Capítulo Único
não suportava mais aquela situação. Era a terceira vez àquela semana que seu padrasto chegava bêbado em casa. Desde que há dois anos o homem perdera o emprego de corretor de imóveis, sua rotina se concentrava em desperdiças horas em bares pela cidade, acumulando despesas e provocando brigas. E como se não bastasse o tamanho prejuízo financeiro que deixava por conta de sua esposa, quando colocava os pés em casa, o homem agredia a mulher e o filho. Nunca fisicamente, pois, felizmente, sempre o impedia. Contudo, Bruce não poupava os insultos, e aquele dia não foi diferente:
— Você é um merdinha! Peter tem razão em não querer aquela garota perto de você! — o homem cuspiu. — Você e seus amiguinhos maconheiros são um bando de vagabundos! Não duvido nada que vire uma vadia igual a sua mãe!
O sangue de ferveu em suas veias e uma onda estrondosa de raiva consumiu seu corpo. O rapaz partiu em direção ao mais velho, porém sua mãe se pôs em seu caminho, impedindo de se aproximar do homem.
— Não faça isso, , não dê o que ele quer! — a mulher suplica.
— Não vou deixar ele falar assim da senhora e da ! — o garoto vocifera.
— Isso, mostra para a vagabunda da sua mãe que você não é nem um pouco diferente de mim! — o homem ri.
não conseguiu manter o controle novamente; ultrapassou a barreira que sua mãe tentou fazer com o próprio, no entanto, antes que pudesse desferir um soco no rosto do padrasto, a imagem do sorriso de veio em sua mente e o rapaz hesitou automaticamente. Não, não se tornaria o tipo de pessoa que despreza, não se igualaria a ele.
O garoto espalma as duas mãos sobre o peito do mais velho e o impulsiona para trás. O homem, que já mal conseguia se manter em pé, caiu sobre o chão, batendo com a cabeça na parede.
— Nunca mais abra essa boca imunda para falar assim da minha mãe! — grita.
Devido ao impacto e ao estado deplorável em que se encontrava, o mais velho não teve capacidade de se levantar e ao poucos perdera a consciência, mas não antes de exibirum sorriso tenebrosamente satisfeito em seu rosto.
document.write(Kennedy) marcha até o seu quarto e pega sua mochila, enchendo-a com uma ou duas peças de roupa, um lençol, alguns objetos pessoais que julgou necessário, e seu violão recostado à beira da cama. Em seguida vai para a cozinha, apanha alguns aperitivos e uma garrafa de vinho que sua mãe havia escondido e volta para a sala em busca da chave do automóvel da família.
A mãe o encara preocupada e aturdida enquanto o rapaz cruzava a porta de casa antes que ela fosse capaz de questionar onde estava indo ou se ao menos voltaria para casa. adentra o veiculo da família e põe a chave na ignição, descansando a cabeça no volante enquanto suspirava. Ele sabia que do modo em que estava o padrasto não acordaria antes da metade do dia seguinte, então não poderia fazer nada com sua mãe até que ele voltasse. Tudo que o garoto precisava naquele momento era se distrair um pouco, então deu partida no carro e seguiu em direção ao bairro nobre da cidade, onde se localiza a casa dela.
, a garota mais amável que já conhecera e sua namorada. Os dois se conheceram através de um trabalho de Literatura que precisaram fazer juntos, se tornaram amigos e com o tempo a relação foi crescendo, até se tornar inevitável declararem o que sentiam um pelo outro. Os pais de nunca aprovaram o namoro, pois a menina pertencia a uma família de classe alta e muito prestigiada, já era apenas um menino do subúrbio sem expectativas, cujo eles julgavam não ser adequado para sua filha. Contudo, o jovem casal nunca deu importância a isso e mantiveram o relacionamento, encontrando-se escondidos dos pais.
