Última atualização: 30/10/2017

Capítulo Único

Sentada sobre a bancada da cozinha, eu esperava terminar seja lá o que estava preparando para comermos.
Todo final de semana era a mesma coisa: Ela esperava os amigos com os quais divide a casa saírem para me chamar para ficar com ela, jantamos juntas e assistimos a algum filme hétero água com açúcar Hollywoodiano, fingindo sermos um casal comum, em seguida íamos para o porão, porque segundo ela seus amigos ainda não estavam preparados para descobrir sobre sua sexualidade, então nos escondíamos de qualquer um que pudesse chegar e nos “flagar” — como se o que tivemos fosse errado e nós fossemos duas criminosas. Mas eu estava cansada de viver assim, cansada de fingir que estava tudo bem para agradá-la, cansada de me anular.
— chamei-a e a menina parou de mexer a colher a panela e olhou para mim sorrindo.
— Sim, docinho?
Fechei os olhos e engoli em seco. Eu odiava quando ela me chamava assim. Não por considerar um apelido ruim ou meloso e sim pelo simples fato de que cada vez que aquela maldita palavra saía da boca dela, eu me derretia por inteira. E ela sabia disso, ela sabia disso desde o momento em que nos conhecemos em um pub, eu me ofereci para pagá-la uma bebida e em troca ela disse: “Quero algo doce, doce como você”. Eu nunca acreditei em amor a primeira vista, porém naquele momento meu coração estava batendo tão forte que eu soube no mesmo segundo que ela havia me conquistado.
— Eu quero sair com você, ter um encontro de verdade como um casal de verdade, fora do porão e fora dessa casa — protestei.
suspirou e se aproximou de mim, encaixando o corpo entre as minhas pernas e apoiando as mãos sobre minhas coxas, automaticamente provocando arrepios nos pelos da região. Eu também odiava a maneira como seu toque me afetava.
— Docinho...
— Por favor, não me chame assim — pedi e suspirei. — Eu tô tão cansada de esconder a gente, , eu quero poder sair na rua de mãos dadas com você, quero poder te beijar em público e te apresentar como minha namorada. É tão difícil assim entender?
— Eu também quero poder fazer isso com você, , mas você sabe que é complicado...
— Eu sei, eu sei. Tem os seus amigos e a sua carreira acabou de começar, você acabou de assinar um contrato e não quer isso interfira. Mas, poxa, eu já me sacrifiquei tanto, eu perdi quase tudo quando me assumi, , e não quero ter de que voltar a me esconder. Você não pode fazer isso por mim?
virou e lado e passeou as mãos pelo rosto e cabelos e em seguida suspirou, levando uma das mãos até o meu rosto e acariciando minha bochecha com o polegar.
— Que tal a gente ir para o Hopeless Fontain Kingdom?
— O pub em que nos conhecemos? — questiono com uma sobrancelha arqueada e ela balança a cabeça em concordância.
— Nós já conhecemos o pessoal de lá e acho que ninguém fará comentários maldosos ou algo do tipo.
Parei para pensar por alguns segundos. Apesar de ter ficado um tanto frustrada por não ser um cinema ou um restaurante, concordei que aquele seria um passo significativo, era a primeira vez que sairiam juntas desde o dia em que nos conhecemos, então é melhor ter pouco do que nada.
— Tudo bem, acho que pode dar certo.
A menina sorriu em resposta e usou a mão em meu rosto para trazê-lo para perto do dela e colar seus lábios aos meus. De repente todo o drama anterior simplesmente desapareceu dos meus pensamentos porque eu sempre ficava entorpecida quando sua boca e sua pele macia estava se chocando com a minha, eu simplesmente não conseguia resistir.
Subitamente ela se afastou e me olhou assustada antes de correr até o fogão, não demorou até que o cheiro de comida queimada invadisse minhas narinas.
— Acho que o nosso jantar já era — ela disse em tom de decepção.
Puxei-a pela mão, até que ela estivesse perto o suficiente para que eu pudesse embrenhar os dedos em seus cabelos e dizer:
— Dispenso o jantar, o que eu quero provar de verdade está bem aqui na minha frente.
Sorri e grudei meus lábios de novo aos dela, abandonando todos os pensamentos ruins e focando em saborear o gosto da boca da minha namorada.

