Finalizada em: 15/04/2021

Capítulo Único

As luzes piscavam em uma tentativa de fazer com que todos pensassem que estavam se divertindo. Tinham bebidas em todo o canto, até no chão, com o mesmo propósito.
E eu me perguntava mais uma vez porque havia cedido a pressão de , que tinha me obrigado a comparecer àquela festa.
Várias pessoas dançavam, algumas conversavam e outras pareciam usar o lugar para demonstrar grande afeto em público.
E minha cerveja tinha esquentado o que tornava tudo ainda pior.
Eu tinha tentado dançar, me enturmar, fazer novos amigos, mas eu simplesmente não conseguia.
Tinha sentido vergonha no momento em que percebi que dançar sozinha não era tão legal, tinha sentido raiva ouvindo apenas duas palavras do menino loiro que parecia ter acabado de sair de um internato na Suíça, e o plano de fazer novos amigos foi para o ralo quando me toquei que ficava desconfortável quando qualquer pessoa vinha puxar qualquer conversa.
E era assim desde quase sempre, desde meus 18 anos eu nunca tinha feito amizade com mais ninguém a não ser , ele vivia me dizendo que eu tinha que sair, me arriscar, mas eu sempre acabava sozinha numa festa e brava com ele por me colocar naquela situação.
Quando era criança, era muito sociável e carinhosa. Odiava ficar sozinha, odiava jogos que não precisassem de um grupo de pessoas, sorria para todos. Mas eu acabei crescendo... E percebi o quanto as pessoas eram babacas.
No fundo eu também sabia que não era saudável apenas trabalhar e passar sábados e domingos com a cara grudada no computador, mas em algum período da minha adolescência socializar se tornou um inferno.
E eu tive medo desse período, porque, desde então, tudo o que eu fazia era sem um propósito de felicidade, nada me fazia se sentir bem de verdade.
Todos meus objetivos eram focados no meu sucesso, estudar no colegial para entrar em uma faculdade, estudar na faculdade para ganhar meu diploma, trabalhar para ganhar uma promoção.
E todas as coisas que realizei ao decorrer do tempo, eu pensava que seriam as realizações em minha carreira que me fariam feliz. Mas não fizeram. Como nada fazia.
- ! ! – olhei em direção a que gritava meu nome e arqueei uma sobrancelha. – Quero que conheça alguém!
Se aproximou com o homem de estatura alta em seu encalço. O cabelo era preto encaracolado e os olhos azul celeste. Ele parecia extremamente familiar, mas eu sabia que nunca tinha me encontrado com ele.
- Olá. – se cumprimentou com um sorriso largo e eu levantei a mão.
- Olá.
- Essa é a , não ligue para o silêncio, ela é assim mesmo. – bati em seu ombro e sorriu para mim. – Ela só é bastante tímida.
- Eu sou o . – se apresentou e eu mordi o lábio incomodada com a familiaridade de seu rosto.
- Muito prazer... . – tentei ser amigável e ele pareceu estar tão desconfortável quanto eu.
- Muito prazer, . – seu sotaque era britânico assim como o modo de se vestir, mas ele não parecia deslocado como eu naquela festa.
- , posso ir embora? – me virei para o meu amigo e ele estalou a língua.
- Você disse que ficaria pelo menos uma hora.
- Não, você disse que eu ficaria pelo menos uma hora.
- Você sempre faz isso, me deixa sozinho.
- Você conhece todo mundo aqui! – me exaltei e ele negou.
- Por que sempre vai embora antes dos jogos?
- Porque não tenho mais 16 anos para jogar sete minutos no paraíso.
- O que te incomodou dessa vez?
- O que você acha? – abri os braços e alguém esbarrou em mim para enfatizar meu argumento. – As pessoas me incomodaram.
- Não posso te levar agora. – colocou as mãos na cintura.
- Vou de metrô.
- Eu posso te levar. – levantou a mão e nós dois olhamos para ele ao mesmo tempo.
- Obrigada, mas acabamos de nos conhecer e não quero te tirar da festa. Não gosto de ser um incômodo, principalmente para estranhos. – me encolhi e ele negou com o sorriso simpático.
- Não seria incômodo nenhum, amanhã preciso trabalhar cedo de qualquer forma, já estava indo embora. – colocou a mão no bolso tirando a chave do carro e eu continuei hesitante.
- E se você for um serial killer? – cruzei os braços semicerrando os olhos e ele riu.
- Você pode ficar em ligação com o tempo todo. – levantou as mãos.
