"É como se você gritasse, mas ninguém pudesse ouvir.
Você sempre se sente envergonhado por alguém ser tão
Importante daquele jeito, que sem essa pessoa você se sente um nada.
Ninguém nunca vai entender o quanto dói.
Você se sente sem esperança, como se nada pudesse te salvar, tudo se foi e está acabado.
Você quase deseja ter todas aquelas coisas ruins de volta só para com elas virem às boas."
Rihanna


I’m still here

Eu olhava a rua pela janela do meu quarto e suspirei pela vigésima vez. Estava fazendo muito isso, observando o movimento dos trouxas e desejando internamente poder viver a vida deles. A vida simples e de ignorância que eu agora mais do que nunca almejava. Suspirei mais uma vez e voltei a olhar a rua e agora um trouxa passava alheio a tudo. Alguém bateu na porta e eu me virei. Mamãe me olhava com um sorriso terno nos lábios.

- Ainda nessa janela? – Ela se aproximou e se sentou ao meu lado – O que tanto você olha?
- Os trouxas – eu respondi – Algum problema?
- Nenhum, vim saber como você está – ela explicou – Nós vamos ao casamento de Gui e Fleur, você vai?
- Não sei – eu suspirei – Não quero ver olhares de pena direcionados a mim.
- Uma hora você vai ter que enfrentar – mamãe disse – Fred vai estar lá.
- E? – eu perguntei um pouco rude – Ele é meu amigo, mãe.
- Eu sei, mas ele faz bem pra você – ela revelou – E você só demonstra alguma reação com ele.
- Isso não é verdade – eu contestei – Ele me faz rir, apenas.
- Exatamente. Ele te faz reagir e nenhuma outra pessoa consegue – Ela deu uma pausa – E bem, desde que Dumbledore...
- Eu não quero falar sobre isso – eu disse colocando fim ao assunto.
- Você está fugindo disso desde o velório.
- E vou continuar fugindo – eu disse brava – É melhor você ir embora.
- Tudo bem – ela se levantou e beijou o topo de minha cabeça – Quando quiser falar...
- Eu te procuro – eu disse e ela me deu um sorriso antes de fechar a porta e eu voltei a olhar a rua em busca de algum conforto.

E era exatamente desse jeito que eu estava desde que tudo aconteceu, desde que Dumbledore morreu e Draco me deixou. Eu tinha que lidar com isso, mas não estava pronta. E talvez nunca estivesse.
A dor que eu sentia era grande demais ao ponto de eu não conseguir viver, não saía de casa ou da janela e também não falava com ninguém. Cartas de Hermione, Gina, Rony e Harry estavam empilhadas em minha escrivaninha, mas eu não tinha coragem de abrir ou coragem para ver e enfrentar tudo que me esperava fora daquelas paredes.
Passei a mão em meu pescoço e ele estava vazio, o colar que durante tanto tempo eu fazia questão de ostentar por aí, agora estava perdido em algum lugar da Sala Precisa.
Respirei fundo e como sempre um turbilhão de lembranças me acertou, mas eu não demonstrei nada. Estava sendo controlada por “poções e feitiços estabilizantes” que controlavam minhas emoções enquanto eu estava consciente, mas quando eu dormia sonhos e sonhos apareciam para me fazer chorar. Se eu o amava? Eu não sabia responder, a dor era maior do que qualquer outra coisa.
Voltei a prestar atenção ao movimento e uma cabeleira ruiva aparatou do outro lado da rua, dei um sorriso mínimo ao perceber que ao menos por algumas horas eu poderia relaxar e ser eu mesma. Esperei pacientemente até a porta ser aberta e Fred entrar e se sentar ao meu lado. Ele era a única pessoa fora da minha família que eu permitia que se aproximasse de mim, talvez pelo fato de que Fred não me julgava, só tentava me fazer rir.

- Quantos trouxas passaram hoje? – ele perguntou olhando para a rua.
- Dez. Pouco, né? – eu disse – Ainda mais para esse horário.
- Eu ganhei a aposta – ele disse e eu sabia que Fred estava com um sorriso convencido no rosto – Cinco galões.
- Tudo bem. – Eu me levantei e peguei o dinheiro e dei para ele – O que veio fazer aqui?
- Sua mãe me disse que você não quer ir ao casamento de Gui – ele revelou e eu revirei os olhos – E que você não tem dormido.
- Linguaruda – eu disse e Fred riu – Não quero olhar para os outros e ver o olhar de pena deles sobre mim.
- Isso é só na sua cabeça e se eles te olharem assim, lance o seu olhar de louca que eles param de ter pena e vão ter medo – eu joguei uma almofada nele – Eu estou mentindo?
- Cala a boca – eu respondi brava e Fred riu ainda mais.
- E você não está dormindo por quê?
- Não quero – eu revelei – Os pesadelos... São horríveis – eu fechei os olhos ao me lembrar – E eles não param, não me deixam respirar.
- Calma – ele me puxou e fez um carinho em meu braço – , você vai ter que passar por isso.
- Eu não quero – eu repeti e olhei para o chão desconcertada – Dói demais.
- Eu fico aqui – eu dei um sorriso sem mostrar os dentes – Se algo acontecer, eu te acordo.
- Promete? – eu disse infantilmente.
- Prometo – ele disse dando um sorriso. Eu me deitei de um lado da cama e Fred sentou-se ao meu lado abrindo um caderno que havia em sua bolsa.
- Obrigada, Fred – eu disse, fechando os olhos e tentando me acalmar.
- Por nada, amor. – ele respondeu e de tão cansada que eu estava segundos depois já havia dormido.

- Severo, por favor.
Dumbledore estava vivo e eu estava na torre de astronomia novamente. Os Comensais estavam lá, Draco estava lá e agora eu observava tudo o que acontecia, porém na parte de cima.
Um raio verde, um grito conjurando uma maldição e Dumbledore sendo arremessado da torre. Mas agora eu estava à vista e era a minha vez.
Eu senti um solavanco e havia mudado de lugar, parando no lugar em que Dumbledore estava, peguei minha varinha e tentei conjurar alguma coisa, mas ela não funcionava. Olhei para frente e agora quem segurava a varinha não era Snape, era Draco.
- Draco, por favor.
E novamente a luz verde, a maldição e o golpe em meu peito. Senti uma leveza e então quando ia bater no chão, abri os olhos e vi o teto do meu quarto. Era apenas um sonho.

Eu estava banhada em suor e percebi que estava chorando. Empurrei as cobertas com força para o pé da cama e afastei os cabelos que estavam grudados em minha testa. Olhei para o lado e Fred não estava na cama, mas caído no chão me olhando com um olhar assustado.
- Eu te machuquei? – eu perguntei com uma voz chorosa.
- Não, só me derrubou da cama – ele disse se levantando do chão, mas ficando um pouco longe de mim – , abaixa a varinha.
- O quê? – eu perguntei confusa e olhei para minha mão esquerda e minha varinha estava ali. Eu a soltei rápido – Como isso aconteceu?
- Não sei, eu dormi também – Fred deu risada e eu me perguntava como ele conseguia achar graça disso. – Pesadelos?
- O mesmo de sempre – eu deitei na cama e olhei para o teto procurando por estabilidade, meus olhos lacrimejaram e eu comecei a chorar – A noite da torre, Dumbledore morrendo e em seguida eu morrendo – A ideia passou em minha cabeça e eu chorei ainda mais. Uma ideia que martelava minha cabeça desde que Dumbledore se fora – Ainda sinto que se eu estivesse lá, se tivesse subido as malditas escadas, ele estaria vivo.
- , não foi sua culpa – Fred se aproximou mais de mim e me abraçou – Infelizmente não havia nada que você ou qualquer outra pessoa pudesse fazer.
- Eu poderia ter barrado Snape – eu respondi – Ele passou por mim.
- Não adianta discutir com você – ele disse cansado – Você é teimosa demais.
- Draco dizia a mesma coisa – eu comentei e automaticamente me arrependi.
- Ainda é difícil falar dele? – Fred perguntou – E eu também não quero saber.
- Obrigada por ficar aqui – Eu me aproximei e beijei o nariz dele – Você é meu melhor amigo, Fred.
- Você é minha melhor amiga também – ele beijou minha testa – Mas eu preciso ir.
- Já? – eu perguntei triste – Não quer comer nada?
- Mamãe deve estar me esperando – ele se levantou e colocou o casaco e os sapatos e eu me levantei também – Me leva até a porta?
- Claro – eu coloquei minhas pantufas e nós saímos do meu quarto, juntos.

Chegamos à sala e eu pedi para Fred usar a rede de Flu, era perigoso ele ir embora sozinho. Abraçamo-nos forte, ele beijou minha testa e se mandou na lareira.
Sentei-me no sofá e passei a olhar o resto das chamas verdes que se apagavam e o sonho veio em minha mente. Era para ter sido eu ali, não era para ser Dumbledore, eu merecia morrer e não ele. Minha vida não significava nada perto da dele, eu merecia morrer para pagar pelos meus erros, mas se bem que pensando melhor, a morte é uma coisa leve, viver no meio do sofrimento é penitência suficiente. Levantei-me e voltei para meu quarto, minha proteção, o lugar em que eu podia sentir os golpes e não me envergonhar com isso.
Entrei no banheiro e tive a coragem de olhar-me no espelho e perceber o quão acabada eu estava. As olheiras de todas as noites mal dormidas, agora estavam tão roxas ao ponto de parecer que eu havia tomado dois murros nos olhos, meus cabelos que antes eram bem cuidados, agora estavam cheios de nós e sem brilho nenhum. Minha pele estava mais pálida do que o normal, minhas bochechas que eram coradas normalmente, não tinha coloração nenhuma e eu realmente não me importava com isso. Aparência era uma coisa que eu nem me preocupava mais naquele momento. Despi-me e fui tomar um banho quente para tirar o suor do corpo.
Fiquei um bom tempo debaixo do chuveiro tentando relaxar, meus ombros estavam tensos e relaxaram minimamente com a água. Saí do chuveiro, coloquei uma calça de moletom, uma camiseta e saí do banheiro depois de ter penteado meu cabelo com calma. Sequei minha toalha com um agito da varinha e a deixei no banheiro pendurada, quando voltei para meu quarto ouvi um barulho na janela e uma coruja batia no vidro. Abri o vidro e ela entrou, a observei tentando me lembrar se eu já havia visto antes, mas nada me vinha a mente. Ela estendeu a perna e eu peguei um pergaminho e o deixei em cima da minha estante, abri uma gaveta na penteadeira e tirei de lá um saquinho com alguns petiscos para coruja, assim que ela comeu levantou voo e foi embora.

Olhei aquele pergaminho e encarei o resto de cartas em minha escrivaninha e as peguei na mão, tomando uma decisão boa em muito tempo: Iria ler todas. Sentei em minha cama e fui abrindo cada uma, deixando aquele pergaminho por último. A primeira carta era de Hermione.

Oi, , como você está?
Você sumiu depois de tudo, estou preocupada com você.
Como você esta em relação a tudo isso?
Eu estou preocupada em como você está lidando com o que aconteceu.
Sei o quanto Dumbledore era importante para você e isso me deixa cada vez mais triste.
Por favor, venha ao casamento de Gui e Fleur. Será uma ótima oportunidade para nos vermos.
Sinto sua falta e não desapareça.
Xx Hermione


Dei uma pausa e respirei fundo e um mínimo sorriso apareceu um meus lábios. Reli a carta mais uma vez e pude perceber o quanto Hermione se preocupava comigo e me senti um pouco culpada por não ter dado notícias nenhuma pra ninguém. Deixei a carta de Hermione e peguei outra carta para ler, aquela era de Gina. O pergaminho entregue naquele dia pela coruja continuava repousado em minha cama, mas por alguma razão que eu desconhecia eu resolvi deixá-la por último. Abri o selo da carta e comecei a ler.

, você sumiu!
Todos nós estamos preocupados com você e eu, mais do que nunca, também estou.
Não consigo imaginar o que você está passando, mas apenas queria dizer que estou aqui para o que você precisar. Nós somos amigas e você sabe que sempre pode confiar em mim.
Se comunique, se precisar conversar, mande-me cartas ou melhor ainda, venha passar uma temporada aqui em casa, mamãe está ansiosa para te ver.
Você vai vir ao casamento, não é? Não quero ter que passar por isso sozinha, Fleur é uma pessoa difícil de lidar e eu ainda estou me acostumando.
Venha o mais rápido que puder.
Com amor,
Gina.


Mais um sorriso e agora eu descobria que eu ainda tinha essa capacidade de sorrir ou talvez eu continuasse tendo, apenas não tinha motivo nenhum e naquele momento enquanto lia as cartas já havia encontrado dois. Pela primeira vez em semanas, eu estava pensando em ir ao casamento, somente para poder ver meus amigos e matar a saudade que também ocupava espaço dentro de mim. Peguei outra carta e era de Rony, já comecei a sorrir antes de abrir.

Oi, , você está ok?
Digo, você sabe que eu não tenho jeito pra falar essas coisas, mas eu estou preocupado com você.
Nós não temos notícias de você há semanas, desde o velório que você não aparece ou se comunica e a última coisa que nós conversamos foi um assunto que você não explicou muito bem.
Você é mesmo parente do Dumbledore? Digo, eu nem sabia que ele tinha parentes vivos, não se sinta ofendida.
Venha para casa nesse verão, vai ter o casamento do Gui, todos estarão presentes e seria importante se você viesse.
Cuide-se,
Rony.


Dei um sorriso novamente e consegui rir, somente amigos verdadeiros para fazerem isso. Rony perguntando sobre Dumbledore foi totalmente hilário, eu tinha certeza absoluta que ele não tinha entendido nada do que eu falei naquele dia do velório. Eu iria ao casamento de Gui e Fleur, precisava explicar algumas coisas para meus amigos e precisava de companhia, mesmo que cada pedaço machucado e sangrando dentro de mim pedisse por solidão. Peguei mais uma carta e agora só sobravam mais duas, a que foi entregue naquele dia pela coruja e outra que continha o símbolo do Ministério da Magia. A carta que eu havia pego era do Harry.

, como tem sido suas férias?
Aconteceu muita coisa comigo e precisava te contar, tenho certeza que você daria uma opinião totalmente construtiva sobre isso.
Por isso que peço para que você vá ao casamento, temos que conversar sobre várias coisas importantes.
Aquilo que você disse no dia do velório do professor Dumbledore, é verdade? Eu estou curioso para saber sobre isso.
Como você está em relação às coisas que aconteceram na escola?
Eu te prometo uma coisa: Eu vou caçar Voldemort e fazer de tudo para que ele pague por tudo o que ele fez comigo e com todos nós, inclusive você.
Venha ao casamento e nós discutiremos sobre isso.
Se cuide, e mantenha-se forte.
Harry.


Respirei fundo e essa era a confirmação de que eu precisava para poder ir ao casamento, Harry precisava de mim, eu precisava dele e dos meus amigos e precisava agir sair do luto. A fênix dentro de mim parecia que estava começando a dar as caras e querer renascer e bem lá dentro, ignorando toda a dor e toda a culpa, eu queria e torcia que aquilo acontecesse porque eu não estava aguentando mais. Não estava aguentando esse estado de torpor, de inércia que estava vivendo. Aquilo machucava mais do que qualquer coisa, esse estado de estabilidade forçada.
Ignorei a carta do Ministério da Magia, decidi que abriria depois junto com meus pais e fui ao último pedaço de papel em minha cama. Uma tensão pousou em meus ombros e algo dentro de mim sabia que não era coisa boa. Abri o papel e um conjunto de oito palavras que muitas vezes não significavam nada, mas que naquele momento, fez a fênix dentro de mim voltar a morrer, o mundo girar totalmente do lado oposto e minha instabilidade finalmente aparecer.
Meus olhos lacrimejaram numa demonstração clara de descontrole e um grito de pavor saiu de meus lábios expressando o quanto apavorada eu estava. Não era um pavor por algo perverso, mas um pavor por constatar de quem era a carta e um grito também por surpresa. Eu achava que aquilo jamais iria acontecer, achava que ele nunca mais iria aparecer e eu só teria que enfrentá-lo na escola, em algumas boas semanas quando eu estivesse um pouco preparada para vê-lo, mas aquilo foi de surpresa, eu não estava preparada para aquilo. Num momento claro do quanto masoquista eu era, botei meus olhos no papel e reli a frase que acabou com tudo o que eu durante dias e dias, tentei inutilmente construir, acabou com toda a paz que eu procurei e todos os sentimentos sufocados pelas poções, feitiços e meu autocontrole, voltaram feito um trem bala, arrasando tudo dentro de mim.

Eu ainda estou aqui e continuo te amando.
- D.



Retornando das cinzas.

Minha casa estava lotada. Meus pais corriam pelas escadas, meus avós tentavam recepcionar o número excessivo de curandeiros que haviam vindo do St. Mungus somente para ajudar. Ajudar em que? A restituir meu controle porque depois daquela carta eu havia surtado, perdido o controle total de todas as minhas emoções e não conseguia voltar ao normal.
A carta já estava amassada, mas eu ainda teimava em segurá-la forte entre meus dedos e meus olhos estavam ardendo, assim como minha cabeça que parecia que iria explodir a qualquer momento.
Alguém bateu na porta e meu olhar cansado seguiu até lá encontrando uma cabeleira vermelha entrar calmamente e caminhar em minha direção, Fred não tinha medo de mim, diferente de meus pais que estavam começando a ter.
Ele se sentou ao meu lado e me puxou para deitar em seu peito e nos braços de Fred eu não precisava ter controle, não precisava tentar ser forte. Meus olhos ficaram úmidos e um suspiro escapou dos meus lábios.

- O que aconteceu, ? – Fred perguntou com sua voz doce.
- Ele voltou. – Eu pronunciei a frase que eu temia – Draco me mandou uma carta.
- Posso ver? – Ele perguntou com sua voz um pouco receosa, eu saí do colo dele e o entreguei o papel amassado, Fred leu e me entregou de volta – O que você está sentindo em relação a isso?
- Você deve ser a décima pessoa que me pergunta isso – ele deu um sorriso triste depois de ouvir o que eu disse – Mas você vai ser a primeira que eu vou ter coragem de responder. – Eu dei uma pausa – Me sinto destruída por dentro, como se todo o esforço que eu tive fosse por água a baixo.
- E por que você não quer tomar nenhuma poção para fazer isso amenizar? – perguntou.
- Porque eu não quero viver a minha vida inteira assim! – eu disse brava – Viver de poções, tendo que me controlar, tomar cuidado com tudo e com todos. É horrível saber que, por qualquer coisa, eu posso perder o controle.
- Mas, , você tem que entender que você é assim – Fred pronunciou – Essa é a sua vida, você vai ter que conviver com isso.
- Você não está entendendo... – eu disse incrédula e levantando-me da cama – O meu único ponto de paz, a única coisa que me faz ter controle é ele. E sabe quanto isso me dói? – Eu já chorava novamente – Dói porque Draco era a única pessoa que não poderia me machucar e ele fez. Ele sabia de tudo, Fred, sabia que eu tinha problemas para controlar minhas emoções, sabia de Dumbledore, sabia que eu não consigo dar um passo sem ele e Malfoy me abandonou como se eu nunca tivesse existido na vida dele, como se eu fosse um nada, alguém que não merece importância – Fred se levantou e me abraçou forte e minhas lágrimas molhavam o casaco de pele de dragão dele – Essa é a pior parte de tudo isso, constatar que para ele eu nunca tive valor nenhum.
- Mas e a carta? – Fred disse – Você leu o que ele disse? Ele disse que te ama...
- Falar que me ama quando na verdade ele acabou com tudo de bom dentro de mim – Eu dei uma risada melancólica – Isso não me convence.
- E o que te convenceria? – Fred perguntou.
- Nesse momento? – Eu o olhei – Nada.

Naquele momento eu percebi que eu realmente não tinha controle de nada em mim. Eu estava com ódio de Draco Malfoy, sentia a vontade de torturá-lo até ele pedir perdão por tudo. Depois do choque da carta, a tristeza apareceu e agora a raiva fluía em minhas veias. Draco tinha que perder essa ideia de que com algumas palavras bonitinhas, ele iria fazer tudo ficar bem. Não, talvez ele jamais conseguisse fazer tudo ficar bem de novo, talvez nunca mais ficasse bem de novo pra mim e tudo por culpa dele.
Fred me olhou com um olhar suplicante e me puxou para um abraço. Eu me sentia mais calma nos braços de Fred, ele tinha o poder de me fazer pensar e avaliar tudo o que estava acontecendo e eu apreciava muito isso. Ele não conseguia fazer a dor ir embora, mas conseguia amenizá-la um pouco.

- Preciso te falar uma coisa – Fred disse baixinho – Eu estou aqui porque seus pais pediram.
- Eles sempre pedem – eu retruquei.
- Eu sei, mas agora é sério – Fred então tirou uma ampola do bolso e eu me afastei dele – , por favor, é para o seu bem.
- Meu bem? – eu ri uma risada de escárnio – Fred, eles querem me drogar!
- Não é te drogar, seus pais te amam e querem o melhor pra você e eu também quero – ele disse calmamente – Isso vai te ajudar a ter controle para você poder ter uma vida normal.
- Até o dia em que Draco resolver aparecer e me deixar pior novamente – eu revelei baixo – Não vejo razão para isso, Freddy, se ele for me machucar novamente é melhor eu estar sem controle de uma vez.
- Não é melhor! – Fred se aproximou de mim – Você vai sofrer ainda mais e se você estiver controlada vai saber lidar melhor com isso.
- Isso não vai mudar, Freddy – eu disse baixo – O que me traria de volta aos eixos é o causador disso tudo.
- Você deveria parar de ser dependente dele – Eu tomei um susto com o que ele disse – Você fala como se precisasse do Malfoy para viver e eu sei que você acha que precisa – ele deu uma pausa – Mas ouça bem: Você acha que merece todo esse sofrimento, acha que ele é o único que pode te ajudar, mas a única pessoa que pode te ajudar é você mesma. Eu não vou insistir nisso, você toma e se recupera se você quiser, você não é criança, mas se você quer continuar desse jeito, vá em frente, só não fique com remorso quando perceber lá na frente que teve a chance de mudar tudo e não fez nada.

E então como se não tivesse dito nada demais, ele deixou a ampola em cima da minha escrivaninha e saiu porta afora, deixando-me sozinha com suas palavras.
Sentei-me na cama buscando um apoio para absorver todas aquelas palavras de Fred. Ele estava certo, eu sabia que ele estava certo e eu já havia pensado em tudo aquilo antes, mas nunca tive coragem para verbalizar tudo aquilo, mas Fred teve e ainda me deixou pior ao saber o quanto idiota eu estava sendo.
Idiota por achar que Draco era o único que poderia me ajudar quando na verdade eu deveria fazer isso. Li novamente a carta e senti uma vontade absurda de responder, por isso, levantei e corri até a escrivaninha pegando um pedaço de pergaminho, tinta e pena, porém eu travei no exato momento. Eu iria escrever o que? Não tinha o que falar para ele, estava machucada demais para pensar em qualquer outra coisa e raivosa demais para querer tentar ser ao menos educada. Deixei tudo de lado e respirei fundo, uma onda de lembranças me acertaram e eu me senti sem fôlego novamente, olhei a ampola e a peguei na mão, talvez dessa vez pudesse adiantar alguma coisa. Caminhei novamente até a cama e abri a ampola, virando todo o líquido dentro da boca. O gosto era um pouco amargo, mas nada que eu não pudesse suportar. Comecei a me sentir tonta e precisei deitar na cama, meu quarto começou a girar cada vez mais rápido, a porta do meu quarto abriu e meus pais com mais umas duas pessoas entraram no quarto.

- , minha filha – Ouvi minha mãe dizer, mas minha visão estava turva – Você tomou a poção?
- Sim – eu sibilei – Por que está tudo rodando?
- Isso vai te acalmar relaxar os seus nervos e te fazer buscar o controle – Uma das pessoas disse – Você vai dormir agora, está bem? E quando acordar você estará melhor.

Uma sonolência se apossou de mim e eu percebi as pessoas indo embora do quarto e eu fiquei sozinha, minha respiração começou a ficar pesada e eu fechava meus olhos devagar. Abri meus olhos mais uma vez e me assustei com o que eu vi, porém estava muito sonolenta para esboçar qualquer reação ou não sabia se já estava sonhando, mas consegui distinguir uma cabeleira loura no meio da minha visão turva e ela estava bem próxima a mim, senti um beijo na testa e um pedido de desculpas bem baixo sussurrado em meu ouvido, uma lágrima caiu do meu olho e eu fechei os olhos, rendendo-me a inconsciência.

Os dias haviam se passado depois do último surto e eu estava melhor, a fênix estava renascendo definitivamente e eu me sentia mais contente, mais disposta a agir, a fazer alguma coisa. Depois das verdades ditas por Fred, eu me dei conta de que eu precisava me tirar daquela depressão. Não havia ampola ou pessoa a não ser eu mesma que poderia me salvar. Eu me recusei a ser salva por qualquer um e fui buscar a salvação eu mesma. Draco não iria me ajudar e eu aprenderia a ficar bem sem ele.
Respondi as cartas dos meus amigos, estava mais receptiva com Fred, estava rindo mais abertamente das piadas dele e até consegui sair de casa para ir até um café beber alguma bebida trouxa que meu melhor amigo gostava. Finalmente, eu estava sentindo melhoras em minha vida e agora entendia que eu era a responsável por isso, bastava apenas eu querer.

Draco’s POV

Já era noite e uma brisa fria soprava me deixando com frio, mas nem por um decreto eu iria embora. A mansão estava totalmente acessa e uma vontade de entrar apareceu, mas eu sabia que não seria bem recebido como a última vez. A porta foi aberta e eu fiquei atento. Fred Weasley saiu rindo abraçado com uma garota que eu já sabia quem era. Ela estava diferente, mesmo com as roupas eu percebi que ela estava mais magra e mesmo dando risada, ela não ria como antes, seu riso não era o mesmo dos risos que ela dava para mim.
Os dois pararam no portão e eu achei imprudência deles, um Comensal poderia atacá-los de longe, mas então eu me lembrei de EU era Comensal e deixei minha teoria de fora. Eu jamais iria atacá-los, ele talvez, mas ela nunca. Voltei a prestar atenção na cena e quase vomitei quando o abraçou apertado e sorriu para ele do jeito que ela sorri quando gosta de alguém. O Weasley beijou a testa dela, saiu andando pela rua e fechou a porta. Esperei alguns minutos e comecei a seguir Fred Weasley de longe, ele ia andando devagar e distraído, até que ele virou em um beco e parou. Ele sabia que eu estava ali.

- Vai ficar me seguindo até quando? – Ele disse e se virou para me encarar.
- Até quando eu quiser – eu respondi rudemente.
- O que você quer, Malfoy? – Ele perguntou com uma voz cansada. – Falar comigo e perguntar como está minha vida é que não é.
- Qual é a sua aproximação com a ? – Eu perguntei e ele deu uma risada baixa – Alguma graça,Weasley?
- Toda a graça – Ele se aproximou de mim e eu recuei uns dois para trás – Você fez o que fez com ela e depois vem aqui achando que tem algum direito sobre ? – Não respondi, porque era a verdade. Eu não tinha direito nenhum – Olha, Malfoy, não precisa de você, ela não precisa de você para acabar ainda mais com a vida dela. A carta que você mandou quase acabou com ela novamente.
- Como assim? – Eu perguntei preocupado – Responda, Weasley!
- Eu não deveria falar nada – Fred se aproximou mais de mim – Mas eu quero te falar. Se você a ama do jeito que diz, deixe-a livre de você para ela poder ter uma chance de ser normal.
- O que aconteceu? – A preocupação e a culpa já inundavam meu ser.
- Ela surtou. – Ele respondeu – Simplesmente todo o tratamento para controlar as emoções que ela vinha fazendo desde a morte de Dumbledore, foi por água a baixo por causa daquela carta.
- Mas ela está melhor? – eu perguntei baixo.
- Agora está e não graças a você. – Ele respondeu – Agora se me der licença, eu vou embora.
- Você pode guardar segredo sobre que me viu? – Eu pedi – Não quero causar mais problemas pra ela.
- Uma das poucas decisões boa que você tomou em relação a ela – Ele respondeu – Fique tranquilo, eu não vou falar nada.

E aparatou, deixando-me sozinho naquele beco. Respirei fundo e aparatando logo em seguida, voltando para casa.


“É engraçado como alguém pode partir o seu coração e você ainda amá-lo com todos os pedaços partidos.” – Tati Bernardi

As ruas continuavam as mesmas, eu continuava com a mesma mania de olhar os trouxas, porém o sentimento dentro de mim havia mudado ou melhor, aparecido. E a vida havia sido generosa, já que todos os dias, pela manhã, uma flor diferente aparecia em minha janela. Provavelmente era Fred ou meus pais tentando me animar, mas eu amava recebê-las e sempre acordava ansiosa para buscar meu presente matinal.
As coisas estavam progredindo, mas Draco continuava em meus pensamentos e agora mais do que nunca porque faltavam duas semanas para a volta às aulas. Eu estava preparando-me para esse momento. Eu olharia para ele, o encararia e seria forte o bastante para não perder o controle.
Olhei para a rua e uma figura esguia apareceu do outro lado. Meu pai saiu de casa e recepcionou o estranho de uma forma educada. Batidas na porta indicaram que a visita era para mim. Mamãe veio me chamar e em segundos estávamos na sala com meu pai e o estranho era Rufus Scrimgeour, ministro da magia.

- Boa tarde, senhorita – Ele disse e eu senti um arrepio. Eu apertei cordialmente a mão dele.
- Boa tarde, senhor – Nós nos sentamos nos sofás da sala de estar – O que o senhor tem para falar?
- Como a senhorita já percebeu, o assunto é com você – Ele disse – Temos o testamento do senhor Alvo Dumbledore e ele deixou algumas coisas para você.

O ministro abriu sua maleta e com a varinha fez um papel dobrado se desdobrar em pleno ar, uma caixa de madeira um pouco grande repousar na mesinha de centro e um saquinho de veludo preto.

- Antes, senhor e senhora , peço para que vocês se retirem da sala – O ministro proferiu – Este assunto é totalmente restrito a senhorita em minha frente.
- Há realmente necessidade? – Mamãe disse um pouco preocupada.
- Por favor – O ministro disse e meus pais se conformaram – Garanto que sua filha irá falar com vocês depois disso. – Assim que meus pais passaram pela porta indo ao corredor que daria no resto do primeiro andar da casa, ele virou seus olhos para mim - Antes eu terei que fazer algumas perguntas para você.
- Tudo bem – eu disse tentando passar tranquilidade.
- Qual era o seu grau de proximidade com Alvo Dumbledore? – Ele perguntou.
- O mais alto possível, Dumbledore era meu mentor em muitos assuntos – eu expliquei sem dar detalhes.
- Mentor em que aspectos? – ele disse curioso.
- Ele ajudou a me ensinar quando eu estudava em casa, me auxiliou em diversos aspectos... – eu disse vagamente, não querendo aprofundar o assunto.
- Alguns dos pertences de Alvo Dumbledore foram deixados a você – ele começou a explicar – Alguns foram doados a Hogwarts como Dumbledore pediu. – Ele então começou a ler o testamento - O Último Desejo e Testamento de Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore para , minha adorada sobrinha,é uma caixa com alguns dos meus pertences e minha chave do cofre em Gringotes. Saiba usar tudo com a sabedoria que eu sei que possui. – E colocou a caixa em minha frente. Eu observei a caixa e percebi que havia uma frase entalhada em runas antigas. – Por que acha que Alvo Dumbledore iria deixar isso para você?
- Talvez ele soubesse que eu precisaria do que tem aqui dentro – eu disse dando um sorriso triste – Ele deixou mais alguma coisa para alguém?
- Sim – ele respondeu secamente. – E você tem alguma ideia do que poderia estar aqui dentro?
- Vocês não conseguiram abrir? – eu perguntei e ele assentiu – Eu não tenho ideia do que possa estar aí dentro.
- Sim, senhorita – Ele disse se levantando depois de guardar o testamento em sua maleta – Você saberia me informar onde Harry Potter está?

A pergunta me pegou de surpresa. O que ele queria saber com Harry? Será que Dumbledore havia deixado algo para ele também? Provavelmente, mas eu sentia que aquela pergunta não estava unicamente ligada a entrega dos pertences deixados por Dumbledore.

- Não faço ideia – eu respondi já em pé e o guiando até a porta – Obrigada por trazer as coisas de Dumbledore.
- Isso faz parte do meu trabalho – Ele disse saindo pela porta logo depois.

Voltei para o sofá e coloquei a mão em meu pescoço e uma pequena chave prateada estava pendurada lá. A chave que Dumbledore havia me dado no ano anterior e agora eu sabia para que servia. Dumbledore sabia que o ministério tentaria abri-la, por isso deixou a chave comigo, antes de colocar na fechadura da caixa, murmurei “Alohomora”, mas a caixa não abriu. Coloquei a chave na fechadura e abri a caixa de madeira.

Dentro da caixa havia alguns livros antigos, um colar com um símbolo estranho, uns objetos destruídos e um papel. Meus pais entraram na sala e se aproximaram.

- E então? – meu pai disse – O que Dumbledore te deixou?
- Algumas coisas desconexas – eu respondi – Vou para o meu quarto.
- Mostre para nós o que ele te deixou, filha – minha mãe pediu.
- Desculpe, mas isso é uma coisa muito pessoal, mãe – eu respondi – Uma coisa minha e de Dumbledore.
- Tudo bem – ela deu um sorriso doce – Depois desça para ficar um pouco conosco.

Subi as escadas com pressa, fechei a porta atrás de mim e sentei-me na cama. Analisei os livros e percebi que eram livros que estavam ligados à mim. Ligações mágicas: O quanto isso pode influenciar na vida de um bruxo?, Livro de poções estabilizantes, Runas Antigas, Guia básicos para ser um auror: Tudo o que você precisa saber sobre a profissão. Eram livros que tio Alvo sabia que eu usaria. Dei um sorriso triste e lembrei-me de uma das lembranças mais fortes que eu tinha dele.

Flashback – ON

respirou fundo e limpou as lágrimas que teimavam em cair dos seus olhos, contrariando a vontade da menina. Não gostava de chorar, principalmente na frente dos outros. Olhou ao redor e percebeu Dumbledore um pouco afastado, mas logo se aproximando.

- Não quero mais fazer isso – disse brava – Eu estou bem.
- Você sabe que precisa, querida – Dumbledore disse com uma voz calma – Precisamos deixar você ótima.
- Mas eu estou – teimou.
- Não está, você está perdendo o controle novamente – Dumbledore disse.
- Eu sei, mas eu estou cansada – ela reclamou.
- Nós não podemor deixar o que aconteceu se repetir – E dessa vez levou a sério.
- Eu sei disso, mas esse treinamento me desgata demais – ela disse – Eu quase matei aquele trouxa e eu sei que eu preciso me controlar para não machucar mais ninguém.
- Exatamente – Dumbledore disse – Essa é a última vez de hoje, depois você descansa, tudo bem?
- Tudo bem – disse.

voltou a prender seus braços na cadeira com a ajuda de sua mãe e fechou os olhos. Sentiu sua cabeça arder e o feitiço estabilizante começar a agir. Sentiu todos os seus sentimentos, raiva, ódio, rancor, tristeza e era assim que ela ia se estabilizar. O feitiço a fazia sentir todos os sentimentos e controlá-los.

- O trouxa está vindo em sua direção novamente – Ouvi Dumbledore falar – Ele está tentando tocar em você, te machucar, o que você está sentindo?
- Raiva – respondeu revivendo os momentos.
- Por que você está com raiva? – Dumbledore perguntou.
- Porque ele tentou me machucar – respondeu com os olhos fechados e o feitiço a fazia reviver totalmente o momento.
- E o que você quer fazer com ele? – Dumbledore perguntou.
- Matá-lo – disse com uma voz raivosa.
- Você não pode matá-lo, deixe-o ir e o entregue a polícia.
- Não, ele vai morrer – disse e tentou soltar as mãos, mas não era possível – Ele tem que morrer.
- Ele não vai morrer, não é seu dever fazer isso – Dumbledore disse – Controle-se, . Tome o controle da situação.
- Não consigo – disse chorosa – Não consigo.
- Consegue sim. Você é forte, tem um coração bom e vai conseguir.

E assim prosseguiu o tratamento com gritos, choro e muito esforço.

Flashback- OFF

Dumbledore havia me dito o que eu mais precisei ouvir e que é meu mantra até hoje. Eu sou forte, eu tenho um coração bom e eu vou conseguir. E era isso que sempre me impulsionou. Deixei os livros para o lado e fui observar os outros objetos. Um livro com um furo no meio, como se estivesse queimado e um anel destruído, toquei o anel e senti um arrepio na espinha. Levaria para Harry n’A Toca para ele me dizer o que era. Peguei o papel que faltava e logo percebi meu nome escrito com uma letra fininha. Era uma carta.

Querida ,
Sinto muito não poder estar aí para poder ver as mudanças que ocorrerão em sua vida. Mas sei que isso foi preciso.
Quero te dizer que sempre acreditei em você e na sua capacidade, e tenho certeza que você será uma peça importante na luta contra Voldemort.
Diga ao seu avô que sinto muito por tudo o que aconteceu. Jamais foi minha intenção causar a discórdia que causei em nossa família.
Deixo para você, Fawkes, minha fênix, sei que você cuidará dela tão bem quanto eu cuidei.
Um dia você entenderá tudo o que aconteceu.
Durante sua vida, você irá enfrentar problemas inimagináveis e que vão fazer você querer desistir, mas não se esqueça de que você precisará desses momentos para saber quem você é e o quanto você é forte.
Lembre-se, querida: Quando você estiver perdida e achar que nada tem solução, renasça das cinzas.
Com amor,
Tio Alvo.


Renasça das cinzas. Dumbledore me pediu para fazer isso e eu cumpriria com toda a minha determinação. Sentia forças para lutar contra o que viesse e iria até as últimas consequência para vingá-lo.
Dumbledore havia me deixado Fawkes, o melhor presente que eu podeia ganhar em toda a minha vida. Lembrei-me do dia no ano anterior que ele havia me dito que meu presente de natal, seria entregue na hora certa e o presente era Fawkes. Comecei a chorar de alegria e saudade, mas foquei-me nos momento bons que vivi com Dumbledore. Isso me ajudaria a prosseguir.
A chave do banco não dei muita importância, falaria com meus pais para irmos a Gringotes ver o que tinha no cofre no dia seguinte, assim já aproveitaria para comprar meu vestido para o casamento.

O Beco Diagonal não era o mesmo de anos atrás. As lojas que antes eram animadas, agora quase nunca abriam e quando abriam era por pouco tempo. Lojas especializadas em arte das trevas estavam espalhadas pelo beco, dando a entender que o mundo bruxo estava quase sendo tomado por completo. O Olivaras estava fechado havia mais de dois anos e não havia sinal nenhum de onde ele poderia estar. Boatos na comunidade bruxa diziam que ele havia morrido ou que Voldemort havia capturado-o, mas eu não me importava com boatos naquele momento. Eu só queria ir a Gringotes, ver o que tinha no cofre e ir embora. Era fácil, apenas isso.
As portas do banco se abriram e diversos duendes me olharam e depois voltaram aos seus afazeres. Caminhei até o fim da sala e parei em frente ao duende responsável pelos cofres.

- Bom dia – eu disse – Eu quero visitar o cofre de Alvo Dumbledore.
- E você seria? – Ele disse sem me olhar, concentrado no papel.
- – eu disse e tirei a chave da bolsa – Eu tenho a chave aqui comigo. – Entreguei a chave para ele e ele a analisou minuciosamente para depois me olhar novamente.
- Venha comigo – Ele disse e abriu uma atrás de si e eu o segui. – Como conseguiu a chave?
- Dumbledore me deixou como herança, assim como todos seus pertences – Eu expliquei – Qual é o seu nome, senhor?
- Bogrod – Ele respondeu sem me olhar e nós continuamos a andar por um corredor escuro – Sinto muito pela morte de Dumbledore, sempre foi muito bom aos duendes.
- Tenho certeza que sim – eu respondi dando um sorriso triste.

O duende apitou e um carrinho apareceu vindo da escuridão e nós nos sentamos para seguir viagem até a parte inferior do lugar. Eu tentava controlar minha ansiedade, mas era um pouco impossível, cada vez mais a curiosidade para saber o que tinha no cofre de Dumbledore aparecia. O carrinho seguiu viagem descendo cada vez mais, vários corredores com cofres e mais cofres se mostravam para mim. Percebi uma cascata de água mais pra baixo e eu sabia que nós iriamos passar por ali.

- Senhor – eu falei bem alto, o barulho dos trilhos do carrinho era alto demais – Por que a cascata de água?
- É uma água mágica que desfaz qualquer feitiço existente – Ele disse e nós desciamos ainda mais – Faz parte da proteção do banco. A Ruína do Ladrão – ele explicou.

Passamos pela Ruína do Ladrão e eu fui encharcada, mas nada aconteceu e os trilhos continuaram nos levando cada vez mais para baixo. O carrinho parou numa espécie de salão gigante e bem no meio do lugar havia um dragão. Ele gritava e soltava fogo totalmente irado, preso por diversas correntes.

- Que droga é essa? – Eu perguntei exasperada.
- O dragão protege essa parte do banco – ele disse pegando de um saquinho que eu não tinha percebido – Ele é parcialmente cego.
- Vocês cegaram o coitado? – Eu disse brava – Que tipo de seres são vocês?
- Faz parte, senhorita – ele disse e nós descemos do carrinho – Se a senhorita não quer continuar, nós vamos embora.
- Não, eu quero! – eu disse, mas olhando para o dragão com muita pena – Tomara que um dia ele possa ser livre.
- Eu duvido muito – o duende disse – Temos que prosseguir.

Bogrod abriu a maleta e puxou de lá alguns objetos metálicos, eu estranhei e ele logo percebeu que eu não estava entendendo.

- O dragão associa o som metálico a dor e quando ouve se afasta – ele explicou e eu percebi diversas queimaduras espalhadas pela pele do dragão. – Chacoalhe os Clankers o máximo que você puder.

Começamos a chacoalhar e o dragão recuou assustado e assim conseguimos passar pelo dragão. Assim que chegamos do outro lado, Bogrod saiu andando por um corredor cheio de portas e parou numa das últimas. Pressionou a mão sobre a porta e ela derreteu revelando uma caverna abarrotada de objetos de ouro, livros e galeões. Fiquei totalmente surpresa e observei tudo que havia lá. Era impossível contar o tanto de ouro e objetos feitos do mesmo material que existiam naquele lugar. Entrei no cofre, o duende me seguiu e a porta se fechou atrás de nós.

- Por Merlim – eu disse surpresa – Tio Alvo deixou muitas coisas.

Haviam vários livros de assuntos variados que eu jamais pensei que existiam, alguns móveis guardavam mais livros e mais objetos. Tio Alvo havia deixado muito ouro para mim e eu poderia me aposentar com todo aquele ouro. Peguei alguns galeões e guardei em minha bolsa, teria que comprar um vestido para o casamento, alguns quadros também estavam na parede inclusive um que chamou minha atenção. A pintura animada retratava uma mulher e seus três filhos e eu sabia quem era. Minha bisavó, meu avô, tio Alvo e tia Ariana e eu percebi que tia Ariana era bem parecida com minha mãe. Dei um sorriso triste e meus olhos marejaram, mas eu não podia chorar, tinha que continuar a lutar por eles, por todos esses que sofreram com a guerra de poder. Vários troféus, medalhas estavam juntando poeira naquele lugar, inclusive o troféu de quando meu tio ganhou a Ordem de Merlim-Primeira Classe estava em cima de alguns livros como se não fosse nada.
Passei a mão nos livros e uma fina camada de pó estava sobre eles, mas eu não me importei. Livros sobre transfiguração, herbologia, feitiços e um em especial me chamou atenção: Magia antiga: Como reconhecer suas manifestações em nossos tempos. Peguei esse livro e coloquei dentro da minha bolsa. Peguei mais um sobre feitiços raros e guardei também. Estava quase saindo quando um porta-retrato me chamou a atenção. Era a mesma família na pintura, mas em uma situação diferente. Meu bisavô estava nessa foto também e a família estava completa. A foto havia sido tirada antes dele ser mandado para Azkaban quando a família ainda era feliz e sem nenhum problema.

- Podemos ir – eu avisei – Já vi tudo o que tinha para ver.
- Tudo bem – Bogrod disse e tocou a porta novamente.
- Dumbledore tem esse cofre desde quando? – eu perguntei enquanto saíamos do lugar.
- Esse cofre é da família Dumbledore há gerações – Bogrod disse – Desde muito antes de Dumbledore ou sua mãe.
- Entendi – eu disse e voltamos a passar pelo dragão e pegar o carrinho e subir para a superfície.

Assim que saí de Gringotes, depois de ter trocado alguns galões em dinheiro trouxa, fui para o Caldeirão Furado e de lá fui andando pelo bairro trouxa para procurar uma loja de roupas para o casamento.
As ruas de Londres estavam um pouco vazias naquela hora do dia, o sol brilhava fraco, tipicamente o clima da cidade. Havia uma loja pequena numa das ruas do lugar e eu entrei lá e comprei meu vestido. Entreguei o dinheiro certo e voltei a andar pela cidade, não queria voltar para casa.
Foi quando passando por um beco eu percebi que alguém me seguia há um tempo. Virei no beco e esperei pacientemente a pessoa aparecer. Não me surpreendi ao ver um Comensal da Morte parar a minha frente. Apertei mnha varinha em minha mão e dei um sorriso cínico.

- O que faz em um bairro trouxa? – Ele perguntou e eu logo percebi que era Walden Macnair, um dos Comensais infiltrados no Ministério – Compactuando com trouxas?
- Se eu estivesse, isso não seria da sua conta – Eu respondi grossa – O que você quer, hein? Ver o que eu tenho na sacola?
- Como ousa me desrespeitar? – Ele disse bravo.
- Como ousa me seguir? – eu perguntei dando uma risada cínica – Vou perguntar novamente: O que você quer?
- Te matar. – Ele respondeu e em seguida, logo gritou – AVADA KEDAVRA!
- PROTEGO! – Eu gritei logo depois e o feitiço ricocheteou e passou por cima dele. – ESTUPEFAÇA! – Ele gritou Protego! e o feitiço ricocheteou em mim, mas eu gritei Protego logo depois – EVERTE STATUM! – Consegui acertá-lo e ele saiu rodopiando no ar, caindo no chão – EXPELIARMUS! – E a varinha dele veio parar em minha mão – IMPEDIMENTA!

Walden Macnair ficou parado no lugar e me olhando um pouco assustado e eu me aproximei, o prendi na parede ao lado e ele respirava ofegante.

- Eu deveria te matar – eu disse pensativa – Mas eu não sou como você ou como a gente da sua laia.
- Ou como o seu namoradinho – ele disse e me irritei dando um tapa no rosto dele – Sua vadia!
- Cala a boca! – eu gritei – Não fala o que você não sabe.
- Mas eu sei quem é seu namoradinho, todos sabem – ele disse dando um sorriso cruel – E do quanto ele está se ferrando por sua causa.
- Como assim? – eu disse confusa – Comece a falar, porque ao contrário dos outros eu não tenho medo de usar a Cruciatus.
- Ah não? – ele disse e eu me irritei ainda mais.
- CRUCIO! – Eu gritei e ele começou a gritar desesperadamente – Vai começar a falar? Eu posso ficar aqui o dia todo.. CRUCIO!
- Tudo bem, tudo bem – ele disse cansado – O Lord das Trevas quer se vingar dele por causa da falha da missão.
- O que mais? – eu perguntei – Anda! O que mais?
- E isso é tudo – ele disse – Eu só sei sobre isso, esse tipo de coisa nem todos os Comensais ficam sabendo.
- Certeza absoluta? – Eu perguntei e pensei na maldição e o Comensal começou a gritar ainda mais – Certeza?
- Sim, por favor me deixe ir embora – Ele pediu e eu parei com a maldição.
- Vai logo!

Eu o livrei de todos os feitiços e ele saiu correndo, deixando a varinha para trás, Walden nem aparatou porque estava sem a varinha, só correu desenfreadamente pelo beco. Eu tentei rir da situação, mas não consegui tirar meus pensamentos de Draco. Respirei fundo e aparatei para a casa.

- Então, quer dizer que você torturou o Comensal? – Papai disse e eu me senti um pouco envergonhada – O que deu em você?
- Ele mereceu! – Eu rebati – E de qualquer jeito, ele tá bem, tá feliz, tá solto e tá vivo.
- Isso não importa, você cometeu um crime! – Papai disse e eu revirei os olhos.
- Crime seria se eu tivesse matado, não fiz nada que ele não teria feito comigo e ainda peguei a varinha dele – eu joguei a varinha na mesa de centro – Agora, com licença, vou para o meu quarto.

Eu realmente não me importava com a vida dos outros, se tivesse que machucar, torturar Comensais da Morte, eu iria fazê-lo, porque nenhum deles teria piedade de mim. Voltaria para Hogwarts para aprender a me defender desses desgraçados e assim que saísse, viraria uma auror excelente.
Deitei em minha cama e dei mais uma lida na carta de Dumbledore somente para buscar forças. Os pesadelos ainda me assombravam, porém agora com menos frequência, mas ainda assim eram assustadores e eu sempre tinha medo de ir dormir e viver aquilo tudo. Fawkes estava sumida e eu sabia que ela não apareceria tão cedo, mas só de saber que ela estava livre e segura era o bastante para mim. Em alguns dias eu iria para A Toca ao casamento e ver meus amigos, teria uma oportunidade de esquecer meus problemas e focar em um momento bom. Apaguei a luz do abajur com um aceno da varinha e fechei os olhos esperando o sono.


Abri meus olhos e a primeira coisa que vi foi um céu azul. Levantei meu tronco e percebi que não estava em meu quarto, mas sim em um campo bem verde, olhei para trás e vi uma mansão imponente, eu nunca havia visto aquela mansão em minha vida. Dei de ombros e levantei, determinada a ir para lá, mas algo chamou minha atenção. A alguns metros de mim, uma figura magra e loira estava parada me olhando. Eu dei um sorriso e caminhei até ele. Draco me brindou com um dos melhores sorrisos dele e nossas mãos foram entrelaçadas, ele encostou a testa dele na minha e eu senti uma vontade de chorar. Uma saudade imensa corroía meu peito.

- Eu sinto tanta saudade – eu disse baixinho e Draco afirmou com a cabeça – Tanta saudade de você...
- Eu também sinto... – ele disse fechando os olhos e apertando nossas mãos – Você me perdoa?
- Você sabe que sim – eu comecei a chorar de verdade e Draco me deu um selinho – Só volta pra mim, por favor.
- Eu não posso – ele disse e eu percebi que nós dois chorávamos – Mas nós vamos encontrar um lugar pra gente, um lugar só nosso.
- Promete? – eu perguntei e ele deu um sorriso bobo.
- Sempre me pedindo para prometer coisas, você não muda, – ele disse e eu sorri. – Mas eu prometo.

Draco colocou as mãos em meu rosto e me beijou devagar. Passou os braços ao redor da minha cintura e intensificou o beijo cada vez mais. Minhas mãos acariciavam sua nuca e cabelos, Draco sugou minha língua de leve, apertou minha cintura e desceu as mãos para meu quadril. Tudo estava ótimo, a saudade estava se dissipando aos poucos com cada beijo, cada abraço, mas como sempre, o momento foi interrompido por um um barulho estranho. Olhei para a casa e de uma das janelas, uma figura estranha sorria maligno. Draco puxou minha mão e começamos a correr enquanto feitiços eram disparados vindo da casa. Meu vestido branco se enrolava em minhas pernas, mas eu não parava de correr, foi nessa distração que Draco parou ao meu lado. Eu o olhei e ele olhou para mim e eu percebi que um feitiço estava se dissipando em seu corpo e esse feitiço era verde.

- Não, não, não... – eu disse assustada e vi Draco caindo devagar ao chão, tentei segurá-lo, mas acabei caindo no chão com ele – Draco, por favor, não...

Era tarde demais, Draco estava morto. Tudo dentro de mim se esfriou, eu não conseguia respirar direito e minha visão ficou turva por causa das lágrimas que apareceram novamente. Não conseguia acreditar, Draco não podia morrer, ele não podia me deixar. Apertei o corpo de Draco contra o meu e beijei sua testa. Fechei os olhos azuis que sempre amei e me dei conta de que não fazia sentido continuar sem Draco, eu não queria continuar sem ele.

- Eu te amo pra sempre – Eu disse olhando uma última vez para ele, nessa hora eu percebi mais um raio verde, fechei meus olhos e quando eu senti o feitiço me acertando, acordei.


Eu respirava ofegante e estava totalmente assustada, agradeci mentalmente por ter sido apenas um sonho, um pesadelo horrível. Sentei na cama e peguei minha varinha, murmurei Lumus! e uma luz saiu, o céu lá fora estava preto indicando que deveria ser madrugada e uma vontade absurda de falar com Draco apareceu. Queria ouvir a voz dele, sentir o cheiro dele, o abraço que sempre me protegia, queria meu Draco de volta, aquele que ele era quando estava comigo, aquele que jamais iria me machucar. Nem me dei conta, mas já estava chorando encolhida na cama. Não podia chorar, não tinha esse direito, ainda mais chorar por aquele que havia me machucado, mas mesmo sentindo meu orgulho sendo massacrado, lá estava eu chorando feito um bebê.
Somente a ideia de ver Draco morrer era dolorosa demais pra mim, por mais que ele tivesse acabado comigo, muitas partes de mim ainda eram totalmente dele e saber que eu jamais iria ver Malfoy de novo, era uma ideia que eu jamais estaria pronta para aceitar.
Meu descontrole emocional me fazia oscilar entre odiá-lo e amá-lo loucamente, mas é o que dizem por aí, amor e ódio são duas coisas que andam juntas.
Deitei na cama de novo e tentei me agarrar a qualquer lembrança boa que tivemos, mas essas lembranças me machucavam ainda mais. Desisti de tentar ser forte e fechei os olhos, deixando todo o choro de semanas vir à tona. Eu precisava de Draco e esse era uma das grandes verdades da minha vida.

Draco’s POV

Abri os olhos e sentei na cama assustado, meus olhos estavam encharcados e eu me senti uma menina por ter chorado enquanto dormia. Baguncei meu cabelo e levantei da cama para andar um pouco, aquele havia sido mais um dos sonhos que eu tinha com a , e como sempre, nunca eram sonhos bons, sempre tinham finais horríveis. Naquele sonho em especial, nós estavamos no jardim em frente a minha casa e eu a via deitada na grama e depois ela caminhava até mim, ela sussurrava que sentia minha falta e me perdoava, e eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo, porém de alguma maneira, eu sabia que nós não poderíamos ficar juntos de novo. Então, uma mudança drástica e um feitiço era disparado em nossa direção, Lord Voldemort estava parado na janela tentando nos acertar, saíamos correndo, até que um Avada Kedavra! me acertava e a última coisa que eu lembro antes de ter acordado foi o rosto da bem próximo ao meu, contendo uma expressão totalmente triste.
E esse foi mais um dos pesadelos que eu vinha tendo desde que saí de Hogwarts, eram pesadelos que sempre variavam entre a noite na torre ou como estes que começavam bem e sempre tinham um final trágico.

Cada dia mais eu sentia raiva por estar naquela situação e cada vez mais medo por saber que Lord Voldemort não iria parar até alcançar seus objetivos e eu sabia que minha fazia parte de um deles. Voltei para a cama e resolvi tentar dormir, mas seria em vão, sabia que mais um pesadelo viria para me assombrar.


Um convidado a mais.

Uma brisa gostosa veio de encontro a mim e bagunçou meus cabelos, mas eu não estava ligando para aquilo. Olhei para o céu e ele estava de um azul límpido e isso aumentou meu ânimo, ainda que um pouco. Fred estava na piscina mergulhando pela décima vez e eu estava sentada na borda esperando o ruivo imergir.

- Por que está tão quieta? – Ele perguntou depois de ter imergido e agora se aproximava de mim.
- Estou pensando, só isso – Eu respondi.
- Pensando em que? – Fred, o curioso, perguntou novamente.
- Em nada específico – Eu respondi novamente – O dia está lindo, não é?
- Está mesmo – ele disse – E por que você está sentada na borda quando deveria estar aqui comigo?
- Porque eu já nadei demais por hoje – Não adiantou eu ter falado, Fred me puxou para dentro da água – Você é insuportável!
- Me ame menos, – ele respondeu e jogou água em mim – Sonhou com ele novamente?
- Depois daquela vez, ainda não – Eu respondi um pouco triste.
- E por que você está triste com isso? – Fred perguntou.
- Eu não estou triste – eu menti.
- Não adianta você mentir pra mim, eu te conheço melhor do que você mesma – Ele disse e eu afirmei com a cabeça – Por que ficou triste com isso?
- Eu não sei – eu mergulhei um pouco sentindo a água fria molhar mais meus cabelos, voltei para cima e Fred me esperava – Como tudo na minha vida, meus sentimentos por ele mudam cada vez mais. Já passei da raiva, do ódio, do amor e agora estou com saudades.
- Eu não acredito nisso – Fred ralhou comigo. – Como você pode sentir saudades daquele ser?
- Se eu soubesse não estaria te dizendo que não sei – eu respondi – Você quer que eu faça o que?
- Esqueça-o, é óbvio – Ele respondeu – Ele só te faz mal, sempre te fez mal e você fica sofrendo por causa dele.
- Eu não consigo e você sabe disso! – Eu disse um pouco mais alto – Queria Dumbledore agora para me dizer o que fazer.
- Eu também queria – Fred disse baixo e indo um pouco para longe de mim – Eu sei que tem essa coisa de ligação mágica, mas você não precisa ficar desse jeito por causa dele.
- Não estou te entendendo – eu disse.
- Você poderia tentar superar essa ligação, sabia? Você poderia lutar contra isso, mas parece que você não quer – Ele disse.
- Eu estou tentando, mas isso é uma coisa que demora, tem magia envolvida nisso tudo – eu dei uma pausa – E magia é uma coisa que nós não podemos controlar.
- Que seja – ele disse e voltou a sorrir – Só sei que você deveria se divertir e deixar o luto.
- Eu não consigo – eu disse triste e comecei a nadar um pouco – Me sinto culpada, eu poderia ter impedido a morte de Dumbledore.
- Mas, , você não sabia que ele iria morrer – Fred disse – Isso não foi culpa sua.
- Não importa, era meu dever saber – Eu respondi – Mas eu não estou a fim de falar nisso agora.
- Chega desse assunto chato – ele disse e se aproximou de mim – Onde está sua prima Meredith?
- Ficou na França com a família dela – eu disse aliviada – Por que quer saber?
- Porque ela é gostosa demais – Ele disse rindo – Bem que você poderia me ajudar, não é?
- Você merece alguém melhor, querido – eu ri – E eu sei que você está ansioso para esse casamento por causa das primas da Fleur.
- Eu e George estamos planejando nossos meios de ataques há semanas! – Nós rimos – Falar sobre a loja, sobre como manejamos uma varinha muito bem...
- E no final você vai querer usar a sua varinha de baixo nelas, não é? – Ele tacou água em mim e eu comecei a rir.
- Cala a boca, por favor – ele disse e depois nós gargalhamos – Até que não seria uma má ideia.
- Pervertido – eu disse – Você tinha que pensar no casamento do seu irmão e não nessas besteiras.
- Por que não posso? – Fred disse nadando – Ele vai ficar feliz com a Fleur, eu posso ficar feliz com uma das primas dela.
- Na boa, cala a boca – Eu respondi e nós rimos.

E durante o resto da tarde ficamos na piscina falando sobre diversas coisas, Fred me distraía e não me deixava pensar em coisas negativas e naquele tarde eu tive um vislumbre de como minha vida seria se eu não tivesse todos os sentimentos de culpa, tristeza, luto e raiva dentro de mim.

