Capítulo Único
Após mais uma noite de farra e bebedeira, o desfecho de não podia ser outro além de trazer mais uma mulher desconhecida para seu apartamento. Os lábios dela passeavam por toda extensão de seu tórax, fazendo com que o mesmo fechasse os olhos e aproveitasse as carícias.
A forma com que a garota beijou-lhe o lóbulo da orelha, depositando ali uma mordidinha sutil em seguida, entretanto, o fizera abrir os olhos subitamente. De repente, era como se ela estivesse ali. Os cabelos ruivos tornaram-se loiros, os olhos despretensiosos e desconhecidos tornaram-se os olhos atentos e instigantes que ele tanto adorava. Até mesmo a forma com que ela se movia e o jeito que gemia ao seu toque soava como .
chacoalhou a cabeça de um lado a outro e então pegara a imagem deturpada de pela cintura, mudando brevemente as posições e colocando-a debaixo de si. No entanto, agora Cynthia — ou seja lá qual fosse o nome dela — era quem ele via. Fora como um golpe no estômago que o fizera sentir todo seu conteúdo gástrico na boca.
Desde o dia em que deixara sozinha em seu apartamento antes mesmo de permitir que a mesma verbalizasse seus sentimentos por ele, não houvera um só dia que ela lhe assombrasse seus sonhos e, bem, agora todos os momentos de seu dia. Desde o momento que deixara a cobertura dela naquele dia, sentia a culpa invadindo cada molécula de seu ser, mas não era como se ele pudesse se entregar a um relacionamento agora. Ele e funcionavam bem quando não existiam sentimentos envolvidos, quando eram só dois adultos fisicamente atraídos um pelo outro que resolveram juntar o útil ao agradável. O pior de tudo era que nem podia atrelar a culpa a ela, visto que em dado momento ele mesmo se pegara completamente louco por ela. Mas era uma garota doce que merecia alguém realmente disposto a fazê-la feliz e ele, que se considerava um desastre ambulante, não se sentia preparado para tal missão.
costumava dizer que, de todos os âmbitos de sua vida, sua carreira era a única que estava sob controle e agora nem isso conseguia dizer, visto que todas as músicas que conseguia escrever para seu novo trabalho eram sobre . No quesito familiar, ele sentia muito por não ter tanto tempo para estar presente na vida das irmãs e sofria por não ter a oportunidade de vê-las crescer. Fazia mais de três meses que ele não conseguia tirar um tempo para voltar para casa e ver seus pais e, talvez, voltar agora parecia doer ainda mais; visto que não teria a companhia de e que sua família — que não sabia de toda a história por trás do “relacionamento” deles — certamente perguntaria sobre o término e ele não saberia o que lhes responder, já que não sabia explicar nem a si mesmo tudo que havia acontecido. Seus relacionamentos antigos nunca foram devidamente saudáveis, sempre levavam consigo parte de sua sanidade e, na única vez que chegara o mais perto possível de algo certo e que lhe fazia bem, seu medo estragara tudo.
— Cindy… — murmurou ele incerto, saindo de cima da garota. — Eu não posso continuar com isso. Não tô no clima.
— É Wendy! — a ruiva bufou ao corrigir, parecendo ofendida e furiosa. Em seguida ela se levantou e começou a catar suas roupas jogadas pelo chão. a assistiu deixar o apartamento e então voltou para a cama, enquanto encarava o teto.
bufou, frustrado por ter sua noite mais uma vez interrompida por seus pensamentos importunos e pelas mentiras contadas a si mesmo, fechando os olhos enquanto se tocava para aliviar seus hormônios circulantes e toda a tensão que abrigava seu corpo. Era sempre assim que acabava: ele tocava a si mesmo, enchia um copo de uísque e tudo ficava “bem”. No fim, ela estava em tudo. estava em todos os lugares, gravada na sua vida como uma tatuagem que nem o melhor e mais caro dos tratamentos podia retirar. E ele nem queria, afinal, as memórias eram tudo o que ele podia recorrer para que, de alguma forma, a saudade em seu peito se aliviasse. Era toda noite a mesma tormenta até que o copo se tornasse vazio e o mundo começasse a girar.
✨✨✨
Quatro anos atrás...
Faziam exatos três meses que toda aquela loucura havia começado, aceitara a proposta de começar um namoro falso com uma atriz em ascensão e, ao mesmo tempo que ele já colhia os frutos da influência e relevância que ele e tinham quando estavam juntos, as coisas já começavam a parecer sufocantes. Seu último álbum foi lançado no início daquela semana e havia ido direto para o topo das paradas da Billboard, por outro lado era como se ele estivesse enlouquecendo.
Ele e tinham firmado um acordo para tentar ao máximo manter suas relações amorosas e aventuras sexuais longe dos olhos impiedosos da mídia; afinal, tudo que não precisavam agora era uma “traição” escancarada em rede nacional. Parecia algo fácil, a princípio, mas se tornara algo completamente insustentável quando começara a corresponder às pequenas provocações de .
Demorou cerca de um mês para que o cantor entendesse que queria mais do que podia imaginar ou colocar em palavras. Em simples trocas de olhares em meio a uma multidão eles conseguiriam, tranquilamente, atear fogo em um cômodo pela química e tensão sexual que emanavam.
mal podia imaginar o que seriam capazes de fazer se ficassem a sós.
Ele preferia acreditar que não fora por acaso que os flertes se tornaram cada vez mais frequentes entre eles, acreditar nisso seria admitir que ele fora burro o bastante para cair na lábia da garota. Embora a verdade de que era uma mulher decidida e inteligente demais para conseguir exatamente o que queria fosse clara como o raiar de um dia comum; mas não era como se uma coisa tivesse relação com a outra, não é?
Naquela noite, em especial, a produção de havia fechado uma balada popular no centro de Los Angeles para que o cantor pudesse comemorar o sucesso do novo álbum com alguns amigos próximos, a Black Palace.
se lembrava claramente dos fios loiros levemente corados por um tom de lavanda — por conta de um novo trabalho — de se balançarem enquanto dançavam juntos. Quando se está no Show Business, uma linha tênue entre trabalho e vida pessoal se forma, ele podia estar em qualquer lugar, fazendo absolutamente qualquer tipo de coisa, que ele sempre seria o artista ; então algo difícil a se aprender era separar momentos de trabalho e lazer.
E, depois de alguns anos de terapia, sabia, com convicção, que aquele era um momento de lazer. Um momento em que ambos estavam no auge de suas carreiras, mas ainda assim a fama não os havia cegado. Pelo contrário, os olhos de brilhavam, como estrelas em um céu límpido e tranquilo e, mesmo que não estivesse frente a um espelho, ele sabia que os seus próprios não eram diferentes. Eles não eram dançarinos natos, mas se movimentavam com uma leveza, entrega e conexão que deixava claro, a qualquer um que quisesse ver, que eles estavam se divertindo enquanto esvaziavam mais uma garrafa de vinho tinto e dançavam de uma maneira patética. Parecia, a quem fosse solicitado confirmação, que eles eram um casal apaixonado baixando a guarda e se permitindo transitar no universo um do outro.
E por um tempo, ele até tentou acreditar nisso.
Principalmente depois que os passos de o guiaram para o telhado da boate, onde podiam ver o céu estrelado da noite e onde podiam se sentir nas nuvens, mais altos que tudo.
Onde, pontualmente às três da manhã, e se beijaram pela primeira vez.
E, principalmente, onde ele percebera que, depois de tanto tempo, estava tão feliz que poderia morrer e aquilo, é claro, o assustava. O incômodo lhe acertara em cheio. Não era seguro que se sentisse assim a respeito de , não quando as coisas entre eles eram estritamente profissionais.
