I
Eu pensei que tivéssemos um lugar, um lugar só nosso, nosso lar, meu lugar de paz
Was you and I always, but that phase has been phased in our place
Sempre foi eu e você, mas essa mudança está acontecendo em nosso lar
Junho era o mês favorito do casal Pedro e Babi. Além de ser o mês em que se conheceram também, era época de São João com festas juninas repletas de muita comida, bebida, músicas típicas e fogueiras. Entretanto, pela primeira vez ambos não estavam tão felizes de estarem ali.
O jovem casal estava de pé diante de uma fogueira, vestidos de camisas xadrez e calça jeans, um copo de quentão em suas mãos e o olhar concentrado nas chamas vermelhas e alaranjadas da enorme fogueira montada no quintal dos amigos. O silêncio compartilhado entre eles não era satisfatório, principalmente, pelo fato de terem tido uma discussão feia horas antes e um segredo pesado demais para ser carregado. Podiam ouvir os convidados conversando, rindo, dançando, curtindo verdadeiramente a noite enquanto ambos apenas permaneciam presos em suas próprias cabeças que estavam com muitas preocupações e sentimentos que pesavam em seus corações.
- E aí, mano! - Disse uma voz masculina conhecida repentinamente, quebrando o momento compartilhado pelo casal. Chamando a atenção de ambos para a realidade de onde realmente estavam.
Pedro abriu um sorriso de alívio enquanto cumprimentava o amigo com a mão que estava livre. E Babi sorriu forçadamente enquanto dava dois beijinhos em cada bochecha do rapaz.
Percebendo a deixa – aliviada - para se afastar daquela aura pesada que compartilhava com seu namorado, ela decidiu seguir silenciosamente até a mesa de comida e aproveitar para refletir sobre tudo que estava acontecendo nos últimos meses. Morava com seu namorado faziam seis meses e há dois meses escondia o maior segredo da sua vida. Só ela sabia a dor que era olhar para os olhos castanhos do namorado todo santo dia e pensar que estava mentindo para ele vinte quatro horas por dia. Não tinha coragem de revelar o que o destino havia traçado para suas vidas, a separação iminente estava baforando em seu pescoço a cada segundo do dia. Teria que revelar em algum momento, mas a covardia de feri-lo e se ferir era maior do que qualquer coisa.
Pegou um pouco de caldo verde e sentou tranquilamente em um banco de vime, soltou o ar dos pulmões aliviada. O seu olhar na direção de seu namorado que conversava animadamente com o amigo, a expressão séria havia abandonado seu rosto.
Tomou uma colherada, o olhar preso ao pratinho de plástico em suas mãos.
O coração angustiado, cada batida lembrando-a o quanto amava Pedro e o quanto seria difícil o futuro. A cada dia um pertence seu era levado para a casa de Giuliana e ela inventava alguma desculpa esfarrapada para justificar o sumiço. Postergou a verdade por tanto tempo que agora, o tic tac do relógio a preparava para a sentença que estava muito próxima.
Tem estado na defensiva, sem paciência e contando meias verdades sobre o que anda fazendo em segredo, como se reduzisse a culpa de estar escondendo algo que vai mudar o que eles têm. Será que Pedro um dia seria capaz de perdoá-la por todas as meias mentiras? Por todas as vezes que explodiu por estar irritada demais consigo mesma por esconder um segredo do amor da sua vida?
Queria que acreditar que sim, mesmo que as circunstâncias berrassem, esfregassem na sua cara que não.
Babi toma mais uma colherada do caldo e volta a observava cada gesto do seu namorado.
- Aí está você! - Falou uma voz feminina conhecida. Babi deu um leve sorriso, sem desviar o olhar.
Giuliana suspirou ao olhar na mesma direção que a amiga, percebendo quem era o objeto da sua atenção.
- Você ainda não contou. - Constatou Giuliana num tom decepcionado ainda olhando na mesma direção.
A mulher deu de ombros.
