Capítulo 24
JANEIRO:
Exatamente um ano depois que selaram a grande aposta, Zayn retornava às aulas e fazia o mesmo caminho pelos corredores da Eton. O clima frio era o mesmo e os estudantes corriam pelo campus aberto para se abrigar do rigor do inverno com a mesma pressa de um ano atrás. Todavia algumas mudanças latentes ocorreram nesse mesmo cenário e a primeira delas era que Malik não estava acompanhado por uma morena que falava demais e sim por uma loira elegante e encantadora.
Durante alguns anos a sua rotina de primeiro dia foi a mesma: levantar, vestir o uniforme reservado que já ficava na porta do closet para que ele não tivesse trabalho procurando, descia e cumprimentava a mãe antes de passar na casa da prima para irem para o colégio, lá ele sempre dava um beijo de boa sorte na menina antes de ir procurar os amigos.
Agora, no entanto, sua mão estava quentinha contra a luva aveludada que usava, e os dois mantinham a mesma conversa que começaram no restaurante favorito da loira, o 34 Mayfair, que foi onde Zayn escolheu para irem tomar café juntos antes de seguirem para a Eton. E o tema "qual o limite moral para o tanto de calda que eu coloco nas minhas panquecas" continuou até chegarem no jornal da escola, onde já estava sentada em seu trono de dona do mundo e Louis estava logo atrás, fazendo um vídeo para sua stories, falando sobre como ele merecia ser pelo menos indicado para a categoria "os mais bonitos do ano" na noite do baile.
- Bom dia, casal mais bonito da Eton! - a mais velha abriu os braços e riu da feição constrangida de , enquanto Zayn revirava os olhos.
A verdade é que eles estavam tão cheios de panqueca que não sobrou espaço para a infelicidade, então tudo seria levado na brincadeira pela próxima hora. E Westwick não estava muito atrás no quesito bom humor.
A ruiva se encontrava num estado pleno de paz graças ao incrível sexo matinal que lhe deu ânimo para começar o semestre com o pé direito e uma reunião com todos aqueles preguiçosos do jornal, sendo Payne o pior deles. E Louis não conseguia se conter de animação por saber que mais um pouquinho e eles estariam livres do maldito colegial.
- Cadê todo mundo? A reunião não era às oito? - Malik soltou a mochila no chão e se apoiou contra um dos arquivos de aço, puxando para um abraço quentinho.
- E desde quando alguém me escuta, Zayn? - respondeu com outra pergunta, um tanto quanto dramática, diga-se de passagem.
- Você tem razão, o problema somos todos nós, seus redatores inúteis…
- Ah, você é perfeito, Malik… Só o resto deles não prestam mesmo.
Ortega chegou em seguida, protegida por casacos, toucas, cachecóis e mais uma coleção de inverno inteira, e Liam, que era o principal acessório de seu retorno triunfal às aulas. Ela falou que ia dormir na casa da melhor amiga, mas todo mundo sabe que Liam foi também e, inclusive, não se via sinal de entre eles, o que comprovava ainda mais sua teoria de que os dois eram mentirosos e se mereciam. Embora a verdade é que eles levantaram super cedo e foram à academia juntos antes de começar de verdade o dia.
- ! Payne… Payne, você podia fazer o favor de colocar um saco na sua cabeça quando entra no meu jornal?
- Bom dia pessoal, cala a boca, Westwick. - o rapaz sorriu para a menina, que segurou o grampeador pronta para acertá-lo, mas foi impedida por Louis, que mesmo ocupado com celular pressentiu que a namorada estava prestes a atacar alguém.
- Cadê a ? O Niall? O Hazza? A ? - Orteguinha foi dar um beijo na bochecha do primo e acabou ganhando um também.
- Ué, você não dormiu na casa dela? Se tem uma pessoa que devia saber onde aquela bruxa está, essa pessoa é você. - Zayn sentiu que estava prestes a desmascarar a caçula.
- Nós saímos mais cedo pra ir na academia. - Liam explicou, revigorado após uma hora de intensa atividade física. Ele encarava o melhor amigo completamente cético por ver que o idiota ficava o tempo todo duvidando de suas intenções. - E depois tomamos café lá em casa.
- Nós fomos comer no 34. - falou feliz. Tinham dias em que eles estavam em sintonia e a manhã fria era um daqueles dias, definitivamente.
- Nós não tomamos café, pulamos diretamente pra sobremesa. - Lou finalmente guardou o celular e, quando falou, falou uma grande bosta, porque as duas mais novas ficaram sem graça, e só revirou os olhos, mas acabou sorrindo satisfeita.
- Enfim, o Niall e a devem estar dormindo e vão se atrasar só pra variar. E o Harry foi tomar café com a e a Diane. - explicou sucintamente.
não queria começar o primeiro dia de aula porque significava que a contagem regressiva para todo mundo ir embora havia oficialmente começado. Niall estava com pena da criança melancólica, e eles passaram parte da madrugada abraçados e conversando sobre histórias engraçadas do passado do grupo. Nada de chegar na primeira aula, carinho na cama e croassaint com muito chocolate foram o suficiente para tranquilizar as ansiedades da princesinha do grupo e só então o casal se preparou para começar o dia.
Harry e chegaram rindo das histórias absurdas que Diane contou para os dois durante o café da manhã e como Christopher concordou com todas, apertando a mão da esposa delicadamente a cada intervalo para parecer que estava interessado nas fofocas, e Styles brincou falando que se via exatamente assim em dez anos.
Quando o sinal tocou pela primeira vez no semestre, desistiu da reunião porque ninguém além de Liam apareceu, e todos pegaram suas mochilas e se dirigiram para as salas de aula, onde os professores já os aguardavam com toneladas de conteúdos e conselhos sobre a última etapa da melhor fase acadêmica que um estudante poderia passar.
Todo início de ano era o mesmo sofrimento, as baixas temperaturas forçavam os alunos a disputarem por espaço dentro de um refeitório que estava preparado para acomodar todos os estudantes, mas dificilmente você ficaria confortável com o fato de dividir-se do seu grupo porque não tem lugar pra todo mundo em uma só mesa.
E os professores pareciam sentir a ansiedade dos adolescentes, porque seguraram quase todas as turmas o máximo que puderam, e a regra de não correr pelos corredores foi violada tão deliberadamente que os inspetores não sabiam quem fichar primeiro.
e foram as únicas sortudas do grupo a sair cedo e o desespero nos olhos das duas crianças só aumentava na medida em que o refeitório começava a lotar e as pessoas tentavam se aproximar da mesa para dez lugares vazia e chamando a atenção de todos os grupos. A verdade é que as duas pentelhas não intimidavam ninguém e só não perderam a mesa porque Benett fez companhia para as duas até um Zayn muito desesperado chegar lá.
- O que você está fazendo aqui, Benett?
- Só fazendo companhia pra e a sua namorada antes que alguém tomasse essa mesa à força. – o rapaz sorriu porque Malik foi incrivelmente rude e isso era um sinal claro de que os garotos não conseguiriam manter as aparências por muito mais tempo. O relógio estava correndo, e ele contava cada segundo para ver a desgraça daqueles idiotas.
- Eu senti que ia ter que brigar fisicamente por essas cadeiras hoje. – princesinha Styles confessou e sorriu aliviada.
- Sim! Obrigada, Jason! – concordou e, por mais indiferente que fosse a tudo relacionado ao grupo, o atacante respirou fundo quando a loira lhe ofereceu o sorriso mais lindo e sincero que ele já havia visto na vida.
Mas se ele titubeou, ninguém notou.
- Imagina. Agora eu vou voltar pra minha mesa.
- Não precisava nem ter vindo. – Malik não se conteve. Estava tão transtornado em ver o outro rapaz com a sua garota e a garotinha de seus amigos (ele tinha dúvidas a quem se referir: Niall ou Harry).
- Zayn! – se virou para o moreno, chocada com a brutalidade das palavras e do comportamento que era perigosamente similar ao do dia em que ele bateu no melhor amigo. - Primeiro dia de aula e ele já está agressivo...
- , ele vai voltar agora pra mesa dele. Já foi bondoso demais por hoje. – o moreno insistiu, enquanto o observava, no mínimo horrorizada com tanta hostilidade sem motivo aparente.
- Não antes de eu convidá-lo... – tentou mais uma vez, começando a se irritar com a postura ridícula do amigo. Ela estava prestes a fazer um escândalo ali e Deus sabe disso.
- Convidá-lo pra porra nenhuma. Vaza daqui, Benett. – E com essa última estupidez, ele cruzou os braços e esperou o capitão do time se afastar tranquilamente.
O silêncio na mesa foi desconfortável porque a caçula Styles nem sabia o que dizer para o amigo que estava começando a se tocar que exagerou no tratamento e ficou envergonhado, mas não queria que as meninas percebessem.
- Zayn, o que foi isso? – foi cautelosa em sua pergunta, mantendo os olhos no namorado, que já estava ocupado em tirar sua pizza da embalagem e abrir a latinha de coca-cola sem fazer uma bagunça.
- A cara dele me irrita. Só isso. – murmurou e encheu a boca de pizza para não ter que responder mais perguntas.
A loira desistiu do interrogatório assim que Liam sentou de frente para eles e revirou os olhos quando viu Harry e sua namorada entrando no refeitório. Os dois estavam numa luta porque aquela girafa de all star estava pendurado na criaturinha que já não achava mais tão engraçado tê-lo ao redor.
- Harry, você já pode me soltar. – ela pediu entediadamente quando chegaram na mesa e não conseguiu sentar porque ainda estava presa. A cada vez que ela pedia pra ser solta, ele ria mais.
- Posso?
- Aham.
- Mas eu não quero. Você é tão cheirosinha... – Harry soltou a caçulinha com relutância e, ao invés de sentar em uma das cadeiras, como os normais, sentou na ponta da mesa e cruzou as pernas enquanto assistia os amigos comerem.
- E você é tão grudento... – respondeu com o mesmo tom afetado que o amigo usou, rindo outra vez agora que estava livre.
- Agora você sabe como o Liam se sente com você sufocando ele o tempo todo. – Zayn, que assistiu a todo o teatro, limpou a boca com o guardanapo e riu. Seu melhor amigo achou o comentário um pouco engraçado, mas preferiu não rir para evitar que a namorada realmente achasse que ele pensava assim.
- Oi, primo! – Ortega ignorou a acusação boba do menino e sentou ao lado do namorado, dando um beijinho na boca com gosto do chá quente que ele tomava.
- Oi, priminha.
- Liam, você não vai acreditar no que aconteceu: - Styles roubou um cubinho de queijo da salada da irmã e esperou que o amigo prestasse atenção para começar a contar: - eu fui buscar sua namorada na sala dela, e o Sr. Bahr falou alto "Srta. Ortega, o seu namorado está aqui.", e era eu quem estava na porta!
Apesar de muito engraçada a história, principalmente porque todo mundo na mesa conseguia visualizar com as bochechas vermelhas de vergonha e o sorriso sem vergonha que Harry deve ter dado no momento, Payno preferiu saber mais sobre um ponto muito mais importante:
- Por que você foi buscar minha namorada?
- Porque você está ocupado demais pra se preocupar com esses pequenos detalhes. – o cacheado respondeu como se fosse MUITO óbvio. A verdade é que tudo começou por uma busca por , mas por que não aproveitar a oportunidade de envergonhar alguém que ele gostava tanto, não é mesmo?
- Ele tem um bom ponto, sweetheart. – concordou com um aceno, entretida em separar todo o brócolis que veio junto com o macarrão. Uma coisa era dizer pra todo mundo que gostava de salada, outra totalmente diferente era ter que ser obrigada a colocar aquele pedaço de mato na boca e fingir que isso era aceitável.
, por outra via, não conseguia não olhar para a amiga desprezando o pobre legume e estava se segurando para não ser indiscreta e comentar sobre como era só um pouco e a caçula não morreria se comesse.
Zayn observava a namorada encarando o ritual de e riu sozinho porque já conhecia o sermão que viria se ousasse tentar convencê-la a comer o alimento.
- É? Vai sentar no colo dele então. – Liam respondeu baixinho e murmurou um "tô brincando" quando viu o sorriso de Harry ao ouvir a proposta indecente.
- Cadê o Louis? Eu passei na sala de Biologia e ele não estava lá há muito tempo. – soltou o notebook na mesa e olhou para cada amigo em busca de uma resposta sobre o paradeiro do garoto, que sempre passava em sua aula desde que começaram a andar juntos. Sua bandeja com o almoço estava com dois hambúrgueres, duas coca-colas, duas porções grandes de batata e dois potinhos de salada do McDonalds que ela pegou para si e para Lou, do jeito que ele gostava.
- Ele está te traindo. – Li parou de comer só pra se concentrar em ficar sério e dar aquela resposta.
e pararam de comer para assistir a reação da ruiva, mas aparentemente ela estava mais preocupada com a atual localização do namorado do que em fazer Liam infeliz.
- Cala a boca, Payne. – ela revirou os olhos e, para evitar passar mais raiva, falou diretamente com Malik, o único dos garotos naquela mesa que ela não odiava. - Você viu ele, Zayn?
- Não, ruiva. Mas a probabilidade de ele estar com o Gelner é alta. – o moreno já estava em sua segunda fatia de pizza e comia pensando em como não sentiria falta de almoçar em paz quando aquele semestre acabasse. Não dava pra colocar um pedaço de comida na boca sem ser interrompido por um dos amigos que falava demais!
- Não, eu já chequei lá. Foda-se, eu não vou esperar ele, estou morrendo de fome. – sentou ao lado da melhor amiga e desempacotou rapidamente o hambúrguer apetitoso.
- Ele e a foram pro carro dele fumar. No meio da aula. – finalmente se pronunciou. Ela os encontrou no carro do amigo enquanto voltava da reitoria, e a justificativa que recebeu para os olhos pesados e sorrisos bobos é que eles tinham fumado há uma meia hora porque tinham o horário vago.
- Vocês são uma péssima influência para a menina. – Liam reclamou.
Ninguém teve nem a coragem de falar alguma coisa porque ficou no ar a dúvida: ele estava falando sério ou era deboche?
Para as meninas, a fé na amiga era real. Os meninos já apostariam no sarcasmo, mas não tinham tanta certeza do quão brincadeira era o comentário e, pra evitar entrar numa discussão sobre como era o capeta, todo mundo ficou quieto.
- Na verdade foi bem inteligente, deu tempo pra aproveitar, agora eles podem vir comer e vão voltar bem pra aula. – Zayn voltou a falar da tática espera do amigo, que conseguiu o timing perfeito para a atividade ilegal que poderia facilmente causar expulsão caso fossem pegos. - Por que o Tommo não me chamou?
- Chamou pra quê? – Niall, que ninguém sabia onde estava e de onde veio, já chegou sendo curioso e ansioso para ter uma oportunidade de passar as informações que descobriu nas primeiras horas de aula. Mas por enquanto se contentou em roubar um beijo apaixonado na namorada. – Oi, babe.
- Irlanda, você podia escrever alguma merda pra eu colocar na edição dessa semana. Ainda tem uma coluna inteirinha para preencher, e eu não sei mais o que colocar até a Foster voltar com as fofocas...
- E o que eu teria pra falar, ? – Horan tinha a mania de revirar os olhos para algumas coisas que a melhor amiga de falava, mas todo mundo sabia que se ela sugerisse que pulassem de um precipício, ele iria junto, porque era o filhote de Louis e sempre que queriam fazer alguma coisa errada.
- Não sei. A gente pode chamar sua coluna de "Memórias de um cuzão que traiu a namorada com a irmã caçula do amigo". – Westwick sugeriu maldosa.
- , você nunca me responde quando eu pergunto se você estava com o Niall enquanto ele namorava. – Harry limpou a boca no guardanapo e mirou a irmã que estava na sua frente, do outro lado da mesa – Quando você vai parar de me enrolar?
- Hazza, você não pode dar ouvidos pra todo boato que surge, eu já te falei isso um milhão de vezes. – a menina segurou as pontas como pôde, enquanto Horan virava um pimentão e pedia licença pra ir comprar uma água.
revirou os olhos diante a burrice do irlandês, Liam cutucou para prestar atenção na conversa, estava se esforçando muito para não parecer curiosa e Zayn permaneceu com a cabeça inclinada, se divertindo muito com a conversa dos irmãos.
- Tá, então vocês não começaram com isso enquanto o Niall namorava? – o cacheado perguntou só para se certificar, já que nunca obtinha uma resposta exata sobre os rumores fortes de que sua irmãzinha era amante daquele branquelo azedo.
- E isso importa? – a loirinha arqueou as sobrancelhas, olhando rapidamente para o namorado que acabava de sentar ao seu lado enquanto tomava toda a água da garrafinha, nervosamente.
- Claro que sim. Uma coisa é vocês estarem namorando e outra é você ter sido a amante dele. E olha que eu nem imaginava que existia algo mais patético do que vocês dois juntos. – ele sussurrou para si a última parte, mas não falou tão baixinho assim porque ouviu e não gostou:
- Quer falar sobre ser patético, Hazza? Que tal a gente falar sobre você a trepando por aí sem compromisso? – princesinha Styles perguntou com a expressão mais adorável e simpática que conseguia colocar quando estava impaciente com a perturbação do mais velho. Perturbação essa que nunca existiu até que as conversas sobre o início da relação de Horan e começarem a despertar dúvida em todos.
- Isso não é da sua conta. – o primogênito franziu o cenho e voltou a comer, querendo dar o assunto por encerrado, uma vez que ele não queria namorar ninguém, e todo ser humano que tinha a habilidade da fala, ficava enchendo o saco como se ele fosse uma criança que não sabia o que estava fazendo.
- Nem a minha vida é da sua.
Payne aproveitou que todas as atenções estavam em cima da discussão dos irmãos Styles e cochichou para a namorada, que ainda lutava com as partículas de brócolis no meio de seu almoço:
- , eu estava pensando o quão ruim seria se eu não fosse ver você hoje.
nem ao menos tirou os olhos do prato, mas soltou os talheres, tomou ar para falar, pensou melhor e voltou ao que estava fazendo enquanto procurava as palavras certas para explicar pra aquele gostoso ao seu lado, que ele não tinha escapatória.
- Bem ruim. Minha mãe ia fazer eu terminar com você. – ela acabou encontrando o argumento ideal, que não deixava de ser uma grande verdade porque a Sra. Ortega adoraria a oportunidade de odiar o genro para sempre caso ele perdesse a apresentação.
- Ai, meu Deus... – Liam resmungou mais alto, completamente frustrado com a não resolução de seu problema - Eu não estou afim de ir, baby doll...
- Ir pra onde?
- Pra onde vocês vão?
A enxurrada de perguntas veio de uma só vez, e a reação de Liam e foi o que entregou que realmente havia algo planejado, porque os dois congelaram e ficaram olhando para o nada, tentando evitar os olhares curiosos dos amigos que esperavam uma resposta.
- Quem vai pra onde? – chegou com Louis logo atrás carregando as mochilas dos dois para que ela pudesse se equilibrar com a bandeja de almoço. – Oi, meu bem. – deu um beijinho no menino de cachos e foi sentar ao lado de e Liam, que tinham reservado uma cadeira para ela.
- Eles dois vão sair hoje. Ou iam. O Li não quer ir. – Niall explicou tudo o que entendeu até o momento, embora esperasse que um dos dois complementasse a informação vaga.
- Tá com medinho da sogrinha, Liam? – chutou o melhor amigo levemente, já que não tinha como empurrá-lo com o ombro, que era o que ela mais gostava de fazer nas hipóteses de provocação.
- Na verdade a Amina é o menor dos meus problemas. – Payno resmungou - Ter que ficar preso em um teatro com você por duas horas é o que me desestimula.
- Calma, a está indo também? – levantou, em estado de alerta porque estava descobrindo a maior traição do século bem ali, na sua cara.
- Claro, eu vou toda vez. – a morena respondeu como se fosse evidente. Não perdia um desde que a melhor amiga começou com aquela merda.
- Bom, agora eu quem não quero ir. – Malik se desestimulou ao lembrar que teria que respirar o mesmo ar que Meester durante duas horas. Era insustentável sofrer por tanto tempo.
- Pra onde, inferno? – segurou a latinha vazia com força, prestes a arremessar em alguém para conseguir a informação que tanto queria saber.
- Para a apresentação de dança da ! – Zayn e falaram juntos e muito impacientes, porque a menina ficava perguntando insistentemente sobre algo tão óbvio. E isso foi suficiente para iniciar outra onda de questionamentos indignados:
- O quê? Você se apresenta?
- Você dança mesmo?
- Porque nós não fomos convidados?
- Obrigado, Li... – murmurou entre dentes e respirou fundo antes de colocar seu melhor humor para responder os amigos: - Gente, é só mais uma apresentação e é chato, por isso o Liam não quer ir.
- Deixa eu ver se entendi, você dança e nunca chamou nenhum de nós pra ver? – estava com as mãos na cintura, em pé e de frente para a amiga caçula que também poderia ser chamada de grande mentirosa.
- Na verdade, eu tenho que ir toda vez. – Zayn confessou, nem um pouco orgulhoso disso. Mas ainda assim ganhou olhares de "Nossa, como você é chato hein."
- Eu também. – Meester não estava tão triste assim, inclusive seu sorrisinho idiota estava irritando Harry, que nem sabia que a garota tinha um compromisso naquela noite. O que iria acontecer se ele tivesse planejado um encontro surpresa pros dois? Ela não pensava nessas coisas?
- Em minha defesa, hoje vai ser minha primeira vez. - se pronunciou pela primeira vez, sentindo compaixão da amiga porque se colocou no lugar dela e sofreu com a imagem dos sets, onde trabalhava, lotados com nove criaturas que falavam alto, brigavam e se atacavam publicamente.
- Você foi convidada? - Tommo bateu na mesa, definitivamente revoltado com aquela caçulinha ridícula que ele mimou por tanto tempo e agora tinha a cara de pau de tirá-lo de sua vida. – Porra, ! A foi convidada e eu não? Eu sou a pessoa que mais gosto de você aqui e não sou convidado?
- O que ela tem que eu não tenho, hein? - Harry, o mais magoado deles, perguntou sério.
- Eu já falei, não achei que vocês iam se interessar. É entediante. Desculpa. - A voz da menina era cada vez mais fraca, e ela começava a se perguntar se foi um erro não tê-los convidado antes, esquecendo que se tivesse feito o dito convite há uns dois anos, todo mundo teria rido de sua cara.
- Tudo bem, nós vamos hoje então. - decidiu e todos concordaram antes de voltarem para as salas de aula.
- Querido, deixa eu ajustar isso para você. - Amina pediu, arrumando a gola da camisa social que Liam usava.
Há cinco minutos ela já tinha mandado um "Acho que já dá pra fechar esse botão, querido" e obrigou o menino a ficar com todos os botões fechados em uma coisa sufocantemente elegante. E antes disso, no restaurante, deixou sentar ao seu lado, mas fez questão de ser a companhia do lado esquerdo e ficava observando cada maldito movimento que ele fazia.
Trisha estava do seu outro lado, rindo sempre que a cunhada fazia uma exigência boba, e mais importante: impedindo que ele pudesse conversar com Zayn e , que estavam logo ao lado cochichando e rindo de vez em quando.
É claro que ainda tinha sua melhor amiga, mas a idiota estava ocupada conversando com tio Rob e esqueceu completamente de sua sofrida existência há duas cadeiras dali, principalmente porque o homem estava julgando as pessoas do feed da menina e ela não conseguia ficar séria quando ele se horrorizava com o tanto de roupas feias que as pessoas estavam usando ultimamente.
Ainda tinha uma última opção, que era fazer companhia para , que estava em seu próprio camarim lá atrás, e ficar por lá até a hora do espetáculo começar. Mas onde estava a coragem para peitar a sogra e falar "Eu vou ficar sozinho com a sua filha naquela salinha enquanto ela usa aquele collant maravilhoso"? Fazer isso quebraria as duas regras que a mulher impôs: não ficar sozinho com ela e não atrapalhar a dança.
Portanto ele se concentrou em não morrer entre as duas mulheres pela próxima hora, já que até quando ele suspirava entediadamente Amina perguntava se estava tudo bem. E no instante que o outro quinteto, que não participou do jantar da família, colocou os pés no edifício, ele se levantou e não voltou mais até o final da noite.
- Uau, ! - Zayn ficou babando na graciosidade da amiga, que estava encantadora no vestido longo que usava. - Harry, tira uma foto nossa?
Já havia tirado uma foto com sua loira favorita do mundo mais cedo, que inclusive era a única das meninas que estava de calça, uma calça de alfaiataria que a tornava a mulher mais notada do lugar, como se já não bastassem os seus 1,75m mais os centímetros do salto alto.
- Na horizontal ou na vertical? - Styles pegou o telefone do amigo e ligou a câmera enquanto esperava os dois se posicionarem de maneira que o teatro inteiro era o pano de fundo da foto linda e cara. - Foda-se, tirei dos dois jeitos. E alguém precisa tirar uma foto minha com o meu bem aqui.
- Vocês podem parar de passar vergonha aqui? Tira essa merda de foto lá fora! - estava uma princesinha da boca suja em seu vestido e os cabelos vermelhos presos em um coque delicado.
- Cala a boca, Westwick. - revirou os olhos e foi assim que a foto saiu: Styles sorrindo charmosinho enquanto abraçava a menina que posava para a foto até o pescoço, mas o rosto estava torcido em uma careta de desgosto direcionada a . E foi assim que Harry postou.
- não fala assim com a minha namorada! Assim não dá! - Louis foi o primeiro a sentar e não se incomodava nem um pouco com a movimentação dos amigos no meio do corredor.
O local estava parcialmente cheio e, quando o espetáculo começasse, todos os telefones deveriam ser desligados para o bom aproveitamento do momento, além, é claro, de não atrapalhar a performance dos artistas.
- Eu não tenho culpa que você escolheu uma idiota como namorada, Lou. - murmurou enquanto passava pela primeira cadeira que estava ocupada com uma bolsa grande e um buquê de flores lilás, então por Lou, , , Niall, , Zayn, Liam e por fim Harry até chegar no último assento vago da fileira.
- Nós trouxemos uma faixa, mas ficou lá fora e já deve ter sido roubada a essa altura… - Niall lamentou, ainda chateado com a segurança que foi firme na decisão de não deixar o cartaz entrar.
- Isso aqui é tão legal! Faz tempo que eu não colocava um vestido longo! - mexeu na alça de seu vestido, ajustando-o para não amassar enquanto ficasse sentada.
A verdade é que até agora tudo corria perfeitamente bem, com exceção das olhadelas reprovadoras de Amina, que estava sentada tão longe deles que nem dava pra ameaçar as crianças com olhar. E a conversa paralela continuaria até o evento de fato começar.
Como Liam estava conversando com Harry e , Zayn decidiu se entreter com e a olhou dos pés à cabeça pela milésima vez na noite, impactado com a beleza da garota que acariciava sua mão distraidamente.
- A sua sogra está obcecada com a sua roupa, loira. - ele sussurrou no ouvido da menina, deixando um beijo suave sobre o ombro dela.
- Até o seu pai me elogiou, Zayn. O seu pai! - arregalou os olhos enquanto lembrava de como ela se sentiu em êxtase quando o sogro beijou sua bochecha e disse "você está fantástica, querida". - Eu nunca fiquei tão nervosa assim na minha vida!
- Eu sei, fiquei com medo de você fosse derrubar alguma coisa. - Malik gracejou e o sorriso sumiu do rosto da garotinha atormentada pelos pesadelos da grande vergonha que passara há alguns dias. E infelizmente o bobão presenciou tudo e não esquecia o dito fato.
- Engraçadinho.
- Me desculpa, babe. Eu só não consigo superar a imagem linda que foi você derrubando o manequim no sexshop.
- O quê? - a pequena pergunta ecoou de cadeira em cadeira e assim, do nada, sete cabeças estavam voltadas para o casal que fora pego de surpresa.
- Zayn… - Hilton murmurou, constrangida.
O garoto por outro lado, estava tendo problemas para controlar o riso e, assim que se recompôs, começou a contar a história:
- A gente estava em um sexshop no dia do meu aniversário, e a vendedora convidou a pra ir no segundo andar, onde estavam as fantasias mais adultas. Ela ficou tão nervosa que derrubou uma manequim vestida de enfermeira safada e tentou juntar, mas o braço da coisa soltou e todo mundo lá dentro parou pra ver a cena.
Alguns momentos de silêncio precederam as risadas e as conjeturas a respeito da possibilidade de se conseguir as imagens das câmeras do local, e só afundou em sua cadeira, quietinha enquanto todo mundo queria saber mais sobre o manequim/enfermeira safada que ela derrubou sem querer.
- O que você estavam fazendo em um sexshop? - Tommo basicamente deitou em cima do colo da namorada para ouvir direito cada palavra daquela conversa.
- A não tem nem idade pra estar em um sexshop… - Niall murmurou, envergonhado. A menina era uma irmã mais velha e nenhum garoto está preparado para ver a irmã mais velha dentro de um sexshop com o namorado que não é nem um pouco confiável.
- O que você deu de presente de aniversário pro Zaza, ? - apoiou o queixo no ombro de Horan enquanto os olhos verdes destilavam curiosidade sobre o assunto.
- Nós só estávamos passeando e ele quis entrar pra ver. - ela explicou, mortificada. Zayn merecia pagar por ter vazado essa história, mas ela não conseguia pensar uma punição boa o suficiente para aquele péssimo namorado que só servia parar rir enquanto ela tinha todo o trabalho de se explicar. - Eu ainda falei que não, mas a próxima coisa que eu lembro é de estar com febre no rosto, de tanta vergonha.
- Não precisa ter vergonha porque você vai em sexshops, boba. O que vocês compraram? - estava achando aquilo tão bom! Como seu favorito hobby, constranger as pessoas era uma atividade relativamente fácil quando o alvo das brincadeiras era alguém tão recatada e quieta como sua grande amiga .
- Nada! - a loira fechou os olhos maquiados com força, torcendo para que aquilo fosse só um sonho estranho, mas quando os abriu novamente ainda estava sendo estranhamente observada.
- Eu queria ter pego um par de algemas, mas ela ficou desestabilizada e a gente teve que ir embora. - Malik continuou a constrangê-la, completamente controlado agora que compartilhou com todos o motivo de todas as suas risadas na última semana.
- Nós estamos precisando de algemas novas, babe. Aquela machuca meu pulso. - virou-se para Niall e levantou os pulsos enquanto falava, deixando todo mundo estupefato.
- ! - o irlandês chamou a atenção da menina enquanto assistia Harry, há três poltronas dali, congelado e olhando para a frente muito chocado.
- Vocês usam algemas para o quê em especial? - perguntou com um sorriso indecifrável, ela estava uma mistura de surpresa com "isso é engraçado", mas também interessada em saber.
- Já chega. - o pobre Styles pediu baixinho, lutando para não imaginar porque sua irmã se machucaria com algemas, mas falhando miseravelmente e sentindo o jantar caríssimo voltar por seu esôfago.
- Shhhhh! A Amina já olhou pra cá umas três vezes. - Liam reclamou quando o burburinho aumentou. Ele estava ouvindo toda a conversa, mas a única coisa que pensava é que faziam meses desde a última vez que havia transado e falar de sexo para ele era como amarrar uma pessoa que come muito e deixá-la por meses com fome, mas sempre falando sobre pratos apetitosos.
A vida estava difícil assim para o rapaz.
- Não me manda calar, Payne. Não é nossa culpa que a filha dela não sai logo pra dançar. - encostou a cabeça no ombro de Louis, sentindo-se subitamente cansada e sonolenta.
As luzes do teatro foram apagadas, indicando que o show estava prestes à começar, e funcionários começaram a passar pelos corredores para garantir que todos estavam cumprindo a expressa proibição de manter os aparelhos celulares desligados.
- E essa historinha de não poder usar celular é ridícula. Onde já se viu isso? - cochichou para ninguém em especial, sentindo a súbita ansiedade de quem deveria passar a próxima eternidade longe da internet.
- Todo teatro é assim, . - resmungou, mal-humorada. O braço de Lou ao seu redor estava sendo o travesseiro perfeito e, se sua melhor amiga fizesse o favor de calar a boquinha, ela tiraria uma soneca deliciosa.
Para sua grande sorte, logo o casal de loirinhos descobriu que aquela escuridão infernal era perfeita para trocarem uns beijos sem serem notados e foi isso que eles fizeram, porque a programação era uma merda e eles descobriram que, além de , mais umas vinte pessoas iriam dançar, e todos não passavam de pontinhos se movimentando para lá e pra cá.
- Lou, a sua ideia da camiseta não vai dar certo. Desculpa. - sussurrou para Tommo, quando percebeu que a apresentação estava chegando ao final e eles estavam mais próximos do constrangedor momento de vestir as camisas que o garoto providenciou.
- Por que não? Inclusive vocês já deveriam estar vestindo. - o moreno estava certo de que todo mundo participaria da "homenagem" ou ele faria um escândalo.
- Não faz sentido vestir agora se ela não vai ver. - Hilton sorria, mas chorava por dentro.
- Mesmo assim, a ideia é fazer uma homenagem à nossa artista. - ele insistiu, convicto de que sua posição em ficar orgulhoso da pequena dançarina era a atitude mais nobre que tomara naquele ano que só começava.
- Louis, eu não quero estragar minha roupa! - interferiu em prol da causa da amiga.
As camisetas estampadas com uma foto da menina Ortega eram cafonas e não tinham nada a ver com o rigoroso código de gala que o evento noturno requeria.
- Coloca só no final então, estraga-prazeres. - Tommo cruzou os braços e voltou a olhar para a frente, fazendo charme para que as meninas se sentissem mal e vestissem as camisetas que ele pagou tão caro para mandar fazer, já que a empresinha teve uma tarde para providenciar as nove peças em tamanhos diferentes.
- Olha como você fala comigo, Lou. Eu já vou passar uma vergonha dessas por você! - a princesinha suspirou, dando-se por vencida e aceitando que teria de colocar a camiseta por cima de seu vestido maravilhoso.
- Na verdade é pela . - Louis revirou os olhos.
- Ela vai odiar isso. - Liam falou baixinho, consciente de que a namorada ia ficar com vergonha alheia quando colocasse os olhos no circo que seria ver todo mundo vestido com aquelas coisas feias. Seu celular começou a vibrar e ele tentou ignorar, mas na terceira vez que isso aconteceu, ele foi ver quem era:
Xx Liam. xX
Xx Liam. xX
Xx Liam. xX
Xx Sim, Sr. Ortega? xX
Xx Por que você está usando o celular aqui dentro? Não tem vergonha de quebrar regras assim? xX
Xx Você também está usando, Sr. Ortega. xX
Xx Eu sou sensacional, criança. xX
Xx Com certeza, Sr. Ortega. xX
Xx Você viu o link que eu te mandei? xX
Xx Muito engraçado o ministro da saúde tropeçando, Sr. Ortega. xX
Xx Também achei. Enfim, minha mulher está pra acertar o celular e a carteira dela em vocês. Calem a boca porque eu não quero ter que ir até aí. xX
Xx Okay, Sr. Ortega. xX
Quando as luzes voltaram, a metade dos adolescentes bocejou e espreguiçou enquanto esperavam que o pessoal da frente começasse a sair e a multidão se dissipasse o suficiente para que pudessem ir até o camarim de . Quando o lugar estava relativamente vazio, Louis abriu a mochila e entregou as camisetas de tamanho único para cada um deles e todo mundo voltou a colocar os casacos para que ninguém além da homenageada visse a marmota.
Eles se encontraram com os pais da amiga no corredor, e Trisha deu um beijinho no filho antes de seguirem para fora do backstage lotado de outros pais e amigos que também estavam ali para prestigiar seus queridos.
Louis foi o primeiro a entrar e já chegou levantando , que estava sentada com os pés descalços protegidos por uma toalha felpuda e macia:
- Orteguinha, você foi incrível! - ele abraçou-a com tanta força que a menina levantou do chão.
- Sim! Eu estou encantada! - fez questão de abraçar a menina, que era quase como uma cunhada, e congratulá-la pelo excelente trabalho no palco.
- Você dança mesmo! E muito! - Niall e Harry foram abraçar a caçulinha juntos e a amassaram em um abraço apertado antes de se afastarem para mexer nas coisas do camarim da garota.
- Confesso que estou chateada porque demorou muito pra você aparecer, caçulinha. - já sentou na cadeira que estava sentada anteriormente e mandou a real.
Em sua cabeça, eles iriam sentar lá e assistir dançar por duas horas consecutivas, mas acabou que ela só apareceu em dois atos e todo mundo ficou decepcionado.
- Vocês gostaram? - estava muito satisfeita, não só com os elogios dos instrutores, bem como pela presença dos amigos que gostaram de sua apresentação. - Obrigada pelas flores, Liam!
Ela colocou o lindo buquê ao lado das flores que seu pai também lhe deu quando foi parabenizá-la mais cedo.
- As flores são do Harry. - Payno disse só quando recebeu seu beijo de agradecimento e se sentiu na necessidade de justificar porque entregou as flores como se fossem dele - É que eu me encontrei com o seu pai ali fora e estava segurando pro Harry vestir a blusa dele e não quis dizer que não eram minhas…
- De nada, Betty. - Styles piscou para a caçulinha e foi surpreendido com um beijo na bochecha, da menina agradecida pelo gesto tão educado.
Apesar de ser um babaca na metade do tempo, Harry foi bem criado e jamais iria prestigiar o trabalho de uma garota sem levar o símbolo universal da estima a uma pessoa querida.
Louis estava ansioso para mostrar as camisetas e, antes que mais alguém pudesse falar, ele tomou as vozes e começou a monologar:
- E se você ficou se perguntando "que blusa ele estava vestindo?"...
- Na verdade não fiquei me perguntando nada, Lou. Embora seja estranho que vocês estejam com tanto frio aqui dentro… - Orteguinha interrompeu, mas logo notou que todo mundo estava muito agasalhado. Seria o calor da apresentação ou ela estava doida?
- Deixa eu terminar de falar, criança. - Tommo tentou bagunçar o cabelo dela, mas estava tão preso que nenhum fio saiu do lugar - Nós queríamos mostrar nosso apoio a você, mas fomos impedidos porque aparentemente existe um código de vestimenta aqui dentro…
- Louis vai direto ao ponto, honey. - pediu, ávida para ver a infelicidade no rosto da menina assim que visse o que eles todos estavam usando.
- Está bem. Todo mundo em 3, 2, 1....
Apesar dos murmúrios de "ai, meu Deus", "a gente precisa mesmo fazer isso?" e "eu te odeio, Louis", no 1 todo mundo tirou os casacos e, de repente, o cômodo ficou branco demais.
- Minha nossa! - Orteguinha piscou duas vezes, tentando absorver as nove caras suas que estavam no peito de todo mundo.
- Você gostou?
- E-Eu… Uau! É muito… chocante! Eu estou chocada, Lou. Você quem teve essa ideia? Quando vocês tiveram tempo pra arrumar isso?
Tantas perguntas e nenhuma resposta que justificava o uso de uma foto tão cafona para ser estampada em nove camisetas...
- Eu sabia que você ia adorar, caçulinha. - Louis abraçou a menina pelos ombros enquanto orgulhosamente pegava o celular para tirar uma selfie com a estrela da noite. - Você não vai querer saber o que eu precisei fazer pra consegui-las…
- O que você precisou fazer, Louis? - Westwick cerrou os olhos, interessada em saber mais do que o namorado precisou fazer para chegar até ali com aquele material.
era naturalmente ciumenta e aparentemente o bom humor de Louis era um afrodisíaco natural que atraía atenção indesejada. Muita. Tommo costumava se acabar em risadas toda vez em que os dois se encontravam numa situação assim.
- Eu não posso dizer, mas posso garantir que não ofereci favores sexuais pra nenhum ruivo. - ele jogou beijo para a menina, relembrando o épico episódio em que ele afirmava que havia ficado com um cara para conseguir favores para o grupo. Podendo dizer também que aquele foi o começo da grande paixão dos dois.
- Vai tomar no cu, Tomlinson. - não achou tão romântico assim.
ficou quieta a maior parte do tempo, incomodada com um pequeno detalhe sobre a noite e Harry, que conhecia a irmã, estava atentamente aguardando até que ela perdesse a paciência e falasse. E quando ela o fez, não decepcionou:
- Olha, eu vou ser honesta: eu não enxerguei você, . Quer dizer, você poderia muito bem ter ficado aqui sentada e alguém ter ido lá dançar por você.
- Mas eu falei que estaria de branco! - a caçulinha cresceu os olhos, frustrada com a falta de atenção não só de , mas de todos os outros que pouco a pouco assumiam que também não faziam muita ideia de quem era quem naquele palco distante.
- Tinham seis pessoas de branco. - ajudou .
- Eu não acredito que vocês vieram aqui com essas camisas feias e nem me viram dançar de fato. - a caçulinha começou a recolher as coisas dentro da bolsa gigante, que pesava mais do que ela.
- O importante é que todo mundo de branco dançou muito bem e se você era uma dos de branco, arrasou. - falou porque seu celular estava com menos de dez por cento de bateria e isso só podia significar uma coisa: é hora de ir para casa.
Além do fator mais importante é claro, que era o descanso de sua melhor amiga. A morena sabia que se deixassem por conta ninguém iria embora e a conversa só teria um fim quando a caçula desmaiasse de sono bem ali na frente deles.
- O importante é que todo mundo sabe agora que você realmente sai pra treinar, quando fala que vai treinar. - falou e todo mundo começou a rir.
- O que vocês achavam que eu ia fazer??? - já ouvira aquela conversa tantas vezes, mas custava acreditar que os bocós falavam sério mesmo.
- Muitas teorias sobre isso, Orteguinha. Nenhuma que você gostaria de saber. - Styles deu um suspiro sério.
- Acho que a mais bizarra era a que você deixaria a gente pra sair com o seu outro grupo de amigos.
- Que outro grupo?
- Pois é, agora nós sabemos que não tem mais ninguém na sua vida. Felizmente.
- Eu hein. - Ortega sorriu e decidiu que era mesmo hora de ir pra casa: - Obrigada por terem vindo pessoal, agora eu preciso me trocar pra gente poder ir embora.
O grupo começou a se movimentar para sair com exceção de Louis e Harry que ficaram no mesmo lugar e cruzaram os braços para ficar mais confortável. Ninguém nem precisou perguntar porque eles não se moveram já que as intenções dos espertinhos ficou clara, a medida que começaram a gritar que só iam ficar para ajudar conforme Zayn e Liam os empurravam para fora.
Ser segunda-feira não foi empecilho para todos eles, com exceção da cansada bailarina, saírem pela cidade na busca de um pub para comer batata frita e tomar cerveja até as primeiras horas da madrugada.
Contudo felizmente o fim de semana não demorou para chegar e a casa Meester estava estranhamente quieta o que indicava a ausência da matriarca Diane. O rapaz deixou os sapatos ao lado da escada, consciente de que não estariam ali quando ele descesse e subiu os degraus vagarosamente, checando a rede social da sogra para descobrir o paradeiro da família.
Assim que soube que tanto ela quanto Christopher não se encontravam, ele correu até o quarto da única moradora da casa que se encontrava ali, super animado com o vasto leque de possibilidade que se abriram perante seus lindos olhos verdes quando se deu conta de que uma sozinha em casa havia o convocado imediatamente até lá no meio da tarde.
- Oi, meu bem! - entrou no quarto da morena, arrombando a porta como fazia desde que descobriu que era muito divertido assustá-la com o estrondo, já jogando o casaco para um lado, largando a sacola de papel que carregava para o outro e falando demais: - Eu trouxe aquele bolinho ruim que você adora e…
- Harry. - apareceu na porta do banheiro, os olhos vermelhos e inchados indicavam que ela esteve chorando muito e no momento em que Harry a mirou, sentiu um soco no estômago:
- , o que aconteceu? - ele foi até a garota que agora parecia tão frágil e ainda menor, arrastando-a para a cama bagunçada e sentando-a como um robozinho. - Você estava chorando?
Seu maior medo nesse momento é que Benett tivesse falado algo e estava no aguardo de qualquer palavra que fosse um indicativo de que estava horrivelmente certo. Mas a tristeza dela não se assemelhava nem um pouco com a fúria que esperava encontrar quando o maldito dia chegasse.
- Nós p-precisamos conversar, Harry. - fungou, respirando fundo para se controlar e não começar a surtar ali mesmo. Já havia surtado o suficiente desde ontem e sinceramente, não sabia o quanto de loucura poderia aguentar antes de perder a sanidade para sempre.
- Você está começando a me deixar nervoso. - o menino confessou e se afastou do abraço dos dois para poder olhar para ela enquanto esclareciam as coisas: - Está tudo bem?
- Não. Não está nada bem. A minha vida simplesmente acabou e eu não sei o que fazer! - a menina se exasperou, arregalando os olhos enquanto já podia sentir os olhos umedecendo a medida em que as palavras eram vomitadas mecanicamente.
- Me fala o que aconteceu! - Styles ficou de pé e começou a andar nervosamente pelo perímetro entre a cama e o banheiro. Definitivamente ela sabia de algo e não era nada bom.
A verdade é que em seu íntimo ele sabia o que poderia destruir a vida de uma menina de dezoito anos mas esse era um pensamento tão distante que nunca saiu do subconsciente que rapidamente ligou todos os pontos e sorria perversamente.
- Eu estou grávida.
As palavras causaram um mix de emoções que resultaram em Harry correndo até o vaso e colocando todo o seu almoço para fora. A enxurrada de alívio porque não sabia nada da aposta se misturou ao pânico e a sensação de um peso mortal sobre seu corpo e uma tontura que fez seus passos trôpegos mas então ele se recompôs e voltou ao quarto.
Meester acabava de voltar a sentar na cama, com os olhos arregalados, olhando para o rapaz descabelado que surgia de volta, muito pálido. Ela já possuía com problemas o suficiente para ainda ter que cuidar de um Harry doente de susto. Não havia saído do quarto desde a noite anterior, quando fez o primeiro teste e de uma hora para a outra sua barriga parecia ter ganhado um volume que nem a mais folgada das roupas conseguia esconder.
- Desculpa, eu só fiquei um pouco enjoado. - ele justificou envergonhado e pegou a garrafinha de água da menina para tirar o gosto horrível de vômito. - Você pode repetir, por favor?
- Repetir o quê? - a garota perguntou cansada de tudo aquilo. Houve um momento em que sua vida era tão simples e descomplicada, mas agora ela tinha que lidar com esse anúncio inesperado, sua cabeça doía demais e nem podia tomar um remédio.
- Você sabe o quê. - Hazza apertou as mãos nervosamente.
Em um momento ele era o garoto mais feliz na terra, com pais que o amavam, rico, com notas boas e amigos que o adoravam, e no outro só um adolescente estúpido de dezoito anos que acabava de descobrir que seria pai! PAI!
- Eu acho que estou grávida.
- Acha? - ele colocou as mãos na cintura enquanto arqueava as sobrancelhas. Como assim, "acha"? Você não pode "achar" que destruiu o futuro de duas pessoas!
- Não. E-Eu estou mesmo. - gaguejou. Era difícil seguir o script planejado quando Harry estava tão transtornado. Ele não estava bravo, era algo mais como um completo desespero e perda da vontade de viver.
- Grávida?
- É!
- Meu bem, isso é uma brincadeirinha idiota sua e do Louis? Porque isso parece muito coisa do Louis… - o menino franziu o cenho, buscando qualquer vestígio de uma possível pegadinha. Porque só existiam duas explicações possíveis para aquele momento: 1. Era verdade e 2. Tudo não passava de uma brincadeira de extremo mal gosto.
- Harry. - a pobre garota, no entanto, não conseguia nem disfarçar o quão desestruturada estava e de vez enquanto enfiava a cara no travesseiro mais próximo para evitar começar a chorar histericamente. - Eu estou falando sério aqui. Por favor.
- Você tem certeza disso? Testes de farmácia podem dar errado… - voltou a sentar ao lado da menina, incerto sobre se devia tocá-la ou não, por fim acariciou muito levemente as costas dela.
- Eu estou fazendo xixi pra teste desde ontem, porra. - levantou e foi até a mesa de estudo, voltou carregando cinco testes de gravidez de diferente marcas e os entregou para o cacheado que a primeiro momento segurou os em uma mão, mas logo se deu conta que todos estavam contaminados com urina e os jogou na cama rapidamente sem nem ver o mais engraçadinho deles, que brilhava um "CONGRATS!" em sua pequena tela LED.
- Caralho... - o pobre Hazza enfiou as mãos nos cachos agora bagunçados e se concentrou muito para não ter um ataque de pânico ali mesmo. Após alguns momentos de um silêncio desconfortável, ele teve uma dúvida: - E tem alguma hipótese, por menor que seja, de que esse bebê não seja meu?
andava para lá e para cá, mas no instante que ouviu a pergunta congelou e virou lentamente para o rapaz, encarando-o mortalmente e respirando muito profundamente para não gritar. Mas não pode evitar:
- Claro, Harry! Eu estou grávida desde que transei com a última pessoa antes de você HÁ UM ANO ATRÁS! - ela deu um tapa no braço do garoto, que se encolheu e tentou se proteger daquela pequena mão que dava um tapa tão ardido.
- Ai! Calma! Nós só precisamos trabalhar em cima de todas as opções…
- Cala a boca. - revirou os olhos e foi sentar em sua cadeira giratória da mesa de estudos. Os dois ficaram por mais um longo período em silêncio quando ela falou novamente: - Você não precisa se sentir preso a mim, sabe. Eu posso arcar com a responsabilidade sozinha, meus pais vão entender e eu vou me virar. Não é como se você fosse obrigado a criar essa criança comigo e…
- Não! Não é isso. - a interrompeu e caminhou até ela. Se sentiu culpado por ter deixado margem para a menina pensar que estava nessa sozinha. Eles obviamente não iriam casar nem nada do tipo, mas é claro que ela não teria que lidar com tudo isso sozinha.
Não é que um filho fosse algo ruim, ele inclusive planejava ter pelo menos um. Mas não agora, nem nos próximos cinco anos, era um projeto de longo prazo e honestamente, uma criança a essa altura representava um mar de problemas e ele não podia ver a luz no fim de um túnel cheio de olhares de reprovação, pais enfurecidos e decepcionados e mais a falta de experiência das duas crianças que ainda recebiam café na cama e pelo menos uma vez por semana comiam o McLanche Feliz só para ganhar os brinquedinhos.
- É só que… O meu pai vai me matar! - ele se desesperou mas um barulho que definitivamente não veio de os interrompeu. - O que foi isso?
- Hã? Isso o quê? - a morena olhou para os lados, ponderando de onde poderia ter vindo o suspeito som.
- Esse barulho. Pareceu uma risada e veio do seu closet. - o cacheado falou, já caminhando em direção a porta fechada, com Meester em seu encalço:
- Não foi nada, meu bem. Volta aqui, vamos conversar. A gente precisa decidir o que vamos fazer.
E antes que Styles colocasse a mão no puxador, a porta foi aberta e um Louis Tomlinson traspassado em uma emoção que já passava da risada a muito tempo, apareceu segurando o celular na cara, rindo muito.
- Louis! Não era pra você sair agora! - berrou.
- Me desculpa mas eu já estava morrendo sufocado aqui dentro! Meu Deus, hoje é o melhor dia da minha vida! - Louis filmava empolgadamente entre e Harry.
- Você estragou tudo! - a morena reclamou frustrada por ter sido interrompida bem no meio de seu teatro.
- Desculpa! Não deu mais, ! Quando ele falou "meu pai vai me matar" eu quase morri engasgado! Além do mais você não tinha mais para onde ir com essa farsa, okay? - Tommo se defendeu e então foi até Harry.
Styles ainda estava parado ao lado da porta do closet, na mesma posição desde que Louis brotou de lá. Mantinha a boca aberta, assistindo os dois filhos da puta discutindo bem na sua frente sobre o plano maligno para lhe causar um ataque do coração e morte súbita.
- Harold! Você vomitou? Eu não acredito que você vomitou! Nós devíamos ter colocado câmeras no banheiro também, porra! - Louis, eufórico, guiou a câmera do celular de volta para o foco da pegadinha.
- Isso… Isso tudo era uma pegadinha? - ele perguntou o óbvio, só para ter certeza.
Porque assim, Louis e fazendo aquilo teria todo sentido. E ter amarrado um cara pelado na cama também soava coerente. Mas os dois desgraçados unidos para aprontar uma daquelas era algo que ele não previa. Principalmente não previa que seria o alvo da tão pesada brincadeira.
- Sim! Genial, certo? - Tommo virou a câmera para si e mostrou um joinha, voltando então a filmar Harry.
- Tira esse celular da minha cara, Louis. Eu vou quebrar ele em você, seu filho da puta.
- Mas eu preciso recordar todos os momentos da…
- Louis desliga essa porra agora. - Harry pediu mais uma vez e foi atendido. - Você não está grávida então?
- Então, sobre isso… - a menina tomou ar para começar a explicar e um sorriso sapeca brotou nos lábios de Lou.
- , não. - Styles cortou a brincadeira. Mal humorado por ter sido feito de idiota, porém não tão bravo assim porque ELE NÃO IA SER PAI AINDA!
- Ai Harry, para de ser estraga prazeres… - a garota cruzou os braços e deixou que o rapaz voltasse a falar.
- Como vocês dois puderam pensar que isso seria engraçado? Desde quando vocês planejam essa merda? De quem são aqueles testes usados então? Quem mais sabe disso? A está escondida em algum lugar por aqui? Vocês estavam transmitindo essa porra na internet? - ele mandou a lista de dúvidas e questionamentos que tinha sobre os dez piores minutos de sua vida.
- Senta que você vai querer ouvir tudo. - Tommo pediu, puxando a cadeira giratória para perto da cama para ficar frente ao casal que sentou nela.
- É bom vocês não esconderem nada mais mesmo. - Hazza murmurou ranzinzo.
- Antes de tudo, eu só queria falar que foi tudo ideia do Lou, meu bem. Eu jamais teria pensando em tudo isso sozinha. - beijou a bochecha do menino e sorriu angelicamente.
- Ah vai tomar no cu, ! - Louis abriu os braços. A ideia era que ela levasse a culpa porque eventualmente seria perdoada após uma semaninha com muito sexo. Mas ele não podia transar com Harry então basicamente ia acabar tendo que fazer algo muito estúpido e doloroso para ser perdoado!
Styles assistia as duas crianças discutindo enquanto a mão da pequena manipuladora entrelaçava os dedos nos seus. A pior parte é que ele já havia perdoado os dois idiotas mas não ia entregar os pontos antes de conseguir que Louis fizesse algo muito estúpido e conseguir muito mimo de .
- Dá pra vocês focarem na história? - ele pediu.
- Ah sim! A história. - Lou sorriu - Terça-feira passada. Aula de Linguagem. Nós estávamos fazendo uma atividade em dupla e entramos nesse site que vende um monte de coisas legais e ilegais. Eu comprei quatro atestados falsos pra mim e nós acabamos encontrando esses testes adulterados, que sempre dão positivo. Nós compramos cinco de "marcas" diferentes e chegou ontem, eu fiz xixi em dois e descobri que estava grávido mas aí a não ia acreditar nisso e nós pensamos em pregar uma peça, e como o Zayn e o Liam não transam mais, nós pensamos em você! E deu certo!
- Muito certo! - bateu high-five com o melhor amigo de Harry e o cacheado não pode evitar sorrir. Era um excelente plano. Infelizmente ele quem foi a vítima mas isso era totalmente relevante quando ele se relacionava com duas criaturas tão espertas.
- Eu não fui nem a primeira opção de vocês? - Styles reclamou.
- Claro que não, o Zayn era nossa primeira opção. Ele já tem medo do doido do Yaser, imagina o pânico dele… - Tomlinson lamentou pelo amigo que não transava. Ia ser tão engraçado se desse certo!
- Nada ia ser melhor do que o Liam achando que teria de enfrentar a Amina. Ele sim ia se desesperar. - também estava triste por não ter a oportunidade de dar um susto daquele no melhor amigo. Mesmo tendo a grande possibilidade de Payno ficar puto pelo resto do ano.
- E o Niall? Ele transa sabia! - Harry lembrou do cunhado que ainda não havia sido citado.
- Ah é claro que nós vamos assustar o Niall também. E você vai nos ajudar. Mas primeiro vamos pegar as câmeras e ver como você foi um completo perdedor e depois nós vamos para sua casa brincar com o irlandês.
- E como exatamente vocês planejam fazer isso? - o cacheado ficou com medo pelo amiguinho da Irlanda. Nialler podia ficar em pânico e acabar falando merda que não seria reparável depois.
- Muito simples: você sai com a , eu vou atrás do Niall parabenizar por ele ser papai, ele vai querer saber do que estou falando e eu vou explicar que fui pegar um remédio no banheiro dela e achei esses cinco testes dentro da lixeira. Ele vai lá checar e vai ficar em pânico por muito tempo, porque dessa vez você não vai participar, Lou. - a morena explicou genialmente, e Harry ficou com medo e seduzido ao mesmo tempo diante de tamanha geniosidade.
- Ah não! Eu quero ajudar! - Louis foi até uma das escrivaninhas e tirou a primeira câmera de lá. No total, ele escondeu quatro câmeras pelo quarto, infelizmente nenhuma no banheiro.
- Você vai instalar as câmeras e sair de lá pra não estragar tudo como você fez aqui!
- Eu não tenho culpa que o Harry ficou com o medo do pai dele!
- Verdade. Até parecia o Zayn com medo do Sr. Malik. - concordou com um sorriso maldoso, mas não deixou que a vítima do pequeno bullying se afastasse e permaneceu abraçada a ele só para não correr o risco de que ele chegasse a ficar puto.
- Então, Harold. De um a dez, o quão horrível foi a sua experiência com nossos testes falsos?
- Mil! Eu vomitei, porra! Vomitei! - ele levantou - Primeiro eu pensei que fosse uma coisa, mas depois foi outra tão ruim quanto e…
- O que você pensou que era? - Meester juntou as sobrancelhas, curiosa para descobrir o que de tão horrível poderia abalar Harry naquele nível.
- Nada com que você deva se preocupar, meu bem. - Styles abraçou a menina e deu um olhar significativo para Louis, que entendeu exatamente o que o melhor amigo estava dizendo e sentiu uma súbita vontade de vomitar também.
O peso da mentira estava cada dia mais difícil de suportar e por mais que adiassem e evitassem o confronto, sentiam a aproximação inevitável de um desfecho perigosamente desastroso que não tardaria em pôr um basta no conto de fadas construído em cima de uma terrível verdade.
Passada a euforia de início de ano letivo e das festividades de natal e ano novo, todos se viram afundados na maçante rotina acadêmica que nunca ficava mais divertida ou interessante. Os professores já não apresentavam o mesmo vigor do primeiro dia de aula e os um milhão de trabalhos que eles prometeram passar durante o semestre se resumiam a não mais que dois ou três.
As reuniões semanais do grupo continuavam acontecendo religiosamente e não importa o quão cansados ou ocupados estivessem, uma vez por semana todo mundo se metia em moletons, pijamas e iam para a casa dos Styles ver um filme, jogar jogos de tabuleiro, cozinhar e outras atividades.
Zayn e passaram boa parte das últimas semanas muito ansiosos para a festa do centenário da vovó Shiva. O maior medo de todos os primos mais novos era que a mulher acabasse morrendo antes da celebração e o trabalho das tias fosse de organizar uma festa para organizar um funeral.
Por fim, o fim de semana do aniversário chegou e como nada de ruim aconteceu com a anciã, as duas famílias que viviam em Londres se juntaram aos familiares de outras localidades do país e os que vieram do Oriente para a comemoração. E Liam e foram a tiracolo, muito curiosos para entender um pouco mais da cultura das duas criaturas que eles tanto gostavam.
Isso deixava o restante do grupo desfalcado, mas nem por isso a diversão poderia ser encerrada. Na sexta à noite eles foram a um clube e só voltaram no sábado de manhã, depois de tomar café em um restaurante que tinha perto do local e só se recuperaram da farra no domingo. Mas Tommo e ainda saíram à noite com uns amigos de Oxford que estavam na cidade, e só pararam para descansar no domingo, que foi quando Louis teve uma ideia maravilhosa.
- , vamos andar de kart? - o rapaz sugeriu desanimado, só para ter um novo tópico de conversa. A verdade é que ele já estava cem por cento recuperado dos efeitos horríveis da ressaca que perdurou por todo o sábado, mas não estava tão disposto a ter que colocar calças e levantar da cama da namorada.
Eles passaram o fim de semana com os Westwick porque Jay orquestrava um ensaio exaustivo do programa do baile beneficente que ela oferecia a cada dois anos, e a rotina foi terapêutica com todas aquelas horas dormindo, comendo e jogando.
- Vamos! Liga pro Irlanda que eu vou me trocar. - não pensou duas vezes e soltou o celular imediatamente, pulando para fora da cama e indo até seu closet para trocar o pijama por uma calça jeans e um casaco de inverno. - E fala pra levar meu tênis que está com ela!
Lou resmungou mas se arrastou para o banheiro e mandou a mesma mensagem para Niall e Harry, convidando os meninos para se juntarem a eles no passeio, e antes que terminasse de escovar os dentes já recebeu as respostas:
- Honey, o Niall está falando aqui que ele vai mas a não.
- Como assim? Por que não? Eles brigaram? - parou ao lado do namorado e pegou sua própria escova de dentes, enrolando até que o menino terminasse de usar a pia para que ela pudesse terminar de se arrumar.
- Não, ela está dormindo.
- Acorda ela e pergunta se quer ir com a gente, ué.
- Deixa a menina dormir, coitada. - Tommo defendeu a princesinha que dormia, se concentrando em calçar o mesmo vans preto usava há dois ou três dias. - Você viu o tanto que ela dançou sexta?
Em cinco minutos estavam dentro do carro do garoto, só esperando ele achar o controle do portão que desapareceu misteriosamente, ou como Jay gostava de explicar, foi consumido pela bagunça que habitava no carro do filho.
A estrada era sempre rápida, especialmente em um domingo à tarde, quando as famílias estão no repouso pós almoço enquanto as crianças destroem tudo ao redor. Ruim seria se tivessem que ir para o centro da cidade, mas como o autódromo era afastado, não havia nenhum congestionamento.
- Todo mundo dançou muito, Lou. - a ruiva brincava com uma mecha de cabelo, fazendo um mapa mental para descobrir onde havia sido o último lugar que viu seu óculos de sol novo. - Ela só é folgada. Você chamou o Harry e a Meester?
- Na verdade eu chamei sim, mas a está pendurada em Matemática II e o Harry disse que vai fazer lista com ela.
- Burra...
- Em matemática ela é mesmo. Mas compensa no resto. - Louis tentou suavizar a situação da amiga que ia mal na matéria simplesmente porque não estudava sob o pretexto de odiar profundamente tudo relacionado a números.
Após isso, ele dirigiu em silêncio, batucando os dedos no volante enquanto se ocupava em mandar duzentas mensagens para , dizendo que ela era um lixo de melhor amiga e que a vaga ia ficar aberta para uma pessoa mais competente, e mais algumas para o quarteto em Manchester que não passavam de ofensas a Liam e assédio sexual a Zayn, que estava bêbado às cinco da tarde e prometendo mandar nudes.
- Você falou pro Irlanda que a gente já está indo? - ela guardou o celular só para morrer de tesão pelo namorado que manobrava o volante com apenas uma mão, enquanto segurava um cigarro com a outra e eventualmente erguia o rosto para soltar a fumaça.
- Aham. - ele acenou com a cabeça e ofereceu o cigarro para a menina que aceitou alegremente. Lou não fazia ideia, mas ela amava o gosto do cigarro toda vez que o beijava. - Sabe o que eu estava pensando? Nós poderíamos ir visitar os meus avós no fim de semana que vem.
- Sim! Mas não de surpresa, pra dar tempo da sua avó fazer aquela torta pra mim. - a ruiva abraçou a ideia com muito entusiasmo: - Falando naquela torta, eu ia ficar tão feliz se tivesse um pedacinho dela na sua casa…
Veja bem, não é por nada, mas as duas últimas vezes que o casal foi até a fazenda Tomlinson, teve que abrir disfarçadamente o zíper de sua calça porque ela não conseguia se controlar diante aquela massa amanteigada com as geleias mais saborosas do Reino Unido.
E a vovó Tommo parecia achar isso lindo porque continuava colocando comida na mesa até ver as crianças suando de tanto comer.
- Meu pai passou o dia lá e vai voltar bem tarde, mas vai trazer com certeza. Amanhã eu levo pra você na aula. - Louis salvou o dia no instante que assimilou a promessa, já que os olhos da menina quase brilharam em pura emoção.
- Que amanhã, honey. Eu vou dormir na sua casa hoje e nós ainda podemos abrir os seus jogos novos. - ela balançou a cabeça, dando uma solução simples para o problema do "você só vai comer amanhã".
- Meu Deus, mulher. Você fala essas coisas e meu coração até acelera.
- Idiota.
- Um idiota, mas um idiota com o pau bonito. - Tommo piscou.
É claro que poderia negar, mas o pau dele era bonito e ia parecer patético se ela dissesse qualquer coisa ao contrário. Além do mais,
- Seu pau bonito não vai adiantar de nada na hora que eu te der uma surra naquele kart.
- Você vive falando isso, mas perde toda vez, .
- Como é que é, Tomlinson? - de cinto de segurança já solto, ficou de joelhos sobre o banco de couro e cruzou os braços, pronta para jogar na cara de Louis toda santa vez que levou a melhor em uma competição. Ela ia bem mesmo quando ninguém estava competindo! - Qual foi a última vez que você venceu alguma coisa quando a gente competiu?
Louis poderia citar um milhão de outras vezes que venceu a menina, mas isso os levaria de volta à época em que se odiavam porque ele era bom e gostava de esfregar o fato até vê-la perder o juízo e ameaçar a sua integridade física.
- Shhhhhhh, olha ali o irlandês. - ele passou por Niall, que estava fora do carro, usando o celular, e os dois baixaram os vidros para incomodar o amigo: - Ei seu cuzão!
Horan foi pego de surpresa com o xingamento e olhou rapidamente ao redor, só para constatar que estavam cercados de famílias e grupos que também procuravam diversão ali. Sua sorte é que já havia se acostumado com os olhares repreensivos e os ignorou, sorrindo abertamente para o casal amigo que já estacionava, erguendo os dedos do meio, um para cada idiota.
- Ele te mostrou o dedo do meio! Eu não acredito! - Westwick viu e ficou boquiaberta, esperando que o namorado tomasse uma atitude, mas ele só estava rindo enquanto guardava a chave no bolso e saia para cumprimentar o irlandês. - Nialler, eu vou chutar a sua bunda branca!
O loiro revirou os olhos porque nenhuma ameaça de o assustava, e enfiou as mãos nos bolsos enquanto caminhavam até a entrada do autódromo:
- Antes ou depois de eu vencer vocês dois?
- Enquanto você estiver chorando porque é o maior perdedor do mundo. - a menina retrucou - Nós vamos dividir pista comum ou pegar uma só pra gente?
- Deus me livre colocar você no meio das pessoas normais, . - Niall não facilitava, pelo contrário, adorava dar espaço para mostrar toda a impetuosidade que cabia dentro de um ser humano tão delicado fisicamente falando.
- E cadê a merdinha da sua namorada? Por que ela não quis vir? Ela me odeia, é isso?
- Não, ela está cansada de ontem.
- O que vocês fizeram ontem? Não me diga que você algemou ela…
- Essa é a quinta vez que você fala sobre isso! - Horan reclamou e então virou-se para Louis: - Louis você tá vendo que sua namorada se interessou nas algemas?
Tommo estava pagando pela pista externa que usariam na próxima hora e assim que deixaram o caixa, ele deu um olhar significativo para :
- Honey, a gente vai conversar sobre isso hoje à noite.
- Vocês dois deviam falar menos e andar mais porque nós nunca vamos chegar nessa merda. - ela ficou corada com a ideia de Louis sendo todo daddy mais tarde, mas no momento ela tinha outras preocupações. - E eu espero que ninguém tenha alugado o verde que eu vi no instagram deles.
O brinquedo a que ela se referia, era o único dos karts que tinha um botão "nitro" igualzinho o do jogo Need For Speed. O carro mais apelão e por isso o favorito não só de , mas de qualquer pessoa que tinha apreço pela vitória.
- Se alguém tiver pego, nós vamos lá tomar dele. Vai ficar tudo bem, honey. - Lou prometeu e ganhou um beijo empolgado de que se sentia a pessoa mais amada do mundo quando o namorado apoiava suas ideias, não importando o quão malvadas fossem.
Acabou que o carro apelão foi tirado de circulação e todo mundo teve que se contentar com karts normais que corriam demais para adolescentes imprudentes e eles decidiram fazer a primeira corrida em dez voltas, com vitória absoluta para Niall que trapaceou e jogou Tommo para fora da pista.
pediu revanche pelo namorado e uma nova corrida de dez voltas começou e acabou quando Louis venceu honesta e dignamente, mas acabou sendo totalmente infantil em sua comemoração e baixou as calças para mostrar a bunda branquela para Niall.
gritava muito, Niall ria demais e Louis não parava de empurrar os dois para fora da pista quando eles tentaram uma terceira corrida, o que indicava claramente que ninguém estava levando aquilo a sério. E o fim da brincadeira se deu quando a ruiva foi mandar o namorado ir se foder porque foi empurrada mais uma vez e acabou chocando seu carrinho contra um monte de pneus que deviam amortecer a queda, mas não impediram que ela sentisse uma dor absurda na canela direita que se chocou contra o volante baixo e quase quebrou aquela merda.
Muito sutilmente eles devolveram os brinquedos e acertaram suas contas antes que algum funcionário se tocasse que os fios elétricos que faziam o volante do carrinho funcionar, não estavam mais conectados.
Por fim ficaram lá fora, no estacionamento, dividindo um baseado que Louis arrumou porcamente no banco de couro do carro do irlandês e agora estavam agrupadinhos, se protegendo do frio enquanto conversavam.
- Irlanda, agora que nós estamos entre amigos…
- Você não é minha amiga, o Tommo é. - Niall fez questão de corrigir a menina, passando para Louis o baseado pela metade.
- Cala a boca. - ela revirou os olhos. - Agora que nós estamos entre amigos você pode me contar por que diabos a minha melhor amiga está mentindo pra mim sobre a vida sexual dela? Quer dizer, eu conto tudo pra ela!
- Você fala sobre nós pra princesinha? Para aquela criança? - Louis perguntou chocado. Sentiu até um peso no coração porque sua privacidade foi violada e mais do que isso: DEMETRIA SABIA DE SUA INTIMIDADE SEXUAL! DEMETRIA! AQUELA PIRRALHA QUE CRESCEU COM ELES E QUE ELE ESCONDIA AS BONECAS SÓ PARA VÊ-LA CULPAR HARRY!
- Aham.
- Sobre nós transando?
- Sim, ué.
- Tudo? Todos os detalhes? - o coitado do Tommo estava tão atônito que nem conseguia reparar em como a menina estava de cenho franzido para o pequeno drama que ele fazia naquele momento. - Meu Deus, eu estou me sentindo exposto! Isso é como se você estivesse vazando um nude meu, !
começou a rir, não por maldade, mas por ver como o menino se desesperava por saber que a pirralha estava por dentro do assunto. Desde que eles pararam para fumar, ela se apoiava entre as pernas dele, que sentava no banco de trás do carro do Niall, mas com as pernas para fora, mas só agora ela sentia como as mãos dele ficaram repentinamente suadas.
- Louis, ela é a minha melhor amiga. Nós temos que compartilhar essas coisas, mesmo que ela não pense o mesmo… - a ruiva tentou aliviar sem muito sucesso, virando-se de frente para o namorado e acariciando levemente a bochecha dele.
- Ela não está mentindo pra você, … - Niall, ainda em pé, de frente para o casal, não estava facilitando as coisas. Pelo menos eles haviam mudado de assunto e isso era bom.
- E o que você pode me falar sobre as algemas? Porque eu já tentei falar três vezes sobre isso, mas ela muda de assunto sempre.
não esqueceria o assunto tão facilmente e Horan era um tolo por ter considerado se livrar tão fácil da mira da garota.
- Eu não vou falar sobre isso. - ele afirmou pacientemente, seu pensamento estava mais retardado e sua boca propensa a falar o que não devia.
- Vai sim. Vocês não podem jogar uma bomba dessas e querer que todo mundo ignore o elefante na sala.
- Não tem nada pra dizer! Nós usamos de vez em quando e é isso.
- Horan, não vem dar uma espertinho pra cima de mim. Quero mais informações, ela usa em você também? Pra que você precisa amarrar a menina? Há quanto tempo vocês fazem essas coisas? Vocês usam as algemas de quanto em quanto tempo?
era uma metralhadora de informações que não cessaria até que conseguisse as respostas que queria. E quanto mais Niall dizia não, mais ela queria saber.
- Nialler, não seja um cuzão. Conta pra gente? - até Louis começou a ficar curioso para saber o que tanto Horan escondia com tanto afinco.
- Mas vocês querem que eu fale o quê? Se a não se sente confortável pra compartilhar com você, eu não posso fazer nada, mulher! - o irlandês suspirou alto e ergueu as mãos, gesticulando espalhafatosamente enquanto tentava tirar a ideia da cabeça de de uma vez por todas.
- Corta esse papo, para de ser ruim! - ela revirou os olhos porque claramente Nialler estava fazendo charminho para ser convencido, já que ele era o maior fofoqueiro da Eton.
- Você tem certeza que quer saber como eu imobilizo os pulsos da sua melhor amiga só porque ela gosta quando... - ele cruzou os braços e inclinou a cabeça, satisfeito em assistir os olhos do casal arregalar em pânico.
- Niall, porra! - Louis se sobressaltou, interrompendo o amigo em um tom horrorizado, mas logo em seguida ele caiu em um estado de torpor horrível e agoniante. - Caralho, eu tô muito chocado.
- Você é doente, irlandês? - Westwick conseguiu se pronunciar depois de um momento de intensa surpresa onde ela só encarava o loiro sem ter palavras que expressassem o quão pega de surpresa ela foi.
- O que foi? Vocês pediram… - o menino logo voltou a seu comportamento normal e deu de ombros.
- Eu não pedi pra você falar sobre…
- O que você pensou exatamente que eu ia dizer quando fosse te contar sobre o que acontece toda vez que eu transo, ?
- Você matou o resto de inocência que havia em mim. - Tomlinson falou sozinho, arrasado. - A era o último símbolo de pureza que eu conhecia! Seu pervertido.
- A é o último símbolo de pureza que todo mundo conhece. - Niall discordou, defendendo a caçulinha do grupo como se fosse muito óbvio.
- Claro que não, olha pro Liam. Você acha mesmo que ele ainda não corrompeu a menina? - Louis balançou a cabeça, rindo da ideia burra do amigo.
- Isso é verdade. - concordou com o posicionamento sábio do namorado - É a cara do Payne fazer essas coisas.
- Mas eu tenho certeza que ele não tá amarrando a menina com uma porra de algema! - Lou voltou ao problema inicial, empurrando para poder levantar do banco e se esticar um pouquinho. - eu tô muito mal, será que dá pra gente conversar sobre outro assunto?
- Eu acho que a gente deveria ir porque o Harry já me mandou umas dez mensagens que a está incomodando eles - Niall bocejou enquanto lia os apelos do cunhado que não queria que a irmã ficasse no quarto com ele e Meester porque já estava começando a ficar estranho.
não estava disposta a acabar a noite por ali e por isso propôs:
- E eu acho que a gente deveria virar tomar uma cerveja e ir naquele fliperamazinho pra eu ter poder vencer de vocês dois.
- Amanhã é segunda. - Louis constatou o óbvio, girando as chaves entre os dedos.
- E? - esfregou as mãos contra os braços desprotegidos, começando a sentir os primeiros ventos gelados da noite açoitarem.
- Eu não tenho os primeiros horários, vocês também não? - Niall estava de pé para a parte dois da saída e inclusive iria com ou sem , caso ela não quisesse ir (mesmo que todo mundo soubesse que ele iria ficar animado caso a garota o acompanhasse).
- Eu tenho aula às oito, mas não tem problema, é só pra ficar mais divertido e a gente vai pra casa. - a ruiva deu de ombros, colocando suas prioridades sobre a mesa, afinal de contas ninguém se importava com Literatura.
Niall entrou em sua ranger e avisou que passaria nos Styles para buscar porque Harry e não iriam, e depois eles se encontrariam no fliperama para brincar, beber e jantar.
-Você já está conseguindo andar? - Tommo checou preocupado com a mancha roxa que deveria estar formada na canela da menina.
- Eu sou Westwick, Louis. Você acha mesmo que uma batidinha vai me derrubar assim? - ela arqueou as sobrancelhas enquanto caminhava protegida pelo braço dele que os guiava em direção ao carro que estava há umas duas vagas dali.
Uma expressão impressionada tomou o rosto de Louis e ele beijou a mão da menina carinhosamente. O tempo estava passando e a sua fervorosa paixão por aquele escândalo de garota não diminuía nem pouquinho.
Respectivamente a competição no kart, Harry tentava estudar com seu bem:
- Styles, você é o cara mais chato que eu já tive desprazer de conhecer. - sentou-se sobre o colchão do rapaz, irritada por ele ter tirado seus fones impedindo-a de ouvir sua música. - O que você quer, inferno?
Com o humor divergente ao da morena, Harry sorria cerrado, divertido por tê-la incomodado tão fácil. Seus cachos imensos, já que ele se recusava a cortar há uns dois meses, estavam bagunçados e combinavam com sua expressão sapeca.
- Nós precisamos estudar, meu bem. - confiscou os fones dela, guardando-os no bolso e caminhando até a mesa de estudo. - É para isso que estamos aqui.
- Não! - exclamou aborrecida, cruzando os braços - Estamos aqui para aproveitar o fim de semana.
- Já saímos sexta e sábado! - alegou indignado, organizando a mesa para começar a resolução da primeira lista de matemática. - Agora precisamos fazer você passar em matemática II.
- Nós ainda estamos no primeiro mês de aula! - não movia um músculo para se aproximar do garoto que a ouvia, segurando o riso. - Qual é o seu problema? Você me odeia, é isso? Você quer me ver infeliz?!
Harry mirou-a com seus olhos verdes, perguntando-se se deveria levá-la a sério ou prosseguir com seu plano para o restante da tarde, descansou a costas na cadeira, decidindo-se sobre seus próximos movimentos e foi então que levantou e encaminhou-se até a menina determinado a fazê-la atender a seu pedido. Envolveu a cintura dela, colocando-a sobre seu ombro e literalmente arrastando-a consigo para a mesa de estudo.
- Você perdeu o juízo? - gritou, batendo em suas costas.
- Você precisa estudar! - justificou, colocando-a em pé a frente dele. A menina elevou o queixo, tentando parecer intimidadora, mas seus vinte centímetros a menos não auxiliavam sua performance. - O que você está tentando fazer? - franziu o cenho, desconfiado que ela tentava acovarda-lo e achava aquilo uma graça.
- Você precisa se tratar! - com o dedo em riste, falou furiosa por ter tido sua vontade violada daquela forma.
- - o rapaz falava sério, colocando a mão na cintura, mas foi interrompido.
- ? - a menina o repetiu, com as sobrancelhas juntas e ele a fitou curioso - Nada de meu bem? - questionou incerta, inclinando sua cabeça para o lado com os olhos cerrados. - Tudo bem, eu estudo com você. - sentiu-se rapidamente em sua cadeira, pegando seu lápis e lendo o primeiro exercício.
O cacheado deixou os ombros caírem e soltou uma risadinha pelo nariz, surpreso pela facilidade que teve para conseguir que a rebelde atendesse seu pedido.
- Muito bem - tomou seu assento, abrindo seu caderno para que pudessem ter um exemplo a seguir -, começamos com matemática e depois vamos para filosofia.
- Mas eu estou bem em filosofia. - confusa, voltou-se para ele, prendendo os cabelos num rabo de cavalo alto.
- Mas eu não, aí pensei que você pudesse me ajudar…
- Você está mal em filosofia?! - indagou indignada - Filosofia? - repetiu com os olhos cerrados - Isso é tipo uma das melhores matérias do mundo e é muito fácil! Como você pode estar mal em filosofia?
- Hey, hey, hey! - protestou, arrumando sua postura - Vamos esclarecer uma coisa aqui, eu não fico te incomodando por que você precisa de ajuda em matemática, okay?
- Mas eu não sou você. - declarou rolando os olhos, fazendo-o rir por sua petulância. - Nós vamos começar por filosofia, porque é muito mais legal. - decidiu levantando-se e vasculhando a bolsa do menino a procura do livro de filosofia. - Muito bem, o que você está estudando?
- Isso é uma boa pergunta. - sorria tentando se fazer de inocente.
Meester o mirou apelando para chantagem emocional e riu, beijando a bochecha dele e sentando em seu colo: - Nós vamos fazer o seguinte - folheava o livro em busca do capítulo certo. -, leremos toda essa merda e depois eu vou te fazer perguntas, a cada resposta certa você ganha um prêmio.
- Que tipo de prêmio? - juntou as sobrancelhas, tendo em mente do que ela falava, mas não querendo acreditar que a morena tentava o comprar daquela forma.
- O que você quiser. - sorriu charmosa, com seus olhos azuis brilhando luxúria.
- , nós precisamos estudar!
- Isso é estudar Harry, que saco! - irritou-se, escolhendo ignorá-lo e procurar por onde sua leitura se iniciaria. - Eu só estou transformando o seu estudo em algo divertido. Fica quieto e deixa eu ler o livro.
Styles fechou os olhos, sabendo que seria difícil concentrar-se em Platão e sua sabedoria que havia perdurado pelos séculos com aquele pequeno ser monumental e esplêndido sentado em seu colo.
A leitura seguiu-se bem, e para a surpresa do garoto quando o assunto era filosofia se dispunha a de fato estudar. A cada questionamento que fazia a garota o explicava sem problemas e com ela lendo a matéria parecia fazer mais sentido e ficava de fácil compreensão. Mas após um breve intervalo e os papéis de professor e aluno serem invertidos, Harry sentiu vontade de se matar.
- Como assim, você não sabe fazer esse exercício? - perguntou, visivelmente frustrado, com as sobrancelhas juntas e os ombros caídos.
- Não sabendo. - respondeu irritada, empurrando a folha de papel e descansando as costas na cadeira.
- Mas, meu bem, nós fizemos uns cinquenta desses antes do recesso de fim de ano.
- Harry, eu odeio matemática. - resmungou, querendo chorar para conseguir comprá-lo e dessa forma ele parasse de torturá-la. - Eu odeio muito mesmo. E eu não sei fazer!
- Mas eu estou aqui para te ajudar. - segurou a mão dela, tentando puxá-la, todavia ela se jogava para trás dificultando o trabalho do menino. - Não é tão difícil. - tentou persuadi-la, mas o expressão desanimada que ela sustentava o desestimulava a continuar. - E se nós assistirmos um filme e depois…
- Sim! - instantaneamente ela levantou-se subitamente, animada pela mudança de cenário. - Eu quero pipoca. - o informou de sua vontade, não pediu e correu até a cama e aconchegou, abraçando o travesseiro.
- Eu vou pedir para prepararem nossa pipoca e você escolhe um filme. - sorria pela felicidade fútil de seu bem, dirigindo-se até a porta - Jesus! - Harry deu um pulo assustado ao abrir a porta e encontrar sua irmã ali parada.
A loirinha tinha os olhos imensos e assustados, os cabelos longos bagunçados e frisados e o rosto marcado devido tantas horas de sono. Sem importar-se com a recepção maldosa do primogênito e também sem ser convidada, adentrou o quarto, sentando-se na pontinha da cama, ainda sonolenta e desorientada.
- O Niall sumiu. - falou, bocejando e virando-se para .
- Ele foi no kart com o Louis e a . - Styles a informou, cruzando os braços e mantendo a porta aberta, esperando que a mais nova saísse.
- Por que ele não me chamou para ir junto?! - ofendida perguntou, deixando o queixo cair e deitando-se na cama do irmão, junto da amiga.
- Porque você estava dormindo! - o garoto irritou-se com o drama desnecessário dela.
- Mas eu queria ter ido junto.
- Espera aí, deixa ver se eu entendi direito. - chamou atenção de todos - Eles foram no kart e não nos convidaram? - a morena indagou, arqueando as sobrancelhas, totalmente indignada pela traição.
- O Louis mandou mensagem, mas eu disse que não iríamos porque você tinha que estudar para matemática. - Harry respondeu dando de ombros.
- Como é que é? Eu só não bato em você, porque você está muito longe!
- Você queria ir no kart? - o cacheado colocou as mãos na cintura.
- Não! - respondeu alto - Mas eu também não queria estudar matemática e você me obrigou. Por que não me obrigou a me divertir com meus amigos?
- Eu vou buscar a pipoca antes que eu desista de vocês duas. – informou, virando-se de costas e deixando o cômodo.
- É muito legal irritar ele, né? - princesinha Styles questionou, sorrindo, já imaginando qual seria resposta.
- Nossa, eu adoro! – admitiu, sem resquício de arrependimento.
O rapaz não demorou para voltar com dois baldes de pipoca, o que foi alvo da reclamação das meninas, pois não trazia consigo as bebidas, o que sua irmã alegava ser o mais importante e sua explicação de não ter mãos suficiente para carregar o mundo não serviu para que elas o deixassem em paz, felizmente Emily não demorou para chegar com os refrigerantes e finalmente o pequeno grupo pode iniciar o filme.
As garotas conversavam durante o desenvolvimento da história, o que não atrapalhou a concentração de Styles, que mesmo sentado entre as duas manteve-se concentrado na TV, sem se importar com os comentários.
- Eu só não entendi por que ele fez aquilo. - falou ao fim do filme, colocando os baldes de pipoca, já vazios, no chão – Hazz, você que prestou atenção, por que ele fez aquilo?! - virou-se para o mais velho, deitando-se na cama, vendo-o espelhar seu gesto e levar Meester consigo. - Não faz sentido!
- Eu não vou explicar nada. - o menino recusou-se, apoiando a mão atrás da cabeça e acariciando os cabelos negros da garota que usava seu peito como travesseiro.
- Ele está se fazendo de difícil, só porque você está aqui, . - a loira sorriu divertida por desmascarar o irmão.
- , por que você ainda está aqui? - encarou-a feio, irritado por sua implicância.
- Porque a vem aqui em casa só para passar tempo comigo. - sorriu sapeca, abraçando o travesseiro.
- Desculpa, meu bem, é verdade. - a outra garota confirmou, esticando-se para beijar a bochecha do cacheado.
- O que eu já falei sobre mentira, ? - Harry brincou, lançando lhe um olhar reprovador.
- Quando vocês vão assumir esse namoro, gente? - princesinha Styles questionou indiscreta, fazendo o garoto rolar os olhos e a menina sorrir entediada. - Vocês se dão bem, se gostam, a Diane morre pelo Harry...
- Ela me ama. - o moreno pontuou, orgulhoso.
- O papai adora você, . - lembrou, aproximando-se do irmão e deitando a cabeça em seu ombro. O rapaz a mirou feio, esperando que ela saísse, mas a menina o ignorou completamente.
- É claro que ele adora. - arqueou as sobrancelhas, falando como se fosse óbvio.
- Então parem de frescura! – pediu, exagerada.
- , nós estamos de boa assim. Obrigada pela preocupação. - sorriu cerrado, não entendendo porque o mundo todo se preocupava tanto com seu relacionamento inexistente.
- É verdade. - Styles concordou, abaixando o rosto para fitar seu bem, com um sorriso confortável nos lábios.
A loira apenas não respondeu, continuando a pressioná-los a assumir o suposto namoro, pois havia recebido uma mensagem de Horan e sentou-se sobre o colchão para respondê-lo.
- O Niall falou que eles estão saindo do Kart e estão indo a um fliperama. - informou, mirando o casal. - Vamos? – indagou, abrindo um sorriso imenso, ansiosa para encontrar o namorado e os amigos.
Meester elevou os olhos azuis para o garoto, questionando-o mentalmente se ele queria deixar o conforto de seu quarto e sair pelas ruas frias de Londres para a recreação que o pequeno grupo a oferecia.
- Nós vamos ficar, . - o primogênito a avisou nem um pouco animado para deixar o moletom e colocar jeans desconfortáveis.
- Tudo bem, eu vou me arrumar. - apoiou-se sobre as mãos e aproximou-se deles para depositar um beijo na bochecha de cada um. - Até amanhã. - saiu do cômodo saltitante e fechou a porta atrás de si.
- Sabe o que eu estava pensando? - a morena perguntou, apoiando o queixo no peito do rapaz para encará-lo nos olhos. - Nós deveríamos sair para um encontro.
- Mas, eu te levo para sair o tempo todo! - franziu as sobrancelhas, não entendendo o ponto dela.
- Não assim. Um encontro de verdade. - tentou explicar. - Eu coloco uma roupa bonita, você vai me buscar em casa e me leva uma rosa, abre a porta do carro para mim… Essas coisas. - deu de ombro, na expectativa pela resposta dele, imaginando que ele diria "Claro, meu bem, é só marcar o dia". Entretanto a resposta foi bem diferente.
- As pessoas saem para encontros quando querem transar. - arqueou uma sobrancelha, passando a mão pelas costas dela. - Nós já transamos. O tempo todo. Quantas vezes queremos. Aonde quisermos.
- Ai, Harry, que grosso. - riu, rolando os olhos, pensando que o menino apenas brincava.
- Inclusive nós podemos fazer isso agora! - sorriu imensamente, crescendo os olhos, como se aquela fosse a melhor ideia do dia. - Pode ter certeza que vai ser mais divertido que o fliperama.
- Eu não vou transar até você me levar para um encontro. - saiu de cima dele, apoiando a cabeça no travesseiro e cruzando os braços.
- Você vai fazer greve de sexo?! - indagou sem acreditar, pasmo pelo jogo que ela criava. - Manipuladora. - acusou.
- Você ainda não viu nada, meu bem. - sorriu esperta, piscando.
- Eu duvido, você resistir a isso. - jogou-se em cima da garota, apertando sua cintura causando cócegas que a fazia gritar e gargalhar.
Eles transaram.
Harry não a levou a um encontro.
OOO
O rapaz nem ao menos piscava, compenetrado com o que se passava na tela da televisão. Aquela era mais uma noite que ele se dirigia à casa da namorada para assistirem a série que maratonavam juntos e a menina acabava dormindo no meio do processo. Liam sabia que veria o mesmo episódio na vez seguinte, para que Ortega pudesse se inteirar do assunto, mas preferia assisti-lo duas vezes a abandoná-lo pela metade.
Ao seu lado, dormia plena, já que o ambiente escuro a proporcionou uma sonolência incontrolável, claramente o som emitido pela TV não a incomodou nem um pouco. A morena tinha uma das mãos envolta pela do namorado, que a apoiava sobre o peito e devido ao ar condicionado ligado, ambos mantinham-se embaixo da coberta.
Payne sabia que aquele era um cenário que Amina não aprovaria de forma alguma, já que a porta fechada lhes permitiam privacidade exacerbada, a luz mantinha-se apagada e o jovem casal deitado na cama da garota de apenas dezesseis anos. Entretanto, para sua felicidade os sogros viajavam e isso significava que ele tinha passe livre para ir e vir a mansão Ortega quando sentisse vontade, já que quando Amina se fazia presente o menino sempre pensava duas vezes, pois sentia-se pressionado com a presença da mulher pela casa.
No início do relacionamento, Sra. Ortega estabeleceu duas regras, o que não sabia era que uma delas sempre era quebrada quando saia da cidade, pois os adolescentes aproveitavam a oportunidade para passarem a noite juntos, como era o caso daquela, contudo os pais de não avisaram quando voltariam, podendo assim fazerem uma surpresa muito desagradável.
Por esta razão, quando os créditos do episódio tomaram a tela da televisão, Liam a desligou e prendeu a respiração tirando a mão da namorada de cima de si, empurrou a coberta com muito cuidado e sentou-se sobre o colchão lentamente para não movimentá-lo e acabar acordando-a, calçou os tênis e assim que levantou-se ouviu uma voz, que o fez fechar os olhos, sentindo o fracasso de sua performance.
- O que você está fazendo? - perguntou, com dificuldade para abrir os olhos, encarando o ambiente ao redor, estranhando o fato de a TV estar desligada.
- Eu vou para casa, baby doll. – respondeu, pegando a chave do jeep e dando um beijo na testa da morena.
- Por quê? – questionou, indignada, juntando as sobrancelhas.
- Porque eu tenho uma! - sorriu sarcástico.
- Ah nããão... fica aqui comigo. - esparramou-se por toda a extensão da cama, pedindo manhosa, esperando que o papo terminasse antes que seu sono fosse embora.
- , a sua mãe já pediu para não dormirmos juntos. - explicou, checando no celular a hora.
- E você resolveu atender a esse pedido quando exatamente? - cruzou os braços, franzindo o cenho, vendo-o sorrir, pois ela tinha razão. - Deixa de ser cínico, Liam!
- Eles podem chegar de surpresa, e, se isso acontecer, eu não quero nem pensar no que a Amina vai fazer comigo. - explicou, apontando para si, vitimando-se - Ou ela me exila ou me mata de uma vez! E eu sou bonito e jovem demais para morrer, além de ter um potencial indiscutível. - afirmava com a cabeça, colocando as mãos no bolso.
A caçula riu de seu drama e virou-se de costas, arrumando a coberta:
- Sweetheart, volta para cama, eles não vão voltar antes de quinta. Está tudo bem. - já fechava os olhos para poder dormir novamente, já que toda vez o moreno fazia a mesma cena, recusando-se a ficar, mas acabava dormindo ali.
- , eu estou falando sério. - alternou o peso de uma perna para a outra. - Não quero morrer - tentava parecer firme em sua decisão de deixar o recinto, mas morria de vontade de voltar para debaixo das cobertas e dormir ao lado da morena.
- Você não pode ir embora - encarou-o por cima do ombro. - Está chovendo. - falou como se fosse óbvio.
- E daí? - indagou sem entender.
- E daí que eu odeio dormir sozinha, mas eu odeio ainda mais dormir sozinha quando está chovendo.
- E o que você faz quando começa a chover a noite? - ria, não colocando muita credibilidade na desculpa da menina.
- Prefiro não dizer. - aconchegou-se ao travesseiro - Você não vai gostar da resposta. - sem que o garoto conseguisse ver, ela sorriu achando graça da própria fala.
- ? - chamou-a, amargurado. - O que você faz? - não tinha certeza se queria ouvir a resposta, mesmo imaginando que ela brincava. - Você chama alguém para dormir com você? - arqueou as sobrancelhas.
- Talvez… - ouviu a gargalhada dele e optou mais uma vez pelo pedido mimado e choroso. - Baby, por favor, por favor, fica aqui comigo!
- Você tem certeza que não vai ter problema? - fazia-se de difícil, passando a mão na nuca, ponderando suas opções.
- Claro. - a menina sorria cerrado devido ao melodrama que ele sustentava - Por que você não vai trocar de roupa? Colocar uma mais confortável. Além do mais, você sabe que tem um uniforme seu aqui, amanhã você nem precisa passar na sua casa antes de irmos para a escola. - colocou perante ele todas as soluções de seus possíveis problemas e daquela forma seria impossível dizer não.
- Então, já que você quer tanto assim que eu fique… - deixou os ombros caírem, fazendo sua melhor atuação de desinteressado com a situação, enquanto ria, ajoelhando-se sobre o colchão e aproximando-se dele.
- Eu quero muito que você durma aqui comigo. - envolveu o pescoço dele com os braços e o sentiu abraçando sua cintura, beijando seu lábios, aproveitando o fato que o teria só para ela durante toda a noite. - Mas você me fez perder o sono, então vamos ter que voltar para a série.
- Sem problemas - acenou com a cabeça -, é só ligar a TV que você dorme. Aposto que em quinze minutos você já era. - riu, encaminhando-se ao closet dela para trocar os jeans por um moletom confortável.
- Eu só não entro nessa porque eu sei que é uma batalha perdida. - falou mais alto para que ele a ouvisse, à medida que se arrumava debaixo da coberta. - E ainda não superei que na nossa última aposta você me fez ler Cinquenta Tons.
- Verdade, baby doll! Nós ainda não terminamos. - riu alto o suficiente para que ela o ouvisse da cama - Por que não lemos seu livro favorito ao invés de ver a série?
- Eu me recuso! – exclamou, contundente.
- , é muito mais saudável fazer uma leitura antes de dormir, que assistir TV. - até parecia sua mãe falando ao voltar ao recinto, aproximando-se da garota e deitando-se na cama.
- Não! Eu quero ver minha série. – falou, mimada, temendo que ele levasse aquela ideia adiante. Sua sorte era que o moreno apenas queria a incomodar e riu perante sua relutância a literatura.
- Tudo bem, já que você não quer agregar conhecimento… - deu de ombros, pegando o controle e ligando a televisão. Sorriu satisfeito ao tê-la aconchegando-se a si, abraçando-o e apoiando sua cabeça em seu peito.
- Você é muito implicante, Liam. - já bocejava, contente pelo fato de ele ter ficado, e beijou-o por cima da camiseta.
- Boa noite, baby doll. - acariciava os cabelos dela, assistindo pela segunda vez o mesmo episódio que sabia que ela perderia de novo.
- Boa noite. - sorriu genuinamente feliz.
OOO
O sol não havia aparecido durante todo aquele fim de semana. Além de se fazer presente no firmamento por menos horas, já que durante o inverno o grande astro nascia por volta das oito da manhã e se punha às quatro da tarde, naqueles dois dias o céu permaneceu nublado e as nuvens carregadas castigavam a capital inglesa com a chuva incessante.
, deitada em um dos sofás do deck dos Malik, tinha Kelso em cima dela, enquanto mexia no celular e conversava com Zayn que havia forrado o chão inteiro com uma folha imensa de papel e usava suas tintas spray para desenhar. As portas de vidro fechadas permitiam que o local permanecesse aquecido enquanto a chuva caia lá fora.
O dog alemão, apesar de ainda ser um filhote de seis meses que era levado ao veterinário, pelo casal, periodicamente, já estava tomando proporções gigantescas. Não era mais viável que o cão dormisse no quarto da dona, ou ficasse dentro de qualquer cômodo da casa, pois além de seu grande tamanho ele era muito desastrado e afobado o que ocasionava alguns vasos quebrados. Na mansão Hilton, Kelso era mantido em um canil durante a noite, pela manhã e tarde tinha todo o gramado para brincar e quando estava limpinho Caroline era a primeira a convidá-lo para adentrar a residência.
- Eu estava pensando… e se eu pintar o cabelo de preto? - Hilton falava incerta, rolando por seu próprio perfil do instagram.
O rapaz ajoelhado sobre o papel, brincava com as tintas, no entanto, parou imediatamente o que fazia e voltou-se para ela com uma sobrancelha arqueada, sem saber como a responder.
- P-Por quê?
- Porque eu acho que quero mudar. - continuava a reparar em suas fotos, um pouco insatisfeita com tanto loiro por seu feed.
- Você acha? - ele riu, já sabendo que a menina poderia ficar meses naquele dilema e no fim das contas não mudar a cor de seus cabelos - Mas se você fizer isso, eu não vou mais poder te chamar de loira! - lembrou-a daquele fato importantíssimo.
- Isso é um problema… - concordou com a cabeça, apoiando o IPhone nos lábios. - Eu meio que gosto quando você me chama assim. - fazia carinho no bichinho de estimação com a outra mão.
- Eu sei! - confirmou - Então, sem pintar o cabelo. - decidiu, voltando ao que fazia.
- E se eu cortar?
- Interessante. Eu acho que iria ficar legal. - deu de ombros, tendo certeza que não havia alguma forma de ficar menos atraente.
- E se for uma franja?!
- Ia ficar uma graça. Eu não ia me aguentar. - Zayn riu, mirando-a divertido. - Faz um teste aí. - pediu, sentando com pernas de índio sobre o papel e fitando a garota que pegava uma mecha dos cabelos dourados para colocar as pontas por sobre a testa, tentando uma imitar uma franja. - Viu, ficou bom!
- O que você achou, Kelso? - rindo, virou o rosto para o cachorro que nem precisou se esticar para lamber toda a face da dona que teve dificuldades para se livrar dele.
- Eu acho que isso significa que ele gostou… Bastante - com o cenho franzido o morena ria do desespero de , praticamente morrendo afogada com o imenso animal a sufocando. - Nós deveríamos comprar um aplique de franja para pôr no Kelso! - falou como se aquilo fosse a coisa mais inteligente a se fazer
- De onde você tirou essa ideia?! - conseguindo distrair o cão com outra coisa qualquer, a loira se viu livre dela, finalmente.
- Pensa nisso, , nós teríamos um cachorro de franja! O mundo precisa ver isso! - ria junto com ela, tão contente com o momento que nem percebeu que seu pai se aproximava.
- Zayn, quantas vezes eu já disse para você não usar essa porcaria dentro de casa?! - a voz de Yaser foi ouvida de dentro da mansão, soando furiosa - Tem um odor horrível! Por que ao invés de perder seu tempo com… - ele parou próximo a grande folha de papel.
O mais velho não sabia que a herdeira Hilton fazia companhia a seu filho, e ao mirar a garota, sorriu envergonhado pela forma abrupta que abordou o menino. , por sua vez, embaraçou-se pela forma desleixada que se encontrava no sofá da casa do sogro e sentou-se imediatamente, com um sorriso constrangido nos lábios e segurou Kelso pela coleira para não correr o risco de o cão fazer algo estúpido logo na frente do patriarca Malik.
- Eu não estou dentro de casa, pai. - o garoto deu de ombros, voltando a desenhar.
- Agora não, Zayn. - o homem falou calmamente cada palavra, indicando com a cabeça e o moreno suspirou alto, levantando-se para guardar os materiais de pintura. - Tudo bem, ? - sorriu contente aproximando-se da loira que levantou-se e estendeu a mão para cumprimentá-lo. - Patricia e eu estávamos combinando de convidá-lo para jantar conosco. - sorriu agradável, chamando a atenção do filho que guardava suas tintas dentro de uma caixa.
- Seria um prazer, Sr. Malik. - Hilton o respondeu polida e cortês.
- Nunca tivemos a oportunidade de conversarmos verdadeiramente, poderíamos fazer isso durante o jantar. - o mais velho colocou as mãos nos bolsos da calça, fitando Zayn para se certificar que garoto fazia o que ele havia pedido. - Podemos marcar para sexta?
- Claro. - mantinha um sorriso atencioso nos lábios.
- Estamos combinados, então. Às 19 horas. - espelhou o gesto de Hilton, mas logo fechou a expressão ao ver que o rapaz os mirava desentendido.
Yaser Malik era severo, rigoroso e inflexível na criação de seu herdeiro, principalmente quando o assunto era a cultura da família, contudo Zayn não concordava com o fato de o pai pregar um estilo de vida, mas não segui-lo e por esta razão o menino fazia o contrário do que o mais velho requisitava. Sempre.
O rapaz apenas havia iniciado o hábito de fumar para contrapor uma discussão que havia tido com o pai, o que resultou em um vício que agora não conseguia se livrar. Os muitos desenhos que possuía pelo corpo eram resultados da censura de Yaser sobre a primeira tatuagem feita há meses no Caribe. E estes eram apenas alguns dos exemplos das muitas artimanhas do moreno para confrontar o patriarca que já havia o chamado de "decepção da família" mais de uma vez.
As muitas discussões entre pai e filho ocasionavam estadias mais frequentes e duradouras na mansão vizinha, a dos Ortega. Como também despertava o pânico dos amigos quando visitas a casa dos Malik eram necessárias. Yaser nem ao menos fazia questão de cruzar o caminho dos adolescentes quando o grupo se reunia em sua residência o que não fazia o temor dos jovens diminuir.
O casal acompanhou com o olhar o homem se retirar e logo se fitaram ainda com um sentimento estranho sobre o breve diálogo.
- Zayn - sua namorada falou soltando Kelso que pode voltar a se deitar -, não me leve a mal, mas seu pai me assusta. - baixou a voz no fim da frase, fazendo-o rir.
- Você não é a única, precisa ver o Niall. - enrolava a folha de papel para colocá-la num canto.
- É sério! - apesar de rir continuou no assunto para provar seu ponto - Eu fiquei tão sem reação quando ele me convidou para jantar com vocês que esqueci completamente que tenho compromisso na sexta.
- Relaxa loira, nós desmarcamos. - deu de ombros, puxando-a pela mão para sentar -se no sofá desocupado.
- Não, seu pai vai ficar bravo. - negava com a cabeça - Eu tenho certeza que consigo sair a tempo. - sorriu confiante, beijando a bochecha do garoto.
Na quinta, perdeu as aulas do período vespertino para poder se dedicar ao photoshoot para a Love Magazine. E Terese estava especialmente empolgada com a programação daquele tarde porque ela teria a oportunidade de fazer uma das coisas que mais amava; fotografar. E não seria qualquer modelo, mas sim, sua própria sobrinha!
Collins estava a par de tudo o que era necessário para as fotografias ficarem excelentes e com o auxílio da talentosa Hilton a perfeição não era difícil de ser alcançada.
- Podemos fazer um intervalo? - Terese pediu, abaixando o rosto para sua câmera a fim de ver as últimas fotos tiradas. A mais velha sorriu para e se dirigiu para o monitor com intuito de visualizar as imagens ampliadas.
, por sua vez, correu até seu celular, aliviando-se ao constatar que ainda eram 16h e que Zayn havia a mandado mensagens a desejando boa sorte, muitas outras para se distrair da aula de geografia, uma fotografia de Niall dormindo no meio do horário de aulas e por fim o moreno a avisava que já estava dentro de seu bentley dirigindo até sua casa. O respondeu brevemente, deixando o aparelho de lado e dirigiu-se a mais velha.
- Tia, já estamos terminando? - questionou baixo, para que nenhum membro da equipe a ouvisse e a julgasse negligente.
- Nem perto disso, . Você sabe como essas coisas demoram.
- , precisamos retocar a maquiagem - Sophie, a maquiadora a chamou e a menina sorriu acenando para que ela esperasse.
- Mas eu tenho que jantar com a família do Zayn hoje, lembra? - voltou-se para a tia, aproximou-se ainda mais a fim de abaixar mais o tom da voz.
- Tudo bem - Terese sorriu, encarando todo o ambiente ao seu redor, procurando por alguma alternativa viável -, já já voltamos ao trabalho. - piscou para a menor e foi checar a iluminação do estúdio, como também os próximos figurinos e acessórios que seriam utilizados.
sentou-se na cadeira da maquiadora para que ela fizesse o que fosse necessário e passou mais tempo lá para seu cabelo ser frisado. Naquele dia ela já tinha ido do liso ao encaracolado, do solto ao amarrado e a garota não sabia mais qual seria o destino de seus fios. Dirigiu-se depois até a arara onde a stylist a esperava para a troca de roupa, e ela foi vestida e despida inúmeras vezes como uma boneca.
A hora passava voando e a cada momento que a loira tinha a oportunidade de ter seu IPhone em mãos, uma nova mensagem de Malik chegava e mais perto das 19h o relógio marcava. Não queria pedir para o rapaz avisar seus pais que possivelmente chegaria atrasada, no entanto, ele mesmo já a perguntava se chegaria no horário marcado.
tentou de todas as formas adiantar a sessão fotográfica, o que apenas resultou num atraso maior, pois a menina acabava se desconcentrando e abstraindo-se do que se passava ao seu redor. Sua tia pediu mais um intervalo e conversou com a mais nova, para que ela se atenta ao momento e não deixasse sua mente divagar.
- Querida, você precisa ligar para ele e dizer que não irá chegar a tempo. - Collins a aconselhou, podendo ver o desespero nos olhos da sobrinha.
- Mas eu vou decepcioná-lo, e o pai dele vai ficar uma fera! – falou, angustiada, sentindo um peso em seu coração.
- Então, você simplesmente não vai aparecer? - ouviu alguém chamando por ela e pediu que aguardasse.
- Não! - Hilton era apressada para fazer a troca de acessórios.
- Ligue para ele, . - a mulher repetiu calma, compadecendo-se da situação da mais nova, porém não podendo cancelar o compromisso que tinha com a revista. - Apenas diga que estará atrasada, mas irá para o jantar. - segurou as mãos da menina, tentando passar-lhe força e a deixou sozinha a fim de concluir sua missão, avisando a equipe que em breve a modelo estaria de volta.
Hilton fechou os olhos e suspirou alto, podendo sentir seu coração pulsando a fim de bombear vida por suas veias, porém tinha a impressão de que o sangue não percorria os vasos que chegavam até as pontas de seus dedos que estavam frias. Sua mente, raciocinava milhares de palavras, formulando milhões de desculpas possíveis e nenhuma soava boa o suficiente.
Procurou pelo número do namorado pela agenda do celular e clicou no botão, colocando o aparelho no ouvido e a cada segundo que a linha continuava a não ser atendida ela torcia para que permanecesse daquela forma.
- Oi loira. Você está chegando? - a voz de Zayn soou macia do outro lado e amaldiçoou-se.
- Oi.
- Adivinha o que eu estou usando! - brincou. E pelo tom de sua voz a garota o imaginava sorrindo. Ela adorava aquele sorriso, era tão puro e sincero que a fazia sentir-se acolhida. - Uma camisa! Sim, eu estou usando uma camisa em sua homenagem, mas nada de gravata. Não vamos exagerar.
- Que cor ela é?
- Cinza. Eu nem sabia que tinha isso no meu closet! - o bom humor do garoto era palpável e ela não conseguia lidar com o fato de que seria ela quem traria as más notícias - E então, você está chegando?
- Zayn - falou sem saber como prosseguir, a aflição em sua área cardíaca ficava cada vez maior, como um presságio de que algo ruim se aproximava -, eu vou me atrasar. - fechou os olhos não querendo ouvir o que ele teria para dizer.
Entretanto, não teve nada a ouvir pois a linha ficou muda por longos segundos, que se assemelhavam a horas.
- Quê? - o menino conseguiu falar, ainda atônito. - M-Mas, você disse que chegaria a tempo!
- Eu sei! - passou a mão no rosto, tendo certeza que ele ficaria bravo, e o pior, ele tinha razão. - Mas essas coisas são imprevisíveis, e eu preciso retocar a maquiagem a cada hora, lavar o cabelo para tirar o laquê e então deixá-lo do mesmo jeito que ele estava, trocar de roupa e-e são muitos detalhes... - tentou explicar-se. - Entende? - perguntou, incentivando-o a falar, pois esperou pela resposta por alguns segundos que a ligação permaneceu em silêncio.
- Eu falei para nós cancelarmos esse jantar, ! - o que mais deixava Hilton desesperada era que Malik soava muito calmo do outro lado da linha - O meu pai vai fazer um inferno…
- Mas eu vou chegar. - prometeu sem autoridade, afinal nem ao menos sabia se tudo estaria pronto antes da meia noite - Só que estarei atrasada.
- Quanto tempo?
- Uma hora e meia. - cerrou os olhos - Talvez três… - abaixou o rosto envergonhada, pois sabia que aquilo era demais para se pedir.
- O quê?! - aumentou o tom da voz, e a garota afastou-se mais da equipe para que ninguém os ouvisse. - Três horas, ?! Você quer que fale para o meu pai te esperar por três horas?!
Yaser odiava irresponsabilidade e considerava atraso como parte do pacote de uma pessoa desajuizada. Zayn tinha tanta consciência que o mais velho detestava quem se atrasava para compromissos, que o moreno acreditava que no dia do casamento dos pais Trisha já estava na igreja esperando o futuro marido, antes mesmo de o homem chegar à cerimônia.
- Por favor, tenta entender. - suplicou arrasada, culpando-se por ser ela quem estragava a noite do namorado. - Eu estou trabalhando, esse compromisso é importante. - levou os olhos até Terese que conversava com o editor de moda da Love Magazine, mas vez ou outra tinha a atenção na sobrinha para saber como ela se saia.
- Esse daqui também deveria ser! Eu falei que deveríamos ter desmarcado, mas agora eu vou ter que ouvir meu pai reclamar pelo resto do mês!
- Zayn, por favor, não fala assim comigo. Eu já estou mal o suficiente por decepcionar você. - mirou o pessoal que trabalhava, certificando-se de que ninguém ouvia a discussão.
- E você quer que eu fale como, ?!
- Com um tom muito diferente. - pontuou. Já estava frustrada o suficiente, não precisava que o rapaz gritasse com ela. - Em todas as vezes que você foi o errado eu nunca falei dessa forma.
- Ah, é claro! Como eu não imaginei antes? Isso tudo é um tipo de vingancinha doentinha que você armou, não é?
- Como você pode pensar que eu faria isso? - ofendida, ainda falava baixo, mantendo a compostura, mas o peso do insulto torturava sua consciência. - Eu estou trabalhando, Zayn. Diferente de você que nunca aparece nos nossos compromissos por pura falta de consideração.
O que mais deixava Malik puto, era que a garota podia estar possessa de raiva, mas ela nunca deixava a elegância ou aumentava o tom da voz, exatamente como fazia naquele momento. Apesar de estar o acusando de ser irresponsável, usava a voz mansa e um tom aveludado que o levava a indignação.
- Você também não precisa aparecer nesse compromisso, . - conseguiu pronunciar, após alguns segundos absorvendo o fato de a namorada o chamar de imprudente - Porque eu não quero mais a sua presença no jantar.
- Zayn. Z-Zayn? - chamou-o apesar de saber que ele já havia desligado a ligação.
Respirou fundo, farta de tantos problemas e enfurecida porque antes apenas sentia culpa por não conseguir chegar a tempo na casa do namorado, mas, após a discussão, também ficou brava pela forma que havia sido tratada, apesar de saber que o menino tinha sua razão.
- Não deu muito certo, não é? - Collins chegava com uma xícara de chá para a sobrinha e uma expressão amável que só um familiar mais velho e compreensível poderia proporcionar.
- Foi péssimo. - a modelo aceitou o chá, percebendo que a equipe ficava impaciente pela demora. - Mais uma briga para nossa coleção. - sorriu com ironia.
- Casais brigam, querida. É normal.
- Mas toda semana nós discutimos e sempre magoamos o outro por um motivo bobo! - revelou indisposta, sentando-se na cadeira mais próxima pois seus pés doíam devido ao salto que usava desde as 14h30 da tarde. - E agora ele está bravo comigo porque eu estou trabalhando.
- , eu sei que você esteja frustrada - Terese tomou o assento ao lado da loira -, mas não o entenda mal. O Zayn não odeia o seu trabalho, apenas ficou triste porque a noite não saiu como ele havia planejado. - a menina escondeu o rosto nas mãos - Agora você precisa analisar se quer seguir em frente com esse relacionamento.
- Você acha que eu deveria terminar com ele? - indagou incerta e um tanto quando amedrontada devido a hipótese.
- Deus, não! - assustou-se e tratou de se expressar melhor - Essa é uma decisão que você precisa tomar sozinha, eu não posso te guiar por esse caminho.
- Eu não sei o que fazer! - riu sem humor, completamente desnorteada e atordoada pelo peso de um relacionamento que ela adora com todas as forças, mas que periodicamente a custava algumas noites de insônia.
- Você tem uma vida perfeita, . - tentou mostrá-la a situação por uma outra perspectiva - Pais que te amam e apoiam, amigos unidos, um namorado lindo que faz qualquer coisa por você e uma carreira à sua frente. Não é verdade?
- É… - confirmou incerta - Quer dizer não é bem assim. - negou com a cabeça, formulando a melhor maneira para de expor a sua visão dos fatos - Meu pai passa mais tempo nos Estados Unidos do que em casa, e a minha mãe trabalha muito. - sua tristeza era palpável, a menina já havia derramado amargas lágrimas devido a relação falha que possuía com os pais - Meus amigos brigam demais e estão sempre passando vergonha em público. - riu ao lembrar-se de algumas das atrocidades já cometidas - O Zayn realmente se esforça em alguns quesitos, mas em outros parece que ele simplesmente não se importa. - deu de ombros, cheia daquele discurso - E sobre a carreira de modelo, é realmente difícil, e eu deixo de fazer muitas coisas devido a ela.
- Viu - sua tia sorriu, pois conseguiu fazer com a mais nova entendesse seu ponto -, nem tudo é perfeito. Não existe perfeição, . - negou, pegando uma das mãos da garota - O Zayn não é perfeito, nem você, mas juntos vocês podem tentar ser melhores a cada dia.
- Então… eu não tenho que terminar com ele? - franziu o cenho ainda em dúvida.
Terese riu, levantando-se: - Não posso te ajudar a tomar essa decisão, mas sei que você fará o que é melhor para ambas as partes. - beijou a bochecha da sobrinha - Tente relaxar, tome o tempo que for preciso, mas não se esqueça que ainda temos um sessão de fotos para terminar. - acenou com a cabeça para a equipe que ainda não havia parado e deixou Hilton sozinha com suas indagações e receios.
Já na mansão Malik, o clima que se seguiu após o término da ligação foi bem diferente do amigável e conselheiro pelo qual teve o prazer de passar. Zayn colocou o telefone no bolso e andou em círculos, tenso, pensando em como informaria seus pais que sua namorada não apareceria para o jantar que passaram três dias organizando.
O moreno já bufava e sentia a vontade de fumar um cigarro por imaginar a quantidade de merda que ouviria de Yaser. Fechou os olhos se preparando para os momentos de tortura e encaminhou-se à sala, onde os mais velhos conversavam e apreciavam uma taça de vinho antes da refeição.
- A não vai conseguir vir para o jantar. - decidiu que seria melhor apenas jogar a informação de uma vez e então se retirar da presença dos pais.
Todavia, ao virar-se de costas para deixar o cômodo, Trisha o impediu, chamando por ele e, ao fitar a mulher, pôde também ver a expressão de seu pai, que o mirava com indiferença.
- Como assim ela não vem? – perguntou, preocupada - Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - percebeu o semblante decepcionado do filho e afligiu-se, com medo de que algo ruim tivesse acontecido.
- Ela só não pôde vir, mãe. - respondeu-a, irritado pelo olhar de pena que Patrícia sustentava e mais irritado ainda pela forma que Yaser o encarava. - Ficou presa numa sessão de fotos para uma revista qualquer e não vai conseguir chegar a tempo. - à medida que falava sua voz mais baixa ficava, e o menino mirou os próprios pés, colocando as mãos nos bolsos, percebendo que não estava bravo, mas sim deprimido porque Hilton não poderia atender ao compromisso.
Sua mãe voltou o rosto para o marido, que de braços cruzados ainda encarava o filho. Com o olhar, a mais velha pedia para que ele não seguisse seu gênio e despejasse sobre o rapaz palavras amargas e brutas.
- Por que eu não estou surpreso? - o patriarca sorriu sarcástico, e Trisha respirou fundo, indignada que seu pedido de trégua foi totalmente desprezado. - Não poderia esperar algo diferente vindo de você. - levantou-se e deixou a taça de vinho sobre a mesa, dirigindo-se até a sala de jantar.
Zayn permaneceu de cabeça baixa, sem ânimo algum para refutar ou brigar com o pai. Já sua mãe logo levantou-se e caminhou até ele.
- Querido, está tudo bem? - questionou, colocando a mão sobre ombro dele.
- Ela só não pode vir. E eu perdi a fome. - saiu da sala a passos largos, subindo a escada de dois em dois degraus para chegar logo em seu quarto.
A modelo não se atrasou por uma hora e meia, nem três, foi só às 23h37 que ela chegou a mansão Malik. Sabia que o jantar obviamente já havia acabado e mais que isso, Zayn fez questão de informá-la que não era mais bem-vinda à formalidade. Contudo, sentia a necessidade de conversar com ele e nem esperou que Morgan avisasse que havia chego, subiu as escadas correndo em direção ao quarto do namorado.
Deu duas batidinhas na porta, aguardando pela resposta que não recebeu. Repetiu o gesto mais três vezes para então adentrar o recinto, mesmo sem ser convidada. O rapaz estava deitado em sua cama, com a televisão ligada, porém nem ao menos assistia ao que ali passava, já que mexia no celular.
- Eu sinto muito. - a loira aproximou-se dele, mas logo estancou onde estava, lembrando-se de que o menino não queria vê-la. - Zayn, eu queria muito ter vindo, você sabe… não sabe? - tentava se expressar, mas o garoto nem ao menos a olhava nos olhos, mantendo a concentração no aparelho em suas mãos, o que deixava sua missão ainda mais complicada. - E-Eu - buscava pelas palavras certas, mas não havia o que dizer. - Por favor. Por favor, fala comigo. - clamou, sentindo uma pressão agoniante em seu coração, pressão essa que a sufocava, ocasionando seu desespero.
- Não tem nada para dizer, . - bloqueou a tela do IPhone, elevando os olhos a TV. - Você não veio. Tanto faz.
- Não! - caminhou rápido até a cama, colocando-se sobre seus joelhos em cima do colchão, sentindo que seu relacionamento se esvaia por entre seus dedos - Não é tanto faz, Zayn. Você está bravo, e nós vamos conversar sobre isso. - tinha em mente que, assim que um diálogo se estabelecesse, tudo ficaria bem de novo e eles seguiriam em frente, como já haviam feito milhares de vezes.
Tentou alcançá-lo, apenas tocá-lo para sentir-se protegida dos maus que os assolavam, mas o moreno se levantou da cama, evitando o contato, fazendo-a recolher a mão e lutar para ignorar o sabor amargo da rejeição.
- Eu não tenho nada a dizer. Que saco! – reclamou, irritado, batendo as mãos nas coxas.
- Sempre é a mesma coisa - negando com a cabeça, arrumou a postura e cruzou as pernas - Você precisa falar comigo. Eu não consigo fazer isso sozinha, eu não sei como fazer isso e você precisa me ajudar. - suas esperanças dissipavam-se diante de seus olhos.
- Você quer conversar? - zangado, nem percebeu que aumentava o tom de sua voz, enquanto o da menina permanecia baixo e compassivo. - Tudo bem, , vamos conversar. Que tal nós falarmos como nada é bom o suficiente para você? - questionou cada palavra cuidadosamente a fim de mantê-las gravadas na mente de ambos.
- Isso não é verdade. - levantou-se, ofendida, concentrando-se para não explodir.
- Como eu sempre tenho que fazer o que eu não quero para agradar você. - apontou em cheio para a garota que não escondia a expressão insultada.
- Você não aparecer, chegar atrasado ou cheirando a cigarro não é fazer o que eu quero Zayn - franzindo o cenho, enumerando nos dedos. Não acreditando que ele teve a audácia de proferir aquelas palavras -, é ser egoísta demais para ceder a uma coisinha que eu te peço.
- Você quer falar sobre egoísmo agora? - cresceu os olhos, não se importando mais se a casa inteira o ouvia - Tudo bem, vamos falar sobre egoísmo. Porque não existe uma pessoa que eu conheça que seja mais egoísta que você. - apontou para ela, sentindo um misto de alívio crescer em seu peito e ao mesmo tempo um peso massacrante se acumular em seus ombros.
- O quê? - juntou as sobrancelhas, falando tão baixo que teve dúvidas para acreditar que ele a ouviu.
- Você reclama que eu não converso, não me abro. Mas para que eu vou fazer isso? Para você continuar me encarando com esse seu sorrisinho de quem é boa demais para se importar com qualquer coisa além de si mesma? - cerrou os olhos, mantendo o dedo em riste, na direção da garota que mantinha a expressão confusa pois não aceitava ouvir aquilo - Ou então para você vir com um discurso altruísta falando que eu - espalmou a mão no próprio peito - eu sou culpado por essa merda que nós chamamos de relacionamento? Mas é claro que a educada senhorita Hilton faria isso de uma forma polida e cortês. - riu em escárnio, já enojado da pose superior que acreditava que a loira sempre carregava.
- Então é isso? - juntou as sobrancelhas, aproximando-se dele - O fato de eu não gritar com você para não piorar as coisas é ser boa demais para me importar? - sorriu em deboche - Eu me importo tanto com você, Zayn, que mesmo você fazendo tudo errado, tudo errado – frisou, tentando fazê-lo entender o quanto ela se empenhava para ignorar tanta merda vinda dele -, eu dou o meu máximo para não me estressar para que você não fique mal.
- Ah, , faça-me o favor! - andou em círculos, farto de tanta generosidade que a santa Hilton o prestava - Deixa de lado esse sacrifício todo que você faz, eu não preciso dele. - informou-a, negando com a cabeça - Você não precisa mentir falando que se importa, porque eu sei que você não dá a mínima! Você não se importa comigo - apontou para si, machucado por falar tais palavras em voz alta. Afinal era assim que o rapaz se sentia, entretanto proferir seu medo para que ela o escutasse o tornava real e aquilo o apavorava. -, com essa merda de jantar, com essa briga - indicou ambos -, com tudo que eu faço. VOCÊ NÃO SE IMPORTA! - gritou, consumindo o restante de suas forças, sentindo seus olhos embaçarem devido algumas lágrimas que não o ajudariam a enxergar melhor no meio daquele caos.
Malik virou-se de costas para que não enxergasse a sua vulnerabilidade. E a garota por sua vez, precisou de alguns minutos para absorver o discurso desconsolado do moreno.
- E-Eu… acho melhor nós pararmos por aqui. - concluiu, desolada, profundamente magoada e irada consigo mesma que não se esforçou mais para mostrar-lhe o quanto era apaixonada por ele - Acabou, Zayn. - o moreno voltou-se abruptamente para a loira, com as sobrancelhas juntas - Acabou… - precisou repetir para que ela mesma entendesse o que acontecia naquele momento. Para que ela mesma aceitasse aquele desfecho cruel e lastimoso - Vai ser o melhor para nós dois, ou então nós vamos acabar nos odiando e eu não quero…
- Vai se foder, . - falou por fim, dirigindo-se a seu banheiro e batendo a porta atrás de si.
Uma dor se alastrava pelos músculos do rapaz. A ponta de seus dedos formigavam e ele não possuía mais sensibilidade naquela pequena porção de seu corpo, já que não conseguia sentir a superfície dos objetos que tocavam sua pele. Seu coração chocava-se contra sua caixa torácica tantas e tantas vezes, que tinha a impressão de poder ouvi-lo, e aquela melodia melancólica só fazia a pressão em seu peito piorar. Seu tecido pulmonar parecia não possuir mais a capacidade de realizar trocas gasosas, já que, por mais que inspirasse a maior quantidade de oxigênio que conseguia, ele não chegava a seus pulmões. Queria chorar, seus olhos quentes e cheios de lágrimas evidenciavam sua tortura, mas elas não caiam.
Pensava que se conseguisse derrubar apenas uma lágrima, toda aquela angústia evaporaria, porém não era capaz e aquele pânico perdurou até que, no ímpeto, abriu a porta de seu banheiro para conseguir aumentar o fluxo de ar no recinto.
não estava mais lá.
Sozinho, ainda tentando normalizar sua respiração e um pouco atordoado, sentou-se sobre o colchão e encarou o nada, com as palavras de Hilton ainda ecoando em sua mente. As falas dele ricocheteavam sua consciência enquanto um milhões de indagações o cercavam. "E se" tudo tivesse sido diferente?
Esticou-se sobre a cama para alcançar o celular e discou o primeiro número que lhe veio à mente. Esperou que fosse atendido e quando foi um alívio percorreu por todo seu corpo por saber que não estava só.
- Oi. Você tá livre? - ouviu a resposta e ficou grato por ela - Está afim de sair? Ahan… No mesmo lugar de sempre. Sim. Te vejo lá, tchau.
Levantou-se e procurou pela carteira, colocou-a no bolso da calça, juntamente com o celular, cigarros e isqueiro e pegou o primeiro casaco que encontrou. Saiu de seu quarto que parecia compacto demais e acabava o asfixiando, ao deixar o recinto num rompante, encontrou sua mãe no corredor.
- Querido você está bem? E-Eu ouvi a discussão. - seguiu o rapaz que não parou para ouvi-la e já saia em disparada a caminho das escadas.
- Sim estou bem. - respondeu simplesmente, nem ao menos mirando a mais velha nos olhos.
- Tem certeza? Zayn, fala comigo. - pediu preocupada com ela. - A saiu daqui chorando. O que aconteceu? - descia as escadas correndo para alcançá-lo, mas o menino era muito mais rápido.
- Avisa o papai que ele não precisa mais se preocupar em conhecer minha namorada - parou, fazendo Trisha esbarrar nele. Virou-se para ela que teve seu coração quebrado em mil pedaços ao ver a expressão triste de seu filho -, porque não tem mais uma para ele conhecer.
- Eu sinto muito, querido. - abraçou o garoto, que sentiu-se muito grato pelo carinho naquele momento difícil, mas logo afastou-se da matriarca, encaminhando-se até a garagem. - Para onde você vai? - indagou ainda o seguindo.
- Sair.
- Isso eu sei. - o viu pegar as chaves do bentley e abrir o portão da garagem - Mas para onde?
- Sair, mãe. – respondeu, irritado, adentrando seu carro e dando a partida com a esperança que se deixa-se sua casa, o local onde o término havia ocorrido, a dor também ficasse para trás.
A morena já bocejava com os olhos pesados, mas não conseguia desligar sua televisão, pois a série que maratonava estava boa demais para ser deixada de lado por meras horas de sono. A verdade era que nem se concentrava tanto, mas a vida do personagem principal passava por provações e ela precisava acabar aquela temporada para saber o que aconteceria.
E foi num momento crucial da trajetória de Mike Ross que ouviu alguém bater à sua porta.
- Entra. - falou alto, pausando o episódio para não perder nada.
- - sua mãe, com o celular contra o peito, colocou-se dentro do ambiente ainda com a mão na maçaneta. -, seu primo está por aqui?
- Não… - respondeu-a, estranhando a pergunta. - Por quê?
- Ele conversou com você? Falou alguma coisa recentemente? - Amina voltava a colocar o IPhone no ouvido. - Trisha, ele não está aqui. Calma. Eu ainda estou falando com ela. , você conversou com o Zayn?
- Não, mamãe. - ajoelhou-se sobre o colchão preocupada e incomodada por tanto drama - O que aconteceu?
- Ele e a filha dos Hilton terminaram. - Sra. Ortega falou já retirando-se da presença da filha, voltando a conversa com a cunhada e fechou a porta atrás de si.
A garota demorou para acreditar que a matriarca da família falava a verdade. Com o queixo caído procurou pelo celular por toda a cama, sem sucesso, passou os olhos pela cômoda e até mesmo pelo chão e bufou irritada por não encontrar o aparelho, mas ao levantar seu travesseiro o avistou ali e rapidamente o sacou procurando pelos contatos o número do garoto, discando ao achá-lo.
Infelizmente não foi atendida na primeira vez, muito menos na segunda chamada e só na terceira tentativa que ouviu a voz preguiçosa de Horan do outro lado da linha.
- ? - claramente confuso chamou a amiga pelo apelido, não sabendo se estranhava o fato de ela estar o ligando àquela hora da noite ou o fato de ela estar o ligando!
- Oi, Ni, onde você está? - indagou afobada, ansiando para aquela parte da conversa se findar rapidamente.
- Na casa da . - respondeu como se fosse óbvio.
- Ela não te contou… - concluiu sozinha, tendo em mente que com certeza não compartilharia com alguém seu momento de miséria.
- Contou o que? Quem?
- A e o Zayn terminaram.
- Quê? - aumentou o tom de voz, e Orteguinha pode ouvir claramente princesinha Styles perguntando o que estava acontecendo.
- Minha mãe acabou de me falar, parece que foi agora pouco e ninguém sabe onde o meu primo está.
- Eu vou para a casa da . Agora. - mais uma vez a voz de se fez audível, mas num tom muito mais preocupado.
- Okay. Quando possível me fala se ela está bem, e eu vou tentar encontrar o Zayn.
- Tá, . Tchau.
finalizou a ligação, respirando fundo, enquanto apertava o celular entre as mãos e tentava pensar como Malik, a fim de descobrir o possível paradeiro do garoto imprudente e aflito. Foi então que ligou para Liam, que diferente do irlandês a atendeu no primeiro toque.
- Oi, baby doll! - falou soando contente, e um burburinho se fazia ouvir de fundo - Já não passou da sua hora de dormir? Sua mãe vai te pôr de castigo, hein. - brincou rindo, a fim de incomodá-la.
- Sweetheart, onde você está? – questionou, juntando as sobrancelhas.
- Em um pub com o Zayn. - o ouviu dizer e colocou a mão sobre o peito, instantaneamente aliviada por saber que seu primo não estava sozinho.
- Então ele te contou?! - perguntou certa de que o moreno partilhava com o amigo o fatídico episódio.
- Contou o quê?
- Que ele e a terminaram. - respondeu como se fosse óbvio. Sentindo-se culpada por espalhar a notícia pelos quatro cantos do mundo.
- Merda. - Payno resmungou - , ele está voltando para a mesa, eu tenho que desligar. - apenas a avisou já disfarçado para que Malik não percebesse o que se passava.
- Não! – protestou, revoltada - Espera… Liam? - a linha muda comprovava que o rapaz havia a deixado falando sozinha - Liam? - chamou mais uma vez não acreditando que ele havia desligado na sua cara.
Próximo à beira norte de Hyde Park, parque no centro de Londres, está localizado Notting Hill, bairro do distrito de Chelsea. Um dos mais charmosos e típicos bairros residenciais da capital inglesa, é famoso por sua feira de antiguidades, artesanato e alimentação que ocorre aos sábados. No entanto, naquela madrugada os visitantes não ocupavam as ruas de paisagem vitoriana, mas o sim o interior dos pubs, como o Red Lemon onde Zayn e Liam tomavam algumas cervejas e conversavam.
O moreno voltava do bar com duas long neck na mão e franziu o cenho, estranhando o amigo desligar o celular rapidamente ao vê-lo.
- Quem era? - Malik o perguntou, sentando-se e o entregando a pequena garrafa.
- Ninguém. - respondeu-o aflito, encarando as próprias mãos sobre a mesa de madeira, tentando não ser lido pelo olhar insondável do outro menino.
- Você já sabe, não é? - rolou os olhos, passando a mão pelos cabelos e tomando um gole de sua bebida.
- Você precisa de um abraço? - Payno indagou, sorrindo nervoso, disposto a abraçá-lo se preciso, mas tendo em mente que o garoto odiava aquele tipo de tratamento.
Sabia que o amigo passava por um momento difícil, entretanto não sabia como ele gostaria de ser tratado. Zayn sempre foi reservado e discreto e por esta razão Liam não tinha noção de como lidar com o rapaz de coração quebrantado a sua frente. Além do mais, se não houvesse o informado sobre os acontecimentos de horas atrás ele teria ido embora sem desconfiar que agora Malik estava solteiro.
- Eu estou bem, Liam. - riu sem humor, apoiando os braços sobre a mesa, aproximando-se do outro garoto.
- Eu sei. Eu não disse que não estava. - confirmou com a cabeça. - Mas, às vezes, é bom lembrarmos que não estamos sozinhos.
- Não vem com papo sentimental, okay? - fez careta, encarando o ambiente ao seu redor. - Casais terminam todos os dias.
- O que aconteceu? - o questionou, apesar de sua atenção estar presa em seu celular onde uma enxurrada de mensagens raivosas de sua adorável namorada chegavam, pelo fato de ele ter a deixado falando sozinha.
- O que todo mundo sabia que ia acontecer. Não deu certo. - deu de ombros, esperando não transparecer o ataque de pânico que teve no momento que ouviu decretando o fim de sua felicidade.
Zayn sempre a viu como um anjo, seu sorriso luminoso e olhar aquecido confirmavam sua origem celestial. Todavia apenas com uma palavra ela se tornou um pesadelo, um demônio impiedoso.
- Sinto muito, cara. - cerrou os olhos, infeliz pela lamentosa conclusão do casal.
- É. – murmurou, mirando sua cerveja e levando-a aos lábios. - Eu também. - disse baixo para ninguém o ouvir.
Ninguém precisava ter conhecimento de sua miséria. Por mais que dissessem que sabiam pelo o que ele passava, era mentira, porque ninguém reage da mesma forma as intempéries da vida. E Malik não queria ser entendido, não queria ser consolado, só queria esquecer.
Longe de Notting Hill, o quarto escuro e silencioso não se assemelhava nenhum pouco com o pub animado e barulhento, no entanto a tristeza e desesperança que não deixavam a modelo adormecer era idêntica à de Zayn.
rolava de um lado para o outro na cama, como se espinhos massacrassem sua pele propositalmente para deixá-la acordada e consequentemente sua mente a assombrasse com os olhos magoados do rapaz sobre ela e também com seu discurso amargurado e injusto.
Ouviu batidas à porta e secou as lágrimas rapidamente, limpando a garganta para permitir a entrada do visitante surpresa e totalmente indesejado.
- ? - Niall a chamou, tentando acostumar os olhos a escuridão e mantendo-se na porta com medo de arriscar alguns passos e tropeçar em algo.
- Ni? - a loira devolveu a pergunta, sentindo um alívio tão grande no peito por não estar mais sozinha. Esticou-se até o interruptor sobre a cama e acendeu a luz, podendo ver o amigo tentando disfarçar a pena nos olhos por mirá-la provavelmente muito vermelha devido ao choro.
- Ahn… Oi - o irlandês caminhava incerto até o colchão. - A falou que você ia precisar disso. - esticou as mãos, entregando duas sacolas para a amiga, que estranhou, mas aceitou o presente de bom grado.
Ao abri-las pôde ver um pote de sorvete, como também chocolate e batatinhas, elevou o rosto de volta a Horan, que ainda a analisava um tanto quanto assustado, como se encara um filhote de leopardo. Você sente vontade de abraçar, mas não sabe se ele vai arrancar sua cabeça.
- Obrigada. - fechou a sacola, afastando-a de si - Mas mês que vem… E-Eu não posso! - negava com a cabeça, sentindo uma vontade imprudente dominá-la. - Ah, para o inferno com a semana de moda! - abriu o pote de sorvete, colocando-o sobre o colo e só então percebendo que não tinha nenhuma colher.
- Aqui. - o garoto notou seu momento desnorteado e a entregou uma colher, fazendo-a rir. Afinal ele tinha mesmo pensado em tudo. - Semana de moda? - indagou, finalmente sentando ao lado da amiga, preferindo começar a conversa de forma delicada.
Abriu o pacote de batatinhas, vendo-a devorar o sorvete com tanto afinco, que duvidou se ela o deixaria pegar um pouco e manteve-se quietinho segurando sua colher no ar, esperando-a acalmar-se.
- Nova Iorque, Londres, Milão, Paris. – respondeu, apoiando as costas em dos travesseiros. - Eu vou ficar o mês inteiro fora. - colocou o pote entre os dois, e Niall finalmente pôde saborear suas batatinhas com sorvete.
- Parece divertido.
- É. - deu de ombros, lembrando-se da experiência de setembro do ano que se passara. - Significa que eu tenho que ficar de dieta, que meus pés vão doer pelo mês inteiro e que eu tenho que ser simpática com algumas pessoas arrogantes. - o viu rir e acompanhou-o, abrindo um dos chocolates.
Horan continuou fazendo-a rir, e, pela primeira vez em horas, cessou o choro. Seu coração ainda estava pesado, mas não a oprimia mais como antes e palavras não eram o suficiente para agradecer o melhor amigo, que a fazia companhia naquele momento difícil.
- - chamou-a, após alguns segundos de silêncio. O pacote com as batatas já havia se findado, o pote de sorvete só não estava vazio porque o fim da massa havia derretido e ninguém o quis mais e juntamente com ele, no chão, as embalagens de chocolate sujavam o quarto da garota. -, eu sinto muito pelo o que aconteceu.
Seria inevitável não tocar naquele assunto, e Hilton sabia daquilo, mas estava feliz porque Niall foi atencioso o suficiente para não mencioná-lo por um longo período de tempo. Fazê-la rir primeiro e sentir-se confortável e acolhida foi uma boa estratégia, a menina precisava admitir.
- Como você ficou sabendo?
- A me ligou. - não sabia o quanto seria saudável revelar daquela ligação, porque Malik era mencionado, e o rapaz não tinha noção se seria seguro expor o nome do badboy da Eton.
deitou-se, procurando por uma posição confortável enquanto cobria-se com seu edredom.
- Ele disse que sabia que eu não me importava com ele. - fitava o nada, sentindo a movimentação no colchão, já que Niall também se deitava.
- Quê?