✨✨✨
Os flashes das câmeras eram, como sempre, desconfortáveis, mas não era como se não estivesse acostumado. O cantor praguejava a si mesmo por não ter aceitado a oferta de seu stylist para usar óculos escuros no Red Carpet, agora ele só podia xingar a si mesmo por ter recusado o acessório e por ter bebido até apagar na noite anterior.
Fisicamente, ele não parecia estar mal, afinal, de ressaca era semelhante a qualquer mero mortal em um dia que resolvia tirar horas para se arrumar. Sua cabeça doía e seus olhos ardiam pela claridade exacerbada, mas ele apresentaria uma das categorias da premiação e o acordo já estava firmado há alguns meses; não era como se simplesmente ele pudesse escolher não ir.
Era sempre a mesma sucessão de coisas: ele cumprimentava tudo e todos, posava para fotos com pessoas que ele nem sabia quem eram, respondia as perguntas feitas pelos jornalistas e ficava sentado assistindo gente que, em grande parte, ele nem gostava. Com o tempo, até o Oscar perdia seu encanto. E, por um milésimo de segundo, sua mente traiçoeira lhe levou a todas as premiações que fora com e em como estar em um ambiente daqueles parecia tão mais fácil quando ela estava ao seu lado. Eles riam das mesmas coisas, não gostavam das mesmas pessoas e sempre imitavam a careta de consolação de Joey Tribbiani de Friends quando não ganhavam os prêmios aos quais eram indicados. E então, ao se dar conta disso, tudo pareceu se tornar dez vezes mais entediante que antes.
— , está na hora de se equipar. — Edgar, seu agente o avisou depois de um tempo. o seguiu até o backstage onde lhe entregaram os cartões de programa com o nome dos indicados e o envelope com o nome da vencedora da categoria. Enquanto posicionavam o microfone e os demais equipamentos, o cantor não pode evitar de olhar para seu empresário quando vira o nome de entre as indicações.
— É sério? — ele cochichou para Edgar enquanto o seguia até o caminho para o que ele acreditava ser o palco — Quem escolheu isso, um autor de um livro de comédia romântica ruim?
— Eu só soube há dez minutos atrás, caso contrário teria tentado dar um jeito. — o mais velho sorriu amarelo — Mas são cinco indicadas, as chances dela ganhar são… Vinte por cento?
bufou. Não pela dúvida do agente em seu cálculo incerto, mas sim por Edgar realmente acreditar que alguma das outras indicadas realmente tinha chances contra . Ele não dizia isso única e exclusivamente devido seus sentimentos, mas principalmente porque acompanhara a atriz na première do filme e assistira o quão brilhante ela conseguira ser ao interpretar aquele papel.
Aquele prêmio era, sem sombra de dúvidas, de e ele não precisava nem abrir o maldito envelope dourado para concluir aquilo. E, somado aos incontáveis desconfortos da noite, tinha o fato de que seria a primeira vez que os dois se encontrariam depois do dia em que ele a deixara sozinha em seu apartamento.
— As indicadas a Melhor Atriz são… — ele soara autoconfiante e até mesmo divertido, embora sua voz parecera vacilar quando pronunciou o nome de e a viu de relance no telão. Ela sorriu fraco e afastou o microfone dos lábios para respirar fundo. — E o Oscar vai para… por Sombras do Infinito.
não se lembrava muito das aulas da época da escola, mas lembrara rapidamente do conceito de magnetismo quando se levantou e seguiu em passos lentos até o palco e seus olhos grudaram nela como ímãs. Ela usava um vestido branco e esvoaçante e todos os olhares eram dela, não tinha como ser diferente. A mulher era hipnotizante, tudo era sobre ela e ele sempre se sentia patético por tê-la deixado ir quando ela fez menção em ficar.
Ela subiu para pegar seu prêmio, parecia feliz e imperturbável, era o reconhecimento por meses que tivera de esforço e ele não poderia sentir mais orgulho. Era impossível não notar o brilho no olhar de e com isso, tornava-se tão impossível quanto não conter um sorriso.
Eles se cumprimentaram brevemente com um meio abraço desengonçado e um beijo na bochecha enquanto a entregava sua tão almejada e merecida estatueta. O cantor tivera que se controlar muito para não fechar os olhos ao sentir o perfume dela e evitar pensar em como esse cheiro enlouquecedor costumava ficar impregnado em seus lençóis de seda e como até hoje ainda parecia atormentá-lo.
Depois de um discurso rápido eles seguiram até o backstage ao som dos aplausos e permaneceram quietos por alguns segundos, sem olhar um para o outro como em uma batalha silenciosa. fora o primeiro a erguer o olhar, mesmo que sem ser correspondido.
— Eu… Bem… Meus parabéns, . Essa estatueta só podia ser sua. — ele sorriu, devolvendo o microfone a um assistente que passava por ali.
— Obrigada. — ela também sorriu, mas não parecia nada confortável e já ameaçava sair dali. — Bom ver você.
Ele sabia que ela não estava nada feliz por vê-lo, mas era orgulhosa e cordial demais para demonstrar o contrário.
— Bom te ver também… — ela deu as costas para sair, mas ele percebeu o nome dela soando por sua voz instantaneamente, o que a fez virar novamente — eu… Sinto muito e...
— Não há pelo que se desculpar. — o interrompeu com a voz suave porém afiada como uma faca recém amolada.
— Eu fui um idiota. — soltou em meio a um suspiro pesaroso e ele a observou arquear uma sobrancelha, como quem pede para lhe contar algo inédito.
— Acho que não é o momento para falarmos sobre…
— Podemos falar no momento que você quiser. — ele quem a interrompeu dessa vez, desviou o olhar enquanto negava com a cabeça. — Só me dê uma chance, eu quero explicar.
Ela riu sarcasticamente e então o olhou nos olhos pela primeira vez, preferiu que ela não o tivesse feito. As estrelas já não estavam mais ali, tudo que ele conseguia enxergar era dor e mágoa.
— Me desculpe, mas não é como se a gente tivesse mais algo para conversar, … Você teve a oportunidade de falar o que queria naquela noite e decidiu ir embora, então acho que já ouvi tudo o que precisava.
E então ela acenou com a cabeça uma última vez, oferecendo-lhe um sorriso insosso — visto que ainda estavam sendo observados e o término deles ainda era, aos olhos da mídia, algo pacífico — e o deixou sozinho em meio a correria dos bastidores.
caminhou pacientemente até onde Edgar o esperava e cochichou, perguntando se agora que já fizera sua parte do acordo podia ir embora de fininho. Os planos para o restante da noite eram somente encher a cara e terminar como em todos os outros dias nos últimos três meses. Como o agente já havia exigido demais dele naquele dia, uma sombra de piedade lhe perpassou e o mais velho decidiu concordar com a saída antecipada do cantor.
O caminho até o carro não foi tão complicado quanto ele imaginou que seria, o que fez o rapaz suspirar aliviado. O motorista acenou com a cabeça brevemente e o cumprimentou de volta, pedindo que o mais velho o levasse para casa.
Fora dada a partida no carro e então tudo que podia se ver eram as luzes da cidade, a orla de Venice Beach e logo a parte mais movimentada de LA. Fora inevitável não dar um sorriso triste quando o automóvel parou em um sinal vermelho e, por coincidência, ocorrera de ser exatamente na frente da Black Palace — a balada onde e tornaram o relacionamento deles menos falso do que realmente parecia.
não se considerava criativo e nem mesmo gostava de surpresas, mas como em uma chuva de verão — rápida, intensa e passageira — uma ideia lhe ocorreu e ele pode ter certeza que seus olhos brilhavam como as estrelas naquele momento com a perspectiva de, ao menos, tentar conseguir de volta.
— Jack. — o cantor chamou o motorista enquanto batia em seu ombro — Podemos parar aqui?
