Última atualização: 13/06/2019

Capítulo Único

Quando as pessoas me perguntavam: , o que você quer ser quando crescer? Eu sempre respondia a mesma coisa: bailarina. E eu nunca desisti desse sonho, comecei a fazer aulas de ballet ainda muito pequena, fui crescendo e me desenvolvendo cada vez mais, até entrar na ponta. Quando eu estava terminando o ensino médio, enquanto a maioria dos meus amigos estudava para entrar em uma boa universidade, eu estudava para entrar em uma grande escola de ballet de Londres, a cidade onde eu nasci e cresci. E nesse caminho conheci minhas melhores amigas: e . Elas também queriam seguir a dança como profissão, a dançava jazz e a dança do ventre. E nós nos dedicamos muito até conseguirmos fazer parte do time de profissionais da Pineapple Dance Studios, uma escola em Londres que reúne todos os tipos de dança. Nós alugamos um apartamento no primeiro andar de um prédio no centro de Londres e fomos morar juntas. E eu amava tudo na minha vida, nossa casa, nossa amizade e a minha dança. E nossa turma contava também com os namorados das meninas, que se tornaram meus grandes amigos. A namora Jeremy Renner, sim, ele mesmo, o ator. Ela o conheceu quando ele foi uma vez por acaso na escola, para saber sobre aulas de ballet para crianças. Ele acabou matriculando a Ava, filha dele, na escola, mesmo ela morando nos Estados Unidos com a mãe e sempre que era a semana dele ficar com a filha, eles voavam pra Londres para ela ter aulas de ballet, mas hoje a gente sabe que ele queria mesmo ver a . Não demorou muito para eles começarem a namorar e o Jeremy alugar uma casa em Londres, hoje ele se divide entre os EUA e a Inglaterra por causa da . E a namora Harrison Osterfield, um modelo e ator em início de carreira, que conheceu em um desfile de moda. Nós ganhamos os ingressos em um sorteio que teve na escola e fomos no desfile, ficamos na primeira fila. O Harrison viu a lá de cima da passarela e não conseguia tirar os olhos dela, isso quase fez ele tropeçar e cair. Quando o desfile acabou, ele foi atrás dela, eles trocaram telefone e desde então nunca mais se largaram. Quanto a mim, não espere que eu vá contar minha história de amor, porque ela não existe. A vive dizendo que nós somos dançarinas e temos que encontrar o parceiro ideal pra vida, mas eu já falei pra ela parar de assistir tanto os filmes do Capitão América e esquecer essa coisa de parceiro ideal. Meu amor é a dança, ela não me dá trabalho, me faz feliz e não me faz sofrer, eu só esqueci de avisar isso pro meu coração, que nunca me obedece.

- Hei, boa tarde pra você, ! - falei enquanto mexia o molho que estava no fogo e olhava para uma toda arrumada.
- Boa tarde xuxu!
- Não vai almoçar em casa, né?!
- Não, o Jeremy tá vindo me pegar, ele tá vindo com a Ava, esse fim de semana ele fica com ela.
- E vocês vão aonde?!
- Primeiro almoçar e depois vamos em uma peça de teatro das princesas da Disney - falou com os olhos brilhando.
- Eu não sei porque, mas acho que essa ideia de programa foi sua.
- Obviamente, né, e a Ava me deu o maior apoio.
- Claro que sim, ela tem seis anos!
- Eu sei e é por isso que a gente se dá tão bem, nossa idade mental é parecida.
- Senhor, o Jeremy merece um troféu.
- Ele sempre diz que não sabe quem dá mais trabalho, eu ou a Ava.
- Certamente você - falei rindo e me mostrou a língua.
- Enfim, deixa eu ir que ele chegou - falou olhando no celular. - Te vejo à noite!
- Tchau, bom passeio!
- Mas nossa que nem deu tempo de dar um oi pra - falou entrando na cozinha assim que bateu a porta.
- Ela saiu com o Jeremy e a Ava, ele tá lá em baixo esperando.
- Que você está cozinhando?
- Macarrão. Mas você também não vai almoçar em casa, né?! - falei vendo que minha outra amiga também estava arrumada.
- Não, o Harrison tá vindo me pegar.
- Você volta hoje?
- Com certeza não. Mas e você?!
- Eu o que?!
- Vai fazer o que hoje?!
- Nada, oras, vou almoçar meu delicioso macarrão e depois vou ficar em casa fazendo absolutamente nada.
- Ai , que coisa triste.
- Triste por que? Você tá me vendo triste? Você sabe que eu não ligo de ficar sozinha. E a disse que volta à noite.
- E você vai ficar sozinha até à noite? Hoje é sábado, vai sair, se divertir!
- Não tô afim não, prefiro ficar aqui no meu sofá, por minhas séries em dia.
- Você sabe do que você precisa, né?!
- Não ouse falar!
- De um namorado!
- Ai , não começa! Eu estou muito bem sozinha.
- Ninguém fica bem sozinha pra sempre.
- Eu fico, e se um dia eu me sentir só, eu compro um cachorro.
- Você é um caso perdido - disse revirando os olhos e olhando em seguida pro celular que apitava.
- Tchau , seu namorado tá te esperando.
- Tchau , bom macarrão e séries pra você - ela disse dando de ombros.

Eu continuei preparando meu macarrão e quando ficou pronto, fiz um prato enorme e fui comer no sofá enquanto zapeava os canais da tv. Eu sei que pra alguns e principalmente para as minhas amigas pode parecer triste eu estar solteira, mas pra mim não era, na verdade era reconfortante. Eu não sou boa em relacionamentos, é sério eu já tentei antes e nunca deu certo. Sempre que as coisas ficam sérias demais, sempre que eu me apaixono, as coisas dão incrivelmente errado. Então eu decidi que o melhor seria ficar sozinha, assim eu não me machuco. E estava tudo dando certo, meu plano era perfeito, mas tinha que aparecer alguém pra derrubar as paredes que eu construí em volta de mim, ou melhor, derrubar não, escalar as paredes com teias de aranha e fazer cair por terra tudo que eu afirmava até então.
Eu aproveitei meu fim de semana pra descansar bastante, porque a semana seguinte seria bem puxada pra nós. Tínhamos apresentação da escola no sábado seguinte, uma apresentação só dos profissionais e turmas adultas, então a semana ia ser de ensaios intensos.

- Espero que vocês tenham descansado, porque essa semana não vai ser fácil não - falei para as meninas quando chegamos na escola segunda de manhã.
- Vão ser dias longos, temos hora pra entrar, mas não pra sair. Vão arrancar nosso couro - falou.
- Eu só queria dizer que essa semana vou viver de água, porque se não sábado eu não entro na roupa da apresentação - disse divertida.
- Enfim meninas, vejo vocês na hora do almoço.- falei jogando um beijo para elas enquanto cada uma seguia para sua sala.

E nós estávamos certas, foi uma semana intensa, as meninas mal conseguiram ver seus namorados, mas a gente amava tudo aquilo então fazíamos com prazer. Na quinta-feira antes de irmos embora, passamos na recepção da escola pra pegar os ingressos pra apresentação. Enquanto esperávamos Lily, a recepcionista da escola, pegar os ingressos que tínhamos separado, Jeremy e Harrison chegaram.

- E aí dançarinas! - Jeremy disse beijando e cumprimentando eu e a com um high five em seguida.
- Como vão essas meninas super ocupadas? - Harrison disse beijando a e cumprimentando eu e a .
- Extremamente cansadas - disse.
- E um pouco nervosas também, como sempre - disse . – Estamos há dois dias da apresentação, tudo tem que estar perfeito.
- Bom o que vocês estão esperando, então? Vamos comer e depois vocês têm que ir pra casa de descansar - Jeremy disse.
- Meninas aqui está - Lily disse voltando com os ingressos e entregando para .
- Obrigada Lily. Nós estávamos esperando isso - disse sacudindo os ingressos na mão. - Jem, eu peguei dois ingressos pra você. A Ava não vai se apresentar nesse espetáculo, mas você vai levar ela, né?!
- Claro que sim, ela adora ver vocês dançarem.
- , será que você poderia pegar um ingresso a mais pra mim também? - Harrison disse se virando pra namorada.
- Pra que você quer outro ingresso Harrison? Você tem alguma filha que eu não tô sabendo?
- Que? Eu não, que isso!

Nós caímos na gargalhada com a cara que Harrison fez.

- Então pra que você quer outro ingresso?
- É que tem um amigo meu, o cara é super ocupado, sabe, então a gente não tem conseguido se ver tanto. Ele vai estar livre sábado agora e perguntou se eu não queria sair, mas daí eu disse que tinha a apresentação da minha namorada e das suas amigas. Acho que ele ficou um pouco decepcionado, aí eu pensei em chamá-lo pra ir na apresentação.
- Bom se você acha que seu amigo vai gostar de ir, sem problemas, eu pego outro ingresso. Lily, pode me arrumar mais um ingresso? - disse se dirigindo a recepcionista.
- Claro, vou pegar e já volto.
- Obrigada ! Meu amigo vai adorar, ele é bailarino também, sabe, dança ballet muito bem.
- Olha, Harrison tem um amigo bailarino! - falei divertida.
- Não apenas bailarino, ele também é ginasta e ator, o cara tem talento, sabe.
- Ih , acho que você deveria ficar de olho, Harrison é meio apaixonado por esse amigo - disse fazendo a gente rir.
- Será que devo me preocupar?
- Ah, para com isso gente, ele é meu melhor amigo.
- E por que eu não conheci ele ainda? A gente já tá junto há algum tempo, né.
- Eu já queria ter te apresentado ele faz tempo, mas, como eu disse, ele é bem ocupado. Mas vocês vão gostar dele, ele é um cara muito legal. Aliás, , acho que você pode gostar bastante dele - Harrison disse malicioso.
- Harrison, nem comece a falar o que eu sei que você tá pensando, ok?! Vamos embora e encerramos esse assunto por aqui - falei pegando minha bolsa assim que Lily voltou com o outro ingresso e entregou pra .
- Mas, ...
- Mas nada, Harrison! Vamos embora galera.
- Oh, Harrison, esse seu amigo é solteiro? - cochichou para Harrison, mas não baixo o suficiente.
- , eu estou te ouvindo!
- Eu só tava perguntando, !
- Aham, sei.

Ouvi as risadas dos meus amigos atrás de mim enquanto saímos da escola. Quando sábado chegou, nós acordamos cedo e já começamos a nos preparar para a noite. Almoçamos algo leve e depois de descansar do almoço, já começamos a nos arrumar. Eu separei minhas roupas da apresentação antes de tomar um banho e começar a parte de fazer minha maquiagem e arrumar meu cabelo num coque perfeito. As 17h00 já estávamos prontas pra sair de casa, tínhamos que chegar um pouco mais cedo no teatro.

- Vamos meninas, o Jeremy já está aí em baixo esperando - disse já se dirigindo até a porta.
- , você vai comigo no nosso carro, né?
- Vou sim, , o Harrison vai nos encontrar lá, ele vai com o tal amigo.
- Beleza então, vamos que já estamos em cima da hora - falei tentando equilibrar minha mochila de um lado, as roupas do outro e ainda tentando pegar a chave do carro.

Eu desci pela garagem com a , enfiamos as coisas no carro e saímos em seguida, acenando para Jeremy e Ava, enquanto a colocava as coisas dela no carro dele. Em pouco tempo chegamos no teatro, depois de estacionar os carros, fomos direto para o camarim, Jeremy nos ajudando a carregar nossas tralhas todas.

- Meu, cadê o Harrison? - falou nervosa.
- Amor, cheguei! - Harrison disse acenando em meio ao vai e vem dos camarins.

Atrás dele pude avistar um garoto branquinho, os cabelos castanhos ondulados, olhos também castanhos, magro, com uma cara de moleque. Ele usava uma calça jeans, camisa polo branca e uma jaqueta preta por cima, nos pés, um sapatênis preto. Eu fiquei olhando ele por alguns segundos, porque eu tinha certeza que conhecia ele de algum lugar, mas de onde?

- Caramba amor, eu já tava preocupada - falou dando um beijo em Harrison, que nos cumprimentou em seguida.
- Gente, deixa eu apresentar pra vocês, esse aqui é meu amigo, Tom.
- Prazer gente!
- Tom, essa aqui é minha namorada e as amigas dela, e .
- Tudo bem?! - Tom disse estendo a mão para as meninas e por último pra mim. Por um segundo rolou aquele momento de constrangimento enquanto nós nos dávamos as mãos e nos encarávamos olho no olho.
- Ah, não, se não é o homem aranha em pessoa! - Jeremy disse saindo do nosso camarim com Ava em seu encalço, onde tinha ido deixar nossas coisas.
- Se não é o Gavião! - Tom disse apertando a mão de Jeremy e em seguida dando um abraço nele.
- Caraca, Harrison, por que você não disse que se amigo era o Tom Holland?

Ah, então era daí que eu conhecia ele, era o garoto que fazia o homem aranha.

- Nossa meu, eu esqueci completamente que vocês dois trabalham juntos nos filmes da Marvel.
- O que você tá fazendo aqui, Jeremy? - Tom perguntou.
- Eu vim assistir minha namorada, oras - Jeremy disse apontando para .
- Ah, então essa é a sua namorada dançarina de quem você tanto fala.
- Espero que ele fale bem de mim.
- Sempre amor, sempre.
- Que honra, hein, agora além de ter o Gavião Arqueiro na plateia, temos o homem aranha - falou divertida.
- Harrison, você tinha toda razão quando disse que a ia adorar seu amigo! Essa aqui é louca pelo homem aranha.
- Alguém te perguntou alguma coisa, ? - falei dando um cutucão na .
- Ué, e eu tô falando alguma mentira? Você vive dizendo que o homem aranha é um dos seus super heróis favoritos.
- Ele é mesmo, o personagem, gosto muito dele. Mas isso não vem ao caso agora, temos que terminar de nos arrumar pra subir no palco.
- A tem razão, temos que ir - disse. - Vemos vocês depois da apresentação. Tom, espero que você goste!
- Ah, tenho certeza que vou adorar.

Fomos pro camarim nos trocar e dar os últimos retoques no cabelo e maquiagem. A subiu primeiro pra dançar e eu e a ficamos vendo da coxia. Em seguida foi a vez da e por último eu. As apresentações foram incríveis e no fim, como sempre, deu tudo certo. Quando tudo acabou, fomos todos jantar em um restaurante próximo ao teatro. O Tom era um cara que se enturmava fácil, então logo ele estava bem à vontade no meio da nossa turma. Ele também era alguém fácil de se conversar, além de engraçado.

- Mas então, Tom, nos conte como é usar aquela roupa do homem aranha, aquilo deve ser extremamente desconfortável - disse rindo.
- Olha, eu não vou mentir não, é bem desconfortável, principalmente sendo homem, se é que vocês me entendem.
- Ah, mas a gosta bastante daquela roupa do homem aranha.
- Do que você tá falando, ? - perguntei já olhando feio para .
- Oras, eu me lembro muito bem o que você disse quando você me obrigou a assistir Homem Aranha de volta ao lar com você.
- Ela te obrigou? - Tom perguntou.
- Sim, Tom, nada contra você, mas eu detesto o inseto aranha. Daí a me encheu o saco pra ir assistir com ela e eu como uma boa amiga fiz esse sacrifício. E aí a gente tava lá assistindo, quando a disse: Olha esse ator novo aí que tá fazendo o Spidey é magrinho, mas esse uniforme deixa a bunda dele bem gostosa.
- !!! Eu vou te matar! - falei completamente vermelha enquanto todos meus amigos caiam na gargalhada.
- Papai, o que a tia quis dizer? - Ava perguntou para Jeremy.
- Nada filha, nada que você deva entender ainda.
- Olha aí, nem a criança tu respeita! - falei querendo cavar um buraco e me enfiar.
- Caramba, , se eu soubesse desse seu comentário, já tinha te apresentado o Tom antes - Harrison falou ainda gargalhando.
- Cala a boca Harrison! Eu não mereço os amigos que tenho, viu.

Eu mal conseguia olhar para a cara de Tom, mas o pouco que conseguia ver, ele também estava rindo.

- Desculpa aí, viu, Tom, mas a é essa criatura meio retardada e completamente sem filtro - falei tentando me recompor.
- Tá tudo bem, não é todo dia que alguém elogia essa parte do meu corpo.

Pronto, foi o suficiente pra todo mundo começar a rir de novo.

- Olha, será que você pode por favor esquecer esse comentário sem noção da ? Se não vai ser impossível a gente manter uma amizade, sabe.
- Eu prometo que vou tentar.
- Obrigada! E Jeremy aproveita tua namorada hoje, porque talvez eu jogue ela da janela essa noite.
- Tem problema não, a gente mora no primeiro andar, vou me quebrar um pouco, mas vou sobreviver.
- Papai a tia vai jogar a tia da janela? - Ava perguntou fazendo todo mundo rir.
- Eu devia, sabe Ava, a tia é muito sem noção.
- Eu só falo verdades.
- Aham, às vezes eu acho que você quem tem seis anos aqui nessa turma.
- Sou uma eterna criança.

Nós terminamos de jantar e nos prepararmos pra ir embora.

- , você vai comigo pra casa?
- Não, , vou pra casa do Harrison.
- Vocês querem que eu leve vocês? O Harrison veio de carona com o Tom, não?
- Não precisa não, , a gente vai pegar um táxi, pode ir pra casa descansar.
- Beleza então. E você, ? - perguntei para doida da minha amiga que dançava com a enteada na calçada.
- Eu o que?
- Vai comigo pra casa?
- Eu não, sem a ainda, tu pode cumprir a ameaça de me jogar da janela - disse rindo.
- Eu tô falando sério, meu!
- Eu não vou não, , vou pra casa do Jem.
- Então tá, nesse caso eu vou indo - falei avistando o manobrista do restaurante vindo com o carro.
- Você precisa de carona? - Tom perguntou.
- Não obrigada, eu tô de carro - falei enquanto o manobrista saía do carro e me entregava a chave.
- Entendi. Se você quiser eu posso te acompanhar, ir seguindo seu carro até a sua casa, depois eu vou embora. Uma garota dirigindo sozinha essa hora, pode ser perigoso.
- Ah, Tom, nem é tão tarde assim, são só dez e meia da noite.
- Ah, ele tem razão, não é tão tarde, mas já é noite, deixa ele ir com você - falou.
- Gente, pelo amor, eu já dirigi a noite outras vezes, sabe, eu não sou nenhuma criança.
- Mas a gente ficaria mais tranquilas se você deixasse o Tom te acompanhar - falou.
- Sei exatamente o que vocês estão tentando fazer, ok? Não vai funcionar - falei cochichando para minhas amigas.
- Qual é, , as meninas tem razão! - Jeremy falou enquanto colocava Ava no carro dele.
- É, , o que custa? - Harrison completou.
- Vocês quatro juntos não são amigos, são uma formação de quadrilha! - falei fazendo meus amigos rirem enquanto Tom olhava sem entender. - Tá bom ok, Tom, você pode me acompanhar. Estão todos felizes?
- Sim!!! - meus amigos responderam em uníssono.

Nós nos despedimos e eu entrei no carro, dando a partida em seguida. Olhei pelo retrovisor e vi o carro de Tom logo atrás de mim. Não demorou muito até que eu chegasse em casa, parei na frente da garagem do meu prédio e esperei Tom emparelhar o carro dele com o meu.

- Eu moro aqui - falei apontando para o prédio.
- Bom, então está entregue.
- Obrigada por me acompanhar, Tom.
- Por nada - Tom se preparou para dar a partida no carro. - Eu vou te ver de novo?
- Olha, se você ainda tiver coragem de sair com essa turma de novo depois de novo, provavelmente sim.
- O Harrison é meu melhor amigo e eu gostei muito de todo mundo, então acho que vou encarar essa.
- Então a gente se vê. Boa noite Tom.
- Boa noite .