- Ele disse que eu não importava. - repetiu, contudo sua voz entregava que estava prestes a chorar de novo, mirou o amigo tendo sua esclera tomada por um tom avermelhada, já que as lágrimas voltavam a escorrer. - E-Eu… Eu sempre pensei que se fosse expansiva as pessoas iriam se incomodar comigo, então sempre me contive nos meus atos, na minha fala, em tudo! - encolhia-se conforme falava, totalmente vulnerável - E isso o fez pensar que eu não sou apaixonada por ele! Eu estraguei tudo, Niall!
Em anos de amizade o rapaz nunca havia visto chorando e definitivamente não sabia como reagir. Ela estava tão pequena sobre o colchão e tomada por uma tristeza tão grande que o garoto ficou mal por não poder tirá-la daquela dor.
- - esticou a mão para tirar os cabelos loiros dela da frente de seu rosto, mas conteve-se, totalmente perdido em seus atos -, ele só falou isso porque está magoado. - acabou colocando os fios de Hilton atrás de sua orelha. - Não quis realmente dizer isso. É claro que ele sabe que você gosta dele!
- Será mesmo? – perguntou, soando zangada. E de fato estava furiosa consigo por ser tão recatada e manter aquela "pose superior" que Zayn havia a acusado de sustentar e dessa forma estragar tudo. - Será que ele sabe? Porque eu faria qualquer coisa pra mostrar o quanto eu sou apaixonada por aquele idiota!
Sem saber o que falar, Niall segurou a mão da amiga na sua, apertando-a para mostrar-lhe que estava ali para o que fosse preciso.
- Teve uma vez que eu fui muito babaca com a . – falou, lembrando-se do episódio anterior à festa do ano. - Eu disse que ela só estava comigo para atingir a April e que ela me manipulava e… e eu fui muito idiota! - reconheceu, fazendo-a rir.
- E o que aconteceu?
- Ela me ignorou. Fingiu que nada tinha acontecido, e aquilo acabava comigo - recordou-se de tantas vezes sentir-se um grande imbecil por tê-la o mirando tão indiferente -, porque eu queria me desculpar, mas ela insistia em dizer que nada havia acontecido! Eu quase fiquei louco! - cresceu os olhos, vitimando-se.
- E a moral da história é?...
- Moral? - indagou, franzindo o cenho. - Ah, não… Eu só lembrei que nunca te contei isso. - acenava com a cabeça.
- Oh… - tentando disfarçar a decepção. cerrou os olhos, sorrindo nervosa.
- Brincadeira. - Niall riu da amiga, e ela espelhou seu gesto, colocando a mão no rosto, percebendo que havia parado de chorar. - Eu fui um babaca, e nós passamos por isso. Se você foi babaca ou se ele foi babaca, vocês vão passar por isso ou, então, superarão. E poderão aprender com essa experiência.
A garota sorriu, suspirando alto, pensando no que o amigo a dizia. Ela e Zayn poderiam encontrar uma forma de seguirem em frente juntos, poderiam aprender a fazer aquele relacionamento, agora inexistente, funcionar. Mas talvez teriam que aceitar que eram disfuncionais e seguir em frente, separados, sozinhos e com o coração despedaçado e sangrando.
Exatamente um ano depois que selaram a grande aposta, Zayn retornava às aulas e fazia o mesmo caminho pelos corredores da Eton. O clima frio era o mesmo e os estudantes corriam pelo campus aberto para se abrigar do rigor do inverno com a mesma pressa de um ano atrás. Todavia algumas mudanças latentes ocorreram nesse mesmo cenário e a primeira delas era que Malik não estava acompanhado por uma morena que falava demais e sim por uma loira elegante e encantadora.
Durante alguns anos a sua rotina de primeiro dia foi a mesma: levantar, vestir o uniforme reservado que já ficava na porta do closet para que ele não tivesse trabalho procurando, descia e cumprimentava a mãe antes de passar na casa da prima para irem para o colégio, lá ele sempre dava um beijo de boa sorte na menina antes de ir procurar os amigos.
Agora, no entanto, sua mão estava quentinha contra a luva aveludada que usava, e os dois mantinham a mesma conversa que começaram no restaurante favorito da loira, o 34 Mayfair, que foi onde Zayn escolheu para irem tomar café juntos antes de seguirem para a Eton. E o tema "qual o limite moral para o tanto de calda que eu coloco nas minhas panquecas" continuou até chegarem no jornal da escola, onde já estava sentada em seu trono de dona do mundo e Louis estava logo atrás, fazendo um vídeo para sua stories, falando sobre como ele merecia ser pelo menos indicado para a categoria "os mais bonitos do ano" na noite do baile.
- Bom dia, casal mais bonito da Eton! - a mais velha abriu os braços e riu da feição constrangida de , enquanto Zayn revirava os olhos.
A verdade é que eles estavam tão cheios de panqueca que não sobrou espaço para a infelicidade, então tudo seria levado na brincadeira pela próxima hora. E Westwick não estava muito atrás no quesito bom humor.
A ruiva se encontrava num estado pleno de paz graças ao incrível sexo matinal que lhe deu ânimo para começar o semestre com o pé direito e uma reunião com todos aqueles preguiçosos do jornal, sendo Payne o pior deles. E Louis não conseguia se conter de animação por saber que mais um pouquinho e eles estariam livres do maldito colegial.
- Cadê todo mundo? A reunião não era às oito? - Malik soltou a mochila no chão e se apoiou contra um dos arquivos de aço, puxando para um abraço quentinho.
- E desde quando alguém me escuta, Zayn? - respondeu com outra pergunta, um tanto quanto dramática, diga-se de passagem.
- Você tem razão, o problema somos todos nós, seus redatores inúteis…
- Ah, você é perfeito, Malik… Só o resto deles não prestam mesmo.
Ortega chegou em seguida, protegida por casacos, toucas, cachecóis e mais uma coleção de inverno inteira, e Liam, que era o principal acessório de seu retorno triunfal às aulas. Ela falou que ia dormir na casa da melhor amiga, mas todo mundo sabe que Liam foi também e, inclusive, não se via sinal de entre eles, o que comprovava ainda mais sua teoria de que os dois eram mentirosos e se mereciam. Embora a verdade é que eles levantaram super cedo e foram à academia juntos antes de começar de verdade o dia.
- ! Payne… Payne, você podia fazer o favor de colocar um saco na sua cabeça quando entra no meu jornal?
- Bom dia pessoal, cala a boca, Westwick. - o rapaz sorriu para a menina, que segurou o grampeador pronta para acertá-lo, mas foi impedida por Louis, que mesmo ocupado com celular pressentiu que a namorada estava prestes a atacar alguém.
- Cadê a ? O Niall? O Hazza? A ? - Orteguinha foi dar um beijo na bochecha do primo e acabou ganhando um também.
- Ué, você não dormiu na casa dela? Se tem uma pessoa que devia saber onde aquela bruxa está, essa pessoa é você. - Zayn sentiu que estava prestes a desmascarar a caçula.
- Nós saímos mais cedo pra ir na academia. - Liam explicou, revigorado após uma hora de intensa atividade física. Ele encarava o melhor amigo completamente cético por ver que o idiota ficava o tempo todo duvidando de suas intenções. - E depois tomamos café lá em casa.
- Nós fomos comer no 34. - falou feliz. Tinham dias em que eles estavam em sintonia e a manhã fria era um daqueles dias, definitivamente.
- Nós não tomamos café, pulamos diretamente pra sobremesa. - Lou finalmente guardou o celular e, quando falou, falou uma grande bosta, porque as duas mais novas ficaram sem graça, e só revirou os olhos, mas acabou sorrindo satisfeita.
- Enfim, o Niall e a devem estar dormindo e vão se atrasar só pra variar. E o Harry foi tomar café com a e a Diane. - explicou sucintamente.
não queria começar o primeiro dia de aula porque significava que a contagem regressiva para todo mundo ir embora havia oficialmente começado. Niall estava com pena da criança melancólica, e eles passaram parte da madrugada abraçados e conversando sobre histórias engraçadas do passado do grupo. Nada de chegar na primeira aula, carinho na cama e croassaint com muito chocolate foram o suficiente para tranquilizar as ansiedades da princesinha do grupo e só então o casal se preparou para começar o dia.
Harry e chegaram rindo das histórias absurdas que Diane contou para os dois durante o café da manhã e como Christopher concordou com todas, apertando a mão da esposa delicadamente a cada intervalo para parecer que estava interessado nas fofocas, e Styles brincou falando que se via exatamente assim em dez anos.
Quando o sinal tocou pela primeira vez no semestre, desistiu da reunião porque ninguém além de Liam apareceu, e todos pegaram suas mochilas e se dirigiram para as salas de aula, onde os professores já os aguardavam com toneladas de conteúdos e conselhos sobre a última etapa da melhor fase acadêmica que um estudante poderia passar.
Todo início de ano era o mesmo sofrimento, as baixas temperaturas forçavam os alunos a disputarem por espaço dentro de um refeitório que estava preparado para acomodar todos os estudantes, mas dificilmente você ficaria confortável com o fato de dividir-se do seu grupo porque não tem lugar pra todo mundo em uma só mesa.
E os professores pareciam sentir a ansiedade dos adolescentes, porque seguraram quase todas as turmas o máximo que puderam, e a regra de não correr pelos corredores foi violada tão deliberadamente que os inspetores não sabiam quem fichar primeiro.
e foram as únicas sortudas do grupo a sair cedo e o desespero nos olhos das duas crianças só aumentava na medida em que o refeitório começava a lotar e as pessoas tentavam se aproximar da mesa para dez lugares vazia e chamando a atenção de todos os grupos. A verdade é que as duas pentelhas não intimidavam ninguém e só não perderam a mesa porque Benett fez companhia para as duas até um Zayn muito desesperado chegar lá.
- O que você está fazendo aqui, Benett?
- Só fazendo companhia pra e a sua namorada antes que alguém tomasse essa mesa à força. – o rapaz sorriu porque Malik foi incrivelmente rude e isso era um sinal claro de que os garotos não conseguiriam manter as aparências por muito mais tempo. O relógio estava correndo, e ele contava cada segundo para ver a desgraça daqueles idiotas.
- Eu senti que ia ter que brigar fisicamente por essas cadeiras hoje. – princesinha Styles confessou e sorriu aliviada.
- Sim! Obrigada, Jason! – concordou e, por mais indiferente que fosse a tudo relacionado ao grupo, o atacante respirou fundo quando a loira lhe ofereceu o sorriso mais lindo e sincero que ele já havia visto na vida.
Mas se ele titubeou, ninguém notou.
- Imagina. Agora eu vou voltar pra minha mesa.
- Não precisava nem ter vindo. – Malik não se conteve. Estava tão transtornado em ver o outro rapaz com a sua garota e a garotinha de seus amigos (ele tinha dúvidas a quem se referir: Niall ou Harry).
- Zayn! – se virou para o moreno, chocada com a brutalidade das palavras e do comportamento que era perigosamente similar ao do dia em que ele bateu no melhor amigo. - Primeiro dia de aula e ele já está agressivo...
- , ele vai voltar agora pra mesa dele. Já foi bondoso demais por hoje. – o moreno insistiu, enquanto o observava, no mínimo horrorizada com tanta hostilidade sem motivo aparente.
- Não antes de eu convidá-lo... – tentou mais uma vez, começando a se irritar com a postura ridícula do amigo. Ela estava prestes a fazer um escândalo ali e Deus sabe disso.
- Convidá-lo pra porra nenhuma. Vaza daqui, Benett. – E com essa última estupidez, ele cruzou os braços e esperou o capitão do time se afastar tranquilamente.
O silêncio na mesa foi desconfortável porque a caçula Styles nem sabia o que dizer para o amigo que estava começando a se tocar que exagerou no tratamento e ficou envergonhado, mas não queria que as meninas percebessem.
- Zayn, o que foi isso? – foi cautelosa em sua pergunta, mantendo os olhos no namorado, que já estava ocupado em tirar sua pizza da embalagem e abrir a latinha de coca-cola sem fazer uma bagunça.
- A cara dele me irrita. Só isso. – murmurou e encheu a boca de pizza para não ter que responder mais perguntas.
A loira desistiu do interrogatório assim que Liam sentou de frente para eles e revirou os olhos quando viu Harry e sua namorada entrando no refeitório. Os dois estavam numa luta porque aquela girafa de all star estava pendurado na criaturinha que já não achava mais tão engraçado tê-lo ao redor.
- Harry, você já pode me soltar. – ela pediu entediadamente quando chegaram na mesa e não conseguiu sentar porque ainda estava presa. A cada vez que ela pedia pra ser solta, ele ria mais.
- Posso?
- Aham.
- Mas eu não quero. Você é tão cheirosinha... – Harry soltou a caçulinha com relutância e, ao invés de sentar em uma das cadeiras, como os normais, sentou na ponta da mesa e cruzou as pernas enquanto assistia os amigos comerem.
- E você é tão grudento... – respondeu com o mesmo tom afetado que o amigo usou, rindo outra vez agora que estava livre.
- Agora você sabe como o Liam se sente com você sufocando ele o tempo todo. – Zayn, que assistiu a todo o teatro, limpou a boca com o guardanapo e riu. Seu melhor amigo achou o comentário um pouco engraçado, mas preferiu não rir para evitar que a namorada realmente achasse que ele pensava assim.
- Oi, primo! – Ortega ignorou a acusação boba do menino e sentou ao lado do namorado, dando um beijinho na boca com gosto do chá quente que ele tomava.
- Oi, priminha.
- Liam, você não vai acreditar no que aconteceu: - Styles roubou um cubinho de queijo da salada da irmã e esperou que o amigo prestasse atenção para começar a contar: - eu fui buscar sua namorada na sala dela, e o Sr. Bahr falou alto "Srta. Ortega, o seu namorado está aqui.", e era eu quem estava na porta!
Apesar de muito engraçada a história, principalmente porque todo mundo na mesa conseguia visualizar com as bochechas vermelhas de vergonha e o sorriso sem vergonha que Harry deve ter dado no momento, Payno preferiu saber mais sobre um ponto muito mais importante:
- Por que você foi buscar minha namorada?
- Porque você está ocupado demais pra se preocupar com esses pequenos detalhes. – o cacheado respondeu como se fosse MUITO óbvio. A verdade é que tudo começou por uma busca por , mas por que não aproveitar a oportunidade de envergonhar alguém que ele gostava tanto, não é mesmo?
- Ele tem um bom ponto, sweetheart. – concordou com um aceno, entretida em separar todo o brócolis que veio junto com o macarrão. Uma coisa era dizer pra todo mundo que gostava de salada, outra totalmente diferente era ter que ser obrigada a colocar aquele pedaço de mato na boca e fingir que isso era aceitável.
, por outra via, não conseguia não olhar para a amiga desprezando o pobre legume e estava se segurando para não ser indiscreta e comentar sobre como era só um pouco e a caçula não morreria se comesse.
Zayn observava a namorada encarando o ritual de e riu sozinho porque já conhecia o sermão que viria se ousasse tentar convencê-la a comer o alimento.
- É? Vai sentar no colo dele então. – Liam respondeu baixinho e murmurou um "tô brincando" quando viu o sorriso de Harry ao ouvir a proposta indecente.
- Cadê o Louis? Eu passei na sala de Biologia e ele não estava lá há muito tempo. – soltou o notebook na mesa e olhou para cada amigo em busca de uma resposta sobre o paradeiro do garoto, que sempre passava em sua aula desde que começaram a andar juntos. Sua bandeja com o almoço estava com dois hambúrgueres, duas coca-colas, duas porções grandes de batata e dois potinhos de salada do McDonalds que ela pegou para si e para Lou, do jeito que ele gostava.
- Ele está te traindo. – Li parou de comer só pra se concentrar em ficar sério e dar aquela resposta.
e pararam de comer para assistir a reação da ruiva, mas aparentemente ela estava mais preocupada com a atual localização do namorado do que em fazer Liam infeliz.
- Cala a boca, Payne. – ela revirou os olhos e, para evitar passar mais raiva, falou diretamente com Malik, o único dos garotos naquela mesa que ela não odiava. - Você viu ele, Zayn?
- Não, ruiva. Mas a probabilidade de ele estar com o Gelner é alta. – o moreno já estava em sua segunda fatia de pizza e comia pensando em como não sentiria falta de almoçar em paz quando aquele semestre acabasse. Não dava pra colocar um pedaço de comida na boca sem ser interrompido por um dos amigos que falava demais!
- Não, eu já chequei lá. Foda-se, eu não vou esperar ele, estou morrendo de fome. – sentou ao lado da melhor amiga e desempacotou rapidamente o hambúrguer apetitoso.
- Ele e a foram pro carro dele fumar. No meio da aula. – finalmente se pronunciou. Ela os encontrou no carro do amigo enquanto voltava da reitoria, e a justificativa que recebeu para os olhos pesados e sorrisos bobos é que eles tinham fumado há uma meia hora porque tinham o horário vago.
- Vocês são uma péssima influência para a menina. – Liam reclamou.
Ninguém teve nem a coragem de falar alguma coisa porque ficou no ar a dúvida: ele estava falando sério ou era deboche?
Para as meninas, a fé na amiga era real. Os meninos já apostariam no sarcasmo, mas não tinham tanta certeza do quão brincadeira era o comentário e, pra evitar entrar numa discussão sobre como era o capeta, todo mundo ficou quieto.
- Na verdade foi bem inteligente, deu tempo pra aproveitar, agora eles podem vir comer e vão voltar bem pra aula. – Zayn voltou a falar da tática espera do amigo, que conseguiu o timing perfeito para a atividade ilegal que poderia facilmente causar expulsão caso fossem pegos. - Por que o Tommo não me chamou?
- Chamou pra quê? – Niall, que ninguém sabia onde estava e de onde veio, já chegou sendo curioso e ansioso para ter uma oportunidade de passar as informações que descobriu nas primeiras horas de aula. Mas por enquanto se contentou em roubar um beijo apaixonado na namorada. – Oi, babe.
- Irlanda, você podia escrever alguma merda pra eu colocar na edição dessa semana. Ainda tem uma coluna inteirinha para preencher, e eu não sei mais o que colocar até a Foster voltar com as fofocas...
- E o que eu teria pra falar, ? – Horan tinha a mania de revirar os olhos para algumas coisas que a melhor amiga de falava, mas todo mundo sabia que se ela sugerisse que pulassem de um precipício, ele iria junto, porque era o filhote de Louis e sempre que queriam fazer alguma coisa errada.
- Não sei. A gente pode chamar sua coluna de "Memórias de um cuzão que traiu a namorada com a irmã caçula do amigo". – Westwick sugeriu maldosa.
- , você nunca me responde quando eu pergunto se você estava com o Niall enquanto ele namorava. – Harry limpou a boca no guardanapo e mirou a irmã que estava na sua frente, do outro lado da mesa – Quando você vai parar de me enrolar?
- Hazza, você não pode dar ouvidos pra todo boato que surge, eu já te falei isso um milhão de vezes. – a menina segurou as pontas como pôde, enquanto Horan virava um pimentão e pedia licença pra ir comprar uma água.
revirou os olhos diante a burrice do irlandês, Liam cutucou para prestar atenção na conversa, estava se esforçando muito para não parecer curiosa e Zayn permaneceu com a cabeça inclinada, se divertindo muito com a conversa dos irmãos.
- Tá, então vocês não começaram com isso enquanto o Niall namorava? – o cacheado perguntou só para se certificar, já que nunca obtinha uma resposta exata sobre os rumores fortes de que sua irmãzinha era amante daquele branquelo azedo.
- E isso importa? – a loirinha arqueou as sobrancelhas, olhando rapidamente para o namorado que acabava de sentar ao seu lado enquanto tomava toda a água da garrafinha, nervosamente.
- Claro que sim. Uma coisa é vocês estarem namorando e outra é você ter sido a amante dele. E olha que eu nem imaginava que existia algo mais patético do que vocês dois juntos. – ele sussurrou para si a última parte, mas não falou tão baixinho assim porque ouviu e não gostou:
- Quer falar sobre ser patético, Hazza? Que tal a gente falar sobre você a trepando por aí sem compromisso? – princesinha Styles perguntou com a expressão mais adorável e simpática que conseguia colocar quando estava impaciente com a perturbação do mais velho. Perturbação essa que nunca existiu até que as conversas sobre o início da relação de Horan e começarem a despertar dúvida em todos.
- Isso não é da sua conta. – o primogênito franziu o cenho e voltou a comer, querendo dar o assunto por encerrado, uma vez que ele não queria namorar ninguém, e todo ser humano que tinha a habilidade da fala, ficava enchendo o saco como se ele fosse uma criança que não sabia o que estava fazendo.
- Nem a minha vida é da sua.
Payne aproveitou que todas as atenções estavam em cima da discussão dos irmãos Styles e cochichou para a namorada, que ainda lutava com as partículas de brócolis no meio de seu almoço:
- , eu estava pensando o quão ruim seria se eu não fosse ver você hoje.
nem ao menos tirou os olhos do prato, mas soltou os talheres, tomou ar para falar, pensou melhor e voltou ao que estava fazendo enquanto procurava as palavras certas para explicar pra aquele gostoso ao seu lado, que ele não tinha escapatória.
- Bem ruim. Minha mãe ia fazer eu terminar com você. – ela acabou encontrando o argumento ideal, que não deixava de ser uma grande verdade porque a Sra. Ortega adoraria a oportunidade de odiar o genro para sempre caso ele perdesse a apresentação.
- Ai, meu Deus... – Liam resmungou mais alto, completamente frustrado com a não resolução de seu problema - Eu não estou afim de ir, baby doll...
- Ir pra onde?
- Pra onde vocês vão?
A enxurrada de perguntas veio de uma só vez, e a reação de Liam e foi o que entregou que realmente havia algo planejado, porque os dois congelaram e ficaram olhando para o nada, tentando evitar os olhares curiosos dos amigos que esperavam uma resposta.
- Quem vai pra onde? – chegou com Louis logo atrás carregando as mochilas dos dois para que ela pudesse se equilibrar com a bandeja de almoço. – Oi, meu bem. – deu um beijinho no menino de cachos e foi sentar ao lado de e Liam, que tinham reservado uma cadeira para ela.
- Eles dois vão sair hoje. Ou iam. O Li não quer ir. – Niall explicou tudo o que entendeu até o momento, embora esperasse que um dos dois complementasse a informação vaga.
- Tá com medinho da sogrinha, Liam? – chutou o melhor amigo levemente, já que não tinha como empurrá-lo com o ombro, que era o que ela mais gostava de fazer nas hipóteses de provocação.
- Na verdade a Amina é o menor dos meus problemas. – Payno resmungou - Ter que ficar preso em um teatro com você por duas horas é o que me desestimula.
- Calma, a está indo também? – levantou, em estado de alerta porque estava descobrindo a maior traição do século bem ali, na sua cara.
- Claro, eu vou toda vez. – a morena respondeu como se fosse evidente. Não perdia um desde que a melhor amiga começou com aquela merda.
- Bom, agora eu quem não quero ir. – Malik se desestimulou ao lembrar que teria que respirar o mesmo ar que Meester durante duas horas. Era insustentável sofrer por tanto tempo.
- Pra onde, inferno? – segurou a latinha vazia com força, prestes a arremessar em alguém para conseguir a informação que tanto queria saber.
- Para a apresentação de dança da ! – Zayn e falaram juntos e muito impacientes, porque a menina ficava perguntando insistentemente sobre algo tão óbvio. E isso foi suficiente para iniciar outra onda de questionamentos indignados:
- O quê? Você se apresenta?
- Você dança mesmo?
- Porque nós não fomos convidados?
- Obrigado, Li... – murmurou entre dentes e respirou fundo antes de colocar seu melhor humor para responder os amigos: - Gente, é só mais uma apresentação e é chato, por isso o Liam não quer ir.
- Deixa eu ver se entendi, você dança e nunca chamou nenhum de nós pra ver? – estava com as mãos na cintura, em pé e de frente para a amiga caçula que também poderia ser chamada de grande mentirosa.
- Na verdade, eu tenho que ir toda vez. – Zayn confessou, nem um pouco orgulhoso disso. Mas ainda assim ganhou olhares de "Nossa, como você é chato hein."
- Eu também. – Meester não estava tão triste assim, inclusive seu sorrisinho idiota estava irritando Harry, que nem sabia que a garota tinha um compromisso naquela noite. O que iria acontecer se ele tivesse planejado um encontro surpresa pros dois? Ela não pensava nessas coisas?
- Em minha defesa, hoje vai ser minha primeira vez. - se pronunciou pela primeira vez, sentindo compaixão da amiga porque se colocou no lugar dela e sofreu com a imagem dos sets, onde trabalhava, lotados com nove criaturas que falavam alto, brigavam e se atacavam publicamente.
- Você foi convidada? - Tommo bateu na mesa, definitivamente revoltado com aquela caçulinha ridícula que ele mimou por tanto tempo e agora tinha a cara de pau de tirá-lo de sua vida. – Porra, ! A foi convidada e eu não? Eu sou a pessoa que mais gosto de você aqui e não sou convidado?
- O que ela tem que eu não tenho, hein? - Harry, o mais magoado deles, perguntou sério.
- Eu já falei, não achei que vocês iam se interessar. É entediante. Desculpa. - A voz da menina era cada vez mais fraca, e ela começava a se perguntar se foi um erro não tê-los convidado antes, esquecendo que se tivesse feito o dito convite há uns dois anos, todo mundo teria rido de sua cara.
- Tudo bem, nós vamos hoje então. - decidiu e todos concordaram antes de voltarem para as salas de aula.
- Querido, deixa eu ajustar isso para você. - Amina pediu, arrumando a gola da camisa social que Liam usava.
Há cinco minutos ela já tinha mandado um "Acho que já dá pra fechar esse botão, querido" e obrigou o menino a ficar com todos os botões fechados em uma coisa sufocantemente elegante. E antes disso, no restaurante, deixou sentar ao seu lado, mas fez questão de ser a companhia do lado esquerdo e ficava observando cada maldito movimento que ele fazia.
Trisha estava do seu outro lado, rindo sempre que a cunhada fazia uma exigência boba, e mais importante: impedindo que ele pudesse conversar com Zayn e , que estavam logo ao lado cochichando e rindo de vez em quando.
É claro que ainda tinha sua melhor amiga, mas a idiota estava ocupada conversando com tio Rob e esqueceu completamente de sua sofrida existência há duas cadeiras dali, principalmente porque o homem estava julgando as pessoas do feed da menina e ela não conseguia ficar séria quando ele se horrorizava com o tanto de roupas feias que as pessoas estavam usando ultimamente.
Ainda tinha uma última opção, que era fazer companhia para , que estava em seu próprio camarim lá atrás, e ficar por lá até a hora do espetáculo começar. Mas onde estava a coragem para peitar a sogra e falar "Eu vou ficar sozinho com a sua filha naquela salinha enquanto ela usa aquele collant maravilhoso"? Fazer isso quebraria as duas regras que a mulher impôs: não ficar sozinho com ela e não atrapalhar a dança.
Portanto ele se concentrou em não morrer entre as duas mulheres pela próxima hora, já que até quando ele suspirava entediadamente Amina perguntava se estava tudo bem. E no instante que o outro quinteto, que não participou do jantar da família, colocou os pés no edifício, ele se levantou e não voltou mais até o final da noite.
- Uau, ! - Zayn ficou babando na graciosidade da amiga, que estava encantadora no vestido longo que usava. - Harry, tira uma foto nossa?
Já havia tirado uma foto com sua loira favorita do mundo mais cedo, que inclusive era a única das meninas que estava de calça, uma calça de alfaiataria que a tornava a mulher mais notada do lugar, como se já não bastassem os seus 1,75m mais os centímetros do salto alto.
- Na horizontal ou na vertical? - Styles pegou o telefone do amigo e ligou a câmera enquanto esperava os dois se posicionarem de maneira que o teatro inteiro era o pano de fundo da foto linda e cara. - Foda-se, tirei dos dois jeitos. E alguém precisa tirar uma foto minha com o meu bem aqui.
- Vocês podem parar de passar vergonha aqui? Tira essa merda de foto lá fora! - estava uma princesinha da boca suja em seu vestido e os cabelos vermelhos presos em um coque delicado.
- Cala a boca, Westwick. - revirou os olhos e foi assim que a foto saiu: Styles sorrindo charmosinho enquanto abraçava a menina que posava para a foto até o pescoço, mas o rosto estava torcido em uma careta de desgosto direcionada a . E foi assim que Harry postou.
- não fala assim com a minha namorada! Assim não dá! - Louis foi o primeiro a sentar e não se incomodava nem um pouco com a movimentação dos amigos no meio do corredor.
O local estava parcialmente cheio e, quando o espetáculo começasse, todos os telefones deveriam ser desligados para o bom aproveitamento do momento, além, é claro, de não atrapalhar a performance dos artistas.
- Eu não tenho culpa que você escolheu uma idiota como namorada, Lou. - murmurou enquanto passava pela primeira cadeira que estava ocupada com uma bolsa grande e um buquê de flores lilás, então por Lou, , , Niall, , Zayn, Liam e por fim Harry até chegar no último assento vago da fileira.
- Nós trouxemos uma faixa, mas ficou lá fora e já deve ter sido roubada a essa altura… - Niall lamentou, ainda chateado com a segurança que foi firme na decisão de não deixar o cartaz entrar.
- Isso aqui é tão legal! Faz tempo que eu não colocava um vestido longo! - mexeu na alça de seu vestido, ajustando-o para não amassar enquanto ficasse sentada.
A verdade é que até agora tudo corria perfeitamente bem, com exceção das olhadelas reprovadoras de Amina, que estava sentada tão longe deles que nem dava pra ameaçar as crianças com olhar. E a conversa paralela continuaria até o evento de fato começar.
Como Liam estava conversando com Harry e , Zayn decidiu se entreter com e a olhou dos pés à cabeça pela milésima vez na noite, impactado com a beleza da garota que acariciava sua mão distraidamente.
- A sua sogra está obcecada com a sua roupa, loira. - ele sussurrou no ouvido da menina, deixando um beijo suave sobre o ombro dela.
- Até o seu pai me elogiou, Zayn. O seu pai! - arregalou os olhos enquanto lembrava de como ela se sentiu em êxtase quando o sogro beijou sua bochecha e disse "você está fantástica, querida". - Eu nunca fiquei tão nervosa assim na minha vida!
- Eu sei, fiquei com medo de você fosse derrubar alguma coisa. - Malik gracejou e o sorriso sumiu do rosto da garotinha atormentada pelos pesadelos da grande vergonha que passara há alguns dias. E infelizmente o bobão presenciou tudo e não esquecia o dito fato.
- Engraçadinho.
- Me desculpa, babe. Eu só não consigo superar a imagem linda que foi você derrubando o manequim no sexshop.
- O quê? - a pequena pergunta ecoou de cadeira em cadeira e assim, do nada, sete cabeças estavam voltadas para o casal que fora pego de surpresa.
- Zayn… - Hilton murmurou, constrangida.
O garoto por outro lado, estava tendo problemas para controlar o riso e, assim que se recompôs, começou a contar a história:
- A gente estava em um sexshop no dia do meu aniversário, e a vendedora convidou a pra ir no segundo andar, onde estavam as fantasias mais adultas. Ela ficou tão nervosa que derrubou uma manequim vestida de enfermeira safada e tentou juntar, mas o braço da coisa soltou e todo mundo lá dentro parou pra ver a cena.
Alguns momentos de silêncio precederam as risadas e as conjeturas a respeito da possibilidade de se conseguir as imagens das câmeras do local, e só afundou em sua cadeira, quietinha enquanto todo mundo queria saber mais sobre o manequim/enfermeira safada que ela derrubou sem querer.
- O que você estavam fazendo em um sexshop? - Tommo basicamente deitou em cima do colo da namorada para ouvir direito cada palavra daquela conversa.
- A não tem nem idade pra estar em um sexshop… - Niall murmurou, envergonhado. A menina era uma irmã mais velha e nenhum garoto está preparado para ver a irmã mais velha dentro de um sexshop com o namorado que não é nem um pouco confiável.
- O que você deu de presente de aniversário pro Zaza, ? - apoiou o queixo no ombro de Horan enquanto os olhos verdes destilavam curiosidade sobre o assunto.
- Nós só estávamos passeando e ele quis entrar pra ver. - ela explicou, mortificada. Zayn merecia pagar por ter vazado essa história, mas ela não conseguia pensar uma punição boa o suficiente para aquele péssimo namorado que só servia parar rir enquanto ela tinha todo o trabalho de se explicar. - Eu ainda falei que não, mas a próxima coisa que eu lembro é de estar com febre no rosto, de tanta vergonha.
- Não precisa ter vergonha porque você vai em sexshops, boba. O que vocês compraram? - estava achando aquilo tão bom! Como seu favorito hobby, constranger as pessoas era uma atividade relativamente fácil quando o alvo das brincadeiras era alguém tão recatada e quieta como sua grande amiga .
- Nada! - a loira fechou os olhos maquiados com força, torcendo para que aquilo fosse só um sonho estranho, mas quando os abriu novamente ainda estava sendo estranhamente observada.
- Eu queria ter pego um par de algemas, mas ela ficou desestabilizada e a gente teve que ir embora. - Malik continuou a constrangê-la, completamente controlado agora que compartilhou com todos o motivo de todas as suas risadas na última semana.
- Nós estamos precisando de algemas novas, babe. Aquela machuca meu pulso. - virou-se para Niall e levantou os pulsos enquanto falava, deixando todo mundo estupefato.
- ! - o irlandês chamou a atenção da menina enquanto assistia Harry, há três poltronas dali, congelado e olhando para a frente muito chocado.
- Vocês usam algemas para o quê em especial? - perguntou com um sorriso indecifrável, ela estava uma mistura de surpresa com "isso é engraçado", mas também interessada em saber.
- Já chega. - o pobre Styles pediu baixinho, lutando para não imaginar porque sua irmã se machucaria com algemas, mas falhando miseravelmente e sentindo o jantar caríssimo voltar por seu esôfago.
- Shhhhh! A Amina já olhou pra cá umas três vezes. - Liam reclamou quando o burburinho aumentou. Ele estava ouvindo toda a conversa, mas a única coisa que pensava é que faziam meses desde a última vez que havia transado e falar de sexo para ele era como amarrar uma pessoa que come muito e deixá-la por meses com fome, mas sempre falando sobre pratos apetitosos.
A vida estava difícil assim para o rapaz.
- Não me manda calar, Payne. Não é nossa culpa que a filha dela não sai logo pra dançar. - encostou a cabeça no ombro de Louis, sentindo-se subitamente cansada e sonolenta.
As luzes do teatro foram apagadas, indicando que o show estava prestes à começar, e funcionários começaram a passar pelos corredores para garantir que todos estavam cumprindo a expressa proibição de manter os aparelhos celulares desligados.
- E essa historinha de não poder usar celular é ridícula. Onde já se viu isso? - cochichou para ninguém em especial, sentindo a súbita ansiedade de quem deveria passar a próxima eternidade longe da internet.
- Todo teatro é assim, . - resmungou, mal-humorada. O braço de Lou ao seu redor estava sendo o travesseiro perfeito e, se sua melhor amiga fizesse o favor de calar a boquinha, ela tiraria uma soneca deliciosa.
Para sua grande sorte, logo o casal de loirinhos descobriu que aquela escuridão infernal era perfeita para trocarem uns beijos sem serem notados e foi isso que eles fizeram, porque a programação era uma merda e eles descobriram que, além de , mais umas vinte pessoas iriam dançar, e todos não passavam de pontinhos se movimentando para lá e pra cá.
- Lou, a sua ideia da camiseta não vai dar certo. Desculpa. - sussurrou para Tommo, quando percebeu que a apresentação estava chegando ao final e eles estavam mais próximos do constrangedor momento de vestir as camisas que o garoto providenciou.
- Por que não? Inclusive vocês já deveriam estar vestindo. - o moreno estava certo de que todo mundo participaria da "homenagem" ou ele faria um escândalo.
- Não faz sentido vestir agora se ela não vai ver. - Hilton sorria, mas chorava por dentro.
- Mesmo assim, a ideia é fazer uma homenagem à nossa artista. - ele insistiu, convicto de que sua posição em ficar orgulhoso da pequena dançarina era a atitude mais nobre que tomara naquele ano que só começava.
- Louis, eu não quero estragar minha roupa! - interferiu em prol da causa da amiga.
As camisetas estampadas com uma foto da menina Ortega eram cafonas e não tinham nada a ver com o rigoroso código de gala que o evento noturno requeria.
- Coloca só no final então, estraga-prazeres. - Tommo cruzou os braços e voltou a olhar para a frente, fazendo charme para que as meninas se sentissem mal e vestissem as camisetas que ele pagou tão caro para mandar fazer, já que a empresinha teve uma tarde para providenciar as nove peças em tamanhos diferentes.
- Olha como você fala comigo, Lou. Eu já vou passar uma vergonha dessas por você! - a princesinha suspirou, dando-se por vencida e aceitando que teria de colocar a camiseta por cima de seu vestido maravilhoso.
- Na verdade é pela . - Louis revirou os olhos.
- Ela vai odiar isso. - Liam falou baixinho, consciente de que a namorada ia ficar com vergonha alheia quando colocasse os olhos no circo que seria ver todo mundo vestido com aquelas coisas feias. Seu celular começou a vibrar e ele tentou ignorar, mas na terceira vez que isso aconteceu, ele foi ver quem era:
Xx Liam. xX
Xx Liam. xX
Xx Sim, Sr. Ortega? xX
Xx Por que você está usando o celular aqui dentro? Não tem vergonha de quebrar regras assim? xX
Xx Você também está usando, Sr. Ortega. xX
Xx Eu sou sensacional, criança. xX
Xx Com certeza, Sr. Ortega. xX
Xx Você viu o link que eu te mandei? xX
Xx Muito engraçado o ministro da saúde tropeçando, Sr. Ortega. xX
Xx Também achei. Enfim, minha mulher está pra acertar o celular e a carteira dela em vocês. Calem a boca porque eu não quero ter que ir até aí. xX
Xx Okay, Sr. Ortega. xX
Quando as luzes voltaram, a metade dos adolescentes bocejou e espreguiçou enquanto esperavam que o pessoal da frente começasse a sair e a multidão se dissipasse o suficiente para que pudessem ir até o camarim de . Quando o lugar estava relativamente vazio, Louis abriu a mochila e entregou as camisetas de tamanho único para cada um deles e todo mundo voltou a colocar os casacos para que ninguém além da homenageada visse a marmota.
Eles se encontraram com os pais da amiga no corredor, e Trisha deu um beijinho no filho antes de seguirem para fora do backstage lotado de outros pais e amigos que também estavam ali para prestigiar seus queridos.
Louis foi o primeiro a entrar e já chegou levantando , que estava sentada com os pés descalços protegidos por uma toalha felpuda e macia:
- Orteguinha, você foi incrível! - ele abraçou-a com tanta força que a menina levantou do chão.
- Sim! Eu estou encantada! - fez questão de abraçar a menina, que era quase como uma cunhada, e congratulá-la pelo excelente trabalho no palco.
- Você dança mesmo! E muito! - Niall e Harry foram abraçar a caçulinha juntos e a amassaram em um abraço apertado antes de se afastarem para mexer nas coisas do camarim da garota.
- Confesso que estou chateada porque demorou muito pra você aparecer, caçulinha. - já sentou na cadeira que estava sentada anteriormente e mandou a real.
Em sua cabeça, eles iriam sentar lá e assistir dançar por duas horas consecutivas, mas acabou que ela só apareceu em dois atos e todo mundo ficou decepcionado.
- Vocês gostaram? - estava muito satisfeita, não só com os elogios dos instrutores, bem como pela presença dos amigos que gostaram de sua apresentação. - Obrigada pelas flores, Liam!
Ela colocou o lindo buquê ao lado das flores que seu pai também lhe deu quando foi parabenizá-la mais cedo.
- As flores são do Harry. - Payno disse só quando recebeu seu beijo de agradecimento e se sentiu na necessidade de justificar porque entregou as flores como se fossem dele - É que eu me encontrei com o seu pai ali fora e estava segurando pro Harry vestir a blusa dele e não quis dizer que não eram minhas…
- De nada, Betty. - Styles piscou para a caçulinha e foi surpreendido com um beijo na bochecha, da menina agradecida pelo gesto tão educado.
Apesar de ser um babaca na metade do tempo, Harry foi bem criado e jamais iria prestigiar o trabalho de uma garota sem levar o símbolo universal da estima a uma pessoa querida.
Louis estava ansioso para mostrar as camisetas e, antes que mais alguém pudesse falar, ele tomou as vozes e começou a monologar:
- E se você ficou se perguntando "que blusa ele estava vestindo?"...
- Na verdade não fiquei me perguntando nada, Lou. Embora seja estranho que vocês estejam com tanto frio aqui dentro… - Orteguinha interrompeu, mas logo notou que todo mundo estava muito agasalhado. Seria o calor da apresentação ou ela estava doida?
- Deixa eu terminar de falar, criança. - Tommo tentou bagunçar o cabelo dela, mas estava tão preso que nenhum fio saiu do lugar - Nós queríamos mostrar nosso apoio a você, mas fomos impedidos porque aparentemente existe um código de vestimenta aqui dentro…
- Louis vai direto ao ponto, honey. - pediu, ávida para ver a infelicidade no rosto da menina assim que visse o que eles todos estavam usando.
- Está bem. Todo mundo em 3, 2, 1....
Apesar dos murmúrios de "ai, meu Deus", "a gente precisa mesmo fazer isso?" e "eu te odeio, Louis", no 1 todo mundo tirou os casacos e, de repente, o cômodo ficou branco demais.
- Minha nossa! - Orteguinha piscou duas vezes, tentando absorver as nove caras suas que estavam no peito de todo mundo.
- Você gostou?
- E-Eu… Uau! É muito… chocante! Eu estou chocada, Lou. Você quem teve essa ideia? Quando vocês tiveram tempo pra arrumar isso?
Tantas perguntas e nenhuma resposta que justificava o uso de uma foto tão cafona para ser estampada em nove camisetas...
- Eu sabia que você ia adorar, caçulinha. - Louis abraçou a menina pelos ombros enquanto orgulhosamente pegava o celular para tirar uma selfie com a estrela da noite. - Você não vai querer saber o que eu precisei fazer pra consegui-las…
- O que você precisou fazer, Louis? - Westwick cerrou os olhos, interessada em saber mais do que o namorado precisou fazer para chegar até ali com aquele material.
era naturalmente ciumenta e aparentemente o bom humor de Louis era um afrodisíaco natural que atraía atenção indesejada. Muita. Tommo costumava se acabar em risadas toda vez em que os dois se encontravam numa situação assim.
- Eu não posso dizer, mas posso garantir que não ofereci favores sexuais pra nenhum ruivo. - ele jogou beijo para a menina, relembrando o épico episódio em que ele afirmava que havia ficado com um cara para conseguir favores para o grupo. Podendo dizer também que aquele foi o começo da grande paixão dos dois.
- Vai tomar no cu, Tomlinson. - não achou tão romântico assim.
ficou quieta a maior parte do tempo, incomodada com um pequeno detalhe sobre a noite e Harry, que conhecia a irmã, estava atentamente aguardando até que ela perdesse a paciência e falasse. E quando ela o fez, não decepcionou:
- Olha, eu vou ser honesta: eu não enxerguei você, . Quer dizer, você poderia muito bem ter ficado aqui sentada e alguém ter ido lá dançar por você.
- Mas eu falei que estaria de branco! - a caçulinha cresceu os olhos, frustrada com a falta de atenção não só de , mas de todos os outros que pouco a pouco assumiam que também não faziam muita ideia de quem era quem naquele palco distante.
- Tinham seis pessoas de branco. - ajudou .
- Eu não acredito que vocês vieram aqui com essas camisas feias e nem me viram dançar de fato. - a caçulinha começou a recolher as coisas dentro da bolsa gigante, que pesava mais do que ela.
- O importante é que todo mundo de branco dançou muito bem e se você era uma dos de branco, arrasou. - falou porque seu celular estava com menos de dez por cento de bateria e isso só podia significar uma coisa: é hora de ir para casa.
Além do fator mais importante é claro, que era o descanso de sua melhor amiga. A morena sabia que se deixassem por conta ninguém iria embora e a conversa só teria um fim quando a caçula desmaiasse de sono bem ali na frente deles.
- O importante é que todo mundo sabe agora que você realmente sai pra treinar, quando fala que vai treinar. - falou e todo mundo começou a rir.
- O que vocês achavam que eu ia fazer??? - já ouvira aquela conversa tantas vezes, mas custava acreditar que os bocós falavam sério mesmo.
- Muitas teorias sobre isso, Orteguinha. Nenhuma que você gostaria de saber. - Styles deu um suspiro sério.
- Acho que a mais bizarra era a que você deixaria a gente pra sair com o seu outro grupo de amigos.
- Que outro grupo?
- Pois é, agora nós sabemos que não tem mais ninguém na sua vida. Felizmente.
- Eu hein. - Ortega sorriu e decidiu que era mesmo hora de ir pra casa: - Obrigada por terem vindo pessoal, agora eu preciso me trocar pra gente poder ir embora.
O grupo começou a se movimentar para sair com exceção de Louis e Harry que ficaram no mesmo lugar e cruzaram os braços para ficar mais confortável. Ninguém nem precisou perguntar porque eles não se moveram já que as intenções dos espertinhos ficou clara, a medida que começaram a gritar que só iam ficar para ajudar conforme Zayn e Liam os empurravam para fora.
Ser segunda-feira não foi empecilho para todos eles, com exceção da cansada bailarina, saírem pela cidade na busca de um pub para comer batata frita e tomar cerveja até as primeiras horas da madrugada.
Contudo felizmente o fim de semana não demorou para chegar e a casa Meester estava estranhamente quieta o que indicava a ausência da matriarca Diane. O rapaz deixou os sapatos ao lado da escada, consciente de que não estariam ali quando ele descesse e subiu os degraus vagarosamente, checando a rede social da sogra para descobrir o paradeiro da família.
Assim que soube que tanto ela quanto Christopher não se encontravam, ele correu até o quarto da única moradora da casa que se encontrava ali, super animado com o vasto leque de possibilidade que se abriram perante seus lindos olhos verdes quando se deu conta de que uma sozinha em casa havia o convocado imediatamente até lá no meio da tarde.
- Oi, meu bem! - entrou no quarto da morena, arrombando a porta como fazia desde que descobriu que era muito divertido assustá-la com o estrondo, já jogando o casaco para um lado, largando a sacola de papel que carregava para o outro e falando demais: - Eu trouxe aquele bolinho ruim que você adora e…
- Harry. - apareceu na porta do banheiro, os olhos vermelhos e inchados indicavam que ela esteve chorando muito e no momento em que Harry a mirou, sentiu um soco no estômago:
- , o que aconteceu? - ele foi até a garota que agora parecia tão frágil e ainda menor, arrastando-a para a cama bagunçada e sentando-a como um robozinho. - Você estava chorando?
Seu maior medo nesse momento é que Benett tivesse falado algo e estava no aguardo de qualquer palavra que fosse um indicativo de que estava horrivelmente certo. Mas a tristeza dela não se assemelhava nem um pouco com a fúria que esperava encontrar quando o maldito dia chegasse.
- Nós p-precisamos conversar, Harry. - fungou, respirando fundo para se controlar e não começar a surtar ali mesmo. Já havia surtado o suficiente desde ontem e sinceramente, não sabia o quanto de loucura poderia aguentar antes de perder a sanidade para sempre.
- Você está começando a me deixar nervoso. - o menino confessou e se afastou do abraço dos dois para poder olhar para ela enquanto esclareciam as coisas: - Está tudo bem?
- Não. Não está nada bem. A minha vida simplesmente acabou e eu não sei o que fazer! - a menina se exasperou, arregalando os olhos enquanto já podia sentir os olhos umedecendo a medida em que as palavras eram vomitadas mecanicamente.
- Me fala o que aconteceu! - Styles ficou de pé e começou a andar nervosamente pelo perímetro entre a cama e o banheiro. Definitivamente ela sabia de algo e não era nada bom.
A verdade é que em seu íntimo ele sabia o que poderia destruir a vida de uma menina de dezoito anos mas esse era um pensamento tão distante que nunca saiu do subconsciente que rapidamente ligou todos os pontos e sorria perversamente.
- Eu estou grávida.
As palavras causaram um mix de emoções que resultaram em Harry correndo até o vaso e colocando todo o seu almoço para fora. A enxurrada de alívio porque não sabia nada da aposta se misturou ao pânico e a sensação de um peso mortal sobre seu corpo e uma tontura que fez seus passos trôpegos mas então ele se recompôs e voltou ao quarto.
Meester acabava de voltar a sentar na cama, com os olhos arregalados, olhando para o rapaz descabelado que surgia de volta, muito pálido. Ela já possuía com problemas o suficiente para ainda ter que cuidar de um Harry doente de susto. Não havia saído do quarto desde a noite anterior, quando fez o primeiro teste e de uma hora para a outra sua barriga parecia ter ganhado um volume que nem a mais folgada das roupas conseguia esconder.
- Desculpa, eu só fiquei um pouco enjoado. - ele justificou envergonhado e pegou a garrafinha de água da menina para tirar o gosto horrível de vômito. - Você pode repetir, por favor?
- Repetir o quê? - a garota perguntou cansada de tudo aquilo. Houve um momento em que sua vida era tão simples e descomplicada, mas agora ela tinha que lidar com esse anúncio inesperado, sua cabeça doía demais e nem podia tomar um remédio.
- Você sabe o quê. - Hazza apertou as mãos nervosamente.
Em um momento ele era o garoto mais feliz na terra, com pais que o amavam, rico, com notas boas e amigos que o adoravam, e no outro só um adolescente estúpido de dezoito anos que acabava de descobrir que seria pai! PAI!
- Eu acho que estou grávida.
- Acha? - ele colocou as mãos na cintura enquanto arqueava as sobrancelhas. Como assim, "acha"? Você não pode "achar" que destruiu o futuro de duas pessoas!
- Não. E-Eu estou mesmo. - gaguejou. Era difícil seguir o script planejado quando Harry estava tão transtornado. Ele não estava bravo, era algo mais como um completo desespero e perda da vontade de viver.
- Grávida?
- É!
- Meu bem, isso é uma brincadeirinha idiota sua e do Louis? Porque isso parece muito coisa do Louis… - o menino franziu o cenho, buscando qualquer vestígio de uma possível pegadinha. Porque só existiam duas explicações possíveis para aquele momento: 1. Era verdade e 2. Tudo não passava de uma brincadeira de extremo mal gosto.
- Harry. - a pobre garota, no entanto, não conseguia nem disfarçar o quão desestruturada estava e de vez enquanto enfiava a cara no travesseiro mais próximo para evitar começar a chorar histericamente. - Eu estou falando sério aqui. Por favor.
- Você tem certeza disso? Testes de farmácia podem dar errado… - voltou a sentar ao lado da menina, incerto sobre se devia tocá-la ou não, por fim acariciou muito levemente as costas dela.
- Eu estou fazendo xixi pra teste desde ontem, porra. - levantou e foi até a mesa de estudo, voltou carregando cinco testes de gravidez de diferente marcas e os entregou para o cacheado que a primeiro momento segurou os em uma mão, mas logo se deu conta que todos estavam contaminados com urina e os jogou na cama rapidamente sem nem ver o mais engraçadinho deles, que brilhava um "CONGRATS!" em sua pequena tela LED.
- Caralho... - o pobre Hazza enfiou as mãos nos cachos agora bagunçados e se concentrou muito para não ter um ataque de pânico ali mesmo. Após alguns momentos de um silêncio desconfortável, ele teve uma dúvida: - E tem alguma hipótese, por menor que seja, de que esse bebê não seja meu?
andava para lá e para cá, mas no instante que ouviu a pergunta congelou e virou lentamente para o rapaz, encarando-o mortalmente e respirando muito profundamente para não gritar. Mas não pode evitar:
- Claro, Harry! Eu estou grávida desde que transei com a última pessoa antes de você HÁ UM ANO ATRÁS! - ela deu um tapa no braço do garoto, que se encolheu e tentou se proteger daquela pequena mão que dava um tapa tão ardido.
- Ai! Calma! Nós só precisamos trabalhar em cima de todas as opções…
- Cala a boca. - revirou os olhos e foi sentar em sua cadeira giratória da mesa de estudos. Os dois ficaram por mais um longo período em silêncio quando ela falou novamente: - Você não precisa se sentir preso a mim, sabe. Eu posso arcar com a responsabilidade sozinha, meus pais vão entender e eu vou me virar. Não é como se você fosse obrigado a criar essa criança comigo e…
- Não! Não é isso. - a interrompeu e caminhou até ela. Se sentiu culpado por ter deixado margem para a menina pensar que estava nessa sozinha. Eles obviamente não iriam casar nem nada do tipo, mas é claro que ela não teria que lidar com tudo isso sozinha.
Não é que um filho fosse algo ruim, ele inclusive planejava ter pelo menos um. Mas não agora, nem nos próximos cinco anos, era um projeto de longo prazo e honestamente, uma criança a essa altura representava um mar de problemas e ele não podia ver a luz no fim de um túnel cheio de olhares de reprovação, pais enfurecidos e decepcionados e mais a falta de experiência das duas crianças que ainda recebiam café na cama e pelo menos uma vez por semana comiam o McLanche Feliz só para ganhar os brinquedinhos.
- É só que… O meu pai vai me matar! - ele se desesperou mas um barulho que definitivamente não veio de os interrompeu. - O que foi isso?
- Hã? Isso o quê? - a morena olhou para os lados, ponderando de onde poderia ter vindo o suspeito som.
- Esse barulho. Pareceu uma risada e veio do seu closet. - o cacheado falou, já caminhando em direção a porta fechada, com Meester em seu encalço:
- Não foi nada, meu bem. Volta aqui, vamos conversar. A gente precisa decidir o que vamos fazer.
E antes que Styles colocasse a mão no puxador, a porta foi aberta e um Louis Tomlinson traspassado em uma emoção que já passava da risada a muito tempo, apareceu segurando o celular na cara, rindo muito.
- Louis! Não era pra você sair agora! - berrou.
- Me desculpa mas eu já estava morrendo sufocado aqui dentro! Meu Deus, hoje é o melhor dia da minha vida! - Louis filmava empolgadamente entre e Harry.
- Você estragou tudo! - a morena reclamou frustrada por ter sido interrompida bem no meio de seu teatro.
- Desculpa! Não deu mais, ! Quando ele falou "meu pai vai me matar" eu quase morri engasgado! Além do mais você não tinha mais para onde ir com essa farsa, okay? - Tommo se defendeu e então foi até Harry.
Styles ainda estava parado ao lado da porta do closet, na mesma posição desde que Louis brotou de lá. Mantinha a boca aberta, assistindo os dois filhos da puta discutindo bem na sua frente sobre o plano maligno para lhe causar um ataque do coração e morte súbita.
- Harold! Você vomitou? Eu não acredito que você vomitou! Nós devíamos ter colocado câmeras no banheiro também, porra! - Louis, eufórico, guiou a câmera do celular de volta para o foco da pegadinha.
- Isso… Isso tudo era uma pegadinha? - ele perguntou o óbvio, só para ter certeza.
Porque assim, Louis e fazendo aquilo teria todo sentido. E ter amarrado um cara pelado na cama também soava coerente. Mas os dois desgraçados unidos para aprontar uma daquelas era algo que ele não previa. Principalmente não previa que seria o alvo da tão pesada brincadeira.
- Sim! Genial, certo? - Tommo virou a câmera para si e mostrou um joinha, voltando então a filmar Harry.
- Tira esse celular da minha cara, Louis. Eu vou quebrar ele em você, seu filho da puta.
- Mas eu preciso recordar todos os momentos da…
- Louis desliga essa porra agora. - Harry pediu mais uma vez e foi atendido. - Você não está grávida então?
- Então, sobre isso… - a menina tomou ar para começar a explicar e um sorriso sapeca brotou nos lábios de Lou.
- , não. - Styles cortou a brincadeira. Mal humorado por ter sido feito de idiota, porém não tão bravo assim porque ELE NÃO IA SER PAI AINDA!
- Ai Harry, para de ser estraga prazeres… - a garota cruzou os braços e deixou que o rapaz voltasse a falar.
- Como vocês dois puderam pensar que isso seria engraçado? Desde quando vocês planejam essa merda? De quem são aqueles testes usados então? Quem mais sabe disso? A está escondida em algum lugar por aqui? Vocês estavam transmitindo essa porra na internet? - ele mandou a lista de dúvidas e questionamentos que tinha sobre os dez piores minutos de sua vida.
- Senta que você vai querer ouvir tudo. - Tommo pediu, puxando a cadeira giratória para perto da cama para ficar frente ao casal que sentou nela.
- É bom vocês não esconderem nada mais mesmo. - Hazza murmurou ranzinzo.
- Antes de tudo, eu só queria falar que foi tudo ideia do Lou, meu bem. Eu jamais teria pensando em tudo isso sozinha. - beijou a bochecha do menino e sorriu angelicamente.
- Ah vai tomar no cu, ! - Louis abriu os braços. A ideia era que ela levasse a culpa porque eventualmente seria perdoada após uma semaninha com muito sexo. Mas ele não podia transar com Harry então basicamente ia acabar tendo que fazer algo muito estúpido e doloroso para ser perdoado!
Styles assistia as duas crianças discutindo enquanto a mão da pequena manipuladora entrelaçava os dedos nos seus. A pior parte é que ele já havia perdoado os dois idiotas mas não ia entregar os pontos antes de conseguir que Louis fizesse algo muito estúpido e conseguir muito mimo de .
- Dá pra vocês focarem na história? - ele pediu.
- Ah sim! A história. - Lou sorriu - Terça-feira passada. Aula de Linguagem. Nós estávamos fazendo uma atividade em dupla e entramos nesse site que vende um monte de coisas legais e ilegais. Eu comprei quatro atestados falsos pra mim e nós acabamos encontrando esses testes adulterados, que sempre dão positivo. Nós compramos cinco de "marcas" diferentes e chegou ontem, eu fiz xixi em dois e descobri que estava grávido mas aí a não ia acreditar nisso e nós pensamos em pregar uma peça, e como o Zayn e o Liam não transam mais, nós pensamos em você! E deu certo!
- Muito certo! - bateu high-five com o melhor amigo de Harry e o cacheado não pode evitar sorrir. Era um excelente plano. Infelizmente ele quem foi a vítima mas isso era totalmente relevante quando ele se relacionava com duas criaturas tão espertas.
- Eu não fui nem a primeira opção de vocês? - Styles reclamou.
- Claro que não, o Zayn era nossa primeira opção. Ele já tem medo do doido do Yaser, imagina o pânico dele… - Tomlinson lamentou pelo amigo que não transava. Ia ser tão engraçado se desse certo!
- Nada ia ser melhor do que o Liam achando que teria de enfrentar a Amina. Ele sim ia se desesperar. - também estava triste por não ter a oportunidade de dar um susto daquele no melhor amigo. Mesmo tendo a grande possibilidade de Payno ficar puto pelo resto do ano.
- E o Niall? Ele transa sabia! - Harry lembrou do cunhado que ainda não havia sido citado.
- Ah é claro que nós vamos assustar o Niall também. E você vai nos ajudar. Mas primeiro vamos pegar as câmeras e ver como você foi um completo perdedor e depois nós vamos para sua casa brincar com o irlandês.
- E como exatamente vocês planejam fazer isso? - o cacheado ficou com medo pelo amiguinho da Irlanda. Nialler podia ficar em pânico e acabar falando merda que não seria reparável depois.
- Muito simples: você sai com a , eu vou atrás do Niall parabenizar por ele ser papai, ele vai querer saber do que estou falando e eu vou explicar que fui pegar um remédio no banheiro dela e achei esses cinco testes dentro da lixeira. Ele vai lá checar e vai ficar em pânico por muito tempo, porque dessa vez você não vai participar, Lou. - a morena explicou genialmente, e Harry ficou com medo e seduzido ao mesmo tempo diante de tamanha geniosidade.
- Ah não! Eu quero ajudar! - Louis foi até uma das escrivaninhas e tirou a primeira câmera de lá. No total, ele escondeu quatro câmeras pelo quarto, infelizmente nenhuma no banheiro.
- Você vai instalar as câmeras e sair de lá pra não estragar tudo como você fez aqui!
- Eu não tenho culpa que o Harry ficou com o medo do pai dele!
- Verdade. Até parecia o Zayn com medo do Sr. Malik. - concordou com um sorriso maldoso, mas não deixou que a vítima do pequeno bullying se afastasse e permaneceu abraçada a ele só para não correr o risco de que ele chegasse a ficar puto.
- Então, Harold. De um a dez, o quão horrível foi a sua experiência com nossos testes falsos?
- Mil! Eu vomitei, porra! Vomitei! - ele levantou - Primeiro eu pensei que fosse uma coisa, mas depois foi outra tão ruim quanto e…
- O que você pensou que era? - Meester juntou as sobrancelhas, curiosa para descobrir o que de tão horrível poderia abalar Harry naquele nível.
- Nada com que você deva se preocupar, meu bem. - Styles abraçou a menina e deu um olhar significativo para Louis, que entendeu exatamente o que o melhor amigo estava dizendo e sentiu uma súbita vontade de vomitar também.
O peso da mentira estava cada dia mais difícil de suportar e por mais que adiassem e evitassem o confronto, sentiam a aproximação inevitável de um desfecho perigosamente desastroso que não tardaria em pôr um basta no conto de fadas construído em cima de uma terrível verdade.
Passada a euforia de início de ano letivo e das festividades de natal e ano novo, todos se viram afundados na maçante rotina acadêmica que nunca ficava mais divertida ou interessante. Os professores já não apresentavam o mesmo vigor do primeiro dia de aula e os um milhão de trabalhos que eles prometeram passar durante o semestre se resumiam a não mais que dois ou três.
As reuniões semanais do grupo continuavam acontecendo religiosamente e não importa o quão cansados ou ocupados estivessem, uma vez por semana todo mundo se metia em moletons, pijamas e iam para a casa dos Styles ver um filme, jogar jogos de tabuleiro, cozinhar e outras atividades.
Zayn e passaram boa parte das últimas semanas muito ansiosos para a festa do centenário da vovó Shiva. O maior medo de todos os primos mais novos era que a mulher acabasse morrendo antes da celebração e o trabalho das tias fosse de organizar uma festa para organizar um funeral.
Por fim, o fim de semana do aniversário chegou e como nada de ruim aconteceu com a anciã, as duas famílias que viviam em Londres se juntaram aos familiares de outras localidades do país e os que vieram do Oriente para a comemoração. E Liam e foram a tiracolo, muito curiosos para entender um pouco mais da cultura das duas criaturas que eles tanto gostavam.
Isso deixava o restante do grupo desfalcado, mas nem por isso a diversão poderia ser encerrada. Na sexta à noite eles foram a um clube e só voltaram no sábado de manhã, depois de tomar café em um restaurante que tinha perto do local e só se recuperaram da farra no domingo. Mas Tommo e ainda saíram à noite com uns amigos de Oxford que estavam na cidade, e só pararam para descansar no domingo, que foi quando Louis teve uma ideia maravilhosa.
- , vamos andar de kart? - o rapaz sugeriu desanimado, só para ter um novo tópico de conversa. A verdade é que ele já estava cem por cento recuperado dos efeitos horríveis da ressaca que perdurou por todo o sábado, mas não estava tão disposto a ter que colocar calças e levantar da cama da namorada.
Eles passaram o fim de semana com os Westwick porque Jay orquestrava um ensaio exaustivo do programa do baile beneficente que ela oferecia a cada dois anos, e a rotina foi terapêutica com todas aquelas horas dormindo, comendo e jogando.
- Vamos! Liga pro Irlanda que eu vou me trocar. - não pensou duas vezes e soltou o celular imediatamente, pulando para fora da cama e indo até seu closet para trocar o pijama por uma calça jeans e um casaco de inverno. - E fala pra levar meu tênis que está com ela!
Lou resmungou mas se arrastou para o banheiro e mandou a mesma mensagem para Niall e Harry, convidando os meninos para se juntarem a eles no passeio, e antes que terminasse de escovar os dentes já recebeu as respostas:
- Honey, o Niall está falando aqui que ele vai mas a não.
- Como assim? Por que não? Eles brigaram? - parou ao lado do namorado e pegou sua própria escova de dentes, enrolando até que o menino terminasse de usar a pia para que ela pudesse terminar de se arrumar.
- Não, ela está dormindo.
- Acorda ela e pergunta se quer ir com a gente, ué.
- Deixa a menina dormir, coitada. - Tommo defendeu a princesinha que dormia, se concentrando em calçar o mesmo vans preto usava há dois ou três dias. - Você viu o tanto que ela dançou sexta?
Em cinco minutos estavam dentro do carro do garoto, só esperando ele achar o controle do portão que desapareceu misteriosamente, ou como Jay gostava de explicar, foi consumido pela bagunça que habitava no carro do filho.
A estrada era sempre rápida, especialmente em um domingo à tarde, quando as famílias estão no repouso pós almoço enquanto as crianças destroem tudo ao redor. Ruim seria se tivessem que ir para o centro da cidade, mas como o autódromo era afastado, não havia nenhum congestionamento.
- Todo mundo dançou muito, Lou. - a ruiva brincava com uma mecha de cabelo, fazendo um mapa mental para descobrir onde havia sido o último lugar que viu seu óculos de sol novo. - Ela só é folgada. Você chamou o Harry e a Meester?
- Na verdade eu chamei sim, mas a está pendurada em Matemática II e o Harry disse que vai fazer lista com ela.
- Burra...
- Em matemática ela é mesmo. Mas compensa no resto. - Louis tentou suavizar a situação da amiga que ia mal na matéria simplesmente porque não estudava sob o pretexto de odiar profundamente tudo relacionado a números.
Após isso, ele dirigiu em silêncio, batucando os dedos no volante enquanto se ocupava em mandar duzentas mensagens para , dizendo que ela era um lixo de melhor amiga e que a vaga ia ficar aberta para uma pessoa mais competente, e mais algumas para o quarteto em Manchester que não passavam de ofensas a Liam e assédio sexual a Zayn, que estava bêbado às cinco da tarde e prometendo mandar nudes.
- Você falou pro Irlanda que a gente já está indo? - ela guardou o celular só para morrer de tesão pelo namorado que manobrava o volante com apenas uma mão, enquanto segurava um cigarro com a outra e eventualmente erguia o rosto para soltar a fumaça.
- Aham. - ele acenou com a cabeça e ofereceu o cigarro para a menina que aceitou alegremente. Lou não fazia ideia, mas ela amava o gosto do cigarro toda vez que o beijava. - Sabe o que eu estava pensando? Nós poderíamos ir visitar os meus avós no fim de semana que vem.
- Sim! Mas não de surpresa, pra dar tempo da sua avó fazer aquela torta pra mim. - a ruiva abraçou a ideia com muito entusiasmo: - Falando naquela torta, eu ia ficar tão feliz se tivesse um pedacinho dela na sua casa…
Veja bem, não é por nada, mas as duas últimas vezes que o casal foi até a fazenda Tomlinson, teve que abrir disfarçadamente o zíper de sua calça porque ela não conseguia se controlar diante aquela massa amanteigada com as geleias mais saborosas do Reino Unido.
E a vovó Tommo parecia achar isso lindo porque continuava colocando comida na mesa até ver as crianças suando de tanto comer.
- Meu pai passou o dia lá e vai voltar bem tarde, mas vai trazer com certeza. Amanhã eu levo pra você na aula. - Louis salvou o dia no instante que assimilou a promessa, já que os olhos da menina quase brilharam em pura emoção.
- Que amanhã, honey. Eu vou dormir na sua casa hoje e nós ainda podemos abrir os seus jogos novos. - ela balançou a cabeça, dando uma solução simples para o problema do "você só vai comer amanhã".
- Meu Deus, mulher. Você fala essas coisas e meu coração até acelera.
- Idiota.
- Um idiota, mas um idiota com o pau bonito. - Tommo piscou.
É claro que poderia negar, mas o pau dele era bonito e ia parecer patético se ela dissesse qualquer coisa ao contrário. Além do mais,
- Seu pau bonito não vai adiantar de nada na hora que eu te der uma surra naquele kart.
- Você vive falando isso, mas perde toda vez, .
- Como é que é, Tomlinson? - de cinto de segurança já solto, ficou de joelhos sobre o banco de couro e cruzou os braços, pronta para jogar na cara de Louis toda santa vez que levou a melhor em uma competição. Ela ia bem mesmo quando ninguém estava competindo! - Qual foi a última vez que você venceu alguma coisa quando a gente competiu?
Louis poderia citar um milhão de outras vezes que venceu a menina, mas isso os levaria de volta à época em que se odiavam porque ele era bom e gostava de esfregar o fato até vê-la perder o juízo e ameaçar a sua integridade física.
- Shhhhhhh, olha ali o irlandês. - ele passou por Niall, que estava fora do carro, usando o celular, e os dois baixaram os vidros para incomodar o amigo: - Ei seu cuzão!
Horan foi pego de surpresa com o xingamento e olhou rapidamente ao redor, só para constatar que estavam cercados de famílias e grupos que também procuravam diversão ali. Sua sorte é que já havia se acostumado com os olhares repreensivos e os ignorou, sorrindo abertamente para o casal amigo que já estacionava, erguendo os dedos do meio, um para cada idiota.
- Ele te mostrou o dedo do meio! Eu não acredito! - Westwick viu e ficou boquiaberta, esperando que o namorado tomasse uma atitude, mas ele só estava rindo enquanto guardava a chave no bolso e saia para cumprimentar o irlandês. - Nialler, eu vou chutar a sua bunda branca!
O loiro revirou os olhos porque nenhuma ameaça de o assustava, e enfiou as mãos nos bolsos enquanto caminhavam até a entrada do autódromo:
- Antes ou depois de eu vencer vocês dois?
- Enquanto você estiver chorando porque é o maior perdedor do mundo. - a menina retrucou - Nós vamos dividir pista comum ou pegar uma só pra gente?
- Deus me livre colocar você no meio das pessoas normais, . - Niall não facilitava, pelo contrário, adorava dar espaço para mostrar toda a impetuosidade que cabia dentro de um ser humano tão delicado fisicamente falando.
- E cadê a merdinha da sua namorada? Por que ela não quis vir? Ela me odeia, é isso?
- Não, ela está cansada de ontem.
- O que vocês fizeram ontem? Não me diga que você algemou ela…
- Essa é a quinta vez que você fala sobre isso! - Horan reclamou e então virou-se para Louis: - Louis você tá vendo que sua namorada se interessou nas algemas?
Tommo estava pagando pela pista externa que usariam na próxima hora e assim que deixaram o caixa, ele deu um olhar significativo para :
- Honey, a gente vai conversar sobre isso hoje à noite.
- Vocês dois deviam falar menos e andar mais porque nós nunca vamos chegar nessa merda. - ela ficou corada com a ideia de Louis sendo todo daddy mais tarde, mas no momento ela tinha outras preocupações. - E eu espero que ninguém tenha alugado o verde que eu vi no instagram deles.
O brinquedo a que ela se referia, era o único dos karts que tinha um botão "nitro" igualzinho o do jogo Need For Speed. O carro mais apelão e por isso o favorito não só de , mas de qualquer pessoa que tinha apreço pela vitória.
- Se alguém tiver pego, nós vamos lá tomar dele. Vai ficar tudo bem, honey. - Lou prometeu e ganhou um beijo empolgado de que se sentia a pessoa mais amada do mundo quando o namorado apoiava suas ideias, não importando o quão malvadas fossem.
Acabou que o carro apelão foi tirado de circulação e todo mundo teve que se contentar com karts normais que corriam demais para adolescentes imprudentes e eles decidiram fazer a primeira corrida em dez voltas, com vitória absoluta para Niall que trapaceou e jogou Tommo para fora da pista.
pediu revanche pelo namorado e uma nova corrida de dez voltas começou e acabou quando Louis venceu honesta e dignamente, mas acabou sendo totalmente infantil em sua comemoração e baixou as calças para mostrar a bunda branquela para Niall.
gritava muito, Niall ria demais e Louis não parava de empurrar os dois para fora da pista quando eles tentaram uma terceira corrida, o que indicava claramente que ninguém estava levando aquilo a sério. E o fim da brincadeira se deu quando a ruiva foi mandar o namorado ir se foder porque foi empurrada mais uma vez e acabou chocando seu carrinho contra um monte de pneus que deviam amortecer a queda, mas não impediram que ela sentisse uma dor absurda na canela direita que se chocou contra o volante baixo e quase quebrou aquela merda.
Muito sutilmente eles devolveram os brinquedos e acertaram suas contas antes que algum funcionário se tocasse que os fios elétricos que faziam o volante do carrinho funcionar, não estavam mais conectados.
Por fim ficaram lá fora, no estacionamento, dividindo um baseado que Louis arrumou porcamente no banco de couro do carro do irlandês e agora estavam agrupadinhos, se protegendo do frio enquanto conversavam.
- Irlanda, agora que nós estamos entre amigos…
- Você não é minha amiga, o Tommo é. - Niall fez questão de corrigir a menina, passando para Louis o baseado pela metade.
- Cala a boca. - ela revirou os olhos. - Agora que nós estamos entre amigos você pode me contar por que diabos a minha melhor amiga está mentindo pra mim sobre a vida sexual dela? Quer dizer, eu conto tudo pra ela!
- Você fala sobre nós pra princesinha? Para aquela criança? - Louis perguntou chocado. Sentiu até um peso no coração porque sua privacidade foi violada e mais do que isso: DEMETRIA SABIA DE SUA INTIMIDADE SEXUAL! DEMETRIA! AQUELA PIRRALHA QUE CRESCEU COM ELES E QUE ELE ESCONDIA AS BONECAS SÓ PARA VÊ-LA CULPAR HARRY!
- Aham.
- Sobre nós transando?
- Sim, ué.
- Tudo? Todos os detalhes? - o coitado do Tommo estava tão atônito que nem conseguia reparar em como a menina estava de cenho franzido para o pequeno drama que ele fazia naquele momento. - Meu Deus, eu estou me sentindo exposto! Isso é como se você estivesse vazando um nude meu, !
começou a rir, não por maldade, mas por ver como o menino se desesperava por saber que a pirralha estava por dentro do assunto. Desde que eles pararam para fumar, ela se apoiava entre as pernas dele, que sentava no banco de trás do carro do Niall, mas com as pernas para fora, mas só agora ela sentia como as mãos dele ficaram repentinamente suadas.
- Louis, ela é a minha melhor amiga. Nós temos que compartilhar essas coisas, mesmo que ela não pense o mesmo… - a ruiva tentou aliviar sem muito sucesso, virando-se de frente para o namorado e acariciando levemente a bochecha dele.
- Ela não está mentindo pra você, … - Niall, ainda em pé, de frente para o casal, não estava facilitando as coisas. Pelo menos eles haviam mudado de assunto e isso era bom.
- E o que você pode me falar sobre as algemas? Porque eu já tentei falar três vezes sobre isso, mas ela muda de assunto sempre.
não esqueceria o assunto tão facilmente e Horan era um tolo por ter considerado se livrar tão fácil da mira da garota.
- Eu não vou falar sobre isso. - ele afirmou pacientemente, seu pensamento estava mais retardado e sua boca propensa a falar o que não devia.
- Vai sim. Vocês não podem jogar uma bomba dessas e querer que todo mundo ignore o elefante na sala.
- Não tem nada pra dizer! Nós usamos de vez em quando e é isso.
- Horan, não vem dar uma espertinho pra cima de mim. Quero mais informações, ela usa em você também? Pra que você precisa amarrar a menina? Há quanto tempo vocês fazem essas coisas? Vocês usam as algemas de quanto em quanto tempo?
era uma metralhadora de informações que não cessaria até que conseguisse as respostas que queria. E quanto mais Niall dizia não, mais ela queria saber.
- Nialler, não seja um cuzão. Conta pra gente? - até Louis começou a ficar curioso para saber o que tanto Horan escondia com tanto afinco.
- Mas vocês querem que eu fale o quê? Se a não se sente confortável pra compartilhar com você, eu não posso fazer nada, mulher! - o irlandês suspirou alto e ergueu as mãos, gesticulando espalhafatosamente enquanto tentava tirar a ideia da cabeça de de uma vez por todas.
- Corta esse papo, para de ser ruim! - ela revirou os olhos porque claramente Nialler estava fazendo charminho para ser convencido, já que ele era o maior fofoqueiro da Eton.
- Você tem certeza que quer saber como eu imobilizo os pulsos da sua melhor amiga só porque ela gosta quando... - ele cruzou os braços e inclinou a cabeça, satisfeito em assistir os olhos do casal arregalar em pânico.
- Niall, porra! - Louis se sobressaltou, interrompendo o amigo em um tom horrorizado, mas logo em seguida ele caiu em um estado de torpor horrível e agoniante. - Caralho, eu tô muito chocado.
- Você é doente, irlandês? - Westwick conseguiu se pronunciar depois de um momento de intensa surpresa onde ela só encarava o loiro sem ter palavras que expressassem o quão pega de surpresa ela foi.
- O que foi? Vocês pediram… - o menino logo voltou a seu comportamento normal e deu de ombros.
- Eu não pedi pra você falar sobre…
- O que você pensou exatamente que eu ia dizer quando fosse te contar sobre o que acontece toda vez que eu transo, ?
- Você matou o resto de inocência que havia em mim. - Tomlinson falou sozinho, arrasado. - A era o último símbolo de pureza que eu conhecia! Seu pervertido.
- A é o último símbolo de pureza que todo mundo conhece. - Niall discordou, defendendo a caçulinha do grupo como se fosse muito óbvio.
- Claro que não, olha pro Liam. Você acha mesmo que ele ainda não corrompeu a menina? - Louis balançou a cabeça, rindo da ideia burra do amigo.
- Isso é verdade. - concordou com o posicionamento sábio do namorado - É a cara do Payne fazer essas coisas.
- Mas eu tenho certeza que ele não tá amarrando a menina com uma porra de algema! - Lou voltou ao problema inicial, empurrando para poder levantar do banco e se esticar um pouquinho. - eu tô muito mal, será que dá pra gente conversar sobre outro assunto?
- Eu acho que a gente deveria ir porque o Harry já me mandou umas dez mensagens que a está incomodando eles - Niall bocejou enquanto lia os apelos do cunhado que não queria que a irmã ficasse no quarto com ele e Meester porque já estava começando a ficar estranho.
não estava disposta a acabar a noite por ali e por isso propôs:
- E eu acho que a gente deveria virar tomar uma cerveja e ir naquele fliperamazinho pra eu ter poder vencer de vocês dois.
- Amanhã é segunda. - Louis constatou o óbvio, girando as chaves entre os dedos.
- E? - esfregou as mãos contra os braços desprotegidos, começando a sentir os primeiros ventos gelados da noite açoitarem.
- Eu não tenho os primeiros horários, vocês também não? - Niall estava de pé para a parte dois da saída e inclusive iria com ou sem , caso ela não quisesse ir (mesmo que todo mundo soubesse que ele iria ficar animado caso a garota o acompanhasse).
- Eu tenho aula às oito, mas não tem problema, é só pra ficar mais divertido e a gente vai pra casa. - a ruiva deu de ombros, colocando suas prioridades sobre a mesa, afinal de contas ninguém se importava com Literatura.
Niall entrou em sua ranger e avisou que passaria nos Styles para buscar porque Harry e não iriam, e depois eles se encontrariam no fliperama para brincar, beber e jantar.
-Você já está conseguindo andar? - Tommo checou preocupado com a mancha roxa que deveria estar formada na canela da menina.
- Eu sou Westwick, Louis. Você acha mesmo que uma batidinha vai me derrubar assim? - ela arqueou as sobrancelhas enquanto caminhava protegida pelo braço dele que os guiava em direção ao carro que estava há umas duas vagas dali.
Uma expressão impressionada tomou o rosto de Louis e ele beijou a mão da menina carinhosamente. O tempo estava passando e a sua fervorosa paixão por aquele escândalo de garota não diminuía nem pouquinho.
Respectivamente a competição no kart, Harry tentava estudar com seu bem:
- Styles, você é o cara mais chato que eu já tive desprazer de conhecer. - sentou-se sobre o colchão do rapaz, irritada por ele ter tirado seus fones impedindo-a de ouvir sua música. - O que você quer, inferno?
Com o humor divergente ao da morena, Harry sorria cerrado, divertido por tê-la incomodado tão fácil. Seus cachos imensos, já que ele se recusava a cortar há uns dois meses, estavam bagunçados e combinavam com sua expressão sapeca.
- Nós precisamos estudar, meu bem. - confiscou os fones dela, guardando-os no bolso e caminhando até a mesa de estudo. - É para isso que estamos aqui.
- Não! - exclamou aborrecida, cruzando os braços - Estamos aqui para aproveitar o fim de semana.
- Já saímos sexta e sábado! - alegou indignado, organizando a mesa para começar a resolução da primeira lista de matemática. - Agora precisamos fazer você passar em matemática II.
- Nós ainda estamos no primeiro mês de aula! - não movia um músculo para se aproximar do garoto que a ouvia, segurando o riso. - Qual é o seu problema? Você me odeia, é isso? Você quer me ver infeliz?!
Harry mirou-a com seus olhos verdes, perguntando-se se deveria levá-la a sério ou prosseguir com seu plano para o restante da tarde, descansou a costas na cadeira, decidindo-se sobre seus próximos movimentos e foi então que levantou e encaminhou-se até a menina determinado a fazê-la atender a seu pedido. Envolveu a cintura dela, colocando-a sobre seu ombro e literalmente arrastando-a consigo para a mesa de estudo.
- Você perdeu o juízo? - gritou, batendo em suas costas.
- Você precisa estudar! - justificou, colocando-a em pé a frente dele. A menina elevou o queixo, tentando parecer intimidadora, mas seus vinte centímetros a menos não auxiliavam sua performance. - O que você está tentando fazer? - franziu o cenho, desconfiado que ela tentava acovarda-lo e achava aquilo uma graça.
- Você precisa se tratar! - com o dedo em riste, falou furiosa por ter tido sua vontade violada daquela forma.
- - o rapaz falava sério, colocando a mão na cintura, mas foi interrompido.
- ? - a menina o repetiu, com as sobrancelhas juntas e ele a fitou curioso - Nada de meu bem? - questionou incerta, inclinando sua cabeça para o lado com os olhos cerrados. - Tudo bem, eu estudo com você. - sentiu-se rapidamente em sua cadeira, pegando seu lápis e lendo o primeiro exercício.
O cacheado deixou os ombros caírem e soltou uma risadinha pelo nariz, surpreso pela facilidade que teve para conseguir que a rebelde atendesse seu pedido.
- Muito bem - tomou seu assento, abrindo seu caderno para que pudessem ter um exemplo a seguir -, começamos com matemática e depois vamos para filosofia.
- Mas eu estou bem em filosofia. - confusa, voltou-se para ele, prendendo os cabelos num rabo de cavalo alto.
- Mas eu não, aí pensei que você pudesse me ajudar…
- Você está mal em filosofia?! - indagou indignada - Filosofia? - repetiu com os olhos cerrados - Isso é tipo uma das melhores matérias do mundo e é muito fácil! Como você pode estar mal em filosofia?
- Hey, hey, hey! - protestou, arrumando sua postura - Vamos esclarecer uma coisa aqui, eu não fico te incomodando por que você precisa de ajuda em matemática, okay?
- Mas eu não sou você. - declarou rolando os olhos, fazendo-o rir por sua petulância. - Nós vamos começar por filosofia, porque é muito mais legal. - decidiu levantando-se e vasculhando a bolsa do menino a procura do livro de filosofia. - Muito bem, o que você está estudando?
- Isso é uma boa pergunta. - sorria tentando se fazer de inocente.
Meester o mirou apelando para chantagem emocional e riu, beijando a bochecha dele e sentando em seu colo: - Nós vamos fazer o seguinte - folheava o livro em busca do capítulo certo. -, leremos toda essa merda e depois eu vou te fazer perguntas, a cada resposta certa você ganha um prêmio.
- Que tipo de prêmio? - juntou as sobrancelhas, tendo em mente do que ela falava, mas não querendo acreditar que a morena tentava o comprar daquela forma.
- O que você quiser. - sorriu charmosa, com seus olhos azuis brilhando luxúria.
- , nós precisamos estudar!
- Isso é estudar Harry, que saco! - irritou-se, escolhendo ignorá-lo e procurar por onde sua leitura se iniciaria. - Eu só estou transformando o seu estudo em algo divertido. Fica quieto e deixa eu ler o livro.
Styles fechou os olhos, sabendo que seria difícil concentrar-se em Platão e sua sabedoria que havia perdurado pelos séculos com aquele pequeno ser monumental e esplêndido sentado em seu colo.
A leitura seguiu-se bem, e para a surpresa do garoto quando o assunto era filosofia se dispunha a de fato estudar. A cada questionamento que fazia a garota o explicava sem problemas e com ela lendo a matéria parecia fazer mais sentido e ficava de fácil compreensão. Mas após um breve intervalo e os papéis de professor e aluno serem invertidos, Harry sentiu vontade de se matar.
- Como assim, você não sabe fazer esse exercício? - perguntou, visivelmente frustrado, com as sobrancelhas juntas e os ombros caídos.
- Não sabendo. - respondeu irritada, empurrando a folha de papel e descansando as costas na cadeira.
- Mas, meu bem, nós fizemos uns cinquenta desses antes do recesso de fim de ano.
- Harry, eu odeio matemática. - resmungou, querendo chorar para conseguir comprá-lo e dessa forma ele parasse de torturá-la. - Eu odeio muito mesmo. E eu não sei fazer!
- Mas eu estou aqui para te ajudar. - segurou a mão dela, tentando puxá-la, todavia ela se jogava para trás dificultando o trabalho do menino. - Não é tão difícil. - tentou persuadi-la, mas o expressão desanimada que ela sustentava o desestimulava a continuar. - E se nós assistirmos um filme e depois…
- Sim! - instantaneamente ela levantou-se subitamente, animada pela mudança de cenário. - Eu quero pipoca. - o informou de sua vontade, não pediu e correu até a cama e aconchegou, abraçando o travesseiro.
- Eu vou pedir para prepararem nossa pipoca e você escolhe um filme. - sorria pela felicidade fútil de seu bem, dirigindo-se até a porta - Jesus! - Harry deu um pulo assustado ao abrir a porta e encontrar sua irmã ali parada.
A loirinha tinha os olhos imensos e assustados, os cabelos longos bagunçados e frisados e o rosto marcado devido tantas horas de sono. Sem importar-se com a recepção maldosa do primogênito e também sem ser convidada, adentrou o quarto, sentando-se na pontinha da cama, ainda sonolenta e desorientada.
- O Niall sumiu. - falou, bocejando e virando-se para .
- Ele foi no kart com o Louis e a . - Styles a informou, cruzando os braços e mantendo a porta aberta, esperando que a mais nova saísse.
- Por que ele não me chamou para ir junto?! - ofendida perguntou, deixando o queixo cair e deitando-se na cama do irmão, junto da amiga.
- Porque você estava dormindo! - o garoto irritou-se com o drama desnecessário dela.
- Mas eu queria ter ido junto.
- Espera aí, deixa ver se eu entendi direito. - chamou atenção de todos - Eles foram no kart e não nos convidaram? - a morena indagou, arqueando as sobrancelhas, totalmente indignada pela traição.
- O Louis mandou mensagem, mas eu disse que não iríamos porque você tinha que estudar para matemática. - Harry respondeu dando de ombros.
- Como é que é? Eu só não bato em você, porque você está muito longe!
- Você queria ir no kart? - o cacheado colocou as mãos na cintura.
- Não! - respondeu alto - Mas eu também não queria estudar matemática e você me obrigou. Por que não me obrigou a me divertir com meus amigos?
- Eu vou buscar a pipoca antes que eu desista de vocês duas. – informou, virando-se de costas e deixando o cômodo.
- É muito legal irritar ele, né? - princesinha Styles questionou, sorrindo, já imaginando qual seria resposta.
- Nossa, eu adoro! – admitiu, sem resquício de arrependimento.
O rapaz não demorou para voltar com dois baldes de pipoca, o que foi alvo da reclamação das meninas, pois não trazia consigo as bebidas, o que sua irmã alegava ser o mais importante e sua explicação de não ter mãos suficiente para carregar o mundo não serviu para que elas o deixassem em paz, felizmente Emily não demorou para chegar com os refrigerantes e finalmente o pequeno grupo pode iniciar o filme.
As garotas conversavam durante o desenvolvimento da história, o que não atrapalhou a concentração de Styles, que mesmo sentado entre as duas manteve-se concentrado na TV, sem se importar com os comentários.
- Eu só não entendi por que ele fez aquilo. - falou ao fim do filme, colocando os baldes de pipoca, já vazios, no chão – Hazz, você que prestou atenção, por que ele fez aquilo?! - virou-se para o mais velho, deitando-se na cama, vendo-o espelhar seu gesto e levar Meester consigo. - Não faz sentido!
- Eu não vou explicar nada. - o menino recusou-se, apoiando a mão atrás da cabeça e acariciando os cabelos negros da garota que usava seu peito como travesseiro.
- Ele está se fazendo de difícil, só porque você está aqui, . - a loira sorriu divertida por desmascarar o irmão.
- , por que você ainda está aqui? - encarou-a feio, irritado por sua implicância.
- Porque a vem aqui em casa só para passar tempo comigo. - sorriu sapeca, abraçando o travesseiro.
- Desculpa, meu bem, é verdade. - a outra garota confirmou, esticando-se para beijar a bochecha do cacheado.
- O que eu já falei sobre mentira, ? - Harry brincou, lançando lhe um olhar reprovador.
- Quando vocês vão assumir esse namoro, gente? - princesinha Styles questionou indiscreta, fazendo o garoto rolar os olhos e a menina sorrir entediada. - Vocês se dão bem, se gostam, a Diane morre pelo Harry...
- Ela me ama. - o moreno pontuou, orgulhoso.
- O papai adora você, . - lembrou, aproximando-se do irmão e deitando a cabeça em seu ombro. O rapaz a mirou feio, esperando que ela saísse, mas a menina o ignorou completamente.
- É claro que ele adora. - arqueou as sobrancelhas, falando como se fosse óbvio.
- Então parem de frescura! – pediu, exagerada.
- , nós estamos de boa assim. Obrigada pela preocupação. - sorriu cerrado, não entendendo porque o mundo todo se preocupava tanto com seu relacionamento inexistente.
- É verdade. - Styles concordou, abaixando o rosto para fitar seu bem, com um sorriso confortável nos lábios.
A loira apenas não respondeu, continuando a pressioná-los a assumir o suposto namoro, pois havia recebido uma mensagem de Horan e sentou-se sobre o colchão para respondê-lo.
- O Niall falou que eles estão saindo do Kart e estão indo a um fliperama. - informou, mirando o casal. - Vamos? – indagou, abrindo um sorriso imenso, ansiosa para encontrar o namorado e os amigos.
Meester elevou os olhos azuis para o garoto, questionando-o mentalmente se ele queria deixar o conforto de seu quarto e sair pelas ruas frias de Londres para a recreação que o pequeno grupo a oferecia.
- Nós vamos ficar, . - o primogênito a avisou nem um pouco animado para deixar o moletom e colocar jeans desconfortáveis.
- Tudo bem, eu vou me arrumar. - apoiou-se sobre as mãos e aproximou-se deles para depositar um beijo na bochecha de cada um. - Até amanhã. - saiu do cômodo saltitante e fechou a porta atrás de si.
- Sabe o que eu estava pensando? - a morena perguntou, apoiando o queixo no peito do rapaz para encará-lo nos olhos. - Nós deveríamos sair para um encontro.
- Mas, eu te levo para sair o tempo todo! - franziu as sobrancelhas, não entendendo o ponto dela.
- Não assim. Um encontro de verdade. - tentou explicar. - Eu coloco uma roupa bonita, você vai me buscar em casa e me leva uma rosa, abre a porta do carro para mim… Essas coisas. - deu de ombro, na expectativa pela resposta dele, imaginando que ele diria "Claro, meu bem, é só marcar o dia". Entretanto a resposta foi bem diferente.
- As pessoas saem para encontros quando querem transar. - arqueou uma sobrancelha, passando a mão pelas costas dela. - Nós já transamos. O tempo todo. Quantas vezes queremos. Aonde quisermos.
- Ai, Harry, que grosso. - riu, rolando os olhos, pensando que o menino apenas brincava.
- Inclusive nós podemos fazer isso agora! - sorriu imensamente, crescendo os olhos, como se aquela fosse a melhor ideia do dia. - Pode ter certeza que vai ser mais divertido que o fliperama.
- Eu não vou transar até você me levar para um encontro. - saiu de cima dele, apoiando a cabeça no travesseiro e cruzando os braços.
- Você vai fazer greve de sexo?! - indagou sem acreditar, pasmo pelo jogo que ela criava. - Manipuladora. - acusou.
- Você ainda não viu nada, meu bem. - sorriu esperta, piscando.
- Eu duvido, você resistir a isso. - jogou-se em cima da garota, apertando sua cintura causando cócegas que a fazia gritar e gargalhar.
Eles transaram.
Harry não a levou a um encontro.
O rapaz nem ao menos piscava, compenetrado com o que se passava na tela da televisão. Aquela era mais uma noite que ele se dirigia à casa da namorada para assistirem a série que maratonavam juntos e a menina acabava dormindo no meio do processo. Liam sabia que veria o mesmo episódio na vez seguinte, para que Ortega pudesse se inteirar do assunto, mas preferia assisti-lo duas vezes a abandoná-lo pela metade.
Ao seu lado, dormia plena, já que o ambiente escuro a proporcionou uma sonolência incontrolável, claramente o som emitido pela TV não a incomodou nem um pouco. A morena tinha uma das mãos envolta pela do namorado, que a apoiava sobre o peito e devido ao ar condicionado ligado, ambos mantinham-se embaixo da coberta.
Payne sabia que aquele era um cenário que Amina não aprovaria de forma alguma, já que a porta fechada lhes permitiam privacidade exacerbada, a luz mantinha-se apagada e o jovem casal deitado na cama da garota de apenas dezesseis anos. Entretanto, para sua felicidade os sogros viajavam e isso significava que ele tinha passe livre para ir e vir a mansão Ortega quando sentisse vontade, já que quando Amina se fazia presente o menino sempre pensava duas vezes, pois sentia-se pressionado com a presença da mulher pela casa.
No início do relacionamento, Sra. Ortega estabeleceu duas regras, o que não sabia era que uma delas sempre era quebrada quando saia da cidade, pois os adolescentes aproveitavam a oportunidade para passarem a noite juntos, como era o caso daquela, contudo os pais de não avisaram quando voltariam, podendo assim fazerem uma surpresa muito desagradável.
Por esta razão, quando os créditos do episódio tomaram a tela da televisão, Liam a desligou e prendeu a respiração tirando a mão da namorada de cima de si, empurrou a coberta com muito cuidado e sentou-se sobre o colchão lentamente para não movimentá-lo e acabar acordando-a, calçou os tênis e assim que levantou-se ouviu uma voz, que o fez fechar os olhos, sentindo o fracasso de sua performance.
- O que você está fazendo? - perguntou, com dificuldade para abrir os olhos, encarando o ambiente ao redor, estranhando o fato de a TV estar desligada.
- Eu vou para casa, baby doll. – respondeu, pegando a chave do jeep e dando um beijo na testa da morena.
- Por quê? – questionou, indignada, juntando as sobrancelhas.
- Porque eu tenho uma! - sorriu sarcástico.
- Ah nããão... fica aqui comigo. - esparramou-se por toda a extensão da cama, pedindo manhosa, esperando que o papo terminasse antes que seu sono fosse embora.
- , a sua mãe já pediu para não dormirmos juntos. - explicou, checando no celular a hora.
- E você resolveu atender a esse pedido quando exatamente? - cruzou os braços, franzindo o cenho, vendo-o sorrir, pois ela tinha razão. - Deixa de ser cínico, Liam!
- Eles podem chegar de surpresa, e, se isso acontecer, eu não quero nem pensar no que a Amina vai fazer comigo. - explicou, apontando para si, vitimando-se - Ou ela me exila ou me mata de uma vez! E eu sou bonito e jovem demais para morrer, além de ter um potencial indiscutível. - afirmava com a cabeça, colocando as mãos no bolso.
A caçula riu de seu drama e virou-se de costas, arrumando a coberta:
- Sweetheart, volta para cama, eles não vão voltar antes de quinta. Está tudo bem. - já fechava os olhos para poder dormir novamente, já que toda vez o moreno fazia a mesma cena, recusando-se a ficar, mas acabava dormindo ali.
- , eu estou falando sério. - alternou o peso de uma perna para a outra. - Não quero morrer - tentava parecer firme em sua decisão de deixar o recinto, mas morria de vontade de voltar para debaixo das cobertas e dormir ao lado da morena.
- Você não pode ir embora - encarou-o por cima do ombro. - Está chovendo. - falou como se fosse óbvio.
- E daí? - indagou sem entender.
- E daí que eu odeio dormir sozinha, mas eu odeio ainda mais dormir sozinha quando está chovendo.
- E o que você faz quando começa a chover a noite? - ria, não colocando muita credibilidade na desculpa da menina.
- Prefiro não dizer. - aconchegou-se ao travesseiro - Você não vai gostar da resposta. - sem que o garoto conseguisse ver, ela sorriu achando graça da própria fala.
- ? - chamou-a, amargurado. - O que você faz? - não tinha certeza se queria ouvir a resposta, mesmo imaginando que ela brincava. - Você chama alguém para dormir com você? - arqueou as sobrancelhas.
- Talvez… - ouviu a gargalhada dele e optou mais uma vez pelo pedido mimado e choroso. - Baby, por favor, por favor, fica aqui comigo!
- Você tem certeza que não vai ter problema? - fazia-se de difícil, passando a mão na nuca, ponderando suas opções.
- Claro. - a menina sorria cerrado devido ao melodrama que ele sustentava - Por que você não vai trocar de roupa? Colocar uma mais confortável. Além do mais, você sabe que tem um uniforme seu aqui, amanhã você nem precisa passar na sua casa antes de irmos para a escola. - colocou perante ele todas as soluções de seus possíveis problemas e daquela forma seria impossível dizer não.
- Então, já que você quer tanto assim que eu fique… - deixou os ombros caírem, fazendo sua melhor atuação de desinteressado com a situação, enquanto ria, ajoelhando-se sobre o colchão e aproximando-se dele.
- Eu quero muito que você durma aqui comigo. - envolveu o pescoço dele com os braços e o sentiu abraçando sua cintura, beijando seu lábios, aproveitando o fato que o teria só para ela durante toda a noite. - Mas você me fez perder o sono, então vamos ter que voltar para a série.
- Sem problemas - acenou com a cabeça -, é só ligar a TV que você dorme. Aposto que em quinze minutos você já era. - riu, encaminhando-se ao closet dela para trocar os jeans por um moletom confortável.
- Eu só não entro nessa porque eu sei que é uma batalha perdida. - falou mais alto para que ele a ouvisse, à medida que se arrumava debaixo da coberta. - E ainda não superei que na nossa última aposta você me fez ler Cinquenta Tons.
- Verdade, baby doll! Nós ainda não terminamos. - riu alto o suficiente para que ela o ouvisse da cama - Por que não lemos seu livro favorito ao invés de ver a série?
- Eu me recuso! – exclamou, contundente.
- , é muito mais saudável fazer uma leitura antes de dormir, que assistir TV. - até parecia sua mãe falando ao voltar ao recinto, aproximando-se da garota e deitando-se na cama.
- Não! Eu quero ver minha série. – falou, mimada, temendo que ele levasse aquela ideia adiante. Sua sorte era que o moreno apenas queria a incomodar e riu perante sua relutância a literatura.
- Tudo bem, já que você não quer agregar conhecimento… - deu de ombros, pegando o controle e ligando a televisão. Sorriu satisfeito ao tê-la aconchegando-se a si, abraçando-o e apoiando sua cabeça em seu peito.
- Você é muito implicante, Liam. - já bocejava, contente pelo fato de ele ter ficado, e beijou-o por cima da camiseta.
- Boa noite, baby doll. - acariciava os cabelos dela, assistindo pela segunda vez o mesmo episódio que sabia que ela perderia de novo.
- Boa noite. - sorriu genuinamente feliz.
O sol não havia aparecido durante todo aquele fim de semana. Além de se fazer presente no firmamento por menos horas, já que durante o inverno o grande astro nascia por volta das oito da manhã e se punha às quatro da tarde, naqueles dois dias o céu permaneceu nublado e as nuvens carregadas castigavam a capital inglesa com a chuva incessante.
, deitada em um dos sofás do deck dos Malik, tinha Kelso em cima dela, enquanto mexia no celular e conversava com Zayn que havia forrado o chão inteiro com uma folha imensa de papel e usava suas tintas spray para desenhar. As portas de vidro fechadas permitiam que o local permanecesse aquecido enquanto a chuva caia lá fora.
O dog alemão, apesar de ainda ser um filhote de seis meses que era levado ao veterinário, pelo casal, periodicamente, já estava tomando proporções gigantescas. Não era mais viável que o cão dormisse no quarto da dona, ou ficasse dentro de qualquer cômodo da casa, pois além de seu grande tamanho ele era muito desastrado e afobado o que ocasionava alguns vasos quebrados. Na mansão Hilton, Kelso era mantido em um canil durante a noite, pela manhã e tarde tinha todo o gramado para brincar e quando estava limpinho Caroline era a primeira a convidá-lo para adentrar a residência.
- Eu estava pensando… e se eu pintar o cabelo de preto? - Hilton falava incerta, rolando por seu próprio perfil do instagram.
O rapaz ajoelhado sobre o papel, brincava com as tintas, no entanto, parou imediatamente o que fazia e voltou-se para ela com uma sobrancelha arqueada, sem saber como a responder.
- P-Por quê?
- Porque eu acho que quero mudar. - continuava a reparar em suas fotos, um pouco insatisfeita com tanto loiro por seu feed.
- Você acha? - ele riu, já sabendo que a menina poderia ficar meses naquele dilema e no fim das contas não mudar a cor de seus cabelos - Mas se você fizer isso, eu não vou mais poder te chamar de loira! - lembrou-a daquele fato importantíssimo.
- Isso é um problema… - concordou com a cabeça, apoiando o IPhone nos lábios. - Eu meio que gosto quando você me chama assim. - fazia carinho no bichinho de estimação com a outra mão.
- Eu sei! - confirmou - Então, sem pintar o cabelo. - decidiu, voltando ao que fazia.
- E se eu cortar?
- Interessante. Eu acho que iria ficar legal. - deu de ombros, tendo certeza que não havia alguma forma de ficar menos atraente.
- E se for uma franja?!
- Ia ficar uma graça. Eu não ia me aguentar. - Zayn riu, mirando-a divertido. - Faz um teste aí. - pediu, sentando com pernas de índio sobre o papel e fitando a garota que pegava uma mecha dos cabelos dourados para colocar as pontas por sobre a testa, tentando uma imitar uma franja. - Viu, ficou bom!
- O que você achou, Kelso? - rindo, virou o rosto para o cachorro que nem precisou se esticar para lamber toda a face da dona que teve dificuldades para se livrar dele.
- Eu acho que isso significa que ele gostou… Bastante - com o cenho franzido o morena ria do desespero de , praticamente morrendo afogada com o imenso animal a sufocando. - Nós deveríamos comprar um aplique de franja para pôr no Kelso! - falou como se aquilo fosse a coisa mais inteligente a se fazer
- De onde você tirou essa ideia?! - conseguindo distrair o cão com outra coisa qualquer, a loira se viu livre dela, finalmente.
- Pensa nisso, , nós teríamos um cachorro de franja! O mundo precisa ver isso! - ria junto com ela, tão contente com o momento que nem percebeu que seu pai se aproximava.
- Zayn, quantas vezes eu já disse para você não usar essa porcaria dentro de casa?! - a voz de Yaser foi ouvida de dentro da mansão, soando furiosa - Tem um odor horrível! Por que ao invés de perder seu tempo com… - ele parou próximo a grande folha de papel.
O mais velho não sabia que a herdeira Hilton fazia companhia a seu filho, e ao mirar a garota, sorriu envergonhado pela forma abrupta que abordou o menino. , por sua vez, embaraçou-se pela forma desleixada que se encontrava no sofá da casa do sogro e sentou-se imediatamente, com um sorriso constrangido nos lábios e segurou Kelso pela coleira para não correr o risco de o cão fazer algo estúpido logo na frente do patriarca Malik.
- Eu não estou dentro de casa, pai. - o garoto deu de ombros, voltando a desenhar.
- Agora não, Zayn. - o homem falou calmamente cada palavra, indicando com a cabeça e o moreno suspirou alto, levantando-se para guardar os materiais de pintura. - Tudo bem, ? - sorriu contente aproximando-se da loira que levantou-se e estendeu a mão para cumprimentá-lo. - Patricia e eu estávamos combinando de convidá-lo para jantar conosco. - sorriu agradável, chamando a atenção do filho que guardava suas tintas dentro de uma caixa.
- Seria um prazer, Sr. Malik. - Hilton o respondeu polida e cortês.
- Nunca tivemos a oportunidade de conversarmos verdadeiramente, poderíamos fazer isso durante o jantar. - o mais velho colocou as mãos nos bolsos da calça, fitando Zayn para se certificar que garoto fazia o que ele havia pedido. - Podemos marcar para sexta?
- Claro. - mantinha um sorriso atencioso nos lábios.
- Estamos combinados, então. Às 19 horas. - espelhou o gesto de Hilton, mas logo fechou a expressão ao ver que o rapaz os mirava desentendido.
Yaser Malik era severo, rigoroso e inflexível na criação de seu herdeiro, principalmente quando o assunto era a cultura da família, contudo Zayn não concordava com o fato de o pai pregar um estilo de vida, mas não segui-lo e por esta razão o menino fazia o contrário do que o mais velho requisitava. Sempre.
O rapaz apenas havia iniciado o hábito de fumar para contrapor uma discussão que havia tido com o pai, o que resultou em um vício que agora não conseguia se livrar. Os muitos desenhos que possuía pelo corpo eram resultados da censura de Yaser sobre a primeira tatuagem feita há meses no Caribe. E estes eram apenas alguns dos exemplos das muitas artimanhas do moreno para confrontar o patriarca que já havia o chamado de "decepção da família" mais de uma vez.
As muitas discussões entre pai e filho ocasionavam estadias mais frequentes e duradouras na mansão vizinha, a dos Ortega. Como também despertava o pânico dos amigos quando visitas a casa dos Malik eram necessárias. Yaser nem ao menos fazia questão de cruzar o caminho dos adolescentes quando o grupo se reunia em sua residência o que não fazia o temor dos jovens diminuir.
O casal acompanhou com o olhar o homem se retirar e logo se fitaram ainda com um sentimento estranho sobre o breve diálogo.
- Zayn - sua namorada falou soltando Kelso que pode voltar a se deitar -, não me leve a mal, mas seu pai me assusta. - baixou a voz no fim da frase, fazendo-o rir.
- Você não é a única, precisa ver o Niall. - enrolava a folha de papel para colocá-la num canto.
- É sério! - apesar de rir continuou no assunto para provar seu ponto - Eu fiquei tão sem reação quando ele me convidou para jantar com vocês que esqueci completamente que tenho compromisso na sexta.
- Relaxa loira, nós desmarcamos. - deu de ombros, puxando-a pela mão para sentar -se no sofá desocupado.
- Não, seu pai vai ficar bravo. - negava com a cabeça - Eu tenho certeza que consigo sair a tempo. - sorriu confiante, beijando a bochecha do garoto.
Na quinta, perdeu as aulas do período vespertino para poder se dedicar ao photoshoot para a Love Magazine. E Terese estava especialmente empolgada com a programação daquele tarde porque ela teria a oportunidade de fazer uma das coisas que mais amava; fotografar. E não seria qualquer modelo, mas sim, sua própria sobrinha!
Collins estava a par de tudo o que era necessário para as fotografias ficarem excelentes e com o auxílio da talentosa Hilton a perfeição não era difícil de ser alcançada.
- Podemos fazer um intervalo? - Terese pediu, abaixando o rosto para sua câmera a fim de ver as últimas fotos tiradas. A mais velha sorriu para e se dirigiu para o monitor com intuito de visualizar as imagens ampliadas.
, por sua vez, correu até seu celular, aliviando-se ao constatar que ainda eram 16h e que Zayn havia a mandado mensagens a desejando boa sorte, muitas outras para se distrair da aula de geografia, uma fotografia de Niall dormindo no meio do horário de aulas e por fim o moreno a avisava que já estava dentro de seu bentley dirigindo até sua casa. O respondeu brevemente, deixando o aparelho de lado e dirigiu-se a mais velha.
- Tia, já estamos terminando? - questionou baixo, para que nenhum membro da equipe a ouvisse e a julgasse negligente.
- Nem perto disso, . Você sabe como essas coisas demoram.
- , precisamos retocar a maquiagem - Sophie, a maquiadora a chamou e a menina sorriu acenando para que ela esperasse.
- Mas eu tenho que jantar com a família do Zayn hoje, lembra? - voltou-se para a tia, aproximou-se ainda mais a fim de abaixar mais o tom da voz.
- Tudo bem - Terese sorriu, encarando todo o ambiente ao seu redor, procurando por alguma alternativa viável -, já já voltamos ao trabalho. - piscou para a menor e foi checar a iluminação do estúdio, como também os próximos figurinos e acessórios que seriam utilizados.
sentou-se na cadeira da maquiadora para que ela fizesse o que fosse necessário e passou mais tempo lá para seu cabelo ser frisado. Naquele dia ela já tinha ido do liso ao encaracolado, do solto ao amarrado e a garota não sabia mais qual seria o destino de seus fios. Dirigiu-se depois até a arara onde a stylist a esperava para a troca de roupa, e ela foi vestida e despida inúmeras vezes como uma boneca.
A hora passava voando e a cada momento que a loira tinha a oportunidade de ter seu IPhone em mãos, uma nova mensagem de Malik chegava e mais perto das 19h o relógio marcava. Não queria pedir para o rapaz avisar seus pais que possivelmente chegaria atrasada, no entanto, ele mesmo já a perguntava se chegaria no horário marcado.
tentou de todas as formas adiantar a sessão fotográfica, o que apenas resultou num atraso maior, pois a menina acabava se desconcentrando e abstraindo-se do que se passava ao seu redor. Sua tia pediu mais um intervalo e conversou com a mais nova, para que ela se atenta ao momento e não deixasse sua mente divagar.
- Querida, você precisa ligar para ele e dizer que não irá chegar a tempo. - Collins a aconselhou, podendo ver o desespero nos olhos da sobrinha.
- Mas eu vou decepcioná-lo, e o pai dele vai ficar uma fera! – falou, angustiada, sentindo um peso em seu coração.
- Então, você simplesmente não vai aparecer? - ouviu alguém chamando por ela e pediu que aguardasse.
- Não! - Hilton era apressada para fazer a troca de acessórios.
- Ligue para ele, . - a mulher repetiu calma, compadecendo-se da situação da mais nova, porém não podendo cancelar o compromisso que tinha com a revista. - Apenas diga que estará atrasada, mas irá para o jantar. - segurou as mãos da menina, tentando passar-lhe força e a deixou sozinha a fim de concluir sua missão, avisando a equipe que em breve a modelo estaria de volta.
Hilton fechou os olhos e suspirou alto, podendo sentir seu coração pulsando a fim de bombear vida por suas veias, porém tinha a impressão de que o sangue não percorria os vasos que chegavam até as pontas de seus dedos que estavam frias. Sua mente, raciocinava milhares de palavras, formulando milhões de desculpas possíveis e nenhuma soava boa o suficiente.
Procurou pelo número do namorado pela agenda do celular e clicou no botão, colocando o aparelho no ouvido e a cada segundo que a linha continuava a não ser atendida ela torcia para que permanecesse daquela forma.
- Oi loira. Você está chegando? - a voz de Zayn soou macia do outro lado e amaldiçoou-se.
- Oi.
- Adivinha o que eu estou usando! - brincou. E pelo tom de sua voz a garota o imaginava sorrindo. Ela adorava aquele sorriso, era tão puro e sincero que a fazia sentir-se acolhida. - Uma camisa! Sim, eu estou usando uma camisa em sua homenagem, mas nada de gravata. Não vamos exagerar.
- Que cor ela é?
- Cinza. Eu nem sabia que tinha isso no meu closet! - o bom humor do garoto era palpável e ela não conseguia lidar com o fato de que seria ela quem traria as más notícias - E então, você está chegando?
- Zayn - falou sem saber como prosseguir, a aflição em sua área cardíaca ficava cada vez maior, como um presságio de que algo ruim se aproximava -, eu vou me atrasar. - fechou os olhos não querendo ouvir o que ele teria para dizer.
Entretanto, não teve nada a ouvir pois a linha ficou muda por longos segundos, que se assemelhavam a horas.
- Quê? - o menino conseguiu falar, ainda atônito. - M-Mas, você disse que chegaria a tempo!
- Eu sei! - passou a mão no rosto, tendo certeza que ele ficaria bravo, e o pior, ele tinha razão. - Mas essas coisas são imprevisíveis, e eu preciso retocar a maquiagem a cada hora, lavar o cabelo para tirar o laquê e então deixá-lo do mesmo jeito que ele estava, trocar de roupa e-e são muitos detalhes... - tentou explicar-se. - Entende? - perguntou, incentivando-o a falar, pois esperou pela resposta por alguns segundos que a ligação permaneceu em silêncio.
- Eu falei para nós cancelarmos esse jantar, ! - o que mais deixava Hilton desesperada era que Malik soava muito calmo do outro lado da linha - O meu pai vai fazer um inferno…
- Mas eu vou chegar. - prometeu sem autoridade, afinal nem ao menos sabia se tudo estaria pronto antes da meia noite - Só que estarei atrasada.
- Quanto tempo?
- Uma hora e meia. - cerrou os olhos - Talvez três… - abaixou o rosto envergonhada, pois sabia que aquilo era demais para se pedir.
- O quê?! - aumentou o tom da voz, e a garota afastou-se mais da equipe para que ninguém os ouvisse. - Três horas, ?! Você quer que fale para o meu pai te esperar por três horas?!
Yaser odiava irresponsabilidade e considerava atraso como parte do pacote de uma pessoa desajuizada. Zayn tinha tanta consciência que o mais velho detestava quem se atrasava para compromissos, que o moreno acreditava que no dia do casamento dos pais Trisha já estava na igreja esperando o futuro marido, antes mesmo de o homem chegar à cerimônia.
- Por favor, tenta entender. - suplicou arrasada, culpando-se por ser ela quem estragava a noite do namorado. - Eu estou trabalhando, esse compromisso é importante. - levou os olhos até Terese que conversava com o editor de moda da Love Magazine, mas vez ou outra tinha a atenção na sobrinha para saber como ela se saia.
- Esse daqui também deveria ser! Eu falei que deveríamos ter desmarcado, mas agora eu vou ter que ouvir meu pai reclamar pelo resto do mês!
- Zayn, por favor, não fala assim comigo. Eu já estou mal o suficiente por decepcionar você. - mirou o pessoal que trabalhava, certificando-se de que ninguém ouvia a discussão.
- E você quer que eu fale como, ?!
- Com um tom muito diferente. - pontuou. Já estava frustrada o suficiente, não precisava que o rapaz gritasse com ela. - Em todas as vezes que você foi o errado eu nunca falei dessa forma.
- Ah, é claro! Como eu não imaginei antes? Isso tudo é um tipo de vingancinha doentinha que você armou, não é?
- Como você pode pensar que eu faria isso? - ofendida, ainda falava baixo, mantendo a compostura, mas o peso do insulto torturava sua consciência. - Eu estou trabalhando, Zayn. Diferente de você que nunca aparece nos nossos compromissos por pura falta de consideração.
O que mais deixava Malik puto, era que a garota podia estar possessa de raiva, mas ela nunca deixava a elegância ou aumentava o tom da voz, exatamente como fazia naquele momento. Apesar de estar o acusando de ser irresponsável, usava a voz mansa e um tom aveludado que o levava a indignação.
- Você também não precisa aparecer nesse compromisso, . - conseguiu pronunciar, após alguns segundos absorvendo o fato de a namorada o chamar de imprudente - Porque eu não quero mais a sua presença no jantar.
- Zayn. Z-Zayn? - chamou-o apesar de saber que ele já havia desligado a ligação.
Respirou fundo, farta de tantos problemas e enfurecida porque antes apenas sentia culpa por não conseguir chegar a tempo na casa do namorado, mas, após a discussão, também ficou brava pela forma que havia sido tratada, apesar de saber que o menino tinha sua razão.
- Não deu muito certo, não é? - Collins chegava com uma xícara de chá para a sobrinha e uma expressão amável que só um familiar mais velho e compreensível poderia proporcionar.
- Foi péssimo. - a modelo aceitou o chá, percebendo que a equipe ficava impaciente pela demora. - Mais uma briga para nossa coleção. - sorriu com ironia.
- Casais brigam, querida. É normal.
- Mas toda semana nós discutimos e sempre magoamos o outro por um motivo bobo! - revelou indisposta, sentando-se na cadeira mais próxima pois seus pés doíam devido ao salto que usava desde as 14h30 da tarde. - E agora ele está bravo comigo porque eu estou trabalhando.
- , eu sei que você esteja frustrada - Terese tomou o assento ao lado da loira -, mas não o entenda mal. O Zayn não odeia o seu trabalho, apenas ficou triste porque a noite não saiu como ele havia planejado. - a menina escondeu o rosto nas mãos - Agora você precisa analisar se quer seguir em frente com esse relacionamento.
- Você acha que eu deveria terminar com ele? - indagou incerta e um tanto quando amedrontada devido a hipótese.
- Deus, não! - assustou-se e tratou de se expressar melhor - Essa é uma decisão que você precisa tomar sozinha, eu não posso te guiar por esse caminho.
- Eu não sei o que fazer! - riu sem humor, completamente desnorteada e atordoada pelo peso de um relacionamento que ela adora com todas as forças, mas que periodicamente a custava algumas noites de insônia.
- Você tem uma vida perfeita, . - tentou mostrá-la a situação por uma outra perspectiva - Pais que te amam e apoiam, amigos unidos, um namorado lindo que faz qualquer coisa por você e uma carreira à sua frente. Não é verdade?
- É… - confirmou incerta - Quer dizer não é bem assim. - negou com a cabeça, formulando a melhor maneira para de expor a sua visão dos fatos - Meu pai passa mais tempo nos Estados Unidos do que em casa, e a minha mãe trabalha muito. - sua tristeza era palpável, a menina já havia derramado amargas lágrimas devido a relação falha que possuía com os pais - Meus amigos brigam demais e estão sempre passando vergonha em público. - riu ao lembrar-se de algumas das atrocidades já cometidas - O Zayn realmente se esforça em alguns quesitos, mas em outros parece que ele simplesmente não se importa. - deu de ombros, cheia daquele discurso - E sobre a carreira de modelo, é realmente difícil, e eu deixo de fazer muitas coisas devido a ela.
- Viu - sua tia sorriu, pois conseguiu fazer com a mais nova entendesse seu ponto -, nem tudo é perfeito. Não existe perfeição, . - negou, pegando uma das mãos da garota - O Zayn não é perfeito, nem você, mas juntos vocês podem tentar ser melhores a cada dia.
- Então… eu não tenho que terminar com ele? - franziu o cenho ainda em dúvida.
Terese riu, levantando-se: - Não posso te ajudar a tomar essa decisão, mas sei que você fará o que é melhor para ambas as partes. - beijou a bochecha da sobrinha - Tente relaxar, tome o tempo que for preciso, mas não se esqueça que ainda temos um sessão de fotos para terminar. - acenou com a cabeça para a equipe que ainda não havia parado e deixou Hilton sozinha com suas indagações e receios.
Já na mansão Malik, o clima que se seguiu após o término da ligação foi bem diferente do amigável e conselheiro pelo qual teve o prazer de passar. Zayn colocou o telefone no bolso e andou em círculos, tenso, pensando em como informaria seus pais que sua namorada não apareceria para o jantar que passaram três dias organizando.
O moreno já bufava e sentia a vontade de fumar um cigarro por imaginar a quantidade de merda que ouviria de Yaser. Fechou os olhos se preparando para os momentos de tortura e encaminhou-se à sala, onde os mais velhos conversavam e apreciavam uma taça de vinho antes da refeição.
- A não vai conseguir vir para o jantar. - decidiu que seria melhor apenas jogar a informação de uma vez e então se retirar da presença dos pais.
Todavia, ao virar-se de costas para deixar o cômodo, Trisha o impediu, chamando por ele e, ao fitar a mulher, pôde também ver a expressão de seu pai, que o mirava com indiferença.
- Como assim ela não vem? – perguntou, preocupada - Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - percebeu o semblante decepcionado do filho e afligiu-se, com medo de que algo ruim tivesse acontecido.
- Ela só não pôde vir, mãe. - respondeu-a, irritado pelo olhar de pena que Patrícia sustentava e mais irritado ainda pela forma que Yaser o encarava. - Ficou presa numa sessão de fotos para uma revista qualquer e não vai conseguir chegar a tempo. - à medida que falava sua voz mais baixa ficava, e o menino mirou os próprios pés, colocando as mãos nos bolsos, percebendo que não estava bravo, mas sim deprimido porque Hilton não poderia atender ao compromisso.
Sua mãe voltou o rosto para o marido, que de braços cruzados ainda encarava o filho. Com o olhar, a mais velha pedia para que ele não seguisse seu gênio e despejasse sobre o rapaz palavras amargas e brutas.
- Por que eu não estou surpreso? - o patriarca sorriu sarcástico, e Trisha respirou fundo, indignada que seu pedido de trégua foi totalmente desprezado. - Não poderia esperar algo diferente vindo de você. - levantou-se e deixou a taça de vinho sobre a mesa, dirigindo-se até a sala de jantar.
Zayn permaneceu de cabeça baixa, sem ânimo algum para refutar ou brigar com o pai. Já sua mãe logo levantou-se e caminhou até ele.
- Querido, está tudo bem? - questionou, colocando a mão sobre ombro dele.
- Ela só não pode vir. E eu perdi a fome. - saiu da sala a passos largos, subindo a escada de dois em dois degraus para chegar logo em seu quarto.
A modelo não se atrasou por uma hora e meia, nem três, foi só às 23h37 que ela chegou a mansão Malik. Sabia que o jantar obviamente já havia acabado e mais que isso, Zayn fez questão de informá-la que não era mais bem-vinda à formalidade. Contudo, sentia a necessidade de conversar com ele e nem esperou que Morgan avisasse que havia chego, subiu as escadas correndo em direção ao quarto do namorado.
Deu duas batidinhas na porta, aguardando pela resposta que não recebeu. Repetiu o gesto mais três vezes para então adentrar o recinto, mesmo sem ser convidada. O rapaz estava deitado em sua cama, com a televisão ligada, porém nem ao menos assistia ao que ali passava, já que mexia no celular.
- Eu sinto muito. - a loira aproximou-se dele, mas logo estancou onde estava, lembrando-se de que o menino não queria vê-la. - Zayn, eu queria muito ter vindo, você sabe… não sabe? - tentava se expressar, mas o garoto nem ao menos a olhava nos olhos, mantendo a concentração no aparelho em suas mãos, o que deixava sua missão ainda mais complicada. - E-Eu - buscava pelas palavras certas, mas não havia o que dizer. - Por favor. Por favor, fala comigo. - clamou, sentindo uma pressão agoniante em seu coração, pressão essa que a sufocava, ocasionando seu desespero.
- Não tem nada para dizer, . - bloqueou a tela do IPhone, elevando os olhos a TV. - Você não veio. Tanto faz.
- Não! - caminhou rápido até a cama, colocando-se sobre seus joelhos em cima do colchão, sentindo que seu relacionamento se esvaia por entre seus dedos - Não é tanto faz, Zayn. Você está bravo, e nós vamos conversar sobre isso. - tinha em mente que, assim que um diálogo se estabelecesse, tudo ficaria bem de novo e eles seguiriam em frente, como já haviam feito milhares de vezes.
Tentou alcançá-lo, apenas tocá-lo para sentir-se protegida dos maus que os assolavam, mas o moreno se levantou da cama, evitando o contato, fazendo-a recolher a mão e lutar para ignorar o sabor amargo da rejeição.
- Eu não tenho nada a dizer. Que saco! – reclamou, irritado, batendo as mãos nas coxas.
- Sempre é a mesma coisa - negando com a cabeça, arrumou a postura e cruzou as pernas - Você precisa falar comigo. Eu não consigo fazer isso sozinha, eu não sei como fazer isso e você precisa me ajudar. - suas esperanças dissipavam-se diante de seus olhos.
- Você quer conversar? - zangado, nem percebeu que aumentava o tom de sua voz, enquanto o da menina permanecia baixo e compassivo. - Tudo bem, , vamos conversar. Que tal nós falarmos como nada é bom o suficiente para você? - questionou cada palavra cuidadosamente a fim de mantê-las gravadas na mente de ambos.
- Isso não é verdade. - levantou-se, ofendida, concentrando-se para não explodir.
- Como eu sempre tenho que fazer o que eu não quero para agradar você. - apontou em cheio para a garota que não escondia a expressão insultada.
- Você não aparecer, chegar atrasado ou cheirando a cigarro não é fazer o que eu quero Zayn - franzindo o cenho, enumerando nos dedos. Não acreditando que ele teve a audácia de proferir aquelas palavras -, é ser egoísta demais para ceder a uma coisinha que eu te peço.
- Você quer falar sobre egoísmo agora? - cresceu os olhos, não se importando mais se a casa inteira o ouvia - Tudo bem, vamos falar sobre egoísmo. Porque não existe uma pessoa que eu conheça que seja mais egoísta que você. - apontou para ela, sentindo um misto de alívio crescer em seu peito e ao mesmo tempo um peso massacrante se acumular em seus ombros.
- O quê? - juntou as sobrancelhas, falando tão baixo que teve dúvidas para acreditar que ele a ouviu.
- Você reclama que eu não converso, não me abro. Mas para que eu vou fazer isso? Para você continuar me encarando com esse seu sorrisinho de quem é boa demais para se importar com qualquer coisa além de si mesma? - cerrou os olhos, mantendo o dedo em riste, na direção da garota que mantinha a expressão confusa pois não aceitava ouvir aquilo - Ou então para você vir com um discurso altruísta falando que eu - espalmou a mão no próprio peito - eu sou culpado por essa merda que nós chamamos de relacionamento? Mas é claro que a educada senhorita Hilton faria isso de uma forma polida e cortês. - riu em escárnio, já enojado da pose superior que acreditava que a loira sempre carregava.
- Então é isso? - juntou as sobrancelhas, aproximando-se dele - O fato de eu não gritar com você para não piorar as coisas é ser boa demais para me importar? - sorriu em deboche - Eu me importo tanto com você, Zayn, que mesmo você fazendo tudo errado, tudo errado – frisou, tentando fazê-lo entender o quanto ela se empenhava para ignorar tanta merda vinda dele -, eu dou o meu máximo para não me estressar para que você não fique mal.
- Ah, , faça-me o favor! - andou em círculos, farto de tanta generosidade que a santa Hilton o prestava - Deixa de lado esse sacrifício todo que você faz, eu não preciso dele. - informou-a, negando com a cabeça - Você não precisa mentir falando que se importa, porque eu sei que você não dá a mínima! Você não se importa comigo - apontou para si, machucado por falar tais palavras em voz alta. Afinal era assim que o rapaz se sentia, entretanto proferir seu medo para que ela o escutasse o tornava real e aquilo o apavorava. -, com essa merda de jantar, com essa briga - indicou ambos -, com tudo que eu faço. VOCÊ NÃO SE IMPORTA! - gritou, consumindo o restante de suas forças, sentindo seus olhos embaçarem devido algumas lágrimas que não o ajudariam a enxergar melhor no meio daquele caos.
Malik virou-se de costas para que não enxergasse a sua vulnerabilidade. E a garota por sua vez, precisou de alguns minutos para absorver o discurso desconsolado do moreno.
- E-Eu… acho melhor nós pararmos por aqui. - concluiu, desolada, profundamente magoada e irada consigo mesma que não se esforçou mais para mostrar-lhe o quanto era apaixonada por ele - Acabou, Zayn. - o moreno voltou-se abruptamente para a loira, com as sobrancelhas juntas - Acabou… - precisou repetir para que ela mesma entendesse o que acontecia naquele momento. Para que ela mesma aceitasse aquele desfecho cruel e lastimoso - Vai ser o melhor para nós dois, ou então nós vamos acabar nos odiando e eu não quero…
- Vai se foder, . - falou por fim, dirigindo-se a seu banheiro e batendo a porta atrás de si.
Uma dor se alastrava pelos músculos do rapaz. A ponta de seus dedos formigavam e ele não possuía mais sensibilidade naquela pequena porção de seu corpo, já que não conseguia sentir a superfície dos objetos que tocavam sua pele. Seu coração chocava-se contra sua caixa torácica tantas e tantas vezes, que tinha a impressão de poder ouvi-lo, e aquela melodia melancólica só fazia a pressão em seu peito piorar. Seu tecido pulmonar parecia não possuir mais a capacidade de realizar trocas gasosas, já que, por mais que inspirasse a maior quantidade de oxigênio que conseguia, ele não chegava a seus pulmões. Queria chorar, seus olhos quentes e cheios de lágrimas evidenciavam sua tortura, mas elas não caiam.
Pensava que se conseguisse derrubar apenas uma lágrima, toda aquela angústia evaporaria, porém não era capaz e aquele pânico perdurou até que, no ímpeto, abriu a porta de seu banheiro para conseguir aumentar o fluxo de ar no recinto.
não estava mais lá.
Sozinho, ainda tentando normalizar sua respiração e um pouco atordoado, sentou-se sobre o colchão e encarou o nada, com as palavras de Hilton ainda ecoando em sua mente. As falas dele ricocheteavam sua consciência enquanto um milhões de indagações o cercavam. "E se" tudo tivesse sido diferente?
Esticou-se sobre a cama para alcançar o celular e discou o primeiro número que lhe veio à mente. Esperou que fosse atendido e quando foi um alívio percorreu por todo seu corpo por saber que não estava só.
- Oi. Você tá livre? - ouviu a resposta e ficou grato por ela - Está afim de sair? Ahan… No mesmo lugar de sempre. Sim. Te vejo lá, tchau.
Levantou-se e procurou pela carteira, colocou-a no bolso da calça, juntamente com o celular, cigarros e isqueiro e pegou o primeiro casaco que encontrou. Saiu de seu quarto que parecia compacto demais e acabava o asfixiando, ao deixar o recinto num rompante, encontrou sua mãe no corredor.
- Querido você está bem? E-Eu ouvi a discussão. - seguiu o rapaz que não parou para ouvi-la e já saia em disparada a caminho das escadas.
- Sim estou bem. - respondeu simplesmente, nem ao menos mirando a mais velha nos olhos.
- Tem certeza? Zayn, fala comigo. - pediu preocupada com ela. - A saiu daqui chorando. O que aconteceu? - descia as escadas correndo para alcançá-lo, mas o menino era muito mais rápido.
- Avisa o papai que ele não precisa mais se preocupar em conhecer minha namorada - parou, fazendo Trisha esbarrar nele. Virou-se para ela que teve seu coração quebrado em mil pedaços ao ver a expressão triste de seu filho -, porque não tem mais uma para ele conhecer.
- Eu sinto muito, querido. - abraçou o garoto, que sentiu-se muito grato pelo carinho naquele momento difícil, mas logo afastou-se da matriarca, encaminhando-se até a garagem. - Para onde você vai? - indagou ainda o seguindo.
- Sair.
- Isso eu sei. - o viu pegar as chaves do bentley e abrir o portão da garagem - Mas para onde?
- Sair, mãe. – respondeu, irritado, adentrando seu carro e dando a partida com a esperança que se deixa-se sua casa, o local onde o término havia ocorrido, a dor também ficasse para trás.
A morena já bocejava com os olhos pesados, mas não conseguia desligar sua televisão, pois a série que maratonava estava boa demais para ser deixada de lado por meras horas de sono. A verdade era que nem se concentrava tanto, mas a vida do personagem principal passava por provações e ela precisava acabar aquela temporada para saber o que aconteceria.
E foi num momento crucial da trajetória de Mike Ross que ouviu alguém bater à sua porta.
- Entra. - falou alto, pausando o episódio para não perder nada.
- - sua mãe, com o celular contra o peito, colocou-se dentro do ambiente ainda com a mão na maçaneta. -, seu primo está por aqui?
- Não… - respondeu-a, estranhando a pergunta. - Por quê?
- Ele conversou com você? Falou alguma coisa recentemente? - Amina voltava a colocar o IPhone no ouvido. - Trisha, ele não está aqui. Calma. Eu ainda estou falando com ela. , você conversou com o Zayn?
- Não, mamãe. - ajoelhou-se sobre o colchão preocupada e incomodada por tanto drama - O que aconteceu?
- Ele e a filha dos Hilton terminaram. - Sra. Ortega falou já retirando-se da presença da filha, voltando a conversa com a cunhada e fechou a porta atrás de si.
A garota demorou para acreditar que a matriarca da família falava a verdade. Com o queixo caído procurou pelo celular por toda a cama, sem sucesso, passou os olhos pela cômoda e até mesmo pelo chão e bufou irritada por não encontrar o aparelho, mas ao levantar seu travesseiro o avistou ali e rapidamente o sacou procurando pelos contatos o número do garoto, discando ao achá-lo.
Infelizmente não foi atendida na primeira vez, muito menos na segunda chamada e só na terceira tentativa que ouviu a voz preguiçosa de Horan do outro lado da linha.
- ? - claramente confuso chamou a amiga pelo apelido, não sabendo se estranhava o fato de ela estar o ligando àquela hora da noite ou o fato de ela estar o ligando!
- Oi, Ni, onde você está? - indagou afobada, ansiando para aquela parte da conversa se findar rapidamente.
- Na casa da . - respondeu como se fosse óbvio.
- Ela não te contou… - concluiu sozinha, tendo em mente que com certeza não compartilharia com alguém seu momento de miséria.
- Contou o que? Quem?
- A e o Zayn terminaram.
- Quê? - aumentou o tom de voz, e Orteguinha pode ouvir claramente princesinha Styles perguntando o que estava acontecendo.
- Minha mãe acabou de me falar, parece que foi agora pouco e ninguém sabe onde o meu primo está.
- Eu vou para a casa da . Agora. - mais uma vez a voz de se fez audível, mas num tom muito mais preocupado.
- Okay. Quando possível me fala se ela está bem, e eu vou tentar encontrar o Zayn.
- Tá, . Tchau.
finalizou a ligação, respirando fundo, enquanto apertava o celular entre as mãos e tentava pensar como Malik, a fim de descobrir o possível paradeiro do garoto imprudente e aflito. Foi então que ligou para Liam, que diferente do irlandês a atendeu no primeiro toque.
- Oi, baby doll! - falou soando contente, e um burburinho se fazia ouvir de fundo - Já não passou da sua hora de dormir? Sua mãe vai te pôr de castigo, hein. - brincou rindo, a fim de incomodá-la.
- Sweetheart, onde você está? – questionou, juntando as sobrancelhas.
- Em um pub com o Zayn. - o ouviu dizer e colocou a mão sobre o peito, instantaneamente aliviada por saber que seu primo não estava sozinho.
- Então ele te contou?! - perguntou certa de que o moreno partilhava com o amigo o fatídico episódio.
- Contou o quê?
- Que ele e a terminaram. - respondeu como se fosse óbvio. Sentindo-se culpada por espalhar a notícia pelos quatro cantos do mundo.
- Merda. - Payno resmungou - , ele está voltando para a mesa, eu tenho que desligar. - apenas a avisou já disfarçado para que Malik não percebesse o que se passava.
- Não! – protestou, revoltada - Espera… Liam? - a linha muda comprovava que o rapaz havia a deixado falando sozinha - Liam? - chamou mais uma vez não acreditando que ele havia desligado na sua cara.
Próximo à beira norte de Hyde Park, parque no centro de Londres, está localizado Notting Hill, bairro do distrito de Chelsea. Um dos mais charmosos e típicos bairros residenciais da capital inglesa, é famoso por sua feira de antiguidades, artesanato e alimentação que ocorre aos sábados. No entanto, naquela madrugada os visitantes não ocupavam as ruas de paisagem vitoriana, mas o sim o interior dos pubs, como o Red Lemon onde Zayn e Liam tomavam algumas cervejas e conversavam.
O moreno voltava do bar com duas long neck na mão e franziu o cenho, estranhando o amigo desligar o celular rapidamente ao vê-lo.
- Quem era? - Malik o perguntou, sentando-se e o entregando a pequena garrafa.
- Ninguém. - respondeu-o aflito, encarando as próprias mãos sobre a mesa de madeira, tentando não ser lido pelo olhar insondável do outro menino.
- Você já sabe, não é? - rolou os olhos, passando a mão pelos cabelos e tomando um gole de sua bebida.
- Você precisa de um abraço? - Payno indagou, sorrindo nervoso, disposto a abraçá-lo se preciso, mas tendo em mente que o garoto odiava aquele tipo de tratamento.
Sabia que o amigo passava por um momento difícil, entretanto não sabia como ele gostaria de ser tratado. Zayn sempre foi reservado e discreto e por esta razão Liam não tinha noção de como lidar com o rapaz de coração quebrantado a sua frente. Além do mais, se não houvesse o informado sobre os acontecimentos de horas atrás ele teria ido embora sem desconfiar que agora Malik estava solteiro.
- Eu estou bem, Liam. - riu sem humor, apoiando os braços sobre a mesa, aproximando-se do outro garoto.
- Eu sei. Eu não disse que não estava. - confirmou com a cabeça. - Mas, às vezes, é bom lembrarmos que não estamos sozinhos.
- Não vem com papo sentimental, okay? - fez careta, encarando o ambiente ao seu redor. - Casais terminam todos os dias.
- O que aconteceu? - o questionou, apesar de sua atenção estar presa em seu celular onde uma enxurrada de mensagens raivosas de sua adorável namorada chegavam, pelo fato de ele ter a deixado falando sozinha.
- O que todo mundo sabia que ia acontecer. Não deu certo. - deu de ombros, esperando não transparecer o ataque de pânico que teve no momento que ouviu decretando o fim de sua felicidade.
Zayn sempre a viu como um anjo, seu sorriso luminoso e olhar aquecido confirmavam sua origem celestial. Todavia apenas com uma palavra ela se tornou um pesadelo, um demônio impiedoso.
- Sinto muito, cara. - cerrou os olhos, infeliz pela lamentosa conclusão do casal.
- É. – murmurou, mirando sua cerveja e levando-a aos lábios. - Eu também. - disse baixo para ninguém o ouvir.
Ninguém precisava ter conhecimento de sua miséria. Por mais que dissessem que sabiam pelo o que ele passava, era mentira, porque ninguém reage da mesma forma as intempéries da vida. E Malik não queria ser entendido, não queria ser consolado, só queria esquecer.
Longe de Notting Hill, o quarto escuro e silencioso não se assemelhava nenhum pouco com o pub animado e barulhento, no entanto a tristeza e desesperança que não deixavam a modelo adormecer era idêntica à de Zayn.
rolava de um lado para o outro na cama, como se espinhos massacrassem sua pele propositalmente para deixá-la acordada e consequentemente sua mente a assombrasse com os olhos magoados do rapaz sobre ela e também com seu discurso amargurado e injusto.
Ouviu batidas à porta e secou as lágrimas rapidamente, limpando a garganta para permitir a entrada do visitante surpresa e totalmente indesejado.
- ? - Niall a chamou, tentando acostumar os olhos a escuridão e mantendo-se na porta com medo de arriscar alguns passos e tropeçar em algo.
- Ni? - a loira devolveu a pergunta, sentindo um alívio tão grande no peito por não estar mais sozinha. Esticou-se até o interruptor sobre a cama e acendeu a luz, podendo ver o amigo tentando disfarçar a pena nos olhos por mirá-la provavelmente muito vermelha devido ao choro.
- Ahn… Oi - o irlandês caminhava incerto até o colchão. - A falou que você ia precisar disso. - esticou as mãos, entregando duas sacolas para a amiga, que estranhou, mas aceitou o presente de bom grado.
Ao abri-las pôde ver um pote de sorvete, como também chocolate e batatinhas, elevou o rosto de volta a Horan, que ainda a analisava um tanto quanto assustado, como se encara um filhote de leopardo. Você sente vontade de abraçar, mas não sabe se ele vai arrancar sua cabeça.
