Prólogo
1936
25 de junho, aniversário da cidade de Tulipas. Dia de muita festa, comidas típicas, danças, brincadeiras, dia de grande entretenimento, apesar de o país estar um caos graças ao Golpe sofrido naquele ano. Várias pessoas guerreavam por ali, mas Tulipas não poderia deixar de comemorar mais um ano de sua existência. Todos da cidade iriam, menos . O motivo? Um avô extremamente rígido, que temia que sua virtude lhe fosse tirada.
Por que tanta rigidez vinda desse avô? Simples, o pai de abandonou sua mãe grávida. Durante a gestação, a mulher até tentou esconder a gravidez com espartilhos ou roupas largas, mas a barriga começou a aparecer e o inevitável aconteceu: os pais descobriram. Revoltado, o pai a mandou para um convento. Pelo avô colocaria a criança em um orfanato, mas para a senhora Lilian, avó dela, aquilo era inconcebível, então criaram a menina. A avó de veio a óbito há nove anos e desde então vivia apenas com o avô.
O senhor era um homem muito severo e restringia a garota a tudo, temendo que ela pudesse seguir os passos da mãe. Dizia que moça de família deveria ficar em casa aprendendo aos serviços domésticos para ser uma boa esposa e uma excelente mãe para os filhos que viriam a ter. Aquilo sufocava , ela era muito mais, não queria viver daquela forma, queria decidir por si só as coisas que achava relevantes, e ser dona de casa, por exemplo, não era uma delas. Ela queria ser livre e ter suas próprias experiências.
Hoje, ela havia decidido que iria de qualquer jeito aos festejos, nem que fosse escondida. E assim o fez. Suspirou animada enquanto terminava de passar batom rosa em sua boca. Abriu a janela cuidadosamente, tirou os sapatos de salto para que não fizesse ruídos e pulou a janela. Tentou correr engatinhada até o portão, o abriu e saiu em direção à praça principal da cidade.
Os olhos dela brilharam quando viu diversas barracas com todos os tipos de doces, salgados e alguns jogos divertidos. Seus olhos brilhavam olhando tudo aquilo, queria comprar, porém não podia, pois não possuía nenhum dinheiro com ela. Mas, valia a experiência de estar ali, conhecendo a festa e ainda de quebra desobedecendo a uma ordem de seu avô. Aquilo agitava seu íntimo.
Encostou-se a uma parede, sozinha e pôs-se a admirar o ambiente. Observou duas moças conversando animadamente, crianças corriam cheias de brinquedos, casais riam e trocavam carícias... Ver a felicidade daquelas pessoas lhe fazia bem de alguma forma.
Ela sentiu uma sensação estranha, era como se tivesse sendo observada. Temeu que fosse alguém que conhecesse seu avô ou o próprio. Procurou por todos os lados, mas não achou. Tomou um susto com um toque sutil em seu ombro direito.
– Oi. – o rapaz com um violão no braço a cumprimentou – Como está? – ela virou seu corpo totalmente para o desconhecido. Guardou um suspiro, era um homem muito belo.
– Olá! Passo bem e você? – ela perguntou, acanhada.
– Bem. Eu me chamo , e você? Qual é sua graça? – ele segurou a mão da moça e a levou rapidamente aos lábios, os olhos dele brilharam sobre ela.
– , me chamo . – ela recolheu rapidamente a mão. Sentia a região que fora tocada pelo homem formigar.
– , – ele frisou o nome – espera por alguém? – ele ajeitou o casaco enquanto a aguardava responder.
– Não, eu só... – ela suspirou – Eu vim conhecer mesmo os festejos tão famosos dessa época. – ela olhou para o chão, tímida.
– Posso te acompanhar está noite? – ela ponderou os prós e contras e lembrou-se de que em toda a oportunidade que tinha seu avô lhe recomendava a não conversar com estranhos, acabou se retraindo um pouco.
– Acho melhor não. – ela franziu o cenho – Ah, eu também já estou partindo.
– Mas já? – ele passou a mão pelos cabelos – Me deixa pelo menos lhe pagar um milho? Olha esse cheiro, parece tão apetitoso, não? – ele sorriu galanteador. Ela mordeu os lábios com a ação do rapaz. Tinha se pegado observando a comida chamativa e, de fato, aquele cheiro estava divino.
– Tudo bem, mas só uma espiga de milho. – eles caminharam até a barraca, no qual vendia o alimento. Ele fez o pedido e pagou para ambos.
Voltaram a caminhar e observou um banco na praça e os direcionou ali para que pudessem se sentar. Ela ajeitou o vestido e se sentou da melhor maneira que conseguiu. mordeu a espiga de milho e se conteve para não gemer com a explosão de sabores, estava mesmo com vontade.
– , você estuda? – ele perguntou de repente, tentando puxar conversa.
– Sim, estou terminando o segundo grau. Assim que eu terminar, pretendo começar a trabalhar e você? – ela devolveu a pergunta. Ele franziu o cenho com a resposta dela, de fato ela era uma moça intrigante, esperava que ela almejasse casar e ter filhos, apenas.
– Eu já saí do colégio há alguns anos. Hoje em dia eu trabalho no armazém do meu pai, está difícil arrumar emprego. – ela balançou a cabeça em concordância.
– Vejo que você toca, não é? – ela apontou para o violão que estava do lado dele no banco.
– Sim, a música me distrai, ela me remete a coisas boas. – ele sorriu, pensativo – Posso tocar uma música, se você quiser.
– Pois toque, vou adorar escutar – ela abriu um lindo sorriso enquanto aguardava. Ele dedilhou uma cantiga de ninar – Essa eu conheço, minha vó cantava para mim antes de dormir.
– Gosto dessa música, é muito bela, assim como você – ela olhou para baixo envergonhada. Acabou não respondendo ao gracejo dele.
Por fim, deu mais algumas mordidas na espiga e decidiu que já estava tarde e na hora de ir embora. Era arriscado, seu avô tinha o sono muito leve e poderia surpreendê-la a qualquer momento.
– A prosa e a música estavam boas, mas eu realmente preciso ir. , foi um imenso prazer lhe conhecer – ela levantou-se do banco e jogou a espiga no lixo. Aprumou a roupa, enquanto o via imitar seus passos.
– Tudo bem, não quero lhe prender mais, de fato a prosa foi curta, mas pelo menos alegrou minha noite. – ela sentiu as bochechas ferverem. Ele se aproximou dela, pronto para lhe dar um beijo na bochecha, mas com a timidez ela acabou virando o rosto e acidentalmente o beijo pegou na boca – Opa! – ele riu levemente.
– Eu... É... – ele colocou o dedo indicador na boca dela, e se aproximou. Deu-lhe um selinho, só que mais longo. Ela sentiu comichões subirem por locais do corpo que se quer tinha conhecimento, e o empurrou com certa força, fazendo o rapaz cambalear – Atrevido! – o esbofeteou. Seu avô tinha mesmo razão, não deveria ter dado conversa a aquele estranho – Nunca mais faça isso, eu posso ficar falada por toda essa cidade!
– Me desculpa, , não pensei nisso, eu... – a garota correu, deixando-o falando sozinho.
25 de junho, aniversário da cidade de Tulipas. Dia de muita festa, comidas típicas, danças, brincadeiras, dia de grande entretenimento, apesar de o país estar um caos graças ao Golpe sofrido naquele ano. Várias pessoas guerreavam por ali, mas Tulipas não poderia deixar de comemorar mais um ano de sua existência. Todos da cidade iriam, menos . O motivo? Um avô extremamente rígido, que temia que sua virtude lhe fosse tirada.
Por que tanta rigidez vinda desse avô? Simples, o pai de abandonou sua mãe grávida. Durante a gestação, a mulher até tentou esconder a gravidez com espartilhos ou roupas largas, mas a barriga começou a aparecer e o inevitável aconteceu: os pais descobriram. Revoltado, o pai a mandou para um convento. Pelo avô colocaria a criança em um orfanato, mas para a senhora Lilian, avó dela, aquilo era inconcebível, então criaram a menina. A avó de veio a óbito há nove anos e desde então vivia apenas com o avô.
O senhor era um homem muito severo e restringia a garota a tudo, temendo que ela pudesse seguir os passos da mãe. Dizia que moça de família deveria ficar em casa aprendendo aos serviços domésticos para ser uma boa esposa e uma excelente mãe para os filhos que viriam a ter. Aquilo sufocava , ela era muito mais, não queria viver daquela forma, queria decidir por si só as coisas que achava relevantes, e ser dona de casa, por exemplo, não era uma delas. Ela queria ser livre e ter suas próprias experiências.
Hoje, ela havia decidido que iria de qualquer jeito aos festejos, nem que fosse escondida. E assim o fez. Suspirou animada enquanto terminava de passar batom rosa em sua boca. Abriu a janela cuidadosamente, tirou os sapatos de salto para que não fizesse ruídos e pulou a janela. Tentou correr engatinhada até o portão, o abriu e saiu em direção à praça principal da cidade.
Os olhos dela brilharam quando viu diversas barracas com todos os tipos de doces, salgados e alguns jogos divertidos. Seus olhos brilhavam olhando tudo aquilo, queria comprar, porém não podia, pois não possuía nenhum dinheiro com ela. Mas, valia a experiência de estar ali, conhecendo a festa e ainda de quebra desobedecendo a uma ordem de seu avô. Aquilo agitava seu íntimo.
Encostou-se a uma parede, sozinha e pôs-se a admirar o ambiente. Observou duas moças conversando animadamente, crianças corriam cheias de brinquedos, casais riam e trocavam carícias... Ver a felicidade daquelas pessoas lhe fazia bem de alguma forma.
Ela sentiu uma sensação estranha, era como se tivesse sendo observada. Temeu que fosse alguém que conhecesse seu avô ou o próprio. Procurou por todos os lados, mas não achou. Tomou um susto com um toque sutil em seu ombro direito.
– Oi. – o rapaz com um violão no braço a cumprimentou – Como está? – ela virou seu corpo totalmente para o desconhecido. Guardou um suspiro, era um homem muito belo.
– Olá! Passo bem e você? – ela perguntou, acanhada.
– Bem. Eu me chamo , e você? Qual é sua graça? – ele segurou a mão da moça e a levou rapidamente aos lábios, os olhos dele brilharam sobre ela.
– , me chamo . – ela recolheu rapidamente a mão. Sentia a região que fora tocada pelo homem formigar.
– , – ele frisou o nome – espera por alguém? – ele ajeitou o casaco enquanto a aguardava responder.
– Não, eu só... – ela suspirou – Eu vim conhecer mesmo os festejos tão famosos dessa época. – ela olhou para o chão, tímida.
– Posso te acompanhar está noite? – ela ponderou os prós e contras e lembrou-se de que em toda a oportunidade que tinha seu avô lhe recomendava a não conversar com estranhos, acabou se retraindo um pouco.
– Acho melhor não. – ela franziu o cenho – Ah, eu também já estou partindo.
– Mas já? – ele passou a mão pelos cabelos – Me deixa pelo menos lhe pagar um milho? Olha esse cheiro, parece tão apetitoso, não? – ele sorriu galanteador. Ela mordeu os lábios com a ação do rapaz. Tinha se pegado observando a comida chamativa e, de fato, aquele cheiro estava divino.
– Tudo bem, mas só uma espiga de milho. – eles caminharam até a barraca, no qual vendia o alimento. Ele fez o pedido e pagou para ambos.
Voltaram a caminhar e observou um banco na praça e os direcionou ali para que pudessem se sentar. Ela ajeitou o vestido e se sentou da melhor maneira que conseguiu. mordeu a espiga de milho e se conteve para não gemer com a explosão de sabores, estava mesmo com vontade.
– , você estuda? – ele perguntou de repente, tentando puxar conversa.
– Sim, estou terminando o segundo grau. Assim que eu terminar, pretendo começar a trabalhar e você? – ela devolveu a pergunta. Ele franziu o cenho com a resposta dela, de fato ela era uma moça intrigante, esperava que ela almejasse casar e ter filhos, apenas.
– Eu já saí do colégio há alguns anos. Hoje em dia eu trabalho no armazém do meu pai, está difícil arrumar emprego. – ela balançou a cabeça em concordância.
– Vejo que você toca, não é? – ela apontou para o violão que estava do lado dele no banco.
– Sim, a música me distrai, ela me remete a coisas boas. – ele sorriu, pensativo – Posso tocar uma música, se você quiser.
– Pois toque, vou adorar escutar – ela abriu um lindo sorriso enquanto aguardava. Ele dedilhou uma cantiga de ninar – Essa eu conheço, minha vó cantava para mim antes de dormir.
– Gosto dessa música, é muito bela, assim como você – ela olhou para baixo envergonhada. Acabou não respondendo ao gracejo dele.
Por fim, deu mais algumas mordidas na espiga e decidiu que já estava tarde e na hora de ir embora. Era arriscado, seu avô tinha o sono muito leve e poderia surpreendê-la a qualquer momento.
– A prosa e a música estavam boas, mas eu realmente preciso ir. , foi um imenso prazer lhe conhecer – ela levantou-se do banco e jogou a espiga no lixo. Aprumou a roupa, enquanto o via imitar seus passos.
– Tudo bem, não quero lhe prender mais, de fato a prosa foi curta, mas pelo menos alegrou minha noite. – ela sentiu as bochechas ferverem. Ele se aproximou dela, pronto para lhe dar um beijo na bochecha, mas com a timidez ela acabou virando o rosto e acidentalmente o beijo pegou na boca – Opa! – ele riu levemente.