- Nós estamos atrasados! – Eu gritei da sala e vi meus pais descerem do segundo andar da casa – O casamento é a três da tarde e já passam das três e vinte! A pontualidade britânica não combina com vocês, não é?
- Dá pra parar de ser tão controladora? – Mamãe disse – E a propósito, você está linda!
- Você também! – Eu disse avaliando minha mãe. Ela estava com um vestido longo azul petróleo que ressaltava seus cabelos castanhos e sua pele branca e seu cabelo estava enfeitado com um chapéu de bruxa na mesma cor do vestido. Meu pai estava com um terno de pele de dragão e eu estava com um vestido vermelho e sandálias pretas – Agora podemos ir?
- Claro, claro! – Meu pai disse e antes de sairmos, nós avisamos meus avós – Se nós sairmos e não voltarmos até a meia noite, conjure os feitiços protetores e não atenda a porta e se for a gente, faça alguma pergunta que só nós sabemos, tudo bem?
- Querido, eu já lidei com Grindewald – Minha avó disse – Posso lidar com esses novos malvados de hoje em dia.
- Tudo bem, mamãe – Meu pai disse – Vamos, senhoritas?

Fomos para o lado de fora de casa e aparatamos. Senti uma tontura e meus pés saírem do chão, senti tudo girar e uma náusea irritante apareceu. Abri meus olhos novamente e percebi que estava em outro lugar. Um gramado bem cuidado e uma tenda branca gigante banhavam minha visão. Percebi a entrada da tenda e guiei meus pais até lá. A primeira coisa que vi foram quatro cabeças ruivas parados na porta ajudando um casal a se localizar. Fred, George, Rony e mais um ruivo que eu não sabia quem era.
Eu e meus pais nos aproximamos e Fred veio ao meu encontro, me abraçando e beijando minha testa antes de cumprimentar meus pais.

- Senhores, queiram vir por aqui, por favor – Ele disse cortês e deu o braço para eu segurar.
- Por que está todo educado assim? – Eu perguntei e ele deu uma gargalhada alta – Em casa você até come de boca aberta – Meus pais riram.
- Não precisa me envergonhar desse jeito, querida – Ele respondeu e eu ri – Pessoal, a .

Ele disse e os três se viraram para mim. Rony sorriu e me abraçou forte, como era bem mais alto que eu, ele me levantou no ar, eu dei risada e ele beijou minha bochecha.

- Poxa, você sumiu! – Ele disse – Como você está?
- Você sabe, surtando um pouco menos a cada dia – nós rimos – E como você está? Cadê o Harry e a Mione?
- Mione está lá dentro ainda – Ele disse e assim que viu meus pais já entrando – E Harry está aqui.
- Cadê? – Eu procurei Harry com olhar, mas não vi ninguém.
- Aqui, – ele me levou até o ruivo – Bem, não parece com o Harry, mas é o Harry.
- Poção Polissuco, certo? – O ruivo a minha frente, que era Harry, riu e me abraçou apertado. Harry beijou meu rosto e me deu um sorriso confortante – Quem é você aqui?
- Primo Barny – Ele respondeu – Como você está?
- Estou indo – eu disse – Precisamos conversar sobre várias coisas, o ministro veio aqui também?
- Sim, o que Dumbledore te deixou? – Harry perguntou e Rony se aproximou para ouvir.
- Livros, galeões e a fênix dele – eu respondi dando um sorriso triste – Nós conversamos sobre isso depois, vocês precisam ajudar aqui. Boa sorte, meninos – Eu dei uma pausa e disse mais alto assim que mais um bruxo chegou – E prazer em te conhecer, Barny. Rony, se vir Hermione diga a ela que já cheguei.
- O prazer foi todo meu – Harry respondeu e eu ri, entrando na tenda e indo me sentar com meus pais.

Os convidados começaram a chegar e eu fiquei conversando com meus pais durante todo esse tempo. Cada vez mais eu os via menos, eles estavam trabalhando que nem loucos no Ministério, ainda mais pessoas desapareciam, uma onda de assassinatos acontecia no mundo trouxa, gigantes se revelavam ainda mais, dementadores haviam fugido de Azkaban e eles tinham que lidar com tudo isso. Conversamos coisas normais e eu pude me distrair um pouco. Depois de um tempo, o burburinho começou dentro da tenda e todos estavam esperando Fleur aparecer. Gui e Carlinhos entraram e foram até o altar esperar, alguém assoviou para ele e algumas veelas, primas de Fleur começaram a rir. Então, para calar todo mundo, uma música começou a tocar e Fleur entrou.
Ela estava linda com um vestido que brilhava tanto quanto ela, Gina e Gabrielle entraram também, Gui ficou radiante ao lado e nem parecia que havia sido machucado pelo lobo Greyback.

- Senhoras e Senhores – Uma voz disse e eu logo percebi que era o mesmo homem que havia feito o velório de Dumbledore, essa lembrança triste, fez meu estômago dar uma volta, mas eu ignorei e foquei no casamento novamente. – Estamos aqui reunidos para celebrar a união dessas almas... – Ele deu uma pausa e olhou para os noivos – Você, Guilherme Arthur, aceita Fleur Isabelle? – Ele respondeu com um aceno de cabeça e a pergunta fez feita a Fleur que respondeu do mesmo jeito – Então, declaro vocês ligados pela vida.

O bruxo que ministrava a cerimônia acenou com a mão sobre eles e uma chuva de estrelas prateadas caiu sobre o casal, assim que todos começaram a aplaudir, os balões dourados que estavam espalhados explodiram e de dentro deles saíram pequenos pássaros e pequenos sinos dourados.

- Senhores, se todos puderem se levantar! – Ele disse e todos se levantaram e assim que todos fizeram isso, o local onde todos estavam sentados se desfez e as paredes da lona também mostrando o bonito sol que vinha em direção ao pomar, a pista de dança foi formado por um ouro brilhante, as cadeiras deslizaram para os lados chegando perto de uma mesa de tecido branco e uma banda apareceu para começar a tocar.

Garçons começaram a servir os convidados com cerveja amanteigada, suco de abóbora, whisky de fogo, sanduíches e tortas.
Meus pais foram procurar uma mesa e se sentaram junto com Arthur, Molly e algumas pessoas, eu procurei meus amigos e eles estavam sentados com Luna. Fui andando até lá e Hermione assim que me viu, correu e me abraçou. Aquele foi um dos melhores abraços que eu recebi em toda a minha vida, Hermione era minha melhor amiga e estava ali depois de tanto tempo que eu não a via.

- , quanto tempo! – Ela disse sorrindo – Senta aqui com a gente! – Caminhei até todos e assim que vi Luna, abri um sorriso.
- Luna! - Eu a abracei forte e ela retribuiu – Como você está?
- Estou bem e você? – Eu me sentei ao seu lado e começamos a conversar. Uma música começou a tocar e Gui e Fleur começaram a dançar, sendo seguidos pelos pais – Eu adoro essa música – Luna disse e depois se levantou para ir dançar sozinha na pista de dança.
- Ela é ótima, né? – Rony disse e eu ri – Sempre valorosa. – A conversa não continuou porque Victor Krum apareceu perto de Hermione.
- Quem é aquele ali? – Ele perguntou apontando para o pai de Luna.
- Xenófilo Lovegood, pai de uma amiga nossa – Rony respondeu bravo – Vamos dançar, Hermione – E saiu puxando Hermione.
- Eles estão juntos agora? – Krum perguntou para mim e Harry.
- De certa forma. – Harry respondeu.
- E quem é você? – Ele perguntou para Harry.
- Barny Weasley. – Harry disse.
- Você, Barny, você conhece esse Lovegood bem? – Krum disse e eu olhei para Xenófilo que falava com alguns bruxos
-Não, o conheci hoje. Por que? – Harry respondeu.
- Porque.. - respondeu Krum - Se ele não é um convidado de Fleur, duelarei com ele, aqui e agora, para ver aquela marca imunda em seu peito!
- Marca?- perguntou Harry, olhando para Xenófilo e eu segui seu olhar, uma estranha marca estava em seu pescoço, era um triângulo com uma espécie de círculo brilhava em seu colar. Tentei enxergar melhor e tomei um susto ao perceber que era o mesmo colar que Dumbledore havia me deixado - Por quê? O que há de errado?
-Grindelvald. É a marca de Grindelvald. – Krum respondeu com uma voz brava e eu gelei. Por que Dumbledore me deixaria um colar com a marca de um inimigo?
-Grindelvald... O bruxo das trevas que Dumbledore derrotou? – Harry perguntou perplexo e eu somente acompanhava a conversa atônita.
- Exatamente. – Krum deu uma pausa.
- Você tem certeza? – eu perguntei séria.
- Com toda a certeza – o rapaz mais velho ainda encarava o pai de Luna com raiva no olhar - Grindelvald matou muitas pessoas. Meu avô, por exemplo. Claro, ele não era poderoso neste país, dizem que temia Dumbledore... e de fato, veja como tudo acabou. Mas este – disse, apontando para Xenófilo – este é seu símbolo, eu reconheci de imediato: Grindelvald o esculpiu em uma parede em Durmstrang quando era um aluno. Alguns otários o copiaram em seus livros e roupas querendo chocar para parecerem impressionantes... E até pessoas que perderam membros de suas famílias para Grindelvald começaram a vê-los com outros olhos.
- Você… er… tem certeza que é de Grindelvald? – Harry perguntou.
- Não me engano – disse Krum – Passei por esse símbolo durante vários anos, conheço-o bem.
- Bom, há uma chance – disse Harry – Que Xenófilo não saiba exatamente o que significa, os Lovegood são bem… diferentes. Ele poderia facilmente ter pego em algum lugar e achado que é um corte transversal da cabeça de um Bufador de Chifre Enrugado ou algo do gênero.
- Um pedaço de quê? – Krum disse confuso.
- Eu não sei o que eles são, mas aparentemente, ele e a filha saíram nas férias para procurá-los... – Harry.

A conversa deles continuou, algo sobre Luna e suas manias estranhas, Gregorovitch e garotas bonitas da festa, eu não prestei muita atenção, estava esperando Krum sair para conversar com Harry. Me servi de whisky de fogo e alguns sanduíches e fiquei vendo a festa acontecer. Assim que Krum saiu eu me virei para Harry.

- Preciso te contar umas coisas, Harry – eu disse e ele me olhou sério assim que Krum se afastou.
- Precisa mesmo, que tal explicar aquilo que você disse no velório? – Harry disse e eu abaixei a cabeça – É verdade?
- Sim – eu disse – Dumbledore tinha um irmão que é meu avô. Queria perguntar o que Dumbledore te deixou e se tem algum sentido. Eu acabei de tomar um susto porque tio Alvo me deixou um colar com aquele mesmo símbolo.
- Ele me deixou o pomo de ouro que eu apanhei no meu primeiro jogo – Harry disse – E a espada de Griffyndor. Jura? O que mais ele te deixou?
- Como assim? – eu disse exasperada sem responder sua pergunta – A espada?
- Sim, mas ela sumiu – ele disse – , o que você sabe sobre Gregorovitch?
- Só que ele está desaparecido e ele é uma das pessoas que meus pais estão procurando, além de Olivaras e outros tantos – eu respondi – Por que quer saber?
- Eu te explico depois – Ele disse – E o que ele te deixou?
- Algumas coisas estranhas, como um anel destruído, um livro com um furo no meio...
- As horcruxes já destruídas – Harry explicou – , você vai voltar para Hogwarts, certo?
- Com certeza – eu respondi.
- Eu preciso que você tente me atualizar das coisas que vão acontecer por lá, tenho 100% de certeza que Snape vai estar lá – Harry disse.
- Vou tentar me comunicar com vocês, fica tranquilo – eu disse e o abracei – Você vai conseguir, Dumbledore tinha fé em você e eu também tenho.
- Obrigada, – Ele disse sorrindo para mim – Vem, vamos voltar para a pista de dança.

Saímos andando e encontramos Gina, eu a abracei forte e nós demos um olhar significativo que dizia: Precisamos conversar! Vi Lino Jordan e algumas outras pessoas que fazia tempo que eu não via, Lupin me cobrou uma conversa sobre várias coisas, até que encontrei Fred e ele estava conversando com uma das primas de Fleur. Encontrei Hermione e ela me puxou para um dos cantos do salão e nós nos sentamos.

- Rony não me deixa descansar – ela disse e eu dei risada.
- Ele não quer você perto do Krum – eu expliquei – Finalmente ele está tomando jeito.
- Não vou nem comentar sobre isso – ela disse e eu ri – Como você está?
- Eu estou bem – eu disse automaticamente – Estou me preparando para voltar para Hogwarts.
- E Draco vai estar lá – Mione disse cautelosa.
- Draco vai estar lá – eu repeti afirmando para mim mesma – E eu não sei como me sinto em relação a isso. Quero dizer, eu tenho vontade de machucá-lo, fazê-lo sentir tudo o que eu senti. Só que ás vezes, bate uma saudade, uma necessidade de tê-lo por perto e eu me odeio por isso. Odeio por precisar tanto dele.
- Mas isso é a ligação, não é? – Hermione disse – Olha, , eu sei que eu não tenho direito de dizer isso, mas você merece coisa melhor do que ele. Pense em tudo o que você passou, tudo o que você sofreu por causa dele! Malfoy só te trouxe sofrimento! – Eu abaixei a cabeça – Mas eu sei que você não pode lutar contra isso, faz parte de você e faz parte dele também.
- Preciso te contar uma coisa que eu fiquei sabendo sobre ele – Eu revelei – Encontrei um Comensal na ruas esses dias.
- E você saiu viva? – Ela disse exasperada. - Claro, eu sou muito boa – eu me gabei brincando e ela riu – Eu encontrei com esse Comensal e ele me disse que Draco está sofrendo na casa dele, está sendo punido pela missão ter falhado.
- Mas em que a missão falhou? – Hermione perguntou confusa.
- Era para Draco ter matado Dumbledore e não Snape – eu respondi – E Voldemort não gostou nada disso. E ele também está sendo punido por outro motivo.
- Qual? – ela perguntou.
- Eu. O Comensal disse que ele está se ferrando por minha causa – eu expliquei – E eu tenho certeza que algo vai acontecer comigo também.
- Ele vai se vingar de você também – Ela disse – Você acha que ele sabe sobre a ligação?
- Provavelmente, ele não é burro – Eu disse – Mas eu vou estar segura em Hogwarts se ele não chegar lá.
- O que provavelmente não vai acontecer, porque Hogwarts é uma fortaleza – Mione disse
- Era uma fortaleza quando meu tio-avô estava lá, agora tudo pode acontecer – eu disse.
- Falando nisso... Você é parente do Dumbledore mesmo? – Ela perguntou.
- Sim e você é a terceira pessoa que me pergunta isso – nós rimos – Isso nunca foi divulgado por causa de todos os problemas com Voldemort, minha mãe e eu não temos Dumbledore no sobrenome.
- Você ficou sabendo de Rita Skeeter? – Mione disse e eu fiquei confusa – Ela publicou um livro sobre a vida de Dumbledore.
- Como assim? – eu perguntei.
- O livro chama: A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore – ela disse – Eu não tive a oportunidade de ler, mas pode ter algo sobre você e sua mãe, se eu fosse você eu daria uma olhada.
- Vou falar com meus pais sobre isso – Eu disse, até que Vi Rony se aproximando – E lá vem seu príncipe.
- Vai se ferrar – ela disse e eu dei risada.
- Do que estão rindo, meninas? – Rony perguntou.
- Nada de importante – Hermione respondeu.
- Vamos dançar, Mione? – Rony disse pegando na mão dela – Quer se juntar a nós, ?
- Prefiro ficar aqui, vão, se divirtam! – Eu sorri e eles se levantaram juntos.

A felicidade ao meu redor fazia com que eu me sentisse um pouco melhor, as pessoas se divertiam, sorriam uma para a outra e era totalmente gratificante ver isso acontecendo. O dia já estava se dissipando e um céu estrelado de verão começava a a aparecer. As pessoas dançavam e muitas sorriam pra mim quando passavam ao meu lado. Dumbledore ficaria feliz se visse tudo isso acontecendo. O pensamento foi inevitável e uma melancolia incômoda se instalou meus ombros, respirei fundo e voltei a observar a festa. Luna sentou-se ao meu lado num certo momento.

- O que foi, Luna? – Eu perguntei.
- Eu notei que você não está totalmente bem – ela disse e eu dei um sorriso fraco – Tem falado com Draco?
- Não – eu respondi – E eu não sei se fico triste ou feliz por isso.
- Você pode sentir os dois – ela disse e eu dei uma risada baixa – Ele é o que te completa, .
- Você sabe o que ele fez, Lun? – eu a chamei pelo apelido.
- Sei, mas se você o ama, você sabe que uma hora ou outra, todo esse ódio vai ter que ir embora – Ela disse simplesmente e se levantou voltando a dançar rodopiando pelo salão. O bolo com duas fênix que rodopiavam em cima foi cortado e a comemoração aumentou ainda mais. Bruxos e bebidas era uma combinação hilária.

Então a atmosfera da festa mudou. Um patrono entrou pelo teto da tenda e parou no meio da festa. O patrono então abriu a boca e proferiu:

- O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão chegando.

Rapidamente massas pretas começaram a atravessar o céu e entrar na festa e a partir daí tudo foi um caos. Comensais da Morte começaram a aparecer e eu rapidamente saquei minha varinha. Convidados corriam para todos os lados desesperados, feitiços eram disparados e eu tentava passar pela multidão correndo para chegar até meus pais que já duelavam. Um Comensal atirou um feitiço em mim, mas eu desviei e pegou em umas cadeiras que explodiram e um dos pedaços da cadeira pegou em meu braço arrancando um pedaço grande de pele que começou a sangrar. Voltei a correr, atirando feitiços para todos os lados, me protegendo até que parei no meio do caminho. O barulho ao meu redor foi minimazido a sussurros, meus olhos lacrimejaram instantaneamente e eu soltei um suspiro. Draco estava parado a minha frente me encarando com um olhar aflito. Olhei para os lados e me lembrei do que estava acontecendo e uma vontade de atacá-lo apareceu. Tentei acertá-lo, mas minha varinha não obedeceu, se recusava a feri-lo, comecei a chorar ainda mais de frustação e ele se aproximou de mim ficando a poucos passos.

- Vai embora – eu disse apertando minha varinha ainda mais em minha mão – Vai embora!
- ... – Draco me chamou e tentou se aproximar, mas eu o ameacei com a varinha – Você não pode me machucar.
- Mas eu quero – eu disse determinada – E nem que eu tenha que roubar a varinha de alguém, por Merlim, eu vou conseguir.
- Me perdoa – ele disse rapidamente e se aproximou ainda mais e eu coloquei a mão em sua barriga o impedindo de chegar mais perto. O cheiro de Malfoy continuava o mesmo, e dentro de mim meu peito se comprimiu em uma leva de sentimentos, minhas mãos apertaram sua camisa e ele me abraçou forte, minha cabeça foi direto para seu pescoço e eu beijei a região repetidas vezes – Me perdoa, ...
- Vai embora daqui, não quero que você se machuque – eu pedi baixinho – Por favor, Draco. – O mundo praticamente acabava ao redor de nós, mas nós nem ligávamos, ele beijou minha testa umas três vezes – Vai logo.
- Se cuida e se mantenha forte – Ele disse – Olha pra mim – Eu o olhei e seus olhos azuis me passaram conforto e segurança – Se mantenha forte.

Draco proferiu e beijou meus lábios rapidamente antes de aparatar com os outros comensais, assim que ele aparatou eu perdi as forças nas pernas e caí no chão, totalmente perdida. Draco esteve ali, Draco me abraçou e eu não queria que ele tivesse ido embora.

Descobrindo meu patrono.

As cadeiras quebradas eram recolhidas e colocadas juntas num canto da tenda. As mesas eram viradas e um silêncio pairava no lugar. A noite já havia começado há muito tempo e um vento gelado batia nos meus braços nus. O corte em meu braço já estava devidamente cuidado e eu estava sentada numa das cadeiras apenas olhando para o céu negro.
O cheiro de Draco ainda estava impregnado em meu sistema nervoso e a frase que ele proferira “Mantenha-se forte” ecoava em meus ouvidos. Não sabia mais o que fazer para amenizar aquele sentimento estranho que me inundava. Era uma felicidade por saber que ele estava bem, misturada com uma tristeza ao lembrar tudo o que ele havia feito.
Eu não conseguia chorar porque não me sobrava mais nenhuma lágrima, além do fato de que eu estava cansada de ser vulnerável, de sempre acabar com o coração em pedaços. Um cansaço excessivo pairou em meus ombros e eu queria apenas ir embora para casa, mas tinha que ficar e resolver o que estava acontecendo. Fred se aproximou de mim e me entregou um copo com água, dei alguns goles e coloquei em cima da mesa. Fred deitou a cabeça em meu ombro e suspirou.

- Como estão Fleur e Gui? – eu perguntei.
- Estão tristes por causa do casamento ter acabado daquele jeito – ele disse – Ninguém mais respeita casamento hoje em dia – eu ri – Vamos entrar, a Ordem da Fênix está se reunindo.

Levantamos e começamos a andar em direção a casa. A sala dos Weasley estava lotada. Lupin, Tonks, Arthur, Molly, Fred, George, Hagrid, Gina, meus pais, num canto sentados abraçados ainda com as roupas do casamento, Gui e Fleur com uma expressão triste e eu.

- Voldemort está desesperado – Lupin começou – Está totalmente desesperado para encontrar o Harry.
- Ele estava presente hoje? – Eu perguntei.
- Não conseguimos perceber – Tonks respondeu – Todos os Comensais vieram até aqui.
- Esse já é o segundo ataque deles – Lupin disse – Todos os nossos planos estão sendo delatados.
- Alguém está fazendo isso – Fred disse – Precisamos começar a agir ainda mais rápido que eles.
- E agora com a morte do ministro as coisas vão ficar piores – eu disse – Eles estão começando.
- Será que Voldemort vai virar ministro da magia? – George perguntou.
- Nós não sabemos, mas uma coisa é certa: Ele vai tomar o ministério – Tonks disse.
- Onde está o Kingsley? – Molly perguntou.
- Ele está vindo – Lupin disse – O que nós precisamos fazer nesse momento é nos preparar para o que vai acontecer. Harry fugiu e qualquer lugar é perigoso para ele.
- Hermione e Rony foram com ele, certo? – eu perguntei e todos afirmaram – Eles têm Hermione não precisamos ficar tão preocupados, mas saber a localização deles é importante.
- Agora o ministério vai virar um covil de cobras e nós não podemos fraquejar – Lupin disse – Precisamos nos manter fortes – e a frase de Draco veio em minha mente – Temos que ficar cada vez mais unidos.
- E tomar cuidado com cada um de nós – meu pai se manifestou pela primeira vez – Confiar em qualquer um é loucura.
- Exatamente – Arthur disse – Será como antes e nós vamos conseguir como antes.
- Se não se importam, nós precisamos ir agora – Gui levantou e disse um pouco relutante – Fleur está muito abatida e nós temos que ir para casa.
- Tudo bem, meu filho – Arthur disse e eles se levantaram e subiram para o andar superior.
- E Hogwarts? – Gina perguntou – Nós vamos voltar para lá?
- Vocês tem que voltar, se não voltarem, eles vão atrás de vocês, ao que tudo indica, Hogwarts vai ser um dos lugares mais seguros.
- Minha filha não vai voltar para lá – ouvi minha mãe dizer – Ela não vai.
- Isso quem decide sou eu e eu vou voltar para Hogwarts – eu disse mais alto – Hogwarts precisa de nós mais do que nunca.
- Vamos manter o foco, por favor – Lupin pediu – Kingsley está chegando para nos explicar o que aconteceu.

Mais uma vez o silêncio pairou no ambiente e não era um silêncio bom, era aquele silêncio de desespero quando não se sabe mais o que fazer. Olhei para o céu escuro do lado de fora e senti medo. Eu não queria morrer, não queria perder mais ninguém e eu sabia que estava apenas começando, tudo iria piorar e a incerteza era um dos nossos maiores inimigos. Um barulho foi ouvido e Lupin foi para o lado de fora receber e certificar de que era realmente Kingsley, depois de alguns minutos, eles voltaram.
- O que aconteceu? – Tonks proferiu a pergunta que pairava na mente de todos nós.
- O ministro estava saindo do ministério ou algo parecido, o departamento de aurores ainda está investigando – ele deu uma pausa – Houve uma emboscada, um grupo de Comensais foi até o ministro e o resto veio para cá. Assim que soube o que aconteceu mandei meu patrono para avisar, mas não chegou a tempo de todos fugirem.
- Eles sabiam da festa – Molly disse – Mas a pergunta é: Como eles sabiam?
- O casamento era uma notícia que estava correndo pelo ministério, certo? – eu me pronunciei – Logicamente os comensais infiltrados estavam sabendo. Foi apenas uma questão de tempo para saberem a hora e o momento oportuno para atacarem. Assim como o ataque ao Harry na retirada da casa dos tios. – Fred acariciou meu braço de leve – Precisamos restringir nossas informações ao menor número de pessoas. A partir de agora somente essas pessoas que estão aqui devem saber de qualquer coisa.
- Eu apoio a – Fred disse e eu ouvi murmúrios de aprovação – É a melhor coisa a fazer para evitarmos mais feridos e mais mortes.
- Muito bem – Lupin disse – Acho que já conversamos o que precisávamos, voltem para casa pela Rede de Flu. – Ele me olhou sério – , preciso falar com você.

Lupin, Tonks e eu fomos andando até a cozinha da casa e assim que eu passei, ele trancou a porta.

- Então, o que precisam falar comigo? – eu perguntei depois de ter me sentado. - Nós sabemos que Dumbledore te deixou algumas coisas – Lupin disse – E que você não quis compartilhar com ninguém o que era. Só que nos tempos que estamos vivendo é de extrema importância que a mínima informação seja compartilhada. Talvez possa ser de grande ajuda.
- Ele não me deixou nada de tão importante – eu dei uma pausa – Livros, uma carta, as horcruxes destruídas para que eu guardasse e a fênix.
- Dumbledore te deixou a fênix? – Tonks disse surpresa.
- Sim – eu dei um sorriso – Mas ela sumiu e eu não tenho ideia de onde ela possa estar – eu completei – Os livros são sobre as ligações mágicas que podem ocorrer com bruxos e bruxas.
- E você é ligada a quem? – Tonks perguntou.
- Draco Malfoy – eu revelei e abaixei a cabeça. A simples menção do nome dele causava uma pequena dor em meu peito. – E ele foi um dos responsáveis pela morte de Dumbledore.
- E como você está se sentindo? – Lupin perguntou.
- Você já se sentiu como se não existisse chão embaixo dos seus pés? Como se por mais que você tente nada te deixa totalmente feliz? – eu dei uma pausa – E o pior de tudo é que eu tenho que continuar a vivendo, tenho que reconstruir meu chão sozinha. – eu olhei para o teto e senti meus olhos arderem, mas eu não iria chorar. – Desculpem, não deveria ter falado tanto.
- Tudo bem – Tonks apertou minha mão e me deu um sorriso terno – É totalmente compreensível que você se sinta desse jeito.
- E a ligação deixa tudo muito pior – eu acrescentei – Era só isso?
- Não – Lupin disse – Eu já falei com Gina e teria falado com Harry, Rony e Hermione se eles estivessem aqui. – Eles se olharam – Eu não sei se você irá voltar para Hogwarts ou se seus pais vão deixar você voltar. Mas se você for voltar nós temos que te explicar uma coisa: Hogwarts será um dos primeiros lugares que Voldemort irá querer controlar e nós temos a suspeita de que Snape será o diretor. E a partir do momento que Hogwarts for tomada, os comensais terão acesso total e eu tenho certeza que os alunos envolvidos com a ordem da fênix ou qualquer um que mostre resistência será punido. – Ele deu uma pausa – Nós queremos te pedir que não fraqueje. Haverá momentos em que tudo parecerá horrível e que você terá a impressão de que não terá ninguém para contar aqui fora, mas nós estaremos ao seu lado, te ajudando e torcendo para que você sobreviva. – Tonks me deu mais um sorriso – Nós tentaremos de todas as maneiras manter contato com vocês lá dentro, mas nós precisamos que você se mantenha forte, tenha coragem. – Lupin deu uma pausa – Você com certeza será alvo dos comensais. Voldemort deve saber de tudo sobre você – um frio percorreu minha espinha ao pensar naquilo – Sabe suas fraquezas, suas forças e vai usar isso contra você. – No mesmo momento o rosto de Draco veio em minha mente junto com o sonho em que eu aceitava morrer porque sem ele minha vida não teria capacidade de continuar – Você terá que aguentar firme, terá que ser forte.
- Eu sei que nós não deveríamos estar falando isso para você – Tonks disse – Nós já conversamos sobre isso com seus pais e eles não querem que você volte. – eu assenti – Eles estão planejando algo para você e nós vamos entender se você não quiser voltar...
- Eu vou voltar – eu a cortei – Devo isso a mim mesmo, aos meus amigos e principalmente devo isso a Dumbledore. Ele não me criou para ser uma fraca, para desistir tão fácil – eu dei uma pausa – Eu tenho que corrigir meus erros e fazer o que eu faço melhor – eu dei um sorriso – Irritar comensais – eles riram – Contem comigo para qualquer coisa, estou disposta a ajudar.
- Dumbledore estaria orgulhoso de você – Lupin disse e eu dei um sorriso triste – Nós tentaremos manter contato com você, tudo bem? Seja de qualquer jeito. Como está seu patrono?
- Faz tempo que eu não o conjuro, não sei nem a forma que ele tem – eu revelei – Você poderia me ajudar com isso, Lupin?
- Claro, seria um prazer! – Ele disse – Acho melhor você ir falar com seus pais. Se você puder vir aqui n’A Toca seria melhor. O espaço aqui é bem amplo e será perfeito para conjurarmos o patrono.
- Tudo bem – nós nos levantamos – Vou falar com Molly e com meus pais para vir aqui amanhã. – Eu dei um sorriso e abracei os dois – Obrigada.
- Nós que agradecemos, querida – Tonks sorriu – Sabemos o quanto você se importa com a missão.
- Eu vou fazer o possível para seguir e ajudar a livrar nosso mundo. – eu sorri – Preciso falar com meus pais sobre ficar aqui.
- Tenha uma boa noite – eles me disseram e nós saímos da cozinha.

Encontrei meus pais e eles estavam sentados na sala conversando com Arthur e Molly.

- Tia Molly, Lupin pediu para que eu viesse aqui amanhã porque começaremos meu treinamento – eu dei uma pausa – Posso vir então?
- Claro que pode, venha cedo para tomarmos o café da manhã – Tia Molly sorriu – Tudo bem, Ariana?
- Claro, claro! – Minha mãe concordou e se levantou – , nós estamos indo para casa.
- Precisamos conversar com você – meu pai disse e eu já sabia o que ele iria falar.
- Obrigada, Molly – minha mãe a abraçou e logo depois abraçou o Sr. Weasley – Amanhã voltaremos, tudo bem?
- Claro, deixe vir cedo e venham para o almoço – Molly disse sorrindo – Tenham uma boa noite.

Entramos na Rede de Flu e voltamos para casa. Depois do interrogatório básico que tivemos que responder para minha avó, eu subi as escadas, querendo descansar para acordar cedo no outro dia, mas meus pais não tinham os mesmos planos que eu. Eles me olharam sério e eu respirei fundo.

- Podem começar a falar – eu disse e eles deram uma risada baixa.
- Nós temos planos, – meu pai disse – E eles não envolvem a sua volta a Hogwarts.
- Mas eu tenho planos – eu os olhei séria – E esses envolvem minha volta a Hogwarts.
- Você sabe que não deve voltar – minha mãe começou a falar – Vai ser perigoso.
- E eu devo me esconder? Deixar que meus amigos sofram enquanto eu me escondo e fico segura?
- Nesse momento você não tem que pensar em outros, tem que pensar na sua segurança! – Minha mãe retrucou – Eles sabem quem nós somos, sabe quem você é!
- E eu não me importo com isso! – Eu me levantei – Se eles sabem quem eu sou, ótimo! Porque assim eles vão saber do que eu sou capaz.
- E você sabe do que eles são capazes? – Meu pai explodiu – Você sabe? Eles matam por prazer, não sentem pena ou piedade, você é apenas um peão para eles!
- Eu já disse que não me importo! Se eu sou um peão, eu vou ser o melhor deles! – Eu disse – Eu não vou desapontar quem precisa de mim. Eu vou lutar, não só por mim, mas por Dumbledore e todos os outros que se foram e não tiveram a chance! – Eu os olhei com lágrima nos olhos – Vocês tiveram a chance de vocês para fazer algo pelas pessoas, vocês lutaram, por que eu não posso fazer isso? – Meus pais se olharam – Essa é a minha oportunidade de ser útil – Uma lágrima caiu do meu olho direito, mas eu a enxuguei rapidamente – Eu falhei muito, cometi erros que não deveriam ter cometido. Essa é a minha chance de fazer a coisa certa. E se eu morrer – eu dei uma risada triste – Terei uma morte digna, uma morte limpa. E que merda é esse livro que Rita Skeeter escreveu sobre nossa família?
- Nós tentamos te poupar dessa história – minha mãe disse incomodada – Nós não queríamos trazer mais nenhuma dor para você.
- E me escondendo a verdade vocês acharam que iriam fazer isso muito bem? – eu perguntei irônica – O que nós vamos fazer?
- Não podemos fazer nada, Skeeter já publicou o livro, eu já verifiquei e não há menção de nada sobre nós porque estranhamente ela só conseguiu informações sobre seu tio Alvo e a vida da família em Hogsmeade – mamãe respondeu – Não há nada sobre seu avô depois que eles cresceram.
- Menos mal – eu respondi – Eu só sei que eu não vou fugir, mamãe. Eu sei que essa seria a melhor escolha, mas não seria a certa.
- Você realmente está disposta a morrer pela causa – meu pai disse e me deu um sorriso terno – Isso prova que você é dessa família mesmo – eu ri e ele me puxou para um abraço apertado – Eu estou orgulhoso de você, minha filha.
- Parte meu coração ver que eu posso te perder qualquer dia – minha mãe disse se aproximando e me abraçando – Mas eu sei que agora é sua vez de lutar. Eu tenho tanto orgulho de você, – ela disse com os olhos mareados e as mãos no meu rosto – Você é definitivamente uma Dumbledore.
- Eu amo vocês – eu disse e os abracei – E eu peço desculpas por tudo o que causei. – eu olhei para o chão um pouco envergonhada – Ter me envolvido com Draco, não ter tido forças para denunciá-lo... Eu errei muito com vocês dois e peço perdão.
- Querida, não se puna desse jeito – minha mãe disse – Erros sempre serão cometidos, não somos perfeitos e nem queremos que você seja. Você tem uma ligação mágica com o Draco e bem, seu pai e eu somos ligados. Sei exatamente o que você sente, por isso não se sinta mal por causa disso.
- Eu ainda o amo – eu revelei e uma dor invadiu meu peito. Verbalizar esse sentimento era difícil para mim. Parecia totalmente errado me sentir daquele jeito, afinal, Draco era o responsável por uma parcela muito grande da minha dor – Mas tudo o que ele me causou, toda a dor... Não sei se a ligação vai adiantar em alguma coisa.
- Filha – minha mãe me olhou e eu pude ver sinceridade presente em sua íris – Isso só quem pode responder é você. Lembre-se que em qualquer escolha sua, nós vamos te apoiar – ela sorriu novamente – Agora vá dormir que amanhã você tem que ir cedo pra casa dos Weasley.

Subi as escadas com um sorriso no rosto e sentindo como se um peso fosse tirado das minhas costas. Eu finalmente havia conversado com meus pais, a conversa que eu evitava há meses. Eu sabia que eles não estavam de acordo com minha volta a Hogwarts, mas entenderam que eu precisava fazer alguma coisa. Entrei no meu quarto e tirei meus sapatos, jogando-me na cama sem cuidado algum. Os momentos passados com Draco vieram em minha mente e eu suspirei, novamente sentindo meus olhos arderem, mas nenhuma lágrima se atreveu a cair. A indecisão do que sentir pairava ao meu redor como uma fumaça espessa que não me deixava respirar direito. Repassando os momentos, eu percebi que os cabelos de Draco estavam devidamente cortados e brilhavam, mas sua expressão era a mais miserável possível, a única vez que o rosto dele se iluminou foi quando percebeu que eu estava indo em sua direção, mas assim que ele se separou de mim, a miséria voltou a sua face. Confortava-me saber que ele estava sofrendo também, mesmo eu sabendo que ele não podia demonstrar fraqueza nenhuma. Ao menos eu ainda tinha esse direito.
Um barulho estranho apareceu em meu quarto e eu percebi que vinha da janela, peguei minha varinha e caminhei cautelosa até lá, contei até três e puxei a cortina e quase morri do coração quando eu vi o que estava batendo na janela, pedindo para entrar.
As asas coloridas e a cauda gigantesca ainda eram as mesmas. A cabeça de uma penugem vermelha e uma aura de fogo estava ao redor dela. Fawkes batia na janela querendo entrar e eu corri para abrir, ela entrou e pousou na minha escrivaninha. Eu dei um sorriso e comecei a chorar de felicidade.

- Fawkes! – Eu acariciei sua cabeça levemente, mas tirei a mão rápido sentindo-a queimar – O que está fazendo aqui? – Ela olhou para meu braço machucado e eu tirei a atadura vendo o corte profundo – Pode curar isso para mim? – Ela deu um pio baixo e eu aproximei meu braço do rosto dela.

As lágrimas quentes pingaram no corte e eu senti uma leve ardência, mas minutos depois o corte sumiu e no lugar uma pele perfeita estava lá.

– Eu ainda tenho você em minhas costas. – eu acariciei sua cabeça de novo – Você está livre e continua a viver – eu falava com a ave como se ela pudesse me responder – Eu sinto a falta de Dumbledore – ela deu um pio baixo e triste – Você também sente, não é? – ela piou tristemente de novo – Mas eu prometo que vou vinga-lo, vou cuidar de Hogwarts como ele cuidou – ela agora deu um pio animado – E eu vou ser livre igual a você! – Eu sorri para ela e ela olhou para a janela – Obrigada pela visita, estava com saudades!

Ela foi até a janela e levantou voo, cantando uma canção que tinha um ar de esperança e iluminando o céu com sua luz. Se antes eu não tinha coragem para viver, naquele momento, eu tinha força para fazer qualquer coisa. Fawkes aparecera para me lembrar de quem sou. Eu era a fênix e iria renascer das cinzas.
Meus olhos se abriram e uma luz fraca entrava pela janela deixando meu quarto claro. Olhei o relógio e eram sete horas da manhã, bufei cansada, por mim eu dormiria cada vez mais, porém tinha que ir para A Toca. Arrumei a cama usando a varinha e depois fui tomar banho. Coloquei uma calça jeans, all-star e uma camisa sem mangas . Desci para tomar café e meus pais já estavam a mesa junto com meus avós.

- Bom dia – eu disse e eles responderam. Prince, a elfa doméstica, veio me servir – Bom dia, Prince.
- Bom dia, senhorita – ela disse me dando um sorriso e colocando chá numa xícara para mim.
- O que vocês vão fazer hoje? – eu perguntei bebericando meu chá.
- Vamos para o ministério ajudar a resolver a morte do ministro enquanto há tempo – meu pai disse – Lupin nos avisou que vocês vão treinar hoje.
- Ele vai me ajudar a descobrir a forma do meu patrono – eu expliquei – Eu sei conjurar, mas preciso treinar um pouco.
- Muito bem - meu pai disse – Você já deu uma olhada nas coisas que Dumbledore te deixou?
- Ainda não – eu respondi – Vou fazer isso hoje assim que voltar.
- Filha, nós tentaremos voltar para casa as seis da tarde – minha mãe disse – Se nós não voltarmos até as seis, você conjura os feitiços de proteção ao redor da casa e só deixe a Rede de Flu aberta durante 10 minutos de cada hora.
- Tudo bem.
- Volte para casa ás quatro da tarde, nada de chegar mais tarde, ouviu bem? – Meu pai disse e eu concordei – Pai e mãe, vocês já sabem do interrogatório não sabem?
- Com certeza – meu avô disse – Isso está parecendo os tempos de Grindewald, não é, querida?
- Concordo, querido – minha avó respondeu – Lembro que tínhamos que tomar cuidado com cada pessoa próxima a nós. Foram tempos difíceis...
- Pois é – meu avô disse e acendendo o cachimbo.
- Já disse para você não fumar dentro de casa! – Minha avó ralhou com ele e eu ri – Vá lá para fora, por favor.
- Tudo bem, tudo bem... – meu avô disse cansado e saiu da mesa e o resto de nós riu.
- Eu tenho que ir – eu disse – Vou aparatar.
- Tudo bem, amanhã iremos ao Beco Diagonal comprar seu material – minha mãe disse – E você não vai sozinha.
- Por quê?
- Preciso responder? – Minha mãe disse com uma voz óbvia – Vamos te ajudar a lidar com Comensais da Morte se encontrarmos algum – ela disse e eu concordei – Greg, precisamos ir.
- Ok, se cuide e boa sorte, – meu pai disse e se levantou da mesa. - Boa sorte, filha – minha mãe se despediu

- Feche os olhos – Lupin disse e eu obedeci – Esqueça que eu estou aqui e foque-se apenas em minha voz. – Ele deu uma pausa – Vá no fundo de suas lembranças e busque a melhor de todas, busque aquela que te faz mais feliz – Draco. – Busque uma lembrança que você sinta o sentimento de felicidade junto. – Draco. – O que você pensou?
- Draco. – eu admiti com um pouco de vergonha – Mas nada especifico.
- Se esforce mais, – Lupin disse – Qual é sua memória mais feliz com ele?

“- Como você consegue? – ele disse para mim e se levantou me puxando junto e me dando um beijo demorado.
- Como eu consigo o que? – eu disse ainda nos braços dele.
- Fazer eu me sentir assim? – ele disse e me fitava.
- Assim como?
- Bem. É estranho.
- A ligação, querido - Eu brinquei e nós rimos e nos beijamos mais uma vez. - Temos que ir – eu disse para ele e comecei a andar, mas parei quando vi que Draco estava parado no mesmo lugar. – Vamos.
- Pode ir, depois eu vou, pode dar muita pista pra alguém se nós sairmos juntos. – ele disse, mas eu pude detectar mentira na voz dele.
- Tudo bem, então. – eu disse e me aproximei dele e o dei outro beijo – Boa noite e sonhe comigo.
- Sonhe comigo também – ele disse e deu um sorriso. Eu me virei para ir embora, mas ouvi ele me chamando – !
- Sim?
- Eu te amo.
- Eu também te amo. – eu disse e saí da Sala o deixando sozinho.”


- Pensei – eu disse ainda de olhos fechados – Acho que essa é forte.
- Muito bem, agora eu quero que você diga comigo: Expecto Patronum.
- Expecto Patronum – eu repeti.
- Mais uma vez, com mais convicção.
- Expecto Patronum – eu disse mais convicta.
- Abre os olhos – eu abri e encarei Lupin e a sala de estar dos Weasley com os móveis arrastados – Pegue sua varinha e reviva sua lembrança em sua mente enquanto fala Expecto Patronum.

Eu pensei e revivi a lembrança escolhida, vi o rosto de Draco novamente, o sorriso dele para mim, meus sentimentos naquele dia e uma pontada de nostalgia abateu-se sobre mim, mas eu não podia deixar-me levar. Foquei em toda a felicidade e como meu peito explodiu ao ouvir Draco dizendo que me amava pela primeira vez, e disse com toda a força de minha voz Expecto Patronum. Uma luz fraca saiu de minha varinha, mas se apagou rapidamente. Não era forte o suficiente. Respirei fundo, sentindo-me frustada e Lupin se aproximou.
- Não era forte o bastante. – Ele disse – Se permite, o que pensou?
- Quando Draco disse que me amava. – eu respondi – É um dos momentos mais felizes para mim, mas não funcionou.
- Por quê? E eu sei que você sabe a resposta.
- Por que simplesmente essa não é boa? – eu disse insegura.
- Por que essa lembrança não deu certo, ? – Lupin perguntou – Por quê? Está dentro de você essa a resposta.
- Eu não sei.
- Sabe sim, vamos lá, escolha outra lembrança e vamos tentar de novo, você saberá porque a primeira não funcionou. – Lupin finalizou e se afastou – Novamente, feche os olhos.

“- Você não tem ideia do quanto eu te amo. – eu disse para ele – Você não tem ideia do quanto eu te admiro, do quanto eu te acho forte. Do quanto você me mostra a cada dia que vale a pena lutar por você.
- Eu tenho ideia, sim. – ele disse de olhos fechados, assim como eu. E os alunos que passavam ao nosso lado não importavam. Para nós, só o que importava era um ao outro. – Porque eu acho a mesma coisa de você. Eu te amo, , e vou lutar por você, até que não me reste mais escolha a não ser morrer. Vou lutar pela sua felicidade até o fim. Eu prometo.


Junto com essa lembrança, veio um sentimento de perda, mas decidi ignorar, ela ainda era uma lembrança, uma lembrança que me fazia sorrir minimamente. Repeti o processo e novamente uma luz fraca saiu da varinha e se apagou.

- E então, já sabe a resposta? – Lupin perguntou.
- Elas me machucam. – eu respondi fracassada – Fazem-me lembrar de um tempo que não vai voltar, de uma inocência que eu nunca mais vou ter e de alguém que talvez eu nunca mais confie novamente.
- Exatamente – Lupin disse – Você pode inventar memórias, . Memórias que não existem, mas que podem te ajudar com o patrono. Você ama o Draco?
- Mais do que deveria – eu afirmei.
- Então invente uma lembrança com ele que seja boa, sem sofrimento, somente paz e você terá seu patrono. – Lupin disse – Vou te ajudar com isso. Feche os olhos – eu fechei – Pense em Draco e um lugar que você queira estar com ele.
- Sol, talvez uma praia – E automaticamente a imagem de Draco parado junto ao mar, veio em minha mente.
- Como ele está?
- Com uma roupa clara, nada de roupas pretas. – Draco de costas com uma camisa branca e ainda olhando o mar.
- Continue.
- Ele vira pra mim e dá um daqueles sorrisos que eu mais amo, os verdadeiros e eu corro até ele e o abraço e sinto o cheiro dele, o cheiro de roupa limpa e colônia masculina. Ele não está tão pálido, está corado e seu rosto é pura felicidade assim como o meu – eu comecei a chorar de olhos fechados ao imaginar tudo isso – Ele me beija e diz que nós podemos ficar juntos finalmente sem nada para atrapalhar, somente nós e uma casa na praia. – Eu abri os olhos e Lupin sorriu para mim com um sorriso terno.
- Acho que você tem sua lembrança agora. – Ele disse – Quer tentar? – Eu afirmei com um aceno de cabeça – Vamos lá.

Revivi minha memória inventada e automaticamente sorri, não havia dor nenhuma nela, somente felicidade e uma esperança de um futuro melhor. Disse com uma certeza na voz Expecto Patronum e dessa vez a luz saiu com toda a força possível e se transformou em uma fênix que voava pela sala enquanto levava toda a escuridão embora, ela veio em minha direção e me rodeou, eu não pude deixar de rir feito uma palhaça assim como Lupin que estava maravilhado, dei um agito na varinha e a fênix se dissipou aos poucos. Lupin me olhou e disse:

- Eu nunca vi uma coisa como essa.
- Como o que? – eu perguntei confusa.
- Um patrono tão grande, quanto maior o patrono, maior magia é requerida e parece que você tem magia de sobra aí, além desse patrono ter sido o de Dumbledore – nós rimos – Parabéns, , você definitivamente é uma das melhores bruxas que já conheci.
- Obrigada, Lupin, de coração – eu o abracei forte – Por ter me ensinado isso. – Assim que eu terminei de falar, Gina entrou na sala.
- E então, qual é seu patrono? – Ela perguntou e eu sorri antes de dizer:
- Uma fênix.


You are automatic...

Música

Ouvi batidas na porta e gritei um "entre!", mamãe entrou e sentou ao meu lado na cama. Sorrimos uma para a outra e ela suspirou. Estava nervosa e eu sabia o motivo: Íamos ao Beco Diagonal que agora estava tomado de Comensais da Morte e ela estava preocupada com isso. Meu pai estava passando cada vez mais tempo no ministério e ele sempre dizia que tudo estava piorando naquele lugar. Enquanto meus pais passavam nervoso, eu estava totalmente ansiosa para ir até o Beco Diagonal, queria saber como as coisas estavam naquele lugar. Terminei de amarrar o cadarço do meu tênis e sorri para minha mãe.

- Pronta? - Perguntei dando um sorriso confiante.
- É impressioante como você se empolga quando sabe que pode correr perigo - eu ri - Você é estranha, menina.
- Eu sei disso, mãe - nós rimos - Podemos ir?
- Claro, vim aqui pra te chamar mesmo - ela disse e nós saímos do quarto - Você ainda não me contou qual a forma do seu patrono...
- Não consegui fazer um com forma - eu menti - Quando eu conseguir eu falo.
- Você pode parar de mentir? - Minha mãe disse depois de termos descido as escadas. Meu pai e meus avós estavam conversando e quando ouviram minha mãe falando pararam para prestar atenção - Lupin nos contou que você conseguiu fazer um patrono e nos disse que é uma fênix.
- Então por que perguntou? - eu rebati a pergunta.
- Porque eu quero que você confie em mim e na sua família para qualquer coisa. Não vamos te julgar por nada, seja por causa de Draco ou qualquer outra coisa - mamãe disse e deu uma pausa - Eu sei que você se machucou com tudo o que aconteceu assim como todos nós e não é sua obrigação carregar tudo sozinha. - eu abaixei a cabeça quando ela disse aquilo - Querida, você tem todo o direito de sentir seja lá o que for pelo Draco, não pense que vamos te odiar por isso - ela sorriu - Vem cá - eu fui até ela e passei meus braços ao redor do seu corpo a abraçando forte e ela retribuiu o abraço com a mesma intensidade - Nós te amamos acima de qualquer coisa e jamais vamos deixar de te amar. - Nós nos olhamos e seus olhos estavam mareados com algumas lágrimas, eu beijei seu rosto com carinho - Nunca se esqueça disso, tudo bem?
- Tudo bem - eu sorri - Agora vamos?
- Claro! - ela se virou para meu pai - Nós voltamos em no máximo uma hora e meia, tudo bem?
- Tudo bem, querida - meu pai respondeu - Se cuidem!

O Beco Diagonal definitivamente não era mais o mesmo. A época em que ele era abarrotado de bruxos sejam os que iam a Gringotes ou os que estavam comprando seus materiais, tudo havia sido reduzido a somente alguns bruxos passando apressados pelas lojas e sumindo indo em direção ao Caldeirão Furado. Minha mãe e eu caminhávamos lado a lado, nossas varinhas estavam ao nosso alcance, escondidas nas nossas vestes e andávamos atentas pelo lugar. Avistei a "Gemialidades Weasley" e automaticamente sorri.

- Mãe, vou à loja do Fred um pouco, posso? - eu perguntei.
- Tudo bem, mas só saia de lá quando eu for te buscar, eu vou até Gringotes pegar alguma coisa no nosso cofre. - ela responde, me deu um beijo no rosto e saiu andando e eu fui para a loja.

O sininho da porta fez barulho quando eu entrei e percebi que lá dentro o ar estava mais quente e aconchegante e mesmo que a loja estivesse vazia, eu podia sentir um sentimento bom ali dentro, era como se tudo o que estivesse acontecendo ficasse do lado de fora da loja dos Weasley. Comecei a caminhar pelos corredores e quando cheguei perto do balcão uma cabelereira ruiva veio em minha direção e eu sorri.

- George? - eu perguntei para o ruivo a minha frente e ele fez uma cara de desapontado - Eu sei que é você George, não precisa fingir.
- Você é muito boa nisso - George disse e levantou o balcão, me deu passagem e me abraçou apertado - Como você está, ?
- Melhorando com o tempo - eu respondi sincera - E você? A loja está indo bem?
- Está tudo bem sim - ele respondeu - Fred está lá nos fundos, pode ir lá - ele disse e voltou para o balcão assim que viu um cliente entrando. Fui até os fundos da loja e encontrei Fred sentado no escritório com alguns papéis. Caminhei até ele e quando estava me preparando para assustá-lo, ele disse com a voz séria:

- Nem tente, você sabe que é péssima nisso. - eu comecei a rir e ele levantou da cadeira e me abraçou - O que veio fazer aqui?
- Vim comprar minhas coisas para meu último ano em Hogwarts - eu disse empolgada - E resolvi dar um alô - ele riu - Está tudo bem?
- Por que diz isso? - ele perguntou se apoiando na mesa atrás dele.
- Você está meio abatido e não adianta mentir pra mim, ok? - eu disse - O que aconteceu?
- Bem, com tudo o que está acontecendo - ele deu uma pausa e olhou para as próprias mãos - Os Comensais por aí, a loja não está indo muito bem, mas eu sei que vai melhorar com os alunos de Hogwarts vindo pra cá. Comensais da Morte foram até A Toca para investigar todos. Interrogaram-nos durante horas, mas não encontraram nada. Provavelmente eles vão até a sua casa - ele disse - Mas por que veio tão cedo? Geralmente os bruxos começam a comprar as coisas daqui a uma semana.
- Eles fizeram alguma coisa com vocês? - eu perguntei preocupada.
- Não, só nos interrogaram, acharam até o vampiro que Rony colocou disfarçado, mas não quiseram chegar perto - ele riu - Acho que ficaram com nojo.
- Entendi, eles vão bater lá em casa, logo. Vim comprar as coisas agora porque minha mãe acha mais seguro e talvez eles não estejam aqui em uma semana, o Ministério está pirado e ninguém sabe quem vai assumir - eu respondi - Ainda tenho uma semana até as aulas voltarem, eu sei disso, mas quero deixar essas coisas prontas para me focar no meu treinamento com o Lupin.
- Uma fênix, certo? - ele perguntou e eu assenti - Era se de esperar, .
- Eu sei - dei um sorriso triste - Mas eu não posso fazer nada em relação a isso e eu realmente não quero pensar a respeito. - ele sorriu.
- Você vai lá pra casa nessa semana? - ele perguntou.
- Talvez, eu ainda não sei, mas eu quero visitar Harry, Ron e Mione. - eu tirei os cabelos ruivos dos olhos de Fred - E você deveria cortar esse cabelo.
- Eu sei - ele tirou minhas mãos de seu cabelo - Só estou sem tempo.
- Eu poderia cortar para você - eu disse e ele me olhou assustado - Mas eu sou uma negação nisso, então é melhor deixar quieto.
- É - nós rimos - Fico feliz que você está melhorando, até já está saindo de casa! - eu dei um soquinho em seu braço - O que aconteceu?
- Eu sou a fênix, lembra? - eu disse - Não tenho essa fênix nas costas à toa, vou honrar o significado dela.
- Muito bem, gosto de você guerreira e pronta pra briga - ele disse e George gritou que minha mãe havia aparecido - Você tem que ir, depois se der, passe aqui de novo.
- Vai pra minha casa almoçar qualquer dia antes de eu ir pra Hogwarts, ok? - eu pedi e ele assentiu e nos abraçamos - Se cuida Freddy.
- Você também, fênix - nós rimos e eu saí do escritório indo de encontro a minha mãe que estava conversando com George, e assim que me viu sorriu e se despediu saindo da loja.
- Estou indo, George - eu o abracei - Se cuida e boa sorte com a loja.
- Se cuida, - ele disse e eu saí porta a fora indo de encontro a minha mãe.

- E então, como está Gringotes? - eu perguntei enquanto descíamos a rua para ir até a Floreio&Borrões.
- Do mesmo jeito de antes, os Comensais não vão dar as caras por aqui mesmo sem ter um ministro da magia - mamãe explicou - Eles estão esperando pelo melhor momento para agir.
- Entendi - eu respondi - De qualquer jeito temos que ficar alertas.
- Com certeza - ela concordou - Vamos logo, quanto menos tempo ficar aqui, melhor.

O resto do caminho nós fizemos em silêncio, o céu estava nublado e eu sabia que uma tempestade de verão cairia em instantes. Viramos em uma viela até que ao olhar para trás alguém com vestes negras passou correndo, puxei o braço da minha mãe e nós paramos. Eu conseguia ouvir o barulho de trovões vindo ao longe e a chuva resolveu cair. Puxei minha varinha e a levantei olhando para todos os lados em alerta. Nada mais aconteceu e minha mãe e eu voltamos a andar. Fomos interrompidas por um feitiço verde que passou ao meu lado e eu me separei da minha mãe, lançando uma maldição qualquer no lugar de onde havia vindo o outro feitiço.
Feitiços e mais feitiços vinham de todos os lados e só o que eu poderia fazer era repelir todos com o Protego. Gritei "Bombarda" e só ouvi uma explosão vinda do outro lado, mas mesmo assim os feitiços não pararam, pensei "Estupefaça", ouvi um grito de dor e os feitiços pararem, automaticamente comecei a correr para a direção de onde tudo tinha vindo, sem antes murmurar "Protego Horribilis" para me proteger. Entrei no meio da explosão e assim que a fumaça se dissipou vi o estrago que eu tinha feito.
Com o bombarda eu havia quebrado parte de uma das paredes da viela e um Comensal estava caído no chão estuporado. Agachei-me ao seu lado e murmurei Enervarte logo depois disse "Incarcerous" e cordas começaram a apertar o homem caído no chão. Peguei a varinha dele e guardei em minha bolsa.
- Seu nome. - eu disse.
- Jugson - ele disse com a voz entre cortada, seu corpo estava todo machucado.
- O que veio fazer aqui? - eu perguntei
- Matar você - ele respondeu.
- Gostei da sua sinceridade - eu respondi - Agora você vai correr daqui e dizer a Lord Voldemort que eu não tenho medo dele. E se eu achar você de novo, eu te mato sem pensar duas vezes. - Eu retirei o feitiço, ele levantou com dificuldade e disparou para correr na direção oposta. A chuva caía e transformava toda a poeira da destruição em uma massa que grudava em meus sapatos, quando fui voltar para onde minha mãe estava uma voz me fez parar no mesmo instante.

- ? - eu me virei e Draco estava parado com um olhar assustado e a varinha em mãos - Você está bem?
- Sim - eu respondi ainda assustada - O que faz aqui?
- Lord das Trevas me mandou nessa missão para... - ele deu uma pausa e abaixou o olhar - Matar você.
- Pronto, eu estou aqui, já pode fazê-lo - eu disse com sarcasmo - Mas eu não vou morrer sem lutar.
- E eu não vou matar você - ele respondeu - Vai embora daqui e eu falo que você me atingiu.
- E desde quando você pensa em mim? - eu perguntei ríspida - Vai embora daqui você, corre pro lado do Voldemort e me esquece.
- Não fala assim, por favor... - senti uma dor na voz de Draco, quase como uma dor física - Por favor, me perdoa.
- Já disse pra você ir embora, dessa vez eu estou com a minha varinha e posso fazer estragos, você mesmo já viu. Sai daqui!
- ... - ele repetiu meu apelido - Por favor.
- VAI EMBORA! - eu gritei e o acertei com o Everte Statum, ele rodopiou no ar e caiu no chão, automaticamente me arrependi de acertá-lo, mas não deixei o arrependimento guiar minhas ações. Draco levantou devagar e tossiu algumas vezes revelando um corte na cabeça e nas mãos. Ele me olhou triste e automaticamente eu abaixei a varinha. Maldita ligação mágica. Ele caminhou em minha direção mancando e estendeu a varinha em minha direção - O que está fazendo?
- Se quiser me machucar, vai em frente, eu mereço todas as azarações do mundo - ele deu uma pausa - Mas eu não vou te machucar. Não mais.

Eu o encarei, raiva foi injetada em minhas veias e eu dei um tapa em seu rosto, ele nada fez a não ser abaixar a cabeça, empurrei sua mão, a varinha caiu no chão e comecei a bater em Draco, dando murros em seu peito, tapas no rosto e acertando todo o centímetro de pele que eu conseguia. (n/a: dê play na música e deixe tocar até o capítulo acabar).
- Eu odeio você! - eu gritei e continuei batendo nele até que comecei a chorar e perdi o ritmo dos golpes. A chuva caía cada vez mais forte e eu nem me lembrava do que havia acontecido, só o que importava era aquele momento - Eu odeio você, Draco. Odeio por tudo o que você fez, por ter me enganado, me traído, ajudado a matar alguém da minha família, eu te odeio porque você sumiu durante todo esse tempo e me deixou sozinha com as merdas que você fez - ele me olhou sério nesse momento, os olhos dele marearam e logo ele estava chorando também - Você me destruiu, acabou com a minha vida e ainda me abandonou, agiu como se eu não importasse nem um pouco. E quando você tentou se comunicar foi de um jeito rídiculo que me deixou pior - eu dei uma risada melancólica - Eu te odeio por ter sumido e por ter se comunicado, eu simplesmente te odeio!
- E eu continuo te amando. - ele respondeu e eu me irritei.
- Cala a boca, porque não existe amor de verdade em você! - eu gritei com ele - Nunca existiu, tudo em você é automático, controlado e ainda controlado pelos outros! Você podia resistir, poderia mudar e você não quis! Isso não é amor, não existe amor real em você! - Nós dois chorávamos como bebês naquele momento e parecia que Draco sabia de tudo isso - Eu não consigo entender quem você é, o que você é! Só o que você faz é cumprir ordens, fazer o que seus pais mandam, me responde quando você agiu de livre e espontânea vontade?