- Obrigada. - fechou a sacola, afastando-a de si - Mas mês que vem… E-Eu não posso! - negava com a cabeça, sentindo uma vontade imprudente dominá-la. - Ah, para o inferno com a semana de moda! - abriu o pote de sorvete, colocando-o sobre o colo e só então percebendo que não tinha nenhuma colher.
- Aqui. - o garoto notou seu momento desnorteado e a entregou uma colher, fazendo-a rir. Afinal ele tinha mesmo pensado em tudo. - Semana de moda? - indagou, finalmente sentando ao lado da amiga, preferindo começar a conversa de forma delicada.
Abriu o pacote de batatinhas, vendo-a devorar o sorvete com tanto afinco, que duvidou se ela o deixaria pegar um pouco e manteve-se quietinho segurando sua colher no ar, esperando-a acalmar-se.
- Nova Iorque, Londres, Milão, Paris. – respondeu, apoiando as costas em dos travesseiros. - Eu vou ficar o mês inteiro fora. - colocou o pote entre os dois, e Niall finalmente pôde saborear suas batatinhas com sorvete.
- Parece divertido.
- É. - deu de ombros, lembrando-se da experiência de setembro do ano que se passara. - Significa que eu tenho que ficar de dieta, que meus pés vão doer pelo mês inteiro e que eu tenho que ser simpática com algumas pessoas arrogantes. - o viu rir e acompanhou-o, abrindo um dos chocolates.
Horan continuou fazendo-a rir, e, pela primeira vez em horas, cessou o choro. Seu coração ainda estava pesado, mas não a oprimia mais como antes e palavras não eram o suficiente para agradecer o melhor amigo, que a fazia companhia naquele momento difícil.
- - chamou-a, após alguns segundos de silêncio. O pacote com as batatas já havia se findado, o pote de sorvete só não estava vazio porque o fim da massa havia derretido e ninguém o quis mais e juntamente com ele, no chão, as embalagens de chocolate sujavam o quarto da garota. -, eu sinto muito pelo o que aconteceu.
Seria inevitável não tocar naquele assunto, e Hilton sabia daquilo, mas estava feliz porque Niall foi atencioso o suficiente para não mencioná-lo por um longo período de tempo. Fazê-la rir primeiro e sentir-se confortável e acolhida foi uma boa estratégia, a menina precisava admitir.
- Como você ficou sabendo?
- A me ligou. - não sabia o quanto seria saudável revelar daquela ligação, porque Malik era mencionado, e o rapaz não tinha noção se seria seguro expor o nome do badboy da Eton.
deitou-se, procurando por uma posição confortável enquanto cobria-se com seu edredom.
- Ele disse que sabia que eu não me importava com ele. - fitava o nada, sentindo a movimentação no colchão, já que Niall também se deitava.
- Quê?
- Ele disse que eu não importava. - repetiu, contudo sua voz entregava que estava prestes a chorar de novo, mirou o amigo tendo sua esclera tomada por um tom avermelhada, já que as lágrimas voltavam a escorrer. - E-Eu… Eu sempre pensei que se fosse expansiva as pessoas iriam se incomodar comigo, então sempre me contive nos meus atos, na minha fala, em tudo! - encolhia-se conforme falava, totalmente vulnerável - E isso o fez pensar que eu não sou apaixonada por ele! Eu estraguei tudo, Niall!
Em anos de amizade o rapaz nunca havia visto chorando e definitivamente não sabia como reagir. Ela estava tão pequena sobre o colchão e tomada por uma tristeza tão grande que o garoto ficou mal por não poder tirá-la daquela dor.
- - esticou a mão para tirar os cabelos loiros dela da frente de seu rosto, mas conteve-se, totalmente perdido em seus atos -, ele só falou isso porque está magoado. - acabou colocando os fios de Hilton atrás de sua orelha. - Não quis realmente dizer isso. É claro que ele sabe que você gosta dele!
- Será mesmo? – perguntou, soando zangada. E de fato estava furiosa consigo por ser tão recatada e manter aquela "pose superior" que Zayn havia a acusado de sustentar e dessa forma estragar tudo. - Será que ele sabe? Porque eu faria qualquer coisa pra mostrar o quanto eu sou apaixonada por aquele idiota!
Sem saber o que falar, Niall segurou a mão da amiga na sua, apertando-a para mostrar-lhe que estava ali para o que fosse preciso.
- Teve uma vez que eu fui muito babaca com a . – falou, lembrando-se do episódio anterior à festa do ano. - Eu disse que ela só estava comigo para atingir a April e que ela me manipulava e… e eu fui muito idiota! - reconheceu, fazendo-a rir.
- E o que aconteceu?
- Ela me ignorou. Fingiu que nada tinha acontecido, e aquilo acabava comigo - recordou-se de tantas vezes sentir-se um grande imbecil por tê-la o mirando tão indiferente -, porque eu queria me desculpar, mas ela insistia em dizer que nada havia acontecido! Eu quase fiquei louco! - cresceu os olhos, vitimando-se.
- E a moral da história é?...
- Moral? - indagou, franzindo o cenho. - Ah, não… Eu só lembrei que nunca te contei isso. - acenava com a cabeça.
- Oh… - tentando disfarçar a decepção. cerrou os olhos, sorrindo nervosa.
- Brincadeira. - Niall riu da amiga, e ela espelhou seu gesto, colocando a mão no rosto, percebendo que havia parado de chorar. - Eu fui um babaca, e nós passamos por isso. Se você foi babaca ou se ele foi babaca, vocês vão passar por isso ou, então, superarão. E poderão aprender com essa experiência.
A garota sorriu, suspirando alto, pensando no que o amigo a dizia. Ela e Zayn poderiam encontrar uma forma de seguirem em frente juntos, poderiam aprender a fazer aquele relacionamento, agora inexistente, funcionar. Mas talvez teriam que aceitar que eram disfuncionais e seguir em frente, separados, sozinhos e com o coração despedaçado e sangrando.
Capítulo 25
FEVEREIRO:
- Devíamos ir à secretaria agora, ver novos uniformes pra você. - sugeriu, abrindo o porta acessórios do jipe para procurar seu batom vermelho. Às vezes não dava tempo de passar a base antes que Liam chegasse, para solucionar a irregularidade no horário e a impaciência do mais velho, ela deixava algumas coisas ali dentro para eventuais emergências.
- Pra quê? Eu vou jogar tudo fora em alguns meses. - Liam coçou o queixo, concentrado na estrada porém pensando quando devia parar de se preocupar em tirar a barba todo santo dia.
- Pelo menos mais dois seria bom. - ela argumentou, jogando a tampa do batom em cima do painel enquanto usava o pincel para desenhar a parte superior do lábio. - O seu está muito apertado.
Payne arqueou as sobrancelhas e desviou os olho da estrada para encarar a namorada, totalmente por fora da intenção dela com tanta insistência por causa de uns pares de roupas que ele sempre usou!
- Ah não, vai demorar demais pra escolher, depois mandar ajustar e ficar indo experimentar pelo menos umas três vezes até eles apertarem e deixarem como esse.
- Mas está muito apertado e a sua bunda fica destacada, muito. - confessou apenas depois de conferir se o batom estava perfeito.
- Você não gosta da minha bunda? É isso?
- Não é que eu não gosto, inclusive adoro. - ela sorriu sapeca e apoiou a delicada mão sobre a perna dele. - Mas o resto da escola não precisa ver e adorar também.
- Eu queria tanto que a sua mãe visse você falando essas coisas, . Ia ser o melhor dia da minha vida. - um sorriso maldoso brotou nos lábios do rapaz que temia a sogra, mas também gostava de rir na cara do perigo.
Amina era um anjo comparada a Yaser e sua inabilidade para sorrir, mas para as pessoas normais ainda era uma mulher séria demais. Liam honestamente não via o sentido daquela criatura maligna (a quem ele muito respeitosamente se referia como Sra. Ortega, sogra ou a louca da sua mãe) ser casada com Robert Ortega, o filho da puta mais legal daquele país.
Era uma combinação estranha porém interessante, e todas as horas de tortura infindáveis que eram estar no mesmo ambiente que ela, valiam a pena no instante em que Robert entrava no recinto e a fazia rir verdadeiramente.
- E ia ser a última vez que você ia me ver. - a morena disse, já até imaginando o choque da mãe, que com toda certeza colocaria a culpa em Liam por ter pervertido seu anjinho.
- Vocês dois não conseguem ficar calados por um minuto? - uma emburrada finalmente se pronunciou do banco de trás, fazendo o amigo se assustar momentaneamente:
- Porra, garota! Eu esqueci que você estava aqui - ele reclamou e virou rapidamente para trás, para se certificar de que realmente tinha alguém ali.
- Ué, eu pensei que você estava feliz! - a caçula deu uma risadinha.
Era engraçado que eles estavam há quase meia hora no carro e a menina não havia dado sinal de vida, bem como o fato de que Liam aparentemente esqueceu que não estavam a sós. Mas a melhor parte era lidar com a melhor amiga evidentemente ansiosa para chegar no colégio para rever um certo rapaz de cabelos cacheados e sorriso sapeca.
- Eu entrei nesse carro feliz, mas vocês não calam a boca! - revirou os olhos, decidindo que seu celular era muito mais interessante do que aqueles dois ridículos que estavam estragando todo o seu bom humor matinal, que nem era tanto.
- Para de fazer drama. Todo mundo sabe que você está toda alegrinha porque o Harry vai pra aula hoje. - Payno provocou e se encolheu sobre o volante no mesmo instante, para evitar ser acertado por algum objeto que sempre surgia do nada quando ele falava alguma coisa. Mas então lembrou que coisas só eram arremessadas se estivesse por perto e ficou em paz novamente.
- Do que você está falando… - a menina ficou constrangida.
- Olha como ela se faz de difícil. - o rapaz falou com , entrando no estacionamento do Eton e procurando uma vaga boa, que não era fácil de encontrar porque simplesmente decidiu que não queria ir com Alfred e fez o amigo voltar a metade do caminho só para buscá-la. - Falando nisso, olha lá o seu namoradinho.
- Ele não é meu namorado. - a garota disse com muito autocontrole, sentindo o estômago revirar de animação enquanto via os cabelos cacheados dele revoltados porque aquela era uma manhã particularmente úmida.
- É sim. O seu namorado que você morre de amores. - Liam persistiu, saindo do carro e dando a volta para pegar a mochila e esperar antes de irem até o amigo que estava ali fora, desabrigado do clima horroroso.
- Não é não, idiota. - Meester falou entredentes, sorrindo para Harry como se não estivesse com vontade de chutar o saco do melhor amigo.
- Oi, . - Styles abraçou a pequena garota, demorando mais do que qualquer um poderia esperar de duas pessoas que um dia se odiaram tanto.
- Nossa, eu não sabia que dava pra sentir tanta saudade assim da … - Payne murmurou para , completamente alheio a saudade inexplicável que Styles parecia ter sentido daquele ser humano cruel.
- Se tem que goste de você, babe, tem amor pra todo mundo. - rebateu. Entrelaçou a mão a do namorado e sorriu enquanto assistia o breve momento do casal a frente.
- Oi. Está tudo bem? A Anne está bem? Como foi a visita? - disparou com as perguntas assim que se soltaram e começaram a andar até o bloco mais próximo.
Era absurdamente estranho se sentir tão feliz porque Harry estava de volta. E a sensação de alegria foi tão plenamente correspondida que ela estava se sentindo até mais leve e a mochila já nem pesava tanto.
- Foi ótimo, nós tomamos tanto sorvete… - o menino contou saudoso, mas logo voltou a sua realidade e explicou o motivo do retorno antecipado: - Mas ela vai trabalhar no Valentine’s e você está aqui, então eu voltei. Oi, Orteguinha!
- Hazza! Como foi na América? - a caçula esticou o braço na frente de para bater um high-five com o cacheado, tão feliz quanto todo mundo porque ele estava de volta.
- Não tão bom como estar aqui vendo você nessa sainha curtinha. - Styles piscou sem vergonha para a criança que involuntariamente se afastou para o lado, separando as duplas que caminhavam enfileirados e ocupando muito espaço enquanto andavam.
- Cala a boca, Styles. - Liam revirou os olhos, discordando da opinião do amigo sobre o tamanho da roupa da namorada. Então percebeu que ainda não tinha visto o carro de Malik. - Cadê o Zayn?
- Eu não sei, mas o Niall mandou uma mensagem falando que eles estavam lá dentro e quando a chegou, ele ficou puto.
- Ai meu Deus… - a prima do menino murmurou preocupada, ignorando a lufada de ar quente que abraçou seu corpo no momento que as portas de vidro se abriram e eles entraram no prédio.
Aconteceu que todo mundo que apostou que o término de Zayn e não resultaria em grande alarde, errou completamente. E quem pensou que eles acabariam voltando, errou também. Na verdade, ninguém acertou no palpite porque ou defendiam que os dois estavam sofrendo muito ou batiam o pé dizendo que nenhum dos dois se importava tanto assim (a maioria esmagadora adotou esse pensamento).
Até mesmo o grupo ficou dividido, Niall, e Harry poderiam jurar pela própria vida que viam o pesar nos olhinhos castanhos dos ex namorados, e como a vida se esvaia dos dois lentamente e que também era muito importante que eles voltassem logo, caso contrário morreriam de tristeza. Por outra via, iam Louis, e Liam que achavam as teorias um monte de frescura e tinham certeza de que os dois estavam bem porque nem eram tão apaixonados assim.
E no epicentro de toda a fofoca tinha o ex casal que nada comentavam sobre e tentavam ao máximo seguir com suas vidas normalmente e tentar lidar com todo o desgaste emocional que o término de um relacionamento causa.
permanecia a mesma, com a mesma quietude observadora, lançando eventuais sorrisos quando Louis fazia uma idiotice. Sua rotina de trabalho estava acumulando cansaço e após uma semana inteira chorando todas as noites antes de dormir, ela finalmente conseguia chegar em casa e desmaiar de exaustão. Na escola, procurava investir todo o tempo livre para fazer as atividades que não dava tempo de realizar em casa e adiantar os estudos para os exames. Sua única fonte de alegria era Kelso, e ainda sim, vivia com medo de que uma hora Zayn reclamasse o animal para si.
Falando em Zayn, era insano conviver com o rapaz nas semanas que seguiram o rompimento. Primeiramente era irritante estar ao redor dele, que simplesmente apagou de sua memória a existência de um relacionamento com Hilton e vivia com o mesmo humor de sempre, seguindo a vida como se nunca houvesse se apaixonado, namorado e sido chutado. Mas era só dar as caras na rodinha que começava o show de mal humor, deixando todos envergonhados do clima horrível que ele fazia questão de criar.
A permanência dos dois em um mesmo ambiente causava um efeito dominó que começava com Zayn bufando toda vez que abria a boca, então parava o que estivesse fazendo para respirar fundo e não mandar o amigo ir tomar no cu, revirava os olhos e murmurava um "pelo amor de deus...", Louis tentava fazer uma piadinha para deixar o clima mais leve e só piorava a situação, Harry olhava para qualquer coisa menos na direção do ex casal, tentava pedir para o primo se conter, Liam impedia a namorada de agir sob o argumento de que ela estava vendo coisas e Zayn na verdade estava muito bem, e Niall e assistiam tudo aquilo chocados e desolados.
Era insustentável ficar entre o fogo cruzado e já não dava mais para ignorar as reviradas de olhos, as risadas debochadas e o desprezo nos olhos de Malik, bem como a polida indiferença de , que tinha o dobrado trabalho de manter as aparências.
E foi nesse clima desagradável que Harry foi recebido:
- Harry! Quando você chegou? Você gostou do presente que eu mandei? - princesinha Styles não podia acreditar que estava vendo o irmão ali, quando ele devia estar com a mãe. Afinal de contas ele foi na noite anterior ao aniversário para comemorar o dia com a mãe e ninguém esperava que ele voltasse antes do dia dos namorados.
- Oi, . Eu adorei! - ele riu, se safando do abraço dela para chacoalhar no ar a chave de seu carro que estava pendurada no chaveiro novo que ela mandou fazer especialmente para comemorar os dezenove anos do irmão mais velho, ainda tinham os dois ingressos para um show do U2 que só aconteceria dali há seis meses. estava ao lado de Niall, e ao invés de mostrar pena pela situação da amiga, piscou para a menina que acenou timidamente de volta - Cheguei hoje de manhã, mas você estava na casa desse irlandês de merda então não pode me receber como eu mereço.
- Me respeita, palhaço. - Horan revirou os olhos e envolveu a cintura da namorada, puxando-a para perto só porque gostava de sentir o cheirinho do cabelo dela quando se movia.
A metade da escola parou no instante que a voz de Tommo ecoou por todo o recinto, enquanto ele lançava a mochila no chão e se preparava para correr de encontro ao cacheado:
- HARRY!
- LOUIS! - o rapaz mais alto jogou a própria mochila e abriu os braços para receber seu parceiro de festas e aventuras.
Harry literalmente rodopiou Tomlinson no ar e depois eles começaram a pular juntos, o que era uma grande coisa para qualquer pessoa que tinha a infelicidade de acordar cedo e não conseguia gerir isso e o bom ânimo para seguir a vida com bom humor.
Logo atrás da dupla eufórica, chegou arrastando o material do namorado e extremamente desgostosa com a surpresa desagradável da presença de Styles. Seus sentimentos foram expressos em uma pergunta desanimada:
- O que você tá fazendo aqui?
- Vim passar o Valentine’s com a minha morena favorita. - Styles, que não se abalava facilmente agora que convivia com uma megera, confessou e arrancou sorrisos encantados das meninas que já olhavam para , esperando uma reação dela. - A Diane!
- Ai meu Deus... - murmurou, sorrindo porque ela realmente não esperava por aquela resposta.
- O que foi? Não acredito que que achou que eu estava falando de você, meu bem. - o garoto olhou com pena para a morena.
- Eu não falei nada. - ela mentiu e saiu andando na frente, até a primeira mesa vazia onde poderiam sentar.
- Eu odeio quando alguém que eu não gosto fala alguma coisa engraçada. - Westwick falou porque riu involuntariamente da cena protagonizada por Harry e .
Era tão injusto que aquele pedaço de lixo de um metro e oitenta fosse tão engraçado!
- Não há nada que se possa fazer para mudar a preferência do Louis por mim, . - o cacheado apontou para si, apresentando o seu corpo, que era sua arma de combate.
- Ele tem razão, . Você não pode competir com esses cachinhos e essas pernas de girafa. - Tommo concordou, acenando com muita certeza enquanto dava um tapinha na bunda do amigo antes de tentar sentar no colo de .
- Vocês se merecem, viu. - ela reclamou, mas nem se importou com o peso do namorado em cima de si e usou as costas dele como apoio para usar o telefone.
- Alguém já contou pra sobre a festa de sábado? - Louis perguntou assim que terminou de explicar para Liam como uma drag queen conseguia esconder o pênis.
- O que tem a festa de sábado? - perguntou para o namorado, que pela culpa nos olhos entregou que já sabia do que se tratava o babado.
- Por que eu não estou sabendo sobre a festa de sábado? O que vai acontecer lá? - se viu confusa, afinal de contas, ela normalmente sabia de tudo e não era tão comum assim existir um segredo que ela não soubesse.
- Onde vai ser mesmo? - Hilton apoiou os cotovelos sobre a mesa de madeira, interessada na nova conversa que tinha poucas chances de ser mais interessante do que sua pequena explicação para Payne.
- Então, aí é que está o problema. - Lou continuou - Vai ser na Lexi.
Todas as meninas, sem exceção, demonstraram insatisfação com a novidade. Alexandra Saint era uma inimiga coletiva daquele grupo e essa era, talvez, o único sentimento comum compartilhado pelas cinco garotas.
- Hã? Desde quando? - também foi surpreendida porque até onde ia sua vasta rede de informações, a família Saint não viajaria pelos próximos dois meses, pelo menos.
- Desde ontem, quando ela ofereceu a casa de campo dos pais dela. Dá pra todo mundo dormir lá, inclusive. - Tomlinson respondeu, já que nenhum dos covardes se dignou a contar que também sabiam daquilo tudo, inclusive Zayn, que chegou bem a tempo de pegar o início da discussão, mas só jogou a mochila em cima da de Niall e foi sentar ao lado da prima.
- Não existe problema nenhum. - finalmente se manifestou, entregando a solução mais fácil ao problema: - Nós não vamos, simples assim.
- , eu nunca faltei em uma festa de boas vindas! - Louis ficou mal humorado e se levantou do colo da menina, para poder encará-la nos olhos e mostrar o quanto desejava estar nessa festa.
- O problema não é meu. Se você quer ir pra casa dela, vai solteiro. - a ruiva deu de ombros, embora já estivesse fumegando. Ela era naturalmente espevitada e o Louis Tomlinson era uma faísca brincando ao redor de muita pólvora.
- Eita! - Payne estava de boca aberta e olhos arregalados, surpreso com o ultimato violento e repentino da doida.
- Do que você está rindo, Liam? - inclinou o rosto para o lado, exibindo surpresa em sua expressão: - Não me diga que você está realmente cogitando ir.
Harry, Niall e Zayn começaram a rir no mesmo instante, já que o Sr. Payne também não estava preparado para sofrer um veto de festa na casa da ex. já sabia pra onde ia aquela discussão e saiu do grupo de whatsapp criado para iniciar motins contra os eventos chatos da Eton para começar a prestar atenção.
- Ué, babe. É só uma festa! Não estou indo pela Lexi e sim pela bebida. - Liam deveria ter pensado muito bem antes de falar qualquer coisa. Mas não foi isso o que ele fez. - Não acredito que isso vai ser um problema.
- Pra começar, não ia existir problemas se você não andasse trepando com qualquer uma, Liam. - Meester cruzou os braços e sorriu acusadoramente enquanto desarmava o argumento do melhor amigo que obviamente consistia em jogar a culpa em para poder ganhar passe livre.
- Ninguém podia adivinhar que a doida ia ficar obcecada por ele, okay? - Styles ergueu o dedo indicador, repetindo a mesma ladainha que vinha falando desde que desenvolveu uma teoria muito doida com Niall sobre os motivos de Saint ser tão fissurada pelo amigo.
- Alguém já pensou em oferecer ajuda psicológica pra essa coitada? Não é normal sentir nada de bom pelo Payne. - falou sério.
Quer dizer, ele tinha um corpo maravilhoso? Sim!
E ela já havia se pego encarando o menino se espreguiçando no meio do jornal, enquanto tirava uma pausa entre as escritas? Talvez.
Isso justificava o fato de alguém desejar mais do que o corpo dele, como Lexi fazia? De jeito nenhum.
- Ela é estranha mesmo… - concordou, apesar de nunca ter sido diretamente incomodada pela garota mais velha.
Seu comentário obviamente causaria uma repercussão e todo mundo torceu, sem sucesso, para que Malik não se comportasse mal.
- Eu nunca vou entender essa briguinha de vocês com a Saint. - o rapaz balançou a cabeça, fazendo questão de revirar os olhos no exato momento em que a ex namorada falou.
- É porque você não tem ninguém que se importa com a sua existência, Zayn. - Meester, que não foi chamada na conversa mas estava cansada do comportamento entediantemente cansativo do moreno, falou.
- Hã? O que isso tem a ver?
- Nada. Eu só queria reforçar mesmo. - ela sorriu.
- Vai se foder. - o garoto levantou da mesa e saiu arrastando a mochila.
Era incrível como mesmo que estivesse despejando em todo o ódio em seu coração, ele ainda tinha sentimentos ruins o suficiente para desejar coisas bem ruins para a morena diabolicamente insuportável.
- Por que você sempre tem que falar essas coisas? - Harry perguntou para ela, suspirando cansado, com pena do amigo que estava obviamente passando por uma pior.
- Porque ele é um egoísta que não vê o que a Lexi faz com a prima dele e fica sendo idiota.
- Na minha opinião vocês só pioram a situação quando brigam com ela. - Liam deu seu palpite.
- Ninguém tá nem aí pra sua opinião, Payne.
- Cala a boca, .
- Dá pra gente focar no importante aqui? - Niall bateu palmas, tentando centralizar a atenção de todos mais uma vez. - Então nem todo mundo vai só porque a festa vai ser na Lexi?
- Defina "nem todo mundo". - Harry pediu.
- Bom, o Liam, o Tommo, a e a não vão, né. - o loiro apontou para os dois casais.
- Nós também não, babe. - se pronunciou, usando o tom de voz mais macio que podia.
- Quê? Você está falando sério? - Horan estava chocado. Desde quando sua namorada virou uma louca controladora e ele nem ao menos foi informado disso?
- Se você foi sério quando me disse que transou com ela, então eu estou falando super sério também. - a loirinha rebateu sem dar o ar da graça. Sua voz estava perigosamente suave, era o tipo de calmaria que precedia uma terrível tempestade e isso assustava Niall. E Harry, que conhecia a irmã.
- Se fodeu, irlandês! - Styles riu, muito satisfeito com o caminho daquela conversa. Mesmo que não quisesse ir, ele iria e não ia acontecer nada de ruim PORQUE ELES NÃO TINHAM NENHUMA OBRIGAÇÃO COM O OUTRO!
Era tão bom não estar preso em um relacionamento!
- Tá bom, então todo mundo vai simplesmente ficar em casa e perder uma festa só porque as madames estão de birra com a Lexi? - Liam não estava disposto a abrir mão tão facilmente.
- Birra? - Orteguinha riu, debochada. - Não foi isso que você chamou seu teatrinho quando soube que eu conversava com o Danny.
- Mas é claro! O cara é seu ex!
- Pelo menos eu não fazia sexo com ele!
- Uhhhhhhhhh - Niall, Harry, Louis, , e falaram ao mesmo tempo, exibindo a mesma surpresa. não emitiu som nenhum, mas seus olhos castanhos arregalaram e ela engoliu em seco.
- Você não pode me punir pra sempre por um erro. - Liam falou baixo, extremamente ofendido com a acusação da namorada - Todo mundo comete erros.
- Pelo menos o meu erro não está te perseguindo e enchendo sua paciência. - a caçulinha não estava feliz e não ia fingir.
Apesar de Lexi ter feito sexo com os cinco meninos do grupinho, o que já era um inferno para o ego de qualquer um (Louis ficou insano quando encontrou o ex de e ainda sim não reconhecia a maturidade dela em não criar uma rixa com Lexi, com quem ela estuda todos os dias.), era a sua maior vítima e se conseguia ser uma namorada maravilhosa, uma amiga suportiva e uma filha exemplar, o fato de que uma garota tinha tanto poder sobre seu relacionamento com Payne lhe tirava do sério ao ponto de não tolerar absolutamente nada vindo daquela criatura maléfica.
- Ai, … - Liam perdeu a paciência e falou naquele tom de quem não tinha paciência pra draminha infantil.
- Olha esse tom, garoto! - sua melhor amiga falou sério. Normalmente não interferia nas discussões do casal de amigos, mas o limite para a neutralidade ia até os ânimos se exaltarem, visto que o rapaz poderia ser muito cruel quando queria magoar a mais nova.
- Vai se foder, . - ele suspirou irritado e levantou da mesa.
- Ei! - o primogênito Styles não sabia muito como reagir quando Liam falava assim com a morena, mas sabia que não era bem por ali que as coisas deviam ir.
- Harry, você também não se mete, não. - falou puta também. Se envolvendo em uma briga que nem era dela, só pelo gosto de poder ser grossa com um idiota qualquer.
- Ahn, pessoal, o sinal já tocou. - Hilton pigarreou e pegou a bolsa pesada com o notebook - Nós precisamos ir para a aula.
- É vão lá enquanto eu vou arrumar essa bagunça para os bebês chorões não ficarem sem a festinha deles. - Westwick resmungou enquanto assistia o namorado se afastar junto com os outros rapazes, sem nem se despedir.
O horário acadêmico voou e o grupo só voltou a se encontrar ao final do dia, já que na hora do almoço Niall foi almoçar fora com , Harry e foram pra casa para a menina entregar o presente de aniversário dele, e Zayn foram almoçar com a Amina e Trisha no centro e foi com a mãe ao hospital para os checkups semanais que a grávida fazia.
Só sobraram Louis abandonado pela namorada que fez questão de proibi-lo de dar as caras depois da pachorra de querer ir pra casa de Lexi, e Liam que estava almoçando quieto porque a razão de todos os seus problemas estava irada desde que descobriu que ele não iria em sua festa e todos sabiam em quem Saint descontaria sua frustração.
Felizmente, salvou o dia quando se reuniu ao grupo no estacionamento para dar as boas novas:
- Antes que vocês comecem a discutir novamente, tenho boas notícias: A festa não vai ser mais na Lexi. De nada. - disse ao mesmo tempo em que rolava os olhos para os melhores amigos que estavam há alguns carros dali, namorando em público.
Cadê a Saint numa horas dessas? Ela pensou.
- E? - Niall pediu uma continuação da sucinta explicação.
A regra da fofoca era clara quanto a passar informações: você não dá meia informação. Tem que contar tudo, até mesmo os detalhes pequenos e sem importância, afinal de contas, são nos detalhes que moram os maiores perigos.
- E o quê? - perguntou de volta. Sua paciência com perguntas estúpidas era pouca e Horan era campeão em fazê-las nos momentos mais inapropriados, como agora, que ela precisava ir para casa terminar a lista de exercícios de Linguagem, revisar todas as matérias já escritas para a publicação do jornal, organizar a agenda do grupo do jornal que deveria se reunir com o grêmio estudantil para definir as datas de festividades oficiais da Eton para o próximo mês e ainda tinha que procurar um presente de dia dos namorados para Louis, e ela queria dar algo muito legal então precisaria investir tempo procurando.
- O que mais? - Ni fez um gesto apressado com a mão, demonstrando sua ansiedade para ter acesso a todos os detalhes de como "salvou o dia", mesmo tendo suspeitas sobre o submundo da Eton que a menina tinha acesso.
- Ah, infelizmente o Benett se meteu e interferiu. - Meester era só desgosto por ter tido a ajuda do rapaz, mas o que ela queria ia acontecer então era melhor deixar para lá. - Mas a festa vai ser na casa de um calouro fofinho que não faz ideia de que a casa dele vai ser destruída, e a impressão dos jornaizinhos da Westwick vão atrasar porque já estão imprimindo os convites pra distribuir hoje pro pessoal.
- E se você está se perguntando como nós fizemos tudo isso, honey, a resposta é simples: nós usamos o cérebro que vem dentro das nossas cabeças! - segurou as bochechas de Louis com as duas mãos, gotejando sarcasmo enquanto sorria plena como alguém que destruiu os planos de outro alguém que não simpatizava.
- Na verdade eu estou bem curioso para saber porque o Benett ajudou vocês? - Louis sorria também porque a menina estava de bom o humor e ele amava quando ela tinha aquele brilho nos olhos castanhos.
Apesar da pretensa felicidade, quando Benett foi citado, ele não conseguiu não ficar tenso e dar mais atenção ao que falava. Estava sendo um transtorno viver com Jason sendo amiguinho das meninas e eles receberam a clara mensagem do outro rapaz: ele estava no controle da situação e era melhor que nenhum deles vacilassem.
- Ah, ele falou algo sobre evitar uma guerra caso a Saint descobrisse que a mudança ocorreu por causa de nós. - fez pouco caso. Era muito melhor observar os irmãos Styles chegando até eles, caminhando pelo estacionamento como dois anjos, duas criaturas distintamente lindas.
- O que não faz o menor sentido porque eu adoraria que essa filha da puta soubesse quem foi que afundou a festa dela. - jogou a mochila pela janela de seu carro, exibindo um biquinho frustrado.
- A sutileza de uma vitória é sempre a melhor parte, Westwick. - revirou os olhos e sorriu cheia de segundas intenções e provocações para Liam, que já se aproximava com um braço sobre o ombro de , e o outro estendido, mostrando o dedo do meio para a melhor amiga.
- Pra mim é poder esfregar a minha vitória na cara de todo mundo. - a ruiva murmurou e entrou em seu veículo, porque se desse moral para os amigos, ficariam ali até meia noite.
- Então isso significa que nós vamos ter que melhorar nossos presentes? - Tommo enfiou a cabeça pela janela do carro para dar um beijo de despedida nela.
- Com certeza. - piscou e foi embora.
O dia dos namorados aconteceu na sexta feira, mas no sábado o cupido ainda andava às soltas, literalmente. O local da festa não era como o normal: casas afastadas da cidade e com tanto terreno em volta que os vizinhos mais próximos estavam há quilômetros de distância. Dessa vez a residência era uma localidade urbana, onde a porta da frente dava direto para a avenida que não costumava ser muito movimentada, mas por causa do evento acabou se tornando um inferno para a quieta vizinhança.
A decoração da casa de Alan Hart, filho do Conselheiro Municipal, Robert Hart, estava impecável, balões vermelhos, luzes LED em forma de velas, muitos doces vermelhos e todo mundo que entrava na casa ganhava um broche de flecha. As flechas vermelhas para os comprometidos e as verdes para os corações disponíveis a encontrar um grande amor para a noite.
Quando e Louis atravessaram a avenida, Zayn foi para a escada de acesso a casa receber o casal de braços abertos e um sorriso chapado:
- Vocês demoraram! - abraçou os dois ao mesmo tempo, dando um beijo molhado na bochecha de .
- Nós estávamos transando. - Tommo explicou contente, abraçando a namorada pelo ombro e ignorando o revirar de olhos que ela deu por causa da resposta desnecessária.
A verdade é que os dois acordaram cedinho e viajaram até a propriedade rural do vovô Tomlinson, tomaram um lauto desjejum, andaram a cavalo, trocaram presentinhos singelos e após o almoço tiraram os sapatos e pularam dentro de uma rede de descanso, onde dormiram a metade da tarde embolados e preguiçosos.
Vovó Tomlinson queria que o casal ficasse para jantar mas Mark avisou que deveriam voltar cedo para casa, caso não tivessem a intenção de dormir nos avós. E essa foi a deixa para pegar a estrada de volta a Londres com direito a música de fundo, mãos carinhosas se tocando e uma conversa doentia e divertida sobre possíveis crimes perfeitos.
- Sério? Eu também! - o moreno levantou a mão desocupada e só baixou quando o casal, que se entreolhou, a tocou. - Vocês já ganharam as flechas de vocês?
Ele já estava na casa há tempo o suficiente para desacreditar que apareceria por ali, o que era algo bom porque não precisava ter sua noite destruída só porque a garota se achava no direito de entrar em sua vida com tanta confiança, fazê-lo tão dependente de sua figura pacífica e cativante e então deixá-lo.
Entretanto, a aura romântica que perdurou por todo o dia começava a abatê-lo e ficava cada vez mais difícil não sentir uma falta avassaladora de tocar os fios macios do cabelo dela, de ser o motivo da linda risada que costumava soltar com facilidade e ainda dos olhos castanhos aquecedores que o faziam esquecer de seus próprios dilemas e conflitos.
- Aham, e eu acho que eles estão ficando sem estoque das verdinhas. Você deveria ir lá devolver algumas. - apontou para as flechinhas bonitas que ela e Lou tinham e em seguida para as seis flechas verdes penduradas por toda a camiseta que o amigo usava.
- Não é meu problema. - Zayn deu de ombros desleixadamente, caminhando a um passo atrás de , ao lado de Tommo. - Eu sei que a minha prima chegou mas ainda não a vi, acredita?
- Você viu o relógio que ela deu de presente pro Payno? - Louis pegou a primeira cerveja fechada que estava dando bobeira em uma mesa de plástico colocada no meio do caminho.
- Sim! Eu nunca ganhei nada tão bom assim dela! - o moreno exclamou, revoltado com a falta de sensibilidade da caçulinha que nem em suas melhores tentativas foi tão generosa assim com ele. Quer dizer, o que ele devia fazer com aqueles porta retratos de macarrão ridículos que ela lhe dava todos os anos?
- É, mas o Payne também deu uma puta pulseira pra ela. - bem lembrou do belo presentinho que o idiota havia comprado para .
Existem namorados que gostam de dar flores, outros gostam de presentear com bichos de pelúcia e ainda há quem goste de dar sapatos. Liam investia dinheiro em jóias e não reclamava, pelo contrário, poderia passar horas admirando o corte de cada pedrinha preciosa que enfeitava os brincos, colares e pulseiras que ela usava.
Payno quase nunca fugia desse padrão, desde que descobriu a afeição da menina aos pequenos e expensivos objetos, já que não havia sentido de sair da segurança de agradá-la toda as vezes e arriscar em uma roupa ou sapato que ela provavelmente trocaria na manhã seguinte.
- O que vocês deram um para o outro? - Zayn enfiou a mão no bolso e puxou um cigarro para Tommo, outro para e um último para si.
No início do mês passado, antes de ter sido chutado por , ele foi a um pequeno cinema que mantinha os filmes em preto e branco desde os anos sessenta e assinou um contrato de aluguel para a noite do Valentine’s Day que seria quando ele levaria a loira para uma noite romântica com direito a um filme francês idiota mas que ele tinha certeza que agradaria .
- Uma bola de futebol assinada pelo Neymar! - Louis foi o primeiro a responder, arrepiado de emoção por tocar em uma bola que o dono do futebol europeu havia tocado também. Dito isso, ele olhou ainda mais apaixonado para a garota ao seu lado: - Eu já falei um milhão de vezes, mas vou repetir: você é a melhor namorada do mundo, . Sério.
- Qual a possibilidade de ser uma assinatura falsa? - Malik indagou, ignorando o casal que trocava um pequeno beijo demorado porque encontrou um grupo usando muitas flechas verdes como ele, o que se tornou palco para uma série de dúvidas em seu coração atormentado: se vier, vai usar um desses? Ela vem acompanhada?
- Nenhuma porque o Greg quem conseguiu pra mim e ele já teria se matado se tivesse alguma incerteza sobre a ilegalidade dela. - a ruiva defendeu sua honra no momento em que soltou-se de Tomlinson.
Mas agora que Zayn levantou a questão, ela pensou em averiguar a fidelidade da assinatura na segunda-feira, assim que chegasse na Eton. E aquele pequeno filho da puta iria se ver com ela, se tivesse mentido.
- E cadê o Greg? Será que ele veio? - ele incrivelmente estava sendo sincero em sua busca pelo menino. Era engraçado porque ninguém imaginaria que Malik chegaria a se dar bem com alguém tão cumpridor de regras como Greg, mas ele adorava o rapaz e isso era o suficiente pra ninguém questionar mais nada.
- Ele disse que convidou uma menina da aula de geografia e parece que ela aceitou! - contou, super interessada na vida amorosa de seu colega de trabalho - Inclusive estou esperando meus agradecimentos por ter ensinado ele a não passar vergonha na frente dela, coitadinho.
- Eu tenho que descobrir quem é ela, pra não correr o risco de acabar ficando com garota do Greg. - o moreno sorriu, aspirando profundamente antes de elevar o rosto e soltar uma baforada de fumaça.
- Nossa, Zayn, não vai poupar ninguém hoje? - a ruiva brincou, olhando rapidamente para Louis, que estava quieto demais.
Tommo estava tão feliz, segurando a mão de sua amada, em uma festa, fumando um bom cigarro enquanto dava tchau para alguns conhecidos toda vez que passava por um cômodo da casa e ouvia alguém gritando "O Tommo chegou!", que nem se dava ao trabalho de prestar atenção na conversa que corria solta ao seu lado, muito mais ocupado em curtir a sensação maravilhosa de bem estar que tomava conta de seu ser.
- Recuperando o tempo perdido… - o primo de disse, não tão empolgado quanto gostaria estar. - Agora que o Harry está ocupado demais, alguém tem que tomar de conta das meninas dele.
Seu humor mudava drasticamente de ódio mortalmente perigoso para uma melancolia do tipo em que passava horas em casa, olhando para o nada até que aparecia para lhe fazer companhia. Infelizmente, a maior parte do tempo só era possível encontrar um rancor forte que mascarava a mágoa de ter sido rejeitado.
- Garoto, você é um perigo solteiro. - Westwick atestou, muito orgulhosa de andar com um filho da puta de carteirinha. - Já imaginou se eu estivesse solteira também?
- Nós iríamos nos divertir muito, ruiva. Tenho certeza. - ele piscou, charmoso para caralho.
- Dá pros dois bonitos, pararem com isso? - Louis olhou para a dupla seríssimo, porque não brincava quando o assunto era Zayn e seu poder sobre as mulheres, vai que numa dessas cantadas baratas acabava caindo mesmo no papo do idiota.
- O Zayn quem tem que parar de me seduzir…
- Olha ali a ! - Tomlinson finalmente enxergou alguém que lhe importava ali e já se aproximou gritando e chamando a atenção de todos: - Ei, Liam, seu otário!
- Ele olhou quando você falou otário! Mas que idiota… - falou e soltou a mão do namorado para girar Ortega e julgar a roupa dela: - Oi ! Você está linda!
- Oi , obrigada!- a caçulinha era só sorrisos, principalmente porque flagrou os olhos observadores de Liam assistindo-a distraidamente enquanto era girada espalhafatosamente por . - É que nós fomos…
- Eu sei onde vocês estavam. - Westwick estava muito desgostosa porque aquela coisinha tão linda andava com um otário como Payne; - O Liam falou isso um milhão de vezes pro Louis, e eu automaticamente tive que ouvir um milhão de vezes também.
- , onde está o botão pra calar a sua boca? - Payno perguntou com um sorriso nem um pouco sincero.
- No seu cu.
- Westwick, vem ver esse vídeo! - Alguém da rodinha interrompeu a discussão que só havia começado e todo mundo se direcionou para a tela do telefone para ver o dito vídeo.
ficou olhando para o grupo, procurando um jeito de se enfiar no meio do pessoal de maneira que conseguisse ver o conteúdo compartilhado ali, mas antes de chegar a uma conclusão satisfatória notou que o primo estava parado ao atrás de si, com as mãos nos bolsos.
- Tudo bem, Zaza? - ela se aproximou e perguntou sem muita certeza da situação dos dois, desde a discussão durante uma tarde quieta onde a menina tentou entrar no assunto "Como você está se sentindo sem a " e os dois brigaram feio.
- Oi sunshine! - ele beijou a bochecha da caçula, surpreendendo-a com um abraço - Vem pegar uma bebida comigo?
- Claro. - concordou automaticamente, acompanhando seus passos lentos até a casa lotada. Ela estava preocupada. - Aconteceu alguma coisa?
- Nada demais, nós só não nos vimos hoje. - Malik disse, deixando transparecer um pouco de mágoa na afirmação.
Ele não estava mais puto com aquela criatura doce e feliz, mas não se sentiu nem um pouco impelido a ir até a menina para se desculpar e fazer as pazes com a única pessoa do mundo que tinha toda a paciência possível para seus dramas pessoais.
sentiu-se culpada com a acusação não intencional do primo. Não era de seu feitio desapontar sua pessoa favorita, e no instante que a discussão iniciou-se, se arrependeu de ter o feito logo no momento em que ele tanto precisava dela.
- Eu dormi a manhã toda, a tarde fiz umas horas de prática e ainda fui na casa da ajudá-la com uma roupa porque o Harry e ela iam jantar fora. - explicou sua rotina ocupada e o motivo de não ter passado na casa da tia Trisha para vê-lo.
- Você foi de táxi? - ele perguntou, curioso porque sabia que Liam havia passado a tarde ocupado com o pai então só restava ele mesmo como motorista da pirralha e até onde sabia, não havia uma só mensagem dela pedindo carona.
- O Alfred foi um amor e passou a tarde a minha disposição. - respondeu com um sorriso sonhador.
Alfred usava uma camisa branca e a barba dele estava maior do que o usual, dando um ar rebelde e ainda mais másculo. Os dois tiveram uma tarde agradável, ele aceitou o café que ela lhe comprou apesar da relutância inicial e os dois ainda bateram um papo sobre presentes criativos para namorados que já tem tudo.
- Eu espero que você tenha escolhido uma roupa horrorosa pra Meester. Aquela megera não merece ficar bonita. - Zayn escolheu ofender a bater na tecla de que sua prima caçula andava com uma crush pelo motorista daquela filha da puta que Styles andava exibindo por aí como um prêmio.
Foi difícil voltar até a cozinha porque a cada passo que davam, paravam para cumprimentar alguém e por isso a conversa foi pausada até que o rapaz conseguisse empurrar um casal que escolheu a porra da geladeira para se apoiar enquanto se pegavam vergonhosamente.
- Mas que porra… Se eu pegar você e o Liam fazendo uma palhaçada dessas, eu vou ligar pra sua mãe. - ele ameaçou mal humorado com a cabeça dentro da geladeira, procurando uma cerveja.
Algumas meninas seguiram a dupla pela casa mas não ficaram muito tempo na cozinha quando deram conta que o Sr. Malik estava ocupado demais para sequer notá-las. Agora Zayn já estava afastado da geladeira, com sua bebida em mãos, e a morena estava na ponta dos pés, pegando um picolé do congelador.
- Nós não fazemos isso, Zayn! - bateu a porta do congelador, um pouco horrorizada com a abordagem direta do primo.
- Graças a deus. Eu já vivo com o medo constante de descobrir que vocês transaram, garota. - agora ele parecia um pai velho e preocupado, acompanhando a caçula de volta ao grupo reunido.
- Você não vai descobrir, pode ficar tranquilo. - ela prometeu com muita segurança de que ia agredir Liam se ele tivesse a audácia.
- Você não pode me prometer isso. - é isso, Zayn estava infeliz de novo. - É claro que eu vou saber quando acontecer, infelizmente.
- Nada a ver. Nós não vamos contar.
- Vocês não precisam me contar nada! Aquele filho da puta vai ficar tão feliz que não vai conseguir nem disfarçar!
- Zayn!
- Eu não estou brincando, . Você tem noção do quanto ele tá sofrendo? O Liam transava toda semana antes de vocês namorarem, toda semana. Eu não acredito que estou tendo essa conversa com você. - Malik disparou a falar, sem controle das próprias palavras não percebendo a careta que a garota fazia.
- Nem eu acredito nisso…- resmungou, desistindo do picolé pela metade e jogando-o no lixo porque estava frio demais para continuar comendo.
- Vai ser o pior dia da minha vida porque vai significar que você já não é mais uma criança inocente e feliz. - o menino falou todo pensativo, emprestando o braço para a prima se apoiar e não ser levada pelo vento agora que estavam de volta ao quintal aberto.
- Me desculpa por ter discutido com você. - Ortega falou quando já estava chegando até Liam. - Eu não vou mais me meter nas suas coisas.
- Não se preocupa com isso, . Já passou. - o garoto apertou o braço dela e sorriu como quem queria dizer que tudo iria ficar bem.
- Você tem certeza que não está mais bravo?
- Na verdade eu fiquei mais chateado por você não ter ido lá em casa do que por causa da sua intromissão.
- Eu só não fui porque estava ocupada.
- Ocupada com a Meester… - o moreno fez uma careta de quem acabava de experimentar algo muito ruim.
- Por que vocês dois não param com essa briga hein? - Orteguinha colocou as duas mãos na cintura, impaciente com a rixa da dupla que a usava de ponte para destilar ódio e sofrimento contra o outro.
- Talvez eu pare, - Zaza cantarolou - e a gente comece a sair só pra te fazer feliz.
- Engraçadinho…
Liam, de braços cruzados só para exibir o novo relógio, viu a dupla se aproximando e sorriu para a menina, satisfeito porque os primos finalmente estavam normais, com direito a Zayn explorando e tudo o mais.
- Eu não acredito que vocês dois foram lá dentro e ninguém trouxe uma cerveja pra mim. - ele reclamou porque viu o moreno segurando uma garrafa só. Ele nem sabia porque ainda se surpreendia com o egoísmo do melhor amigo.
- Como você sabe onde a gente estava? - o garoto ignorou a reclamação e partiu para a parte curiosa da situação. Afinal de contas eles poderiam ter ficado na porta de acesso a casa, ter rodeado até a pista de dança improvisada no deck ou mesmo ido ao estacionamento lá na frente.
- Porque eu recebi um snapchat seu com "uma morena" na geladeira. E por um acaso a morena é minha namorada. - Payne explicou, debochando das exatas palavras da fofoqueira que se referia à prima de Malik como "uma morena".
- Nossa Zaza, todo mundo em cima de você hein. - empurrou o primo com o ombro, sorrindo sapeca.
- Ninguém que eu realmente queria… - o belo moreno lamentou com o pensamento distante, quase fechando os olhos para ter a perfeita imagem de e aquela porra de cabelo loiro quase branco, aqueles lábios tão lindos que lhe causavam um alvoroço toda vez que ele esteve prestes a beijá-los e os olhos serenos e frios que não se alterariam nem se ele começasse a gritar e quebrar coisas para chamar sua atenção.
No meio tempo que durou esse devaneio maluco, sorriu travessa para Liam enquanto se aproximava o suficiente para ser abraçada por ele que sorria também:
- Oi. - ela colocou uma das mãos na bochecha do namorado, acariciando ali só para sentir a aspereza dos pelos que constantemente eram impedidos de crescer.
- Oi babe. - Payno deu um beijinho na ponta do nariz arrebitado dela e quando inclinou a cabeça para alcançar os convidativos lábios vermelhos, só sentiu o vento frio.
- Payne solta a garota! Meu deus, que obsessão! - havia puxado Ortega para longe de Liam e a caçulinha estava tão decepcionada quanto o rapaz que ficou ansioso pelo beijo que nunca aconteceu.
- Mas ela quem estava em cima de mim, porra! - o menino se defendeu, sem nem saber porque estava na defensiva quando deveria arremessar um banco em , só pela cara de pau daquela ruiva desgraçada.
- Para de ser mentiroso. - soltou o ar toda mal humorada, guiando a amiga para o mais longe possível de Liam. - Vem , vamos procurar notícias sobre o seu ex. Parece que ele está cidade.
- O quê? De quem ela está falando? - ele virou-se para Zayn e depois Louis, procurando uma resposta plausível e que fizesse o menor sentido.
Infelizmente, Louis sabia exatamente do quê a namorada estava falando e não tardou em explicar:
- O Phillips voltou para a cidade, veio fazer o último semestre aqui mas o Gelner não aceitou ele de volta.
- Eu ouvi dizer que ele está na Kingsburry. - Malik complementou as informações. - Vamos pegar mais cerveja?
- Vocês já sabiam disso? E ninguém nunca pensou em me contar uma notícia dessas? - Liam estava abismado com a falta de consideração dos dois idiotas mas fez todas as perguntas caminhando, porque apesar dos problemas, o importante era estar com a bebida em mãos.
- Ué cara, a gente não pensou que você se interessaria em saber. - Tommo arqueou as sobrancelhas, achando o comportamento do grande Payno completamente dramático e desnecessário. Como ele gostava de pensar: pelo menos o ex da sua namorada não foi o primeiro dela. - Se alguém por aqui tem o direito de saber, esse alguém é a .
- Ela já sabe? - Por que isso só está piorando, Deus? Por quê? Li pensava a cada passo que davam.
- Sei lá. Acho que não. - Tommo deu o assunto por encerrado e começou a acenar espalhafatosamente para o cupido ridículo que estava conversando com os rapazes do time e o trio decidiu ver o que se passava quando aquela coisa ridícula de fraldas fez Chase e uma segundanista trocarem um beijo.
Os meninos automaticamente se dirigiram até a rodinha, porém uma mensagem de Niall falando que não encontrava lugar para estacionar roubou a atenção de Zayn, que desviou a rota para conferir se o Irlanda estava sozinho ou o quê.
No círculo, uma conversa interessante rolava e o pobre Shepley olhava entre um colega e outro, com os olhos castanhos arregalados enquanto tentava convencê-los de que na festa de ano novo do Tomlinson, ele e Amber, sua crush desde que chegou no ensino médio, ficaram.
- Eu juro pra vocês, nós ficamos no ano novo! - o menino afirmou e aquela não parecia ser a primeira vez que repetia a ladainha.
- Assim como eu fiquei com a Ortega. - Wynn West debochou porque era um dos poucos idiotas que não gostava do mascotinho e também não entendia como o resto do time podia ser tão paciente com ele.
- Cala a boca, Wynn. - Payne já entrou na rodinha revirando os olhos porque achava desnecessário qualquer comentário vindo de alguém do time em relação à . Isso se dava principalmente porque aqueles garotos só falavam bosta e nunca era coisa boa todos eles saberem quem era uma menina.
- Como vocês não podem acreditar em mim? Eu não mentiria sobre algo tão sério! - Shep estava com as mãos vermelhas de tanto que as apertava por pura frustração.
- Você realmente não é um mentiroso, mas sempre tem uma primeira vez…- Chase queria muito acreditar no coitado e de fato não poderia citar uma única mentira vinda do amigo, mas contar uma história dessas era no mínimo ridículo, e para ajudar a foder com a vida do mascote, ninguém além dele podia confirmar a veracidade dos fatos.
- A Amber não ficaria com você. Nunca.
- E por que não? - o alvo das chacotas olhou para Wynn muito ofendido com o tom de voz do outro
- Porque… você não ahn, faz o tipo dela. - West limpou a garganta quando viu o olhar de Chase pesar sobre ele.
- Péssimo argumento, idiota. - Elliott jogou a tampinha metálica da cerveja na cara de Wynn - Aquela garota não tem um tipo.
A maioria dos meninos concordou, mas Tim ficou reticente quanto a afirmação e finalmente se pronunciou:
- A Lexi não tem um tipo, a Amber tem.
- Como assim a Lexi não tem um tipo? - Chase ficou até revoltado com a burrice de Tim - O Payne é o tipo dela!
Outra onda de confirmações foi ouvida e dessa vez não tem uma só voz que discordava da opinião do braço direito de Benett. Os rostos dos meninos se iluminaram porque não era todo mundo que tinha a sorte de ser perseguido pela própria Afrodite.
- É verdade!
- Como eu esqueci disso?
- Ela ainda continua com uma quedinha por você, Payne? - Chase perguntou após esvaziar a décima garrafa de cerveja. Ele deveria estar pegando leve? Sim. Mas o técnico teria que fazer vistoria vinte e quatro horas para garantir que ele não quebrasse nenhuma regra.
- Não, não é uma quedinha. É uma obsessão doentia. Eu não sei mais o que fazer. - Liam ficou até infeliz após a desnecessária menção a aquele satanás.
- Transa com ela! - um garoto muito aleatório sugeriu, porque era a coisa mais óbvia a se fazer quando alguém tem interesse em você, e essa pessoa consegue respeitar a linha da beleza estipulada por imbecis.
- Eu estou namorando. - Payne justificou sua falta de interesse na doida.
Lexi era bonita? Era. Gostosa também, e o sexo era absurdo pra uma menina de dezoito anos. Mas aí morava o problema, ela não fazia Liam rir, ou não havia nada de borboletas no estômago quando a via. Nem mesmo a faísca da paixão existia mais e a reação mais forte que conseguia dele era uma dor de cabeça insuportável.
- Ah, é mesmo. - Elliott explicou para os que ficaram surpresos com a notícia de que Liam Payne estava namorando - A bonequinha, prima do Malik.
- A . - Liam falou o nome da namorada para evitar que aqueles bocós pegassem gosto por se referir a menina por adjetivos além do nome dela.
O pessoal que já estudava na Eton, rapidamente fez a conexão entre a menina que realmente parecia uma boneca, de tão bonita, e as fotos nos perfis de Zayn e Liam. Mas para os poucos que não eram de lá, a descrição vaga não foi o suficiente para identificá-la.
- Como você conseguiu namorar ela e continuar sendo amigo do Malik?
- Ele deu um soco no Liam quando descobriu! - Louis, que até então só ria da conversa, primeiro porque nome de nenhuma mulher chamava sua atenção agora que ele estava comprometido de corpo e alma com sua insanamente deliciosa , e também por estar se deleitando com a vontade de morrer do amigo desde que Lexi se tornou tópico do assunto.
- Não!
- Isso aconteceu mesmo?
- O Jason precisa saber também!
- Obrigado, Louis… - Li murmurou, se inclinando porque um idiota simplesmente começou a gravar stories para contar ao mundo a informação que não era da conta dele.
- Nós estamos aqui ao vivo, na festa anual de boas vindas e acabamos de descobrir que Zayn Malik já bateu no Liam Payne sim, pra você que achava que isso não seria possível! E o motivo é melhor ainda: eles brigaram por causa da prima caçula do Malik e agora o Payne está namorando ela! - o menino falava, olhando para a câmera frontal, tentando abarcar o máximo de pessoas possível no frame de imagem.
- Quem é esse babaca? - Payne apontou entediado para o idiota com a câmera ligada. Ergueu o braço para apontar o estúpido e soltou a mão contra o jeans, causando um barulho.
- Não sei, o Clarke trouxe ele. - um garoto respondeu, também incomodado com a efusividade daquele filho da puta chato pra caralho.
- Eu vou dar uma surra nele, se não parar de fazer isso. - Liam revirou os olhos e virou de costas para o outro lado, agradecendo aos céus porque alguém pediu pro menino parar de passar vergonha.
Há alguns metros dali, ele podia ver levando às gargalhadas, tão distraídas que nem sequer perceberem Niall, e Zayn caminhando até elas.
- Cadê o Benett? O que ele acha dessa história do Shep? - Wynn não deixou o assunto morrer. Ele só ia se aquietar quando desmascarasse Shepley.
- Ele vem de outra festa pra cá. - Chase se comunicava com o capitão do time nesse momento, por sinal - Inclusive já era pra estar aqui.
- Até onde eu sei, ele acha totalmente possível ter acontecido. - Elliott ainda lembrava da primeira vez que Shep começou com essa conversa, logo após a volta às aulas. Benett riu mas não disse nada que tirasse o crédito do mascote.
- Ele não sabe o que está falando. Só concordou porque estranhamente ele gosta de você, seu mentiroso.
- Eu. Não. Estou. Mentindo! - Se Shep xingasse, esse seria o momento perfeito para gritar todo o dicionário da calúnia e difamação porque sua paciência e boa vontade estavam sendo minadas dia após dia desde a melhor noite de sua vida.
- Cadê a Amber? Porque não chama ela aqui e a gente ouve resposta da fonte? - Elliot teve finalmente uma boa ideia, sendo ovacionado por todos os curiosos que concordavam quando Louis afirmou que a história acabava de ficar mais divertida.
- Isso! Ela vai confirmar tudo!
O coração do menino até bateu mais forte diante a iminente oportunidade de falar com aquele anjo loiro, já que eles não conversaram ou tiveram qualquer contato desde a fatídica noite.
- Shep, não existe a menor possibilidade de ter sido alguém como ela? Parecida? Loira? - Liam perguntou mais uma vez. Tudo para o pobrezinho não passar vergonha.
- Era ela! Eu estou falando, não existe outra Amber na minha vida.
- Você não deve nem ter chamado ela pelo nome.
- Além do mais, a garota podia estar tão bêbada que respondia qualquer nome.
- Amber! Até que enfim! - Isaac Krowe, primo de segundo grau do Greg do jornal, voltava puxando a menina confusa pelo braço.
- O que foi? O que está acontecendo? Eu não quero ficar com nenhum de vocês. - ela nem ao menos deu o ar da graça. Lexi era quem tinha padrões baixos, não ela.
- Para de ser chata e vem aqui. - Isaac continuou empurrando a garota apesar dos protestos irritados dela. - Você não está preparada para o que vamos dizer, hein.
- Fala logo, Isaac. - a loira soltou-se da mão bêbada do garoto que a puxou para a rodinha. Ela odiava bêbados e agora estava rodeada por mais de dez deles, além de uns garotos mais velhos de Cambridge, Tomlinson e Payne.
Seus olhos foram até o último, observando-o com interesse e um sorriso divertido. Assim que saísse dali, iria atrás da melhor amiga para contar que acabara de encontrar Liam.
- O Shep está há dois meses falando que ficou com você. Ele jura pela vida dele. - Wynn West falou com tanta maldade no seu tom de voz, que deixou qualquer um de bom coração um pouco triste.
- Fala pra eles, Amber! - Shepley pediu sem nem se incomodar em cumprimentar a garota mais velha que conseguia estar deslumbrante em uma simples calça jeans.
Foi então que seus olhos castanhos encontraram os lindos olhos de filhote de Shep e ela ficou surpresa por vê-lo ali. Ninguém precisava saber que no último mês ela foi diversas vezes no perfil do garoto e precisou procurar fotos dele nas marcações porque sua página era repleta de memes e fotos dos amigos.
É claro que ela lembrava do encontro não planejado e dos acontecimentos subsequentes que resultaram nos dois nus e cobertos, com o mesmo cobertor fofinho que aqueceu um Harry adormecido no sofá dos Tomlinson mais cedo, durante a virada de ano. Mas no instante que saiu da casa, ela decidiu que precisava manter o acontecimento em segredo para evitar seu próprio constrangimento.
O arrependimento veio mais tarde, logo quando saíram as primeiras conversas sobre, conversas criadas pelo próprio Shepley, e Lexi a confrontou com um sorriso na cara. Pela vergonha da humilhação, ela mentiu e só depois descobriu que ninguém parecia achar tão ruim estar com mascote do time. Mas então ela havia negado os boatos e era tarde demais para voltar atrás.
- Do que você está falando? - ela finalmente falou alguma coisa, piscando repetidamente em uma espécie de tique nervoso.
- Nós ficamos, dentro da casa do Tomlinson, você foi o meu primeiro beijo do ano! - Shep estava começando a se desesperar, com medo de tudo não ter passado de uma grande ilusão de sua cabeça sonhadora.
- É claro, faz todo o sentido eu ter passado uma festa com você, Shepley. - Threfall riu com pena dele, pronta para se afastar dali para finalmente respirar após mentir tão descaradamente. - Era isso que vocês queriam saber?
- Então vocês não ficaram? - West quis só confirmar seu ponto.
- Olha pra mim, Wynn. O que você acha? - a menina sorriu mais uma vez, sem ter a coragem de olhar para o doce menino que andava visitando seus pensamentos muito mais do que ela gostaria.
- Tudo bem, pode ir. - Wynn dispensou a loirinha que já ia longe e sorriu vitorioso: - Muito bem, Shep. O que você tem a dizer em sua defesa?
- Ela está mentindo! Não pode ser! - o menino estava com o coração massacrado porque Amber obviamente não lembrava de nada. Seu coração foi quebrado em pleno dia dos namorados e ele se sentiu o maior imbecil daquela festa.
- Shep ninguém entrou na casa, no ano novo. Eu estava com as chaves. - Liam não ficou bêbado em nenhum momento da noite e lembrava de todas as pessoas que entraram com ele dentro da residência, nas vezes que precisou abrir concessões. Shep e Amber nunca fizeram parte dos grupos que entraram.
- É claro que eu entrei. Tinha um pessoal subindo as escadas mas nós ficamos numa sala.
- Impossível. - Payne até estava com pena do colega, porém uma coisa era ele defender a fantasia dele e outra era manchar sua velada guarda à entrada na casa Tomlinson. - Eu estava cuidando da porta o tempo todo.
- Deixem o garoto em paz. Não sei de onde veio essa necessidade de defender a honra da Amber. - Bennet, o salvador da pátria, finalmente se reuniu a seus fiéis súditos e a primeira coisa que fez, antes mesmo de pegar uma cerveja, foi interromper a encheção de saco em cima de Shepley.
- Jay, você sabia que o Malik deu um soco no Liam? - Tim perguntou, quase certo de que o capitão do time ainda não sabia dessa.
- Quando? - Jason arqueou uma só sobrancelha, curioso e interessado.
- Quando foi, Payne? - Tim virou para o moreno, esperando que o rapaz desse detalhes do acontecimento, mas isso não estava nos planos dele.
- Já faz um tempo. - deu de ombros, dando pouco caso ao soco dolorido que recebeu há alguns meses.
- Foi nas férias. Quando ele descobriu que o Liam e a estavam namorando. - Tomlinson fofocou mais uma vez e não escapou do soco no braço que Payno lhe acertou.
Outro alvoroço se formou e de repente o assunto mudou completamente enquanto um arrasado Shepley se afastava do grupo alegre, onde ele julgava não pertencer. Liam seguiu em frente, na procura de seus amigos e ninguém prestou atenção no estado meditativo em que Bennet permaneceu enquanto falava sozinho:
- Então o Malik tem problemas de controle de raiva? Interessante…
Quando Zayn deixou os dois amigos e seguiu para a frente da casa, quase se arrependeu de ter desviado a rota porque já era possível ver o casal de loiros esperando para atravessar a rua envolvidos em uma conversa acalorada, e ao lado de Niall, colocava os cabelos esvoaçantes para trás, evitando que os fios entrassem em sua boca.
Ela usava um vestido que deixava seus ombros a mostra e a satisfação em seu olhar denunciava que provavelmente havia acabado de comer alguma besteira, porque era assim que ela ficava toda vez que podia dar uma fugidinha da rigorosa dieta que seguia a risca.
Foi inevitável não se olharem e enquanto o rapaz prendeu a respiração, ela sentiu o coração bater tão forte que precisou de um momento para voltar ao controle de suas emoções e acompanhar o casal de amigos que discutiam desde que ela entrou no carro, há umas quatro quadras dali, na casa de sua tia que também morava em Kensington, o abastado bairro que ostentava a rua mais cara da cidade, era vizinha do Conselheiro Municipal.
- como você pode recusar meu presente? - Niall perguntou indignado, depois de meia hora de extensa narrativa dos fatos para , que não se importava nem um pouco com o drama das duas crianças que brigavam demais, mas se limitou a aceitar o braço esquerdo do melhor amigo.
- Eu não quero um cachorro, Niall! - a linda repetia o mesmo mantra, irritada e constrangida com a situação em que foi colocada mais cedo.
Depois do encontro legal na sexta-feira, a menina dormiu literalmente o dia todo e só às sete Horan foi liberado para entrar na casa dos Styles. Seu objetivo era levar a namorada para sua surpresa de dia dos namorados e a menina parecia uma criança que comeu doces demais, perguntando o que era, quando ela poderia ver, se era de comer, ou talvez um show.
Qual não foi sua decepção quando chegaram em um pet e Niall simplesmente lhe disse para escolher uma daquelas bolinhas peludas porque esse era seu presente de dia dos namorados. O problema é que nunca teve um bicho de estimação e não tinha a intenção de passar a ter logo agora que estava tão próxima de uma vida viajando para atuar e então fazer tour de premiere dos filmes.
Ela recusou educadamente o presente inusitado e os dois voltaram para o carro com a cara no chão de vergonha. Eles ainda conseguiram jantar sem tocar no assunto, mas a caminho da festa Niall não se controlou e quis saber o motivo da recusa, desde então eles estavam argumentando.
- Mas você ama cachorros, porra! - o rapaz podia citar as um milhão de fotos que ela tinha com os cachorros dos outros, inclusive fez uma cena quando foram buscar e a menina estava segurando o cachorro magrelo da tia.
- Isso não significa nada. - princesinha Styles falou como se fosse óbvio.
Ela gostava de tantas coisas que não tinha em casa! Se fosse esse o caso, ela podia ter um parque da Disney no quintal de sua casa, e olha que espaço tinha.
- Você disse que ia adorar ter um bichinho pra amar também quando nós fomos na casa da sua prima! - Niall acusou, ignorando a intensa movimentação de carros na avenida. Estava confiante de que estava de olho para o momento certo de atravessarem.
- Eu estava sendo educada, babe. Você podia ter checado comigo antes de me levar em uma casa de adoção. - a essa altura já ria porque o namorado parecia um velho resmungão. E ao invés de continuar a briga boba, ela deu um beijinho casto no ombro dele.
olhou para os dois com um sorrisinho, impressionada com o quão rápido eles fizeram as pazes. Ninguém precisou interferir ou dar palpites para que o suave tom de voz da caçula dos Styles acalmasse os ânimos do ego ofendido de Niall.
- Vai se foder, viu…
- O quê? - princesinha Styles arqueou as sobrancelhas, interrompendo a carícia para ouvir as explicações do garoto mimado.
- Nada, . Nada. - Ni nem ao menos olhou para o lado, continuou a esperar que o movimento cessasse para finalmente chegarem na casa decorada com balões vermelhos.
- Você está puto porque eu não voltei com um bicho pra casa só pra te agradar?
- Não é isso. - ele confidenciou após certa relutância - Você nunca deu o menor de sinal de que não queria a porra de um filhote, todo mundo sabe como você ama filhotes e eu só queria te surpreender.
- Ah, Niall. - sorriu, abraçando- o de lado enquanto descansava a cabeça contra o peito quentinho dele. - Você é atencioso e eu amo isso,
- Mas? - o irlandês abraçou a menina de volta, beijando o topo de sua cabeça enquanto esperava os poréns daquele elogio espontâneo.
- Mas nada. Eu só gosto de saber que você não está só fingindo me ouvir enquanto eu falo demais.
- De nada por ser um cara incrível. - piscou, beijando os lábios carnudos da garota e saboreando o gosto do hidratante labial de baunilha que ela usava.
Zayn desistiu de esperar pelo casal porque olhar para ainda era doloroso e lhe inspirava muito rancor. Lá dentro, ele ficou na sala de leitura que já estava bastante lotada, aguardando uma oportunidade de conversar com os amigos sem ter que lidar com a loira.
Na sala de estar, o trio se desfez porque Hilton ficou presa na porta, lidando com as piadinhas bestas do pessoal que assistenciava o Sr. Cupido, já que o idiota não parava quieto, alguém precisava de fato entregar as flechinhas coloridas e a loira estava curiosa para entender a dinâmica dos itens que todo mundo ganhava.
Para a sorte de Malik, Niall e vinham em sua direção rindo e elogiando a ideia legal que o anfitrião teve. Estava sendo quase impossível imaginar o que Lexi poderia fazer para superar aquela festa, mas ninguém arriscava perguntar em voz alta e ter o desprazer de ver a doida brotar do chão para argumentar em defesa de sua honra.
- O que você já fez de errado, Horan? - Zayn jogou a ponta do cigarro no chão de madeira e colocou as mãos nos bolsos do casaco ao passo que acompanhava os loirinhos, guiando-os até o resto do bando. - Oi pirralha. Pensei que vocês não iam vir mais.
- Oi Zaza, - princesinha Styles beijou a bochecha do moreno charmoso - esse bobão ia me dar um cachorro sem me consultar.
- Hmm péssima ideia, irlandês. Você não pode sair empurrando um cachorro nos outros. - Malik liderou o trio na marcha para atravessar a multidão amontoada, acendendo um novo cigarro e tomando todo o cuidado do mundo para não queimar nenhum bêbado idiota com o isqueiro.
- Exatamente! Começa com um cachorro e daqui a pouco você aparece com uma criança pra mim só porque eu quero ter alguns filhos. - foi logo dramática, porque não havia espaço em sua vida para ter uma conversa normal.
- Não foi você que deu um cachorro pra assim que vocês começaram a namorar, Zayn? - Niall usou sua boa memória para encurralar o moreno.
Zayn engasgou com a fumaça mas fez um esforço sobrenatural para ficar normal, resultando em uma cara vermelha e os olhos lacrimejantes pela força que fazia para não explodir em uma tosse seca.
- A falou que você e o Lou fizeram uma tatuagem nova ontem! Eu ainda não vi. - cresceu os olhos, desesperada, e mudou de assunto bruscamente - Que horas vocês saíram? Eu pensei que eles dois iam fazer alguma coisa por causa do Valentine´s…
- Eles fizeram hoje. Ontem nós fomos ao Fabric porque a ganhou uns ingressos e a gente foi lá beber de graça. - Zayn estendeu a mão para ajudar a loirinha a pular os degraus que davam acesso ao quintal lotado de casais, bêbados, solteirões muito orgulhosos de não pertencerem a ninguém, e o mais importante: todo mundo feliz.
- Por que eu não fiquei sabendo disso? Quantos ingressos ela ganhou?
- Eu nem falei nada porque você não pode entrar, babe. - Horan justificou a omissão da informação. Além do mais, não achou nada romântico jogar na roda o outro rolê enquanto eles estavam no jardim de trás da casa dos Horan, jantando no ambiente decorado com rosas e velas, do jeito que todo bom romântico gosta.
- É verdade. Ela ganhou cinco pares, usou um com o Tommo, deram um pro Harry e a Meester, um pro Greg e eu fiquei com um e vendi o outro. - Malik não ficou com vergonha alguma de ter sido o único solteiro do grupo, inclusive toda vez que ficou com raiva de (o que acontecia em intervalos curtos porque ele estava na maldita fase que tudo lembrava aquele anjo que foi embora e levou sua sanidade), ele ficava com alguém.
- Não acredito nisso!
- Pois é, foi bem legal. O seu irmão também tatuou. Não acredito que você ainda não viu.
Como alguém poderia ignorar a nova tatuagem de Harry era algo que o moreno se perguntava, porque aquilo era ridiculamente chamativo, enquanto um tatuador perdeu três horas aperfeiçoando o desenho, o outro tatuou dois desenhos em Louis e um coração ridículo na V line de Malik.
- O quê? Ele não falou nada! Ninguém fala as coisas pra mim! - protestou, chateada.
Só lhe faltava e terem tatuado algo também e ninguém ter tido a decência de contar as novidades. Já não bastava que os cinco traidores saíram e não postaram uma só foto da farra, agora também escondiam dela quando faziam uma nova tatuagem.
- Eu também não sabia que o Harry tinha tatuado. - Niall falou, franzindo o cenho enquanto buscava em sua memória fotográfica todas as conversas que teve nas últimas vinte e quatro horas.
- Como assim ele não falou nada? Tem uma borboleta gigante na barriga dele! É muito grande! - Zayn falava ofegante porque andar tanto em tão pouco tempo era uma tarefa cansativa pra alguém que fugia de atividade física como o diabo foge da cruz.
- Ele tatuou na barriga?
- Uma borboleta?
- Ele disse que não é uma borboleta, mas parece pra caralho.
- Meu deus, o papai vai matar ele.
- Com certeza. - Malik não facilitava a situação do amigo, tampouco ajudava na curiosidade da criaturinha que estava para caçar o irmão e arrancar a camisa dele só pra ver o desenho. - É muito grande.
- Maior do que o navio?
- Olha, por ser na barriga fica muito mais notável. Tá zoado.
- A gente precisa ver! Cadê ele?
- Não sei, acho que ainda não chegou. Mas o Tommo tem uma foto disso, vamos procurar ele. - Zayn decidiu, não encontrando Louis e sim a namorada dele, que por sinal tentava embriagar .
- Oi ! Oi ! - parou ao lado da caçulinha, apoiando os cotovelos na mureta que dividia o deck do restante do quintal gramado.
- Irlanda! - fez pouco caso da chegada da melhor amiga, mas se empolgou ao ver Nialler, esticando-lhe um copo de bebida - Você vai ficar muito bêbado hoje?
- Não, por quê? - ele aceitou o copo e cheirou o conteúdo antes de experimentar.
- Ah, eu queria testar uns drinks mas a não está afim de experimentar nenhum. - Westwick olhou com desgosto para a menina que era sua companhia desde que chegaram - Lá vem o seu namorado idiota. Por quê você não termina com ele, hein?
- Porque eu gosto dele, boba. - Ortega justificou seu amor e foi toda faceira ao encontro do gostoso do namorado - Oi baby! Cadê o Lou?
- O que você fez com o meu namorado, Payne? - inquiriu logo atrás, super acusadora.
- Dei uma passagem só de ida e documentos falsos pra ele conseguir fugir pra bem longe de você. Doida. - Liam abraçou a caçulinha, tanto porque ela era cheirosinha e também porque era uma ótima maneira de se proteger dos objetos que poderia lançar a qualquer instante.
- Há! Como se alguém conseguisse se esconder de mim… - a ruiva zombou, largando seus drinks pela metade, já que tinha coisas mais importantes a fazer do que aguentar Payne. - Vem , vamos procurar o Greg e a menina que ele disse que traria se tudo desse certo.
- Até mais tarde, babe. - a princesinha Styles se despediu de Niall e seguiu os passos de - O que nós vamos fazer ?
- Eu trouxe um presentinho pra todo mundo. - riu maldosa enquanto abria a bolsinha pesada. - Olha isso.
- Meu deus! Você vai matar as pessoas! - nem entendia mais porque se impressionava com a genialidade de , era uma fonte inesgotável de peripécias e muita maldade, obviamente.
- Eu não, nós. - corrigiu. Já esquecida de seu objetivo inicial que era checar Greg e sua namoradinha nova. - E ninguém vai morrer, é só laxante.
- Muito laxante , muito mesmo. Nós vamos fazer como? - apesar de achar a ideia cruel, soava divertido e normalmente ela endossava qualquer ideia da melhor amiga, mesmo que isso acabasse com as duas pichando o Kremlin.
- Vamos fazer uns drinks gostosos e distribuir pras pessoas. Vai ser um problema quando todo mundo dessa festa quiser usar o banheiro ao mesmo tempo.
- Vai ser horrível, na verdade.
- É, mas nós não vamos mais estar aqui. - deu de ombros - Eu vou roubar umas vodkas e você procura coqueteleiras e muito leite condensado pra essa porra ficar docinha e todo mundo tomar.
A princesinha começou a vasculhar nas portas e gavetas, abrindo caixas abandonadas para procurar mais do doce que seria a parte mais importante na hora de esconder o sabor do laxante.
- , eu gostaria de falar com você. - April Winster surgiu do quinto dos infernos e parou ao lado da loirinha, encarando-a com um sorriso sem simpatia.
- Diga, April. - apesar do susto inicial, já estava recomposta e pronta para ouvir a nova ideia surtada que sua colega de teatro (infelizmente) traria dessa vez.
- Eu quero me desculpar por ter insinuado que o Niall me traiu com você. - a mais velha parou de sorrir e falou seriamente, brincando com a poça de água criada ao lado da caixa térmica que abrigava o gelo, o dedo indicador da menina traçava retas livres sobre a água parada, criando um desenho amorfo.
- Ah. - o sorriso brilhante morreu lentamente e agora não era nada mais do que um curvar de lábios.
- Na verdade eu tenho que me desculpar com ele também. - Winster perdeu o tom melancólico e voltou a sorrir, ocupando-se em colocar, gelo, leite condensado, rum e água de coco em um copo. - Eu fiquei tão obcecada quando vi que vocês estavam juntos nas férias de verão, que comecei a imaginar coisas.
- Que tipo de coisas? - juntou as sobrancelhas, apoiando as costas no armário que April preparava a bebida. Aquela conversa estava seguindo um rumo interessante e sua curiosidade não permitiria que saísse dali até destrinchar a última intenção da pessoa mais próxima de ser considerada uma inimiga.
- Que vocês já ficavam enquanto ele e eu ainda namorávamos. Olha que bobagem! - April abriu os braços, rindo de sua própria tolice. - Mas aí eu voltei aos meus sentidos e vi que o Niall nunca me deu motivo para desconfiar dele.
- Não?
estava ficando confusa porque Niall era o namorado mais ausente do mundo, vivia dando desculpas esfarrapadas para não estar com April e às vezes desaparecia do nada porque metade de seu tempo livre era investido em andar seduzindo a filha dos Styles.
- Claro que não! - April balançou a cabeça, experimentando o drink - Quer dizer, não é que é impossível que ele tenha me traído. Mas se isso aconteceu, ele é o melhor mentiroso da terra. Porque eu colocaria minha mão no fogo para afirmar que ele nunca ficou com ninguém além de mim durante nosso namoro.
Em sua infinita criatividade, Winster chegou a conclusão de que se não podia punir Niall por tê-la traído descaradamente por tanto tempo, iria inserir dúvidas na cabeça da jovem , plantando a semente da desconfiança, que é um veneno mortífero dentro de um relacionamento.
- Que bom que você voltou ao seu juízo, April. - apesar de abalada com as informações, continuava mostrando-se inabalável. - O Ni é um péssimo mentiroso, jamais conseguiria esconder um segredo desses.
As palavras da outra a abalaram profundamente, porque se April não fazia ideia que estava sendo traída, nunca descobriria também se Horan decidisse traí-la. O que diabos aquele irlandês fazia para deixar as garotas cegas enquanto aprontava?
Diferente de April, que só buscava o caos, não poderia suportar a ideia de que seu namorado, o amor de sua vida, um dia a trairia e acabaria se apaixonando por outra menina. Se isso acontecesse, ela morreria de tristeza.
- Eu sei, certo? Confesso que me senti boba quando percebi que julguei alguém que nunca me deu motivos para isso. - Winster apoiou-se ao lado da mais nova, tomando sua bebida enquanto as duas olhavam para a algazarra que o cupido causava no quintal.
- Ah, é que ele era bem ausente pelo o que eu sei. - princesinha Styles atuava muito bem, graças a deus. Servindo uma performance digna de Oscar ao acalentar a ex traída com um afago amistoso no ombro - Não fique se culpando.
- Ele era ausente porque saia bastante com os amigos, vivia naquele clube de golfe e ainda estudava muito, coitadinho. - a morena divagou mas por fim pegou um copo descartável e o encheu de gelo, tomando fôlego para se despedir: - Enfim, eu preciso ir. Meu namorado está esperando esse gelo há um tempão, mas foi ótimo colocar as coisas a limpo, !
- Pois é… - murmurou sozinha, colocando alinhadas as oito caixinhas de leite condensado que conseguiu, para rasgar aberturas com uma faca gigante que alguém levianamente deixou jogada e provavelmente causaria um acidente até o fim da festa.
Seus pensamentos estavam anuviados e ela estava considerando as palavras de April com muito cuidado, decidindo-se se eram válidas ou não. Afinal de contas, Niall não amava April como a amava, certo?
- Voltei! - soltou a caixa cheia de vidros e puxou um saco plástico com copos descartáveis antes que algum engraçadinho os levasse dali. - O que aconteceu?
- Hã?
- A sua cara - apontou para a face da melhor amiga, identificando algo como angústia passar pelos olhos verdes da criança, mas muito certa de que estava apenas enganada. - está horrível.
- O que foi? Meu rímel? Meu batom? - princesinha perguntou, abrindo a câmera frontal para se checar, porque só o que lhe faltava era descobrir que estava ridícula enquanto conversava com April.
- Não, a sua cara mesmo. - Westwick perdeu a paciência com a melhor amiga que estava tão distraída. - O Louis falou que todo mundo está na frente da casa, vamos lá.
- E a brincadeira? - apontou para os ingredientes que já estavam prontos para serem utilizados.
- Ah, depois a gente faz. Eu quero tirar uma foto com o Louis, você, o Irlanda e a Orteguinha.- a ruiva explicou sucintamente. É óbvio que Payne ficaria de fora da foto, fotos são para registrar momentos feliz e estar com aquele idiota não era nada feliz.
- Tudo bem. Vai indo que eu vou ligar pro Harry, ele ainda não apareceu!
- Nós vamos estar na frente da casa, . Não esquece. - repetiu mais uma vez antes de sumir no meio das pessoas.
Depois de ligar duas vezes, finalmente a ligação foi atendida e ela pode falar com o irmão desaparecido:
- Hazz cadê você?
Harry demorou a responder porque estava dividido em estacionar tão longe da festa ou dar mais uma volta na quadra e esperar que uma vaga surgisse miraculosamente mais na frente. Ou então ele poderia seguir o conselho de seu bem, que sugeriu passar com o carro em cima do carro de Malik, que estava estacionado em uma ótima vaga.
- Acabei de estacionar, . O que foi? - ele decidiu não perder outra meia hora esperando por uma vaga e fez uma excelente baliza entre um Ford Fusion e um Maseratto.
- Nada demais. Vocês só não chegam nunca! E você fez uma tatuagem escondida, eu preciso ver! - estava com os ânimos renovados agora que o irmãos estava chegando, deixando para trás o drama com April e caminhando entre as pessoas como uma celebridade, acenando, sorrindo, cumprimentando e distribuindo charme.
- Ai, quem já falou isso? - Harry bufou, mal humorado com quem quer tenha sido o fofoqueiro.
Todo mundo estava enchendo o saco por causa de sua tatuagem nova, mas ele não ia admitir jamais que foi um erro de bêbado, e também não ia concordar que era muito mais feminina do que parecia na noite passada, quando saíram do clube.
- O Zayn! - contou alegremente, se divertindo com o mal humor do mais velho. Assim que chegou à frente da casa, viu o namorado e deixou ser abraçada por ele enquanto uma discussão seguia entre Liam e .
- Cuzão… - Styles xingou, apoiando a mão na porta do carona, esperando por . - Nós vamos já chegar até vocês, estou só esperando a decidir se desce ou não do carro, não é meu bem?
- Vai se foder. Eu estou procurando o presente. - desceu e abriu a porta de trás, desesperada porque não achava o dito objeto. Aquela porra ficou uma semana inteira no carro do mais velho e sumia na hora que ia precisar dele!
- Procurando? Você deixou no banco de trás! - ele encerrou a ligação e abriu a outra porta para ajudar a procurar a sacola festiva prateada que carregavam desde cedo.
- Mas não está aqui, gênio. - Meester afastou e cruzou os braços, deixando o cacheado fazer o trabalho chato.
- Já olhou embaixo dos bancos? - Harry perguntou enquanto se esticava sobre o chão do carro para checar embaixo do banco do motorista também. - Aqui, querida.
- Obrigada, querido. - a menina respondeu e sorriu cínica.
- De nada, querida. - o cacheado fechou as portas e ativou o alarme para então segurar a mão da morena para andarem os duzentos quilômetros de jornada até a festa. - Pegou seu batom? O casaco?
De presente do Dia dos Namorados, Harry deu para o jantar legal que ela queria, foi buscar a menina em casa, lhe deu uma rosa vermelha, elogiou o vestido lindo que ela usava e também reclamou do batom vermelho que o impediu de beijá-la durante o encontro. Tiveram uma refeição deliciosa no restaurante que ele mesmo escolheu e fez as reservas com dias de antecedência.
Depois foram para a casa da garota porque esse encontro tinha duas partes e a segunda fase era ver um filme romântico e comer sorvete, o que foi super divertido e deu a oportunidade para tirar a roupa festiva e colocar algo que a protegesse do frio, além de tirar o bendito batom vermelho, caso se importasse em ficar com a cara toda vermelha durante a festa.
Os dois subiam a rua conversando sobre a decoração da casa da menina, cheia de pétalas e velas, o que era um claro indicativo que Diane e Christopher voltariam para casa para uma parte dois também, quando cerrou os olhos e identificou uma sombra saindo de um carro e caminhando até eles:
- Aquele é o Benett?
- Aonde? - Harry ainda estava aprendendo a não ficar de coração acelerado quando ouvia o nome Benett, mas estava falhando miseravelmente, vez após vez. - Ah, é ele. - concordou desanimado.
Jason saia de uma pequena comemoração e se sentiu abençoado por dar de cara com seu casal favorito logo no começo da festa:
- Meester! Styles! Feliz dia dos namorados! - ele abriu os braços e sorriu:
- Benett, hoje é um dos poucos dias felizes do semestre e você acha que tem o direito de estragar isso também? - encarava o jogador com tanto desdém que Harry começou a ficar constrangido.
- Meu bem…
- Você não consegue ser mais sociável nem em uma data festiva, garota? - Jason não entendia como alguém podia ser tão mal humorado, mas não podia se importar menos com a pequena idiota.
- Para de falar. - Meester pediu - Quanto mais eu ouço a sua voz, mais desestimulada a viver eu fico.
- Cai fora, Jason. A menina estava feliz até agora e você não vai estragar minha noite. - Styles falou, torcendo para que o moreno saísse dali antes que sua noite fosse arruinada porque ia se dedicar a fazer da vida do outro um inferno. Quando ele se deu por vencido e voltou ao seu percurso, Harry ficou aliviado ao reparar que a morena estava tranquila. - , você não acha que é muito cruel com um cara que nunca te fez nada?
- Uma vez ele ficou bêbado e começou a me provocar. - ela disse como se o evento justificasse os quatro anos de constante desprezo que ela sentia pelo atleta tão bem quisto pelo colegiado.
- E você amarrou ele na cama, pelado. - o cacheado trouxe o grande evento à tona - Todo mundo lembra disso.
- Engraçado que ninguém nunca me agradeceu por isso… - fez um biquinho, lamentosa da falta de reconhecimento dos estudantes da Eton.
- Pois é, você vive cercada por ingratos. - Harry riu e beijou o biquinho dela - Olha o Tommo, você vai ficar sempre na minha frente pra ele não bater na minha barriga, tá bom?
- O que eu ganho com isso?
- A felicidade do seu homem em estar protegido e sem dor. - ele sussurrou, já postando-se atrás da menina.
- Harry como tá a barriga? Deixa eu ver sua tatuagem. - foi a primeira coisa que Louis falou, enquanto o casal de amigos ainda subia as escadas de acesso aonde eles estavam.
Zayn já havia sumido pela casa e levou junto sob algum pretexto que Niall definitivamente não entendeu, mas também não questionou porque se um cara lindo como Zayn quer dar uma volta com a sua namorada, ele vai.
foi atrás de para começar a pegadinha o mais rápido possível e a decisão foi tomada no mesmo instante que viu e Harry já na quadra da casa onde estavam. Coincidência?
- Não, você vai me bater. - Harry disse, segurando forte o suficiente para que nem Liam a tirasse dali.
- Não vou. Eu prometo. - Tommo cruzou o dedo, mostrando que falava sério. Apoiou o braço no ombro do melhor amigo, tentando lhe passar confiança, mas suas técnicas arcaicas não estavam levando a lugar algum.
- Me solta, Louis. Você não vai me bater porque eu vou ficar de olho em você a noite toda. - o inocente Styles afirmou, parando exatamente ao lado de Liam, que era outra pessoa que poderia lhe proteger, caso a coisa ficasse feia.
- Vocês dois não vão passar a noite toda grudados. - Niall atestou, ansioso para ver a maldita borboleta.
- Vamos sim.
- E quando você precisar ir ao banheiro?
- A fica na porta.
- E quando ela precisar ir ao banheiro?
- Eu entro junto.
- Não vai não. - negou com a cabeça, tomando fôlego para falar em voz alta o suficiente para chamar a atenção de todos: - e Liam, esse é o meu...
- Nosso. - o menino corrigiu rapidamente.
- Meu presente de dia dos namorados pra vocês. - Meester continuou, entregando o pacote bonito nas mãos do melhor amigo, esboçando um sorriso cheio de expectativa e também segundas intenções.
- Uhhhh O que é? - tomou a sacola da mão do namorado e usou a unha para começar a desembrulhar o presente, muito atencioso da parte de , que normalmente era tão egoísta.
- O que você comprou? - Louis até deixou Harry de lado e se posicionou ao lado da caçulinha para dar uma espiadinha, esperando só para ver o que era e poder questionar o casal porque não recebeu um presente também.
- Não abram aqui! - interrompeu o animado processo, dando uma piscadinha para os melhores amigos. - Deixem pra ver quando estiverem sozinhos e depois me agradeçam.
- Eu nunca vou abrir isso. - enfiou o pacote de volta na sacola e sentiu as bochechas queimarem.
- O que você colocou aqui dentro, ? - Liam também estava chocado, porém muito mais curioso para ver o que diabos a melhor amiga havia aprontado dessa vez.
- Se eu contar, não faz sentido vocês guardarem pra depois, não é mesmo?
- Nós vamos pegar uma bebida. - Liam decidiu, pegando a mão da namorada e tentando puxá-la para dentro da casa.
- Vamos? - Orteguinha parecia não compartilhar da mesma ideia.
- Aham. Agora. - ele acenou e dessa vez os dois entraram mesmo.
Passaram pela biblioteca, cheia de adolescentes conversando animadamente, na sala de jantar o cupido estava se pegando com o namorado e uma gritaria de "vira, vira, vira" ecoava em todo o quintal. As pessoas estavam felizes, tirando fotos, fazendo novos amigos e encontrando novos amores.
Payno e se aquietaram no escritório do Conselheiro, no sofazinho de couro marrom que foi empurrado para o canto da sala para que um grupo grande pudesse sentar no chão e jogar desafio ou consequência.
- O que você quer beber? - o rapaz perguntou, exibindo a cerveja que pegou no meio do caminho, enquanto procuravam um lugar menos tumultuado, ao mesmo tempo em que assistia uma garota de sua academia deixar desenharem um grande pênis com batom, como parte do desafio de tirar uma foto com o desenho e mandar para todos os contatos, pais e familiares inclusos.
- Nada, ué. Você quem disse que queria beber. - Orteguinha ocupou todo o sofá com suas pernas, sobrando espaço suficiente para o namorado se acomodar na outra ponta. Sim, ela estava se sentindo generosa naquela noite.
- Eu só queria sair dali, na verdade. - ele explicou na maior cara de pau - Eu não sei quem fala mais merda, o Harry ou a .
- Você é chato hein. - revirou os olhos.
- O que foi? - Liam não entendeu o motivo da reclamação da menina. Estava lá, sendo todo romântico, fazendo um carinho super fofinho na canela dela e era tratado assim?
- Você já conversou com o Zayn? - ela foi direto ao assunto.
É claro que Li sabia sobre o que a caçulinha falava, mas às vezes era importante se fazer de desentendido, e foi isso o que ele fez:
- Sobre?
- Você sabe sobre o quê.
- Ah . Não tem o que falar, ele está bem. Quando não estava, me chamou e a gente foi beber. Todo mundo já superou isso, menos você.
- Ele não está bem, Liam! Eu estou falando pra você!
- Então vai você conversar com ele.
- Você tem que ir, ele vai se abrir com você. - estava a um passo de mandar Liam e aquele relógio lindo e aquela garrafinha de cerveja irem tomar no cu, mas como era uma boa menina, respirou fundo e insistiu. - Vão tomar uma cerveja, sei lá.
- Eu não entendi ainda o que exatamente você acha que vai acontecer quando nós formos conversar.
Liam tinha uma leve impressão de que sua linda namoradinha esperava que os dois fossem sair pra tomar uma cerveja e iam acabar com Zayn chorando por alguma razão estúpida e fazendo declarações dramáticas sobre como sentia falta de .
Isso que dá deixar a menina crescer assistindo romance. Ele pensou.
- Ai, desisto de você. - Ortega virou de lado para poder prestar atenção na brincadeira que corria solta e ficava cada vez mais pesada.
- Vem cá. - estendeu a mão, fazendo-a se levantar do confortável sofá para sentar ao seu lado - a gente devia abrir esse presente da .
- Mas eu não quero… - se arrastou preguiçosamente até o namorado, de braços cruzados e fazendo birra porque estava honestamente com medo do que havia aprontado dessa vez, porém nem um pouquinho resistente ao abraço quente dele.
- Por que não? - o rapaz ostentava um sorrisinho pois era sempre muito divertido fazer a caçulinha do grupo ficar encabulada. Isso porque era algo que sempre vinha de surpresa, às vezes você podia repetir a palavra pênis cem vezes ao redor dela, que não ia haver nenhuma reação estranha, e em outros momentos a mais sutil menção à algo com denotação sexual a deixava estranha pra caralho, e isso era sempre engraçado.
- Porque vai ser algo constrangedor, com certeza.
- Essa é a graça, bobinha. - Payne tocou a pontinha do nariz dela com o indicador - Ver as suas bochechas ficarem vermelhas e…
- Para! - ela interrompeu o namorado, antes que começasse a ficar de fato com vergonha. Logo tomou coragem e propôs: - Vamos fazer assim, você abre e se for algo legal, me mostra, se não, já guarda.
- Até parece que você vai se aguentar, babydoll. -o moreno provocou, tomando a sacola prateada das mãos dela.
- Com licença? - se afastou o suficiente para encarar o atrevidinho com as duas sobrancelhas arqueadíssimas, o tipo de olhar que ele odiava receber porque normalmente significava que estava em maus lençóis.
- Vamos abrir, juntos.
- Não.
- Eu não estou entendendo esse seu medo todo. Nossa relação está em outro nível desde que - ele deu uma pausa dramática, vendo os olhos verdes da caçula derramar curiosidade. - Nós lemos a primeira cena de sexo do Mr. Grey e da Ana.
- Ana?
- É, esse não é o apelido dela?
- Ah, você já a chama pelo apelido então? - Orteguinha cruzou os braços, com aquela expressão clássica de "É mesmo?" que só um garota brava consegue fazer.
Liam percebeu a reação da menina? Claro! Mas por que não continuar a provocá-la, certo?
- Claro, me sinto íntimo dela desde ganhei uma narrativa tão precisa de como ela gosta de transar.
- Vai passar o dia dos namorados com a Ana então, ridículo. - começou a empurrá-lo, enquanto o rapaz jogando-se em cima dela, literalmente, tentando abraçá-la.
Os dois continuaram nessa lutinha até que os dois acabaram deitados no sofá e o garoto conseguiu passar os braços ao redor da menina, falando como ela era uma gracinha com ciúmes de um personagem fictício.
- Agora eu aceito aquela bebida que você ofereceu antes. - sussurrou quando Liam estava próximo suficiente para beijá-la.
Não é que ela não gostava de beijar o próprio namorado, mas tinha medo de que acabassem se excedendo e dando um showzinho no sofá, em especial nessa fase estranha de sua vida em que ela nunca queria parar quando eles começavam a beijar.
- O que você quer? - Payne percebeu o desconforto e a timidez da namorada e levantou com um pouquinho de vontade de meter o cacete em todo filho da puta naquela sala só porque eles estavam no lugar e na hora errada.
- Qualquer coisa doce. - deu de ombros, sentando-se e retomando a compostura - e não muito forte, por favor.
- Eu nunca faço muito forte. - ele parou na porta;
- Faz sim. Vai logo!
Na cozinha, pequenos grupos estavam entretidos com suas próprias criações de drinks novos, e acabavam de sair dali juntas carregando uma jarra gigante com piña colada batizada com laxante e Payno começou a chacoalhar as garrafas para descobrir o que ainda tinha de mistura para bebidas.
Acabou se decidindo por uma versão barata do Dandy, colocando suco de laranja de caixinha, suco de limão, licor, Dubonnet e uísque. Ainda estava virando com gosto o Dubonnet, que era a coisa doce do drink, quando Lexi entrou na cozinha e parou ao seu lado, observando-o de cima a baixo.
- Liam eu vi você passando com sua namoradinha e um presente que te deram lá fora. Você já jogou ele no lixo também? - ela perguntou e embora sorrisse, não havia nada além de cinismo em sua expressão.
- Não, está bem guardado lá dentro pra eu ver com a . - Payne cantarolou, experimentando a bebida da namorada e se arrepiando todo porque estava doce pra caralho. Mas ainda sim, sabia que não era o suficiente para ela.
- Por que você jogou o meu presente fora? Não era nada pessoal, sabe. - Lexi se aproximou mais, tentando entrar no campo de visão do rapaz. - E normalmente as suas idiotices não me incomodam mas eu fiquei de fato magoada, dessa vez.
- Podia ter evitado toda a dor e sofrimento, não me dando presentes de dia dos namorados. - o garoto pontuou sem muito interesse na conversa.
- Como você consegue ser tão ruim hein? Eu juro que tento entender você, há meses tenho tentado, mas quando eu penso que nós temos um avanço, você retrocede totalmente e me decepciona.
Liam continuou calado, acrescentando gelo ao drink para finalizar sua produção e voltar para a namorada. Ele também tinha a opção de sair dali e ir se matar agora que já tinha perdido a vontade de viver por causa da loira.
Como alguém que era pra ser parte de algo casual se transformou em um monstro incontrolável que se alimentava da atenção e infelicidade alheia?
- Você não vai falar nada?
- Eu não sei o que você quer que eu fale.
- Qualquer coisa, Liam! Qualquer coisa! Só para de agir como se eu não existisse!
- Você é doida? - ele perguntou, interrompendo o pequeno surto da menina.
- O quê? - Saint piscou.
- Porque essa é a única explicação pras coisas que você faz, garota. -o garoto abriu o jogo - Nós estudamos juntos há uma década e só há uns meses atrás você decidiu que ia ficar obcecada comigo e não me deu mais paz. Eu já pedi um milhão de vezes pra você deixar a quieta porque ela não é o motivo de nós não estarmos juntos, eu gosto de uma pessoa que se chama Ortega, essa pessoa não é você, como todos sabem. Quanto mais cedo você aceitar que eu estou apaixonado por ela, menos doloroso vai ser pra você seguir em frente e fazer outras pessoas infelizes.
- Finalmente você falou alguma coisa. Mesmo que não seja o que eu queria ouvir. - ela falou baixo a princípio, mas então cruzou os braços e riu debochada: - Você acha mesmo que está apaixonado por aquela criança?
- E se eu não estiver? Não vai mudar nada sobre o que eu sinto por você, Lexi. Eu não gosto de você e isso é uma constante que nunca há de se alterar.
Até Lexi Saint tinha um limite, e Liam acabava de ultrapassá-lo.
- Você é um babaca. Eu nem sei porque gosto de você. - a loira falou cansada.
- Fica tranquila, você não gosta de mim. E isso vai passar no instante em que você encontrar outro desafio. - Liam encerrou a conversa e no momento em que saiu da cozinha.
Encontrou ainda sentada, super concentrada na rodada de desafio ou consequência que já contava com três garotos só de cuecas e duas meninas sem suas camisas.
- Aqui. - Payne entregou a bebida que tinha mais energético do que álcool, já que os dois sempre discutiam quando ele fazia um drink porque sempre tinha muito mais álcool do que as misturas em si.
aceitou alegremente o copo e agradeceu baixinho, tomando um gole generoso porque esqueceu de pedir água também e não queria abusar da boa vontade do rapaz e fazê-lo voltar só pra pegar uma garrafinha de água.
Ele não estava no mesmo humor de quando saiu da sala e notou:
- O que aconteceu? - ela perguntou como quem não queria nada.
- Nada, babe. - o moreno sorriu, olhando para a adorável criatura ao seu lado pela primeira vez desde que voltou da cozinha. A caçula o encarava com curiosidade e sorriu assim que seus olhos se encontraram.
Estava irritado com o infortunado encontro na cozinha e de alguma maneira se encontrou ali, sentado ao lado de sua pessoa favorita, sentindo-se infeliz e amargo. Esse era o efeito de Lexi sobre as pessoas e ela ainda tinha a pachorra de querer saber porque o garoto não a suportava.
Numa tentativa de recuperar o bom humor do namorado, deixou o copo no braço do sofá, correndo o grande risco de derrubá-lo, e inclinou-se para pegar a sacola misteriosa.
- Abre nosso presente. - jogou no colo dele.
- Sério? - Payno rapidamente fechou a caixinha "problemas da minha vida" e abriu sua favorita "boas surpresas", concentrado na conversa com mesmo que o pessoal estivesse gritando alto porque uma menina chamada Miquela foi desafiada a conseguir um beijo de Jason Benett e naquele momento os dois estavam se pegando na porta do escritório.
- Aham! - se empolgou, vendo que o mais velho também estava animado - Mas você abre e vê, se for apropriado aí eu vejo também.
- Tudo bem. Fecha o olho. - ele pediu e a morena virou de costas, super ansiosa e criando mil teorias enquanto ouvia o barulho do envelope sendo violado:
- O que é? É de comer? É decente?
- Meu deus, ! - estava boquiaberto, os olhos arregalados denotavam claramente sua surpresa ao ver o objeto. - Você não vai querer ver!
- O que é, Liam, pelo amor de deus? - Orteguinha começou a se afobar, contorcendo-se para não virar e ver logo o que era.
- Será que você quer mesmo saber? - ele atiçou.
- É claro que sim! Só diz se é decente ou não.
- Eu não sei se é moralmente aceitável mas…
- Ah eu vou ver de qualquer jeito. Só espero que não… Somos nós! Que lindinho! Liam seu babaca! Você estava me fazendo de otária!
Ela tomou das mãos do garoto o lindo porta retrato que exibia uma foto do casal, a peculiaridade se dava ao fato de que na foto, Liam não passava dos dez anos e era só uma pirralha com as tranças esvoaçantes.
- Continuo defendendo minha tese de que essa sua franja não era nem um pouco aceitável, baby doll. - ele sorriu, adorando a imagem que nem sabia da existência.
Apesar da provocação idiota, ele devia confessar que a menina era branca como um floco de neve na época e a franjinha era muito fofa sim. A de sete anos sustentava um sorriso inibido sentada com pernas de índio sobre a espreguiçadeira próxima a piscina na mansão Meester, sua franjinha um pouco acima das sobrancelhas estava toda bagunçada e suas roupas com certeza não seguiam nenhuma tendência de alguma it girl da época, já que não faziam sentido algum. Já o Liam de nove anos estava em pé ao lado da menininha, curvado para ficar com o rosto a altura do dela e seu sorriso cerrado ressaltavam ainda mais suas bochechas rechonchudas e seu óculos de grau.
- Até porque você de óculos era uma beleza só não é mesmo, quatro olhos? - apontou para o rostinho gordo de Liam, que estava de óculos no dia em que a foto foi tirada.
O moreno riu apoiando o braço no encosto do sofá e a namorada aconchegou-se nele ainda admirando a foto que nem ao menos lembrava que existia. Payno beijou o topo da cabeça da garota comentando o quão atencioso fora o gesto de e o quão chocado ele estava com o fato de a melhor amiga atentar-se ao presente singelo porém muito significativo.
Alexandra Saint podia ser a garota mais desejada de toda a Eton, mas ela não era . E mesmo que alguns garotos não entendesse o motivo pelo qual Liam trocava a loira sexy de beleza inigualável pela prima de Malik, que como eles diziam "É bonitinha, mas não como a Lexi", o moreno não se importava, pois ele conhecia todos os defeitos de e os respeitava, além de amá-la independente daquilo. Para ele não existia ninguém que chegasse aos pés de Orteguinha e a cada vez que ela o fazia o rir, ou o acalmava quando estava irritado, ou colocava suas mãos na pele cálida dele, Liam se apaixonava ainda mais.
Zayn precisava controlar suas emoções.
O mais rápido possível, de preferência. Principalmente quando sua ex namorada estava conversando com um cara, há alguns metros, e os dois usavam as porras das flechinhas verdes, rindo numa aparente bolha de diversão.
Talvez Malik ficaria muito mais calmo se soubesse que a menina e o novo amigo conversavam sobre as expectativas para sua primeira semana de moda, começando em Nova Iorque, seguindo para Milão, Londres e uma glamurosa finalização em Paris, a cidade mais romântica do mundo, e muito mais do que isso: lar das grifes mais prestigiadas e respeitadas da moda.
Mas tudo o que ele podia ver eram os infames sorrisos que ela oferecia ao outro, enquanto ele a observava com a mesma fascinação que Malik costumava demonstrar quando não a odiava.
A conversa com jamais ficava entediante, apesar de seu costumeiro silêncio em grandes grupos, ela sempre tinha um comentário ácido para fazer ou uma boa história para contar e esse era só um dos motivos que fez Zayn apaixonar-se por ela.
Deus sabe como ele queria ter maturidade para estar ao redor da loira e até mesmo conversarem normalmente, como aconteceu antes mesmo de descobrir que gostaria de beijá-la. Mas era muito provável que ele terminasse a conversa mais puto do que já estava nas últimas duas semanas, irritado e inconformado com seu intenso sofrimento enquanto ela estava inalterada, com os mesmos sorrisos, a mesma alegria contida, o mesmo olhar astuto e a mesma pose de dona do mundo.
Ele já estava na sala de jantar bagunçada quando entrou e minutos depois foi abordada por aquele rapaz que ele não fazia a menor ideia de quem era. De tempos em tempos olhava para o armário de cristais onde a loira estava, acenando com a cabeça para qualquer coisa que estivesse sendo dita pelos colegas com quem conversava e dividia o baseado.
Quando se cansou do grupo, olhou para os lados a procura de uma distração e sorriu sozinho quando avistou Cassandra Verhoef, sua antiga parceira de química nas aulas laboratoriais, segurando um copinho com bebida, em pé junto ao pote de doces que alguém esqueceu por ali.
- Oi Cassie. - cumprimentou a morena, enfiando a mão no pote para pegar uma bala e dando seu melhor sorriso para ela.
- Nem vem, Malik. Nós nunca mais vamos ser parceiros em química. - ela sorriu de volta. Zayn se vestia como um badboy de filme ruim mas era engraçado durante as aulas, infelizmente isso não foi suficiente na hora de fazer os trabalhos, e ter que fazer o trabalho de dois sozinha não foi nada legal.
- Nossa, desculpa por ter proporcionado a oportunidade de você duplicar seu conhecimento.
- Na verdade eu acabei de pensar em uma maneira de você me recompensar por ter sido o pior parceiro de química do ano. - Cassandra mordeu o lábio. A ideia era excelente e ela estava ansiosa para ver a reação de Zayn quando descobrisse.
- Ah é? Como? - o garoto se inclinou para frente, interessado na ideia da menina.
Ela se inclinou também, o suficiente para sussurrar sensualmente ao ouvido do moreno:
- Você pode fazer todas as minhas atividades de química até o final do semestre.
- Nem pensar, Verhoef! - Malik arregalou os olhos, rindo do abuso de Cassie.
Essa menina era doida? Onde na terra ele faria mais que o necessário para alcançar a média escolar?
- Por que não? - a morena se defendeu, obviamente ciente de que não havia mais para onde o moreno pudesse correr. - Nada mais justo!
- Você não sabe brincar. - ele resmungou frustrado.
Os dois ficaram em silêncio porque Zayn queria beijá-la mas não sabia se seria correspondido pois a garota não deu o menor sinal de que também estava interessada, com toda aquela brincadeira broxante de pressioná-lo a estudar dobrado!
Mas ele não desistiria facilmente, e também não precisava insistir muito porque Cassandra não estava se fazendo de difícil, desde que engataram a conversa, ela estava de quatro por Malik, mas prezava por sua dignidade e esperaria por um avanço vindo dele, até porque quando o crush de todas as meninas da Eton mostrava interesse em você, você não conseguia simplesmente ignorá-lo.
- Eu vou fazer uma nova bebida. - Cass anunciou educadamente, já andando em direção a cozinha para misturar vodka com energético e de quebra derramar umas balas dentro da bebida pra ficar legal.
Zayn foi atrás, inclinando a cabeça para o lado enquanto apreciava o corpo dela:
- E eu vou com você.
- Por quê? - ela perguntou, passando a mão sobre os cabelos castanhos.
- Porque é dia dos namorados, eu estou sozinho, você está sozinha e nós podemos nos divertir um pouco.
- E a sua namorada? É verdade que vocês terminaram? Quem terminou com quem?
- Isso importa?
- Claro que sim! - Cass abriu a geladeira mas parou de procurar bebida para explicar seu ponto: - Eu sou curiosa, e vocês basicamente pararam de andar juntos, você excluiu todas as fotos de vocês dois mas ela deixou tudo, nada de snapchat de casal ou do cachorro que vocês sempre mostravam, então todo mundo tem muitas pistas mas não há nenhuma confirmação oficial…
Droga, o Kelso! Zayn pensou imediatamente. Faziam quinze dias que ele não via o pobre cachorro e quase esqueceu que tinha de conversar com Hilton sobre seu direito de vê-lo pelo menos duas vezes por semana. De preferência sem ter contato com a dona durante a troca.
- Vamos fazer assim, - ele propôs com um brilho nos olhos, enquanto os dois caminhavam pelos cômodos sem destino - vamos pra minha casa e pra cada pergunta respondida, você tira uma peça de roupa.
Cass arqueou as sobrancelhas, considerando a proposta com um sorriso sapeca. Aquele tipo de oportunidade era única e ela estava sim muito tentada a passar o resto da noite com o cara mais bonito que passaria por sua vida.
Era o último ano dele e honestamente, havia um magnetismo ridículo na forma como Malik segurava o próprio cigarro ou mesmo na sutileza com que ele umedecia os lábios de tempo em tempo, deixando qualquer garota se perguntando sobre o quão macios eles poderiam ser.
- E as que você não quiser responder? - perguntou finalmente, tentando deixar o pequeno jogo mais "justo" já que seria muito fácil o rapaz se negar a responder as perguntas mais legais.
- Aí vai ser a minha vez de tirar uma peça. - o moreno riu, ciente de que mesmo na ausência de uma resposta expressa, Cassie estava pronta para ir com ele.
A dupla atravessou a casa cheio de sorrisinhos, certos de que estavam fazendo uma fuga fenomenal rumo ao carro do garoto. Zayn nem ao menos viu que se desconectou de sua conversa no instante que viu o ex namorado passar pelo cômodo, apoiando a mão nas costas de uma garota. Ele perdeu de ver os olhos castanhos arregalados enquanto se esforçava para manter a postura embora seu coração batesse ridiculamente mais forte e o nó na garganta voltasse a incomodá-la.
Fora da casa, Zayn puxou Cassie para si, segurando seu rosto com as duas mãos para então beijá-la com profundo desejo antes de seguirem o curso.
O casal afoito se distanciou da casa sem nem percebeu o triste jovem que testemunhou o beijo, muito chocado que Zayn Malik estava beijando um outro alguém que não fosse a loira mais elegante da Eton.
Shepley ainda estava envolto nas próprias opiniões sobre a saída de Zayn da festa, muito bem acompanhado por sinal, que se assustou quando sentiu a mão pousada suavemente sobre seu ombro.
- Há quanto tempo você está aqui fora? – Amber recolheu o braço, sentando-se ao lado do garoto e abraçando as próprias pernas.
Lá fora estava frio e pela falta de cor nas mãos dele, pode chegar a conclusão de que fazia um bom tempo. Esteve rodando pela casa, pela última meia hora, procurando qualquer sinal de onde o mascote do time se encontrava. A verdade é que as opções se limitavam aos locais onde haviam atletas e depois de passar por cada grupo de qualquer garoto capaz de correr cem metros sem ficar sem ar, ela começou a ficar de fato preocupada.
- O que você está fazendo aqui? – Shep não conseguiu nem parecer normal, a surpresa em seus olhos era tamanha que qualquer tentativa de amenizar seu espanto agora só o deixaria mais bobo.
Não é todo dia que a garota dos seus sonhos toca em você, senta ao seu lado e abençoa sua noite com o esplendor da graça e beleza dela, não é mesmo?
- Eu estava te procurando. Há muito tempo. – ela explicou enquanto se ajeitava para ficar o mais próximo possível dele, já que estava sem casaco e mal chegara ali e seus braços estavam gelados.
- Eu? – o menino piscou.
- Aham. – Amber concordou com um sorrisinho. Era tão boa a sensação de ter alguém que ficava feliz assim só por saber que ela o procurara. - Nós precisamos conversar e...
- Desculpa por ter falado que nós ficamos. Eu só... – Shepley interrompeu, disparando a falar como fazia todas as vezes que ficava super nervoso, suprimindo a timidez com muitas palavras, palavras até demais, diga-se de passagem. - Eu só achei realmente que aconteceu algo com a gente no ano novo, mas eu devia estar tão bêbado que confundi você com outro alguém.
- Shep. – ela tentou interrompê-lo do grande devaneio. Cada palavra que ele dizia, a culpa crescia em seu peito. Aquele menino era a coisa mais adorável do mundo e ela estava sendo uma filha da puta com ele!
O rapaz continuou a falar, sem nem ouvir que sua crush pediu a palavra, só ficava repetindo o pedido de desculpas desajeitado porém muito sincero. Principalmente porque nunca foi sua intenção constrangê-la só porque ele era um estranho do caralho.
- E eu sei que você deve estar chateada comigo mas...
- Shep, deixa eu falar! – Amber tocou o braço do garoto, finalmente calando-o agora que ele estava totalmente concentrado pensando "Ela está me tocando. Ela está me tocando. Ela está me tocando."
- O que foi? – finalmente perguntou, mordendo o lábio ansiosamente, inconsciente de que seu pé batia em ritmo acelerado, sendo esse apenas um dos efeitos Amber Threefall em sua vida.
- Nós ficamos. Você e eu, na casa do Tomlinson. – ela disse sem muita dificuldade - Eu lembro de tudo.
Shepley a encarou em silêncio por um longo tempo, congelado na mesma posição, processando a bomba. Antes de sequer ficar feliz ou comemorar, ele perguntou devagar:
- Nós ficamos?
- Sim! – Amber acenou positivamente, aflita para descobrir se ele estava puto ou o quê.
- Você está falando sério?
- Sim!
- Meu deus! Nós ficamos mesmo! Eu sabia! Quase achei que estava ficando louco mas não, eu estava certo o tempo todo! – o coitadinho voltou a falar demais, praticamente falando sozinho, despejando palavras e mais palavras que a loira tinha quase certeza de que tinham o mesmo sentido ao final.
- Você estava certo o tempo todo! – ela riu. Aquele menino conseguia ser tão fofo que ela queria beijá-lo, Deus!
- Nós precisamos ir lá dentro pra você falar pro pessoal que eu não estava mentindo! – Shep levantou com pressa, esperando que a mais velha espelhasse seu movimento e eles pudessem tirar a história a limpo.
Era um milagre de Valentine’s Day!
- Não, nós não vamos falar nada pra eles.
- Por que não?
- Porque as pessoas não podem saber, Shep. - Amber desviou os olhos do outro, procurando palavras mais macias para o justificar seus motivos. - Vem, vamos dar uma volta ou eu vou congelar aqui mesmo.
Os dois começaram a subir a rua, em silêncio. De vez em quando Shep chutava uma pedrinha, nunca distraído da presença da menina que o observava atentamente.
- O que aconteceria de tão ruim se as pessoas soubessem, Amber? - o mascote quis saber, enquanto esperava para ver se ela gostaria de atravessar a rua e continuar descendo ou dariam a volta na quadra.
- Nada demais. Mas eu não quero que ninguém saiba de nada. Nós dois nos divertimos muito, certo?
- Certo. - ele acenou positivamente.
- E é o que importa.
- Eu não acredito que seja só por isso. - Shep apontou - Todo mundo sabe quando você fica com alguém, não importa o quão babaca o cara seja.
- Não é isso…
- O que é então?
- Eu tenho vergonha de você. - confessou só quando uma fila de carros barulhentos passou por eles.
E fácil assim ela conseguiu transformar a melhor noite da vida de Shep em um grande pesadelo.
- O quê? - ele sentiu a garganta seca e uma dor no estômago. Seu coração não somente estava quebrado, bem como despedaçado e pisado.
- Não é que tem algo errado com você, Shep. Nós só vivemos em realidades diferentes! - a loira tentou explicar seu ponto de vista - Seria como você me levar pro seu clube de leitura, você ia ficar com vergonha porque eu sou horrível com interpretação textual. Seus amigos do clube iam rir de você!
- Eu não participo de nenhum clube de leitura. - ele murmurou tão baixo que foi difícil entender o teor da afirmação.
- Você entendeu o que eu quis dizer. - Amber revirou os olhos.
- Entendi. Não se preocupe, ninguém vai saber sobre nós. Jamais.
- Obrigada. - ela agradeceu, bem incerta sobre o quão inapropriado era agradecer aquele tipo de favor.
- Você já pode voltar pros seus amigos. - Shep parou de caminhar.
- Shepley, não fica chateado. - Amber parou também, diminuido a distância entre os dois, acariciou a bochecha fria dele, notando que não houve rejeição e aproveitando para se aproximar mais.
- Eu não estou chateado. Você não seria a primeira pessoa a ter vergonha de mim, e não vai ser a última.
- Eu não tenho vergonha de você porque você é você! O problema é outro!
- Deixa pra lá. - o menino pediu, indiferente às razões de Amber. Seu maior sonho havia se concretizado e agora tudo se transformou num filme ruim. Ele só queria ir pra casa e colocar uma roupa quentinha enquanto terminava de assistir Westworld.
- Eu vou embora - ela anunciou, soltando-o de suas garras.
- Agora?
- Sim. Quer vir comigo?
Pela segunda vez na noite, Amber chocou Shepley e ele não pode disfarçar:
- Que?
- Nós podemos ir para a minha casa, não sei se tem cerveja mas tenho certeza que nós podemos pegar um dos vinhos do meu pai e então nós fazemos nossa própria comemoração de dia dos namorados. - ela propôs com um belo sorriso, tocando o cabelo bagunçado de um Shep indeciso, acariciando os fios pacientemente. Talvez pudesse compensá-lo por ter sido malvada mais cedo. - O que você acha?
Bom, ele teve ali a oportunidade de voltar para a festa e salvar o resto de honra que ainda possuía. Mas Amber estava ali, mimando-o e abraçando-o e sua dignidade poderia esperar outra oportunidade para ser mostrada.
- Tudo bem. - deu de ombros, aceitando a mão dela enquanto caminhavam até seu carro rumo à uma noite muito divertida.
Na Eton a natação era um esporte diferente dos demais pelo simples fato de que você reconhecia um nadador de longe. Os garotos tinham centímetros a mais que a média dos rapazes do colégio, ombros largos e musculosos, já as meninas caminhavam pelos corredores com seus cabelos sempre bagunçados e frisados devido a exposição excessiva ao cloro e sempre um sorriso imenso no rosto.
Por esta razão não foi difícil descobrir que o cupido da noite fazia parte da equipe de natação. O rapaz que usava apenas uma fralda de tecido envolta ao redor da cueca, uma peruca loira que já estava desgrenhada e torta em sua cabeça, um par de asinhas felpudas de tamanho regular, conduto, pequenas para seus ombros, chamava atenção de todos conforme circulava pelos convidados. E por mais que os adolescentes já ocupassem a casa do anfitrião há horas, ainda não haviam se acostumado com aquele cara imenso só de canga.
Taylor, o cupido, já estava todo manchado de batom e um milhão de pessoas pediam constantemente para que ele entregasse pequenos bilhetes com recorte de coração para aqueles por quem carregavam afeto, ou queriam que soubesse que tinham interesse. Mas o talento do menino do terceiro ano não se resumia a nadar e passar vergonha, ele também cantava! Portanto em certos momentos ele simplesmente pedia para o DJ tocar uma música romântica e dramática como as que preenchiam os álbuns do Air Supply, Adele e Ed Sheeran e ele começava a cantar espalhando o amor por aí e pedindo que desconhecidos se beijassem pelo bem do dia dos namorados, sendo assim, ovacionado pela galera que agora tinha um novo ídolo.
E enquanto o cupido trabalhava e tinha um milhão de fãs o seguindo para cima e para baixo pela casa do Conselheiro Municipal, seu namorado, Eric não via o menor problema pelo fato de não ter recebido tanta atenção até aquele momento e gargalhava quando conseguia ver alguma peripécia do garoto que estava muito feliz e elétrico.
Eric conversava com alguns amigos no conforto da vasta biblioteca que a casa comportava e Harry fazia parte do grupo que ria ouvindo a história que lhe contavam. Sentado no carpete do cômodo, com os braços apoiados nos joelho, um sorriso fácil nos lábios e os cabelos cacheados maiores que o costume ele mantinha uma long neck ao seu lado, todavia já havia se esquecido dela e concentrava-se no relato de Amélia, que narrava sua infância com a irmã gêmea e como as meninas trocavam de lugar só para verem os pais loucos ou então para realizarem um teste no lugar da outra e como a farra acabou quando uma professora descobriu e ambas foram suspensas.
Seu celular no bolso do jeans vibrou, forçando-o a parar de prestar atenção em Amy e pegar o aparelho que mostrava uma mensagem de :
Xx Porra, cadê você? xX
Xx Que foi? xX
Xx Você não me responde com outra pergunta não, garoto!
Eu estou te procurando, pode me dizer aonde você está? xX
Xx Na biblioteca com o pessoal. Vem aqui xX
Não demorou para Meester chegar com uma cara de sapeca e dois drinks na mão, sentando-se ao lado dele e cumprimentando o pessoal.
- Eu tenho duas boas notícias. - a morena falou para o rapaz que pegava o copo que ela o entregava - Primeiro; eu consegui roubar esses dois copos para gente. - deu de ombros vendo-o rir de sua indiferença - E segundo; eu consegui roubar também as chaves do Liam que estavam com o cara das chaves.
- E por que você fez isso? - Styles juntou as sobrancelhas, sorrindo sem humor, tentando de verdade compreender o que se passava na cabecinha sádica de sua acompanhante.
- Porque o Liam vai ficar puto falando que o cara perdeu as chaves do jeep, e o cara vai falar que já entregou e foi o Payno quem as perdeu. - explicou como se fosse óbvio, realmente decepcionada que ele não sacou de primeira seu objetivo.
- E porque você quer que o seu melhor amigo fique puto no dia dos namorados? - cerrou os olhos, bebendo um gole do drink que ela o entregou e entendendo a necessidade de aquilo ter sido roubado, era muito bom! - Você sabe que é a quem vai ter que aguentar o Liam irado, né? Sem contar que você pode ir embora antes e levar as chaves junto e eles vão ter que ir de carona ou pedir um táxi.
- Que inferno, Harry, para! - frustrou-se com a conduta dele. - Eu estou quase devolvendo as chaves e eu tenho que ser uma vadia fria, então será que dá para você parar de tentar boicotar o papel que eu levei quatro anos da minha vida para construir?!
O moreno gargalhou jogando a cabeça para trás e tentou esconder o riso atrás do copo que levava aos lábios, esforçava-se para não rir, entretando com Harry a encarando esperando que ela caísse na risada ficava difícil. Gargalhando, ela empurrou a cabeça dele, que pegou sua mão e a beijou.
- Eu odeio quando eu sou escrota e você faz alguma coisa legal. Tipo agora que você beijou a minha mão enquanto eu falava um monte de merda. - negava com a cabeça, bufando. - Faz eu me sentir mal.
- Você quer que eu pare?
- Claro que não, eu consigo conviver com a culpa.
parecia entediada a maior parte do tempo, mas a teoria de Styles era que a menina se guardava para vez ou outra poder soltar suas famosas pérolas, que ele precisava admitir, eram muito engraçadas.
- Tudo bem, senhorita Eu-Não-Me-Importo-Com-Ninguém, eu vou ao banheiro. - levantou-se deixando-a para trás juntamente com todas as bebidas.
Conforme andava pelas pessoas algumas gritavam por ele, acenando, totalmente bêbadas e eufóricas. No seu caminho para o banheiro pode ver Payno e Niall conversando seriamente com o cupido, provavelmente tentando convencê-lo a fazer Orteguinha, princesinha Styles ou até mesmo Tommo e passarem vergonha. Liam tinha até os braços cruzados e o olhar fixo no rapaz, enquanto o irlandês falava algo que o fazia rir.
O cacheado negou com a cabeça, pegando o celular e enviando uma mensagem para o cunhado, pedindo para o que quer que estivessem tramando era para Horan filmar tudo e mandá-lo assim que possível.
Ao passar pela porta da sala de estar que o levaria para o hall principal da casa sentiu a presença de alguém atrás de si e virou-se para poder encontrar Bennet com um sorriso que o dava calafrios, pois era imenso, mas completamente sem humor.
- Deus! - assustou-se colocando a mão sobre o peito. - De onde você saiu? - perguntou ao capitão do time que apoiou a mão em seu ombro, rindo verdadeiramente de seu susto. Styles acompanhou o movimento de Jason e encarou a mão dele em seu ombro até que o menino a tirou dali.
- Aproveitando a festa, cachinhos?
- Até segundos atrás, sim. - respondeu rolando os olhos e voltando a caminhar em direção ao banheiro, sendo acompanhado pelo jogador que andava despreocupado.
- Foi uma boa ideia transferirem a festa de boas vindas para fevereiro, não é? - parecia querer estabelecer um assunto e o cacheado apenas deu de ombros não o escutando direito devido o barulho da música somado com a gritaria e o fato principal daquela equação: o desinteresse. - Todo esse amor no ar me deixa contente, sabia? É realmente bom ver o pessoal num clima tão amistoso, você não acha Harry? - virou-se para o moreno que parou na metade do caminho para o fitar enfadado. - Me diz se não é bom ver o Tommo tão feliz com a namoradinha dele! - arqueou as sobrancelhas,elevando as mãos e quem ouvisse aquele discurso falso até pensaria em transformar o capitão do time em cupido da noite. - Só tem uma coisa que acaba comigo, cara. Me deixa frustrado e estressado ao mesmo tempo e eu quero a sua ajuda para resolver esse problema. - parecendo perturbado aproximou-se ainda mais de Harry que apenas abaixou os olhos para mirá-lo, pois Bennet era alguns centímetros menor. - Você precisa parar de foder com os negócios do Malik.
Jason cerrou os lábios e seus olhar traiçoeiro golpeava a alma de Harry que tinha as mãos atadas para aquela chantagem barata.
Por esta razão, Styles apenas o deu as costas para o garoto, voltando a caminhar porque até suas necessidades fisiológicas eram mais interessantes e atraentes que aquele diálogo inconveniente.
- Você precisa acabar essa farsa com a sua namoradinha. - declarou em alto e bom som ao ter o filhinho de papai dando as costas pra ele.
- Bennet escuta, eu sei que a sua vida é miserável e sem atrativos e no momento em que achou que alguém se importava com essa aposta você se nomeou o líder dessa merda, mas você não pode e não vai me coagir a fazer o que você quer, muito menos me assustar com promessas vazias. - caminhava a pequena distância que o separava do jogador - Porque você também tem coisas a perder caso alguém descubra. A única diferença entre você e eu é que volto para a minha casa em uma lamborghini e você a pé para o buraco de onde você saiu.
O rapaz sorriu ladino, coçando a ponta do nariz: - Ai Harry... - parecendo decepcionado, suspirou alto - Isso não é uma democracia, é uma ditadura e eu sou a lei. Quanto antes você aceitar isso, melhor para ambas as partes, porque você até pode pegar a lamborghini do papai, mas a Meester não estará no banco do carona e realmente me desaponta saber que você gosta da garota.
- Você é patético. - deu de ombros, com pena no olhar.
- Patética é a sua hipocrisia, ou quer mesmo que eu acredite que coincidentemente meses após você escolher uma garota para o Malik o seu coração acelerou pela mesma?! - cerrou os olhos, mais aborrecido do que no momento em que decidiu atormentar Styles. - Se você não acabar com isso eu conto tudo para a Meester e então você ferra as coisas para o Tomlinson também. A escolha é sua cachinhos e eu posso te garantir que essa promessa não é vazia, porque diferente de você, eu sou um homem de palavra.
E tão rápido quanto apareceu, Bennet se foi. Deixando Harry irado para trás, não admitindo que um bolsista de merda o ameaçasse daquela forma barata e genérica. E tudo o que o cacheado conseguia pensar era que se ao menos Zayn ainda estivesse com o sádico capitão do time desistiria de brincar de fantoche com todos a sua volta. Afinal é sempre mais fácil culpar terceiros por suas preocupações.
Voltou a biblioteca, ainda tenso e empenhando-se em arquitetar um bom plano de fuga de toda aquela tragédia. Ao chegar ao recinto, apoiou-se no batente, vendo ainda sentada com o grupo de antes, a menina estava focada em alguma conversa com Amélia que a fazia gargalhar e Styles tentou calcular o que era menos pior, deixá-la livre para que Jason os deixassem em paz ou acreditar que o jogador não faria nada e correr o risco de Meester descobrir tudo e com certeza ficar furiosa.
Ambas opções soavam tão utópicas que o moreno não conseguia saber como tudo aquilo acabaria. Se terminasse com o quanto ela o odiaria? Perderiam toda aquela relação agradável? Se a garota descobrisse tudo o perdoaria? Ela gostava o suficiente dele para esquecer aquele erro catastrófico e seguir em frente? Ele gostava o suficiente dela para se preocupar com seus sentimentos, e ainda mais para querê-la perto?
Aturdido, perturbado e assustado não teve coragem de aproximar-se da morena e por isso saiu pela casa a procura de algo que pudesse o distrair. Sorria para aqueles que o cumprimentavam sem realmente ver quem o chamava pelo nome, viu que Bennet ria e conversava com seus fantoches do time de futebol e ficou zangado por ser tão estúpido e ter se superado no início do ano anterior com aquela história de aposta.
- E aí, cara?! - Tommo chegou esbarrando nele, rindo de algo, no entanto ao fitar a expressão transtornada do melhor amigo, fechou a expressão. - Aconteceu alguma coisa? Parece que você viu um fantasma.
- Não aconteceu nada…
- Qual é, Harry? Estamos em uma festa você deveria estar se divertindo, mas ao invés disso está com essa cara aí. - colocou o dedo em riste no rosto do rapaz que deu um tapa em sua mão para tirá-la dali. - É claro que aconteceu alguma coisa e você pode falar conversar.
- Está bem, Lou. - suspirou alto, apoiando-se na parede atrás de si, não tendo coragem de encarar o garoto a sua frente. - O Bennet falou que seu eu não terminar com a ele conta tudo para ela e para a .
- O quê?
- Ele acabou de me informar que vai foder com a minha vida caso eu não faça o que ele está mandando.
- Tudo bem, se acalma. - pediu mais para si que para o rapaz que visivelmente não sabia se desesperava-se ou enfurecia-se - Ele não vai fazer isso. - certificou com as sobrancelhas arqueadas.
- Não vai? - indagou com o cenho franzido - Como você pode saber, Louis?! Esse filho da puta vai fazer qualquer coisa para foder com a gente!
- Harry, se acalma! - gesticulou com as mãos, pois a medida que via o menino exasperando-se acabava ficando igual. - Eu vou falar com ele. Eu resolvo isso.
- Não! Não mesmo. - Styles negou com a cabeça - Eu não quero que você se envolva ainda mais. Eu sei o quanto você se importa com a e não quero que vocês sejam alvo do Bennet também. - fechou os olhos, respirando fundo, notando que deveria estar se divertindo, contudo tinha a mente presa nas palavras filhas da puta de um chantagista barato.
- Está bem, eu não vou falar com ele. - declarou a contragosto - E você vai atrás da , porque nós estamos comemorando dia dos namorados, porra! - elevou as mãos, batendo-as nas coxas. O amor estava no ar e ele amava isso!
Harry riu e agradeceu ao amigo, atendendo a ordem que recebeu dele, saindo a procura de Meester pois de fato a noite era dedicada aos amantes. Já Louis não fez o que o melhor amigo o pediu e foi até a cozinha pegar duas cervejas para então sair a procura do capitão do time, que não foi difícil de encontrar.
Jason conversava com um pessoal junto ao bar improvisado lá atrás e Tommo caminhou até o grupo decidido a fazer o rapaz desistir daquele plano nocivo. Ao aproximar de Bennet percebeu que todos na roda riam e forçou também uma risada, entregando ao jogador uma das long neck, o capitão do time o observou tentando descobrir sua real intenção, porém aceitou a bebida.
- Se perdeu dos seus amigos, Tommo? - Bennet questionou, fitando, enquanto o grupo conversava sem atentar-se ao que se passava entre os garotos.
- Só estava dando uma volta. - deu de ombros, passando os olhos pelo ambiente ao seu redor, tomando um gole de sua bebida.
- Engraçado, eu acabei de encontrar o cachinhos no meu caminho para o banheiro. - colocou uma das mãos no bolso da calça, analisando as reações do moreno a sua frente.
- Qual é, Bennet. Você sabe porque eu estou aqui. - fitou o rapaz, dando alguns passos para longe do pessoal, a fim de que eles não o ouvissem e foi acompanhado pelo outro menino. - A aposta já era, cara. Deixa o Harry, a , Zayn, a , todo mundo em paz!
- Louis, pode ficar tranquilo. - colocou a mão no ombro de Tomlinson, apertando-a para passar-lhe apoio - Você já ganhou a sua parte da aposta, agora falta o Malik.
- Eu não ganhei aposta nenhuma, cara! - negou os fatos, como se uma blasfeme houvesse sido proferida - O próprio Zayn já te falou, ele desistiu há muito tempo desse jogo!
- Aí é que está o problema. - Jason sorriu cerrado, aparentando preocupação - Ele desistiu da aposta quando estava com a modelo, agora que ela o chutou. Coisa que todos sabíamos que iria acontecer… - riu bem humorado, fazendo Tommo se irritar pois sabia como aquele término havia mexido não apenas com o casal, mas com o grupo como um todo - O Malik pode voltar quando quiser e para isso, o caminho precisa estar livre para ele, o que culmina na saída do Styles.
- O Zayn não vai voltar. - pontuou certo, sorrindo sem humor. Afinal sabia que o amigo não valia nem ao menos as roupas que vestia, mas nunca apunhalaria Harry pelas costas.
- Pode até ser, mas nunca saberemos se o Styles continuar a me atrapalhar. - perdeu o bom humor no instante que toda aquela conversa assemelhou-se a um disco riscado que repetia a mesma sentença. - E eu falo sério quando digo que se ele não fizer o que eu pedi a Meester e a Westwick vão ficar sabendo do que vocês fizeram. Você sabe disso, não sabe Tommo? - sorriu de lado, esperando por uma resposta que não veio já que Louis o encarava de mãos atadas - O Harry foi muito hostil comigo e ainda disse que minhas promessas são vazias, acredita?! - espalmou a mão sobre o peito, rindo forjando um humor. - Mas eu sou um homem de palavra. E vocês precisam acalmar os nervos, afinal eu não tenho nada a ver com essa história toda. - deu de ombros, dando um gole em sua cerveja, vendo o rapaz franzir o cenho. - Foram vocês mesmo que armaram toda essa confusão, mas não querem admitir! Eu só estou tentando colocar um pouco de ordem no caos. Mas enfim, obrigada pela bebida. - bateu com sua garrafa na de Louis e se afastou dele, voltando para o grupo onde estava.
O rapaz que ficou para trás começou a pensar que talvez, apenas um imenso talvez, o melhor no momento era mesmo Harry e se afastarem um pouco, apenas para Bennet pensar que tudo fluia como ele queria e então após a noite do baile, a data limite, o capitão do time estaria fora de suas vidas para sempre.
Sozinho, enquanto arquitetava planos e analisava seus pros e contras, alguém o abordou por trás, assustando-o. Ao dar um pulo alarmado, pode ver a namorado rindo.
- Meu deus, ! - reclamou jogando sua garrafa ainda pela metade na grama.
- Por que você parece tão irritado? - não mais rindo, a ruiva perguntou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Não é nada, honey. - fechou os olhos, sentindo-se estúpido. - Desculpa. - passou o braço pelo ombro dela, trazendo-a para perto e foi abraçado por ela. - Só estou cansado… É isso, é oficial, Tommo está ficando velho demais para essas coisas! Em breve eu vou ser um universitário e vou estudar para caralho, então… - beijou a bochecha dela que sorriu e lhe beijou nos lábios.
- Eu também estou cansada. - admitiu expirando alto. - E a cada hora que passa parece que fica mais frio! - reclamou, rolando os olhos. - Eu não vejo a hora desse inverno acabar, sério.
- Quer ir para a casa?
- Só se você passar a noite comigo. - sorriu afável.
- Vai ser um prazer. - sorriu, beijando-a e a tomou pela mão para irem a procura do audi e deixaram aquele pesadelo para trás.
OOO
No auge do inverno inglês os termômetros chegavam a 5°C, as nuvens já escondiam o sol a tanto tempo que os habitantes da capital haviam esquecido a boa sensação de serem aquecidos pelo astros, as garoas rotineiras obrigavam o uso dos guarda-chuvas pelas ruas de Londres. E apesar de alguns julgarem o clima como deprimente em uma mansão de um dos bairros nobres da cidade nunca houve alegria maior como naquele momento.
A garota estava tão empolgada e assustada ao mesmo tempo que não conseguia conter-se, sua mãe voltaria do hospital em algumas horas e ela subia e descia as escadas milhões de vezes, checando se tudo encontrava-se em ordem, mas a verdade era que a governanta e as duas novas babás, que ainda assustavam a medida que se esbarravam pelos cômodos da mansão, quem organizavam e estavam a frente da recepção do casal.
Ao ouvir a chegada dos pais ser anunciada, Westwick desceu correndo as escadas e congelou no último degrau. Já havia pego as irmãzinhas no colo, mas as recém-nascidas eram tão pequeninas, delicadas e frágeis que pareciam que estavam prestes a quebrar e o fato de que agora as bebês ficariam o tempo todo em casa sem a supervisão de um médico e enfermeiras neonatais causou um pequeno pânico no interior da menina.
Logo Carly e Martha, as babás das novas herdeiras Westwick, pegaram as crianças do colo dos pais para levá-las cada uma a seu respectivo quarto e checar se precisavam de algo. Joe agradeceu imensamente as mulheres, aliviada por finalmente poder descansar do longo trabalho de parto que teve e das três noites que passou no hospital e preferiu manter as filhas no quarto consigo sendo acordada a cada minuto pois precisa amamentar uma das gêmeas que chorava enquanto a outra dormia, mas então quando a primeira se satisfazia e a mulher achava que poderia voltar a dormir a outra chorava para que a fralda fosse trocada e a que até então estava quietinha começava a gritar porque teve o sono interrompido. Ou seja, a Sra. Westwick estava com o sono acumulado há quatro meses, pois se uma barriga de grávida de seis meses já era um tanto quanto desconfortável uma grávida de gêmeas no fim do segundo semestre não conseguia nem sentar-se ou levantar-se sozinha, imagina dormir.
