Finalizada em: 14/07/2024

Capítulo Único

Tudo começou no ensino fundamental, eu era apenas um menino magrelo e marrenta, mas ela era a menina mais bonita da sala. Eu nem tinha idade para me apaixonar, mas eu lembro que quando a via, meu coração batia tão rápido e eu nunca entendia o porquê e então, eu pegava no pé dela. Era uma forma de tentar distrair o que sentia, uma forma de tentar fazer toda aquela sensação ruim que era o coração bater tão rápido a ponto de quase explodir, as mãos suarem a ponto de ficarem geladas e a barriga parecer que tem bichos apostando corrida para ver quem é mais rápido.
E essa sensação eu só sentia quando eu via .
Mas é claro que com o decorrer do tempo, eu fiz muita cagada. Quando éramos adolescentes, eu me declarei e por mais incrível que pareça, ela também gostava de mim. Eu me sentia o cara mais sortudo do mundo, mas quando completei dezoito anos, fui obrigado a ir para o exército pelo meu pai, já que segundo ele era uma coisa de família.
Na minha cabeça, naquela época fazia muito sentido para mim, que eu fosse e não me despedisse. Aquela situação deixaria as coisas ainda piores, eu não ia querer ir, eu ia ver ela chorar e isso ia acabar comigo… Foi aí que decidi deixar essa situação ser uma situação para o do futuro resolver. E o futuro chegou.
Estamos nesse instante no departamento de polícia em que atualmente trabalho como detetive e às vezes como mentor. No vidro à minha frente, era possível ver com o mesmo uniforme de polícia. Eu não sabia se ela era novata ou se ela só havia sido transferida, mas naquele instante eu percebi que o momento de resolver o meu passado havia chegado.
Era visível meu nervosismo, minha vontade era de fazer qualquer coisa, menos estar ali naquele momento, mas no fundo eu sempre soube que essa hora chegaria, só que pensei que estaria mais pronto. Por fim, olhei no relógio em meu pulso e estava no limite do horário para nos reunirmos na sala antes do início do expediente.

POV

Ter me mudado para Los Angeles foi uma decisão que tive que pensar muito, já que envolveria muita coisa, era praticamente do outro lado do país e não teria rede de apoio, mas pelo menos, o salário seria quase o triplo. Chegar num departamento diferente, onde regras mudam, pessoas desconhecidas, é um tanto complicado, mas eu estava acostumada a enfrentar esse tipo de situação.
O departamento era dividido por alguns setores da polícia, setores que eu sequer tive tempo de conhecer, mas isso não era importante. Naquele momento, eu estava na sala onde teria a reunião e esperava começar, porém, em algum momento eu vi um rosto conhecido adentrar aquela sala, me fazendo estremecer de dentro para fora. Parecia que ele tinha me reconhecido, porque entrou naquela sala extremamente travado.
— Senhores, bom dia. — o Sargento falou, chamando a minha atenção. — A partir de hoje, teremos um novo reforço em nosso departamento, a detetive .
Assim que ele disse meu nome, me levantei brevemente e cumprimentei a todos, voltando a me sentar logo em seguida. Depois de algumas dicas importantes e outras nem tanto, o Sargento nos liberou para começar o trabalho.
Me levantei para sair da sala e ir em direção ao setor que eu trabalharia, mas fui impedida por uma mão, que praticamente me puxou para um local mais afastado. Óbvio que eu sabia quem era. Ao chegarmos numa parte mais afastada, pude finalmente encarar os olhos dele depois de tanto tempo. Aquilo me fez sentir uma sensação estranha, uma tristeza e mágoa, principalmente.
— É bom te ver de novo. — ele proferiu aquelas palavras, talvez estivesse procurando o que dizer. — Você está bonita e eu não acredito que sem querer, escolhemos a mesma profissão.
— Eu não quero falar nada mais do que o indispensável com você, . Mesmo que trabalhemos juntos, eu não quero estar próxima de você novamente. — fui dura com ele, estava magoada mesmo depois de tantos anos e me irritou perceber que ele pensou que um simples "você está bonita" mudaria tudo o que aconteceu.
— Uau… Certo. Eu não vou insistir, mereço isso. — ele respondeu e foi notório perceber a expressão desanimada no rosto dele.
Eu assenti e caminhei em direção oposta a dele, entrei na sala mais próxima do meu caminho e fechei a porta atrás de mim, foi então que segurei o choro que estava entalado. Como aquilo doía, tudo o que tive que passar sozinha depois da ausência dele… Nada justificava aquela ausência, principalmente aquele sumiço.
Demorei um certo tempo para me recompor, suspirei e limpei rapidamente o rosto. Por azar, assim que abri a porta, dei de cara com novamente, que fez uma expressão curiosa e preocupada. Eu sabia que ele estava, o conhecia muito bem.
Não podia mentir, ele estava muito bonito. Estava mais velho, sua barba por fazer e o cabelo sempre despojado. Também estava mais forte, seu músculo praticamente saltava na roupa, era extremamente sexy. Ok, pensamentos desnecessários.
— Você está bem? — ele questionou, me fazendo levantar o rosto e olhar na direção dele.
— Eu estou bem, . Não precisa se preocupar. — fui sincera, abaixando a guarda por alguns instantes.
, eu sei que fui um merda com você. Eu te deixei sem notícias, fui embora sem nem me despedir porque eu tinha medo. Você sabe que meu pai sempre me obrigou a ir para o exército, mas eu sabia que se eu fosse até você, não conseguiria ir e criaria uma guerra. — ele começou a despejar aquelas palavras, sem me dar espaço para responder. — Eu sempre pensei em você, em todo momento. Pedia notícias suas para meus pais, mas eles me disseram que você mudou daquela casa e então perderam contato. , eu te procurei… Mas infelizmente não achei. Cheguei a pensar besteira por uns instantes. Eu não ligo de você não falar mais comigo, mas já me deixa aliviado só de saber que você está viva e bem.
Eu fiquei em silêncio depois de tudo o que ele havia falado, estava tentando assimilar tudo o que tinha ouvido e então, respirei fundo.
— O problema é que você não lutou por nós, poderia ter ido para o exército, eu te esperaria. Mas você perdeu tanta coisa… — olhei para baixo, passando a mão sutilmente sobre a barriga. — Que são coisas que não sei se você conseguiria recuperar depois desse tempo distante.
— Eu, com certeza correria o risco para te ter de volta na minha vida. — ele respondeu logo em seguida, como se tivesse certo do que estava falando. — Me dá uma chance, não precisa ser como namorado, mas para ser apenas uma pessoa em sua vida.
Olhei ao redor, arrumando meu uniforme de serviço e depois para o rapaz novamente. Pensei em muitas coisas, tudo que poderia colocar em risco depois de tantos anos.
— Você pode tentar, mas eu não prometo nada. — fui sincera, assentindo com a cabeça.
— É o suficiente para mim. — ele respondeu, me deu um sorriso e saiu andando, me deixando com uma cara de boba novamente.
Mas se ele acha que vai ser fácil… Ah, mas não vai mesmo.

Fim.

Nota da autora: Oi pessoal! Espero que gostem, pretendo em breve escrever um spin off dessa fic, então, aguardem que vem mais!
Para saber mais sobre as fics, me sigam no Instagram: @papernrubber.



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Ties beyond time

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