- E o que te faz pensar que eu não sou uma serial killer? – sugeri e ele pareceu se divertir.
- Chame de bom pressentimento.
- Nunca tiveram isso relacionado a mim. – descruzei os braços e ele balançou as chaves me chamando para ir com ele. – Tchau. – me despedi de e ele lançou um olhar nada discreto em minha direção.
- O que você faz da vida? – puxou conversa e eu suspirei.
- Administração de banco de dados. – fiz uma pausa. – E você?
- Eu atuo. – respondeu. – DBA, hum? Se graduou em Informática?
- Ciência da Computação. Então faz o que ama. – presumi e ele sorriu.
- Você não?
- Eu não diria que DBA é minha paixão. – entramos em seu carro e ele ligou o motor.
- Mas saber que é boa nisso não te dá satisfação?
- Eu diria que meu salário me dá satisfação. – ele riu novamente e olhou para mim.
- Onde você mora?
- Broadway. – percebi a graça naquilo e ele assentiu.
- Você me guia. – ficamos em silêncio enquanto ele dirigia mas no meio do caminho eu me esforcei para me comunicar com ele.
- Já participou de alguma peça?
- Algumas.
- Televisão e cinema?
- Também.
- Então você é famoso.
- Não tanto.
- Como assim?
- Você não me conhece. – justificou e eu olhei para ele mais uma vez.
- Mas você me parece familiar. No que já trabalhou?
- Meu trabalho mais recente é Thor.
- Marvel?
- Sim.
- Então você é famoso! – apontei e ele continuou dirigindo.
- É sempre estranho contar isso para as pessoas.
- Não tenha vergonha, eu não vou tentar te dar minha calcinha. – respondi sem pensar e arregalei os olhos cobrindo a boca. – Oh, meu Deus! Não era isso que eu-
- É isso que você acha que fãs fazem?
- Me desculpe. – senti meu rosto ruborizar.
- Não se desculpe. – riu me tranquilizando.
- Eu não sei o que deu em mim. – neguei ainda envergonhada.
- Está tudo bem.
- Você não vai contar para ninguém, né?
- O que?
- Você é famoso, se comentar com alguém que uma mulher sem noção fez um comentário desses...
- Você é bastante paranoica, não é?
- Você acha? – perguntei arregalando os olhos e ele sorriu.
- Não respondeu minha pergunta.
- Qual?
- É isso o que acha que fãs fazem?
- Apenas as fãs que usam lingerie bonita. – respondi tentando me soltar.
- E me disse que você não falaria uma palavra a mais do que o necessário. – pareceu conversar sozinho e eu franzi o cenho.
- O que?
- Quando ele me apresentou você, ele disse para eu não ter expectativas e que se eu sobrevivesse cinco minutos já seria muito.
- Por que ele nos apresentou?
- Eu pedi a ele.
- Ah... Espera aí, o que? – fiquei sem fala e ele riu.
- Queria te conhecer.
- Me desculpe então. – ri desacreditada.
- Pelo que?
- Eu não sou uma pessoa muito acessível.
- Eu tenho tempo aqui em Nova York. – arqueou uma sobrancelha.
- Essa foi uma tentativa de conseguir meu número?
- Qual é a graça se você é tão direta?
- Não estou tentando ser direta, estou tentando entender.
- Você é bonita, é legal conversar com você... Posso ter seu número?
- Tem certeza de que era comigo que estava conversando todo esse tempo? – apontei para mim fingindo vasculhar o carro.
- Isso é um jeito de me dar um fora?
- Mais uma vez apenas tentando entender.
- Você é engraçada.
- Por que sou paranoica?
- Você é certamente complicada.
- Por que as pessoas sempre fingem se atrair pelo problemático?
- Eu não te chamei de problemática.
- Me chamou de complicada.
- São coisas diferentes.
- Então eu estou te avisando que sou os dois.
- Sou muito certinho para você?
- É muito britânico para mim.
- Ok, isso foi um pouquinho problemático.
- Viu? – arqueei as sobrancelhas mas logo ri, sem conseguir me segurar. – Vire à esquerda.
- Ainda quero seu número.
- Reto. Direita. – continuei instruindo.
- Então...
- Direita. Esquerda. Reto.
- . – olhou para mim e eu toquei seu rosto para direcionar seu olhar.
- Olhe para a rua. – pedi. Depois de alguns minutos chegamos ao meu prédio e ele saiu do carro para abrir a porta.
- Posso ter seu número?
- Peça a . – saí do carro impressionada com o quão engraçada era a situação. – Obrigada. Não espero uma mensagem.
- Por quê?
- Espero que você perceba que isso é uma péssima ideia. – andei até a entrada do prédio e ele esperou na calçada.
- Por quê?
- Porque ter sobrevivido mais de cinco minutos não te dá vida vitalícia.
...