Josephine sabia que não dormiria, pois logo uma das bebês ficaria com fome, mas só o fato de poder sentar-se e respirar já era um luxo que ela sentia falta.
O casal subiu em direção a sua suíte e os acompanhou mas seguiu o corredor encaminhando-se ao quarto das irmãs apenas para poder ficar as olhando serem fofas só ao respirar e piscar que era o máximo que bebês de quatro dias conseguiam fazer.
Uma hora depois Maria, a governanta dos Westwick desde que a primogênita da família era uma pentelhinha de cinco aninhos, que a perseguia pela casa toda, apenas porque queria conversar e observar o que a mulher fazia, adentrou o cômodo na pontinha dos pés para não perturbar as recém nascidas, e avisou que nove pessoinhas esperavam por na sala.
- O que vocês estão fazendo aqui?! - a ruiva gritou sussurrando, indignada com a falta de simancol do grupo.
- Eu vim visitar as duas mulheres mais bonitas dessa casa! - Harry informou inclinando a cabeça não se importando nem um pouco com o incômodo da anfitriã.
- Styles, primeiro; minha mãe não dorme há três dias e segundo; eu odeio você, então pode ir embora. - cruzou os braços, com seus olhos negros astutos ainda sobre o garoto.
- Eu estou falando das gêmeas, !
- , por favor! - pediu juntando as mãos frente ao corpo. - A gente promete fazer silêncio, os seus pais nem saberão que estamos aqui.
- É que só a e o Louis puderam ir ao hospital - disse da melhor forma, sendo que na verdade vetou a presença de todo o grupo e unicamente permitiu a visita da melhor amiga que era um ser humano normal e sentindo que fazia a escolha errada, também deixou o namorado ir. Mas a cada minuto que Tommo questionava se podia pegar uma das bebês no colo, uma parte de morria. - , e nós estamos muito curiosos para vê-las.
- Além do mais, nem trouxemos presentes como você pediu. - pontuou.
O grupo já havia presenteado tanto as crianças ainda quando Joe estava grávida, que a mulher chegou a considerar pedi-los que parassem, porém era educada demais para fazê-lo, já sua primogênita não viu problema algum na solicitação.
- Oi crianças. - a mãe da anfitriã apareceu na sala, sorridente e visivelmente abatida devido os acontecimentos recentes.
- Oi tia Joe, oi tio Oliver.
- Tudo bem, Sr. e Sra. Westwick?
- Oi Josephine, tudo bem Sr. Westwick?
- Já conheceram as gêmeas? - a mais velha indagou, colocando a mão por sobre a barriga ainda com o costume que teve por nove meses e seu esposo sorriu ao flagrá-la fazendo o gesto.
- A não quer deixar. - Niall revelou, fazendo careta para a amiga que lhe lançou o dedo do meio.
- Podem subir. - o homem mais velho lhes concedeu permissão e todos sorriram orgulhosos para que rolou os olhos correndo na frente.
- Eu quero que vocês conheçam - Louis conseguiu chegar primeiro a maçaneta da porta do quarto das bebês e pode ver a frustração nos olhos namorada - , minhas cunhadas. - dramático, abriu a porta e todos finalmente puderam adentrar o recinto e aproximar-se do bercinho.
- Ai meu deus, ela é tão pequena! - foi Zayn, com um sorriso imenso e bobo, quem falou não querendo nem respirar perto da recém-nascida. - Desculpa, mas essa é qual? - ele apontou para a criança, receoso, vendo a ruiva rir.
- Essa é a Miranda Rey. - sorriu muito orgulhosa por ver sua irmãzinha só olhando para um ponto específico que era Liam que não sabia se ficava lisonjeado ou assustado. - A Scarlett Rosie está ali. - apontou para o bercinho menor, que era possível ser carregado pela casa
- Meu deus, são duas mesmo! - o irlandês colocou a mão no peito completamente surpreso, aproximando-se da outra bebê.
- Cada uma tem seu quarto, mas nós preferimos deixá-las um pouco juntas para ver se acontece aquela ligação de gêmeo, ou sei lá… - a primogênita riu.
- Muito esperto. - Payne arqueou as sobrancelhas mirando de longe as bebês.
- , eu achei lindo os nomes. - Hilton sorriu, contendo-se para não pegar Rey no colo.
- Quem escolheu? - Meester questionou já sentando na poltrona de amamentação.
- A minha mãe queria Scarlett e meu pai Rosie, mas eu queria que uma se chamasse Miranda Rey, então Scarlatte Rosie virou um nome só. Mas nós decidimos chamá-las só de Rey e Rosie, para ficar mais curto.
- Eu amei! - Orteguinha já sentia-se idiota por estar sorrindo a tanto tempo.
- Nós podemos pegar as crianças no colo, ou não?! - Harry perguntou o que todos queria saber, mas temiam questionar e um silêncio constrangedor se instalou, onde os jovens encaravam uns aos outros tentando achar uma saída.
- Ai inferno… - bufou já amaldiçoando a Terra - Pelo amor de deus, toma cuidado! - avisou.
- Zayn - o cacheado chamou pelo amigo que estava hipnotizado vendo Miranda mover os bracinhos - , você pega a Rosie, eu cuido da Rey. Ela parece ser mais durona.
Automaticamente o badboy concordou, caminhando até o outro berço, vendo o amigo dirigir-se decidido a pegar uma das gêmeas.
- Passem álcool e gel nas mãos antes. - Tommo os lembrou, pois quando estava no hospital não apenas sua namorada chamou sua atenção para aquele quesito, como também o sogro, Jay e Diane.
Frustrados, os meninos pararam no meio do caminho, para encaminharem-se até a cômoda e realizarem a higiene de suas mãos, para então sorrir em satisfeitos e caminhar de volta as crianças.
- Tem que esperar secar. - informou calma, mas até Styles irritou-se pois a única coisa que queria fazer naquele momento era sentir o perfuminho gostosinho de um bebê, e o mundo estava complicando aquele singelo momento.
- Posso agora?! - Malik indagou entediado após alguns segundos, avançando as mãos no ar para secar mais rápido. Liam e Niall que observavam algumas pelúcias sobre uma prateleira riram do amigo e puderam ver dando permissão para que as caçulas fossem mimadas.
- Só toma cuidado com a cabeça.
- Não encosta na cabeça delas, na verdade.
- Você está fazendo errado. Cuidado pelo amor de deus!
- Segura essa criança direito, se não eu vou te bater.
Todas as garotas e Louis rodearam os garotos que tentavam equilibrar aqueles corpinhos tão frágeis entre seus braços nem um pouco delicados. O pânico na expressão de cada um era visível e Zayn achava cômico o desespero das falas e a forma que até Tomlinson se expressava preocupado.
- , eu estou segurando direito, saí. - seu primo desviou de seu toque - Tira uma foto minha e do Harry com as gêmeas. - ficou de costas para a morena, não apenas para que ela pegasse o celular dele no bolso do jeans, mas também para que a menina parasse de tentar arrumar Rosie em seu colo.
Ao ter a câmera apontada para eles, os rapazes sorriram felizes, orgulhosos só por terem aquelas coisinhas minúsculas em seus colos e a foto fofa e atípica foi parar no perfil do Instagram de Malik, com a legenda "Adotamos".
Nem todos acaletaram as bebês em seus braços naquele dia. Princesinha Styles e Louis contentaram-se com a oportunidade que tiveram no hospital, para evitar que as menininhas ficassem passando de colo em colo. Liam achou o suficiente o carinho rápido que fez no abdômen de Rosie enquanto ela estava nos braços da namorada e Rey ainda o fitava fixamente, mesmo nos braços de . Niall, por sua vez, tinha muito medo de sustentar aqueles seres tão pequeninos em seu colo e por isso nem ao menos se ofereceu, mas conseguiu uma linda fotografia de segurando uma delas.
A sessão fofura acabou quando Rey começou a chorar por algo que nenhum deles sabia e na mesma rapidez que os adolescentes lotaram o quarto da bebê, eles desceram as escadas, deixando o trabalho para Carly.
Após elogiarem milhões de vezes as filhas dos Westwick para os pais orgulhosos, o grupo decidiu que era hora de partir a fim de não incomodar o casal hospitaleiro. preferiu permanecer em casa para fazer companhia a seus pais e por isso, Louis também ficou.
Meester declarou que iria para casa dela e sem dar maiores explicações, nem mesmo para a melhor amiga, adentrou seu carro pois Fred já a aguardava com a porta aberta, e as caçulas tiveram o prazer de vê-lo piscando para elas como uma forma de cumprimento, já Orteguinha teve a honra de tê-lo abrindo a porta do automóvel para ela, o que a quase fez esquecer-se de se despedir do namorado. Quase.
Liam chamou Zayn para irem até sua casa, fazerem algo que ele ainda não tinha pensado. E os irmãos Styles, juntamente com Niall e dirigiram até um restaurante que havia inaugurado há duas semanas, a fim de jantarem.
OOO
O rapaz colocou os pés dentro de casa e suspirou pesadamente sentindo cada um de seus músculos contorcendo-se devido ao treino exaustivo. Sua face doía devido a luta de última hora, que no momento do convite parecia uma boa ideia, principalmente quando o imbecil do seu melhor amigo incentiva a idiotice, contudo agora com o lábio inferior inchado e o um hematoma que parecia piorar a cada hora que se encarava no espelho, Liam tinha certeza que havia sido uma péssima ideia.
Deixou a mochila cair de seu ombro e caminhou diretamente à geladeira, levando a bancada tudo necessário para fazer um sanduíche. Ao sentar-se fechou os olhos mastigando e uma preguiça crescia em seu interior, tentando convencê-lo a dormir até o dia seguinte e não iniciar as pesquisas para a matéria do jornal que precisava ser entregue só na quinta e como ainda era terça ele poderia realizá-la no dia seguinte de última hora.
Subiu as escadas a caminho de seu quarto e no banheiro ao levantar os braços para retirar a camiseta sentiu uma dor na região torácica mais especificamente nas costelas do lado direito. Respirando com dificuldade, mirou seu reflexo no espelho a fim de encontrar o motivo da injúria, porém não observou nenhuma alteração, tendo em mente que provavelmente cedo ou tarde mais um hematoma se formaria ali.
Após o banho jogou-se em seu colchão, bocejando e controlando-se para não adormecer, todavia suas pálpebras pesavam e imploravam para serem fechadas, felizmente seu celular vibrou anunciando a chegada de uma mensagem e ele precisou mover-se para atendê-lo, abriu a conversa com Louis no WhatsApp e pode visualizar:
Xx Liam, nós vamos jogar video-game e beber, você quer vir? xX
Xx Nós, quem? xX
Xx Nós, ue! Você vem ou não? Ah, se vier trás o seu call of duty e um controle xX
Xx Chego em trinta minutos xX
Estacionou o jeep próximo ao bentley e estranhou que os outros amigos ainda não haviam chego. Equilibrou nas mãos o pack de cerveja, as caixas dos jogos, o controle, a carteira e a chave do carro, percebendo que havia esquecido o celular no interior do veículo apenas quando a governanta abria a porta para ele, entretanto preferia morrer a executar tanto esforço e voltar até o automóvel, por esta razão adentrou a casa do amigo encaminhando-se à sala de jogos podendo ouvir a voz de e amaldiçoar-se por não imaginar que a namorada de Tommo estaria ali, é claro que ela estaria, como deixou aquele fato passar?!
- Finalmente! - Westwick cruzou os braços, recepcionando o menino que quando de bom humor já era grosso, imagina quando já estressado.
- Por quê você sempre está em todo lugar? - Payne questionou parecendo decepcionado, colocando tudo o que carregava na mesa de centro. - Na escola, no jornal, aqui, na minha casa! Me dá uma folga, ! - falou irritado, jogando-se no sofá, vendo Zayn sorrir, com os olhos vermelhos, provavelmente chapado. - Que foi? - virou-se para o moreno lembrando-se que estava todo fodido por causa da ideia idiota que ele teve mais cedo.
- Você está bem campeão? - Malik indagou sentado desleixado em uma das poltronas, com o celular nas mãos e escondendo-se dentro de um moletom números maior. - Afinal você levou uma surra hoje.
- Cala boca, Zayn. Eu só aceitei aquela merda porque você falou! - pontuou recebendo a long neck que Tommo o entregava com um sorrisinho perspicaz nos lábios pois havia escutado a história de Liam sendo nocauteado mais cedo na academia.
- Eu pensei que você aguentava aquele cara! - defendeu-se elevando os braços em rendição, rindo. - Não sabia que estava fora de forma.
- Vai se foder.- resmungou vendo Louis conectar seu controle do video-game. - O que aconteceu com os seus controles, Tommo?
- Um eu emprestei para o Niall ano passado, e aquele safado ainda não me devolveu, e outro a quebrou. - deu de ombros, realmente não se importando com o fato de a ruiva ter destruído o objeto. - Então só sobrou um e para jogar em pares eu precisava do seu.
Os dois meninos arquearam as sobrancelhas pois todos sabiam que tudo relacionado ao video-game de Tomlinson era sagrado para ele. Consequentemente o babaca estava de fato apaixonado por a ponto de não se incomodar com aquele episódio fatídico.
- Falando no Irlanda, ele não vem? - Liam perguntou, olhando ao redor esperando que alguém o respondesse.
- Não. - a garota respondeu - Ele está com a . - foi impossível a sala toda não fitar Zayn, que mantinha os olhos fixos no nada, mais concentrado no estado de relaxamento que a maconha o gerou, não percebendo o desconforto geral, mas sentindo um golpe no estômago só ao ouvir o nome da loira.
Ninguém sabia se já podiam pronunciar Hilton sem haver problemas maiores, afinal Malik se mostrava entediado e irritado toda vez que a menina aparecia ou era mencionada e alguns defendiam que o badboy estava muito magoado para agir daquela forma, enquanto outros tinham certeza que ele não se importava e na verdade estava de saco cheio daquele drama. Contudo, o rapaz não falava com nenhum dos amigos sobre como se sentia e nenhum deles tinha coragem de tocar no assunto, então teorias eram formadas e ninguém possuía uma conclusão concreta. nem mesmo que sentia o coração apertado cada vez que via o garoto rolando os olhos ao ouvir sua voz ou então se retirar quando ela se aproximava da mesa.
- E o Harry?
- Com a . - Louis falou sentando-se no chão, entregando um dos controle para a namorada, não vendo necessidade alguma de perguntar para algum dos amigos se gostariam de iniciar a brincadeira. - E antes que você pergunte, a está na aula de teatro.
- Eu não ia perguntar sobre ela. - Payno sorriu cerrado achando graça. - É só que eu pensei que hoje seria uma tarde agradável com os caras, meus grandes amigos. E quando digo isso não incluo você, .
- Problema seu. - a ruiva deu de ombros, não se importando com a ofensa, mais concentrada em escolher seu avatar. - Só não deixa a sua cabeça burra esquecer do prazo que…
- Eu sei, eu sei… - rolou os olhos, deixando a cabeça cair para trás, apoiando-a no encosto do sofá.
O grupo bebeu, fumou e jogou até próximo às 21h, quando Liam decidiu ir embora para iniciar logo a matéria que precisava entregar naquela semana. Despediu-se do pessoal e ao adentrar o jeep já procurou pelo celular que havia permanecido no carro cerca de quatro horas.
Franziu o cenho ao ver que havia o ligado não uma, nem duas, mas sim dezessete vezes, como também o enviara uma mensagem no WhatsApp: Liam, inferno, cadê você?! Era tudo o que dizia a namorada exasperada. Estranhou tais atitudes, mas retornou as ligações e não obteve resposta, enviou-a também mensagens que mais uma vez não foram respondidas.
Como passava das nove sabia que Amina não ficaria contente com uma visita surpresa e por isso decidiu esperar até o dia seguinte e tratar sobre o assunto pessoalmente com a morena.
O gramado da Eton foi tomado por branco devido a pequena geada que iniciou durante a madrugada e não cessou até aquela manhã. Os alunos nem arriscavam passar tanto tempo na área externa do colégio e ao saírem de seus automóveis já percorria o caminho que os levariam para o interior do prédio de arquitetura arcaica.
O rapaz era um dos poucos babacas que permaneciam lá fora, batendo os dentes com o esqueleto tremendo e os dedos congelados mesmo que usando luvas. Harry friccionava as mãos contra o sobretudo que usava e tinha certeza que aquele gesto não adiantava de nada. Sua vontade era de seguir o fluxo de adolescentes e adentrar a maldita escola, todavia Louis o pediu para esperá-lo e como um bom amigo sentia-se um idiota por seguir o solicitação de Tommo.
- Você se perdeu no caminho para cá? - Styles perguntou alto ao ver o garoto desleixado arrastando sua bolsa carteira pelo chão, nem um pouco preocupado em sujá-la ou arruinar seu couro com a fina camada de gelo que cobria o solo. - Por que demorou tanto?!
- Eu só lembrei ontem que precisava fazer uma pesquisa para a aula da Sra. Casson. - explicou colocando a alça da bolsa no ombro e tirando uma pasta azul debaixo do braço.
- Eu fiquei aqui fora por dez minutos, Louis! - reclamou já subindo os degraus em direção a porta principal. - E para quê?
- Porque eu sabia que você também tinha esquecido da pesquisa de física e eu como um melhor amigo exemplar vou te passar agora. - entregou a pasta para o cacheado que juntou as sobrancelhas. - Não se preocupa eu fiz pesquisas diferentes, mas você só tem aula com a Sra. Casson no terceiro horário e como eu vou estar do outro lado do prédio não ia conseguir te entregar.
- Como você sabia que eu tinha esquecido? - franziu o cenho, sorrindo surpreso e abrindo pasta para visualizar sua pesquisa que estava muito bem escrita, com dois exemplos a mais que o pedido e realmente continha seu nome!
- Você parece muito distraído ultimamente. - revelou, voltando os olhos azuis para o menino que cerrou os lábios enquanto desviava das pessoas pelo corredor. - E eu acho que tem alguma relação com todas essas viagens surpresas para os Estados Unidos, mas você parece não querer conversar sobre. - parou em frente a seu armário para pegar alguns livros e Harry guardava a mochila a pasta e as luvas.
- Não é isso… Quer dizer é… é complicado. - negou com a cabeça abrindo os botões do sobretudo. - Estamos no último semestre e também tem essa merda de aposta. - abaixou o tom no fim da frase e aproximou-se do do garoto que o encarou tão cansado quanto ele. - Eu não sei, Louis.
- Harry, cara, se você está pensando em ir para Stanford, ou algo assim, você não precisa esconder de mim ou do pessoal. - falou jogando o casaco dentro de seu armário e esforçando-se para fechar a porta antes que tudo caísse no chão.
- Quê?
- Não é por isso que você está viajando tanto para América? - questionou como se fosse óbvio, sentindo-se muito esperto e sagaz por ter decifrado o enigma Styles. - Stanford é uma boa faculdade e é na Califórnia, ou seja, onde sua mãe está. E não importa se você se mudar - colocou a mão no ombro do rapaz, voltando a caminhar. - nós continuaremos sendo amigos e eu terei mais um motivo para viajar! Vai ser ótimo! - abriu os lábios num sorriso imenso já imaginando todas as festas que Anne o colocaria.
- Valeu, Louis. - espelhou o gesto dele, não tão empolgado mas logo chegou a seu armário e finalmente pode guardar seu sobretudo. - Seria mesmo uma boa ideia. - pareceu considerar a hipótese, mas o amigo não notou seu olhar distante pois do outro lado do corredor uma ruiva também mexia em seu armário.
Tommo aproximou-se sem que ela percebesse, e por trás a abraçou, fazendo-a tentar soltar-se e espancar o suposto estranho safado que a agarrava.
- Você me assustou! - com a mão sobre o peito encarou-o com as sobrancelhas arqueadas.
- Bom dia, honey. - Tomlinson beijou a testa da namorada, vendo que Harry já estava ao seu lado arrumando a alça da mochila.
- Eu preciso passar no jornal para deixar uns envelopes…
- Nós vamos com você - o namorado a interrompeu, comprometendo não apenas ele como também Styles que franziu o cenho arrumando o blazer ao corpo. - Não me olha assim, Harry. Não é como se você tivesse algo importante para fazer agora! - rolou os olhos passando o braço pelo ombro de , que sorriu de lado.
- Ahn… Eu tenho aula, Louis! - o moreno pontuou crescendo os olhos não acreditando na fala do garoto, mas logo percorrendo com pressa a pequena distância que o separava do casal que já se dirigia a sala do jornal.
Ao lado de Tomlinson, Styles caminhava com as mãos no bolsos e ao levantar o rosto para comentar a história que contava pode ver alguns garotos do time ao redor de um dos bebedouros, e apoiado a parede, Bennet os encarava sorrindo.
Foi inevitável não recordar do ultimato recebido, das palavras de Jason, a ameaça sórdida e o nó que sentiu na garganta. Ao ver o capitão do time acenar para ele com a cabeça, o mundo pareceu congelar e apenas Jason e Harry ocupavam aquele corredor, separados por poucos metros, mas também por um abismo de chantagens e jogos de poder que nenhum dos dois aceitava perder.
Os olhos verdes de Styles os encaravam fixamente e os poucos segundos levaram para se cruzarem assemelhavam-se a mais longa guerra fria.
Ao chegarem ao cômodo, Westwick estranhou o fato de Liam já estar ali, em frente ao computador, apenas encarando a tela como se algo muito importante estivesse ali, mas a verdade era que o rapaz não havia saído da área de trabalho ainda.
- Bom dia, Payno. - Louis cumprimentou, jogando a bolsa no chão sentando na mesa de Greg que ficava fronte a do amigo.
- Ahn oi. - respondeu despertando de seu transe e acenando para sua chefe como também para Styles.
- O que você está fazendo aqui tão cedo? - o indagou organizando os envelopes e pastas sobre sua mesa pois teria uma reunião com Burrows naquele dia.
- Eu cheguei antes para terminar minha matéria para o jornal. - ainda um pouco lento abriu sua mochila a procura de algo, percebendo então que não havia nada para pegar e largou-a novamente.
A menina notou seu devaneio e o encarou por breves segundos, reparando também que Harry e Louis haviam começado um assunto que supostamente Liam estava inteirado, mas a mente do menino parecia estar a quilômetros de distância.
Payne sorriu ao ver que os garotos riam de algo que o cacheado falava, mas logo levantou-se caminhando até o quadro de funções a fim de ver qual seria sua próxima matéria e foi seguido pela editora chefe.
- Tudo bem, o que está acontecendo? - questionou colocando as mãos na cintura e falando baixo para não chamar a atenção das duas toupeiras que não atentaram-se para o humor do amigo.
- O que está acontecendo? - devolveu a perguntando, voltando-se para ela visivelmente confuso, encarando o ambiente a seu redor recapitulando tudo que havia feito até o momento e constatando o óbvio, não havia cometido nenhum erro até o momento.
- Por que você está assim mais idiota do que normal? - cruzou os braços, rolando os olhos e apoiando as costas no quadro que continha o nome de toda a equipe.
- Não é nada demais. - desconversou, encaminhando-se até a cozinha a procura de café.
- Então há alguma coisa, só que você não quer falar. - concluiu, sentindo-se muito esperta por sua percepção apurada.
- Desde quando você se importa, ? - rolou os olhos, descobrindo que ainda não havia café para se tomar.
- Quer a verdade? - arqueou as sobrancelhas soando honesta e não parecendo preparar uma fala atrevida e sarcástica. - Eu não sei! Só percebi que você está… longe e queria saber se está tudo bem, mas esquece. - virou-se de costas para deixar o recinto, vendo que o idiota de seu namorado e o imbecil do melhor amigo dele jogavam clipes um no outro.
- A está brava comigo por alguma coisa que eu não sei o que é! - falou apoiando-se no mármore da pia, encarando os próprios pés. - Então estou tentando lembrar tudo o que eu fiz e disse nos últimos dias para descobrir o que eu fiz de errado, porque aconteceu alguma coisa!
Westwick esforçou para ignorar a bagunça que ocorria no cômodo ao lado e fechou os olhos buscando um meio de ajudar a pessoa que no momento ela dizia ser a que mais odiava. Talvez Liam repartisse o primeiro lugar com Meester…
- Okay… Primeiro; você é homem, então com certeza você fez algo errado. - pontuou e o moreno acenou positivamente ciente daquele fato. - Segundo; você tem certeza que não tem dedo da Lexi aí?
- Sim! Quer dizer, não. - desabotoou os botões da manga da camisa, dobrando-as até os cotovelos. - Mas se a Lexi tivesse feito algo, ela faria questão de eu saber para que ficar puto também.
- Então concluímos que você foi o idiota.
- Sim. E pelo jeito que ela me olhou hoje de manhã posso te garantir que eu fui muito idiota! - assegurou afobado, acenando com a mão, odiando-se por supostamente ter feito algo para magoar Ortega e nem ao menos saber o que era.
- Sobre o que vocês estão falando? - Harry apareceu com Louis em seu encalço, tentando normalizar a respiração ainda arrítmica devido a batalha com os clipes.
- Nada.
- O Liam fez alguma coisa para a e não sabe o que é.
Payne de falaram respectivamente e ao ser encarada pelo garoto de forma acusadora a ruiva deu de ombros voltando para sua mesa para terminar de organizá-la.
- Eu não te contei para você espalhar para o mundo! - o rapaz reclamou seguindo-a, apontando para os dois panacas atrás de si, que riam baixo pelo fato de ele estar fodido.
- Olha, eu não sei o que vocês homens costumam partilhar entre si. - a menina informou sentando-se em sua cadeira giratória. - E eles podem ser úteis pela primeira vez na vida e nos ajudar a descobrir a merda que você fez.
- Como? - Liam cruzou os braços ainda irritado, vendo que a dupla se aproximava ainda zombando dele.
- Fácil. - Westwick sorriu calculista. - O Louis é homem e como você faz merda o tempo todo, então ele pode lembrar de algumas das merdas que já fez e talvez uma delas seja a sua. Já o Harry é o nosso trunfo! - diabólica, apoiou os cotovelos sobre a mesa de madeira.
- Ele tem informações direto da que com certeza sabe o que aconteceu, porque vocês mulheres contam tudo uma para outra. - Payne matou a charada e pode ver o sorriso astuto nos lábios rosados da menina.
- Uhm… Você não é tão burro como eu pensei. - a garota soava orgulhosa não vendo falhas em seu plano.
- Eu só queria dizer que a não vai me dizer nada - Harry sentou-se na mesa de , de costas para ela, perdendo o olhar pasmo que a ruiva o lançou pela liberdade que o moreno não tinha de sentar-se sobre sua propriedade - , porque ela consegue sentir quando eu preciso de informação e para me torturar não fala uma palavra. Vadia sádica… - abaixou o tom da voz na última sentença, sentindo-se usado por todas as vezes que foi manipulado descaradamente.
- Liam, é impossível você ter feito algo tão ruim assim para a não querer nem ao menos olhar para você e não se lembrar! - Louis elevou as mãos não engolindo aquela história que soava incompleta.
- Eu estou falando cara, não tenho ideia do que possa ter acontecido. - sentou-se na cadeira mais próxima que encontrou e não tinha ideia de quem aquela mesa era.
- Bom dia, chefe. - Zayn adentrou a sala carregando seu envelope embaixo do braço, um copo de café na mão e um sorriso ameno no rosto.
- Hey, cara. - Harry colocou a mão no ombro dele, por ser o único no recinto que acreditava que o amigo ainda passava por momentos difíceis devido o término.
- Eu só vim entregar a tirinha e dizer para você - colocou o envelope de papel nas mãos de que agradeceu já abrindo-o para ver o trabalho do artista, tendo Tomlinson apoiando-se na cadeira dela curioso e animado para também admirar os desenhos. E então apontou para o melhor amigo que arqueou as sobrancelhas pego de surpresa. - , que você está muito fodido.
- Você sabe o que aconteceu?! - Liam cresceu os olhos, levantando-se.
- Claro que sim. - Malik riu divertido - Era a única coisa que a falava durante todo o caminho até aqui! - juntou as sobrancelhas aproximando-se do garoto. - Você não sabe o que é, não é? - franziu o cenho, mirando o fundo dos olhos do moreno.
- Zayn, eu nunca precisei tanto da sua ajuda como agora. - soava desesperado demais e aquele era problema pois é claro que o badboy tiraria proveito de sua aflição.
- Liam - apoiou-se no ombro do amigo, virando-se para o trio que sorria cerrado os encarando - , você só está deixando tudo melhor. - tomou um gole de seu café.
- Fala logo, Zayn, o que ele fez? - Styles perguntou divertido, cruzando os braços.
O moreno fitou o melhor amigo, podendo ver um misto de tormenta e raiva crescendo em sua expressão, mas naquele dia Malik estava de bom humor então por quê não levar Liam a loucura antes de revelar seu grande erro?
Riu espirituoso aproximando-se da mesa de , cochichando no ouvido do cacheado o que sua prima havia reclamado por todo o percurso até a Eton. Harry cresceu os olhos e deixou o queixo cair ao ouvir o relato do amigo, mirando Liam rindo, cobrindo os lábios com a mão e repetindo o que Zayn já havia tido, ele estava muito fodido.
A dupla encarregou-se de contar para o casal que já reclamava por ter sido mantido de fora da brincadeirinha que era atazanar Payne, que por sua vez, revirava os olhos, jogando-se na cadeira que antes estava, afundando-se no assento e passando as mãos pelo rosto cansado de lidar com aquelas crianças de oito anos.
- Liam, é melhor você parar de tentar descobrir o que fez e começar a pensar num jeito de se desculpar. - apenas o desesperou mais e irritado o moreno caminhou até sua mesa a procura de sua mochila.
- Eu vou embora. - Payne brandou frustrado e enraivecido.
- Calma, cara. - Louis pediu rindo e indo até ele. - Só estamos nos divertindo um pouco, mas depois de te torturar vamos revelar o motivo. Mas para isso você precisa ser paciente e aguentar as piadas - deu dois tapinhas no rosto do amigo, que o mirava entediado - , se não nunca vai saber porque a está brava com você.
- Já lhe passou a mente que eu posso perguntar a ela, gênio? - o alvo da chacota questionou, cruzando os braços
- Vai por mim, ela não quer te ver pela próxima década. - o primo da caçula pontuou terminando seu café e arremessando o copo no lixo mais próximo.
- Caralho, isso é sério, será que dá para vocês não agirem como idiotas pelo menos dessa vez?! - com os olhos castanhos carregados de decepção e preocupação, Liam fitou cada um dos amigos, que ponderaram sua fala deprimida e voltaram-se uns para os outros parecendo finalmente parecerem culpados pela brincadeira de mal gosto.
- Não…
- Impossível, Payno. Desculpa.
- Não mesmo!
- Se fudeu.
Falaram ao mesmo tempo caindo na risada e forçando o menino a tomar a decisão que avaliava a muito tempo, porém tinha medo de executá-la, que era falar com Ortega. Ele sabia que ela estava brava, mas não tinha ideia que aquela altura a garota o odiava tanto como Zayn falava.
- Liam, Liam - Harry o chamou assim que ele deu as costas ao grupo para retirar-se do recinto - relaxa! Não é como se ela nunca fosse te perdoar. - negava com a cabeça. inclinou-se por sobre a mesa para aproximar do rapaz sentado sobre ela e cochichou algo em seu ouvido, mostrado-o a tela de seu IPhone, Styles soltou uma risadinha pelo nariz crescendo os olhos. - Esquece, cara. - falou para o amigo que bufou encaminhando-se à porta da sala ouvindo as risadas do grupo atrás de si.
Ao colocar a mão na maçaneta e virá-la a porta foi empurrada em sua direção e a madeira quase acertou em cheio seu rostinho lindo.
- Bom dia! - uma sorridente e soterrada em roupas grossas e grandes demais, apareceu - O dia não está fabulosa?! - questionou olhando para cada um dos amigos e então quando mirou Payno sua expressão caiu no mesmo instante, tomando uma aflita e compadecida. - Uhh, para você não…
- Você também já sabe? - ele a indagou deixando os ombros caírem.
- A me mandou uma mensagem enquanto o Zayn contava para ela. - revelou indicando a melhor amiga que sorriu sapeca sobre o olhar censurado de Liam.
- Ah qual é?! - Westwick elevou as mãos em rendição, tentando salvar-se o julgamento - Não é como se cedo ou tarde a não fosse contar para ela!
Ainda com a mão na maçaneta, Payno ameaçou iniciar um discurso sobre a importância de se guardar segredos e que seu relacionamento não era um tipo de novela que os amigos podiam se meter, contudo Niall e já entravam correndo no cômodo.
Assim que colocou o primeiro pé na sala, os olhos castanhos de Hilton foram atraídos para um galante rapaz moreno, que até então sorria divertido com as mãos nos bolsos da calça, apoiado na mesa de , ao lado de Harry, porém ao fitá-la ele desviou o rosto, rolando os olhos. O golpe no estômago que a menina sentiu ao vê-lo desprezando-a a fez querer seguir pela direção oposta a qual o grupo se encontrava, mas ao mesmo tempo seu orgulho não queria mostrá-la afetada e ofendida com a atitude de Zayn, que ocorria corriqueiramente desde o último mês.
- Payno, uma irada está procurando por você! - Horan falou, tentando normalizar a respiração com a mão sobre o peito e uma careta por uma quantidade escassa de oxigênio adentrar suas narinas em direção a seus pulmões. - Oi babe. - sua compostura mudou completamente ao ver a única parte do corpo de que não era coberta por tecido, seu rostinho sorridente e com as bochechas vermelhas devido ao vento cortante.
Princesinha Styles riu, beijando nos lábios por saber que todo aquele drama era apenas um teatro para deixar tudo mais real.
- O que aconteceu?
- A e eu estávamos conversando e a chegou perguntando o que havia acontecido. - começou a explicar, ainda desconfortável pelo elefante na sala, que ocupava lugar entre ela e Zayn - Então ela descobriu o que você fez…
- A é a menor das minhas preocupações agora. Literalmente. - Liam deu de ombros, entediado e nem um pouco abalado com as informações de que sua melhor amiga minúscula e colérica o perseguia pelos corredores do colégio.
- Ohh...
- Essa não foi legal, cara.
- Liam - o primogênito Styles sorria incomodado, e preocupado com a saúde do amigo - , você não sabe o que está dizendo.
- A verdade é que a década que a vai levar para te perdoar não se compara com o inferno que a vai transformar a sua vida. - informou sentando no colo do namorado que ocupava a cadeira de um dos membros da equipe do jornal.
- Amém. - Tommo falou uma mão sobre o peito e a outra elevada aos céus.
- Isso não é uma coisa boa. - Payne disse ao moreno que riu de lado.
- Para você não, mas para nós vai ser muito divertido! - cresceu os olhos falando o óbvio, descrente que o outro garoto não havia entendido seu ponto desde o começo.
O rapaz próximo a porta rolou os olhos bufando e sem pronunciar uma palavra virou-se de costas para se retirar do recinto, esbarrando em Meester que aparecia visivelmente irritada. Liam fechou os olhos impaciente, pois primeiro; aquela era a segunda que tentava sair da sala e era impedido por alguém que trombava nele, e segundo; sabia que a melhor começaria a falar e não pararia mais.
- Você enlouqueceu? - a morena falou dando um passo de cada vez a medida que o menino recuava um passo, até esbarrar em uma mesa e precisar parar - Ou você é só muito burro mesmo?
- … - arqueou as sobrancelhas tentando estabelecer um pouco de autoridade naquela merda de diálogo, mas a garota já o cortou voltando a sua fala.
- Porque eu sei que você é estúpido, ou só não sabia o quanto. - cruzou os braços, elevando o queixo e ambos ouviram uma onde de "Uhhhhh" que os amigos proferiam apenas para deixar o ambiente mais tenso e cômico. - Como você pode fazer isso Liam?
- O que você tem a ver com essa história, ? Isso é entre a e eu! - respondeu audacioso apenas para mais onde "Uhhhhh" ser iniciada, todavia a menina ignorou a todos.
- Eu esperava isso do Malik, porque nós sabemos que ele é tapado…
- Ei! - Zayn reclamou, deixando de rir no instante que ouviu o insulto, mas ninguém o deu ouvidos.
- Mas não de você. - Meester não sabia se ficava decepcionada ou zangada com o moreno a sua frente que passou as mãos pelo rosto farto daquele assunto.
Aquele, supostamente, era para ser só mais um dia, mas então sua namorada estava brava por algo que ele fez. Até aí tudo bem! Ele errava, pediria desculpa e pronto, porém naquele momento o grupo inteiro se movia e falava apenas sobre seu relacionamento e o garoto não conseguia dizer se tudo o que diziam era exagero ou que havia feito fora tão grave assim.
- Você conversou com ela? - Payno questionou apoiando as mãos na mesa atrás de si.
- Sim. Ela está muito triste. Muito. - sua melhor amiga frisou apenas para deixá-lo pior. - Muito mesmo.
- O que ela te falou sobre o ocorrido? - o menino cruzou os braços, franzindo o cenho e atentando-se a cada palavra que a morena pronunciaria, entretando, ao abrir a boca para começar, pode ver , Louis e Zayn pedindo a ela que parasse naquele instante porque Liam não sabia o que havia feito e torturá-lo estava sendo muito divertido.
- Você não sabe o que fez de errado, não é? - o encarou acusadora.
- Ah, vai se foder. - o namorado irresponsável falou para ninguém especificamente, pegando sua mochila e arrumado-a nas costas para finalmente deixar o cômodo.
- Liam - Westwick o chamou e ele virou-se lentamente para a ruiva. - , você deixou o seu computador ligado. A sua matéria está pronta, eu posso pegar? - caminhava até a mesa do moreno para procurar entre os arquivo o texto que precisava.
- , que inferno! O meu prazo é até quinta que é… - dizia irritado e bateu as mãos nas coxas, até que teve um estalo. - hoje! - precisou de breves segundos para assimilar o que acontecia enquanto o grupo todo leha lançava olhares ansiosos pra que ele percebesse a idiotice que havia feito. - Meu deus, eu combinei com a de ir pegá-la na academia de dança e nós iríamos ao cinema, mas eu falei que faria isso na quarta e ontem foi quarta porque hoje é quinta e não quarta. - despejou toda a informação para que os meninos começassem a bater palmas pois finalmente a toupeira descobrira o que acontecera. - Meu deus. Meu deus!
- Finalmente hein, Li!
- Eu já tava começando a pensar que ele era mais burro do que eu imaginei.
- Caralho cara, você é muito estúpido.
- Eu preciso falar com ela. - virou-se afoito para .
- Então vai ué, como você disse eu não tenho nada a ver com isso. - a morena deu de ombros, ouvindo o sinal anunciando o início das aulas e que a partir daí todos tinham quinze minutos de tolerância para adentrarem suas respectivas salas. - Mas parece que você vai ter que esperar até o almoço. - sorriu perspicaz.
- Merda… - reclamou sabendo que a cada minuto que passava e aquela história não tinha um desfecho o pessoal não o deixaria em paz e continuaria pensando que ele havia deixado-a plantada no estacionamento da academia de dança propositalmente.
Infelizmente nada podia ser feito a respeito e o menino precisou esperar até o almoço. Levou muito tempo e esforço para conseguir convencer princesinha Styles a lhe falar em que sala Ortega tinha o último horário, porque ele não sabia nem o sua grade de aulas decorada, imagina de terceiros. Passou na sala onde a morena deveria estar, contudo não a encontrou lá e decidiu correr até o refeitório, ao adentrar a porta do grande salão, o varreu com os olhos a procura da caçula e pode avistá-la na mesa de sempre com ao seu lado.
As menina riam de algo que contava, enquanto a garota gesticulava abertamente e dividia sua atenção entre sua refeição e sua história, no entanto, assim que mirou Liam parado a frente das duas a expressão feliz dela caiu e uma zangada tomou seu lugar.
- Baby doll, eu posso explicar.
- Explicar o que, sweetheart? - questionou cínica, vendo-o sentar-se no banco a frente dela. - Que eu fiquei te esperando por quarenta minutos na academia de dança, pedi um táxi para casa me arrumei para irmos ao cinema e você não atendia nenhuma das minhas ligações enquanto estava ficando chapado no Louis?
- Sim. - respondeu, arrependendo-se logo em seguida ao vê-la arquear as sobrancelhas - Quer dizer não! A verdade é que eu estou com medo de falar algo errado.
- Fala logo, Liam.- ainda o encarava raivosa e antes de o rapaz começar seu pedido de desculpas, voltou os olhos para a melhor amiga, clamando por ajuda que foi negada com o olhar pleno e indecifrável que o lançou.
- Eu esqueci completamente que ontem era quarta, eu pensava que hoje era quarta, mas não é… - falou rapidamente, desesperando-se a medida que a morena cerrava os olhos para fitá-lo, não acreditando em nenhuma palavra que ele dizia - Porque hoje é quinta e não quarta. E eu juro, eu juro, que eu nunca faria isso, é que eu me perdi no tempo e pensava que nós sairíamos hoje.
- Ele está achando que eu sou estúpida. - virou os rosto para Meester ao seu lado, rindo divertida e dissimulada.
- Deve ser por causa do seu rostinho bonito. Eles sempre subestimam um rostinho bonito. - respondeu a altura e ambas voltaram a mirar o rapaz que sabia que precisava melhorar sua história.
- , você não está ajudando. - falou com um sorriso forçado, podendo vislumbrar a amiga rindo de sua desgraça - - já irritado, falou para a namorada, ou ela o perdoava ou parava de encher o saco - , eu não estou mentindo! Eu até esqueci da minha matéria para o jornal e você sabe que eu deixo de estudar para as provas para fazer os textos do jornal! Eu me perdi no tempo!
- Tudo bem, eu acredito em você - assumiu vendo Louis, Niall e juntarem-se a eles na mesa. - , mas você vai me compensar pelo o que aconteceu. - Liam confirmou com a cabeça já disposto a fazer qualquer coisa que fosse necessário. - E vai começar melhorando o tom de voz comigo.
- Caralho. - Tommo cresceu os olhos não conseguindo fingir que encarava só seu sanduíche de peru - É sempre chocante ver a mandando assim. - riu, dando um tapa na nuca de Payno que tentou se defender e só levantou-se aborrecido para ir em direção ao restaurante pegar uma bandeja.
Não demorou para todo o grupo chegar com suas refeições e ocuparem lugares pela extensão da mesa e como Zayn acabou sentado ao lado da prima, Liam empurrou o prato de para perto de Harry "forçando-a" a sair de seu assento, concedendo-lhe espaço do lado da namorada.
- Eu estava pensando de nos reunirmos para a noite dos jogos esse fim de semana. - falou sorridente, já empolgada com as oportunidades, pois eram sempre naquela noites que todos conseguiam as melhores fotos para fazerem os amigos passarem grande humilhação futura.
- O que vamos jogar? - seu irmão a indagou roubando o refrigerante de que apenas encarou a mão do rapaz tomando o copo que antes estava a sua frente.
- Não sei. - a mais nova revelou. - Confesso que estou mais preocupada com o cardápio.
- Que tenha batata frita, que tenha batata frita… - fechou os olhos, fingindo pedir aos céus e a princesinha riu.
- Batata frita está na lista. - confessou.
- Nossa, você leu minha mente! - a ruiva brincou mordendo um pedaço de sua pizza.
- Nós podíamos jogar Just Dance e também ter uns jogos de tabuleiro. - Niall ofereceu.
- Just Dance, bom! - Louis falou engrossou a voz tentando soar sério, mas só levou as meninas a risada.
- Quem vai? - Malik perguntou, colocando seu hambúrguer no prato e limpando as mãos com o guardanapo.
Ao ouví-lo, Hilton manteve a cabeça tentando não se afetar, sentiu vontade de arremessar sua faca na garganta do moreno, Tommo riu nervoso e fez uma piadinha sobre um garoto da equipe de xadrez que passava e ninguém conhecia como também ninguém riu, rolou os olhos pronunciando um "pelo amor de deus…" irritado, Harry riu nervoso, Niall não sabia se mostrava apoio a melhor amiga ou ignorava para não expô-la como uma criatura frágil que não conseguia lidar com seus problemas, Liam apenas fitou o badboy e pisou em seu pé por debaixo da mesa.
- Então… umas sete horas? - optou por continuar o assunto sem alarde maior.
- Como assim, quem vai, Zayn? - Orteguinha questionou baixo, encarando-o irritada. Contudo quem estava por perto a ouviu e isso incluía, Liam, e Lou que tiveram a atenção sugada pela possível discussão que começaria.
- Eu achei uma pergunta bem razoável. - o moreno deu ombros, voltando os olhos castanhos para a prima que o mirava tentando decifrar o quão machucado ele estava para tratar a modelo daquela forma tão fria.
- Por que você não deixa de ser babaca? - a caçula curvou o tronco para que só ele a ouvisse. - Não é só porque você está muito magoado que tem que machucá-la dessa forma.
Malik a encarou ilegível, mas a garota sabia que era raiva o que o menino sentia. E Liam, por sua vez, conseguiu escutar a fala miserável da dançarina, tendo um sobressalto:
- ! - censurou a namorada, elevando os olhos ao melhor amigo que ainda fitava a mais nova.
- Vai se foder, . - falou com o tom baixo, assistindo nenhuma alteração na expressão da menina - A verdade é que você quer que eu me sinta mal para precisar de você. Mas surpresa priminha, eu estou bem e não preciso de você para nada. - voltou a comer seu hambúrguer, notando que ninguém havia se atentado a seu ataque como também que Ortega levantou-se para retirar-se da mesa.
Payne até tentou chamá-la, mas não o fez para não chamar mais atenção a discussão dos primo, então tentou impedi-la segurando-a pela mão, entretanto ela desviou e o rapaz passou uma das mãos pelos cabelos vendo-a retirar-se do refeitório.
- Onde ela vai? - Meester perguntou, com as sobrancelhas arqueadas, virando o rosto por cima do ombro para acompanhar com olhar a amiga se afastando.
- Uhm? - Liam franziu o cenho, curvando-se por sobre a mesa só para ganhar tempo e pensar em uma desculpa, enquanto Malik mantinha seu foco em seu almoço. - A ? - indagou só para ver a melhor amiga rolando os olhos, afinal, claro que ela se referia a caçula - Ah, ela falou que precisa pegar o carregador do celular no armário e eu já estou indo também. - explicou orgulhoso de ter conseguido arrumar algo tão convincente assim. - Pegou pesado, cara. - voltou-se para o moreno, abaixando a voz.
- Agora não, Liam. - bufou, já não sabendo mais onde poderia cometer mais um erro para a coleção. Sentiu uma mão em seu ombro e elevou o rosto para encontrar o melhor amigo sorrindo de lado, sem humor, passando-lhe apoio, de alguma forma.
- Ahn, eu não vou poder ir para a noite dos jogos. - revelou cuidadora, não querendo magoar a loirinha, afinal sabia o quanto aquele encontro significou para a Styles.
- Por que não?!
- Eu vou para Nova Iorque amanhã e só volto na primeira semana de março. - explicou sentida por perder o compromisso e logo sua atenção foi voltada para Zayn também deixando a mesa.
- Eu vou te perdoar só porque você vai estar nas semanas de moda e vai ganhar muitos presentes e eu vou poder pegar todos emprestado. - sorriu para a amiga.
- Com certeza. - respondeu logo começando a falar mais para as meninas sobre os eventos que estavam para começar, os garotos por sua vez apenas não prestavam atenção pois perceberam que enquanto Malik caminhava em direção a porta do refeitório Chase chamou-o e naquele instante o moreno sentava-se em frente a Bennet, dizendo algo que fez o capitão do time sorrir ladiano.
Harry, Tommo e o irlandês cruzaram olhares desconfiados, desentendidos e tensos, não querendo nem considerar uma possível aproximação de Zayn e Jason.
Após sentir-se o mais estúpido dos homens por ter cometido um erro tão banal por simplesmente não ter prestado atenção no celular, o rapaz circundava o chafariz e estacionava o jeep em frente a porta principal da casa da namorada, que logo apareceu sorridente, correndo a curta distância que os separavam e adentrou o veículo para beijá-lo nos lábios.
Ele dirigiu até o cinema como o combinado no dia anterior e após o filme a morena insistia que queria deliciar-se com uma sobremesa, mas além de não saber exatamente o que seu paladar exigia gostaria de cozinhar a receita escolhida e Liam sabia que aquilo tomaria muito trabalho, mas ele não podia protestar devido a infração cometida como também imaginava que poderia ser legal, portanto foi o menino quem escolheu a sobremesa e o casal foi ao mercado mais próximo a casa dele a fim de comprarem os ingredientes.
Já na cozinha dos Payne, o moreno tinha sucesso cortando seus morangos enquanto o perguntava a cada cinco segundos se a massa do crumble estava na textura correta e a verdade era que ele não tinha noção! Por isso que ele convidou a mente brilhante por trás daquela cozinha; Karen.
A mão do garoto os auxiliou a medida do possível, não querendo se intrometer demais para que os adolescentes fizessem grande parte sozinhos, mas como ambos conseguiram errar até em coisas simples, Sra. Payne não teve escolha a não ser por a mão na massa, literalmente. Mas não demorou para que o crumble de morango fosse levado ao forno e após vinte e cinco minutos o recipiente com a sobremesa já era colocado sobre a bancada de mármore e o aroma delicioso inundava toda a cozinha.
- Você está colocando muito sorvete. - o moreno avisou a namorada, vendo-a arrumar com muito cuidado uma porção da guloseima.
- Sorvete nunca é demais, sweetheart. - sorriu ainda concentrada em deixar o prato esteticamente bonito.
- Esse é para mim ou para você? - juntou as sobrancelhas, ainda torcendo o nariz pela quantidade de sorvete que a menina insistia a lotar o crumble.
- Para mim. - respondeu duvidosa, pois desde o começo ela estava se servindo, mas ao ouví-lo indagá-la tentou recordar-se se, por acaso, passou a ideia equivocada de que ela montava o prato para o rapaz.
- Claro, né… Por que você me serviria antes? - riu divertido.
- Coitadinho - fez biquinho - A criança não consegue se servir sozinha! - falava com falsa pena esticando a mão para apertar a bochecha do menino que desviou, empurrando o braço dela.
- Sai . - riu já com a colher em mãos para montar seu prato.
Até Geoff experimentou da sobremesa do casal e os elogiou pelo desempenho e após se deliciarem com mais da metade da forma, Liam a guiou até a sala de TV pois estava muito ansioso para assistir a season finale da série que acompanhavam juntos e que já havia levado um spoiler devido a um post que viu por acidente no facebook. Seu desejo era reparti-lo com Ortega, mas a morena ameaçou batê-lo se ele abrisse a boca, o que o forçou a ficar insano de tanta expectativa por aquele momento.
E enquanto não tiravam os olhos da tela da televisão, lembrou-se de como foi o decorrer de seu dia. De como acordou brava com Payne e como a fez rir pelo fato de que a raiva que a melhor amiga carregava era ainda maior que a sua, de como o menino apenas cometeu um erro tolo, mas fez questão de consertá-lo levando-a ao cinema como havia prometido e queria tanto vê-la contente que até aceitou preparar a sobremesa, a comprá-la num mercado qualquer, o que seria bem mais fácil, no entanto, mesmo assim Liam optou por passar por aquela experiência singela ao seu lado. Agora eles assistiam ao último episódio da série que repartiam e a garota sentia uma felicidade simples, porém completa.
- Liam. - nem ao menos percebeu que o chamou. Com a cabeça deitada no peito dele, sentindo o carinho que o garoto fazia em suas costas.
- Uhm? - murmurou beijando o topo da cabeça da morena, de forma automática, sem tirar os olhos da TV.
- Eu te amo. - pela primeira vez proferiu a ele aquelas três palavras tão modestas e ao mesmo tempo tão cheias de valor.
Ao ouvi-la, Payne voltou-a seu rosto surpreso como também muito feliz, abriu um sorriso extasiado e satisfeito, vendo-a erguer o tronco e mirá-lo com aqueles olhos que ele tanto adorava.
Ortega o beijou nos lábios. Primeiro porque queria senti-lo ainda mais perto, mas também porque tinha medo da resposta. Sua imaturidade e ingenuidade envergonhavam-se do possível silêncio constrangedor que se instalaria se Liam não respondesse da mesma forma, além de que a garota não desejar passar a impressão de que esperava que ele também a revela-se o que ela acabara expor, sua intenção não era pressioná-lo.
E com uma mão no rosto da namorada, acariciando a pele macia de sua bochecha, tendo suas respirações mesclando-se e as mãos dela fazendo-o um carinho confortável ele não teve dúvida nenhuma do que sentia, e ao afastar seu rosto do dela, apenas disse o que já sabia há muito tempo.
- Eu também te amo, . - sorriu mais uma vez para beijá-la novamente.
Tinha em mente que ambos possuíam personalidades completamente distintas, ela era uma dançarina, ele um boxeador. Ela preferia matérias biológicas, ele exatas. Ela era um anjo que tentava encarar as situações pelo lado positivo e sempre ver o bem as pessoas, enquanto ele nem ao menos tinha paciência para lidar com a maioria delas.
Mas numa coisa ambos concordavam em suas ações. Ambos se conheciam, sabiam quando o outro precisavam de espaço, ou quando queriam um abraço, se o sorriso que sustentavam era real ou falso, conheciam os sonhos uns do outro, até mesmo repartiam alguns e se amavam mutuamente e sentia-se amados.
OOO
- Você acha mesmo que é uma boa ideia fazer isso? - cochichou no ouvido do namorado.
- Claro que sim, honey. Só relaxa. - ele pediu com um sorriso confiante e levantou os olhos rapidamente para ver se tinha algum inspetor por ali antes de roubar um beijo da garota.
- Louis… - continuou a pressionar, preocupada com os resultados da brincadeira.
- Baby, confia em mim.
- Eu confio, mas se você for pego eu vou perder cem euros. - ela disse por fim, - E se eu tiver que pagar cem euros para o Benett porque você não tem competência pra tomar uma cerveja, nós vamos terminar.
- E se eu ganhar?
- Nós vamos transar aonde você quiser. - Westwick propôs após alguns minutos de reflexão.
- Qualquer lugar? - os olhos azuis brilharam com as inúmeras possibilidades que vieram a sua cabecinha criativa.
- Qualquer lugar.
- E se eu quiser na sala do Gelner?
- Aonde você quiser, Louis. - ela riu.
- Você é a melhor namorada do mundo!
Tudo começou com boatos de que no lago que ficava depois do campus principal estavam afundadas quatro barris de cerveja que foram afundados ali por garotos do último ano que quiseram deixar seu legado e os boatos correram por mais de quinze anos embora ninguém tenha obtido sucesso na busca pelos barris.
Durante a aula de educação física Benett decidiu que já era tempo de encontrarem os barris afundados e criarem uma nova história aos heróis da Eton que encontraram o mito. Liam e Harry discordaram fortemente e afirmaram que tudo não passava de um boato, Louis se absteve de comentários embora todos acreditassem que ele sabia de alguma coisa dada a amizade do Diretor Gelner com os Tomlinson.
Introdução à metodologia científica era matéria exclusiva do último semestre do quarto ano, sendo este o único horário em que os cinco meninos, e tinham juntos. Com uma grade de setenta e duas horas, a orientação extensiva aconteceria quinzenalmente durante uma tarde inteira, até março, quando os alunos do último ano enviavam suas cartas às universidades escolhidas e esperavam pelos resultados que só chegavam em julho.
- Malik eu não vou falar duas vezes, o Liam vai fazer dupla comigo. - falou enquanto sentava na cadeira vazia ao lado de Payne. Os dois estavam nessa batalha há semanas e ninguém mais tinha saco para a pequena guerra deles.
- , eu já estava sentado aqui desde Física. Minhas coisas estavam aqui. - Zayn suspirou alto, procurando onde estava sua mochila que devia estar li realmente, mas não se encontrava em nenhum lugar no alcance de seus olhos.
- Na verdade tinha uns lixos em cima da mesa mas eu já joguei tudo ali no lixo. - ela apontou para o grande lixeiro cinza que ficava ao lado do quadro branco.
O "lixo" a que a garota se referia, eram os rascunhos que Zayn estava elaborando para a tirinha do jornal.
- Eu vou jogar seu notebook fora. - ele ameaçou e pegou Macbook dela de cima da mesa.
- Liam. - apelou e cutucou o melhor amigo que estava de costas para os dois, conversando com Louis e Niall. - Olha o Zayn aqui.
- O que foi? - Payne sentou corretamente em sua carteira e logo viu que Malik segurava o notebook de . - Zayn, para com isso. Dá o computador da menina.
- Ela jogou o meu trabalho fora. - o moreno argumentou pacientemente, sentando na cadeira da frente guardando o notebook branco no colo.
- , entrega os desenhos do Zayn. - Liam mandou.
- Eu já falei, não tenho desenho nenhum comigo. - a menina respondeu petulante e sorriu para Zayn.
- , entrega essa porra. - Payne era a pessoa mais legal do mundo com os outros, mas não tinha a menor paciência para as birras da melhor amiga e ninguém entendia muito bem como funcionava a dinâmica daquela amizade.
- Está tudo no lixo. - ela cantarolou, sorrindo sutilmente enquanto testemunhava o rapaz ficar tenso em sua cadeira.
- Você vai lá buscar. - Zayn virou sobre sua cadeira para encarar a morena.
- Não vou não.
- Vai sim. Ou não vai receber seu notebook de novo.
- Eu vou ligar pro Yaser.
Os olhos castanhos de Malik piscaram uma vez só e o sorrisinho de quem estava achando a discussão engraçada, acabou:
- Até você ligar eu vou ter destruído essa merda, Meester. Só entrega a porra do meu desenho.
- Sr. Malik! Zayn Malik, por favor venha até aqui buscar seu material que está sobre a minha carteira. - a voz nitidiamente irritada da Prof. Novak ecoou pela sala enquanto ela apontava para a cadeira ocupada por uma pilha de papéis inúteis clipados com um pedaço de papel rascunhado "ZAYN MALIK".
- Idiota. - o menino xingou a menina antes de levantar e se desculpar com a professora pelo terrível inconveniente.
Louis estava entediado desde que Harry, sabe-se lá o porquê, decidiu que aquele seria um ótimo ano para se reconectar com a mãe, e por isso vivia viajando para a América. Ele adorava a companhia de , mas Harry era o seu melhor amigo, era com ele que o garoto gostava de passar as tardes enchendo o saco dos estudantes novos ou matando tempo dentro da sala de aula quando o assunto discutido se tornava muito chato.
Assim que a professora começou a falar, os alunos começaram a se entreolhar e esperar para ver quem seria o primeiro a começar a tomar ali mesmo. Mas só quando a primeira metade de hora passou, que Louis teve coragem de abrir sua mochila e puxar o copo da Peppa Pig e colocá-lo em cima da mesa.
estava tentando não ficar tensa, mas a ideia de que a professora emérita convidada estava há alguns metros, lecionando e distribuindo todo o seu conhecimento, deixava a situação duas vezes mais complicada porque nada escapava aos olhos daquela mulher.
Liam jurava que tentava prestar atenção na aula mas não dava e ele tinha sérias dúvidas sobre se o amigo teria sucesso ou não na empreitada. Coragem para beber ele tinha, mas a habilidade de não ser pego e severamente punido já exigiam outras qualidades que Tommo definitivamente não tinha. Mas ainda sim, até ele estava apostando a favor do amigo.
Niall e apostaram facilmente em Louis só pela diversão apesar da menina ter ofendido Benett porque ele também estava apostando no garoto. Apesar de dois garotos que jogavam com ele também estarem participando da brincadeira, todo mundo sabia que no quesito estupidez, ninguém poderia bater um Tomlinson.
E por fim tinha Zayn, que não quis apostar em ninguém quando viu o sorrisinho ridículo de Hilton quando ouviu a proposta de Louis. Ele não aguentava mais o som da respiração dela e seu humor começou a melhorar quando a menina passou a se ausentar dos encontros da turma.
A grande vantagem daquele dia é que não estavam nas salas de aulas comuns e sim nas classes que seguiam os padrões universitários: fileiras gigantes enfileiradas por degraus e como a aula dirigida era para todos os alunos do último ano, não ficaria um lugar vazio até o fim da tarde e assim seria mais difícil para a severa professora entender o que estava acontecendo e quem estava participando.
O calor da sala acabou se tornando um incentivo para os apostados beberem mais e latinhas do pack de seis que cada um trouxe dentro da mochila, foram acabando rapidamente e quando faltava só uma para Tommo, a professora começou a perceber a inquietação de toda a sala e passou a observar cuidadosamente enquanto falava.
- Tommo, chega por agora. - Zayn cochichou para Lou, após notar as diversas olhadelas da mulher para a região onde estavam sentados.
- O quê? - Louis fez uma careta, se contorcendo sobre a cadeira para ver direito o rosto do moreno e poder ler os lábios dele.
- Ai meu deus… - escondeu a cara nas mãos antes de voltar a digitar o conteúdo do quadro. Suspeitando de que aquela aposta ia morrer ali.
Louis não estava bêbado. Nem um pouco. Era preciso muito mais do que um pack de latinhas para derrubá-lo, mas isso não significa que seu tempo de resposta não se retardava ou que ele estava mais relaxado do que deveria estar dentro de uma sala de aula com uma das mais proeminentes professoras que o Eton College já teve.
- Eu estou notando que a turma está desconcentrada hoje. Tem algo acontecendo em paralelo com a aula, que eu não esteja ciente? - Prof. Novak finalmente perguntou, saindo de seu grande palco e caminhando até a primeira fileira de alunos que nem se davam ao trabalho de olhar para trás porque achavam a aposta uma grande idiotice.
Mas como ninguém falou, ela voltou ao seu cronograma didático e o pessoal lá em cima respirou aliviado porque tudo não passou de um susto.
- Tommo, já chega. Você já venceu. Ninguém passou da primeira latinha e você está na última. - Niall apelou, não entendendo porque o amigo continuava bebendo se a proposta foi tão facilmente cumprida.
- Toma um gole, Nialler. - Louis ofereceu, esticando o copo para o loiro que se retraiu como se fugisse de uma praga. - Liam, você quer?
- Não Louis. Coloca esse copo na mesa antes que você derrube. - Payno riu. Se perguntava se era muito errado estar se divertindo tanto com a atitude tão errada de Tomlinson, mas logo descobriu que toda a graça poderia se transformar em apreensão.
- Eu não acredito que o Harry está perdendo isso… - Tommo lamentou mas colocou o bendito copo na mesa e pegou o celular dentro da mochila para mandar uma mensagem para o melhor amigo.
- Você não precisa mais beber, há muito tempo na verdade. - Zayn bateu na mesma tecla. Procurando por possíveis motivos para a insistência de Lou no mesmo erro.
Louis se inclinou sobre sua mesa para se aproximar do moreno e explicar:
- Na verdade eu preciso sim. Se eu não beber tudo…
- Tomlinson! - beliscou o namorado, interrompendo-o. Acontece que aquele burburinho, junto com o cheiro alcoólico que estava preso dentro da sala fechada e o ar condensado , finalmente tiraram a total concentração da Prof. Novak e o pequeno grupo discutindo nem percebeu quando a mulher silenciosamente subiu as escadas e só parou quando chegou na fileira de onde emanava a desordem.
- Louis. - Um Niall petrificado murmurou, chamando a atenção do casal enquanto a professora passava pelo apertado corredor na frente deles, impossibilitando que fosse possível guardar o copo que ainda estava cheio de cerveja morna.
- Sr. Tomlinson e Srta. Westwick.
- Sim, Prof. Novak? - perguntou solícita. Não era de seu feitio ser sorridente, por isso ela não viu a necessidade de sorrir, ainda mais para alguém que ela nem gostava tanto.
- O que está acontecendo aqui? - a mulher apontou para o casal e Zayn, que estavam logo abaixo de Liam, e Niall.
- Nós só…
- Calado. - a garota colocou a mão sobre a boca do namorado. Impedindo que ele falasse e todo mundo ali sentisse o hálito alcoólico que saia de seus lábios.
- Pode deixá-lo falar, Srta. Westwick. - Prof. Novak riu. - O que você estava dizendo, Sr. Tomlinson?
Louis meneou a cabeça em negação, se recusando a falar.
- Sr. Tomlinson, visto que tenho fortes indícios de prática de conduta ilícita em minha sala de aula, eu vou pedir para o senhor me entregar esse copo, pegar suas coisas e aguardar lá embaixo até que um inspetor venha lhe acompanhar até a sala do Sr. Gelner. - dito isto, a professora estendeu a mão para esperar que o copo fosse para sua mão.
Mas Tommo olhou para ela, olhou para o copo cheio, olhou para ao seu lado e pensou o mais rápido que pode sobre o que deveria fazer. Chegou a conclusão de que já estava fodido e que se fosse para ser provavelmente expulso, que pelo menos ele conseguisse um passe livre para transar aonde quisesse.
E então, em um ímpeto de insanidade ele tirou a tampinha do copo, revelando o conteúdo amarelado com espuma e virou o copo na boca, não soltando o objeto infantil enquanto não tomou até a última gota.
- Ahhhh pronto! Agora nós podemos ir, Prof. Novak! - O menino levantou de sua cadeira e aproveitou que já estava muito fodido para dar um beijo de adeus na boca da namorada chocada e muito atraída por todo aquele mal comportamento.
Ao mesmo tempo em que os olhos da professora quase saltaram fora, tamanho o choque diante a ousadia e afronte daquele pequeno adolescente idiota, os mais de cento e vinte estudantes não ousavam mover um músculo sequer, esperando para ver o que ia acontecer.
- Marcus! - Louis abriu os braços para cumprimentar o inspetor Scribner que já estava na porta, esperando-o.
- Não faça alarde, Tomlinson. - o homem não deu o ar da graça. Era melhor cortar a efusividade do menino por ali mesmo, antes que perdesse o controle sobre ele.
- Ah Marcus, por que você está tão chateado hoje? Sua namorada terminou com você? - Lou passou o braço sobre os ombros do inspetor e inclinou o rosto para ouvir.
- Eu não tenho namorada. Sou casado. - o inspetor desconversou, andando pelos corredores sem nem olhar para o adolescente idiota que ia literalmente em cima dele.
- Mentira! - Tommo abriu a boca - Quando você casou?
- Há sete anos.
- Por que eu não fui convidado, cara?
- Porque casamentos são para família e amigos. - ele explicou entediado, dando espaço para que o aluno entrasse no elevador que os levaria até a sala de Charles Gelner.
- Eu sou seu amigo, Marcus. Ou você acha mesmo que eu divido minha comida com quem eu não gosto? - Louis pressionava a mão contra o peito, super magoado com a indiferença de Marcus à grande amizade deles.
- Chegamos. Você vai aguardar aqui fora até o Gelner chamar, entendido? - o inspetor se certificou de que Tomlinson não arredaria o pé dali e não se sentiu tão seguro sobre o fato já que o menino sorria. - O que foi, Tomlinson?
- Nada ué. Eu só estava pensando que já decidi qual vai ser o meu presente de despedida pra você. - Tommo estava realizado diante sua própria inteligência.
Marcus todavia, não ficou tão confiante assim quando descobriu que ainda receberia um "presente de despedida" daquela peste. Mas para alguém que estava contando receber uma carta de demissão ao fim do semestre, o homem trabalhador iria se surpreender quando descobrisse que por indicação de Mark, receberia uma promoção para diretor da equipe de inspetores, os vinte e cinco cães de guarda da Eton que garantiam a integridade física dos professores e instalações.
A porta dupla de madeira foi aberta e a voz de Charles Gelner soou cansada:
- Pode entrar, Tomlinson.
Lou entrou tranquilamente, notando que uma sessão de livros da grande estante foi esvaziada e que também a cadeira do diretor já não era a mesma de couro marrom que ele usava há uns dois anos, e que inclusive foi onde ele e Saint ficaram em uma noite de acampamento no colégio, enquanto a equipe inteira estava ocupada com um incidente entre alguns calouros.
Gelner voltou para sua cadeira nova, que mais parecia uma poltrona do papai, e aguardou até que o aluno sentasse a sua frente, estranhando o silêncio do homem. Era estranho estar ali sem ouvir o falatório frustrado do diretor, mas ali estavam os dois e Louis jurava que podia ver fumaça saindo da cabeça pensante daquele cara grisalho e estressado.
- Louis, pelo amor de deus, o que eu vou fazer com você? Você tem noção de que se eu abrir a sua mochila, vou ter que te expulsar? No último semestre? - o diretor finalmente falou, soando muito mais preocupado do que irritado.
- Mas você não vai fazer isso, Charlie, nós somos amigos! Você gosta de mim! - o menino estava muito mais preocupado agora que o amigo de seu pai estava falando sério e nem um pouco bravo como ele sempre ficava.
- Meu deus do céu… - quando tirou o óculos de grau, foi possível ver os olhos cansados e um pouco maquiados para esconder as profundas olheiras que se alojaram ali há anos e só aumentavam com o passar do tempo.
- Olha, veja pelo lado bom, essa é o último grande problema que nós vamos resolver juntos. Você vai sentir minha falta, meu querido. - o adolescente tentou mostrar o lado positivo da bagunça.
- Louis, ninguém nunca te contou isso, mas você não é o único. - o diretor colocou o óculos de volta no rosto e mandou a real: - Todos os anos eu tenho pelo menos cinco alunos que só entram aqui pra me deixar ocupado e infeliz.
- Charles! Eu sou especial, okay? Sou a versão melhorada dos seus piores pesadelos.- Tomlinson se ajeitou na cadeira, inclinando o torso para frente enquanto falava seríssimo, afinal de contas, ele deu duro para chegar até ali e não ia deixar aquele velho tirar a glória de seu mal comportamento que foi aperfeiçoado durante anos! - Aposto que nenhum dos seus alunos já bebeu…
- Não! Não ouse terminar essa frase. Se eu souber o que você estava tomando dentro do colégio, tenho a obrigação legal de te punir a altura. - o homem abriu uma gaveta e tirou um formulário para preencher os dados de Louis enquanto pensava no que fazer da vida.
- Se serve de algum consolo, eu só fiz isso porque a minha namorada me disse que se eu conseguisse tomar tudo nós poderíamos…
- Eu não quero saber o que a Srta. Westwick te prometeu, Louis. - o homem interrompeu antes que fosse bombardeado com informação desnecessária sobre a vida sexual de seus dois alunos, que muito provavelmente andavam quebrando regras juntos lá dentro. - Você precisa ser mais esperto do que isso se quer ter algum sucesso na vida.
- Como assim?
- Você não pode sair cometendo qualquer loucura só porque uma mulher te oferece sexo, garoto! - Charles levantou e foi até a mesinha com conhaque, despejou o líquido em dois copos e entregou o mais vazio para Louis.
Deus sabe que aquele era o menor de seus problemas no momento e que se chegassem a descobrir que ele andou servindo álcool para um aluno, isso significaria que descobriram coisa muito pior e ele provavelmente já estaria sem emprego.
- Eu nem te falei o que ela me ofereceu, tá legal? - o mais novo falou e agradeceu a bebida com um simples aceno com a cabeça.
- Louis, só existe uma coisa que nos escraviza e você sabe muito bem o que é. - Gelner arqueou as sobrancelhas, sorrindo condescendente.
- Amor? - o menino sugeriu, não tão seguro de sua resposta. Quer dizer, não lhe soava tão óbvio essa "uma só coisa" que o amigo de seu pai falava. Em sua experiente opinião, as mulheres tinham o dom de tornar tudo atrativo ao extremo de fazer uma agulha se tornar mais valiosa do que o Mona Lisa.
- Para de graça, você está prestes a ser expulso. Eu preciso pensar no que nós vamos fazer. - Charles ficou repentinamente emburrado por ter que lidar com a situação. - Eu vou ligar pro seu pai.
A decisão de ligar para Mark era mais para ver o que o homem achava que deveria ser feito. Os dois estudaram juntos na Eton e a amizade perdurava por tanto tempo que a educação de Louis no colégio era compartilhada entre o diretor e o pai.
Grande parte da falta de moral de Gelner com Louis vinha da convivência fora do colégio. O homem estava constantemente na casa dos Tomlinson e literalmente viu o caçula crescer e virar o adolescente mais demoníaco que já tinha visto. Não ajudava muito tentar parecer severo quando os dois sabiam que a noite jantariam juntos e ainda jogariam algum videogame antes de encerrar a noite.
- O papai não vai poder te atender agora, ele está em um voo para Tóquio. - o rapaz lembrou ao homem sobre a viagem de uma semana inteira que os pais estavam fazendo.
- Inferno… - Gelner parguejou, voltando a preencher a ficha do menino: - Garoto, eu espero que você saiba que não vai poder fazer na universidade a metade das coisas que faz aqui e ainda sair impune.
- Claro que eu posso, olha pra mim! - apontou para si mesmo.
- Você me dá três vezes mais trabalho do que o seu irmão. Ele era um aluno exemplar se eu fosse comparar… - Charlie pressionou as têmporas, certo de que os quatro anos de George Alexander foram um jardim de infância comparado ao terror que Louis semeou entre os professores.
No primeiro ano, o garoto passou mais tempo suspenso do que indo às aulas e com o passar do tempo, o diretor foi aprendendo a ser maleável e punir as condutas de Louis com mais eficiência, prendendo-o em aulas, prometendo arquivar as advertências acumulada dos anos e enviar para todas as boas universidades do país e outras ameaças tão inúteis quanto.
- Obrigado! - Tommo fez um gesto com a cabeça, lisonjeado por tamanho elogio. Não era todo dia que isso acontecia e ele já pretendia pedir para Charles falar isso na frente de George, dá próxima vez que o irmão viesse para casa.
- Isso não foi um elogio, Tomlinson.
- Ah. - Louis fez biquinho mas logo lembrou que tinha outros assuntos para tratar - Eu estava pensando antes de entrar aqui e cheguei a conclusão de que você deveria promover o Marcus.
- Quem?
- O inspetor, Marcus. Aquele barrigudinho que tem o cabelo meio duro.
- O Sr. Upton?
- Esse é o sobrenome dele? Que horrível! - Tommo fez uma careta. Como ele pode simpatizar com alguém com o sobrenome tão feio? - Enfim, você deveria promovê-lo para Diretor da equipe da inspetores.
- Você acha?
- Aham.
- Baseado em quê? Na sua habilidade de deixar qualquer inspetor insano? - Gelner riu.
- Rude. Nós precisamos chegar a um veredito o mais rápido possível, Charlie. O que você vai decidir sobre mim? Eu realmente não vou ser expulso?
- Não, você não vai. E nós não vamos levar o seu caso para o Comitê de Ética. Para começar, eu vou te suspender por uma semana e então, quando você retornar vai ajudar a limpar a cozinha do seu bloco durante mais uma semana, todos os dias…
- Charles! - Louis ficou de pé. Aquilo não estava indo tão bem quanto antes e ele não gostava nem um pouco do rumo das coisas naquele momento.
- Inegociável, Louis. - Gelner fez que não com a mão. - E você fica suspenso das aulas com a Prof. Novak uma vez que ela jamais vai aceitá-lo na classe dela e eu não posso prejudicar os outros alunos só porque você gosta de ser engraçadinho.
- E como eu vou terminar minhas cartas? - Louis se desesperou.
- Sozinho. Ou o seus pais podem providenciar um tutor particular.
- Mas ela é a melhor!
- Você devia ter pensado nisso antes de afrontar a melhor professora de dissertação que a Eton já teve.
- Ah Charlie, você me fodeu!
- É o melhor que eu posso fazer por você, criança. Qualquer outro aluno teria que responder ao comitê e seria expulso.
- Não sei se você fez algo melhor do que isso…
- Pega essas suas coisas, pega seu carro e vai pra casa agora. Não pense em ficar passeando pelos corredores porque se um inspetor resolver te pegar e levar para o Sr. Burrows, você vai ser expulso.
- Tá bom. - Lou pegou a mochila cheia de latas vazias e caminhou até a porta. - Você vai jantar quarta lá em casa?
- Vou. Por quê?
- Leva aquele seu console do Xbox One? - pediu - O bluetooh do meu parou de funcionar do nada.
- Vou levar. Agora sai daqui e deixa eu pensar no que eu vou fazer da minha vida caso descubram que eu acobertei você.
Lá fora, os seus amigos o aguardavam ansiosamente e ainda tinham pessoas que nada tinham a ver com a brincadeira toda, mas já estavam alertas para descobrir a maior quantidade de detalhes possível para transmitir para o restante da escola.
- E aí? Como foi?
- Você vai ser expulso?
- Suspenso, talvez?
- O que o Gelner falou quando abriu a sua bolsa?
- Você bebeu tudo mesmo?
- Minha popularidade pós diretoria nunca fica cansativa! - Louis riu, zombando da atenção de todos que estavam sedentos para saber o desenrolar da história, mas não pode responder a nenhuma pergunta porque sua namorada chegou cortando o barato de todo mundo:
- Eu sei que meu namorado é um herói nacional mas todas as perguntas de vocês vão ser respondidas amanhã! - ela explicou sucintamente e a pequena multidão ficou sem reação, esperando que ela risse e falasse que era brincadeira para poder deixar o garoto contar a história - Nós temos que ir Louis, agora.
Dito isso, ela saiu puxando-o pelos corredores sem dar maiores explicações de porque também já estava de mochila sendo que ainda tinha mais duas horas de aula, pelo menos.
- O que está acontecendo? O Charlie mandou você me escoltar para fora? Eu só queria cinco minutos e…
Contrariando as regras da Instituição, calou Lou com um beijo entusiasmado. Apesar da surpresa inicial em estar prensado contra a parede, ele não demorou muito para retribuir a ardente carícia dela e puxá-la para mais perto, abraçando-a com um braço por dentro do terninho cinza e usando a outra mão para segurar os fios avermelhados que estavam sempre bagunçados.
- Uau! O que foi isso, honey? - ele perguntou após respirar fundo e limpar o gosto do gloss que ela usava enquanto olhava para os lados, procurando uma possível testemunha daquele momento que ele descreveria como: um sonho dos bons.
- Isso fui eu mostrando que amo quando você é afrontoso e que nós vamos para sua casa agora porque você não vai sair daquela cama antes que o sol se ponha. - ela riu e o beijou mais uma vez para voltar a andar rapidamente, lê-se correr, até o carro dele.
É claro que Louis precisava contar para ela sobre o castigo que recebeu, também precisava ligar para os pais e avisar que estava sem tutor para a produção das cartas de solicitação de vaga, e também tinha que se preparar para um provável castigo já que não foi muito esperto de sua parte ter aprontado às vésperas de concluir o ensino médio. Mas tudo isso ele resolveria depois, porque jamais iria perdoar-se se não agarrasse cada oportunidade que tinha de estar com a fantástica antes que a verdade viesse à tona e ele acabasse perdendo para sempre o grande amor de sua vida.
OOO
O som estridente do apito do professor Flanaghan ecoou por toda a quadra fechada e Niall inclinou a cabeça para o lado, fazendo uma careta, tentando tapar a orelha com o ombro.
Como o inverno ainda se fazia presente e colocar os alunos no gramado na área externa do colégio seria considerado homicídio culposo, a aula de educação física ocorria na grade quadra poliesportiva da Eton. O que fazia com que o som penetrante do apito do professor soasse muito mais agudo e todos os rapazes do último ano tinham certeza que se seus cérebros explodissem naquele momento não seria tão doloroso quanto ouvir aquele barulho infernal.
- Formem duplas e façam abdominais. - o homem gritou para todos os meninos que corriam fazendo o aquecimento de dez minutos - Agora! - soprou o apito mais uma vez e um garoto que passava ao seu lado, para pegar um dos colchonetes azuis no chão, assustou-se.
- Eu odeio Educação Física - Zayn cessou os passos, apoiando as mãos no joelhos, já sentindo que começava a suar. Endireitou a postura para ver se daquela forma conseguia ingerir uma quantidade maior de ar que nunca parecia chegar a seus pulmões e o pior ainda era a dor em seu baço que o fazia ter dificuldade para caminhar.
Horan foi pegar os colchonetes, ao ver que levaria um tempo para o amigo se recuperar e Styles, assim como Liam sorriram de lado assistindo o estrago que poucos minutos de atividade física faziam ao moreno que parecia mais prestes a ter uma síncope que apenas tentando revigorar-se.
Tommo era o único que não estava naquele período com os rapazes e ao constatar que os horários não batiam e que teria economia enquanto os amigos se divertiam na quadra, ficou totalmente desolado. Afinal, era com Niall que sempre jogava futebol, com Payno que fazia os aquecimentos, com Harry que planejava alguma pegadinha que na maioria das vezes envolvia roubar as roupas de algum garoto aleatório ou então trocar os números dos armários e ver o caos se instalar, e era Zayn o fumante mais vagabundo, então mesmo que Louis não conseguisse terminar a sequência de cinco minutos de corrida, mais cinquenta polichinelos e vinte abdominais, Malik não chegaria nem em ⅓ da atividade, tornando-se assim a chacota do grupo e não Tomlinson. Mas agora, Louis estaria sozinho na educação física e tinha que se contentar com Greg do jornal e Ralph do time de futebol.
- Ah, deixa de ser ranzinza. É divertido! - Harry passou o braço pelo ombro do moreno que mancava com a mão no abdômen.
- Qual parte exatamente? - Malik juntou as sobrancelhas, ainda tentando normalizar a respiração. - O começo da aula que nós ficamos correndo ao redor da quadra feito uns idiotas, a metade em que temos que fazer abdominais, flexões e praticar algum esporte que ninguém se importa, ou o final que é um monte de cara de toalha no vestiário?
Styles acabou fazendo uma careta ao ser recordado de tanta desgraça em apenas 50 minutos de uma única matéria e o irlandês riu voltando ao encontro dos amigos.
- Eu acho que você deveria parar de fumar, Zayn. - Liam sorriu sugestivo, pegando um dos colchonetes que Horan segurava, o posicionando no chão.
O badboy usufruiu do pouco fôlego que havia recuperado naqueles segundos e gargalhou sem humor, jogando a cabeça para trás e dando um soquinho no ombro do outro garoto.
- Você é hilário, Payno!
- É sério, idiota. - apesar do xingamento, o rapaz também ria, deitando-se sobre o pequeno colchão azul - Você fuma há uns três anos e claramente não está te fazendo bem.
- O Liam tem razão, Zayn. - Niall falou também deitado sobre seu colchonete, tendo Harry já o auxiliando e segurando seus pés para que ele fizesse os abdominais.
- É mais possível eu pintar o cabelo de verde que parar de fumar. Desistam. - ajoelhou-se no chão, segurando os pés de Payne para ajudá-lo.
Harry chegou a abrir a boca e tomar o ar para fazer uma piada mas o apito insuportável de Flanaghan soou, avisando que era hora de os meninos iniciarem a atividade e o moreno ficou tão revoltado por aquele som horrendo estourar seus delicados e sensíveis tímpanos que preferiu permanecer calado.
Cada garoto deveria fazer três minutos de abdominal e depois trocar com sua dupla e foi isso o que todos os alunos fizeram, com exceção de Zayn que apenas se levantou sete vezes do colchonete, todas essas quando o professor estava olhando para assim se evitar um desconforto de ambas as partes.
- Formem quatro times de seis. - o homem mais velho gritou ao lado das bolas, após o términos do terrível aquecimento. - Vamos jogar volei. - apitou mais uma vez.
Niall que estava em pé ao lado de Liam, assustou-se com o ruído e voltou-se irado para o professor, pegando os braços de Payne e forçando o amigo a abraçá-lo.
- Já chega, alguém me segura! - o loiro fingia que tentava se soltar - Eu vou fazer esse cara engolir essa merda! - resmungou, vendo que Styles e Malik ainda sentados, riam dele.
- Eu acho que não vou conseguir segurar ele por muito tempo, ele é muito forte! - Liam simulava exercer muita força para não permitir que a sanguinário Horan fosse liberto e fizesse um estrago no professor filho da puta com aquele apito filho da puta.
- Deixa ele ir. O Flanagham merece só por me fazer suar. - Zayn reclamou com ar de riso, estendendo a mão para o melhor amigo o ajudar a levantar. - Vamos enrolar no bebedouro. - chamou pelo grupo que já o seguia rindo das reclamações mimadas do irlandês.
Harry tomou impulso para levantar-se também, contudo sentiu duas mãos em seu ombro que o forçaram a voltar ao chão, fazendo com que o rapaz caísse de bunda a pequena distância que o separava do colchonete.
- E aí, cara? - Frank sorriu para ele, ajoelhando-se a sua frente. - Tudo bem?
- Sim, ué. - Styles juntou as sobrancelhas, achando totalmente desnecessária aquela abordagem, já que agora suas nádegas doíam.
- Você parece tenso, Harry. - Elliott falou atrás dele, fingindo fazer uma massagem em seus ombros, mas o cacheado logo tirou as mãos do jogador dali.
- Deixa eu adivinhar. - Styles sorriu divertido - Vocês vieram entregar algum recado idiota do Bennet…
- Mais ou menos. - Frank pareceu ponderar a fala do menino a sua frente, ainda com um sorriso simpático. - Nós viemos entregar um recado do Jay, mas ele não é nem um pouco idiota. - negou com a cabeça.
No bebedouro, o idiota de Wynn achou que seria engraçado molhar Clarke, mas acabou acertando Liam que reclamava com o babaca pela brincadeira estúpida, acabou reparando que Harry ainda ocupava o mesmo colchonete do outro lado da quadra.
Payne estranhou o fato de o garoto ainda não ter se juntado ao grupo como também notou o desconforto dele ao conversar com dois dos meninos do time de futebol e por isso se dirigiu até o amigo, no entanto foi interceptado por Vincent que também estava na maracutaia e sabia que Liam não podiam nem desconfiar sobre o que acontecia.
- Ele pediu para te lembrar o que você precisa fazer. - Elliott, que estava ao lado de Harry, mirou-o.
- Se não? - o cacheado mantinha a cabeça baixa e arrependeu-se de abrir a boca logo após o fazer.
- Você já sabe. - um dos rapazes o respondeu e ambos partiram, deixando para trás um Harry enfurecido com a própria burrice.
- Então eu disse para ele que não havia sentido algum naquela resposta, apresentei os dados que havia coletado na minha pesquisa, e você acredita que ele continuou discutindo comigo? Estava muito na cara que eu já havia ganhado aquele debate e o babaca também sabia porque ele ficou desesperado falando sem parar e nem o Sr. Burrows entendia mais o que ele queria dizer! - ria contando seu relato, sentada confortável no banco de couro do automóvel com a paisagem urbana passando por sua janela e chuva fina caindo do céu.
A aula havia acabado e arrastou para sua casa para que a ruiva a ajudasse com um roteiro para uma peça da escola que precisava revisar e também para stalkear toda e qualquer pessoa envolvida com os desfiles que ocorriam naquela semana em Milão, pois era lá que estava e todos (inclusive Zayn, no entanto, o garoto não queria admitir aquilo nem para si mesmo) queriam saber em tempo real o que se passava nos dias de glória da modelo. não pode se juntar a elas pois tinha prática de dança e o namorado a deixou na academia para depois dirigir até a dele onde encontrou Malik para os treinos de boxe. Niall e Louis foram para a casa do irlandês para fazerem juntos uma lista de exercícios de química e depois jogarem vídeo-game. E Harry dirigia a sua Land Rover com os olhos fixos na rua e um desconforto que ele não conseguia descrever ou entender o motivo concreto de o sentir só tinha certeza que não gostava daquela sensação, ao seu lado Meester falava animada como seu dia havia sido até aquele momento.
- Meu bem? - chamou pelo moreno percebendo que até aquele instante só ela havia se pronunciado e o rapaz parecia não acompanhar sua narração. - Meu bem…? - virou o tronco no banco do carona, colocando a mão na nuca do menino e ali fazendo um carinho para despertá-lo de seu transe.
- Eu estou ouvindo! Eu estou… o-ouvindo… E-Eu não estou ouvindo... - soltou uma risadinha pelo nariz, apertando o volante sob ambas as mãos e negou com a cabeça.
- Está tudo bem? - questionou com cuidado, ainda passando os dedos pelos cachos de Styles.
- Aham. - acenou sorrindo, tentando soar convincente. Parou o carro no semáforo que mostrava a luz vermelha e tirou as mãos do volante, descansando-as sobre as coxas e mirou a menina que o fitava de volta. - M-Me desculpa. - falou sincero.
sentiu o peso daquelas palavras de uma forma distinta, afinal Harry apenas distraiu-se por alguns instantes, mas sua voz sempre intensa vacilou, parecendo carregar anseio por misericórdia e remissão de seus pecados. Seus olhos sempre brilhantes não queriam encará-la por longos segundos, estavam distantes e opacos. Seu lábios avermelhados e saborosos não curvavam-se em um sorriso divertido e agradável, mas sim, permaneciam selados como um sepulcro mórbido.
- Não se preocupe. - sorriu mostrando-o clemência.
Harry espelhou o gesto dela de uma forma lânguida que a deprimiu, afinal ele era sempre tão cheio de vida e disposição, aquela era uma das coisas que Meester mais gostava nele. Não importava a situação, Styles sempre a animaria com sua gargalhada acolhedora e a abençoaria com seus olhos verdes radiantes sobre ela. Todavia aquilo não acontecia naquele dia.
- Sabe, quando chegarmos na minha casa podemos assistir aquele filme chato que você sempre tenta me fazer ver. - sugeriu, sorrindo sapeca. - Podemos comer alguma coisa muito calórica e com certeza a minha mãe vai aparecer em algum momento, porque ela não consegue se conter! - cresceu os olhos, gesticulando abertamente o fazendo sorrir.
Ainda não era o melhor sorriso de Harry, ainda não era vivaz e deslumbrante, mas era um começo. Ela estava conseguindo animá-lo e sorriu satisfeita, voltando a acariciar a nuca dele.
- Você é incrível, sabia? - a mirou tão significativo, carregando certeza em sua voz.
E só de vê-la a sua frente, sentir as pontas dos dedos dela brincando com seus cachos, seu toque caloroso, ouvir sua voz melodia e hospitaleira, seu sorriso afável. O garoto sentiu que a personificação da crueldade esmagava seu coração entre os dedos, escoando todo o sangue de suas veias e consequentemente fazendo sua vida se esvair.
- É, eu sei sim. - a morena piscou, com um sorriso travesso brincando nos lábios.
O menino pegou a mão dela, que acariciava seus cabelos e a deu beijo, entrelaçando seus dedos e as apoiando em sua coxa, almejando ter o máximo de contato que conseguisse.
Ao passar pelo portão de ferro da mansão Meester, Harry sabia que se dirigia a seu suplício e não havia nenhuma mão estendida em sua direção oferecendo-o compaixão. E o que o fazia temer cada vez mais aquele momento era a imaculada alma ao seu lado.
Estacionou a Land Rover e tirou o cinto de segurança, vendo espelhar seu gesto e arrumar a bolsa cinza no ombro, a garota colocou a mão sobre a maçaneta e o rapaz a impediu.
- Espera - a chamou, colocando a mão sobre sua perna e a fazendo encará-lo - Eu posso te dar um beijo? - perguntou incerto e a viu rolar os olhos, com seu jeito displicente e brincalhão.
Com um sorriso lindo nos lábios, aproximou de Harry, envolvendo o pescoço dele com seus braços e fechando os olhos, com serenidade, ao sentir suas respirações mesclarem-se e um milhão de borboletas voarem não apenas em seu estômago, mas também ao redor de ambos.
Styles a beijou com tanta devoção que a morena jurava que aquele era agora o melhor beijo de toda sua curta vida. O garoto, colocou as mãos na bochecha dela e selou suas testas ao afastar seus lábios daqueles rosados tão deliciosos.
- Eu não posso mais fazer isso… - falou baixo e a menina que até então mantinha os olhos fechados, embriagada pela áurea romântica, franziu o cenho.
- Isso o quê? - questionou com os olhos azuis já abertos, cravados sobre um Styles inseguro, incerto e assustado.
- , eu acho melhor nós pararmos por aqui. - não conseguiu palavras melhores para se expressar e a viu recuar totalmente de seu toque. - Eu n-não nos vejo em algo maior que isso. - indicou ambos, enquanto seus neurônios trabalhavam a mil para formular argumentos - Eu não… Eu sei que nós vamos chegar a lugar nenhum. - decretou e a garota, endireitou a postura, encarando a sua frente a fachada de sua casa. - Afinal, é tudo uma brincadeira, não é? - questionou desesperado para que ela se pronunciasse e aquela tortura se findasse logo.
- Tudo bem. - ela confirmou com a cabeça, voltando a colocar a mão na maçaneta sem encará-lo.
E foi sem voltar seus olhos azuis para Harry que desceu do veículo.
- , espera! - ele chamou-a quando Meester estava prestes a fechar a porta da Ranger, e a menina o encarou indecifrável - E-Eu… Eu...É que eu…
- Tchau, Harry. - disse inalterada fechando a porta do automóvel.
O caminho que percorreu para casa foi ainda pior que o anterior em direção a casa dos Meester. Styles sentia-se tão desprezível, usado e insignificante que não conseguia suportar a própria existência. Vez ou outra deferia um soco contra o volante, passava a mão sobre o rosto e cabelos e nenhum daqueles rituais de desesperança faziam sua agonia afastar-se.
Já , estava sentado na ponta de sua cama, ainda digerindo o eco da voz de Harry em seu ouvido, ainda absorvendo a discrepância entre o paraíso que fora aquele beijo afetuoso e o inferno que foram aquelas palavras impiedosas. Não conseguia entender o que acabara de acontecer e ainda absorta conseguiu pegar o celular na bolsa e discar um dos poucos números que sabia de cor.
- Hey babe! - a voz da melhor amiga soou do outro lado da linha, assim como uma música alta e uma gritaria.
- , eu sei que você está ocupada...
- Imagina, , pode falar. Eu acabei de me trocar e ainda estou me aquecendo. O que foi?
- É que eu a-acho… - fechou os olhos com força, tentando focar-se - Não, eu não acho… Quer dizer, e-eu sei… E-Eu não sei, ! Eu não sei o que aconteceu! - desentendida de sua situação atual, soava atormentada.
- , se acalma. - a mais nova pediu tensa - O que foi?
- O Harry terminou comigo… Quer dizer, ele não terminou porque nós nunca começamos algo… E-Eu… , você não pode vir aqui, por favor?
- Claro! C-Claro, eu estou indo agora.
Meester ouviu duas batidinhas na porta de seu quarto e permitiu a entrada da pessoa que ela já sabia que era Ortega. Afinal seu pai nunca ia até seu quarto, sua mãe nunca batia e a governanta anunciava sua chegada de uma forma mais bruta.
- Oi. - sorriu para a morena que estava deitada em sua cama totalmente coberta, apenas com o rosto aparente. A caçula trazia uma sacola e uma caixa de pizza nas mãos, nas costa uma mochila e no ombro sua bolsa do colégio.
- O que é isso? - a mais velha já encarava o que a caçula carregava.
- Meu uniforme e o material de amanhã, para eu poder dormir aqui. - sorriu travessa entrando no closet de Meester para ali deixar seus pertences.
- Me dá essa pizza, . - sentou-se sobre o colchão estendendo a mão para a garota que aparecia carregando a refeição.
- Eu trouxe sorvete para a sobremesa. - balançou a sacola e sentou-se ao lado de , com um sorriso piedoso. - Sinto muito. - cerrou os olhos sentindo-se mal por trazer a tona o assunto que com certeza magoava sua melhor amiga, a pessoa que sempre a apoiava e oferecia o ombro para que ela chorasse suas lágrimas.
, abriu os lábios para respondê-la, no entanto não sabia o que dizer que suspirou alto, fechando os olhos a abrindo a caixa de pizza para pegar uma fatia.
- Eu vou comer metade dessa merda. - reclamou, mordendo um pedaço.
- O que aconteceu? - Ortega questionou, aproximando-se ainda mais para alcançar a caixa de pizza, não sabendo se encarava a outra garota ou mantinha os olhos sobre o colo porque era sempre Meester quem tinha o controle da situação e sabia o que fazer, entretanto naquele momento ela parecia tão abalada e triste que não sabia o que fazer, não sabia se ela queria ser consolada ou que a mais nova agisse como nada houvesse acontecido.
- Eu não sei! - assumiu, desnorteada. - Estava tudo bem, era só mais um dia normal, nós estávamos conversando, ele dirigia até a minha casa e quando nós chegamos ele disse que não podia mais fazer isso. - explicou e curvou os lábios num sorriso falso, tentando rir da situação lastimável.
- Isso o quê? O relacionamento de vocês?
- Eu não sei, ! - desesperou-se deixando de lado seu pedaço de pizza e limpando as mãos uma na outra - E-Eu… Eu… Eu vou sentir falta dele. - admitiu para si mesma , compadecida de sua própria situação e sentindo-se ridícula por estar sofrendo por algo que estava fadado ao término já que nunca teve um começo e ainda mais, como o próprio Harry intitulou era para ambos apenas uma suposta brincadeira.
- Oh … Eu não sei o que dizer. - Ortega sentia-se cada vez pior por não saber o que fazer, afinal sempre tinha uma palavra de consolo, uma brincadeira para fazê-la rir, uma atividade para entretê-la e naquele momento a caçula unicamente tinha as mãos atadas.
- Eu nem sei o que eu quero ouvir. Está tudo bem. - tentou sorrir mais uma vez e lembrou-se do sorriso melancólico que Styles lançou-lhe no caminho até sua casa, minutos antes de assumir que sabia que eles iriam a lugar nenhum. E foi impossível não recordar de como era pura a sensação de ouvir a voz dele dizendo que ela era incrível, consequentemente pensou em seus olhos verdes e então em seu beijo e como parecia certo seu toque…
- Você está certa, está tudo bem. - a garota mostrou-lhe apoio - Se tem uma coisa que você me ensinou em todas essas idas e vindas com o Liam é que tudo fica bem no final e nós sempre estaremos aqui uma pela outra.
Ao ouvir as palavras , pela primeira vez desde que entrara no próprio quarto Meester sentiu que seus olhos encheram-se de água instantaneamente e um nó crescia gradualmente em sua garganta. Por esta razão abaixou a cabeça e tentou voltar a comer seu pedaço de pizza para disfarçar o quase choro.
A caçula comparava o romance que tinha com Liam ao que e Harry possuíam e se eles fossem metade do que Orteguinha e Payno eram, significava que iriam voltar! Mas também queria dizer muito drama e a morena não sabia se estava disposta a enfrentar aquilo.
- Eu não sei se estou apaixonada pelo Harry, porque… tem como você saber uma coisa assim? - indagou sorrindo ansiosa e vendo a outra menina espelhar seu gesto nervoso. - Mas ele disse que não nos via em algo maior que isso e eu também sempre achei que nós nunca daríamos certo, mas agora que acabou eu o quero de volta e eu quero que dê certo. Eu não sei o que fazer… - passou uma mão pela testa, aflita - Eu só sei que, no fim das contas, há muito tempo não era mais só uma brincadeira para mim, mas para ele… O Harry nunca sentiu por mim o que eu sinto por ele.
Scriptado por Adriele Cavalcante.
- Devíamos ir à secretaria agora, ver novos uniformes pra você. - sugeriu, abrindo o porta acessórios do jipe para procurar seu batom vermelho. Às vezes não dava tempo de passar a base antes que Liam chegasse, para solucionar a irregularidade no horário e a impaciência do mais velho, ela deixava algumas coisas ali dentro para eventuais emergências.
- Pra quê? Eu vou jogar tudo fora em alguns meses. - Liam coçou o queixo, concentrado na estrada porém pensando quando devia parar de se preocupar em tirar a barba todo santo dia.
- Pelo menos mais dois seria bom. - ela argumentou, jogando a tampa do batom em cima do painel enquanto usava o pincel para desenhar a parte superior do lábio. - O seu está muito apertado.
Payne arqueou as sobrancelhas e desviou os olho da estrada para encarar a namorada, totalmente por fora da intenção dela com tanta insistência por causa de uns pares de roupas que ele sempre usou!
- Ah não, vai demorar demais pra escolher, depois mandar ajustar e ficar indo experimentar pelo menos umas três vezes até eles apertarem e deixarem como esse.
- Mas está muito apertado e a sua bunda fica destacada, muito. - confessou apenas depois de conferir se o batom estava perfeito.
- Você não gosta da minha bunda? É isso?
- Não é que eu não gosto, inclusive adoro. - ela sorriu sapeca e apoiou a delicada mão sobre a perna dele. - Mas o resto da escola não precisa ver e adorar também.
- Eu queria tanto que a sua mãe visse você falando essas coisas, . Ia ser o melhor dia da minha vida. - um sorriso maldoso brotou nos lábios do rapaz que temia a sogra, mas também gostava de rir na cara do perigo.
Amina era um anjo comparada a Yaser e sua inabilidade para sorrir, mas para as pessoas normais ainda era uma mulher séria demais. Liam honestamente não via o sentido daquela criatura maligna (a quem ele muito respeitosamente se referia como Sra. Ortega, sogra ou a louca da sua mãe) ser casada com Robert Ortega, o filho da puta mais legal daquele país.
Era uma combinação estranha porém interessante, e todas as horas de tortura infindáveis que eram estar no mesmo ambiente que ela, valiam a pena no instante em que Robert entrava no recinto e a fazia rir verdadeiramente.
- E ia ser a última vez que você ia me ver. - a morena disse, já até imaginando o choque da mãe, que com toda certeza colocaria a culpa em Liam por ter pervertido seu anjinho.
- Vocês dois não conseguem ficar calados por um minuto? - uma emburrada finalmente se pronunciou do banco de trás, fazendo o amigo se assustar momentaneamente:
- Porra, garota! Eu esqueci que você estava aqui - ele reclamou e virou rapidamente para trás, para se certificar de que realmente tinha alguém ali.
- Ué, eu pensei que você estava feliz! - a caçula deu uma risadinha.
Era engraçado que eles estavam há quase meia hora no carro e a menina não havia dado sinal de vida, bem como o fato de que Liam aparentemente esqueceu que não estavam a sós. Mas a melhor parte era lidar com a melhor amiga evidentemente ansiosa para chegar no colégio para rever um certo rapaz de cabelos cacheados e sorriso sapeca.
- Eu entrei nesse carro feliz, mas vocês não calam a boca! - revirou os olhos, decidindo que seu celular era muito mais interessante do que aqueles dois ridículos que estavam estragando todo o seu bom humor matinal, que nem era tanto.
- Para de fazer drama. Todo mundo sabe que você está toda alegrinha porque o Harry vai pra aula hoje. - Payno provocou e se encolheu sobre o volante no mesmo instante, para evitar ser acertado por algum objeto que sempre surgia do nada quando ele falava alguma coisa. Mas então lembrou que coisas só eram arremessadas se estivesse por perto e ficou em paz novamente.
- Do que você está falando… - a menina ficou constrangida.
- Olha como ela se faz de difícil. - o rapaz falou com , entrando no estacionamento do Eton e procurando uma vaga boa, que não era fácil de encontrar porque simplesmente decidiu que não queria ir com Alfred e fez o amigo voltar a metade do caminho só para buscá-la. - Falando nisso, olha lá o seu namoradinho.
- Ele não é meu namorado. - a garota disse com muito autocontrole, sentindo o estômago revirar de animação enquanto via os cabelos cacheados dele revoltados porque aquela era uma manhã particularmente úmida.
- É sim. O seu namorado que você morre de amores. - Liam persistiu, saindo do carro e dando a volta para pegar a mochila e esperar antes de irem até o amigo que estava ali fora, desabrigado do clima horroroso.
- Não é não, idiota. - Meester falou entredentes, sorrindo para Harry como se não estivesse com vontade de chutar o saco do melhor amigo.
- Oi, . - Styles abraçou a pequena garota, demorando mais do que qualquer um poderia esperar de duas pessoas que um dia se odiaram tanto.
- Nossa, eu não sabia que dava pra sentir tanta saudade assim da … - Payne murmurou para , completamente alheio a saudade inexplicável que Styles parecia ter sentido daquele ser humano cruel.
- Se tem que goste de você, babe, tem amor pra todo mundo. - rebateu. Entrelaçou a mão a do namorado e sorriu enquanto assistia o breve momento do casal a frente.
- Oi. Está tudo bem? A Anne está bem? Como foi a visita? - disparou com as perguntas assim que se soltaram e começaram a andar até o bloco mais próximo.
Era absurdamente estranho se sentir tão feliz porque Harry estava de volta. E a sensação de alegria foi tão plenamente correspondida que ela estava se sentindo até mais leve e a mochila já nem pesava tanto.
- Foi ótimo, nós tomamos tanto sorvete… - o menino contou saudoso, mas logo voltou a sua realidade e explicou o motivo do retorno antecipado: - Mas ela vai trabalhar no Valentine’s e você está aqui, então eu voltei. Oi, Orteguinha!
- Hazza! Como foi na América? - a caçula esticou o braço na frente de para bater um high-five com o cacheado, tão feliz quanto todo mundo porque ele estava de volta.
- Não tão bom como estar aqui vendo você nessa sainha curtinha. - Styles piscou sem vergonha para a criança que involuntariamente se afastou para o lado, separando as duplas que caminhavam enfileirados e ocupando muito espaço enquanto andavam.
- Cala a boca, Styles. - Liam revirou os olhos, discordando da opinião do amigo sobre o tamanho da roupa da namorada. Então percebeu que ainda não tinha visto o carro de Malik. - Cadê o Zayn?
- Eu não sei, mas o Niall mandou uma mensagem falando que eles estavam lá dentro e quando a chegou, ele ficou puto.
- Ai meu Deus… - a prima do menino murmurou preocupada, ignorando a lufada de ar quente que abraçou seu corpo no momento que as portas de vidro se abriram e eles entraram no prédio.
Aconteceu que todo mundo que apostou que o término de Zayn e não resultaria em grande alarde, errou completamente. E quem pensou que eles acabariam voltando, errou também. Na verdade, ninguém acertou no palpite porque ou defendiam que os dois estavam sofrendo muito ou batiam o pé dizendo que nenhum dos dois se importava tanto assim (a maioria esmagadora adotou esse pensamento).
Até mesmo o grupo ficou dividido, Niall, e Harry poderiam jurar pela própria vida que viam o pesar nos olhinhos castanhos dos ex namorados, e como a vida se esvaia dos dois lentamente e que também era muito importante que eles voltassem logo, caso contrário morreriam de tristeza. Por outra via, iam Louis, e Liam que achavam as teorias um monte de frescura e tinham certeza de que os dois estavam bem porque nem eram tão apaixonados assim.
E no epicentro de toda a fofoca tinha o ex casal que nada comentavam sobre e tentavam ao máximo seguir com suas vidas normalmente e tentar lidar com todo o desgaste emocional que o término de um relacionamento causa.
permanecia a mesma, com a mesma quietude observadora, lançando eventuais sorrisos quando Louis fazia uma idiotice. Sua rotina de trabalho estava acumulando cansaço e após uma semana inteira chorando todas as noites antes de dormir, ela finalmente conseguia chegar em casa e desmaiar de exaustão. Na escola, procurava investir todo o tempo livre para fazer as atividades que não dava tempo de realizar em casa e adiantar os estudos para os exames. Sua única fonte de alegria era Kelso, e ainda sim, vivia com medo de que uma hora Zayn reclamasse o animal para si.
Falando em Zayn, era insano conviver com o rapaz nas semanas que seguiram o rompimento. Primeiramente era irritante estar ao redor dele, que simplesmente apagou de sua memória a existência de um relacionamento com Hilton e vivia com o mesmo humor de sempre, seguindo a vida como se nunca houvesse se apaixonado, namorado e sido chutado. Mas era só dar as caras na rodinha que começava o show de mal humor, deixando todos envergonhados do clima horrível que ele fazia questão de criar.
A permanência dos dois em um mesmo ambiente causava um efeito dominó que começava com Zayn bufando toda vez que abria a boca, então parava o que estivesse fazendo para respirar fundo e não mandar o amigo ir tomar no cu, revirava os olhos e murmurava um "pelo amor de deus...", Louis tentava fazer uma piadinha para deixar o clima mais leve e só piorava a situação, Harry olhava para qualquer coisa menos na direção do ex casal, tentava pedir para o primo se conter, Liam impedia a namorada de agir sob o argumento de que ela estava vendo coisas e Zayn na verdade estava muito bem, e Niall e assistiam tudo aquilo chocados e desolados.
Era insustentável ficar entre o fogo cruzado e já não dava mais para ignorar as reviradas de olhos, as risadas debochadas e o desprezo nos olhos de Malik, bem como a polida indiferença de , que tinha o dobrado trabalho de manter as aparências.
E foi nesse clima desagradável que Harry foi recebido:
- Harry! Quando você chegou? Você gostou do presente que eu mandei? - princesinha Styles não podia acreditar que estava vendo o irmão ali, quando ele devia estar com a mãe. Afinal de contas ele foi na noite anterior ao aniversário para comemorar o dia com a mãe e ninguém esperava que ele voltasse antes do dia dos namorados.
- Oi, . Eu adorei! - ele riu, se safando do abraço dela para chacoalhar no ar a chave de seu carro que estava pendurada no chaveiro novo que ela mandou fazer especialmente para comemorar os dezenove anos do irmão mais velho, ainda tinham os dois ingressos para um show do U2 que só aconteceria dali há seis meses. estava ao lado de Niall, e ao invés de mostrar pena pela situação da amiga, piscou para a menina que acenou timidamente de volta - Cheguei hoje de manhã, mas você estava na casa desse irlandês de merda então não pode me receber como eu mereço.
- Me respeita, palhaço. - Horan revirou os olhos e envolveu a cintura da namorada, puxando-a para perto só porque gostava de sentir o cheirinho do cabelo dela quando se movia.
A metade da escola parou no instante que a voz de Tommo ecoou por todo o recinto, enquanto ele lançava a mochila no chão e se preparava para correr de encontro ao cacheado:
- HARRY!
- LOUIS! - o rapaz mais alto jogou a própria mochila e abriu os braços para receber seu parceiro de festas e aventuras.
Harry literalmente rodopiou Tomlinson no ar e depois eles começaram a pular juntos, o que era uma grande coisa para qualquer pessoa que tinha a infelicidade de acordar cedo e não conseguia gerir isso e o bom ânimo para seguir a vida com bom humor.
Logo atrás da dupla eufórica, chegou arrastando o material do namorado e extremamente desgostosa com a surpresa desagradável da presença de Styles. Seus sentimentos foram expressos em uma pergunta desanimada:
- O que você tá fazendo aqui?
- Vim passar o Valentine’s com a minha morena favorita. - Styles, que não se abalava facilmente agora que convivia com uma megera, confessou e arrancou sorrisos encantados das meninas que já olhavam para , esperando uma reação dela. - A Diane!
- Ai meu Deus... - murmurou, sorrindo porque ela realmente não esperava por aquela resposta.
- O que foi? Não acredito que que achou que eu estava falando de você, meu bem. - o garoto olhou com pena para a morena.
- Eu não falei nada. - ela mentiu e saiu andando na frente, até a primeira mesa vazia onde poderiam sentar.
- Eu odeio quando alguém que eu não gosto fala alguma coisa engraçada. - Westwick falou porque riu involuntariamente da cena protagonizada por Harry e .
Era tão injusto que aquele pedaço de lixo de um metro e oitenta fosse tão engraçado!
- Não há nada que se possa fazer para mudar a preferência do Louis por mim, . - o cacheado apontou para si, apresentando o seu corpo, que era sua arma de combate.
- Ele tem razão, . Você não pode competir com esses cachinhos e essas pernas de girafa. - Tommo concordou, acenando com muita certeza enquanto dava um tapinha na bunda do amigo antes de tentar sentar no colo de .
- Vocês se merecem, viu. - ela reclamou, mas nem se importou com o peso do namorado em cima de si e usou as costas dele como apoio para usar o telefone.
- Alguém já contou pra sobre a festa de sábado? - Louis perguntou assim que terminou de explicar para Liam como uma drag queen conseguia esconder o pênis.
- O que tem a festa de sábado? - perguntou para o namorado, que pela culpa nos olhos entregou que já sabia do que se tratava o babado.
- Por que eu não estou sabendo sobre a festa de sábado? O que vai acontecer lá? - se viu confusa, afinal de contas, ela normalmente sabia de tudo e não era tão comum assim existir um segredo que ela não soubesse.
- Onde vai ser mesmo? - Hilton apoiou os cotovelos sobre a mesa de madeira, interessada na nova conversa que tinha poucas chances de ser mais interessante do que sua pequena explicação para Payne.
- Então, aí é que está o problema. - Lou continuou - Vai ser na Lexi.
Todas as meninas, sem exceção, demonstraram insatisfação com a novidade. Alexandra Saint era uma inimiga coletiva daquele grupo e essa era, talvez, o único sentimento comum compartilhado pelas cinco garotas.
- Hã? Desde quando? - também foi surpreendida porque até onde ia sua vasta rede de informações, a família Saint não viajaria pelos próximos dois meses, pelo menos.
- Desde ontem, quando ela ofereceu a casa de campo dos pais dela. Dá pra todo mundo dormir lá, inclusive. - Tomlinson respondeu, já que nenhum dos covardes se dignou a contar que também sabiam daquilo tudo, inclusive Zayn, que chegou bem a tempo de pegar o início da discussão, mas só jogou a mochila em cima da de Niall e foi sentar ao lado da prima.
- Não existe problema nenhum. - finalmente se manifestou, entregando a solução mais fácil ao problema: - Nós não vamos, simples assim.
- , eu nunca faltei em uma festa de boas vindas! - Louis ficou mal humorado e se levantou do colo da menina, para poder encará-la nos olhos e mostrar o quanto desejava estar nessa festa.
- O problema não é meu. Se você quer ir pra casa dela, vai solteiro. - a ruiva deu de ombros, embora já estivesse fumegando. Ela era naturalmente espevitada e o Louis Tomlinson era uma faísca brincando ao redor de muita pólvora.
- Eita! - Payne estava de boca aberta e olhos arregalados, surpreso com o ultimato violento e repentino da doida.
- Do que você está rindo, Liam? - inclinou o rosto para o lado, exibindo surpresa em sua expressão: - Não me diga que você está realmente cogitando ir.
Harry, Niall e Zayn começaram a rir no mesmo instante, já que o Sr. Payne também não estava preparado para sofrer um veto de festa na casa da ex. já sabia pra onde ia aquela discussão e saiu do grupo de whatsapp criado para iniciar motins contra os eventos chatos da Eton para começar a prestar atenção.
- Ué, babe. É só uma festa! Não estou indo pela Lexi e sim pela bebida. - Liam deveria ter pensado muito bem antes de falar qualquer coisa. Mas não foi isso o que ele fez. - Não acredito que isso vai ser um problema.
- Pra começar, não ia existir problemas se você não andasse trepando com qualquer uma, Liam. - Meester cruzou os braços e sorriu acusadoramente enquanto desarmava o argumento do melhor amigo que obviamente consistia em jogar a culpa em para poder ganhar passe livre.
- Ninguém podia adivinhar que a doida ia ficar obcecada por ele, okay? - Styles ergueu o dedo indicador, repetindo a mesma ladainha que vinha falando desde que desenvolveu uma teoria muito doida com Niall sobre os motivos de Saint ser tão fissurada pelo amigo.
- Alguém já pensou em oferecer ajuda psicológica pra essa coitada? Não é normal sentir nada de bom pelo Payne. - falou sério.
Quer dizer, ele tinha um corpo maravilhoso? Sim!
E ela já havia se pego encarando o menino se espreguiçando no meio do jornal, enquanto tirava uma pausa entre as escritas? Talvez.
Isso justificava o fato de alguém desejar mais do que o corpo dele, como Lexi fazia? De jeito nenhum.
- Ela é estranha mesmo… - concordou, apesar de nunca ter sido diretamente incomodada pela garota mais velha.
Seu comentário obviamente causaria uma repercussão e todo mundo torceu, sem sucesso, para que Malik não se comportasse mal.
- Eu nunca vou entender essa briguinha de vocês com a Saint. - o rapaz balançou a cabeça, fazendo questão de revirar os olhos no exato momento em que a ex namorada falou.
- É porque você não tem ninguém que se importa com a sua existência, Zayn. - Meester, que não foi chamada na conversa mas estava cansada do comportamento entediantemente cansativo do moreno, falou.
- Hã? O que isso tem a ver?
- Nada. Eu só queria reforçar mesmo. - ela sorriu.
- Vai se foder. - o garoto levantou da mesa e saiu arrastando a mochila.
Era incrível como mesmo que estivesse despejando em todo o ódio em seu coração, ele ainda tinha sentimentos ruins o suficiente para desejar coisas bem ruins para a morena diabolicamente insuportável.
- Por que você sempre tem que falar essas coisas? - Harry perguntou para ela, suspirando cansado, com pena do amigo que estava obviamente passando por uma pior.
- Porque ele é um egoísta que não vê o que a Lexi faz com a prima dele e fica sendo idiota.
- Na minha opinião vocês só pioram a situação quando brigam com ela. - Liam deu seu palpite.
- Ninguém tá nem aí pra sua opinião, Payne.
- Cala a boca, .
- Dá pra gente focar no importante aqui? - Niall bateu palmas, tentando centralizar a atenção de todos mais uma vez. - Então nem todo mundo vai só porque a festa vai ser na Lexi?
- Defina "nem todo mundo". - Harry pediu.
- Bom, o Liam, o Tommo, a e a não vão, né. - o loiro apontou para os dois casais.
- Nós também não, babe. - se pronunciou, usando o tom de voz mais macio que podia.
- Quê? Você está falando sério? - Horan estava chocado. Desde quando sua namorada virou uma louca controladora e ele nem ao menos foi informado disso?
- Se você foi sério quando me disse que transou com ela, então eu estou falando super sério também. - a loirinha rebateu sem dar o ar da graça. Sua voz estava perigosamente suave, era o tipo de calmaria que precedia uma terrível tempestade e isso assustava Niall. E Harry, que conhecia a irmã.
- Se fodeu, irlandês! - Styles riu, muito satisfeito com o caminho daquela conversa. Mesmo que não quisesse ir, ele iria e não ia acontecer nada de ruim PORQUE ELES NÃO TINHAM NENHUMA OBRIGAÇÃO COM O OUTRO!
Era tão bom não estar preso em um relacionamento!
- Tá bom, então todo mundo vai simplesmente ficar em casa e perder uma festa só porque as madames estão de birra com a Lexi? - Liam não estava disposto a abrir mão tão facilmente.
- Birra? - Orteguinha riu, debochada. - Não foi isso que você chamou seu teatrinho quando soube que eu conversava com o Danny.
- Mas é claro! O cara é seu ex!
- Pelo menos eu não fazia sexo com ele!
- Uhhhhhhhhh - Niall, Harry, Louis, , e falaram ao mesmo tempo, exibindo a mesma surpresa. não emitiu som nenhum, mas seus olhos castanhos arregalaram e ela engoliu em seco.
- Você não pode me punir pra sempre por um erro. - Liam falou baixo, extremamente ofendido com a acusação da namorada - Todo mundo comete erros.
- Pelo menos o meu erro não está te perseguindo e enchendo sua paciência. - a caçulinha não estava feliz e não ia fingir.
Apesar de Lexi ter feito sexo com os cinco meninos do grupinho, o que já era um inferno para o ego de qualquer um (Louis ficou insano quando encontrou o ex de e ainda sim não reconhecia a maturidade dela em não criar uma rixa com Lexi, com quem ela estuda todos os dias.), era a sua maior vítima e se conseguia ser uma namorada maravilhosa, uma amiga suportiva e uma filha exemplar, o fato de que uma garota tinha tanto poder sobre seu relacionamento com Payne lhe tirava do sério ao ponto de não tolerar absolutamente nada vindo daquela criatura maléfica.
- Ai, … - Liam perdeu a paciência e falou naquele tom de quem não tinha paciência pra draminha infantil.
- Olha esse tom, garoto! - sua melhor amiga falou sério. Normalmente não interferia nas discussões do casal de amigos, mas o limite para a neutralidade ia até os ânimos se exaltarem, visto que o rapaz poderia ser muito cruel quando queria magoar a mais nova.
- Vai se foder, . - ele suspirou irritado e levantou da mesa.
- Ei! - o primogênito Styles não sabia muito como reagir quando Liam falava assim com a morena, mas sabia que não era bem por ali que as coisas deviam ir.
- Harry, você também não se mete, não. - falou puta também. Se envolvendo em uma briga que nem era dela, só pelo gosto de poder ser grossa com um idiota qualquer.
- Ahn, pessoal, o sinal já tocou. - Hilton pigarreou e pegou a bolsa pesada com o notebook - Nós precisamos ir para a aula.
- É vão lá enquanto eu vou arrumar essa bagunça para os bebês chorões não ficarem sem a festinha deles. - Westwick resmungou enquanto assistia o namorado se afastar junto com os outros rapazes, sem nem se despedir.
O horário acadêmico voou e o grupo só voltou a se encontrar ao final do dia, já que na hora do almoço Niall foi almoçar fora com , Harry e foram pra casa para a menina entregar o presente de aniversário dele, e Zayn foram almoçar com a Amina e Trisha no centro e foi com a mãe ao hospital para os checkups semanais que a grávida fazia.
Só sobraram Louis abandonado pela namorada que fez questão de proibi-lo de dar as caras depois da pachorra de querer ir pra casa de Lexi, e Liam que estava almoçando quieto porque a razão de todos os seus problemas estava irada desde que descobriu que ele não iria em sua festa e todos sabiam em quem Saint descontaria sua frustração.
Felizmente, salvou o dia quando se reuniu ao grupo no estacionamento para dar as boas novas:
- Antes que vocês comecem a discutir novamente, tenho boas notícias: A festa não vai ser mais na Lexi. De nada. - disse ao mesmo tempo em que rolava os olhos para os melhores amigos que estavam há alguns carros dali, namorando em público.
Cadê a Saint numa horas dessas? Ela pensou.
- E? - Niall pediu uma continuação da sucinta explicação.
A regra da fofoca era clara quanto a passar informações: você não dá meia informação. Tem que contar tudo, até mesmo os detalhes pequenos e sem importância, afinal de contas, são nos detalhes que moram os maiores perigos.
- E o quê? - perguntou de volta. Sua paciência com perguntas estúpidas era pouca e Horan era campeão em fazê-las nos momentos mais inapropriados, como agora, que ela precisava ir para casa terminar a lista de exercícios de Linguagem, revisar todas as matérias já escritas para a publicação do jornal, organizar a agenda do grupo do jornal que deveria se reunir com o grêmio estudantil para definir as datas de festividades oficiais da Eton para o próximo mês e ainda tinha que procurar um presente de dia dos namorados para Louis, e ela queria dar algo muito legal então precisaria investir tempo procurando.
- O que mais? - Ni fez um gesto apressado com a mão, demonstrando sua ansiedade para ter acesso a todos os detalhes de como "salvou o dia", mesmo tendo suspeitas sobre o submundo da Eton que a menina tinha acesso.
- Ah, infelizmente o Benett se meteu e interferiu. - Meester era só desgosto por ter tido a ajuda do rapaz, mas o que ela queria ia acontecer então era melhor deixar para lá. - Mas a festa vai ser na casa de um calouro fofinho que não faz ideia de que a casa dele vai ser destruída, e a impressão dos jornaizinhos da Westwick vão atrasar porque já estão imprimindo os convites pra distribuir hoje pro pessoal.
- E se você está se perguntando como nós fizemos tudo isso, honey, a resposta é simples: nós usamos o cérebro que vem dentro das nossas cabeças! - segurou as bochechas de Louis com as duas mãos, gotejando sarcasmo enquanto sorria plena como alguém que destruiu os planos de outro alguém que não simpatizava.
- Na verdade eu estou bem curioso para saber porque o Benett ajudou vocês? - Louis sorria também porque a menina estava de bom o humor e ele amava quando ela tinha aquele brilho nos olhos castanhos.
Apesar da pretensa felicidade, quando Benett foi citado, ele não conseguiu não ficar tenso e dar mais atenção ao que falava. Estava sendo um transtorno viver com Jason sendo amiguinho das meninas e eles receberam a clara mensagem do outro rapaz: ele estava no controle da situação e era melhor que nenhum deles vacilassem.
- Ah, ele falou algo sobre evitar uma guerra caso a Saint descobrisse que a mudança ocorreu por causa de nós. - fez pouco caso. Era muito melhor observar os irmãos Styles chegando até eles, caminhando pelo estacionamento como dois anjos, duas criaturas distintamente lindas.
- O que não faz o menor sentido porque eu adoraria que essa filha da puta soubesse quem foi que afundou a festa dela. - jogou a mochila pela janela de seu carro, exibindo um biquinho frustrado.
- A sutileza de uma vitória é sempre a melhor parte, Westwick. - revirou os olhos e sorriu cheia de segundas intenções e provocações para Liam, que já se aproximava com um braço sobre o ombro de , e o outro estendido, mostrando o dedo do meio para a melhor amiga.
- Pra mim é poder esfregar a minha vitória na cara de todo mundo. - a ruiva murmurou e entrou em seu veículo, porque se desse moral para os amigos, ficariam ali até meia noite.
- Então isso significa que nós vamos ter que melhorar nossos presentes? - Tommo enfiou a cabeça pela janela do carro para dar um beijo de despedida nela.
- Com certeza. - piscou e foi embora.
O dia dos namorados aconteceu na sexta feira, mas no sábado o cupido ainda andava às soltas, literalmente. O local da festa não era como o normal: casas afastadas da cidade e com tanto terreno em volta que os vizinhos mais próximos estavam há quilômetros de distância. Dessa vez a residência era uma localidade urbana, onde a porta da frente dava direto para a avenida que não costumava ser muito movimentada, mas por causa do evento acabou se tornando um inferno para a quieta vizinhança.
A decoração da casa de Alan Hart, filho do Conselheiro Municipal, Robert Hart, estava impecável, balões vermelhos, luzes LED em forma de velas, muitos doces vermelhos e todo mundo que entrava na casa ganhava um broche de flecha. As flechas vermelhas para os comprometidos e as verdes para os corações disponíveis a encontrar um grande amor para a noite.
Quando e Louis atravessaram a avenida, Zayn foi para a escada de acesso a casa receber o casal de braços abertos e um sorriso chapado:
- Vocês demoraram! - abraçou os dois ao mesmo tempo, dando um beijo molhado na bochecha de .
- Nós estávamos transando. - Tommo explicou contente, abraçando a namorada pelo ombro e ignorando o revirar de olhos que ela deu por causa da resposta desnecessária.
A verdade é que os dois acordaram cedinho e viajaram até a propriedade rural do vovô Tomlinson, tomaram um lauto desjejum, andaram a cavalo, trocaram presentinhos singelos e após o almoço tiraram os sapatos e pularam dentro de uma rede de descanso, onde dormiram a metade da tarde embolados e preguiçosos.
Vovó Tomlinson queria que o casal ficasse para jantar mas Mark avisou que deveriam voltar cedo para casa, caso não tivessem a intenção de dormir nos avós. E essa foi a deixa para pegar a estrada de volta a Londres com direito a música de fundo, mãos carinhosas se tocando e uma conversa doentia e divertida sobre possíveis crimes perfeitos.
- Sério? Eu também! - o moreno levantou a mão desocupada e só baixou quando o casal, que se entreolhou, a tocou. - Vocês já ganharam as flechas de vocês?
Ele já estava na casa há tempo o suficiente para desacreditar que apareceria por ali, o que era algo bom porque não precisava ter sua noite destruída só porque a garota se achava no direito de entrar em sua vida com tanta confiança, fazê-lo tão dependente de sua figura pacífica e cativante e então deixá-lo.
Entretanto, a aura romântica que perdurou por todo o dia começava a abatê-lo e ficava cada vez mais difícil não sentir uma falta avassaladora de tocar os fios macios do cabelo dela, de ser o motivo da linda risada que costumava soltar com facilidade e ainda dos olhos castanhos aquecedores que o faziam esquecer de seus próprios dilemas e conflitos.
- Aham, e eu acho que eles estão ficando sem estoque das verdinhas. Você deveria ir lá devolver algumas. - apontou para as flechinhas bonitas que ela e Lou tinham e em seguida para as seis flechas verdes penduradas por toda a camiseta que o amigo usava.
- Não é meu problema. - Zayn deu de ombros desleixadamente, caminhando a um passo atrás de , ao lado de Tommo. - Eu sei que a minha prima chegou mas ainda não a vi, acredita?
- Você viu o relógio que ela deu de presente pro Payno? - Louis pegou a primeira cerveja fechada que estava dando bobeira em uma mesa de plástico colocada no meio do caminho.
- Sim! Eu nunca ganhei nada tão bom assim dela! - o moreno exclamou, revoltado com a falta de sensibilidade da caçulinha que nem em suas melhores tentativas foi tão generosa assim com ele. Quer dizer, o que ele devia fazer com aqueles porta retratos de macarrão ridículos que ela lhe dava todos os anos?
- É, mas o Payne também deu uma puta pulseira pra ela. - bem lembrou do belo presentinho que o idiota havia comprado para .
Existem namorados que gostam de dar flores, outros gostam de presentear com bichos de pelúcia e ainda há quem goste de dar sapatos. Liam investia dinheiro em jóias e não reclamava, pelo contrário, poderia passar horas admirando o corte de cada pedrinha preciosa que enfeitava os brincos, colares e pulseiras que ela usava.
Payno quase nunca fugia desse padrão, desde que descobriu a afeição da menina aos pequenos e expensivos objetos, já que não havia sentido de sair da segurança de agradá-la toda as vezes e arriscar em uma roupa ou sapato que ela provavelmente trocaria na manhã seguinte.
- O que vocês deram um para o outro? - Zayn enfiou a mão no bolso e puxou um cigarro para Tommo, outro para e um último para si.
No início do mês passado, antes de ter sido chutado por , ele foi a um pequeno cinema que mantinha os filmes em preto e branco desde os anos sessenta e assinou um contrato de aluguel para a noite do Valentine’s Day que seria quando ele levaria a loira para uma noite romântica com direito a um filme francês idiota mas que ele tinha certeza que agradaria .
- Uma bola de futebol assinada pelo Neymar! - Louis foi o primeiro a responder, arrepiado de emoção por tocar em uma bola que o dono do futebol europeu havia tocado também. Dito isso, ele olhou ainda mais apaixonado para a garota ao seu lado: - Eu já falei um milhão de vezes, mas vou repetir: você é a melhor namorada do mundo, . Sério.
- Qual a possibilidade de ser uma assinatura falsa? - Malik indagou, ignorando o casal que trocava um pequeno beijo demorado porque encontrou um grupo usando muitas flechas verdes como ele, o que se tornou palco para uma série de dúvidas em seu coração atormentado: se vier, vai usar um desses? Ela vem acompanhada?
- Nenhuma porque o Greg quem conseguiu pra mim e ele já teria se matado se tivesse alguma incerteza sobre a ilegalidade dela. - a ruiva defendeu sua honra no momento em que soltou-se de Tomlinson.
Mas agora que Zayn levantou a questão, ela pensou em averiguar a fidelidade da assinatura na segunda-feira, assim que chegasse na Eton. E aquele pequeno filho da puta iria se ver com ela, se tivesse mentido.
- E cadê o Greg? Será que ele veio? - ele incrivelmente estava sendo sincero em sua busca pelo menino. Era engraçado porque ninguém imaginaria que Malik chegaria a se dar bem com alguém tão cumpridor de regras como Greg, mas ele adorava o rapaz e isso era o suficiente pra ninguém questionar mais nada.
- Ele disse que convidou uma menina da aula de geografia e parece que ela aceitou! - contou, super interessada na vida amorosa de seu colega de trabalho - Inclusive estou esperando meus agradecimentos por ter ensinado ele a não passar vergonha na frente dela, coitadinho.
- Eu tenho que descobrir quem é ela, pra não correr o risco de acabar ficando com garota do Greg. - o moreno sorriu, aspirando profundamente antes de elevar o rosto e soltar uma baforada de fumaça.
- Nossa, Zayn, não vai poupar ninguém hoje? - a ruiva brincou, olhando rapidamente para Louis, que estava quieto demais.
Tommo estava tão feliz, segurando a mão de sua amada, em uma festa, fumando um bom cigarro enquanto dava tchau para alguns conhecidos toda vez que passava por um cômodo da casa e ouvia alguém gritando "O Tommo chegou!", que nem se dava ao trabalho de prestar atenção na conversa que corria solta ao seu lado, muito mais ocupado em curtir a sensação maravilhosa de bem estar que tomava conta de seu ser.
- Recuperando o tempo perdido… - o primo de disse, não tão empolgado quanto gostaria estar. - Agora que o Harry está ocupado demais, alguém tem que tomar de conta das meninas dele.
Seu humor mudava drasticamente de ódio mortalmente perigoso para uma melancolia do tipo em que passava horas em casa, olhando para o nada até que aparecia para lhe fazer companhia. Infelizmente, a maior parte do tempo só era possível encontrar um rancor forte que mascarava a mágoa de ter sido rejeitado.
- Garoto, você é um perigo solteiro. - Westwick atestou, muito orgulhosa de andar com um filho da puta de carteirinha. - Já imaginou se eu estivesse solteira também?
- Nós iríamos nos divertir muito, ruiva. Tenho certeza. - ele piscou, charmoso para caralho.
- Dá pros dois bonitos, pararem com isso? - Louis olhou para a dupla seríssimo, porque não brincava quando o assunto era Zayn e seu poder sobre as mulheres, vai que numa dessas cantadas baratas acabava caindo mesmo no papo do idiota.
- O Zayn quem tem que parar de me seduzir…
- Olha ali a ! - Tomlinson finalmente enxergou alguém que lhe importava ali e já se aproximou gritando e chamando a atenção de todos: - Ei, Liam, seu otário!
- Ele olhou quando você falou otário! Mas que idiota… - falou e soltou a mão do namorado para girar Ortega e julgar a roupa dela: - Oi ! Você está linda!
- Oi , obrigada!- a caçulinha era só sorrisos, principalmente porque flagrou os olhos observadores de Liam assistindo-a distraidamente enquanto era girada espalhafatosamente por . - É que nós fomos…
- Eu sei onde vocês estavam. - Westwick estava muito desgostosa porque aquela coisinha tão linda andava com um otário como Payne; - O Liam falou isso um milhão de vezes pro Louis, e eu automaticamente tive que ouvir um milhão de vezes também.
- , onde está o botão pra calar a sua boca? - Payno perguntou com um sorriso nem um pouco sincero.
- No seu cu.
- Westwick, vem ver esse vídeo! - Alguém da rodinha interrompeu a discussão que só havia começado e todo mundo se direcionou para a tela do telefone para ver o dito vídeo.
ficou olhando para o grupo, procurando um jeito de se enfiar no meio do pessoal de maneira que conseguisse ver o conteúdo compartilhado ali, mas antes de chegar a uma conclusão satisfatória notou que o primo estava parado ao atrás de si, com as mãos nos bolsos.
- Tudo bem, Zaza? - ela se aproximou e perguntou sem muita certeza da situação dos dois, desde a discussão durante uma tarde quieta onde a menina tentou entrar no assunto "Como você está se sentindo sem a " e os dois brigaram feio.
- Oi sunshine! - ele beijou a bochecha da caçula, surpreendendo-a com um abraço - Vem pegar uma bebida comigo?
- Claro. - concordou automaticamente, acompanhando seus passos lentos até a casa lotada. Ela estava preocupada. - Aconteceu alguma coisa?
- Nada demais, nós só não nos vimos hoje. - Malik disse, deixando transparecer um pouco de mágoa na afirmação.
Ele não estava mais puto com aquela criatura doce e feliz, mas não se sentiu nem um pouco impelido a ir até a menina para se desculpar e fazer as pazes com a única pessoa do mundo que tinha toda a paciência possível para seus dramas pessoais.
sentiu-se culpada com a acusação não intencional do primo. Não era de seu feitio desapontar sua pessoa favorita, e no instante que a discussão iniciou-se, se arrependeu de ter o feito logo no momento em que ele tanto precisava dela.
- Eu dormi a manhã toda, a tarde fiz umas horas de prática e ainda fui na casa da ajudá-la com uma roupa porque o Harry e ela iam jantar fora. - explicou sua rotina ocupada e o motivo de não ter passado na casa da tia Trisha para vê-lo.
- Você foi de táxi? - ele perguntou, curioso porque sabia que Liam havia passado a tarde ocupado com o pai então só restava ele mesmo como motorista da pirralha e até onde sabia, não havia uma só mensagem dela pedindo carona.
- O Alfred foi um amor e passou a tarde a minha disposição. - respondeu com um sorriso sonhador.
Alfred usava uma camisa branca e a barba dele estava maior do que o usual, dando um ar rebelde e ainda mais másculo. Os dois tiveram uma tarde agradável, ele aceitou o café que ela lhe comprou apesar da relutância inicial e os dois ainda bateram um papo sobre presentes criativos para namorados que já tem tudo.
- Eu espero que você tenha escolhido uma roupa horrorosa pra Meester. Aquela megera não merece ficar bonita. - Zayn escolheu ofender a bater na tecla de que sua prima caçula andava com uma crush pelo motorista daquela filha da puta que Styles andava exibindo por aí como um prêmio.
Foi difícil voltar até a cozinha porque a cada passo que davam, paravam para cumprimentar alguém e por isso a conversa foi pausada até que o rapaz conseguisse empurrar um casal que escolheu a porra da geladeira para se apoiar enquanto se pegavam vergonhosamente.
- Mas que porra… Se eu pegar você e o Liam fazendo uma palhaçada dessas, eu vou ligar pra sua mãe. - ele ameaçou mal humorado com a cabeça dentro da geladeira, procurando uma cerveja.
Algumas meninas seguiram a dupla pela casa mas não ficaram muito tempo na cozinha quando deram conta que o Sr. Malik estava ocupado demais para sequer notá-las. Agora Zayn já estava afastado da geladeira, com sua bebida em mãos, e a morena estava na ponta dos pés, pegando um picolé do congelador.
- Nós não fazemos isso, Zayn! - bateu a porta do congelador, um pouco horrorizada com a abordagem direta do primo.
- Graças a deus. Eu já vivo com o medo constante de descobrir que vocês transaram, garota. - agora ele parecia um pai velho e preocupado, acompanhando a caçula de volta ao grupo reunido.
- Você não vai descobrir, pode ficar tranquilo. - ela prometeu com muita segurança de que ia agredir Liam se ele tivesse a audácia.
- Você não pode me prometer isso. - é isso, Zayn estava infeliz de novo. - É claro que eu vou saber quando acontecer, infelizmente.
- Nada a ver. Nós não vamos contar.
- Vocês não precisam me contar nada! Aquele filho da puta vai ficar tão feliz que não vai conseguir nem disfarçar!
- Zayn!
- Eu não estou brincando, . Você tem noção do quanto ele tá sofrendo? O Liam transava toda semana antes de vocês namorarem, toda semana. Eu não acredito que estou tendo essa conversa com você. - Malik disparou a falar, sem controle das próprias palavras não percebendo a careta que a garota fazia.
- Nem eu acredito nisso…- resmungou, desistindo do picolé pela metade e jogando-o no lixo porque estava frio demais para continuar comendo.
- Vai ser o pior dia da minha vida porque vai significar que você já não é mais uma criança inocente e feliz. - o menino falou todo pensativo, emprestando o braço para a prima se apoiar e não ser levada pelo vento agora que estavam de volta ao quintal aberto.
- Me desculpa por ter discutido com você. - Ortega falou quando já estava chegando até Liam. - Eu não vou mais me meter nas suas coisas.
- Não se preocupa com isso, . Já passou. - o garoto apertou o braço dela e sorriu como quem queria dizer que tudo iria ficar bem.
- Você tem certeza que não está mais bravo?
- Na verdade eu fiquei mais chateado por você não ter ido lá em casa do que por causa da sua intromissão.
- Eu só não fui porque estava ocupada.
- Ocupada com a Meester… - o moreno fez uma careta de quem acabava de experimentar algo muito ruim.
- Por que vocês dois não param com essa briga hein? - Orteguinha colocou as duas mãos na cintura, impaciente com a rixa da dupla que a usava de ponte para destilar ódio e sofrimento contra o outro.
- Talvez eu pare, - Zaza cantarolou - e a gente comece a sair só pra te fazer feliz.
- Engraçadinho…
Liam, de braços cruzados só para exibir o novo relógio, viu a dupla se aproximando e sorriu para a menina, satisfeito porque os primos finalmente estavam normais, com direito a Zayn explorando e tudo o mais.
