Última atualização: 10/06/2018

Capítulo 1

Seul, Coréia do Sul


Livre.
Era simplesmente dessa forma como eu me sentia: livre.
Sem toneladas de papeladas em volta, sequências de reuniões intermináveis, entrevistas, revisões, discussões, planilhas de publicações, decisões a tomar ou o mau-humor quase rotineiro dos selecionados americanos que compunham meu ciclo social, eu estava livre daquilo que deixei para trás, como as experiências vividas que me condicionaram de volta à minha cápsula secreta de alegria interminável. Apenas a brisa batendo nos meus cabelos, relembrando-me o porquê o aroma de Seul é o meu preferido em todos os quatros cantos do planeta.
Pude contemplar o nascer do sol, nesta altura da estrada, sentindo a contagiante falta que momentos como esses fizeram em minha rotina.
O cheiro de vegetação molhada atiçou as memórias que instantaneamente vagaram pela minha mente. Poderia passar cinquenta anos, tudo permaneceria igual, a mesma sensação de familiaridade e de ser pertencente a algo era o motivo de eu sempre voltar para Seul.
À medida que eu me aproximava da entrada da casa de Li Hyeri pude ver os vários carros estacionados nos dois lados da rua, um trânsito interminável de pessoas e funcionários descarregando decorações e comidas, cada um correndo para um canto da propriedade. Antes de embicar o carro na área privada da casa, deixei meus olhos vagarem pelo local e o aperto no coração se intensificar com aquela paisagem. Ah, como senti saudade!

– Olha só quem se lembrou das próprias raízes! Cansou do Empire State, ? – Chunghee, o auxiliar do pai de Hyeri, estava fazendo o serviço de receber os visitantes. Abriu um sorriso largo, quase infantil, quando viu minha figura surgir por trás da janela com insulfilm escuro, arregalando os olhos como quem estivesse vendo uma assombração. Sorri com um rastro de emoção ao me debruçar pela janela do carro e puxei o homem para um abraço desajeitado e apertado. Ele retribuiu com palmadinhas carinhosas pela extensão das minhas costas, rindo alto e voltando a me apressar para que entrasse na casa e não formasse uma fila maior de espera. – Não pense que irá fugir de mim. Quero saber todos os detalhes das suas aventuras americanas!
– Eu trouxe presentes, Chung, mas claro que só a minha presença já é uma dádiva para o seu dia, huh? – Gargalhei e pedi desculpas para o senhor que esperava logo atrás de mim. Esperei a movimentação cessar em frente ao carro e dirigi até onde fica a garagem da família Li.

Olhei à volta e tudo continuava com a mesma aparência sem tirar nem pôr sequer nenhum detalhe. A atmosfera fresca e leve alargou ainda mais meu sorriso, não só porque eu tinha acabado de visualizar que a minha vaga estava vazia, como Hyeri sempre fazia questão de deixá-la, em prol da nossa antiga tradição, como também por ter visto as rosas brancas penduradas em um arranjo aéreo que estava posto bem no telhado da garagem. Hyeri não se cansava de me surpreender.
Coloquei os óculos de sol e dei marcha ré até atingir o ângulo ideal para estacionar o carro sem atrapalhar os próximos que seriam estacionados ao lado. Quando estava prestes a adentrar na vaga, uma Mercedes Maybach fez um corte rude e estacionou onde eu iria estacionar.
Na minha vaga.
Fiquei estática com as mãos no volante, indignada, perplexa e muito, muito irritada pela falta de educação do motorista. Abaixei a janela do carro, dando tempo de ver um homem abrir a porta da Mercedes e vasculhar por algo na parte traseira do carro, aéreo à minha presença, como se a minha E-Pace fosse invisível.
Esperei alguns segundos até que ele se desse conta que eu estava com o motor ligado, acelerando, e tentando atrair sua atenção. O amigo de fundamental de Taecyeon passou por nós e fez menção de se aproximar, mas quando notou a situação, simulou que estava abortando a missão e correndo para se proteger. Eu poderia ter gargalhado de sua reação, mas ainda estava descrente por estar sendo ignorada.
Muito descrente.

– Com licença, você precisa de óculos de grau? Eu tenho alguns para emprestar. – O homem se virou com o cenho franzido, só agora prestando o devido olhar a mim e ao meu carro. Encarou-me por segundos que pareciam ter demorado mais do que era o necessário, abrindo a boca diversas vezes até ficar totalmente inexpressivo. – Por um acaso você não viu que eu estava estacionando nessa vaga? – Estiquei a cabeça ainda mais para fora da janela e o encarei sem humor. Ele abaixou a cabeça e a chacoalhou negativamente com uma expressão descrente, rindo baixo e voltando a olhar para mim.
– Algum problema, senhorita? Não estou vendo seu nome em nenhum canto. Aliás, você não estava relativamente embicando para estacionar aqui, então não tinha como eu adivinhar o que quer que esteja se passando em sua mente. Com todo o respeito. – Ele desceu do carro e fingiu estar empenhado em achar algum impeditivo para estacionar o seu carro ali. Soltei um riso de escárnio proposital, desci do carro e fiquei parada em sua frente, de braços cruzados, até que ele pudesse visualizar meu desagrado com sua insinuação.
– Você é novo por aqui, não é? Acho que não fizeram as devidas apresentações. – Respondi com um sorriso falso e ácido no rosto. Ele arqueou a sobrancelha e balançou a cabeça com pesar, quase como se estivesse se preparando para me consolar. Permaneci imóvel à frente do meu carro, apoiando o peso do meu corpo no capô e esperando outra reação daquele cidadão. – Está vendo algum vestígio de brincadeira no meu rosto, senhor?
– Não estou vendo nada além de deboche, já que tocou no assunto. – Ele rebateu de imediato.
– Que bom que você é observador para tirar algumas conclusões. Seria melhor ainda se fosse o bastante para saber que essa vaga é minha.
– Nunca vi seu carro estacionado por aqui. Tem certeza que está na propriedade certa? – Ele fingiu preocupação e tocou no meu braço. Cerrei os olhos e empurrei sua mão do meu braço. Ele prendeu um riso que eu não precisaria nem ouvir para descobrir que seria o mais irritante de todo o país.
– Você só pode estar brincando com a minha cara! – Gargalhei extasiada. Ele cruzou os braços e se apoiou em seu carro, quase ridicularizando da minha reação. – Bom, pela forma que você se comporta, deve ser algum perdido pelo pedaço. Fique tranquilo, em breve você saberá quem eu sou. Já você, no entanto, não tenho nenhum interesse em descobrir, então passar bem. Agora, se não for incomodar muito, peço que retire seu carro daí e deixe que eu estacione o...
– Para ser sincero, estou sem tempo. Sabe, vai ter um casamento em algumas horas... Discutir sobre uma vaga de carro não é a minha prioridade no momento. – Ele piscou para mim e deixou-me para trás com uma enorme cara de tacho. Bufei frustrada e entrei no carro, logo em seguida procurando alguma outra vaga para estacionar o carro, enquanto memorizava fielmente a fisionomia daquele ser para descobrir por que diabos meus melhores amigos convidaram uma pessoa tão rude e sem educação para o casamento deles.


✳✳✳



– Céus, . Se eu não visse sua cara feia hoje, pode ter certeza que eu iria até os Estados Unidos cometer um homicídio.


Hyeri lançou o comentário dócil ao me ver adentrar no seu quarto. Ao contrário dela, levei alguns segundos para poder vislumbrar sua figura. Várias mulheres corriam de lá para cá, com pares de roupas, maquiagens e sapatos, atrapalhando a movimentação no cômodo, até que consegui me infiltrar na multidão e encontrar minha melhor amiga.
Meu sorriso vacilou no rosto quando pus os olhos em Hyeri.
Tão linda.
Seus cílios levemente carregados de rímel balançavam freneticamente de acordo com seus lábios. O brilho em seus olhos me recebeu da mesma forma de sempre, mas algo diferente transbordava por eles.
Não eram as lágrimas.
Era o toque de uma noiva.
A tão esperada beleza que se espera ver sendo exalada de uma mulher que está prestes a inserir um novo sobrenome em seu nome.
Seus cabelos presos em um trança lateral carregavam pequenas flores distribuída pela extensão dos fios, deixando-a ainda mais doce e encantadora.
Olhei para aquele projeto de mulher com um orgulho que não cabia em meu peito. A emoção de vê-la casar, com o nosso melhor amigo de infância, seria uma dos momentos mais felizes e satisfatórios de toda a minha existência.

– Não me olhe assim, ainda nem estou com o meu vestido. – Ela riu em meio às lágrimas, passando o dorso da mão no contorno dos olhos. – Droga, vou ter que retocar a maquiagem pela quinta vez. – Ela levantou o olhar para mim e voltou a chorar quando lhe abracei com força. – Senti tanto sua falta, amiga. Não conte ao Taecyeon, mas eu só aceitei o pedido de casamento com rapidez porque sabia que era o único jeito de te trazermos de volta para a Coréia. – Gargalhei alto, apertando Hyeri ainda mais em meus braços. Choramingamos pelo o que pareceu ser uma eternidade, até eu sentir meu corpo latejar pela força. Afastei-me dela e cumprimentei as outras mulheres que estavam na sala, disfarçando a momentânea emoção que me desestabilizou naquele momento.
– Vá atrás do Tae. Aposto que ele está traçando planos de fugir até o aeroporto, embarcar para os Estados Unidos, te arrancar a força do escritório e voltar a tempo para o casamento. – Hyeri brincou com o seu tom de voz autoritário de sempre.
– Ele está fazendo a prova agora. – Uma das mulheres responsáveis pela alfaiataria falou. – Talvez não te deixem entrar.
– Tudo bem, vou fazer uma surpresa para Jong Suk antes. – Hyeri sorriu infantil da mesma forma que fazia quando inventávamos de pregar peças em Jong Suk, o mordomo da família há mais de trinta anos. Sorri cabisbaixa e pedi licença a todas, só conseguindo me recuperar do lado de fora do quarto, quando não havia mais ninguém por perto. Ainda segurava a maçaneta da porta com fervor, temendo que aquilo não fosse real.

De repente me vi caminhando pelos largos corredores daquela casa como se ainda tivéssemos dezesseis anos. Não era nem preciso muito empenho para projetar uma espiando pela fresta da porta o primeiro beijo entre os meus melhores amigos. A que armou um encontro às cegas entre eles após a primeira briga séria no relacionamento. A que ajudou Taecyeon a escolher a gravata que combinasse com o vestido de Hyeri porque só eu tinha o visto e saberia como agradar a minha melhor amiga na escolha do smoking. A que chorou no ombro de Hyeri e Taecyeon, ao mesmo tempo, quando vi minha primeira paixão platônica beijando uma colega de escola no meio do jardim de festa da casa de Hyeri.
Era incrível como tudo ainda parecia tão recente que se eu fechasse os olhos ainda podia sentir o êxtase de alegria ao vê-los se beijando, o nervosismo me deixando angustiada para vê-los fazendo as pazes, o euforismo que me atingiu ao ver Taecyeon, o meu melhor amigo que só usava calças rasgadas, camisas brancas e um adidas qualquer vestindo um smoking digno de tapete vermelho. A dor rasgando o meu peito quando vi que eu não teria um amor tão belo e genuíno como o dos meus melhores amigos.
Abri os olhos e continuei caminhando, deslizando os dedos pelas paredes do corredor, deixando que meu coração se enchesse um pouco mais de alegria e emoção.
Entrei na cozinha e me deparei com uma imagem típica: Jong Suk encerando os talheres de prata. Um certo tremor nas mãos de Suk lhe atrapalhava a segurar com firmeza as peças e eu não soube dizer se era nervosismo ou o agravo de sua doença.
Aproximei-me sem alardes e me pus atrás do homem. Passei meu braço por baixo do seu e segurei com firmeza em sua mão, lhe ajudando a firmar o talher no pano. Repousei meu queixo em seu ombro e brinquei com a sua gravata.

– Um homem sábio me ensinou certa vez que se zelarmos pelas coisas, sempre as teremos. Acho que ele estava certo. Esses talheres continuam da mesma forma desde que eu lhe presenteei. – Ele virou-se de frente para mim e sorriu como um avô faria. Colocou os talheres na bancada e passou uma de suas mãos pela minha cabeça, me puxando para um abraço gentil.
– Pensei que você nunca chegaria com talheres novos para completar minha coleção. – Neguei e indiquei com a cabeça para o lado de fora.
– Tenho algumas surpresinhas para você no porta-malas, mas só vou mostrar amanhã. Não quero que Hyeri brigue comigo por ter desviado o seu foco dela.
– Essa é a minha garota. Me conhece como ninguém! – Sentei no centro da bancada e apoiei as duas mãos em torno de meu corpo, voltando a observar Suk organizar as gavetas. Ele permanecia com o sorriso tímido e retraído no rosto, daqueles que só dava quando ele sabia que não adiantaria me chutar para fora da cozinha; eu sempre ficaria ali, sentada na bancada, lhe vendo cozinhar e roubando alguns ingredientes.
– Sukkie, você viu onde está aquele nosso segredinho? Hyeri não pode nem sonhar que estou fazendo isso. – Alguém perguntou atrás de mim. Não virei o rosto para olhar a pessoa, estava empenhada demais em continuar misturando a massa de torta de maçã que Sukkie fazia. Ele soltou a colher em minha mão e sorriu largo para a pessoa, contornando a bancada e abriu algum dos armários da cozinha, pelo barulho que pude reconhecer. Alguns sussurros e risinhos baixos despertaram meu interesse em saber o que se passava, então, depois de descer da bancada, me virei de frente e tentei reconhecer quem era aquele rapaz. Ele já estava com metade de seu corpo para dentro do corredor, só deixando que eu tivesse uma visão de seus cabelos um tanto desalinhados caindo pelo seu rosto. Um sorriso animado brotou em sua feição e, com aquele simples gesto, eu soube de quem se tratava.
– Quem é aquele? – Perguntei no segundo em que Suk voltou ao meu lado, ainda sorridente. Ele olhou confuso para mim e quando entendeu sobre quem era a pergunta, voltou a sorrir, dando um empurrão de leve em meus ombros para que eu o deixasse assumir o fogão novamente.
– É o padrinho do Taecyeon.
Padrinho do Taecyeon? Como isso foi acontecer? Onde está Junho? Chansung? Wooyoung? Minjun? Ou o... Nichkhun? – O último nome saiu quase como um sussurro. Suk fingiu não ter se atentado ao meu escorregão.
– Eles também serão os padrinhos. se tornou um amigo muito próximo de Taecyeon desde que você se ausentou, na verdade. A partir daí se tornou parte do grupo. – Assenti com a cabeça, mesmo que não fizesse nenhum sentido para mim.
– O nome dele é ? – Suk concordou com a cabeça. – Não me lembro de Taecyeon nem Hyeri falarem sobre ele. É como se estivessem se esquecendo de me contar as coisas importantes. – Olhei para Suk. – Eles estão me esquecendo, Sukkie?
– Jamais, querida. – Suk retribuiu o olhar. Alisou as minhas costas com carinho. – Você é família para eles. Não há como existir essa hipótese. Todos nós lhe amamos e nunca deixamos de sentir sua falta durante esses dois anos. – Eu sorri sem muito ânimo. Apesar de ser infantil e desnecessário aquele sentimento de estar, lentamente, deixando de fazer parte da rotina dos meus melhores amigos era algo que eu não sabia lidar. Eu tive que tomar a escolha de aceitar o emprego nos Estados Unidos porque seria um passo único e alavancaria minha carreira, mas havia dias em que eu me arrependia. Estar longe deles, de minha família, era o que me fazia ter vontade de largar tudo e tentar levar uma vida mais calma e serena. – A prova de roupa já acabou, pelo o que me disse. Você deveria ir ver seu melhor amigo. – Passei o dedo pela cobertura da torta antes que Sukkie me obrigasse a sair da cozinha e segui para o segundo andar da casa.

