Capítulo Único
“E hoje estou aqui
Só pra te cobrar
O que você disse
Que iria ser pra sempre
Mas não foi assim
Agora o que me resta
Escrever nessa carta
Pra lembrar, pra lembrar…”
Só pra te cobrar
O que você disse
Que iria ser pra sempre
Mas não foi assim
Agora o que me resta
Escrever nessa carta
Pra lembrar, pra lembrar…”
Essa era a décima quinta carta que eu escrevia após aquele fatídico dia, uma carta por mês, e cada uma delas contava sobre todas coisas que ele estava perdendo aqui na terra ou até mesmo no espaço, fazia exatos quinze meses, 456 dias que o amor da minha vida, , havia desaparecido sem deixar rastro algum, ninguém sabia se ele havia se perdido no espaço, se estava morto, ou algo do tipo, eram 456 dias de angústia, esperança ou qualquer outra coisa que fosse que o pudesse trazer para casa novamente.
A única coisa concreta que eu ainda tinha dele estava dormindo em um pequeno berço ao lado da minha cama, ela tinha os olhos dele e atendia pelo nome de , nossa doce , o resto eram só lembranças, lembranças que eu sempre gostava de reviver, lembranças que eu guardaria para sempre através das cartas, as minhas cartas para .
18 MESES ANTES
A preparação para voltar a terra estava iniciada, não podia negar que a ansiedade corria pelas minhas veias, sentir a ação da gravidade era algo que eu sentia muita falta, além de poder andar ao ar livre, sentir o vento e chuva tocar o rosto e todas essas coisas, além de que, estando na terra eu poderia curtir o verão, minha estação favorita, e dessa vez o curtiria com , em nossas merecidas férias, era só o que eu mais precisava, e o que eu esperava, o que eu queria.
Claro que estar na estação espacial era um sonho, sempre sonhei com isso, desde pequena montava e desmontava os brinquedos dos meus irmãos, carrinhos, caminhões, foguetes, tudo o que eu podia desmontar e remontar do meu jeito eu mexia, e foi exatamente por isso que acabei fazendo engenharia no MIT e mestrado na mesma instituição, e foi lá, trabalhando para um laboratório de construções espaciais que fui convidada para ir para a estação espacial internacional e aqui estou há exatos 9 meses. Nessa missão conheci muitos amigos, que levarei para o resto da vida, mas além de realizar o meu sonho, foi aqui também que conheci o amor da minha vida, Trorin . A nossa conexão foi imediata, a gente se dava bem o tempo toda, e em menos de um mês acabamos nos envolvendo, fomos o primeiro casal a ser formado numa estação espacial, e para mim, não havia lugar melhor do que aquele para achar alguém que amasse as mesmas coisas que eu. também era engenheiro, mas fez a sua graduação e pós graduação em Stanford e havia chegado na estação espacial cerca de um mês antes de mim, em outra missão.
Braços em volta da minha cintura fez com que eu voltasse para a realidade e depois um leve beijo foi deixado no meu pescoço, eu sabia exatamente de quem se tratava
— Um beijo pelos seus pensamentos — disse no meu ouvido enquanto nós dois olhávamos a terra pela janela da estação.
Retirei minha visão da janela me virando de frente para ele, em seguida passei meus braços pelo seu pescoço, ficando bem cara a cara com .
Toda vez que eu olhava para eu me apaixonava ainda mais, seu rosto angelical juntamente com os olhos azuis e a barba por fazer o deixavam perfeito, mas o que me encantava de verdade era a personalidade dele. Nunca em toda a minha vida vi alguém com um coração tão puro e que gostava de ajudar aos outros, viver com era fácil, divertido e prazeroso, em todos os sentidos.
— Pensando na primeira coisa que iremos fazer assim que pisarmos lá embaixo — Respondi olhando diretamente para os olhos dele.
se aproximou e deu um selinho calmo em meus lábios, era calmo, mas cheio de sentimentos.
— A primeira coisa que quero fazer é te apresentar aos meus pais e depois comprar a nossa casa — disse assim que separou nossos lábios.
