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The Beginning

Setembro de 2017

- Acho que é isso. - disse, guardando a última peça de roupa no armário.

Estava cansado depois do dia de mudança, mas extremamente satisfeito. Já tinha morado fora de casa por muito tempo, dos treze aos dezoito anos, quando estava no programa francês para pilotos e mesmo depois, com as viagens, ele nem mesmo podia considerar que morava com os pais. De qualquer forma, ter um apartamento para chamar de seu refletia mais uma conquista em sua vida e ele estava ansioso para as próximas que viriam.

Encheu um copo com água e sentou-se no sofá em frente à televisão, admirando sua nova casa. Tinha mantido tudo em segredo até então, mas esperava em breve estrear na Fórmula 1 como piloto da Toro Rosso e estar em Milão o ajudaria, já que estaria mais perto da equipe. A outra coisa que ele esperava que alavancasse com essa mudança era sua relação com .

Tinha conhecido no aniversário de Giovinazzi, em dezembro do ano anterior. Tinham se dado tão bem que acabaram ficando naquele dia e em algumas outras ocasiões em que se encontraram depois. estava gostando dela e sabia que ela também estava gostando dele e depois de seis meses ele tomou a decisão de oficializar o namoro, mas não havia aceitado.

Aquilo havia sido como um soco no estômago e ele não havia escondido sua decepção com a resposta dela. No entanto, tinha contornado a situação, dizendo que eles estavam bem daquela forma e que poderiam continuar. Para ela, ao oficializarem um namoro, um peso desnecessário apareceria para ambos e morando em países diferentes, era provável acabar com o que tinham.

Praticamente dois meses haviam se passado desde o pedido de namoro e ele esperava que dessa vez ela aceitasse, mas ainda não tinha falado com ela, queria fazer uma surpresa. Sabia que ter um apartamento podia até ajudá-la em sua carreira e ele sentia que tinha sido uma decisão acertada se mudar.

Levou o copo para a pia e seguiu para o chuveiro. Não queria chegar muito tarde na casa de , e o trajeto durava quase três horas. Olhou-se no espelho antes de sair, ajeitando o cabelo pela última vez. Vestia-se quase sempre da mesma forma, camiseta, jeans rasgados e tênis brancos. Colocou roupa, escova de dentes e outros pertences na mochila, pois não tinha nada dele na casa dela, e pouco tempo depois dirigia rumo a Bolonha.

- ?! - estranhou a presença do rapaz em sua porta.
- Surpresa! - Sorriu e roubou um selinho dela.
- Não que eu não goste de surpresas, mas você não estava ocupado essa semana? - Ela perguntou enquanto ele deixava a mochila na no canto do sofá.
- Terminei mais cedo e pensei em vir te ver e te levar para Milão amanhã, para aquele evento de moda que você queria ir. - Sentou-se e a puxou para sentar ao seu lado, fazia dez dias que não se viam.
se surpreendia no quanto prestava atenção nela e nas coisas que ela falava.
- Você é um anjo. - Se aproximou e o beijou. - Mas o evento é de uma marca de maquiagem e cosméticos.
- Foi exatamente o que eu disse. - Ele riu alto e ela o acompanhou. - Eu estava com saudade. - Confessou olhando nos olhos dela, se segurando para não contar a novidade.
- Eu também. - Sorriu e o puxou para um beijo que demonstrava exatamente saudade e que foi retribuído com a mesma intensidade.

acordou cedo, acostumado com o horário do treino. Não se moveu para não acordar , que dormia abraçada a ele, mas sentia-se inquieto e sentia que a qualquer momento ela poderia perceber as batidas diferentes de seu coração, ansioso por levar o que eles tinham para um outro patamar.

Esperava que ela aceitasse, queria levá-la para a casa de seus pais, queria que conhecesse seus irmãos e suas sobrinhas. Queria que eles tivessem mais tempo juntos e no fundo sabia que se ela novamente recusasse, então ela não era a pessoa certa para ele.

