurrava para que somente ele a escutasse.
bufou e se afastou de Bruno, deixando-se ser empurrado por . Ela respirou fundo, aliviada, não queria que ninguém se agredisse por ela, jamais desejou isso. logo apareceu com o barulho todo, se encostou a pilastra da sala com o celular nas mãos, pronta pra acioná-lo se fosse necessário.
– Ah, então o machão precisa de mulher pra defendê-lo… Que engraçado isso. – Bruno riu de escárnio. não conseguia acreditar que aquele cara a quem ela havia se relacionado por um bom tempo tivesse esse tipo de comportamento. Não parecia o mesmo Bruno. se aproximou perigosamente.
– Agora chega! – exclamou, assustando a ambos. – Bruno, você está passando dos limites! – puxou Bruno pela mão e o levou para fora da casa, batendo a porta quando saiu dali. – Agora você vai olhar pra mim e me escutar, ok? Você pode estar magoado, puto, chateado, e seja mais o que for. – a cada palavra proferida, ela andava em direção a ele e encostava o dedo no peito do rapaz, completamente brava. – Mas isso não lhe dá o direito de me ofender! E mesmo que eu fosse a vadia que você está falando, você não tem nada a ver com isso, nós não temos mais nada!
Bruno engoliu em seco com a fala dela, passou a mão pelos cabelos, nervoso. Ele não tinha planejado que aquela visita tomasse aquele rumo, mas quando ele viu que o cara sentado no sofá, com resto de batom da ex namorada na boca, era o cara ele surtou e perdeu a cabeça.
– Mas que porra, ! Eu não deveria ter insinuado que você é vadia, eu fui um idiota. Me desculpa. – ele suspirou fundo, com os olhos cheios de lágrimas. Ela percebeu que o pedido de desculpas era sincero. – É difícil ver que você já está com outra pessoa, e eu ainda estou apaixonado por você. – prendeu o ar com aquilo, escutar aquelas palavras a desarmaram completamente.
– Bruno, eu sinto muito por tudo... – ela bufou, soltando o ar que havia prendido. – Eu não quis te magoar, jamais! As coisas aconteceram...
– Se você não quisesse de fato me magoar, não tinha terminado comigo. – a encarou profundamente.
– Ai eu estaria me enganado e te enganando principalmente… – suspirou fundo, passando a mão nos cabelos.
Eles ficaram calados, cada um imerso em seus próprios sentimentos. não tinha mais o que falar, era cruel tentar se justificar por algo que tinha acontecido tão naturalmente. Já Bruno tentava absorver tudo aquilo, mas era difícil digerir.
– Eu vou embora, é tolice minha continuar aqui. – as lágrimas manchavam sua face, e foi inevitável que não se emocionasse, doía vê-lo assim.
– Eu não sei mais o que dizer...
– Não diz nada então, você já quebrou meu coração em inúmeros pedacinhos, agora cabe a mim juntá-los. – o olhou, amuada. Queria que as coisas fossem mais fáceis, mas não eram.
Ele foi caminhando e saiu portão afora, sem olhar pra trás. Ela limpou as lágrimas que escorreram de seu rosto, mas de nada adiantara, desciam mais. Se sentia culpada por aquela situação, mas sabia que não podia ficar em um relacionamento com Bruno apaixonada por outro. Ela havia sim tomada a decisão certa, não dava pra ser altruísta nesse tipo de situação.
Ficou imersa em seus pensamentos enquanto as lágrimas ainda jorravam de seu rosto. Nem percebeu quando fora abordada por um rapaz com uma mochila térmica, a comida que haviam pedido tinha chegado, ela nem sabia mais quanto tempo havia ficado ali fora. Olhou no bolso da calça e viu que sua carteira estava lá, então ela pagou o alimento. Respirou fundo, tentando ao máximo limpar os resquícios de lágrimas e entrou em casa. Não sabia como encararia , estava envergonhada por toda a situação.
O avistou no sofá sentado com ao lado, ele parecia bem mais calmo, bendito poder de acalmar as pessoas que tinha.
– Trouxe a comida. – ela disse fracamente, quando os dois direcionaram o olhar a ela ao abrir a porta. se levantou e pegou o alimento, reparando pela face inchada que a garota havia chorado muito.
– Vou preparar a mesa. – ela saiu de fininho para que o casal pudesse conversar.
se sentou ao lado do rapaz, e o abraçou fortemente. Como era bom estar nos braços de , parecia que o maior dos problemas parecia mínimo ali. Ele correspondeu com toda a fervura que tinha.
– Ele te ofendeu mais, ? – negou ainda com a cabeça enfiada no pescoço do rapaz. – Eu queria ter saído, mas achou que era melhor eu ficar, porque poderia dar merda. – deu um beijo na cabeça dela. – O que há então? Você chorou...
– É que eu o magoei muito, e isso me deixa chateada. Eu só pareço ter um coração de pedra, mas de fato, não tenho. – riu abafado contra o pescoço do rapaz.
– Eu jamais achei que você tivesse o coração de pedra. – retirou o rosto dela dali e lhe deu um selinho. – Vai ficar tudo bem, eu prometo. – ela assentiu, voltando a posição inicial, o abraçando de lado.
– Vontade de ficar abraçada com você a noite inteira, você tá muito cheiroso. – abafou o rosto no pescoço dele, fechou os olhos, fungando a região, fazendo com que o rapaz se arrepiasse.
– Ah, , você é tão linda. Cara, como eu te amo... – ela ficou rígida escutando aquelas palavras, percebeu, e quis se bater, não era hora para soltar aquilo, ela havia acabado de chorar por conta do ex. Mas fora tão espontâneo… desfez o abraço e ficou lhe encarando, em completo silêncio. – É... – ele coçou a nuca, desconcertado. – Eu... – ele precisava sair daquela situação. – Vamos lá comer, acho que a já deve ter preparado a mesa. – se levantou e seguiu até a cozinha.
riu baixo do desespero dele, depois de um momento completamente conturbado há alguns minutos, sentia-se mais leve. era um cara apaixonante mesmo, o jeito dele tão sem graça ali por ter proferido aquelas palavras não tinha preço. Era estranho, mas não tinha outro sentimento se não aquele por ele, também o amava, mas precisamente desde seus 11 anos.
Negou com a cabeça, e seguiu para cozinha e o viu enterrado nos temakis, segurou o riso, se sentou ao lado da amiga e degustou da comida junto com eles.
*
Eles terminaram de comer, e sentiu que era hora de ir embora, aquele sábado havia sido o mais tumultuado possível, e já se passava das 23h00min. O casal, mais amiga jogavam conversa fora na mesa.
– Bom, já está tarde e eu preciso voltar pra minha terra. – brincou, se levantando e se espreguiçando.
– Foi muito legal te conhecer melhor, – lhe deu dois beijinhos na bochecha.
– Digo mesmo. – sorriu de lado pra .
– Eu te acompanho até a porta. – se preparava pra levantar, mas ele foi mais rápido.
– Não precisa, eu já sei o caminho. – deu um leve sorriso, caminhando a passos rápidos até a sala. franziu o cenho, completamente confusa, era impressão ou ele estava com medo de ficar sozinho com ela depois daquilo?
– Não mesmo. – sussurrou. correu o alcançando e se colocou antes dele na porta. – Cuidado ao dirigir. – ela lhe deu um longo selinho, e abriu a porta. – Quando chegar me manda mensagem.
– Eu terei cuidado, prometo. Pode deixar. – deu um breve aceno e se foi dali.
fechou a porta e foi até a cozinha, recolhendo algumas coisas que estavam em cima da mesa e jogando fora, sendo observada por atentamente. A psicóloga havia percebido desde o início do jantar que o rapaz estava extremamente tenso, o que poderia ter acontecido? Ela queria detalhes, só não esperava ouvir de cara aquilo:
– deixou escapar que me ama e ficou sem graça. – acabou dando uma breve risada, suspirou fundo, negando com a cabeça. – As vezes eu ainda vejo o garoto de onze anos na minha frente.
– Coitado, bendito ato falho. – sorriu. – Eu acho que ele se sentiu mal, , não era um bom momento para ele confidenciar algo dessa magnitude. Agora tudo faz sentido, o comportamento dele em todo o jantar.
– Pois é, mas ele achou que eu fosse crucificá-lo ou algo do tipo? Jamais! – ela deu de ombros. – Depois a gente vai precisar conversar sobre isso, eu bem sei... – ela revirou os olhos e fez careta. – Eu detesto esse tipo de “DR”. – fez sinal de aspas com as mãos. – Tenho preguiça, eu sempre fugia quando namorava com o… – antes de completar a frase, vacilou. ignorou sua última fala.
– Você o corresponde, certo? – a psicóloga agora lavava toda a louça que eles haviam sujado.
– Sim, é inquestionável. – deu dê ombros.
– Então não vai ser esse tipo de DR que você está imaginando, ser humano. – jogou água na cara da amiga.
– Idiota. – sorriu, jogando o pano de prato nas costas de – Que seja, eu não vou tocar no assunto. – deu uma risadinha frouxa. – é que vai falar, nem preciso me preocupar com isso.
– Você é má, pobre rapaz. – elas riram.
– Como diz o , é minha lua em escorpião. – elas gargalharam.
– Como assim? Ele é ligado nesses lances de horóscopo? – deu de ombros, rindo.
– Acho que sim, ele soltou uma piadinha dessas hoje, acabei por me lembrar agora. – sorriu com a lembrança.
– te faz bem, … – falou de repente. Havia terminado de lavar a louça, secou as mãos, e abraçou a amiga de lado. – Fazia tempo que não via um sorriso tão puro no seu rosto.
– É, ele me faz mesmo. – as duas foram caminhando em direção aos quartos. Depois de um dia tumultuado como aquele tudo o que e precisavam era de uma cama.
***
Como previra, foi bem monossilábico nas mensagens, havia informado que havia chegado bem na madrugada de domingo. No próprio domingo, ele mandou mensagem de bom dia, ela o respondeu e ele sumiu. Estava preocupado com o que ela poderia ter achado, então estava dando espaço a ela, para que ela esquecesse daquilo o mais rápido possível, o problema era que ele não conseguia esquecer. Há toda oportunidade que tinha o momento em que proferiu as palavras vinha em sua mente, e ele não conseguia evitar.
Segunda feira chegou, e o encontro seria inevitável. chegou depois do almoço a sua sala, pois precisou ficar em videoconferência com alguns diretores da empresa. Sua vontade era de ir embora depois daquela maçante reunião e até poderia, mas sabia que tinha uma equipe para liderar, e, com certeza, tinha muitos trabalhos em sua mesa. Dito e feito, abriu a sala e tinha inúmeros documentos ali, fez seu ritual de tirar os sapatos, e sentou-se com as pernas em posição de índio.
Sem nem olhar os e-mails no notebook, ela pegou o primeiro kit de documentos da pilha de . Ela deixava separado na mesa com etiqueta, pastas com o nome de cada subordinado dela, no qual cada liderado colocava os documentos pendentes ali, ficava mais fácil pra ela saber o que era de cada um. De praxe era sempre alguma assinatura dela que eles precisavam.
Começou a ler e viu que se tratava de um kit de demissão voluntária, mas cumpriria aviso prévio. Ela foi conferindo os documentos do kit e sentiu falta de um... Cadê a carta de próprio punho do funcionário informando o motivo do desligamento? Colocou ao lado. Pegou o outro kit que era de contratação, ela deu uma lida e suspirou fundo... Cadê a via original da CTPS do colaborador? Ela mordeu os lábios e colocou em cima do outro documento. Mais um kit demissional, foi conferir e não tinha a carta de demissão do funcionário, esse não cumpriria aviso. Ela se levantou, estralou os dedos, tentando se controlar para não ficar brava... O que havia com ? Três erros consecutivos!
Ela colocou o sapato, pegou os documentos e assim que abriu a porta da própria sala o sangue subiu ao ver que Lucas estava cheio de risinhos com Bianca na mesa da moça. Eles perderam a cor ao ver a líder parada ali. Ela andou a passos rápidos em direção a eles.
– Atrapalhei algo? – eles negaram freneticamente. – Porque eu achei que tivesse… – respirou fundo – Estou achando vocês tão ociosos, o trabalho tá pouco? Porque se tiver, eu posso estralar o dedo e resolver rapidinho...
– Não, , nos desculpe, por favor – Lucas foi quem se pronunciou.
– Olha, eu não tenho problema nenhum que vocês conversem enquanto trabalham, de verdade. – passou a mão nos cabelos. – Não quero robôs aqui, mas o jeito como estava me passa uma impressão de total desleixo, e isso é inaceitável. E se algum diretor me aparece aqui e flagra uma cena dessas? Pelo amor de Deus, não quero mais ver esse tipo de postura por aqui. Estamos entendidos?
– Sim, estamos. – ambos concordaram, engolindo seco.
– Não é segredo pra ninguém que vocês se relacionam, só que aqui dentro não! Porta pra fora da empresa. – Bianca e Lucas arregalaram os olhos, surpresos. – Lembre-se, eu sei de tudo… – abriu um sorriso irônico.
Voltou a caminhar em direção a sala de . Bianca e Lucas respiraram fundo, completamente sem graças pela chamada de atenção da líder. era uma boa pessoa, mas quando pegava alguma coisa errada, ela era bem rígida, chegava pertinho e chamava a atenção sem dó. Bianca tinha um histórico bem complicado com ela, sempre muito atrevida e ainda tentava puxar saco dela, nunca lhe dera trela. Já Lucas era bem tranquilo, era um colaborador aplicado, e por conta dele os advertiu verbalmente apenas.
Dispersou os pensamentos quando se viu parada em frente a porta da sala de . bateu duas vezes, e já foi entrando no cômodo. encarava o computador, rapidamente a olhou, voltando a atenção ao objeto.
– , está tudo bem? – se sentou de frente a ele.
– Está sim, por quê? – ele a encarou com o cenho franzido.
– Não parece... – entregou a pilha de kits errados para ele. – Dos três kits que você revisou e deixou para que eu assinasse, todos vieram faltando documentos. Você como analista sênior não pode e não deve deixar passar esse tipo de coisa, !
– Nossa, , me desculpa, eu... – ele negou com a cabeça, não conseguindo terminar a frase.
– Você o quê? Fala! – ela o encarava curiosa.
– Nada, eu estou com tanta coisa na cabeça, que eu não me atentei, me desculpa, eu vou pedir para as assistentes irem atrás dos colaboradores. – ele passou a mão pelos cabelos, nervoso.
– Certo, mais cuidado, hein? Não gosto de chamar atenção para erros bobos. – ele assentiu, concordando. Ela se levantava agora, pronta pra ir embora.
– Queria conversar com você, mas o assunto é pessoal... – ele passou a mão pelos cabelos, nervoso. – Eu sei que você não gosta de falar da gente aqui dentro, mas hoje e amanhã você vai pro seu MBA e eu vou sufocar se não colocar pra fora todas essas palavras. – voltou a se sentar, suspirando fundo.
– , eu sei o que você quer falar, mas não dá, não me sinto confortável aqui. – ela levou a unha a boca, roendo-a. Tinha acabado de chamar a atenção de Bianca e Lucas exatamente por isso.
– Só me escuta, não fala nada, se você quiser. – ela fechou os olhos e fez sinal com as mãos para que ele prosseguisse. – Eu passei o dia todo ontem pensando sobre o que eu te disse sobre te amar, saiu tão espontâneo que eu não pude evitar. Mas a verdade é essa. Eu te amo sim, é, eu te amo mesmo, e tudo bem se não for recíproco. – ela o encarava completamente surpresa, jamais imaginou que ele achasse que ela não o correspondesse.
– ... – se levantou e sentou-se na ponta da mesa, próxima a ele. – Tudo bem, sua frase sábado me fez refletir que eu sinto sim o mesmo. É o que as pessoas sempre dizem, o primeiro amor, a gente nunca esquece. – sorriu e acariciou o rosto dele. – Te amo. – sentiu o coração disparar com aquela fala dela.
se levantou, pronta pra sair dali quando a puxou e lhe deu um beijo. Um beijo no qual ele queria transmitir toda a sua felicidade por ter escutado aquelas doces e mágicas três palavrinhas, ele se sentia o homem mais sortudo por tê-la ao seu lado, era maravilhosa.
Ela o retribuía, seria incapaz de negar aquele beijo a ele. A sensação de que pudessem ser interrompidos a qualquer momento deixava a ocasião ainda mais emocionante.
puxou ainda mais a mulher pra si, derrubou algumas coisas de cima da mesa e colocou a mulher sentada ali, ambos não conseguiam se desgrudar. colocou as mãos por dentro da blusa dela, ela suspirou entre o beijo e se separou dele, completamente ofegante.
– Você acabou de quebrar uma das regras dessa empresa, eu como sua líder deveria demiti-lo. – ela ainda estava sentada na mesa, com ele entre as pernas, com um sorriso bobo, enquanto o encarava.
– Demite que eu saio daqui o homem mais feliz desse mundo. – eles riram, e ela fez um biquinho nele quando apertou as bochechas do rapaz, e lhe deu um selinho rápido. Ela o empurrou, e se colocou de pé.
– Brincadeiras à parte. – suspirou, enquanto ainda o encarava. – Eu preciso ir pra minha sala, ainda tem muita coisa pra fazer... – ele assentiu, ainda com um sorriso grande na face. Ela pegou o celular, abriu a câmera frontal e começou a se ajeitar.
– Certo. – ele lhe mandou um beijo, quando a moça já segurava a maçaneta da porta. – ? – ela lhe olhou. – Olha o que você fez comigo só com um mísero beijo. – ele apontou para o membro rígido.
– Você é muito idiota mesmo. – acabou gargalhando.
– Você ainda vai ter que me ajudar com isso, você só me enrola. – fez biquinho, chateado. – Eu aguardo ansioso...
– Em breve, , em breve… – abriu a porta e saiu da sala.
parecia uma criança girando na cadeira, feliz. Agora ele tinha que dar o próximo passo naquela pseudorelação. Nada, e nem ninguém os separaria novamente, aquela mulher seria sua para a vida toda.
– Eu tenho nome e é ! – respondeu, se levantando do sofá, alterado.
– Ah, então é ele... – zombou, enquanto olhava para o rapaz. – Você nem esperou a cama esfriar, , e já colocou outro no lugar? – se aproximou do rapaz, com rapidez. já temia o que poderia vir dali.
– , por favor, não faz isso. – o alcançou antes que ele chegasse em Bruno, desesperada. O abraçou, encostando a cabeça no peito dele, ele tinha as mãos em punhos. – Por favor, por favor... – ela sussurrava para que somente ele a escutasse.
bufou e se afastou de Bruno, deixando-se ser empurrado por . Ela respirou fundo, aliviada, não queria que ninguém se agredisse por ela, jamais desejou isso. logo apareceu com o barulho todo, se encostou a pilastra da sala com o celular nas mãos, pronta pra acioná-lo se fosse necessário.
– Ah, então o machão precisa de mulher pra defendê-lo… Que engraçado isso. – Bruno riu de escárnio. não conseguia acreditar que aquele cara a quem ela havia se relacionado por um bom tempo tivesse esse tipo de comportamento. Não parecia o mesmo Bruno. se aproximou perigosamente.
– Agora chega! – exclamou, assustando a ambos. – Bruno, você está passando dos limites! – puxou Bruno pela mão e o levou para fora da casa, batendo a porta quando saiu dali. – Agora você vai olhar pra mim e me escutar, ok? Você pode estar magoado, puto, chateado, e seja mais o que for. – a cada palavra proferida, ela andava em direção a ele e encostava o dedo no peito do rapaz, completamente brava. – Mas isso não lhe dá o direito de me ofender! E mesmo que eu fosse a vadia que você está falando, você não tem nada a ver com isso, nós não temos mais nada!
Bruno engoliu em seco com a fala dela, passou a mão pelos cabelos, nervoso. Ele não tinha planejado que aquela visita tomasse aquele rumo, mas quando ele viu que o cara sentado no sofá, com resto de batom da ex namorada na boca, era o cara ele surtou e perdeu a cabeça.
– Mas que porra, ! Eu não deveria ter insinuado que você é vadia, eu fui um idiota. Me desculpa. – ele suspirou fundo, com os olhos cheios de lágrimas. Ela percebeu que o pedido de desculpas era sincero. – É difícil ver que você já está com outra pessoa, e eu ainda estou apaixonado por você. – prendeu o ar com aquilo, escutar aquelas palavras a desarmaram completamente.
– Bruno, eu sinto muito por tudo... – ela bufou, soltando o ar que havia prendido. – Eu não quis te magoar, jamais! As coisas aconteceram...
– Se você não quisesse de fato me magoar, não tinha terminado comigo. – a encarou profundamente.
– Ai eu estaria me enganado e te enganando principalmente… – suspirou fundo, passando a mão nos cabelos.
Eles ficaram calados, cada um imerso em seus próprios sentimentos. não tinha mais o que falar, era cruel tentar se justificar por algo que tinha acontecido tão naturalmente. Já Bruno tentava absorver tudo aquilo, mas era difícil digerir.
– Eu vou embora, é tolice minha continuar aqui. – as lágrimas manchavam sua face, e foi inevitável que não se emocionasse, doía vê-lo assim.
– Eu não sei mais o que dizer...
– Não diz nada então, você já quebrou meu coração em inúmeros pedacinhos, agora cabe a mim juntá-los. – o olhou, amuada. Queria que as coisas fossem mais fáceis, mas não eram.
Ele foi caminhando e saiu portão afora, sem olhar pra trás. Ela limpou as lágrimas que escorreram de seu rosto, mas de nada adiantara, desciam mais. Se sentia culpada por aquela situação, mas sabia que não podia ficar em um relacionamento com Bruno apaixonada por outro. Ela havia sim tomada a decisão certa, não dava pra ser altruísta nesse tipo de situação.
Ficou imersa em seus pensamentos enquanto as lágrimas ainda jorravam de seu rosto. Nem percebeu quando fora abordada por um rapaz com uma mochila térmica, a comida que haviam pedido tinha chegado, ela nem sabia mais quanto tempo havia ficado ali fora. Olhou no bolso da calça e viu que sua carteira estava lá, então ela pagou o alimento. Respirou fundo, tentando ao máximo limpar os resquícios de lágrimas e entrou em casa. Não sabia como encararia , estava envergonhada por toda a situação.
O avistou no sofá sentado com ao lado, ele parecia bem mais calmo, bendito poder de acalmar as pessoas que tinha.
– Trouxe a comida. – ela disse fracamente, quando os dois direcionaram o olhar a ela ao abrir a porta. se levantou e pegou o alimento, reparando pela face inchada que a garota havia chorado muito.
– Vou preparar a mesa. – ela saiu de fininho para que o casal pudesse conversar.
se sentou ao lado do rapaz, e o abraçou fortemente. Como era bom estar nos braços de , parecia que o maior dos problemas parecia mínimo ali. Ele correspondeu com toda a fervura que tinha.
– Ele te ofendeu mais, ? – negou ainda com a cabeça enfiada no pescoço do rapaz. – Eu queria ter saído, mas achou que era melhor eu ficar, porque poderia dar merda. – deu um beijo na cabeça dela. – O que há então? Você chorou...
– É que eu o magoei muito, e isso me deixa chateada. Eu só pareço ter um coração de pedra, mas de fato, não tenho. – riu abafado contra o pescoço do rapaz.
– Eu jamais achei que você tivesse o coração de pedra. – retirou o rosto dela dali e lhe deu um selinho. – Vai ficar tudo bem, eu prometo. – ela assentiu, voltando a posição inicial, o abraçando de lado.
– Vontade de ficar abraçada com você a noite inteira, você tá muito cheiroso. – abafou o rosto no pescoço dele, fechou os olhos, fungando a região, fazendo com que o rapaz se arrepiasse.
– Ah, , você é tão linda. Cara, como eu te amo... – ela ficou rígida escutando aquelas palavras, percebeu, e quis se bater, não era hora para soltar aquilo, ela havia acabado de chorar por conta do ex. Mas fora tão espontâneo… desfez o abraço e ficou lhe encarando, em completo silêncio. – É... – ele coçou a nuca, desconcertado. – Eu... – ele precisava sair daquela situação. – Vamos lá comer, acho que a já deve ter preparado a mesa. – se levantou e seguiu até a cozinha.
riu baixo do desespero dele, depois de um momento completamente conturbado há alguns minutos, sentia-se mais leve. era um cara apaixonante mesmo, o jeito dele tão sem graça ali por ter proferido aquelas palavras não tinha preço. Era estranho, mas não tinha outro sentimento se não aquele por ele, também o amava, mas precisamente desde seus 11 anos.
Negou com a cabeça, e seguiu para cozinha e o viu enterrado nos temakis, segurou o riso, se sentou ao lado da amiga e degustou da comida junto com eles.
– Bom, já está tarde e eu preciso voltar pra minha terra. – brincou, se levantando e se espreguiçando.
– Foi muito legal te conhecer melhor, – lhe deu dois beijinhos na bochecha.
– Digo mesmo. – sorriu de lado pra .
– Eu te acompanho até a porta. – se preparava pra levantar, mas ele foi mais rápido.
– Não precisa, eu já sei o caminho. – deu um leve sorriso, caminhando a passos rápidos até a sala. franziu o cenho, completamente confusa, era impressão ou ele estava com medo de ficar sozinho com ela depois daquilo?
– Não mesmo. – sussurrou. correu o alcançando e se colocou antes dele na porta. – Cuidado ao dirigir. – ela lhe deu um longo selinho, e abriu a porta. – Quando chegar me manda mensagem.
– Eu terei cuidado, prometo. Pode deixar. – deu um breve aceno e se foi dali.
fechou a porta e foi até a cozinha, recolhendo algumas coisas que estavam em cima da mesa e jogando fora, sendo observada por atentamente. A psicóloga havia percebido desde o início do jantar que o rapaz estava extremamente tenso, o que poderia ter acontecido? Ela queria detalhes, só não esperava ouvir de cara aquilo:
– deixou escapar que me ama e ficou sem graça. – acabou dando uma breve risada, suspirou fundo, negando com a cabeça. – As vezes eu ainda vejo o garoto de onze anos na minha frente.
– Coitado, bendito ato falho. – sorriu. – Eu acho que ele se sentiu mal, , não era um bom momento para ele confidenciar algo dessa magnitude. Agora tudo faz sentido, o comportamento dele em todo o jantar.
– Pois é, mas ele achou que eu fosse crucificá-lo ou algo do tipo? Jamais! – ela deu de ombros. – Depois a gente vai precisar conversar sobre isso, eu bem sei... – ela revirou os olhos e fez careta. – Eu detesto esse tipo de “DR”. – fez sinal de aspas com as mãos. – Tenho preguiça, eu sempre fugia quando namorava com o… – antes de completar a frase, vacilou. ignorou sua última fala.
– Você o corresponde, certo? – a psicóloga agora lavava toda a louça que eles haviam sujado.
– Sim, é inquestionável. – deu dê ombros.
– Então não vai ser esse tipo de DR que você está imaginando, ser humano. – jogou água na cara da amiga.
– Idiota. – sorriu, jogando o pano de prato nas costas de – Que seja, eu não vou tocar no assunto. – deu uma risadinha frouxa. – é que vai falar, nem preciso me preocupar com isso.
– Você é má, pobre rapaz. – elas riram.
– Como diz o , é minha lua em escorpião. – elas gargalharam.
– Como assim? Ele é ligado nesses lances de horóscopo? – deu de ombros, rindo.
– Acho que sim, ele soltou uma piadinha dessas hoje, acabei por me lembrar agora. – sorriu com a lembrança.
– te faz bem, … – falou de repente. Havia terminado de lavar a louça, secou as mãos, e abraçou a amiga de lado. – Fazia tempo que não via um sorriso tão puro no seu rosto.