Olhei para ele confusa, o que ele estava dizendo com nossa casa, nós nunca tínhamos falado sobre isso.
— Nossa casa? - Perguntei o que se passava pela minha cabeça.
soltou o maior dos seus sorrisos, depois se afastou de mim, levou a mão até o bolso e logo a retirou, e depois pegou a minha mão esquerda.
— — voltou a dizer — Você aceita se casar comigo?
Quando percebi o que ele tinha feito, uma alegria incontrolável tomou conta do meu coração e lágrimas se formaram nos meus olhos de emoção, era a única certeza que eu tinha, a única coisa que eu via era em como eu realmente queria passar o resto da minha vida com .
— Sim, sim, é claro que quero me casar com você — Respondi.
então colocou algo em meu dedo anelar e depois soltou, era um chaveiro do globo terrestre.
— O nosso amor é realmente algo que ultrapassa qualquer coisa, inclusive a terra, até mesmo o universo — disse fazendo com que lágrimas formassem nos cantos dos meus olhos.
Com certeza aquele momento com ele, aquele simples e tão significativo momento, com apenas nós dois vendo a terra da janela da estação espacial, com aquele pedido e aquele chaveiro simbólico, aquele era o meu momento favorito.
ATUALMENTE
Assim como naquela lembrança, foi inevitável não ter lágrimas acumuladas nos olhos, aquela ainda era minha memória favorita com , não tinha como haver outra, ainda mais depois de todos os acontecimentos. Claro que era o nosso laço eterno, era o que mantinha ele vivo em mim, ela tinha os olhos de , e era o que eu tinha de mais importante na vida agora, o que eu mais amava e que era a responsável pelas minhas novas lembranças. Mas não ter ele aqui me doía, afinal, não estava aqui quando ela nasceu, mesmo eu ainda tendo um fio de esperança dentro de mim, acredito que ele nunca estará para ver nada em relação a ela, e era isso que me machucava ainda mais, ele nunca nem teve a oportunidade de saber da existência de , ele nunca nem sonhou que seria pai, ele nunca conseguiu dizer um adeus.
16 MESES ANTES
Hoje seria a última reunião com a equipe da NASA que estava na terra para acertarmos os detalhes da nossa volta para a terra que aconteceria em 10 dias. e eu já estávamos seguindo em direção a sala para realizarmos a videoconferência, ambos com nossas calças cáquis e polo azul, com o grande símbolo da NASA no peito, o nosso uniforme oficial aqui. Óbvio que e eu antes de chegarmos a sala íamos brincando pelos corredores com a força da gravidade, era uma das coisas que mais amávamos em fazer aqui, cambalhotas, piruetas e mais mil e uma coisas.
— Apesar de eu sentir saudade de pisar em terra firme, acho que vou sentir muita falta disso aqui também — Confessei para que em seguida deu um mergulho no ar e me abraçou pela cintura.
— Nem me fale — disse ainda próximo a mim — Mas não vejo a hora de viver a nossa vida lá embaixo.
então se aproximou de mim e junto nossos lábios num beijo calmo.
— Pombinhos, vamos começar — Dev disse se segurando a porta da sala de conferências.
se soltou de mim rindo e foi jogando o corpo no ar em direção a sala, fiz o mesmo que ele e em poucos segundos estávamos todos na sala de conferências.
O símbolo da NASA apareceu no grande monitor que tinha por ali e logo depois Adam apareceu na tela com a maior cara de sorridente do mundo, como ele sempre aparecia.
— Olá minha tripulação favorita — Adam nos cumprimentou — Todos ai?
— Sim — Dev respondeu.
Dev era o capitão das duas missões que atualmente estavam ali, a minha e a de . Dev havia vindo com primeiro e em seguida a minha missão chegou, tornando ele o capitão das duas. Essa já era a quarta vez que Dev vinha a estação espacial.
— Certo — Adam confirmou olhando para algo que estava em suas mãos — A missão 3256 e sua tripulação deverão retornar a terra em 10 dias, tudo em ordem com os trajes?
— Espera — interrompeu e eu já imaginava o porque, Adam apenas tinha falado a minha missão e não a dele, como havia acontecido nas outras reuniões — Você esqueceu da missão 2365.
