I. Hoje
O alarme anunciava o horário do café. Lentamente, um a um dos prisioneiros dirigiram-se a cantina para servirem-se de um pão seco com margarina e de um copo de plástico com café e leite. ainda não havia se acostumado, mas pelos próximos anos aquela seria a sua rotina.
Fazer amigos no presídio era necessário, só que ali era diferente. tinha ensino superior, tinha um cargo importante no Ministério Público, e isso, por si só, garantia a ele um tratamento especial. Grande coisa! – pensava. tinha um banheiro e um quarto só para ele, e isso não o confortava nem um pouco. Comia o que os demais comiam, a interação era com “colegas”, mas os motivos pelos quais estavam ali eram assombrosos para cada um, e, talvez por isso ninguém conversasse sobre aquilo.
quase não se abria com ninguém, afinal, sempre lhe olhavam torto pela forma como os tratara no passado. Muitos ali estavam naquela situação por causa dele. Ele os acusou, mas acusação era o seu trabalho e embora estivesse na mesma situação que os outros, não se arrependia, eles foram maus e pagariam pelos crimes que cometeram, assim como ele estava pagando pelo seu.
Ao postar sua bandeja sobre a mesa, sentiu a presença de Alberto, um detento em cárcere por lavagem de dinheiro.
- De patê, geleia importada e queijos suíços a um pão com margarina mais engordurada do que óleo de pastel de feira. É o fim do poço mesmo. Nem acredito que consegui isso! – Alberto jogou o pão em cima da mesa descontente.
não respondeu. Sempre tinha gostado de pão com margarina, havia comido durante toda a infância e durante a faculdade também. Depois que as coisas melhoraram em sua vida financeira é que ele incluiu novas coisas no café da manhã, mas ali contentava-se com qualquer comida decente que enviavam. Pior seria se fossem quatro biscoitos e um copo de café puro.
- Hoje é dia de visita íntima. – o outro comentou. – Mal posso esperar pela morena.
- Qual delas vem hoje? – Um irônico perguntou.
- Não sei, cara. Já são tantas semanas aqui e todas iguais que me perdi na contagem. Não é fácil administrar o poliamorismo quando estamos aqui dentro. – Alberto riu, arrancando um meio sorriso de que concordou. – Mas e você, . Nenhuma visita hoje?
Quem além de sua mãe e seus irmãos o visitaria ali? Os poucos amigos que tinha na profissão abandonaram-no no instante em que tiveram que denuncia-lo. Sequer os julgava, mas talvez guardasse mágoas por não saberem separar as coisas. Por outro lado também os dava razão, pois não era bom para a reputação de qualquer deles a amizade de um prisioneiro. Um promotor prisioneiro. Que irônico.
- Quer que eu peça para alguma amiga das minhas mulheres vir pra você? Acho que com um pouco de influência a gente consegue facilitar a entrada de alguma mulher aqui. – Alberto questionou após constatar a demora na resposta de .
- Não, Beto. Não preciso de mulher nenhuma na minha vida, quero fugir de problemas.
Nos pensamentos de , com toda a repercussão do seu caso, quem também poderia querer ele em sua vida? E ali dentro conhecer alguém também pareceria bastante promissor, não é? “Oi, eu sou , um ex-promotor e agora presidiário, como você pode ver. Vou ficar aqui por alguns anos, e tira a roupa logo porque você só pode estar vindo por sexo, qualquer outra coisa eu não tenho para oferecer pra você”. Ele riu do próprio pensamento e tomou um gole do café e leite que já estava frio no copo.
A manhã estava fria e chuvosa. Por um lado aquilo era positivo, visto que não precisaria tomar um banho de sol. Estava indisposto, como sempre estava todas as quartas de visitas íntimas, e não ver a movimentação dos demais detentos felizes por estarem satisfeitos sexualmente já engrandecia sua alma atormentada pelos erros do passado.
O que o levou àquele lugar foi somente a luxúria. Nunca contentando-se com pouco, deixou-se levar. Foi seu erro, um erro que custou duas vidas, uma delas a dele.
Fazer amigos no presídio era necessário, só que ali era diferente. tinha ensino superior, tinha um cargo importante no Ministério Público, e isso, por si só, garantia a ele um tratamento especial. Grande coisa! – pensava. tinha um banheiro e um quarto só para ele, e isso não o confortava nem um pouco. Comia o que os demais comiam, a interação era com “colegas”, mas os motivos pelos quais estavam ali eram assombrosos para cada um, e, talvez por isso ninguém conversasse sobre aquilo.
quase não se abria com ninguém, afinal, sempre lhe olhavam torto pela forma como os tratara no passado. Muitos ali estavam naquela situação por causa dele. Ele os acusou, mas acusação era o seu trabalho e embora estivesse na mesma situação que os outros, não se arrependia, eles foram maus e pagariam pelos crimes que cometeram, assim como ele estava pagando pelo seu.
Ao postar sua bandeja sobre a mesa, sentiu a presença de Alberto, um detento em cárcere por lavagem de dinheiro.
- De patê, geleia importada e queijos suíços a um pão com margarina mais engordurada do que óleo de pastel de feira. É o fim do poço mesmo. Nem acredito que consegui isso! – Alberto jogou o pão em cima da mesa descontente.
não respondeu. Sempre tinha gostado de pão com margarina, havia comido durante toda a infância e durante a faculdade também. Depois que as coisas melhoraram em sua vida financeira é que ele incluiu novas coisas no café da manhã, mas ali contentava-se com qualquer comida decente que enviavam. Pior seria se fossem quatro biscoitos e um copo de café puro.
- Hoje é dia de visita íntima. – o outro comentou. – Mal posso esperar pela morena.
- Qual delas vem hoje? – Um irônico perguntou.
- Não sei, cara. Já são tantas semanas aqui e todas iguais que me perdi na contagem. Não é fácil administrar o poliamorismo quando estamos aqui dentro. – Alberto riu, arrancando um meio sorriso de que concordou. – Mas e você, . Nenhuma visita hoje?
Quem além de sua mãe e seus irmãos o visitaria ali? Os poucos amigos que tinha na profissão abandonaram-no no instante em que tiveram que denuncia-lo. Sequer os julgava, mas talvez guardasse mágoas por não saberem separar as coisas. Por outro lado também os dava razão, pois não era bom para a reputação de qualquer deles a amizade de um prisioneiro. Um promotor prisioneiro. Que irônico.
- Quer que eu peça para alguma amiga das minhas mulheres vir pra você? Acho que com um pouco de influência a gente consegue facilitar a entrada de alguma mulher aqui. – Alberto questionou após constatar a demora na resposta de .
- Não, Beto. Não preciso de mulher nenhuma na minha vida, quero fugir de problemas.
Nos pensamentos de , com toda a repercussão do seu caso, quem também poderia querer ele em sua vida? E ali dentro conhecer alguém também pareceria bastante promissor, não é? “Oi, eu sou , um ex-promotor e agora presidiário, como você pode ver. Vou ficar aqui por alguns anos, e tira a roupa logo porque você só pode estar vindo por sexo, qualquer outra coisa eu não tenho para oferecer pra você”. Ele riu do próprio pensamento e tomou um gole do café e leite que já estava frio no copo.
A manhã estava fria e chuvosa. Por um lado aquilo era positivo, visto que não precisaria tomar um banho de sol. Estava indisposto, como sempre estava todas as quartas de visitas íntimas, e não ver a movimentação dos demais detentos felizes por estarem satisfeitos sexualmente já engrandecia sua alma atormentada pelos erros do passado.
O que o levou àquele lugar foi somente a luxúria. Nunca contentando-se com pouco, deixou-se levar. Foi seu erro, um erro que custou duas vidas, uma delas a dele.
II. Dezoito meses atrás
- Boa tarde, . Chegaram novos relatórios do delegado da 8ª DP que já estão prontos para denúncia. – Jorge, assistente da promotoria entregou uma pilha de pastas ao promotor.
- Deixe-as em cima da mesa, Jorge. Assim que terminar essa análise já vejo. – o outro respondeu. – Boa tarde para você também. – levantou o olhar por sobre os óculos de grau que detestava usar e sorriu para o colega de trabalho.
- A propósito, , sua nova estagiária já está aí fora, assim que tiver um tempo posso chamá-la para que você a conheça.
- Ihhh, meu novo estagiário é do sexo feminino? Acho que a Sara não vai gostar nenhum pouco. – brincou. Sara era sua esposa.
- A Dra. Carol já tomou propriedade do menino novo, acho que ela tem outros interesses. – Jorge entrou na brincadeira, embora soubesse que se fosse qualquer outro promotor jamais poderia brincar daquela forma. Aliás, somente não tinha o ego de que o chamassem de Doutor. Era extremamente idiota aquela terminologia para o convívio, até porque ali todos eram funcionários públicos e cada qual com sua função. também tinha aquela máxima de que ninguém era melhor do que ninguém.
- Vou me virar com a Sara. Pode vir com ela, Jorge. – finalizou e voltou os olhos para o processo que antes analisava.
Cerca de uns cinco minutos depois Jorge voltou com a nova figura do gabinete.
- Dr. , essa é a Ana. Aprovada no processo seletivo para estagiários do MP e que, provavelmente, trabalhará com o senhor. – Jorge começou de forma diferente dessa vez. Era preciso manter um grau de respeito com o título do outro, mesmo que depois de um tempo retirasse aquele costume dos demais.
- Muito prazer, Dr. . – a mulher cumprimentou.
- Seja bem vinda, Ana. Já se familiarizou com o ambiente? - ela acenou afirmativamente e ele sorriu. – Bom, então me resta te apresentar o trabalho. Assim que se sentir a vontade, sente-se aqui e te mostro como as coisas funcionam. – Ana e Jorge estava de saída no instante em que interrompeu. – Só uma pergunta antes: você já fez estágio em algum lugar?
- Em um escritório, mas não tenho dom para defender bandido. – a mulher respondeu.
A resposta não foi muito bem recebida pelos ouvidos de , mas ele ignorou. Talvez fosse apenas uma menina que detestava penal e tinha caído ali de paraquedas. Se assim fosse, ele logo teria um novo estagiário, e homem dessa vez.
