03. Look at Her Now


Capítulo Único

Cartagena, Colômbia - 10:45 da manhã.

— O voo foi bem tranquilo, Leslie. Acabei de fazer o check in no hotel e já estou caminhando para o departamento de polícia local. — equilibrando com uma certa dificuldade o celular com o ombro esquerdo, enquanto assinava os últimos papéis do hotel, mal via a hora de dar uma caída na cama nem que fosse por uns dez minutos, mas sabia que seu desejo estava longe de ser realizado. Seu tempo era precioso demais na cidade e nem sabia se teria a chance de sentir a maciez da cama.
Havia pego umas boas horas de voo de Chicago até Cartagena, e devido à falta de um voo direto entre as cidades, precisou fazer tantas escalas que nem mesmo havia conseguido contar a quantidade de horas totais daquela viagem. Toda aquela movimentação de sobe e desce, embarca e desembarca já acabava com qualquer um e com ela não estava sendo diferente, o problema era que as pessoas não tinham um trabalho tão importante nas costas que ainda por cima envolvia vítimas. Quem dera estar ali para curtir uma boa praia, resorts e as festas tão faladas do Caribe, seria um sonho que realizaria nas suas próximas férias, quando ela tivesse uma.
— Preciso que me mande todos os arquivos restantes do caso, aquele desgraçado não vai sair impune depois de ter feito o que fez em Chicago. Quero também aquele arquivo de rastreamento do veículo antes e depois dos assassinatos, e ah, as conversas telefônicas também. — continuou, conseguindo equilibrar o celular melhor com a mão após agradecer a mulher da recepção e pegar o cartão do quarto.
Certo, enviarei agora mesmo. Estamos também entrando em contato com os parentes das vítimas, se conseguimos encontrar alguma ligação deles com Omar, será meio caminho andado.
— Pelo menos sabemos que o desgraçado está aqui, só que onde, não sei.
Estamos chegando perto. Espero que o departamento daí tenha mais informações, juntando tudo, faremos um bom caso e Omar nem terá chance de fiança no julgamento.
— Dependendo de mim, ele nunca terá. — puxando a pequena mala de rodinhas, seguiu em direção ao enorme lounge redondo bem ao estilo praiano com pequenas palmeiras em cada canto, janelas bem amplas dando uma boa luminosidade natural ao local.
A esquerda ficava a porta principal giratória na qual havia entrado, quase ficando presa devido ao metal de seu distintivo e a arma que carregava sempre consigo. A direita, uma porta em forma de arco dava as boas-vindas a chamativa piscina onde hóspedes se divertiam com o ritmo dançante do reggaeton enquanto um dançarino fazia alguns passos enquanto os hóspedes repetiam.
O calor ali estava absurdo para alguém que trajava calça jeans, blusa de manga comprida e botas de cano alto, carregando ainda o casaco grosso nas mãos que tirara ao entrar em contato com o ambiente externo ao sair do aeroporto. A sua frente, a parte dos elevadores indicava para onde a mesma deveria seguir. Quarto 406 seria seu cafofo pelos próximos três dias, ou mais, dependendo do andamento das investigações. Esperava que fosse rápido, tinha tantos outros casos para resolver que ter deixado tudo nas costas dos seus detetives para se dedicar a uma investigação já estava lhe causando remorso. Não que eles fossem ruins, pelo contrário, era a melhor equipe que ela poderia pedir na vida, mas sempre gostava de acompanhar os casos.
Espero também que eles te ajudem com o seu espanhol. Trabalhar fora da zona de conforto é uma merda. — Leslie respondeu com seus típicos comentários sinceros e “incentivadores”.
O que a garota tinha de inteligência, também tinha de sinceridade. Ela era uma das mais antigas no departamento, sendo uma das que mais confiava em guardar segredos e principalmente, liderar investigações. Poderia ser considerada sua mão direita, tanto que por pouco não era ela que estaria ali a procura de Omar, mas foi preciso a presença da sargenta devido a gravidade do caso. Mas Leslie era ótima e não tinha dúvidas que no futuro seu posto pertenceria a ela.
— Bem, colocar os anos de estudos fracassados em prática, mas o tenente me informou que o sargento era bilíngue e que todo departamento era treinado isso.
Despediu-se logo de Leslie antes de entrar no elevador e seguir para o amplo quarto, que por sorte, havia uma bela vista para a piscina.
“Vista que não aproveitei muito”, lamentou-se, trocando sua blusa para uma branca de manga mais curta. Não iria sair como se fosse à praia, mas também, não queria ser a estranha das blusas calorentas em meio a trinta e poucos graus. Organizou todos os seus pertences e apetrechos em si antes de seguir de volta para o saguão à espera do sargento que trabalharia com ela no caso e a levaria até a delegacia. Os e-mails que Leslie ficara de enviar já haviam chegado em sua caixa de mensagem, assim como todos os demais arquivos solicitados. Se não pegasse Omar daquela vez, não saberia mais o que fazer. O cara era dos bons, há três anos praticando crimes pelo país e conseguindo sair impune. Seu rosto já havia virado notícia nacional e seu nome já estava na lista dos mais procurados, mas para seu azar, o maior crime que ele havia cometido foi ter deixado sua marca na “cidade” de . Nem que fosse ao inferno, mas ela o caçaria até a morte.
Agradecendo a Leslie pela rapidez dos envios, já caminhava pelo saguão com a atenção no celular aproximando-se do vasto sofá no centro. Esperava que pelo menos o sargento conhecesse sua face, pois não havia trocado nenhuma palavra com o mesmo quando entrou em contato com o grupo do departamento. Aparentemente, o sargento estava resolvendo alguns assuntos fora da cidade, então tratou todas as informações com o tenente local que ficou de entrar em contato com o rapaz.
Colocou o celular de volta no bolso, preparando-se para sentar quando seus olhos pairaram em um rosto tão singular quanto as lembranças que começaram a voltar à tona em sua mente. O homem levantou calmamente do sofá esbanjando o sorriso mais confiante que tomava quase toda a extensão daquele rosto que ela não sabia se socava ou sorria.
, quanto tempo. — ele disse por fim, carregando suas palavras com certa provocação que a mulher conhecia bem.
E como conhecia.

