10. Es Por Amor

Última atualização: 10/01/2018

Capítulo Único

1 ano, 365 dias de extensão do doutorado no Caribe. Quando aceitei, não imaginei que passaria tão lentamente. Eu estava sem sentir seu cheiro, tocá-la e beijá-la há exatamente 184 dias, 6 meses para ser mais exato. null passou suas férias comigo, o que diminuiu o tempo longe, teoricamente. Porém, não diminuiu a saudades e o nosso amor. Nunca tínhamos ficado tanto tempo separados, sempre foi eu e ela, nós dois juntos para enfrentar e conhecer o mundo.


Boa noite, senhores passageiros. Eu sou Juan Carlos, comandante do voo 6281 com destino à Londres, tempo estimado de voo: 10 horas.

Agora, só nos resta 10 horas. Mandei uma mensagem para ela avisando que estava embarcando, imediatamente recebi sua resposta “ok, meu amor, boa viagem! Estarei te esperando, como tenho feito nesse um ano. Logo, vamos estar juntos novamente e meu coração não ficará mais triste com a sua ausência. Te amo, meu null, s2!“ A única coisa que consegui fazer depois de ler, foi abrir um sorriso imenso. Desliguei o celular, encostei a cabeça no assento e foquei na paisagem da janela, tão natural quanto respirar, as lembranças invadiram meu pensamento.


Bournemouth - Inglaterra - Verão de 1997

null caminhava pela areia da praia recolhendo conchas, era sua atividade favorita do verão, mesmo com 8 anos, null já sabia o que queria ser quando crescer “Biólogo Marinho“. O mar lhe encantava, esperava ansiosamente o verão e os feriados chegarem para poder ficar na casa dos seus avós, que ficava na praia. Não entendia como as pessoas amavam Londres, ela era tão fria e cinzenta.
O garoto avistou uma concha cor de rosa fechada. null caminhou apressadamente pra poder pegar a concha, queria chegar antes da próxima onda. Quando foi abaixar para pegar a pequena concha, sentiu uma pancada na cabeça.

- Ai, cuidado, menino. - a pequena garota disse, enquanto levava uma mão à cabeça.
- Desculpa, não te vi - sorrindo - eu queria pegar essa conchinha antes da onda levar - apontando para o objeto.
- Eu também queria essa conchinha - sorrindo - E agora? - se abaixando e pegando a conchinha.
- Acho que você pode ficar com ela - fechado a mão da menina, que segurava a concha.
- Muito obrigada, eu coleciono conchinhas - sorrindo e guardando a concha na pequena bolsinha que carregava consigo - Agora eu preciso ir, minha mãe pediu para eu não ir tão longe. - olhando pra atrás, na direção de uma mulher que estava sentada afastada – Tchau, e obrigada novamente. - beijando o rosto do menino.

null não obteve reação e só viu a menina se afastar, a garota saltitava em direção à mulher, demonstrando estar feliz.


Londres - Novembro de 1997.

- Bom dia, professora Lisa, bom dia, classe - a diretora Margot entrou na sala, desprendendo atenção de todos que copiava o exercício da lousa - Gostaria de Apresentar a Srta. null null, ela irá fazer parte do quadro de alunos dessa instituição. - A senhora apontou para a pequena menina que sorria cabisbaixa.
- Bom Dia, Srta. null, seja bem vinda! - calmamente e sorrindo para jovem menina - Você pode se sentar ao lado do Sr. null - apontando para cadeira ao lado de null. – Classe, dê boas vindas à nova aluna.

Todos deram boas-vindas à aluna, quando a jovem sentou ao lado de null, rapidamente ele a reconheceu e disparou:

- Ei, eu te conheço. Você ficou com a minha conchinha cor de rosa - encarando a menina, a mesma parecia analisar null.
- Isso foi em Bournemouth? - curiosa, o garoto concordou com a cabeça e a menina então sorriu - Sim, sou eu mesma. Sou null null - estendendo a mão para o menino.
- null null - apertando a mão da menina.


null respirou fundo e olhou através da janela do avião. As estrelas brilhavam e a cidade ficava tão pequena, era possível ver a orla do Caribe e suas luzes iluminando a imensidão do mar cristalino. Ele e null sempre foram um casal marinho, sorriu ao fazer essa comparação. Mas, por mais bobo que fosse essa comparação, ela era real. null nasceu na cidade de Bournemouth e viveu lá até seus 8 anos, quando seu pai foi transferido para trabalhar em Londres, null sofreu muito com a mudança, ela já não tinha a liberdade de correr na praia todo dia à tarde, tomar banho de mar e ver o sol brilhar na imensidão do mar. Por confidência do destino, ambos acabaram na mesma sala de aula, e o amor pelo mar e a praia uniu ambos.