A mulher voltou com um caderno e caneta em mãos. Educadamente sentou-se a frente do promotor e o ouviu dizer por longos dez minutos como funcionava o trabalho de um promotor e o que o encantava tanto na profissão.
não era um santo e não negaria que a nova estagiária poderia sim ser um problema entre ele e Sara. Ana era demasiadamente atraente, pois tinha um corpo esculpido de horas de musculação, um cabelo que ele podia ter certeza que era macio, um olhar marcante e com toda a certeza ela tinha uma boca convidativa naquele batom cor de vinho extremamente desnecessário para um primeiro dia de trabalho.
E ela parecia provoca-lo. Nas horas que se passaram ela sempre arrumava o decote a mostra naquela camisa social. Sempre que se levantava, fazia algum barulho para que pudesse chamar a atenção do homem para o seu corpo quase perfeito, e o seu rebolado quando caminhava era daqueles bem sensuais. Tudo poderia ter sido invenção da cabeça de , mas ele poderia jurar que via uma má intenção na moça.
- Deixe-as em cima da mesa, Jorge. Assim que terminar essa análise já vejo. – o outro respondeu. – Boa tarde para você também. – levantou o olhar por sobre os óculos de grau que detestava usar e sorriu para o colega de trabalho.
- A propósito, , sua nova estagiária já está aí fora, assim que tiver um tempo posso chamá-la para que você a conheça.
- Ihhh, meu novo estagiário é do sexo feminino? Acho que a Sara não vai gostar nenhum pouco. – brincou. Sara era sua esposa.
- A Dra. Carol já tomou propriedade do menino novo, acho que ela tem outros interesses. – Jorge entrou na brincadeira, embora soubesse que se fosse qualquer outro promotor jamais poderia brincar daquela forma. Aliás, somente não tinha o ego de que o chamassem de Doutor. Era extremamente idiota aquela terminologia para o convívio, até porque ali todos eram funcionários públicos e cada qual com sua função. também tinha aquela máxima de que ninguém era melhor do que ninguém.
- Vou me virar com a Sara. Pode vir com ela, Jorge. – finalizou e voltou os olhos para o processo que antes analisava.
Cerca de uns cinco minutos depois Jorge voltou com a nova figura do gabinete.
- Dr. , essa é a Ana. Aprovada no processo seletivo para estagiários do MP e que, provavelmente, trabalhará com o senhor. – Jorge começou de forma diferente dessa vez. Era preciso manter um grau de respeito com o título do outro, mesmo que depois de um tempo retirasse aquele costume dos demais.
- Muito prazer, Dr. . – a mulher cumprimentou.
- Seja bem vinda, Ana. Já se familiarizou com o ambiente? - ela acenou afirmativamente e ele sorriu. – Bom, então me resta te apresentar o trabalho. Assim que se sentir a vontade, sente-se aqui e te mostro como as coisas funcionam. – Ana e Jorge estava de saída no instante em que interrompeu. – Só uma pergunta antes: você já fez estágio em algum lugar?
- Em um escritório, mas não tenho dom para defender bandido. – a mulher respondeu.
A resposta não foi muito bem recebida pelos ouvidos de , mas ele ignorou. Talvez fosse apenas uma menina que detestava penal e tinha caído ali de paraquedas. Se assim fosse, ele logo teria um novo estagiário, e homem dessa vez.
A mulher voltou com um caderno e caneta em mãos. Educadamente sentou-se a frente do promotor e o ouviu dizer por longos dez minutos como funcionava o trabalho de um promotor e o que o encantava tanto na profissão.
não era um santo e não negaria que a nova estagiária poderia sim ser um problema entre ele e Sara. Ana era demasiadamente atraente, pois tinha um corpo esculpido de horas de musculação, um cabelo que ele podia ter certeza que era macio, um olhar marcante e com toda a certeza ela tinha uma boca convidativa naquele batom cor de vinho extremamente desnecessário para um primeiro dia de trabalho.
E ela parecia provoca-lo. Nas horas que se passaram ela sempre arrumava o decote a mostra naquela camisa social. Sempre que se levantava, fazia algum barulho para que pudesse chamar a atenção do homem para o seu corpo quase perfeito, e o seu rebolado quando caminhava era daqueles bem sensuais. Tudo poderia ter sido invenção da cabeça de , mas ele poderia jurar que via uma má intenção na moça.
III. Dezessete meses atrás
- Já estou indo, Dr. – Ana gritou do cartório, atendendo ao chamado do chefe. Ela imediatamente trancou a porta por dentro que já tinham as persianas abaixadas (havia uns dias que preferia a privacidade).
- Vem aqui, vem! – pediu, sedento pelo toque da menina que o beijou ferozmente nos lábios.
levantou a saia de Ana delicadamente, embora completamente necessitado de sexo. Tinham que ser discretos e amassarem o mínimo possível de vestimentas para que os outros não percebessem o que se passava ali naquele gabinete. Talvez um ou outro já desconfiasse, devido ao comportamento um pouco estranho do promotor, mas quem disse que se importava?
A estagiária estava completamente úmida ao toque de , que assim que sentiu a excitação dela, viu-se tão desejoso quanto ela. Não houve demora, adentrou o corpo da moça que sequer usava uma peça por baixo. “Calcinha atrapalha uma rapidinha e também marca a saia”, era sempre a fala de Ana.
Um sexo silencioso e perigoso foi feito ali na cadeira de . Era quase religioso aquele ato todas as segundas-feiras no fim de tarde, no instante em que chegava das audiências e que a maioria dos serventuários se reunia para um café na copa. A desculpa era sempre de que precisava passar trabalho para Ana, já que havia passado o dia fora e que a semana prometeria muito trabalho. Um blefe quase real.
Não demorou muito para que e Ana se entregassem aos desejos da carne. Ele era um promotor jovem e até bonito, e ela tudo aquilo antes descrito. Ana fazia a linha da mulher provocante mesmo, e não fazia questão alguma de esconder seus anseios. O primeiro beijo deles foi de uma provocação chula na segunda semana de trabalho.
- Por favor, não me diga que estou louca e que só eu estou sentindo isso?! – Ana perguntou interrompendo de alguma fala sobre um processo que ela sequer ouvia.
- Sentindo o que? – ele perguntou confuso.
- Essa tensão, Dr. . – Ana levantou-se da cadeira em que estava, postando-se ao lado de . – Eu não estou louca, você também sente.
- O que você quer dizer com isso? – mantinha-se sentado em sua mesa. E para seu azar uma ereção se formava em sua calça, algo que não passou despercebido por Ana.
- Se eu te beijar agora, eu posso ser descredenciada? – Ana esperou alguns segundos e não ouviu uma resposta imediata – Então eu não tô nem aí, foda-se esse estágio, mas eu preciso sentir a sua boca.
A mulher abaixou-se para alcançar os lábios de , que correspondeu com desejo. Foram alguns segundos de beijo proibido que ambos desfrutaram com extrema vontade e até precisariam de mais, se não fosse a interrupção de que, ainda excitado, vendo a mulher lamber os próprios lábios sensualmente, recordou-se de sua condição.
- Eu sou casado, Ana. – Talvez a frase fosse mais um convencimento para ele mesmo.
- Vai ser bem clichê o que vou te falar, mas eu não tenho ciúmes. – Ana inclinou-se novamente, dessa vez virando a cadeira giratória de e sentando em seu colo. – E ninguém precisa saber, afinal, o que ninguém sabe, ninguém estraga.
E Ana atingiu um outro ponto fraco de . Tocou sua ereção e desceu lentamente até estar ajoelhada e abrir a calça do homem que tinha ali um membro latejante. O toque gélido da mão da estagiária com o calor que emanava do seu corpo o conduziram a um gemido abafado. E ela não pararia, ela o sugaria e ali fizera o melhor sexo oral que já havia recebido na vida. Só podia ser o capeta atentando, e caiu na tentação.
- Vem aqui, vem! – pediu, sedento pelo toque da menina que o beijou ferozmente nos lábios.
levantou a saia de Ana delicadamente, embora completamente necessitado de sexo. Tinham que ser discretos e amassarem o mínimo possível de vestimentas para que os outros não percebessem o que se passava ali naquele gabinete. Talvez um ou outro já desconfiasse, devido ao comportamento um pouco estranho do promotor, mas quem disse que se importava?
A estagiária estava completamente úmida ao toque de , que assim que sentiu a excitação dela, viu-se tão desejoso quanto ela. Não houve demora, adentrou o corpo da moça que sequer usava uma peça por baixo. “Calcinha atrapalha uma rapidinha e também marca a saia”, era sempre a fala de Ana.
Um sexo silencioso e perigoso foi feito ali na cadeira de . Era quase religioso aquele ato todas as segundas-feiras no fim de tarde, no instante em que chegava das audiências e que a maioria dos serventuários se reunia para um café na copa. A desculpa era sempre de que precisava passar trabalho para Ana, já que havia passado o dia fora e que a semana prometeria muito trabalho. Um blefe quase real.
Não demorou muito para que e Ana se entregassem aos desejos da carne. Ele era um promotor jovem e até bonito, e ela tudo aquilo antes descrito. Ana fazia a linha da mulher provocante mesmo, e não fazia questão alguma de esconder seus anseios. O primeiro beijo deles foi de uma provocação chula na segunda semana de trabalho.
- Por favor, não me diga que estou louca e que só eu estou sentindo isso?! – Ana perguntou interrompendo de alguma fala sobre um processo que ela sequer ouvia.
- Sentindo o que? – ele perguntou confuso.
- Essa tensão, Dr. . – Ana levantou-se da cadeira em que estava, postando-se ao lado de . – Eu não estou louca, você também sente.
- O que você quer dizer com isso? – mantinha-se sentado em sua mesa. E para seu azar uma ereção se formava em sua calça, algo que não passou despercebido por Ana.
- Se eu te beijar agora, eu posso ser descredenciada? – Ana esperou alguns segundos e não ouviu uma resposta imediata – Então eu não tô nem aí, foda-se esse estágio, mas eu preciso sentir a sua boca.
A mulher abaixou-se para alcançar os lábios de , que correspondeu com desejo. Foram alguns segundos de beijo proibido que ambos desfrutaram com extrema vontade e até precisariam de mais, se não fosse a interrupção de que, ainda excitado, vendo a mulher lamber os próprios lábios sensualmente, recordou-se de sua condição.
- Eu sou casado, Ana. – Talvez a frase fosse mais um convencimento para ele mesmo.