Um silêncio incômodo pairou sobre nós enquanto minha respiração voltava ao normal. A chuva continuava a cair e o som dos trovões era ouvido, mas eu não me importava com isso. Eu só me sentia um pouco aliviada por ter conseguido falar tudo o que havia guardado durante aqueles meses.

- Quando te beijei na sala de troféus, quando te abracei e ouvi você chorar porque estava com saudade dos teus pais - a voz dele foi aumentando à medida que respondia minha pergunta - Quando fui até sua casa na véspera de natal para pedir desculpas, quando comprei todos os doces que você queria, quando fiz amor com você pela primeira vez e respeitei o teu tempo e todas as tuas vontades, quando dançamos na tua casa, quando lutamos juntos na Sala Precisa, quando te ajudei a se controlar. Tudo isso eu fiz por livre e espontânea vontade! - Ele se irritou comigo, eu pude perceber - Você só olha as burradas que eu fiz, os erros que eu cometi, mas e tudo de bom que eu te fiz? Isso não importa mais, não é? Nada que eu fiz por você, você leva em consideração! Eu não te procurei porque sabia que teus pais iam me matar, não fui atrás de você porque não tive coragem de te olhar nos olhos depois de tudo o que eu fiz. Eu estava com vergonha de mim! E na única vez que eu te mandei uma carta, eu soube que você ficou pior e eu não quero o teu pior, porque EU AMO VOCÊ E AMO DE VERDADE! - Ele gritou comigo ainda mais - Eu sou culpado de tudo o que você falou, mas não venha dizer que o meu amor por você é falso porque não é! - Nossas vozes cessaram e só o som da chuva era ouvido - Se quiser me atacar, estou aqui parado, na chuva esperando. Pode me machucar, eu mereço tudo isso.
- Eu não consigo fazer isso - eu revelei chorando ainda mais - E eu não consigo acreditar em tudo o que você me falou, eu não consigo - eu confessei - Eu não quero te machucar e me machucar ainda mais com essa história toda, eu só peço, por favor, que você vá embora daqui e não me procure mais. - Ele me olhou assustado - Nós temos a ligação mágica, mas eu não quero você em minha vida de novo. Se todo esse amor que você diz pra mim existe, respeite o meu espaço. Em Hogwarts, finja que não me conhece, finja que nunca ouviu meu nome em toda a tua vida.
- Por que eu faria isso? - ele perguntou - Eu quero me redimir com você.
- Mas eu não quero que você se redima porque eu não consigo te perdoar, Draco - eu dei uma pausa e afastei o cabelo molhado do meu rosto - Simplesmente eu não consigo, eu queria te perdoar - um filete de esperança transpassou por sobre seus olhos - Queria poder esquecer tudo o que aconteceu e começar de novo com você porque eu ainda te amo, mas eu não posso fazer isso porque você é o causador de toda a minha dor e não só a minha. A mágoa que eu sinto por você é maior que o meu amor.
- Eu entendi e eu queria poder mudar tudo isso, mas infelizmente eu não posso - ele disse - Mas eu vou respeitar suas decisões, não vou te procurar mais e um dia quando toda sua mágoa for embora, eu vou estar te esperando - ele deu uma pausa e se curvou dando um beijo em minha testa. Seus lábios se demoraram mais que o normal no lugar e eu fechei os olhos, respirando fundo e sentindo o cheiro tão conhecido que eu amava - Se cuida e tome cuidado.
- Você também - eu disse e ele me olhou uma última vez colocando uma mecha do meu cabelo molhado atrás da minha orelha.
- Eu te amo - ele disse, abaixou para pegar a varinha que estava no chão e se virou para andar para fora da viela.
- Eu também te amo - eu disse, mas não soube se ele conseguiu ouvir, porque no segundo seguinte ele havia aparatado para longe de mim.

Assim que ele foi embora, perdi a força nas pernas e caí no chão, minha varinha tombou junto e naquele momento eu era um alvo fácil para qualquer pessoa, mas eu não me importava. Só conseguia chorar, colocava para fora tudo o que eu guardei desde o casamento porque depois daquele dia eu tentei fingir e enganar a mim mesma, dizendo que tudo estava ficando melhor, fingindo que estava superando e que conseguiria seguir em frente. Tudo não passava de uma mentira que eu tentava contar para mim mesma e para todos a minha volta.
Draco ainda era uma parte fundamental da minha vida, o amor que eu sentia por ele ainda era capaz de arrasar todas as minhas estruturas, porém, com a mesma intensidade, a mágoa e toda a dor faziam a mesma coisa. Não estava tudo bem e talvez jamais voltasse a ficar.
Todas as palavras que Draco dissera ecoavam em meus ouvidos, mas eu não conseguia acreditar em nenhuma delas. O fator "confiança" não existia mais entre nós dois, eu não confiava em Draco e nem iria confiar novamente. Por isso tudo o que ele dissera, para mim não passou de algo ensaiado, algo planejado, algo automático, algo que ele dissera porque se sentia culpado e queria minimizar a própria culpa. Não existia amor dentro daquele coração e o que um dia poderia ter sido amor, não passava de mentiras e mais mentiras contadas para me ter em sua mão. E a constatação desse fato, doía tanto em mim que eu me sentia voltando para aquela escuridão em que eu estava no começo de toda essa história. Doía em mim perceber que eu não acreditava mais em nada aquilo, que toda a confiança, admiração e respeito que eu tinha por ele, haviam se transformado em poeira.
Ouvi passos, mas não me importei com quem quer que fosse, talvez fosse um Comensal, mas eu não me importava, se me matassem estariam fazendo um favor, me tirando de todo esse sofrimento. Os passos ficaram mais próximos e braços me envolveram, levantei o olhar e minha mãe me olhou preocupada. Ela não falou nada, talvez estivesse ouvindo toda a conversa, somente sentou ao meu lado no chão e deitou minha cabeça em seu peito e beijou meus cabelos, e juntas ficamos na chuva como mãe e filha que há tempos não éramos.

Queridos Harry, Rony e Hermione...

Olhei-me no espelho e cuidadosamente tirei as roupas encharcadas pela chuva e as estendi no chão do meu quarto. Peguei minha varinha e com um agito, sequei todas e as deixei dobradas na poltrona. Entrei no banheiro, enchi a banheira com uma água quentinha e mergulhei conseguindo deixar meu corpo mais quente. Submergi e fiquei alguns segundos pensando em meu encontro com Draco e sentindo meus sentimentos serem desacelerados e congelados dentro de mim. Meu peito estava duro feito pedra e meu coração ainda mais calejado, agora batia duro e truncado dentro de mim. Uma frieza de sentimentos pairou ao meu redor e eu me senti cada vez mais incrédula e cética. Repassava minha conversa com Draco e não conseguia acreditar em nada que ele me dissera.
Ouvi batidas na porta e minha mãe entrou no banheiro me dando um sorriso triste. Eu apenas a encarei séria.
- Como você está? – Ela perguntou.
- Incrédula – eu respondi sincera e ela fechou a porta sentando-se no chão ao lado da banheira.
- Quer falar sobre isso? – ela indagou.
- Eu me sinto mal por não conseguir acreditar nele – eu revelei – Eu quero acreditar, mas eu não consigo, mãe. – Meus olhos marejaram e meu nariz ardeu – Eu me sinto um lixo por não acreditar que Draco tem um lado bom e que ele esteja sofrendo tanto quanto eu.
- Isso é normal porque você não consegue perdoá-lo – ela explicou – E a ligação mágica vai te deixar ainda mais machucada porque ela vai intervir nos seus sentimentos por ele.
- E eu odeio isso – eu disse – Eu quero manter minha posição, não quero ter de voltar para a escola e lidar com ele, mas a ligação me faz querer agir, querer ao menos tentar.
- E por que você não faz isso?
- Porque eu não quero Draco em minha vida! – eu explodi – Eu não quero, eu jamais vou perdoá-lo pelo que ele fez! Ele acabou com a minha vida, mãe!
- Tudo bem, querida, e eu entendo isso. Você está com raiva dele – ela deu uma pausa – Como mãe, eu vou sempre querer o melhor pra você e eu sei que o que Draco fez te machucou de um jeito inimaginável – ela me olhou do jeito mais complacente do mundo – Mas eu não posso negligenciar o fato de que ele te fez feliz e que você ficou melhor e mais aberta quando estava com ele. Você parou de se fechar e de se culpar por ter machucado os outros ou ter saído do controle e se permitiu ser feliz. Ele fez algo muito errado, mas ele não teve escolha. A missão que Voldemort deu a ele custava sua própria família.
- Você está o defendendo? – eu perguntei indignada.
- Eu estou dizendo a verdade pra você. Eu não estou passando a mão na cabeça dele e muito menos na sua. Você tem todo direito de sentir raiva, mas não seja tão dura com ele. Odiá-lo só irá fazer com que você fique doente. É como se você tomasse veneno esperando o efeito em outra pessoa. – Ela suspirou – Todas as pessoas cometem erros, principalmente as que não têm escolha nenhuma.
- Ele tinha escolha, mãe – eu chorei ao falar isso – Ele podia lutar contra Voldemort e ele não quis. Aceitou tudo sem protestar.
- E se ele tivesse falado alguma coisa ele teria morrido ou matado sua família inteira – Ela rebateu –Não estou dizendo para você se atirar em seus braços, mas ao menos perdoe. Perdoá-lo, irá fazer bem a você.
- Você pode me deixar sozinha? – eu pedi, não aguentava mais ouvir uma palavra do que ela dizia.
- Claro – ela respondeu, se levantou e saiu do banheiro. Assim que ela fechou a porta, comecei a chorar.

Era difícil ouvir tudo aquilo, aquelas verdades inconvenientes. Eu não queria perdoá-lo porque para mim significava que ao fazê-lo, eu estaria parando de puni-lo e eu queria que Malfoy sofresse tanto quanto eu estava sofrendo. Queria vê-lo sangrar, sentir toda a dor que eu senti durante meses por causa dele enquanto Draco montava um plano para matar meu tio-avô pelas minhas costas. Não iria mudar de ideia e todas as palavras que minha mãe dissera, eu tratei de varrer para debaixo do tapete da ignorância. Eu iria fazê-lo sofrer e se arrepender por ter me machucado. Nem que ao fazer isso, eu acabasse morta pelo veneno.

Draco’s POV

A chuva havia ficado mais fraca e me permitia andar sem ter nada cobrindo minha cabeça e mesmo se estivesse chovendo forte, eu não me importava. Havia aparatado para longe do Beco Diagonal e agora voltava a pé para casa numa tentativa ridícula de atrasar minha chegada. Repassava os momentos com e tentava achar algum resquício de insegurança em cada palavra que ela havia me dito, mas não encontrava nada. Ela realmente não me queria em sua vida e eu não estava em condições de contrariá-la. Em seu olhar eu conseguia perceber a pedra de gelo que o coração dela havia se tornado. E tudo por culpa minha. Eu tinha a plena consciência de que tudo aquilo era culpa minha, a incapacidade dela de me amar era culpa minha. Não adiantava eu tentar me enganar, jogar a culpa em outra pessoa ou nela mesma.
não queria lutar, tentar entender meus motivos, estava cega pela mágoa e pela falta de controle, não conseguia entender que por mais que eu tivesse errado, eu ainda tinha chances de acertar. Ela havia desistido de mim. E eu havia perdido a única pessoa que ainda acreditava que eu possuía um lado bom, a única que via bondade em mim. E eu não tinha mais nada. Se ela estava destruída, eu estava muito mais.
A estrada para a mansão apareceu em minha visão e eu decidi sentar-me na beira da estrada e sentir a chuva. Meus olhos marearam e eu comecei a chorar. Senti-me diminuído, fraco, covarde, estúpido por ter feito tudo o que eu havia feito. Machuquei, despedacei o coração da única pessoa que me amava sem ser da minha família. Deixei todo o choro de meses sair, mas ao invés de sentir alívio, senti meu coração ainda mais pesado. Eu era um monstro, não merecia viver. Não tinha motivo pra viver. Depois do encontro com , a esperança de voltar com ela, a única que eu tinha, foi massacrada quando ela disse que não queria que eu a procurasse. Ela não me queria de volta em sua vida.
Minha varinha caiu do meu bolso e eu pensei no feitiço certo que faria com que tudo isso fosse embora. Eram somente duas palavras em latim, apenas duas palavrinhas, um feitiço verde e eu poderia finalmente ter paz. Peguei minha varinha e mirei em meu coração. Respirei fundo e juntei a coragem que eu não tive para matar Dumbledore. Fechei os olhos.

- Avad...
- DRACO! – Um grito ecoou no meio da chuva e eu abaixei a varinha. Olhei na direção e minha mãe vinha correndo até mim. Ela se ajoelhou ao meu lado e me abraçou – O que você está fazendo?
- Nada – eu menti e guardei a varinha no bolso – Eu já ia entrar.
- Por Merlin, você está congelando e na chuva! – Ela disse e me abraçou, olhou meu rosto e automaticamente entendeu o que estava acontecendo – O que aconteceu com ?
- Ela desistiu de mim – eu disse baixo e segurei as lágrimas que queriam cair – Algum Comensal já chegou? Ele está em casa?
- Como assim desistiu de você? – Mamãe perguntou confusa – Do que você está falando? Ela te atacou?
- Ela desistiu, não consegue me perdoar, está tudo acabado – eu revelei e ao pronunciar a dor foi três vezes pior – Ela me atacou, mas só uma vez. Ela não conseguiu continuar.
- Filho, vamos entrar, por favor, você vai acabar ficando doente – ela rebateu, me ignorando.
- Eu não me importo! – eu gritei e me desvencilhei dela e levantei do chão, mamãe levantou também – Eu não me importo com mais nada, mãe! A única pessoa com quem eu me importo além de você e do papai, é a única que não consegue me olhar nos olhos. A garota que eu amo, a ÚNICA que eu amei, me odeia e você acha que eu me importo se vou ficar resfriado? – eu ri incrédulo – E ela me odeia por culpa minha!
- Filho... – ela tentou me abraçar, mas eu me afastei – Fica calmo, vocês tem a ligação, certo? No final vai dar tudo certo.
- Eu nem sei mais se essa ligação realmente existe – eu revelei – Eu estou cansado dessa vida de merda.
- Chega, ouviu? – Ela colocou as mãos em meu rosto e me obrigou a encará-la – Você é um Malfoy, um sangue-puro e vai ficar bem. Você não nasceu para sofrer por causa dos outros – ela disse – Agora, recomponha-se, enxuga essas lágrimas e não desista. Se ela desistiu, vá atrás dela VOCÊ! – Eu a encarei surpreso – Você não vai desistir até que não tenha mais nenhuma alternativa. E isso vale para qualquer coisa. Entre naquela casa de cabeça erguida, você não nasceu para perder. Eu te criei para ser um vencedor.
- Obrigada, mãe – eu a abracei apertado e ela beijou meu rosto. – Mas você sempre foi contra meu namoro com a .
- Eu sei, mas eu percebi que ela te fez feliz e eu como mãe tenho que aceitar isso – ela sorriu – Eu quero a sua felicidade.
- Tudo bem – eu dei um sorriso mínimo – Vamos entrar. Ele está aí?
- Sim, querido – Mamãe respondeu – Seu pai está tentando distraí-lo assim como sua tia. Jugson está aí.
- Ela o liberou antes de me atacar – ela me olhou assustada – Fica tranquila, ela não pode me machucar severamente.
- Mas ela o fez – minha mãe disse com uma voz brava.
- Ela é impulsiva, não controla as emoções, só pensa depois que age – eu respondi e dei um mínimo sorriso ao me lembrar desse aspecto peculiar da .
- Essa garota é confusa demais – ela disse baixo e eu ri, ela empurrou a porta de entrada e nós entramos em casa.
- Eu sei bem disso – respondi e entrei na sala de estar onde vários Comensais estavam reunidos. Aquela cobra maldita assim que eu entrei passou pelo meu pé e foi se juntar ao Lorde das Trevas na outra ponta da sala. Ele estava sentado numa das cadeiras e assim que eu entrei, ele me olhou com um olhar gélido. Eu me aproximei e percebi Jugson sentado numa das cadeiras com alguns curativos no rosto e nas mãos. Encarei Lord das Trevas e ele me encarou de volta. Nagini subiu na cadeira e passou no colo dele e ele a acariciou devagar.
- E então como foi a missão? Será que dessa vez, você a cumpriu? – ele disse e eu respirei fundo.
- A vítima é muito poderosa e me atacou com feitiços muitos fortes, não consegui revidar – eu respondi.
- Não conseguiu ou não quis? – ele perguntou sem me olhar.
- Não consegui, você pode não conhecer o nível de magia que tem, mas eu conheço – eu disse.
- Eu conheço cada aspecto da vida dela, cada passo, cada problema – ele deu uma risada maldosa – Num piscar de olhos, eu posso controla-la e você nem se dará conta disso – eu o olhei assustado e parece que o prazer dele aumentou ainda mais – Isso te assusta, Draco? Assusta saber que o amor da sua vida corre um constante perigo? Assusta saber que eu sabia que você não iria atacá-la e mandei você lá justamente para encontrá-la? – Ele deu uma pausa e levantou e veio até mim – Você pensa que eu a quero morta, mas eu ainda não quero isso. Vou testá-la até o limite, fazê-la desejar a morte assim como você fez minutos atrás.
- Então faça esse favor, mate-me – eu respondi sem medo algum.
- Ainda não, porque eu quero que você veja tudo isso – ele sorriu com os dentes podres – Quero que você a veja sofrendo, sangrando e não possa fazer nada porque não consegue nem olhar para você – ele riu – E onde está todo aquele amor? O amor é uma fraqueza e eu farei vocês dois aprenderem isso da maneira mais dolorida – ele deu uma pausa e puxou a varinha das vestes – CRUCIO!

’s POV

Faltava uma semana para as aulas voltarem e eu não estava animada nem um pouco. Queria ficar para sempre dentro de casa, protegida de todo o mal que existia lá fora. Fred estava ao meu lado enquanto tomávamos um chá na sala de estar. Olhei para Fred e ele estava distraído conversando com minha mãe.
Minha amizade com o garoto começou de um jeito inusitado. Depois do velório de Dumbledore, ainda na escola ele veio falar comigo. Abraçou-me e disse que eu poderia contar com ele pra qualquer coisa. No outro dia, ele apareceu em minha casa com uma caixa de doces e cartas de Rony e Gina. E se repetiu as visitas dele, cada dia ele trazia uma coisa diferente. Fred havia se tornado uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu não conseguia imaginar ter passado por tudo o que passei sem ele. Senti um pedaço de biscoito em mim e quando vi Fred dava risada da minha cara de confusa. Peguei um pedaço de biscoito maior e joguei nele e começamos a rir.
- O que foi agora? – ele perguntou.
- Não quero voltar para a escola – eu respondi.
- Mas quem vai vender produtos das GemialidadesWeasley na escola pra mim? – ele indagou e nós rimos um pouco mais – Por que você não quer voltar?
- Estou bem aqui, estou segura – eu disse –Voltar para Hogwarts significa enfrentar Draco.
- Você vai ter que fazer isso alguma hora – ele disse e depois olhou o relógio em seu pulso – Preciso ir, mamãe deve estar histérica.
- Alguma notícia de Rony? – eu perguntei.
- Nada até agora – ele disse decepcionado – Ele, Hermione e Harry sumiram. Lupin está tentando encontrá-los, mas eles podem ter ido para qualquer lugar.
- Bem, assim que souber de alguma coisa, me diga, ok? – eu pedi e ele afirmou com a cabeça – Se cuida.
- Você também – ele me abraçou, despediu-se dos outros e saiu porta a fora.
- Eu preciso falar com Lupin – eu disse para minha mãe que lia o Profeta Diário – Preciso ver Harry, Mione e Rony antes de voltar para Hogwarts.
- Tudo bem, assim que ele descobrir onde eles estão, eu falo com ele – ela respondeu –Você vai ter que tomar cuidado, eles estão a procura de Harry e qualquer pessoa ligada a ele, é caçada.
- Eu sei, mãe. – eu respondi – Vai ficar tudo bem, eu sei me cuidar e eles não vão me pegar.

Marquei com Lupin em um café num bairro trouxa a alguns quarteirões da minha casa. Aguardei alguns minutos e vi uma figura magra entrando pela porta e tirando o casaco. Lupin deu um sorriso mínimo e se aproximou. Apertou minha mão de leve e sentou-se em minha frente. Murmurei “Abbafiato” e ninguém mais pôde ouvir nossa conversa ao mesmo tempo que Lupin fazia um feitiço protetor para nós não sermos vistos.

- E então? Qual é o assunto? – ele perguntou entrelaçando as mãos em cima da mesa.
- Eu preciso ver Harry, Rony e Hermione antes de voltar para Hogwarts – eu expliquei – E eu sinto que você sabe onde eles estão.
- Eu tenho suspeitas, mas nada confirmado – ele respondeu baixo – Se eles estão onde eu imagino que estão, você pode falar com eles.
- Podemos ir verificar o lugar, eu posso ir com você – eu pedi – Preciso conversar com eles sobre Hogwarts. Não posso voltar para lá despreparada.
- A Ordem irá falar com você e com Gina, nós temos que conversar– ele olhou para os lados para verificar se havia algum perigo. A garçonete trouxa passou assoviando uma canção qualquer com uma xícara de café na bandeja e nem desconfiou de nada. – Eu não queria colocar você em risco se eu for visitar Harry. Não vou levar a Gina quanto mais você.
- Por favor, Remo – eu pedi novamente – Eu preciso falar com eles, eu guardo segredo, não vou contar para ninguém e minha segurança é problema meu. Sei me virar.
- Eu não posso fazer isso por você, é muita responsabilidade. Todos os bruxos ligados a Ordem da Fênix estão sendo vigiados. Inclusive você. Nesse momento, há alguns Comensais nesse bairro. Eles estão vendo a ilusão de que eu vim tomar um café sozinho. Não posso levá-la, é muito arriscado – Lupin argumentou – Se você for capturada...
- Eu não vou ser – eu afirmei olhando em seus olhos – Confie em mim, se algo der errado, você pode fugir que eu sei me virar sozinha. Não vai ser a primeira vez que eu enfrento Comensais.
- Seus pais pediram para eu não levar você em nenhuma missão – eu ri ao ouvir isso –E eu vou fazer o que eles pediram.
- Isso não vai me ajudar a resistir em Hogwarts – eu disse – Eu preciso falar com meus amigos, independente do perigo que eu corro. Eles são minha família também e eu preciso disso. Meus pais estão fazendo certo em me proteger, mas eu não preciso dessa proteção agora. Eu preciso agir. E eu sei que você pode me ajudar com isso.
- Não conte a seus pais, ouviu – eu sorri ao perceber que ele iria me levar até Harry – Assim que eu tiver certeza, eu levo você até lá.
- Muito obrigada, Lupin – eu sorri para ele – Alguma pista?
- Não posso falar aqui, mas assim que eu for até lá, eu te levo – ele respondeu – Eu preciso ir agora, vou somente confirmar algumas coisas. Vou até lá essa noite.
- Mas já? – eu perguntei surpresa.
- Você me procurou a tempo – ele respondeu sorrindo – Vou passar em sua casa seis horas da tarde, assim que escurecer, por isso fique pronta. Diga que irá ver o Fred, mas não conte aos seus pais.
- Pode deixar – eu sorri e assim que nós nos levantamos, o abracei – Obrigada por tudo.
- Não precisa agradecer, – ele sorriu e saiu do café. Depois de alguns minutos eu fui até um dos becos e desaparatei indo para casa.

Aparatei em uma rua anterior a minha casa e fui andando devagar. Assim que cheguei a minha casa, que era disfarçada com um feitiço que mostrava somente uma antiga construção abandonada percebi que o feitiço estava desfeito. E a casa estava aparente. Logo constatei que havia algo errado e corri para entrar. Quando abri a porta, tomei um susto ao perceber que haviaquatro Comensais dentro da minha casa. Vovó Nita estava sentada no sofá com uma expressão raivosa enquanto meu avô fazia um carinho em seu braço. Meu pai estava sendo segurado por dois Comensais e outros dois falavam com meus avós. Estranhei o fato de minha mãe não estar presente. Eles se viraram e apontaram a varinha para mim, eu apontei para eles e meu pai fez um sinal para eu abaixar a varinha.

- Que merda é essa? – eu perguntei brava e um deles riu – Pai, o que está acontecendo aqui?
- Os membros do ministério estão interrogando todas as pessoas ligadas a Harry Potter – ele respondeu com uma voz cansada –Eles já revistaram a casa toda em busca de provas, mas não encontraram nada.
- Ainda bem que não acharam Harry escondido embaixo da minha cama – eu disse e um deles se virou para mim.
- O que disse? – ele perguntou vindo até mim e segurando meu braço.
- Não encosta a mão em mim – eu disse e encostei minha varinha em sua barriga. Ele deu uma risada.
- Você irá ferir um membro do ministério? – ele perguntou ainda sem soltar meu braço.
- Não pensaria duas vezes – eu respondi dando um sorriso malvado.
- Cruccio– o Comensal disse e eu senti uma onda de dor em meu corpo, eu soltei minha varinha e gritei de dor. Eram ondas de dor indo de encontro ao meu corpo todo. Minha cabeça ardia e só o que eu conseguia fazer era gritar. Meu pai correu até mim e me segurou nos braços. O Comensal deu risada e parou a maldição. – Aprenda a respeitar os membros do ministério.
- Vocês são uns monstros – minha avó falou, o Comensal que me torturou foi até ela – E nem venha querer me torturar, tenho idade para ser sua avó e sei muito mais coisa que vocês, além do que, vocês estão em minha casa! – O Comensal revirou os olhos e saiu andando indo até o corredor para o escritório – Que abuso, querer me torturar na minha própria casa.
- Mãe, para com isso, por favor – meu pai disse enquanto me ajudava a levantar e me colocava sentada no sofá. Eu tossi algumas vezes e limpei as lágrimas que saíram dos meus olhos. Minha mãe voltou acompanhada do Comensal e me olhou preocupada.
- O que aconteceu? – ela veio até mim e me abraçou, limpou meu rosto e se abaixou em minha frente.
- Me comportei mal como sempre – eu respondi dando um sorriso zombeteiro e ela revirou os olhos.
- Você não aprende, não é? – ela respondeu se levantando.
- Agora só falta a garota – O Comensal que havia me torturado me levantou do sofá apertando meu braço e foi me conduzindo até o escritório. Abriu a porta e mais dois Comensais estavam lá dentro, uma cadeira havia sido colocada no centro da sala e eu fui colocada nela. Encarei os três e respirei fundo.
- , 17 anos, estudante da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, sangue-puro e integrante da Ordem da Fênix – O Comensal ruivo disse e se aproximou de mim. Apoiou as mãos nos joelhos e ficou com o rosto na altura do meu rosto – Onde Harry Potter está?
- Eu não sei – respondi.
- Nós sabemos que você é uma amiga íntima de Harry Potter, participava do círculo de amizades dele em Hogwarts e você não sabe onde ele está? – ele perguntou.
- Não, se eu disse que não sei é porque não sei. – eu respondi – Não falei com ninguém desde o final das aulas.
- Você quer que eu acredite nisso? – ele me olhou nos olhos e eu dei uma risada alta.
- Estou pouco me fodendo pra sua opinião, quer acreditar, acredite, não quer, é problema seu – eu respondi e recebi um tapa no rosto. Parece que tirei alguém do sério. O lado esquerdo do meu rosto ardia, mas eu não ia demonstrar dor.
- Quem você pensa que é? Sua nojentinha, seguidora de Harry Potter, você está sendo caçada, você sabe disso? – ele gritou para mim.
- Você mesmo disse quem eu sou, , 17 anos e todo o resto. Não sigo Harry Potter porque ele não é um líder tirano, mas sim meu amigo. Eu não sei onde ele está e mesmo que soubesse não diria a vocês.
- Ele é suspeito de ter matado Alvo Dumbledore e você ainda o protege? – O Comensal disse e eu precisei de alguns segundos para absorver o fato. Harry estava pagando por um crime que Snape cometera. Estava sendo perseguido por algo injusto. Encarei os Comensais a minha volta e senti muita raiva. Voldemort estava jogando cada vez mais baixo para conseguir capturar meu amigo ao ponto de espalhar calúnias sobre ele. Não podia esperar algo melhor dele, porém era ridículo ver o quão ele estava frustrado.
- Eu não sei onde Harry está – eu disse tentando controlar minha raiva, não podia dizer que eu estava na torre quando Dumbledore morreu porque Voldemort iria tentar me calar e eu não podia morrer naquele momento. Queria gritar que aquilo era injusto, dizer para o mundo que Snape havia matado meu tio-avô, mas não podia fazer isso. Precisava agir nas entrelinhas, escondida para não me deixar ser pega e morrer. A partir daquele momento, eu precisava urgentemente ficar viva.
- É só isso que tem a dizer? – Outro Comensal perguntou – Saiba que se tiver mentindo...
- Eu não estou mentindo – eu o cortei – Eu realmente não sei.
- Terminamos por aqui – o Comensal que estava me interrogando disse e todos saímos do escritório.
- Podemos ir embora, nenhum deles sabem onde o Potter está – ele disse, todos saíram de casa e eu suspirei aliviada.
- O que eles perguntaram pra vocês? – meu pai perguntou.
- Onde Harry está, como eu não sei, respondi a verdade – eu respondi – Eles estão espalhando que foi Harry quem matou tio Alvo.
- Nós sabemos disso – minha mãe respondeu e eu a olhei surpresa – Não sabíamos como você iria reagir. Eles já tomaram o ministério e tudo o mais, era de se esperar.
- Vocês tinham que ter me contado, isso é um absurdo! – eu disse – Um deles me deu um tapa no rosto.
- Você tem que parar de querer bancar a valente, a corajosa, você vai acabar se ferrando – minha mãe disse e eu revirei os olhos.
– Vou para o meu quarto. – eu respondi e subi as escadas pisando forte no chão.

Subi para meu quarto e percebi que meu rosto ainda estava um pouco vermelho. Tirei meus sapatos e me joguei na cama e olhei para o teto. Ir com Lupin significaria saber onde Harry está e se eles me torturassem, eu poderia acabar falando e eu não queria que isso acontecesse. Mesmo de longe, tinha que proteger meus amigos e por isso não poderia ir. Decidi escrever uma carta e pedir para Lupin entregar. Diria tudo o que precisava dizer e não corria o risco de saber onde eles estavam.
Sentei na escrivaninha, peguei pergaminho, tinta e caneta e comecei a escrever. Assim que terminei, enrolei e o prendi com um pedaço de fita que eu achei.
Lupin apareceu no horário marcado e eu desci para falar com ele. Meus pais conversavam com Remo no escritório e eu ouvi parcialmente a conversa.

- Thicknesse assumiu o ministério – Lupin disse – Ouvi dizer que ele está dominado pela Imperius e Voldemort está comandando por trás de tudo.
- Isso provavelmente é verdade –meu pai respondeu – As investigações para a morte de Scrimgeour estão fora do controle. Os Comensais estão finalizando o inquérito e divulgando que ele sofreu um acidente.
- Porém, eu ouvi dizer que ele foi pego em uma emboscada por Comensais que estavam em busca de Harry – minha mãe completou – Estamos quase sendo expulsos do ministério. Os aurores estão sendo investigados e provavelmente vão parar de caçar Arte das Trevas para caçar Nascido-Trouxas.
- O Ministério divulgou n’O Profeta Diário que os nascido-trouxas roubaram a magia de bruxos, é loucura. – meu pai disse e eu arregalei os olhos perplexa.
- O número de alunos em Hogwarts será reduzido e vários jovens bruxos não vão ingressar na escola esse ano – Lupin disse – Já houveram mudanças em Hogwarts.
- Que mudanças? – eu perguntei finalmente entrando e parando de ouvir atrás da porta.
- A frequência agora é obrigatória, todos os bruxos da Grã-Bretanha terão que ir. Antes existia a possibilidade dos pais ensinarem os filhos em casa, agora isso não é possível. – Ele deu uma pausa no discurso – Para ingressar em Hogwarts os alunos terão que ter Status de Sangueo que significa que precisam comprovar ao Ministério que seu sangue é puro, só assim você pode ingressar em Hogwarts.
- O que já ajuda a excluir os nascidos-trouxa – eu disse e Lupin afirmou com a cabeça – Isso é rídiculo.
- Não podemos fazer nada em relação a isso, muitas crianças não irão para a escola na próxima semana – Lupin disse – Posso falar com a sós?
Meus pais se entreolharam, mas saíram de bom grado, assim que eles saíram eu fechei a porta.
- Você irá comigo hoje? – Remo perguntou.
- Hoje os Comensais vieram aqui me interrogar a respeito da localização de Harry – eu comecei a explicar – Eles pegaram leve, mas eu sei que isso não vai se repetir. Assim que eu for para Hogwarts eles vão me interrogar de novo e não vai ter gentileza nenhuma. – eu dei uma pausa – Por isso eu não posso ir com você hoje. Não posso colocar em risco essa informação. Eles podem usar a Imperius, usar a Legilimência e eu não vou colocar isso em risco.
- Eu entendo perfeitamente, em Hogwarts você vai ter muitos Comensais ao seu redor e é mais seguro você não ir – ele respondeu – Então, eu já vou.
- Se você puder, você pode entregar essa carta para mim? – eu estendi o rolo de pergaminho e ele segurou em seguida colocando dentro da bolsa – É para Harry, Ron e Hermione. Para os três.
- Pode deixar, – ele sorriu e eu abri para deixá-lo sair – Volto com a resposta em alguns dias.
- Tudo bem, muito obrigada – eu respondi e fui com ele até a sala.

Queridos Harry, Rony e Hermione,

Estou com saudade de vocês. Voltar para Hogwarts só com a Gina não vai ser a mesma coisa. Quem vai me ajudar com os deveres ou com o quadribol? Não ter vocês ao meu lado vai ser a coisa mais estranha esse ano.
Voltar para Hogwarts e encarar Snape sem querer esganá-lo também vai ser difícil, mas eu prometo que vou fazer o possível para tirar ele e os Comensais do sério. Aquela escola vai ficar lotada deles.
Escrevo essa carta para dizer que eu estou bem e vou ficar bem. Passei por muita coisa desde a morte de Dumbledore, mas não vou mais me ausentar, está na hora da luta, na hora de mostrar do que sou capaz. E isso vale para vocês três.
Harry não desista de procurar as Horcruxes, independente do que aconteça, Dumbledore deixou essa missão para você porque sabia que você é o único que é capaz de cumpri-la. Mesmo que você sinta que não vai conseguir, faça como eu e pense em uma fênix. Renasça das cinzas e continue lutando. Eu acredito que você pode nos salvar de toda a merda que está chegando.
Rony, você sempre será o suporte do grupo. Por isso eu peço para você ter paciência e aguentar as coisas. Você é o mais forte e também o mais mimado (não se ofenda) e por isso pode querer desistir, mas eu imploro para que você não o faça. Você é um rei e tem toda a força e o dom para fazer o melhor. Sem você, nada seria feito perfeitamente como todas as coisas que vocês três passaram. Você faz parte fundamental de todo esse processo. Pegue leve com Harry e com a Hermione. Eles estão no mesmo barco que você.
Hermione, você é a bruxa mais inteligente que eu já conheci. Nunca duvide das suas habilidades porque sem você esses dois não iriam durar dois dias. E não discorde de mim, você sabe disso melhor que eu. Quero te agradecer por ter sido minha melhor amiga no ano passado, por ter me ouvido falar sobre Draco e qualquer outra banalidade. Você é a menina mais forte que eu conheço, por favor, não se afaste desse dois, ok?
Eu acredito que vocês podem achar as Horcruxes, vencer Voldemort e não morrerem no processo. Me desejem sorte na volta Hogwarts.
Amo vocês!
- xx


Cruciatus Curse

Agosto. Um sol tímido entrava pelas frestas da cortina e me chamava para levantar e encarar aquele dia que mudaria o curso da minha história. O expresso de Hogwarts sairia em algumas horas e eu sentia uma ansiedade misturada com medo que fazia minhas pernas virarem gelatina.
Tomei um banho, coloquei uma roupa mais leve para ir para o expresso, já que teria que colocar o uniforme durante a viagem, meu coturno, um casaco preto e uma bolsa de lado bastariam para completar a jornada. Encarei-me no espelho e percebi que ainda existiam olheiras e meu cabelo estava arrumado, mas não brilhante como ele era. Eu ainda era somente uma sombra, um espectro da garota que um dia eu tinha sido. A velha conhecida tristeza apareceu para me lembrar de que eu não veria Dumbledore daquela vez, não teria seus olhos carinhosos para me recepcionar e desejar um bom ano letivo. Meus olhos arderam e algumas lágrimas caíram, mas eu as limpei com meus dedos e comecei a me maquiar numa tentativa ridícula de disfarçar os sinais de que eu não era a mesma. Eu tinha que voltar para Hogwarts perfeita, como se nada pudesse me machucar, nada pudesse me ferir, eu tinha que ser a melhor atriz, a melhor intérprete de todas.
Os olhos azuis de Draco vieram em minha mente e automaticamente a tristeza foi embora e meu coração virou gelo. Eu iria ignorar o garoto, mandando toda aquela palhaçada de ligação para o inferno e faria o possível para atingir os comensais daquele castelo. Sem exceção de nenhum.

- ? – eu ouvi meu pai dizer e saí do banheiro indo até meu quarto – Está pronta?
- Estou terminando – eu respondi – Pode levar meu malão lá pra baixo?
- Claro – ele sorriu e saiu do quarto com o malão indo atrás dele através de um encantamento.

Voltei para o banheiro, finalizei a maquiagem e fui para meu quarto colocar meus coturnos e arrumar minha bolsa. Olhei-me no espelho, coloquei um sorriso falso no rosto e saí do quarto, pronta para começar minha luta que duraria o ano inteiro.

Meus pais me levaram até a estação King Cross e eu fiquei parada com o carrinho ao meu lado enquanto tomava coragem para passar pela parede. Era a minha primeira vez e a ansiedade dominava meu ser. Olhei para meus pais e eles deram um sorriso terno e eu os abracei com toda a força que eu tinha, querendo demonstrar o quanto iria sentir saudade deles. Não sabia quando os veria novamente e isso me causava um pânico, afinal, eles eram as únicas certezas da minha vida, tudo o que eu tinha e que ainda não tinha sido tirado, mas eu sabia que tentariam tirar e esse era meu maior medo. Não suportaria mais uma perda.
- Não faça besteiras, ok? – minha mãe disse colocando as mãos em meu rosto e dando um sorriso – Filha, eu peço do fundo do meu coração para você tomar cuidado, não bata de frente com nenhum comensal, não retruque as provocações deles, foque nos seus estudos, fique viva.
- Eu prometo que vou tentar ficar viva – eu respondi – Agora não irritar comensais, já é outra história.
- Filha, isso não é brincadeira – meu pai disse – Nós vamos ter que viajar para bem longe da Inglaterra. Deixaremos seus avós na França com sua tia e iremos fazer um último serviço que Dumbledore pediu. Nós não vamos te contar, então não tente. – eles riram – Nós mandaremos cartas para você todo mês para você saber que está tudo bem, então não fique preocupada. Tome cuidado com as pessoas que você confia, não ande sozinha pelo castelo, ouviu? E por favor, se algo te acontecer, nos avise por coruja. Você entendeu?
- Claro – eu respondi - E no Natal?
- Nós resolveremos isso depois, pode ficar tranquila – mamãe respondeu – Nós te amamos muito e temos orgulho de você.
- Eu amo vocês também – eu respondi os abraçando mais uma vez e sentindo meu coração ficar apertado – Obrigada por tudo.
- Não precisa agradecer – mamãe respondeu – Agora vá antes que você perca o expresso – ela abriu a bolsa e tirou de lá dois papeis – Aqui está seu bilhete e seu atestado de puro sangue. Tome cuidado.
- Pode deixar – eu sorri e dei as costas andando em direção à parede, dei uma olhada para trás e gravei para sempre aquela imagem dos meus pais juntos dando-me tchau com um sorriso no rosto. Talvez essa fosse a última vez que eu iria os ver.

Atravessei a parede com os olhos fechados e assim que os abri o enorme Expresso estava estacionado na plataforma 9 3/4, eu sorri com a imagem e era exatamente como eu imaginava que seria. Vários alunos estavam com seus pais se despedindo. Tentei localizar alguém conhecido, mas não encontrei ninguém. Engoli em seco e comecei a andar até o senhor que guardava as bagagens. Ele verificou meu bilhete, pegou minhas coisas e começou a colocar dentro do trem. Eu agradeci e já me dirigia para a entrada quando meus pés travaram. Uma dor atingiu meu coração e eu arfei sem ar, os olhos de um azul gelado me olharam e como sempre, eu não consegui interpretar o que eles queriam demonstrar. Draco Malfoy estava parado a alguns metros de mim junto com sua mãe que me olhava estarrecida. Meu coração congelado bateu quente uma vez, mas logo voltou a ficar parado quando eu me forcei a lembrar que ele ajudou a matar Dumbledore. Não podia deixar sentimentos me envolverem, eu tinha um objetivo e perdoar Draco não era esse. Ignorei o olhar do garoto e entrei no expresso rapidamente andando pelo trem em busca de uma cabine vazia.
Achei uma cabine e me sentei no lugar perto da janela e fechei a porta obrigando-me a respirar fundo. Soquei meu coração até ele ficar pequeno e o congelei para não sentir nada, não tinha o direito de me sentir afetada pelos lindos olhos de Draco. Abri minha bolsa e puxei um sapo de chocolate, abri a embalagem e o peguei antes que ele pulasse e coloquei na boca mastigando e sentindo o gosto familiar de chocolate. Olhei o bruxo famoso que veio na embalagem e dei uma risada sarcástica. Dumbledore me encarava e eu levei aquilo como um sinal para que eu não esquecesse de que não deveria me deixar levar pelo sentimentalismo. Dumbledore estava enterrado a sete palmos abaixo da terra por culpa daquele que tirava a minha paz. Se Draco não tivesse ajudado os comensais a entrar no castelo, nada daquilo teria acontecido.
Fui tirada dos meus pensamentos com a porta abrindo e uma garota ruiva entrou já com o sorriso. Levantei-me e abracei Gina com força matando a saudade que estava da minha amiga. Atrás dela vinham Neville e Luna, abracei os dois e a porta foi fechada.

- Como você está? – Gina perguntou.
- Eu estou bem – menti, dando um sorriso – Alguma notícia de Harry, Rony ou Hermione?
- Acham que eles não vão vir esse ano – ela respondeu triste – Eles estão desaparecidos desde o casamento. Lupin sabe onde eles estão, mas se recusa a falar.
- Eu sei, Lupin foi me visitar nas férias e levou uma carta para os três – eu completei – Mas não trouxe a resposta a tempo.
- Você já está sabendo? – Neville finalmente se manisfetou – Snape é o novo diretor.
- Um absurdo – eu respondi pois já sabia da notícia – Ele matou Dumbledore e toma o lugar dele, não sei como vou conseguir encará-lo quando chegar na escola.
- Quem vai conseguir? – Gina disse – Eu já ouvi as pessoas no trem comentando sobre isso, a maioria acha um absurdo.
- Esse ano as coisas serão totalmente diferentes – eu respondi – E isso me assusta.
- Nós já estamos pensando em formar um grupo – Gina explicou – Ressucitar a Armada de Dumbledore, eu já te contei essa história, não é?
- Já sim e eu já estou dentro – eu sorri – Luna, como está?
- Eu estou muito bem – ela disse sorrindo sonhadora – Quer uma edição do Pasquim?
- Eu adoraria – eu respondi sorrindo e peguei a revista dando a ela um dos meus doces que tinha na bolsa, ela sorriu e voltou a observar a vista –O número de alunos diminuiu muito esse ano, conseguiram o atestado de vocês?
- Sim e você? – Neville perguntou – Mas eu não sei onde guardei o meu.
- Melhor você procurar porque não pediram essa porcaria à toa – eu respondi – Acho que vão recolher todos na entrada da escola.
- Melhor eu começar a procurar – ele respondeu e levantou puxando a mochila.
- , posso te fazer uma pergunta? – Gina disse e eu afirmei com a cabeça – E o Draco?
- Eu não sei dele, Gina – eu respondi sem olhá-la nos olhos – E não quero saber dele nunca mais. Eu jamais vou perdoá-lo.
- Eu sinto muito, – ela disse dando um sorriso triste – Harry não vai estar aqui esse ano e eu também não estou bem.
- É uma pena – eu respondi – Vou sentir falta daqueles três esse ano.
- Eu também – ela concordou comigo.
- ACHEI! – Neville gritou empolgado e nós rimos por um momento – Consegui encontrar meu atestado.

Continuamos a conversar até que sentimos o solavanco do trem parando. Olhei para meus amigos e eles estavam com a mesma expressão confusa que eu certamente tinha. Ouvi o barulho das portas das cabines se abrindo e automaticamente me levantei e abri a porta indo para o corredor observar. Muitos alunos estavam no corredor e eu não conseguia ver nada a minha frente, as vozes confusas eliminavam qualquer outro som e eu só queria que o trem voltasse a andar. No meio de toda aquela confusão, as vozes foram cessando e muitos alunos começaram a voltar para suas cabines rapidamente. Neville e Gina estavam parados ao meu lado observando também, as portas começaram a ser fechadas e só quando a maioria dos alunos haviam entrado, eu pude perceber o que causava tanto medo.
Dois Comensais caminhavam pelo corredor checando cada cabine e afastando os aluno que assim que eles passavam fechavam as cabines com pressa tomados de medo. Eu não tinha medo, pelo contrário, um atrevimento se instalou em minhas veias e eu sorri perversa quando vi eles se aproximarem e pararem em minha frente.

- O que fazem aqui? – eu perguntei.
- Saia da frente se não quiser se machucar – o mais alto deles falou.
- Ele não está aqui – Gina se pronunciou ao meu lado – Perderam seu tempo vindo verificar.
- Saia da frente – ele me empurrou para a parede e o outro empurrou Gina com a mesma violência. Meu ombro bateu na parede do trem e eu senti uma dor forte.
- Filhos da puta – eu murmurei enquanto entrava na cabine novamente e os via continuar a verificar o trem inteiro.

Sentei e senti meu ombro doer, mas nada que poderia me matar, somente senti uma raiva imensa e já preparava a varinha para ir atrás deles quando Gina entrou em minha frente.

- Nem pense nisso – ela repreendeu – Não vale a pena se arriscar por causa disso.
- Eles não podem sair daqui achando que tem direito de fazer o que eles querem! – eu rebati brava.
- , no momento eles podem sim – ela disse – Eles estão no poder, podem sumir com você e parecer que foi acidente, eles podem fazer tudo! Você tem que entender isso e esperar Harry! É o único jeito!

Eu não retruquei, somente me sentei e voltei a observar a vista do lado de fora. Gina estava certa, mesmo eu não querendo admitir, ela estava totalmente certa. Eu não podia fazer nada sozinha, Voldemort estava no controle e infelizmente eu tinha que aceitar tudo quieta. Todos nos sentamos e ficamos esperando até que o trem voltasse a andar. A conversa voltou depois que ficamos mais tranquilos. Conversamos sobre as férias, as aulas, as mudanças que ocorreriam em Hogwarts e eu consegui rir um pouco mais do que antes. Sentia saudade dos meus amigos, desses momentos bons e singelos que traziam uma pequena dose de felicidade aos meus dias tão cinzas e sem vida. Ainda faltava um bom tempo para chegar ao Castelo, mas eu decidi colocar logo o uniforme para não ter que enfrentar um banheiro movimentado mais tarde. Peguei minha bolsa de lado e fui para o banheiro calmamente. Entrei no banheiro todo feito de madeira e depois numa das cabines e tranquei a porta. Havia colocado um Feitiço Indetectável de Extensão na minha bolsa para caber tudo o que eu precisava se algo acontecesse e eu precisasse fugir, então puxei todo meu uniforme pendurado em um cabide que eu havia separado. Coloquei o uniforme com a diferença dos meus coturnos e o colar que Dumbledore havia me deixado e agora eu sabia que era o símbolo de um bruxo do mal. Só usava porque havia sido um presente dele. Era um símbolo estranho que era formado por um triângulo, um círculo e uma reta. Não entendia sobre símbolos, sempre fui péssima em Runas Antigas e decidi que iria fazer essa aula naquele ano. Guardei toda a minha roupa novamente dentro da bolsa e estava prestes a sair quando ouvi a porta do banheiro abrindo e ouvi uma voz conhecida.

- Draco finalmente está solteiro – Pansy Parkinson disse e eu revirei os olhos enquanto ficava quieta e trancada na cabine – Finalmente ele se livrou daquela piranha da e nós podemos finalmente voltar – ela disse para uma outra garota que eu não sabia quem era, mas era alguém da Sonserina – Ele está diferente, você percebeu? Está mais quieto, não está conversando, somente fica encarando a paisagem, mas você vai ver, ele vai voltar ao que era antes. Ele vai voltar a ser meu Draco. – senti um nojo ao ouvi-la falar daquele jeito.
- Mas ele te deu alguma chance? – a outra perguntou e eu senti algo queimar dentro de mim, um medo por ele estar dando alguma chance para ela. Ele não poderia dar uma chance para ela e eu não tinha o direito de me sentir com ciúmes.
- Não – ela respondeu triste – Mas ele vai dar, eu sei ser insistente quando eu quero. Tentei ano passado todo, mesmo com aquela vadia em cima dele e não vai ser agora que ele está livre que eu vou parar.
- Pansy nunca desiste – a amiga dela falou puxando um saco e elas riram uma para a outra – Mas e se a quiser voltar?
- Ela não vai fazer isso – Pansy respondeu com toda a certeza que tinha e eu fiquei ansiosa para ouvir o que ela tinha a dizer – Algo aconteceu entre eles, eu não sei o que é, mas algo aconteceu e ela não vai voltar com ele. O que é bom pra mim.
- Tomara que você consiga – a amiga disse e pareceu que Pansy não gostou nada, pois respondeu com uma voz séria.
- Eu vou conseguir – ela respondeu e depois eu só ouvi a porta batendo.

Depois de esperar alguns minutinhos, eu finalmente saí da cabine no exato momento em que algumas alunas do quarto ano entraram conversando animadas. Comecei a somente arrumar meu uniforme uma última vez e enrolei bastante somente para ouvir a conversa delas discretamente. Curiosa, eu? Nunca.

- Harry Potter não está no trem – uma delas disse – Pena, ele é tão bonito! Me apaixonei por ele quando vi a foto dele no jornal.
- E tem um garoto novo aqui e que deve ser do sexto ou do sétimo ano, não parece que vai entrar no primeiro – a outra disse enquanto abria a bolsa para tirar o uniforme – Ele é tão lindo.
- E aquele Draco? – uma terceira disse – Ele é tão lindo, será que eu tenho chance?
- Com certeza, até porque ele olharia para uma garota do quarto ano quando tem várias do sétimo e do sexto por aí – a amiga dela respondeu e eu segurei o riso – Ele é Comensal da Morte, você não vai querer nada com ele. Papai disse que os Malfoy são completamente controlados por Você-Sabe-Quem. Mas ele é bonito mesmo.

Eu não quis ouvir mais nada a respeito de Draco ou garotos, somente saí do banheiro dando uma risada ao ouvir o assunto delas. Garotas do quarto ano são as mais engraçadas. Andei devagar pelo trem todo até que encontrei Draco parado no corredor. Os olhos dele miraram meu corpo todo, seguindo dos meus pés até meu rosto e eu senti que se fosse por ele eu estaria nua em seu colo há muito tempo. O dono de olhos de um azul acinzentado e opaco me encarou sério e eu sabia que ele estava pensando a mesma coisa que eu. Minha cabeça me traiu e automaticamente imaginei como eu estaria se tudo fosse diferente, provavelmente estaria na mesma cabine que Malfoy, iríamos para Hogwarts juntos e viveríamos esse ano como o melhor de nossas vidas. Uma dor apareceu em mim ao imaginar tudo isso e constatar que isso jamais iria acontecer. Nossos olhares se capturaram por segundos que pareceram horas e eu senti uma saudade estranha ao vê-lo ali. Ele parecia bem, estava com o cabelo milimetricamente arrumado e eu senti uma vontade de louca de bagunçá-los com as mãos. Estava de terno preto seguindo a cor clássica que os Comensais usavam e carregava seu uniforme na mão esquerda enquanto a direita repousava tranquilamente em seu bolso. Um estudante esbarrou nele e ele foi um pouco pra frente, mas logo estava com sua postura impecavelmente reta e seus olhos queimavam minha pele. Ele apenas deu um sorriso e passou ao meu lado sem falar comigo, seu perfume me agraciou no momento que ele passou naquele corredor estreito e eu sabia que ele tinha feito de propósito. Depois de obrigar minhas pernas a andar, eu voltei para a minha cabine com meus amigos e tentei não pensar em Draco. Eu sabia que seria difícil ficar um ano naquela escola sem ter a presença dele, mas eu tinha que ser forte. Eu sabia que ele ficaria afastado de mim, eu havia pedido, mas não sabia que iria ser tão complicado não sucumbir ao desejo de estar com ele. Tinha a plena consciência de que grande parte disso era culpa da Ligação Mágica, mas eu não poderia ser cínica e hipócrita e jogar toda a culpa na Ligação. Meu lado cosciente tinha culpa também. Era um desejo consciente, um desejo que eu tinha certeza que sentia. Fiquei quieta o resto da viagem, somente empurrando aquele desejo para dentro de mim. Cogitei a hipótese de arrumar outra pessoa, mas não conseguia querer outra pessoa que não fosse ele, não conseguia imaginar outra pessoa me tocando, me beijando. Somente Draco tinha esse direito. E eu me sentia rídicula por pensar isso.

O trem finalmente parou e eu senti uma ansiedade enorme dentro de mim, pela primeira vez eu estava entrando no Castelo do jeito certo e não atrasada como o ano anterior. Saí da cabine e segui o fluxo até o lado de fora e me deparei com a estação de Hogsmeade. Uma onda de alunos saíam e eu andava junto com Luna. Hagrid recepcionava os alunos do primeiro ano e os conduzia até outro lugar. Passei por ele e o gigante acenou para mim com um sorriso triste, ele sabia quem eu realmente era e sentia a minha perda. Fomos andando até umas carruagens sem cavalos, observei Luna ir até a carruagem e fazer um carinho no ar.

- O que você está fazendo, Lun? – eu perguntei confusa, afinal não tinha nada ali.
- São Testrálios – ela respondeu sem me olhar – Somente quem viu a morte é capaz de vê-los.
- Então eu nunca vi a morte – eu disse – Ainda bem. Vamos, querida?
- Claro – ela sorriu para mim e nós subimos na carruagem e ela saiu andando.

A noite já aparecia e a lua nos iluminava um pouco, a floresta estava silenciosa e eu sorri quando avistei o Castelo, uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto em toda a minha vida. As janelas iluminadas, as estrelas ao fundo, o Lago Negro com os pequenos barquinhos e toda aquela atmosfera fazia meu coração palpitar de uma felicidade ingênua. Nunca havia visto o Castelo daquele jeito, tão iluminado. Parecia que ele me trazia uma mensagem: Ele não parou porque Dumbledore morrera e eu sabia que não podia parar também. Os grandes portões do Castelo apareceram e meu sorriso sumiu ao perceber a fila que havia na porta, três Comensais estavam parados recolhendo os atestados de sangue dos alunos. Vários alunos aguardavam numa fila que só ficava maior a medida que mais carruagens chegavam. Eu, Gina, Neville e Luna entramos na fila e ficamos aguardando. Minha vez chegou e eu reconheci um deles como Jugson, o Comensal que eu ataquei naquele dia que encontrei com Draco no Beco Diagonal. Logicamente, não iria perder a oportunidade de tirar sarro da cara dele.

- Ei, Jugson – eu disse enquanto ele verificava meu atestado – Já se recuperou da surra que eu te dei nas férias?
- Cala a boca, sua insolente – ele respondeu ainda lendo meu papel – Posso te machucar aqui e agora.
- Estou esperando – eu sorri provocadora e ele apenas bufou irritado.
- Você que me aguarde – ele respondeu liberando minha passagem e já recolhendo o papel de outro aluno.

Eu saí andando e esperei meus amigos virem até mim, assim que estavamos todos juntos passamos pelos enormes portões de carvalho e entramos no Salão Principal. As mesas gigantes estavam lá, o brasão da escola, os fantasmas também, todos nos dando boas vindas, olhei para a mesa dos professores, Flitwick, Sprout, Slughorn, o único fantasma que dava aula, professor Binns, Grubbly-Plank a que dava aulas de Trato das Criaturas no lugar de Hagrid, Madame Hooch, Sibila Trelawney, Professora Sinistra e todos os demais estavam lá sentados conversando entre eles. Meu ser congelou ao perceber que Snape estava sentado na cadeira principal, tomando o lugar de Dumbledore e assim que percebeu que eu o olhava, seu olhar congelou. Sentei-me perto de Gina e Neville e cumprimentei os outros alunos que eram da minha série e senti falta de algumas pessoas.

- Cadê o Simas? O Dino? – eu perguntei preocupada.
- Não conseguiram o atestado de puro sangue – Neville respondeu – Muitos outros das outras casa também.
- Vou sentir falta do Simas – eu revelei – Nós ríamos tanto com ele.
- Ele era apaixonado por você – Gina disse e eu a olhei surpresa – Sempre foi apaixonado por você.
- Para de graça, ruiva – eu respondi e nós rimos. Eu percebi um garoto novo rindo de nós duas e fiquei curioso – Quem é você?
- Eu sou Nathan Grings – ele respondeu dando um sorriso de lado – E você é? - – eu respondi sorrindo – Você não estava aqui nos outros anos.
- Sim, meus pais me ensinavam em casa – ele explicou – Mas como agora o ensino nas escolas é obrigatório, eu tive que vir para Hogwarts.
- Eu fui ensinada em casa até o ano retrasado – eu expliquei e sorri – Vim para Hogwarts no ano passado.
- Então temos alguma coisa em comum – ele respondeu com um sorriso galante e depois voltou a comer – Me deseje sorte, quero entrar para a Grifinória.
- Vou torcer então – eu respondi sorrindo de volta.

Os alunos foram entrando conversando e meus olhos foram atraídos para a porta quando Draco passou conversando animadamente com Blásio e me olhou também, mas desviou o olhar e me ignorou indo sentar com os outros na mesa da Sonserina. Pansy Parkinson me olhou com um olhar atrevido e sentou ao lado dele passando a mão devagar pelo ombro de Malfoy. Eu somente revirei os olhos e comecei a conversar com meus amigos. Depois de alguns minutos, os alunos do primeiro ano entraram e foram aplaudidos por todos, Nathan levantou e eu percebi vários alunos mais velhos levantando das mesas também. McGonagall os guiava até o Chapéu Seletor. Todos pararam e ouviram a canção que ele começou a cantar suavemente, falava sobre uma batalha que chegaria, falava sobre o bem que sempre triunfa sobre o mal e eu observei a carranca de Snape se fechar ainda mais quando ouviu isso. Comensais da Morte estavam parados na grande porta observando tudo e me deu vontade de chorar ao perceber o que a escola, o grande amor da vida de Dumbledore, havia se tornado. Os alunos novos foram encaminhados para suas casas depois e McGonagall se sentou, Nathan veio sorrindo feliz e sentou ao meu lado. Os alunos comemoravam até que Snape se levantou e todos se calaram. Um ódio mortal se apossou de mim e se eu pudesse teria disparado um feitiço mortal nele ali mesmo. O fuzilei com os olhos e tentei transmitir todo o ódio que eu sentia que estava mais forte por causa do meu “problema” mágico com os sentimentos. Ele se levantou e caminhou até a coruja de ouro que Dumbledore antigamente usava para dar anúncios.