estacionou o veiculo na rua seguinte a de e fez o caminho, já conhecido, até a sacada da garota, onde ele escalou sem dificuldade. O rapaz bateu na porta de vidro e após alguns minutos apareceu na fresta; os olhos semicerrados e os cabelos bagunçados indicavam que a menina havia sido acordada pelo namorado, mas ela não pareceu se importar, pois logo um belo sorriso estampou sua face. não hesitou em invadir o quarto e tomar os lábios da namorada para si, que retribuiu com mesma intensidade. O casal cambaleou pelo quarto até caírem sobre a cama queensize da garota, provocando risada em ambos. , que estava por cima da namorada, afastou-se alguns centímetros para admirar e acariciar o rosto da jovem e a garota fez o mesmo enterrando seus dedos nos cabelos do namorado.
— O que está fazendo aqui? — questiona.
— Quis fazer uma surpresa a minha namorada. Não gostou? — rebate.
— É claro que eu gostei! Só achei estranho não ter avisado antes!
— Ora, achei que o objetivo de fazer uma surpresa era justamente não avisar! — o garoto diz o óbvio, fazendo a menina rir e concordar. — Troque de roupa, vou levá-la a um lugar. — O garoto se afasta da namorada e indica o guarda-roupa.
— Hum, para onde? — A garota pergunta, confusa.
— Apenas se vista. Não posso falar, é surpresa!
Mesmo duvidosa a menina se levantou e seguiu para o closet, abrindo-o e relevando uma vasta coleção de vestidos. observava cada movimento da namorada, o corpo esguio da jovem coberto pelo pijama com estampa de gatinhos e as caretas que ela fazia quando analisava cada peça de roupa olhava o deixavam a cada segundo mais encantado. Às vezes o garoto se perguntava como pode ser tão sortudo em tê-la conquistado; há poucas coisas no mundo de que ele se orgulha em ter, e certamente sua namorada era uma delas. Por fim, optou por um vestido solto florido e claro e se virou contente para mostrar ao namorado, que concordou com um sorriso, mesmo que para ele não fazia a mínima diferença qual roupa ela usaria, já que ela ficava perfeita de qualquer forma. sorriu em resposta e adentrou rapidamente o banheiro.
não entendia o porquê de a namorada ainda sentir vergonha de se trocar em sua presença, uma vez que ele já havia visto e contemplado cada pedacinho do corpo da jovem diversas vezes. Ela era menor e mais magra que a maioria das meninas de sua idade, no entanto, isso nunca incomodou o rapaz, não se importava com as cicatrizes esbranquiçadas em sua pele bronzeada ou as espinhas — que às vezes adquiriam tamanhos desproporcionais e enlouqueciam a jovem — em seu rosto, amava-a da maneira que era e fazia questão de lembrá-la disso todos os dias.
estava tão perdido em seus devaneios que só percebeu quanto tempo havia se passado quando deixou o banheiro, trajando o vestido escolhido; os cabelos cor de caramelo estavam caídos em ondas sobre os ombros e a franjinha — que sempre julgou ser uma característica encantadora dela — cobria a testa, o rosto carregava um pouco de maquiagem e os lábios cobertos por um batom rosa suave.
O garoto se levantou da cama encarando a jovem, boquiaberto. Caminhou até ela, segurando uma de suas mãos e fazendo-a girar no lugar.
— Uau! Tenho a namorada mais linda do mundo! — ele exclama em descrença.
sorri encabulada e desfere um leve tapa no peito do rapaz, desprendendo-se do namorado em seguida e caminhando até a cama para resgatar os seus pertences.
— Vamos logo, ! Antes que meus pais acordem e eu me arrependa! — a menina adverte.
balança a cabeça em concordância e caminha até a namorada, voltando a segurar sua mão. Ambos deixam o quarto e o garoto desce a sacada, preparando para receber e auxiliar a namorada caso ela precisasse, todavia, a garota se saiu muito bem sozinha, provocando sentimento de orgulho no namorado.O casal se afasta da casa e logo estão acomodados no veiculo enquanto dava a partida e mexia no radio a procura de algo que a agradasse — acabando por escolher uma musica de rock dos anos oitenta.
