Capítulo Único
You're on my radar, on my radar
As vozes das pessoas na sala se misturavam em conversas aleatórias, a reunião só começaria em vinte minutos e nem todos os participantes tinham chegado. tentava manter o foco em seu notebook, repassando os slides da apresentação que faria em seguida, ao mesmo tempo em que ouvia a amiga tagarelar sobre o encontro que teria no dia seguinte, com um cara que conheceu em um aplicativo de relacionamentos.
- Você marcou em um lugar movimentado, né? – A mulher perguntou, se rendendo ao papo da amiga e desviando o olhar da apresentação, encontrando os olhos de Lia revirando.
- Eu não tenho doze anos, , sei como encontrar um estranho pela primeira vez. – Lia respondeu rapidamente, voltando atenta para o seu próprio notebook. tinha certeza absoluta de que a amiga não estava vendo nada relacionado ao trabalho ou àquela reunião. Para garantir, jogou a cabeça para o lado, se esticando até Lia. Como previsto, em sua tela estava um catálogo de vestidos de algum site de compras.
- Nossa! Vai ter até vestido novo? Esse deve valer a pena, ein. – A mulher brincou, voltando para o lugar.
- E como vale! Já te falei para baixar o app. Tem umas coisas estranhas, sim, mas também tem coisas MUITO boas. – Lia falou aproveitando a atenção da amiga e piscando convencida. Dessa vez, foi quem revirou os olhos. – Amiga, é sério! Você precisa de uns boys. Eu nem lembro a última vez que você conheceu algum... Mentira, lembrei! Foi algumas semanas antes da sua promoção. Meu Deus, faz séculos!
bem que queria rebater, mas não tinha argumentos para discordar da amiga. Há cinco anos foi promovida ao cargo de COO¹ da maior fabricante têxtil da cidade de Los Angeles e não é preciso dizer o quanto o cargo ocupava o tempo dela. Estava trabalhando sempre, até mesmo fora do escritório. Ou seja, quase não tinha tempo para ver a própria família, a qual sentia muita falta, quem dirá ter um relacionamento com uma pessoa que precisará de atenção.
- Você sabe que minha vida é corrida, não dá tempo. – Respondeu, tentando se defender. – E, além do mais, eu sei cuidar das minhas necessidades sozinhas. – Levantou as sobrancelhas significativamente expressando o duplo sentido da frase.
Lia gargalhou e fez um gesto com a mão como se tivesse desistido.
De onde estava, podia ver pelas paredes de vidro que rodeavam a sala de reuniões um gripo de pessoas se aproximando da porta. Rapidamente passou os olhos pelas cadeiras ainda vazias e percebeu que aqueles eram os últimos a chegar e que a reunião logo começaria.
- Na verdade, se você se esforçar consegue alguém sim... – Lia disse, quando a porta foi aberta. – Inclusive, consegue uma pessoa que super entenderia seu trabalho....
A voz da amiga foi diminuindo enquanto se aproximava dela, como se estivesse falando aquilo em segredo. Não foi preciso perguntar o que ela queria dizer, já que naquele momento o grupo terminou de entrar na sala e ela entendeu.
Todos na sala se levantaram para cumprimentar os recém-chegados. Eles eram os representantes de uma companhia cliente e parceira, e mereciam toda a atenção que pudessem dar. Hoje eles eram apenas quatro: a diretora de marketing e seu assistente e o COO deles, também com seu assistente.
O COO da Jackson Corporation era a razão pela qual Lia tinha falado aquilo sobre um companheiro que entenderia o trabalho de .
E também seu sonho de consumo.
O homem tinha começado no cargo há três anos, e ela se encantou por ele desde o dia em que se conheceram na reunião de apresentação.
era o tipo de cara que preenche o ambiente só de estar nele. Sem precisar trocar uma palavra com ninguém, ele já chamava a atenção. É claro que os seus 1,80 de altura, sua pele negra, o corpo atlético perfeitamente vestido com ternos caros e aquela cabeça raspada contribuíam para seu ar poderoso de chefe.
Mas, ele conseguia ser ainda mais encantador quando falava. era muito inteligente, o tipo de cara que te responderá algo pertinente independente do assunto que for proposto, ou surgirá com um assunto muito interessante de se debater. Além de também ser um gentleman com todas as mulheres ao seu redor, pura educação e charme.
O homem perfeito, muitas diriam.