Chicago, Illinois - 14:30 p.m.

Assim como o inverno, os verões de Chicago costumavam ser bem intensos chegando até mesmo ser insuportáveis, mas sempre proveitoso principalmente pelas famílias que costumavam montar seus piqueniques durante à tarde nos parques espalhados pela cidade. Aquele dia não era diferente, entretanto, para , não era uma comemoração em família, mas sim, com quinze a vinte estranhos que jamais havia visto em sua vida, porém, sabia que passaria a conviver com eles muito em breve.
Segurando uma boa e gelada garrafa de cerveja em mãos, o grupo ergueu com orgulho as bebidas antes de virá-las goela abaixo em forma de festejo. Ela costumava se controlar na bebida, principalmente devido à forte ressaca que costumava ter no dia seguinte, sentia o dia perdido quando ficava de cama apenas se lamentando pela forte dor de cabeça, tomando quase duas caixas de aspirina. Mas aquele dia estava pedindo uma boa ressaca. Finalmente havia conseguido entrar para a Academia de Polícia de Chicago, sonho que sempre tivera desde de pequena e que não desistiu por nada, muito menos pelos comentários desnecessários vindos de sua família que não acreditava muito no potencial da jovem, acreditavam que ela não tinha toda aquela disposição que um policial tinha.
Aos poucos foi se entrosando com o grupo, se identificando com alguns, evitando outros e passando o dia com um, em especial.
— Então, , por que decidiu vir para Chicago? — a garota questionou o rapaz a sua frente, dando um longo gole em sua bebida enquanto o mesmo a acompanhava com o olhar fixo nela.
— Las Vegas é muito quente, queria desafiar a mim e ao meu corpo. —respondeu com um orgulho em suas palavras, observando mais ainda morena a sua frente soltar uma risada encantadora.
— E ai resolveu se suicidar no inverno de Chicago. — ele assentiu, deixando o corpo se encostar nas costas da cadeira de forma desajeitada, antes de retomar a falar.
— Chicago tem muitas emoções, é uma caixinha de surpresas. Quando menos se espera, você está acompanhando por uma linda mulher, em um belo sábado de verão, celebrando a vitória por mais um passo em seus sonhos. Quer mais do que isso?
— Tem muita coisa que eu gostaria, mas só o futuro dirá.
— Concordo, mas para mim falta apenas uma coisa... — colocando novamente a garrafa na mesa, o homem começou a brincar com o gargalo do objeto, passando o dedo pela boca da garrafa úmida. — Sou novo aqui não tenho muitos amigos e nem mesmo uma boa companhia para me apresentar essa grande Chicago. — explicou, deixando um meio sorriso lateral se exibir em sua face.
Em todo seu histórico de namoro e ficadas, já havia conhecido diversos sorrisos, milhares de olhares, mas nenhum que transpassasse o real significado de um olhar cafajeste e um sorriso tão malicioso que já entregava suas intenções mais íntimas. tinha todas essas qualidades e muito mais, seu porte físico não era daqueles que dizia que passava o dia inteiro na academia, mas chegava a ser atraente a ponto de causar uma onda de pensamentos impróprios na mulher.
Dando um outro gole na bebida, ainda sem responder nada, apenas mantendo o contato visual, proferiu com um sorriso brincalhão e debochado no rosto:
— Antiquado seu jeito de pedir um número.
— Normalmente funciona, é bem melhor do que o famoso, perdi meu celular, posso ligar do seu para encontrá-lo?
— Prefiro a segunda do que a primeira, mas na próxima, quem sabe? — piscou, batendo a garrafa com tudo na superfície plástica, levantando-se em seguida.
— Já vai? — o rapaz questionou rapidamente, sem entender muito o motivo de sua ida.
Estava gostando de sua companhia e esperava conhecê-la muito mais com o passar da tarde. Ele não havia mentido sobre a questão dos amigos. Realmente tinha poucos e nenhum com uma conversa tão envolvente e um jeito único de pensar sobre a vida. Ela era exuberantemente linda e com traços misteriosos que ele adoraria conhecer cada um deles, sem exceção. Mas, será que sua cantada havia sido tão ruim a ponto de fazer a garota desistir de continuar a tarde ali com ele?
— Tenho um compromisso à noite, não posso me acabar logo agora. — comentou sutilmente. Depositando a mão um pouco mais próxima da dele, deixando-a cair levemente para um leve toque, sussurrou em seu ouvido criando um arrepio instantâneo no homem. — Nos vemos por ai, .
Atônito, a única coisa que conseguiu fazer foi acompanhar a jovem com o olhar antes dela sumir entre a multidão com aquele vestido tão solto e leve que realmente combinava com uma tarde de verão. Sua atenção estava tão perdida que demorou um pouco para reparar no pequeno pedaço de guardanapo próximo a si.
“Meu número. Nós vemos mais tarde.