Bastaram apenas algumas ligações para que conseguisse fechar o telhado apenas para seus planos naquela noite e arranjar tudo o que precisava. Assim que tudo estava pronto, se permitiu sentar na toalha quadriculada e secar as mãos suadas de nervosismo na calça. Em seguida ele tirou uma foto que enquadrava o terraço e o céu estrelado e digitou, hesitante, a mensagem. não costumava pensar muito ao fazer algo que lhe deixava nervoso ou ansioso, então apenas virou a cabeça e clicou no botão de enviar.
Estava feito. Dois certinhos, ela havia recebido a mensagem pequena e objetiva com os seguintes dizeres:
“Me encontre caso mude de ideia. No nosso lugar, no mesmo horário...”
E então passou os próximos quarenta minutos sentindo-se meio patético enquanto olhava para a porta a cada dois minutos. Quanto mais o ponteiro de seu relógio se aproximava das 3h, mais o tempo entre os olhares para a entrada do telhado diminuíam, até o momento que ele aceitara o fato de ser completamente patético e deu-se por vencido ao fixar sua atenção ali.
E se ela não vier? É uma alta probabilidade, principalmente levando em consideração o quão filho da puta eu fui… Considerou ele, mordendo os lábios. Os pensamentos em meio a um turbilhão frenético em sua mente, as mãos suadas e a perna balançando eram só alguns dos sinais físicos da ansiedade do cantor.
Quando o relógio marcou o horário marcado, sorriu frustrado e permitiu-se abaixar a cabeça. Passaram-se mais alguns minutos até que ele se convencesse de que não apareceria. Torcia para o bolo em sua garganta ser só um resultado da baixa umidade do ar e não que tivesse uma súbita relação com seus olhos ardendo no que ele acreditava ser vontade de chorar.
O rapaz riu sarcástico, engolindo seco em uma tentativa de desfazer o desconforto em seu esôfago e pegando uma das garrafas de vinho tinto que tinha separado para o piquenique, fracassado, de reconciliação. levou a garrafa até os lábios em meio a brisa noturna que começava a se tornar gélida, sentindo o gosto amargo de sua boca dar lugar ao adocicado e cítrico da bebida alcóolica.
— Eu tenho certeza que Norah ensinou você a esperar os convidados para começar a festa. — o rapaz virou-se para trás, assustado porém sentindo uma onda massiva de alívio o inundar. Ela estar ali, tão linda quanto todos os outros dias que ele tivera a oportunidade de vê-la, não significava que ela fosse perdoá-lo, mas já representava um passo muito grande. Céus, ela estava ali! queria ao menos ouvi-lo e, se fosse sortudo o suficiente, talvez ela o perdoaria.
Não era como se ele tivesse mais nada a perder ou se aborrecer, então tudo que lhe restava era ser um idiota otimista. Uma das características que não costumava bem ser um de seus pontos fortes, ele confessava.
— Ela é uma mulher incrível e uma mãe admirável… — ela tornou a dizer enquanto se sentava ao lado do rapaz na toalha quadriculada — Tenho certeza de que ela não esqueceu de mencionar isso.
— Achei que você não viesse… — se ouviu murmurar, ainda meio atônito e admirado com o quão bela a atriz ficava iluminada apenas pelas velas que Edgar e Lucy (uma de suas assistentes) conseguiram providenciar.
— Quero deixar claro que isso não significa nada. E eu não sou uma pessoa injusta, a última coisa que quero é morrer com coisas mal resolvidas. — sua voz era firme, porém menos arisca do que mais cedo no Dolby Theatre. Bem, já era um avanço. Ele os serviu com vinho e observou-a levar a taça aos lábios enquanto admirava a vista noturna da cidade.
— Certo…
Por alguns segundos tudo que os cercava eram as batidas abafadas da música alta do andar de baixo da casa noturna e os barulhos reduzidos dos carros na rua. não se moveu, continuava bebendo o conteúdo rubro de sua taça enquanto pegava alguns petiscos da cesta que ali estava. respirou fundo, tentando montar frases coesas em meio a seus pensamentos atordoados e tudo que queria — ou melhor, que precisava — falar.
— Eu poderia ficar falando o quão idiota eu fui, mas nós dois já sabemos disso.
Quando fez menção em concordar, ele sorriu fraco dando de ombros.
— Eu fui covarde ao não admitir que, nos últimos quatro anos, não houve um dia que você não estava na minha mente. Mas foi só nesses últimos três meses que eu aprendi, da forma mais dolorosa possível, que não há um único dia que eu não sinta sua falta e me arrependa amargamente de tê-la deixado sozinha.
se mexeu desconfortável e engoliu seco.
— Você poderia ter me explicado isso antes de ir embora.
— Eu fui um idiota sem nenhuma responsabilidade com seus sentimentos, eu nem sei por onde começo a pedir desculpas e não é como se você fosse obrigada a aceitá-las. — prensou os lábios em uma linha fina — A verdade é que eu estava com medo de admitir meus sentimentos por você e achei que depois que o tempo do contrato acabasse esse surto passaria também. Eu achava que estava só acomodado, mas eu comecei a sentir sua falta desde a hora que saí do seu apartamento. E então eu estive nos três últimos meses em uma rotina destrutiva para tentar te tirar da minha mente, mas acontece que não teve a porra de um dia sequer que eu não tenha sentido sua falta e me arrependido do que fiz.
tocou a mão de , fazendo com que ela se virasse para olhar em seus olhos pela primeira vez naquela noite. Tudo que podia se ouvir eram as respirações aceleradas de ambos enquanto eles partilhavam do silêncio repleto de significado e dor.
— Senti falta do seu cheiro, do seu sorriso, da sua carinha amassada ao acordar, do nariz de morango quando você chora, de cada uma das pintinhas do seu colo e costas, da sua risada, do jeito que você anda e Deus… Até mesmo da forma com que mexe os cabelos, que bebe uma caneca de cerveja em segundos e de como você reclama da minha bagunça. Senti falta de como nós sempre achamos o caminho um para o outro. — o rapaz murmurou, aproximando-se dela — Eu jurava ter um relacionamento falso, mas só agora entendi que sempre foi real. Sempre foi você. Nós somos ótimos juntos. Somos um casal do caralho, para ser sincero. E se você permitir, quero continuar sendo seu par até quando você não me aguentar mais.
— Acho que as coisas tendem a acontecer no momento certo. — ela desabafou, sincera — Hoje eu reconheço que nem mesmo eu estava preparada para contar o que sentia por você, muito menos viver um relacionamento da forma correta e saudável a se fazer… Então, de certa forma, não foi de todo ruim tirar esses meses pra entender a situação toda. Isso não significa que eu não tenha me chateado com sua atitude, foi, como você mesmo disse, uma puta irresponsabilidade afetiva.
Ele assentiu calado, embora seus batimentos cardíacos parecessem com uma queima de fogos de ano novo.
— Se você quer mesmo isso, a gente precisa conversar sobre nossos medos e inseguranças.
— Nós vamos fazer isso funcionar, eu prometo.
— Acho bom, … — sorriu ameaçadora e desviou o olhar para os lábios do cantor — Porque eu me sinto pronta para viver isso agora e seria uma pena se você não estivesse também.
Ele riu, aliviado, e foi inevitável que ela não caísse na gargalhada também.
— Eu estou pronto para isso. — e de alguma forma, em todos os anos de convivência, nunca vira tão convicto. Aquilo a fez sorrir. Céus, como ele sentia falta daquele sorriso… — Eu estou pronto para nós.
Seus lábios se uniram em uma velocidade tanto quanto inédita para eles, era um beijo repleto de saudade que os fazia querer se lembrar e aproveitar cada segundo ali, mas também era um beijo urgente, afinal e tinham várias coisas em comum, entre elas a impaciência.