Tom saiu com o carro e eu entrei na garagem em seguida. Estacionei, tirei minhas coisas do carro e subi pelo elevador. Quando abri a porta de casa, joguei as coisas no sofá de qualquer jeito e fui pro quarto, eu estava super cansada, só queria cama. Tomei um banho quente e coloquei meu pijama, me jogando na cama em seguida. Não demorou muito e eu logo peguei no sono, um sono profundo e cheio de sonhos loucos. Entre muitas coisas, sonhei comigo e as meninas dançando, meus amigos felizes rindo, a roupa do homem aranha e um sorriso até então desconhecido pra mim, mas eu não tinha dúvidas, era o sorriso do Tom.
Quando a semana começou, eu voltei a minha rotina e parei de pensar no homem aranha do bumbum bonito a não precisava ter dito isso na frente dele, mas ela não mentiu, eu realmente disse aquilo). Se a semana anterior havia sido puxada, essa foi mais tranquila, ensaios mais leves, horário certo pra sair e a parou de viver de água e voltou a comer feito a ogra que habita nela e em todas nós.

- Eu tô com tanta fome que poderia comer um boi inteirinho - disse enquanto entrávamos no restaurante que costumávamos almoçar perto da escola.
- Então precisamos de dois bois, porque eu também estou faminta.
- Então são três bois! - falou.

Nós conseguimos uma mesa perto da janela e logo fizemos nossos pedidos.

- Ah, gente, eu quase ia esquecendo. O Jem me mandou mensagem, esse fim de semana ele vai estar sem a Ava, daí ele sugeriu da gente ir lá pra casa dele fazer uma daquelas reuniões que a gente adora no sábado à noite. Uns snackes, bebidas, jogos e muitas risadas, que vocês acham?!
- Eu acho ótimo, super topo! - falei animada.
- Eu também, vou avisar o Harrison.
- Beleza, vou mandar mensagem pro Jem dizendo que vocês toparam.

A semana passou rapidamente e logo já era sábado, dia da nossa reunião. As reuniões na casa do Jeremy eram as melhores, a gente levava comida e bebida e vários jogos, de baralho, até jogos de tabuleiros, e a diversão e risadas eram garantidas. A noite estava quente, então eu tomei um banho e coloquei um shorts jeans de cintura alta, minha regata azul escura dos vingadores e meus Keds branco. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo alto e passei só uma base no rosto, lápis, rímel e um batom rosa claro, tudo bem básico.

- E aí meninas, vamos? - falei encontrando as meninas na sala.
- Bora, já estamos prontas - respondeu pegando a chave do carro.

Descemos pra garagem, colocamos as coisas no carro e partimos pra casa do Jeremy.

- Olha quem chegou, meu trio favorito! - Jeremy disse abrindo a porta animado quando chegamos.
- Chegamos e trouxemos comida, snackes e lanches, porque tenho certeza que você e o Harrison só lembraram das bebidas - falei colocando uma sacola cheia de comida em cima da bancada da cozinha de Jeremy.
- É por isso que vocês são mulheres e nós homens, minha cara .
- Trouxemos também baralho e alguns jogos! - disse com outra sacola em mãos.
- Gente, falando no Harrison, cadê ele? - perguntou pegando o celular.

Ela já ia ligar pra ele, mas a campainha tocou em seguida.

- Ah, pronto, seu boy magia chegou - falou divertida.
- E aí gente! Entrem por favor, as meninas estão na cozinha - ouvimos Jeremy falar.

Olhei para a entrada da cozinha e vi Harrison entrar, mas ele não estava sozinho, ele havia trazido Tom com ele. Por um segundo eu perdi a cor e ouvi o sangue pulsando na minha orelha, mas eu juro que foi apenas um segundo.

- Fala meninas! - Harrison nos cumprimentou depois de beijar .
- Nossa, eu perdi alguma coisa aqui? Não sabia que o Tom vinha também - falei sem pensar.
- Ah, eu convidei ele, o Jeremy falou que não tinha problema - Harrison disse com um sorriso malicioso.

Olhei para as meninas fuzilando elas com os olhos, era óbvio que elas sabiam.

- Que foi, ? - perguntou se fazendo de desentendida enquanto eu ainda a encarava.
- Vocês sabiam, né?
- Nós??? - se fez de ofendida. - Tá ok, eu sabia sim e a também.
- ! - falou dando um cutucão em .
- Que é? Você acha que a vai acreditar que seu namorado teve a ideia de trazer o amigo pra nossa reunião e ele perguntou pro meu namorado se podia, e que nós não sabíamos de nada? Fala sério, né!
- Gente desculpa, eu não sabia que minha presença podia ser um inconveniente.

Só então eu lembrei que o Tom também estava na cozinha.

- Nossa Tom, não é nada disso, eu que peço desculpas - falei indo até ele. - É só que esses quatro tem uma mania terrível de não me contar certas coisas, eles vivem meio que de complô, sabe. Mas deixa isso pra lá, você é muito bem vindo.
- Tem certeza?
- Tenho. O que você trouxe aí? - falei vendo que ele tinha uma sacola na mão.
- Cerveja.
- Eu também trouxe cerveja - Harrison disse.
- Aí, tô falando, eles só pensam na bebida. Ainda bem que trouxemos bastante comida - falei rindo e Tom abriu um lindo sorriso pra mim.
- Bom, então vamos começar logo os trabalhos, tragam as comidas e bebidas pra mesa da sala e vamos jogar! - Jeremy disse.
- O que vai ser primeiro? - Harrison perguntou.
- Podemos começar pelo baralho. E olha só, hoje estamos em número par, podemos jogar em duplas! - disse pegando o baralho.
- E quais vão ser as duplas? - perguntei mesmo já sabendo a resposta.

Meus quatros amigos se olharam segurando uma risada travessa.

- Ok, já entendi, os casais vão fazer dupla com seus respectivos pares, né, e isso sobra o Tom pra ser minha dupla. Você é bom em baralho, Tom? Porque eu não gosto de perder.
- Olha, eu até que mando bem, viu.
- Ótimo, então vamos massacrar esses dois casais!
- Isso é o que vamos ver, zinha! - Jeremy falou estralando os dedos. - Uma cerveja pra cada um pra gente aquecer.

Jeremy pegou as long necks de cerveja e foi passando uma pra cada um, enquanto nós beliscávamos os snacks que eu havia colocado na mesa.

- Hei, espera um pouco, o Tom tem idade pra beber? - falei divertida.
- Você tá me tirando, né? - Tom falou sorrindo. - Só pra informação de vocês, eu apenas faço um personagem que tem 15 anos, mas eu não tenho 15 anos!
- Não sei não, Tom, talvez fosse melhor você mostrar seu RG - Jeremy disse.
- Olha aqui, eu tenho 22 anos, ok? Aliás, eu tenho a mesma idade do Harrison e não to vendo ninguém questionando se ele pode beber.
- Tom, meu querido, entenda uma coisa, o Harrison já tá na turma a algum tempo, ele já passou da fase de ser zoado. Agora você é sangue novo, então o alvo da zoação é você - falou fazendo todos gargalharem.
- Gente, deem logo a cerveja pro Tom e vamos jogar! - falou ainda rindo.

Nós começamos o jogo de cartas e eu devo dizer que me surpreendi com o Tom, não é que ele era bom mesmo. Nós vencemos cinco, das 7 partidas que jogamos.

- E é nosso outra vez! - falei jogando as cartas na mesa e cumprimentando o Tom com um high five.
- Mano, não é possível, que macumba é essa desses dois? Eles só ganham! - Jeremy falou.
- Eu acho que devíamos trocar as duplas - falou se fingindo de séria.
- Nem pensar xuxu! Vocês casaizinhos não queriam ficar juntinhos e fazer duplas? Então agora aguentem essa! - falei enquanto me mostrava a língua.
- Concordo com a , não troco minha parceira aqui não - Tom disse.
- Tom, você é meu melhor amigo, mas nunca mais eu te convido pra uma reunião na casa do Jem.
- Não se preocupe Tom, eu estou garantindo seu convite vitalício para todas as reuniões na casa do Jem. Você é meu parceiro de cartas, vai ter que comparecer sempre.
- Amor, você é ruim pra caramba, não culpe seu amigo por isso - falou fazendo todos rirem.
- Pronto, perdi a moral - Harrison falou fazendo drama.
- Tá bom, se não podemos vencer essa dupla no baralho, vamos trocar de jogo. Vamos jogar um de tabuleiro agora - Jeremy disse.
- Deixa que eu pego - falou se levantando.

Só que minha amiga desastrada e já com algumas cervejas na cabeça, levantou rápido demais e derrubou uma garrafa de cerveja que ainda estava pela metade. Poderia não ter sido nada, se a cerveja não tivesse caído toda na camiseta de Tom.

- Aí meu Deus, Tom, me desculpa!
- Tá tudo bem, , acontece.
- Dá pra limpar? - perguntou.
- Eu acho que não, molhou boa parte da camiseta - falei olhando pra mancha de cerveja.
- Não tem problema, eu fico com a camiseta assim mesmo, ponho pra lavar quando chegar em casa.
- Você vai ficar o resto da noite com a camiseta molhada? - perguntou.
- Ah, não, não vou deixar você assim desconfortável e cheirando a cerveja, cara. Eu devo ter alguma coisa que te sirva, vou lá em cima pegar e já volto. - Jeremy disse levantando da mesa e subindo pro seu quarto.
- Beleza, eu agradeço então.

Não demorou muito e Jeremy voltou com uma camiseta em mãos.

- Pronto cara, você é um pouco mais magro que eu, mas essa minha camiseta aqui é meio apertada, então acho que vai ficar certinha em você.
- Valeu cara! - Tom disse levantando da mesa e pegando a camiseta.
- Você quer ir no lavabo se trocar? - Jeremy disse indicando o caminho.
- Ah, gente é só uma camiseta, não tem nada aí que ninguém nunca tenha visto. Tira aí mesmo, Tom pra gente volta a jogar - disse e todo mundo ficou olhando pra cara dela. - Que foi gente?

Em seguida explodimos em risadas.

- do céu, você é tão delicada, só que não - falei ainda rindo.
- Eu sou prática, só isso.
- Bom ,se as meninas não se importarem... – Tom disse apontando para a camiseta.
- Vá em frente, Tom - falou.

Tom então tirou a camiseta molhada, ele secou a barriga com a própria camiseta que estava suja para tirar o restante da cerveja. Em seguida, ele dobrou ela e colocou num canto, e depois vestiu a camiseta limpa que Jeremy havia emprestado. Tudo isso não deve ter levado nem dois minutos, mas foi o suficiente pra eu ficar extremamente corada. Eu não pude evitar de olhar pra ele, pra barriga dele pra ser mais exata e senhor eu tenho que confessar, eu não esperava ver o que eu vi. Ele era magrinho sim, mas tinha um tanquinho ali muito bem trabalhado, com direito às famosas “entradinhas”. É, acho que alguém andou malhando pra ser o homem aranha.

- por que você tá vermelha? - disse rindo.
- Eu o que? - falei despertando do meu transe.
- Vermelha é pouco, , a tá um pimentão - falou também rindo.
- Ah, cala a boca vocês duas! - eu disse focando meu olhar nas cartas do baralho.
- Pode parar de encarar as cartas, , o Tom já tá vestido - disse.
- Eu juro que qualquer dia eu cumpro minha ameaça de te jogar pela janela, - falei enquanto Tom sentava novamente na mesa.
- Agora que o Tom já está decente novamente, vamos ao jogo de tabuleiro - Jeremy disse retirando o baralho e abrindo o tabuleiro na mesa.
- Vamos, vou acabar com vocês nesse também - falei divertida.

Nós jogamos umas cinco partidas e dessa vez foi mais equilibrado, eu ganhei só uma vez.

- Ok, próximo jogo! - falou.
- Eu acho que agora a gente podia ir pro melhor da noite - falou e olhou para mim e para .
- E qual seria o melhor da noite? - Tom perguntou.
- Twister!!! - eu e as meninas falamos em uníssono.
- Ah, esse sim é risada garantida! - Harrison falou já se levantando da mesa.

pegou o jogo e abriu a caixa, enquanto nós afastamos os sofás da sala da Jeremy e enrolávamos o tapete felpudo num canto. Começamos então a jogar, aquele era sem dúvidas um dos melhores jogos de todo os tempos, cada vez que alguém não conseguia alcançar a cor e caia, nós nos acabávamos de rir. O primeiro a sair foi o Jeremy, em seguida o Harrison, depois a . Ficamos eu, o Tom e a .

- Mão direta no amarelo, ! - anunciou depois de rodar a roleta.

se esticou toda tentando passar por cima de mim, mas acabou se desequilibrando e caiu.

- Ah não, droga - disse rindo e sendo levantada pelo namorado em seguida.
- Agora é que eu quero ver, os melhores da noite, um contra o outro - Jeremy disse.
- Mão esquerda no azul, - disse.

Eu me contorci toda e passei por baixo de Tom plantando ponte, alcançando a bola azul, agradeci mentalmente pela flexibilidade que o ballet me dava.

- Sua vez inseto aranha. Pé direito no vermelho.

Tinha uma bola vermelha bem perto da minha cabeça, Tom tentou se esticar por cima de mim e ele quase conseguiu, mas no último segundo se desequilibrou e caiu em cima de mim.

- Ai! - nós dissemos juntos em seguida caindo na gargalhada.
- Você está bem? - Tom perguntou em meio às risadas.
- Eu acho que sim - falei sem conseguir parar de rir.

Só então eu me toquei que Tom estava deitado em cima de mim, o rosto dele a centímetros do meu, então minha risada foi morrendo, dando lugar a um par de bochechas completamente vermelhas.

- Temos uma vencedora! - falou fazendo com que eu e Tom voltássemos para a realidade.

Tom se levantou e me estendeu a mão me ajudando a ficar de pé em seguida.

- Sou a grande vencedora da noite, desculpa pessoas, eu sou demais - falei retomando o humor.
- Ah pronto, já tá se achando - falou tacando uma almofada em mim.
- E qual meu prêmio, hein?
- Eu posso te sugerir um prêmio, - disse maliciosa.
- Não, , você não pode nada. Você pode é ficar quietinha, porque você já aprontou demais essa noite - falei tacando nela a almofada que jogou em mim.
- , seu prêmio é ser muito amada pelos seu amigos, quer mais do que isso?
- Ai, meu Deus, o Jem já tá ficando sentimental. Isso significa que é hora de irmos embora - Harrison disse divertido.
- Bom, vamos então, né galera - disse levantando e começando a pegar nossas coisas.

Recolhemos as coisas e ajudamos Jeremy a colocar os móveis no lugar antes de irmos.

- Ai meu Deus, eu quase me esqueci! - disse quando já estávamos prontos para sair.
- Que foi amor?
- No final de semana que vem você vai estar com a Ava?
- Era meu final de semana com ela sim, mas a mãe dela pediu se eu poderia trocar, porque ela vai fazer uma pequena viagem e queria muito levar a Ava junto. Por quê?
- Porque o pessoal lá da escola combinou de fazer um bate e volta no sábado, na praia de Bournemouth e eu não sabia se você poderia ir ou não por conta da Ava.
- Bom, ela não estará comigo, então eu posso ir sem problemas.
- Ai que bom então - falou abraçando o namorado.
- Jesus, a já tá bêbada, toda melosa com o Jem - falei rindo.
- Eu tô te ouvindo, - disse soltando Jeremy.
- Mas como vai ser exatamente esse passeio? - Jeremy perguntou.
- A gente vai no sábado de manhã - começou a explicar. - Vamos passar o dia lá, curtir a praia, a galera vai levar violão, vamos fazer fogueira, vai ser bem legal.
- Vai rolar luau a noite, amor? - Harrison perguntou.
- Ah, com certeza, né!
- Se vai ter luau, isso vai entrar noite a dentro - Jeremy falou.
- É você sabe né, a galera sempre se empolga. Então a gente deve voltar na madrugada de sábado pra domingo.
- Bom, por mim sem problemas, eu não estando com a Ava, dá pra voltar de madrugada de boa.
- E eu também estou nesse, obviamente - Harrison falou animado.

Eu não sei se foi o efeito da cerveja, eu não sei dizer exatamente o que me deu, mas quando eu dei por mim, eu já havia falado o que ninguém esperava que eu falasse naquele momento.

- Tom, por que você não vem com a gente? - eu disse deixando todos meus amigos chocados.
- Você está me convidando pra ir nesse passeio? Sério mesmo?
- É sério mesmo que você tá chamando ele? - falou o que todos estavam pensando.
- Estou sim, oras, por que isso é tão surpreendente?
- Eu não vou enumerar o porquê é tão surpreendente, , se não tu vai me bater. E nem vou ficar falando muito também, porque vai que você desiste de convidar o menino.
- Ai, , aff - falei revirado os olhos. - Mas e aí Tom, você vai?

Tom me olhou por um segundo, talvez esperando que eu realmente desistisse de convida-lo. Mas então ele sorriu e respondeu.

- Claro que eu vou, vai ser ótimo!
- Ah, que bom, então vamos todos! Durante a semana combinamos os detalhes - falou.

Nós nos despedimos de Jeremy e de , que iria ficar com o namorado.

- , você vai pra minha casa, né? - Harrison perguntou quando estávamos indo pegar os carros.
- Vou sim, você veio de carro hoje?
- Vim, só preciso deixar o Tom em casa primeiro.
- Não precisa Harrison, eu pego um táxi.
- Lógico que não, cara, para com isso!
- Nem um, nem outro - falei entrando no meio da conversa. - Eu levo o Tom.

Acho que eu nunca vi meus amigos fazerem cara de surpresa tantas vezes numa noite só.

- Que foi? Eu tô de carro, eu posso muito bem dar carona pro Tom e depois ir pra casa.
- Você vai me deixar em casa e depois vai sozinha pra casa?
- Sim, eu vou te deixar em casa e depois vou sozinha pra casa porque eu sou maior de idade e vacinada. Não espere que eu vá de convidar pra dormir na minha casa ou vá aceitar dormir na sua, Tom, porque aí já é demais - falei enquanto os meninos caiam na risada.
- Ok, então vamos fazer o seguinte, vamos pegar um táxi nós dois juntos, te deixo na sua casa e depois vou pra minha, assim nós dois chegamos em segurança e eu não fico preocupado com você.
- E eu faço o que com meu carro?
- Deixa na garagem do Jeremy, oras. - falou como se fosse óbvio. - Amanhã a leva.
- Tá bom, se todo mundo fica mais feliz assim.

Mandei mensagem pra sair lá fora e entreguei a chave do carro pra ela.

- Você vai mesmo embora num táxi com o Tom?
- Vou, , vou! Mas que coisa.

Nos despedimos novamente e eu entrei no táxi com Tom enquanto e Harrison partiam no carro dele. Tom e eu fomos conversando coisas sem importância, rindo sobre os acontecimentos da noite, até que o táxi estacionou na frente do meu prédio.

- Bom, obrigada por me trazer em casa.
- Sem problemas, pelo menos eu sei que você chegou bem.
- Espero que você chegue bem também, manda uma mensagem avisando que chegou.
- Mando sim. Quer dizer, eu não tenho seu número.

Peguei o celular dele que estava na mão dele e anotei meu número.

- Pronto, avisa quando chegar em casa.
- Aviso sim.
- A gente se vê semana que vem.
- Com certeza, estarei lá.
- Boa noite Tom.
- Boa noite .

Eu coloquei a mão na maçaneta da porta do táxi e hesitei por um segundo. Olhei para Tom novamente e mais uma vez eu não sei porque, mas cheguei perto dele e dei um beijo na bochecha dele, abrindo a porta e saindo em seguida. Eu subi para o meu apartamento, fui direto pro meu quarto, largando minha bolsa em qualquer lugar. Tomei um banho quente e demorado e depois me enfiei no meu pijama macio. Quando deitei na cama para dormir, meu celular apitou. Olhei na tela o número sem nome com a seguinte mensagem: “Já cheguei em casa são e salvo. Obrigado pelo noite, você é a melhor parceira de jogo de todos os tempos! Mal posso esperar por sábado que vem. Boa noite pra bailarina mais linda que eu já conheci!” Eu não pude evitar de sorrir com aquela mensagem. Desbloqueei o celular e respondi: “Que bom que você chegou, já posso cancelar a chamada pra polícia. Fico feliz que tenha gostado, você também é o melhor parceiro de jogo ever! Boa noite Spidey!” Eu salvei o número dele no meu celular, bloqueei a tela e coloquei o aparelho no criado mudo. Então abracei meu travesseiro e fechei os olhos esperando o sono chegar. Não demorou muito e eu peguei no sono com aquele sorriso idiota no rosto, aquele sorriso de quem tá indo por um caminho sem volta, de quem sabe que pode se dar muito mal, mas que é impossível evitar porque aquele órgão chamado coração nunca escuta o que a razão tem a dizer.
No dia seguinte eu já acordei arrependida de ter convidado o Tom pra ir no passeio, aonde é que eu estava com a cabeça? Esse assunto ficou martelando na minha cabeça durante a semana e tirou complemente minha concentração, e isso claro interferiu na minha dança. Eu estava errando passos básicos de ballet durante os ensaios, eu estava tão desconcentrada, que eu não conseguia fazer nem pirueta dupla ou tripla, coisa que eu costumava fazer de olhos fechados. Na quarta, quando acabou as aulas, eu decidi ficar um pouco mais na sala, sozinha, ensaiando. Como as meninas estavam resolvendo as coisas pro passeio de sábado, elas acabaram me esperando. Eu estava encostada na barra, de costas pra porta e de frente pro espelho, tentando incessantemente acertar uma pirueta tripla, mas sem sucesso, eu não conseguia passar da primeira pirueta sem perder o eixo.

