Última atualização: 20/04/2022

Parte Um - Início do verão

You could be the one that I love…


não tinha interesse algum na conversa de suas amigas conforme andavam naquele parque de diversões que havia acabado de inaugurar em sua cidade.
O dia estava quente demais e aquilo não a agradava.
Infelizmente, seus pais não a permitiam nadar no lago da cidade onde muitos jovens iam para se divertir no verão. Segundo seu pai, aquilo era apenas para moças sem futuro.
Mostrar o corpo para outras pessoas, mesmo que em trajes de banho, não era apropriado.
Respirou fundo, sentindo-se cada vez mais frustrada ao perceber o quanto não desejava estar ali. Nem precisava necessariamente ir nadar, mas queria poder, ao menos, dedicar-se aos seus desenhos. Outra coisa proibida por seus genitores.
Estava cansada daquilo. Da superproteção deles e, mais ainda, daquelas proibições ridículas, não a deixando seguir seus sonhos ao tomarem todas as rédeas de sua vida.
queria apenas experimentar o gosto da liberdade.
Ficou tão submersa em seus pensamentos mais profundos, que nem se deu conta de estar em frente à roda gigante. Suas amigas ainda tagarelavam e pareciam estar na fila para ir naquele brinquedo.
Um pouco mais à frente, um cara ruivo e cheio de sardas ria e falava alto com um bando de rapazes. Eles também esperavam para experimentar a aventura de ir naquele troço gigante que havia sido instalado recentemente.
era o dono da voz grossa que chamava a atenção de todas as garotas presentes naquela fila. Ele sabia muito bem de seu charme e por isso continuou seu monólogo sobre como havia sido o encontro com Molly Demper na semana anterior.
Um exibido nato.
Margarett, uma das melhores amigas de , foi a primeira a reparar nele e em todo o seu grupo. Então, a fofoca se tornou ainda mais acalorada, afinal estavam na idade do que chamavam de paquera.
— O Trevor é uma gracinha — Olivia, a mais nova do grupo, se manifestou, mordendo a boca ao falar dele.
Todas riram, juntando-se ainda mais em uma rodinha, exceto .
— Prefiro o — Margarett falou, empolgada, levando a desviar o olhar, procurando pelo dono daquele nome um tanto quanto peculiar. — Ele tem aquele ar de garoto problema que vai lhe proporcionar boas aventuras.
No entanto, não soube identificar quem era e desviou o olhar. Por outro lado, os comentários acalorados das garotas não passaram despercebidos pelo grupo de rapazes. Principalmente , que fixou seus olhos em uma distraída.
— Eu preciso ir ao toalete. — Aquela era apenas uma desculpa, mas não se importou, não estava nem um pouco a fim de ir naquele troço.
Saiu, sem nem dar chance de resposta às amigas, mas pôde ouvir o comentário de Olivia.
— Ela sempre faz isso!
Mesmo sentindo-se chateada com as palavras dela e as risadas das outras, não retornou. Seguiu seu caminho em direção ao desconhecido, disposta a finalmente fazer algo que realmente desejava.
Iria ao lago, mesmo contra a vontade de seus pais.
O frio na barriga se fazia cada vez mais presente. Será que teria mesmo coragem de quebrar as regras impostas? Desejava do fundo de seu coração que sim.
Por algum motivo, o nome não saía de sua cabeça. Por que de repente ficou tão interessada naquele rapaz? Alguém que com certeza exalava problemas?
Precisava tirar aquilo de sua cabeça!
Dobrou a esquina, sentindo o calor a castigar ainda mais, e foi preciso retirar o casaquinho que usava. Daquela forma, seus ombros ficaram completamente à mostra devido ao vestido sem alças escolhido naquela manhã.
Homens nada educados passavam por ela assobiando, mas apenas ignorava todos eles.
Começou a se sentir levemente nervosa quando notou nunca chegar ao maldito lago. Havia se esquecido do caminho? Olivia tinha dito que era perto do grande canal.
Mas onde era mesmo? Droga!
Não deveria ter ido para tão longe!
— A mocinha está perdida? — Uma voz grossa reverberou atrás dela, lhe causando uma vontade de chorar.
Estar no meio do nada com um homem desconhecido era algo perigoso, sabia bem disso. Mesmo a contragosto, respirou fundo e virou-se para ver quem era.
Um rapaz de cabelos ruivos a encarava com um sorriso ladino nos lábios.
— Estou à espera do meu namorado. — Foi a melhor desculpa que conseguiu arrumar. Então, de repente, deu-se conta de já o ter visto, era um dos rapazes no grupo da roda gigante.
— No meio do nada? — ele olhou em volta, rindo de leve. — Não sou nenhum maníaco, se estiver perdida, posso te ajudar. Conheço essa cidade como a palma da minha mão.
— É o que um maníaco diria — o encarou, séria. — E acho seu caráter bem duvidoso, considerando que me seguiu desde o parque.
Ele a encarou com mais um sorriso no rosto. Estava encantado por ela e não fez questão alguma de esconder.
— estendeu a mão para ela, que acabou rindo.
Aquele rapaz realmente não tinha ideia alguma de como se portar com uma moça.
Principalmente uma como ela.
o encarou, ponderando sua índole. Seus olhos primeiro analisaram o rosto muito bem desenhado que continha algumas sardas, depois reparou nos cabelos meio bagunçados e, então, se prendeu àquele maldito sorriso contagiante.
O filho da mãe era lindo, não podia negar.
Correu o olhar, então, por todo aquele corpo bem marcado na camisa branca e velha que vestia. Foi, então, que uma sensação estranha se apoderou de seu corpo e ela mordeu a boca com força.
— A mocinha perdeu a língua?
— Não, não perdi — rebateu, impaciente. — . — Preferiu não revelar seu sobrenome por saber o que sempre acontecia.
a encarou no fundo dos olhos conforme processava o nome da mulher diante dele. Queria saber o sobrenome, na verdade, tinha interesse em tudo que se tratasse dela, mas, por hora, ficou satisfeito com o que obteve.
Nem conseguiu acreditar quando, depois de um tempo, ela estendeu a mão também. E ele não tardou em segurá-la.
Um choque envolveu ambos, que sentiram a pele arrepiar com a conexão estranha ali compartilhada.
— Então, que horas eu te busco, ?
A garota o encarou, incrédula. Mas, sem nenhum dos dois esperarem, ela foi tomada por uma risada alta, que se tornou a gargalhada mais contagiante já escutada por .
Encarou-a com um encanto genuíno, a intenção não era aquela, mas, se o achava engraçado, não tinha problema algum. Poderia ser qualquer coisa que ela desejasse.
— Eu nem te conheço — constatou, notando que ainda segurava a mão dele, então a soltou. — Não posso simplesmente sair em uma de suas aventuras problema por aí.
— Talvez essa seja a maior aventura, . O desconhecido.