– É, ele me faz mesmo. – as duas foram caminhando em direção aos quartos. Depois de um dia tumultuado como aquele tudo o que e precisavam era de uma cama.
Segunda feira chegou, e o encontro seria inevitável. chegou depois do almoço a sua sala, pois precisou ficar em videoconferência com alguns diretores da empresa. Sua vontade era de ir embora depois daquela maçante reunião e até poderia, mas sabia que tinha uma equipe para liderar, e, com certeza, tinha muitos trabalhos em sua mesa. Dito e feito, abriu a sala e tinha inúmeros documentos ali, fez seu ritual de tirar os sapatos, e sentou-se com as pernas em posição de índio.
Sem nem olhar os e-mails no notebook, ela pegou o primeiro kit de documentos da pilha de . Ela deixava separado na mesa com etiqueta, pastas com o nome de cada subordinado dela, no qual cada liderado colocava os documentos pendentes ali, ficava mais fácil pra ela saber o que era de cada um. De praxe era sempre alguma assinatura dela que eles precisavam.
Começou a ler e viu que se tratava de um kit de demissão voluntária, mas cumpriria aviso prévio. Ela foi conferindo os documentos do kit e sentiu falta de um... Cadê a carta de próprio punho do funcionário informando o motivo do desligamento? Colocou ao lado. Pegou o outro kit que era de contratação, ela deu uma lida e suspirou fundo... Cadê a via original da CTPS do colaborador? Ela mordeu os lábios e colocou em cima do outro documento. Mais um kit demissional, foi conferir e não tinha a carta de demissão do funcionário, esse não cumpriria aviso. Ela se levantou, estralou os dedos, tentando se controlar para não ficar brava... O que havia com ? Três erros consecutivos!
Ela colocou o sapato, pegou os documentos e assim que abriu a porta da própria sala o sangue subiu ao ver que Lucas estava cheio de risinhos com Bianca na mesa da moça. Eles perderam a cor ao ver a líder parada ali. Ela andou a passos rápidos em direção a eles.
– Atrapalhei algo? – eles negaram freneticamente. – Porque eu achei que tivesse… – respirou fundo – Estou achando vocês tão ociosos, o trabalho tá pouco? Porque se tiver, eu posso estralar o dedo e resolver rapidinho...
– Não, , nos desculpe, por favor – Lucas foi quem se pronunciou.
– Olha, eu não tenho problema nenhum que vocês conversem enquanto trabalham, de verdade. – passou a mão nos cabelos. – Não quero robôs aqui, mas o jeito como estava me passa uma impressão de total desleixo, e isso é inaceitável. E se algum diretor me aparece aqui e flagra uma cena dessas? Pelo amor de Deus, não quero mais ver esse tipo de postura por aqui. Estamos entendidos?
– Sim, estamos. – ambos concordaram, engolindo seco.
– Não é segredo pra ninguém que vocês se relacionam, só que aqui dentro não! Porta pra fora da empresa. – Bianca e Lucas arregalaram os olhos, surpresos. – Lembre-se, eu sei de tudo… – abriu um sorriso irônico.
Voltou a caminhar em direção a sala de . Bianca e Lucas respiraram fundo, completamente sem graças pela chamada de atenção da líder. era uma boa pessoa, mas quando pegava alguma coisa errada, ela era bem rígida, chegava pertinho e chamava a atenção sem dó. Bianca tinha um histórico bem complicado com ela, sempre muito atrevida e ainda tentava puxar saco dela, nunca lhe dera trela. Já Lucas era bem tranquilo, era um colaborador aplicado, e por conta dele os advertiu verbalmente apenas.
Dispersou os pensamentos quando se viu parada em frente a porta da sala de . bateu duas vezes, e já foi entrando no cômodo. encarava o computador, rapidamente a olhou, voltando a atenção ao objeto.
– , está tudo bem? – se sentou de frente a ele.
– Está sim, por quê? – ele a encarou com o cenho franzido.
– Não parece... – entregou a pilha de kits errados para ele. – Dos três kits que você revisou e deixou para que eu assinasse, todos vieram faltando documentos. Você como analista sênior não pode e não deve deixar passar esse tipo de coisa, !
– Nossa, , me desculpa, eu... – ele negou com a cabeça, não conseguindo terminar a frase.
– Você o quê? Fala! – ela o encarava curiosa.
– Nada, eu estou com tanta coisa na cabeça, que eu não me atentei, me desculpa, eu vou pedir para as assistentes irem atrás dos colaboradores. – ele passou a mão pelos cabelos, nervoso.
– Certo, mais cuidado, hein? Não gosto de chamar atenção para erros bobos. – ele assentiu, concordando. Ela se levantava agora, pronta pra ir embora.
– Queria conversar com você, mas o assunto é pessoal... – ele passou a mão pelos cabelos, nervoso. – Eu sei que você não gosta de falar da gente aqui dentro, mas hoje e amanhã você vai pro seu MBA e eu vou sufocar se não colocar pra fora todas essas palavras. – voltou a se sentar, suspirando fundo.
– , eu sei o que você quer falar, mas não dá, não me sinto confortável aqui. – ela levou a unha a boca, roendo-a. Tinha acabado de chamar a atenção de Bianca e Lucas exatamente por isso.
– Só me escuta, não fala nada, se você quiser. – ela fechou os olhos e fez sinal com as mãos para que ele prosseguisse. – Eu passei o dia todo ontem pensando sobre o que eu te disse sobre te amar, saiu tão espontâneo que eu não pude evitar. Mas a verdade é essa. Eu te amo sim, é, eu te amo mesmo, e tudo bem se não for recíproco. – ela o encarava completamente surpresa, jamais imaginou que ele achasse que ela não o correspondesse.
– ... – se levantou e sentou-se na ponta da mesa, próxima a ele. – Tudo bem, sua frase sábado me fez refletir que eu sinto sim o mesmo. É o que as pessoas sempre dizem, o primeiro amor, a gente nunca esquece. – sorriu e acariciou o rosto dele. – Te amo. – sentiu o coração disparar com aquela fala dela.
se levantou, pronta pra sair dali quando a puxou e lhe deu um beijo. Um beijo no qual ele queria transmitir toda a sua felicidade por ter escutado aquelas doces e mágicas três palavrinhas, ele se sentia o homem mais sortudo por tê-la ao seu lado, era maravilhosa.
Ela o retribuía, seria incapaz de negar aquele beijo a ele. A sensação de que pudessem ser interrompidos a qualquer momento deixava a ocasião ainda mais emocionante.
puxou ainda mais a mulher pra si, derrubou algumas coisas de cima da mesa e colocou a mulher sentada ali, ambos não conseguiam se desgrudar. colocou as mãos por dentro da blusa dela, ela suspirou entre o beijo e se separou dele, completamente ofegante.
– Você acabou de quebrar uma das regras dessa empresa, eu como sua líder deveria demiti-lo. – ela ainda estava sentada na mesa, com ele entre as pernas, com um sorriso bobo, enquanto o encarava.
– Demite que eu saio daqui o homem mais feliz desse mundo. – eles riram, e ela fez um biquinho nele quando apertou as bochechas do rapaz, e lhe deu um selinho rápido. Ela o empurrou, e se colocou de pé.
– Brincadeiras à parte. – suspirou, enquanto ainda o encarava. – Eu preciso ir pra minha sala, ainda tem muita coisa pra fazer... – ele assentiu, ainda com um sorriso grande na face. Ela pegou o celular, abriu a câmera frontal e começou a se ajeitar.
– Certo. – ele lhe mandou um beijo, quando a moça já segurava a maçaneta da porta. – ? – ela lhe olhou. – Olha o que você fez comigo só com um mísero beijo. – ele apontou para o membro rígido.
– Você é muito idiota mesmo. – acabou gargalhando.
– Você ainda vai ter que me ajudar com isso, você só me enrola. – fez biquinho, chateado. – Eu aguardo ansioso...
– Em breve, , em breve… – abriu a porta e saiu da sala.
parecia uma criança girando na cadeira, feliz. Agora ele tinha que dar o próximo passo naquela pseudorelação. Nada, e nem ninguém os separaria novamente, aquela mulher seria sua para a vida toda.
Capítulo 9
– Comida ok. – olhou pra mesa. – Bebidas? – avistou ao lado da travessa a garrafa de vinho. – Certo. As velas estão ali… É, parece que está tudo ok. – andava de um lado para o outro em sua própria cozinha para conferir se estava tudo nos conformes para o jantar que ele havia preparado para .
Havia convencido a moça a ir até sua casa e inclusive ofereceu carona para trazê-la até ali, mas achou que seria um abuso ele preparar tudo aquilo e ainda bancar o chofer. Ele conferiu mais uma vez se estava tudo em ordem, quando escutou o barulho do interfone tocar.
Já sabia do que se tratava e rapidamente liberou a entrada da moça até o seu apartamento. Não tardou muito e a campainha de seu apartamento soou. Seria idiota se não dissesse que estava nervoso com aquilo. Enfim abriu a porta, deixando com que ela entrasse no local. Ele prendeu o ar, estava linda, os cabelos soltos e ainda úmidos adornavam seu rosto, vestia um vestido soltinho estampado no corpo, e nos pés uma rasteirinha. O perfume… Ah, o perfume, estava deixando o rapaz inebriado.
– A visão está boa, ? – finalmente se tocou que secava a moça, e balançou a cabeça rindo levemente.
– Oi, pra você também. – se aproximou dela e lhe deu um selinho rápido. – Entra. – a puxou pela mão, encostando a porta depois que ela passou.
– O cheiro está me deixando com fome... O que temos para o cardápio, mestre ? – foi adentrando a sala e caminhando em direção a cozinha, com o rapaz em seu encalço.
– Temos lasanha bolonhesa ao molho branco. – ela sentiu a boca salivar.
– Não acredito que você fez minha comida favorita, ? – abriu um enorme sorriso. – Nem sabia que lembrava.
– Eu jamais esqueceria, deu um trabalhinho, mas valeu a pena. – se aproximou dele e o beijou rapidamente.
– Meu Deus, nem sei o porquê de tudo isso, mas já estou amando. – fingiu não saber das intenções dele. O encarou rapidamente, voltando agora o olhar a cozinha que possuía velas sobre a mesa e a travessa da lasanha no centro dela. Ela ia puxar a cadeira para se sentar, mas ele foi mais rápido, a detendo, segurando a cadeira, a empurrando para que ela se sentasse. – Obrigada, senhor . – brincou.
– De nada, mademoiselle.
Ele acendeu as velas e apagou a luz. Se sentou de frente para a moça. cortou a lasanha e colocou um pedaço sobre o prato. Colocou a primeira garfada na boca e gemeu com a explosão de sabores, a lasanha estava deliciosa.
– , hummmm. – ela deu mais uma garfada. – Homem de Deus, está deliciosa. – ela comentou de boca cheia. – Pode falar, você comprou, né?
– , assim você me ofende. – fingiu estar bravo. – Pode acreditar, eu fiz tudo sozinho, inclusive a massa. – deu uma piscada pra ela, enquanto colocava o alimento em seu prato.
– Nenhuma ajudinha? – ela sorriu, enquanto o olhava de lado.
– Minha mãe me auxiliou com a receita e afins, mas quem pôs a mão na massa, literalmente, fui eu mesmo. – arqueou a sobrancelha, surpresa.
– Nossa... Agora vou ficar mal acostumada. – ele deu de ombros. agora servia a taça da moça e a sua com vinho.
– Por quê? – perguntou intrigado.
– Porque eu vou querer experimentar suas iguarias todo dia. – bebericou um pouco do vinho.
– Ué, você pode, é só você querer. – ela pigarreou, sem graça, voltando o olhar para o prato. Típico de .
– Tem sobremesa também? – ele arqueou a sobrancelha com a mudança momentânea de assunto.
– Sim, eu fiz mousse de chocolate. – ela colocou a mão na boca, surpresa. Era uma de suas sobremesas preferidas quando criança.
– Eu tô voltando no tempo e não tô sabendo? , que amor. – debruçou-se na mesa, dando um rápido selinho nele.
– Quero que essa noite seja especial, já que é o nosso primeiro encontro oficial depois que a gente começou a... Você sabe. – ela olhou sugestivamente o rapaz.
– Sim, sim, eu sei. – sorriu, servindo-se de mais um pedaço de lasanha.
– Tá parecendo criança pra comer, se labuzando inteira. – gargalhou e passou o guardanapo na boca de . Ela tentou morder a mão dele.
– Eu tenho 31 anos, mas não me peça pra comer como uma mocinha, ainda mais quando estou há tempos sem comer lasanha com massa caseira. – ela sorriu, terminando de comer o seu pedaço. – Obrigada, , o jantar está maravilhoso, o vinho também. Excelente combinação.
– De nada, que isso. – sorriu e apertou a mão dela levemente.
***
e estavam jogados no sofá da casa do rapaz, cada um em um canto, ela estava bem satisfeita com o jantar que ele havia lhe proporcionado, tinha comido relativamente bem. fazia massagem nos pés dela. Eles curtiam o momento em total silêncio, de tão relaxada tinha até os olhos fechados.
– O que você acha que vai acontecer quando descobrirem sobre nós na empresa? – quebrou o silêncio com aquela pergunta, agora com os olhos abertos, o fitando.
– Eu estava pensando sobre isso… – suspirou. – Vou pedir meu desligamento.
– Quê? Você está louco? – se levantou bruscamente, parando em frente a ele. a olhava curioso.
– Estou completamente sã. – deu de ombros.
– , se escuta pelo amor de Deus, eu não vou permitir que você faça isso. – ela segurou os ombros dele, os soltando bruscamente, agora andando pelo cômodo, extremamente nervosa.
– Depois do escândalo envolvendo meu ex chefe e a Jane, os relacionamentos foram proibidos, . Eu não quero te perder, e sei o quão foi difícil pra você conseguir esse emprego, então a lógica é simples: eu saio.
– Você tem uma vida na empresa, são seis anos! Vamos achar outra solução. – suspirou fundo, se jogando no sofá ao lado dele.
– Se souberem de nós, vamos os dois pra rua. – a fitou.
– Sim, eu sei, mas me recuso fazer seu desligamento, eu só preciso pensar. Te transferir para outra unidade, ainda não sei...
– E vai alegar o quê? “Ele não pode mais trabalhar aqui, porque nós temos um caso”. – imitou a voz dela. lhe deu um leve empurrão.
– Idiota. – acabou rindo. – Só me deixa pensar em algo, , essa não é nossa única opção. – ele concordou com a cabeça à contragosto.
Ela passou a perna em cada lado do corpo dele, se ajeitando no colo do rapaz. Ela alisou o rosto dele, fechou os olhos com seu toque. Se aproximou dele, o beijando calmamente. O beijo foi ganhando intensidade, tinha as mãos nas costas do rapaz, conforme se beijavam, suas mãos arranhavam o local. Agora as mãos dela estavam nos cabelos dele, os bagunçando completamente.
Ela o empurrou levemente em direção ao encosto do sofá, e tirou a blusa dele. Aproximou seu rosto de seu pescoço, cheirando o local e começou a distribuir beijos sugados na região. já sentia a ereção começando a dar sinais em seu corpo. saiu do colo e o jogou no sofá deitando-se por cima dele, distribuindo beijos em seu peitoral. Agora ela descia os beijos até chegar próxima a região mais sensível do homem. Passou a mão na ereção dele, o sentindo ficar mais duro com seu toque, acabou sorrindo, decidiu que ia judiar um pouquinho dele. Se sentou em cima da ereção do rapaz e começou a rebolar sobre o local. fechou os olhos, suspirando fundo com aquela movimentação.
– … – ele gemeu o nome dela. Ela se aproximou da orelha dele, mordendo o lóbulo.
– Diga… – ela sussurrou no ouvido dele ainda rebolando. Com suas mãos ela arranhava as costas dele.
– Chega disso. – ele rosnou, pegou ela no colo e a levou até seu quarto. A jogou na cama, deu um gritinho animado com aquilo. – Agora sou eu que vou me divertir um pouquinho.
levantou o vestido até que conseguisse passá-lo pela cabeça dela. Deu um beijo sugado na boca dela, abriu o sutiã que tinha o fecho frontal – parece que ele não era o único que estava pensando em sexo naquela noite – sorriu e liberou os seios da mulher. Abocanhou o direito, e massageou o esquerdo, alternando, ora massageava o direito, ora abocanhava o esquerdo, fazendo com que arqueasse o corpo pra frente enquanto sentia a língua e mãos do rapaz brincarem com seus mamilos. Agora ele descia os beijos para a barriga dela, deixando uma sensação de brasa onde sua boca passava. Chegou até a região da calcinha que ela usava e a retirou em um movimento rápido. abriu as pernas e sentiu beijos trilhando a região interna de sua coxa, até chegar em sua intimidade.
– ! – ela exclamou quando sentiu ele passar a língua por toda a extensão de seu clitóris.
Ela segurou fortemente os lençóis enquanto ele lambia a região de seu corpo que mais pedia atenção. brincava com a língua ali, e tudo o que fazia era gemer o nome do rapaz completamente entregue. agora a penetrava com a língua, enquanto com os dedos ele fazia movimentos de vai e vem no clítoris dela, já começava a sentir uma sensação em seu ventre, ela estava chegando lá, ela agora empurrava o rosto de contra sua intimidade. Por fim, sentiu as pernas falharem e um orgasmo maravilhoso lhe atingir, fechou os olhos sentindo o corpo relaxar. subiu o rosto e lhe deu um beijo, no qual pode sentir seu gosto na boca dele. A ereção dele ainda estava ali, e vê-lo com a calça jeans aprisionando a região a deixou compadecida.
– Minha vez. – ela arqueou a sobrancelha desabotoando a calça do rapaz, e a tirando com a ajuda dele. Ela segurou o cós da cueca, agora o encarava com um olhar safado.
– Não me tortura mais, . – ele fingiu que ia chorar. Ela agora brincava com o cós, descendo aos pouquinhos.
– O que você quer, ? – ela mordeu o lábio.
– Eu já te fodi com minha língua, agora eu quero enterrar meu pau em você. – só com a fala dele, ela sentiu seu corpo se arrepiar.
– Uau! – foi tudo o que saiu da boca da mulher. Ela desceu a cueca dele, respirou fundo, finalmente seu membro rígido estava livre. se virou de costas, agora ficando de quatro para o rapaz, estava em expectativa pronta para senti-lo dentro de si. – Então enterra, !
Ele a encarou surpreso, mas sem muito esperar massageou o clítoris dela, e quando menos esperou, a penetrou de uma vez. Ele suspirou fundo, começou a dar estocadas firmes na mulher que gemia gradativamente alto com o movimento, ele agora segurava os cabelos dela, enquanto estocava cada vez mais rápido. Tudo o que podia ser ouvido no quarto eram os gemidos dela, os sussurros dele e o atrito das peles, que cada vez era mais frequente. Com uma mão, ele segurava os cabelos dela, e com a outra ele massageava o clitóris com movimentos de vai e vem, assim como a penetrava. estava chegando a seu ápice novamente, não estava diferente, entrava e saía da mulher com muita rapidez. Percebeu quando ela atingiu, já que a intimidade dela se contraiu. Ele estocou mais duas vezes, e por fim sentiu seu líquido jorrar pra dentro dela. Saiu de dentro da moça e se jogou na cama ao lado de , que respirava com dificuldade, tentando recuperar as forças. Ele a trouxe para o seu peito e começou a fazer carinhos no cabelo dela.
– Porra, , no que você é ruim? Cozinha bem, canta bem, fode bem... – ela abriu um sorriso, ainda estava de olhos fechados.
– Muito obrigado, eu sei que eu sou o fodão. – riu alto com a resposta, dando um leve beliscão na barriga dele.
– Bobo. – o abraçou de lado e confidenciou. – Mas eu o amo muito. – ele sorriu, adorava ouvir quando ela dizia que o amava.
– Ah, eu te amo muito mais, . – ela sorriu, abriu rapidamente os olhos e o beijou ternamente. Subiu sobre o rapaz e eles engataram um beijo lento, calmo, mas que logo fora esquentando, esquentando até acordar o membro de . – Segundo round? – ele piscou marotamente pra ela.
– Jamais negaria. – sorriu safada e começou a descer os beijos pela barriga dele.
***
Duas semanas haviam se passado depois do sábado maravilhoso que o casal tivera, era difícil para eles esconderem no trabalho a relação, sempre que se viam existia uma intensa troca de olhares e a todo momento acabavam trocando uns amassos na sala de um deles.
– Hum… , isso tem que parar. – ela falava com dificuldades devido ao rapaz beijar o pescoço dela.
– Concordo, precisa parar. – comentou, mas não parou o que fazia, agora descia cada vez mais os beijos.
– Assim você não ajuda, . – o empurrou levemente, se afastando do rapaz o quanto podia. – As pessoas vão desconfiar e você sabe, nós dois vamos pra rua!
– Sim, eu sei, por isso eu quero meu desligamento, mas você não quer assinar. – acabou revirando os olhos.
– Já disse que não, eu vou pensar em outra coisa. – fez uma leve careta. Já havia pensado em várias coisas, mas nada era relativamente bom.
– Mudando drasticamente de assunto. – ele chamou sua atenção. – É hoje que compraremos seu carro, certo?
– Ah nossa, é sim. – pegou o celular na mesa e viu que ele marcava 15:17. – , tchau! Vai pra sua sala, eu tenho um monte de coisa para fazer e quero sair daqui às 17 horas como a gente combinou, fofo.
– Fofo? – ela revirou os olhos pra ele. Se sentou em sua mesa e se aproximou do notebook. – Ta, tô indo, tô indo. – ele abriu um sorriso. Se aproximou dela sorrateiramente, sentando-se na mesa e dando um rápido selinho a pegando de surpresa. Ela o encarava com um pequeno sorriso no rosto.
– Licença, . – Bianca entrou na sala, assustando a ambos que ainda estavam bem próximos.
– Entendeu, ? – virou o notebook em direção a si, agindo o mais naturalmente que conseguiu.
– Sim, obrigado, chefa. – rapidamente entendeu a encenação que criou e se levantou da mesa dela, agora se dirigindo para a saída dali. respirou fundo, tinha as mãos trêmulas.
– E então, Bianca? – sorriu forçado. A moça a encarou um tanto estranho.
– Desculpa vir aqui assim, pareceu que eu atrapalhei vocês dois e...
– Você não atrapalhou nada, eu estava explicando sobre um processo, já tínhamos acabado. Enfim, do que precisa?
– É que o supervisor do setor está me apressando para o treinamento para a operação, ele alegou que tem acontecido muitas falhas e tal…
– Eu vou avaliar isso ainda hoje, mas, de qualquer forma, ele precisa entender que há níveis hierárquicos aqui. E outra, não existe só o setor de operações que precisa de treinamento. – suspirou fundo, passando a mão nos cabelos. – De qualquer maneira no máximo uns 45 minutos as correções estarão no seu e-mail, assim que fizer as mudanças que eu pedir, me reenvie que eu despacho para os multiplicadores.
– Certo, obrigada! – sorriu agradecida, e se retirou da sala. Foi caminhando em direção a sua mesa, mas parou na de Lucas. – Lu, você não acha que o está indo demais na sala da ?
– Eu tenho reparado nisso, mas as vezes é pra aprender algo, sei lá…
– Eu tenho minhas dúvidas, viu? Os dois eram amiguinhos de infância, se reencontraram depois de anos, a chama pode voltar a acender...
– Será? Bom, de qualquer forma não é problema nosso, vai logo pra sua mesa antes que ela te pegue aqui, não quero problemas pro meu lado.
– Chato. – revirou os olhos caminhando até sua mesa. Ela sabia que naquele mato tinha muito coelho.
***
– Gol 2016, preto, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros, ar-condicionado, quatro portas, o que acha? – encarou o veículo com o olhar inquisidor.
– Ah não, , sei lá, não gostei muito. – bufou baixinho.
– E esse Palio Adventure, quatro portas, preto, ano/modelo 2015, direção... – ela inclinou a cabeça avaliando. Já tinha mostrado vários carros, mas aparentemente nenhum de fato agradava a mulher.
– Não gostei… – ela abriu uma mini careta.
– , você é a pessoa mais indecisa que eu já conheci, por Deus. – ela acabou rindo alto.
– Eu sei, me desculpa, que tarefa chata te incumbi, né? – ela alisou o rosto dele, se aproximando para lhe dar um selinho. – Não desiste de mim?
– Jamais. – ele sorriu. – E ai, o que acha desse? – agora apontava para um Onix 2017 de cor prata, quatro portas, todos os vidros elétricos, direção hidráulica, ar condicionado, airbag...
– Ele é lindo... – suspirou fundo. – Mas não sei…
– O que está te incomodando? – voltou o olhar a ele.
– Ele é muito bonito, e o ano fabricação é perfeito, mas o problema é a cor… Não curto muito, é meio opaca e tal. – ele assentiu.
– Vou ver com o vendedor se tem mais cores, já venho. – ela assentiu. Sacou o celular da bolsa e viu que tinha mensagens da melhor amiga.
: Como andam as coisas por ai? Finalmente escolheu seu carro?
: Amei o Onix, mas a cor deixou a desejar. O tá verificando com o vendedor outra cor.
: Príncipe … Só ele pra ter paciência com você.
: 😒😒😒
: E ai, vem pra casa jantar? Ou vai dormir mais uma vez na casa do seu boy?
Ela acabou por gargalhar com a mensagem dela, de fato fazia muito tempo que não passava algum fim de semana em casa, era sempre com .
: Vou pra casa do … Passarei o fim de semana com ele. 🤭
: Me conta uma novidade… De qualquer forma bom fim de semana, chuchu! Juízo, hein? E vê se escolhe logo esse carro. Três beijos.
: Amo você! Beijos. Prometo que escolho logo hhaha.
– , ele tem na cor vermelha, se você quiser… – passou a mão pelos cabelos, ansioso pela resposta da amada.
– Quero ver. – eles caminharam a passos rápidos em direção ao vendedor, que já os aguardava pacientemente. – Agora sim, perfeito.
– Acho que temos um vencedor então, finalmente. – ele levou as mãos pro céu. lhe deu um tapinha no ombro.
Agora era hora de resolver os trâmites legais para que a mulher pudesse chamar finalmente o Onix de seu carro. Ela estava eufórica, feliz pela conquista e mais feliz ainda por tê-la feito ao lado de . Ele seria o primeiro a andar com ela.
***
Era sábado, os dois estavam deitados na cama, enquanto a tevê passava a novela das sete, a qual nenhum dos dois prestava atenção de fato. Degustavam de uma das sobremesas preferidas da moça: pavê de bis, feito pelas mãos do mestre .
– , tá igualzinho ao que sua mãe fazia. – ela sorriu, enquanto colocava mais uma colherada na boca.
– Ficou mesmo. – abraçou a moça de lado, cheirando o cabelo dela. – Foi ela quem me passou a receita também. Segui as recomendações a risca.
– Igual com a lasanha daquele dia, né? – ele balançou a cabeça afirmando. – , sua mãe sabe que a gente tá… – ela gesticulou com as mãos.
– Sim, ela sabe. – a encarou ternamente.
– Tá, e ela disse o quê? – peguntou curiosa.
– Que desde que éramos crianças imaginava que isso aconteceria um dia e que te aguarda para jantar na casa dela…
– Meu Deus, estou sem graça, literalmente. – escondeu o rosto no peito dele. Ele afagou seus cabelos.
– Não seja boba, minha mãe sempre te amou, a diferença agora é que você é minha... – deixou a frase morrer. olhou para um ponto fixo na parede. – E sua mãe, sabe de mim? – mudou de assunto.
