Última atualização: 07/05/2018

Capítulo Único

Oh no, oh no, it’s haunting me
(Oh não, oh não, isso está me assombrando)
Making it harder to breathe, harder to breathe
(Ficando difícil de respirar, difícil de respirar)
I’m leaving tonight
(Estou partindo hoje à noite)
I’ll be gone in the morning
(Terei partido pela manhã)

🐍🐍🐍🐍


Ele iria embora.
Jughead Jones estava destruído por tantas perdas na sua vida; se foram todos e, mais uma vez, ficou para trás.
Sozinho.
Seu pai estava preso pela morte do herdeiro Jason Blossom, sua mãe e irmã haviam partido anos antes, e agora, Betty Cooper e Archie Andrews lhe traíram da pior maneira possível. Todos que amava lhe abandonavam, iam embora sem se preocupar com ele ou com sua dor. Até quando seria deixado para trás como se fosse algo sem qualquer importância? Durante todos os seus anos de vida, acreditou que o lado Norte de Riverdale era o seu lar, mas sua vida tem sido um caos, seu lugar não era mais ali com seus melhores amigos, e sim bem longe deles. Um lugar onde poderia esconder o seu coração das decepções, das dores do abandono.
Entrou no trailer que sempre foi sua casa, observou os móveis gastos pelo tempo e que não combinavam entre si, inspirando o cheiro já tão conhecido do lugar que trazia várias memórias. Se lembrava da última vez em que sua mãe havia feito panquecas com calda de chocolate para ele e sua irmãzinha, Jellybean. Lágrimas ardiam em seus olhos enquanto observava o balcão que separava a cozinha da sala e era doloroso se permitir lembrar de tudo, pois tentava não pensar nessas coisas. A primeira perda da sua vida: sua mãe e irmã. Ainda era capaz de se recordar do dia em que elas partiram e de como se sentiu ao saber que havia sido abandonado junto com seu pai.
Seguiu até o pequeno quarto; o colchão superior do beliche estava com os lençóis desarrumados, um livro aberto jogado de qualquer maneira e algumas roupas, enquanto a parte de baixo estava intocada, os ursos de pelúcia continuavam no mesmo lugar. De alguma forma confortava o coração dele, era como se ela permanecesse ali lhe fazendo companhia, mesmo que estivesse a milhares de quilômetros de distância. Apenas existia a sua bagunça naquele lugar, suas roupas espalhadas, papéis com textos escritos nas madrugadas em que estava sem sono lotavam a pequena escrivaninha.
Pegou sua bolsa de viagem surrada, enfiou diversas peças de roupas, livros e outras coisas que achou que não poderiam ser deixadas para trás, como ele havia sido. Enquanto arrumava sua mala, sentia-se tão só, perdido. Queria apenas sentar ali em meio àquela bagunça e chorar, derramar as lágrimas que prendeu por todos esses longos anos; colocar para fora toda a dor, o sofrimento por se sentir excluído, diminuído, abandonado como se fosse apenas um pedaço de pano rasgado. Secou uma lágrima teimosa que escorreu por sua bochecha, fungou e respirou fundo, tentando segurar o caminhão de emoções que lhe acertou em cheio. Fechou a bolsa, inspirou pela última vez e, de cabeça erguida, saiu do quarto, parando no batente da porta ao ver quem estava de pé em sua pequena sala.
Lá estava ela, Betty Cooper — a garota perfeita naquela cidade tão imperfeita — sua namorada, ou seria ex-namorada? Ex, na verdade, pois eles haviam terminado horas atrás; quer dizer, ela mandou Archie Andrews — o melhor amigo — dizê-lo que a garota não queria mais estar com ele. Jogou o amor dele no lixo de forma tão cruel e inimaginável. Ele jamais pensou que Betty, com seu rosto tão angelical, seu rabo de cavalo loiro e olhos azuis tão lindos, tivesse uma crueldade escondida. O lobo em pele de cordeiro era ela, não existiria descrição mais perfeita para a jovem.
— O que está fazendo aqui? — perguntou baixinho, enquanto a encarava com indignação. Seu coração doía a cada batida ao sentir aquele perfume de rosas impregnar todo o trailer, deixando-o tonto.
A mulher estava com seus olhos azuis repletos de lágrimas, que escorriam teimosamente por suas bochechas; seus cabelos loiros, que estavam sempre presos em um rabo de cavalo, agora se encontravam soltos e bagunçados, provavelmente pelo vento.
— Não podia te... — Iniciou com a voz rouca do choro, pausando para pigarrear e logo tentando continuar. — Não podia te deixar partir assim, Jug — respondeu, secando mais algumas lágrimas.
Jughead arqueou uma de suas sobrancelhas em deboche, sem acreditar no que havia sido dito pela menina. Estava começando a achar que tudo não passava de uma verdadeira piada, pois era inacreditável ela estar ali depois de ter terminado tudo com ele através do seu melhor amigo.
— Como é, Betty? — indagou, novamente com uma expressão mista de descrença e indignação.
— Só queria lhe pedir para não me odiar, Jug — implorou, enquanto cruzava os braços na frente do corpo numa tentativa de afastar o frio que sentia, mesmo estando vestida com seu suéter favorito rosa.
— Chegou atrasada — retrucou debochado, apertando a alça da bolsa com mais força.
Era incapaz de definir o que sentia ao vê-la ali, um misto de indignação, decepção, raiva e admiração; realmente admirava a coragem em ir até ele como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem terminado o namoro horas antes. Se a vida dele fosse como um de seus romances, ela estaria ali pedindo para voltar, explicando que tudo havia sido apenas para protegê-lo de algum vilão que ameaçara matá-lo de forma impiedosa caso não se afastasse. Infelizmente, a vida não era como a ficção e uma prova disso era que eles ainda estavam separados.
— Para onde você vai? — ela questionou baixinho com uma expressão triste, enquanto olhava para a bolsa de viagem que o homem ainda segurava.
O rapaz apenas olhou para a mesma direção que a garota, também observando a bolsa na sua mão direita. Não quis admitir que desistiria de tudo, que faria o que ela pediu que não fizesse.
— Você vai para o Sul? Vai se juntar a eles? — perguntou assustada, observando agora a jaqueta de couro sob o sofá velho.
Ele continuou em silêncio.
— Por favor, Jug, não pode se juntar a eles — pediu ela, desesperada ao secar as lágrimas e sacudir a cabeça levemente em negação.
— Você não pode me dizer o que fazer, Elizabeth. Nosso relacionamento, ou o que quer tenhamos tido, acabou. Simplesmente acabou — explicou calmamente, rindo fraco ao finalizar. Aparentava frieza, calma, entretanto, por dentro estava em frangalhos, porque só queria implorar para que ficassem juntos e confessar pela primeira vez que a amava com todo coração.
Betty se deixou cair derrotada no sofá, ao lado da jaqueta, atingida pelas frias palavras de Jughead Jones. Ela sabia que havia perdido, porém fez o que deveria ter sido feito mesmo que significasse perder o seu namorado para sempre: Jug estaria vivo, seguro, e era esse pensamento que amenizava a sua dor. Encarou seus próprios pés, sem ter coragem de ter aquela cena gravada na memória.
Jughead Jones tomou uma decisão.
Ele caminhou em passos decididos até o sofá, parou em frente à jovem, assustando-a e fazendo com que o coração de ambos acelerasse. Sem hesitar, deixou a bolsa cair aos seus pés e esticou um de seus braços por cima da cabeça de Cooper, pegando a jaqueta de couro com o emblema dos Serpentes. Olhou uma última vez para a menina, que ainda estava sentada encarando seus próprios pés, antes de enfiar os seus braços pelas mangas da jaqueta, vestindo-a.
You fooled me from the start
(Você me enganou desde o começo)
When you let me start to love you
(Quando você me deixou te amar)
It’s like a bunch of broken picture frames but
(É como se fossem várias molduras quebradas, mas)
The photo still remains the same
(As fotos continuam as mesmas)
And i, and i thought it would be easy to run
(E eu, eu pensei que seria fácil correr)
But my legs are broken
(Mas minhas pernas estão quebradas)