Não precisei perguntar para Hyeri ou para Suk qual seria o quarto onde Taecyeon estaria se arrumando. A resposta era óbvia demais, até mesmo para qualquer um que estivesse por fora do nosso laço de amizade.
Virei à direita do corredor onde Hyeri estava e vi a porta fechada do quarto que havia se tornado de Taecyeon. Diferente de Hyeri, Taecyeon não gostava de estar rodeado de muitas pessoas em situações que lhe exigiam calma e tranquilidade. Ele preferia estar com alguns pouquíssimos amigos, tomando um soju enquanto ignorava o movimento do lado de fora da casa e revezava os suspiros.

– É daqui de onde veio o pedido de resgate? – Abri a porta sem anunciar a minha entrada. Taecyeon estava de costas para a entrada, com as duas mãos nos bolsos da calça, encarando a garrafa de soju como se fosse a coisa mais interessante que poderia fazer. Seus olhos vagaram em direção a mim como imã, abrindo um sorriso de ponta a ponta enquanto levantava da cadeira desajeitado e apressado. Contornei os poucos metros que faltavam até chegar em meu melhor amigo e desabei em lágrimas, pela segunda vez, quando senti o cheiro amadeirado de seu perfume invadir minhas narinas. Os fios molhados de seus cabelos roçavam pelo meu rosto e eu chorei um pouquinho mais, sentindo saudade até mesmo de seus cabelos recém-lavados.
– Aish, pentelha! Eu pensei que você não chegaria a tempo. – Taecyeon afastou minimamente nossos corpos e deslizou as palmas da mão pelo meu rosto. – Já estava pronto para discursar na frente de várias pessoas o porquê iríamos ter de adiar o casamento.
– Ficou louco, Tae? Eu jamais me atrasaria e jamais deixaria que vocês mudassem a data do casamento! – Alisei seus ombros e lhe dei um tapinha no rosto, fingindo falsa irritação pela ideia mirabolante que ele teve. Ele rolou os olhos e me abraçou novamente, ainda mais forte, suspirando baixo no meu ouvido. – Eu contornaria o mundo quantas vezes fosse possível para estar ao seu lado nesse momento, amigo.
– Eu sei, eu sei. – Ele murmurou no meu ouvido. Afastou-se e secou rapidamente as lágrimas que escorreram timidamente de seus olhos. Meu coração disparou com a terna reação de Tae. – Você quase faz parte desse casamento. É como se fôssemos nós três subir no altar pra trocar alianças.
– Ainda dá tempo. – Joguei os cabelos para o lado e estiquei a minha mão até a sua. Taecyeon gargalhou e deu um tapinha na palma da minha mão. – Última chance, você quem sabe.
Missão de resgate concluída com sucesso, capitão! Foi dificílimo passar pelo quarto da Hyeri sem ela sentir o cheiro da batata frita, mas ainda me encontro vivo. – Uma voz desconhecida, mas um tanto familiar, surgiu entre a porta antes de sua figura criar forma. Um cheiro inconfundível de hambúrguer da Lotteria remexeu o canto mais profundo do meu estômago. Eu estava prestes a receber a pessoa com o carinho e amor mais sincero que existia em mim, mas ao me deparar com o cara da Mercedes Maybach, meu rosto subitamente ferveu e senti minhas bochechas ficarem cada vez mais quentes.
Você! O ladrão da minha vaga!
Você! A metida à dona da minha vaga!

Encarei o homem à minha frente em estado de choque. Apontei freneticamente para ele, sem conseguir proferir qualquer palavra digna, queimando de ódio pela audácia daquele ser.

– Agora tudo faz sentido! – Taecyeon explodiu em risadas enquanto eu continuava estática no meio do quarto, esperando que ele ou aquele tal de me explicassem o que diabos estava acontecendo. – Como não assimilei antes? É óbvio que a "ladra" seria você, !
– Eu não roubei merda nenhuma, pelo amor de Deus, Tae! – Apontei para o, digamos, padrinho. – Esse cara quem resolveu estacionar na minha vaga.
– Eu já te disse: não tem seu nome escrito lá. – levantou as mãos pro alto e deu de ombros. Sentou na beira da cama e apoiou os dois braços na traseira de seu corpo, encarando-me com interesse e exatidão. Cruzei os braços e ignorei sua existência, voltando a manter meu foco em Taecyeon.
– A culpa é minha, amigos. Foi tudo um pequeno mal entendido. – Taecyeon ainda soltava uma risada falha quando resolveu agir como um ser humano normal e fazer parte daquela discussão que quase estava se iniciando. – , sabe a vaga que te falei que poderia estacionar nas vezes que vinha aqui? – Meus olhos saltaram da órbita e Taecyeon percebeu. Ele levantou o dedo pedindo que eu lhe esperasse terminar de falar e eu, mesmo aborrecida, lhe dei o benefício do esclarecimento. – Essa vaga, na verdade, é da . – revezou seu olhar entre minha expressão de vitória e a de humor de Taecyeon, visivelmente perdido. – Essa é a que eu tanto te falei.

Agora ele me olhava de uma forma um tanto menos debochada e risonha. Seus olhos me sondaram, ainda mais do que desde que os colocou sobre mim, como se estivesse me vendo pela primeira vez.

– Pode admirar, querido. Fique à vontade. – Provoquei, vendo a tempo suas bochechas corarem. Ele se recompôs, sentando-se com mais postura e limpou a garganta.
– Eu não sabia que... ela viria. – Ele tentou começar a se explicar.
– É claro que eu iria vir. Eu sou a melhor amiga deles, people! Por que todos estão espantados por eu estar em casa? – Tae sorriu de canto e me enviou um beijo pelo ar, ao qual foi ignorado.
– O para o carro dele na, hm, sua vaga, desde que nos conhecemos, . Lembra da reforma? Então, a sua vaga era a única disponível para visitas e, bom, acabou virando um hábito. – Taecyeon coçou a nuca desconfortável. Tentei suprimir a mágoa que aquilo me causou e dei um sorriso descontraído.
– Eu não sabia que era tão importante para você. – se pronunciou. Olhei de soslaio para ele e respirei fundo. É claro que é importante para mim. Não era uma simples vaga de garagem, era algo que ia além disso: uma promessa entre eu e Hyeri. Era uma brincadeira que, no decorrer dos anos, se tornou o nosso ritual. Aquela vaga era quase um simbolismo em nossa amizade e, infelizmente, eu me apegava demais aos detalhes.

Taecyeon provavelmente não tinha ideia da importância disso também, pude perceber. Talvez ele achasse que eu não me apegasse mais ao o quê fazíamos no passado e, só com esse insinuante pensamento, voltei a sentir o aperto no estômago que senti quando conversei com Sukkie.
Neguei com a cabeça voltando a forçar falsos sorrisos. Hoje era um dia especial demais para que eu deixasse inseguranças e incertezas me assombrarem. Olhei para Taecyeon e sorri sincera, tentando assegurá-lo que eu não estava incomodada.

– Está tudo bem, Tae. Deixe isso para lá. – Ele se aproximou de mim com um ar de quem iria começar a fazer um pedido de desculpas, mas ergui as mãos em sinal de rendição, não precisando ouvir suas palavras.
– Está tudo bem? Parece que... – Taecyeon não arriscou explicar o que estava pensando. Anos de convivência lhe advertiram a escolher bem as palavras.
– Está. – Soltei um riso envergonhado e limpei as lágrimas que se penduravam pelas bordas dos meus olhos. – É todo esse clima de casamento. Os meus hormônios de madrinha estão me fazendo ficar sensível. Não te amo tanto assim. – Fingi descaso e Taecyeon forçou um bico manhoso, fazendo tanto eu e rirmos. – Você está lindo, Taetae. Nunca achei que ia te ver mais galã do que no nosso Baile de Formatura. Me enganei.
foi quem me ajudou na escolha. – Apontou para o amigo. sorriu de lado, olhando rapidamente para mim, fazendo menção de que não merecia tais créditos. – Uma vez já falei para o o quão idênticos vocês são. – Eu tossi como pretexto para segurar o riso que quase se desprendeu de minha garganta. – É sério. Chega a me assustar. Eu tinha certeza que vocês iriam gostar um do outro quando fossem apresentados. – Rolei os olhos e ri desconfortável com aquele assunto. fez o mesmo, levantando do assento e indo em direção a janela olhar a origem do barulho. Depois das alfinetadas elaboradas entre nós, era muito estranho agir como se nada tivesse acontecido. parecia deslocado com aquela situação, talvez estivesse arrependido pela forma que havia se dirigido à mim, mas não era o único que teria uma parcela de culpa naquilo tudo. Eu sabia que exagerei — um pouco, mas não iria dar o braço a torcer —, então não tinha moral para crucificá-lo.
– Vai, Tae. Come essa porcaria logo! Tenho que desovar as embalagens sem que ninguém veja. Não estou sendo pago para passar tanto nervoso assim. – brincou. Os dois gargalharam e eu senti novamente um sentimento tanto confuso. Por causa de Hyeri, eu e Taecyeon éramos obrigados a nos enfiar em dietas saudáveis durante algumas semanas só para agradá-la, porque sabíamos que, durante nossas escapadas diárias, iríamos comer porcarias escondido de Hyeri. Ela descobriu algumas vezes e depois desistiu de nos obrigar a testar suas técnicas de alimentação natural. Pelo o que parece, Taecyeon arrumou um novo companheiro para dar continuidade a esse nosso antigo hábito.
– Quer um, ? É o seu favorito da Lotteria. – Tae murmurou com a boca cheia de batata frita.
– Não, obrigada. Preciso ir lá... Resolver as coisas de... Hm... – Olhei em volta para tentar raciocinar direito. – As coisas de madrinha. Nos vemos mais tarde.
– Ei, ! Antes que eu me esqueça... – Virei-me de volta para Taecyeon antes de partir do quarto. – Eu te coloquei para entrar no altar com o , tudo bem? – Me empenhei em não olhar para . Eu sabia o porquê Taecyeon tinha feito àquela escolha. Entrar na cerimônia com um desconhecido me parecia infinitamente melhor do que com outro padrinho em específico. Era claro que Taecyeon saberia que eu preferiria assim, mesmo que as coisas entre eu e já tenham começado problemáticas. Tae me conhecia com a palma da mão.
– Ótimo, Tae. Ótimo. – Fechei a porta atrás de mim e me apoiei no batente para retomar o ar.

Pela primeira vez após dois anos eu iria andar em público de braços dados com outro homem aos olhos do último ao qual era visto comigo justamente fazendo este mesmo gesto.
O melhor de tudo isso é que, agora, para mim, isso é realmente ótimo.
Ótimo porque finalmente estou bem.
Estou bem.
Mesmo que o meu par seja aquele ladrão de vaga e de melhores amigos.


✳✳✳



Antes de me enfiar em uma sala cheia de mulheres desesperadas e prontas para perfurarem agulhas em todas as partes do meu corpo, eu precisava fazer uma última parada antes dos preparativos.
A mini cabana de madeira que ficava na parte traseira do quintal estava agora pintada de azul aqua, a cor preferida de Hyeri. O leve cheiro de tinta recém-pintada me fez lembrar da primeira vez que pintamos a cabana, quando aquelas paredes eram uma mistura de rosa pink com rosa bebê. As luzes de natal penduradas pela entrada era uma das ideias que tivemos para iluminar o ambiente durante a noite, já que tínhamos medo até do vento. Taecyeon sempre era obrigado a dormir no meio de nós duas e segurar nossas mãos para termos certeza que estávamos protegidas.


— Cadê o meu garotinho preferido? — O barulho de quatro patas correndo para fora da cabana e me derrubando na grama era o que eu mais gostava de ouvir. Scooby lambeu toda a extensão do meu rosto, babando como um verdadeiro filhote sem dentes fazia, esfregando seu corpo por todo o meu e latindo alto. Levantei com dificuldade e abracei novamente o Golden Retriever. Entrei na cabana e ele veio logo atrás, passeando entre as minhas pernas, puxando a barra do meu vestido até o segundo andar da cabana, improvisado pelo pai de Hyeri. Na época usávamos uma espécie de escorregador para subir e, anos atrás, aquilo era uma das coisas mais divertidas dos nossos dias, mas agora era quase impossível tentar subir. Scooby me esperava no topo do andar, rodando e bagunçando as almofadas de sua caminha, na expectativa que eu fosse até ele. Estiquei as mãos até alcançar a borda do andar e apoiei uma das pernas no escorregador, jogando meu peso para cima e rolando em cima de Scooby. Ele latiu e abanou o rabo por todo o meu rosto. Ficou parado de frente para o escorregador e colocou a língua para fora, ofegante, achando que eu desceria logo atrás, abraçada a ele, como costumávamos fazer antigamente. — Não tenho mais tamanho para isso, bebê. — Ele deitou no meu colo e suspirou fundo. Parecia que até ele sentia saudade daqueles momentos em que passávamos horas brincando e depois deitávamos na cabana para descansar. Agora, anos mais tarde e com vários quilos a mais, era difícil conseguir levantá-lo sem esforço para brincar no escorregador. — Como você está, meu amor? Ainda dói? — Passei os dedos pela cicatriz em sua barriga e ele moveu de imediato à perna traseira. — Desculpe. — Ele lambeu a palma da minha mão. — Prometo que cuidarei de você. Me desculpe por ter ficado ausente. Senti muito sua falta.

