Capítulo único
O inverno naquela cidade estava cada vez mais intenso e a neve já sujava suas botas à medida que caminhava pela calçada de casa. null odiava aquela estação, mas fez um esforço de voltar para a casa para passar as festas de final de ano com o pai. Quando abriu a porta, mesmo sem bater, agradeceu pelo ótimo sistema de aquecedor que seu pai insistiu em instalar. Largou a mala no lado da porta e retirou o casaco grosso, deixando junto às botas sujas de neve e o gorro que usava em seu pescoço. Ainda com todas essas roupas, null sentia como se estivesse pelada, tamanho era o frio.
— Pai, cheguei! — Ela gritou, esfregando as mãos umas nas outras.
— Pumpkin! — Ele gritou no andar de cima, para onde null correu para encontrá-lo. — Que saudade. — Tucker a abraçou, girando a garota a alguns centímetros do chão.
— Também senti sua falta. — Ela sorriu, animada por estar em casa novamente.
— Então, finalmente, um tempo de folga? — Eles desceram, dirigindo-se para a cozinha, onde Tuck serviu duas canecas com chocolate quente.
— Sim! Eu amo o recesso de fim de ano, mas temos um jogo no dia seguinte ao ano novo. — Ele comentou, tentando disfarçar sua animação. Entretanto, null sabia que nada mais no mundo deixava seu pai tão animado quanto a temporada de jogos.
— Você está animado, não é? — Ela cutucou o mais velho, assim que os dois sentaram na sala de estar. null esticou os pés em cima da mesa de centro e, quando ligou a televisão, ela só podia estar sintonizada na ESPN. Apesar do ótimo plano de tv a cabo, raramente Tucker assistia a outro canal.
— Estou, o time está indo muito bem nessa temporada. — null olhou orgulhosa para o pai, principalmente por ele amar tanto aquele time. Por mais que todo ano mudasse alguns jogadores e ele tivesse que fazer algumas adaptações, ela sabia que ele sempre daria um jeito.
— Estou feliz por você. Mas vamos combinar uma coisa? — Ele levantou uma sobrancelha, pronta para esperar alguma travessura da garota. — Sem hóquei nesse feriado.
— Você está falando com um treinador de hóquei para não tocarmos nesse assunto?
— Sim, tenho certeza que você vai conseguir fazer esse esforço. — Ela tomou mais um gole da bebida quente e mudou de canal.
— Pelo jeito eu não tenho escolhas.
❄
Quando null entrou em seu antigo quarto, as lembranças invadiram-na com tanta força, que pensou até mesmo que tinha voltado no tempo. Só tinha feito um ano que null se formou em comunicação pela Brown, e logo em seguida arrumou as malas e foi morar na grande metrópole, mais conhecida como Nova York. Ela não se arrependia de sua escolha, no entanto, voltar para Rhode Island sempre lhe traria muitas lembranças. Lembranças as quais ela ainda não estava pronta para lidar. Ou esquecer.
Encarou o quadro com fotos, feito por ela mesma, e se arrependeu quando seus olhos se prenderam numa única foto. null sorria para a câmera ao mesmo tempo que fazia uma careta, ao fundo a luz vermelha entregava o local onde ela estava. E a lembrava que a foto tinha sido tirada por uma pessoa que ela não queria lembrar. Quanta ironia.
Esse era um dos motivos que fazia a foto ainda estar presa ali no seu antigo quarto, em Rhode Island, e não no seu novo apartamento localizado no Brooklyn, há três horas de distância.
O som de Blinding Lights do The Weeknd estourava pelas caixas de som distribuídas pela casa assim que null null adentrou a enorme mansão. Determinada a chegar no único cômodo que, de fato, lhe interessava, ela tentava se desvencilhar no meio de todas aquelas pessoas bêbadas com o máximo de esforço e paciência que conseguia manter, mas algumas não possibilitavam que ela chegasse na cozinha. O único cômodo que realmente a interessava por um motivo apenas: álcool.
Após desviar de alguns babacas que tentavam uma mão boba, mesmo null nem olhando na cara deles, ela conseguiu chegar à cozinha. Se sentindo aliviada pelo som ter diminuído naquele espaço, mas um pouco apreensiva quando a única pessoa ali dentro era quem ela não queria encontrar. null null era o capitão do time de hóquei da Brown, e tudo que null queria era distância de jogadores. Qualquer um deles.
Como consolo, null se agarrou a uma garrafa de cerveja e saboreou o líquido amargo que desceu por sua garganta. Ainda que gostasse de festas, naquela noite ela só queria uma desculpa para encher a cara sozinha, e uma festa da faculdade era perfeita para isso. Se acomodou devidamente na bancada, o que fez sua saia jeans subir alguns centímetros e deixar, ainda mais, suas coxas de fora. Do outro lado do cômodo, null não conseguiu disfarçar o olhar, que subiu desde os coturnos pretos em seus pés, as pernas de fora e a blusa branca que null usava por baixo da jaqueta preta. Porém, assim que seus olhares se encontraram, null o encarava com uma sobrancelha arqueada, ou seja, null null tinha sido pego no flagra.
Os lábios grossos e marcados por um batom vermelho chamavam ainda mais a atenção de null, o que o fez se questionar como nunca tinha percebido aquela garota pelo campus. Ele sabia que sua fama não era das melhores, e também não se gabava por isso, apesar de aproveitar de seus privilégios como jogador de hóquei. Talvez, ele estivesse o tempo todo rodeado de maria-patins que realmente não importava quem era. De repente, um pânico começou a se espalhar por seu corpo, se questionando se aquela garota já tinha sido uma das maria-patins que desfrutou de seu corpo em algum momento e ele não lembrava agora. Mas ele lembraria dela, é óbvio que ele lembraria.
— Não dormi com você, se é isso que você está pensando. — Sem perceber, um alívio toma conta de null ao mesmo tempo que a voz rouca de null faz seu corpo estremecer.
— Eu sei. — null deu mais um gole em sua cerveja, e foi a vez de null o inspecionar. — Você já teria pulado no meu colo se isso tivesse acontecido.
— Nem se eu estivesse bêbada. — null tomou mais um gole de sua cerveja, mas sua animação — se é que podia falar que ela estava animada — desapareceu no segundo que seu celular vibrou no bolso da jaqueta. Era Mark, seu ex-namorado. Mas null nem abriu a mensagem, tudo que ela queria era esquecer esse bastardo.
— Quem era? — null, no outro lado da mesa, perguntou.
— O que? — null perguntou, confusa.
— Quem era? — Ele fez um gesto com a cabeça indicando o celular.
— Ninguém que seja da sua conta. — Então, o olhar de null brilhou. Ele contornou a enorme ilha e sentou ao lado de null na bancada do armário. A cozinha estava vazia àquela altura da noite e, bem, eles eram dois desconhecidos. Dois desconhecidos, mas que se sentiram atraídos no minuto em que seus olhares se cruzaram.
— Bom, o que te faz ficar escondida aqui então? — null entregou outra cerveja para null. É, até que ele conseguia ser gentil. Ela mordeu o lábio inferior, controlando para não dar com a língua nos dentes. — Se te consola, levei um pé na bunda.
— Bom, eu dei um pé na bunda. — Ela confessou. Era verdade, tinha chutado com toda a força a bunda de Mark e, por mais magoada que estivesse, sentia também um alívio por ter feito o que fez.
— Quer sair daqui? — null foi direto ao ponto, a festa não estava lhe agradando, isso ficou óbvio desde a hora em que chegou. Mas, então, null apareceu naquele cômodo e as coisas mudaram.
— Não vou dormir com você. — Apesar da resposta rápida, null não tinha tanta certeza sobre aquilo. null era muito atraente, agora conseguindo olhá-lo ainda mais perto, sua boca conseguia ser ainda mais atraente. Principalmente quando ele lambeu os lábios, abrindo-se em um sorriso logo após, e o som de sua risada foi a única coisa que ecoou pela cozinha.
— É isso que você responde toda vez que alguém te convida para sair? — Por alguns segundos, null se sentiu envergonhada. Mas ela sabia exatamente o tipo de cara que estava lidando. Atletas não costumam pensar com a cabeça de cima quando convidam uma garota para sair. Isso era óbvio. E, isso, ia contra a principal regra que null havia estabelecido para si mesma naquela noite.
— Não, mas quando são jogadores, é isso que eles costumam pensar. — Ela deu de ombros.
— Bom, então você está saindo com jogadores errados, princesa. — Foi um bom argumento, null não podia reclamar.
— Que seja, minha resposta é não. — E, de novo, seu celular vibrou. Mas null preferiu prestar atenção na música que tocava ao fundo.
Apesar da festa estar uma bosta, a playlist era ótima. Porra, estava tocando River Road do Zayn Malik.
— null. — Ela suspirou, em derrota. — Meu nome é null.
— Eu sei. — null sorriu. — null, filha do treinador.
— É. — Ela deu de ombros, largando a garrafa vazia ao seu lado. — Apesar da ótima playlist, essa festa tá um porre.
— Temos que concordar nisso. — null pegou dois copinhos pequenos, servindo-os de tequila. — Vamos lá, null, permita-se se divertir essa noite. Ela já está horrível de qualquer forma.
— Droga, você me faz querer quebrar minha única regra dessa noite. — Ela aceitou a bebida.
— E qual é? — null virou ao mesmo tempo que null.
— Serão necessários muitos shots pra você arrancar qualquer segredo de mim esta noite, null. — O sorriso no rosto de null, no entanto, se desmanchou quando metade do time de futebol americano da faculdade entrou fazendo o seu habitual barulho desagradável. — Seu convite de sair daqui ainda está de pé?
Os olhos de null brilharam no minuto seguinte, assim que puxou null para fora da casa. Mas ela não se sentiu intimidada quando eles entraram na pick-up de null, pelo contrário, a adrenalina começou a correr em seu corpo no momento que ele pisou no acelerador. Ela não costumava sair com estranhos, bem, a última coisa que o time de hóquei da Brown seria para ela era estranho. Quando o pai de null se tornou o treinador do time, ela acabou conhecendo mais jogadores de hóquei do que pôde contar, e isso era um privilégio que null sempre usaria a seu favor.
— Então, de qual deles você está fugindo? — Era óbvio que null ia perceber que null estava fugindo daquela festa. Ele não era burro.
— O quarterback. Péssimo gosto, eu sei. — Ela riu de si mesma.
— Tenho que concordar de novo. — Em seguida o ambiente foi preenchido pela música que saía do rádio, o aparelho estava conectado ao celular de null, mostrando o seu ótimo gosto musical.
— Para onde estamos indo?
— Para o meu lugar favorito.
null ainda não sabia, mas ela já havia quebrado a sua principal regra daquela noite. null null já estava totalmente envolvida com null null.
[...]
Quando null estacionou em frente à sua casa naquela noite, null achou que aquilo fosse algum tipo de brincadeira de mal gosto. Mas antes que ela pudesse contestar, null a puxou para os fundos da casa. Na frente, a casa já era bonita, quando eles entraram na parte dos fundos, null ficou ainda mais encantada. Tinha uma piscina naquela área. Entretanto, ao invés de entrarem na enorme casa a sua frente, null tirou uma chave do bolso e entrou na peça menor que havia nos fundos. Era possível perceber que o ambiente tinha sido adaptado, tornando- se um pequeno estúdio fotográfico.
— Eu não sabia que você gostava de tirar fotos. — null olhava as fotos reveladas em cima da mesa. — Foi você?
— Sim. — null encolheu os ombros, então, aquela postura confiante sumiu. — Tento fazer isso no pouco tempo livre que tenho.
— Isso pode ser considerado sua segunda coisa favorita? Digo, quando está fora do gelo.
— Sim, é minha coisa favorita quando estou fora do gelo.