- Vai ser bem clichê o que vou te falar, mas eu não tenho ciúmes. – Ana inclinou-se novamente, dessa vez virando a cadeira giratória de e sentando em seu colo. – E ninguém precisa saber, afinal, o que ninguém sabe, ninguém estraga.
E Ana atingiu um outro ponto fraco de . Tocou sua ereção e desceu lentamente até estar ajoelhada e abrir a calça do homem que tinha ali um membro latejante. O toque gélido da mão da estagiária com o calor que emanava do seu corpo o conduziram a um gemido abafado. E ela não pararia, ela o sugaria e ali fizera o melhor sexo oral que já havia recebido na vida. Só podia ser o capeta atentando, e caiu na tentação.
IV. Quatorze meses atrás
- Obrigada, . É lindo! – Ana agradeceu com um beijo o relógio de ouro que a presenteara. Tinha perdido as contas de quantos presentes caros ela havia ganhado do promotor.
- Não foi nada, é só uma coisinha simples. Eu amo você, Ana, tudo o que eu fizer vai ser pouco por você. – Ele a deitou naquela luxuosa cama de motel. O quarto de sempre.
- Eu também te amo. – ela respondeu e correspondeu o beijo que ele lhe tomou.
A relação do promotor com a estagiária havia ultrapassado alguns níveis. tinha mudado bastante o comportamento nos últimos três meses. Só se importava com Ana e com o prazer que ela lhe dava no sexo. havia proibido Ana de sair com qualquer outro cara, afinal, ela não precisaria de ninguém além dele. Ana até se denominava propriedade de .
Ele tinha também se apaixonado, o que era um perigo imenso, visto que Sara sentia-o cada vez mais ausente e o trabalho acumulava em sua mesa.
A maioria dos colegas de trabalho notaram o comportamento e o motivo, mas sequer tinham coragem de confrontar o superior, que passou a se impor como tal. Era outro, e um outro que ninguém estava gostando.
- Te vi pouco no gabinete hoje, onde esteve? – questionou com a mulher aninhada a seu peito.
- Ah, trabalhando, . Sou uma estagiária ainda, esqueceu? Tenho que mostrar serviço se não me descredenciam, e posso apostar que muitos ali querem isso, principalmente o Jorge que me odeia.
- Não ousariam fazer isso, você é minha estagiária. Só eu posso te descredenciar.
- Não é isso que está no contrato – Ana rebateu.
- Mas é a minha palavra que importa. – ele afirmou – Mas onde você estava trabalhando? Não te vi no cartório, fui lá algumas vezes atrás de você e não te achei.
Ana incomodou-se com o questionário, as palavras vieram nervosas.
- Fui ao gabinete do Dr. Victor buscar alguns processos que eram seus, conversei com ele sobre esses processos por alguns minutos e depois fui pra máquina de xerox do térreo, já que a do cartório está uma droga para digitalizar.
- Mas você não levou esses processos até mim, levou? – não gostou muito de ouvir que ela estava com Victor. Ele era um recém-promotor aprovado no último concurso e que assumiu como substituto temporário.
- Quanta pergunta, ! Coloquei os processos em sua mesa sim, você que não os viu. – ela respondeu antes de levantar-se rumando ao banheiro para um banho. a seguiu.
- Calma, minha linda. Eu só achei estranho você ir até o Victor, se é processo meu ele teria que ter entregue a mim e me explicado.
- Agora sou uma inútil que nem consegue dar um parecer de um processo, ?
- Foi ciúmes, Ana. Só isso. – ele assumiu, por fim. – Você é minha e eu não quero você de conversa com outro cara ali, é arriscado.
- Fica em paz. Você já não me deixa ter ninguém mesmo. – ela se limitou a responder. Ele entrou embaixo do chuveiro e logo a acalmou. Transaram ali mesmo.
- Não foi nada, é só uma coisinha simples. Eu amo você, Ana, tudo o que eu fizer vai ser pouco por você. – Ele a deitou naquela luxuosa cama de motel. O quarto de sempre.
- Eu também te amo. – ela respondeu e correspondeu o beijo que ele lhe tomou.
A relação do promotor com a estagiária havia ultrapassado alguns níveis. tinha mudado bastante o comportamento nos últimos três meses. Só se importava com Ana e com o prazer que ela lhe dava no sexo. havia proibido Ana de sair com qualquer outro cara, afinal, ela não precisaria de ninguém além dele. Ana até se denominava propriedade de .
Ele tinha também se apaixonado, o que era um perigo imenso, visto que Sara sentia-o cada vez mais ausente e o trabalho acumulava em sua mesa.
A maioria dos colegas de trabalho notaram o comportamento e o motivo, mas sequer tinham coragem de confrontar o superior, que passou a se impor como tal. Era outro, e um outro que ninguém estava gostando.
- Te vi pouco no gabinete hoje, onde esteve? – questionou com a mulher aninhada a seu peito.
- Ah, trabalhando, . Sou uma estagiária ainda, esqueceu? Tenho que mostrar serviço se não me descredenciam, e posso apostar que muitos ali querem isso, principalmente o Jorge que me odeia.
- Não ousariam fazer isso, você é minha estagiária. Só eu posso te descredenciar.
- Não é isso que está no contrato – Ana rebateu.
- Mas é a minha palavra que importa. – ele afirmou – Mas onde você estava trabalhando? Não te vi no cartório, fui lá algumas vezes atrás de você e não te achei.
Ana incomodou-se com o questionário, as palavras vieram nervosas.
- Fui ao gabinete do Dr. Victor buscar alguns processos que eram seus, conversei com ele sobre esses processos por alguns minutos e depois fui pra máquina de xerox do térreo, já que a do cartório está uma droga para digitalizar.
- Mas você não levou esses processos até mim, levou? – não gostou muito de ouvir que ela estava com Victor. Ele era um recém-promotor aprovado no último concurso e que assumiu como substituto temporário.
- Quanta pergunta, ! Coloquei os processos em sua mesa sim, você que não os viu. – ela respondeu antes de levantar-se rumando ao banheiro para um banho. a seguiu.
- Calma, minha linda. Eu só achei estranho você ir até o Victor, se é processo meu ele teria que ter entregue a mim e me explicado.
- Agora sou uma inútil que nem consegue dar um parecer de um processo, ?
- Foi ciúmes, Ana. Só isso. – ele assumiu, por fim. – Você é minha e eu não quero você de conversa com outro cara ali, é arriscado.
- Fica em paz. Você já não me deixa ter ninguém mesmo. – ela se limitou a responder. Ele entrou embaixo do chuveiro e logo a acalmou. Transaram ali mesmo.
V. Um ano atrás
Ana carregava algumas pastas nas mãos no momento em que passou defronte e Victor, que debatiam sobre qual tipo penal enquadrava-se o crime perpetrado por alguns homens que se encontravam presos preventivamente. O rebolado característico de provocação de Ana ficou evidente para os dois homens.
- Que fique entre a gente, , mas essa sua estagiária é muito gostosa. – Victor comentou talvez inocentemente.
não respondeu, odiou a forma como o colega analisava sua amante e sentiu ciúmes e uma imensa vontade de agredi-lo com um soco no rosto, mas controlou-se. Apenas abriu um meio sorriso e retomou o assunto, decidindo por uma denuncia por tentativa de homicídio ao invés de tentativa de latrocínio.
foi intimado a passar o resto do dia comparecendo a pauta de audiências da tarde. A última, agendada para as dezessete horas, estendeu-se mais do que ele acreditava que poderia, e por isso comunicou sua amante que naquela tarde não poderiam dar a rapidinha da segunda e que ele a compensaria no dia seguinte com um lindo presente.
ficava feliz quando notava a expressão de Ana a cada novo presente caro que ele lhe dava, e ela merecia – ele acreditava.
Passava das oito da noite quando a audiência de instrução das dezessete encerrou. iria direto para casa, mas lembrou-se de pegar uma pasta que Jorge separara mais cedo para que ele despachasse, era um caso urgente.
No caminho a sua sala, notou que as coisas de Ana ainda estavam em sua mesa e sorriu pensando que ela poderia estar aguardando-o com uma surpresa. Ele rapidamente livrou-se do cansaço e estava pronto para uma transa com a sua estagiária.
Mas sua alegria se foi tão logo chegou, ao ver que sua sala estava escura e vazia. Ana não estava ali, o que era absolutamente estranho, visto que suas coisas encontravam-se na mesa dela.
preocupou-se e foi até a mesa da estagiária que havia deixado o celular caríssimo (presente dele) em cima da mesa. Ele desbloqueou a tela e odiou o que leu no visor. Uma mensagem do Dr. Victor que tinha escrito: “Estou sozinho aqui, pode vir agora, gostosa!”.
sentiu o ódio pulsar em suas veias. Passou a tremer de muito nervoso que ficou e com o celular de Ana em mãos foi ao seu gabinete, precisava pensar no que faria.
“Filha da puta! Vadia do caralho! Desgraçada. Mente pra mim quando fala que me ama, e dá pro primeiro filho da puta que aparece. Eu me vingo de você, Ana. Eu me vingo”.
xingava Ana em pensamento enquanto caminhava de um lado a outro de sua sala. Pensou muito antes de decidir-se, por fim, a ir para casa e refletir todo o ódio que sentia. Antes devolveu o celular de Ana no lugar que estava e passou discretamente pelo gabinete do colega.
E lá estava ela, no ápice de sua beleza que era quando entregava-se ao sexo. Ela gostava do que estava fazendo, ele podia ver isso, pois conhecia cada expressão de prazer que aquele corpo emanava. “Filha da puta!”
E Victor? Um substituto babaca, um idiota que agora tinha o seu bem mais precioso nos braços que ele não permitiu usar. Ana era estagiária de , Victor sequer poderia olha-la com outros olhos. Mas ele se vingaria, dos dois!
A manhã seguinte fora incomum. apareceu logo cedo, causando certa estranheza em todos os serventuários que já estavam acostumados a chegada do promotor após o meio dia.
chamou Jorge e despacharam em diversos casos durante toda a manhã. estava a todo o vapor e conseguiu colocar quase todo o trabalho atrasado em ordem.
- Fazia tempo que não via essa mesa tão vazia, Dr. . – Jorge começou, ainda estava receoso em começar a conversa.
- , Jorge. Nada mudou entre a gente. – o promotor corrigiu o outro. – Eu dei umas vaciladas aí, mas está tudo em paz.