- Tentei contar hoje, mas perdi a coragem. No final das contas, acabamos discutindo sobre vir ou não na festa. Não trocamos uma palavra desde que saímos do apartamento. - Contou num tom triste, soltou um suspiro desconsolado.
A amiga olhou-a e abriu um sorriso triste.
- Você tem que contar! Já passou da hora, você viaja em duas semanas. - Lembrou-a num tom sério.
Ela suspira e finalmente encara a amiga com lágrima nos olhos. Giuliana segura suas mãos e abre um sorriso amoroso.
- Você fez a escolha certa, Babi! É uma oportunidade única de fazer o que você realmente ama e ter todo reconhecimento que merece!
Concordou com um gesto de cabeça, o choro preso em sua garganta. Algumas lágrimas escaparam por seu rosto, secou-as rapidamente.
- É muito difícil ter que deixá-lo! - Confessou num fiapo de voz, a garganta doendo pelo soluço que tentava escapar.
Giuliana soltou um suspiro angustiado enquanto olhava atentamente o rosto da amiga, apertou com mais força as mãos da jovem e permaneceu em silêncio, pensando no que seria correto dizer.
Quando Babi achou que a conversa tinha se encerrado, a amiga resolver se pronunciar.
- Lembre-se que o futuro é imprevisível.
E foi nessa frase que a jovem tentou se agarrar como forma de confortar seu coração. Teria que ser naquela noite, não poderia mais enrolar.
Ela confirma e seca as lágrimas, voltando a observar o namorado.
II
A cor do nosso humor é tão rude, um junho frio, não estamos imunes
But if we’re way too faded to fight, you can stay one more night
Mas se estamos cansados demais para brigar, você pode ficar mais uma noite
Eles retornam ao apartamento depois da festa. Pedro acende a luz e vai abrindo a camisa xadrez enquanto segue em direção ao quarto. A namorada o chama, seus ombros estão tensos e suas mãos tremem. Ela tenta acalmar seus nervos, mas os seus batimentos cardíacos estão muito acelerados.
Pedro continua seu trajeto, solta um suspiro que revelava seu estado de cansaço e não se vira na direção da mulher, apenas diz:
- Não quero brigar, Babi. Estou cansado das brigas! Me deixa apenas descansar, por favor. - Pediu num tom baixo.
A mulher fecha os olhos que ardem pelas lágrimas, respira fundo e cria coragem para insistir. Está parada alguns passos atrás dele.
- Preciso te contar uma coisa. - Insiste num tom que denunciava a seriedade do assunto.
Ele percebe o peso da situação e fica tenso, parou na entrada do corredor. Suspirou derrotado, coçou a nuca e se virou.
- Preciso me sentar ou é coisa rápida? - Perguntou numa expressão derrotada.
Ela dá de ombros.
Ele escolhe sentar, todo esparramado e a encara com cara de tédio, disfarçando a bagunça de sentimentos e pensamentos que rondavam o seu interior.
Desde que começaram as brigas contínuas, os sumiços da namorada e que depois reaparecia com as desculpas mais esfarrapadas, ele começou a suspeitar que algo andava muito errado. Perguntou diversas vezes se algo estava acontecendo e depois de muitas negativas por parte da mulher, cansou. No fundo tinha medo de que ela estivesse com outra pessoa, encontrando um outro alguém que fosse capaz de lhe amar de forma mais profunda, dando muito mais carinho e atenção.
Sabia que a culpa também seria dele, faziam meses que passava a maior parte dos dias e noites em seu trabalhando, se dedicando arduamente para alcançar a tão sonhada promoção. Logo seria promovido a engenheiro e teria a sua própria equipe. Poderia liderar cada projeto com suas próprias táticas, usando mais tecnologia e criatividade. E o salário seria muito maior, poderia finalmente bancar a viagem do casal para a Europa. Além de amar sua profissão, tinha como ambição poder dar tudo que a mulher merecia.
Estavam há quase cinco anos juntos, ela o mudou e o amou da forma que seu coração tanto precisava e estar perto de perdê-la lhe apavorava. O medo corroía cada centímetro de seus ossos, todas as noites enquanto admirava-a em seu sono, mil pensamentos rondavam a sua mente lhe tirando qualquer resquício de sono.