Casa dos null - Londres – 2001


- Vai, null, confessa que você está gostando dela - null gargalhava enquanto tentava fazer cócegas no amigo.
- Ai, Ai – rindo - Eu não sei do que você tá falando - tentando fugir da garota e se afastar das cócegas.
- Kate - séria - Você gosta dela? - sentando na ponta da cama de null.
- Eu não sei o que é gostar, mas acho que sim - confuso.
- E vocês se beijaram? - encarando null curiosamente.
- Foi só um selinho - rindo - agora vamos falar de você, pérola, você quer beijar o Otto? – sério.
- Não sei - dando os ombros - Na verdade, acho que tenho medo de errar e ele não gostar -escondendo sua cara na almofada.
- null, deixa de ser boba - arrancando a almofada da cara da amiga - É lógico que ele vai gostar - sorrindo pra menina, confortando ela sobre seus medos bobos.


Casa dos null - Londres – 2004


null escondia sua cara no travesseiro enquanto as lágrimas não paravam de cair, a música no fundo deixava tudo mais triste. As batidas na porta do seu quarto pareciam tão distantes quanto à voz que pedia para entrar. Ela só queria colocar aquele sentimento ruim pra fora. Ela sentiu um corpo se aproximar, sentar na beirada da cama e acariciar seus cabelos, ela simplesmente sabia que ele viria cuidar dela.

- Minha pérola, o que aconteceu? - sussurrando preocupado - O que ele fez pra você? - tentando controlar a raiva daquele sentimento ruim que estava sentindo.
- Ele me enganou, ele disse que gostava de mim - respirou fundo e se ajeitou na cama, podendo encarar os olhos preocupados de null - mas era tudo mentira - desabando de novo. null suspirou.
– Pequena, vem cá! - abraçando a garota e tentando lhe consolar – Como você descobriu isso? - acariciando seus cabelos.
- Ele ligou e disse que se confundiu em relação aos sentimentos dele. Ele simplesmente percebeu que ainda gosta dela, e não quer mais nada comigo.
- Não fica assim, ele não merece você. - afastou a menina do seu peito, de modo que poderia olhar ela no rosto - Outra, vai doer, mas não é o fim do mundo. Você vai encontrar alguém que te faça feliz, mas não precisa ser agora - piscando para a menina em cumplicidade.
- Você tá certo - limpando as lágrimas - Não vale à pena.


null teve seus pensamentos interrompidos quando a comissária de bordo lhe oferecia uma bebida.
Enquanto null tomava sua água, refletiu sobre a raiva que sentiu vendo null ter seu coração destruído e como doeu ver ela chorando por outro. Talvez o rapaz já possuía sentimentos pela menina, porém acreditava que era raiva de ver amiga sofrer.


Bournemouth - Inglaterra - Verão de 2006


O casal de amigos estava sentado na praia, encarando a imensidão do mar e curtindo o dia de Sol.

- Oceanografia - disse null, puxando atenção do rapaz para a mesma.
- Oi? O que tem oceanografia? - confuso, encarando a garota.
- Vou prestar vestibular pra Oceanografia - sorrindo.
- Você não ia fazer direito? – surpreso - O que te fez mudar?
- Simples, null! - desviando o olhar do mar, para encarar null - Eu só ia fazer direito porque meu pai quer. Eu sempre gostei do mar, sempre soube que meu lugar é perto dele – sorrindo. - Da mesma forma que você sempre soube que quer fazer biologia marinha.
- Verdade - rindo - se bem que meus pais sempre acreditaram que eu ia abandonar essa ideia e fazer algo mais produtivo - null se levantou e parou em frente à menina - Fico feliz com a sua decisão, vamos fazer faculdade juntos. Agora merecemos um banho de mar para comemorar - estendendo a mão para a menina.
- Você está certo - se levantando com ajuda do garoto - Isso precisa de um banho de mar - sorrindo - Quem chegar por último, paga o sorvete. - correndo em direção ao mar. null sorriu e correu atrás da garota.