– Eu... É... – ele colocou o dedo indicador na boca dela, e se aproximou. Deu-lhe um selinho, só que mais longo. Ela sentiu comichões subirem por locais do corpo que se quer tinha conhecimento, e o empurrou com certa força, fazendo o rapaz cambalear – Atrevido! – o esbofeteou. Seu avô tinha mesmo razão, não deveria ter dado conversa a aquele estranho – Nunca mais faça isso, eu posso ficar falada por toda essa cidade!
– Me desculpa, , não pensei nisso, eu... – a garota correu, deixando-o falando sozinho.
Capítulo 1
Ela se levantou com alguns gritos de seu avô. Era tão cedo, se não tivesse tardado a se deitar, não estaria sentindo-se tão mal assim, mas o passeio tinha válido a pena.
A noite tinha sido maravilhosa, até o beijo daquele estranho. Acabou rindo de seus pensamentos, era um atrevimento sem tamanho dele, mas tê-lo tão próximo de si havia mexido com ela, nunca tinha sido beijada.
Fora interrompida de seus devaneios com mais um grito vindo da cozinha, revirou os olhos e respirou fundo, tinha que preparar o café dos dois. Tudo era ela naquela casa.
*
A garota havia terminado de preparar a refeição matinal, e agora ela e o avô estavam sentados lado a lado enquanto o homem degustava da comida. Ela mexia a colher dentro da xícara de café distraída, não conseguia tirar a noite louca que tinha tido de sua cabeça. O avô acabou observando que tinha algo errado com a neta.
– O que há com você? Daqui a pouco você faz um buraco nessa xícara. – com as palavras do avô, a garota acabou despertando e tomando um pouco de café com leite.
– Só estou com saudades de minha mãe. – ela suspirou. Aquilo não era mentira, estava mesmo com saudades dela.
– Ela logo virá à paróquia e você matará as saudades dela. – a garota franziu o cenho, vendo a brecha perfeita pra lhe perguntar.
– Eu a queria aqui em casa comigo, o senhor não entende. – ela passou manteiga na torrada.
– É normal sentir saudades, mas ela plantou o que colheu. – ele tomou um gole de café.
– Vô, o senhor não sente remorso pelo o que fez com minha mãe? – o homem arregalou os olhos com a indagação da neta. Será que toda vez que a garota tivesse oportunidade seria isso? Bateu na mesa farto, assustando-a.
– Remorso por quê? Eu salvei a honra dessa família! – ele bateu novamente na mesa – Eu não vou tolerar esse tipo de indagações, . – ele se levantou bravo e foi em direção ao seu quarto.
suspirou audivelmente, resolveu pegar suas coisas e ir à escola mais cedo do que previra, não tinha mais vontade de ficar em casa.
De uma coisa ela tinha convicção: os olhos do idoso tinham uma tristeza enorme, e com toda a certeza, ele sentia remorso pelo que fez com sua mãe.
olhou para o relógio, só faltavam alguns minutos para que pudesse finalmente tocar a sineta que indicaria o fim daquela aula extremamente cansativa de álgebra, e consequentemente o fim daquele dia letivo.
A adolescente mirou rapidamente para o lado direito e viu Brenda que estava sentada ao seu lado na carteira, de cabeça abaixada, dormindo. Rezou aos deuses que o professor não visse aquela cena.
Brenda era sua dupla de carteira, estudavam juntas há três anos. A amiga era tão sonhadora, queria casar para a vida toda, ter muitos filhos, e ser do lar. almejava coisas maiores, não criticava as idealizações da amiga, mas queria se jogar por aquele mundo, explorá-lo, seu sonho sem dúvidas era conhecer o máximo de lugares possíveis.
A sineta finalmente tocou, despertando Brenda que teve dificuldade em abrir os olhos, tamanha era a soneca. recolheu suas coisas, Brenda se espreguiçou e fez a mesma coisa e juntas caminharam em direção ao portão de saída.
– , precisamos fazer o trabalho de português... – Brenda comentou.
– Sim, pensei de fazermos nessa semana mesmo, o que acha? – segurou fortemente os livros, enquanto caminhavam juntas até a casa delas.
– Ótimo, pode ser na minha casa, se você quiser. – Brenda comentou. preferia mesmo que fosse na casa da amiga, não gostava de levar ninguém na sua. O avô não era muito receptivo.
– Certo, será na sua casa então. – ela concluiu, animada.
– Passa lá hoje pra gente organizar as coisas – negou com a cabeça.
– Meu avô... Ele... – suspirou – Eu discuti com ele pela manhã, não é certo que eu peça para ir a sua casa hoje.
– Deixa que eu dobro o velho, vamos, vai? – lhe olhou ressabiada – Assim você conhece meu irmão também!
– Que irmão? – franziu o cenho, confusa.
– Eu te disse, esqueceu?
– Esqueci sim, Brenda, me desculpe. – Brenda revirou os olhos
– Meu irmão mais velho de 20 anos, ele serviu o exército por dois anos, ele se alistou contra sua vontade, meu pai o obrigou e... – a interrompeu.
– Ah, é verdade! Que tolice a minha, ando tão avoada – ela passou a mão no rosto, tinha os olhos fechados.
– O que há contigo? – ela perguntou com preocupação no olhar.
– É o de sempre, meu avô! Minha convivência com ele anda cada vez mais difícil, ele está cada dia mais chato, mandão... É complicado. – ela respirou fundo e tentando se animar mudou drasticamente de assunto – Fui aos festejos da cidade ontem... – Brenda percebeu a mudança, e resolveu respeitar a amiga, não tocando no assunto de novo.
– Olha! Eu estava lá com meus pais e irmão! Que pena não termos nos encontrado.
– Pois é, eu fui e achei muito bonito toda a estrutura. Inclusive um rapaz muito belo apareceu ali e me ofereceu um milho. – ela acabou rindo se lembrando.
– Um rapaz muito belo, foi? Conte-me tudo. – Brenda empolgou-se com a história da amiga.
– Bom, ele me ofereceu o milho, acabei por aceitar, conversamos sobre algumas coisas... E ele me beijou na boca! – Brenda tapou a boca, surpresa.
– Não posso crer nisso, e você?
– Eu o esbofeteei, se alguém me viu já estou falada por Tulipas inteira. Meu avô me mandaria para o convento também! – só de pensar naquilo, a garota sentiu o estômago embrulhar.
– Calma, de certo ninguém viu. – ela acabou rindo – Você esbofeteou o rapaz, não acredito nisso.
– Ele foi muito atrevido, eu não o dei liberdade para fazer esse tipo de coisa! – ela comentou.
– Eu nunca fui beijada, qual é a sensação? – Brenda piscou os olhos várias vezes, curiosa.
– Eu senti muitas comichões por todo o meu corpo, meu estômago ficou tão estranho, parecia que tinha algo nele – ela suspirou se lembrando.
– Diga-me, você gostou?
– Eu... Senti coisas. Eu ainda não me decidi se gostei ou não, mas foram sensações diferentes. – riu encabulada. Brenda lhe olhou animada.
– Não vejo a hora de ser beijada e me apaixonar por meu príncipe encantado. – revirou os olhos com a ingenuidade de Brenda.
– Sinto lhe desapontar, princesa, mas eles não existem. A prova viva foi o que meu pai fez com a minha mãe. – ela lhe advertiu, enquanto entravam em sua rua para conversarem com seu avô.
– Nem todos são assim, ! – ela alisou o braço da amiga. preferiu calar-se, ela não mudaria a opinião de Brenda e nem vice versa.
Elas adentraram o quintal da casa da garota e puderam avistar o avô dela sentado na cadeira na varanda.
– Oi, vô – o cumprimentou.
– Oi, seu Euclides, como o senhor está? – Brenda o abordou alegremente.
– Oi, menina! O que veio pedir? – não pode deixar de rir com a abordagem dele.
– O senhor é direto. – ela riu levemente – e eu temos um trabalho de português para fazer com entrega para a semana que vem, precisamos começar a elaborá-lo. Ela pode ir a minha casa hoje? – o velho fez uma leve careta.
– Eu deixo porque sei que não há rapazes na sua casa, menina. – Brenda respirou aliviada, ainda bem que ele não tinha conhecimento que seu irmão havia voltado do exército – Depois que ela preparar o almoço ela irá. – revirou os olhos, detestava ter vida de dona de casa.
– Está bem, obrigada. – Brenda se direcionou a ela – Nos vemos depois – acenou para ambos e saiu pelo portão.
entrou em casa, jogou a bolsa com os livros em cima da cadeira e lavou as mãos. Pegou alguns alimentos para iniciar a tortura chamada almoço.
A jovem moça carregava nos braços caderno, alguns livros e estojo. Caminhava até a casa da amiga. Chegou em frente ao lugar, bateu palmas e logo a porta foi aberta por uma Brenda sorridente.
– Demorou... – ela deu espaço para que a garota entrasse.
– Antes de eu sair tenho que deixar tudo em ordem, se não...
– Eu já entendi. – ela encostou a porta.
A moça tinha pena da vida que tinha. A garota teve que amadurecer muito cedo, pois o avô dependia dela para todos os afazeres domésticos, crescera sem pai ou mãe, e por seu avô ser um homem muito frio, crescera sem qualquer demonstração de afeto.
– Vem, quero te apresentar meu irmão, ele estava no armazém e chegou para almoçar há pouco. – Brenda puxava a amiga pela mão com pressa – , esse é meu irmão, – a menina direcionou o olhar ao rapaz que estava sentado – , essa é , minha amiga.
Os dois olharam um para o outro e se reconheceram rapidamente. Ela arregalou os olhos, acabou derrubando os livros que estava segurando tamanha a surpresa. engasgou com a comida, completamente abismado, não precisou procurar a garota, o destino realmente pregava peças.
A noite tinha sido maravilhosa, até o beijo daquele estranho. Acabou rindo de seus pensamentos, era um atrevimento sem tamanho dele, mas tê-lo tão próximo de si havia mexido com ela, nunca tinha sido beijada.
Fora interrompida de seus devaneios com mais um grito vindo da cozinha, revirou os olhos e respirou fundo, tinha que preparar o café dos dois. Tudo era ela naquela casa.
– O que há com você? Daqui a pouco você faz um buraco nessa xícara. – com as palavras do avô, a garota acabou despertando e tomando um pouco de café com leite.
– Só estou com saudades de minha mãe. – ela suspirou. Aquilo não era mentira, estava mesmo com saudades dela.
– Ela logo virá à paróquia e você matará as saudades dela. – a garota franziu o cenho, vendo a brecha perfeita pra lhe perguntar.
– Eu a queria aqui em casa comigo, o senhor não entende. – ela passou manteiga na torrada.
– É normal sentir saudades, mas ela plantou o que colheu. – ele tomou um gole de café.
– Vô, o senhor não sente remorso pelo o que fez com minha mãe? – o homem arregalou os olhos com a indagação da neta. Será que toda vez que a garota tivesse oportunidade seria isso? Bateu na mesa farto, assustando-a.
– Remorso por quê? Eu salvei a honra dessa família! – ele bateu novamente na mesa – Eu não vou tolerar esse tipo de indagações, . – ele se levantou bravo e foi em direção ao seu quarto.
suspirou audivelmente, resolveu pegar suas coisas e ir à escola mais cedo do que previra, não tinha mais vontade de ficar em casa.
De uma coisa ela tinha convicção: os olhos do idoso tinham uma tristeza enorme, e com toda a certeza, ele sentia remorso pelo que fez com sua mãe.
olhou para o relógio, só faltavam alguns minutos para que pudesse finalmente tocar a sineta que indicaria o fim daquela aula extremamente cansativa de álgebra, e consequentemente o fim daquele dia letivo.
A adolescente mirou rapidamente para o lado direito e viu Brenda que estava sentada ao seu lado na carteira, de cabeça abaixada, dormindo. Rezou aos deuses que o professor não visse aquela cena.
Brenda era sua dupla de carteira, estudavam juntas há três anos. A amiga era tão sonhadora, queria casar para a vida toda, ter muitos filhos, e ser do lar. almejava coisas maiores, não criticava as idealizações da amiga, mas queria se jogar por aquele mundo, explorá-lo, seu sonho sem dúvidas era conhecer o máximo de lugares possíveis.
A sineta finalmente tocou, despertando Brenda que teve dificuldade em abrir os olhos, tamanha era a soneca. recolheu suas coisas, Brenda se espreguiçou e fez a mesma coisa e juntas caminharam em direção ao portão de saída.
– , precisamos fazer o trabalho de português... – Brenda comentou.
– Sim, pensei de fazermos nessa semana mesmo, o que acha? – segurou fortemente os livros, enquanto caminhavam juntas até a casa delas.
– Ótimo, pode ser na minha casa, se você quiser. – Brenda comentou. preferia mesmo que fosse na casa da amiga, não gostava de levar ninguém na sua. O avô não era muito receptivo.
– Certo, será na sua casa então. – ela concluiu, animada.
– Passa lá hoje pra gente organizar as coisas – negou com a cabeça.
– Meu avô... Ele... – suspirou – Eu discuti com ele pela manhã, não é certo que eu peça para ir a sua casa hoje.
– Deixa que eu dobro o velho, vamos, vai? – lhe olhou ressabiada – Assim você conhece meu irmão também!
– Que irmão? – franziu o cenho, confusa.
– Eu te disse, esqueceu?
– Esqueci sim, Brenda, me desculpe. – Brenda revirou os olhos
– Meu irmão mais velho de 20 anos, ele serviu o exército por dois anos, ele se alistou contra sua vontade, meu pai o obrigou e... – a interrompeu.
