Capítulo Único
- Ele fez de novo, não foi?
5, 4, 3, 2, 1.
O relógio marcava exatamente três da tarde e corria pela casa, tentando deixar tudo perfeito para o aniversário de sua filha Margaret, que completava seis anos. Era uma tarde ensolarada de abril, as flores desabrochavam pelo jardim e tudo parecia estar perfeito para que os convidados chegassem. Sua mania de perfeição ordenava que ela arrumasse tudo repetidas vezes, sem deixar um copo ou talher fora do lugar.
- Tudo pronto, querida? – perguntou enquanto lhe dava um beijo caloroso na bochecha.
- Aparentemente, sim.
- Tudo está tão lindo, você sempre sabe como dar vida a um lugar!
- Não exagere, . – ela sorriu enquanto ele segurava sua mão – Só quero que minha princesa tenha um aniversário perfeito.
depositou um leve beijo nos lábios dela e caminhou até o interior da grande casa colonial em que os dois moravam.
, já pronta em seu vestido que custava mais que muita gente ganha em um ano, serviu-se de uma taça de água enquanto sentava na cadeira e observava com satisfação o bom trabalho que havia feito.
Em outra vida, uma vida bem distante, ela havia sido uma das organizadora de eventos mais requisitadas da cidade. Fez desde casamento de pessoas famosas até jantares beneficentes de grandes empresas, tudo sempre impecável em cada detalhe. Mas quando conheceu , suas prioridades acabaram mudando e acabou adaptando-se para outro estilo de vida. Eles, loucamente apaixonados, casaram-se após dois anos de namoro e um de noivado. Desde o momento em que foram morar juntos, sempre insistiu que seu trabalho era suficiente para sustentar os dois, mas ela sempre amou o que fazia e tinha pouco interese em ser uma dona de casa de subúrbio. Mas tudo mudou quando chegou, dando um sentido inteiramente novo a vida da mulher. Ela jamais voltou ao emprego e dedicou sem porcento dos seus dias a cuidar e amar aquele serzinho que havia saído de dentro dela, fruto do amor mais belo e intenso que já havia vivido. Ela tocou sua barriga com carinho ao se lembrar de todos esses momentos e no quanto ansiava viver tudo aquilo novamente, no quanto era difícil esconder de que logo eles trariam outro pequeno milagre ao mundo, juntos. Sempre juntos.
- Foi apenas um acidente, doutora. Não se preocupe, meu braço estará bem em alguns dias e eu tentarei ser mais atenta aos brinquedos de espalhados pelo chão.
brincava com os amigos da escola, sorridente, correndo de canto a canto do grande jardim. Enquanto isso, e davam risadas com os outros pais, cada um contando vantagem sobre seu alto padrão de vida e filhos perfeitos. , como sempre, deixava sua mão na cintura da esposa, hora ou outra depositando um beijo carinhoso no seu rosto ou acariciando os longos cabelos dela.
Os dois eram um casal modelo para qualquer um que os conhecessem. Mesmo após doze anos, os dois continuavam profundamente apaixonados, ainda tinham o mesmo fogo que adolescentes tem em seu primeiro amor. Olhavam um para o outro como se aquilo fosse o ápice de suas vida. E de fato, para eles, era.
De repente, ouviram um grito distante e todos se viraram para olhar rapidamente. estava no chão, cercada de vários dos amiguinhos que a olhavam preocupada.
- ? – agachou-se ao lado da filha e acariciou seu rosto, tentando entender o que havia de errado, mas a filha apenas chorava. – Alguém viu o que aconteceu?
- Ela tentou subir na árvore. – uma das meninas cochichou, escondendo-se atrás da mãe.
- Pegue o carro, , vamos levá-la ao hospital. – disse com pressa enquanto pegava a filha no colo, notando que ela segurava o braço com força.
- Não se preocupe, , eu tomo conta de tudo aqui e mando todos para casa. Por favor, me dê notícias mais tarde. – Sammy, sua melhor amiga, disse com pressa enquanto acompanhava os passos rápido da mulher.
agradeceu com um murmúrio e correu para dentro da casa, pegando rapidamente os documentos da filha antes de rumar até o carro, onde já a esperava. Ela entrou no banco de trás com e segurou-a firmemente em seu colo.
- Você deveria prestar mais atenção nela. – murmurou em um tom raivoso.
- Eu estava fazendo exatamente o mesmo que você! – ela disse, ofendida.
- Bom, eu não sou a mãe dela, certo?
- E você é o pai dela, devia prestar atenção tanto quanto eu.
- Não fale assim comigo, .