Campos UCL - Londres - Agosto de 2008


- Estou tão nervosa, null - chamando atenção do garoto que tomava seu café.
- Fica calma, minha perola! Vai dar tudo certo - sorrindo e bebendo outro gole do seu café.
- Você fala isso porque é lindo e sempre se deu bem com todo mundo - aflita.
- Você precisa usar óculos e precisa urgentemente de um espelho - rindo - Agora, toma seu café logo para não nos atrasarmos pra aula.
- Ok, mas você vai comigo até a minha sala, e promete não me abandonar ou me trocar – sussurrando.
- Estamos juntos nessa - acariciando a mão da menina que estava sobre a mesa - Você vai ter que me aturar até eu ficar velhinho e necessitando de cuidados - sorrindo - Agora, você também não pode me abandonar ou me trocar por algum atleta.
- Deixa de ser besta, null - dando um tapa no braço do amigo, que quase derrubou seu café. O que levou ambos a rirem da situação - eu e você, sempre - sorrindo.


Blue Pub - Londres - Dezembro de 2009


Estavam todos comemorando o único do recesso de inverno. O bar quente fazia contraste com a fria Londres. Porém, não era capaz de aquecer o coração de null que tomava sua cerveja em um canto, lá estava ela com mais um coração partido. null se aproximou da amiga, sorrindo na tentativa de alegrar a mesma.

- Ei - alegremente - Cadê o seu sorriso, minha perola?! Já disse que não vale à pena ficar assim por macho - Se juntando à amiga e encarando aqueles olhos castanhos profundos.
- Fácil dizer isso, se você nunca teve o seu coração quebrado várias e várias vezes – ríspida.
- Nossa - surpreso - venho até aqui te animar e você me trata assim?! – Sério - Não ter tido um coração quebrado, não significa que eu não tenha um.
- Ah, null, me desculpa. Só tô cansada sabe?! Eu só queria encontrar um cara bacana - dando um gole em sua cerveja - Alguém para dividir momentos, para me acompanhar e crescer comigo. Será que é pedir demais? - desabafando - Não to nem pedindo que ele seja gostoso - sorrindo.
- Devo dizer que você já encontrou esse cara - se aproximando da mesma - Porém, você se recusa a enxergar que esse cara sou eu - colocando uma mecha do cabelo da garota para atrás da orelha.
- Aff, null - se afastando do garoto e lhe dando um tapa no braço - Para de fazer piada com assunto sério - terminando sua cerveja - Quer saber, eu vou dançar - caminhando em direção à pista de dança, deixando null sorrindo tristemente, enquanto terminava sua cerveja.


null encarou o relógio, ainda faltava tanto tempo para a viagem acabar. Encarou o céu e suspirou. Por um momento, se recordou da sensação que era ver null sofrendo por outros caras, como era doloroso ela não perceber o seu amor e simplesmente levar como uma brincadeira.
null se questionou desde quando gostava de null, talvez foi no ensino médio que os sentimentos mudaram, mas com certeza ficou mais forte na faculdade. null tentava se apaixonar por outras e esquecer esse amor não correspondido, mas no fim do dia, era com ela que ele estava. Da mesma forma que null teve seus rolos, só que era pra ele que ela voltava no final. Entretanto, foi difícil a garota perceber seus sentimentos e reconhecer os sentimentos do amigo.