🌺 🌺 🌺


O sol se punha no horizonte quando saiu de casa em direção ao parque da cidade para encontrar Margarett. A garota lhe havia deixado um recado, dizendo que tinha algo importante para ser revelado.
Esperava que fosse realmente necessário tirá-la de casa naquele horário, pois não havia sido nada fácil convencer seus pais.
Como acontecia em toda sexta-feira de Hollowview, jovens andavam para todos os lados. Todas as vezes que a mulher teve a chance de ver aquilo, foi ao lado de sua mãe, quando iam ao cinema juntas.
Aproveitou a solitude para observar melhor o que acontecia em sua volta conforme caminhava. Casais que deviam ter mais ou menos a sua idade andavam de mãos dadas, sorridentes e alegres como deveriam ser.
Seu peito apertou, pois sabia que jamais seria capaz de ter algo como aquilo. Seu pai nunca a permitiria experimentar as descobertas de um amor jovem e quente.
Quase errou o caminho de tão vidrada que ficou na vida daquelas pessoas que ela desejava com tanto fervor ser a sua.
Tirar aquilo da cabeça, era isso que deveria fazer. Ficar almejando por algo que nunca teria a faria apenas envelhecer amarga e sozinha.
Precisava aceitar seu destino.
Mesmo não se sentindo completamente feliz, sorriu ao ver a amiga se levantar do banco em que antes estava sentada. Margarett era a única de seu grupo que a entendia verdadeiramente.
— Obrigada por vir — a dona dos cabelos negros disse, sorridente, segurando suas mãos ao aproximar-se. — Sei como é difícil de convencer ao 's.
— Não se preocupe com isso — deu de ombros. — O que aconteceu, Margarett? Você está pálida…
fez sinal para a amiga se sentar e a acompanhou quando fez.
— Eu estou ferradinha, . — Os olhos de Marg marejaram e ela soube que o assunto era realmente sério. — Meus pais vão me mandar direto para um internato!
arregalou o olhar, sentindo o ar lhe faltar. O que a garota havia feito de tão grave para aquilo ser possível? Não tinha ideia alguma, mas descobriria em breve.
— Primeiro, me conte o que lhe aflige — fixou seu olhar ao dela na intenção de lhe passar segurança.
Contudo, não funcionou muito, pois Margarett caiu em um choro alto e incessante. não sabia muito bem o que fazer, então apenas a abraçou para lhe dar conforto naquele momento difícil.
Talvez, o que a amiga houvesse feito fosse muito mais do que grave.
Esperou-a ir se acalmando e, então, afastou-se, encarando a amiga com pesar.
— Vamos comer alguma coisa e aí você me conta o que houve. Pode ser? — Nem esperou por uma resposta e já foi puxando-a.
Não estava com muita paciência para andar até o lugar que sempre iam e acabou entrando na primeira lanchonete que viu, após a curta caminhada.
O lugar não estava muito lotado, então pareceu o ponto perfeito para se conversar sobre assuntos delicados. Caminhou com Marg soluçando atrás dela até uma mesa afastada e sentou-se junto à amiga.
Observou pouco o local, já que estava focada em cuidar de Margaret e, então, logo um rapaz se aproximou.
— O que as senhoritas vão querer? — reconheceu muito bem aquela voz e cada um dos pelos de seu corpo se arrepiaram.
Remexeu-se na cadeira devido à sensação não tão desconhecida, mas incômoda, e ergueu o olhar devagar até ele.
O filho da mãe estava com aquele sorriso brilhante nos lábios ao encará-la e precisou ser forte para não revirar os olhos.
tinha consciência de seu charme.
— O que deseja, Marg? — Preferiu ignorá-lo, ao invés de alimentar a audácia do rapaz.
era paciente e não se daria por vencido tão fácil, mas ela não sabia disso.
— Apenas um chá. — A voz da garota saiu em meio aos soluços e ela nem teve coragem de olhar quem era o atendente.
— Eu gostaria do mesmo, por favor.
Ele queria fazer perguntas, passar mais tempo ali com e saber mais sobre ela, mas, por ora, se afastou para pegar os pedidos.
acompanhou com olhos curiosos se afastar. Odiava o fato de estar tão curiosa sobre ele, pois sabia muito bem que o ruivo não tinha nada para agregar em sua vida.