Seja lá o que null sabia sobre null null, quem estava na sua frente era uma pessoa totalmente diferente das histórias que ela já tinha ouvido falar dele. Aquele null que acabara de conhecer naquela festa horrorosa era muito melhor.
— null, você é bom nisso. Muito bom.
— Quer ver a mágica acontecer? — null balançou a cabeça, animada.
Como esperado, eles entraram numa outra sala. A pequena casa tinha três cômodos, aparentemente, e eles deveriam ser o suficiente para cumprir com aquele objetivo. Assim que null fechou a porta, acendeu uma luz vermelha e algumas fotos estavam penduradas numa espécie de varal de fotos. null mostrou o passo a passo de como revelar uma foto, explicando todos os detalhes para não queimar o filme e como fazia para limpar a foto depois de pronta. null observava a variedade de fotos, algumas eram de jogos de hóquei e outras aleatórias de pessoas que ela nunca tinha visto. Mas todas tinham ganhado a atenção de null, e agora estavam escondidas naquela sala.
— null. — null conseguiu desviar o olhar das fotos com muito esforço, mas foi pega de surpresa quando viu null com uma câmera na mão.
— Oh, não! — Ela acabou sorrindo do mesmo jeito.
Enquanto null observava null revelar aquela foto, pôde perceber, também, que o jogador era quase trinta centímetros mais alto que ela. E apesar das mãos calejadas, ele conseguia ter toda uma delicadeza com aquele trabalho manual. Além de que null era bonito, muito bonito.
— Olha, ficou muito boa. — Ele chamou a atenção de null.
— É claro que ficou boa, eu estou nela. — Ela mostrou a língua em resposta. — Então, me diz uma coisa: você costuma trazer todas as garotas pra cá e deixar elas se encantarem com esse seu charme de fotógrafo, é?
— Não, você é a primeira pessoa que eu trago aqui.
— Mentira!
— Verdade, juro. Mas se você caiu no meu charme de fotógrafo, então talvez eu possa usar isso a meu favor futuramente.
— Eu não caí no seu charme. Por favor, você é um atleta e quero distância de vocês.
— Resposta errada, princesa. — null se aproximou de null, seu corpo largo quase a cobrindo por inteiro.
— Isso é o que veremos, null null. — Ela lhe deu um sorriso e logo depois revirou os olhos.
— Você vai ao jogo depois de amanhã? — ele perguntou baixinho.
— Não. — Ela o respondeu. — Não tenho costume.
— Você deveria ir. — Ele comentou baixo. — É um jogo importante para seu pai. E, bem… Para o time.
— É? — ela se interessou. — Então talvez eu vá.
— Legal. — Ele riu. — Só não conte a ele que eu lhe convenci, não quero apanhar do treinador.
— Meu pai não é assim, null. — Ela riu. — Ele me aceitaria se eu quisesse namorar um jogador.
— Então você está admitindo seu interesse em mim? — ele deu um sorrisinho vitorioso.
— Você é insuportável. Vamos voltar às fotos.
null aceitou o pedido de null e os dois passaram as próximas horas vendo as fotos que o jogador tirava em seu tempo livre. Era isso, null estava realmente impressionada. A maioria dos jogadores de hóquei eram galinhas sem cérebro e null, pelo menos, era apenas galinha.
❄
Era por isso que null null raramente voltava para sua cidade natal, ela não gostava da sensação que todas aquelas lembranças sempre traziam à tona. Era mais fácil quando ficava ocupada demais com o seu trabalho, quase não lembrava de null null.
null null. Droga.
Seu coração traiçoeiro pulava no peito toda vez que sua mente brilhava com esse nome. Os arrepios passavam pelo seu corpo, como se sentisse seus dedos calejados correndo por ele de novo. Mas null sabia que isso jamais aconteceria, ela não era tola de quebrar a mesma regra duas vezes. Ela também não era tola de pensar que existiria novamente um null null na sua vida. Pelo jeito que as notícias correm rápido — e trabalhando na área, não era como se null pudesse fugir delas — ela sabia que ele estava muito bem jogando na equipe de base do Bruins.
— Isso é passado. — Disse para si mesma, colocando a foto no lugar novamente. Pegou a mala pesada no canto do quarto, colocou em cima da cama e escolheu o pijama mais quentinho e confortável possível. Aquela estava sendo uma noite fria, mesmo que não dormisse com meias, ela não queria ficar com frio no restante do corpo.
— Pizza hoje à noite? — Seu pai parou no batente da porta.
— Por favor, estou faminta! — Ela sorriu, sabendo que seu pai não era dos melhores na cozinha, mas sabia se virar bem quando necessário. Mas também, sabia fugir da tarefa de cozinhar sempre que podia.
— Ok, vou fazer o pedido. — Ele saiu, deixando null sozinha no quarto de novo. Ela, então, aproveitou para arrumar as roupas dentro do armário. Apesar de achar o móvel um pouco velho, não era como se fizesse muita diferença, null quase não visitava seu pai durante o ano. Por fim, abriu o roupeiro avistando a única peça que continuava ali, parecia mesmo que seu pai nunca ousava entrar naquele recinto. Tudo continuava a mesma coisa, do mesmo jeito que tinha deixado desde a última visita. A camiseta que null usou no jogo que levou a Brown para o Frozen Four continuava pendurada. A ficha foi caindo aos poucos, aquelas duas semanas em Rhode Island seriam de lembranças. Duas semanas de lembranças que null não tinha controle algum. Que null não queria ter controle algum.
O dia do jogo havia, finalmente, chegado. Quando o time de Brown estava em época de jogos, toda a universidade parava. Tucker null havia conseguido o impossível desde que começou a treinar o time universitário.
— Pai, será que eu posso ir no ônibus do time com vocês hoje? — null apareceu no topo das escadas.
— Claro, Pumpkin. — Ele confirmou. — Mas por que você vai ao jogo hoje?
— Porque me disseram que é um jogo especial hoje… — ela comentou. — E pelo que a internet diz, esse é o jogo que os levará para o Frozen Four, pai. Você não me disse.
— Você estava tão ocupada com as coisas da faculdade que eu não quis atrapalhá-la.
— Você jamais me atrapalharia. — Ela o respondeu. — Agora tchau, vou me arrumar.
O jogo seria em Boston porque a Brown enfrentaria a Boston College naquele dia. null não queria se arrumar muito porque sabia que tinha que estar confortável para aquela ocasião. A menina decidiu colocar apenas uma calça jeans, um tênis e uma camisa velha de seu pai, do time de hóquei. A única que não tinha ficado gigante nela era a que dizia “Os Brown Bears arrasam” e aquilo era contraditório. Para quem fugia de jogadores de hóquei, ela estava totalmente equivocada. Estava prestes a ficar uma hora na presença deles sem ter para onde fugir.
— Pumpkin, vamos lá! O ônibus sai em quinze minutos. — Seu pai gritou do andar de baixo.
null correu para pegar seu celular e sua carteira com documentos, principalmente a carteirinha de estudante.
— Gostou do look? — ela deu uma risada e deu uma voltinha para seu pai vê-la.
— Gostei. — Ele sorriu. — Parece quando sua mãe me acompanhava nos jogos sem saber nada.
— Ei, mas eu entendo um pouco, ok? — ela riu. — Só mantenho distância.
— Tudo bem, pumpkin. Vamos lá.
O treinador rapidamente dirigiu até a arena de treino da faculdade e quase todos os jogadores estavam atrasados. Alguns rostos que null via pela faculdade estavam por lá, amontoados tentando achar um lugar. null foi a primeira a entrar no ônibus para garantir seu lugar no final.
A estudante de comunicação estava entretida com o joguinho em seu celular quando percebeu um grande corpo ao seu lado. E, por alguma maluquice de seu corpo, reconheceu aquele cheiro. null null.
— null null. — Ele sorriu.
— null null, que desprazer. — Ela soltou uma risadinha.
— Então você vai realmente para o jogo?
— Pelo meu pai, é claro. — Ela comentou. — Aproveitei e pedi uma carona.
— Pelo seu pai, é claro. Se assim fica mais fácil de enganar a si mesma.
— Você é muito cheio de si, já disse isso? — ela resmungou.
— Linda, eu só reconheço minha grandiosidade.
— Isso é papo de gente idiota.
— Que seja. — Ele riu. — Eu sou idiota então.
null rapidamente colocou seus fones de ouvido para não ouvir mais as asneiras que null null falava. No entanto, o ala direito do time universitário não se deu por satisfeito e pegou um dos lados para colocar no ouvido.
— Me mostre o que você gosta, e não vale Zayn Malik. — null bufou, irritada.
— Me mostre você, null. — Ela entregou o celular para ele.
— Eu gosto de Vance Joy. — Ele comentou baixinho. — Já ouviu falar?
— Nunca. — Ela falou. — Coloca uma aí.
O ala direito rapidamente digitou a música no navegador e colocou sua favorita do momento, ‘Mess Is Mine’. A música era calma e boa de se ouvir. null era uma pessoa muito agitada, então aqueles momentos de calmaria eram necessários.
— Aw, você é romântico, null. — null tirou sarro do jogador.
— Hold on, darling… This body is yours, this body is yours and mine. — Ele apontou para o seu corpo, arrancando risadas de null. — Hold on, my darling… This mess was yours, now your mess is mine.
— Pare com isso, garoto. — Ela resmungou e afundou no banco. — O time inteiro está olhando.
— Inclusive seu pai. — Ele riu.
— Ai, meu Deus. Que vergonha. — Ela cobriu seu rosto com o casaco dele que estava em cima do banco.
— Você já quer roubar meu casaco sem ao menos termos saído, null? — ele deu um sorrisinho lascivo.
— Você é um idiota e nem precisa dele. — ela resmungou e percebeu que o terno azul claro realçava seus olhos claros. Ele era bonito demais.
— Gostou, linda? — ele percebeu que ela o olhava. Melhor, o comia com seus olhos. — Posso dar uma voltinha pra você se quiser.
— Fique quieto e escolha outra música, senão vamos ouvir Zayn pelos próximos sessenta minutos. — Ela ameaçou.
null continuou colocando músicas do Vance Joy para que ela conhecesse mais do artista. E, de verdade, null gostou do estilo musical do artista. Mas não admitiria aquilo para null nem tão cedo. Quando o time se ajeitou nos bancos à frente dos dois e o treinador deu permissão ao motorista para saírem, null teve uma ideia.
— Eu estava pensando aqui… — ele começou.
— Que legal saber que seus neurônios fazem sinapse. — Ela riu. — Não sabia que você era capaz disso, null.
— Você é uma idiota. — Ele riu. — Mas voltando ao que eu dizia… O que acha de fazermos uma aposta?
— Pode ser. — ela deu de ombros. — Sobre o que você quer apostar?
— Se perdermos hoje, eu não te encho mais o saco. Nem mesmo na volta. — Ele disse. — Mas se nós formos ao Frozen Four, a gente vai ter um encontro romântico, daquele tipo que você parece odiar.
— Isso é injusto. — Ela reclamou. — Como eu vou torcer contra meu próprio pai?
— Você disse que queria apostar. — Ele deu de ombros. — No fundo, eu ainda vou dizer que você torceu hoje pra poder sair comigo.
— Nos seus sonhos, null. — Ela revirou os olhos.
— Então, estamos de acordo? — ele riu.
— Tudo bem. — Ela resmungou. — Mas se você vier com essa palhaçada de encontro romântico eu vou te bater. Um encontro normal.
— A aposta não foi essa e você já concordou. — Ele sorriu. — Vai ser um encontro romântico.
null se calou para não se prejudicar mais. Quanto maior a proximidade de null, menos seu cérebro parecia funcionar. O garoto continuou escolhendo as músicas até chegarem à arena de Boston College e ali, os dois, finalmente se separariam.
— Tchau, null. — Ele sorriu. — A gente se vê na volta.