- No que está pensando? - beijou o queixo dele e desviou o olhar do teto para ela, beijando o topo da cabeça dela. - Você estava sério, encarando esse teto por tempo demais. - ele balançou a cabeça, tentando evitar o assunto, mas ela permaneceu o olhando.
- Estava pensando no futuro, na oportunidade de conseguir um assento na Toro Rosso. - Desviou, sabendo que ela não continuaria o assunto.
- Tenho certeza que não precisa se preocupar! - Ela se levantou da cama e a acompanhou com o olhar até ela se fechar no banheiro.

Tomaram café da manhã e pontualmente às onze e meia, estacionou na entrada do hotel em que o evento da marca aconteceria. mandou um beijo no ar já de fora do carro e ele seguiu para seu novo apartamento. Trocou de roupa, pegou os fones de ouvido e foi para a academia do prédio; já tinha ficado o dia anterior todo sem treinar e precisava colocar os exercícios e a dieta em dia novamente.

- Como foi? - perguntou quando a influencer entrou no carro.
- Foi ótimo! Eles amaram as minhas ideias e o que postei e eu fui escolhida para constantemente divulgar a marca deles. - Disse feliz, abrindo o Instagram e mostrando os próprios stories.
- Que bom. - A parabenizou.
- Para onde vamos? - perguntou ao perceber que não conhecia o trajeto.
- Quero te mostrar uma coisa. - A curiosidade dentro dela aumentou, sabia que ele não costumava ser misterioso.
- Que coisa?
- Logo você vai saber. - Segurou um sorriso e ela negou com a cabeça.
- Que lugar bonito. - Comentou ao cruzarem a entrada e cumprimentarem o porteiro. - Quem mora aqui? - Tentou buscar na cabeça se Giovinazzi havia se mudado, mas não se lembrava de nenhuma mensagem do primo sobre isso.
- Que ansiosa! - brincou, segurando as mãos dela entre as suas e a guiando até a porta quando o elevador parou no andar.
- O quê? - perguntou espantada quando tirou a chave do bolso e destrancou a porta.
- Bem-vinda ao meu apartamento. - Acendeu as luzes e ela piscou repetidamente, entrando no local.
- Você vai morar aqui? - Ela ainda estava surpresa com a informação.
- Sim. Senti que era a coisa certa a fazer, ficar mais perto da equipe e poder passar mais tempo com você. - Sorriu. - E você tem vindo para Milão cada vez mais, então agora você tem um lugar para ficar, não precisa se preocupar com hotel ou com voltar a noite para Bolonha. - Esperava que entendesse aonde ele queria chegar.
- Está me chamando para morar com você, ? - Cruzou os braços com um sorriso de canto e ele riu alto.
- Me dou por satisfeito se você aceitar meu pedido de namoro. - Deu um passo à frente, se aproximando mais dela.

sabia que não aceitar o pedido namoro implicaria num término. Ainda tinha receio, sentia que os sentimentos dela por ele tinham uma intensidade menor do que os dele por ela, mas sabia também que correria o risco de nunca mais encontrar alguém como .

- Mas é claro que eu aceito! - Passou os braços por cima dos ombros dele e o beijou.

retribuiu o beijo com a mesma intensidade. Estava aliviado e feliz com a resposta dela e só cortou o beijo pois sentiu o celular vibrando em seu bolso.

- Eu preciso atender. - Disse ao ver o nome do chefe da Toro Rosso, Franz Tost, na tela do aparelho e seguiu para o quarto.

aproveitou para andar pelo apartamento. A decoração não era elaborada, ainda assim era aconchegante e ter um lugar como aquele para gravar seus vídeos e para ficar quando estivesse em Milão seria muito bom.

- Você não vai acreditar! - voltou com um sorriso enorme estampado no rosto. - Eu vou correr na próxima corrida! E não como substituto, eu vou estrear como piloto oficial na Malásia! - Puxou a agora namorada pela cintura e a girou no ar.
- Nós temos que comemorar! - disse próxima ao ouvido dele, dando um beijo no pescoço e fazendo-o arrepiar.
- Temos mesmo. - A colocou de volta no chão. - Esse dia merece ser comemorado.
- Eu sei de um restaurante muito bom. - Comentou, se lembrando que adoraria ter aquele lugar entre as suas parcerias de divulgação.
- Então é para lá que nós iremos. - ainda sorria quando pegou as chaves do carro e de casa e guardou o celular.