– Ah, é verdade! Que tolice a minha, ando tão avoada – ela passou a mão no rosto, tinha os olhos fechados.
– O que há contigo? – ela perguntou com preocupação no olhar.
– É o de sempre, meu avô! Minha convivência com ele anda cada vez mais difícil, ele está cada dia mais chato, mandão... É complicado. – ela respirou fundo e tentando se animar mudou drasticamente de assunto – Fui aos festejos da cidade ontem... – Brenda percebeu a mudança, e resolveu respeitar a amiga, não tocando no assunto de novo.
– Olha! Eu estava lá com meus pais e irmão! Que pena não termos nos encontrado.
– Pois é, eu fui e achei muito bonito toda a estrutura. Inclusive um rapaz muito belo apareceu ali e me ofereceu um milho. – ela acabou rindo se lembrando.
– Um rapaz muito belo, foi? Conte-me tudo. – Brenda empolgou-se com a história da amiga.
– Bom, ele me ofereceu o milho, acabei por aceitar, conversamos sobre algumas coisas... E ele me beijou na boca! – Brenda tapou a boca, surpresa.
– Não posso crer nisso, e você?
– Eu o esbofeteei, se alguém me viu já estou falada por Tulipas inteira. Meu avô me mandaria para o convento também! – só de pensar naquilo, a garota sentiu o estômago embrulhar.
– Calma, de certo ninguém viu. – ela acabou rindo – Você esbofeteou o rapaz, não acredito nisso.
– Ele foi muito atrevido, eu não o dei liberdade para fazer esse tipo de coisa! – ela comentou.
– Eu nunca fui beijada, qual é a sensação? – Brenda piscou os olhos várias vezes, curiosa.
– Eu senti muitas comichões por todo o meu corpo, meu estômago ficou tão estranho, parecia que tinha algo nele – ela suspirou se lembrando.
– Diga-me, você gostou?
– Eu... Senti coisas. Eu ainda não me decidi se gostei ou não, mas foram sensações diferentes. – riu encabulada. Brenda lhe olhou animada.
– Não vejo a hora de ser beijada e me apaixonar por meu príncipe encantado. – revirou os olhos com a ingenuidade de Brenda.
– Sinto lhe desapontar, princesa, mas eles não existem. A prova viva foi o que meu pai fez com a minha mãe. – ela lhe advertiu, enquanto entravam em sua rua para conversarem com seu avô.
– Nem todos são assim, ! – ela alisou o braço da amiga. preferiu calar-se, ela não mudaria a opinião de Brenda e nem vice versa.
Elas adentraram o quintal da casa da garota e puderam avistar o avô dela sentado na cadeira na varanda.
– Oi, vô – o cumprimentou.
– Oi, seu Euclides, como o senhor está? – Brenda o abordou alegremente.
– Oi, menina! O que veio pedir? – não pode deixar de rir com a abordagem dele.
– O senhor é direto. – ela riu levemente – e eu temos um trabalho de português para fazer com entrega para a semana que vem, precisamos começar a elaborá-lo. Ela pode ir a minha casa hoje? – o velho fez uma leve careta.
– Eu deixo porque sei que não há rapazes na sua casa, menina. – Brenda respirou aliviada, ainda bem que ele não tinha conhecimento que seu irmão havia voltado do exército – Depois que ela preparar o almoço ela irá. – revirou os olhos, detestava ter vida de dona de casa.
– Está bem, obrigada. – Brenda se direcionou a ela – Nos vemos depois – acenou para ambos e saiu pelo portão.
entrou em casa, jogou a bolsa com os livros em cima da cadeira e lavou as mãos. Pegou alguns alimentos para iniciar a tortura chamada almoço.
A jovem moça carregava nos braços caderno, alguns livros e estojo. Caminhava até a casa da amiga. Chegou em frente ao lugar, bateu palmas e logo a porta foi aberta por uma Brenda sorridente.
– Demorou... – ela deu espaço para que a garota entrasse.
– Antes de eu sair tenho que deixar tudo em ordem, se não...
– Eu já entendi. – ela encostou a porta.
A moça tinha pena da vida que tinha. A garota teve que amadurecer muito cedo, pois o avô dependia dela para todos os afazeres domésticos, crescera sem pai ou mãe, e por seu avô ser um homem muito frio, crescera sem qualquer demonstração de afeto.
– Vem, quero te apresentar meu irmão, ele estava no armazém e chegou para almoçar há pouco. – Brenda puxava a amiga pela mão com pressa – , esse é meu irmão, – a menina direcionou o olhar ao rapaz que estava sentado – , essa é , minha amiga.
Os dois olharam um para o outro e se reconheceram rapidamente. Ela arregalou os olhos, acabou derrubando os livros que estava segurando tamanha a surpresa. engasgou com a comida, completamente abismado, não precisou procurar a garota, o destino realmente pregava peças.
Capítulo 2
– Vocês já se conhecem? – Brenda olhava de um para o outro, confusa. quis morrer, qualquer um poderia ser o irmão de sua amiga, menos aquele rapaz.
– Eu... Preciso ir. – ainda encarava o rapaz, quando se abaixou para recolher os seus livros rapidamente.
– Mas não vai mesmo, quero explicações. – umedeceu os lábios. Já estava recuperado de sua crise de tosse e sorria travesso.
– Não precisa ir embora, . Não por minha causa.
terminou de recolher os livros, puxou a mão da amiga e foram em direção ao quarto dela, ignorando-o. A moça fechou a porta e a trancou, temendo que o rapaz viesse atrás de si, estava ofegante. Brenda lhe encarava extremamente confusa.
– Seu irmão... – como falaria aquilo para a amiga? – Ele...
– Ele o quê? Fala! – Brenda comentou, impaciente.
– Foi ele quem me beijou na festa da cidade! Céus! – Brenda começou a rir audivelmente, não conseguia acreditar no que tinha ouvido. Tulipas não era tão grande, mas não fazia nem uma semana que ele havia chegado e já aprontava uma daquelas.
– Meu irmão sempre me surpreendendo... – riu mais uma vez – Já pensou se vocês namoram? E se vocês se casam? Você entraria pra minha família e seríamos como irmãs e...
– Brenda! Não fantasie as coisas, eu já te disse minha opinião sobre isso. Eu não me vejo seguindo esses passos de casamento ou ademais sendo dona de casa.
– Você tem umas ideias, é o nosso destino, . Mas tudo bem, não vou entrar nesse mérito. – fechou os olhos, passando a mão pelo rosto, buscando paciência com a amiga – Eu acho que meu irmão quer te beijar de novo.
– Não! Tolice, ele não faria algo assim de novo, ou faria? Eu o estapeei – Brenda franziu o cenho – Chega desse assunto, vamos logo iniciar esse trabalho de português? Eu vim aqui pra isso.
– Por hora vamos iniciar esse trabalho, depois voltaremos a papear sobre... Você sabe. – quis morrer, justo o irmão da melhor amiga? O destino gostava mesmo de brincar com ela.
Do outro lado da porta do quarto, com um copo de vidro em mãos estava que escutava a conversa das moças. Ah, mas ele faria sim, , pois tudo o que ele pensava era em beijá-la novamente.
– Acho que já vou, Brenda, estou imensamente cansada e tenho que ver o jantar do meu avô, tudo bem? – se espreguiçou, enquanto se levantava da cama.
– Eu vou finalizar os últimos detalhes do nosso trabalho, faltam apenas algumas poucas coisas. – recolheu o caderno e os livros, pronta para sair da casa. – Vou te acompanhar até a porta.
– Certo – elas sorriram minimamente e desceram as escadas. Lá encontraram a mãe da moça que preparava o jantar e , que acompanhava o que a mãe fazia na cozinha. Ele não tinha que trabalhar? Era o que a moça pensava.
– já está indo, mamãe. – Brenda chegou de surpresa, os assustando.
– Mas já? Fique para o jantar, não vai demorar a ficar pronto. – Leda sorriu.
– Gostaria, mas o meu avô me espera para preparar o jantar dele, como a senhora sabe, sou eu que efetuo essas coisas. – ela desviou o olhar para o chão – Mas fica para uma próxima.
– Tudo bem, querida – foi até ela e lhe beijou a bochecha e acenou para o irmão da moça que observava a cena, calado – Está ficando tarde, acompanhe-a até a casa dela, .
– Não. – a moça respondeu com a voz extremamente aguda – Não precisa. – sorriu sem graça.
– Eu faço questão – pela primeira vez se manifestou no ambiente, preferiu que ele ficasse calado – Não posso deixar uma dama sozinha andando na rua. – ele comentou galanteador. Brenda soltou um risinho baixo, que logo foi substituído por um barulho de dor pelo beliscão que havia dado nela.
– Aceite, querida. é um bom rapaz, e estamos prezando por sua segurança apenas. Estamos em tempos de guerra... – Lena tinha súplica no olhar. suspirou fundo.
– Tudo bem, se isso tranquiliza a senhora aceito a companhia do primogênito da família. – ela segurou firmemente a alça da bolsa, se pudesse a quebraria ao meio tamanho era seu desconforto. – Obrigada, e tenham uma boa noite.
– Aceita? – ele ofereceu o braço direito a ela para que andasse entrelaçados, ela acenou a cabeça negativamente passando na frente dele. – Sua amiga é tão difícil, Brenda, mas eu sou bem persistente – ele sussurrou para a irmã e saiu em disparada para alcançar a moça.
– Mamãe? – a mulher se virou para ela, Brenda tinha a sobrancelha arqueada.
– Sim, filha, foi ideia do , ele tem boas intenções com ela e eu o ajudei. Depois que seu irmão voltou do exército foi a primeira vez que o vi se entusiasmar com algo. – a mais velha deu de ombros – Faço muito gosto, vem de uma boa família, moça direita, um ótimo partido para ele.
– Sim, eu também quero os dois juntos, mas é bem complicada, mãe. – Brenda suspirou, enquanto se sentava e emergia em pensamentos.
– Complicada por que, filha? – Leda perguntou, bastante curiosa.
– Nem eu sei explicar, ela só é complicada mesmo. – sorriu amarelo, ela não queria estragar a boa imagem de com as ideias revolucionárias que ela tinha para a mãe.
Os dois caminhavam lado a lado, não falavam sobre nada, e aquilo incomodava , ele queria prosear com ela, mas não sabia como começar qualquer assunto.
– Mundo pequeno esse, não? – ele se arriscou – Amiga de escola da minha irmã, a moça que me encantou desde o primeiro dia em que a vi. – sentiu as bochechas esquentarem.
– Pois é. – ela olhou para baixo, tímida. E não falou mais nada, permaneceu calada.
– ? – ela o olhou – Fala comigo. – ele fez um biquinho fofo.
– Estou falando, só não estou à vontade com essa situação. Você me beijou, por Deus – ela sussurrou, com medo que alguém ouvisse.
– Eu já te pedi desculpas, foi um impulso, é que eu nunca senti o que eu senti ao seu lado, então quando aconteceu aquele pequeno acidente eu quis repetir a dose. Seria tolice a minha dizer que me apaixonei no primeiro beijo?
– Céus. – ela tentou prender um sorriso – Você é muito galanteador.
– Não sou galanteador, estou expondo fatos. – ele abriu um lindo sorriso em direção a ela que faria qualquer garota bambear as pernas.
– Eu... – ela balançou a cabeça – Minha casa é aquela ali. – apontou – Mas não quero que meu vô o veja, ele pode maldar.
– Tudo bem, não quero lhe prejudicar. Te vejo amanhã. – ele lhe deu um sorriso torto.
– Como assim? – arqueou a sobrancelha.
– É que vou buscar a Brenda no colégio a partir de agora e então nos veremos sempre. – a moça sorriu, desacreditada. Aquele estranho...
– Que seja, até amanhã, . – ela acenou para ele enquanto continuava os passos em direção a sua casa.
– Até amanhã, . – ela deu uma rápida olhada para trás, acenou para ela fofamente. Ela chacoalhou a cabeça, suspirando fundo.
Entrou na casa com um sorriso grande, mas o desmanchou assim que pode avistar o avô sentado na sala, enquanto ainda tinha o jornal em mãos.
– Achei que fosse ficar por lá, , já que você passou do horário que estipulei!
– Não passei, para falar verdade o senhor não me deu horário, o combinado era que eu voltasse antes do anoitecer e foi isso o que fiz. – ela deu de ombros.
– , ... Não me teste. – a moça franziu o cenho.
– Jamais! – ela lavou as mãos e foi em direção à geladeira para que pudesse pegar alguns ingredientes para o jantar. Mal sabia o avô que a garota havia quebrado algumas regras impostas por ele.
– Eu... Preciso ir. – ainda encarava o rapaz, quando se abaixou para recolher os seus livros rapidamente.
– Mas não vai mesmo, quero explicações. – umedeceu os lábios. Já estava recuperado de sua crise de tosse e sorria travesso.
– Não precisa ir embora, . Não por minha causa.
terminou de recolher os livros, puxou a mão da amiga e foram em direção ao quarto dela, ignorando-o. A moça fechou a porta e a trancou, temendo que o rapaz viesse atrás de si, estava ofegante. Brenda lhe encarava extremamente confusa.
– Seu irmão... – como falaria aquilo para a amiga? – Ele...
– Ele o quê? Fala! – Brenda comentou, impaciente.
– Foi ele quem me beijou na festa da cidade! Céus! – Brenda começou a rir audivelmente, não conseguia acreditar no que tinha ouvido. Tulipas não era tão grande, mas não fazia nem uma semana que ele havia chegado e já aprontava uma daquelas.