— Só se vocês ganharem. — Ela ressaltou.
— Nós vamos. — Ele sorriu. — Ainda faço um gol para você.
— Brega. — Ela riu.
— Você adora, mesmo assim. — ele sorriu e lhe deu um beijinho na bochecha antes de ir se juntar ao time.
null sorriu internamente, mas então lembrou que era assim que ele levava as meninas para a cama.
— O que foi isso entre você e null? — seu pai fez uma careta. No entanto, seu tom estava curioso.
— Nada. — Ela riu. — Ele só está sendo o galinha que é, pai. Nada demais.
— Querida, acho que null jamais faria isso na frente do time. — Ele comentou baixinho.
— Como assim? — ela franziu a testa enquanto ele estendia a mão para que ela pulasse o último degrau do ônibus.
— Me diga uma garota que você viu com null null. — Ele perguntou.
— Várias, pai. — Ela comentou.
— Eu acho que ele está tentando ser seu amigo.
Entre minhas pernas, ela pensou.
— Você está viajando, senhor treinador. — Ela riu. — Vamos, nós temos um jogo para ganhar.
— Vai querer ficar na área da comissão? — ele perguntou. — Posso dar um jeito.
— Quero. — Ela sorriu. — Mas que jeito?
— Assim. — ele colocou um crachá nela que lhe dava a autorização para ficar lá. — Agora você é minha sub assistente.
— Tudo bem, gostei do cargo.
Quando todo time se instalou no vestiário, o treinador ordenou que se arrumassem para o aquecimento. Ao lado de seu pai, null observava ele conversar com toda equipe organizando melhor o time. Ela entendia o que seu pai falava e estava interessada naquilo.
— Por que não colocar o Will na direita da defesa? — ela perguntou. Os quatro homens que debatiam o assunto a encararam. — Que foi? Eu assisto aos jogos em casa.
— Por que você faria isso, pumpkin? — seu pai lhe perguntou.
— Hunter fica melhor na esquerda, a maioria das jogadas que ele interceptou vieram de lá. — Ela o respondeu. — E bem, o ala direito da Boston College é relapso. Will consegue ficar bem na direita. Ambos jogam bem nas posições certas.
Jeff, o braço direito de seu pai, a olhou estupefato.
— Onde você escondeu essa menina? — Jeff riu. — Ela sabe do assunto.
— Eu sou filha dele, né. — Ela apontou para seu pai.
— Tentaremos isso no primeiro período e no treino, então. — Seu pai disse.
Quando os quatro terminaram de organizar o time, com ajuda de null, dirigiram-se para o rinque. Era incrível ver que aquela era a coisa que eles mais levavam a sério na faculdade. null sabia que a maioria ali seria draftado, é claro que seriam. null, inclusive.
— Seguinte, teremos uma mudança de teste agora. — O treinador null disse. — Hunter e Will, vocês vão inverter seus lados. Quero Will na direita e Hunter na esquerda.
— O ala direito deles é bem fraco. — Jeff disse. — null sugeriu isso e tentaremos ver como isso ficará no primeiro período e agora.
null sentiu os olhos de todos nela, inclusive de null. Hunter e Will assentiram e os doze jogadores deslizaram rinque adentro. Seis de cada lado, o time reserva de um lado e o titular do outro. A estudante de comunicação torcia para sua ideia dar certo. Queria que seu pai levasse o Frozen Four para casa.
— Querida, ponha seus patins e vá lá. — Seu pai pediu.
— Lá onde? — ela perguntou.
— Vá e comande o jogo.
— Sério? — ela arregalou os olhos. — Você acha que eu consigo?
— Eu não a colocaria para acompanhar a partida se não confiasse no seu conhecimento.
— É pra já, treinador. — Ela sorriu. Jeff lhe entregou patins de seu tamanho e ela trocou os tênis por eles ali mesmo.
— O que é isso? — Jake, o central do time reserva, perguntou.
— Obedeçam a ela. Estarei lá em cima com Jeff assistindo.
null deu risada do posicionamento do treinador. É claro que sua filha era boa no hóquei, é claro que ele aprontaria uma dessas. null era um ar novo e Tucker gostava de experimentar aquilo.
— Vamos lá, garotos. — Ela sorriu e deu início ao jogo.
A diferença técnica do time reserva e do time titular era quase mínima. Aqueles garotos eram muito bem treinados. Seu pai realmente havia feito um ótimo trabalho.
— Hunter, vá devagar nos jogadores reserva. — null gritou. — Não queremos arriscar perder um deles para o jogo de hoje.
O defensor assentiu e voltou a fazer a troca de passes com os outros companheiros de time, enquanto tentava não deixar o lado esquerdo livre. O central do time reserva era muito bom em comandar uma troca de passes, conseguindo passar por quase todos os jogadores.
— null e Jake, prestem atenção no que estão fazendo. — Ela disse. — Se o puck está desse lado, vocês voltam e recuperam eles.
O time reserva estava em offside e null os avisou. Numa dessas jogadas, null conseguiu roubar o puck e deslizou rinque afora, procurando o ala esquerdo do time. Danny conseguiu desviar e marcou o gol.
— Boa troca de passes, meninos. Tentem mais rápido. — Ela disse calmamente.
null continuou sugerindo coisas aos jogadores e o treino de meia hora acabou. Agora era o momento de relaxamento pré-jogo e concentração para tal. Aparentemente o time da casa já havia treinado anteriormente, deixando null com mais cinco minutinhos no rinque.
— O que mais você é capaz de fazer, null? — null se debruçou na lateral.
— Como assim?
— Você entende muito de hóquei. — Ele disse.
— É claro. — Ela disse como se fosse óbvio. — Com quem você acha que eu aprendi?
— Estranho é você não fazer nada na área.
— Hóquei é a vida do meu pai, null. — Ela disse. — Mas não a minha.
— Então tudo bem. — Ele riu. — Vamos, treinadora null.
null estendeu a mão para null e, apesar de a menina estar relutante, ela aceitou. Ele não estava fazendo nada demais, certo? Errado. null estava determinado a conquistar aquela garota, custe o que custasse.
[...]
Depois de terem uma conversa motivacional, que null certamente achou interessante, os homens se reuniram para sair do vestiário. Era a hora de dar um show.
— null? — ela o chamou. null lhe encarou. — Bom jogo.
— Obrigado, null. — Ele agradeceu.
A estudante de comunicação se juntou à equipe técnica e observou a mágica acontecer. Como ela mesma havia dito, o ala direita da Boston College era fraco. Will o interceptou todas as vezes. Hunter teve mais trabalho pelo lado direito, mas ainda assim o time adversário não conseguiu marcar. O primeiro período terminou igual, sem gols para ambos lados. O goleiro deles estava tendo trabalho com null, Joe e Scott.
No segundo período, o time adversário teve algumas jogadas especiais e uma delas terminou com um gol para eles.
— Eles estavam em offside! — null gritou irritada. A equipe técnica tentou reclamar, mas o juiz nem lhes deu atenção
Em uma resposta rápida, o ala esquerdo, Joe, fez uma troca de passes com null e Joe e o central, Scott, conseguiu igualar a situação. Minutos depois, percebeu-se que o time da Brown estava com um gás diferente. Eles queriam jogar.
Hunter conseguiu roubar a bola do ala esquerdo do time adversário e passou para null, que passou para Joe, dando a oportunidade de o jogador fazer seu gol naquela noite.
Quando o terceiro período chegou, null estava mais desatento, null percebeu. Conseguiu perder o puck duas vezes, de maneiras bobas que, se Hunter e Will não estivessem lá para interceptar, seriam gols. Novamente, numa perda boba de puck, null deixou que a Boston College se igualasse a eles novamente. Por uma jogada dura de Hunter em cima do ala esquerdo deles, o time adversário ganhou um power play e o defensor esquerdo da Brown foi para caixa por dois minutos. Joe ficou no lugar do defensor o tempo em que ele esteve fora, aguentando firme. Assim que a penalidade acabou e Hunter voltou para o rinque, o treinador null estava certo que iriam para uma prorrogação, até que null conseguiu pegar o puck interceptado por Will e deslizou para o lado oposto do rinque, passando ele para o ala esquerdo que, assim que viu que null estava livre, jogou para ele, dando a oportunidade de null marcar o seu naquela noite.
Era isso. O time de Brown iria para o Frozen Four. O pai de null estava fazendo algo histórico naquela noite e, bem… Ela ia num encontro romântico com null null. Um jogador.
[...]
— Linda, não adianta você tentar me convencer do contrário. Vai ser um encontro romântico, sim! — null disse do outro lado da linha, fazendo o estômago de null revirar de tanto enjoo.
— Eca, que meloso. — Ela fez uma careta, mesmo sabendo que ele não estava vendo. — Não espere que eu esteja usando um vestido rosa, isso nunca vai acontecer. — null soltou uma gargalhada alta no outro lado da linha.
— Não, sei que você fica linda de qualquer jeito. — O rosto de null esquentou, ela agradeceu mentalmente por não estar na frente dele. — Aliás, já estou chegando.
— Te odeio, null.
— Você fala essas coisas em voz alta para tentar se convencer mais fácil? Você adora declarar seu ódio por mim, mas nunca tentou me afastar.
É, null era bom em observar as pessoas, null não podia negar.
— Não é porque perdi uma aposta que vou dar pra trás. Não é do meu feitio, você já deveria saber disso.
— Eu sei. Será que pode abrir a porta para mim ou preciso conversar com o seu pai antes?
— Estou descendo. — null desligou na cara dele, pegou a jaqueta em cima da cama e sua bolsa pendurada atrás da porta. — Tchau, pai. Estou saindo.
— Espera! — Tucker gritou, aparecendo na sala antes que a filha pudesse escapar.
— Ah, não! — null resmungou, esperando a enxurrada de perguntas de seu pai.
— Eu sei que disse que null estava tentando ser seu amigo, mas se ele tentar qualquer coisa, me ligue na mesma hora. — null disse firme.
— Pai, null não é maluco. Mas eu prometo te ligar. — Ela tranquilizou o mais velho.
— Ok, se cuidem. Não faça nada que eu não faria.
— Pai! — null saiu da casa, na esperança de não ouvir mais qualquer comentário do patriarca.
Como o esperado, null estava em pé no lado do passageiro, esperando null se aproximar. Ela não pôde deixar de observar sua roupa. null usava uma camiseta preta, um jeans claro e vans preto nos pés. Era tão diferente das duas vezes que ela havia se encontrado com ele, e mesmo assim continuava charmoso. Maldito.
— Boa noite, senhorita. — Por mais brega que fosse, null estava achando fofo aquele jeito do jogador. Mas nunca admitiria em voz alta, ela sabia que era uma tentativa de ele levá-la para a cama.
— Boa noite, null. — O seu jeito de durona ia por água abaixo quando encontrava com os olhos de null. Um misto de animação e excitação brilhavam nos olhos de ambos. null também estava ansiosa por aquele encontro.
— Espero que esteja pronta para o encontro mais romântico da sua vida. — Ele comentou, ao sentar no lugar do motorista.
— Você está prometendo demais, null. — Ela pegou o celular do jogador, selecionando uma das várias playlists aleatórias que ele tinha. Foi a vez de Let's fall in love for the night do Finneas tocar.
— Isso foi um direta? — null perguntou depois de um tempo em silêncio.
— O que? — Ela virou para ele, esperando uma resposta.
— Let's fall in love for the night and forget in the morning. Play me a song that you like you can bet I'll know every line… — Ele começou a cantar na melodia da música. — I'm a boy that your boy hoped that you would avoid don't waste your eyes on jealous guys, fuck that noise. I know better than to call you mine.
— Não. — Ela disse rápido. Foi apenas uma escolha aleatória, estava curiosa para saber o que mais null gostava. Entretanto, mesmo com a resposta negativa de null, não impediu que null abrisse um sorriso em direção a garota.