- Fico feliz por isso, e se me permite ser sincero, você estava um pé no saco. – o homem ainda receoso falou, mas logo relaxou com a risada do colega.
- Eu imagino. – serviu-se de um café e deu outro a Jorge. – Hoje é aquele júri, né?
- Porra, não se fala de outra coisa nesse fórum. – Jorge respondeu. – Vai ser condenação na certa, pedi até licença para assistir.
- Eu também vou. – bebericou o café. – E vou levar a Ana junto.
Jorge achou diferente, mas pelo menos aquele que estava em sua frente se parecia um pouco mais com o de meses antes da estagiária bonitona (era como todos a tratavam).
Já eram quase duas da tarde no momento em que voltou do almoço com a Dra. Carolina. Ele foi direto ao seu gabinete e sequer chamou a estagiária para entrar como sempre ocorria nos dias anteriores. Dessa vez chamou o Pedro, um estagiário do ensino médio que ele tinha se comprometido a ensinar algumas coisas de direito penal. não trabalharia aquela tarde, somente esperaria a hora chegar para ir ao júri com Ana.
Concentrado em sua fala com o adolescente que ouvia tudo o que ele falava atentamente, foi interrompido por uma manifestação altiva no cartório, pedindo licença ao jovem para ver o que acontecia.
- Eu não vou fazer essa porcaria de digitalização não, Jorge. Essa é a responsabilidade do Pedro! Que eu saiba aqui a minha função é aprender a peticionar e entender como um jurista e não a copiar arquivos para um computador. Se tá com dúvidas, pergunta pro . – Ana falou após desprezar uma pasta em cima da mesa de Jorge.
- Você tem que fazer, Ana. Aqui o trabalho é de todos, até o Dr. faz digitalização. – ele deu ênfase no título e no nome do promotor.
- Eu não vou fazer. – Ana encarou Jorge que parecia irritado.
, que ouviu o final da pequena discussão foi na direção de ambos que envergonharam-se do pequeno escândalo dado ali. Sem dizer uma palavra e com o silencio instalado na sala, pegou a pasta na mesa de Jorge e foi até a impressora, digitalizando um a um dos arquivos.
Todos observaram calados a cena desenhada diante dos olhos de cada um. não esboçava qualquer expressão e ninguém saberia o que esperar de sua próxima atitude.
- Viu? Não levou dois minutos. – dirigiu-se a Ana que ainda estava estática na frente de Jorge e entregou para ela a pasta. – Agora renomeie cada um dos arquivos e depois arrume-se, vamos assistir ao júri desta tarde.
voltou para sua sala, mas antes de fechar a porta para continuar o que estava fazendo falou mais uma vez em direção da estagiária.
- E o Jorge tem razão, aqui o trabalho é de todos, independente do que seja.
Todos no cartório restaram perplexos. Era a primeira vez em meses que dava razão aos seus serventuários. Já estavam até cansados da superproteção que a estagiária bonitona ostentava e, por ser tão querida pelo superior ela já se sentia inatingível. “Que bom que as coisas tinham voltado ao normal”.
- Que fique entre a gente, , mas essa sua estagiária é muito gostosa. – Victor comentou talvez inocentemente.
não respondeu, odiou a forma como o colega analisava sua amante e sentiu ciúmes e uma imensa vontade de agredi-lo com um soco no rosto, mas controlou-se. Apenas abriu um meio sorriso e retomou o assunto, decidindo por uma denuncia por tentativa de homicídio ao invés de tentativa de latrocínio.
foi intimado a passar o resto do dia comparecendo a pauta de audiências da tarde. A última, agendada para as dezessete horas, estendeu-se mais do que ele acreditava que poderia, e por isso comunicou sua amante que naquela tarde não poderiam dar a rapidinha da segunda e que ele a compensaria no dia seguinte com um lindo presente.
ficava feliz quando notava a expressão de Ana a cada novo presente caro que ele lhe dava, e ela merecia – ele acreditava.
Passava das oito da noite quando a audiência de instrução das dezessete encerrou. iria direto para casa, mas lembrou-se de pegar uma pasta que Jorge separara mais cedo para que ele despachasse, era um caso urgente.
No caminho a sua sala, notou que as coisas de Ana ainda estavam em sua mesa e sorriu pensando que ela poderia estar aguardando-o com uma surpresa. Ele rapidamente livrou-se do cansaço e estava pronto para uma transa com a sua estagiária.
Mas sua alegria se foi tão logo chegou, ao ver que sua sala estava escura e vazia. Ana não estava ali, o que era absolutamente estranho, visto que suas coisas encontravam-se na mesa dela.
preocupou-se e foi até a mesa da estagiária que havia deixado o celular caríssimo (presente dele) em cima da mesa. Ele desbloqueou a tela e odiou o que leu no visor. Uma mensagem do Dr. Victor que tinha escrito: “Estou sozinho aqui, pode vir agora, gostosa!”.
sentiu o ódio pulsar em suas veias. Passou a tremer de muito nervoso que ficou e com o celular de Ana em mãos foi ao seu gabinete, precisava pensar no que faria.
“Filha da puta! Vadia do caralho! Desgraçada. Mente pra mim quando fala que me ama, e dá pro primeiro filho da puta que aparece. Eu me vingo de você, Ana. Eu me vingo”.
xingava Ana em pensamento enquanto caminhava de um lado a outro de sua sala. Pensou muito antes de decidir-se, por fim, a ir para casa e refletir todo o ódio que sentia. Antes devolveu o celular de Ana no lugar que estava e passou discretamente pelo gabinete do colega.
E lá estava ela, no ápice de sua beleza que era quando entregava-se ao sexo. Ela gostava do que estava fazendo, ele podia ver isso, pois conhecia cada expressão de prazer que aquele corpo emanava. “Filha da puta!”
E Victor? Um substituto babaca, um idiota que agora tinha o seu bem mais precioso nos braços que ele não permitiu usar. Ana era estagiária de , Victor sequer poderia olha-la com outros olhos. Mas ele se vingaria, dos dois!
A manhã seguinte fora incomum. apareceu logo cedo, causando certa estranheza em todos os serventuários que já estavam acostumados a chegada do promotor após o meio dia.
chamou Jorge e despacharam em diversos casos durante toda a manhã. estava a todo o vapor e conseguiu colocar quase todo o trabalho atrasado em ordem.
- Fazia tempo que não via essa mesa tão vazia, Dr. . – Jorge começou, ainda estava receoso em começar a conversa.
- , Jorge. Nada mudou entre a gente. – o promotor corrigiu o outro. – Eu dei umas vaciladas aí, mas está tudo em paz.
- Fico feliz por isso, e se me permite ser sincero, você estava um pé no saco. – o homem ainda receoso falou, mas logo relaxou com a risada do colega.
- Eu imagino. – serviu-se de um café e deu outro a Jorge. – Hoje é aquele júri, né?
- Porra, não se fala de outra coisa nesse fórum. – Jorge respondeu. – Vai ser condenação na certa, pedi até licença para assistir.
- Eu também vou. – bebericou o café. – E vou levar a Ana junto.
Jorge achou diferente, mas pelo menos aquele que estava em sua frente se parecia um pouco mais com o de meses antes da estagiária bonitona (era como todos a tratavam).
Já eram quase duas da tarde no momento em que voltou do almoço com a Dra. Carolina. Ele foi direto ao seu gabinete e sequer chamou a estagiária para entrar como sempre ocorria nos dias anteriores. Dessa vez chamou o Pedro, um estagiário do ensino médio que ele tinha se comprometido a ensinar algumas coisas de direito penal. não trabalharia aquela tarde, somente esperaria a hora chegar para ir ao júri com Ana.
Concentrado em sua fala com o adolescente que ouvia tudo o que ele falava atentamente, foi interrompido por uma manifestação altiva no cartório, pedindo licença ao jovem para ver o que acontecia.
- Eu não vou fazer essa porcaria de digitalização não, Jorge. Essa é a responsabilidade do Pedro! Que eu saiba aqui a minha função é aprender a peticionar e entender como um jurista e não a copiar arquivos para um computador. Se tá com dúvidas, pergunta pro . – Ana falou após desprezar uma pasta em cima da mesa de Jorge.
- Você tem que fazer, Ana. Aqui o trabalho é de todos, até o Dr. faz digitalização. – ele deu ênfase no título e no nome do promotor.
- Eu não vou fazer. – Ana encarou Jorge que parecia irritado.
, que ouviu o final da pequena discussão foi na direção de ambos que envergonharam-se do pequeno escândalo dado ali. Sem dizer uma palavra e com o silencio instalado na sala, pegou a pasta na mesa de Jorge e foi até a impressora, digitalizando um a um dos arquivos.
Todos observaram calados a cena desenhada diante dos olhos de cada um. não esboçava qualquer expressão e ninguém saberia o que esperar de sua próxima atitude.
- Viu? Não levou dois minutos. – dirigiu-se a Ana que ainda estava estática na frente de Jorge e entregou para ela a pasta. – Agora renomeie cada um dos arquivos e depois arrume-se, vamos assistir ao júri desta tarde.
voltou para sua sala, mas antes de fechar a porta para continuar o que estava fazendo falou mais uma vez em direção da estagiária.
- E o Jorge tem razão, aqui o trabalho é de todos, independente do que seja.
Todos no cartório restaram perplexos. Era a primeira vez em meses que dava razão aos seus serventuários. Já estavam até cansados da superproteção que a estagiária bonitona ostentava e, por ser tão querida pelo superior ela já se sentia inatingível. “Que bom que as coisas tinham voltado ao normal”.
VI. O júri daquela tarde
- Por que você não me defendeu, ? – Ana demonstrava irritação. – Aquele não era o meu trabalho e agora você deu um prato cheio para que fiquem fazendo caso de mim.
- Como eu disse, Ana, o trabalho ali é de todos, e digitalizar é algo simples, você já fez isso antes, lembra? Fez pro Victor, inclusive. – respondeu enquanto caminhava com Ana para a sala do júri.
- Mas aquilo foi no começo, logo quando ele chegou que precisava de ajuda. Hoje ele já tem os estagiários dele. – ela respondeu rapidamente.
- E você é minha estagiária, certo? Então é seu trabalho também. – quis encerrar o assunto e cumprimentou outro colega para impedir que Ana retrucasse.