– Meu irmão sempre me surpreendendo... – riu mais uma vez – Já pensou se vocês namoram? E se vocês se casam? Você entraria pra minha família e seríamos como irmãs e...
– Brenda! Não fantasie as coisas, eu já te disse minha opinião sobre isso. Eu não me vejo seguindo esses passos de casamento ou ademais sendo dona de casa.
– Você tem umas ideias, é o nosso destino, . Mas tudo bem, não vou entrar nesse mérito. – fechou os olhos, passando a mão pelo rosto, buscando paciência com a amiga – Eu acho que meu irmão quer te beijar de novo.
– Não! Tolice, ele não faria algo assim de novo, ou faria? Eu o estapeei – Brenda franziu o cenho – Chega desse assunto, vamos logo iniciar esse trabalho de português? Eu vim aqui pra isso.
– Por hora vamos iniciar esse trabalho, depois voltaremos a papear sobre... Você sabe. – quis morrer, justo o irmão da melhor amiga? O destino gostava mesmo de brincar com ela.
Do outro lado da porta do quarto, com um copo de vidro em mãos estava que escutava a conversa das moças. Ah, mas ele faria sim, , pois tudo o que ele pensava era em beijá-la novamente.
– Acho que já vou, Brenda, estou imensamente cansada e tenho que ver o jantar do meu avô, tudo bem? – se espreguiçou, enquanto se levantava da cama.
– Eu vou finalizar os últimos detalhes do nosso trabalho, faltam apenas algumas poucas coisas. – recolheu o caderno e os livros, pronta para sair da casa. – Vou te acompanhar até a porta.
– Certo – elas sorriram minimamente e desceram as escadas. Lá encontraram a mãe da moça que preparava o jantar e , que acompanhava o que a mãe fazia na cozinha. Ele não tinha que trabalhar? Era o que a moça pensava.
– já está indo, mamãe. – Brenda chegou de surpresa, os assustando.
– Mas já? Fique para o jantar, não vai demorar a ficar pronto. – Leda sorriu.
– Gostaria, mas o meu avô me espera para preparar o jantar dele, como a senhora sabe, sou eu que efetuo essas coisas. – ela desviou o olhar para o chão – Mas fica para uma próxima.
– Tudo bem, querida – foi até ela e lhe beijou a bochecha e acenou para o irmão da moça que observava a cena, calado – Está ficando tarde, acompanhe-a até a casa dela, .
– Não. – a moça respondeu com a voz extremamente aguda – Não precisa. – sorriu sem graça.
– Eu faço questão – pela primeira vez se manifestou no ambiente, preferiu que ele ficasse calado – Não posso deixar uma dama sozinha andando na rua. – ele comentou galanteador. Brenda soltou um risinho baixo, que logo foi substituído por um barulho de dor pelo beliscão que havia dado nela.
– Aceite, querida. é um bom rapaz, e estamos prezando por sua segurança apenas. Estamos em tempos de guerra... – Lena tinha súplica no olhar. suspirou fundo.
– Tudo bem, se isso tranquiliza a senhora aceito a companhia do primogênito da família. – ela segurou firmemente a alça da bolsa, se pudesse a quebraria ao meio tamanho era seu desconforto. – Obrigada, e tenham uma boa noite.
– Aceita? – ele ofereceu o braço direito a ela para que andasse entrelaçados, ela acenou a cabeça negativamente passando na frente dele. – Sua amiga é tão difícil, Brenda, mas eu sou bem persistente – ele sussurrou para a irmã e saiu em disparada para alcançar a moça.
– Mamãe? – a mulher se virou para ela, Brenda tinha a sobrancelha arqueada.
– Sim, filha, foi ideia do , ele tem boas intenções com ela e eu o ajudei. Depois que seu irmão voltou do exército foi a primeira vez que o vi se entusiasmar com algo. – a mais velha deu de ombros – Faço muito gosto, vem de uma boa família, moça direita, um ótimo partido para ele.
– Sim, eu também quero os dois juntos, mas é bem complicada, mãe. – Brenda suspirou, enquanto se sentava e emergia em pensamentos.
– Complicada por que, filha? – Leda perguntou, bastante curiosa.
– Nem eu sei explicar, ela só é complicada mesmo. – sorriu amarelo, ela não queria estragar a boa imagem de com as ideias revolucionárias que ela tinha para a mãe.
Os dois caminhavam lado a lado, não falavam sobre nada, e aquilo incomodava , ele queria prosear com ela, mas não sabia como começar qualquer assunto.
– Mundo pequeno esse, não? – ele se arriscou – Amiga de escola da minha irmã, a moça que me encantou desde o primeiro dia em que a vi. – sentiu as bochechas esquentarem.
– Pois é. – ela olhou para baixo, tímida. E não falou mais nada, permaneceu calada.
– ? – ela o olhou – Fala comigo. – ele fez um biquinho fofo.
– Estou falando, só não estou à vontade com essa situação. Você me beijou, por Deus – ela sussurrou, com medo que alguém ouvisse.
– Eu já te pedi desculpas, foi um impulso, é que eu nunca senti o que eu senti ao seu lado, então quando aconteceu aquele pequeno acidente eu quis repetir a dose. Seria tolice a minha dizer que me apaixonei no primeiro beijo?
– Céus. – ela tentou prender um sorriso – Você é muito galanteador.
– Não sou galanteador, estou expondo fatos. – ele abriu um lindo sorriso em direção a ela que faria qualquer garota bambear as pernas.
– Eu... – ela balançou a cabeça – Minha casa é aquela ali. – apontou – Mas não quero que meu vô o veja, ele pode maldar.
– Tudo bem, não quero lhe prejudicar. Te vejo amanhã. – ele lhe deu um sorriso torto.
– Como assim? – arqueou a sobrancelha.
– É que vou buscar a Brenda no colégio a partir de agora e então nos veremos sempre. – a moça sorriu, desacreditada. Aquele estranho...
– Que seja, até amanhã, . – ela acenou para ele enquanto continuava os passos em direção a sua casa.
– Até amanhã, . – ela deu uma rápida olhada para trás, acenou para ela fofamente. Ela chacoalhou a cabeça, suspirando fundo.
Entrou na casa com um sorriso grande, mas o desmanchou assim que pode avistar o avô sentado na sala, enquanto ainda tinha o jornal em mãos.
– Achei que fosse ficar por lá, , já que você passou do horário que estipulei!
– Não passei, para falar verdade o senhor não me deu horário, o combinado era que eu voltasse antes do anoitecer e foi isso o que fiz. – ela deu de ombros.
– , ... Não me teste. – a moça franziu o cenho.
– Jamais! – ela lavou as mãos e foi em direção à geladeira para que pudesse pegar alguns ingredientes para o jantar. Mal sabia o avô que a garota havia quebrado algumas regras impostas por ele.
Capítulo 3
As duas garotas caminhavam em direção ao portão, de longe pode avistar e revirou os olhos. Há quatro semanas, depois que ele descobriu quem ela era, ele sempre buscava Brenda no colégio com desculpas para se aproximar da garota. não era tola, já havia reparado nisso, mas fingia não perceber.
– Seu irmão não vai parar mais de vir te buscar, não é? – ela o encarava, enquanto o homem parecia distraído com algo.
– Não mesmo, ele está interessado em você. – Brenda abriu um sorriso enorme – Por que não deixa que ele se aproxime?
– Porque você já sabe minha opinião sobre homens e...
– Sim, eu sei, mas meu irmão é diferente. Ele não faria algo que te desonrasse. – respirou fundo, negando com a cabeça – Você não percebe isso?
– Você indaga isso, pois ele é seu irmão. – Brenda franziu o cenho.
– Talvez porque eu conheça a excelente criação que ele teve. – ela olhou a amiga entediada – Poxa, ele foi mesmo atrevido, , mas ele te pediu desculpas.
– Eu sei que ele me pediu desculpas, mas é estranho. – as duas pararam de caminhar.
– , você não é imune ao meu irmão, e não negue, eu tenho olhos e os uso muito bem. – a olhou, surpresa.
– Certo. – ela fechou minimamente os olhos – Ele é muito galanteador, e é um rapaz muito belo. – acabou por admitir – Talvez eu goste um pouco dele. – ela sussurrou o fim da frase.
– Você não me engana, ! – Brenda sorriu – Deixa que ele te conquiste, vire minha cunhada, você verá o quão bem o meu irmão lhe fará.
– Eu não sei... Olha, são tantas coisas, tem meu avô também e...
– , seu avô nunca foi impedimento pra nada, quando você quer, você faz. Permita-se conhecer o meu irmão. – calou-se, pensativa. Voltaram a caminhar já próximas de onde o rapaz estava – ! Surpresa seria se não estivesse aqui – Brenda zombou do irmão.
– Só fico preocupado com minha doce e adorável irmã. – ele usou de sarcasmo para responder a irmã – ! Como tem passado? – eles começaram a caminhar enquanto Brenda entregava os materiais para que o irmão os levasse.
– Passo muito bem, obrigada. E você? – ela o examinou, discretamente.
– Estou ótimo. – ele a olhava – Será que hoje eu posso carregar suas coisas também? Nunca me permite – coçou a nuca sem graça, ela deixou escapar um sorriso mínimo.
– , , é que não sou adepta a esse tipo de cavalheirismo, mas tudo bem, pode carregar. – ela passou as coisas para o rapaz.
Brenda sorriu animada. a olhou, abismado, será que aquilo era uma chance? estava diferente, e ele não perderia a oportunidade de explorar aquilo. Era uma tremenda brecha.
***
escutava um programa qualquer no rádio, enquanto terminava de efetuar os deveres de casa, estava sozinha em casa. Escutou barulho de batidas na janela, mas não era em seu quarto e sim no de seu avô. Franziu o cenho, confusa, o que seria aquilo? O barulho de batidas continuou, e a garota foi até a cozinha para pegar uma panela. Passo por passo adentrou o quarto do idoso, e empurrou a cortina, e na varanda avistou a silhueta de um rapaz, e viu que era... ? Ela abriu a janela, surpresa.
– O que está fazendo? – ela arqueou a sobrancelha. abriu um sorriso travesso.
– Queria conversar com você, observei que seu avô não está em casa, inclusive. Que tal um passeio na praça? – ele sorriu, pidão.
– Mas é claro... Que não! Você é louco? Só pode ser mesmo, que atrevimento.
– Não malde as coisas, , só quero lhe conhecer melhor, papear um pouco, que mal pode ter? Estaremos com várias pessoas próximas de nós. Por favor?
Ela respirou fundo, enquanto o encarava, acabou por se lembrar das palavras de Brenda “Permita-se conhecê-lo”, ponderou mais uma vez os prós e contras daquilo e por fim se decidiu.
– Espere, vou me trocar. – ele abriu um sorriso enorme que estranhou, era um lindo sorriso, no fim.
Ela se arrumou rapidamente e agora descia as escadas para encontrar o rapaz.
– Saiba que a janela que você bateu é a do quarto do meu vô. – ele arregalou os olhos.
– Então o seu quarto é o do lado... Hum, me lembrarei da próxima vez.
– Você acha que terá uma próxima vez? – ela sorriu, o desafiando.
– E por que não teria? – ele devolveu a pergunta a ela. Ela ficou calada, nem ela saberia responder.
Sentaram-se na praça principal da cidade, um de frente para o outro. olhava para a garota, queria puxar papo, mas nada lhe vinha a cabeça, então só a encarava. Já olhava para qualquer lugar daquela praça, mas sabia que os olhos do rapaz tinham como destino a face dela.
– Seja sincero, – ela se virou para ele – por que me olha assim? – ela o encarou, tinha a sobrancelha arqueada.
– Porque eu... – ele coçou a nuca, sem graça – Não consigo tirar o beijo da minha cabeça. Depois de tanto tempo tendo apenas coisas ruins na minha vida, você apareceu de forma tão singela e trouxe um pouco de luz.
– Uau! – ela tentava absorver aquelas palavras - Isso é loucura, você deveria parar de me dizer essas coisas. – ela balançou a cabeça negativamente.
– Devo estar louco mesmo, mas de paixão. – ele piscou marotamente. Ela lhe deu um leve empurrão no braço, ele nem se mexeu. pode reparar que debaixo daquela roupa ele tinha braços bem musculosos.
– Não consigo te levar a sério – ela não pode evitar que um sorriso surgisse em sua face.
– Mas leve, eu gosto de você, tudo em você me encanta, seu sorriso, sua voz, seu jeito tão decidido de ser... – ela sentiu as bochechas esquentarem – Diga que não sente nada por mim e eu paro de lhe importunar.
– Eu até queria dizer que não sinto nada, mas eu estaria mentindo. – ela suspirou fundo, jogando tudo para o alto. Já fazia um mês que o rapaz estava tentando se aproximar dela, e ela sempre o ignorava – Não consigo decidir se seu beijo foi algo bom ou ruim.
– Me deixa te beijar de novo, e então você terá o veredito final, o que acha?
– Acho que você é um espertalhão! – ela sorriu, balançando a cabeça em negativa.
– Não custava tentar. – ele deu de ombros e sorriu – Se você quiser eu peço ao seu avô para que possamos namorar, quero fazer as coisas de forma correta.
– Não! – ela exclamou, alarmada – De jeito nenhum, eu não preciso de permissão para namorar, sem contar que ele é muito retrógrado, para ele eu já tenho um destino traçado: casar com um fazendeiro rico. – ele franziu o cenho.
– Me namora, ? – ele se levantou do banco a qual estava sentado e ajoelhou aos pés da garota, enquanto segurava a mão dela. Ele nunca pensou que em toda a sua vida estaria tão alucinado por alguém, mas ela era uma menina-mulher maravilhosa.