Um pouco mais de vinte minutos, ele estacionou em frente a um restaurante italiano, conhecido por servir as melhores massas. null olhou espantada para null, aquele restaurante era caríssimo. Tinha ido algumas vezes com seu pai, mas em todas saiu espantada com o preço, apesar de satisfeita.
— null, você tem certeza? É muito caro esse lugar, eu juro que não me importo de comer cachorro quente do tio da esquina. — A risada de null ecoou dentro do carro. null estava gostando demais de ouvir aquele som, principalmente quando ele vinha acompanhado de um sorriso de null.
— Linda, eu disse que seria um encontro romântica e ele será. — null saiu do carro, abrindo a porta novamente para null. Ela não protestou, seria totalmente inútil. Quando null saiu do carro, null percebeu que não tinha sido nada mal a escolha das sandálias de salto alto preta, mesmo que ainda estivesse usando uma calça jeans escura e um body perto nas costas, o blazer também ajudava a dar um toque mais chique.
— Se soubesse que iríamos vir aqui teria me arrumado mais. — Ela falou mais baixo, apenas para null escutar.
— Então eu teria infartado. — Ele respondeu, fazendo null apenas revirar os olhos. — Bom saber que eu consigo te deixar sem resposta.
— Você consegue me deixar irritada também.
— E você fica ainda mais gostosa. — null pousou a mão na coluna de null, após o maître indicar a mesa que ele havia feito a reserva, fazendo um arrepio passar por aquela região. null estava levando a sério mesmo o papel de cavalheiro da noite, após puxar a cadeira para null sentar e logo se acomodar no seu lugar. Ela não sabia lidar com tanta gentileza, principalmente, sabendo que nada daquilo era forçado. null estava ali por livre e espontânea vontade, sendo sincero e isso era algo que ela apreciava muito nas pessoas.
Quando o garçom se aproximou da mesa para anotar seus pedidos, null não se importou de null escolher o vinho, mas começou a ficar irritada quando ele nem ao menos deixou que ela servisse a própria taça.
— null, eu tenho duas mãos e posso usá-las. — Ela tomou um gole do vinho, tentando controlar seu nervosismo.
— Acredite em mim, é muito bom saber disso. — Ele piscou, também saboreando a sua bebida.
— Tudo bem, você venceu. — Ela respirou fundo. — E se… se começássemos de novo? Do início, como pessoas normais.
— Hum, isso é interessante. — Ele ergueu a sobrancelha. — Eu sou null null, 22 anos, curso Educação Física e sou capitão do time de hockey da Brown. Mas essa última parte você já sabe. — Ela ficou surpresa por nunca ter perguntado o curso dele.
— Espera, você cursa Educação Física? — Sua voz saiu um pouco fina, ela não esperava por aquilo.
— Isso mesmo, quero ser professor se o hockey não der certo. De preferência treinador de time infantil. — Então ele gostava de crianças? Uau, Collin tinha muitos segredos. — Sua vez, desembucha.
— Tão delicado quanto um coice de cavalo. — Ela sorriu, bebendo mais um pouco do vinho, enrolando de propósito. — null null, 21 anos, estudante de comunicação, quero seguir para a área de publicidade.
— Você esqueceu de dizer que é fangirl daquele cara, qual o nome dele mesmo? — Ele fez um gesto com a mão como se estivesse pensando. — Ah, Zayn Malik.
— Você é tão ridículo, null. — null riu, não estava brava com ele. — Você não disse que é fotógrafo nas horas vagas.
— Não, vou usar esse meu charme no momento certo. — Ele piscou, sabendo que tinha funcionado com null na primeira vez.
À medida que null e null compartilhavam suas histórias, eles queriam saber cada vez mais um do outro. null já tinha jogado para os ares a ideia de não se envolver com jogadores, null era alguém que valia a pena correr esse risco, e ela estava disposta. null sabia que podia levar uma surra do seu treinador se quebrasse o coração da filha dele, mas quebrar o coração de null era a última coisa que null faria.
— Não, mas como você não sabe andar de bicicleta? Isso é um absurdo. — null quase gritou no meio do restaurante, atraindo alguns olhares.
— Cala a boca, null. — O sorriso de null se desmanchou quando lembrou da época que seu pai ficou ocupado demais com hockey. — Meu pai focou no hockey quando minha mãe faleceu, então não era uma prioridade que eu aprendesse a andar de bicicleta, entende?
— Sinto muito, linda. — Ele apertou a mão dela por cima da mesa, passando uma tranquilidade que null nem sabia precisar no momento. — Nesse caso, sou obrigado a contar no dia que fiz xixi nas calças no palco de uma peça de teatro da escola.
— null null passando vergonha? Amei, pode contar.
null era um ótimo contador de histórias, na verdade, ele era engraçado contando histórias, e isso fazia com que as pessoas prestassem atenção nele e acreditassem no que ele estava falando, independente de ser verdade ou não. A essa altura, null não conseguia mais tirar os olhos daquele cara incrível que estava sentado na sua frente, da mesma forma que ele se encantava com ela quando deixava sua armadura de lado. null entendia porque de null resistir, jogadores de hockey não prestavam, ele mesmo já tinha se aproveitado do status de capitão do time. Mas ter feito um esforço para convencê-la a sair com ele e fazer aquele encontro dar certo, dava um gostinho especial.
null tinha perdido a noção de tempo, apenas percebeu que era tarde quando o maître trouxe a conta. Seus olhos se arregalaram quando ela viu o valor.
— Nós vamos dividir. — Ela foi mais rápida, entregando seu cartão junto.
— Não. — null devolveu o cartão a ela.
— Sim, null. — Ela o olhou séria.
— Não, null. — Ele impediu que ela pegasse o cartão novamente. Enquanto isso, o garçom olhava de um para outro, esperando uma resposta definitiva.
— Eu já falei que sim, aceitei o jantar romântico, mas não que você pagasse a conta sozinho.
— Você aceitou o jantar, isso significa que eu pago.
— Estamos no século vinte e um, não seja machista.
— Por favor, null. Eu pago, ponto. Está decidido. — Ele pegou o cartão dela e escondeu no bolso da sua calça. Antes que ela pudesse tirar algumas notas ou outro cartão da bolsa, null já tinha feito um sinal para que o garçom se afastasse.
— null, você viu direito o valor dessa conta? — Ela apoiou os cotovelos na mesa, apoiando sua cabeça entre as mãos. — Isso é um prejuízo desnecessário.
— Isso não é prejuízo, linda. — Ela bufou, desistindo de manter qualquer briga com null. Já tinha dado para perceber que poucas coisas tiravam aquele cara do sério.
— Eu desisto.
— Do que? — Ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
— De tentar te entender, e entender tudo isso.
— É simples: nos conhecemos naquela festa horrorosa, começamos a conversar e eu gostei de você pra caramba. Eu gosto de você, null. Mesmo se eu tivesse perdido a aposta, ainda te convidaria para um encontro. — null engoliu todo seu orgulho, demonstrando seus sentimentos para null. Na verdade, ele não tentou escondê-los em nenhum momento naquela noite. — E eu quero muito te beijar agora.
— Eu quebrei minha única regra naquela noite que era não me envolver com nenhum jogador. Então, o que está esperando para me beijar agora?
null null puxou null para perto de si, envolvendo seus lábios num beijo calmo e envolvente, como ele imaginou que seria.
A campainha tocou pela segunda vez, chamando a atenção de null. Ela nem tinha percebido que estava perdida, de novo, em seus pensamentos. Seu peito apertava cada vez que null voltava a sua mente, mas se recusava a perguntar sobre ele para o seu pai. Ela sabia muito bem que eles mantinham contato, mas saber que ele tinha seguido em frente doía demais. Sim, ela sabia que estava sendo egoísta a esse ponto.
— Pai? — Chamou pelo homem, mas não obteve resposta. A casa estava silenciosa, null não se lembrava de ter ouvido o pai avisando que iria sair. Talvez ele tivesse feito e ela não percebeu. Pegou sua carteira na bolsa e desceu as escadas rapidamente. Após o banho, vestiu uma calça de moletom e a maldita camisa com os dizeres “Os Brown Bears arrasam”. Sua barriga roncou quando chegou à porta e torceu para ser o entregador de pizza, colocou um casaco por cima ao lembrar do frio que fazia lá fora.
Quando abriu a porta, null tinha duas alternativas: Ou estava delirando ou null null tinha virado entregador de pizza.
— null? — Ela engoliu em seco, tão assustada quanto ele.
— null? — Seus olhos viajam entre seu rosto e a camiseta que ela usava.
— O que está fazendo aqui? — A pergunta saiu mais rápido do que imaginava. — Meu pai não está em casa se veio falar com ele.
— Eu sei que ele não está. — Ele respondeu, passando as duas caixas de pizza para a mulher. — Encontrei com ele na pizzaria, mas achei que a namorada dele estaria aqui. Só estou fazendo um favor, mas acho que seu pai tentou fazer uma pegadinha.
— Meu pai não tem namorada. — null enrugou a testa.
— Bom, então, esquece. — Como null não fez menção de pegar as caixas de pizza, null entrou na casa mesmo sem pedir licença e as deixou em cima da mesa da cozinha. — Boa noite, null.
A mágoa estampada na voz de null fez o coração de null dar algumas piruetas. Já fazia um ano que eles não se viam, e ele continuava a mesma coisa. O mesmo null que ela conheceu, exceto pela falta de carinho em sua voz.
— null? — null o chamou, ainda parada na porta, null virou com as mãos no bolso da jaqueta. Sua boca abriu algumas vezes, mas parecia que suas cordas vocais tinham sido retiradas.
— Você tem alguma coisa pra me dizer, null?
— Senti sua falta. — Ela confessou, baixo, mas o suficiente para chegar até null.
— Eu também, mas acho que isso não é o suficiente para nós.
— Acho que é o suficiente quando, mesmo depois de um ano, você é a única pessoa que não sai da minha cabeça.
— Você escolheu não tentar, null. Eu não posso fazer mais nada. Espero que esteja feliz com sua escolha.
— E se, agora, eu quisesse ficar? Ainda seria tarde demais?
null ficou sem resposta, nunca seria tarde demais para null null, ambos sabiam disso. Mas ele não sabia se era justo consigo mesmo tentar outra vez.
— E se, mais tarde, você perceber que cometeu um grande erro e decidir ir embora de novo? null não sabia se aguentaria ver null ir embora de novo.
— Mas que merda, null! — Ela esbravejou, irritada. — Meu erro foi ter ido para outro estado e desistido de nós. Você tinha razão naquela noite, eu não estava falando toda a verdade.
Algumas lágrimas escorreram pelo rosto de null, mas ela estava mais magoada consigo mesmo do que com a teimosia de null em tentar magoá-la com as palavras.
— Eu estava deixando de fora a melhor parte da minha vida, a pessoa que eu mais amei e me entreguei no último ano. Mas não falar em voz alta, dessa vez, foi mais fácil para eu me enganar.
— null…
— Me deixe terminar, por favor. — Ela fungou, limpando o rosto com a manga do casaco. — Voltar para Rhode Island é muito difícil, quando tudo aqui me lembra de nós. Quando tudo traz à tona as melhores lembranças. Droga, null, eu te amo. É por isso que não posso cometer o mesmo erro, é por isso que não quero mais inventar regras e quebrá-las. É por isso que você não sai da minha cabeça.
— null, você sempre terá espaço na minha vida. — Ele disse, tentando controlar os batimentos cardíacos. — Caralho, eu te amo tanto que dói. Você não sai da minha cabeça, null null, e não quero que saia nunca.
Dessa vez, null envolveu os lábios de null num beijo envolvente, cheio de saudade, desejo e amor.