- Bom dia, senhorita . – A voz dele lhe chamou a atenção e ela o encarou sorrindo, recebendo a mão dele em um aperto quente e aconchegante. O sorrido de dez milhões de dólares dele veio cheio de dentes brancos estonteantes e ao soltar a mão de , a esticou para sua amiga ao lado. – Smith. Como vão, senhoritas?
- Ah! Tudo ótimo, o de sempre sabe, muito trabalho. – respondeu prontamente, colocando os braços para trás e entrelaçando as mãos, mantendo uma postura profissional.
- Maravilha! Com licença, vou cumprimentar os outros. – falou e se afastou das mulheres.
- Pelo amor, . Tem como você ser mais profissional que isso? Acho que está pouco. – Lia criticou com a ironia, as sobrancelhas juntas no meio da testa em uma carranca.
- Eu sou uma profissional, Lia. Vê se não começa, por favor. – a repreendeu, entendendo onde a amiga queria chegar com a crítica e não querendo que aquilo continuasse, e tivessem outra discussão, principalmente por aquele não ser o lugar adequado.
Segundo Lia, o excesso de profissionalismo e o poder feminino empresarial eram “sprays anti-homem” (palavras dela) e as duas sempre discutiam sobre aquilo. Principalmente por que achava aquela ideia a mais ridícula de todas e por ser uma mulher que foi criada pelos pais para ser independente e acima de todo não aceitar nada menos que o melhor para si, ela nunca aceitaria estar ao lado de algum homem que não soubesse lidar com seu poder ou a visse como uma profissional qualificada. Ela era a porra da COO de uma empresa e dava a vida por aquele trabalho. Se isso espantasse algum interesse amoroso, ela só poderia agradecer pelo livramento que teria.
Lia levantou as duas mãos discretamente como se demonstrasse rendição e acenou para dizer que era o melhor que a mulher faria naquele momento.
Voltando ao modo chefe, ajeitou a postura e se preparou para começar a reunião.
- Bom dia a todos. – Falou, chamando a atenção de sua equipe e dos convidados, deixando implícito o início do evento e fazendo com que todos se acomodassem nas cadeiras e parassem de falar para ouvi-la.
- Alguém tem mais algum tópico para abordar hoje? – Ela perguntou, passando o olhar por todos ao redor da mesa oval, esperando alguém se pronunciar, mas, todos mantinham a mesma expressão de assuntos encerrados. – Bom, então terminamos a reunião por hoje. Lá atrás temos uma mesa de coffe break, fiquem à vontade para se servirem. Obrigada a todos.
Aos poucos as pessoas foram saindo da mesa e se juntando ao fundo da sala, servindo-se com o café da manhã. aproveitou o tempo para organizar seus papéis de volta às pastas e fechas as janelas da apresentação em seu notebook. Assim que terminou, se juntou aos colegas.
Aproximou-se do grupo no qual seus clientes estavam e logo foi introduzida ao assunto por um dos assistentes de marketing.
- O que você acha, senhorita ? – Louis perguntou com um sorriso divertido, a pegando de surpresa, pois ainda não sabia do que estavam falando.
- Desculpa, eu não ouvi. O que acho sobre o que?
- Estamos pensando em fazendo um happy hour hoje no bar do Joe, que fica aqui perto. O que acha da ideia? Topa? – O clima de sexta-feira e a sensação de dever cumprido após aquela reunião deixaram o homem mais leve, pois sabia que ele nunca falaria de forma tão informal próximo a ela, em outra situação. Não que ela ligasse ou fosse daquelas chefes chatas, mas ela achava que justamente por ser bem tranquila, sua equipe provavelmente achava que precisava retribuir sendo sempre formais quando falavam com ela.
- Bom, eu já disse que só vou se você for. – falou, interrompendo os neurônios da memória de que vasculhavam internamente sua agenda para checar a disponibilidade daquela noite.
Espera, o quê?!
- Como assim? – Perguntou, encarando o moreno de forma confusa.
O sorriso dele era de pura diversão.
- Ué, eu que não vou ser o único chefão no meio do pessoal, vou ficar deslocado. – Ele brincou, tirando risadas de todos.
Era um argumento válido, afinal, era o que ela sempre usava para “escapar” dos colegas quando a convidavam para aqueles eventos.
- Mas se for para excluírem chefes, acho que eles farão mesmo com nós dois juntos. – falou sorrindo, fazendo com que transformasse a risada em uma expressão pensativa.