Eles sentaram-se logo nos primeiros acentos da sala que estava completamente cheia, uma vez que aquele caso havia repercutido muito na mídia e que havia causado bastante comoção social.
- Tome anotações, Ana. Esse caso é importante para o seu crescimento como uma futura promotora de júri, que eu sei que é o que você quer.
Ana, que não havia levado qualquer caderno, pois sequer esperava estar ali, abriu o aplicativo de notas de seu celular.
- Sobre o que é o caso?
Por um momento se perguntou em que mundo ela vivia, mas no segundo seguinte só conseguia pensar no tipo de mulher promiscua que ela era e que pouco se importava com o mundo a sua volta. Achou que ela fazia mais o tipo aproveitadora, e até fazia sentido, uma vez que ficar com dois promotores já não era pouca coisa. Se questionou até se ela havia flertado com o juiz, vez que ele designou alguns trabalhos para ela recentemente.
- Uma tentativa de homicídio. Felizmente a vítima sobreviveu e possivelmente virá testemunhar aqui, mas ela ficou com sequelas. Você logo verá. – sussurrou, pois o serventuário do júri já iniciava os trabalhos.
O conselho de sentença, para todo o azar do réu, teve quatro mulheres sorteadas, fato que fez com que todos previssem que o resultado seria desfavorável ao acusado. E bom, não era duvidando do poder de julgamento parcial das mulheres, mas é sempre mais fácil para elas colocarem-se no lugar de uma outra.
Após todas as formalidades foi dado um resumo do caso: O acusado foi pronunciado, pois um ano atrás, nas dependências do local de trabalho da vítima, o réu a surpreendeu com golpes de faca, além de socos e pontapés. A vítima relacionou-se com ele durante 10 anos, quando decidiu por um fim ao relacionamento, já que estava envolvida emocionalmente com outro homem. O homicídio somente não foi consumado, uma vez que algumas testemunhas interviram, detendo o réu que foi preso em flagrante delito, e tendo sua prisão convertida em preventiva. Incurso no tipo penal de tentativa de homicídio doloso contra a vida, qualificado por motivo fútil e por meio que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, o réu estava ali, pronto para julgamento.
Todos estavam ansiosos. Havia uma carga emocional imensa depositada no ambiente, visto que a vítima estava desfigurada. E pelas imagens exibidas num telão, pós o interrogatório do acusado, a mulher era muito bonita.
As testemunhas foram contundentes: ele havia tido toda a intenção de mata-la. Só não o fez porque conseguiram impedir, mas a mulher sangrava muito e gritava por socorro. Ele, cego de ódio pelo fim do relacionamento, sequer se importava se ela viveria ou não. Era certo, ele a mataria se não tivesse sido interrompido.
Os debates foram longos e a cada nova menção ao estado atual da vítima, ela e muitos presentes se emocionavam. A vítima não quis dar seu depoimento, não tinha psicológico para tanto. Já era um esforço enorme estar ali frente ao seu algoz. Mas quis fazer-se presente, pois se a justiça existisse mesmo, ela estaria ali, como testemunha da sua realidade.
Ana entediou-se no final. O júri havia se retirado para deliberar e comentava o julgamento com Jorge que estava ao seu lado. Num instante o celular de Ana fez um barulho de chegada de mensagem. olhando de soslaio viu que tratava-se de Victor.
“Como está o julgamento? Queria estar ai!”
Ana tentou afastar o celular, não obstante tivesse constatado que estava ocupado o suficiente conversando com o chato serventuário.
“Estaria bem melhor se eu pudesse ver você por aqui” – respondeu.
O sangue de ferveu mais uma vez. Ela efetivamente estava se relacionando com Victor. Aliás, viu algo em Ana que não havia reparado antes e não esperou outra oportunidade para questionar.
- Gostei da sua pulseira, não havia visto antes.
Ana imediatamente aparentou nervosismo. Sabia que era detalhista, mas perceber aquela pulseira era algo tão pequeno.
- Ah, é uma pulseira antiga. Ganhei há anos da minha mãe, gostou? – ela estendeu o braço.
- Para ser velha está bastante conservada. – aproximou os olhos do pulso da mulher. – Um ótimo gosto também o de sua mãe.
Ana baixou o olhar constrangida, não era bobo e sabia que a mãe dela não teria condições de pagar uma pulseira daquelas. Além do mais, ele era um homem “rico”, reconheceria o valor daquela pulseira de longe. Uma gafe que ela não acreditava que ele perceberia.
- Você acha que ele vai ser condenado? – Ana mudou o assunto.
- O que você acha? – ele voltou sua atenção a ela.
- É meio óbvio que será condenado, o que talvez se discuta seja a qualificadora. Há controvérsias que ciúmes seria um motivo fútil, certo?
- Ciúme é sempre um forte motivo, Ana. – o olhar duro de , bem como a face sisuda causaram um certo arrepio em Ana. Ela nunca o tinha visto assim. – Por ciúme as pessoas são levadas a cometer o que nunca achariam que seriam capazes. Porém olhe aquela mulher. Estar viva é um presente, claro, mas ela sempre será atormentada por esse fato isolado em sua vida. E embora o que eu fale pareça insensível, eu, no lugar dele não teria corrido o risco de deixa-la viva. Se eu seria condenado de qualquer forma, o serviço haveria de ser completo, se não de nada adiantou, digo, ela continuaria viva e sofrendo por um trauma.
- Você seria capaz de matar, ? – Ana questionou novamente arrepiada.
- Só estou dizendo que eu não cometeria a falha que ele cometeu, Ana. – comentou. – Mas fica tranquila, eu não tenho porque ter ciúmes de você, não é? – sussurrou.
E ele levantou-se assim como todos os outros com a volta do júri que já vinha pronto com o veredicto. Ana mal ouviu que o réu foi julgado culpado e condenado, estava atordoada, pois sentiu diferente e sentiu um calafrio imenso, algo como medo.
- Como eu disse, Ana, o trabalho ali é de todos, e digitalizar é algo simples, você já fez isso antes, lembra? Fez pro Victor, inclusive. – respondeu enquanto caminhava com Ana para a sala do júri.
- Mas aquilo foi no começo, logo quando ele chegou que precisava de ajuda. Hoje ele já tem os estagiários dele. – ela respondeu rapidamente.
- E você é minha estagiária, certo? Então é seu trabalho também. – quis encerrar o assunto e cumprimentou outro colega para impedir que Ana retrucasse.
Eles sentaram-se logo nos primeiros acentos da sala que estava completamente cheia, uma vez que aquele caso havia repercutido muito na mídia e que havia causado bastante comoção social.
- Tome anotações, Ana. Esse caso é importante para o seu crescimento como uma futura promotora de júri, que eu sei que é o que você quer.
Ana, que não havia levado qualquer caderno, pois sequer esperava estar ali, abriu o aplicativo de notas de seu celular.
- Sobre o que é o caso?
Por um momento se perguntou em que mundo ela vivia, mas no segundo seguinte só conseguia pensar no tipo de mulher promiscua que ela era e que pouco se importava com o mundo a sua volta. Achou que ela fazia mais o tipo aproveitadora, e até fazia sentido, uma vez que ficar com dois promotores já não era pouca coisa. Se questionou até se ela havia flertado com o juiz, vez que ele designou alguns trabalhos para ela recentemente.
- Uma tentativa de homicídio. Felizmente a vítima sobreviveu e possivelmente virá testemunhar aqui, mas ela ficou com sequelas. Você logo verá. – sussurrou, pois o serventuário do júri já iniciava os trabalhos.
O conselho de sentença, para todo o azar do réu, teve quatro mulheres sorteadas, fato que fez com que todos previssem que o resultado seria desfavorável ao acusado. E bom, não era duvidando do poder de julgamento parcial das mulheres, mas é sempre mais fácil para elas colocarem-se no lugar de uma outra.
Após todas as formalidades foi dado um resumo do caso: O acusado foi pronunciado, pois um ano atrás, nas dependências do local de trabalho da vítima, o réu a surpreendeu com golpes de faca, além de socos e pontapés. A vítima relacionou-se com ele durante 10 anos, quando decidiu por um fim ao relacionamento, já que estava envolvida emocionalmente com outro homem. O homicídio somente não foi consumado, uma vez que algumas testemunhas interviram, detendo o réu que foi preso em flagrante delito, e tendo sua prisão convertida em preventiva. Incurso no tipo penal de tentativa de homicídio doloso contra a vida, qualificado por motivo fútil e por meio que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, o réu estava ali, pronto para julgamento.
Todos estavam ansiosos. Havia uma carga emocional imensa depositada no ambiente, visto que a vítima estava desfigurada. E pelas imagens exibidas num telão, pós o interrogatório do acusado, a mulher era muito bonita.
As testemunhas foram contundentes: ele havia tido toda a intenção de mata-la. Só não o fez porque conseguiram impedir, mas a mulher sangrava muito e gritava por socorro. Ele, cego de ódio pelo fim do relacionamento, sequer se importava se ela viveria ou não. Era certo, ele a mataria se não tivesse sido interrompido.
Os debates foram longos e a cada nova menção ao estado atual da vítima, ela e muitos presentes se emocionavam. A vítima não quis dar seu depoimento, não tinha psicológico para tanto. Já era um esforço enorme estar ali frente ao seu algoz. Mas quis fazer-se presente, pois se a justiça existisse mesmo, ela estaria ali, como testemunha da sua realidade.
Ana entediou-se no final. O júri havia se retirado para deliberar e comentava o julgamento com Jorge que estava ao seu lado. Num instante o celular de Ana fez um barulho de chegada de mensagem. olhando de soslaio viu que tratava-se de Victor.
“Como está o julgamento? Queria estar ai!”
Ana tentou afastar o celular, não obstante tivesse constatado que estava ocupado o suficiente conversando com o chato serventuário.
“Estaria bem melhor se eu pudesse ver você por aqui” – respondeu.
O sangue de ferveu mais uma vez. Ela efetivamente estava se relacionando com Victor. Aliás, viu algo em Ana que não havia reparado antes e não esperou outra oportunidade para questionar.
- Gostei da sua pulseira, não havia visto antes.
Ana imediatamente aparentou nervosismo. Sabia que era detalhista, mas perceber aquela pulseira era algo tão pequeno.
- Ah, é uma pulseira antiga. Ganhei há anos da minha mãe, gostou? – ela estendeu o braço.
