Finalizada em: 14/04/2017

Capítulo Um

22 de abril de 2017




Quando eu acordei já sabia que estava com a maior ressaca do mundo. Minha cabeça doía tanto que parecia que a Unidos de Vila Matilde tinha marcado o ensaio anual dentro do meu crânio. Eu não sabia ao certo como tinha chegado em casa, se Blake, minha melhor amiga, tinha me levado pra casa e me jogado na cama ou se eu tinha chegado em casa com a ajuda de Deus e sua eterna proteção para com os bêbados. A única coisa que eu sabia era que queria voltar a dormir e esquecer que o mês de março inteiro aconteceu.
Pra começar, na primeira semana do mês, eu decidi voltar pra casa dois dias antes pra fazer uma surpresa pro meu namorado, apenas pra pegá-lo no flagra. E quando eu digo no flagra era cena digna de filme pornô. Depois de gritar, chorar e jogar todas as roupas dele na rua, eu finalmente me deixei afogar as magoas em uma garrafa de vinho. Na semana seguinte, especificamente na sexta-feira, depois de uma jornada cansativa de trabalho, minha chefe me chamou no seu escritório. Claro que eu pensei que ela iria pelo menos perguntar o porquê de eu chegar no trabalho com os olhos vermelhos, porém, a única coisa que eu recebi foi aquele clássico que me lembrava muito aquele discurso de ex-namorado escroto.
- Você é uma profissional maravilhosa, deu sua vida pela nossa empresa e nós tivemos muita sorte de ter você aqui, mas está na hora de seguir em frente.
Em outras palavras, eu estava demitida. Primeiro o namorado que eu achava que me amava me traiu, agora o meu emprego do qual eu dediquei quase 6 anos da minha vida decidia que estava na hora de seguir em frente. Realmente, não tinha ficar pior do que isso.
Porém Satanás não era Satanás apenas por uma coincidência, o senhor de chifres e pele vermelha não dormia em serviço e no jantar mensal da minha família, meu irmão anunciou que sua noiva estava grávida. E sabe qual é a melhor parte?! De gêmeos!Eu engasguei com minha comida e depois virei minha taça de vinho de uma vez, vendo minha mãe pelo canto do meu olho engolir o seco e voltar seu olhar pra mim. Eu sabia exatamente o porquê disso, se casar antes dos 30 anos e ter gêmeos tinha sido tudo o que minha mãe tinha planejado pra mim. Não era que eu não estava feliz pelo meu irmão. Chase e sua futura mulher, Manny, eram um daqueles casais que foram feitos um para o outro e mereciam toda a felicidade do mundo, mas todo esse papo de casamento e bebês só fazia a coisa piorar para o meu lado e logo o foco da conversar voltou pra mim. Ou seja, minha mãe exigindo –por que perguntar não é muito sua praia quando se tratava das coisas que ela queria– que eu casasse, tivesse filhos, e melhor ainda, abandonasse meu emprego pra cuidar desses filhos. Eu apenas abaixei a cabeça até que toda a bagagem que eu estava guardando explodiu na minha frente em forma de lágrimas. Eu chorei tanto que não conseguia falar. Meu irmão e Manny, que tinham os melhores corações, decidiram me levar até em casa sem dizer uma palavra, o que eu fiquei extremamente agradecida já que se eu começasse a falar era bem possível que eu começasse a chorar outra vez. Não deu nem um minuto depois que eu cheguei pra ligar pra minha melhor amiga, Blake, pra curar o meu recente desemprego e a dor de corna com uma quantidade absurda de álcool.
E durante um mês inteiro minha vida se resumiu a procurar um emprego de segunda a quarta e ir pra balada de quinta a domingo. Blake, minha melhor amiga, sempre achou que álcool era sempre uma boa resposta para os problemas da vida. A felicidade instantânea que trazia valia a pena a qualquer ressaca do dia seguinte, porém, tão rápidos que elas vinham, elas iam e tudo o que sobrava era o arrependimento. E viver de arrependimento não era viver. Eu precisa que minha vida voltasse para os trilhos e começaria na segunda. Segundas traziam esperança, certo?! Uma espécie de recomeço, não é isso que todo mundo diz?! Eu começo na segunda.
Escutei a porta do meu quarto abrir enquanto eu me remexia na cama, Blake provavelmente tinha entrado trazendo um copo d’água e um Tylenol.
- Blake, eu nunca mais te deixo me convencer a tomar absinto. – Grunhi, quando tentei abrir os olhos por conta do quarto iluminado. – E por que seu quarto está tão iluminado? Fecha essas cortinas, Blake, e tente não parecer tão feliz pelo fato da minha ressaca e dizer “eu te disse pra não beber tão rápido”. Todos nós sabemos, você é dura na queda.
- Eu não sou Blake. – Eu parei de tentar me sentar na cama assim que eu escutei a voz que não pertencia a Blake, pra falar a verdade, não pertencia nem a uma mulher. Era uma voz rouca e sexy que vinha de um cara, e se a voz era assim, imagina o dono. Abri os olhos, me acostumando com a luz e olhando ao meu redor. Em vez de estar no quarto do estranho com a voz rouca e sexy, eu estava em quarto de hospital e o dono da voz estava vestido de médico. Ele tinha um pequeno sorriso quando eu fixei meu olhar em seu rosto, um caleidoscópio envolta do seu pescoço e uma prancheta em mãos. Se eu não tinha uma fantasia com médicos, eu tinha agora.