- É, você tem razão. – O homem concordou, aproveitando para olhar diretamente nos olhos dela antes de continuar. – Mas se eles fizerem isso, pelo menos teremos um ao outro.
deu um sorriso de lado, gostando da ideia e do olhar que lhe dava.
- Justo! Eu topo. – Respondeu, fazendo questão de piscar para o outro chefe em confidência e usar a mesma palavra informal de Louis.
- Eba! – Lia comemorou atrás de , fazendo-a dar um pequeno pulo de susto com a chegada da amiga. – Nossa , qual seu segredo? Foi o primeiro em anos a conseguir fazer essa mulher sair daqui e ir socializar.
Por um momento, a indireta de Lia foi motivo da mulher se preparar para matar a amiga. Mas, após ver o sorriso malicioso que tentava esconder, decidiu deixar os pensamentos assassinos de lado, dando lugar a outros...
- Ninguém resiste ao meu charme. – Ele brincou levemente, porém todos no grupo tinham notado as segundas intenções nele.
, principalmente, tinha notado. Ela ficou imaginando se ele sabia que estava em seu radar, e depois disso só conseguia pensar em uma coisa:
Seria hoje que ela tiraria o atraso da sua vida sexual.
¹COO = Chief Operating Officer. Diretor de operações de uma companhia, braço direito do diretor executivo (CEO), é quem cuida mais de perto da rotina do negócio.
Got you on my... radar
Got you on my... radar
I got my eye on you
And I can't let you get away
O local escolhido para o happy hour, o famoso bar do Joe, era localizado um quarteirão depois do prédio da companhia, e as duas mulheres preferiram ir a pé já que tinham sido avisadas da dificuldade para estacionar ali próximo, preferindo assim deixar os carros no estacionamento da companhia.
- Me diz que está tudo lisinho aí. – Lia perguntou, não aguentando de ansiedade. Ela estava com certeza mais empolgada que para aquela noite, sua voz não saiu daquele tom agudo de adolescente desde o fim da reunião.
riu da pergunta, acostumada com a intimidade extrema da amiga.
- Claro, Lia. Não é porque estou sem transar com alguém há muito tempo, que deixo de me livrar dos meus pelos. – Respondeu convencida, levantando a cabeça para empinar o nariz e reforçar o argumento.
- Você é perfeita! – A mulher gritou, rindo. – E vocês dois são perfeitos. Puta merda, você vai voltar à ativa da melhor forma possível. Você sabe que os boatos dizem que ele é um excelente comedor. – Continuou, não se importando com as pessoas que andavam próximas delas, provavelmente também saindo do trabalho.
- Seu autocontrole com relação à essa boca suja é inacreditável, como você consegue ter um vocabulário tão oposto dentro e fora do trabalho? – comentou, achando hilário a forma que a amiga falava.
- É um dom, querida. – Lia respondeu, jogando os cabelos para trás se achando, as duas riram.
- E, quanto aos rumores... São só isso, rumores. Prefiro não criar expectativas, para não me decepcionar no final. – disse. – Já me deixei levar e peguei o cara mais bem falado, no fim, foi a pior foda da minha vida. Sério, até hoje eu fico me perguntando se as mulheres que falavam bem dele eram tão ruins quanto, ou só queriam ibope por ser ele.
- Te entendo, amiga. – A outra mulher disse, fazendo cara de sofrimento. Que logo mudou para uma de diversão. – Ei! Olha só ela, saindo cedo da empresa, indo para um happy, falando de fodas comigo, se preparando para uma... Quem diria, .
A chefe gargalhou alto, negando com a cabeça para o comentário da amiga. Aproveitando que tinham chegado ao bar e puxando a porta para entrarem.
As duas logo puderam ver todo o pessoal conversando e bebendo em uma das mesas no canto esquerdo do local, que estava bastante cheio, devido ao dia e a hora. Eles provavelmente não eram os únicos em um happy hour.
- Senhorita ! – James, seu estagiário, a saldou com um sorriso quando as duas se aproximara. Estendeu uma das mãos oferecendo ajuda para descer os degraus que separavam a entrada do bar da mesa deles.
- James, sem formalidades fora do escritório. Aqui, sou apenas . – Respondeu, aceitando sua mão e logo se colocando entre o estagiário e Mary, uma outra colega de trabalho, que foi logo entregando uma pequena garrafa de cerveja.