E vê-la diante de si com uma expressão determinada, prestes a lhe revelar o que tirava o seu sono estava o apavorando.
A mulher estava com as mãos trêmulas, o nervosismo e o medo enchendo sua cabeça de mil pensamentos. E ver a expressão despreocupada do homem, o fato de ele ao menos estar preocupado fazia com que seu coração doesse ainda mais. Ela seria responsável por destruir tudo que haviam construído durante todos esses anos.
Respirou fundo e encarou-o, uma expressão séria.
- Eu te amo muito e sempre o amei durante todos esses anos. Espero que por esse motivo, você um dia, possa ser capaz de me perdoar. - Falou ela num tom triste, o seu olhar demonstrando toda a dor que estava dentro de si. Manteve-se com a postura ereta, olhando-o diretamente. Suas mãos trêmulas e geladas, coração acelerado.
Pedro arregala os olhos diante das palavras, o seu corpo se inclina para frente em expectativa. A aura de tensão podendo ser sentida no ambiente, pesando ambos os ombros. Milhares de pensamentos rodeando a cabeça de ambos. Olhares explicitando o que escondiam um do outro.
- Recebi uma proposta de emprego. - Após compreender que havia finalmente revelado, instantaneamente parte do peso da culpa e medo abandonaram seus ombros.
Pedro respirou aliviado, soltando um palavrão sussurrado e passou as mãos pelo rosto. Soltou uma risada, achando graça de si mesmo e de tudo que maquinou durante todo esse tempo, os medos e anseios sobre perder a mulher da sua vida. Entretanto, o fato dela continuar com uma postura tensa e o olhar preocupado lhe incomodou, fazendo com que permanecesse em silêncio e a tensão dominasse novamente o seu corpo.
Havia mais, pensou ele.
- A diretoria me ofereceu um cargo de chefia, ganhando bem mais em uma de suas filiais… - Pausou, a expressão ainda mais tensa e preocupada, respirou fundo e decidiu continuar, ao ver a expressão preocupada do homem. - Na Inglaterra. - Finalizou.
Babi sentiu as lágrimas mornas molharem suas bochechas, a visão embaçada, mas sentia-se aliviada de todo peso que estava carregando. Enquanto chorava em silêncio, Pedro estava com uma expressão de surpresa, os olhos arregalados e as mãos em concha cobrindo sua boca. Ele não a encarava.
Decidiu que deveria dar um tempo para que ele compreendesse tudo que havia sido dito por ela. Não poderia exigir nada naquele momento e nem seria capaz disso. Mentiu, escondeu algo muito sério e que tinha o poder de mudar todo o futuro que havia sido planejado por eles.
Ambos dissemos que amamos mais do que sabíamos que poderíamos
But still the hardest part is knowing when to let go
Mas ainda assim a parte mais difícil é saber quando deixar partir
Poderiam ter se passado minutos ou até mesmo horas, depois do que havia sido revelado. A mulher continuava em pé, secando as lágrimas frenéticas que insistiam em escapar de seus olhos enquanto o homem continuava na mesma posição parecendo absorto em seus próprios pensamentos e sentimentos.
A verdade estava mais do que clara: ambos sabiam o que realmente aconteceria.
Pedro finalmente se levanta, suas articulações estalam após o longo período na mesma posição. O seu olhar indecifrado enquanto dava alguns passos na direção da sua namorada que ficou com uma expressão tensa. Parou frente a frente, decidido a fazer o que optou ser o melhor.
Envolveu-a inesperadamente em seus braços, apertou-a e descansou a cabeça em seu ombro.
Babi ainda estava rígida, os braços caídos ao lado do corpo e seus olhos arregalados por conta da surpresa. O seu corpo começou a tremer conforme sua mente entendia aquele gesto, o choro irrompeu alto numa mistura de alívio e dor. Finalmente, envolveu o corpo do seu namorado e encostou a testa em seu ombro, inalando o perfume tão familiar. As lágrimas molhando a pele nua dos ombros dele.