- me pediu seu número ontem à noite. – sentou no sofá e eu saí da área da cozinha, segurando minha xícara.
- E você deu?
- Claro que dei, ele disse que você permitiu.
- Seu amigo não é bom da cabeça.
- Você que não é, incomodada por um homem como ele querer te mandar mensagem.
- Ele é famoso, não é? Mesmo se eu quisesse me envolver com ele não daria certo.
- Já existiram relacionamentos entre famosos e pessoas com vidas normais.
- É diferente, as pessoas se esforçam para fazer dar certo. Eu não tenho paciência.
- Não descarte antes de experimentar.
- Eu não vejo propósito em insistir em algo que não vai dar certo.
- Você é sempre tão pessimista.
- Me condene por isso. – dramatizei e mexi no cabelo, observando os cachos loiros. – Além disso, ele acabou de sair de um relacionamento dizendo que queria focar em sua carreira.
- Você pesquisou sobre ele? – arregalou os olhos.
- Claro que pesquisei. – dei de ombros.
- Então está interessada.
- Não. – menti.
- De qualquer forma, sabe que é o que os famosos sempre dizem.
- Não quero me tornar uma pessoa pública. – adicionei um contra.
- Podem namorar escondido, você nem socializa mesmo. – bati em seu ombro. – Estou mentindo?
- Não daria certo, ia sair alguma hora.
- Não pense nisso agora. – pediu. – E se você só ficar com ele? Sem compromisso.
- Não consigo fazer isso. Quando gosto de alguém o bastante para transar, quero essa pessoa somente para mim.
- Seu último namorado foi o Vlad, né? O das botas.
- Sim.
- Já faz cinco anos. – observou e eu pigarreei.
- Seis.
- Você ainda sabe como beijar? – zombou e eu revirei os olhos.
- Vlad era ruim. – fiz uma careta me lembrando. – Eu amava conversar com ele, mas o sexo era horrível.
- Se você quiser, posso treinar com você.
- Beijos?
- Sexo. – eu desatei em risadas e ele também riu.
- , se não ficamos na formatura, nunca vamos ficar.
- Pelo menos eu ofereci.
- Você é impossível. – tomei um gole do chá e sorri.
...