– Eu... – lembrou-se de seu pai e o que ele tinha feito a sua mãe, namorar ia contra a tudo o que sempre idealizou, mas... Ele parecia mesmo ser tão diferente... – Que eu não me arrependa dessa decisão, se não Brenda pagará caro por isso! Eu aceito, atrevido.
Ele sorriu e ajoelhado ainda se aproximou da face dela e lhe beijou timidamente. tinha tudo o que sempre quis, finalmente estava em casa ao lado da garota que gostava.
– Seu irmão não vai parar mais de vir te buscar, não é? – ela o encarava, enquanto o homem parecia distraído com algo.
– Não mesmo, ele está interessado em você. – Brenda abriu um sorriso enorme – Por que não deixa que ele se aproxime?
– Porque você já sabe minha opinião sobre homens e...
– Sim, eu sei, mas meu irmão é diferente. Ele não faria algo que te desonrasse. – respirou fundo, negando com a cabeça – Você não percebe isso?
– Você indaga isso, pois ele é seu irmão. – Brenda franziu o cenho.
– Talvez porque eu conheça a excelente criação que ele teve. – ela olhou a amiga entediada – Poxa, ele foi mesmo atrevido, , mas ele te pediu desculpas.
– Eu sei que ele me pediu desculpas, mas é estranho. – as duas pararam de caminhar.
– , você não é imune ao meu irmão, e não negue, eu tenho olhos e os uso muito bem. – a olhou, surpresa.
– Certo. – ela fechou minimamente os olhos – Ele é muito galanteador, e é um rapaz muito belo. – acabou por admitir – Talvez eu goste um pouco dele. – ela sussurrou o fim da frase.
– Você não me engana, ! – Brenda sorriu – Deixa que ele te conquiste, vire minha cunhada, você verá o quão bem o meu irmão lhe fará.
– Eu não sei... Olha, são tantas coisas, tem meu avô também e...
– , seu avô nunca foi impedimento pra nada, quando você quer, você faz. Permita-se conhecer o meu irmão. – calou-se, pensativa. Voltaram a caminhar já próximas de onde o rapaz estava – ! Surpresa seria se não estivesse aqui – Brenda zombou do irmão.
– Só fico preocupado com minha doce e adorável irmã. – ele usou de sarcasmo para responder a irmã – ! Como tem passado? – eles começaram a caminhar enquanto Brenda entregava os materiais para que o irmão os levasse.
– Passo muito bem, obrigada. E você? – ela o examinou, discretamente.
– Estou ótimo. – ele a olhava – Será que hoje eu posso carregar suas coisas também? Nunca me permite – coçou a nuca sem graça, ela deixou escapar um sorriso mínimo.
– , , é que não sou adepta a esse tipo de cavalheirismo, mas tudo bem, pode carregar. – ela passou as coisas para o rapaz.
Brenda sorriu animada. a olhou, abismado, será que aquilo era uma chance? estava diferente, e ele não perderia a oportunidade de explorar aquilo. Era uma tremenda brecha.
– O que está fazendo? – ela arqueou a sobrancelha. abriu um sorriso travesso.
– Queria conversar com você, observei que seu avô não está em casa, inclusive. Que tal um passeio na praça? – ele sorriu, pidão.
– Mas é claro... Que não! Você é louco? Só pode ser mesmo, que atrevimento.
– Não malde as coisas, , só quero lhe conhecer melhor, papear um pouco, que mal pode ter? Estaremos com várias pessoas próximas de nós. Por favor?
Ela respirou fundo, enquanto o encarava, acabou por se lembrar das palavras de Brenda “Permita-se conhecê-lo”, ponderou mais uma vez os prós e contras daquilo e por fim se decidiu.
– Espere, vou me trocar. – ele abriu um sorriso enorme que estranhou, era um lindo sorriso, no fim.
Ela se arrumou rapidamente e agora descia as escadas para encontrar o rapaz.
– Saiba que a janela que você bateu é a do quarto do meu vô. – ele arregalou os olhos.
– Então o seu quarto é o do lado... Hum, me lembrarei da próxima vez.
– Você acha que terá uma próxima vez? – ela sorriu, o desafiando.
– E por que não teria? – ele devolveu a pergunta a ela. Ela ficou calada, nem ela saberia responder.
Sentaram-se na praça principal da cidade, um de frente para o outro. olhava para a garota, queria puxar papo, mas nada lhe vinha a cabeça, então só a encarava. Já olhava para qualquer lugar daquela praça, mas sabia que os olhos do rapaz tinham como destino a face dela.
– Seja sincero, – ela se virou para ele – por que me olha assim? – ela o encarou, tinha a sobrancelha arqueada.
– Porque eu... – ele coçou a nuca, sem graça – Não consigo tirar o beijo da minha cabeça. Depois de tanto tempo tendo apenas coisas ruins na minha vida, você apareceu de forma tão singela e trouxe um pouco de luz.
– Uau! – ela tentava absorver aquelas palavras - Isso é loucura, você deveria parar de me dizer essas coisas. – ela balançou a cabeça negativamente.
– Devo estar louco mesmo, mas de paixão. – ele piscou marotamente. Ela lhe deu um leve empurrão no braço, ele nem se mexeu. pode reparar que debaixo daquela roupa ele tinha braços bem musculosos.
– Não consigo te levar a sério – ela não pode evitar que um sorriso surgisse em sua face.
– Mas leve, eu gosto de você, tudo em você me encanta, seu sorriso, sua voz, seu jeito tão decidido de ser... – ela sentiu as bochechas esquentarem – Diga que não sente nada por mim e eu paro de lhe importunar.
– Eu até queria dizer que não sinto nada, mas eu estaria mentindo. – ela suspirou fundo, jogando tudo para o alto. Já fazia um mês que o rapaz estava tentando se aproximar dela, e ela sempre o ignorava – Não consigo decidir se seu beijo foi algo bom ou ruim.
– Me deixa te beijar de novo, e então você terá o veredito final, o que acha?
– Acho que você é um espertalhão! – ela sorriu, balançando a cabeça em negativa.
– Não custava tentar. – ele deu de ombros e sorriu – Se você quiser eu peço ao seu avô para que possamos namorar, quero fazer as coisas de forma correta.
– Não! – ela exclamou, alarmada – De jeito nenhum, eu não preciso de permissão para namorar, sem contar que ele é muito retrógrado, para ele eu já tenho um destino traçado: casar com um fazendeiro rico. – ele franziu o cenho.
– Me namora, ? – ele se levantou do banco a qual estava sentado e ajoelhou aos pés da garota, enquanto segurava a mão dela. Ele nunca pensou que em toda a sua vida estaria tão alucinado por alguém, mas ela era uma menina-mulher maravilhosa.
– Eu... – lembrou-se de seu pai e o que ele tinha feito a sua mãe, namorar ia contra a tudo o que sempre idealizou, mas... Ele parecia mesmo ser tão diferente... – Que eu não me arrependa dessa decisão, se não Brenda pagará caro por isso! Eu aceito, atrevido.
Ele sorriu e ajoelhado ainda se aproximou da face dela e lhe beijou timidamente. tinha tudo o que sempre quis, finalmente estava em casa ao lado da garota que gostava.
Capítulo 4
escutou pedrinhas na sua janela e rapidamente a abriu para que entrasse em seu quarto. Já fazia três semanas que os dois namoravam escondidos, e aquela adrenalina era maravilhosa. espiava sempre e quando via que o avô da garota saia, entrava pela janela dela.
– ! – ela sorriu entusiasmada, enquanto o ajudava a entrar pela janela. O cumprimentou com vários selinhos. – Estava com saudades.
– Eu também. – ele a puxou pela mão para que sentassem na cama.
Encarou os lindos olhos da moça, se aproximou novamente e começou a beijá-la. O beijo começou lento, mas o ritmo se acelerou. deitou a moça na cama e deitou-se por cima, sem interromper o beijo. O rapaz trazia sensações diferentes para ela e agora ela sabia que eram boas e ela definitivamente gostava. As mãos do rapaz passeavam pelo corpo da moça, até repousaram na bunda da menina, apertando-a. apertava as costas do namorado. Ela sentiu um certo volume vindo da calça dele, aquilo crescia cada vez mais. Toda vez que eles se beijavam era isso. Ela o empurrou, saindo debaixo dele e se levantando da cama.
– O que foi, ? – seus olhos se estreitaram.
– É que... Bom... – ele a olhou curioso.
– O que te aflige? Pode falar, qualquer coisa. – ele a incentivou.
– Certo, – ela o fitou firmemente – Por que quando a gente se beija um volume cresce nas suas calças? – sentiu as bochechas queimarem, era mesmo inacreditável... Como ele explicaria isso?
– , é que eu me excito quando a gente se beija, e quando eu me excito acontece isso. É natural. – ele simplificou, claramente envergonhado.
– Ah, sim. – ela sorriu sem graça – Me desculpe perguntar essas coisas, mas ninguém nunca me explicou, e eu também não tenho a quem perguntar. Jamais perguntaria algo assim ao meu avô.
– Ei, está tudo bem, sempre que tiver dúvidas pode perguntar. – ele a chamou para a cama de novo, e ela se sentou ao seu lado.
– Posso colocar a mão? – ela apontou para o volume, ele arregalou os olhos.
– Não acho que seja uma boa ideia...
– Por favor, , estou curiosa – ela abriu um sorriso inocente. O rapaz bufou – Por favor, vai...
– O-ok – ele gaguejou, e delicadamente colocou a mão ali, alisou levemente. Aquilo foi a gota d’água para ele que se levantou rapidamente e foi em direção ao banheiro. tinha que explicar algumas coisas para a namorada, caso não, aquela ingenuidade dela seria sua perdição.
***
– Estava ficando má acostumada com sempre nos buscando todos os dias no colégio – virou-se de lado enquanto o professor de história explicava o conteúdo programático daquela aula.
– Vocês dois formam um casal tão adorável... – Brenda indagou de repente – Meu irmão enlaçou mesmo você.
– Sim, nunca pensei que estaria namorando e gostando de alguém assim... – ela suspirou, virando seu corpo completamente para trás, para que pudesse ver a amiga direito.
– É uma pena que agora vocês terão que se separar por um tempo. – Brenda suspirou tristonha.
– Como assim? – franziu o cenho, completamente confusa.
– O não te falou o porquê ele não vem nos buscar hoje? – negou – Ah, meu Deus! Não deve ser eu a te falar então.
– Brenda! Eu preciso saber, me conte, por favor. – a amiga negou, alarmada – Brenda, você é minha melhor amiga, por favor... – ela insistiu, usando seu poder de persuasão.
– ... – ela a pressionou pelo olhar – Bom... É que chegou a convocação para o exército, tinha que ir hoje. Ele partirá na próxima segunda feira para a guerra. Mamãe está inconsolável, parece que esse pesadelo de guerra nunca vai acabar.
– Ele o quê? – sussurrou, surpresa.
– Eu acho que meu irmão vai me matar... – Brenda sorriu sem graça.
se virou para frente, ignorando a fala da amiga, hoje já era quinta feira, quando o estúpido do seu namorado lhe contaria aquilo? Ele não tinha o direito de esconder. sentiu o coração ficar pequenino no peito, ia para guerra e poderia nunca mais voltar vivo de lá.
voltava da convocação, estava cabisbaixo, aquele tormento voltaria, medo, tristeza, sangue de inocentes para todos os lados. Nem ele sabia como havia sobrevivido àquela tortura que foram os dois anos que passou servindo o exército. De alguma forma aquilo lhe mudara de uma forma drástica.
Suspirou fundo, finalmente havia chegado em frente a casa da namorada. Viu pela movimentação que o avô dela estava em casa, resolveu sentar-se um pouco distante dali, mas em um lugar que pudesse ver quando o velho saísse de casa.
era seu ponto de luz, sua paz, era tudo o que sempre almejou em alguém. Sua delicadeza, sua ingenuidade, seus trejeitos, tudo o encantava. Estava apreensivo, sabia que precisava lhe contar, não era correto esconder.
Depois de esperar algumas boas horas, pode observar que o velho havia saído de casa. Sem pestanejar, entrou pela porta da frente e subiu as escadas. Deu as três batidas de forma combinada, e escutou um “Vai embora”. Ele arqueou a sobrancelha e abriu a porta, encontrando uma jogada na cama, com o travesseiro lhe cobrindo a face. Aproximou-se devagar, e se sentou na cama.
– Eu disse pra ir embora, ele já, já volta. – ela respondeu com a voz abafada.
– O que há? Você nunca se importou se seu avô ia longe ou não. Por que quer que eu vá embora? – ele murmurou, enquanto alisava o braço dela. De forma brusca ela se sentou na cama e tirou o travesseiro, revelando uma face emburrada.
– Você! – ela lhe deu um empurrão, ele tomou um susto – Eu estou com tanto ódio! – ela avançou nele lhe dando mais um empurrão – Você não tinha o direito de me esconder a convocação. – ele arregalou os olhos, como ela havia descoberto? já tinha o rosto lavado por lágrimas – Eu te odeio, eu te odeio. – ela começou a bater no peito dele e ele segurou os braços dela e com a outra mão a abraçou, enquanto ela se debatia, tentando se soltar.
– Me desculpa, me desculpa. – ele sussurrou, sentindo que lágrimas desciam por sua face. parou de se debater e correspondeu ao abraço dele – Eu não tinha coragem de te contar... – ela soluçou alto, enquanto ainda o abraçava fortemente.