— Vamos fazer dar certo. — Ela interrompeu o beijo.
— Vamos fazer isso juntos. — Ele voltou a beijá-la.
— Pai, cheguei! — Ela gritou, esfregando as mãos umas nas outras.
— Pumpkin! — Ele gritou no andar de cima, para onde null correu para encontrá-lo. — Que saudade. — Tucker a abraçou, girando a garota a alguns centímetros do chão.
— Também senti sua falta. — Ela sorriu, animada por estar em casa novamente.
— Então, finalmente, um tempo de folga? — Eles desceram, dirigindo-se para a cozinha, onde Tuck serviu duas canecas com chocolate quente.
— Sim! Eu amo o recesso de fim de ano, mas temos um jogo no dia seguinte ao ano novo. — Ele comentou, tentando disfarçar sua animação. Entretanto, null sabia que nada mais no mundo deixava seu pai tão animado quanto a temporada de jogos.
— Você está animado, não é? — Ela cutucou o mais velho, assim que os dois sentaram na sala de estar. null esticou os pés em cima da mesa de centro e, quando ligou a televisão, ela só podia estar sintonizada na ESPN. Apesar do ótimo plano de tv a cabo, raramente Tucker assistia a outro canal.
— Estou, o time está indo muito bem nessa temporada. — null olhou orgulhosa para o pai, principalmente por ele amar tanto aquele time. Por mais que todo ano mudasse alguns jogadores e ele tivesse que fazer algumas adaptações, ela sabia que ele sempre daria um jeito.
— Estou feliz por você. Mas vamos combinar uma coisa? — Ele levantou uma sobrancelha, pronta para esperar alguma travessura da garota. — Sem hóquei nesse feriado.
— Você está falando com um treinador de hóquei para não tocarmos nesse assunto?
— Sim, tenho certeza que você vai conseguir fazer esse esforço. — Ela tomou mais um gole da bebida quente e mudou de canal.
— Pelo jeito eu não tenho escolhas.
Quando null entrou em seu antigo quarto, as lembranças invadiram-na com tanta força, que pensou até mesmo que tinha voltado no tempo. Só tinha feito um ano que null se formou em comunicação pela Brown, e logo em seguida arrumou as malas e foi morar na grande metrópole, mais conhecida como Nova York. Ela não se arrependia de sua escolha, no entanto, voltar para Rhode Island sempre lhe traria muitas lembranças. Lembranças as quais ela ainda não estava pronta para lidar. Ou esquecer.
Encarou o quadro com fotos, feito por ela mesma, e se arrependeu quando seus olhos se prenderam numa única foto. null sorria para a câmera ao mesmo tempo que fazia uma careta, ao fundo a luz vermelha entregava o local onde ela estava. E a lembrava que a foto tinha sido tirada por uma pessoa que ela não queria lembrar. Quanta ironia.
Esse era um dos motivos que fazia a foto ainda estar presa ali no seu antigo quarto, em Rhode Island, e não no seu novo apartamento localizado no Brooklyn, há três horas de distância.
O som de Blinding Lights do The Weeknd estourava pelas caixas de som distribuídas pela casa assim que null null adentrou a enorme mansão. Determinada a chegar no único cômodo que, de fato, lhe interessava, ela tentava se desvencilhar no meio de todas aquelas pessoas bêbadas com o máximo de esforço e paciência que conseguia manter, mas algumas não possibilitavam que ela chegasse na cozinha. O único cômodo que realmente a interessava por um motivo apenas: álcool.
Após desviar de alguns babacas que tentavam uma mão boba, mesmo null nem olhando na cara deles, ela conseguiu chegar à cozinha. Se sentindo aliviada pelo som ter diminuído naquele espaço, mas um pouco apreensiva quando a única pessoa ali dentro era quem ela não queria encontrar. null null era o capitão do time de hóquei da Brown, e tudo que null queria era distância de jogadores. Qualquer um deles.
Como consolo, null se agarrou a uma garrafa de cerveja e saboreou o líquido amargo que desceu por sua garganta. Ainda que gostasse de festas, naquela noite ela só queria uma desculpa para encher a cara sozinha, e uma festa da faculdade era perfeita para isso. Se acomodou devidamente na bancada, o que fez sua saia jeans subir alguns centímetros e deixar, ainda mais, suas coxas de fora. Do outro lado do cômodo, null não conseguiu disfarçar o olhar, que subiu desde os coturnos pretos em seus pés, as pernas de fora e a blusa branca que null usava por baixo da jaqueta preta. Porém, assim que seus olhares se encontraram, null o encarava com uma sobrancelha arqueada, ou seja, null null tinha sido pego no flagra.
Os lábios grossos e marcados por um batom vermelho chamavam ainda mais a atenção de null, o que o fez se questionar como nunca tinha percebido aquela garota pelo campus. Ele sabia que sua fama não era das melhores, e também não se gabava por isso, apesar de aproveitar de seus privilégios como jogador de hóquei. Talvez, ele estivesse o tempo todo rodeado de maria-patins que realmente não importava quem era. De repente, um pânico começou a se espalhar por seu corpo, se questionando se aquela garota já tinha sido uma das maria-patins que desfrutou de seu corpo em algum momento e ele não lembrava agora. Mas ele lembraria dela, é óbvio que ele lembraria.
— Não dormi com você, se é isso que você está pensando. — Sem perceber, um alívio toma conta de null ao mesmo tempo que a voz rouca de null faz seu corpo estremecer.
— Eu sei. — null deu mais um gole em sua cerveja, e foi a vez de null o inspecionar. — Você já teria pulado no meu colo se isso tivesse acontecido.
— Nem se eu estivesse bêbada. — null tomou mais um gole de sua cerveja, mas sua animação — se é que podia falar que ela estava animada — desapareceu no segundo que seu celular vibrou no bolso da jaqueta. Era Mark, seu ex-namorado. Mas null nem abriu a mensagem, tudo que ela queria era esquecer esse bastardo.
— Quem era? — null, no outro lado da mesa, perguntou.
— O que? — null perguntou, confusa.
— Quem era? — Ele fez um gesto com a cabeça indicando o celular.
— Ninguém que seja da sua conta. — Então, o olhar de null brilhou. Ele contornou a enorme ilha e sentou ao lado de null na bancada do armário. A cozinha estava vazia àquela altura da noite e, bem, eles eram dois desconhecidos. Dois desconhecidos, mas que se sentiram atraídos no minuto em que seus olhares se cruzaram.
— Bom, o que te faz ficar escondida aqui então? — null entregou outra cerveja para null. É, até que ele conseguia ser gentil. Ela mordeu o lábio inferior, controlando para não dar com a língua nos dentes. — Se te consola, levei um pé na bunda.
— Bom, eu dei um pé na bunda. — Ela confessou. Era verdade, tinha chutado com toda a força a bunda de Mark e, por mais magoada que estivesse, sentia também um alívio por ter feito o que fez.
— Quer sair daqui? — null foi direto ao ponto, a festa não estava lhe agradando, isso ficou óbvio desde a hora em que chegou. Mas, então, null apareceu naquele cômodo e as coisas mudaram.
— Não vou dormir com você. — Apesar da resposta rápida, null não tinha tanta certeza sobre aquilo. null era muito atraente, agora conseguindo olhá-lo ainda mais perto, sua boca conseguia ser ainda mais atraente. Principalmente quando ele lambeu os lábios, abrindo-se em um sorriso logo após, e o som de sua risada foi a única coisa que ecoou pela cozinha.
— É isso que você responde toda vez que alguém te convida para sair? — Por alguns segundos, null se sentiu envergonhada. Mas ela sabia exatamente o tipo de cara que estava lidando. Atletas não costumam pensar com a cabeça de cima quando convidam uma garota para sair. Isso era óbvio. E, isso, ia contra a principal regra que null havia estabelecido para si mesma naquela noite.
— Não, mas quando são jogadores, é isso que eles costumam pensar. — Ela deu de ombros.
— Bom, então você está saindo com jogadores errados, princesa. — Foi um bom argumento, null não podia reclamar.
— Que seja, minha resposta é não. — E, de novo, seu celular vibrou. Mas null preferiu prestar atenção na música que tocava ao fundo.
Apesar da festa estar uma bosta, a playlist era ótima. Porra, estava tocando River Road do Zayn Malik.
— null. — Ela suspirou, em derrota. — Meu nome é null.
— Eu sei. — null sorriu. — null, filha do treinador.
— É. — Ela deu de ombros, largando a garrafa vazia ao seu lado. — Apesar da ótima playlist, essa festa tá um porre.
— Temos que concordar nisso. — null pegou dois copinhos pequenos, servindo-os de tequila. — Vamos lá, null, permita-se se divertir essa noite. Ela já está horrível de qualquer forma.
— Droga, você me faz querer quebrar minha única regra dessa noite. — Ela aceitou a bebida.
— E qual é? — null virou ao mesmo tempo que null.
— Serão necessários muitos shots pra você arrancar qualquer segredo de mim esta noite, null. — O sorriso no rosto de null, no entanto, se desmanchou quando metade do time de futebol americano da faculdade entrou fazendo o seu habitual barulho desagradável. — Seu convite de sair daqui ainda está de pé?
Os olhos de null brilharam no minuto seguinte, assim que puxou null para fora da casa. Mas ela não se sentiu intimidada quando eles entraram na pick-up de null, pelo contrário, a adrenalina começou a correr em seu corpo no momento que ele pisou no acelerador. Ela não costumava sair com estranhos, bem, a última coisa que o time de hóquei da Brown seria para ela era estranho. Quando o pai de null se tornou o treinador do time, ela acabou conhecendo mais jogadores de hóquei do que pôde contar, e isso era um privilégio que null sempre usaria a seu favor.
— Então, de qual deles você está fugindo? — Era óbvio que null ia perceber que null estava fugindo daquela festa. Ele não era burro.
— O quarterback. Péssimo gosto, eu sei. — Ela riu de si mesma.
— Tenho que concordar de novo. — Em seguida o ambiente foi preenchido pela música que saía do rádio, o aparelho estava conectado ao celular de null, mostrando o seu ótimo gosto musical.
— Para onde estamos indo?
— Para o meu lugar favorito.
null ainda não sabia, mas ela já havia quebrado a sua principal regra daquela noite. null null já estava totalmente envolvida com null null.
[...]
Quando null estacionou em frente à sua casa naquela noite, null achou que aquilo fosse algum tipo de brincadeira de mal gosto. Mas antes que ela pudesse contestar, null a puxou para os fundos da casa. Na frente, a casa já era bonita, quando eles entraram na parte dos fundos, null ficou ainda mais encantada. Tinha uma piscina naquela área. Entretanto, ao invés de entrarem na enorme casa a sua frente, null tirou uma chave do bolso e entrou na peça menor que havia nos fundos. Era possível perceber que o ambiente tinha sido adaptado, tornando- se um pequeno estúdio fotográfico.
— Eu não sabia que você gostava de tirar fotos. — null olhava as fotos reveladas em cima da mesa. — Foi você?
— Sim. — null encolheu os ombros, então, aquela postura confiante sumiu. — Tento fazer isso no pouco tempo livre que tenho.
— Isso pode ser considerado sua segunda coisa favorita? Digo, quando está fora do gelo.
— Sim, é minha coisa favorita quando estou fora do gelo.
Seja lá o que null sabia sobre null null, quem estava na sua frente era uma pessoa totalmente diferente das histórias que ela já tinha ouvido falar dele. Aquele null que acabara de conhecer naquela festa horrorosa era muito melhor.
— null, você é bom nisso. Muito bom.
— Quer ver a mágica acontecer? — null balançou a cabeça, animada.