Scooby se distraiu com um barulho do lado de fora da cabana. Levantou o cabeça e, após alguém mexer na tranca da porta, ele foi até a ponta do escorregador e começou a abanar o rabo. Eu estiquei as pernas e me preparava para ouvir algum esporro de Hyeri, alguma coisa a ver com "Por que você sumiu por tanto tempo? precisa se arrumar! , que cheiro de batata frita é esse no seu cabelo?".
A parte superior de uma escada surgiu no meu campo de visão e eu engatinhei até a borda do andar para ver quem era. Nesse exato segundo, deu de cara com a minha testa.

— Ai! — Arfei, afastando-me da borda.
— Desculpa! Eu não sabia que você estava aí! — Ele se arrastou para mais perto e não sabia se tocava em minha testa ou se tentava acalmar a euforia de Scooby.
— O que você está fazendo aqui? — Tentei não soar grossa, mas talvez ele tenha interpretado mal devido o olhar que me lançou.
— Eu sou o veterinário do Scooby.
— É claro que você é. É claro! — Respondi afastando-me do contato físico. Esfreguei a palma da mão na testa e torci para que não ficasse nenhuma marca daquela catástrofe. ainda fazia menção de vir checar a minha testa, mas agradeci com um aceno. — Estou bem, esquece. — Ele olhou para Scooby e acariciou o topo de sua cabeça. — Acho que ele está com dor na cicatriz. — me olhou atentamente e, com um olhar preocupado, levantou os pelos de Scooby e analisou a marca da cicatriz.
— Ele ainda ficará sensível nessa parte por um bom tempo. — O seu tom de voz mudou drasticamente como se estivéssemos no meio de uma consulta. Sua testa franziu e ele murmurou algo para si mesmo. Scooby continuava tentando lamber seus dedos. Sorri de canto para Scooby e voltou a me olhar. Sua expressão afrouxou-se e eu endureci a fisionomia, jogando o rosto para o lado e fingindo estar mais interessada em encarar o bordado das almofadas. — Se quiser eu posso passar um spray na sua testa para não ficar nenhuma marca ou coisa do tipo.
— Não precisa. Daqui a pouco irão me deixar com cara de boneca de porcelana de qualquer forma. — Ele riu baixo. — Scooby ficará bem?
— Conseguimos filtrar seus rins e melhorar a condição dos órgãos, mas ele ainda continua com o quadro de insuficiência renal. Acho que, se ele não progredir, teremos que fazer um transplante. — Apertei meus lábios um contra o outro e me forcei a não chorar. Só de imaginar Scooby tendo que passar por todo esse procedimento, novamente, doía no fundo do meu coração. Alisei o tronco dele e prometi a mim mesma, que não deixaria nada de ruim acontecer com ele.
— Foi assim que você conheceu Taecyeon e Hyeri? Por causa do Scooby? — sorriu largo, mas negou com um aceno.
— Por incrível que pareça, não. Eu conheci Taecyeon através da Hyeri, na verdade. Eu estava planejando fazer uma reforma no meu consultório, então uma colega de faculdade me disse que conhecia uma ótima designer de interiores. — Ele estava distraído enquanto acariciava Scooby. — Peguei o número da tal designer e fui ao seu escritório. Acabou que era a Hyeri. — Ele riu. — Contei para ela que só precisava encontrar um engenheiro para iniciar o projeto e aí me disse que o noivo dela era engenheiro civil. Marcamos um jantar e viramos próximos em questão de minutos. — olhou para mim. — Eles são muito especiais.
— São as melhores pessoas do mundo. Merecem toda a felicidade que existe. — concordou com um sorriso terno. Vê-lo falar com tamanho carinho e consideração colaborou para que eu começasse a atribuir pontos positivos sobre sua pessoa.
— Eles sentiram muita sua falta. Falavam de você toda hora. Parece que já te conheço há anos. — Scooby deitou em cima da minha perna e depositou o resto de seu corpo em , nos forçando a ficarmos próximos um do outro. Eu ri fraco e brincou com Scooby.
— Não sei o que andaram falando de mim, mas posso te provar que não sou tão chata quanto devem ter me feito parecer. — O som de sua gargalhada era diferente das que eu habitualmente ouvia, sendo estranhamente confortável aos meus ouvidos. Seus olhos se apertavam até desaparecem e seu sorriso alargava-se à medida que ele dava trancos com o peito por tanto rir. Ele chegava a se assemelhar a um adolescente, totalmente o contrário de como sua aparência era quando estava sério ou sorrindo minimamente. Era confuso definir os traços dele porque a cada segundo que eu mais o olhava, mais encontrava detalhes que tornavam seu rosto... Único.

Desviei o olhar, por fim, abanando a cabeça e espantando os pensamentos que surgiam.

— Mas é ciumenta do jeito que descreveram. Acho que até pior.
— A linha, . Não cruze essa linha! — Apontei o dedo em seu rosto. — Eu ainda não superei esse assunto. — Ele engoliu o riso e fez sinal de que sua boca estava fechada. Segundos depois voltou a gargalhar. Rolei os olhos e tirei, com cuidado, o peso de Scooby das minhas pernas. — Se me der licença, preciso me arrumar.
— Eu te espero. — Franzi o cenho com o seu comentário. — Sou o teu par, esqueceu? — Lembrei daquele minúsculo fato e bati a mão na testa, me arrependendo no exato segundo que voltou a doer e choraminguei baixo. esticou os dedos e tocou na minha testa. — Não vai ficar um galo tão grande.
— Você está me dando muito prejuízo, . Depois da cerimônia, por favor, fique pelo menos cinco metros longe de mim.
— Podemos apostar. Quando a cerimônia acabar, vamos ver quanto tempo você consegue ficar longe de mim. — Ele piscou de uma forma que se eu não estivesse lhe achando ridículo, poderia considerar charmosa — até demais —. Mordeu a borda do lábio enquanto rolava seus olhos por cada ponto do meu rosto, talvez tentando descobrir se estava conseguindo me provocar. Sorri encabulada, mais rindo do que lhe retribuindo o "xaveco" e aproximei bem meu rosto do seu, a ponto de poder ver a pequena cicatriz que tinha na bochecha.
— Se tem uma coisa no que sou boa, , é evitar homens como você. — Murmurei baixo para que ele se sentisse tentado a diminuir a distância física.
— E que tipo de homem eu sou? — Ele se aproximou.
— Do tipo que acha que têm algum poder de sedução sob mim. — Ele alargou o sorriso deslizando a língua para umedecer o lábio inferior. Meus olhos acompanharam o movimento e voltei a encará-lo em seu par de jabuticabas, vendo a satisfação que ele sentiu por ter me distraído com aquele ato.
— E se tem uma coisa no que sou bom, , é não evitar uma mulher como você. — Seus lábios se estendiam em um sorriso cobiçoso e eu sabia que ele estava chegando onde queria.
— E que tipo de mulher eu sou? — A pergunta saiu com mais firmeza e sutileza do que eu esperava. Não me poupei de continuar olhando para os seus lábios.
— Do tipo que sabe que têm algum poder de sedução sob mim.


✳✳✳



.
— Nichkhun.


Era estranho pronunciar seu nome depois de tanto tempo tentando não pronunciá-lo. Era mais estranho ainda estar de frente a ele. Era tão estranho que chegava a ser triste.
Sorrimos em um misto de desconforto e tristeza. Nichkhun estava com as duas mãos dentro dos bolsos das calças, mas quando viu que eu estava me endireitando em sua direção, seus braços se abriram em um cumprimento que era muito familiar para eu deixar de reviver.

— Não teria graça tirar sarro do Taecyeon amarrando a nova coleira sem você. — Ele disse no pé do meu ouvido.
— Você fala como se essa coleira não estivesse amarrada desde que ele tinha dezesseis anos. — Nichkhun sorriu, concordando com um riso baixo. Ele voltou a colocar as mãos no bolso e me senti de volta aos dias em que estávamos fingindo não termos sentimentos um pelo outro.
— Você está linda, .
— Você ainda dá pro gasto, Nichkhun.

Ele sorriu torto e trombou de leve o seu ombro no meu.

— E você? Amarrou a coleira também? — A pergunta surgiu de lugar nenhum. Era claro que ele trataria de questioná-la em algum momento, mas não esperei que fosse com urgência. Por ter adiado em pensar numa resposta, não consegui agir categórica. Meu sorriso vacilou no rosto e eu pisquei devagar demais a tempo de ver sua expressão endurecer em espera.
— Não. — Fui monossilábica. Não tinha muito que dizer. Depois dele eu não tive cabeça para pensar em embarcar num novo relacionamento. Durante todo esse tempo eu, na verdade, me poupei de envolvimentos amorosos. Talvez seja porque não estava pronta ou porque não via sentido colocar mais outro alguém no meio da bagunça da minha vida. Se eu me envolvesse com alguém nos Estados Unidos, iria ter de passar o mesmo que passei com Nichkhun: quando chegasse a hora de voltar para a Coréia, não seria fácil continuar em uma relação à distância. Eu não queria prender ninguém ao meu destino, como infelizmente fiz durante alguns meses com Nichkhun, então achei melhor permanecer da forma que estive durante esses últimos dois anos: apenas comigo mesma. — E você?
— A minha coleira está aposentada. — Ele sorriu cabisbaixo com um vestígio de tristeza. Engoli em seco, tentando umedecer meus lábios com o pouco de saliva que sobrou. Um nó se formou na minha garganta e eu não soube interpretar sua colocação. Não sabia se ele disse isso porque prefere viver a vida de solteiro ou se é porque desistiu de relacionamentos depois do que aconteceu entre nós.

Um redemoinho de antigos sentimentos circulou pelo meu estômago e trouxe à tona memórias que eu não queria ter de lidar novamente. Apesar de ter amado Nichkhun com todo o meu coração, o mais difícil, quando tivemos que terminar nossa relação, foi que, mesmo achando que ficaríamos juntos para sempre, o amor, às vezes, não é suficiente. Nichkhun não pôde suportar a ideia de nos separarmos, por um período de tempo, para que quando eu voltasse tudo continuasse o mesmo. Talvez fosse insegurança, medo ou o amor lhe cegando, mas eu jamais lhe culparia por não conseguir ficar longe de mim. Antigamente a culpa me rondava por ter deixado o homem que eu acreditava ser o certo para mim, para trás, em busca de um sonho que eu não tinha nem ideia se chegaria a se realizar.
Olhando para Nichkhun com a musculatura rígida e o olhar compenetrado no vazio, recordei-me do dia em que estávamos decidindo o rumo de nossas vidas. Ele não queria me deixar partir — algo dentro dele acreditava que eu seria o tipo de namorada que cederia aos seus pedidos e dedicaria a minha vida unicamente às suas vontades. Por mais que eu colhesse o que eu considerava amor por ele, sabia que, se Nichkhun estava me obrigando a escolher entre ele e a minha vida, não haveria dúvidas de qual seria a minha resposta.
Acima de tudo, ao me fazer escolher por ele ou pela minha oportunidade de viver o que eu sempre quis, Nichkhun se exteriorizou exatamente no tipo de homem que eu não queria compartilhar a minha vida junto; aquele homem que impõe suas vontades acima das minhas, que espera ser o bastante para me fazer retroceder a minha velocidade e viver à base de sua própria vida. Nichkhun tinha tudo para se tornar um advogado de sucesso, mas em contrapartida eu também tinha tudo para me tornar presidente da maior rede publicitária da América. Não havia o porquê escolher a sua carreira antes da minha sendo que, na minha perspectiva, ambos poderíamos seguir nossos rumos, juntos, sem atrapalhar um ao outro.
Quando notei que, acima de qualquer namorado ou noivo em potencial, eu seria sempre o meu primeiro amor, a vida foi mais fácil e leve de encarar. Assim como meus sentimentos que ficaram mal resolvidos por tanto tempo.
Agora, onde estou é onde quero estar.
Agora, não é como se eu devesse estar com Nichkhun novamente.
Nós amadurecemos e assim também nosso amor amadureceu.
Não demos certo como amantes, mas ainda éramos e Nichkhun, os antigos melhores amigos de sempre.
Nichkhun buscou o meu dedo mínimo e enroscou no seu, mexendo levemente nossas mãos, da mesma forma que fazia quando estávamos em uma situação complicada. Nichkhun voltaria a segurar o meu dedo para provar que nossa promessa estaria de pé, mesmo que ele estivesse ardendo de ódio ou de raiva por alguma coisa que fiz — antigamente eu era craque em deixá-lo puto —, sua forma de dizer que, mesmo eu sendo um pé no saco e uma drama queen, ele continuaria ao meu lado.
A promessa de que, não importasse o que acontecesse, Nichkhun sempre seria o meu melhor amigo. Estaríamos juntos, agora e sempre.
Sorri emocionada, querendo lutar com as lágrimas que pinicava minha vista e desejavam percorrer o meu rosto sem autorização.

, por que foi tão difícil te achar? — A voz de nos tirou dos nossos respectivos devaneios e eu me virei para ele confusa. Sua frase, em um tom de voz estranho, fez Nichkhun arquear a sobrancelha e sondar de uma forma que até eu fiquei embaraçada. — Te procurei na casa toda. — Ele só reparou na presença de Nichkhun quando eu olhei de soslaio para o meu lado. sorriu aberto e recebeu Nichkhun com um abraço íntimo. Os dois falaram algo que não tive nem estrutura para prestar atenção. A presença dele me fez recuar como se eu estivesse fazendo algo errado. Eu não entendi por que aquilo se passou em minha cabeça. Se era por causa de Nichkhun ou por causa de .

Olhei para ambos e suspirei fundo. Seria difícil chegar ao fim daquela noite tendo os dois por perto.