Respirou fundo, sentindo que o ar no mundo parecia ter ficado mais escasso de repente e encarou Marg. Os olhos da amiga estavam marejados e parecia nem ter se dado conta de sua distração.
As duas permaneceram no mesmo silêncio até que já estivessem com a bebida quente em frente a elas.
— Você sabe que pode me contar qualquer coisa… — a incentivou. — Jamais irei te julgar.
Margarett engoliu o soluço e passou a olhar pelo local. Realmente estava bem vazio e sem conhecidos, o que facilitaria a confissão mais difícil de toda sua vida.
— Eu estou grávida, .
, que segurava a taça de chá nas mãos, precisou aumentar a pressão de seus dedos contra ela. Por um momento, achou que deixaria tudo cair e chamaria a atenção das outras pessoas, mas conseguiu ser firme.
Aquela realmente era uma revelação terrível!
Ser uma moça grávida na idade delas, sem estar casada, era o fim de tudo. Apenas encarou Marg por alguns instantes, processando a informação.
Não sabia como, mas não a abandonaria em um momento como aquele, apesar de achar que seus pais a fariam cortar qualquer laço com a moça.
— Marg… mas como? — Até onde sabia, ela não tinha se envolvido com ninguém recentemente.
— Eu não te contei porque era arriscado… não fique brava comigo, por favor. — As lágrimas nos olhos aumentaram e ela tocou a mão de .
jamais ficaria brava, mas não conseguia esconder a pontada de desapontamento. Contudo, abriu um sorriso leve. Sabia que a amiga necessitava de sua compreensão.
— Como vai contar aos seus pais, Marg?
Instantaneamente, a garota ficou pálida, deixando evidente seu medo em falar sobre aquele detalhe.
— Eu não estou me sentindo bem, . Será que podemos ir embora? — Margarett afastou a mão, mudando completamente a postura. — Prometo que te explicarei tudo com mais calma amanhã.
— Certamente.
, que de longe observava tudo, não deixou de notar que as duas precisavam da conta. Em um piscar de olhos, já estava de volta à mesa delas, porém sem os valores.
— É por conta da casa — informou, calmo, tentando não parecer um maníaco ao olhar para .
— Eu faço questão de pagar — o encarou com uma irritação evidente na frase, conforme Marg saiu da mesa com uma pressa estranha e correu para fora.
Foi atrás da amiga, ignorando o rapaz, e a viu vomitando quando chegou ao lado de fora. Aquele era um claro sinal de que ela realmente estava grávida.
Pois, minutos atrás, uma parte dela tentou acreditar que era apenas um engano.
— Marg! — A segurou, na intenção de dar suporte à amiga. — Você acha que consegue chegar em casa andando?
Ela apenas assentiu negativamente e lhe lançou o olhar de que daria um jeito. Entrou naquela lanchonete bufando, sentindo uma raiva crescente, pois precisaria ceder e pedir ajuda àquele rapaz ousado.
O viu ao fundo do lugar, já sem o avental e com uma mochila nas costas. Olhou em sua volta para ter certeza de não estar sendo observada e aproximou-se.
— Hm — resmungou para anunciar sua presença.
a olhou de soslaio, mas permaneceu focado no que fazia.
— Posso pedir sua ajuda? — mordeu o lábio.
abriu um sorriso largo e satisfeito, então virou-se, mais uma vez, se contendo ao admirar a beleza dela.
— Como faço para solicitar um táxi? — Seus olhos se fixaram aos do rapaz, sentindo o coração lhe trair ao bater forte dentro do peito.
— Não tem como. — foi simples e direto.
— Como assim não tem como?
Ele a encarou por alguns instantes e, então, passou por ela, terminando o que fazia.
— Já passou das nove horas, mocinha. Eles não têm mais serviço de carro nesse horário. — Voltou a encará-la, vendo a apreensão evidente nos olhos dela. — Me diga o que precisa, . Aconteceu alguma coisa?
o observou um pouco sem jeito, mas ao mesmo tempo encantada com a preocupação genuína. Naquele momento, gostou dele e quis dar-se um soco por aquilo.
— Minha amiga não se sente bem, preciso levá-la para casa — conseguiu responder ao recuperar a postura.
— Eu as levo, se me permitir.