- Boa noite. – abriu a porta do carro para que eu entrasse e eu olhei apreensiva.
- É apenas um encontro, não fique com as esperanças altas.
- Vamos nos divertir. – garantiu e eu suspirei, entrando no carro.
- É melhor que seja um restaurante muito bom. – alertei e ele riu.
- Quero saber mais sobre você.
- Eu não gosto de falar sobre mim.
- Isso faz com que a graça de um encontro se perca.
- Pergunte. – revirei os olhos cedendo.
- Quantos anos você tem?
- 28.
- Que tipo de música você gosta?
- Qualquer música triste.
- Que te faça chorar?
- Isso.
- Está falando sério?
- Por que eu mentiria? – minha grosseria o deixou sem resposta então me arrependi. – Me desculpe, não estou acostumada a isso.
- A que? – pareceu me perdoar.
- Socializar.
- Fique tranquila. – pediu e algo em sua voz me fez acreditar que estava tudo bem.
- Okay.
- Qual seu filme preferido?
- A Origem, o seu?
- Tenho muitos.
- Como Thor? – tentei brincar e ele sorriu.
- Você deveria assistir.
- Não gosto de super-heróis.
- Eu não sou um.
- Claro, você é Loki, o Deus da Trapaça. – arqueei uma sobrancelha.
- Como sabe disso? Pesquisou sobre mim?
- Não, eu apenas sei sobre mitologia nórdica. – dei de ombros nervosa.
- E como sabe que eu faço o Loki?
- Porque eu lembro do Thor, ele é loiro. – apontei para seu cabelo e ele parou de insistir.
- Tem alguma coisa que você não come?
- Não, como de tudo. – decidi começar a fazer perguntas também. – Drink favorito?
- Jameson on the Rocks. – revelou e eu franzi o cenho. – É whiskey com gelo e casca de laranja.
- Eu gosto de whiskey.
- Livro?
- Guerra e Paz.
- Anna Karenina. – respondeu surpreso.
- Então estamos ligados por Lev Tolstói. – abaixei a cabeça. – Peça?
- Othello. – olhou para mim como se esperasse uma resposta.
- Othello. – cedi logo reformulando. – Mas se você citar sequer uma frase, eu pulo do carro.
- Do que tem tanto medo?
- Odeio pessoas que citam peças.
- Eu sou ator. – respondeu justificando.
- Não estamos em uma peça.
- Quem disse que não?
- Se estivéssemos, já estariam vaiando. – fiz ele rir e neguei com a cabeça.
- Então você é bonita, inteligente, engraçada e não tem nenhum amigo. – pareceu tentar resolver um enigma.
- Esqueceu da parte importante.
- Qual?
- Sou exigente, complicada e a maioria das pessoas me irritam.
- Eu te irrito? – olhou para mim com os olhos claros e eu neguei lentamente.
- Mas pode começar a me irritar.
- Espero que não. – ligou o rádio e The Scientist começou a tocar.
...

Depois de duas semanas ainda estávamos saindo juntos e muita coisa havia mudado naquele meio tempo.
- Eu trouxe whiskey. – levantou a garrafa e eu o deixei entrar.
- ! – gritei e meu amigo apareceu na sala.
- . – cumprimentou.
- Vaza. – apontei para a porta e ele assentiu pegando o casaco e procurando as chaves.
- Aqui. – as pegou em mãos e jogou no ar.
- Usem camisinha. – disse se despedindo e eu mostrei o dedo do meio.
- Sozinhos. – ele observou e eu juntei as mãos.
- Sim. – mordi o lábio olhando para o relógio e ele pigarreou.
- Vamos ver um filme?
- Claro. – andei até a mesa para pegar o controle mas esbarramos um no outro e eu suspirei. – Qual filme você quer assistir?
- Ah, sabe... – tentou dizer desnorteado e eu olhei para seu rosto. – Não estou mais com tanta vontade de assistir um filme.
Soltou a garrafa na mesa com urgência e agarrou meu corpo, como se estivesse eufórico por aquilo. Ele me beijou com rapidez e eu retribui, sem interesse nenhum em enrolar. Minhas mãos agarraram seu cinto e o abriram com desespero então ele me carregou até o sofá, desabotoando minha camiseta.
Estávamos desesperados, queríamos aquele alívio mais do que qualquer coisa.
- Alguém já te disse como é bonita? – me olhou por um momento e eu o puxei de volta.
- Alguém já te disse que jogar conversa fora é ruim? – estendi a mão até seu bolso pegando a carteira e procurando uma camisinha.
- Apressada. – riu e voltou a beijar meu pescoço, descendo até meus seios. – E deliciosa.
Segurei sua cabeça enquanto ele lambia minha pele e joguei minha cabeça para trás.
Quando as roupas finalmente estavam todas no chão ele abriu a camisinha e a colocou me olhando como se esperasse pela minha permissão.
Então finalmente me penetrou, me levando a cravar minhas unhas em seus ombros.
- Droga. – pareceu aproveitar e eu trouxe seus lábios até os meus.
- Mais rápido. – pedi me empurrando contra ele e o frenesi me excitou ainda mais.
...