– Não ainda, ela sabe que eu terminei meu relacionamento, sabe que eu te reencontrei, mas só. Helena também não sabe ainda. Preciso ir lá em Montecastelo pra contar pessoalmente, não é o tipo de notícia que a gente dê por telefone…
– Sim, entendo. Espero ir com você na próxima vez que for, sinto saudades de lá. – suspirou recordando-se de sua infância.
– Vamos juntinhos, gostoso, eu prometo. – ele concordou com um grande sorriso.
– Ei, desde quando você usa apelidinhos pra se referir a mim? É sempre , , até . – ela gargalhou com a afirmação dele.
– Lá vem ele. – ela revirou os olhos. – Eu não curto apelidinhos, confesso, mas quando tudo o que você faz é gostoso, por que não te chamar de gostoso também? – gargalhou com a fala dela.
– Então preciso arrumar um apelidinho pra você também. – ela o olhou debochada.
– Me surpreenda… Nada dos clássicos. – arqueou a sobrancelha pensativo, e como um clique teve uma ideia – Chefinha...
– Ah não, não, não. – negava freneticamente enquanto ria, ele também gargalhava da reação dela.
– Ah sim, sim, sim. – ele a imitou. – Chefinha! – ela escondeu o rosto com a mão, desacreditada com aquilo. – Eu sou seu gostoso, e você minha chefinha. – ele abriu um lindo sorriso.
– A que nível a gente chegou, ? – ria desacreditada. – Sabe o que a gente está parecendo? Dois adolescentes bobos.
– Eu tenho culpa que você me deixa assim? – ele deu de ombros. apertou a bochecha dele.
– É mútuo. – o encarou, dando-lhe um selinho. Escutou uma vinheta na televisão que chamou sua atenção. Era do The Voice Brasil informando que as inscrições estavam abertas, e que tudo o que era preciso era se inscrever no site e enviar um vídeo cantando uma música de seu agrado. – Por que você não se inscreve, ? – ele a encarou descrente.
– Jura? – ela afirmou com a cabeça – Bom, eu não acho que eu cante bem assim…
– Quê? Você já se escutou cantando? – ficou eufórica ao se lembrar do rapaz cantando Coisa Linda do Tiago Iorc.
– Ah, , eu não tenho chances, são tantos concorrentes também… – ele suspirou.
– Você nunca vai saber se não tentar. – negou com a cabeça. – Vamos. – ela se mexeu animada na cama – É sério, vai tomar um banho, coloca uma roupa bonitinha que nós vamos gravar um vídeo e mandar para o The Voice.
– , eu…
– Sem essa. Eu não esqueço de uma conversa que tivemos há um tempo, no qual você me disse o seguinte. – pigarreou engrossando a voz. – , eu ainda estou indeciso sobre a profissão que escolhi pra minha vida.
– Nossa, você lembra disso? – exclamou surpreso.
– Sim, eu me lembro e você se lembra do que eu te disse? – concordou. – Repete.
– Nunca é tarde para se encontrar. – assentiu. – Você acha que a minha vocação é a música?
– Eu não sei, , quem sabe? A gente pode apostar, talvez você se encontre, hum?
– Você tem razão, , vou tomar um banho – ele se levantou nu, escutou um assobio de e riu pegando toalha e roupa limpa no armário. – Ao invés de assobiar, você deveria vir comigo. – ele arqueou a sobrancelha.
– Sexo selvagem no chuveiro? Tô dentro. – riu, se levantando e o empurrando até o chuveiro.
***
– , relaxa. – abaixou a câmera do celular. Já era a terceira vez que ela tentava gravar o vídeo e o rapaz não conseguia, por estar nervoso. – Vamos lá, é só um vídeo. – ele suspirou fundo.
– Não é natural pra mim. – mordeu os lábios.
– Olha, vou abaixar a câmera. – a moça estava sentada na cama. Ela abaixou o celular até suas pernas, de forma que ele ficasse apoiado ali, de frente a . – Olha pra mim. – o homem direcionou o olhar a ela. – Canta pra mim, , assim como você fez aquele dia.
– É diferente, amor...
– Ah é? Por quê? Lá tinha plateia, aqui só tem eu e uma câmera. – arqueou a sobrancelha. – Vamos, ! – ela fez biquinho, o fazendo sorrir.
– Tá, tudo bem. Só que eu vou mudar a música, me surgiu uma ideia aqui. – respirou fundo. colocou o celular em mãos, apertou o botão de temporizador e o posicionou em sua perna de forma que pudesse filmar o rosto dele. Decidiu que não seguraria a câmera na sua frente para não inibir o rapaz e assim ele pudesse cantar a olhando. Fez positivo com o polegar para que começasse a cantar.
Uh, uh, uh, uh
Uh, uh
Desejo a você
O que há de melhor
A minha companhia
Pra não se sentir só
O Sol, a Lua e o mar
Passagem pra viajar
Pra gente se perder
E se encontrar
Vida boa, brisa
Ela sorriu, era tão agradável vê-lo cantando, ele tinha uma voz tão linda, tão suave tão... Ela não saberia dizer a expressão que se comparasse a aquilo. Não conseguia entender o porquê ele nunca havia investido naquele talento nato. E ter trocado de música foi uma ideia incrível, Meu Abrigo se encaixou tão bem na voz dele.
Vida boa, brisa e paz
Nossas brincadeiras ao entardecer
Rir à toa é bom demais
O meu melhor lugar sempre é você
Você é a razão da minha felicidade
Não vá dizer que eu não sou sua cara-metade
Meu amor, por favor, vem viver comigo
O seu colo é o meu abrigo
Uh, uh, uh, uh
Uh, uh
suspirou encantada, enquanto ele declamava a música a capela a ela, era tão adorável... Fez um coração com as mãos e lhe mandou um beijinho, incentivando-o a continuar a cantar.
Quero presentear
Com flores Iemanjá
Pedir um paraíso
Pra gente se encostar
Uma viola a tocar
Melodias pra gente dançar
A bênção das estrelas
A nos iluminar
Vida boa, brisa e paz
Trocando olhares ao anoitecer
Rir à toa é bom demais
Olhar pro céu, sorrir e agradecer
Ele cantava de coração, havia escolhido anteriormente Meteoro do Luan Santana, mas lembrou-se dessa música e decidiu por trocar, combinava mais com o momento em que vivia. era a razão de sua felicidade, seu abrigo, a amava como nunca havia amado ninguém em sua vida. Saber que ela estava ali, lhe apoiando, incentivando a correr atrás de se encontrar profissionalmente, era maravilhoso. O que o deixava mais encantado ainda era saber que ela também o amava. Ah, aquilo enchia o peito do rapaz de ternura.
Você é a razão da minha felicidade
Não vá dizer que eu não sou sua cara-metade
Meu amor por favor, vem viver comigo
O seu colo é o meu abrigo
Meu abrigo
O seu colo é o meu abrigo
O meu abrigo
Uh, uh, uh, ah
Ah
Ele se aproximou dela, agora sério parando de cantar, se jogou na cama e a abraçou apertadamente. Ela suspirou sentindo os braços dele, o abrancando com a mesma fervura.
– Meu amor, por favor, vem viver comigo. O seu colo é o meu abrigo. – ele sussurrou no ouvido dela, enquanto acariciava as costas da moça. – Casa comigo? – o empurrou bruscamente, tinha a boca escancarada.
– , o que disse? – a testa dela enrugou-se. Ela tinha a respiração desregulada.
– Eu acabei de te pedir em casamento, . – ele jogou as palavras como se elas não significassem nada, como se tratasse de uma pergunta qualquer.
– Você é louco, só pode ser mesmo. – agora ela gargalhava. – A gente nem namora, !
– E daí? Isso é o de menos, se você quiser te peço agorinha em namoro. – ele suspirou. – Eu te amo, você me ama, e tá tudo certo. – agora ela o encarava incrédula.
– Não, as coisas não são tão simples assim, ! Não faz nem três meses que eu me separei do Bruno! Pelo amor de Deus, você precisa controlar sua impulsividade!
– Ah, então amar alguém por mais de 20 anos e pedir essa pessoa em casamento é impulsivo? Cai na real, , não sei do que você tem tanto medo.
– Eu tenho meus pés no chão, é bem diferente. – agora ela vestia sua roupa, e caminhava atrás de sua sapatilha.
– Você consegue destruir um momento tão maravilhoso com meia dúzia de palavras! – revirou os olhos.
– Quem destruiu tudo foi você me pedindo em casamento com apenas três meses de relacionamento. Amadurece, !
– Eu amadurecer? Tem certeza disso? Você que deveria levar a vida de forma mais leve.
– Chega, ! – bufou alto, indo em direção a saída da casa e batendo a porta quando saiu do lugar. Ele suspirou cansado, nunca havia lidado com alguém tão escorregadia como aquela mulher, afinal, do que ela tinha tanto medo?
Havia convencido a moça a ir até sua casa e inclusive ofereceu carona para trazê-la até ali, mas achou que seria um abuso ele preparar tudo aquilo e ainda bancar o chofer. Ele conferiu mais uma vez se estava tudo em ordem, quando escutou o barulho do interfone tocar.
Já sabia do que se tratava e rapidamente liberou a entrada da moça até o seu apartamento. Não tardou muito e a campainha de seu apartamento soou. Seria idiota se não dissesse que estava nervoso com aquilo. Enfim abriu a porta, deixando com que ela entrasse no local. Ele prendeu o ar, estava linda, os cabelos soltos e ainda úmidos adornavam seu rosto, vestia um vestido soltinho estampado no corpo, e nos pés uma rasteirinha. O perfume… Ah, o perfume, estava deixando o rapaz inebriado.
– A visão está boa, ? – finalmente se tocou que secava a moça, e balançou a cabeça rindo levemente.
– Oi, pra você também. – se aproximou dela e lhe deu um selinho rápido. – Entra. – a puxou pela mão, encostando a porta depois que ela passou.
– O cheiro está me deixando com fome... O que temos para o cardápio, mestre ? – foi adentrando a sala e caminhando em direção a cozinha, com o rapaz em seu encalço.
– Temos lasanha bolonhesa ao molho branco. – ela sentiu a boca salivar.
– Não acredito que você fez minha comida favorita, ? – abriu um enorme sorriso. – Nem sabia que lembrava.
– Eu jamais esqueceria, deu um trabalhinho, mas valeu a pena. – se aproximou dele e o beijou rapidamente.
– Meu Deus, nem sei o porquê de tudo isso, mas já estou amando. – fingiu não saber das intenções dele. O encarou rapidamente, voltando agora o olhar a cozinha que possuía velas sobre a mesa e a travessa da lasanha no centro dela. Ela ia puxar a cadeira para se sentar, mas ele foi mais rápido, a detendo, segurando a cadeira, a empurrando para que ela se sentasse. – Obrigada, senhor . – brincou.
– De nada, mademoiselle.
Ele acendeu as velas e apagou a luz. Se sentou de frente para a moça. cortou a lasanha e colocou um pedaço sobre o prato. Colocou a primeira garfada na boca e gemeu com a explosão de sabores, a lasanha estava deliciosa.
– , hummmm. – ela deu mais uma garfada. – Homem de Deus, está deliciosa. – ela comentou de boca cheia. – Pode falar, você comprou, né?
– , assim você me ofende. – fingiu estar bravo. – Pode acreditar, eu fiz tudo sozinho, inclusive a massa. – deu uma piscada pra ela, enquanto colocava o alimento em seu prato.
– Nenhuma ajudinha? – ela sorriu, enquanto o olhava de lado.
– Minha mãe me auxiliou com a receita e afins, mas quem pôs a mão na massa, literalmente, fui eu mesmo. – arqueou a sobrancelha, surpresa.
– Nossa... Agora vou ficar mal acostumada. – ele deu de ombros. agora servia a taça da moça e a sua com vinho.
– Por quê? – perguntou intrigado.
– Porque eu vou querer experimentar suas iguarias todo dia. – bebericou um pouco do vinho.
– Ué, você pode, é só você querer. – ela pigarreou, sem graça, voltando o olhar para o prato. Típico de .
– Tem sobremesa também? – ele arqueou a sobrancelha com a mudança momentânea de assunto.
– Sim, eu fiz mousse de chocolate. – ela colocou a mão na boca, surpresa. Era uma de suas sobremesas preferidas quando criança.
– Eu tô voltando no tempo e não tô sabendo? , que amor. – debruçou-se na mesa, dando um rápido selinho nele.
– Quero que essa noite seja especial, já que é o nosso primeiro encontro oficial depois que a gente começou a... Você sabe. – ela olhou sugestivamente o rapaz.
– Sim, sim, eu sei. – sorriu, servindo-se de mais um pedaço de lasanha.
– Tá parecendo criança pra comer, se labuzando inteira. – gargalhou e passou o guardanapo na boca de . Ela tentou morder a mão dele.
– Eu tenho 31 anos, mas não me peça pra comer como uma mocinha, ainda mais quando estou há tempos sem comer lasanha com massa caseira. – ela sorriu, terminando de comer o seu pedaço. – Obrigada, , o jantar está maravilhoso, o vinho também. Excelente combinação.
– De nada, que isso. – sorriu e apertou a mão dela levemente.
– O que você acha que vai acontecer quando descobrirem sobre nós na empresa? – quebrou o silêncio com aquela pergunta, agora com os olhos abertos, o fitando.
– Eu estava pensando sobre isso… – suspirou. – Vou pedir meu desligamento.
– Quê? Você está louco? – se levantou bruscamente, parando em frente a ele. a olhava curioso.
– Estou completamente sã. – deu de ombros.
– , se escuta pelo amor de Deus, eu não vou permitir que você faça isso. – ela segurou os ombros dele, os soltando bruscamente, agora andando pelo cômodo, extremamente nervosa.
– Depois do escândalo envolvendo meu ex chefe e a Jane, os relacionamentos foram proibidos, . Eu não quero te perder, e sei o quão foi difícil pra você conseguir esse emprego, então a lógica é simples: eu saio.
– Você tem uma vida na empresa, são seis anos! Vamos achar outra solução. – suspirou fundo, se jogando no sofá ao lado dele.
– Se souberem de nós, vamos os dois pra rua. – a fitou.
– Sim, eu sei, mas me recuso fazer seu desligamento, eu só preciso pensar. Te transferir para outra unidade, ainda não sei...
– E vai alegar o quê? “Ele não pode mais trabalhar aqui, porque nós temos um caso”. – imitou a voz dela. lhe deu um leve empurrão.
– Idiota. – acabou rindo. – Só me deixa pensar em algo, , essa não é nossa única opção. – ele concordou com a cabeça à contragosto.
Ela passou a perna em cada lado do corpo dele, se ajeitando no colo do rapaz. Ela alisou o rosto dele, fechou os olhos com seu toque. Se aproximou dele, o beijando calmamente. O beijo foi ganhando intensidade, tinha as mãos nas costas do rapaz, conforme se beijavam, suas mãos arranhavam o local. Agora as mãos dela estavam nos cabelos dele, os bagunçando completamente.
Ela o empurrou levemente em direção ao encosto do sofá, e tirou a blusa dele. Aproximou seu rosto de seu pescoço, cheirando o local e começou a distribuir beijos sugados na região. já sentia a ereção começando a dar sinais em seu corpo. saiu do colo e o jogou no sofá deitando-se por cima dele, distribuindo beijos em seu peitoral. Agora ela descia os beijos até chegar próxima a região mais sensível do homem. Passou a mão na ereção dele, o sentindo ficar mais duro com seu toque, acabou sorrindo, decidiu que ia judiar um pouquinho dele. Se sentou em cima da ereção do rapaz e começou a rebolar sobre o local. fechou os olhos, suspirando fundo com aquela movimentação.
– … – ele gemeu o nome dela. Ela se aproximou da orelha dele, mordendo o lóbulo.
– Diga… – ela sussurrou no ouvido dele ainda rebolando. Com suas mãos ela arranhava as costas dele.
– Chega disso. – ele rosnou, pegou ela no colo e a levou até seu quarto. A jogou na cama, deu um gritinho animado com aquilo. – Agora sou eu que vou me divertir um pouquinho.
levantou o vestido até que conseguisse passá-lo pela cabeça dela. Deu um beijo sugado na boca dela, abriu o sutiã que tinha o fecho frontal – parece que ele não era o único que estava pensando em sexo naquela noite – sorriu e liberou os seios da mulher. Abocanhou o direito, e massageou o esquerdo, alternando, ora massageava o direito, ora abocanhava o esquerdo, fazendo com que arqueasse o corpo pra frente enquanto sentia a língua e mãos do rapaz brincarem com seus mamilos. Agora ele descia os beijos para a barriga dela, deixando uma sensação de brasa onde sua boca passava. Chegou até a região da calcinha que ela usava e a retirou em um movimento rápido. abriu as pernas e sentiu beijos trilhando a região interna de sua coxa, até chegar em sua intimidade.
– ! – ela exclamou quando sentiu ele passar a língua por toda a extensão de seu clitóris.
Ela segurou fortemente os lençóis enquanto ele lambia a região de seu corpo que mais pedia atenção. brincava com a língua ali, e tudo o que fazia era gemer o nome do rapaz completamente entregue. agora a penetrava com a língua, enquanto com os dedos ele fazia movimentos de vai e vem no clítoris dela, já começava a sentir uma sensação em seu ventre, ela estava chegando lá, ela agora empurrava o rosto de contra sua intimidade. Por fim, sentiu as pernas falharem e um orgasmo maravilhoso lhe atingir, fechou os olhos sentindo o corpo relaxar. subiu o rosto e lhe deu um beijo, no qual pode sentir seu gosto na boca dele. A ereção dele ainda estava ali, e vê-lo com a calça jeans aprisionando a região a deixou compadecida.
– Minha vez. – ela arqueou a sobrancelha desabotoando a calça do rapaz, e a tirando com a ajuda dele. Ela segurou o cós da cueca, agora o encarava com um olhar safado.
– Não me tortura mais, . – ele fingiu que ia chorar. Ela agora brincava com o cós, descendo aos pouquinhos.
– O que você quer, ? – ela mordeu o lábio.
– Eu já te fodi com minha língua, agora eu quero enterrar meu pau em você. – só com a fala dele, ela sentiu seu corpo se arrepiar.
– Uau! – foi tudo o que saiu da boca da mulher. Ela desceu a cueca dele, respirou fundo, finalmente seu membro rígido estava livre. se virou de costas, agora ficando de quatro para o rapaz, estava em expectativa pronta para senti-lo dentro de si. – Então enterra, !
Ele a encarou surpreso, mas sem muito esperar massageou o clítoris dela, e quando menos esperou, a penetrou de uma vez. Ele suspirou fundo, começou a dar estocadas firmes na mulher que gemia gradativamente alto com o movimento, ele agora segurava os cabelos dela, enquanto estocava cada vez mais rápido. Tudo o que podia ser ouvido no quarto eram os gemidos dela, os sussurros dele e o atrito das peles, que cada vez era mais frequente. Com uma mão, ele segurava os cabelos dela, e com a outra ele massageava o clitóris com movimentos de vai e vem, assim como a penetrava. estava chegando a seu ápice novamente, não estava diferente, entrava e saía da mulher com muita rapidez. Percebeu quando ela atingiu, já que a intimidade dela se contraiu. Ele estocou mais duas vezes, e por fim sentiu seu líquido jorrar pra dentro dela. Saiu de dentro da moça e se jogou na cama ao lado de , que respirava com dificuldade, tentando recuperar as forças. Ele a trouxe para o seu peito e começou a fazer carinhos no cabelo dela.
– Porra, , no que você é ruim? Cozinha bem, canta bem, fode bem... – ela abriu um sorriso, ainda estava de olhos fechados.
– Muito obrigado, eu sei que eu sou o fodão. – riu alto com a resposta, dando um leve beliscão na barriga dele.
– Bobo. – o abraçou de lado e confidenciou. – Mas eu o amo muito. – ele sorriu, adorava ouvir quando ela dizia que o amava.
– Ah, eu te amo muito mais, . – ela sorriu, abriu rapidamente os olhos e o beijou ternamente. Subiu sobre o rapaz e eles engataram um beijo lento, calmo, mas que logo fora esquentando, esquentando até acordar o membro de . – Segundo round? – ele piscou marotamente pra ela.
– Jamais negaria. – sorriu safada e começou a descer os beijos pela barriga dele.
– Hum… , isso tem que parar. – ela falava com dificuldades devido ao rapaz beijar o pescoço dela.
– Concordo, precisa parar. – comentou, mas não parou o que fazia, agora descia cada vez mais os beijos.
– Assim você não ajuda, . – o empurrou levemente, se afastando do rapaz o quanto podia. – As pessoas vão desconfiar e você sabe, nós dois vamos pra rua!
– Sim, eu sei, por isso eu quero meu desligamento, mas você não quer assinar. – acabou revirando os olhos.
– Já disse que não, eu vou pensar em outra coisa. – fez uma leve careta. Já havia pensado em várias coisas, mas nada era relativamente bom.
– Mudando drasticamente de assunto. – ele chamou sua atenção. – É hoje que compraremos seu carro, certo?
– Ah nossa, é sim. – pegou o celular na mesa e viu que ele marcava 15:17. – , tchau! Vai pra sua sala, eu tenho um monte de coisa para fazer e quero sair daqui às 17 horas como a gente combinou, fofo.
– Fofo? – ela revirou os olhos pra ele. Se sentou em sua mesa e se aproximou do notebook. – Ta, tô indo, tô indo. – ele abriu um sorriso. Se aproximou dela sorrateiramente, sentando-se na mesa e dando um rápido selinho a pegando de surpresa. Ela o encarava com um pequeno sorriso no rosto.
– Licença, . – Bianca entrou na sala, assustando a ambos que ainda estavam bem próximos.
– Entendeu, ? – virou o notebook em direção a si, agindo o mais naturalmente que conseguiu.
– Sim, obrigado, chefa. – rapidamente entendeu a encenação que criou e se levantou da mesa dela, agora se dirigindo para a saída dali. respirou fundo, tinha as mãos trêmulas.
– E então, Bianca? – sorriu forçado. A moça a encarou um tanto estranho.
– Desculpa vir aqui assim, pareceu que eu atrapalhei vocês dois e...
– Você não atrapalhou nada, eu estava explicando sobre um processo, já tínhamos acabado. Enfim, do que precisa?
– É que o supervisor do setor está me apressando para o treinamento para a operação, ele alegou que tem acontecido muitas falhas e tal…
– Eu vou avaliar isso ainda hoje, mas, de qualquer forma, ele precisa entender que há níveis hierárquicos aqui. E outra, não existe só o setor de operações que precisa de treinamento. – suspirou fundo, passando a mão nos cabelos. – De qualquer maneira no máximo uns 45 minutos as correções estarão no seu e-mail, assim que fizer as mudanças que eu pedir, me reenvie que eu despacho para os multiplicadores.
– Certo, obrigada! – sorriu agradecida, e se retirou da sala. Foi caminhando em direção a sua mesa, mas parou na de Lucas. – Lu, você não acha que o está indo demais na sala da ?
– Eu tenho reparado nisso, mas as vezes é pra aprender algo, sei lá…
– Eu tenho minhas dúvidas, viu? Os dois eram amiguinhos de infância, se reencontraram depois de anos, a chama pode voltar a acender...
– Será? Bom, de qualquer forma não é problema nosso, vai logo pra sua mesa antes que ela te pegue aqui, não quero problemas pro meu lado.
– Chato. – revirou os olhos caminhando até sua mesa. Ela sabia que naquele mato tinha muito coelho.
– Ah não, , sei lá, não gostei muito. – bufou baixinho.
– E esse Palio Adventure, quatro portas, preto, ano/modelo 2015, direção... – ela inclinou a cabeça avaliando. Já tinha mostrado vários carros, mas aparentemente nenhum de fato agradava a mulher.
– Não gostei… – ela abriu uma mini careta.
– , você é a pessoa mais indecisa que eu já conheci, por Deus. – ela acabou rindo alto.
– Eu sei, me desculpa, que tarefa chata te incumbi, né? – ela alisou o rosto dele, se aproximando para lhe dar um selinho. – Não desiste de mim?
– Jamais. – ele sorriu. – E ai, o que acha desse? – agora apontava para um Onix 2017 de cor prata, quatro portas, todos os vidros elétricos, direção hidráulica, ar condicionado, airbag...
– Ele é lindo... – suspirou fundo. – Mas não sei…
– O que está te incomodando? – voltou o olhar a ele.
– Ele é muito bonito, e o ano fabricação é perfeito, mas o problema é a cor… Não curto muito, é meio opaca e tal. – ele assentiu.
– Vou ver com o vendedor se tem mais cores, já venho. – ela assentiu. Sacou o celular da bolsa e viu que tinha mensagens da melhor amiga.
: Como andam as coisas por ai? Finalmente escolheu seu carro?
: Amei o Onix, mas a cor deixou a desejar. O tá verificando com o vendedor outra cor.
: Príncipe … Só ele pra ter paciência com você.
: 😒😒😒
: E ai, vem pra casa jantar? Ou vai dormir mais uma vez na casa do seu boy?
Ela acabou por gargalhar com a mensagem dela, de fato fazia muito tempo que não passava algum fim de semana em casa, era sempre com .
: Vou pra casa do … Passarei o fim de semana com ele. 🤭
: Me conta uma novidade… De qualquer forma bom fim de semana, chuchu! Juízo, hein? E vê se escolhe logo esse carro. Três beijos.
: Amo você! Beijos. Prometo que escolho logo hhaha.
– , ele tem na cor vermelha, se você quiser… – passou a mão pelos cabelos, ansioso pela resposta da amada.
– Quero ver. – eles caminharam a passos rápidos em direção ao vendedor, que já os aguardava pacientemente. – Agora sim, perfeito.
– Acho que temos um vencedor então, finalmente. – ele levou as mãos pro céu. lhe deu um tapinha no ombro.
Agora era hora de resolver os trâmites legais para que a mulher pudesse chamar finalmente o Onix de seu carro. Ela estava eufórica, feliz pela conquista e mais feliz ainda por tê-la feito ao lado de . Ele seria o primeiro a andar com ela.
– , tá igualzinho ao que sua mãe fazia. – ela sorriu, enquanto colocava mais uma colherada na boca.
– Ficou mesmo. – abraçou a moça de lado, cheirando o cabelo dela. – Foi ela quem me passou a receita também. Segui as recomendações a risca.
– Igual com a lasanha daquele dia, né? – ele balançou a cabeça afirmando. – , sua mãe sabe que a gente tá… – ela gesticulou com as mãos.
– Sim, ela sabe. – a encarou ternamente.
– Tá, e ela disse o quê? – peguntou curiosa.
– Que desde que éramos crianças imaginava que isso aconteceria um dia e que te aguarda para jantar na casa dela…
– Meu Deus, estou sem graça, literalmente. – escondeu o rosto no peito dele. Ele afagou seus cabelos.
– Não seja boba, minha mãe sempre te amou, a diferença agora é que você é minha... – deixou a frase morrer. olhou para um ponto fixo na parede. – E sua mãe, sabe de mim? – mudou de assunto.
– Não ainda, ela sabe que eu terminei meu relacionamento, sabe que eu te reencontrei, mas só. Helena também não sabe ainda. Preciso ir lá em Montecastelo pra contar pessoalmente, não é o tipo de notícia que a gente dê por telefone…
– Sim, entendo. Espero ir com você na próxima vez que for, sinto saudades de lá. – suspirou recordando-se de sua infância.
– Vamos juntinhos, gostoso, eu prometo. – ele concordou com um grande sorriso.
– Ei, desde quando você usa apelidinhos pra se referir a mim? É sempre , , até . – ela gargalhou com a afirmação dele.