Festa final do semestre UCL - Bournemouth – Junho de 2010


- Sorria, null - null gritava enquanto corria pela praia - A noite está tão linda, queria viver eternamente aqui - rodando de braços a aberto.
- Você vai ficar tonta, menina - rindo - para com isso, você tá me deixando tonto - tentando parar a menina.
- Roda comigo - puxando a mão do amigo - melhor, vamos dançar e celebrar essa noite – pulando.
- Você tá bêbada - seguindo null que o puxava em direção ao mar - sem chances, eu não vou entrar na água - puxando a mão da menina de volta.
- Poxa, null, só um mergulho - se aproximando do garoto - está quente - se abanando - você devia ser menos chato e mais feliz.
- Você quer dizer menos sóbrio e mais bêbado - gargalhando.
- Pode ser - chegando mais próximo dele e apertando suas bochechas.
- Você é uma piada - apertando o seu nariz.
- Eu sei, por isso só me envolvo com caras idiotas - suspirando e encarando os seus pés.
- Ei , não queria te deixar triste - levantando a cabeça da menina - você é maravilhosa e só não encontrou um cara bacana, ainda – tentando lhe consolar - Agora, cadê a minha null alegre? Que toma alguns drinks na festa da faculdade e já quer tomar banho de mar? - sorrindo para jovem, a garota lhe encarou por um momento antes de lhe agradecer com um sorriso.
- Eu acho que talvez eu tenha bebido demais, mas queria te dizer que você é um gato e estou muito a fim de te beijar agora - olhando nos olhos do amigo.
- null - suspirou - não faz isso comigo, você bebeu! Não é justo com você e comigo - mordendo os lábios inferiores.
- Só um beijo, null - se aproximando mais do garoto - amanhã eu não vou lembrar mesmo – acabando com o espaço que existia entre os dois.

null não conseguia explicar a sensação de sentimentos. Angustia, medo, felicidade, excitação pelo momento ou simplesmente era amor. Ele sabia que iria se arrepender disso no outro dia, null nunca demonstrou sentir nada mais que amizade, agora lá estava ela bêbada, pedindo um beijo, lhe roubando um beijo e null simplesmente retribuindo.
Ao encerrar o beijo, null lhe abriu um sorriso gigante, acariciou seus cabelos. A lua iluminava seu rosto e seu olhar, ele sabia que ela estava feliz. E no final, era o que importava, a felicidade dela.


Half Term (Semana do Saco Cheio) - Bournemouth – Outubro 2010


null caminhava pela praia à procura de null, ela tinha saído cedo da casa da sua avó. Avistou a mesma em pé, próximo à água, ela encarava o mar enquanto sorria ao sentir a água do mar tocar os seus pés.

- Ei, o que está fazendo - null disse se aproximando e chamando atenção da menina.
- Estou sentindo o mar, a natureza e esse sol maravilhoso - abrindo os braços e olhando para o sol. Eu me sinto tão viva, como se simplesmente tudo realmente tivesse um propósito e agora eu encontrei - juntando o braço ao seu corpo e encarando null.
- Existe momentos que descobrimos o sentido da vida e nosso propósito na Terra - sorrindo - Acho que entendo sua situação, mas me diga qual o motivo da sua felicidade.
- Não sei como te dizer isso - rindo - você não quer contar primeiro o que você precisava tanto conversar comigo? - desviando o seu olhar tímido para o mar.
- Pode ser - levantando os ombros - mas é que me sinto tão inseguro com a sua reação - apreensivo. null mordeu seus lábios inferiores e suspirou.
- E se falarmos juntos no três? - erguendo as sobrancelhas pro amigo, que concordou com um sorriso. - Então vamos lá! 1, 2 e 3. - null fechou os olhos e disparou - Eu gosto de você!
- Eu vou pedir Liza em namoro.

Ambos ficaram se encarando por um momento, null assustado e null constrangida.

- Como assim? - Disseram juntos.
- Me explica isso. Você gosta de mim? - null disse surpreso.
- Sim - suspirou - Eu não esqueci o nosso beijo, eu menti dizendo que não lembrava daquela noite, mas eu me lembro de tudo. E eu fiquei remoendo os meus sentimentos durante todo esse tempo, mas ontem, te vendo com Liza, eu percebi que eu estava tão incomodada porque eu queria estar no lugar dela - null vomitava todos os seus sentimentos, era possível ver a dor e o amor em seus olhos - E hoje eu acordei e vim refletir. Então, simplesmente tudo fez sentido. O sol, o mar, o céu, as chuvas de Londres e suas árvores verdes. Tudo brilha e é iluminado quando estou com você, mas sem você tudo é cinza e triste. - suspirou e voltou seu olhar para o mar.
- Ei, olha pra mim - tocando no cabelo da amiga - Eu não sei o que te dizer - sorriu francamente.
- Não precisa dizer, eu sei que mais uma vez eu me envolvi com o cara errado. Você gosta da Liza, vocês estão juntos e eu não quero atrapalhar vocês - suspirando novamente.
- Para e me escuta - encarando a menina - Eu sempre te amei e você nunca percebeu, eu sempre estive ao seu lado, e desejei com todas as minhas foças ouvir isso que você está me dizendo agora - sorrindo - Eu estou com Liza, porque ela uma menina bacana, eu tenho um carinho muito grande por ela e queria que desse certo com ela, por isso daria o passo de pedir ela em namoro. Mas, sinceramente não é junto com ela, comigo e com você - acariciando seu rosto. - Queria muito te beijar agora – suspirou - Mas, preciso me acertar com Liza, primeiro.