Cartagena, Colômbia - 11:30 da manhã.

precisou respirar bem forte, inalando todo aquele frescor de limão que o ar naquele hotel tinha para manter sua sanidade e foco. Não que ela ainda tivesse sentimentos pelo homem que seu coração se apaixonou há quase nove anos atrás, e muito menos pelo cara que a largou sem mais nem menos após uma de suas maravilhosas e intensas noites. Não mesmo! Depois de muitos anos - e põe anos - ela finalmente havia conseguido se desapegar da figura que tanto a acompanhava em sonhos e pensamentos, da figura que era sua confusão mental e foi sua pior investigação. Estaria mentindo se afirmasse que não havia procurado por alguns anos. Com o acesso que tinha ao sistema de polícia, acabou fazendo algumas pesquisas sobre o paradeiro do homem, mas nada foi encontrado. Era como se ele tivesse sumido do mapa e deixado seu coração em mil pedaços que nem mesmo as noites assistindo Friends com Vick, sua irmã, foram capazes de alegrá-la por muito tempo. Aquela investigação foi uma das piores que teve, e lidar com o fato de que nunca mais o veria e que sim, ele nunca a amou de verdade, doeu mais do que seu coração conseguia aguentar.
Com muito esforço ela conseguiu esquecê-lo, não foi uma tarefa fácil e sabia que nunca seria, por isso que havia desenvolvido, infelizmente, uma proteção em seu coração contra o amor. As pessoas tinham a terrível mania de entrar na vida, fazer o maior estrago e sair dela como se nada tivesse ocorrido, e por mais que acreditasse que um dia acharia alguém que a amaria por completo, ela não podia fugir da certeza de que amar era um sentimento que criava sensações diferentes por cada pessoa. Amar nunca era igual e nunca seria.
Mas ela se recuperou, superou e sentia um orgulho imenso de si mesma a ponto de se sentir tão livre quando percebeu que não lhe causava mais os efeitos de antes e estar ali diante dele, só fez com que ela comprovasse mais ainda de que ela não o amava como antes.
Mas não negava que a beleza dele havia chegado em um outro patamar.
— Abandonou Chicago para curtir a vida caribenha? — ela provocou com o mesmo sorriso que ele esbanjava, e logo notou o distintivo dourado preso na cintura do rapaz.
Ele havia seguido a carreira policial, disso ela havia ficado surpresa, pois sempre imaginara as piores situações para ele ter a deixado. Mas se o mesmo ainda continuava no cargo, por que resolveu se mudar para um local tão longe de diferente da cidade que o mesmo intitulou como “desafiadora”? E por que não pôde, pelo menos, contar a ela sobre seus planos antes de abandoná-la sem mais nem menos? Estava fugindo de alguém?
— Sargento do departamento de polícia de Cartagena ao seu dispor. — estendeu a mão com o orgulho estampado em suas palavras. Pelo menos sua personalidade e ego continuavam o mesmo. Mas não dizia o mesmo sobre sua aparência que havia ganhado um belo bronze e mais músculos, comparado ao antigo magro que conhecera anos atrás. — Estava em uma cidade próxima resolvendo um outro caso quando o tenente me avisou sobre o seu caso. — o rapaz apontou com a mão para a saída do hotel, onde ambos começaram a andar lado a lado até o estacionamento. — Quando ele me disse que era de Chicago, nossa, uma nostalgia bateu em mim, principalmente quando vi seu nome. Não acredito que se tornou sargenta de lá! — uma leve surpresa estava misturada com suas palavras e feições, o que acabou intrigando um pouco .
— Surpreso por eu ter conseguido o cargo?
— Um pouco, não porque você não tem capacidade para isso. Sempre acreditei que você se tornaria uma profissional de mão cheia, mas... — tentou se explicar rapidamente, adentrando em um carro sedan preto. Não foi difícil saber que aquele veículo pertencia a ele, tudo ali era sua cara, principalmente o perfume masculino que sempre usava. — … pensei que preferisse a parte administrativa.
— Mudei de ideia quando entramos na patrulha, correr atrás de bandidos e fazer a justiça conquistou meu coração. Um amor sem volta, assim como investigação.
— Nem me fale, bons tempos…
— Tempos que para você só duraram dois meses antes de largar tudo e sumir do mapa, huh? — disse na intenção de cutuca-lo para ver se o mesmo soltaria algo sobre o assunto. Olhou de soslaio para o rapaz que mantinha a atenção na estrada com seus olhos cobertos pelos óculos de sol, impossibilitando-a de reparar sua expressão facial, mas sabia que ele não estava tão confortável assim quando o mesmo se remexeu um pouco no banco. — Como você veio parar aqui?
— É uma longa história. — respondeu após um suspiro pesado.
— Não acha que temos tempo para isso durante o caminho?
— Não muito, mas logo você saberá. Prometo. — e mudando de assunto, como sempre, iniciou uma série de perguntas sobre como estava a cidade e quem da academia ainda continuava nos cargos, fazendo com que a garota apenas respondesse o necessário. Odiava aquela mania que ele tinha de se esquivar dos assuntos sérios e encarar de cara os problemas, mas se ele pensava que a antiga que passava pano para tudo e fingia esquecer dos assuntos só para não deixa-lo desconfortável ainda estaria ali, ele estava muito enganado.