— Isso fica com você. Posso? — apontou para a alça do meu vestido e eu apenas assenti. Seus dedos roçaram pela parte despida de minha pele e sua outra mão prendeu com cuidado a rosa. Reparei que ele tinha uma rosa da mesma cor posta no bolso de seu smoking e, ao olhar em volta, vi que os outros padrinhos e madrinhas faziam pares combinando entre as duplas. Era obra de Hyeri, com certeza. — Você está bem? Parece preocupada.
— Não gosto de estar na mira das atenções. Tenho medo de tropeçar em algo, sei lá. — abaixou a cabeça para esconder o riso. Rolei os olhos e lhe dei um empurrão pelo ombro.
— Você vai se sair bem. Eu estarei do seu lado. Caminharemos juntos. — Algo em sua voz me transmitiu uma tranquilidade que eu não sentia há tempos. Olhei para o meu reflexo no espelho e me senti estúpida por estar passando por aquela pilha de emoções, ainda mais por estar agindo como uma recluída antissocial quando estava por perto. Apesar dessa sensação de estar diante do desconhecido, parecia que ele era alguém que eu já conhecia.

Taecyeon e sua fala veio em minha mente como um raio de luz. A razão por estar me sentindo desta maneira deve ser pelo fato de ser igual a mim. Ele tinha respostas na ponta da língua, um jeito de saber exatamente o que irei falar antes mesmo de eu verbalizar meus pensamentos. Por eu estar tão acostumada a me relacionar com pessoas que levam tempos para compreender a minha personalidade, ter me deparado com alguém que automaticamente estabeleceu uma espécie de conexão é espantoso e intimidante.
Maldito seja Taecyeon e suas previsões certeiras.


✳✳✳



— Desculpe, eu não tinha intenção de tocar na sua bunda!


Por algum milagre divino ou só um mero acaso magnífico da vida, o flash do fotógrafo disparou no exato segundo em que abriu a boca e serviu para desviar as atenções dos convidados.

— É sério, está apertado e…

Dei-lhe uma cotovelada para que ele parasse de sussurrar pedidos de desculpas no meu ouvido e prestasse atenção na câmera. Ele tirou sua mão da minha cintura e pareceu um manequim ao meu lado, sem nenhuma expressão além de vergonha e susto.
Puxei sua palma da mão e direcionei na altura da minha cintura, bem longe de onde ele havia tocado sem querer, e virei o rosto em direção ao seu ouvido, sem deixar de sorrir para a câmera.

— Sorria. Se você sair com essa cara de tapado a Hyeri vai te matar. E eu também.

Quando o fotógrafo nos agradeceu pela atenção e partiu para tirar fotos do resto dos convidados, eu me afastei de e sentei na primeira cadeira que encontrei pela frente. Céus, eu estava um caco. Depois de entrar na cerimônia com , tive que esperar mais de trinta minutos em pé porque a minha queridíssima melhor amiga resolveu atrasar só para honrar a tradição da noiva. Taecyeon estava prestes a ter um ataque de pânico no altar e eu já me preparava para chamar duas ambulâncias — uma para Taecyeon e uma para Hyeri, porque quando eu visse aquela cara de fada encantada entrando na igreja, com certeza iria estrangulá-la por nos ter feito passar aquele perrengue.
O casamento foi lindo. Os votos foram lindos. As trocas de alianças foi linda. A minha cara de choro foi igualmente linda.
tirando sarro durante todos os minutos foi insuportável.
Estava sendo mais ainda com sua presença por perto a cada minuto.

— Você perdeu a aposta. — Eu anunciei no momento em que ele puxou a cadeira do meu lado e se sentou. me olhou confuso. — Você não larga do meu pé. Qual é o meu prêmio? Vamos lá, você está me devendo algo.
— Não era bem esse tipo de proximidade ao qual eu estava me referindo.
, é a sua vez de fazer a homenagem ao casal. — Suk apareceu no meio da conversa como um maravilhoso anjo da guarda. Sorri aliviada para ele e levantei da cadeira sem ter intenção alguma de resposta ao comentário de . Não porque eu o achei ridículo, mas sim porque fiquei sem palavras. Se eu olhasse para o seu rosto mais uma vez, eu ficaria sem reação alguma. Tratei de ignorá-lo e estabeleci essa missão como a minha meta principal até o final da noite: nada de até o fim da festa. Repito: Nada.
— Salva pelo gongo, . Não espere poder fugir na próxima vez.
— Não terá uma próxima vez, . A aposta voltou a rolar. — Eu disse seca enquanto recolhia os papéis do texto que eu havia feito para Taecyeon e Hyeri. Não mirei meus olhos na figura de , mas não seria preciso para saber que ele tinha aquele sorriso convencido no rosto. Ele esticou o corpo pela cadeira e cruzou os braços, jogando a cabeça para trás e a tombou para o lado tentando fazer com que nossos olhos se esbarrassem. Ele sabia que eu iria resistir à sua tentativa. Foi inútil de qualquer maneira.
— É uma aposta. — Eu olhei para os seus olhos insinuando um infinito de hipóteses perigosas. — Alguém vai ter que perder. — Ele sorriu. — Não estou preocupado se for eu, mas você deveria descobrir o porquê está tão determinada a ganhar. Por qual razão você quer ficar longe de mim, ?


✳✳✳



— Vocês estão indo para as Ilhas Maldivas, não para o Jogos Vorazes! Não precisa de tanto drama! — Era a quarta vez que eu tentava corromper os pensamentos dos meus melhores amigos e fazê-los me soltar. Taecyeon estava empenhado em tirar meus pés do chão enquanto Hyeri derrubava lágrimas no meu pijama. Taecyeon me tombou na cama e deitou em cima de mim, forçando seu peitoral contra as minhas costas e apertando seus braços pela minha barriga, falando alguma coisa parecida com "se você voltar para os Estados Unidos antes de retornarmos, eu juro, , vou te processar". — Tae, nada contra o seu abdômen desenhado por Afrodite, mas eu não tô com nenhum interesse em tê-lo em cima de mim. Deixe que a sua esposa se delicie com ele sob a luz do luar nas Maldivas! Lembram? Maldivas... Aquele lugar para onde vocês vão passar a tão sonhada lua de mel daqui três horas... Três horas! — Hyeri se jogou em cima de nós dois e passou a dar tapinhas que, em sua concepção, deveriam ser considerados amorosos.
— Voltamos em duas semanas. Você promete nos esperar? — Rolei os olhos. Hyeri sentou na borda da cama e me encarou com olhos suplicantes, praticamente igual quando Scooby leva bronca por ter revirado o lixo pela cozinha.
— Eu não queria dar essa notícia assim, sem me preparar psicologicamente para a ocasião... — Me ajeitei na cama e encarei meus amigos com falso pesar. Taecyeon fechou o semblante e eu podia ler um nítido "eu estou prestes a te odiar em dois segundos" em sua testa. Hyeri já começou a choramingar antes mesmo de eu abrir a minha boca para dar continuidade ao assunto. — Mas eu estou de volta para a Coréia. Oficialmente. — Depois disso não consegui compreender muito bem o que aconteceu. Hyeri saltou no meu pescoço e chorou feito uma criança, murmurando diversas coisas que provavelmente nem ela estava entendendo. Taecyeon entrou em um transe momentâneo, vindo a me abraçar com força depois de ter assimilado a informação. Segurou meu rosto com força e despejou vários beijos babentos. Grunhi de nojo e lhe empurrei para trás.
— O que aconteceu? — Ele tentou transparecer nenhuma emoção na fala. Sabia que o emprego é importante para mim e nunca quis ser o tipo de amigo que fazia julgamentos em relação às escolhas. Eu apreciava sua benevolência.
— Surgiu a oportunidade de alguém se transferir para a sede coreana. Eles ocultaram por um tempo a informação, não queriam que fosse eu quem saísse da sede americana... Mas eu estava infeliz lá. Não tinha sentido estar longe de vocês, da minha família, de tudo o que eu sou aqui. Eu não me sentia no meu lar. — Eles assentiram com carinho ao o que eu falava. Os olhos de Hyeri brilhavam com um misto de alegria e saudade.
— Então quer dizer que você não vai mais voltar para os Estados Unidos? — Taecyeon queria confirmar a informação. Ri pelo nariz e concordei com a cabeça.
— Não tão cedo, pelo menos. — A hipótese de voltar para os Estados Unidos é real, mas para mim, no momento, é uma situação que eu pretendo refletir apenas no futuro.
— Você já contou para todos?
— Não, só para vocês e para a minha família. Vou deixar as coisas fluírem. — Dei de ombros com um sorriso mole no rosto. Taecyeon sorriu firme e me deu um beijo no topo da testa. — Quando é que eu vou poder trazer o Scooby para cá? — Desviei o foco do assunto antes que aquilo virasse uma nova choradeira.
— Eu deixei o endereço do pet shop colado na sua geladeira. Daqui uma hora ele ficará pronto do banho, é só passar lá e pegá-lo. As coisas dele estão na sala. — Sorri surpresa para Taecyeon. Ele deu de ombros se gabando. — Sou prático, querida. Esperava o quê?
— Mais alguma informação que eu precise saber, Mr. e Mrs.?
— Sim! — Hyeri berrou como se só tivesse se lembrado naquele momento. — O visita Scooby todos os dias para ver se ele está bem... Agora que ficaremos fora... E o Scooby com você...
— Ele vai ter que vir aqui em casa. — Concluí o pensamento de Hyeri. Ela sorriu provocante, tirando sarro da minha expressão nada contente. — É realmente preciso? Eu posso levar Scooby para o consultório dele.
pediu para que não transportássemos Scooby sem muita necessidade. Ele ainda está debilitado, não pode fazer muito esforço... Mesmo que ele seja o cachorro idoso mais hiperativo que eu já tenha visto na vida. — Taecyeon tentou soar mais neutro possível, mas seu espanto pela energia interminável de Scooby nos fez gargalhar. — Se você não quiser, nós o deixamos com o .
— Jamais, nem em mil anos luz, querido! — Interrompi Taecyeon. — Scooby é meu filho também, não vai ficar em nenhum lugar longe de mim! Pode deixar que eu aguentarei as visitas do amigo de vocês. — Hyeri se fingiu ofendida e cerrou os olhos examinando meu rosto.

Ela sacou algo no ar. Algo que eu passaria a considerar perigoso, já que Hyeri, como uma boa melhor amiga, não deixava nada passar impune.

— De onde surgiu esse lance de aversão pelo , hein? — Ela se interessou. Suspirei pesado e ignorei sua pergunta, mas Hyeri era ágil quando o assunto era compreender minhas mudanças de humor e o motivo delas. Taecyeon murmurou um "a vaga do carro" como se Hyeri não tivesse se informado da pequena discussão que criamos no dia do casamento. Ri de escárnio imaginando o quê Taecyeon iria pensar se soubesse o real motivo para eu não querer ficar perto de . — Hm, Tae, acho que a melhor coisa que fizemos foi deixar o Scooby com a . Vai, vamos embora antes que ela mude de ideia e estrague meus planos!
— Hyeri, você é a pessoa mais desnecessária de toda a existência histórica de pessoas desnecessárias. — Taecyeon gargalhou alto. — E você ocupa o segundo lugar, Tae. — Ele me lançou um dedo do meio e segurou a mão de Hyeri até que saíssem pela porta da frente. Apoiei o corpo no batente e os observei entrar no carro, cheio de enfeites de núpcias, uma cena que seria vergonha se não fosse tão fofa. — Amo vocês! Não façam nada que eu não faria!
— E você, dona , faça tudo o que eu faria se eu não tivesse casado ontem com o homem mais gostoso da Coréia, claro.


✳✳✳



A tempestade chegou a Seul no começo da noite e tende a piorar com o passar das horas. As vias estão congestionadas e os motoristas estão buscando abrigos próximos para fugirem da enchente. Houve uma queda de energia na parte norte da cidade e a Prefeitura está aconselhando a não saírem de onde estão... Os faróis estão queimados... Há muitos trovões... Fiquem onde est... — E, ironicamente, a energia acabou no exato momento que o jornalista Kim Jong So dava seu sorriso angelical e cativante tentando confortar a população. De algum lugar da casa Scooby latiu e desceu eufórico pela escada, voltando a se esparramar no sofá.


tinha acabado de chegar. Pendurou seu casaco ensopado na entrada e retirou os sapatos. Eu estava com a primeira e única lanterna que encontrei tentando não transparecer meu nervosismo.
Eu odiava tempestades.
Odiava ainda mais ter de lidar com elas sozinha.
ficou parado na porta, com o cenho franzido, entortando a sua cabeça até que conseguisse olhar decentemente para o meu rosto. Afastei os fios recém-secos e me senti muito desconfortável por ainda estar usando uma roupa de festa. Na parte da tarde fui prestigiar em um brunch, sofisticado demais, a publicação do livro de uma das minhas amigas de infância. sondou rapidamente a minha vestimenta e voltou a olhar no meu rosto.

— Está de saída? — Tinha certo arrependimento em sua voz. Talvez ele estivesse se sentindo tão desconfortável quanto eu, tentando fingir que não iria corar por ter "atrapalhado" um suposto momento que nem existia.
— Eu acabei de voltar de uma estréia. — Expliquei, mas logo depois me senti tentada a soltar um palavrão. Por que eu sentia a necessidade de dar informações sobre a minha vida? Não tinha nenhum motivo, mas é claro que eu não conseguia me importar com esse fato. — Foi apenas um brunch, mas, hm, era um tanto chique. — concordou com a cabeça e colocou as mãos nos bolsos da calça. Eu já estava acostumada com aquele hábito em específico: toda vez que ele perdia a fala ou o conforto ele reagia tentando aparentar o mais natural possível. Sorri minimamente dando-lhe passagem. — Vem, entra. Scooby está te esperando. — Foi só tocar no nome do cachorro que ele surgiu, feito raio, pela sala, pulando no colo de . Os dois se jogaram pelo tapete da entrada e fizeram uma bagunça que seria digna de bronca, caso eu ainda não estivesse pelando de desconforto.