Como esperado, eles entraram numa outra sala. A pequena casa tinha três cômodos, aparentemente, e eles deveriam ser o suficiente para cumprir com aquele objetivo. Assim que null fechou a porta, acendeu uma luz vermelha e algumas fotos estavam penduradas numa espécie de varal de fotos. null mostrou o passo a passo de como revelar uma foto, explicando todos os detalhes para não queimar o filme e como fazia para limpar a foto depois de pronta. null observava a variedade de fotos, algumas eram de jogos de hóquei e outras aleatórias de pessoas que ela nunca tinha visto. Mas todas tinham ganhado a atenção de null, e agora estavam escondidas naquela sala.
— null. — null conseguiu desviar o olhar das fotos com muito esforço, mas foi pega de surpresa quando viu null com uma câmera na mão.
— Oh, não! — Ela acabou sorrindo do mesmo jeito.
Enquanto null observava null revelar aquela foto, pôde perceber, também, que o jogador era quase trinta centímetros mais alto que ela. E apesar das mãos calejadas, ele conseguia ter toda uma delicadeza com aquele trabalho manual. Além de que null era bonito, muito bonito.
— Olha, ficou muito boa. — Ele chamou a atenção de null.
— É claro que ficou boa, eu estou nela. — Ela mostrou a língua em resposta. — Então, me diz uma coisa: você costuma trazer todas as garotas pra cá e deixar elas se encantarem com esse seu charme de fotógrafo, é?
— Não, você é a primeira pessoa que eu trago aqui.
— Mentira!
— Verdade, juro. Mas se você caiu no meu charme de fotógrafo, então talvez eu possa usar isso a meu favor futuramente.
— Eu não caí no seu charme. Por favor, você é um atleta e quero distância de vocês.
— Resposta errada, princesa. — null se aproximou de null, seu corpo largo quase a cobrindo por inteiro.
— Isso é o que veremos, null null. — Ela lhe deu um sorriso e logo depois revirou os olhos.
— Você vai ao jogo depois de amanhã? — ele perguntou baixinho.
— Não. — Ela o respondeu. — Não tenho costume.
— Você deveria ir. — Ele comentou baixo. — É um jogo importante para seu pai. E, bem… Para o time.
— É? — ela se interessou. — Então talvez eu vá.
— Legal. — Ele riu. — Só não conte a ele que eu lhe convenci, não quero apanhar do treinador.
— Meu pai não é assim, null. — Ela riu. — Ele me aceitaria se eu quisesse namorar um jogador.
— Então você está admitindo seu interesse em mim? — ele deu um sorrisinho vitorioso.
— Você é insuportável. Vamos voltar às fotos.
null aceitou o pedido de null e os dois passaram as próximas horas vendo as fotos que o jogador tirava em seu tempo livre. Era isso, null estava realmente impressionada. A maioria dos jogadores de hóquei eram galinhas sem cérebro e null, pelo menos, era apenas galinha.
Era por isso que null null raramente voltava para sua cidade natal, ela não gostava da sensação que todas aquelas lembranças sempre traziam à tona. Era mais fácil quando ficava ocupada demais com o seu trabalho, quase não lembrava de null null.
null null. Droga.
Seu coração traiçoeiro pulava no peito toda vez que sua mente brilhava com esse nome. Os arrepios passavam pelo seu corpo, como se sentisse seus dedos calejados correndo por ele de novo. Mas null sabia que isso jamais aconteceria, ela não era tola de quebrar a mesma regra duas vezes. Ela também não era tola de pensar que existiria novamente um null null na sua vida. Pelo jeito que as notícias correm rápido — e trabalhando na área, não era como se null pudesse fugir delas — ela sabia que ele estava muito bem jogando na equipe de base do Bruins.
— Isso é passado. — Disse para si mesma, colocando a foto no lugar novamente. Pegou a mala pesada no canto do quarto, colocou em cima da cama e escolheu o pijama mais quentinho e confortável possível. Aquela estava sendo uma noite fria, mesmo que não dormisse com meias, ela não queria ficar com frio no restante do corpo.
— Pizza hoje à noite? — Seu pai parou no batente da porta.
— Por favor, estou faminta! — Ela sorriu, sabendo que seu pai não era dos melhores na cozinha, mas sabia se virar bem quando necessário. Mas também, sabia fugir da tarefa de cozinhar sempre que podia.
— Ok, vou fazer o pedido. — Ele saiu, deixando null sozinha no quarto de novo. Ela, então, aproveitou para arrumar as roupas dentro do armário. Apesar de achar o móvel um pouco velho, não era como se fizesse muita diferença, null quase não visitava seu pai durante o ano. Por fim, abriu o roupeiro avistando a única peça que continuava ali, parecia mesmo que seu pai nunca ousava entrar naquele recinto. Tudo continuava a mesma coisa, do mesmo jeito que tinha deixado desde a última visita. A camiseta que null usou no jogo que levou a Brown para o Frozen Four continuava pendurada. A ficha foi caindo aos poucos, aquelas duas semanas em Rhode Island seriam de lembranças. Duas semanas de lembranças que null não tinha controle algum. Que null não queria ter controle algum.
O dia do jogo havia, finalmente, chegado. Quando o time de Brown estava em época de jogos, toda a universidade parava. Tucker null havia conseguido o impossível desde que começou a treinar o time universitário.
— Pai, será que eu posso ir no ônibus do time com vocês hoje? — null apareceu no topo das escadas.
— Claro, Pumpkin. — Ele confirmou. — Mas por que você vai ao jogo hoje?
— Porque me disseram que é um jogo especial hoje… — ela comentou. — E pelo que a internet diz, esse é o jogo que os levará para o Frozen Four, pai. Você não me disse.
— Você estava tão ocupada com as coisas da faculdade que eu não quis atrapalhá-la.
— Você jamais me atrapalharia. — Ela o respondeu. — Agora tchau, vou me arrumar.
O jogo seria em Boston porque a Brown enfrentaria a Boston College naquele dia. null não queria se arrumar muito porque sabia que tinha que estar confortável para aquela ocasião. A menina decidiu colocar apenas uma calça jeans, um tênis e uma camisa velha de seu pai, do time de hóquei. A única que não tinha ficado gigante nela era a que dizia “Os Brown Bears arrasam” e aquilo era contraditório. Para quem fugia de jogadores de hóquei, ela estava totalmente equivocada. Estava prestes a ficar uma hora na presença deles sem ter para onde fugir.
— Pumpkin, vamos lá! O ônibus sai em quinze minutos. — Seu pai gritou do andar de baixo.
null correu para pegar seu celular e sua carteira com documentos, principalmente a carteirinha de estudante.
— Gostou do look? — ela deu uma risada e deu uma voltinha para seu pai vê-la.
— Gostei. — Ele sorriu. — Parece quando sua mãe me acompanhava nos jogos sem saber nada.
— Ei, mas eu entendo um pouco, ok? — ela riu. — Só mantenho distância.
— Tudo bem, pumpkin. Vamos lá.
O treinador rapidamente dirigiu até a arena de treino da faculdade e quase todos os jogadores estavam atrasados. Alguns rostos que null via pela faculdade estavam por lá, amontoados tentando achar um lugar. null foi a primeira a entrar no ônibus para garantir seu lugar no final.
A estudante de comunicação estava entretida com o joguinho em seu celular quando percebeu um grande corpo ao seu lado. E, por alguma maluquice de seu corpo, reconheceu aquele cheiro. null null.
— null null. — Ele sorriu.
— null null, que desprazer. — Ela soltou uma risadinha.
— Então você vai realmente para o jogo?
— Pelo meu pai, é claro. — Ela comentou. — Aproveitei e pedi uma carona.
— Pelo seu pai, é claro. Se assim fica mais fácil de enganar a si mesma.
— Você é muito cheio de si, já disse isso? — ela resmungou.
— Linda, eu só reconheço minha grandiosidade.
— Isso é papo de gente idiota.
— Que seja. — Ele riu. — Eu sou idiota então.
null rapidamente colocou seus fones de ouvido para não ouvir mais as asneiras que null null falava. No entanto, o ala direito do time universitário não se deu por satisfeito e pegou um dos lados para colocar no ouvido.
— Me mostre o que você gosta, e não vale Zayn Malik. — null bufou, irritada.
— Me mostre você, null. — Ela entregou o celular para ele.
— Eu gosto de Vance Joy. — Ele comentou baixinho. — Já ouviu falar?
— Nunca. — Ela falou. — Coloca uma aí.
O ala direito rapidamente digitou a música no navegador e colocou sua favorita do momento, ‘Mess Is Mine’. A música era calma e boa de se ouvir. null era uma pessoa muito agitada, então aqueles momentos de calmaria eram necessários.
— Aw, você é romântico, null. — null tirou sarro do jogador.
— Hold on, darling… This body is yours, this body is yours and mine. — Ele apontou para o seu corpo, arrancando risadas de null. — Hold on, my darling… This mess was yours, now your mess is mine.
— Pare com isso, garoto. — Ela resmungou e afundou no banco. — O time inteiro está olhando.
— Inclusive seu pai. — Ele riu.
— Ai, meu Deus. Que vergonha. — Ela cobriu seu rosto com o casaco dele que estava em cima do banco.
— Você já quer roubar meu casaco sem ao menos termos saído, null? — ele deu um sorrisinho lascivo.
— Você é um idiota e nem precisa dele. — ela resmungou e percebeu que o terno azul claro realçava seus olhos claros. Ele era bonito demais.
— Gostou, linda? — ele percebeu que ela o olhava. Melhor, o comia com seus olhos. — Posso dar uma voltinha pra você se quiser.
— Fique quieto e escolha outra música, senão vamos ouvir Zayn pelos próximos sessenta minutos. — Ela ameaçou.
null continuou colocando músicas do Vance Joy para que ela conhecesse mais do artista. E, de verdade, null gostou do estilo musical do artista. Mas não admitiria aquilo para null nem tão cedo. Quando o time se ajeitou nos bancos à frente dos dois e o treinador deu permissão ao motorista para saírem, null teve uma ideia.
— Eu estava pensando aqui… — ele começou.
— Que legal saber que seus neurônios fazem sinapse. — Ela riu. — Não sabia que você era capaz disso, null.
— Você é uma idiota. — Ele riu. — Mas voltando ao que eu dizia… O que acha de fazermos uma aposta?
— Pode ser. — ela deu de ombros. — Sobre o que você quer apostar?
— Se perdermos hoje, eu não te encho mais o saco. Nem mesmo na volta. — Ele disse. — Mas se nós formos ao Frozen Four, a gente vai ter um encontro romântico, daquele tipo que você parece odiar.
— Isso é injusto. — Ela reclamou. — Como eu vou torcer contra meu próprio pai?
— Você disse que queria apostar. — Ele deu de ombros. — No fundo, eu ainda vou dizer que você torceu hoje pra poder sair comigo.
— Nos seus sonhos, null. — Ela revirou os olhos.
— Então, estamos de acordo? — ele riu.
— Tudo bem. — Ela resmungou. — Mas se você vier com essa palhaçada de encontro romântico eu vou te bater. Um encontro normal.
— A aposta não foi essa e você já concordou. — Ele sorriu. — Vai ser um encontro romântico.
null se calou para não se prejudicar mais. Quanto maior a proximidade de null, menos seu cérebro parecia funcionar. O garoto continuou escolhendo as músicas até chegarem à arena de Boston College e ali, os dois, finalmente se separariam.
— Tchau, null. — Ele sorriu. — A gente se vê na volta.
— Só se vocês ganharem. — Ela ressaltou.
— Nós vamos. — Ele sorriu. — Ainda faço um gol para você.
— Brega. — Ela riu.
— Você adora, mesmo assim. — ele sorriu e lhe deu um beijinho na bochecha antes de ir se juntar ao time.
null sorriu internamente, mas então lembrou que era assim que ele levava as meninas para a cama.
— O que foi isso entre você e null? — seu pai fez uma careta. No entanto, seu tom estava curioso.