Happy New Year?

Dezembro de 2017

- Você tem certeza que ela é a mulher certa para você, filho? - Pascal perguntou vendo guardar algumas roupas na mala.
- Mãe, eu não sei. - O piloto respondeu com a voz cansada. - Por enquanto tem sido ótimo, mas não tenho como te responder isso. Eu tenho vinte e um anos.
- Achei muito ruim ela não vir passar o Natal conosco. - Pascal reclamou pela milésima vez, desde que chegara para as festas de fim de ano.
- Ela passou com a família, mãe. Da mesma forma que eu vim passar com a minha. Isso não significa nada.
- Mas agora você vai passar o Ano Novo com ela e a família dela.
- Não mais, ela conseguiu convites para uma festa de famosos. - Contou na esperança de que aliviasse a situação.
- Eu sinto que ela não gosta de nós. - Pascal declarou e parou o que estava fazendo para se sentar ao lado dela.
- Mãe, de onde você tira essas coisas? A nem conheceu vocês direito, como pode achar isso?
- Ela nunca fez o mínimo de esforço para nos conhecer, . Ela veio a Marselha uma única vez e não largou aquele telefone por nada.
- É o trabalho dela, mãe. - Explicou com um sorriso, mas Pascal apenas revirou os olhos. - Deixa disso. - Pediu, dando um beijo na bochecha da mãe. - Não quero ir embora antes do Ano Novo com você estando com esse sentimento ruim. - Ela respirou fundo. - Eu gosto dela, muito. Eu acho que vocês só não tiveram tempo de conviver ainda. Que tal você e o pai irem até Milão antes da temporada começar? - Sugeriu esperançoso.
- Se isso te fizer feliz. - Ela deu de ombros como se não fosse importante, mas sabia que era.
- Ter você e meu pai me apoiando sempre me faz feliz e você sabe. - Passou o braço pelos ombros dela, num abraço desajeitado. - Eu te amo, mãe. E não importa com quem eu namore, minha família sempre vai ser minha prioridade. Eu devo tudo a vocês. - Deu um beijo no topo da cabeça dela e ela o olhou com os olhos marejados.
- O Philippe falou com você, não foi? - O sorriso de entregou que ele e o irmão mais velho tinham conversado.
- Sim, ele me contou como de repente você sente que você e o pai estão sozinhos porque todos se casaram e eu me mudei e estou sempre viajando.
- Você quase nunca ficava aqui, seu irmão exagerou. - Se levantou da cama. - Termine de arrumar suas coisas e venha lanchar conosco antes de ir.
- É claro, mãe. - Garantiu, voltando a atenção para a sua mala.

não se lembrava de se sentir tão deslocado antes. Já tinha estado em alguns eventos com pessoas famosas, geralmente atores ou cantores, na França, mas os famosos a que havia se referido nas mensagens trocadas eram influencers e ele não conhecia nenhuma daquelas pessoas.

Não importava para onde ele olhava naquela cobertura, tudo que via eram grupos de pessoas bebendo e conversando em suas próprias bolhas sobre uma série de assuntos que ele conhecia de forma muito superficial. O grupo mais perto de onde ele estava conversava sobre estratégias para atrair as marcas em ascensão, mas ele não conseguiu prestar atenção por muito tempo.

Da mesma forma que nenhum daqueles rostos lhe era familiar, ninguém ali parecia saber quem ele era, comprovando que o universo dos dois era mesmo diferente.

- Bebe um pouquinho, amor. - apareceu com drinks nas duas mãos e empurrou um na direção dele. Sabia que ela já estava sob o efeito do álcool.
- Você sabe que não posso. Eu treino amanhã cedo. - Tinha combinado com ela antes da festa que não beberia aquela noite.
- Mas é Ano Novo, . É obrigação se divertir.
- Estou me divertindo. - Forçou um sorriso.
- Parado nesse canto aí há uns trinta minutos, acho que não. - cruzou os braços, não queria brigar aquela noite e nem ali.
- Estou sim, não precisa se preocupar comigo. Eu não vou demorar a ir embora também.
- ! Não deu meia-noite ainda! - Ela reclamou. - Você não pode ir ainda.

olhou para trás, vendo o que ela olhava e reconheceu o grupo de pessoas que ela estava antes.