Mas que diabos?
Sentei ao lado de e lhe observei tirar as centenas de aparelhos que ele deveria usar para averiguar o estado de saúde dos animais. Ele organizava com cuidado cada um deles e esticou uma toalha para firmar o seu kit de injeções. Ajeitei minhas pernas e Scooby parou ao meu lado, pedindo para que eu lhe abraçasse com o braço direito. Passei meu braço pelo corpo de Scooby e deixei que ele esfregasse seu rosto no meu, enquanto meus olhos não se desprendiam dos movimentos coordenados e ágeis de .
Era insuportável de sexy vê-lo tão concentrado e profissional. Sua camisa branca se esticava a cada movimento brusco que ele fazia com o tronco do corpo, tentando se soltar da calça social e deixar em evidência algo que eu não fazia ideia de como poderia aparentar. Meus olhos vagaram entre as bordas de sua camisa e, quando tive o menor sinal de pele, senti minhas bochechas esquentarem e uma voz interna me repreender por ter ficado tão vidrada e em expectativa. não percebeu meu escorregão e deslizou com os joelhos até que ficasse de frente para mim. Scooby lambeu sua testa e sorriu, brincalhão, dando um beijo barulhento no topo da cabeça de Scooby.
Meu coração pareceu ter escorregado na manteiga derretida.
Céus, eu estava enlouquecendo. Como é que, de repente, eu me sentia encantada com a simples existência deste homem, o ser humano que fez com que eu tomasse duas aspirinas, seguidas, por me dar uma dor de cabeça lendária semanas atrás?
percebeu que algo havia de errado na minha expressão. Ele endureceu a musculatura e ficou mais sério, aumentando a distância entre nossos corpos e concentrando suas mãos apenas em tocar em Scooby. Toda vez que seus dedos se aproximavam de tocarem em mim, me olhava de soslaio para ver se eu não lhe lançaria um olhar hostil ou uma advertência.
Por uma ironia da vida aquele gesto fez meu coração acelerar ainda mais. Eu queria que ele esbarrasse sua mão em mim, mesmo que sem propósito nenhum, só para sentir o arrepio na minha pele e o sorriso vacilante tentando criar vida.
Droga.

— Scooby, controle-se, bebê! Não vai doer, prometo. — Beijei o topo de cabeça de Scooby e apertei seu corpo em torno dos meus braços. Seu rabo batia alvoroçadamente no meu rosto e sorriu de canto. — Leve o seu tempo, viu, ? Está tudo sobcontrole por aqui. Scooby é leve como uma pena. — Sorriu mais largo e levantou a seringa até espirrar algumas gotinhas pelo seu punho.
— Seria mais rápido se não estivéssemos no meio da maior tempestade de verão do ano, sabe? — ironizou e rolei os olhos. A lanterna que coloquei do lado de iluminava o corpo de Scooby, mas a bateria estava enfraquecendo e não tinha mais nenhuma para recarregá-la. As velas em torno da sala só serviam para espalhar um cheiro forte — e delicioso — de flores. — Se ele chorar, não se assuste. — injetou a seringa próxima a barriga de Scooby e ele soltou um choramingo triste. Meu coração se apertou e massageei suas costas. — Viu, amigão? Foi rápido. Teria sido mais se a sua guardiã não estivesse com mais medo do que você. — Olhei com tédio para o queridíssimo veterinário e ele prendeu um riso frouxo.
— É só isso? Posso dar o jantar para ele? — concordou com a cabeça e eu soltei Scooby, lhe observando se chacoalhar e caminhar devagar até o sofá. Ele deitou a cabeça por lá e ficou olhando meus movimentos.
— Ele vai ficar sonolento e dopado. — entrou na cozinha e apoiou a sua bolsa com os equipamentos no chão ao lado da bancada. Apoiou os cotovelos no mármore e olhou por cima dos ombros como Scooby estava. Eu comecei a preparar a papinha de ração que me aconselhou a dar, no primeiro dia que ele veio visitar Scooby, sem tirar os olhos da consistência do alimento. — Está bom. — Ele comentou. Dei uma última checada se havia algum pedaço maior de ração e fui até Scooby. Ele abanou o rabinho e abriu a boca em todas as vezes que eu lhe dava a comida na boca. nos observava distante, com um sorriso indecifrável no rosto, sem dizer nada. Ou dizendo coisas demais, se eu fosse me permitir a interpretá-lo.
— Bom, acho que já deu a minha hora. — bateu as mãos nos bolsos da calça em busca das chaves. Olhei para o lado de fora da janela e vi os raios e trovões iluminando o céu, incluindo a chuva de vento e granizo.
— Nem pensar. Você não vai sair debaixo desse vendaval. — Ele sorriu tímido e coçou a nuca.
— Não está tão ruim assim...

Abri as cortinas da sala e fiquei parada a frente da janela, apontando para o lado de fora, que parecia o verdadeiro cenário do fim do mundo. se ajeitou no sofá e cruzou os braços, sabendo que não adiantaria rebater — novamente — o que eu estava falando. No fundo, eu tinha certeza que ele estava fazendo seu charme, querendo que eu insistisse no convite. Se alguém tirasse uma foto de sua expressão, nesse momento, enquanto não o olho, é claro que teria um sorriso satisfeito estampado no seu rosto.

— O que disse, ? — Tirei sarro de seu comentário anterior e lhe ouvi suspirar. — Se você quiser arriscar a sua vida por aí, não irei te impedir... Mas irei te julgar. E muito. — Ele riu pelo nariz.
— Como dizer não para esse convite tão acolhedor? — Arremessei uma almofada em seu rosto e errei a mira, acertando um enfeite que ficava no aparador ao lado do seu lado do sofá. — Mira perfeita. Já pensou em ser jogadora de basquete?
— Cala boca e vem me ajudar a acender as velas. — Caminhei me apoiando nos móveis e os raios que iluminavam o céu serviam para me orientar a chegar até a estante da sala e pegar as velas. — Os fósforos estão no primeiro armário à direita da cozinha. Pega lá. — assentiu e com uma rapidez louvável surgiu no meu lado entregando-os em minhas mãos. Distribuí as velas em volta do tapete e coloquei algumas nos degraus das escadas para que Scooby não tropeçasse quando estivesse subindo.
— Acho que você é um pouco fã de velas. — Eu sorri sem graça.
— É só olhar pela casa e ver o quão "fã" eu sou de objetos de decoração. Devo admitir que a Hyeri tem uma parcela de influência nisso. — riu.
— Aposto que também tem um toque de Taecyeon pela sua casa. — Concordei com a cabeça, rindo com a lembrança de Taecyeon projetando com um amigo arquiteto toda a estrutura da casa, do jeito que eu pedi, surtando cada vez que eu pedia para que alterassem um detalhe.
— Ele projetou tudo para mim. Foi um de seus primeiros projetos depois que saiu da faculdade. Taecyeon tem tanto orgulho dessa casa que mandou revelar fotos que tirou quando concluímos o projeto e sai por aí exibindo para todo mundo até hoje. — Gargalhamos alto. apoiou o corpo no encosto do sofá e cruzou os braços. — Mas não vamos falar dele! Essa hora eles devem estar tomando um banho maravilhoso no mar das Ilhas Maldivas... — Murmurei um baixo gemido frustrado e brincou de fazer cócegas na sola do meu pé. — Para! Ai, ! Faz cócegas!
— Está querendo dizer que preferia estar nas Ilhas Maldivas do que aqui comigo? — Ele intensificou as cócegas e eu ria quase chorando. — Hein?
— Não! — Berrei enquanto ria. apoiou o corpo com um braço e ficou por cima de mim estendendo as cócegas agora pela minha barriga. — Eu te odeio, !
— Hã? O que você disse? — Ele se fez de desentendido. — Eu ouvi um "Eu te amo, !"? Porque eu só vou parar se ouvir de novo.
! — Explodi de gargalhadas e travei uma luta fracassada com os seus braços. — É sério! — começou a fazer cócegas pelas minhas axilas e laterais do corpo ao passo que eu pensava em diversas formas de aniquilá-lo da raça humana.
— Como é que você disse, ? Eu te...? — sorria feito um pirralho. Eu empurrei seu tronco com as duas mãos e consegui rapidamente me esquivar de seus braços. Rolei para o chão e engatinhei rápido para fugir daquela muralha de ombros largos que vinham incansavelmente atrás de mim. Derrapei no piso e me apoiei na bancada, rindo feito uma gralha, esticando os braços para lutar com os seus que já estavam quase me puxando de volta. soltou um grito de falsa ira e contornou a bancada antes que eu conseguisse chegar na curva da cozinha e passasse para o corredor lateral da sala.
— Eu vou te dar um minuto para você parar de destruir a minha casa. — me alcançou e me levantou no ar, rodando várias vezes até que perdesse o equilíbrio e caísse comigo em seus braços no assoalho de entrada. O barulho de suas costas batendo com violência no chão foi quase mais alto que o trovão e, mesmo que eu tenha sentido o impacto, me virei aflita para ver se ele tinha se machucado sério. gemia e se contorcia, apoiando as mãos nas costas, e logo em seguida soltou um riso escandaloso.
— Eu não sei se te soco ou te socorro! — continuou rindo e se contorcendo no chão. Fiz com que ele se apoiasse no primeiro degrau da escada e examinei suas costas. Nenhum arranhão, só uma marca vermelha. — Está doendo?
— Já está passando. — Ele abriu os olhos e soltou um riso fraco. Eu suspirei fundo e apoiei as mãos no chão para não apoiá-las no meio da sua cara.
— Nunca mais faça isso! — Eu falei um pouco mais alto do que pretendia. Bufei frustrada e olhei para Scooby, no pé da sala, nos encarando sem expressão.
— Na próxima eu te derrubo em um lugar mais confortável, prometo. — Rolei os olhos e levantei sem ajudá-lo a fazer o mesmo. Não como se fosse necessário, ele já estava em pé antes mesmo que eu terminasse de ficar ereta. Encarei-o perplexa e ele deu de ombros, com um sorriso brincalhão. — Vaso ruim não quebra.
— É, pela primeira vez na vida você tem razão em alguma coisa.

Estava escuro e molhado. O casaco de pingou uma tonelada de água pelo assoalho e, por ser desastrada e desatenta demais, eu não percebi que a poça estava bem diante dos meus pés. Quando meu pé direito escorregou e o peso de meu corpo foi jogado para trás, enquanto eu tentava me prender a qualquer coisa sólida, os braços de seguraram meu corpo e ele escorregou para o chão antes que eu despencasse completamente. Gritei de espanto e medo, ou por qualquer coisa, quando senti novamente o quadril de bater no chão e meu corpo quicar em seu colo. Ele prendeu o braço direito pela minha barriga e a mão esquerda segurava com força a minha nuca impedindo que eu batesse em alguma quina.

— E agora? Está confortável o bastante para você? — sorriu a milímetros de meu rosto. Meu coração batia tão rápido e desestabilizado que eu mais pude ouvir os meus batimentos cardíacos do que sua voz. Ele passou a mão pelo meu rosto, retirando os fios de cabelos que grudaram em minha testa, e me encarou preocupado, esperando que eu falasse alguma coisa.

Eu, como de praxe, fiquei estática.
Não porque eu quase nos matei, pela segunda vez em cinco minutos, mas porque suas ruguinhas franzidas nas bordas de seus olhos eram encantadoras.
Sem nenhum aviso eu estava em seus braços novamente. Se ele me provocasse, do jeito que quisesse, como uma tola, eu iria sorrir
e encará-lo sem pudor e sem reação alguma. Era ridículo e injusto o poder de atração que aquele homem estava exercendo sob mim, mas irresistível na mesma intensidade.
resolveu me tirar do transe e abaixou seu rosto até seus lábios ralarem superficialmente nos meus. O gosto doce e eletrizante fez com que eu me ajeitasse em seu colo e encontrasse o ângulo perfeito para que nossas bocas se conhecessem. Ele sorriu atônito, ainda olhando nos meus olhos, segurando a minha nuca e esperando que eu falasse alguma coisa. Ele abriu a boca, prestes a trazer à tona algum comentário que eu não deixaria que estragasse aquilo.
Não havia nada a ser dito. Não havia nada que eu queria dizer além de uma única coisa.

— Só abra essa boca se for para me beijar.

E ele abriu. Como se estivesse prestes a me afundar em uma catástrofe, dei passagem para que os lábios de traçassem seu rumo pelos meus. Antes de sua língua pedir permissão, eu já tinha a certeza que iria cometer a maior burrice da minha vida.
E não me importar nem um pouco com isso não me surpreendeu em nada.

— Já te disse que essa saia é bonita? — lançou o comentário quando afastei nossos lábios para respirar. Abaixei o rosto para que ele não notasse a singela ruborizada que provavelmente incendiou meu rosto. A breve iluminação que as velas criavam era sedutora, envolvente e apelante; teria que se aproximar cada vez mais para poder olhar nitidamente para mim. Em algum momento nos levantamos e nos apoiávamos na parede para não desabarmos no chão novamente. Por alguma razão eu estava subindo a escada. Por outra, começou a me seguir. — É uma pena que você não irá vesti-la por muito tempo.
— Ah, é? Por que não? — Apoiei os cotovelos no corrimão da escada e curvei meu corpo em sua direção, empinando sutilmente os quadris para cima e deixando que a saia se elevasse minimamente. direcionou seu olhar para onde eu pretendia atraí-lo e tombou a cabeça para trás com os olhos fechados e um sorriso cobiçoso e malandro. — ? — A palavra se derreteu em meus lábios e os umedeci antes de alisar a língua pela extensão de meus dentes e sorrir sugestiva logo em seguida. Seus olhos se voltaram para mim com um brilho malicioso e sedento. — Quais são os planos para hoje? A tempestade está piorando. — Ele perambulou o polegar e o indicador pelo contorno de seus lábios enquanto sorria. Um suspiro fraco, quase insonoro, se soltou de sua garganta e eu estiquei ainda mais a estrutura de meu corpo para insinuar que precisava ouvi-lo com mais exatidão. A alça da regata de seda que eu usava, propositalmente, despencou pelo meu ombro até encontrar quase a extremidade do meu antebraço. Os olhos de acompanharam o percurso e contemplou a parte esquerda exposta de meu seio, tampado pelo sutiã de renda. Brinquei com o laço pregado na alça do sutiã e puxei para baixo uma minúscula parte do tecido. firmou seus olhos no meu movimento e os subiu estimulando que eu continuasse. Balancei os cabelos e deixei que parte deles caísse por cima do sutiã, voltando a tampar a parte exposta.
— Primeiro, eu vou te fazer se arrepender por ter me provocado. — Ele sibilou ao pé do meu ouvido. Roçou seu lábio no lóbulo de minha orelha e senti a umidade de sua língua encostar antes de seus dentes rasparem e arranharem minha pele. Firmei com mais força as mãos no corrimão e suguei o mesmo ar que ele quando seus dentes terminaram o trabalho e seu lábio ralou superficialmente pela lateral da minha bochecha. — Depois vamos jantar.
— As suas prioridades... Eu gosto delas. — Escorreguei meus braços pelo pescoço de , a tempo de ele contornar com urgência seus braços pela minha cintura e me levantar no ar para que minhas pernas pudessem translaçar sua cintura. O choque de nossos corpos foi violento, eletrizante e suplicante. Um trovão iluminou todo o cômodo e contribuiu para que eu tivesse tempo de ver seu sorriso descompassado e desconcertante. desceu as mãos para a altura da minha bunda e pressionou o meu corpo ainda mais para cima, encostando meus seios na altura de seu rosto e começou a seguir o caminho até o segundo andar. Sua mão esquerda subiu por todas as minhas costas e encontrou rapidamente os meus fios de cabelos, puxando-os e tombando minha cabeça no ar, enquanto sua outra mão segurava firme a minha cintura. Esfreguei a parte exposta de minha calcinha em seu abdômen e senti sua musculatura estremecer e se apertar com aquele mínimo contato. Sorri satisfeita, deslizando minhas mãos por dentro da sua camiseta, arranhando suas costas e subindo de volta em direção à nuca. suspirou quando percorri a língua pela lateral de sua nuca, distribuindo leves chupões pela sua pele. — Um tempo só para nós dois. — Falei quando vi que Scooby não quis nos seguir até o quarto. riu entre meus cabelos sem dar uma devida olhada em Scooby.