null lhe abraçou fortemente e aconchegou sua cabeça na curva do pescoço de null. Eles estavam juntos, juntos para o que der e vir, como amigo, cúmplices e agora, como homem e mulher. Entre o seu sorriso, null sussurrou.

- Estarei te esperando, meu null.
- Minha perola - beijando o topo de sua cabeça.


null suspirou e relembrou da sensação de ter null em seus braços. Desde aquele momento eles estavam juntos. null se encontrou com Liza, ele terminou aquilo que nem tinha começado. E null estava lhe esperando como tinha prometido.


Campos UCL - Londres – Maio 2011


- Prezados pais, alunos e mestres. Estamos aqui reunidos para a celebração e colação de grau das turmas de Biologia, Biologia Marinha, Ciências da Natureza e Oceanografia de 2011.

Enquanto a cerimonialista falava, null somente conseguia observar null sorrindo ao lado das suas colegas de classe, ela estava radiante. Em outubro completariam um ano de namoro, sem dúvidas o ano mais feliz de sua vida. Não poderia dizer que tudo foram flores, ocorreram brigas, normalmente por motivos bobos, mas nada que uma conversa e sexo de reconciliação não melhorassem. null sorriu com os seus pensamentos pervertidos, somente quando escutou o nome de null ser chamado, voltou para a realidade.

- Boa tarde a todos! Ensaiei meu discurso várias vezes, mas agora parece que ele não é tão bom o suficiente. Então gostaria de contar uma história. – Suspirou e sorriu nervosa. - Anos atrás, existia uma pequena garota nascida na cidade de Bournemouth, ela era tão feliz podendo correr todos os dias pela praia, caçar conchinhas e se divertir com a imensidão do mar. Um dia seus pais precisaram se mudar para Londres, a cobrança do mundo exigia isso. – null ajeitou seu cabelo e procurou null com o olhar. - A pequena não conseguia entender, e se viu tão perdida sem a imensidão do azul do mar. Londres, a sua garoa constante, os prédios e sua frieza, lhe assustavam. Entretanto, essa garota tinha um amigo, ele nasceu e foi criado nesse ambiente cinza, mas seu coração sempre pertenceu ao mar também. – null sorria, enquanto via sua menina mencionar sua história. - Em algumas datas comemorativas e férias, ele podia se juntar a sua paixão. Estar junto ao mar e natureza. A pequena garota sempre admirou o amor do menino pelo mar, sua capacidade de se manter apaixonado mesmo com a distância. Todos diziam que a menina deveria ser advogada como o pai, já o menino deveria cuidar da empresa da família – null soltou uma risada de leve, null era capaz de sentir os olhos de seus pais e dos pais de null sobre eles , afinal, ninguém nunca apoiou a ideia deles. - Porém, o casal de amigos se recusava aceitar ficar longe do mar, se recusava a viver em uma Londres fria e triste, eles precisavam estar na natureza, precisava do mar e do sol. Então, contra todos, eles tomaram uma decisão: simplesmente seguir seus sonhos e suas paixões. – null olhou a todos, respirou fundo e encarou a todos presentes. - Bom, na data de hoje, estamos celebrando esse amor pelo mar. A pequena garota está se formando em Oceanografia e o garoto em Biologia Marinha. - A jovem limpou as lágrimas que insistia em cair de seus olhos. - Eu só queria ressaltar o quanto devemos lutar e batalhar para os nossos sonhos e nossas paixões. Estamos encerrando esse ciclo com um livro aberto da vida, esse foi apenas o primeiro capítulo dessa nova fase. Como Chris Martin canta: “ninguém disse que era fácil... me leve de volta ao começo”, então nos momentos ruins devemos nos lembrar de como chegamos até aqui. Obrigada – null agradeceu e descendo do palco, encontrou null lhe esperando, ele sorria e abriu os braços para um abraço.
- Eu tenho muito orgulho de você, minha pérola, - abraçou fortemente a menina a sua frente -muito orgulho da mulher que você se tornou. - distribuindo beijos no seu rosto – Eu te amo – beijando nos lábios da garota.