– Eu tenho tanto medo, medo de te perder. – ela desfez o abraço e lhe deu um longo selinho. Passou a mão pelo rosto dele, secando suas lágrimas.
Eles ficaram em silêncio por um tempo, somente abraçados, ambos estavam perdidos em seus próprios pensamentos. Veio uma ideia na cabeça de , era insano, mas era a única maneira de ficar ao lado dela.
– Foge comigo? – os olhos de estreitaram-se.
– O que você disse? – a boca de se curvou num pequeno sorriso.
– Foge comigo, . – ele sorriu, fitando-a.
– Você está louco, ? – ela acabou por sorrir, incrédula.
– Louco de amor por você, só se for. – ela acabou rindo com a mini careta que ele fez. – Vamos, , vamos ser livres. Vamos viver uma vida única. – ela suspirou fundo, incrédula.
– Meu Deus, eu... – ele a interrompeu.
– , essa cidade é pequena para a imensidão de mulher que é você. Você almeja sua liberdade, busca idealizações que aqui nunca serão encontradas. O que te prende aqui? – ela ponderou a fala dele, pensativa. De fato ela amava o avô, mas odiava a vida que levava.
– Nada. – acabou concluindo.
– Então vamos fugir, vamos nos aventurar por esse mundo imenso.
– Estou achando que loucura é contagiosa. – ela acabou rindo alto – Vamos fugir, seu atrevido louco. – ele abriu um largo sorriso para ela. era a mulher de sua vida mesmo.
***
Ela arrumou sua mala, deu uma última olhada para trás e se foi. Ela teve dois dias para arrumar tudo para partir ao lado de . É, a vida estava lhe pregando mesmo uma peça, jamais se imaginou fazendo algo assim, não teria a vida infeliz que sua avó teve, ou a que sua mãe levava... Ela queria mais, ela precisava de mais.
Ela caminhava sem de fato conseguir enxergar direito tamanha eram as lágrimas, chorava por se sentir finalmente livre e chorava também por tudo que deixaria para trás devido aquela decisão, inclusive por seu avô que, mesmo sendo turrão, ela o amava. Viu-se de frente a casa de seu namorado e suspirou fundo. Assim que amanhecesse teriam que partir para longe, para não serem localizados por ninguém da família deles.
Chegou em frente a casa do rapaz, estava toda escura, era provável que todos estivessem dormindo, exceto ele. Ela avistou a janela ao lado da de Brenda, sabia que quem dormia ali era ele. Suspirou fundo e jogou pedrinhas ali, conforme haviam combinado. escutou o barulho e rapidamente a abriu, vendo uma com um pequeno sorriso no rosto, com resquícios de lágrimas nos olhos.
– Eu não acredito que você fez isso mesmo. – ele sussurrou, enquanto pulava a janela, tentando equilibrar suas coisas.
– Nem eu acredito, é tudo tão recente, mas tão intenso, . Eu não poderia perder a oportunidade que você me oferecia, foi sempre tudo o que eu quis. – ele lhe deu um rápido selinho quando ele chegou próximo a ela.
– Sim, começaremos uma vida nova a partir de agora. Seremos fugitivos da justiça, está preparada? – ela suspirou fundo e soltou o ar devagar.
– Estou. – ela sorriu, lhe beijando rapidamente.
– Então, vamos. – ele aprumou a mochila nas costas, e o seu violão ao lado. Na cintura ele tinha a arma de seu pai com algumas poucas balas. Nos bolsos tinha uma quantia razoável que havia pegado do armazém, que seu pai lhe perdoasse um dia.
– Antes de partimos mesmo preciso ir a um lugar na divisa da cidade...
– Para onde? – ele lhe perguntou, confuso.
– Eu preciso me despedir da minha mãe. – ele assentiu, entendendo que a namorada precisava disso.
**
– Mãe! – correu para abraçá-la.
– Filha!? – a mulher a olhava assustada – Eu ia até em casa para vê-la, porque veio até aqui?
– Eu estou fugindo! – ela sorriu largo. O terror ultrapassou o rosto da mais velha.
– Meu Deus, filha, você está grávida? – negou, acabando por rir da face desesperada da mãe.
– Não, mãe, eu só quero viver a vida que eu sempre sonhei ao lado de quem eu gosto. – seus olhos brilharam, enquanto falava.
– Nada que eu te falar adiantará, não é? Nem mesmo estarmos em época de guerra? – negou, sorrindo – Ai, filha, estou com meu coração sangrando... Prometa-me que vai se cuidar?
– Eu prometo. – sorriu, não conseguindo conter as lágrimas que desciam de seu rosto – Te amo.
– Eu também te amo – ela sorriu para filha, partindo o abraço, relutante – Ei, mocinho, – o rapaz direcionou o olhar a sogra – venha até aqui – ele se aproximou – Qual o seu nome?
– Prazer, senhora, me chamo . – ele sorriu, encabulado.
– Meu nome é Andrea. – ela o olhou inquisidora – Cuide de minha filha, rapaz. Ela é o bem mais precioso desse mundo.
– Eu sei. – os olhos do rapaz se iluminaram – Juro que cuidarei. – ele entrelaçou os dedos com os de – Eu farei de tudo por ela.
E ali, a mãe sabia que não tinha muito que fazer a não ser assistir a filha partir com o coração sangrando. Mas ao menos ela sabia que a filha estaria protegida, aquele rapaz daria a vida por ela, era perceptível pela forma como ele a olhava, e aquele brilho no olhar que a filha tinha era lindo. Ela só queria sua liberdade.
– ! – ela sorriu entusiasmada, enquanto o ajudava a entrar pela janela. O cumprimentou com vários selinhos. – Estava com saudades.
– Eu também. – ele a puxou pela mão para que sentassem na cama.
Encarou os lindos olhos da moça, se aproximou novamente e começou a beijá-la. O beijo começou lento, mas o ritmo se acelerou. deitou a moça na cama e deitou-se por cima, sem interromper o beijo. O rapaz trazia sensações diferentes para ela e agora ela sabia que eram boas e ela definitivamente gostava. As mãos do rapaz passeavam pelo corpo da moça, até repousaram na bunda da menina, apertando-a. apertava as costas do namorado. Ela sentiu um certo volume vindo da calça dele, aquilo crescia cada vez mais. Toda vez que eles se beijavam era isso. Ela o empurrou, saindo debaixo dele e se levantando da cama.
– O que foi, ? – seus olhos se estreitaram.
– É que... Bom... – ele a olhou curioso.
– O que te aflige? Pode falar, qualquer coisa. – ele a incentivou.
– Certo, – ela o fitou firmemente – Por que quando a gente se beija um volume cresce nas suas calças? – sentiu as bochechas queimarem, era mesmo inacreditável... Como ele explicaria isso?
– , é que eu me excito quando a gente se beija, e quando eu me excito acontece isso. É natural. – ele simplificou, claramente envergonhado.
– Ah, sim. – ela sorriu sem graça – Me desculpe perguntar essas coisas, mas ninguém nunca me explicou, e eu também não tenho a quem perguntar. Jamais perguntaria algo assim ao meu avô.
– Ei, está tudo bem, sempre que tiver dúvidas pode perguntar. – ele a chamou para a cama de novo, e ela se sentou ao seu lado.
– Posso colocar a mão? – ela apontou para o volume, ele arregalou os olhos.
– Não acho que seja uma boa ideia...
– Por favor, , estou curiosa – ela abriu um sorriso inocente. O rapaz bufou – Por favor, vai...
– O-ok – ele gaguejou, e delicadamente colocou a mão ali, alisou levemente. Aquilo foi a gota d’água para ele que se levantou rapidamente e foi em direção ao banheiro. tinha que explicar algumas coisas para a namorada, caso não, aquela ingenuidade dela seria sua perdição.
– Vocês dois formam um casal tão adorável... – Brenda indagou de repente – Meu irmão enlaçou mesmo você.
– Sim, nunca pensei que estaria namorando e gostando de alguém assim... – ela suspirou, virando seu corpo completamente para trás, para que pudesse ver a amiga direito.
– É uma pena que agora vocês terão que se separar por um tempo. – Brenda suspirou tristonha.
– Como assim? – franziu o cenho, completamente confusa.
– O não te falou o porquê ele não vem nos buscar hoje? – negou – Ah, meu Deus! Não deve ser eu a te falar então.
– Brenda! Eu preciso saber, me conte, por favor. – a amiga negou, alarmada – Brenda, você é minha melhor amiga, por favor... – ela insistiu, usando seu poder de persuasão.
– ... – ela a pressionou pelo olhar – Bom... É que chegou a convocação para o exército, tinha que ir hoje. Ele partirá na próxima segunda feira para a guerra. Mamãe está inconsolável, parece que esse pesadelo de guerra nunca vai acabar.
– Ele o quê? – sussurrou, surpresa.
– Eu acho que meu irmão vai me matar... – Brenda sorriu sem graça.
se virou para frente, ignorando a fala da amiga, hoje já era quinta feira, quando o estúpido do seu namorado lhe contaria aquilo? Ele não tinha o direito de esconder. sentiu o coração ficar pequenino no peito, ia para guerra e poderia nunca mais voltar vivo de lá.
voltava da convocação, estava cabisbaixo, aquele tormento voltaria, medo, tristeza, sangue de inocentes para todos os lados. Nem ele sabia como havia sobrevivido àquela tortura que foram os dois anos que passou servindo o exército. De alguma forma aquilo lhe mudara de uma forma drástica.
Suspirou fundo, finalmente havia chegado em frente a casa da namorada. Viu pela movimentação que o avô dela estava em casa, resolveu sentar-se um pouco distante dali, mas em um lugar que pudesse ver quando o velho saísse de casa.
era seu ponto de luz, sua paz, era tudo o que sempre almejou em alguém. Sua delicadeza, sua ingenuidade, seus trejeitos, tudo o encantava. Estava apreensivo, sabia que precisava lhe contar, não era correto esconder.
Depois de esperar algumas boas horas, pode observar que o velho havia saído de casa. Sem pestanejar, entrou pela porta da frente e subiu as escadas. Deu as três batidas de forma combinada, e escutou um “Vai embora”. Ele arqueou a sobrancelha e abriu a porta, encontrando uma jogada na cama, com o travesseiro lhe cobrindo a face. Aproximou-se devagar, e se sentou na cama.
– Eu disse pra ir embora, ele já, já volta. – ela respondeu com a voz abafada.
– O que há? Você nunca se importou se seu avô ia longe ou não. Por que quer que eu vá embora? – ele murmurou, enquanto alisava o braço dela. De forma brusca ela se sentou na cama e tirou o travesseiro, revelando uma face emburrada.
– Você! – ela lhe deu um empurrão, ele tomou um susto – Eu estou com tanto ódio! – ela avançou nele lhe dando mais um empurrão – Você não tinha o direito de me esconder a convocação. – ele arregalou os olhos, como ela havia descoberto? já tinha o rosto lavado por lágrimas – Eu te odeio, eu te odeio. – ela começou a bater no peito dele e ele segurou os braços dela e com a outra mão a abraçou, enquanto ela se debatia, tentando se soltar.
– Me desculpa, me desculpa. – ele sussurrou, sentindo que lágrimas desciam por sua face. parou de se debater e correspondeu ao abraço dele – Eu não tinha coragem de te contar... – ela soluçou alto, enquanto ainda o abraçava fortemente.
– Eu tenho tanto medo, medo de te perder. – ela desfez o abraço e lhe deu um longo selinho. Passou a mão pelo rosto dele, secando suas lágrimas.
Eles ficaram em silêncio por um tempo, somente abraçados, ambos estavam perdidos em seus próprios pensamentos. Veio uma ideia na cabeça de , era insano, mas era a única maneira de ficar ao lado dela.
– Foge comigo? – os olhos de estreitaram-se.
– O que você disse? – a boca de se curvou num pequeno sorriso.
– Foge comigo, . – ele sorriu, fitando-a.
– Você está louco, ? – ela acabou por sorrir, incrédula.
– Louco de amor por você, só se for. – ela acabou rindo com a mini careta que ele fez. – Vamos, , vamos ser livres. Vamos viver uma vida única. – ela suspirou fundo, incrédula.
– Meu Deus, eu... – ele a interrompeu.
– , essa cidade é pequena para a imensidão de mulher que é você. Você almeja sua liberdade, busca idealizações que aqui nunca serão encontradas. O que te prende aqui? – ela ponderou a fala dele, pensativa. De fato ela amava o avô, mas odiava a vida que levava.
– Nada. – acabou concluindo.
– Então vamos fugir, vamos nos aventurar por esse mundo imenso.
– Estou achando que loucura é contagiosa. – ela acabou rindo alto – Vamos fugir, seu atrevido louco. – ele abriu um largo sorriso para ela. era a mulher de sua vida mesmo.
Ela caminhava sem de fato conseguir enxergar direito tamanha eram as lágrimas, chorava por se sentir finalmente livre e chorava também por tudo que deixaria para trás devido aquela decisão, inclusive por seu avô que, mesmo sendo turrão, ela o amava. Viu-se de frente a casa de seu namorado e suspirou fundo. Assim que amanhecesse teriam que partir para longe, para não serem localizados por ninguém da família deles.
Chegou em frente a casa do rapaz, estava toda escura, era provável que todos estivessem dormindo, exceto ele. Ela avistou a janela ao lado da de Brenda, sabia que quem dormia ali era ele. Suspirou fundo e jogou pedrinhas ali, conforme haviam combinado. escutou o barulho e rapidamente a abriu, vendo uma com um pequeno sorriso no rosto, com resquícios de lágrimas nos olhos.