De dentro do carro, tentava compreender como tinha se deixado levar tanto. Aquela, sem dúvida, era a pior ideia que a garota já teve, contudo não tinha mais volta.
dirigia concentrado no caminho, apesar de a curiosidade o corroer cada vez que notava o olhar de sobre si. Depois de deixar a amiga dela em casa, se ofereceu para fazer o mesmo com ela.
Precisou ser coerente ao clima tenso de toda a situação para não a bombardear com perguntas ou agir como ele mesmo. Um cara sem medo de mostrar interesse por uma garota.
Nem ficou surpreso quando notou que ela morava na parte mais rica da cidade. A julgar pelos vestidos bem passados, costura boa e o linguajar perfeito, já era de se esperar.
Aquele fato o deixou ainda mais curioso para descobrir o sobrenome dela. Sem dúvida deveria fazer parte de alguma família importante do lado norte.
— Pode parar aqui! — levou a mão até o braço dele, então olhou para uma mansão abandonada que ficava ao final de sua rua.
Era ali que ela morava? Ele pensou, ao encará-la com uma sobrancelha arqueada.
— Meus pais não podem me ver chegando com você. — A explicação veio antes de ele ter a chance de questionar. — Obrigada pela carona, .
Não podia deixá-la escapar de novo.
Parou o carro exatamente onde ela havia pedido, logo reconhecendo aquela casa. Ele muitas vezes parava ali e admirava a estrutura, jurando que um dia seria capaz de comprá-la. Uma doce ilusão, claro.
— Espera, por favor, . — Não a tocou para impedi-la de sair dali, mas ganhou sua atenção mesmo assim.
Os olhos dela encontraram os seus. Naquele momento, se perdeu na imensidão deles, dando-se conta de cada detalhe do rosto dela. parecia ainda mais bonita embaixo da luz da noite.
Uma obra de arte aos seus olhos.
Precisaria de muito autocontrole para não a beijar.
— Precisa de algo, ?
Ele não aguentou o sorriso tomando conta dos lábios.
— Um encontro. Preciso de um encontro com você. — A ousadia genuína estava de volta, o que fez o encarar, incrédula.
Ela nem sabia porque ainda se surpreendia com ele.
— Eu já disse…
— Que não me conhece. Eu sei — deu de ombros e desligou a caminhonete. — . Eu trabalho em uma das lanchonetes mais frequentadas da cidade e não sou um maníaco. Agora nos conhecemos?
Ela o encarou por alguns instantes, então não se aguentou e acabou gargalhando das palavras do rapaz. Não sabia explicar muito bem o sentimento que ele lhe causava, mas foi a primeira pessoa que conseguiu fazê-la rir daquela forma tão sincera e genuína.
— Amanhã, às seis horas, de frente para o cinema principal — depositou um beijo rápido no rosto dele e, sentindo-se profundamente envergonhada, saiu da caminhonete, correndo para longe.
encarou a forma como o vestido da mulher voava devido ao vento e ao jeito dela correr, completamente encantado. Não se lembrava de a ter visto alguma vez e não ter se sentido daquele jeito. Ela conseguia causar um milhão de sentimentos estranhos dentro dele, fazendo seu estômago até doer de tanto nervosismo.
Naquela noite, ele mal conseguiu dormir.