- Para ser velha está bastante conservada. – aproximou os olhos do pulso da mulher. – Um ótimo gosto também o de sua mãe.
Ana baixou o olhar constrangida, não era bobo e sabia que a mãe dela não teria condições de pagar uma pulseira daquelas. Além do mais, ele era um homem “rico”, reconheceria o valor daquela pulseira de longe. Uma gafe que ela não acreditava que ele perceberia.
- Você acha que ele vai ser condenado? – Ana mudou o assunto.
- O que você acha? – ele voltou sua atenção a ela.
- É meio óbvio que será condenado, o que talvez se discuta seja a qualificadora. Há controvérsias que ciúmes seria um motivo fútil, certo?
- Ciúme é sempre um forte motivo, Ana. – o olhar duro de , bem como a face sisuda causaram um certo arrepio em Ana. Ela nunca o tinha visto assim. – Por ciúme as pessoas são levadas a cometer o que nunca achariam que seriam capazes. Porém olhe aquela mulher. Estar viva é um presente, claro, mas ela sempre será atormentada por esse fato isolado em sua vida. E embora o que eu fale pareça insensível, eu, no lugar dele não teria corrido o risco de deixa-la viva. Se eu seria condenado de qualquer forma, o serviço haveria de ser completo, se não de nada adiantou, digo, ela continuaria viva e sofrendo por um trauma.
- Você seria capaz de matar, ? – Ana questionou novamente arrepiada.
- Só estou dizendo que eu não cometeria a falha que ele cometeu, Ana. – comentou. – Mas fica tranquila, eu não tenho porque ter ciúmes de você, não é? – sussurrou.
E ele levantou-se assim como todos os outros com a volta do júri que já vinha pronto com o veredicto. Ana mal ouviu que o réu foi julgado culpado e condenado, estava atordoada, pois sentiu diferente e sentiu um calafrio imenso, algo como medo.
VII. Nove meses atrás
Aparentemente as coisas haviam voltado ao normal. sentia que Ana estava só com ele depois da implícita mensagem que havia passado para ela no júri de meses atrás. Ana comportava-se como queria, e apesar de no início ele não ter tido qualquer intenção de muda-la, as alterações foram consequências do próprio comportamento da moça.
Mas o homem apaixonado é aquele cego que não quer ver. Ana não só tinha a ele, como constataria naquela tarde de confraternização de carnaval.
- Pessoal, eu preciso falar uma coisa. – Victor começou. – Esse final de semana, no domingo, vou fazer um almoço lá em casa para comemorar meu noivado. E como vocês são quase da minha família, estão todos convidados. – o promotor sorria feliz.
Todos ficaram surpresos, afinal não eram todos os promotores que convidavam para um almoço na casa deles para comemorar algo que é tão em família.
- Mas nem sabíamos que você namorava, Victor. – a Dra. Carolina fez o comentário que todos também se questionavam.
- Incrível, achei que todo mundo já imaginasse que Ana e eu estamos apaixonados. – Victor sorriu, Ana juntou-se a ele um pouco surpresa também, não esperava ser anunciada assim, mas abriu um sorriso orgulhoso para cada um dos serventuários que não a suportavam. Agora teriam que engolir sua presença.
restou estático. Seus olhos estavam arregalados e mal podia acreditar no que acontecia, principalmente quando Victor puxou Ana para um selinho demorado.
- Está bem, Dr. ? – uma das serventuárias perguntou. Ele demorou um pouco a responder, ainda olhando Victor e Ana, esta última agora com os olhos trêmulos com receio da reação de .
- Sim, só estou surpreso, como todos aqui. É que eu também não sabia do envolvimento de vocês, Ana é minha estagiária e pensei que fôssemos amigos. – realmente todos notaram que não sabia sobre o relacionamento dada a sua reação, mas daí a chamar Ana de amiga, os seus assistentes diretos sabiam mesmo que aquilo era mentira.
Apesar da tensão de e Ana, todos os outros mudaram o foco para o casal e a cumprimenta-los pelo noivado, a grande maioria a contra gosto, pois não achavam que o Dr. Victor merecia alguém tão controversa como Ana.
somente apertou a mão de Victor e cumprimentou Ana de igual forma lançando aquele olhar duro de meses atrás. A mulher teria muito o que explicar e resolver, mas parecia não se importar muito, já que seu futuro noivo era também um promotor e ela não acreditava que poderia acontecer qualquer coisa com ela.
Além do mais, era casado e apesar de sempre dizer que amava Ana não mencionou nenhuma vez, em todos aqueles meses, o desejo de separar-se da esposa. Que caso ele poderia criar, não é mesmo? E bom, se colaborasse, eles poderiam continuar agindo às escondidas, até porque como Ana havia dito lá no início, ela não tinha ciúmes e o que ninguém sabia, ninguém estragava.
Já para tudo ficava claro. As mudanças de Ana não foram por ele, mas por Victor. Ele era mais conservador, mais discreto e não obstante tenha se apaixonado por Ana da forma como a conheceu, preferia mulheres neutras. Ai que engano o de , que mais uma vez nutria ódio em cada célula de seu corpo.
dirigiu-se ao seu gabinete exasperado. Caminhava de um lado a outro e não percebeu quando as lágrimas escorreram por seus olhos. Tinha vontade de lançar ao chão tudo o que encontrava pela frente e socar a parede, mas não podia, era seu ambiente de trabalho.
No final da tarde, quando Ana foi buscar suas coisas no cartório a chamou para uma conversa. Ele parecia visivelmente transtornado e ela temeu, mas estavam na promotoria, nada aconteceria ali.
- Que houve?
- Você me ama, Ana? – ele postou-se em sua frente após vê-la trancar a porta.
- Claro que amo, . – ela respondeu esquivando-se dele.
- E você o ama? – voltou a perguntar.
- Estamos quase noivos, acho que existe sentimento ali também, né?
O olhar de era de alguém que poderia mata-la somente com aquele olhar. Ela aproximou-se dele na tentativa de acalmá-lo.
- Fica calmo com isso, . A gente pode continuar tendo o nosso lance, esse amor que nutrimos um pelo outro. – Ana mordiscou a orelha do promotor. – E já que você é casado, eu quis também seguir.
- Termina com ele e eu termino tudo com a Sara. Eu posso pedir transferência daqui e a gente recomeça em outro lugar. – decidiu. Ana ironizou.
- Mas pra que? Estamos bem assim não estamos? Eu já disse que não tenho ciúmes, . Podemos ter essa vida dupla perigosa e deliciosa, vai me dizer que não gosta assim? – ela tentou selar os lábios com os dele que correspondeu.
- Você é minha, Ana. Só minha e de ninguém mais, não quero você com o meu colega de departamento. Repito: Termina esse noivado e eu me divorcio, eu quero você só pra mim.
Ana rolou os olhos.
- Eu não quero assim, e se não quiser me aceitar como sua amante, não vai me ter de forma alguma. Portanto, pensa bem no que quer, pois eu vou me casar de qualquer forma com o Victor. – ela finalizou com um último selinho no homem antes de sair e bater a porta atrás de si.
Mas ela estava enganada. a queria, ela era dela e de ninguém mais.
Mas o homem apaixonado é aquele cego que não quer ver. Ana não só tinha a ele, como constataria naquela tarde de confraternização de carnaval.
- Pessoal, eu preciso falar uma coisa. – Victor começou. – Esse final de semana, no domingo, vou fazer um almoço lá em casa para comemorar meu noivado. E como vocês são quase da minha família, estão todos convidados. – o promotor sorria feliz.
Todos ficaram surpresos, afinal não eram todos os promotores que convidavam para um almoço na casa deles para comemorar algo que é tão em família.
- Mas nem sabíamos que você namorava, Victor. – a Dra. Carolina fez o comentário que todos também se questionavam.
- Incrível, achei que todo mundo já imaginasse que Ana e eu estamos apaixonados. – Victor sorriu, Ana juntou-se a ele um pouco surpresa também, não esperava ser anunciada assim, mas abriu um sorriso orgulhoso para cada um dos serventuários que não a suportavam. Agora teriam que engolir sua presença.
restou estático. Seus olhos estavam arregalados e mal podia acreditar no que acontecia, principalmente quando Victor puxou Ana para um selinho demorado.
- Está bem, Dr. ? – uma das serventuárias perguntou. Ele demorou um pouco a responder, ainda olhando Victor e Ana, esta última agora com os olhos trêmulos com receio da reação de .
- Sim, só estou surpreso, como todos aqui. É que eu também não sabia do envolvimento de vocês, Ana é minha estagiária e pensei que fôssemos amigos. – realmente todos notaram que não sabia sobre o relacionamento dada a sua reação, mas daí a chamar Ana de amiga, os seus assistentes diretos sabiam mesmo que aquilo era mentira.
Apesar da tensão de e Ana, todos os outros mudaram o foco para o casal e a cumprimenta-los pelo noivado, a grande maioria a contra gosto, pois não achavam que o Dr. Victor merecia alguém tão controversa como Ana.
somente apertou a mão de Victor e cumprimentou Ana de igual forma lançando aquele olhar duro de meses atrás. A mulher teria muito o que explicar e resolver, mas parecia não se importar muito, já que seu futuro noivo era também um promotor e ela não acreditava que poderia acontecer qualquer coisa com ela.
Além do mais, era casado e apesar de sempre dizer que amava Ana não mencionou nenhuma vez, em todos aqueles meses, o desejo de separar-se da esposa. Que caso ele poderia criar, não é mesmo? E bom, se colaborasse, eles poderiam continuar agindo às escondidas, até porque como Ana havia dito lá no início, ela não tinha ciúmes e o que ninguém sabia, ninguém estragava.
Já para tudo ficava claro. As mudanças de Ana não foram por ele, mas por Victor. Ele era mais conservador, mais discreto e não obstante tenha se apaixonado por Ana da forma como a conheceu, preferia mulheres neutras. Ai que engano o de , que mais uma vez nutria ódio em cada célula de seu corpo.
dirigiu-se ao seu gabinete exasperado. Caminhava de um lado a outro e não percebeu quando as lágrimas escorreram por seus olhos. Tinha vontade de lançar ao chão tudo o que encontrava pela frente e socar a parede, mas não podia, era seu ambiente de trabalho.