- Sejam bem vidos a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – ele disse com sua voz sem sentimento nenhuma – Esse é o último ano para uns e o primeiro para outros – ele prosseguiu olhando para o salão – Esse ano algumas mudanças foram feitas na escola e no corpo docente. No ano passado perdemos o nosso antigo diretor Alvo Dumbledore que nos deixou sendo ferido pelo Indesejável Número 1 Harry Potter – eu ouvi as vozes de surpresa de todo o salão e meu sangue ferveu de ódio – Por isso algumas mudanças serão feitas para proteger nossa escola desse mal – ele deu uma pausa – Teremos constantemente agentes do Ministério em nossa escola para verificar que nada vá contra o regulamento e a segurança da comunidade bruxa não seja ferida – eu entrei em choque ao ouvir suas palavras – Dementadores estão ao longo da escola para nos proteger e qualquer um que compactue com Potter será preso – ele deu uma pausa – Algumas mudanças foram feitas no corpo docente – Snape explicou – A professora de Estudo dos Trouxas, senhorita Caridade Burbage está ausente e a nova professora será Aleto Carrow – a mulher apenas se levantou e deu um sorriso sinistro – O novo professor de Defesa Contra As Arte Das Trevas, que agora será chamada somente de Arte das Trevas, será o senhor Amico Carrow – o homem deu o mesmo sorriso perverso que a irmã dera – O professor que irá dirigir a Sonserina será o professor de poções Horácio Slughorn. – ele deu uma pausa antes de olhar para mim novamente – Todos sabemos que a perda do antigo diretor foi algo que devastou nossa escola, mas todos estamos prontos para seguir em frente. – os alunos estavam completamente quietos, ninguém ousava falar – Agora que todos os anúncios foram feitos, o jantar será servido.

Todos os alunos comiam silenciosamente e sem ter a coragem de levantar a cabeça e olhar para a mesa dos professores. Alguns começaram a conversar, principalmente os sonserinos que estavam amando aquela situação, muitos alunos do primeiro ano estavam apavorados com a presença dos comensais e não conseguiam nem se concentrar. Uma garota ao meu lado do primeiro ano mordiscava um pãozinho com o olhar baixo sem ter coragem de encarar ninguém. Ela tinha os cabelos bem castanhos e uma franja retinha que a deixava ainda mais infantil.

- Oi – eu a chamei cutucando seu braço de leve e ela se assustou e me olhou com medo – Tá tudo bem – eu a tranquilizei – Qual é seu nome?
- Lisa – ela respondeu dando um sorriso – E o seu?
- – eu respondi sorrindo – Parabéns por ter entrado na Grifinória, aqui é a melhor Casa – ela sorriu – Não fique com tanto medo, isso vai passar.
- Eles dão muito medo – ela disse finalmente me olhando – Por que você não está com medo?
- Eu estou, mas não deixo eles verem – eu disse – Seja corajosa, você é uma menina muito linda para ficar com essa expressão – ela se permitiu sorrir – Fica tranquila e se precisar de qualquer coisa pode me chamar.
- Você é de qual ano? – ela perguntou se soltando um pouco mais.
- Sou do sétimo – eu respondi e ela fez uma carinha de surpresa – Meu último aqui.
- Uau – ela respondeu rindo – Você é bem grande então – nós rimos –Quem são seus amigos?
- Aquele ali é o Neville – eu apontei para ele que cheirava seu prato e ficava com uma cara confusa – Gina – apontei para minha amiga que conversava animada com Parvati – Esse aqui é o Nathan – eu cutuquei e ele sorriu para a garota sem mostrar os dentes - E na Corvinal está Luna – eu apontei para Luna que percebeu que eu a olhava e acenou, eu acenei de volta – Eu tinha mais amigos, mas eles não estão aqui.
- O que aconteceu com eles? – ela perguntou preocupada.
- Não puderam vir esse ano – eu respondi simplesmente – E você? Fez algum amigo?
- Estava conversando com um menino no trem – ela disse baixo – mas ele acabou indo para a Sonserina. O nome dele é Ryan – ela apontou para um garoto de cabelos escuros que estava exatamente ao lado de Draco, dei uma risada com a ironia – Não falei com ele ainda.
- Bem, tenho certeza que você vai encontrar ótimos amigos em nossa Casa – eu disse sorrindo porque sabia que talvez Ryan nunca mais falasse com ela – Bom, você já conseguiu uma.
- Jura? – ela disse sorrindo – Quem?
- Eu – nós sorrimos e continuamos a conversar até que ela teve que subir com os outros alunos seguindo o monitor.

Depois que o jantar foi servido, eu estava levantando para subir para a Grifinória quando fui parada no pé da escada por dois comensais e um deles infelizmente era Jugson.

- Você vem com a gente – ele disse agarrando meu braço forte e me puxando de volta para dentro do Salão Principal, assim que eu entrei Draco saía e nossos olhares se cruzaram. Ele travou no lugar e seu rosto passou de tranquilo para preocupado. Eu achei que ele iria parar os Comensais e fazer alguma coisa, mas o olhar dele voltou a ser duro e ele voltou a andar para longe de mim. Não entendia o motivo de isso ter me chateado tanto ao ponto de meus olhos arderem e eu sentir que lágrimas viriam. Talvez havia ficado chateada porque mesmo tendo raiva dele e jamais o perdoando, eu ainda esperava que ele fosse me ajudar, fosse fazer alguma coisa. Mas ele não fez. Olhei para trás e ele estava parado na porta do Salão me olhando. Somente abaixei a cabeça e contornei a mesa junto com os Comensais e entrei na porta atrás da mesa dos professores.

Assim que eu entrei percebi que haviam mais três comensais lá dentro. Os irmãos Carrow e mais um que eu não sabia quem era. A lareira estava acesa deixando a sala um pouco quente, uma cadeira estava no meio da sala e eu já imaginava o que eles iriam fazer. Amico se virou assim que me viu e abriu um sorriso nojento. Aleto se aproximou de mim e fez um sinal para os comensais apertarem mais meu braço e me segurarem. Ela se aproximou e começou a procurar minha varinha dentro das minhas vestes, ao menos eles tiveram a decência de chamar uma mulher para fazer isso. Ela achou minha varinha no bolso da minha capa e depois que a recolheu apontou para a cadeira e eles me jogaram na cadeira e amarraram meus braços nos braços da cadeira. Amico se aproximou me olhando de cima a baixo e deu aquele sorriso nojento novamente.

- – ele disse meu nome de forma suja – Não sabia que teria a coragem de voltar a Hogwarts.
- Não devo nada a ninguém e a escola é pública – eu respondi – O que vocês querem comigo?
- Uma coisa simples – ele respondeu acariciando a varinha que estava em suas mãos – Uma pequena informação e você poderá ir embora. Onde está Harry Potter?
- Jura que vocês vão fazer a mesma pergunta de novo? – eu perguntei cansada – Quando vocês invadiram minha casa, torturaram a mim e a minha família eu já tinha respondido. Eu não sei.
- E você quer que nós acreditemos nessa mentira? – ele retrucou – Eu vou perguntar novamente e você vai dizer a verdade se não quiser sentir um pouco de dor. Onde está Harry Potter?
- No meu bolso – eu respondi atrevida e dei um sorriso perverso, acabei tomando um tapa no rosto e senti meu lado direito todo arder.
- Você vai aprender a não ser tão insolente – ele disse segurando meu cabelo com força bem na nuca e eu respirei fundo segurando um grito de dor – Crucio!

Senti meu corpo inteiro queimar como se espadas em brasa tivessem perfurando cada parte de mim, minha cabeça parecia que iria rachar e eu me contorcia na cadeira. Meus olhos lacrimejaram e eu segurei um grito que viria mordendo meus lábios com toda a força, senti sangue em minha língua, mas fiz o possível para não gritar e não dar esse gosto, somente urrava de dor e me contorcia. Ouvi risadas vindas de todos os lados e quando eu pensei que não iria aguentar mais, Amico parou a maldição e me olhou divertido, como se meu sofrimento fosse uma comédia para ele. E com certeza era.

- E agora? Se lembrou onde Harry e seus amiguinhos nojentos estão? – ele perguntou com o rosto perto do meu, eu somente fiquei em silêncio e Amico se afastou somente para vir para cima com toda a força e me dar um soco no rosto, dessa vez eu gritei surpresa e senti meu olho direito e a pele embaixo dele arder como nunca, tentei soltar minhas mãos, mas ela estavam atadas por algum encantamento, eu estava completamente presa àquela cadeira idiota. Senti sangue escorrer pelo meu rosto e isso foi a gota d’água para eu explodir. Gritei de raiva e o chutei quando ele se aproximou de novo. A raiva e o ódio eram como lava descendo pelas minhas veias. Fiquei totalmente descontrolada e o acertei como podia dando chute e pontapés. Ele caiu para trás e eu ouvi risadas cada vez mais altas. – Você vai ver sua vadia! – ele gritou e levantou com a varinha no ar e me acertou com uma carga de dor que me arrancou gritos violentos – ONDE ESTÁ HARRY POTTER? DIGA! – Amico se descontrolou e deu outro soco em meu rosto dessa vez perto da boca e eu acabei cuspindo sangue – SUA NOJENTA, ACHA QUE PODE IR CONTRA NÓS? VOCÊ ACHA? – Ele me deu um soco na barriga e eu arfei de dor enquanto recebia mais dor provenientes da maldição.
- Já chega – Aleto interferiu – Ela não vai falar nada e Snape disse para não deixarmos marcas – ela se aproximou, me deu um tapa no rosto depois segurou meu cabelo na nuca e aproximou nossos rostos – Presta atenção, isso não acaba aqui, nós temos o ano inteiro para descobrir onde aquele miserável está. Da próxima vez você irá dizer ou eu vou assumir a tortura e não vai ser tão gentil assim.
- Eu já disse que eu não sei – eu respondi sentindo meus olhos lacrimejarem – Eu não sei onde Harry está, não o vejo desde o casamento, não falo com ele ou com qualquer outra pessoa. EU NÃO SEI! – Tomei outra tapa no rosto.
- Não eleve o tom de voz comigo – ela disse brava e depois soltou as amarras com um movimento da varinha – Vai embora daqui.

Tentei levantar, mas meu corpo ainda se contorcia com espasmos de dor e eu tive que esperar alguns segundos, mas eles não quiseram esperar. Jugson e o outro comensal que me trouxeram, pegaram em meus braços e me tiraram da sala, levando-me até o pé da escada e me largando lá. Não conseguia levantar, minhas pernas não se mexiam, não me obedeciam, chorei de dor quando tentei tocar meu rosto para ter uma ideia dos estragos que eles causaram. Respirei fundo e segurei no corrimão da escada e subi alguns degraus, mas caí. Respirei fundo e tentei andar de novo, mas não conseguia. Ouvi passos e meu desespero foi tanto que acabei caindo os degraus que subi e bati minha cabeça no chão. Apaguei completamente.

Abri meus olhos e percebi que não estava na escada, mas na Ala Hospitalar em um dos leitos. Minha varinha estava no criado-mudo ao lado da cama. Não lembrava como tinha parado ali, não tinha ideia nenhuma. Madame Pomfrey estava sentada lendo um livro e não percebeu que eu acordei.

- Madame Pomfrey? – eu a chamei e ela sorriu e se aproximou – Como eu vim parar aqui?
- Como se sente? – ela perguntou sem responder minha pergunta – Sente-se melhor?
- Sim, acho que os efeitos da maldição já acabaram – eu respondi – Tem um espelho?
- Seu rosto está perfeitamente normal, toda sua beleza está no devido lugar – ela disse e conjurou um espelho me entregando depois – Vou assinar sua alta, tudo bem?
- Obrigada – eu respondi e me olhei no espelho percebendo que não havia nenhum arranhão em meu rosto – Como vim parar aqui?
- Um dos seus amigos te trouxe – ela respondeu sem me olhar enquanto assinava um pergaminho, se aproximou de mim e entregou o papel – Aqui está, você tem esse dia livre. Perdeu o primeiro dia, é uma pena.
- Tudo bem – eu respondi e levantei da cama – E minha varinha?
- Ele trouxe também – ela respondeu – Por favor, não se meta em encrencas de novo. Só coopere.
- Pode deixar – eu respondi e sai da Ala Hospitalar.

Cheguei à Grifinória e não havia ninguém, ainda era manhã e todos os alunos estavam tendo aulas. Subi até meu quarto e peguei uma roupa comum, calça jeans e uma blusa e fui tomar um banho. Depois de tomar banho e descer para o Salão Comunal eu ouvi o retrato abrindo e Neville, Gina, Parvati e um garoto novo vieram conversando, eles me olharam assustados e correram para falar comigo.

- O que aconteceu com você? – Gina perguntou depois de todo mundo se sentar ao meu lado no chão perto da lareira.
- Fui torturada ontem depois do jantar – eu respondi – E eu acho que vão fazer isso com você, Gina.
- Por causa do Harry? – ela perguntou e eu afirmei com a cabeça – Eu já esperava.
- Você não veio para o Salão Comunal ontem e não podíamos descer para te procurar – Neville disse e eu fiquei confusa.
- Espera – eu disse os olhando aflita – Nenhum de vocês me levou para a Ala Hospitalar?
- Não – Nathan respondeu –Por que?
- Alguém me achou caída na escada do Salão Principal – eu os olhei – E me levou para o Hospital e eu não sei quem é.
- Algum professor do bem deve ter te encontrado – Parvati disse – Bem, parece que você não vai para a aula, não é? Eu estou indo – ela disse e se juntou com Lilá.

Eles se dispersaram, eu saí do chão e me sentei em uma das poltronas olhando o fogo que queimava a lareira. Não havia sido nenhum dos meus amigos que haviam me socorrido na noite anterior. Quem poderia ter me ajudado?

Ele não pode me amar.

Duas semanas haviam se passado desde o começo das aulas. O meio do mês de agosto trazia raios solares que agradavam a todos no castelo. A estufa estava quente naquela manhã e uma camada de suor banhava minha testa enquanto eu tentava recolher o pus de Bulbos Saltadores sem ficar cega. Estava com óculos especiais e havia enfeitiçado a planta com o Imobilus. A aula de Herbologia era monitorada por um comensal que ficava parado na porta do grande barracão enquanto a professora Sprout explicava a matéria. Minha capa estava caída na cadeira e eu estava em pé apertando os Bulbos com força e o mais rapidamente para a planta não me cegar. Tirei as luvas e óculos, e passei a mão na testa limpando o pouco suor e prendi meu cabelo com o elástico que tinha em meu pulso. Coloquei as luvas e os óculos novamente e voltei a apertar os bulboscom rapidez colocando todo o conteúdo em tigelas.
- Muito bem –professora Sprout disse mais alto – Cada um deverá deixar as tigelas no balcão para trabalharmos na próxima aula. As plantas irão acordar em alguns minutos por isso tomem muito cuidado para...
- AI! – alguém gritou e eu vi que logo se tratava de um aluno da Lufa-Lufa quecomeçou a gritar com as mãos nos olhos – EU ESTOU CEGO!!
- Eu disse para tomar cuidado, você só ficará cego por algumas horas – a professora disse com calma enquanto o menino se debatia – Você vai acabar com o trabalho dos seus amigos!
- EU ESTOU CEGO! – o garoto gritou novamente e os amigos dele o guiaram para fora da estufa.
- Fiquem calmos, a cegueira é passageira – a senhor Sprout explicou – Não tirem os óculos e coloquem as plantas nos balcões atrás de vocês – peguei minha planta e o Bulbo pulava dentro do vaso tentando me acertar de qualquer jeito – Para a próxima aula pesquisem os efeitos do pus do Bulbo Saltador e para que ele serve. Podem ir almoçar.
Retirei os óculos e as luvas de pele de dragão e coloquei no balcão, peguei minha capa e enfiei meu livro dentro da mochila e saí da estufa conversando com Neville e Nathan subindo para o castelo para finalmente poder almoçar. O sol do meio-dia ardia minha pele e meu estômago se revirava com fome.
- Você é muito bom em Herbologia, Neville – eu elogiei e ele sorriu em forma de agradecimento – Eu consegui tomar conta daquela planta louca, mas você foi muito bem.
- Obrigada, – ele respondeu – Eu adoro Herbologia, eu acho que é a única matéria que eu vou bem.
- Não fala assim – eu disse sorrindo – Você é bom em outras coisas também, você só precisa se esforçar.
- Mudando de assunto – ele pediu – Vai fazer o teste para o time de quadribol?
- Eu vôo bem, mas não sei se me adequaria ao time – eu respondi – Quem é o capitão desse ano?
- Como o Harry saiu, ninguém sabe – Neville respondeu confuso – Kátia está vindo. Ei, Kátia!
- Oi, Neville, e Nathan! – ela respondeu gentil.
- Que horas é o teste para o time de Quadribol? – ele perguntou.
- Depois da última aula – ela respondeu – Você vai querer fazer?
- Não, ela vai fazer – ele disse sorrindo e eu me surpreendi – é muito boa.
- Faça o teste – Katia pediu – Harry ano passado nos disse que você era bem rápida voando. E Nathan, você pode fazer o teste também se achar que é bom.
- Eu vou fazer também, fiquei sabendo que vocês estão sem goleiro.
- Eu vou fazer – respondi e ela sorriu – Quem é o capitão esse ano?
- Gina Weasley – ela disse e eu sorri – Ela vai ficar muito feliz em saber que você vai tentar esse ano.
- Estarei no campo hoje à noite – eu disse e nós subimos para o Salão Principal para um almoço farto que nos esperava.
Saí do Salão Principal conversando com Gina e mordendo uma maçã. Os dias estavam tranquilos e eu não havia sido mais torturada desde o primeiro dia em Hogwarts, embora eu sempre sentisse comensais me seguindo pelo castelo. Os alunos tinham que andar todos juntos quando estavam trocando de aulas ou quando iam para suas Casas. Os alunos da Grifinória estavam subindo todos juntos quando eu voltei para jogar o resto da minha maçã fora. No exato momento que eu fiquei para trás e fui até a lixeira, os alunos da Sonserina saíam do Salão Principal e pegavam um dos corredores para ir até as masmorras. Joguei a maçã no lixo e me misturei com os alunos da Sonserina para chegar até as escadas. Fiquei quieta e os ouvi conversando quando senti uma mão em meu ombro.
- Você parece estar perdida – olhei para trás e Blásio Zabini me encarava zombeteiro.
- Só quero chegar às escadas me misturando com seu pessoal – eu respondi rápido e já via a escada chegando quando o senti segurar meu braço.
- Você mudou as coisas, – ele disse enigmático – E continua mudando.
- Do que você está falando? – eu perguntei, mas ele apenas sorriu e saiu andando com os outros alunos enquanto eu fiquei parada na escada sozinha.
O que eu tinha mudado? E o que Blásio sabia que eu tinha mudado? Aquele garoto havia falado comigo somente uma vez me expulsando da mesa dos sonserinos quando eu fui sentar lá com Draco. E então eu entendi o que eu tinha mudado. Ligando o que havia ouvido de Pansy no Expresso e agora com o que Blásio havia dito, eu entendi o que eu tinha mudado, ou melhor, quem eu tinha mudado. Provavelmente Draco estava pior do que o ano anterior e pensar nisso me deixou momentaneamente triste, mas eu afastei a tristeza logo. Ele não era digno da minha preocupação. Não mais.
Arrumei minha bolsa para as aulas da tarde. Seriam Feitiços e depois História da Magia. Arrumei minhas coisas e saí da minha Casa para atravessar o castelo até a aula de Feitiços que eu teria com a Corvinal e depois mais uma com a Sonserina.
Flitwick já estava nos esperando com um sorriso no rosto. Um comensal estava plantado no canto da sala e eu percebi que isso incomodava todos os alunos. Sentei-me ao lado de Neville e de Nathan que lia um livro e aguardei a aula começar. Flitwick explicou o conteúdo da aula, iríamos animar algumas pinturas e nossa aula era com a Corvinal.
A aula já estava perto do fim e eu não havia conseguido nenhum progresso, somente uma única vez eu havia conseguido fazer os olhos da garota na imagem se mexer, mas depois disso nada mais aconteceu. Bufei irritada e apoiei minha cabeça na mesa dando um tempo. Olhei para o quadro e a menina na balança estava totalmente paralisada e tentei mais uma vez. Murmurei os feitiços ensinados, mas ela não se mexeu. Comecei a folhear o livro e continuei a tentar. A balança da garota se mexeu um pouco, continuei com o que eu estava fazendo e ela finalmente se mexeu. Dei um sorriso e chamei o professor, mas assim que ele se aproximou, a garotinha parou.
- Senhorita , você deve fazer o feitiço durar – Flitwick disse – A senhorita não está fazendo direito.
- Eu não consigo, ela se mexe algumas vezes, mas nada acontece – eu reclamei e ele me olhou sério.
- Acho que precisa de um incentivo – ele disse e se afastou trazendo outro quadro – Tente com esse.
Eu dei um sorriso de agradecimento e dei uma risada ao perceber que o quadro era de uma fênix. Ela estava estática como os quadros trouxas e eu sabia que o professor tinha feito de propósito. Respirei fundo e comecei os feitiços novamente até que finalmente a fênix começou a se mexer e voou por todo o quadro, continuei murmurando feitiços e ela se mexia ainda mais, eu sorri em agradecimento e aceitei aquilo como um lembrete de que não podia parar.
A aula de História da Magia ainda era administrada pelo professor Bins, o fantasma que gentilmente atravessava a parede quando a sala ficava cheia. Ouvi Pirraça passar gritando pelo corredor alguma coisa contra um Comensal e dei risada. Pirraça era o único daquele castelo que conseguia fazer qualquer coisa contra Comensais. Estávamos estudando a Era Contemporânea da Magia e eu adorava aquela matéria, mesmo sentindo um sono absurdo na maioria das vezes.
Senti um papel pousar em minha mesa, vindo em forma de aviãozinho. O abri e li o recado que havia vindo de Nathan.

Você vai mesmo fazer o teste para entrar no time de quadribol?

Rabisquei a resposta, somente um sim simples, fiz um encantamento e o papel em forma de avião pousou na carteira do garoto. Ele olhou para mim e deu um sorriso que eu achei muito encantador. Nathan era bonito e só agora depois de dias eu parei para analisar esse fato. Ele tinha impressionantes olhos azuis, um cabelo castanho que batia em seus olhos e que ás vezes o deixava muito sexy quando ele o jogava para o lado e claro, tinha o sorriso mais safado daquela escola. Ele vivia me lançando olhares assim, alguns de brincadeira, outros sérios e eu apenas ria e o batia com o que estivesse perto. Ouvi a sineta, juntei minhas coisas e subi para o Salão Comunal para guardar meu material e descer para o jantar. Coloquei uma roupa qualquer, pois precisava de movimento, deixei minha vassoura no pé da minha cama, assim era só conjurá-la e ela iria aparecer. Desci as escadas e entrei no Salão Principal sentando-me ao lado de Gina que estava com o uniforme de quadribol da Grifinória e sorriu assim que me viu.

- Katia disse que você vai fazer o teste – ela sorriu ao dizer – Tomara que você passe.
- Eu preciso me distrair esse ano – eu respondi dando um gole no suco de abóbora.
- Colar diferente o seu – Gina disse pegando meu colar com o símbolo do triângulo – Onde conseguiu?
- Dumbledore deixou para mim – eu disse – Não sei o que significa, estou usando como presente mesmo.
- Entendi – ela sorriu – Coma logo e depois desça para o campo de quadribol.

Comi todo o jantar e desci para o campo, mas assim que passei pelas portas senti uma corrente de vento gelada e me arrependi por não ter pegado uma blusa mais grossa. Eu sabia que iria suar por isso não peguei blusa nenhuma, mas me esqueci do caminho gelado até o campo. Espirrei algumas vezes e comecei a andar para o lado de fora do castelo quando ouvi alguém me chamando.
- Quer ficar com a minha blusa? – eu virei para trás e Draco estava parado com a capa dele nas mãos – Você espirrou umas duzentas vezes, eu achei que precisava.
- Não preciso de nada que venha de você – eu respondi grossa e dei as costas o ignorando totalmente, espirrei novamente e olhei para trás para vê-lo com aquele sorriso convencido nos lábios. Nathan passou ao lado dele e se juntou a mim no caminho – Oi, Nathan.
- Oi, – ele sorriu – Está com frio? Quer minha blusa?
- Obrigada – eu sorri e peguei a blusa de Nathan que era três vezes maior que eu, olhei para trás, mas Draco não estava mais na porta do Castelo – Vai fazer o teste para que?
- Vou fazer para goleiro, ouvi dizer que os melhores goleiros da Grifinória não estão esse ano, então eu achei que seria uma boa – ele explicou – E você?
- Vou fazer o teste para artilheira, mas não sei se passo – eu respondi – Katia Bell e os outros são muito bons.
- Eu nunca vi você voar, mas Gina acredita que você pode ajudar, então boa sorte pra nós – ele ergueu a mão e fizemos um high-five.

Devolvi a blusa de Nathan assim que entrei no campo e percebi que o cheiro dele ficou em minha roupa, não era um cheiro ruim... Era diferente. Gina estava no meio do campo e eu percebi que Neville e Luna estavam sentados juntos olhando tudo. O time estava reunido e eu me juntei a eles.

- Olá para todos – Gina disse – Eu sou a nova capitã do time da Grifinória. Os testes serão feitos primeiramente com os candidatos a goleiro e artilheiros. Podem convocar suas vassouras.
O teste começou e eu tive que tentar desviar dos balaços e voar o mais rápido que eu consegui. Marquei três gols de seis tentativas, Nathan conseguiu pegar os três últimos. Voei o mais alto e o mais rápido que pude, e assim que terminei fui me sentar e esperar o teste das outras pessoas. O teste havia começado sete horas da noite e terminou às dez horas. O vento frio fazia com que eu batesse meus dentes e eu desejei ter a capa de Draco para me esquentar. Gina disse que divulgaria o resultado em três dias. Não esperei ninguém e subi para o Castelo com os dentes batendo e me abraçando o máximo que eu podia.
A manhã chegou e eu senti que poderia ficar na cama o dia todo, estava um pouco gripada por ter pegado friagem na noite anterior. Juntei minhas coisas e fui tomar um banho quente pela manhã no banheiro feminino da Grifinória. Tirei minhas roupas e quando estava só de lingerie eu olhei para a fênix em minhas costas e decidi ser forte naquele dia, afinal eu teria uma aula com Sonserina. Teria Arte das Trevas naquele dia e eu sabia que precisava ficar calma durante aquela aula. Os Comensais tentavam nos testar em todo momento para ver até onde os alunos iam para ganhar uma detenção ou serem torturados. Eu havia conseguido me manter calma durante todos aqueles dias e torcia para continuar daquele jeito. Tomei banho, me arrumei e fui tomar café. As primeiras aula do dia foram Transfiguração e História da Magia e depois fui para a aula de Estudos dos Trouxas, a professora era a Aleto Carrow, aquela bruxa nojenta que fazia questão de falar que trouxas não possuíam valor nenhum. Eu fazia essa matéria porque havia se tornado obrigatória para todos os alunos. Ordem do Ministério. Essa aula seria com os alunos da Corvinal, que também não gostavam da professora. Sentei com Neville e Nathan e ficamos conversando até Aleto entrar na sala.
- Hoje estudaremos o jeito de combate dos trouxas – ela começou a falar – Os Trouxas são tão rudimentares que usam um componente chamado pólvora para fazer suas armas terem poder de machucar...
A aula inteira ela falou mal dos trouxas e dos nascido-trouxas e eu me segurei para não enfiar a varinha dela em sua garganta. O preconceito era nítido em sua voz, ela não media esforços para achar xingamentos que expressassem seu nojo o suficiente. Eu não prestei atenção e desenhei uma fênix em cada folha do pergaminho para passar o tempo. Ela passou alguns slides com fotos de guerras dos trouxas e os insultou mais algumas vezes. Ao ver as fotos eu notei que eles não eram diferentes de nós, nós também estávamos em guerra. O sinal bateu e eu peguei minhas coisas e saí da sala indo para a aula de Arte das Trevas.
As aulas com Sonserina sempre me deixavam nervosa, Draco não tentava falar comigo, não tentava se aproximar e ficava quieto sentado ao lado de Blásio. Algumas vezes Pansy sentava com ele e confesso que meu sangue fervia de raiva por vê-la em cima dele como um urubu. Muitas vezes ela virava para mim e sorria debochada somente para virar para ele e fazer um carinho em seu ombro.
Amico foi para frente da sala e começou sua aula falando sobre métodos de atacar trouxas. Sim, o assunto principal naquele começo de ano era algo relacionado a trouxas e nascido-trouxas. A aula era realmente irritante e Pansy fazia questão de tocar em Draco sempre que podia, ficava rindo de qualquer merda que ele falasse, ela realmente estava se esforçando para tê-lo de volta. Eu tentava não me incomodar, mas era impossível, por isso na maioria das vezes eu ignorava e virava meu rosto para qualquer outra direção.
- Os nascido-trouxas podem ser muito poderosos, muitos deles conhecem magia e vão saber se defender por isso saber a maldição certa para ataca-los é a melhor opção – ele disse andando pela sala – A primeira alternativa é desarmá-los. E o que usamos para desarmar um inimigo?
- Expelliarmus – um aluno da Sonserina disse.
- Muito bem, 10 pontos para Sonserina – Amico disse – E se fizermos uma demonstração? Quem poderia me ajudar aqui? – vários alunos da Sonserina levantaram a mão – Senhorita ?
- Eu não vou – eu disse e voltei a escrever qualquer porcaria no meu pergaminho.
- Isso não foi um pedido – ele disse com a voz séria e eu levantei da cadeira e caminhei até a frente da sala ficando perto da mesa do professor, ele foi até a outra ponta perto da escada que dava para o aposento do professor que ficava sempre acima da sala.
- Você vai ser um nascido-trouxa e eu tentarei te desarmar – Amico disse e eu tirei minhas varinhas das vestes – Antes que o sangue ruim possa pensar você... EXPELLIARMUS! - ele gritou sem avisar e minha varinha voou para sua mão, eu somente aguardei os próximos passos – E agora com a varinha do oponente em mãos, é só atacar.
Eu fechei meus olhos em reflexo ao ouvi-lo pronunciar a Cruciatus. Porém a dor não veio. Eu abri os olhos e me deparei com alunos estarrecidos, um Amico bravo, um Neville em pé com sua varinha para o alto e um campo de força em minha frente. Meu amigo havia conjurado o Protego para me proteger. Os alunos da Grifinória começaram a aplaudir e eu não sabia o que fazer.
Amico mirou a varinha em Neville tentando acertá-lo com o Expelliarmus, mas novamente não conseguiu. O professor se irritou com isso e começou a disparar vários feitiços que só contribuíram para deixar a sala um caos, Neville desviava de todos com destreza. Os alunos se abaixaram e eu fui correr para o lado de Neville, mas fui puxada para baixo assim que um feitiço iria me acertar. Olhei para o lado e Draco ainda segurava meu braço com uma expressão assustada. Os feitiços continuavam passando por cima e eu percebi que muitos alunos corriam, uma cadeira voou em nossa direção e ele me puxou para atrás de uma das mesas.
- Me dá sua varinha – eu pedi e Draco me olhou assustado – Eu preciso da sua varinha!
- O que você vai fazer? – ele perguntou assustado.
- Vou ajudar o Neville – eu respondi e ele balançou a cabeça negativamente – Eu pego então – eu me joguei em cima dele e alcancei sua varinha dentro do bolso da capa. Levantei das cadeiras sem Amico prestar atenção e gritei – ESTUPEFAÇA!
Amico foi arremessado longe e bateu com força na parede da sala. Tudo se acalmou e eu olhei para Neville que estava suado e com um corte no super-cílios. Eu joguei a varinha para Draco e saí andando até Neville, ele arfava cansado e várias cadeiras estavam jogadas em todo o lugar junto com pergaminhos pisados e tinteiros estourados manchando todo o chão de tinta.
- Você está bem? – eu perguntei e ele afirmou com a cabeça – Conjure minha varinha, por favor.
- Accio varinha de ! – minha varinha veio voando e eu peguei – O que faremos?
- Agora a gente corre pra longe daqui! – eu disse e saí correndo daquela sala esquecendo meu material e qualquer coisa. Neville vinha atrás de mim.
Assim que passamos pela porta já havia comensais parados nos esperando. Eu parei bruscamente e Neville travou ao meu lado. Olhamos-nos e já sabíamos que estávamos ferrados.
Eu abri a porta do banheiro com uma mão enquanto segurava os esfregões e entrei sendo seguida por Neville que carregava dois baldes com pano e um pedaço de sabão dentro de cada balde. Depois da confusão na aula de Arte Das Trevas fomos levados para Snape e Minerva apareceu para nos socorrer. Ela conseguiu interceder por nós e agora nós tínhamos que limpar o banheiro do primeiro andar sem o uso da magia. Assim que saímos da sala de Snape ela nos deu uma bronca dizendo para nunca mais fazermos isso, pois ela não conseguiria nos proteger novamente.
- Isso vai dar trabalho – Neville disse colocando as coisas no chão – Por onde começamos?
- Tirando o lixo – eu disse por intuição, nunca tinha lavado um banheiro na vida – Depois lavamos as pias, os vidros, as privadas e por último o chão. Vamos começar.
Limpamos o banheiro todo e quando acabamos estava perto das dez e meia da noite. Sentamos no chão do banheiro, cansados de tanto limpar e eu respirei fundo. O banheiro estava limpo depois de quase vômitos, guerra de água e tombos na água com sabão. Olhei para Neville e começamos a rir juntos sem ao menos ter um motivo aparente. Neville havia se tornado um ótimo amigo para mim, estava fazendo o papel que Fred não podia fazer porque estava longe. Ficamos em silêncio por uns segundos até que ele resolveu se manifestar.
- , posso te fazer uma pergunta? – ele disse olhando para baixo envergonhado.
- Claro que sim – eu respondi – O que foi?
- O que aconteceu entre você e o Malfoy? – ele perguntou e eu suspirei – Vocês não se desgrudavam ano passado e esse ano não se falam mais.
- Você lembra quando os comensais entraram no castelo e nós ficamos de plantão na Sala Precisa esperando eles aparecerem? – ele afirmou com a cabeça – Ele me machucou a partir daquele momento, pois trouxe monstros pra dentro do castelo para machucar as pessoas que eu mais me importo. Eu não posso ficar com alguém que faz isso comigo, Neville.
- Você sabia que ele era comensal? – ele perguntou.
- Eu sabia e eu não o denunciei porque não tinha ideia do que ele iria fazer – eu respondi de cabeça baixa – Se soubesse, eu jamais teria namorado com ele.
- Deve ter sido difícil pra você – Neville disse e eu estava começando a me sentir desconfortável.
- Está sendo difícil – eu respondi – Mas ninguém precisa saber – eu dei uma pausa – Vamos?
- Sim – ele levantou e eu levantei em seguida, mas antes que pudéssemos sair, a Murta-Que-Geme apareceu dos encanamentos e pairou em nossa frente.
- O que fazem aqui? – ela perguntou enquanto flutuava pelo banheiro.
- Detenção – eu respondi – Como você está, Murta?
- Sozinha e pensando na morte – ela respondeu – Você ainda chora pelo menino Malfoy?
- Quase sempre – eu respondi sinceramente, não tinha motivos para mentir para um fantasma.
- Ele também chora por causa de você – ela disse – Vive encarando o próprio reflexo no espelho e de vez em quando umas lágrimas caem – ela disse e começou a chorar muito alto, eu e Neville tampamos os ouvidos – Todos choram nesse castelo.
Murta saiu flutuando e entrou num encanamento encharcando uma das cabines que eu e Neville tivemos tanto trabalho para limpar. Comecei a dar risada e o garoto me acompanhou. Assim que paramos de rir, saímos do banheiro e fomos em direção à Grifinória. Nathan estava sentado em uma das poltronas nos esperando. Eu fechei a cara quando o vi, estava brava por ele ter se acovardado durante a luta com Amico. Ele não fez nada só ficou olhando assustado.
- – ele veio em minha direção e ignorou Neville que o encarou bravo antes de subir para o dormitório – Eu sei que você está brava, mas eu fiquei assustado, não sabia o que fazer.
- Assustado? – eu perguntei incrédula – Quantos anos você tem? Nós estamos vivendo um período de guerra, Nathan! Você não pode se esconder enquanto seus amigos lutam para defender algo ou alguém! Neville se arriscou para me proteger e eu me arrisquei para defendê-lo. Eu não sei se é por que você estudou em casa a vida toda e não teve amigos, mas isso que é uma amizade, Nathan!
- Eu sei e eu sinto muito – ele me olhou suplicante – Eu fiquei assustado, eu nunca briguei com alguém, só treinava com meus pais no porão, nunca precisei defender ninguém ou lutar. Por favor, me desculpa, eu deveria ter te defendido também. Da próxima vez eu te jogo no ombro e saio correndo.
- Não precisa de tanto, Nathan – eu respondi e nós rimos – Está tudo bem, está desculpado.
- Pode me chamar de Nate, eu não me importo – ele sorriu e me puxou para um abraço – Não gosto de ver você brava.
- Ninguém gosta – eu respondi e dei um beijo em sua bochecha – Vamos dormir porque amanhã precisamos exercitar sua coragem.
- Você é única, – ele disse me abraçando de lado e beijando minha testa – Boa noite.
- Boa noite, Grings – eu respondi sorrindo e subindo para o dormitório.
Era quase meia noite e eu ainda estava acordada deitada encarando o dossel vermelho da cama. As palavras de Murta ecoavam em meus ouvidos e eu não conseguia parar de pensar e de imaginar Draco chorando. Eu já havia visto o garoto chorar, mas foram poucas vezes e somente uma delas foi por mim. Meu peito se contorceu de pena ao saber que ele sofria como eu e a vontade de voltar para ele se alastrou dentro de mim. Meus olhos arderam e eu finalmente chorei depois de tanto tempo aguentando todos aqueles sentimentos malucos. Eu havia começado a achar que não existia amor dentro daquele coração, mas agora minha opinião estava começando a mudar e eu não poderia deixar isso acontecer. Voltar a acreditar em Draco significava voltar para ele e isso jamais poderia acontecer. Eu não tinha esse direito, não poderia fazer isso com Dumbledore ou comigo mesma. Draco não me amava, ele não podia me amar.


And it's been a while but I still feel the same*

Agosto estava chegando ao fim e duas semanas haviam se passado desde o incidente na aula de arte das trevas. Eu não havia sido torturada desde aquele dia, mas isso não era motivo para tranquilidade. Em qualquer momento, eu poderia ser retirada de uma aula e sofrer uma onda de torturas e como sempre a mesma pergunta idiota era feita: Onde está Harry Potter? Eu evitava andar sozinha pelo castelo e não saia da Grifinória depois do jantar. Não fazia mais passeios noturnos ou ficava na biblioteca até a hora de fechar. O medo se alastrava em meu coração como uma fumaça incolor e a cada dia me empurrava para dentro de mim mesma.
Naquela manhã, eu acordei e fui para o salão principal tomar café. Desci acompanhada de Neville e Gina e na escada encontramos Luna conversando com um quadro. A conversa era leve e Nathan juntou-se a nós um pouco depois porque acordou atrasado, evitávamos falar sobre assuntos importantes quando os corredores estavam lotados. Descemos a escada juntos e depois fomos tomar o café da manhã. A primeira aula era Arte das Trevas e depois seria Poções, as duas com Sonserina. E eu tinha certeza que Snape tinha montado esse horário querendo rir da minha cara.
Sentei junto com Neville e Nate em uma das mesas e me preparei para a tortura. Conversei com alguns alunos da Grifinória, qualquer coisa boba somente para passar o tempo e tentar fingir que eu era normal, mas tudo acabou quando os alunos da Sonserina chegaram e com eles, Draco. Pansy vinha atrás dele como um cachorrinho pedindo por atenção e assim que me viu, correu e sentou na cadeira ao lado à que Draco estava puxando para sentar. Ela tentava puxar assunto com ele, mas Malfoy nem dava atenção, somente escrevia qualquer coisa em um pergaminho.
Amico entrou na sala naquele momento e meu sangue gelou. Eu tinha medo dele, medo do que ele era capaz de fazer comigo, visto que ele mesmo dissera que ainda não tinha usado toda sua capacidade de tortura. Por isso nos poucos momentos em que eu o encarava, um calafrio descia pela minha espinha.
- Existem algumas azarações – ele começou a falar – Que prejudicam o físico de seu oponente. Deformam, mutilam o corpo do seu oponente. E nós iremos trabalhar em cima dessas azarações ao longo desse trimestre.
E começava mais uma aula chata de como machucar pessoas. Eu estava quase me acertando com uma maldição quando a sineta finalmente tocou. Saí da sala com os meninos quando um papel em forma de aviãozinho pousou em meu ombro. Eu o peguei e abri.

Cuidado por onde você anda ou o que você faz. Está sendo vigiada.

Olhei para trás, mas era inútil tentar saber quem mandou naquele mar de alunos andando pelo corredor.
- O que foi? – Neville perguntou e eu entreguei o papel a ele – Tem duplo sentido, pode ser uma ameaça ou um aviso.
- O que é? – Nate perguntou e Neville passou o papel para ele – Nossa, essa escola está ficando cada vez mais estranha.
- Eu acho que é um aviso – respondi e guardei o papel no bolso – Mas eu não me importo. Precisamos ir para Poções nas masmorras.
- Você tem que realmente tomar cuidado – Neville avisou – Não pode ficar dando brecha.
-Eu nunca dou brechas, eles me torturam por pura vontade de ter o que fazer – eu respondi –Vamos, meninos.
O bilhete que eu havia recebido estava amassado em meu bolso e eu não o soltava por nada, a tinta havia manchado minha mão porque já havia escapado do papel. Um pressentimento ruim banhava meu espírito e agora eu realmente achava que aquilo havia sido um aviso. O jantar estava quase no fim e os Comensais andavam de um lado para o outro ao redor das mesas. Eu comia o mais devagar possível para não ter que levantar dali e correr algum risco. Assim que meus amigos terminaram de comer, eu me levantei junto eles e começamos a sair rapidamente do salão. Eu estava quase na porta até que fui barrada. Meu sangue gelou quando senti um aperto forte no meu braço. Levantei o olhar e um Comensal que eu não sabia o nome me olhava.
- Você vem comigo, Snape quer vê-la – ele disse e começou a me puxar pela escada.
- Nós temos aula amanhã – Gina disse indo atrás de mim – Ela precisa ir pra Casa.
- Ordens do diretor – ele disse para ela e começou a me puxar com mais força pelo braço, Neville e Gina subiam atrás de mim, mas chegou num ponto em que as escadas foram separadas e eu fui para um lado e eles para o outro.
- O que o Snape quer comigo? – eu perguntei enquanto andávamos pelos corredores.
- Você irá saber – ele respondeu seco. – Sua varinha.
- Eu não vou entregar – eu retruquei brava, mas assim que ele me olhou eu soube que tinha feito merda. Tirei minha varinha da capa e entreguei para ele.
A gárgula apareceu em meu campo de visão e automaticamente eu fiquei triste ao lembrar todos os momentos que eu tive na sala do diretor e então eu percebi que não estava preparada para subir aquelas escadas e encarar Snape ou os móveis daquele lugar. Não estava pronta para olhar o poleiro de Fawkes e não ver nada ali, não estava pronta para olhar a mesa e não ver o tio Dumbledore do outro lado. Aquilo jamais seria suportável.
A porta foi aberta e eu não me surpreendi ao ver todos os Comensais do Castelo reunidos ao redor de Snape, e Draco também estava lá. Um arrepio desceu pela minha espinha e eu sabia que eu não sairia ali do jeito que eu entrei. Morta era a minha melhor aposta.
- Boa noite, senhorita – Snape disse e o Comensal que me trouxera deixou-me no meio da sala – Como se sente?
- Não finja que se importa e fale logo o que você quer – eu disse brava, tentando transmitir em cada palavra o ódio que eu sentia.
- Como se atreve? – Aleto disse vindo para cima de mim, mas parou quando ouviu a voz de Snape.
- Deixe, Aleto – ele disse – Eu te chamei aqui para perguntar algo.
- Deixe-me adivinhar: Onde está Harry Potter? – eu zombei deles.
- O que Alvo Dumbledore te deixou? – ele disse dando a volta na mesa e parando nas escadas que separavam a sala em duas partes.
- Ele deixou isso a mim e não a você, então eu não vou dizer – eu respondi séria.
- Você irá me dizer o que ele te deixou, isso é importante para o Ministério – ele retrucou – Precisamos saber o que Dumbledore te deixou, em respeito a sua memória...
- Não venha falar sobre a memória dele! – eu o cortei – Você é o menos digno de falar sobre ele!
- Ele iria querer que você contribuísse com o Ministério – Snape disse e fúria desceu pelas minhas veias como lava.
- SEU NOJENTO! – eu corri para tentar acertá-lo, mas algum Comensal me puxou pela cintura e me jogou no chão com força, eu acabei caindo batendo meu joelho no chão e senti uma dor muito forte, mas mesmo assim levantei e tentei acertá-lo com meus punhos – NÃO OUSE FALAR DELE, NÃO ABRA SUA BOCA IMUNDA PARA CITAR O NOME DE DUMBLEDORE! SEU PODRE, VOCÊ O MATOU, ELE PEDIU CLEMÊNCIA E VOCÊ O MATOU! – eu gritei com raiva enquanto outro Comensal me segurava pela cintura me empurrando para longe – EU VOU MATAR VOCÊ, ARRANCAR SUA PELE E MATÁ-LO COMO VOCÊ MATOU DUMBLEDORE, SEM MISERICÓRDIA!
O soco que eu tomei no rosto me fez cambalear para trás, eu fiquei quieta instantaneamente porque a dor em meu rosto era forte demais. O osso abaixo do meu olho ardia como fogo, meus olhos lacrimejaram e logo lágrimas caíam dos meus olhos. Ouvi risadas baixas ao meu redor, mas eu não tinha força para retrucar, a dor era forte demais. Não sabia quem tinha me dado o soco, pois assim que abri os olhos todos os Comensais estavam ao redor e Snape continuava parado nos degraus. Draco me olhava apavorado e com as mãos fechadas em punhos, eu o encarei também e sabia que ele estava sentindo pena de mim.
- Já chega de dar o seu show – Snape disse – Você vai falar o que Dumbledore te deixou?
- Não – eu respondi séria – Você é um covarde e pode me torturar o quanto você quiser, eu não vou dizer uma palavra.
- Tudo bem – ele respondeu – Amico, traga Draco até aqui. - O que você vai fazer? – eu perguntei desesperada. Ele não iria fazer isso, era sujo demais – Snape, o que você vai fazer?
- Vou usar um método diferente, garanto que Draco não vai se importar – ele disse.
- Vou sim – Draco finalmente se manifestou – Você não vai me machucar pra chegar nela, isso é ridículo, ela não se importa!
- Eu não me importo mesmo – eu respondi porque realmente não me importava com Draco, aquilo não iria me afetar.
- Se você não se importa, você não vai sentir nada em vê-lo sofrer – ele disse e apontou para Amico que rapidamente tirou a varinha das vestes. Ele realmente ia fazer isso.
Um grito em latim e lá estava meu ex-namorado se contorcendo de dor em minha frente. Draco arfou e apertou os lábios enquanto respirava ofegante, suas pernas cederem e ele caiu no chão ajoelhado em minha frente. O grito de dor abandonou seus lábios e foi um dos piores sons que eu havia ouvido em minha vida. Naquele momento eu percebi que me importava até demais com aquele garoto. Ele continuou a gritar e eu tentei ignorar, fechei meus olhos e coloquei as mãos nos ouvidos, mas era inútil. Draco urrava e se debatia no chão enquanto eu ficava em sua frente de olhos fechados tentando ser forte, não podia demonstrar emoções nenhuma, aquilo não podia me afetar. Não percebi quando comecei a chorar, os gritos aumentaram ainda maise eu não poderia ser tão cruel daquele jeito. Corri até Draco e me ajoelhei em sua frente, puxando o garoto para meu colo e repousando sua cabeça em minhas pernas, ele gritava e eu apertei sua mão com força, sentindo meus dedos quase se esmigalharem pela força com que Malfoy os apertava. Seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas e ele me olhou com um profundo pedido de socorro em sua íris.
- PARA, POR FAVOR, ELE ESTÁ SOFRENDO DEMAIS, PARA POR FAVOR! – eu gritei enquanto chorava, Draco ainda se debatia– POR FAVOR, SNAPE, FAÇA-O PARAR!
- Conte-me o que Dumbledore te deixou – Snape retrucou calmamente entre um grito e outro.
- EU CONTO, MAS POR FAVOR, DEIXE O DRACO EM PAZ! – eu pedi chorando e puxei Draco ainda mais para mim – Vai passar, eu juro que vai passar, Draco – eu disse para ele que chorava em meu colo enquanto se contorcia – POR QUE ELE NÃO PAROU?
- Amico, já chega – Snape disse e ainda contrariado o homem parou o feitiço. – - Acabou, Draco – eu sussurrei para o rapaz em meu colo que se debatia de dor, eu peguei sua mão e depositei um beijo na palma, ele fez um carinho em meu rosto e sorriu pra mim – Como você consegue sorrir desse jeito? – eu ri em meio às lágrimas e beijei sua testa, ele ainda se debatia levemente sentindo os resquícios da cruciatus – Livros e um dinheiro. Foi isso que ele me deixou.
- Como é? – Snape disse e se aproximou de mim, eu puxei Draco para mais perto numa tentativa infantil de protegê-lo.
- Dumbledore me deixou livros e a chave do cofre com galeões – eu respondi enquanto olhava para o rosto de Draco que me encarava ainda sem poder expressar nada, tamanha era a dor que ele ainda sentia – E esse colar – eu disse e puxei a corrente e a puxei do meu pescoço com força, senti minha pele arder, mas não me importei. Joguei no chão aos pés de Snape – E eu não tenho a mínima ideia do que significa, eu só uso em memória ao Dumbledore.
- Que tipo de livros? – ele perguntou depois de se abaixar e pegar meu colar e guardar no bolso.
- Ligações mágicas, ele sempre me treinou - eu respondi e encarei Snape – Foram apenas malditos livros, você não precisava ter feito isso.
- Você nunca iria contar – ele respondeu – E sim, você se importa.
- Eu odeio você – eu disse baixo e voltei meus olhos para Draco que ainda estava caído em meu colo – Consegue falar alguma coisa?
- Você está bem? – ele sussurrou com dificuldade e eu afirmei com a cabeça – Você se importa.
- Cala a boca – eu retruquei brava – Preciso levar você até a Madame Pomfrey, consegue levantar?
- Acho que sim – ele levantou a cabeça do meu colo e ficou de joelhos com dificuldade, eu me coloquei de pé e o puxei pra cima – Obrigada.
- Podemos ir? – eu perguntei para Snape enquanto passava um braço de Draco pelos meus ombros.
- Você vai e ele fica – Snape respondeu friamente – Ele é um Comensal não deve andar com pessoas do seu tipo.
- Ele precisa ir para a enfermaria, você não está entendendo – eu nem pude retrucar mais, pois logo em seguida, braços me puxaram para fora da sala de Snape – ESPERA, ELE NÃO PODE FICAR AQUI, ELE PRECISA... DRACO!
Eu não pude ouvir mais nada porque o Comensal me jogou na escada da gárgula com força e eu tive que descer. Meus olhos arderam mais uma vez naquela noite e eu comecei a chorar, nem ao menos pude pegar minha varinha de volta e tentar ajudar Draco. Saí cambaleando e sentei no chão apoiando minhas costas na parede de pedra, sentindo o frio acalmar meu corpo quente e agitado. O choro molhava meu rosto e a preocupação inundava meu coração o apertando cada vez mais e nada do que eu tentava, fazia esse sentimento ir embora. Quem eu queria enganar? Eu continuava amando e me importando com o garoto, nada havia mudado e vê-lo sofrendo por minha causa foi o que eu precisava para entender isso. Eu sempre quis que ele sofresse por mim, mas quando esse momento chegou, eu não suportei e não tive forças para encarar. Eu nunca teria forças porque Draco sempre seria minha fraqueza.

Draco’s POV

Assim que a porta bateu e foi embora, eu respirei fundo e me virei para Snape.
- Você não precisava ter feito aquilo – eu disse exasperado e caminhando até ele com dificuldade. Os Comensais ainda estavam dentro da sala, mas conversavam entre si e não prestavam atenção em mim – Não precisava ter me torturado.
- Era ela ou você – Snape disse voltando a sentar em sua cadeira – O que você prefere? – eu não respondi. A resposta era óbvia.
- Suspeitei disso e de qualquer forma eu consegui o que eu precisava – Snape respondeu – Você tem que entender que nós não podemos falhar, principalmente você.
- Eu não vou falhar – eu retruquei nervoso – Eu preciso ir até a Madame Pomfrey, estou com dor de cabeça por causa dessa maldição idiota.
- Não seja fraco – ele respondeu ainda examinando o colar – Em algumas horas você estará ótimo. Vou te dar uma ajuda – Snape jogou a varinha de na mesa – Vai entregá-la, eu sei que você quer vê-la. Como você vem fazendo.
- O que? – eu perguntei confuso.
- Eu sei que você fica vigiando a garota pelo Castelo, no campo de quadribol, no intervalo das aulas, não há nada nesse castelo que eu não saiba.
- Eu não faço isso – menti descaradamente. Estava tão na cara que eu espionava a ?
- E eu sei que foi você que a levou até a Ala Hospitalar no primeiro dia de aula – ele disse calmamente – Não tente mentir pra mim. Pode se retirar, conversamos sobre isso outro dia.
- Me torture mais vezes se for preciso, só não a machuque daquele jeito de novo – eu pedi baixo antes de me afastar.
- O amor nos deixa fracos – Snape disse me olhando – Você já deveria ter aprendido isso.
Assim que ele terminou de falar, eu desci as escadas o mais rápido que pude para encontrar . Eu precisava saber como ela estava e tranquiliza-la de que eu estava bem. Não podia negar que fiquei um pouco feliz ao perceber que ela ainda se importava comigo e meu coração se encheu de esperanças ao pensar que poderia ter algum retorno. Ela poderia me perdoar, eu só precisava trabalhar em cima disso.
Depois de ter andado bastante, virei um corredor e a encontrei sentada no chão com as pernas encolhidas e cabeça apoiada nos joelhos. Seus ombros faziam um movimento que denunciava que ela estava chorando e eu conseguia ouvir gemidos baixos como se ela tentasse suprimir o barulho do seu pranto. Lembrei-me do soco que ela tomou e automaticamente corri até ela para ver se ela estava bem e com ódio inflando dentro de mim. Eu ia matar o Amico.
- – eu a chamei baixinho enquanto me abaixava para ficar da altura dela, ela levantou o rosto para mim e ele estava totalmente inchado pelo soco e pelo choro – Está tudo bem agora. Ele te machucou muito?
- Você está bem? – ela perguntou preocupada e analisou meu rosto e meu corpo minuciosamente – Eles te machucaram depois que eu saí?
- Não, está tudo bem – eu disse para tranquiliza-la - Seu rosto está doendo muito?
- Um pouco – ela respondeu e se levantou enxugando o rosto com as costas das mãos – Eu preciso ir.
- Espera, não vai agora – eu pedi – Nós precisamos ir até a Ala Hospitalar, Madame Pomfrey pode melhorar seu rosto.
- Minha varinha está com você? – perguntou séria ignorando meu pedido, eu joguei a varinha para ela que pegou no ar – Obrigada, eu preciso ir.
- Olha, me desculpa por tudo isso... – eu comecei a falar, mas ela me cortou.
- Não faz isso agora, por favor – ela pediu baixinho – Eu não tenho cabeça pra lidar com qualquer coisa agora.
- Fui eu – eu disse depois que ela se virou – Eu encontrei você caída no pé da escada no primeiro dia de aula e te levei para a Ala Hospitalar.
- Por que está dizendo isso agora? – ela perguntou ainda sem se virar.
- Porque eu ainda me importo também. – eu respondi sinceramente e ela não respondeu nada somente saiu andando do corredor na direção oposta a minha.

’s POV

Era informação demais para se lidar em um único dia, por isso deixei Malfoy parado naquele corredor e fugi acuada para outro lugar. Eu ainda não conseguia entender ou resolver a minha situação com Draco e tudo iria piorar porque agora havia um elemento a mais nessa equação: A tortura.
Snape havia descoberto facilmente que Malfoy ainda era minha fraqueza e eu ainda era a dele, logo, Severo poderia usar qualquer um dos dois para arrancar alguma coisa. Se ele quisesse algo de Draco, era só me torturar e se ele quisesse algo de mim, era só torturar Draco. Por isso eu precisava fingir melhor, precisava mostrar que eu não me importava mais, mas seria impossível porque a única coisa que eu queria era me enroscar nos braços do garoto e esperar toda a tempestade passar.
Acordei a Mulher Gorda, disse a senha e entrei no Salão Comunal que estava em silêncio naquele momento, eu respirei fundo e sentei em uma das poltronas perto da lareira. Não tive tempo de descansar, pois logo ouvi passos apressados e em segundos Gina e Neville estavam parados em minha frente com um semblante preocupado.
- O que houve com seu rosto? – Gina perguntou – Eles te torturam de novo?
- Pior – eu respondi – Torturaram Draco.
- E isso é possível? – Neville perguntou confuso.
- Eles precisavam me afetar de algum jeito e acharam um que funciona 100% - eu expliquei olhando para o chão – Ele gritava tanto, eu me senti horrível.
- É a ligação – Gina tentou amenizar minha dor – Isso é consequência.
- Foi mais que isso, Gina – eu disse a olhando nos olhos – Snape fez isso para conseguir o que queria, mas para provar uma teoria.
- Qual? – Neville perguntou.
- Eu ainda me importo – eu respondi e comecei a chorar, Gina me abraçou com força e eu me permiti chorar mais uma vez naquela noite finalmente encarando a verdade que eu não queria enfrentar.

And it's been a while but I still feel the same*: Trecho da música Give Me Love do Ed Sheeran que significa: E faz algum tempo, mas eu sinto o mesmo.

And lovers hold on to anything...*

Música do capítulo

Setembro estava quase acabando e Snape estava cada vez mais nervoso. Ele havia prometido que iria executar os planos, mas estava cada vez mais angustiante continuar com o processo. Ninguém era totalmente frio e muito menos ele.
Segurava o colar que tomara de nas mãos há algumas semanas e ele sabia que aquilo era exatamente o que o Lord Das Trevas estava procurando, a confirmação que ele precisava para começar as buscas. O que começou como uma história patética infantil acabou se tornando a obsessão de um dos seres mais poderosos do mundo bruxo. O símbolo que representava a Capa da Invisibilidade, a Pedra da Ressurreição e a Varinha Das Varinhas estava envolvido em seus dedos e aquilo parecia muito frágil. Olhou para o colar novamente e pensou por que Dumbledore havia deixado aquela pista com a menina. Por que ela? Por que deixou para alguém tão frágil e tão em pedaços? Oh sim, ela estava quebrada totalmente, ele havia notado logo quando colocou os olhos nela assim que passou pelas portas do Salão Principal. E sua missão era quebrá-la ainda mais e não apenas ela, mas o menino Malfoy também. Ele sentia pena dos dois, sabia que o final de toda essa história seria a morte para um dos lados.
Snape virou para trás e viu Lord Voldemort se aproximar calmamente andando pelo gramado e indo a sua direção. Sua expressão era a mesma: vazia ou cheia de ódio. Nagini o acompanhava em cada passo e Severo detestava aquela cobra.

- Severo – Voldemort disse e se aproximou – Disseram-me que você estaria aqui olhando esse lago e aqui está você. E então, teve algum progresso?
- Aqui – Snape entregou o colar para o outro que o pegou e o analisou minuciosamente – A lenda é verdadeira.
- Onde conseguiu esse colar? – Voldemort perguntou.
- Com a , Dumbledore deixou para ela – O diretor respondeu – Dumbledore já sabia que a lenda era verdade.
- Muito bem, Severo – Voldemort disse e guardou o colar no bolso – Agora precisamos procurar. Alguma notícia do Potter?
- Existem Comensais vigiando o Largo Grimmauld dia e noite, nós saberemos se ele for para lá – Snape respondeu – Vamos para o escritório? O horário do almoço está chegando.