Não demorou para que estivesse no colo de , com o pescoço erguido enquanto ele deixava um rastro com seus beijos que parecia fazer a pele dela arder. Ele queria tocar e beijar cada pequena parte de toda a extensão do corpo da atriz naquela noite, queria sentir seu cheiro e se deliciar com seu gosto até que sua mente se contentasse que nunca mais a perderia novamente.
As unhas de faziam uma trilha por baixo da camisa social, arranhando levemente o abdômen do rapaz. Ambos sabiam que, mesmo que o telhado estivesse fechado apenas para eles, nunca poderiam confiar que estavam completamente sozinhos, então precisavam ser discretos.
correu com as mãos pelo tecido leve do vestido branco até alcançar a bunda de e a apertou, fazendo com que o atrito entre seus corpos aumentasse.
— O que acha de terminarmos de comer e ir para o meu apartamento ou para o seu para acabar com isso? — ele perguntou entre os beijos distribuídos no colo dela. arfou em resposta.
— Você já foi mais adepto das aventuras em público, . — ela caçoou e ele ergueu seu olhar para se defender. A atriz soltou uma risadinha que fora interrompida com o choque entre os lábios de nos seus de uma forma quente. Quando o beijo fora cessado com selinhos, o rapaz levou embrenhou uma de suas mãos nos cabelos próximos da nuca de , trazendo-a para perto de si novamente e fazendo-a suspirar com o contato visual intenso que mantinham.
— Eu poderia foder você aqui mesmo, . Você sabe… Mas acho que merecemos muito mais. — e então passara a murmurar pausadamente, causando uma onda de arrepios por todo o corpo da garota — Eu quero te fazer gozar.
— Como? — ela ousou perguntar no mesmo tom de voz.
— Em todos os cômodos do seu apartamento. Mas primeiro na sua sacada, com minha boca entre suas pernas e suas mãos no meu cabelo de preferência. Pra te mostrar que eu não perdi o espírito aventureiro.
A loira mordeu os lábios, umedecendo-os em seguida enquanto parecia pensar a respeito da proposta.
— E o que você tá esperando pra comer todo esse queijo e esses doces da cesta? Quero ir embora logo. — ela saiu de seu colo apressada para comer a tábua de queijos o que fez o cantor rir antes de acompanhá-la.
✨✨✨
Assim como todas as outras vezes que chegavam no apartamento de , o, agora realmente, casal saía do elevador já na sala de estar com seus lábios grudados e nenhum espaço restante. Os dedos de estavam entre os cabelos da garota, que mantinha as suas mãos ocupadas em desabotoar a camisa social sem nenhum resquício de paciência. No meio da dança tão conhecida entre eles, peça a peça fora sendo jogada seguindo seus passos até a sacada.
Era uma sacada grande recoberta por vidros contendo uma área social, um divã e uma jacuzzi. As mãos de seguiram até a bunda de , dessa vez erguendo-a em seu colo e caminhando em meio a alguns tropeços até deitá-la no divã.
O corpo de continuava como sua memória se lembrava e ele sabia que mesmo que se passassem anos, ele ainda saberia exatamente onde e quando tocar para deixá-la louca.
Ele separou seus lábios e então apoiou-se nos braços enquanto descia com seus beijos por toda a pele exposta de . Quando alcançara a altura das pernas, sua boca seguira em uma delas, beijando sua parte interior pouco a pouco enquanto a outra se ocupava em afastá-las para deixar a intimidade dela livre para ele.
Depois de acionar o botão do controle para ligar a jacuzzi, os dedos de sua mão livre assumiram a função de massagear o clítoris da atriz rapidamente e então seguir para sua entrada já úmida e pronta. Ele deslizou dois de seus dedos para dentro dela ao mesmo tempo a língua dele começava a relembrar como levar a um explosivo orgasmo.
tivera a certeza de que estava fazendo a coisa certa quando viu arquear a coluna e escorregar mais para baixo do divã para ficar mais perto quando ele começara a movimentar seus dedos para dentro e para fora da entrada dela enquanto coordenava os movimentos — ora alternados, ora conjuntos — de sua língua e lábios. Fazia sentido na cabeça de ambos que, depois de meses de distância, era inaceitável que existisse um centímetro sequer agora.
levara as mãos até os cabelos curtos e bem aparados de , agarrando-os como podia enquanto gemia sem qualquer vergonha, discrição ou decoro. Exatamente da maneira que ela sabia que o deixava excitado.
A fricção da língua do rapaz no clítoris dela tornou-se cada vez mais rápida, fazendo com que, gradativamente, o corpo da atriz se tornasse mais tenso antes de relaxar por completo em um orgasmo intenso em meio a um grunhido extremamente alto de prazer.
sorriu para ela e então ergueu-se para poder beijá-la novamente. Ele percebeu que queria tomar as rédeas da situação, mas então ele findou o beijo levando o indicador até os lábios dela quando a mesma fez menção em reclamar.
— Hoje você fica quietinha e deixa eu te dar todo o prazer que merece, ok?
A loira o olhou excitada e afirmou com a cabeça, sem ousar em quebrar o contato visual.
Ela o observou colocando o preservativo e depois disso mal percebeu quando ele a ergueu novamente no colo, dessa vez levando-a até a água já aquecida e borbulhante da jacuzzi — que ela sequer tinha percebido quando fora ligada. encostou as costas de na borda da piscina e ajoelhou-se distanciando seus corpos apenas para que pudesse penetrá-la.
Os dois gemeram juntos quando finalmente puderam sentir um ao outro. Era enlouquecedor, era único, eram eles. Apenas eles.
entrelaçou as pernas na cintura de , para favorecer a movimentação de seus corpos. Ambos estavam tão entregues um ao outro que sequer queriam quebrar o silêncio que se encontravam, apenas olhavam um ao outro assistindo quais eram os efeitos que exerciam entre si. Alguns gemidos baixos e murmúrios desconexos escapavam no processo, mas eles não sentiam que deviam falar nada, apenas curtir um ao outro e acabar com todo o tempo perdido.
Seus corpos já se moviam rapidamente em sincronia por um tempo quando fechou os olhos sentindo o segundo orgasmo da noite a tomar. Quando seu corpo relaxou, fazendo-a soltar mais um gemido alto de satisfação, intensificou as estocadas em busca de atingir seu próprio ápice, deleitando-se do prazer da atriz.
A fim de ajudá-lo nisso, ela espalmou as mãos no peitoral de e o empurrou para trás até que ele estivesse sentado nos degraus da piscina e então tornou a unir seus corpos tomando o controle dos movimentos ao sentar em seu membro ereto. Foram necessárias apenas alguns movimentos precisos da loira — alternando-se entre rebolar em movimentos circulares e usar suas pernas para alavancar-se em movimentos para cima e para baixo — para que os gemidos de se tornassem mais rápidos e seguidos, seus se olhos fechassem com força até o momento que seu corpo se retesara completamente antes dele finalmente gozar.
— Eu te amo. — se permitiu dizer e ela se permitiu sorrir e apoiar a cabeça no ombro dele ao perceber que, dessa vez, ele permaneceria ali, com ela, pelo resto da noite.
— Eu também te amo, .
Só naquele momento a ficha de que tudo aquilo era real caíra para ambos. plantou um beijo no topo dos cabelos da, agora, namorada e sorriu enquanto recuperava o fôlego e as forças para tornar a noite dela ainda mais longa e prazerosa, até que estivessem exauridos e embriagados um do outro.
Dessa vez — assim como a noite em que se beijaram pela primeira vez na Black Palace, com estrelas nos olhos enquanto se divertiam e secavam uma garrafa de vinho tinto —, ele também se sentia feliz o suficiente para morrer tranquilo. A única diferença era que, dessa vez, a sensação de amar era leve como estar nas nuvens.
Dessa vez estava tudo bem.