Departamento de Polícia de Cartagena - 12:25 da tarde.

Com uma bela vista para a praia, o departamento era um pequeno local, mas bem dividido e arejado, possuindo uma ambientação totalmente da de Chicago, para começar com a farda dos policiais que aparentavam ser mais frescas e preparadas para enfrentar todo o calor. Se fosse em Chicago, seriam gorros, luvas, casacos e mais casacos, e as botas próprias para neve.
Acompanhou pelo saguão onde alguns a cumprimentava com um sorriso no rosto e acenos. Subindo as escadas, logo no primeiro andar, uma porta indicava a sala de detetives que abriu tranquilamente, esperando a mesma passar primeiro para fechar logo em seguida.
— Pessoal, deem boas-vindas a Sargenta , do departamento de Chicago. — bradou chamando a atenção das cinco pessoas ali presentes.
Um deles, um homem de estatura baixa, careca e com um bigode que ultrapassava a extensão de sua face acenou com um sorriso singelo, retornando à arrumação do quatro com as fotos das vitimas e principalmente a de Omar.
— Detetive Parker. — falou um pouco mais baixo, próximo a seu ouvido que automaticamente lhe causou um arrepio, mas que ela conseguiu disfarçar muito bem sua reação.
— Detetive Cassie. — uma loira logo se aproximou pela sua direita, lhe estendendo a mão. — Bem vinda, Sargenta .
— Obrigada.
— Aquele é detetive Lopez. — apontou para um jovem ruivo, escondido um pouco pela tela do computador que levantou a mão em um aceno. — E detetive Rodriguez. — se referiu a morena que subia com alguns arquivos em mãos e lhe recebeu com um sorriso amigável. — Vamos ao caso?
Todos assentiram, ficando em volta do quadro, enquanto tomava sua posição.
— Omar Marshell. Um metro e setenta, olhos castanhos, caucasiano. Costuma sempre usar gorros pretos e casacos largos que facilitam seu disfarce. Há alguns anos Omar vem sendo procurado pela polícia americana por praticar roubos a lojas, assalto a mão armada, deixando sempre uma vítima no local com uma marca de sangue na testa. Ao todo foram mais de vinte mortes, sendo três na cidade de Chicago na semana retrasada. Uma dessas vítimas foi Lucas Smith de vinte e cinco anos. — tirou de sua pasta a foto do rapaz, acrescentando no quadro. — Ele estava comprando cigarro em uma das lojas bairro quando um jipe preto se aproximou efetuando os disparos e saindo em seguida. Essa foi uma a primeira vez em que Omar fez uma vítima sem roubo.
— Se ele tinha um padrão, como sabem que foi ele nesse assassinato? — Cassie questionou, sentada à mesa.
— Conseguimos imagens de câmera local onde identificamos a placa do carro e rastreamos, nos levando a um primo de Omar. Depois de muito tempo ele confessou que havia emprestado o carro a ele, mas que não sabia onde o mesmo estava.
— E isso junta com os nossos três casos recentes da semana passada que possuem o mesmo padrão dos casos de Chicago. — complementou.
— Omar tem família aqui e faz parte de um grupo de gangues que, recentemente, descobrimos que tem uma base aqui também. — completou . — Mas o que nos intriga é a questão de seu padrão. Todas as vítimas tinham uma dívida com ele, mas Lucas não. O que descobrimos então é que algum parente de Lucas tem a dívida com Omar, e esse foi a solução que ele achou para se vingar. Temos que ficar de olho em tudo que ocorre por aqui, se Omar foi capaz de sair de seu padrão, ele pode ter muito jogo escondido na manga.
— Chefe. — Lopez chamou a atenção, enquanto desligava o telefone. — Tiros foram disparados em um restaurante a duas quadras daqui.
— Certo. — confirmou, , apressadamente. — Cassie e Parker, façam uma visita a família de Omar. Cacem qualquer tipo de informação sobre o paradeiro dele, e aconselho a levar uma autorização para vasculhar a casa. Rodriguez e Lopez, quero que vocês procurem mais sobre essa gangue que Omar faz parte, e todas as pessoas que fazem parte ou tem ligação com ela.
— Tenho um informante que pode nos ajudar. — Rodriguez respondeu.
— Certo, vão atrás dele. e eu vamos investigar essa nova sujeira desse velho amigo.


Restaurante local. - 13:15 da tarde.