— Não vai mesmo me dizer para onde estamos indo? — pergunta.
— Não. Pense que essa noite somos apenas um casal apaixonado que decidiu desaparecer e esquecer o mundo!
A menina o encara incerta, mas não volta a questionar. Dedica sua atenção novamente ao aparelho de som na tentativa de conter sua ansiedade. Ela simplesmente odiava quando o namorado era misterioso. percebe a agitação da namorada e entrelaça seus dedos aos da mão esquerda dela, levando as mãos à altura do rosto e depositando um beijo no dorso de . A morena sorri docemente para o rapaz, que retribui igualmente.
avistou uma fachada iluminada por luzes coloridas e uma ideia lhe veio a mente, provocando um sorriso divertido em seu rosto. O garoto freou bruscamente o carro, fazendo a o encarar sobressaltada, mas antes que a garota pudesse perguntar algo, já havia saído e contornado o automóvel, abrindo a porta para auxiliar a namorada. Mesmo sem entender, a jovem permitiu que o namorado segurasse em sua mão e a retirasse do carro, no entanto, quando percebeu para onde estava sendo guiada, fincou os pés no chão.
— Uma Discoteca, !? Você enlouquece!? — a menina questiona, exasperada. — Eu não sei dançar!
— Você sabe todos os passos! Assistimos Dirty Dancing centenas de vezes!
— Assistir é muito diferente de reproduzir! — a jovem exclama com indignação.
— Vamos, vai ser legal! — o garoto se aproxima da namorada, segurando seu rosto. — Vamos esquecer o mundo e nos divertir, só por uma noite!
Quando os olhos de encontraram os cor de avelã do namorado, todas as suas inseguranças se dissiparam. Eles lhe transmitiam tanta tranquilidade, paixão e segurança que fez seu coração se aquecer. A menina suspirou e balançou levemente a cabeça em concordância, provocando um genuíno sorriso no rapaz.
— Tudo bem, mas só se você prometer fazer aquela cena em que ele a levanta no alto!
— Darei o meu melhor!
agarrou a mão da e a conduziu até a entrada do clube, conversando rapidamente com o homem na porta de entrada, que felizmente o conhecia das vezes em que teve de arrastar o patriarca de sua família de volta para casa. A Discoteca estava cheia, em sua maioria por adultos e idosos, todos dançando alegremente. O rapaz dirigiu-se até o canto onde o DJ se localizava com suas pickups e troca algumas palavras com o homem de blackpower, que sorri e assente com a cabeça, trocando o disco em seguida. (I've Had) The Time of My Life irrompe pelos alto-falantes e guia para o meio da pista de dança.
O corpo da jovem estava tenso, ela nunca havia dançado na frente de ninguém antes, nem mesmo , como faria aquilo com tantas pessoas ao seu redor? Percebendo o estado em que a namorada se encontrava, segura em sua cintura com uma mão e agarra seu queixo com a outra, o erguendo em sua direção.— Relaxa, ok? Esqueça as outras pessoas e o que elas estão pensando, finja que estamos só eu e você aqui. Apenas sinta a música.
fechou os olhos e permitiu que comandasse o compasso de seus movimentos, porém, ela não demorou a retomar o controle sobre seu corpo e embalá-lo no ritmo da música. O rapaz trazia a namorada para perto e em seguida a fazia rodopiar para longe, enquanto a garota remexia os quadris.
Pouco a pouco uma roda de pessoas se compõe ao redor da pista de dança para contemplar o jovem casal, todavia, eles estavam entretidos demais com a dança — e algumas pisadas no pé — para perceber a atenção que estavam recebendo.