- Eu não acredito que vocês dois foram lá dentro e ninguém trouxe uma cerveja pra mim. - ele reclamou porque viu o moreno segurando uma garrafa só. Ele nem sabia porque ainda se surpreendia com o egoísmo do melhor amigo.
- Como você sabe onde a gente estava? - o garoto ignorou a reclamação e partiu para a parte curiosa da situação. Afinal de contas eles poderiam ter ficado na porta de acesso a casa, ter rodeado até a pista de dança improvisada no deck ou mesmo ido ao estacionamento lá na frente.
- Porque eu recebi um snapchat seu com "uma morena" na geladeira. E por um acaso a morena é minha namorada. - Payne explicou, debochando das exatas palavras da fofoqueira que se referia à prima de Malik como "uma morena".
- Nossa Zaza, todo mundo em cima de você hein. - empurrou o primo com o ombro, sorrindo sapeca.
- Ninguém que eu realmente queria… - o belo moreno lamentou com o pensamento distante, quase fechando os olhos para ter a perfeita imagem de e aquela porra de cabelo loiro quase branco, aqueles lábios tão lindos que lhe causavam um alvoroço toda vez que ele esteve prestes a beijá-los e os olhos serenos e frios que não se alterariam nem se ele começasse a gritar e quebrar coisas para chamar sua atenção.
No meio tempo que durou esse devaneio maluco, sorriu travessa para Liam enquanto se aproximava o suficiente para ser abraçada por ele que sorria também:
- Oi. - ela colocou uma das mãos na bochecha do namorado, acariciando ali só para sentir a aspereza dos pelos que constantemente eram impedidos de crescer.
- Oi babe. - Payno deu um beijinho na ponta do nariz arrebitado dela e quando inclinou a cabeça para alcançar os convidativos lábios vermelhos, só sentiu o vento frio.
- Payne solta a garota! Meu deus, que obsessão! - havia puxado Ortega para longe de Liam e a caçulinha estava tão decepcionada quanto o rapaz que ficou ansioso pelo beijo que nunca aconteceu.
- Mas ela quem estava em cima de mim, porra! - o menino se defendeu, sem nem saber porque estava na defensiva quando deveria arremessar um banco em , só pela cara de pau daquela ruiva desgraçada.
- Para de ser mentiroso. - soltou o ar toda mal humorada, guiando a amiga para o mais longe possível de Liam. - Vem , vamos procurar notícias sobre o seu ex. Parece que ele está cidade.
- O quê? De quem ela está falando? - ele virou-se para Zayn e depois Louis, procurando uma resposta plausível e que fizesse o menor sentido.
Infelizmente, Louis sabia exatamente do quê a namorada estava falando e não tardou em explicar:
- O Phillips voltou para a cidade, veio fazer o último semestre aqui mas o Gelner não aceitou ele de volta.
- Eu ouvi dizer que ele está na Kingsburry. - Malik complementou as informações. - Vamos pegar mais cerveja?
- Vocês já sabiam disso? E ninguém nunca pensou em me contar uma notícia dessas? - Liam estava abismado com a falta de consideração dos dois idiotas mas fez todas as perguntas caminhando, porque apesar dos problemas, o importante era estar com a bebida em mãos.
- Ué cara, a gente não pensou que você se interessaria em saber. - Tommo arqueou as sobrancelhas, achando o comportamento do grande Payno completamente dramático e desnecessário. Como ele gostava de pensar: pelo menos o ex da sua namorada não foi o primeiro dela. - Se alguém por aqui tem o direito de saber, esse alguém é a .
- Ela já sabe? - Por que isso só está piorando, Deus? Por quê? Li pensava a cada passo que davam.
- Sei lá. Acho que não. - Tommo deu o assunto por encerrado e começou a acenar espalhafatosamente para o cupido ridículo que estava conversando com os rapazes do time e o trio decidiu ver o que se passava quando aquela coisa ridícula de fraldas fez Chase e uma segundanista trocarem um beijo.
Os meninos automaticamente se dirigiram até a rodinha, porém uma mensagem de Niall falando que não encontrava lugar para estacionar roubou a atenção de Zayn, que desviou a rota para conferir se o Irlanda estava sozinho ou o quê.
No círculo, uma conversa interessante rolava e o pobre Shepley olhava entre um colega e outro, com os olhos castanhos arregalados enquanto tentava convencê-los de que na festa de ano novo do Tomlinson, ele e Amber, sua crush desde que chegou no ensino médio, ficaram.
- Eu juro pra vocês, nós ficamos no ano novo! - o menino afirmou e aquela não parecia ser a primeira vez que repetia a ladainha.
- Assim como eu fiquei com a Ortega. - Wynn West debochou porque era um dos poucos idiotas que não gostava do mascotinho e também não entendia como o resto do time podia ser tão paciente com ele.
- Cala a boca, Wynn. - Payne já entrou na rodinha revirando os olhos porque achava desnecessário qualquer comentário vindo de alguém do time em relação à . Isso se dava principalmente porque aqueles garotos só falavam bosta e nunca era coisa boa todos eles saberem quem era uma menina.
- Como vocês não podem acreditar em mim? Eu não mentiria sobre algo tão sério! - Shep estava com as mãos vermelhas de tanto que as apertava por pura frustração.
- Você realmente não é um mentiroso, mas sempre tem uma primeira vez…- Chase queria muito acreditar no coitado e de fato não poderia citar uma única mentira vinda do amigo, mas contar uma história dessas era no mínimo ridículo, e para ajudar a foder com a vida do mascote, ninguém além dele podia confirmar a veracidade dos fatos.
- A Amber não ficaria com você. Nunca.
- E por que não? - o alvo das chacotas olhou para Wynn muito ofendido com o tom de voz do outro
- Porque… você não ahn, faz o tipo dela. - West limpou a garganta quando viu o olhar de Chase pesar sobre ele.
- Péssimo argumento, idiota. - Elliott jogou a tampinha metálica da cerveja na cara de Wynn - Aquela garota não tem um tipo.
A maioria dos meninos concordou, mas Tim ficou reticente quanto a afirmação e finalmente se pronunciou:
- A Lexi não tem um tipo, a Amber tem.
- Como assim a Lexi não tem um tipo? - Chase ficou até revoltado com a burrice de Tim - O Payne é o tipo dela!
Outra onda de confirmações foi ouvida e dessa vez não tem uma só voz que discordava da opinião do braço direito de Benett. Os rostos dos meninos se iluminaram porque não era todo mundo que tinha a sorte de ser perseguido pela própria Afrodite.
- É verdade!
- Como eu esqueci disso?
- Ela ainda continua com uma quedinha por você, Payne? - Chase perguntou após esvaziar a décima garrafa de cerveja. Ele deveria estar pegando leve? Sim. Mas o técnico teria que fazer vistoria vinte e quatro horas para garantir que ele não quebrasse nenhuma regra.
- Não, não é uma quedinha. É uma obsessão doentia. Eu não sei mais o que fazer. - Liam ficou até infeliz após a desnecessária menção a aquele satanás.
- Transa com ela! - um garoto muito aleatório sugeriu, porque era a coisa mais óbvia a se fazer quando alguém tem interesse em você, e essa pessoa consegue respeitar a linha da beleza estipulada por imbecis.
- Eu estou namorando. - Payne justificou sua falta de interesse na doida.
Lexi era bonita? Era. Gostosa também, e o sexo era absurdo pra uma menina de dezoito anos. Mas aí morava o problema, ela não fazia Liam rir, ou não havia nada de borboletas no estômago quando a via. Nem mesmo a faísca da paixão existia mais e a reação mais forte que conseguia dele era uma dor de cabeça insuportável.
- Ah, é mesmo. - Elliott explicou para os que ficaram surpresos com a notícia de que Liam Payne estava namorando - A bonequinha, prima do Malik.
- A . - Liam falou o nome da namorada para evitar que aqueles bocós pegassem gosto por se referir a menina por adjetivos além do nome dela.
O pessoal que já estudava na Eton, rapidamente fez a conexão entre a menina que realmente parecia uma boneca, de tão bonita, e as fotos nos perfis de Zayn e Liam. Mas para os poucos que não eram de lá, a descrição vaga não foi o suficiente para identificá-la.
- Como você conseguiu namorar ela e continuar sendo amigo do Malik?
- Ele deu um soco no Liam quando descobriu! - Louis, que até então só ria da conversa, primeiro porque nome de nenhuma mulher chamava sua atenção agora que ele estava comprometido de corpo e alma com sua insanamente deliciosa , e também por estar se deleitando com a vontade de morrer do amigo desde que Lexi se tornou tópico do assunto.
- Não!
- Isso aconteceu mesmo?
- O Jason precisa saber também!
- Obrigado, Louis… - Li murmurou, se inclinando porque um idiota simplesmente começou a gravar stories para contar ao mundo a informação que não era da conta dele.
- Nós estamos aqui ao vivo, na festa anual de boas vindas e acabamos de descobrir que Zayn Malik já bateu no Liam Payne sim, pra você que achava que isso não seria possível! E o motivo é melhor ainda: eles brigaram por causa da prima caçula do Malik e agora o Payne está namorando ela! - o menino falava, olhando para a câmera frontal, tentando abarcar o máximo de pessoas possível no frame de imagem.
- Quem é esse babaca? - Payne apontou entediado para o idiota com a câmera ligada. Ergueu o braço para apontar o estúpido e soltou a mão contra o jeans, causando um barulho.
- Não sei, o Clarke trouxe ele. - um garoto respondeu, também incomodado com a efusividade daquele filho da puta chato pra caralho.
- Eu vou dar uma surra nele, se não parar de fazer isso. - Liam revirou os olhos e virou de costas para o outro lado, agradecendo aos céus porque alguém pediu pro menino parar de passar vergonha.
Há alguns metros dali, ele podia ver levando às gargalhadas, tão distraídas que nem sequer perceberem Niall, e Zayn caminhando até elas.
- Cadê o Benett? O que ele acha dessa história do Shep? - Wynn não deixou o assunto morrer. Ele só ia se aquietar quando desmascarasse Shepley.
- Ele vem de outra festa pra cá. - Chase se comunicava com o capitão do time nesse momento, por sinal - Inclusive já era pra estar aqui.
- Até onde eu sei, ele acha totalmente possível ter acontecido. - Elliott ainda lembrava da primeira vez que Shep começou com essa conversa, logo após a volta às aulas. Benett riu mas não disse nada que tirasse o crédito do mascote.
- Ele não sabe o que está falando. Só concordou porque estranhamente ele gosta de você, seu mentiroso.
- Eu. Não. Estou. Mentindo! - Se Shep xingasse, esse seria o momento perfeito para gritar todo o dicionário da calúnia e difamação porque sua paciência e boa vontade estavam sendo minadas dia após dia desde a melhor noite de sua vida.
- Cadê a Amber? Porque não chama ela aqui e a gente ouve resposta da fonte? - Elliot teve finalmente uma boa ideia, sendo ovacionado por todos os curiosos que concordavam quando Louis afirmou que a história acabava de ficar mais divertida.
- Isso! Ela vai confirmar tudo!
O coração do menino até bateu mais forte diante a iminente oportunidade de falar com aquele anjo loiro, já que eles não conversaram ou tiveram qualquer contato desde a fatídica noite.
- Shep, não existe a menor possibilidade de ter sido alguém como ela? Parecida? Loira? - Liam perguntou mais uma vez. Tudo para o pobrezinho não passar vergonha.
- Era ela! Eu estou falando, não existe outra Amber na minha vida.
- Você não deve nem ter chamado ela pelo nome.
- Além do mais, a garota podia estar tão bêbada que respondia qualquer nome.
- Amber! Até que enfim! - Isaac Krowe, primo de segundo grau do Greg do jornal, voltava puxando a menina confusa pelo braço.
- O que foi? O que está acontecendo? Eu não quero ficar com nenhum de vocês. - ela nem ao menos deu o ar da graça. Lexi era quem tinha padrões baixos, não ela.
- Para de ser chata e vem aqui. - Isaac continuou empurrando a garota apesar dos protestos irritados dela. - Você não está preparada para o que vamos dizer, hein.
- Fala logo, Isaac. - a loira soltou-se da mão bêbada do garoto que a puxou para a rodinha. Ela odiava bêbados e agora estava rodeada por mais de dez deles, além de uns garotos mais velhos de Cambridge, Tomlinson e Payne.
Seus olhos foram até o último, observando-o com interesse e um sorriso divertido. Assim que saísse dali, iria atrás da melhor amiga para contar que acabara de encontrar Liam.
- O Shep está há dois meses falando que ficou com você. Ele jura pela vida dele. - Wynn West falou com tanta maldade no seu tom de voz, que deixou qualquer um de bom coração um pouco triste.
- Fala pra eles, Amber! - Shepley pediu sem nem se incomodar em cumprimentar a garota mais velha que conseguia estar deslumbrante em uma simples calça jeans.
Foi então que seus olhos castanhos encontraram os lindos olhos de filhote de Shep e ela ficou surpresa por vê-lo ali. Ninguém precisava saber que no último mês ela foi diversas vezes no perfil do garoto e precisou procurar fotos dele nas marcações porque sua página era repleta de memes e fotos dos amigos.
É claro que ela lembrava do encontro não planejado e dos acontecimentos subsequentes que resultaram nos dois nus e cobertos, com o mesmo cobertor fofinho que aqueceu um Harry adormecido no sofá dos Tomlinson mais cedo, durante a virada de ano. Mas no instante que saiu da casa, ela decidiu que precisava manter o acontecimento em segredo para evitar seu próprio constrangimento.
O arrependimento veio mais tarde, logo quando saíram as primeiras conversas sobre, conversas criadas pelo próprio Shepley, e Lexi a confrontou com um sorriso na cara. Pela vergonha da humilhação, ela mentiu e só depois descobriu que ninguém parecia achar tão ruim estar com mascote do time. Mas então ela havia negado os boatos e era tarde demais para voltar atrás.
- Do que você está falando? - ela finalmente falou alguma coisa, piscando repetidamente em uma espécie de tique nervoso.
- Nós ficamos, dentro da casa do Tomlinson, você foi o meu primeiro beijo do ano! - Shep estava começando a se desesperar, com medo de tudo não ter passado de uma grande ilusão de sua cabeça sonhadora.
- É claro, faz todo o sentido eu ter passado uma festa com você, Shepley. - Threfall riu com pena dele, pronta para se afastar dali para finalmente respirar após mentir tão descaradamente. - Era isso que vocês queriam saber?
- Então vocês não ficaram? - West quis só confirmar seu ponto.
- Olha pra mim, Wynn. O que você acha? - a menina sorriu mais uma vez, sem ter a coragem de olhar para o doce menino que andava visitando seus pensamentos muito mais do que ela gostaria.
- Tudo bem, pode ir. - Wynn dispensou a loirinha que já ia longe e sorriu vitorioso: - Muito bem, Shep. O que você tem a dizer em sua defesa?
- Ela está mentindo! Não pode ser! - o menino estava com o coração massacrado porque Amber obviamente não lembrava de nada. Seu coração foi quebrado em pleno dia dos namorados e ele se sentiu o maior imbecil daquela festa.
- Shep ninguém entrou na casa, no ano novo. Eu estava com as chaves. - Liam não ficou bêbado em nenhum momento da noite e lembrava de todas as pessoas que entraram com ele dentro da residência, nas vezes que precisou abrir concessões. Shep e Amber nunca fizeram parte dos grupos que entraram.
- É claro que eu entrei. Tinha um pessoal subindo as escadas mas nós ficamos numa sala.
- Impossível. - Payne até estava com pena do colega, porém uma coisa era ele defender a fantasia dele e outra era manchar sua velada guarda à entrada na casa Tomlinson. - Eu estava cuidando da porta o tempo todo.
- Deixem o garoto em paz. Não sei de onde veio essa necessidade de defender a honra da Amber. - Bennet, o salvador da pátria, finalmente se reuniu a seus fiéis súditos e a primeira coisa que fez, antes mesmo de pegar uma cerveja, foi interromper a encheção de saco em cima de Shepley.
- Jay, você sabia que o Malik deu um soco no Liam? - Tim perguntou, quase certo de que o capitão do time ainda não sabia dessa.
- Quando? - Jason arqueou uma só sobrancelha, curioso e interessado.
- Quando foi, Payne? - Tim virou para o moreno, esperando que o rapaz desse detalhes do acontecimento, mas isso não estava nos planos dele.
- Já faz um tempo. - deu de ombros, dando pouco caso ao soco dolorido que recebeu há alguns meses.
- Foi nas férias. Quando ele descobriu que o Liam e a estavam namorando. - Tomlinson fofocou mais uma vez e não escapou do soco no braço que Payno lhe acertou.
Outro alvoroço se formou e de repente o assunto mudou completamente enquanto um arrasado Shepley se afastava do grupo alegre, onde ele julgava não pertencer. Liam seguiu em frente, na procura de seus amigos e ninguém prestou atenção no estado meditativo em que Bennet permaneceu enquanto falava sozinho:
- Então o Malik tem problemas de controle de raiva? Interessante…
Quando Zayn deixou os dois amigos e seguiu para a frente da casa, quase se arrependeu de ter desviado a rota porque já era possível ver o casal de loiros esperando para atravessar a rua envolvidos em uma conversa acalorada, e ao lado de Niall, colocava os cabelos esvoaçantes para trás, evitando que os fios entrassem em sua boca.
Ela usava um vestido que deixava seus ombros a mostra e a satisfação em seu olhar denunciava que provavelmente havia acabado de comer alguma besteira, porque era assim que ela ficava toda vez que podia dar uma fugidinha da rigorosa dieta que seguia a risca.
Foi inevitável não se olharem e enquanto o rapaz prendeu a respiração, ela sentiu o coração bater tão forte que precisou de um momento para voltar ao controle de suas emoções e acompanhar o casal de amigos que discutiam desde que ela entrou no carro, há umas quatro quadras dali, na casa de sua tia que também morava em Kensington, o abastado bairro que ostentava a rua mais cara da cidade, era vizinha do Conselheiro Municipal.
- como você pode recusar meu presente? - Niall perguntou indignado, depois de meia hora de extensa narrativa dos fatos para , que não se importava nem um pouco com o drama das duas crianças que brigavam demais, mas se limitou a aceitar o braço esquerdo do melhor amigo.
- Eu não quero um cachorro, Niall! - a linda repetia o mesmo mantra, irritada e constrangida com a situação em que foi colocada mais cedo.
Depois do encontro legal na sexta-feira, a menina dormiu literalmente o dia todo e só às sete Horan foi liberado para entrar na casa dos Styles. Seu objetivo era levar a namorada para sua surpresa de dia dos namorados e a menina parecia uma criança que comeu doces demais, perguntando o que era, quando ela poderia ver, se era de comer, ou talvez um show.
Qual não foi sua decepção quando chegaram em um pet e Niall simplesmente lhe disse para escolher uma daquelas bolinhas peludas porque esse era seu presente de dia dos namorados. O problema é que nunca teve um bicho de estimação e não tinha a intenção de passar a ter logo agora que estava tão próxima de uma vida viajando para atuar e então fazer tour de premiere dos filmes.
Ela recusou educadamente o presente inusitado e os dois voltaram para o carro com a cara no chão de vergonha. Eles ainda conseguiram jantar sem tocar no assunto, mas a caminho da festa Niall não se controlou e quis saber o motivo da recusa, desde então eles estavam argumentando.
- Mas você ama cachorros, porra! - o rapaz podia citar as um milhão de fotos que ela tinha com os cachorros dos outros, inclusive fez uma cena quando foram buscar e a menina estava segurando o cachorro magrelo da tia.
- Isso não significa nada. - princesinha Styles falou como se fosse óbvio.
Ela gostava de tantas coisas que não tinha em casa! Se fosse esse o caso, ela podia ter um parque da Disney no quintal de sua casa, e olha que espaço tinha.
- Você disse que ia adorar ter um bichinho pra amar também quando nós fomos na casa da sua prima! - Niall acusou, ignorando a intensa movimentação de carros na avenida. Estava confiante de que estava de olho para o momento certo de atravessarem.
- Eu estava sendo educada, babe. Você podia ter checado comigo antes de me levar em uma casa de adoção. - a essa altura já ria porque o namorado parecia um velho resmungão. E ao invés de continuar a briga boba, ela deu um beijinho casto no ombro dele.
olhou para os dois com um sorrisinho, impressionada com o quão rápido eles fizeram as pazes. Ninguém precisou interferir ou dar palpites para que o suave tom de voz da caçula dos Styles acalmasse os ânimos do ego ofendido de Niall.
- Vai se foder, viu…
- O quê? - princesinha Styles arqueou as sobrancelhas, interrompendo a carícia para ouvir as explicações do garoto mimado.
- Nada, . Nada. - Ni nem ao menos olhou para o lado, continuou a esperar que o movimento cessasse para finalmente chegarem na casa decorada com balões vermelhos.
- Você está puto porque eu não voltei com um bicho pra casa só pra te agradar?
- Não é isso. - ele confidenciou após certa relutância - Você nunca deu o menor de sinal de que não queria a porra de um filhote, todo mundo sabe como você ama filhotes e eu só queria te surpreender.
- Ah, Niall. - sorriu, abraçando- o de lado enquanto descansava a cabeça contra o peito quentinho dele. - Você é atencioso e eu amo isso,
- Mas? - o irlandês abraçou a menina de volta, beijando o topo de sua cabeça enquanto esperava os poréns daquele elogio espontâneo.
- Mas nada. Eu só gosto de saber que você não está só fingindo me ouvir enquanto eu falo demais.
- De nada por ser um cara incrível. - piscou, beijando os lábios carnudos da garota e saboreando o gosto do hidratante labial de baunilha que ela usava.
Zayn desistiu de esperar pelo casal porque olhar para ainda era doloroso e lhe inspirava muito rancor. Lá dentro, ele ficou na sala de leitura que já estava bastante lotada, aguardando uma oportunidade de conversar com os amigos sem ter que lidar com a loira.
Na sala de estar, o trio se desfez porque Hilton ficou presa na porta, lidando com as piadinhas bestas do pessoal que assistenciava o Sr. Cupido, já que o idiota não parava quieto, alguém precisava de fato entregar as flechinhas coloridas e a loira estava curiosa para entender a dinâmica dos itens que todo mundo ganhava.
Para a sorte de Malik, Niall e vinham em sua direção rindo e elogiando a ideia legal que o anfitrião teve. Estava sendo quase impossível imaginar o que Lexi poderia fazer para superar aquela festa, mas ninguém arriscava perguntar em voz alta e ter o desprazer de ver a doida brotar do chão para argumentar em defesa de sua honra.
- O que você já fez de errado, Horan? - Zayn jogou a ponta do cigarro no chão de madeira e colocou as mãos nos bolsos do casaco ao passo que acompanhava os loirinhos, guiando-os até o resto do bando. - Oi pirralha. Pensei que vocês não iam vir mais.
- Oi Zaza, - princesinha Styles beijou a bochecha do moreno charmoso - esse bobão ia me dar um cachorro sem me consultar.
- Hmm péssima ideia, irlandês. Você não pode sair empurrando um cachorro nos outros. - Malik liderou o trio na marcha para atravessar a multidão amontoada, acendendo um novo cigarro e tomando todo o cuidado do mundo para não queimar nenhum bêbado idiota com o isqueiro.
- Exatamente! Começa com um cachorro e daqui a pouco você aparece com uma criança pra mim só porque eu quero ter alguns filhos. - foi logo dramática, porque não havia espaço em sua vida para ter uma conversa normal.
- Não foi você que deu um cachorro pra assim que vocês começaram a namorar, Zayn? - Niall usou sua boa memória para encurralar o moreno.
Zayn engasgou com a fumaça mas fez um esforço sobrenatural para ficar normal, resultando em uma cara vermelha e os olhos lacrimejantes pela força que fazia para não explodir em uma tosse seca.
- A falou que você e o Lou fizeram uma tatuagem nova ontem! Eu ainda não vi. - cresceu os olhos, desesperada, e mudou de assunto bruscamente - Que horas vocês saíram? Eu pensei que eles dois iam fazer alguma coisa por causa do Valentine´s…
- Eles fizeram hoje. Ontem nós fomos ao Fabric porque a ganhou uns ingressos e a gente foi lá beber de graça. - Zayn estendeu a mão para ajudar a loirinha a pular os degraus que davam acesso ao quintal lotado de casais, bêbados, solteirões muito orgulhosos de não pertencerem a ninguém, e o mais importante: todo mundo feliz.
- Por que eu não fiquei sabendo disso? Quantos ingressos ela ganhou?
- Eu nem falei nada porque você não pode entrar, babe. - Horan justificou a omissão da informação. Além do mais, não achou nada romântico jogar na roda o outro rolê enquanto eles estavam no jardim de trás da casa dos Horan, jantando no ambiente decorado com rosas e velas, do jeito que todo bom romântico gosta.
- É verdade. Ela ganhou cinco pares, usou um com o Tommo, deram um pro Harry e a Meester, um pro Greg e eu fiquei com um e vendi o outro. - Malik não ficou com vergonha alguma de ter sido o único solteiro do grupo, inclusive toda vez que ficou com raiva de (o que acontecia em intervalos curtos porque ele estava na maldita fase que tudo lembrava aquele anjo que foi embora e levou sua sanidade), ele ficava com alguém.
- Não acredito nisso!
- Pois é, foi bem legal. O seu irmão também tatuou. Não acredito que você ainda não viu.
Como alguém poderia ignorar a nova tatuagem de Harry era algo que o moreno se perguntava, porque aquilo era ridiculamente chamativo, enquanto um tatuador perdeu três horas aperfeiçoando o desenho, o outro tatuou dois desenhos em Louis e um coração ridículo na V line de Malik.
- O quê? Ele não falou nada! Ninguém fala as coisas pra mim! - protestou, chateada.
Só lhe faltava e terem tatuado algo também e ninguém ter tido a decência de contar as novidades. Já não bastava que os cinco traidores saíram e não postaram uma só foto da farra, agora também escondiam dela quando faziam uma nova tatuagem.
- Eu também não sabia que o Harry tinha tatuado. - Niall falou, franzindo o cenho enquanto buscava em sua memória fotográfica todas as conversas que teve nas últimas vinte e quatro horas.
- Como assim ele não falou nada? Tem uma borboleta gigante na barriga dele! É muito grande! - Zayn falava ofegante porque andar tanto em tão pouco tempo era uma tarefa cansativa pra alguém que fugia de atividade física como o diabo foge da cruz.
- Ele tatuou na barriga?
- Uma borboleta?
- Ele disse que não é uma borboleta, mas parece pra caralho.
- Meu deus, o papai vai matar ele.
- Com certeza. - Malik não facilitava a situação do amigo, tampouco ajudava na curiosidade da criaturinha que estava para caçar o irmão e arrancar a camisa dele só pra ver o desenho. - É muito grande.
- Maior do que o navio?
- Olha, por ser na barriga fica muito mais notável. Tá zoado.
- A gente precisa ver! Cadê ele?
- Não sei, acho que ainda não chegou. Mas o Tommo tem uma foto disso, vamos procurar ele. - Zayn decidiu, não encontrando Louis e sim a namorada dele, que por sinal tentava embriagar .
- Oi ! Oi ! - parou ao lado da caçulinha, apoiando os cotovelos na mureta que dividia o deck do restante do quintal gramado.
- Irlanda! - fez pouco caso da chegada da melhor amiga, mas se empolgou ao ver Nialler, esticando-lhe um copo de bebida - Você vai ficar muito bêbado hoje?
- Não, por quê? - ele aceitou o copo e cheirou o conteúdo antes de experimentar.
- Ah, eu queria testar uns drinks mas a não está afim de experimentar nenhum. - Westwick olhou com desgosto para a menina que era sua companhia desde que chegaram - Lá vem o seu namorado idiota. Por quê você não termina com ele, hein?
- Porque eu gosto dele, boba. - Ortega justificou seu amor e foi toda faceira ao encontro do gostoso do namorado - Oi baby! Cadê o Lou?
- O que você fez com o meu namorado, Payne? - inquiriu logo atrás, super acusadora.
- Dei uma passagem só de ida e documentos falsos pra ele conseguir fugir pra bem longe de você. Doida. - Liam abraçou a caçulinha, tanto porque ela era cheirosinha e também porque era uma ótima maneira de se proteger dos objetos que poderia lançar a qualquer instante.
- Há! Como se alguém conseguisse se esconder de mim… - a ruiva zombou, largando seus drinks pela metade, já que tinha coisas mais importantes a fazer do que aguentar Payne. - Vem , vamos procurar o Greg e a menina que ele disse que traria se tudo desse certo.
- Até mais tarde, babe. - a princesinha Styles se despediu de Niall e seguiu os passos de - O que nós vamos fazer ?
- Eu trouxe um presentinho pra todo mundo. - riu maldosa enquanto abria a bolsinha pesada. - Olha isso.
- Meu deus! Você vai matar as pessoas! - nem entendia mais porque se impressionava com a genialidade de , era uma fonte inesgotável de peripécias e muita maldade, obviamente.
- Eu não, nós. - corrigiu. Já esquecida de seu objetivo inicial que era checar Greg e sua namoradinha nova. - E ninguém vai morrer, é só laxante.
- Muito laxante , muito mesmo. Nós vamos fazer como? - apesar de achar a ideia cruel, soava divertido e normalmente ela endossava qualquer ideia da melhor amiga, mesmo que isso acabasse com as duas pichando o Kremlin.
- Vamos fazer uns drinks gostosos e distribuir pras pessoas. Vai ser um problema quando todo mundo dessa festa quiser usar o banheiro ao mesmo tempo.
- Vai ser horrível, na verdade.
- É, mas nós não vamos mais estar aqui. - deu de ombros - Eu vou roubar umas vodkas e você procura coqueteleiras e muito leite condensado pra essa porra ficar docinha e todo mundo tomar.
A princesinha começou a vasculhar nas portas e gavetas, abrindo caixas abandonadas para procurar mais do doce que seria a parte mais importante na hora de esconder o sabor do laxante.
- , eu gostaria de falar com você. - April Winster surgiu do quinto dos infernos e parou ao lado da loirinha, encarando-a com um sorriso sem simpatia.
- Diga, April. - apesar do susto inicial, já estava recomposta e pronta para ouvir a nova ideia surtada que sua colega de teatro (infelizmente) traria dessa vez.
- Eu quero me desculpar por ter insinuado que o Niall me traiu com você. - a mais velha parou de sorrir e falou seriamente, brincando com a poça de água criada ao lado da caixa térmica que abrigava o gelo, o dedo indicador da menina traçava retas livres sobre a água parada, criando um desenho amorfo.
- Ah. - o sorriso brilhante morreu lentamente e agora não era nada mais do que um curvar de lábios.
- Na verdade eu tenho que me desculpar com ele também. - Winster perdeu o tom melancólico e voltou a sorrir, ocupando-se em colocar, gelo, leite condensado, rum e água de coco em um copo. - Eu fiquei tão obcecada quando vi que vocês estavam juntos nas férias de verão, que comecei a imaginar coisas.
- Que tipo de coisas? - juntou as sobrancelhas, apoiando as costas no armário que April preparava a bebida. Aquela conversa estava seguindo um rumo interessante e sua curiosidade não permitiria que saísse dali até destrinchar a última intenção da pessoa mais próxima de ser considerada uma inimiga.
- Que vocês já ficavam enquanto ele e eu ainda namorávamos. Olha que bobagem! - April abriu os braços, rindo de sua própria tolice. - Mas aí eu voltei aos meus sentidos e vi que o Niall nunca me deu motivo para desconfiar dele.
- Não?
estava ficando confusa porque Niall era o namorado mais ausente do mundo, vivia dando desculpas esfarrapadas para não estar com April e às vezes desaparecia do nada porque metade de seu tempo livre era investido em andar seduzindo a filha dos Styles.
- Claro que não! - April balançou a cabeça, experimentando o drink - Quer dizer, não é que é impossível que ele tenha me traído. Mas se isso aconteceu, ele é o melhor mentiroso da terra. Porque eu colocaria minha mão no fogo para afirmar que ele nunca ficou com ninguém além de mim durante nosso namoro.
Em sua infinita criatividade, Winster chegou a conclusão de que se não podia punir Niall por tê-la traído descaradamente por tanto tempo, iria inserir dúvidas na cabeça da jovem , plantando a semente da desconfiança, que é um veneno mortífero dentro de um relacionamento.
- Que bom que você voltou ao seu juízo, April. - apesar de abalada com as informações, continuava mostrando-se inabalável. - O Ni é um péssimo mentiroso, jamais conseguiria esconder um segredo desses.
As palavras da outra a abalaram profundamente, porque se April não fazia ideia que estava sendo traída, nunca descobriria também se Horan decidisse traí-la. O que diabos aquele irlandês fazia para deixar as garotas cegas enquanto aprontava?
Diferente de April, que só buscava o caos, não poderia suportar a ideia de que seu namorado, o amor de sua vida, um dia a trairia e acabaria se apaixonando por outra menina. Se isso acontecesse, ela morreria de tristeza.
- Eu sei, certo? Confesso que me senti boba quando percebi que julguei alguém que nunca me deu motivos para isso. - Winster apoiou-se ao lado da mais nova, tomando sua bebida enquanto as duas olhavam para a algazarra que o cupido causava no quintal.
- Ah, é que ele era bem ausente pelo o que eu sei. - princesinha Styles atuava muito bem, graças a deus. Servindo uma performance digna de Oscar ao acalentar a ex traída com um afago amistoso no ombro - Não fique se culpando.
- Ele era ausente porque saia bastante com os amigos, vivia naquele clube de golfe e ainda estudava muito, coitadinho. - a morena divagou mas por fim pegou um copo descartável e o encheu de gelo, tomando fôlego para se despedir: - Enfim, eu preciso ir. Meu namorado está esperando esse gelo há um tempão, mas foi ótimo colocar as coisas a limpo, !
- Pois é… - murmurou sozinha, colocando alinhadas as oito caixinhas de leite condensado que conseguiu, para rasgar aberturas com uma faca gigante que alguém levianamente deixou jogada e provavelmente causaria um acidente até o fim da festa.
Seus pensamentos estavam anuviados e ela estava considerando as palavras de April com muito cuidado, decidindo-se se eram válidas ou não. Afinal de contas, Niall não amava April como a amava, certo?
- Voltei! - soltou a caixa cheia de vidros e puxou um saco plástico com copos descartáveis antes que algum engraçadinho os levasse dali. - O que aconteceu?
- Hã?
- A sua cara - apontou para a face da melhor amiga, identificando algo como angústia passar pelos olhos verdes da criança, mas muito certa de que estava apenas enganada. - está horrível.
- O que foi? Meu rímel? Meu batom? - princesinha perguntou, abrindo a câmera frontal para se checar, porque só o que lhe faltava era descobrir que estava ridícula enquanto conversava com April.
- Não, a sua cara mesmo. - Westwick perdeu a paciência com a melhor amiga que estava tão distraída. - O Louis falou que todo mundo está na frente da casa, vamos lá.
- E a brincadeira? - apontou para os ingredientes que já estavam prontos para serem utilizados.
- Ah, depois a gente faz. Eu quero tirar uma foto com o Louis, você, o Irlanda e a Orteguinha.- a ruiva explicou sucintamente. É óbvio que Payne ficaria de fora da foto, fotos são para registrar momentos feliz e estar com aquele idiota não era nada feliz.
- Tudo bem. Vai indo que eu vou ligar pro Harry, ele ainda não apareceu!
- Nós vamos estar na frente da casa, . Não esquece. - repetiu mais uma vez antes de sumir no meio das pessoas.
Depois de ligar duas vezes, finalmente a ligação foi atendida e ela pode falar com o irmão desaparecido:
- Hazz cadê você?
Harry demorou a responder porque estava dividido em estacionar tão longe da festa ou dar mais uma volta na quadra e esperar que uma vaga surgisse miraculosamente mais na frente. Ou então ele poderia seguir o conselho de seu bem, que sugeriu passar com o carro em cima do carro de Malik, que estava estacionado em uma ótima vaga.
- Acabei de estacionar, . O que foi? - ele decidiu não perder outra meia hora esperando por uma vaga e fez uma excelente baliza entre um Ford Fusion e um Maseratto.
- Nada demais. Vocês só não chegam nunca! E você fez uma tatuagem escondida, eu preciso ver! - estava com os ânimos renovados agora que o irmãos estava chegando, deixando para trás o drama com April e caminhando entre as pessoas como uma celebridade, acenando, sorrindo, cumprimentando e distribuindo charme.
- Ai, quem já falou isso? - Harry bufou, mal humorado com quem quer tenha sido o fofoqueiro.
Todo mundo estava enchendo o saco por causa de sua tatuagem nova, mas ele não ia admitir jamais que foi um erro de bêbado, e também não ia concordar que era muito mais feminina do que parecia na noite passada, quando saíram do clube.
- O Zayn! - contou alegremente, se divertindo com o mal humor do mais velho. Assim que chegou à frente da casa, viu o namorado e deixou ser abraçada por ele enquanto uma discussão seguia entre Liam e .
- Cuzão… - Styles xingou, apoiando a mão na porta do carona, esperando por . - Nós vamos já chegar até vocês, estou só esperando a decidir se desce ou não do carro, não é meu bem?
- Vai se foder. Eu estou procurando o presente. - desceu e abriu a porta de trás, desesperada porque não achava o dito objeto. Aquela porra ficou uma semana inteira no carro do mais velho e sumia na hora que ia precisar dele!
- Procurando? Você deixou no banco de trás! - ele encerrou a ligação e abriu a outra porta para ajudar a procurar a sacola festiva prateada que carregavam desde cedo.
- Mas não está aqui, gênio. - Meester afastou e cruzou os braços, deixando o cacheado fazer o trabalho chato.
- Já olhou embaixo dos bancos? - Harry perguntou enquanto se esticava sobre o chão do carro para checar embaixo do banco do motorista também. - Aqui, querida.
- Obrigada, querido. - a menina respondeu e sorriu cínica.
- De nada, querida. - o cacheado fechou as portas e ativou o alarme para então segurar a mão da morena para andarem os duzentos quilômetros de jornada até a festa. - Pegou seu batom? O casaco?
De presente do Dia dos Namorados, Harry deu para o jantar legal que ela queria, foi buscar a menina em casa, lhe deu uma rosa vermelha, elogiou o vestido lindo que ela usava e também reclamou do batom vermelho que o impediu de beijá-la durante o encontro. Tiveram uma refeição deliciosa no restaurante que ele mesmo escolheu e fez as reservas com dias de antecedência.
Depois foram para a casa da garota porque esse encontro tinha duas partes e a segunda fase era ver um filme romântico e comer sorvete, o que foi super divertido e deu a oportunidade para tirar a roupa festiva e colocar algo que a protegesse do frio, além de tirar o bendito batom vermelho, caso se importasse em ficar com a cara toda vermelha durante a festa.
Os dois subiam a rua conversando sobre a decoração da casa da menina, cheia de pétalas e velas, o que era um claro indicativo que Diane e Christopher voltariam para casa para uma parte dois também, quando cerrou os olhos e identificou uma sombra saindo de um carro e caminhando até eles:
- Aquele é o Benett?
- Aonde? - Harry ainda estava aprendendo a não ficar de coração acelerado quando ouvia o nome Benett, mas estava falhando miseravelmente, vez após vez. - Ah, é ele. - concordou desanimado.
Jason saia de uma pequena comemoração e se sentiu abençoado por dar de cara com seu casal favorito logo no começo da festa:
- Meester! Styles! Feliz dia dos namorados! - ele abriu os braços e sorriu:
- Benett, hoje é um dos poucos dias felizes do semestre e você acha que tem o direito de estragar isso também? - encarava o jogador com tanto desdém que Harry começou a ficar constrangido.
- Meu bem…
- Você não consegue ser mais sociável nem em uma data festiva, garota? - Jason não entendia como alguém podia ser tão mal humorado, mas não podia se importar menos com a pequena idiota.
- Para de falar. - Meester pediu - Quanto mais eu ouço a sua voz, mais desestimulada a viver eu fico.
- Cai fora, Jason. A menina estava feliz até agora e você não vai estragar minha noite. - Styles falou, torcendo para que o moreno saísse dali antes que sua noite fosse arruinada porque ia se dedicar a fazer da vida do outro um inferno. Quando ele se deu por vencido e voltou ao seu percurso, Harry ficou aliviado ao reparar que a morena estava tranquila. - , você não acha que é muito cruel com um cara que nunca te fez nada?
- Uma vez ele ficou bêbado e começou a me provocar. - ela disse como se o evento justificasse os quatro anos de constante desprezo que ela sentia pelo atleta tão bem quisto pelo colegiado.
- E você amarrou ele na cama, pelado. - o cacheado trouxe o grande evento à tona - Todo mundo lembra disso.
- Engraçado que ninguém nunca me agradeceu por isso… - fez um biquinho, lamentosa da falta de reconhecimento dos estudantes da Eton.
- Pois é, você vive cercada por ingratos. - Harry riu e beijou o biquinho dela - Olha o Tommo, você vai ficar sempre na minha frente pra ele não bater na minha barriga, tá bom?
- O que eu ganho com isso?
- A felicidade do seu homem em estar protegido e sem dor. - ele sussurrou, já postando-se atrás da menina.
- Harry como tá a barriga? Deixa eu ver sua tatuagem. - foi a primeira coisa que Louis falou, enquanto o casal de amigos ainda subia as escadas de acesso aonde eles estavam.
Zayn já havia sumido pela casa e levou junto sob algum pretexto que Niall definitivamente não entendeu, mas também não questionou porque se um cara lindo como Zayn quer dar uma volta com a sua namorada, ele vai.
foi atrás de para começar a pegadinha o mais rápido possível e a decisão foi tomada no mesmo instante que viu e Harry já na quadra da casa onde estavam. Coincidência?
- Não, você vai me bater. - Harry disse, segurando forte o suficiente para que nem Liam a tirasse dali.
- Não vou. Eu prometo. - Tommo cruzou o dedo, mostrando que falava sério. Apoiou o braço no ombro do melhor amigo, tentando lhe passar confiança, mas suas técnicas arcaicas não estavam levando a lugar algum.
- Me solta, Louis. Você não vai me bater porque eu vou ficar de olho em você a noite toda. - o inocente Styles afirmou, parando exatamente ao lado de Liam, que era outra pessoa que poderia lhe proteger, caso a coisa ficasse feia.
- Vocês dois não vão passar a noite toda grudados. - Niall atestou, ansioso para ver a maldita borboleta.
- Vamos sim.
- E quando você precisar ir ao banheiro?
- A fica na porta.
- E quando ela precisar ir ao banheiro?
- Eu entro junto.
- Não vai não. - negou com a cabeça, tomando fôlego para falar em voz alta o suficiente para chamar a atenção de todos: - e Liam, esse é o meu...
- Nosso. - o menino corrigiu rapidamente.
- Meu presente de dia dos namorados pra vocês. - Meester continuou, entregando o pacote bonito nas mãos do melhor amigo, esboçando um sorriso cheio de expectativa e também segundas intenções.
- Uhhhh O que é? - tomou a sacola da mão do namorado e usou a unha para começar a desembrulhar o presente, muito atencioso da parte de , que normalmente era tão egoísta.
- O que você comprou? - Louis até deixou Harry de lado e se posicionou ao lado da caçulinha para dar uma espiadinha, esperando só para ver o que era e poder questionar o casal porque não recebeu um presente também.
- Não abram aqui! - interrompeu o animado processo, dando uma piscadinha para os melhores amigos. - Deixem pra ver quando estiverem sozinhos e depois me agradeçam.
- Eu nunca vou abrir isso. - enfiou o pacote de volta na sacola e sentiu as bochechas queimarem.
- O que você colocou aqui dentro, ? - Liam também estava chocado, porém muito mais curioso para ver o que diabos a melhor amiga havia aprontado dessa vez.
- Se eu contar, não faz sentido vocês guardarem pra depois, não é mesmo?
- Nós vamos pegar uma bebida. - Liam decidiu, pegando a mão da namorada e tentando puxá-la para dentro da casa.
- Vamos? - Orteguinha parecia não compartilhar da mesma ideia.
- Aham. Agora. - ele acenou e dessa vez os dois entraram mesmo.
Passaram pela biblioteca, cheia de adolescentes conversando animadamente, na sala de jantar o cupido estava se pegando com o namorado e uma gritaria de "vira, vira, vira" ecoava em todo o quintal. As pessoas estavam felizes, tirando fotos, fazendo novos amigos e encontrando novos amores.
Payno e se aquietaram no escritório do Conselheiro, no sofazinho de couro marrom que foi empurrado para o canto da sala para que um grupo grande pudesse sentar no chão e jogar desafio ou consequência.
- O que você quer beber? - o rapaz perguntou, exibindo a cerveja que pegou no meio do caminho, enquanto procuravam um lugar menos tumultuado, ao mesmo tempo em que assistia uma garota de sua academia deixar desenharem um grande pênis com batom, como parte do desafio de tirar uma foto com o desenho e mandar para todos os contatos, pais e familiares inclusos.
- Nada, ué. Você quem disse que queria beber. - Orteguinha ocupou todo o sofá com suas pernas, sobrando espaço suficiente para o namorado se acomodar na outra ponta. Sim, ela estava se sentindo generosa naquela noite.
- Eu só queria sair dali, na verdade. - ele explicou na maior cara de pau - Eu não sei quem fala mais merda, o Harry ou a .
- Você é chato hein. - revirou os olhos.
- O que foi? - Liam não entendeu o motivo da reclamação da menina. Estava lá, sendo todo romântico, fazendo um carinho super fofinho na canela dela e era tratado assim?
- Você já conversou com o Zayn? - ela foi direto ao assunto.
É claro que Li sabia sobre o que a caçulinha falava, mas às vezes era importante se fazer de desentendido, e foi isso o que ele fez:
- Sobre?
- Você sabe sobre o quê.
- Ah . Não tem o que falar, ele está bem. Quando não estava, me chamou e a gente foi beber. Todo mundo já superou isso, menos você.
- Ele não está bem, Liam! Eu estou falando pra você!
- Então vai você conversar com ele.
- Você tem que ir, ele vai se abrir com você. - estava a um passo de mandar Liam e aquele relógio lindo e aquela garrafinha de cerveja irem tomar no cu, mas como era uma boa menina, respirou fundo e insistiu. - Vão tomar uma cerveja, sei lá.
- Eu não entendi ainda o que exatamente você acha que vai acontecer quando nós formos conversar.
Liam tinha uma leve impressão de que sua linda namoradinha esperava que os dois fossem sair pra tomar uma cerveja e iam acabar com Zayn chorando por alguma razão estúpida e fazendo declarações dramáticas sobre como sentia falta de .
Isso que dá deixar a menina crescer assistindo romance. Ele pensou.
- Ai, desisto de você. - Ortega virou de lado para poder prestar atenção na brincadeira que corria solta e ficava cada vez mais pesada.
- Vem cá. - estendeu a mão, fazendo-a se levantar do confortável sofá para sentar ao seu lado - a gente devia abrir esse presente da .
- Mas eu não quero… - se arrastou preguiçosamente até o namorado, de braços cruzados e fazendo birra porque estava honestamente com medo do que havia aprontado dessa vez, porém nem um pouquinho resistente ao abraço quente dele.
- Por que não? - o rapaz ostentava um sorrisinho pois era sempre muito divertido fazer a caçulinha do grupo ficar encabulada. Isso porque era algo que sempre vinha de surpresa, às vezes você podia repetir a palavra pênis cem vezes ao redor dela, que não ia haver nenhuma reação estranha, e em outros momentos a mais sutil menção à algo com denotação sexual a deixava estranha pra caralho, e isso era sempre engraçado.
- Porque vai ser algo constrangedor, com certeza.
- Essa é a graça, bobinha. - Payne tocou a pontinha do nariz dela com o indicador - Ver as suas bochechas ficarem vermelhas e…
- Para! - ela interrompeu o namorado, antes que começasse a ficar de fato com vergonha. Logo tomou coragem e propôs: - Vamos fazer assim, você abre e se for algo legal, me mostra, se não, já guarda.
- Até parece que você vai se aguentar, babydoll. -o moreno provocou, tomando a sacola prateada das mãos dela.
- Com licença? - se afastou o suficiente para encarar o atrevidinho com as duas sobrancelhas arqueadíssimas, o tipo de olhar que ele odiava receber porque normalmente significava que estava em maus lençóis.
- Vamos abrir, juntos.
- Não.
- Eu não estou entendendo esse seu medo todo. Nossa relação está em outro nível desde que - ele deu uma pausa dramática, vendo os olhos verdes da caçula derramar curiosidade. - Nós lemos a primeira cena de sexo do Mr. Grey e da Ana.
- Ana?
- É, esse não é o apelido dela?
- Ah, você já a chama pelo apelido então? - Orteguinha cruzou os braços, com aquela expressão clássica de "É mesmo?" que só um garota brava consegue fazer.
Liam percebeu a reação da menina? Claro! Mas por que não continuar a provocá-la, certo?
- Claro, me sinto íntimo dela desde ganhei uma narrativa tão precisa de como ela gosta de transar.
- Vai passar o dia dos namorados com a Ana então, ridículo. - começou a empurrá-lo, enquanto o rapaz jogando-se em cima dela, literalmente, tentando abraçá-la.
Os dois continuaram nessa lutinha até que os dois acabaram deitados no sofá e o garoto conseguiu passar os braços ao redor da menina, falando como ela era uma gracinha com ciúmes de um personagem fictício.
- Agora eu aceito aquela bebida que você ofereceu antes. - sussurrou quando Liam estava próximo suficiente para beijá-la.
Não é que ela não gostava de beijar o próprio namorado, mas tinha medo de que acabassem se excedendo e dando um showzinho no sofá, em especial nessa fase estranha de sua vida em que ela nunca queria parar quando eles começavam a beijar.
- O que você quer? - Payne percebeu o desconforto e a timidez da namorada e levantou com um pouquinho de vontade de meter o cacete em todo filho da puta naquela sala só porque eles estavam no lugar e na hora errada.
- Qualquer coisa doce. - deu de ombros, sentando-se e retomando a compostura - e não muito forte, por favor.
- Eu nunca faço muito forte. - ele parou na porta;
- Faz sim. Vai logo!
Na cozinha, pequenos grupos estavam entretidos com suas próprias criações de drinks novos, e acabavam de sair dali juntas carregando uma jarra gigante com piña colada batizada com laxante e Payno começou a chacoalhar as garrafas para descobrir o que ainda tinha de mistura para bebidas.
Acabou se decidindo por uma versão barata do Dandy, colocando suco de laranja de caixinha, suco de limão, licor, Dubonnet e uísque. Ainda estava virando com gosto o Dubonnet, que era a coisa doce do drink, quando Lexi entrou na cozinha e parou ao seu lado, observando-o de cima a baixo.
- Liam eu vi você passando com sua namoradinha e um presente que te deram lá fora. Você já jogou ele no lixo também? - ela perguntou e embora sorrisse, não havia nada além de cinismo em sua expressão.
- Não, está bem guardado lá dentro pra eu ver com a . - Payne cantarolou, experimentando a bebida da namorada e se arrepiando todo porque estava doce pra caralho. Mas ainda sim, sabia que não era o suficiente para ela.
- Por que você jogou o meu presente fora? Não era nada pessoal, sabe. - Lexi se aproximou mais, tentando entrar no campo de visão do rapaz. - E normalmente as suas idiotices não me incomodam mas eu fiquei de fato magoada, dessa vez.
- Podia ter evitado toda a dor e sofrimento, não me dando presentes de dia dos namorados. - o garoto pontuou sem muito interesse na conversa.
- Como você consegue ser tão ruim hein? Eu juro que tento entender você, há meses tenho tentado, mas quando eu penso que nós temos um avanço, você retrocede totalmente e me decepciona.
Liam continuou calado, acrescentando gelo ao drink para finalizar sua produção e voltar para a namorada. Ele também tinha a opção de sair dali e ir se matar agora que já tinha perdido a vontade de viver por causa da loira.
Como alguém que era pra ser parte de algo casual se transformou em um monstro incontrolável que se alimentava da atenção e infelicidade alheia?
- Você não vai falar nada?
- Eu não sei o que você quer que eu fale.
- Qualquer coisa, Liam! Qualquer coisa! Só para de agir como se eu não existisse!
- Você é doida? - ele perguntou, interrompendo o pequeno surto da menina.
- O quê? - Saint piscou.
- Porque essa é a única explicação pras coisas que você faz, garota. -o garoto abriu o jogo - Nós estudamos juntos há uma década e só há uns meses atrás você decidiu que ia ficar obcecada comigo e não me deu mais paz. Eu já pedi um milhão de vezes pra você deixar a quieta porque ela não é o motivo de nós não estarmos juntos, eu gosto de uma pessoa que se chama Ortega, essa pessoa não é você, como todos sabem. Quanto mais cedo você aceitar que eu estou apaixonado por ela, menos doloroso vai ser pra você seguir em frente e fazer outras pessoas infelizes.
- Finalmente você falou alguma coisa. Mesmo que não seja o que eu queria ouvir. - ela falou baixo a princípio, mas então cruzou os braços e riu debochada: - Você acha mesmo que está apaixonado por aquela criança?
- E se eu não estiver? Não vai mudar nada sobre o que eu sinto por você, Lexi. Eu não gosto de você e isso é uma constante que nunca há de se alterar.
Até Lexi Saint tinha um limite, e Liam acabava de ultrapassá-lo.
- Você é um babaca. Eu nem sei porque gosto de você. - a loira falou cansada.
- Fica tranquila, você não gosta de mim. E isso vai passar no instante em que você encontrar outro desafio. - Liam encerrou a conversa e no momento em que saiu da cozinha.
Encontrou ainda sentada, super concentrada na rodada de desafio ou consequência que já contava com três garotos só de cuecas e duas meninas sem suas camisas.
- Aqui. - Payne entregou a bebida que tinha mais energético do que álcool, já que os dois sempre discutiam quando ele fazia um drink porque sempre tinha muito mais álcool do que as misturas em si.
aceitou alegremente o copo e agradeceu baixinho, tomando um gole generoso porque esqueceu de pedir água também e não queria abusar da boa vontade do rapaz e fazê-lo voltar só pra pegar uma garrafinha de água.
Ele não estava no mesmo humor de quando saiu da sala e notou:
- O que aconteceu? - ela perguntou como quem não queria nada.
- Nada, babe. - o moreno sorriu, olhando para a adorável criatura ao seu lado pela primeira vez desde que voltou da cozinha. A caçula o encarava com curiosidade e sorriu assim que seus olhos se encontraram.
Estava irritado com o infortunado encontro na cozinha e de alguma maneira se encontrou ali, sentado ao lado de sua pessoa favorita, sentindo-se infeliz e amargo. Esse era o efeito de Lexi sobre as pessoas e ela ainda tinha a pachorra de querer saber porque o garoto não a suportava.
Numa tentativa de recuperar o bom humor do namorado, deixou o copo no braço do sofá, correndo o grande risco de derrubá-lo, e inclinou-se para pegar a sacola misteriosa.
- Abre nosso presente. - jogou no colo dele.
- Sério? - Payno rapidamente fechou a caixinha "problemas da minha vida" e abriu sua favorita "boas surpresas", concentrado na conversa com mesmo que o pessoal estivesse gritando alto porque uma menina chamada Miquela foi desafiada a conseguir um beijo de Jason Benett e naquele momento os dois estavam se pegando na porta do escritório.
- Aham! - se empolgou, vendo que o mais velho também estava animado - Mas você abre e vê, se for apropriado aí eu vejo também.
- Tudo bem. Fecha o olho. - ele pediu e a morena virou de costas, super ansiosa e criando mil teorias enquanto ouvia o barulho do envelope sendo violado:
- O que é? É de comer? É decente?
- Meu deus, ! - estava boquiaberto, os olhos arregalados denotavam claramente sua surpresa ao ver o objeto. - Você não vai querer ver!
- O que é, Liam, pelo amor de deus? - Orteguinha começou a se afobar, contorcendo-se para não virar e ver logo o que era.
- Será que você quer mesmo saber? - ele atiçou.
- É claro que sim! Só diz se é decente ou não.
- Eu não sei se é moralmente aceitável mas…
- Ah eu vou ver de qualquer jeito. Só espero que não… Somos nós! Que lindinho! Liam seu babaca! Você estava me fazendo de otária!
Ela tomou das mãos do garoto o lindo porta retrato que exibia uma foto do casal, a peculiaridade se dava ao fato de que na foto, Liam não passava dos dez anos e era só uma pirralha com as tranças esvoaçantes.
- Continuo defendendo minha tese de que essa sua franja não era nem um pouco aceitável, baby doll. - ele sorriu, adorando a imagem que nem sabia da existência.
Apesar da provocação idiota, ele devia confessar que a menina era branca como um floco de neve na época e a franjinha era muito fofa sim. A de sete anos sustentava um sorriso inibido sentada com pernas de índio sobre a espreguiçadeira próxima a piscina na mansão Meester, sua franjinha um pouco acima das sobrancelhas estava toda bagunçada e suas roupas com certeza não seguiam nenhuma tendência de alguma it girl da época, já que não faziam sentido algum. Já o Liam de nove anos estava em pé ao lado da menininha, curvado para ficar com o rosto a altura do dela e seu sorriso cerrado ressaltavam ainda mais suas bochechas rechonchudas e seu óculos de grau.
- Até porque você de óculos era uma beleza só não é mesmo, quatro olhos? - apontou para o rostinho gordo de Liam, que estava de óculos no dia em que a foto foi tirada.
O moreno riu apoiando o braço no encosto do sofá e a namorada aconchegou-se nele ainda admirando a foto que nem ao menos lembrava que existia. Payno beijou o topo da cabeça da garota comentando o quão atencioso fora o gesto de e o quão chocado ele estava com o fato de a melhor amiga atentar-se ao presente singelo porém muito significativo.
Alexandra Saint podia ser a garota mais desejada de toda a Eton, mas ela não era . E mesmo que alguns garotos não entendesse o motivo pelo qual Liam trocava a loira sexy de beleza inigualável pela prima de Malik, que como eles diziam "É bonitinha, mas não como a Lexi", o moreno não se importava, pois ele conhecia todos os defeitos de e os respeitava, além de amá-la independente daquilo. Para ele não existia ninguém que chegasse aos pés de Orteguinha e a cada vez que ela o fazia o rir, ou o acalmava quando estava irritado, ou colocava suas mãos na pele cálida dele, Liam se apaixonava ainda mais.
Zayn precisava controlar suas emoções.
O mais rápido possível, de preferência. Principalmente quando sua ex namorada estava conversando com um cara, há alguns metros, e os dois usavam as porras das flechinhas verdes, rindo numa aparente bolha de diversão.
Talvez Malik ficaria muito mais calmo se soubesse que a menina e o novo amigo conversavam sobre as expectativas para sua primeira semana de moda, começando em Nova Iorque, seguindo para Milão, Londres e uma glamurosa finalização em Paris, a cidade mais romântica do mundo, e muito mais do que isso: lar das grifes mais prestigiadas e respeitadas da moda.
Mas tudo o que ele podia ver eram os infames sorrisos que ela oferecia ao outro, enquanto ele a observava com a mesma fascinação que Malik costumava demonstrar quando não a odiava.
A conversa com jamais ficava entediante, apesar de seu costumeiro silêncio em grandes grupos, ela sempre tinha um comentário ácido para fazer ou uma boa história para contar e esse era só um dos motivos que fez Zayn apaixonar-se por ela.
Deus sabe como ele queria ter maturidade para estar ao redor da loira e até mesmo conversarem normalmente, como aconteceu antes mesmo de descobrir que gostaria de beijá-la. Mas era muito provável que ele terminasse a conversa mais puto do que já estava nas últimas duas semanas, irritado e inconformado com seu intenso sofrimento enquanto ela estava inalterada, com os mesmos sorrisos, a mesma alegria contida, o mesmo olhar astuto e a mesma pose de dona do mundo.
Ele já estava na sala de jantar bagunçada quando entrou e minutos depois foi abordada por aquele rapaz que ele não fazia a menor ideia de quem era. De tempos em tempos olhava para o armário de cristais onde a loira estava, acenando com a cabeça para qualquer coisa que estivesse sendo dita pelos colegas com quem conversava e dividia o baseado.
Quando se cansou do grupo, olhou para os lados a procura de uma distração e sorriu sozinho quando avistou Cassandra Verhoef, sua antiga parceira de química nas aulas laboratoriais, segurando um copinho com bebida, em pé junto ao pote de doces que alguém esqueceu por ali.
- Oi Cassie. - cumprimentou a morena, enfiando a mão no pote para pegar uma bala e dando seu melhor sorriso para ela.
- Nem vem, Malik. Nós nunca mais vamos ser parceiros em química. - ela sorriu de volta. Zayn se vestia como um badboy de filme ruim mas era engraçado durante as aulas, infelizmente isso não foi suficiente na hora de fazer os trabalhos, e ter que fazer o trabalho de dois sozinha não foi nada legal.
- Nossa, desculpa por ter proporcionado a oportunidade de você duplicar seu conhecimento.
- Na verdade eu acabei de pensar em uma maneira de você me recompensar por ter sido o pior parceiro de química do ano. - Cassandra mordeu o lábio. A ideia era excelente e ela estava ansiosa para ver a reação de Zayn quando descobrisse.
- Ah é? Como? - o garoto se inclinou para frente, interessado na ideia da menina.
Ela se inclinou também, o suficiente para sussurrar sensualmente ao ouvido do moreno:
- Você pode fazer todas as minhas atividades de química até o final do semestre.
- Nem pensar, Verhoef! - Malik arregalou os olhos, rindo do abuso de Cassie.
Essa menina era doida? Onde na terra ele faria mais que o necessário para alcançar a média escolar?
- Por que não? - a morena se defendeu, obviamente ciente de que não havia mais para onde o moreno pudesse correr. - Nada mais justo!
- Você não sabe brincar. - ele resmungou frustrado.
Os dois ficaram em silêncio porque Zayn queria beijá-la mas não sabia se seria correspondido pois a garota não deu o menor sinal de que também estava interessada, com toda aquela brincadeira broxante de pressioná-lo a estudar dobrado!
Mas ele não desistiria facilmente, e também não precisava insistir muito porque Cassandra não estava se fazendo de difícil, desde que engataram a conversa, ela estava de quatro por Malik, mas prezava por sua dignidade e esperaria por um avanço vindo dele, até porque quando o crush de todas as meninas da Eton mostrava interesse em você, você não conseguia simplesmente ignorá-lo.
- Eu vou fazer uma nova bebida. - Cass anunciou educadamente, já andando em direção a cozinha para misturar vodka com energético e de quebra derramar umas balas dentro da bebida pra ficar legal.
Zayn foi atrás, inclinando a cabeça para o lado enquanto apreciava o corpo dela:
- E eu vou com você.
- Por quê? - ela perguntou, passando a mão sobre os cabelos castanhos.
- Porque é dia dos namorados, eu estou sozinho, você está sozinha e nós podemos nos divertir um pouco.
- E a sua namorada? É verdade que vocês terminaram? Quem terminou com quem?
- Isso importa?
- Claro que sim! - Cass abriu a geladeira mas parou de procurar bebida para explicar seu ponto: - Eu sou curiosa, e vocês basicamente pararam de andar juntos, você excluiu todas as fotos de vocês dois mas ela deixou tudo, nada de snapchat de casal ou do cachorro que vocês sempre mostravam, então todo mundo tem muitas pistas mas não há nenhuma confirmação oficial…
Droga, o Kelso! Zayn pensou imediatamente. Faziam quinze dias que ele não via o pobre cachorro e quase esqueceu que tinha de conversar com Hilton sobre seu direito de vê-lo pelo menos duas vezes por semana. De preferência sem ter contato com a dona durante a troca.
- Vamos fazer assim, - ele propôs com um brilho nos olhos, enquanto os dois caminhavam pelos cômodos sem destino - vamos pra minha casa e pra cada pergunta respondida, você tira uma peça de roupa.
Cass arqueou as sobrancelhas, considerando a proposta com um sorriso sapeca. Aquele tipo de oportunidade era única e ela estava sim muito tentada a passar o resto da noite com o cara mais bonito que passaria por sua vida.
Era o último ano dele e honestamente, havia um magnetismo ridículo na forma como Malik segurava o próprio cigarro ou mesmo na sutileza com que ele umedecia os lábios de tempo em tempo, deixando qualquer garota se perguntando sobre o quão macios eles poderiam ser.
- E as que você não quiser responder? - perguntou finalmente, tentando deixar o pequeno jogo mais "justo" já que seria muito fácil o rapaz se negar a responder as perguntas mais legais.
- Aí vai ser a minha vez de tirar uma peça. - o moreno riu, ciente de que mesmo na ausência de uma resposta expressa, Cassie estava pronta para ir com ele.
A dupla atravessou a casa cheio de sorrisinhos, certos de que estavam fazendo uma fuga fenomenal rumo ao carro do garoto. Zayn nem ao menos viu que se desconectou de sua conversa no instante que viu o ex namorado passar pelo cômodo, apoiando a mão nas costas de uma garota. Ele perdeu de ver os olhos castanhos arregalados enquanto se esforçava para manter a postura embora seu coração batesse ridiculamente mais forte e o nó na garganta voltasse a incomodá-la.
Fora da casa, Zayn puxou Cassie para si, segurando seu rosto com as duas mãos para então beijá-la com profundo desejo antes de seguirem o curso.
O casal afoito se distanciou da casa sem nem percebeu o triste jovem que testemunhou o beijo, muito chocado que Zayn Malik estava beijando um outro alguém que não fosse a loira mais elegante da Eton.
Shepley ainda estava envolto nas próprias opiniões sobre a saída de Zayn da festa, muito bem acompanhado por sinal, que se assustou quando sentiu a mão pousada suavemente sobre seu ombro.
- Há quanto tempo você está aqui fora? – Amber recolheu o braço, sentando-se ao lado do garoto e abraçando as próprias pernas.
Lá fora estava frio e pela falta de cor nas mãos dele, pode chegar a conclusão de que fazia um bom tempo. Esteve rodando pela casa, pela última meia hora, procurando qualquer sinal de onde o mascote do time se encontrava. A verdade é que as opções se limitavam aos locais onde haviam atletas e depois de passar por cada grupo de qualquer garoto capaz de correr cem metros sem ficar sem ar, ela começou a ficar de fato preocupada.
- O que você está fazendo aqui? – Shep não conseguiu nem parecer normal, a surpresa em seus olhos era tamanha que qualquer tentativa de amenizar seu espanto agora só o deixaria mais bobo.
Não é todo dia que a garota dos seus sonhos toca em você, senta ao seu lado e abençoa sua noite com o esplendor da graça e beleza dela, não é mesmo?
- Eu estava te procurando. Há muito tempo. – ela explicou enquanto se ajeitava para ficar o mais próximo possível dele, já que estava sem casaco e mal chegara ali e seus braços estavam gelados.
- Eu? – o menino piscou.
- Aham. – Amber concordou com um sorrisinho. Era tão boa a sensação de ter alguém que ficava feliz assim só por saber que ela o procurara. - Nós precisamos conversar e...
- Desculpa por ter falado que nós ficamos. Eu só... – Shepley interrompeu, disparando a falar como fazia todas as vezes que ficava super nervoso, suprimindo a timidez com muitas palavras, palavras até demais, diga-se de passagem. - Eu só achei realmente que aconteceu algo com a gente no ano novo, mas eu devia estar tão bêbado que confundi você com outro alguém.
- Shep. – ela tentou interrompê-lo do grande devaneio. Cada palavra que ele dizia, a culpa crescia em seu peito. Aquele menino era a coisa mais adorável do mundo e ela estava sendo uma filha da puta com ele!
O rapaz continuou a falar, sem nem ouvir que sua crush pediu a palavra, só ficava repetindo o pedido de desculpas desajeitado porém muito sincero. Principalmente porque nunca foi sua intenção constrangê-la só porque ele era um estranho do caralho.
- E eu sei que você deve estar chateada comigo mas...
- Shep, deixa eu falar! – Amber tocou o braço do garoto, finalmente calando-o agora que ele estava totalmente concentrado pensando "Ela está me tocando. Ela está me tocando. Ela está me tocando."
- O que foi? – finalmente perguntou, mordendo o lábio ansiosamente, inconsciente de que seu pé batia em ritmo acelerado, sendo esse apenas um dos efeitos Amber Threefall em sua vida.
- Nós ficamos. Você e eu, na casa do Tomlinson. – ela disse sem muita dificuldade - Eu lembro de tudo.
Shepley a encarou em silêncio por um longo tempo, congelado na mesma posição, processando a bomba. Antes de sequer ficar feliz ou comemorar, ele perguntou devagar:
- Nós ficamos?
- Sim! – Amber acenou positivamente, aflita para descobrir se ele estava puto ou o quê.
- Você está falando sério?
- Sim!
- Meu deus! Nós ficamos mesmo! Eu sabia! Quase achei que estava ficando louco mas não, eu estava certo o tempo todo! – o coitadinho voltou a falar demais, praticamente falando sozinho, despejando palavras e mais palavras que a loira tinha quase certeza de que tinham o mesmo sentido ao final.
- Você estava certo o tempo todo! – ela riu. Aquele menino conseguia ser tão fofo que ela queria beijá-lo, Deus!
- Nós precisamos ir lá dentro pra você falar pro pessoal que eu não estava mentindo! – Shep levantou com pressa, esperando que a mais velha espelhasse seu movimento e eles pudessem tirar a história a limpo.
Era um milagre de Valentine’s Day!
- Não, nós não vamos falar nada pra eles.
- Por que não?
- Porque as pessoas não podem saber, Shep. - Amber desviou os olhos do outro, procurando palavras mais macias para o justificar seus motivos. - Vem, vamos dar uma volta ou eu vou congelar aqui mesmo.
Os dois começaram a subir a rua, em silêncio. De vez em quando Shep chutava uma pedrinha, nunca distraído da presença da menina que o observava atentamente.
- O que aconteceria de tão ruim se as pessoas soubessem, Amber? - o mascote quis saber, enquanto esperava para ver se ela gostaria de atravessar a rua e continuar descendo ou dariam a volta na quadra.
- Nada demais. Mas eu não quero que ninguém saiba de nada. Nós dois nos divertimos muito, certo?
- Certo. - ele acenou positivamente.
- E é o que importa.
- Eu não acredito que seja só por isso. - Shep apontou - Todo mundo sabe quando você fica com alguém, não importa o quão babaca o cara seja.
- Não é isso…
- O que é então?
- Eu tenho vergonha de você. - confessou só quando uma fila de carros barulhentos passou por eles.
E fácil assim ela conseguiu transformar a melhor noite da vida de Shep em um grande pesadelo.
- O quê? - ele sentiu a garganta seca e uma dor no estômago. Seu coração não somente estava quebrado, bem como despedaçado e pisado.
- Não é que tem algo errado com você, Shep. Nós só vivemos em realidades diferentes! - a loira tentou explicar seu ponto de vista - Seria como você me levar pro seu clube de leitura, você ia ficar com vergonha porque eu sou horrível com interpretação textual. Seus amigos do clube iam rir de você!
- Eu não participo de nenhum clube de leitura. - ele murmurou tão baixo que foi difícil entender o teor da afirmação.
- Você entendeu o que eu quis dizer. - Amber revirou os olhos.
- Entendi. Não se preocupe, ninguém vai saber sobre nós. Jamais.
- Obrigada. - ela agradeceu, bem incerta sobre o quão inapropriado era agradecer aquele tipo de favor.
- Você já pode voltar pros seus amigos. - Shep parou de caminhar.
- Shepley, não fica chateado. - Amber parou também, diminuido a distância entre os dois, acariciou a bochecha fria dele, notando que não houve rejeição e aproveitando para se aproximar mais.
- Eu não estou chateado. Você não seria a primeira pessoa a ter vergonha de mim, e não vai ser a última.
- Eu não tenho vergonha de você porque você é você! O problema é outro!
- Deixa pra lá. - o menino pediu, indiferente às razões de Amber. Seu maior sonho havia se concretizado e agora tudo se transformou num filme ruim. Ele só queria ir pra casa e colocar uma roupa quentinha enquanto terminava de assistir Westworld.
- Eu vou embora - ela anunciou, soltando-o de suas garras.
- Agora?
- Sim. Quer vir comigo?
Pela segunda vez na noite, Amber chocou Shepley e ele não pode disfarçar:
- Que?
- Nós podemos ir para a minha casa, não sei se tem cerveja mas tenho certeza que nós podemos pegar um dos vinhos do meu pai e então nós fazemos nossa própria comemoração de dia dos namorados. - ela propôs com um belo sorriso, tocando o cabelo bagunçado de um Shep indeciso, acariciando os fios pacientemente. Talvez pudesse compensá-lo por ter sido malvada mais cedo. - O que você acha?
Bom, ele teve ali a oportunidade de voltar para a festa e salvar o resto de honra que ainda possuía. Mas Amber estava ali, mimando-o e abraçando-o e sua dignidade poderia esperar outra oportunidade para ser mostrada.
- Tudo bem. - deu de ombros, aceitando a mão dela enquanto caminhavam até seu carro rumo à uma noite muito divertida.
Na Eton a natação era um esporte diferente dos demais pelo simples fato de que você reconhecia um nadador de longe. Os garotos tinham centímetros a mais que a média dos rapazes do colégio, ombros largos e musculosos, já as meninas caminhavam pelos corredores com seus cabelos sempre bagunçados e frisados devido a exposição excessiva ao cloro e sempre um sorriso imenso no rosto.
Por esta razão não foi difícil descobrir que o cupido da noite fazia parte da equipe de natação. O rapaz que usava apenas uma fralda de tecido envolta ao redor da cueca, uma peruca loira que já estava desgrenhada e torta em sua cabeça, um par de asinhas felpudas de tamanho regular, conduto, pequenas para seus ombros, chamava atenção de todos conforme circulava pelos convidados. E por mais que os adolescentes já ocupassem a casa do anfitrião há horas, ainda não haviam se acostumado com aquele cara imenso só de canga.
Taylor, o cupido, já estava todo manchado de batom e um milhão de pessoas pediam constantemente para que ele entregasse pequenos bilhetes com recorte de coração para aqueles por quem carregavam afeto, ou queriam que soubesse que tinham interesse. Mas o talento do menino do terceiro ano não se resumia a nadar e passar vergonha, ele também cantava! Portanto em certos momentos ele simplesmente pedia para o DJ tocar uma música romântica e dramática como as que preenchiam os álbuns do Air Supply, Adele e Ed Sheeran e ele começava a cantar espalhando o amor por aí e pedindo que desconhecidos se beijassem pelo bem do dia dos namorados, sendo assim, ovacionado pela galera que agora tinha um novo ídolo.
E enquanto o cupido trabalhava e tinha um milhão de fãs o seguindo para cima e para baixo pela casa do Conselheiro Municipal, seu namorado, Eric não via o menor problema pelo fato de não ter recebido tanta atenção até aquele momento e gargalhava quando conseguia ver alguma peripécia do garoto que estava muito feliz e elétrico.
Eric conversava com alguns amigos no conforto da vasta biblioteca que a casa comportava e Harry fazia parte do grupo que ria ouvindo a história que lhe contavam. Sentado no carpete do cômodo, com os braços apoiados nos joelho, um sorriso fácil nos lábios e os cabelos cacheados maiores que o costume ele mantinha uma long neck ao seu lado, todavia já havia se esquecido dela e concentrava-se no relato de Amélia, que narrava sua infância com a irmã gêmea e como as meninas trocavam de lugar só para verem os pais loucos ou então para realizarem um teste no lugar da outra e como a farra acabou quando uma professora descobriu e ambas foram suspensas.
Seu celular no bolso do jeans vibrou, forçando-o a parar de prestar atenção em Amy e pegar o aparelho que mostrava uma mensagem de :
Xx Que foi? xX
Xx Você não me responde com outra pergunta não, garoto!
Eu estou te procurando, pode me dizer aonde você está? xX
Xx Na biblioteca com o pessoal. Vem aqui xX
Não demorou para Meester chegar com uma cara de sapeca e dois drinks na mão, sentando-se ao lado dele e cumprimentando o pessoal.
- Eu tenho duas boas notícias. - a morena falou para o rapaz que pegava o copo que ela o entregava - Primeiro; eu consegui roubar esses dois copos para gente. - deu de ombros vendo-o rir de sua indiferença - E segundo; eu consegui roubar também as chaves do Liam que estavam com o cara das chaves.
- E por que você fez isso? - Styles juntou as sobrancelhas, sorrindo sem humor, tentando de verdade compreender o que se passava na cabecinha sádica de sua acompanhante.
- Porque o Liam vai ficar puto falando que o cara perdeu as chaves do jeep, e o cara vai falar que já entregou e foi o Payno quem as perdeu. - explicou como se fosse óbvio, realmente decepcionada que ele não sacou de primeira seu objetivo.
- E porque você quer que o seu melhor amigo fique puto no dia dos namorados? - cerrou os olhos, bebendo um gole do drink que ela o entregou e entendendo a necessidade de aquilo ter sido roubado, era muito bom! - Você sabe que é a quem vai ter que aguentar o Liam irado, né? Sem contar que você pode ir embora antes e levar as chaves junto e eles vão ter que ir de carona ou pedir um táxi.
- Que inferno, Harry, para! - frustrou-se com a conduta dele. - Eu estou quase devolvendo as chaves e eu tenho que ser uma vadia fria, então será que dá para você parar de tentar boicotar o papel que eu levei quatro anos da minha vida para construir?!
O moreno gargalhou jogando a cabeça para trás e tentou esconder o riso atrás do copo que levava aos lábios, esforçava-se para não rir, entretando com Harry a encarando esperando que ela caísse na risada ficava difícil. Gargalhando, ela empurrou a cabeça dele, que pegou sua mão e a beijou.
- Eu odeio quando eu sou escrota e você faz alguma coisa legal. Tipo agora que você beijou a minha mão enquanto eu falava um monte de merda. - negava com a cabeça, bufando. - Faz eu me sentir mal.
- Você quer que eu pare?
- Claro que não, eu consigo conviver com a culpa.
parecia entediada a maior parte do tempo, mas a teoria de Styles era que a menina se guardava para vez ou outra poder soltar suas famosas pérolas, que ele precisava admitir, eram muito engraçadas.
- Tudo bem, senhorita Eu-Não-Me-Importo-Com-Ninguém, eu vou ao banheiro. - levantou-se deixando-a para trás juntamente com todas as bebidas.
Conforme andava pelas pessoas algumas gritavam por ele, acenando, totalmente bêbadas e eufóricas. No seu caminho para o banheiro pode ver Payno e Niall conversando seriamente com o cupido, provavelmente tentando convencê-lo a fazer Orteguinha, princesinha Styles ou até mesmo Tommo e passarem vergonha. Liam tinha até os braços cruzados e o olhar fixo no rapaz, enquanto o irlandês falava algo que o fazia rir.
O cacheado negou com a cabeça, pegando o celular e enviando uma mensagem para o cunhado, pedindo para o que quer que estivessem tramando era para Horan filmar tudo e mandá-lo assim que possível.
Ao passar pela porta da sala de estar que o levaria para o hall principal da casa sentiu a presença de alguém atrás de si e virou-se para poder encontrar Bennet com um sorriso que o dava calafrios, pois era imenso, mas completamente sem humor.
- Deus! - assustou-se colocando a mão sobre o peito. - De onde você saiu? - perguntou ao capitão do time que apoiou a mão em seu ombro, rindo verdadeiramente de seu susto. Styles acompanhou o movimento de Jason e encarou a mão dele em seu ombro até que o menino a tirou dali.
- Aproveitando a festa, cachinhos?
- Até segundos atrás, sim. - respondeu rolando os olhos e voltando a caminhar em direção ao banheiro, sendo acompanhado pelo jogador que andava despreocupado.
- Foi uma boa ideia transferirem a festa de boas vindas para fevereiro, não é? - parecia querer estabelecer um assunto e o cacheado apenas deu de ombros não o escutando direito devido o barulho da música somado com a gritaria e o fato principal daquela equação: o desinteresse. - Todo esse amor no ar me deixa contente, sabia? É realmente bom ver o pessoal num clima tão amistoso, você não acha Harry? - virou-se para o moreno que parou na metade do caminho para o fitar enfadado. - Me diz se não é bom ver o Tommo tão feliz com a namoradinha dele! - arqueou as sobrancelhas,elevando as mãos e quem ouvisse aquele discurso falso até pensaria em transformar o capitão do time em cupido da noite. - Só tem uma coisa que acaba comigo, cara. Me deixa frustrado e estressado ao mesmo tempo e eu quero a sua ajuda para resolver esse problema. - parecendo perturbado aproximou-se ainda mais de Harry que apenas abaixou os olhos para mirá-lo, pois Bennet era alguns centímetros menor. - Você precisa parar de foder com os negócios do Malik.
Jason cerrou os lábios e seus olhar traiçoeiro golpeava a alma de Harry que tinha as mãos atadas para aquela chantagem barata.
Por esta razão, Styles apenas o deu as costas para o garoto, voltando a caminhar porque até suas necessidades fisiológicas eram mais interessantes e atraentes que aquele diálogo inconveniente.
- Você precisa acabar essa farsa com a sua namoradinha. - declarou em alto e bom som ao ter o filhinho de papai dando as costas pra ele.
- Bennet escuta, eu sei que a sua vida é miserável e sem atrativos e no momento em que achou que alguém se importava com essa aposta você se nomeou o líder dessa merda, mas você não pode e não vai me coagir a fazer o que você quer, muito menos me assustar com promessas vazias. - caminhava a pequena distância que o separava do jogador - Porque você também tem coisas a perder caso alguém descubra. A única diferença entre você e eu é que volto para a minha casa em uma lamborghini e você a pé para o buraco de onde você saiu.
O rapaz sorriu ladino, coçando a ponta do nariz: - Ai Harry... - parecendo decepcionado, suspirou alto - Isso não é uma democracia, é uma ditadura e eu sou a lei. Quanto antes você aceitar isso, melhor para ambas as partes, porque você até pode pegar a lamborghini do papai, mas a Meester não estará no banco do carona e realmente me desaponta saber que você gosta da garota.
- Você é patético. - deu de ombros, com pena no olhar.
- Patética é a sua hipocrisia, ou quer mesmo que eu acredite que coincidentemente meses após você escolher uma garota para o Malik o seu coração acelerou pela mesma?! - cerrou os olhos, mais aborrecido do que no momento em que decidiu atormentar Styles. - Se você não acabar com isso eu conto tudo para a Meester e então você ferra as coisas para o Tomlinson também. A escolha é sua cachinhos e eu posso te garantir que essa promessa não é vazia, porque diferente de você, eu sou um homem de palavra.
E tão rápido quanto apareceu, Bennet se foi. Deixando Harry irado para trás, não admitindo que um bolsista de merda o ameaçasse daquela forma barata e genérica. E tudo o que o cacheado conseguia pensar era que se ao menos Zayn ainda estivesse com o sádico capitão do time desistiria de brincar de fantoche com todos a sua volta. Afinal é sempre mais fácil culpar terceiros por suas preocupações.
Voltou a biblioteca, ainda tenso e empenhando-se em arquitetar um bom plano de fuga de toda aquela tragédia. Ao chegar ao recinto, apoiou-se no batente, vendo ainda sentada com o grupo de antes, a menina estava focada em alguma conversa com Amélia que a fazia gargalhar e Styles tentou calcular o que era menos pior, deixá-la livre para que Jason os deixassem em paz ou acreditar que o jogador não faria nada e correr o risco de Meester descobrir tudo e com certeza ficar furiosa.
Ambas opções soavam tão utópicas que o moreno não conseguia saber como tudo aquilo acabaria. Se terminasse com o quanto ela o odiaria? Perderiam toda aquela relação agradável? Se a garota descobrisse tudo o perdoaria? Ela gostava o suficiente dele para esquecer aquele erro catastrófico e seguir em frente? Ele gostava o suficiente dela para se preocupar com seus sentimentos, e ainda mais para querê-la perto?
Aturdido, perturbado e assustado não teve coragem de aproximar-se da morena e por isso saiu pela casa a procura de algo que pudesse o distrair. Sorria para aqueles que o cumprimentavam sem realmente ver quem o chamava pelo nome, viu que Bennet ria e conversava com seus fantoches do time de futebol e ficou zangado por ser tão estúpido e ter se superado no início do ano anterior com aquela história de aposta.
- E aí, cara?! - Tommo chegou esbarrando nele, rindo de algo, no entanto ao fitar a expressão transtornada do melhor amigo, fechou a expressão. - Aconteceu alguma coisa? Parece que você viu um fantasma.
- Não aconteceu nada…
- Qual é, Harry? Estamos em uma festa você deveria estar se divertindo, mas ao invés disso está com essa cara aí. - colocou o dedo em riste no rosto do rapaz que deu um tapa em sua mão para tirá-la dali. - É claro que aconteceu alguma coisa e você pode falar conversar.
- Está bem, Lou. - suspirou alto, apoiando-se na parede atrás de si, não tendo coragem de encarar o garoto a sua frente. - O Bennet falou que seu eu não terminar com a ele conta tudo para ela e para a .
- O quê?
- Ele acabou de me informar que vai foder com a minha vida caso eu não faça o que ele está mandando.
- Tudo bem, se acalma. - pediu mais para si que para o rapaz que visivelmente não sabia se desesperava-se ou enfurecia-se - Ele não vai fazer isso. - certificou com as sobrancelhas arqueadas.
- Não vai? - indagou com o cenho franzido - Como você pode saber, Louis?! Esse filho da puta vai fazer qualquer coisa para foder com a gente!
- Harry, se acalma! - gesticulou com as mãos, pois a medida que via o menino exasperando-se acabava ficando igual. - Eu vou falar com ele. Eu resolvo isso.
- Não! Não mesmo. - Styles negou com a cabeça - Eu não quero que você se envolva ainda mais. Eu sei o quanto você se importa com a e não quero que vocês sejam alvo do Bennet também. - fechou os olhos, respirando fundo, notando que deveria estar se divertindo, contudo tinha a mente presa nas palavras filhas da puta de um chantagista barato.
- Está bem, eu não vou falar com ele. - declarou a contragosto - E você vai atrás da , porque nós estamos comemorando dia dos namorados, porra! - elevou as mãos, batendo-as nas coxas. O amor estava no ar e ele amava isso!
Harry riu e agradeceu ao amigo, atendendo a ordem que recebeu dele, saindo a procura de Meester pois de fato a noite era dedicada aos amantes. Já Louis não fez o que o melhor amigo o pediu e foi até a cozinha pegar duas cervejas para então sair a procura do capitão do time, que não foi difícil de encontrar.
Jason conversava com um pessoal junto ao bar improvisado lá atrás e Tommo caminhou até o grupo decidido a fazer o rapaz desistir daquele plano nocivo. Ao aproximar de Bennet percebeu que todos na roda riam e forçou também uma risada, entregando ao jogador uma das long neck, o capitão do time o observou tentando descobrir sua real intenção, porém aceitou a bebida.
- Se perdeu dos seus amigos, Tommo? - Bennet questionou, fitando, enquanto o grupo conversava sem atentar-se ao que se passava entre os garotos.
- Só estava dando uma volta. - deu de ombros, passando os olhos pelo ambiente ao seu redor, tomando um gole de sua bebida.
- Engraçado, eu acabei de encontrar o cachinhos no meu caminho para o banheiro. - colocou uma das mãos no bolso da calça, analisando as reações do moreno a sua frente.
- Qual é, Bennet. Você sabe porque eu estou aqui. - fitou o rapaz, dando alguns passos para longe do pessoal, a fim de que eles não o ouvissem e foi acompanhado pelo outro menino. - A aposta já era, cara. Deixa o Harry, a , Zayn, a , todo mundo em paz!
- Louis, pode ficar tranquilo. - colocou a mão no ombro de Tomlinson, apertando-a para passar-lhe apoio - Você já ganhou a sua parte da aposta, agora falta o Malik.
- Eu não ganhei aposta nenhuma, cara! - negou os fatos, como se uma blasfeme houvesse sido proferida - O próprio Zayn já te falou, ele desistiu há muito tempo desse jogo!
- Aí é que está o problema. - Jason sorriu cerrado, aparentando preocupação - Ele desistiu da aposta quando estava com a modelo, agora que ela o chutou. Coisa que todos sabíamos que iria acontecer… - riu bem humorado, fazendo Tommo se irritar pois sabia como aquele término havia mexido não apenas com o casal, mas com o grupo como um todo - O Malik pode voltar quando quiser e para isso, o caminho precisa estar livre para ele, o que culmina na saída do Styles.
- O Zayn não vai voltar. - pontuou certo, sorrindo sem humor. Afinal sabia que o amigo não valia nem ao menos as roupas que vestia, mas nunca apunhalaria Harry pelas costas.
- Pode até ser, mas nunca saberemos se o Styles continuar a me atrapalhar. - perdeu o bom humor no instante que toda aquela conversa assemelhou-se a um disco riscado que repetia a mesma sentença. - E eu falo sério quando digo que se ele não fizer o que eu pedi a Meester e a Westwick vão ficar sabendo do que vocês fizeram. Você sabe disso, não sabe Tommo? - sorriu de lado, esperando por uma resposta que não veio já que Louis o encarava de mãos atadas - O Harry foi muito hostil comigo e ainda disse que minhas promessas são vazias, acredita?! - espalmou a mão sobre o peito, rindo forjando um humor. - Mas eu sou um homem de palavra. E vocês precisam acalmar os nervos, afinal eu não tenho nada a ver com essa história toda. - deu de ombros, dando um gole em sua cerveja, vendo o rapaz franzir o cenho. - Foram vocês mesmo que armaram toda essa confusão, mas não querem admitir! Eu só estou tentando colocar um pouco de ordem no caos. Mas enfim, obrigada pela bebida. - bateu com sua garrafa na de Louis e se afastou dele, voltando para o grupo onde estava.
O rapaz que ficou para trás começou a pensar que talvez, apenas um imenso talvez, o melhor no momento era mesmo Harry e se afastarem um pouco, apenas para Bennet pensar que tudo fluia como ele queria e então após a noite do baile, a data limite, o capitão do time estaria fora de suas vidas para sempre.
Sozinho, enquanto arquitetava planos e analisava seus pros e contras, alguém o abordou por trás, assustando-o. Ao dar um pulo alarmado, pode ver a namorado rindo.
- Meu deus, ! - reclamou jogando sua garrafa ainda pela metade na grama.
- Por que você parece tão irritado? - não mais rindo, a ruiva perguntou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Não é nada, honey. - fechou os olhos, sentindo-se estúpido. - Desculpa. - passou o braço pelo ombro dela, trazendo-a para perto e foi abraçado por ela. - Só estou cansado… É isso, é oficial, Tommo está ficando velho demais para essas coisas! Em breve eu vou ser um universitário e vou estudar para caralho, então… - beijou a bochecha dela que sorriu e lhe beijou nos lábios.
- Eu também estou cansada. - admitiu expirando alto. - E a cada hora que passa parece que fica mais frio! - reclamou, rolando os olhos. - Eu não vejo a hora desse inverno acabar, sério.
- Quer ir para a casa?
- Só se você passar a noite comigo. - sorriu afável.
- Vai ser um prazer. - sorriu, beijando-a e a tomou pela mão para irem a procura do audi e deixaram aquele pesadelo para trás.
No auge do inverno inglês os termômetros chegavam a 5°C, as nuvens já escondiam o sol a tanto tempo que os habitantes da capital haviam esquecido a boa sensação de serem aquecidos pelo astros, as garoas rotineiras obrigavam o uso dos guarda-chuvas pelas ruas de Londres. E apesar de alguns julgarem o clima como deprimente em uma mansão de um dos bairros nobres da cidade nunca houve alegria maior como naquele momento.
A garota estava tão empolgada e assustada ao mesmo tempo que não conseguia conter-se, sua mãe voltaria do hospital em algumas horas e ela subia e descia as escadas milhões de vezes, checando se tudo encontrava-se em ordem, mas a verdade era que a governanta e as duas novas babás, que ainda assustavam a medida que se esbarravam pelos cômodos da mansão, quem organizavam e estavam a frente da recepção do casal.
Ao ouvir a chegada dos pais ser anunciada, Westwick desceu correndo as escadas e congelou no último degrau. Já havia pego as irmãzinhas no colo, mas as recém-nascidas eram tão pequeninas, delicadas e frágeis que pareciam que estavam prestes a quebrar e o fato de que agora as bebês ficariam o tempo todo em casa sem a supervisão de um médico e enfermeiras neonatais causou um pequeno pânico no interior da menina.
Logo Carly e Martha, as babás das novas herdeiras Westwick, pegaram as crianças do colo dos pais para levá-las cada uma a seu respectivo quarto e checar se precisavam de algo. Joe agradeceu imensamente as mulheres, aliviada por finalmente poder descansar do longo trabalho de parto que teve e das três noites que passou no hospital e preferiu manter as filhas no quarto consigo sendo acordada a cada minuto pois precisa amamentar uma das gêmeas que chorava enquanto a outra dormia, mas então quando a primeira se satisfazia e a mulher achava que poderia voltar a dormir a outra chorava para que a fralda fosse trocada e a que até então estava quietinha começava a gritar porque teve o sono interrompido. Ou seja, a Sra. Westwick estava com o sono acumulado há quatro meses, pois se uma barriga de grávida de seis meses já era um tanto quanto desconfortável uma grávida de gêmeas no fim do segundo semestre não conseguia nem sentar-se ou levantar-se sozinha, imagina dormir.
Josephine sabia que não dormiria, pois logo uma das bebês ficaria com fome, mas só o fato de poder sentar-se e respirar já era um luxo que ela sentia falta.
O casal subiu em direção a sua suíte e os acompanhou mas seguiu o corredor encaminhando-se ao quarto das irmãs apenas para poder ficar as olhando serem fofas só ao respirar e piscar que era o máximo que bebês de quatro dias conseguiam fazer.
Uma hora depois Maria, a governanta dos Westwick desde que a primogênita da família era uma pentelhinha de cinco aninhos, que a perseguia pela casa toda, apenas porque queria conversar e observar o que a mulher fazia, adentrou o cômodo na pontinha dos pés para não perturbar as recém nascidas, e avisou que nove pessoinhas esperavam por na sala.
- O que vocês estão fazendo aqui?! - a ruiva gritou sussurrando, indignada com a falta de simancol do grupo.
- Eu vim visitar as duas mulheres mais bonitas dessa casa! - Harry informou inclinando a cabeça não se importando nem um pouco com o incômodo da anfitriã.
- Styles, primeiro; minha mãe não dorme há três dias e segundo; eu odeio você, então pode ir embora. - cruzou os braços, com seus olhos negros astutos ainda sobre o garoto.
- Eu estou falando das gêmeas, !
- , por favor! - pediu juntando as mãos frente ao corpo. - A gente promete fazer silêncio, os seus pais nem saberão que estamos aqui.
- É que só a e o Louis puderam ir ao hospital - disse da melhor forma, sendo que na verdade vetou a presença de todo o grupo e unicamente permitiu a visita da melhor amiga que era um ser humano normal e sentindo que fazia a escolha errada, também deixou o namorado ir. Mas a cada minuto que Tommo questionava se podia pegar uma das bebês no colo, uma parte de morria. - , e nós estamos muito curiosos para vê-las.
- Além do mais, nem trouxemos presentes como você pediu. - pontuou.
O grupo já havia presenteado tanto as crianças ainda quando Joe estava grávida, que a mulher chegou a considerar pedi-los que parassem, porém era educada demais para fazê-lo, já sua primogênita não viu problema algum na solicitação.
- Oi crianças. - a mãe da anfitriã apareceu na sala, sorridente e visivelmente abatida devido os acontecimentos recentes.
- Oi tia Joe, oi tio Oliver.
- Tudo bem, Sr. e Sra. Westwick?
- Oi Josephine, tudo bem Sr. Westwick?
- Já conheceram as gêmeas? - a mais velha indagou, colocando a mão por sobre a barriga ainda com o costume que teve por nove meses e seu esposo sorriu ao flagrá-la fazendo o gesto.
- A não quer deixar. - Niall revelou, fazendo careta para a amiga que lhe lançou o dedo do meio.
- Podem subir. - o homem mais velho lhes concedeu permissão e todos sorriram orgulhosos para que rolou os olhos correndo na frente.
- Eu quero que vocês conheçam - Louis conseguiu chegar primeiro a maçaneta da porta do quarto das bebês e pode ver a frustração nos olhos namorada - , minhas cunhadas. - dramático, abriu a porta e todos finalmente puderam adentrar o recinto e aproximar-se do bercinho.
- Ai meu deus, ela é tão pequena! - foi Zayn, com um sorriso imenso e bobo, quem falou não querendo nem respirar perto da recém-nascida. - Desculpa, mas essa é qual? - ele apontou para a criança, receoso, vendo a ruiva rir.
- Essa é a Miranda Rey. - sorriu muito orgulhosa por ver sua irmãzinha só olhando para um ponto específico que era Liam que não sabia se ficava lisonjeado ou assustado. - A Scarlett Rosie está ali. - apontou para o bercinho menor, que era possível ser carregado pela casa
- Meu deus, são duas mesmo! - o irlandês colocou a mão no peito completamente surpreso, aproximando-se da outra bebê.
- Cada uma tem seu quarto, mas nós preferimos deixá-las um pouco juntas para ver se acontece aquela ligação de gêmeo, ou sei lá… - a primogênita riu.
- Muito esperto. - Payne arqueou as sobrancelhas mirando de longe as bebês.
- , eu achei lindo os nomes. - Hilton sorriu, contendo-se para não pegar Rey no colo.
- Quem escolheu? - Meester questionou já sentando na poltrona de amamentação.
- A minha mãe queria Scarlett e meu pai Rosie, mas eu queria que uma se chamasse Miranda Rey, então Scarlatte Rosie virou um nome só. Mas nós decidimos chamá-las só de Rey e Rosie, para ficar mais curto.
- Eu amei! - Orteguinha já sentia-se idiota por estar sorrindo a tanto tempo.
- Nós podemos pegar as crianças no colo, ou não?! - Harry perguntou o que todos queria saber, mas temiam questionar e um silêncio constrangedor se instalou, onde os jovens encaravam uns aos outros tentando achar uma saída.
- Ai inferno… - bufou já amaldiçoando a Terra - Pelo amor de deus, toma cuidado! - avisou.
- Zayn - o cacheado chamou pelo amigo que estava hipnotizado vendo Miranda mover os bracinhos - , você pega a Rosie, eu cuido da Rey. Ela parece ser mais durona.
Automaticamente o badboy concordou, caminhando até o outro berço, vendo o amigo dirigir-se decidido a pegar uma das gêmeas.
- Passem álcool e gel nas mãos antes. - Tommo os lembrou, pois quando estava no hospital não apenas sua namorada chamou sua atenção para aquele quesito, como também o sogro, Jay e Diane.
Frustrados, os meninos pararam no meio do caminho, para encaminharem-se até a cômoda e realizarem a higiene de suas mãos, para então sorrir em satisfeitos e caminhar de volta as crianças.
- Tem que esperar secar. - informou calma, mas até Styles irritou-se pois a única coisa que queria fazer naquele momento era sentir o perfuminho gostosinho de um bebê, e o mundo estava complicando aquele singelo momento.
- Posso agora?! - Malik indagou entediado após alguns segundos, avançando as mãos no ar para secar mais rápido. Liam e Niall que observavam algumas pelúcias sobre uma prateleira riram do amigo e puderam ver dando permissão para que as caçulas fossem mimadas.
- Só toma cuidado com a cabeça.
- Não encosta na cabeça delas, na verdade.
- Você está fazendo errado. Cuidado pelo amor de deus!
- Segura essa criança direito, se não eu vou te bater.
Todas as garotas e Louis rodearam os garotos que tentavam equilibrar aqueles corpinhos tão frágeis entre seus braços nem um pouco delicados. O pânico na expressão de cada um era visível e Zayn achava cômico o desespero das falas e a forma que até Tomlinson se expressava preocupado.
- , eu estou segurando direito, saí. - seu primo desviou de seu toque - Tira uma foto minha e do Harry com as gêmeas. - ficou de costas para a morena, não apenas para que ela pegasse o celular dele no bolso do jeans, mas também para que a menina parasse de tentar arrumar Rosie em seu colo.
Ao ter a câmera apontada para eles, os rapazes sorriram felizes, orgulhosos só por terem aquelas coisinhas minúsculas em seus colos e a foto fofa e atípica foi parar no perfil do Instagram de Malik, com a legenda "Adotamos".
Nem todos acaletaram as bebês em seus braços naquele dia. Princesinha Styles e Louis contentaram-se com a oportunidade que tiveram no hospital, para evitar que as menininhas ficassem passando de colo em colo. Liam achou o suficiente o carinho rápido que fez no abdômen de Rosie enquanto ela estava nos braços da namorada e Rey ainda o fitava fixamente, mesmo nos braços de . Niall, por sua vez, tinha muito medo de sustentar aqueles seres tão pequeninos em seu colo e por isso nem ao menos se ofereceu, mas conseguiu uma linda fotografia de segurando uma delas.
A sessão fofura acabou quando Rey começou a chorar por algo que nenhum deles sabia e na mesma rapidez que os adolescentes lotaram o quarto da bebê, eles desceram as escadas, deixando o trabalho para Carly.
Após elogiarem milhões de vezes as filhas dos Westwick para os pais orgulhosos, o grupo decidiu que era hora de partir a fim de não incomodar o casal hospitaleiro. preferiu permanecer em casa para fazer companhia a seus pais e por isso, Louis também ficou.
Meester declarou que iria para casa dela e sem dar maiores explicações, nem mesmo para a melhor amiga, adentrou seu carro pois Fred já a aguardava com a porta aberta, e as caçulas tiveram o prazer de vê-lo piscando para elas como uma forma de cumprimento, já Orteguinha teve a honra de tê-lo abrindo a porta do automóvel para ela, o que a quase fez esquecer-se de se despedir do namorado. Quase.
Liam chamou Zayn para irem até sua casa, fazerem algo que ele ainda não tinha pensado. E os irmãos Styles, juntamente com Niall e dirigiram até um restaurante que havia inaugurado há duas semanas, a fim de jantarem.
O rapaz colocou os pés dentro de casa e suspirou pesadamente sentindo cada um de seus músculos contorcendo-se devido ao treino exaustivo. Sua face doía devido a luta de última hora, que no momento do convite parecia uma boa ideia, principalmente quando o imbecil do seu melhor amigo incentiva a idiotice, contudo agora com o lábio inferior inchado e o um hematoma que parecia piorar a cada hora que se encarava no espelho, Liam tinha certeza que havia sido uma péssima ideia.
Deixou a mochila cair de seu ombro e caminhou diretamente à geladeira, levando a bancada tudo necessário para fazer um sanduíche. Ao sentar-se fechou os olhos mastigando e uma preguiça crescia em seu interior, tentando convencê-lo a dormir até o dia seguinte e não iniciar as pesquisas para a matéria do jornal que precisava ser entregue só na quinta e como ainda era terça ele poderia realizá-la no dia seguinte de última hora.
Subiu as escadas a caminho de seu quarto e no banheiro ao levantar os braços para retirar a camiseta sentiu uma dor na região torácica mais especificamente nas costelas do lado direito. Respirando com dificuldade, mirou seu reflexo no espelho a fim de encontrar o motivo da injúria, porém não observou nenhuma alteração, tendo em mente que provavelmente cedo ou tarde mais um hematoma se formaria ali.
Após o banho jogou-se em seu colchão, bocejando e controlando-se para não adormecer, todavia suas pálpebras pesavam e imploravam para serem fechadas, felizmente seu celular vibrou anunciando a chegada de uma mensagem e ele precisou mover-se para atendê-lo, abriu a conversa com Louis no WhatsApp e pode visualizar:
Xx Liam, nós vamos jogar video-game e beber, você quer vir? xX
Xx Nós, quem? xX
Xx Nós, ue! Você vem ou não? Ah, se vier trás o seu call of duty e um controle xX
Xx Chego em trinta minutos xX
Estacionou o jeep próximo ao bentley e estranhou que os outros amigos ainda não haviam chego. Equilibrou nas mãos o pack de cerveja, as caixas dos jogos, o controle, a carteira e a chave do carro, percebendo que havia esquecido o celular no interior do veículo apenas quando a governanta abria a porta para ele, entretanto preferia morrer a executar tanto esforço e voltar até o automóvel, por esta razão adentrou a casa do amigo encaminhando-se à sala de jogos podendo ouvir a voz de e amaldiçoar-se por não imaginar que a namorada de Tommo estaria ali, é claro que ela estaria, como deixou aquele fato passar?!
- Finalmente! - Westwick cruzou os braços, recepcionando o menino que quando de bom humor já era grosso, imagina quando já estressado.
- Por quê você sempre está em todo lugar? - Payne questionou parecendo decepcionado, colocando tudo o que carregava na mesa de centro. - Na escola, no jornal, aqui, na minha casa! Me dá uma folga, ! - falou irritado, jogando-se no sofá, vendo Zayn sorrir, com os olhos vermelhos, provavelmente chapado. - Que foi? - virou-se para o moreno lembrando-se que estava todo fodido por causa da ideia idiota que ele teve mais cedo.
- Você está bem campeão? - Malik indagou sentado desleixado em uma das poltronas, com o celular nas mãos e escondendo-se dentro de um moletom números maior. - Afinal você levou uma surra hoje.
- Cala boca, Zayn. Eu só aceitei aquela merda porque você falou! - pontuou recebendo a long neck que Tommo o entregava com um sorrisinho perspicaz nos lábios pois havia escutado a história de Liam sendo nocauteado mais cedo na academia.
- Eu pensei que você aguentava aquele cara! - defendeu-se elevando os braços em rendição, rindo. - Não sabia que estava fora de forma.
- Vai se foder.- resmungou vendo Louis conectar seu controle do video-game. - O que aconteceu com os seus controles, Tommo?
- Um eu emprestei para o Niall ano passado, e aquele safado ainda não me devolveu, e outro a quebrou. - deu de ombros, realmente não se importando com o fato de a ruiva ter destruído o objeto. - Então só sobrou um e para jogar em pares eu precisava do seu.
Os dois meninos arquearam as sobrancelhas pois todos sabiam que tudo relacionado ao video-game de Tomlinson era sagrado para ele. Consequentemente o babaca estava de fato apaixonado por a ponto de não se incomodar com aquele episódio fatídico.
- Falando no Irlanda, ele não vem? - Liam perguntou, olhando ao redor esperando que alguém o respondesse.
- Não. - a garota respondeu - Ele está com a . - foi impossível a sala toda não fitar Zayn, que mantinha os olhos fixos no nada, mais concentrado no estado de relaxamento que a maconha o gerou, não percebendo o desconforto geral, mas sentindo um golpe no estômago só ao ouvir o nome da loira.
Ninguém sabia se já podiam pronunciar Hilton sem haver problemas maiores, afinal Malik se mostrava entediado e irritado toda vez que a menina aparecia ou era mencionada e alguns defendiam que o badboy estava muito magoado para agir daquela forma, enquanto outros tinham certeza que ele não se importava e na verdade estava de saco cheio daquele drama. Contudo, o rapaz não falava com nenhum dos amigos sobre como se sentia e nenhum deles tinha coragem de tocar no assunto, então teorias eram formadas e ninguém possuía uma conclusão concreta. nem mesmo que sentia o coração apertado cada vez que via o garoto rolando os olhos ao ouvir sua voz ou então se retirar quando ela se aproximava da mesa.
- E o Harry?
- Com a . - Louis falou sentando-se no chão, entregando um dos controle para a namorada, não vendo necessidade alguma de perguntar para algum dos amigos se gostariam de iniciar a brincadeira. - E antes que você pergunte, a está na aula de teatro.
- Eu não ia perguntar sobre ela. - Payno sorriu cerrado achando graça. - É só que eu pensei que hoje seria uma tarde agradável com os caras, meus grandes amigos. E quando digo isso não incluo você, .
- Problema seu. - a ruiva deu de ombros, não se importando com a ofensa, mais concentrada em escolher seu avatar. - Só não deixa a sua cabeça burra esquecer do prazo que…
- Eu sei, eu sei… - rolou os olhos, deixando a cabeça cair para trás, apoiando-a no encosto do sofá.
O grupo bebeu, fumou e jogou até próximo às 21h, quando Liam decidiu ir embora para iniciar logo a matéria que precisava entregar naquela semana. Despediu-se do pessoal e ao adentrar o jeep já procurou pelo celular que havia permanecido no carro cerca de quatro horas.
Franziu o cenho ao ver que havia o ligado não uma, nem duas, mas sim dezessete vezes, como também o enviara uma mensagem no WhatsApp: Liam, inferno, cadê você?! Era tudo o que dizia a namorada exasperada. Estranhou tais atitudes, mas retornou as ligações e não obteve resposta, enviou-a também mensagens que mais uma vez não foram respondidas.
Como passava das nove sabia que Amina não ficaria contente com uma visita surpresa e por isso decidiu esperar até o dia seguinte e tratar sobre o assunto pessoalmente com a morena.
O gramado da Eton foi tomado por branco devido a pequena geada que iniciou durante a madrugada e não cessou até aquela manhã. Os alunos nem arriscavam passar tanto tempo na área externa do colégio e ao saírem de seus automóveis já percorria o caminho que os levariam para o interior do prédio de arquitetura arcaica.
O rapaz era um dos poucos babacas que permaneciam lá fora, batendo os dentes com o esqueleto tremendo e os dedos congelados mesmo que usando luvas. Harry friccionava as mãos contra o sobretudo que usava e tinha certeza que aquele gesto não adiantava de nada. Sua vontade era de seguir o fluxo de adolescentes e adentrar a maldita escola, todavia Louis o pediu para esperá-lo e como um bom amigo sentia-se um idiota por seguir o solicitação de Tommo.
- Você se perdeu no caminho para cá? - Styles perguntou alto ao ver o garoto desleixado arrastando sua bolsa carteira pelo chão, nem um pouco preocupado em sujá-la ou arruinar seu couro com a fina camada de gelo que cobria o solo. - Por que demorou tanto?!
- Eu só lembrei ontem que precisava fazer uma pesquisa para a aula da Sra. Casson. - explicou colocando a alça da bolsa no ombro e tirando uma pasta azul debaixo do braço.
- Eu fiquei aqui fora por dez minutos, Louis! - reclamou já subindo os degraus em direção a porta principal. - E para quê?
- Porque eu sabia que você também tinha esquecido da pesquisa de física e eu como um melhor amigo exemplar vou te passar agora. - entregou a pasta para o cacheado que juntou as sobrancelhas. - Não se preocupa eu fiz pesquisas diferentes, mas você só tem aula com a Sra. Casson no terceiro horário e como eu vou estar do outro lado do prédio não ia conseguir te entregar.
- Como você sabia que eu tinha esquecido? - franziu o cenho, sorrindo surpreso e abrindo pasta para visualizar sua pesquisa que estava muito bem escrita, com dois exemplos a mais que o pedido e realmente continha seu nome!
- Você parece muito distraído ultimamente. - revelou, voltando os olhos azuis para o menino que cerrou os lábios enquanto desviava das pessoas pelo corredor. - E eu acho que tem alguma relação com todas essas viagens surpresas para os Estados Unidos, mas você parece não querer conversar sobre. - parou em frente a seu armário para pegar alguns livros e Harry guardava a mochila a pasta e as luvas.
- Não é isso… Quer dizer é… é complicado. - negou com a cabeça abrindo os botões do sobretudo. - Estamos no último semestre e também tem essa merda de aposta. - abaixou o tom no fim da frase e aproximou-se do do garoto que o encarou tão cansado quanto ele. - Eu não sei, Louis.
- Harry, cara, se você está pensando em ir para Stanford, ou algo assim, você não precisa esconder de mim ou do pessoal. - falou jogando o casaco dentro de seu armário e esforçando-se para fechar a porta antes que tudo caísse no chão.
- Quê?
- Não é por isso que você está viajando tanto para América? - questionou como se fosse óbvio, sentindo-se muito esperto e sagaz por ter decifrado o enigma Styles. - Stanford é uma boa faculdade e é na Califórnia, ou seja, onde sua mãe está. E não importa se você se mudar - colocou a mão no ombro do rapaz, voltando a caminhar. - nós continuaremos sendo amigos e eu terei mais um motivo para viajar! Vai ser ótimo! - abriu os lábios num sorriso imenso já imaginando todas as festas que Anne o colocaria.
- Valeu, Louis. - espelhou o gesto dele, não tão empolgado mas logo chegou a seu armário e finalmente pode guardar seu sobretudo. - Seria mesmo uma boa ideia. - pareceu considerar a hipótese, mas o amigo não notou seu olhar distante pois do outro lado do corredor uma ruiva também mexia em seu armário.
Tommo aproximou-se sem que ela percebesse, e por trás a abraçou, fazendo-a tentar soltar-se e espancar o suposto estranho safado que a agarrava.
- Você me assustou! - com a mão sobre o peito encarou-o com as sobrancelhas arqueadas.
- Bom dia, honey. - Tomlinson beijou a testa da namorada, vendo que Harry já estava ao seu lado arrumando a alça da mochila.
- Eu preciso passar no jornal para deixar uns envelopes…
- Nós vamos com você - o namorado a interrompeu, comprometendo não apenas ele como também Styles que franziu o cenho arrumando o blazer ao corpo. - Não me olha assim, Harry. Não é como se você tivesse algo importante para fazer agora! - rolou os olhos passando o braço pelo ombro de , que sorriu de lado.
- Ahn… Eu tenho aula, Louis! - o moreno pontuou crescendo os olhos não acreditando na fala do garoto, mas logo percorrendo com pressa a pequena distância que o separava do casal que já se dirigia a sala do jornal.
Ao lado de Tomlinson, Styles caminhava com as mãos no bolsos e ao levantar o rosto para comentar a história que contava pode ver alguns garotos do time ao redor de um dos bebedouros, e apoiado a parede, Bennet os encarava sorrindo.
Foi inevitável não recordar do ultimato recebido, das palavras de Jason, a ameaça sórdida e o nó que sentiu na garganta. Ao ver o capitão do time acenar para ele com a cabeça, o mundo pareceu congelar e apenas Jason e Harry ocupavam aquele corredor, separados por poucos metros, mas também por um abismo de chantagens e jogos de poder que nenhum dos dois aceitava perder.
Os olhos verdes de Styles os encaravam fixamente e os poucos segundos levaram para se cruzarem assemelhavam-se a mais longa guerra fria.
Ao chegarem ao cômodo, Westwick estranhou o fato de Liam já estar ali, em frente ao computador, apenas encarando a tela como se algo muito importante estivesse ali, mas a verdade era que o rapaz não havia saído da área de trabalho ainda.
- Bom dia, Payno. - Louis cumprimentou, jogando a bolsa no chão sentando na mesa de Greg que ficava fronte a do amigo.
- Ahn oi. - respondeu despertando de seu transe e acenando para sua chefe como também para Styles.
- O que você está fazendo aqui tão cedo? - o indagou organizando os envelopes e pastas sobre sua mesa pois teria uma reunião com Burrows naquele dia.
- Eu cheguei antes para terminar minha matéria para o jornal. - ainda um pouco lento abriu sua mochila a procura de algo, percebendo então que não havia nada para pegar e largou-a novamente.
A menina notou seu devaneio e o encarou por breves segundos, reparando também que Harry e Louis haviam começado um assunto que supostamente Liam estava inteirado, mas a mente do menino parecia estar a quilômetros de distância.
Payne sorriu ao ver que os garotos riam de algo que o cacheado falava, mas logo levantou-se caminhando até o quadro de funções a fim de ver qual seria sua próxima matéria e foi seguido pela editora chefe.
- Tudo bem, o que está acontecendo? - questionou colocando as mãos na cintura e falando baixo para não chamar a atenção das duas toupeiras que não atentaram-se para o humor do amigo.
- O que está acontecendo? - devolveu a perguntando, voltando-se para ela visivelmente confuso, encarando o ambiente a seu redor recapitulando tudo que havia feito até o momento e constatando o óbvio, não havia cometido nenhum erro até o momento.
- Por que você está assim mais idiota do que normal? - cruzou os braços, rolando os olhos e apoiando as costas no quadro que continha o nome de toda a equipe.
- Não é nada demais. - desconversou, encaminhando-se até a cozinha a procura de café.
- Então há alguma coisa, só que você não quer falar. - concluiu, sentindo-se muito esperta por sua percepção apurada.
- Desde quando você se importa, ? - rolou os olhos, descobrindo que ainda não havia café para se tomar.
- Quer a verdade? - arqueou as sobrancelhas soando honesta e não parecendo preparar uma fala atrevida e sarcástica. - Eu não sei! Só percebi que você está… longe e queria saber se está tudo bem, mas esquece. - virou-se de costas para deixar o recinto, vendo que o idiota de seu namorado e o imbecil do melhor amigo dele jogavam clipes um no outro.
- A está brava comigo por alguma coisa que eu não sei o que é! - falou apoiando-se no mármore da pia, encarando os próprios pés. - Então estou tentando lembrar tudo o que eu fiz e disse nos últimos dias para descobrir o que eu fiz de errado, porque aconteceu alguma coisa!
Westwick esforçou para ignorar a bagunça que ocorria no cômodo ao lado e fechou os olhos buscando um meio de ajudar a pessoa que no momento ela dizia ser a que mais odiava. Talvez Liam repartisse o primeiro lugar com Meester…
- Okay… Primeiro; você é homem, então com certeza você fez algo errado. - pontuou e o moreno acenou positivamente ciente daquele fato. - Segundo; você tem certeza que não tem dedo da Lexi aí?
- Sim! Quer dizer, não. - desabotoou os botões da manga da camisa, dobrando-as até os cotovelos. - Mas se a Lexi tivesse feito algo, ela faria questão de eu saber para que ficar puto também.
- Então concluímos que você foi o idiota.
- Sim. E pelo jeito que ela me olhou hoje de manhã posso te garantir que eu fui muito idiota! - assegurou afobado, acenando com a mão, odiando-se por supostamente ter feito algo para magoar Ortega e nem ao menos saber o que era.
- Sobre o que vocês estão falando? - Harry apareceu com Louis em seu encalço, tentando normalizar a respiração ainda arrítmica devido a batalha com os clipes.
- Nada.
- O Liam fez alguma coisa para a e não sabe o que é.
Payne de falaram respectivamente e ao ser encarada pelo garoto de forma acusadora a ruiva deu de ombros voltando para sua mesa para terminar de organizá-la.
- Eu não te contei para você espalhar para o mundo! - o rapaz reclamou seguindo-a, apontando para os dois panacas atrás de si, que riam baixo pelo fato de ele estar fodido.
- Olha, eu não sei o que vocês homens costumam partilhar entre si. - a menina informou sentando-se em sua cadeira giratória. - E eles podem ser úteis pela primeira vez na vida e nos ajudar a descobrir a merda que você fez.
- Como? - Liam cruzou os braços ainda irritado, vendo que a dupla se aproximava ainda zombando dele.
- Fácil. - Westwick sorriu calculista. - O Louis é homem e como você faz merda o tempo todo, então ele pode lembrar de algumas das merdas que já fez e talvez uma delas seja a sua. Já o Harry é o nosso trunfo! - diabólica, apoiou os cotovelos sobre a mesa de madeira.
- Ele tem informações direto da que com certeza sabe o que aconteceu, porque vocês mulheres contam tudo uma para outra. - Payne matou a charada e pode ver o sorriso astuto nos lábios rosados da menina.
- Uhm… Você não é tão burro como eu pensei. - a garota soava orgulhosa não vendo falhas em seu plano.
- Eu só queria dizer que a não vai me dizer nada - Harry sentou-se na mesa de , de costas para ela, perdendo o olhar pasmo que a ruiva o lançou pela liberdade que o moreno não tinha de sentar-se sobre sua propriedade - , porque ela consegue sentir quando eu preciso de informação e para me torturar não fala uma palavra. Vadia sádica… - abaixou o tom da voz na última sentença, sentindo-se usado por todas as vezes que foi manipulado descaradamente.
- Liam, é impossível você ter feito algo tão ruim assim para a não querer nem ao menos olhar para você e não se lembrar! - Louis elevou as mãos não engolindo aquela história que soava incompleta.
- Eu estou falando cara, não tenho ideia do que possa ter acontecido. - sentou-se na cadeira mais próxima que encontrou e não tinha ideia de quem aquela mesa era.
- Bom dia, chefe. - Zayn adentrou a sala carregando seu envelope embaixo do braço, um copo de café na mão e um sorriso ameno no rosto.
- Hey, cara. - Harry colocou a mão no ombro dele, por ser o único no recinto que acreditava que o amigo ainda passava por momentos difíceis devido o término.
- Eu só vim entregar a tirinha e dizer para você - colocou o envelope de papel nas mãos de que agradeceu já abrindo-o para ver o trabalho do artista, tendo Tomlinson apoiando-se na cadeira dela curioso e animado para também admirar os desenhos. E então apontou para o melhor amigo que arqueou as sobrancelhas pego de surpresa. - , que você está muito fodido.
- Você sabe o que aconteceu?! - Liam cresceu os olhos, levantando-se.
- Claro que sim. - Malik riu divertido - Era a única coisa que a falava durante todo o caminho até aqui! - juntou as sobrancelhas aproximando-se do garoto. - Você não sabe o que é, não é? - franziu o cenho, mirando o fundo dos olhos do moreno.
- Zayn, eu nunca precisei tanto da sua ajuda como agora. - soava desesperado demais e aquele era problema pois é claro que o badboy tiraria proveito de sua aflição.
- Liam - apoiou-se no ombro do amigo, virando-se para o trio que sorria cerrado os encarando - , você só está deixando tudo melhor. - tomou um gole de seu café.
- Fala logo, Zayn, o que ele fez? - Styles perguntou divertido, cruzando os braços.
O moreno fitou o melhor amigo, podendo ver um misto de tormenta e raiva crescendo em sua expressão, mas naquele dia Malik estava de bom humor então por quê não levar Liam a loucura antes de revelar seu grande erro?
Riu espirituoso aproximando-se da mesa de , cochichando no ouvido do cacheado o que sua prima havia reclamado por todo o percurso até a Eton. Harry cresceu os olhos e deixou o queixo cair ao ouvir o relato do amigo, mirando Liam rindo, cobrindo os lábios com a mão e repetindo o que Zayn já havia tido, ele estava muito fodido.
A dupla encarregou-se de contar para o casal que já reclamava por ter sido mantido de fora da brincadeirinha que era atazanar Payne, que por sua vez, revirava os olhos, jogando-se na cadeira que antes estava, afundando-se no assento e passando as mãos pelo rosto cansado de lidar com aquelas crianças de oito anos.
- Liam, é melhor você parar de tentar descobrir o que fez e começar a pensar num jeito de se desculpar. - apenas o desesperou mais e irritado o moreno caminhou até sua mesa a procura de sua mochila.
- Eu vou embora. - Payne brandou frustrado e enraivecido.
- Calma, cara. - Louis pediu rindo e indo até ele. - Só estamos nos divertindo um pouco, mas depois de te torturar vamos revelar o motivo. Mas para isso você precisa ser paciente e aguentar as piadas - deu dois tapinhas no rosto do amigo, que o mirava entediado - , se não nunca vai saber porque a está brava com você.
- Já lhe passou a mente que eu posso perguntar a ela, gênio? - o alvo da chacota questionou, cruzando os braços
- Vai por mim, ela não quer te ver pela próxima década. - o primo da caçula pontuou terminando seu café e arremessando o copo no lixo mais próximo.
- Caralho, isso é sério, será que dá para vocês não agirem como idiotas pelo menos dessa vez?! - com os olhos castanhos carregados de decepção e preocupação, Liam fitou cada um dos amigos, que ponderaram sua fala deprimida e voltaram-se uns para os outros parecendo finalmente parecerem culpados pela brincadeira de mal gosto.
- Não…
- Impossível, Payno. Desculpa.
- Não mesmo!
- Se fudeu.
Falaram ao mesmo tempo caindo na risada e forçando o menino a tomar a decisão que avaliava a muito tempo, porém tinha medo de executá-la, que era falar com Ortega. Ele sabia que ela estava brava, mas não tinha ideia que aquela altura a garota o odiava tanto como Zayn falava.
- Liam, Liam - Harry o chamou assim que ele deu as costas ao grupo para retirar-se do recinto - relaxa! Não é como se ela nunca fosse te perdoar. - negava com a cabeça. inclinou-se por sobre a mesa para aproximar do rapaz sentado sobre ela e cochichou algo em seu ouvido, mostrado-o a tela de seu IPhone, Styles soltou uma risadinha pelo nariz crescendo os olhos. - Esquece, cara. - falou para o amigo que bufou encaminhando-se à porta da sala ouvindo as risadas do grupo atrás de si.
Ao colocar a mão na maçaneta e virá-la a porta foi empurrada em sua direção e a madeira quase acertou em cheio seu rostinho lindo.
- Bom dia! - uma sorridente e soterrada em roupas grossas e grandes demais, apareceu - O dia não está fabulosa?! - questionou olhando para cada um dos amigos e então quando mirou Payno sua expressão caiu no mesmo instante, tomando uma aflita e compadecida. - Uhh, para você não…
- Você também já sabe? - ele a indagou deixando os ombros caírem.
- A me mandou uma mensagem enquanto o Zayn contava para ela. - revelou indicando a melhor amiga que sorriu sapeca sobre o olhar censurado de Liam.
- Ah qual é?! - Westwick elevou as mãos em rendição, tentando salvar-se o julgamento - Não é como se cedo ou tarde a não fosse contar para ela!
Ainda com a mão na maçaneta, Payno ameaçou iniciar um discurso sobre a importância de se guardar segredos e que seu relacionamento não era um tipo de novela que os amigos podiam se meter, contudo Niall e já entravam correndo no cômodo.
Assim que colocou o primeiro pé na sala, os olhos castanhos de Hilton foram atraídos para um galante rapaz moreno, que até então sorria divertido com as mãos nos bolsos da calça, apoiado na mesa de , ao lado de Harry, porém ao fitá-la ele desviou o rosto, rolando os olhos. O golpe no estômago que a menina sentiu ao vê-lo desprezando-a a fez querer seguir pela direção oposta a qual o grupo se encontrava, mas ao mesmo tempo seu orgulho não queria mostrá-la afetada e ofendida com a atitude de Zayn, que ocorria corriqueiramente desde o último mês.
- Payno, uma irada está procurando por você! - Horan falou, tentando normalizar a respiração com a mão sobre o peito e uma careta por uma quantidade escassa de oxigênio adentrar suas narinas em direção a seus pulmões. - Oi babe. - sua compostura mudou completamente ao ver a única parte do corpo de que não era coberta por tecido, seu rostinho sorridente e com as bochechas vermelhas devido ao vento cortante.
Princesinha Styles riu, beijando nos lábios por saber que todo aquele drama era apenas um teatro para deixar tudo mais real.
- O que aconteceu?
- A e eu estávamos conversando e a chegou perguntando o que havia acontecido. - começou a explicar, ainda desconfortável pelo elefante na sala, que ocupava lugar entre ela e Zayn - Então ela descobriu o que você fez…
- A é a menor das minhas preocupações agora. Literalmente. - Liam deu de ombros, entediado e nem um pouco abalado com as informações de que sua melhor amiga minúscula e colérica o perseguia pelos corredores do colégio.
- Ohh...
- Essa não foi legal, cara.
- Liam - o primogênito Styles sorria incomodado, e preocupado com a saúde do amigo - , você não sabe o que está dizendo.
- A verdade é que a década que a vai levar para te perdoar não se compara com o inferno que a vai transformar a sua vida. - informou sentando no colo do namorado que ocupava a cadeira de um dos membros da equipe do jornal.
- Amém. - Tommo falou uma mão sobre o peito e a outra elevada aos céus.
- Isso não é uma coisa boa. - Payne disse ao moreno que riu de lado.
- Para você não, mas para nós vai ser muito divertido! - cresceu os olhos falando o óbvio, descrente que o outro garoto não havia entendido seu ponto desde o começo.
O rapaz próximo a porta rolou os olhos bufando e sem pronunciar uma palavra virou-se de costas para se retirar do recinto, esbarrando em Meester que aparecia visivelmente irritada. Liam fechou os olhos impaciente, pois primeiro; aquela era a segunda que tentava sair da sala e era impedido por alguém que trombava nele, e segundo; sabia que a melhor começaria a falar e não pararia mais.
- Você enlouqueceu? - a morena falou dando um passo de cada vez a medida que o menino recuava um passo, até esbarrar em uma mesa e precisar parar - Ou você é só muito burro mesmo?
- … - arqueou as sobrancelhas tentando estabelecer um pouco de autoridade naquela merda de diálogo, mas a garota já o cortou voltando a sua fala.
- Porque eu sei que você é estúpido, ou só não sabia o quanto. - cruzou os braços, elevando o queixo e ambos ouviram uma onde de "Uhhhhh" que os amigos proferiam apenas para deixar o ambiente mais tenso e cômico. - Como você pode fazer isso Liam?
- O que você tem a ver com essa história, ? Isso é entre a e eu! - respondeu audacioso apenas para mais onde "Uhhhhh" ser iniciada, todavia a menina ignorou a todos.
- Eu esperava isso do Malik, porque nós sabemos que ele é tapado…
- Ei! - Zayn reclamou, deixando de rir no instante que ouviu o insulto, mas ninguém o deu ouvidos.
- Mas não de você. - Meester não sabia se ficava decepcionada ou zangada com o moreno a sua frente que passou as mãos pelo rosto farto daquele assunto.
Aquele, supostamente, era para ser só mais um dia, mas então sua namorada estava brava por algo que ele fez. Até aí tudo bem! Ele errava, pediria desculpa e pronto, porém naquele momento o grupo inteiro se movia e falava apenas sobre seu relacionamento e o garoto não conseguia dizer se tudo o que diziam era exagero ou que havia feito fora tão grave assim.
- Você conversou com ela? - Payno questionou apoiando as mãos na mesa atrás de si.
- Sim. Ela está muito triste. Muito. - sua melhor amiga frisou apenas para deixá-lo pior. - Muito mesmo.
- O que ela te falou sobre o ocorrido? - o menino cruzou os braços, franzindo o cenho e atentando-se a cada palavra que a morena pronunciaria, entretando, ao abrir a boca para começar, pode ver , Louis e Zayn pedindo a ela que parasse naquele instante porque Liam não sabia o que havia feito e torturá-lo estava sendo muito divertido.
- Você não sabe o que fez de errado, não é? - o encarou acusadora.
- Ah, vai se foder. - o namorado irresponsável falou para ninguém especificamente, pegando sua mochila e arrumado-a nas costas para finalmente deixar o cômodo.
- Liam - Westwick o chamou e ele virou-se lentamente para a ruiva. - , você deixou o seu computador ligado. A sua matéria está pronta, eu posso pegar? - caminhava até a mesa do moreno para procurar entre os arquivo o texto que precisava.
- , que inferno! O meu prazo é até quinta que é… - dizia irritado e bateu as mãos nas coxas, até que teve um estalo. - hoje! - precisou de breves segundos para assimilar o que acontecia enquanto o grupo todo leha lançava olhares ansiosos pra que ele percebesse a idiotice que havia feito. - Meu deus, eu combinei com a de ir pegá-la na academia de dança e nós iríamos ao cinema, mas eu falei que faria isso na quarta e ontem foi quarta porque hoje é quinta e não quarta. - despejou toda a informação para que os meninos começassem a bater palmas pois finalmente a toupeira descobrira o que acontecera. - Meu deus. Meu deus!
- Finalmente hein, Li!
- Eu já tava começando a pensar que ele era mais burro do que eu imaginei.
- Caralho cara, você é muito estúpido.
- Eu preciso falar com ela. - virou-se afoito para .
- Então vai ué, como você disse eu não tenho nada a ver com isso. - a morena deu de ombros, ouvindo o sinal anunciando o início das aulas e que a partir daí todos tinham quinze minutos de tolerância para adentrarem suas respectivas salas. - Mas parece que você vai ter que esperar até o almoço. - sorriu perspicaz.
- Merda… - reclamou sabendo que a cada minuto que passava e aquela história não tinha um desfecho o pessoal não o deixaria em paz e continuaria pensando que ele havia deixado-a plantada no estacionamento da academia de dança propositalmente.
Infelizmente nada podia ser feito a respeito e o menino precisou esperar até o almoço. Levou muito tempo e esforço para conseguir convencer princesinha Styles a lhe falar em que sala Ortega tinha o último horário, porque ele não sabia nem o sua grade de aulas decorada, imagina de terceiros. Passou na sala onde a morena deveria estar, contudo não a encontrou lá e decidiu correr até o refeitório, ao adentrar a porta do grande salão, o varreu com os olhos a procura da caçula e pode avistá-la na mesa de sempre com ao seu lado.
As menina riam de algo que contava, enquanto a garota gesticulava abertamente e dividia sua atenção entre sua refeição e sua história, no entanto, assim que mirou Liam parado a frente das duas a expressão feliz dela caiu e uma zangada tomou seu lugar.
- Baby doll, eu posso explicar.
- Explicar o que, sweetheart? - questionou cínica, vendo-o sentar-se no banco a frente dela. - Que eu fiquei te esperando por quarenta minutos na academia de dança, pedi um táxi para casa me arrumei para irmos ao cinema e você não atendia nenhuma das minhas ligações enquanto estava ficando chapado no Louis?
- Sim. - respondeu, arrependendo-se logo em seguida ao vê-la arquear as sobrancelhas - Quer dizer não! A verdade é que eu estou com medo de falar algo errado.
- Fala logo, Liam.- ainda o encarava raivosa e antes de o rapaz começar seu pedido de desculpas, voltou os olhos para a melhor amiga, clamando por ajuda que foi negada com o olhar pleno e indecifrável que o lançou.
- Eu esqueci completamente que ontem era quarta, eu pensava que hoje era quarta, mas não é… - falou rapidamente, desesperando-se a medida que a morena cerrava os olhos para fitá-lo, não acreditando em nenhuma palavra que ele dizia - Porque hoje é quinta e não quarta. E eu juro, eu juro, que eu nunca faria isso, é que eu me perdi no tempo e pensava que nós sairíamos hoje.
- Ele está achando que eu sou estúpida. - virou os rosto para Meester ao seu lado, rindo divertida e dissimulada.
- Deve ser por causa do seu rostinho bonito. Eles sempre subestimam um rostinho bonito. - respondeu a altura e ambas voltaram a mirar o rapaz que sabia que precisava melhorar sua história.
- , você não está ajudando. - falou com um sorriso forçado, podendo vislumbrar a amiga rindo de sua desgraça - - já irritado, falou para a namorada, ou ela o perdoava ou parava de encher o saco - , eu não estou mentindo! Eu até esqueci da minha matéria para o jornal e você sabe que eu deixo de estudar para as provas para fazer os textos do jornal! Eu me perdi no tempo!
- Tudo bem, eu acredito em você - assumiu vendo Louis, Niall e juntarem-se a eles na mesa. - , mas você vai me compensar pelo o que aconteceu. - Liam confirmou com a cabeça já disposto a fazer qualquer coisa que fosse necessário. - E vai começar melhorando o tom de voz comigo.
- Caralho. - Tommo cresceu os olhos não conseguindo fingir que encarava só seu sanduíche de peru - É sempre chocante ver a mandando assim. - riu, dando um tapa na nuca de Payno que tentou se defender e só levantou-se aborrecido para ir em direção ao restaurante pegar uma bandeja.
Não demorou para todo o grupo chegar com suas refeições e ocuparem lugares pela extensão da mesa e como Zayn acabou sentado ao lado da prima, Liam empurrou o prato de para perto de Harry "forçando-a" a sair de seu assento, concedendo-lhe espaço do lado da namorada.
- Eu estava pensando de nos reunirmos para a noite dos jogos esse fim de semana. - falou sorridente, já empolgada com as oportunidades, pois eram sempre naquela noites que todos conseguiam as melhores fotos para fazerem os amigos passarem grande humilhação futura.
- O que vamos jogar? - seu irmão a indagou roubando o refrigerante de que apenas encarou a mão do rapaz tomando o copo que antes estava a sua frente.
- Não sei. - a mais nova revelou. - Confesso que estou mais preocupada com o cardápio.
- Que tenha batata frita, que tenha batata frita… - fechou os olhos, fingindo pedir aos céus e a princesinha riu.
- Batata frita está na lista. - confessou.
- Nossa, você leu minha mente! - a ruiva brincou mordendo um pedaço de sua pizza.
- Nós podíamos jogar Just Dance e também ter uns jogos de tabuleiro. - Niall ofereceu.
- Just Dance, bom! - Louis falou engrossou a voz tentando soar sério, mas só levou as meninas a risada.
- Quem vai? - Malik perguntou, colocando seu hambúrguer no prato e limpando as mãos com o guardanapo.
Ao ouví-lo, Hilton manteve a cabeça tentando não se afetar, sentiu vontade de arremessar sua faca na garganta do moreno, Tommo riu nervoso e fez uma piadinha sobre um garoto da equipe de xadrez que passava e ninguém conhecia como também ninguém riu, rolou os olhos pronunciando um "pelo amor de deus…" irritado, Harry riu nervoso, Niall não sabia se mostrava apoio a melhor amiga ou ignorava para não expô-la como uma criatura frágil que não conseguia lidar com seus problemas, Liam apenas fitou o badboy e pisou em seu pé por debaixo da mesa.
- Então… umas sete horas? - optou por continuar o assunto sem alarde maior.
- Como assim, quem vai, Zayn? - Orteguinha questionou baixo, encarando-o irritada. Contudo quem estava por perto a ouviu e isso incluía, Liam, e Lou que tiveram a atenção sugada pela possível discussão que começaria.
- Eu achei uma pergunta bem razoável. - o moreno deu ombros, voltando os olhos castanhos para a prima que o mirava tentando decifrar o quão machucado ele estava para tratar a modelo daquela forma tão fria.
- Por que você não deixa de ser babaca? - a caçula curvou o tronco para que só ele a ouvisse. - Não é só porque você está muito magoado que tem que machucá-la dessa forma.
Malik a encarou ilegível, mas a garota sabia que era raiva o que o menino sentia. E Liam, por sua vez, conseguiu escutar a fala miserável da dançarina, tendo um sobressalto:
- ! - censurou a namorada, elevando os olhos ao melhor amigo que ainda fitava a mais nova.
- Vai se foder, . - falou com o tom baixo, assistindo nenhuma alteração na expressão da menina - A verdade é que você quer que eu me sinta mal para precisar de você. Mas surpresa priminha, eu estou bem e não preciso de você para nada. - voltou a comer seu hambúrguer, notando que ninguém havia se atentado a seu ataque como também que Ortega levantou-se para retirar-se da mesa.
Payne até tentou chamá-la, mas não o fez para não chamar mais atenção a discussão dos primo, então tentou impedi-la segurando-a pela mão, entretanto ela desviou e o rapaz passou uma das mãos pelos cabelos vendo-a retirar-se do refeitório.
- Onde ela vai? - Meester perguntou, com as sobrancelhas arqueadas, virando o rosto por cima do ombro para acompanhar com olhar a amiga se afastando.
- Uhm? - Liam franziu o cenho, curvando-se por sobre a mesa só para ganhar tempo e pensar em uma desculpa, enquanto Malik mantinha seu foco em seu almoço. - A ? - indagou só para ver a melhor amiga rolando os olhos, afinal, claro que ela se referia a caçula - Ah, ela falou que precisa pegar o carregador do celular no armário e eu já estou indo também. - explicou orgulhoso de ter conseguido arrumar algo tão convincente assim. - Pegou pesado, cara. - voltou-se para o moreno, abaixando a voz.
- Agora não, Liam. - bufou, já não sabendo mais onde poderia cometer mais um erro para a coleção. Sentiu uma mão em seu ombro e elevou o rosto para encontrar o melhor amigo sorrindo de lado, sem humor, passando-lhe apoio, de alguma forma.
- Ahn, eu não vou poder ir para a noite dos jogos. - revelou cuidadora, não querendo magoar a loirinha, afinal sabia o quanto aquele encontro significou para a Styles.
- Por que não?!
- Eu vou para Nova Iorque amanhã e só volto na primeira semana de março. - explicou sentida por perder o compromisso e logo sua atenção foi voltada para Zayn também deixando a mesa.
- Eu vou te perdoar só porque você vai estar nas semanas de moda e vai ganhar muitos presentes e eu vou poder pegar todos emprestado. - sorriu para a amiga.