– Lá vem ele. – ela revirou os olhos. – Eu não curto apelidinhos, confesso, mas quando tudo o que você faz é gostoso, por que não te chamar de gostoso também? – gargalhou com a fala dela.
– Então preciso arrumar um apelidinho pra você também. – ela o olhou debochada.
– Me surpreenda… Nada dos clássicos. – arqueou a sobrancelha pensativo, e como um clique teve uma ideia – Chefinha...
– Ah não, não, não. – negava freneticamente enquanto ria, ele também gargalhava da reação dela.
– Ah sim, sim, sim. – ele a imitou. – Chefinha! – ela escondeu o rosto com a mão, desacreditada com aquilo. – Eu sou seu gostoso, e você minha chefinha. – ele abriu um lindo sorriso.
– A que nível a gente chegou, ? – ria desacreditada. – Sabe o que a gente está parecendo? Dois adolescentes bobos.
– Eu tenho culpa que você me deixa assim? – ele deu de ombros. apertou a bochecha dele.
– É mútuo. – o encarou, dando-lhe um selinho. Escutou uma vinheta na televisão que chamou sua atenção. Era do The Voice Brasil informando que as inscrições estavam abertas, e que tudo o que era preciso era se inscrever no site e enviar um vídeo cantando uma música de seu agrado. – Por que você não se inscreve, ? – ele a encarou descrente.
– Jura? – ela afirmou com a cabeça – Bom, eu não acho que eu cante bem assim…
– Quê? Você já se escutou cantando? – ficou eufórica ao se lembrar do rapaz cantando Coisa Linda do Tiago Iorc.
– Ah, , eu não tenho chances, são tantos concorrentes também… – ele suspirou.
– Você nunca vai saber se não tentar. – negou com a cabeça. – Vamos. – ela se mexeu animada na cama – É sério, vai tomar um banho, coloca uma roupa bonitinha que nós vamos gravar um vídeo e mandar para o The Voice.
– , eu…
– Sem essa. Eu não esqueço de uma conversa que tivemos há um tempo, no qual você me disse o seguinte. – pigarreou engrossando a voz. – , eu ainda estou indeciso sobre a profissão que escolhi pra minha vida.
– Nossa, você lembra disso? – exclamou surpreso.
– Sim, eu me lembro e você se lembra do que eu te disse? – concordou. – Repete.
– Nunca é tarde para se encontrar. – assentiu. – Você acha que a minha vocação é a música?
– Eu não sei, , quem sabe? A gente pode apostar, talvez você se encontre, hum?
– Você tem razão, , vou tomar um banho – ele se levantou nu, escutou um assobio de e riu pegando toalha e roupa limpa no armário. – Ao invés de assobiar, você deveria vir comigo. – ele arqueou a sobrancelha.
– Sexo selvagem no chuveiro? Tô dentro. – riu, se levantando e o empurrando até o chuveiro.
– , relaxa. – abaixou a câmera do celular. Já era a terceira vez que ela tentava gravar o vídeo e o rapaz não conseguia, por estar nervoso. – Vamos lá, é só um vídeo. – ele suspirou fundo.
– Não é natural pra mim. – mordeu os lábios.
– Olha, vou abaixar a câmera. – a moça estava sentada na cama. Ela abaixou o celular até suas pernas, de forma que ele ficasse apoiado ali, de frente a . – Olha pra mim. – o homem direcionou o olhar a ela. – Canta pra mim, , assim como você fez aquele dia.
– É diferente, amor...
– Ah é? Por quê? Lá tinha plateia, aqui só tem eu e uma câmera. – arqueou a sobrancelha. – Vamos, ! – ela fez biquinho, o fazendo sorrir.
– Tá, tudo bem. Só que eu vou mudar a música, me surgiu uma ideia aqui. – respirou fundo. colocou o celular em mãos, apertou o botão de temporizador e o posicionou em sua perna de forma que pudesse filmar o rosto dele. Decidiu que não seguraria a câmera na sua frente para não inibir o rapaz e assim ele pudesse cantar a olhando. Fez positivo com o polegar para que começasse a cantar.
Uh, uh
Desejo a você
O que há de melhor
A minha companhia
Pra não se sentir só
O Sol, a Lua e o mar
Passagem pra viajar
Pra gente se perder
E se encontrar
Vida boa, brisa
Nossas brincadeiras ao entardecer
Rir à toa é bom demais
O meu melhor lugar sempre é você
Você é a razão da minha felicidade
Não vá dizer que eu não sou sua cara-metade
Meu amor, por favor, vem viver comigo
O seu colo é o meu abrigo
Uh, uh, uh, uh
Uh, uh
Com flores Iemanjá
Pedir um paraíso
Pra gente se encostar
Uma viola a tocar
Melodias pra gente dançar
A bênção das estrelas
A nos iluminar
Vida boa, brisa e paz
Trocando olhares ao anoitecer
Rir à toa é bom demais
Olhar pro céu, sorrir e agradecer
Não vá dizer que eu não sou sua cara-metade
Meu amor por favor, vem viver comigo
O seu colo é o meu abrigo
Meu abrigo
O seu colo é o meu abrigo
O meu abrigo
Uh, uh, uh, ah
Ah
– Meu amor, por favor, vem viver comigo. O seu colo é o meu abrigo. – ele sussurrou no ouvido dela, enquanto acariciava as costas da moça. – Casa comigo? – o empurrou bruscamente, tinha a boca escancarada.
– , o que disse? – a testa dela enrugou-se. Ela tinha a respiração desregulada.
– Eu acabei de te pedir em casamento, . – ele jogou as palavras como se elas não significassem nada, como se tratasse de uma pergunta qualquer.
– Você é louco, só pode ser mesmo. – agora ela gargalhava. – A gente nem namora, !
– E daí? Isso é o de menos, se você quiser te peço agorinha em namoro. – ele suspirou. – Eu te amo, você me ama, e tá tudo certo. – agora ela o encarava incrédula.
– Não, as coisas não são tão simples assim, ! Não faz nem três meses que eu me separei do Bruno! Pelo amor de Deus, você precisa controlar sua impulsividade!
– Ah, então amar alguém por mais de 20 anos e pedir essa pessoa em casamento é impulsivo? Cai na real, , não sei do que você tem tanto medo.
– Eu tenho meus pés no chão, é bem diferente. – agora ela vestia sua roupa, e caminhava atrás de sua sapatilha.
– Você consegue destruir um momento tão maravilhoso com meia dúzia de palavras! – revirou os olhos.
– Quem destruiu tudo foi você me pedindo em casamento com apenas três meses de relacionamento. Amadurece, !
– Eu amadurecer? Tem certeza disso? Você que deveria levar a vida de forma mais leve.
– Chega, ! – bufou alto, indo em direção a saída da casa e batendo a porta quando saiu do lugar. Ele suspirou cansado, nunca havia lidado com alguém tão escorregadia como aquela mulher, afinal, do que ela tinha tanto medo?
Capítulo 10
– Você o quê? – olhava para a amiga incrédula, enquanto as duas estavam perambulando pelo shopping.
– Sim, ele é precipitado demais, . – tinha os olhos presos a vitrine, iria comprar o presente de Helena de aniversário que seria em breve. Havia aproveitado a ocasião que precisou ir ao shopping e já fez as compras.
– Eu tô nos aplicativos de relacionamento pra encontrar um namorado, casar, ter filhos e você recebe uma proposta dessas e simplesmente recusa? – a psicóloga segurou o braço da moça, fazendo com que ela a encarasse.
– Eu não recusei, mas também não aceitei… – deu de ombros, entrando na loja de preferência da irmã, sabia que ela amava coisas dali.
– Você não está falando com ele há mais de três dias, e só hoje, hoje veio me contar sobre isso. Eu tô aqui completamente surpresa. – olhava as blusas de moletom.
– , eu só não quis tocar nesse assunto antes, não estava afim. – fitou a amiga. – Você ia ficar contra mim mesmo. – acabou rindo desacreditada.
pegou duas blusas de frio, duas calças jeans e caminhou até o caixa para que pudesse efetuar o pagamento das peças. Pagamento efetuado, as duas voltaram a andar pelo shopping, agora a caminho da praça de alimentação.
– , Deus sabe que eu detesto psicologar contigo, mas você simplesmente não me dá escolha… – a mulher virou-se para a amiga com os olhos semicerrados.
– , não! Isso é contra a ética do Conselho de Psicologia. – as duas caminhavam em direção ao Mc’Donalds, não precisavam conversar, a escolha era sempre essa quando saiam juntas.
– Vai me denunciar, sua ingrata? – cutucou a barriga da amiga, a fazendo dar um pulinho. – Me denuncia e eu paro de cozinhar pra você, duvido viver sem minha comida. – riu.
– Golpe baixo esse, hein? – por sorte delas aquele horário o shopping Pátio Paulista não estava tão cheio, consequentemente a fila para pedidos no fast food não estava tão grande.
– Você começou, eu só continuei. – a amiga deu de ombros, enquanto avançavam na fila.
– Sabe que eu já imagino o que você vai falar? – bufou frustrada.
– Será que sabe mesmo? – a encarou. Chegou a vez das duas serem atendidas. Fizeram os pedidos, aguardaram ao lado serem confeccionados em completo silêncio. Lanches prontos, elas localizaram um local apropriado para que pudessem se alimentar. Começaram a comer.
– Vai, desembucha logo, . – mordeu os lábios, encarando a amiga.
– Você tá morrendo de medo. – a psicóloga concluiu. – E isso é tão engraçado, sabia? Em toda sua vida você nunca teve que lidar com algo assim, porque diferente de você, ele não é uma pessoa metódica, e isso te assusta de um jeito... Aos poucos ele está te quebrando, e você tem medo do que isso pode representar pra você.
– Eu te odeio! – suspirou, enquanto negava com a cabeça.
– Para de se enganar. Não vejo motivos se não esse pra você não querer casar com ele. é fogo, paixão, os olhos dele transbordam intensidade. Confessa, a mim você não consegue enganar. – deu uma mordida no lanche.
– Quero morrer com esse jeito dele! – deu um leve tapa na mesa, nervosa. As pessoas que estavam ao lado lhe olharam de forma estranha, ela os ignorou. – Porra, , ele do nada canta uma música maravilhosa, e me pede em casamento sem nem sermos namorados! – exclamou, – Você não pode ficar do lado dele dessa vez!
– Você sabe se ele não estava com isso na cabeça antes? E se ele já tivesse e não te pediu em namoro por medo de você rejeitá-lo? – ia falar, mas continuou. – Aquele dia do eu te amo, o cara ficou todo desconcertado, olha o que você causa nele.
– E você está o defendendo… Você é minha amiga ou dele? – suspirou fundo, a encarando.
– Não, eu estou enxergando por outra perspectiva, consigo ser extremamente imparcial, e é isso que estou sendo. Não vou passar a mão na sua cabeça, . Eu como sua amiga não posso fazer isso, não é justo.
– Tem agora sua explicação do porquê não te contei antes… – empurrou a bandeja de lado.
– Abre seu coração pra mim, ! – impulsionou a mulher para que ela desabafasse.
– Eu o amo! Eu o amo tanto, e eu nunca me senti desse jeito, mas eu não posso simplesmente me jogar como ele está fazendo, .
– Por quê? – a moça colocou a mão no queixo, ansiando a resposta dela.
– Porque eu tenho medo de perdê-lo, de ele sumir de novo da minha vida por algum motivo. – ela apertou os dedos, nervosa. – É complicado…
– Ele só sumiu há 20 anos porque não teve escolha, . Esse homem te ama de um jeito tão insano que é mais fácil você dar um pé na bunda dele do que o contrário. – acabou rindo baixo. – Quando ele te pediu em casamento o que sentiu?
– Eu me senti completamente apavorada, mas… – fez um movimento com as mãos para que ela prosseguisse. – Eu gostei.
– Então começa a ouvir mais sua vozinha interior, te garanto que você vai ser mais feliz.
– Talvez, mas só talvez, você tenha razão. – olhou a amiga com um meio sorriso.
– Querida, eu sempre tenho razão. Meus cinco anos de faculdade, mais minha pós e extensos cursos foram muito bem empregados, viu?
– Te amo. – levantou-se da cadeira e deu um abraço apertado em .
– Eu também. Vou sentir tanto sua falta em casa. – fingiu um choro.
– Meu Deus, eu nem sei se vou mesmo aceitar esse pedido. – fingiu indiferença.
– Você já aceitou a partir do momento do “eu gostei” que disse agora pouco. – gargalhou da cara que fez.
***
zapeava os canais da televisão sem de fato prestar atenção em nada, sua cabeça estava em outro lugar, em uma certa mulher que o enlouquecia. Suspirou, ela não falava com ele no trabalho, e quando de fato precisava falar, simplesmente chamava mais alguém, tudo para não ficar sozinha com ele. Ele havia se arrependido de fazer o pedido, precisava aprender a filtrar melhor as coisas, falar menos e raciocinar mais. não era igual as outras mulheres que já havia se relacionado, precisava enfiar aquilo em sua cabeça o mais rápido possível. Sentiu o celular vibrar, o pegou rapidamente da mesinha ao lado da cama, vendo que era uma mensagem de sua mãe.
Mãe: Oi, filho, está tudo bem por ai?
: Está sim e com vocês?
Mãe: Ótimo, perfeito! Estava pensando aqui, o que acha de trazer pra jantar conosco na próxima semana? Será que ela toparia?
fechou os olhos, colocando as mãos na face, esperava tudo, menos que a mãe fosse tocar no assunto . Bufou, já tinha uma ideia, ao menos por hora do que responderia.
: Talvez, vou ver com ela um dia certinho e a gente vai ai. Depois nos falamos, mãe.
Decidiu responder de forma genérica e encerrar logo a conversa antes que a mãe insistisse no assunto, não queria dizer pra ela que em menos tempo do que imaginava havia brigado mais uma vez com .
Escutou a campainha tocar, não esperava ninguém, quem poderia ser em plena quarta-feira a noite? O porteiro não interfonou, então das duas uma, ou era sua mãe ou… Não, ela jamais viria atrás dele, era orgulhosa demais e cabeça dura. Levantou-se da cama, a contragosto e foi de samba canção atender. Abriu a porta e tomou um susto quando viu de quem se tratava…
– Oi. – abriu um sorrisinho amarelo. a encarava estático.
– Depois de três dias sem simplesmente olhar na minha cara direito, me ignorar no trabalho, não responder minhas mensagens tudo o que tem a dizer é oi? – saiu da porta, deixando-a aberta para que ela pudesse entrar no apartamento. respirou fundo, entrou no local, encostando a porta.
– Quanta hostilidade… Eu acho que minha mãe me deu educação, então sim, eu vou dizer oi quando cumprimento alguém. – respondeu ironicamente.
– O que quer, ? – ele se sentou no sofá, cansado.
– Eu… – suspirou. Tentava organizar a enxurrada de pensamentos. ficou a encarando, dessa vez ele não facilitaria pra ela, estava cansado do jeito como ela lidava com as coisas. – Eu disse coisas que te magoaram no sábado, quero te pedir desculpas. – as palavrinhas finalmente foram proferidas.
– Como sempre… – murmurou.
– Eu não vou entrar na sua sintonia, , de verdade. – deu de ombros se sentando ao lado dele no sofá. Ficaram calados por um tempo, cada um imerso em seus próprios pensamentos.
– Por que você é assim? – quebrou o silêncio, agora encarando-a
– Assim como? – ela se ajeitou melhor no sofá, o fitando.
– Escorregadia, medrosa… – ele quebrou o contato ocular, olhando agora pra frente.
– Eu não sei, eu só sou assim. Não tente me decifrar, só peço que me compreenda. – ela respirou fundo, olhando para frente.
– É tudo o que eu mais faço nessa vida, te compreender. , você precisa ser sincera comigo. Você diz que me ama, mas sempre que eu vou tocar no assunto sobre um relacionamento sério, você se esquiva! Porra, você me machuca cada vez que me repele, e tudo o que eu tenho feito é te amar. – ela o encarou assustada, não sabia que aquilo estava o ferindo tanto.
– Oh, meu Deus, me desculpa. – ela avançou no rapaz, o abraçando. Ele não a repeliu, mas demorou a retribuir o gesto. – Eu te amo, ok? Eu te amo muito. Nunca duvide disso, mesmo eu sendo tão confusa. – ela sussurrava no ouvido dele, enquanto ainda o tinha nos braços. – Desde que você voltou em minha vida, me sinto mais completa! Você me traz tantas coisas boas... Eu prometo que tentarei levar as coisas mais levemente, mas gostaria que tivesse paciência comigo, não fui criada assim. – ele a apertou mais no abraço, cheirando o pescoço dela, que tinha um aroma muito agradável.
– Tudo bem, prometo controlar minha impulsividade. – ele suspirou, desfazendo o abraço. – Para que as coisas deem certo, é preciso aprender a ceder, certo? – ela balançou a cabeça afirmando, enquanto sentia os olhos úmidos, ele não estava diferente.
Se encararam fixamente, aquela troca de olhares era intensa e não demorou para que se aproximasse rapidamente de lhe dando um beijo longo, cheio de saudade e afeto. Era incontestável que se amavam e muito. Terminaram o beijo com vários selinhos. Ela o encarava, enquanto ele ainda tinha os olhos fechados, como alguém conseguia ser tão lindo assim? Era o pensamento que rondava a mente dela.
– O pedido de casamento ainda está de pé? – ele arregalou os olhos.
– , meu Deus, não brinca assim comigo, por favor… – ela sorriu.
– Não estou brincando, esses dias que passamos longe eu tive minha mente fervendo, e depois de uma conversa com percebi como eu estava sendo tola em perder você por simplesmente ter medo. – ele abriu o melhor sorriso que ela já vira na vida.
– Eu amo tanto você, ainda tem dúvidas se o pedido está de pé? – ele se levantou do sofá, e se ajoelhou. – Eu prometo que as alianças estarão em breve aqui, queria que o pedido fosse mais romântico também, mas não somos um casal convencional, não é? – ele deu de ombros. – , aceita ser minha esposa pra vida toda?
– Aceito. – ela puxou o rosto dele próximo de si e o beijou.
Ele a puxou para baixo fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse em cima dele no chão e eles acabaram rindo. Ele a abraçou apertadamente enquanto tinha os olhos presos nela, as risadas foram cessando aos poucos. A beijou novamente, diferente do outro beijo esse tinha mais intensidade, tinha fogo. Ambos já não tinham mais controle de suas mãos, e a cada momento as respirações ficavam ofegantes.
retirou sua própria blusa, a ajudou a retirar a calça jeans que vestia. tinha a boca no pescoço do rapaz, dava chupões que com certeza deixariam a região marcada.
foi subindo os beijos até chegar na região do lóbulo da orelha, e lá começou a sussurrar provocações no ouvido do noivo, o deixando completamente arrepiado e louco de tesão por ela. Sua vontade era de arrancar a roupa dela e possuí-la de uma vez, mas nunca abriria mão das preliminares.
A mulher foi descendo os beijos, passando pelo peitoral do rapaz, até chegar na barriga, bem próxima da região que mais pedia sua atenção. Parou ali descendo de uma vez o samba canção do rapaz que se surpreendeu com a rapidez dela. segurou o membro dele que a essa altura estava bem ereto. Com suas delicadas mãos, começou a masturbá-lo com movimentos de vai e vem, fazendo com que fechasse os olhos, sentindo a intensidade dos movimentos que ela fazia. Ela colocou sua boca no membro o abocanhando de uma vez, soltou um urro de puro prazer. lambia, chupava, deixando o pobre rapaz incapacitado de conseguir pensar direito.
– … Chega, por favor… – ele comentou com um fio de voz. Ela deu uma rápida olhadinha para ele, e segurou a risada quando viu seu rosto contorcido em prazer.
– Nem mais um pouquinho? – ela ainda o masturbava devagar.
– Se você continuar assim… – ele suplicou. No ritmo que aquilo estava com certeza ele gozaria e a brincadeira que eles mal começaram iria acabar mais rápido.
– Parei. – ela se levantou, se despindo completamente de seu sutiã e calcinha, jogando a última pra ele que rapidamente a pegou com um sorriso travesso.
Ela se sentou no colo dele e começou a distribuir beijos na região do colo dela, a moça arqueou as costas para trás para que ele pudesse ter maior acesso ali. Ele desceu os beijos até os seios dela e ali abocanhou o direito, o chupando e massageando o esquerdo, sempre alternando-os. fechou os olhos, passando as unhas curtas nas costas dele. a empurrou para trás, de forma que ela ficasse deitada no tapete felpudo da sala, descendo agora os beijos pela barriga, em uma velocidade rápida, querendo chegar logo ao local a qual a noiva estava mais necessitada. Abriu as pernas dela, e sem que ela pudesse esperar muito passou a língua pelo clitóris dela, fazendo com que soltasse um gemido alto. lambia e chupava a mulher que tudo o que sabia proferir eram gemidos, que estavam o deixando louco. Ele a penetrava agora com a língua e com o dedo estimulava o clitóris. Ela puxou a cabeça dele pra cima, o beijando de forma mais intensa possível, agora deitando-se sobre ele. ia se posicionar para que pudesse penetrá-la, mas ela se lembrou de algo
– , camisinha… – ele arregalou levemente os olhos
– Tem no criado-mudo do quarto – já ia se levantar, quando ela o parou.
– Deixa que eu pego – ela correu para o quarto, rapidamente encontrando e voltando para sala com o pacotinho.
O encontrou sentado no tapete, ela o empurrou para que ficasse próximo ao sofá de forma que ele pudesse encostar as costas ali, passou as pernas por cada lado do corpo dele, se sentando no colo dele. Ela o deu um beijo sugado e intenso. Ao fim, mordeu os lábios do rapaz, colocou a camisinha em seu membro, e se levantou um pouco se sentando devagar sendo preenchida por completo pelo membro dele. Os dois fecharam os olhos quando sentiram a sensação. começou a fazer movimentos de vai e vem sobre o membro do rapaz, enquanto ele tinha as mãos dele na cintura dela. descia e subia rapidamente, causando sensações indescritíveis a ambos. se aproximou do rosto dela a beijando, enquanto os movimentos continuavam sem parar. interrompeu o beijo, mordendo o ombro dele e passando as unhas pelas costas do rapaz, arfando, seu orgasmo estava próximo, não estava diferente, mas estava tentando se segurar para que ela pudesse chegar primeiro, por fim deu uma última rebolada e sentiu o orgasmo arrebentador lhe preencher. Sentiu as pernas bambearem, deu uma rebolada no membro do rapaz algumas vezes e não tardou a chegar ao ápice. Ambos se encaravam cansados, ficaram um tempo assim.
– Adora essa posição, mas minhas pernas não. – gargalhou da careta que a mulher fazia e lhe deu um rápido selinho.
– Deixa eu levar essa madeimoselle até a cama então. – ele sorriu, a pegando no colo. Andou a passos rápidos até a cama, a depositando ali. Foi até o banheiro para jogar o preservativo no lixo. Voltou até a cama e se deitou ao lado dela, puxou o edredom para que pudessem se cobrir, a abraçando apertadamente.
– Te amo. – ele sorriu lhe dando um selinho longo.
– Eu também. – ela fechou os olhos se aconchegando nos braços dele.
***
– Cara, que isso – Joe riu, apontando o pescoço de .
– se empolgou um pouquinho semana passada, o que é uma merda, porque já era para ter cicatrizado. – riu tímido.
– Sim, e que empolgação porque ainda tá um pouco feio. – se sentaram na mesa para que pudessem almoçar. Finalmente conseguiram almoçar juntos, havia tido um problema na equipe de TI, e fazia alguns dias que nem a hora de almoço estavam conseguindo cumprir. – Desencalhou mesmo, hein? – deu de ombros, completamente feliz.
– Sim, vou casar com a mulher da minha vida, ainda é meio surreal pra mim, apesar de tudo. – abriu um sorriso sincero.
– É incontestável que você a ama mesmo, nunca te vi tão empolgado com nenhuma sim, nem com a Chris…
– É, pois é, e olha que eu a namorei por dois anos... – deu uma garfada levando a boca. – Acho que eu estava era esperando a aparecer na minha vida novamente. Nunca estive tão feliz antes.
– Dá pra perceber. – Joe concordou. Pedro chegou com um sorriso singelo a mesa, sentando ao lado dos amigos.
– Hey! – saudou com dois toques de mão. Já havia visto Joe, pois trabalhavam no mesmo setor. – Perdi muita coisa?
– Nada, só estávamos falando do quanto está apaixonado. – Pedro balançou a cabeça rindo levemente. entrava no restaurante naquele momento, os amigos e a avistaram, enquanto ela procurava um lugar para se sentar. Ela sentiu que era encarada, deu um pequeno sorriso para o noivo, dando meia volta e sentando em outro lugar. suspirou fundo, encarando os amigos que tinham os olhos completamente presos a cena.
– Você deveria disfarçar mais, logo o povo vai descobrir desse romance de vocês, e eu nem quero pensar o que pode acontecer… – Pedro era que falava aquilo ao amigo.
– Por mim eu já falava logo, mas a não quer… Eu vou ter que agir por minha própria conta. – deu de ombros, enquanto comia.
– É, cara, eu a entendo, você tem um bom emprego, está estabilizado, é complicado…
– Sim, eu sei, mas do jeito que tá não dá, eu já comprei a aliança de noivado, e decidimos que somente eu a usaria aqui na empresa – os amigos olharam para o dedo anelar do amigo.
– Eu digo e repito: é complicado. – Joe comentou, enquanto terminava de comer.
– Conheci uma mina no tinder, que mulher, meus caros, que mulher. – Pedro tomou um gole de suco, agora voltando a falar. – Ela é louquinha, mas é muito gente boa também.
– Ah não, será que tu vai entrar pra lista dos comprometidos e vai abandonar a missão? – Joe questionou divertido.
– Nem sei, só tenho certeza de uma coisa: a mina é gostosa pra caralho. – e Joe riram do rapaz.
Terminaram o almoço com muitas risadas e zoações. Passaram na loja de doces como de praxe para que pudessem comer a tarde. pediu para que fossem até a cafeteria da esquina para comprar o café de . Sempre que podia a mimava, e pedia para que Wesley, o jovem aprendiz, levasse o café para ela, o garoto agora caminhava com o copo até a sala da mulher.
– Licença, dona . – ele entrou tímido como sempre fazia. o achava adorável.
– Oi, Wesley. – sorriu levemente enquanto assinava alguns papéis.
– O te mandou café hoje. – ele fez uma leve caretinha. Entregou o café rapidamente para ela.
– Ele não cansa de puxar meu saco, né? Vou te contar um segredo… Ele não consegue nada com essas coisas. – eles riram.
– Eu já imaginava. – Wesley ainda sorria inocente. – Com licença. – ele deu um rápido aceno, saindo da sala. deu uma rápida golada no café e suspirou enquanto voltava a leitura daqueles documentos. Que aquele café não fizesse mal como o outro que tinha tomado mais cedo, era uma dor tão incomoda no estômago que foi preciso se medicar, o que era relativamente estranho, pois café nunca lhe fez mal.
Mais tarde acabou se arrependendo de tê-lo tomado, ele tinha literalmente estragado seu estômago, não era possível que sua gastrite a impediria de tomar uma das bebidas que mais amava...
***
– Se eu te disser que eu tô nervosa pra caramba, você acreditaria? – tinha as unhas na boca, segurando a tentação de não roê-las. gargalhou.
– , são só meus pais. – ele a encarou rapidamente, prestando atenção a estrada. – Não é como se você não os conhecesse. – deu de ombros.
Um mês tinha se passado depois que e haviam se reconciliado, ela topou jantar com a família do rapaz no mesmo dia, mas devido à faculdade que estava pegando fogo por estar próximo do fim de semestre, mais um cansaço físico desumano que a deixava fadigada, tinha demorado a marcar a data.