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estava atrasado e, parada de frente para aquele cinema estúpido, se perguntou porque havia concordado em sair com ele. Uma boa explicação seria toda a adrenalina da noite anterior com a “novidade” de sua melhor amiga e o foco em ajudá-la.
Obviamente não estava pensando com clareza.
Sentiu-se ainda mais idiota ao pensar que havia passado horas no banho e gastou ainda mais tempo para escolher o vestido perfeito. Tudo para aquele cara maluco deixá-la plantada de frente para um dos maiores cinemas da cidade, onde algumas pessoas a encaravam.
Estava na cara que tinha levado um bolo daqueles.
— Estúpida! — Saiu dali, xingando-se, de tanta raiva que corria em suas veias naquele momento.
Caminhou para longe daquele cinema sentindo-se um total fracasso. Uma parte sua queria muito chorar, mas a outra lhe obrigava a manter a postura e enxergar que, obviamente, não era um cara confiável para se ir a um encontro.
Estava na cara desde o início.
Ele tinha aquele sorriso brilhante misturado com problema e, mesmo assim, se deixou levar.
O ódio se tornou ainda maior quando se deu conta de estar perto daquela lanchonete ridícula, mas boa, que havia estado no dia anterior. Antes de se dar conta, já estava bem de frente para o local, pensou em entrar, mas encontrava-se…fechado.
Franziu o cenho, achando um tanto curioso, e aproximou seu rosto, ainda xingando mentalmente aquele filho da mãe. Mas logo a culpa se assolou em seu coração, quando o viu lá dentro, limpando o chão do lugar, completamente sozinho.
usava uma regata branca que deixava seus músculos bem avantajados à mostra e aquilo não passou despercebido pela garota. Seus cabelos pingavam, provavelmente pelo suor, e sua feição era de pura frustração.
Sentiu-se péssima.
Ele não havia se atrasado porque queria, mas, sim, por estar no trabalho.
Por que não disse a ela, então?
Não conseguiu segurar e deu três toques no vidro, logo obtendo a atenção dele, que a olhou com uma mistura de surpresa e vergonha.
— O que…
entrou na lanchonete antes de ele ter tempo de dizer qualquer coisa.
— Posso explicar.
— Tudo bem, — ela observou em sua volta, vendo quantas coisas ele tinha para fazer ali. — Como posso ajudar?
arregalou o olhar, pensando estar alucinando não só com a presença dela, mas com aquela pergunta inusitada.
— Não pode me ajudar, . — Passou por ela, caminhando meio sem jeito até o local que havia deixado o rodo que usava antes.
— Por que sou mulher? — o encarou, incrédula, cruzando os braços.
Sentia-se péssima por o ter julgado daquela forma e queria apenas ajudar, mas não ia tolerar aquilo.
— Não, claro que não — o ruivo negou com a cabeça. — Eu deveria estar te levando ao cinema, não te fazendo limpar uma lanchonete nojenta, .
Ela sorriu ao escutá-lo dizer seu nome daquela forma, aparentemente o rapaz parecia gostar dele e aquilo lhe causava um certo nervosismo.
— Mas a escolha é minha, certo? — Aquilo foi retórico e ela logo caminhou pelo lugar, procurando por panos, rodos e vassouras.
mordeu a boca, sabendo que não teria como convencê-la do contrário. Odiou seu chefe por ter sido tão maldito ao ponto de fechar a loja em uma sexta-feira e o escalado para limpar tudo, mas ele precisava daquele emprego.
— Certo — concordou a contragosto.
— Vamos fazer um acordo — virou-se, conforme prendia os cabelos em um coque e ele a olhou feito um bobo. Aquela garota ficava perfeita de qualquer jeito.
— Um acordo?
— Eu te ajudo e você me leva ao lago ao invés do cinema — ela estendeu a mão para ele, desejando que a segurasse só para poder sentir sua pele mais uma vez. — Temos um acordo?
— Lago… — a encarou no fundo dos olhos, conforme ponderava aquele pedido, achando um tanto curioso. Todos iam àquele lugar e não tinha nada de especial, mas se deu por vencido e apertou a mão da jovem. — Temos!
Os dois se encararam por alguns instantes como se aquilo fosse formalizar o acordo entre eles e, então, se afastaram. Cada um focou em uma coisa, continuou limpando o chão como fazia e ela foi em direção aos balcões, apesar de não ter tanta experiência naquilo.
A uma hora que passaram ali foi algo natural e puro. Ele não conseguia tirar os olhos dela em nenhum momento e esperava que aquilo não tivesse afetado a qualidade de seu trabalho, gostava de ver o jeito como ela estava tentando realmente ajudá-lo naquilo.
tentava não se sentir tão nervosa com o olhar do rapaz sobre ela, ao mesmo tempo em que se concentrava em fazer um bom trabalho e não causar a demissão dele. Ela nem sabia muito bem porque tinha se oferecido para fazer aquilo, mas havia sido o mesmo com o encontro, era como se tivesse algo em que a fizesse arriscar… se aventurar.
O desconhecido.
Seus pensamentos ainda estavam focados nos mistérios que rondavam o ruivo quando seguiram para o lago. Poucas palavras foram trocadas entre eles, exceto pela centena de obrigados que saíram da boca de por ela o ter ajudado.
mal conseguiu acreditar quando ele estacionou a caminhonete e ela teve uma visão perfeita do lago. Tudo o que tinha em sua cabeça era uma velha lembrança do lugar quando havia estado ali com seus pais há muitos anos.
Nem esperou por ele, saltou para fora e seguiu em direção àquela imensidão de água. Só os dois se encontravam ali daquele lado. O vento bateu contra os cabelos cacheados de , que sorriu, maravilhada, com a beleza do lugar.
Poderia ficar ali para sempre.
seguiu, calmo, com as mãos dentro das calças conforme caminhava. Pensou como seria bom dar um mergulho naquela água depois de tanto trabalho, ajudaria até no suor, já que não teve tempo para um banho. A verdade é que ele ainda se sentia um pouco envergonhado com toda a situação.
Não era aquela impressão que desejava causar nela.
Contudo, aquilo pareceu um tanto irrelevante quando viu o sorriso estampado nos lábios de de ponta a ponta.
— Obrigada, — ela virou para encará-lo, sorrindo calorosamente.