- Assim como? – perguntou com raiva e automaticamente já se arrependendo.
- Conversamos mais tarde sobre isso.
- Ele não fez por mal, entenda. Às vezes eu sou muito difícil de lidar, alem do que, ele sempre está estressado com o trabalho e tudo mais, aí chega em casa e eu o estresso mais ainda. Ele é um bom homem, ele me ama e eu o amo. Além do mais, ele é um pai maravilhoso para .
- , você precisa ir embora. Você precisa de um plano de fuga, alguma carta na manga caso a situação piore. Não só por você, mas por sua filha também. Você quer que ela cresça sem uma mãe? Porque é isso que irá acontecer se você não for. O seu olho já mal se abre, seu braço está quebrado. Ele vai matar você. Você precisa ir embora.
havia quebrado o braço devido a queda. Saiu do hospital com uma grande tala e gesso no braço, um pirulito e algumas prescrições de remédios infantis para dor. não falava uma palavra em todo o percurso e já começava a respirar com dificuldade, com medo de ficar sozinha com ele. Ela sabia muito bem que brigariam feio e que tudo isso estragaria seus planos de contar sobre a gravidez.
Ao chegarem em casa, ele bateu a porta com força e rumou direto para o quarto dos dois. A mulher fez algo para que eles comessem, apesar de que ela não conseguiria ingerir nada sem vomitar devido ao nervosismo, medicou e após a garota comer um pouco, colocou-a na cama.
Ela caminhou até a porta do próprio quarto e a encarou com medo. Sabia que uma vez que a abrisse, não teria volta, a briga começaria de verdade. Respirou fundo algumas vezes antes de entrar no quarto, já se encolhendo por reflexo.
estava sentado na cama, olhando para a parede, as mãos casualmente sobre seu colo. Esperando por ela.
- , eu...
- Como você ousa falar daquela forma comigo na frente da nossa filha, ? Você perdeu a noção da realidade?
- Eu sinto muito, eu estava nervosa porque a estava machucada, eu não pensei direito, eu...
- É muito fácil dizer que sente muito agora, não é? Você não pensou nisso quando me tratou igual merda! – ele gritou se levantando e agarrando ela pelo braço, jogando-a no chão com um movimento rápido – Eu faço de tudo por você, por essa casa, pela , e o que eu recebo em troca? Uma desgraçada que não sabe ser grata, que ignora todos os meus esforços e ainda me trata igual um cachorro! Eu não mereço isso, ! – ele gritava, com lágrima nos olhos.
- Por favor, você vai acordar a...
- Ah, agora você se importa com gritos perto da nossa filha, é? – ele disse enquanto pegava um dos vasos em cima da cômoda e atirava no chão, fazendo-o se estilhaçar em um milhão de pedaços.
- Por favor, , por favor, eu sinto muito. – ela murmurava, se encolhendo em tentativa de transformar seus braços e pernas em uma concha para o resto do corpo.
- Cala a boca, sua vadia! Eu cansei das suas desculpas, cansei de você fazendo isso comigo dia após dia! Eu abri mão de tudo por você, da minha vida inteira, por você e pela ! – ele andou em direção a ela e deu um forte chute no seu peito, fazendo-a gritar de dor e se encolher ainda mais – Achei que você não quisesse acordar a , não? - ele disse antes de dar outro chute, dessa vez no rosto da mulher, que chorava. Sua boca começou a sangrar instantaneamente e ela tentou se levantar, cuspindo um pouco de sangue no chão – Não, quero você no chão, é onde você merece estar.
Ele empurrou-a de novo de volta ao chão e segurou-a com força pelos cabelos, jogando-a do outro lado do cômodo. colocou os braços ao redor da barriga, a única coisa que conseguia pensar era em seu filho. Ela não poderia deixar ele machucá-lo, não importa o que acontesse com ela, seu filho ainda nem nascido não poderia pagar pelos erros dela. Imersa em suas lágrimas e na dor insportável em seu peito e rosto, não percebeu quando ele pegou a arma na gaveta, apenas quando ouviu o barulho dela sendo destravada.
- Eu tenho nojo de você. Eu te dei tudo, te transformei numa mulher e você sequer consegue me tratar minimamente bem. – ele disse caminhando até ela, apontando a arma enquanto gritava – Você não me merece.
- Eu sei, eu não mereço, por favor, , por favor...
- Cala a boca! – ele disse e chutou-a novamente, com força, na barriga. berrou o mais alto que pôde – Quero que você apodreça no inferno, onde é seu lugar, sua vadia desgraçada.