- Com licença - alguém disse da porta.
- Eu já to indo, só mais dez minutos... - eu respondi achando que era uma das meninas, mas parei de falar quando me virei e vi que era o Tom, parado bem na porta. - Tom?
- Posso entrar?
- Pode sim.

Tom entrou e veio até mim. Ele não estava todo arrumado como de costume, hoje ele estava mais a vontade, com uma camiseta preta e calça de moletom cinza.

- O que você tá fazendo aqui? Pensei que só fosse te ver no sábado.
- Eu passei aqui pra ver com vocês sobre sábado, o que eu preciso levar, o horário que vamos nos encontrar, essas coisas. Encontrei as meninas lá em baixo, elas já me passaram tudo certinho.
- Ah, que bom então.

Rolou aquele momento de silêncio constrangedor pra variar.

- Você tava tentando dar uma pirueta dupla?
- Tripla na verdade, mas tô saindo fora do eixo o tempo todo, não consigo passar da primeira.
- Você tá desconcentrada com alguma coisa? Porque eu te vi dançar, você é ótima, fazer uma pirueta tripla é moleza pra você.
- É, tô com muita coisa na cabeça, não estou conseguindo focar - falei sem olhar pra ele. - O Harrison disse que você é bailarino, sabe fazer uma pirueta tripla?
- Ah eu sei, com certeza.
- É mesmo? Então me mostra?!
- O que, aqui, agora?!
- É, por que não?! Isso é uma sala de ballet!
- Mas eu nem to vestido pra isso.
- Ah, você tá de moletom, da pra dançar de boa.

Tom me avaliou por um momento enquanto eu fazia minha cara mais inocente possível.

- Alguém tem coragem de dizer não pra você?
- Muitas pessoas dizem não pra mim.
- Bom, eu não tenho a força delas pra fazer isso. Tudo bem, vamos a pirueta.

Tom tirou o tênis e jogou num canto. Então ele se posicionou em frente ao espelho e ficou na posição inicial. Ele respirou fundo e deu uma pirueta tripla perfeita sem perder o eixo nenhum momento, a ponta de pé dele era impecável.

- Meu Deus, você é ótimo! - falei sorrindo.
- Obrigado, eu dou pro gasto. Mas ótima aqui é você.
- Ah, sou sim e no entanto não to conseguindo fazer o básico.
- Você consegue sim, tenho certeza. Vai, tenta de novo.

Eu hesitei por um momento, mas depois me virei para o espelho e tomei posição. A primeira tentativa não passei da primeira pirueta e na segunda eu quase cai, mas Tom me segurou a tempo.

- Não adianta, enquanto minha cabeça não estiver bem, não vai rolar.
- , eu não sei o que tanto tá perturbando sua cabeça, mas eu tenho certeza que você consegue.

Tom se posicionou atrás de mim e massageou meus ombros. Eu não ia dizer pra ele jamais que era exatamente ele que estava me desconcentrando e tê-lo ali fazendo massagem no meu ombro não tava ajudando em nada. Além disso, a sensação era tão boa que eu não quis interromper.

- Para de pensar, deixa sua mente vazia e apenas dance - Tom falou sussurrando no meu ouvido.

Então ele parou de mexer no meu ombro e eu levei um segundo pra me recuperar. Eu tomei posição novamente, fixei meu olhar no espelho e tentei esquecer a presença dele ali. Então eu respirei fundo e finalmente dei a pirueta. Saiu perfeita, três piruetas na sequência, sem cair e sem perder o eixo.

- Eu consegui! - falei olhando para Tom.
- Eu disse que você podia.
- Ok, agora eu me sinto melhor, obrigada - eu disse me apoiando na barra e erguendo minha perna esquerda até o alto.
- Não tem de que. Você dança lindamente, eu já te disse isso? - ele disse segurando minha perna que estava no ar e se aproximando.
- Acho que já, na verdade, eu lembro de você falando algo sobre eu ser a bailarina mais linda que você já viu. Curti o elogio, sabe - falei tentando parecer divertida enquanto nossas respirações ficavam cada vez mais próximas.
- Bom, eu só disse a verdade - Tom disse com o rosto a milímetros do meu.
- Estamos interrompendo alguma coisa?
- Ai! - falei soltando minha perna com tudo e quase caindo em cima de Tom. - Caramba , , da onde vocês saíram? Querem me matar do coração?
- Ao que parece, seu coração gosta de fortes emoções - falou fazendo rir.
- Ah, noss,a que engraçada você.
- A gente só queria saber se você já está indo , porque nós vamos pra casa.
- Vou sim, claro que vou, até porque depois desse susto eu devo ter deslocado algum músculo da minha perna esquerda, certeza.
- Bom, eu vou também, né, só vim mesmo saber sobre sábado.
- Aham, Deus tá vendo que você veio aqui única e exclusivamente pra saber sobre sábado - disse irônica.
- Ok, vamos logo embora porque já deu por hoje, né! - falei seguindo pra porta.

Nós fomos embora da escola, Tom se despediu de nós com aquele sorriso dizendo que nos veríamos sábado. Sábado, só de pensar no final de semana meu estômago dava um salto de 360 graus. E antes que eu estivesse preparada o suficiente, sábado chegou e era o tal dia do passeio. Nós acordamos cedo e nos arrumamos. Eu tomei banho e vesti meu biquíni azul marinho, por cima coloquei uma saída de praia branca que parecia um vestido, bem soltinha e delicada. Coloquei uma rasteirinha no pé também branca, penteei meu cabelo e chequei minha mochila mais uma vez.

- E aí, todas prontas? - falei já na sala com a mochila nas costas e colocando meus óculos de sol na cabeça.
- Totalmente - falou trazendo da cozinha as sacolas com as comidas e bebidas.
- Que bom, porque eu não to pronta.
- Como não , tu tá vestida, pronta pra sair, como que não tá pronta? - falou sem entender.
- Eu não pronta! Eu não sei onde eu tava com a cabeça quando eu chamei o Tom pra esse passeio, eu acho que eu vou fingir um desmaio e ficar em casa. Até porque eu to quase desmaiando mesmo.
- , me segura senão eu vou dar trinta tapas na cara da .
- Não vou te segurar não, ela tá precisando apanhar.
- Minha filha, tu tá com medo de homem agora? - falou me segurando pelos ombros.
- Eu to com medo é de mim mesma.
- Ai para com isso, não vai acontecer nada. E se acontecer, que bom, a gente vai dar graças a Deus - falou rindo.
- Mas por que eu não posso ir no nosso carro?! - falei fazendo bico.
- Porque é carro demais, criatura! - falou. - Eu vou com o Jem no carro dele, a com o Harrison no carro dele e você vai com o Tom no carro dele. Não tem necessidade de você ir sozinha no nosso carro e o Tom sozinho no dele.
- Tá bom, tudo bem, vamos logo com isso então - falei me dirigindo pra porta.
- Só uma coisa - falou seria.
- Se por acaso você e o Tom não se aguentarem e quiserem se pegar na estrada mesmo, só manda uma mensagem pra gente saber que tá tudo bem e que podemos seguir pra praia - disse e ela e caíram na gargalhada.
- Ah, vão à merda vocês duas!

Nós descemos pelo elevador e encontramos os meninos já nos esperando na frente do prédio. Juro que quase voltei pra trás quando vi o Tom, ele estava tão pegavel, que era até pecado. Ele vestia uma bermuda preta e uma camiseta, mas o que tava pegando ali era aquele cabelo ondulado jogado pra trás e os óculos escuros.

- Ah, até que enfim as mocinhas apareceram - Jeremy disse pegando as coisas da mão de .
- É que a teve uns problemas técnicos, mas já tá tudo bem - respondeu divertida.
- Bom dia - Tom falou quando me aproximei dele.
- Bom dia!
- E aí, animada pra praia.
- É, to sim.
- O que é isso? - Tom perguntou apontando pra sacola que eu carregava.
- Comida, obviamente.
- Me dá aqui, vou colocar no porta malas. Pode ir entrando se quiser, a porta tá aberta.

Eu fui até o lado do passageiro e abri a porta. Quando entrei no carro e olhei pra trás vi um violão no banco de trás. Tom entrou em seguida no carro.

- De quem é esse violão?
- É meu, oras.
- Desde quando você toca violão?
- Olha já faz algum tempo. Eu não sou tipo nossa um super músico, mas eu arranho um pouco.
- Caraca, ator, bailarino, ginasta, toca violão. Thomas Stanley Holland, você tem mais algum talento que eu não conheça?
- É, talvez eu tenha mais alguns truques na manga.

Tom colocou o cinto e se preparou para dar a partida, ligando o som em seguida. Eu olhei para o que estava tocando no rádio do carro e confesso que fiquei chocada.

- Espera um pouco, isso que tá tocando, é o cd solo do Niall Horan?
- É sim, por que?
- Não fala sério, o Harrison te contou que eu e as meninas somos fãs de boybands, né?!Porque não é possível!
- Ele não me falou nada. Mas eu gosto de One Direction e esse cd do Niall é incrível.
- Ok, Tom, você já pode parar de tentar me impressionar - falei fazendo Tom gargalhar gostoso.
- E quem disse que eu tô tentando te impressionar, senhorita?
- Não tá não?
- Não, nem um pouco.
- Que bom, porque eu não tô nem um pouco impressionada - falei colocando meus óculos no rosto e virando o rosto pra janela.

Nós seguimos para praia, o caminho foi tranquilo e as duas horas de viagem passaram rápido.

- Ai, não acredito que chegamos! - ouvi Jeremy falar enquanto esticava as pernas pra fora do carro.
- Olha zinha, você chegou sã e salva - falou irônica e eu apenas revirei os olhos.
- Vamos descarregar as coisas, galera! - Harrison disse.

Nós descarregamos os carros e levamos tudo pra praia aonde já estava toda a galera da escola.

- Gente, vamos dar aquele mergulho pra tirar a poeira da estrada e lavar a alma! - disse.
- Vamos! - todos concordamos em uníssono.

Eu tirei minha saída de praia e joguei em cima da minha mochila. Quando olhei pra trás, Tom estava me olhando com cara de bobo.

- Que foi, Tom? - falei sorrindo.
- Nada, nada não.
- Você não vem?
- Vou, claro que vou.

Tom então tirou a camiseta e me seguiu até o mar, aonde já estavam nossos amigos. Nós ficamos um pouco na água e depois voltamos pra areia, fizemos uma roda e sentamos pra conversar. O pessoal da escola acenou pra gente, nos cumprimentando.

- Olha só quem está aqui, se não é a bailarina mais linda da Pineapple - disse Will, um dos alunos de jazz da escola, um chato que vivia atrás de mim.
- Caramba hein, Will você não desiste - falou.
- Tô esperando o dia que a vai me dar uma chance.
- No dia de São Nunca - falei seca.
- Se toca Will, não tá vendo que a tá acompanhada - disse apontando para Tom e Will mediu ele de cima a baixo.
- Quem é você?
- Esse é o Tom, meu melhor amigo - Harrison disse.
- Tom? Espera aí, você não é o cara que faz o homem aranha?
- Sou eu mesmo.
- Caraca! Olha, você é um cara de sorte hein - Will disse apontando pra mim.
- Não que seja da sua conta Will, mas o Tom é só meu amigo.
- Ah, então eu posso continuar tento esperanças?
- Nenhuma!
- Se toca cara, não tá vendo que ela não tá afim - Tom falou.
- Nossa pra quem é só seu amigo, ele tá bem saidinho.
- Como eu disse Will, não é da sua conta.
- Ok, já entendi, tô indo nessa. Boa sorte pra você cara, porque essa aí não deixa ninguém se aproximar - Will disse saindo em seguida.
- Caramba, que cara babaca - Tom disse.
- Ele é um verdadeiro idiota.
- É, mas ele gosta de você.
- Mas eu não gosto dele.
- Bom saber disso.

Nós continuamos nosso papo, o dia estava extremamente ensolarado.

- Não, espera um pouco Jeremy, então quer dizer que você matriculou sua filha numa escola na Inglaterra mesmo morando nos Estados Unidos? - Tom perguntou incrédulo.
- Exatamente e todo mundo achou que eu tava maluco.
- E depois você alugou uma casa aqui, comprou um carro, aprendeu a dirigir na mão inglesa e toda vez que você não tá trabalhando, você tá aqui, tudo por causa da ?
- Sim senhor, tudo pra ficar perto dela.
- Sintam meu poder, queridos!
- Ih pronto, agora que ela vai se achar mais ainda - falou.
- É meu caro Tom, isso são coisas que a gente faz por amor.
- Tô sabendo.
- Ainda bem que eu encontrei a mulher da minha vida no mesmo país que eu vivo - Harrison disse. - Mas se fosse preciso eu atravessaria um oceano por ela.
- Acho bom mesmo, Harrison!
- Mas e você, Tom, atravessaria um oceano por alguém? - Jeremy perguntou.
- Claro que sim, por que não? Se fosse a garota certa. Mas eu acho que eu não vou precisar ir tão longe assim - Tom disse me olhando.
- Eita, que eu senti uma indireta super direta nessa roda agora! - disse e eu preferi não responder, porque eu já estava corada o suficiente.

Logo a fome bateu e eu e as meninas pegamos alguns dos lanches pra comer. Depois Tom foi até o carro pegar seu violão e nós decidimos colocar um pouco de música naquela roda.

- Então meninas, o que vocês querem cantar primeiro? - Tom perguntou.
- Ah, não pergunta pra elas não, porque certamente elas vão escolher uma música de boyband ou algo assim - Jeremy disse.
- Pra sua informação Jem, o Tom gosta de One Direction. Nós viemos ouvindo o cd do Niall no carro dele.
- Ah, mentira! Gente esse moleque não existe! - falou divertida.
- Pô Tom, assim você enfraquece a amizade - Jeremy disse.
- Ah, cara, mas as músicas são legais.
- Então eu já sei que música podemos cantar - falou. - Vocês ouviram a nova do Jonas Brothers, Sucker?!
- Ai, eu adoro essa música! - falei.
- Essa música é ótima, na verdade ela é perfeita - Tom disse. - Vamos começar com ela.

Tom começou a tocar os primeiros acordes de Sucker no violão e nós começamos a cantar. Só então quando eu comecei a cantar, que eu me toquei sobre a letra da música. Tom cantou a música toda olhando pra mim e na hora do refrão enquanto todos cantavam e acompanhavam nas palmas, eu só conseguiu ver os lábios de Tom se mexendo e falando: I’m a sucker for you. Nós continuamos nos divertindo até o final da tarde, quando começamos a preparar as coisas pro luau. Havia um local próximo da praia aonde dava para pagar para tomar um bom banho, então quando já estava tudo pronto, eu e as meninas fomos nos arrumar enquanto os meninos aproveitavam pra tirar um cochilo nos carros, afinal, eles iam voltar dirigindo de madrugada. Eu coloquei meu biquíni preto por baixo e um vestido azul claro por cima, ele era marcado bem abaixo do busto e solto do busto pra baixo. Quando já estávamos prontas, fomos chamar os meninos para que eles fossem se arrumar. Eles nos encontraram depois na praia quando já estavam prontos, Tom agora vestia uma bermuda clara e uma camiseta escura estampado num estilo meio havaiano. O luau logo começou com muita música, comida e bebida. Eu estava conversando com o Tom, quando umas garotas adolescentes, da turma de sapateado, se aproximaram.

- Desculpe, mas você é o Tom Holland, não?! - uma delas perguntou, uma loirinha de olhos claros.
- Sou sim.
- Ai, a gente pode tirar uma foto? - a amiga ruiva da loirinha perguntou.
- Claro!

Então as duas e mais uma outra menina morena se juntaram ao redor de Tom e agarraram ele pra tirar uma foto. Mas acontece que elas começaram a tirar varias fotos, fazer um álbum.

- Nossa, não era uma foto só? - falei meio incomodada.
- Ai, desculpa, a gente se empolgou - falou a loira. - Você é namorada dele?
- Ela é minha amiga - Tom respondeu.
- Ah, bom saber disso - a ruiva disse piscando para Tom e aquilo me subiu o sangue de um jeito que eu não sei explicar.
- Se toca garota que você não saiu nem das fraldas! E já chega de fotos, vem Tom, vamos dançar - falei puxando ele pela mão para pista a dança.
- O que foi isso? - Tom perguntou quando já estamos longe do trio de pirralhas abusadas.
- O que foi o que? Eu te salvei das pirralhas.
- Você estava com ciúmes?
- Eu? Ah, você ficou doido mesmo.
- Estava sim, você tá vermelha de tanto ciúmes - Tom disse rindo.
- Eu não estava com ciúmes porcaria nenhuma! - falei esfregando minhas bochechas.
- Bom, então talvez eu possa voltar lá e continuar conversando com as meninas...
- Thomas! Se você fizer isso, eu nem sei do que eu sou capaz.
- E ainda diz que não tá com ciúmes.
- Será que podemos não nomear o que eu tô sentindo?
- Ok, podemos. Mas então você não me trouxe aqui pra dançar? Vamos dançar

Tom me puxou pela cintura e eu passei os braços ao redor do pescoço dele. Nós começamos a dançar no ritmo da música e eu então enterrei meu rosto na curva do pescoço dele. Eu não sei quanto tempo ficamos ali, mas a sensação era tão boa, ele cheirava tão bem, que eu poderia ficar ali o resto da noite. O luau correu noite a fora e por volta das três da manhã já estava todo mundo cansado o suficiente querendo voltar pra casa. Nós decidimos tirar mais um cochilo no carro antes de ir porque estávamos realmente bem cansados e além disso achamos mais seguro sair quando o sol estivesse próximo de nascer. As cinco da manhã levantamos e começamos a colocar as coisas no carro.

- Caramba eu to quebrado, vou dormir o dia todo quando chegar em casa. - Jeremy disse.
- A gente tem que parar de fazer essas coisas Jem, estamos velhos demais pra isso. - falou abrindo a boca.
- Já estamos quase prontos pra sair. - Harrison falou.
- você não quer dar uma última volta pela praia antes de irmos? - Tom disse.
- Claro vamos. - falei seguindo com Tom pela praia.
- Vocês dois se comportem, por favor! - ouvi gritar.

Nós caminhamos juntos pela beira do mar, a água batendo em nossos pés, enquanto conversávamos. Então do nada um onda enorme nos pegou de surpresa e nos derrubou. Nós caímos na gargalhada e eu não conseguia levantar porque não conseguia parar de rir. Tom conseguiu levantar primeiro e me puxou pela mão, eu ainda estava gargalhando.

- Você tá bem? - Tom perguntou.
- Eu acho que sim.
- Você sempre cai assim o tempo todo?
- Quase sempre. Ainda bem que você ultimamente tem estado por perto pra me segurar e me levantar.
- Eu posso fazer isso sempre, se você quiser.
- Me segurar ou me levantar?
- Os dois. Mas eu prefiro te segurar, de preferência bem perto de mim.

E então sem aviso nenhum, Tom me puxou pela cintura e grudou seus lábios nos meus. Eu hesitei por um instante, mas logo meu corpo reagiu e eu puxei ele pelo pescoço entrelaçando meus dedos nos cabelos dele. Foi um beijo quente em contraste com nossos corpos que estavam frios e molhados da água do mar. Quando já estávamos sem fôlego, quebramos o beijo tentando lembrar como se fazia pra respirar.