– Eu não acredito que você fez isso mesmo. – ele sussurrou, enquanto pulava a janela, tentando equilibrar suas coisas.
– Nem eu acredito, é tudo tão recente, mas tão intenso, . Eu não poderia perder a oportunidade que você me oferecia, foi sempre tudo o que eu quis. – ele lhe deu um rápido selinho quando ele chegou próximo a ela.
– Sim, começaremos uma vida nova a partir de agora. Seremos fugitivos da justiça, está preparada? – ela suspirou fundo e soltou o ar devagar.
– Estou. – ela sorriu, lhe beijando rapidamente.
– Então, vamos. – ele aprumou a mochila nas costas, e o seu violão ao lado. Na cintura ele tinha a arma de seu pai com algumas poucas balas. Nos bolsos tinha uma quantia razoável que havia pegado do armazém, que seu pai lhe perdoasse um dia.
– Antes de partimos mesmo preciso ir a um lugar na divisa da cidade...
– Para onde? – ele lhe perguntou, confuso.
– Eu preciso me despedir da minha mãe. – ele assentiu, entendendo que a namorada precisava disso.
– Filha!? – a mulher a olhava assustada – Eu ia até em casa para vê-la, porque veio até aqui?
– Eu estou fugindo! – ela sorriu largo. O terror ultrapassou o rosto da mais velha.
– Meu Deus, filha, você está grávida? – negou, acabando por rir da face desesperada da mãe.
– Não, mãe, eu só quero viver a vida que eu sempre sonhei ao lado de quem eu gosto. – seus olhos brilharam, enquanto falava.
– Nada que eu te falar adiantará, não é? Nem mesmo estarmos em época de guerra? – negou, sorrindo – Ai, filha, estou com meu coração sangrando... Prometa-me que vai se cuidar?
– Eu prometo. – sorriu, não conseguindo conter as lágrimas que desciam de seu rosto – Te amo.
– Eu também te amo – ela sorriu para filha, partindo o abraço, relutante – Ei, mocinho, – o rapaz direcionou o olhar a sogra – venha até aqui – ele se aproximou – Qual o seu nome?
– Prazer, senhora, me chamo . – ele sorriu, encabulado.
– Meu nome é Andrea. – ela o olhou inquisidora – Cuide de minha filha, rapaz. Ela é o bem mais precioso desse mundo.
– Eu sei. – os olhos do rapaz se iluminaram – Juro que cuidarei. – ele entrelaçou os dedos com os de – Eu farei de tudo por ela.
E ali, a mãe sabia que não tinha muito que fazer a não ser assistir a filha partir com o coração sangrando. Mas ao menos ela sabia que a filha estaria protegida, aquele rapaz daria a vida por ela, era perceptível pela forma como ele a olhava, e aquele brilho no olhar que a filha tinha era lindo. Ela só queria sua liberdade.
Capítulo 5
suspirou fundo, preocupado. Para saírem da cidade teriam que passar pela guerra, ele de certa forma tinha conhecimento das atrocidades que veria, e do tipo de inimigos que poderiam aparecer, mas ... Tão delicada, temia por ela. Tudo o que ele tinha era apenas uma arma empunhada na cintura, com poucas balas, para que pudessem se defender. Teria que usar aquilo com maestria.
parou em frente à rodoviária, viu que os ônibus seguiriam no máximo até Jardins, cidade vizinha, por conta dos confrontos nas cidades próximas a capital e na própria capital também.
– Por que paramos? – ela acordou o rapaz de seus pensamentos.
– , – ele engoliu em seco – assim que embarcamos no ônibus teremos como destino Jardins e estaremos próximos das zonas de confrontos – ela arregalou os olhos – Fique sempre atrás de mim, eu te protegerei.
– Eu não imaginava que estávamos tão perto assim dos confrontos, Jardins é aqui do lado. Sinto-me tão tola...
– Nós vamos sobreviver, ok? ¬– ele deu um mini sorriso, e suspirou fundo.
– Certo – ela deu um sorriso trêmulo, entrelaçou os dedos com os dele, com medo do que poderiam enfrentar a partir dali.
– Dá tempo de voltar, caso queira e... – ela o interrompeu.
– Não voltaremos. – ela lhe deu um selinho – Vamos logo com isso.
Eles finalmente adentraram a rodoviária, tinha os olhos atentos, enquanto andava com a namorada em seu encalço.
***
Eram tiros para todos os lados, desde que desembarcaram em Jardins. Eles estavam abaixados, tentando se proteger embaixo de uma construção, que agora estava em ruínas devido a tiros e granadas.
– Nós vamos morrer... – estava desesperada, e tampava os ouvidos. Ela ameaçou se levantar.
– Abaixa, . – ela o obedeceu – Mantenha calma, amor, nós vamos sair dessa, eu te prometo.
– – gritou, havia um garoto no meio do fogo cruzado, perdido – Aquele menino, ajude-o, por favor. Vão acertá-lo. – Ele procurou a quem ela dizia e logo encontrou o garotinho que não passava de seus nove anos.
– Tudo bem, fica aqui e permaneça abaixada. – sacou a arma, e tentou se aproximar do garotinho. Mas não deu tempo, acabou que o menininho levou um tiro na região abdominal.
– Meu Deus! – tinha o rosto lavado em lágrimas, estava estarrecida. Tudo o que passava em sua cabeça era por que? – ! – ele a abraçou, tentando consolá-la.
– Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. – ele sussurrava no ouvido da amada, mas nem ele mesmo acreditava em suas palavras. A frente era possível ver diversos corpos sem vida, um cenário completamente macabro.
Era noite de uma quinta feira, fazia sete dias que os dois haviam fugido, viviam como andarilhos, nunca tinham um lugar fixo, precisavam sair daquela zona de guerra para que assim pudessem ter paz.
viu um pico de luminosidade na floresta que os encobria. Pela movimentação percebeu que eram alguns civis com uma fogueira, então se aproximou deles com em seu encalço. Conseguiu visualizar que aquelas pessoas tinham comida, então poderiam se alimentar junto com eles caso lhes fosse permitido. sempre que podia poupava o dinheiro que possuíam.
sentia bolhas nos pés, eles tinham corrido muito naquele dia para evitar um confronto direto. Enquanto andavam, a garota escutava tiros e mais tiros e aquilo lhe apavorava, sentia tanto medo. Com aquela situação que vivia ela pode concluir que a vida era mesmo como um sopro.
– Podemos nos alimentar com vocês? – encarou os civis com súplica no olhar.
– É claro que podem. – uma senhora que aparentava ter seus 50 anos autorizou – Em tempos de guerra não podemos negar um pão a ninguém.
– Muito obrigado. – sorriu em agradecimento, puxando para que se sentasse ao seu lado. A senhora percebeu que a moça tremia os lábios e passou um cobertor para que ambos pudessem se cobrir.
– Obrigada mesmo, senhora. – fora a vez de agradecer.
– Só aceito os agradecimentos se o rapaz puder tocar um pouco de música para nos alegrar mesmo que seja minimamente essa noite... – a senhora tentou sorrir, mas era nítida a tristeza em seu olhar, ela havia perdido muito mais do que sua casa na guerra.
– Mas é claro. – tirou o violão das costas e começou a dedilhar uma velha canção, que de alguma forma acalentou o coração de todos ali, a música continha como lema a esperança de dias melhores.
observava o rosto do namorado, enquanto ele dedilhava aquela bonita canção sob o céu estrelado daquela noite. era tão belo... Parecia que seu rosto havia sido esculpido por um artista. era seu porto seguro. Só podia ser amor mesmo essa coisa que sentia por ele, era muito devasso. Ela havia largado tudo por ele, e mesmo sentindo-se desconfortável com as bolhas nos pés, frio, sede e fome, não se sentia nem um pouco arrependida. Estava ao lado dele e isso bastava, acima de tudo. Encostou sua cabeça em seu ombro, enquanto ainda observava as estrelas que estavam lindas aquela noite, elas pareciam brilhar.
tocara mais algumas músicas, agradeceu mais uma vez aquele grupo de civis e logo puxou para que pudessem achar algum lugar para se acomodar e passar aquela noite.
Eles se acomodaram próximo de um rio, arrumou uma cama com as próprias roupas deles e puxou para seu peito.
– Meu amor, hoje foi um dia terrível, não? – ele acarinhou seu braço, enquanto ela o abraçava fortemente.
– Todos os dias são terríveis, seria diferente se sua frase fosse “hoje foi um ótimo dia, não?” – ele sorriu melancólico.
– Você tem toda a razão, mas sabe o que deixa meu dia melhor? – ela se acomodou melhor no rapaz.
– Não, o quê? – ela subiu a cabeça para que pudesse fitá-lo.
– Você. – ela sorriu – Por tudo que temos passado esses dias, por sempre ter um sorriso no rosto, apesar das dificuldades que essa fuga nos trouxe, a única conclusão que eu tenho é a de amar você.
– Eu também amo você, desde o nosso primeiro beijo. – ela lhe deu um selinho, que acabou se tornando um beijo mais intenso.
correspondia a altura, não conseguindo conter suas mãos que agora deslizavam por todo o corpo dela. Ela se ajeitou melhor e sentou em cima da intimidade do namorado. Colocou as mãos por dentro da blusa dele, arranhando as costas dele com suas unhas curtas. Ela levantou a blusa dele a tirando, segurou a mão dela.
– , tem certeza? – ele murmurou, afastando o rosto dela de si. Mesmo que eles estivessem juntos e praticamente casados, jamais tentou invadir o sinal com ela. Tudo seria no tempo dela e quando ela se sentisse a vontade.
– Sim, eu tenho. – ela sorriu minimamente, lhe beijando novamente. E naquela noite e se conectaram da forma mais pura, assim como o amor que tinha um pelo outro.
***
e haviam parado em uma cidadezinha interiorana, que era próxima a Tulipas. Felizmente os maiores confrontos estavam ficando para trás, e pela primeira vez depois de duas semanas na estrada eles conseguiriam dormir em uma cama de verdade.
Adentraram ao quarto e a primeira coisa que a moça fez foi se jogar na cama, que não era tão macia, mas sem dúvidas era muito melhor que o chão que ela tinha dormido por dias.
– , eu preciso de um banho de verdade. – ela rolava na cama, enquanto ele sorria da felicidade dela.
– Então, vamos tomar um banho e depois a gente janta, vi um restaurante que me pareceu bem apetitoso.
– Sim, comer comida de verdade também, só comemos porcarias para poupar o máximo do dinheiro. – ela parou de bruços na cama, tinha a cabeça de ponta cabeça – Será que a gente consegue se estabilizar aqui? Pelo menos por um tempo...
– Chega de estrada, . Vou ver se amanhã mesmo procuro alguma coisa por aqui.
– Será que acham a gente aqui? – ela se sentou na cama agora. Chamou para que ele se sentasse ao lado dela.
– Acho que não, mas de qualquer forma vamos ficar atentos. – ele lhe deu um selinho e se levantou – Agora vem, vamos tomar um banho pra jantarmos. – ele a puxou pela mão em direção ao banheiro.
– Isso está muito bom. – ele deu mais uma garfada no macarrão.
– Mamma Mia, isso aqui está divino. – ele riu do jeito dela – Você parece criança comendo. – ela pegou um guardanapo e passou no canto da boca dele.
– Casa comigo? – arregalou os olhos, e engasgou. Começou a tossir sem parar. Assustado se levantou e bateu nas costas dela, tentando ajudá-la. Ela foi voltando a respirar, se sentou e lhe passou um copo d’água.
– Achei que fosse morrer de tanto tossir. – ela falou com a voz falhando.
– Casa comigo, . Sem engasgar, por favor, quero sua resposta – ele brincou, mas tinha a face agora escondida, temendo levar um não como retorno.
– Bobo, é claro que eu caso, mas são meras formalidades, já que eu me sinto casada com você desde o dia em que fugimos de Tulipas. – ela segurou a mão dele fazendo um carinho leve ali.
– Você é inacreditável, a cada dia mais me apaixono por você. – ele se debruçou na mesa e lhe deu um beijo casto.
– Amo você .– ela sorriu, enquanto eles se sentavam novamente.
– Também te amo. – ele tinha os olhos brilhando – Teremos histórias para contar aos nossos netos caso estejamos vivos. – eles riram, se debruçaram na mesa e selaram mais uma vez br>
parou em frente à rodoviária, viu que os ônibus seguiriam no máximo até Jardins, cidade vizinha, por conta dos confrontos nas cidades próximas a capital e na própria capital também.
– Por que paramos? – ela acordou o rapaz de seus pensamentos.
– , – ele engoliu em seco – assim que embarcamos no ônibus teremos como destino Jardins e estaremos próximos das zonas de confrontos – ela arregalou os olhos – Fique sempre atrás de mim, eu te protegerei.
– Eu não imaginava que estávamos tão perto assim dos confrontos, Jardins é aqui do lado. Sinto-me tão tola...
– Nós vamos sobreviver, ok? ¬– ele deu um mini sorriso, e suspirou fundo.
– Certo – ela deu um sorriso trêmulo, entrelaçou os dedos com os dele, com medo do que poderiam enfrentar a partir dali.
– Dá tempo de voltar, caso queira e... – ela o interrompeu.
– Não voltaremos. – ela lhe deu um selinho – Vamos logo com isso.
Eles finalmente adentraram a rodoviária, tinha os olhos atentos, enquanto andava com a namorada em seu encalço.
– Nós vamos morrer... – estava desesperada, e tampava os ouvidos. Ela ameaçou se levantar.