- Não se preocupe comigo. - Repetiu. - Seus amigos estão te esperando. - olhou para os amigos e voltou a olhar para o namorado.
- Achei que você ia encontrar alguém para conversar. - Fez um bico e vendo que não falou mais nada, deu as costas e se juntou às mesmas pessoas de antes.

encostou na parede atrás dele e fechou os olhos por alguns segundos, prestando atenção na música alta que tocava. Voltou a abri-los pouco tempo depois e deu de cara com uma mulher.

- Já ia perguntar se você estava passando mal. - Ela sorriu. - Sou Jenny. - Estendeu a mão e ele retribuiu.
- Estou bem. - Garantiu. - .
- Posso te fazer companhia? - Ofereceu, se encostando na mesma parede, ao lado dele. - Deixa eu adivinhar, não era a festa que você esperava. - Ele riu.
- Tão óbvio assim? - A olhou e ela deu de ombros.
- Pelo menos foi o que aconteceu comigo. - Apontou para duas mulheres mais a frente e ele olhou na direção. - Me convenceram de que seria uma festa divertida, mas me largaram assim que chegamos.
- Está vendo a de vestido prateado perto do sofá? - Jenny assentiu. - Minha namorada. - Ela arregalou os olhos, mas não falou nada.
- É francês? - Bebeu um pouco do drink em sua mão.
- Meu italiano é bem ruim, né? - Ele riu e ela negou com a cabeça.
- O sotaque.
- Vem, ! A contagem regressiva vai começar. - pegou o namorado pela mão, lançando um olhar raivoso na direção da outra.
- Desculpa. - pediu sem graça, sendo puxado para o terraço. Jenny apenas balançou a cabeça e seguiu para perto de suas amigas. - O que foi isso? - Ele se soltou da mão da namorada.
- Ela estava dando em cima de você! - Falou mais alto do que o necessário.
- Estávamos conversando, . Justamente porque as amigas dela fizeram com ela o que você fez comigo.
- Foi você quem disse para eu achar alguém pra conversar. - Se defendeu.
- Cinco, quatro. - Foram embalados pela contagem regressiva. - Três, dois, um! - Os dois olharam para cima, vendo todos os fogos de artifício iluminando o céu.

As pessoas se abraçavam e beijavam e os dois apenas se olharam. Aquilo não se parecia em nada com o que ele imaginava para a virada do ano, um ano que prometia ser promissor demais para ele.

- Vou para casa. - Avisou.

sabia que tinha errado, seu próprio humor para a festa tinha acabado. Seguiu-o por entre as pessoas e o trajeto em silêncio pareceu uma eternidade. Os dois foram direto para o quarto quando chegaram ao apartamento, sem trocar nem mesmo um olhar. Ele estava magoado e ela era orgulhosa demais para se desculpar.

- Me ajuda com o zíper? - Pediu enquanto ele desabotoava a própria camisa.

Andou até ela e desceu o zíper do vestido, se amaldiçoando por querer tocá-la. Ele amava cada parte do corpo dela, e tudo que ele queria naquela virada de ano era que eles curtissem juntos.

notou a mudança de expressão de pelo espelho e mordeu o lado interno da boca. Ela sabia como resolver aquela situação.

Virou-se de frente para ele e deixou que o vestido descesse por seu corpo, revelando a lingerie que ela usava. permaneceu no lugar e engoliu em seco. Ela o olhava nos olhos e ele podia identificar desejo. Levou as mãos ao rosto dele e o trouxe para mais perto do dela, beijando-o em seguida. Ele, como sempre, retribuiu.