●●●


Após tomarmos um longo banho de banheira, partimos rumo ao Hopeless Fontain Kingdom, que ficava a apenas algumas quadras de distância da casa de . Enfrentamos uma rápida fila e adentramos o estabelecimento, a música alta logo invadiu nossos ouvidos e nos dirigimos a uma mesa próxima ao bar. Ofereci-me para ir até o balcão pedir nossas bebidas e ordenei duas doses de Appletini, nosso drink favorito. Ao me direcionar de volta à mesa, avistei conversando um tanto animada demais com um cara. Aproximei-me vagarosamente e só fui realmente notada quando coloquei os copos com firmeza sobre o tampo de madeira. Os dois pararam de falar e me encararam um tanto alarmados.
— Desculpe, mas não pedi-
— Não vai me apresentar seu amigo, ? — interrompi-o com a voz carregada em sarcasmo.
, esse é o Leon. Leon, essa é a , minha...
— Namorada. Sou namorada dela. — disse, estendendo a mão para o homem.
Ao perceber o que estava acontecendo, os olhos escuros do homem se arregalaram levemente e ele se levantou da cadeira.
— Oh, prazer em conhecê-la! — Leon sacode minha mão exageradamente. — Eu... Eu estava parabenizando sua namorada pelo novo contrato, mas já estou de saída. Tchau, Luna, foi legal te encontrar de novo, a gente se vê por aí.
O rapaz sorriu sem jeito e começou a caminhar em direção ao bar. Sentei-me na cadeira em que antes ele estava e encarei com uma sobrancelha arqueada.
— Luna?
— É meu nome artístico — ela deu de ombros e eu virei toda a minha bebida em uma só golada. — Você está agindo estranho, está com ciúmes?
— É claro que não, por que eu estaria? — respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e virei a outra dose de bebida.
— Ele é só um amigo!
— Não parecia só um amigo da forma que você sorria e mexia no cabelo enquanto falava com ele. Eu conheço você, , era um claro sinal de flerte.
— Nós trabalhamos juntos, vivíamos flertando um com o outro e tivemos um rolo por um ou dois meses, mas não significou nada, ok? Era só sexo. — balancei a cabeça em concordância mesmo ainda estando um tanto incerta.
se levantou e contornou a mesa, vindo até mim, girou minha cadeira de frente para si e segurou em ambas as minhas mãos, puxando-me para fora dela. A garota depositou uma mão na minha cintura e levou a outra até meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Ele não significa nada pra mim além de um amigo. Eu amo você e nunca faria nada para te magoar, confia em mim? — meneei a cabeça em afirmação.
Ela sorriu e puxou meu rosto de encontro ao seu, unindo nossos lábios em um beijo intenso e mais uma vez eu me esqueci de tudo a nossa volta, não importava o que acontecesse, eu sabia que poderia enfrentar qualquer coisa enquanto estivéssemos juntas.
— Vamos beber e dançar, hoje eu quero me divertir muito com a minha namorada! — disse animadamente e eu sorri, dando-lhe um selinho e me deixando ser guiada por ela até o bar.
Eu não lembro quantos Jelly Shots e Margaritas nós tomamos, mas em poucos minutos já estávamos nos acabando em dançar na pequena pista de dança, nos beijando e esfregando uma na outra sem pudor algum. Os lábios e língua de lambiam e sugavam meu pescoço como se estivessem famintos e tudo que me restava era ofegar.

Sittin' on the counter in your kitchen
Can you hear my heartbeat fucking kickin'?


Senti a respiração quente e ofegante dela ao pé do meu ouvido e meu corpo inteiro se arrepiou.
— O que acha de irmos para um lugar mais reservado? Podemos pedir ao nosso amigo barman para nos arranjar uma chave...
— Pensei que não fosse sugerir isso nunca! — brinquei, fazendo-a rir. — Mas se ele pedir para participar de um ménage ou algo do tipo eu vou ser obrigada a partir para agressão!

Your eyes light up 'cause you best believe that I got something on my sleeve
I walk my talk no time for wishful thinking


A garota riu novamente e balançou a cabeça, reprovando minha atitude, e em seguida pega em minha mão e nos guia até o bar. se sentou sobre um dos bancos rente ao balcão e começou a conversar com o barman, que não demorou muito a cair sobre seus encantos. Ela pediu a chave do banheiro dos funcionários ao homem, alegando que a fila do banheiro público estava muito cheia, ele alternou o olhar entre o meu rosto e o dela, parecendo desconfiado, porém não disse nada e nos entregou a chave, demonstrando com um gesto de mão o caminho que deveríamos seguir.

I push up on my toes, you call me sweet thing
And breathing down your neck, your body screaming


Seguimos pelo caminho indicado e não demoramos a encontrar uma pesada porta de madeira. Poucos segundos depois que adentramos o cômodo, empurrei o corpo da garota contra a porta e ataquei sua boca com a minha. Seu gosto doce e viciante se impregnava em minha língua enquanto meus lábios se movimentavam sobre os dela com gula. Desci os beijos até o pescoço, sugando e mordiscando sua pele macia e salgada e fazendo-a estremecer.

And you thought that you were the boss tonight but I can put up one good fight
I flip the script like I can take a beating


Levei uma das mãos até a parte traseira de sua coxa e elevei até altura da minha cintura, onde ela sem demora se prendeu. Com nossos corpos perfeitamente encaixados, comecei a movimentar meu quadril em direção ao dela e uni nossos lábios novamente.

And when you start to feel the rush
A crimson headache, aching blush
And you surrender to the touch, you'll know
I can put on a show, I can put on a show
Don't you see what you're finding?
This is heaven in hiding


O encontro de nossos sexos fazia ambas gemerem contra a boca uma da outra, só aquele curto atrito estava provocando uma erupção em meu corpo e quanto mais o meu corpo entrava em contato com o dela, mais eu queria.