- Se eu fosse você, eu não falaria isso. – Lia falou rindo, ficando de frente para no mini círculo que fizeram. – A gente começa sendo simpática aqui, num ambiente social, e eles se acham no direito de fazerem piadas com nós, no ambiente profissional. Eles não têm limites...
quase não terminou de ouvir o que as últimas palavras da amiga, que foi arrastada por outro colega para a pista de dança (um espaço no meio do bar), quando uma música pop animada começou a tocar. Ela apontou para ele, a olhando sugestivamente, tentando reforçar seu ponto ao mostra-lo rebolando a bunda para ela.
A mulher não conseguiu conter a risada alta que deu pela situação, adorando aquele momento e se sentindo mais leve e tranquila com relação àquele encontro, deixando os pensamentos de que por ser chefe não pertencia ao grupo naquele momento, e se forçando a se soltar mais, tomando um gole da cerveja que recebeu e assinto aos colegas que conversavam e se divertiam.
- Outra chefa, você veio! – As palavras de a pegaram de surpresa, a fazendo virar bruscamente à procura dele, uma ação involuntária. Ação que teve sua reação em forma de mico, pois acabou esbarrando no braço de James e derrubando a cerveja na parte inferior da camisa.
- Ai, droga! – Xingou alto, se afastando do estagiário, que se desculpava preocupado. – Relaxa, James, eu que fui desastrada. – Falou, enquanto olhava o estrago que tinha feito.
- Aqui, tem uns guardanapos. Podem ajudar a secar. – lhe passou os papéis.
sorriu agradecida enquanto os pegava e passava sobre o tecido na tentativa de amenizar o estrago.
- Chega, não vai melhorar muito mesmo. – Disse derrotada, jogando os papéis no lixo próximo da mesa deles e dando de ombros. – Pelo menos foi embaixo, teria sido constrangedor se molhasse mais para cima. – sorriu divertida, evidenciando a transparência da camisa após molhada, seu umbigo aparente por trás do pano.
- Uma pena. – disse, parecendo realmente chateado com aquilo.
- Como assim “uma pena”, ? – Questionou, colocando as mãos na cintura se fingindo de indignada. – Meus seios ficariam expostos para todos os meus colegas de trabalho.
As sobrancelhas de levantaram em surpresa à fala descontraída da mulher, não acreditando que ela estava dando corda para seu flerte. Ele tinha um sorriso no rosto e abriu e fechou a boca algumas vezes, incerto de como responder.
- ENFIM - Falou, finalmente, ainda sorrindo divertido e malicioso ao mesmo tempo. – Já que sua bebida foi parar na sua roupa, que tal eu pegar outra para nós?
Ela concordou com um aceno, lhe informando qual cerveja queria e agradecendo o favor. Quando se virou para o grupo do trabalho, Lia, que estava do outro lado da mesa, a encarava descaradamente, empolgada. A mulher tinha certeza que a amiga viu e ouviu toda a cena, e riu quando recebeu um joinha dela.
Quase quatro horas depois foi quando o pessoal começou a se despedir, alguns precisavam ir por causa dos companheiros, esposas/maridos, ou os filhos, que os esperavam em casa; outros teriam compromisso na manhã seguinte e não queriam extrapolar. Quem restou, acabou aos poucos também saindo pois já com a turma desfalcada foi ficando menos divertido.
Ainda tinham umas quatro pessoas da sua companhia, e mais uns dois da Jackson Corporation quando decidiu que precisava se retirar. Seus pés, nos saltos desde às sete da manhã, já latejavam, começando a inchar e sua cabeça começava a doer um pouco pela falta de costume da bebida e das músicas com batidas altas.
Deu uma última olhada ao redor do bar, procurando rapidamente pelo seu companheiro da noite, mas não teve sorte, olhando no relógio em seu pulso e percebendo que tinha sumido a mais de vinte minutos.
Para usar as palavras dele, “que pena”. tinha certeza de que terminaria a noite na cama com , simplesmente porque os dois flertaram a noite inteira. Mesmo quando não estavam próximos e conversavam com outras pessoas, sempre procurava por ele entre os colegas e ele a pegava olhando, caindo direitinho em seus planos, que eram de deixar claro que estava interessada, ousando olhares mais maliciosos, recebendo alguns de volta.
Mas, ele tinha sumido. E ela não era nenhuma adolescente apaixonadinha para ficar o esperando voltar ou acabar sendo a última sozinha no bar. Se ele só queria flertar naquela noite, então era assim que terminariam.
