Finalizada em: 17/12/2017

Prólogo


Memórias são tudo o que você tem de quem um dia foi embora. Memórias são fotos, cartas, palavras, encontros, cada segundinho com quem se amou e importou. Memórias são quadros na parede, o som da voz, dos passos, o gosto do beijo. Memórias são parte de você e não se pode mudar, mesmo que as pessoas mudem e as coisas troquem de lugar. Memórias são as histórias que vivemos e um dia tiveram seu fim. Memórias são aqueles livros que lemos e deixamos lá na estante empoeirada jurando que teremos tempo pra ler de novo. Memórias nos fazem viajar pro passado e ter a vontade de reviver tudo de novo. Memórias as vezes torturam, as vezes fazem sorrir. Memórias são parte de você e não se pode mudar, mesmo que as pessoas mudem e as coisas troquem de lugar.


Capítulo Único


Ouvi o barulho de algo se chocar contra a parede vindo do quarto, mas tentei me concentrar no filme que passava na tv. Eu tinha que manter o controle, não tinha? Respirei fundo, contei de um até dez, procurei por um filme engraçado... Mas estava difícil aguentar aquele ar de tensão que pairava no ambiente. e eu brigamos feio pela manhã, assim que ela voltou do Texas. E não, não foi só mais uma briga, daquelas que você dá um tempo, pede desculpas e volta a ficar tudo bem depois. Foi a última. O gran finale. Ela decidiu ir embora e eu tive que aceitar.
Fitei mais uma vez aquelas malas no canto da sala e senti vontade de gritar. Como doía ver quem se ama ir embora, assim, sem ao menos dar a chance de tentar mais uma vez. Ela estava decidida e nem todos os meus argumentos foram suficientes pra fazê-la mudar de ideia. Amar, meus caros amigos, era uma verdadeira merda. Esqueçam todo aquele clichê que os filmes mostram. Esqueçam os finais felizes. Nem sempre o amor supera tudo e foi exatamente o que aconteceu comigo.
Tudo começou no início de 2016, quando em uma festa pós premiação da MTV esbarrei em . Sim, a atriz mais renomada dos últimos tempos e dona do meu coração.

Flashback on
Desci do carro e logo vários flashes foram disparados em minha direção. Ouvi algumas pessoas gritarem por meu nome e então parei para cumprimentar algumas fãs que me esperavam por ali. Tirei algumas fotos, dei alguns autógrafos e fui conduzido até a entrada do local onde uma modelo muito bonita olhava os nomes em uma extensa lista e recepcionava os convidados. Então entrei, acenei pra alguns amigos e passei direto para o bar. Me debrucei sobre o balcão onde vários barmans e bargirls preparavam bebidas de diversos tamanhos, cores e gostos. Pedi um coquetel de kiwi com álcool e então fiquei observando a grande pista de dança onde muitas pessoas dançavam no ritmo de alguma música eletrônica. A batida era contagiante, então me permiti fechar os olhos por alguns segundos e sentir o som. Depois de quase terminar a minha bebida, pedi mais uma do mesmo sabor e resolvi explorar o local a fim de encontrar alguém pra conversar. Atravessei a pista de dança com uma certa dificuldade devido a grande quantidade de pessoas já meio alteradas que se remexiam com animação. Algumas delas acenavam alegremente para mim e eu retribui sorrindo.
- ! – ouvi alguém gritar o meu nome do lado contrário onde eu estava e estreitei os olhos para conseguir enxergar bem, já que o local estava pouco iluminado.
- Camilla, oi. – cumprimentei minha amiga com um abraço. Ela estava acompanhada de Austin, que acenou para mim também.
- Parabéns pelo prêmio, você mereceu! – ela gritou para que eu pudesse ouvir, devido o som alto.
- Obrigado.
- . – Austin apontou para onde uma garota dançava animadamente com um copo em mãos. Ela estava visivelmente alterada e ria de algo que um cara falava pra ela. Ele parecia bastante sério. – Sensação da noite.
Fitei a garota. Era bonita e parecia bem humorada. E aquele cara... Tentei me lembrar de onde eu o conhecia.
- Dizem que ela... Hum... Está tendo um caso com Dave Torres. – Camilla comentou, olhando para os lados a fim de evitar que alguém mais ouvisse.
Dave Torres, é claro. Era ator e era atriz, ambos atuaram juntos em uma filme de comédia romântica lançado há poucos dias. Camilla e Austin cochichavam algo que eu deixei de ouvir por estar prestando atenção no que fazia. Então numa questão de segundos vi Dave segurar seu braço e falar algo para ela, que saiu batendo o pé no meio da multidão e então sumiu da minha vista.
- Eu preciso cumprimentar algumas pessoas, licença. – sorri e acenei para eles. Então voltei para o lado de onde eu tinha acabado de vir e procurei discretamente por , mas ela havia evaporado.
Parei perto do palco principal e vi Dave andar apressado até a saída do local. Se havia algo entre ele e como Camilla havia dito, ele estava sendo um belo de um babaca. Bufei e andei novamente até o bar. Senti meu celular vibrar no bolso da calça, e no segundo entre tirar ele do bolso e olhar, senti um líquido gelado ser derramado em minha camisa branca social. Respirei fundo e quando me virei para olhar quem era, vi me olhar boquiaberta e com os olhos arregalados.
- Meu Deus, que desastre eu sou. Me desculpa, ai... Hum... Acho que tenho um lenço dentro da bolsa e aí podemos limpar isso aí. – ri do desespero dela enquanto procurava por algo dentro da bolsa. Segurei em seu braço e ela voltou sua atenção para mim, sorrindo.
- Está tudo bem!
- Mesmo? – fiz que sim com a cabeça e ela suspirou aliviada.
- Eu só preciso ir ao banheiro e passar uma água, certo? – ela assentiu e me lançou um olhar piedoso mais uma vez.
Antes que eu pudesse abrir a boca pra falar mais alguma coisa, uma garota passou por nós puxando sem dar tempo de nos despedirmos. Então, ela apenas acenou para mim e sorriu. Fui até o banheiro masculino e me olhei no espelho. Peguei um lenço de papel e passei em cima de onde ela tinha derramado a bebida para secar e agradeci por não ter sido nenhum líquido colorido, se não mancharia. Abri a torneira e joguei um pouco de água no rosto, secando em seguida. Dei uma última olhada no espelho e então saí, me deparando com uma figura feminina escorada na parede, apoiada em uma perna só.
- Uma bebida é o mínimo que posso oferecer pra me desculpar por isso. – ela estendeu o copo com um líquido transparente para mim e eu agradeci.
- Vodka pura? É sério? – ela rolou os olhos e riu. Ela era louca mesmo.
- Ajuda a esquentar, sabia? E além do mais, adoro a sensação dessa coisa descendo pela garganta. – ela deu de ombros e deu um único gole da bebida e balançou o copo vazio pra mim.
-Hum... Ok. – fiz o mesmo que ela, mas não pude evitar uma careta ao sentir o líquido descer rasgando pela garganta. Eu definitivamente parecia um idiota.
- Você não costuma fazer isso, certo?
- O quê? Aceitar bebida de estranhas em festas? – ela gargalhou e chocou a lateral do seu corpo no meu. – Nunca.
- Eu também não costumo esbarrar em estranhos e depois oferecer bebida a ele como desculpa. – ela disse séria. – Só quando ele é bonito e canta bem.
Arqueei a sobrancelha. Então ela sabia quem eu era? Pela sua expressão divertida, pude constatar que sim.
- Qual é, quem hoje em dia não conhece ? – me lançou um olhar óbvio.
- Quem hoje em dia não conhece ? – fiz a mesma cara e então começamos a rir da nossa conversa engraçada.