And when you start to look at me, a physical fatality
And you surrender to the heat, you'll know
I can put on a show, I can put on a show
Don't you see what you're finding?
This is heaven in hiding
This is heaven in hiding

Afastei-me alguns centímetros apenas para arrancar o vestido do corpo dela e contemplar seu torso descoberto. Ela era tão linda que me tirava o fôlego. Abocanhei seu seio direito sem pensar duas vezes e gemeu embaixo de mim. Continuei explorando seu tronco deixando beijos pela barriga até atingir a região pélvica, retirei a calcinha dela, me ajoelhei sobre o chão e apoiei sobre meu ombro a perna que antes envolvia minha cintura. Olhei para o rosto de , que me olhava de volta em expectativa, e sorri antes de dizer:
— Agora é hora do show!
Segurei em ambos os lados da bunda dela e me afundei no meio de suas pernas, dando uma generosa lambida em sua buceta. automaticamente emitiu um gemido e embrenhou os dedos entre os fios dos meus cabelos.
Comecei a lambê-la, sugando sua lubrificação para dentro da minha boca, e vibrei a língua sobre o clitóris, fazendo-a urrar e rebolar contra o meu rosto. Penetrei-a com um dedo, fazendo movimento de vai-e-vem enquanto continuava a estimular o pequeno caroço intumescido no topo de sua vulva.
, eu tô quase lá...
Penetrei outro dedo em seu interior e aumentei a velocidade das investidas e não deixei de lado umas generosas chupadas sobre o clitóris. Não demorou mais do que alguns poucos minutos até os espasmos em seu corpo se intensificarem e ela se desfazer em minha boca.
Levantei-me do chão, saboreando os resquícios de seu gozo em minha boca, e sorri para a garota ofegante a minha frente, que retribui o sorriso e puxa meu rosto de encontro ao dela, chocando nossas bocas.
Ainda com os lábios grudados aos meus, ela me empurra com seu corpo para trás até sermos impedidas de continuar por uma superfície que eu deduzir ser uma pia. Não hesitei eu me sentar sobre o mármore e puxar para o meio das minhas pernas. Minha namorada logo tratou de se livrar das minhas roupas também, mesmo com a dificuldade devido a nossa proximidade.
— Agora é a minha vez — ela disse após interromper o beijo e sorriu com malicia.
levou uma mão até o interior das minhas pernas e começou a esfregar sem pena alguma o meu clitóris enquanto me penetrava com dois de seus dedos, em seguida se ajoelhou no chão e separou minha pernas, deixando-me totalmente exposta ao seu bel-prazer. Para me provocar, ela começou a deixar algumas mordidas no interior das minhas coxas até a virilha e em seguida chupou com vontade o meu suco, fazendo-me gemer e agarrar em seus cabelos, empurrá-la de encontro a mim Devido ao estado de excitação em que eu me encontrava, não precisou de mais do que algumas chupadas para que eu atingisse o êxtase.
Encosto-me no espelho grudado à parede sobre a pia, sentindo-me completamente exausta, porém muito satisfeita. logo se juntou a minha, sentando-me ao meu lado, apoiando a cabeça sobre o meu ombro e entrelaçando seus dedos aos meus, é assim permanecemos, em silêncio, por alguns minutos.
— Eu sei que você acha que eu não te amo por não assumir a gente, mas isso é tudo tão novo para mim, eu nunca tinha me apaixonado por uma garota antes, ainda mais uma garota tão decidida como você — ela segura em meu rosto e o vira para si, olhando diretamente em meus olhos. — Eu não vergonha de você ou do que nós temos, eu tenho medo do que pode acontecer quando eu contar para todo mundo, sabe? Tenho medo da reação das pessoas, de elas me olharem diferente como se eu amar outra mulher fosse um crime ou algo do tipo.
Sorri e levei nossas mãos unidas até a altura do rosto, demonstrando de uma maneira carinhosa que a compreendia.
— Eu sei como você se sente, me senti assim a vida toda e demorei demais a me assumir, mas posso prometer que seja lá o que as pessoas forem falar de você ou de nós, eu estarei aqui para te ajudar a enfrentar isso. Se tivermos que enfrentar o mundo inteiro, nós faremos isso juntas, ok?
Ela sorriu, balançou a cabeça em concordância e me deu um selinho.
— Sabe, mesmo com toda essa coisa de assumir ou não, eu adoro ficar escondida com você às vezes, em um mundo só nosso em que ninguém pode interferir — concluí e ela sorriu.
— Esse é o nosso paraíso. O paraíso escondido.


Fim.



Nota da autora: Essa é minha primeira história femmeslash e eu estou um tanto nervosa quanto a recepção dela hahaha eu acho que falta muita representatividade LGBT nas fanfics e resolvi me arriscar, espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar <3





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