Finalmente, se despediu dos últimos que estavam na mesa deles, deixando um pouco mais que sua parte na divisão da comanda, como gorjeta aos atendentes, e se dirigiu à porta do bar, sendo recebida por uma lufada do ar noturno gelado. Se encolhendo no casaquinho fino que usava, se virou para o sentido do prédio da companhia dando de cara com o sorriso branco que se acostumou a ver naquela noite.
- ! Achei que tinha ido embora, sumiu de lá de dentro. – Comentou simplesmente, sorrindo formal, mesmo que por dentro a chama da sua libido tenha voltado a ativar depois de ter apagado ao perceber que iria sozinha para casa.
O homem levou aos lábios o cigarro que segurava, tragando devagar e logo depois soltando a fumaça para o lado, evitando que fosse até o rosto da mulher.
- Tive que sair para fumar um pouco, precisava me acalmar. – respondeu, evitando olhar nos olhos dela.
- Não sabia que fumava! Você não costuma ter o cheiro típico de fumante em nossas reuniões, é mais o cheiro de um perfume bem gostoso. – disse, deixando de propósito a confirmação de que ela reparava no perfume dele.
Ele sorriu mostrando os dentes brancos novamente, e abaixou a cabeça a balançando negativamente. A mulher não entendia o fato de ele estar tão distante.
- Na verdade, não sou fumante. Só fumo quando estou estressado, ou preciso relaxar. – Respondeu, tragando outra vez, ainda sem olhar para ela.
- O que é que pode ter te estressado num happy hour? Você parecia estar se divertindo lá dentro. – A mulher falou sincera, realmente não entendendo a situação dele.
- Você, . Você é o motivo de eu precisar de um cigarro.
E lá estava, os olhos castanho-escuros a encarando, olhando diretamente para sua alma, a fazendo perder o autocontrole e dar um passo à frente para se aproximar.
- Mas, como eu posso ser o motivo? O que eu fiz? – Perguntou se fazendo de inocente, sustentando seu olhar completo em chamas de desejo.
- É o que você não fez, na verdade. – falou, após soltar a fumaça da sua última tragada, esticando a mão até a parede para apagar o cigarro e o jogando na lata de lixo que estava próximo a eles. – O que seus olhos me prometeram a noite toda.
Agora, com a atenção dele toda para si, aproveitou para se aproximar ainda mais e aproveitar que seu autocontrole já tinha ido embora para fazer o que seu corpo pedia há algum tempo.
- Eu também tive algumas promessas nesses olhares. Elas poderiam começar a serem cumpridas, não acha?
A resposta de foi puxá-la para um beijo intenso. A língua dos dois se encontrando sem demoras, explorando. Os braços dele foram para a cintura dela, trazendo seu tronco para mais perto, encostando os corpos ao ponto de ela poder sentir sua ereção. As pernas dela, desacostumadas com a sensação, tremeram devido a leve onda elétrica que percorreu seu corpo quando sua excitação chegou a molhar a calcinha que usava. As mãos que estavam envolvidas no pescoço dele subiram pela lateral do rosto até passearem livres pela cabeça raspada que lhe dava tanto tesão.
- Nós precisamos... sair do meio.... da rua. – falou ofegante, entre as paradas do beijo.
- Claro. Sua casa ou a minha? – perguntou também ofegante, finalizando o beijo para poderem conversar, mas ainda a apertando contra seu corpo.
- A sua. Mas vamos no meu carro, está na empresa. – Ela disse, depois de lembrar a bagunça que estava seu apartamento. O homem concordou, lhe dando alguns selinhos e finalmente separando os corpos quentes.
O corpo de imediatamente tremeu de frio ao ser separado da fonte de calor, e chegou a abrir os braços pronto para tirar seu blazer e lhe dar, mas ela disse que não era necessário pois eles chegariam ao carro rápido e lá ela teria o ar condicionado quente. Ele concordou e os dois seguiram em direção ao prédio da companhia dela.
I choose you, don't wanna lose it
acordou em um pulo, assustada e olhando confusa ao redor, tentando entender onde estava, pois tinha certeza de que não era em sua própria casa. Não foi preciso menos do que cinco segundos para sua mente voltar à ativa e ela lembrar de toda a noite anterior.
E também não teve muita chance de processar tudo, já que saiu de uma porta que tinha na lateral do quarto, cobrindo a cintura com uma toalha preta e sorrindo para ela.
De forma automática, ela puxou os lençóis até o pescoço tentando cobrir a nudez da visão dele, apesar de ter em mente que ele tinha visto tudo poucas horas atrás.