Flashback off

- ? – me despertou dos meus pensamentos. Eu tinha certeza que eu estava um caco.
- , vamos conversar...
Ela negou.
- Já conversamos várias vezes, não dá mais e você sabe disso tanto quanto eu. – já estava decidida e eu sabia que quando ela enfiava uma ideia na cabeça, nada a fazia mudar.
- É o Dave, não é? – perguntei de forma ríspida e ela me olhou feio.
- Você sempre coloca o Dave no meio das nossas brigas, estou farta! – ela colocou o celular dentro da bolsa e fez menção de pegar as malas, mas eu a puxei pelo braço, encarando aqueles pares de olhos castanhos que tanto prendiam a minha atenção.
Mas era inevitável não colocar Dave como a questão central das nossas brigas. o amava e eu tinha a plena certeza disso. Tudo começou quando a chamei pra participar do meu clipe e os nossos fãs acabaram criando um estardalhaço com a ideia de que estaríamos juntos. que por sua vez manteve um breve afair com Dave Torres, o ator com quem ela fez par romântico em um filme, acabou ficando mal falada por ele ser casado. Então nossos empresários decidiram que seria melhor para nós dois na época, assumirmos um namoro – totalmente fake – para que os boatos sobre essa traição parassem e eu concordei. Mesmo sendo contra esse tipo de marketing barato, eu concordei com a ideia pra ajudar , que já havia se tornado uma grande amiga pra mim. Mas acontece que estragamos todos os planos e nos apaixonamos.
- , o que te impede de ficar comigo? Seja sincera. – pedi. Ela me encarou e respirou fundo, como se estivesse evitando chorar.
- Seus ciúmes, nossas brigas, a gente não dá certo junto, . Éramos ótimos amigos até nos apaixonarmos de verdade, você sabe... – ela deu de ombros e sentou no sofá. Abaixou a cabeça, apoiando com as mãos.
- Eu fiquei furioso por saber que você e Dave se encontraram as escondidas, por isso eu perdi a cabeça. Você deveria ter sido sincera, sabe? – ela assentiu.
- Eu fui colocar um ponto final, só isso. E eu não te contei porque eu sabia que você seria contra esse encontro, mas eu precisava afastar qualquer resquício do que eu tive com ele um dia. E também quis evitar que ele fizesse um escândalo, mas aquele idiota não perdeu a oportunidade de jogar isso na sua cara e eu sinto muito. – ela soou sincera. nunca havia mentido pra mim e eu tinha motivos suficientes pra acreditar nela.
- ...
- Hum?
- Eu amo você.
Ela abaixou a cabeça e encarou os próprios pés. Esperei alguma palavra vinda dela, mas tudo o que ela fez foi chorar copiosamente e eu senti meu coração ser esmagado de tanta dor. Não sei em que momento nos perdemos na nossa relação, mas era difícil esquecer todos os momentos que passamos juntos desde o dia em que começamos a namorar de mentira. Passávamos a maior parte do tempo juntos, éramos cúmplices e acima de tudo bons amigos. Eu gostava de estar com ela e sabia que o sentimento era recíproco. Sentei ao seu lado no sofá e não pude deixar de lembrar da nossa primeira aparição em público em um programa de tv.