— Por que se importa tanto com este lago, ? — Sentiu uma leve curiosidade. — Alguma história de amor?
não aguentou e acabou rindo.
— Qual a graça, ? — fingiu estar irritado, só para ver a reação dela.
— Nunca tive a oportunidade de ser amada, — virou completamente para olhá-lo. — Apenas gosto do lugar e meus pais não me deixam vir.
Um sorriso brotou nos lábios dele, gostava do jeito espontâneo da garota e de como seu nome soava na boca dela. Então, ponderou o que ela havia dito, era muito difícil de acreditar naquilo. Simplesmente impossível.
— Muito engraçada, — deu de ombros, virando levemente para olhar a paisagem.
— Por que fica me chamando assim? — indagou, querendo uma explicação de o porquê seu nome vindo dele a afetava tanto.
riu alto, então começou a tirar a camisa.
— O que você está fazendo?
— Vamos nadar, . — Tinha mais um sorriso naqueles lábios perversos.
— Eu te fiz uma pergunta — revirou os olhos, em uma mistura de irritação e graça.
— Te respondo se entrar no lago — desafiou, começando a tirar a calça e ela virou imediatamente.
Nunca em sua vida havia ficado junto com alguém do sexo masculino sem roupas. Nunca!
Um arrepio percorreu todo o seu corpo e o meio de suas pernas esquentou, lhe fazendo sentir-se levemente envergonhada. Torceu para aquele cara, que provavelmente já se encontrava despido, não notasse nada daquilo.
Escutou a risada de primeiro e depois o barulho do corpo dele batendo contra a água.
Ele tinha mesmo pulado!
Não conseguia acreditar naquilo e permaneceu de costas, sem coragem alguma de olhar para ele.
— Vamos lá, mocinha. Entre na água. — O tom divertido na voz dele a fez sorrir.
era um maluco total.
Ficou em silêncio, ponderando aquela proposta. Era seguro? nem sequer sabia nadar, mas o medo maior era de ter que tirar as roupas na frente dele. Se seus pais descobrissem…
— Você pode entrar vestida, — o rapaz sugeriu com uma voz calma e ela conseguiu escutar o som do corpo dele se movimentando na água.
— Não posso, eu… não sei nadar. — Aquela seria a desculpa perfeita e sabia disso.
Também tinha o fato de que ela não poderia voltar para casa toda molhada.
— Eu te seguro, . — De repente, a voz dele estava perto demais e ela sentiu o coração bater forte. — Nada de ruim irá acontecer com você, não comigo por perto. — Sentiu a respiração dele bater contra seu cabelo e cada pelo de seu corpo se arrepiou.
Respirou fundo, sentindo o coração acelerar gradativamente. Havia sugerido que fossem até o lago, mas nunca passou por sua cabeça que ele se jogaria na água daquele jeito, ainda mais fazendo uma proposta daquelas.
— Não posso molhar meu vestido. Se meus pais souberem…
— Vamos fazer assim… você usa a minha camiseta. — Agora, a voz estava mais longe e ela soltou um resmungo. Queria que estivesse bem perto. — O que me diz?
Sim. Eu quero dizer sim! Pensou dentro de sua cabecinha cheia de desejos por aquele doido.
— Só se prometer que não irá me olhar — fez a exigência, usando a firmeza de sua voz.
Um sorriso brotou nos lábios do rapaz, que, infelizmente, ela não pôde ver, mas o sentiu.
— Eu nunca quebraria uma promessa feita a você, .
Escutou os passos de quem se afastava ainda mais e, então, ela caminhou até onde ele havia jogado a camiseta. estava de volta à água, mas, mesmo assim, ela não teve muita coragem de olhar para ele diretamente, só tinha o espiado rapidamente para saber se ele se encontrava realmente de costas.
Tirou seu vestido com uma rapidez nunca feita antes e colocou a blusa. Ela ficava longa de um jeito perfeito, mas, mesmo assim, sentia-se envergonhada demais para entrar no lago com ele. Contudo, caminhou até a beirada e resmungou ao perceber que não tinha real ideia da profundidade.
? — chamou por ele, com sua voz baixinha e sem jeito. Ele apenas assentiu com a cabeça, sem virar. — Preciso da sua ajuda para entrar…
Apesar das palavras, esperou ela dizer.
— Pode virar.
Não hesitou em momento algum, nadou até a beirada onde ela se encontrava. Foi difícil esconder o quanto ficou afetado ao vê-la com sua camiseta, que havia se encaixado perfeitamente no corpo dela.
— Pronta? — assentiu e ele estendeu a mão para ela.
Assistiu com um interesse genuíno a mulher segurar sua mão, lhe causando aquela sensação eletrizante como em todas as vezes que teve sua pele junto a dela. Olhou, vidrado, sua blusa ficando molhada e colada ao corpo da jovem, e quando ela estava, por fim, completamente dentro da água, fez um pedido silencioso para segurá-la pela cintura, mas mantendo uma certa distância entre eles.
Não queria ser desrespeitoso em nenhum momento.
— Como se sente, ?
Ela tinha um brilho ainda maior no olhar e aquele sorriso encantador de sempre.
— Eu me sinto ótima, . — Viu os olhos dela marejaram, tendo noção do quanto aquilo importava para a garota, e fazer parte daquilo acelerou seu coração. — Obrigada, mais uma vez, por isso.
— Esse é o motivo pelo qual te chamo daquele jeito — deu a resposta que ela tanto queria. Contudo, o encarou, um pouco confusa. — Porque é única, . É sempre um mistério. Você pode ser complexa, mas ao mesmo tempo tão simples.
Ele a puxava na água e agora estava quase em cima dele, mas nem se deu conta, porque encontrava-se perdida demais naquele olhar e em suas palavras tão profundas.
Ninguém nunca a tinha olhado ou falado com ela assim.
— Complexa? — riu, nervosa.
— De uma maneira que me faz querer te desvendar, mas simples o suficiente para eu apenas observá-la me entregar todos esses mistérios. — viu uma mecha de cabelo cair sobre o olho dela e a afastou. Seus olhos pararam nos dela por um instante, algo que sustentou. —
A jovem engoliu a seco, sentindo seu estômago contorcer e aquele quente se fazer presente mais uma vez no meio das pernas. Era capaz de sentir tantas sensações novas perto dele, que ficava até confusa.
— Vai arruinar minha vida, não vai, ? — baixou o olhar levemente, mordendo os lábios, mas o ergueu quando ele levou uma mão até seu queixo.
— Não tanto quanto você tem arruinado meu coração, .