Logo o esperado momento havia chegado. se afasta do namorado, porém apenas o suficiente para pegar impulso. Ela olha ao redor e depois para , como se buscasse algum tipo de incentivo, e ele não falou em sorrir encorajador para ela. A garota fecha os olhos, respira profundamente e, antes que seus pensamentos pudessem pará-la, correu de encontro a . O garoto não hesitou em segurar a cintura da namorada e suspendê-la no ar, que por sua vez abriu os braços como um pássaro. Por um segundo, todas as preocupações desapareceram e se sentiu leve, feliz e livre, sentiu como se realmente pudesse voar e emitiu uma gargalhada de satisfação. pôs de volta ao chão e envolveu seu corpo, selando seus lábios em um beijo alegre, intenso e ardente, enquanto eram aplaudidos por todos no recinto. Eles se separaram e trocaram um sorriso apaixonado antes do rapaz apanhar a mão da namorada, carregando-a em sentido à saída.
— Foi tão mágico, ! — a garota comenta, entusiasmada. — Eu me senti tão leve! Achei mesmo que fosse voar!
O garoto riu da empolgação da namorada e a abraçou pelos ombros, depositando um beijo em seus cabelos.
— Viu? Eu disse que seria divertido!
A menina concorda com a cabeça e sorri enquanto o namorado a conduz de volta ao carro. Quando os olhos de bateram sobre o relógio, sua expressão ficou séria, causando estranhamento em .
— O que houve? — ela quis saber, preocupada.
— Precisamos ir ou vamos nos atrasar! — ele responde aflito dando partida no carro.
— Atrasar para o quê? Aonde estamos indo?
— É surpresa!
— Outra? — a jovem pergunta, confusa.
— Essa será a verdadeira surpresa. Você vai adorar também!
A menina não contestou. Confiava plenamente no namorado, então apenas deixou que ele dirigisse enquanto Champagne Supernova entoava pelo rádio. desceu parcialmente o vidro do automóvel, sentindo a brisa refrescante lamber seu rosto e bagunçar seus cabelos.
O cheiro de maresia invadiu suas narinas e ela logo constatou que estavam próximos à praia, no entanto, antes que pudesse abrir a boca para perguntar a , a imensidãoazulada do mar se fez presente em seu campo de visão. Os olhos de brilharam e sua boca se abriu em um perfeito “O” e sorriu ao ver expressão maravilhada da namorada.
O rapaz estacionou na calçada próxima ao píer edeixou o veículo, circulando-o para ajudar a menina, porém elahavia sido tão rápida quanto ele. Eleabriu a porta traseira, pegou sua mochila e o violão e se virou para a namorada.
— Lembra de quando você disse que um dos seus maiores desejos era assistir ao nascer do Sol de perto? — ele pergunta e a menina balança a cabeça em concordância. — Bem, esse dia será hoje!
entrelaçou seus dedos aos de e juntos eles desceram a escadaria em direção a praia. O garoto abriu a mochila e retirou o lençol, esticando-o sobre a areia fofa com auxilio da namorada. O casal se sentou e o rapaz começou a retirar todas as guloseimas que trouxera e espalhar sobre o pano.— Me desculpa não ter muita coisa, eu saí apressado de casa e tudo que encontrei foi isso: Biscoitos, salgadinhos e pedaços de um queijo esquisito que minha mãe comprou.
— Parece apetitoso para mim! —a menina diz em tom brincalhão antes de comer um dos pedaços. — Hum... E realmente é!
— E também temos vinho! — o rapaz diz balançando a garrafa. — Merda, eu esqueci as taças!
ri do tom de desespero do namorado e apanha o vinho das mãos dele, pega seu molho de chaves e seleciona uma, enfiando-a enviesada na rolha e girando-a até que a garrafa estivesse completamente destampada. A menina leva a boca da garrafa até os lábios e dá duas grandes goladas no liquido.