Ela o amava.
Ele o amava.
- Eu estou muito feliz por você! Conheço o seu talento, a sua dedicação no que faz e esse é um dos motivos de te amar ainda mais! - Falou Pedro a voz levemente rouca pelo choro que tentava corajosamente impedir.
Ele sabia desde a revelação que deveria ser o homem que ela esperava. Sabia da importância da sua opinião e que seu apoio faria toda diferença. Jamais poderia ser egoísta, mesmo que soubesse o quanto lhe amava.
Babi abre a boca, tenta dizer algo, mas é interrompida pelo rapaz.
Ele se afasta o suficiente para olhá-la nos olhos, segura seu rosto entre suas mãos e seca algumas lágrimas da mulher com seu polegar.
- Eu sei que você já fez sua escolha e jamais diria para decidir o contrário. - Disse num tom sério, os olhos repletos de lágrimas.
Ela não aguenta e recomeça o choro.
Sabia que não queria perdê-lo, mas também não queria desistir dos seus sonhos.
Ele a tranquiliza com algumas palavras amorosamente sussurradas, abre um sorriso triste.
- Nunca mais me esconda nada, Babi! Nada! Todo esse tempo imaginei mil coisas absurdas, te vi mil vezes me dizendo que havia encontrado um outro alguém. Tem noção do quanto estava doendo? - Perguntou sem ao menos desejar uma resposta, suspirou angustiado e continuou, um sorriso divertido refletindo um brilho em seus olhos castanhos. - Eu sei que estava me escondendo algo. Só te digo que dizer meias verdades não diminuem o erro. - Ele ri, um som sofrido e com os olhos com lágrimas.
Novamente ela tenta falar, procurando palavras que pudessem explicar o quanto se arrependia de ter mantido tudo em segredo. Queria declarar mais milhares de vezes o quanto o amava de todo coração e que não conseguiria jamais se encontrar nos braços de outro alguém. Ela era dele e ele dela. Somente isso.
Ele acariciou-a com seus polegares, confortando-a e aquecendo-a por dentro.
- Os seus lindos olhos, o seu belo rosto mostram que você fez sua escolha. Eu te amo muito por escolher a si mesma. - Ele diz sentindo a dor de suas palavras, lágrimas molhando seu rosto. Ela secou-as enquanto mordia o lábio inferior para não chorar ainda mais.
Respirou fundo numa tentativa de se acalmar.
- Vem comigo, Pedro! Teremos ajuda de custo, meu salário vai ser capaz de nos proporcionar uma vida boa e você pode validar seu diploma. - Pediu num tom sussurrado, olhando-o.
Ele negou com um gesto de cabeça, abre um sorriso triste.
- Eu não posso, meu amor. Não agora. Eu investi muito na minha carreira para voltar ao zero!
Ambos choram alto. Os corações partidos em milhares de pedaços, uma dor excruciante que os faziam derramar ainda mais lágrimas.
- É muito difícil te deixar e partir. - Confessou ele fechando os olhos, colando sua testa na dela. Sentia a respiração quente lhe atingir o queixo. - Você merece ir mais alto e mais alto, meu amor. Mesmo que tudo entre a gente tenha que desmoronar, Babilônia. - Finalizou, abrindo seus olhos e encarando-a seriamente.
Babilônia
Burn too bright, now the fire’s gone, watch it all fall down
Queime brilhante, agora que o fogo apagou, assista tudo desmoronar.
Fim
Nota da autora: A única coisa que gostaria de dizer é que esse casal acabou comigo. Ah, e que 5SOS tem as melhores músicas! hahaha
Outras Fanfics:
Estúpido Cupido [Shortfic/Finalizada]
Café com Pattinson [Atores-Robert Pattinson-Em Andamento]
Eu estou pagando para ler um ficstape seu em que os casais terminem juntos, Thaay! HAHA Mas esse foi por uma ótima causa, inclusive, aprovo!
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Outras Fanfics:
Estúpido Cupido [Shortfic/Finalizada]
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