Capítulo Único
Eu precisava dizer adeus.
Era mais forte do que eu. Não sabia se era o legado de meus pais – que haviam me abandonado ao nascer – ou se eu apenas não sentia a necessidade de estar perto de alguém por muito mais que dois meses. O que eu sabia era que não tinha condições de saber que as pessoas planejavam uma vida juntos, que planejavam casar, ter filhos, cachorros e uma casa bonitinha com cerca branca e flores no jardim.
Não isso jamais ia dar certo pra mim.
Estava sentada na varanda da casa há mais de uma hora, esperando chegar do trabalho. Eu pensava em como as coisas estavam indo bem; eu vinha na casa dele a hora que ele me chamava, ele ia até minha quitinete a hora em que eu pedia, às vezes a gente se encontrava pra comer um podrão na esquina... Coisas assim, sem que precisasse eu saber que deveria estar em algum lugar pra que a gente se visse.
Era uma pena que ele tivesse se precitado antes mesmo do fim do verão.
Tinha alguns dias que eu tinha achado a bendita aliança escondida na gaveta de cuecas dele. Eu juro, juro pelos deuses, que não sou xereta, o que acontece é que tinha esquecido de levar uma muda de roupa – inocente que sou, não pensei que uma tarde de filmes ia acabar em sexo... - então, depois de uma tarde agradável, eu precisei de um banho, e o disse que tinha uma calcinha na gaveta de cuecas dele.
Ouvindo ele dizer: amor, tem calcinha sua na minha gaveta de cuecas e uma muda de roupa na gaveta de baixo, eu já tinha sentindo o meu estômago revirar, quando eu vi a caixinha vermelha e um poema piegas escrito a mão, eu senti a minha alma sair do corpo. Não disse nada e ele tampouco percebeu meu desconforto, de ótima que eu era em esconder meus sentimentos.
Estávamos indo tão bem...
Suspirei pesadamente, sentindo uma comichão coçar meu coração.
Eu não queria magoar aquele homem.
Mas eu tinha que magoar.
Não tinha como eu seguir em frente e fazer planos, não mesmo.
Aquele verão tinha começado tão bem, por que ele não podia acabar tão bem como quando tinha começado?
Estava tão compenetrada em entender quando aquilo tudo tinha dado errado que não percebi que tinha acabado de chegar e jogado sua bicicleta de qualquer forma no chão pra se aproximar de mim devagar. Vi ele colocar o pequeno capacete em seu colo quando sentou ao meu lado ainda sem me abraçar, como ele costumava fazer.
- Você nunca vem aqui sem que a gente combine antes... – suspirei profundamente e finalmente encontrei os olhos dele com os meus. – Isso significa que, ou você viu o anel na minha gaveta, ou você veio finalmente fazer uma surpresa. Mas você não é disso.
- Mas eu não sou disso.
Falamos juntos, o que acabou arrancando suspiros frustrados dos dois. Isso de falarmos juntos era comum de acontecer, tão bem que nos dávamos.
Estávamos indo tão bem...
- O que acontece é que eu não estou preparada pra isso, . A gente nem chegou a ter uma conversa parecida sobre relacionamento – ele riu nasalado, virando o rosto pro lado. – Eu sei que você tentou, e não é como se eu não tivesse tentado também, simplesmente não é de mim, entende.
- É, é, eu sei. É só um romance de verão, como você disse que queria – toquei o braço dele, sabendo que, da forma como ele falou, não restavam duvidas de que eu tinha magoado ele. – Eu entendo você não querer, estamos há poucos meses juntos, eu só não entendo porque não se dar uma chance. Eu não ia te pedir em namoro na próxima sexta, a gente não ia noivar no fim do mês e, certamente, não íamos casar no fim do ano. São coisas que levam tempo.
Ele respirou fundo antes de se voltar pra mim e segurar minhas mãos com firmeza. Chegou mais perto e me beijou, assim como ele sempre fazia, sem dar indicação nem uma de que iria fazer, mas demonstrando o mesmo de desejo de sempre. O mesmo que eu sentia quando aqueles lábios macios tocavam qualquer parte da minha pele. O arrepio, o calor que subia até aquecer meu coração por completo, que me fazia querer estar em ainda mais contato com a pele dele, como se nada no mundo fosse superar o que tínhamos.