- O que foi isso? - falei.
- Um beijo, o melhor de todos.
- Isso não podia ter acontecido - falei me afastando e sentando na areia.
- Por que não? - Tom disse sentando do meu lado. - Eu queria, você também, nós somos solteiros, qual problema?
- Eu não sei explicar, eu sou uma pessoa muito complicada, Tom.
- Então descomplica, o que não dá mais é pra gente ficar reprimindo o que sente um pelo outro. Todo mundo já percebeu que quando a gente tá juntos saem faíscas entre nós.
- Todo mundo já percebeu?
- Até as pedras da rua já devem ter percebido que a gente tá afim um do outro, .
- Caramba e eu achando que tava sendo super discreta - falei fazendo Tom rir.
- Eu adoro seu humor, eu adoro tudo em você, adoro estar com você. E agora que eu te beijei, eu não vou mais conseguir ficar sem te agarrar, sinto muito.
- Mas Tom...
- Do que é que você tem medo?
- De tanta coisas.
- Vamos fazer assim, vamos simplesmente ficar juntos e ver no que dá, ok?!
- Eu vou pensar, ok?!
- Ok, mas enquanto você pensa, eu posso te ajudar a decidir te dando alguns beijos, quem sabe?!
- Tom, cala a boca! - falei enquanto puxava ele para perto de mim e voltava a beija-lo.

Nós perdemos a noção da hora e também esquecemos de olhar os celulares, haviam varias mensagens das meninas e varias chamadas perdidas. Elas cansaram de esperar e me avisaram que estavam indo na frente. Tom e eu então pegamos o carro dele e voltamos pra Londres. Não demorou muito para chegarmos e Tom me deixou em casa.

- A gente se vê então - falei fazendo menção de sair do carro, mas Tom me puxou para um último beijo.
- A gente se vê - Tom falou quebrando o beijo. - E que seja logo, por favor.
- Vou pensar no seu caso, Spidey.

Eu peguei minhas coisas e saí do carro, subindo rapidamente para o meu apartamento.

- Meu Deus do céu, , até que enfim! Eu pensei que você e o Tom tinham ido caminhar até a Escócia de tanto que vocês demoraram - falou
- Né, não tivemos paciência de esperar vocês não, nem o celular os bonitos atenderam - disse

Eu sentei no sofá e fiquei olhando pro nada.

- , tá tudo bem?! - perguntou.
- Por que você tá molhada? - disse chegando mais perto.
- Foi uma onda que molhou a gente - falei meio avoada.
- Garota, o que foi que aconteceu? - disse me dando um tapinha no ombro.
- O Tom me beijou.
- É O QUE??? - e gritaram em uníssono.
- E tu fala isso assim?
- Queria que eu falasse como, ?
- Mas e aí, ??? Conta mais! - disse.

Eu contei, cada detalhe pra elas pararem de me perturbar.

- Então vocês estão namorando? - perguntou.
- A gente tá se curtindo, vamos ver no que vai dar. Mas meu Deus como ele beija bem!
- Tá querendo enganar quem, , tu tá com a maior cara de apaixonada! - falou.
- Ai, pronto, antes que vocês comecem com essa conversa de amor, eu vou tomar banho.

Segui pro meu quarto e deixei minhas amigas na sala eufóricas confabulando sobre a minha vida amorosa. Tomei um banho, me enfiei no meu pijama e me joguei na cama pronta pra dormir por horas a fio. Antes de dormir, olhei no celular e tinha uma mensagem do Tom: “Melhor bailarina, checado. Melhor parceira de jogo, checado. Melhor beijo, checado. Mas ainda preciso experimentar mais vezes pra ter certeza.” Eu sorri e respondi: “Ator, bailarino, ginasta, melhor parceiro de jogo, toca violão e beija bem, é mesmo um cara cheio de talentos. Mas vamos testar essa história do beijo mais vezes, só pra não restar dúvidas.” Bloqueei o celular e me virei pra dormir, agora eu tinha certeza que aquele sorriso idiota não ia me largar tão cedo e na real eu já não tava me importando mais com isso.
Eu passei o domingo todo completamente acabada, meu dia se resumiu a dormir e comer. As meninas também estavam acabadas e na segunda de manhã não posso dizer que estávamos totalmente recuperadas, a tinha razão, estávamos ficando velhas pra aquele tipo de rolê. Por sorte os ensaios de segunda foram menos puxados e até conseguimos sair da escola cedo, as 16h00 da tarde já estávamos liberadas.

- Eu acho que quero minha cama de novo - disse enquanto descíamos a escada e nos encaminhávamos para a saída.
- Eu também quero, mas eu acho que hoje a gente bem que tá merecendo uma gordice - disse.
- Gordice, quero! - falei.
- Quem topa milk shake e batata frita? - falou animada.
- Eu!!! - e eu respondemos em uníssono.
- Ah, acho que você não vai com a gente não, .
- Oxe, por que?! Tá me excluindo do rolê, ?!
- Não, é só que eu tenho assim um pressentimento, sabe, de que você vai trocar a gente por algo mais interessante - disse e apontou para a entrada da escola.

Olhei para trás e Tom estava ali parado, lindo, os cabelos meio úmidos e aquele sorriso no rosto. Ele se aproximou, o cheiro do perfume dele logo me envolveu por completo e eu não consegui evitar, abri um sorriso enorme.

- Hei, que você tá fazendo aqui? A gente marcou alguma coisa?
- Nossa, , isso é jeito de receber o boy. - falou.
- É menina, se joga logo nos braços dele que a gente sabe que você quer - falou fazendo e Tom rirem.
- Shiu, ninguém falou com vocês, ok?!
- A gente não marcou nada não, , eu só queria te ver. Daí resolvi vir e fazer uma surpresa.
- Aí que fofinho, ele queria ver ela! - disse num tom infantil.
- Muito lindo, veio fazer uma surpresa pra amada! - disse repetindo o mesmo tom de voz de . - Vocês dois são tãooooo gracinha juntos!

Eu olhei para as duas com meu melhor olhar de quem queria matá-las.

- Eu vou encher vocês de porrada se vocês não pararem com isso.
- Ai, que chata você, não deixa nem a gente te zoar - disse.
- Vocês não ia comer não?
- Ok, , essa é a nossa deixa, a tá pedindo delicadamente pra gente se mandar.
- Vamos então! Bom te ver Tom, cuida da doida aí.
- Bom ver vocês também meninas.

Tom cumprimentou as meninas com um high five antes delas saírem pela porta.

- Eu fiz mal em vir?
- Claro que não, fez muito bem. Eu adorei a surpresa.
- Então, aonde você quer ir?
- As meninas me prometerem milk shake e batata frita - falei parecendo criança.
- Ok então, vamos ao milk shake com batatas fritas.
- Espera Tom!
- Que foi?
- Você chegou aqui assim, você não tá esquecendo nada não?
- Do que eu tô esquecendo?

Eu então me aproximei de Tom colocando os braços ao redor do pescoço dele e em seguida dei um beijo bem demorado nele.

- Oh! - Tom disse quando quebramos o beijo. - Aonde é que a gente estava indo mesmo?
- Comer gordices.
- Tá bom, vamos então, antes que eu desisti dessa ideia de milk shake e batata e fique aqui o resto do dia te beijando - Tom falou me fazendo rir. - Me da sua bolsa.

Tom pegou minha bolsa do ballet e colocou no ombro dele. Em seguida entrelaçou nossos dedos e saímos pela porta. Fazia um bom tempo que eu não andava de mãos dadas com alguém, eu já nem lembrava qual era a sensação, mas tenho que dizer que eu me senti extremamente confortável andando pelas ruas de Londres de mãos dadas com Tom.
Cenas como essa se repetiram algumas vezes pelas semanas seguintes, sempre que possível, Tom ia até a escola me buscar e nos finais de semana, é claro, nós nos juntávamos ao nossos amigos pra algum rolê legal. Nós estávamos em mais um típico dia de semana pós escola, Tom havia ido me buscar e fomos tomar um sorvete. Pedimos um sunday gigante de chocolate pra dividirmos, eu estava toda feliz igual criança devorando o sorvete enquanto Tom mais me olhava do que comida.

- Desse jeito você vai me deixar obesa - falei enfiando uma colherada de sorvete na boca. - Eu sou uma bailarina, não posso ficar comendo tanta besteira.
- Primeiro de tudo, seu corpo tá ótimo, eu adoro cada pedacinho dele. Segundo, você não come essas coisas todo dia - Tom disse finalmente pegando uma colherada do sorvete.
- Não como todo dia, mas ando abusando nesses últimos tempos.
- Ah, para com isso. Além disso, eu adoro ver você comer, você come com tanta vontade que da até gosto - Tom disse rindo.
- Você é ridículo! - falei mostrando a língua pra ele.
- Ridiculamente apaixonado por você.

Ele poderei ter esperado eu terminar o sorvete pra falar aquilo, porque eu simplesmente engasguei ao ouvir a palavra apaixonado.

- você tá bem? - Tom perguntou batendo nas minhas costas.
- Tô ótima - falei tentando voltar a respeitar normalmente.
- Caramba, você engasgou desse jeito só porque eu disse que tô apaixonado por você? Imagine o dia que eu disser que te amo!
- Não faça isso!
- Por que não? Não posso dizer o que sinto pra garota que eu gosto?
- Pode, mas vai devagar, por favor, eu não tô preparada.
- E quando você vai estar preparada?
- Eu não sei poxa, não me pressiona.
- olha pra mim.

Relutei por alguns segundos, mas finalmente olhei para Tom, seus olhos estavam sérios.

- O que você sente por mim? Porque eu não tenho problema nenhum em dizer que to apaixonado, mas você parece que tem medo das coisas que sente.
- Talvez eu tenha mesmo.
- Mas por quê?
- Porque é complicado! Eu já me machuquei tanto, sabe, toda vez que as coisas ficam sérias demais, toda vez que eu me apaixono, alguma coisa sempre da errado.
- E por causa disso você decidiu que seria uma ótima ideia você nunca mais deixar ninguém entrar na sua vida, trancar seu coração pra todo sempre?
- Exatamente! Mas aí você apareceu e bagunçou tudo aqui dentro, você estragou meu plano perfeito - falei fazendo bico.
- Estraguei, é?!
- Estragou! Eu prometi nunca mais me apaixonar e agora eu tô apaixonada por você!

Tom se aproximou mais de mim e encostou seu nariz na minha bochecha.
- Você é a criatura mais linda desse universo, sabia?
- Sabia, mas você pode me dizer isso todos os dias pra eu não esquecer - falei sentindo a vibração da gargalhada de Tom.
- Bom, então agora que você já admitiu que está total e completamente apaixonada por mim e sabe que esse sentimento é recíproco, a gente já pode partir pro próximo passo.
- Não Tom, você não vai fazer isso!
- Fazer o que? - Tom se fez de inocente.
- Você não vai me pedir em namoro, vai?!
- Obviamente que eu vou!
- Ah não, Tom! Tá tudo tão bem do jeito que tá.
- , para com isso! Poxa, eu quero falar pra todo mundo que você é minha namorada, para os meus amigos, minha família, meus fãs, pra mídia, até pro papa se possível.
- Mas e se...
- E se o que? Se a gente não der certo? a gente já deu certo e não é um status de relacionamento que vai fazer a coisa desandar.
- Meu Deus, eu tenho medo de que a qualquer momento você tire uma aliança do bolso e me peça em casamento.
- Não precisa se preocupar eu não vou fazer isso... Ainda. Talvez daqui um ou dois anos.
- Tom! - falei dando um empurrão de leve nele.
- Que foi? Eu quero um futuro com você! A maioria das garotas adoraria isso, alias, eu que to parecendo a garota aqui e você o cara que tá me enrolando.
- Ai, desculpa se eu ofendi sua inocência - falei rindo.
- Eu sou um garoto de família, tá.
- Tá bom garoto de família, tá bom. Eu vou parar de te enrolar.
- Então eu já posso ligar pro papa e pedir pra ele anunciar numa cerimônia solene que você é minha namorada?
- Pode.
- Obrigado senhor!
- Mas escuta uma coisa, a gente não precisa partir logo pra parte de apresentar pra família, né?!
- Como não?!Eu quero que você conheça meus pais, meus irmãos.
- Acho que eu não tô pronta pra isso.
- Ah, sem essa vai, você vai adorar minha família e tenho certeza que eles vão te adorar também. Além disso você também precisa conhecer a pessoa mais importante lá de casa.
- E quem seria?!
- A Tessa, obviamente.
- E quem é a Tessa?!
- A única criatura do sexo feminino que pode competir com você. Minha cachorra.
- Ai meu Deus, eu quero conhecer a Tessa! - falei empolgada. - Eu amo cachorros!
- Bom, pra conhecer a Tessa, você vai ter que conhecer todo o resto da família.
- Que golpe baixo, hein. Mas espera aí, você tá falando de conhecer família, você por acaso já tem algo planejado?!
- Talvez...
- Thomas! Vai desembucha.
- Eu tô pensando em fazer um churrasco lá em casa no próximo final de semana e eu quero que você vá. Mas se isso te deixa mais tranquila, eu também vou convidar as meninas, o Harrison e o Jem.
- Tem certeza que é uma boa ideia?!
- Absoluta! Vai ser legal.
- Tá bom, eu vou.
- Vai dar tudo certo.
- Ah, Tom!!!
- Que foi? - Tom me olhou arregalando os olhos.
- Já que agora eu sou sua namorada, você vai ter que fazer uma coisa comigo e eu não aceito não como resposta.
- Olha, eu tô querendo fazer muitas coisas com você pra dizer a verdade - Tom falou malicioso.
- Nossa, que mente poluída, eu não tava falando disso. Quer dizer, isso seria ótimo também, mas não era nisso que eu tava pensando.
- E no que você estava pensando?
- Você vai ter que reproduzir comigo o clássico beijo do homem aranha! Qual a graça de namorar o homem aranha se eu não puder dar um beijo de ponta cabeça?!

Tom explodiu em gargalhadas.

- Caramba gente, qual a tara das pessoas nessa cena de beijo, hein?!
- Não sei, só sei que eu sempre tive curiosidade.
- Tudo bem, a gente reproduz a cena de beijo do homem aranha, mas sem chuva, ok?!
- Tá né, fazer o que.
- Você é doida. E linda.
- Você é tão doido quanto eu.
- E lindo eu não sou não?!
- É sim, você é lindo, meu lindo, só meu de mais ninguém - falei segurando o rosto de Tom com as mãos e enchendo o rosto dele de beijos por toda parte enquanto ele ria.
- Continua me tratando assim que eu te peço em casamento antes de um ano.
- Continua me tratando assim que eu aceito.

Então Tom me beijou daquele jeito apaixonado e maravilhoso que só ele sabia fazer.

- Tooooom! - falei em meio ao beijo.
- Que foi?
- Eu ainda quero meu sunday!
- Oh senhor! - Tom falou meio rindo meio me beijando enquanto eu puxava o sunday pra perto de mim.

Acabou que o resto do sunday derreteu, porque Tom não conseguia parar de me beijar e eu não queria que ele parasse. Meu coração já estava completamente entregue mesmo que eu não quisesse admitir, eu já não podia imaginar minha vida sem ele.
Quando chegou o dia do tal churrasco na casa do Tom, eu estava uma pilha de nervos, só de pensar em conhecer a família dele, eu já suava frio.

- Eu não tô preparada pra isso, gente! - falei deitada na minha cama olhando pro teto.
- Ai, , para com isso, vai dar tudo certo. - disse. - Além disso, nós vamos estar lá com você.
- Vai , vamos, para de frescura e levanta daí, você precisa se arrumar - disse me puxando da cama.
- Meu eu não tenho roupa pra vestir! O que a gente veste pra conhecer a família do namorado? Já faz tanto tempo que não faço isso que nem sei mais.
- Vista qualquer coisa que não te deixe parecendo uma piriguete, sogras não gostam de piriguete - disse rindo.
- Você não tá me ajudando, !
- , porque você não coloca aquela saia rodada de cintura alta rosa bebê que você quase não usa por causa da cor? Eu sei que você não é fã de rosa, mas ela fica tão bonita e delicada em você. - sugeriu.
- Isso, usa a saia, porque se você comprou tem que usar. Parece que gosta de gastar dinheiro a toa, se não gosta da cor, por que comprou?!
- Porque era a última peça da liquidação, ok?! Só tinha essa cor. Mas ela é bonita mesmo, vou por ela.

Eu combinei a saia com uma cropped branca sem mangas e uma sapatilha boneca da mesma cor da saia que minha mãe me dera no último natal. Deixei meu cabelo solto e fiz uma ondas nele com a chapinha, e pra finalizar fiz uma maquiagem leve, só abusando no batom que escolhi um vermelho.

- E aí como estou? - falei aparecendo na sala onde minhas amigas já me esperavam.
- Tá linda amiga. - disse.
- Tá muito bonita mesmo. Prontinha pra conhecer a sogra e toda a família - disse.
- Vamos então? Antes que eu desista.
- Vamos, o Jem já tá aí em baixo com a Ava.
- O Harrison também já chegou. Você vai no carro com a gente, né ?!
- Pode ser.
- Então vamos cambada - disse se dirigindo até a porta.

Eu peguei minha pequena bolsa, coloquei no ombro e segui minhas amigas. O caminho até a casa de Tom foi rápido e quando chegamos, um Tom recém saído do banho nos aguardava na entrada. Eu saí do carro e fui até ele.

- Oi amor! - Tom disse me dando um selinho. - Uau você está linda!
- Obrigada amor.

Quando olhei pra trás meus amigos estavam todos parados nos olhando.

- Que foi gente?!
- Nada não, é só que a gente esperou tanto por isso, que estamos admirando a cena - disse fazendo todos rirem.
- Ai, bando de bestas, vocês.
- Bom sejam muito bem-vindos a minha casa, vamos entrar.

Tom nos indicou o caminho, seguimos pela sala de estar, passamos pela cozinha, até chegar no jardim aonde seria o churrasco. Quando Tom abriu a porta que dava pro jardim, uma criatura linda e peluda correu até ele, uma cachorra da raça Staffordshire bull terrier.

- Tess, vem cá menina, vem cá! - Tom disse fazendo carinho na cachorra. - essa aqui é a Tessa, minha filha de quatro patas. Tessa, essa é a , a garota que agora divide meu coração com você.

Tessa veio até mim e me cheirou por uns minutos. Depois ela deu uma lambida na minha mão como quem pede um carinho. Eu prontamente comecei a fazer carinho na cabeça dela e me abaixei pra dar um beijo em sua testa.

- Ela gostou de você! - Tom falou animado.

Ele tirou o celular do bolso e tirou uma foto de nós duas.

- O que você tá fazendo, amor?
- Registrando esse momento oras, vocês estão lindas juntas. Vou postar agora mesmo.

Ele entrou no instagram e postou, senti meu próprio celular vibrar e vi que ele tinha me marcado na foto. A foto tinha ficado realmente linda e ele colocou a seguinte legenda: “Quando meus dois amores finalmente se conhecem! #MinhasGarotas”. Não pude deixar de sorrir.

- Olha só, nossos convidados finalmente chegaram - uma moça de cabelos meio alaranjados disse vindo até nós com um sorriso simpático.
- , essa minha mãe, Nicola. Mãe essa é a minha .
- Muito prazer em conhecê-la senhora - falei estendendo a mão pra ela que apertou minha mão.
- Ah, por favor, senhora não, só Nicola. Filho, você tinha razão, ela é linda.

Tom também me apresentou para o seu pai, Dominic, e seus três irmãos mais novos: os gêmeos Harry e Sam e o caçula Paddy. Todos foram muito educados, receberam tanto eu quanto meus amigos da melhor forma.

- Vem aqui - Tom disse me puxando pela mão pra dentro da casa.
- Que foi?!
- Quero te mostrar um lugar. Seguimos pelo corredor, Tessa atrás de nós. Então chegamos ao local onde ficavam os quartos, Tom abriu a porta e me deu passagem para entrar. O quarto dele era enorme, a decoração em cores claras. Sentei na cama king size que ficava no meio do quarto, Tessa logo subiu na cama e sentou ao meu lado.