– A última vez que eu vi seu pai eu tinha 11 anos, e bom, sua mãe me viu aqui na sua casa como amigos… – suspirou. Mesmo que já os conhecesse, agora as coisas seriam diferentes, afinal de contas, eles não eram mais as crianças melhores amigas, e sim adultos com um relacionamento sólido, e que em breve se converteria em casamento.
– Relaxa, , meus pais te amam desde que você tinha cinco anos. – tocou na perna dela, abrindo um rápido sorriso. Ela segurou a mão do rapaz rapidamente, vendo a aliança no dedo anelar direito. Suspirou, a encarando. – Fica lindo o meu dedo com ela, não? – ela abriu um sorriso grande.
– Fica sim, só não fica mais que no meu dedo. Confesso que tenho vontade de usar em todos os lugares possíveis, mas... – bufou, colocando a mão no volante novamente. – Enfim, ficamos noivos escondidos, o que será que seus pais vão achar disso?
– Vamos saber agorinha. – ele fazia a baliza para estacionar em frente a casa dos pais. engoliu em seco quando o carro finalmente parou. Desceu do veículo antes que pudesse abrir a porta para ela, estava nervosa. Entrelaçaram as mãos e tocaram a campainha da residência. apertou a mão do rapaz firmemente enquanto aguardavam serem atendidos, e não tardou para que isso acontecesse.
– Oi, meus amores. – a mãe do rapaz abraçou primeiramente seu bebê apertadamente. trocou o peso do pé, olhando a cena com um sorriso pequeno. Era adorável a relação que tinha com a mãe. – , como está linda! – ela a abraçou apertadamente, a retribuiu. – Entrem, entrem! – adentraram a residência. – Querido, eles chegaram – um senhor calvo com dificuldades em andar rapidamente apareceu na sala.
– Olá! – ele sorriu, e cumprimentou com um abraço . – Como você se tornou uma mulher linda. – ela abriu um grande sorriso. – Linda demais, meu filho tem sorte. – o senhor se aproximou do filho e lhe deu rápido abraço.
– Você não tem noção da sorte que eu tenho, pai. – deu beijo na testa da mulher, lhe abraçando pelos ombros. Os pais sorriram, finalmente havia encontrado quem realmente amava, era possível ver como os olhos dele brilhavam ao encarar a moça.
– Mas, vamos pra cozinha, a mesa já está posta. – Anny os chamou, e todos se direcionaram até lá.
Todos sentaram-se à mesa e degustaram do jantar que tinha como menu canelone de frango, ela colocou à disposição salada de alface, arroz e feijão, sabia que e nem tampouco comeriam os dois últimos, mas Lúcio sim, se não tivesse o arroz e feijão aquilo não era refeição para ele. O jantar foi calmo, houve algumas conversas sobre coisas banais, mas nada muito relevante.
– A comida estava uma delícia, tia Anny. Amei tudo. – bebericava o suco de uva. Sentia um desconforto no estômago, apesar de ter amado a comida, não havia comido muito, mas era como se o tivesse feito, e aquilo era bem estranho.
– Eu fico muito feliz que tenha gostado, foi feito de coração, viu? – a mais velha alisou a mão da moça. – Tô esperando vocês tocarem no assunto o jantar todo, mas como não acontece. – a mulher os encarou. – Quando iam compartilhar que estão noivos? – sorriu completamente sem graça, sentindo o rosto pegar fogo.
– Anny! – o marido prendeu a risada, chamando a atenção dela.
– A gente ia contar, mãe. Mas também não é como se tivéssemos escondendo, olha o tamanho dessas alianças. – deu de ombros.
– Sim, dois faróis de caminhão no dedo. – Lúcio comentou, fazendo todos rirem.
– Culpa do , ele quem escolheu esse modelo. – jogou a culpa para o noivo, ele havia proposto aquele modelo, mas havia sido um consenso.
– Faz muito tempo que vocês evoluíram a relação? – Anny alternava o olhar para ambos.
– Acho que faz mais ou menos um mês, né? – ela encarou , que confirmou.
– E você pretendem casar quando? – eles se encararam brevemente, não tinham de fato uma resposta para aquilo.
– Em breve? – ele arriscou dizer.
– Sim, em breve vamos marcar a data… – ela segurou na mão dele com um sorriso terno. – E só o casamento no civil tamb…
– Nada disso, tem que ter uma cerimônia adequada e uma festa com direito a buffet e tudo… – mordeu os lábios. – Meu sonho é ver entrando comigo no casamento, com um terno bonito, seria tão lindo... – fez uma careta pra . – Repense, por favor, querida? Você vestida de noiva seria a coisa mais linda que esse mundo já viu… – Anny tinha os olhos brilhando enquanto imaginava a cena. mordeu os lábios. Não tinha como negar ao pedido da sogra, ver aqueles olhinhos brilhando daquela forma a quebraram.
– Tudo bem, cerimônia de casamento vai rolar, mas a festa... – Anny ia falar, mas continuou. – Será para no máximo 120 pessoas, não quero nada extravagante ou algo do tipo.
– Feito, já estou muito feliz, casamento a gente não pode deixar passar em branco, é uma data e tanto. – Anny batia palminhas, animada.
– A senhora tem toda a razão, e confesso que quando mais nova sempre sonhei com isso, mas… – ela engoliu em seco.
– Mas…? – Lúcio comentou curioso, assim como os demais estavam.
– Depois que meu pai morreu esse sonho se foi, fico pensando que não o terei ao meu lado para entrar comigo na cerimônia… – apertou os lábios, suspirando fundo. Já fazia um bom tempo em que tudo acontecera, mas ela jamais esqueceria dele. se virou completamente pra ela lhe abraçando, tentando confortá-la de alguma forma.
– Eu sinto muito, querida, jamais imaginei que esse fosse o motivo, me perdoe. Se quiser só casar no cartório não tem problema, viu? – a mulher estava desesperada, não achou que o motivo da nora fosse algo tão doloroso. Ela desfez o abraço com .
– Não se sinta culpada, tia, eu sei que a senhora tem esse sonho, e pra mim tudo bem. – ela segurou na mão da sogra. – Minha mãe quando descobrir do casório vai querer que eu faça festa e afins…
– Tem certeza que não vai te machucar? – a olhava preocupado.
– Tenho, . Eu só quis explicar o porquê não idealizava um casamento assim. E, amor, mesmo que você negue é seu sonho também, e pra te fazer feliz eu faço tudo, porque a sua felicidade também é a minha. – ele não aguentou aquela frase e lhe deu um selinho, sussurrando um eu te amo no ouvido dela.
– Vocês são um casal tão bonito... – Anny os encarava com os olhos brilhando. – Quem topa sobremesa?
– Ai, tia, sabe o que eu topo? Um sal de frutas, acho que comi demais. – ela fez careta, arrancando risos dos demais.
– Eu não acho, viu? Comeu tão pouquinho… – sorriu. – Tenho sim, querida, eu já venho. – a senhora se levantou, caminhando até o quarto para procurar o remédio.
– Quando me contou que te reencontrou na empresa, fiquei bastante surpreso, com tantos lugares pra se reencontrar, não? – ele sorriu.
– Pois é, com tantos lugares possíveis, mas acho que tinha que ser lá mesmo. – abriu um sorriso terno.
– E como vocês vão fazer com o trabalho? comentou que depois do que aconteceu, relacionamentos entre funcionários é proibido.
– Então… – ela suspirou.
– Não dá pra esconder mais, pai, então já convoquei pra terça-feira uma reunião com os diretores para comunicar sobre minha saída.
– Você o quê, ? – se virou completamente para o rapaz, visivelmente transtornada.
– , se eu não fizesse isso, você ia ficar adiando, adiando, e não me mandaria embora, e eu prefiro que seja eu a contar, já que o povo está começando a desconfiar. A Bianca direto me joga indiretinha. – Lúcio alternava o olhar de um para o outro.
– Sim, estão desconfiando mesmo, mas quando você ia me contar sobre isso? , tínhamos que ter conversado antes de você tomar essa decisão.
– , você…
– Olha, eu só achei eno guaraná – Anny interrompeu a pseudo discussão que estava por se formar por ali.
– Ótimo, já ajuda muito. – pegou o copo que lhe foi estendido e bebeu o líquido de uma vez.
– É impressão minha ou vocês estavam discutindo? – a senhora se sentou de volta à mesa.
– Estavam, querida. Me lembrou o tempo em que eram crianças e discutiam por qualquer besteira, foi como uma viagem no tempo. – abriu um sorrisinho amarelo.
– Não estávamos bem discutindo, mãe, foi só uma conversa, nada demais… – abriu um sorriso de lado.
– Melhorou? – sussurrou curioso. Sabia que o sal de frutas o alívio era imediato. Ela negou, com a mão sobre o estômago.
– Acho que piorou. – ela fez uma careta, sem graça.
– Quer que vamos embora pra passarmos em uma farmácia e você comprar o ranitidina? – concordou.
– Mãe, ela tá com dor ainda, acho melhor irmos pra casa, assim ela toma a medicação correta.
– Tem certeza que querem ir? Podemos comprar o remedinho, vocês ainda nem comeram a sobremesa… – comentou com pesar.
– Tia, não tô aguentando nem respirar, que dirá comer sobremesa. – tentou sorrir, mas pareceu uma careta. – Mas aceito se a senhora me der um potinho pra eu comer em casa, hun? – Anny concordou e foi até a cozinha colocar um pouco da sobremesa para que ela levasse.
– Mas você tem essas dores com frequência? – Lúcio perguntou.
– De uns tempos pra cá. Não é tudo que meu estômago tem aceitado, creio que minha gastrite esteja atacada, não sei…
– Verdade, nem o café que eu peço pro aprendiz levar ela tem tomado. – acariciou a perna dela.
– Não era bom ir ao médico pra ver se tem algo de errado? – o sogro perguntou, deu de ombros.
– Posso sim ver isso mais pra frente, não é algo que tem me atrapalhado de qualquer jeito, só me dado um desconforto.
– Ela é teimosa, pai, nem adianta falar muito. – Anny voltou da cozinha com o potinho com a sobremesa pra ambos. se levantou da mesa, acompanhada de .
– Prometo que dá próxima vez que vier ficarei mais, e ainda ajudarei a senhora, porque sou uma negação pra cozinhar. – elas riram enquanto se abraçavam.
– Mas com toda a certeza, querida. – Anny segurava as mãos da moça. Lúcio deu um abraço caloroso na nora, desejando melhoras. se despediu dos pais da mesma forma e ambos se direcionaram até a saída do local.
começou a dirigir para a casa da moça, já que ela afirmava que tinha ranitidina na residência. Eles estavam calados, ainda tinha ficado magoada com a decisão dele de procurar os diretores, e ainda pra ajudar sentia a boca salivando, estava começando a se enjoar, e logo a ânsia de vômito veio com força.
– , para o carro, eu vou vomitar. – rapidamente encostou o veículo de qualquer jeito, desceu rápido e todo o jantar foi colocado pra fora.
– Ah não, , a gente vai ao hospital agora. – já se encontrava atrás dela, segurando os seus cabelos. respirava fundo, negando freneticamente com a cabeça.
– Eu estou bem, isso é sintoma da gastrite, eu não deveria ter aceitado o sal de frutas, ao invés de melhorar, piorou e aumentou as dores e então veio a ânsia. Agora estou bem melhor depois de ter jogado fora o que me fazia mal. – ela prendeu seus cabelos em um coque. – Só, por favor, não comente com sua mãe sobre isso, seria uma desfeita e tanto. – ela deu um meio sorriso entrando no veículo, a olhou desconfiado, por fim sendo vencido por ela, e entrando no carro.
– Tudo bem, ela nunca saberá disso. – ele alisou o rosto dela. – Tem certeza que não quer ir ao hospital? – ela deitou o rosto dela na mão dele.
– Tenho sim, já estou melhor. Agora chegando em casa eu tomo o ranitidina e a dorzinha que eu tô sentindo vai sumir de vez. – estava com o rosto bem próximo, enquanto a encarava ternamente. – Não, , sem chances. – fez cara de nojo.
– Você sabe se eu ia te beijar? Hein? – ele deu partida no veículo arrancando risadas dela.
– Nunca se sabe. – deu de ombros. Como já estavam próximos, não tardou muito e encostou o veículo na frente da casa dela. – Obrigada, , a noite foi incrível, apesar de tudo. – sorriu e deu um beijo na bochecha dele. – Já sabe, quando chegar em casa me avisa, por favor? Te amo.
– Aviso sim. Te amo. – deu um beijo na bochecha dela. Ela desceu do veículo, esperou que ela entrasse na residência e partiu assim que ela o fez.
entrou em casa, procurou a caixa de remédios, pegando ranitidina e tomando de uma vez, em seguida pegando um copo de água e o tomando. Suspirou fundo, agora a dorzinha chata iria embora, estava pronta pra ir ao banheiro para escovar os dentes e tirar o gosto ruim da língua quando foi surpreendida.
– Tá tomando ranitidina demais… – ela quase derrubou o copo no chão, tamanho o susto que tomara.
– , isso não se faz… – ela se virou, vendo a amiga acompanhada de um rapaz. Franziu o cenho completamente surpresa. – Pedro?
– ? – olhava de um para o outro, surpresa.
– Vocês se conhecem? – eles riram divertidos.
– Sim, ele trabalha no departamento de TI da Engeali, e ainda é um dos amigos de . – escancarou a boca, completamente surpresa.
– Meu Deus, que coincidência, não? – sorriu concordando.
– Vocês dois estão… – fez uma careta, evitando que falasse alguma besteira.
– Estamos nos conhecendo. – ela cortou a melhor amiga.
– Isso. – passou a mão nos cabelos, sem graça. – Bom, eu preciso ir, é… Já está tarde. – concordou.
– Vou te levar até a porta. – ela deu alguns passos para levá-lo até lá, deu um rápido selinho no rapaz.
– Me liga – ele fez o sinal com as mãos e partiu. entrou na residência com um sorriso grande na face.
– Eu acho que o constrangi um pouquinho. – abriu um sorrisinho amarelo.
– Talvez, quem sabe. – se sentou na cadeira na cozinha.
– Há quanto tempos vocês estão… – ela fez um sinal de mãos para completar a frase, com um sorrisinho malicioso.
– Acho que um mês, ou menos, não sei. – sorriu. – Ele é um cara bem divertido, nos conhecemos através do tinder.
– Torcendo para que dê certo, foram tantos e você sempre persistente, te confesso que se fosse eu teria desistido. – riu da caretinha que fez. – Pedro é um cara legal.
– Idiota. – deu um leve empurrão na amiga. – E bom, ele é legal sim, por isso eu o trouxe até em casa, você sabe bem que eu não trago qualquer um aqui.
– Sim, eu sei. – ela respirou fundo, passando a mão na barriga.
– De novo com dor de estômago? – ela assentiu. – … Precisa ver isso, não é normal.
– Eu sei, eu prometo que vou ver. – passou as mãos no cabelo, encostando-se a pia. – Já venho, preciso ir ao banheiro. – caminhou a passos rápidos até o local, achou que poderia ter descido, mas quando olhou era alarme falso. Acabou fazendo as necessidades básicas, lavou as mãos e saiu do local.
– Foi vomitar? – ela negou.
– É que estava com uma sensação estranha, achei que pudesse ter descido, mas não.
– , sua menstruação tá atrasada? – se levantou da mesa, eufórica.
– Está sim, por quê? – deu de ombros.
– Você e o Lou transam com camisinha, certo? – mordeu os lábios, tentando se recordar. Todas as vezes haviam transado com camisinha, exceto a primeira vez que transaram… Não. Sentiu as pernas bambearem – Só pela sua reação, já sei que está com os mesmos pensamentos que eu... Você está grávida! – de repente ficara pálida, se sentando na cadeira para se amparar. Grávida?!
– Sim, ele é precipitado demais, . – tinha os olhos presos a vitrine, iria comprar o presente de Helena de aniversário que seria em breve. Havia aproveitado a ocasião que precisou ir ao shopping e já fez as compras.
– Eu tô nos aplicativos de relacionamento pra encontrar um namorado, casar, ter filhos e você recebe uma proposta dessas e simplesmente recusa? – a psicóloga segurou o braço da moça, fazendo com que ela a encarasse.
– Eu não recusei, mas também não aceitei… – deu de ombros, entrando na loja de preferência da irmã, sabia que ela amava coisas dali.
– Você não está falando com ele há mais de três dias, e só hoje, hoje veio me contar sobre isso. Eu tô aqui completamente surpresa. – olhava as blusas de moletom.
– , eu só não quis tocar nesse assunto antes, não estava afim. – fitou a amiga. – Você ia ficar contra mim mesmo. – acabou rindo desacreditada.
pegou duas blusas de frio, duas calças jeans e caminhou até o caixa para que pudesse efetuar o pagamento das peças. Pagamento efetuado, as duas voltaram a andar pelo shopping, agora a caminho da praça de alimentação.
– , Deus sabe que eu detesto psicologar contigo, mas você simplesmente não me dá escolha… – a mulher virou-se para a amiga com os olhos semicerrados.
– , não! Isso é contra a ética do Conselho de Psicologia. – as duas caminhavam em direção ao Mc’Donalds, não precisavam conversar, a escolha era sempre essa quando saiam juntas.
– Vai me denunciar, sua ingrata? – cutucou a barriga da amiga, a fazendo dar um pulinho. – Me denuncia e eu paro de cozinhar pra você, duvido viver sem minha comida. – riu.
– Golpe baixo esse, hein? – por sorte delas aquele horário o shopping Pátio Paulista não estava tão cheio, consequentemente a fila para pedidos no fast food não estava tão grande.
– Você começou, eu só continuei. – a amiga deu de ombros, enquanto avançavam na fila.
– Sabe que eu já imagino o que você vai falar? – bufou frustrada.
– Será que sabe mesmo? – a encarou. Chegou a vez das duas serem atendidas. Fizeram os pedidos, aguardaram ao lado serem confeccionados em completo silêncio. Lanches prontos, elas localizaram um local apropriado para que pudessem se alimentar. Começaram a comer.
– Vai, desembucha logo, . – mordeu os lábios, encarando a amiga.
– Você tá morrendo de medo. – a psicóloga concluiu. – E isso é tão engraçado, sabia? Em toda sua vida você nunca teve que lidar com algo assim, porque diferente de você, ele não é uma pessoa metódica, e isso te assusta de um jeito... Aos poucos ele está te quebrando, e você tem medo do que isso pode representar pra você.
– Eu te odeio! – suspirou, enquanto negava com a cabeça.
– Para de se enganar. Não vejo motivos se não esse pra você não querer casar com ele. é fogo, paixão, os olhos dele transbordam intensidade. Confessa, a mim você não consegue enganar. – deu uma mordida no lanche.
– Quero morrer com esse jeito dele! – deu um leve tapa na mesa, nervosa. As pessoas que estavam ao lado lhe olharam de forma estranha, ela os ignorou. – Porra, , ele do nada canta uma música maravilhosa, e me pede em casamento sem nem sermos namorados! – exclamou, – Você não pode ficar do lado dele dessa vez!
– Você sabe se ele não estava com isso na cabeça antes? E se ele já tivesse e não te pediu em namoro por medo de você rejeitá-lo? – ia falar, mas continuou. – Aquele dia do eu te amo, o cara ficou todo desconcertado, olha o que você causa nele.
– E você está o defendendo… Você é minha amiga ou dele? – suspirou fundo, a encarando.
– Não, eu estou enxergando por outra perspectiva, consigo ser extremamente imparcial, e é isso que estou sendo. Não vou passar a mão na sua cabeça, . Eu como sua amiga não posso fazer isso, não é justo.
– Tem agora sua explicação do porquê não te contei antes… – empurrou a bandeja de lado.
– Abre seu coração pra mim, ! – impulsionou a mulher para que ela desabafasse.
– Eu o amo! Eu o amo tanto, e eu nunca me senti desse jeito, mas eu não posso simplesmente me jogar como ele está fazendo, .
– Por quê? – a moça colocou a mão no queixo, ansiando a resposta dela.
– Porque eu tenho medo de perdê-lo, de ele sumir de novo da minha vida por algum motivo. – ela apertou os dedos, nervosa. – É complicado…
– Ele só sumiu há 20 anos porque não teve escolha, . Esse homem te ama de um jeito tão insano que é mais fácil você dar um pé na bunda dele do que o contrário. – acabou rindo baixo. – Quando ele te pediu em casamento o que sentiu?
– Eu me senti completamente apavorada, mas… – fez um movimento com as mãos para que ela prosseguisse. – Eu gostei.
– Então começa a ouvir mais sua vozinha interior, te garanto que você vai ser mais feliz.
– Talvez, mas só talvez, você tenha razão. – olhou a amiga com um meio sorriso.
– Querida, eu sempre tenho razão. Meus cinco anos de faculdade, mais minha pós e extensos cursos foram muito bem empregados, viu?
– Te amo. – levantou-se da cadeira e deu um abraço apertado em .
– Eu também. Vou sentir tanto sua falta em casa. – fingiu um choro.
– Meu Deus, eu nem sei se vou mesmo aceitar esse pedido. – fingiu indiferença.
– Você já aceitou a partir do momento do “eu gostei” que disse agora pouco. – gargalhou da cara que fez.
Mãe: Oi, filho, está tudo bem por ai?
: Está sim e com vocês?
Mãe: Ótimo, perfeito! Estava pensando aqui, o que acha de trazer pra jantar conosco na próxima semana? Será que ela toparia?
fechou os olhos, colocando as mãos na face, esperava tudo, menos que a mãe fosse tocar no assunto . Bufou, já tinha uma ideia, ao menos por hora do que responderia.
: Talvez, vou ver com ela um dia certinho e a gente vai ai. Depois nos falamos, mãe.
Decidiu responder de forma genérica e encerrar logo a conversa antes que a mãe insistisse no assunto, não queria dizer pra ela que em menos tempo do que imaginava havia brigado mais uma vez com .
Escutou a campainha tocar, não esperava ninguém, quem poderia ser em plena quarta-feira a noite? O porteiro não interfonou, então das duas uma, ou era sua mãe ou… Não, ela jamais viria atrás dele, era orgulhosa demais e cabeça dura. Levantou-se da cama, a contragosto e foi de samba canção atender. Abriu a porta e tomou um susto quando viu de quem se tratava…
– Oi. – abriu um sorrisinho amarelo. a encarava estático.
– Depois de três dias sem simplesmente olhar na minha cara direito, me ignorar no trabalho, não responder minhas mensagens tudo o que tem a dizer é oi? – saiu da porta, deixando-a aberta para que ela pudesse entrar no apartamento. respirou fundo, entrou no local, encostando a porta.
– Quanta hostilidade… Eu acho que minha mãe me deu educação, então sim, eu vou dizer oi quando cumprimento alguém. – respondeu ironicamente.
– O que quer, ? – ele se sentou no sofá, cansado.
– Eu… – suspirou. Tentava organizar a enxurrada de pensamentos. ficou a encarando, dessa vez ele não facilitaria pra ela, estava cansado do jeito como ela lidava com as coisas. – Eu disse coisas que te magoaram no sábado, quero te pedir desculpas. – as palavrinhas finalmente foram proferidas.
– Como sempre… – murmurou.
– Eu não vou entrar na sua sintonia, , de verdade. – deu de ombros se sentando ao lado dele no sofá. Ficaram calados por um tempo, cada um imerso em seus próprios pensamentos.
– Por que você é assim? – quebrou o silêncio, agora encarando-a
– Assim como? – ela se ajeitou melhor no sofá, o fitando.
– Escorregadia, medrosa… – ele quebrou o contato ocular, olhando agora pra frente.
– Eu não sei, eu só sou assim. Não tente me decifrar, só peço que me compreenda. – ela respirou fundo, olhando para frente.
– É tudo o que eu mais faço nessa vida, te compreender. , você precisa ser sincera comigo. Você diz que me ama, mas sempre que eu vou tocar no assunto sobre um relacionamento sério, você se esquiva! Porra, você me machuca cada vez que me repele, e tudo o que eu tenho feito é te amar. – ela o encarou assustada, não sabia que aquilo estava o ferindo tanto.
– Oh, meu Deus, me desculpa. – ela avançou no rapaz, o abraçando. Ele não a repeliu, mas demorou a retribuir o gesto. – Eu te amo, ok? Eu te amo muito. Nunca duvide disso, mesmo eu sendo tão confusa. – ela sussurrava no ouvido dele, enquanto ainda o tinha nos braços. – Desde que você voltou em minha vida, me sinto mais completa! Você me traz tantas coisas boas... Eu prometo que tentarei levar as coisas mais levemente, mas gostaria que tivesse paciência comigo, não fui criada assim. – ele a apertou mais no abraço, cheirando o pescoço dela, que tinha um aroma muito agradável.
– Tudo bem, prometo controlar minha impulsividade. – ele suspirou, desfazendo o abraço. – Para que as coisas deem certo, é preciso aprender a ceder, certo? – ela balançou a cabeça afirmando, enquanto sentia os olhos úmidos, ele não estava diferente.
Se encararam fixamente, aquela troca de olhares era intensa e não demorou para que se aproximasse rapidamente de lhe dando um beijo longo, cheio de saudade e afeto. Era incontestável que se amavam e muito. Terminaram o beijo com vários selinhos. Ela o encarava, enquanto ele ainda tinha os olhos fechados, como alguém conseguia ser tão lindo assim? Era o pensamento que rondava a mente dela.
– O pedido de casamento ainda está de pé? – ele arregalou os olhos.
– , meu Deus, não brinca assim comigo, por favor… – ela sorriu.
– Não estou brincando, esses dias que passamos longe eu tive minha mente fervendo, e depois de uma conversa com percebi como eu estava sendo tola em perder você por simplesmente ter medo. – ele abriu o melhor sorriso que ela já vira na vida.
– Eu amo tanto você, ainda tem dúvidas se o pedido está de pé? – ele se levantou do sofá, e se ajoelhou. – Eu prometo que as alianças estarão em breve aqui, queria que o pedido fosse mais romântico também, mas não somos um casal convencional, não é? – ele deu de ombros. – , aceita ser minha esposa pra vida toda?
– Aceito. – ela puxou o rosto dele próximo de si e o beijou.
Ele a puxou para baixo fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse em cima dele no chão e eles acabaram rindo. Ele a abraçou apertadamente enquanto tinha os olhos presos nela, as risadas foram cessando aos poucos. A beijou novamente, diferente do outro beijo esse tinha mais intensidade, tinha fogo. Ambos já não tinham mais controle de suas mãos, e a cada momento as respirações ficavam ofegantes.
retirou sua própria blusa, a ajudou a retirar a calça jeans que vestia. tinha a boca no pescoço do rapaz, dava chupões que com certeza deixariam a região marcada.
foi subindo os beijos até chegar na região do lóbulo da orelha, e lá começou a sussurrar provocações no ouvido do noivo, o deixando completamente arrepiado e louco de tesão por ela. Sua vontade era de arrancar a roupa dela e possuí-la de uma vez, mas nunca abriria mão das preliminares.
A mulher foi descendo os beijos, passando pelo peitoral do rapaz, até chegar na barriga, bem próxima da região que mais pedia sua atenção. Parou ali descendo de uma vez o samba canção do rapaz que se surpreendeu com a rapidez dela. segurou o membro dele que a essa altura estava bem ereto. Com suas delicadas mãos, começou a masturbá-lo com movimentos de vai e vem, fazendo com que fechasse os olhos, sentindo a intensidade dos movimentos que ela fazia. Ela colocou sua boca no membro o abocanhando de uma vez, soltou um urro de puro prazer. lambia, chupava, deixando o pobre rapaz incapacitado de conseguir pensar direito.