- EU ESTOU GRÁVIDA! – ela gritou antes que ele atingisse ela com outro chute – Eu estou grávida, .
- Você está mentindo. Sua mentirosa, você está mentindo pra mim de novo!
- Não, não! Os exames está na minha gaveta, por favor, veja. – o homem correu até a gaveta, atordoado, derrubando tudo pelo caminho. Pegou os exames e os observou, perplexo, até que começou a chorar de verdade – Nós vamos ter outro filho, . Por favor, não machuque ele. – ela disse passando a mão com delicadez sobre o lugar que ele havia machucado.
, atordoado e incrédulo, entregou-se as lágrimas enquanto sentava-se ao lado da amada e a abraçava com força contra seu corpo. , ainda sem reação, deixou seu corpo mole e sem força ser embalado pelo marido. Ele beijava a cabeça dela e acariciava seus cabelos, sussurrando palavras que pareciam distantes demais para os ouvidos dela.
Eu amo você. Me perdoe. Nós vamos ter um filho, ! Eu amo tanto, tanto você, me perdoe, eu perdi o controle, me perdoe...
Ela abriu os olhos e viu que ele havia largado a arma, que se encontrava no chão ao lado dos dois, serenamente abandonada.
- Ele vai matar você. Você precisa ir embora.
ouviu chorando no quarto ao lado. Sentia o coração do filho batendo dentro dela, sentia o medo ainda lhe sufocando a garganta mas acima disso, sentia mais amor pelos filhos do que por si própria naquele momento. E o medo não era por ela, era por eles. Ela não podia abandoná-los.
Com um movimento rápido, ela pegou a arma e encostou na cabeça dele, que olhou para ela chocado, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.
- , solte essa arma. – ele disse, tentando soar calmo.
- Você vai me machucar de novo. – ela gritou entre as lágrimas e sangue que escorria pela sua boca. Com certeza havia quebrado alguns dentes, de novo.
- ...
- Eu não vou deixar você machucar a mim ou aos meus filhos, eu nunca mais vou deixar você encostar em mim!
- Se você não soltar essa porra dessa arma agora, eu juro que vou matar você, eu juro que eu vou deixar você em pedaços, sua desgra...
E então, sem pensar mais nenhuma vez ela puxou o gatilho.
The gun is gone. And so am I. And here I go.
- Tudo pronto, querida? – perguntou enquanto lhe dava um beijo caloroso na bochecha.
- Aparentemente, sim.
- Tudo está tão lindo, você sempre sabe como dar vida a um lugar!
- Não exagere, . – ela sorriu enquanto ele segurava sua mão – Só quero que minha princesa tenha um aniversário perfeito.
depositou um leve beijo nos lábios dela e caminhou até o interior da grande casa colonial em que os dois moravam.
, já pronta em seu vestido que custava mais que muita gente ganha em um ano, serviu-se de uma taça de água enquanto sentava na cadeira e observava com satisfação o bom trabalho que havia feito.
Em outra vida, uma vida bem distante, ela havia sido uma das organizadora de eventos mais requisitadas da cidade. Fez desde casamento de pessoas famosas até jantares beneficentes de grandes empresas, tudo sempre impecável em cada detalhe. Mas quando conheceu , suas prioridades acabaram mudando e acabou adaptando-se para outro estilo de vida. Eles, loucamente apaixonados, casaram-se após dois anos de namoro e um de noivado. Desde o momento em que foram morar juntos, sempre insistiu que seu trabalho era suficiente para sustentar os dois, mas ela sempre amou o que fazia e tinha pouco interese em ser uma dona de casa de subúrbio. Mas tudo mudou quando chegou, dando um sentido inteiramente novo a vida da mulher. Ela jamais voltou ao emprego e dedicou sem porcento dos seus dias a cuidar e amar aquele serzinho que havia saído de dentro dela, fruto do amor mais belo e intenso que já havia vivido. Ela tocou sua barriga com carinho ao se lembrar de todos esses momentos e no quanto ansiava viver tudo aquilo novamente, no quanto era difícil esconder de que logo eles trariam outro pequeno milagre ao mundo, juntos. Sempre juntos.
- Foi apenas um acidente, doutora. Não se preocupe, meu braço estará bem em alguns dias e eu tentarei ser mais atenta aos brinquedos de espalhados pelo chão.
brincava com os amigos da escola, sorridente, correndo de canto a canto do grande jardim. Enquanto isso, e davam risadas com os outros pais, cada um contando vantagem sobre seu alto padrão de vida e filhos perfeitos. , como sempre, deixava sua mão na cintura da esposa, hora ou outra depositando um beijo carinhoso no seu rosto ou acariciando os longos cabelos dela.