Parte Dois - Meio do verão

I could be the one that you dream of…


A concentração era a coisa mais importante naquele momento. Suas mãos eram as responsáveis por fazer todo o trabalho e garantir que o retrato de chegasse próximo do perfeito. Era o mínimo que um corpo e uma beleza como a dele mereciam.
deslizava o pincel conforme os olhos tentavam dividir a atenção entre a tela em sua frente e o rapaz nu, com uma manta branca cobrindo as partes íntimas, sentado em um puffe, a encarava sem piscar.
Sua vontade era simplesmente jogar aquilo tudo fora e o admirar como merecia. Não podia negar o desejo crescente dentro de seu peito em vê-lo sem aquele pano cobrindo suas partes e sentia-se levemente assustada por isso.
Metade do verão já havia se passado e as loucuras feitas para poder estar ali eram incontáveis. Desde o dia do lago, era como se os dois jovens tivessem se tornado um só. não se lembrava da última vez em que não teve parte do seu dia, semana… mês.
Não falavam sobre isso, mas aquilo era pura paixão. Daquelas que te consome e você quer apenas ser engolido por ela.
O sol já caía lá fora quando ela deu os últimos toques e parou apenas para ver a obra de arte produzida. Poderia afirmar, sem dúvida alguma, que aquele era o seu melhor trabalho desde a descoberta do talento. Claro que o modelo ajudava muito, mas ela tinha se esforçado também.
? — Seu nome foi chamado daquele jeito que tanto gostava, a tirando do transe.
Pensou em ignorar só para ouvir de novo, mas não teve coragem.
— Eu terminei, darling — usou o apelido que tinha dado a ele há pouco tempo, abrindo um sorriso largo.
correspondeu e levantou de onde estava, sem nem se dar ao trabalho de manter o pano no corpo. Um gritinho por parte dela foi ecoado, conforme a jovem cobriu o rosto entre risos.
— Me desculpe, eu esqueci, honey — riu, maldoso, realmente não havia se lembrado. — Vamos lá, me mostre como ficou. Eu me saí bem?
— Você se saiu bem? — arqueou uma sobrancelha. — Não se esqueça que as minhas mãos estão trabalhando há horas, .
Ele riu levemente e esperou a permissão dela para poder ver a obra de arte.
— Então, o que achou? — ela virou a tela, com o sorriso iluminando seu rosto.
encarou o quadro por alguns instantes, o que a deixou nervosa. Os olhos do rapaz brilharam ao ver aquilo, ninguém nunca havia o representado de maneira tão profunda.
— Posso encostar? Já está seco? — riu, afirmando positivamente com a cabeça.
dividia o olhar entre a pintura e a bela garota diante dele. Tocou levemente com as pontas de seus dedos cada parte do desenho, admirando o talento dela com um brilho no olhar.
Estava, mais uma vez, boquiaberto por ela.
Abriu um sorriso e, então, a encarou de uma vez por todas.
— Precisamos escolher onde vou pendurar.
— Pendurar? — engoliu em seco, com o coração batendo forte.
Nem mesmo seus pais tinham pendurado seus quadros e ele não pensou duas vezes antes de tomar a decisão.
— Sim, . — Levou uma mão até o rosto dela, fazendo um carinho leve em sua bochecha. — Quero sempre me lembrar como expressou seu amor por mim pela primeira vez.
Aquilo a pegou de surpresa. Que ela o amava não era segredo, mas nunca tinham falado sobre isso abertamente. Um dos seus maiores medos era estar nutrindo algo que não fosse correspondido.
— Queria poder retribuir… — ele sussurrou, abaixando o olhar levemente.
Os olhos dela marejaram ao escutá-lo.
— Você me ama? — Aquela pergunta era patética, mas precisava colocar para fora.
sorriu, passando os dedos na pele do rosto da jovem. Não estava óbvio? Já não se interessava em sair com nenhuma outra garota ou passar tempo com os rapazes desde que a vira naquele parque.
Para ele estava evidente, mas ali ficou claro que, para , não.
— Desde o primeiro momento. — Os dois se olharam, então ela se aproximou.
— Quero que me beije, — pediu, encostando sua boca a dele. — E que me ame esta noite.
A pintura foi colocada de lado e ele não hesitou em segurá-la pela cintura. Através dos olhos dele, que não desgrudaram dela por nenhum momento, viu o amor do rapaz transbordando.
Suas bocas se encontraram em uma sincronia perfeita, assim como seus corações. Apesar dos perigos que corriam, nenhum dos dois se importou muito com aquele detalhe no momento, tudo o que importava era viver o presente.
segurou a jovem com firmeza, ainda meio sem acreditar que tudo aquilo estava mesmo acontecendo. Ainda lembrava perfeitamente de como foi olhar para pela primeira vez.
Ela se agarrava a ele com uma intensidade palpável. era seu primeiro amor. Seu coração, corpo e alma sempre clamariam pelo rapaz, independentemente do tempo que estivessem juntos. Ele também não se sentia nem um pouco diferente.
Normalmente, a mulher levaria em consideração o fato de ele estar apenas com um pano enrolado na cintura, mas nem se importou. Estava focada em receber cada resquício de amor que pudesse lhe dar naquela noite, queria sentir cada parte de sua essência.
— Por que parou? — gaguejou, ao sentir o vazio lhe invadir.
— Quero te olhar, .
Ele levou uma mão até o rosto da garota, afastando-se levemente para conseguir olhá-la de uma forma mais ampla.
O coração da jovem bateu forte. Não se sentia insegura quando se tratava de , mas não podia negar estar nervosa, afinal havia sonhado muitas vezes com aquele momento.
Ele era o escolhido por seu coração.
Acompanhou quando ele tocou seu rosto com a mesma delicadeza de sempre conforme a encarava. Seus olhos estudando cada parte dela com tanto amor neles.
— Você é tão linda… — murmurou com um sorriso tomando seus lábios.
Sem deixar de olhar para a bela garota diante dele, levou sua mão até seus ombros descobertos. Tocou aquela região com a ponta de seus dedos os guiando em direção à fina alça do vestido que usava.
Em um gesto delicado, mas ao mesmo tempo cheio de expectativa, ele deslizou e as puxou para o lado, assistindo o vestido de cair diante dos pés dela.
A mulher nem sequer piscava ao encarar o dono do seu coração. Diante dele, em sua forma mais simples, era difícil não se emocionar e sentiu os olhos lacrimejarem.
… — sentiu o coração apertar, se odiaria por ter feito algo de ruim a ela. — Eu fiz algo? Se quiser parar…
— Não… — riu, selando os lábios aos dele conforme fez um carinho no rosto do rapaz. — Apenas me leve para sua cama.
O sorriso voltou a iluminar o rosto dele, que não hesitou em pegá-la no colo e caminhar até seus aposentos pessoais.
Já na cama e sem roupas, os dois voltaram a se beijar. Os corpos de ambos pareciam pegar fogo, mas nenhum deles se importava com aquilo. Estavam entorpecidos pelo prazer que buscavam com cada vez mais ânsia.
achava que jamais conseguiria esquecer do que estavam vivendo ali. Apesar de ainda ter uma parte dela que acreditava estar em um sonho desde o início do verão, quando , o cara mais insolente que já conhecera, cruzou seu caminho naquela tarde.
tinha plena certeza de que, se algum dia a perdesse, nunca mais seria capaz de amar de novo. Pois seu amor por aquela garota tão complexa, mas, ao mesmo tempo, simples, havia se iniciado bem de frente para aquele objeto gigante que girava.
— Você tem certeza, ? — a encarou no fundo dos olhos, pronto para a invadir com todo seu amor.
— Eu sempre tive, sussurrou baixinho, o segurando com firmeza conforme sentia como o coração dele batia tão forte quanto o dela.
Era bom saber que estavam na mesma página desde o início.
Bastou um movimento para os dois se fundirem como o céu e o arco íris, brilhando tão intensamente que nenhum dos dois conseguia acreditar que aquilo era sequer possível.