- Então você queria me mostrar o seu quarto?!
- Exatamente - Tom disse se sentando na cama também com Tessa entre nós.
- Eu não sei por que, mas eu acho que você tá cheio de segundas intenções.
- Segundas, terceiras, quartas, tenho todas as intenções do mundo com você.

Tessa então deitou a cabeça em meu colo.

- Acho que você vai ter suas intenções frustadas pela Tessa.
- Poxa Tess, colabora comigo! Você não quer dar uma voltinha no corredor não?!

A cachorra nem se mexeu e eu ri.

- Ok Tessa, se você não quer me ajudar vou ter que apelar.

Tom se levantou e pegou uma bolinha azul de cima do criado mudo. Tessa logo levantou a cabeça e começou a agitar o rabo eufórica. Tom foi até a porta do quarto e jogou a bolinha no corredor. Tessa saiu que nem um foguete atrás da bola e assim que ela passou pela porta, Tom fechou e trancou a porta.

- Enfim sós! - Tom disse me olhando malicioso.
- Ai que maldade, você enganou a cachorra!
- Foi por uma boa causa - Tom falou se sentando do meu lado, agora sem ninguém entre nós.
- Tom, aqui não é a hora nem lugar pra fazer isso, ok?! Estamos na casa dos seus pais, num churrasco com todos nossos amigos lá em baixo, não da pra gente simplesmente se trancar no quarto e fingir que eles não existem.
- Ninguém vai sentir nossa falta - Tom disse chegando perto e beijando meu pescoço.
- Ah, eles vão sentir nossa falta sim, pode ter certeza. A então quando se der conta de que nós sumimos, capaz de gritar pra geral que a gente tá em algum canto se agarrando - falei tentando manter a concentração, mas Tom não estava ajudando.

Ele me puxou pela cintura pra bem perto dele e continuou distribuindo beijos pelo meu pescoço.

- Tom, você tá ouvindo o que eu tô falando?
- , relaxa.

Tom então me beijou e aí já era o restante de concentração que eu tinha, porque quando ele me beijava, meu cérebro simplesmente parava de funcionar. Eu passei meus braços ao redor do seu pescoço o trazendo para ainda mais perto. Quando vi, Tom já estava em cima de mim e sua mão direita agora subia pela minha coxa por baixo da saia. Eu sabia que deveria fazê-lo parar, mas eu não conseguia. Só que quando a coisa estava ficando cada vez mais quente, ouvimos uma voz no corredor e uma batida na porta.

- Tom?! Filho, você está aí?!
- Puta que pariu! - Tom praguejou baixinho enfiando a cara no edredom da cama. - Eu não tenho privacidade nessa casa, sabe.
- Eu disse que isso não ia dar certo e que iam sentir nossa falta.

Tom então se levantou relutante e foi se arrastando até a porta, enquanto eu levantava da cama dele e tentava arrumar minha saia, meu cabelo e pegava um espelho da minha bolsa pra limpar onde certamente o batom estava borrado. Tom abriu só uma fresta da porta e colocou a cabeça pra fora.

- Oi, mãe!
- Desculpa incomodar, filho, mas já tem comida pronta, estamos esperando vocês pra comer.
- Tá bom, a gente desce em um minuto.

Tom então fechou a porta atrás de si, seu cabelo estava uma bagunça e o rosto estava todo sujo com o meu batom vermelho.

- Amor, melhor você arrumar o cabelo e lavar o rosto, você tem batom vermelho por todo lado - falei rindo.
- Eu vou fazer isso, vou lavar o rosto e jogar água no pescoço, porque tem algo bem pior aqui do que minha cara borrada, se é que você me entende.

Eu levei um minuto pra entender, mas então olhei pra baixo e entendi do que ele estava falando. Não consegui me segurar e caí na gargalhada.

- Ah, você acha engraçado, né?!
- Desculpa, mas é engraçado sim. É nessas horas que eu agradeço por ser mulher.

Tom foi até o banheiro se recompor e voltou alguns minutos depois pronto pra voltarmos pro jardim.

- Hei Tess, você ainda tá aí?! - Tom disse quando saímos pela porta do quarto.
- E com a bolinha na boca, coitada.
- Agora não é de hora brincar Tessa, vamos comer.

Tessa então soltou a bolinha e seguiu atrás de mim e Tom.

- Ah, aí estão vocês! - disse quando chegamos ao jardim. - Aonde vocês estavam, hein?!
- Aonde eles estavam eu não sei, mas o que eles estavam fazendo eu tenho certeza - falou divertida.
- fica quietinha, vai.
- Estou só terminando de colocar as coisas na mesa e já vamos comer - Nicola disse passando por nós. - Desculpe ter ido te chamar filho, mas eu quero todo mundo juntos hoje, já basta que você vai ficar um tempo fora.
- Não tem problema mãe, tá tudo certo.

Nicola então retomou seu caminho até a mesa para terminar de arrumar as coisas.

- Como assim um tempo fora? - perguntei pois não pude deixar de ouvir o que a mãe de Tom falara.
- Ah, então, isso, eu ia mesmo falar com você. Eu vou começar a divulgação de Homem Aranha Longe de Casa, então vou ter que viajar pros Estados Unidos.
- Bom, eu sabia que isso ia acontecer a qualquer momento, né, faz parte do seu trabalho. Quando você viaja?
- Amanhã.
- Amanhã, já? E quanto tempo você vai ficar longe?
- Duas semanas.
- Caraca, duas semanas! Ai, que tristeza - falei virando de costas para Tom.

Tom se aproximou de mim e me abraçou por trás, encostando o queixo no meu ombro.

- Vai passar rápido, se Deus quiser, e quando eu voltar vou ter duas semanas de folga pra ficar com você. E também quando eu voltar vou resolver esse nosso problema de privacidade - Tom disse sussurrando no meu ouvido. - Daí você não me escapa.
- Senhor, vão ser as duas semanas mais longas da minha vida!
- E as minhas então, tô indo já pensando em voltar.
- Gente venham, vamos comer! - ouvimos Nicola nos chamando pra mesa.

Nós sentamos ao redor da mesa e nos servimos. estava cortando um hambúrguer no prato de Ava, enquanto a mãe de Tom admirava a menina.

- Ah, Jeremy, sua filha é tão linda!
- Obrigado, ela é mesmo.
- E você é a mãe dessa gracinha?
- Eu? Não, imagina.
- A é só minha namorada. A mãe da Ava e eu somos divorciados.
- A tia é mãe só nas horas vagas - Ava disse rindo.
- É isso aí Ava, e só para as coisas divertidas, a parte complicada como educador eu deixo pra sua mãe e pro seu pai.
- Verdade, essa parte fica comigo e com a Soni. Mas eu tenho muita sorte, a é uma grande companheira, cuida muito da Ava.
- A gente que cuida de você, papai - Ava disse fazendo todo mundo rir. - E a tia cuida de mim quando eu tô doente, melhor que o papai.
- Poxa filha, vão pensar o que de mim? Só porque da última vez que você ficou doente eu dormi e a ficou a noite toda acordada?!
- Dormiu mesmo, até roncou - falou fazendo a gente rir mais ainda. – Não, mas falando sério agora, eu cuido mesmo com o maior prazer. Eu não quis ter meus próprios filhos, mas isso não significa que eu não goste de crianças, pelo contrário, eu adoro.
- Ai, criança é muito bom, olha eu aqui, tive quatro, e só homens.
- A senhora merece uma medalha, não sei como sobreviveu numa casa sendo a única mulher - disse.
- Exatamente porque sou a única mulher que mando mais.
- Verdade, a última palavra é sempre minha: sim senhora - Dominic disse divertido.
- Eu adoro casa cheia, não vejo a hora de ter netos correndo pela casa.

Foi nessa hora que eu quase morri engasgada com o suco.

- Ai mãe, pelo amor de Deus, isso vai acontecer um dia, mas um dia bem distante por enquanto - Tom disse enquanto eu tentava recuperar a cor.
- Só tô comentando filho. E você sendo o mais velho, eu espero que venha primeiro de você.
- Eu não mereço isso - Tom disse se encolhendo do meu lado.
- Mas e você , quer ter filhos? Ou compartilha do mesmo pensamento que a sua amiga?
- A ? A tem um espírito maternal gigante! - falou se intrometendo.
- ! - falei entre dentes.
- O que, tô mentindo? Desde que eu te conheço você fala que quer casar, ter filhos, só nos últimos tempos que você tava com aquela ideia besta de morrer solteira, mas agora passou, aleluia.

Eu não sabia onde enfiar a cara e pra piorar, percebi que Nicola me olhava como se ainda esperasse uma resposta.

- Eu quero sim ser mãe, ok?! Um dia, na hora certa.
- Ah, que maravilha ouvir isso.

Passado o meu momento de constrangimento, nós voltamos a comer, conversar e rir e no fim tenho que dizer que foi um dia muito agradável. Já no final da tarde, nós nos prepararmos pra ir embora. Nos despedimos da família de Tom e agradecemos, eu me despedi especialmente de Tessa, fazendo muito carinho nela antes de ir. Tom nos acompanhou até a garagem onde estavam os carros. Meus amigos se despediram de Tom e foram entrando nos carros, nos dando um minuto a sós.

- Então você vai amanhã de manhã, né?
- Sim, vou. Quando meu voo chegar nos Estados Unidos, eu te aviso.
- Tá bom.
- E eu vou te ligar todos os dias. E mandar mensagem antes de dormir também.
- Não esquece que eu vou estar à frente de você no fuso horário.
- Verdade, não vou esquecer.

Eu olhei para Tom e então me joguei nos seus braços, abraçando ele bem apertado.

- Eu vou sentir sua falta - falei com o rosto enterrado no pescoço dele.
- Eu também vou, o tempo todo.

Eu me afastei um pouco para olhá-lo nos olhos e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me beijou.

- Volta logo, amor - falei quando quebramos o beijo.
- Vou voltar e enquanto eu estiver fora não esquece que você é meu amor.
- Eu e a Tess - falei sorrindo.
- Sim, vocês duas!
- Ah, , podemos ir? - falou meio que constrangida por interromper.
- Vamos sim, claro.

Dei mais um beijo rápido em Tom e depois segui para o carro. Quando chegamos em casa eu contei para as meninas sobre incidente do quarto e elas quase rolaram de tanto rir. Tinha sido um dia incrível apesar de tudo e eu mal podia acreditar que ia ficar duas semanas longe do Tom. Quando deitei pra dormir naquela noite, peguei o celular e tinha uma mensagem dele: ”Você sabe que meu coração vai ficar aqui com você, né? Vê se cuida bem dele e me espera que quando você menos perceber eu to de volta.” Eu fiquei olhando a mensagem por alguns segundos antes de responder: ”Bom, se o seu coração é meu, eu não pretendo te devolver, mas vou cuidar muito bem dele sim. Vou te esperar sim, pode ter certeza, agora e sempre.” Eu deitei na cama esperando o sono chegar já morrendo de saudades do Tom, mas com uma certeza enorme, ao final dessas duas semanas, era pros meus braços que ele ia voltar.
Como eu havia dito, as duas semanas que se seguiram foram as mais longas da minha vida. Eu sentia muita falta de Tom, mesmo ele fazendo todo o possível pra se fazer presente. Ele me ligava todos os dias como tinha prometido e me mandava mensagem quando já era noite em Londres e ele sabia que eu devia estar me preparando pra dormir. Quando a saudade apertava demais, a gente fazia vídeo chamada pelo celular.

- Oi amor! - eu disse atendendo uma dessas vídeo chamadas enquanto tomava café da manhã antes de ir pra escola.
- Oi minha linda, tão bom ver seu rosto!
- Bom ver você também, mas eu queria mesmo era você aqui.
- Calma amor, agora falta pouco, só mais uma semana e eu estarei de volta.
- Acho que eu posso aguentar, né.
- - Que horas são aí?!
- Meia noite, então aí devem ser oito da manhã, certo?!
- Isso mesmo. Não tá na hora de você dormir não, mocinho?!
- Ah, você sabe que não durmo cedo, eu bem que deveria porque nossa agenda de divulgação está bem corrida, mas não consigo.

Foi então que eu ouvi aquela risada e meu coração gelou só de pensar nas mil e uma possibilidades que passaram pela minha cabeça em apenas um segundo.

- Quem tá aí?! - perguntei tentando ver atrás de Tom.
- Ah, é a Zendaya que tá rindo loucamente. Você conhece ela, né? Ela faz o filme comigo.

Minha vontade era responder: sim conheço, ela é a tal que faz a MJ e que todo mundo fala que vocês têm um affair desde o primeiro filme do aranha. Mas eu me segurei.

- Ah sim, sei quem é.
- Zen, vem cá, deixa eu te apresentar pra .

Zendaya entrou em foco na câmera do celular, pude ver seu rosto magro e os cabelos bagunçados. Aquela garota não penteava o cabelo não?!

- Zen essa é a .
- Oi! - Zendaya disse acenando para mim.
- Oi - falei com um sorriso forçado.
- Desculpa minha risada se atrapalhou vocês, eu sou um pouco escandalosa mesmo.
- Imagina, sem problemas.

Zendaya então saiu da frente do celular deixando apenas Tom novamente.

- O que ela tá fazendo no seu quarto? - perguntei sem conseguir me conter.
- Estamos jogando cartas, o Jacob tá aqui também - Tom disse virando o celular pro lado e me mostrando Jacob, que fazia seu melhor amigo no filme. - Hei Jacob, dá um oi pra .
- Oi !
- E aí Jacob?!
- Eu quero saber quando é que eu vou te conhecer, o Tom fala de você o tempo todo.

Não pude deixar de sorrir com essa informação, então ele falava de mim o tempo todo, ótimo, muito bom mesmo.

- A gente tem que marcar alguma coisa quando você vier pra Londres.
- Ou você pode vir pros Estados Unidos.
- Essa é uma boa ideia também. Aliás, da próxima vez que o Tom tiver que ir pra aí por conta do filme, acho que vou tirar uns dias de folga na escola e vou com ele.
- Faça isso, vai ser ótimo!
- Tá falando sério é?! - Tom disse virando o celular pra ele.
- Sobre ir com você da próxima vez?
- Exato.
- Muito sério. Você acharia ruim?
- Claro que não, eu ia amar!
- Então tá combinado, vamos fazer isso. Agora eu preciso ir, amor, tenho que terminar meu café e ir pra escola.
- Tá bom, vai lá, a gente se fala. Tenha um excelente dia.
- E você para de jogar e vai dormir!
- Eu vou - Tom disse rindo. - Um beijo enorme nessa boca linda, meu amor.
- Beijo amor.

Assim que eu desliguei o celular as meninas entraram na cozinha aceleradas pra comer.

- Bom dia zinha! - disse se sentando na mesa.
- Bom dia - falei com a cara meio fechada.
- Nossa, tem certeza que é um bom dia? - perguntou. - Tava falando com quem no celular?
- Com o Tom.
- Você tava falando com seu namorado e tá nesse desanimo todo?! - perguntou pegado um pedaço de pão.
- Tinha uma garota no quarto dele.
- Como assim? - perguntou arregalando os olhos assim como .
- Aquela tal de Zendaya que faz o filme com ele. Ela e o Jacob estavam no quarto dele, eles estavam jogando cartas.
- Ai, que susto, explica a história direito antes de matar a gente do coração, né - disse.
- Eu não gostei nem um pouco que ela estava lá.
- Ih pronto, começou a cena de ciúmes. - falou revirando os olhos.
- Ah tá, então vocês iam gostar de ver uma companheira de trabalho no quarto do namorado de vocês?
- , ela é só companheira de trabalho e amiga ao que nos consta, nada a ver todo esse ciúmes - disse.
- Uma amiga que o mundo inteiro jura que tem um caso com ele desde o primeiro filme!

e se entreolharam.

- zinha do meu coração, presta atenção, não começa a ver coisas onde não tem. O Tom é louco por você, não tem motivos pra você ficar tão insegura - falou.
- Mas vocês sabem o quanto eu sou insegura! Esse é um dos motivos pelo qual eu estava solteira.
- A gente sabe, mas não vamos deixar você pirar por nada. Falta uma semana pra ele voltar e quando ele voltar, vocês vão ficar juntos e você não vai nem lembrar dessa garota, ok?! - disse.
- Ok, prometo que vou tentar.

Encerramos o assunto ali, mas eu ainda fiquei remoendo aquilo por mais um tempo, agora era oficial, eu não gostava daquela garota. A única coisa que eu queria agora mais do que nunca, era que Tom voltasse o mais rápido possível pra mim.
Os dias após esse incidente da vídeo chamada passaram ainda mais lentamente e eu já tava sofrendo de tanta ansiedade quando finalmente as duas semanas de divulgação do filme acabaram.

- Que horas o Tom chega? - me perguntou enquanto conversamos encostadas na recepção da escola no final do dia e esperávamos pela , que estava se trocando.
- Ele disse que chegaria bem tarde, talvez a gente nem consiga se ver hoje. Mas só de saber que ele vai estar em Londres já me sinto melhor.
- Pronto, já podemos ir - disse aparecendo na recepção.
- Vamos então - falei pegando minha bolsa, mas antes que eu pudesse me virar pra saída da escola, alguém me segurou por trás e tapou meus olhos com as mãos.
- Adivinha quem chegou? - ouvi aquela voz que eu amava sussurrando no meu ouvido.

Tirei as mãos que tapavam meus olhos e me virei pra encontrar Tom com aquele sorriso lindo.

- Amor! - falei me jogando nos seus braços. - Pensei que você fosse chegar mais tarde.
- Eu quis fazer uma surpresa. E mesmo que eu chegasse tarde, você acha mesmo que eu ia esperar até amanhã pra te ver?!
- Eu senti tanto sua falta! - falei enterrando minha cabeça no peito dele.
- Ah, ela sentiu mesmo e a gente que teve que aguentar, Deus o livre. Não sei o que é pior, a solteira ou uma apaixonada e longe do namorado - disse fazendo e Tom rirem.
- Não to nem aí pra você, .
- Eu também senti muito sua falta. E agora teremos duas semanas só pra nós!
- Até que enfim - falei.
- Meninas, não contem conosco no final de semana pra nada.
- Por que, aonde a gente vai? - perguntei olhando para Tom.
- Eu vou te sequestrar na sexta e só vou devolver no domingo. Eu reservei um quarto em um hotel chamado Chester House Hotel, fica em Bourton-on-the-water, uma cidadezinha a menos de três horas de Londres.
- Sério?! Ai que máximo!
- Ótimo, vão mesmo pra longe de todo mundo resolver esse assunto pendente de vocês aí, porque tá dando pra sentir o fogo entre vocês a quilômetros de distância - disse gargalhando com .
- Vai a merda, - falei mostrando a língua pra ela. - Eu adorei amor!

Então eu puxei Tom para um beijo apaixonado que foi imediatamente correspondido.

- Tá bom, hora de partirmos! - disse saindo com .
- Vê se não vão se engolir vocês dois - falou, mas eu mal escutei.

Nós saímos da escola e fomos jantar em uma lanchonete, mas comer por incrível que pareça foi o que a gente menos fez, a gente não conseguia se desgrudar. Talvez a tivesse razão, a gente tava precisando resolver esse “assunto pendente” o mais rápido possível. Por isso quando a sexta chegou, eu acordei animada e de muito bom humor. Eu saí mais cedo da escola, por volta das 15h00, então corri pra casa, tomei um banho, coloquei uma calça jeans, uma baby look branca e meu all star branco, um look bem confortável pra encarar quase três horas de estrada. Eu chequei minha mala e minha bolsa e fiquei esperando Tom ir me buscar. Ele chegou pontualmente às 17h00 e eu desci pra encontrá-lo. Tom colocou minha mala no carro, enquanto eu já entrava e me acomodava.

- E aí, pronta? - Tom disse entrando no carro e colocando o cinto.
- Eu nasci pronta meu bem! - falei fazendo Tom rir.

Tom então ligou o som, deu partida no carro e nós fomos rumo ao nosso final de semana perfeito. Em menos de três horas nós estávamos parando em frente a um hotel muito charmoso, na cidade de Bourton-on-the-water.

- Ai Tom, que lindo!
- Gostou? - ele perguntou tirando as malas do carro.
- Adorei!

Nós fizemos o check-in e subimos pro quarto.

- Bom já são quase oito horas, então hoje não vai dar pra fazer nada, só jantar - Tom disse enquanto entrávamos no quarto.
- Então vamos deixar as malas aqui e vamos jantar logo. Eu bem que to com fome mesmo.
- Eu imaginei que sim.