- Onde eu estou? – Perguntei por impulso, me arrependendo logo em seguida. Ele riu e se começou a se aproximar da minha cama. – Digo, eu sei onde estou, você está vestido de médico e esse é um quarto de hospital. – Eu ri sem humor. – Quero saber por que eu estou aqui. É isso, por que eu estou aqui?
- Você caiu. – Ele respondeu, colocando a prancheta na mesa e parou ao meu lado colocando as mãos no bolso do seu jaleco. – Sua amiga, Blake, te trouxe depois que você caiu de cima de um balcão de bar.
- Balcão de bar? Ai meu Deus! – Escondi meu rosto entre minhas mãos. Eu lembrava vagamente de alguma música do The Weeknd tocar e logo aquele lado mulher perigosa dentro de mim falar mais alto.
- Não se preocupe, você não teve nenhuma contusão grave. Sua amiga disse que um cara tentou te pegar, o que amaciou a queda. Nós só te colocamos em observação porque uma batida na cabeça é algo sério. Sem falar no seu nível de glicose que estava muito baixo, mas você não precisa se preocupar, nós fizemos alguns testes e tudo está bem.
- Obrigado, doutor. – Não piora a situação pro seu lado, , pensei. – Você deve achar que eu sou alguma descontrolada quando vê bebida. – Continuei, colocando minhas mãos ao meu lado. Ele riu, balançando a cabeça e disse:
- Posso afirmar que isso não seria algo que eu te imaginaria fazendo, , eu nunca pensei que você viria a ser uma garota festeira quando te via tão preocupada com os estudos no colégio.
- Estude o dobro, pra festejar o triplo. Esse é meu mantra, e foi durante toda a minha época de faculdade. – Franzi o cenho. Ele tinha dito algo sobre a minha preocupação com os estudos no colégio? – Como você sabe que eu me preocupava com meus estudos no colégio?
Ele não pode responder porque meu irmão entrou no quarto com uma cara de desespero com Blake logo atrás. Ele olhou para o médico, depois pra mim e andou em direção a cama.
- Eu disse que ela estava bem, Chase. – Blake disse, fechando a porta atrás de si. – Eu te disse que não precisava se preocupar, eu tinha tudo sobre controle.
- Se você tivesse alguma coisa sobre controle, ela não estaria aqui no hospital, Blake. – Chase se sentou na cama, segurando minha mão. – , você está bem?
- Eu estou bem, não precisa se preocupar. – Eu disse, sorrindo forçado. Chase olhou pra Blake, e a mesma evitou meu olhar e começou a mexer no seu celular. Eu sabia exatamente o que tinha acontecido, aquela bruxinha tinha contado tudo pra ele. – Blake! – Blake quase derrubou o celular e olhou pra mim. – Você contou pra ele? Blake, eu te disse que não era pra falar pra ninguém!
- Desculpa! Eu não sabia que você não tinha contado pro seu irmão, vocês são inseparáveis e contam tudo um para o outro, eu pensei que ele sabia.
- Mas é claro que ele não sabia. Por que eu ia contar pro meu irmão o pior momento da minha vida? – Eu senti as lágrimas se formarem nos meus olhos e eu as limpei antes delas caírem. – Você sabe que eu odeio falar quando eu falho.
- Eu nunca ia te julgar, , você sabe disso. Todo mundo, em algum momento na vida, já falhou.
- Fácil pra você falar, você tem tudo que você sempre quis e não é constantemente atormentado pelas suas escolhas. – Eu disse, cruzando os braços. Chase abaixou a cabeça e eu logo me senti péssima. Chase não tinha culpa das coisas que tinham acontecido comigo, não era só porque a vida de Chase estava em seu melhor momento, que queria dizer que ele não tinha passado por nenhuma dor e sofrimento. Eu sabia disso, eu estava lá pra presenciar tudo. – Desculpe, Chase, eu sei que sua vida não é perfeita. – Segurei suas mãos, fazendo com que ele levantasse seu olhar pra mim. – Mas você tem que admitir que chega bem perto. – Eu ri, fazendo com que ele sorrisse.
- Por que não me disse, ?
- Porque admitir derrota não é bem o meu forte, você sabe disso. Meu namorado me traiu, minha chefe me despediu, eu não consigo arrumar um emprego. Eu senti que tudo estava errado na minha vida, e tudo estava tão maravilhoso na sua que eu não quis atrapalhar sua felicidade.
- Pra uma estrela nascer ela tem que desmoronar. Isso não é sua ruína, , e sim, seu recomeço.
- Talvez essas citações sem sal são o motivo dela não te contar nada. – Blake disse, dando de ombros.
- Obrigada, Chase. Você é realmente o melhor irmão do mundo. – Eu abracei forte pelo pescoço. – Você não precisa se preocupar comigo, eu já estou bem melhor. – Me afastei dele. – Eu só peço que não conte nada para os nosso pais, pelo menos, não agora. Mamãe vai enlouquecer quando descobrir que eu perdi um partidão. – Rolei os olhos e me joguei na cama. Outra péssima decisão,. Essa doeu!
- Ela vai perguntar quando você chegar no meu casamento desacompanhada.
- Eu ainda tenho tempo.
- Tempo? – Ele se levantou, parando ao lado do médico. Meu Deus, eu aqui falando do pior momento da minha vida na frente desse homem maravilhoso do qual eu provavelmente terei sonhos eróticos nos próximos dias. – Meu casamento é esse final de semana, .
- O quê? – Eu gritei, mais alto do que deveria e logo senti minha cabeça doer, soltando um grunhido logo em seguida.
- , você está bem? – Chase perguntou, mas eu apenas permaneci com os olhos fechado. – , cara, ela está bem? Você não fez o seu trabalho direito? Passou não sei quantos anos estudando pra isso, pra fazer um trabalho de merda? – Eu sabia que Chase estava nervoso e preocupado só pelo fato dele está perguntando a um médico se ele era capaz de fazer o seu trabalho.