Flashback on
Demorou alguns segundos para que eu voltasse a prestar atenção no que o apresentador ao meu lado dizia. Eu estava ao vivo em um programa de tv com , minha namorada de mentirinha. Ross gesticulava animadamente enquanto comentava algumas fotos que apareciam minhas e de no telão atrás de nós. E a platéia batia palminhas animadas, enquanto sorria orgulhosa e eu apenas assentia em silêncio. Eu estava tentando não dar nenhuma mancada e dar o meu melhor. Ela havia me dado algumas dicas de atuação e eu parecia estar me saindo bem. Apesar de tudo não passar de um trato entre nossos empresários para limpar a imagem dela, eu estava feliz e no final das contas era divertido. era linda, bem humorada, sabia lidar muito bem com o público e minhas fãs a adoravam. Talvez, por já estar acostumada a estar em frente as câmeras, já que era atriz. sabia se expressar muito bem e ora ou outra fazia todos presentes no estúdio rirem. Tenho certeza que seríamos o casal perfeito, não só diante das câmeras, mas também na vida real, caso nosso namoro não fosse só de fachada.
- ...E então eu acabei derrubando toda a bebida em , acho que ele ficou furioso, mas eu pedi desculpas por ser tão desastrada. – ela comentou sobre o dia em que nos conhecemos em uma after após a cerimônia de premiação da MTV.
- Foi amor a primeira vista, ? – Ross perguntou entusiasmado e a platéia fez silêncio esperando pela minha resposta.
- Foi adorável a maneira como me pediu desculpas, você precisava ver a carinha fofa que ela fez, então, é impossível não se apaixonar por ela. – pude ouvir o coro de “awnn” que ecoou da platéia. Sorri e segurou minha mão sob o olhar apaixonado de Ross.
- É ou não é o casal mais querido do momento, gente?
A platéia gritou enlouquecidamente. se esticou para me dar um selinho e eu retribuí. As regras eram claras: deveríamos nos mostrar o mais apaixonados possíveis diante da câmera. Eu e já estávamos acostumados com todo aquele estardalhaço em volta de nós, desde que ela participou de um clipe meu e nossos empresários decidiram que seria bom para a imagem de assumir um namoro comigo, por conta de boatos de que ela estava tendo um affair com um ator casado e isso estava afetando o lado profissional de ambos. acabou me confidenciando que se apaixonou por Dave quando começaram as gravações do filme em que eles eram um par romântico e ele correspondeu, alegando que o seu casamento estava por um fio e que em breve iria de separar. Mas tudo não passava de mentira só para mantê-la por perto.
- é incrível, me apoia em tudo e é um bom companheiro. – ela piscou um olho e eu sorri, apertando sua mão.
- Sabemos que você está atuando atualmente na série loving the band, onde a sua personagem Lexie conhece a banda preferida dela e acaba se envolvendo com o vocalista, interpretado por Kevin Jenkings. sente ciúmes das cenas de beijo?
- é bastante compreensivo quanto ao meu trabalho, ele assiste aos episódios comigo, me ajuda a passar as cenas e me dá a maior força. Além do mais, os beijos são técnicos, a gente sempre frisa isso. - ela fez uma cara sapeca e eu ri.
- Kevin é meu amigo, é claro que eu o deixei de sobreaviso quando nos conhecemos, sabe como é. – todos riram.
- E você sente ciúmes das fãs dele? – Ross perguntou a ela.
- Só quando elas pegam em lugares que não devem! – ela fez cara feia e logo gargalhou. – Ah, elas são apaixonadas demais, o divulgam, vão aos shows, eu não tenho como sentir ciúmes desse amor, eu super entendo e me dou bem com a maioria, adoro quando recebo mensagens, então é bem tranquilo. – eu assenti.
- É muito mais fácil quando a sua parceira entende e faz parte do meio artístico, torna tudo mais leve e compreensível.
Ross olhou os papéis em sua mão, enquanto o clipe que havia participado começou a passar no telão.
- Você sairá em turnê em breve, sim? – direcionou a pergunta a mim.
- Sim, uma tour pela Europa, começa em três semanas.
- Vou sentir saudade. – fez biquinho e eu a abracei de lado. Ela realmente era uma boa atriz.
- Eu volto logo, amor. Prometo! – lhe dei um selinho que fez a plateia novamente ir ao delírio.
- Foi um prazer recebê-los em meu programa, desejamos muita felicidades a vocês e que voltem sempre pra falar sobre o relacionamento e sobre os trabalhos futuros! – Ross agradeceu dando um beijo na bochecha de e um aceno para mim, a plateia deu gritinhos animados e então nós agradecemos o carinho.
Saímos do estúdio juntos, após atender muitos fãs dentro e fora do prédio da emissora, então decidimos almoçar juntos antes de ir gravar.

Flashback off

Permanecemos em silêncio por longos minutos até que se acalmou e abriu a boca para falar algo. Eu agradeci mentalmente, pois aquele silêncio estava me matando por dentro.
- Tínhamos tudo pra dar certo. Onde foi que a gente se perdeu? – ela perguntou mais pra si, do que pra mim e eu balancei a cabeça em negativa.
- Eu não acho que a gente precise parar por aqui, essa é uma decisão só sua. – respondi e não fiz questão de esconder a mágoa por trás do meu tom de voz.
- Eu não aguento mais brigar, . Por algum motivo a gente não consegue se entender mais. Vivemos nos falando palavras duras e mal conseguimos conciliar nossas agendas agora que eu tô passando mais tempo no Texas por conta das gravações da série. Quando estamos de folga, tudo o que sabemos fazer é brigar por besteiras... – ela tinha razão, mas era duro aceitar que algumas pessoas simplesmente não foram feitas para darem certo, mesmo que se amassem. Eu e éramos essas pessoas.
- Então, nós... – apontei para nós dois. – Acabou?
Minha voz quase saiu inaudível. Era como se meu coração não quisesse aceitar o que a minha mente já sabia.
- Acabou.
Então, levantou, me deu um selinho demorado e pegou suas malas, as puxando para fora de casa e quando fiz menção de ajudá-la, ela negou silenciosamente. Ela odiava despedidas e eu tenho certeza que apesar de estar se mantendo forte, por dentro ela estava do mesmo jeito ou até pior do que eu. Ela me deu um aceno breve antes de fechar a porta atrás de si, então eu fiquei encarando a porta alguns longos segundos até a minha ficha cair.
Fui até o bar que eu mantinha em casa e me servi de uma dose de uísque puro. Senti a garganta queimar e meu sangue ferver de raiva, então num acesso de fúria eu atirei o copo contra a parede, ouvindo o som dos milhares cacos se chocarem contra o chão.
Peguei a garrafa de uísque e virei toda na boca, eu precisava de álcool circulando no meu corpo pra cessar a dor que eu estava sentindo naquele momento e mesmo sabendo que meu esquecimento duraria só algumas horas, eu precisava daquilo.