A forma com que a garota beijou-lhe o lóbulo da orelha, depositando ali uma mordidinha sutil em seguida, entretanto, o fizera abrir os olhos subitamente. De repente, era como se ela estivesse ali. Os cabelos ruivos tornaram-se loiros, os olhos despretensiosos e desconhecidos tornaram-se os olhos atentos e instigantes que ele tanto adorava. Até mesmo a forma com que ela se movia e o jeito que gemia ao seu toque soava como .
chacoalhou a cabeça de um lado a outro e então pegara a imagem deturpada de pela cintura, mudando brevemente as posições e colocando-a debaixo de si. No entanto, agora Cynthia — ou seja lá qual fosse o nome dela — era quem ele via. Fora como um golpe no estômago que o fizera sentir todo seu conteúdo gástrico na boca.
Desde o dia em que deixara sozinha em seu apartamento antes mesmo de permitir que a mesma verbalizasse seus sentimentos por ele, não houvera um só dia que ela lhe assombrasse seus sonhos e, bem, agora todos os momentos de seu dia. Desde o momento que deixara a cobertura dela naquele dia, sentia a culpa invadindo cada molécula de seu ser, mas não era como se ele pudesse se entregar a um relacionamento agora. Ele e funcionavam bem quando não existiam sentimentos envolvidos, quando eram só dois adultos fisicamente atraídos um pelo outro que resolveram juntar o útil ao agradável. O pior de tudo era que nem podia atrelar a culpa a ela, visto que em dado momento ele mesmo se pegara completamente louco por ela. Mas era uma garota doce que merecia alguém realmente disposto a fazê-la feliz e ele, que se considerava um desastre ambulante, não se sentia preparado para tal missão.
costumava dizer que, de todos os âmbitos de sua vida, sua carreira era a única que estava sob controle e agora nem isso conseguia dizer, visto que todas as músicas que conseguia escrever para seu novo trabalho eram sobre . No quesito familiar, ele sentia muito por não ter tanto tempo para estar presente na vida das irmãs e sofria por não ter a oportunidade de vê-las crescer. Fazia mais de três meses que ele não conseguia tirar um tempo para voltar para casa e ver seus pais e, talvez, voltar agora parecia doer ainda mais; visto que não teria a companhia de e que sua família — que não sabia de toda a história por trás do “relacionamento” deles — certamente perguntaria sobre o término e ele não saberia o que lhes responder, já que não sabia explicar nem a si mesmo tudo que havia acontecido. Seus relacionamentos antigos nunca foram devidamente saudáveis, sempre levavam consigo parte de sua sanidade e, na única vez que chegara o mais perto possível de algo certo e que lhe fazia bem, seu medo estragara tudo.
— Cindy… — murmurou ele incerto, saindo de cima da garota. — Eu não posso continuar com isso. Não tô no clima.
— É Wendy! — a ruiva bufou ao corrigir, parecendo ofendida e furiosa. Em seguida ela se levantou e começou a catar suas roupas jogadas pelo chão. a assistiu deixar o apartamento e então voltou para a cama, enquanto encarava o teto.
bufou, frustrado por ter sua noite mais uma vez interrompida por seus pensamentos importunos e pelas mentiras contadas a si mesmo, fechando os olhos enquanto se tocava para aliviar seus hormônios circulantes e toda a tensão que abrigava seu corpo. Era sempre assim que acabava: ele tocava a si mesmo, enchia um copo de uísque e tudo ficava “bem”. No fim, ela estava em tudo. estava em todos os lugares, gravada na sua vida como uma tatuagem que nem o melhor e mais caro dos tratamentos podia retirar. E ele nem queria, afinal, as memórias eram tudo o que ele podia recorrer para que, de alguma forma, a saudade em seu peito se aliviasse. Era toda noite a mesma tormenta até que o copo se tornasse vazio e o mundo começasse a girar.
Quatro anos atrás...
Faziam exatos três meses que toda aquela loucura havia começado, aceitara a proposta de começar um namoro falso com uma atriz em ascensão e, ao mesmo tempo que ele já colhia os frutos da influência e relevância que ele e tinham quando estavam juntos, as coisas já começavam a parecer sufocantes. Seu último álbum foi lançado no início daquela semana e havia ido direto para o topo das paradas da Billboard, por outro lado era como se ele estivesse enlouquecendo.
Ele e tinham firmado um acordo para tentar ao máximo manter suas relações amorosas e aventuras sexuais longe dos olhos impiedosos da mídia; afinal, tudo que não precisavam agora era uma “traição” escancarada em rede nacional. Parecia algo fácil, a princípio, mas se tornara algo completamente insustentável quando começara a corresponder às pequenas provocações de .
Demorou cerca de um mês para que o cantor entendesse que queria mais do que podia imaginar ou colocar em palavras. Em simples trocas de olhares em meio a uma multidão eles conseguiriam, tranquilamente, atear fogo em um cômodo pela química e tensão sexual que emanavam.
mal podia imaginar o que seriam capazes de fazer se ficassem a sós.
Ele preferia acreditar que não fora por acaso que os flertes se tornaram cada vez mais frequentes entre eles, acreditar nisso seria admitir que ele fora burro o bastante para cair na lábia da garota. Embora a verdade de que era uma mulher decidida e inteligente demais para conseguir exatamente o que queria fosse clara como o raiar de um dia comum; mas não era como se uma coisa tivesse relação com a outra, não é?
Naquela noite, em especial, a produção de havia fechado uma balada popular no centro de Los Angeles para que o cantor pudesse comemorar o sucesso do novo álbum com alguns amigos próximos, a Black Palace.
se lembrava claramente dos fios loiros levemente corados por um tom de lavanda — por conta de um novo trabalho — de se balançarem enquanto dançavam juntos. Quando se está no Show Business, uma linha tênue entre trabalho e vida pessoal se forma, ele podia estar em qualquer lugar, fazendo absolutamente qualquer tipo de coisa, que ele sempre seria o artista ; então algo difícil a se aprender era separar momentos de trabalho e lazer.
E, depois de alguns anos de terapia, sabia, com convicção, que aquele era um momento de lazer. Um momento em que ambos estavam no auge de suas carreiras, mas ainda assim a fama não os havia cegado. Pelo contrário, os olhos de brilhavam, como estrelas em um céu límpido e tranquilo e, mesmo que não estivesse frente a um espelho, ele sabia que os seus próprios não eram diferentes. Eles não eram dançarinos natos, mas se movimentavam com uma leveza, entrega e conexão que deixava claro, a qualquer um que quisesse ver, que eles estavam se divertindo enquanto esvaziavam mais uma garrafa de vinho tinto e dançavam de uma maneira patética. Parecia, a quem fosse solicitado confirmação, que eles eram um casal apaixonado baixando a guarda e se permitindo transitar no universo um do outro.
E por um tempo, ele até tentou acreditar nisso.
Principalmente depois que os passos de o guiaram para o telhado da boate, onde podiam ver o céu estrelado da noite e onde podiam se sentir nas nuvens, mais altos que tudo.
Onde, pontualmente às três da manhã, e se beijaram pela primeira vez.
E, principalmente, onde ele percebera que, depois de tanto tempo, estava tão feliz que poderia morrer e aquilo, é claro, o assustava. O incômodo lhe acertara em cheio. Não era seguro que se sentisse assim a respeito de , não quando as coisas entre eles eram estritamente profissionais.
Os flashes das câmeras eram, como sempre, desconfortáveis, mas não era como se não estivesse acostumado. O cantor praguejava a si mesmo por não ter aceitado a oferta de seu stylist para usar óculos escuros no Red Carpet, agora ele só podia xingar a si mesmo por ter recusado o acessório e por ter bebido até apagar na noite anterior.