- Relaxa, Chase. – Ele respondeu, como se eles fossem velhos amigos, e isso fez com que eu abrisse os olhos pra encarar os dois. Chase tinha um sorriso no rosto e o médico gostoso também. Espera um segundo, eles dois se conhecem?
- Vocês se conhecem? – Perguntei, o que fez os dois olharem pra mim.
- Claro que sim, , e você também.
- Pra falar a verdade, eu acho que não. – “E eu acho que lembraria de um lindo desse, com um corpo desse, sem falar, com esse sorriso. ” – Vocês se conheceram na faculdade?
- , você está de brincadeira comigo? – Chase perguntou, incrédulo. – É o . , não lembra?
- Tudo bem, Chase, faz anos que não me vê, é totalmente aceitável que ela não se lembre de mim.
Mas o problema foi que quando Chase disse o nome e sobrenome do médico gostoso com a voz sexy uma serie flashback veio logo a minha cabeça e todos incluíam uma com uma enorme queda pelo melhor amigo do seu irmão mais velho. Agora você me pergunta como eu não me lembrava dele se eu sabia cada centímetro daquele corpinho decorado?! Bem, da última vez que eu vi , há mais de 10 anos quando ele decidiu cursar Medicina em outra cidade, ele tinha um corpo de um garoto que tinha acabado de sair do colégio e vivia reclamando que não conseguia fazer crescer uma barba. Claramente isso tinha mudado já que ele estava com a barba grande e parecia que tinha começado a frequentar a academia porque mesmo debaixo daquelas camadas de roupa eu sabia que escondia um corpo de homem em vez de um menino. Olha esses ombros, meu santo Antônio, que vontade de passar a mão.
- ? – Eu disse, quase como um sussurro, mas os dois escutaram que olharam pra mim. – Claro que eu lembro dele. É só que você está muito diferente, eu quase não te reconheci. O que você está fazendo aqui? Você não tinha se mudado? – Blake levantou as sobrancelhas enquanto olhava pra mim. Ela sabia que quando eu estava presente de uma pessoa que eu estava interessada, eu tinha a tendência a falar muito.
- Não posso dizer o mesmo de você, , eu te reconheci assim que você saiu da ambulância. – Ele respondeu, sorrindo. E que sorriso era esse, meu senhor.- E pra responder sua pergunta: Eu voltei a mais ou menos uns dois meses depois de participar de um programa para médicos na África. Minha mãe já vinha insistindo faz um tempo pra que eu voltasse pra casa e quando eu recebi uma proposta de emprego nesse hospital, só me pareceu certo voltar pra casa. Sem falar que meu melhor amigo vai se casar, eu não podia perder Chase chorando que nem um bebê durante a cerimônia.
- Continua o comediante mais sem graça. – Chase riu sarcástico, o que fez sorrir. – Que horas eu vou poder levar minha irmã pra casa?
- Nós só estávamos esperando que ela acordasse, eu vou pedir que a enfermeira traga as roupas que ela chegou ontem a noite e a prescrição de alguns remédios pra ressaca. – Ele olhou pra mim e eu engoli o seco. – Você está se sentindo melhor, ? – Impossibilitada de falar, eu apenas assenti. – Que bom! Foi muito bom te ver outra vez, .
- Não pense que você vai me escapar, , nós ainda vamos conversar direito. – Chase disse antes de se virar para e dizer: – Eu vou com , nós precisamos trocar uma palavrinha.
e Chase saíram do meu quarto e eu me virei para Blake.
- , não me diga que esse é o melhor amigo do seu irmão que você tinha um queda desde que você descobriu que garotos te faziam sentir coisas. – Blake se sentou na minha cama e olhou pra mim.
- Ele mesmo. Em carne, osso, sorriso de tremer as pernas, voz rouca de levantar até pelos pubianos e corpinho de deus grego. – Eu disse fazendo com que ela gargalhasse. – Faz anos que eu não o vejo, mas parece que o tempo não passou. Quer dizer, até passou, e ele ficou mais maravilhoso do que antes.
- Você ainda tem uma quedinha por ele.
- Quedinha eu tenho pelo Henry Cavill, por ele é uma queda de um penhasco mesmo. – Balancei a cabeça, não acreditando que mesmo depois de anos, até sem pensar nele ou vê-lo eu ainda sentia alguma coisa depois de vê-lo. – Eu não acredito que eu ainda sinto alguma coisa por ele, Blake, faz anos, pelo amor de Deus, eu já deveria ter superado. Eu até esqueci das coisas que me aconteceu no último mês.
- Talvez exista uma razão pra isso tudo estar acontecendo.
- O quê? Você quer dizer que o universo, Deus, Iemanjá ou Budha, colocou de volta na minha vida com um propósito? E que propósito seria esse?
- Ele é médico e você está machucada.
- O que você quer dizer com isso?
- Que não foi uma má ideia ele ter voltado, talvez ele possa sarar não só as suas feridas visíveis, mas aquelas que você não deixa ninguém ver.
- Você fala do Chase, mas aqui está você com suas citações sem sal.
- Talvez seja isso que o amor faça com você. – Blake deu de ombros, provavelmente lembrando da sua noiva, Ashley, que estava viajando a trabalho. – Te enche de esperança e você começa a ver o mundo com outros olhos. Ou pode ser que ele seja muito gostoso e você seria muito burra de deixar esse boy passar.
- Isso não vai acontecer, Blake, o é território proibido, o melhor amigo do meu irmão.
- Você nunca sabe, , muita coisa pode acontecer em um final de semana de casamento. – Ela sorriu e eu joguei um travesseiro nela.