Ilha de Míconos – Grecia – Julho de 2012


- Esse lugar é maravilhoso - null estava deslumbrada com a vista da pousada - Esse é o meu melhor presente - abraçando null.
- Fico feliz que você gostou - retribuindo o abraço - Confesso, que fiquei em dúvida com as praias - sorrindo.
- Você fez a escolha certa - beijando o namorado.


null fechou os olhos e sentiu seu coração apertar, como sentia falta do abraço e dos beijos de null. Só mais uma hora. Fechou os olhos e voltou a se lembrar da sua viagem para Grécia junto com a sua amada.


O casal estava sentado na areia encarando o mar enquanto conversava. null falava sobre seu mestrado e seus planos para o Doutorado. null só conseguia pensar no quanto amava e admirava aquela mulher. E o quanto seus olhos brilhavam ao falar do mar.

- null, você tá prestando atenção em mim? - null riu.
- Desculpa, me perdi na sua beleza - rindo.
- Sei - séria - Mas, então eu estou pensando em fazer uma tatuagem. O que você acha? - sorrindo desta vez.
- Eu acho bacana, mas tem ideia de alguma coisa?
- Poderia ser algo relacionado ao mar, como a sua! - Passando os dedos sobre braço do namorado, local que estava localizada a tatuagem de uma tartaruga marinha, null fez a tatuagem assim que entrou na faculdade, eternizando ainda mais o seu amor pelo mar. - Poderia ser uma estrela ou ondas do mar, não sei - dando os ombros.
- Você pode procurar imagens, têm várias estrelas, corais e até raia. Não sei qual vida marinha você quer tatuar - sorrindo.
- Não sei ainda, mas vou pensar em algo bacana. - nullolhou para o mar e suspirou. null sabia que ela não ia se aquietar, até decidir o que iria tatuar.
- Já sei - disse alterando a voz - vou fazer uma conchinha - alegremente - você poderia fazer uma também? - mordendo os lábios inferiores.
- Por que eu faria a tatuagem de uma concha do mar? - levantando as sobrancelhas surpreso.
- Não faz sentido pra você?! Faz todo o sentido pra mim, vai representar meu amor pelo mar, nossa amizade e nosso amor. - Chateada.
- Claro que faz sentido - sorrindo e acariciando o rosto da amada - Se não fizesse sentido, eu não te chamaria de Pérola - roubando um selinho - Minha pérola, minha preciosa – sorrindo.
- Não fala assim - rindo - eu me sinto o anel do Gollum.
- Minha preciosa - imitando o Gollum do Senhor dos Anéis. null ria enquanto null tentava beijar ela.


Bournemouth - Inglaterra - Verão de 2015


null estava ansioso, tinha a sensação que seu coração ia sair pela boca. Ele tentou se concentrar na sua respiração e manter a calma. Olhou ao redor e pode avistar os amigos da faculdade e do mestrado, do outro lado estava as colegas de trabalho de null. Próximo a ele estava sua família e a família de null.
A decoração Azul Celeste e Rosa chá, combinava com as velas que formava o corredor no qual null iria entrar em breve. Estava tudo tão lindo, o céu azul e laranjado do pôr do Sol, combinava com o contraste da areia e o mar cristalino. null quase perdeu o ar quando a música soou e null entrou caminhando graciosamente. Ela estava linda, usando um vestido branco rendado que ia até altura do joelho, seu buquê de flores possuía uma estrela marinha na ponta. Ele riu e pensou no quanto sua garota amava o mar. Ao ver ela tão próxima, ele conseguiu sussurra um:

- Você está linda.
- Estamos todos reunidos aqui para a celebração da união dos jovens null e null. - Disse o cerimonialista, chamando atenção de todos, inclusive de null, que parecia hipnotizado. - O amor é uma dádiva, poucos têm o prazer de vivenciar ele. Ele pode surgir nos momentos de dor e também de calmaria. Ele não tem pressa para florescer, ele sabe o momento certo. Como a onda do mar, ele pode ser forte, mas chegar de mansinho na areia da praia. Estamos reunidos para festejar e abençoar a união de mais um amor, que nasceu de uma amizade verdadeira. Podemos iniciar os votos - o cerimonialista olhou para o casal que concordou com um aceno.

null se posicionou frente a frente para null, suspirou e tentou sugar o ar que lhe faltava, estava tão nervoso.

