Com uma rapidez que eu não sabia que existia, esquivei-me de um prato que jogou em minha direção. Eu nunca a tinha visto tão brava em toda a minha vida e era por algo tão banal, sem valor algum. Uma discussão que já tinha sido encerrada uns meses antes tinha vindo à tona e eu só queria que tudo aquilo passasse e ela voltasse ao seu normal, ainda louca, mas menos assassina. Contornei a ilha da cozinha a fim de chegar até a minha esposa que atirava as coisas e peguei um brinquedo de para me defender. O escudo do capitão américa.
– !! Você vai acordar o . - eu disse sem olhar em sua direção, já que o escudo cobria meu rosto. – Sem contar que a deve estar assustada. - a lembrei da bebezinha que estava no seu ventre.
– Ela está super acordada aqui e não concorda com nada do que você diz. - minha linda esposa disse e jogou mais um prato. – O dormiu com os fones de ouvido, seu irresponsável.
– Ele está relaxando com uma boa e eficiente playlist de qualidade.
– Ele pode ficar surdo! - ela disse com uma cara muito brava.
– Mas ele não vai. - eu retruquei.
No momento seguinte, eu já estava próximo o suficiente da minha esposa e então eu fiz algo que sempre funciona: eu a abracei. Seu corpo relaxou com o meu toque imediato e sua barriga de um pouco mais de cinco meses, encostou com a minha. A nossa relação era muito boa, por eu ter em mente que não importasse o que eu dissesse, eu estava errado e bem: eu realmente estava. Relaxei os meus músculos também e fiz um leve cafuné nos seus cabelos escuros. As suas mãos acariciavam as minhas costas e eu soube que a área estava ficando limpa.
– Me desculpe mais uma vez, querida! Eu estava errado em fazer aquilo. - eu disse calmamente.
– Hum. - ela balbuciou minimamente.
– Você tem toda razão em duvidar da Rachel, mas dessa vez, ela não fez nada. - e por mais experiente que eu fosse em acalmar e fazer as pazes com , eu tinha cometido um dos maiores erros: defender alguém que ela não gostava. – Em todo caso; ela já me superou. - o corpo da mulher que eu abraçava enrijeceu de repente e paramos de nos balançar.
– Não consigo acreditar que você invalide isso com todas as provas que eu te dei. Eu não estou pagando de louca ciumenta , Dougie, eu estou agindo como o previsto numa situação como esta. - ela se afastou e me encarou. Seus olhos não eram mais assassinos, mas estavam tristes. – Ela te beijou e você não me disse.
– , eu…
– Tinha que esperar ela contar para mídia para que eu descobrisse em uma reunião de marketing na revista? - me interrompeu e eu travei em meus argumentos. – Por que você ainda a defende Dougie?
– Ela disse que não fez por mal e eu não vou arruinar a vida dela por isso.
– Mas ela quase arruinou a nossa e a sua principalmente e agora ela tentou outra vez. Ela quer sempre te manter por perto e falar sobre você naquele canal dela.
– por favor, só me escute, Está tudo bem entre nós. Eu amo você. - eu disse e acariciei a sua bochecha. Ela não entenderia. respirou fundo e afastou a minha mão do seu rosto. Eu preciso ir.
– Ir para onde? Para cama? Tem razão. - eu continuei a falar enquanto ela se afastava e eu a acompanhava com os olhos.
– Estou indo para a casa da minha mãe. - ela disse e saiu da cozinha. Eu fiquei estático, ela estava louca?
– Já está muito tarde, . Eu te leve amanhã. Prometo. - eu a segui e parei já no hall de entrada.
– Eu preciso ir. - e então nossos olhares se cruzaram e eu não tive mais força para impedi-la. Acompanhei todo o seu percurso até o carro e abri a garagem para que ela saísse. Nos encaramos pela última vez e ela se foi. Fiquei encarando o espaço em que se encontrava o seu farol alto e pensei no quão louco eu estava para deixá-la ir.