Assim que chegaram à sala do diretor, Snape sentou-se em sua cadeira sempre evitando olhar para o retrato de Dumbledore, Voldemort riu friamente ao notar a expressão carrancuda do retrato.
- Amico me disse que você está trabalhando no rompimento da Ligação Mágica do menino Malfoy – Voldemort começou um novo assunto – Você torturou Draco, Lucio não irá gostar.
- O senhor me disse para fazer o que fosse necessário para quebrar a Ligação – Snape retrucou calmamente – E é isso que eu estou fazendo.
- Por isso você é meu braço direito e não Lucio – Lord Das Trevas disse – Você não coloca sentimentos em nada. Muito bem, continue fazendo isso. Draco não pode continuar sendo influenciado por essa menina. Eu preciso ir, mas venho novamente para verificar como anda minha querida escola.
Assim que Voldemort passou pela porta, um dos comensais que Snape não conseguia lembrar o nome passou pela porta com uma carta em mãos.
- O que é isso? – ele perguntou pegando o pedaço de pergaminho e abrindo para ler – Onde conseguiu isso?
- Chegou uma coruja vinda do ministério – o comensal respondeu – Qualquer acidente ocorrido com um funcionário é imediatamente notificado.
- Muito bem, não deixem o Profeta Diário e principalmente O Pasquim saber dessa informação – Snape respondeu – Onde eles foram pegos?
- País de Gales, disseram que estavam em uma missão para o ministério, mas não ainda não foi confirmado – o mais jovem respondeu.
- Qual a gravidade do ataque? – o diretor perguntou enquanto descansava a cabeça nas mãos.
- Alta, eles estão no St. Mungus nesse momento – ele respondeu – Posso me retirar?
- Saia. – Snape respondeu e assim que a porta se fechou, ele respirou fundo. Mais um problema para resolver além de tantos outros.

’s POV

Setembro ainda possuía aquela brisa de verão que deixava as coisas mais leves. Pelo menos fora do Castelo. Eu passava a maioria dos finais de semana debaixo das árvores do jardim ou escondida atrás de qualquer estátua, presa nos livros que Dumbledore me deixara.
Havia descoberto que meu patrono era muito raro. Pelo menos a forma dele. Os mais comuns eram cachorros, gatos ou cavalos que são animais mais próximos dos seres humanos, mas uma fênix era algo extremamente difícil e incomum e significava que meu nível de magia era alto. E sendo assim, eu era mais rara. Talvez ser descontrolada e ligada ao cara que traiu minha confiança tinha feito com que minha magia aumentasse. Havia uma coisa boa em toda essa história.
Eu estava sentada no jardim do Castelo lendo o livro sobre ligações mágicas quando as pedras ao redor do lago mexeram-se e eu percebi que alguém se aproximava, rapidamente me escondi atrás de umas árvores e percebi que Snape caminhava calmamente e parou em frente ao Lago Negro para observar as águas. Minha mão coçou para eu tirar minha varinha do bolso e acertá-lo com qualquer feitiço ali mesmo. Ele estava vulnerável e jamais saberia que teria sido eu. O ódio permanecia flutuando ao meu redor e eu sabia que estava ao ponto de cometer um crime, mas não conseguia me importar. Eu podia agir como um Comensal e desgraçar a vida de alguém como eles já fizeram com tantas pessoas. Peguei minha varinha e estava quase pronunciando o Avada Kedavra quando percebi que alguém se aproximou. Eu congelei no lugar e voltei minha varinha para as vestes e no lugar do ódio apareceu o medo. Aquele era Voldemort. Pela primeira vez eu o estava vendo. Ele era assustador. Não tinha um rosto normal, era um rosto incompleto e totalmente branco parecendo uma cobra e pra piorar uma cobra de verdade vinha junto com ele. Seus olhos eram frios e parecia que o frio realmente estava ali ao redor.
Eu não conseguia ouvir a conversa dos dois, mas consegui enxergar Snape tirando meu colar do bolso e mostrando para Voldemort que sorriu satisfeito. O que ele fazia com meu colar? Snape queria meu colar para entregar para Voldemort, mas por quê? O que esse colar tinha de tão importante? Eu não tinha ideia do que aquele símbolo significava e precisava descobrir. Dei as costas e subi correndo para o castelo.

A biblioteca estava com poucos alunos e eu fui direto para o departamento de runas antigas, puxei um livro com os símbolos mais comuns e sentei-me em uma das mesas e comecei a folheá-lo inteiro. Não encontrei nada e foi assim a tarde inteira, folheei diversos livros de diferentes épocas e não conseguia encontrar nada que fosse ao menos parecido com o símbolo do meu colar. Desenhei em um pedaço de pergaminho para não esquecer e coloquei dentro de um dos meus livros. Tentar descobrir o que significava e qual era o valor estimado para Voldemort entrou para a lista das minhas tarefas.
Fui até a sala da Professora McGonagall para pedir para entrar na aula de Runas Antigas e andando pelo Castelo eu percebi que os alunos tentavam agir como se tudo estivesse normal, como se nada estivesse acontecendo. Eu sei que a maioria ali era sangue puro, mas eu sabia que nem todas as famílias eram de acordo com aquela situação e me irritava o fato de que ninguém queria lutar, ninguém queria defender a escola ou seus ideais. Eles ignoravam os Comensais da Morte que andavam pelo Castelo lançando olhares incisivos para todos, ignoravam as torturas aos alunos mais rebeldes e somente abaixavam a cabeça quando eram confrontados. O medo havia se alastrado pelo interior de todos eles e os havia deixado paralisados e eu até entendia, muitos tinham coisas importantes que não poderiam perder, eu não tinha nada.
Virei o corredor que abrigava a sala da Professora quando Nathan apareceu e veio em minha direção. Tocou minha cintura levemente e deu um sorriso sedutor.
- O teste para o quadribol sai hoje – ele disse ainda sorrindo – Está ansiosa?
- Nem lembrava para ser sincera – eu respondi – Boa sorte.
- Boa sorte para você também – ele respondeu sorrindo – Onde está indo?
- Preciso falar com a Professora McGonagall – eu respondi sem querer dar muito detalhes.
- Eu te acompanho até lá – ele disse gentil e eu aceitei de bom grado. – O professor Slughorn te mandou algum convite para o Clube do Slugue desse ano?
- Nem que ele quisesse mandar algo, eu devo estar proibida de ter qualquer contato com qualquer pessoa que possa ser influente nessa escola – eu disse brincando.
- Eu sei que você arruma muito problemas para eles – nós rimos juntos – Mas você não se acovardou como a maioria das pessoas. A maioria de nós não tem coragem de enfrenta-los. - Pois deveriam ter – eu disse convicta – O mal triunfa quando o bem permite e eu não vou deixar que isso aconteça. Nós somos maioria nessa escola.
- Por que você não espalha essa ideia pela escola? – Nate disse para mim – Não precisa ser descadaramente, mas com bilhetes por aí, avisos nos banheiros ou salas. Você tem o meu apoio total.
- Vou pensar nisso e conversar com a galera, é uma boa ideia – eu sorri para ele – Preciso ir falar com a Minerva, até mais,Nate.
- Tchau, – ele disse e beijou meu rosto caminhando com as mãos no bolso para longe de mim.
Entrei na sala da Professa Minerva e ela estava sentada escrevendo algo em um dos diversos pergaminhos espalhados pela sua mesa. Ela me olhou e continuou escrevendo e somente fez um sinal para que eu me aproximasse.
- A que devo a honra de sua visita, senhorita ? – ela disse largando a pena que segurava.
- Eu vim perguntar se eu posso começar a frequentar as aulas de Runas Antigas – eu disse – Eu queria aprender um pouco mais sobre essa disciplina.
- Quais são suas aulas complementares? – ela perguntou.
- Eu só faço Estudos dos Trouxas que agora virou obrigatória – eu respondi. - Acho que não há problema nenhum – ela disse e se virou acenando para um dos armários atrás dela e uma pasta veio até a mesa – Vamos checar o seu horário – ela disse e abriu a pasta – Você tem uma aula livre depois do almoço as sextas-feiras e a última aula livre as terças-feiras, podemos matricular você. Eu só preciso falar com a Professora Babbling avisando sobre sua inclusão nas aulas e você precisa encomendar os livros.
- Muito obrigada, Professora – eu agradeci e estava saindo da sala quando ela me chamou novamente – Sim?
- Por que seu interesse em Runas Antigas logo agora? – ela perguntou e eu sabia que não poderia falar a respeito do meu colar.
- Eu só precisava ocupar meu tempo com mais matérias – eu respondi e saí da sala rapidamente.
O sinal tocou para avisar que o almoço estava pronto e depois de passar por um corredor em que Pirraça jogava giz em todos os alunos, eu finalmente consegui chegar ao Salão Principal. Estava caminhando para a mesa da Grifinória quando dei uma olhada na mesa da Sonserina e quase travei no chão de tanto ódio. Pansy Parkinson estava sentada ao lado de Draco e fazia um carinho íntimo demais no pescoço dele e ria de qualquer coisa que ele falava. Eu já estava acostumada com essas ceninhas patéticas, mas o que me incomodou foi o fato de que Malfoy estava correspondendo! MALFOY ESTAVA CORRESPONDENDO! Ele também ria das merdas que ela falava e até colocou o cabelo dela atrás da orelha! Meu sangue ferveu de ódio e eu quase peguei uma jarra de suco de abóbora para jogar nos dois. Aquela cena era uma palhaçada e eu fiz questão de sentar de costas para não ter que ver aquela cena, mas era impossível porque Pansy fazia questão de rir alto para chamar a atenção de todos.
- , desse jeito você vai entortar o garfo – Gina avisou brincando e eu percebi que segurava o garfo com força – Você está roxa de ciúmes.
- Eu estou normal, Gina – eu retruquei brava e ela riu ainda mais – Talvez eu esteja com um pouco, mas eu não em importo. Ele faz o que ele quiser da vida dele.
- Tudo bem então – ela disse – Hoje sai o teste do time.
- Filho da puta – eu sussurrei quando percebi que Draco colocou uma mão na coxa da Pansy.
- , quer prestar atenção? – Gina pediu brava e eu a olhei – Se está tão incomodada vai lá e fale com ele.
- Desculpa, Gina – eu balancei a cabeça tentando afastar o pensamento de matar a Pansy – O que dizia?
- Eu dizia que o resultado do teste de quadribol sai hoje – ela repetiu – Eu vou divulgar depois do almoço no Salão Comunal.
- Tem notícias do Fred? – eu perguntei – Ele não me mandou nenhuma carta desde que eu cheguei aqui.
- Ele e George estão ocupados com a loja, tentando mantê-la aberta – ela respondeu – Quase ninguém mais vai ao Beco Diagonal e eles precisam tentar sobreviver.
- Vou mandar uma carta para ele – eu respondi e dei um gole do meu suco de abobora – Alguma notícia do trio?
- Nenhuma – Gina respondeu baixo – Eles não mandam nenhuma carta ou coisa parecida. O Ministério foi até em casa e só encontrou Rony dormindo.
- Como assim? – eu perguntei confusa
- Nós colocamos o vampiro que vive no nosso telhado no quarto do Rony – ela começou a rir – E ele está lá.
- Entendi – eu dei risada também – Terminou de comer? Vamos subir?
- Vamos – ela disse e levantou e eu a segui pelo corredor.
Neville estava sentado lendo o Profeta Diário concentrado, eu só fiz um carinho no ombro dele e continuei a andar com Gina pelo corredor. Luna acenou para nós e eu devolvi o aceno, caminhamos juntas até a porta quando eu percebi que Draco e Pansy vinham atrás. A risada dela ecoava pelas paredes do salão e eu tentei ignorar veemente. Continuei a andar com Gina e subir as escadas normalmente, mas Pansy ria ainda mais alto e falava com Draco tentando chamar a minha atenção. Ela era patética porque se eu falasse para ele que o queria na minha cama, não existia Pansy que fosse impedir. Eu continuei a ignorar e eu e Gina fomos para outro lado desviando dos dois. Não havia surtado, estava orgulhosa de mim.
O Salão Comunal aos poucos enchia e eu via o nervosismo nas pessoas que haviam feito o teste. Eu estava tranquila, sabia que não iria passar, não havia ido tão bem e Kátia Bell continuaria como a artilheira principal. Eu fiquei encostada perto de um dos quadros que mostrava Godric Griffindor com sua espada e vi um cabelo cor de fogo indo até o mural com um papel na mão e depois se afastando rapidamente, em seguida várias pessoas correram até o mural e algumas saíram com expressões felizes, outras frustradas, eu só caminhei até lá e pude ler em letras garrafais: – ARTILHEIRA RESERVA.
Dei um sorriso contido e saí andando para sair do Salão Comunal quando Neville me alcançou no caminho.
- E aí? Conseguiu? – ele perguntou enquanto caminhávamos até o retrato da Mulher Gorda.
- Sou reserva – eu respondi simplesmente e me abaixei para passar pelo buraco e esperei Neville aparecer logo depois. Assim que ele saiu começamos a andar em direção a aula de Estudo dos Trouxas que seria com a Sonserina.
- E você não me parece feliz com isso, queria ser titular? – ele perguntou enquanto colocava a mochila nas costas.
- Não é isso, eu só não consigo ficar feliz, entende? – eu expliquei – Não consigo mais vibrar de alegria ou fazer qualquer coisa desse tipo. Eu já sabia que eu não seria titular, Kátia Bell voa melhor que eu e estava fazendo o teste também.
- Você acha que não consegue sentir por causa do... – ele parou de falar e corou. – Por causa do...
- Dumbledore? – eu completei quando percebi que ele não iria falar nada – Provavelmente, mas eu não quero falar sobre isso mais. Existem outras coisas que estão me perturbando.
- O que? – Neville perguntou para mim enquanto alguns alunos das outras Casas passavam por nós apressados.
- Desde que eu cheguei em Hogwarts meus pais só mandaram uma carta uma vez – eu expliquei – E eles falaram que iriam mandar uma carta pelo menos uma vez por mês e bem, estamos aqui desde agosto e já estamos no final de setembro e eu não recebi nada.
- Você já mandou alguma carta para eles? – ele perguntou preocupado.
- Várias cartas, mas todas as corujas voltam com a carta porque não conseguem encontra-los – eu disse sentindo uma agonia em meu peito – Meus avós também não sabem onde eles estão ou o que estão fazendo.
- Eles ainda trabalham para o Ministério, certo? –Neville perguntou e um aluno esbarrou nele, ele não se importou, acho que estava acostumado com esbarrões e pessoas sem enxerga-lo. Triste. –Mande uma carta para o departamento de aurores, eles podem saber alguma coisa sobre eles.
- Eu estou proibida de tentar qualquer coisa com o Ministério – eu expliquei – Meus pais me proibiram de tentar qualquer meio de comunicação com eles, eles não queriam que nossas cartas caíssem em mãos erradas e nem que eu descobrisse onde eles estavam ou que estavam fazendo. Por isso, eles mandariam cartas todo mês para me tranquilizar, mas a desse mês não veio.
- Você pode falar com Snape sobre isso, ele pode te ajudar, ele é o diretor dessa escola – Neville sugeriu e eu ri amargurada.
- Snape me chutaria da sala dele sem pensar duas vezes – eu respondi e entrei na sala junto com Neville indo me sentar no fundo da sala. Nate entrou atrasado e com um sorriso radiante. Provavelmente, ele tinha conseguido o posto de goleiro.
Puxei o livro da bolsa e comecei a desenhar em toda a capa porque não tinha nada para fazer já que a professora ainda não havia aparecido. Uma risada alta chamou a atenção de todos e quando eu olhei para a porta, Draco e Pansy entraram juntos acompanhados pelos outros alunos da Sonserina. Não seria novidade vê-los, mas o que fez meu sangue ferver foi a mão dele na cintura dela abraçando aquela piranha de lado. O olhar dele veio parar em minha direção e assim que me viu, Malfoy deu um sorriso convencido e apertou mais Pansy para seu lado e sentou em uma das carteiras na frente da sala. Eu respirei fundo e tentei ficar calma, mas não consegui. Só o que eu queria era chegar à frente e perguntar que palhaçada toda era aquela, mas eu sabia que ele estava fazendo aquilo para me afetar e infelizmente estava conseguindo. Eu não podia sentir ciúmes, não podia querer falar com ele ou chegar perto dele, Malfoy não merecia nenhum tipo de atenção. Eu odiava Draco, eu tinha que odiar. Ciúmes significava que eu ainda sentia alguma coisa, mas eu não podia sentir.
Aleto entrou na sala e começou a explicar sobre os Trouxas e qualquer porcaria que eu não estava prestando atenção, só conseguia pensar em Draco. Eu estava com ciúmes, me importava com ele, eu o odiava, mas ao mesmo tempo, amava. Eu sabia que era a Ligação querendo fazer com que nós ficássemos juntos de novo, mas ao mesmo tempo, meu consciente sabia que iria contra os meus princípios, ia contra tudo o que eu acreditava e principalmente ia contra a memória de Dumbledore. Snape havia matado Dumbledore, mas Draco trouxe os Comensais para dentro da escola. Uma nova onda de raiva inundou meu interior, mas agora não era ciúmes ou vontade de matar Pansy, era raiva de Draco e eu só precisava me manter com raiva para afastar qualquer pensamento bom em relação a Malfoy.
- Os Trouxas são criaturas intrigantes, a necessidade deles de se adaptarem sem magia é impressionante, porém rudimentares – Aleto disse andando pela sala – O desespero deles por magia é patético. Vivem se passando por mágicos, bruxos, videntes na tentativa inútil de se parecer um pouco com nós – ela deu uma risada – Abram seus livros e vamos estudar essas tentativas ridículas de fazer magia.
Quando o sinal bateu, eu suspirei aliviada e peguei minhas coisas apressadas e ia saindo com Neville e Nathan para a próxima aula, que eu não tinha ideia de qual era, quando meus planos foram frustrados. Pansy caminhou até mim e me parou no meio do corredor de carteiras.
- – ela me chamou e eu virei para encará-la, Draco estava parado um pouco distante somente observando a situação, provavelmente esperando eu meter a mão na cara de Pansy e ele ter que apartar a briga – Você perdeu.
- Hã? – eu perguntei confusa sem saber do que ela falava – Do que você está falando?
- Você perdeu Draco, ele é meu agora – ela disse dando um sorriso de escárnio para mim e eu revirei os olhos – Finalmente ele abriu os olhos e percebeu a merdinha que você é.
- Não sabia que Malfoy tinha virado uma mercadoria para eu perder – eu respondi enquanto cruzava os braços na frente do meu peito, eu levantei meu olhar e a encarei com raiva – Se toda essa ceninha é porque você está com medo de perder o que quer que Draco seja para você, fique tranquila. Eu não quero nada que venha dele, aproveite bastante, querida – eu me aproximei dela – Porque quando eu quiser alguma coisa dele, você não terá nenhuma chance.
- O que você quer dizer com isso? – ela perguntou assustada e o sorrisinho sumindo do seu rosto.
- Para um bom entendedor meia palavra basta – eu respondi e me afastei dela e quando passei perto de Draco eu dei um sorriso de escárnio para ele e saí rebolando da sala.
Eu não tinha ideia do por que tinha falado aquilo para Pansy, só sabia que tinha sido inteligente e deixei a garota com certo medo de perder o “bibelô” da vida dela. Pansy me odiava com todas as forças porque eu tirei Draco dela, eu sabia que antes de mim, eles tinham uma história de idas e vindas, sempre que ele estava entediado acabava correndo para ela, mas nunca namoraram sério. Então eu cheguei e acabei com essa história e agora que ela estava com Malfoy de novo, Pansy veio jogar na minha cara. Eles estavam juntos, isso era óbvio e me incomodava demais, eu só conseguia pensar em um jeito de afastá-lo dela e deixar Draco livre para mim. Sim, eu era totalmente egoísta porque não tinha pretensão nenhuma de ficar com ele, eu só queria que Malfoy ficasse longe daquela garota.
Todo aquele papo de sentir raiva para não sentir outra coisa foi por água a baixo. Eu sentia raiva sim, mas porque ele não estava comigo. Eu nunca pensei que fosse admitir isso, mas lá estava eu andando pelos corredores queimando de raiva e pensando: Eu ainda quero Draco. Eu não queria romance, só queria apagar qualquer traço de Pansy dele.
Saí andando pelo castelo e entrei em uma sala qualquer que estava vazia. Eu precisava me controlar, não podia demonstrar que me importava ou que sentia qualquer coisa. Fechei os olhos e deitei no tampo da mesa do professor para tentar relaxar e colocar toda aquela vontade de assassinar alguém de volta na caixinha de “sentimentos que não podem ser demonstrados”.
Draco não podia mais voltar para minha vida, eu não podia pensar desse jeito porque se eu continuasse assim, era apenas uma questão de tempo até eu me deixar levar e estar envolvida com ele de novo. Eu precisava honrar Dumbledore, honrar minha família e ficar com Malfoy era totalmente o oposto disso. Ouvi o barulho da porta abrindo e suspirei. (n/a: dê play)
- Neville, eu estou bem, pode ir pra sala que eu já vou – eu disse ainda sem levantar a cabeça para olhar na direção da porta, mas não obtive resposta nenhuma – Neville?
- Não é o Longbotton, tente de novo – uma vez disse e eu congelei no lugar, abri meus olhos e levantei meu tronco até encarar Draco que estava parado perto da porta com as mãos no bolso.
- O que você está fazendo aqui? – eu perguntei assustada e levantei da mesa ficando em pé na frente dele.
- Quero saber o que você disse para Pansy porque ela veio brigar comigo logo depois e foi correndo chorar no banheiro – ele respondeu e eu dei risada – Aposto que foi alguma coisa muito malvada para você rir.
- Só coloquei sua namorada no devido lugar dela – eu respondi e dessa vez ele riu – Por que está rindo?
- Você está morrendo de ciúmes – ele riu ainda mais – Eu consigo ver pelo seu rosto o quanto você está querendo se matar por estar com ciúmes de mim.
- Eu não estou com ciúmes, você deve ter batido a cabeça quando nasceu – eu respondi para ele que deu risada de novo – Você não deveria estar aqui enquanto sua namoradinha está chorando no banheiro, você devia ir atrás dela.
- Ela não é minha namorada – Draco respondeu se aproximando de mim – Eu só estou ficando com ela ás vezes.
- Então conta pra ela porque acho que Pansy não está sabendo disso – eu respondi, mas quando prestei atenção no que ele disse, eu o encarei com raiva – Você o que?
- O que? – ele devolveu a pergunta me olhando confuso.
- O que você disse? – eu perguntei brava – Você está ficando com ela?
- Estou, algum problema? – ele perguntou rindo debochado – Está com ciúmes, ?
- Cala a boca – eu disse brava – Eu não vou ficar ouvindo essas porcarias.
- Você não vai embora até me ouvir – Draco disse autoritário e eu dei um passo para trás –Se você está incomodada com essa situação, você só precisa dizer as palavras certas e isso acaba.
- Cala a boca, você só diz merda, eu já disse que não me importo! – eu o empurrei para o lado e fui em direção à porta.
- Se não se importasse não teria gritado com todas as forças para pararem de me torturar – Draco disse e eu travei no lugar – Não teria ficado tão brava comigo ou dito para ela que quando quiser, você me tem de volta. Eu sei, . Você não consegue mais ficar longe de mim.
- Você deve ter cheirado algum pó maluco que tem na estufa – eu retruquei infantilmente – Você é ridículo! Eu odeio você.
- Você me ama, mas não consegue admitir nem pra mim ou pra si mesma – Malfoy disse e começou a se aproximar de mim – Você me ama com tudo o que tem em você, mas se pune porque na sua cabecinha invertida isso seria traição contra as pessoas mais queridas – ele chegou mais perto de mim e começou a sussurrar no meu ouvido – Você me ama, quer que eu toque em você e te possua em cima daquela mesa – eu me arrepiei inteira e percebi que ele sorriu – E sabe como eu sei de tudo isso? Porque eu também te amo, também quero que você me toque e quero te comer naquela mesa.
- Você é louco... – eu respondi dando uma risada nasalada e tentei empurrá-lo pelo peito, mas ele segurou minha mão – Me deixa embora.
-Tem certeza? – ele disse e colocou a mão no meu pescoço e fez um carinho ao mesmo tempo em que deixava um beijo em meu maxilar.
- Não encosta em mim, seu nojento, vai lá com a Pansy – eu disse ciumenta e ele riu me apertando mais contra ele.
- Para de mentir, – ele disse beijando meu pescoço e o lambeu, eu arrepiei ainda mais – Eu não vou com a Pansy porque eu quero você e sempre vou querer, agora para de ser ciumenta e vamos deixar as coisas acontecerem porque eu estou com saudades de você.
- Eu te odeio – eu disse antes de puxá-lo para mais perto e finalmente colar minha boca na sua.
Aquilo era errado, eu tinha aula, mas só de sentir o toque dos lábios de Draco nos meus eu esqueci qualquer coisa. Coloquei minhas mãos em seu rosto e o beijei com toda a vontade que eu tinha, nossas bocas tinham a sincronia perfeita assim como nossas línguas que já eram velhas conhecidas. Draco me apertou com força na cintura e nos virou, guiando-me de costas até a mesa e me colocando sentada, automaticamente minhas pernas foram para seu quadril e o puxei para mais perto. Fiz um carinho em sua nuca e baguncei seus cabelos sentindo o cheiro de perfume masculino, o perfume dele, invadir meu nariz enquanto eu beijava seu pescoço branco. Dei um chupão com força na região perto da orelha e o senti dar risada no meu ouvido.
- Um chupão, ? – ele perguntou enquanto apertava minhas coxas e me puxava para mais perto – Quer mostrar alguma coisa para alguém?
- Cala a boca– eu disse brava e ele riu mais uma vez, mas eu o fiz calar a boca com mais um beijo.
Puxei a camisa social dele para cima e fiz um carinho em sua barriga e dedilhei meus dedos pela barra da calça enquanto o beijava com vontade, Draco colocou a mão por dentro da minha saia e arranhou com suas unhas curtas a parte interna da minha coxa com uma mão enquanto com a outra apertava meu seio por cima da camisa do uniforme. Como eu sentia falta disso, falta do corpo dele em contato com o meu, falta dos beijos, das carícias e tudo o que vinha no pacote. Puxei a camisa dele para cima e ele parou de me beijar para puxá-la por cima da cabeça e jogá-la em qualquer canto daquela sala e voltar a me beijar. Comecei a abrir os botões da minha camisa com cuidado, mas Draco perdeu a paciência e a puxou para os lados fazendo os botões voarem pela sala.
- Draco! – eu protestei e começamos a rir juntos daquela situação, ele voltou a me beijar dessa vez apertando meus seios por cima do sutiã.
- Você vai embora com a minha, não é a primeira vez que isso acontece – ele respondeu e me fez deitar com as costas na mesa – Agora eu vou fazer algo que eu estava morrendo de vontade de fazer.
- O que? – eu perguntei levantando minha cabeça e me apoiando com os cotovelos.
- Você vai ver – ele disse e tirou meus sapatos jogando um para cada lado e em seguida puxando minha saia para baixo sem conseguir direito – Abre o zíper?
- Idiota – eu resmunguei e ele deu risada, mas eu abri o zíper e ele puxou a saia para baixo – Você está com saudade de tirar minha roupa?
- Te ver nua– ele respondeu e tirou as meias 7/8 que eu usava – Eu fico duro só de lembrar.
- Homens são idiotas – eu respondi e levantei meu tronco para abrir o zíper da calça dele e empurrar para baixo – Sem conversas ou preliminares, eu quero você em mim AGORA!
- Sexo com ódio é um dos melhores – ele resmungou e me beijou novamente deitando sobre mim em cima da mesa e tirando meu sutiã e o resto da minha roupa. Draco parou alguns segundos e ficou olhando meu corpo inteiro.
- Quer parar? – eu pedi um pouco sem graça e ele riu.
- Ainda corando? – ele disse, mas eu nem me dei ao trabalho de responder sua provocação porque quando percebi, ele já estava dentro de mim e gemendo no meu ouvido. Eu soltei um gemido de prazer quando o senti dentro de mim completamente e como eu estava com saudades disso.
Eu estava sentada na mesa vestida com a camisa de Draco e colocando minhas meias novamente. Draco já estava vestido com a calça social do uniforme e estava sentado em uma das carteiras me olhando de longe. Não falávamos nada um para outro. Assim que a transa acabou e Malfoy gemeu uma última vez no meu ouvido, eu me levantei com pressa, coloquei minha calcinha e meu sutiã e peguei a camisa de Draco para vestir. Eu me sentia incomodada porque sabia que aquilo havia sido um deslize e que não poderia mais acontecer.
- ... – Draco disse e eu o olhei pela primeira vez – O que foi?
- Você não percebe o quão errado foi isso? – eu perguntei brava enquanto colocava a saia e ajeitava a camisa e subia o zíper –Isso nunca mais vai acontecer!
- Por que é errado? – ele se levantou com raiva e caminhou até mim – Nós nos amamos e somos destinados a ficar juntos! Por que é errado, ?
- Porque você é você! – eu respondi brava e coloquei minhas sapatilhas – E eu não posso ficar com você mais. Você sabe que eu não posso.
- Por que não? – ele perguntou – Dumbledore iria querer que você feliz.
- Não abre sua boca para falar dele – eu alertei – Você não entende, não é? Você só vê o seu lado nessa história toda!
- Você só vê o teu lado! – ele gritou vindo até mim – Você só vê o quanto eu te machuquei ou o que eu fiz de errado, mas e o quanto eu sofri? Você já pensou nisso? Você acha que eu quis matar Dumbledore ou trazer os Comensais pra perto de você, acha que eu sorri cada vez que tive que fazer alguma coisa ou torturar alguém? EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO! Você não é a única vítima de toda essa história, não é a única que saiu machucada. Você perdeu o Dumbledore, mas eu perdi você! – ele deu uma pausa e olhou para o chão – E é pior porque você está viva e eu te vejo e não posso ter você pra mim! Porra, eu te amo! Eu te amo demais e eu não aguento mais ficar longe de você. Eu me puno todos os dias por ter te machucado, por ter feito tudo errado, mas era a minha família. Será que você não entende isso?
- Eu vou embora – eu disse sem saber o que responder para ele e já sentindo meus olhos arderem por causa das lágrimas que queriam cair – Eu preciso ir embora.
- Você precisa sair dessa sua bolha de negação e dor e aceitar que juntos somos mais fortes – Draco disse antes de eu sair da sala – E eu vou estar aqui te esperando o tempo que for preciso.
Eu bati a porta com força e corri para outra direção entrando no primeiro banheiro que eu achei e me trancando em uma das cabines. Respirei fundo e tentei conter as lágrimas, mas não adiantou nada e em segundos eu já estava chorando compulsivamente sentada na tampa da privada e escondendo meu rosto nas mãos. Eu me sentia totalmente confusa, totalmente aberta, totalmente exposta. Porque Draco fazia isso comigo, ele abria minhas feridas, deixava o sangue escorrer por todo o lado e não se importava com isso. E se a ferida já estava cicatrizada, ele fazia questão de abrir outro rasgo em mim. E as verdades que ele falava eram as facas que abriam cada um dos meus ferimentos. Eu sabia de tudo aquilo, mas não queria aceitar. Eu não queria me machucar novamente, não queria voltar para tudo aquilo e ser abandonada. Limpei as lágrimas do meu rosto e saí do banheiro correndo procurando Malfoy pelo Castelo. Ele tinha que saber isso, tinha que ter a consciência que eu não estava afastada dele por puro capricho ou orgulho. Eu estava afastada porque tinha medo. Draco estava numa das janelas do Castelo de costas e virou quando ouviu meus passos. Seu olhar era duro, mas suavizou quando percebeu que eu estava chorando. Ele veio andando até mim, mas eu o impedi de continuar andando colocando minhas mãos para frente em um sinal claro que eu o queria longe.
- Eu não posso ficar com você – eu disse olhando para os olhos doídos de Draco – E não é por orgulho ou qualquer outra coisa. Não é por causa da família, porque você sabe que eu não ligo para o que as pessoas pensam de mim.
- , eu... – ele ia falar alguma coisa, mas eu o cortei.
- Não, Malfoy – eu disse e olhei para o chão – Eu não fico com você porque eu tenho medo. Medo de você me deixar de novo, de você me trocar em alguma barganha com Comensais ou não me proteger. Eu tenho medo de você me trair ou usar qualquer coisa que eu te falei contra mim. Eu já disse que eu não confio em você e vai precisar mais do que uma transa no meio da tarde pra mudar isso. – eu despejei tudo em cima de Draco e percebi que ele estava com os olhos arregalados – Agora você já sabe de tudo e pode me odiar.
Eu saí andando do corredor com as mãos no bolso e me afastei o mais rápido de Malfoy, não tinha qualquer força para permanecer perto dele depois de ter dito aquelas verdades. Se ele me cortava, eu iria cortá-lo também. Precisava tomar um banho porque o cheiro de sexo e o cheiro de Draco estavam impregnados em mim e eu não queria continuar lembrando-me dele. Tomei um banho longo e quando estava saindo para o jantar no Salão Principal um Comensal me parou no meio do caminho.
- Srta. ? – ele disse sério – Venha comigo.
- Por quê? – eu perguntei fincando meus pés no chão e já apertando minha varinha dentro do bolso da capa.
- O diretor Snape precisa falar com você – ele disse e agarrou meu braço com força e começou a me levar para as escadas.
- Eu já disse tudo que eu sei sobre qualquer assunto que interesse vocês – eu disse tentando me defender sobre qualquer assunto porque eu sabia que sempre seriam sobre Harry, Dumbledore ou qualquer variável desses dois.
- Cala a boca e só vem comigo – ele disse grosso e eu me calei o resto do caminho.
Eu cheguei junto com o Comensal na sala de Snape e percebi que ele estava em pé em frente à mesa e Draco também estava lá. O Comensal que chegou comigo, segurou meus braços com força, provavelmente seguindo ordens de Snape.
- O que você quer comigo? – eu perguntei assustada, se fosse mais uma sessão de tortura eu não iria suportar.
- Srta. , nós recebemos uma mensagem no St. Mungus – Snape disse olhando para mim com aqueles olhos frios – E dois funcionários do Ministério sofreram ataques de rebeldes.
- E o que eu tenho a ver com isso? – eu perguntei e olhei para Draco que tinha pena no olhar – O que eu tenho a ver com isso?
- , esses funcionários – Draco se aproximou de mim e parou em minha frente – Eram seus pais.
- O que? – eu disse confusa e já sentindo meus olhos úmidos voltarem a se encharcar – Como assim?
- Eles estavam fazendo um serviço para o ministério e foram atacados por rebeldes – Draco explicou e se colocou em minha frente – Eu sinto muito.
- Eu quero vê-los – eu disse e olhei para Snape – Eu preciso vê-los.
- Você não pode sair do Castelo em período de aula – o diretor disse e o nervoso se instalou dentro de mim.
- Eu preciso sair daqui! Eles são meus pais! – eu gritei e dei uma cabeçada no Comensal que me segurava e corri em direção a porta, mas outro Comensal me bloqueou – SAI DA MINHA FRENTE!
- Você não vai passar – ele disse e minha raiva foi tanta que eu nem reparei quando puxei minha varinha das vestes com rapidez.
- EVERTE STATUM! – eu gritei e ele rodopiou e bateu na parede do outro lado derrubando livros e pequenos objetos. Eu nem me dei ao trabalho de prestar atenção se algo de grave havia acontecido e avancei para a porta, mas ela estava trancada – EU QUERO SAIR DAQUI! ELES SÃO MEUS PAIS.
- Crucio! – Snape gritou e a onda de dor veio de surpresa. Eu me desequilibrei e caí no chão me debatendo – Você vai manter a calma e mandará uma carta para os seus pais, ouviu? Apenas isso. – eu ainda gritava de dor no chão e Draco veio em minha direção. Meus dedos batiam com força no chão e eu senti que cortes foram feitos e sangue escorria das minhas mãos.
- JÁ CHEGA, SNAPE! – ele disse e segurou minha mão com força. Eu levantei meu olhar para ele e uma lágrima caiu. Seu desespero aumentou quando um grito de dor escapou dos meus lábios – ELA JÁ APRENDEU, ELA JÁ VAI FAZER O QUE VOCÊ DISSE! – Snape parou de me torturar, mas eu ainda sentia os espasmos de dor viajando por cada nervo do meu corpo. A dor física foi embora, mas a dor emocional por saber que meus pais estavam machucados me atingiu com mais força do que qualquer tortura. Lágrimas e mais lágrimas molhavam o chão do escritório de Snape e meu choro ecoava por aquelas paredes repletas de retratos. Meus olhos focalizaram os de Dumbledore que olhava a cena, eu chorei ainda mais ao perceber tristeza nos olhos daquela pintura. Draco beijou minha testa e meus lábios e sorriu de um jeito que eu vira poucas vezes – Tá tudo bem, eu vou cuidar de você.
A dor era maior do que qualquer coisa e não havia lágrimas que poderiam aliviar ou diminuir aquele peso em meus ombros. Se antes já estava ruim, a partir daquele momento, tudo começou a piorar.


Resistência

O meu corpo doía e eu encarava o teto sem nada melhor para fazer. Eu fui proibida de sair da Ala Hospitalar porque, há dois dias, quando Snape comunicou que meus pais tinham sido atacados, eu tentei fugir do Castelo e acabei me machucando com as barreiras mágicas, além de ser suspensa das aulas por três dias. Então, eu estava presa na Ala Hospitalar enquanto Madame Pomfrey cuidava de mim e eu comecei a perceber que ela também queria que a escola voltasse ao normal. Nem ela mais aguentava os Comensais e o tanto de alunos feridos “acidentalmente em aulas” que chegavam naquele lugar. Só naqueles dias em que eu estive internada, eu contei dez alunos de diferentes séries chegando com cortes e escoriações pelo corpo todo.
Depois de ter chorado lágrimas que eu não sabia que existia em mim, tentado agredir ou ferir uma dúzia de Comensais e gritado com Snape durante toda as vezes em que ele apareceu, eu estava naquele estado de inércia que ficamos quando não sabemos como reagir. Eu não tinha notícias nenhuma dos meus pais, não tinha conhecimento nenhum de como eles estavam e a agonia era tanta que eu não conseguia nem pensar em fazer algo.
A porta da Ala Hospitalar foi aberta, mas eu nem me importei e continuei a encarar o teto e notando as imagens entalhadas na pedra. Ouvi passos e o biombo que estava ao redor da minha cama foi empurrado para o lado e alguém puxou uma cadeira e sentou ao meu lado na cama.
- Como você está? – Draco perguntou baixinho.
- Você já reparou que o teto de Hogwarts tem algumas figuras? – eu perguntei tentando fugir da pergunta que ele fez.
- Você não vai me distrair e sim, eu já notei isso – ele respondeu persistente – Como você está?
- Eu já passei por todos os estágios possíveis – eu respondi ainda encarando o teto – Negação, raiva, depressão e agora estou na aceitação. Ou melhor, tentando aceitar que eu não posso fazer nada porque estou aqui. Então, eu prefiro encarar o teto e não machucar mais ninguém.
- Por que você não escreve uma carta para eles? – Malfoy sugeriu – Você não pode sair, mas as corujas podem.
- Eu não sei o que escrever, Draco – eu disse e senti sua respiração perto do meu pescoço. Ele havia apoiado a cabeça no meu travesseiro – Eles não queriam que eu voltasse pra cá. Brigaram comigo, imploraram para que eu não voltasse e sabe o que eu fiz? Eu ri e disse que não tinha nada que eles pudessem falar que iria mudar isso.
- Eles conhecem você, – ele disse – Eles sabiam que você não iria mudar de ideia. Eles só estavam sendo seus pais. E você deve mandar a carta para eles porque é uma boa filha.
- Como você sabe disso? – eu perguntei sendo grossa – Você nunca os viu direito.
- Quando eu fui a sua casa no natal passado – ele explicou ignorando minha grosseria – Eu percebi como eles adoram você, como eles são orgulhosos e felizes por terem você. O jeito que eles riam das suas piadas ou como eles ficaram felizes quando você desceu do trem e os abraçou. Eu vi tudo isso de longe e sei que mesmo internados eles ficarão felizes em saber que você se importou.
- Eu posso pedir ao Fred para ir até o St. Mungus falar com eles – eu sugeri e vi que a expressão de Draco ficou furiosa – O que foi?
- Nada, por quê? – ele disse adquirindo uma expressão confusa, mas eu já havia percebi que tinha algo errado.
- Você tem ciúmes do Fred? – eu perguntei pela primeira vez achando graça em alguma coisa e abrindo um sorriso.
- Eu não tenho ciúmes, – ele levantou a cabeça e deu uma risada cínica – Ainda mais do Weasley.
- Ele tem pontos comigo, se quer saber – eu disse só para provocar.
- Claro que ele tem, me proibindo de ver você durante as férias, até Você-Sabe-Quem teria mais pontos do que eu – ele resmungou bravo e eu teria rido se não tivesse percebido a pequena crítica em seu comentário.
- Como assim? – eu me sentei na cama – Fred proibiu você de me ver?
- O seu queridinho não te contou? – ele disse sendo ácido – Eu ia até sua casa uns milhões de vezes e ficava te vendo na janela olhando para o nada, até que um dia o Weasley me viu e me enxotou da sua vizinhança.
- Fred não faria isso comigo – eu ri com certo desespero – Ele sabia que eu...
- Que você? – ele perguntou curioso
- Ele sabia que eu precisava de você – eu confessei e fiquei em pé – Você está mentindo pra mim, Draco.
- Eu poderia estar mentindo, mas por que eu faria isso sendo que o que eu mais quis durante todas as férias foi ficar perto de você? – ele revelou com uma voz séria e eu sabia que ele estava falando a verdade – Ele disse que eu só iria atrapalhar e bem, de certa forma eu iria mesmo. Acabaria fazendo teu pai tentar me matar ou até você.
- Você está certo, mas Fred não tinha esse direito de nos afastar, eu tinha que fazer isso – eu disse com minha cabeça trabalhando o mais rápido possível, tentando entender o motivo de Fred ter se colocado entre mim e Draco – Eu não estava nos meus melhores momentos, mas...
- E eu poderia ter atrapalhado ainda mais – ele disse encarando o nada e suspirando – Eu odeio admitir, mas o Weasley estava certo. O que eu poderia fazer? E você não precisava de mim.
- Como você sabe que não? – eu perguntei apenas para deixa-lo falando mais um pouco sobre o assunto.
- Você estava naquele estado por causa de mim e por causa do que eu fiz, o que minha visita iria trazer de bom? – ele perguntou sendo sincero.
- Você tentaria me fazer mudar de ideia – eu respondi – Tentaria mudar as coisas.
- Eu estou tentando fazer isso desde que chegamos ao Castelo e até agora não teve resultado – ele disse me encarando com um ressentimento no olhar – Eu não vou discutir esse assunto com você, é perda de tempo.
- Por quê? – eu perguntei séria e já percebi que estávamos brigando – Você não lutou por mim, Draco. Você fez o que fez e foi embora e esperou as aulas voltarem porque ficaria mais fácil pra você.
- Eu não lutei por você? – ele perguntou bravo e levantando da cadeira – Eu passei todos os dias das minhas férias te olhando pela janela e tentando fazer você ficar feliz. Os passarinhos que cantavam, as pequenas luzes que eu sempre fazia aparecer no seu quarto ou as flores que você sempre recebia todo dia de manhã. E quando você conseguiu receber uma carta porque eu fiz minha coruja deixar exatamente a carta em sua janela, você surtou e o Weasley fez questão de dizer que a culpa era minha. Então não venha falar que eu não lutei por você porque a única coisa que eu fiz desde que eu te deixei foi lutar por você! - ele deu uma pausa e me olhou uma última vez – E que merda foi aquela de tentar passar pelas barreiras mágicas? Você é louca.
Eu engoli em seco e senti meus olhos lacrimejarem com todas as palavras. Draco nunca fora de expor os seus sentimentos ou o que ele estava pensando, mas desde que voltamos para o Castelo, a única coisa que ele fazia era dizer para mim como ele se sentia e como estava arrependido por toda as coisas que tinham acontecido. Então, naquele momento enquanto ele arfava por ter dito todas as palavras sem parar, enquanto madame Pomfrey tentava ignorar a nossa discussão lendo um livro, eu percebi que não importava o quanto eu queria lutar contra ou tentar me enganar, eu ainda queria aquele garoto na minha vida e eu finalmente percebi tudo o que ele estava fazendo para voltarmos ao que éramos. E como eu sempre fui uma covarde, eu precisava de tempo para pensar em tudo aquilo.
- Vá embora – eu disse mecanicamente e ouvi Draco bufar irritado – Por favor, sai daqui.
- Você é impossível mesmo – ele disse com raiva e saiu de perto, mas antes de sair, ele parou na porta e se virou para mim – E só pra constar: Eu quis voltar. Assim que eu disse todas aquelas coisas horríveis para você na noite que Dumbledore morreu, assim que eu passei por aqueles portões, eu quis voltar e eu ia voltar, mas Snape não deixou. Eu ia levar você comigo.
A porta bateu e as lágrimas suspensas caíram feito cascatas dos meus olhos. Eu respirei fundo tentando conseguir fôlego e arfei alto chamando atenção de madame Pomfrey que se aproximou de mim timidamente. Ela sentou na cadeira que Malfoy estava sentado e me encarou com os olhos tristes esperando meu choro diminuir.
- Srta. , você não acha que colocou vocês dois em sofrimento por tempo demais? – ela perguntou.
- Você sabe o que ele fez? – eu perguntei enquanto limpava meu rosto com a manga da blusa.
- Sei, mas eu também sei que ele ama você, isso está claro – ela disse sorrindo – E as pessoas cometem erros todos os dias, isso é da natureza do ser humano, mas são poucas que admitem e tentam reparar o estrago feito e esse garoto está fazendo exatamente isso. – eu tentei sorrir agradecida, mas deve ter saído uma careta horrível, pois madame Pomfrey apenas levantou da cama sorrindo de novo pra mim – Eu vou te trazer um chá e nós conversamos mais já que você só vai sair daqui amanhã de manhã.
A primeira aula do dia seria Feitiços junto com a Corvinal e seria também a minha primeira aula depois da suspensão que eu tive por tentar fugir. Assim que passei pela porta, Neville sorriu para mim e eu fui me sentar ao seu lado. Nate sorriu e acenou feito um louco gritando: Temos uma sobrevivente, senhoras e senhores! Depois me puxou para um abraço e bagunçou meu cabelo com a desculpa de que “eu precisava de uma aparência que fizesse jus a minha loucura”.
- E então? – Neville perguntou depois que Flitwick tinha explicado a aula do dia – Como você está?
- Eu preciso conversar com meus pais, mas não me deixam sair daqui – eu expliquei - Então estou me sentindo um lixo.
- Eu sinto muito, – ele disse dando um sorriso triste –Escreva uma carta para eles, acho que ajuda.
- Eu vou fazer isso, só não sei o que escrever – eu disse e suspirei.
- Srta. quer outra suspensão? – Flitwick perguntou vindo até minha mesa – Pare de conversar e faça seus feitiços!
- Desculpa – eu disse e comecei a ler o livro de feitiços em minha mesa antes de começar a praticar qualquer coisa.
- O que vai fazer a respeito dos seus pais? – Nathan perguntou baixo.
- Vou mandar uma carta para eles já que foi a única coisa que me foi permitida e o motivo de eu ter ficado internada nesses últimos dias –eu expliquei.
- Sobre isso – ele olhou para os lados e falou ainda mais baixo – O que aconteceu com você? Não nos deixaram te visitar nenhum dia e há um boato de que você tentou passar pelas barreiras de Hogwarts.
- Bem, isso é verdade – eu disse e dei risada ao perceber o quão idiota eu fui – Eu tentei fugir do Castelo e acabei batendo com força na barreira o que me deixou internada durante todo esse tempo.
- Jura? – Neville disse horrorizado – Você é louca? Você estava com o que na cabeça?
- Eu sei, foi estúpido, mas eu estava desesperada – eu respondi – E bem, ter ficado internada quase a semana passada inteira serviu como lição.
- Estúpido – Nathan disse ponderando – Mas corajoso.
- Nunca mais faça isso – Neville pediu e depois riu.
- Vocês três não param de falar um segundo! – Flitwick reclamou mais uma vez chegando perto de nós – Terminou sua tarefa, sr.Longbottom?
Eu estava sentada na grama naquele fim de tarde esperando o sol se por e pensando no que iria escrever naquela carta para meus pais. Uma página de um caderno de anotações estava aberto em meu colo, e um tinteiro junto com uma pena estavam ao meu lado, mas eu não conseguia escrever nada. Não tinha ideia nenhuma do que iria dizer. Como sempre. Uma lágrima escorreu do meu olho direito e quando dei por mim, já estava chorando e sem nenhuma razão aparente. Dei um suspiro longo e limpei meu rosto, mas não adiantou muita coisa. Eu me sentia frustrada. Todos os meus esforços para sair daquele castelo, manter-me forte e sã foram inúteis. Nada adiantou e eu estava cada vez mais sozinha. Meus três melhores amigos estavam em algum lugar que ninguém sabia onde, meus pais estavam machucados, meu outro melhor amigo afastou o amor da minha vida durante as férias inteiras e estava ocupado demais, e conversar com Neville ou Gina não era a mesma coisa. Em suma, eu estava completamente sozinha. E perceber isso me fez chorar.
Ouvi passos perto de mim e tentei limpar meu rosto e tirar a expressão de choro o mais rápido possível. Virei para sorrir para a pessoa que vinha, mas congelei a expressão. Draco caminhava em minha direção e se sentou ao meu lado em silêncio.
- O que você está fazendo aqui? – eu perguntei olhando para ele, mas Malfoy olhava para frente.
- Eu não vim aqui pra brigar com você, se é isso que você está achando – ele começou a falar – Ou pra falar sobre nós dois.
- E veio aqui para quê, então?
- Pra ouvir você – ele finalmente me olhou e deu aquele mesmo sorriso de quando eu estava deitada no colo dele me debatendo de dor. Um sorriso tranquilizante – Pode começar a falar.
- Você nunca foi assim, o que está acontecendo? – eu perguntei desconfiada.
- Eu estou tentando ter sua confiança de volta – Draco explicou – E se eu contar alguma coisa sua para alguém, eu deixo você fazer o que quiser comigo.
- Mesmo? – eu perguntei segurando o sorriso divertido que surgiu nos meus lábios.
- Mesmo.
- Raspar seu cabelo?
- Tudo bem.
- As sobrancelhas?
- Vai crescer de novo.
- Uau – eu disse e nós rimos – Você está bem determinado.
- Faz parte do plano de tentar ser uma pessoa melhor pra você –ele respondeu e deu aquele mesmo sorriso.
- Eu quero que você me conte alguma coisa em troca – eu verbalizei a ideia que apareceu em minha mente – Eu te conto algo e você me conta também.
- Tudo bem – ele concordou – Começa você. Por que você estava chorando?
- Eu não estava choran... – eu ia continuar, mas Draco levantou uma sobrancelha em uma expressão clara de que eu não podia mentir porque ele sabia de tudo – Tudo bem, eu estava chorando.
- Eu sempre sei que você está chorando, – ele disse sem me olhar – Eu quero saber o motivo.
- Eu estou sentada aqui há horas e não sei o que escrever para os meus pais ainda – eu disse sendo sincera – Não consigo colocar nada pra fora e me sinto completamente sozinha. Sua vez.
- Eu sou o pior Comensal que já existiu – Malfoy disse e deu risada – Eu chorei depois que Lord Voldemort me fez torturar uma pessoa.
- Draco, eu sinto muito – eu disse entrelaçando nossos dedos – Eu realmente sinto muito.
- Já aconteceu, não adianta mais – ele disse e apertou os dedos mais contra os meus – Sua vez.
- Eu senti sua falta em todos os dias das férias – eu revelei – Eu ficava olhando para a janela pra ver se você iria aparecer. Eu provavelmente iria te enxotar da minha casa, mas eu precisava somente te ver.
- Eu não fui até a sua casa porque sabia que você iria me enxotar de lá e eu não queria sofrer uma rejeição, ainda que merecida – ele disse e respirou fundo puxando a mão dele para longe. Sem razão nenhuma aquilo doeu – Egoísta, mas a verdade.
- Eu tentei me matar algumas vezes – eu disse com um pouco de vergonha – Não foi nada de querer me jogar ou me acertar com um feitiço, mas eu vivia me jogando em brigas inúteis pra tentar fazer com que algum Comensal me matasse.
- Já eu realmente apontei a varinha pro meu coração – Malfoy contou e eu arregalei os olhos.
- Você realmente fez isso? – eu perguntei, mas ele não respondeu. – Draco?
- Sim, , eu realmente fiz isso – ele disse com uma voz cansada – Eu não tinha razão nenhuma pra viver, mas minha mãe me impediu.
Aquelas palavras foram um choque para mim. Ele havia tentado se matar. Automaticamente eu imaginei uma vida sem Draco, uma vida em que eu não teria mais aqueles olhares penetrantes, as frases safadas ou todo o carinho que ele me dava. E eu entrei em pânico. Olhei para Malfoy e imaginei seu rosto para sempre daquele jeito. Jovem, com olheiras e sem sorrir. O pânico aumentou e eu nem reparei quando me joguei em cima dele e o abracei com toda a força que eu tinha. Um nó formou-se em minha garganta e meus olhos se encheram de lágrimas novamente. Draco se assustou e demorou alguns segundos para colocar as mãos em minha cintura e me puxar para mais perto. Beijei seu pescoço diversas vezes e seus lábios rapidamente por último antes de voltar ao meu lugar.
- Eu não sabia que tudo o que aconteceu tinha afetado tanto você – eu entreguei – Draco me desculpa. Por favor, eu fui muito idiota por achar que só eu sofri. Eu fui tremendamente egoísta.
- Você foi mesmo – ele disse e depois riu – Mas eu tenho sido egoísta minha vida inteira, então, não tem problema.
- Você realmente colocou todas as flores na minha janela? – eu perguntei.
- Sim, todas – ele disse.
- As rosas? – ele afirmou com a cabeça – Os lírios? – novamente ele afirmou – As orquídeas?
- , todas foram minhas – ele afirmou e riu – Mas por que a pergunta?
- Porque eu guardei todas – eu sorri – Eu tenho mais de trinta flores em uma caixa na minha casa.
- Eu me sinto um romântico agora e você sabe que eu não sou assim – Malfoy disse e eu ri.
- Mas aquilo foi lindo – eu disse e nós sorrimos um para o outro. – Eu sinto tua falta.
- Me deixa voltar? – ele pediu e se virou para segurar minhas mãos entre as suas – Por favor, .
- Eu ainda não posso, Draco – eu disse e ele se afastou de mim –Não é maldade, eu juro que não é. Ou orgulho.
- O que é, então? – ele perguntou ríspido e levantou do chão, eu me levantei também, derrubando o caderno, pena e tinteiro no chão.
- Eu já te disse que eu tenho medo – eu disse sentindo minha voz falhar – Não se consegue a confiança perdida de uma hora para a outra. Por favor, respeita meu tempo. – ele não disse nada e virou para encarar o sol que quase tocava o horizonte – Só não vai embora. Eu não vou te afastar mais, eu prometo. Eu só não posso dizer que nós vamos voltar ao que éramos rápido.
- Já temos um progresso então, você não vai mais tentar me matar quando me ver – ele disse e se aproximou de mim – Porque você já fez isso. Duas vezes.
- E nenhuma delas eu consegui – eu disse passando minhas mãos pelo seu pescoço e senti as mãos dele em minha cintura.
- Sou digno de receber um beijo, ? – Malfoy perguntou dando um sorriso de lado.
- Nós já transamos mesmo eu não estando confiando em você, acho que um beijo você nem precisa pedir – eu disse sorrindo.
- Sobre isso, eu... – ele começou a falar, mas eu o calei colocando meus dedos em seus lábios.
- Foi bom, eu gozei, você gozou. Fim da história – eu disse e Draco gargalhou
- E aquela história de que foi errado? – ele perguntou com um sorriso safado.
- Meu drama de sempre – eu respondi e nós rimos antes de juntarmos nossos lábios para um beijo.
Pronto. Estava feito. As cartas estavam escritas e eu me sentia um pouco menos inútil. Draco estava sentado ao meu lado enquanto estávamos na biblioteca e lia um livro calmamente enquanto eu escrevia.
- Terminei – eu disse e ele abaixou o livro para me olhar – A carta dos meus pais e a do Fred.
- Fred? – ele perguntou confuso – Por que vai mandar uma carta para o Fred?
- Porque eu vou marcar um encontro com ele – eu expliquei enquanto enrolava o pergaminho – Quero saber o motivo de ele ter se colocado entre você e eu.
- Ele é apaixonado por você, não se faça de ingênua – Malfoy reclamou e eu revirei os olhos.
- Fred é apaixonado por outra pessoa e eu sei quem é – eu respondi e lacrei as cartas com vela derretida e a selei com o símbolo de Hogwarts – Vai ter o passeio para Hogsmeade em algumas semanas, eu me encontro com ele lá.
- Eu achei que você iria comigo – Draco disse um pouco baixo e com uma voz triste.
- Eu me encontro com você depois – eu o olhei e sorri - Você está com tanto ciúmes.
- Eu não estou com ciúmes – ele disse e ficou vermelho.
- Pode admitir, Draco – eu brinquei – Você está morrendo de ciúmes.
- Eu não estou, sua pentelha – ele brincou e nós rimos juntos – Talvez eu esteja um pouco.
- Eu te conheço, Malfoy – eu respondi e sorri – Eu preciso pegar um livro rápido antes de nós irmos.
- Qual livro? – ele perguntou me seguindo pelos corredores cheios de livros que voltavam para a estante sozinhos.
- Para a minha aula de Runas – eu expliquei – Tenho que fazer uns deveres para a próxima aula.
- Desde quando você faz aula de Runas? Você odeia essas coisas simbólicas e códigos – ele perguntou confuso.
- Desde que eu estou com muito tempo livre durante as aulas – eu expliquei uma meia verdade.
- Não tem nada a ver com seu colar, não é? – ele perguntou e eu travei – É claro que tem. , fique fora disso, não procure confusão.
- Eu preciso saber porque Snape tomou meu colar e o que aquele símbolo significa – eu disse e me virei para ele – Eu preciso de respostas, Draco.
- Você vai trazer mais problemas para si mesma – ele alertou – Os Comensais estão vigiando cada passo teu, tome cuidado.
- Você não vai falar nada sobre os reais motivos de eu estar assistindo as aulas de Runas – eu o olhei séria – Isso é muito importante, Draco. Uma das poucas coisas que Dumbledore me deixou foi aquele colar e ele sabia que era algo importante.
- Você tem que ser sutil nessa pesquisa, você me ouviu? – ele advertiu e colocou as mãos em meu rosto me empurrando para uma estante e beijando meus lábios – Não faça nenhuma besteira, .
- E você não vai contar para ninguém, ouviu? – eu disse e o puxei para mais um beijo molhado – Eu estou de dando um voto de confiança, Malfoy.
- Meu nome fica tão sexy quando você fala – ele deu um sorriso safado e beijou meu pescoço – Tão sexy.
- Jura, Malfoy? – eu disse novamente e ele sorriu me beijando mais uma vez – Malfoy...
- Continua e nós teremos que sair daqui o mais rápido possível – ele disse e eu ri um pouco mais alto e ele me olhou sério – Silêncio, . Estamos em uma biblioteca.
- Acho melhor nós sairmos daqui, eu já peguei o livro que eu precisava – eu disse e o beijei mais uma vez antes de sairmos da sala.
Andávamos pelo corredor conversando sobre coisas leves. Draco estava diferente, ou melhor, estava se esforçando para ser alguém diferente por mim e isso me agradava. Ele pegou na minha mão e começamos a caminhar de mãos dadas de um jeito simples e como antes. Parecia que nada tinha mudado, parecia que éramos como no ano anterior em que não havia um momento juntos em que nossas mãos não estivessem entrelaçadas. Eu sentia falta de tudo aquilo, sentia falta da leveza que havia nessas situações. E tudo poderia ter continuado assim se Nathan não estivesse aparecido correndo e com um olhar desesperado.
- Nate, o que foi? – eu perguntei soltando Draco que ficou com um olhar confuso.
- Neville, ele foi atacado – ele respondeu e segurou meu braço – Ele está na Ala Hospitalar, mas não está nada bem. Você tem que vir comigo, .
- Eu vou, eu vou – eu respondi e me virei para Draco – Eu tenho que ir, Draco.
- Tudo bem, a gente se encontra depois? – ele perguntou dando um sorriso.
- Okay – eu respondi rápido e sai correndo com Nate ao meu lado.
- O que aconteceu, Nate? – eu perguntei enquanto andávamos lado a lado pelos corredores.
- Ele foi defender uma aluna mais nova e acabou defendendo demais – ele disse e eu queimava de raiva e nem prestava atenção em minha frente – E foi parar na... CUIDADO!
Senti um puxão na minha capa e quando percebi Nathan me segurava em seus braços com força. Olhei para onde eu iria pisar e a escada havia acabado de mudar de lugar. Eu quase havia caído e Nate me salvara. Olhamos-nos e seus olhos suavizaram quando viram que eu estava bem e segura. O aperto na minha cintura afrouxou um pouco, mas eu não queria sair de lá. O azul dos olhos dele era totalmente diferente dos olhos de Draco. Eram azuis calmos, me lembravam do mar em um dia quente de verão. Eu suspirei e me afastei um pouco e dei um sorriso sem graça.
- Obrigada – eu disse e me virei para esperar outra escada aparecer.
- Não tem problema – ele respondeu também sem graça – Olha aí, a escada.
Eu empurrei a porta e caminhei apressada olhando as camas até que vi Neville deitado desacordado. Corri até lá e percebi que Nate vinha atrás de mim. Eu me aproximei e sentei em uma cadeira apertando a mão do meu amigo que abriu os olhos quando sentiu o aperto. Eu sorri para ele e beijei sua mão num gesto de carinho. Neville tentou sentar na cama, mas arfou de dor.
- Não se mexa, Neville – eu pedi – O que aconteceu?
- Um dos Comensais estava aterrorizando uma garota do primeiro ano – ele respondeu e fez uma careta de dor quando tentou sentar novamente – Estava perguntando sobre a família dela e dava para perceber que ela não sabia de nada e estava com medo, mas o idiota não parava. Eu acabei me metendo e entramos numa luta, ele me acertou com um feitiço e me lançou na parede. Madame Pomfrey disse que eu quebrei algumas costelas, mas elas já estão curando.
- Isso foi louco – Nate disse atrás de mim – Valente, mas louco.
- Não podemos mais deixar esse tipo de coisa acontecer, – Neville disse irritado – Era apenas uma criança. Uma criança.
- Eu sei disso – eu respondi e dei um sorriso triste. – O que podemos fazer? Somos três contra um castelo cheio de Comensais.
- Eu não consigo pensar em nada – Nathan disse e sentou ao meu lado depois de puxar uma cadeira.
- Eu sim – Neville disse e deu um sorriso vitorioso – A Armada de Dumbledore irá voltar.
- Armada do que? – Nate disse confuso.
- Quando o Harry estava aqui nós fizemos um grupo para treinar – Neville explicou – Naquela época era somente para treinar, mas agora é muito maior.
- E sobre o que vai ser? – Nate perguntou.
- Resistência – eu respondi sorrindo.