- Não o sei se você sabe, mas “As ostras são animais (...) cuja concha é dividida em duas valvas que se unem através de um ligamento. São os únicos animais capazes de produzirem as pérolas (...) A produção da pérola pela ostra nada mais é do que um mecanismo de defesa do animal, quando ocorre a penetração de corpos estranhos, como grãos de areia, parasitas, pedaços de coral ou rocha, entre a concha e o manto”. - null sorria com aquela aula de biologia, somente null para falar de ostras no dia do casamento. - As conchas das ostras são admiradas quando encontradas juntas, material de coleção de muitas pessoas, inclusive seu - null sorriu ao apontar para a jovem. - Eu fiquei pensando em como poderia descrever o nosso amor, só consegui pensar em quanto talvez ele seja uma ostra - null fez uma careta, enquanto o resto do público soltou um suspiro. - A concha é o símbolo do nosso amor pelo mar e símbolo do início da nossa amizade, símbolo eternizado em nossas peles. Nós dois, juntos, cada um representando uma Valva da ostra, juntos formando uma bela concha, digna de ser admirada. E, quando algo abalar nosso amor, - null sussurrou um não, em protesto - as dificuldades e problemas que uma vida a dois pode causar, devemos absorver e transformar em algo tão belo, quanto a pérola de uma ostra. - null, secou a lágrima que caiu dos olhos de null. - É isso, eu te amo! - sorrindo.
- Ual – suspirou null - Meus votos são tão simples – rindo - não imaginava ter uma aula de biologia. – Todos, inclusive null riram da piada da garota - null, ainda me lembro do garoto tímido que conheci na praia, estava caçando conchinhas – riu. - Você me fez me sentir importante desde aquele dia, desde o momento que você abriu mão da conchinha para que eu pudesse ficar com ela. Isso e várias atitudes ao longo de nossas vidas me mostraram o quanto você é generoso, responsável, altruísta e humano – null, sentia o carinho e o amor da garota em suas palavras, como um filme, aqueles momentos que ela narrava se passava em sua cabeça - Não sei em qual momento nossa amizade se tornou amor, ou talvez sempre foi amor. Eu não sei mais o que dizer – riu – apenas que eu te amo! – Procurando a mão de null para segurar.


- Senhores passageiros, queiram se manter sentados e com cintos afivelados, vamos dar início ao pouso.


Aeroporto de Londres - Inglaterra - Novembro de 2016


- null, você vai ficar bem lá? – null encarava os olhos de null, o mesmo assentiu com a cabeça sorrindo – Qualquer coisa você liga, se sentir fome tem um aplicativo que você pode buscar receitas fáceis.
- Ei, você está parecendo minha mãe – rindo ao interromper o discurso de null – Fica tranquila, eu vou sobreviver – colocando uma mecha do cabelo da menina para trás – Só não sei se consigo lidar com a saudade – sorrindo tristemente.
- Eu me preocupo com você – sorrindo para o garoto - Quanto à saudade, vamos dar um jeito, existe internet para isso – tentando confortá-lo – E outra, logo eu vou te visitar! – apertando a bochecha de null.
- Eu sei, mas até lá vou sentir sua falta – abraçando a garota fortemente, null retribuiu. Ninguém era capaz de admitir, mas o coração estava sendo partindo em dois com aquela separação.
- Agora vai lá, vai descobrir o mundo e o que ele reserva para você. Vai se tornar Doutor – beijando o marido – Se cuida e não esquece que eu te amo - encarando seus olhos.
- Obrigado, minha pérola, obrigado por tudo! Eu te amo – null beijou os lábios da amada mais uma vez, então caminhou para o portão de embarque. Destino ao Caribe, 1 ano para a conclusão do seu Doutorado na reprodução de vidas marítimas em extinção.


Casa Provisória de null - Praia Caribe – Abril de 2017


null não parava de abraçar a esposa, ela estava de férias com ele no Caribe. null estava radiante e o sorriso de null não conseguia expressar sua felicidade. Eles estavam juntos novamente.