– Abaixa, . – ela o obedeceu – Mantenha calma, amor, nós vamos sair dessa, eu te prometo.
– – gritou, havia um garoto no meio do fogo cruzado, perdido – Aquele menino, ajude-o, por favor. Vão acertá-lo. – Ele procurou a quem ela dizia e logo encontrou o garotinho que não passava de seus nove anos.
– Tudo bem, fica aqui e permaneça abaixada. – sacou a arma, e tentou se aproximar do garotinho. Mas não deu tempo, acabou que o menininho levou um tiro na região abdominal.
– Meu Deus! – tinha o rosto lavado em lágrimas, estava estarrecida. Tudo o que passava em sua cabeça era por que? – ! – ele a abraçou, tentando consolá-la.
– Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. – ele sussurrava no ouvido da amada, mas nem ele mesmo acreditava em suas palavras. A frente era possível ver diversos corpos sem vida, um cenário completamente macabro.
Era noite de uma quinta feira, fazia sete dias que os dois haviam fugido, viviam como andarilhos, nunca tinham um lugar fixo, precisavam sair daquela zona de guerra para que assim pudessem ter paz.
viu um pico de luminosidade na floresta que os encobria. Pela movimentação percebeu que eram alguns civis com uma fogueira, então se aproximou deles com em seu encalço. Conseguiu visualizar que aquelas pessoas tinham comida, então poderiam se alimentar junto com eles caso lhes fosse permitido. sempre que podia poupava o dinheiro que possuíam.
sentia bolhas nos pés, eles tinham corrido muito naquele dia para evitar um confronto direto. Enquanto andavam, a garota escutava tiros e mais tiros e aquilo lhe apavorava, sentia tanto medo. Com aquela situação que vivia ela pode concluir que a vida era mesmo como um sopro.
– Podemos nos alimentar com vocês? – encarou os civis com súplica no olhar.
– É claro que podem. – uma senhora que aparentava ter seus 50 anos autorizou – Em tempos de guerra não podemos negar um pão a ninguém.
– Muito obrigado. – sorriu em agradecimento, puxando para que se sentasse ao seu lado. A senhora percebeu que a moça tremia os lábios e passou um cobertor para que ambos pudessem se cobrir.
– Obrigada mesmo, senhora. – fora a vez de agradecer.
– Só aceito os agradecimentos se o rapaz puder tocar um pouco de música para nos alegrar mesmo que seja minimamente essa noite... – a senhora tentou sorrir, mas era nítida a tristeza em seu olhar, ela havia perdido muito mais do que sua casa na guerra.
– Mas é claro. – tirou o violão das costas e começou a dedilhar uma velha canção, que de alguma forma acalentou o coração de todos ali, a música continha como lema a esperança de dias melhores.
observava o rosto do namorado, enquanto ele dedilhava aquela bonita canção sob o céu estrelado daquela noite. era tão belo... Parecia que seu rosto havia sido esculpido por um artista. era seu porto seguro. Só podia ser amor mesmo essa coisa que sentia por ele, era muito devasso. Ela havia largado tudo por ele, e mesmo sentindo-se desconfortável com as bolhas nos pés, frio, sede e fome, não se sentia nem um pouco arrependida. Estava ao lado dele e isso bastava, acima de tudo. Encostou sua cabeça em seu ombro, enquanto ainda observava as estrelas que estavam lindas aquela noite, elas pareciam brilhar.
tocara mais algumas músicas, agradeceu mais uma vez aquele grupo de civis e logo puxou para que pudessem achar algum lugar para se acomodar e passar aquela noite.
Eles se acomodaram próximo de um rio, arrumou uma cama com as próprias roupas deles e puxou para seu peito.
– Meu amor, hoje foi um dia terrível, não? – ele acarinhou seu braço, enquanto ela o abraçava fortemente.
– Todos os dias são terríveis, seria diferente se sua frase fosse “hoje foi um ótimo dia, não?” – ele sorriu melancólico.
– Você tem toda a razão, mas sabe o que deixa meu dia melhor? – ela se acomodou melhor no rapaz.
– Não, o quê? – ela subiu a cabeça para que pudesse fitá-lo.
– Você. – ela sorriu – Por tudo que temos passado esses dias, por sempre ter um sorriso no rosto, apesar das dificuldades que essa fuga nos trouxe, a única conclusão que eu tenho é a de amar você.
– Eu também amo você, desde o nosso primeiro beijo. – ela lhe deu um selinho, que acabou se tornando um beijo mais intenso.
correspondia a altura, não conseguindo conter suas mãos que agora deslizavam por todo o corpo dela. Ela se ajeitou melhor e sentou em cima da intimidade do namorado. Colocou as mãos por dentro da blusa dele, arranhando as costas dele com suas unhas curtas. Ela levantou a blusa dele a tirando, segurou a mão dela.
– , tem certeza? – ele murmurou, afastando o rosto dela de si. Mesmo que eles estivessem juntos e praticamente casados, jamais tentou invadir o sinal com ela. Tudo seria no tempo dela e quando ela se sentisse a vontade.
– Sim, eu tenho. – ela sorriu minimamente, lhe beijando novamente. E naquela noite e se conectaram da forma mais pura, assim como o amor que tinha um pelo outro.
Adentraram ao quarto e a primeira coisa que a moça fez foi se jogar na cama, que não era tão macia, mas sem dúvidas era muito melhor que o chão que ela tinha dormido por dias.
– , eu preciso de um banho de verdade. – ela rolava na cama, enquanto ele sorria da felicidade dela.
– Então, vamos tomar um banho e depois a gente janta, vi um restaurante que me pareceu bem apetitoso.
– Sim, comer comida de verdade também, só comemos porcarias para poupar o máximo do dinheiro. – ela parou de bruços na cama, tinha a cabeça de ponta cabeça – Será que a gente consegue se estabilizar aqui? Pelo menos por um tempo...
– Chega de estrada, . Vou ver se amanhã mesmo procuro alguma coisa por aqui.
– Será que acham a gente aqui? – ela se sentou na cama agora. Chamou para que ele se sentasse ao lado dela.
– Acho que não, mas de qualquer forma vamos ficar atentos. – ele lhe deu um selinho e se levantou – Agora vem, vamos tomar um banho pra jantarmos. – ele a puxou pela mão em direção ao banheiro.
– Isso está muito bom. – ele deu mais uma garfada no macarrão.
– Mamma Mia, isso aqui está divino. – ele riu do jeito dela – Você parece criança comendo. – ela pegou um guardanapo e passou no canto da boca dele.
– Casa comigo? – arregalou os olhos, e engasgou. Começou a tossir sem parar. Assustado se levantou e bateu nas costas dela, tentando ajudá-la. Ela foi voltando a respirar, se sentou e lhe passou um copo d’água.
– Achei que fosse morrer de tanto tossir. – ela falou com a voz falhando.
– Casa comigo, . Sem engasgar, por favor, quero sua resposta – ele brincou, mas tinha a face agora escondida, temendo levar um não como retorno.
– Bobo, é claro que eu caso, mas são meras formalidades, já que eu me sinto casada com você desde o dia em que fugimos de Tulipas. – ela segurou a mão dele fazendo um carinho leve ali.
– Você é inacreditável, a cada dia mais me apaixono por você. – ele se debruçou na mesa e lhe deu um beijo casto.
– Amo você .– ela sorriu, enquanto eles se sentavam novamente.
– Também te amo. – ele tinha os olhos brilhando – Teremos histórias para contar aos nossos netos caso estejamos vivos. – eles riram, se debruçaram na mesa e selaram mais uma vez br>
Epílogo
2002
Eduarda, no auge de seus dez anos, tinha os olhinhos brilhantes, amava quando a avó lhe contava histórias, e aquela era ainda mais especial, já que havia acontecido de verdade.
– Vovó, a senhora voltou a falar com seu avô? – a velha senhora suspirou profundamente.
– Infelizmente não, quando seu avô e eu voltamos a Tulipas, ele já estava morto, sofreu um infarto. – abaixou o olhar, mesmo que houvesse passado muitos anos, aquilo doía.
– Nossa, que triste. – a garotinha tinha um olhar cabisbaixo. – E os pais do vovô?
– Depois de muitos sermões e brigas eles nos perdoaram sim, e lá em Tulipas fizeram uma festa para comemorarmos o casamento, mesmo que tivéssemos casados há uns bons anos. – ela riu, enquanto acarinhava a netinha – Está na hora de dormir, querida.
– Só mais uma última pergunta. – ela a encarou pidona, e assentiu – A senhora se arrepende de tudo isso que viveu? – a senhora suspirou fundo.
– Não, meu amor, se pudesse faria tudo de novo. – a menina sorriu com a resposta. Deu um beijo na avó e se arrumou na cama para que enfim dormisse.
– Boa noite, vovó. – ela fechou os olhos, e lhe deu um beijo na testa.
– Boa noite, meu amor. – se levantou com dificuldades da cama, e encostou a porta para que a neta conseguisse dormir.
Foi se apoiando nas paredes e encontrou o marido sentado em frente à televisão assistindo a uma partida de futebol. Sorriu, e sentou-se ao lado dele.
– Duda dormiu? – ele virou o olhar cansado para a esposa.
– Demorou, mas dormiu. – ela sorriu e entrelaçou as mãos com as do marido – Contei a ela nossa história.
– Ah, , queria estar presente quando contasse a ela. – ele fingiu estar ressentido com ela.
– Você contou ao Lucas sem a minha presença. – ela riu com a cara de bobo que ele fazia.
– Certo, certo, estamos quites agora. – ele piscou para ela, selando o acordo de paz. – Pode se passar muitos anos, querida, mas de uma coisa eu sempre tenho certeza...
– Sobre o quê? – ela perguntou, curiosa.
– O meu amor por você. – ela acarinhou o rosto dele.
– Você nunca perde esse ar galanteador. – ela riu alto – Também te amo, querido. – Eles se aproximaram e deram um breve selinho.
apoiou a cabeça no ombro dele e juntos continuaram assistindo a partida na televisão, ambos felizes por terem a companhia um do outro pelo resto de suas vidas.
Eduarda, no auge de seus dez anos, tinha os olhinhos brilhantes, amava quando a avó lhe contava histórias, e aquela era ainda mais especial, já que havia acontecido de verdade.
– Vovó, a senhora voltou a falar com seu avô? – a velha senhora suspirou profundamente.
– Infelizmente não, quando seu avô e eu voltamos a Tulipas, ele já estava morto, sofreu um infarto. – abaixou o olhar, mesmo que houvesse passado muitos anos, aquilo doía.
– Nossa, que triste. – a garotinha tinha um olhar cabisbaixo. – E os pais do vovô?
– Depois de muitos sermões e brigas eles nos perdoaram sim, e lá em Tulipas fizeram uma festa para comemorarmos o casamento, mesmo que tivéssemos casados há uns bons anos. – ela riu, enquanto acarinhava a netinha – Está na hora de dormir, querida.
– Só mais uma última pergunta. – ela a encarou pidona, e assentiu – A senhora se arrepende de tudo isso que viveu? – a senhora suspirou fundo.
– Não, meu amor, se pudesse faria tudo de novo. – a menina sorriu com a resposta. Deu um beijo na avó e se arrumou na cama para que enfim dormisse.
– Boa noite, vovó. – ela fechou os olhos, e lhe deu um beijo na testa.
– Boa noite, meu amor. – se levantou com dificuldades da cama, e encostou a porta para que a neta conseguisse dormir.
Foi se apoiando nas paredes e encontrou o marido sentado em frente à televisão assistindo a uma partida de futebol. Sorriu, e sentou-se ao lado dele.
– Duda dormiu? – ele virou o olhar cansado para a esposa.
– Demorou, mas dormiu. – ela sorriu e entrelaçou as mãos com as do marido – Contei a ela nossa história.
– Ah, , queria estar presente quando contasse a ela. – ele fingiu estar ressentido com ela.
– Você contou ao Lucas sem a minha presença. – ela riu com a cara de bobo que ele fazia.
– Certo, certo, estamos quites agora. – ele piscou para ela, selando o acordo de paz. – Pode se passar muitos anos, querida, mas de uma coisa eu sempre tenho certeza...
– Sobre o quê? – ela perguntou, curiosa.
– O meu amor por você. – ela acarinhou o rosto dele.
– Você nunca perde esse ar galanteador. – ela riu alto – Também te amo, querido. – Eles se aproximaram e deram um breve selinho.
apoiou a cabeça no ombro dele e juntos continuaram assistindo a partida na televisão, ambos felizes por terem a companhia um do outro pelo resto de suas vidas.
Fim
Nota da autora: Confesso que a história tomou proporções imensas, fiquei com medo até de extrapolar as 40 páginas kkkkkk. Eu amei escrevê-la, foi muito gostoso desenvolver o enredo dela. E por falar em enredo devo agradecer a Flávia que me ajudou bastante com isso, pela paciência e inclusive por revisar minha história inteira. Enfim, espero que sofram, riam, amem esses pp's. Espero que gostem e não esqueçam de deixar um comentário <3
Outras Fanfics:
Longs:
I Won't Forget You
Originais/Finalizada
Ficstapes:
02. Os Anjos Cantam
Ficstape #090 - Jorge e Mateus/Finalizada
03. Sk8er Boi
Ficstape #069 - Avril Lavigne/Finalizada
05. She Moves In Her Own Way
Ficstape #094 - The Kooks/Finalizada
06. Don't Forget
Ficstape #099 - Demi Lovato/Finalizada
08. Rock Wiyh You
Ficstape #100 - Michael Jackson/Finalizada
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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Ficstapes:
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