Adam olhou diretamente para a câmera e fez uma cara de que tinha uma notícia ruim para dar e não sabia exatamente como, imediatamente um frio na espinha tomou conta do meu corpo, algo bom não vinha por aí.
— A volta à terra da missão 2365 foi adiada — Adam disse de uma vez, como se tivesse arrancado o band-aid de uma ferida — Surgiram problemas em um dos satélites, preciso de você e Dev para o concerto dele antes da nova missão chegar a estação.
deu uma breve bufada irritado, ele estava ali há mais tempo que eu e eu sabia que o que ele mais queria era voltar para a Terra.
— Tudo bem — disse a Adam — Tem previsão de volta para a terra?
— Assim que o satélite for consertado — Adam respondeu — Acredito que no máximo dois meses, nem isso.
apenas confirmou com a cabeça, depois ele estendeu a mão em minha direção, juntei então as nossas mãos apertando firme a dele em demonstração de apoio.
— Eu poderia ficar para ajudar, Adam? — Perguntei.
me encarou curioso, e eu apenas sorri para ele.
— Infelizmente não, — Adam respondeu — Você precisa voltar com a sua tripulação, a sua missão já se encerrou.
— Mas eu… — Tentei confrontar mas Adam acabou em cortando.
— Sem mais, regras são regras — Adam disse por fim — Acho que era isso que tinha para falar com vocês hoje, comecem a se preparar para a volta, os vejo um dia antes do embarque.
Todos nós apenas acenamos um sim com a cabeça e então a imagem de Adam sumiu de nossa visão, voltando a apresentar o logo da NASA.
— — Dev chamou por — Ainda não sei qual satélite que é, então fique esperto pois receberemos mais informações em breve sobre isso.
apenas concordou com a cabeça e então saímos para fora da sala, era nítido na cara de que ele não estava feliz em ter que ficar mais um tempo ali, e nem eu estava feliz com isso, eu o queria comigo, planejando nosso casamento juntos, comprando nossa casa, vivendo sem o efeito da gravidade, eu não podia negar que aquele frio na espinha do começo da reunião ainda me perturbava, porque aquilo nunca era um bom sinal, não para mim.
— No que você está pensando? — perguntou fazendo com que meus pensamentos voltassem para ele.
— Nada — Desconversei, não o queria deixar preocupado.
se aproximou de mim e me abraçou, um abraço apertado, parecia que ele buscava forças para algo, talvez para poder aguentar ficar ali mais um tempo.
ATUALMENTE
E agora eu saiba, sabia exatamente o porque ele estava dando aquele abraço, talvez como forma de me dar forças para o que eu ainda enfrentaria a seguir, talvez fosse um abraço para iniciar a nossa despedida ou algo assim, só sabia que aquele abraço havia sido especial, e sempre que eu queria ter forças para fazer algo, era dele que eu lembrava, era ele que me fazia continuar, como agora, a dor assolava meu coração de saudades de , mas eu precisava continuar a escrever as cartas, porque era algo nosso, algo que eu tinha feito para ele e para sempre ter nossas memórias guardadas comigo ou para que pudesse ler um dia, ou até para quando alguma notícia me provasse o contrário do que Dev havia me falado 15 meses atrás, aquela lembrança, aquela maldita lembrança que doía cada pedaço da minha carne, cada parte do meu ser, mas eu também não podia reclamar muito, afinal, foi naquele mesmo dia que eu descobri que uma nova vida crescia dentro de mim, nossa doce e pequena .
15 MESES ATRÁS
O dia havia amanhecido estranho, o céu estava numa escuridão atípica para essa época em Wisconsin, fora um ar gelado que não era nada agradável, além de tudo isso, fazia alguns dias que o meu organismo não andava bem também, estava me sentindo fraca, era uma sensação incomum que tomava conta do meu corpo, fora a saudade de que me assolava, não tinha como mentir, ele fazia muita falta, e eu estava contando os dias nos dedos para que sua volta acontecesse, que seria em 20 dias, os 20 dias mais longos da minha vida.