– … Chega, por favor… – ele comentou com um fio de voz. Ela deu uma rápida olhadinha para ele, e segurou a risada quando viu seu rosto contorcido em prazer.
– Nem mais um pouquinho? – ela ainda o masturbava devagar.
– Se você continuar assim… – ele suplicou. No ritmo que aquilo estava com certeza ele gozaria e a brincadeira que eles mal começaram iria acabar mais rápido.
– Parei. – ela se levantou, se despindo completamente de seu sutiã e calcinha, jogando a última pra ele que rapidamente a pegou com um sorriso travesso.
Ela se sentou no colo dele e começou a distribuir beijos na região do colo dela, a moça arqueou as costas para trás para que ele pudesse ter maior acesso ali. Ele desceu os beijos até os seios dela e ali abocanhou o direito, o chupando e massageando o esquerdo, sempre alternando-os. fechou os olhos, passando as unhas curtas nas costas dele. a empurrou para trás, de forma que ela ficasse deitada no tapete felpudo da sala, descendo agora os beijos pela barriga, em uma velocidade rápida, querendo chegar logo ao local a qual a noiva estava mais necessitada. Abriu as pernas dela, e sem que ela pudesse esperar muito passou a língua pelo clitóris dela, fazendo com que soltasse um gemido alto. lambia e chupava a mulher que tudo o que sabia proferir eram gemidos, que estavam o deixando louco. Ele a penetrava agora com a língua e com o dedo estimulava o clitóris. Ela puxou a cabeça dele pra cima, o beijando de forma mais intensa possível, agora deitando-se sobre ele. ia se posicionar para que pudesse penetrá-la, mas ela se lembrou de algo
– , camisinha… – ele arregalou levemente os olhos
– Tem no criado-mudo do quarto – já ia se levantar, quando ela o parou.
– Deixa que eu pego – ela correu para o quarto, rapidamente encontrando e voltando para sala com o pacotinho.
O encontrou sentado no tapete, ela o empurrou para que ficasse próximo ao sofá de forma que ele pudesse encostar as costas ali, passou as pernas por cada lado do corpo dele, se sentando no colo dele. Ela o deu um beijo sugado e intenso. Ao fim, mordeu os lábios do rapaz, colocou a camisinha em seu membro, e se levantou um pouco se sentando devagar sendo preenchida por completo pelo membro dele. Os dois fecharam os olhos quando sentiram a sensação. começou a fazer movimentos de vai e vem sobre o membro do rapaz, enquanto ele tinha as mãos dele na cintura dela. descia e subia rapidamente, causando sensações indescritíveis a ambos. se aproximou do rosto dela a beijando, enquanto os movimentos continuavam sem parar. interrompeu o beijo, mordendo o ombro dele e passando as unhas pelas costas do rapaz, arfando, seu orgasmo estava próximo, não estava diferente, mas estava tentando se segurar para que ela pudesse chegar primeiro, por fim deu uma última rebolada e sentiu o orgasmo arrebentador lhe preencher. Sentiu as pernas bambearem, deu uma rebolada no membro do rapaz algumas vezes e não tardou a chegar ao ápice. Ambos se encaravam cansados, ficaram um tempo assim.
– Adora essa posição, mas minhas pernas não. – gargalhou da careta que a mulher fazia e lhe deu um rápido selinho.
– Deixa eu levar essa madeimoselle até a cama então. – ele sorriu, a pegando no colo. Andou a passos rápidos até a cama, a depositando ali. Foi até o banheiro para jogar o preservativo no lixo. Voltou até a cama e se deitou ao lado dela, puxou o edredom para que pudessem se cobrir, a abraçando apertadamente.
– Te amo. – ele sorriu lhe dando um selinho longo.
– Eu também. – ela fechou os olhos se aconchegando nos braços dele.
– se empolgou um pouquinho semana passada, o que é uma merda, porque já era para ter cicatrizado. – riu tímido.
– Sim, e que empolgação porque ainda tá um pouco feio. – se sentaram na mesa para que pudessem almoçar. Finalmente conseguiram almoçar juntos, havia tido um problema na equipe de TI, e fazia alguns dias que nem a hora de almoço estavam conseguindo cumprir. – Desencalhou mesmo, hein? – deu de ombros, completamente feliz.
– Sim, vou casar com a mulher da minha vida, ainda é meio surreal pra mim, apesar de tudo. – abriu um sorriso sincero.
– É incontestável que você a ama mesmo, nunca te vi tão empolgado com nenhuma sim, nem com a Chris…
– É, pois é, e olha que eu a namorei por dois anos... – deu uma garfada levando a boca. – Acho que eu estava era esperando a aparecer na minha vida novamente. Nunca estive tão feliz antes.
– Dá pra perceber. – Joe concordou. Pedro chegou com um sorriso singelo a mesa, sentando ao lado dos amigos.
– Hey! – saudou com dois toques de mão. Já havia visto Joe, pois trabalhavam no mesmo setor. – Perdi muita coisa?
– Nada, só estávamos falando do quanto está apaixonado. – Pedro balançou a cabeça rindo levemente. entrava no restaurante naquele momento, os amigos e a avistaram, enquanto ela procurava um lugar para se sentar. Ela sentiu que era encarada, deu um pequeno sorriso para o noivo, dando meia volta e sentando em outro lugar. suspirou fundo, encarando os amigos que tinham os olhos completamente presos a cena.
– Você deveria disfarçar mais, logo o povo vai descobrir desse romance de vocês, e eu nem quero pensar o que pode acontecer… – Pedro era que falava aquilo ao amigo.
– Por mim eu já falava logo, mas a não quer… Eu vou ter que agir por minha própria conta. – deu de ombros, enquanto comia.
– É, cara, eu a entendo, você tem um bom emprego, está estabilizado, é complicado…
– Sim, eu sei, mas do jeito que tá não dá, eu já comprei a aliança de noivado, e decidimos que somente eu a usaria aqui na empresa – os amigos olharam para o dedo anelar do amigo.
– Eu digo e repito: é complicado. – Joe comentou, enquanto terminava de comer.
– Conheci uma mina no tinder, que mulher, meus caros, que mulher. – Pedro tomou um gole de suco, agora voltando a falar. – Ela é louquinha, mas é muito gente boa também.
– Ah não, será que tu vai entrar pra lista dos comprometidos e vai abandonar a missão? – Joe questionou divertido.
– Nem sei, só tenho certeza de uma coisa: a mina é gostosa pra caralho. – e Joe riram do rapaz.
Terminaram o almoço com muitas risadas e zoações. Passaram na loja de doces como de praxe para que pudessem comer a tarde. pediu para que fossem até a cafeteria da esquina para comprar o café de . Sempre que podia a mimava, e pedia para que Wesley, o jovem aprendiz, levasse o café para ela, o garoto agora caminhava com o copo até a sala da mulher.
– Licença, dona . – ele entrou tímido como sempre fazia. o achava adorável.
– Oi, Wesley. – sorriu levemente enquanto assinava alguns papéis.
– O te mandou café hoje. – ele fez uma leve caretinha. Entregou o café rapidamente para ela.
– Ele não cansa de puxar meu saco, né? Vou te contar um segredo… Ele não consegue nada com essas coisas. – eles riram.
– Eu já imaginava. – Wesley ainda sorria inocente. – Com licença. – ele deu um rápido aceno, saindo da sala. deu uma rápida golada no café e suspirou enquanto voltava a leitura daqueles documentos. Que aquele café não fizesse mal como o outro que tinha tomado mais cedo, era uma dor tão incomoda no estômago que foi preciso se medicar, o que era relativamente estranho, pois café nunca lhe fez mal.
Mais tarde acabou se arrependendo de tê-lo tomado, ele tinha literalmente estragado seu estômago, não era possível que sua gastrite a impediria de tomar uma das bebidas que mais amava...
– , são só meus pais. – ele a encarou rapidamente, prestando atenção a estrada. – Não é como se você não os conhecesse. – deu de ombros.
Um mês tinha se passado depois que e haviam se reconciliado, ela topou jantar com a família do rapaz no mesmo dia, mas devido à faculdade que estava pegando fogo por estar próximo do fim de semestre, mais um cansaço físico desumano que a deixava fadigada, tinha demorado a marcar a data.
– A última vez que eu vi seu pai eu tinha 11 anos, e bom, sua mãe me viu aqui na sua casa como amigos… – suspirou. Mesmo que já os conhecesse, agora as coisas seriam diferentes, afinal de contas, eles não eram mais as crianças melhores amigas, e sim adultos com um relacionamento sólido, e que em breve se converteria em casamento.
– Relaxa, , meus pais te amam desde que você tinha cinco anos. – tocou na perna dela, abrindo um rápido sorriso. Ela segurou a mão do rapaz rapidamente, vendo a aliança no dedo anelar direito. Suspirou, a encarando. – Fica lindo o meu dedo com ela, não? – ela abriu um sorriso grande.
– Fica sim, só não fica mais que no meu dedo. Confesso que tenho vontade de usar em todos os lugares possíveis, mas... – bufou, colocando a mão no volante novamente. – Enfim, ficamos noivos escondidos, o que será que seus pais vão achar disso?
– Vamos saber agorinha. – ele fazia a baliza para estacionar em frente a casa dos pais. engoliu em seco quando o carro finalmente parou. Desceu do veículo antes que pudesse abrir a porta para ela, estava nervosa. Entrelaçaram as mãos e tocaram a campainha da residência. apertou a mão do rapaz firmemente enquanto aguardavam serem atendidos, e não tardou para que isso acontecesse.
– Oi, meus amores. – a mãe do rapaz abraçou primeiramente seu bebê apertadamente. trocou o peso do pé, olhando a cena com um sorriso pequeno. Era adorável a relação que tinha com a mãe. – , como está linda! – ela a abraçou apertadamente, a retribuiu. – Entrem, entrem! – adentraram a residência. – Querido, eles chegaram – um senhor calvo com dificuldades em andar rapidamente apareceu na sala.
– Olá! – ele sorriu, e cumprimentou com um abraço . – Como você se tornou uma mulher linda. – ela abriu um grande sorriso. – Linda demais, meu filho tem sorte. – o senhor se aproximou do filho e lhe deu rápido abraço.
– Você não tem noção da sorte que eu tenho, pai. – deu beijo na testa da mulher, lhe abraçando pelos ombros. Os pais sorriram, finalmente havia encontrado quem realmente amava, era possível ver como os olhos dele brilhavam ao encarar a moça.
– Mas, vamos pra cozinha, a mesa já está posta. – Anny os chamou, e todos se direcionaram até lá.
Todos sentaram-se à mesa e degustaram do jantar que tinha como menu canelone de frango, ela colocou à disposição salada de alface, arroz e feijão, sabia que e nem tampouco comeriam os dois últimos, mas Lúcio sim, se não tivesse o arroz e feijão aquilo não era refeição para ele. O jantar foi calmo, houve algumas conversas sobre coisas banais, mas nada muito relevante.
– A comida estava uma delícia, tia Anny. Amei tudo. – bebericava o suco de uva. Sentia um desconforto no estômago, apesar de ter amado a comida, não havia comido muito, mas era como se o tivesse feito, e aquilo era bem estranho.
– Eu fico muito feliz que tenha gostado, foi feito de coração, viu? – a mais velha alisou a mão da moça. – Tô esperando vocês tocarem no assunto o jantar todo, mas como não acontece. – a mulher os encarou. – Quando iam compartilhar que estão noivos? – sorriu completamente sem graça, sentindo o rosto pegar fogo.
– Anny! – o marido prendeu a risada, chamando a atenção dela.
– A gente ia contar, mãe. Mas também não é como se tivéssemos escondendo, olha o tamanho dessas alianças. – deu de ombros.
– Sim, dois faróis de caminhão no dedo. – Lúcio comentou, fazendo todos rirem.
– Culpa do , ele quem escolheu esse modelo. – jogou a culpa para o noivo, ele havia proposto aquele modelo, mas havia sido um consenso.
– Faz muito tempo que vocês evoluíram a relação? – Anny alternava o olhar para ambos.
– Acho que faz mais ou menos um mês, né? – ela encarou , que confirmou.
– E você pretendem casar quando? – eles se encararam brevemente, não tinham de fato uma resposta para aquilo.
– Em breve? – ele arriscou dizer.
– Sim, em breve vamos marcar a data… – ela segurou na mão dele com um sorriso terno. – E só o casamento no civil tamb…
– Nada disso, tem que ter uma cerimônia adequada e uma festa com direito a buffet e tudo… – mordeu os lábios. – Meu sonho é ver entrando comigo no casamento, com um terno bonito, seria tão lindo... – fez uma careta pra . – Repense, por favor, querida? Você vestida de noiva seria a coisa mais linda que esse mundo já viu… – Anny tinha os olhos brilhando enquanto imaginava a cena. mordeu os lábios. Não tinha como negar ao pedido da sogra, ver aqueles olhinhos brilhando daquela forma a quebraram.
– Tudo bem, cerimônia de casamento vai rolar, mas a festa... – Anny ia falar, mas continuou. – Será para no máximo 120 pessoas, não quero nada extravagante ou algo do tipo.
– Feito, já estou muito feliz, casamento a gente não pode deixar passar em branco, é uma data e tanto. – Anny batia palminhas, animada.
– A senhora tem toda a razão, e confesso que quando mais nova sempre sonhei com isso, mas… – ela engoliu em seco.
– Mas…? – Lúcio comentou curioso, assim como os demais estavam.
– Depois que meu pai morreu esse sonho se foi, fico pensando que não o terei ao meu lado para entrar comigo na cerimônia… – apertou os lábios, suspirando fundo. Já fazia um bom tempo em que tudo acontecera, mas ela jamais esqueceria dele. se virou completamente pra ela lhe abraçando, tentando confortá-la de alguma forma.
– Eu sinto muito, querida, jamais imaginei que esse fosse o motivo, me perdoe. Se quiser só casar no cartório não tem problema, viu? – a mulher estava desesperada, não achou que o motivo da nora fosse algo tão doloroso. Ela desfez o abraço com .
– Não se sinta culpada, tia, eu sei que a senhora tem esse sonho, e pra mim tudo bem. – ela segurou na mão da sogra. – Minha mãe quando descobrir do casório vai querer que eu faça festa e afins…
– Tem certeza que não vai te machucar? – a olhava preocupado.
– Tenho, . Eu só quis explicar o porquê não idealizava um casamento assim. E, amor, mesmo que você negue é seu sonho também, e pra te fazer feliz eu faço tudo, porque a sua felicidade também é a minha. – ele não aguentou aquela frase e lhe deu um selinho, sussurrando um eu te amo no ouvido dela.
– Vocês são um casal tão bonito... – Anny os encarava com os olhos brilhando. – Quem topa sobremesa?
– Ai, tia, sabe o que eu topo? Um sal de frutas, acho que comi demais. – ela fez careta, arrancando risos dos demais.
– Eu não acho, viu? Comeu tão pouquinho… – sorriu. – Tenho sim, querida, eu já venho. – a senhora se levantou, caminhando até o quarto para procurar o remédio.
– Quando me contou que te reencontrou na empresa, fiquei bastante surpreso, com tantos lugares pra se reencontrar, não? – ele sorriu.
– Pois é, com tantos lugares possíveis, mas acho que tinha que ser lá mesmo. – abriu um sorriso terno.
– E como vocês vão fazer com o trabalho? comentou que depois do que aconteceu, relacionamentos entre funcionários é proibido.
– Então… – ela suspirou.
– Não dá pra esconder mais, pai, então já convoquei pra terça-feira uma reunião com os diretores para comunicar sobre minha saída.
– Você o quê, ? – se virou completamente para o rapaz, visivelmente transtornada.
– , se eu não fizesse isso, você ia ficar adiando, adiando, e não me mandaria embora, e eu prefiro que seja eu a contar, já que o povo está começando a desconfiar. A Bianca direto me joga indiretinha. – Lúcio alternava o olhar de um para o outro.
– Sim, estão desconfiando mesmo, mas quando você ia me contar sobre isso? , tínhamos que ter conversado antes de você tomar essa decisão.
– , você…
– Olha, eu só achei eno guaraná – Anny interrompeu a pseudo discussão que estava por se formar por ali.
– Ótimo, já ajuda muito. – pegou o copo que lhe foi estendido e bebeu o líquido de uma vez.
– É impressão minha ou vocês estavam discutindo? – a senhora se sentou de volta à mesa.
– Estavam, querida. Me lembrou o tempo em que eram crianças e discutiam por qualquer besteira, foi como uma viagem no tempo. – abriu um sorrisinho amarelo.
– Não estávamos bem discutindo, mãe, foi só uma conversa, nada demais… – abriu um sorriso de lado.
– Melhorou? – sussurrou curioso. Sabia que o sal de frutas o alívio era imediato. Ela negou, com a mão sobre o estômago.
– Acho que piorou. – ela fez uma careta, sem graça.
– Quer que vamos embora pra passarmos em uma farmácia e você comprar o ranitidina? – concordou.
– Mãe, ela tá com dor ainda, acho melhor irmos pra casa, assim ela toma a medicação correta.
– Tem certeza que querem ir? Podemos comprar o remedinho, vocês ainda nem comeram a sobremesa… – comentou com pesar.
– Tia, não tô aguentando nem respirar, que dirá comer sobremesa. – tentou sorrir, mas pareceu uma careta. – Mas aceito se a senhora me der um potinho pra eu comer em casa, hun? – Anny concordou e foi até a cozinha colocar um pouco da sobremesa para que ela levasse.
– Mas você tem essas dores com frequência? – Lúcio perguntou.
– De uns tempos pra cá. Não é tudo que meu estômago tem aceitado, creio que minha gastrite esteja atacada, não sei…
– Verdade, nem o café que eu peço pro aprendiz levar ela tem tomado. – acariciou a perna dela.
– Não era bom ir ao médico pra ver se tem algo de errado? – o sogro perguntou, deu de ombros.
– Posso sim ver isso mais pra frente, não é algo que tem me atrapalhado de qualquer jeito, só me dado um desconforto.
– Ela é teimosa, pai, nem adianta falar muito. – Anny voltou da cozinha com o potinho com a sobremesa pra ambos. se levantou da mesa, acompanhada de .
– Prometo que dá próxima vez que vier ficarei mais, e ainda ajudarei a senhora, porque sou uma negação pra cozinhar. – elas riram enquanto se abraçavam.
– Mas com toda a certeza, querida. – Anny segurava as mãos da moça. Lúcio deu um abraço caloroso na nora, desejando melhoras. se despediu dos pais da mesma forma e ambos se direcionaram até a saída do local.
começou a dirigir para a casa da moça, já que ela afirmava que tinha ranitidina na residência. Eles estavam calados, ainda tinha ficado magoada com a decisão dele de procurar os diretores, e ainda pra ajudar sentia a boca salivando, estava começando a se enjoar, e logo a ânsia de vômito veio com força.
– , para o carro, eu vou vomitar. – rapidamente encostou o veículo de qualquer jeito, desceu rápido e todo o jantar foi colocado pra fora.
– Ah não, , a gente vai ao hospital agora. – já se encontrava atrás dela, segurando os seus cabelos. respirava fundo, negando freneticamente com a cabeça.
– Eu estou bem, isso é sintoma da gastrite, eu não deveria ter aceitado o sal de frutas, ao invés de melhorar, piorou e aumentou as dores e então veio a ânsia. Agora estou bem melhor depois de ter jogado fora o que me fazia mal. – ela prendeu seus cabelos em um coque. – Só, por favor, não comente com sua mãe sobre isso, seria uma desfeita e tanto. – ela deu um meio sorriso entrando no veículo, a olhou desconfiado, por fim sendo vencido por ela, e entrando no carro.
– Tudo bem, ela nunca saberá disso. – ele alisou o rosto dela. – Tem certeza que não quer ir ao hospital? – ela deitou o rosto dela na mão dele.
– Tenho sim, já estou melhor. Agora chegando em casa eu tomo o ranitidina e a dorzinha que eu tô sentindo vai sumir de vez. – estava com o rosto bem próximo, enquanto a encarava ternamente. – Não, , sem chances. – fez cara de nojo.
– Você sabe se eu ia te beijar? Hein? – ele deu partida no veículo arrancando risadas dela.
– Nunca se sabe. – deu de ombros. Como já estavam próximos, não tardou muito e encostou o veículo na frente da casa dela. – Obrigada, , a noite foi incrível, apesar de tudo. – sorriu e deu um beijo na bochecha dele. – Já sabe, quando chegar em casa me avisa, por favor? Te amo.
– Aviso sim. Te amo. – deu um beijo na bochecha dela. Ela desceu do veículo, esperou que ela entrasse na residência e partiu assim que ela o fez.
entrou em casa, procurou a caixa de remédios, pegando ranitidina e tomando de uma vez, em seguida pegando um copo de água e o tomando. Suspirou fundo, agora a dorzinha chata iria embora, estava pronta pra ir ao banheiro para escovar os dentes e tirar o gosto ruim da língua quando foi surpreendida.
– Tá tomando ranitidina demais… – ela quase derrubou o copo no chão, tamanho o susto que tomara.
– , isso não se faz… – ela se virou, vendo a amiga acompanhada de um rapaz. Franziu o cenho completamente surpresa. – Pedro?
– ? – olhava de um para o outro, surpresa.
– Vocês se conhecem? – eles riram divertidos.
– Sim, ele trabalha no departamento de TI da Engeali, e ainda é um dos amigos de . – escancarou a boca, completamente surpresa.
– Meu Deus, que coincidência, não? – sorriu concordando.
– Vocês dois estão… – fez uma careta, evitando que falasse alguma besteira.
– Estamos nos conhecendo. – ela cortou a melhor amiga.
– Isso. – passou a mão nos cabelos, sem graça. – Bom, eu preciso ir, é… Já está tarde. – concordou.
– Vou te levar até a porta. – ela deu alguns passos para levá-lo até lá, deu um rápido selinho no rapaz.
– Me liga – ele fez o sinal com as mãos e partiu. entrou na residência com um sorriso grande na face.
– Eu acho que o constrangi um pouquinho. – abriu um sorrisinho amarelo.
– Talvez, quem sabe. – se sentou na cadeira na cozinha.
– Há quanto tempos vocês estão… – ela fez um sinal de mãos para completar a frase, com um sorrisinho malicioso.
– Acho que um mês, ou menos, não sei. – sorriu. – Ele é um cara bem divertido, nos conhecemos através do tinder.
– Torcendo para que dê certo, foram tantos e você sempre persistente, te confesso que se fosse eu teria desistido. – riu da caretinha que fez. – Pedro é um cara legal.
– Idiota. – deu um leve empurrão na amiga. – E bom, ele é legal sim, por isso eu o trouxe até em casa, você sabe bem que eu não trago qualquer um aqui.
– Sim, eu sei. – ela respirou fundo, passando a mão na barriga.
– De novo com dor de estômago? – ela assentiu. – … Precisa ver isso, não é normal.
– Eu sei, eu prometo que vou ver. – passou as mãos no cabelo, encostando-se a pia. – Já venho, preciso ir ao banheiro. – caminhou a passos rápidos até o local, achou que poderia ter descido, mas quando olhou era alarme falso. Acabou fazendo as necessidades básicas, lavou as mãos e saiu do local.
– Foi vomitar? – ela negou.
– É que estava com uma sensação estranha, achei que pudesse ter descido, mas não.
– , sua menstruação tá atrasada? – se levantou da mesa, eufórica.
– Está sim, por quê? – deu de ombros.
– Você e o Lou transam com camisinha, certo? – mordeu os lábios, tentando se recordar. Todas as vezes haviam transado com camisinha, exceto a primeira vez que transaram… Não. Sentiu as pernas bambearem – Só pela sua reação, já sei que está com os mesmos pensamentos que eu... Você está grávida! – de repente ficara pálida, se sentando na cadeira para se amparar. Grávida?!
Capítulo 11
andava de um lado para o outro enquanto esperava a amiga fazer o teste. Parecia que era ela quem estava grávida e pariria ali mesmo tamanha sua ansiedade. Viu sair do banheiro e suspirou fundo, se aproximando da amiga.
– E ai? Viu o resultado? – se sentou na cadeira e negou.
– Eu não consegui, fiz o xixi e deixei os testes em cima da pia, eu estou com medo de olhar. – tentou parecer menos ansiosa, tentando passar apoio para a amiga.
– Do que você tem medo? Você será uma ótima mamãe, tem um noivo maravilhoso, que será um excelente pai, duvido que ele não vá te apoiar. – tentou sorrir, mas saiu como uma careta.
– , o problema sou eu. – mordeu os lábios, tentando segurar as lágrimas. – Eu estou em um emprego novo, cujo você sabe o quão dificultoso foi conseguir, e não faz nem um ano que estou lá, e agora eu engravido? Em alguns meses eu terei que me afastar para cuidar do bebê, eu escondi por meses meu relacionamento com um subordinado direto meu, e porra ainda engravido. – agora as lágrimas já escorriam. – Eu tô morrendo de medo.
– Eu entendo seus medos… – ela abraçou de lado a amiga, confortando-a.
– convocou uma reunião para terça-feira agora com os diretores, eu vou conversar com eles na segunda feira, pedindo permissão para participar e vou assumir com ele tudo o que a gente tem, e caso eu esteja mesmo grávida já jogo a bomba completa. – limpou as lágrimas que ainda escorriam do rosto.
– Isso, você precisa ser forte nesse momento. – assentiu. – Agora seja o que tenha dado naqueles testes eu estou aqui e vou te apoiar. – abraçou com força, passando o conforto que ela precisava. – Te amo muito.
– Eu também te amo. – terminaram o abraço.
– Eu vou buscar os testes, ok? A gente precisa saber, para encarar a situação como ela de fato é. – falou e seguiu para o banheiro os trazendo até a cozinha. – Quer ver primeiro? – negou, a essa altura ela roía o pouco de unha que lhe restava nas mãos. Sentiu um enjoo forte, correu para o banheiro colocando pra fora o almoço daquele domingo. Lavou o rosto, suspirou fundo e foi até a cozinha a passos lentos, precisava encarar aquela situação com seriedade que ela precisava. a encarou de olhos arregalados, estava pálida.
– Eu vou ficar bem, vomitei de nervoso, eu acho. – falou mais pra si do que para a amiga. – E então, ? Olha o resultado, eu estou preparada. – enfim olhou os três testes e fez uma careta.
– Gravidíssima! – se sentou na cadeira disposta a sua frente.
– É, eu tinha um fio de esperança que não estivesse. – fechou os olhos sentindo-se inundar em lágrimas novamente.
***
Estava lotada de trabalho, mas sua cabeça estava aérea não conseguia se concentrar, hoje teria a reunião com os diretores, ao qual ela participaria. Ela estava praticamente em jejum, tinha tomado apenas um iogurte, estava com um enjoo forte, ela sabia que nada que comesse pararia no estômago. Tinha consciência que não era o certo para o bebê, por isso ontem já havia feito o exame de sangue e com os resultados em mãos começaria o pré natal e teria as orientações para conseguir se alimentar de forma mais adequada. escutou batidas na porta de sua sala e autorizou quem quer que fosse. Fechou os olhos quando viu que se tratava de .
– Trouxe uns relatórios que você me pediu… – ela concordou sem ainda olhá-la nos olhos. – O que eu fiz dessa vez, ? Desde sábado a gente não conversa direito, você está monossilábica…
– Não é nada, só estou nervosa. – era meio óbvio que ela não havia contado ao rapaz a respeito da gravidez. – Afinal, você não me consultou, simplesmente convocou essa reunião e ponto final, estou chateada. – revirou os olhos.