Os dois eram um casal modelo para qualquer um que os conhecessem. Mesmo após doze anos, os dois continuavam profundamente apaixonados, ainda tinham o mesmo fogo que adolescentes tem em seu primeiro amor. Olhavam um para o outro como se aquilo fosse o ápice de suas vida. E de fato, para eles, era.
De repente, ouviram um grito distante e todos se viraram para olhar rapidamente. estava no chão, cercada de vários dos amiguinhos que a olhavam preocupada.
- ? – agachou-se ao lado da filha e acariciou seu rosto, tentando entender o que havia de errado, mas a filha apenas chorava. – Alguém viu o que aconteceu?
- Ela tentou subir na árvore. – uma das meninas cochichou, escondendo-se atrás da mãe.
- Pegue o carro, , vamos levá-la ao hospital. – disse com pressa enquanto pegava a filha no colo, notando que ela segurava o braço com força.
- Não se preocupe, , eu tomo conta de tudo aqui e mando todos para casa. Por favor, me dê notícias mais tarde. – Sammy, sua melhor amiga, disse com pressa enquanto acompanhava os passos rápido da mulher.
agradeceu com um murmúrio e correu para dentro da casa, pegando rapidamente os documentos da filha antes de rumar até o carro, onde já a esperava. Ela entrou no banco de trás com e segurou-a firmemente em seu colo.
- Você deveria prestar mais atenção nela. – murmurou em um tom raivoso.
- Eu estava fazendo exatamente o mesmo que você! – ela disse, ofendida.
- Bom, eu não sou a mãe dela, certo?
- E você é o pai dela, devia prestar atenção tanto quanto eu.
- Não fale assim comigo, .
- Assim como? – perguntou com raiva e automaticamente já se arrependendo.
- Conversamos mais tarde sobre isso.
- Ele não fez por mal, entenda. Às vezes eu sou muito difícil de lidar, alem do que, ele sempre está estressado com o trabalho e tudo mais, aí chega em casa e eu o estresso mais ainda. Ele é um bom homem, ele me ama e eu o amo. Além do mais, ele é um pai maravilhoso para .
- , você precisa ir embora. Você precisa de um plano de fuga, alguma carta na manga caso a situação piore. Não só por você, mas por sua filha também. Você quer que ela cresça sem uma mãe? Porque é isso que irá acontecer se você não for. O seu olho já mal se abre, seu braço está quebrado. Ele vai matar você. Você precisa ir embora.
havia quebrado o braço devido a queda. Saiu do hospital com uma grande tala e gesso no braço, um pirulito e algumas prescrições de remédios infantis para dor. não falava uma palavra em todo o percurso e já começava a respirar com dificuldade, com medo de ficar sozinha com ele. Ela sabia muito bem que brigariam feio e que tudo isso estragaria seus planos de contar sobre a gravidez.
Ao chegarem em casa, ele bateu a porta com força e rumou direto para o quarto dos dois. A mulher fez algo para que eles comessem, apesar de que ela não conseguiria ingerir nada sem vomitar devido ao nervosismo, medicou e após a garota comer um pouco, colocou-a na cama.
Ela caminhou até a porta do próprio quarto e a encarou com medo. Sabia que uma vez que a abrisse, não teria volta, a briga começaria de verdade. Respirou fundo algumas vezes antes de entrar no quarto, já se encolhendo por reflexo.
estava sentado na cama, olhando para a parede, as mãos casualmente sobre seu colo. Esperando por ela.
- , eu...
- Como você ousa falar daquela forma comigo na frente da nossa filha, ? Você perdeu a noção da realidade?
- Eu sinto muito, eu estava nervosa porque a estava machucada, eu não pensei direito, eu...
- É muito fácil dizer que sente muito agora, não é? Você não pensou nisso quando me tratou igual merda! – ele gritou se levantando e agarrando ela pelo braço, jogando-a no chão com um movimento rápido – Eu faço de tudo por você, por essa casa, pela , e o que eu recebo em troca? Uma desgraçada que não sabe ser grata, que ignora todos os meus esforços e ainda me trata igual um cachorro! Eu não mereço isso, ! – ele gritava, com lágrima nos olhos.
- Por favor, você vai acordar a...
- Ah, agora você se importa com gritos perto da nossa filha, é? – ele disse enquanto pegava um dos vasos em cima da cômoda e atirava no chão, fazendo-o se estilhaçar em um milhão de pedaços.