Desde que havia voltado da missão estava ficando na fazenda dos meus pais, era calmo e ficar perto deles me ajudava a ficar mais centrada e descansada depois da missão, agora mesmo estava sentada na varanda tomando um chocolate quente, olhando para aquele céu estranho que ainda me deixava muito confusa.
— , — Ouvi a voz da minha mãe chamar o que me causou um certo susto fazendo com que eu derrubasse um pouco de chocolate quente no chão.
Imediatamente me levantei e me encaminhei para dentro da casa para saber o que estava acontecendo e depois viria limpar onde o líquido tinha caído.
— Chamou mamãe? — Disse assim que passei pela porta da sala enquanto caminhava para a cozinha.
— Venha rápido — Minha mãe disse um pouco impaciente.
O que me fez acelerar o passo até ela.
Assim que cheguei na cozinha, vi que ela estava em frente ao meu computador um pouco assustava, era Dev que estava na tela, e ele estava com os olhos inchados e com alguns curativos visíveis na região do rosto e do pescoço. O ver ali, daquele jeito fez o mesmo frio na espinha voltar, aquele frio que só se fez presente uma única vez, na vez em que nos avisaram que demoraria mais para voltar.
— Dev? O que aconteceu? — Perguntei me aproximando e me sentando em frente ao computador.
Percebi que assim que Dev me notou seus olhos encheram de lágrimas, imediatamente o desespero tomou conta de mim, algo ruim tinha acontecido, eu sentia, eu sabia disso, tinha acontecido e não era pouco, ainda mais pelo estado que ele estava.
— — Dev começou a falar com a voz embargada — Você precisa ser forte nesse momento, porque nem a gente sabe ao certo o que aconteceu.
Engoli em seco assim que Dev começou a falar aquilo, era realmente algo ruim, algo péssimo, uma pressão tomou conta do meu peito, e meu estômago embrulhou e ele nem ao menos havia começo a falar.
— Eu e estávamos fazendo as alterações necessárias no satélite quando uma parte dele deu pane e explodiu — Dev continuou explicando e a cada frase que ele falava a minha cabeça rodava, fazendo até com que eu não entendesse algumas palavras — E nessa explosão, foi arremessado e acabou se perdendo.
— Como assim se perdendo? — Perguntei de uma vez com a voz completamente falha, parecia que me faltava ar, o chão, nada parecia no lugar.
— Eu nem sei como te falar isso — Dev voltou a falar — Mas a explosão lançou ele para longe, ele acabou desaparecendo pelo universo, não sabemos onde está se está vivo ou..ou..
Não consegui ouvir mais nada que Dev disse, só senti as lágrimas quentes escorrerem pelas minha bochechas e uma dor esmagadora tomar conta da minha cabeça e do meu peito e depois tudo foi ficando preto e então eu não senti mais nada.
ATUALMENTE
Diferente daquele dia, hoje eu ainda sentia tudo, sentia a dor de ter o perdido, a dor da ausência deles nas nossas vidas, sentia a falta dele fazendo parte da criação de , eu sentia falta de , e como sentia, mas eu não podia deixar nossa história ser esquecida ou apagada, por isso existiam as cartas, para me lembrar de todas as coisas boas que havíamos vividos e que não eram sonhos, lembro bem que foi naquele mesmo dia, no dia daquela notícia que comecei as escrever, assim que descobri sobre , decidi que deveria escrever porque queria que ele soubesse de alguma forma sobre tudo, mesmo nunca mais estando aqui.
15 MESES ATRÁS
Uma luz forte e branca fez com que eu voltasse para a realidade, uma realidade que eu esperava que fosse um pesadelo, e que tudo aquilo que eu me lembrava não fosse a verdade, eu queria que a minha realidade na verdade fosse com estando aqui comigo em vinte dias.
Apertei as pálpebras para me acostumar com a claridade e assim que a minha visão ficou clara pude ver minha mãe sentada na poltrona falando ao celular.
— Ela ainda não acordou e nem sei como vai reagir com tudo isso — escutei ela dizer para alguém no telefone.
— Mãe — A chamei.
Imediatamente ela virou o olhar para mim assustada, sussurrou algo no telefone e então encerrou a ligação.