O grupo de socorristas já trabalhava no local assim como a perícia que tirava fotos do restaurante marcado pelos tiros. O corpo de um homem de estatura pequena estava estirado no chão com um tiro certeiro no abdome, outro na bochecha e um perto do coração.
— Lewis Porto, vinte e oito anos, garçom do restaurante há três anos. — um dos legistas explicava apontando para as cenas do crime. — A garçonete que trabalhava com ele na hora explicou que um carro preto parou no local e atirou somente em Lewis, que infelizmente morreu na hora. Apenas um outro cliente ficou ferido pelos estilhaços de vidro. Tudo indica que ele o carro não era muito alto e eles não tinham uma boa mira já que o primeiro acertou a bochecha e o segundo o abdômen, sendo o terceiro no coração.
— Sabe dizer qual foi a arma do crime? — questionou, anotando todas as informações.
— Pela profundidade e quantidade de tiro nele e no local, metralhadora, com certeza.
— E onde está a garçonete?
— Na ambulância. O nome dela é Susan, pelo que soube.
Agradecendo ao rapaz, ambos seguiram em direção ao veículo onde a mulher de cachos ruivo, tremia, coberta por uma manta verde.
— Susan? — se aproximou devagar, não queria causar medo e muito menos colocar pressão na garota. Sabia que presenciar um assassinato era muito doloroso e traumatizante, a vítima poderia ter diversos sintomas, dentre eles, uma parada cardíaca dependendo da saúde e não queria que isso ocorresse com Susan, ela precisava de informações. — Sou e esse é meu parceiro , sargentos da operação, se importaria de responder algumas perguntas? — um pouco atordoada, a garota assentiu com a cabeça, respirando fundo. — Você conhecia o Lewis?
— N-não m-muito bem. Comecei a t-trabalhar duas semanas atrás aqui.
— Mas nesse pouco contato, você percebeu algo de estranho nele, alguma atitude suspeita? — questionou seguindo os mesmos parâmetros de .
— N-não, mas… — a garota fechava os olhos como se estivesse tentando lembrar de algo. Respirando fundo para controlar seu nervosismo e sua fala, ela continuou. — … uma vez, quando fui levar o lixo para fora, vi Lewis conversando com alguém em um canto, o cara não parecia nada feliz.
— Você sabe dizer se foi esse cara? — e apontando o celular com a foto de Omar, viu a garota negar com a cabeça, lhe causando uma rápida frustração.
— Ele foi o cara que estava no carro hoje, consegui ver quando abaixou a janela, mas foi tudo muito rápido.
— Você tem certeza? — o homem indagou e a mesma assentiu com segurança. — Ótimo, você consegue descrever o homem que conversava com Lewis?
Recolhendo todas as informações possíveis, assim como as câmeras de segurança locais, o grupo seguiu de volta para o departamento esperando que a outra dupla pelo menos tivesse conseguido mais informações sobre a família de Omar. Bem, pelo menos agora sabiam que o cara não agia sozinho e que estava mais perto que imaginavam.
Os planos de prender Omar naquela tarde foram perdidos. Acabaram passando parte da tarde e o início da noite vasculhando por qualquer tipo de pista nas filmagens e nos arquivos que possuíam em mãos. Não era possível que o cara tinha o poder de tomar chá de sumiço, nem mesmo sua própria irmã sabia de seu paradeiro. A mesma tinha dito que já havia anos que não se encontrava com o cara e nem sabia que o mesmo tinha retornado à cidade, e o informante de Rodriguez não havia conseguido muita informação. não queria retornar a sua cidade sem nenhuma resposta e muito menos sabendo que Omar estaria livre para cometer mais crimes. Tinha que fazer um bom proveito daquela viagem, e tudo seria satisfatório se conseguisse vê-lo preso.
Analisando novamente, a ideia de que a irmã de Omar não sabia pelo menos de uma informação do homem a incomodava. Havia conversado com sobre isso, e o homem pediu novamente para que dois de seus detetives fossem ao local e conversassem com a vizinhança.
Rodriguez resolverá entrar em contato com seu informante, levando Cassie consigo, deixando apenas e sozinhos no departamento.
— Merda. — bradou, passando nervosamente os dedos pelos cabelos, enquanto deixava seu corpo cair na cadeira. — Como esse cara pode sumir do mapa dessa maneira? Ele é o que? O homem invisível?
— Tenho que ter medo caso ele seja? Não gosto de lidar com super-vilões, os mocinhos sempre se ferram no início. — brincou, conseguindo tirar um resmungo de .