Fisicamente, ele não parecia estar mal, afinal, de ressaca era semelhante a qualquer mero mortal em um dia que resolvia tirar horas para se arrumar. Sua cabeça doía e seus olhos ardiam pela claridade exacerbada, mas ele apresentaria uma das categorias da premiação e o acordo já estava firmado há alguns meses; não era como se simplesmente ele pudesse escolher não ir.
Era sempre a mesma sucessão de coisas: ele cumprimentava tudo e todos, posava para fotos com pessoas que ele nem sabia quem eram, respondia as perguntas feitas pelos jornalistas e ficava sentado assistindo gente que, em grande parte, ele nem gostava. Com o tempo, até o Oscar perdia seu encanto. E, por um milésimo de segundo, sua mente traiçoeira lhe levou a todas as premiações que fora com e em como estar em um ambiente daqueles parecia tão mais fácil quando ela estava ao seu lado. Eles riam das mesmas coisas, não gostavam das mesmas pessoas e sempre imitavam a careta de consolação de Joey Tribbiani de Friends quando não ganhavam os prêmios aos quais eram indicados. E então, ao se dar conta disso, tudo pareceu se tornar dez vezes mais entediante que antes.
— , está na hora de se equipar. — Edgar, seu agente o avisou depois de um tempo. o seguiu até o backstage onde lhe entregaram os cartões de programa com o nome dos indicados e o envelope com o nome da vencedora da categoria. Enquanto posicionavam o microfone e os demais equipamentos, o cantor não pode evitar de olhar para seu empresário quando vira o nome de entre as indicações.
— É sério? — ele cochichou para Edgar enquanto o seguia até o caminho para o que ele acreditava ser o palco — Quem escolheu isso, um autor de um livro de comédia romântica ruim?
— Eu só soube há dez minutos atrás, caso contrário teria tentado dar um jeito. — o mais velho sorriu amarelo — Mas são cinco indicadas, as chances dela ganhar são… Vinte por cento?
bufou. Não pela dúvida do agente em seu cálculo incerto, mas sim por Edgar realmente acreditar que alguma das outras indicadas realmente tinha chances contra . Ele não dizia isso única e exclusivamente devido seus sentimentos, mas principalmente porque acompanhara a atriz na première do filme e assistira o quão brilhante ela conseguira ser ao interpretar aquele papel.
Aquele prêmio era, sem sombra de dúvidas, de e ele não precisava nem abrir o maldito envelope dourado para concluir aquilo. E, somado aos incontáveis desconfortos da noite, tinha o fato de que seria a primeira vez que os dois se encontrariam depois do dia em que ele a deixara sozinha em seu apartamento.
— As indicadas a Melhor Atriz são… — ele soara autoconfiante e até mesmo divertido, embora sua voz parecera vacilar quando pronunciou o nome de e a viu de relance no telão. Ela sorriu fraco e afastou o microfone dos lábios para respirar fundo. — E o Oscar vai para… por Sombras do Infinito.
não se lembrava muito das aulas da época da escola, mas lembrara rapidamente do conceito de magnetismo quando se levantou e seguiu em passos lentos até o palco e seus olhos grudaram nela como ímãs. Ela usava um vestido branco e esvoaçante e todos os olhares eram dela, não tinha como ser diferente. A mulher era hipnotizante, tudo era sobre ela e ele sempre se sentia patético por tê-la deixado ir quando ela fez menção em ficar.
Ela subiu para pegar seu prêmio, parecia feliz e imperturbável, era o reconhecimento por meses que tivera de esforço e ele não poderia sentir mais orgulho. Era impossível não notar o brilho no olhar de e com isso, tornava-se tão impossível quanto não conter um sorriso.
Eles se cumprimentaram brevemente com um meio abraço desengonçado e um beijo na bochecha enquanto a entregava sua tão almejada e merecida estatueta. O cantor tivera que se controlar muito para não fechar os olhos ao sentir o perfume dela e evitar pensar em como esse cheiro enlouquecedor costumava ficar impregnado em seus lençóis de seda e como até hoje ainda parecia atormentá-lo.
Depois de um discurso rápido eles seguiram até o backstage ao som dos aplausos e permaneceram quietos por alguns segundos, sem olhar um para o outro como em uma batalha silenciosa. fora o primeiro a erguer o olhar, mesmo que sem ser correspondido.
— Eu… Bem… Meus parabéns, . Essa estatueta só podia ser sua. — ele sorriu, devolvendo o microfone a um assistente que passava por ali.
— Obrigada. — ela também sorriu, mas não parecia nada confortável e já ameaçava sair dali. — Bom ver você.
Ele sabia que ela não estava nada feliz por vê-lo, mas era orgulhosa e cordial demais para demonstrar o contrário.
— Bom te ver também… — ela deu as costas para sair, mas ele percebeu o nome dela soando por sua voz instantaneamente, o que a fez virar novamente — eu… Sinto muito e...
— Não há pelo que se desculpar. — o interrompeu com a voz suave porém afiada como uma faca recém amolada.
— Eu fui um idiota. — soltou em meio a um suspiro pesaroso e ele a observou arquear uma sobrancelha, como quem pede para lhe contar algo inédito.
— Acho que não é o momento para falarmos sobre…
— Podemos falar no momento que você quiser. — ele quem a interrompeu dessa vez, desviou o olhar enquanto negava com a cabeça. — Só me dê uma chance, eu quero explicar.
Ela riu sarcasticamente e então o olhou nos olhos pela primeira vez, preferiu que ela não o tivesse feito. As estrelas já não estavam mais ali, tudo que ele conseguia enxergar era dor e mágoa.
— Me desculpe, mas não é como se a gente tivesse mais algo para conversar, … Você teve a oportunidade de falar o que queria naquela noite e decidiu ir embora, então acho que já ouvi tudo o que precisava.
E então ela acenou com a cabeça uma última vez, oferecendo-lhe um sorriso insosso — visto que ainda estavam sendo observados e o término deles ainda era, aos olhos da mídia, algo pacífico — e o deixou sozinho em meio a correria dos bastidores.
caminhou pacientemente até onde Edgar o esperava e cochichou, perguntando se agora que já fizera sua parte do acordo podia ir embora de fininho. Os planos para o restante da noite eram somente encher a cara e terminar como em todos os outros dias nos últimos três meses. Como o agente já havia exigido demais dele naquele dia, uma sombra de piedade lhe perpassou e o mais velho decidiu concordar com a saída antecipada do cantor.
O caminho até o carro não foi tão complicado quanto ele imaginou que seria, o que fez o rapaz suspirar aliviado. O motorista acenou com a cabeça brevemente e o cumprimentou de volta, pedindo que o mais velho o levasse para casa.
Fora dada a partida no carro e então tudo que podia se ver eram as luzes da cidade, a orla de Venice Beach e logo a parte mais movimentada de LA. Fora inevitável não dar um sorriso triste quando o automóvel parou em um sinal vermelho e, por coincidência, ocorrera de ser exatamente na frente da Black Palace — a balada onde e tornaram o relacionamento deles menos falso do que realmente parecia.
não se considerava criativo e nem mesmo gostava de surpresas, mas como em uma chuva de verão — rápida, intensa e passageira — uma ideia lhe ocorreu e ele pode ter certeza que seus olhos brilhavam como as estrelas naquele momento com a perspectiva de, ao menos, tentar conseguir de volta.
— Jack. — o cantor chamou o motorista enquanto batia em seu ombro — Podemos parar aqui?
Bastaram apenas algumas ligações para que conseguisse fechar o telhado apenas para seus planos naquela noite e arranjar tudo o que precisava. Assim que tudo estava pronto, se permitiu sentar na toalha quadriculada e secar as mãos suadas de nervosismo na calça. Em seguida ele tirou uma foto que enquadrava o terraço e o céu estrelado e digitou, hesitante, a mensagem. não costumava pensar muito ao fazer algo que lhe deixava nervoso ou ansioso, então apenas virou a cabeça e clicou no botão de enviar.