Capítulo Dois

29 de abril de 2017




Eu consegui sobreviver a semana que antecedeu o casamento de Chase. Minha mãe, que acabou descobrindo tudo que tinha acontecido graças a boca enorme de Chase que tinha contado tudo que para o nosso pai, me ligou no dia seguinte que eu sai do hospital as sete da manhã pra brigar comigo. Não para dar nenhuma espécie de conforto, ou perguntar se estava tudo bem, apenas pra gritar comigo e perguntar como eu tinha deixado a minha vida chegar a esse ponto como se tudo isso tivesse sido culpa minha. Pra piorar, ela me informou que Jason, o filho da puta do meu ex-namorado, ia para casamento de Chase junto com os seus pais, já que eles eram amigos da família e ele não iria fazer essa desfeita. Chase fez questão de informar que se Jason pelo menos chegasse perto de mim ele partiria a cara dele no meio.
Mas o que me preocupava não era o fato de Jason ia aparecer, eu estava pouco me importando se ele ia aparecer ou não, o que realmente tinha me feito ficar acordada quase a noite inteira era o fato de que ia estar presente no casamento. Não apenas para a festa, mas para o final de semana que antecedia. O meu coração de adolescente deu cambalhotas de alegria, porém não por muito tempo já que Chase fez questão de me informar que ele vinha acompanhado. Claro que toda a esperança que achei que poderia ter – sim, me culpe por ainda ter esperanças com meu eterno crush – acabou na mesma hora. E era por isso que eu tinha fugido da festa no minuto que eu vi todas aquelas pessoas me encarando, sozinha, na mesa da minha família. Minha mãe provavelmente tinha aberto aquela boca enorme pra falar sobre os fracassos da minha vida pro ciclo de amigas peruas que ela tinha e agora o trabalho delas era me julgar.
Antes de desaparecer eu fiz questão de pegar um bolo de chocolate inteiro na geladeira que iria ser servido para sobremesa, um garfo e fui em direção ao corredor onde ficava o meu antigo quarto e meu irmão. Minha mãe já tinha transformado meu quarto em um closet enquanto o do meu irmão estava intacto, então eu não hesitei em entrar, deixando meus sapatos no chão e me deitando na cama apreciando cada caloria que tinha naquele bolo. Quem achava que eu não poderia comer um bolo inteiro, estava extremamente enganado. Eu podia, deveria e iria.
Quase uma hora depois e metade de um bolo já devorado, movimentos na maçaneta da porta fizeram com que eu desviasse me olhar pra porta, pra ver nada mais nada menos do que entrando no quarto de Chase com uma cara de pânico que o deixava mil vezes mais fofo. Depois de fechar a porta, se afastar da mesma ele respirou fundo e soltou um “ufa” antes de se virar para trás e dar de cara comigo.
- , o que você está fazendo aqui? – Ele perguntou, surpreso. Como eu estava com minha boca cheia de bolo, eu apenas dei de ombros. – Está fugindo da festa?
- E parece que eu não sou a única. – Ele riu e voltou seu olhar para o bolo pela metade em minhas mãos.
- Então é aqui que o bolo de chocolate que sua mãe encomendou está. O chef disse que você pegou e despareceu pela festa, o que deixou sua mãe furiosa.
- Ela vai sobreviver, tem mais uns dez desse. – Respondi, comendo mais uma garfada do bolo. olhou novamente pro bolo e eu tive a certeza que ele queria um pedaço. – Quer um pedaço?
- Por favor. – Ele andou até a cama, se sentando ao meu lado. – Não entendo porque sua mãe contrata o bufê que faz os aperitivos tão pequenos.
- Deve ser o mal de gente rica que não sabe apreciar uma boa coxinha. – Passei o garfo pra ele, que pegou um pedaço de bolo e comeu. gemeu ao meu lado, fechando os olhos. Claro que meus pelos se arrepiaram e minha garganta secou. Vai com calma, universo, você já me colocou em um quarto sozinha com ele, não precisa me torturar mostrando o que eu não posso ter.
- Esse bolo é maravilhoso. – Ele disse, me entregando o garfo. Peguei o mesmo, colocando a maior quantidade de bolo na minha boca. – Por que você está se escondendo aqui ?
- Quem disse que eu estou me escondendo? – Eu respondi automaticamente, comendo logo em seguida. virou a cabeça para o lado com as sobrancelhas levantadas enquanto me encarava. – Tudo bem,– respondi, entregando o garfo pra ele. – eu estou me escondendo sim. Satisfeito?
- Por que? – Ele perguntou, me devolvendo o garfo. Quando eu era mais nova, era um dos poucos amigos do meu irmão que realmente conversava comigo. Pelo fato dele praticamente viver na nossa casa, as vezes parecia que fazia parte da família e era normal acordar com no meio da cozinha, cozinhando junto com a cozinheira apenas com uma samba canção. Foi impossível não suprir uma queda livre por ele, o cara além de ser um gato, era simplesmente um amor de pessoa, extremamente carinhoso, atencioso e me tratada da melhor maneira possível. Nossas conversas iam dos mais assuntos possíveis, até altas horas da noite ou as primeiras horas da manhã. Teve uma época, depois de quase um ano que nós nos aproximamos, que eu realmente pensei que eu poderia dizer tudo que eu sentia, mas é claro que essa esperança acabou no momento que ele me apresentou sua namorada e disse que eu era como uma irmã pra ele. Foi como se alguém tivesse me jogado dentro do oceano Indico. Depois dessa, eu passei a evitá-lo, até porque a namorada dele pediu – ou melhor, exigiu – que eu me afastasse dele. Claro que eu apenas dei de ombros e decidi que nós ainda podíamos ser amigos, porém na primeira festa de família que ela estava presente, eu sabia que meu coração não ia aguentar ver nos braços de uma garota ainda mais com um sorriso de orelha a orelha e olhos de garoto apaixonado. Então eu foquei nos estudos como nunca antes e comecei sair mais com meus amigos do que com o meu irmão. – ?
- Sim?
- Por que você está fugindo da festa?
- Porque eu não tenho paciência de aguentar as amigas da minha mãe me julgado a cada passo que eu dou. Existia uma época que eu aguentaria tudo de cabeça erguida, mas chega um momento da sua vida que tem certas situações que você prefere não se colocar, até porque eu não sou obrigada a nada, meu querido. – riu. – E você por que está fugindo da festa? Sua namorada não se importa de ficar sozinha? – Eu quase mordi minha língua, porém a pergunta já tinha saído mesmo então eu só resumi a continuar olhando pra televisão e continuar comendo.
- Na verdade, eu estou fugindo da festa porque as filhas das amigas da sua mãe descobriram que eu estou solteiro e sou médico. Aparentemente, isso faz de mim um partidão. – Ele olhou para a televisão.
- Então você não veio acompanhado? Felícia e você não estão mais juntos? – Lembra da namorada de que exigiu que eu me afastasse dele? Os dois foram juntos pra faculdade de medicina e iriam dividir um apartamento, sem falar nos rumores de que eles estão a um passo do altar. – A última vez que eu te vi, rumores circulavam que você estava prestes a casar.