Respirou fundo, abaixou-se e pegando a bolsa do chão, olhando novamente para Betty e logo caminhando calmamente até a única porta que lhe separava do mundo lá fora, da nova vida que iria viver. Abriu-a, parando no batente ao se sentir inseguro de sua decisão por alguns segundos.
— Jug! — ela protestou, enquanto se levantava do sofá e o encarava, mas ele não se virou. Ele não olhou para trás, nem mesmo quando arrancou a touca cinza que cobria seus cabelos escuros e a atirou no chão, sem qualquer medo. Não olhou quando caminhou até a sua moto que estava estacionada na entrada do trailer, nem quando subiu nela, prendendo a bolsa no guidão e dando a partida.
Jughead Jones havia partido sem olhar para trás. Seguiria na vida que seu pai sempre tentou evitar para ele: se tornaria um Serpente. Viveria no lado Sul de Riverdale, esquecendo-se da vida do antigo Jughead, que tinha uma namorada perfeita e o melhor amigo mais idiota do mundo. Dessa vez, não seria abandonado, e sim abandonaria tudo que havia lhe causado dor.
Era ele quem partiria naquela noite.

Oh no, oh no, it’s haunting me
(Oh não, oh não, isso está me assombrando)
Making it harder to breathe, harder the breathe
(Ficando difícil de respirar, difícil de respirar)
I’m leaving tonight
(Estou partindo hoje à noite)
I’ll be gone in the morning
(Terei partido pela manhã)




Fim...



Nota da autora: Oi, jovem!!! Antes de tudo, quero dizer que essa ideia foi sem qualquer sentido com a série. Eu só achei que encaixaria Bughead com essa música maravilhosa que só conheci graças ao ficstape. Agradeço por ter lido!!! <3


Outras Fanfics:
05. Jet Black Heart — Ficstape #067 5 Seconds Of Summer / Finalizada.
01. Shut Up — Ficstape Simple Plan / Finalizada.
03. Hands – Ficstape #083 The Vamps – Night & Day (Night Edition) / Finalizada.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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