No final da tarde, quando Ana foi buscar suas coisas no cartório a chamou para uma conversa. Ele parecia visivelmente transtornado e ela temeu, mas estavam na promotoria, nada aconteceria ali.
- Que houve?
- Você me ama, Ana? – ele postou-se em sua frente após vê-la trancar a porta.
- Claro que amo, . – ela respondeu esquivando-se dele.
- E você o ama? – voltou a perguntar.
- Estamos quase noivos, acho que existe sentimento ali também, né?
O olhar de era de alguém que poderia mata-la somente com aquele olhar. Ela aproximou-se dele na tentativa de acalmá-lo.
- Fica calmo com isso, . A gente pode continuar tendo o nosso lance, esse amor que nutrimos um pelo outro. – Ana mordiscou a orelha do promotor. – E já que você é casado, eu quis também seguir.
- Termina com ele e eu termino tudo com a Sara. Eu posso pedir transferência daqui e a gente recomeça em outro lugar. – decidiu. Ana ironizou.
- Mas pra que? Estamos bem assim não estamos? Eu já disse que não tenho ciúmes, . Podemos ter essa vida dupla perigosa e deliciosa, vai me dizer que não gosta assim? – ela tentou selar os lábios com os dele que correspondeu.
- Você é minha, Ana. Só minha e de ninguém mais, não quero você com o meu colega de departamento. Repito: Termina esse noivado e eu me divorcio, eu quero você só pra mim.
Ana rolou os olhos.
- Eu não quero assim, e se não quiser me aceitar como sua amante, não vai me ter de forma alguma. Portanto, pensa bem no que quer, pois eu vou me casar de qualquer forma com o Victor. – ela finalizou com um último selinho no homem antes de sair e bater a porta atrás de si.
Mas ela estava enganada. a queria, ela era dela e de ninguém mais.
VIII. Aquele final de tarde
Se Ana achava que as coisas aconteceriam do jeito dela, estava muito enganada. era sempre o último a falar, o único a decidir e o dono de todo o controle. Ela não tiraria esse poder dele.
Precipitadamente caminhou a passos largos ao gabinete de Victor, pois estava decidido a conta-lo sobre o envolvimento entre ele e a estagiária. Exigiria o término entre eles e pediria o afastamento do colega para outra comarca. Na verdade nem se importava com ele, só queria que desaparecesse.
não pensava direito, mas queria resolver seu relacionamento. Amava Ana, tudo o que ela tinha feito em sua vida e a queria só para ele. E ela seria só dele e de ninguém mais.
Sequer anunciou sua chegada no gabinete de Victor que tinha Ana acalentada em seu abraço. Uma renovação de ódio pulsava em suas veias.
- Eu já imaginava que você viria aqui, . – Victor não deixou que o outro começasse. – Eu deveria ter falado com você sobre a Ana, mas não achei muito necessário já que ela me deixou bem claro que não há mais nada entre vocês.
surpreendeu-se. Então ela havia contado do envolvimento deles? “Que filha da puta!”
- Como assim? – fingiu não saber sobre o que falava.
- Você sabe, . Você e Ana tiveram um caso no passado, ela me contou. Se você queria vir para me alertar de algo, Ana disse que você poderia vir aqui para isso, não precisa se preocupar, eu já sei de tudo.
meneou a cabeça mostrando um meio sorriso abafado.
- Ela também contou que minutos atrás estava no meu gabinete sugerindo que continuássemos o nosso caso? Um caso que nunca acabou?
Victor encarava não acreditando em nenhuma palavra dita pelo homem. Ana tinha sido honesta com ele todo o tempo, contou que tinha se envolvido com por uns meses, mas que ela decidiu interromper por estar apaixonada por ele e não queria mais atrapalhar um relacionamento de anos, como o de e Sara.
Desde então havia se tornado um perseguidor, e embora tenha tentado conversar com o coordenador de estágio sobre a possibilidade de trocar o seu mentor, sempre havia a recusa, pois exigia Ana como sua estagiária e todos o temiam.
Ana até mesmo passou a vestir roupas mais discretas para não chamar a atenção de , que sempre olhava com olhos desejosos quando ela se aproximava. Ademais, buscava sempre sair um pouco mais cedo do estágio para não correr o risco de chama-la para algo mais íntimo em seu gabinete após o expediente. Toda a precaução era necessária.
- Não fala besteiras, . E sério mesmo, se sua intenção for difamar minha noiva eu prefiro que você se retire. – Victor pediu.
- Calma, quem está brigando aqui, Victor? – mudou o tom de voz para um irônico e sentou-se frente a mesa do outro, cruzando as mãos por sobre a barriga. – Onde você esteve ontem às sete da noite, Ana?
A pergunta pegou a mulher de surpresa.
- Na minha casa, óbvio. – respondeu apressada.
- Tem certeza? – mantinha o mesmo tom, ela deu de ombros, nervosa como nunca havia visto. – Eu acho que não, Ana.
retirou seu celular do bolso e buscou as imagens da noite anterior. Nem se envergonhou em mostrar o vídeo intimo para o colega, enojá-lo fazia parte do grande show.
- Isso é uma total mentira, Victor. Está claro que não sou eu ai – Ana desesperou-se – Você não se conforma por eu ter te deixado e está impedindo de eu seguir a minha vida, eu te odeio , como te odeio. Por favor, amor, não acredita nele, esse vídeo é uma montagem. – implorou para Victor.
sorria, Victor não sabia muito o que fazer.
- É claro que é montagem! Você é um perseguidor filha da puta que não sabe perder. Só pensa no seu umbigo e eu tenho nojo e ódio de você. – Ana não conseguia formular uma frase direito em sua mente, somente queria que Victor acreditasse nela, embora fosse tudo verdade.
- Nojo, Ana? – levantou. O olhar duro retornou. – Então você não me ama?
Era uma voz psicótica, de alguém que não estava em seu estado normal.
- Nunca te amei. – ela respondeu encarando-o.
avistou uma embalagem na mesa de Victor. Sabia que eram provas de delitos anteriores e a sentir pelo modelo do pacote sabia que ali tinha uma arma. Ele a pegou.
Assim que avistaram a arma, Ana e Victor temeram por suas vidas. Ela gritou.
- Por favor, , solta isso. – Victor elevou as mãos, e Ana ficou atrás dele, os corações estavam a ponto de saltar pela boca.
- Você não me ama, Ana? – questionou mais uma vez, seus olhos eram duros, ameaçadores e não tinha como não ter medo. – Responde, caralho!
empurrou Victor tirando Ana da proteção dele.
- Para com isso, . Você sabe o que sinto. – ela respondeu.
- E por que você não fala para ele? Você sabe que não vão se casar, eu te falei para terminar essa droga de noivado. Então fala logo pra ele.
Ana espantada virou-se para Victor que agora tinha a arma apontada em direção a sua cabeça.
- Eu não posso noivar com você, Victor. Eu sou do . – Ana tinha a voz trêmula já embargada pelas lágrimas.
- E o que mais?
distraiu-se por um segundo esperando a resposta de que Ana o amava. Victor viu a oportunidade de retirar o disparate da mão de , que assustado com o ataque repentino atirou.
Ana foi ao chão imediatamente.
-Não! – um grito gutural foi ouvido de que imediatamente aproximou-se da mulher estendida ao chão, o tiro havia atingido o peito. – Me perdoa, Ana. Eu não quis!
O homem tentou estancar o sangramento pressionando o peito da mulher. Victor já tinha corrido, talvez tenha ido buscar reforços.
- Fica comigo, Ana. Me perdoa – ele repetia a frase incansavelmente. – Eu amo você, por favor, não me deixa.
- Nem sua e de ninguém mais. – foram as últimas palavras da mulher antes de fechar os olhos.
Precipitadamente caminhou a passos largos ao gabinete de Victor, pois estava decidido a conta-lo sobre o envolvimento entre ele e a estagiária. Exigiria o término entre eles e pediria o afastamento do colega para outra comarca. Na verdade nem se importava com ele, só queria que desaparecesse.
não pensava direito, mas queria resolver seu relacionamento. Amava Ana, tudo o que ela tinha feito em sua vida e a queria só para ele. E ela seria só dele e de ninguém mais.
Sequer anunciou sua chegada no gabinete de Victor que tinha Ana acalentada em seu abraço. Uma renovação de ódio pulsava em suas veias.
- Eu já imaginava que você viria aqui, . – Victor não deixou que o outro começasse. – Eu deveria ter falado com você sobre a Ana, mas não achei muito necessário já que ela me deixou bem claro que não há mais nada entre vocês.
surpreendeu-se. Então ela havia contado do envolvimento deles? “Que filha da puta!”
- Como assim? – fingiu não saber sobre o que falava.
- Você sabe, . Você e Ana tiveram um caso no passado, ela me contou. Se você queria vir para me alertar de algo, Ana disse que você poderia vir aqui para isso, não precisa se preocupar, eu já sei de tudo.
meneou a cabeça mostrando um meio sorriso abafado.
- Ela também contou que minutos atrás estava no meu gabinete sugerindo que continuássemos o nosso caso? Um caso que nunca acabou?
Victor encarava não acreditando em nenhuma palavra dita pelo homem. Ana tinha sido honesta com ele todo o tempo, contou que tinha se envolvido com por uns meses, mas que ela decidiu interromper por estar apaixonada por ele e não queria mais atrapalhar um relacionamento de anos, como o de e Sara.
Desde então havia se tornado um perseguidor, e embora tenha tentado conversar com o coordenador de estágio sobre a possibilidade de trocar o seu mentor, sempre havia a recusa, pois exigia Ana como sua estagiária e todos o temiam.
Ana até mesmo passou a vestir roupas mais discretas para não chamar a atenção de , que sempre olhava com olhos desejosos quando ela se aproximava. Ademais, buscava sempre sair um pouco mais cedo do estágio para não correr o risco de chama-la para algo mais íntimo em seu gabinete após o expediente. Toda a precaução era necessária.
- Não fala besteiras, . E sério mesmo, se sua intenção for difamar minha noiva eu prefiro que você se retire. – Victor pediu.
- Calma, quem está brigando aqui, Victor? – mudou o tom de voz para um irônico e sentou-se frente a mesa do outro, cruzando as mãos por sobre a barriga. – Onde você esteve ontem às sete da noite, Ana?
A pergunta pegou a mulher de surpresa.
- Na minha casa, óbvio. – respondeu apressada.