riu pelo nariz.
- Felícia e eu terminamos dois meses depois que começamos a faculdade. Quando você convive com uma pessoa por muito tempo, você começa a conhecer tudo sobre ela, tanto as coisas boas como os “defeitos”. Às vezes é o que faz você se apaixonar mais ainda, outras vezes serve pra te mostrar que você não foram feitos um para o outro como você pensava.
- E você demorou dois meses pra perceber isso? Eu soube no momento que eu a vi pela primeira vez. – Porra! Pelo amor de Deus, me ajuda a manter minha boca fechada.
- Você sempre parece ter uma opinião sobre as coisas, por que não disse nada?
- Era sua vida, , quem você namorava ou namora não me diz respeito. É sua decisão, eu não podia interferir nela. – olhou pra mim, o que fez com que eu olhasse pra ele.
- Você é uma pessoa muito sabia, .
- Eu sei. – Joguei meu cabelo pro lado. – Você tem sorte em me ter na sua vida outra vez.
- É, e todo dia eu me pergunto porque você foi embora. – Meu sorriso desapareceu lentamente enquanto olhava em seus olhos. Não é amor, , é uma cilada. - Por que você se afastou de mim, ? Foi por que a Felícia te pediu?
- Pedir requer opções ou um “por favor” e ela não me deu nenhum dos dois. Ela exigiu que eu me afastasse de você, disse que você tinha uma namorada e agora ela seria sua melhor amiga então você não precisava mais de mim.
- Por que você não me disse nada?
- Tudo que eu ia causar era discórdia, , e eu não queria isso. Eu preferi deixar pra lá do que causar uma confusão.
- Então você decidiu deixar nossa amizade de lado em vez de lutar por ela?! – Ele disse, se virando pra mim. Coloquei o bolo no criado-mudo ao meu lado e me virei pra ele. Como é que ele tem a audácia de dizer que eu não lutei pela nossa amizade?
- Como é que você me diz uma coisa dessas, ? Você não pode me culpar por começar a viver a minha vida em vez de correr atrás de você como um cachorrinho como eu fiz todos aqueles anos. Você queria o que? Que eu ficasse ao seu lado sendo destratada pela sua namorada só pra você ficar feliz?
- Não é isso, .
- Pois é isso que está parecendo. Eu podia gostar muito de você, digo, da nossa amizade, mas eu não deixar mais uma perua me destratar. Já basta a minha própria mãe! – Eu levantei da cama, calçando meus sapatos logo em seguida. apenas me olhava sem reação então eu continuei: – Se nossa amizade era tão importante assim pra você, como diz, por que em vez de me perguntar o porquê de eu me afastar de você, não procurou saber qual o motivo, hein?! A resposta pra tudo isso é porque eu nunca passei da irmã do seu melhor amigo que você passava o tempo enquanto Chase corria atrás de um rabo de saia. – Andei até a porta, abrindo a mesma. – Agora se você me der licença, eu vou voltar pra festa. Encarar as amigas da minha mãe não parece má ideia tanto assim.
Bati a porta do quarto andando a passos largos em direção a festa. Blake provavelmente já tinha chegado e eu estava precisando loucamente da minha amiga, não tinha quem me fizesse passar essa noite sem uma bebida gelada em minha mão e minha melhor amiga do lado.
Quando eu cheguei na festa, Blake estava sim presente, e com sua noiva, Ashley e as duas estavam no maior clima de romance. Quase que eu dou meia volta, porém Ashley parecia que possuía olhos de gavião e me avistou do outro lado do salão acenando freneticamente.
- ! – Ashley se levantou e me abraçou. – Como você está linda.
- Muito obrigada, Ash. Você também. – Respondi, me sentando a frente delas. Blake virou a cabeça para o lado e cerrou os olhos. Não era a toa que ela era minha melhor amiga, ela sabia que algo estava errado.
- O que foi que aconteceu, ? –Blake perguntou e colocou sua bebida em cima da mesa. Peguei duas bebidas do garçom que estava passando ao meu lado e bebi uma de uma vez só.
- Ele teve a audácia de dizer que eu não lutei pela nossa amizade, acredita nisso?! – Coloquei a taça em cima da mesa. – Teve a audácia de perguntar por que eu não contei pra ele sobre o que a sem noção da ex-namorada dele fez, acredita numa merda dessa?! Talvez porque eu não quisesse parecer a irmãzinha do melhor amigo que caiu no maior clichê de todos e se apaixonou pelo melhor amigo do seu irmão! – Joguei as mãos para o alto. – Me criticar, Blake! Ele teve a audácia de me criticar quando ele não fez merda nenhum pra manter contato comigo, como se uma amizade fosse uma mão única. Ah, mas faça-me o favor e me erra. Se eu tenho culpa no cartório, ele também tem ora porcaria. Argh! – Bati com os pés no chão. – Eu não suporto aquele garoto! Argh! Argh!
- Blake, eu acho que ela finalmente perdeu a cabeça. – Ashley disse, segurando o riso.
- Não se atrevam a rir!
E como uma deixa, as duas começaram a gargalhar. Casalzinho feliz rindo da minha cara, cadê você Deus pra me ajudar nessa hora?
- Realmente, não tem como piorar.
- . – Escutei a voz da única pessoa que eu não queria ver nem pitado de ouro e coberto de diamantes. – Será que a gente pode conversar?
- O segundo audacioso da noite. – Respondi, me levantando e ficando a sua frente. – Mas é claro que não, Jason. Eu já disse tudo o que eu tinha pra dizer.
- Mas eu não disse.
- Acho que você não precisou, não é amorzinho, uma imagem vale mais que mil palavras.
- ...
- Primeiro: é pra você; segundo, eu quero todas as minhas coisas de volta que eu deixei no apartamento que era nosso e, segunda mesmo, eu vou falar com meu advogado pra chegarmos em um acordo pra vendê-lo.
- Mas eu estou morando lá. – Ele me interrompeu.
- Mas não vai morar mais. Eu também paguei por aquele apartamento, Jason, e eu quero a minha parte dele. Se você quiser comprar minha parte, eu não vou argumentar, mas eu quero o que é meu por direito. E terceiro, você não precisa vir aqui, fingir conversar comigo só pra passar uma imagem de bom moço arrependido pros seus pais, fingindo que está tudo e foi um termino amigável quando, na verdade, você me enganou durante anos e a última coisa que eu quero é ser sua amiga, o que torna o que eu vou fazer a seguir extremamente prazeroso. – Jason me olhou confuso e eu sorri, me aproximando dele e dando uma joelhada nas suas partes intimas. Jason logo se abaixou, urrando de dor, até eventualmente cair no chão. Olhei ao meu redor e percebi que todos olhavam pra mim, alguns assustados, outros horrorizados porém Chase e Manny gargalhavam alto. Chase levantou suas mãos, me mostrando dois joinhas, porém minha mãe, que estava atrás dele, estava furiosa e andando a passos largos até mim. Blake, Ashley e eu nos entreolhamos e era hora de sair dessa festa o mais rápido possível.
- Hora de ir.
Blake, Ashley e eu nos apressamos pra sair da festa e curtir a noite de garotas que tínhamos planejado. E pela primeira vez em semanas que eu me sintia melhor, mais leve e pronta pra quebrar a cara de novo com o amor.