O beijo era urgente. Ao mesmo tempo em que se beijavam, ela terminou de tirar a camisa dele e foi empurrando-o até chegarem à cama. sabia que tinha perdido, era um caminho sem volta.

acordou lembrando de algo que seu pai sempre dizia a ele e a seus irmãos. Nunca vá para a cama brigado com a mulher que está com vocês. Duvidava até que o ir para cama tivesse aquele significado, mas o que mais o frustrava é que não era a primeira vez que isso acontecia. Discutir, se pegarem e dormirem sem conversar sobre. Se isso se tornasse um padrão na relação, ele não aguentaria por muito tempo.

Alcançou o celular e ao conferir as horas saiu da cama. Tinha meia hora para encontrar com seu preparador físico e começar a preparação para fazer daquele ano o melhor que ele pudesse.

“Ainda treinando.”

Foi a resposta de para a mensagem que ela havia enviado mais cedo, perguntando quais os planos para aquele dia.

- Mais um dia que você dorme acompanhada e acorda sozinha. - balançou a cabeça, bloqueando a tela do celular.

sempre tinha sido transparente sobre como sua vida profissional tinha um grande peso. nunca poderia dizer o contrário, mas acordar sozinha a incomodava. Esperava que fosse apenas resquício da raiva da noite anterior.


Happy Anniversary

Setembro de 2018

Contrariando todos os conselhos recebidos de diversas pessoas da equipe, havia decidido ir para Milão. Não chegaria a ficar nem vinte e quatro horas lá, para não fugir dos compromissos e treinos, mas nada tirara da cabeça dele que o aniversário de um ano de namoro era especial e que ele deveria ir para casa. havia praticamente se mudado para o apartamento há alguns meses, com o aumento de convite para eventos das marcas que ela vinha recebendo, então os dois poderiam jantar e passar a noite juntos naquele dia.

Destrancou a porta do apartamento e estava tudo escuro e silencioso. Acendeu as luzes da sala e do corredor, andou até o quarto e constatou o óbvio: ela não estava em casa. Deixou a mochila e o buquê de flores em cima da cama e pegou o celular, na pressa de chegar em casa não tinha sequer se atentado dentre as notificações por uma mensagem dela. Nada.

Tirou os tênis e deitou na cama, no mesmo instante seu celular vibrou em sua mão, era uma notificação de que estava ao vivo no Instagram. Deslizou o dedo no aparelho, indo direto para o aplicativo. sorriu ao vê-la na tela, ela estava linda e parecia imensamente feliz por estar no evento em questão. Foi para o perfil dela e abriu a foto mais recente postada, daquela noite, na entrada de um dos grandes salões de Milão. Ela não voltaria tão cedo.

Fechou os olhos e passou as mãos pelo rosto. Estava frustrado, mas não podia culpá-la uma vez que havia sido opção dele fazer surpresa e não contar para ela quando conversaram mais cedo. Se levantou com o toque do interfone, tinha pedido o jantar no caminho do aeroporto até o apartamento e acabara de chegar.

Deixou as embalagens no balcão da cozinha e decidiu tomar banho antes de jantar. Levou as flores junto e as colocou em uma jarra com água. Riu sozinho lembrando de quando sua mãe insistira para que ele levasse para o seu apartamento várias coisas que ele jurou que nunca usaria.

A televisão estava ligada, mas não prestava atenção no que passava. Desbloqueou o celular e entrou no Instagram novamente, abrindo e vendo todos os stories postados por . Os mais recentes indicavam que o evento tinha acabado, mas que aconteceria uma festa apenas para algumas pessoas e ela era uma das escolhidas. Ele amava vê-la feliz, mas naquele momento ficou mais claro do que nunca o quanto estavam vivendo em mundos diferentes.

O sonho dela, assim como o dele, era crescer cada vez mais na profissão; ele não abriria mão de nada para chegar ao topo e por isso nem cogitava criticar as decisões dela. No entanto, era inevitável perceber como a relação deles estava afetada com essa diferença de vida que levavam.

Desde que havia sido anunciado como piloto da Red Bull Racing na temporada seguinte, seu preparador tinha aumentado a quantidade e a intensidade dos treinos e seu foco era superar as expectativas na equipe. Sabia que não podia cobrar nada de em relação ao namoro, pois ele mesmo não vinha colocando o relacionamento dos dois como prioridade.