- Preciso dormir. – bocejei pegando minhas roupas e ele levantou do sofá.
- Eu vou para casa... – ficou confuso por eu não ter o convidado e eu dei de ombros, seguindo até meu quarto.
Então mais duas semanas se passaram e mais coisas mudaram.
Agora eu ouvia músicas alegres e assistia filmes de super-heróis.
- Toma. – entreguei o copo de whiskey e ele agradeceu enquanto se sentava perto de mim.
- Qual é o de hoje?
- Capitão América. – chamei com a mão para que ele chegasse mais perto e fiz carinho em seu cabelo.
- Como está fofa hoje. – sorriu para mim e eu revirei os olhos.
- Pode parar.
- É sério, até açúcar fica mais doce em suas mãos. – brincou e eu parei de fazer carinho, mas ele riu puxando minhas mãos novamente.
Sempre estávamos em casa porque eu não gostava muito de sair e não queria que a mídia tivesse informações sobre nós.
Semana passada eu tinha sido a capa de vários sites ingleses. A namorada do ator “ , o Loki”.
Eu odiava ser o centro das atenções e odiava pensar em ter que interagir mesmo que o mínimo com pessoas que eram fãs do .
Era frustrante, me deixava nervosa.
Mas ele tinha me prometido que isso não seria um problema, então confiei nele.
E como em todo relacionamento, com as mudanças e a familiaridade vieram as brigas.
- Eu preciso de espaço!
- Eu te dou espaço! Eu me afasto mesmo quando você não responde por dias!
- E você tem que respeitar isso. – recolhi os copos irritada.
- Eu respeito, mas o que custa avisar que está bem?
- Você me sufoca!
- Você me afasta! – levantou indignado e eu olhei para ele com descrença.
- O que você quer de mim? Eu te dou sexo, carinho, o que mais você quer?
- Não faça isso sobre o que eu exijo de você, porque nós dois sabemos que não exijo.
- Eu preciso de espaço!
- E acha saudável se isolar por dias apenas trabalhando e trabalhando?
- Não tente se meter no jeito que vivo minha vida.
- Eu sou parte da sua vida!
- Pode muito bem parar de ser. – ri sem achar graça e ele pegou o casaco, saindo e batendo a porta.
Gritei o mais alto que pude e joguei o copo de vidro na parede, tentando descontar minha raiva.
Mas dali vieram mais e mais brigas.
- Semana que vem tem uma grande premiação. – ele comentou mexendo em sua comida com o garfo.
- Que bom.
- E gostaria que fosse comigo. – pediu com a voz baixa e eu fiz uma careta.
- Ok, hum, ... Sabe que eu não gosto muito de-
- Meu agente disse que queria que eu fosse com uma colega de trabalho.
- E você não pode simplesmente recusar?
- A premiação é importante.
- Não a premiação, e sim a acompanhante.
- Sim, mas-
- O que? – soltei o garfo.
- Gostaria que fosse comigo.
- Por quê?
- Porque você é minha namorada. – pareceu cansado e eu respirei fundo.
- Já falamos sobre isso.
- Por favor.
- Olha, pare.
- .
- Pare. – desatei em lágrimas sem conseguir me segurar.
- Ei, ei. – se levantou para tentar me confortar. – Você não precisa ir, esqueça o que eu disse.
- Você não entende. – abaixei a cabeça.
- Diga, pode dizer.
- Você não entende.
- O que quer dizer?
- É muito difícil estar com você. – solucei e ele franziu o cenho.
- O que?
- Eu te faço mal, você não vê? Eu choro quase todos os dias, te afasto quando preciso de você, não sou uma pessoa equilibrada.
- Você não me faz mal.
- Sim, eu faço. – assenti enquanto as lágrimas continuavam a cair.
- Não.
- E eu não sei como parar, eu não sei como mudar. Eu sinto essa escuridão que me impede de sair, de me relacionar com outras pessoas. – agarrei meu peito.
- .
- Quero que vá embora.
- Eu vou ficar.
- Por favor. – olhei em seus olhos e ele beijou minha testa.
- Disse que precisa de mim, e eu vou ficar.
Eu tinha mudanças de humor constantes, me irritava com facilidade e quando ficava triste entrava em uma bolha, onde ninguém conseguia interferir.
e insistiram por muito tempo até que eu aceitasse começar a fazer terapia.
A maior parte do tempo sentia que tinha algo de errado, fora do lugar.
Não gostava de lugares com muitas pessoas, mas também não adorava passar o tempo sozinha com meus pensamentos.
Eu não entendia por que me sentia daquele jeito, tudo me deixava confusa, estressada.
- E por que acha que deixou ele se aproximar?
- O que? – perguntei confusa olhando para a psicóloga.
- Se sempre afasta as pessoas, por que acha que deixou ele se aproximar?
- Eu não sei.
- Eu acho que você sabe
- Eu não sei. – respondi dando de ombros e ela anotou algo no caderno.
Alguns meses se passaram e eu finalmente encontrei a resposta.
- Porque ele foi o único que se recusou a se afastar. – respondi finalmente. – Ele quis me conhecer, ele quis se aproximar.
- Então tudo o que queria era alguém que se interessasse?
- Talvez fosse, mas não é mais. – brinquei com meus dedos. – Os únicos momentos em que não me sinto em uma completa escuridão, são quando eu estou com ele.
- E como se sente ao perceber isso?
- Percebi que ele me ajuda muito. – ela me olhou como se esperasse que eu terminasse. – E para que eu consiga ajudar ele preciso perceber que mereço essa ajuda.
Ela sorriu assentindo e eu mordi o lábio me sentindo um pouco aliviada. Como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas.
...