Ok, ela não estava para brincadeiras, principalmente com ele, e o mesmo dava muita razão a ela. O que havia feito no passado foi uma puta falta de sacanagem com a garota que sempre o tratou bem. Mas foi preciso, muito preciso, e esperava que entendesse seus pontos. Ela havia mudado, e muito! A última lembrança que tinha da mulher era de uma policial insegura com o trabalho, mas sempre dando o melhor de si. lembrava muito bem das aventuras que havia passado ao lado dela, haviam sido parceiros pelos dois meses em que estivera lá, sem falar da companhia durante a academia policial. Foi assim que o romance dos dois havia engatado de uma maneira tão inesperada, ambos caíram de cabeça, faziam planos e mais planos, e um dos planos dele incluía pedi-la em casamento, mas tudo mudou quando recebeu a notícia e a proposta.
Levantando-se de sua mesa, o homem caminhou até a mulher depositando suas mãos em seus ombros, por debaixo de sua blusa, iniciando uma massagem que mais deixou tensa do que relaxada. O que diabos ele estava fazendo? Quem havia dado tal permissão de uma aproximação daquela maneira? respirava fundo tentando se concentrar no caso e não no fato de sentir um pedaço do corpo de tão próximo do seu. O seu perfume ainda era presente mesmo com as circunstancias do dia, e suas mãos grossas e pesadas estavam fazendo um ótimo trabalho mesmo seu corpo não cooperando muito.
— Relaxa, vamos pegar ele, cedo ou tarde. — e realmente ela esperava aquilo, não queria passar mais do que três dias na cidade, na verdade, ela não podia e nem sabia o que fazer caso Omar não fosse pego.
Tendo a proximidade de perto de si, a questão do seu foco já não existia mais. Ainda não sabia o que estava se passando pela sua cabeça ao reencontrar seu parceiro de anos e amor que ela jurou ser para vida toda. Por mais que jurasse que não era mais apaixonada por ele, sabia que algum sentimento ela nutria por ele, por toda aquela tensão não havia surgido do nada, apenas não sabia se era raiva, decepção, saudade ou atração.
— Eu precisei me mudar. — ele chamou sua atenção com as palavras, deixando os ouvidos de bem atentos. Então ali ele havia resolvido que seria o momento certo para falar? — Não sabia como te explicar a confusão que minha vida estava, mas eu precisei sumir.
— E precisava ser da pior maneira possível? — indagou ela, mantendo o olhar nos papéis a sua frente. — Deixando um pequeno aviso na cabeceira da cama após uma noite de sexo?
, você…
— Não entenderia? Frase típica vindo de um cara que não é nada típico.
— Obrigada pelo elogio. — se gabou, soltando um pequeno riso. — Sei que sou exótico.
— E canalha.
— Eu sei. — ele suspirou, deixando de lado a massagem que fazia para sentar na mesa de frente para ela. — Mas estou feliz por te reencontrar, e melhor ainda por ver a mulher que se tornou.
— Poupe suas palavras, . Eu sei a mulher que me tornei e me orgulho disso com muito prazer, só não acho que eu merecia a situação que passei por sua causa.
, eu só quero me explicar contigo, certo. Não ache que foi fácil para mim ter que deixar tudo de lado e principalmente te deixar.
— Então explique, porque estou animada para saber o motivo de um cara que sempre jurou amor a uma pessoa, deixá-la sozinha no apartamento apenas com breve cartão escrito “Me desculpa, tive que partir, mas sempre te amarei. Adeus, .” após fazerem sexo. Porque se isso não é se sentir usada, eu não sei o que é mais.
— Eu… — o toque do celular de acabou os chamando a atenção. De início, pensou em deixa-lo tocando e continuar aquela conversa com , a garota merecia uma explicação, mas por outro lado, poderia ser alguém importante com uma informação crucial para o caso. Retirou o aparelho do bolso, vendo o nome de Rodriguez aparecer na tela. — falando. Aham, certo, ok, estamos indo.
— O que foi? — logo questionou, vendo o semblante do homem contrair uma seriedade que jamais tinha visto em sua vida.
— O informante de Rodriguez disse que Omar se encontrará com um dos integrantes do grupo às dez horas para fechar negócios.
— Conseguiu o endereço? — a àquela altura, a moça já recolhia seus pertences rapidamente, se aprontando em segundos.
— Consegui, vou pedir reforços e explicar como agiremos.