Sabia que precisavam sentar e conversar, mas, com ambas as agendas cheias, ele não fazia ideia de quando conseguiriam.

destrancou a porta com dificuldade, tinha bebido mais do que pretendia e dava graças a Deus por ter conseguido uma carona para casa às três da manhã. O cheiro de comida chamou sua atenção e ela foi para a cozinha. Ao acender a luz, a primeira coisa que viu foi o buquê de rosas vermelhas em cima do balcão e sentiu seu coração apertar. estava ali pelo aniversário de namoro e ela não só não tinha comprado nada para ele, como não tinha estado em casa aquela noite.

Abriu a embalagem em cima do balcão encontrando exatamente o que esperava, a lasanha a bolonhesa de seu restaurante preferido. Negou com a cabeça. Como não havia sequer considerado a hipótese de aparecer?

Guardou a lasanha na geladeira, cheirou as flores e, apagando as luzes, foi para o quarto tentando não fazer barulho para não acordá-lo.


The End

Outubro de 2018

- Você está esperando alguma resposta? - Giulia perguntou para a amiga, vendo-a desbloquear e bloquear o celular a cada dez segundos.
- Do . - Esclareceu, respirando fundo e soltando o aparelho em cima da mesa. - Tem quase uma semana que não conversamos nada além do básico e superficial “bom dia, como você está?, como foi seu dia e boa noite”.
- Mas aconteceu alguma coisa? Vocês brigaram? - negou com a cabeça.
- As coisas ficaram estranhas depois do desencontro no dia do aniversário de namoro.
- Mas não foi sua culpa, ele não avisou que viria a Milão.
- E isso mostra o quanto eu conheço meu próprio namorado.
- Ele não pode ter ficado com raiva.
- Ele não falou nada, Giulia. Quando acordei ele já tinha ido, como sempre. E as mensagens que trocamos foi como se não fosse nada demais. - Suspirou.
- Você acha que ele não gosta mais de você? - Giulia fez uma careta.
- Acho que não, só não sou a prioridade. Ele vive pelas corridas.
- E por que você não vai a uma? - Sugeriu e . - Ele nunca te chamou?
- Chamou, mas eu nunca quis ir e acho que ele desistiu. - Sorriu fraco. - Você sabe que eu não gosto de esportes.
- Mas não é pelo esporte, é por ele. Para mostrar que você se importa. - não falou nada. - Anda logo e manda uma mensagem para ele, a não ser que queira terminar.
- Claro que não quero terminar. - Empurrou-a com o ombro e enviou uma mensagem para .

- , está na hora. - Pyry o chamou. - Hartley já está pulando corda.
- não chegou? - Perguntou, conferindo o aplicativo de mensagens mais uma vez e vendo que não havia mensagem dela.
- Não, . Eu sinto muito, mas acho que ela não vem. - O preparador físico deu dois tapinhas no ombro dele e saiu da sala.

Respirou fundo, estava cansado de se decepcionar com . Tinha ficado tão feliz quando ela dissera que queria ir a um grande prêmio que seu pensamento durante toda aquela semana tinha sido a presença dela lá, mas a realidade era outra e ele era profissional, daria o melhor de si, com ou sem presente. Guardou o celular e deixou seu quarto.

Apesar de ter largado em sétimo, concluiu a corrida apenas em décimo primeiro lugar. Tinha dado seu melhor, como sempre, e com o carro que tinha era um resultado aceitável. Foi até a área de entrevistas e respondeu às perguntas que lhe foram feitas em modo automático. Apesar de ter tentando deixar de lado, o fato de ter sido feito de idiota gritava em sua mente e ele queria muito saber o que tinha acontecido.

Antes de qualquer outra coisa, pegou o celular e levou o aparelho a orelha assim que viu o símbolo de mensagem de voz.

“- , eu sinto muito! Muito mesmo! Eu fui a uma festa ontem de última hora e perdi a hora e o voo. Eu estou tão perdida com o fuso horário que nem soube a melhor hora de tentar falar com você. Faça uma boa corrida! Eu te amo!”

- Eu te amo. - riu irônico. - Eu te amo não resolve as coisas, . Eu te amo não é bom dia. - Murmurou sozinho enquanto pegava o resto de suas coisas.