- . – chamei seu nome e ele levantou a cabeça.
- . – sorriu me fazendo sorrir também.
- O Academy Awards está chegando. – mencionei nervosa e ele assentiu. – Eu estava pensando se poderia ir com você.
Ele piscou por alguns segundos antes de ingerir a informação e eu franzi o cenho, mas segundos depois ele levantou e me beijou, sorrindo enquanto me olhava.
- Eu ia te convidar de qualquer forma.
- Não minta para mim. – ri e ele me beijou de novo.
- Você tem certeza?
- Posso mudar de ideia a qualquer hora? – perguntei incerta e ele assentiu.
- Com certeza.
- Eu preciso de um vestido. – mordi o lábio e ele negou.
- Isso é fácil de conseguir.
...

- Estou nervosa. – segurei sua mão e ele depositou um beijo em minha pele.
- Tudo vai ficar bem.
- Estou bonita?
- Você é, na verdade, a coisa mais linda que eu já vi na vida. – lancei um olhar repreendedor e ele me deu um selinho rápido. – Eu te amo.
- Eu também te amo. – segurei seu braço e tentei me acalmar.
...

Estávamos dançando, no meio de muita gente. E naquela after party* eu me senti feliz, eu me diverti de verdade. Não conversei com muitas pessoas, mas estava lá com ele e isso deixou tudo melhor.

[Recomendo que coloquem para tocar Bitter do The Vamps.]
Querida, você tem tudo de mim
Misturando o gosto doce com o azedo
Primeiro, suas unhas estão cavando fundo
Então você está dizendo que precisa dormir
Realçando o pior de mim
Sobrenaturalmente, mas você faz isso bem
Um cigarro de coca-cola de cereja
Ruim para mim, é tão difícil parar
Eu, eu, eu, eu não acho que poderia te amar mais, é impossível
Eu estou tipo, caramba
Até o açúcar fica mais doce das suas mãos
Eu volto toda vez
Cara, oh, cara pelos seus lábios doces
Eu abandono todos os meus planos
Então você se torna fria e eu me torno amargo
Estou farto de tanta discussão
Mas sua canela me trouxe de volta
Você constrói uma ponte e depois a queima
Só para sentir o calor ao redor
Por que, por que eu fico encarando, encarando esses olhos?
Eu fico com a língua presa
Amarrado ao seu poderoso, poderoso
Eu perco tudo, perco todo o controle
Tipo, droga
Até o açúcar fica mais doce das suas mãos
Eu volto toda vez
Cara, oh, cara pelos seus lábios doces
Eu abandono todos os meus planos
Então você se torna fria e eu me torno amargo
Um pouco disso e um pouco daquilo
É agridoce como você me traz de volta, oh
Você se torna fria e eu me torno amargo
Um pouco disso e um pouco daquilo
É agridoce como você me traz de volta, oh
Você se torna fria e eu me torno amargo
Eu, eu, eu, eu não acho que poderia te amar mais, é impossível


E um dia de cada vez, aprendemos e melhoramos. Juntos.

After party*: Uma festa que acontece depois de outra festa/cerimônia




Fim.



Nota da autora: Oi, pessoal! Primeiramente, se vocês chegaram até aqui, eu queria agradecer por terem lido! Foi uma história bem curtinha, apenas para distrair um pouco mas eu realmente espero que tenham gostado.
Amo vocês!
Beijos!
Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.




Outras Fanfics:
  • Six Months of Happiness
  • The Only One
  • Years of Madness
  • The Devil with Beautiful Eyes


    Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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