— Como você está se sentindo? — Minha mãe questionou se aproximando e passando a mão sobre a minha testa fazendo um carinho gostoso que só ela sabia fazer, um carinho que sempre me acalmava.
— Querendo que aquilo que eu me lembro tenha sido só um pesadelo — Confessei.
Minha mão se aproximou ainda mais de mim, retirou sua mão do meu rosto e pegou na minha mão que estava ao seu lado, em seguida ela se abaixou e deu um beijo leve nela.
— Às vezes na nossa vida acontecem coisas que a gente não entende, meu amor — Minha mãe começou a dizer — Mas também acontecem coisas que vem para mudar nosso mundo e rumo e lembrar daqueles que sempre amamos.
Aquela frase havia me deixado confusa, as lágrimas já acumulavam em lembrar que eu não teria mais ali comigo e agora isso me deixava confusa.
— Eu só queria que tudo isso não fosse real, que estivesse aqui — Confessei com as lágrimas descendo pelas minhas bochechas.
— Calma meu amor, você não pode ficar nervosa — Minha mãe disse — Vou chamar a médico, pois ela tem algumas coisas para falar com você.
Minha mãe se afastou de mim e saiu da sala indo procurar o médico. Minha cabeça mais uma vez foi levada para , o que afinal de contas tinha acontecido com ele? E eu sabia, sentia no fundo da minha alma que algo de ruim iria acontecer quando foi anunciado que ele ficaria, eu sabia que eu o perderia, só não imaginava que seria dessa forma, de uma forma tão trágica e brutal, que nem o menos sabia onde estava o corpo dele ou algo assim, era duro e doía mais do que qualquer outra coisa na vida. Eu me segurava para não chorar, mas era impossível não fazer isso ao lembrar que eu havia perdido o amor da minha vida, e possivelmente para sempre.
Respirei fundo para recuperar um pouco das forças que eu sentia indo embora cada vez mais e passei as mãos pelo rosto para secar as lágrimas, no mesmo momento que fiz isso, escutei a porta do quarto ser aberta e então minha mãe e uma médica entraram para dentro do quarto.
— , como você está se sentindo? — A médica perguntou enquanto se aproximava.
— Fisicamente? Ainda estou um pouco fraca e enjoada — Respondi — Psicologicamente, destruída.
A médica se aproximou ainda mais de mim com um sorriso no rosto que eu não entendia, olhou bem para mim e depois voltou a sorrir.
— , eu sei que esse momento é extremamente delicado— A médica começou a dizer — Mas você precisa ser forte, precisa aguentar nesse momento, porque agora você não está mais sozinha, você também está gerando outra vida.
Olhei para a médica com uma cara confusa, do que exatamente ela estava falando? Já não bastava toda a confusão que eu estava em ter que lidar com a perda de que eu nem sabia ao certo se tinha acontecido mesmo, agora ela me falava isso que para não tinha sentido algum.
— Do que exatamente você está falando? — Perguntei confusa com mil e uma coisas passando pela minha cabeça.
A médica mais uma vez sorriu o que me dava ainda mais vontade de chorar, porque ela ria para mim de uma forma doce, companheira, da mesma forma que fazia.
— Você está grávida, — A médica falou de uma vez.
O que fez meu estômago embrulhar de imediato.
— Não é possível — Confessei sentindo agora minha cabeça querer começar a rodar.
Encostei minha cabeça no travesseiro para me recompor e fechei os olhos, imediatamente apareceu na minha visão, os seus olhos azuis, o sorriso, o coração bondoso, tudo o que eu mais admirava nele, e então comecei a assimilar as palavras ditas pela médica, agora eu tinha uma parte de , uma parte que vivia dentro de mim e que era a representação de todo nossos amor. Meio que inconsciente acabei levando a mão até a minha barriga e fiz um carinho ali.
— Isso é realmente verdade? — Perguntei para a médica ainda com a mão acariciando a barriga por cima da roupa de hospital.
— Sim — A médica confirmou — Fizemos todos os exames necessários, falta só a ultrassom, mas você está bem e a bebê também, você está no fim do primeiro trimestre.