- null, deixa eu terminar de cozinhar – tentando se soltar do marido, que lhe abraçava por trás, enquanto a mesma cortava batatas na pia. - Eu vou queimar a carne e não vamos conseguir jantar – rindo.
- Eu não ligo para a janta, eu só quero ficar com você! – abraçando ainda mais a garota e dando pequenos beijos em seu pescoço.
- Que desfeita com a minha comida – rindo e largando a faca e as batatas - Você tinha que ter mais consideração comigo, eu vim de tão longe – se virando para encarar o marido, que agora lhe prensava ainda mais sobre a pia.
- Eu me importo muito com você, por isso quero curtir cada momento ao seu lado – roubando um beijo da garota, que retribuiu. Era um beijo urgente e de saudade, as mãos de null percorria todo o corpo de null, a mesma suspirava entre os beijos. Ambos estavam morrendo de saudade um do outro. Saudade do toque, do calor, do cheiro, saudade da presença.

null segurou a garota pelas coxas, forçando a mesma a subir em seu colo e abraçar a cintura do rapaz com as pernas. null, puxava o cabelo de null, forçando sua cabeça para trás, enquanto distribuía beijos pelo seu pescoço.

- Deixa, eu apagar o fogo da carne – null, conseguiu tomar fôlego e dizer entre os beijos - Ai podemos continuar tranquilamente – mordendo os lábios inferiores.
- Ok, sem problemas – levando a garota no colo em direção ao fogão – Agora, posso matar minha saudade de você – sorrindo.
- Claro, meu amor – beijando o rapaz calmamente.


null caminhava apressadamente entre as pessoas, poderiam jurar que ele era um louco andando tão rápido com aquele carrinho de bagagem, mas ele precisava ver ela. Precisava sentir seu toque e seus braços novamente. Seu coração ainda estava dividido, mesmo estando tão próximo. Ao ver o céu no momento do pouso, ele sabia que Londres estava tão cinza quanto o seu coração. Ao atravessar o portão de desembarque, ele pode avistá-la. Ela estava linda, sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas. Sua null, sua esposa, amiga e confidente. Ao se aproximar dela, parecia que o ar estava lhe faltando, sua mão estava suando, reações incomuns, mas que faziam sentido ao lado dela.
null abriu os braços e correu ao seu encontro, o abraço não foi forte, mas foi o suficiente para quebrar a distância dos corpos de ambos.

- Meu Deus, como eu senti sua falta – null beijava toda a extensão do rosto de null, a mesma sorria e acariciava o cabelo do amado – Eu te amo tanto, nunca mais me deixe fazer essa loucura - rindo ao beijar ela nos lábios.
- Nós sentimos sua falta também – null, então desviou sua mão dos cabelos de null e pousou na sua barriga de aproximadamente 6 meses. - Na próxima vez, vamos estar ao seu lado – sorrindo e deixando as lágrimas cair dos seus olhos.

null desviou sua atenção para a barriga de null, ele acariciou todo seu contorno.

- Pérola, papai está em casa – beijando carinhosamente - Vamos ficar juntos para sempre minha filha.

No caminho volta ao lar, null alternava sua atenção entre a estrada e a voz da null que contava cada detalhe sobre o trabalho e os preparativos para a chegada de Pérola, a filha de ambos. null descobriu estar grávida logo após voltar de suas férias no Caribe, null quis largar tudo no momento que teve a notícia, mas null assegurou que era capaz de aguentar mais esses seis meses longe.
Ao observar o céu, agora azul e com o sol brilhando, null só conseguiu pensar no quanto amava a sua família, o quanto estava completo e feliz.

“Es por tu amor que brilla el sol y por seguir tu corazón llegaras a donde quieras”.




Fim



Nota da autora: UAAAL, achei que não ia sair essa fanfic. Espero que tenham gostado, eu amei escrever ela, apesar da loucura que foi conciliar trabalho, pós e escrever. Sempre pensei em Es por Amor como uma música para ouvir dirigindo o carro, sentindo a natureza ou olhando para o mar e vendo como a vida pode ser maravilhosa. As informações de biologia Marinha eu retirei do nosso amado e colega GOOGLE, peço desculpa se falei alguma bobagem rs. Acho que é isso!! Não se esqueçam de comentar.



Outras Fanfics:
Obliviate – Mcfly / Em Andamento.

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