Uma trilha de velas pingando pelo calor do fogo era a verdadeira representação do que eu sentia naquele momento; meu corpo, debulhando em calor e prazer, se derretia em seus braços quentes e firmes.
empurrou meu corpo contra a parede do quarto antes que eu terminasse de chupá-lo. Ele grunhiu quando passeei com a língua pela superfície de seus lábios e me jogou de costas na cama, montando com seu corpo sem que eu tivesse espaço para fazer outra coisa a não ser desprender minhas pernas de suas cinturas e abri-las devidamente, deixando que ele retirasse minha calcinha por vez.
Busquei a borda de sua calça jeans e abaixei, com dificuldade, até que ele conseguisse se soltar e arremessá-la para outro lugar — bem, bem longe de mim.

— O que essa saia ainda está fazendo no meu corpo? — Prendi a palma da mão na parte traseira de sua cabeça e meus dedos se perderam pelos fios sedosos que aquele projeto de deus grego tinha. Ele suspendeu o corpo por alguns centímetros e avaliou meu corpo, ainda vestido, com uma expressão julgadora.
— Você gosta de usar roupas que dificultem o meu trabalho... — murmurou com um tom rouco. Minhas mãos despencaram ao lado do meu corpo porque eu sabia, exatamente, o que ele tinha em mente. — Vou ter que adotar outra tática.
— Fique à vontade.

gargalhou malicioso e segurou meu quadril com vontade, rodando-me a ponto de ficar deitada de bruço. Ele percorreu, com as mãos, por cada ponto do meu corpo, começando das costas até chegar à borda da saia. Ele rolou os dedos pelas pregas da saia, brincando com o zíper traseiro, enrolando para saciar de imediato minha vontade. Tremi o quadril, dando-lhe impulso para acelerar a cerimônia e ouvi o riso sagaz de .
Ele estava jogando duro para conseguir.

— Está com pressa, baby?
— Céus, , vai demorar a você começar a me fazer gemer? — gargalhou alto e puxou com violência o zíper da saia, o abrindo completamente e deixando minhas nádegas nuas para serem contempladas por seus olhos ferozes.
— É isso que acontece quando você continua me provocando. — Ele colou o lábio no meu ouvido. — Eu provoco de volta. — Ele escorregou sua boca pela extensão do meu rosto e quando encontrou minha boca, começou a me beijar até que eu quase suplicasse para que ele usasse sua língua. Afastou seu rosto apenas para que eu pudesse ver seu sorriso triunfante reinar novamente.
— Não me faça implorar. — Sussurrei contra o travesseiro. Ele passou a esfregar sua parte íntima pelas minhas nádegas e penetrou seu dedo na minha vagina, sendo gentil até demais para aquele contato. Mordi a fronha do travesseiro e gemi contra ele. — Maldição, eu vou implorar.
— É disso que você gosta, baby? — Ele intensificou o ritmo com os dedos, fazendo movimentos com o seu quadril em cima de mim e arranhando as minhas costas com a mão desocupada. — Está pronta para perder a aposta?
...
— Shh.... Eu sei.

Em um lapso de insanidade, girei meu corpo por baixo do seu e deixei que ficássemos frente a frente. Agora seu pênis quase se encaixou na minha entrada e ele sorriu surpreso.

— Não pretende ser o único a se divertir, não é, baby?

Engatinhei até chegar com o rosto no meio de suas pernas e vê-lo apoiar seu peso com a força dos braços, suspirando ofegante e curioso em minha direção. Ergui meu corpo até que ficasse sentada e desabotoei cada um dos botões de sua camisa social enquanto aproximava e afastava minha vagina de seu pênis. Sua ereção estava insuportável de prazerosa e precisei suspirar repetidas vezes para não agarrá-la.
Pressionei meus seios contra o seu peitoral despido e percorri os dedos pela sua cabeça, os firmando na nuca e puxando com vontade até que ele soltasse um gemido de prazer e permissão. Mordi o seu lábio inferior e depois o chupei, sentindo a ponta de sua língua trêmula bater em meus dentes. Desci minha boca pelo seu pescoço e beijei seu peitoral com fervor, encostando a ponta da língua em seus mamilos e sentindo sua musculatura voltar a enrijecer. Meus lábios se deliciaram com sua pele e sua respiração ofegante fazendo seu peitoral suspender e retrair duplicava meu empenho. Escorreguei o resto de meu corpo pela cama até que eu me deitasse em cima de suas pernas e apoiasse as mãos em torno de suas coxas. Antes de descer os lábios pela sua virilha, olhei para como se toda a minha vida se resumisse àquele momento. Algumas gotas de suor se desprendiam pelo seu rosto e pingavam pelo seu peito. Seu sorriso era um misto de prazer e suplício, mas seus olhos... Ah, seus olhos.
Eram a porta para o Paraíso.
E Deus me perdoe, mas eu estava prontíssima para cometer um último pecado antes de entrar.
Massageei suas bolas e contraiu todo seu corpo, empurrando com os pés a coberta que estava por baixo de nós, ardendo como o fogo do Inferno, prestes a incendiar aquela cama.

— Com mais força? — Perguntei enquanto prendia meus dedos pelo seu pênis. jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, apenas assentindo sem energia. Sorri ainda mais. — Assim? — Passei a movimentar meus dedos, para baixo e para cima, sutilmente, quase como se estivesse lhe acariciando. — Está o suficiente? — não conseguia responder. Suas veias do braço saltavam com o esforço que fazia ao segurar o lençol da cama. — Ou talvez assim seja melhor? — Aumentei a velocidade dos movimentos e rodei minha língua pela cabeça de seu pênis. gemeu alto, ofegante e abrindo sua boca repetidas vezes. — Você é delicioso, baby. Vai, deixe eu sentir o seu sabor. — desabou seu corpo na cama quando cheguei no ápice com a língua em torno de seu pênis. A minha mão continuava acariciando sua parte íntima, sem deixar de contracenar com a minha boca. riu e gemeu, ao mesmo tempo, como se ele não tivesse mais nenhum controle sob seu tesão.

Ele se contorcia e gemia com o timbre fraco e rouco, profundo e angustiante, quase me fazendo atingir o orgasmo só pelo euforismo em sua voz.

— Eu deveria lhe dar um tempinho, huh? — Seus olhos flutuavam sem rumo pelo teto e ele deu um longo suspiro quando desprendi meus dedos de seu pênis. Ele ofegou algumas vezes antes de encontrar meus olhos estreitos e bajulados. Ele me deu um daqueles sorrisos que eu descobri serem exclusivos para momentos como esse. Ele sabia que eu estava me deliciando com seu tesão e sua falta de controle e não tinha intenção alguma de me privar disso. Ele estava gostando de se satisfazer através da minha própria satisfação.

Que homem.

— Talvez você consiga se recuperar enquanto me assiste. — voltou a suspirar sabendo exatamente qual rumo eu levaria aquilo. Sorri de canto, elevando o corpo até que ele pudesse ver minhas pernas trançadas na parte de trás e toda a estrutura de meus seios e barriga, descendo até a minha genitália. Eu queria que ele tivesse a visão total do espetáculo que ele era o protagonista principal: o desejo que escorria entre minhas partes. — Não se mova. Esse é o seu punimento por ser um garotinho tão malvado.

Um gemido explícito e mais controlado do que eu esperava soou de minha boca quando comecei a esfregar meus dedos em círculos sobre o clitóris, sentindo meus quadris se balançarem vagarosamente e involuntariamente em minha mão como um lembrete de que eu já estava atingindo o nível mais alto de prazer. Brinquei com as dobras lisas e inseri os dedos com uma leve agressividade, vendo arfar em expectativa e se manter são na extremidade da cama. Seu corpo era uma espécie de imã e, apesar de eu querer insanamente conectá-lo por vez a ponto de gritar seu nome para todos os vizinhos questionarem o que diabos fazia de tão certo, eu queria puni-lo.
Eu estava enlouquecendo com a sensação de vê-lo entregue em minhas mãos, vulnerável e suplicante, assumindo qualquer papel que eu quisesse que ele assumisse.
Não consegui controlar a sequência de maldições murmuradas pelos meus lábios enquanto lhe observava me olhar como se estivesse lutando contra uma força paranormal para não me devorar. Assistir o controle que eu exercia em acendeu uma chama sexy e avassaladora em todo o cômodo e eu senti que poderia gozar a qualquer momento.
As narinas de tremiam e seus ombros subiam e desciam. Suas pupilas dilatadas me avisavam que ele estava na corda bamba da sanidade, pulando e dando piruetas, testando ao máximo seu nível de resistência. A qualquer momento ele também explodiria.
E nenhum de nós se arrependeria.

Mais perto, . Eu quero te sentir mais perto. — Acelerei os movimentos e meus quadris se abaixaram ainda mais sob minhas mãos. Os gemidos laxos escapavam pelos meus lábios e era uma implícita homenagem ao homem posto a minha frente que, só por estar me admirando como se eu fosse a personificação do pecado, tinha um olhar dolorosamente difícil de suportar, ativando o desespero mais profundo que ainda sobrara em mim para selar a distância e deixá-lo terminar aquilo que comecei. Ele quer se envolver em volta de mim e me fazer gritar.

Eu quero me envolver em volta dele essa noite e ver até onde ele chegaria para me fazer gritar.

, você é a minha perdição. — O murmuro piedoso de desabou minhas forças e eu fechei os olhos, sentindo o ápice chegar, trazendo minha mão livre até a altura dos seios e apertando-os enquanto aproximava seu corpo suado num movimento impressionante de ágil. — Céus, quem é você? Como você é capaz de me deixar tonto desse jeito? sussurrou enquanto destrinchava beijos pelo meu pescoço. Ele abrigou as mãos no meu rosto e sorriu embriagado. — Você é tão linda.

Abri meus olhos e contemplei a luxúria e encantamento refletindo em seus olhos. Ainda sim se controlava ao máximo para aguardar a minha permissão. Ele não faria nada que eu não quisesse, nada que eu não lhe desse a autorização e lhe pedisse e era justamente por causa disso que, em alguma profundidade do meu ser, eu queria que ele fizesse o que bem entendesse.

— Essa noite eu sou sua. Antes que eu isso tome um rumo complicado, eu sou sua.


✳✳✳



Vamos ficar acordados a noite toda. O primeiro a dormir paga o jantar para o outro. — Ele sussurrou em meu ouvido quando viu meus olhos começarem a se fechar. Sorriu manhoso e tocou com o polegar pela minha bochecha.
— Ou uma viagem para as Ilhas Maldivas.
— Ouvi dizer que lá existe um restaurante debaixo d'água. Quem perder paga a viagem. Quem ganhar paga o jantar. Fechado? — Apoiei o queixo na palma da mão e lhe encarei por segundos intermináveis. Céus, como conseguia ser tão lindo? Era uma tortura.
— Isso é uma tentativa de me convidar para um encontro? — Sugeri. brincou com as sobrancelhas e mordeu os lábios.
— Descubra. — Ri com sua prepotência e afaguei meu rosto em seu peitoral. abraçou minha cintura e apoiou seu queixo no topo de minha cabeça. Sua respiração batia suave nos meus fios de cabelo e eu fechei os olhos me sentindo feliz demais com aquele simples gesto.


Acariciei o lóbulo de sua orelha entre o meio do meu dedo indicador e dedo médio.

Como eu poderia te explicar? Você é tão diferente. Todo o jeito que você ri e até os seus hábitos. É tudo apaixonante. se arrepiou com os carinhos que eu fazia em sua orelha e riu encabulado. Eu gargalhei e lhe dei um beijo na ponta do nariz. — Você está tornando difícil, .
— O quê?
— Ir embora. — Ele encostou sua testa na minha e suspirou fundo. Brinquei com os cabelos de sua nuca e observei o contraste na mudança de suas feições.
— Então não vá. — acariciou minha bochecha. — Fique.
— Por essa noite? — Ele perguntou. Dei um selinho demorado em seus lábios.
— Por quanto tempo quiser ficar.

suspirou contra os meus cabelos. Seus braços apertavam meu corpo no seu e virei meu corpo de frente para o seu. Colei nossos peitos e, quando senti os seus batimentos cardíacos saudarem os meus, agitados e eletrizantes, eu me dei conta do que estava acontecendo.
Ele ficaria nessa cama por quanto tempo quisesse.
E eu descobri que queria que ele quisesse ficar até a tempestade passar, o Sol nascer e o Sol de pôr. E, após isto, que ele ainda continuasse querendo ficar.