Revelação

N/a: Dê play na Música quando ver a notinha!

Um vento gelado soprava, indicando que o outono logo chegaria. O treino de quadribol acontecia e eu esperava minha vez de treinar. Nate estava treinando porque ele iria jogar no próximo jogo de sábado, o primeiro do ano que era entre Grifinória e Corvinal. Olhei para o céu nublado e suspirei, pensando no que eu, Nate e Neville teríamos que fazer para reunir o maior número de alunos que queriam combater a tirania dos Comensais. Ouvi passos e olhei para a escada da arquibancada e Nathan subia correndo até mim.

- Hey, girl. – ele disse e sentou ao meu lado – A próxima vai ser você.
- Eu sei. – respondi – O que nós vamos fazer para conseguir chamar a atenção das pessoas?
- Você é o cérebro da operação, eu e Neville somos os músculos. – ele respondeu e nós rimos – Podemos deixar bilhetes por aí, mas tem que ser alguma coisa sutil.
- E algo que demore a descobrirem que somos nós, – respondi – Podemos começar com algo simples.
- Legal, o quê? – ele perguntou e eu ri sem ter ideia nenhuma. Um silêncio se alastrou ao nosso redor, mas foi quebrado por Nate rapidamente mudando de assunto – Droga, eu sinto saudade de casa...
- Eu sinto saudade dos meus pais. – respondi e olhei para baixo – Escrevi uma carta para eles, vou entregar amanhã cedo.
- Não esquece que depois do treino temos que ir visitar o Neville. – ele comentou e eu confirmei – Pode me chamar de mimado, mas eu prefiro ser ensinado em casa.
- Você iria gostar daqui antes de tudo isso. – eu disse e sorri. – Dumbledore fazia com que essa escola fosse um lar para todos. Eu só tive a oportunidade de estudar aqui enquanto ele estava por um ano, mas todos me dizem que a escola sempre foi um lar.
- Dumbledore deve ter sido uma boa pessoa. – Nate disse – Papai disse que ele foi um grande bruxo.
- Foi mesmo. – respondi e senti um nó em minha garganta. – Eu vou treinar, já volto.
- Tudo bem.

Os corredores estavam escuros, mas nós precisávamos falar com Neville urgente. Minha cabeça borbulhava com diversas ideias e eu precisava conversar com ele rápido. Viramos um corredor e dois Comensais estavam parados na porta da enfermaria.

- Precisamos ver um amigo nosso. – eu disse – Com licença.
- Visitas não são permitidas. – um deles disse – Por que estão fora de suas Casas?
- Estávamos no treino de quadribol. – Nathan respondeu –Por que não podemos visitar?
- Porque o horário de visitas agora é apenas permitido durante a hora de almoço. – o outro comensal respondeu – Voltem para suas Casas.
- Isso é um absurdo! – eu resmunguei e Nate segurou meu braço, me puxando de leve para trás. – Que droga de escola, que merda...
- Olhe o palavreado, mocinha! – o comensal mais alto disse. – Podemos te mandar para a detenção por causa disso.
- E você acha que eu me importo? – eu disse e saí andando com Grings em meu encalço e fomos para a Grifinória esperar pelo sol que traria mais uma manhã.

O sol estava escondido atrás das nuvens, indicando que aquela seria uma manhã chuvosa, mas eu não me importava muito. Os ventos faziam os fios do meu cabelo voarem ao meu redor e eu amava essa sensação de liberdade que vinha com a ventania. Eu estava na escada do corujal enquanto olhava Hogwarts acordando embaixo de mim. Segurava as cartas em meus dedos com força, não queria que elas voassem. Eu havia terminado de escrever as duas na noite anterior depois do treino. Peguei a carta para os meus pais e lembrei-me do conteúdo:

Mãe e Pai,
Eu soube o que aconteceu com vocês, mas infelizmente o diretor não permitiu que eu fizesse uma visita. Meu coração dói ao saber que não vou poder vê-los para ter a certeza de que estão bem. O que aconteceu? Preciso conversar com vocês pessoalmente, vou para casa no natal e aí poderemos conversar livremente.
Eu estou com vocês mesmo estando longe e nada do que aconteça vai nos separar.
Com amor,


. Escrevi apenas um bilhete simples para Fred, não expliquei de fato a situação, só disse que queria encontrá-lo em Hogsmeade. Ele era meu melhor amigo, mas eu precisava tirar essa história a limpo. Chamei Cassie e mais outra coruja do castelo e coloquei as cartas em suas patas. Cassie foi visitar meus pais e a outra foi para a casa dos Weasley. Comecei a observar o céu daquela manhã preguiçosa quando senti um vento tão forte batendo em minhas costas que fui empurrada contra a mureta da escada do corujal. Meu corpo se inclinou para frente, eu encarei aquela imensidão embaixo de mim e por um segundo me imaginei caindo. Foi pouco tempo, mas eu quis desaparecer, parar de existir e desistir de tudo. Sem perceber, eu me inclinei mais para baixo, era apenas questão de soltar meus pés do chão e ir só um pouco para frente. Era fácil e eu poderia fechar os olhos...

- ? – uma voz disse e eu levantei rapidamente. Luna me olhava curiosa. Ela estava com os cabelos soltos ao vento e usava um casaco laranja estampado com flores – O que faz aqui?
- Oi, Luna! – eu disse alto e assustado demais. – Vim mandar uma carta para meus pais, minha coruja acabou de sair.
- O que tem aí embaixo? – ela perguntou inocente e caminhou até meu lado para olhar o abismo embaixo de nós. – Aqui é bem alto.
- Pois é. – eu disse – O que faz aqui?
- Vim alimentar as corujas como faço todas as manhãs. – ela respondeu e tirou uma porção de restos de comida da bolsa. Cascas de pão, bolo, sementes e outras coisas estavam dentro de um saquinho. – Quer me ajudar?
- Claro! – respondi e nós subimos para o corujal. Peguei um punhado de cascas e fui distribuindo para as corujas, que assim que viram Luna desceram para o nível mais baixo. – Por que você faz isso?
- Algumas corujas são esquecidas pelos seus donos. – ela começou a explicar – Elas sabem caçar, não passam fome, mas um carinho de vez em quando é bom.
- Isso é verdade. – respondi enquanto colocava um pouco de bolo em minha mão e estendia para uma delas pegar. Outra veio até minha direção e me encarou com aqueles grandes olhos. – Luna, ela está me encarando.
- Essa é muito carente, faça carinho nela. – a garota respondeu enquanto continuava a alimentar os outros animais. – Olá, senhora Kardiff, como vai?
- Elas são lindas. – respondi enquanto acariciava a coruja carente.
- E são muito incompreendidas. – Luna disse vindo ao meu lado e dando comida para outra. – Elas são confundidas com objetos por alguns, mas são seres com sentimentos.
- Agora eu entendo, elas são maravilhosas. – respondi – Assim como você, Luna.
- Por isso me identifico com elas, as pessoas não me entendem também. – ela disse – Riem de mim pelos corredores, fazem piadas e me chamam de apelidos.
- Não ligue para o que eles dizem ou fazem, Lun. Você é especial e não deve se achar menos só porque alguns não entendem isso. – eu disse – Quando eu entrei em Hogwarts, meu apelido era Aberração da Grifinória e eu aprendi a ignorar tudo isso.
- Eu ignoro também. – ela disse olhando para um ponto qualquer – Existe muita bondade nesse mundo que deve ser apreciada, mesmo que muitas vezes a maldade tome conta de tudo. – ela deu uma pausa e depois sorriu, me olhando – Vamos descer para o café da manhã?
- Vamos sim.

O encontro com Luna fez com que minha manhã fosse mais feliz, totalmente diferente de como eu havia acordado. Descemos para o salão principal e já havia um lugar reservado para mim ao lado de Nate. Ele sorriu para mim e beijou minha testa quando sentei ao seu lado. Nathan era extremamente carinhoso e brincalhão. Não me deixava ficar triste quando estávamos juntos e sempre fazia alguma piada sarcástica.

- Bom dia, amor. – ele disse com um sorriso – O que vamos fazer hoje?
- Ver o Neville no horário do almoço e conversar com Gina e mais alguns de confiança. – respondi – Qual é nossa primeira aula?
- Poções com a Sonserina. – ele respondeu – Não morra por causa do Draco.
- Pode parar com isso. – eu disse e ele riu – Eu não morro por causa do Malfoy.
- Até o jeito que você fala o nome dele é diferente. – ele disse – Você ainda gosta dele.
- Vamos mudar de assunto, okay? – pedi e dei um gole no suco de abóbora em minha frente.
- Tudo bem, Malfoy girl. – ele disse e nós rimos juntos.

Slughorn continuava a falar, mas eu não conseguia prestar atenção direito. Nate havia errado a poção e agora várias bolhas fedidas saíam do seu caldeirão e eu não conseguia parar de rir. Eu ofereci ajuda, mas o garoto não quis e disse que precisava fazer sozinho. Então, eu estava ao seu lado, rindo e sabendo que tudo aquilo pararia se ele desligasse o fogo.

- Você é muito idiota, é só desligar o fogo, Nathan. – expliquei e ele me olhou bravo, mas fez o que eu sugeri. – Pronto, agora espere esfriar um pouco para continuar.
- Como você sabe de tudo isso? – ele perguntou incrédulo.
- É só ler o livro, gênio. – respondi.
- Eu sou um lixo nisso aqui. – ele disse e bufou irritado.
- Não é, eu te ajudo. – eu disse e puxei meu banco para o seu lado. – Coloque essência de Visgo, por favor.
- Sim, senhora. – ele disse e sussurrou no meu ouvido – Malfoy não para de olhar para cá.
- Problema dele. – eu disse fingindo indiferença, mas pulando por dentro. – Eu já disse que não me importo.
- Outra mentira. – ele disse enquanto passava o frasco para mim. – Você mente demais, .
- Isso não é verdade – retruquei.
- É sim! – ele disse e deu risada – Você mente para mim, para ele e para si mesma.
- Desde quando virou perito em saber as mentiras dos outros? – perguntei dando um sorriso e mexendo o caldeirão devagar.
- Porque seu rosto te entrega, a ruga no meio da tua testa suavizou quando eu citei o nome do Malfoy. – ele respondeu e eu fiquei vermelha – E agora está vermelha porque sabe que eu estou certo.
- E o que isso importa para você? – perguntei o olhando fixamente e esperando que ele recuasse. Mas ele não o fez e tive que desviar os olhos.
- Não importa para mim. – ele respondeu dando um sorriso zombeteiro – Mas deveria importar para você.
- E aonde você quer chegar com esse assunto, Nathan? – perguntei sendo um pouco grossa. – Isso não é da tua conta.
- Bem, pode ser. – ele disse baixo e eu o encarei séria. – Ele não se importa em se esfregar com aquela garota da Sonserina pelo castelo, certo?
- E?
- E seria bom se ele provasse do próprio veneno. – ele disse descarado dando um sorriso malicioso e eu dei risada. – Se precisar de ajuda nisso, é só me chamar.
- Você deveria se envergonhar por querer tirar casquinha de mim assim na cara dura. – respondi, mas continuei dando risada da idéia. – Você é muito engraçado, Nate.
- E você é uma gracinha. – ele respondeu e nós rimos – E sabe fazer poções muito bem.
- Eu sou um espetáculo, menino Nate. – respondi e rimos mais um pouco antes do professor Slughorn aparecer para olhar nossos caldeirões.

A aula havia acabado e eu estava colocando meus livros dentro da bolsa quando uma risada alta chamou minha atenção. Eu olhei na direção do barulho e me arrependi no mesmo momento. Em um grupo de alunos da Sonserina, Draco estava lá conversando e pendurada em seu pescoço lá estava ela. Pansy Parkinson. Ela falava alguma coisa junto com os amigos e eles riam como se fossem um grupo de pessoas normais e não um grupo preconceituoso. Eu observei o rosto de Pansy e o quão ela parecia feliz somente por estar ali ao lado de Malfoy. E então nossos olhares nos encontraram e por um milésimo de segundo, ela travou. Naquele momento eu entendi exatamente o motivo dela estar tão feliz. Ela mendigava a atenção de Draco há anos e só conseguia migalhas. Era óbvio que o ódio dela por mim era grande demais, eu não fiz nada e não apenas consegui a atenção de Draco, mas seu amor também. Por isso, naquele momento eu não tive raiva dela como sempre. Eu entendi o que ela estava fazendo porque Pansy sabia. Ela levou a sério o que eu disse sobre tê-lo de volta e agora estava desesperada para aproveitar o pouco de atenção que ainda lhe restava. Eu tive pena daquela garota que me odiava simplesmente por eu ter conseguido algo que ela queria há anos: Amor. Draco percebeu Pansy tensa ao seu lado e olhou na direção em que ela encarava, colocando finalmente os olhos em mim. E como eu esperava, ele a empurrou para o lado e veio em minha direção. A expressão chorosa que permaneceu no rosto da garota aumentou ainda mais a minha pena, que foi rapidamente dissipada quando Draco sorriu para mim e beijou meu rosto com carinho quando se aproximou.

- Oi, . – ele disse e sorriu para mim mais uma vez. – Eu vi que você foi bem na aula de hoje.
- E quando eu não sou? – respondi presunçosa, mas ri depois enquanto colocava minha bolsa no ombro. – Eu tenho aula de Runas Antigas agora.
- Você ainda está atrás daquele símbolo? – ele perguntou baixo enquanto me seguia pelos corredores.
- Sim e não vou descansar até saber o que significa. – respondi enquanto andávamos um ao lado do outro. – Eu te vi com Pansy hoje.
- Ela só me abraçou, eu nem notei. – ele disse preocupado, começando a se justificar.
- Eu não me importo mais, Draco. – respondi e parei no canto de um corredor, levando Malfoy comigo para não atrapalharmos a passagem dos outros alunos – Ela gosta de você e eu tenho pena dela.
- Por quê? – ele perguntou ofendido.
- Porque esses abraços..., e provavelmente você já deve ter ficado com ela de novo – ele quis contestar, mas eu não deixei – São tudo o que ela vai ter de você. Ela não terá algo verdadeiro e isso é triste.
- E desde quando você se importa com ela? – ele perguntou intrigado.
- Desde o momento em que ela me olhou do jeito mais suplicante possível como se pedisse para eu não te afastar dela. – respondi e me aproximei, deixando um beijo rápido nos lábios de Draco. – Eu tenho que ir.
- Nos vemos no almoço? – ele perguntou.
- Eu não sei.

A aula de Runas não foi nada do que eu esperava. Hermione com certeza gostava dessa aula, que não era nada mais que ficar tentando reproduzir os desenhos e decorar seus significados. Havia poucos alunos naquela sala, não chegavam a quinze e quando eu apareci, a professora BathshebaBabbling quase deu pulos ao perceber que havia mais um aluno interessado na “riqueza deixadas por nossos antepassados”. Então, lá estava eu sentada sozinha copiando as runas e aprendendo a formar frases com pedaços de pedra. Aquilo era um tédio completo e eu me arrependi de ter pedido para participar porque agora não poderia mais sair até o fim do ano letivo. Eu não estava prestando atenção direito e desenhei o símbolo que tanto me tirava a paz há semanas. O que ele significava? Por que Voldemort queria tanto o meu colar? Tais perguntas rondavam minha mente quando eu senti uma mão em meu ombro. A professora me olhava curiosa.

- Olá, querida. – ela disse com um sorriso. – É sua primeira aula de Runas, certo?
- Sim, professora. – respondi – Estou me interessando bastante por esse assunto nos últimos meses.
- E qual seria o motivo? – ela perguntou.
- Bem, curiosidade mesmo, sempre gostei de símbolos. – respondi – Algumas runas são lindas, não é?
- Sim, elas são mesmo e cada uma representa alguma coisa. – ela respondeu – Estudos mostram que nossos antepassados bruxos marcavam suas peles com as runas para adquirir aquelas características. Runas de força, concentração e outras eram marcadas na pele para ajudar nas batalhas.
- Será que isso ainda funciona? – perguntei curiosa.
- O Ministério proíbe esse tipo de tentativa. – ela explicou – Muitos bruxos tentavam reproduzir, mas não conseguiram. Conseguir o poder das runas requer uma magia muito antiga que nem todos os bruxos possuem.
- Então é loucura tentar alguma coisa, certo? – perguntei.
- Com certeza. – ela respondeu rindo – Não tente isso, hein?
- Pode deixar. – respondi sorrindo e anotando todas as runas importantes. Era óbvio que eu iria tentar.

- Alguma ideia? – Neville perguntou enquanto estava deitado na cama do hospital. Eu e Nate fomos visitá-lo no horário do almoço. Ele ainda estava com um olho roxo.
- Nenhuma ainda. – respondi desanimada – Quero dizer, tenho algumas, mas são muito suicidas.
- Eu já te falei que não vamos invadir o escritório do Snape, . – Nathan ralhou comigo pela segunda vez naquele dia. Eu achei a ideia genial, desculpe.
- Eu sei que é louco, mas podemos fazer isso mais para frente. – eu disse e Neville riu.
- Precisamos de apoio. – ele disse – Gina com certeza nos ajuda e Luna também.
- Luna? Quando você falou com ela? – Nate perguntou curioso.
- Ela veio aqui me visitar. – Neville disse um pouco vermelho e eu sorri. – Somos cinco já.
- As irmãs Parvati? – Nate perguntou – Elas me parecem bem legais.
- Elas sempre ficam atrás dos caras bonitos da Grifinória, Nathan. – respondi e ele riu – Mas pode ser,você conversa com elas, elas não gostam muito de mim.
- Por quê? – ele perguntou.
- Digamos que ano passado eu ataquei Lilá Brown e elas são amigas. – respondi e ele me olhou surpreso. – Pois é, eu já bati na Lilá.
- Você é uma caixinha de surpresas, . – ele respondeu e dei risada, me levantando logo depois. – Aonde você vai?
- Biblioteca, vejo vocês depois. – respondi e saí andando.

Eu estava sentada lendo aquele livro há horas. Era um livro sobre magias antigas, feitiços usados quando o mundo bruxo havia começado e que ainda podiam acontecer. Minha ligação com Draco era uma delas. O antigo povo nórdico acreditava que o amor deveria ser para sempre e como o mundo bruxo possuía a magia, foi mais fácil para isso acontecer. Tal mágica fazia com que o perdão fosse mais fácil, a espera mais fácil de ser suportada, o amor mais forte. Contudo, assim como as runas que se invertidas significam outra coisa, esse encanto também possui o seu revés. A separação era mais dolorosa, a saudade mais intensa e a vida sem aquele a quem você foi ligado insuportável. Com as guerras e as mortes constantes, essa mágica foi cada vez menos usada porque as pessoas começaram a ter medo de usá-la, sofrer uma separação e não sobreviver depois. O encanto foi diminuindo e tornou-se algo raro demais. Contudo, o poder que emanava dessa ligação era forte demais, dando ao casal ligado a possibilidade de realizar quase qualquer coisa. E ao ler isso eu entendi que para conseguir desenhar a runa e não morrer, eu precisaria de Draco.

A hora do jantar chegou e eu desci as escadas procurando Draco com os olhos e o encontrei sentado entre Crabbe e Goyle. Como sempre acontecia, nossos olhos se conectaram no exato momento em que eu pisei no Salão Principal e eu sorri para ele, indo me sentar. Eu estava me sentindo mal, sabia que só estava tratando o garoto melhor porque precisaria de sua ajuda, mas quem liga para isso? Ele me usou o ano passado todo, eu tinha todo o direito. Eu tentei não ficar tensa durante o jantar, mas sem Draco eu não poderia fazer o que estava planejando e eu precisava daquela runa. Era totalmente ridículo acreditar que runas antigas poderiam me dar algum poder, mas muitos bruxos acreditavam que ligações mágicas estavam extintas e bem, eu sabia que era mentira. O jantar acabou e quando Draco levantou e ia subindo as escadas, eu levantei atrás. Andei rápido até ele e o chamei baixinho, que olhou surpreso para trás, mas sorriu quando me viu.

- Hey. – eu disse sorrindo – Está ocupado?
- Não, o que foi? – ele perguntou confuso.
- Vamos dar uma volta comigo, por favor? – pedi e ele afirmou com a cabeça, vindo em minha direção e nós começamos a andar juntos para outro corredor. – Eu preciso da tua ajuda em uma coisa.
- E o que é?
- Eu preciso fazer um feitiço que requer uma magia antiga e poderosa. – expliquei – E nossa ligação mágica é exatamente isso. Eu preciso de você agora.
- E qual é o feitiço que você quer fazer? – ele perguntou interessado.
- Eu vou escrever uma runa com a varinha no meu corpo para conseguir o poder da runa. – seus olhos se arregalaram quando eu disse – Pode parecer loucura, mas eu quero tentar.
- Parece loucura? É loucura, ! – ele disse exasperado e me olhou preocupado – Por que você quer fazer essa insanidade?
- Porque eu acredito que a runa vai me ajudar a enxergar coisas que eu não estou vendo agora, vai me ajudar a resolver uma coisa. – respondi.
- Você ainda está atrás daquele maldito colar, não é? – ele perguntou e afirmei com a cabeça – Isso vai te colocar em perigo, . Um perigo que eu não posso te proteger, você tem que deixar esse assunto quieto.
- Eu não posso deixar,Draco! – disse brava – Aquele colar foi deixado por Dumbledore por algum motivo e foi tirado de mim por outro. Eu preciso saber o que é.
- Não, você não precisa. – ele disse – Você já tem um alvo gigante pintado na tua testa, não queira outro. Esse assunto é totalmente ligado a Você-Sabe-Quem, e você pode acabar morta se ele souber que você está atrás de qualquer coisa assim.
- Mais uma vez teu lado comensal não te deixa ficar perto de mim. – eu disse – Será que você pode parar por um instante de pensar nas coisas que vão te beneficiar ou prejudicar e fazer alguma coisa pelo próximo?
- E você pode parar de tentar se matar indiretamente sempre? – ele disse alto, vindo mais perto de mim. – E eu estou pensando em você quando eu disse não, isso é loucura e você vai se machucar.
- Eu sabia que você iria falar não. – dei uma risada amarga. – Não sei nem por que eu me permiti tentar. – eu me virei para voltar a andar – Eu sou idiota mesmo.
- Espera! – ele disse depois de alguns segundos pensando e veio até mim correndo. – Eu te ajudo, mas ao menor sinal de problemas, eu te levo imediatamente para a Ala Hospitalar.
- Tudo bem. – eu disse dando um sorriso e o abraçando forte. – Me encontre na sala vazia do sétimo andar, eu vou até a Grifinória pegar minhas coisas.

(N/a: dê play e deixe até o capítulo acabar!)

A sala estava escura, mas eu conseguia enxergar Draco por causa da luz da lamparina que eu peguei na torre. Um livro de runas estava aberto mostrando a runa Revelação que eu deveria desenhar junto com outro que ensinava como convocar o poder da Ligação Mágica. Draco estava sentado em minha frente com as pernas em formato de índio e me olhava ansioso. Ele estava preocupado, claro que estaria, mas eu sabia que ele estava ali por puro egoísmo. Ele imaginava que fazendo isso conseguiria pontos comigo e uma reaproximação viria aos poucos e ele não poderia estar mais errado naquele momento. Eu sabia ser interesseira e ali eu estava sendo a maior delas.
Sentei em frente à Draco e respirei fundo, pegando suas mãos e entrelaçando meus dedos aos deles. Olhei em seus olhos que estavam apreensivos, mas suavizaram quando viram a calma que havia nos meus. E ele ficava tão lindo com pouca luz. Eu observei cada detalhe daquele rosto que meses antes eu sabia de cor, mas agora eu podia notar mudanças. Os olhos estavam mais tristes, mesmo quando ele sorria, as olheiras estavam mais roxas e o azul dos olhos estava mais opaco que nunca. Porém, ele continuava lindo e continuava sendo a pessoa por quem eu me apaixonara. Eu sentia em meu coração que ele era o mesmo, mas o orgulho não me deixava admitir. Ter traído minha confiança era uma consequência das coisas que Draco fora obrigado a fazer e agora eu entendia isso. Sob pressão eu entreguei o colar de Dumbledore e não lutei para mantê-lo. Nós fazemos coisas que não são do nosso feitio quando estamos sendo pressionados. Olhando naqueles olhos eu entendi que eu não poderia mais culpá-lo porque ele foi mais um peão naquele imenso tabuleiro de xadrez em que todos nós estávamos jogando.

- Eu vou ter que dizer algumas palavras em latim, tudo bem? – eu disse e soltei uma das mãos para puxar o livro e minha varinha.
- Tudo bem. – ele respondeu sério.
- Vamos lá! – respirei fundo e levantei minha varinha em cima de nossas cabeças e murmurei o feitiço - Connexio amore sempertriumphat nos coniungimur .*
- E então? – Draco perguntou olhando para cima, mas nada tinha acontecido. – Por que não deu certo?
- Eu não sei. – abaixei a varinha e fui olhar o livro. – Eu fiz certo, nos olhamos por alguns segundos, estamos de mãos dadas, o que mais falta?
- Você é o Merlim de hoje, não eu. – ele disse e eu ri de sua piada idiota quando uma faísca saiu da minha varinha. – Você viu?
- Sim, o que foi isso? – perguntei confusa e comecei a ler o livro desesperada quando achei a resposta. Meus olhos se encheram de lágrimas quando eu percebi. – Eu não vou poder fazer esse feitiço com você.
- Por quê? – ele perguntou preocupado
- Porque precisamos estar bem para fazer isso e nós não estamos. – respondi – Precisamos já estar conectados para dar certo.
- Mas nós nunca deixamos de estar conectados, . – Draco se aproximou e colocou as mãos em meu rosto, limpando minhas lágrimas. – Nós nunca deixamos de estar.
- Mas nós não estamos bem. – argumentei, colocando minha mão sobre a dele.
- Mas nós vamos ficar. – ele murmurou antes de me beijar calmamente e meu coração parou de doer naquele momento. Eu me senti leve e completa.

Larguei minha varinha e me aproximei mais, encaixando minhas pernas ao redor do quadril de Draco e aprofundei mais o beijo. Eu sentia falta de Malfoy e de sua precisão nos toques, ele sabia exatamente onde pegar e como me beijar. Suguei seus lábios e ele fez um carinho na base das minhas costas quando uma luz piscou ao nosso redor. Eu parei de beijá-lo para olhar e eu pude ver uma luz roxa ao nosso redor nos circulando como fumaça. Olhei para Draco, que estava tão surpreso quanto eu. Automaticamente meu coração esquentou de um jeito como nunca havia acontecido antes. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu vi que Malfoy também chorava. Algo estava acontecendo ali e era algo que estava me mudando por dentro. A fumaça roxa foi até nossas mãos que estavam juntas e passou ao redor delas como se fosse uma fita que as uniu ainda mais. Então eu entendi o que estava acontecendo, eu entendi para que servia aquele feitiço. Não era para potencializar nosso poder, era para reatar a conexão, consertar o que estava quebrado entre nós e renovar o nosso amor. E era exatamente o que estava acontecendo. Eu olhei para Draco e comecei a rir ao perceber que eu já não me sentia mal ao olhá-lo, não sentia raiva ou ódio pelo que ele havia feito, eu finalmente havia conseguido perdoar. Ao me dar conta disso, um peso saiu das minhas costas e eu consegui respirar melhor. Beijei Draco mais uma vez, que correspondeu surpreso e sorriu para mim depois. A fumaça roxa se dissipou e morreu ao atravessar nossos corações.

- O que aconteceu? – ele perguntou surpreso, mas com um sorriso gigante nos lábios. – Eu me sinto diferente.
- Eu também. – respondi dando um sorriso – Eu me sinto completa.
- Eu também me sinto assim. – ele respondeu – Me sinto como se... Como se nada tivesse acontecido.
- Eu te perdoo. – eu disse de repente e ele me olhou mais surpreso ainda. – Eu te perdoo e não quero mais ficar longe de você.
- Sério? – ele perguntou dando risada, mas com os olhos cheios de lágrimas. – Você me perdoa?
- Eu perdoo,Draco. – eu disse sorrindo e chorando logo depois de felicidade. – Nós fomos feitos um para o outro e eu entendo agora. Eu te amo.
- Eu também te amo. – ele me puxou e nos abraçamos pela primeira vez de verdade.

Aquele era o abraço de antes, o abraço que eu sentia falta, aquele era o garoto que eu queria de volta e ele estava ali em meus braços, me abraçando como se precisasse de mim e eu sabia que Draco precisava porque eu precisava também. Colei meus lábios nos dele e iniciei mais um beijo apaixonado, que eu queria mais que tudo agora. Por Melim, como eu o amava! Acariciei seus cabelos enquanto sugava sua língua e Draco me apertou mais contra si, descendo o beijo para meu pescoço e voltando depois para finalizar com um selinho.

- É muito bom te ter de volta. – ele disse dando um sorriso.
- Então me promete que não vai me deixar ir? – eu pedi séria. – Nunca me deixe ir.
- Eu não vou deixar. – ele disse sorrindo – Mas precisamos fazer a runa, não é?
- Verdade. – me afastei dele por um momento e puxei o outro livro para perto de mim. – Qualquer sinal de que tem algo errado, me leve para a Ala Hospitalar, tudo bem?
- Claro. – ele respondeu e me encarou sério. – Eu não vou sair daqui.

Eu respirei fundo e encarei o desenho da runa Revelação. Levantei minha saia para poder desenhar na coxa, assim ninguém ia conseguir ver se desse certo e eu não seria punida. Eu segurei minha varinha como se fosse uma pena e murmurei “Peorth”, o nome da runa. Assim que a varinha tocou minha pele, sua ponta ficou prateada e uma luz saiu queimando onde tocava. Uma dor de queimadura se instalou, mas eu não podia parar. Draco olhava atentamente com sua varinha em mãos e os olhos transbordando preocupação. Eu terminei o desenho e por alguns segundos não aconteceu nada. Eu encarei Malfoy, que estava tão confuso, e quando eu fui falar alguma coisa, eu travei. Senti uma dor muito forte na coxa que caminhou rapidamente pelo meu corpo e chegou a minha cabeça. Eu gritei de dor e cai para frente em cima de Draco que me segurou em seu colo enquanto eu gritava. Eu me debatia de dor e minhas unhas entraram na pele das mãos de tanto que eu as apertava. Eu fechei os olhos, mas consegui ver alguma coisa. E a primeira coisa que eu vi foi Victor Krum. Eu prestei atenção ao meu redor e não estava mais na sala com Draco. Eu estava novamente no casamento de Fleur e Gui, e Krum falava alguma coisa, extremamente bravo, com Harry.

- Quem é aquele ali? – Ele perguntou apontando para o pai de Luna.
- Xenófilo Lovegood, pai de uma amiga nossa. – Rony respondeu bravo – Vamos dançar, Hermione. – E saiu puxando Hermione.
- Eles estão juntos agora? – Krum perguntou para mim e Harry.
- De certa forma. – Harry respondeu.
- E quem é você? – Ele perguntou para Harry.
- Barny Weasley. – Harry disse.
- Você, Barny, você conhece esse Lovegood bem? – Krum disse e eu olhei para Xenófilo, que falava com alguns bruxos.
- Não, o conheci hoje. Por quê? – Harry respondeu.
- Porque... - respondeu Krum - se ele não é um convidado de Fleur, duelarei com ele, aqui e agora, para ver aquela marca imunda em seu peito!
- Marca?- perguntou Harry, olhando para Xenófilo e eu segui seu olhar, uma estranha marca estava em seu pescoço, era um triângulo com uma espécie de círculo e uma linha no meio. Tentei enxergar melhor e tomei um susto ao perceber que era o mesmo colar que Dumbledore havia me deixado - Por quê? O que há de errado?
-Grindelvald. É a marca de Grindelvald. – Krum respondeu com uma voz brava e eu gelei. Por que Dumbledore me deixaria um colar com a marca de um inimigo?
-Grindelvald... O bruxo das trevas que Dumbledore derrotou? – Harry perguntou perplexo e eu somente acompanhava a conversa atônita.
- Exatamente. – Krum deu uma pausa.

Eu abri os olhos e só o que eu via era o teto do castelo e Draco me carregando no colo desesperado. Eu estava suada e me sentia desconfortável em minha própria pele, mas tinha dado certo. Eu tinha tido uma revelação.

- Draco! – eu chamei e ele me olhou desesperado – Eu estou bem.
- Você estava gritando de dor, não está nada bem. – ele me ignorou e continuou andando. – Preciso te levar para a Ala Hospitalar.
- Não precisa, eu estou bem. – eu disse e sorri. – Pode me colocar no chão.
- Tem certeza? – ele perguntou, mas me colocou no chão delicadamente.
- Sim. – respondi – Funcionou. Eu tive uma revelação.
- E o que seria? – ele perguntou.
- Eu preciso falar com Luna Lovegood, ou melhor, com o pai dela.

Connexio amore sempertriumphat nos coniungimur* : A Ligação nos une e o amor nos faz fortes. (n/a: eu inventei esse feitiço, não existe no mundo de Harry Potter)

Capítulo betado por Anny C.



A esperança não morrerá.

Era diferente. Era totalmente diferente de antes, era como se nada nunca tivesse acontecido, como se Draco nunca tivesse me deixado, nunca tivesse me traído e como se nós nunca tivéssemos ficados separados. Eu não estava totalmente feliz, depois que Dumbledore havia morrido eu nunca seria a mesma de antes, contudo, estar em paz com Draco significava estar em paz com um lado meu. Certa vez minha mãe disse que perdoá-lo iria fazer bem ao meu ser e ela estava certa. A partir do momento em que eu deixei a mágoa ir embora, eu havia me tornado mais leve.
A dor sempre estaria comigo, perder Dumbledore, ver todo um sonho de liberdade ruir e ter medo de morrer ainda estariam comigo quando eu acordasse na manhã seguinte, porém, saber que uma parte de mim não estava mais contaminada pela culpa por não conseguir perdoar, era libertador. Eu ainda precisava melhorar, ainda precisava controlar meus sentimentos, mas saber que a mágoa não era mais minha companheira me dava energia para enfrentar mais um dia.

- , você está ouvindo? – Gina disse, dando risada ao perceber que eu estava distraída – O que tem de tão interessante no fogo?
- Minha cabeça estava longe, o que você disse? – perguntei sorrindo.
- Eu disse que a escola está um pouco pior do que estava quando a Umbridge estava aqui. – ela disse – O que aconteceu, hein? Desde ontem você está diferente.
- Algo que eu queria que acontecesse, aconteceu. – expliquei – Algo bom.
- E você pode contar? – ela perguntou.
- Ainda não, Gina. – sorri sem graça – Mas eu juro que eu vou contar.
- Tudo bem, . – ela sorriu – E o que nós vamos fazer sobre a resistência?
- Eu estava comentando com os meninos. – murmurei – Deixar bilhetes nas Casas com mensagens de esperança.
- Nós só temos que tomar cuidado para não sermos detectados. – ela disse – O que podemos fazer?
- Esse é o problema. – respondi e depois Nathan se aproximou, sentando no braço da minha poltrona. – Alguma ideia para o nosso plano?
- Na verdade... – ele respondeu com um sorriso – Eu tenho uma.
- Então diga! – incentivei.
- Eu morava em um bairro trouxa em Londres. – ele explicou – Um bairro pobre que vivia tendo brigas de gangues. Nós só não morríamos porque nossa casa era enfeitiçada para parecer uma casa condenada. Quando existiam brigas, constantemente eles deixavam xingamentos escritos em papeis e as palavras eram escritas com letras recortadas. Podemos fazer isso.
- Isso é bom, pois assim não vão descobrir a origem através de algum feitiço. – eu disse – Nate, isso é só ótimo!
- Eu sei, eu sei. – ele disse convencido – Só precisamos comprar uma edição do Profeta Diário.
- Eu sou assinante, eles me entregam uma toda manhã. – eu disse, sorrindo – Amanhã nós vamos conversar direito, Neville já está dormindo e eu preciso ir também.
- Até mais, amor. – Nathan disse sorrindo e se sentou onde eu estava para conversar com Gina.

Eu não podia negar que estava nervosa para ver Draco. As borboletas renasceram em meu estômago e agora eu aguardava ansiosamente para o horário do almoço em que íamos nos encontrar na Floresta Proibida para conversar sobre qualquer coisa. Precisávamos ir com calma, afinal, ninguém podia saber sobre nós. Não era mais apenas uma questão Grifinória X Sonserina. Agora era algo muito maior e que poderia envolver a nossa morte. Então, depois da aula de Herbologia naquela estufa quente, eu, Nate e Neville caminhamos até o castelo, que como sempre estava repleto de comensais. Draco já estava sentado na mesa da Sonserina ao lado de Crabbe e Goyle, Pansy estava do outro lado da mesa. Depois do momento importante que tivemos, Draco não iria deixá-la se aproximar, ao menos nisso ele era decente.

- Teremos treino de quadribol essa semana, . – Gina disse – Você tem que comparecer mesmo sendo reserva.
- Tudo bem. – eu disse – Quando será o treino?
- Na quinta-feira depois do jantar. – ela explicou – Reservei o campo de quadribol com muito esforço.
- Claro que a Sonserina vai ser favorecida esse ano. – eu disse – Já estou até vendo nossos treinos serem desmarcados de última hora ou qualquer coisa desse tipo.
- Eu concordo com você. – ela disse e nesse momento Nate chegou e sentou ao lado dela. – Treino de quadribol na quinta-feira.
- Conte comigo. – ele respondeu sorrindo e já começando a comer.

O almoço foi tranquilo, eu e Draco fingimos muito bem, sequer nos olhamos ao longo da refeição inteira. Aquilo me doía um pouco, mas eu sabia que era necessário. Enquanto divagava sobre meu relacionamento indefinido com Malfoy, Luna passou por mim sorrindo e eu me lembrei da visão. Levantei rapidamente e fui atrás dela, que sorriu novamente quando me viu.

- Oi, . – ela disse sorrindo.
- Oi, Luna. – eu disse – Podemos conversar um pouco?
- Claro! – ela respondeu e fomos para longe do Salão – Algum problema?
- Bem, sim. – eu respondi – Isso vai parecer loucura, mas eu preciso ver seu pai.
- Você pode ir para a minha casa nas férias da páscoa. – ela respondeu sem ao menos questionar os motivos. – Meu pai vai adorar, podemos caçar gnomos no jardim a tarde toda e depois fazer chá.
- Eu vou adorar, Luna. – respondi sorrindo – Você não quer saber o motivo?
- Só se você quiser me contar. – ela respondeu.
- Bem, eu preciso saber sobre um colar que seu pai estava usando no casamento da Fleur e do Gui. – eu expliquei.
- Ah, sim. – Luna disse olhando para o teto enquanto andava, tive que puxá-la para o lado, pois um aluno da Sonserina quase esbarrou na menina. – Bem, eu não sei nada sobre aquele colar, só que minha mãe usava um também.
- Podemos descobrir juntas, o que acha? – respondi e ela sorriu. Avistei Draco saindo do Salão Principal calmamente e já sabia que era minha deixa. – Eu tenho que ir agora, Luna. Até mais tarde.
- Tchau, .

O dia estava bonito e depois de uns cinco minutos eu saí andando até a casa de Hagrid. O guarda-costas estava em outro lugar, o que me dava liberdade de andar sem receber perguntas sobre o que estava fazendo indo para a Floresta Proibida. Caminhei devagar entrando na Floresta sem antes olhar para trás para ter certeza de que ninguém estava me seguindo. Assim que já estava longe da entrada eu suspirei e tentei achar Draco, mas não vi seus cabelos loiros em nenhum lugar.

- Draco? – chamei, mas não obtive resposta – Cadê você?
- Estou aqui! – ele gritou e eu caminhei na direção do som – Está ficando quente.
- Draco, não temos tempo para brincadeiras, daqui a pouco as aulas começam – eu disse, mas ele se manteve em silêncio – Já vi que não tem outro jeito – caminhei mais um pouco e parei – Quente ou frio?
- Quente. – ele respondeu e eu já poderia ouvir sua voz mais perto. Andei em frente e ouvi uma risada – Vire para a esquerda. – eu virei – Feche os olhos. – eu dei risada, mas obedeci. Um silêncio se alastrou pelo lugar e eu comecei a ficar nervosa.
- Draco, o que você está fazendo? – perguntei, mas o garoto não me respondeu. – Draco?
- Bu! – ele sussurrou no meu ouvido e eu me assustei pulando no lugar. Virei para trás e ele estava rindo. – Ficou com medo, é?
- Eu não sinto medo, sou uma pessoa muito corajosa, ambos sabemos disso. – respondi rindo junto e ele me abraçou apertado. –Você não disse para ninguém, né?
- Claro que não! – ele respondeu – E você?
- Também não. – o abracei mais uma vez – Eu senti tua falta.
- Sentiu nada. – Draco brincou e beijou minha testa – O que você estava falando com a Di-Lua?
- Eu vou para a casa dela nas férias da páscoa. – respondi beijando sua bochecha em seguida.
- Você não vai desistir mesmo, não é? – ele perguntou e eu afirmei – Tome muito cuidado, você me ouviu? Muito.
- Eu sei, Draco. – suspirei – Eu sei que é arriscado mexer com algo que Você-Sabe-Quem quer, mas eu preciso descobrir o porquê. Eu tenho a grande impressão de que Dumbledore morreu por causa desse colar e me deixou por algum motivo.
- Você não se culpa pela morte dele, certo? – Malfoy perguntou e eu fiquei quieta – Eu sei que você estava lá naquela noite, mas não foi sua culpa, .
- Eu deveria ter feito alguma coisa, Draco. – respondi – Eu poderia ter feito alguma coisa, mas fiquei atrás das caixas, paralisada de medo.
- Eu também não fiz nada naquela noite, na verdade, estava mais paralisado de medo do que você. – Malfoy disse – Eu fiquei ali parado chorando, me sentindo um monstro.
- Aquela noite foi horrível para cada um de nós de um jeito diferente. – comentei – O que aconteceu com você depois?
- Você-Sabe-Quem me puniu porque eu não consegui completar a missão. – ele explicou – Não vamos falar mais disso, está bem?
- Sim. – sorri e me aproximei dele – Sem falas agora.
- Concordo plenamente.

Meus lábios foram de encontro aos dele e, como sempre, aquela sensação de que estava tudo certo voltou. Era certo estar ali, meu coração se acalmou quando senti seus braços ao meu redor e sua língua na minha. Draco me puxou para mais perto e continuou a me beijar, segurando em minha cintura mais forte. Suguei seus lábios com força e suspirei beijando seus lábios rapidamente, antes de direcionar as carícias para o seu maxilar. Malfoy suspirou e me beijou mais uma vez, me guiando até uma árvore e me encostando no tronco enquanto continuava a me beijar. Segurei sua nuca e o puxei para mais perto de mim, se é que era possível termos mais contato do que aquele. Continuei a beijá-lo até precisar respirar melhor, quando finalizei o beijo com um selinho.

- Nós precisamos voltar, . – Draco disse e eu afirmei – Vamos nos ver aqui amanhã?
- Sem dúvidas. – respondi e depois de mais um beijo seguimos em direção ao Castelo.

A aula de Transfiguração estava bastante complicada naquele dia. Professora Minerva não facilitava as coisas nem um pouco para nenhum de nós. O último ano era totalmente voltado para que conseguíssemos sucesso em nossas profissões, então como eu ainda estava em dúvida entre ser auror ou curandeira, tinha que tirar boas notas nas matérias necessárias nas duas. Nathan ia muito bem em Transfiguração e tentava me ajudar toda vez que não conseguia transformar os objetos.

- E então? O que vamos fazer? – ele perguntou sério – Qual a mensagem?
- Já estamos em outubro e já notamos que os alunos estão totalmente acuados. – eu respondi baixo – Iniciaremos o plano essa sexta-feira. A fase um pelo menos.
- E qual é a fase dois?
- Não sermos pegos. – respondi nervosa e voltando minha atenção para o objeto em minha frente.
- Eu pensei em Luna para colocar na Corvinal. – Neville disse baixo ao meu lado – Só precisamos de alguém para Lufa-Lufa.
- Gina deve conhecer alguém, ela é um pouco Miss Simpatia desse lugar. – Nate brincou e nós rimos antes de voltarmos a prestar atenção na aula.

Encontrei Gina depois das aulas e nós nos reunimos em meu quarto. Depois de passar horas cortando letras do Profeta Diário e montando frases, nosso trabalho estava completo.

- Tomara que isso valha à pena. – Gina disse suspirando.
- Eu tenho certeza que vai. – respondi dividindo os papeis. – Começaremos amanhã. Você conhece alguém para nos ajudar? Temos Luna, mas ninguém na Lufa-Lufa.
- Eu sei a pessoa perfeita. – ela respondeu – Ernesto McMillan. Ele estava na Armada de Dumbledore no meu quarto ano e sempre acreditou muito em Harry. Podemos contar com ele.
- Falaremos com os dois amanhã

O nervosismo corroia meus órgãos e eu tentava a todo o momento parecer calma enquanto a aula antes do almoço não acabava. No final de semana seria a festa dos dias das bruxas, então o castelo estava todo decorativo e um clima mais alegre rondava os corredores. Assim que eu ouvi a sineta indicando que a aula havia acabado, olhei para Nathan e ele afirmou com a cabeça, levantando e me esperando logo depois. Neville veio logo atrás e não disfarçava o nervosismo.

- Neville, você precisa se acalmar, cara. – Nate disse enquanto nós andávamos para o último andar.
- Eu sei, eu sei. – ele disse antes de tropeçar em seus próprios pés e ser segurado por Grings. – Desculpe.
- Vamos lá? – perguntei subindo as escadas e sendo seguida pelos meninos.
- Sim. – Nathan disse e suspirou – Tomara que não nos pegue.

Assim que fomos para o sétimo andar, Gina, Ernesto e Luna estavam parados em frente a uma tapeçaria nos esperando. O corredor já estava vazio, a maioria dos alunos já havia descido e assim que eu me certifiquei de que não havia ninguém, arrombei a porta de uma sala e todos nós entramos.

- Muito obrigada por vocês dois terem vindo. – comecei a falar – Gina explicou o plano para vocês?
- Mais ou menos. – Ernesto disse – Vocês precisam da gente para colar mensagens nas Casas, certo?
- Sim. Eu pensei em fazer isso no Castelo todo, mas a chance de sermos pegos era muito grande, então eu pensei ser mais fácil se colocássemos nas Casas.
- Pode ser uma grande responsabilidade para todos nós. – Neville disse – Se formos pegos, só Deus sabe o que irá acontecer, mas precisamos fazer isso.
- Sem dúvidas. – Luna disse – Vocês querem que colem no mural ou coloquem nos dormitórios?
- Nos dormitórios, por isso fizemos vários. – respondi e abri a bolsa, entregando um bolo de papeis para Luna – E então, Ernesto? Podemos contar com você para causar um pouco nesse Castelo?
- Eu preciso pensar,. – ele disse – Eu estava na AD, mas nos encrencamos muito depois. Continuo apoiando Potter e tudo o que ele representa, mas... Eu não sei.
- Ernesto, você estava na AD por um motivo. – Gina disse – Nós estávamos na AD por um motivo. Precisávamos mostrar resistência a tudo o que estava acontecendo. É a mesma coisa agora, só que não vamos treinar, vamos espalhar a mensagem que mais precisamos: Esperança.
- Tudo bem, tudo bem. – ele disse e eu suspirei aliviada. Gina entregou o mesmo bolo de papeis para ele. – Como vamos fazer?
- Amanhã é dia das bruxas, então vamos esperar até que todos os estudantes forem dormir e colocamos debaixo das portas dos dormitórios. – eu expliquei – O clima da festa vai ser totalmente diferente.
- Então vamos lá. – ele disse e eu sorri.
- Por favor, isso não pode sair daqui NUNCA, entenderam? – Nathan disse – Não falem para ninguém sobre isso, não comentem nada, finjam que não sabe o que está acontecendo, entenderam?
- Claro! – Luna sorriu para Nathan – Vai dar certo, tenho certeza.
- Vamos embora, muito obrigada, pessoal. – eu disse antes de abrir a porta e sair andando com meus amigos.

Assim que desci as escadas, Jugson estava parado e colocou seus olhos em mim no momento em que eu passei pela porta.

- Por que demorou para descer? – ele perguntou segurando meu braço com força, ignorando Gina que entrou rapidamente e foi se sentar.
- Eu me recuso a responder essa pergunta idiota. – respondi grossa.
- Você deveria mostrar mais respeito, garota. – ele disse apertando ainda mais meu braço. Eu segurei a mão dele e a tirei de mim.
- Eu mostro respeito a quem merece. – respondi e sai andando para dentro do salão com meu corpo queimando de raiva.

O almoço estava tranquilo, depois que Jugson me parou, nada mais sério aconteceu. Eu olhei para Draco e ele me encarou de volta, provavelmente notando o meu atraso e com certeza iria me perguntar algo, e claro, eu iria mentir. Ele não poderia saber que eu estava por trás dos atos de rebeldia que iriam começar, caso contrário ele poderia se encrencar se tudo fosse descoberto ou poderia me entregar. Sim, nós estávamos juntos de novo, mas a confiança não iria voltar de um dia para o outro. Recuperar a confiança em Draco demoraria um bom tempo. Contudo, eu não queria metê-lo em problemas, não queria colocá-lo entre a cruz e a espada como antes. Então, assim que ele caminhou até mim de um modo despretensioso e sorriu, eu tive que mentir.

- Demorou para descer, o que houve? – ele perguntou preocupado enquanto caminhávamos para o lado de fora do castelo.
- Estava tirando algumas dúvidas com a professora Minerva. – eu menti.
- Entendi. – ele respondeu – E o que Jugson estava falando com você?
- Enchendo o saco, como sempre. – eu respondi – Ele não me deixa em paz.
- Isso eu já percebi, só queria entender o porquê. – Draco argumentou – Vamos nos encontrar amanhã na Sala Precisa?
- Claro! – respondi sorrindo – Quando?
- Depois da festa dos dias das bruxas. – ele respondeu – Alguma novidade sobre o colar?
- Nada. – respondi – Depois da runa eu sei que a minha resposta está com o pai da Luna, eu preciso conversar com ele.
- Entendi. – ele respondeu – Eu também não estou sabendo de nada, Você-Sabe-Quem tem me deixado estudar nesses últimos dias.
- Você está sem missão?
- Sim, eu fazia mais coisas nas férias. – ele respondeu – Provavelmente eu vou ter que ir para casa no feriado de natal.
- Eu provavelmente vou ficar no castelo. – eu disse – Meus pais foram para a França se recuperarem, o ministério afastou os dois.
- Como é? – Malfoy perguntou confuso.
- Você sabe que não foram os “rebeldes” que atacaram meus pais, Draco. – eu disse – Foram Comensais. Eles me mandaram uma carta explicando o que aconteceu. Foram atacados sem motivo já que estavam trabalhando realmente para o ministério. Com o risco de vir à tona, eles foram afastados.
- E por que não levaram você? – ele perguntou.
- Eles tentaram, mas com as novas leis, os alunos só podem sair de Hogwarts quando terminar de fato o ano letivo. – expliquei – Estamos todos presos aqui, Draco.
- Eu não sabia disso. – ele disse e eu percebi perplexidade em seu olhar.
- Por isso eu estou desesperada para conseguir saber o que significa aquele colar. – respondi – Se tem alguma coisa que eu possa fazer pelos meus pais, eu vou fazer. Só que presa aqui, eu não consigo fazer nada.
- Eu sinto muito, . – ele disse e me puxou para um abraço rápido, beijando minha testa depois. – Nós precisamos ir.
- Claro, vamos.

A sexta-feira finalmente chegou ao fim e com a festa do final de semana, os alunos estavam muito agitados. O barulho no Salão Comunal era muito alto, risadas, snaps explosivos, conversas escandalosas, alguns desesperados para fazer os deveres e ficarem livres e, claro, muitos casais. A hora demorava para passar, de modo que quando finalmente o relógio marcou meia-noite e meia, a última pessoa subiu. Olhei ao meu redor e Neville, Nathan e Gina estavam sentados com um olhar nervoso.

- Vamos lá? – eu perguntei e eles afirmaram, levantando rapidamente e indo para os dormitórios pegar os papeis. Eu fui também e assim que peguei a mensagem me senti mais corajosa, afinal, era aquilo que todos deveriam sentir. Depois de ter passado por toda a torre enfiando as folhas pelos vãos das portas, eu fui deitar cansada e com uma ansiedade corroendo meu estômago. Aquilo tinha que dar certo, a esperança tinha que voltar para aquele castelo nem que eu sofresse muito no processo.

A ESPERANÇA NÃO MORRERÁ!
ESTÁ NA HORA DE ACENDERMOS A LUZ!
LUMUS!

O café da manhã estava extremamente agitado. Eu passei pelo salão comunal e percebi várias pessoas discutindo sobre a mensagem que receberam de madrugada. Sorri vitoriosa quando notei vários alunos concordando com a ideia do papel e até pensando em fazer alguma coisa também. Aquilo era ótimo! Era emocionante ver que três fases juntas puderam reacender o espírito naquele castelo. Nathan estava sentado em uma das poltronas e assim que me viu correu para me abraçar apertado.

- Deu certo. – ele sussurrou em meu ouvido e sorriu logo depois – Eu poderia te beijar agora, mas eu sei que você iria me matar e Malfoy também.
- Como sabe de mim e Malfoy? – perguntei enquanto passávamos pelo buraco do retrato e descíamos para o café.
- A ruguinha tensa da tua testa sumiu. – ele comentou e eu sorri. – E ele não está mais com a expressão de que tem alguma coisa fedida debaixo do nariz.
- Você não vale uma libra, Nathan. – respondi e ele riu – Você não pode falar para ninguém, ouviu?
- Sou um túmulo, . – ele disse – Embora isso me deixe um pouco chateado, já que nós nem tivemos uma chance.
- Sem falar asneiras, Grings. – reclamei, mas ri logo depois.
- Só estou dizendo a verdade, querida. – ele disse e nós descemos para o salão principal naquele sábado. – Mas eu sou uma pessoa paciente.
- Cala a boca, só isso. – reclamei e descemos juntos.

O único assunto que rondava aquelas paredes eram os papeis que haviam sido entregues na noite anterior. O Salão Principal estava com poucos alunos e muitos estavam do lado de fora espalhando as folhas que estavam caindo. Draco não estava presente, então isso me deu a oportunidade de tomar minha refeição tranquila sem a vontade de ir até ele. Era difícil manter as coisas às escondidas, principalmente porque eu e Malfoy não éramos um casal do tipo discreto. Qualquer oportunidade era válida para que nossos lábios estivessem juntos e nossas mãos entrelaçadas. Eu sentia falta da leveza que havia no ano anterior, mesmo que fosse falsa. Agora éramos alvos fáceis e representávamos ideais muito maiores do que sequer podíamos pensar. E nenhum de nós inicialmente queria isso. Eu fui criada no meio do movimento da resistência porque Dumbledore sabia que Voldemort ia voltar, sempre soube e me criou para esse momento. Já Draco foi criado com a esperança de que os dias dourados dos Comensais iriam voltar e foi ensinado a aguardar isso.
No fundo, nenhum de nós teve escolha, eu só dei a sorte de ter nascido no lado da luz.
No ano interior eu me revoltei completamente quando soube que Draco era comensal, havia dito coisas horríveis e não entendia o porquê dele ter se tornado comensal. Eu jurava que ele tinha outras escolhas, mas depois de passar um verão sozinha, ter perdido Dumbledore, ter perdido parte da minha identidade e depois ter feito as pazes com todos os meus fantasmas, eu finalmente entendi. Eu fui muito ingênua em achar que Draco poderia ter dado as costas para o que sua família precisava naquele momento, fui totalmente ingênua em achar que tudo era preto no branco, sim e não, quando na verdade, Draco era um enorme talvez. Nós dois éramos um talvez. Ele havia me abandonado, traído minha confiança, ele havia escolhido me deixar, contudo, estar naquela posição não fora escolha dele.

- O que você está pensando, ? – alguém disse e eu percebi que Nathan me olhava sério – Você estava com uma expressão meio perdida.
- Nada sério, curioso. – respondi – Alguma novidade?
- Eu ouvi uns alunos da Corvinal conversando a respeito da mensagem. – ele disse baixinho – Eles disseram que aquilo foi corajoso e que estão com vontade de fazer alguma coisa.
- Isso é muito bom. – sorri – Muito bom mesmo.
- Sim, precisamos pensar na segunda parte do plano e o que vamos fazer daqui para frente. – ele disse e eu afirmei.
- Essa é a parte principal: Eu não pensei no que fazer. – respondi e quando ia continuar, as corujas entraram e Cassie deixou uma carta para mim.
- Vou te dar privacidade, . – Nate disse e se afastou indo conversar com outros

Abri a carta e sorri automaticamente. Era Draco marcando um encontro comigo na floresta proibida mais uma vez. Terminei de tomar meu chá e levantei, saindo pela porta e caminhando naquela manhã um pouco fria. O vento bagunçou meu cabelo e várias folhas vieram em minha direção se embrenhando em minhas pernas e me fazendo rir. Olhei para trás discretamente e ninguém me seguia, o que eu agradeci. Desci a escadaria que dava até a casa de Hagrid e virei caminhando devagar até o ponto de encontro, entrando na floresta que estava fria.