Flashback on
Era manhã de sábado e eu havia combinado de levar para almoçar antes dela ir para a gravação. Naquele dia, em especial, Niall Horan – de quem era fã - gravaria uma participação especial, onde Matt, o par romântico dela, pedia ajuda do cantor para pedir desculpas a ela, já que Lexie era muito fã de Niall também. Ah, qual é? Eu era fã da série e assistia a todos os episódios.
- Tá preparada? – perguntei sobre a participação de Niall na série.
- Tá brincando? Eu vou ter que reunir toda a maturidade que eu acho que tenho pra não surtar na frente daquele homem! – ela arregalou os olhos, abanando o ar eufórica.
- Ei, eu sou seu namorado. – fiz cara de afetado e fingi indignação. gargalhou e fez uma cara fofa, apertando minhas bochechas. Aquela cena seria um prato cheio aos paparazzi de plantão.
- Niall pode ser meu amante, hum?
Amassei um lencinho de papel e arremessei no rosto dela, mas acabou caindo dentro do prato. me olhou furiosa, então puxou o meu prato para si, rindo vitoriosa.
- Eu estava de olho nessa lasanha desde a hora que ela chegou na nossa mesa. Você me fez um favor, . – ela deu a primeira garfada saboreando a minha comida e eu a olhei incrédulo.
- Sua gulosa filha da mãe, eu deveria te fazer pagar a conta sozinha, sabia?
Ela deu de ombros e continuou a comer a minha lasanha enquanto eu comia a porção de batata frita que havíamos pedido. Vi uma garotinha se aproximar acanhada e então sorri para ela, a encorajando. A mulher que eu supus ser sua mãe, nos olhou um pouco sem graça e chegou mais perto.
- Desculpem atrapalhar o almoço de vocês, mas minha sobrinha é muito fã dos dois, então ela queria tirar uma foto, hum, tudo bem? – perguntou receosa, então sorriu largamente e a mulher pareceu relaxar.
- Claro. Qual é o seu nome, princesa? – a garotinha sorriu e eu não pude deixar de notar seus olhos azuis que mais pareciam uma extensão do céu.
- Clairie. – ela respondeu entregando um pedaço de papel e uma caneta a e então olhou para mim novamente.
- Oi, Clairie. – acenei e ela retribuiu. Então assinei meu nome no papel e fez o mesmo.
- Vem cá, vamos tirar sua foto. – a sentou em seu colo, então peguei o celular que a tia de Clairie me entregou e tirei uma selfie nossa.
- Prontinho, linda! – falei, entregando o celular a ela que analisou a foto e então sorriu novamente.
- Obrigada, vocês fazem um casal muito lindo! – Clairie disse e então lhe dei um beijo na bochecha e sua tia agradeceu com um sorriso.
Esperei que elas se afastassem o suficiente, para então dizer o que se passava em minha mente.
- As vezes até esqueço que tudo isso é uma farsa, porque estar com você é tão prazeroso e divertido. Não me sinto mal mantendo um namoro fake, sabe? – ela parou para me observar, deixando a comida de lado. Era a mais pura verdade, eu me sentia bem ao lado dela e não era nenhum sacrifício fingir em frente as câmeras.
- Você gosta de me beijar, pode confessar. – ela piscou um olho e sorriu maroto. E além de tudo era linda.
- É algo que preciso fazer, tipo... Agora. – segurei sua nuca e a puxei para mais perto, iniciando um beijo calmo. Sentir seus lábios quentes e macios fizeram com que eu tivesse a sensação de que mil borboletas estivessem fazendo a festa no meu estômago.
- Deixa eu adivinhar – ela disse quando partimos o beijo – Paparazzi?
- Vários deles! – respondi com toda a convicção, mesmo tendo a total certeza de que não fiz aquilo só por estar sendo observado. Eu senti vontade, por algum motivo que eu ainda não sabia qual.
Pagamos a conta e então fomos o caminho todo até o estúdio em silêncio, já que precisava decorar o texto das cenas que seriam gravadas hoje.

Flashback off

Não sei exatamente quanto tempo se passou desde que adormeci no sofá com a garrafa de uísque ao meu lado. Estava escuro, então pude constatar que já era noite. Droga! Minha cabeça doía e eu mal conseguia abrir os olhos por conta dela. Reuni todas as forças e levantei, indo até a cozinha tomar um comprimido para dor e então fui para o quarto, desejando loucamente tomar um banho. Eu estava em um péssimo estado. Liguei o chuveiro, deixando a água gelada cair sobre o meu corpo na tentativa de que ela levasse toda a minha angústia ralo abaixo, mas não era bem assim que as coisas funcionavam. Me sentei no chão do banheiro e memórias de nossos momentos mais bonitos insistiam em me atormentar.

Flashback on
Depois de ter preparado um delicioso jantar com a ajuda de , eu e ela estávamos estirados na minha cama assistindo as coisas impossíveis do amor, um dos filmes preferidos dela e comendo chocolate. A ouvi fungar ao meu lado e virei para observá-la. estava tão entretida no filme que mal percebeu que eu estava prestando atenção nela. A única iluminação era a que vinha da tv, então fitei parte do seu rosto onde a luz refletia e vi algumas lágrimas rolando por ali.
- Ei... – chamei baixinho e passei a mão para enxugar o rosto dela molhado pelo choro.
- Não me olha, estou horrível... Não tenho estruturas pra esse filme, ainda mais quando estou na tpm... – ela fungou e eu ri da sua expressão. Era bonitinha a forma como ela conseguia ser bruta e sensível ao mesmo tempo. Louca e romântica. Eu adorava conhecer de uma forma que ninguém mais conhecia. E perceber que a cada dia eu adorava mais seus detalhes, fazia eu sentir um pouco de medo pelas proporções que aquele namoro fake estava tomando. Era como se jogar em um abismo sem fim. Desesperador, mas ao mesmo tempo instigante.
- O quê? – ela me despertou daqueles pensamentos loucos e eu sorri fraco, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
- É Incrível a sua habilidade em chorar todas as vezes que assistimos esse filme. – ela deu de ombros, voltando a encarar a tv.
- É triste ela achar que matou o próprio filho, também é perturbador pensar que mesmo sem querer você tenha causado a morte de quem você ama. E todos esses conflitos familiares que ela tem que lidar... Ela é tão vulnerável, mas ao mesmo tempo tão forte. – ela disse e então colocou um pedaço de chocolate na boca. – Além de que Natalie Portman é incrível. Adoro a atuação dela em todos os filmes.
- Poderíamos assistir cisne negro depois, faz algum tempo que não assisto... O que acha? – ela concordou e então encostou a cabeça em meu ombro voltando a prestar atenção no filme.
Quando o filme acabou, fomos até a cozinha preparar mais pipoca e abrir uma garrafa de vinho.
sentou na bancada enquanto eu colocava o saco dentro do microondas. Observamos o saco começar a encher, enquanto tomávamos uma taça do líquido roxo e conversávamos sobre o rumo que a série estava tomando e o possível desfecho. Então o aparelho começou a apitar indicando que a pipoca estava pronta. Despejamos dentro de uma vasilha e voltamos para o quarto. Enquanto eu procurava por um par de meias para aquecer os pés do frio que fazia, procurava pelo filme e se acomodava no meio da cama.
- Apaga a luz! – ela disse com a boca cheia de pipoca e eu passei a mão no interruptor antes de me jogar ao lado dela na cama.
resmungou por algumas pipocas que pularam pra fora da vasilha quando meu corpo se chocou contra o colchão. – Não estraga pipoca, seu idiota!
Dei um beijo estalado em sua bochecha, então enchi a boca com várias pipocas e ela me olhou horrorizada.
- Tá achando que a pipoca é só sua, gulosa? – ela desferiu um tapa no meu braço e eu passei a mão sentindo arder. – Outch!
Ela mostrou língua e sorriu vitoriosa.
- Moleque chato! – dei de ombros encarando a tv, esperando pelo começo do filme.
- Você me ama – comentei e ela arregalou os olhos.
- Não mesmo! – fez uma cara de obviedade e mostrou o dedo do meio.
- Shhh, o filme vai começar.