A dor no coração por não ter ali ainda se fazia presente, ainda doía demais, era uma dor que eu nunca havia sentido na vida, uma dor imensurável, mas que agora teria que ser menor, pois agora eu teria que seguir e gerar uma vida que era parte de nós dois.
ATUALMENTE
Ao finalizar aquela memória imediatamente levei minha visão para o berço onde estava, foi naquele mesmo dia que eu soube que eu a carregava, que era uma menina e que estava completamente saudável. E foi naquele dia também que decidi que deveria saber dela, deveria saber de tudo o que eu vivia com aquele pequeno ser perfeito e que me causava tantas emoções, foi exatamente naquele dia que decidi sobre as cartas, as cartas para , e agora eu finaliza mais uma, que contava os atuais momentos que eu tinha com .
“Meu eterno amor, …
completou oito meses esse mês. Os olhos dela estão cada vez mais parecidos com os seus, eles estão azuis cristalinos e toda vez que ela sorri eu lembro de você, não tem como isso não acontecer. Ela também começou a balbuciar algumas palavras e para a minha surpresa foi olhando para a sua foto que ela disse “dada” pela primeira vez, não tenho como expressar em palavras o quanto aquilo me fez feliz, o quanto eu fiquei emocionada em saber que você sempre estará perto dela, cuidando e protegendo, mesmo que não seja nesse plano.
Preciso confessar que ando sentindo absurdamente a sua falta também, das nossas conversas, das nossas risadas, de quanto a gente tentava adivinhar a temperatura dos continentes enquanto estávamos na estação espacial, saudade até das implicações do Dev com a gente. Falando nele, ele está bem, já está na terra, na verdade assim que você desapareceu ele voltou para cá e foi liberado de qualquer missão pelos próximos 5 anos, foi uma sorte ele não ter desaparecido como você, ou algo pior.
Enfim, essa semana recordei da nossa despedida na estação, em como era bom pensar que você estaria aqui comigo, estaria vivendo e curtindo a nossa filha junto a mim, uma pena que não foi assim, uma pena eu só sentir saudades, mas hoje vejo que era para ser assim, você apareceu na minha vida para a melhorar, para fazer com que ela valesse a pena, para que eu criasse as melhores lembranças do mundo. Você apareceu para me presentear com o melhor presente que eu poderia ter, a nossa , e eu não poderia ser mais grata do que isso, não poderia ser mais feliz em ter algo assim de você, é o nosso laço junto, nossos sangues, nosso amor.
Essa carta é só mais uma que eu escrevo para ti, e você sabe muito bem porque as escrevo, porque elas são o que me restam…
Pois só o que me resta é escrever nessa carta, para lembrar.
Te amo com todo amor do mundo,
Da sua eterna, .”
Assim que acabei de redigir aquela carta, a dobrei e guardei dentro do envelope e depois dentro do baú com todas as outras ali, um dia eu sabia que teria vontade de lê-las e entender todo o amor que tomou conta de mim e do seu pai. Após guardar o pequeno baú fui até o berço da nossa filha, dormia graciosamente ainda, então decidi ir até a cozinha preparar algo para comer, mas antes que eu tomasse qualquer outro rumo a campainha da casa tocou, fazendo com que eu me assustasse, já que não esperava ninguém. Fechei meu robe, arrumei o cabelo e segui em direção a porta para atender.
Fiquei ainda mais surpresa quando a abri, porque a pessoa que eu menos imaginava estava ali, a pessoa que eu menos esperava encontrar, a pessoa que havia sumido meses atrás, no espaço, estava ali sã e salvo, forte, como se nada tivesse acontecido, balancei minha cabeça para ter certeza do que meus olhos estavam vendo, não tinha como ser um sonho, tinha? Será que eu estaria sonhando outra vez?
Fim
Nota da autora: Olá minhas rainhas, tudo bem? Espero que sim.
E sim, estamos de ficstape nova, desta vez ela foi meio curta e rápida, mas espero que tenham gostado, quem sabe não teremos uma continuação por ai.
Deixem nos comentários o que acharam.
Obrigada pela leitura,
Love, Kels.
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