- Com certeza. - respondeu logo começando a falar mais para as meninas sobre os eventos que estavam para começar, os garotos por sua vez apenas não prestavam atenção pois perceberam que enquanto Malik caminhava em direção a porta do refeitório Chase chamou-o e naquele instante o moreno sentava-se em frente a Bennet, dizendo algo que fez o capitão do time sorrir ladiano.
Harry, Tommo e o irlandês cruzaram olhares desconfiados, desentendidos e tensos, não querendo nem considerar uma possível aproximação de Zayn e Jason.
Após sentir-se o mais estúpido dos homens por ter cometido um erro tão banal por simplesmente não ter prestado atenção no celular, o rapaz circundava o chafariz e estacionava o jeep em frente a porta principal da casa da namorada, que logo apareceu sorridente, correndo a curta distância que os separavam e adentrou o veículo para beijá-lo nos lábios.
Ele dirigiu até o cinema como o combinado no dia anterior e após o filme a morena insistia que queria deliciar-se com uma sobremesa, mas além de não saber exatamente o que seu paladar exigia gostaria de cozinhar a receita escolhida e Liam sabia que aquilo tomaria muito trabalho, mas ele não podia protestar devido a infração cometida como também imaginava que poderia ser legal, portanto foi o menino quem escolheu a sobremesa e o casal foi ao mercado mais próximo a casa dele a fim de comprarem os ingredientes.
Já na cozinha dos Payne, o moreno tinha sucesso cortando seus morangos enquanto o perguntava a cada cinco segundos se a massa do crumble estava na textura correta e a verdade era que ele não tinha noção! Por isso que ele convidou a mente brilhante por trás daquela cozinha; Karen.
A mão do garoto os auxiliou a medida do possível, não querendo se intrometer demais para que os adolescentes fizessem grande parte sozinhos, mas como ambos conseguiram errar até em coisas simples, Sra. Payne não teve escolha a não ser por a mão na massa, literalmente. Mas não demorou para que o crumble de morango fosse levado ao forno e após vinte e cinco minutos o recipiente com a sobremesa já era colocado sobre a bancada de mármore e o aroma delicioso inundava toda a cozinha.
- Você está colocando muito sorvete. - o moreno avisou a namorada, vendo-a arrumar com muito cuidado uma porção da guloseima.
- Sorvete nunca é demais, sweetheart. - sorriu ainda concentrada em deixar o prato esteticamente bonito.
- Esse é para mim ou para você? - juntou as sobrancelhas, ainda torcendo o nariz pela quantidade de sorvete que a menina insistia a lotar o crumble.
- Para mim. - respondeu duvidosa, pois desde o começo ela estava se servindo, mas ao ouví-lo indagá-la tentou recordar-se se, por acaso, passou a ideia equivocada de que ela montava o prato para o rapaz.
- Claro, né… Por que você me serviria antes? - riu divertido.
- Coitadinho - fez biquinho - A criança não consegue se servir sozinha! - falava com falsa pena esticando a mão para apertar a bochecha do menino que desviou, empurrando o braço dela.
- Sai . - riu já com a colher em mãos para montar seu prato.
Até Geoff experimentou da sobremesa do casal e os elogiou pelo desempenho e após se deliciarem com mais da metade da forma, Liam a guiou até a sala de TV pois estava muito ansioso para assistir a season finale da série que acompanhavam juntos e que já havia levado um spoiler devido a um post que viu por acidente no facebook. Seu desejo era reparti-lo com Ortega, mas a morena ameaçou batê-lo se ele abrisse a boca, o que o forçou a ficar insano de tanta expectativa por aquele momento.
E enquanto não tiravam os olhos da tela da televisão, lembrou-se de como foi o decorrer de seu dia. De como acordou brava com Payne e como a fez rir pelo fato de que a raiva que a melhor amiga carregava era ainda maior que a sua, de como o menino apenas cometeu um erro tolo, mas fez questão de consertá-lo levando-a ao cinema como havia prometido e queria tanto vê-la contente que até aceitou preparar a sobremesa, a comprá-la num mercado qualquer, o que seria bem mais fácil, no entanto, mesmo assim Liam optou por passar por aquela experiência singela ao seu lado. Agora eles assistiam ao último episódio da série que repartiam e a garota sentia uma felicidade simples, porém completa.
- Liam. - nem ao menos percebeu que o chamou. Com a cabeça deitada no peito dele, sentindo o carinho que o garoto fazia em suas costas.
- Uhm? - murmurou beijando o topo da cabeça da morena, de forma automática, sem tirar os olhos da TV.
- Eu te amo. - pela primeira vez proferiu a ele aquelas três palavras tão modestas e ao mesmo tempo tão cheias de valor.
Ao ouvi-la, Payne voltou-a seu rosto surpreso como também muito feliz, abriu um sorriso extasiado e satisfeito, vendo-a erguer o tronco e mirá-lo com aqueles olhos que ele tanto adorava.
Ortega o beijou nos lábios. Primeiro porque queria senti-lo ainda mais perto, mas também porque tinha medo da resposta. Sua imaturidade e ingenuidade envergonhavam-se do possível silêncio constrangedor que se instalaria se Liam não respondesse da mesma forma, além de que a garota não desejar passar a impressão de que esperava que ele também a revela-se o que ela acabara expor, sua intenção não era pressioná-lo.
E com uma mão no rosto da namorada, acariciando a pele macia de sua bochecha, tendo suas respirações mesclando-se e as mãos dela fazendo-o um carinho confortável ele não teve dúvida nenhuma do que sentia, e ao afastar seu rosto do dela, apenas disse o que já sabia há muito tempo.
- Eu também te amo, . - sorriu mais uma vez para beijá-la novamente.
Tinha em mente que ambos possuíam personalidades completamente distintas, ela era uma dançarina, ele um boxeador. Ela preferia matérias biológicas, ele exatas. Ela era um anjo que tentava encarar as situações pelo lado positivo e sempre ver o bem as pessoas, enquanto ele nem ao menos tinha paciência para lidar com a maioria delas.
Mas numa coisa ambos concordavam em suas ações. Ambos se conheciam, sabiam quando o outro precisavam de espaço, ou quando queriam um abraço, se o sorriso que sustentavam era real ou falso, conheciam os sonhos uns do outro, até mesmo repartiam alguns e se amavam mutuamente e sentia-se amados.
- Você acha mesmo que é uma boa ideia fazer isso? - cochichou no ouvido do namorado.
- Claro que sim, honey. Só relaxa. - ele pediu com um sorriso confiante e levantou os olhos rapidamente para ver se tinha algum inspetor por ali antes de roubar um beijo da garota.
- Louis… - continuou a pressionar, preocupada com os resultados da brincadeira.
- Baby, confia em mim.
- Eu confio, mas se você for pego eu vou perder cem euros. - ela disse por fim, - E se eu tiver que pagar cem euros para o Benett porque você não tem competência pra tomar uma cerveja, nós vamos terminar.
- E se eu ganhar?
- Nós vamos transar aonde você quiser. - Westwick propôs após alguns minutos de reflexão.
- Qualquer lugar? - os olhos azuis brilharam com as inúmeras possibilidades que vieram a sua cabecinha criativa.
- Qualquer lugar.
- E se eu quiser na sala do Gelner?
- Aonde você quiser, Louis. - ela riu.
- Você é a melhor namorada do mundo!
Tudo começou com boatos de que no lago que ficava depois do campus principal estavam afundadas quatro barris de cerveja que foram afundados ali por garotos do último ano que quiseram deixar seu legado e os boatos correram por mais de quinze anos embora ninguém tenha obtido sucesso na busca pelos barris.
Durante a aula de educação física Benett decidiu que já era tempo de encontrarem os barris afundados e criarem uma nova história aos heróis da Eton que encontraram o mito. Liam e Harry discordaram fortemente e afirmaram que tudo não passava de um boato, Louis se absteve de comentários embora todos acreditassem que ele sabia de alguma coisa dada a amizade do Diretor Gelner com os Tomlinson.
Introdução à metodologia científica era matéria exclusiva do último semestre do quarto ano, sendo este o único horário em que os cinco meninos, e tinham juntos. Com uma grade de setenta e duas horas, a orientação extensiva aconteceria quinzenalmente durante uma tarde inteira, até março, quando os alunos do último ano enviavam suas cartas às universidades escolhidas e esperavam pelos resultados que só chegavam em julho.
- Malik eu não vou falar duas vezes, o Liam vai fazer dupla comigo. - falou enquanto sentava na cadeira vazia ao lado de Payne. Os dois estavam nessa batalha há semanas e ninguém mais tinha saco para a pequena guerra deles.
- , eu já estava sentado aqui desde Física. Minhas coisas estavam aqui. - Zayn suspirou alto, procurando onde estava sua mochila que devia estar li realmente, mas não se encontrava em nenhum lugar no alcance de seus olhos.
- Na verdade tinha uns lixos em cima da mesa mas eu já joguei tudo ali no lixo. - ela apontou para o grande lixeiro cinza que ficava ao lado do quadro branco.
O "lixo" a que a garota se referia, eram os rascunhos que Zayn estava elaborando para a tirinha do jornal.
- Eu vou jogar seu notebook fora. - ele ameaçou e pegou Macbook dela de cima da mesa.
- Liam. - apelou e cutucou o melhor amigo que estava de costas para os dois, conversando com Louis e Niall. - Olha o Zayn aqui.
- O que foi? - Payne sentou corretamente em sua carteira e logo viu que Malik segurava o notebook de . - Zayn, para com isso. Dá o computador da menina.
- Ela jogou o meu trabalho fora. - o moreno argumentou pacientemente, sentando na cadeira da frente guardando o notebook branco no colo.
- , entrega os desenhos do Zayn. - Liam mandou.
- Eu já falei, não tenho desenho nenhum comigo. - a menina respondeu petulante e sorriu para Zayn.
- , entrega essa porra. - Payne era a pessoa mais legal do mundo com os outros, mas não tinha a menor paciência para as birras da melhor amiga e ninguém entendia muito bem como funcionava a dinâmica daquela amizade.
- Está tudo no lixo. - ela cantarolou, sorrindo sutilmente enquanto testemunhava o rapaz ficar tenso em sua cadeira.
- Você vai lá buscar. - Zayn virou sobre sua cadeira para encarar a morena.
- Não vou não.
- Vai sim. Ou não vai receber seu notebook de novo.
- Eu vou ligar pro Yaser.
Os olhos castanhos de Malik piscaram uma vez só e o sorrisinho de quem estava achando a discussão engraçada, acabou:
- Até você ligar eu vou ter destruído essa merda, Meester. Só entrega a porra do meu desenho.
- Sr. Malik! Zayn Malik, por favor venha até aqui buscar seu material que está sobre a minha carteira. - a voz nitidiamente irritada da Prof. Novak ecoou pela sala enquanto ela apontava para a cadeira ocupada por uma pilha de papéis inúteis clipados com um pedaço de papel rascunhado "ZAYN MALIK".
- Idiota. - o menino xingou a menina antes de levantar e se desculpar com a professora pelo terrível inconveniente.
Louis estava entediado desde que Harry, sabe-se lá o porquê, decidiu que aquele seria um ótimo ano para se reconectar com a mãe, e por isso vivia viajando para a América. Ele adorava a companhia de , mas Harry era o seu melhor amigo, era com ele que o garoto gostava de passar as tardes enchendo o saco dos estudantes novos ou matando tempo dentro da sala de aula quando o assunto discutido se tornava muito chato.
Assim que a professora começou a falar, os alunos começaram a se entreolhar e esperar para ver quem seria o primeiro a começar a tomar ali mesmo. Mas só quando a primeira metade de hora passou, que Louis teve coragem de abrir sua mochila e puxar o copo da Peppa Pig e colocá-lo em cima da mesa.
estava tentando não ficar tensa, mas a ideia de que a professora emérita convidada estava há alguns metros, lecionando e distribuindo todo o seu conhecimento, deixava a situação duas vezes mais complicada porque nada escapava aos olhos daquela mulher.
Liam jurava que tentava prestar atenção na aula mas não dava e ele tinha sérias dúvidas sobre se o amigo teria sucesso ou não na empreitada. Coragem para beber ele tinha, mas a habilidade de não ser pego e severamente punido já exigiam outras qualidades que Tommo definitivamente não tinha. Mas ainda sim, até ele estava apostando a favor do amigo.
Niall e apostaram facilmente em Louis só pela diversão apesar da menina ter ofendido Benett porque ele também estava apostando no garoto. Apesar de dois garotos que jogavam com ele também estarem participando da brincadeira, todo mundo sabia que no quesito estupidez, ninguém poderia bater um Tomlinson.
E por fim tinha Zayn, que não quis apostar em ninguém quando viu o sorrisinho ridículo de Hilton quando ouviu a proposta de Louis. Ele não aguentava mais o som da respiração dela e seu humor começou a melhorar quando a menina passou a se ausentar dos encontros da turma.
A grande vantagem daquele dia é que não estavam nas salas de aulas comuns e sim nas classes que seguiam os padrões universitários: fileiras gigantes enfileiradas por degraus e como a aula dirigida era para todos os alunos do último ano, não ficaria um lugar vazio até o fim da tarde e assim seria mais difícil para a severa professora entender o que estava acontecendo e quem estava participando.
O calor da sala acabou se tornando um incentivo para os apostados beberem mais e latinhas do pack de seis que cada um trouxe dentro da mochila, foram acabando rapidamente e quando faltava só uma para Tommo, a professora começou a perceber a inquietação de toda a sala e passou a observar cuidadosamente enquanto falava.
- Tommo, chega por agora. - Zayn cochichou para Lou, após notar as diversas olhadelas da mulher para a região onde estavam sentados.
- O quê? - Louis fez uma careta, se contorcendo sobre a cadeira para ver direito o rosto do moreno e poder ler os lábios dele.
- Ai meu deus… - escondeu a cara nas mãos antes de voltar a digitar o conteúdo do quadro. Suspeitando de que aquela aposta ia morrer ali.
Louis não estava bêbado. Nem um pouco. Era preciso muito mais do que um pack de latinhas para derrubá-lo, mas isso não significa que seu tempo de resposta não se retardava ou que ele estava mais relaxado do que deveria estar dentro de uma sala de aula com uma das mais proeminentes professoras que o Eton College já teve.
- Eu estou notando que a turma está desconcentrada hoje. Tem algo acontecendo em paralelo com a aula, que eu não esteja ciente? - Prof. Novak finalmente perguntou, saindo de seu grande palco e caminhando até a primeira fileira de alunos que nem se davam ao trabalho de olhar para trás porque achavam a aposta uma grande idiotice.
Mas como ninguém falou, ela voltou ao seu cronograma didático e o pessoal lá em cima respirou aliviado porque tudo não passou de um susto.
- Tommo, já chega. Você já venceu. Ninguém passou da primeira latinha e você está na última. - Niall apelou, não entendendo porque o amigo continuava bebendo se a proposta foi tão facilmente cumprida.
- Toma um gole, Nialler. - Louis ofereceu, esticando o copo para o loiro que se retraiu como se fugisse de uma praga. - Liam, você quer?
- Não Louis. Coloca esse copo na mesa antes que você derrube. - Payno riu. Se perguntava se era muito errado estar se divertindo tanto com a atitude tão errada de Tomlinson, mas logo descobriu que toda a graça poderia se transformar em apreensão.
- Eu não acredito que o Harry está perdendo isso… - Tommo lamentou mas colocou o bendito copo na mesa e pegou o celular dentro da mochila para mandar uma mensagem para o melhor amigo.
- Você não precisa mais beber, há muito tempo na verdade. - Zayn bateu na mesma tecla. Procurando por possíveis motivos para a insistência de Lou no mesmo erro.
Louis se inclinou sobre sua mesa para se aproximar do moreno e explicar:
- Na verdade eu preciso sim. Se eu não beber tudo…
- Tomlinson! - beliscou o namorado, interrompendo-o. Acontece que aquele burburinho, junto com o cheiro alcoólico que estava preso dentro da sala fechada e o ar condensado , finalmente tiraram a total concentração da Prof. Novak e o pequeno grupo discutindo nem percebeu quando a mulher silenciosamente subiu as escadas e só parou quando chegou na fileira de onde emanava a desordem.
- Louis. - Um Niall petrificado murmurou, chamando a atenção do casal enquanto a professora passava pelo apertado corredor na frente deles, impossibilitando que fosse possível guardar o copo que ainda estava cheio de cerveja morna.
- Sr. Tomlinson e Srta. Westwick.
- Sim, Prof. Novak? - perguntou solícita. Não era de seu feitio ser sorridente, por isso ela não viu a necessidade de sorrir, ainda mais para alguém que ela nem gostava tanto.
- O que está acontecendo aqui? - a mulher apontou para o casal e Zayn, que estavam logo abaixo de Liam, e Niall.
- Nós só…
- Calado. - a garota colocou a mão sobre a boca do namorado. Impedindo que ele falasse e todo mundo ali sentisse o hálito alcoólico que saia de seus lábios.
- Pode deixá-lo falar, Srta. Westwick. - Prof. Novak riu. - O que você estava dizendo, Sr. Tomlinson?
Louis meneou a cabeça em negação, se recusando a falar.
- Sr. Tomlinson, visto que tenho fortes indícios de prática de conduta ilícita em minha sala de aula, eu vou pedir para o senhor me entregar esse copo, pegar suas coisas e aguardar lá embaixo até que um inspetor venha lhe acompanhar até a sala do Sr. Gelner. - dito isto, a professora estendeu a mão para esperar que o copo fosse para sua mão.
Mas Tommo olhou para ela, olhou para o copo cheio, olhou para ao seu lado e pensou o mais rápido que pode sobre o que deveria fazer. Chegou a conclusão de que já estava fodido e que se fosse para ser provavelmente expulso, que pelo menos ele conseguisse um passe livre para transar aonde quisesse.
E então, em um ímpeto de insanidade ele tirou a tampinha do copo, revelando o conteúdo amarelado com espuma e virou o copo na boca, não soltando o objeto infantil enquanto não tomou até a última gota.
- Ahhhh pronto! Agora nós podemos ir, Prof. Novak! - O menino levantou de sua cadeira e aproveitou que já estava muito fodido para dar um beijo de adeus na boca da namorada chocada e muito atraída por todo aquele mal comportamento.
Ao mesmo tempo em que os olhos da professora quase saltaram fora, tamanho o choque diante a ousadia e afronte daquele pequeno adolescente idiota, os mais de cento e vinte estudantes não ousavam mover um músculo sequer, esperando para ver o que ia acontecer.
- Marcus! - Louis abriu os braços para cumprimentar o inspetor Scribner que já estava na porta, esperando-o.
- Não faça alarde, Tomlinson. - o homem não deu o ar da graça. Era melhor cortar a efusividade do menino por ali mesmo, antes que perdesse o controle sobre ele.
- Ah Marcus, por que você está tão chateado hoje? Sua namorada terminou com você? - Lou passou o braço sobre os ombros do inspetor e inclinou o rosto para ouvir.
- Eu não tenho namorada. Sou casado. - o inspetor desconversou, andando pelos corredores sem nem olhar para o adolescente idiota que ia literalmente em cima dele.
- Mentira! - Tommo abriu a boca - Quando você casou?
- Há sete anos.
- Por que eu não fui convidado, cara?
- Porque casamentos são para família e amigos. - ele explicou entediado, dando espaço para que o aluno entrasse no elevador que os levaria até a sala de Charles Gelner.
- Eu sou seu amigo, Marcus. Ou você acha mesmo que eu divido minha comida com quem eu não gosto? - Louis pressionava a mão contra o peito, super magoado com a indiferença de Marcus à grande amizade deles.
- Chegamos. Você vai aguardar aqui fora até o Gelner chamar, entendido? - o inspetor se certificou de que Tomlinson não arredaria o pé dali e não se sentiu tão seguro sobre o fato já que o menino sorria. - O que foi, Tomlinson?
- Nada ué. Eu só estava pensando que já decidi qual vai ser o meu presente de despedida pra você. - Tommo estava realizado diante sua própria inteligência.
Marcus todavia, não ficou tão confiante assim quando descobriu que ainda receberia um "presente de despedida" daquela peste. Mas para alguém que estava contando receber uma carta de demissão ao fim do semestre, o homem trabalhador iria se surpreender quando descobrisse que por indicação de Mark, receberia uma promoção para diretor da equipe de inspetores, os vinte e cinco cães de guarda da Eton que garantiam a integridade física dos professores e instalações.
A porta dupla de madeira foi aberta e a voz de Charles Gelner soou cansada:
- Pode entrar, Tomlinson.
Lou entrou tranquilamente, notando que uma sessão de livros da grande estante foi esvaziada e que também a cadeira do diretor já não era a mesma de couro marrom que ele usava há uns dois anos, e que inclusive foi onde ele e Saint ficaram em uma noite de acampamento no colégio, enquanto a equipe inteira estava ocupada com um incidente entre alguns calouros.
Gelner voltou para sua cadeira nova, que mais parecia uma poltrona do papai, e aguardou até que o aluno sentasse a sua frente, estranhando o silêncio do homem. Era estranho estar ali sem ouvir o falatório frustrado do diretor, mas ali estavam os dois e Louis jurava que podia ver fumaça saindo da cabeça pensante daquele cara grisalho e estressado.
- Louis, pelo amor de deus, o que eu vou fazer com você? Você tem noção de que se eu abrir a sua mochila, vou ter que te expulsar? No último semestre? - o diretor finalmente falou, soando muito mais preocupado do que irritado.
- Mas você não vai fazer isso, Charlie, nós somos amigos! Você gosta de mim! - o menino estava muito mais preocupado agora que o amigo de seu pai estava falando sério e nem um pouco bravo como ele sempre ficava.
- Meu deus do céu… - quando tirou o óculos de grau, foi possível ver os olhos cansados e um pouco maquiados para esconder as profundas olheiras que se alojaram ali há anos e só aumentavam com o passar do tempo.
- Olha, veja pelo lado bom, essa é o último grande problema que nós vamos resolver juntos. Você vai sentir minha falta, meu querido. - o adolescente tentou mostrar o lado positivo da bagunça.
- Louis, ninguém nunca te contou isso, mas você não é o único. - o diretor colocou o óculos de volta no rosto e mandou a real: - Todos os anos eu tenho pelo menos cinco alunos que só entram aqui pra me deixar ocupado e infeliz.
- Charles! Eu sou especial, okay? Sou a versão melhorada dos seus piores pesadelos.- Tomlinson se ajeitou na cadeira, inclinando o torso para frente enquanto falava seríssimo, afinal de contas, ele deu duro para chegar até ali e não ia deixar aquele velho tirar a glória de seu mal comportamento que foi aperfeiçoado durante anos! - Aposto que nenhum dos seus alunos já bebeu…
- Não! Não ouse terminar essa frase. Se eu souber o que você estava tomando dentro do colégio, tenho a obrigação legal de te punir a altura. - o homem abriu uma gaveta e tirou um formulário para preencher os dados de Louis enquanto pensava no que fazer da vida.
- Se serve de algum consolo, eu só fiz isso porque a minha namorada me disse que se eu conseguisse tomar tudo nós poderíamos…
- Eu não quero saber o que a Srta. Westwick te prometeu, Louis. - o homem interrompeu antes que fosse bombardeado com informação desnecessária sobre a vida sexual de seus dois alunos, que muito provavelmente andavam quebrando regras juntos lá dentro. - Você precisa ser mais esperto do que isso se quer ter algum sucesso na vida.
- Como assim?
- Você não pode sair cometendo qualquer loucura só porque uma mulher te oferece sexo, garoto! - Charles levantou e foi até a mesinha com conhaque, despejou o líquido em dois copos e entregou o mais vazio para Louis.
Deus sabe que aquele era o menor de seus problemas no momento e que se chegassem a descobrir que ele andou servindo álcool para um aluno, isso significaria que descobriram coisa muito pior e ele provavelmente já estaria sem emprego.
- Eu nem te falei o que ela me ofereceu, tá legal? - o mais novo falou e agradeceu a bebida com um simples aceno com a cabeça.
- Louis, só existe uma coisa que nos escraviza e você sabe muito bem o que é. - Gelner arqueou as sobrancelhas, sorrindo condescendente.
- Amor? - o menino sugeriu, não tão seguro de sua resposta. Quer dizer, não lhe soava tão óbvio essa "uma só coisa" que o amigo de seu pai falava. Em sua experiente opinião, as mulheres tinham o dom de tornar tudo atrativo ao extremo de fazer uma agulha se tornar mais valiosa do que o Mona Lisa.
- Para de graça, você está prestes a ser expulso. Eu preciso pensar no que nós vamos fazer. - Charles ficou repentinamente emburrado por ter que lidar com a situação. - Eu vou ligar pro seu pai.
A decisão de ligar para Mark era mais para ver o que o homem achava que deveria ser feito. Os dois estudaram juntos na Eton e a amizade perdurava por tanto tempo que a educação de Louis no colégio era compartilhada entre o diretor e o pai.
Grande parte da falta de moral de Gelner com Louis vinha da convivência fora do colégio. O homem estava constantemente na casa dos Tomlinson e literalmente viu o caçula crescer e virar o adolescente mais demoníaco que já tinha visto. Não ajudava muito tentar parecer severo quando os dois sabiam que a noite jantariam juntos e ainda jogariam algum videogame antes de encerrar a noite.
- O papai não vai poder te atender agora, ele está em um voo para Tóquio. - o rapaz lembrou ao homem sobre a viagem de uma semana inteira que os pais estavam fazendo.
- Inferno… - Gelner parguejou, voltando a preencher a ficha do menino: - Garoto, eu espero que você saiba que não vai poder fazer na universidade a metade das coisas que faz aqui e ainda sair impune.
- Claro que eu posso, olha pra mim! - apontou para si mesmo.
- Você me dá três vezes mais trabalho do que o seu irmão. Ele era um aluno exemplar se eu fosse comparar… - Charlie pressionou as têmporas, certo de que os quatro anos de George Alexander foram um jardim de infância comparado ao terror que Louis semeou entre os professores.
No primeiro ano, o garoto passou mais tempo suspenso do que indo às aulas e com o passar do tempo, o diretor foi aprendendo a ser maleável e punir as condutas de Louis com mais eficiência, prendendo-o em aulas, prometendo arquivar as advertências acumulada dos anos e enviar para todas as boas universidades do país e outras ameaças tão inúteis quanto.
- Obrigado! - Tommo fez um gesto com a cabeça, lisonjeado por tamanho elogio. Não era todo dia que isso acontecia e ele já pretendia pedir para Charles falar isso na frente de George, dá próxima vez que o irmão viesse para casa.
- Isso não foi um elogio, Tomlinson.
- Ah. - Louis fez biquinho mas logo lembrou que tinha outros assuntos para tratar - Eu estava pensando antes de entrar aqui e cheguei a conclusão de que você deveria promover o Marcus.
- Quem?
- O inspetor, Marcus. Aquele barrigudinho que tem o cabelo meio duro.
- O Sr. Upton?
- Esse é o sobrenome dele? Que horrível! - Tommo fez uma careta. Como ele pode simpatizar com alguém com o sobrenome tão feio? - Enfim, você deveria promovê-lo para Diretor da equipe da inspetores.
- Você acha?
- Aham.
- Baseado em quê? Na sua habilidade de deixar qualquer inspetor insano? - Gelner riu.
- Rude. Nós precisamos chegar a um veredito o mais rápido possível, Charlie. O que você vai decidir sobre mim? Eu realmente não vou ser expulso?
- Não, você não vai. E nós não vamos levar o seu caso para o Comitê de Ética. Para começar, eu vou te suspender por uma semana e então, quando você retornar vai ajudar a limpar a cozinha do seu bloco durante mais uma semana, todos os dias…
- Charles! - Louis ficou de pé. Aquilo não estava indo tão bem quanto antes e ele não gostava nem um pouco do rumo das coisas naquele momento.
- Inegociável, Louis. - Gelner fez que não com a mão. - E você fica suspenso das aulas com a Prof. Novak uma vez que ela jamais vai aceitá-lo na classe dela e eu não posso prejudicar os outros alunos só porque você gosta de ser engraçadinho.
- E como eu vou terminar minhas cartas? - Louis se desesperou.
- Sozinho. Ou o seus pais podem providenciar um tutor particular.
- Mas ela é a melhor!
- Você devia ter pensado nisso antes de afrontar a melhor professora de dissertação que a Eton já teve.
- Ah Charlie, você me fodeu!
- É o melhor que eu posso fazer por você, criança. Qualquer outro aluno teria que responder ao comitê e seria expulso.
- Não sei se você fez algo melhor do que isso…
- Pega essas suas coisas, pega seu carro e vai pra casa agora. Não pense em ficar passeando pelos corredores porque se um inspetor resolver te pegar e levar para o Sr. Burrows, você vai ser expulso.
- Tá bom. - Lou pegou a mochila cheia de latas vazias e caminhou até a porta. - Você vai jantar quarta lá em casa?
- Vou. Por quê?
- Leva aquele seu console do Xbox One? - pediu - O bluetooh do meu parou de funcionar do nada.
- Vou levar. Agora sai daqui e deixa eu pensar no que eu vou fazer da minha vida caso descubram que eu acobertei você.
Lá fora, os seus amigos o aguardavam ansiosamente e ainda tinham pessoas que nada tinham a ver com a brincadeira toda, mas já estavam alertas para descobrir a maior quantidade de detalhes possível para transmitir para o restante da escola.
- E aí? Como foi?
- Você vai ser expulso?
- Suspenso, talvez?
- O que o Gelner falou quando abriu a sua bolsa?
- Você bebeu tudo mesmo?
- Minha popularidade pós diretoria nunca fica cansativa! - Louis riu, zombando da atenção de todos que estavam sedentos para saber o desenrolar da história, mas não pode responder a nenhuma pergunta porque sua namorada chegou cortando o barato de todo mundo:
- Eu sei que meu namorado é um herói nacional mas todas as perguntas de vocês vão ser respondidas amanhã! - ela explicou sucintamente e a pequena multidão ficou sem reação, esperando que ela risse e falasse que era brincadeira para poder deixar o garoto contar a história - Nós temos que ir Louis, agora.
Dito isso, ela saiu puxando-o pelos corredores sem dar maiores explicações de porque também já estava de mochila sendo que ainda tinha mais duas horas de aula, pelo menos.
- O que está acontecendo? O Charlie mandou você me escoltar para fora? Eu só queria cinco minutos e…
Contrariando as regras da Instituição, calou Lou com um beijo entusiasmado. Apesar da surpresa inicial em estar prensado contra a parede, ele não demorou muito para retribuir a ardente carícia dela e puxá-la para mais perto, abraçando-a com um braço por dentro do terninho cinza e usando a outra mão para segurar os fios avermelhados que estavam sempre bagunçados.
- Uau! O que foi isso, honey? - ele perguntou após respirar fundo e limpar o gosto do gloss que ela usava enquanto olhava para os lados, procurando uma possível testemunha daquele momento que ele descreveria como: um sonho dos bons.
- Isso fui eu mostrando que amo quando você é afrontoso e que nós vamos para sua casa agora porque você não vai sair daquela cama antes que o sol se ponha. - ela riu e o beijou mais uma vez para voltar a andar rapidamente, lê-se correr, até o carro dele.
É claro que Louis precisava contar para ela sobre o castigo que recebeu, também precisava ligar para os pais e avisar que estava sem tutor para a produção das cartas de solicitação de vaga, e também tinha que se preparar para um provável castigo já que não foi muito esperto de sua parte ter aprontado às vésperas de concluir o ensino médio. Mas tudo isso ele resolveria depois, porque jamais iria perdoar-se se não agarrasse cada oportunidade que tinha de estar com a fantástica antes que a verdade viesse à tona e ele acabasse perdendo para sempre o grande amor de sua vida.
O som estridente do apito do professor Flanaghan ecoou por toda a quadra fechada e Niall inclinou a cabeça para o lado, fazendo uma careta, tentando tapar a orelha com o ombro.
Como o inverno ainda se fazia presente e colocar os alunos no gramado na área externa do colégio seria considerado homicídio culposo, a aula de educação física ocorria na grade quadra poliesportiva da Eton. O que fazia com que o som penetrante do apito do professor soasse muito mais agudo e todos os rapazes do último ano tinham certeza que se seus cérebros explodissem naquele momento não seria tão doloroso quanto ouvir aquele barulho infernal.
- Formem duplas e façam abdominais. - o homem gritou para todos os meninos que corriam fazendo o aquecimento de dez minutos - Agora! - soprou o apito mais uma vez e um garoto que passava ao seu lado, para pegar um dos colchonetes azuis no chão, assustou-se.
- Eu odeio Educação Física - Zayn cessou os passos, apoiando as mãos no joelhos, já sentindo que começava a suar. Endireitou a postura para ver se daquela forma conseguia ingerir uma quantidade maior de ar que nunca parecia chegar a seus pulmões e o pior ainda era a dor em seu baço que o fazia ter dificuldade para caminhar.
Horan foi pegar os colchonetes, ao ver que levaria um tempo para o amigo se recuperar e Styles, assim como Liam sorriram de lado assistindo o estrago que poucos minutos de atividade física faziam ao moreno que parecia mais prestes a ter uma síncope que apenas tentando revigorar-se.
Tommo era o único que não estava naquele período com os rapazes e ao constatar que os horários não batiam e que teria economia enquanto os amigos se divertiam na quadra, ficou totalmente desolado. Afinal, era com Niall que sempre jogava futebol, com Payno que fazia os aquecimentos, com Harry que planejava alguma pegadinha que na maioria das vezes envolvia roubar as roupas de algum garoto aleatório ou então trocar os números dos armários e ver o caos se instalar, e era Zayn o fumante mais vagabundo, então mesmo que Louis não conseguisse terminar a sequência de cinco minutos de corrida, mais cinquenta polichinelos e vinte abdominais, Malik não chegaria nem em ⅓ da atividade, tornando-se assim a chacota do grupo e não Tomlinson. Mas agora, Louis estaria sozinho na educação física e tinha que se contentar com Greg do jornal e Ralph do time de futebol.
- Ah, deixa de ser ranzinza. É divertido! - Harry passou o braço pelo ombro do moreno que mancava com a mão no abdômen.
- Qual parte exatamente? - Malik juntou as sobrancelhas, ainda tentando normalizar a respiração. - O começo da aula que nós ficamos correndo ao redor da quadra feito uns idiotas, a metade em que temos que fazer abdominais, flexões e praticar algum esporte que ninguém se importa, ou o final que é um monte de cara de toalha no vestiário?
Styles acabou fazendo uma careta ao ser recordado de tanta desgraça em apenas 50 minutos de uma única matéria e o irlandês riu voltando ao encontro dos amigos.
- Eu acho que você deveria parar de fumar, Zayn. - Liam sorriu sugestivo, pegando um dos colchonetes que Horan segurava, o posicionando no chão.
O badboy usufruiu do pouco fôlego que havia recuperado naqueles segundos e gargalhou sem humor, jogando a cabeça para trás e dando um soquinho no ombro do outro garoto.
- Você é hilário, Payno!
- É sério, idiota. - apesar do xingamento, o rapaz também ria, deitando-se sobre o pequeno colchão azul - Você fuma há uns três anos e claramente não está te fazendo bem.
- O Liam tem razão, Zayn. - Niall falou também deitado sobre seu colchonete, tendo Harry já o auxiliando e segurando seus pés para que ele fizesse os abdominais.
- É mais possível eu pintar o cabelo de verde que parar de fumar. Desistam. - ajoelhou-se no chão, segurando os pés de Payne para ajudá-lo.
Harry chegou a abrir a boca e tomar o ar para fazer uma piada mas o apito insuportável de Flanaghan soou, avisando que era hora de os meninos iniciarem a atividade e o moreno ficou tão revoltado por aquele som horrendo estourar seus delicados e sensíveis tímpanos que preferiu permanecer calado.
Cada garoto deveria fazer três minutos de abdominal e depois trocar com sua dupla e foi isso o que todos os alunos fizeram, com exceção de Zayn que apenas se levantou sete vezes do colchonete, todas essas quando o professor estava olhando para assim se evitar um desconforto de ambas as partes.
- Formem quatro times de seis. - o homem mais velho gritou ao lado das bolas, após o términos do terrível aquecimento. - Vamos jogar volei. - apitou mais uma vez.
Niall que estava em pé ao lado de Liam, assustou-se com o ruído e voltou-se irado para o professor, pegando os braços de Payne e forçando o amigo a abraçá-lo.
- Já chega, alguém me segura! - o loiro fingia que tentava se soltar - Eu vou fazer esse cara engolir essa merda! - resmungou, vendo que Styles e Malik ainda sentados, riam dele.
- Eu acho que não vou conseguir segurar ele por muito tempo, ele é muito forte! - Liam simulava exercer muita força para não permitir que a sanguinário Horan fosse liberto e fizesse um estrago no professor filho da puta com aquele apito filho da puta.
- Deixa ele ir. O Flanagham merece só por me fazer suar. - Zayn reclamou com ar de riso, estendendo a mão para o melhor amigo o ajudar a levantar. - Vamos enrolar no bebedouro. - chamou pelo grupo que já o seguia rindo das reclamações mimadas do irlandês.
Harry tomou impulso para levantar-se também, contudo sentiu duas mãos em seu ombro que o forçaram a voltar ao chão, fazendo com que o rapaz caísse de bunda a pequena distância que o separava do colchonete.
- E aí, cara? - Frank sorriu para ele, ajoelhando-se a sua frente. - Tudo bem?
- Sim, ué. - Styles juntou as sobrancelhas, achando totalmente desnecessária aquela abordagem, já que agora suas nádegas doíam.
- Você parece tenso, Harry. - Elliott falou atrás dele, fingindo fazer uma massagem em seus ombros, mas o cacheado logo tirou as mãos do jogador dali.
- Deixa eu adivinhar. - Styles sorriu divertido - Vocês vieram entregar algum recado idiota do Bennet…
- Mais ou menos. - Frank pareceu ponderar a fala do menino a sua frente, ainda com um sorriso simpático. - Nós viemos entregar um recado do Jay, mas ele não é nem um pouco idiota. - negou com a cabeça.
No bebedouro, o idiota de Wynn achou que seria engraçado molhar Clarke, mas acabou acertando Liam que reclamava com o babaca pela brincadeira estúpida, acabou reparando que Harry ainda ocupava o mesmo colchonete do outro lado da quadra.
Payne estranhou o fato de o garoto ainda não ter se juntado ao grupo como também notou o desconforto dele ao conversar com dois dos meninos do time de futebol e por isso se dirigiu até o amigo, no entanto foi interceptado por Vincent que também estava na maracutaia e sabia que Liam não podiam nem desconfiar sobre o que acontecia.
- Ele pediu para te lembrar o que você precisa fazer. - Elliott, que estava ao lado de Harry, mirou-o.
- Se não? - o cacheado mantinha a cabeça baixa e arrependeu-se de abrir a boca logo após o fazer.
- Você já sabe. - um dos rapazes o respondeu e ambos partiram, deixando para trás um Harry enfurecido com a própria burrice.
- Então eu disse para ele que não havia sentido algum naquela resposta, apresentei os dados que havia coletado na minha pesquisa, e você acredita que ele continuou discutindo comigo? Estava muito na cara que eu já havia ganhado aquele debate e o babaca também sabia porque ele ficou desesperado falando sem parar e nem o Sr. Burrows entendia mais o que ele queria dizer! - ria contando seu relato, sentada confortável no banco de couro do automóvel com a paisagem urbana passando por sua janela e chuva fina caindo do céu.
A aula havia acabado e arrastou para sua casa para que a ruiva a ajudasse com um roteiro para uma peça da escola que precisava revisar e também para stalkear toda e qualquer pessoa envolvida com os desfiles que ocorriam naquela semana em Milão, pois era lá que estava e todos (inclusive Zayn, no entanto, o garoto não queria admitir aquilo nem para si mesmo) queriam saber em tempo real o que se passava nos dias de glória da modelo. não pode se juntar a elas pois tinha prática de dança e o namorado a deixou na academia para depois dirigir até a dele onde encontrou Malik para os treinos de boxe. Niall e Louis foram para a casa do irlandês para fazerem juntos uma lista de exercícios de química e depois jogarem vídeo-game. E Harry dirigia a sua Land Rover com os olhos fixos na rua e um desconforto que ele não conseguia descrever ou entender o motivo concreto de o sentir só tinha certeza que não gostava daquela sensação, ao seu lado Meester falava animada como seu dia havia sido até aquele momento.
- Meu bem? - chamou pelo moreno percebendo que até aquele instante só ela havia se pronunciado e o rapaz parecia não acompanhar sua narração. - Meu bem…? - virou o tronco no banco do carona, colocando a mão na nuca do menino e ali fazendo um carinho para despertá-lo de seu transe.
- Eu estou ouvindo! Eu estou… o-ouvindo… E-Eu não estou ouvindo... - soltou uma risadinha pelo nariz, apertando o volante sob ambas as mãos e negou com a cabeça.
- Está tudo bem? - questionou com cuidado, ainda passando os dedos pelos cachos de Styles.
- Aham. - acenou sorrindo, tentando soar convincente. Parou o carro no semáforo que mostrava a luz vermelha e tirou as mãos do volante, descansando-as sobre as coxas e mirou a menina que o fitava de volta. - M-Me desculpa. - falou sincero.
sentiu o peso daquelas palavras de uma forma distinta, afinal Harry apenas distraiu-se por alguns instantes, mas sua voz sempre intensa vacilou, parecendo carregar anseio por misericórdia e remissão de seus pecados. Seus olhos sempre brilhantes não queriam encará-la por longos segundos, estavam distantes e opacos. Seu lábios avermelhados e saborosos não curvavam-se em um sorriso divertido e agradável, mas sim, permaneciam selados como um sepulcro mórbido.
- Não se preocupe. - sorriu mostrando-o clemência.
Harry espelhou o gesto dela de uma forma lânguida que a deprimiu, afinal ele era sempre tão cheio de vida e disposição, aquela era uma das coisas que Meester mais gostava nele. Não importava a situação, Styles sempre a animaria com sua gargalhada acolhedora e a abençoaria com seus olhos verdes radiantes sobre ela. Todavia aquilo não acontecia naquele dia.
- Sabe, quando chegarmos na minha casa podemos assistir aquele filme chato que você sempre tenta me fazer ver. - sugeriu, sorrindo sapeca. - Podemos comer alguma coisa muito calórica e com certeza a minha mãe vai aparecer em algum momento, porque ela não consegue se conter! - cresceu os olhos, gesticulando abertamente o fazendo sorrir.
Ainda não era o melhor sorriso de Harry, ainda não era vivaz e deslumbrante, mas era um começo. Ela estava conseguindo animá-lo e sorriu satisfeita, voltando a acariciar a nuca dele.
- Você é incrível, sabia? - a mirou tão significativo, carregando certeza em sua voz.
E só de vê-la a sua frente, sentir as pontas dos dedos dela brincando com seus cachos, seu toque caloroso, ouvir sua voz melodia e hospitaleira, seu sorriso afável. O garoto sentiu que a personificação da crueldade esmagava seu coração entre os dedos, escoando todo o sangue de suas veias e consequentemente fazendo sua vida se esvair.
- É, eu sei sim. - a morena piscou, com um sorriso travesso brincando nos lábios.
O menino pegou a mão dela, que acariciava seus cabelos e a deu beijo, entrelaçando seus dedos e as apoiando em sua coxa, almejando ter o máximo de contato que conseguisse.
Ao passar pelo portão de ferro da mansão Meester, Harry sabia que se dirigia a seu suplício e não havia nenhuma mão estendida em sua direção oferecendo-o compaixão. E o que o fazia temer cada vez mais aquele momento era a imaculada alma ao seu lado.
Estacionou a Land Rover e tirou o cinto de segurança, vendo espelhar seu gesto e arrumar a bolsa cinza no ombro, a garota colocou a mão sobre a maçaneta e o rapaz a impediu.
- Espera - a chamou, colocando a mão sobre sua perna e a fazendo encará-lo - Eu posso te dar um beijo? - perguntou incerto e a viu rolar os olhos, com seu jeito displicente e brincalhão.
Com um sorriso lindo nos lábios, aproximou de Harry, envolvendo o pescoço dele com seus braços e fechando os olhos, com serenidade, ao sentir suas respirações mesclarem-se e um milhão de borboletas voarem não apenas em seu estômago, mas também ao redor de ambos.
Styles a beijou com tanta devoção que a morena jurava que aquele era agora o melhor beijo de toda sua curta vida. O garoto, colocou as mãos na bochecha dela e selou suas testas ao afastar seus lábios daqueles rosados tão deliciosos.
- Eu não posso mais fazer isso… - falou baixo e a menina que até então mantinha os olhos fechados, embriagada pela áurea romântica, franziu o cenho.
- Isso o quê? - questionou com os olhos azuis já abertos, cravados sobre um Styles inseguro, incerto e assustado.
- , eu acho melhor nós pararmos por aqui. - não conseguiu palavras melhores para se expressar e a viu recuar totalmente de seu toque. - Eu n-não nos vejo em algo maior que isso. - indicou ambos, enquanto seus neurônios trabalhavam a mil para formular argumentos - Eu não… Eu sei que nós vamos chegar a lugar nenhum. - decretou e a garota, endireitou a postura, encarando a sua frente a fachada de sua casa. - Afinal, é tudo uma brincadeira, não é? - questionou desesperado para que ela se pronunciasse e aquela tortura se findasse logo.
- Tudo bem. - ela confirmou com a cabeça, voltando a colocar a mão na maçaneta sem encará-lo.
E foi sem voltar seus olhos azuis para Harry que desceu do veículo.
- , espera! - ele chamou-a quando Meester estava prestes a fechar a porta da Ranger, e a menina o encarou indecifrável - E-Eu… Eu...É que eu…
- Tchau, Harry. - disse inalterada fechando a porta do automóvel.
O caminho que percorreu para casa foi ainda pior que o anterior em direção a casa dos Meester. Styles sentia-se tão desprezível, usado e insignificante que não conseguia suportar a própria existência. Vez ou outra deferia um soco contra o volante, passava a mão sobre o rosto e cabelos e nenhum daqueles rituais de desesperança faziam sua agonia afastar-se.
Já , estava sentado na ponta de sua cama, ainda digerindo o eco da voz de Harry em seu ouvido, ainda absorvendo a discrepância entre o paraíso que fora aquele beijo afetuoso e o inferno que foram aquelas palavras impiedosas. Não conseguia entender o que acabara de acontecer e ainda absorta conseguiu pegar o celular na bolsa e discar um dos poucos números que sabia de cor.
- Hey babe! - a voz da melhor amiga soou do outro lado da linha, assim como uma música alta e uma gritaria.
- , eu sei que você está ocupada...
- Imagina, , pode falar. Eu acabei de me trocar e ainda estou me aquecendo. O que foi?
- É que eu a-acho… - fechou os olhos com força, tentando focar-se - Não, eu não acho… Quer dizer, e-eu sei… E-Eu não sei, ! Eu não sei o que aconteceu! - desentendida de sua situação atual, soava atormentada.
- , se acalma. - a mais nova pediu tensa - O que foi?
- O Harry terminou comigo… Quer dizer, ele não terminou porque nós nunca começamos algo… E-Eu… , você não pode vir aqui, por favor?
- Claro! C-Claro, eu estou indo agora.
Meester ouviu duas batidinhas na porta de seu quarto e permitiu a entrada da pessoa que ela já sabia que era Ortega. Afinal seu pai nunca ia até seu quarto, sua mãe nunca batia e a governanta anunciava sua chegada de uma forma mais bruta.
- Oi. - sorriu para a morena que estava deitada em sua cama totalmente coberta, apenas com o rosto aparente. A caçula trazia uma sacola e uma caixa de pizza nas mãos, nas costa uma mochila e no ombro sua bolsa do colégio.
- O que é isso? - a mais velha já encarava o que a caçula carregava.
- Meu uniforme e o material de amanhã, para eu poder dormir aqui. - sorriu travessa entrando no closet de Meester para ali deixar seus pertences.
- Me dá essa pizza, . - sentou-se sobre o colchão estendendo a mão para a garota que aparecia carregando a refeição.
- Eu trouxe sorvete para a sobremesa. - balançou a sacola e sentou-se ao lado de , com um sorriso piedoso. - Sinto muito. - cerrou os olhos sentindo-se mal por trazer a tona o assunto que com certeza magoava sua melhor amiga, a pessoa que sempre a apoiava e oferecia o ombro para que ela chorasse suas lágrimas.
, abriu os lábios para respondê-la, no entanto não sabia o que dizer que suspirou alto, fechando os olhos a abrindo a caixa de pizza para pegar uma fatia.
- Eu vou comer metade dessa merda. - reclamou, mordendo um pedaço.
- O que aconteceu? - Ortega questionou, aproximando-se ainda mais para alcançar a caixa de pizza, não sabendo se encarava a outra garota ou mantinha os olhos sobre o colo porque era sempre Meester quem tinha o controle da situação e sabia o que fazer, entretanto naquele momento ela parecia tão abalada e triste que não sabia o que fazer, não sabia se ela queria ser consolada ou que a mais nova agisse como nada houvesse acontecido.
- Eu não sei! - assumiu, desnorteada. - Estava tudo bem, era só mais um dia normal, nós estávamos conversando, ele dirigia até a minha casa e quando nós chegamos ele disse que não podia mais fazer isso. - explicou e curvou os lábios num sorriso falso, tentando rir da situação lastimável.
- Isso o quê? O relacionamento de vocês?
- Eu não sei, ! - desesperou-se deixando de lado seu pedaço de pizza e limpando as mãos uma na outra - E-Eu… Eu… Eu vou sentir falta dele. - admitiu para si mesma , compadecida de sua própria situação e sentindo-se ridícula por estar sofrendo por algo que estava fadado ao término já que nunca teve um começo e ainda mais, como o próprio Harry intitulou era para ambos apenas uma suposta brincadeira.
- Oh … Eu não sei o que dizer. - Ortega sentia-se cada vez pior por não saber o que fazer, afinal sempre tinha uma palavra de consolo, uma brincadeira para fazê-la rir, uma atividade para entretê-la e naquele momento a caçula unicamente tinha as mãos atadas.
- Eu nem sei o que eu quero ouvir. Está tudo bem. - tentou sorrir mais uma vez e lembrou-se do sorriso melancólico que Styles lançou-lhe no caminho até sua casa, minutos antes de assumir que sabia que eles iriam a lugar nenhum. E foi impossível não recordar de como era pura a sensação de ouvir a voz dele dizendo que ela era incrível, consequentemente pensou em seus olhos verdes e então em seu beijo e como parecia certo seu toque…
- Você está certa, está tudo bem. - a garota mostrou-lhe apoio - Se tem uma coisa que você me ensinou em todas essas idas e vindas com o Liam é que tudo fica bem no final e nós sempre estaremos aqui uma pela outra.
Ao ouvir as palavras , pela primeira vez desde que entrara no próprio quarto Meester sentiu que seus olhos encheram-se de água instantaneamente e um nó crescia gradualmente em sua garganta. Por esta razão abaixou a cabeça e tentou voltar a comer seu pedaço de pizza para disfarçar o quase choro.
A caçula comparava o romance que tinha com Liam ao que e Harry possuíam e se eles fossem metade do que Orteguinha e Payno eram, significava que iriam voltar! Mas também queria dizer muito drama e a morena não sabia se estava disposta a enfrentar aquilo.
- Eu não sei se estou apaixonada pelo Harry, porque… tem como você saber uma coisa assim? - indagou sorrindo ansiosa e vendo a outra menina espelhar seu gesto nervoso. - Mas ele disse que não nos via em algo maior que isso e eu também sempre achei que nós nunca daríamos certo, mas agora que acabou eu o quero de volta e eu quero que dê certo. Eu não sei o que fazer… - passou uma mão pela testa, aflita - Eu só sei que, no fim das contas, há muito tempo não era mais só uma brincadeira para mim, mas para ele… O Harry nunca sentiu por mim o que eu sinto por ele.
Scriptado por Adriele Cavalcante.
Capítulo 26
MARÇO:
O tédio em estar solteira novamente levou à academia onde Liam e Zayn frequentavam assiduamente e a pequena Ortega ia de vez em quando, nos dias mais inspirados.
Zayn entrou no octodromo por exatos trinta minutos, brincou um pouco com o treinador e ainda treinou uns golpes fáceis com Liam, mas após esse tempo já sentiu-se cansado e foi tomar uma água fresca, aproveitando a pausa (que se tornou permanente para o resto da manhã) para checar a prima.
não costumava ficar para trás no quesito malhar. A maioria dos aparelhos que usava tinham a função de trabalhar a musculatura das pernas, vital para a boa prática da dança, e também usava um específico para jamais ter o tríceps flácido, já que seu maior pesadelo era levantar o braço para dar tchau e alguma coisa além de sua mão balançar.
Mas naquela manhã de sábado em especial, a garota só brincou com as máquinas e nem ao menos suou porque a presença da melhor amiga era uma distração fatal e todas as vezes que ela tentou começar uma sequência, se aproximava do aparelho onde ela estava e começava a falar ou mesmo só ficava encarando a outra com um sorriso idiota.
Por fim as duas foram sentar perto de onde Liam estava praticando boxe e se acomodaram enquanto julgavam todo mundo que pisava no ringue.
- Você acredita que eu fui fazer companhia pro Liam e ele me ignorou completamente? - Meester disse, super afetada com o fato de que tentou puxar conversa com o idiota enquanto ele fazia musculação, mas Payne não disse nenhum A.
- É claro, . É impossível se concentrar em levantar todo aquele peso e ainda bater papo com você. - se olhava no reflexo de um espelho, passando a mão sobre os fios rebeldes que nunca ficavam no lugar.
Ela tinha aquelas faixinhas felpudas para colocar na cabeça, mas aquilo esquentava como o inferno e quase nunca combinavam com suas roupas de academia, então a solução era se sujeitar a ficar descabelada enquanto seu namorado ficava no máximo ainda mais gostoso com todo aquele suor e tudo o mais.
- Você namora um idiota, . - atestou, passando os olhos por toda a academia, que nem estava tão lotada porque só gente burra vai malhar às dez da manhã de um sábado. - E é prima de um estúpido. Olha o que aquele garoto está fazendo! Por que ele está tirando a camisa? Nem tem nada pra se admirar ali.
- Quase todo mundo está sem camisa, então nem é tão vergonhoso assim… - não estava tão certa disso. Só agora percebia como o primo estava de fato esquelético e era preocupante imaginar que a falta de peso vinha de qualquer outro motivo além uma genética estranha.
- Pra ele é. Ele é magro pra caralho! - Meester apontou para a criatura mirrada com as mãos na cintura fina demais. Ele parecia ainda mais patético ao lado de Liam e do instrutor que era um monstro de tão grande.
Felizmente o instrutor não se importava com o tamanho de seus alunos, até porque Malik não era o primeiro e nem seria o último aluno magricela que ele ensinaria. E muito mais importante: tamanho não é documento.
- Você viu as novas tatuagens dele? - a caçula mudou de assunto pois ainda estava preocupada com a saúde do primo.
- Vi. Todas ridículas. - a outra respondeu entediada, sem nem tirar os olhos do celular.
Estava com roupas que chamava de academia mas que serviam mais ao termo "looks confortáveis para passar no drive thru em dias muito frios". Até porque ninguém em sã consciência iria malhar com tanta roupa. Mas para ficar quietinha, não havia nada melhor.
- Qual a sua favorita? - tomou o celular da amiga e foi atacada com um olhar mortal. Só que ela nem ligou. - A Minha é o coraçãozinho.
- O Liam devia ter feito essa. Ia ficar sexy nele. - Meester se inclinou para frente e observou a v line do moreno, assumindo para si que a ideia no geral era sexy, infelizmente o corpo era de Zayn Malik e por isso uma perda de tempo;
- Ele fez aquela pena ridícula. Mas eu gosto da "only time will tell…" - Orteguinha mencionou as duas aquisições recentes do namorado. A primeira era brega e ela não conseguiu gostar, mas adorava a pequena frase que ele tatuou no pulso mas ficava quase sempre escondida pelo relógio novo que ele vivia usando.
- As tatuagens do Liam são todas de mulherzinha.
- Nada a ver.
- Claro que sim! Só o Louis sabe escolher tatuagem decente.
- As deles são muito legais! - a caçula concordou entusiasmadamente.
Seu conjunto de top e legging eram confortáveis mas ela começou a pensar que se tivesse alguma ideia de que não iria fazer nada, poderia ter trazido um moletom também.
- , o Liam não está querendo participar da brincadeira, você pode ir lá por favor e convencer esse cuzão a apanhar do Casey?
- Eu não quero ver ele apanhar, Zayn. Vamos lá conversar com o Emil, ele é legal. - ela pegou a própria bolsa e levantou com a toalhinha no pescoço, por puro costume de mantê-la ali quando se exercitava e suava de fato.
Os rapazes haviam deixado a concentração e se dispersaram para arrumar as mochilas ou voltar a malhar. Liam conversava com seu treinador, ouvindo o que ele tinha a dizer (parecia ser muita coisa) e eventualmente acenando com a cabeça. Ele nem percebeu o trio que se aproximava por trás.
- Quer sim, é divertido. - o primo discordou, bem humorado com a possibilidade de ver o melhor amigo tomando uma surra novamente.
- Eu tenho que concordar , vai ser engraçado. - surpreendeu a dupla com o seu posicionamento favorável a Malik. É claro que eles iriam concordar em algo prejudicial...
Zayn olhou de cima a baixo, tentando entender o conceito da roupa da morena e então gracejou:
- E você, Meester, já malhou bastante hoje?
- Ai cala a boca. - bufou e apressou o passo para chegar até o tatame, parando ao lado do melhor amigo. - Liam como assim você não quer apanhar?
- Porque só um idiota ia querer apanhar de graça, . - Payne riu, sorrindo verdadeiramente para que estava tão limpinha como quando saíram de casa.
- Zayn, essa é a sua oportunidade. - viu a oportunidade de ser maldosa e aproveitou, pensando e se aproximar de Liam por questões de segurança mas mudando de ideia no instante que olhou para ele e viu o quão suado estava.
- Vai se foder. - Zayn resmungou e se afastou da morena, parando entre e o instrutor. Aproveitou a deixa para pegar seu moletom e já vestir porque logo mais iriam embora.
- Oi Emil! - cumprimentou o homem com um soquinho e perguntou: - É verdade que vai ter campeonato aqui?
- Oi . É verdade, sim. Eu estou tentando convencer o Liam a participar nas categorias mais leves. - Emil falou com aquele tom de voz que claramente discordava a decisão de seu aluno.
Liam era o melhor lutador da academia? Jamais! Mas era um cara legal que tinha uma ótima noção e poderia lutar com os iniciantes sem sofrer prejuízo. O importante era a participação de todo mundo na grande brincadeira que ele estava organizando.
- Ah, esses dias teve alguma coisa aqui e ele tomou uma surra. Apareceu na escola todo roxo. - ela lembrou do bendito dia em que eles brigaram porque Liam a esqueceu e depois sumiu durante todo o dia escolar e só no almoço eles descobriram que era tudo um grande mal entendido.
É claro que ela achou muito bem feito que ele tivesse apanhado, era como se a vida o tivesse punido antecipadamente porque já sabia que Liam faria uma grande cagada horas depois.
- Pois é, ninguém estava esperando que ele apanhasse tanto. - Emil explicou enquanto já tirava as ataduras das mãos e pulsos. - A gente já sabia que você ia perder, Payne. Mas aquela surra de graça? Eu confesso que até agora não entendo.
- O cara era uma máquina de bater! - Liam se defendeu, muito chocado que todo mundo colocava a culpa nele por ter sido um saco de pancada pra um lunático convencido. - Eu só brinco aqui de vez em quando e você me coloca em um ringue com a pessoa mais maníaca que eu já vi na vida.
Todos riram dele porque era inevitável e também porque Zayn e eram um pouquinho sádicos. Emil já ria da bobagem da situação porque os adolescentes obviamente estavam dando muita importância para uma derrota qualquer.
- Você devia vir treinar boxe também, . Nós temos uma liga feminina muito boa. - o instrutor fez o convite enquanto os cinco atravessavam a academia até o balcão para passar o cartão e darem o fora dali.
- Aposto que você vai se sair melhor do que o seu primo. - Meester atacou novamente. Dessa vez escondeu a maldade atrás de palavras de incentivo à melhor amiga, mesmo sabendo que todos perceberam que havia mais implicância do que um elogio de fato.
- É claro, sua idiota! Eu não treino!
O quão difícil estava sendo não arremessar a bolsa preta na cara daquela desgraçada, senhor...
- Eu não tenho interesse não, mas eu queria saber uma coisa. - ignorou a rixa dos dois e respondeu a pergunta do homem, mandando outra pergunta por cima.
- Diga. - Emil estava com muito medo de que Malik e fossem o tempo todo daquele jeito. Era horrível.
- É verdade que você bate nas pessoas se te pagarem? - Orteguinha perguntou e viu a confusão no outro, explicando-se rapidamente para não parecer uma fofoqueira. - o Li me contou esses dias.
- Eu não faço mais isso, querida. - Emil riu - Só em ocasiões especiais. Por quê? Tem alguém te incomodando?
- Na verdade tem. - ela falou e Liam até parou de procurar seu cartão na bolsa para prestar atenção na menina. - E eu pago o preço que você quiser pra dar uma surra em uma garota da escola que vive me incomodando.
- Uma garota? - o treinador arqueou as sobrancelhas - Eu não bato em mulheres, .
- Droga. - ela deu um soco no ar, super frustrada.
a encarou com peninha, afinal de contas seria maravilhoso ver Lexi ter a cara destruída, da moral ela mesma daria um jeito de acabar. Já Zayn estava sorrindo, bem surpreso com o requerimento violento da prima.
Liam estava de braços abertos e cara chocada, totalmente "Minha querida o que você pensa que está fazendo?".
- Mas eu conheço uma aluna minha que faria até de graça. - Emil foi até a porta do estacionamento, assistindo o quarteto já lá fora. Ele estava mesmo se esforçando para lembrar o nome da citada, sem sucesso.
- Sério? - a caçula se animou. - Nós precisamos falar com ela…
- Não precisamos não, babe. - Liam finalmente interveio, não deixando brecha para os dois continuarem a conversa absurda. - Vamos pra casa? Até segunda, Emil!
- Até mais pessoal! - ele acenou e entrou, rindo da bagunça do grupo, já que a menina mais nova se recusava a sair de onde estava.
- Nós vamos continuar essa conversa! - falou mais alto enquanto era arrastada até o jipe verde.
- Não vão não. - Payne insistiu, puxando a caçula com um braço e destravando o carro com a outra mão. Sua voz saiu um pouco forçada porque a filha da puta realmente estava travando os pés só pra fazer graça.
- Vamos sim. - ela rebateu muito naturalmente enquanto abria uma das portas de trás para jogar sua bolsa e a do namorado.
- Não. - Liam suavizou o tom e sorriu, apoiando-se contra o carro e cruzando os braços. - Você não pode simplesmente sair batendo nas pessoas por aí, babe.
- Claro que posso! O Zayn bateu em você e ficou tudo bem. Além do mais, não sou eu quem vou bater nela…
Malik começou a rir no mesmo instante e Liam não sabia nem o que responder, por isso se limitou a sorrir enquanto lançava um olhar enigmático para a menina, que não se abalou com a reação dos garotos já que não houve má intenção em sua sentença.
estava apoiada com a cabeça escorada na porta aberta do jipe, entediada com os assuntos em destaque nas redes sociais e ansiosa por causa de sua programação da tarde.
Diane iria almoçar com as duas adolescentes, antes de passar na casa de Joe para uma viagem rápida a Brighton, para o primeiro passeio das gêmeas à praia. Christopher e Oliver já estavam lá as aguardando na casa de praia de um amigo do Sr. Westwick, que generosamente emprestou a locação e três de seus funcionários para que os dois casais e as bebês ficassem aconchegados
- Nós precisamos ir pra casa, eu ainda não escolhi o que vou vestir hoje. E nós precisamos começar a nos arrumar, . - a morena finalmente falou, após um bocejo tão preguiçoso que fez todos duvidarem que ela ia fazer algo além de dormir o restante do dia.
- É verdade! - cresceu os olhos, sentindo-se subitamente animada. - Que horas a gente tem que estar lá?
Lá = desfile da linha de roupas da Victoria Beckham.
Em dois ou três dias embarcava para Nova Iorque rumo à primeira semana de moda do ano. Seu pai estava orgulhoso como se fosse a primeira vez e mandava entregar presentes quase todos os dias na casa Hilton, prometeu acompanhar a filha em todos os trabalhos dela em NY, Caroline estaria com a menina em Londres e Terese seria sua companhia em Milão, para o encerramento em Paris, os pais marcariam presença, até porque Caroline também lançaria sua coleção de primavera para a próxima estação.
O grupo infelizmente só veria o desfile daquela tarde, isso porque aconteceria em um fim de semana. Quando a loira estivesse de passagem para a semana de moda de Londres, todos estariam ocupados com os exames, principalmente os mais velhos e a produção dos pedidos de vagas nas universidades. Então aquela era a única oportunidade que as oito coisinhas orgulhosas teriam para prestigiar o trabalho da amiga.
- Não sei, o desfile em si começa às quatro, acho que dá pra sair às quatro lá de casa. - Meester falou após fazer a matemática em sua cabeça.
O olhar cético de Zayn e a feição irritada de Liam expressavam perfeitamente o absurdo que era o plano da menina:
- , todo mundo lá pelo menos com meia hora de antecedência. - Payne disse - E vocês duas não vão atrasar porque eu mesmo vou pegar vocês.
- Mas e o Alfred? - nem percebeu quando fez um biquinho desapontado.
Seu projeto para a tarde era: vestir uma roupa maravilhosa, usando uma maquiagem tão linda quanto, calçar seu sapato mais caro e chegar no hotel com ninguém menos que Fred abrindo a porta para ela, se possível oferecendo a mão como suporte para que saísse do carro.
E sim, Fred era parte fundamental para o bom funcionamento da rotina.
- Quando você vai assumir que tem uma crush no motorista, prima? - Zayn entrou em seu carro, largando a mochila no banco do carona.
- Eu nunca neguei isso… Tão charmoso… - a menina suspirou apaixonada.
- Eu já vou pra casa. - Malik encerrou o bate papo sem futuro, não queria ouvir mais nada sobre o que diabos Hilton estava fazendo da vidinha perfeita dela. - Se vocês estiverem desocupados a noite, vamos fazer alguma coisa.
Os olhos expressivos de decaíram em compaixão. Era doloroso ver o mais velho ter que lidar com tão superada, se ela parecesse ao menos um pouco miserável… Mas enquanto Zayn afundava-se em si mesmo, brilhava e vivia o ponto alto de sua carreira.
Se eles ao menos soubessem o quão difícil era conviver com o arrependimento contínuo de ter terminado com o moreno, as incertezas e os "e se" que perturbavam a mente da garota o tempo todo, sem trégua...
- Tudo bem Zaza, nós podemos terminar de ver essa temporada de Lost, que tal? - propôs, inclinando-se pela janela para falar com o primo.
- Eu odeio o Sawyer e só volto a assistir se você me prometer que ele morre no final.
Ele reclamou porque odiava quase tudo sobre a série e só assistiam aquela merda porque era um velho hábito do trio, que começara o primeiro episódio há uns dois anos e de tempos em tempos eles sentavam pra ver vários episódios de uma vez.
- Mas eu não sei o final!
- Até mais tarde, ! - ele riu e ligou o carro, esperando que a menina se afastasse. - Liam leva meu isqueiro preto que ficou na sua casa!
O trio seguiu para casa também, com uma ferrenha discussão entre Liam e , que não chegavam a um acordo sobre o horário para chegar no evento. Payne insistia que deveriam se organizar para chegar no tempo combinado enquanto a morena apostava toda a sua herança dizendo que o desfile atrasaria. Por fim ficou combinado que ninguém ia fazer "atraso elegante" e todo mundo chegou sem causar problemas.
Mas como previu, o show atrasou. A espera era excruciante porque não dava pra ficar confortável nos banquinhos sem encosto onde eles deveriam sentar. Graças à influência de Carol, as oito crianças conseguiram lugares na primeira fileira, embora não pudessem sentar todos juntos.
As meninas, em especial, reconheciam várias das convidadas que também entretiam-se em conversações e tiravam fotos o tempo inteiro. já havia dado uma volta com a mãe da modelo e inclusive trocou três palavras com o novo editor chefe da Vogue Britânica, buscando compreender durante a conversa, porque sua mãe não era grande fã do cara.
- Por que nós não podemos entrar lá? - princesinha Styles insistiu pela milésima vez, parando ao lado do irmão que estava ocupadíssimo ouvindo Louis e discutirem sobre a nova era de heróis que a Marvel traria.
- É uma área restrita, querida. Mas a já vem aqui cumprimentar vocês, pode ser? - Caroline prometeu, tentando acalmar os ânimos da menina para então deixar o grupo de amigos da filha e ir cumprimentar os colegas de trabalho que só aumentavam.
- Engraçado que o Niall está lá dentro e eu não posso. - não se sentia tão calma assim e por isso ficou resmungando enquanto a mulher se afastava.
- O garoto é o melhor amigo dela, . Para de drama. - Harry, com toda a sua graça e tato, buscou uma medida mais drástica para silenciar a irmã.
- Nossa Harry, deixa a menina. - Tommo defendeu a loirinha, puxando-a para perto dele e aproveitando a oportunidade de usá-la como suporte para os seus braços cansados. Ficar horas consecutivas segurando um console de videogame começava a surtir efeitos desagradáveis.
- Vocês já viram quem está aqui? - perguntou, olhando para as personalidades que mostrou enquanto Harry era grosso com .
- Quem? - Liam e a princesinha Styles precisavam trabalhar essa questão de ser discreto, definitivamente.
- A família inteira da Victoria Beckham! - Orteguinha voltou a olhar pros amigos, os olhos brilhavam em pura animação. Aquela família era maravilhosa, ela seguia até os meninos mais novos no instagram e mal podia esperar para Harper inaugurar sua conta também. Poder vê-los ali, sendo suportivos com a matriarca Beckham, estava sendo o paraíso.
- Até filho mais velho? - se interessou, ajustando sutilmente os fios alaranjados.
Ela fazia parte do grupo em pé porque estavam fora do lugar para poder conversar com o quarteto sentado. É claro que Liam, , e Harry poderiam ter ido até eles, mas Meester se recusou a levantar do banquinho e Louis arrastou a namorada e os amigos até eles.
- Sim! O cabelo dele está sensacional, ele é tão charmoso… - , que convivia diariamente com Zayn Malik, soltou um suspiro inconsolado que chamou a atenção do grupo.
- Ele é um imbecil com aquela câmera vintage pra lá e pra cá. Hipster de merda. - , aparentemente, discordava da opinião das meninas.
- Cala a boca, ele é lindo. - Westwick rebateu imediatamente.
E lá vamos nós… Liam, Louis, e Harry pensaram e deram o mesmo olhar de "Não tem mesmo como evitar passar essa vergonha?"
- Dá pra vocês duas falarem mais baixo? - Tommo pediu, brigando aos sussurros para mostrar que era possível entrar em uma briga sem chamar a atenção do astro de futebol sentado há alguns metros dali.
- Eu só quero entender porque estamos discutindo o filho quando podemos exaltar a beleza do pai. - falou sozinha, mas acabou atraindo os amigos curiosos com sua sincera confissão. - É só o que eu quero entender.
- Eu só acho uma merda que nós não vamos poder sentar de frente pra ele. Eu ia passar o show inteiro admirando aquela obra de arte. - continuava muito generosa em seus elogios ao homem casado, mas se alguém ousasse jogar o fato na roda, eis sua defesa: não é todo dia que você vê o herói nacional dos homens e símbolo sexual das mulheres não só da Inglaterra, bem como de vários lugares do mundo.
- A voz dele é horrível. - continuava defendendo sua opinião de que David Beckham não era tudo isso.
Ela já estava há pelo menos meia hora observando a família antes de se dignar a virar um pouquinho pro lado e mostrar para a amiga quem havia chegado. Nada demais era generoso se fosse levar em conta a falta de charme e vida na voz do ex jogador.
- E daí? - não podia negar que a voz dele era feia, mas apelou: - O conjunto compensa a voz feia.
- Eu não acho. - Ortega comentou sem dar muita importância ao caso - Voz é fundamental no charme de um cara.
Liam tinha a voz bonita. Às vezes ele começava a cantarolar e a caçula parava o que estava fazendo (sutilmente é claro, para não intimidá-lo) para apreciar o momento.
- Quê? - os quatro meninos pareciam chocados.
- Que foi? - a ruiva não entendeu a expressão surpresa deles. Era bem difícil para ela, com um cérebro tão brilhante, tentar compreender as mentes entediantes que a cercavam.
- Nem a nossa voz vocês poupam? - Louis tomou a voz na defesa de sua raça, achando um abuso a forma como garotas podiam ser tão malvadas.
- Como isso funciona? - Styles estava muito atento ao tópico. Ele não costumava se fazer de rogado e tinha a mais plena ciência dos efeitos de sua voz, que tinha um efeito avassalador nas meninas mesmo que não houvesse nada de sexy em passar o dia pigarreando para tentar tornar a voz mais audível.
, muito bem humorada, esqueceu rapidamente dos Beckham e começou a explicar:
- O Payne por exemplo, tem voz de otário, então a gente já não dá muita moral pra ele…
- E você tem voz de quem gosta de ser…
- Liam, não. - interrompeu o namorado porque se ele fosse falar o que ela estava pensando, o clima iria pesar ali.
- Mas ela está me ofendendo! - Payne bateu a mão na coxa, puto por ter sido ofendido e ainda perder sua chance de rebater à altura. Mais uma palavrinha e ia ficar na dela pelo resto da noite, porém nem tudo na vida é como queremos então ele decidiu ficar conversando com , que estava observando cada pessoa que chegava no salão, muito curiosa.
- Eu acho a sua voz linda, se você quer saber. - tentou compensar a interrupção, e conseguiu com uma facilidade espetacular.
- Chega vocês dois! - Louis enfiou a mão entre os rostos do casal - Continua, .
- Tudo bem. Um outro exemplo: a voz do Zayn. Aquele menino tem uma voz tão macia que dá vontade de bater nele e ao mesmo tempo tirar a roupa.
- Como é que é? - Tomlinson nem disfarçou a surpresa com a declaração da outra. Cadê a moral que ele costumava ter, hein?
- É só um exemplo, hon. - tocou o rosto do namorado e sorriu até que ele segurou a mão dela e beijou o dorso antes de descer suas mãos sem soltá-la.
- Quem tem a voz mais bonita dos meninos? - levantou a questão, fatalmente perigosa em um grupo que amava tanto competições. Niall ainda não havia voltado e ela estava entediada, portanto decidiu esquentar as coisas.
- Voz é subjetivo, gente. - considerou, imaginando quantas pessoas também adoravam a voz de Liam, como ela. - Não dá pra fazer um ranking.
- Até porque eu escolheria a voz do meu irmão como mais bonita. - princesinha Styles falou toda cheia de si.
- Infelizmente seu namorado nem pode entrar na brincadeira com aquele sotaque estranho pra caralho. - Harry riu maldoso.
- Isso que dá ser puxa saco, . - Tomlinson riu também, mas de pena da criaturinha feliz que ficou decepcionada com a ruindade do irmão a quem ela tanto defendia.
- Okay, vamos fazer uma votação rápida. - a ruiva decidiu, virando-se para a melhor amiga: - Harry ou Zayn?
É óbvio que ela não colocaria Liam para participar, mas ninguém questionou porque Niall e Louis ficaram de fora da brincadeira.
- Harry. - falou com uma facilidade incrível. É óbvio que ela iria puxar o saco do irmão, e ainda foi recompensada com uma troca de high five com ele, que ficou muito orgulhoso.
- Eu não posso escolher! - a caçulinha arregalou os olhos. Ela não queria desapontar o primo mas a convivência cotidiana fazia com que o frenesi em torno dele fosse algo inexplicável. Além do mais, a voz de Harry era charmosa, a forma lenta como ele falava tinha seu poder mas era muito difícil assumir isso e deixar o pobre Zaza, que nem ali estava, perder.
- Anda logo, baby doll. - Liam murmurou, consciente do conflito interno da menina que cultuava o primo mas também adorava o Styles.
- Tudo bem, o Harry. - chegou a uma conclusão, se arrependendo no momento que viu o sorriso cheio de segundas intenções que Styles lhe deu. - Não use isso como pretexto pra me agarrar, Hazza.
- Você me acha sexy! Eu sabia, sua safada! - Styles tentou abraçar a menina mas ela segurou no braço inerte de Liam para se proteger do ataque. Infelizmente, para ela, o namorado estava ocupado demais falando mal do sapato de um cara, para notar que sua amada corria perigo com Harry por perto.
- Quê? Não tem nada a ver! - sentiu as bochechas esquentarem. Louis e estavam se divertindo tanto com aquilo, que era quase doentio. também estava com um sorrisinho besta mas não disse nada.
- Tem sim, vem aqui, deixa eu te dar um abraço. - Styles pediu, se agachando para ficar face a face com a garota sentada. - Você acha sexy quando eu falo o quê em especial?
- Harry cala a boca. - Liam falou por fim, de saco cheio com o barulho que o amigo e a namorada estavam fazendo.
- Meester, Harry ou Zayn. - Westwick cutucou a morena distraida com o pé, vendo-a elevar os olhos com muito cuidado, observando com um olhar distante. A vontade de atropelar a filha da puta não era pouca.
Todo mundo parou com as conversas paralelas e olharam descaradamente para a menina. Ela já esperava que fossem chegar nesse ponto porque desde que ali chegaram, toda decisão que tomava era um teste para decidir o quão bem os ex amantes estavam.
Quando Caroline Hilton conseguiu lugares para todos, a turma ficou dividida em quartetos e na hora de decidir quem sentaria aonde, Harry se prontificou a sentar com a irmã e o irlandês, enquanto ninguém precisou perguntar para saber que iria sentar com Liam e .
Acabou que e Lou não queria sentar separados e causou todo um drama desconfortável que começou com o papo furado do casal: "Nós não queríamos sentar separados, mas só se não for um problema pra vocês.Não queremos causar nenhum desconforto. Se ainda não tiver passado o tempo de luto de vocês, nós totalmente vamos entender." e acabou com um diálogo estranho pra caralho das duas pessoas que não se falavam há quarenta e oito horas:
"- Pra mim não tem problema. Se você estiver okay com isso…
- Tanto faz, na verdade.
- Tanto faz pra mim também."
Após chegar a conclusão de que não importava o quão linda a voz de Malik fosse, todos estavam só esperando que ela falasse qualquer coisa diferente de "Harry" para começar com as teorias de que eles estavam brigados e se odiando, ela suspirou pesadamente antes de dar sua resposta automática:
- Harry.
- Vocês são todas surdas. - ficou revoltada. Estava contando com Meester para derrotar a moral e o ego de Harry! - Que frustrante brincar com vocês.
- Chupa essa . Aposto que até o seu homem acha que eu sou a melhor opção para qualquer garota. - Styles sorriu sem mostrar os dentes, inclinando-se na direção da menina derrotada e esfregando sua vitória na cara dela.
- Não complica minha vida, cara… - Louis resmungou, com medo de pegar uma greve de sexo de um mês inteiro por causa daquela brincadeira.
- Tarde demais, querido. Você vai dormir no sofá hoje. - Westwick avisou com a voz tão macia que ninguém entendeu o que ela falou.
- Droga! - Tommo se fez frustrado, piscando para a namorada ao final.
- Chega disso - interrompeu, enojada com tanta frescura - saiam daqui, as pessoas estão observando.
- É verdade. - Liam concordou, impaciente para que os amigos saíssem dali. Eles realmente estavam chamando a atenção com toda aquela conversa e além do mais, era óbvio que o desfile estava para começar.
Acabou que o evento de fato prendeu atenção dos adolescentes, que nem se tocaram como estavam absortos com os looks e comentavam entre si de vez em quando.
E a loira não demorou a aparecer, sendo ovacionada pela família e os amigos, que se dividiram entre os que aplaudiram efusivamente e os que preferiram filmar cada segundo de sua passagem, para guardar para sempre o momento tão especial.
Na segunda vez todos guardaram os celulares para apenas apreciar como ela era profissional por passar por eles sem alterar as expressões faciais e por fim, no finale, ela pode dar um tchauzinho discreto antes de desaparecer para dentro do camarim.
estava se sentindo nas nuvens.
O desfile foi um sucesso, ela não caiu ou tropeçou, sua roupa não foi a mais desconfortável e seus sapatos estavam no tamanho certo. Seus amigos estiveram lá e se comportaram, sua mãe estava morrendo de orgulho e seu pai ligou algumas vezes para saber como estavam indo as coisas.
Era o que ela podia chamar de um bom dia, e para fechar com chave de ouro, a noite não acabava com o fim do evento. O grupo se dirigiu à casa da loira para comer mais e comemorar o sucesso daquele fenômeno de garota.
É claro que quando ela chegou o alvoroço já estava formado e Kelso, que não era permitido ficar dentro da casa, estava em cima de um dos sofás, usando a cabeça gigante para empurrar Buddy, numa tentativa frustrada de incentivar o amigão a brincar com ele.
- , o Niall roubou um batom do seu camarim! - , que a aguardava na porta do carro, falou.
- O quê? - Hilton largou os sapatos na entrada e caminhou até a sala com a morena no seu encalço.
- Desculpa, mas era uma aposta. Eu não podia perder ou teria que tatuar alguma coisa na minha bunda. - o irlandês deu de ombros, achando sua explicação mais que justa.
- Niall!
- É só um batom, !
- E se alguém te flagrasse, hein? - ela questionou, sentando ao lado do loirinho enquanto Kelso, que não se tocava de seu próprio tamanho, subia no colo da dona para receber carinho como todo bom filhote.
- Olha aqui, não é porque você é uma supermodelo que pode me desrespeitar assim não. Eu sou um gênio e...
- Cala a boca, Niall. - Liam pediu com toda aquela educação que lhe era tão característica e foi recompensado com o olhar desapontado de , que não sabia mais o que fazer ele melhorar aquela atitude.
- , você não estava linda porque a roupa não estava ajudando mas eu adorei a sua cara séria. - , sentada no braço do sofá, ao lado do namorado, se esticou sobre ele para enxergar a modelo. - Você nem piscou quando passou por nós! Foi muito profissional!
- Sim! Eu estava sorrindo pra ela e não vi um traço de desconcentração! Fantástico! - Harry concordou com a irmã, ambos muito orgulhosos da amiga.
- Vocês não deviam estar felizes por tentar me sabotar, sabe. - comentou mas o sorriso feliz que ostentava acabava por ofuscar a reprimenda.
- Nós estamos felizes porque você não cedeu. Parabéns pelo profissionalismo. - falou séria, reconhecia afinal, que não era tão fácil assim ignorar sua presença marcante. Se levantou da poltrona que dividia com Tommo e apertou a mão da modelo.
- Obrigada! - a loira agradeceu com orgulho de si mesma por ter amigos tão suportivos. - E alguém já pediu comida pra gente? Liam?
- Na verdade nós precisamos ir. Agora. - Payne avisou, apalpando os bolsos na busca da chave do carro que pegou na garagem do pai.
A vantagem de ter escolhido um carro simples no ano passado é que sempre podia se utilizar das "ocasiões especiais" para pegar carros emprestados do pai. E por ocasiões especiais, o garoto chegou a um entendimento de que até comprar pão na padaria era um dom da vida e merecia um carro apropriado.
- Ué, mas nós acabamos de chegar! - , sendo a pessoa social da relação, protestou. Nada a divertia mais do que passar tempo com o grupo, principalmente quando ela podia se aconchegar nos braços do namorado e ser testemunha dos absurdos de Louis e .
- Na verdade ter vindo aqui foi uma decisão muito estúpida, considerando que eu vou dirigir mais meia hora pra voltar. - Liam cruzou os braços e encarou as duas meninas - Por que eu sempre ouço a opinião de vocês duas?
- Para de reclamar e dirige, escravo. - foi a primeira a levantar, ansiosa para saírem dali.
- Você para de graça ou eu te abandono no meio da estrada. - Liam ameaçou a morena com um sorriso prazeroso.
- Você não teria coragem... - ela cruzou os braços, desafiando-o. Um sorriso confiante dançava em seus lábios e isso só atiçou ainda mais o rapaz.
- Dúvida?
- Até amanhã pessoal! Parabéns, ! - encerrou a conversa antes que se iniciasse um desafio mesmo, segurando a mão do namorado e puxando-o para fora, seguidos por uma sorridente.
- Cuzões. Não acredito que eles estão realmente indo. - Louis disse magoado, no instante que a porta da sala foi fechada. Nem parecia que todos estavam falando em coral um lindo "tchaaaaaaau" enquanto o trio desaparecia pelo corredor.
- Você sabe que eles provavelmente te abandonaram pra ficar com o Zayn, né? - , rainha da sensibilidade, perguntou, ignorando o desespero na expressão de todo mundo.
- Ah gente… - sorriu e havia certa melancolia no belo sorriso.
- Ah gente nada, . - a ruiva continuou, insana em sua investida. Havia esperado demais para finalmente adentrar no tópico proibido. - Você devia fazer eles escolherem entre você e o Zayn.
- Claro que não! Isso é horrível! - a loira sorriu, segurando um bocejo preguiçoso.
Estava cansada mas não queria que os amigos fossem e agora que Niall estava pedindo pizza para eles era óbvio que a diversão não iria acabar tão cedo e nem era absurdo considerar que ninguém se incomodaria de ficar lá até amanhecer mesmo que todos tivessem aula na manhã seguinte.
- Isso é ótimo! Ia ser maravilhoso ver todo mundo tendo que escolher um lado. Já imaginou, Louis? - virou o rosto para encarar o namorado, que estava bem em apenas dividir a poltrona para dois com ela, descansando seu braço sobre o ombro coberto da ruivinha.
- Você ficaria com quem, hon? - Tommo instigou-a a falar, mantendo um meio sorriso porque já sabia que ela diria algo absurdo.
- Não sei. - Westwick ponderou, cativando a atenção de todos: - Provavelmente com você, .
- Provavelmente? - deu um meio sorriso, pegando o controle da TV para dar uma olhada no que tinha de bom para aquela noite. - Isso já é motivo pra comemorar!
- Eu totalmente ficaria do seu lado. - escorregou para o assento do sofá, empurrando Niall e Hilton, que desistiu de compartilhar espaço com o casal e sentou no chão com Harry.
- Nossa! Deixa eu contar isso pro Zayn amanhã! - Tommo abriu a boca, chocado com a falsidade das duas meninas, principalmente sua própria namorada, que venerava Malik.
- Que foi? Ela tem muito mais seguidores! O perfil do Zaza é meio merda. - princesinha Styles falou a verdade que ninguém ousava.
O perfil de Malik era mesmo uma merda, fotos sem sentido algum, edições psicodélicas de merda e o mais importante: não tinham fotos dele!
- A verdade é que vocês iam foder com a nossa vida se quisessem que todo mundo escolhesse um lado. - Harry explicou, um tanto aliviado com o término voltando ao "normal".
- Já tem um mês, pessoal. Está tudo bem, ninguém precisa sofrer. - Hilton acalmou a todos
- Fale por você, querida. - atacou mais uma vez: - O Zayn vivia puto, obviamente não foi um término amigável.
- Tipo o Hazza e a . - tinha que trazer o assunto a tona, mesmo que as circunstâncias do final de ambas relações nada tivessem a ver.
- Vocês estão de parabéns pelo comportamento. - Horan gostaria de ter uma cerveja em mãos para erguê-la em homenagem a Harry e sua maturidade invejável. - Eu até vi ela passando um guardanapo pra você esses dias.
- Pois é… - Harry riu fraco.
- Mas eles nem namoravam de verdade. Nem tem como comparar. - princesinha Styles provocou o irmão, torcendo para que ele falasse pelo menos uma palavra sobre, já que tudo o que havia recebido até então foi um silêncio chato e irritante.
- Vamos parar de falar de coisa ruim porque daqui a pouco vocês dois são os próximos a entrarem pro clube dos solteiros. - , a incansável, ergueu o dedo indicador, apontando para a dupla horrorizada.
- Uhhhhhhhh - Harry e Louis entoaram juntos, na expectativa do que a outra menina responderia, já que ela levava o próprio relacionamento MUITO a sério.
- , isso foi muito cruel. - foi honesta, apesar de não estar nenhum pouco abalada ou afetada com a afirmação da melhor amiga. Não poderia ser mais segura sobre um relacionamento do que o que já era.
- É mais fácil o Louis enjoar de você, . - Niall abraçou a loirinha, puxando-a para seu colo (para o desespero de todo mundo que não aguentava mais tanta demonstração pública de afeto).
- Uau! Calma lá, não coloquem meu nome nessa guerra besta de vocês. - Tomlinson acenou com a mão, falando seríssimo afinal estavam tratando de seu relacionamento, não de um assunto qualquer.
- Você quer apostar, Irlanda? - Westwick desvencilhou-se do menino e ficou de joelhos na poltrona.
Nem Harry, nem tiveram a força moral de interromper o que poderia gerar uma grave situação. Nenhum dos dois quis assumir, mas por mais que adorassem ver seus queridos felizes, aquele era um bom momento para estarem todos sozinhos novamente. Quer dizer, se todos terminassem eles voltariam a ser como antes, certo?
- , vamos pra casa! Agora! - Louis entrou em pânico, levantando-se e tentando puxar a namorada consigo.
- Me solta, Louis! - tentou se soltar, instigada pela emoção de uma aposta. - E aí, Irlanda, vamos apostar?
- Claro que não! - Niall gargalhou, para a alegria e decepção (mas só um pouquinho de decepção) de e Harry. se resignou a sorrir afetuosamente para a melhor amiga surtada e Louis sentou de novo, respirando fundo.
- É claro que não mesmo, você sabe que perderia, covarde do caralho. - sentou também, olhando para a televisão: - Por que nós estamos vendo Senhor dos Anéis?
- Por que é uma obra prima! - Harry ergueu os braços, defendendo a saga que tanto gostava e acabou recebendo uma travesseirada na cara, cortesia da Srta. Dona da Razão.
- Cala a boca, Styles.
- Mas é um bom filme sim, . - concordou com o amigo, defendendo a saga que lhe foi apresentada por Zayn e sua insistência em fazê-la ver algo que não fosse um terror "barato e previsível".
- Um clássico. - Niall se juntou à dupla, apesar de nem ter assistido o terceiro filme.
Tudo para fazer perder a cabeça...
- Vocês são feios e têm mau gosto. Além de covardes, não é Niall?
- Ai … - Niall resmungou, sentindo o estômago clamar por comida: - Eu estou com fome, e já que o Harry e a estão aqui, acho que nós poderíamos cozinhar.
- Essa é uma ótima ideia porque eu estou morrendo de fome! - se levantou para descobrir o que tinham de comida na despensa da casa.
A verdade é que ela não gostaria de ficar sozinha tão cedo, não queria correr o risco de acabar stalkeando Malik para descobrir o que ele fez enquanto ela teve uma tarde tão importante. Era uma merda se importar com o que ele pensava mesmo que já não mais tivesse o privilégio de ser o motivo do sorriso dele e seria mais fácil ignorar o turbilhão de sentimentos se só ficasse sozinha apenas quando estivesse tombada de sono.
Mesmo sabendo que terminariam a sessão de cozinha com agredindo alguém, Niall alimentando os cachorros com comida (mesmo que todos já tivessem lhe ensinando que ele acabaria matando-os) e os irmãos Styles brigando a cada passo, a loira sorriu, agradecida por estar cercada de amigos tão peculiares.
OOO
queria matar São Patrício, lenta e dolorosamente, de preferência.
Era sexta-feira e ela estava presa na casa de Malik, com o próprio diabo, enchendo o saco, Louis sendo perfeito e legal como sempre, Liam, que estava irritantemente feliz e que também ostentava um humor impecável.
- Vocês transaram? - largou o celular e mandou a pergunta com uma impaciência impressionante até mesmo para ela.
- O quê? - Liam, , e Zayn perguntaram juntos.
- Sim! - Louis confirmou veementemente.
E recebeu um tapa da namorada.
- Louis!
- Eu estou falando com vocês dois. - a morena apontou para os melhores amigos, evitando que eles pudessem se escusar de uma resposta clara.
A pergunta veio inesperada, obviamente, mas agora todos queriam saber e logo estava com as bochechas quentes e Liam tirou o sorriso da cara porque já sabia a onda de mal humor que viria em seguida.
- Por que diabos você acha isso, Meester? - Zayn, que fumava dentro de casa exclusivamente para afrontar o pai, perguntou, rolando sobre o grande divã que ocupava sozinho e encarando o casal.
- Porque esse é o único motivo justo pra vocês estarem com esses sorrisinhos babacas. - a morena explicou, menos irritada agora que eles não sorriam mais e sim a encaravam sérios.
- Ai … - Ortega suspirou profundamente, sentindo compaixão pela situação da amiga, que estava tendo um dia ruim desde que soube que Harry estava tendo uma ótima estadia em Dublin.
Era o aniversário de e também o dia de São Patrício e Niall decidiu que a ocasião merecia uma grande comemoração ao melhor estilo irlandês, celebrando o que a Irlanda tinha de mais próximo do carnaval brasileiro.
Zayn usou as palavras "nem fodendo" para expressar sua profunda aversão ao plano estúpido, Liam até gostava de uma festa mas já havia combinado de passar o fim de semana jogando videogame com o melhor amigo, Louis foi convocado pelos pais para um programa de família e , como seu plus one, também ficou para trás, e por fim , que preferiu ficar com o namorado e o primo, e ainda convenceu que era uma péssima ideia ficar um fim de semana inteiro com Harry, muita bebida e festa, sem nenhum responsável para pará-los caso decidissem fazer alguma merda.
Acabou que além de Niall e da aniversariante só foram , que jurava já estar com saudade dos Horan, e Harry, que foi a tiracolo, carregado pela irmã.
- Nós poderíamos usar a piscina, se a água estiver aquecida, é claro. - sugeriu, sentindo-se refrescada só de imaginar-se mergulhando sob as águas cristalinas.
- A água está quentinha, Zaza? - , sonolenta com o calor abafado que tornava o ar mais pesado, perguntou ao primo, na esperança de que fosse possível entrar na piscina nos próximos dez minutos.
- Não pra Meester. - o moreno soltou uma lufada de fumaça, rindo abobado.
Se fosse , não pensaria duas vezes antes de arremessar o próprio chinelo na cara do idiota, mas como ela não era, se contentou a fingir que Malik era uma poeira cósmica e que não valia uma réplica.
- Vocês não calam a boca? Eu estou tentando me concentrar aqui! - reclamou. Era difícil virar o jogo contra Louis quando estava envolvida na conversa alheia!
- Nós podemos ir lá em casa nos trocar enquanto você manda aquecer a água, Zayn. - Orteguinha tomou a frente, largando sua garrafa de água quase vazia e caçando o tênis para calçá-los e evitar que Amina a flagrasse andando apenas de meias em casa e culpasse Liam pela conduta transviada de sua filha santa.
- Liam, vai ligando seu carro e espera a gente lá fora. - Meester ordenou e levantou para ir ao banheiro.
A vontade real do rapaz foi entrar no carro e passar por cima da filha da puta até o combustível acabar. Mas aí entendeu que estava prestes a se deparar com seus sogros e se desesperou, apelando à namorada:
- Mas eu não quero ir… Seu pai está lá, babydoll…
- Ele quer sua ajuda, Li. Custa você ir só ver o que ele quer? - não entendia quando Payne começava com aquele escândalo, não era como se seus pais o torturassem toda vez que ele ia na casa Ortega.
- Com certeza é alguma coisa inútil! - o garoto bateu a mão na coxa, conjeturando os pedidos absurdos que Robert provavelmente faria. Sempre era algo estúpido para brincar com outros velhos tão atoas quanto ele.
- Você nem está fazendo nada, essa é uma ótima oportunidade de ficar bem aos olhos do papai. - a caçula decidiu, beijando a bochecha dele e selando o seu destino. Ele iria, era a decisão final.
Olhando para aquela criatura maravilhosa pendurada em seu braço, ele repetiu para si que precisava aprender o mais rápido possível a dizer não
- Caralho…
- Olha essa boca!
- Tommo, você vai junto? - Liam gritou da porta, torcendo para ter uma companhia com quem dividir a atenção indesejada do sogro.
- Só se eu puder subir para o quarto com as garotas. - Louis sorriu sem vergonha, pausando o videogame e assistindo a ruiva procurar o próprio celular em meio as almofadas jogadas no chão.
- Você só fala bosta, honey. - Westwick levantou e jogou seu console no colo do garoto - agradeça por eu ter que parar antes de virar o jogo e te derrotar.
Liam desapareceu porta afora com e em seu encalço e minutos depois, após boas buzinadas irritadas de Payne, passou tranquilamente pela dupla na sala e se dirigiu ao carro onde era aguardada.
Quando o automóvel se afastou tanto que o barulho estrada afora desapareceu, Tommo arremessou uma almofada em Zayn e falou:
- Zayn você tem que parar com isso.
- O que eu fiz? - o moreno ainda encarava o caminho por onde Meester passou, completamente absorto na incrível sensação de sonolência que o embalava.
- Ainda não fez nada, mas para de olhar pra . - Louis sentou, sentindo a pressão dos ombros tesos mandarem embora o em bem estar que sentia até ver o que os olhos diabólicos de Malik viam.
- Cala a boca, Louis… - Zayn desconversou trivialmente, levantando-se porque decidiu que um mergulho na piscina de fato cairia bem agora.
Louis o perseguiu pela casa, sem saber exatamente se iriam até a piscina externa ou a interna, que normalmente era de uso particular do Sr. Malik, mas quando ele não estava na cidade, se transformava em uma piscina pública.
- Cara, você não está realmente pensando em seguir com essa merda! - pressionou, preocupado demais para apreciar a galeria de fotos da infância de Malik, que costumava ser uma criança adoravelmente sorridente.
- Seguir o quê? Eu não estou seguindo absolutamente nada. - o moreno se fez de desentendido. Parou do nada, no meio do corredor, antes de finalmente tomar a decisão (sábia, diga-se de passagem) de que iriam ficar lá fora porque a piscina era maior e todo mundo sabia que Liam era gordo e ocupava muito espaço.
- Você para de graça. - Tomlinson estava começando a entrar em pânico: - Não tem nem duas semanas que eles terminaram. Você não pode estar realmente considerando ir atrás da .
As acusações de Louis eram bem sérias e Zayn estava sim um pouquinho irritado com a interrupção brusca de seu estado momentâneo de reflexão. E parte dessa irritação vinha também de ter sido exposto tão cruamente.
- Primeiro, eu não vou atrás de ninguém. - ele pensou em complementar com "elas é quem vem atrás de mim" mas começou a rir sozinho só de pensar em falar aquilo. - E depois, não faz diferença se eles "terminaram" semana passada ou ontem, não era sério, você sabe disso, eu sei disso, o Harry sabe disso.
- Vocês vão foder o meu relacionamento. - Tommo conjeturou começar a chorar ali mesmo para ver se amolecia o coração do outro. O amigo ia fazer uma GRANDE merda e nem tinha noção disso.
Louis conhecia Harry tão bem quanto conhecia o próprio irmão, uma amizade que ultrapassava quaisquer fronteiras do bom senso comum e o permitiam ter certeza que Styles estava arrependido por ceder a pressão de Benett e ainda mais, reconhecimento dos sentimentos do melhor amigo pela doida da .
Harry esteve feliz por algum tempo, e então sem rumo. Mas uma aproximação de Malik e iria destruí-lo.
- A nunca vai descobrir, e se ela chegar a saber de alguma coisa, nós fingimos que é uma grande piada. - Zayn assegurou, ajoelhando-se para enfiar a metade do braço dentro da água gelada.
- Para de ser doente, Zayn. - o outro se impacientou, enfiando as mãos nos bolsos do short de moletom que usava: - Eu não quero mentir pra minha namorada, e também não quero ficar sem namorada.
- Para você de ser exagerado, meu querido. - Malik riu - Procura a máquina de encher as boias, lá dentro, eu vou mandar mensagem pra trazer as boias que nós compramos para o verão.
Louis resmungou mais alguma coisa mas entrou na casa da piscina para procurar a despensa onde supostamente estaria a máquina. Enquanto isso Zayn ligou o registro vermelho porque assumiu que o vermelho esquentaria a água já que até então o registro azul estava ligado.
Ele podia acabar matando todo mundo fervido mas paciência, aquilo era o que ele poderia fazer de melhor.
- Tá aqui essa bosta. - Tomlinson retornou e largou o objeto em uma espreguiçadeira e deitou em outra, colocando as mãos atrás da cabeça. Como não recebeu resposta, decidiu continuar falando: - Eu estou falando sério, não faz nenhuma estupidez, cara. Eu realmente gosto da e nós não precisamos de nenhuma complicação.
- Por que eu tenho a impressão de que quando foi a vez do Styles você não fez tanto alarde? - Zayn estava mais uma vez com o braço enfiado na água, muito mais prazerosa e convidativa.
- Porque o Harry gosta dela!
- Ele gosta da Meester? - o moreno piscou, apoiando as mãos na cintura magricela. Logo estava sentado na ponta de uma outra cadeira, prestando muita atenção no papo de Tomlinson.
- Aham.
- Pois bem, se ele realmente sente alguma coisa boa pela , o que eu duvido muito, pode se sentir livre pra me dizer e eu saio do caminho deles.
- Mas eu já estou te dizendo que ele gosta!
- E eu não estou acreditando em você, Tommo. - Malik riu, achando a maior graça de como o amigo se exasperava facilmente. A discussão foi rapidamente encerrada quando as vozes altas de Liam e brigando ecoaram por toda a casa Malik. - Eu acho que eles já chegaram!
De fato o quarteto chegou em meio à uma severa discussão. Liam expulsou do carro no portão da residência Malik, já que ela afirmava o tempo todo que iria mais rápido andando do que dentro daquela "porcaria".
Payne aceitou competir com a menina até a casa, ela correndo e ele (e e no carro. A única exigência da ruiva era que ele jamais passasse dos 30km/h e Liam assim o fez, pelo menos até os últimos 100m quando ele acelerou de verdade e fez Westwick literalmente comer poeira.
- Você é realmente estúpida se pensa que corre mais que um carro, . - Liam cantarolou alegremente, carregando a grande bolsa que separou para guardar as roupas trocadas, protetores solar, chinelos, seu robe, óculos de sol, e as caixinhas com as boias comprimidas que Zayn pediu.
- Eu teria corrido, se você não fosse um trapaceiro de merda. Eu te odeio tanto que eu queria poder encontrar uma forma dolorosa o suficiente de fazer a sua existência infeliz. - justificava sua derrota, como se não fosse o suficiente todos saberem que ela tentou competir com um carro.
- Oh, acredite, ter que olhar pra você todos os dias já são punição o suficiente. - o rapaz devolveu.
- Graças a deus nós chegamos! - parecia realmente aliviada, afastando-se da dupla infernal passou direto por eles e entrou na casa da piscina para ir ao banheiro), caminhando até o primo.
- Nossa, - Zayn se surpreendeu com a alegria da menina em revê-lo, até cruzou os pés para dar espaço para ela sentar na pontinha. - mas não tem nem meia hora que a gente se viu.
- Eu só não aguentava mais - a caçula apontou para o próprio namorado e , que estava sentada no colo de Louis, contando como Liam era um burro idiota.
Payno por sua vez, estava animado para encher as boias e foi a primeira coisa que começou a fazer, ignorando em absoluto as presenças dos outros. Havia uma lista de preferências na sua vida e se divertir com aqueles brinquedos estavam sobre o topo de suas opções que se resumiam a discutir mais com e lidar com Zayn chapado.
- Já imaginou como ia ser perfeito se a Westwick e o Malik não estivessem aqui? - sentou de frente para o rapaz, olhando para a água cristalina que refletia os raios de sol que brilhava timidamente.
- É verdade… - Liam concordou levianamente, alegre por ver o flamingo rosa tomar forma.
A morena o observou por longos segundos, decidindo se falaria algo que o irritaria o amigo ou o faria rir. Decidiu, por fim, parar de evitar o tópico maldito e descobrir como andavam as requisições para a universidade:
- O que o seu pai achou sobre você só tentar Oxford?
- Ele concordou comigo, disse que não adianta parecer um desesperado. - o garoto explico, agora assistia pontuando alguns motivos porque tornavam justa a sua vontade de empurrar Zayn na piscina.
Mas acabou que ela mesmo desistiu porque concordaram que ele era lindo demais pra sofrer tal atentado.
- E se você não passar? - continuou pressionando.
Liam foi um filho da puta quando contou que simplesmente não se interessava por estudar em Cambridge, o que significava que logo mais os dois amigos iriam se separar. Na verdade ele não se interessava por nenhuma outra instituição além de Oxford e deixou todos apreensivos com as consequências de uma possível recusa da parte da Universidade.
Até mesmo Zayn, que não tinha grandes planos para o próprio futuro, não quis arriscar e esperava que fosse aceito em pelo menos uma das quatro universidades em que deu entrada no processo de pedido por uma vaga.
- Aí ele constrói uma biblioteca no nome da família. - Payne deu de ombros.
- Basicamente compra a sua carteira.
- Aham.
- Meu pai vai fazer a mesma coisa.
Ele percebeu como a amiga estava inquieta, diferente de sua usual pacificidade, mas não se deu ao trabalho de questionar sobre o que a incomodava tão profundamente.
Pelo contrário, ele preferiu assistir tirar o vestido de verão e exibir o biquíni azul como a própria água. A ideia do que viu lhe deu sede e ele levantou para ir atrás de algo para beber.
- Você não acha uma merda que nós não vamos mais estudar juntos? - falou de repente, saindo de qualquer realidade paralela em que estava e agora tentando dar um tom mais casual à sua pergunta.
Payne nem ao menos piscou, surpreso com o teor da pergunta. Mas logo percebeu que tinha uma resposta pronta, e a deu com um leve encolher de ombros.
- Não.
- Quem vai fazer minhas listas de física?
- Você não vai mais ter listas de física para entregar, .
- Eu sei, mas… - Meester suspirou e ficou emburrada: - Esquece.
- Eu estou errado ou você está ficando melancólica? - o garoto cruzou os braços, sorrindo petulante. Era ótimo poder encontrar uma brecha de vulnerabilidade naquela pequena filha da puta.
- Cala a boca.
- Eu vou estar há uma horinha de distância de você, sabe... - ele a provocou, aproximando-se para abraçá-la só porque sabia como a irritaria ainda mais.
- Eu não me importo. - Meester não se esquivou do abraço, mas também não retribuiu. Agora era tarde demais para recuperar sua dignidade, além do mais, e vinham em sua direção, curiosas.
- Nós vamos nos ver mais do que você gostaria, eu prometo.
- Sobre o que vocês estão falando? - , a senhorita discrição e educação, cruzou os braços no instante em que parou de andar, encarando a dupla como se eles tivessem cometido um crime horrível.
- Sai daqui, . - a rechaçou, como se fosse uma ofensa relembrar o comportamento desinibido da loirinha que era a única pessoa que podia ser intrometida como era sem ser pedante.
- Você está enchendo essa bóia de otário. - a ruivinha avisou, sorrindo maldosa ao ver a frustração aparecendo nos olhos de filhote do idiota: - Nós vamos jogar polo.
- Ah não. - Liam jogou a bóia no chão, quase perto de chorar de desgosto.
Ele só queria ser esquecido e ficar quietinho aproveitando a tarde, inferno!
- Vamos sim, vai ser divertido! - Tommo chegou junto, exibindo o shortinho de banho que Malik lhe emprestou. Inclusive o citado permanecia em sua cadeira, fumando mais um para "entrar no clima" e pensando sobre o que faria em relação à morena há alguns metros dali, alheia aos planos diabólicos que Zayn fazia para os dois.
- Ah vai! - sorriu diabólica mas tudo o que Louis via era a anjinha feliz que agora sorria para ele: - nós, garotas, contra vocês três.
- Eu vou ter licença pra matar a afogada se ela começar a encher o saco? - Payno resmungou, ignorando todo mundo conversando animadamente sobre a atividade.
- Aham. - prometeu, acariciando as costas do pobre namorado infeliz e jogou em seu colo a roupa de banho que Malik pegou na casa da piscina.
- Então tá, enquanto nós colocamos as redes, vocês vão pedir bebidas e comida pra gente. - Liam bateu as mãos, decidido a arremessar a bola pelo menos uma vez na cara de .
Ia ser um ótimo jogo apesar de tudo!
- Nossa, seu machista, por que você tem que arrumar a rede e eu ir atrás da comida? - cruzou os braços, sentindo-se particularmente ofendida por ter ficado com uma obrigação.
- Tudo bem então, vai lá colocar tudo que eu vou pegar comida. - Payne deu de ombros e já se dirigindo à casa para procurar alguém que providenciasse estoque de comidas e bebidas para seis adolescentes famintos.
- Gordo… - Meester murmurou, percebendo que ele não estava recuando e então começou a se desesperar: - Não! Volta aqui! , manda ele voltar!
- Liam! - Orteguinha chamou o namorado aos risos e em um minuto ele já estava junto a elas.
O restante da tarde transcorreu bem na medida do possível, considerando as figuras presentes no mesmo ambiente e a verdade é que quando o jogo acabou (um empate sufocado) todos estavam tão cansados e satisfeitos que nem sobrou tempo para brigar mais.
O fim de semana não demorou a passar e logo Horan, os Styles e Hilton estavam de volta a Londres, com a bagagem cheia de histórias engraçadas sobre a família maluca de Niall.
A loira, sentada sobre o mármore da bancada da cozinha, com sua calça de moletom vermelha, seus cabelos longos bagunçados e uma camiseta da banda Queen que na verdade era de seu irmão, comia tiras de bala de alcaçuz enquanto seu namorada almoçava um sanduíche que Emily havia preparado.
- O aniversário da está chegando. - lembrou mordendo uma guloseima e puxando-a com a mão até arrebentar. - E eu estava pensando que não existe presente melhor para a que eu saindo de um bolo! - arqueou as sobrancelhas, falando sério e Niall concordou mordendo um grande pedaço do seu sanduíche de peru que estava delicioso.
- Afinal você é um docinho. - o irlandês brincou limpando-se com um guardanapo - É capaz de ela ter uma overdose de doce ao assistir essa cena. - sorriu, vendo a menina rir divertida e curvar-se até ele para lhe dar um beijinho rápido e açucarado.
- Então para a já está decidido. O maior perigo agora é o Louis ter a mesma a ideia… - princesinha Styles preocupou-se cerrando os lábios.
- Se dois bolos enormes chegarem na casa dos Westwick eu descubro qual é o do Louis e o mando para a Escócia. - deu de ombro, terminado sua refeição e levantando-se da baqueta onde estava sentado
- Tenha certeza que você estará mandando o Louis, babe. - sua voz falhou um pouco ao fim da frase pois pulava de cima de bancada - Eu odiaria ter uma surpresa desagradável ao pular de um bolo… Seria desconfortável ver homens de saia. - pegou seu pacote de alcaçuz e dirigiu-se para o deck já que a medida que a primavera chegava a temperatura aumentava gradualmente.
- Primeiro; não são saias são kilts. E eu já te falei isso milhões de vezes. Segundo; falando em aniversário - Horan a seguiu, deixando o prato no mesmo lugar tendo certeza de que quando volta-se ao cômodo ele já estaria limpo e de volta ao armário - , sabe o que estava pensando?
Sentando-se sobre o acolchoado macio da banco de madeira que sua mãe levou meses para escolher, levando o arquiteto a loucura, a garota pode ver o loiro carregando aquele olhar sapeca e brilhante que ela conhecia há muito tempo e adorava.
- Na sua festa de aniversário você deveria esperar todos os convidados chegarem e aí - ele colocou as mãos sobre o quadril fazendo um suspense, vendo-a com perninhas de índio e muito curiosa para ouvir a grande ideia. -, você chegava de tirolesa.
cresceu os olhos, empolgada com as oportunidades infindas que surgiam em sua mente naquele momento.
- Ou - a caçula Styles tinha ambos os dedos indicadores em riste mirando o namorado, totalmente entusiasmada com a comemoração que ocorreria apenas em agosto - , num balão de ar quente!
Niall bateu uma palma, erguendo as mãos, gesticulando exageradamente: - Nós podemos contratar uma outra garota para se passar por você e aí ela chega de tirolesa e você de balão. Mas a parte legal é que - sentou-se ao lado da namorada, sorrindo abertamente - as pessoas vão ficar confusas!
A loirinha riu da estupidez que falavam e enrolou os dedos nos fios curtos dele fazendo um caminho de beijos da bochecha do rapaz até seus lábios, enquanto Horan envolvia a cintura dela, trazendo-a para mais perto e fazendo um carinho gostoso em sua nuca que a causava arrepios.
Não demorou muito para ouvirem alguém limpando a garganta próximo a eles e se separarem rolando os olhos tendo em mente que o (literalmente) estraga prazeres era Harry que ainda não havia dado as caras desde que o irlandês chegara na residência dos Styles, o que era muito estranho, já que o cacheado não conseguia conter-se em incomodar a irmã de todas as formas possíveis como também em passar muito tempo conversando com Niall apenas pelo prazer da companhia do amigo.
Mas quem tentava chamar atenção de forma sutil era na verdade Desmond, que carregava um sorrisinho cerrado e desgostoso nos lábios por ver sua enteada atracando-se com o namorado. Na verdade, as crianças não faziam nada demais, nada além do permitido e aceito pela moral e bons costumes, todavia a imagem que ele presenciou foi totalmente deturpada por sua mente rígida de pai atencioso e amoroso que apenas queria proteger sua pequena loira meiga e dissimulada.
- Oi papai. - sorriu ignorando totalmente o descontentamento que Des a lançava com o olhar.
Horan por sua vez teve a face tomada por todas as cores possíveis e arrumou a postura, endireitando a coluna e sentando-se como um rapazinho educado, torcendo para que o sogro não fizesse um comentário engraçadinho que na só servia para deixá-lo com vontade de afogar-se na piscina.
- Oi querida! - Sr. Styles curvou os lábios num sorriso imenso, aproximando-se do casal e ocupando a poltrona a frente deles. - É sempre um prazer tê-lo aqui em casa, Niall... - falou ao menino que o mirou aliviado por nenhum comentário ácido e chegou a acomodar-se no banco - Sugando toda a inocência da .
O irlandês precipitou-se no pensamento...
- Imagina Sr. Styles, o prazer é meu. - riu nervoso, piscando para o homem que arqueou as sobrancelhas devido a fala atrevida do garoto, enquanto rolava os olhos entediada.
Sabia que o namorado ficava nervoso nos primeiros cinco minutos de conversa com Desmon, que sempre usava as infelizes falas de Niall para criar as melhores piadas e contá-las nos coquetéis ao apresentar o genro para algum acionista.
- O senhor estava indo para algum lugar, papai? - a garota indagou, implicitamente pedindo para o mais velho deixá-los sozinhos.
- Sim. Para o meu deck, sentar na minha poltrona para conversar com a minha filha. - pontuou, fazendo-a ter certeza que ele e o filho tinham muito em comum. - E então crianças, como está a escola?
- A mesma coisa de sempre. - a loira deu de ombros, segurando uma das mãos de Horan e apoiando-a em seu colo.
- Agora que o senhor me perguntou, eu lembrei! - o rapaz começou a falar e Des voltou-se totalmente para dar-lhe atenção - Ontem eu recebi uma advertência porque cheguei atrasado pela terceira vez na aula e eu me senti ultrajado! - sua voz carregava revolta e o homem mais velho franziu o cenho, parecendo interessado na história do genro - Sou um aluno do último ano!... Não! Sou um aluno do último semestre! - corrigiu-se a fim de deixar tudo mais dramático - Chegar atrasado é algo que eu faço desde o meu primeiro dia na Eton, eles já deveriam estar acostumados! Mas agora eu tenho que ficar na detenção por três dias e isso me força a tomar medidas drásticas… Sr. Styles, o senhor precisa fechar a Eton!
Desmond alternou os olhos do garoto com expressão séria para a caçula que ergueu as mãos em rendição, não querendo se meter naquele tópico: - E-Eu fico lisonjeado pela sua opinião ingênua das minhas proezas empresariais - visivelmente não sabia como se portar diante aquele pedido ousado e cheio de ódio - , mas acredito que isso esteja fora do meu alcance.
- Argh, meu pai também se recusou…. - o loiro resmungou, fazendo uma careta e virando o rosto, perdendo a risada silenciosa do sogro, que negava com a cabeça.
- Isso me fez lembrar de uma coisa! - animou-se, endireitando a postura e sentando-se com pernas de índio. - Eu cheguei a falar que o Niall conheceu meu pai? - questionou ao padrasto que intercalou os olhos dela para o menino que ficou totalmente rabugento.
- E o que exatamente te fez lembrar disso, babe? - o loiro a fitou com o cenho franzido - A minha tristeza de espírito?
- Não! - o respondeu ofendida e desentendida. - Essa história toda de pai… Como assim tristeza de espírito Niall? Que história é essa?! - cruzou os braços indignada - Ai tanto faz. Enfim papai - voltou a atenção para Desmond que sorria achando graça da interação do jovem casal - , foi muito legal!
- Não foi não. - Horan cochichou para o sogro, que tentou permanecer sério já tendo em mente como deveria ser difícil aguentar Russel Koch que havia se encontrado com Des apenas duas infortunas vezes, para a infelicidade do Sr. Styles.
virou o rosto para o namorado pensando ter ouvido alguma coisa, mas o rapaz apenas sorriu para ela, incentivando-a a continuar alterando completamente a história e fazendo parecer de que ele tivesse gostado das horas horríveis ao lado do sogro número um completamente maníaco.
- Aposto que você deve ter adorado o Russel, Niall. - o mais velho instigou o assunto a continuar a fim de divertir-se mais.
- Sim!
- Eu odeio ele.
Princesinha Styles falou e o irlandês sussurrou respectivamente fazendo Desmond cair na risada e juntar as sobrancelhas, não entendendo aquela reação e encarar o garoto ao seu lado a fim de que ele pudesse o explicar o acesso de gargalhadas por parte do anfitrião. Contudo Horan apenas deu de ombros fingindo não entender o que acontecia.
- Me desculpem… É só que eu me lembrei de uma piada que o Harry me contou hoje no desjejum. - Des mentiu, passando as mãos pelos cabelos parcialmente grisalhos.
- Qual? - a menina o perguntou.
- As piadas do seu irmão são todas sem graça, querida. Continue a sua história. - sorriu simpático e acenou para que ela prossegui-se, todavia Harry apareceu na porta com a expressão cansada e uma mochila nas costas.
- Eu já vou indo pessoal. - o cacheado avisou sorrindo cerrado.
Sua irmã levantou-se rapidamente, correndo até ele e abraçando-o forte sendo escondida pelo agasalho que ele usava ao ser abraçada de volta.
- Boa sorte, Hazz. - ela desejou baixinho e ficou na pontinha dos pés para beijá-lo na bochecha.
- Para onde você está indo, cara? - Niall também foi até o amigo, cumprimentando-o pois desde que chegara na residência da namorada não teve sinal dele.
- Visitar minha mãe. - o moreno tentou devolver o cumprimento do irlandês, mas a menina ainda estava com os braços ao redor de sua cintura, impedindo-o de mover-se direito, o que o fez rir.
- Harry, qualquer coisa que acontece, qualquer coisa, você me liga. Tudo bem? - Desmond o aconselhou, conseguindo despedir-se do rapaz quando finalmente afastou-se.
O moreno acenou para todos ainda com o mesmo sorriso cerrado e partiu até a garagem onde o chofer já o esperava próximo ao carro onde sua mala estava.
No refeitório principal da Eton eram poucas as mesas de dez lugares, na verdade apenas duas das dezenas de mesas dispostas ao longo do salão possuíam dez assentos, o restante continha quatro a seis lugares.
Nos dias de glória do grupo alguém sempre chegava mais cedo para conseguir pegar uma das disputadas maiores mesas, todavia aquilo não era mais uma realidade para os jovens pois aos poucos eles foram se fragmentando. Mesmo tendo passado um mês e uma semana desde que terminara com Zayn, o rapaz ainda não podia ouvir a voz macia da modelo sem bufar e rolar os olhos, o que compreensivelmente incomodava Hilton que naquele momento almoçava com Niall, e . Além daquele caso, naquela quinta feira fazia exatamente uma semana desde que Harry havia falado para que eles não passavam de uma brincadeira, porém o moreno estava mais uma vez na América e Meester almoçava sozinha até que apareceu com um sorrisinho afável para fazer-lhe companhia. Já Louis, Liam e Malik ocupavam outra mesa aos fundos do salão.
- Hoje tem educação física, não é? - princesinha Styles lembrou-se, rolando os olhos e apoiando o cotovelo sobre a mesa - Eu odeio suar. - fazia uma careta sofrida.
- Vão fazer a atualização da nossa ficha técnica. - para o desespero da amiga, a lembrou.
E aquela atualização representava salto em distância, arremesso de disco, corrida com e sem obstáculos e lançamento de peso. deixou a testa cair sobre a bandeja vazia, fazendo o namorado à sua frente rir, já era o oposto da melhor amiga.
- Eu nem sei porque ainda nos fazem competir. Será que o Flanagham ainda não percebeu que existem pessoas que nasceram para ser boas em esportes, vocês até podem tomar a minha pessoa como exemplo e, outras são tipo a ... - Westwick questionou realmente curiosa, mirando cada um dos amigos que sorriam cerrado, não acreditando nas palavras presunçosas da ruiva.
- Como ousa?! - a loirinha soou ultrajada ao notar o insulto mascarado em uma piada.
- O foco é que a atualização da ficha só serve para ser escrito um novo ano no topo, afinal os resultados serão os mesmos.
- Não tem como ser bom em tudo, . - Niall soltou uma risadinha pelo nariz, afundando-se em sua cadeira e apoiando o braço no encosto do assento de .
- Ah desculpa, acho que ainda não fomos apresentados, você é novo aqui, não é?! Prazer, , a pessoa que é boa é tudo. - Westwick estendeu sua mão ao garoto.
O loiro arqueou as sobrancelhas, abaixando o rosto e voltando os olhos para Hilton que ouvia a conversa quietinha comendo seu pedaço de pizza, assim como que já pensava em uma forma de conter os danos, pois apesar de ser boa em mais da metade do que fazia seria difícil ela superar todas as meninas da Eton em todas as modalidades de atletismo.
- , isso é só uma hipótese - sua melhor amiga começou a falar, buscando pelas palavras mais macias e confortáveis para que o demônio ruivo não se magoasse, ou pior, destruísse o refeitório inteiro - , caso você não fique em primeiro lugar...
- Eu vou ficar. - Westwick certificou-a.
- Mas caso você não fiquei em primeiro lugar em tudo...
- Eu vou ficar. - a garota repetiu, não compreendendo todo o drama que o pessoal colocava em cima daquela bobagem.
- Deixa eu terminar de falar, ! - a caçula Styles irritou-se e como castigo, roubou um dos bombons que estavam na bandeja da outra menina que tentou protestar, mas a loira já o comia - Caso você não fique em primeiro lugar, o que vai fazer? - indagou com a boca cheia de chocolate.
- Ah isso é fácil. - deu de ombros, apoiando as costas no encosto e cruzando os braços. - Caso isso aconteça eu serei uma vergonha para a minha família e não servirei de exemplo para minhas irmãzinhas, então terei que sair de casa e me castigar diariamente devido a humilhação que passei. - disse simplesmente dando de ombros e vendo que cobria os lábios para rir de sua fala - Não estou entendo a graça, . - olhou para os lados, forçando um sorriso cerrado, fingindo que falava sério.
- Bom, eu espero de verdade que você esteja brincando, porque é óbvio que você não vai ficar em primeiro lugar em tudo. - Horan pegou uma rodela de pepperoni sobre uma das fatias da pizza de Hilton.
o encarou indignada com a audácia daquele filho da puta de dizer aquilo em sua cara! Ela estava perdendo o jeito, alguns meses atrás o imbecil nunca teria a pachorra de jogar algo daquela gravidade na mesa.
- Niall, você pode estar namorando a minha melhor amiga, mas isso não me impede de enfiar essa bandeja na sua cara! - ameaçou calmamente para que ele se atenta-se a cada palavra e tom daquela frase seríssima e sem blefe.
- Eu tenho sociologia na hora que você tem educação física - o garoto lamentou - Queria muito assistir essa aula.
- Tudo bem - Ortega falou para e enquanto se aproximava da pista de corrida. - , se eu tropeçar e cair no percurso vou fingir que passei mal e vocês vão me acudir. - brincou instruindo as meninas que riram de sua fala
A educação física havia começado e todas as garotas já usavam seus uniformes de atletismo. Como as fichas técnicas vinham sendo atualizadas houve a junção de três turmas e então grupos foram formados para que cada um competisse em uma das cinco modalidades.
A contragosto preparava-se para o lançamento de peso. Hilton já havia feito seu salto em distância o que de acordo com era injusto pois a modelo tinha um metro só de perna e dessa forma conseguiria um resultado melhor que ela que tinha um metro e sessenta e dois de altura.
Falando em Meester, a morena deveria se aquecer para o arremesso de disco, mas isso exigia muito esforço e ela estava com preguiça, então preferiu ficar seguindo já que pela primeira vez na história da Eton elas tiveram a oportunidade de terem uma aula juntas, como aquilo era um milagre, decidiu investir seu tempo no que realmente importava, apoiar e fazer chacota da caçula que se preparava para a corrida sem obstáculos.
- Você sabe que isso não vai acontecer, não é? - apoiou as mãos na cintura já rindo ao imaginar a cena catastrófica da caçula rolando pela pista de corrida - se você cair eu vou rir tanto e vou tirar tantas fotos que você nunca vai se esquecer desse dia.
- Ah que ótimo! Valeu. - forçou um sorriso, mas o que sentia era medo.
Sabia que se caso cometesse alguma gafe de nunca a deixaria esquecer, entretanto estava brincando quando dissera que poderia cair no meio da prova afinal passava horas a fio equilibrando-se sobre a ponta minúscula de uma sapatilha desconfortável, o mínimo que poderia angariar com aquele método de tortura que tanto amava era estabilidade para correr alguns metros. Todavia toda aquela história de humilhação gratuita começou a incomodá-la.
- Eu vou emoldurar a sua queda e pendurar no meu quarto. - continuou.
- , o mais importante - também sorrindo pela maldade de Meester, voltou-se para a mais nova - , se você cair, em hipótese alguma levante! Nós vamos fingir que sua pressão caiu.
- Você vai fingir, eu vou estar ocupada rindo. - lembrou-a - Boa sorte, . - seu humor mudou totalmente, apoiando a melhor a amiga que levantou o dedão fazendo uma joinha com um sorriso engraçado no rosto afastando-se para se posicionar em sua raia. - Ela vai cair, né? - perguntou baixo para que cerrou os lábios incerta.
Ortega era uma negação na educação física devido ao instrumento que geralmente era utilizado nas aulas: a bola. A garota dizia temer por sua vida e a cada vez que lhe arremessavam uma bola de beisebol ao invés de rebater com o taco ela se encolhia, quando a chutavam a bola de futebol a morena congelava no campo e era atropelada por no mínimo três outras garotas desesperadas que corriam atrás da bola, no vôlei sempre desviava, no basquete corria para o lado contrário, no handball caminhava ao lado de alguém do próprio time para que em hipótese alguma lhe fizessem um passe e na queimada era sempre a primeira a ser atingida.
Mas quando o assunto era atletismo a morena não era tão ruim assim. Afinal o preparamento físico ela tinha, a disposição também e o melhor era que nenhuma bola estava envolvida!
- Vamos lá meninas - um dos assistentes de Flanagham batia palminhas contidas chamado atenção das que iriam participar da corrida sem obstáculos.
- Oi . - disse atrás amiga que se inclinava para frente a fim de tocar os pés com as mãos sem dobrar os joelhos.
- Oi. - virou o rosto sorrindo para ela, juntando as sobrancelhas ao vê-la posicionando-se a raia ao seu lado. - O que você está fazendo? - com a coluna já ereta, indagou.
- Me preparando para a corrida.
- Essa não… - fechou os olhos sentindo-se odiada por todas as criaturas místicas do universo que a colocaram numa competição com Westwick.
Vencer estava fora de cogitação para e a menina nem ao menos se importava. Porém tinha certeza que a infernizaria o resto da semana pois com certeza a ruiva ficaria em uma colocação melhor que ela.
- O quê? - a mais velha franziu o cenho, visivelmente ofendida pela reação da morena que soava muito decepcionada por tê-la ali.
- Nada. - Orteguinha forçou um sorriso, tentando disfarçar. - Nada mesmo. Nada que você tenha que se preocupar! Nada. Nadinha.
- Okay… - meneou a cabeça fazendo movimentos circulares com os ombros enquanto a encarava séria - Tudo bem, o que foi? - incomodou-se com o olhar bizarro da garota de olhos imensos sobre si.
Ortega suspirou alto colocando as mãos na cintura e encarando o ambiente ao redor analisando sua melhor rota de fuga pois nunca teve as piadas mais ácidas de sobre si, mas já havia presenciado alguns episódios e nenhum deles acabava bem.
- , é só que não é segredo para ninguém que eu sou uma negação em esportes e você… bem, você é muito boa além de ser doentiamente competitiva! - a ruiva sorriu, feliz pelo elogio e orgulhosa de si - E como nós somos obrigadas a competir uma como a outra, nesse momento, eu apenas quero pedir do fundo do coração para que você, por favor, não deixe o lado negro da força te dominar e assim sua mente sádica prevaleça e você me humilhe até o fim dos tempos ou então até alguma de nós morrer.
Westwick riu compassiva e o som de sua risada transmitia carinho. A ruiva aproximou-se da caçula colocando ambas as mãos nos ombros de Ortega: - É impossível. - a auréola que até então pairava sobre a cabeça de explodiu, sendo substituída por um sorriso maligno e psicótico.
soltou uma risadinha sem graça, mantendo seus assustados fixos na louca a sua frente e pensou que começaria a chorar, contudo seus pensamentos foram interrompidos por um grito de Flanagham que pedia para que todas se colocassem em suas posições.
O professor de educação física, com seu famoso apito preso em um cordão ao redor do pescoço e a prancheta embaixo do braço esperava que as alunas terminassem de se preparar e ao varrer o local com seus olhos atentou-se para um quesito em especial.
- Senhorita Meester. - caminhou até que conversava com que havia arremessado seu disco e descansava antes de voltar a aula. havia saído para fazer o lançamento de peso.
A morena voltou-se sorridente para o mais velho que devolveu o sorriso simpático, pegando sua prancheta e checando sua suspeita.
- A senhorita ainda não completou nenhuma das modalidades? - perguntou já sabendo a resposta, afinal toda ficha que analisava não havia anotações à frente do nome da garota.
- Não. - respondeu negando com a cabeça e cruzando as mãos a frente do corpo, percebendo que ao seu lado, a caçula Styles crescia os olhos e os intercalava entre ela e Flanagham.
- Não acha que deveria começar? - o professor franziu o cenho chocado com a sinceridade da menina.
- Deveria… Mas eu odeio isso mais que aplaudir outras pessoas… - arqueou uma sobrancelha, esperando que sua honestidade a livrasse das atividades propostas.
O homem piscou algumas vezes precisando de um tempo para absorver tanta audácia e falta de vergonha e ao recompor-se colocou a prancheta embaixo do braço e segurou o apito entre os dedos.
- Meester vá agora para a corrida com obstáculos. - mandou, soprando o apito que fez a morena dar um pulinho devido o som agudo demais e encolher-se desejando afundar aquela merda na cabeça daquele desgraçado.
- Mas professor… - tentou interceder pela própria causa e foi impedida pelo mesmo barulho insuportável já que Flanagham apenas soprou o apito mais um vez. - Se o senhor me deixar explicar… - ele soprou o apito - É que eu… - apito - É uma questão simples de… - apito. - Eu estou indo! - revoltou-se e saiu zangada até onde um dos assistentes que instruia algumas de suas colegas para porcaria da corrida de obstáculos.
Princesinha Styles riu baixo e passou as mãos pelas duas trancinhas que Hilton havia feito em seus quando estavam no vestiário se trocando para a aula de educação física. Ainda alheia não notou que o professor a mirava de braços cruzados e expressão irritada, contudo ao notá-lo envergonhou-se e colocou o dedo indicador sobre os lábios indicando que não falaria uma palavra temendo que ele usasse o instrumento do capeta conhecido como apito. sorriu ainda constrangida, tentando disfarçar e indicou que estava a caminho de alguma tarefa e saiu correndo para bem longe sem olhar para trás e ver que o homem rolava os olhos.
e Orteguinha que riam do infortúnio de Meester e puderam ouvir o grito de Flanagham que avisava que a corrida finalmente iria iniciar. As meninas que competiriam na modalidade posicionaram-se, respirando fundo e ao famigerado som do apito do professor todas começaram a correr os 200 metros que as separavam da linha de chegada.
concentrava-se mais em inspirar e expirar corretamente a fim de evitar dores abdominais causadas pelo baço e demorou alguns segundos para se chocar com o fato de que entre ela e a linha de chegada estava apenas uma pessoa e o mais inusitado era que essa pessoa não era Westwick!
Ortega olhou para o lado a fim de encontrar a ruiva e pode vê-la esforçando-se para conseguir puxar o ar com suas narinas e fazer os músculos de suas pernas, juntamente com seus pés, a impulsionarem a frente para conseguir alcançar a mais nova. Foi então que a morena correu como se sua vida dependesse daquele resultado e tirou o resquício de fôlego que guardava para passar da linha de chegada em segundo lugar, notando que poucos segundos a separavam de .
A caçula apoiou as mãos nos joelhos, com os lábios entreabertos não apenas para que o fluxo de ar direcionado a seus pulmões fosse maior, mas também por que estava abismada que havia chegado em segundo lugar. Correu até , que afastada da pista assistia a corrida.
- Você viu?! Eu cheguei em segundo lugar! Eu consegui! E sem cair! - comemorava vendo o sorriso orgulho de Hilton.
- Eu também vi que você chegou antes da e ela está vindo para cá. - avisou, rindo da morena que cresceu os olhos temendo por sua vida. - Corre , se salve, saia daqui! - fez sinal para a amiga que de fato saiu em direção ao vestiário, já que havia completado com êxito todas as atividades.
- Ninguém comenta o que acabou de acontecer aqui. - Westwick determinou e apenas concordou com a cabeça não ousando manifestar-se sobre o ocorrido. - Eu vou para o vestiário.
Hilton até calculou a possibilidade de cometer um homicídio já que Ortega estava sozinha e desprotegida no vestiário feminino, mas preferiu não fazer alarde e confiar que a mais velha ainda não havia sido corrompida por maldade e no fundo, bem no fundo, lá dentro mesmo, onde era quase inacessível, ainda existia humildade e compaixão. Outro quesito que não conseguiu evitar, foi que seria impossível não comentar sobre aquela aula de educação física e que para o temor da demônia ruiva provavelmente parte do grupo como , Liam e Harry não esqueceriam daquilo tão cedo.
A sexta-feira veio e com ela estava indo o restante da sanidade dos alunos. Os corredores da Eton estavam como sempre abarrotados e crianças animadas buscavam suas classes ou só passeavam em nome da boa e velha necessidade social.
O pequeno feriado na semana anterior deu a todos fôlego para começarem a semana com melhor humor e mais disposição, mas nem mesmo o melhor dos humores foi capaz de resistir à pressão de tantas responsabilidades.
Mas diferente dos ânimos renovados dos outros, jurava que ainda estava cansada por causa do fim de semana extensivamente ocupado, e não cansava de dizer isso para todo mundo. Na verdade, ela passou a semana toda repetindo o mesmo mantra e só parou na sexta feira quando estavam a caminho da escola e Harry ameaçou jogá-la para fora do carro se fosse obrigado a ouvir aquilo mais uma vez.
Aí ela resolveu perguntar sobre as "conquistas" dele durante o feriado (já que ele foi mais que eficiente em se esquivar dela durante toda a semana) e o rapaz preferiu que ela voltasse a reclamar de cansaço mas felizmente se livrou das perguntas inquisitivas porque chegaram na escola e Niall já estava no estacionamento, aguardando-os.
- Faltam quantos dias para as férias? - o irlandês perguntou e suspirou tão profundamente que Harry até ficou triste.
- Muitos. - ele respondeu mal humorado. Era incrível como ele acordava feliz e agradecido pelo dom da vida, mas aí descia e encontrava a irmã na cozinha e sua gratidão ia por água abaixo.
- Palhaço. Ainda bem que vocês chegaram, está todo mundo no jornal. - Horan aceitou de bom grado a mochila da loirinha, que preferia ter as mãos desocupadas para escondê-las no bolso de seu casaco.
- Todo mundo? - Harry estranhou. Eles costumavam estar sempre no local, mas divididos. Essa seria a primeira vez que eles estariam todos juntos no jornal da Eton.
- Todo mundo. - Niall confirmou com um aceno.
- Todo mundo mesmo? - Styles persistiu, ainda cético.
No caminho até os amigos, ele começava a notar que sentiria falta de seu fiel público que sempre pareciam felizes quando o viam.
- Sim, Hazza, a deve estar lá. - jurava entender o motivo real dos questionamentos do irmão e por isso tratou de saná-los, podendo finalmente chegar no x da questão: - Aconteceu alguma coisa, Niall?
- O Tommo está surtando. - Horan foi breve. Não tinha graça contar tudo agora, era melhor ter um pouquinho de paciência e logo os Styles poderiam ver com os próprios olhos o que se passava dentro das quatro paredes.
- A traiu ele? - Harry franziu o cenho. Poderia, é claro, ser algo sobre a aposta, mas ele duvidava disso porque Niall não era doido o suficiente para esquecer de mencionar ou dar qualquer indício do que se tratava.
- Pior.
- Pior que traição? Ele pegou a doida no flagra? - o cacheado agora estava tão agitado quanto a própria irmã, que encarava o namorado com os olhos arregalados e expressão tensa. Era muita informação para uma segunda-feira de manhã!
O mais desconexo de tudo isso é que , a namorada do Tommo, não havia comentado nada com e o próprio Louis não mandou uma mensagem sequer para o melhor amigo. Então as duas pessoas mais próximas do centro da trama não sabiam de porra nenhuma.
- Quê? Não! - o loiro começava a ficar confuso com as sugestões indecentes do amigo.
- Nada pode ser pior do que isso… - Styles não conseguia se controlar! - Ela está grávida? De outro?
- Cala a boca, Harry. - o Irlanda interrompeu os devaneios do outro e se explicou: - Ele perdeu o prazo de Manchester.
Um alívio percorreu pelos Styles e Harry, que achava uma merda a ideia do amigo indo para Manchester, disse:
- Ah nem é tão ruim assim.
Mas Niall não havia terminado:
- E Cambridge.
- Porra.
- Coitadinho! E agora? Ele vai ficar sem estudar? - foi mais amistosa, realmente preocupada com o futuro do Tommo.
- Claro que não, . Ele vai pra Oxford. - Harry, um docinho de irmão, explicou impaciente. Louis não tinham nem o direito de ficar frustrado porque o plano sempre foi Oxford.
- Se ele passar… - Niall cochichou para a menina, apertando sua mão como se dissesse "seja o que Deus quiser".
- Ele só não vai pra Oxford se for um imbecil. - Styles murmurou sozinho, praticamente chutando a porta do jornal para a grande surpresa de todos ali.
Todavia, a situação com que se deparou não foi exatamente o que Niall havia lhe preparado para. Muito pelo contrário, todos estavam na mais perfeita paz e a coisa mais perturbadora que parecia ter acontecido ali, foi a entrada abrupta do trio.
Haviam uns quatro ou cinco estudantes profundamente entretidos com seus próprios computadores, a sala de reunião estava sendo usada por mais alguns alunos e seus amigos estavam na sala de .
A própria demônia estava apoiada contra sua mesa a ler um texto, Zayn havia puxado uma das cadeiras para o canto mais oposto de onde estava e acabou atraindo Liam e para perto dele, dividia o sofazinho com e as duas já haviam registrado para a história o momento e agora estavam entretidas em seus próprios telefones.
O próprio Louis estava sentado, pacificamente, e sorriu quando viu o amigão:
- Harry!
- Vocês drogaram ele? - o rapaz, horrorizado, olhou para todo mundo, assistindo o amigo lutar contra o sono, piscando repetidas vezes. E acabou esperando que Liam lhe desse uma resposta decente.