Ele mesmo partiu o beijo, tão fácil como começou, deixando aquele gostinho de quero mais que sempre deixava. Continuou me olhando e segurando as minhas mãos, coisa que me deixou aquecida por dentro. Parecia tão certo.
- Eu vou te dizer que não é o que eu quero, mas eu não vou te pedir pra ficar, não quando eu tenho certeza que você já tomou uma decisão, te conheço o suficiente pra saber que já fez isso – ambos abrimos um pequeno sorriso , discreto, mas doloroso. – Mas eu sei te dizer que não é um amor só de verão e eu espero que você entenda isso enquanto ainda houver tempo.
- Eu não vou mudar de ideia.
Ele riu. O fato de eu não dizer nunca, e ele saber que o motivo era que eu não tinha certeza de muita coisa – não quando o assunto era decidir aonde íamos, ou o que comeríamos, ou o que eu ia vestir – sempre o fazia rir.
- Espero que sim, até lá termos certeza, foi com te conhecer. Estávamos indo bem e esse foi um dos melhores verões que eu tive – ele se levantou e limpou a calça, me ajudando a ficar de pé logo em seguida pra que me abraçasse. – Você tem o meu número. Não hesite em me ligar, se precisar. Adeus.
Ele se virou e entrou na casa, sem dizer mais uma palavra, nem olhar pra trás. Eu respirei fundo, depois soltei todo o ar que tinha, o que fez parecer que eu estava deixando todo o peso do mundo pra trás, enquanto caminhava até o meu carro. O problema era que o comichão no meu peito não passava, parecia que alguma coisa tinha ficado errada, embora eu tivesse a certeza de que eu tinha tomado a decisão correta. Ao entrar no carro e dar partida pra ir embora, eu me peguei olhando a casa mais um tempo. Eu não conseguia, de forma alguma, me imaginar vivendo ali, não quando eu tinha o meu histórico, e mesmo que parecesse certo ficar, eu precisava ir, tinha que ir atrás de outras aventuras, ir atrás de fazer o verão perfeito outro vez...
Era mais forte do que eu. Não sabia se era o legado de meus pais – que haviam me abandonado ao nascer – ou se eu apenas não sentia a necessidade de estar perto de alguém por muito mais que dois meses. O que eu sabia era que não tinha condições de saber que as pessoas planejavam uma vida juntos, que planejavam casar, ter filhos, cachorros e uma casa bonitinha com cerca branca e flores no jardim.
Não isso jamais ia dar certo pra mim.
Estava sentada na varanda da casa há mais de uma hora, esperando chegar do trabalho. Eu pensava em como as coisas estavam indo bem; eu vinha na casa dele a hora que ele me chamava, ele ia até minha quitinete a hora em que eu pedia, às vezes a gente se encontrava pra comer um podrão na esquina... Coisas assim, sem que precisasse eu saber que deveria estar em algum lugar pra que a gente se visse.
Era uma pena que ele tivesse se precitado antes mesmo do fim do verão.
Tinha alguns dias que eu tinha achado a bendita aliança escondida na gaveta de cuecas dele. Eu juro, juro pelos deuses, que não sou xereta, o que acontece é que tinha esquecido de levar uma muda de roupa – inocente que sou, não pensei que uma tarde de filmes ia acabar em sexo... - então, depois de uma tarde agradável, eu precisei de um banho, e o disse que tinha uma calcinha na gaveta de cuecas dele.
Ouvindo ele dizer: amor, tem calcinha sua na minha gaveta de cuecas e uma muda de roupa na gaveta de baixo, eu já tinha sentindo o meu estômago revirar, quando eu vi a caixinha vermelha e um poema piegas escrito a mão, eu senti a minha alma sair do corpo. Não disse nada e ele tampouco percebeu meu desconforto, de ótima que eu era em esconder meus sentimentos.
Estávamos indo tão bem...
Suspirei pesadamente, sentindo uma comichão coçar meu coração.
Eu não queria magoar aquele homem.
Mas eu tinha que magoar.
Não tinha como eu seguir em frente e fazer planos, não mesmo.
Aquele verão tinha começado tão bem, por que ele não podia acabar tão bem como quando tinha começado?
Estava tão compenetrada em entender quando aquilo tudo tinha dado errado que não percebi que tinha acabado de chegar e jogado sua bicicleta de qualquer forma no chão pra se aproximar de mim devagar. Vi ele colocar o pequeno capacete em seu colo quando sentou ao meu lado ainda sem me abraçar, como ele costumava fazer.