Acordei atordoado sem lembrar em qual parte da noite eu havia pegado no sono. Então, a única coisa que lembrei foi de ter bebido vinho demais e de uma guerra de travesseiros com em cima da cama. Senti um peso ao meu lado e ela estava dormindo tranquilamente vestida com meu moletom devido ao frio no quarto. Olhei no visor do celular e constatei que ainda eram quatro e dez da madrugada. Senti a garganta seca e fui até a cozinha beber água. Sentei na bancada fitando o copo de água na minha frente quando me chamou a atenção.
- ? - ela estava parada na minha frente, com o edredom em volta do corpo e os cabelos desalinhados.
Ainda sim, continuava linda.
- Eu precisava de água – ergui e balancei o copo vazio e ela assentiu.
- Tá frio, preciso de você. – ela falou manhosa, com os olhos quase fechados por conta do sono. Então levantei e peguei em sua mão, a guiando até o quarto.
- Vem. – ela deitou do mesmo lado que estava antes e eu fiz o mesmo do outro lado. então se aninhou contra meu peito e eu senti sua respiração quente em minha pele. Já havíamos feito aquilo inúmeras vezes, como amigos. Mas dessa vez era diferente, uma sensação de desejo invadiu meu corpo e então eu respirei fundo, tentando não pensar naquilo.
- Que foi? – ela perguntou baixinho e eu corei. Agradeci mentalmente por ela não poder ver a expressão envergonhada que eu fiz por estar pensando coisas impróprias, então comecei a fazer desenhos imaginários em sua costa com a ponta dos dedos.
- Nada demais.
Então se esticou até o abajur e a luz baixa iluminou parte dos nossos rostos. Sorri fraco, enquanto ela me questionava com o olhar.
- Você está inquieto.
- E você deveria estar dormindo, está com sono, mocinha.
Ela riu. Falei aquilo contra a minha vontade, mas não queria continuar sendo questionado. E se a vontade dela não fosse a mesma que a minha? Era tudo tão confuso.
- Eu te conheço muito bem, sabia? – era verdade. As vezes achava que me conhecia mais do que eu mesmo poderia imaginar. Mais do que Sophie conheceu um dia.
- Só estou pensando. – dei um beijo na sua testa e evitei encará-la.
- Em nós?
Demorei alguns segundos pensando em uma resposta plausível e que não me entregasse, mas a aquela altura do campeonato eu já nem sabia se queria mesmo esconder o sentimento que estava crescendo em mim. E se eu não arriscasse, não iria nunca saber se sentia o mesmo, então a encarei e sem pestanejar colei nossos lábios e logo ela deu passagem para aprofundar o beijo.
Sem conseguir pensar muito no que estava fazendo, virei meu corpo ficando por cima de , puxei a barra do moletom pra cima, deixando sua barriga a mostra. Encarei seu rosto por alguns segundos me perguntando se não estava fazendo alguma besteira. Mas como se pudesse ler meus pensamentos, assentiu silenciosamente e eu entendi que podia continuar. Então lhe dei um selinho rápido e puxei a minha camisa com a ajuda dela, que a jogou no chão em seguida. Eu a desejava e não sei em que momento eu achei que conseguiria manter um namoro falso sem nutrir sentimentos por ela. é uma mulher incrível, bem humorada, linda e fazia qualquer criatura no mundo se sentir bem ao seu lado. Eu caí num buraco bem fundo quando Sophie, lá em Nova York, pediu um tempo pra pensar se queria mesmo continuar nosso relacionamento a distância. E então, me resgatou e preencheu o vazio. E desde então ela se tornou a melhor parte de mim e eu nem havia me dado conta.
- Me diz que você também quer isso tanto quanto eu... – falei, fitando aquele par de olhos castanhos sobre mim. Eu estava ofegante, enquanto puxava o cós da minha calça de moletom. Ela mordeu os lábios de forma sexy e me puxou para um beijo calmo. Queríamos aproveitar cada momento daquela loucura, sem pressa alguma.
- Sim... Desde o dia que você cruzou o meu caminho, . – sorri com aquela revelação.
empurrou minha calça com os pés e então a chutei longe, ficando apenas de boxer. Num movimento brusco, ela ficou por cima de mim e eu pude ter a visão privilegiada de seu corpo, iluminado apenas pela luz fraca do abajur.
Acariciei seus mamilos, enquanto ela se remexia contra meu membro duro, que pulsava de desejo.
distribuiu beijos em meus rosto, trilhando um caminho até o cós da minha boxer, que logo foi tirada por ela. Ela me encarou de forma sexy, segurando meu pênis ereto em suas mãos fazendo um movimento vai e vem, enquanto por dentro eu urrava de desejo. Então, ela se livrou da sua calcinha rendada, e me provocou rebolando contra meu pênis. Fechei os olhos, arranhando de leve suas coxas descobertas, e então sem aguentar mais nenhum segundo, a coloquei por baixo e estiquei o braço até alcançar a gaveta do criado mudo, onde peguei uma camisinha e coloquei o mais rápido que consegui. mantinha suas pernas arqueadas, enquanto eu chupava seus mamilos duros de excitação e ela se contorcia de desejo, seu olhar implorando para que eu chocasse nossos corpos de uma vez. Então subi minha boca e lhe dei um selinho demorado, enquanto posicionava minha ereção na entrada de sua vagina. Então comecei as estocadas de forma carinhosa, até ela implorar por movimentos mais rápidos e nada sutis, até nossos corpos explodirem de desejo e eu cair ao lado dela, cansado e extasiado. desligou o abajur e então voltou a se aninhar em meu peito e de alguma forma pude notar que ela mantinha um sorriso no rosto.
Sorri também e dei um beijo em sua testa. Não precisávamos conversar sobre isso naquele momento. Só aproveitar o prazer que nos foi proporcionado e curtir a companhia um do outro, então sob efeito de uma sensação maravilhosa, adormecemos.