Centro da cidade - 21:30 da noite.

Parados próximo ao endereço que Rodriguez havia informado, a patrulha se posicionava em locais estratégicos para que não houvesse fuga. Esperariam Omar chegar e o cercariam ali mesmo, tinham policiais suficientes para tal operação, não podiam perder tal chance. Por sorte, o informante de Rodriguez resolveu cooperar mais na situação e conseguiu fazer com que participasse de tal encontro. O cara já estava no local como previsto, mas nada de Omar dar as caras. e dividiam um carro próximo ao beco, atentos com a movimentação do local.
— Havia esquecido como é chato ser patrulha. — comentou, se remexendo no banco do carro. — As horas não passam e não ter uma rosquinha como entretenimento é um tédio mortal.
— Não é tão mal assim, tivemos bons momentos como esse. Lembra da vez que vimos aquele cara apanhar feio da velhinha? — analisava a rua atentamente através do binóculo, mantendo a conversa.
— Como não esquecer da marca que aquele guarda-chuva deixou nas minhas costas?
— Eu te disse que tinha que ser uma abordagem gentil, mas não, você resolveu chegar todo na marra com “senhora, pare imediatamente”. — a mesma imitou uma voz grave, tirando um riso automático do homem. Realmente, bons tempos tiveram juntos.
Remexendo-se na cadeira novamente, e colocando o cotovelo na porta do carro para apoiar a cabeça, retomou a conversa:
— Eu me mudei para Chicago para ficar longe de meu irmão. Ele sempre se metia nas piores confusões e eu precisava ter uma ficha limpa para entrar na academia. — com isso, logo se encostou no banco, porém mantendo seu olhar para a rua pouco movimentada. Não sabia se conseguiria encará-lo naquele momento. — Só que ele fez merda novamente, e na época eu já estava em Chicago e nós dois. — apontou para si e para . — Já tínhamos um envolvimento. Ele foi me procurar, a situação foi muito séria e ele precisava de ajuda, só que eu não tinha dinheiro. Consegui mantê-lo por um tempo na cidade até que ele resolveu voltar para Las Vegas, mas nesse meio tempo, eu e você estávamos brigando e bem, eu pretendia te pedir em casamento, mas as coisas foram acontecendo, eu fui perdendo a cabeça, e só problema atrás de problema até que resolvemos dar um tempo e nisso, me envolvi com uma mulher que trabalhava em um distrito em Las Vegas e ela me fez uma oferta muito boa. Eu já estava na merda, então fui te procurar para resolver toda as nossas questões quando acabamos transando na noite e ai tudo piorou. Eu não sabia o que fazer.
— Ai você resolveu fugir dos seus problemas ao invés de enfrentá-los e ter me explicado ou pelo menos me procurado durante esses anos, né?
— Eu nunca mais retornei a Chicago, . Assim que terminei a patrulha em Las Vegas, acabei me instalando por aqui. — suspirou. — Eu só consegui escrever aquela mensagem, mas o te amo era real, eu sempre te amei e sempre te amarei.
— Mas me trocou por dinheiro e por outra. — ele preferia realmente ter levado um tiro do que ouvido aquelas palavras tão secas e diretas, principalmente vindo-as dela.
— Não foi bem isso, mas eu fiz atitudes estupidas sim.
queria rir. Rir daquela cara de pau que ele ainda tinha em dizer que tudo o que fez foi pensando em seu bem, mas que ainda amava a garota. Se amasse mesmo, sentaria com ela e explicaria todo caso, achariam uma solução juntos como dois adultos, mas pelo visto, ele tinha optado pela opção infantil que jamais pensou que ele teria.
— Eu me arrependo muito e espero que não me odeie por isso, e sei lá, possa me perdoar algum dia. — ele continuou com sua fala carregada de remorso.
— Eu não te odeio, . — o rapaz rapidamente a encarou surpreso, se ajeitando no carro, enquanto ela a encarava de volta, mas com uma feição extremamente séria. — Eu superei há muito tempo e não quero guardar rancor dessa situação e muito menos de você. Me encontrei na carreira, tenho um ótimo emprego, sou feliz na minha cidade e é assim que quero ficar. Nove anos é muito tempo para pensar na vida e perceber o que vale a pena ou não.
Mas não sabia o que falar, jamais pensou tal atitude da garota. Ela realmente havia mudado, crescido e se tornado uma mulher forte. Estava realmente sem palavras, apenas a encarava como se digerisse tudo aquilo. Mas tal momento não durou por muito tempo quando um carro vermelho se aproximou, estacionando um pouco próximo deles ao longo da calçada. Ambos retornaram sua atenção para a movimentação do lado de fora, onde um homem saía atento do veículo, indo de encontro ao grupo perto de um beco.
Mesmo nunca tendo o visto pessoalmente, sabia muito bem que aquele homem, com as típicas vestimentas, mesmo em um calor infernal era Omar. Suas mãos estavam escondidas no grosso e largo casaco, e ela temia que ele não estava ali para apenas fazer negócios, mas sim, para fazer sua próxima vítima.
— Cinco, quatro, três, dois… Agora!
— Podem ir! Vão, vão, vão! — bradou pelo rádio e logo em seguida as luzes azuis, vermelhas e brancas das sirenes tomaram conta do local, assustando os quatro meliantes que não sabiam o que fazer.
rapidamente saiu do carro, indo em direção a eles, apontando sua arma.
— Omar Marshell, você está preso! — bradou mostrando o distintivo, mas ao contrário do que esperava, que ele apenas se ajoelhasse e rendesse, Omar sacou a arma, correndo em direção a um beco escuro, atirando em direção aos policiais. — Filho da mãe!
Mesmo com aquela bota de salto baixo grosso, saiu correndo pelo caminho que o mesmo fazia, rezando para que não tomasse uma queda devido ao sapato. Era para ter trocado antes! O local mal iluminado não ajudava muito, cercas dividiam as casas e sacos de lixos dificultavam sua locomoção, assim como o do rapaz que ainda corria, mas tropeçando em algumas pedras existentes no caminho. Mais dois tiros foram dados em sua direção, fazendo com que ela se esquivasse e por pouco o terceiro tiro não a atingiu.
, a direita tem um encurtamento que você consegue alcançá-lo. — berrou atrás de si, fazendo a mesma seguir pelo desvio, confiando no homem.
E ele estava certo, havia conseguido alcançar Omar só que do outro lado de uma cerca. Ela precisava pular para o outro lado, mas sem perder velocidade. Tinha que pensar rápido antes de perde-lo de vez. Foi quando percebeu algumas madeiras empilhadas em um monte de areia, formando uma rampa um pouco à sua frente. Não pensou duas vezes em subir ali e pular para o outro lado, conseguindo quase chegar perto do rapaz, mas teve seus passos diminuídos quando novamente, ele atirou.
Não queria atirar e acabar matando-o, ele tinha informações importantes que seriam cruciais em um outro caso. Mas pra sua sorte, a pista principal já aparecia em sua visão, e a cena de Omar se chocando em um carro – que freou na hora – foi a deixa para que ela se jogasse em cima do mesmo quando percebeu que ele já estava levantando para fugir novamente.
— Desista! — ela bradou, tendo a mão do homem grudada em sua face, dificultando sua visão.
Em uma de suas tentativas de se soltar, Omar conseguiu deferir um soco no rosto da mulher, ficando por cima da mesma com suas mãos em volta de seu pescoço. já perdia ar, estava difícil de respirar principalmente pelo corpo pesado do rapaz em si. Céus onde estava? Com um pouco de dificuldade, conseguiu retirar uma pequena estaca de cerâmica que guardava no bolso de sua calça, acertando a lateral do corpo do rapaz que caiu gemendo ao seu lado. Foi preciso puxar o ar duas vezes para que seu corpo se recuperasse um pouco, e rapidamente, virou o cara de barriga para baixo, algemando suas mãos atrás das costas.
— Não se bate em mulher. — cochichou no ouvido do cara que ainda resmungava, indignado.