✳✳✳



— É algum tipo de ocasião especial? Daquelas que eu preciso usar um terno completo? — se pendurou no meu pé depois que eu lhe contei que o jantar beneficente que minha família dá, todo ano, iria acontecer no final de semana. Estava tentando tirar as caixas de alimentos do carrinho e passar para o carro, mas foi mais rápido e terminou a missão em menos de um minuto. Fechou o porta-malas e me encarou desesperado. — Eu preciso de um terno novo?
— Você precisa se acalmar. — Abracei seus ombros e sorri lhe motivando. — É um jantar beneficente como qualquer outro.
— Um jantar beneficente dado pela sua família, na sua casa, com os seus pais e todos os seus parentes presentes... — Concordei a cada elemento que ele inseria no comentário. Ele começou a se desesperar de novo, simulando uma perda de ar. — É isso, eu preciso de um terno novo.
— Você não precisa de um terno novo. — Eu sorri largo. — Não precisa nem usar um terno!
— Como não? Sua família precisa ter uma boa impressão de mim! — quase bateu a cabeça no painel do carro quando a chave escorregou de seus dedos. Eu gargalhei, mais pela sua falta de coordenação do que pelo seu comentário. — Para de rir! Estou tendo um colapso aqui, !
— Fica calmo, . Meus pais vão gostar de você até se estiver vestido de Power Ranger. — Eu ironizei. — Você já se olhou no espelho? Qualquer coisa cai bem nesse corpo que parece uma obra de arte pintada pelo Da Vinci. — beijou rapidamente minha bochecha e voltou a se ajeitar no banco. — Ninguém liga para roupas. Só queremos arrecadar o maior número possível de dinheiro para ajudarmos a instituição que cuida das crianças.
— E como eu faço para ajudar? — Ele estava empenhado em ser a melhor pessoa do mundo. Sorri com a cabeça tombada em seu ombro. — Eu já estou com o talão de cheque pronto.
— Isso já basta. — Eu respondi. — E ficar do meu lado também. Fico muito emotiva nesses dias, alguém precisa impedir que eu não veja o chão por causa das lágrimas. — gargalhou e apertou a minha mão.
— Você vai se sair bem. Eu estarei do seu lado. Caminharemos juntos. — Ele repetiu a mesma frase que havia me dito antes de entrarmos na cerimônia de casamento de Taecyeon e Hyeri. Senti meu coração se apertar um pouco mais por saber que ele se lembrava dos mínimos detalhes.


Ou do exato momento em que eu comecei a enxergá-lo como o potencial homem que mudaria o rumo dos meus sentimentos.

— Puta merda, pare de fazer com que eu me apaixone por você cada vez mais. — Dei um peteleco em sua orelha. se gabou com um sorriso que era de um digno vencedor do Oscar.
— É tudo culpa do Da Vinci. Quem mandou ele caprichar tanto no pacote?
— Cala a boca antes que eu comece a te odiar de novo. — me mostrou a língua e passou as mãos pelo cabelo, em tom de deboche, ignorando meu dedo médio estendido bem em frente ao seu rosto.
— Até que enfim vocês chegaram! — Hyeri gritou quando estacionou o carro na porta do aeroporto. Desci extasiada em sua direção e nos abraçamos no meio de todos os passageiros que focavam suas energias em nos tirar do caminho. Hyeri jogou uma de suas bolsas nos meus braços e puxou para um abraço. Taecyeon tentou me abraçar no meio das bolsas e, sem sucesso, derrubei a tonelada que Hyeri chamava de bagagem e o abracei com força. — Onde está Scooby? — Hyeri bateu palminhas de ansiedade.
— Em casa. Esqueceu que ele não pode ficar andando pela rua? — Eu comentei em um tom de voz óbvio e Hyeri fechou a cara, dengosa e triste. Taecyeon deu um beijo no topo da testa da esposa e começou a conversar com sobre alguma coisa. Ele andava com os olhares se revezando entre Taecyeon e eu, não dando espaço para que eu agisse como se não estivesse ficando risonha ou envergonhada. Hyeri percebeu a mudança de humor no meu rosto, enquanto conversávamos, e deu uma olhada sorrateira para , captando de imediato. Afrouxei o sorriso no rosto e ignorei a sua tentativa de me fazer falar alguma coisa.
— Você tem muita coisa para me contar, , e nem pense que irá fugir do meu sexto sentido! — Hyeri murmurou quando estávamos entrando no carro. Suspirei fundo e entreguei as bagagens para Taecyeon, sentando-me do lado de Hyeri no carro e deixando que Taecyeon fosse à frente com . Ele pareceu estranhar a minha mudança de assento, mas não questionou.
— O que é tudo aquilo no porta-malas? Vai dar uma festa? — Taecyeon perguntou para .
me ajudou a fazer a compra da semana. Tínhamos que esperar vocês de qualquer jeito, então... — Taecyeon soltou um "Ah" e deu de ombros. olhou para mim através do retrovisor e eu lancei uma piscadela. Iríamos contar, mas não naquele momento.

Não com Hyeri sentada ao meu lado me fuzilando e dissecando minha alma.

— Obrigado por terem vindo nos buscar. Vou ter que chegar em casa e pedir um guincho. Acreditam que a bateria morreu depois de eu ter trocado no mês passado? — Taecyeon suspirou cansado. — É por isso que eu te falei que queria ficar para sempre lá, na praia, só nós e o oceano, Hy. Deveríamos fugir de uma vez, o que acha? — Hyeri gargalhou com um semblante fascinado e apaixonado. Sorri de canto para os dois e olhei para assumindo a direção.

Era bizarro como um homem conseguia ser tão sexy e atraente quando dirigia.
Era bizarro eu achar que era sexy e atraente em qualquer coisa que fizesse.
Remexi-me no banco e abri a janela do carro para entrar uma corrente de ar. A casa de Hyeri apareceu no meu campo de visão e eu senti sua cutucada nada discreta. Olhei para ela e sabia o que aquilo significava: ela queria ter uma R.E.
Reunião Emergencial.
Fazíamos isso quando tínhamos dez anos. E vinte. E vinte e três.
Faríamos isso até quando estávamos quase completando vinte e cinco.
Assenti com a cabeça e saltei do carro quando o estacionou na vaga ao lado da "minha". Ele apertou ligeiramente a minha cintura e sorriu travesso, achando graça da minha cara de riso quando desfilei propositalmente pela minha vaga enquanto ele e Taecyeon retiravam as malas.

— Ok, vocês transaram. — Hyeri berrou depois de fechar a porta de seu quarto. — E transaram hard, pelo o que percebi.
— Você por um acaso é a reencarnação de Eros para estar sentindo uma atmosfera erótica em torno de mim? — Me fingi tocada e Hyeri atacou uma escova de cabelo em mim. Desviei e retribuí o gesto amoroso, travando uma briga desnecessária — só para fugir do tópico — que Hyeri não tardou em terminar.
— É sério, eu te conheço. Bem demais a ponto de poder dizer que o que quer que esteja rolando entre você e não é só uma atração sexual. — Ela cruzou os braços na espera de uma resposta.

Eu não estava conseguindo conter a verdade. Céus, eu estava necessitando colocar tudo aquilo para fora.

— Eu estou surtando. Uma hora eu tinha vontade de matá-lo e arrancar aqueles ridículos cabelos sedosos e macios de sua cabeça, na outra eu estou dando adeus à minha sanidade porque estou prestes a cometer atrocidades com aquele homem! — As palavras saíam atropeladas e Hyeri se esforçava para não rir. — Não se atreva a rir. — Ela colocou a mão na boca e pediu desculpas com as mãos, pedindo que eu continuasse a falar. — Ele sabe exatamente como me desarmar, Hyeri. Sabe fazer exatamente com que eu me entregue. E o pior de tudo é que eu permito que ele faça isso. Meu Deus, eu amo que ele saiba exatamente como me conquistar. É assustador e instigante. É...
— Paixão. — Hyeri completou. — Ou amor.
— Qualquer um dos dois, Hyeri. Eu sinto que posso definir como se fosse qualquer um dos dois sentimentos. — Eu sentei na cama. — Por isso é assustador. Como é possível?
— É assim que acontece, amiga. Não há explicação. Não há um prazo estipulado para acontecer, simplesmente... Acontece. E quando acontece... é a melhor coisa que você pode sentir. — Concordei e pousei a mão no peito, sentindo meu coração acelerar e ofegar com a insinuação de poder estar, realmente, experimentando alguma espécie de feitiço que jogou sob mim. — Você contou a ele que não vai voltar para os Estados Unidos? — Hyeri perguntou. — Ele deve estar achando que você irá voltar para lá na semana que vem.

Eu não tinha parado para pensar nesse pequeno detalhe. Encarei minha amiga sem saber ao certo como reagir.

— Ah, não. Você se esqueceu de falar isso para ele? — Hyeri bateu a palma na testa. — , você precisa falar para ele agora.

Eu estava prestes a fazer isso. Já estava com a maçaneta da porta em mãos e se tivesse alcançado a porta segundos antes, eu teria ido até ele.
Teria, porque não consegui.

— O Scooby está tendo uma crise. Estamos indo para a clínica do . — Só tive tempo de descer as escadas e alcançar a tempo Scooby sendo colocado nos bancos traseiros do carro de . Quando nos olhamos, eu soube que ele, de alguma forma, realmente achava que eu iria partir na semana que vem.

De alguma forma, seu olhar era triste, mas compreensivo. Naquele momento, não nos importaríamos com um suposto emprego nos Estados Unidos e uma distância de 10.751 mil quilômetros. Com nenhuma suposta despedida.
Apenas nos importaríamos com a hipótese de não termos que dar adeus para Scooby, porque se tinha uma coisa que eu não nasci para ser boa era em dar adeus.
Em nenhum de seus tipos.


✳✳✳



— Você está linda!
— Essa vadia sempre está linda.

Hyeri recebeu um olhar surpreso e risonho de minha mãe quando me viram descer para recepcionar os convidados do jantar beneficente.

— É só um vestido de renda. Por que estão me olhando como se eu estivesse prestes a casar? — Minha mãe colocou as mãos em meus ombros e beijou minhas bochechas. Afagou meu cabelo e endireitou o colar em meu pescoço.
— Você está linda porque esse vestido combinou perfeitamente com você e você é linda por ter bolado aquela surpresa para o seu namorado.
— Namorado este que deve estar tendo um treco lá fora porque o seu pai provavelmente está com aquela cara de quem conhece os segredos mais sujos de todo mundo. — Minha mãe gargalhou com o comentário ácido de Hyeri e caminhamos para fora da casa, nos deparando com uma cena totalmente contrária: meu pai e , sentados, juntos, de frente para o jardim, tomando um copo de vinho e gargalhando sobre algum assunto que deveria ser engraçado demais para fazê-los chorar.
— Retiro o que eu disse. — Hyeri levantou as mãos para o ar e saiu de fininho de encontro à Taecyeon. Minha mãe sentou no braço da cadeira de meu pai e eu parei atrás da cadeira onde estava sentado, ainda tocada e surpresa por aquela sintonia imediata que meu pai e ele haviam criado em tão pouco tempo. beijou a minha mão e piscou para mim.
— Estávamos falando da sua mania de brincar com os lóbulos das nossas orelhas. — Meu pai soltou simplesmente, voltando a gargalhar com . Eu ri ofendida e cruzei os braços, fingindo falsa implicância, me deliciando com a reação humorada dos dois.
— E posso saber por que vocês acham tão engraçado?
— Porque é bizarramente fofo e adorável, bem irônico se formos falar do seu temperamento. — Meu pai me provocou. Bufei desacreditada.
— Você criou algum plano maléfico para falar mal de mim e fazer com que saia correndo dessa casa? É isso? — Eu rebati.
— Você vomitava ódio por mim quando nos conhecemos, . Se eu não desisti naquela época é porque sou refém de seus encantos. — Minha mãe soltou um "Awn" meloso e eu quis socá-lo por me deixar desconcertada na frente de meus pais. — Ou porque sou louco demais. — Dei um soco em suas costas e meu pai gargalhou ainda mais alto.
, vem cá. — Taecyeon apareceu de lugar nenhum me arrastando pelos cantos da casa até nos isolarmos. Ele abaixou o tom de voz e me olhou aflito. — Você ainda não contou ao que irá ficar na Coréia?
— Eu não tive a oportunidade, Tae. Ficamos esses últimos dois dias pendurados na maca da clínica cuidando de Scooby e, agora que ele está melhor, não parei o dia inteiro com os preparativos para o jantar... — Tentei justificar minha posição. Taecyeon concordou com tudo que eu falei, como se já soubesse que seria aquilo que eu falaria, abanando as mãos e pedindo para que eu ficasse quieta.
— Blá, blá, blá, eu sei disso. — Taecyeon se aproximou ainda mais. — Só tenho um minuto para te falar isso antes que ele chegue aqui: Ele me perguntou se você irá realmente para os Estados Unidos. Ele disse que não te perguntou por que não queria parecer que está te pressionando, mas está surtando. Fale algo, pelo amor de Deus, antes que ele enfarte no meio desse jantar! — Taecyeon suspirou profundo depois de ter despejado a tonelada de euforia em cima de mim. Eu ri, de nervoso, e olhei rapidamente para .
— Eu vou falar, fique tranquilo, mas antes tenho uma surpresa para ele. Não estrague tudo, capiche?! — Saí de perto de Taecyeon sem lhe dar oportunidade de falar alguma coisa.

Todos os convidados já tinham chegado quando minha mãe pediu para que eu subisse no palquinho improvisado e fizesse o discurso de boas-vindas. Era uma tradição fazermos os agradecimentos a todos os presentes e passar uma retrospectiva de tudo que conseguimos construir, com o dinheiro arrecado, no último período de tempo anterior ao jantar beneficente deste ano. Um vídeo foi preparado, por Taecyeon, mostrando os brinquedos comprados para as crianças, materiais escolares, kits de higiene, roupas e sapatos, os quartos que conseguimos construir na casa onde ficavam abrigados para que pudessem ter aulas de música, artes e línguas, todas pagas com o dinheiro também arrecadado.
Como todos deveriam estar esperando, o vídeo iria acabar após as cenas de agradecimento das crianças. Quando a tela se apagou e uma salva de palmas repercutiu pelo quintal, eu sorri para os convidados, quase saltitando de ansiedade para anunciar o que — quase — ninguém sabia.