Flashback off

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, voltando para o quarto. Peguei o violão e comecei a dedilhar algumas notas a fim de tentar compor algo que mostrasse exatamente o que eu estava sentindo naquele momento. Liguei a tv a fim de não me sentir tão solitário, aquele silêncio estava me matando e eu não queria ficar lembrando a cada segundo o quanto era bom quando a voz de ecoava pelo ambiente me fazendo sentir o cara mais sortudo do mundo por tê-la. Suspirei, anotando alguns versos no papel. Talvez eu conseguisse terminar a composição do próximo álbum mais rápido do que imaginei. Me enfiar no estúdio e ocupar a mente seria ótimo pra não pensar tanto no desastre que a minha vida tinha se tornado. Joguei meu corpo na cama me sentindo exausto mentalmente, então decidi colocar uma roupa e sair. Seja lá pra onde fosse e com quem fosse, talvez sozinho, pra colocar a cabeça em ordem.
Peguei as chaves do carro, celular e a carteira e enfiei no bolso quando ouvi a campainha tocar. Estranhei, já que não estava esperando ninguém.
Fui até a porta e olhei no olho mágico para ver de quem se tratava, então tomei um susto quando vi.
- Você? – perguntei ao abrir a porta e ver Sophie, minha ex-namorada encostada e com os braços cruzados. Ela tinha um ar de diversão no rosto e eu deveria estar branco nesse exato momento. Dois anos sem tem notícias dela e de repente ela está aqui, na minha porta.
- Parece que viu um fantasma, hã? – ela estalou os dedos para me despertar do meu transe.
- Foi quase isso. – ela jogou os cabelos pro lado e riu. Estava loira e com um corte moderno, bem diferente de quando a vi pela última vez – O que faz aqui?
- Não vai me convidar pra entrar?
- Na verdade eu já estava de saída. – ela riu.
- Deixo você me levar pra jantar e então eu te conto tudo o que você quiser saber! – ela piscou um olho e eu não pude deixar de rir. Sophie era sempre tão autêntica e cheia de si, foi o que fez eu me apaixonar por ela um dia.
- Sem problemas.

***


Enquanto eu dirigia procurando por um local onde pudéssemos comer e conversar, Sophie me contava sobre a sua vida em Nova York e sobre os últimos acontecimentos.
-... E aí eu decidi que não queria casar agora, sabe? Mas Henry não entendeu muito bem e ficou ressentido, e aí terminamos. – virei para olhá-la e invejei a sua forma de lidar com isso. Enquanto eu, estava me sentindo um lixo.
- E você não me parece estar tão mal pra quem acabou de terminar um relacionamento que te fazia feliz, você o amava? – perguntei. Sophie ficou algum tempo apenas encarando a ruas através da janela e então se virou para me olhar.
- Não gosto de ficar remoendo as coisas, eu fiquei mal sim, afinal de contas Henry é um cara maravilhoso que me fez muito feliz, mas não deu, fazer o que? Ele é muito tradicional e romântico, sempre sonhou em casar e ter filhos, formar uma grande família. E não que eu não queira, mas eu só acho que está cedo e eu preciso aproveitar muitas coisas ainda... – eu assenti – E sim, eu o amo. Mas se eu não posso dar a ele um relacionamento estável no momento, quero que ele seja feliz com quem possa. Você sabe, eu ainda quero viajar o mundo fotografando.
Ela trocou a estação e sorriu ao ouvir uma música minha tocando na outra. Sophie cantarolou fazendo gestos exagerados e não pude deixar de me sentir feliz por estar na companhia dela novamente. Sua alegria era contagiante e de alguma forma, eu havia esquecido um pouco o estado de melancolia em que eu me encontrava antes da sua chegada.
- Então você veio a trabalho?
- Sim. Eu recebi uma proposta de trabalho em uma grande revista que tem um escritório em Toronto, eles pagam bem e disseram que gostam muito das minhas fotos e então resolvi vir pra ver se poderia dar certo, mas primeiro quis visitar meus pais aqui em Pickering. – concordei em silêncio.
- E a propósito, você estava namorando aquela atriz... Como ela chama mesmo? – estacionei em frente ao East side Mario's, um local casual e que possui ótimos drinks.
- ! – respondi antes de sair do carro e Sophie fazer o mesmo. Andamos em silêncio até o interior do restaurante e sentamos em uma mesa. O movimento não era grande e eu agradeci já que estava morrendo de fome.
- . Adoro a série que ela está atualmente, além de que é muito bonita, onde ela está agora? – dei de ombros e peguei o menu, mesmo sabendo que eu iria acabar pedindo o mesmo de sempre.
- Em casa, eu suponho. – respondi sem tirar os olhos do menu. Eu não queria falar sobre .
- Desembucha, , eu te conheço muito bem! – bufei e larguei o menu na mesa, já que não teria escapatória. Sophie era um saco quando queria e nesse exato momento eu estava odiando o fato dela me conhecer de verdade.
- Eu e terminamos hoje, mas sinceramente? Não é um assunto sobre o qual eu queira falar... – uma moça muito simpática se aproximou de nós sorrindo para anotar nossos pedidos.
- Caesar al diavolo e salada pra mim... – falei e ela anotou tudo em seu caderninho, enquanto Sophie olhava para o menu escolhendo algo.
- Você e a sua habilidade de só comer coisas saudáveis em qualquer lugar. – Sophie riu.
- Double bacon carbonara e uma água mineral, por favor. – a atendente anotou novamente e então se dirigiu até o balcão. Sophie voltou a sua atenção pra mim com um olhar questionador.
- Desde quando você bebe vodka? – ela apoiou as duas mãos no queixo e me encarou como se eu fosse começar a contar uma história muito interessante.
- O quê?!
- Queria não ter perdido o contato nesses dois últimos anos... – ela disse sincera e eu sorri fraco.
- Em partes a culpa foi minha, fiquei ressentido por você ter me trocado pelo Henry. – fiz bico e ela gargalhou. Sophie e eu namorávamos antes dela ser aceita em uma universidade em Nova York, e mesmo com a ida dela decidimos continuar, mas em dois meses longe ela conheceu o Henry e então decidimos terminar, foi bem difícil na época, mas confesso que não tanto quanto está sendo agora com .
- Você aceitou bem, até, mas você sabe, a gente não manda no coração nem escolhe o que sentir.
- Eu sei, eu não esperava me apaixonar por quando começamos a namorar de mentira, mas... – fui interrompido por Sophie que tinha os olhos arregalados.
- NAMORO FAKE? – ela gritou e algumas pessoas começaram a olhar pra gente curiosos. Meu Deus! Tinha me esquecido o quanto ela era espalhafatosa.
- Shhhh! – levei o dedo indicador a sua boca e comecei a rir. Ela pediu desculpas e se encolheu um pouco na cadeira.
- Então o namoro de vocês era de mentira? – ela perguntou baixinho ao notar que a atendente estava se aproximando de nossa mesa.
- Depois te conto tudo! – respondi baixinho também.
- Aqui está o pedido de vocês. – ela colocou a bandeja sobre a mesa e então olhou para mim um pouco sem graça – Será que eu posso tirar uma foto com você? Minha filha é sua fã e nem vai acreditar que te encontrei.
- É claro! – peguei o celular das mãos dela e tirei uma selfie nossa e então entreguei para ela novamente. Ela sorriu agradecida e voltou para o balcão.
- Algumas coisas nunca mudam, não é?