Estava feito. Dois certinhos, ela havia recebido a mensagem pequena e objetiva com os seguintes dizeres:
E então passou os próximos quarenta minutos sentindo-se meio patético enquanto olhava para a porta a cada dois minutos. Quanto mais o ponteiro de seu relógio se aproximava das 3h, mais o tempo entre os olhares para a entrada do telhado diminuíam, até o momento que ele aceitara o fato de ser completamente patético e deu-se por vencido ao fixar sua atenção ali.
E se ela não vier? É uma alta probabilidade, principalmente levando em consideração o quão filho da puta eu fui… Considerou ele, mordendo os lábios. Os pensamentos em meio a um turbilhão frenético em sua mente, as mãos suadas e a perna balançando eram só alguns dos sinais físicos da ansiedade do cantor.
Quando o relógio marcou o horário marcado, sorriu frustrado e permitiu-se abaixar a cabeça. Passaram-se mais alguns minutos até que ele se convencesse de que não apareceria. Torcia para o bolo em sua garganta ser só um resultado da baixa umidade do ar e não que tivesse uma súbita relação com seus olhos ardendo no que ele acreditava ser vontade de chorar.
O rapaz riu sarcástico, engolindo seco em uma tentativa de desfazer o desconforto em seu esôfago e pegando uma das garrafas de vinho tinto que tinha separado para o piquenique, fracassado, de reconciliação. levou a garrafa até os lábios em meio a brisa noturna que começava a se tornar gélida, sentindo o gosto amargo de sua boca dar lugar ao adocicado e cítrico da bebida alcóolica.
— Eu tenho certeza que Norah ensinou você a esperar os convidados para começar a festa. — o rapaz virou-se para trás, assustado porém sentindo uma onda massiva de alívio o inundar. Ela estar ali, tão linda quanto todos os outros dias que ele tivera a oportunidade de vê-la, não significava que ela fosse perdoá-lo, mas já representava um passo muito grande. Céus, ela estava ali! queria ao menos ouvi-lo e, se fosse sortudo o suficiente, talvez ela o perdoaria.
Não era como se ele tivesse mais nada a perder ou se aborrecer, então tudo que lhe restava era ser um idiota otimista. Uma das características que não costumava bem ser um de seus pontos fortes, ele confessava.
— Ela é uma mulher incrível e uma mãe admirável… — ela tornou a dizer enquanto se sentava ao lado do rapaz na toalha quadriculada — Tenho certeza de que ela não esqueceu de mencionar isso.
— Achei que você não viesse… — se ouviu murmurar, ainda meio atônito e admirado com o quão bela a atriz ficava iluminada apenas pelas velas que Edgar e Lucy (uma de suas assistentes) conseguiram providenciar.
— Quero deixar claro que isso não significa nada. E eu não sou uma pessoa injusta, a última coisa que quero é morrer com coisas mal resolvidas. — sua voz era firme, porém menos arisca do que mais cedo no Dolby Theatre. Bem, já era um avanço. Ele os serviu com vinho e observou-a levar a taça aos lábios enquanto admirava a vista noturna da cidade.
— Certo…
Por alguns segundos tudo que os cercava eram as batidas abafadas da música alta do andar de baixo da casa noturna e os barulhos reduzidos dos carros na rua. não se moveu, continuava bebendo o conteúdo rubro de sua taça enquanto pegava alguns petiscos da cesta que ali estava. respirou fundo, tentando montar frases coesas em meio a seus pensamentos atordoados e tudo que queria — ou melhor, que precisava — falar.
— Eu poderia ficar falando o quão idiota eu fui, mas nós dois já sabemos disso.
Quando fez menção em concordar, ele sorriu fraco dando de ombros.
— Eu fui covarde ao não admitir que, nos últimos quatro anos, não houve um dia que você não estava na minha mente. Mas foi só nesses últimos três meses que eu aprendi, da forma mais dolorosa possível, que não há um único dia que eu não sinta sua falta e me arrependa amargamente de tê-la deixado sozinha.
se mexeu desconfortável e engoliu seco.
— Você poderia ter me explicado isso antes de ir embora.
— Eu fui um idiota sem nenhuma responsabilidade com seus sentimentos, eu nem sei por onde começo a pedir desculpas e não é como se você fosse obrigada a aceitá-las. — prensou os lábios em uma linha fina — A verdade é que eu estava com medo de admitir meus sentimentos por você e achei que depois que o tempo do contrato acabasse esse surto passaria também. Eu achava que estava só acomodado, mas eu comecei a sentir sua falta desde a hora que saí do seu apartamento. E então eu estive nos três últimos meses em uma rotina destrutiva para tentar te tirar da minha mente, mas acontece que não teve a porra de um dia sequer que eu não tenha sentido sua falta e me arrependido do que fiz.
tocou a mão de , fazendo com que ela se virasse para olhar em seus olhos pela primeira vez naquela noite. Tudo que podia se ouvir eram as respirações aceleradas de ambos enquanto eles partilhavam do silêncio repleto de significado e dor.
— Senti falta do seu cheiro, do seu sorriso, da sua carinha amassada ao acordar, do nariz de morango quando você chora, de cada uma das pintinhas do seu colo e costas, da sua risada, do jeito que você anda e Deus… Até mesmo da forma com que mexe os cabelos, que bebe uma caneca de cerveja em segundos e de como você reclama da minha bagunça. Senti falta de como nós sempre achamos o caminho um para o outro. — o rapaz murmurou, aproximando-se dela — Eu jurava ter um relacionamento falso, mas só agora entendi que sempre foi real. Sempre foi você. Nós somos ótimos juntos. Somos um casal do caralho, para ser sincero. E se você permitir, quero continuar sendo seu par até quando você não me aguentar mais.
— Acho que as coisas tendem a acontecer no momento certo. — ela desabafou, sincera — Hoje eu reconheço que nem mesmo eu estava preparada para contar o que sentia por você, muito menos viver um relacionamento da forma correta e saudável a se fazer… Então, de certa forma, não foi de todo ruim tirar esses meses pra entender a situação toda. Isso não significa que eu não tenha me chateado com sua atitude, foi, como você mesmo disse, uma puta irresponsabilidade afetiva.
Ele assentiu calado, embora seus batimentos cardíacos parecessem com uma queima de fogos de ano novo.
— Se você quer mesmo isso, a gente precisa conversar sobre nossos medos e inseguranças.
— Nós vamos fazer isso funcionar, eu prometo.
— Acho bom, … — sorriu ameaçadora e desviou o olhar para os lábios do cantor — Porque eu me sinto pronta para viver isso agora e seria uma pena se você não estivesse também.
Ele riu, aliviado, e foi inevitável que ela não caísse na gargalhada também.
— Eu estou pronto para isso. — e de alguma forma, em todos os anos de convivência, nunca vira tão convicto. Aquilo a fez sorrir. Céus, como ele sentia falta daquele sorriso… — Eu estou pronto para nós.
Seus lábios se uniram em uma velocidade tanto quanto inédita para eles, era um beijo repleto de saudade que os fazia querer se lembrar e aproveitar cada segundo ali, mas também era um beijo urgente, afinal e tinham várias coisas em comum, entre elas a impaciência.
Não demorou para que estivesse no colo de , com o pescoço erguido enquanto ele deixava um rastro com seus beijos que parecia fazer a pele dela arder. Ele queria tocar e beijar cada pequena parte de toda a extensão do corpo da atriz naquela noite, queria sentir seu cheiro e se deliciar com seu gosto até que sua mente se contentasse que nunca mais a perderia novamente.