Minutos depois a polícia os alcançaram, assim como a ambulância onde os paramédicos informaram que Omar ficaria bem, mas precisaria de alguns pontos. Ótimo, tudo havia acabado bem e apenas ficaria com uma vermelhidão na bochecha por algumas semanas, mas nada que uma boa maquiagem ajudasse. Após ser liberada pela paramédica, ajeitou sua roupa, tentando se livrar da terra em seu corpo.
— Você tá bem mesmo? — a imagem de logo surgiu a sua frente, seu cabelo já estava desarrumado devido a correria, e por um instante, viu a preocupação tomar conta de seu olhar.
— Estou sim, não foi nada comparado ao que vivo. — deu um breve sorriso, se ajeitando.
— Imagino que em Chicago seja pior. A corridinha que dei foi capaz de esvaziar quase cinco garrafas de água, enquanto você, com bota e tudo, conseguiu prender o cara. E não sabia que andava sempre armada.
— Ando sempre preparada para qualquer tipo de situação. — brincou, vendo o rapaz rir.
— E todo esse preparo inclui uma saída à noite para comemorar?
, eu... Não sei se seria bom... estou muito cansada e tenho que procurar passagens para amanhã.
— Qual é, . Você merece comemorar no melhor estilo caribenho, sem falar que a galera quer muito sair com você. Vamos, só hoje, a cerveja é por minha conta.


Bar - 23:00 da noite.

A animação tomava conta do local, combinando com as cores e alegria que preenchia a vida naquela cidade. As músicas locais animavam boa parte das pessoas que dançavam e cantando como se não houvesse o amanhã.
Já era a terceira cerveja que tomava, e após fazer uma ligação a Leslie explicando tudo o que acontecera, se aproximou da mesa onde estava há poucos minutos na companhia de .
— Pronto, Leslie vai passar as informações para a equipe e vamos decidir onde Omar será julgado.
— Que ele pegue uns bons anos de prisão.
— Ou a vida toda. Sério, ele fez muitos estragos no país. — explicou, dando um longo gole na sua bebida.
— Mas então, há quanto tempo você exerce o cargo? — ele perguntou, despretensiosamente.
Não queria mais falar de Omar ou coisa do tipo, queria curtir à noite com ela, saber mais sobre sua vida, aproveitar a companhia que por anos sentia falta. — Olha, uns bons anos, mas em breve outra pessoa tomará meu lugar, não posso ser sargenta para sempre.
— Por quê? — questionou com curiosidade e de forma surpresa. — Você vai deixar a polícia?!
— Vou virar tenente, . Fui aprovada recentemente. — a garota respondeu, confiante, esbanjando um sorriso no rosto.
Mais engraçado ainda foi ver a cara de surpresa do rapaz que agora, mantinha-se meio boquiaberto, piscando os olhos sem parar.
— Uau, isso é... Incrível! Sério, meus parabéns. — esticando a mão sobre a mesa, se aproximou da dela, causando um pequeno toque em seus dedos. olhava com curiosidade toda ação do homem que mesclava o olhar em seus olhos e em suas mãos. — Espero ser igual a você quando crescer. — brincou. — Sabe, eu estava pensando que você poderia passar mais um tempo aqui e...
Com um sorriso no rosto, tomou o último gole da cerveja, pondo fortemente na mesa, levantando-se em seguida. O homem a sua frente a encarava com curiosidade, e quase abriu a boca para falar algo, quando sentiu o leve toque da garota em seu rosto e um beijo singelo próximo a sua boca.
— Quem sabe um dia. Obrigada, . — e deixando algumas notas na mesa, ela saiu em direção a porta, desaparecendo na multidão, deixando para trás um inexpressivo, atônito e perdido em pensamentos e sentimentos.
havia mudado, sua postura e expressão corporal indiciavam o quão confiante era de si e principalmente o que fazia. Seu cargo de tenente ere muito mais do que merecido. A coragem e bravura, força de vontade e superação, o jeito de cuidar das coisas e entender as coisas, tudo isso havia a transformado em uma mulher forte, dedicada, a mulher que ele deixou e agora, apenas observava-a ir para longe de si. E perdido em seus pensamentos, mal percebeu o pequeno bilhete próximo de si:
“Adeus, .”




Fim.



Nota da autora: Primeiramente, gostaria de agradecer aos céus pela vossa majestade Selena Gomez ter lançado um álbum tão perfeito a ponto de me fazer reviver meus surtos por escrever ficstapes. Look at Her Now é uma das minhas favoritas e escrever uma história sobre foi bem desafiador, mas espero que gostem de coração e comentem sobre o que acharam <3
E ah, se verem algum errinho, podem falar :)




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