Já estava no quarto do hotel, pronto para dormir, quando o nome e a foto de apareceram na tela. Ainda estava chateado, mas atendeu a chamada mesmo assim.
- Você está com muita raiva? - Perguntou cautelosa.
- Eu não estou com raiva, . Eu estou chateado, frustrado, desapontado…
- Eu sei e eu realmente sinto muito e não tiro a sua razão. - Ele permaneceu em silêncio. - Mas eu queria te contar uma coisa.
- Pode falar.
- Lembra da Glow up? Aquela marca de cosméticos que você me levou num almoço no ano passado, no dia que me mostrou o apartamento?
- Sim. - As respostas curtas a incomodavam, mas ela continuou como se não fizessem efeito.
- Eles me convidaram para ser embaixadora da marca! - Contou com certa empolgação e soltou o ar pelo nariz, incrédulo. - Eles vão fazer uma festa por isso e eu adoraria se você me acompanhasse.
- Parabéns. - Desejou ainda sem emoção. - Eu não sei se vou poder, a equipe está comentando sobre irmos com antecedência para os Estados Unidos.
- Eu entendo e entendo se não quiser ir. Mas eu prometo que será uma festa legal e que você será o centro da minha atenção.
- Me mande depois a data, eu te aviso se encaixar no calendário. De agora até o final fica um pouco mais complicado porque são viagens mais longas.
- Eu espero que você possa ir.

queria dizer que não foi à festa apenas para dar o troco em e fazê-la se sentir como ele havia se sentido, mas ele não era esse tipo de pessoa. Havia avisado a ela, logo depois da corrida dos Estados Unidos que iriam direto para o México e só voltaria a Milão depois do dia vinte e oito.

Para a surpresa de , estava esperando por ele no aeroporto quando ele desembarcou e pela primeira vez desde que se conheceram, pareciam não saber como se cumprimentar e logo um clima estranho e pesado se instalou entre eles.

Ao entrar no apartamento, percebeu algumas mudanças, objetos de decoração que tinha levado para lá.

- , acho que nós precisamos conversar. - Disse, mesmo que seu corpo implorasse por um banho e algumas horas de sono.
- Precisamos. - Ela concordou, sentando-se no sofá e ele sentou de frente a ela. - Eu quero dizer que realmente sinto muito por não ido a sua corrida.
- Eu também, mas acho que isso foi necessário para jogar na nossa cara que nós não estamos mais funcionando como um casal. - Ela assentiu. - Nós priorizamos nossas carreiras e nosso relacionamento deixou a desejar e acho que nenhum de nós está feliz assim.
- É, estava estranho ficar aqui enquanto mal estávamos nos falando por mensagem, tenho estado na Giulia nessas últimas semanas.

O silêncio voltou a se instalar, nunca tinha terminado um namoro antes e, apesar de tudo, ele ainda gostava muito dela. pareceu ler os pensamentos dele e voltou a falar.

- Então acho que é o fim para nós.
- Acho que sim. - concordou com a cabeça.
- Quero que saiba que meu sentimento por você foi verdadeiro, mesmo que às vezes não tenha parecido. - Ele deu um sorriso fraco.
- Eu sei que sim, e talvez esse sentimento ainda esteja em nós. Nós nos amamos, mas de formas diferentes.
- Adeus, . - se despediu com um beijo na bochecha dele e saiu do apartamento, deixando sua chave na mesinha de centro.
- Adeus. - Murmurou e a viu sair pela porta.


Fim



Nota da autora: Hello, sweeties! O que acharam desse namoro anterior do nosso piloto? Esperavam algo assim?
Confesso que é a minha primeira fic em que os PPs não ficam juntos no final e fiquei muito surpresa por conseguir levar a história sem que ela ficasse dramática.
Como na long somente o relacionamento anterior da PP é mencionado, aproveitei esse spin off para mostrar um pouco do passado dele. E se você se interessou, para ler Léger et Inattendu é só clicar no nome dela, logo abaixo.
Beijos e até a próxima!



Outras Fanfics:
Léger et Inattendu


Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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