As unhas de faziam uma trilha por baixo da camisa social, arranhando levemente o abdômen do rapaz. Ambos sabiam que, mesmo que o telhado estivesse fechado apenas para eles, nunca poderiam confiar que estavam completamente sozinhos, então precisavam ser discretos.
correu com as mãos pelo tecido leve do vestido branco até alcançar a bunda de e a apertou, fazendo com que o atrito entre seus corpos aumentasse.
— O que acha de terminarmos de comer e ir para o meu apartamento ou para o seu para acabar com isso? — ele perguntou entre os beijos distribuídos no colo dela. arfou em resposta.
— Você já foi mais adepto das aventuras em público, . — ela caçoou e ele ergueu seu olhar para se defender. A atriz soltou uma risadinha que fora interrompida com o choque entre os lábios de nos seus de uma forma quente. Quando o beijo fora cessado com selinhos, o rapaz levou embrenhou uma de suas mãos nos cabelos próximos da nuca de , trazendo-a para perto de si novamente e fazendo-a suspirar com o contato visual intenso que mantinham.
— Eu poderia foder você aqui mesmo, . Você sabe… Mas acho que merecemos muito mais. — e então passara a murmurar pausadamente, causando uma onda de arrepios por todo o corpo da garota — Eu quero te fazer gozar.
— Como? — ela ousou perguntar no mesmo tom de voz.
— Em todos os cômodos do seu apartamento. Mas primeiro na sua sacada, com minha boca entre suas pernas e suas mãos no meu cabelo de preferência. Pra te mostrar que eu não perdi o espírito aventureiro.
A loira mordeu os lábios, umedecendo-os em seguida enquanto parecia pensar a respeito da proposta.
— E o que você tá esperando pra comer todo esse queijo e esses doces da cesta? Quero ir embora logo. — ela saiu de seu colo apressada para comer a tábua de queijos o que fez o cantor rir antes de acompanhá-la.
Assim como todas as outras vezes que chegavam no apartamento de , o, agora realmente, casal saía do elevador já na sala de estar com seus lábios grudados e nenhum espaço restante. Os dedos de estavam entre os cabelos da garota, que mantinha as suas mãos ocupadas em desabotoar a camisa social sem nenhum resquício de paciência. No meio da dança tão conhecida entre eles, peça a peça fora sendo jogada seguindo seus passos até a sacada.
Era uma sacada grande recoberta por vidros contendo uma área social, um divã e uma jacuzzi. As mãos de seguiram até a bunda de , dessa vez erguendo-a em seu colo e caminhando em meio a alguns tropeços até deitá-la no divã.
O corpo de continuava como sua memória se lembrava e ele sabia que mesmo que se passassem anos, ele ainda saberia exatamente onde e quando tocar para deixá-la louca.
Ele separou seus lábios e então apoiou-se nos braços enquanto descia com seus beijos por toda a pele exposta de . Quando alcançara a altura das pernas, sua boca seguira em uma delas, beijando sua parte interior pouco a pouco enquanto a outra se ocupava em afastá-las para deixar a intimidade dela livre para ele.
Depois de acionar o botão do controle para ligar a jacuzzi, os dedos de sua mão livre assumiram a função de massagear o clítoris da atriz rapidamente e então seguir para sua entrada já úmida e pronta. Ele deslizou dois de seus dedos para dentro dela ao mesmo tempo a língua dele começava a relembrar como levar a um explosivo orgasmo.
tivera a certeza de que estava fazendo a coisa certa quando viu arquear a coluna e escorregar mais para baixo do divã para ficar mais perto quando ele começara a movimentar seus dedos para dentro e para fora da entrada dela enquanto coordenava os movimentos — ora alternados, ora conjuntos — de sua língua e lábios. Fazia sentido na cabeça de ambos que, depois de meses de distância, era inaceitável que existisse um centímetro sequer agora.
levara as mãos até os cabelos curtos e bem aparados de , agarrando-os como podia enquanto gemia sem qualquer vergonha, discrição ou decoro. Exatamente da maneira que ela sabia que o deixava excitado.
A fricção da língua do rapaz no clítoris dela tornou-se cada vez mais rápida, fazendo com que, gradativamente, o corpo da atriz se tornasse mais tenso antes de relaxar por completo em um orgasmo intenso em meio a um grunhido extremamente alto de prazer.
sorriu para ela e então ergueu-se para poder beijá-la novamente. Ele percebeu que queria tomar as rédeas da situação, mas então ele findou o beijo levando o indicador até os lábios dela quando a mesma fez menção em reclamar.
— Hoje você fica quietinha e deixa eu te dar todo o prazer que merece, ok?
A loira o olhou excitada e afirmou com a cabeça, sem ousar em quebrar o contato visual.
Ela o observou colocando o preservativo e depois disso mal percebeu quando ele a ergueu novamente no colo, dessa vez levando-a até a água já aquecida e borbulhante da jacuzzi — que ela sequer tinha percebido quando fora ligada. encostou as costas de na borda da piscina e ajoelhou-se distanciando seus corpos apenas para que pudesse penetrá-la.
Os dois gemeram juntos quando finalmente puderam sentir um ao outro. Era enlouquecedor, era único, eram eles. Apenas eles.
entrelaçou as pernas na cintura de , para favorecer a movimentação de seus corpos. Ambos estavam tão entregues um ao outro que sequer queriam quebrar o silêncio que se encontravam, apenas olhavam um ao outro assistindo quais eram os efeitos que exerciam entre si. Alguns gemidos baixos e murmúrios desconexos escapavam no processo, mas eles não sentiam que deviam falar nada, apenas curtir um ao outro e acabar com todo o tempo perdido.
Seus corpos já se moviam rapidamente em sincronia por um tempo quando fechou os olhos sentindo o segundo orgasmo da noite a tomar. Quando seu corpo relaxou, fazendo-a soltar mais um gemido alto de satisfação, intensificou as estocadas em busca de atingir seu próprio ápice, deleitando-se do prazer da atriz.
A fim de ajudá-lo nisso, ela espalmou as mãos no peitoral de e o empurrou para trás até que ele estivesse sentado nos degraus da piscina e então tornou a unir seus corpos tomando o controle dos movimentos ao sentar em seu membro ereto. Foram necessárias apenas alguns movimentos precisos da loira — alternando-se entre rebolar em movimentos circulares e usar suas pernas para alavancar-se em movimentos para cima e para baixo — para que os gemidos de se tornassem mais rápidos e seguidos, seus se olhos fechassem com força até o momento que seu corpo se retesara completamente antes dele finalmente gozar.
— Eu te amo. — se permitiu dizer e ela se permitiu sorrir e apoiar a cabeça no ombro dele ao perceber que, dessa vez, ele permaneceria ali, com ela, pelo resto da noite.
— Eu também te amo, .
Só naquele momento a ficha de que tudo aquilo era real caíra para ambos. plantou um beijo no topo dos cabelos da, agora, namorada e sorriu enquanto recuperava o fôlego e as forças para tornar a noite dela ainda mais longa e prazerosa, até que estivessem exauridos e embriagados um do outro.
Dessa vez — assim como a noite em que se beijaram pela primeira vez na Black Palace, com estrelas nos olhos enquanto se divertiam e secavam uma garrafa de vinho tinto —, ele também se sentia feliz o suficiente para morrer tranquilo. A única diferença era que, dessa vez, a sensação de amar era leve como estar nas nuvens.
Dessa vez estava tudo bem.
FIM
Nota da autora: Olá!!! Bem vindes a mais esse surto! Sou completamente rendida por esse casal e senti que não podia parar com eles no final de 07. The Fame. Espero que tenham gostado e não se esqueçam de dizer o que acharam da história.
Até a próxima!
Com carinho,
Ju 🤍
Continuação:
07. The Fame
Até a próxima!
Com carinho,
Ju 🤍
Continuação:
07. The Fame
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