- Tem certeza? – mantinha o mesmo tom, ela deu de ombros, nervosa como nunca havia visto. – Eu acho que não, Ana.
retirou seu celular do bolso e buscou as imagens da noite anterior. Nem se envergonhou em mostrar o vídeo intimo para o colega, enojá-lo fazia parte do grande show.
- Isso é uma total mentira, Victor. Está claro que não sou eu ai – Ana desesperou-se – Você não se conforma por eu ter te deixado e está impedindo de eu seguir a minha vida, eu te odeio , como te odeio. Por favor, amor, não acredita nele, esse vídeo é uma montagem. – implorou para Victor.
sorria, Victor não sabia muito o que fazer.
- É claro que é montagem! Você é um perseguidor filha da puta que não sabe perder. Só pensa no seu umbigo e eu tenho nojo e ódio de você. – Ana não conseguia formular uma frase direito em sua mente, somente queria que Victor acreditasse nela, embora fosse tudo verdade.
- Nojo, Ana? – levantou. O olhar duro retornou. – Então você não me ama?
Era uma voz psicótica, de alguém que não estava em seu estado normal.
- Nunca te amei. – ela respondeu encarando-o.
avistou uma embalagem na mesa de Victor. Sabia que eram provas de delitos anteriores e a sentir pelo modelo do pacote sabia que ali tinha uma arma. Ele a pegou.
Assim que avistaram a arma, Ana e Victor temeram por suas vidas. Ela gritou.
- Por favor, , solta isso. – Victor elevou as mãos, e Ana ficou atrás dele, os corações estavam a ponto de saltar pela boca.
- Você não me ama, Ana? – questionou mais uma vez, seus olhos eram duros, ameaçadores e não tinha como não ter medo. – Responde, caralho!
empurrou Victor tirando Ana da proteção dele.
- Para com isso, . Você sabe o que sinto. – ela respondeu.
- E por que você não fala para ele? Você sabe que não vão se casar, eu te falei para terminar essa droga de noivado. Então fala logo pra ele.
Ana espantada virou-se para Victor que agora tinha a arma apontada em direção a sua cabeça.
- Eu não posso noivar com você, Victor. Eu sou do . – Ana tinha a voz trêmula já embargada pelas lágrimas.
- E o que mais?
distraiu-se por um segundo esperando a resposta de que Ana o amava. Victor viu a oportunidade de retirar o disparate da mão de , que assustado com o ataque repentino atirou.
Ana foi ao chão imediatamente.
-Não! – um grito gutural foi ouvido de que imediatamente aproximou-se da mulher estendida ao chão, o tiro havia atingido o peito. – Me perdoa, Ana. Eu não quis!
O homem tentou estancar o sangramento pressionando o peito da mulher. Victor já tinha corrido, talvez tenha ido buscar reforços.
- Fica comigo, Ana. Me perdoa – ele repetia a frase incansavelmente. – Eu amo você, por favor, não me deixa.
- Nem sua e de ninguém mais. – foram as últimas palavras da mulher antes de fechar os olhos.
IX. Três meses atrás
“O promotor , foi condenado pelo júri popular há 30 anos e oito meses de prisão pelo assassinato da estudante de direito Ana Veloso. O homicídio ocorreu há pouco mais de seis meses, após uma crise de ciúmes do promotor que, casado, mantinha um relacionamento extraconjugal com a estagiária da promotoria.
A estudante estava a dias do noivado com o também promotor, Victor Andrade, motivo do ciúme do funcionário público condenado. As imagens do circuito interno mostram o momento exato do disparo da arma de fogo.
ficará em cela especial conferida aos membros da justiça, mas perderá o cargo público.”
Aquela foi a última chamada na TV que ouviu antes de ser trancafiado em sua “cela especial”.
- Quem muito quer, fica sem nada, Doutor – frisou o carcereiro. – Valeu a pena? Não né? Como pode um homem bem resolvido, com uma carreira promissora e um casamento com uma mulher linda deixar-se levar dessa forma pelos desejos da carne? – o homem falava para si mesmo e não ouvia qualquer resposta de que aceitava o julgamento, dentre tantos que já havia ouvido. – Mas é como ouvi na igreja um dia, uma frase que me marcou muito até: “A luxúria deste mundo é curta, mas a punição para quem segue é infinita”. Você vai pagar pela sua gula, doutor.
Os primeiros dias não foram fáceis. Era estranho não poder sair daquele lugar e conversar com alguém e não ter um café sempre fresco a sua espera. Quando interagia com os demais detentos, pelo menos com os que não queriam mata-lo, o assunto sempre pairava sobre as penas de cada um, pois daquele assunto entendia bem.
Vez ou outra os detentos conversavam sobre mulheres, assunto que sempre se esquivava, afinal, estava ali por causa de uma.
Na segunda semana de cárcere, um tabelião do cartório de Registros Públicos apareceu na cela de pedindo-o que lesse a escritura de divórcio e a assinasse. Sara não falava com ele desde a sua prisão, ocorrida no mesmo dia do ato, e ele entendia e dava razão a todo e qualquer ato negativo vindo dela.
Escreveu para Sara da prisão. Pediu desculpas por tudo, principalmente por tê-la exposto daquela forma, e aguardava qualquer decisão dela. Ali, com o tabelião estava sua resposta. Não a culpava.
A estudante estava a dias do noivado com o também promotor, Victor Andrade, motivo do ciúme do funcionário público condenado. As imagens do circuito interno mostram o momento exato do disparo da arma de fogo.
ficará em cela especial conferida aos membros da justiça, mas perderá o cargo público.”
Aquela foi a última chamada na TV que ouviu antes de ser trancafiado em sua “cela especial”.
- Quem muito quer, fica sem nada, Doutor – frisou o carcereiro. – Valeu a pena? Não né? Como pode um homem bem resolvido, com uma carreira promissora e um casamento com uma mulher linda deixar-se levar dessa forma pelos desejos da carne? – o homem falava para si mesmo e não ouvia qualquer resposta de que aceitava o julgamento, dentre tantos que já havia ouvido. – Mas é como ouvi na igreja um dia, uma frase que me marcou muito até: “A luxúria deste mundo é curta, mas a punição para quem segue é infinita”. Você vai pagar pela sua gula, doutor.
Os primeiros dias não foram fáceis. Era estranho não poder sair daquele lugar e conversar com alguém e não ter um café sempre fresco a sua espera. Quando interagia com os demais detentos, pelo menos com os que não queriam mata-lo, o assunto sempre pairava sobre as penas de cada um, pois daquele assunto entendia bem.
Vez ou outra os detentos conversavam sobre mulheres, assunto que sempre se esquivava, afinal, estava ali por causa de uma.
Na segunda semana de cárcere, um tabelião do cartório de Registros Públicos apareceu na cela de pedindo-o que lesse a escritura de divórcio e a assinasse. Sara não falava com ele desde a sua prisão, ocorrida no mesmo dia do ato, e ele entendia e dava razão a todo e qualquer ato negativo vindo dela.
Escreveu para Sara da prisão. Pediu desculpas por tudo, principalmente por tê-la exposto daquela forma, e aguardava qualquer decisão dela. Ali, com o tabelião estava sua resposta. Não a culpava.
X. Hoje
havia cansado de pensar sobre as razões pelas quais estava ali. Sempre soube que o amor edificava, mas que também destruía.
Apaixonar-se por Ana e ceder aos seus encantos foi o seu primeiro erro. O segundo foi deixar-se cegar por suas manipulações, pois aquela filha da puta nunca o amou. O terceiro foi matá-la, ainda que sem querer, mas agora já era, estava feito, e como vinha gostando de frases feitas, uma que leu em um livro de Eça de Queiroz resumia sua jornada nos próximos anos:
“Não há nada novo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe mais se pena. E o justo como o perverso, nascidos do pó, em pó se tornam.”
Apaixonar-se por Ana e ceder aos seus encantos foi o seu primeiro erro. O segundo foi deixar-se cegar por suas manipulações, pois aquela filha da puta nunca o amou. O terceiro foi matá-la, ainda que sem querer, mas agora já era, estava feito, e como vinha gostando de frases feitas, uma que leu em um livro de Eça de Queiroz resumia sua jornada nos próximos anos:
“Não há nada novo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe mais se pena. E o justo como o perverso, nascidos do pó, em pó se tornam.”
Fim!
Nota da autora: Eita! Você acreditaria que escrevi essa estória em menos de vinte e quatro horas? Comecei numa noite e terminei em outra. Tinha pensado em um milhão de enredos, mas nada me agradava, até que terminei a sétima temporada do meu seriado favorito (Suits) e estava completamente envolvida com a rotina de um tribunal/escritório. Eu não queria também um final feliz, quase todas as minhas estórias têm um final feliz e dessa vez quis fazer algo completamente diferente. Eu também quis apresentar os personagens bem defeituosos, e não sei – realmente não sei – se simpatizo com algum deles. O pp tem lá uma controvérsia no meu coração – só por causa da minha inspiração para o personagem que amo demais (e não, não é o Mike/Patrick). Também não quis colocar a pp interativa, normalmente você lê com você mesma, e acho que a pp não é lá uma pessoa que você gostaria de ser, né? haha. Bom, não sei o que vocês vão achar dessa short, mas eu acho que foi a que mais gostei de escrever. Ah, espero que você tenha tido boas festas, e que o seu 2018 seja muito próspero! Por fim, se não for te incomodar muito, me deixa um comentariozinho, até mesmo pra dizer que odiou, rs. Beeeeijo <3
Outras Fanfics:
02. Pillowtalk (Ficstape #050: Zayn – Mind Of Mine)
07. Holding on for life (Ficstape #061: Ellie Golding – Delirium (continuação 02. Pillowtalk)
03. Keep on dancin’ (Ficstape #061 – Ellie Golding – Delirium)
09. Foward (Ficstape #064 – Beyoncé – Lemonade)
A Fotografia (Restritas - Outros/Shortfics)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Outras Fanfics:
02. Pillowtalk (Ficstape #050: Zayn – Mind Of Mine)
07. Holding on for life (Ficstape #061: Ellie Golding – Delirium (continuação 02. Pillowtalk)
03. Keep on dancin’ (Ficstape #061 – Ellie Golding – Delirium)
09. Foward (Ficstape #064 – Beyoncé – Lemonade)
A Fotografia (Restritas - Outros/Shortfics)
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