- Em tese, sim. - Liam respondeu com um dar de ombros e aquela resposta não convenceu ninguém.
- Cala a boca, Payne. Ninguém está drogado aqui. - Westwick explicou: - Você está drogado, Zayn?
- Hoje não. - o moreno respondeu com um sorrisinho sujo.
- Então não tem ninguém. - cruzou os braços e sorriu cerrado, totalmente no controle da situação.
- Mas… O Niall falou que… - , que estava mais perdida do que cego em tiroteio, foi até o amigo que ostentava uma calma monja, e o observou preocupada. - Que ele estava surtando!
- E ele estava! - Niall defendeu sua honra, fechando a porta atrás de si.
- Foi horrível! - explicou para os Styles, para que o melhor amigo não saísse como mentiroso na história.
- Eu nunca vi o Lou vermelho desse jeito. - complementou, sentindo-se quase tão mal como o próprio Louis. Ela não pode evitar os olhos brilhantes com lágrimas quando o menino sentou no chão e começou a falar que a vida dele acabou.
- Gente, o que está acontecendo? - princesinha Styles começou a se afobar, usando sua criatividade infinita para imaginar as mil e uma coisas que poderiam ter acontecido em tão curto espaço de tempo.
- O que vocês fizeram com ele? - Harry apontou para o moribundo.
- Nada!
- Eu não fiz nada.
- O Lou começou a surtar porque ele perdeu o prazo de Manchester e Cambridge. - explicou, não para Harry, e sim para .
- Ele acha que perdeu. - Zayn corrigiu.
- Acha? - Styles piscou uma só vez.
- Zayn? - a voz de era tensa e ela começou a se mexer inquieta.
- O que você fez, cara? - Liam não estava tenso porém começou a ficar irritado só de imaginar que Malik teve a pachorra de pregar uma peça em todos eles.
- O que você está falando, seu demente? - balançou a cabeça, incomodada com a existência do imbecil. Eles estavam resolvendo uma situação séria ali, e já não bastava o surtado do Harry, Malik tinha que arrumar um jeito de chamar a atenção.
- Só pra avisar, o Zayn estava fumando sim antes de vir pra cá. - Orteguinha explicou antes que alguém começasse de fato a dar ouvidos ao que o primo falava.
- Eu só acho que ele pode ter feito muito escândalo pra nada. - o moreno deu de ombros, voltando a ficar quieto.
- Cala a boca, Zayn. - Styles esfregou as mãos, esperando o que seria o próximo passo a ser tomado. Afinal de contas, Louis não podia ficar o dia todo ali, podia? - E agora, o que a gente vai fazer com ele?
- Tem alguma coisa a se fazer? - não tinha tanta certeza de que existia outra alternativa além de deixá-lo ali pra sempre.
- Eu não posso sair daqui, tenho que finalizar ainda hoje a edição e mandar para o Burrows. - se escusou.
Não havia como abandonar suas obrigações antes que a edição quinzenal estivesse pronta para distribuição.
- Ele tem pais, sabe… - Niall deu a sugestão mais sábia em meio a situação tão estranha.
- Deus me livre, o Mark vai chorar mais que ele. - sabia que o sogro ia ficar desapontado, além do mais, não era sua notícia ruim para sair espalhando por aí. Já bastava as ameaças que iria fazer para que os colegas do jornal não abrissem a boca.
- Isso é verdade. - concordou. Achava incrível como Mark e Louis eram parecidos nos exageros.
- Eu posso levá-lo lá pra casa até vocês decidirem o que fazer. - Harry decidiu salvar o dia: - Nem sei pra que tanto escândalo, ele iria para Oxford de qualquer maneira.
- E se…
- Não! - Westwick interrompeu a melhor amiga. - Nem termine isso.
- Tá, e o que eu faço se ele começar a surtar de novo? - o cacheado inquiriu, preparando-se fisicamente para retirar o peso morto que era Louis, que adormeceu em algum momento da curta conversa.
- Surtar? - riu - Em meia hora ele vai apagar e só acorda amanhã.
- Caralho…
- E que nós vamos fazer?
- Vão sair da minha sala agora e ir estudar porque eu não sou obrigada a aguentar vocês.
OOO
A primavera se aproximava e apesar de o uso de casacos ainda ser preciso a frequência de dias chuvosos diminuía gradualmente e já era possível admirar pela cidade os botões de flores ainda envergonhados que apareciam aos poucos pelas árvores e arbustos. Gradativamente Londres despertava do inverno cortante e rigoroso.
Como a temperatura já não mais castigava os habitantes da capital, os alunos da Eton ocupavam o gramado frontal à medida que chegavam e um deles era Zayn, que se mantinha afastado da grande porta principal, escondido atrás de uma árvore, apoiado em seu tronco largo para que pudesse fumar seu cigarro longe dos olhos dos supervisores que com certeza o dariam uma advertência por fumar nas dependências do colégio.
A sua frente estava a prima, com quem conversava desde o caminho percorrido até o colégio e, ao lado dela usava o celular entediada e concentrada no seu feed do instagram. Não demorou para Liam chegar cumprimentando a todos com um beijo na bochecha, até mesmo Malik, que rolou os olhos mas acabou rindo ao encarar a expressão divertida de Payno que queria apenas incomodá-lo.
- Oi gente. - se aproximou de todos arrumando a bolsa no ombro e não surpreendeu-se ao ver Zayn acendendo um cigarro, ignorando sua presença. - O Niall falou alguma coisa para vocês noite passada?
- Não… Por quê? - Orteguinha questionou já curiosa - Aconteceu alguma coisa?
- Eu não sei! - a modelo cruzou os braços mantendo o cenho franzido, o que evidenciava sua preocupação - Hoje de manhã quando acordei vi que ele me mandou uma mensagem de madrugada falando que não vinha para aula porque, simplesmente, está nos Estados Unidos! E não era uma brincadeira sem sentido porque o número dele mudou para o de lá.
Ao revelar o aviso do irlandês pode ver todos os amigos estranharem e até mesmo Malik voltar os olhos castanhos para ela, o que a fez desviar o olhar pois era insuportável tê-lo mirando-a. Afinal era devastador o ódio que o moreno carregava por ela e cada vez que a menina ouvia sua voz constante e macia, aspirava seu perfume, admirava seu sorriso ou apenas o fitava, se arrependia da decisão tomada há um mês e duas semanas.
- Por que ele faria isso? - Liam indagou confuso. - Será que foi ideia da ? Afinal ela também não chegou ainda. - lembrou a todos que cogitaram a chance de o jovem casal ter provavelmente fugido para as terras estrangeiras.
- Pelo amor de deus hein! - Meester colocou as mãos na cintura, rolando os olhos irritada - O Niall é o maior fofoqueiro do grupo e não serve nem para repartir a fofoca direito?!
- Ele não disse mais nada! - Hilton falou - O motivo da viagem, se foi sozinho, nada...
- Não faz sentido eles irem para os Estados Unidos assim. - soava preocupada, mas a verdade era que sua curiosidade estava a matando. - Olha ali a , talvez a tenha comentado alguma coisa com ela. - viu a ruiva aproximando-se deles.
- Oi. - Westwick falou baixo, nem um pouco efusiva e agressiva como de costume.
Nenhum elogio exagerado para Zayn, nenhum comentário mal educado para , nenhum apelido ofensivo para Liam, nenhuma piada de mal gosto direcionada a pelo motivo de ela namorar Payne e nada de abraços calorosos em seguido de uma fala que deixaria a loira envergonhada. Tudo o que a ruiva fez foi sorrir cerrado e permanecer quieta com um semblante caído.
- Está tudo bem, ruivinha? - Malik a perguntou com as sobrancelhas juntas e a postura ereta.
o encarou deprimida com os lábios entreabertos tentando dizer algo, formular uma frase, mas seu rosto caiu sem se manifestar.
- Cadê o Tommo? - o moreno prosseguiu com suas indagações calmamente, percebendo que todos estranharam a atitude da garota.
- Nos Estados Unidos.
- Calma - Hilton pediu virando-se totalmente para a amiga ao seu lado - , o Niall, a e o Lou viajaram juntos? - questionou, franzindo o cenho pois a medida que o tempo passava aquela história perdia ainda mais o sentido.
A ruiva assentiu com a cabeça sem dizer uma palavra.
- …? - a chamou, juntando as informações lançadas ao léu e tendo um lampejo que a apavorou.
A morena esforçava-se ao máximo para manter a calma já que um incômodo inusitado crescia em seu peito. Os segundos pareceram não correr e o tempo traiçoeiro a fez sentir que levou uma eternidade para Westwick a mirar nos olhos e ela finalmente ser capaz de formular sua pergunta. Seu coração pesado desacelerava, as pontas de seus dedos ficaram frias e não arriscou dar um passo pois não tinha mais força nos joelhos.
- Aconteceu alguma coisa com o Harry? - indagou cuidadosamente, com um sopro amedrontado.
A verdade era que Meester não queria ouvir a resposta para aquela pergunta. Preferia permanecer na ignorância a descobrir que Styles, o cara que não merecia sua preocupação e estima, todavia possuía toda sua afeição e ternura, passava por um momento difícil ou estava com a saúde debilitada. Entretanto pode ver a ruiva confirmar com a cabeça, novamente sem emitir som algum.
A apreensão tomou o espírito de todos ao saberem que o amigo, o rapaz que sempre carregava um sorriso divertido nos lábios e os faziam rir com suas brincadeiras, estava com problemas. Problema esse que se fez necessário o deslocamento de sua irmã e melhores amigos para outro continente.
- Pelo amor de deus, fala alguma coisa! - atormentada pelas possibilidades dolorosas não importou-se por soar desesperada ou pela voz esganiçada que saiu alta pela garganta, como um pedido por explicações.
- O Harry está bem! - respondeu mudando o peso de uma perna para outra, visivelmente desconfortável, vendo que ninguém mais a entendia. - Quer dizer… Ele não está bem, porque… porque a Anne… ela, ela faleceu ontem.
- O quê? - apenas conseguiu emitir som ao sentir seu coração deixar a inércia e voltar a bater acelerado.
Liam voltou os olhos rapidamente a ela, contudo sua concentração estava na ruiva. O rapaz deu passo a frente, com o cenho franzido, tentando assimilar o que de fato se passava ali.
- - disse calmamente, vendo-a mirar com seus olhos -, qual é a probabilidade de isso ser uma grande brincadeira de mal gosto? - questionou transparecendo sua confusão e ao notar que Westwick o responderia não conteve-se e a interrompeu - Por favor. Por favor, fala que é uma brincadeira.
- Desculpa, Liam. - com os ombros caídos, a garota não os poupou da verdade nociva e ao ouvir o sinal soar anunciando o início do dia letivo sentiu um alívio pois só daquela forma conseguiria se distrair por algum tempo. - Eu preciso ir para a aula. - indicou a porta principal do colégio, pela qual um exército de estudantes passava e encaminhou-se até lá, o entanto recordou-se de um detalhe importante e voltou-se aos amigos - Meu pai e eu vamos para o velório. Eu conversei com a Jay hoje e ela disse que o Des vai tentar adiar ao máximo o funeral, quer dizer, o máximo permitido para que o-o… o corpo… Vocês entenderam! Provavelmente não cheguemos a tempo para o enterro, mas eu sei que a nossa presença seria importante para o Harry.
Todos confirmaram e caminhou rapidamente a curta distância que a separava da amiga para juntas caminharem até suas respectivas salas. Payne fitou Meester e sua pose inflexível que contrastava com sua expressão lânguida e então levou o rosto até Ortega que ao encará-lo entendeu a mensagem e sorriu cerrado despedindo-se do namorado que puxava Zayn pela alça da mochila.
- Meu deus. - foi a única coisa que conseguiu pensar para dizer em meio a atroz e inusitada situação. - Você está bem? - colocou a mão no ombro da amiga que ainda fitava os próprios pés tentando pensar no que fazer em seguinte.
- Eu não sei. - declarou erguendo os vagos olhos azuis. - Eu não sei o que pensar, ou o que fazer, ou como fazer… Eu não sei, ! - revelou para a caçula, que abraçando-a pelo ombro a guiou até o interior da Eton.
- Eu também não… - honesta, não envergonhou-se em assumir sua falta de sabedoria já que tinha apenas dezesseis anos. - Minha mãe era amiga dela, . Elas se conheciam há anos! Como essas coisas acontecem? Você recebe um cartão sendo convidada para o velório da sua amiga de faculdade?! - parou em frente a seu armário pegando o que seria necessário para os primeiros horários de aula - Nós com certeza vamos para os Estados Unidos estar com o Harry nesse momento, mas eu não quero nem pensar como isso tudo deve ser… Será que minha mãe já sabe? - cogitou em enviar uma mensagem de texto para Amina informando-a do que acontecia, todavia a mais velha foi mais rápida, informando-a que estava a caminho do colégio para conversar com o diretor sobre a saída de no meio do período de aula para fazer uma viagem inesperada - O que será que aconteceu? As pessoas não simplesmente morrem!
- Eu não vou. - disse sem mirá-la pois sabia o possível escândalo que Ortega poderia fazer. - E antes que você comece a falar um monte de merda como; Faça isso em nome dos momentos bons que vocês tiveram. Faça isso pela Anne. Ele é seu amigo antes de qualquer coisa, ! - soava irritada e nem percebeu que sua voz saia mais aguda que o normal assim como não notou a feição ultrajada da amiga. - Eu não quero fazer isso e não vou! Simples assim. Ele não me quer lá, . Nós nunca fomos amigos.
- Eu não ia falar nada daquilo. - precisou se defender antes de focar na declaração da morena, que suspirou alto, cerrando os olhos. - Tá bom, eu ia. - assumiu, fechando o armário e dirigindo-se até o outro lado do corredor onde estava localizado o armário de - E agora que você cuspiu o meu discurso na minha cara eu não sei o que te falar para te impedir de fazer uma estupidez.
Meester, que guardava alguns livros dentro da bolsa, congelou ao ouvir a fala ríspida da amiga.
Mas, não ir parecia ser o certo a se fazer, afinal Styles nunca a viu como uma amiga. Por muito tempo, para Harry, a menina representava nada, até que em um momento ela tornou-se sua casualidade e agora voltava a ser coisa nenhuma. E apesar de ter dificuldade em admitir, padecia por ser insignificante aos olhos daquele por quem carregava grande afeto.
- Se você não for eu entendo e independente da sua decisão eu não vou te julgar. - Ortega sorriu tentando passar a amiga um pouco de afabilidade - Mas não tome uma decisão precipitada, que vai fazer com que você carregue para sempre um arrependimento enorme. Quando você cuspiu o meu discurso na minha cara - falava séria e amável podendo ver a garota sorrir minimamente - você esqueceu um detalhe, além de fazer isso pela Anne e pelo Harry, você precisa fazer isso por você. - fitando confusão nos olhos aflitos da mais velha, fez questão de explicar - Nós duas sabemos que você quer estar com ele nesse momento, . Não se prive disso devido inseguranças ou medo. Não tome a decisão errada, está bem? - deu um beijo na bochecha da morena, que concordava com a cabeça e saiu pelo corredor a caminho de sua sala onde provavelmente chegaria alguns minutos atrasada.
Todos estavam cientes que seus pais estavam a caminho da Eton para explicarem a delicada situação a Charles Gellner que tinha conhecimento do estado de saúde de Anne Cox e entendia perfeitamente não apenas a saída de seis de seus alunos no meio do dia, como também a falta de quatro deles e em especial as faltas constantes de Harry.
Os jovens, acompanhados de seus pais, chegaram ao aeroporto o mais rápido que conseguiram e apesar de não estarem todos no mesmo vôo, foi possível encontrarem-se na sala de embarque. E conforme o tempo passava e Meester não chegava, a preocupação de Orteguinha aumentava, porém ela não desistiu de continuar encarando o portão de embarque. A aflição da namorada era perceptível para Liam e o rapaz sabia o motivo dela, entretanto preferiu permanecer em silêncio, sentado ao lado da mãe que buscava palavras de conforto para Amina que permanecia em pé com os olhos marejados e o marido lhe dando apoio.
apoiava a cabeça no ombro do pai que a passava segurança e apoio. Carol fazia um carinho aconchegante nos cabelos da filha e sentia-se como uma garotinha de seis anos, assustada com os trovões que soavam do lado de fora da janela, contudo sabia que estava seguro pois sua mãe estava ali. E pensando nisso seus olhos foram inundados pelas lágrimas pois não parecia justo Harry ser privado desse zelo. Trisha, sentada ao lado do filho, segurava sua mão e Zayn observava a loira, sua loira, sufocando a vontade de levantar-se e caminhar até ela a fim de mostrar-lhe ternura. Sabia onde os pensamentos de Hilton estavam presos, pois ter sua mãe ali o fazia focar-se em apenas uma coisa.
E foi com tal atmosfera melancólica e pesada que chegou, carregando uma pequena mala de mão, juntamente com Chris e Diane, que usava grandes óculos escuros que com certeza escondiam seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar imaginando o jovem desamparado que se encontrava em outro continente.
- E então, eu fiz a escolha certa? - Meester indagou à que sorriu orgulhosa por ela estar ali.
- Eu não sei. Mas prometo estar ao seu lado quando você descobrir.
confirmou com a cabeça, abraçando a mãe que a envolveu em seus braços com força a protegendo de todo mal e a menina fechou os olhos para impedir qualquer lágrima que ameaçava a escorrer. Seu coração acelerado provava que ela não estava preparada para enfrentar tal momento, mas, que precisava percorrer a distância de todo o Atlântico para estar com Harry.
O tédio em estar solteira novamente levou à academia onde Liam e Zayn frequentavam assiduamente e a pequena Ortega ia de vez em quando, nos dias mais inspirados.
Zayn entrou no octodromo por exatos trinta minutos, brincou um pouco com o treinador e ainda treinou uns golpes fáceis com Liam, mas após esse tempo já sentiu-se cansado e foi tomar uma água fresca, aproveitando a pausa (que se tornou permanente para o resto da manhã) para checar a prima.
não costumava ficar para trás no quesito malhar. A maioria dos aparelhos que usava tinham a função de trabalhar a musculatura das pernas, vital para a boa prática da dança, e também usava um específico para jamais ter o tríceps flácido, já que seu maior pesadelo era levantar o braço para dar tchau e alguma coisa além de sua mão balançar.
Mas naquela manhã de sábado em especial, a garota só brincou com as máquinas e nem ao menos suou porque a presença da melhor amiga era uma distração fatal e todas as vezes que ela tentou começar uma sequência, se aproximava do aparelho onde ela estava e começava a falar ou mesmo só ficava encarando a outra com um sorriso idiota.
Por fim as duas foram sentar perto de onde Liam estava praticando boxe e se acomodaram enquanto julgavam todo mundo que pisava no ringue.
- Você acredita que eu fui fazer companhia pro Liam e ele me ignorou completamente? - Meester disse, super afetada com o fato de que tentou puxar conversa com o idiota enquanto ele fazia musculação, mas Payne não disse nenhum A.
- É claro, . É impossível se concentrar em levantar todo aquele peso e ainda bater papo com você. - se olhava no reflexo de um espelho, passando a mão sobre os fios rebeldes que nunca ficavam no lugar.
Ela tinha aquelas faixinhas felpudas para colocar na cabeça, mas aquilo esquentava como o inferno e quase nunca combinavam com suas roupas de academia, então a solução era se sujeitar a ficar descabelada enquanto seu namorado ficava no máximo ainda mais gostoso com todo aquele suor e tudo o mais.
- Você namora um idiota, . - atestou, passando os olhos por toda a academia, que nem estava tão lotada porque só gente burra vai malhar às dez da manhã de um sábado. - E é prima de um estúpido. Olha o que aquele garoto está fazendo! Por que ele está tirando a camisa? Nem tem nada pra se admirar ali.
- Quase todo mundo está sem camisa, então nem é tão vergonhoso assim… - não estava tão certa disso. Só agora percebia como o primo estava de fato esquelético e era preocupante imaginar que a falta de peso vinha de qualquer outro motivo além uma genética estranha.
- Pra ele é. Ele é magro pra caralho! - Meester apontou para a criatura mirrada com as mãos na cintura fina demais. Ele parecia ainda mais patético ao lado de Liam e do instrutor que era um monstro de tão grande.
Felizmente o instrutor não se importava com o tamanho de seus alunos, até porque Malik não era o primeiro e nem seria o último aluno magricela que ele ensinaria. E muito mais importante: tamanho não é documento.
- Você viu as novas tatuagens dele? - a caçula mudou de assunto pois ainda estava preocupada com a saúde do primo.
- Vi. Todas ridículas. - a outra respondeu entediada, sem nem tirar os olhos do celular.
Estava com roupas que chamava de academia mas que serviam mais ao termo "looks confortáveis para passar no drive thru em dias muito frios". Até porque ninguém em sã consciência iria malhar com tanta roupa. Mas para ficar quietinha, não havia nada melhor.
- Qual a sua favorita? - tomou o celular da amiga e foi atacada com um olhar mortal. Só que ela nem ligou. - A Minha é o coraçãozinho.
- O Liam devia ter feito essa. Ia ficar sexy nele. - Meester se inclinou para frente e observou a v line do moreno, assumindo para si que a ideia no geral era sexy, infelizmente o corpo era de Zayn Malik e por isso uma perda de tempo;
- Ele fez aquela pena ridícula. Mas eu gosto da "only time will tell…" - Orteguinha mencionou as duas aquisições recentes do namorado. A primeira era brega e ela não conseguiu gostar, mas adorava a pequena frase que ele tatuou no pulso mas ficava quase sempre escondida pelo relógio novo que ele vivia usando.
- As tatuagens do Liam são todas de mulherzinha.
- Nada a ver.
- Claro que sim! Só o Louis sabe escolher tatuagem decente.
- As deles são muito legais! - a caçula concordou entusiasmadamente.
Seu conjunto de top e legging eram confortáveis mas ela começou a pensar que se tivesse alguma ideia de que não iria fazer nada, poderia ter trazido um moletom também.
- , o Liam não está querendo participar da brincadeira, você pode ir lá por favor e convencer esse cuzão a apanhar do Casey?
- Eu não quero ver ele apanhar, Zayn. Vamos lá conversar com o Emil, ele é legal. - ela pegou a própria bolsa e levantou com a toalhinha no pescoço, por puro costume de mantê-la ali quando se exercitava e suava de fato.
Os rapazes haviam deixado a concentração e se dispersaram para arrumar as mochilas ou voltar a malhar. Liam conversava com seu treinador, ouvindo o que ele tinha a dizer (parecia ser muita coisa) e eventualmente acenando com a cabeça. Ele nem percebeu o trio que se aproximava por trás.
- Quer sim, é divertido. - o primo discordou, bem humorado com a possibilidade de ver o melhor amigo tomando uma surra novamente.
- Eu tenho que concordar , vai ser engraçado. - surpreendeu a dupla com o seu posicionamento favorável a Malik. É claro que eles iriam concordar em algo prejudicial...
Zayn olhou de cima a baixo, tentando entender o conceito da roupa da morena e então gracejou:
- E você, Meester, já malhou bastante hoje?
- Ai cala a boca. - bufou e apressou o passo para chegar até o tatame, parando ao lado do melhor amigo. - Liam como assim você não quer apanhar?
- Porque só um idiota ia querer apanhar de graça, . - Payne riu, sorrindo verdadeiramente para que estava tão limpinha como quando saíram de casa.
- Zayn, essa é a sua oportunidade. - viu a oportunidade de ser maldosa e aproveitou, pensando e se aproximar de Liam por questões de segurança mas mudando de ideia no instante que olhou para ele e viu o quão suado estava.
- Vai se foder. - Zayn resmungou e se afastou da morena, parando entre e o instrutor. Aproveitou a deixa para pegar seu moletom e já vestir porque logo mais iriam embora.
- Oi Emil! - cumprimentou o homem com um soquinho e perguntou: - É verdade que vai ter campeonato aqui?
- Oi . É verdade, sim. Eu estou tentando convencer o Liam a participar nas categorias mais leves. - Emil falou com aquele tom de voz que claramente discordava a decisão de seu aluno.
Liam era o melhor lutador da academia? Jamais! Mas era um cara legal que tinha uma ótima noção e poderia lutar com os iniciantes sem sofrer prejuízo. O importante era a participação de todo mundo na grande brincadeira que ele estava organizando.
- Ah, esses dias teve alguma coisa aqui e ele tomou uma surra. Apareceu na escola todo roxo. - ela lembrou do bendito dia em que eles brigaram porque Liam a esqueceu e depois sumiu durante todo o dia escolar e só no almoço eles descobriram que era tudo um grande mal entendido.
É claro que ela achou muito bem feito que ele tivesse apanhado, era como se a vida o tivesse punido antecipadamente porque já sabia que Liam faria uma grande cagada horas depois.
- Pois é, ninguém estava esperando que ele apanhasse tanto. - Emil explicou enquanto já tirava as ataduras das mãos e pulsos. - A gente já sabia que você ia perder, Payne. Mas aquela surra de graça? Eu confesso que até agora não entendo.
- O cara era uma máquina de bater! - Liam se defendeu, muito chocado que todo mundo colocava a culpa nele por ter sido um saco de pancada pra um lunático convencido. - Eu só brinco aqui de vez em quando e você me coloca em um ringue com a pessoa mais maníaca que eu já vi na vida.
Todos riram dele porque era inevitável e também porque Zayn e eram um pouquinho sádicos. Emil já ria da bobagem da situação porque os adolescentes obviamente estavam dando muita importância para uma derrota qualquer.
- Você devia vir treinar boxe também, . Nós temos uma liga feminina muito boa. - o instrutor fez o convite enquanto os cinco atravessavam a academia até o balcão para passar o cartão e darem o fora dali.
- Aposto que você vai se sair melhor do que o seu primo. - Meester atacou novamente. Dessa vez escondeu a maldade atrás de palavras de incentivo à melhor amiga, mesmo sabendo que todos perceberam que havia mais implicância do que um elogio de fato.
- É claro, sua idiota! Eu não treino!
O quão difícil estava sendo não arremessar a bolsa preta na cara daquela desgraçada, senhor...
- Eu não tenho interesse não, mas eu queria saber uma coisa. - ignorou a rixa dos dois e respondeu a pergunta do homem, mandando outra pergunta por cima.
- Diga. - Emil estava com muito medo de que Malik e fossem o tempo todo daquele jeito. Era horrível.
- É verdade que você bate nas pessoas se te pagarem? - Orteguinha perguntou e viu a confusão no outro, explicando-se rapidamente para não parecer uma fofoqueira. - o Li me contou esses dias.
- Eu não faço mais isso, querida. - Emil riu - Só em ocasiões especiais. Por quê? Tem alguém te incomodando?
- Na verdade tem. - ela falou e Liam até parou de procurar seu cartão na bolsa para prestar atenção na menina. - E eu pago o preço que você quiser pra dar uma surra em uma garota da escola que vive me incomodando.
- Uma garota? - o treinador arqueou as sobrancelhas - Eu não bato em mulheres, .
- Droga. - ela deu um soco no ar, super frustrada.
a encarou com peninha, afinal de contas seria maravilhoso ver Lexi ter a cara destruída, da moral ela mesma daria um jeito de acabar. Já Zayn estava sorrindo, bem surpreso com o requerimento violento da prima.
Liam estava de braços abertos e cara chocada, totalmente "Minha querida o que você pensa que está fazendo?".
- Mas eu conheço uma aluna minha que faria até de graça. - Emil foi até a porta do estacionamento, assistindo o quarteto já lá fora. Ele estava mesmo se esforçando para lembrar o nome da citada, sem sucesso.
- Sério? - a caçula se animou. - Nós precisamos falar com ela…
- Não precisamos não, babe. - Liam finalmente interveio, não deixando brecha para os dois continuarem a conversa absurda. - Vamos pra casa? Até segunda, Emil!
- Até mais pessoal! - ele acenou e entrou, rindo da bagunça do grupo, já que a menina mais nova se recusava a sair de onde estava.
- Nós vamos continuar essa conversa! - falou mais alto enquanto era arrastada até o jipe verde.
- Não vão não. - Payne insistiu, puxando a caçula com um braço e destravando o carro com a outra mão. Sua voz saiu um pouco forçada porque a filha da puta realmente estava travando os pés só pra fazer graça.
- Vamos sim. - ela rebateu muito naturalmente enquanto abria uma das portas de trás para jogar sua bolsa e a do namorado.
- Não. - Liam suavizou o tom e sorriu, apoiando-se contra o carro e cruzando os braços. - Você não pode simplesmente sair batendo nas pessoas por aí, babe.
- Claro que posso! O Zayn bateu em você e ficou tudo bem. Além do mais, não sou eu quem vou bater nela…
Malik começou a rir no mesmo instante e Liam não sabia nem o que responder, por isso se limitou a sorrir enquanto lançava um olhar enigmático para a menina, que não se abalou com a reação dos garotos já que não houve má intenção em sua sentença.
estava apoiada com a cabeça escorada na porta aberta do jipe, entediada com os assuntos em destaque nas redes sociais e ansiosa por causa de sua programação da tarde.
Diane iria almoçar com as duas adolescentes, antes de passar na casa de Joe para uma viagem rápida a Brighton, para o primeiro passeio das gêmeas à praia. Christopher e Oliver já estavam lá as aguardando na casa de praia de um amigo do Sr. Westwick, que generosamente emprestou a locação e três de seus funcionários para que os dois casais e as bebês ficassem aconchegados
- Nós precisamos ir pra casa, eu ainda não escolhi o que vou vestir hoje. E nós precisamos começar a nos arrumar, . - a morena finalmente falou, após um bocejo tão preguiçoso que fez todos duvidarem que ela ia fazer algo além de dormir o restante do dia.
- É verdade! - cresceu os olhos, sentindo-se subitamente animada. - Que horas a gente tem que estar lá?
Lá = desfile da linha de roupas da Victoria Beckham.
Em dois ou três dias embarcava para Nova Iorque rumo à primeira semana de moda do ano. Seu pai estava orgulhoso como se fosse a primeira vez e mandava entregar presentes quase todos os dias na casa Hilton, prometeu acompanhar a filha em todos os trabalhos dela em NY, Caroline estaria com a menina em Londres e Terese seria sua companhia em Milão, para o encerramento em Paris, os pais marcariam presença, até porque Caroline também lançaria sua coleção de primavera para a próxima estação.
O grupo infelizmente só veria o desfile daquela tarde, isso porque aconteceria em um fim de semana. Quando a loira estivesse de passagem para a semana de moda de Londres, todos estariam ocupados com os exames, principalmente os mais velhos e a produção dos pedidos de vagas nas universidades. Então aquela era a única oportunidade que as oito coisinhas orgulhosas teriam para prestigiar o trabalho da amiga.
- Não sei, o desfile em si começa às quatro, acho que dá pra sair às quatro lá de casa. - Meester falou após fazer a matemática em sua cabeça.
O olhar cético de Zayn e a feição irritada de Liam expressavam perfeitamente o absurdo que era o plano da menina:
- , todo mundo lá pelo menos com meia hora de antecedência. - Payne disse - E vocês duas não vão atrasar porque eu mesmo vou pegar vocês.
- Mas e o Alfred? - nem percebeu quando fez um biquinho desapontado.
Seu projeto para a tarde era: vestir uma roupa maravilhosa, usando uma maquiagem tão linda quanto, calçar seu sapato mais caro e chegar no hotel com ninguém menos que Fred abrindo a porta para ela, se possível oferecendo a mão como suporte para que saísse do carro.
E sim, Fred era parte fundamental para o bom funcionamento da rotina.
- Quando você vai assumir que tem uma crush no motorista, prima? - Zayn entrou em seu carro, largando a mochila no banco do carona.
- Eu nunca neguei isso… Tão charmoso… - a menina suspirou apaixonada.
- Eu já vou pra casa. - Malik encerrou o bate papo sem futuro, não queria ouvir mais nada sobre o que diabos Hilton estava fazendo da vidinha perfeita dela. - Se vocês estiverem desocupados a noite, vamos fazer alguma coisa.
Os olhos expressivos de decaíram em compaixão. Era doloroso ver o mais velho ter que lidar com tão superada, se ela parecesse ao menos um pouco miserável… Mas enquanto Zayn afundava-se em si mesmo, brilhava e vivia o ponto alto de sua carreira.
Se eles ao menos soubessem o quão difícil era conviver com o arrependimento contínuo de ter terminado com o moreno, as incertezas e os "e se" que perturbavam a mente da garota o tempo todo, sem trégua...
- Tudo bem Zaza, nós podemos terminar de ver essa temporada de Lost, que tal? - propôs, inclinando-se pela janela para falar com o primo.
- Eu odeio o Sawyer e só volto a assistir se você me prometer que ele morre no final.
Ele reclamou porque odiava quase tudo sobre a série e só assistiam aquela merda porque era um velho hábito do trio, que começara o primeiro episódio há uns dois anos e de tempos em tempos eles sentavam pra ver vários episódios de uma vez.
- Mas eu não sei o final!
- Até mais tarde, ! - ele riu e ligou o carro, esperando que a menina se afastasse. - Liam leva meu isqueiro preto que ficou na sua casa!
O trio seguiu para casa também, com uma ferrenha discussão entre Liam e , que não chegavam a um acordo sobre o horário para chegar no evento. Payne insistia que deveriam se organizar para chegar no tempo combinado enquanto a morena apostava toda a sua herança dizendo que o desfile atrasaria. Por fim ficou combinado que ninguém ia fazer "atraso elegante" e todo mundo chegou sem causar problemas.
Mas como previu, o show atrasou. A espera era excruciante porque não dava pra ficar confortável nos banquinhos sem encosto onde eles deveriam sentar. Graças à influência de Carol, as oito crianças conseguiram lugares na primeira fileira, embora não pudessem sentar todos juntos.
As meninas, em especial, reconheciam várias das convidadas que também entretiam-se em conversações e tiravam fotos o tempo inteiro. já havia dado uma volta com a mãe da modelo e inclusive trocou três palavras com o novo editor chefe da Vogue Britânica, buscando compreender durante a conversa, porque sua mãe não era grande fã do cara.
- Por que nós não podemos entrar lá? - princesinha Styles insistiu pela milésima vez, parando ao lado do irmão que estava ocupadíssimo ouvindo Louis e discutirem sobre a nova era de heróis que a Marvel traria.
- É uma área restrita, querida. Mas a já vem aqui cumprimentar vocês, pode ser? - Caroline prometeu, tentando acalmar os ânimos da menina para então deixar o grupo de amigos da filha e ir cumprimentar os colegas de trabalho que só aumentavam.
- Engraçado que o Niall está lá dentro e eu não posso. - não se sentia tão calma assim e por isso ficou resmungando enquanto a mulher se afastava.
- O garoto é o melhor amigo dela, . Para de drama. - Harry, com toda a sua graça e tato, buscou uma medida mais drástica para silenciar a irmã.
- Nossa Harry, deixa a menina. - Tommo defendeu a loirinha, puxando-a para perto dele e aproveitando a oportunidade de usá-la como suporte para os seus braços cansados. Ficar horas consecutivas segurando um console de videogame começava a surtir efeitos desagradáveis.
- Vocês já viram quem está aqui? - perguntou, olhando para as personalidades que mostrou enquanto Harry era grosso com .
- Quem? - Liam e a princesinha Styles precisavam trabalhar essa questão de ser discreto, definitivamente.
- A família inteira da Victoria Beckham! - Orteguinha voltou a olhar pros amigos, os olhos brilhavam em pura animação. Aquela família era maravilhosa, ela seguia até os meninos mais novos no instagram e mal podia esperar para Harper inaugurar sua conta também. Poder vê-los ali, sendo suportivos com a matriarca Beckham, estava sendo o paraíso.
- Até filho mais velho? - se interessou, ajustando sutilmente os fios alaranjados.
Ela fazia parte do grupo em pé porque estavam fora do lugar para poder conversar com o quarteto sentado. É claro que Liam, , e Harry poderiam ter ido até eles, mas Meester se recusou a levantar do banquinho e Louis arrastou a namorada e os amigos até eles.
- Sim! O cabelo dele está sensacional, ele é tão charmoso… - , que convivia diariamente com Zayn Malik, soltou um suspiro inconsolado que chamou a atenção do grupo.
- Ele é um imbecil com aquela câmera vintage pra lá e pra cá. Hipster de merda. - , aparentemente, discordava da opinião das meninas.
- Cala a boca, ele é lindo. - Westwick rebateu imediatamente.
E lá vamos nós… Liam, Louis, e Harry pensaram e deram o mesmo olhar de "Não tem mesmo como evitar passar essa vergonha?"
- Dá pra vocês duas falarem mais baixo? - Tommo pediu, brigando aos sussurros para mostrar que era possível entrar em uma briga sem chamar a atenção do astro de futebol sentado há alguns metros dali.
- Eu só quero entender porque estamos discutindo o filho quando podemos exaltar a beleza do pai. - falou sozinha, mas acabou atraindo os amigos curiosos com sua sincera confissão. - É só o que eu quero entender.
- Eu só acho uma merda que nós não vamos poder sentar de frente pra ele. Eu ia passar o show inteiro admirando aquela obra de arte. - continuava muito generosa em seus elogios ao homem casado, mas se alguém ousasse jogar o fato na roda, eis sua defesa: não é todo dia que você vê o herói nacional dos homens e símbolo sexual das mulheres não só da Inglaterra, bem como de vários lugares do mundo.
- A voz dele é horrível. - continuava defendendo sua opinião de que David Beckham não era tudo isso.
Ela já estava há pelo menos meia hora observando a família antes de se dignar a virar um pouquinho pro lado e mostrar para a amiga quem havia chegado. Nada demais era generoso se fosse levar em conta a falta de charme e vida na voz do ex jogador.
- E daí? - não podia negar que a voz dele era feia, mas apelou: - O conjunto compensa a voz feia.
- Eu não acho. - Ortega comentou sem dar muita importância ao caso - Voz é fundamental no charme de um cara.
Liam tinha a voz bonita. Às vezes ele começava a cantarolar e a caçula parava o que estava fazendo (sutilmente é claro, para não intimidá-lo) para apreciar o momento.
- Quê? - os quatro meninos pareciam chocados.
- Que foi? - a ruiva não entendeu a expressão surpresa deles. Era bem difícil para ela, com um cérebro tão brilhante, tentar compreender as mentes entediantes que a cercavam.
- Nem a nossa voz vocês poupam? - Louis tomou a voz na defesa de sua raça, achando um abuso a forma como garotas podiam ser tão malvadas.
- Como isso funciona? - Styles estava muito atento ao tópico. Ele não costumava se fazer de rogado e tinha a mais plena ciência dos efeitos de sua voz, que tinha um efeito avassalador nas meninas mesmo que não houvesse nada de sexy em passar o dia pigarreando para tentar tornar a voz mais audível.
, muito bem humorada, esqueceu rapidamente dos Beckham e começou a explicar:
- O Payne por exemplo, tem voz de otário, então a gente já não dá muita moral pra ele…
- E você tem voz de quem gosta de ser…
- Liam, não. - interrompeu o namorado porque se ele fosse falar o que ela estava pensando, o clima iria pesar ali.
- Mas ela está me ofendendo! - Payne bateu a mão na coxa, puto por ter sido ofendido e ainda perder sua chance de rebater à altura. Mais uma palavrinha e ia ficar na dela pelo resto da noite, porém nem tudo na vida é como queremos então ele decidiu ficar conversando com , que estava observando cada pessoa que chegava no salão, muito curiosa.
- Eu acho a sua voz linda, se você quer saber. - tentou compensar a interrupção, e conseguiu com uma facilidade espetacular.
- Chega vocês dois! - Louis enfiou a mão entre os rostos do casal - Continua, .
- Tudo bem. Um outro exemplo: a voz do Zayn. Aquele menino tem uma voz tão macia que dá vontade de bater nele e ao mesmo tempo tirar a roupa.
- Como é que é? - Tomlinson nem disfarçou a surpresa com a declaração da outra. Cadê a moral que ele costumava ter, hein?
- É só um exemplo, hon. - tocou o rosto do namorado e sorriu até que ele segurou a mão dela e beijou o dorso antes de descer suas mãos sem soltá-la.
- Quem tem a voz mais bonita dos meninos? - levantou a questão, fatalmente perigosa em um grupo que amava tanto competições. Niall ainda não havia voltado e ela estava entediada, portanto decidiu esquentar as coisas.
- Voz é subjetivo, gente. - considerou, imaginando quantas pessoas também adoravam a voz de Liam, como ela. - Não dá pra fazer um ranking.
- Até porque eu escolheria a voz do meu irmão como mais bonita. - princesinha Styles falou toda cheia de si.
- Infelizmente seu namorado nem pode entrar na brincadeira com aquele sotaque estranho pra caralho. - Harry riu maldoso.
- Isso que dá ser puxa saco, . - Tomlinson riu também, mas de pena da criaturinha feliz que ficou decepcionada com a ruindade do irmão a quem ela tanto defendia.
- Okay, vamos fazer uma votação rápida. - a ruiva decidiu, virando-se para a melhor amiga: - Harry ou Zayn?
É óbvio que ela não colocaria Liam para participar, mas ninguém questionou porque Niall e Louis ficaram de fora da brincadeira.
- Harry. - falou com uma facilidade incrível. É óbvio que ela iria puxar o saco do irmão, e ainda foi recompensada com uma troca de high five com ele, que ficou muito orgulhoso.
- Eu não posso escolher! - a caçulinha arregalou os olhos. Ela não queria desapontar o primo mas a convivência cotidiana fazia com que o frenesi em torno dele fosse algo inexplicável. Além do mais, a voz de Harry era charmosa, a forma lenta como ele falava tinha seu poder mas era muito difícil assumir isso e deixar o pobre Zaza, que nem ali estava, perder.
- Anda logo, baby doll. - Liam murmurou, consciente do conflito interno da menina que cultuava o primo mas também adorava o Styles.
- Tudo bem, o Harry. - chegou a uma conclusão, se arrependendo no momento que viu o sorriso cheio de segundas intenções que Styles lhe deu. - Não use isso como pretexto pra me agarrar, Hazza.
- Você me acha sexy! Eu sabia, sua safada! - Styles tentou abraçar a menina mas ela segurou no braço inerte de Liam para se proteger do ataque. Infelizmente, para ela, o namorado estava ocupado demais falando mal do sapato de um cara, para notar que sua amada corria perigo com Harry por perto.
- Quê? Não tem nada a ver! - sentiu as bochechas esquentarem. Louis e estavam se divertindo tanto com aquilo, que era quase doentio. também estava com um sorrisinho besta mas não disse nada.
- Tem sim, vem aqui, deixa eu te dar um abraço. - Styles pediu, se agachando para ficar face a face com a garota sentada. - Você acha sexy quando eu falo o quê em especial?
- Harry cala a boca. - Liam falou por fim, de saco cheio com o barulho que o amigo e a namorada estavam fazendo.
- Meester, Harry ou Zayn. - Westwick cutucou a morena distraida com o pé, vendo-a elevar os olhos com muito cuidado, observando com um olhar distante. A vontade de atropelar a filha da puta não era pouca.
Todo mundo parou com as conversas paralelas e olharam descaradamente para a menina. Ela já esperava que fossem chegar nesse ponto porque desde que ali chegaram, toda decisão que tomava era um teste para decidir o quão bem os ex amantes estavam.
Quando Caroline Hilton conseguiu lugares para todos, a turma ficou dividida em quartetos e na hora de decidir quem sentaria aonde, Harry se prontificou a sentar com a irmã e o irlandês, enquanto ninguém precisou perguntar para saber que iria sentar com Liam e .
Acabou que e Lou não queria sentar separados e causou todo um drama desconfortável que começou com o papo furado do casal: "Nós não queríamos sentar separados, mas só se não for um problema pra vocês.Não queremos causar nenhum desconforto. Se ainda não tiver passado o tempo de luto de vocês, nós totalmente vamos entender." e acabou com um diálogo estranho pra caralho das duas pessoas que não se falavam há quarenta e oito horas:
"- Pra mim não tem problema. Se você estiver okay com isso…
- Tanto faz, na verdade.
- Tanto faz pra mim também."
Após chegar a conclusão de que não importava o quão linda a voz de Malik fosse, todos estavam só esperando que ela falasse qualquer coisa diferente de "Harry" para começar com as teorias de que eles estavam brigados e se odiando, ela suspirou pesadamente antes de dar sua resposta automática:
- Harry.
- Vocês são todas surdas. - ficou revoltada. Estava contando com Meester para derrotar a moral e o ego de Harry! - Que frustrante brincar com vocês.
- Chupa essa . Aposto que até o seu homem acha que eu sou a melhor opção para qualquer garota. - Styles sorriu sem mostrar os dentes, inclinando-se na direção da menina derrotada e esfregando sua vitória na cara dela.
- Não complica minha vida, cara… - Louis resmungou, com medo de pegar uma greve de sexo de um mês inteiro por causa daquela brincadeira.
- Tarde demais, querido. Você vai dormir no sofá hoje. - Westwick avisou com a voz tão macia que ninguém entendeu o que ela falou.
- Droga! - Tommo se fez frustrado, piscando para a namorada ao final.
- Chega disso - interrompeu, enojada com tanta frescura - saiam daqui, as pessoas estão observando.
- É verdade. - Liam concordou, impaciente para que os amigos saíssem dali. Eles realmente estavam chamando a atenção com toda aquela conversa e além do mais, era óbvio que o desfile estava para começar.
Acabou que o evento de fato prendeu atenção dos adolescentes, que nem se tocaram como estavam absortos com os looks e comentavam entre si de vez em quando.
E a loira não demorou a aparecer, sendo ovacionada pela família e os amigos, que se dividiram entre os que aplaudiram efusivamente e os que preferiram filmar cada segundo de sua passagem, para guardar para sempre o momento tão especial.
Na segunda vez todos guardaram os celulares para apenas apreciar como ela era profissional por passar por eles sem alterar as expressões faciais e por fim, no finale, ela pode dar um tchauzinho discreto antes de desaparecer para dentro do camarim.
estava se sentindo nas nuvens.
O desfile foi um sucesso, ela não caiu ou tropeçou, sua roupa não foi a mais desconfortável e seus sapatos estavam no tamanho certo. Seus amigos estiveram lá e se comportaram, sua mãe estava morrendo de orgulho e seu pai ligou algumas vezes para saber como estavam indo as coisas.
Era o que ela podia chamar de um bom dia, e para fechar com chave de ouro, a noite não acabava com o fim do evento. O grupo se dirigiu à casa da loira para comer mais e comemorar o sucesso daquele fenômeno de garota.
É claro que quando ela chegou o alvoroço já estava formado e Kelso, que não era permitido ficar dentro da casa, estava em cima de um dos sofás, usando a cabeça gigante para empurrar Buddy, numa tentativa frustrada de incentivar o amigão a brincar com ele.
- , o Niall roubou um batom do seu camarim! - , que a aguardava na porta do carro, falou.
- O quê? - Hilton largou os sapatos na entrada e caminhou até a sala com a morena no seu encalço.
- Desculpa, mas era uma aposta. Eu não podia perder ou teria que tatuar alguma coisa na minha bunda. - o irlandês deu de ombros, achando sua explicação mais que justa.
- Niall!
- É só um batom, !
- E se alguém te flagrasse, hein? - ela questionou, sentando ao lado do loirinho enquanto Kelso, que não se tocava de seu próprio tamanho, subia no colo da dona para receber carinho como todo bom filhote.
- Olha aqui, não é porque você é uma supermodelo que pode me desrespeitar assim não. Eu sou um gênio e...
- Cala a boca, Niall. - Liam pediu com toda aquela educação que lhe era tão característica e foi recompensado com o olhar desapontado de , que não sabia mais o que fazer ele melhorar aquela atitude.
- , você não estava linda porque a roupa não estava ajudando mas eu adorei a sua cara séria. - , sentada no braço do sofá, ao lado do namorado, se esticou sobre ele para enxergar a modelo. - Você nem piscou quando passou por nós! Foi muito profissional!
- Sim! Eu estava sorrindo pra ela e não vi um traço de desconcentração! Fantástico! - Harry concordou com a irmã, ambos muito orgulhosos da amiga.
- Vocês não deviam estar felizes por tentar me sabotar, sabe. - comentou mas o sorriso feliz que ostentava acabava por ofuscar a reprimenda.
- Nós estamos felizes porque você não cedeu. Parabéns pelo profissionalismo. - falou séria, reconhecia afinal, que não era tão fácil assim ignorar sua presença marcante. Se levantou da poltrona que dividia com Tommo e apertou a mão da modelo.
- Obrigada! - a loira agradeceu com orgulho de si mesma por ter amigos tão suportivos. - E alguém já pediu comida pra gente? Liam?
- Na verdade nós precisamos ir. Agora. - Payne avisou, apalpando os bolsos na busca da chave do carro que pegou na garagem do pai.
A vantagem de ter escolhido um carro simples no ano passado é que sempre podia se utilizar das "ocasiões especiais" para pegar carros emprestados do pai. E por ocasiões especiais, o garoto chegou a um entendimento de que até comprar pão na padaria era um dom da vida e merecia um carro apropriado.
- Ué, mas nós acabamos de chegar! - , sendo a pessoa social da relação, protestou. Nada a divertia mais do que passar tempo com o grupo, principalmente quando ela podia se aconchegar nos braços do namorado e ser testemunha dos absurdos de Louis e .
- Na verdade ter vindo aqui foi uma decisão muito estúpida, considerando que eu vou dirigir mais meia hora pra voltar. - Liam cruzou os braços e encarou as duas meninas - Por que eu sempre ouço a opinião de vocês duas?
- Para de reclamar e dirige, escravo. - foi a primeira a levantar, ansiosa para saírem dali.
- Você para de graça ou eu te abandono no meio da estrada. - Liam ameaçou a morena com um sorriso prazeroso.
- Você não teria coragem... - ela cruzou os braços, desafiando-o. Um sorriso confiante dançava em seus lábios e isso só atiçou ainda mais o rapaz.
- Dúvida?
- Até amanhã pessoal! Parabéns, ! - encerrou a conversa antes que se iniciasse um desafio mesmo, segurando a mão do namorado e puxando-o para fora, seguidos por uma sorridente.
- Cuzões. Não acredito que eles estão realmente indo. - Louis disse magoado, no instante que a porta da sala foi fechada. Nem parecia que todos estavam falando em coral um lindo "tchaaaaaaau" enquanto o trio desaparecia pelo corredor.
- Você sabe que eles provavelmente te abandonaram pra ficar com o Zayn, né? - , rainha da sensibilidade, perguntou, ignorando o desespero na expressão de todo mundo.
- Ah gente… - sorriu e havia certa melancolia no belo sorriso.
- Ah gente nada, . - a ruiva continuou, insana em sua investida. Havia esperado demais para finalmente adentrar no tópico proibido. - Você devia fazer eles escolherem entre você e o Zayn.
- Claro que não! Isso é horrível! - a loira sorriu, segurando um bocejo preguiçoso.
Estava cansada mas não queria que os amigos fossem e agora que Niall estava pedindo pizza para eles era óbvio que a diversão não iria acabar tão cedo e nem era absurdo considerar que ninguém se incomodaria de ficar lá até amanhecer mesmo que todos tivessem aula na manhã seguinte.
- Isso é ótimo! Ia ser maravilhoso ver todo mundo tendo que escolher um lado. Já imaginou, Louis? - virou o rosto para encarar o namorado, que estava bem em apenas dividir a poltrona para dois com ela, descansando seu braço sobre o ombro coberto da ruivinha.
- Você ficaria com quem, hon? - Tommo instigou-a a falar, mantendo um meio sorriso porque já sabia que ela diria algo absurdo.
- Não sei. - Westwick ponderou, cativando a atenção de todos: - Provavelmente com você, .
- Provavelmente? - deu um meio sorriso, pegando o controle da TV para dar uma olhada no que tinha de bom para aquela noite. - Isso já é motivo pra comemorar!
- Eu totalmente ficaria do seu lado. - escorregou para o assento do sofá, empurrando Niall e Hilton, que desistiu de compartilhar espaço com o casal e sentou no chão com Harry.
- Nossa! Deixa eu contar isso pro Zayn amanhã! - Tommo abriu a boca, chocado com a falsidade das duas meninas, principalmente sua própria namorada, que venerava Malik.
- Que foi? Ela tem muito mais seguidores! O perfil do Zaza é meio merda. - princesinha Styles falou a verdade que ninguém ousava.
O perfil de Malik era mesmo uma merda, fotos sem sentido algum, edições psicodélicas de merda e o mais importante: não tinham fotos dele!
- A verdade é que vocês iam foder com a nossa vida se quisessem que todo mundo escolhesse um lado. - Harry explicou, um tanto aliviado com o término voltando ao "normal".
- Já tem um mês, pessoal. Está tudo bem, ninguém precisa sofrer. - Hilton acalmou a todos
- Fale por você, querida. - atacou mais uma vez: - O Zayn vivia puto, obviamente não foi um término amigável.
- Tipo o Hazza e a . - tinha que trazer o assunto a tona, mesmo que as circunstâncias do final de ambas relações nada tivessem a ver.
- Vocês estão de parabéns pelo comportamento. - Horan gostaria de ter uma cerveja em mãos para erguê-la em homenagem a Harry e sua maturidade invejável. - Eu até vi ela passando um guardanapo pra você esses dias.
- Pois é… - Harry riu fraco.
- Mas eles nem namoravam de verdade. Nem tem como comparar. - princesinha Styles provocou o irmão, torcendo para que ele falasse pelo menos uma palavra sobre, já que tudo o que havia recebido até então foi um silêncio chato e irritante.
- Vamos parar de falar de coisa ruim porque daqui a pouco vocês dois são os próximos a entrarem pro clube dos solteiros. - , a incansável, ergueu o dedo indicador, apontando para a dupla horrorizada.
- Uhhhhhhhh - Harry e Louis entoaram juntos, na expectativa do que a outra menina responderia, já que ela levava o próprio relacionamento MUITO a sério.
- , isso foi muito cruel. - foi honesta, apesar de não estar nenhum pouco abalada ou afetada com a afirmação da melhor amiga. Não poderia ser mais segura sobre um relacionamento do que o que já era.
- É mais fácil o Louis enjoar de você, . - Niall abraçou a loirinha, puxando-a para seu colo (para o desespero de todo mundo que não aguentava mais tanta demonstração pública de afeto).
- Uau! Calma lá, não coloquem meu nome nessa guerra besta de vocês. - Tomlinson acenou com a mão, falando seríssimo afinal estavam tratando de seu relacionamento, não de um assunto qualquer.
- Você quer apostar, Irlanda? - Westwick desvencilhou-se do menino e ficou de joelhos na poltrona.
Nem Harry, nem tiveram a força moral de interromper o que poderia gerar uma grave situação. Nenhum dos dois quis assumir, mas por mais que adorassem ver seus queridos felizes, aquele era um bom momento para estarem todos sozinhos novamente. Quer dizer, se todos terminassem eles voltariam a ser como antes, certo?
- , vamos pra casa! Agora! - Louis entrou em pânico, levantando-se e tentando puxar a namorada consigo.
- Me solta, Louis! - tentou se soltar, instigada pela emoção de uma aposta. - E aí, Irlanda, vamos apostar?
- Claro que não! - Niall gargalhou, para a alegria e decepção (mas só um pouquinho de decepção) de e Harry. se resignou a sorrir afetuosamente para a melhor amiga surtada e Louis sentou de novo, respirando fundo.
- É claro que não mesmo, você sabe que perderia, covarde do caralho. - sentou também, olhando para a televisão: - Por que nós estamos vendo Senhor dos Anéis?
- Por que é uma obra prima! - Harry ergueu os braços, defendendo a saga que tanto gostava e acabou recebendo uma travesseirada na cara, cortesia da Srta. Dona da Razão.
- Cala a boca, Styles.
- Mas é um bom filme sim, . - concordou com o amigo, defendendo a saga que lhe foi apresentada por Zayn e sua insistência em fazê-la ver algo que não fosse um terror "barato e previsível".
- Um clássico. - Niall se juntou à dupla, apesar de nem ter assistido o terceiro filme.
Tudo para fazer perder a cabeça...
- Vocês são feios e têm mau gosto. Além de covardes, não é Niall?
- Ai … - Niall resmungou, sentindo o estômago clamar por comida: - Eu estou com fome, e já que o Harry e a estão aqui, acho que nós poderíamos cozinhar.
- Essa é uma ótima ideia porque eu estou morrendo de fome! - se levantou para descobrir o que tinham de comida na despensa da casa.
A verdade é que ela não gostaria de ficar sozinha tão cedo, não queria correr o risco de acabar stalkeando Malik para descobrir o que ele fez enquanto ela teve uma tarde tão importante. Era uma merda se importar com o que ele pensava mesmo que já não mais tivesse o privilégio de ser o motivo do sorriso dele e seria mais fácil ignorar o turbilhão de sentimentos se só ficasse sozinha apenas quando estivesse tombada de sono.
Mesmo sabendo que terminariam a sessão de cozinha com agredindo alguém, Niall alimentando os cachorros com comida (mesmo que todos já tivessem lhe ensinando que ele acabaria matando-os) e os irmãos Styles brigando a cada passo, a loira sorriu, agradecida por estar cercada de amigos tão peculiares.
queria matar São Patrício, lenta e dolorosamente, de preferência.
Era sexta-feira e ela estava presa na casa de Malik, com o próprio diabo, enchendo o saco, Louis sendo perfeito e legal como sempre, Liam, que estava irritantemente feliz e que também ostentava um humor impecável.
- Vocês transaram? - largou o celular e mandou a pergunta com uma impaciência impressionante até mesmo para ela.
- O quê? - Liam, , e Zayn perguntaram juntos.
- Sim! - Louis confirmou veementemente.
E recebeu um tapa da namorada.
- Louis!
- Eu estou falando com vocês dois. - a morena apontou para os melhores amigos, evitando que eles pudessem se escusar de uma resposta clara.
A pergunta veio inesperada, obviamente, mas agora todos queriam saber e logo estava com as bochechas quentes e Liam tirou o sorriso da cara porque já sabia a onda de mal humor que viria em seguida.
- Por que diabos você acha isso, Meester? - Zayn, que fumava dentro de casa exclusivamente para afrontar o pai, perguntou, rolando sobre o grande divã que ocupava sozinho e encarando o casal.
- Porque esse é o único motivo justo pra vocês estarem com esses sorrisinhos babacas. - a morena explicou, menos irritada agora que eles não sorriam mais e sim a encaravam sérios.
- Ai … - Ortega suspirou profundamente, sentindo compaixão pela situação da amiga, que estava tendo um dia ruim desde que soube que Harry estava tendo uma ótima estadia em Dublin.
Era o aniversário de e também o dia de São Patrício e Niall decidiu que a ocasião merecia uma grande comemoração ao melhor estilo irlandês, celebrando o que a Irlanda tinha de mais próximo do carnaval brasileiro.
Zayn usou as palavras "nem fodendo" para expressar sua profunda aversão ao plano estúpido, Liam até gostava de uma festa mas já havia combinado de passar o fim de semana jogando videogame com o melhor amigo, Louis foi convocado pelos pais para um programa de família e , como seu plus one, também ficou para trás, e por fim , que preferiu ficar com o namorado e o primo, e ainda convenceu que era uma péssima ideia ficar um fim de semana inteiro com Harry, muita bebida e festa, sem nenhum responsável para pará-los caso decidissem fazer alguma merda.
Acabou que além de Niall e da aniversariante só foram , que jurava já estar com saudade dos Horan, e Harry, que foi a tiracolo, carregado pela irmã.
- Nós poderíamos usar a piscina, se a água estiver aquecida, é claro. - sugeriu, sentindo-se refrescada só de imaginar-se mergulhando sob as águas cristalinas.
- A água está quentinha, Zaza? - , sonolenta com o calor abafado que tornava o ar mais pesado, perguntou ao primo, na esperança de que fosse possível entrar na piscina nos próximos dez minutos.
- Não pra Meester. - o moreno soltou uma lufada de fumaça, rindo abobado.
Se fosse , não pensaria duas vezes antes de arremessar o próprio chinelo na cara do idiota, mas como ela não era, se contentou a fingir que Malik era uma poeira cósmica e que não valia uma réplica.
- Vocês não calam a boca? Eu estou tentando me concentrar aqui! - reclamou. Era difícil virar o jogo contra Louis quando estava envolvida na conversa alheia!
- Nós podemos ir lá em casa nos trocar enquanto você manda aquecer a água, Zayn. - Orteguinha tomou a frente, largando sua garrafa de água quase vazia e caçando o tênis para calçá-los e evitar que Amina a flagrasse andando apenas de meias em casa e culpasse Liam pela conduta transviada de sua filha santa.
- Liam, vai ligando seu carro e espera a gente lá fora. - Meester ordenou e levantou para ir ao banheiro.
A vontade real do rapaz foi entrar no carro e passar por cima da filha da puta até o combustível acabar. Mas aí entendeu que estava prestes a se deparar com seus sogros e se desesperou, apelando à namorada:
- Mas eu não quero ir… Seu pai está lá, babydoll…
- Ele quer sua ajuda, Li. Custa você ir só ver o que ele quer? - não entendia quando Payne começava com aquele escândalo, não era como se seus pais o torturassem toda vez que ele ia na casa Ortega.
- Com certeza é alguma coisa inútil! - o garoto bateu a mão na coxa, conjeturando os pedidos absurdos que Robert provavelmente faria. Sempre era algo estúpido para brincar com outros velhos tão atoas quanto ele.
- Você nem está fazendo nada, essa é uma ótima oportunidade de ficar bem aos olhos do papai. - a caçula decidiu, beijando a bochecha dele e selando o seu destino. Ele iria, era a decisão final.
Olhando para aquela criatura maravilhosa pendurada em seu braço, ele repetiu para si que precisava aprender o mais rápido possível a dizer não
- Caralho…
- Olha essa boca!
- Tommo, você vai junto? - Liam gritou da porta, torcendo para ter uma companhia com quem dividir a atenção indesejada do sogro.
- Só se eu puder subir para o quarto com as garotas. - Louis sorriu sem vergonha, pausando o videogame e assistindo a ruiva procurar o próprio celular em meio as almofadas jogadas no chão.
- Você só fala bosta, honey. - Westwick levantou e jogou seu console no colo do garoto - agradeça por eu ter que parar antes de virar o jogo e te derrotar.
Liam desapareceu porta afora com e em seu encalço e minutos depois, após boas buzinadas irritadas de Payne, passou tranquilamente pela dupla na sala e se dirigiu ao carro onde era aguardada.
Quando o automóvel se afastou tanto que o barulho estrada afora desapareceu, Tommo arremessou uma almofada em Zayn e falou:
- Zayn você tem que parar com isso.
- O que eu fiz? - o moreno ainda encarava o caminho por onde Meester passou, completamente absorto na incrível sensação de sonolência que o embalava.
- Ainda não fez nada, mas para de olhar pra . - Louis sentou, sentindo a pressão dos ombros tesos mandarem embora o em bem estar que sentia até ver o que os olhos diabólicos de Malik viam.
- Cala a boca, Louis… - Zayn desconversou trivialmente, levantando-se porque decidiu que um mergulho na piscina de fato cairia bem agora.
Louis o perseguiu pela casa, sem saber exatamente se iriam até a piscina externa ou a interna, que normalmente era de uso particular do Sr. Malik, mas quando ele não estava na cidade, se transformava em uma piscina pública.
- Cara, você não está realmente pensando em seguir com essa merda! - pressionou, preocupado demais para apreciar a galeria de fotos da infância de Malik, que costumava ser uma criança adoravelmente sorridente.
- Seguir o quê? Eu não estou seguindo absolutamente nada. - o moreno se fez de desentendido. Parou do nada, no meio do corredor, antes de finalmente tomar a decisão (sábia, diga-se de passagem) de que iriam ficar lá fora porque a piscina era maior e todo mundo sabia que Liam era gordo e ocupava muito espaço.
- Você para de graça. - Tomlinson estava começando a entrar em pânico: - Não tem nem duas semanas que eles terminaram. Você não pode estar realmente considerando ir atrás da .
As acusações de Louis eram bem sérias e Zayn estava sim um pouquinho irritado com a interrupção brusca de seu estado momentâneo de reflexão. E parte dessa irritação vinha também de ter sido exposto tão cruamente.
- Primeiro, eu não vou atrás de ninguém. - ele pensou em complementar com "elas é quem vem atrás de mim" mas começou a rir sozinho só de pensar em falar aquilo. - E depois, não faz diferença se eles "terminaram" semana passada ou ontem, não era sério, você sabe disso, eu sei disso, o Harry sabe disso.
- Vocês vão foder o meu relacionamento. - Tommo conjeturou começar a chorar ali mesmo para ver se amolecia o coração do outro. O amigo ia fazer uma GRANDE merda e nem tinha noção disso.
Louis conhecia Harry tão bem quanto conhecia o próprio irmão, uma amizade que ultrapassava quaisquer fronteiras do bom senso comum e o permitiam ter certeza que Styles estava arrependido por ceder a pressão de Benett e ainda mais, reconhecimento dos sentimentos do melhor amigo pela doida da .
Harry esteve feliz por algum tempo, e então sem rumo. Mas uma aproximação de Malik e iria destruí-lo.
- A nunca vai descobrir, e se ela chegar a saber de alguma coisa, nós fingimos que é uma grande piada. - Zayn assegurou, ajoelhando-se para enfiar a metade do braço dentro da água gelada.
- Para de ser doente, Zayn. - o outro se impacientou, enfiando as mãos nos bolsos do short de moletom que usava: - Eu não quero mentir pra minha namorada, e também não quero ficar sem namorada.
- Para você de ser exagerado, meu querido. - Malik riu - Procura a máquina de encher as boias, lá dentro, eu vou mandar mensagem pra trazer as boias que nós compramos para o verão.
Louis resmungou mais alguma coisa mas entrou na casa da piscina para procurar a despensa onde supostamente estaria a máquina. Enquanto isso Zayn ligou o registro vermelho porque assumiu que o vermelho esquentaria a água já que até então o registro azul estava ligado.
Ele podia acabar matando todo mundo fervido mas paciência, aquilo era o que ele poderia fazer de melhor.
- Tá aqui essa bosta. - Tomlinson retornou e largou o objeto em uma espreguiçadeira e deitou em outra, colocando as mãos atrás da cabeça. Como não recebeu resposta, decidiu continuar falando: - Eu estou falando sério, não faz nenhuma estupidez, cara. Eu realmente gosto da e nós não precisamos de nenhuma complicação.
- Por que eu tenho a impressão de que quando foi a vez do Styles você não fez tanto alarde? - Zayn estava mais uma vez com o braço enfiado na água, muito mais prazerosa e convidativa.
- Porque o Harry gosta dela!
- Ele gosta da Meester? - o moreno piscou, apoiando as mãos na cintura magricela. Logo estava sentado na ponta de uma outra cadeira, prestando muita atenção no papo de Tomlinson.
- Aham.
- Pois bem, se ele realmente sente alguma coisa boa pela , o que eu duvido muito, pode se sentir livre pra me dizer e eu saio do caminho deles.
- Mas eu já estou te dizendo que ele gosta!
- E eu não estou acreditando em você, Tommo. - Malik riu, achando a maior graça de como o amigo se exasperava facilmente. A discussão foi rapidamente encerrada quando as vozes altas de Liam e brigando ecoaram por toda a casa Malik. - Eu acho que eles já chegaram!
De fato o quarteto chegou em meio à uma severa discussão. Liam expulsou do carro no portão da residência Malik, já que ela afirmava o tempo todo que iria mais rápido andando do que dentro daquela "porcaria".
Payne aceitou competir com a menina até a casa, ela correndo e ele (e e no carro. A única exigência da ruiva era que ele jamais passasse dos 30km/h e Liam assim o fez, pelo menos até os últimos 100m quando ele acelerou de verdade e fez Westwick literalmente comer poeira.
- Você é realmente estúpida se pensa que corre mais que um carro, . - Liam cantarolou alegremente, carregando a grande bolsa que separou para guardar as roupas trocadas, protetores solar, chinelos, seu robe, óculos de sol, e as caixinhas com as boias comprimidas que Zayn pediu.
- Eu teria corrido, se você não fosse um trapaceiro de merda. Eu te odeio tanto que eu queria poder encontrar uma forma dolorosa o suficiente de fazer a sua existência infeliz. - justificava sua derrota, como se não fosse o suficiente todos saberem que ela tentou competir com um carro.
- Oh, acredite, ter que olhar pra você todos os dias já são punição o suficiente. - o rapaz devolveu.
- Graças a deus nós chegamos! - parecia realmente aliviada, afastando-se da dupla infernal passou direto por eles e entrou na casa da piscina para ir ao banheiro), caminhando até o primo.
- Nossa, - Zayn se surpreendeu com a alegria da menina em revê-lo, até cruzou os pés para dar espaço para ela sentar na pontinha. - mas não tem nem meia hora que a gente se viu.
- Eu só não aguentava mais - a caçula apontou para o próprio namorado e , que estava sentada no colo de Louis, contando como Liam era um burro idiota.
Payno por sua vez, estava animado para encher as boias e foi a primeira coisa que começou a fazer, ignorando em absoluto as presenças dos outros. Havia uma lista de preferências na sua vida e se divertir com aqueles brinquedos estavam sobre o topo de suas opções que se resumiam a discutir mais com e lidar com Zayn chapado.
- Já imaginou como ia ser perfeito se a Westwick e o Malik não estivessem aqui? - sentou de frente para o rapaz, olhando para a água cristalina que refletia os raios de sol que brilhava timidamente.
- É verdade… - Liam concordou levianamente, alegre por ver o flamingo rosa tomar forma.
A morena o observou por longos segundos, decidindo se falaria algo que o irritaria o amigo ou o faria rir. Decidiu, por fim, parar de evitar o tópico maldito e descobrir como andavam as requisições para a universidade:
- O que o seu pai achou sobre você só tentar Oxford?
- Ele concordou comigo, disse que não adianta parecer um desesperado. - o garoto explico, agora assistia pontuando alguns motivos porque tornavam justa a sua vontade de empurrar Zayn na piscina.
Mas acabou que ela mesmo desistiu porque concordaram que ele era lindo demais pra sofrer tal atentado.
- E se você não passar? - continuou pressionando.
Liam foi um filho da puta quando contou que simplesmente não se interessava por estudar em Cambridge, o que significava que logo mais os dois amigos iriam se separar. Na verdade ele não se interessava por nenhuma outra instituição além de Oxford e deixou todos apreensivos com as consequências de uma possível recusa da parte da Universidade.
Até mesmo Zayn, que não tinha grandes planos para o próprio futuro, não quis arriscar e esperava que fosse aceito em pelo menos uma das quatro universidades em que deu entrada no processo de pedido por uma vaga.
- Aí ele constrói uma biblioteca no nome da família. - Payne deu de ombros.
- Basicamente compra a sua carteira.
- Aham.
- Meu pai vai fazer a mesma coisa.
Ele percebeu como a amiga estava inquieta, diferente de sua usual pacificidade, mas não se deu ao trabalho de questionar sobre o que a incomodava tão profundamente.
Pelo contrário, ele preferiu assistir tirar o vestido de verão e exibir o biquíni azul como a própria água. A ideia do que viu lhe deu sede e ele levantou para ir atrás de algo para beber.
- Você não acha uma merda que nós não vamos mais estudar juntos? - falou de repente, saindo de qualquer realidade paralela em que estava e agora tentando dar um tom mais casual à sua pergunta.
Payne nem ao menos piscou, surpreso com o teor da pergunta. Mas logo percebeu que tinha uma resposta pronta, e a deu com um leve encolher de ombros.
- Não.
- Quem vai fazer minhas listas de física?
- Você não vai mais ter listas de física para entregar, .
- Eu sei, mas… - Meester suspirou e ficou emburrada: - Esquece.
- Eu estou errado ou você está ficando melancólica? - o garoto cruzou os braços, sorrindo petulante. Era ótimo poder encontrar uma brecha de vulnerabilidade naquela pequena filha da puta.
- Cala a boca.
- Eu vou estar há uma horinha de distância de você, sabe... - ele a provocou, aproximando-se para abraçá-la só porque sabia como a irritaria ainda mais.
- Eu não me importo. - Meester não se esquivou do abraço, mas também não retribuiu. Agora era tarde demais para recuperar sua dignidade, além do mais, e vinham em sua direção, curiosas.
- Nós vamos nos ver mais do que você gostaria, eu prometo.
- Sobre o que vocês estão falando? - , a senhorita discrição e educação, cruzou os braços no instante em que parou de andar, encarando a dupla como se eles tivessem cometido um crime horrível.
- Sai daqui, . - a rechaçou, como se fosse uma ofensa relembrar o comportamento desinibido da loirinha que era a única pessoa que podia ser intrometida como era sem ser pedante.
- Você está enchendo essa bóia de otário. - a ruivinha avisou, sorrindo maldosa ao ver a frustração aparecendo nos olhos de filhote do idiota: - Nós vamos jogar polo.
- Ah não. - Liam jogou a bóia no chão, quase perto de chorar de desgosto.
Ele só queria ser esquecido e ficar quietinho aproveitando a tarde, inferno!
- Vamos sim, vai ser divertido! - Tommo chegou junto, exibindo o shortinho de banho que Malik lhe emprestou. Inclusive o citado permanecia em sua cadeira, fumando mais um para "entrar no clima" e pensando sobre o que faria em relação à morena há alguns metros dali, alheia aos planos diabólicos que Zayn fazia para os dois.
- Ah vai! - sorriu diabólica mas tudo o que Louis via era a anjinha feliz que agora sorria para ele: - nós, garotas, contra vocês três.
- Eu vou ter licença pra matar a afogada se ela começar a encher o saco? - Payno resmungou, ignorando todo mundo conversando animadamente sobre a atividade.
- Aham. - prometeu, acariciando as costas do pobre namorado infeliz e jogou em seu colo a roupa de banho que Malik pegou na casa da piscina.
- Então tá, enquanto nós colocamos as redes, vocês vão pedir bebidas e comida pra gente. - Liam bateu as mãos, decidido a arremessar a bola pelo menos uma vez na cara de .
Ia ser um ótimo jogo apesar de tudo!
- Nossa, seu machista, por que você tem que arrumar a rede e eu ir atrás da comida? - cruzou os braços, sentindo-se particularmente ofendida por ter ficado com uma obrigação.
- Tudo bem então, vai lá colocar tudo que eu vou pegar comida. - Payne deu de ombros e já se dirigindo à casa para procurar alguém que providenciasse estoque de comidas e bebidas para seis adolescentes famintos.
- Gordo… - Meester murmurou, percebendo que ele não estava recuando e então começou a se desesperar: - Não! Volta aqui! , manda ele voltar!
- Liam! - Orteguinha chamou o namorado aos risos e em um minuto ele já estava junto a elas.
O restante da tarde transcorreu bem na medida do possível, considerando as figuras presentes no mesmo ambiente e a verdade é que quando o jogo acabou (um empate sufocado) todos estavam tão cansados e satisfeitos que nem sobrou tempo para brigar mais.
O fim de semana não demorou a passar e logo Horan, os Styles e Hilton estavam de volta a Londres, com a bagagem cheia de histórias engraçadas sobre a família maluca de Niall.
A loira, sentada sobre o mármore da bancada da cozinha, com sua calça de moletom vermelha, seus cabelos longos bagunçados e uma camiseta da banda Queen que na verdade era de seu irmão, comia tiras de bala de alcaçuz enquanto seu namorada almoçava um sanduíche que Emily havia preparado.
- O aniversário da está chegando. - lembrou mordendo uma guloseima e puxando-a com a mão até arrebentar. - E eu estava pensando que não existe presente melhor para a que eu saindo de um bolo! - arqueou as sobrancelhas, falando sério e Niall concordou mordendo um grande pedaço do seu sanduíche de peru que estava delicioso.
- Afinal você é um docinho. - o irlandês brincou limpando-se com um guardanapo - É capaz de ela ter uma overdose de doce ao assistir essa cena. - sorriu, vendo a menina rir divertida e curvar-se até ele para lhe dar um beijinho rápido e açucarado.
- Então para a já está decidido. O maior perigo agora é o Louis ter a mesma a ideia… - princesinha Styles preocupou-se cerrando os lábios.
- Se dois bolos enormes chegarem na casa dos Westwick eu descubro qual é o do Louis e o mando para a Escócia. - deu de ombro, terminado sua refeição e levantando-se da baqueta onde estava sentado
- Tenha certeza que você estará mandando o Louis, babe. - sua voz falhou um pouco ao fim da frase pois pulava de cima de bancada - Eu odiaria ter uma surpresa desagradável ao pular de um bolo… Seria desconfortável ver homens de saia. - pegou seu pacote de alcaçuz e dirigiu-se para o deck já que a medida que a primavera chegava a temperatura aumentava gradualmente.
- Primeiro; não são saias são kilts. E eu já te falei isso milhões de vezes. Segundo; falando em aniversário - Horan a seguiu, deixando o prato no mesmo lugar tendo certeza de que quando volta-se ao cômodo ele já estaria limpo e de volta ao armário - , sabe o que estava pensando?
Sentando-se sobre o acolchoado macio da banco de madeira que sua mãe levou meses para escolher, levando o arquiteto a loucura, a garota pode ver o loiro carregando aquele olhar sapeca e brilhante que ela conhecia há muito tempo e adorava.
- Na sua festa de aniversário você deveria esperar todos os convidados chegarem e aí - ele colocou as mãos sobre o quadril fazendo um suspense, vendo-a com perninhas de índio e muito curiosa para ouvir a grande ideia. -, você chegava de tirolesa.
cresceu os olhos, empolgada com as oportunidades infindas que surgiam em sua mente naquele momento.
- Ou - a caçula Styles tinha ambos os dedos indicadores em riste mirando o namorado, totalmente entusiasmada com a comemoração que ocorreria apenas em agosto - , num balão de ar quente!
Niall bateu uma palma, erguendo as mãos, gesticulando exageradamente: - Nós podemos contratar uma outra garota para se passar por você e aí ela chega de tirolesa e você de balão. Mas a parte legal é que - sentou-se ao lado da namorada, sorrindo abertamente - as pessoas vão ficar confusas!
A loirinha riu da estupidez que falavam e enrolou os dedos nos fios curtos dele fazendo um caminho de beijos da bochecha do rapaz até seus lábios, enquanto Horan envolvia a cintura dela, trazendo-a para mais perto e fazendo um carinho gostoso em sua nuca que a causava arrepios.
Não demorou muito para ouvirem alguém limpando a garganta próximo a eles e se separarem rolando os olhos tendo em mente que o (literalmente) estraga prazeres era Harry que ainda não havia dado as caras desde que o irlandês chegara na residência dos Styles, o que era muito estranho, já que o cacheado não conseguia conter-se em incomodar a irmã de todas as formas possíveis como também em passar muito tempo conversando com Niall apenas pelo prazer da companhia do amigo.
Mas quem tentava chamar atenção de forma sutil era na verdade Desmond, que carregava um sorrisinho cerrado e desgostoso nos lábios por ver sua enteada atracando-se com o namorado. Na verdade, as crianças não faziam nada demais, nada além do permitido e aceito pela moral e bons costumes, todavia a imagem que ele presenciou foi totalmente deturpada por sua mente rígida de pai atencioso e amoroso que apenas queria proteger sua pequena loira meiga e dissimulada.
- Oi papai. - sorriu ignorando totalmente o descontentamento que Des a lançava com o olhar.
Horan por sua vez teve a face tomada por todas as cores possíveis e arrumou a postura, endireitando a coluna e sentando-se como um rapazinho educado, torcendo para que o sogro não fizesse um comentário engraçadinho que na só servia para deixá-lo com vontade de afogar-se na piscina.
- Oi querida! - Sr. Styles curvou os lábios num sorriso imenso, aproximando-se do casal e ocupando a poltrona a frente deles. - É sempre um prazer tê-lo aqui em casa, Niall... - falou ao menino que o mirou aliviado por nenhum comentário ácido e chegou a acomodar-se no banco - Sugando toda a inocência da .
O irlandês precipitou-se no pensamento...
- Imagina Sr. Styles, o prazer é meu. - riu nervoso, piscando para o homem que arqueou as sobrancelhas devido a fala atrevida do garoto, enquanto rolava os olhos entediada.
Sabia que o namorado ficava nervoso nos primeiros cinco minutos de conversa com Desmon, que sempre usava as infelizes falas de Niall para criar as melhores piadas e contá-las nos coquetéis ao apresentar o genro para algum acionista.
- O senhor estava indo para algum lugar, papai? - a garota indagou, implicitamente pedindo para o mais velho deixá-los sozinhos.
- Sim. Para o meu deck, sentar na minha poltrona para conversar com a minha filha. - pontuou, fazendo-a ter certeza que ele e o filho tinham muito em comum. - E então crianças, como está a escola?
- A mesma coisa de sempre. - a loira deu de ombros, segurando uma das mãos de Horan e apoiando-a em seu colo.
- Agora que o senhor me perguntou, eu lembrei! - o rapaz começou a falar e Des voltou-se totalmente para dar-lhe atenção - Ontem eu recebi uma advertência porque cheguei atrasado pela terceira vez na aula e eu me senti ultrajado! - sua voz carregava revolta e o homem mais velho franziu o cenho, parecendo interessado na história do genro - Sou um aluno do último ano!... Não! Sou um aluno do último semestre! - corrigiu-se a fim de deixar tudo mais dramático - Chegar atrasado é algo que eu faço desde o meu primeiro dia na Eton, eles já deveriam estar acostumados! Mas agora eu tenho que ficar na detenção por três dias e isso me força a tomar medidas drásticas… Sr. Styles, o senhor precisa fechar a Eton!
Desmond alternou os olhos do garoto com expressão séria para a caçula que ergueu as mãos em rendição, não querendo se meter naquele tópico: - E-Eu fico lisonjeado pela sua opinião ingênua das minhas proezas empresariais - visivelmente não sabia como se portar diante aquele pedido ousado e cheio de ódio - , mas acredito que isso esteja fora do meu alcance.
- Argh, meu pai também se recusou…. - o loiro resmungou, fazendo uma careta e virando o rosto, perdendo a risada silenciosa do sogro, que negava com a cabeça.
- Isso me fez lembrar de uma coisa! - animou-se, endireitando a postura e sentando-se com pernas de índio. - Eu cheguei a falar que o Niall conheceu meu pai? - questionou ao padrasto que intercalou os olhos dela para o menino que ficou totalmente rabugento.
- E o que exatamente te fez lembrar disso, babe? - o loiro a fitou com o cenho franzido - A minha tristeza de espírito?
- Não! - o respondeu ofendida e desentendida. - Essa história toda de pai… Como assim tristeza de espírito Niall? Que história é essa?! - cruzou os braços indignada - Ai tanto faz. Enfim papai - voltou a atenção para Desmond que sorria achando graça da interação do jovem casal - , foi muito legal!
- Não foi não. - Horan cochichou para o sogro, que tentou permanecer sério já tendo em mente como deveria ser difícil aguentar Russel Koch que havia se encontrado com Des apenas duas infortunas vezes, para a infelicidade do Sr. Styles.
virou o rosto para o namorado pensando ter ouvido alguma coisa, mas o rapaz apenas sorriu para ela, incentivando-a a continuar alterando completamente a história e fazendo parecer de que ele tivesse gostado das horas horríveis ao lado do sogro número um completamente maníaco.
- Aposto que você deve ter adorado o Russel, Niall. - o mais velho instigou o assunto a continuar a fim de divertir-se mais.
- Sim!
- Eu odeio ele.
Princesinha Styles falou e o irlandês sussurrou respectivamente fazendo Desmond cair na risada e juntar as sobrancelhas, não entendendo aquela reação e encarar o garoto ao seu lado a fim de que ele pudesse o explicar o acesso de gargalhadas por parte do anfitrião. Contudo Horan apenas deu de ombros fingindo não entender o que acontecia.
- Me desculpem… É só que eu me lembrei de uma piada que o Harry me contou hoje no desjejum. - Des mentiu, passando as mãos pelos cabelos parcialmente grisalhos.
- Qual? - a menina o perguntou.
- As piadas do seu irmão são todas sem graça, querida. Continue a sua história. - sorriu simpático e acenou para que ela prossegui-se, todavia Harry apareceu na porta com a expressão cansada e uma mochila nas costas.
- Eu já vou indo pessoal. - o cacheado avisou sorrindo cerrado.
Sua irmã levantou-se rapidamente, correndo até ele e abraçando-o forte sendo escondida pelo agasalho que ele usava ao ser abraçada de volta.
- Boa sorte, Hazz. - ela desejou baixinho e ficou na pontinha dos pés para beijá-lo na bochecha.
- Para onde você está indo, cara? - Niall também foi até o amigo, cumprimentando-o pois desde que chegara na residência da namorada não teve sinal dele.
- Visitar minha mãe. - o moreno tentou devolver o cumprimento do irlandês, mas a menina ainda estava com os braços ao redor de sua cintura, impedindo-o de mover-se direito, o que o fez rir.
- Harry, qualquer coisa que acontece, qualquer coisa, você me liga. Tudo bem? - Desmond o aconselhou, conseguindo despedir-se do rapaz quando finalmente afastou-se.
O moreno acenou para todos ainda com o mesmo sorriso cerrado e partiu até a garagem onde o chofer já o esperava próximo ao carro onde sua mala estava.
No refeitório principal da Eton eram poucas as mesas de dez lugares, na verdade apenas duas das dezenas de mesas dispostas ao longo do salão possuíam dez assentos, o restante continha quatro a seis lugares.
Nos dias de glória do grupo alguém sempre chegava mais cedo para conseguir pegar uma das disputadas maiores mesas, todavia aquilo não era mais uma realidade para os jovens pois aos poucos eles foram se fragmentando. Mesmo tendo passado um mês e uma semana desde que terminara com Zayn, o rapaz ainda não podia ouvir a voz macia da modelo sem bufar e rolar os olhos, o que compreensivelmente incomodava Hilton que naquele momento almoçava com Niall, e . Além daquele caso, naquela quinta feira fazia exatamente uma semana desde que Harry havia falado para que eles não passavam de uma brincadeira, porém o moreno estava mais uma vez na América e Meester almoçava sozinha até que apareceu com um sorrisinho afável para fazer-lhe companhia. Já Louis, Liam e Malik ocupavam outra mesa aos fundos do salão.
- Hoje tem educação física, não é? - princesinha Styles lembrou-se, rolando os olhos e apoiando o cotovelo sobre a mesa - Eu odeio suar. - fazia uma careta sofrida.
- Vão fazer a atualização da nossa ficha técnica. - para o desespero da amiga, a lembrou.
E aquela atualização representava salto em distância, arremesso de disco, corrida com e sem obstáculos e lançamento de peso. deixou a testa cair sobre a bandeja vazia, fazendo o namorado à sua frente rir, já era o oposto da melhor amiga.
- Eu nem sei porque ainda nos fazem competir. Será que o Flanagham ainda não percebeu que existem pessoas que nasceram para ser boas em esportes, vocês até podem tomar a minha pessoa como exemplo e, outras são tipo a ... - Westwick questionou realmente curiosa, mirando cada um dos amigos que sorriam cerrado, não acreditando nas palavras presunçosas da ruiva.
- Como ousa?! - a loirinha soou ultrajada ao notar o insulto mascarado em uma piada.
- O foco é que a atualização da ficha só serve para ser escrito um novo ano no topo, afinal os resultados serão os mesmos.
- Não tem como ser bom em tudo, . - Niall soltou uma risadinha pelo nariz, afundando-se em sua cadeira e apoiando o braço no encosto do assento de .
- Ah desculpa, acho que ainda não fomos apresentados, você é novo aqui, não é?! Prazer, , a pessoa que é boa é tudo. - Westwick estendeu sua mão ao garoto.
O loiro arqueou as sobrancelhas, abaixando o rosto e voltando os olhos para Hilton que ouvia a conversa quietinha comendo seu pedaço de pizza, assim como que já pensava em uma forma de conter os danos, pois apesar de ser boa em mais da metade do que fazia seria difícil ela superar todas as meninas da Eton em todas as modalidades de atletismo.
- , isso é só uma hipótese - sua melhor amiga começou a falar, buscando pelas palavras mais macias e confortáveis para que o demônio ruivo não se magoasse, ou pior, destruísse o refeitório inteiro - , caso você não fique em primeiro lugar...
- Eu vou ficar. - Westwick certificou-a.
- Mas caso você não fiquei em primeiro lugar em tudo...
- Eu vou ficar. - a garota repetiu, não compreendendo todo o drama que o pessoal colocava em cima daquela bobagem.
- Deixa eu terminar de falar, ! - a caçula Styles irritou-se e como castigo, roubou um dos bombons que estavam na bandeja da outra menina que tentou protestar, mas a loira já o comia - Caso você não fique em primeiro lugar, o que vai fazer? - indagou com a boca cheia de chocolate.
- Ah isso é fácil. - deu de ombros, apoiando as costas no encosto e cruzando os braços. - Caso isso aconteça eu serei uma vergonha para a minha família e não servirei de exemplo para minhas irmãzinhas, então terei que sair de casa e me castigar diariamente devido a humilhação que passei. - disse simplesmente dando de ombros e vendo que cobria os lábios para rir de sua fala - Não estou entendo a graça, . - olhou para os lados, forçando um sorriso cerrado, fingindo que falava sério.
- Bom, eu espero de verdade que você esteja brincando, porque é óbvio que você não vai ficar em primeiro lugar em tudo. - Horan pegou uma rodela de pepperoni sobre uma das fatias da pizza de Hilton.
o encarou indignada com a audácia daquele filho da puta de dizer aquilo em sua cara! Ela estava perdendo o jeito, alguns meses atrás o imbecil nunca teria a pachorra de jogar algo daquela gravidade na mesa.
- Niall, você pode estar namorando a minha melhor amiga, mas isso não me impede de enfiar essa bandeja na sua cara! - ameaçou calmamente para que ele se atenta-se a cada palavra e tom daquela frase seríssima e sem blefe.
- Eu tenho sociologia na hora que você tem educação física - o garoto lamentou - Queria muito assistir essa aula.
- Tudo bem - Ortega falou para e enquanto se aproximava da pista de corrida. - , se eu tropeçar e cair no percurso vou fingir que passei mal e vocês vão me acudir. - brincou instruindo as meninas que riram de sua fala
A educação física havia começado e todas as garotas já usavam seus uniformes de atletismo. Como as fichas técnicas vinham sendo atualizadas houve a junção de três turmas e então grupos foram formados para que cada um competisse em uma das cinco modalidades.
A contragosto preparava-se para o lançamento de peso. Hilton já havia feito seu salto em distância o que de acordo com era injusto pois a modelo tinha um metro só de perna e dessa forma conseguiria um resultado melhor que ela que tinha um metro e sessenta e dois de altura.
Falando em Meester, a morena deveria se aquecer para o arremesso de disco, mas isso exigia muito esforço e ela estava com preguiça, então preferiu ficar seguindo já que pela primeira vez na história da Eton elas tiveram a oportunidade de terem uma aula juntas, como aquilo era um milagre, decidiu investir seu tempo no que realmente importava, apoiar e fazer chacota da caçula que se preparava para a corrida sem obstáculos.
- Você sabe que isso não vai acontecer, não é? - apoiou as mãos na cintura já rindo ao imaginar a cena catastrófica da caçula rolando pela pista de corrida - se você cair eu vou rir tanto e vou tirar tantas fotos que você nunca vai se esquecer desse dia.
- Ah que ótimo! Valeu. - forçou um sorriso, mas o que sentia era medo.
Sabia que se caso cometesse alguma gafe de nunca a deixaria esquecer, entretanto estava brincando quando dissera que poderia cair no meio da prova afinal passava horas a fio equilibrando-se sobre a ponta minúscula de uma sapatilha desconfortável, o mínimo que poderia angariar com aquele método de tortura que tanto amava era estabilidade para correr alguns metros. Todavia toda aquela história de humilhação gratuita começou a incomodá-la.
- Eu vou emoldurar a sua queda e pendurar no meu quarto. - continuou.
- , o mais importante - também sorrindo pela maldade de Meester, voltou-se para a mais nova - , se você cair, em hipótese alguma levante! Nós vamos fingir que sua pressão caiu.
- Você vai fingir, eu vou estar ocupada rindo. - lembrou-a - Boa sorte, . - seu humor mudou totalmente, apoiando a melhor a amiga que levantou o dedão fazendo uma joinha com um sorriso engraçado no rosto afastando-se para se posicionar em sua raia. - Ela vai cair, né? - perguntou baixo para que cerrou os lábios incerta.
Ortega era uma negação na educação física devido ao instrumento que geralmente era utilizado nas aulas: a bola. A garota dizia temer por sua vida e a cada vez que lhe arremessavam uma bola de beisebol ao invés de rebater com o taco ela se encolhia, quando a chutavam a bola de futebol a morena congelava no campo e era atropelada por no mínimo três outras garotas desesperadas que corriam atrás da bola, no vôlei sempre desviava, no basquete corria para o lado contrário, no handball caminhava ao lado de alguém do próprio time para que em hipótese alguma lhe fizessem um passe e na queimada era sempre a primeira a ser atingida.
Mas quando o assunto era atletismo a morena não era tão ruim assim. Afinal o preparamento físico ela tinha, a disposição também e o melhor era que nenhuma bola estava envolvida!
- Vamos lá meninas - um dos assistentes de Flanagham batia palminhas contidas chamado atenção das que iriam participar da corrida sem obstáculos.
- Oi . - disse atrás amiga que se inclinava para frente a fim de tocar os pés com as mãos sem dobrar os joelhos.
- Oi. - virou o rosto sorrindo para ela, juntando as sobrancelhas ao vê-la posicionando-se a raia ao seu lado. - O que você está fazendo? - com a coluna já ereta, indagou.
- Me preparando para a corrida.
- Essa não… - fechou os olhos sentindo-se odiada por todas as criaturas místicas do universo que a colocaram numa competição com Westwick.
Vencer estava fora de cogitação para e a menina nem ao menos se importava. Porém tinha certeza que a infernizaria o resto da semana pois com certeza a ruiva ficaria em uma colocação melhor que ela.
- O quê? - a mais velha franziu o cenho, visivelmente ofendida pela reação da morena que soava muito decepcionada por tê-la ali.
- Nada. - Orteguinha forçou um sorriso, tentando disfarçar. - Nada mesmo. Nada que você tenha que se preocupar! Nada. Nadinha.
- Okay… - meneou a cabeça fazendo movimentos circulares com os ombros enquanto a encarava séria - Tudo bem, o que foi? - incomodou-se com o olhar bizarro da garota de olhos imensos sobre si.
Ortega suspirou alto colocando as mãos na cintura e encarando o ambiente ao redor analisando sua melhor rota de fuga pois nunca teve as piadas mais ácidas de sobre si, mas já havia presenciado alguns episódios e nenhum deles acabava bem.
- , é só que não é segredo para ninguém que eu sou uma negação em esportes e você… bem, você é muito boa além de ser doentiamente competitiva! - a ruiva sorriu, feliz pelo elogio e orgulhosa de si - E como nós somos obrigadas a competir uma como a outra, nesse momento, eu apenas quero pedir do fundo do coração para que você, por favor, não deixe o lado negro da força te dominar e assim sua mente sádica prevaleça e você me humilhe até o fim dos tempos ou então até alguma de nós morrer.
Westwick riu compassiva e o som de sua risada transmitia carinho. A ruiva aproximou-se da caçula colocando ambas as mãos nos ombros de Ortega: - É impossível. - a auréola que até então pairava sobre a cabeça de explodiu, sendo substituída por um sorriso maligno e psicótico.
soltou uma risadinha sem graça, mantendo seus assustados fixos na louca a sua frente e pensou que começaria a chorar, contudo seus pensamentos foram interrompidos por um grito de Flanagham que pedia para que todas se colocassem em suas posições.
O professor de educação física, com seu famoso apito preso em um cordão ao redor do pescoço e a prancheta embaixo do braço esperava que as alunas terminassem de se preparar e ao varrer o local com seus olhos atentou-se para um quesito em especial.
- Senhorita Meester. - caminhou até que conversava com que havia arremessado seu disco e descansava antes de voltar a aula. havia saído para fazer o lançamento de peso.
A morena voltou-se sorridente para o mais velho que devolveu o sorriso simpático, pegando sua prancheta e checando sua suspeita.
- A senhorita ainda não completou nenhuma das modalidades? - perguntou já sabendo a resposta, afinal toda ficha que analisava não havia anotações à frente do nome da garota.
- Não. - respondeu negando com a cabeça e cruzando as mãos a frente do corpo, percebendo que ao seu lado, a caçula Styles crescia os olhos e os intercalava entre ela e Flanagham.
- Não acha que deveria começar? - o professor franziu o cenho chocado com a sinceridade da menina.
- Deveria… Mas eu odeio isso mais que aplaudir outras pessoas… - arqueou uma sobrancelha, esperando que sua honestidade a livrasse das atividades propostas.
O homem piscou algumas vezes precisando de um tempo para absorver tanta audácia e falta de vergonha e ao recompor-se colocou a prancheta embaixo do braço e segurou o apito entre os dedos.
- Meester vá agora para a corrida com obstáculos. - mandou, soprando o apito que fez a morena dar um pulinho devido o som agudo demais e encolher-se desejando afundar aquela merda na cabeça daquele desgraçado.
- Mas professor… - tentou interceder pela própria causa e foi impedida pelo mesmo barulho insuportável já que Flanagham apenas soprou o apito mais um vez. - Se o senhor me deixar explicar… - ele soprou o apito - É que eu… - apito - É uma questão simples de… - apito. - Eu estou indo! - revoltou-se e saiu zangada até onde um dos assistentes que instruia algumas de suas colegas para porcaria da corrida de obstáculos.
Princesinha Styles riu baixo e passou as mãos pelas duas trancinhas que Hilton havia feito em seus quando estavam no vestiário se trocando para a aula de educação física. Ainda alheia não notou que o professor a mirava de braços cruzados e expressão irritada, contudo ao notá-lo envergonhou-se e colocou o dedo indicador sobre os lábios indicando que não falaria uma palavra temendo que ele usasse o instrumento do capeta conhecido como apito. sorriu ainda constrangida, tentando disfarçar e indicou que estava a caminho de alguma tarefa e saiu correndo para bem longe sem olhar para trás e ver que o homem rolava os olhos.
e Orteguinha que riam do infortúnio de Meester e puderam ouvir o grito de Flanagham que avisava que a corrida finalmente iria iniciar. As meninas que competiriam na modalidade posicionaram-se, respirando fundo e ao famigerado som do apito do professor todas começaram a correr os 200 metros que as separavam da linha de chegada.
concentrava-se mais em inspirar e expirar corretamente a fim de evitar dores abdominais causadas pelo baço e demorou alguns segundos para se chocar com o fato de que entre ela e a linha de chegada estava apenas uma pessoa e o mais inusitado era que essa pessoa não era Westwick!
Ortega olhou para o lado a fim de encontrar a ruiva e pode vê-la esforçando-se para conseguir puxar o ar com suas narinas e fazer os músculos de suas pernas, juntamente com seus pés, a impulsionarem a frente para conseguir alcançar a mais nova. Foi então que a morena correu como se sua vida dependesse daquele resultado e tirou o resquício de fôlego que guardava para passar da linha de chegada em segundo lugar, notando que poucos segundos a separavam de .
A caçula apoiou as mãos nos joelhos, com os lábios entreabertos não apenas para que o fluxo de ar direcionado a seus pulmões fosse maior, mas também por que estava abismada que havia chegado em segundo lugar. Correu até , que afastada da pista assistia a corrida.
- Você viu?! Eu cheguei em segundo lugar! Eu consegui! E sem cair! - comemorava vendo o sorriso orgulho de Hilton.
- Eu também vi que você chegou antes da e ela está vindo para cá. - avisou, rindo da morena que cresceu os olhos temendo por sua vida. - Corre , se salve, saia daqui! - fez sinal para a amiga que de fato saiu em direção ao vestiário, já que havia completado com êxito todas as atividades.
- Ninguém comenta o que acabou de acontecer aqui. - Westwick determinou e apenas concordou com a cabeça não ousando manifestar-se sobre o ocorrido. - Eu vou para o vestiário.
Hilton até calculou a possibilidade de cometer um homicídio já que Ortega estava sozinha e desprotegida no vestiário feminino, mas preferiu não fazer alarde e confiar que a mais velha ainda não havia sido corrompida por maldade e no fundo, bem no fundo, lá dentro mesmo, onde era quase inacessível, ainda existia humildade e compaixão. Outro quesito que não conseguiu evitar, foi que seria impossível não comentar sobre aquela aula de educação física e que para o temor da demônia ruiva provavelmente parte do grupo como , Liam e Harry não esqueceriam daquilo tão cedo.
A sexta-feira veio e com ela estava indo o restante da sanidade dos alunos. Os corredores da Eton estavam como sempre abarrotados e crianças animadas buscavam suas classes ou só passeavam em nome da boa e velha necessidade social.
O pequeno feriado na semana anterior deu a todos fôlego para começarem a semana com melhor humor e mais disposição, mas nem mesmo o melhor dos humores foi capaz de resistir à pressão de tantas responsabilidades.
Mas diferente dos ânimos renovados dos outros, jurava que ainda estava cansada por causa do fim de semana extensivamente ocupado, e não cansava de dizer isso para todo mundo. Na verdade, ela passou a semana toda repetindo o mesmo mantra e só parou na sexta feira quando estavam a caminho da escola e Harry ameaçou jogá-la para fora do carro se fosse obrigado a ouvir aquilo mais uma vez.
Aí ela resolveu perguntar sobre as "conquistas" dele durante o feriado (já que ele foi mais que eficiente em se esquivar dela durante toda a semana) e o rapaz preferiu que ela voltasse a reclamar de cansaço mas felizmente se livrou das perguntas inquisitivas porque chegaram na escola e Niall já estava no estacionamento, aguardando-os.
- Faltam quantos dias para as férias? - o irlandês perguntou e suspirou tão profundamente que Harry até ficou triste.
- Muitos. - ele respondeu mal humorado. Era incrível como ele acordava feliz e agradecido pelo dom da vida, mas aí descia e encontrava a irmã na cozinha e sua gratidão ia por água abaixo.
- Palhaço. Ainda bem que vocês chegaram, está todo mundo no jornal. - Horan aceitou de bom grado a mochila da loirinha, que preferia ter as mãos desocupadas para escondê-las no bolso de seu casaco.
- Todo mundo? - Harry estranhou. Eles costumavam estar sempre no local, mas divididos. Essa seria a primeira vez que eles estariam todos juntos no jornal da Eton.
- Todo mundo. - Niall confirmou com um aceno.
- Todo mundo mesmo? - Styles persistiu, ainda cético.
No caminho até os amigos, ele começava a notar que sentiria falta de seu fiel público que sempre pareciam felizes quando o viam.
- Sim, Hazza, a deve estar lá. - jurava entender o motivo real dos questionamentos do irmão e por isso tratou de saná-los, podendo finalmente chegar no x da questão: - Aconteceu alguma coisa, Niall?
- O Tommo está surtando. - Horan foi breve. Não tinha graça contar tudo agora, era melhor ter um pouquinho de paciência e logo os Styles poderiam ver com os próprios olhos o que se passava dentro das quatro paredes.
- A traiu ele? - Harry franziu o cenho. Poderia, é claro, ser algo sobre a aposta, mas ele duvidava disso porque Niall não era doido o suficiente para esquecer de mencionar ou dar qualquer indício do que se tratava.
- Pior.
- Pior que traição? Ele pegou a doida no flagra? - o cacheado agora estava tão agitado quanto a própria irmã, que encarava o namorado com os olhos arregalados e expressão tensa. Era muita informação para uma segunda-feira de manhã!
O mais desconexo de tudo isso é que , a namorada do Tommo, não havia comentado nada com e o próprio Louis não mandou uma mensagem sequer para o melhor amigo. Então as duas pessoas mais próximas do centro da trama não sabiam de porra nenhuma.
- Quê? Não! - o loiro começava a ficar confuso com as sugestões indecentes do amigo.
- Nada pode ser pior do que isso… - Styles não conseguia se controlar! - Ela está grávida? De outro?
- Cala a boca, Harry. - o Irlanda interrompeu os devaneios do outro e se explicou: - Ele perdeu o prazo de Manchester.
Um alívio percorreu pelos Styles e Harry, que achava uma merda a ideia do amigo indo para Manchester, disse:
- Ah nem é tão ruim assim.
Mas Niall não havia terminado:
- E Cambridge.
- Porra.
- Coitadinho! E agora? Ele vai ficar sem estudar? - foi mais amistosa, realmente preocupada com o futuro do Tommo.
- Claro que não, . Ele vai pra Oxford. - Harry, um docinho de irmão, explicou impaciente. Louis não tinham nem o direito de ficar frustrado porque o plano sempre foi Oxford.
- Se ele passar… - Niall cochichou para a menina, apertando sua mão como se dissesse "seja o que Deus quiser".
- Ele só não vai pra Oxford se for um imbecil. - Styles murmurou sozinho, praticamente chutando a porta do jornal para a grande surpresa de todos ali.
Todavia, a situação com que se deparou não foi exatamente o que Niall havia lhe preparado para. Muito pelo contrário, todos estavam na mais perfeita paz e a coisa mais perturbadora que parecia ter acontecido ali, foi a entrada abrupta do trio.
Haviam uns quatro ou cinco estudantes profundamente entretidos com seus próprios computadores, a sala de reunião estava sendo usada por mais alguns alunos e seus amigos estavam na sala de .
A própria demônia estava apoiada contra sua mesa a ler um texto, Zayn havia puxado uma das cadeiras para o canto mais oposto de onde estava e acabou atraindo Liam e para perto dele, dividia o sofazinho com e as duas já haviam registrado para a história o momento e agora estavam entretidas em seus próprios telefones.
O próprio Louis estava sentado, pacificamente, e sorriu quando viu o amigão:
- Harry!
- Vocês drogaram ele? - o rapaz, horrorizado, olhou para todo mundo, assistindo o amigo lutar contra o sono, piscando repetidas vezes. E acabou esperando que Liam lhe desse uma resposta decente.
- Em tese, sim. - Liam respondeu com um dar de ombros e aquela resposta não convenceu ninguém.
- Cala a boca, Payne. Ninguém está drogado aqui. - Westwick explicou: - Você está drogado, Zayn?
- Hoje não. - o moreno respondeu com um sorrisinho sujo.
- Então não tem ninguém. - cruzou os braços e sorriu cerrado, totalmente no controle da situação.
- Mas… O Niall falou que… - , que estava mais perdida do que cego em tiroteio, foi até o amigo que ostentava uma calma monja, e o observou preocupada. - Que ele estava surtando!
- E ele estava! - Niall defendeu sua honra, fechando a porta atrás de si.
- Foi horrível! - explicou para os Styles, para que o melhor amigo não saísse como mentiroso na história.
- Eu nunca vi o Lou vermelho desse jeito. - complementou, sentindo-se quase tão mal como o próprio Louis. Ela não pode evitar os olhos brilhantes com lágrimas quando o menino sentou no chão e começou a falar que a vida dele acabou.
- Gente, o que está acontecendo? - princesinha Styles começou a se afobar, usando sua criatividade infinita para imaginar as mil e uma coisas que poderiam ter acontecido em tão curto espaço de tempo.
- O que vocês fizeram com ele? - Harry apontou para o moribundo.
- Nada!
- Eu não fiz nada.
- O Lou começou a surtar porque ele perdeu o prazo de Manchester e Cambridge. - explicou, não para Harry, e sim para .
- Ele acha que perdeu. - Zayn corrigiu.
- Acha? - Styles piscou uma só vez.
- Zayn? - a voz de era tensa e ela começou a se mexer inquieta.
- O que você fez, cara? - Liam não estava tenso porém começou a ficar irritado só de imaginar que Malik teve a pachorra de pregar uma peça em todos eles.
- O que você está falando, seu demente? - balançou a cabeça, incomodada com a existência do imbecil. Eles estavam resolvendo uma situação séria ali, e já não bastava o surtado do Harry, Malik tinha que arrumar um jeito de chamar a atenção.
- Só pra avisar, o Zayn estava fumando sim antes de vir pra cá. - Orteguinha explicou antes que alguém começasse de fato a dar ouvidos ao que o primo falava.
- Eu só acho que ele pode ter feito muito escândalo pra nada. - o moreno deu de ombros, voltando a ficar quieto.
- Cala a boca, Zayn. - Styles esfregou as mãos, esperando o que seria o próximo passo a ser tomado. Afinal de contas, Louis não podia ficar o dia todo ali, podia? - E agora, o que a gente vai fazer com ele?
- Tem alguma coisa a se fazer? - não tinha tanta certeza de que existia outra alternativa além de deixá-lo ali pra sempre.
- Eu não posso sair daqui, tenho que finalizar ainda hoje a edição e mandar para o Burrows. - se escusou.
Não havia como abandonar suas obrigações antes que a edição quinzenal estivesse pronta para distribuição.
- Ele tem pais, sabe… - Niall deu a sugestão mais sábia em meio a situação tão estranha.
- Deus me livre, o Mark vai chorar mais que ele. - sabia que o sogro ia ficar desapontado, além do mais, não era sua notícia ruim para sair espalhando por aí. Já bastava as ameaças que iria fazer para que os colegas do jornal não abrissem a boca.
- Isso é verdade. - concordou. Achava incrível como Mark e Louis eram parecidos nos exageros.
- Eu posso levá-lo lá pra casa até vocês decidirem o que fazer. - Harry decidiu salvar o dia: - Nem sei pra que tanto escândalo, ele iria para Oxford de qualquer maneira.
- E se…
- Não! - Westwick interrompeu a melhor amiga. - Nem termine isso.
- Tá, e o que eu faço se ele começar a surtar de novo? - o cacheado inquiriu, preparando-se fisicamente para retirar o peso morto que era Louis, que adormeceu em algum momento da curta conversa.
- Surtar? - riu - Em meia hora ele vai apagar e só acorda amanhã.
- Caralho…
- E que nós vamos fazer?
- Vão sair da minha sala agora e ir estudar porque eu não sou obrigada a aguentar vocês.
A primavera se aproximava e apesar de o uso de casacos ainda ser preciso a frequência de dias chuvosos diminuía gradualmente e já era possível admirar pela cidade os botões de flores ainda envergonhados que apareciam aos poucos pelas árvores e arbustos. Gradativamente Londres despertava do inverno cortante e rigoroso.
Como a temperatura já não mais castigava os habitantes da capital, os alunos da Eton ocupavam o gramado frontal à medida que chegavam e um deles era Zayn, que se mantinha afastado da grande porta principal, escondido atrás de uma árvore, apoiado em seu tronco largo para que pudesse fumar seu cigarro longe dos olhos dos supervisores que com certeza o dariam uma advertência por fumar nas dependências do colégio.
A sua frente estava a prima, com quem conversava desde o caminho percorrido até o colégio e, ao lado dela usava o celular entediada e concentrada no seu feed do instagram. Não demorou para Liam chegar cumprimentando a todos com um beijo na bochecha, até mesmo Malik, que rolou os olhos mas acabou rindo ao encarar a expressão divertida de Payno que queria apenas incomodá-lo.
- Oi gente. - se aproximou de todos arrumando a bolsa no ombro e não surpreendeu-se ao ver Zayn acendendo um cigarro, ignorando sua presença. - O Niall falou alguma coisa para vocês noite passada?
- Não… Por quê? - Orteguinha questionou já curiosa - Aconteceu alguma coisa?
- Eu não sei! - a modelo cruzou os braços mantendo o cenho franzido, o que evidenciava sua preocupação - Hoje de manhã quando acordei vi que ele me mandou uma mensagem de madrugada falando que não vinha para aula porque, simplesmente, está nos Estados Unidos! E não era uma brincadeira sem sentido porque o número dele mudou para o de lá.
Ao revelar o aviso do irlandês pode ver todos os amigos estranharem e até mesmo Malik voltar os olhos castanhos para ela, o que a fez desviar o olhar pois era insuportável tê-lo mirando-a. Afinal era devastador o ódio que o moreno carregava por ela e cada vez que a menina ouvia sua voz constante e macia, aspirava seu perfume, admirava seu sorriso ou apenas o fitava, se arrependia da decisão tomada há um mês e duas semanas.
- Por que ele faria isso? - Liam indagou confuso. - Será que foi ideia da ? Afinal ela também não chegou ainda. - lembrou a todos que cogitaram a chance de o jovem casal ter provavelmente fugido para as terras estrangeiras.
- Pelo amor de deus hein! - Meester colocou as mãos na cintura, rolando os olhos irritada - O Niall é o maior fofoqueiro do grupo e não serve nem para repartir a fofoca direito?!
- Ele não disse mais nada! - Hilton falou - O motivo da viagem, se foi sozinho, nada...
- Não faz sentido eles irem para os Estados Unidos assim. - soava preocupada, mas a verdade era que sua curiosidade estava a matando. - Olha ali a , talvez a tenha comentado alguma coisa com ela. - viu a ruiva aproximando-se deles.
- Oi. - Westwick falou baixo, nem um pouco efusiva e agressiva como de costume.
Nenhum elogio exagerado para Zayn, nenhum comentário mal educado para , nenhum apelido ofensivo para Liam, nenhuma piada de mal gosto direcionada a pelo motivo de ela namorar Payne e nada de abraços calorosos em seguido de uma fala que deixaria a loira envergonhada. Tudo o que a ruiva fez foi sorrir cerrado e permanecer quieta com um semblante caído.
- Está tudo bem, ruivinha? - Malik a perguntou com as sobrancelhas juntas e a postura ereta.
o encarou deprimida com os lábios entreabertos tentando dizer algo, formular uma frase, mas seu rosto caiu sem se manifestar.
- Cadê o Tommo? - o moreno prosseguiu com suas indagações calmamente, percebendo que todos estranharam a atitude da garota.
- Nos Estados Unidos.
- Calma - Hilton pediu virando-se totalmente para a amiga ao seu lado - , o Niall, a e o Lou viajaram juntos? - questionou, franzindo o cenho pois a medida que o tempo passava aquela história perdia ainda mais o sentido.
A ruiva assentiu com a cabeça sem dizer uma palavra.
- …? - a chamou, juntando as informações lançadas ao léu e tendo um lampejo que a apavorou.
A morena esforçava-se ao máximo para manter a calma já que um incômodo inusitado crescia em seu peito. Os segundos pareceram não correr e o tempo traiçoeiro a fez sentir que levou uma eternidade para Westwick a mirar nos olhos e ela finalmente ser capaz de formular sua pergunta. Seu coração pesado desacelerava, as pontas de seus dedos ficaram frias e não arriscou dar um passo pois não tinha mais força nos joelhos.
- Aconteceu alguma coisa com o Harry? - indagou cuidadosamente, com um sopro amedrontado.
A verdade era que Meester não queria ouvir a resposta para aquela pergunta. Preferia permanecer na ignorância a descobrir que Styles, o cara que não merecia sua preocupação e estima, todavia possuía toda sua afeição e ternura, passava por um momento difícil ou estava com a saúde debilitada. Entretanto pode ver a ruiva confirmar com a cabeça, novamente sem emitir som algum.
A apreensão tomou o espírito de todos ao saberem que o amigo, o rapaz que sempre carregava um sorriso divertido nos lábios e os faziam rir com suas brincadeiras, estava com problemas. Problema esse que se fez necessário o deslocamento de sua irmã e melhores amigos para outro continente.
- Pelo amor de deus, fala alguma coisa! - atormentada pelas possibilidades dolorosas não importou-se por soar desesperada ou pela voz esganiçada que saiu alta pela garganta, como um pedido por explicações.
- O Harry está bem! - respondeu mudando o peso de uma perna para outra, visivelmente desconfortável, vendo que ninguém mais a entendia. - Quer dizer… Ele não está bem, porque… porque a Anne… ela, ela faleceu ontem.
- O quê? - apenas conseguiu emitir som ao sentir seu coração deixar a inércia e voltar a bater acelerado.
Liam voltou os olhos rapidamente a ela, contudo sua concentração estava na ruiva. O rapaz deu passo a frente, com o cenho franzido, tentando assimilar o que de fato se passava ali.
- - disse calmamente, vendo-a mirar com seus olhos -, qual é a probabilidade de isso ser uma grande brincadeira de mal gosto? - questionou transparecendo sua confusão e ao notar que Westwick o responderia não conteve-se e a interrompeu - Por favor. Por favor, fala que é uma brincadeira.
- Desculpa, Liam. - com os ombros caídos, a garota não os poupou da verdade nociva e ao ouvir o sinal soar anunciando o início do dia letivo sentiu um alívio pois só daquela forma conseguiria se distrair por algum tempo. - Eu preciso ir para a aula. - indicou a porta principal do colégio, pela qual um exército de estudantes passava e encaminhou-se até lá, o entanto recordou-se de um detalhe importante e voltou-se aos amigos - Meu pai e eu vamos para o velório. Eu conversei com a Jay hoje e ela disse que o Des vai tentar adiar ao máximo o funeral, quer dizer, o máximo permitido para que o-o… o corpo… Vocês entenderam! Provavelmente não cheguemos a tempo para o enterro, mas eu sei que a nossa presença seria importante para o Harry.
Todos confirmaram e caminhou rapidamente a curta distância que a separava da amiga para juntas caminharem até suas respectivas salas. Payne fitou Meester e sua pose inflexível que contrastava com sua expressão lânguida e então levou o rosto até Ortega que ao encará-lo entendeu a mensagem e sorriu cerrado despedindo-se do namorado que puxava Zayn pela alça da mochila.
- Meu deus. - foi a única coisa que conseguiu pensar para dizer em meio a atroz e inusitada situação. - Você está bem? - colocou a mão no ombro da amiga que ainda fitava os próprios pés tentando pensar no que fazer em seguinte.
- Eu não sei. - declarou erguendo os vagos olhos azuis. - Eu não sei o que pensar, ou o que fazer, ou como fazer… Eu não sei, ! - revelou para a caçula, que abraçando-a pelo ombro a guiou até o interior da Eton.
- Eu também não… - honesta, não envergonhou-se em assumir sua falta de sabedoria já que tinha apenas dezesseis anos. - Minha mãe era amiga dela, . Elas se conheciam há anos! Como essas coisas acontecem? Você recebe um cartão sendo convidada para o velório da sua amiga de faculdade?! - parou em frente a seu armário pegando o que seria necessário para os primeiros horários de aula - Nós com certeza vamos para os Estados Unidos estar com o Harry nesse momento, mas eu não quero nem pensar como isso tudo deve ser… Será que minha mãe já sabe? - cogitou em enviar uma mensagem de texto para Amina informando-a do que acontecia, todavia a mais velha foi mais rápida, informando-a que estava a caminho do colégio para conversar com o diretor sobre a saída de no meio do período de aula para fazer uma viagem inesperada - O que será que aconteceu? As pessoas não simplesmente morrem!
- Eu não vou. - disse sem mirá-la pois sabia o possível escândalo que Ortega poderia fazer. - E antes que você comece a falar um monte de merda como; Faça isso em nome dos momentos bons que vocês tiveram. Faça isso pela Anne. Ele é seu amigo antes de qualquer coisa, ! - soava irritada e nem percebeu que sua voz saia mais aguda que o normal assim como não notou a feição ultrajada da amiga. - Eu não quero fazer isso e não vou! Simples assim. Ele não me quer lá, . Nós nunca fomos amigos.
- Eu não ia falar nada daquilo. - precisou se defender antes de focar na declaração da morena, que suspirou alto, cerrando os olhos. - Tá bom, eu ia. - assumiu, fechando o armário e dirigindo-se até o outro lado do corredor onde estava localizado o armário de - E agora que você cuspiu o meu discurso na minha cara eu não sei o que te falar para te impedir de fazer uma estupidez.
Meester, que guardava alguns livros dentro da bolsa, congelou ao ouvir a fala ríspida da amiga.
Mas, não ir parecia ser o certo a se fazer, afinal Styles nunca a viu como uma amiga. Por muito tempo, para Harry, a menina representava nada, até que em um momento ela tornou-se sua casualidade e agora voltava a ser coisa nenhuma. E apesar de ter dificuldade em admitir, padecia por ser insignificante aos olhos daquele por quem carregava grande afeto.
- Se você não for eu entendo e independente da sua decisão eu não vou te julgar. - Ortega sorriu tentando passar a amiga um pouco de afabilidade - Mas não tome uma decisão precipitada, que vai fazer com que você carregue para sempre um arrependimento enorme. Quando você cuspiu o meu discurso na minha cara - falava séria e amável podendo ver a garota sorrir minimamente - você esqueceu um detalhe, além de fazer isso pela Anne e pelo Harry, você precisa fazer isso por você. - fitando confusão nos olhos aflitos da mais velha, fez questão de explicar - Nós duas sabemos que você quer estar com ele nesse momento, . Não se prive disso devido inseguranças ou medo. Não tome a decisão errada, está bem? - deu um beijo na bochecha da morena, que concordava com a cabeça e saiu pelo corredor a caminho de sua sala onde provavelmente chegaria alguns minutos atrasada.
Todos estavam cientes que seus pais estavam a caminho da Eton para explicarem a delicada situação a Charles Gellner que tinha conhecimento do estado de saúde de Anne Cox e entendia perfeitamente não apenas a saída de seis de seus alunos no meio do dia, como também a falta de quatro deles e em especial as faltas constantes de Harry.
Os jovens, acompanhados de seus pais, chegaram ao aeroporto o mais rápido que conseguiram e apesar de não estarem todos no mesmo vôo, foi possível encontrarem-se na sala de embarque. E conforme o tempo passava e Meester não chegava, a preocupação de Orteguinha aumentava, porém ela não desistiu de continuar encarando o portão de embarque. A aflição da namorada era perceptível para Liam e o rapaz sabia o motivo dela, entretanto preferiu permanecer em silêncio, sentado ao lado da mãe que buscava palavras de conforto para Amina que permanecia em pé com os olhos marejados e o marido lhe dando apoio.
apoiava a cabeça no ombro do pai que a passava segurança e apoio. Carol fazia um carinho aconchegante nos cabelos da filha e sentia-se como uma garotinha de seis anos, assustada com os trovões que soavam do lado de fora da janela, contudo sabia que estava seguro pois sua mãe estava ali. E pensando nisso seus olhos foram inundados pelas lágrimas pois não parecia justo Harry ser privado desse zelo. Trisha, sentada ao lado do filho, segurava sua mão e Zayn observava a loira, sua loira, sufocando a vontade de levantar-se e caminhar até ela a fim de mostrar-lhe ternura. Sabia onde os pensamentos de Hilton estavam presos, pois ter sua mãe ali o fazia focar-se em apenas uma coisa.
E foi com tal atmosfera melancólica e pesada que chegou, carregando uma pequena mala de mão, juntamente com Chris e Diane, que usava grandes óculos escuros que com certeza escondiam seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar imaginando o jovem desamparado que se encontrava em outro continente.
- E então, eu fiz a escolha certa? - Meester indagou à que sorriu orgulhosa por ela estar ali.
- Eu não sei. Mas prometo estar ao seu lado quando você descobrir.
confirmou com a cabeça, abraçando a mãe que a envolveu em seus braços com força a protegendo de todo mal e a menina fechou os olhos para impedir qualquer lágrima que ameaçava a escorrer. Seu coração acelerado provava que ela não estava preparada para enfrentar tal momento, mas, que precisava percorrer a distância de todo o Atlântico para estar com Harry.
Capítulo 27
MARÇO:
O céu, pintado com um azul pacífico e ornado com nuvens mansas, tinha o majestoso sol no seu topo, que aquecia e apaziguava. A brisa suave, que emanava como um sopro pacato, aconchegava as folhas das árvores que dançavam ao som da melodia da nirvana. A água salgada do mar, que quebrava-se em ondas à beira da praia, beijava a areia quentinha. E aquele cenário sereno supostamente serviria para acolher qualquer alma perturbada.
Entretanto, afastado da beleza da praia de Santa Monica o gramado do cemitério Forest Lawn Memorial Park não era o cenário ideal para acolher uma alma perturbada. E ao caminhar pela colina, o rapaz nem ao menos notava a beleza do céu azul ou o grande sol no seu topo, não enxergava a sua frente as árvores imponentes ou a cor das flores, não sentia a brisa suave soprar em seu rosto e bagunçar alguns de seus cachos, nem sequer ouvia as perguntas que lhe eram direcionadas.
Apenas existia e caminhava, sendo guiado para o local onde o funeral se seguiria, sem atentar-se a trajetória que fazia. Sabia que estava cercado da família e de amigos próximos, mas não distinguia rostos e não se preocupava em o fazer. Conseguia sentir seu coração pesado bombeando sangue, a fim de nutrir seu corpo, no entanto, não sabia se oxigênio entrava em seus pulmões, pois não notava se respirava ou não, o que o fazia questionar-se se estava vivo.
A sua frente via olhos marejados e outros aos prantos. Viu sua avó com as mãos trêmulas tentar secar as lágrimas que caiam enquanto seu avô tentava ser forte a fim de conceder a esposa o cuidado que ela carecia. Viu seu tio afastados dos demais, com os joelhos cravados no chão, sem conseguir conter os soluços que escapavam entre o choro. Viu o caixão ser depositado com cuidado no lugar onde sua mãe dormiria para sempre, rosas brancas foram jogadas ali juntamente com punhados de terra. Viu pessoas aproximando-se dele e apesar de seus lábios estarem em movimento Harry não tentou ouvi-las e ainda que alguns apertassem seu ombro a fim de lhe passar força com o singelo gesto, o menino não sentia os toques.
De repente estava caminhando novamente, afastando-se de sua mãe e sua atual moradia. Ao seu lado, seu pai o abraçava tentando protegê-lo da dor que o consumia por inteiro, ao mesmo tempo que segurava sua mão. Foi direcionado até o carro que o aguardava, percebendo um pequeno tumulto do outro lado da rua. Provavelmente paparazzi tentando registrar sua dor para estampar jornais e revistas da edição seguinte.
Com os olhos fixos nas próprias mãos em cima do colo apenas reparou que havia chegado em seu destino ao ver que o motorista abria a porta para ele descer.
A casa de seus avós comportava os amigos mais próximos e a família de Anne, todavia Harry estava farto de lágrimas e apavorado com a aflição que aumentava conforme os segundos se passavam e ele constatava que o caixão lacrado era a última lembrança que ele teria de sua mãe, nunca mais a verei, ouviria, ou abraçaria, nunca mais sentiria seu carinho e ternura. Anne Cox se fora. Para sempre.
Kate, mãe de , logo se aproximou do moreno com um prato que continha alguns dos quitutes do buffet e um copo de suco.
- Vem querido. - a mulher sorriu para ele, chamando-o e Styles a seguiu automaticamente. Katherine o sentou ao lado do avô colocando em suas mãos a refeição que ele não tinha vontade de deliciar, no entanto, sabia que se não fizesse todos ficariam preocupados e o que não queria naquele momento era atrapalhar a dor de alguém.
Não demorou para Louis e Niall estarem ao redor do amigo, enquanto Des auxiliava a irmã de Anne a organizar o necessário, cedia toda a atenção que tinha para a Sra. Cox que sempre a tratara com amor de avó e o caçula dos Cox ocupava-se em conversar com os convidados da pequena recepção.
Sentindo-se sufocado e comprimido na espaçosa sala de estar de seus avós, Harry levantou-se e deixou a companhia de todos, dirigindo-se cautelosamente, a fim de não ser notado, até a ala anterior da residência.
Retirou o blazer jogando-o em cima da mesa que ornava o deck, desabotoou as mangas da camisa social e também a gola, colocou as mãos no bolso, fechou os olhos e inspirou fundo, permitindo-se meditar na trágica realidade a qual estava inserido.
Sua garganta trancada, seu coração não batia e seu cérebro responsável por processar todo evento, latejava constantemente. Colocou a ponta dos dedos no cenho, constatando que tremia e ao passar a mão no rosto só então percebeu que chorava. - Harry? - ouviu a voz doce da irmã e enxugou as lágrimas, entretanto ela já havia percebido. - Você não comeu nada do que a mamãe preparou para você. - aproximou-se a passos lentos, vendo-o virar para ela esforçando-se para sorrir. - Eu só vim trazer isso. - colocou uma xícara de chá e um novo prato sobre a mesma mesa onde o blazer do garoto estava. - Eu vou te deixar sozinho. - avisou já caminhando de volta para o interior da casa.
- . - sua voz saiu embargada, porém ele parou, fechou os olhos, respirou e limpou a garganta. - - repetiu recomposto. - , você está ocupada? - a viu negar com a cabeça. - Pode ficar um pouco aqui comigo?
- Claro. - apesar de tentar falar, as cordas vocais da loirinha não emitiram som e tudo o que saiu foi um suspiro acompanhado de um aceno de cabeça.
Styles a agradeceu com os olhos e a garota caminhou até ele, ficando apenas em pé ao seu lado, fitando o jardim dos Cox. O silêncio teria perdurado por mais tempo, se Louis não o tivesse interrompido dando duas batidinhas na porta.
- Olha quem eu achei. - o moreno tinha a voz contente, tentando passar um pouco de ânimo para o amigo, que ao voltar-se para ele pode ter a surpresa de encontrar toda a turma ali.
A incerteza de como reagir diante de tal circunstância, levou cada um dos presentes a sorrir buscando forças e palavras de conforto a fim de mostrar apoio ao luto do rapaz.
- Eu não acredito que vocês estão aqui! - apesar de carregar um sorriso, os adolescentes podiam notar o quão esgotado Harry estava. - Eu não acredito que vocês vieram de tão longe… - sua voz falha transbordava gratidão.
- Qual é, Styles?! Não somos amigos tão ruins assim. - brincou.
- Eu fico muito feliz por você estar aqui, . - mirou a ruiva com seus vulneráveis olhos verdes e ao ouvir aquelas palavras, Westwick sentiu um nó formando em sua garganta. - Orteguinha! - fitou a caçula que já estava com o rosto vermelho de tanto chorar - Como é possível seus olhos estarem ainda maiores? - brincou, vendo-a soltar uma risadinha.
Zayn caminhou até Styles, apoiou uma das mãos no ombro do menino e sem dizer coisa alguma, o abraçou forte. Liam e também abraçaram o rapaz que já não conseguia mais conter as lágrimas.
- Isso realmente está acontecendo, né? - Harry questionou com a cabeça baixa. - Ela realmente se foi para sempre… - elevou os olhos, encontrando o rosto sereno de , que o encarava aflita e temerosa, sem coragem de lhe dirigir uma palavra de consolo, de lhe revelar o quanto se importava com ele, o quão destruída estava e como desejava o livrar de todo aquela angústia. Styles sorriu para Meester, tão agradecido pelo apoio que ela passava simplesmente por estar ali. - Eu nunca mais vou vê-la. - concluiu desolado.
Um choro desesperado iniciou-se e foi pega de surpresa ao ser abraçada pelo irmão. Harry escondeu o rosto no ombro da mais nova, o que não servia para abaixar seus soluços de dor, a apertou contra si sem perceber que a menina também chorava por vê-lo naquela situação. Ele a segurava firme, debruçado sobre ela que sumiu entre seus braços firmes e desesperados, temendo ser abandonado.
virou-se de costas para os irmãos, não tendo forças para partilhar daquele momento e cobriu o rosto com as mãos, derramando lágrimas de compaixão. Louis abraçou a namorada e não teve dificuldade de guiá-la até próximo de Styles, abraçando o melhor amigo e Westwick da maneira que conseguiu. Niall passou os braços ao redor de e Harry, deitando a bochecha no ombro do cacheado. Hilton não conseguiu encarar a tristeza personificada à sua frente e desviou os olhos da cena, contudo Malik a abraçou pelo ombro e a loira sorriu cerrado, grata a ele. , que chorava desde que vira sua mãe chorando ainda no aeroporto, era acalentada por Payne, que acariciava seus cabelos.
Ortega procurou por e não a encontrou, falou ao namorado que iria atrás da morena, porém Liam a informou que não era uma boa ideia. Meester havia deixado o recinto correndo no instante que o choro copioso de Harry iniciara e o rapaz sabia que tudo o que a melhor amiga desejava naquele momento era estar sozinha.
E sozinha, chorou por não poder libertar Harry de seu sofrimento, por vê-lo tão miserável, por não poder salvá-lo, por amá-lo e não poder demonstrar.
A Hollywood Boulevard e a Vine Street, ruas localizadas em Los Angeles, Califórnia, usualmente possuiam um grande fluxo de turista e fãs que sentiam o prazer de poder homenagear seus ídolos, agraciando suas estrelas na Calçada da Fama. E naquele dia, uma estrela em especial era condecorada por todos que admiravam a personificação de talento e humildade que era, Anne Cox.
Estrela que havia abençoava a todos com sua aptidão para a dramaturgia, seu coração generoso e sua alma nobre, todavia teve a vida ceifada prematuramente. Deixaria saudade e nunca seria esquecida, afinal o brilho de sua estrela nunca se apagaria.
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Sua Land Rover já estava estacionado em sua vaga usual há 7 minutos. Encarava o prédio de arquitetura arcaica a sua frente recordando-se de momentos bons e ruins ali vividos e a cada memória era impossível não ter a imagem de sua mãe ricocheteando seus pensamentos.
Anne não esteve ao seu lado em todas as ocasiões. Porém, mesmo em outro continente se fazia presente da forma que conseguia e tudo o que o rapaz queria naquele momento era poder pegar o celular e ligar para a mãe, poder ouvir sua voz, sua risada e suas broncas a respeito de uma piada qualquer a qual não compreendia.
Respirou fundo e abriu a porta do carro, descendo do banco e levando sua mochila consigo. Jogou a alça no ombro e ativou o alarme do veículo, afastando-se dele com as mãos no bolso e cabeça baixa. Por onde passava percebia que as conversas se cessavam a fim de encarar o mais novo órfão, "O filho daquela atriz que morreu", o garoto que tinha tudo, no entanto, perdera o que possuía de mais valor.
Costumava caminhar por aqueles corredores tão conhecidos com a cabeça erguida, cumprimentando e sorrindo para todos ao seu redor, entretanto nada daquilo soava atrativo. Parou em frente seu armário e pegou os livros que seriam necessários para os primeiros períodos, guardou ali o casaco que havia trazido contudo não usaria e ao terminar o que fazia pode ouvir uma voz que conhecia muito bem.
Louis falava alto e se dirigia para seu armário, que ficava próximo ao do melhor amigo. Niall vinha ao seu lado e ria do que ouvia, não que Tommo fosse hilário, mas a verdade, era que o irlandês ria de qualquer besteira que o falassem. Harry ao vê-los, ajeitou sua mochila ao ombro e acenou para os amigos que ao avistá-lo não esconderam a surpresa e caminharam apressados até ele.
- Oi. - o cacheado sorriu cerrado
- Cara, o que você está fazendo aqui? - Tomlinson o perguntou com o cenho franzido, encarando o cenário ao seu redor e constatando que o trio era alvos de olhares e coversinhas.
- Ue, eu só vim para a aula. - fingiu que não entendia o questionamento do rapaz.
- Harry, você sabe que os professores entendem a situação e você não precisava vir para a aula enquanto não se sentir bem. - Niall lhe falou compassivo, fitando-o piedoso.
Olhar esse, que Harry recebia com frequência na última semana. O pai, a irmã, os amigos, os professores o encaravam daquela forma. E apesar de ele achar que era necessário se ofender com a toda compaixão que recebia não conseguia deixar de pensar que merecia tal sentimento, já que sua aparência não ajudava a provar o contrário.
A única pessoa que não o tratava daquela forma era Katherine, sua madrasta. Era possível notar o esforço da mulher para não lhe dirigir a palavra com exacerbado tom compadecido ou o mirar com transbordante misericórdia. Ao mesmo tempo, empenhava-se para agradá-lo com pequenos detalhes, como cozinha seu prato favorito no jantar, ou não deixar faltar a geleia do sabor que ele mais gostava, ou convidá-lo para assistir um filme ao seu lado, mostrar que achava importante a opinião do garoto sobre qualquer assunto.
Ambos sabiam que Kate nunca tomaria o lugar de Anne como também não tentava isso. Porém o moreno estava grato de saber que ainda possuía alguém para fazer as mínimas coisas que o faziam sentir-se bem. E Katherine estava feliz em poder ajudar e em ver como Harry se aproximava dela gradativamente, afinal lhe cortava o coração pensar no menino desamparado
- Exatamente! - sorriu sem humor - Se eu ficar mais um dia em casa vou explodir. - abaixou a cabeça, suspirando alto e passou a mão na testa.
Louis e Horan se encararam sem saber como suceder e Tommo forçou um sorriso muito convincente, convencendo-se de que era necessário levar as coisas aos poucos, integrando o amigo de todas as loucuras que o grupo sempre fazia.
- Tudo bem então. O Niall e eu estávamos indo para o jornal. Vem. - informou, já puxando Styles pela lapela do blazer, ele tentou se soltar a fim de não amassar a peça de roupa, em vão.
Chegando a sala do jornal, que ainda não estava tão movimentada como em seus horários de pico, puderam encontrar alguns alunos em sua mesas revisando matérias ou fazendo pesquisas, checando a próxima edição e Liam mexendo em seu computador.
- Harry?! - Payno sorriu ao vê-lo, concluindo que se o garoto sentiu que estava na hora de retomar as atividades de seu cotidiano era porque sentia-se um pouco melhor. Mesmo que esse pouco melhor significava apenas 5% já era um começo. - Oi cara! - virou sua cadeira para os visitantes, recostando-se e cruzando os braços.
- Liam, você não vai acreditar no que os meninos do segundo ano fizeram! - Louis sentou sobre a mesa do moreno.
- Antes de você começar - o irlandês o interrompeu - é preciso dizer que ninguém tem certeza que foram eles. A escola é imensa, Lou!
- Niall, por favor… - o moreno o encarou indignado. - Você precisa ter fé, meu caro!
Styles riu ao ouvir a expressão do melhor amigo e notou como havia sentido falta das baboseiras que Tommo dizia, como também de todos os absurdos que os jovens com quem convivia eram capazes de fazer.
- , honey! - Louis teve um sobressalto de felicidade ao ver a namorada atrás de Liam, que por sua vez, virou a cabeça por cima do ombro certificando de que o demônio ruivo estava de fato atrás dele.
Era a temporada de revisão da edição do jornal para publicação e era em tais condições que Westwick ficava mais estressada, pois tinha que conseguir fazer com que todos os repórteres cumprissem seu prazo, como também reler as mesmas matérias milhões de vezes e encaixá-las dentro do máximo de páginas e distribuí-las de forma justa. Por esta razão que ao chegar o menino não fora incomodá-la ou pior, atrapalhá-la.
- Que isso? - indagou olhando para a tela de computador de Payne. - Eu odiei. - revirou os olhos sem nem ao menos ler.
- É meu exame de sangue. - Liam respondeu, ainda de costas para a menina, com as sobrancelhas juntas.
- Nele fala que você vai morrer em breve? - perguntou ainda mal humorada.
- Não! - respondeu rude - Eu espero… - voltou a atenção para a tela tentando entender o que todos aqueles dados queriam dizer.
- Styles, você voltou. - virou-se para Harry que considerou a possibilidade de sair correndo para salvar sua vida já que a ruiva era um completo poço de mal humor e ódio - Viva. - falou entediada.
- É bom ver você também, . - acenou com a mão que segurava a alça da mochila no ombro.
- Eu sei.
- Cheguei. - Malik entrou esbarrando na porta do jornal, completamente sem ar por provavelmente ter corrido do estacionamento até ali, ou por simplesmente ter caminhado (impossível saber). - Aqui ruivinha, a tirinha dessa edição do jornal. - ainda com dificuldade para respirar a entregou um envelope de papel.
- Três dias atrasado, Zayn. - a garota o repreendeu, encarando o envelope em sua mão.
- O que?! - o moreno xingou, jogando o envelope com raiva sobre a mesa de Greg que não estava ali. - Merda! Não era para hoje?
- Não! Era para o dia que eu te falei que era seu prazo, no caso, na terça.
- , me desculpa! - suspirou irritado consigo por nem ao menos consigo mesmo por sempre se esquecer de todos seus compromissos.
- Eu vou ver se dá tempo de adicionar na edição dessa semana. - falou dado as costas para os meninos, dirigindo-se para sua mesa.
- Harry! - Malik sorriu para o amigo. - Que bom te ver cara! - o abraçou de lado dando tapinhas em seu ombro.
- Valeu! - sorriu agradecido.