— Agora não precisamos mais de taças! — ela da de ombros, fazendo o garoto sorrir.
olhou em volta e sua expressão se tornou tristonha. Era isso que ele para oferecer a ela? Um vinho barato e queijo velho? Agora ele entendia o porquê de os pais da garota ser contra o namoro dos dois. Ele não tinha um emprego decente, não tinha estrutura, ela estava acostuma a uma vida regada de conforto e ele tinha nada de luxuoso para proporcionar á ela.
— Me desculpa, , não foi assim que eu planejei! Droga, era pra ser tudo perfeito e não nós dois sentados num lençol de retalhos comendo comida velha! Nem um piquenique decente eu tenho capacidade de te oferecer! — o garoto exclama, frustrado consigo mesmo.
— , olhe para mim! — a menina segura os dois lados do rosto do namorado e o encara diretamente nos olhos. — Está tudo perfeito! Estamos em um lugar maravilhoso, sozinhos, sem ter ninguém nos julgando e dizendo o que devemos fazer ou com quem devemos ficar! Eu não ligo para comida, só quero ficar aqui e aproveitar o tempo com você! Isso é perfeito para mim!
Os olhos negros de brilharam como um céu estrelado, isso de certa forma acalmou , provocando um sorriso genuíno em seu rosto. também sorriu e trouxe o namorado para perto, selando seus lábios em um beijo apaixonado.— Agora cante algo para mim. Quero ouvir a sua voz sexy de astro do rock! — ela brinca, fazendo-o rir.
— O que quer ouvir, minha bela dama?
— Hum... — a menina encara o mar, pensativa. — Hold Me Tight dos Beatles!
O garoto concordou com a cabeça, ajeitou o violão sobre o colo e começou a dedilhar as primeiras notas da música.
It feels alright now
Hold me tight
Tell me I'm the only one
And then I might
Never be the lonely one
cerrou os olhos e embalou o corpo no ritmo da música. A voz rouca de e a melodia serena que saía do violão deram um sentido totalmente novo à música, fazendo com que a garota adorasse ainda mais.
So hold me tight
Tonight, tonight
It's you,
You, you, you, oo
O barulho das ondas quebrando trazia um sentimento descomunal de tranquilidade ao coração de . Ela desejou poder parar o tempo naquele exato momento fazê-lo durar para sempre. Desejou que tudo aquilo não fosse um sonho e repente ela acordaria em seu quarto sozinha. Desejou que seus pais entendessem que é muito mais do que uma fase adolescente. Desejou simplesmente que pudesse sempre se sentir tão feliz quanto se sentia naquele instante.
Hold me tight
Let me go on loving you
Tonight, tonight
Making love to only you
terminou a música e abriu os olhos lentamente, sorrindo assim que eles encontraram os do namorado.
— Eu te amo — ela disse.
O garoto sorriu, colocou o violão ao seu lado e puxou a namorada para perto. Pôs as mãos em seu rosto e afastou uma mecha que lhe cobria os olhos.
— Eu também te amo — ele respondeu antes de grudar seus lábios aos dela.
— Sei que eu disse que não ligava para a comida, mas... — a menina enunciou assim que se separaram. — Eu estou ficando com fome!
soltou uma risada e anuiu com a cabeça. Ele abriu um pacote de batata chips e apanhou algumas batatas, recheando-as com pedaços de queijo. O casal devorou os aperitivos enquanto compartilhavam a garrafa de vinho.
— Você pensa que isso aqui não é comida boa, mas a verdade é que é isso que pessoas ricas comem! — a morena declara e a fita confuso. — Fui à festa de uma amiga de minha mãe semana passada e basicamente o que serviram foram rodelas de pão com uma pasta esquisita de queijo e tomate por cima, chamam de canapé para parecer chique. Passei a tarde inteira entediada e desejando um hambúrguer do Burger King! — ela transborda indignação e o rapaz ri.
— Poderia ter me ligado e eu levaria um para você.
— Você já tem problemas demais para se preocupar com as minhas besteiras. — a jovem dá um gole no vinho. — Como está a sua mãe?
— Bem, na medida do possível.