- Por favor, , por favor, eu sinto muito. – ela murmurava, se encolhendo em tentativa de transformar seus braços e pernas em uma concha para o resto do corpo.
- Cala a boca, sua vadia! Eu cansei das suas desculpas, cansei de você fazendo isso comigo dia após dia! Eu abri mão de tudo por você, da minha vida inteira, por você e pela ! – ele andou em direção a ela e deu um forte chute no seu peito, fazendo-a gritar de dor e se encolher ainda mais – Achei que você não quisesse acordar a , não? - ele disse antes de dar outro chute, dessa vez no rosto da mulher, que chorava. Sua boca começou a sangrar instantaneamente e ela tentou se levantar, cuspindo um pouco de sangue no chão – Não, quero você no chão, é onde você merece estar.
Ele empurrou-a de novo de volta ao chão e segurou-a com força pelos cabelos, jogando-a do outro lado do cômodo. colocou os braços ao redor da barriga, a única coisa que conseguia pensar era em seu filho. Ela não poderia deixar ele machucá-lo, não importa o que acontesse com ela, seu filho ainda nem nascido não poderia pagar pelos erros dela. Imersa em suas lágrimas e na dor insportável em seu peito e rosto, não percebeu quando ele pegou a arma na gaveta, apenas quando ouviu o barulho dela sendo destravada.
- Eu tenho nojo de você. Eu te dei tudo, te transformei numa mulher e você sequer consegue me tratar minimamente bem. – ele disse caminhando até ela, apontando a arma enquanto gritava – Você não me merece.
- Eu sei, eu não mereço, por favor, , por favor...
- Cala a boca! – ele disse e chutou-a novamente, com força, na barriga. berrou o mais alto que pôde – Quero que você apodreça no inferno, onde é seu lugar, sua vadia desgraçada.
- EU ESTOU GRÁVIDA! – ela gritou antes que ele atingisse ela com outro chute – Eu estou grávida, .
- Você está mentindo. Sua mentirosa, você está mentindo pra mim de novo!
- Não, não! Os exames está na minha gaveta, por favor, veja. – o homem correu até a gaveta, atordoado, derrubando tudo pelo caminho. Pegou os exames e os observou, perplexo, até que começou a chorar de verdade – Nós vamos ter outro filho, . Por favor, não machuque ele. – ela disse passando a mão com delicadez sobre o lugar que ele havia machucado.
, atordoado e incrédulo, entregou-se as lágrimas enquanto sentava-se ao lado da amada e a abraçava com força contra seu corpo. , ainda sem reação, deixou seu corpo mole e sem força ser embalado pelo marido. Ele beijava a cabeça dela e acariciava seus cabelos, sussurrando palavras que pareciam distantes demais para os ouvidos dela.
Eu amo você. Me perdoe. Nós vamos ter um filho, ! Eu amo tanto, tanto você, me perdoe, eu perdi o controle, me perdoe...
Ela abriu os olhos e viu que ele havia largado a arma, que se encontrava no chão ao lado dos dois, serenamente abandonada.
- Ele vai matar você. Você precisa ir embora.
ouviu chorando no quarto ao lado. Sentia o coração do filho batendo dentro dela, sentia o medo ainda lhe sufocando a garganta mas acima disso, sentia mais amor pelos filhos do que por si própria naquele momento. E o medo não era por ela, era por eles. Ela não podia abandoná-los.
Com um movimento rápido, ela pegou a arma e encostou na cabeça dele, que olhou para ela chocado, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.
- , solte essa arma. – ele disse, tentando soar calmo.
- Você vai me machucar de novo. – ela gritou entre as lágrimas e sangue que escorria pela sua boca. Com certeza havia quebrado alguns dentes, de novo.
- ...
- Eu não vou deixar você machucar a mim ou aos meus filhos, eu nunca mais vou deixar você encostar em mim!
- Se você não soltar essa porra dessa arma agora, eu juro que vou matar você, eu juro que eu vou deixar você em pedaços, sua desgra...
E então, sem pensar mais nenhuma vez ela puxou o gatilho.
FIM
Nota da autora: Essa história é uma das minhas masterpieces. Ela foi inspirada em uma série (maravilhosa, diga-se de passagem e fica a recomendação) chamada Big Little Lies, da HBO. É um tema pesado, mas gostei de escrevê-la e espero que tenham gostado de lê-la.
Querem falar comigo? Algum erro, comentário, elogio ou crítica? Podem me encontrar no meu Facebook e no meu email. xx
Outras Fanfics:
Falling For An Angel - Restritas/Bandas - McFLY/Em Andamento
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