O sol invadia o quarto de quando um estrondo acordou não só ele, mas , que dormia ao seu lado em uma calma invejável.
Nenhum dos dois conseguiu assimilar muito o que acontecia ali a princípio. Ele morava sozinho e não esperava por ninguém, então só poderia ser algo do lado de fora.
Resmungaram ao se aconchegarem um ao outro e o barulho seguinte foi muito mais alto. Então, ele foi o primeiro a se dar conta de que era a porta de entrada, mas, pelo som, não tinha sido aberta e, sim, arrombada.
Saltou da cama fazendo sinal para se vestir, sentindo que o coração praticamente saltaria de seu peito a qualquer momento. A ideia de quem poderia ser o assustava.
Perdeu os movimentos ao chegar à sala de estar e encontrar um homem com uma arma em mãos sendo apontada para ele. Compreendeu melhor o que acontecia ali ao ver uma mulher de cabelos cacheados aparecer bem atrás dele com pavor nos olhos.
Ela tinha exatamente os mesmos traços de , que entrou no ambiente logo em seguida.
… — a mais velha do outro lado sussurrou com desapontamento.
O homem fervia de ódio e era possível até sentir aquilo na atmosfera.
se segurou a , que se mexeu para protegê-la daquela arma. A ideia de que ela poderia se machucar no meio de um ato sem pensar o deixava até sem ar.
— Vamos nos acalmar. — finalmente conseguiu dizer alguma coisa.
— Eu vou te matar! — o homem alto gritou com ainda mais ódio no olhar. — , saia de perto desse animal!
Foi como se uma adaga tivesse sido cravada em seu peito ao ouvir seu pai falar daquela forma sobre . E o rapaz só tentava processar o sobrenome pronunciado.
Ela era uma
— Querido, se acalme, vamos apenas tirar nossa filhinha deste… — a mãe da jovem olhou à sua volta com desprezo — lugar.
se agarrou ainda mais ao rapaz, então entrou na frente dele, o encarando no fundo dos olhos ao segurar seu rosto.
— Me perdoe nunca ter te contado quem eu era… — selou os lábios dele, logo sentindo braços grossos a segurarem.
assistiu a garota que amava ser arrastada para fora de sua casa, sem poder fazer absolutamente nada.
O vazio pareceu nada, comparado à dor da impotência.

Parte Três - Final do verão

A message in a bottle is all I can do
Standing here hoping it gets to you…


A brisa batia forte contra o seu rosto, lhe trazendo a lembrança de que o verão estava chegando ao fim. Nunca, em seus vinte e três anos, ela pensou que estaria tão triste com tal acontecimento.
Era a estação que menos lhe agradava, mas agora queria poder voltar ao início dela.
As flores já não decoravam os jardins e, muito menos, a volta do lago mais visitado da cidade. Assim como as folhas das árvores já não eram tão verdes, agora uma cor alaranjada se fazia presente.
Fechou os olhos, ignorando se qualquer pessoa pudesse chegar ali, algo que duvidava muito. As temperaturas estavam baixas demais para se nadar. Agora, todos passavam a maior parte dos dias dentro dos cinemas e cafés.
Lanchonete. Quase conseguia sentir o cheiro peculiar do pão com a manteiga derretendo pela manhã, o bolo de chocolate… As lembranças pareciam como um soco no estômago.
Apertou com força a garrafa de vidro em sua mão, desejando, do fundo de seu coração, que aquilo lhe trouxesse alguma esperança.
foi a primeira pessoa que veio em seus pensamentos ao abrir os olhos e se dar conta de que ninguém se encontrava do outro lado do lago. Foi inevitável as lágrimas.
Uma mensagem em uma garrafa é tudo que eu posso fazer… — se inclinou, depositando a garrafa sobre a água. — Parada aqui, torcendo para que chegue até você.


FIM



Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Eu não aceito que eles não tenham tido o final feliz, eu preciso de uma continuação hahahahaha amei o todo rendido pela do início ao fim, foi tão fofo ❤️


Outras Fanfics:
➽ Euphoria (Longfic - Em andamento)


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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