— Nada. — Ela riu. — Ele só está sendo o galinha que é, pai. Nada demais.
— Querida, acho que null jamais faria isso na frente do time. — Ele comentou baixinho.
— Como assim? — ela franziu a testa enquanto ele estendia a mão para que ela pulasse o último degrau do ônibus.
— Me diga uma garota que você viu com null null. — Ele perguntou.
— Várias, pai. — Ela comentou.
— Eu acho que ele está tentando ser seu amigo.
Entre minhas pernas, ela pensou.
— Você está viajando, senhor treinador. — Ela riu. — Vamos, nós temos um jogo para ganhar.
— Vai querer ficar na área da comissão? — ele perguntou. — Posso dar um jeito.
— Quero. — Ela sorriu. — Mas que jeito?
— Assim. — ele colocou um crachá nela que lhe dava a autorização para ficar lá. — Agora você é minha sub assistente.
— Tudo bem, gostei do cargo.
Quando todo time se instalou no vestiário, o treinador ordenou que se arrumassem para o aquecimento. Ao lado de seu pai, null observava ele conversar com toda equipe organizando melhor o time. Ela entendia o que seu pai falava e estava interessada naquilo.
— Por que não colocar o Will na direita da defesa? — ela perguntou. Os quatro homens que debatiam o assunto a encararam. — Que foi? Eu assisto aos jogos em casa.
— Por que você faria isso, pumpkin? — seu pai lhe perguntou.
— Hunter fica melhor na esquerda, a maioria das jogadas que ele interceptou vieram de lá. — Ela o respondeu. — E bem, o ala direito da Boston College é relapso. Will consegue ficar bem na direita. Ambos jogam bem nas posições certas.
Jeff, o braço direito de seu pai, a olhou estupefato.
— Onde você escondeu essa menina? — Jeff riu. — Ela sabe do assunto.
— Eu sou filha dele, né. — Ela apontou para seu pai.
— Tentaremos isso no primeiro período e no treino, então. — Seu pai disse.
Quando os quatro terminaram de organizar o time, com ajuda de null, dirigiram-se para o rinque. Era incrível ver que aquela era a coisa que eles mais levavam a sério na faculdade. null sabia que a maioria ali seria draftado, é claro que seriam. null, inclusive.
— Seguinte, teremos uma mudança de teste agora. — O treinador null disse. — Hunter e Will, vocês vão inverter seus lados. Quero Will na direita e Hunter na esquerda.
— O ala direito deles é bem fraco. — Jeff disse. — null sugeriu isso e tentaremos ver como isso ficará no primeiro período e agora.
null sentiu os olhos de todos nela, inclusive de null. Hunter e Will assentiram e os doze jogadores deslizaram rinque adentro. Seis de cada lado, o time reserva de um lado e o titular do outro. A estudante de comunicação torcia para sua ideia dar certo. Queria que seu pai levasse o Frozen Four para casa.
— Querida, ponha seus patins e vá lá. — Seu pai pediu.
— Lá onde? — ela perguntou.
— Vá e comande o jogo.
— Sério? — ela arregalou os olhos. — Você acha que eu consigo?
— Eu não a colocaria para acompanhar a partida se não confiasse no seu conhecimento.
— É pra já, treinador. — Ela sorriu. Jeff lhe entregou patins de seu tamanho e ela trocou os tênis por eles ali mesmo.
— O que é isso? — Jake, o central do time reserva, perguntou.
— Obedeçam a ela. Estarei lá em cima com Jeff assistindo.
null deu risada do posicionamento do treinador. É claro que sua filha era boa no hóquei, é claro que ele aprontaria uma dessas. null era um ar novo e Tucker gostava de experimentar aquilo.
— Vamos lá, garotos. — Ela sorriu e deu início ao jogo.
A diferença técnica do time reserva e do time titular era quase mínima. Aqueles garotos eram muito bem treinados. Seu pai realmente havia feito um ótimo trabalho.
— Hunter, vá devagar nos jogadores reserva. — null gritou. — Não queremos arriscar perder um deles para o jogo de hoje.
O defensor assentiu e voltou a fazer a troca de passes com os outros companheiros de time, enquanto tentava não deixar o lado esquerdo livre. O central do time reserva era muito bom em comandar uma troca de passes, conseguindo passar por quase todos os jogadores.
— null e Jake, prestem atenção no que estão fazendo. — Ela disse. — Se o puck está desse lado, vocês voltam e recuperam eles.
O time reserva estava em offside e null os avisou. Numa dessas jogadas, null conseguiu roubar o puck e deslizou rinque afora, procurando o ala esquerdo do time. Danny conseguiu desviar e marcou o gol.
— Boa troca de passes, meninos. Tentem mais rápido. — Ela disse calmamente.
null continuou sugerindo coisas aos jogadores e o treino de meia hora acabou. Agora era o momento de relaxamento pré-jogo e concentração para tal. Aparentemente o time da casa já havia treinado anteriormente, deixando null com mais cinco minutinhos no rinque.
— O que mais você é capaz de fazer, null? — null se debruçou na lateral.
— Como assim?
— Você entende muito de hóquei. — Ele disse.
— É claro. — Ela disse como se fosse óbvio. — Com quem você acha que eu aprendi?
— Estranho é você não fazer nada na área.
— Hóquei é a vida do meu pai, null. — Ela disse. — Mas não a minha.
— Então tudo bem. — Ele riu. — Vamos, treinadora null.
null estendeu a mão para null e, apesar de a menina estar relutante, ela aceitou. Ele não estava fazendo nada demais, certo? Errado. null estava determinado a conquistar aquela garota, custe o que custasse.
[...]
Depois de terem uma conversa motivacional, que null certamente achou interessante, os homens se reuniram para sair do vestiário. Era a hora de dar um show.
— null? — ela o chamou. null lhe encarou. — Bom jogo.
— Obrigado, null. — Ele agradeceu.
A estudante de comunicação se juntou à equipe técnica e observou a mágica acontecer. Como ela mesma havia dito, o ala direita da Boston College era fraco. Will o interceptou todas as vezes. Hunter teve mais trabalho pelo lado direito, mas ainda assim o time adversário não conseguiu marcar. O primeiro período terminou igual, sem gols para ambos lados. O goleiro deles estava tendo trabalho com null, Joe e Scott.
No segundo período, o time adversário teve algumas jogadas especiais e uma delas terminou com um gol para eles.
— Eles estavam em offside! — null gritou irritada. A equipe técnica tentou reclamar, mas o juiz nem lhes deu atenção
Em uma resposta rápida, o ala esquerdo, Joe, fez uma troca de passes com null e Joe e o central, Scott, conseguiu igualar a situação. Minutos depois, percebeu-se que o time da Brown estava com um gás diferente. Eles queriam jogar.
Hunter conseguiu roubar a bola do ala esquerdo do time adversário e passou para null, que passou para Joe, dando a oportunidade de o jogador fazer seu gol naquela noite.
Quando o terceiro período chegou, null estava mais desatento, null percebeu. Conseguiu perder o puck duas vezes, de maneiras bobas que, se Hunter e Will não estivessem lá para interceptar, seriam gols. Novamente, numa perda boba de puck, null deixou que a Boston College se igualasse a eles novamente. Por uma jogada dura de Hunter em cima do ala esquerdo deles, o time adversário ganhou um power play e o defensor esquerdo da Brown foi para caixa por dois minutos. Joe ficou no lugar do defensor o tempo em que ele esteve fora, aguentando firme. Assim que a penalidade acabou e Hunter voltou para o rinque, o treinador null estava certo que iriam para uma prorrogação, até que null conseguiu pegar o puck interceptado por Will e deslizou para o lado oposto do rinque, passando ele para o ala esquerdo que, assim que viu que null estava livre, jogou para ele, dando a oportunidade de null marcar o seu naquela noite.
Era isso. O time de Brown iria para o Frozen Four. O pai de null estava fazendo algo histórico naquela noite e, bem… Ela ia num encontro romântico com null null. Um jogador.
[...]
— Linda, não adianta você tentar me convencer do contrário. Vai ser um encontro romântico, sim! — null disse do outro lado da linha, fazendo o estômago de null revirar de tanto enjoo.
— Eca, que meloso. — Ela fez uma careta, mesmo sabendo que ele não estava vendo. — Não espere que eu esteja usando um vestido rosa, isso nunca vai acontecer. — null soltou uma gargalhada alta no outro lado da linha.
— Não, sei que você fica linda de qualquer jeito. — O rosto de null esquentou, ela agradeceu mentalmente por não estar na frente dele. — Aliás, já estou chegando.
— Te odeio, null.
— Você fala essas coisas em voz alta para tentar se convencer mais fácil? Você adora declarar seu ódio por mim, mas nunca tentou me afastar.
É, null era bom em observar as pessoas, null não podia negar.
— Não é porque perdi uma aposta que vou dar pra trás. Não é do meu feitio, você já deveria saber disso.
— Eu sei. Será que pode abrir a porta para mim ou preciso conversar com o seu pai antes?
— Estou descendo. — null desligou na cara dele, pegou a jaqueta em cima da cama e sua bolsa pendurada atrás da porta. — Tchau, pai. Estou saindo.
— Espera! — Tucker gritou, aparecendo na sala antes que a filha pudesse escapar.
— Ah, não! — null resmungou, esperando a enxurrada de perguntas de seu pai.
— Eu sei que disse que null estava tentando ser seu amigo, mas se ele tentar qualquer coisa, me ligue na mesma hora. — null disse firme.
— Pai, null não é maluco. Mas eu prometo te ligar. — Ela tranquilizou o mais velho.
— Ok, se cuidem. Não faça nada que eu não faria.
— Pai! — null saiu da casa, na esperança de não ouvir mais qualquer comentário do patriarca.
Como o esperado, null estava em pé no lado do passageiro, esperando null se aproximar. Ela não pôde deixar de observar sua roupa. null usava uma camiseta preta, um jeans claro e vans preto nos pés. Era tão diferente das duas vezes que ela havia se encontrado com ele, e mesmo assim continuava charmoso. Maldito.
— Boa noite, senhorita. — Por mais brega que fosse, null estava achando fofo aquele jeito do jogador. Mas nunca admitiria em voz alta, ela sabia que era uma tentativa de ele levá-la para a cama.
— Boa noite, null. — O seu jeito de durona ia por água abaixo quando encontrava com os olhos de null. Um misto de animação e excitação brilhavam nos olhos de ambos. null também estava ansiosa por aquele encontro.
— Espero que esteja pronta para o encontro mais romântico da sua vida. — Ele comentou, ao sentar no lugar do motorista.
— Você está prometendo demais, null. — Ela pegou o celular do jogador, selecionando uma das várias playlists aleatórias que ele tinha. Foi a vez de Let's fall in love for the night do Finneas tocar.
— Isso foi um direta? — null perguntou depois de um tempo em silêncio.
— O que? — Ela virou para ele, esperando uma resposta.
— Let's fall in love for the night and forget in the morning. Play me a song that you like you can bet I'll know every line… — Ele começou a cantar na melodia da música. — I'm a boy that your boy hoped that you would avoid don't waste your eyes on jealous guys, fuck that noise. I know better than to call you mine.
— Não. — Ela disse rápido. Foi apenas uma escolha aleatória, estava curiosa para saber o que mais null gostava. Entretanto, mesmo com a resposta negativa de null, não impediu que null abrisse um sorriso em direção a garota.
Um pouco mais de vinte minutos, ele estacionou em frente a um restaurante italiano, conhecido por servir as melhores massas. null olhou espantada para null, aquele restaurante era caríssimo. Tinha ido algumas vezes com seu pai, mas em todas saiu espantada com o preço, apesar de satisfeita.