Nós pedimos indicação de restaurantes próximos para o recepcionista e pra nossa sorte tinha um restaurante quase que em frente ao hotel. Nós comemos e Tom me contou sobre a turnê de divulgação do filme. Depois do jantar voltamos pro quarto, como a cidade era pequena não tinha vida noturna.

- Preciso de um banho, pra tirar a poeira da estrada - falei quando chegamos no quarto.
- Isso é uma ótima ideia, também preciso de um.
- Pode ir primeiro, vou arrumar minhas coisas aqui ainda - falei abrindo minha mala.

Tom então entrou no banheiro e eu comecei a revirar minha mala pegando minha necessair e tudo mais necessário para tomar meu banho. Mas o que eu estava realmente procurando era uma camisola que eu tinha trazido especialmente para aquela noite. Ela era azul escura de cetim, de alcinha, com detalhes em renda branca na parte de cima. Além disso ela era bem curta, o suficiente pra deixar as pernas totalmente a mostra. Achei ela no fundo da mala e embaixo dela tinha mais alguma coisa, um saquinho preto que eu não lembrava de ter colocado lá. Abri o saquinho e tinha um bilhete: “Minha contribuição pra vocês aproveitarem esse fim de semana. Da sua amiga mais linda, .” Olhei dentro do saco e quase cai pra trás quando vi o que tinha dentro, havia umas três calcinhas fio dental de renda, mas daquelas que é literalmente só um fio, um chicote preto e um par de algemas.

- Eu vou matar a ! - falei colocando tudo dentro do saco de volta.
- Algum problema amor? - Tom falou saindo do banho.
- Que? Não, nada - falei enfiando o saco de volta no fundo da mala. - Só me lembra por favor de matar a quando a gente voltar?!
- A tá a milhas de distância da gente, .
- Eu sei, mas mesmo a milhas de distância, ela continua causando.
- Se você cumprisse todas as ameaças que faz pra ela.
- É que eu sou uma pessoa muito boa mesmo.

Só então que eu olhei com atenção para Tom, ele estava só de cueca boxer preta, os cabelos úmidos, aquele cheiro de sabonete vindo da pele dele.

- Bom, eu vou tomar meu banho - falei saindo do transe e indo pro banheiro.

Eu tomei um banho quente reconfortante deixando a água cair pelos meus ombros. Quando saí do chuveiro, passei meu creme de corpo, coloquei minha lingerie e a camisola por cima e fiquei alguns minutos me olhando no espelho. Eu sabia exatamente o que ia acontecer naquela noite e aquilo estava me deixando nervosa de um jeito que eu nunca fiquei. Talvez porque eu nunca senti por ninguém o que eu sentia pelo Tom. Eu respirei fundo e voltei pro quarto. Tom estava sentando na cama mexendo no celular e ele continuava só de cueca. Fiquei pensando por que ele não havia se vestido, mas então pensei melhor e conclui que se a intenção era tirar a roupa, não tinha necessidade dele se vestir, né. Guardei minhas coisas na mala e vi Tom levantar os olhos do celular e me seguir com o olhar, pelo visto minha camisola tinha sido aprovada. Então eu fui até a cama, levantei o edredom e me deitei ao lado de Tom. Ele também entrou embaixo do edredom e passou o braço ao redor do meu ombro, me trazendo pra perto dele.

- Eu nem acredito que a gente tá aqui juntos, eu esperei tanto por isso.
- Ah, mas você tava viajando, curtindo a turnê do seu filme, deve ter sido ótimo também.
- Foi, claro que foi, mas eu só pensava em voltar. E eu queria também que você estivesse lá comigo pra ver tudo que eu vi.
- Eu acompanhei algumas coisas pela internet, aquela ação na Disney foi incrível!
- Nossa aquela foi uma das melhores partes da turnê, você precisava ver a cara dos fãs! E o Jake, que cara legal, me sinto privilegiado por ter a oportunidade de trabalhar com ele.
- Ele é ótimo mesmo, excelente ator.
- E dai tem nossa turma, né, o Jacob que se tornou um grande amigo desde o primeiro filme. Aliás, vocês precisam se conhecer.
- Eu vou adorar conhecê-lo.
- E tem a Zendaya também que é aquela pessoa incrível.

Só de ouvir o nome daquela garota meu sangue já ferveu. Eu me afastei de Tom e ele ficou sem entender.
- Que foi?!
- Que bom, né que você acha a Zendaya uma pessoa incrível.
- Ah não, espera um pouco, eu tô vendo uma pontinha de ciúmes aqui por causa dela?
- Não é uma pontinha de ciúmes não, é um iceberg inteiro, igual aquele que afundou o Titanic.
- Ah não, pelo amor, a Zendaya é só minha amiga!
- É ela faz a MJ, seu novo par romântico nesse filme.
- Sim, meu par romântico no filme, assim como a Laura fez meu par no primeiro filme.
- Mas ninguém nunca falou que você e a Laura tinha alguma coisa. Agora essa garota, desde o primeiro filme que todo mundo jura que vocês têm um caso!
- Porque nós somos atores, sabe, a mídia gosta dessa coisa de ver atores que fazem par romântico flertando.
- Então você admite que já flertou com ela?
- Sim, na frente das câmeras, algumas vezes. Mas eu só fiz isso quando eu era solteiro, porque fazer isso agora seria uma falta de respeito com você.
- Ah, seria mesmo. E vocês nunca passaram de um flerte?! Nem um beijo sequer?!
- Não , claro que não! Se algum dia a Zendaya teve alguma chance comigo, essa chance morreu total e completamente no dia em que eu te conheci. Desde aquele dia que eu te vi em cima do palco pela primeira vez, você é a única mulher que ocupa meus pensamentos.
- É que aquele dia ela no seu quarto, aquilo mexeu demais comigo. E as pessoas continuam falando sobre vocês, eu vi vocês juntos, vocês têm tanta química.
- Nós temos mesmo, no cinema. Mas na vida real a única garota com a qual eu quero ter química, física ou qualquer outra matéria é você!

Eu olhei para Tom, seus olhos sinceros e suplicantes.

- E meu, a gente veio aqui pra falar dela ou pra ficar juntos? Poxa, eu não tenho pensando em outra coisa nas últimas semanas do que em estar com você, eu planejei essa viagem, fiz as reservas no hotel, cuidei de cada detalhe pra que tudo fosse perfeito! Eu não quero estragar tudo por bobagem.
- Você tem razão, desculpa - eu disse me aproximando de Tom novamente e beijando seu pescoço.
- Não vamos mais falar de nada nem ninguém que não seja nós dois, ok?!Nem da minha turnê, nem sobre o filme, nada!
- Tá bom. Quer dizer, posso falar só mais uma coisinha a respeito da sua turnê?!
- O que?
- Eu vi sua foto vestido de homem aranha na Disney e, meu Deus, aquele uniforme te deixa muito gostoso - falei e Tom deu uma gargalhada gostosa.
- Então quer dizer que a tinha razão?! Você tem mesmo uma tara na minha bunda vestido naquele uniforme?!
- É claro que ela tinha razão, mas eu jamais ia admitir aquilo naquele dia, nem sob tortura.
- Bom então aproveita agora porque essa parte do meu corpo e também todo o resto é todo seu.
- Muito bom saber disso.
- E quer saber mais? Hoje não vai ter ninguém pra empatar a gente, nem Tessa, nem mãe, nem amigos, ninguém.

Eu mordi meu lábio inferior enquanto Tom me olhava no fundo dos olhos.

- Então onde foi que a gente parou mesmo aquele dia no seu quarto?!

Tom não deixou que eu falasse mais nada, ele me puxou pra junto de si e me beijou de uma forma voraz e deliciosa. Eu joguei meus braços ao redor do seu pescoço e entrelacei meus dedos em seus cabelos. Tom subiu as mãos pelas minhas coxas e delicadamente puxou minha camisola pra cima, atirando ela no chão, assim como meu sutiã. Então ele teceu uma trilha de beijos por todo meu colo, passando pelos meus seios até chegar na minha barriga. Ele beijou toda minha barriga enquanto eu suspirava alto. Por fim, ele tirou a minha calcinha que foi pro chão junto com sua cueca. Tom subiu novamente ainda beijando todo meu corpo, para encontrar minha boca. Enquanto ele voltava a me beijar furiosamente, senti ele entrar dentro de mim e arranhei suas costas. Meu corpo estava completamente entregue e quando finalmente chegamos ao clímax parecia que meu corpo ia entrar em combustão, uma sensação maravilhosa. Tom e eu deitamos abraçados tentando recuperar o ritmo normal das nossas respirações e dos nossos corações.

- Tom? - falei com a voz abafada contra o peito dele.
- Que foi?!
- Eu... Eu te amo.
- O que você disse? - Tom falou me afastando para me olhar.
- Eu não vou repetir, você ouviu.
- Ouvi, mas não tô acreditando, será que você pode repetir?
- Para de ser bobo!
- Por favor, fala de novo, só pra eu ter certeza.

Eu hesitei por um segundo, então suspirei e repeti.

- Eu te amo, seu bobão.

Tom abriu um sorriso gigante, o mais lindo e sincero que eu já vi.

- Saiba que você é totalmente correspondida. Eu também te amo, amo tanto que nem sei explicar.
- Não precisa explicar, basta sentir.

Tom encostou seu nariz no meu e eu fechei os olhos, então ele voltou a me beijar, dessa vez de uma forma mais tranquila e delicada. Não demorou muito para nós começarmos tudo de novo, aquilo era tudo que a gente queria, passar a noite inteira nos amando, como se o mundo fosse apenas eu e ele.
Eu acordei no dia seguinte com o sol entrando pela janela e batendo de leve no meu rosto. Tom e eu estávamos abraçados de conchinha, eu me virei pra ele e dei um selinho para desperta-lo.

- Bom dia! - falei enquanto ele começava a se mexer.
- Bom dia! - ele disse abrindo os olhos preguiçosamente. - Caramba, você é ainda mais linda acordando.
- Mentiroso! - falei rindo alto. - Eu tenho plena consciência de que estou com a cara toda amassada, inchada, cabelo bagunçado e provavelmente remela nos olhos.
- Tudo bem, eu não devo estar muito melhor. Ainda sim, tô adorando essa coisa de acordar do seu lado.
- É eu também tô curtindo.
- A gente precisa descer pra tomar café, né, ou você prefere que eu peça o café no quarto?
- Ah, sem dúvidas eu prefiro tomar café aqui.
- Vou pedir nosso café então.

Tom se levantou da cama, ficando de costas pra mim, enquanto pegava sua cueca do chão.

- Mas gente, não é que esse homem aranha tem mesmo o bumbum bonitinho - falei divertida.
- Ah, para com isso - Tom falou com as bochechas vermelhas.
- E ele ainda fica com vergonha, que gracinha!

Tom apenas sorriu corado enquanto pegava o telefone pra pedir nosso café. Foi o tempo de eu me levantar, colocar minha lingerie que também estava no chão, guardar minha camisola que estava jogada em outro canto e ir ao banheiro escovar os dentes, quando voltei, o café já havia chegado. Tom colocou a bandeja de café na cama e começamos a comer.

- Mas então, qual vai ser nossa programação pra hoje, o que você quer fazer?
- Sinceramente? - falei com um sorriso travesso. - Eu não quero fazer nada.
- Como assim nada?!
- Não quero fazer nada fora desse quarto. Tudo que eu quero esta bem aqui.
- Tá falando sério?!
- Tô, mas se você quiser fazer alguma coisa tudo bem... - falei mas não pude terminar pois Tom já estava me beijando.
- Não quero ir a lugar nenhum - Tom falou quebrando o beijo.
- Ótimo, então vamos ficar aqui.

E assim foi nosso final de semana, saímos do quarto apenas para almoçar e jantar, no mesmo restaurante que fomos na noite que chegamos. Fora isso ficamos no quarto conversando, rindo, vendo filmes juntinhos, mas claro principalmente nos amando muito, fosse na cama, no chuveiro ou na banheira, parece que a vontade que tínhamos um do outro não tinha fim. Quando chegou o domingo, deu até uma tristeza no coração só de saber que tínhamos que voltar pra realidade. Nós fizemos o check-out meio dia e paramos para almoçar antes de pegarmos estrada. Chegamos em Londres por volta das 16h00, Tom foi me levar em casa. Eu desci do carro e ele desceu junto, então ele encostou na porta do carro e eu o abracei pela cintura.

- Foi o fim de semana mais perfeito de todo minha vida - falei olhando para ele.
- O meu também e eu não vejo a hora da gente repetir.
- Seria ótimo, mas não vamos esperar outra viagem pra repetir o que fizemos nesse fim de semana, né? - falei rindo.
- Obviamente que não, né! Só fazem algumas horas desde que tive você nos meus braços e já estou ficando com abstinência.
- Bobo!

Tom pegou meu rosto entre as mãos e começou a me beijar bem devagar, como se não quisesse que aquele beijo terminasse.

- Ah, pelo amor de Deus, nós estamos em local público seus devassos! - ouvi a voz de dizendo bem atrás de nós.

Olhei para trás e vi acompanhada de Jeremy, ela fazia uma cara de escandalizada enquanto ele ria.

- Ah claro porque você nunca fez isso na vida né.
- Não estamos falado de mim aqui ok?
- E aí casal, como foi a viagem? - Jeremy perguntou.

Tom e eu nos olhamos.

- Maravilhosa! - respondemos em uníssono.
- Eita que eu consigo sentir os hormônios daqui! - falou. - Nós vamos subir, a tá aí em casa com o Harrison, vamos pedir pizza pro jantar. Vocês vem?
- Vamos subir, amor?
- Claro, vai ser ótimo e assim eu ficou mais um tempinho com você.
- Nós vamos pegar a mala então e já subimos, podem ir na frente.
- Aham pegar a mala é, sei, agora se agarrar mudou de nome.
- Tchau ! Sobe logo porque você já tá na minha lista negra, eu ainda vou tirar uma certa história a limpo com você.

começou a rir loucamente.

- Não precisa agradecer, , eu sei que sou uma boa amiga.
- Você é uma péssima amiga!
- Do que ela tá falando? - Jeremy perguntou.
- Nem queira saber, Jem. Ou melhor, quando a gente subir eu conto, vou mostrar pra todo mundo quem é a devassa desse grupo.
- Vamos subir logo Jem, que a mal voltou e já tá me ameaçando.

e Jeremy subiram em seguida e eu e Tom fomos pegar minha mala, mas não sem antes Tom me puxar pra um último beijo. Quando subimos para o apartamento, encontramos nosso amigos rindo e conversando animados.

- Ah, olha quem chegou, o casal vinte! - Harrison disse.
- Pensamos que vocês não iriam voltar - disse.
- Bem que a gente queria não ter que voltar - falei encostando minha mala no canto e indo até a bancada da cozinha com Tom aonde nossos amigos conversavam.
- E então gente nos contem tudo, como foi a viagem? - perguntou.
- Tudo não , eu não quero saber os detalhes sórdidos. - disse.

- Ah, a viagem foi ótima gente, realmente incrível - falei olhando pra Tom.
- Sejam mais específicos! - Harrison disse. - Como é o lugar, que locais vocês visitaram, essas coisas.

Eu e Tom ficamos nos olhando com aquele sorriso travesso nos lábios.

- Bom o hotel era ótimo - Tom falou e nós rimos.
- Verdade, o quarto era muito legal, uma decoração bem bonita.
- Como assim o hotel era ótimo?! Não, peraí, não me digam que vocês passaram o final de semana todo trancados no quarto do hotel?! - falou.
- Basicamente - eu disse.
- Não gente, não é possível que vocês não deram uma saída sequer - Jeremy falou.
- Saímos pra comer, almoçar e jantar - falei como se fosse óbvio.
- É, tinha um restaurante quase que em frente ao hotel, a comida era ótima. Fomos nele todos os dias.
- Mas que tanto fogo é esse, pelo amor de Deus? - disse.
- A gente queria se curtir da licença? Vocês fazem isso o tempo todo e ninguém fala nada - eu disse.
- A gente nunca passou um final de semana trancados no quarto de um hotel, né, amor? Talvez devêssemos tentar - Harrison disse pra .
- Era mais fácil vocês terem alugado um quarto em um hotel aqui em Londres mesmo - disse.
- Ah não, não seria a mesma coisa - Tom falou. - A gente queria ficar tipo isolados, só nós dois, ficar em um hotel em Londres ia me dar a impressão de que minha mãe podia bater na porta do quarto a qualquer momento.
- E com a sorte que a gente tem, era capaz da sua mãe bater mesmo na porta do quarto.
- Pois é, mas lá não, não teve ninguém pra interromper a gente um minuto sequer - Tom disse me abraçando por trás.
- Eu espero que pelo menos o hotel que vocês ficaram seja bom, já que não saíram de lá - Harrison disse.
- Ah, o hotel era uma graça, muito bom mesmo - eu disse.
- Era mesmo, a cama então, era perfeita - Tom completou e eu sorri.
- Meu senhor amado, tira essa imagem da minha cabeça! - disse dramática. - Vocês têm que parar com isso ou eu vou jogar água fria pra separar os dois.
- Ah, você quer que a gente pare, é?! Não foi o que pareceu com aquele presentinho que você enfiou na minha mala!
- Do que você tá falando. amor? - Tom perguntou.
- Verdade, você ficou de contar alguma coisa que a aprontou quando subisse - Jeremy disse.
- Um minuto - falei indo até minha mala e pegando o saquinho preto que estava escondido lá no fundo.

Depois voltei, abri o saquinho e despejei tudo na bancada da cozinha. Meus amigos ficaram olhando por um segundo e depois explodiam em gargalhadas.

- Mano, eu não acredito que você fez isso, ! - falou ainda rindo.
- Que foi?! Eu tava tentando ajudar o casal aí a se divertir.
- Você é uma ridícula, ! Não sei onde em sã consciência você achou que eu podia usar alguma dessas coisas.
- Olha, as algemas e o chicote eu dispensava, mas as calcinhas, você que podia ter vestido uma delas pra mim.
- Sai fora Tom, coisa mais incomoda que é usar fio dental. Eu ia sofrer à toa usando isso aí, porque não ia durar nem um minuto e você já ia tirar ela de mim mesmo.
- Ok, ninguém quer saber disso ! - disse tapando os ouvidos.
- Ah, parem vocês, só tem adultos aqui, todo mundo faz isso o tempo todo, vire e mexe eu sou obrigada a ouvir que vocês se penduraram no lustre com seus respectivos namorados. Agora é minha vez, da licença.
- Verdade, só tem adultos aqui, cadê a Ava quando se precisa dela?! - disse.
- Minha filha tá em segurança com a mãe dela.
- Vamos parar com esse papo de sexo e vamos pedir logo as pizzas pro jantar, vai - falou pegando o telefone da pizzaria na geladeira.
- Vocês ainda comem ou tão vivendo de amor? - perguntou sarcástica.
- Eu vou já te falar do que a gente tá vivendo e você não vai gostar.
- tira essas coisas da bancada da cozinha, por favor - disse.
- Pede pra engraçadinha aí tirar, ela é a dona legítima.
- Eu não quero isso não, vai que vocês tão mentindo e usaram tudo, que nojo.

Eu olhei para com um olhar fuzilante enquanto recolhia as coisas e colocava de volta no saquinho.

- Não usei nada, pode devolver pro sexy shop da onde isso veio e pegar seu dinheiro de volta - falei entregando o saquinho pra .
- É uma ingrata mesmo, pensei no presente com maior carinho e é assim que me agradece.
- Se vocês duas não pararem, vou deixar as duas sem um pedaço de pizza sequer! - disse.
- Ok, paramos! - e eu dissemos em uníssono.

Eu e fomos pra sala nos juntar aos meninos enquanto a fazia o pedido. Harrison estava sentado na poltrona, Jeremy no sofá aonde se jogou do lado dele e Tom havia se sentado no chão próximo a mesinha de centro. Eu me sentei no chão com ele no meio das pernas dele e ele me abraçou.

- Pronto gente, pedido feito. Três pizzas no capricho - disse se sentando no braço da poltrona, enquanto Harrison a segurava pela cintura.
- Espero que cheguem logo, tô morrendo de fome - disse.
- Nossa, agora que você falou, , tô com fome também, viu - falei sentindo meu estômago roncar.
- É , as vezes precisa colocar algo no estômago, sabe, não dá pra ficar se alimentando só de amor não.
- Aí que engraçada você.