– Você não me deu outra opção, senão essa. – ela mordeu os lábios, assentindo.
– Foda-se. – a olhou assustado. – Vamos logo para essa reunião que começa daqui a vinte minutos.
– Hei, como você sabe? – ela finalmente o encarou, seus olhos estavam com machas arroxeadas, a encarou incrédulo. – Eu ia sozinho...
– Não é certo, já que é pra escancarar tudo, contamos os dois juntos. – ela abriu um sorriso fechado para ele.
– Tudo bem, então vamos. – suspirou fundo. Ela sabia que mesmo que tivesse grávida, aquilo seria uma demissão por justa causa, afinal, eles haviam desrespeitado as regras da empresa. Chegaram até a sala e os dois se sentaram nos lugares dispostos na mesa de reunião, um ao lado do outro. Entrelaçaram suas mãos por debaixo da mesa, para passar conforto um ao outro.
– Deixa que eu falo, que caso eles decidam que um de nós saía, quero que seja eu, não você, ok?
– … – ela ia falar, mas se interrompeu, levantando-se da cadeira e vomitando no lixinho que estava próximo dela.
– , meu Deus, você está bem? – ele a olhava preocupado. Ela balançou a cabeça sentando-se ao lado dele novamente. – Tem certeza?
– Tenho, fica calmo. – segurou forte a mão dela que estava gelada, e em seguida os diretores entraram no local e foram se sentando.
– Estamos aqui, , e então? O que é tão grave que não pode ser resolvido com sua gestora? – Giovani, um dos dois diretores, questionou curioso.
– Bom, minha gestora não poderia intervir nesse caso. – olhou para baixo, desconfortável. – Porque ela está envolvida em minha decisão, eu quero o meu desligamento. – os dois diretores se encararam.
– Mas, , por que você quer se desligar da empresa? Você é um excelente profissional, nos ajudou no caso com o ex gestor Edgard. É por outra oferta de trabalho? Se for, a gente pode conversar.
– Então, não. – ele suspirou. – Na verdade, é uma questão pessoal. – não sabia como abordar o assunto. – Eu estou apaixonado pela . – um silêncio se instaurou na sala. se encostou na cadeira de uma vez, mordendo os lábios, apreensiva. Sentiu o gosto da bile na boca e novamente sentiu vontade de vomitar.
– Ent… – a interrompeu.
– Deixa que eu falo, . Nós queremos assumir um relacionamento sério, e sabemos que diante dos acontecimentos anteriores não é possível… Então o mais razoável é que eu peço o meu desligamento. É antiético meu relacionamento com minha chefe mas…
– Mas o fato é que estamos apaixonados, e não é justo que somente ele seja desligado, o correto é que eu também seja. – respirou fundo, a interromperia, mas ela continuou. – e eu nos conhecíamos antes de trabalharmos juntos e acabamos por nos reencontrar aqui e aconteceu… Eu sinto muito. – ela piscou tentando não chorar.
– Nós precisamos conversar a sós, peço que saiam por gentileza. – ambos assentiram se segurou nos braços do noivo, quando estavam saindo, sentiu uma forte tontura, ela sabia que precisava comer.
– , senta aqui – ele a conduziu até uma cadeira próximo dali. – Assim que eles falarem a decisão deles, sem falta nós iremos ao médico, até tontura você tem sentido.
– Eu não consegui comer de nervoso, e o pouco que eu comi acabei vomitando. Assim que terminar aqui, eu como algo. – suspirou. – Enfim, o que você acha que eles estão falando? – colocou a unha na boca, não se aguentando e roendo.
– Tem que comer, hein? Nenhuma empresa vale a nossa saúde. – alisou o rosto dela. – Sobre a decisão deles, eu não faço ideia, , achei que eles fossem me desligar de uma vez… – ele a encarou – Tá tudo bem mesmo?
– … – ela suspirou fundo. – Assim que eles derem a palavra final, eu preciso te contar algo muito, muito importante, ok? – ele a encarou com o semblante preocupado.
– , tem algo a ver com sua saúde?
– Digamos que sim, , mas eu não vou falar com você sobre isso agora, então aguenta a curiosidade. – se aproximou, entrelaçando suas mãos. Foram surpreendidos quando a porta do local se abriu, e rapidamente se afastaram.
– Nós já nos decidimos, podem entrar. – eles entrelaçaram novamente as mãos e entraram de uma vez na sala de reuniões, sentando-se. – Bom, nós sabemos que em poucos meses mostrou extrema competência, bem organizada o nosso setor de recursos humanos chegou a níveis excelentes de contratações e treinamento. , é um funcionário exemplar, nesses seis anos em que trabalhou aqui não houve nenhuma postura inadequada, e se mostrou um excelente profissional, então nós decidimos em não demitir nenhum de vocês. – suspiraram aliviados. – Porém, essa situação em que vocês estão é de fato extremamente inadequada. E por isso, transferiremos para a nossa outra filial na região sul, em Santo Amaro. Em breve abrirá vaga para gestor de recursos humanos lá, quem sabe você não consegue? – eles assentiram animados.
– Eu tenho que agradecer muito não nos despedirem, muito obrigada mesmo. – abriu um imenso sorriso.
– Tenho que dizer que se vocês não fossem bons no que fazem, nós os despediríamos sem pestanejar, que fique claro. – concordaram, diminuindo o tamanho do sorriso que carregavam. – Enfim, , a partir de segunda feira que vem você já pode começar a trabalhar lá. Grato. – o diretor Julius abriu a porta e ambos saíram dali extremamente aliviados, dos males ao menor.
– Eu nem acredito nisso. – ele exclamou, quase abraçando a noiva, mas ela o segurou.
– , por Deus, aqui não. – fez um biquinho magoado, ela sorriu achando aquilo adorável. – Não seja molecão, agora vamos voltar para o trabalho.
– É o quê? Não mesmo, você disse que ia comer e depois me contar algo muito importante e agora quer escapar… Pode ir me falando.
– Eu vou comer, sim, fica tranquilo. – ele a olhou mais aliviado. – Ah, sobre isso, então eu achei que a gente fosse ser despedido, mas como não fomos, conversamos sobre minha saúde no fim do expediente. – ela alisou o ombro dele.
– … Por favor, me fala. – ela riu enquanto os dois iam caminhando juntos a passos rápidos para o setor de recursos humanos da empresa.
olhou mais uma vez na sala, vendo se não tinha esquecido algo e saiu dali, sabia que a esperava, e já se passava das 20h00min. Precisou ficar até mais tarde para compensar o horário que ficou na reunião, não que o tivesse o feito obrigada, mas do jeito que detestava deixar trabalho acumular preferiu ficar até mais tarde. Desceu pelo elevador, saiu da empresa e encontrou o noivo dentro do carro em frente ao local. Bateu no vidro e o rapaz rapidamente destravou o carro, para que ela abrisse a porta. Entrou e deu um longo selinho no rapaz.
– E agora? Vai me contar o que está acontecendo com você? – ela revirou os olhos, não deveria ter falado daquele jeito, sabia bem como ele era curioso.
– Certo, vou falar de uma vez. Eu passei supermal no sábado, e a levantou uma suspeita sobre um diagnóstico, e bom eu tirei minhas dúvidas no domingo quando fiz três testes de marcas diferentes. Eu tô grávida, ! – ele encostou o corpo no banco do carro surpreso. – Fala alguma coisa…
– Eu vou ser pai? – ela abriu um sorriso vacilante, afirmando. – Eu não posso estar mais feliz com essa notícia, , as coisas estão acontecendo tão rápido que só me mostra que a vida quer que a gente se una o mais rápido possível.
– Sim, , não deve ter outra explicação, a gente transou uma vez sem camisinha, uma única vez e olha só, estou grávida. – se ajeitou no banco alisando o rosto do rapaz. – Eu tomei um susto, chorei horrores… Me desculpa por ter meio que te evitado, eu estava assimilando a notícia, que me pegou completamente desprevenida.
– Não, está tudo bem. – se abaixou, encostando a cabeça na barriga dela. – Papai já ama muito você, meu amor, muito e muito. – alisou a cabeça dele, com um sorriso imenso.
– Será que seremos bons pais, ? Não me sinto nem um pouco preparada. – levantou a cabeça e a encarou.
– Nem eu, mas uma coisa não vai faltar pro nosso filho: amor, isso a gente tem muito, . – se aproximou dela, lhe dando um beijo cheio de felicidade, carinho e amor. Terminaram com selinhos. – Precisamos marcar a data do nosso casamento para logo, ou você acha melhor esperar o nosso filho nascer?
– Minha mãe vai surtar, , ela nem sabe que a gente tá junto e que agora eu tô grávida, então acho melhor a gente casar antes do bebê nascer…
– Nossa, sua mãe, caraca. – ele bateu a mão na testa, fazendo uma careta. – E o bebê tem quantas semanas?
– Então, , fiz o exame de sangue ontem e o resultado sai amanhã, dai só depois do resultado é que saberemos. Mas acho que uns três meses, porque a gente transou sem camisinha na nossa primeira vez.
– Então temos entre quatro a cinco meses pra casarmos, . – ela mordeu os lábios.
– Sua mãe quer um casamento luxuoso, amor, como que a gente organiza um casamento assim em tão pouco tempo?
– Eu não faço ideia, mas vamos precisar agilizar isso o mais rápido possível, não tem aquelas mulheres que fazem isso que a gente paga?
– Cerimonialistas? – ela riu. – Sim, tem. Temos que procurar alguma, mas um casamento tão em cima da hora não vai ser barato, e eu ainda estou pagando o carro, tem o enxoval do bebê... , meu Deus, é muito dinheiro.
– Calma, respira, vai dar tudo certo...
– Tudo bem, não vou pilhar, vai dar tudo certo mesmo – sorriu, beijando os lábios dele de forma rápida. – Agora vamos pra casa que a gente tem um casamento para organizar.
– Pra minha? – ela assentiu e eles foram conversando durante o caminho todo sobre os preparativos do casamento.
***
Finalmente , e tinham chegado a Montecastelo, para contar todas as novidades para a mãe da moça, que os esperava entusiasmada. A mais velha não sabia ainda sobre o bebê que a filha carregava, preferiu trazer a notícia pessoalmente para que pudesse ver a reação da mãe. Os pais de tiveram uma reação hilária, a mãe dele faltou chorar de emoção, já o pai havia fica petrificado, tentando assimilar a notícia.
Não demorou muito para que estacionassem o carro da moça em frente a residência. Como estava motorizada e seu veículo era novo, resolveram que iriam de carro até lá. Desceram do veículo com suas mochilas, passariam apenas dois dias ali. Tocaram a campainha do local, e logo foram recebidos por Helena que tinha um pequeno sorriso.
– Meu bebê! – ela sorriu, abraçando apertadamente sua irmãzinha mais nova. – Parabéns, muitas felicidades, que Deus possa te abençoar sempre. – elas ficaram abraçadas por um bom tempo, até que desfizesse o contato.
Helena deu um rápido abraço em e e finalmente adentraram a residência. , como já era de casa, foi se jogando no sofá preguiçosamente, sem qualquer convite. negou com a cabeça, ela mostrou a língua para ele. conversava com a irmã, quando um cheiro de perfume forte veio da cozinha, era sua mãe com um sorriso largo por ver a filha, sentiu um enjoo forte, fechou os olhos respirando fundo. Cada vez que a mãe se aproximava, a vontade de vomitar vinha com força, antes que a mãe pudesse abraçá-la, a moça correu para o banheiro para vomitar. foi atrás segurando os cabelos dela.
– , oi. – a psicóloga se levantou e deu um abraço apertado na mãe da melhor amiga. – O que houve com a minha filha?
– Então… – mordeu os lábios. – É... Ela vai explicar para a senhora. – sentou-se de volta no sofá, com um sorrisinho amarelo. voltou do banheiro visivelmente pálida e se sentou no sofá com auxílio de .
– Oi, tia Alice, como a senhora está? – se aproximou da senhora a tirando do chão com o longo abraço que deu. – Estava com saudades, afinal, foram 20 anos se nos vermos…
– Ah, ! – deu um gritinho de susto, a colocou de volta ao chão, ainda a abraçando de lado. – É, querido, pois é, o tempo lhe fez muito bem, está um homem tão bonito, formoso! Fiquei muito feliz por vocês estarem juntos. – direcionou o olhar para filha. – O que você tem, querida? – se aproximou dela, que balançou a cabeça negativamente, com cara de nojo, se afastando da mãe o máximo possível. – !
– Acho melhor vocês contarem de uma vez… – suspirou, prendendo o riso.
– Contarem o quê? Pelo amor de Deus, por que minha filha não quer me abraçar? Essa barriguinha… Não acredito! – a mãe ainda a olhava horrorizada.
– Mãe… – mordeu os lábios, nervosa. – Eu estou grávida! – falou de uma vez, fazendo a mais velha se sentar, completamente surpresa. – E o seu perfume está me dando um enjoo tão forte, sou incapaz de conseguir te abraçar nesse momento.
– Ah, meu Deus, eu vou ser titia. – Helena se aproximou da irmã a abraçando bem apertado.
– , meu amor, que lindo! O é o papai? – balançaram a cabeça positivamente. – Meu Deus, como o destino é, você namorou com Bruno e nada, com em menos de seis meses e já está grávida… Agora eu entendi a pressa para esse casamento. – concordaram, rindo. – Estou muito feliz por vocês, que esse bebê venha com muita saúde.
– Obrigado, tia Alice. é a mulher da minha vida, então veio tudo de uma vez, apesar do bebê não ter sido programado. – abriu um sorrisinho amarelo.
– O bebê aconteceu, nos descuidamos apenas uma única vez, e foi o suficiente. – sorriu. – Mãe, eu quero te abraçar. – fez um biquinho, arrancando risada de Helena.
– Eu te abraço pela mamãe, . – sorriu, sentando ao lado da irmã e a abraçando de lado.
– Esse casal tava num fogo, tia, que a gravidez não foi nenhuma surpresa para mim. – sentiu as bochechas esquentarem, deu um empurrão na amiga.
– É tudo mentira, mãe. – Alice negou com um pequeno sorriso.
– Acho que vou tomar um banho, né? Se não, sem chances de conseguir te abraçar. – todos acabaram por rir. – Ó, amorzinho, não gostar do perfume preferido da vovó, deixa a gente chateada, viu? – confessou, fazendo rir. A mãe subiu as escadas para que pudesse tomar um banho.
– De quantos meses você está, ? Já descobriu o sexo? Menino ou menina? – Helena estava empolgada, querendo saber notícias do sobrinho.
– Estou de 16 semanas que equivale há mais ou menos quatro meses, Lena. – a irmã respondeu, alisando a barriguinha saliente no vestidinho florido. – Não sabemos o sexo ainda, mas quem sabe na próxima consulta consigamos ver?
– Vocês quer o quê, ? – Lena encarou o rapaz, que estava jogado de qualquer jeito no sofá.
– Eu quero menina, uma mini …
– Ele gosta mesmo de você, hein? Por que aguentar duas ’s é ter muita coragem, hein? – zoou a amiga que lhe mostrou o dedo médio da mão.
– E você, ? – Lena alisava agora a barriga da irmã com um sorrisinho fofo.
– Bom, eu quero é que venha com saúde, não me importo muito com o sexo não, Lena. – lhe mandou um beijinho juntamente a um sorriso.
– Eles são melosos, né? – concordou veemente.
– É que você não veio com eles a viagem toda, achei que fosse precisar vomitar ali. – suspirou, fazendo uma caretinha. – Quase sete horas dentro de um mesmo carro com eles é terrível.
– Tô achando que a vai voltar a pé de viagem, viu ?
– Eu tenho é certeza, no meu carro esse ser humano não entra mais, fica ai desdenhando da carona que recebeu. Vou contar tudo para o Pedro. – eles sorriram com a cara de . Pedro e engataram um relacionamento sério tinha menos de duas semanas, depois de muita demora, a psicóloga tinha conseguido encontrar alguém descente naquele aplicativo.
– Vão tomar no… – antes que pudesse terminar a frase, Alice a cortou.
– Prontinho, banho tomado, sem nenhum perfume. Dona , será que agora eu posso te abraçar? – se levantou de uma vez do sofá se jogando nos braços da mãe.
– Que saudades eu estava da senhora, meu Deus, que saudade... – abraçava a mãe apertadamente, com um imenso sorriso. Agora sua felicidade, definitivamente, estava mais do que completa.
***
suspirou fundo, enquanto entravam no consultório médico com , hoje eles tinham pedido para saírem mais cedo para degustarem o bolo e os docinhos do casamento, e agora estavam indo para mais uma consulta de rotina do bebê. entrava na 26ª semana da gravidez, cada dia mais o bebê crescia, e sua barriga ficava mais pesada. Quem disse que carregar um bebê era fácil? E ainda tinham os preparativos do casamento, vestido que toda prova precisava ser ajustado devido a gravidez, entrega de convites dos padrinhos e demais convidados... Só de pensar naquilo tudo sentia-se cansada. O bom era que a cerimônia seria para 100 pessoas, e a cerimonialista que eles haviam contratado era maravilhosa e supercompetente.
O casal entrou no consultório assim que foram chamados pela médica. Torciam para que dessa vez o bebê se mostrasse, porque eles não cabiam em si de tanta curiosidade para saber o sexo.
– Olá, casal, como estamos? – sorriram, se sentando em frente a médica.
– Estamos bem, graças a Deus. – passou a mão na barriga, com um pequeno sorriso.
– Tomando as vitaminas direitinho? – assentiu. – Vocês conseguiram ir as reuniões das gestantes aqui do ambulatório?
– Então, na verdade, fomos apenas três vezes, o trabalho atrapalhou. – comentou com um sorrisinho sem graça.
– Tudo bem, só tentem participar, é muito bom. – assentiram. – Agora vamos ver esse bebê? Será que hoje ele deixa a gente ver o sexo?
– Eu espero, doutora, de verdade. – sorriu, se levantando junto com para que pudessem sanar logo a curiosidade. Ela se deitou na maca, e sentiu o gel gelado na barriga, encolheu-se por instinto, mesmo que ela esperasse, era sempre essa a reação que tinha.
– Hum… Hoje alguém está com as perninhas abertas, papais. – levantou as mãos pro céu louvando, arrancando risos de . – E temos… – a médica fez uma cara misteriosa. – Uma menininha.
– Ah, meu Deus! – colocou as mãos na boca, emocionada. pulava pelo consultório animado.
– Eu já sabia que era uma menininha, eu meio que sentia. – ele sorriu. – Minha princesinha linda.
– Sim, nossa princesinha. – sorriu animada.
– A princesinha de vocês está bem saudável, viu? Está com 770 gramas, o peso médio para um bebê desse tempo. 34,6 cm de comprimento. Olhem o coraçãozinho dela. – a médica colocou e eles puderam escutar, sempre ficavam emocionados com os batimentos do bebê, era algo que não conseguiam controlar. Ela desligou o monitor e deu a um papel para que ela pudesse secar a barriga. – E vocês já tem um nome?
– Temos sim, na verdade, eu deixei a tarefa dos nomes para o , caso fosse menina, e ele já tem o escolhido.
– Bom o nome dela será Lívia. – sorriu, enquanto encarava a barriguinha da noiva. – Escolhi esse nome, pois era o mesmo da minha finada avozinha.
– É um nome muito bonito, bom gosto, . – a encarou concordando, com certeza o nome era lindo demais, ela havia amado.
***
– Ah, , hoje a Lívia não para quieta, olha. – colocou a mão do rapaz na barriga e ele pode perceber a movimentação da pequena bebê que fazia cambalhotes na barriga. fechou os olhos, mordendo os lábios tamanho o desconforto.
– Lívia, mamãe não aguenta, assim você judia dela. – ele foi alisando a barriga da noiva, com um sorriso enquanto conversava com a bebê.
– Eu tenho culpa, não deveria ter comido o brigadeiro que você fez, , apesar de estar uma delícia. De uns tempos pra cá, ela tem ficado tão agitada quando como chocolate.
– Eu acho que temos uma pequena chocólatra aqui, ou não. – fez uma careta novamente com mais uma movimentação brusca de Lívia.
– , não vejo a hora desse serumaninho sair daqui, quanto mais ela cresce, mas vai ficando pesada a barriga. Se no sétimo mês eu já tô chorando, imagina quando chegar nos nove? Céus, nunca mais julgo uma grávida na vida. – gargalhou.
– Eu nunca julguei. – ainda passava a mão na barriga dela.
– Ela tá parando de se mexer, continua acariciando, ela gosta quando você coloca a mão na minha barriga. – ele assentiu, sorrindo.
– Um mês, , um mês e a gente casa… – ela sorriu.
– A gente já tá casado, né ? Pensa só, você já negociou com o síndico mais uma garagem para eu guardar meu carro aqui, a maioria das minhas roupas estão aqui, o quartinho da Lara está lindo e quase todo montadinho... Inclusive ainda bem que seu apartamento tinha dois dormitórios, se não teríamos que comprar um local novo.
– É, pensando por essa ótica você tem toda a razão… E por falar em você estar mais aqui do que na sua casa, e a ? Arrumou alguém para morar lá e dividir as despesas?
– Então, arrumou, vai ter que ser o Pedro mesmo, ia ficar bem pesado para a pagar as contas sozinha. – ele assentiu.
– Caraca, pensei que fosse morrer antes de ver Pedro envolvido com alguém como ele está com . Com menos de três meses esses loucos já estão morando juntos. – a moça deu de ombros.
– E as coisas lá na unidade de Santo Amaro? – se mexeu no sofá, tentando achar uma posição mais confortável, pois aquela já estava lhe cansando muito.
– Estão bem, eu estou usando o mesmo plano de ação que você me passou, sabe? – havia conseguido passar no processo seletivo da outra filial e finalmente havia se tornado gestor em recursos humanos, e seria ele que cobriria a licença maternidade de . Teria que se redobrar entre as unidades de Barra Funda e Santo Amaro. É claro que teria a noiva, para auxiliá-lo em tudo, já que ela o ajudaria como podia mesmo em casa.
– Ah, sim, sei, e que bom que está dando certo e sua equipe está produzindo bem, fico feliz, de verdade. – sentiu o celular vibrar anunciando a chegada de uma nova mensagem. Ele visualizou e viu que se tratava da chegada de um novo e-mail. Arregalou os olhos, completamente surpreso.
– Puta merda, ! – ele ainda encarava o celular perplexo.
– O que foi, , você está me assustando… – ela o encarava completamente curiosa, sem nem piscar direito.
– Eu fui convocado para as audições às cegas no programa do The Voice no Rio de janeiro, cara, eu nunca achei que fosse chegar tão longe, meu Deus.
– Eu já sabia, você tem um potencial vocal incrível, . Nas regionais você disse que a produção gostou de você, sabia que ia dar certo. – ela o abraçou ternamente. – Eu estou tão orgulhosa por você, sério. Agora rumo ao Rio de Janeiro!
– Sim, rumo ao Rio de Janeiro. – lhe deu um selinho. – Obrigado por acreditar em mim, quando nem eu mesmo acreditava. Eu te amo muito!
– Eu também, , eu também te amo muito, muito mesmo! – sorriu o beijando.
– E ai? Viu o resultado? – se sentou na cadeira e negou.
– Eu não consegui, fiz o xixi e deixei os testes em cima da pia, eu estou com medo de olhar. – tentou parecer menos ansiosa, tentando passar apoio para a amiga.
– Do que você tem medo? Você será uma ótima mamãe, tem um noivo maravilhoso, que será um excelente pai, duvido que ele não vá te apoiar. – tentou sorrir, mas saiu como uma careta.
– , o problema sou eu. – mordeu os lábios, tentando segurar as lágrimas. – Eu estou em um emprego novo, cujo você sabe o quão dificultoso foi conseguir, e não faz nem um ano que estou lá, e agora eu engravido? Em alguns meses eu terei que me afastar para cuidar do bebê, eu escondi por meses meu relacionamento com um subordinado direto meu, e porra ainda engravido. – agora as lágrimas já escorriam. – Eu tô morrendo de medo.
– Eu entendo seus medos… – ela abraçou de lado a amiga, confortando-a.
– convocou uma reunião para terça-feira agora com os diretores, eu vou conversar com eles na segunda feira, pedindo permissão para participar e vou assumir com ele tudo o que a gente tem, e caso eu esteja mesmo grávida já jogo a bomba completa. – limpou as lágrimas que ainda escorriam do rosto.
– Isso, você precisa ser forte nesse momento. – assentiu. – Agora seja o que tenha dado naqueles testes eu estou aqui e vou te apoiar. – abraçou com força, passando o conforto que ela precisava. – Te amo muito.
– Eu também te amo. – terminaram o abraço.
– Eu vou buscar os testes, ok? A gente precisa saber, para encarar a situação como ela de fato é. – falou e seguiu para o banheiro os trazendo até a cozinha. – Quer ver primeiro? – negou, a essa altura ela roía o pouco de unha que lhe restava nas mãos. Sentiu um enjoo forte, correu para o banheiro colocando pra fora o almoço daquele domingo. Lavou o rosto, suspirou fundo e foi até a cozinha a passos lentos, precisava encarar aquela situação com seriedade que ela precisava. a encarou de olhos arregalados, estava pálida.
– Eu vou ficar bem, vomitei de nervoso, eu acho. – falou mais pra si do que para a amiga. – E então, ? Olha o resultado, eu estou preparada. – enfim olhou os três testes e fez uma careta.
– Gravidíssima! – se sentou na cadeira disposta a sua frente.
– É, eu tinha um fio de esperança que não estivesse. – fechou os olhos sentindo-se inundar em lágrimas novamente.
– Trouxe uns relatórios que você me pediu… – ela concordou sem ainda olhá-la nos olhos. – O que eu fiz dessa vez, ? Desde sábado a gente não conversa direito, você está monossilábica…
– Não é nada, só estou nervosa. – era meio óbvio que ela não havia contado ao rapaz a respeito da gravidez. – Afinal, você não me consultou, simplesmente convocou essa reunião e ponto final, estou chateada. – revirou os olhos.
– Você não me deu outra opção, senão essa. – ela mordeu os lábios, assentindo.
– Foda-se. – a olhou assustado. – Vamos logo para essa reunião que começa daqui a vinte minutos.
– Hei, como você sabe? – ela finalmente o encarou, seus olhos estavam com machas arroxeadas, a encarou incrédulo. – Eu ia sozinho...
– Não é certo, já que é pra escancarar tudo, contamos os dois juntos. – ela abriu um sorriso fechado para ele.
– Tudo bem, então vamos. – suspirou fundo. Ela sabia que mesmo que tivesse grávida, aquilo seria uma demissão por justa causa, afinal, eles haviam desrespeitado as regras da empresa. Chegaram até a sala e os dois se sentaram nos lugares dispostos na mesa de reunião, um ao lado do outro. Entrelaçaram suas mãos por debaixo da mesa, para passar conforto um ao outro.
– Deixa que eu falo, que caso eles decidam que um de nós saía, quero que seja eu, não você, ok?
– … – ela ia falar, mas se interrompeu, levantando-se da cadeira e vomitando no lixinho que estava próximo dela.
– , meu Deus, você está bem? – ele a olhava preocupado. Ela balançou a cabeça sentando-se ao lado dele novamente. – Tem certeza?
– Tenho, fica calmo. – segurou forte a mão dela que estava gelada, e em seguida os diretores entraram no local e foram se sentando.
– Estamos aqui, , e então? O que é tão grave que não pode ser resolvido com sua gestora? – Giovani, um dos dois diretores, questionou curioso.
– Bom, minha gestora não poderia intervir nesse caso. – olhou para baixo, desconfortável. – Porque ela está envolvida em minha decisão, eu quero o meu desligamento. – os dois diretores se encararam.