- Bom dia! – Ele cumprimentou alegre, saindo da porta do banheiro e caminhando até uma outra entrada, provavelmente o closet. – Dormiu bem? – Sua voz saiu baixa por estar no outro cômodo.
- Ah... bom dia! Tive uma noite excelente. – respondeu. Apesar de estar um pouco envergonhada pela situação, não se arrependia de nada e não agiria como tal.
voltou ao quarto, já vestido com uma camiseta cinza lisa, calça jeans simples e os pés ainda descalços. Era a primeira vez que ela o via com roupas que não fossem as sociais de trabalho, e se perguntou como ele conseguia ficar ainda mais bonito daquela forma mais casual.
- Que ótimo! – Seu sorriso iluminava o quarto, ainda escuro por conta das pesadas cortinas escuras na janela. O homem se aproximou da cama e se sentou ao lado de , sem deixar de olhá-la com carinho. – Quer conversar sobre o acontecido?
Lá estava de volta o cavalheiro e respeitoso, totalmente diferente do ousado com quem ela trocou flertes no bar e acabou transando. se assustou ao perceber que se encantou pelas duas “personalidades” dele.
- Devemos? – Ela perguntou, receosa, fazendo um bico e suspirando, o que fez com que risse, mas concordasse com a cabeça.- Bom, não me arrependo de nada da noite passada, pelo contrário, porém não tenho certeza de como será a partir de agora... Afinal, de certa forma trabalhamos juntos.
- Primeiro, obrigada por não endoidar com coisas como “meu Deus, eu estava bêbada e não devia ter feito isso” e me dizer a verdade. – Ele disse e os dois riram da sua imitação ridícula de uma voz fina. – Segundo, nós não temos tanto contato assim, cerca de quatro reuniões ao ano? As negociações acontecem mais entre nossos outros departamentos, você sabe. E terceiro, eu preciso aproveitar a sua sinceridade, para usar a minha. – Os olhos dele focaram no dela e ele respirou fundo antes de falar. – Eu sempre te admirei muito, principalmente por ser um pouco mais velha que eu e por toda a sua carreira profissional, além de te achar uma pessoa encantadora, linda e muito gostosa. – soltou uma risadinha envergonhada o último elogio.
- Obrigada. – Respondeu, sem palavras pelo discurso dele. – Eu também penso o mesmo de você, em todos os pontos.
- Que ótimo! Então, vou te fazer uma proposta irrecusável: - falou, usando seu tom convencido e aproveitando para pegar as mãos de e as segurar carinhosamente. – Que tal se nós dois, duas pessoas que se admiram e se interessam uma pela outra, nos arriscássemos para ver se podemos dar certo?
segurou a respiração, ficando preocupada. Não sabia se estava pronta para tentar uma relação, apesar de ser maravilhoso, ela ainda era COO de uma empresa, ainda amava seu trabalho e dedicaria o máximo por ele, ainda sem tempo para um companheiro.
- Não faz essa cara! – Ele disse, ao perceber a indecisão expressa em seu rosto. – Não estou te pedindo em namoro, nem pedindo um relacionamento a mais que uma boa amizade. Vamos começar devagar, avançar o nosso relacionamento para além do profissional, começar com uma amizade nas vidas pessoais e deixar rolar.
- Uma amizade colorida? – perguntou, gostando da ideia.
- Seria maravilhoso, mas sem regras sobre não se apaixonar. – Ele falou sincero. – Eu tenho a sensação de que ainda caso com você um dia, então, não quero deixar essa chance passar.
sorriu o achando muito fofo, não aguentando e pulando em seu colo para um abraço forte.
- Então, combinados?
- Combinados!
Os dois sorriram e então concordaram em tomar café e passar o sábado juntos.
FIM
Nota da autora: Já quero começar pedindo desculpas por não ter dado mais atenção à cena restrita, era pra ter a noite deles todinha aqui, porém fiquei apertada com o prazo de entrega e não deu gente. SORRY. Mesmo assim, gostei bastante do resultado da fic e desde o começo sabia que eles dois seriam fofíssimos no final, mesmo que a música da Britney dê a entender algo mais carnal. Me apeguei ao casal e os dois ficarão juntos sim! Hahah
Não sei se perceberam, mas tudo que está em negrito são versos da música!
Espero de coração que tenham gostado! Fiquem à vontade para usar a caixinha de comentários e deixar suas opiniões sobre tudo :)
Até a próxima!
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