— Há mais um grupo que irá se juntar a nós, a partir deste ano, para integrar a nossa lista de contribuídos. — Um couro de comemorações encheu o ambiente e Hyeri gritou um “Bem-vindos!” alto e sonoro. — Antes de anunciar o nome da instituição, eu gostaria de fazer uma homenagem à pessoa que é o motivo de estarmos recebendo de braços abertos mais um grupo em nossas vidas. — Meu olhar alcançou sem dificuldade. Minha atenção se virou totalmente para ele e por um segundo ele não pareceu assimilar que eu estava me referindo a ele. — Todos aqui conhecem o Scooby, certo? — Eles concordaram. — Todos sabem que nos últimos anos Scooby vem enfrentando um problema de saúde, mas segue firme e bem cuidado, tudo graças a uma pessoa que nunca falha em fornecer o seu impossível para zelar pela vida do nosso precioso companheiro. — As bochechas de ruborizaram e os convidados riram alto quando ele soltou um “Não acredito, !” e tampou o rosto. — Essa pessoa me ensinou que todo tipo de vida deve ser amparado, resguardado, cuidado e protegido. Essa pessoa me ensinou que, mesmo quando sua vida é uma tremenda correria e tem tantos problemas para resolver, você ainda pode dedicar um tempo de sua vida para ajudar, sem receber nada de volta, aqueles que precisam de alguém como você para fazer a diferença. — Mesmo naquela distância, eu pude ver algumas lágrimas escorrerem pelos olhos de . E naquele momento, sob o olhar de tantas outras pessoas, eu tive a plena certeza de que eu havia me apaixonado pelo homem certo. Funguei as lágrimas que ameaçavam se revelarem e sorri. — Essa pessoa me apresentou a Instituição Quatro Patas, um grupo destinado a cuidar da saúde e abrigar os animais de rua. Ao entrar em contato com eles, foi uma honra ter a permissão de nos juntar ao grupo e dedicarmos nossos fundos para ajudarmos a expandir o trabalho dessa instituição admirável. — Os convidados voltaram a bater palmas e eu entrei na comemoração. A representante da instituição subiu no palco e me deu um abraço rápido, agradecendo com acenos aos convidados. — Nada mais justo do que revelarmos o nome do motivo de estarmos fazendo a diferença na vida de todos esses amáveis animais, não é? — Hyeri e Taecyeon pularam e gritaram do fundo do quintal, com pompons e assobios altos. — Quero apresentar a todos vocês o extraordinário veterinário , o responsável pelo trabalho voluntário na clínica Quatro Patas. — levantou da cadeira e ajeitou a camisa, limpando as lágrimas que desciam e sorrindo afetuoso para todos que lhe cumprimentava. Ele subiu os degraus do palanque e pareceu que estava pronto para receber um prêmio Nobel.
— Eu fui pego de surpresa, então não tenho um discurso à altura para agradecer a surpresa que esse ser humano magnífico fez para mim. — apontou com a cabeça para mim e todos riram. — Eu só quero agradecer a cada um de vocês que acolherão e ajudarão a Instituição Quatro Patas. Do fundo do meu coração, eu me sinto eternamente grato por tudo que vocês farão por nós. — Ele olhou para mim. — E quero agradecer a qualquer entidade divina que esteja me ouvindo por ter colocado essa mulher ao meu lado. Nunca mude nenhuma parte de você, , o mundo precisa do seu coração de ouro. E eu também. — Ele encostou os lábios no meu ouvido e me puxou para mais perto. — Eu também tenho um presentinho para você, baby.

entrelaçou nossas mãos e me guiou, enquanto cumprimentávamos os convidados pelo caminho, até o seu carro. Ele me rodou no ar e me sentou em cima do porta-malas. Beijou a ponta do meu nariz e me lançou um olhar autoritário para que eu não descesse dali.

— Cubra os olhos. — Ele pediu, levantando as minhas mãos até a altura dos meus olhos e me fazendo mantê-las bem presas. — Não pode espiar.
— O que você aprontou dessa vez?
— Por que você só espera o pior de mim? — Ele forjou um tom de voz ofendido, mas mesmo estando com os olhos tampados era como se eu pudesse ver os seus lábios se esticando em um sorriso divertido.
— Porque você é o dono das piores idéias do mundo. Esqueceu-se da sua tentativa de...
— Vou te pedir para ficar em silêncio antes que você magoe meus sentimentos e estrague meu presente. — Gargalhei por tanto tempo que começou a me dar uma sequência de selinhos para que eu fechasse a boca. Depois de recuperar o fôlego ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Céus, acho que acabo de descobrir que tenho um fetiche por você sentada no porta-malas do meu carro. Não é possível alguém ser tão bonita só por estar...
— Vou te pedir para ficar em silêncio antes que eu desista de esperar pela sua surpresa e te agarre aqui mesmo.
— A ideia é tentadora, mas não ouse tirar de mim esse momento! — Ele cutucou minha barriga. — Pode abrir os olhos.

Primeiro eu precisei esperar minha visão se acostumar com o clarão da iluminação. Depois eu mirei os olhos no rosto de , a verdadeira definição de alegria em pessoa, para só após sorrir em resposta ao seu tom brincalhão exaltado e poder ver, por fim, a placa que estava em suas mãos.

"Essa vaga pertence a . Vale o conselho: não corra o risco, colega."


— Pensou que era só isso? — falou. Antes que eu pudesse manifestar qualquer reação, virou a plaquinha, mostrando outra frase.

"P.S: Exceção aberta apenas para . ;)"


— Não posso correr o risco de ter outro cara estacionando na sua vaga e tentando roubar o seu coração, não é? — Diante dos raios de sol criando o cenário perfeito para que eu concluísse, de vez, meus pensamentos, era como um sonho se personificando diante dos meus olhos. Ele caminhou lentamente em direção a mim e a cada passo que ele se aproximava, meu sorriso se derretia em meus lábios.
, droga, mamãe, eu me apaixonei por um criminoso.


✳✳✳



A luz do crepúsculo iluminou o caminho de pedraria que levava até o balanço da praça do bairro. Eu e estávamos sentados um ao lado do outro, observando as estrelas e a Lua, depois de termos nos despedido de todos os convidados e ajudado na limpeza do jantar. Meus pais nos chutaram para fora e, por estar uma noite fantástica, quis caminhar pelo bairro sem ter um rumo.


— O céu de Seul é o meu preferido em todo o mundo. — Eu comentei. não desprendeu os olhos da Lua e respondeu com um sorriso fraco. — Seul é o meu lugar preferido do mundo.
— O meu é qualquer lugar que eu esteja com você. — disse rouco e baixo, o típico tom de voz que ele usava toda vez que tentava me pegar desprevenida por causa de seus charmes. Eu gargalhei. — É sério! Tem lugar melhor no mundo do que essa pracinha?
— Tem. — Eu beijei a beira dos seus lábios e ri diabólica. — A minha cama. — arfou em contentamento e gargalhou.
— Sua cama vai ser o meu novo lugar preferido do mundo daqui alguns minutos.
— Ele passou o braço pelo meu pescoço e me aproximou de si.

A voz de Taecyeon e Hyeri emergiu no meu subconsciente como um lembrete programado. Eu tinha que falar para que não iria a lugar nenhum. Não porque eu tinha decidido após conhecê-lo, mas sim porque já estava decidido antes mesmo de nossos caminhos terem se cruzado. Olhando por esta perspectiva, agora, parecia que esse mero acaso da vida já tinha sido traçado com um propósito para que, um tempo depois, eu descobrisse que seria o rumo aleatório mais belo que poderia acontecer no meu destino.
era um mero acaso, irônico e belo, que eu não deixaria escapar.

. — Quando eu estava prestes a virar para encará-lo, pousou suas duas mãos na lateral do meu ombro e se pôs de frente para mim, terno e carinhoso, sem conseguir falar muito pelos segundos que se deslancharam. Não seria preciso. Seus olhos me contavam tudo o que ele queria dizer. — Eu vou te esperar. E quero te esperar. — Ele colocou as duas mãos nas costas e respirou fundo, sugando todo o ar que existia, e me olhou no fundo dos olhos. Suas jabuticabas me fitavam como talvez eu nunca tenha sido visualizava. tinha o talento de me despir sob seus olhos sem pudor e sem receio, tornando-me sua obra de arte preferida. — Depois que você saiu do quarto de Taecyeon, no dia do casamento, ele me contou que você ficaria só por pouco tempo... Aquilo batucou na minha cabeça por muito tempo. — Ele sorriu de lado. — Mesmo naquele dia eu já não conseguia parar de pensar na hipótese de vê-la partir. Eu sentia que, a cada dia que se passasse, ao seu lado, seria um novo motivo para não querer ficar longe de você. Os seus pensamentos e suas longas histórias e conversas... Eu quero que você as compartilhe apenas comigo. O seu mundo... Eu quero fazer parte dele. Jamais pediria para você abrir mão de sua carreira. Eu não estou pedindo para que você escolha entre o que posso te oferecer e o que você já tem em mãos, quero te pedir para que deixe eu fazer parte da sua vida. Do jeito que ela é agora. Se você precisa voltar para os Estados Unidos, então volte, mas volte me tendo ao seu lado. Eu te espero. Eu vou até os Estados Unidos te ver, faço qualquer coisa, , mas a única escolha que te peço para fazer é se eu posso ou não estar com você. Aqui ou em qualquer parte do mundo.

Meus dedos se perderam pelos seus fios de cabelo e ele fechou os olhos. Suspirou fundo, sugando todo o ar a sua volta, deixando que só aquele carinho bastasse. Colei meu corpo no seu e beijei cada curva e extremidade de seu rosto. acariciava a minha mão e firmava seus dedos nos meus como se achasse que eu fugiria dali a qualquer segundo. Ele abriu os olhos e me deparei com um infinito de possibilidades, sugestões, hipóteses e apostas. Seu olhar me sugeria um universo ao qual estava disponível para me receber a qualquer momento.
Ele não precisava insinuar muito para que eu tivesse uma resposta para a sua solicitação.
Nunca precisaria.
Naquele momento, eu descobri que era o tipo de homem que eu queria ao meu lado. Ele é o homem que aceitou a minha vida, como é, aceitou quem sou, quem quero ser, quem luto para ser, e não me colocou na linha de combate para que eu escolhesse entre abrir mão de minha vida ou torná-lo a prioridade dela. Ele apenas me pediu para que, pelas linhas confusas dos nossos destinos, eu permita que ele navegue nesse universo ao meu escaldo, ao meu lado.
E foi assim que o amor chegou para mim. Nada típico de um filme hollywoodiano e nem de um momento que pudesse ser registrado como a cópia mais fiel de um conto de fadas; foi de um jeito cômico, tolo e até clichê, mas imensuravelmente belo. Por todo o tempo que pensei nas probabilidades calculáveis do amor esbarrar no meu caminho, nenhuma delas me apontaram que ele viria desta forma.
E, mesmo que houvesse, não seria tão honrável quanto.

— A culpa é minha, amor. Foi tudo um pequeno mal entendido. — Repeti a conhecida frase de impacto que Taecyeon nos lançou no dia do casamento. sorriu, captando a referência, mas totalmente atônito e perdido. — Eu não vou a lugar nenhum a não ser com você. — Acariciei sua cicatriz na bochecha. — Não existia nenhuma hipótese de eu voltar para os Estados Unidos antes mesmo de os nossos rumos terem se cruzado. E mesmo que existisse, eu estaria com você aqui ou em qualquer parte do mundo. — Ele encostou sua testa na minha. — Porque seria difícil deixá-lo escapar. — emaranhou nossos corpos e selou a distância que faltava. — Esteja comigo, pelo tempo que quiser, aqui e em qualquer parte do mundo.

Ele assentiu, sorrindo cada vez mais, puxando-me para mais perto e me cercando com o seu amor ainda mais. Suas jabuticabas brilhavam como um céu aberto repleto de estrelas e sua boca soltava suspiros que eram facilmente assimiláveis a uma canção de amor que tinha sido criada unicamente para meus ouvidos.

— A pergunta que não quer calar agora é... — sorriu triunfante e alisou as minhas costas. Sentou-me em seu colo e jogou meus braços pelo seu pescoço, tocando de leve meus lábios quando eu aproximava minha boca da sua. — Quem é que venceu a aposta?

Sorri extasiada e apaixonada. Estupidamente apaixonada pela criatura mais sem noção e encantadora. Estupidamente apaixonada pelo meu mero acaso.
esfregou a ponta de seu nariz na extremidade do meu e sorriu com os olhos fechados. Antes que eu falasse qualquer coisa, ele selou nossos lábios repetidas vezes até que eu sorrisse abertamente e soltei um riso anestesiado de graça.

, cala a boca antes que eu comece a te odiar de novo.


What u do to make me love you like this?




Fim



Nota da autora: [CHANYEOL’S VOICE] AYO, WASSUP?
Francamente, não tenho nem palavras pra descrever o tamanho amor que sinto por essa fanfic! Foi a estória que escrevi mais rápido na minha vida todinha (em 2 fucking dias!) e eu não esperava que teria uma adoração tão grande por algo que foi se destrinchando tão fácil de dentro de mim. A música, por ser uma das minhas favoritas do álbum, contribuiu demais, mas nada se compara com quem foi o meu personagem principal muso para compor essa fic. Quando o assunto é ele, tudo flui fácil. Quando o assunto é exo, o meu mundinho fica mais calmo, leve, esperançoso, tranqüilo e feliz. Se escrevo com tanta alegria e paixão é porque tenho ótimas pessoas para me inspirar e me motivar a sempre continuar em frente. Tudo isso é para e por vocês, @weareoneEXO! Obrigada por despertarem o melhor de mim! <3
Agora, para fechar com chave de ouro: Obrigada, infinitamente, para cada pessoa que leu essa estória e conheceu o universo particular desses pps. Para mim é tão fácil me apaixonar pelos meus personagens porque, por estar do “lado de dentro” do universo, eu consigo visualizar e sentir da mesma forma que eles sentem todas as emoções e todos os seus contrastes, então talvez eu seja um pouco suspeita para falar desses dois. Cada um deles veio à vida por causa de algo que, mesmo indiretamente, faz parte de mim. Eu fico imensamente feliz quando posso compartilhá-los com vocês! Espero que eles conquistem vocês da mesma forma que me conquistaram.
O coração está mais leve e aquecido por ter colocado à mostra essa obra que considero o meu tesourinho. Aproveitem!
We are one! <3





Outras Fanfics:
08. Hurt
(THE) Chairwoman
Unbreakable Destiny

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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