Acordei na manhã seguinte com o despertador tocando incessantemente de um lado e o me cutucando do outro. Cocei os olhos para focar a minha visão e olhei para a cama. Eu tinha passado a noite sozinho mais uma vez.
– A mamãe ligou para você? - perguntei ao . Ela tinha feito sete anos recentemente e tinha ganhado algumas regalias, como um celular.
– Ligou e disse para não te deixar dormir até tarde hoje. - eu respirei fundo com a sua fala e me sentei na cama. – Hoje vamos almoçar na casa do tio Tom.
– Vamos? - eu o olhei confuso. Não me lembrava daquilo. tinha ido para a casa da mãe no meio da semana e eu estava lidando bem com isso. Só tinha que levar o para a escola e para casa. Claro que nem tudo é perfeito e eu esqueci a aula de piano e só me toquei quando o professor estava tocando a campainha, mas tudo deu certo no final.
– Mas hoje é sábado.
– É . - o meu filho me encarou a mesma cara duvidosa de quando eu fazia algo que a mamãe reclamava. tinha o ensinado direitinho.
– Desculpe , eu tinha esquecido que iríamos no Tom hoje.
– Tudo bem papai, você é sempre esquecido. - ele disse fofamente (se é que essa definição existe) e me abraçou. Levantei da cama finalmente e segui com para o banheiro do seu quarto e logo depois para o meu banheiro. Escovamos os dentes e tomamos banho ao som de Love Story, a música favorita da mamãe e de várias outras músicas que ela gostava, já que eu tinha invadido sua playlist no spotify. No café da manhã, fez a pergunta que eu mais temia que ele fizesse nesses três dias.
– Vocês vão se divorciar?
– O que?! - quase cuspi o café que tomava no momento.
– Você e a mamãe vão se divorciar? - ele perguntou mais uma vez me encarando com os seus olhinhos inocentes.
– Claro que não, querido.
– A vovó disse que quando um casal briga demais, um tem que ir embora. Por isso que ela se separou do vovô.
– Sua avó disse isso? - eu perguntei sem acreditar e me confirmou.
– Sua avó não bate bem da cachola, ela mesma me disse que quando um casal briga demais, eles têm mais chance de dar certo junto. - eu disse descontraído e o menino considerou. - Eu e a mamãe não estamos brigando demais, só fazemos os nossos ajustes. Entende?
– Mais ou menos. - ele disse e colocou uma colher de cereal na boca. Um tempo depois já tínhamos terminado e eu estava lavando a louça, mas continuava pensativo enquanto jogava no seu celular no caminho para a casa de Tom e então eu o chamei antes que entrássemos na casa do meu amigo.
– Escute , está tudo bem. Aquilo que você me perguntou mais cedo não vai acontecer. - eu disse sem deixar transparecer o medo que de certa forma nunca iria embora. Ficar sem como minha esposa era algo impensado.
– Está bem. - ele disse e eu me abaixei para abraçá-lo. – Eu amo os dois, mas seria muito triste escolher um só. - eu concordei com um movimento de cabeça e demos as mãos. Toquei a campainha e esperei que Tom viesse abrir a porta. Fomos recepcionados pelo meu amigo e os meninos, que logo levaram o para dentro.
– Eu preciso de um conselho. - eu disse assim que cumprimentei Tom com um abraço. – Eu a amo.
– Claro que ama. - ele disse dando batidinhas nas minhas costas.
– Eu sei que ela vai voltar, mas tenho medo de estar errado. - eu me afastei e encarei seu rosto.
– Ela vai voltar. Vocês só precisam de um tempo para colocar as ideias no lugar. Para ela é ainda mais complicado, está sob pressão e efeito dos hormônios. Ela precisa de apoio.
– Ela está louca de brava e está se culpando sobre isso. Não a quero de coração partido, Tom.
– Então não espere nem mais um segundo para tê-la de volta.

Depois da ajuda na tomada de decisão sobre o que eu faria a seguir, decidi que iria até a casa da minha sogra e conversaria com . Eu não queria que ela ficasse triste por mais nenhum segundo. Entrei no carro mais uma vez e realmente fui. Não pensaria muito sobre, ou teria um motivo muito forte para não seguir; a falta de coragem. Quando cheguei em frente a casa, o meu corpo gelou e eu senti como se fosse ter o momento mais importante da minha vida pela terceira vez, mas nada se comparava ao momento em que eu vi pela primeira vez vestida de branco sorrindo na minha direção, ou quando soubemos que teríamos os nossos filhos.
– O que você pensa que está fazendo parado aí? - me assustei com a voz que vinha da calçada. A minha sobre estava parada na minha frente me encarando a cara mais duvidosa possível. – Não perca mais tempo. Entre logo e faça as pazes com a sua esposa. - ela disse e revirou os olhos quando eu acordei do meu devaneio totalmente e desci do carro. Fui correndo em direção a casa e escutei a mesma gritar ao longe “ela está na cozinha”. Entrei em casa e segui para a cozinha. Encontrei de costas para a entrada da cozinha e me aproximei com cuidado.
– Nem pense em ficar só me observando. - eu tomei um grande susto quando ela se pronunciou depois de cinco minutos. – Você ainda faz muito barulho quando anda. - ela disse e me encarou. Seus olhos estavam normais e sua expressão facial era calma, o que me deixou tranquilo para seguir com o plano.
– Você tem razão, . - eu disse e ela continuou me encarando. – Eu vim te buscar.
– Não se do que você está falando. Não pedi que viesse.
–Mas eu vim mesmo assim. - eu insisti.
– Não acho que tenha que voltar agora. Não quero brigar. - ela abaixou os olhos até as mãos e depois me encarou. – Eu não quero ter que dizer coisas feias outra vez e muito menos escutá-las e...
– Eu estou louco. - eu a cortei. – Estou louco por você e por uma briga que tem quase um ano. Estou louco por você não esquecer isso e por não conseguir entender que é a única. - respirei fundo e me ajoelhei na sua frente. Peguei a sua mão que estava levemente trêmula e a encarei mais profundamente.
– Eu conheço cada movimento seu e que você se culpa por algo que não deve se culpar. E eu sou louco por você e ficarei louco para sempre, porque você me fez quem eu sou hoje e eu não quero mudar. - assim que finalizei a minha fala, fui surpreendido pelos seus labios nos meus.
– Você demorou para pedir desculpas. - ela disse com os olhos marejados.
– !
– Eu amo você! - ela disse mais uma vez.
– Sua mãe disse para o que a gente iria se divorciar. - eu disse em seu ouvido quando nos abraçamos e ela me largou no mesmo momento.
– MÃE!!! - ela me puxou pela mão e fomos ao encontro da minha sogra na parte da frente da casa.
E então tudo tinha voltado ao normal. Eu sempre seria louco por ela e ela sempre seria muito brava. No fim das contas o que pesa mais é o quão bem você quer aquela pessoa e o quão boa ela é para a sua vida. era a pessoa mais cabeça dura que eu conhecia, mas era a melhor pessoa de todas para fazer as pazes.

Nota da autora: Muito obrigada por chegar até aqui, espero que tenha gostado tanto quanto eu. <3


Outras Fanfics:
Longs:
Everything you need at the moment - Especial 10 anos One Direction
The Scar Girl - Especial Harry Potter 20 anos no Brasil
Loves In The Air - Especial Harry Potter 20 anos no Brasil

Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.