- Draco? – chamei – Estou aqui.
- . – ele disse e saiu de trás de uma árvore. Ele vestia uma calça social e uma camisa preta. Sempre preto. – Por que demorou?
- Cassie só veio me entregar a carta agora. – respondi. – Está tudo bem?
- Claro que está. – ele respondeu e nós sentamos em um tronco que estava caído.
- Eu te devo desculpas. – comecei a dizer, vencendo meu orgulho. – Ano passado eu não entendi quem você é, o que estava em jogo para você. Eu não entendia o que você iria perder se não virasse comensal. E bem, hoje eu entendo. Eu ainda estou no processo de confiar novamente em você e tudo mais, mas agora eu entendo que você não teve escolha. Você tinha que ser comensal. Você ter me abandonado foi escolha sua, mas o que te levou a fazer isso, o pontapé inicial para todo o nosso tormento não foi causado por você.
- Isso é muito importante para mim, . – Draco disse – Eu sempre soube que você nunca havia entendido a marca negra no meu braço, mas mesmo que tenha demorado muito tempo, você finalmente entendeu e isso é importante pra mim.
- Então, me desculpe por não ter entendido. Você não teve escolha. – eu disse olhando para baixo – Nenhum de nós teve.
- Sim. – ele disse dando um sorriso triste e me puxando para um abraço. – Eu ouvi uns boatos pelo castelo essa manhã enquanto subia para o café da manhã.
- O quê? – eu perguntei.
- Alguém distribuiu alguma coisa pelas casas, exceto na Sonserina. – ele começou a dizer e eu fiquei nervosa. – Você tem alguma coisa a ver com isso?
- Eu adoraria dizer que tenho, mas dessa vez não tenho. – menti mais uma vez para Draco e aquilo me doeu muito. – Eu achei a ideia muito boa, mas não foi eu.
- Eu espero realmente que não tenha sido você, . – ele disse – Os comensais ainda não sabem, mas é questão de tempo para que eles descubram e vocês sabem que a primeira suspeita vai ser você.
- Eu sei disso. – suspirei – Tudo que acontece nesse castelo a culpa é minha, já me acostumei.
- Você é boba mesmo. – ele sorriu colocando a mão em meu rosto e me puxando para mais perto. – Como eu senti falta desse teu sarcasmo.
- Eu sei, eu sou ótima. – respondi antes de Draco me beijar.

Malfoy colocou sua mão em minha nuca, me puxando para mais perto e me beijando devagar. Minhas mãos foram para seus cabelos e senti sua respiração calma bater em meu rosto. Nós não tínhamos aquela urgência, podíamos ficar ali pelo tempo que quiséssemos e nos braços dele, eu poderia passar a eternidade. Aquele era meu lugar. Ali. Junto com ele. Suguei sua língua e o beijei com mais vontade, descendo minhas mãos para seus ombros e o puxando para mais perto de mim. Draco me puxou para seu colo e eu senti meus joelhos doerem quando entraram em contato com a madeira embaixo de nós, mas foi passageiro. Sentir seu corpo sob o meu e sua língua lambendo meu pescoço tomava totalmente minha atenção. Tudo o que eu via, sentia e tocava era o garoto loiro e aquilo era maravilhoso. Draco colocou as mãos por dentro da minha blusa e fez um carinho em minhas costas, subindo a mão direita pela minha coluna, indo agarrar meu seio logo depois. Arfei de surpresa quando senti seus dedos gelados em contato com meu mamilo quente e percebi que ele sorriu safado ao notar isso. Beijei seu pescoço e dei uma mordida no lóbulo de sua orelha enquanto fazia carinho em seu cabelo. O carinho em meu seio continuou e eu já estava abrindo o zíper da calça de Draco quando ele me parou.

- O que foi? – perguntei vendo sua expressão preocupada.
- Tem alguém vindo. – ele disse e eu levantei do seu colo. – Precisamos nos esconder.
- Por ali. – eu disse pegando em sua mão e caminhando para o outro lado, a tempo de ver Snape entrando na clareira.
- Preciso saber o que é. – eu disse baixinho e me escondi atrás de uma das árvores com Draco atrás de mim. Peguei minha varinha e murmurei Abbafiato.
- , é melhor nós irmos. – ele pediu baixinho, mas eu o ignorei. – Não sei por que eu ainda insisto, você só faz o que quer.
- Ainda bem que você sabe, agora silêncio. – pedi.

Snape caminhava calmamente e tirou meu colar do bolso, levantando no ar e o examinando. Ouvi outros passos e uma segunda pessoa apareceu. Era BellatrixLestrange. Senti Draco ficar tenso atrás de mim, mas eu precisava saber o que estava acontecendo.

- Lord das Trevas está impaciente. – a mulher disse enquanto observava ao redor, Draco murmurou algo e um feitiço de proteção nos impedia de sermos vistos. – Ele precisa de resultados.
- Eu sei, Bella. – Snape disse – O colar é uma grande pista, mas não posso fazer nada se eu não consigo provar a veracidade dele.
- Lord das Trevas não quer saber, Snape. – Bellatrix disse – Ele me mandou aqui, pois está ocupado com o ministério. Potter conseguiu invadir o sistema de segurança e conseguiu uma Horcruxmês passado.
- Eu estou sabendo disso, por isso precisamos agir rápido. – ele disse – Eu estou perto de conseguir uma das relíquias. Avise para o Lord das Trevas que em breve entrarei em contato com ele.

Os dois começaram a sair da clareira e assim que eu não ouvia mais passos, eu suspirei aliviada. Draco suspirou atrás de mim e retirou os feitiços, caminhando até onde eles estavam segundos atrás.

- Eu já até sei o que você está pensando. – ele começou a dizer – E não, não vou te deixar fazer isso.
- O quê? Eu não pensei em nada. – respondi – O que são essas relíquias, Draco?
- Eu não sei e você também não deveria saber, . – ele pediu e me abraçou apertado, beijando meus lábios em seguida. – Por favor, não se envolva mais com isso.
- Eu não posso, Malfoy. – eu disse – Eu preciso descobrir o que Você-Sabe-Quem tanto quer e o que eu tenho a ver com isso.
- Por favor, ! – ele pediu e encostou a testa na minha – Isso é muito perigoso. Não posso te perder mais uma vez.
- Você não vai, Draco. – o olhei séria – Eu estou aqui, não vou embora.
- Trocamos os papeis, não é? – ele disse triste – Agora é você quem diz as coisas e eu quem finjo que acredito.
- Me desculpa. – respondi sentindo meus olhos marejados. – Eu queria que fosse de outro jeito.
- Eu também. – ele disse segurando meu rosto e me olhando sério, antes de me beijar. – Eu também.

Capítulo betado por Anny C.

É tão difícil confiar.

Duas semanas haviam passado desde que Draco e eu finalmente havíamos voltado a namorar. Duas semanas de encontros escondidos em salas vazias, conversas na Floresta Proibida e duas semanas em que buscávamos a Sala Precisa desesperadamente, mas ela não aparecia para nenhum dos dois.
- Será que ela está revoltada conosco? – eu perguntei para Draco enquanto estávamos parados em frente àparede do sétimo andar – Digo, nós só usávamos a Sala para putaria, talvez ela tenha ficado ofendida.
- , a Sala Precisa é um cômodo– Malfoy disse e eu ri – Ela não tem sentimentos.
- Por que você sempre tem que cortar meu barato, Draco? – eu perguntei um pouco indignada – Acho que nós não estamos de fato precisando.
- Você quem sabe, eu aceitaria de bom grado um chá – Draco disse pegando em minha mão– Vai para Hogsmeade?
- Sim, eu marquei com Fred – eu comentei e senti a tensão no ar – Não se preocupe, ele é meu amigo.
- Eu sei, mas por que você precisa falar com ele? – Draco perguntou – Nós estamos bem, você não precisa mais dele.
- Fred não é um step, Malfoy – eu o corrigi – Além do mais, eu preciso saber o que ele estava pensando quando não deixou que você se aproximasse de mim.
- Ele estava tentando te proteger daquele que te causou mal – Draco disse me segurando em seus braços – No caso, eu.
- Eu sei disso, eu só... – suspirei – Eu não entendo porque ele tomou essa decisão por mim. Não cabe a ele decidir quem eu devo ver ou não.
- , eu não quero que você veja o Weasley, isso não me agrada – Draco disse e eu já estava pronta para argumentar, mas ele colocou a mão em meus lábios – Mas, eu não sou o teu dono, aprendi que isso não é certo: Eu pensar que as pessoas me pertencem, então, se você acha que precisa falar com ele... Fale.
- Você sabe que ganhou um milhão de pontos comigo agora, não sabe? – eu sorri – Isso é muito importante, Draco.
- Claro que ganhei, eu sempre ganho – ele disse antes de me beijar.
O beijo de Draco era sempre calculado para me deixar querendo mais. Ele sabia exatamente o que eu gostava, me conhecia bem o suficiente para conseguir me tirar o ar com facilidade. Guiando meu corpo até a parede enquanto apertava minha cintura, Malfoy sugou minha língua e me puxou para mais perto. Eu acariciei sua nuca e embrenhei meus dedos pelo seu cabelo que não estava impecável como eu sempre via. Suspirei quando senti sua mão entrando em minha blusa e fazendo um carinho na base de minhas costas. Mordi seu lábio levemente finalizando o beijo, pois precisava de ar.
- Precisamos ir, alguém pode aparecer – eu disse inutilmente já que Draco começou a beijar meu pescoço com vontade sugando a pele embaixo da minha orelha. – Ah, que se dane.
Eu aproximei ainda mais nossos corpos e pressionei minha genitália na de Draco e o senti arfar já começando a dar sinais de que aquilo não pararia nos beijos. Suas mãos foram para meu quadril o puxando para frente e eu rebolei roçando minha calça jeans em sua calça social preta já percebendo sua ereção. Malfoy acariciou meu seio esquerdo por dentro do sutiã e dessa vez eu arfei de desejo sugando seus lábios mais fortes antes de beijá-lo com mais vontade.
- Sala Precisa, por favor – eu pedi baixo encostada na parede da sala enquanto já sentia os dedos gelados de Draco entrarem em minha calça – Apareça.
E então, eu senti um relevo em minhas costas. Afastei Malfoy e abri os olhos somente para ver a porta de madeira da minha sala preferida do castelo inteiro. Sorri para meu namorado e me afastei da parede, esperando ansiosamente a porta abrir. Draco deu risada quando me viu correndo e empurrando a maçaneta somente para suspirar de saudade ao perceber o teto alto como de uma catedral e as janelas da sala que eu tanto amava. Ela estava diferente daquela vez. As paredes estavam todas em verde-escuro e havia uma cama de casal com um dossel também em verde-escuro.
- Por que tão verde? – eu me perguntei.
- É o meu quarto – Draco comentou- Minha cama, minha escrivaninha, meus livros da escola, meu armário.
- Você realmente ama a Sonserina – eu comentei rindo – O seu papel de parede são dragões?
- Claro que não – Draco disse com o rosto vermelho, mas eu já estava correndo para uma das paredes dando risada – Droga.
- É sim, que amor! – eu ri me aproximando para perceber pequenos dragões no papel de parede – Estão desde que você é neném, certo?
- Meus pais nunca tiveram tempo para uma decoração nova – ele explicou um pouco envergonhado – Acabou ficando esse aí mesmo.
- Isso é adorável – eu comentei – Por que será que a Sala fez o teu quarto?
- Bem, eu estava pensando na vontade que eu tenho de transar com você na minha cama – Malfoy explicou bem atrás de mim – E acho que ela gostou da ideia.
- Huum – eu murmurei me virando para encará-lo – Acho que ela não está chateada conosco.
- Não mesmo – ele disse antes de me beijar.
Draco me guiou para a cama e me colocou sentada me olhando por alguns segundos. Eu ia questionar, mas me calei quando ele tirou minha blusa de frio devagar. Sem quebrar o contato visual, ele tirou o próprio blazer ficando apenas com a camisa social azul escura e abrindo os botões fazendo-me querer lamber aquele peitoral marfim. Malfoy tirou minha camiseta deixando-me somente de sutiã e depois se ajoelhou em minha frente tirando meus tênis e meias. Eu suspirei quando senti seus dedos abrindo o botão da minha calça jeans e ele puxou minha calça para baixo com minha ajuda. Draco me olhou do jeito mais sensual possível e deu um sorriso safado quando se aproximou de mim agachado e beijou o lado interno da minha coxa.
- Confia em mim, ? – ele perguntou fazendo um carinho lateral em minhas pernas. Eu assenti rapidamente – Então você vai ter o melhor oral da sua vida. – Eu não pude falar nada porque no momento seguinte, Draco já estava com o rosto enterrado no meio das minhas pernas.
Eu gemi alto uma última vez quando cheguei ao meu ápice e Draco caiu ao meu lado na cama com a respiração descompassada. Aquela poderia entrar no nosso top 10, sem dúvidas. Eu olhei para meu namorado e ele encarava o dossel da cama com uma expressão de satisfação que eu tinha que certeza que estava no meu rosto.
- Nada mal para um domingo, huh? – eu disse e ele riu me abraçando logo em seguida e suspirando – Algo errado?
- Claro que não, – ele disse com os olhos fechados – Bateu um sono agora.
- Então vamos dormir – eu disse puxando a colcha e me enfiando de baixo sendo seguida por Draco que me abraçou por trás – Conchinha?
- Você sabe que eu gosto de conchinha, não seja falsa – Draco disse e eu ri antes de fechar os olhos naquela tarde de domingo.
A segunda-feira começou com aulas de Artes das Trevas com Amico e claro, os alvos foram os nascidos-trouxas. Eles estavam escondendo o ataque de Harry ao Ministério já que nada havia sido noticiado, pois fora uma falha no sistema. O Indesejável Número 1 ter invadido o ministério, o lugar onde as decisões a respeito do mundo bruxo eram tomadas significava que eles não eram tão invencíveis assim. Por isso, enquanto Amico falava sobre como os nascidos-trouxas eram o câncer do mundo bruxo, eu pensei no que poderíamos fazer. A direção ainda não havia descoberto a mensagem da semana anterior ou se já haviam descoberto estavam esperando por alguma coisa. O fato era que eu não havia sido pega, o que me dava esperança de agir mais uma vez.
Por isso, quando a sineta tocou, eu peguei minhas coisas rapidamente e arrastei Nate e Neville comigo pelos corredores até a aula de Poções.
- Eu tive uma ideia – comecei a falar baixo –Harry invadiu o ministério em setembro e ninguém ficou sabendo. Podemos divulgar aqui no Castelo.
- Isso é uma ótima ideia – Neville disse – Vou falar com Luna.
- E eu com Gina – eu disse e olhei para Nate – Sobrou o menino da Lufa-Lufa para você. Como é mesmo o nome dele?
- Ernesto McMillan – Neville respondeu –Onde será que Luna está?
- Você quer falar com ela agora? – eu perguntei confusa – Nós temos aula. - Neville está interessado nela, – Nate disse e tomou um tapa no braço vindo de Neville – Você não consegue notar?
- Cala a boca, Nate – Neville disse – E eu não estou interessado nela.
- Não? – Nate retrucou e eu ri – A pode ajudar, Neville.
- Por que não chama a Luna para o passeio em Hogsmeade? – eu sugeri – Vocês podem tomar uma cerveja, comer algum doce e conversar.
- Eu disse que ela ia ajudar – Nathan disse – Eu sugeri a mesma coisa, mas ele não tem coragem.
- Eu mal converso com ela, gente – Neville disse – Nós nos falamos poucas vezes.
- Você não precisa ter medo, o máximo que você vai ter é um não – eu disse – Ou melhor, o não você já tem. Vá em busca do sim.
- Como essa menina é poética, por Merlim! – Nathan gritou e eu gargalhei enquanto andávamos juntos até as masmorras. No caminho eu encontrei Draco que estava parado junto com Crabbe e Goyle. Os olhos dele fixaram-se em mim e não saíram mais. Eu queria ir até ele e abraçá-lo, mas eu não podia. Por isso somente assenti e abaixei a cabeça entrando na sala.
O professor Slughorn começou sua aula normalmente revisando alguns conceitos que precisaríamos usar e eu anotava tudo já que ainda continuava em dúvida sobre ser auror ou curandeira. Havia um comensal no fundo da sala que os alunos já haviam se acostumado e não causava mais medo.
- Hoje vamos revisar a Poção Limpa-Ferida – ele disse – Alguém sabe para que serve?
- Limpar feridas? – alguém comentou arrancando risadas da sala.
- Sim, mas essa poção é muito importante para aqueles que vão seguir a carreira de curandeiro ou até para aqueles que se machucam bastante – ele deu risada – Os ingredientes estarão na lousa, podem começar!
Os meninos ao meu lado estavam se matando para fazer as poções, Nate estava conseguindo, já o caldeirão de Neville se tornou uma bolha verde e fumegante que o professor Slughorn teve dificuldade para apagar. Neville ficou profundamente chateado e passou o resto da aula deitado no meu ombro com um bico do tamanho do universo.
- Eu nunca vou ser nada na vida – ele lamuriou ao meu lado e eu ri – Eu não consigo fazer a merda de uma opção.
- Não fica chateado, Neville – eu o consolei – Você é bom em muitas outras coisas, você sabe disso.
- Herbologia e só – ele resmungou – O que mais eu sou bom?
- Você é bom em Defesa Contra as Artes das Trevas – eu disse – Você me defendeu muito bem naquele dia, não se lembra?
- Isso é verdade, – ele concordou e levantou a cabeça.
- Então, você errou essa poção, mas pensa no tanto de coisas que você fez certo – eu sorri para ele e levantei para levar minha poção até a mesa do professor –Pense positivo!
Depois de ter engarrafado minha poção, eu caminhei até a mesa do professor para colocar o vidro para análise quando percebi Draco levantando logo em seguida e parando atrás de mim. Eu inspirei e o cheiro de Malfoy invadiu minhas narinas me fazendo arrepiar. Coloquei minha poção na mesa para encará-lo. Nossos olhos se conectaram e eu percebi sua mão indo para a minha cintura e voltando para o bolso logo depois. Olhei seus lábios e a vontade de beijá-lo me consumiu por dentro. Draco sorriu safado para mim e se afastou como o ótimo jogador que ele era. Era oficial: Ele conseguia me excitar com apenas um olhar. Suspirei e voltei para a minha carteira esperando a sineta tocar.
- Na próxima aula, eu trago a nota dos trabalhos de vocês junto com as observações de cada poção – professor Slughorn disse – Esse ano é o ano da decisão, por isso, se informem sobre as carreiras e quaisquer dúvidas, nós, os professores, estamosà disposição. Tenham um bom dia!
Olhei para Draco e ele me encarava concentrado. Eu sorri safada e levantei rapidamente saindo da sala e caminhando pelo corredor diminuindo o ritmo. Encostei-me à parede e observei os alunos saindo conversando, Nate me olhou dando risada e saiu andando com Neville ainda chateado. Os alunos da Sonserina finalmente saíram e por último Draco. Ele me olhou e sinalizou para que eu o seguisse. Virei em um corredor e Malfoy estava parado na parede me olhando seriamente. Oh, ele estava do mesmo jeito que eu. Aproximei-me lentamente e parei em sua frente o olhando do jeito mais sexy que eu conseguia. Ele suspirou e desencostou vindo mais perto e me puxando pela cintura, cheirando meu pescoço em seguida.
- Tão linda... – ele murmurou em meu ouvido e eu fiquei arrepiada – Me diz,, por que você faz isso comigo, huh?
- Eu não faço nada – eu respondi com minha voz falhando enquanto sentia a respiração de Draco bater na pele do meu pescoço.
- Ah se faz – ele disse fazendo uma carícia na base das minhas costas –Você faz muito e nem percebe.
- Draco – eu o chamei baixinho – Alguém pode vir.
- Isso nunca te incomodou antes, – ele respondeu beijando meu pescoço.
- Antes não era caso de vida ou morte – eu respondi séria e ele bufou entediado – Vamos nos ver na Sala Precisa hoje à noite, o que acha?
- Tudo bem, odeio admitir, mas você está certa – ele respondeu e já mudou de assunto – Já decidiu o que quer ser?
- Não e você? – eu perguntei séria enquanto me sentava em um dos bancos do corredor e Draco sentava ao meu lado.
- Bom, vou continuar os negócios da família, os Malfoy possuem uma série de investimentos no mundo bruxo – ele explicou.
- Você realmente quer ou foi criado para essa função? – eu perguntei sério e ele me olhou confuso.
- O que você quer dizer com isso?
- Bem, isso é algo que você sempre quis ou foi sua família que colocou esse desejo em você? – eu perguntei – São duas coisas diferentes.
- Você está dizendo que eu não sei decidir sobre o meu futuro? – ele perguntou ofendido.
- Não, eu estou te perguntando se você quer realmente ser o teu pai – eu disse e ele se levantou.
- Por que está dizendo essas coisas, ? – ele perguntou e eu me levantei.
- Por nada, me desculpe – eu me levantei e fui a sua direção, mas ele segurou meus braços – O que foi?
- Eu sei o que você pensou, você acha que eu sou como meu pai, não é – ele perguntou ofendido.
- Claro que não, eu sei que você não é ele – respondi percebendo que havia feito merda.
- Não, você acha sim – ele respondeu caminhando para o outro lado – Não mente pra mim ou pra si mesma, você acha que eu sou como meu pai.
- Draco, não vai embora – eu pedi, mas era tarde demais, ele já tinha virado o corredor em outra direção.
Bufei irritada e me sentei novamente com raiva de mim mesma. Claro que eu tinha que estragar tudo e mandar a paz embora. Eu não conseguia me controlar, precisava estragar tudo pelo menos uma vez por mês. Draco havia me deixado sozinha, então, eu fui em direção ao Salão Principal para almoçar já que havia pulado a refeição e ainda tinha me sobrado um tempo. Assim que eu entrei, Nate me esperava com um papel nas mãos.
- Sua coruja veio entregar essa carta para você – ele disse – Como ela não te encontrou, entregou para mim.
- Valeu – eu respondi enquanto abria o selo lendo o nome de Fred no verso.

,
Pelo seu tom já percebi que fiz alguma coisa,
Então eu vou me encontrar com você amanhã na visita a Hogsmeade.
15h30min no Cabeça de Javali.
Até amanhã.
- Fred

Eu suspirei e o nervosismo instalou-se em meu estômago já prevendo que minha conversa com Fred não seria das mais amigáveis. Ele era meu melhor amigo e foi importante para a minha recuperação, mas não deveria tomar as decisões por mim.
- Algum problema, ? – Gina perguntou preocupada.
- Só mais um de vários, Gina – eu respondi guardando a carta na bolsa e começando a almoçar.
O dia amanheceu feio, a neve já estava caindo o que deixava o chão escorregadio e propenso a quedas. Os meninos estavam descendo feito uns desesperados jogando neve um no outro enquanto Gina, Luna e eu ficamos para trás na descida até Hogsmeade. Draco havia sumido desde o dia anterior o que me deixava muito tensa já que ele sabia que eu iria me encontrar com Fred e não quis me ver. Eu havia feito besteira, mas Draco não quis me ouvir e aquilo me machucava demais.
Assim que as construções da pequena vila apareceram em meu campo de visão, eu me separei do grupo pegando o caminho mais vazio e indo em direção ao meu lugar favorito da infância, o Cabeça de Javali. Nos dias em que eu ficava com meu avô, aquele era o único lugar onde eu podia ver Hogwarts e imaginar como seriam meus dias, somente para saber que eu não poderia estudar anos depois. Empurrei a porta e como sempre, só haviam pessoas estranhas e entre elas, sentado na última cadeira conversando com meu avô estava Fred. Meu peito se aqueceu de uma forma completamente diferente e eu me dei conta de quanta saudade eu sentia por aquele ruivo enxerido. Ele colocou o olhar em mim e me deu um sorriso enquanto eu caminhava até ele. Fred levantou e eu me joguei em seus braços o abraçando com força. Meu melhor amigo estava ali, estava vivo, estava seguro.
- Eu estava com saudades – eu sussurrei em seu ouvido e ele riu.
- Eu sei, querida – ele disse me olhando antes de me dar um beijo na bochecha – Eu também estava.
- Você está bem – eu conclui e ele riu mais uma vez.
- E você também – Fred respondeu e nós nos separamos – Eu sabia que você ia se atrasar, seu avô estava me contando as histórias de quando você passava as férias aqui.
- Vô Aberforth – eu disse e o abracei sentindo o cheiro de naftalina em suas roupas. Seus cabelos estavam penteados naquele dia já que eu havia avisado que iria.
- Como você cresceu, menina – ele comentou sorrindo e já me entregando um copo de cerveja amanteigada.
- Você sempre fala isso – eu respondi me sentando e sendo servida pelo meu avô.
- Mas é porque você cresce e agora já está batendo em comensais que sua mãe me contou – ele respondeu.
- Você foi visitá-la? –eu perguntei dando um gole na cerveja quente.
- Sim – ele se sentou em uma cadeira ao meu lado – Ela está bem, só quebrou alguns ossos e teve alguns cortes.
- E meu pai? – eu perguntei e percebi os dois se olhando – O que houve?
- Ele ficou em coma alguns dias, mas está se recuperando – ele explicou.
- E o que aconteceu? Snape me disse que eles foram atacados por rebeldes, não me explicaram muito bem – eu respondi – E meus pais me responderam dizendo que estão na França, mas não deram detalhes.
– Eles estavam fazendo uma missão do departamento de aurores, foram enviados para um lugar estranho da Inglaterra. Era uma emboscada dos Comensais, eles suspeitam que seus pais sejam da Ordem da Fênix. – vovô respondeu minha pergunta.
- E é claro que colocaram a culpa em pessoas que não tem nada a ver, não é? – Fred disse.
- Um representante do ministério disse que foi alguém da oposição ao governo, seus pais vão receber uma pensão até estarem aptos a voltar ao trabalho – meu avô respondeu e eu suspirei – Ao menos eles estão vivos, .
- E estão seguros na França – eu comentei.
- Sim, a família do seu pai está cuidando dos dois muito bem – vovô disse – Meninos, eu preciso voltar ao trabalho, quaisquer coisas me chamem – ele levantou, beijou minha testa e voltou para o balcão.
- Então – Fred disse me olhando – Como está sendo as coisas no Castelo?
- Um completo caos, Freddy – eu respondi – Eu já fui torturada várias vezes ao longo desse ano.
- O que? – ele disse perplexo.
- Bem, eu era amiga do Harry – eu respondi – E ainda sou burra demais para não calar a boca. Juntando as duas coisas, eu sempre acabo sendo torturada.
- E Gina? – ele perguntou.
- Ela foi interrogada algumas vezes, mas não sofreu nada físico – eu o tranquilizei – Ela não provoca comensais ou deu uma surra em um deles antes de começar as aulas.
- Você é louca, precisa tomar cuidado – ele me advertiu – Precisamos de você viva, .
- Eu sei disso, agora estou filtrando melhor em qual confusão eu vou me meter – nós rimos juntos – Eu preciso te contar uma coisa que você não vai ficar feliz.
- O que?
- Draco e eu... – eu segurei minha caneca com força e suspirei – Nós voltamos.
- O QUE? – ele gritou surpreso – Eu não acredito nisso, !
- Você vai ficar gritando mesmo? – eu reclamei – Se for, nós saímos daqui, então. Não vou incomodar os outros clientes.
- Por que fez isso? – Fred perguntou perplexo, mas baixo.
- Porque é ele, Fred – eu respondi – Não importa o que eu faça, mas ele é minha pessoa. Eu sempre vou voltar para ele no final.
- Isso é doentio, você sabe, não sabe? Ele matou sua família! – o ruivo disse e eu suspirei.
- Não fale o que você não sabe e isso é uma mentira, Fred – eu retruquei – Sabe o que Draco me disse?
- O que?
- Ele disse que foi me visitar como ele fez as férias inteiras, mas você o barrou – o pânico pairou em seus olhos – Por que fez isso?
- Você ainda pergunta? – ele rebateu – O garoto te destruiu e você ainda o queria por perto? Ele ajudou a matar alguém da sua família!
- O foco aqui não é o que Draco fez ou deixou de fazer – eu disse – Não cabia a você decidir quem eu deveria ficar perto ou não.
- Eu fiz isso para te proteger, ! – Fred disse indignado chamando a atenção de algumas pessoas ao redor –Você estava totalmente perdida quando eu apareci e por causa dele!
- Você escolheu por mim, Fred – eu disse sentindo lágrimas em meus olhos – E não importa o quão cheio de boas intenções você estava. Você escolheu por mim, tomou as decisões da minha vida e eu não posso aceitar esse tipo de comportamento. Até Draco, que como você diz, me destruiu, entende isso. Por que você não pode entender?
- Me desculpe, está bem? – ele disse – Eu não deveria ter feito isso, mas fiz pelo teu bem.
- Não importa – eu fui categórica – Era meu direito escolher se eu ia querer Draco na minha vida ou não.
- Eu sei, me desculpe, eu queria ajudar – ele disse pegando na minha mão.
- Por que fez isso, Fred? – eu perguntei séria e finalizei nosso contato – Não foi apenas pelo meu bem. Por que fez isso?
- Como assim? – ele perguntou envergonhado e eu já sabia o que era. Na verdade, eu sempre soube.
- Não mente pra mim, por favor – eu pedi – Por quê?
- Porque... Eu sou a opção certa pra você, – Fred disse depois de uma longa pausa e suspirou – Eu sei que isso é pretensioso, mas é a verdade. Ele sumiu durante um bom tempo e agora volta quando você já está bem. Isso não é justo. Eu estive lá com você durante todo o tempo, eu sou a pessoa certa.
- Fred, você esteve ao meu lado quando eu mais precisei e me ensinou que eu só dependo de mim mesma – eu disse – Eu não preciso de Draco, ele me complementa, minha vida não gira mais em sua volta como era antes. Eu aprendi o meu valor e ele também. Eu queria ter te escolhido e você sabe que seria você se as circunstâncias fossem outras. Tudo seria mais fácil, não é?
- Sim – ele disse com uma voz séria.
- Mas as coisas não são assim – eu continuei – Nada é como nós queremos e meu coração escolheu Draco. Ele é minha escolha por mais difícil e louca que seja. Eu o amo com tudo o que eu sou e ele me ama de volta do mesmo jeito.
- Você vai se machucar ainda mais com tudo isso e eu não quero isso pra você – Fred disse e eu fiz um carinho em seu rosto.
- Se eu me machucar, estarei ciente disso – eu respondi enxugando uma lágrima que teimou em descer do meu olho.
- Eu sei e é isso que me assusta, você não tem medo de se machucar – ele disse dando um sorriso triste.
- Eu ainda não sei se isso é coragem ou burrice – eu respondi sorrindo.
Fred ficou comigo até o entardecer e fez o caminho até o portão do castelo ao meu lado. Ele me fazia estupidamente bem, mas eu sabia que jamais poderia amá-lo do jeito que Fred queria. Era doloroso ver que seus olhos ficaram opacos desde o momento em que ele soube que Draco e eu havíamos voltado. Contudo, eu jamais poderia ficar com ele por pena, era desumano fazer isso com outra pessoa, ainda mais com Fred que me trouxe de volta a vida no período mais sombrio que eu vivi. Ele sempre teria um lugar em meu coração, mas não era do jeito que ele esperava.
- Bom, você não pode passar daqui – eu disse quando chegamos ao portão e o zelador Filch fiscalizava quem entrava no castelo – Muito obrigada por hoje, Fred.
- Eu que agradeço, – ele sorriu maroto – Eu não deveria ter ficado entre você e Draco. Na verdade, era só questão de tempo, afinal, vocês vão ficar no mesmo ambiente por praticamente um ano.
- Eu te contei como aconteceu, foi pura magia – eu respondi – Eu pensava que jamais iria perdoá-lo, jamais teria Malfoy em minha vida de novo.
- As coisas acontecem sem que possamos controlar – Fred disse –Não sei por que estou falando essas coisas, eu não sou assim.
- Cadê as piadinhas, menino Weasley? – eu disse e nós rimos – Eu preciso entrar agora.
- Tudo bem – ele sorriu e me puxou para um abraço apertado – Até o final do ano letivo.
- Até, melhor amigo – eu disse e ele revirou os olhos – O que foi?
- Por favor, melhor amigo é humilhação demais para mim, sem essa, já estou na friendzone, , não precisa jogar na cara – ele respondeu e eu gargalhei.
- Esse é o Fred que eu conheço! – eu disse e ele sorriu descendo em direção a Hogsmeade – Tchau, Fred! – eu disse, mas ele não me ouviu.
Meu coração apertou ao ver os cabelos ruivos dele descendo a colina e uma vontade de chorar absurda se apossou de mim. Por alguma razão estranha, eu senti que aquela não foi apenas uma despedida simples. Tinha algo a mais, um sentimento de partida muito maior. Eu queria correr até Fred e não deixa-lo ir embora, afinal, ele estava seguro, mas até quando? Aquilo me preocupava todos os dias. Suspirei resignada e voltei em direção ao castelo, com o coração mais pesado que antes. Por que eu estava sentindo que aquela seria a última vez que eu veria Fred? Por que meu coração doía só de pensar nele? Por que eu sentia que iria perdê-lo? Talvez fosse somente meu coração egoísta querendo mantê-lo perto de mim por mais tempo, talvez fosse a necessidade de tê-lo como segunda opção. Sim, provavelmente era isso e eu não deveria me preocupar mais ainda. Eu deveria deixar Fred ir e ter uma vida feliz com alguém que poderia amá-lo do jeito que ele deveria e do jeito que eu jamais iria conseguir. Era o certo a se fazer.
Entrando no Castelo eu percebi dois comensais no pé das escadas e eles vieram em minha direção me parando no meio do caminho dos estudantes.
- Algum problema? – eu perguntei.
- O diretor quer vê-la – um deles disse e eu suspirei cansada seguindo os dois pelas escadas.
- Eu não fiz nada – eu disse um pouco assustada. Eles não podiam ter descoberto as mensagens tão rápido assim.
- Calada – o mais alto deles falou e eu obedeci.
A porta do escritório se abriu e Snape me esperava com uma expressão fechada. A de sempre, não é mesmo. Não havia ninguém lá além dele.
- Senhorita , você não cansa de se meter em problemas? – ele perguntou.
- A vida é chata sem eles – eu respondi – O que foi dessa vez? Vão me torturar? Torturar Draco? Perguntar a mesma coisa de sempre? Eu estou presa nesse inferno desde setembro, não sei onde Harry está!
- Contenha-se, garota arrogante – ele reclamou e eu fiquei quieta – Não queremos saber onde Potter está.
- Não? – eu perguntei sentindo meu corpo gelar.
- Não – ele se levantou e caminhou em minha direção – Recebemos informações de que a senhorita está se metendo em algo que não deve. – eu não respondi – Algo sobre o seu interesse em runas.
- Sim, eu estou aprendendo – eu respondi com a voz baixa – Estava com horário disponíveis e decidi que seria bom aprender alguma coisa nova.
- Não minta para mim, – Snape disse – Eu sei que você está investigando o colar que Dumbledore te deixou.
- O colar que você roubou? – eu retruquei – Como eu vou investigar alguma coisa que eu não tenho mais?
- Não se faça de sonsa, por favor, isso me irrita – ele retrucou – Você não deve se meter em assuntos que não são da sua conta.
- Eu não estou me metendo em nada, Snape – eu respondi com a voz falhando e claro, ele captou minha mentira.
- Ah não? – ele retrucou – E como você me explica suas pesquisas na biblioteca?
- Pras aulas de runas? – eu respondi.
- Você subestima minha inteligência – ele respondeu e fez um sinal com a mão e os comensais me seguraram com força me sentando em uma cadeira e amarrando meus braços – Contudo, eu sei de algo que vai te fazer parar de mentir.
- Eu não estou mentindo, Snape – eu disse com uma voz desesperada – Eu não estou pesquisando nada.
- Se não está mentindo, não tem motivos para temer os meus métodos – ele respondeu voltando com um frasco – Você sabe o que é isso?
- Sei – eu respondi e engoli em seco – Veritaserum.
- Diga agora exatamente o que eu preciso saber, caso contrário, eu saberei de mais do que você deseja – ele disse parando em minha frente – E se meu método não adiantar, ainda temos o método de Aleto e Amico e eu sei que você não gosta muito desse.
- O que você quer saber, Snape? Eu não fiz nada – eu perguntei – Eu sou inocente.
- Por que quer saber o que significa o colar? – ele perguntou sério.
- Porque é meu direito! – eu explodi – Você roubou meu colar e é óbvio que tem um motivo para isso.
- Você não deve se meter em algo tão perigoso como isso, criança – ele disse levantando – Aprenda de uma vez por todas a ficar quieta.
- Eu não vou ficar quieta assistindo você destruir tudo o que Dumbledore deixou – eu disse já perdendo o controle – Não vou ficar sentada assitindo o que você está fazendo e não vou deixar você sair impune. Você matou Dumbledore, você mirou uma varinha em seu coração e disse o feitiço sem remorso nenhum! Você é um monstro, Snape, traiu a confiança daquele que mais confiava em você!
- Já acabou? – Snape perguntou se aproximando – Você não vai mais pesquisar sobre assunto, está suspensa das aulas de Runas Antigas e se eu souber que você andou atrás desse assunto, você vai sofrer consequências graves. Agora saia daqui.
- Como você soube? – eu perguntei enquanto os comensais me desamarravam.
- Você acha mesmo que pode confiar em alguém desse castelo ou acha que existe algum lugar seguro aqui dentro? – ele respondeu e me olhou sério – Não seja inocente, .
Eu saí da sala queimando de raiva e claro, triste também. Era óbvio que alguém havia me traído e a única pessoa que sabia da minha pesquisa era Draco. Por que eu era tão burra? Eu não tinha aprendido NADA com o ano interior, absolutamente nada! Meu sangue fervia de ódio e eu caçava Malfoy pelo castelo querendo acabar com a vida dele. Na verdade, a raiva também era direcionada a mim, pois eu fui tola em achar que podia confiar em Draco novamente. A vergonha descia por minhas veia junto com a raiva e eu só pensava em vingança. Meu autocontrole que eu demorei tanto tempo para conseguir já estava começando a se extinguir e em breve eu me tornaria uma bomba relógio.
Encontrei-o no salão principal conversando com algumas pessoas. Assim que ele me viu marchando em sua direção, caminhou até mim e quando ia falar alguma coisa, eu o cortei dando um tapa em seu rosto.
- Você é louca? – ele perguntou com a mão no rosto.
- Eu odeio você e jamais confiarei em você de novo – eu disse e saí andando subindo as escadas correndo com os olhos cheios de lágrimas. Como eu pude ser tão estúpida de novo?


Sabe voar, fênix?

As lágrimas não vieram nos dias seguintes. Elas caíram no momento em que eu agredi Draco na frente da escola, mas depois, meus olhos ficaram secos pelos dias que se seguiram. Por algum motivo estranho, eu não conseguia mais chorar. Meu coração finalmente havia se tornado uma pedra completa. A vigésima decepção com Malfoy (sim, exagero puro) e eu já havia aprendido que não adiantava chorar, ficar desidratada por causa dele. Ele não era confiável, jamais seria.
Draco não havia me procurado. Uma semana de completo silêncio, talvez ele não tivesse o que falar, pois estava com vergonha. Sim, era vergonha por eu ter descoberto a facada em minhas costas tão rápido. Eu o evitava a todo custo, não queria dar oportunidade para ele se aproximar de mim.
Contudo, eu não podia deixar de admitir que a falta dele já estava consumindo praticamente tudo. Depois de tantas brigas, tantas lutas e tantos problemas, nós finalmente tínhamos conseguido ficar juntos para sermos separados novamente. Seria engraçado se não fosse trágico como tudo conspirava para eu ser uma pessoa sozinha. E talvez fosse isso mesmo. Talvez eu tivesse nascido para lutar sem ter companhia, viver sem ninguém e aprender a contar somente comigo. Talvez essa fosse a lição que o universo queria me ensinar dessa vez.
Os dias passaram devagar e naquele final de semana, eu estava fazendo meus deveres calmamente na biblioteca tentando distrair minha mente um pouco. Era difícil não pensar em Draco, não pensar em tudo o que eu não tinha mais, contudo, eu sentia no fundo do coração que eu havia tomado a decisão certa.
- ? – alguém chamou e eu percebi Luna se aproximando devagar.
- Oi, Luna – respondi baixo – Tudo bem?
- Bem, sim – ela disse e sentou ao meu lado – Estou com dificuldade em uma lição de feitiços, você pode me ajudar?
- Claro, o que foi? – eu disse e ela abriu o livro de feitiços, mas havia um bilhete dentro. Eu a encarei e estava escrito: Tive uma ideia para o próximo movimento.
- Vamos lá fora, assim poderemos conversar melhor – eu disse e nós nos levantamos rapidamente enquanto eu guardava minhas coisas na bolsa. - Qual ideia? – eu perguntei depois de termos virado um corredor vazio.
- Bem, as pessoas não sabem as atrocidades que estão acontecendo em Hogwarts – ela disse – Nós podemos fazer uma entrevista com meu pai nas férias, o que você acha? - Sim, a maioria dos pais não tem ideia do que está acontecendo com os alunos mais rebeldes – Luna disse – Eles estão ocultando os abusos desse lugar.
- Nós teremos o feriado do natal, você pode contar tudo a ele – eu respondi e ela sorriu.
- Sim, mas seria bom outros depoimentos – ela disse – Você poderia ir comigo para casa, o que acha?
- Eu quero tentar passar o natal com meus pais, Luna – respondi – Eles foram atacados e eu não pude vê-los ainda.
- Oh, isso é verdade – ela respondeu – Bem, podemos dar um jeito.
- Gina poderia te ajudar, o Neville também – eu disse sorrindo – Neville seria uma excelente ajuda.
- Você acha? – ela perguntou confusa. - Claro que sim, ele sempre está disposto a ajudar as pessoas que ele se importa – eu respondi – Por que não vai falar com ele?
- Hum... Tudo bem – ela sorriu – Muito obrigada, .
- Por nada, Luna – eu respondi e ela saiu andando pelos corredores cantando alguma música qualquer.
Eu dei risada e quando me virei para andar, Draco estava parado no corredor me observando. Depois de dias sem ao menos olhar para seu rosto, lá estava eu encarando os olhos azuis que mais pareciam um mar em um dia tempestade. Eu conseguia notar a tensão em seus ombros e a indignação em seu olhar durante os segundos em que nossos olhos ficaram conectados. Suspirei cansada e decidi voltar a andar, quando eu o ouvi falar:
- Não fui eu.
Eu parei de andar e me virei para encará-lo. Seus olhos estavam doloridos, era nítido o incômodo dele em estar ali vencendo seu orgulho me procurando e claro, dizendo outra mentira.
- Eu não acredito em você – respondi séria – Nós já passamos por isso antes, Draco.
- Não fui eu, – ele disse mais uma vez – Eu estou tentando descobrir quem te entregou, mas não fui eu.
- Você era o único que sabia, Malfoy – eu retruquei – Eu não contei para mais ninguém.
- Eu juro que não fui eu, – ele se aproximou de mim e pegou minhas mãos. Seu olhar beirava o desespero – Eu jamais faria algo desse tipo com você e no fundo, você sabe.
- Não, o que eu sei é que você já me abandonou uma vez e traiu minha confiança – eu respondi – Isso é o que eu sei.
- Por favor, eu já te perdi uma vez por que faria de novo? – ele perguntou.
- Porque você precisa proteger sua família – eu disse olhando para o chão – E seus pais sempre estarão em primeiro lugar ao invés de mim.
- Eu não entreguei você, caramba! – ele disse nervoso – Você tem que acreditar em mim.
- Não, eu não tenho – eu respondi.
- Você nem me deu o benefício da dúvida – ele reclamou – Você só me afastou, sem ao menos me ouvir.
- Você era o único que sabia, Draco! – eu disse mais alto – Eu não disse nada para mais ninguém, quem contou para Snape, então?
- Já passou pela tua cabeça que alguém pode estar te espionando? – ele perguntou e eu fiquei quieta – O castelo está lotado de informantes, .
- Como eles iriam descobrir? – eu perguntei – Nós conversamos em lugares que não tinha ninguém.
- É isso que eu estou tentando saber, só que você não quer me ouvir – ele disse – Você é teimosa demais e na maioria das vezes eu amo isso em você, mas você consegue ser bem cega quando quer.
- Tá bom, tá bom! – eu disse suspirando e percebi um sorriso vitorioso em seus lábios – Eu te dou o benefício da dúvida.
- Eu vou descobrir – ele se aproximou e segurou meu rosto com as mãos – E vou matar o ser humano que me fez ficar uma semana longe de você.
- Precisamos recapitular todos os nossos passos quando falamos sobre o assunto aqui no castelo – eu disse e ele me soltou.
- Me dá um beijo? – Draco pediu e eu revirei os olhos – Só um.
- Não, até você me trazer quem foi – eu respondi e ele bufou irritado – Eu tenho que ir, estou com meus deveres atrasados.
- Você realmente não vai me beijar? – ele perguntou indignado.
- Eu disse que te dava o benefício da dúvida, não disse que nós iriamos voltar – respondi saindo do corredor com o coração na mão por ser tão dura com ele.
Como eu era uma pessoa orgulhosa, foi bem difícil admitir que Draco poderia estar certo. Ele não precisava ter contado para Snape, alguém poderia ter ouvido nossa conversa na biblioteca ou nos corredores. Era totalmente possível alguém nos ouvir e Malfoy poderia estar certo. E claro, eu estava feliz por isso porque se fosse outra pessoa, ele não teria culpa nenhuma e poderia voltar para a minha vida, como vergonhosamente eu queria.

Draco’s POV

Assim que virou o corredor indo à outra direção, eu suspirei frustrado e irritado com o idiota que fez se afastar de mim de novo. Depois de meses indo devagar e tentando ter a confiança dela de volta, algum filho da puta estraga tudo e por incrível que pareça, realmente não tinha sido eu. Eu não colocaria em risco a confiança tão difícil conquistada e agora que alguém – que não havia sido eu, vamos deixar bem claro – havia avisado, eu estava ferrado também. Em poucos dias eu seria punido, então precisava lutar contra o tempo para consertar a única coisa boa da minha vida: Minha relação com .
Saí andando pelo castelo e encontrei Crabbe e Goyle conversando entre si voltando do salão principal com vários doces na mão.
- Como conseguiram tantos doces? – eu perguntei – O almoço já acabou.
- Recolhemos de todas as mesas – Crabbe respondeu e eu revirei os olhos. - Vocês ainda vão acabar explodindo – eu disse e eles riram – Eu preciso de vocês.
- Outra missão? – Goyle perguntou.
- Digamos que sim – eu disse – Alguém contou a Snape que a estava fazendo algo que não deveria e ela está achando que sou eu.
- E não foi? – Crabbe perguntou confuso.
- Claro que não, seu idiota – eu ralhei – Eu preciso descobrir quem foi, caso contrário, ela não vai mais olhar na minha cara.
- Essa menina te trouxe muito problema no passado, Draco – Goyle disse – Você sabe que deveria ficar longe dela.
- Isso é problema, meu – eu retruquei – Preciso que vocês me ajudem a investigar.
- E como faremos isso? – Goyle perguntou.
- Eu ainda não sei, só que preciso fazer isso rápido – respondi – Bem, de qualquer jeito, em algumas semanas teremos outra missão. Papai me mandou uma carta avisando.
- Vamos ter que sair do castelo? – Crabbe perguntou.
- Provavelmente – respondi – Eu preciso terminar uns deveres, nos encontramos mais tarde.
Comecei a descer para as masmorras e alguns dos alunos me encaravam com medo. A maioria deles sabia que eu era comensal, por isso evitavam me encarar por um tempo ou até falar comigo. Eu não iria fazer nada com eles, era óbvio, não tinha a síndrome do pequeno poder que os outros comensais tinham, mas era engraçado ver os alunos do primeiro ano desviarem o caminho quando passavam por mim. Entrei na Sonserina e subi até meu quarto pegando meu material e começando a fazer as lições de casa. Feitiços, Poções, Herbologia... Eu estava com muita coisa atrasada. Sentei em uma das mesas do salão comunal e comecei a estudar calmamente quando Pansy se aproximou de mim.
- Posso sentar aqui? – ela perguntou com alguns livros nas mãos.
- À vontade – respondi sem olhá-la.
- Muitas tarefas atrasadas, Draco? – ela perguntou tentando puxar assunto.
- Sim – respondi simplesmente enquanto voltava minha atenção para um livro de poções.
- Como você está? – ela perguntou – Eu não tive a oportunidade de conversar com você sobre o showzinho que a fez na semana passada.
- Ah, ela é doidinha mesmo – respondi tentando cortar o assunto.
- Eu pensei: Como o Draco deixou aquilo tudo acontecer? – ela começou a falar – Ainda mais você que sempre se mostrou superior, deixar aquela garota te dar um tapa foi um susto para todo o castelo.
- Já superei – respondi.
- Bem, você merece alguém mais parecido com você, sabe disso, não é? – ela disse e eu revirei os olhos – Ela não é uma garota de classe.
- Pansy, será que dá pra você calar a boca? – eu estourei – Eu não vou voltar com você, já pode parar de ser inconveniente.
- Mas eu não falei nada sobre nós – ela disse com uma voz de choro e eu revirei os olhos – Mas se você quiser falar...
- Eu acabei de dizer que não vou ficar com você – eu a encarei – pare de mendigar atenção, isso é ridículo.
- Você está sendo cruel, Draco – Pansy disse com lágrimas nos olhos.
- Que seja, agora sai daqui – eu resmunguei e ela se levantou com os livros nas mãos e saiu pela porta.
Então, minha mente deu um estalo. Qual era a pessoa mais interessada em me ver solteiro? Qual era a pessoa que mais queria que e eu não estivéssemos juntos? Qual era a pessoa mais obcecada por mim naquele castelo? Então, eu me senti um idiota por não ter pensado nela antes. Pansy,. Era óbvio que ela tinha falado para Snape. Ela passava o dia me seguindo pelo castelo tentando parecer discreta, mas eu sempre sabia. Pansy poderia muito bem ter ouvido uma de minhas conversas com e contado para Snape o que ouviu, tentando ferrar minha namorada e acabar com nosso namoro. Eu precisava agir, precisava fazer alguma coisa para fazê-la confessar e assim salvar meu relacionamento. Larguei minhas coisas para trás e sai andando pelos corredores em busca de Pansy. Eu a encontrei com duas amigas sentadas em um corredor.
- Pansy, me desculpe pela minha grosseria – eu disse tentando ser gentil – Nós podemos conversar?
- Claro – ela disse limpando o rosto e vindo em minha direção, eu segurei em seu braço e sai andando rapidamente procurando feito um louco – O que foi, Draco?
- Nada, só queria conversar – eu respondi andando apressado e encontrei sentada lendo um livro – !
- Draco? – ela perguntou se levantando e Pansy travou os pés no lugar – O que foi e o que ela está fazendo aqui?
- Fala, Pansy! – eu disse e percebi o pânico em seus olhos – Confessa que foi você.
- Eu não fiz nada, Draco – ela disse com a voz falhando e suspirou sabendo que já tinha sido ela.
- Para de ser falsa, garota! – eu disse – Confessa que foi você que falou com Snape!
- Mas não fui eu – ela disse – Eu não disse nada para ninguém.
- Olha aqui, sua idiota – eu disse bravo – Você vai confessar agora!
- Draco – chamou e quando percebi ela estava dando tapinhas nas costas de Pansy enquanto a outra chorava – Vai embora, por favor.
- Mas... – eu fiquei confuso vendo a interação das duas.
- Você não está ajudando em nada – ela disse e eu fiquei surpresa quando Pansy a olhou séria e sorriu – Está tudo bem, Pansy.
- Você não vai me bater? – a outra perguntou e minha garota riu.
- Aquela garota não existe mais – respondeu e puxou a garota para um banco.
Quem era aquele ser ali e o que havia acontecido com minha -barraqueira?

’s POV

Assim que Draco se afastou confuso, eu sentei com Pansy em um dos bancos do corredor e esperei a garota parar de chorar. Dentro de mim, as misturas de sentimentos faziam eu me perguntar a cada segundo, o que eu estava fazendo ali, sentada com a garota que desde o ano interior tentava a todo custo roubar meu namorado. Bem, eu sentia pena dela, sentia pena do amor que ela sentia, mas que jamais poderia ser correspondido.
- Por que você está fazendo isso? – Pansy perguntou depois de ter parado de chorar.
- Eu ainda não sei – respondi – Só achei que você precisava de um pouco de consolo, ao invés de ter mais alguém querendo te matar. Draco já estava nervoso demais, você não precisa de mais uma.
- Eu te ferrei, – ela disse.
- Eu sei.
- E por que está agindo assim? – ela perguntou – Se fosse eu no seu lugar, já tinha te batido há muito tempo.
- Eu estou tentando melhorar meu comportamento – expliquei – Não sou uma pessoa muito agradável.
- Isso é verdade, você tocou o terror ano passado – ela disse e eu ri – Eu ouvi dizer que você bateu em Lilá.
- Eu não me orgulho disso – respondi – Nem um pouco.
- Você sempre soube que eu amava Draco, não é? – ela disse de repente – Quero dizer, nós tínhamos algo até você aparecer.
- Migalhas de afeto não é amor, Pansy – eu disse e vi seus olhos encherem de lágrimas – Ninguém merece ser tratada do jeito que Malfoy te trata.
- Por que com você é diferente? – ela perguntou chorando – Eu sempre estive ao lado dele! Desde o primeiro ano!
- Seria mais fácil se ele estivesse com você e eu com outra pessoa, não é? – respondi – Vocês estão do mesmo lado nessa luta, eu não tenho nada a ver com ele. Realmente seria mais fácil. Só que as coisas não são desse jeito. Draco me ama do jeito dele e esse jeito é diferente da maneira que ele trata as pessoas. Ainda bem, vamos deixar claro.
- Eu não entendo vocês dois – ela disse – Nunca vi um casal que briga, mas se ama tanto como vocês.
- Ironias da vida, não é mesmo? – eu disse sorrindo – Eu não vou ser arrogante e dizer que ele nunca poderá te amar, mas no momento atual, ele me ama e não vai mudar. Aceitar esse fato vai fazer bem a você, Pansy.
- Eu não consigo, – ela disse voltando a chorar – Eu nunca amei tanto alguém como amo Draco.
- Você vai amar, eu tenho certeza – eu disse – O que você sente por Draco vai passar um dia e você vai rir de tudo isso.
- Eu espero que isso aconteça – ela respondeu – Porque amá-lo dói demais.
- Eu sei bem disso – respondi – Draco nos machucou, Pansy. Mesmo que de jeitos diferentes, nós duas já tivemos o coração quebrado por ele. Por isso eu não estou brava com você. Eu entendo a sua vontade de ir atrás dele, mas isso só vai te machucar mais e mais. Você não merece isso.
- Eu sei, minhas amigas falam que eu estou fazendo um papel ridículo andando atrás dele pelos corredores ou fazendo os deveres de casa sem ao menos ele pedir – ela explicou – Eu deveria começar a ouvir esses conselhos.
- Sim, você deveria – eu respondi – Nós não somos rivais, não existe um jogo aqui entre nós duas. Pelo contrário, nós duas estamos fazendo a mesma coisa: Tentando sobreviver esses meses aqui dentro. Eu não vou brigar com você ou te bater, eu só peço uma coisa: Respeite meu relacionamento com Draco e não conte para ninguém o que você sabe, pois isso vai ferrar muito mais Malfoy do que a mim.
- Tudo bem, pode contar comigo – ela respondeu dando um sorriso triste – Eu estou envergonhada por tudo o que eu fiz, me desculpe.
- Tudo bem, sem ressentimentos – eu respondi e ela se levantou.
- Não espere que nós vamos ser amigas, ouviu? – ela disse e eu assenti – Vamos ter um respeito mútuo.
- Pra mim, está ótimo – eu respondi me levantando também.
- Obrigada, aberração da grifinória – ela disse dando um sorriso.
- Por nada, capacho do Malfoy – eu respondi e ela gargalhou indo embora.
Um problema tinha sido resolvido, mas existiam tantos que eu tive que me sentar novamente ao me dar conta de todos eles. Pansy amava Draco com todo o coração e ele sempre se aproveitou disso, por isso eu tinha pena dela porque eu entendia sua situação. Todas nós já passamos por isso um dia ou já fizemos alguém passar. Eu não poderia brigar com aquela garota que estava desesperada por atenção tanto quanto eu já fui um dia, eu já fui Pansy em algum momento e provavelmente, você também. Talvez não no nível hard que ela estava, mas amar alguém que não nos ama, todo ser humano já passou por isso.
- ? – alguém me chamou e percebi Draco parado com uma expressão confusa. Eu estendi os braços ele veio até meu encontro me abraçando apertado – O que aconteceu?
- Consertei uma das merdas que você fez – eu respondi e deitei a cabeça em seu ombro – Não trate Pansy como seu capacho, me ouviu? Ela não merece.
- Desde quando se tornaram amigas? – ele perguntou – Eu achei que você ia voar no pescoço dela.
- Desde o momento em que eu percebi que ela ama você, o que a torna igual a mim – eu respondi e o encarei – Eu só dei a sorte de você me amar de volta, caso contrário, eu estaria na mesma situação que ela.
- Isso foi profundo – ele disse e eu ri – Eu nunca tinha visto desse jeito.
- Eu também não – eu disse – Eu me dei conta disso quando a vi chorando desesperada com o coração partido.
- Você sabe que eu estou me sentindo um monstro, não é? – Draco disse e eu ri mais uma vez – Quero dizer, eu não tinha me dado conta de que fazia tanto mal a ela.
- Agora você sabe e é sua obrigação não fazer de novo – eu disse e sorri – Menos um problema.
- Sim, Pansy só criou mais um – ele disse beijando minha testa – Snape vai comer meu fígado em alguns dias, tenho certeza.
- Por que?
- Bem, eu sabia que você estava investigando e não disse nada – ele explicou – As consequências virão para mim, eu só preciso esperar.
- Você acha que Você-Sabe-Quem vai interferir também? – eu perguntei preocupada.
- Preciso torcer para que não – ele disse e me deu um selinho – Eu vou ter que sair do castelo daqui a alguns dias.
- Uma missão? – eu perguntei e senti o clima ficar tenso ao nosso redor.
- Sim – ele respondeu e me abraçou mais ainda – Droga.
- O que foi? – eu perguntei.
- Eu só queria um pouco de paz, – ele resmungou – Uma paz verdadeira.
- Eu também queria – eu respondi – Eu também, Draco.
E claro que a paz não veio. Para nenhum de nós dois. Pelo contrário, a tormenta chegou voraz e sem controle nenhum. A semana correu tranquila até sexta-feira quando fui retirada da sala comunal da Grifinória junto com Gina, Neville e Nate e levada até a sala do diretor. Nossas varinhas foram confiscadas e eu sabia que havia algo muito errado. Eles tinham descoberto nossas mensagens, era óbvio e meu coração doía ao saber que meus amigos seriam punidos assim como eu. Eu havia tomado todo o cuidado possível para não sermos descobertos, mas como sempre, eu não havia sido cuidadosa o bastante. A porta foi aberta e Snape estava em pé nos esperando junto com mais alguns comensais. Ernesto Mcmillan já estava lá sendo segurado por um homem o triplo de seu tamanho e Luna também estava sendo segurada por outro comensal, contudo, sem necessidade nenhuma já que a garota estava concentrada observando os retratos nas paredes.
- Senhorita – Snape disse – Não se cansou de estar envolvida em problemas?
- Qual é o problema que você acha que eu causei dessa vez? – eu perguntei tentando parecer petulante, mas tremendo por dentro. – O Pirraça surta e a culpa é minha, a plantação da professora Sprout estraga e a culpa é minha. O que foi agora?
- Uma mensagem que foi distribuída pelas casas algumas semanas atrás – ele disse e puxou um papel das vestes. Eu gelei ao perceber o papel que eu e Gina ficamos horas fazendo.
- É de conhecimento de todos que há muitas pessoas apoiando o Potter – eu disse – Não apenas nós que somos amigos dele. Você já parou para pensar que pode existir outras pessoas que não suportam o jeito que vocês dirigem essa escola?
- Sim, mas você e seus amigos são os únicos que iriam fazer alguma coisa a respeito – ele respondeu – As outras pessoas são inteligentes demais e preferem ficarem quietas.
- Você precisa parar de ser tendencioso, Snape – eu rebati.
- Bem, vocês têm duas opções – ele disse se aproximando – vocês podem admitir o que fizeram ou podemos usar nossos métodos para arrancar informações.
- Você está dizendo que concluiu que o autor dessas mensagens foi eu, simplesmente supondo que ninguém além de mim e meus amigos iriam fazer algo a respeito? – eu perguntei tentando ganhar tempo – Isso não é nada justo, professor.
- Jugson, traga a senhorita Lovegood para cá – Snape disse e o brutamonte empurrou Luna até o centro da sala. Nate ia passar por mim, mas eu segurei sua mão. – Bem, já que vocês decidiram pelo método difícil, vamos começar logo.
- Espera! – eu disse e percebi todos olhando para mim – Eu quero um julgamento, professor.
- Você prefere ter um julgamento? – Snape disse se aproximando de mim com um sorriso amargo no rosto – Prefere que eu leve esse caso de traição ao Ministério e envolva não somente vocês, alunos petulantes, mas também suas famílias? Preferem uma passagem só de ida para Azkaban?
O silêncio pairou na sala enquanto eu observava Luna ser colocada em uma cadeira e ter seus braços amarrados por cordas. Nossos olhares se encontraram e eu percebi cada gota de coragem do seu ser refletindo em suas íris azuis. Eu entendi que Luna estava disposta a sofrer pela nossa causa e quando nos encarou esperava que fizéssemos o mesmo. Ela não gritou quando a primeira onda de dor veio, somente soltou um suspiro e encarou o teto. Neville passou por mim e foi em direção ao comensal para pará-lo, mas foi estuporado no meio do caminho caindo paralisado no chão. Eu não poderia deixar meus amigos sofrerem, eles estavam ali por minha causa. Eu suspirei e quando estava prestes a assumir a culpa, Ernesto fez isso por mim:
- Foi ela! – ele gritou e eu percebi lágrimas em seus olhos enquanto suas calças ficavam molhadas. Ele havia urinado de tanto medo. – Foi ela, ela deu a ideia!
- Seu otário, vou acabar com você! – Nate gritou e eu e Gina tivemos que segurá-lo – Traidor!
- Nate, já chega! – eu disse mais alto e percebi comensais rindo – Bem, ele está certo. A ideia foi minha.
- Você não fez tudo sozinha, – Gina disse – Todos nós tivemos parte nisso.
- Bem, vocês serão punidos – Snape disse – As punições vão ser aplicadas pelos professores Aleto e Amico. Podem sair da minha sala.
Eu não conseguia parar de tremer enquanto caminhávamos pelos corredores sem ter ideia do que os irmãos sádicos iriam fazer conosco. Eu percebia meus amigos tensos ao meu redor e claro, ainda percebia lágrimas nos olhos do garoto da Lufa-Lufa. Como eles descobriram tão rápido? Paramos nas escadas e Aleto me puxou pelo braço, colocando-me em frente ao fosso que havia restado quando a escada mudou de lugar. Meu coração saltava dentro do meu peito e eu encarei os archotes iluminando a entrada do castelo lá em baixo. Meus braços estavam sendo segurados fortemente pela comensal que deu uma risada maléfica em meu ouvido.
- Sabe voar, fênix? – ela disse baixo antes de me empurrar em direção à queda. Só o que eu pude fazer foi fechar os olhos e esperar meu corpo bater no chão.