– Mas, , por que você quer se desligar da empresa? Você é um excelente profissional, nos ajudou no caso com o ex gestor Edgard. É por outra oferta de trabalho? Se for, a gente pode conversar.
– Então, não. – ele suspirou. – Na verdade, é uma questão pessoal. – não sabia como abordar o assunto. – Eu estou apaixonado pela . – um silêncio se instaurou na sala. se encostou na cadeira de uma vez, mordendo os lábios, apreensiva. Sentiu o gosto da bile na boca e novamente sentiu vontade de vomitar.
– Ent… – a interrompeu.
– Deixa que eu falo, . Nós queremos assumir um relacionamento sério, e sabemos que diante dos acontecimentos anteriores não é possível… Então o mais razoável é que eu peço o meu desligamento. É antiético meu relacionamento com minha chefe mas…
– Mas o fato é que estamos apaixonados, e não é justo que somente ele seja desligado, o correto é que eu também seja. – respirou fundo, a interromperia, mas ela continuou. – e eu nos conhecíamos antes de trabalharmos juntos e acabamos por nos reencontrar aqui e aconteceu… Eu sinto muito. – ela piscou tentando não chorar.
– Nós precisamos conversar a sós, peço que saiam por gentileza. – ambos assentiram se segurou nos braços do noivo, quando estavam saindo, sentiu uma forte tontura, ela sabia que precisava comer.
– , senta aqui – ele a conduziu até uma cadeira próximo dali. – Assim que eles falarem a decisão deles, sem falta nós iremos ao médico, até tontura você tem sentido.
– Eu não consegui comer de nervoso, e o pouco que eu comi acabei vomitando. Assim que terminar aqui, eu como algo. – suspirou. – Enfim, o que você acha que eles estão falando? – colocou a unha na boca, não se aguentando e roendo.
– Tem que comer, hein? Nenhuma empresa vale a nossa saúde. – alisou o rosto dela. – Sobre a decisão deles, eu não faço ideia, , achei que eles fossem me desligar de uma vez… – ele a encarou – Tá tudo bem mesmo?
– … – ela suspirou fundo. – Assim que eles derem a palavra final, eu preciso te contar algo muito, muito importante, ok? – ele a encarou com o semblante preocupado.
– , tem algo a ver com sua saúde?
– Digamos que sim, , mas eu não vou falar com você sobre isso agora, então aguenta a curiosidade. – se aproximou, entrelaçando suas mãos. Foram surpreendidos quando a porta do local se abriu, e rapidamente se afastaram.
– Nós já nos decidimos, podem entrar. – eles entrelaçaram novamente as mãos e entraram de uma vez na sala de reuniões, sentando-se. – Bom, nós sabemos que em poucos meses mostrou extrema competência, bem organizada o nosso setor de recursos humanos chegou a níveis excelentes de contratações e treinamento. , é um funcionário exemplar, nesses seis anos em que trabalhou aqui não houve nenhuma postura inadequada, e se mostrou um excelente profissional, então nós decidimos em não demitir nenhum de vocês. – suspiraram aliviados. – Porém, essa situação em que vocês estão é de fato extremamente inadequada. E por isso, transferiremos para a nossa outra filial na região sul, em Santo Amaro. Em breve abrirá vaga para gestor de recursos humanos lá, quem sabe você não consegue? – eles assentiram animados.
– Eu tenho que agradecer muito não nos despedirem, muito obrigada mesmo. – abriu um imenso sorriso.
– Tenho que dizer que se vocês não fossem bons no que fazem, nós os despediríamos sem pestanejar, que fique claro. – concordaram, diminuindo o tamanho do sorriso que carregavam. – Enfim, , a partir de segunda feira que vem você já pode começar a trabalhar lá. Grato. – o diretor Julius abriu a porta e ambos saíram dali extremamente aliviados, dos males ao menor.
– Eu nem acredito nisso. – ele exclamou, quase abraçando a noiva, mas ela o segurou.
– , por Deus, aqui não. – fez um biquinho magoado, ela sorriu achando aquilo adorável. – Não seja molecão, agora vamos voltar para o trabalho.
– É o quê? Não mesmo, você disse que ia comer e depois me contar algo muito importante e agora quer escapar… Pode ir me falando.
– Eu vou comer, sim, fica tranquilo. – ele a olhou mais aliviado. – Ah, sobre isso, então eu achei que a gente fosse ser despedido, mas como não fomos, conversamos sobre minha saúde no fim do expediente. – ela alisou o ombro dele.
– … Por favor, me fala. – ela riu enquanto os dois iam caminhando juntos a passos rápidos para o setor de recursos humanos da empresa.
olhou mais uma vez na sala, vendo se não tinha esquecido algo e saiu dali, sabia que a esperava, e já se passava das 20h00min. Precisou ficar até mais tarde para compensar o horário que ficou na reunião, não que o tivesse o feito obrigada, mas do jeito que detestava deixar trabalho acumular preferiu ficar até mais tarde. Desceu pelo elevador, saiu da empresa e encontrou o noivo dentro do carro em frente ao local. Bateu no vidro e o rapaz rapidamente destravou o carro, para que ela abrisse a porta. Entrou e deu um longo selinho no rapaz.
– E agora? Vai me contar o que está acontecendo com você? – ela revirou os olhos, não deveria ter falado daquele jeito, sabia bem como ele era curioso.
– Certo, vou falar de uma vez. Eu passei supermal no sábado, e a levantou uma suspeita sobre um diagnóstico, e bom eu tirei minhas dúvidas no domingo quando fiz três testes de marcas diferentes. Eu tô grávida, ! – ele encostou o corpo no banco do carro surpreso. – Fala alguma coisa…
– Eu vou ser pai? – ela abriu um sorriso vacilante, afirmando. – Eu não posso estar mais feliz com essa notícia, , as coisas estão acontecendo tão rápido que só me mostra que a vida quer que a gente se una o mais rápido possível.
– Sim, , não deve ter outra explicação, a gente transou uma vez sem camisinha, uma única vez e olha só, estou grávida. – se ajeitou no banco alisando o rosto do rapaz. – Eu tomei um susto, chorei horrores… Me desculpa por ter meio que te evitado, eu estava assimilando a notícia, que me pegou completamente desprevenida.
– Não, está tudo bem. – se abaixou, encostando a cabeça na barriga dela. – Papai já ama muito você, meu amor, muito e muito. – alisou a cabeça dele, com um sorriso imenso.
– Será que seremos bons pais, ? Não me sinto nem um pouco preparada. – levantou a cabeça e a encarou.
– Nem eu, mas uma coisa não vai faltar pro nosso filho: amor, isso a gente tem muito, . – se aproximou dela, lhe dando um beijo cheio de felicidade, carinho e amor. Terminaram com selinhos. – Precisamos marcar a data do nosso casamento para logo, ou você acha melhor esperar o nosso filho nascer?
– Minha mãe vai surtar, , ela nem sabe que a gente tá junto e que agora eu tô grávida, então acho melhor a gente casar antes do bebê nascer…
– Nossa, sua mãe, caraca. – ele bateu a mão na testa, fazendo uma careta. – E o bebê tem quantas semanas?
– Então, , fiz o exame de sangue ontem e o resultado sai amanhã, dai só depois do resultado é que saberemos. Mas acho que uns três meses, porque a gente transou sem camisinha na nossa primeira vez.
– Então temos entre quatro a cinco meses pra casarmos, . – ela mordeu os lábios.
– Sua mãe quer um casamento luxuoso, amor, como que a gente organiza um casamento assim em tão pouco tempo?
– Eu não faço ideia, mas vamos precisar agilizar isso o mais rápido possível, não tem aquelas mulheres que fazem isso que a gente paga?
– Cerimonialistas? – ela riu. – Sim, tem. Temos que procurar alguma, mas um casamento tão em cima da hora não vai ser barato, e eu ainda estou pagando o carro, tem o enxoval do bebê... , meu Deus, é muito dinheiro.
– Calma, respira, vai dar tudo certo...
– Tudo bem, não vou pilhar, vai dar tudo certo mesmo – sorriu, beijando os lábios dele de forma rápida. – Agora vamos pra casa que a gente tem um casamento para organizar.
– Pra minha? – ela assentiu e eles foram conversando durante o caminho todo sobre os preparativos do casamento.
Finalmente , e tinham chegado a Montecastelo, para contar todas as novidades para a mãe da moça, que os esperava entusiasmada. A mais velha não sabia ainda sobre o bebê que a filha carregava, preferiu trazer a notícia pessoalmente para que pudesse ver a reação da mãe. Os pais de tiveram uma reação hilária, a mãe dele faltou chorar de emoção, já o pai havia fica petrificado, tentando assimilar a notícia.
Não demorou muito para que estacionassem o carro da moça em frente a residência. Como estava motorizada e seu veículo era novo, resolveram que iriam de carro até lá. Desceram do veículo com suas mochilas, passariam apenas dois dias ali. Tocaram a campainha do local, e logo foram recebidos por Helena que tinha um pequeno sorriso.
– Meu bebê! – ela sorriu, abraçando apertadamente sua irmãzinha mais nova. – Parabéns, muitas felicidades, que Deus possa te abençoar sempre. – elas ficaram abraçadas por um bom tempo, até que desfizesse o contato.
Helena deu um rápido abraço em e e finalmente adentraram a residência. , como já era de casa, foi se jogando no sofá preguiçosamente, sem qualquer convite. negou com a cabeça, ela mostrou a língua para ele. conversava com a irmã, quando um cheiro de perfume forte veio da cozinha, era sua mãe com um sorriso largo por ver a filha, sentiu um enjoo forte, fechou os olhos respirando fundo. Cada vez que a mãe se aproximava, a vontade de vomitar vinha com força, antes que a mãe pudesse abraçá-la, a moça correu para o banheiro para vomitar. foi atrás segurando os cabelos dela.
– , oi. – a psicóloga se levantou e deu um abraço apertado na mãe da melhor amiga. – O que houve com a minha filha?
– Então… – mordeu os lábios. – É... Ela vai explicar para a senhora. – sentou-se de volta no sofá, com um sorrisinho amarelo. voltou do banheiro visivelmente pálida e se sentou no sofá com auxílio de .
– Oi, tia Alice, como a senhora está? – se aproximou da senhora a tirando do chão com o longo abraço que deu. – Estava com saudades, afinal, foram 20 anos se nos vermos…
– Ah, ! – deu um gritinho de susto, a colocou de volta ao chão, ainda a abraçando de lado. – É, querido, pois é, o tempo lhe fez muito bem, está um homem tão bonito, formoso! Fiquei muito feliz por vocês estarem juntos. – direcionou o olhar para filha. – O que você tem, querida? – se aproximou dela, que balançou a cabeça negativamente, com cara de nojo, se afastando da mãe o máximo possível. – !
– Acho melhor vocês contarem de uma vez… – suspirou, prendendo o riso.
– Contarem o quê? Pelo amor de Deus, por que minha filha não quer me abraçar? Essa barriguinha… Não acredito! – a mãe ainda a olhava horrorizada.
– Mãe… – mordeu os lábios, nervosa. – Eu estou grávida! – falou de uma vez, fazendo a mais velha se sentar, completamente surpresa. – E o seu perfume está me dando um enjoo tão forte, sou incapaz de conseguir te abraçar nesse momento.
– Ah, meu Deus, eu vou ser titia. – Helena se aproximou da irmã a abraçando bem apertado.
– , meu amor, que lindo! O é o papai? – balançaram a cabeça positivamente. – Meu Deus, como o destino é, você namorou com Bruno e nada, com em menos de seis meses e já está grávida… Agora eu entendi a pressa para esse casamento. – concordaram, rindo. – Estou muito feliz por vocês, que esse bebê venha com muita saúde.
– Obrigado, tia Alice. é a mulher da minha vida, então veio tudo de uma vez, apesar do bebê não ter sido programado. – abriu um sorrisinho amarelo.
– O bebê aconteceu, nos descuidamos apenas uma única vez, e foi o suficiente. – sorriu. – Mãe, eu quero te abraçar. – fez um biquinho, arrancando risada de Helena.
– Eu te abraço pela mamãe, . – sorriu, sentando ao lado da irmã e a abraçando de lado.
– Esse casal tava num fogo, tia, que a gravidez não foi nenhuma surpresa para mim. – sentiu as bochechas esquentarem, deu um empurrão na amiga.
– É tudo mentira, mãe. – Alice negou com um pequeno sorriso.
– Acho que vou tomar um banho, né? Se não, sem chances de conseguir te abraçar. – todos acabaram por rir. – Ó, amorzinho, não gostar do perfume preferido da vovó, deixa a gente chateada, viu? – confessou, fazendo rir. A mãe subiu as escadas para que pudesse tomar um banho.
– De quantos meses você está, ? Já descobriu o sexo? Menino ou menina? – Helena estava empolgada, querendo saber notícias do sobrinho.
– Estou de 16 semanas que equivale há mais ou menos quatro meses, Lena. – a irmã respondeu, alisando a barriguinha saliente no vestidinho florido. – Não sabemos o sexo ainda, mas quem sabe na próxima consulta consigamos ver?
– Vocês quer o quê, ? – Lena encarou o rapaz, que estava jogado de qualquer jeito no sofá.
– Eu quero menina, uma mini …
– Ele gosta mesmo de você, hein? Por que aguentar duas ’s é ter muita coragem, hein? – zoou a amiga que lhe mostrou o dedo médio da mão.
– E você, ? – Lena alisava agora a barriga da irmã com um sorrisinho fofo.
– Bom, eu quero é que venha com saúde, não me importo muito com o sexo não, Lena. – lhe mandou um beijinho juntamente a um sorriso.
– Eles são melosos, né? – concordou veemente.
– É que você não veio com eles a viagem toda, achei que fosse precisar vomitar ali. – suspirou, fazendo uma caretinha. – Quase sete horas dentro de um mesmo carro com eles é terrível.
– Tô achando que a vai voltar a pé de viagem, viu ?
– Eu tenho é certeza, no meu carro esse ser humano não entra mais, fica ai desdenhando da carona que recebeu. Vou contar tudo para o Pedro. – eles sorriram com a cara de . Pedro e engataram um relacionamento sério tinha menos de duas semanas, depois de muita demora, a psicóloga tinha conseguido encontrar alguém descente naquele aplicativo.
– Vão tomar no… – antes que pudesse terminar a frase, Alice a cortou.
– Prontinho, banho tomado, sem nenhum perfume. Dona , será que agora eu posso te abraçar? – se levantou de uma vez do sofá se jogando nos braços da mãe.
– Que saudades eu estava da senhora, meu Deus, que saudade... – abraçava a mãe apertadamente, com um imenso sorriso. Agora sua felicidade, definitivamente, estava mais do que completa.
O casal entrou no consultório assim que foram chamados pela médica. Torciam para que dessa vez o bebê se mostrasse, porque eles não cabiam em si de tanta curiosidade para saber o sexo.
– Olá, casal, como estamos? – sorriram, se sentando em frente a médica.
– Estamos bem, graças a Deus. – passou a mão na barriga, com um pequeno sorriso.
– Tomando as vitaminas direitinho? – assentiu. – Vocês conseguiram ir as reuniões das gestantes aqui do ambulatório?
– Então, na verdade, fomos apenas três vezes, o trabalho atrapalhou. – comentou com um sorrisinho sem graça.
– Tudo bem, só tentem participar, é muito bom. – assentiram. – Agora vamos ver esse bebê? Será que hoje ele deixa a gente ver o sexo?
– Eu espero, doutora, de verdade. – sorriu, se levantando junto com para que pudessem sanar logo a curiosidade. Ela se deitou na maca, e sentiu o gel gelado na barriga, encolheu-se por instinto, mesmo que ela esperasse, era sempre essa a reação que tinha.
– Hum… Hoje alguém está com as perninhas abertas, papais. – levantou as mãos pro céu louvando, arrancando risos de . – E temos… – a médica fez uma cara misteriosa. – Uma menininha.
– Ah, meu Deus! – colocou as mãos na boca, emocionada. pulava pelo consultório animado.
– Eu já sabia que era uma menininha, eu meio que sentia. – ele sorriu. – Minha princesinha linda.
– Sim, nossa princesinha. – sorriu animada.
– A princesinha de vocês está bem saudável, viu? Está com 770 gramas, o peso médio para um bebê desse tempo. 34,6 cm de comprimento. Olhem o coraçãozinho dela. – a médica colocou e eles puderam escutar, sempre ficavam emocionados com os batimentos do bebê, era algo que não conseguiam controlar. Ela desligou o monitor e deu a um papel para que ela pudesse secar a barriga. – E vocês já tem um nome?
– Temos sim, na verdade, eu deixei a tarefa dos nomes para o , caso fosse menina, e ele já tem o escolhido.
– Bom o nome dela será Lívia. – sorriu, enquanto encarava a barriguinha da noiva. – Escolhi esse nome, pois era o mesmo da minha finada avozinha.
– É um nome muito bonito, bom gosto, . – a encarou concordando, com certeza o nome era lindo demais, ela havia amado.
– Lívia, mamãe não aguenta, assim você judia dela. – ele foi alisando a barriga da noiva, com um sorriso enquanto conversava com a bebê.
– Eu tenho culpa, não deveria ter comido o brigadeiro que você fez, , apesar de estar uma delícia. De uns tempos pra cá, ela tem ficado tão agitada quando como chocolate.
– Eu acho que temos uma pequena chocólatra aqui, ou não. – fez uma careta novamente com mais uma movimentação brusca de Lívia.
– , não vejo a hora desse serumaninho sair daqui, quanto mais ela cresce, mas vai ficando pesada a barriga. Se no sétimo mês eu já tô chorando, imagina quando chegar nos nove? Céus, nunca mais julgo uma grávida na vida. – gargalhou.
– Eu nunca julguei. – ainda passava a mão na barriga dela.
– Ela tá parando de se mexer, continua acariciando, ela gosta quando você coloca a mão na minha barriga. – ele assentiu, sorrindo.
– Um mês, , um mês e a gente casa… – ela sorriu.
– A gente já tá casado, né ? Pensa só, você já negociou com o síndico mais uma garagem para eu guardar meu carro aqui, a maioria das minhas roupas estão aqui, o quartinho da Lara está lindo e quase todo montadinho... Inclusive ainda bem que seu apartamento tinha dois dormitórios, se não teríamos que comprar um local novo.
– É, pensando por essa ótica você tem toda a razão… E por falar em você estar mais aqui do que na sua casa, e a ? Arrumou alguém para morar lá e dividir as despesas?
– Então, arrumou, vai ter que ser o Pedro mesmo, ia ficar bem pesado para a pagar as contas sozinha. – ele assentiu.
– Caraca, pensei que fosse morrer antes de ver Pedro envolvido com alguém como ele está com . Com menos de três meses esses loucos já estão morando juntos. – a moça deu de ombros.
– E as coisas lá na unidade de Santo Amaro? – se mexeu no sofá, tentando achar uma posição mais confortável, pois aquela já estava lhe cansando muito.
– Estão bem, eu estou usando o mesmo plano de ação que você me passou, sabe? – havia conseguido passar no processo seletivo da outra filial e finalmente havia se tornado gestor em recursos humanos, e seria ele que cobriria a licença maternidade de . Teria que se redobrar entre as unidades de Barra Funda e Santo Amaro. É claro que teria a noiva, para auxiliá-lo em tudo, já que ela o ajudaria como podia mesmo em casa.
– Ah, sim, sei, e que bom que está dando certo e sua equipe está produzindo bem, fico feliz, de verdade. – sentiu o celular vibrar anunciando a chegada de uma nova mensagem. Ele visualizou e viu que se tratava da chegada de um novo e-mail. Arregalou os olhos, completamente surpreso.
– Puta merda, ! – ele ainda encarava o celular perplexo.
– O que foi, , você está me assustando… – ela o encarava completamente curiosa, sem nem piscar direito.
– Eu fui convocado para as audições às cegas no programa do The Voice no Rio de janeiro, cara, eu nunca achei que fosse chegar tão longe, meu Deus.
– Eu já sabia, você tem um potencial vocal incrível, . Nas regionais você disse que a produção gostou de você, sabia que ia dar certo. – ela o abraçou ternamente. – Eu estou tão orgulhosa por você, sério. Agora rumo ao Rio de Janeiro!
– Sim, rumo ao Rio de Janeiro. – lhe deu um selinho. – Obrigado por acreditar em mim, quando nem eu mesmo acreditava. Eu te amo muito!
– Eu também, , eu também te amo muito, muito mesmo! – sorriu o beijando.
Epílogo
A marcha nupcial tinha começado a tocar, entrava na igreja realizada, finalmente casaria com o amor de sua vida. Entrava sozinha pelo tapete vermelho, mas de todo não estava, tinha Lívia em seu ventre que inclusive não parava de se mexer. Parece que a bebê sabia que aquele era um dia de festa. A calda de seu longo vestido branco se arrastava pelo chão. segurava firmemente o seu buquê de rosas brancas.
Sentia suas mãos trêmulas, a adrenalina corria por suas veias, afinal, todas aquelas pessoas estavam ali por ela e por …
estava lindo naquele altar, ela podia ver que ele tinha os olhos marejados, e os dela não estavam diferentes.
mesmo nervosa e não conseguindo prestar atenção com clareza em cada pessoa que tinha um sorriso encorajador para ela, fazia questão de cumprimentar a cada um que tinha comparecido.
balançava o corpo para espantar o nervosismo, mas fora impossível não sentir uma grande emoção à medida que se aproximava cada vez mais dele. Aquela ali era mesmo a mulher de sua vida, ele não conseguiu segurar as lágrimas.
vendo aquilo não segurou mais as dela.
A distância que os separava por fim, terminou. Eles pararam frente a frente, ele segurou a mão dela e os dois deram os últimos passos faltantes para que pudessem ficar de frente ao padre.
– Que a paz de Deus esteja com todos. – foram as primeiras palavras do padre, fazendo o sinal da cruz. Todos os convidados disseram “amém” e se sentaram. O casamento seguiu, o padre leu algumas passagens da bíblia para abençoar o matrimônio e logo veio à pergunta mais aguardada pelo casal.
– , você aceita por livre e espontânea vontade como seu legítimo esposo? – o padre perguntou, e passou o microfone a moça.
– Sim! – ela respondeu rapidamente, sorrindo.
– , você aceita por livre e espontânea vontade como sua legítima esposa? – agora a palavra fora passada ao noivo.
– Eu aceito. – ele sorriu, seus olhos brilhavam.
– Tragam as alianças, por favor. – o padre pediu gentilmente.
Uma música começou a tocar e Helena, a dama de honra, entrou com elas, abriu um lindo sorriso, havia implorado para que a irmã fizesse aquilo. Mesmo não muito à vontade com a tarefa, afinal, ela já era uma adolescente, acabou por aceitar. Terminou a distância, deu um rápido abraço na irmã e no cunhado, entregou as alianças e se afastou, se colocando ao lado de sua mãe que chorava copiosamente.
O padre as abençoou e pediu para que começasse a seguir os seus dizeres.
– Eu, , aceito-te, , como minha legítima esposa, para amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os dias de nossas vidas. – ele respirou fundo, emocionado e sussurrou um eu te amo a e colocou a aliança no dedo anelar da mulher.
E com a voz embargada ela seguiu o discurso ditado pelo padre.
– Eu, , aceito-te, , com meu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os dias de nossas vidas. – ela colocou a aliança no dedo dele. – deu um singelo beijo no local onde tinha colocado a aliança.
– E agora, através da autoridade a mim investida, eu vos declaro…
– Ai! – segurou a barriga, e logo sentiu um líquido escorrer por suas pernas, a pequena Lívia não queria mais esperar… – Minha bolsa estourou! – o burburinho se instaurou ali, tinha os olhos arregalados, não sabia o que fazer. – , pelo amor de Deus, calma, me leva para o hospital agora! – ele sem muito pensar a obedeceu, pegando-a no colo e saindo com ela da igreja, com todos os seguindo, afinal de contas, o bebê estava a caminho.
Sentia suas mãos trêmulas, a adrenalina corria por suas veias, afinal, todas aquelas pessoas estavam ali por ela e por …
estava lindo naquele altar, ela podia ver que ele tinha os olhos marejados, e os dela não estavam diferentes.
mesmo nervosa e não conseguindo prestar atenção com clareza em cada pessoa que tinha um sorriso encorajador para ela, fazia questão de cumprimentar a cada um que tinha comparecido.
balançava o corpo para espantar o nervosismo, mas fora impossível não sentir uma grande emoção à medida que se aproximava cada vez mais dele. Aquela ali era mesmo a mulher de sua vida, ele não conseguiu segurar as lágrimas.
vendo aquilo não segurou mais as dela.
A distância que os separava por fim, terminou. Eles pararam frente a frente, ele segurou a mão dela e os dois deram os últimos passos faltantes para que pudessem ficar de frente ao padre.
– Que a paz de Deus esteja com todos. – foram as primeiras palavras do padre, fazendo o sinal da cruz. Todos os convidados disseram “amém” e se sentaram. O casamento seguiu, o padre leu algumas passagens da bíblia para abençoar o matrimônio e logo veio à pergunta mais aguardada pelo casal.
– , você aceita por livre e espontânea vontade como seu legítimo esposo? – o padre perguntou, e passou o microfone a moça.
– Sim! – ela respondeu rapidamente, sorrindo.
– , você aceita por livre e espontânea vontade como sua legítima esposa? – agora a palavra fora passada ao noivo.
– Eu aceito. – ele sorriu, seus olhos brilhavam.
– Tragam as alianças, por favor. – o padre pediu gentilmente.
Uma música começou a tocar e Helena, a dama de honra, entrou com elas, abriu um lindo sorriso, havia implorado para que a irmã fizesse aquilo. Mesmo não muito à vontade com a tarefa, afinal, ela já era uma adolescente, acabou por aceitar. Terminou a distância, deu um rápido abraço na irmã e no cunhado, entregou as alianças e se afastou, se colocando ao lado de sua mãe que chorava copiosamente.
O padre as abençoou e pediu para que começasse a seguir os seus dizeres.
– Eu, , aceito-te, , como minha legítima esposa, para amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os dias de nossas vidas. – ele respirou fundo, emocionado e sussurrou um eu te amo a e colocou a aliança no dedo anelar da mulher.
E com a voz embargada ela seguiu o discurso ditado pelo padre.
– Eu, , aceito-te, , com meu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os dias de nossas vidas. – ela colocou a aliança no dedo dele. – deu um singelo beijo no local onde tinha colocado a aliança.
– E agora, através da autoridade a mim investida, eu vos declaro…
– Ai! – segurou a barriga, e logo sentiu um líquido escorrer por suas pernas, a pequena Lívia não queria mais esperar… – Minha bolsa estourou! – o burburinho se instaurou ali, tinha os olhos arregalados, não sabia o que fazer. – , pelo amor de Deus, calma, me leva para o hospital agora! – ele sem muito pensar a obedeceu, pegando-a no colo e saindo com ela da igreja, com todos os seguindo, afinal de contas, o bebê estava a caminho.
Fim!
Nota da autora: Primeira fanfic em andamento finalizada, gente! Eu nem consigo acreditar! Sou muito grata a essa história, que me trouxe amizades e me iniciou definitivamente como autora. Tenho um carinho imenso por ela. Quero agradecer a cada leitora que veio aqui e me deixou um comentário, ou no grupo do facebook, isso é extremamente gratificante. Espero que gostem do final, porque esse casal é lindo demais rs! Um beijo, e nós vemos por ai no mundo das fanfics… <3
Histórias em andamento:
A Casualty of Love [Restritas – Esportes – Em Andamento]
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Histórias em andamento:
A Casualty of Love [Restritas – Esportes – Em Andamento]