— null, você tem certeza? É muito caro esse lugar, eu juro que não me importo de comer cachorro quente do tio da esquina. — A risada de null ecoou dentro do carro. null estava gostando demais de ouvir aquele som, principalmente quando ele vinha acompanhado de um sorriso de null.
— Linda, eu disse que seria um encontro romântica e ele será. — null saiu do carro, abrindo a porta novamente para null. Ela não protestou, seria totalmente inútil. Quando null saiu do carro, null percebeu que não tinha sido nada mal a escolha das sandálias de salto alto preta, mesmo que ainda estivesse usando uma calça jeans escura e um body perto nas costas, o blazer também ajudava a dar um toque mais chique.
— Se soubesse que iríamos vir aqui teria me arrumado mais. — Ela falou mais baixo, apenas para null escutar.
— Então eu teria infartado. — Ele respondeu, fazendo null apenas revirar os olhos. — Bom saber que eu consigo te deixar sem resposta.
— Você consegue me deixar irritada também.
— E você fica ainda mais gostosa. — null pousou a mão na coluna de null, após o maître indicar a mesa que ele havia feito a reserva, fazendo um arrepio passar por aquela região. null estava levando a sério mesmo o papel de cavalheiro da noite, após puxar a cadeira para null sentar e logo se acomodar no seu lugar. Ela não sabia lidar com tanta gentileza, principalmente, sabendo que nada daquilo era forçado. null estava ali por livre e espontânea vontade, sendo sincero e isso era algo que ela apreciava muito nas pessoas.
Quando o garçom se aproximou da mesa para anotar seus pedidos, null não se importou de null escolher o vinho, mas começou a ficar irritada quando ele nem ao menos deixou que ela servisse a própria taça.
— null, eu tenho duas mãos e posso usá-las. — Ela tomou um gole do vinho, tentando controlar seu nervosismo.
— Acredite em mim, é muito bom saber disso. — Ele piscou, também saboreando a sua bebida.
— Tudo bem, você venceu. — Ela respirou fundo. — E se… se começássemos de novo? Do início, como pessoas normais.
— Hum, isso é interessante. — Ele ergueu a sobrancelha. — Eu sou null null, 22 anos, curso Educação Física e sou capitão do time de hockey da Brown. Mas essa última parte você já sabe. — Ela ficou surpresa por nunca ter perguntado o curso dele.
— Espera, você cursa Educação Física? — Sua voz saiu um pouco fina, ela não esperava por aquilo.
— Isso mesmo, quero ser professor se o hockey não der certo. De preferência treinador de time infantil. — Então ele gostava de crianças? Uau, Collin tinha muitos segredos. — Sua vez, desembucha.
— Tão delicado quanto um coice de cavalo. — Ela sorriu, bebendo mais um pouco do vinho, enrolando de propósito. — null null, 21 anos, estudante de comunicação, quero seguir para a área de publicidade.
— Você esqueceu de dizer que é fangirl daquele cara, qual o nome dele mesmo? — Ele fez um gesto com a mão como se estivesse pensando. — Ah, Zayn Malik.
— Você é tão ridículo, null. — null riu, não estava brava com ele. — Você não disse que é fotógrafo nas horas vagas.
— Não, vou usar esse meu charme no momento certo. — Ele piscou, sabendo que tinha funcionado com null na primeira vez.
À medida que null e null compartilhavam suas histórias, eles queriam saber cada vez mais um do outro. null já tinha jogado para os ares a ideia de não se envolver com jogadores, null era alguém que valia a pena correr esse risco, e ela estava disposta. null sabia que podia levar uma surra do seu treinador se quebrasse o coração da filha dele, mas quebrar o coração de null era a última coisa que null faria.
— Não, mas como você não sabe andar de bicicleta? Isso é um absurdo. — null quase gritou no meio do restaurante, atraindo alguns olhares.
— Cala a boca, null. — O sorriso de null se desmanchou quando lembrou da época que seu pai ficou ocupado demais com hockey. — Meu pai focou no hockey quando minha mãe faleceu, então não era uma prioridade que eu aprendesse a andar de bicicleta, entende?
— Sinto muito, linda. — Ele apertou a mão dela por cima da mesa, passando uma tranquilidade que null nem sabia precisar no momento. — Nesse caso, sou obrigado a contar no dia que fiz xixi nas calças no palco de uma peça de teatro da escola.
— null null passando vergonha? Amei, pode contar.
null era um ótimo contador de histórias, na verdade, ele era engraçado contando histórias, e isso fazia com que as pessoas prestassem atenção nele e acreditassem no que ele estava falando, independente de ser verdade ou não. A essa altura, null não conseguia mais tirar os olhos daquele cara incrível que estava sentado na sua frente, da mesma forma que ele se encantava com ela quando deixava sua armadura de lado. null entendia porque de null resistir, jogadores de hockey não prestavam, ele mesmo já tinha se aproveitado do status de capitão do time. Mas ter feito um esforço para convencê-la a sair com ele e fazer aquele encontro dar certo, dava um gostinho especial.
null tinha perdido a noção de tempo, apenas percebeu que era tarde quando o maître trouxe a conta. Seus olhos se arregalaram quando ela viu o valor.
— Nós vamos dividir. — Ela foi mais rápida, entregando seu cartão junto.
— Não. — null devolveu o cartão a ela.
— Sim, null. — Ela o olhou séria.
— Não, null. — Ele impediu que ela pegasse o cartão novamente. Enquanto isso, o garçom olhava de um para outro, esperando uma resposta definitiva.
— Eu já falei que sim, aceitei o jantar romântico, mas não que você pagasse a conta sozinho.
— Você aceitou o jantar, isso significa que eu pago.
— Estamos no século vinte e um, não seja machista.
— Por favor, null. Eu pago, ponto. Está decidido. — Ele pegou o cartão dela e escondeu no bolso da sua calça. Antes que ela pudesse tirar algumas notas ou outro cartão da bolsa, null já tinha feito um sinal para que o garçom se afastasse.
— null, você viu direito o valor dessa conta? — Ela apoiou os cotovelos na mesa, apoiando sua cabeça entre as mãos. — Isso é um prejuízo desnecessário.
— Isso não é prejuízo, linda. — Ela bufou, desistindo de manter qualquer briga com null. Já tinha dado para perceber que poucas coisas tiravam aquele cara do sério.
— Eu desisto.
— Do que? — Ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
— De tentar te entender, e entender tudo isso.
— É simples: nos conhecemos naquela festa horrorosa, começamos a conversar e eu gostei de você pra caramba. Eu gosto de você, null. Mesmo se eu tivesse perdido a aposta, ainda te convidaria para um encontro. — null engoliu todo seu orgulho, demonstrando seus sentimentos para null. Na verdade, ele não tentou escondê-los em nenhum momento naquela noite. — E eu quero muito te beijar agora.
— Eu quebrei minha única regra naquela noite que era não me envolver com nenhum jogador. Então, o que está esperando para me beijar agora?
null null puxou null para perto de si, envolvendo seus lábios num beijo calmo e envolvente, como ele imaginou que seria.
A campainha tocou pela segunda vez, chamando a atenção de null. Ela nem tinha percebido que estava perdida, de novo, em seus pensamentos. Seu peito apertava cada vez que null voltava a sua mente, mas se recusava a perguntar sobre ele para o seu pai. Ela sabia muito bem que eles mantinham contato, mas saber que ele tinha seguido em frente doía demais. Sim, ela sabia que estava sendo egoísta a esse ponto.
— Pai? — Chamou pelo homem, mas não obteve resposta. A casa estava silenciosa, null não se lembrava de ter ouvido o pai avisando que iria sair. Talvez ele tivesse feito e ela não percebeu. Pegou sua carteira na bolsa e desceu as escadas rapidamente. Após o banho, vestiu uma calça de moletom e a maldita camisa com os dizeres “Os Brown Bears arrasam”. Sua barriga roncou quando chegou à porta e torceu para ser o entregador de pizza, colocou um casaco por cima ao lembrar do frio que fazia lá fora.
Quando abriu a porta, null tinha duas alternativas: Ou estava delirando ou null null tinha virado entregador de pizza.
— null? — Ela engoliu em seco, tão assustada quanto ele.
— null? — Seus olhos viajam entre seu rosto e a camiseta que ela usava.
— O que está fazendo aqui? — A pergunta saiu mais rápido do que imaginava. — Meu pai não está em casa se veio falar com ele.
— Eu sei que ele não está. — Ele respondeu, passando as duas caixas de pizza para a mulher. — Encontrei com ele na pizzaria, mas achei que a namorada dele estaria aqui. Só estou fazendo um favor, mas acho que seu pai tentou fazer uma pegadinha.
— Meu pai não tem namorada. — null enrugou a testa.
— Bom, então, esquece. — Como null não fez menção de pegar as caixas de pizza, null entrou na casa mesmo sem pedir licença e as deixou em cima da mesa da cozinha. — Boa noite, null.
A mágoa estampada na voz de null fez o coração de null dar algumas piruetas. Já fazia um ano que eles não se viam, e ele continuava a mesma coisa. O mesmo null que ela conheceu, exceto pela falta de carinho em sua voz.
— null? — null o chamou, ainda parada na porta, null virou com as mãos no bolso da jaqueta. Sua boca abriu algumas vezes, mas parecia que suas cordas vocais tinham sido retiradas.
— Você tem alguma coisa pra me dizer, null?
— Senti sua falta. — Ela confessou, baixo, mas o suficiente para chegar até null.
— Eu também, mas acho que isso não é o suficiente para nós.
— Acho que é o suficiente quando, mesmo depois de um ano, você é a única pessoa que não sai da minha cabeça.
— Você escolheu não tentar, null. Eu não posso fazer mais nada. Espero que esteja feliz com sua escolha.
— E se, agora, eu quisesse ficar? Ainda seria tarde demais?
null ficou sem resposta, nunca seria tarde demais para null null, ambos sabiam disso. Mas ele não sabia se era justo consigo mesmo tentar outra vez.
— E se, mais tarde, você perceber que cometeu um grande erro e decidir ir embora de novo? null não sabia se aguentaria ver null ir embora de novo.
— Mas que merda, null! — Ela esbravejou, irritada. — Meu erro foi ter ido para outro estado e desistido de nós. Você tinha razão naquela noite, eu não estava falando toda a verdade.
Algumas lágrimas escorreram pelo rosto de null, mas ela estava mais magoada consigo mesmo do que com a teimosia de null em tentar magoá-la com as palavras.
— Eu estava deixando de fora a melhor parte da minha vida, a pessoa que eu mais amei e me entreguei no último ano. Mas não falar em voz alta, dessa vez, foi mais fácil para eu me enganar.
— null…
— Me deixe terminar, por favor. — Ela fungou, limpando o rosto com a manga do casaco. — Voltar para Rhode Island é muito difícil, quando tudo aqui me lembra de nós. Quando tudo traz à tona as melhores lembranças. Droga, null, eu te amo. É por isso que não posso cometer o mesmo erro, é por isso que não quero mais inventar regras e quebrá-las. É por isso que você não sai da minha cabeça.
— null, você sempre terá espaço na minha vida. — Ele disse, tentando controlar os batimentos cardíacos. — Caralho, eu te amo tanto que dói. Você não sai da minha cabeça, null null, e não quero que saia nunca.
Dessa vez, null envolveu os lábios de null num beijo envolvente, cheio de saudade, desejo e amor.
— Vamos fazer dar certo. — Ela interrompeu o beijo.
— Vamos fazer isso juntos. — Ele voltou a beijá-la.
Fim
Nota da autora: Ufa, acabou! Eu amei o Colin e a Dakota, apesar de ter passado alguns momentos de raiva com eles quando, aos 45 do segundo tempo, ainda tava dando tudo errado. Mas no fim deu tudo certo kkkkk.
Espero mesmo trazer algo sobre eles no futuro, mas por enquanto esse é o começo, meio e fim deles. Até a próxima <3
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