Medo de morrer.

Dor. Silêncio. Escuridão. Frio. Minha respiração estava falhando e eu não conseguia mexer um músculo sequer. Ouvi gritos ao longe, mas não conseguia identificar nada. Tentei me mover, mas a dor foi tanta que eu apaguei.
Abri os olhos e percebi a luz de uma varinha e o rosto da professora McGonagall me olhando desesperada. “Está tudo bem, , ela disse, “Vamos tirar você daqui”. Senti meu corpo ser içado e gritei de dor ao perceber que minha perna estava ao contrário. Desmaiei.
Dor. Senti minhas costas baterem em algo fofo e abri os olhos para perceber que estava na Ala Hospitalar. Professora McGonagall e Madame Pomfrey estavam ao meu redor.
- ? – Madame Pomfrey disse – Consegue me ouvir?
- Sim – eu murmurei e senti meu maxilar doer.
- Tudo bem, ela está consciente – Minerva disse – O que você irá fazer, Papoula?
- Vamos dar uma poção para dor – ela respondeu – Eu não sei a profundidade das lesões, talvez tenhamos que removê-la para o St. Mungus.
- Eu vou falar com Snape para contatar a família – a professora disse e se afastou.
- , você sente isso? – Madame Pomfrey perguntou e eu não senti nada.
- Não – eu sibilei – O que você está fazendo?
- Sente isso? – ela apertou meus dedos das mãos e eu gritei de dor.
- Sim – respondi – O que aconteceu?
- Vamos tomar a poção, tudo bem? – ela perguntou e despejou a poção em um frasco e levou até meus lábios. Automaticamente a dor diminuiu.
- Muito bem – ela disse – Eu vou ter que virar sua perna, okay? Para conseguir consertar – ouvi um barulho estranho, mas não senti dor nenhuma – Muito bem.
- Eu não consigo respirar – eu disse sentindo falta de ar – Não consigo...
- Fique calma, fique calma – ela disse e murmurou alguns feitiços, fazendo uma bolha ficar ao redor do meu rosto – Consegue respirar melhor? – eu assenti – Bom, fique calma, . Nós vamos te ajudar.
- Braquim Remendo – ela disse apontando a varinha em direção a minha perna e percebi uma alegria passar pelo seu rosto – Sua perna já está boa, .
Senti uma dor muito forte na cabeça e comecei a me debater, não conseguia controlar meu corpo de maneira nenhuma. Minha boca abriu e saliva escorria pelo rosto e eu apaguei mais uma vez.
Eu ouvia conversas ao meu redor, mas não conseguia abrir meus olhos ainda. Não sabia quanto tempo tinha ficado apagada, só sabia que a dor havia ido embora, mas ainda não conseguia mexer minhas pernas. Comecei a me dar conta do que havia acontecido comigo. Eu havia sido descoberta. Aleto havia me empurrado no fosso das escadas sem varinha nenhuma. Eu havia sido empurrada do segundo andar de Hogwarts. Meus amigos. O que tinha acontecido com eles? Memórias me atingiram como flechas. Luna torturada. Neville caído no chão estuporado. McMillan gritando ao prantos que a culpa era minha. Mãos empurrando minhas costas. “Você sabe voar, fênix?” A frase gritava em meus ouvidos e a visão do chão cada vez mais perto estava cravada em minhas pálpebras. Foi exatamente como nos sonhos que eu tinha, contudo, eu não acordei antes de chegar ao chão.
- Isso é inaceitável, Severo – ouvi alguém dizer – Seus comensais passaram do limite, eu não vou aceitar isso dentro de Hogwarts!
- Eu reconheço o excesso, Minerva – Snape respondeu – Já chamei reforços do St Mungus para ajudar a reestruturar a coluna cervical dela já que não podemos movê-la daqui.
- Os pais dela precisam saber o que aconteceu – a professora disse – Eles precisam visita-la.
- Esse assunto não sairá de Hogwarts, professora, e eu já mandei alguém falar com eles – Snape respondeu – Ela será liberada no natal.
- Isso se ela conseguir andar até lá, não é? – a professora respondeu – Vocês são uns monstros, você jamais deveria ter permitido que isso acontecesse. Ela poderia estar morta!
- Isso não irá mais se repetir, eu garanto a você – ele respondeu e antes que ele pudesse responder, ouvi passos apressados.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? – alguém gritou e eu ouvi um barulho de algo caindo – O QUE VOCÊ FEZ COM ELA, SNAPE?
- Senhor Malfoy, por favor, contenha-se – Minerva disse e eu me agitei. Draco estava ali. Abri meus olhos finalmente e tentei falar. – Nós já estamos tratando a aluna, vai ficar tudo bem.
- poderia ter morrido! – Draco disse com a voz embargada – Eu sabia que você queria nos prejudicar, mas foi longe demais, Snape!
- Draco – eu murmurei, mas pela agitação ele não me ouviu.
- As providências já estão sendo tomadas, Draco – Snape disse com a voz impassível – Aleto já foi advertida e nós estamos cuidando de tudo.
- Isso é um absurdo – ouvi meu namorado dizer e o vi se aproximar. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ele sorriu quando me viu acordada – , você está acordada! Está sentindo dor?
- Draco – eu disse e comecei a chorar – Minha mãe...
- Eu já falei com ela, estava fora da escola quando tudo aconteceu, você está apagada faz três dias – ele explicou e beijou minha testa – Eu achei que você... Droga, que susto, .
- Não... Consigo... – eu tentei falar, mas a dor era muito grande e eu me calei no exato momento que uma onda de dor veio pela minha coluna.
- Eu sei, amor, eu sei – ele respondeu e apertou minha mão enquanto chorava molhando minha testa – Me desculpe por não estar aqui, eu tentei vir o mais rápido que eu pude, mas só consegui chegar hoje.
- Você foi punido? – eu perguntei preocupada.
- Depois conversamos sobre isso – ele disse e beijou meus lábios rapidamente – Eu vou ficar aqui com você o tempo todo, me ouviu?
- Minhas pernas – eu disse e percebi a tensão em seu rosto – Não mexem.
- Sim, curandeiros estão vindo para consertar isso – ele explicou – Vai ficar tudo bem.
- Estou com medo – eu disse.
- Me desculpe por não protegê-la – Draco respondeu e apertou minha mão – Me desculpe, amor.
- Não foi sua culpa – eu respondi – O que aconteceu comigo?
- Você teve costelas quebradas que perfuraram seu pulmão, sua perna esquerda quebrou junto com suas mãos e você possuiu uma lesão na coluna – Madame Pomfrey disse interrompendo nosso momento – Nós não podemos te levar para o St Mungus, então, eles estão vindo para cá. Eu reparei o máximo que eu podia.
- Obrigada – eu respondi – Por que eu não posso sair?
- Ordens do Ministério – ela respondeu e eu entendi o que aquilo significava.
- O que minha mãe te falou? – eu perguntei para Draco e percebi-o engolindo em seco – Ela está bem?
- Sim, ela está – ele respondeu – Snape me mandou contatá-la um dia depois do seu acidente. Nós nos encontramos no Ministério da Magia e eu expliquei o máximo que eu sabia.
- Meu pai?
- Ele ficou na França, – Malfoy explicou – Ainda não pode viajar.
Fomos interrompidos por um grupo de bruxos que entraram na Ala Hospitalar e conversaram brevemente com Madame Pomfrey, já que Snape e McGonagall haviam ido embora um pouco antes. Eu senti nervosismo e apertei as mãos de Draco e o encarei num pedido mudo para que ele não me deixasse. Uma bruxa se aproximou de nós.
- Bom dia, senhorita – ela disse – Meu nome é Amelia Hunt e eu sou curandeira do St. Mungus. Nós estamos aqui para te ajudar. A sua lesão na espinha é facilmente reparável, mas você precisará de ajuda para ter todos os seus movimentos de volta. Posso te examinar?
- Sim – eu respondi e ela colocou o biombo ao redor da cama depois de chamar mais uma mulher para ajudá-la – Eu terei que virá-la para ver o nível de suas lesões. Mary, ajude-me aqui.
Elas levantaram minha camisola e me viraram de lado ficando um bom tempo observando. As curandeiras tocaram minhas costas levemente e quando apertaram minha coluna, eu gritei de dor. Elas me colocaram na posição inicial e examinaram minhas pernas, levantando as duas, dando toques com a varinha em cada perna e nos meus pés. Para o meu desespero eu continuava a não sentir nada.
- Bem, com a queda sua coluna espinhal foi lesionada, você está paraplégica – Amelia disse – Se você fosse trouxa, isso seria irreversível, mas nós podemos tratar.
- Demora muito? – eu perguntei.
- Um pouco, pois provavelmente teremos que reconstruir suas terminações nervosas – ela explicou – Suas vértebras viraram pó e os pedaços estão fazendo uma confusão lá dentro. Mary, precisaremos de uma maca, não podemos tratá-la na cama.
- Tudo bem – as duas saíram de perto da cama e levaram o biombo embora.
- Eu acho que vai doer – eu disse – Mas eu não aguento mais ficar parada.
- Vai dar tudo certo, – Draco disse – Eu vou ficar ao seu lado o tempo todo.
- Eu sei que vai – eu respondi – Não acredito que eu fui descoberta desse jeito.
- Eu sabia que era você – ele disse baixo – Só que você não quis me contar.
- Eu não podia, me desculpe – eu disse e Draco sorriu – Eu queria fazer alguma coisa, mas não queria te colocar em perigo.
- Eu entendo, – ele disse – Um Comensal me disse que acharam um aluno da Corvinal com o papel e aí foi só uma questão de tempo até eles descobrirem.
- E meus amigos? Você sabe de alguma coisa? – eu perguntei – Ernesto se apavorou e contou tudo. Eu não o culpo, provavelmente sabiam que ele era o elo mais fraco.
- Eu não sei o que aconteceu com eles, – Draco respondeu e beijou minha testa mais uma vez – Eu não perguntei. Assim que eu cheguei, deixei minhas coisas com Crabbe e subi correndo para cá.
- Tudo bem – eu disse – Você foi punido ou não?
- Eu fui – ele respondeu e suspirou – Você-Sabe-Quem não ficou nada feliz quando descobriu que eu sabia que você estava investigando e mandou me chamar. Enquanto eu saí, você foi atacada.
- O que ele fez com você? – eu perguntei.
- Ele me torturou, eu achei que iria me matar – ele respondeu – Você já percebeu o que está acontecendo conosco?
- O que? – eu perguntei confusa.
- Eles nos torturam até o limite, mas nunca nos matam – Draco explicou – O que eu fiz é punível com morte. Eu não fui leal a Você-Sabe-Quem e não há misericórdia para isso.
- Mas ele não te matou – eu disse e ele afirmou – Ele não quer que a gente morra.
- Provavelmente seu acidente foi algo que saiu do controle – ele disse – Você deveria ter sido torturada.
- Por que ele não quer que a gente morra? – eu perguntei confusa.
- Porque ele deve estar planejando outra coisa para nós dois – Malfoy disse e seu olhar transbordava angústia – Mas o que pode ser pior que a morte?
- Uma vida de sofrimento – eu respondi, mas não pude falar mais já que os curandeiros voltaram.
- Está pronta? – Amelia respondeu e eu assenti.
- Tudo bem, vamos lá! – ela disse mais alto e com um aceno da varinha eu levitei até uma maca que estava ao lado da minha cama. – Nós vamos te dar uma poção para que você durma durante o procedimento, vai ser mais fácil para nós.
- Tudo bem – eu disse e percebi Draco ao lado da minha cabeça segurando minha mão – Se eu não voltar a andar?
- Você vai voltar – Malfoy disse e beijou minha testa – Eu amo você.
- Eu também te amo – eu respondi antes de tomar a poção e apagar.
A primeira coisa que eu notei foi o silêncio ao meu redor que era quebrado por uma respiração calma ao meu lado. Abri os olhos e percebi que já era noite e como prometido, Draco estava ao meu lado, dormindo em uma cadeira de ferro enquanto segurava minha mão. Eu suspirei e tentei sentir meu corpo, cada membro, cada poro e com muita felicidade, percebi que conseguia mexer os dedos dos pés.
- Draco? – eu chamei baixinho e meu namorado acordou desesperado com a varinha em mãos – Desculpe.
- O que foi? Aconteceu alguma coisa? – ele levantou e iluminou a Ala Hospitalar inteira com a varinha – Alguém te atacou?
- Não, está tudo bem – eu disse e sorri – Olha para os meus pés.
- Já está mexendo? – ele perguntou e sorriu quando viu meus dedos fazerem um movimento ainda muito limitado – Eu disse que você voltaria.
- Como foi? O que os curandeiros fizeram? – eu perguntei, mas Draco saiu andando depois de me pedir para esperar – Draco?
- Um minuto! – ele gritou e eu percebi que ele caminhou até a mesa de Madame Pomfrey e a acordou gentilmente. Os dois vieram correndo e as luzes da Ala Hospitalar se acenderam.
- Senhorita, ? – ela disse vindo com a varinha em minha direção – Como está se sentindo?
- Bem – eu respondi e ela empurrou meu cobertor. Passou a varinha em meus pés e para a minha completa alegria eu senti – Eu senti.
- E aqui? – ela passou em minhas pernas e eu continuei a sentir um leve choque.
- Também. – eu respondi sorrindo.
- Mais alguns dias para adaptação, algumas poções e você já terá alta – Madame Pomfrey disse animada – Agora podem dormir, senhor Malfoy, ela está segura. Tome um banho e vá dormir na sua Casa.
- Eu prefiro ficar aqui, Madame Pomfrey – Draco respondeu e eu sorri.
- Bem, boa noite a vocês dois – ela disse – Tem um pouco de chá em cima da minha mesa, podem se servir.
- Puxa aquela cama para cá, Draco – eu disse – Você está cansado, merece dormir.
- Boa ideia – ele disse e trouxe a cama com um agito da varinha – Eu estou com dor nas costas de dormir nessa cadeira.
- Obrigada por tudo – eu disse quando ele havia se deitado ao meu lado.
- Eu disse que não te deixaria mais – Malfoy disse e deu um daqueles sorrisos que eu me lembraria para o resto da vida – Eu jamais vou te deixar de novo.
- Eu sei – eu respondi antes de entrelaçar nossos dedos para termos uma noite tranquila na Ala Hospitalar.
Depois de uma semana, eu consegui sair da Ala Hospitalar com praticamente todos os meus movimentos de volta. Eu ainda não podia correr, mas era um alívio poder caminhar. Draco segurou em minha mão e me levou até o corredor que dava acesso à Grifinória. Seus olhos estudavam todos os meus movimentos para estar pronto, caso eu tivesse um rompante de dor.
- Eu estou bem – disse e o abracei – Pode ficar tranquilo.
- Eu sei que está – ele disse me apertando em seu peito – Você é indestrutível, .
- Quem dera isso fosse verdade – eu respondi e sorri para ele – Obrigada por tudo.
- Não precisa agradecer – Draco disse e fez um carinho em meu rosto beijando a ponta de meu nariz em seguida – Eu tenho que ir.
- Eu sei – eu respondi manhosa e me agarrei ainda mais a ele – Eu preciso ver meus amigos já que aparentemente não deixaram eles se aproximarem.
- Ordens do Snape – eu expliquei – Eu sinto muito por tudo.
- Não vamos mais falar sobre isso, tudo bem? – eu pedi e o encarei – Já passou, Draco.
- Ok – ele disse e beijou meus lábios devagar – Até amanhã.
- Até – eu respondi e o observei se afastando de mim com as mãos no bolso – Draco!
- Oi! – ele disse e se aproximou de mim – O que foi? Alguma dor?
- Não, eu só queria... – eu o encarei e não sabia o que eu queria – Vamos dormir juntos essa noite? Eu digo, dormir mesmo.
- Sala Precisa? – ele perguntou e eu afirmei percebendo meus olhos encherem de lágrima – Ei, o que foi?
- Eu achei que ia morrer – eu expliquei enquanto ele me abraçava apertado – Eu sempre disse que não tinha medo de morrer, mas quando eu estava naquele chão frio eu só pensava em tudo o que eu ia perder.
- E se apavorou, não é? – ele disse – Percebeu que pela primeira vez depois de muito tempo estava com medo de morrer.
- Eu só conseguia pensar em você – eu o encarei – Não foram meus pais ou meus amigos. Você apareceu na minha mente e a vontade de não te deixar sozinho foi maior do que tudo.
- Meu amor – Draco me chamou e eu sorri ao perceber em como essas duas palavras em seus lábios eram diferentes – Você jamais me deixará sozinho.
- Eu quero dois filhos – eu disse de repente e ele riu – E uma casa com muita luz.
- Calma, – ele riu mais uma vez e beijou minha testa – Nós não vamos nos separar, ouviu?
- Eu não quero morrer – eu disse e ele entendeu por que eu estava dizendo tudo aquilo – E eu também não quero ficar louca depois de uma sessão de tortura como os pais do Neville.
- Nenhuma dessas coisas vai acontecer com você, me ouviu? – ele segurou meu rosto me obrigando a encará-lo – Você não vai morrer, não vai ficar louca e nós vamos ter um final feliz.
- Eu amo você – eu disse e o beijei sem esperar por uma resposta.
Naquela noite nós subimos para o sétimo andar e esperamos a Sala Precisa abrir e a mesma cama de casal estava lá nos esperando. Draco tirou minha roupa e eu tirei a dele. Fizemos amor de um jeito único e então nós dormimos abraçados. Aqueles momentos totalmente fora de nossa realidade fizeram meu coração se contorcer de dor por saber que eles eram exatamente aquilo: Fora da realidade. Draco não poderia dormir comigo todos os dias, nós estávamos em lados diferentes de uma guerra e o final para nós dois estava mais claro do que água limpa: Morte. Uma hora ou outra algum de nós iria fechar os olhos para sempre e parar de respirar ou, como eu havia dito, ficar louco. E eu tinha uma grande intuição de que seria eu.


A queda do garoto.

- Eu não acredito que vocês fizeram isso sem mim. – eu disse chateada e percebi Neville, Gina e Luna se olhando. – Eu queria ter participado.
- , você estava na Ala Hospitalar, não tinha como participar. – Gina disse e eu suspirei.
- Eu sei disso. – respondi e levantei-me do banco ainda com alguma dificuldade, Nate segurou meus braços me dando um pouco de estabilidade. – Obrigada, meu bem. Vocês se arriscaram demais fazendo isso.
- Nós sabemos, mas precisávamos tentar. – Neville disse. – Gina nos disse que a espada pertence a Harry.
- E a ele deve pertencer. – Luna completou e percebi Neville a olhando com carinho.
- Bem, vocês ao menos conseguiram a espada? – eu perguntei e percebi os três se olhando. – Não, né?
- Não, o Snape chegou e nos encontrou nas escadas enquanto fugíamos. – Luna explicou. – Ele levou a espada para Gringotes.
- Vocês foram punidos? – eu perguntei.
- Sim, mas Snape deve ter ficado receoso de algo sair errado como ocorreu com você. – Gina respondeu. – E nós ficamos com Hagrid na Floresta Proibida.
- Ainda bem. – eu respondi. – E você, Nathan?
- Eu fiquei na porta enquanto eles entraram. – ele explicou. – Snape me estuporou primeiro já que eu era o primeiro da fila.
- Okay. – eu disse e me sentei mais uma vez. – Isso deve ter deixado os comensais em alerta.
- Sim e nesse tempo que você ficou internada, Snape baixou o mesmo decreto que a Umbridge. – Luna disse e eu a olhei confusa.
- Qual?
- Não pode haver associações de mais de três alunos. – Gina explicou. – Mas guardamos os galeões da AD e vamos usá-los.
- O teu acidente acabou saindo pela culatra para eles. – Neville disse. – Os alunos se sensibilizaram e os atos de rebeldia aumentaram.
- Meu pai está disposto a escrever sobre isso na próxima edição d’O Pasquim, . – Luna disse. – Você só precisa estar disposta a se encontrar com ele.
- Como? – eu perguntei e ela sorriu.
- Isso jamais será um problema. – Luna disse.

Quando Luna disse que jamais seria um problema, é preciso ter em mente que o tipo de problema de Luna é totalmente diferente do tipo de problema dos demais seres humanos. Então, quando eu a encontrei com uma carta contando tudo o que estava acontecendo no castelo, ela estava acariciando a criatura mais horrenda que eu já tinha visto. A pele sobre os ossos salientes, os olhos leitosos e as asas secas me davam alguns calafrios.

- Luna? – eu a chamei e ela sorriu. – Testrálios?
- Sim. – eu entreguei a ela a carta. – Poucas pessoas conseguem vê-los, então a carta chegará sã e salva até meu pai. E se você está enxergando...
- Eu já vi a morte. – respondi e percebi Luna sussurrando no ouvido do animal. – Nós vamos ter problemas com isso.
- Eu acredito que não. – ela disse depois de observar o testrálio levantar voo – Todos os alunos sabem o que aconteceu, qualquer poderia mandar.
- Eles sempre suspeitam de mim. – eu comentei enquanto caminhávamos em direção ao castelo. – Não importa o que aconteça.
- Você está aprendendo a viver com um alvo na testa. – Luna disse e depois sorriu. – Como o Harry!
- Pois é, Lun. – eu disse quando chegamos ao Salão Principal. – Agora eu entendo o Potter.

A neve já havia coberto o castelo naquele início de dezembro e a felicidade inundava meu ser ao segurar a carta dos meus pais. Eles viriam para o Reino Unido no natal e finalmente eu os veria. A edição d’O Pasquim sairia na próxima semana e Luna havia conseguido mais alguns alunos para escrever e denunciar o estado em que Hogwarts estava. Depois que Aleto havia me empurrado da escada, os castigos suavizaram-se e o nível de alunos machucados caiu. Eu ainda sentia dores em minhas costas e constantemente sonhava que estava caindo mais uma vez em direção ao chão. Nessas noites eu precisava sentar e me convencer de que aquilo não iria acontecer novamente. O vento frio do inverno bateu em meu rosto e por um momento eu me senti como no ano passado, ansiosa por encontrar meus pais em King Cross e ir para casa tomar uma xícara de chá bem quente enquanto os ouço contar sobre suas viagens.

- ? – alguém me chamou e eu me virei para ver Draco se aproximando. – O que está fazendo na janela? Está frio.
- Não tem problema. – eu respondi e ele me abraçou beijando meu nariz. – O natal está chegando. E sabe o que isso significa?
- O quê? – ele disse me segurando pela cintura.
- Eu vou ver meus pais. – eu sorri e Draco me acompanhou. – Eles me mandaram uma carta avisando que estarão no Reino Unido.
- Isso é muito bom. – ele disse e beijou meus lábios. – Como você está?
- Eu sinto algumas dores e continuo tendo pesadelos sobre cair da escada. – eu respondi. – Eu sempre acordo antes de chegar ao chão, mas mesmo assim. Ter que relembrar isso até nos sonhos é horrível.
- Você pode falar com madame Pomfrey, ela deve ter alguma poção. – ele sugeriu.
- Vou passar por lá mais tarde. – eu respondi. – Meu acidente assustou os comensais, não é?
- Por que a pergunta?
- As torturas diminuíram. – eu expliquei. – E você não pode me dizer nada.
- Sim, me desculpe. – Draco disse e me apertou em seus braços. – Eu não posso.
- Você vai para casa no natal? – eu perguntei desconversando.
- Infelizmente sim. – ele disse e percebi a tensão em seus ombros. – Aquele lugar está um verdadeiro inferno.
- Você pode ir para casa comigo se você quiser. – eu sugeri.
- Eu preciso estar em casa, . – ele disse. – Eles precisam de mim.
- Você irá me visitar? – eu perguntei.
- Eu vou tentar. – Draco respondeu. – Mas seus pais podem querer me matar, então não tenho certeza.
- Claro que não, idiota. – eu respondi e nós rimos. – Está tudo bem. Eles entendem que não podem fazer nada, eles são ligados também.
- Ainda bem. – ele respondeu. – Eu já falei que amo essa ligação mágica? Pois é, eu amo.
- Bobo. – eu disse. – Se as coisas se tornarem escuras, você pode correr para a minha casa, ouviu? Em qualquer horário.
- Eu sei. – ele beijou minha testa e sorriu. – Vamos? Temos aula agora.
- A pior de todas. – eu comentei e Draco entrelaçou nossos dedos enquanto caminhávamos para a aula de Estudo dos Trouxas.

O natal se aproximava e pelo menos a tradição das doze árvores de natal foi mantida. Hagrid trazia os grandes pinheiros enquanto eu estudava no salão principal e o senhor Filch carregava algumas caixas com vários enfeites. Os alunos iam para casa em alguns dias e o clima do castelo não estava tão pesado assim. Presentes chegavam todas as manhãs e naquele dia, Neville me entregou uma pequena caixa.

- O que é isso? – eu perguntei abrindo o pacote e percebendo um galeão. – Um galeão, Neville? Sabe, eu tenho alguns deles.
- Para de ser besta, olha bem pra ele. – ele respondeu e eu encarei a moeda até perceber escrito em dourado as palavras: Olá, !
- Wow, o que foi isso? – eu perguntei e ele riu. – Eu fiquei bem confusa agora.
- Esses galeões foram feitos pela Hermione no quinto ano. – ele explicou. – Ele serve para nós da AD nos comunicarmos.
- AD? Há mais pessoas interessadas em apanhar dos comensais? – eu perguntei e nós rimos.
- Eu disse que o teu acidente trouxe força para esse castelo. – Neville disse. – Terencio Boot está querendo ajudar e mais alguns.
- E quanto ao Mcmillan? – eu perguntei. – Ele deve achar que eu estou com raiva.
- Todos nós ficamos. – ele disse. – Gina desvia o caminho quando o encontra.
- Ele se apavorou, Neville. – eu respondi. – Nós temos experiência em enfrentar comensais, ele não. E já passou, eu não quero mais guardar rancor das pessoas.
- Você está bem evoluída esse ano. – ele disse sorrindo.
- Sim, ser briguenta e intransigente não me leva a lugar nenhum. – expliquei. – Preciso agir de outro jeito.
- Bem, você vai conseguir. – ele disse. – Eu preciso ir, tenho que entregar os outros galeões.
- Até mais tarde. – eu respondi e ele foi embora.

Enquanto eu completava o último dever, Luna entrou correndo e se sentou em minha frente com um sorriso gigante. Ela carregava algo nas mãos e eu logo percebi que era uma revista.

- Saiu! – ela disse empolgada e colocando a revista em cima da mesa. – Meu pai mandou para você e pediu para que você vá à nossa casa no natal.
- É claro que eu vou, Luna! – eu sorri pegando a revista que continha Hogwarts na capa com os dizeres: O QUE ACONTECE POR TRÁS DOS MUROS – Eu espero que isso abra os olhos da comunidade bruxa.
- Eu também, . – ela respondeu. – Meu pai disse que essa edição vai superar as anteriores.
- Eu espero que sim. – eu disse. – Neville te entregou um galeão?
- Eu tenho o meu desde o quarto ano. – ela respondeu sorrindo. – Bem, eu preciso caçar nargolés pelo castelo, são muitos esses anos.
- Tudo bem, boa caçada, Lun. – eu respondi rindo enquanto ela saía andando pelo castelo.

Abri a edição d’O Pasquim e comecei a ler a reportagem.

“Há um tempo que temos falado sobre o caos que assola a comunidade bruxa. Depois da perseguição com os nascido-trouxas, comércios fechando, intolerância pelas ruas, julgamos que a conhecida Hogwarts seria ao menos um lugar mais seguro para nossos filhos viverem. Ledo engano, meus leitores. A maldade dos seguidores de Lord Voldemort também chegou à escola. A corrupção trazida por Severo Snape e os demais comensais causam pânico nos alunos. Conseguimos depoimentos de diversos alunos contando as atrocidades que ocorrem por trás dos muros e que nós, pais, não sabemos. Aulas que incitam ódio, castigos corporais e humilhações são somente a ponta do iceberg. O que Hogwarts se tornou? O que está acontecendo naquela escola?”

Essa era somente a introdução da reportagem e à medida em que eu lia, os depoimentos dos alunos eram retratados repletos de sentimentos. Eu sabia que aquilo se transformaria em problema muito grande para a família Lovegood, mas admirava a coragem deles. Guardei a edição d’O Pasquim em minha bolsa e continuei estudando, percebendo ao longo da tarde que cada aluno que entrava no salão estava segurando um exemplar também.

O feriado do natal finalmente chegou e quando eu fechei meu malão, a ansiedade instalou-se em meu estômago e eu tive que segurar um pouco o sorriso em meu rosto. A torre da Grifinória estava movimentada já que uma quantidade considerável de alunos escolheu passar o feriado em casa, então eu desci com meu malão e encontrei Nate, Gina e Neville com suas bagagens perto do buraco do retrato.

- Finalmente! – Nate gritou e eu ri. – Só falta você para a gente descer.
- Luna vai estar nos esperando no Saguão. – Neville explicou. – Vamos?

A atmosfera de felicidade estava ao nosso redor e por um momento, Hogwarts pareceu... Hogwarts. A verdadeira, cheia de felicidade, magia e paz. Contudo, isso acabou assim que vimos os comensais parados na porta do salão. Entramos e Luna já estava sentada observando o teto mágico que hoje estava nublado combinando com o céu verdadeiro. Draco estava tomando café na mesa da Sonserina junto com Crabbe e Goyle e me deu um sorriso tímido quando eu passei por ele.

- Ansiosa para ir para a casa, Luna? – eu perguntei sentando ao seu lado e ela sorriu.
- Sim, papai está construindo para mim o diadema de Ravenclaw. – ela explicou. – Nós vamos terminar juntos.
- Você vai usá-lo aqui no castelo? – eu perguntei.
- Claro! – ela respondeu feliz. – Você vai poder vê-lo, papai está tentando achar as composições mágicas do diadema.
- Então você vai me emprestar, não é Luna? – Nate perguntou. – Eu estou precisando de um pouco de sabedoria para passar nos testes de Poções.
- Não empresta, Luna, deixa o Nate se ferrar. – Gina brincou e nós rimos. – Vocês leram o livro da Rita Skeeter?
- Aquele sobre o Dumbledore? – Neville perguntou e eu fiquei tensa. – Eu vi umas pessoas lendo, mas não me interessei. O que tem nele?
- Eu não li, mas vi que a Parvati estava lendo. – Gina disse. – Estão dizendo que o professor Dumbledore apoiava o Grindewald quando era mais novo.
- Grindewald? Aquele Grindewald da Primeira Guerra Bruxa? – Nate perguntou um pouco chocado. – Mas Dumbledore não é do time dos mocinhos?
- Sim, ele era. – Luna disse. – Mas todos nós fizemos coisas idiotas quando éramos mais novos. Nós estamos fazendo.
- Sim, mas apoiar alguém que queria a supremacia bruxa? É o mesmo que apoiar Você-Sabe-Quem agora. – Nate argumentou e eu suspirei.
- Vocês não sabem o que realmente aconteceu. – eu disse um pouco grossa. – Vocês não estavam lá, não sabem o que Grindewald disse para convencer meu, quero dizer, o Dumbledore.
- Sim, mas o que quer que ele tenha dito o convenceu, certo? – Neville disse e eu só queria levantar dali e sair andando. – É curioso pensar que até Dumbledore já se corrompeu alguma vez.
- Olha, eu preciso ir ao banheiro. – eu disse me levantando, deixando minhas coisas para trás. – Eu já volto.

Levantei com pressa e olhei para Draco colocando em meu olhar toda a minha necessidade dele. Draco era o único que entenderia toda a situação já que ele ouvia coisas sobre sua família também. No mesmo momento, ele levantou-se da mesa e me seguiu até o lado de fora do castelo. A neve caía e o vento frio castigou meu rosto, mas eu precisava sair dali, caso contrário iria acabar explodindo e revelando algo que eu fui ensinada a vida inteira a não fazer.

- ? – ele disse e caminhou em minha direção. – O que houve?
- Esse livro que a Rita Skeeter publicou. – eu respondi. – Ela contou a história do tio Alvo de um jeito mentiroso, ele não era daquele jeito. Ele cometeu erros, mas consertou tudo depois. Ele salvou a porcaria da comunidade bruxa e agora estão o enxergando como um mentiroso! Se não fosse por ele, ninguém estaria aqui!
- Eu sei, . – Draco disse suspirando. – Mas você sabe como as pessoas são. Qualquer oportunidade para apontar o erro de alguém, elas aceitam.
- Ele errou muito, mas voltou por nós. – eu disse e senti meus olhos encherem de lágrimas. – Ele nunca se perdoou pelo que aconteceu com minha tia e agora depois de sua morte, as pessoas não o deixam em paz. Nós iremos carregar essa dor para o resto de nossas vidas, Draco!
- Eu sinto muito. – ele me abraçou e sentir o cheiro que emanava de seu pescoço foi reconfortante. – Eu sei como isso te afeta.
- Tudo isso rachou minha família e ela ainda está ganhando dinheiro em cima disso! – eu reclamei. – Eu queria poder fazer alguma coisa, mas não podemos dizer ao mundo que ainda existem Dumbledores.
- Você precisa manter a calma, ouviu? – Malfoy disse fazendo um carinho em meu rosto. – As pessoas irão comentar sobre o livro e a história do seu tio, mas você não pode demonstrar qualquer reação.
- Eu sei, eu só precisava desabafar com você. – eu respondi e ele deu um sorriso. – Vamos voltar?
- Sim. – ele respondeu. – Eu te mando uma carta avisando quando eu irei visitá-la, tudo bem?
- Sim, se algo acontecer eu vou até você. – eu disse e ele sorriu.
- Tudo bem. – ele respondeu me dando um sorriso triste. – Vamos?

A neve caía fina quando descemos até Hogsmeade e entramos no expresso. Eu, Luna, Gina, Neville e Nate resolvemos dividir uma cabine e assim que guardamos os malões nos sentamos para esperar a locomotiva começar a andar. Nate sentou ao meu lado junto com Luna, e Gina e Neville sentaram à nossa frente.

- Nós podemos nos reunir nas férias. – eu disse. – Podemos planejar os próximos passos da resistência.
- Outros alunos querem participar. – Gina disse. – Continuam me procurando, querendo que a AD volte a funcionar.
- Isso é ótimo. – Nate disse e olhou pidão para mim. – , por favor...
- Você não vai sentar na janela, esse é meu lugar! – eu disse brava e todos riram. – Você chegou atrasado porque quis.
- Eu me atrasei por causa de você, sua louca! – ele retrucou dando risada. – Só um pouquinho, o que custa?
- Eu gosto de olhar a paisagem, pede para o Neville! – respondi com um sorriso.
- Neville, por favor? – Nate disse com uma voz esperançosa.
- É só uma janela, cara. – Longbottom respondeu. – Mas não.
- Vocês são uns lixos, é isso que vocês são! – Nathan disse alto demais emburrado e nós rimos.

A viagem continuou e eu acabei trocando de lugar com Nathan já que ele não parou de resmungar um segundo depois da nossa pequena implicância. O garoto exalava sensualidade e o sorriso de canto não saía de seus lábios, mas conseguia parecer uma criança quando queria. Depois de observar a viagem por um tempo, ele acabou adormecendo e deitou a cabeça em meu ombro. Continuamos a conversar sobre banalidades até que a bruxa com o carrinho cheio de comidinhas apareceu. Comprei alguns doces e uma tortinha de abóbora para aguentar até chegar a Londres e finalmente encontrar meus pais. Contudo, quando estávamos quase chegando à capital, o trem parou de andar e eu senti que havia algo errado.

- Nate, acorda. – eu chamei meu amigo, que abriu os olhos azuis e me encarou confuso.
- Chegamos? – ele perguntou coçando os olhos e endireitando sua postura.
- Não, o expresso parou. – eu respondi e percebi o medo no olhar de meus amigos.
- Será que quebrou? – Neville perguntou.
- Pode ser. – Gina respondeu, mas eu sabia que tinha algo a mais, e Luna tirou seus olhos da revista que lia para encarar a todos.
- Não é isso. – ela disse e abriu a porta da cabine para encarar o corredor. – Há Comensais no expresso.
- De novo? – eu perguntei. – Eles sabem que Harry não está aqui, o que poderá ser?
- Eu não sei. – Gina disse e quando ia sair para olhar também, dois comensais abriram nossa cabine e entraram olhando até que pararam seus olhares em Luna.
- Você é Luna Lovegood? – um deles perguntou e eu sabia que havia algo terrivelmente errado.
- Sim. – ela respondeu. – Algum problema?
- Você virá conosco. – o outro respondeu e puxou a garota pelo braço.
- Por quê? O que houve? – ela perguntou confusa. – Eu não fiz nada.
- Você não, agora seu pai sim. – o comensal explicou e eu entendi o que estava acontecendo.
- Vocês não podem levá-la, Luna é uma estudante de Hogwarts, precisa terminar os estudos. – eu disse e segurei o outro braço dela. – Ela fica.
- Como você se atreve a atrapalhar as ações do ministério, garota insolente! – um deles disse e antes que eu pudesse me movimentar, ele me acertou com um tapa no rosto e eu caí em cima de Gina.
- VOCÊS NÃO PODEM LEVÁ-LA! – Neville gritou, mas eles saíram arrastando minha amiga que nos olhou assustada.
- , eu não quero ir. – ela disse com os olhos cheios de lágrimas e eu quase chorei.
- Deixe-a! – Nate gritou e nós saímos correndo os seguindo. – Deixem Luna em paz!

Neville puxou a varinha, mas eu segurei seu braço.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – ele gritou e percebi seus olhos arderem de raiva.
- Nós podemos machucá-la, Neville. – eu disse e entendimento passou pelo seu rosto. – Não podemos atacá-los sem colocar Luna em perigo.
- E vamos deixá-la ir? – Nate disse e assim como Longbottom, raiva estava em cada traço de sua face.
- Infelizmente sim. – eu respondi e me sentei sentindo um peso enorme cair em meus ombros.
- O que aconteceu? Ela não fez nada no castelo! – Gina disse e eu suspirei sentindo meus olhos encherem de lágrimas.
- Eu não sei, Gina. – respondi. – O que o ministério quer com ela? Luna não faria mal a uma mosca.
- Vocês não ouviram o que o comensal disse? – Nate falou com pesar. – O pai de Luna fez alguma coisa e agora estão punindo-o capturando a filha.
- A reportagem. – eu disse. – Foi isso.
- Eles querem ensinar uma lição ao velho Xeno. – Gina disse. – Sequestraram Luna para que ele parasse de publicar coisas contra o Ministério.
- Oh meu Deus. – eu murmurei. – Minha história fez isso, eu não deveria ter mandado a carta, não deveria.
- , não foi culpa de ninguém. – Gina disse e segurou minhas mãos. – Isso é retaliação, o velho Xeno já vinha publicando reportagens de apoio ao Harry e outras coisas. Isso iria acontecer.
- Não ouse se culpar, . – Nathan disse com uma voz brava. – O pai da Luna sabia no que estava se metendo, sabia os riscos que correria quando declarou abertamente que apoiava Potter.
- Eu preciso fazer uma coisa. – eu disse. – Volto mais tarde.

Eu saí andando para o lado esquerdo na esperança de que a cabine de Draco fosse para aquele lado. Eu precisava encontrá-lo, não queria desmoronar na frente dos meus amigos e eu sentia que ele poderia me dizer o que iria acontecer com Luna. Ele era comensal, saberia os planos de seu grupo. Caminhei olhando cada uma delas e percebendo os alunos me encararem com uma expressão estranha, mas eu não me importava. Já estava aceitando a ideia de que teria que voltar e caminhar para procurar no outro lado do expresso quando vi a cabeleira loira de Draco junto com outros alunos da Sonserina. Bati no vidro e todos olharam na direção do barulho. Apontei para Malfoy e o chamei com a mão. Ele rapidamente levantou e veio em minha direção.

- O que foi, ? – ele perguntou e ali em sua frente, eu sabia que não precisava mentir, então deixei minhas lágrimas caírem sem me importar com os olhares dos outros estudantes. – O que aconteceu, .
- Levaram Luna. – eu respondi e não consegui parar de chorar. Draco me abraçou apertado e eu deixei meu rosto em seu peito. – Eles levaram Luna.
- Eu sinto muito. – Malfoy disse e beijou o topo da minha cabeça.
- O que aconteceu, Draco? – eu perguntei e limpei minhas lágrimas com a barra da minha blusa. – O que ela fez?
- Ela não fez nada, . – ele suspirou e segurou meu rosto. – Mas eu não posso dizer o mesmo do pai dela.
- Isso está um inferno. – eu disse com raiva. – Luna não merece isso, ela é boa demais, Draco.
- Eu sinto muito, mas precisávamos de algum jeito para calar o pai dela. – ele disse e eu o encarei com raiva me livrando de seu toque.
- É isso o que você acha? – eu perguntei. – Sequestrar uma menina simplesmente porque seu pai não diz o que o ministério quer ouvir? Simplesmente porque o que ele diz é verdade?
- Olha, – Malfoy começou. – Ele teve o que mereceu. Infelizmente tivemos que usar a Di-lua para lembrá-lo de que não deve colocar-se contra o ministério. - Isso foi baixo. – eu respondi e o encarei séria. – Até pra você. Eu espero que você não precise passar por isso nunca.
- Isso o quê? – ele perguntou confuso.
- Ter alguém que você se importa em perigo real. – eu respondi. – Porque é a pior sensação do mundo.
- , me desculpe. – Draco começou a dizer, mas eu não queria ouvir.
- Eu não consigo te encarar agora. – eu disse e saí andando. – Conversamos depois.

Draco não me seguiu e eu não queria que ele o fizesse, afinal, as palavras dele foram frias e por um segundo eu não o reconheci. Contudo, depois do choque inicial, eu percebi que o Draco que havia falado aquelas palavras era o Draco comensal da morte, o Draco que apoiava Voldemort e assim como eu vivia declarando meu total repúdio ao que o ministério fazia, Malfoy não só concordava como cooperava. Eu sabia que teria que enfrentar algum dia aquele traço de sua personalidade que eu queria tão fortemente esquecer, mas o dia chegou e agora eu teria que voltar a ignorar como eu fazia, caso contrário, eu não conseguiria conviver com Draco e eu não queria ficar mais uma vez sem ele.

Depois de Luna ter sido levada, nenhum de nós conseguiu conversar. Neville encarava a paisagem do lado de fora, Nate olhava para o chão e Gina suspirava a cada segundo, provavelmente tentando segurar o choro.

- O que vai acontecer com ela? – Nate perguntou depois de longos minutos e nos encarou.
– Vocês acham que eles vão...
- Matá-la? - eu completei. – Eu não sei, Nathan.

O expresso finalmente chegou a Londres e eu suspirei aliviada quando o trem parou. Os meninos desceram os nossos malões e o de Luna ficou lá.

- O que fazemos? – Neville perguntou.
- Bem, o senhor Xenofílio deve estar aqui. – Gina respondeu. – Vamos levar o malão até ele.
- Será que ele sabe que Luna foi levada? – Nate perguntou.
- Eu espero que sim, pois eu não estou com nem um pouco de vontade de contar pra ele. – eu respondi.

Abrimos a cabine e assim que entramos no corredor, o murmúrio sobre o rapto de Luna alastrou-se como fogo. Os alunos cochichavam sobre o assunto, perguntando-se o motivo de terem levado a garota embora. Os alunos vieram até nós perguntar o que havia acontecido, mas nossas respostas não adiantavam. Alguns juravam que isso estaria no Profeta no dia seguinte e tentavam nos confortar, mas eu sabia que o sequestro de Luna seria só mais um.
Descemos do trem com nossos malões e para o nosso completo azar, a primeira pessoa que vimos foi o pai de Luna. Minha garganta fechou, o estômago pesou e uma vontade de chorar veio até mim, mas eu tive que me segurar. Olhei meus amigos e em um entendimento mútuo, todos nós caminhamos até o homem que olhava ansioso para o expresso.

- Senhor Lovegood? – Gina perguntou. – Nós somos amigos da Luna.
- Olá, meus jovens. – ele respondeu animado. – Eu não vejo Luna, ela ficou para trás?
- Bem, Luna... – Neville começou a dizer. – Ela foi levada, senhor.
- Como assim levada? – o homem perguntou e o seu sorriso vacilou.
- Os comensais invadiram o trem e a levaram. – expliquei encarando o chão. – Eu sinto muito, senhor Lovegood.
- Minha Luna. – ele disse. – Levaram minha Luna.
- Nós trouxemos o malão dela. – Nate disse e empurrou levemente o objeto na direção de Xenofílio.
- Obrigado, meu rapaz. – ele disse e nos olhou desolado já com os olhos cheios de lágrimas. – Eles disseram alguma coisa?
- Não, senhor. – respondi. – Eles a levaram alegando que o senhor tinha feito alguma coisa.
- Achamos que isso foi uma represália por causa das edições d’O Pasquim. – Gina explicou. – Eu sinto muito.
- Minha Luna. – ele repetiu e começou a chorar. – Minha pequena Luna...

Antes que pudéssemos fazer algo para confortá-lo, dois comensais chegaram perto de nós e seguraram o braço do editor que não mostrou resistência nenhuma. Olhei ao redor e muitos bruxos observaram a cena, mas ninguém se manifestou.

- Você precisa vir conosco. – um deles disse. – Precisamos tratar de um assunto importante.
- O que vocês vão fazer com ele? – eu perguntei preocupada.
- Não se intrometa, garota. – o comensal disse, mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa, eu segurei o colar que Xenofílio usava e o apertei. – O que está fazendo?
- Nada. – eu disse e encarei o colar novamente. – Senhor Lovegood, o senhor precisa ser forte, ouviu? Por Luna.
- Por Luna. – ele disse e encarou o colar que usava, o mesmo que Dumbledore havia me deixado, mas, em seguida, foi levado para longe sem mostrar resistência.

Eu suspirei e encarei Nate que estava com os olhos úmidos assim como os meus. Ele me puxou para um abraço de repente e me apertou em seus braços chorando em meu ombro. Nathan tinha um carinho muito grande por Luna, eles almoçavam juntos quase sempre, passavam horas discutindo sobre animais e ela até o tinha presenteado com um colar de rolhas igual ao dela.

- Eu sinto muito, Nate. – sussurrei em seu ouvido e ele me encarou com os olhos vermelhos.
- Por que a Luna, ? – ele perguntou inconformado. – Ela é tão doce pra ir parar em uma masmorra ou...
- Não vamos pensar nisso, tudo bem? – eu disse. – Nós vamos nos reunir nas férias e pensar o que podemos fazer para honrar Luna.
- Sim, Nate. – Neville disse dando um tapinha em seu ombro. – Nós não podemos parar.
- Vamos? – Gina disse. – Meus pais estão me esperando.
- Sim, vamos. – eu disse e observei ao redor procurando meus pais, mas só encontrei os olhos gelados de Draco me encarando. – Eu vejo vocês nas férias, ouviram?

Depois de nos despedirmos, eu olhei ao redor em busca dos meus pais e não os encontrei. Continuei a olhar percebendo vários pais esperando seus filhos, mas nada dos meus e Draco estava encostado em uma das muretas aparentemente esperando. Caminhou até minha direção e seu olhar estava duro.

- Por que abraçou o babaca do Grings? – ele perguntou sério.
- Ele precisava de um abraço. – respondi simplesmente. – Luna foi levada, eles eram muito próximos.
- Sobre a Di-lua – ele começou e pareceu envergonhado. – Eu não me coloquei no seu lugar, eu sinto muito pelo que eu falei.
- Não, você não sente. – eu respondi o encarando. – Sabe por quê? Porque Luna não significa NADA pra você, Malfoy. Não faz diferença nenhuma, ela não é tua amiga ou tua filha. Ela não é nada pra você ou para os outros. Então, não precisa mentir para mim somente para se sentir bem, eu sei quem você é.
- E quem eu sou? – ele perguntou me encarando com raiva.
- Um comensal da morte. – respondi friamente. – E já passou da hora de eu fingir que essa parte da tua vida não existe porque ela existe e iria chegar até mim em algum momento.
- O que você quer dizer com isso, ? – ele perguntou e em seu olhar eu notei um leve desespero. – Você não vai terminar comigo de novo, não é? - Não, Draco, eu não vou. – eu respondi cansada. – Eu só preciso aprender a lidar com isso e você também precisa aprender a lidar com a parte da minha vida que você não admite que existe.
- E qual parte seria? – ele perguntou.
- Você sabe qual é. – eu respondi e percebi meus pais atrás dele. – Eu tenho que ir, meus pais estão aqui.
- Eu ainda poderei ir te visitar nas férias? – ele perguntou ignorando totalmente nossa conversa e eu revirei os olhos.
- Eu não sei, Malfoy. – respondi e o deixei para trás caminhando até meus pais que já me esperavam.

Apesar do frio, Leeds conseguia ser linda no inverno. A neve caía nas ruas e os poucos trouxas que se aventuravam a sair, saíam envolvidos em várias camadas de roupas. Eu segurava uma xícara de chá de camomila enquanto observava a rua calmamente, hábito que eu recuperei quando voltei para casa. Era estranho estar ali depois de ter passado meses trancada naquele quarto de luto por Dumbledore. O quarto era o mesmo, mas eu estava diferente. Mamãe disse que deixou uma menina em King Cross e foi buscar outra.

- Você está mais calma. – ela comentou no jantar. – Mais leve.

Eu me sentia diferente, contudo algumas coisas ainda permaneciam. O aperto na boca do estômago fazia com que a agonia crescesse aos poucos dentro de mim. A sensação de que tinha algo errado me acompanhou desde o momento em que me despedi de Draco na estação até agora quando eu encarava a rua. A conversa com meu namorado me assombrava e eu ficava revivendo os diálogos me perguntando se eu deveria ter feito diferente. Fazê-lo se sentir um lixo por ser quem ele é mostrava que eu não havia mudado muito e isso não me agradava. Ele não tivera escolha, eu entendi depois, e dizer aquelas coisas só fez com que a culpa aumentasse. Draco era comensal da morte e não tinha nada que eu pudesse fazer a respeito. Assim como eu fazia parte da Ordem da Fênix e não tinha nada que ele pudesse fazer. Chegava a ser engraçado como duas pessoas de lados totalmente opostos podiam encontrar um lugar no tempo para se amarem como nós dois. Nós éramos destinados a ficar juntos e depois de lutar durante tanto tempo contra isso, agora eu aceitava o fato. Como isso era possível? Como eu podia amar alguém tanto assim? Como ele me amava tanto daquele jeito?

- Filha? – meu pai disse e eu olhei para trás o encontrando parado na porta. – Posso entrar?
- Claro. – eu respondi. – Algum problema?
- Não, eu só queria conversar com você. – ele disse e se sentou ao meu lado. – Você mudou.
- Eu sei. – respondi. – Muita coisa aconteceu durante esse tempo.
- O que houve com você, minha filha? – ele perguntou e eu percebi o quão diferente ele estava. Seus cabelos já estavam ficando grisalhos.
- Como eu disse, muita coisa. – respondi. – Eu fui atacada pelos comensais diversas vezes. Algumas porque eu provoquei, outras sem motivo. Eu e Draco voltamos depois de uma experiência mágica que eu não saberia explicar, meus amigos foram torturados assim como eu e eu fui empurrada da escada e acabei em uma cama. Acho que esses foram os pontos mais altos dessa primeira parte.
- Sua mãe me contou que Draco foi falar com ela. – ele disse. – Ele foi muito prestativo e nos explicou a situação de um jeito sincero, não te culpou como eu achei que ele faria.
- Por que você achou que ele faria isso? – eu perguntei.
- Ele é comensal, certo? – meu pai explicou. – Nós achamos que ele iria relatar uma visão do ministério, mas ele foi bem sincero em tudo o que disse.
- Isso é bom. – comentei.
- Sim, isso é. – ele me observou seriamente. – Ele disse que você arrumou muitos problemas para si.
- Bem, eu disse que faria isso desde o começo. – respondi. – Irritar comensais sempre foi algo divertido pra mim.
- Até agora. – ele respondeu. – O seu olhar está diferente, filha, e eu conheço você.
- O que você quer dizer? – eu perguntei confusa.
- Você viu a morte, certo? – ele perguntou. – Você achou que iria morrer e agora sabe que quer viver.
- Eu ainda não entendi, pai. – eu disse para ganhar tempo, não estava preparada para esse tipo de observação.
- Você fazia todas essas coisas porque não tinha nada a perder, ou pelo menos você achava que não tinha. – ele explicou. – Mas no momento em que você percebe que vai morrer, no segundo em que você encara a morte, você desiste dela e se dá conta de que ainda há coisas pelas quais viver. Eu conheço esse olhar, .
- Quando eu caí e fiquei no chão sem poder levantar, somente sentindo dor e medo, eu não queria ir embora. – eu disse e senti meus olhos se encherem de lágrimas. – Eu, que durante tanto tempo menosprezei a vida, quando cheguei perto de perdê-la, entrei em pânico. Eu me dei conta de todas as coisas que eu perderia se morresse naquela hora, todas as lutas que eu perderia, todos os momentos com Draco que eu não teria e me agarrei ao pouco de vida que ainda tinha. Confesso que estou me sentindo menos corajosa.
- Isso só mostra que você é um ser humano, meu bem. – Papai disse e eu suspirei. – Você é muito nova, deveria estar vivendo sua adolescência completamente e não lutando por aí. - Eu sei, mas eu tenho um dever a cumprir. – eu respondi. – Eu preciso lutar, preciso ser a resistência, ainda mais agora que sequestraram Luna.
- Isso foi horrível, não é? – ele comentou. – Eu não consigo imaginar pelo que o pai dela está passando.
- O rosto dela me dizendo que não queria ir. – eu disse. – É a coisa que mais me assombra atualmente. Eu sei que não poderia fazer nada sem colocá-la em risco, mas me sinto responsável.
- Você mesma disse que não tinha o que fazer, . – Papai me encarou. – Você não podia colocar a vida de Luna em perigo. Além do mais, você sabia que ao menor sinal de resistência você receberia uma ida sem volta para Azkaban.
- Sim, mas... – eu disse, mas ele me cortou.
- Não tem “mas”, filha. – ele disse. – Você é uma guerreira, eu entendo isso, mas você é uma garota. O mundo não está em seus ombros. E é por isso que eu vim aqui.
- O que foi? – eu perguntei.
- Nós amamos você e eu peço que você escute tudo antes de dizer alguma coisa, okay? – ele disse e eu fiquei ansiosa para saber o que era. – O teu acidente nos fez perceber que a tua vida está em risco constantemente dentro daquela escola.
- Sim, mas...
- Eu já disse para escutar primeiro, . – ele chamou minha atenção e eu me calei. – Você poderia ter morrido e como pais, isso nos deixou assustado. Nós sabemos que você quer lutar, mas não terá luta se você morrer.
- O que você quer dizer com tudo isso? – eu perguntei.
- Venha conosco para França, filha. – ele disse. – Abandone Hogwarts e vamos para um lugar seguro.
- Você está me pedindo para fugir? – eu perguntei.
- Nós estamos pedindo para que venha conosco, seus pais, para um lugar seguro enquanto tudo isso se resolve. – ele explicou.
- Mas tudo isso só vai se resolver se ficarmos e lutarmos, pai. – eu argumentei. – Caso contrário, não há lugar para se voltar.
- Mas você não voltará se estiver morta. – ele disse. – Nós queremos que você viva, minha filha, queremos que você possa andar livremente nas ruas, queremos te dar um lugar para crescer e aqui não existe tal possibilidade.
- Realmente não existe e não existirá se ninguém lutar para que as coisas voltem ao normal. – eu disse. – Harry não parou de lutar.
- Ele fugiu, ! – meu pai disse mais alto. – Potter nos abandonou com aquela sua amiga e você não vê.
- Tio Dumbledore o escolheu por um motivo, papai. – eu disse. – Ele conhecia Harry, eu conheço Harry e sei que ele jamais faria isso! Ele invadiu o ministério, poderia ser pego, ele não desistiu!
- Você é muito nova para enxergar as coisas do jeito certo. – ele disse. – Eu vou deixar você pensando sobre o assunto, mas no fundo você sabe qual a decisão certa.

Papai saiu do quarto e eu suspirei encarando a janela mais uma vez. Num primeiro momento eu fiquei com raiva de tudo o que ele disse, como ele podia querer desistir daquele jeito? Então, eu me lembrei de que assim como eu, ele havia sido atacado mais de uma vez e viu sua única filha quase perder os movimentos das pernas. Somente um louco inconsequente não pensaria em desistir. Meus pais tinham coisas a perder e eu não poderia julgá-los.
Eu estava com medo também, não queria morrer e a ideia de fugir com eles para França não me pareceu uma má ideia. Contudo, eu não pude pensar mais, pois enquanto observava a rua, vi uma pessoa aparatando do outro lado da calçada. Peguei minha varinha e aguardei seus movimentos, pronta para atacar, mas somente quando ela tirou o capuz e eu percebi os cabelos loiros, eu entendi que havia algo errado. Draco encarou minha janela e caiu com o rosto no chão.

- PAI! – eu gritei enquanto descia as escadas, ele estava tomando chá e me olhou assustado. – Draco está lá fora caído!
- O quê? – ele perguntou, mas eu já abria a porta com pressa e saindo para a rua descalça.

O vento frio da noite me atingiu, mas isso não importava. Nada importava naquele momento somente Draco que estava caído desmaiado no asfalto. Meu pai me seguia e me ajudou a virar o garoto quando chegamos perto dele. O rosto de Malfoy estava cheio de hematomas, com vários cortes, além de um olho roxo.

- Draco. – eu o chamei. – O que houve?
- Vamos levá-lo para dentro, filha. – meu pai disse e com um agito de sua varinha, Malfoy começou a levitar e nós entramos em casa.

Capítulo betado por Gi Craveiro


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Nota da autora: Sem nota.



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