— Bruce de novo? — ela pergunta e o garoto balança levemente a cabeça. — Eu sinto muito, queria poder ajudar de alguma forma.
— Não sinta. Não há como ajudar, não é culpa sua.
— Nem sua. — se reaproxima do namorado, segurando seu rosto entre as mãos. — Você é um filho incrível e a protege da maneira que pode. É uma vergonha que homens como o Bruce ainda existam e saem impune pelas merdas que fazem.
— Não vejo a hora de finalmente levá-la para bem longe daqui e daquele crápula! — o garoto suspira. — Mas não vamos falar sobre isso agora, ok? É o nosso momento e não quero que nada estrague isso. Aliás, o show já vai começar!
aponta para frente e o segue com o olhar. Os primeiros raios alaranjados começavam a surgir no horizonte.
Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right
A menina olhou para o lado e encontrou o namorado novamente com o violão em mãos e entoando a canção para o Sol, o que a fez emitir uma risada.
Little darling,
It's been a long cold lonely winter
Little darling,
It feels like years since it's been here
Gradativamente o céu se coloria em nuances de amarelo, laranja, vermelho e preto, que ao passo que o Sol se fazia atrás das ondas iam clareando. ficou maravilhada ao presenciar tudo aquilo acontecer tão de perto.
Little darling,
The smiles returning to the faces
Little darling,
It seems like years since it's been here
automaticamente abriu um largo sorriso ao ouvir aquelas palavras. Ela tinha certeza que naquele momento era a pessoa mais feliz e sortuda do mundo e nada poderia estragar aquele momento.
Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right
A menina avançou para cima do namorado e retirou o violão de suas mãos, envolvendo seu pescoço com os braços em seguida e iniciando um beijo apaixonado. Os dois acabaram caindo sobre deitados sobre o lençol, no entanto, não se importaram em ficar cobertos de areia, pois estavam alegres demais para dar importância. Após partir o beijo, acomodou a namorada entre seus braços e juntos assistiram ao astro flamejante se tornar completamente visível no céu. Permaneceram abraçados até que a realidade lhes atingisse.
Agora já era dia e ambos precisavam voltar para casa e viver suas vidas normalmente. desejou ter mais idade e um emprego melhor do que atendente de lanchonete, para que assim pudesse ter dinheiro o suficiente para simplesmente desaparecer pelo mundo e ir para bem longe dali com sua mãe e sua namorada.
temeu que um dia ela acordasse e ele não estivesse mais ali para aquecê-la, ama-la e fazê-la feliz, e por impulso subitamente aumentou o aperto de seus braços ao redor do tronco dele, receando que ele fosse desaparecer.
— ? — ela chamou e o garoto fez um som com a boca, indicando que estava ouvindo. — Promete que não vai embora se mim? Eu sei que a situação com a sua família é ruim, mas...
— Do que está falando, ? — ele questiona com o cenho franzido.
— Eu sei que vai parecer egoísta, mas não quero que vai vá embora sem me levar junto.
não pode evitar rir da preocupação da namorada, o que a fez se sentir uma completa idiota. O rapaz se afastou um pouco da menina, apenas para lhe encarar profundamente os olhos.
— , meu amor — ele iniciou. — Eu nunca iria embora sem você, ouviu bem? Quando for minha hora de ir, vou levá-la comigo custe o que custar, mesmo que eu tenha que trabalhar dia e noite para isso!
A menina sorriu e colou os lábios aos do namorado, sentindo a paz e alegria preencher seu peito novamente. Assim que se desprenderam, o jovem casal começou a arrumar suas coisas e seguiram de volta para o automóvel, rumo às suas casas, deixando apenas na memória um dos momentos mais lindos de suas vidas. Contudo, não permitiram que a tristeza os abatessem, pois sabiam em seus corações que quando chegasse a hora de partir e desaparecer mundo afora, não importava o que acontecesse, eles iriam juntos.
Fim
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05.3am
07.Power
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