Capítulo Três



Eu tinha fodido tudo com e parecia que isso era algo constante em minha vida quando assunto era essa mulher. Durante anos Chase e eram as únicas coisas constante em minha vida, Chase como meu melhor amigo e como a irmã mais nova dele, que tinha o sorriso mais lindo e conversava comigo sobre tudo e as vezes até me obrigava a fazer companhia com as suas viagens e ao salão, o que eram quase toda semana. Não era que eu não tinha reparado o quanto era linda, é claro que eu tinha reparado, porém, ela era a irmã do meu melhor amigo então ela era como se fosse uma irmã. Porém, é como dizem: se vocês brigam com um marido e mulher, conversam como melhores amigos, flertam como se tivessem se conhecendo pela primeira vez e se protegem como irmão, é pra ser. Me apaixonar por foi inesperado e ao mesmo tempo inevitável, eu nunca vi acontecendo, mas quando eu me dei conta, eu não tive nenhuma duvidas alguma. Só que quando eu me dei conta do quanto gostava dela, já era tarde demais, ela já estava namorando outro cara. O mesmo cara que acabou de dar uma joelhada no meio das pernas e sair rindo e correndo do salão de festas.
- Eu vou lá. – Chase disse, e eu segurei seu braço. Ele olhou pra mim confuso.
- Você não precisa ir lá bater no cara, acho que sua irmã fez um trabalho maravilhoso. – Apontei com a cabeça em direção ao ex-namorado de que estava sendo carregado pra fora da festa com a ajuda de dois seguranças.
- Eu deveria ir dar uma lição naquele idiota.
- É seu o jantar de casamento, Chase, você vai se casar amanhã e um olho roxo é a última coisa que você precisa.
- Eu não me importo. – Manny disse, passando os braços ao redor do pescoço dele. – Se é pra defender sua irmã, pode fazer um barraco. merece ser defendida com unhas e dentes, ela merece tudo de melhor no mundo. – Manny olhou pra mim e depois voltou seu olhar pra Chase. Eu sabia que ele tinha aberto aquela boca enorme que ele tinha, pior pessoa pra contar um segredo.
- Você disse pra ela?! Eu te pedi pra não contar pra ninguém, Chase.
- A Manny é minha mulher, , é claro que eu vou contar tudo pra ela.
- Sem falar que você sempre arruma uma desculpa pra falar sobre a . “A também vem?”, “Chase, por onde sua irmã anda?” “É, a disse...”, “A , uma vez...”. Honestamente você achou que eu não ia perceber que você arrasta um caminhão pela durante todos esses anos que você e o Chase ficavam conversando pelo Skype ou você vinha jantar conosco? Me poupe, , até um cego se não vê que você gosta dela. O que me intriga mesmo é o fato de você nunca ter tomado alguma atitude em relação a isso.
- Ela tinha namorado. Primeiro aquele tatuador, o Rick, que ela namorou por anos e depois o Jason. Quando ela terminou com o primeiro eu já não estava mais aqui, eu já estava fazendo residência, e na época estava tentando saindo com outras mulheres com o intuito de seguir em frente. Eu até consegui me enganar com um tempo namorando uma medica em um dos projetos de caridade que eu participei na África, mas foi só vê-la naquela maca pra eu saber que eu ainda estou apaixonado por ela.
- Então toma uma atitude, homem! – Ela deu um tapa na minha cabeça. – Ela está solteira, você está solteiro. Espera ai! O Chase disse que você vinha acompanhado, você tem namorada, ?
- A minha acompanhante era minha mãe.
- Outch!
- E pra piorar, o namorado dela a chamou pra passar o final de semana no Havaí e ela me dispensou.
- Mas você não tem sorte, meu querido. – Ela olhou pra Chase e depois pra mim. – E você nunca contestou o fato do seu melhor amigo gostar da sua irmã?
- A faz o que quiser com a vida dela, e o Chase também. Se os dois queriam ficar juntos, claro que eu nunca ia impedir, mas eu nunca vi casal mais frouxo. – Ele olhou pra mim. – Espero que dessa vez os dois conversem e se resolvam.
- Nós discutimos no começo da noite, acho que sua irmã vai me dar mesmo tratamento que deu pro ex-namorado dela.
- Então você prefere deixar as coisas como estão e perder a garota que você é apaixonado por anos? Já está mais do que na hora de você engolir seu orgulho e ir atrás da garota que você ama.
Eu apenas voltei o meu olhar pra festa, ignorando Chase.
- Sabe uma coisa que eu sempre quis te perguntar? – Manny disse, fazendo com que eu olhasse pra ela. – Por que você sempre chama a de ?
- Porque ela me pediu.


Flashback:

30 de maio de 2009

- Feliz aniversário, ! – Eu disse, colocando o meu boné pra trás e entrando na cozinha. , que estava sentada na bancada da cozinha, olhou pra mim e abriu o sorriso. Foi impossível não sorrir junto, tinha o sorriso mais lindo que eu já tinha visto e toda vez que ela sorria, eu sorria junto, com o bônus de sentir uns formigamentos nas pontas dos dedos.
desceu do balcão, arrumando seu vestido. Ela andou até mim e jogou os braços ao redor do meu pescoço. Eu a abracei pela cintura, a rodopiando lodo em seguida.
- Você veio! – Ela disse, se afastando de mim.
- Claro que eu vim, tampinha.
- Tampinha?! – Ela perguntou, incrédula. – Eu estou usando um salto quinze, como é que você tem coragem de me chamar de tampinha?
- Você é ainda mais baixa do que eu.
- Hoje é meu aniversário, você tem que me agradar.
- E o que você quer que eu faça pra te agradar?
- Tira a blusa. – Ela disse, com um sorriso maroto nos lábios.
- Tá bom. – Eu disse, fazendo menção de tirar a blusa. soltou o grito e segurou minhas mãos.
- Eu estava brincando. Você quer uma cerveja?
- Você está bebendo? Você ainda não tem idade, .
- Me erra, . – Ela começou a andar em direção ao mesmo balcão que ela estava quando eu cheguei. – Então, o que você trouxe de presente pra mim dessa vez?
- A minha presença já é um presente. – Respondi, abrindo os braços. rolou os olhos.
- Todo ano você me traz um presente, , eu não acredito que você esqueceu.
- Você acha mesmo que eu ia esquecer de trazer um presente pra minha melhor garota? – Peguei a caixa que estava no meu bolso e estendi pra ela. pegou a caixa e a abriu, ela tirou o colar de dentro e olhou pra mim.
- Uma flor de lótus?
-É a sua preferida então eu queria que você tivesse uma lembrança de mim quando você fosse pra faculdade ano que vem.
- É lindo. – Ela disse, admirando o colar em suas mãos. – Você coloca em mim? – Ela desceu do balcão, virando-se de costas e afastando seu cabelo. Me aproximei dela, pegando o seu colar da sua mão e o colocando em seu pescoço. – Eu nunca vou tirar do meu pescoço. – Ela disse, virando seu rosto pra mim.
- Ainda não acabou. – Sussurrei em seu ouvido e a pegando pela mão. Levei pra fora da casa, que não conseguia parar de sorrir e parei em frente a piscina, dando vista pro vasto gramado que tinha nos fundos da sua casa. Os eram uma família bem rica, alguma coisa com a mãe deles ser herdeira de uma rede de hotéis ao redor do mundo, então eles moravam em uma mansão que, a propósito, estava lotada de convidados.
-, por que eu estou olhando pro nada? – Ela se virou pra trás na mesma hora em que terminava de mandar uma mensagem para Chase dizendo que tudo já estava pronto.
- Vira pra frente, . – Eu disse, me aproximando e ficando atrás dela.
-, porque você...
E na mesma hora sua fala foi interrompida pelo o som do primeiro fogo de artifício explodir no céu. Chase e eu – na verdade mais eu do que Chase porque ele achava que já era mimada o suficiente e não precisa de mais um presente – compramos um daqueles show de fogos artifícios que demoravam pelo menos uns cinco minutos de surpresa pra , ela adora fogos de artifícios desde pequena, aparentemente ela gostava do jeito que eles explodiam no céu e sempre achou que eles eram uma bela representação das estrelas, coisa que ela também amava. Resumindo, amava qualquer coisa relacionada ao céu.
No meio dos fogos, um dos colegas de apareceu a sua frente fazendo com que ela quase caísse pra trás com o susto o que resultou em minhas mãos segurando sua cintura. , olhou pra trás sorrindo, e depois pegou as minhas duas mãos e colocou ao redor da sua cintura fazendo com que eu a abraçasse por trás.
- Você fez tudo isso pra mim?
- Não é todo dia que você faz 17 anos.
-Muito obrigada, . – Ela se virou, colocando as mãos ao redor do meu pescoço. – ... – Ela abaixou a cabeça.
- O que foi, ?!
- Sabia que eu amo quando você me chama de ? – Ela respondeu, sorrindo. – Meu nome soa muito melhor quando é você que fala. Você poderia me chamar só de daqui pra frente.
- Quem sou eu pra negar um pedido seu?
- ...
- O que foi, ?! O que é que você tem que me dizer?
- É que...
-E ela não pode continuar porque alguém esbarrou em nós fazendo com que nós dois caíssemos na piscina. Quando eu voltei a superfície, alguns dos convidados da festa estavam tirando suas roupas e pulando na piscina. Olhei pra achando que ela estaria zangada, mas ela gargalhava alto, e quando eu me virei pra ela, a mesma jogou agua na minha cara.
- Essa é a melhor festa de aniversário que eu já tive.– Ela disse, tirando os saltos e os jogando em algum lugar da grama. – Mas que porcaria de noite fria, eu vou congelar aqui dentro.
- Então é melhor você sair, não é, ?! Lembra no ultimo inverno quando você passou uma semana doente e eu tive que cuidar de você?
- Não fingi que você não gostou. – Ela respondeu, começando a andar em direção a escada da piscina e eu a segui. – Você quer trocar de roupa? – Ela perguntou torcendo seu cabelo. – Nós podemos ir no quarto do Chase pegar alguma roupa, faz tempo que eu quero pegar umas camisas dele e essa parece uma oportunidade maravilhosa.
- Então vamos milady? – Estendi o braço pra ela, que pegou gargalhando alto. Irritar Chase era algo que eu e sabíamos fazer juntos como ninguém, quando nós dois nos juntávamos para irrita-lo, era bem possível que ele saísse soltando fogos pelas narinas e não tinha nada mais gratificante do que ver Chase irritado.
Nós seguimos pela escada e ignorou todos os chamados por seu nome avisando que só iria trocar de roupa e já voltava.
- Agora onde foi que Chase escondeu aquela camisa do Bring me To Horizon que eu amo? – andou em direção as gavetas de Chase.
- Você deveria ter parado pra conversar com seus convidados, é o seu aniversário. – Eu disse, tirando minha camisa e jogando dentro do cesto do banheiro.
- Eles podem esper... – Ela começou, se virando pra mim, mas parou de falar assim que me avistou sem camisa. – Eles podem esperar, não é como se eles estivessem aqui pra me prestigiar.
- Claro que estão, .
- Ah, por favor, a maioria deles está aqui pela bebida de graça. Eu tenho amigos, , mas não tanto assim.
- Eu estou aqui por você.
- E isso me deixa muito feliz, porém, ainda tem uma coisa que eu quero de você.
- O que mais você pode querer de mim? Os fogos e o colar não foram suficientes?
- O que mais eu quero de você? – Ela disse, andando em minha direção fazendo com que eu dançasse pra trás até bater meus joelhos na ponta da cama. – Acho que a gente deveria completar essa trindade.
- Ah é mesmo, com o que?
- Um beijo.
-...
- É só um beijinho, . – Ela empurrou meus ombros, fazendo com que eu sentasse na cama. riu largamente, e colocou cada uma de suas pernas ao meu lado, aproximando seu rosto do meu. – Um selinho e eu prometo nunca mais te pedir algo desse jeito.
- Tudo bem. – Ela sorriu e eu segurei seu rosto entre minhas mãos. fechou os olhos e eu também, quando eu menos esperei nossos lábios estavam se tocando. abriu os olhos e eu também, eu não sei como aconteceu, quem deu o primeiro passo, mas quando eu percebi, nós nos beijamos como se nossas vida dependessem disso. As mãos de estavam em meus cabelos enquanto as minhas apertavam sua cintura. Eu sabia que eu deveria parar o que estava fazendo naquele minuto, era a irmã mais nova do meu melhor amigo e era mais nova do que eu, porém tinha algo sobre ela que me deixava entorpecido, parecia que eu estava procurando algo, vagando sem direção, e tinha finalmente encontrado.
Movimentos na porta fizeram com que saísse do meu colo e se afastasse de mim. Eu continuei na cama, encarando suas costas enquanto ela mexia em uma as gavetas de Chase.
-, o que está fazendo aqui? – Chase entrou no quarto acendendo a luz. Ela olhou pra mim e depois pra sua irmã. – ?
- Oi Chase. – Ela disse, se virando pra ele com um sorriso no rosto.
- O que vocês dois estão fazendo aqui?
- Eu vim buscar uma blusa sua. – Ela respondeu, puxando uma qualquer de uma das bandas esquisitas que Chase era fã. – Não estou muito afim de voltar a vestir um vestido. Eu vou pro meu quarto, tomar um banho e trocar de roupa. Vejo vocês.
E então ela saiu como uma bala pra fora do quarto. Chase olhou pra mim com o cenho franzido até que uma luz acendeu em cima da sua cabeça e ele me olhou assustado.
- Calma, nada aconteceu. – Eu me levantei. – Ela só veio buscar uma blusa.
- E ela precisa da sua ajuda pra isso?
- E uma roupa pra mim também, né, idiota. Agora se você me dê licença, eu vou tomar um banho. Bem frio de preferência.