Nós ficamos conversando até as pizzas finalmente chegarem. Abrimos espaço na mesinha de centro e colocamos as pizzas lá. Eu e as meninas pegamos cerveja e coca na geladeira e então todos nós tratamos de fazer aquilo que o nosso grupo fazia com muita eficiência, comer. Depois nós ainda ficamos algumas horas rindo e jogando conversa fora, até que já estava ficando tarde e os meninos tinham que ir embora. Eu e as meninas descemos com eles pra nos despedirmos.

- Tchau zinha, Tom. Juízo vocês dois! - Jeremy disse me dando um beijo no rosto e apertando a mão de Tom.
- Tchau Jem! - Tom e eu respondemos.

Jeremy também se despediu de Harrison e e foi levá-lo até o carro dele.

- Parceiro, a gente se fala - Harrison disse dando um high five em Tom e um beijo em mim. - Tchau .

também foi acompanhar Harrison até o carro dele.

- Minha hora de partir também - Tom falou se virando para mim.
- Você tem mesmo que ir?!
- Tenho, infelizmente. Mas a gente se vê amanhã, ainda tenho uns dias de folga, posso te buscar na escola todos os dias se você quiser.
- Ah, eu quero com certeza - falei colocando meus braços ao redor do pescoço dele.

Tom encostou sua testa na minha.

- Eu não sei o que você fez comigo garota, porque não têm um minuto sequer que eu não pense em você.
- Então a gente tá sofrendo do mesmo mal.

Tom me puxou para um beijo de despedida.

- Boa noite meu amor, dorme com os anjos.
- Eu preferia dormir com você, mas já que não dá, vou dormir com o anjos - falei fazendo Tom rir. - Boa noite pra você também amor, manda mensagem quando chegar em casa.
- Mando sim. Te amo!
- Também te amo.

Tom me deu um último selinho e depois foi até o seu carro, partindo em seguida. Eu e as meninas subimos de volta pro apartamento, demos uma arrumada na bagunça e depois só queríamos saber de cama. Eu levei minha mala pro quarto, tomei um banho e coloquei meu pijama. Deitei na cama e fiquei pensando em como eu estava me sentindo feliz, em como que a pouco tempo atrás eu estava querendo fugir de qualquer tipo de relacionamento e agora eu estava ali comprometida, apaixonada, amando alguém como eu nunca tinha amado. Ao mesmo tempo aquilo me dava muito medo, medo de que tudo acabasse de repente, de que todas minhas inseguranças se confirmassem e eu mais uma vez sofresse. O Tom era bom demais pra ser verdade, era tipo um sonho daqueles que a gente não quer acordar, mas daí vem a realidade e desperta a gente sem dó nem piedade.
Tom e eu aproveitamos os últimos dias de folga dele passando o máximo de tempo possível juntos. Tudo parecia estar no seu perfeito lugar e eu já tinha até me esquecido um pouco do meu medo irracional de me envolver com alguém, apenas para descobrir que não era um medo tão irracional assim. Tom voltou a correria de divulgação do filme, então tínhamos menos tempo para nos ver. O aniversário dele seria no sábado seguinte, dia 01 de junho, e nós havíamos combinado de jantar na casa dele com a família dele, porque a mãe dele não abria mão de comemorar a data em família. Depois do jantar nós iríamos encontrar nossos amigos pra curtir a noite de Londres e continuar as comemorações. Na sexta-feira à noite eu liguei pra ele, pra ver se estava tudo certo com nossos planos.

- Oi amor! - a voz de Tom atendeu animado do outro lado da linha.
- Oi amor. Tudo bem?!
- Melhor agora ouvindo sua voz.
- Bobo. Tô ligando pra saber se tá tudo certo pra amanhã?!
- Tá tudo mais que certo. Jantar com a minha família aqui em casa, as oito da noite e depois a gente vai encontrar o pessoal no pub.
- Tá ótimo então, combinado - falei olhando a sacola de presente em cima da minha cômoda, eu havia comprado um relógio de presente pra ele e também mandei fazer um bolo pra levarmos pro pub e cantar parabéns com nossos amigos. O bolo também já estava na geladeira. - Eu tô com saudades, amor - falei manhosa.
- Também tô, com muita saudades. Aliás, a melhor parte da noite amanhã, vai ser quando a gente se despedir de tudo mundo e ficarmos só nós dois.
- Eu já providenciei isso, a vai dormir na casa do Harrison e a na casa do Jem, então o apartamento é todo nosso.
- Acho digno!
- Você tá sozinho em casa?!
- Ainda não, mas vou ficar, o Sam e o Harry saíram com uns amigos e meus pais estão saindo pra jantar nesse momento com o Paddy. Eles queriam me arrastar junto, mas eu tô cansado, então vou ficar em casa com a Tessa.
- Uh entendi. Bom, então eu vou te deixar descansar, porque amanhã eu quero você em plena forma.
- Nossa, já não sei mais se vou conseguir dormir depois disso - Tom disse e eu ri.
- Boa noite amor, dorme com os anjos e sonha comigo.
- Não precisa nem pedir! Boa noite minha linda, te amo.
- Também te amo.

Eu desliguei o telefone e fiquei olhando pra parede por alguns minutos, pensando. Depois levantei da cama, tirei o pijama, tomei um banho e coloquei uma calça jeans, uma regata verde e meu all star branco. Arrumei meu cabelo e peguei meu celular, pronta pra sair.

- Aonde você vai essa hora? - perguntou da cozinha, me vendo pegar as chaves do carro.
- Vou na casa do Tom.
- Vai fazer o que lá?!
- Ver ele, oras. Ele disse que tá sozinho em casa, então pensei em fazer uma surpresa.
- Senhor, vocês não cansam nunca de ficar juntos?!
- Você cansa de ficar com o Jeremy?!

pensou por alguns segundos.

- É, não, não canso. Vai logo vai, vai encontrar teu Romeu, dona Julieta.

Me despedi de e saí pela porta. Desci até a garagem, peguei o carro e segui rumo à casa de Tom. Eu sei que ele disse que estava cansado, mas tenho certeza que ele não estaria cansado pra me ver. Cheguei na casa dele em vinte minutos, desci do carro e fui até a entrada. As luzes estavam quase todas apagadas, apenas a luz da sala de estar parecia estar acessa. Fui até a porta do jardim, que tinha entrada pra cozinha e costumava ficar aberta, e entrei por lá. Uma Tessa animada me recebeu assim que entrei na cozinha.

- Hei menina, como você está?! - falei abaixando para fazer carinho em Tessa e beijando a cachorra no rosto. - Cadê o Tom, hein?!Me leva até ele.

Tessa se virou obediente e eu segui atrás dela pelo corredor que dava na sala. Quando entrei na salak percebi que havia alguém sentado no sofá, os pés estavam apoiados em cima da mesa de centro, mas não era Tom. Era ela, a Zendaya, ela mexia no celular e parecia extremamente a vontade.

- Amor?! - Tom disse parecendo na sala, saindo da escada que dava pros quartos.

Zendaya se virou e olhou para mim, seu olhar me medindo de cima a baixo.

- O que você tá fazendo aqui?!
- Como você disse que estaria sozinho, eu vim fazer uma surpresa. Agora a pergunta é: o que ela está fazendo aqui?! - falei apontando para Zendaya.
- Ah, eu estava sozinho mesmo, mas a Zendaya chegou logo depois que desligamos o telefone, ela está passando uns dias em Londres e veio me ver.
- Olá, tudo bem?! Prazer em conhecê-la. - Zendaya disse se levantando do sofá e me estendendo a mão, que eu ignorei.
- Hora meio estranha pra uma visita, não?! - falei olhando no celular e vendo que já eram quase dez horas da noite.
- Ué, mas você está aqui também.
- Eu sou a namorada dele, eu posso aparecer a hora que for.
- E eu sou amiga dele. Eu queria ter vindo mais cedo, mas realmente não deu.
- Amor, tá tudo bem, ela só veio me visitar e estávamos conversando. Mas eu tô muito feliz que você está aqui também.
- Eu vou embora pra casa.
- Por quê?! Não, fica aqui comigo!
- Não Tom, eu vim pra te ver, pra aproveitarmos que você estava sozinho pra ficarmos juntos. Mas como você está com visita, isso não será possível.
- Eu posso ir embora, sem problemas.
- É, você deveria mesmo fazer isso.
- !
- Que foi?! Não sou eu que estou sobrando aqui.

Tom respirou fundo.

- Será que você pode ficar calma?!
- Eu to calmíssima, não queira me ver brava.
- Tom, tá tudo bem, eu vou embora. Mas será q você poderia me dar uma carona até o hotel?!
- Garota, mas você é muito abusada mesmo, pega um táxi!
- , pelo amor de Deus! - Tom disse contrariado. - É claro que eu posso te dar uma carona Zendaya e você, , pode vir junto se quiser.
- Não, não quero. Prefiro ficar aqui com a Tessa.
- Então fica, me espera que quando eu voltar a gente conversa. Me dá um minuto Zendaya, vou pegar a chave do meu carro.

Tom saiu da sala e deixou eu e aquela garota insuportável sozinhas. Eu me sentei no sofá menor, oposto aonde Zendaya estava. Tessa veio deitar do meu lado e deitou a cabeça no meu colo. Zendaya tentou mexer com ela, mas Tessa rosnou alto.

- Muito bem Tess, muito bem - cochichei na orelha de Tessa.
- Sabe eu acho que você deveria parar de ser assim ou você vai perder o Tom.
- E eu acho que você devia cuidar da sua vida ao invés de se intrometer no meu relacionamento com o Tom.
- Ok, só estou dizendo. Eu estava na vida do Tom muito antes de você ser namorada dele, nós somos amigos.
- Não sei se acredito na sua boa intenção de ser só amiga dele.

Zendaya pensou por um instante.

- É, talvez você tenha razão, o Tom é um cara incrível e é impossível ficar perto dele sem se apaixonar. Nós somos amigos porque ele quer assim, mas se você perdê-lo, eu estarei bem aqui pra consola-lo.
- Como é que é?!
- Isso mesmo que você ouviu. A gente se dá tão bem e ele nunca está cansado pra receber uma visita minha como hoje. Além disso, a gente vivia flertando antes de você chegar e se você não tivesse aparecido, nós teríamos terminado o que começamos.
- EU VOU MATAR VOCÊ, GAROTA! - falei partindo pra cima de Zendaya, mas não consegui alcançá-la, porque ela se levantou do sofá num pulo. - NÃO ADIANTA FUGIR, EU VOU ARRANCAR CADA CACHO DA SUA CABEÇA!

Quando eu tentei alcançá-la de novo senti alguém me segurar pela cintura, era Tom.

- , para!
- Ela me disse um monte de coisas sim, Tom, por que eu inventaria? Ela disse que se eu perder você ela vai te consolar e que vocês só não tiveram nada porque eu apareci!
- Você disse isso, Zendaya?!
- Eu?! Lógico que não, sua namorada é doida.
- VOCÊ É UMA VACA!
- , para agora! Chega, eu não quero mais discussão, eu vou levar a Zendaya no hotel e depois eu vou voltar, daí a gente vai ter uma conversa séria.
- Se você levar essa garota pra porcaria do hotel dela, quando você voltar, você não vai me encontrar aqui - falei já com as lágrimas escorrendo dos olhos.
- , não faz assim, você tá sendo cabeça dura.
- Eu tô avisando, eu vou embora agora e você pode esquecer que eu existo.
- , tenta entender, ela é minha amiga, eu não posso simplesmente...
- Não precisa falar mais nada! - falei me dirigindo pra saída.
- espera! - Tom disse vindo atrás de mim e me segurando pelo braço.
- Me larga agora!
- Não faz isso, vamos conversar!
- A gente não tem mais nada pra conversar. Você tá duvidando de mim, prefere acreditar nela! Eu posso ser tudo nessa vida, insegura, ciumenta, mas se tem uma coisa que eu não sou, é mentirosa! E uma dia você vai descobrir que as minhas paranóias tinham fundamento, só que aí já vai ser tarde demais!

Eu soltei meu braço do aperto de Tom e corri até meu carro. Voltei dirigindo para casa completamente devastada, as lágrimas caindo sem parar dificultando minha visão. Quando eu já estava quase chegando em casa, olhei pelo retrovisor e vi que alguém me seguia, era o carro do Tom. Entrei rápido na garagem e peguei o elevador, parando na portaria.

- Com licença, senhor Smith - falei para o porteiro que estava de plantão naquela noite, ele me olhou assustado ao ver meu rosto manchado de lágrimas. - Aquele garoto, o Tom, tá proibido de entrar aqui, o senhor entendeu?!
- Sim senhorita, pode deixar.

Eu voltei para o elevador e subi pro meu apartamento. Quando abri a porta de casa, e estavam sentadas no sofá da sala vendo TV.

- Mas o que foi que aconteceu? - perguntou sobressaltada eu me ver aquele jeito.
- Pensamos que você não fosse voltar, , a disse que você foi pra casa do Tom, fazer uma surpresa.

Só a menção do nome dele me fez chorar mais ainda, eu chorava de soluçar.

- Tô achando que ela que foi surpreendida - falou enquanto ela e vinham até mim e me abraçavam.
- Que foi que houve, pelo amor de Deus? - perguntou.
- Ela tava lá, aquela garota!
- A Zendaya? - perguntou.
- Sim! E ela me disse coisas horríveis e eu parti pra cima dela, eu queria quebrar a cara dela. Mas quando o Tom apareceu, ela negou tudo e agora ele pensa que eu sou louca!
- Mas o Tom não te ouviu?! Ele tem que acreditar em você! - falou.
- Não, ele não acreditou, ele acha que eu sou uma paranóica ciumenta, eu vi isso nos olhos dele.
- Inseto aranha vacilão! - disse. - Vocês terminaram então?!
- Terminamos, eu terminei, eu não posso ficar com alguém que não acredita em mim. Mas agora eu tô com vontade de chorar até morrer.
- Não fala besteira, garota! - disse. - Chora, põe pra fora, mas você vai sobreviver, porque nós nunca vamos te deixar sozinha.
- Fica assim não, , ele vai perceber que errou e vai se arrepender tanto. - disse me abraçando forte.
- ! FALA COMIGO!
- Mas que cacete, o que é isso gente? - disse.
- Parece que tá vindo lá de baixo - falou.

foi até a janela e abriu a mesma, olhando lá pra baixo.

- Oh, , acho que ele já se arrependeu.

Eu fui até a janela com e olhei pra baixo, Tom estava lá gritando meu nome.

- Meu, por que ele tá gritando aí em baixo?! Por que ele simplesmente não subiu?! - perguntou.
- Porque eu proibi ele de entrar no prédio.
- Caramba, tu é bicha ruim, hein - falou.
- , por favor, vamos conversar!
- Eu não tenho mais nada pra falar com você, Thomas, vai embora!
- , eu falei com a Zendaya, foi tudo um grande mal entendido!
- Se você continua acreditando naquela garota, então realmente não temos nada pra falar!
- Poxa, , amanhã é meu aniversário, não vamos estragar o dia que a gente planejou!
- Quem estragou foi ela!
- Era pra você estar comigo amanhã!
- VAI COMEMORAR COM A ZENDAYA!
- EU NÃO QUERO FICAR COM ELA! QUAL SEU PROBLEMA QUE VOCÊ NÃO ENTENDE ISSO?!
- Problema??? Você já vai ver quem tem problema!

Eu fui até o quarto e peguei a sacola de presente que estava em cima da cômoda. Depois voltei pra janela e taquei lá de cima o relógio.

- O que é isso?! - Tom disse segurando a sacola.
- Isso é o presente que a idiota aqui tinha comprado pra você! Ah, e peraí aí que tem mais!

Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei o bolo que tinha comprado.

- Não, , não faz isso! - disse quando me viu me encaminhando com o bolo até a janela.
- , pelo amor, deixa isso pra lá! - disse suplicante.
- Saiam da minha frente ou taco o bolo em vocês duas!

Eu joguei o bolo da janela bem na cabeça de Tom. Ele ficou me olhando incrédulo, surpreso demais pra ter alguma reação.

- , por que você fez isso?! - ele disse por fim.

Eu comecei a chorar novamente, as lágrimas escorrendo salgadas pelo rosto.

- Vai embora Thomas, eu não quero mais te ver, nunca mais! Eu tava muito bem fechada na minha caixinha, decidida a ficar sozinha até você aparecer. Eu abri meu coração e olha só no que deu, você partiu ele em mil pedaços!
- Eu não fiz isso, eu não queria!
- Você fez sim, agora não adianta ficar tentando colar os cacos!

Tom olhou para mim uma última vez e então se virou e partiu, todo sujo se bolo, com o relógio que eu comprei na mão. Eu fechei a janela em seguida e desabei no chão. As meninas sentaram do meu lado me abraçando.

- Oh, não faz assim com você mesma, você ama esse garoto! Não seja tão dura - disse.
- A tem razão, ele pode ter errado, mas ele vai perceber isso, ele vai ver quem é a outra de verdade e vai se arrepender. E talvez quando isso acontecer, você devesse ouvi-lo, quem sabe perdoa-lo.
- Não quero ouvir mais nada, só quero voltar pro meu mundinho de solidão aonde ninguém me machuca.

Eu continue chorando por mais um tempo no ombro das meninas até ter forças pra levantar e ir pro meu quarto. Coloquei meu pijama e deitei na cama agarrando meu travesseiro, chorando em cima dele pra abafar meus soluços. Depois de um tempo que eu já estava deitada, meu celular apitou. Peguei o aparelho e desbloqueei a tela, era uma mensagem de Tom: “Não pode terminar assim, eu não posso viver sem você.” Fiquei olhando a mensagem através dos meus olhos turvos de lágrimas. Como eu não respondi, ele mandou outra mensagem: ”Fala comigo pelo amor de Deus, esse silêncio está me matando! Eu sei que nesse momento você não acredita, mas eu te amo!” Eu bloqueei o aparelho novamente, coloquei no silencioso e joguei em cima do criado mudo. Depois me encolhi na cama agarrada no meu edredom. Eu continuei chorando até o sono chegar e quando ele finalmente chegou, eu dormi um sono profundo e agitado, bem diferente da paz que eu sentia quando estava nos braços dele.

Tom’s POV On


Aquele foi sem dúvidas o pior aniversário da minha vida. Eu não dormi nada na sexta-feira, fiquei olhando o celular por horas na esperança que ela me respondesse, mas ela não fez isso. Eu não consigo nem explicar em palavras o que eu estava sentindo, era uma mistura de tristeza, desespero e saudades sem fim. Eu queria ela de volta, queria ela mexendo nos meus cabelos e beijando meu pescoço, queria ela fazendo manha com aquele bico igual uma criança só pra que eu enchesse ela de beijos. Mas ela não estava ali comigo e ela não ia voltar, ela era a mulher que eu mais tinha amado na vida e eu havia perdido ela. No sábado fui obrigado a fingir que estava tudo bem e comemorar meu aniversário com a minha família.

- Onde está a , Tom?! - meu pai perguntou.
- Ela... Ela não pôde vir, teve uns problemas particulares pra resolver - respondi sem coragem de contar o que de fato havia acontecido.
- Está tudo bem entre vocês?! - minha mãe quis saber.

Olhei para minha mãe, eu não poderia mentir pra ela, porque ela conseguia ver o que se passava dentro de mim só de me olhar.

- Vai ficar tudo bem - falei querendo acreditar naquela afirmação.

Depois do jantar com a minha família, eu disse que ia encontrar meus amigos conforme combinado no pub, mas aquilo foi apenas uma desculpa pra sair um pouco de casa. O Harrison até perguntou se eu não queria sair pra esfriar a cabeça, mas eu neguei. Acabou que eu fiquei andando por horas pelas ruas de Londres sem rumo, eu nunca tinha me sentido tão perdido na vida. Os dias que se seguiram não foram muito melhores, a única coisa que me distraia um pouco era quando tinha algum compromisso de trabalho. Na quarta-feira à noite eu estava sozinho em casa, jogado na cama vestindo só uma calça de moletom, o cabelo todo bagunçado. Na mão eu segurava o relógio que ela havia comprado pra mim, eu não tinha largado aquele relógio desde aquela sexta, eu passava oras segurando ele tão forte até os nós dos meus dedos ficarem brancos, como se aquilo pudesse trazê-la pra mais perto de mim. Foi então que a campainha tocou, por um momento meu coração se sobressaltou com a possibilidade de que fosse ela. Eu coloquei o relógio no pulso, desci as escadas correndo e fui até a entrada, mas minhas esperanças morreram no momento em que eu abri a porta.