***


Era uma manhã de quarta-feira e eu estava na redação de uma revista para dar uma entrevista. Não tive notícias de desde o sábado, quando ela foi embora e Sophie me fez companhia na maior parte do tempo, já que só iria pra Toronto no domingo a noite. Fiquei observando o vai e vem das pessoas através da grande janela de vidro da sala esperando até que fosse a hora de me entrevistarem.
- Oi, queridinho! – uma moça baixinha de óculos adentrou a sala com uma maleta em mãos e eu a levantei para cumprimentá-la.
- Olá, tudo bem? – ela afirmou que sim com a cabeça e deixou a maleta em cima do sofá. Puxou uma cadeira até o outro lado da sala onde um havia um grande espelho na parede e pediu para que eu sentasse lá.
- Me chamo Susan, sou a maquiadora, infelizmente tivemos um problema lá no camarim e eu vou ter que arrumar você aqui, se importa? – eu neguei.
- Ótimo, você não é daqueles artistas chatos que chegam aqui com milhares de exigências, porque eu já tive que passar por cada situação! – ela resmungou e eu achei engraçado a sua expressão de incredulidade.
- Ah, eu não me importo com coisas grandiosas na verdade. – ela sorriu.
- Tem algum problema com base? – ela perguntou balançando uma embalagem e um pincel e eu disse que não.
- Nenhum. – fechei os olhos e Susan começou a deslizar o pincel por meu rosto enquanto cantarolava uma música qualquer. Conversamos algumas coisas aleatórias enquanto ela me maquiava e então, quando chegamos no assunto eu senti o coração quase sair pela boca.
- Então vocês terminaram mesmo? – ela perguntou curiosa.
- É, algumas coisas não foram feitas para darem certo, sabe como é. – respondi sem entrar em detalhes.
- Eu gosto de vocês dois juntos, sabe? Vocês combinam demais, garoto! – ela se afastou um pouco para me olhar e então sorriu. Me olhei no grande espelho a minha frente e agradeci a Susan pelo feito. Eu estava a dias sem dormir direito e as olheiras já estavam bem visíveis.
- Obrigado.
- Bom, você já está pronto, então podemos ir lá pra sala onde a Mary vai te entrevistar. – ela falou guardando todas as coisas na maleta e fechou. Tirei o celular do bolso, tirei uma foto com Susan e postei no twitter. No caminho até o estúdio senti alguém esbarrar em mim enquanto eu olhava o celular e não pude conter a minha insatisfação ao notar que se tratava de Dave Torres. Eu definitivamente tinha aversão aquele cara.
- Oi, , tudo bem? – a expressão cínica dele me fez ter vontade de partir pra cima, mesmo odiando qualquer ato de violência.
- Oi. – respondi secamente.
- Veio dar entrevista também?
- Sim e eu preciso ir. – fiz menção de dar um passo a frente, mas ele se colocou no meu caminho. Fechei o punho num reflexo e concentrei toda a minha raiva ali.
- Soube que você e terminaram, ela me contou. Eu sinto muito, vocês eram lindos juntos. – só consegui pensar no motivo de ter corrido pra contar sobre nosso término a Dave.
- Não seja cínico. – falei entre dente e Susan logo apareceu atrás de nós.
- Rapazes... – ela se posicionou no meio de nós dois e eu continuei a encarar Dave.
- Eu já estou de saída, Susan, só cumprimentei o , mas ele está todo irritadinho. – ele sorriu.
- , pode ir andando, Mary já está no estúdio! – Susan disse e puxou Dave para o lado. Dei uma última encara nele e segui caminho. Aquele babaca tinha conseguido acabar com qualquer resquício de bom humor que restava em mim. Então decidi que iria resolver aquela história de qualquer maneira.