Fim do Flashback


Então eu fiz a maior burrada que eu já fiz na vida e comecei a namorar Felícia. ainda tinha muito o que viver, por Deus, a garota estava no seu último ano do ensino médio e merecia aproveitar tudo o que tinha pra viver, não se preocupar com um namorado que ia fazer faculdade em outro estado. conseguiria arrumar algum cara muito melhor do que eu, o que ela eventualmente fez quando começou a namorar aquele tatuador, o Rick. O cara era gente boa, segundo o Chase, tratava a como se ela fosse uma rainha, porém, Chase insistia em dizer que ela não estava completamente feliz.
Joguei meu edredom para o lado, vendo que já passava das duas e eu ainda não tinha conseguido dormir. Desde que a festa terminou eu não consigo parar de pensar nela, em todos aqueles anos que a gente ficava conversando até tarde, que nós saímos pra festas juntos, que eu cuidava dela quando ela estava de TPM ou quando estava doente. Eu não sabia antes, mas eu já estava apaixonado por naquela época, foi só depois do meu termino com a Felícia e tudo que ela disse que fez pra afastar de mim que eu percebi que eu gostava dela. Claro que depois disso já era tarde demais, ela já estava com outro cara, ai você me pergunta: por que você não fez nada quando eles terminaram? Pela mesma razão que eu comecei a namorar a Felícia: precisa de alguém que a desse atenção 24 horas por dia e eu, com meus estudos e prestes a partir pra minha residência, não ia poder dar a atenção que ela merecia. Talvez agora, com tudo que já passou, comigo voltando a morar perto dela, as coisas possam ser diferentes. Se eu pedir desculpa, é claro.
Abri a porta do quarto, dando de cara com Blake parada na mesma.
- Oh, olá. – Ela disse, sorrindo. – Eu preciso de sua ajuda, é a .
- O que aconteceu? Ela está bem? Ela está no hospital?
- Se acalma, tigrão, eu acho que ela torceu o pé. – Blake respondeu, se apoiando na porta. – Será que você não tem alguma coisa nessa tua maletinha de médico que possa ajudar?
- Eu tenho um gel. – Andei em direção a minha mala, procurando pelo kit de primeiros socorros que eu tinha em caso de emergência. Peguei a mesma e voltei para a porta, a fechando atrás de mim.
- Você não precisa vir.
- Mas eu quero. – Eu disse, começando a segui-la pelo corredor em direção ao quarto de Chase. – Como aconteceu?
-Nós estávamos voltando da festa e o pisou em um buraco. Nós conseguimos levá-la para o quarto, mas o tornozelo dela está meio inchado. – Ela abriu a porta do quarto, revelando uma na cama do irmão com uma calça de moletom do Chase e uma camisa que era minha. Ela olhou pra porta e o seu sorriso desapareceu.
- Eu te disse que não precisava chamar por ele, Blake. Eu estou bem. – Blake rolou os olhos e a outra garota, Ashley, que estava sentada ao lado de cutucou seu pé. – Porra, Ashley! Essa merda dói.
- Nós vamos deixar vocês dois sozinhos. - Blake começou, estendo a mão para a sua noiva. – Você está nas mãos de um profissional agora, não tem como você não se sentir melhor depois que ele cuidar de você. – Eu podia sentir o duplo sentido das palavras no tom de voz da Blake, porem decidi apenas ignorar. As duas saíram do quarto e eu andei em direção a cama onde ela estava, me sentei ao lado dos seus pés e peguei algumas almofadas para apoiar o pé machucado. Eu vi respirar fundo e fechar os olhos.
- Está doendo muito? – Perguntei, olhando pra ela. Ela apenas assentiu. – Eu vou aplicar um gel que vai servir pra anestesiar a dor, você vai sentir uma queimação, mas isso é normal. Não está quebrado, só torcido. – Tirei o gel da maleta e comecei a aplica-lo por seu pé, olhei pra que estava com os olhos fechados e com a cabeça apoiada na parte de trás da cama. É agora ou nunca, , seja corajoso.
- Desculpa.
- Você não me machucou, na verdade, a dor está começando a passar agora. – Ela disse, olhando pra mim.
- Não é disso que eu estou falando, , eu estou falando de tudo que eu não fiz durante todos esses anos. Eu te critiquei por não lutar pela nossa amizade quando eu não deveria está exigindo nada sequer. Eu também não lutei por ela. O problema é que quando o assunto é você eu me embolo todo, eu não sei como agir, o que falar e eu me vejo só fazendo merda atrás de merda. Me desculpe se eu falei aquelas coisas terríveis pra você hoje mais cedo e desculpe por não ter percebido que a Felícia foi uma das grandes razoes da gente se afastar. Eu sinto sua falta, , das mais diversas maneiras que você imagina.
- Eu pensei que eu tinha ti dito pra só me chamar de . – Ela respondeu, apoiando o seu pé no chão e sentando com as pernas em cima da minha. – Você só não foi o único que errou, eu também errei. Não sei exatamente em o que, mas em algum momento eu errei sim. Somos humanos e temos essa tendência de complicar as coisas mais simples. – Ela disse, fazendo com que eu sorrisse. Ela mexeu em alguma coisa dentro da sua blusa e puxou o colar que eu dei pra ela anos atrás. – Você só não me decepcionou, você também me fez muito feliz, . Você foi o melhor amigo que eu já tive e te perder foi uma das coisas mais difíceis que me aconteceu. Mas, como a Ashley sempre diz, tudo na vida tem um porque, uma razão, mesmo que não faça sentido no momento, vai fazer um dia. Eu te perdi, mas ei, olha você aqui de volta. Só resta saber se você quer ser amigos outra vez.
- Claro que não, . – Eu respondi, a vendo abaixar a cabeça. – Dessa vez eu quero muito mais. – Ela me olhou confusa.
- O quê? Como assim?
- Durante anos eu deixei com que a minha razão falasse mais alto só que dessa vez, se eu te perder , é capaz de eu não aguentar. Eu já perdi enumeras chances com você, eu não quero que eu leve 8 anos pra eu te dizer que estou apaixonado por você.
- Espere um segundo. O que disse?
- Eu ainda estou apaixonado por você, . – Coloquei o seu cabelo para trás do seu ombro. – Eu sempre estive, pensei até que tinha superado, porém foi só te ver com aquele galo na cabeça em uma maca de hospital que eu percebi que você ainda segurava meu coração.
- Sério?
- Sério. – Respondi, aproximando nossos rostos.
- Me beija logo, , para com o suspense.
Eu sorri, segurando o seu rosto entre minhas mãos e a beijando. Beijar era como uma droga que eu estava viciado mesmo não provando dos seus lábios durante anos, eu realmente não sabia como eu tinha sobrevivido todos esses anos e a partir de agora não tinha pessoa que fizesse ficar longe dela. Eu ia fazer as coisas certas dessa vez, eu a iria cortejar, conquistar, tratá-la como uma rainha, como se ela fosse o meu mundo porque era isso que ela merecia.
-Só quero te avisar que minha vida está uma confusão agora. – Ela se afastou de mim, me dando um selinho. – Eu já consegui resolver uma parte, mas você sabe, comigo as coisas nunca são simples.
- E como sei. – Ela me deu um tapa no ombro fazendo com que eu sorrisse. – Eu não me importo,, contando que eu esteja com você ao longo desse caminho. – Eu disse, aproximando nossos rostos.
- Vai ser um caminho bem longo.
-E vou está ao seu lado. Sempre.
-Bom saber. – Ela me deu um selinho. – Agora vem me dar um beijinho pra fazer tudo ficar melhor. – Ela se afastou de mim, se deitando, apoiada nos cotovelos.
- Acho que vai precisar mais do que um beijinho. – Comecei a dar beijos em seu tornozelo, subindo pela minha perna, estomago, busto até chegar em seus lábios.
- Nós temos a noite toda, baby.


Fim.



Nota da autora: Olá raios de sol! Muito obrigada por ter lido essa short muito linda e espero que tenham gostado.





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