- Você nunca vem aqui sem que a gente combine antes... – suspirei profundamente e finalmente encontrei os olhos dele com os meus. – Isso significa que, ou você viu o anel na minha gaveta, ou você veio finalmente fazer uma surpresa. Mas você não é disso.
- Mas eu não sou disso.
Falamos juntos, o que acabou arrancando suspiros frustrados dos dois. Isso de falarmos juntos era comum de acontecer, tão bem que nos dávamos.
Estávamos indo tão bem...
- O que acontece é que eu não estou preparada pra isso, . A gente nem chegou a ter uma conversa parecida sobre relacionamento – ele riu nasalado, virando o rosto pro lado. – Eu sei que você tentou, e não é como se eu não tivesse tentado também, simplesmente não é de mim, entende.
- É, é, eu sei. É só um romance de verão, como você disse que queria – toquei o braço dele, sabendo que, da forma como ele falou, não restavam duvidas de que eu tinha magoado ele. – Eu entendo você não querer, estamos há poucos meses juntos, eu só não entendo porque não se dar uma chance. Eu não ia te pedir em namoro na próxima sexta, a gente não ia noivar no fim do mês e, certamente, não íamos casar no fim do ano. São coisas que levam tempo.
Ele respirou fundo antes de se voltar pra mim e segurar minhas mãos com firmeza. Chegou mais perto e me beijou, assim como ele sempre fazia, sem dar indicação nem uma de que iria fazer, mas demonstrando o mesmo de desejo de sempre. O mesmo que eu sentia quando aqueles lábios macios tocavam qualquer parte da minha pele. O arrepio, o calor que subia até aquecer meu coração por completo, que me fazia querer estar em ainda mais contato com a pele dele, como se nada no mundo fosse superar o que tínhamos.
Ele mesmo partiu o beijo, tão fácil como começou, deixando aquele gostinho de quero mais que sempre deixava. Continuou me olhando e segurando as minhas mãos, coisa que me deixou aquecida por dentro. Parecia tão certo.
- Eu vou te dizer que não é o que eu quero, mas eu não vou te pedir pra ficar, não quando eu tenho certeza que você já tomou uma decisão, te conheço o suficiente pra saber que já fez isso – ambos abrimos um pequeno sorriso , discreto, mas doloroso. – Mas eu sei te dizer que não é um amor só de verão e eu espero que você entenda isso enquanto ainda houver tempo.
- Eu não vou mudar de ideia.
Ele riu. O fato de eu não dizer nunca, e ele saber que o motivo era que eu não tinha certeza de muita coisa – não quando o assunto era decidir aonde íamos, ou o que comeríamos, ou o que eu ia vestir – sempre o fazia rir.
- Espero que sim, até lá termos certeza, foi com te conhecer. Estávamos indo bem e esse foi um dos melhores verões que eu tive – ele se levantou e limpou a calça, me ajudando a ficar de pé logo em seguida pra que me abraçasse. – Você tem o meu número. Não hesite em me ligar, se precisar. Adeus.
Ele se virou e entrou na casa, sem dizer mais uma palavra, nem olhar pra trás. Eu respirei fundo, depois soltei todo o ar que tinha, o que fez parecer que eu estava deixando todo o peso do mundo pra trás, enquanto caminhava até o meu carro. O problema era que o comichão no meu peito não passava, parecia que alguma coisa tinha ficado errada, embora eu tivesse a certeza de que eu tinha tomado a decisão correta. Ao entrar no carro e dar partida pra ir embora, eu me peguei olhando a casa mais um tempo. Eu não conseguia, de forma alguma, me imaginar vivendo ali, não quando eu tinha o meu histórico, e mesmo que parecesse certo ficar, eu precisava ir, tinha que ir atrás de outras aventuras, ir atrás de fazer o verão perfeito outro vez...
Fim.
Nota da autora: Até que demorou um pouco, mas a fic saiu como eu queria. Às vezes não é a hora pra ficar... Espero que gostem da história.
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08. Frank The Fixer - Ficstape Jason Mraz
12. Girl Next Door - Ficstape Alessia Cara
Meu Véu de Luar - Especial Pagode
Roteiro de Viagem: Brasil - Originais
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