- Zendaya?! - falei confuso.
- Oi Tom! Será que posso entrar?!
- Pode, claro - falei dando passagem para ela.

Zendaya entrou e seguiu até a sala, sentando no sofá.

- O que você está fazendo aqui?!
- Bom, eu ainda estava aqui por Londres e pensei em te fazer uma visita. Incomodo?!
- Não, imagina, eu só não esperava te ver - falei sentando ao lado dela no sofá.
- Você não está com uma cara nada boa.
- É, eu tô péssimo.
- Você e a sua namorada, vocês terminaram?!
- Ela terminou comigo e ela não fala comigo desde então. Ela não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens. Eu já não sei o que fazer, estou desesperado!
- Talvez você simplesmente devesse esqueça-la e seguir em frente.
- Como se isso fosse possível. Eu amo a mais que tudo nessa vida, eu quero ela de volta, eu preciso ter ela de volta.
- Ai Tom, tem só dois meses que você conhece essa garota. Como pode sofrer tanto por alguém que acabou de conhecer?!
- Eu não sei, mas tempo não tem nada a ver com sentimentos. Eu me apaixonei por ela desde o primeiro instante quando a vi em cima do palco dançando.
- Isso é ridículo. Amor tem que ser construído com a convivência.
- Nem todo amor é igual. Mas escuta uma coisa, você veio aqui pra me dar apoio ou pra questionar o que eu sinto?!
- Eu vim aqui pra te dizer que você não precisa ficar se rastejando atrás dessa garota, você é muito melhor do que isso. E também que eu estou aqui, eu sempre estive aqui Tom - Zendaya disse colocando sua mão sobre a minha.

Demorei um segundo pra processar o que estava acontecendo e quando meu cérebro finalmente entendeu, eu retirei minha mão debaixo da dela rapidamente.

- Você está dando em cima de mim?!
- Qual a surpresa?! Não seria a primeira vez. Nós costumávamos flertar o tempo todo.
- Aquilo não era sério, pelo menos eu nunca levei a sério.
- Pois é, mas talvez eu tenha levado.

De repente tudo fez sentido pra mim, todas as vezes em que a Zendaya estava perto de mim, como ela me tratava diferente dos demais e quando ela soube que eu estava namorando, como aquilo pareceu atingi-la de uma forma estranha. Meu Deus, a estava certa o tempo todo, ela gostava de mim e eu duvidei da , eu era mesmo um idiota.

- Você realmente falou aquelas coisas pra , não foi?!
- Talvez eu tenha dito uma coisa ou duas.
- Uma ou duas coisas?! Você me fez achar que a minha namorada estava pirando, você acabou com o meu namoro! - falei levantando do sofá.
- Eu não tenho culpa que a sua namoradinha é insegura.

Eu respirei fundo pra me controlar, minha vontade era gritar.

- Zendaya, escuta bem o que eu vou te dizer porque eu não vou repetir. Eu não gosto de você! Pra mim você é apenas uma amiga, mas é a que eu amo!
- Mas ela não está mais aqui.
- Mas ela vai voltar pra mim! Porque eu vou concertar a burrada que eu fiz, eu vou sim rastejar pelo perdão dela e vou ter ela de volta nem que seja a última coisa que eu faça!

Eu me encaminhei até a entrada e abri a porta.

- Agora se você me dá licença, eu gostaria que você fosse embora. Eu não quero mais discutir com você pra não estragar nossa amizade. E eu espero que você tenha entendido, se você quer continuar sendo minha amiga.

Zendaya se levantou e se dirigiu até a porta.

- Essa garota enfeitiçou você. Será que você não vê que ela não vai te fazer feliz?!
- Ela me faz o cara mais feliz do mundo e se eu estou triste nesse exato momento, é justamente porque eu tô sem ela.

Zendaya então não disse mais nada, ela saiu pela porta sem olhar pra trás. Eu voltei pro meu quarto e deitei na minha cama, fechei os olhos com força reprimindo uma vontade enorme de chorar. Eu fiz o amor da minha vida sofrer, ficar magoada, isso era horrível. Mas eu ia dar um jeito naquilo, eu ia achar um jeito de trazer a de volta pra mim. Eu lembrei que no próximo sábado ela e as meninas tinham apresentação da escola. Estava decidido, eu iria na apresentação e provaria pra ela o quanto eu a amo. Comecei a pensar em tudo, em como eu faria isso e eu esperava sinceramente que o que eu tinha em mente fosse o suficiente pra ela me perdoar.

Tom’s POV Off


Nós tínhamos uma apresentação no sábado seguinte e eu estava totalmente desconcentrada. Eu juro que pensei seriamente em pedir para não fazer parte dessa apresentação, mas eu não podia deixar o pessoal da escola na mão. Eu me esforcei ao máximo para me dedicar aos ensaios durante a semana, mas confesso que só meu corpo estava lá, porque a cabeça estava constantemente ausente. Mais de uma vez precisei pedir licença nos ensaios pra sair da sala, tomar uma água, isso quando eu não ia até o banheiro ter uma pequena crise de choro, geralmente isso ocorria quando alguém me perguntava sobre o Tom. Eu sentia tanto a falta dele que chega doía, era como se estivesse faltando um pedaço de mim. Mas eu não ia voltar atrás, eu não podia simplesmente esquecer o que aconteceu e ir atrás dele. Quando o sábado chegou, eu acordei e fiquei um bom tempo deitada na cama olhando pro teto, a mente vagando.

- Hei , você não vai levantar não? - perguntou passando pela porta do meu quarto.
- Já vou.

entrou no meu quarto e se sentou na minha cama.

- você acha mesmo que tem condições de dançar hoje?! Eu digo porque você pode acabar errando a coreografia ou pior pode acabar se machucando fazendo algum passo errado.
- Eu vou dançar, , eu não posso deixar o pessoal na mão. Além disso, eu não vou deixar que ninguém me tire o prazer que eu tenho de estar em cima do palco.
- Então tá, né. Nesse caso é melhor você levantar, porque temos um dia longo pela frente.

Eu criei coragem e me levantei pra começar a correria do dia. Em dia de apresentação sempre tínhamos mil coisas pra fazer, então eu nem senti o dia passar. Quando dei por mim, já estava na hora de sairmos pro teatro, Jeremy e Harrison já estavam nos esperando na porta do nosso prédio. Chegamos no teatro em pouco tempo, eu e as meninas fomos direto pro camarim enquanto os meninos já iam para os seus lugares na plateia. Quando terminamos de nos arrumar, fomos para a coxia assistir o início do espetáculo, já que nossas danças eram mais pro final. O locutor anunciou que o espetáculo iria começar.

- Senhoras e senhores é um prazer recebê-los essa noite para mais uma apresentação da Pineapple Dance Studios - disse o locutor. - Vamos iniciar a noite recebendo a turma de sapateado. Mas antes de começarmos teremos uma apresentação especial.

O palco então se iluminou com um único foco de luz no centro, havia uma cadeira e um microfone. Então alguém veio do outro canto do palco com um violão na mão. Eu demorei um pouco para perceber o que estava acontecendo, mas quando a pessoa tomou seu lugar no foco de luz, eu pude ver claramente: era Tom, era mesmo ele ali em cima do palco.

- Mas o que?! - falei olhando para as meninas e elas deram de ombro tão surpresas quanto eu.

Tom sentou na cadeira, apoiou o violão na perna e ajustou o microfone.

- Boa noite a todos - ele cumprimentou a plateia. - Eu sei que esse é um espetáculo de dança, mas se vocês me derem licença, eu vou usar esse espaço para concertar um erro grave que eu cometi.

Meu coração disparou pela boca, eu saí da coxia e corri em direção a escada que descia do palco para a plateia, com as meninas atrás de mim. O que quer que ele fosse fazer, eu precisava ver aquilo de frente.

- Tem uma bailarina aqui hoje, o nome dela é e ela é a pessoa mais linda que eu já conheci, em todos os sentidos, tanto na aparência quanto no coração.
- O que ele pensa que tá fazendo?! - falei para as meninas.
- Fica quieta e escuta, cacete - falou.

Nesse momento o olhar de Tom encontrou o meu. Eu estava ali parada, bem próxima ao palco junto com as meninas, algumas pessoas ainda tentando entender o que três dançarinas, todas vestidas pra dançar com suas respectivas roupas, estavam fazendo paradas perto da plateia.

- Essa garota... - Tom continuou. - ...era minha namorada, mas ela terminou comigo há alguns dias e a culpa foi toda minha. Eu não enxerguei o que estava bem debaixo do meu nariz e ainda desconfiei dela, coloquei em dúvida sua palavra, eu fui um completo idiota.

Vi meus colegas da escola espiando pela coxia, eles me olhavam lá de cima curiosos.

- E é por isso que eu estou aqui, pra tentar concertar o erro que eu cometi.

Tom então olhou diretamente pra mim.

- , eu sei que eu não sou cantor, eu sou ator, bailarino, ginasta, mas cantor não, mas eu tenho treinado muito esses dias pra estar aqui hoje. Eu quero oferecer essa música pra você, porque ela diz tudo que eu quero te dizer, ela expressa perfeitamente o que tem sido minha vida sem você. Todos os dias desde que você se foi têm sido sem graça, sem vida, sem sentido. Então eu espero sinceramente que você possa me perdoar e voltar pra mim, eu preciso que você volte, porque sinceramente eu não sei mais o que fazer.

Tom então posicionou o violão e começou a tocar os primeiros acordes da música. Não demorou muito para que eu identificasse qual música era e tenho que dizer que aquilo era muito golpe baixo, a música era Too Much Too Ask do Niall Horan.

“Waiting here for someone
Only yesterday we were on the run
You smile back at me and your face lit up the sun
Now I'm waiting here for someone
And oh, love, do you feel this rough?
Why's it only you I'm thinking of
My shadow's dancing
Without you for the first time
My heart is hoping
You'll walk right in tonight
Tell me there are things that you regret
'Cause if I'm being honest I ain't over you yet
That's all I'm asking
Is it too much to ask?
Is it too much to ask?
Someone's moving outside
The lights come on down the drive
I forget you're not here when I close my eyes
Do you still think of me sometimes?
And oh, love, watch the sun coming up
Don't it feel fucked up we're not in love
My shadow's dancing
Without you for the first time
My heart is hoping
You'll walk right in tonight
And tell me there are things that you regret
'Cause if I'm being honest I ain't over you yet
That's all I'm asking
Is it too much to ask?
My shadow's dancing
Without you for the first time
My heart is hoping
You'll walk right in tonight
And tell me there are things that you regret
'Cause if I'm being honest I ain't over you yet
My shadow's dancing
Without you for the first time
My heart is hoping
You'll walk right in tonight
And tell me there are things that you regret
'Cause if I'm being honest I ain't over you yet
That's all I'm asking
Is it too much to ask?
That's all I'm asking
Is it too much to ask?
That's all I'm asking
Is it too much to ask?”


Quando a música terminou, todo mundo aplaudiu, inclusive meus amigos. Quanto a mim, eu estava com o rosto lavado de lágrimas, minha maquiagem perfeita tinha ido pro espaço. Aquilo foi tão lindo, a coisa mais linda que alguém fez por mim, meu coração já estava derretido por completo. Tom colocou o violão em cima da cadeira e desceu do palco, indo até mim.

- Será que você consegue me perdoar?

Eu me joguei em seus braços, o envolvendo pelo pescoço.

- Você é um idiota, sabia?! - eu disse entre lágrimas.
- Sabia, você é muito melhor do que eu e esse é só um dos motivos pelo qual preciso de você do meu lado, embora não seja o principal motivo.

Eu me afastei um pouco para olhar em seu rosto.

- E qual é o principal motivo pelo qual você me quer do seu lado?!
- É porque eu te amo infinitamente, desde que você chegou não tem espaço pra mais ninguém no meu coração, você é única!
- Eu também te amo, aranha do bumbum bonito!

Tom sorriu e depois me puxou para um beijo apaixonado. Eu pude escutar vagamente as pessoas aplaudindo e assobiando para nós.

- Desculpa aí casal, mas a gente ainda tem que dançar. - disse divertida.
- Verdade, e agora eu tô com a maquiagem toda borrada.
- Nós vamos te ajudar a se arrumar, - falou.
- Tá bom, vamos - eu falei e olhei para Tom novamente. - A gente se vê depois do espetáculo.
- Com certeza, estarei te esperando. E quando você estiver dançando, lembre-se que eu estarei bem aqui na primeira fila te aplaudindo.

Eu sorri, dei um selinho nele e segui com as meninas. O espetáculo continuou e quando chegou minha vez de dançar, eu já estava impecável novamente. Quando subi no palco para fazer meu solo, olhei lá de cima e vi Tom me olhando orgulhoso. Quando o espetáculo acabou, eu e as meninas nos trocamos e fomos encontrar os garotos, decidimos sair pra jantar.

- Então estamos aqui novamente jantando, como na primeira vez em que Tom se juntou a nossa turma. E quanta coisa mudou! - Harrison disse.
- Pois é, o Tom conseguiu derrubar as barreiras que a nossa tinha erguido em volta de si - Jeremy disse.
- Que derrubar que nada, ele é o homem aranha, ele escalou e entrou na barreiras sem pedir licença. Era de um cara desses que a gente precisava o tempo todo - disse fazendo todos rirem.
- Vocês são tudo um bando de bobões mesmo - falei.
- Você também é , uma boba apaixonada - falou.

Nós terminamos de jantar e fomos embora. A foi dormir na casa do Harrison, a na casa do Jeremy e assim o nosso apartamento ficou todinho pra mim e pro Tom, como deveria ter sido no dia do aniversário dele.

- Você está usando o relógio! - falei quando já estávamos no elevador subindo pro apartamento.
- Estou, eu adorei.
- Desculpe por ter estragado seu aniversário.
- Você não estragou nada. E também isso não importa mais, está tudo bem agora.

O elevador parou e nós descemos, eu logo abri a porta do apartamento e nós entramos em seguida.

- Mas então, será que podemos comemorar seu aniversário agora, atrasado?! - falei fechando a porta com um sorriso malicioso.
- Ah, podemos, com certeza!

Tom me puxou pela cintura e colou nossos lábios com fervor, um beijo cheio de saudades, cheio de vontade. Não demorou muito e nós já estávamos no meu quarto, nos livrando de todas as peças de roupa que estavam entre nós, sentindo novamente o calor de nossos corpos colados um no outro. As sensações que Tom causava no meu corpo eram as melhores do universo, eu não poderia realmente viver sem aquilo. Depois de fazermos amor de forma intensa, ficamos deitados na cama, abraçados de frente um para o outro. Tom analisava meu rosto enquanto eu mexia em seus cabelos, aquelas ondas perfeitas que eu amava.

- Eu pensei que nunca mais teria você no meus braços e isso me assustou de uma forma que eu não sei nem descrever - Tom disse me olhando nos olhos.
- Eu também pensei que nunca mais ficaríamos juntos e isso estava me matando.

- Eu prometo que nada mais vai nos separar, . Inclusive aquela pessoa que quase nos separou, já está bem ciente de que pra mim só existe você.

- Acho bom mesmo, porque se ela começar de graça de novo, eu vou terminar o que eu comecei aquele dia.
- Minha ciumenta linda! - Tom disse beijando meu queixo.
- Sou mesmo, o que é meu é meu e ponto.
- Sou seu sim, com muito prazer.

Tom voltou a me beijar e nós começamos tudo de novo. Passamos a noite toda nos curtindo, matando aquela saudade que estávamos. Eu me sentia completa outra vez, eu me sentia amada e me sentia em paz novamente.
As coisas voltaram pro seu devido lugar, Tom e eu juntos como deveria ser. Quando chegou a data da estreia de Homem Aranha Longe de Casa, eu fui com Tom na premiere, entramos juntos no tapete vermelho. Eu finalmente conheci o Jacob, que gostou de mim na mesma hora, eu podia sentir que seríamos grandes amigos. Jake também foi super simpático e eu expressei minha admiração em relação ao trabalho dele como ator. Quem não gostou muito de me ver foi a Zendaya, ela estava com cara de poucos amigos, inconformada de que no fim eu e Tom havíamos voltado. Sim, porque eu podia ver na cara dela exatamente o que ela estava pensando, mas eu não estava nem aí. Desfilei com Tom toda glamorosa no meu vestido longo vermelho que foi escolhido com cuidado semanas antes, parando para tirar fotos.

- Parabéns Tom, muito bonita sua namorada - um dos fotógrafos disse enquanto clicava a gente juntos.
- Eu tenho bom gosto, né?! - Tom disse me olhando em seguida e encostando seu nariz no meu num gesto apaixonado que foi clicado freneticamente pelos fotógrafos.

Eu não sei se um dia eu ia me acostumar com aquela chuva de flashes, mas o que realmente importava pra mim, era estar com Tom. Nós assistimos ao filme e meu Deus, que filme! Depois dos acontecimentos de Vingadores Ultimato, foi ainda mais impactante assistir Homem Aranha em primeira mão. Alguns dias depois, nós nos reunimos com nossos amigos num sábado à noite, decidimos ir até um pub que tinha música boa e karaokê.

- Galera vamos beber! - Jeremy falou trazendo canecas de cerveja pra mesa.
- E vamos brindar a que? - perguntou.
- A vida, oras! - Harrison disse.
- Isso e também vamos brindar ao fato da nossa ter desencalhado, ter conseguido manter o relacionamento, embora quase que o negócio desandou e a finalmente termos paz, porque ela tá feliz! - disse fazendo todos rirem.
- Você é tão engraçadinha, né ?!
- Eu??? Você acha mesmo? - disse rindo e eu mostrei a língua pra ela.
- Bom nós podemos brindar ao fato de que nosso grupo finalmente está completo, tá melhor assim?! - Jeremy disse.
- Tá ótimo assim Jem - falei.
- E tudo graças a mim, porque fui eu que trouxe o Tom pro grupo - Harrison disse.
- Antes tarde do nunca, né amor - falou.
- Tenho que concordar com a , não sei por que você não me apresentou antes, Harrison.
- Eu apresentei na hora que tinha que apresentar, que coisa.
- Eita que o inseto aranha já tá abusado.
- você sabe que eu não sou o homem aranha de verdade, né?!
- Mentira! Eu jurava que tu tinha um lançador de teias escondido aí no pulso!
- Não, sinto te decepcionar, mas é tudo feito pela magia do cinema.
- Nossa, que coisa Tom, se você não tivesse me contado eu nunca ia saber - disse irônica. - Mas não importa, você vai ser sempre o inseto aranha pra mim.
- E quanto aquela coisa de eu ser sangue novo e ser zoado, eu já passei dessa fase, não?!
- Já, mas isso não é válido para apelidos.
- Oh, gente será que a gente pode brindar antes que a cerveja fique quente? - falou.

Nós juntamos nossas canecas e fizemos um brinde entusiasmado. Depois de bebermos um pouco, começamos a cantoria no karaokê. Subimos no palco e cantamos juntos uma música atrás da outra. Em meio a muitas risadas o que eu mais enxergava era Tom, cantando sempre olhando pra mim. Ele se aproximou e me envolveu pela cintura com a mão livre, a outra segurava o microfone.

- Eu te amo pra todo sempre - Tom sussurrou no meu ouvido.
- Também te amo pra sempre.

Tom me beijou delicadamente enquanto nossos amigos nos zoavam. Logo nós voltamos pra cantoria junto com eles. Eu estava plenamente feliz, finalmente aquele medo, aquela insegurança de me envolver com alguém havia sumido por completo. No fim a tinha razão com suas citações de Capitão América, todo mundo precisava encontrar o parceiro ideal. E eu havia encontrado o meu par perfeito, pra dançar ao meu lado até o fim dos tempos.




Fim.



Nota da autora: Sem nota.





Outras Fanfics:

She's Like The Wind
Ready To Run
Hungry Eyes

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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