***


Horas mais tarde enquanto eu olhava um filme qualquer na tv sem de fato estar prestando atenção, resolvi preparar algo pra comer. Mas antes de fazer qualquer menção de levantar, ouvi um barulho vindo da porta do lado de fora e então achei estranho. Levantei e fui até lá. Me assustei ao me deparar com entrando em casa. Ela me olhou e sorriu fraco e sem antes eu perguntar o que ela estava fazendo ali, ela foi logo falando.
- Eu esqueci alguns documentos, espero que você não se importe de eu ter usado a minha chave, quer dizer, sua chave... Hum. – ela encarava os próprios pés. Meu Deus, como tive vontade de beijá-la.
- Tudo bem. – respondi, ainda a encarando.
- Você está bem?
- Estou, eu acho. E você? – perguntei e ela pensou um pouco antes de responder.
- Da mesma forma. – eu assenti.
- Eu vou lá pegar as coisas. – ela apontou para a direção do quarto e eu concordei, ignorando a minha vontade de abraçá-la.
A vi sumir pelo corredor e fechei os olhos. Era quase impossível me controlar, eu a amava e queria que tudo ficasse bem. Mas ela parecia estar decidida. Fui atrás dela e decidi que tentaria, nem que fosse para tê-la em meus braços só mais uma vez.
- Será que você pode... – ela se assustou ao esbarrar em mim na porta do quarto. E sem dar chance para que ela fugisse, a puxei pela nuca e colei nossos lábios. Sorri quando ela retribuiu, aprofundando mais o beijo.
- nós... – ela começou a falar, partindo o beijo e eu a puxei mais contra meu corpo.
- Shhhh. Eu só quero ter essa sensação mais uma vez, de sentir você em meus braços e sentir seus beijos... Me deixa viver isso mais uma vez e depois você decide se tudo o que vivemos de fato chegou ao fim. – ela me envolveu com seus braços e eu jurei que pude ouvi-la fungar.
- Só vamos nos torturar mais...
- Fica comigo? Agora, sem pensar no depois... – sussurrei perto do seu ouvido e ela me apertou ainda mais contra si.
Logo ela me beijou e ficamos alguns segundos só sentindo o gosto um do outro e trocando carícias. Mas logo o clima foi esquentando e eu comecei a arrancar as suas peças de roupa. Quando dei por mim, já estava deitada em cima de mim só de lingerie. Admirei seu corpo e enquanto passava a mão pelas suas coxas descobertas, ela dava mordidinhas em minha orelha. Senti meu corpo arrepiar. sabia como causar todos os tipos de sensações em mim ao mesmo tempo e eu adorava aquilo. Ela me beijou com uma certa urgência e então logo desceu trilhando beijos pelo meu peito até chegar na barra da boxer preta. Ela me fitou por alguns segundos e um sorriso sacana brincava em seus lábios. Ah! Era a visão do paraíso. Ela passou o dedo pela barra da minha cueca antes de puxá-la totalmente revelando minha ereção. montou em cima de mim novamente me provocando de uma maneira que não pude evitar soltar um gemido baixo de prazer. Num movimento rápido e um pouco brusco, fiquei por cima dela e sorri vitorioso. Ela sorriu e ergueu um pouco o corpo para que pudesse arrancar o sutiã e jogar longe junto com nossas roupas. Acariciei seus mamilos que se enrijeceram com o toque e comecei a distribuir beijos, descendo até chegar na barra da calcinha. Sem pensar mais nenhum segundo, a puxei para baixo e encarei que tinha uma expressão maravilhada no rosto.
- Pega a camisinha, por favor – apontei para o criado mudo e vi ela abriu a gaveta e me entregou um pacote. Abri rapidamente e coloquei no meu pênis sob o olhar atento dela. Lhe dei mais um beijo e então me coloquei entre suas pernas nos deliciando com um movimento de vai e vem que começou lento e logo aumentou a velocidade. se remexia contra meu corpo implorando por mais. Até que nossos corpos atingiram juntos o ápice do prazer e então ficamos ali apenas sentindo a respiração ofegante e nossos corpos moles com tantas sensações que percorriam por nós.
deitou ao meu lado e se aninhou em meu peito, fazendo carinho e dando beijos por ali.
- , eu amo você. – eu sorri.
- Também amo você, pequena. – ela levantou o cabeça para me olhar e sorriu fraco. Eu me senti o cara mais sortudo por tê-la e mesmo que depois disso ela resolvesse ir embora de vez, ainda sim eu não poderia negar que fomos felizes juntos, apesar de todos os conflitos.
- Sabe, sobre tudo, eu me sinto confusa... – ela sussurrou.
- Shhh. Não vamos iniciar essa conversa, tá? Só quero aproveitar o momento e se ainda assim você quiser ir, eu terei que aceitar.
- Uhum. – ela balbuciou e fechou os olhos.
- Dorme bem, pequena.
Ela não respondeu. Pegamos no sono logo em seguida.

Acordei com um barulho de porta batendo e então demorei alguns segundos até assimilar o que tinha acontecido na noite passada. Então, passei a mão pela cama agora vazia do lado onde havia dormido.
Levantei rapidamente e fui até a sala a fim de ainda encontrá-la por ali. Mas tudo o que encontrei foi o vazio de antes. Eu no fundo tinha a esperança de ela ficar. Fui até a cozinha e encontrei a mesa arrumada, ela havia preparado um café da manhã. Peguei um papel branco deixado em cima e abri. Reconheci sua caligrafia fina e redonda. Era um bilhete de despedida então?

, deixei a mesa arrumada pra você como sei que gosta. E sobre a nossa noite, foi maravilhosa. Você é o cara mais incrível que já conheci na vida, de verdade. Mas eu ainda não tenho a certeza de que podemos voltar e ser diferente. Tenho medo. Amo nossas lembranças e não quero que elas se tornem ruins de modo algum. Mas não encare isso como um adeus e sim um “te vejo em breve”. Eu amo você e quero que sempre resgate nossas memórias.
Com amor, sua .


Eu não pude deixar de sorrir. Ela decidiu não ficar agora e talvez a gente precise mesmo desse tempo pra organizar nossa mente e aí quem sabe num futuro, ficarmos juntos sem inseguranças e brigas constante.
Agora, memórias são tudo o que tenho de nós dois.


Fim.



Nota da autora: Olá pessoas, enfim consegui terminar essa fic que me deixou um pouco perdida e trocando de enredo toda hora hehehehe Espero que gostem e preciso dizer que não é o fim, ta bom? Já estou planejando uma segunda parte, então não me matem.
Beijos da Ray!

Outras Fanfics:
10. Trough With You [Maroon 5 - Ficstape]

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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