- Gente, eu preciso passar na reitoria antes da aula. Então já vou indo. - Horan falou se despedindo e sendo seguido por Zayn que se ofereceu para acompanhá-lo.
- Payne, vou tirar a sua matéria dessa edição e colocar a tirinha do Zayn no lugar. - Westwick gritou de sua mesa
- Não mesmo! - Payno quase teve um infarto, levantando de sua cadeira num pulo e correndo desesperado até a louca de sua chefe que tinha como passatempo infernizá-lo.
- Eu realmente acho que eles podem se matar, então eu já volto. - Louis falou naturalmente, descendo da mesa de Liam - Não faça nada de errado, Harry. Como, sei lá, mudar a senha do computador do Liam para deixar ele um dia inteiro louco por isso, ou passar todos os arquivos para um pen-drive e aí excluir tudo e deixar ele pensando que perdeu tudo de importante que tinha! - riu achando muito engraçado suas idéias diabólicas. - Meu deus, eu estou me tornando a . - constatou assustado, virando-se de costas e caminhando ainda espantada até onde a discussão já acontecia.
Styles sorrindo, sentindo-se mal por apreciar o fato de poder presenciar a discussão, havia sentido falta daquela loucura. E estar com os amigos o lembrava que apesar da perda e da dor, que ainda era sua companheira diária e a cada minuto o dava um motivo novo para chorar e pensar que nunca mais conseguiria se reerguer, ainda havia razões para ter esperança de que o sofrimento passaria e ele finalmente poderia lembrar-se de sua mãe com o coração repleto de alegria, a mente cheia de boas memórias e uma saudade que nunca o deixaria.
Suspirou sentando-se na cadeira de Payno e se debruçou para amarrar os cadarços que se soltavam, de costas para a porta não viu o momento que a morena adentrou o recinto, contudo ao ouvir sua voz sorriu nostálgico lembrando de tudo o que haviam partilhado.
- Liam, eu procurei por você em toda a parte! - aproximou da mesa do amigo e surpreendeu-se ao encontrar outra pessoa em seu lugar. - Harry!
- Oi. - falou baixo parecendo envergonhado. - O Liam está discutindo com a . - indicou o trio que rodeava o computador de Westwick, vendo que Payne estava a ponto de se jogar pela janela.
- Ah… Tá. Valeu. - voltou as costas para o rapaz, a fim de ir salvar o melhor amigo que claramente estava em grande sofrimento.
Desde que haviam terminado era desconfortável ficar na companhia um do outro em um grupo pequeno de pessoas, e ainda pior quando ficavam sozinhos, todavia na situação atual Meester sentiu-se mais constrangida.
- - ouviu-o chamando-a e ainda de costas fechou os olhos tendo o coração envolvido por uma sensação estranha, melancólica e triste. Ao mirá-lo novamente, Styles já estava em pé dirigindo-se para mais perto dela. - Muito obrigado por ter ido ao velório. Eu sei que foi um transtorno para você e sua família, mas… muito obrigado mesmo. Significou muito para mim.
"Imagina Harry, pode contar comigo para o que for preciso." Era o que queria ter dito. Mas ao invés disso apenas conseguiu confirmar com a cabeça. Seus lábios entreabertos evidenciavam sua vontade de manifestar-e e ao desviar os olhos azuis ficou claro que não havia nada a dizer.
O moreno sorriu agradecido tendo a atenção voltada para uma joia que a Meester usava no dedo, apesar de achar que a reconhecia pensou que não fosse possível que ela fosse usar o anel. Sua vontade era abraçá-la e sentir a proteção de seus braços, entretanto, tudo o que fez foi despedir-se e se retirar do jornal, ainda não pronto porém inquieto para iniciar seu primeiro dia de aula.
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Estava exausta.
Não aguentava mais aulas, provas, trabalhos, resenhas, grupos de estudo, não aguentava mais as aulas de teatro e aquilo sempre foi o que mais amava fazer na Eton!
Precisava de férias, três longos meses de férias em um lugar tropical… Quem sabe pudessem voltar ao Caribe, com sorte não mataria Zayn e Harry. , por sua vez, era educada demais para fazer grande alarde sobre seu descontentamento por ter o ex namorado presente em sua diversão. Talvez desse certo. Após conseguir um bronzeado invejável poderia fazer as malas para ir para a Rússia, matar a saudade do pai e ser mimada. Depois iria para a Irlanda se divertir com a família de Niall. E finalmente, passaria uma semana com a mãe em um país que escolheriam de última hora, poderia ir para o Peru conhecer Machu Picchu, nunca esteve na América Latina antes, seria revigorante!
Apesar de subir as escadas que a levavam ao seu quarto com um sorriso sonhador por ter planejado três meses perfeitos, decepcionou-se completamente ao notar que seu único alento no momento era a cama bem arrumada e grande demais.
estava exausta, mas isso ela já sabia. Provavelmente a origem de tanto cansaço estivesse relacionado com o fato de que nas últimas três noites fora dormir após as duas da manhã, mas isso foi o suficiente para conseguir o grande feito de iniciar a leitura do quarto livro da coleção naquela tarde. Sim, havia lido um livro por dia e não se arrependia… Talvez só um pouquinho. Afinal caiu no sono no meio de uma aula de espanhol e foi acordada às pressas por uma colega de turma atenciosa o suficiente para impedir que a professora a flagrasse, agora também tinha olheiras, o que a fazia usar mais maquiagem que o usual, consequentemente precisava ajustar o despertador para mais cedo e nunca, em toda sua vida, havia sentido tanta vontade de não usar maquiagem para ir ao colégio como e , vez ou outra seguia o exemplo das amigas, com a justificativa de precisar deixar a pele respirar um pouco e quando estava sem maquiagem todos sabiam que seria um dia péssimo para a humanidade, pois a falta de cosméticos estava relacionado a impaciência e ódio armazenado naquele coraçãozinho.
Princesinha Styles adorava se maquiar, era como uma terapia. Massagear a pele, misturar produtos, testar técnicas novas, no entanto, daria qualquer coisa para poder ter aqueles trinta minutos investido em estética como sono.
Deixou a mochila no chão do closet, tirou os sapatos jogando-os para o lado juntamente com a gravata, blazer e o colete, mas o restante do uniforme exigia coragem demais, portanto despencou no colchão macio ainda com a camisa branca e a sainha azul, sem forças para puxar a coberta. Fechou os olhos e ao que parecia, apenas segundos passaram, quando seu celular começou a berrar sem cessar.
Bufando frustrada, a menina sentou-se e pegou aparelho. Sua primeira reação foi ficar pasma ao constatar que havia dormido por 40 minutos e não segundos, a segunda foi estranhar a quantidade de mensagens de Niall que parecia desesperado para conseguir se comunicar com ela e começava ameaçar apelar para Harry, quem a loirinha não queria incomodar na última semana.
Respondeu o namorado dizendo que apenas tomaria banho e estaria pronta para o compromisso que ele não havia dado muitas informações e ainda sim exigia sua presença.
Após quase dormir embaixo do chuveiro com aquele perfume gostoso de seu sabonete de morango e o embalo aconchegante da água quente, pegou a primeira calça jeans que encontrou a sua frente, uma camiseta branca um par de vans também brancos. Decidiu não passar maquiagem, enquanto juntava seus pertences em um bolsa e arrependeu-se de não recorrer aos cosméticos assim que se olhou melhor no espelho, entretanto já era tarde demais e Horan informava que já havia adentrado a residência. Saiu as pressas de seu quarto, descendo as escadas correndo e tropeçou nos próprio pés ao chegar ao último degrau, quase caindo, abriu a porta da frente a tempo de ver a Range se aproximando e sorriu, correndo até o carro com os cabelos se bagunçando e a bolsa se chocando contra seu corpo.
- Oi. - falou ao mais velho, fechando a porta do automóvel para então curvar-se e beijar os lábios do garoto que a mirava com um sorrisinho.
- Oi. - respondeu manobrando e então parou o carro de repente, voltando toda a atenção mais uma vez para a loirinha - Você está linda, sabia?
Styles pensou em negar, alegando que usava apenas jeans e camiseta, além de estar cansada e com olheiras, mas porque negar um elogio, certo? Assim sendo, apenas acenou positivamente com cabeça, apoiando o braço no banco do motorista para fazer carinho na nuca do namorado enquanto ele dirigia.
- E então, para onde vamos? - questionou com a atenção no celular pois finalmente respondia as mensagens, até então ignoradas, que a mandara há uma hora.
- Põe o cinto. - pediu, sem nem ao menos checar se ela já havia feito aquilo, mas tendo certeza que não, afinal sempre parecia que a garota esperava que ele "a lembrasse" de colocar o cinto - Você escolhe hoje. - retomou a pergunta dela, respondendo como se não fosse sempre ela quem decidia qual seria o programa deles - Mas antes eu preciso ir ao dentista, depois nós fazemos qualquer coisa que você escolher. - deixava a mansão Styles, tomando a via e estremeceu, encolhendo os ombros quando as carícias da garota o causaram arrepios.
- Tudo bem, mas você tinha dito que era um compromisso importantíssimo. - o mirou com as sobrancelhas juntas não seguindo sua linha de raciocínio.
- Exatamente, o dentista é o compromisso. - não deu atenção ao dilema que se instalava na cabeça da mais nova.
- Você basicamente disse que eu era obrigada ir. - não se deu por vencida, permanecendo no mesmo assunto até aquilo começar a fazer o mínimo de sentido possível
- Ao dentista. - frisou - Comigo. - apontou para si, não entendo o foco da conversa - Você precisa ir ao dentista comigo. - parou o carro ao ver a luz vermelha de um semáforo acender e voltou os olhos para a menina. - Nós vamos ao dentista.
- Niall? - chamou-o receosa - Você tem medo de dentista? - indagou com as sobrancelhas arqueados já pronta para a resposta, provavelmente, infantil.
- Não. - para a surpresa de princesinha Styles, o rapaz respondeu calmamente - Eu tenho pavor de dentista! - desesperou-se exageradamente.
- Por que você nunca me falou antes? - perguntou, triste por ele ter achado necessário esconder dela uma de suas aflições.
- Porque eu não queria que você achasse que eu sou um idiota.
- É claro que não acharia isso. - passou a mãos pelo cabelo macio do menino, que parecia envergonhado - Todos nós temos medo de alguma coisa. Eu, por exemplo, tenho medo de sapo. - tentou soar suportiva.
- É, mas você não precisa se consultar com o seu sapo particular a cada seis meses. - resmungou baixinho, sem fitá-la, fazendo a curva em uma esquina.
- O que disse? - questionou apenas para se certificar que ele estava sendo um idiota, pois havia o ouvido perfeitamente bem.
- Nada.
suspirou pesadamente, disposta a entender o medo do namorado, afinal nada de traumático acontecera com ela em todas as suas visitas ao consultório da Dra. Pointdexter - Aconteceu alguma coisa pra você ter medo de dentista?
- Quando eu tinha uns sete anos, eu estava na casa do Louis brincando com ele e com o Zayn. - começou seu relato, recordando da tarde agradável que tivera há 11 anos, até a tragédia acontecer - Nós estávamos correndo, mesmo que a Jay tivesse pedido para não fazermos isso, o chão estava molhado, eu escorreguei e bati a boca na escada da piscina. - encarou a loirinha, brevemente, o suficiente para vê-la fazer uma expressão de dor e preocupação, o que o fez sorrir agradecido - Depois disso tive que passar por várias pequenas cirurgias, em uma delas a anestesia não funcionou e eu tive vergonha de falar para a doutora.
- Coitadinho. - lutou contra o cinto para conseguir ajoelhar-se sobre o banco de couro e se curvar na direção do garoto a fim de dar-lhe um beijo na bochecha.
- Desde então eu tenho medo. - admitiu baixinho, ainda constrangido - Quando eu era criança a minha mãe ia comigo ao consultório, mas então ela veio com uma história de que eu era grandinho o suficiente para ir sozinho. - rolou os olhos ao lembrar da fala de Maura uns três anos atrás - A começou a me acompanhar, mas hoje ela está ocupada com alguma coisa. - deu de ombros lembrando da melhor amiga, consternada ao lhe revelar que não conseguiria o acompanhar a sua cruz naquele dia. - Pensei que você pudesse…você sabe.
- Segurar a sua mãozinha enquanto o dentista faz o trabalho sujo? - falou como se conversasse com uma criança e riu vendo-o revirar os olhos e bufar irritado. - Eu estou brincando, babe. Você pode me chamar sempre que precisar.
- Não vai demorar muito. É só uma consulta de rotina. - explicou, vendo-a voltar a sentar-se e continuar acariciando sua nuca, tentando acalmá-lo e fazê-lo relaxar, mesmo que parecesse não funcionar.
E de fato Niall não relaxou até poder se retirar do consultório do dentista, que apenas fez um inspeção em seus dentes, parabenizando-o por sua escovação e fazendo-o prometer que continuaria a usar o fio dental. Ficou cerca de 10 minutos na companhia do Dr. Woll, mas parecia ter ficado uma década. notou sua inquietação e estranhou, afinal o homem que cuidava da sua bucal era um senhor muito agradável e parecia conhecer os pais de Horan a um bom tempo, além do mais, ele até deu um pirulito para a menina, que ficou muito agradecida!
- Mais calmo agora? - Styles indagou, tirando o pirulito da boca, assistindo o menino fazer movimentos circulares com a mandíbula enquanto voltavam de mãos dadas para o carro não estacionado muito longe dali.
- Muito. - ainda fechava e abria a boca de forma exagerada, brincando com a chave nos dedos da mão. - Obrigado por vir. - sorriu, tímido e a garoto precisou se controlar para não morder a bochecha dele, afinal estavam no meio da rua!
- Imagina. - apoiou a cabeça no braço do rapaz, que a abraçou pelo ombro e deu um beijo em seus cabelos.
- Agora, nós vamos fazer qualquer coisa que você quiser.
- Qualquer coisa? - elevou o rosto para mirá-lo, com um sorrisinho perspicaz nos lábios vermelhos e úmidos devido o pirulito e Niall não conseguiu evitar beijá-la, passando a língua com muita dedicação por toda a extensão daqueles lábios saborosos. - Uhm… - murmurou sorrindo, ainda o fitando, sendo guiada por ele pela calçada. - Eu quero pipoca com M&M… Eu quero ir ao cinema!
Apesar de aceitar a sugestão, afinal era obrigado a isso já que prometera fazer qualquer coisa que ela o pedisse, o irlandês mentiria se não assumisse que esperava um pedido mais sórdido e portanto estava levemente decepcionado com a solicitação do solzinho de sua vida.
- Vamos ao cinema então. - declarou, destravando a Ranger Rover e abriu a porta para entrar.
Mesmo disposto a fazer tudo o que a garota pedisse, ao chegarem e tentarem decidir que filme veriam, foi o loiro quem escolheu e mesmo que tivesse prometido para Louis e que veriam aquele filme juntos não encontrou problema em mentir para os amigos e assisti-lo primeiro com a namorada para depois ver de novo com o casal de amigos.
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- Eu ainda acho que nós não devíamos estar aqui. - repetiu pela décima vez, apertando a mão de Liam quando pisou em algo mole.
Ela odiava pisar sobre a grama fria enquanto não havia iluminação o suficiente para descobrir se havia esmagado comida ou um ser vivo, mas não havia mais por onde andar, visto que a calçada estava tomada de transeuntes que estavam prestes a ocupar a própria rua como lounge.
- Besteira… - Payne olhava por cima da multidão procurando por seu primo, que deveria estar ali fora, esperando-os com os ingressos que prometeu.
Honestamente, se Michael não aparecesse nos próximos momentos e ele fosse obrigado a dar meia volta e até a casa Styles, ele mataria o homem, não importando os laços sanguíneos que supostamente deveriam uni-los.
- É sério, Liam. O Harry precisa de nós. - ela insistiu.
- Para o quê exatamente, querida? - o rapaz suspirou impaciente e o apelidinho carinhoso soou qualquer coisa menos algo bom.
- Para estar lá por ele! - respondeu o que para ela estava evidente. - Eu não acredito que namoro alguém tão insensível.
- Não é insensibilidade, pelo contrário, eu evito ir lá em respeito aos sentimentos dele. Tenho certeza que o cara quer ficar com a família dele, em paz.
- Nada a ver.
- Está bem então. - o rapaz deu de ombros levianamente, dando o assunto por encerrado.
Ultimamente andava desse modo, mudanças repentinas de humor seguidas do mesmo desespero que o assolava o tempo inteiro. Ele estava feliz e satisfeito e logo lembrava que não transava há muito tempo e no mesmo instante ficava emburrado e questionando-se se estava destinado a nunca mais fazer bom uso de suas faculdades físicas.
No auge da crise ele chegou até pensar se amava tanto assim aquela garota petulante.
Mas ninguém jamais saberia disso.
- Vocês estão brigando? - Zayn desencostou-se de seu carro, exibindo um meio sorriso desatento.
- Não, eu só quero entender qual é o problema de vocês dois em demonstrar um pouco de humanidade. - a caçula desabafou mas foi terminantemente ignorada.:
- Seu primo deixou as pulseiras comigo. A já está lá dentro. - o moreno informou, prendendo o cigarro entre os lábios enquanto sacava os objetos neon que dariam acesso livre ao bar.
- Há quanto tempo? - o outro franziu o cenho, surpreso com a informação. Meester não lhes contou nada sobre planejar chegar antes na festa.
- Uma hora, eu acho.
- Outra sádica… - Ortega resmungou.
- Eu vou atrás dela. - Liam pegou sua pulseira e saiu quase correndo para bem longe daquela pressão psicológica. Zayn poderia lidar com a prima por alguns momentos.
- O Harry é educado demais pra expulsar vocês da casa dele, sabe. - Malik passou o braço sobre o ombro da prima, guiando-os para dentro.
A festa, apesar de ser projetada por adultos, não era muito diferente do que eles estavam acostumados a ver nas próprias festas. A diferença gritante é que não se tratavam de adolescentes inconsequentes e sim adultos, os prováveis futuros líderes do país estavam esparramados pelo chão, envoltos por uma fumaça densa e rindo fácil.
- Ai, eu não vou mais discutir com vocês. - a menina se deu por rendida, dando tchauzinho para uma garota de sua classe de dança. - Onde tem bebida nessa casa? Eu estou com sede.
- Você está procurando um meio de fugir de mim, prima? - ele arqueou uma das sobrancelhas, embora não tenha deixado de apoiar o braço sobre seu ombro.
- Não, eu só queria tomar alguma coisa… - foi honesta. Sempre ficava com sede quando comia doce demais e antes de virem para a festa, ela e Liam comeram uma caixa de chocolates.
- Bom, porque nós vamos passar um tempo em família hoje. - Zayn acenou a cabeça, satisfeito. - Faz tempo que nós não fazemos algo juntos.
- Nós comemos todos os dias juntos. As três refeições.
- É, é verdade.
- E nós não passamos ainda mais tempo porque você sempre está ocupado fazendo alguma coisa com alguém que eu não conheço.
Malik gargalhou alto, sentindo-se incrivelmente feliz:
- Ai ! Você é hilária!
- Eu sou uma comediante… - a caçula resmungou mas também ria.
Se abasteceram com bebidas, com as duas mãos ocupadas, e acabaram em uma sala onde um grupo discutia as regras do jogo Verdade ou desafio. Como havia uma exaltação a respeito dos limites da brincadeira, eles decidiram sentar em um divã desocupado para assistir o desenrolar
Liam apareceu meia hora depois e ficou por um bom tempo se divertindo com a insensatez dos jogadores mas acabou atraído pelo jogo de beer pong que arrancava gritos eufóricos de seus telespectadores.
Quando todo mundo começou a tirar a roupa, a dupla decidiu que era hora de sair dali.
Logo estavam mais uma vez na cozinha, uma vez que descobriram que se ficassem ali, sempre teriam acesso às melhores bebidas quando fossem abertas. Além do mais, não se sentiam com espirituosidade para ficarem bêbados então uma boa conversa, com casuais interrupções de conhecidos, era tudo o que teriam para a noite.
- !
- ! – a caçula ficou realmente feliz em finalmente encontrar a melhor amiga. Já estavam ali há pelo menos uma hora e nada da outra, e olha que a casa nem parecia tão grande assim.
- Eu peguei o primo do Liam. - Meester confessou entre risadinhas enquanto assistia, com muito prazer, as expressões dos primos transfiguraram de surpresa por sua repentina chegada para o mais profundo abatimento pelo impacto da notícia.
- O quê? - Zayn largou sua longneck sobre a pia de mármore, embasbacado. Quando aquilo aconteceu? Ele esteve ali o tempo todo, porra!
- ! - se exasperou, sua censura era mais pela cara sem vergonha da menina do que o ato em si.
- Em minha defesa, não foi minha culpa. - a morena deu de ombros e tomou a bebida das mãos da outra. E fez uma careta. É óbvio que uma bebida nas mãos da caçula seria algo insuportavelmente doce...
- … - Ortega a advertiu, pegando de volta sua bebida, que foi oferecida sem nenhuma resistência já que agora a mais velha estava procurando um copo limpo para preparar algo. Ainda não estava pronta para a cerveja.
- , isso é uma festa e pra isso que as pessoas estão aqui. - Zayn se apoiou sobre o balcão, achando a maior graça daquele cenário. Só faltava Liam para ficar ainda melhor.
- Tudo bem, mas não o primo do Liam! - começou a comer salgadinhos de um pacote que havia sido depositado ali há alguns segundos, por uma desconhecida. Malik pensou em avisá-la de que não devia sair enfiando qualquer lixo que encontrava por aí na boca, mas suspirou preguiçoso e começou a comer também.
- Por quê não? Vocês não querem que eu encontre alguém pra nós voltarmos a fazer encontros duplos? - provocou - Nada melhor do que escolher alguém da família, não é mesmo?
- Não é mesmo o quê? - Liam entrou na cozinha, exibindo um sorriso ladino enquanto aceitava felizmente a calorosa recepção da namorada, que estava feliz em vê-lo e enroscou os braços ao redor de seu torso.
- Ela pegou seu primo. - Zayn explicou, solícito.
- Eu estou sabendo… - Payne deu um gole em sua bebida, tentado começar a rir. - Só para te avisar, você não vai pra casa com ele.
- Com licença? - a morena bateu a garrafa de vidro contra o balcão.
Não tinha planos de sequer reencontrar-se com o homem, mas no instante em que Payne "a proibiu", pareceu-lhe deliciosa a possibilidade de escapar com o primo só para deixar os amigos chocados.
- Eu não quero ter que ouvir um relato detalhado e preciso da sua… hum… performance… na próxima reunião de família. - o rapaz pigarreou, constrangido.
Os primos assistiam ao diálogo como a uma partida de ping-pong, nenhum dos dois ousava se intrometer mas estam se divertindo em absoluto, e as trocas de olhares cúmplices denunciavam a satisfação de ambos.
- Ele não faria isso… - semicerrou os olhos, incrédula como Tomé.
- Ah faria sim. - Liam acenou vigorosamente, espremendo contra o balcão para que um pequeno grupo passasse por eles em direção às escadas.
Deus sabe como Michael era um filho da puta detalhista e em quaisquer outras circunstâncias isso não seria problema para ele.
- Você é um inútil… - ela desistiu de discutir e finalizou seu drink, que tinha muito mais suco do que álcool.
- Isso não vai pra lista de coisas sexy que uma garota pode fazer. - Payne pontuou com uma expressão afetada, afastando-se de para procurar um lugar para sentar, um lugar que não fossem as bancadas da cozinha, como Zayn estava confortavelmente descansando.
- Sendo assim, vai se foder. - a morena sorriu deliberadamente, dando a volta na pia e puxando outro banco para sentar, teve a agradável surpresa de verificar que o seu era giratório!
- Falando nisso, como está a lista? Muita gente já escreveu? - perguntou, mais que envolvida no novo ritmo que foi ditado à conversa.
A tal lista surgiu de uma ideia, brilhante, de um bondoso Liam que auxiliou os responsáveis pela coluna social, entregando-lhes um tema formidável para atrair leitores. Basicamente iniciou-se uma pesquisa anônima onde os garotos da Eton tinham a oportunidade de confessar o que achavam sexy em uma garota. Tinha que ser necessariamente detalhes não óbvios e durante a semana, tudo o que se falava era sobre quando sairia a dita edição.
- Tem umas coisas verdadeiras, mas tem muita bizarrice também. - Liam ponderou, recordando-se das boas risadas que deram na última reunião, onde leram a maioria das respostas que receberam. Deixaram as sórdidas de lado, é claro.
- Tipo? - os olhos da caçula cintilaram em genuíno fascínio, e ela nem percebeu como se aproximou automaticamente, apoiando a mão delicadamente sobre o braço do garoto.
- Tipo pés bonitos. - ele citou
- Ah, mas um pezinho bonito é realmente um algo a mais. - Zayn teve que opinar, atraindo a atenção para si. lançou-lhe um olhar condescendente, já não pode entender as razões do mais velho.
- Você ficou foi louco, Zayn. - Liam balançou a cabeça.
- Claro que não! - Malik pulou da bancada e foi até a geladeira buscar mais uma cerveja - Não que você saiba o que é o prazer de olhar para pés bonitos…
- Eu não quero nem saber quem falou isso. - achou que os rapazes tiveram tempo o suficiente daquela conversa estranha, e decidiu que era hora de continuar: - Tudo bem, o que mais?
- Ahn… Cabelo cheiroso, barulho do salto alto, sardinhas em qualquer lugar, cabelo molhado, covinha nas costas, rabo de cavalo bagunçado e muitas outras coisas que vocês vão descobrir quando lerem a matéria.
A verdade é que a matéria inicial incluiria uma pesquisa sobre os dois sexos mas todos chegaram à conclusão de que nem existiam tantas coisas sexies sobre um homem assim, para render uma matéria.
- Eu tenho umas coisas pra sugerir. - Malik, que concordou com algumas mas discordou de outras tantas, lambeu os lábios.
- O que, primo? - Orteguinha não conseguia se conter.
- Eu não vou falar pra você, . - o rapaz estava quase encabulado com a coação da pirralha. Nem a pau ele teria uma conversa dessas com ela!
Primos normalmente são amigos por escolha, já que o grau de parentesco não exige uma aproximação tão intensa. Mas no caso deles, foram criados juntos, sob o mesmo teto praticamente, desde a mais tenra idade. Então os laços fraternais fortemente desenvolvidos, os impediam de ter esse tipo de conversa, afinal de contas, não se sai contando seus problemas no amor para os seus irmãos!
- O Liam pode me contar. - ela deu de ombros, segura de que o namorado não esconderia detalhes da fofoca. Eles sempre reservavam uma horinha na semana para fazer uma atualização das informações mais picantes que rolavam pela Eton. E agora que Payne estava no jornal, a conversa dobrava o tempo.
- Eu tenho certeza que ele não vai querer te contar. - Zayn mostrava um sorrisinho sujo que nas palavras de "dá vontade de socar a sua cara".
- Eu estou curiosa pra saber o que diabos você vai colocar nessa lista, Payne. - colocou o cabelo atrás da orelha, seu olhar era maquiavélico. - Muito curiosa.
- Pés bonitos foi a coisa mais estranha que te enviaram? - continuou o interrogatório, largando os salgadinhos, impaciente com o trânsito constante por eles, o que atrasava seu processo de descoberta.
- Não. Pra mim, a pior foi respeito.
Zayn e o olharam como se ele tivesse duas cabeças e um chifre no meio da testa:
- Quê?
- Quem falou isso?
- O que tem de errado com respeito? - Orteguinha se sentiu pessoalmente atacada. - É uma qualidade muito importante.
- Mas não é sexy. - o namorado assinalou.
- Ah. - ela aquiesceu. Sem saber o que dizer em seguida, voltou a comer.
- É. Todo mundo adora um pouco de impertinência. - Zayn falou travessamente e todos concordaram.
Menos , que ainda pensava sobre respeito, emitiu seu parecer:
- Na verdade, respeito não devia estar nessa lista porque é um pressuposto básico de um ser humano.
- Mas a matéria não é sobre pressupostos básicos de um ser humano, . É sobre detalhes sexy sobre nós. - Meester falou - O que também nem é grande coisa porque ser sexy não significa necessariamente que vai levar ao sexo.
- Verdade.
- E o que você acha sexy em uma garota, Payne? Colocou o que na sua sugestão? - o moreno questionou, exatamente como fariam se estivessem sozinhos.
quis dizer para o amigo, em hipótese alguma, citar pés, para o bem do relacionamento. Mas preferiu ficar quieta e torcer para ele ser burro o suficiente e falar exatamente aquilo.
- Ah… - Liam suspirou tristemente - a essa altura, eu acho qualquer coisa sexy.
- É verdade que os pais da viajaram? - mudou de assunto, não interessada na saga de dor e sofrimento do mais velho.
- Aham. Vão levar as gêmeas para o restante da família conhecê-las. - a outra morena, amiga íntima da família Westwick menos , explicou.
- E por que eles não quiseram vir com a gente? - a caçula franziu o cenho. e Louis adoravam festas!
Eram o casal que mais saía aos fins de semana!
- O Louis vai cozinhar para a hoje. - dessa vez foi Zayn quem respondeu. Tommo estava animado para cacete por causa do programa. Foi um saco aturá-lo, na verdade.
- Vamos ligar pra eles! - Ortega sugeriu, pronta para pedir imagens exclusivas do que o amigo havia cozinhado. Iria ser divertido!
- É melhor não. Eles devem estar ocupados. - deu uma risadinha.
- Ocupados fazendo sexo. - Liam retornou ao seu estado de autocomiseração - Eu nem sei mais como se faz, pra ser honesto…
- Nada a ver, é tipo andar de bicicleta. Você nunca esquece totalmente, um lance de memória muscular. - Zayn usou seu tom de voz mais banal para tranquilizar o amigo. Não tão certo de sua própria teoria.
- No meu caso já faz tanto tempo, que a minha memória muscular atrofiou. Eu estou destinado ao celibato, puta que pariu. - Payne confessou.
- Nossa, Li. Tão desesperado por algo tão simples? - cruzou os braços, decidindo que ele estava sendo um pouquinho patético. Era apenas sexo, pelo amor de deus!
- Tão simples mas que você me nega. - o rapaz grunhiu, desgostoso.
- Eu amo você. - Ortega foi honesta, embora sorrisse porque ela de fato amava Liam. Muito mais do que ele merecia, provavelmente.
- O seu amor não é mais suficiente. - ele ignorou a sensação forte que encheu seu peito quando ela se declarou ali, tão simples, e voltou ao próprio drama: - Eu preciso de prova física!
- Dramático…
- Eu vou morrer e a culpa vai ser sua.
Como ninguém falou nada, Payne continuou:
- E vou deixar no meu testamento pra você ficar com todas as minhas roupas, pra toda vez que você usar uma, lembrar de mim e se sentir culpada.
- Ou eu posso só guardar tudo em um saco preto. - a caçula sugeriu simplesmente.
Zayn olhava os dois conversando e parecia uma porta com uma expressão indecifrável na cara, enquanto se divertia muito mais com a conversa ridícula.
- Você não faria isso…
- Se você está dizendo… - ela sorriu, concordando só para acalmar as aflições do babaca.
- Eu só quero falar que estou bem feliz em saber que nada aconteceu. Liam, você é o maior trouxa que eu já conheci. - Malik falava com um prazer absurdo, e então disse alegremente para a prima: - , continua desse jeito. Sexo é horrível.
- Não é não, seu doente. - Meester corrigiu aquela falácia no mesmo momento e Zayn sentiu uma forte vontade de arremessar aquele pacote de salgado na cara dela. Agora fazia total sentido as atitudes de , que arremessava tudo em todo mundo o tempo todo.
- É sim. - ele se limitou a uma resposta curta: - E Liam, você continua sendo um otário pra mim.
- Engraçado que até onde eu sei, você ficou tempo o suficiente com a pra acontecer alguma coisa, e tudo o que você teve foi um pé na bunda, seu filho da puta.
- Liam… - ficou muito constrangida. - Verdade? - dessa vez foi quem cresceu os olhos, interessadíssima na intriga. - Ela quem terminou com você, Malik?
Ela não estava nenhum pouco surpresa, para ser honesta. Era bem óbvio, em sua concepção, que foi a loira quem se cansou do rapaz.
- Não é da sua conta, mas não. Foi uma decisão…
- Não existe decisão mútua em términos, Malik. É sempre alguém que cansa do outro.
- Experiência própria, ? - o moreno piscou, dócil.
- Não muda de assunto, vamos continuar falando do seu fracasso épico, é mais divertido. - Meester abanou a mão, decidida a fazer o idiota reconhecer como era estúpido e merecia mesmo ficar sozinho.
O casal decidiu que aquele era o momento ideal para saírem da companhia dos amigos briguentos e passearem juntos (sim, eles fizeram todo esse acordo silenciosamente, com apenas troca de olhares), mas não tinham um bom motivo para dar, assim Liam levantou e pigarreou:
- Nós vamos… hum… procurar…
- Não diga comida ou bebida porque nós estamos na cozinha. - girou o dedo indicador, apontando para o local onde estavam. Melhor interrompê-lo antes que contasse uma mentira tão ruim.
- Eu vou fumar. - Zayn anunciou, levantando-se e saindo do cômodo.
- E nós vamos deixar você sozinha e encontrar um lugar melhor pra sentar. - Payne estendeu o braço para pegar a mão de , com zero culpa na consciência.
- Eu posso sentar com vocês. - a morena se ofereceu, mas não levantou. Era mais o velho hábito de não facilitar a existência dos melhores amigos, do que vontade de passar tempo com eles.
- Não, não pode. - Liam discordou. Mais claro que aquilo, só se a amarrasse no maldito banco. - Sai fora, .
- Tudo bem, eu vou atrás do seu primo.
- Do Zayn? - engasgou.
- Não! - Meester ficou tão horrorizada quanto e para esclarecer tudo, apontou para Liam - Do seu, burro.
Não, ela não ia atrás do homem, mas Payne não precisava saber disso, certo?
O casal acabou ficando sozinho na cozinha porque também saiu para os jardins e quando Liam desviou o olhar da porta para , ela sorria para ele, de braços cruzados e olhos sapecas:
- E aí, já decidiu o que vai fazer com a sua namorada que te nega?
- A questão é o que eu não vou fazer com você, . - Liam segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou casto, afastando-se a tempo de ver a caçula quase desfalecer com a promessa sórdida.
De repente não havia mais ninguém naquela cozinha e ela soltou o ar profundamente, incapacitada de desviar o olhar dele, ansiosa para saber o que ele faria com ela.
- Dorme comigo hoje. - pediu.
Por que ele gostava de passar tanto tempo com a namorada, que era a definição física de "tão perto mas ainda sim tão distante", era um mistério. Talvez ele se odiasse o suficiente para viver sob a tortura de tê-la sobre sua cama e ainda sim não poder fazer nada, mas o fato é que ele queria estar com o máximo possível.
- Seus pais estão em casa? - Ortega perguntou, passando os braços sobre o ombro largo de Liam para o caso dele causar outra fraqueza súbita nela.
- Eu não sei. - ele deu de ombros, sem interesse na atual localização dos pais, era muito melhor assistir como a menina se arrepiava com sob seus lábios. Primeiro a orelha e então desceria pelo pescoço. Sim, ele faria assim.
- Minha mãe vai me matar se souber que eu fui pra sua casa sem seus pais junto! - jurava que estava fazendo uma grande argumentação mas as palavras não passavam de sussurros desconexos. Mas ao invés de soltá-lo para conversarem decentemente, ela aumentou o aperto do abraço, incitando-o.
- Ela não precisa saber, . - Liam se afastou alguns centímetros para poder falar: - Além do mais, eles podem já ter voltado. Vai ficar tudo bem.
- Eles estão em casa? É ainda pior! Vai que sua mãe me vê e fala pra minha mãe? Eu vou ser mandada pra um colégio de freiras!
- Baby, são duas horas da manhã. Seus sogros não tem nem idade pra ficarem acordados até uma hora dessas.
- Mas e amanhã? Quando a gente descer pra comer? - ela achava que precisava de respostas, no entanto só não conseguia calar a boca mesmo. - Eu não posso ser vista!
Liam se afastou e a encarou por um tempo, pensando no próximo passo a tomar, na próxima resposta a dar.
- Minha casa tem mais de vinte cômodos só no primeiro andar, eu realmente acho que você vai precisar de uma má sorte pra se deparar com eles. Mas se você quer ir pra casa, eu te levo. Não tem problema.
- Não! - gritou, puxando-o de volta.
- Não?
- Eu não quero ir pra casa! Você devia ter insistido só mais um pouquinho...
Liam tentou ficar sério mas quebrou rapidamente, desatando a rir da cara de pau da namorada.
Eles começaram a aventura que seria sair da casa cheia e encontrar o carro, mas Orteguinha parou do nada, lembrando-se de algo importante. De alguém importante.
- Ah, e a ? Nós precisamos ver se ela já quer ir. Quem vai levá-la?
- Eu tenho certeza que o Alfred está lá fora até agora esperando ela cansar. - Payne mentiu, ciente de que essa seria a atitude mais irracional a se tomar.
- Eu acho que não. Ele deve estar contando com a gente pra ir embora.
- Por que você está tão preocupada com ela?
- Porque é a nossa amiga!
- Olha, pra ser justo, ela não teve nenhuma consideração por você quando transou com o Styles na sua cama.
A sombria lembrança, deixou a pobre caçula em um estado de torpor e várias cenas desagradáveis passaram como um filme por sua cabeça, graças a sua memória incrível, e então ela tomou sua decisão:
- É verdade. Vamos, então.
A morena descobriu que a residência onde a festa era sediada não era tão grande ao notar que já havia rodado por todos os cômodos, duas vezes, nos minutos que passou procurando algo de interessante para fazer. Conversou com alguns desconhecidos, mas não foi o suficiente para se entretar. Arriscou fazer um drink para duas universitárias que encontrou na cozinha e apesar das risadas ao tê-las implorando-a para nunca mais repetir aquilo, pois definitivamente ela não tinha o dom, ainda estava entediada. Cantarolou a música que saia pelas caixas de som, batucando os dedos na coxa no ritmo da melodia, contudo não estava com animação para dançar. Voluntariou-se para ser a dupla de uma garota em uma partida de beer pong e ainda que conseguisse recordar de como sempre soava divertido ter pessoas que você nunca viu torcendo por você, fazer desconhecidos beberem muito álcool e finalmente vencer, naquela noite tal script não parecia interessante.
E foi quando irritou-se consigo mesma por ter se arrumado para uma festa que não estava gostando de estar. Frustrada e contrariada voltou a perambular pela casa, proibindo-se a sair daquele lugar até fazer algo divertido. Passando pela porta principal, num momento crucial onde tentava se convencer que na área externa da casa algo interessante acontecia, avistou Malik sentado na grama, com as costas apoiadas na parede, mexendo no celular enquanto fumava um cigarro.
- Você está me seguindo agora?! - Meester falou emburrada cruzando os braços, suspirando alto ao rolar os olhos.
- Quê? - o rapaz elevou os olhos a ela, totalmente confuso ao ouvi-la.
- Esquece. - arqueou as sobrancelhas, voltando as costas para o menino.
- Espera. - ele a chamou. E a menina cogitou muito continuar andando e deixá-lo falando sozinho, no entanto, colocou as mãos nos bolsos de trás da calça jeans e virou-se para o moreno. - Aceita um cigarro?
franziu o cenho ainda não decidida se ficava surpresa por tê-lo oferecendo-a um cigarro mesmo sabendo que ela não fumava, ou pelo fato de que o garoto fora educado e receptivo. Zayn, por sua vez, direcionando-a a carteira de cigarros aberta, a fitava sem astúcia.
- Quê? - foi a vez dela de transparecer confusão e o rapaz apenas balançou a carteira na mão, indicando o que queria dizer. - Não. Obrigada…? - o viu dar de ombros e voltar a atenção para a tela de seu celular.
Mesmo ainda não tendo absorvido o que acabara de acontecer, Meester deu meia volta a fim de adentrar a casa, porém lembrou-se de um detalhe e caminhou mais uma vez até a nova versão de Zayn Malik, que era côrtes.
- Você sabe onde o Liam ou a estão? - questionou, constatando que se tratava do mesmo velho e filho da puta Zayn Malik, só que provavelmente a nicotina que ele usava estava estragada e por isso ele fora cordial poucos minutos antes, já que agora ele só acenou que não com a cabeça sem nem ao menos olhá-la.
Considerou chutar a cabeça do primo de sua melhor amiga, mas antes de tomar tal atitude extremamente violenta, entretanto totalmente aceitável em sua opinião, o moreno falou:
- Eles foram embora sem nos avisar. - assoprou a fumaça para longe, ainda com o IPhone em mãos apertou o ícone do Instagram.
Para aquela sentença não fazia sentido algum, pois se o casal havia partido sem dar notícias como aquela anta saberia?!
- Cala boca, Malik. - rolou os olhos, irritada.
- Eu os vi saindo e esperei no mínimo uma mensagem - explicou - , que não chegou. E como você está aqui perguntando o paradeiro dos dois babacas, é porque eles também não te avisaram. - rolou pelo feed do aplicativo, sem realmente atentar-se para alguma publicação, até encontrar um foto de Princesinha Styles.
Na imagem, usava pijama e tinha os longos cabelos dourados bagunçados enquanto sorria espontânea encarando a amiga. Já que estava com a cabeça deitada no colo de , que por sua vez, apoiava o cotovelo no encosto do sofá e olhava para câmera com a mesma expressão de paz e serenidade que um dia já havia transmitido bonança para Zayn, mas naquele momento apenas o fazia sentir raiva.
O rapaz bloqueou a tela do aparelho, colocando-o de lado e acendendo mais um cigarro. Virou-se então para Meester que permanecera ali, sem notar que a falta de ânimo e entusiasmo havia a levado até Zayn Malik. Ele manteve seus olhos castanhos sobre a menina que cruzou os braços, também o fitando.
- Eu só espero que o Liam tenha ido deixar a minha prima na casa dela, se não eu vou contar para a minha tia. - com o cigarro preso entre os lábios, falava com dificuldade, não conseguindo conter-se e pegando o celular novamente.
Ao desbloqueá-lo seus olhos foram atraídos para Hilton como se nem ao menos repartisse o frame com a modelo. Reparou que a caçula Styles havia postado stories e seus neurônios motores foram mais rápidos pois nem ao menos viu o momento exato que clicou na tela do IPhone para apreciar as publicações que a amiga havia compartilhado.
Passando pelas fotos que a loira havia publicado no período da tarde chegou até as imagens que foram postadas há minutos atrás. Em um vídeo Niall tentava conectar o videogame a televisão e perdia de dez a zero para a tecnologia, as risadas de eram a trilha sonora da desgraça do namorado e ao virar a câmera para o lado foi possível ver sentada no tapete, seus lindos cabelos quase brancos afastados para o lado e seu sorriso doce não estava direcionado para o irlandês que no fundo amaldiçoava a TV do sogro, mas sim, para Harry que lhe falava alguma coisa. Na publicação seguinte mostrava que o loiro finalmente conseguira acoplar o Wii a televisão e jogava alegremente um jogo qualquer, enquanto Harry ainda fazia rir de alguma coisa.
- Deixa de ser implicante. - ouviu a voz de ao seu lado. - É claro que eles foram para a casa do Liam, o Geoff e a Karen estão fora da cidade, eles terão privacidade.
- Eles não precisam de privacidade. - levantou-se do chão, guardando o celular no bolso e limpando as mãos na calça jeans. - O próprio Liam sabe disso - sorriu de lado, levando o cigarro aos lábios mais uma vez.
- Por que você é tão idiota?
- Por que você está em uma festa com dezenas de pessoas e prefere conversar com o idiota?
- Não é melhor que a faça isso com alguém que conhecemos e não seja tão babaca? - ignorando a fala do garoto, preferiu retomar o assunto.
- Existem pessoas mais babacas que o Liam?
- Eu estou até olhando para um nesse momento. - sorriu perspicaz e o moreno suspirou entediado.
Ela estava ali só para ofendê-lo ou sua visita indesejada tinha algum propósito?
- Se o Liam um dia conseguir transar com a minha prima esse fato vai me perseguir para o resto da vida. - enganava-se pensando que tal explicação serviria para esclarecer sua mente doente.
- Isso só vai acontecer porque, no fundo, você ficou com ciúme quando descobriu que no céu da não tem só o sol Zayn Malik. E que na verdade, ela gosta muito mais do sol Liam Payne.
- A sua frase nem ao menos faz sentido, Meester. - cerrou o cenho, ficando incomodado que aquela garota estava ali apenas para o infernizar.
- Você só não quer admitir que faz o tipo ciumentinho. - abriu um sorriso sagaz, completamente realizada ao tê-lo à sua frente, esforçando-se para não se deixar atingir pelas palavras inofensivas dela.
- Eles são um casal improvável! - tentou se justificar - Ninguém imaginava que um dia isso iria acontecer.
- Claramente você não esperava por aquilo já que socou a cara do seu melhor amigo. - riu nervosa ao recordar do infeliz acontecimento em terras caribenhas onde Payne ganhou um olho roxo, mas também uma namorada! Zayn também riu espirituoso, pois afinal, você de fato ri dos infortúnios da vida quando consegue superá-los. - Eu não vou tirar a sua razão, eles de fato são um casal improvável. - o moreno mirou que parecia não acreditar que dava crédito ao que ele a falava. - Um casal improvável que deu certo.
A garota se referia a sua própria experiência desastrosa e se permitia pensar em como gostaria de poder viver uma realidade onde seu romance era real e verdadeiro, como os dos melhores amigos. Todavia sabia que não merecia um final feliz com o idiota que possuía todo seu afeto.
Foi impossível para Malik não pensar em e em como um dia ele já havia apreciado tanto a companhia a loira, como o tempo parecia não passar quando ela estava longe e como as horas voavam quando ele tinha o sorriso da menina só para ele. Como os cabelos dela exalavam o melhor aroma já conhecido pelo homem. Como os braços de Hilton já foram o local mais acolhedor para ele deitar. E como o corpo da garota emanava o calor que o rapaz queria sentir a noite toda.
Tanto Zayn como passavam pela dor do término enquanto as cruéis almas, que não mostraram misericórdia alguma, superavam e seguiam em frente como se ambos os relacionamentos nunca tivessem acontecido.
O menino sorriu, abaixando o rosto. Sentindo-se estúpido por não perceber antes como e Harry formavam o perfeito Improvável-Que-Deu-Certo. Sabia que Styles não era nem um pouco melhor que ele, entretanto também tinha conhecimento da máscara de bom moço que o amigo tinha orgulho de carregar e como conseguia enganar a todos com sua hipocrisia. Já Hilton, era egoísta demais para se permitir sentir amor por alguém, mas se até Meester havia se deixado levar pela falsa conduta de Harry, não seria diferente.
- E nós? - o moreno levou os olhos até a garota que franziu o cenho não entendo o que ele queria dizer. - Seríamos o improvável que deu certo?
o fitava em completo choque. Ela entendia a ironia de ambos terem sido dispensados por seres humanos melhores, contudo não havia entendido a parte onde eles formariam um novo casal disfuncional, com certeza mais disfuncional que e Louis.
- Eu vou embora. - Meester anunciou, ainda surpresa com as palavras mal escolhidas do garoto. - Se cuida, Malik. - deu as costas para o rapaz, já pegando o celular para ligar para Alfred.
Afastado da festa, o ambiente não era de algazarra e engano, mas sim paz e anseio. A primavera finalmente chegara e os casacos felpudos e pesados já não se faziam mais necessários. A lua parecia maior que o normal e brilhava como nunca, não era possível se ver nenhuma estrela, todavia a beleza do único astro que reinava no céu já era o suficiente e toda aquela escuridão e brilho faziam o rapaz lembrar-se de um certo par de olhos negros que tentava surpreender naquele momento.
- Cuidado com a porta. - o moreno avisou, mantendo as mãos no rosto da namorada, tapando-a os olhos, tomando muito cuidado para guiá-la às cegas até o jardim.
- Quê? - a ruiva perguntou, já que concentrava-se em caminhar no escuro sem se machucar, acabou não ouvindo o menino - Aí! - exclamou ao sentir o cotovelo acertar em cheio a maçaneta da suposta porta.
- Eu falei para você tomar cuidado com a porta! - Tommo não sabia se a ajudava ou continuava tampando-a a visão para ser impedida de ver sua surpresa. Enquanto ele passava pelo pequeno dilema, esfregava o machucado.
- Eu não sei se você reparou, honey - tentava sorrir - mas eu não estou vendo nada! - aumentou a voz, tentando encará-lo, porém ele ainda bloqueava seus olhos.
- Machucou?
- Claro, Louis! - respondeu irritada, voltando a andar - Deu choquinho. - fez careta ainda pressionando o cotovelo atingindo.
- Nós estamos quase chegando. - informou beijando os cabelos vermelhos da menina. - Cuidado com o degrau. - falou e Westwick estancou onde estava.
- Me ajuda, eu não quero torcer o pé!
- Meu deus, você não vai torcer o pé! É só um degrau.
- Você não me ajudou na hora da porta e agora eu provavelmente estou com um roxo. Me ajuda, Louis! - seu tom ameaçador contrastava com a felicidade que sentia pelo fato de o rapaz ser atencioso o bastante para querer surpreendê-la.
O garoto a ajudou a descer o degrau com o mesmo cuidado que um indigno auxilia uma delicada borboleta a alçar vôo. Passando pelo deck e finalmente chegando ao gramado anterior da mansão Tomlinson, Louis respirou fundo e abaixou as mãos que cobriam os olhos negros de .
- Feliz aniversário, demonia. - falou baixo ao ouvido dela, sorrindo travesso e beijando a bochecha da menina que com os lábios entreabertos e as sobrancelhas arqueadas vislumbrava a decoração que era apenas sua.
Toda a extensão do jardim estava coberta por buquês de rosas brancas com pequeninas e delicadas flores de cereja, um caminho de pétalas de rosas vermelhas guiava o casal até a mesa onde o jantar a luz de velas se seguiria. E ainda pasma Westwick dava um passo de cada vez, compenetrada em cada minúcia, atentando-se a todo detalhe, pois sua vontade era congelar aquele momento a fim de vivê-lo pela eternidade.
Pousando seus olhos sobre o namorado, que a mirava com uma ansiedade contida e as mãos nos bolsos, ela sorriu não acreditando em todo esforço e estima que ele havia investido naquele gesto.
- Meu aniversário é só daqui três dias. - a ruiva deixou transparecer um pouco de constrangimento que Louis optou por ignorar, contudo memorizar a forma como ela escondeu as mãos atrás do corpo e inclinou a cabeça para lado, com as bochechas coradas e o canto dos olhos curvados em um sorriso.
- Eu sei… - arqueou os ombros, coçando a nuca. - Mas provavelmente nós passaremos o dia com sua família e o pessoal e, você vai ter que dar atenção para os seus convidados… Eu só queria ter um tempo para nós dois.
- Eu odeio você. - foi tudo o que conseguiu dizer, apesar de constatar outro sentimento gritando em seu ser.
O sorriso estupidamente feliz que o moreno a lançou a fez suspirar alto sentindo seu estômago girar de forma idiota e seu coração acelerar. Tommo aproximou-se calmamente dela, envolvendo o rosto da menina com suas mãos frias e depositou um beijo cálido no topo de seu nariz, depois sua testa, cada uma das bochechas e finalmente os lábios gélidos da garota que de olhos fechadas deixou-se hipnotizar por aquela deliciosa valsa.
Ele a estendeu seu braço, o qual o envolveu e caminharam lado a lado até a mesa. Louis beijou a mão da namorada antes de puxar a cadeira para ela se sentar, deu a volta na mesa, fazendo suspense para retirar os cloches que cobriam os pratos.
- Eu acho que você não está preparada para o que está por vir, minha cara.
- Oh honey, não é só porque você gastou uma fortuna com flores que pode falar assim. Eu ainda odeio quando você começa com esse "meu caro."
- Eu sei. É que eu fiquei um pouco emocionado com o romantismo - admitiu, fingindo choro e enxugou as lágrimas falsas que não escorriam - e pensei que seria melhor para nós relembrar de como as coisas eram quando você me odiava.
- Se nós formos fazer isso, eu vou jogar o jantar na sua cara. - deixou claro quais eram suas intenções e o que assustava o moreno é que ele sabia que a ruiva era capaz daquilo.
- Uau, eu não senti falta disso, mesmo! - riu, ouvindo a risada que ela dava. - Eu cozinhei o nosso jantar, . Você tem noção do quão grave é isso?! - apoiou as mãos na cintura, desesperado. - Nós podemos morrer!
- Uma vez você me preparou um jantar com lanches Mc Donald’s e agora você cozinhou para mim?! - o viu retirar os cloches que cobriam os pratos e aproximou-se da mesa a fim de aspirar o aroma delicioso que até então estava contido.
- É parece que no fim das contas você está me tornando um romântico incorrigível. - voltou a apoiar as mãos na cintura, curvando-se com a expressão acusadora.
- Desculpa… - juntou as sobrancelhas com pena do menino.
- Tudo bem, por você vale a pena. - sentou-se em sua cadeira, sem notar que as simples palavras que usara para se expressar haviam surtido grande efeito na ouvinte, que jurava que se caso ele fosse mais fofo iria afogá-lo na maldita piscina.
Louis havia se arriscado na culinária francesa em homenagem a 50% da origem de e preparara para a noite um delicioso terrine de campanha para a entrada. O prato principal seria um flamiche de queijo gruyère e alho-poró, o qual garoto reclamava de ter usado muita manteiga para o recheio enquanto Westwick insistia de que estava saboroso. Já a sobremesa, Tommo havia investido mais tempo, pois o éclair era o prato mais elaborado que havia se comprometido a fazer para a celebração.
O vinho que Mark escolhera, a pedido do filho, auxiliou na degustação dos pratos que o rapaz tinha orgulho de ter preparado e após a refeição deliciosa, o moreno informou que a comemoração não acabaria ali pois eles ainda iriam jogar mini golfe.
Louis sabia que a namorada poderia usar sua cabeça como bola caso ficasse zangada, mas ele adorava competir com a garota e poder ouvir suas as gargalhadas, assistir suas comemorações ou rir dos momentos onde ela tentava o sabotar.
E era na última opção que o casal se encontrava. Já que faltava apenas dois buracos para terminar a partida e se o menino acertasse ficaria em uma vantagem que não conseguiria passar.
- , me devolve a bolinha. - pedia com calma, com a mão estendida na direção dela e um sorriso perspicaz brincando no lábios, já que sabia que venceria. Aquela estava sendo a melhor noite de sua vida!
- Sabe como eu vou te devolver isso, honey? - questionou parecendo uma psicopata - Enfiando no seu nariz até seu cérebro!
- Deixa de ser amarga, é sua comemoração de aniversário! - cresceu os olhos, batendo as mãos na coxas, tendo em mente que se caso algum desconhecido ouvisse aquela conversa sairia traumatizado.
- Mais um motivo para eu vencer!
- OW! ESPERA AÍ! - gritou sem vergonha e a garota fechou os olhos, só então percebendo a merda que havia falado. - Quer dizer que você está basicamente me pedindo para te deixar vencer?!
- Claro que não! - ultrajada, bateu o pé no chão, sem notar a força exagerada que usava para segurar o pobre taco.
- Você está me dizendo que sabe que eu sou muito bom e que não consegue me vencer, minha querida ?! - tendo em mente que poderia morrer se continuasse com aquele joguinho doentio, Louis ousadamente continuou tirando a namorada do sério.
- Eu não disse isso. - com os braços cruzados e a expressão entediada, a ruiva tentava fingir que não se abalava.
- Mas estava implícito! - pontuou com o dedo em riste
- Louis, pega essa merda de bola e joga logo antes que te mate com esse taco. - afundou a bolinha no peito do rapaz que jogou a cabeça para trás, gargalhando.
- Meu deus, , eu te amo! - ria, ainda segurando a bolinha contra o peito e negando com a cabeça toda a euforia que definia Westwick.
Não obteve resposta e não surpreendeu-se com o fato, elevou o rosto para encontrar o da menina, que o fitava com cuidado e atenta. Tommo teve a impressão de que os olhos negros dela o transmitiam um pouco de temor além da surpresa que a cercava. A noite, sem dúvida, havia proporcionado muitas admirações porém não estava emocionalmente preparada para a evolução daquele relacionamento.
Já não sabia mais o que sentia por Louis, o que a fazia suspeitar que sua afeição crescia numa proporção que não era capaz de controlar. Sempre pensava em si como uma personalidade tempestiva, no entanto, havia sido Tomlinson quem trouxe tempestade para o seu ser não calmo. O moreno não a cedia tranquilidade, mas sim desordem, uma agitação que apenas ambos conseguiam extrair a paz.
Louis era diferente de todos seus ex namorados, o que a fazia ter mais pavor do desfecho cruel que sempre se via envolvida. Apesar de ouvir aquelas singelas três palavras com toda a sinceridade que o garoto poderia lhe transmitir, tinha dificuldade de calar o medo que crescia em seu interior, pois apesar de desconfiar que era recíproco o que sentia pelo namorado, caso externa-se, tal confidência se tornaria real e a decepção e agonia que adentraria se Tomlinson a deixa-se seriam grandes demais para suportar.
- Louis, eu… - desviou os olhos dele, abaixando o rosto.
- , eu te amo. - aproximou-se da ruiva com um sorriso sereno e um olhar compreensivo. - E eu confio em você. Não quero que me diga o que não sente - a garota tentou se explicar, afinal não queria que ele pensasse que toda o afeto que tinha não era real, entretanto o menino a calou. - ou o que não está pronta para dizer. Eu confio em você, . - pegou as mãos dela com as suas, beijando-as com cuidado e benevolência. - E quero que saiba que te amo e… isso me apavora, mas eu confio em você. - sorriu resoluto, admirando cada detalhe do rosto que tanto amava e beijando os únicos lábios que queria.
- Eu também confio em você, Louis. - Westwick sorria entre o beijo e o abraçou desejando tê-lo ao seu lado a todo minuto e para sempre.
ooo
estava furiosa com Niall.
Bom, Niall também estava bravo com ela. Mas a princesinha Styles estava em outro nível. Na verdade ele achava que caia bem o termo demônia já que ela estava vermelha como o próprio Satã e um clima mais frio faria sair fumaça das ventas dela, isso era uma certeza.
- , chega de gritar. Não tem como conversar se você fica igual uma louca! - Horan passou as duas mãos pelo rosto, cansado da discussão.
Ele estava puto com a namorada mas ela conseguiu um jeito de virar a mesa e agora se achava no direito de estar brava com ele!
Estavam todos tomando café da tarde na casa de Liam, quando a menina mencionou casualmente que seu parceiro de teatro "babou" em uma cena específica. Uma coisa levou a outra e eles descobriram que no novo empreendimento de , ela estava quotada para um papel que exigia um beijo. Um só. Não parecia ser grande coisa.
Infelizmente abriu a boca e piorou a situação mental do pobre irlandês à beira de um ataque cardíaco, ressaltando que o ato se repetiria durante todos os ensaios, várias vezes, até que acabasse a tortura com a apresentação da peça.
Aí o caos tomou forma e o que começou com simples indignação chegou aos gritos do casal e as expressões hilárias que iam do choque à diversão dos oito adolescentes que os assistiam enquanto se empanturravam.
- Você quer que eu pare de gritar? - bufou, parando de andar e colocando as mãos na cintura porque se ficassem livre, estaperia o filho da puta.
Seria muito dramático se ela jogasse tudo daquela mesa na cara dele?
- Quero. - Niall concordou, na inocente crença de que talvez, só talvez, ela se acalmasse.
Sua tática seria fazê-la ficar quieta e então reconhecer o erro, não gritar na mesma altura. Não significava que ele iria simplesmente deixar passar o fato de que sua namorada, seu solzinho, o amor da sua vida, estava beijando outro!
- E eu quero que você pare de ser tão egoísta. Mas aparentemente nenhum de nós vai ter o que quer hoje. - ela respondeu, cínica.
- Eu pedi algo tão absurdo assim? - o rapaz puxou uma cadeira e sentou-se, derrotado.
- É claro que sim! - princesinha Styles abriu os braços, voltando a andar para lá e pra cá: - Nós estamos falando do meu trabalho, e eu não vou parar de trabalhar só porque você não se sente bem com isso.
- Pelo amor de deus, mulher, você beijou outra pessoa!
- A trabalho.
- É assim que se chama traição hoje em dia? - Horan sabia que as palavras a ofenderiam mas não pode impedir-se de insultá-la.
Ele não poderia estar mais certo, pois tudo o que viu foi a mágoa vestir o rosto dela, e arrependeu-se imediatamente.
- Eu sei que você não quis falar isso. - baixou o tom de voz, ferida. - Niall, eu jamais te pediria pra abandonar o golfe…
- Eu não vou pro clube beijar ninguém, ! A coisa mais errada que eu faço é ajudar meu pai a usar tacos mais leves!
- Ele tem um bom ponto… - a voz sussurrada de Tommo ecoou por toda a sala de jantar.
Mas Zayn, e Harry trataram de repreendê-lo com eficiência:
- Cala a boca, Louis!
A conversa acabou dando espaço para outros interlocutores, que até então mantiveram-se tão quietos que pareciam a própria mobília do cômodo. O que se mostrou uma ótima oportunidade para o casal parar e tomar um fôlego antes que começassem a falar coisas das quais se arrependeriam.
saiu correndo para o banheiro, levantou para esticar as pernas, Liam se inclinou sobre a mesa para alcançar a geléia de framboesa para mergulhar seus biscoitos, e continuava na mesma pose, com a postura perfeita e a expressão pacífica, embora estivesse horrorizada com o espetáculo que acabara de presenciar.
- Nialler, se você está puto porque ela beijou um cara aleatório da Academia, como vai ficar quando ela começar a beijar atores de verdade! - Tomlinson ergueu a bunda o suficiente para puxar a cartela de cigarros, arremessando-a sobre a mesa quando foi flagrado pelo olhar perscrutador de Liam.
- Será que um dia você vai ter o prazer de beijar o Chris Evans? - se empolgou, descruzando as pernas e se projetando para ficar mais próxima das garotas.
apenas sorriu cerrado e se afastou de Niall, indo sentar ao lado do irmão que afastou-se alguns centímetros só para ficar mais longe dela porque não haviam muitos limites no que dizia respeito ao tempo certo para encher o saco de um irmão. Agora todas as garotas estavam prestando atenção em . Os meninos desativaram o modo atenção assim que ela expeliu o nome do ator, imaginando que a partir dali só ouviriam inutilidades.
- Meu deus, se eu atuasse com ele, ia errar muitas vezes as cenas com beijos. - disse e deu uma risadinha atrevida. Liam parou de mastigar e apenas a olhou sem expressão, ficou assim até Zayn começar a falar com ele.
- Sim! - concordou, soando mais animada do que pretendia.
Às vezes ela demorava tanto a se pronunciar que Zayn esquecia do som de sua voz, mas era só começar a conversar, que o rapaz voltava a sentir seu peito revolvendo-se no que os mais experientes chamariam de saudade.
- Vocês estão falando sobre quem? - retornou carregando a toalha que usou para secar as mãos, quando passou por Liam, jogou na cara dele, indo direto para onde Louis estava e sentou no colo do namorado.
- Chris Evans. - Ortega suspirou em deleite ao articular o nome do homem mais lindo que ela poderia citar ali.
- Ahhh eu totalmente trocaria uma vida inteira de felicidade por uma noite com aquele cara. A gente iria assistir a um jogo, do esporte que ele quisesse, depois iríamos para um bar e o resto seria lucro. - a ruiva não poupou criatividade em sua declaração de amor, desconsiderando de forma intencional o beliscão que ganhou de Louis, que raramente recebia uma revelação de amor dessa intensidade.
- Eu não saberia o que fazer com ele. - pensou alto. Porque assim, Chris Evans era um homem! Um homem de verdade, não aquele garoto mimado que ela namorava!
- Eu sei o que ele faria com você. - Styles finalmente olhou para a irmãzinha - Te colocaria no primeiro táxi e mandaria de volta pra casa, porque é isso o que homens tem que fazer com pirralhas mal comportadas.
- Vocês não tem nem idade pra entrar legalmente em um clube. - Zayn complementou. Começava a lhe acometer que Payne era um péssimo amigo por não permitir que fumassem dentro da casa.
- Foda-se, Zayn! - se exaltou e então percebeu que a frase saiu mais rude do que ela havia pensado.
Mas Louis tratou de recompensar o mal comportamento dela com um beijo que a deixou bem disposta.
- Pervertidas… - Harry resmungou, voltando a enfiar a cara no celular.
, que havia desaparecido corredor adentro da mansão Payne, estava de volta após uma ligação com a mãe, que não a convocou para que fossem jantar juntos na casa da avó Meester. Entrou no cômodo esperando a continuação do pequeno escândalo mas tudo o que encontrou foram os amigos em paz, conversando ou no telefone.
Bom, pelo menos ela não perderia nenhum drama quando fosse embora.
Nenhum drama além de sua própria saga de infelicidade, é claro.
Era como se Harry jamais tivesse passado por sua vida, feito-a se apaixonar e depois quebrado seu coração em uma só sentença.
Enquanto ela ia até Niall com o intuito de provocá-lo sobre a mais recente crise que o amigo passava, seu melhor amigo foi até , que estava junto à janela, admirando os jardins da residência.
- Você sabe me dizer como o que era pra ser uma tarde de videogame com os meus amigos se transformou nesse circo? - Liam apontou para o cômodo abarrotado com imbecis bem alimentados e alegres.
encarou o mesmo cenário, mas seus olhos estavam cheios de carinho pelo o que via. Ela não poderia ser mais feliz do que ali, naquele momento.
- Basicamente você disse que eu podia ficar e as meninas vieram atrás de mim, porque eu sou um imã social, as pessoas não conseguem evitar serem atraídas até mim. - respondeu, convencida.
- Bom, disso eu não posso discordar. - Payne empurrou para trás uma mecha negra que escondia a bochecha da namorada e passou os braços sobre suas costas, abraçando-a.
Ela aconchegou-se nos braços, aproveitando o calor de seu corpo e impressionando-se como sempre com a definição perfeita dos músculos embaixo da camisa.
- Que horas são? - perguntou, de olhos fechados.
- Hora de mandar todo mundo embora e deixar você agradar um pouquinho o seu homem. - ele gracejou.
A menina apartou o abraço, o encarou divertida por alguns momentos e então virou de costas e ergueu a voz:
- Gente, hora de ir embora!
As palavras surtiram efeito decadencial, foram se aquietando de um em um até que o silêncio reinou absoluto.
- O quê? Sério? - Payne mal podia acreditar.
Aquela atrevida estava realmente a fazer aquilo?
- Ir embora? Nós não vamos pro jogo? - ficou mal humorada, cruzando os braços como uma criança birrenta.
Pouco lhe importava que estava na casa de uma pessoa que detestava, comendo a deliciosa refeição preparada com tanto carinho pelo cozinheiro-chefe da casa, que não fazia ideia que estava alimentando a algoz de seu patrão.
- Vamos sim. - Niall, que nunca havia ficado tanto tempo em silêncio, respondeu a pergunta que não foi feita a ele. Tudo para evitar ficar preso em casa só porque estava brava com ele.
- Mas o jogo é só nove horas. - Harry estava de sobrancelhas juntas, procurando compreender a lógica do casal. Levantou e pousou
- Começa às nove, mas nós temos que chegar lá pelo menos uma hora antes pra encontrar lugar para sentar. - Liam explicou, solícito. Mandá-los embora ia ser um transtorno e ele olhou para pensando "Era melhor nós só termos subido sem avisar ninguém", mas ela só sorriu e foi até a mesa pegar um cacho de uvas. Não era sua casa, não era seu problema.
- Ainda sim, são só seis horas, Payne. - Zayn checou a hora e perguntou em tom de gracejo: - Você está expulsando a gente da sua casa?
- Pra ser sincero, sim. - o Sr. Impaciência decidiu que se fosse direto ao ponto, eles evacuariam mais rápido.
- Você é um filho da puta. - Tommo, insultado com o ultimato, arranjou uma solução para a expulsão rude: - Vamos sair pra algum lugar? Preparar o espírito para o jogo?
- Desde quando você se importa com jogos de basquete, Lou? - perguntou. A ideia de sair para beber era atraente mas ela não podia aguentar mais de Harry Styles e tinha compromisso com os pais.
- Desde que eles são uma prerrogativa pra eu beber. - Louis piscou para a morena.
- Cala a boca. - Styles resmungou. Girando a chave do carro, fez o seu melhor papel de cavalheiro: - Quem vai precisar de carona hoje a noite?
- Eu vou com você. - informou ao irmão, mas todo mundo sabia pra quem era aquele aviso. Para Niall.
Harry percebeu a situação tensa entre o casal e murmurou um "te espero lá fora" e saiu, no que todos consideraram uma atitude sábia.
- … - Horan coçou a cabeça, pedindo a Deus paciência para não arrancar aquela garota do chão estilo homem das cavernas e mantê-la cativa até os dois se resolverem.
- Eu não quero olhar pra sua cara até você entender o quão idiota está sendo. - a princesinha falou com estudado distanciamento. Depois sorriu brilhantemente para os amigos: - Se vocês decidirem fazer alguma coisa, avisem. Até mais tarde pessoal!
- Que climão! - exclamou com indiscrição aprazível, sentando-se como se o momento tivesse exaurido suas forças.
Louis bateu a mão na testa, apesar de estar rindo. Payne a chamou de idiota e soltou um pequeno lamento de queixa, pobre Niall estava em maus lençóis.
- , você quer que eu passe pra te buscar? - Horan preferiu ignorar Meester e conversar com a única pessoa decente daquela sala.
- Aham. - ela concordou, satisfeita. - Nós podemos passar lá em casa pra eu me trocar e a gente podia ir dar uma volta com o Kelso, não é? Ele anda meio enclausurado, coitado…
- Tudo bem. - o irlandês ofereceu o braço para a melhor amiga, que o aceitou alegremente. - Até mais tarde, gente!
- Tchau! - cantarolou, sumindo no corredor. De dentro da sala todos ouviram as risadas dela e de Niall, deixando-os curiosos para saber o que os dois tinham de tão interessante para conversar, e porque não compartilharam com o resto do grupo.
- Eu preciso de carona, hon. - Louis falou para , enfiando-se embaixo da mesa para procurar seu chinelo. Fez uma busca desleixada porque honestamente não se incomodava se tivesse que ir para casa só de meias. - mas quero ficar na sua casa pra ir ver minhas garotas favoritas, você sabe que meu dia não é completo enquanto eu não as vejo.
Ninguém comentou sobre como os dois usavam meias e chinelo, o mesmo chinelo nike preto e as mesmas meias brancas. O que tornava a situação singular era que eles nem ao menos chegaram juntos, mas a conexão era tão forte que eles sempre acabavam assim.
- Às vezes eu sinto que você só está comigo por causa delas. - Westwick falou dramaticamente.
- O quê? Nada a ver… - Tomlinson revirou os olhos, aproveitando-se da distração da namorada para desmentir sua própria afirmação e acenar vigorosamente para os outros.
- Meus pais estão vindo me buscar, então você não precisa se preocupar como eu vou chegar em casa, querido amigo. - pegou no braço de , arrastando-a em direção à porta da casa.
E atrás das duas foram , Louis, Zayn e Liam.
- Os seus pais estão vindo? - Payne perguntou, deixando Zayn para trás enquanto apressava o passo para acompanhar .
- Aham.
- A Diane e o Sr. Meester? - ele especificou.
Não era sempre que abandonava os amigos para jantar com os pais.
- Sim. - a morena abriu a porta no momento em que o carro dos pais despontou na estrada de pedras.
Seria inocência acreditar que a mãe não desceria para cumprimentar a todos. Na realidade, só com muita sorte conseguiriam sair dali sem que a própria Karen descesse para conversar com a mulher, que estava só de passagem.
- Crianças! Filha! - Diane baixou o vidro de sua porta, oferecendo aos adolescentes um sorriso genuíno. Ao seu lado, Christopher apenas acenou timidamente com a cabeça, reservando sua afeição à filha.
- Oi Diane! - o grupo a cumprimentou em uníssono.
Alfred abriu a porta do motorista, mas antes que pudesse chegar ao outro lado, o impediu, correndo até o carro:
- Alfred não precisa, eu mesma fecho. Entra no carro e dirige, pelo amor de deus.
- ! - a matriarca ofegou diante tamanha má educação, enquanto era brutalmente empurrada para que a filha mal educada entrasse.
- Tchau Diane! - os jovens acenaram mais uma vez, embora Alfred tenha atrasado sua saída.
- Como aquela mulher é mãe daquele demônio? - Zayn estava com a cabeça inclinada, impressionado com as diferenças gritantes. Uma era um dia ensolarado na primavera, a outra era uma tarde cinza, fria e mórbida de inverno.
- Eu não sei. Vai embora, Zayn. - Payne apontou para o Bentley. Já faziam mais de vinte minutos desde que começou a mandá-los embora dali.
- Eu vou. - o moreno concordou. Deu um beijo na bochecha da prima e tentou destravar o carro só para descobrir que nunca tinha travado. Riu de si mesmo e falou com Tommo e : - Nós vamos sair antes de ir pra Eton?
- Aham. Quer ir com a gente lá em casa e depois decidimos pra onde ir? - sugeriu, sendo a oferecida de sempre quando se tratava de Zayn.
- Pode ser. - o rapaz concordou e deu um último aviso à dupla que ficava na casa: - Vocês dois, se comportem.
- Se comporta você, engraçadinho. - Ortega devolveu. - Por que ele sempre vai embora antes da gente terminar de falar?
- É o seu primo, você quem tem que entendê-lo. - Liam deu de ombros, pronto para dar um fim à tarde: - Tchau para vocês. Até mais tarde, não se atrasem.
Niall quis chegar cedo no colégio para estar lá quando desse as caras, cada vez mais ele chegava à conclusão de que a melhor decisão seria sequestrá-la até que se resolvessem.
Então quando Harry mandou uma mensagem avisando que estavam saindo de casa, o irlandês pulou do sofá, assustando e Kelso enquanto explicava porcamente porque precisavam abandonar o filme, faltando dez minutos para o final, e correr até o Eton.
Só depois perceberam que os irmãos Styles na verdade estavam indo ao encontro do pessoal que estava em um pub e resolveram passar em um drive thru para pegar mais comida e matar tempo até que os amigos chegassem.
Vinte minutos depois os irmãos Styles (que deviam estar no pub com todo mundo) chegaram junto com Liam e , o som do carro dos dois estavam explodindo e tinha a impressão de que estava sendo modesta em afirmar que eles "chegaram", uma descrição mais apurada do cenário usaria palavras como racha, insanidade e uma boa dose de imprudência.
- Eles estavam… - apontou para os dois carros, abstendo-se de um julgamento precipitado.
- Sim. Apostando. - Horan concordou, tirando as mãos dos bolsos e de tal modo interessado na história que os levou até ali e nos modelos lindos, que esqueceu de seu propósito maior.
Antes que qualquer da dupla pudesse falar, as duas caçulas, que faziam às vezes de co pilotos, saíram dos respectivos carros ensandecidas, enquanto os garotos procuravam vagas seguras:
- Quem ganhou? - princesinha Styles estava ofegante, intoxicada com a mais pura emoção e a adrenalina provocada pela velocidade e a ânsia em vencer.
Para Niall, ela não poderia estar mais linda.
- Fomos nós! - Orteguinha não parecia tão aberta a ideia de ceder a vitória à amiga. Seus olhos verdes estavam arregalados e ela nem se tocava de que estava com um sorriso maníaco e o que era um rabo de cavalo, se tornara uma bagunça vergonhosa.
Ela estava dentro do carro ou empurrando-o? pensou.
Não haviam poucas pessoas no estacionamento, mas nenhuma delas pareciam interessadas na bagunça que as meninas faziam. Na verdade, todos olharam para os carros idênticos que estacionaram com sincronia e então voltaram-se para suas conversas (e bebidas alcoólicas que eram, em tese, estritamente proibidas nas dependências do Eton).
- Claro que não! Olha como o nosso está mais na frente, ! - aumentou a voz, indignada com a cara de pau da amiga.
- Isso não significa nada! - Ortega rebateu, uma mistura de chateação com deboche que resultou em absolutamente nada.
- Niall, quem chegou primeiro? - apelou, sorrindo para o namorado pela primeira vez no dia. Ela ia ganhar aquela luta e sabia disso quando deu um passinho para frente, aproximando-se do irlandês, enquanto considerava o quão deselegante seria se ela revirasse os olhos porque seu melhor amigo era muito manipulável.
- E-eu… e-eu não…
- Não se atreva a dizer que não sabe ou não viu, Niall James. - a menina cerrou os olhos, aproximando-se ainda mais, só que dessa vez não havia nada de amistoso em seu olhar.
- , você viu alguma coisa, eu tenho certeza - desistiu do casal, percebendo que começaram uma situação privada, e apelou para a mais sensata ali, depois dela mesma, é claro.
- Os dois chegaram exatamente iguais, até onde eu vi. - Hilton explicou, dando sua participação na conversa como encerrada. Deus que a livrasse de estar no epicentro da discussão.
- Você viu errado. - atestou, virando-se para ver Harry e Liam vindo até elas e Niall. - Eles não querem dizer quem venceu, Liam.
- É claro que fomos nós. - Payne franziu o cenho, ajustando o boné branco que contrastava com a roupa toda preta que usava.
Era uma maravilha poder contar com uma primavera tão equilibrada, desde o seu início, fazia uma semana fria e a outra quente, sempre intercalando como se um ser humano estivesse controlando-a.
- Vai sonhando, Payne. - Harry sorriu, cumprimentando e com um beijo na bochecha e pegou seu telefone - Niall, fala a verdade, quem chegou primeiro.
- Olha, eu não sou a porra de uma câmera ou um cronômetro. Mas, baseado no que todos nós sabemos, provavelmente deve ter sido o Liam. - Horan explicou sua decisão, que fazia muito sentido por sinal.
- O quê? - e Harry quase partiram para cima do pobre irlandês, ignorando os bons modos que aprenderam durante toda a vida.
- Obrigado, cara. - Liam, por outra via, estava mais contente com a derrota da dupla do que com a vitória em si.
- Obrigado nada. Eu quero saber se algum de vocês têm permissão pra sair com esses carros. - o irlandês cruzou os braços, esquecendo-se mais uma vez de que precisava falar com , que por sinal estava entretida no celular, trocando mensagens com alguém. Alguém que não era ele.
- Claro que não! - Styles balançou a cabeça.
Onde na terra, Desmond Styles, seu respeitável pai, lhe jogaria as chaves do carro recém adquirido que valia mais de um milhão de libras?
- Eu vou estar de volta antes que meu pai sequer acorde. - Liam deu de ombros, namorando o objeto, estacionado há uns bons metros dali, mesmo consciente de que seu sábio pai ia lhe trancar em casa pelo resto da vida se sonhasse que seu objeto mais estimado estava no pátio de uma escola, cercado por adolescentes imbecis.
Era engraçado o fato de que existiam apenas 25 modelos daquele carro no mundo todo, e dois estavam ali, um ao lado do outro, dividindo o mesmo estacionamento.
Em 1957 foram feitos vinte e cinco modelos exclusivos, mas um incêndio nas fábricas destruíram nove deles e agora a Jaguar resolveu entregar os nove carros que faltavam e Des quase entrou em uma briga física para conseguir um nome na lista. O homem ficou tão obcecado que cogitou destruir a carreira de um rival para subir na colocação de preferências.
Mas alguns favores cobrados foram o suficiente para que tivesse a bênção de investir um milhão de libras no brinquedo. O que era uma pechincha comparado aos quatorze milhões que Geoff pagou na versão de 1957 do mesmo modelo.
O que levava ao momento em que os seus filhos tiveram dúvidas sobre se a potência dos motores era exatamente igual e custaria suas próprias vidas se algo acontecesse aos veículos.
- Desculpa mas eu esperava isso do Louis e do Zayn, não de vocês dois. - confessou, pensativa. - Faria todo o sentido se eles tivessem feito isso.
- Isso o quê? - Liam abraçou por trás, apoiando o queixo em seu ombro com a comodidade de quem não seria julgado pelos olhares incomodados de Zayn ou os comentários imorais de .
- Essa imprudência! Já imaginou se vocês são pegos? - se empolgou, mas em sua defesa, não dava pra ser razoável quando havia tanto dinheiro exposto tão escancarado: - Se um colega nosso mexer neles e quebrar alguma coisa? Se uma pessoa má os arranharem?
- Jesus… - Payne murmurou e se calou antes que continuasse com um "você parece a minha mãe".
- Eu jamais faria isso. - Niall disse.
- E é por isso que você nunca vai merecer alguém como ela. - Harry surpreendeu com tal elogio à irmã. - Brigas são sempre uma ótima oportunidade para terminar, irmãzinha.
Apesar do cumprimento tão natural, o cacheado conseguiu estragar tudo com a linha de raciocínio fria e cruel.
- Briga não é pressuposto para terminar, Harry! Você é doente. - ela reclamou. - E para de ficar encurvado. Deus não te deu um metro e noventa pra você esconder isso.
- Eu não tenho um metro e noventa, .
- Ainda não.
- , nós precisamos conversar. - Horan falou suavemente, tocando no braço da namorada, que o repeliu em imediato, fingindo desamassar seu vestidinho florido que nem era de um tecido que podia ser amassado.
- Eu preciso de alguma coisa pra beber, não preciso nenhum pouco de conversar. - ela cruzou os braços, encarando-o sem expressão alguma.
- Mas eu preciso. Vamos. - o rapaz não lhe deu outra opção, e mesmo que tivesse, estava louca de vontade de ficar logo bem. Mas isso não significava que ela facilitaria as coisas, é óbvio.
- Se eu não voltar em meia hora, significa que ele me rendeu. Por favor, vão me salvar! - começou a gritar enquanto se afastava com Niall, que ignorou os outros alunos que começavam a chegar e olhavam com interesse para a cena que sua namorava proporcionava.
- É, eu estava errado. Eles definitivamente se merecem. - Harry falou e virou de volta ao grupo, buscando entender o porquê do silêncio.
estava brincando com os fios que mantinham sua blusa fechada, uma blusinha muito linda e que merecia uma boa foto, por sinal. Ela não chegava a estar constrangida, mas era certo de que não se encontrava também em seu estado natural de conforto.
E Styles não demorou em descobrir o que deixava a amiga com a expressão de quem se sentia inconveniente. O casal estava há três passos da dupla, absortos no celular que a caçulinha manuseava e obviamente usando e Harry como velas para seu romance.
- O que vocês estão vendo? - Harry pigarreou.
- Hã? - Ortega desviou os olhos do celular, e Liam piscou rapidamente, afastando-se um pouco. Eles não tinham ido embora?
- O que vocês estão vendo? - o outro repetiu lentamente, como se estivesse falando com retardados.
Algumas garotas de sua classe de Biologia passaram por eles naquele momento e o encararam como se tivesse duas cabeças porque ele parecia um retardado.
- Ah, olha isso: você, a partir de agora vive no último filme que assistiu e precisa resolver o problema principal da história. Você vai me dizer qual é o problema sem falar o nome do filme. - Liam afastou-se de vez da namorada, contentando-se em segurar sua mão e pegar o celular dela para ler o conteúdo.
- Hmmm, eu sou recém casada e preciso me livrar de um eletrodoméstico que na verdade é um portal para o inferno e come pessoas. - enfiou as mãos nos bolsos traseiros de seu jeans, certa de que dificilmente os amigos saberiam de qual filme estava falando.
- Mas que porra? - Styles abriu os braços. Qualquer fosse o filme, parecia uma péssima escolha, e ele nem precisava saber o nome.
- Ai, … Que horrível. - não sabia se comentava sobre o fato do objeto ser uma porta do inferno ou se bastava falar sobre seu apetite duvidoso.
- Você viu A Geladeira Maldita? - Liam fez sua típica pose cética: braços cruzados contra o peito, a cabeça levemente inclinada e as sobrancelhas ridiculamente arqueadas.
- Na verdade é diabólica, e não maldita. - a modelo corrigiu - O Niall e eu vimos agora cedo e foi melhor do que eu esperava.
- Eu não acredito que você assistiu isso… - Payne balançou a cabeça, rindo surpreso: - Hilton assistindo filme de terror. Um filme mais ruim do que Sharknado.
- Sharknado não é pior, nunca será.
- É mesmo? - ele estava se divertindo tanto. Era muito óbvio porque Zayn havia caído tão fácil por ela. - Sua vez, Harry. E que por favor seja um filme melhor.
- Eu não vi nenhum filme ultimamente… - Harry desconversou, mudando o foco da atenção para a caçulinha, a quem ofereceu um sorriso sem vergonha, é claro. - E você, Betty, qual seria sua história?
- Ahn… Eu não lembro. Acho que eu preciso voltar no tempo para fazer com que meus pais se conheçam, caso contrário eu serei apagada da existência.
não precisou de mais do que alguns segundos para saber de qual filme a amiga falava, mais porque era um dos filmes favoritos da garota do que pela dica em si.
- De volta pro futuro? - Styles assentiu animado: - Faz tempo que eu não vejo esse filme, vou colocar na minha lista.
- Coloca e me chama pra ver com você, eu nunca me canso de rever.- tocou o braço do rapaz, esperando que ele prometesse. - E você, baby?
- Eu já falei que não vi nenhum filme ultimamente, querida...
- Cala a boca, Harry. Eu estou vivendo um drama porque meu dono me doou pra uma creche e…
- Você estava vendo Toy Story de novo, Liam? - Orteguinha colocou as mãos na cintura, incrédula.
- Toy Story nem é drama! - falou quando percebeu que Payne estava mesmo vendo a animação.
- Com licença? Eu não fiquei julgando você por estar vendo um terror trash, nem você, querida, por estar revendo o mesmo filme pela milésima vez.
- Ai, Liam… - a morena balançou a cabeça e abanou a mão livre - Eu vou comprar um suco.
- Vamos lá. - ele assentiu.
- Não, você não precisa ir. Pode ficar aqui com a e o Harry.
Payne encarou os dois e voltou a forçar o passo para que começassem a caminhar.
- Ah não, eu prefiro fazer companhia a você. Até depois.
E esse era o limite de educação que ele poderia atingir.
- Eu sei que ele não faz de propósito mas o Liam é muito grosso! - a garota que ficou para trás comentou, observando o casal se afastar deles.
- Quem disse que não é de propósito? - Harry a encarava com curiosidade. - Vamos entrar e procurar um lugar?
- Ele não consegue evitar, faz isso até com a . E todo mundo sabe como ele gosta dela. - continuou, caminhando ao lado dele.
Talvez a palavra certa não fosse grosso e sim seco, entretanto as duas serviam como agente de desconforto para qualquer um que não tivesse nervos de aço.
Em sua opinião, Liam era intimidade, no mínimo.
- Gosta? - Styles parecia pasmo diante a afirmativa.
- Sim. É o tipo de relacionamento que qualquer um invejaria, quer dizer, você olha pro Liam e sabe que ele faria qualquer coisa para deixar a feliz.
- Qualquer coisa? Porque assim, qualquer coisa é muito no que diz respeito a vocês, mulheres. - ele a empurrou com o ombro, cheio de bom humor.
- Nós só queremos respeito e um pouco de atenção. - deu de ombros, sorrindo convencida.
- E presentes, e mensagens todo o dia, um milhão de eventos chatos e a lista segue. - Harry começou a listar com os dedos as milhares de exigências que vieram à sua cabeça.
- Esse é o ponto, você não tem que pensar como uma obrigação a oportunidade de conversar e aproveitar o máximo possível o tempo com uma pessoa que você supostamente gosta.
- Uau.
- Se você não se sente assim, provavelmente não está com a pessoa certa ou não é maduro o suficiente.
- Ouch. Você é cruel, Hilton.
Quando o trio parada dura resolveu dar as caras na Eton, o lugar estava lotado de estudantes de outros colégios particulares que vieram torcer por suas escolas. Ônibus ocupavam parte da rua e os seguranças tentavam como podiam controlar o fluxo de adolescentes que deveriam entrar no ginásio.
Louis e ficaram para trás a discutir seriamente porque o rapaz havia comido as batatinhas da namorada enquanto ela foi ao banheiro. estava duplamente puta porque ele esperou ela sair para fazer isso e ainda comeu tudo.
Zayn estacionou ao lado dos gêmeos (novo nome dado aos jaguares, cortesia de ) e passou as mãos sobre o cabelo, ajustando os fios em um topete charmoso, chacoalhou os ombros levemente, ajustando a camisa vermelha.
Ao adentrar o ginásio barulhento pode ver as líderes de torcida fazendo seu número e arrancando gritos dos telespectadores animados. Demorou para localizar a prima e Niall conversando com Shepley, que estava com sua fantasia imensa de mascote, Payne estava há alguns passos de distância dos três usando o celular ao mesmo tempo em que fazia companhia e se escusava da conversa. estava do outro lado do ginásio trocando informações com uma das torcidas adversárias. Mas o que chamou a atenção do moreno foi sua ex namorada, tão linda que o fazia querer morrer, sentada com Harry, os dois obviamente estavam compartilhando um segredo de Estado porque estavam inclinados na direção um do outro e ria!
Naquele momento, Zayn passou a odiar Harry oficialmente.
- Zayn! - Princesinha Styles gritou sobre o som das fanfarras agitadas, acenando para o moreno enquanto atravessava a multidão com certa dificuldade.
- Oi . - ele sorriu, inclinando-se o suficiente para que a pirralha beijasse sua bochecha. - Você não estava do outro lado da quadra?
- Aham. Mas você ficou parado aí tanto tempo que eu decidi checar se você estava vivo. - a loirinha ainda o encarava com expectativa, aguardando que ele explicasse o porquê estava parado ali como um pilar.
- Vivo e bem alimentado! - Malik brincou, oferecendo o braço para a menina Styles que aceitou com um sorriso brilhante enquanto eles começavam a caminhar sem um rumo exato. - E então, ainda está brava com o irlandês?
- Não… Mas ele vai ficar bravo de novo. - deu de ombros, guiando-os até , Niall e Liam. E Shepley também. - O Niall é teimoso, decidiu que vai assistir a peça e eu tenho certeza que vai ficar bravo por mais uma semana. - franziu o cenho pelo barulho que se deu início quando uma das líderes de torcida foi arremessada para cima e a arquibancada iniciou uma sessão de gritos.
Zayn ficou com pena do amigo, nem ele, que se considerava um cara tranquilo, conseguiria lidar com as visões de terror de uma namorada sendo amassada e sugada por outro cara.
- Você sabe que não deve ser fácil pra ele, não é? - tentou ser justo, trazendo à tona o ponto de vista de Horan.
- Eu sei, mas não vou parar de fazer uma coisa que eu gosto só para agradá-lo.
- Você gosta de beijar outros caras? - o rapaz a olhou horrorizado.
- Não, seu bobo! Eu estou falando de atuar! - riu - Cadê a e o Lou?
- O Tommo comeu todas as batatinhas dela.
- De novo?
- Daqui a pouco eles aparecem aqui.
- Bom, mesmo. Os jogos já vão começar. Olha o Liam! Liam!
O citado bloqueou a tela do celular, procurando por quem gritava seu nome tão escandalosamente e sentindo-se completamente perdido no meio de tantas pessoas agitadas. O trio à sua frente parou de conversar para procurar também.
- , nós já nos vimos hoje… - Payne suspirou, mas deixou que apoiasse o braço livre ao redor do seu.
- Eu sei, mas você não pode me negar a alegria de andar por aí com dois homens bonitos! - ela caprichou na lisonja, escolhendo o termo "homens" propositalmente e sorriu enquanto os assistia inflar com o generoso adjetivo.
- Pelo amor de deus… - Liam murmurou pela força do hábito, vendo os sorrisinhos de Niall e Shepley e o olhar indulgente de , que sabia que ele havia adorado o elogio.
- Styles de braços dados com dois caras, e nenhum deles é o namorado. Essa é uma cena interessante, sem dúvidas. - disse, achando graça de sua própria narrativa.
- Eu também não me sinto confortável com essa formação. - Niall confessou, indo até a princesinha Styles e passando os braços ao redor dela, não porque queria abraçá-la, embora fosse esse um delicioso motivo, mas para afastá-la dos dois otários.
E os rapazes entenderam o recado porque de fato recuaram aos risos.
Logo Shepley ouviu seu nome ser chamado e saiu rumo ao centro da quadra para fazer sua apresentação. Com uma bola de basquete em mãos, o garoto saiu correndo, pulou em um pequeno trampolim e enterrou a bola na cesta para o alvoroço geral do ginásio e até mesmo de que havia tido a atenção chamada pelo excesso de cores na fantasia do menino.
- Sabe de uma coisa engraçada? - fez uma pergunta retórica, olhando ao redor a procura de algo interessante.
- Com certeza não será engraçado de verdade. - Payne murmurou, prevendo que ela falaria algo cruel.
- Ano passado nós estávamos aqui, assistindo um jogo de basquete porque a queria muito se pegar com aquele Daniel. - a morena riu deliberadamente, aguardando uma resposta dos atingidos por sua afirmação.
- Eu não disse que não seria engraçado? - Liam ergueu os braços.
Orteguinha que até então sorria boba com a apresentação de Shep, voltou-se para a amiga pensando o que a levava a ser tão filha da puta.
- Na verdade é bem engraçado sim. - Zayn discordou, grato aos céus pela maravilhosa oportunidade de infernizar o amigo.
- Pra mim não.
- Obviamente. - Niall deu uma risadinha. Não é meu relacionamento, não é meu problema.
- Vamos nos sentar? Nós estamos atrapalhando aqui. - pigarreou, empurrando o outro de volta aos próprios bancos - Vamos, baby?
- Você vai querer comer ou beber algo? Porque eu não vou sair depois que o jogo começar. - Liam fez a oferta mais avarenta da noite.
- Eu pego depois, ué. - ela riu quase com pena dele. Deus a havia dado duas pernas e dois braços fortes para que ela não dependesse da generosidade alheia.
- Eu vou fumar e já volto. - Malik avisou, tomando o caminho oposto ao dos amigos, com vontade de correr para bem longe de e Harry. De Hitlon porque não conseguia olhar para ela sem sofrer, e de Styles porque se ficasse ao redor do hipócrita, ia quebrar a cara dele.
- O Zaza fuma demais! - fez uma análise rápida e chegou a esta brilhante conclusão
- Todo mundo comete excessos, . - Horan pontuou, abraçando-a por trás enquanto caminhavam desengonçados como pinguins - Você compra demais, por exemplo.
- Nada a ver.
- Tudo a ver, babe. - Niall deu a palavra final e a beijou no ombro, garantindo que permanecesse assim, sem discutir.
Em algum momento de distração, Louis e Westwick chegaram mas ao invés de se unirem ao maior grupo, foram até Harry e Perry e lá ficaram. Payne xingou quando os viu: Louis sentado ao lado de Styles e de frente para o trio, em pé, atrapalhando a passagem.
- Vocês não conseguem manter as mãos longe um do outro. - gracejou com a melhor amiga e o irlandês, que estavam prestes a cair graças a incrível falta de coordenação motora de ambos.
Suas bochechas estavam vermelhas pelo tanto que já havia bebido, o que também justificava seu bom humor extraordinário. Louis estava completamente sóbrio, mas ainda parecia um idiota apaixonado, era irritante. Usava a mesma camisa vans que usou nos dois fins de semana passados e dessa vez ninguém ousou comentar o detalhe porque ele ia fazer um sermão sobre como gostou tanto da peça que comprou três modelos idênticos.
- Engraçado que se fosse eu, você ia estar enchendo o saco. - Liam sentou em seu próprio banco assistindo os times se aquecendo na quadra. Ele quase fez uma piada besta sobre os jeans rasgados que a menina usava, mas desistiu.
- Porque você é nojento, Payne! - rebateu com prontidão. - Ah, esses assentos são uma merda. Parabéns pelo serviço de merda.
- São os primeiros assentos, !
- Perto demais. - ela rebateu, inabalável.
- Você pode ir sentar na puta que pariu então, tenho certeza que é sempre bem vinda lá. - Liam apontou para onde acreditava ser a puta que pariu.
- Tá rindo do que, Tomlinson? - Westwick cruzou os braços, falhando completamente em parecer brava. E o sorrisinho que tentou sufocar foi o suficiente para Tommo gargalhar e puxá-la para seu colo:
- Ai, ! Eu te amo! - exclamou após deixar um beijo entusiasmado na bochecha dela.
- Sai, você comeu minha comida. - virou o rosto, pretendendo parecer distraída com o discurso do diretor.
Harry encarava o casal desacreditado, achando o próprio amigo a maior das anomalias da terra. O bom Tommo parecia ter novo propósito para a vida e ninguém poderia prever que Westwick poderia fazê-lo tão feliz, bem humorado e apaixonado!
- Eu compro o dobro se você quiser, honey! - Louis prometeu, disposto a buscar a remissão por seu grande pecado.
- Então vai lá comprar. - a ruiva olhou para ele, com os braços cruzados e tudo o mais.
Acontece que agora começava o primeiro jogo da noite e a oferta poderia muito bem ser atrasada em uma horinha para a perfeição do momento.
- Agora?
- Sim. - ela concordou inocentemente - Eu quero um cachorro quente sem mostarda, uma pipoca mista grande e um chá gelado, por favor. Depois você pega o sorvete.
- Muito bem. Alguém quer ir comigo? - Tommo levantou, sendo ignorado pelos amigos, que já estava com os olhos vidrados na quadra. - Harry, amigão?
O cacheado se acomodou ainda mais contra o banco e sorriu:
- Nah. Eu estou bem, obrigado.
- Alguém aqui fez um lance? Não vi ninguém falando sobre… - Niall inclinou-se para a frente, na esperança de que alguém ali tivesse a resposta que ele precisava. Não fazia muito sentido perder tempo em um jogo se não havia o eletrizante estímulo da boa e velha aposta.
- Eu apostei na primeira rodada só. - nem tirou os olhos do jogo, amaldiçoando toda vez que o time adversário tocava na bola e comemorando efusiva quando os rapazes da Eton recuperavam a posse.
- Em todos os jogos? Eu só joguei nos da Eton. – Liam também estava envolvido com a emoção do momento e não percebeu que estava interagindo amigavelmente com .
O que o espírito esportivo não era capaz de realizar!
- Eu também apostei em todos da primeira, . - ergueu a mão e trocou um high-five com a ruiva, enquanto procurava os bolsos não existentes em seu short xadrez, sentido-se momentaneamente frustrada, até lembrar que estavam guardados na bolsa de .
- Você apostou? - Payne arregalou os olhos.
- Você sabia onde estavam os apostadores e não me falou, Orteguinha? - Harry fez com que se inclinasse sobre o próprio colo para que ele pudesse alcançar seu alvo, ofendidíssimo - Eu achei que você me amava!
- Desculpa, Hazz. - a caçula deu de ombros e sorriu, sendo imediatamente perdoada.
- Você apostou mesmo? - Liam cutucou , roubando-lhe a atenção. Estava surpreso, de fato.
- , deixa eu ver o seu jogo! - estendeu a mão, esperando que entregasse o jogo para que comparasse os placares apostados. Não era sua primeira vez mas nem por isso se tornava menos divertido.
, todavia, não compartilhava da mesma espirituosidade:
- Não! Vai que você rouba…
- Pra que eu ia querer roubar o seu jogo? - princesinha Styles se sentiu pessoalmente atacada e revidou: - Tenho certeza que o meu é melhor.
- Como é que é? - levantou de seu assento junto com a metade do ginásio, que se empolgou com uma cesta brilhante do time da casa. Mas ao invés de comemorar como todos, ela deixou as mãos na cintura, esperando uma retratação de sua melhor amiga.
- Ihhhhhhh
- Honey, vem cá, vem. - Louis a puxou pela mão, forçando-a a se sentar e passando o braço sobre seu ombro para garantir que ela não levantasse de novo.
- Você ouviu o que aquela atrevida falou? - resmungou, ríspida.
- Ela não sabe o que diz, está tudo bem… - Tomlinson a consolou, oferecendo o refrigerante de Harry, que os olhava morbidamente.
olhou discretamente para as entradas e saídas do lugar, deixando os ombros decaírem quando não encontrou quem procurava. Foi constrangedor perceber que passou dez minutos alheia ao que Harry falava porque esteve ocupada assistindo Zayn Malik respirar e ser lindo do outro lado da quadra.
A decepção amargou em sua boca quando percebeu que o moreno não se juntaria ao grupo. E então ela se sentiu grata por não estarem presos ao mesmo ambiente, porque era horrível ser alvo de seu desprezo. Infelizmente ela não se demonstrou tão aliviada quanto deveria estar e fez o seu melhor para se divertir.
- Como eu odeio estar aqui com vocês. - falou para ninguém em especial, mas todos ouviram. - Liam, por que diabos você não arrumou lugares separados pra gente?
- Porque eu estava ocupado oferecendo minha alma pra conseguir esses lugares, . - o rapaz esclareceu, impaciente.
A filha da puta estava sentada no último banco e as próximas pessoas perto dela eram Liam e , duas pessoas que ela supostamente gostava.
- Pois é, mas agora nós estamos presos a eles. - a morena estava desgostosa com as comemorações ridículas e os comentários burros que seu grupo fazia.
- Você poderia ter facilmente segurado três lugares pra nós enquanto eu cuidava do resto. - Payne apoiou os cotovelos sobre as coxas, inclinado para frente enquanto considerava que seria melhor ter aquele momento legal se estivessem em menor número.
- Eu estava ocupada, Liam. - cruzou as pernas, suspirando inquieta.
- Além do mais, nós íamos ficar com nossos amigos de qualquer maneira. - deu um tapinha amigável no braço do namorado.
Os quatro tempos do primeiro jogo voaram e a empolgação dos alunos só aumentava, as comemorações se tornavam mais apaixonadas e as derrotas, mais sofridas.
No início do segundo jogo, Zayn apareceu sorrateiramente e sentou na extremidade oposta de onde Liam e estavam sentados, sorrindo rapidamente para Niall e soltou a respiração, lamentoso por causa dos malditos jogos que não acabavam.
Meia hora depois, e levantaram e começaram a checar os bolsos e a bolsa que a mais velha carregava, para o ódio de todos dos bancos de trás que tiveram as visões comprometidas enquanto as duas madames procuravam as merdas de seus cartões.
- Onde você vai? - Liam percebeu então a movimentação e tirou os olhos do jogo, questionando a namorada sobre seus planos, mas recebeu duas respostas distintas:
- Pegar comida.
- Ir ao banheiro.
- Deixa que eu vou, baby doll. - ele se ofereceu, de olhos cerrados, levantando-se sem muita força de vontade, assistindo o jogo como um zumbi.
- Não precisa. - o impediu com a mão, sorrindo doce - Nós já voltamos.
Foi fácil alcançar os corredores e nenhuma das duas pôde conter as risadas quando chegaram ao banheiro feminino e se depararam com vários garotos conspirando do outro lado do corredor, prestes a serem pegos pelo inspetor que logo chegaria ali.
- Você percebeu que o Liam engordou? - Meester abriu a porta do banheiro.
- Não. Ele não engordou, . - defendeu seu amor, muito convencida de que ele não poderia estar melhor fisicamente.
- Eu tenho certeza que sim, segura minha bolsa. - a mais velha entregou sua bolsa, entrando em uma cabine.
- Claro que não, você ficou foi doida de vez.
- Aconteceu uma coisa estranha esses dias - confidenciou, triste por perder a oportunidade de ver a reação da outra. - eu acho que o seu primo deu em cima de mim.
- Hã? O Zayn? O meu Zayn? - sorriu cética, desencostou-se da parede e ficou parada em frente a porta do banheiro que a amiga usava.
- Só pra constar, o Zayn foi mais da do que seu.
- Sai!
Duas garotas entraram naquele momento e a encararam curiosas, mas ela não se abalou, pelo contrário, se aproximou o máximo que pode da porta. O máximo saudável sem que fosse obrigada a encostar sua bochecha de bebê contra a porta suja.
- Eu sei, parece uma mentira absurda. Mas eu juro, ele falou algo sobre nós combinarmos… - a voz da mais velha foi morrendo enquanto ela praguejava sobre a dificuldade de tirar a merda do macacão.
- Vocês dois combinarem? - Ortega colocou o cabelo atrás da orelha, tudo para ouvir melhor, incentivando-a a se explicar.
abriu a porta, rendida pela própria roupa.:
- Como casal. - não tão detalhado como gostaria, de fato.
- Pra começo de conversa, onde e por que você e o Zayn estavam conversando? - a caçula entrou como um furacão no cubículo e destravou o último botão com incrível facilidade, aliviada por não estar mais conversando com uma parede.
- Acho que naquela festa chata que nós fomos por último. - sentou no vaso.
- Ahhh… - Ortega assentiu. - Bom, eu não faço ideia do que passa na cabeça de vocês sádicos doentios. Desisti de tentar entendê-los.
- Você já parou pra considerar que o cérebro do seu primo está permanentemente danificado?
- Bom, eu achava que ele só não valia nada mesmo, mas agora, se ele está dando em cima de você, a família pode começar a considerar uma intervenção.
- É o melhor a se fazer, tirar esse doente das vistas da sociedade. - Meester falou séria. - Sai.
saiu da cabine enquanto se vestia de volta e foi até o espelho, retocar o gloss que tinha no início da noite mas que foi substituído pela gordura da pipoca ao longo da noite.
- Você trouxe seu cartão? Esqueci o meu com o Liam e eu preciso levar um refrigerante pro Harry. - pediu.
- Até tenho alguns cartões na bolsa mas não pra comprar comida pro Harry. - a garota abriu a porta e fitou a melhor amiga com um olhar assombrado.
- Mas não é comida, - sorriu adoravelmente, correndo o risco de tomar um banho com a água com a qual lavava as mãos. - é bebida.
- Eu não compraria nem remédio pra salvar a vida dele.
Ortega a encarou feio.
- você tem que parar com isso e falar com o Harry.
- Falar o quê? - talvez cederia se não estivessem com mais outras sete garotas ali dentro.
- Que você sente muito pela perda dele, que gostaria de se oferecer para ajudá-lo no que quer ele venha precisar. - a mais nova se aproximou o máximo que pode e cochichou.
- Você surtou, .
- Ele precisa de você, . - Orteguinha falou suavemente.
- Não precisa. Não mais. - de repente pareceu cansada - eu acredito que ele deixou bem claro que já teve tudo o que precisava de mim.
- Você disse que gostava dele, e agora o Harry está passando por um momento horrível e você nem ao menos dirigiu a palavra a ele, como você acha que ele se sente?
- Eu estava lá, todo o tempo. - ela resmungou entredentes, irritada em extremo.
- Bom, eu sei disso. Mas ele esteve em choque o tempo todo, não é como se fosse lembrar da sua generosidade em comparecer.
- O que você quer que eu faça?
- Só… - a caçula suspirou e coçou a testa - fala com ele, não precisa ser agora, nem hoje. Mas conversem. Eu tenho certeza que ele não vai te recusar.
- Você é insuportável. - ela reclamou, arregaçando a porta do banheiro. - O que você está fazendo aqui, Payne? - cruzou os braços ao se deparar com o amigo, que supostamente deveria estar nas arquibancadas, ali, em frente ao banheiro feminino do ginásio.
Já não bastava ser pressionada à beira da insanidade por Ortega, agora tinha que lidar com Liam e sua natural ignorância.
- Indo ao banheiro. - Liam apontou para o seu destino final, piscando para .
Que feliz coincidência, não?
- Ai meu deus, vocês não conseguem mais ficar longe um do outro. Pelo amor de deus. - a morena não precisou de muito para entender que não haviam coincidências ali. - Você por acaso trouxe uma blusa extra? Eu estou com frio.
- Aham, no carro. - o rapaz respondeu sem nem olhar para ela, já que estava sorrindo como um panaca para , que ria de alguma piada interna que Meester obviamente perdeu.
- Me dá a chave. - estendeu a mão.
- A chave do jaguar? - ele riu e falou baixinho: - Vai sonhando...
- Você veio no jaguar? - Meester arregalou os olhos, um sorriso maquiavélico desenhou-se em seu rosto e agitou os dedos, com a mão ainda no ar, esperando para tocar na chave.
- Eu te proíbo de tentar dirigir aquele carro, . - Payne ergueu o indicador, aterrorizado com a visão de uma que não tinha experiência com volante, lançando o carro de seu velho contra a mureta do estacionamento.
- Eu tenho uma carteira de habilitação, sabia? - a morena mostrou os dentes, mas o casal não teve coragem de chamar aquilo de sorriso. - Além do mais, uma voltinha no estacionamento não vai fazer mal a ninguém.
Ok, agora ele estava tendo calafrios reais.
- … - Liam a alertou enquanto abria a mão, reticente, e deixava que ela pegasse a maldita chave.
- Você é um imbecil. - Meester comunicou, andando sem pressa pelo corredor.
Payne sorriu condescendente para a namorada ao seu lado que via a amiga afastando-se em direção ao estacionamento: - Vamos voltar para o ginásio?
- Você não ia ao banheiro? - a caçula questionou com as sobrancelhas juntas.
- É verdade! - o mais velho só então percebeu que tinha um propósito maior em mente ao sair da arquibancada, não apenas entregar as chaves do carro do pai para Meester que podia destruir toda a Eton tendo aquela arma branca em mãos.
- Me dá o meu cartão. - pediu levantando a mão, vendo-o tatear os bolsos traseiros do jeans em busca da carteira - Eu preciso levar um refrigerante para o Harry. - explicou recebendo o pequeno retângulo de plástico.
- Por quê?
- Porque ele me deu o dele e agora eu quero devolver.
- Você não tinha comprado um suco quando chegamos?
- Sim, mas o Niall pegou. - deu de ombros, brincando com o cartão nas mãos, sem prestar atenção na confusão do namorado que não fazia questão de entender a lógica daquela confusão.
- Eu vou ao banheiro e a gente se encontra na entrada do ginásio para voltar para a arquibancada. - avisou e a menina concordou com a cabeça, dando-o um beijo na bochecha e saindo em direção ao restaurante para aguardar na fila.
Ortega tinha certeza que Liam sairia e ela ainda estaria esperando sua vez de fazer seu pedido, mas não contestou ao receber as instruções do rapaz que minutos mais tarde fazia exatamente o que a garota sabia que iria acontecer e a se posicionava ao lado dela.
Quando finalmente conseguiram retornar ao jogo e Payne guiava pela multidão que ficava cada vez mais eufórica e impossível de transpassar já que seus times ficavam cada vez mais perto do jogo final, levaram um tempo maior que o agradável para conseguir chegar aos amigos que já haviam se dividido em subgrupos.
Louis e gritavam colados ao alambrado que não permitia a invasão da torcida na quadra, mas praticamente não servia de nada já que era facilmente transpassável. Niall, Harry e permaneciam nos mesmo assentos desde o início da noite e estava do outro lado da quadra conversando com o colega do jornal responsável pela coluna de esportes, ele com certeza tinha informações valiosas que a ruiva com toda sua autoridade e falta de delicadeza o fazia lhe contar.
- Seu refri, Harry. - Ortega o entregou e o garoto a mirou por breves segundos tentando recordar-se se havia a pedido para comprar algo para ele.
- Ahh! - lembrou-se do favor que havia feito e rolou os olhos por sua falta de memória, sorrindo agradecido. - Não precisava, . - falou já abrindo a lata.
A morena riu do amigo, descendo as arquibancadas correndo para se juntar a Tommo e princesinha Styles que pulavam devido uma cesta do time adversário ter sido interceptada por um equipe que não era a Eton. Sim, o time da casa estava em seu intervalo enquanto outras escolas competiam, e Louis e decidiram brevemente para quem torciam.
O primogênito Styles suspirou levando sua bebida aos lábios. não havia voltado com Liam e . Varreu toda a quadra com os olhos verdes, concluindo que a maioria das pessoas assistia ao jogo empolgada, gritando, torcendo e se divertindo, quem não prestava atenção no basquete conversava e ria com os amigos.
Harry queria chorar.
Era o que mais fazia nas duas últimas semanas e seu pai sabia disso, portanto basicamente o obrigou a ir ao evento esportivo com os amigos. Des não tinha mais ideia do que fazer para suavizar a cruz que o filho carregava, além de ter conhecimento de que não havia nada a seu alcance para de fato ajudar Harry. A dor precisava ser sentida.
O rapaz respirou fundo, expirando o ar lentamente, alheio a algazarra ao seu redor agora que a Eton voltava a quadra e os alunos da casa, que tinha a maior torcida, gritavam eufóricos. Colocou a lata de refrigerante entre as pernas para evitar uma tragédia e além de tudo deixar o ginásio com as calças molhadas. Fechou os olhos e escondeu o rosto nas mãos, enquanto mantinha os cotovelos apoiados nos joelhos.
A cada dia enfrentava um leão e sentia que não conseguiria mais seguir em frente. As pessoas lhe falaram que ao passar dos dias ficaria mais fácil e ele finalmente poderia pensar em Anne com alegria e não com dor no coração que era apunhalado a cada menção do nome da atriz. Mas todos eles mentiram, porque a cada noite Harry chorava com saudade da mãe e a cada manhã o sentimento aumentava.
Lembrava-se do grande choque que o falecimento da mãe causara. Em redes sociais, jornais, revistas, tablóides, tudo o que se via era que a atriz de Hollywood, Anne Cox era vítima de uma insuficiência renal crônica, que causara seu falecimento prematuro. Agora, duas semanas após o funeral em Los Angeles, Califórnia, todos seguiram suas vidas e esqueceram-se de Anne. Ninguém a mencionava, ninguém se recordava de seus trabalhos, seu sorriso, ou sua personalidade cativante. Todos pareceram supera-lá rapidamente e a comoção gerada não significava nada além de hipocrisia e marketing.
Harry não podia culpá-los. No dia seguinte ao funeral, no momento em que acordou e a súbita lembrança dos acontecimentos do dia anterior nem ao menos esperaram ele se colocar de pé para açoitar sua mente, desejou que pudesse esquecê-la rapidamente e superar tudo aquilo como se nunca tivesse acontecido. Então ele chorou, envergonhado por não ser forte o suficiente, culpando-se por querer esquecer a mãe e desesperado pois com certeza em breve não se recordaria de como era ser abraçado por ela, do som da sua voz, a cor de seus cabelos e olhos, seu sorriso, cuidado e amor.
- Harry? - apoiou a mão em seu ombro, estranhando a silêncio e a reclusão do amigo. O rapaz levantou o rosto subitamente, despertando de seu transe e tentando sorrir, fitou a loira ao seu lado, com expressão preocupada. - Tudo bem? - questionou sabendo que não.
- Sim!
- Okay. - Hilton concordou mirando-o esperando por algo maior que aquilo, mesmo tendo em mente que o menino não queria conversar sobre seus infortúnios com ela, muito menos no meio de uma torcida ensandecida.
- Eu - parou um momento para analisar suas opções e ter certeza que definitivamente não se encaixava no grupo o qual se encontrava naquela noite - vou para casa.
- Também estou cansada. - admitiu, cobrindo os lábios com a mão a fim de esconder um bocejo - Acho que vou roubar sua ideia e vou para casa também. Vou ligar para o motorista dos meus pais. - falou procurando pelo celular na bolsa de couro rosa.
- Vou avisar alguém que estamos saindo. - disse, levantando-se e descendo um degrau para ir ao encontro de Payne que estava em pé como todo o restante da torcida que assistia apreensiva o jogo que levaria o time vitorioso para a final. - Liam…
- Harry! - o moreno apertou o ombro do amigo, sem ao menos encará-lo, com os olhos presos no jogador da Eton que atravessava a quadra sozinho em direção a cesta e saltou para fazer uma cesta de 3 pontos que infelizmente não entrou. - Caralho! - gritou indignado passando as mãos pelos cabelos - Você viu isso?!
- Decepcionante. - Styles foi sincero, pois também assistia ao lance e havia esperado o menino da Eton terminar sua jogada para então conversar com Payne. Agora que ele não havia conseguido angariar os pontos para a equipe da casa, Harry concluia que apenas perdera tempo. - Avisa a , por favor, que eu to indo para casa?
- Ahan. - acenou positivamente com a cabeça, vidrado no jogo.
- E fala para ela não dormir no Niall porque meu pai me fez prometer que levaria ela para casa.
- Ahan.
- Ah, e avisa também que a também está indo embora.
- Tá.
O cacheado riu da fixação do amigo pelo que se passava na quadra e bagunçou os cabelos dele antes de deixar a arquibancada com atrás de si, segurando a barra de sua camiseta para conseguir passar pela euforia dos adolescentes.
- Eu pensei que ia ser engolida pela multidão. - a loira brincou ao chegarem na área externa do ginásio. Arrumava sua blusa e passava as mãos pelos cabelos, falando alto ainda acostumada com o alto burburinho da torcida.
- Onde você vai esperar? - indagou, prendendo uma risada porque achava que aquela era a primeira vez na vida que via Hilton aumentado o tom de voz e o mais engraçado era que ela não tinha noção daquilo - Eu te faço companhia.
- Não precisa se incomodar, eu…
- Deixa de ser boba, ! - resmungou, rolando os olhos.
- Está bem… - falou, deixando os ombros caírem, envergonhada pelo inconveniente que causava ao rapaz - Vou ficar no estacionamento da reitoria, o do ginásio está lotado. - constatou passando os olhos pela extensão do local.
- Vamos lá então.
Esperaram o motorista dos Hilton por vinte minutos, sentados na calçada, um ao lado do outro, conversando sobre o que certamente não se lembrariam no dia seguinte, no entanto, felizmente Styles pode tirar da mente parte da tristeza que o perseguia nos últimas semanas, mesmo que por pouco tempo.
Nem sentia tanto frio assim, mas precisava de espaço e voltar lá para dentro agora parecia sufocante. Cada canto daquela maldita escola estava ocupado, grupos, casais e solitários dividiam o espaço, cada qual com interesses e motivações distintas, mas compartilhavam o desinteresse pela competição que corria solta lá dentro.
Qual não foi sua surpresa quando encontrou dois modelos idênticos, ao menos sob a parca iluminação do lugar. Resolveu arriscar no carro com a placa GSP, que coincidiam com as iniciais do Sr. Payne.
A trava do carro era silenciosa e a garota mordeu o lábio, tentando debilmente conter a excitação enquanto tocava na maçaneta. Passou a mão sobre o estofado de couro e respirou profundamente o aroma do polimento dos bancos, descobrindo que sentar ali por alguns minutos seria duplamente bom: primeiro ela poderia desfrutar da honra e do imenso prazer de estar em um verdadeiro clássico, e depois, Liam ia ficar morto de preocupação achando que ela estava demorando porque estava destruindo o pobre automóvel.
Se esticou sobre o banco para alcançar a jaqueta e decidiu não ficar, em caso de algum mal acontecer ao carro e Payne acabar culpando-a.
- Você sempre se comporta assim perto de carros? - uma voz ressoou na escuridão.
gelou por inteiro e soltou a roupa no chão, pronta para atacar seu algoz com a ponta da chave, mas antes que pudesse sequer reagir, Malik se aproximou, encostando-se contra o carro gêmeo.
- Mas que desgraça? - a morena falou alto, recuperada do susto. Fechou a porta e travou o veículo antes que outro idiota resolvesse assustá-la e ela saísse correndo antes de sequer trancá-lo. - O que você está fazendo aqui, inferno? Não cansou de me perseguir?
- Eu já estava aqui quando você chegou, . De novo. - Malik mentiu, derrubando as cinzas de seu cigarro em cima da bota dela.
A menina pensou em pontuar que não havia ninguém ali quando ela chegou, ou mesmo repetir o quão imbecil ele era, mas para isso precisaria decidir que o rapaz valia a pena. E como não era esse o caso, conformou-se em mirá-lo por um momento e seguir o caminho de volta para o ginásio.
Vendo a sua única chance da noite escapar, ele a chamou:
- Meester?
- Sim? - ela bufou mas virou.
Ao invés de falar, Zayn soltou a fumaça demoradamente, e o que aparentava mero relaxo era na verdade um artifício para ganhar tempo. Ele estava prestes a dar um passo sem volta e sabia que tudo mudaria uma vez que falasse.
A imagem de e Harry rindo, juntos, bruxuleou em sua memória e ele perguntou:
- Você acha que o Harry e a vão demorar quanto tempo para assumir que estão juntos?
- O quê? - soltou uma risada estrangulada, caminhando mecanicamente até que estava de frente para Zayn.
- Quanto tempo o Harry e a vão…
- Eu ouvi o que você disse, Malik. - ergueu a mão, interrompendo-o com impaciência. - Quanto exatamente você fumou antes de criar uma ideia dessa?
- O quão chapado você acha que eu estou agora? - ele piscou lentamente.
- Muito.
- Tudo bem, eu fumei muito mesmo. Mas você sabe que não afeta os olhos.
- Não podemos falar o mesmo do entendimento… - Meester murmurou certa de que agora ele havia ficado louco de vez.
- Você não está acreditando em mim, não é? - Zayn suspirou, achando aprazível o trabalho de convencer a tolinha. - Vamos fazer uma aposta então. Observe-os pelo tempo que achar necessário, o que eu creio que não vai ser muito já que todos sabemos que você não é estúpida.
- Se você estiver errado, o que eu ganho?
- Hmmm… O que você quiser.
- Você não tem nada que eu queira, Malik.
- Eu tenho respostas.
- Respostas?
- Nunca se perguntou por que vocês terminaram tão abruptamente?
- Eu não preciso de você pra encontrar a resposta. - um lampejo de dor perpassou seu rosto antes de afogar-se na estudada indiferença de sempre.
"Eu não nos vejo em algo maior que isso".
"Nós vamos chegar a lugar nenhum".
"É tudo uma brincadeira".
Não precisava de que jogassem em sua cara a penosa rejeição, Harry havia feito um trabalho fenomenal em deixá-la sentindo-se um saco de lixo. Ainda agora, quando a voz rouca ecoava em sua cabeça, repetindo pela milésima vez as sentenças cruéis, ela sentia vontade de vomitar.
- Você tem razão. - Zayn deu de ombros, parecendo entender as entrelinhas de sua convicta afirmação. - Tudo bem, se eu estiver errado, você se livra de mim pra sempre. E não, eu não vou morrer.
- Que pena. - replicou.
- Se eu estiver errado, nós não vamos pra mesma universidade. Eu prometo não escolher a mesma que você. Já imaginou isso, uma vida sem mim? - Malik propôs. jogando no chão a bituca e pisando preguiçosamente sobre.
Ela cerrou os olhos e cruzou os braços:
- Você não teria coragem…
Agora que tinha a atenção dela, o rapaz deu um sorrisinho charmoso e se inclinou para a frente, pronto para fechar aquele negócio:
- Eu deixo meu carro com você como garantia. Fique com ele até vencer o prazo de matrículas. - prometeu.
Sabia que estava apostando alto, mas de acordo com suas próprias convicções, não teria dificuldades de ver que em um curto espaço de tempo, estaria onde ela mesma esteve uma vez: na cama de Styles.
- Okay… E o que eu terei que te dar se você estiver certo? - não parecia tomar o assunto com a mesma seriedade e riu, zombando da mera ideia dele ter alguma razão.
Mas Zayn sorriu de verdade, sorriu e então era lindo como um anjo:
- Você, querida , vai ao baile de formatura comigo.
A proposta parecia tão absurda que a morena não teve outra opção, senão aceitar e esperar que o garoto saísse do estado chapado em que devia estar, para lembrar da idiotice sem tamanho que sugeriu e depois morrer de vergonha.
Ah, ela iria ganhar um carrão e ainda se livraria da companhia escrota de Malik pelos próximos anos.
Entretanto, a confiança da vitória durou até que ela colocou os pés no ginásio.
tentou focar no jogo, voltar a se entusiasmar com os arremessos e dribles, comemorar as cestas e zombar da torcida adversária, mas tudo o que os seus olhos viam eram Harry e . Harry e rindo, trocando confidências, se tocando discretamente, comentando o jogo como se fossem melhores amigos.
O restante daquele set passou como um flash pelos olhos da morena, que estava tentada a ir até os dois e congratulá-los por tamanha discrição.
Se Malik não a tivesse alertado, provavelmente se passaria um mês inteiro até que começasse a sequer suspeitar do envolvimento. Mas agora estava tudo tão claro, e ela se sentia idiota!
É claro que fazia todo sentido que eles acabassem juntos, mas isso não significava que doía menos.
Questionou-se se algum dos amigos sabiam, e o que começou com um "talvez o Niall e o Louis…" concluiu-se com a certeza de que todos sabiam mas ninguém teve a coragem de lhe contar.
- Dá pra parar com essa cara de morte? Nós estamos ganhando! - , passando com dois baldes grandes de pipoca e alguns chocolates vazando de seus bolsos, a censurou.
A reprimenda despertou-a de suas considerações macabras e ela percebeu que Styles já não estava mais ali. Nem .
Procurou Ortega, para interrogá-la, mas ela estava distante, pulando com e Louis. Não valia a pena ir até lá, além do mais, a mais nova não a deixaria mais em paz após a pergunta. Por isso ela teve que se submeter a prestatividade do melhor amigo:
- Cadê o Harry?
- O Harry? Foi pra casa, eu acho… - Liam respondeu desinteressado, ele estava tendo o momento mais intenso do ano e não se importava se Styles estivesse na puta que o pariu.
- E a ? - continuou pressionando-o, angustiada, varrendo o lugar com os olhos perspicazes.
- Eu não sei, eles não saíram juntos? - Payne franziu o cenho, procurando se lembrar do que exatamente Harry havia lhe dito, mas ele não relembrou porque não estava prestando atenção.
- Eu não estava aqui, Liam. Por isso estou te perguntando.
- Bom, eu não sei e não me importo. Sai da frente.
A possibilidade de que o casal estava indo embora dali, juntos, foi um mais aterrorizante do que a vontade de dar um soco em Liam. O estômago de revolvia em um grande mal estar, e ela tropeçava nos próprios pés enquanto esbarrava e empurrava qualquer empecilho a sua frente. Não sabia porque estava indo lá fora, correndo o risco de ver algo muito cruel, entretanto não tinha controle sobre seus pés, ela precisava ir lá, tinha que encontrá-los. Quem sabe ainda estivesse sozinha, esperando por seu motorista, ou o próprio Harry tivesse apenas ido checar o carro do pai…
Qual não foi sua terrível surpresa ao ver que não havia nem sinal de Hilton ou do carro do Sr. Styles ao mesmo instante em que foi dominada por um sentimento primitivo que apossou sua mente, envenenando-a com a mágoa, a traição e a sensação dilacerante de ser uma grande idiota que podia ser facilmente substituída.
Indisposta e sem ânimo para continuar no jogo, pediu para Alfred vir buscá-la.
Amanhã ela resolveria-se com seu coração, mas agora só precisava descansar.
Um novo dia amanheceu e os ânimos renovados, somaram ao sono imperturbável e o delicioso café que foi servido em sua varanda agradavelmente decorada com gardênias brancas e azuis, o sol das duas horas parecia envolver-lhe com calor aconchegante enquanto a brisa suave se encarregava de revolver os fios negros de seu cabelo com a mesma harmonia que seu robe branco, caindo pela cadeira, flutuava e os pés descalços balançavam pacificamente.
Respondeu a mensagem de , exigindo explicações de porque foi mais cedo para casa e avisando que ela e Liam viriam passar a tarde a morena, ignorou os três grupos de sua família mas respondeu a mensagem em privado que a avó lhe mandou. Bloqueou a tela quando viu que estava tentando fazer uma chamada de vídeo e se dedicou a atacar a refeição.
Encostou sua xícara sobre a mesa, lembrando-se do drama da noite passada com outros olhos e encontrou espírito o suficiente para inclusive encontrar certo humor na sequência de acontecimentos bizarros.
Pegou o celular novamente e navegou entre seus poucos contatos salvos, percebendo que não tinha o único que procurava, foi então ao grupo com os outros nove e buscou nos participantes o número de Zayn, discando-os mecanicamente, mas não foi atendida. O rapaz, que estava na casa de um tio, esperando a hora da sobremesa, ficou atônito ao pesquisar e descobrir quem estava ligando e retornou imediatamente.
- Há quanto tempo você sabia? - disparou, ajustando a postura sobre a cadeira para não acabar engasgando no meio da conversa que considerava relativamente importante.
Fazer Zayn se sentir mal era relativamente importante para ela.
- Honestamente eu não tinha certeza, mas a sua ligação confirma minha suspeitas. Eles estão juntos mesmo… - Zayn foi franco, sentindo-se inesperadamente infeliz por estar certo.
Ainda restava um resquício de esperança de que esteve vendo demais e aceitaria de bom grado abrir mão de seu carro adorado e seu futuro acadêmico pela certeza de que nada havia entre seu amigo e sua ex namorada.
- Eu não fazia ideia de que você estava tão desesperado assim pra sair comigo, Malik. - a morena alfinetou, guiando-os até o ponto central daquela conversa esquisita e inusitada.
- Do que você está falando?
- Você sabia o que estava acontecendo e usou a informação pra garantir que eu fique presa a você no baile. - acusou.
- Você se tem em alta conta, . - malik riu, não deixando que a demora na réplica abalasse sua confiança.
- Não existe piadinha ou graça nisso, babaca. Eu esperava que você tivesse a capacidade de brincar sem jogar sujo. - ela voltou a falar sério. Assim que o rapaz assumisse a trapaça, ela daria por encerrada a aposta e a ligação.
- Não estou fazendo nada que você não faria também para alcançar um objetivo, querida. - ele fez sua alegação, certo de que a acusação o livraria do papel de carrasco.
- Ahhh, muito justo então! - ironizou enquanto abandonava a mesinha vitoriana e ia até o closet. - E qual seria esse nobre objetivo, Malik?
- A grande oportunidade de desfrutar da sua… - Zayn pigarreou, fingindo procurar a palavra certa: - deliciosa companhia.
- Ou fazer ciúmes pra .
- O quê?
A voz do garoto ficou mais aguda mediante a menção da loira e sentiu-se tão empolgada que quase aplaudiu sua própria astúcia:
- Muito bem! Chegamos a um entendimento, Malik! Você quer deixar a com ciúme de você… Idiota. - reiterou a advertência, pronta para desligar a ligação agora que havia desmascarado as intenções do outro. - Quantas vezes eu te falei que ela é boa demais pra você? Eu avisei!
- Jesus, você é mais surtada do que eu imaginava. - o moreno ridicularizou a teoria absurda.
Ou tentou.
agora estava incontrolável e ninguém poderia contê-la.
- É mesmo? Me fale mais! Eu estou me divertindo com o seu fracasso épico.
Zayn percebeu que poderiam passar a tarde toda naquela conversa sem fim, já havia deixado a morena falar demais e tudo o que concluiu foi que ela estava tentando, por todos os meios, livrar-se dele.
Não tão rápido, Meester. Não tão rápido.
- Meester, por um acaso a sua intenção com essa ligação é voltar atrás com a sua palavra?
- Claro que não. - defendeu sua honra com admirável rapidez.
- Ótimo. - Malik pareceu satisfeito, voltando às banalidades do papo: - Porque eu preciso saber a cor do seu vestido para a minha gravata.
- A sua gravata?
- É. Se bem que, se não for um problema pra você, eu quero abrir mão da gravata e usar um suspensório. - divagou.
- Eu não me importo se você vai usando a sua jaqueta de couro de merda e chinelos. - ela interrompeu, indo até a janela da frente para ver o jipe verde de Liam se aproximando da casa.
Hoje a residência estaria lotada. Já que, até onde ela sabia, Oliver, Josephine e as gêmeas estavam lá embaixo almoçando com seus pais, o que a lembrou que precisava descer para entregar alguns (muitos) presentes que havia comprado para as meninas no último mês.
- Até mais, Meester. - Zayn cantarolou alegre, finalizando a ligação enquanto ainda mantinha o poder sobre a conversa.
Ele levaria ao baile, conseguiria vencer a aposta eventualmente e ainda sim, se sentia extremamente infeliz.
O céu, pintado com um azul pacífico e ornado com nuvens mansas, tinha o majestoso sol no seu topo, que aquecia e apaziguava. A brisa suave, que emanava como um sopro pacato, aconchegava as folhas das árvores que dançavam ao som da melodia da nirvana. A água salgada do mar, que quebrava-se em ondas à beira da praia, beijava a areia quentinha. E aquele cenário sereno supostamente serviria para acolher qualquer alma perturbada.
Entretanto, afastado da beleza da praia de Santa Monica o gramado do cemitério Forest Lawn Memorial Park não era o cenário ideal para acolher uma alma perturbada. E ao caminhar pela colina, o rapaz nem ao menos notava a beleza do céu azul ou o grande sol no seu topo, não enxergava a sua frente as árvores imponentes ou a cor das flores, não sentia a brisa suave soprar em seu rosto e bagunçar alguns de seus cachos, nem sequer ouvia as perguntas que lhe eram direcionadas.
Apenas existia e caminhava, sendo guiado para o local onde o funeral se seguiria, sem atentar-se a trajetória que fazia. Sabia que estava cercado da família e de amigos próximos, mas não distinguia rostos e não se preocupava em o fazer. Conseguia sentir seu coração pesado bombeando sangue, a fim de nutrir seu corpo, no entanto, não sabia se oxigênio entrava em seus pulmões, pois não notava se respirava ou não, o que o fazia questionar-se se estava vivo.
A sua frente via olhos marejados e outros aos prantos. Viu sua avó com as mãos trêmulas tentar secar as lágrimas que caiam enquanto seu avô tentava ser forte a fim de conceder a esposa o cuidado que ela carecia. Viu seu tio afastados dos demais, com os joelhos cravados no chão, sem conseguir conter os soluços que escapavam entre o choro. Viu o caixão ser depositado com cuidado no lugar onde sua mãe dormiria para sempre, rosas brancas foram jogadas ali juntamente com punhados de terra. Viu pessoas aproximando-se dele e apesar de seus lábios estarem em movimento Harry não tentou ouvi-las e ainda que alguns apertassem seu ombro a fim de lhe passar força com o singelo gesto, o menino não sentia os toques.
De repente estava caminhando novamente, afastando-se de sua mãe e sua atual moradia. Ao seu lado, seu pai o abraçava tentando protegê-lo da dor que o consumia por inteiro, ao mesmo tempo que segurava sua mão. Foi direcionado até o carro que o aguardava, percebendo um pequeno tumulto do outro lado da rua. Provavelmente paparazzi tentando registrar sua dor para estampar jornais e revistas da edição seguinte.
Com os olhos fixos nas próprias mãos em cima do colo apenas reparou que havia chegado em seu destino ao ver que o motorista abria a porta para ele descer.
A casa de seus avós comportava os amigos mais próximos e a família de Anne, todavia Harry estava farto de lágrimas e apavorado com a aflição que aumentava conforme os segundos se passavam e ele constatava que o caixão lacrado era a última lembrança que ele teria de sua mãe, nunca mais a verei, ouviria, ou abraçaria, nunca mais sentiria seu carinho e ternura. Anne Cox se fora. Para sempre.
Kate, mãe de , logo se aproximou do moreno com um prato que continha alguns dos quitutes do buffet e um copo de suco.
- Vem querido. - a mulher sorriu para ele, chamando-o e Styles a seguiu automaticamente. Katherine o sentou ao lado do avô colocando em suas mãos a refeição que ele não tinha vontade de deliciar, no entanto, sabia que se não fizesse todos ficariam preocupados e o que não queria naquele momento era atrapalhar a dor de alguém.
Não demorou para Louis e Niall estarem ao redor do amigo, enquanto Des auxiliava a irmã de Anne a organizar o necessário, cedia toda a atenção que tinha para a Sra. Cox que sempre a tratara com amor de avó e o caçula dos Cox ocupava-se em conversar com os convidados da pequena recepção.
Sentindo-se sufocado e comprimido na espaçosa sala de estar de seus avós, Harry levantou-se e deixou a companhia de todos, dirigindo-se cautelosamente, a fim de não ser notado, até a ala anterior da residência.
Retirou o blazer jogando-o em cima da mesa que ornava o deck, desabotoou as mangas da camisa social e também a gola, colocou as mãos no bolso, fechou os olhos e inspirou fundo, permitindo-se meditar na trágica realidade a qual estava inserido.
Sua garganta trancada, seu coração não batia e seu cérebro responsável por processar todo evento, latejava constantemente. Colocou a ponta dos dedos no cenho, constatando que tremia e ao passar a mão no rosto só então percebeu que chorava. - Harry? - ouviu a voz doce da irmã e enxugou as lágrimas, entretanto ela já havia percebido. - Você não comeu nada do que a mamãe preparou para você. - aproximou-se a passos lentos, vendo-o virar para ela esforçando-se para sorrir. - Eu só vim trazer isso. - colocou uma xícara de chá e um novo prato sobre a mesma mesa onde o blazer do garoto estava. - Eu vou te deixar sozinho. - avisou já caminhando de volta para o interior da casa.
- . - sua voz saiu embargada, porém ele parou, fechou os olhos, respirou e limpou a garganta. - - repetiu recomposto. - , você está ocupada? - a viu negar com a cabeça. - Pode ficar um pouco aqui comigo?
- Claro. - apesar de tentar falar, as cordas vocais da loirinha não emitiram som e tudo o que saiu foi um suspiro acompanhado de um aceno de cabeça.
Styles a agradeceu com os olhos e a garota caminhou até ele, ficando apenas em pé ao seu lado, fitando o jardim dos Cox. O silêncio teria perdurado por mais tempo, se Louis não o tivesse interrompido dando duas batidinhas na porta.
- Olha quem eu achei. - o moreno tinha a voz contente, tentando passar um pouco de ânimo para o amigo, que ao voltar-se para ele pode ter a surpresa de encontrar toda a turma ali.
A incerteza de como reagir diante de tal circunstância, levou cada um dos presentes a sorrir buscando forças e palavras de conforto a fim de mostrar apoio ao luto do rapaz.
- Eu não acredito que vocês estão aqui! - apesar de carregar um sorriso, os adolescentes podiam notar o quão esgotado Harry estava. - Eu não acredito que vocês vieram de tão longe… - sua voz falha transbordava gratidão.
- Qual é, Styles?! Não somos amigos tão ruins assim. - brincou.
- Eu fico muito feliz por você estar aqui, . - mirou a ruiva com seus vulneráveis olhos verdes e ao ouvir aquelas palavras, Westwick sentiu um nó formando em sua garganta. - Orteguinha! - fitou a caçula que já estava com o rosto vermelho de tanto chorar - Como é possível seus olhos estarem ainda maiores? - brincou, vendo-a soltar uma risadinha.
Zayn caminhou até Styles, apoiou uma das mãos no ombro do menino e sem dizer coisa alguma, o abraçou forte. Liam e também abraçaram o rapaz que já não conseguia mais conter as lágrimas.
- Isso realmente está acontecendo, né? - Harry questionou com a cabeça baixa. - Ela realmente se foi para sempre… - elevou os olhos, encontrando o rosto sereno de , que o encarava aflita e temerosa, sem coragem de lhe dirigir uma palavra de consolo, de lhe revelar o quanto se importava com ele, o quão destruída estava e como desejava o livrar de todo aquela angústia. Styles sorriu para Meester, tão agradecido pelo apoio que ela passava simplesmente por estar ali. - Eu nunca mais vou vê-la. - concluiu desolado.
Um choro desesperado iniciou-se e foi pega de surpresa ao ser abraçada pelo irmão. Harry escondeu o rosto no ombro da mais nova, o que não servia para abaixar seus soluços de dor, a apertou contra si sem perceber que a menina também chorava por vê-lo naquela situação. Ele a segurava firme, debruçado sobre ela que sumiu entre seus braços firmes e desesperados, temendo ser abandonado.
virou-se de costas para os irmãos, não tendo forças para partilhar daquele momento e cobriu o rosto com as mãos, derramando lágrimas de compaixão. Louis abraçou a namorada e não teve dificuldade de guiá-la até próximo de Styles, abraçando o melhor amigo e Westwick da maneira que conseguiu. Niall passou os braços ao redor de e Harry, deitando a bochecha no ombro do cacheado. Hilton não conseguiu encarar a tristeza personificada à sua frente e desviou os olhos da cena, contudo Malik a abraçou pelo ombro e a loira sorriu cerrado, grata a ele. , que chorava desde que vira sua mãe chorando ainda no aeroporto, era acalentada por Payne, que acariciava seus cabelos.
Ortega procurou por e não a encontrou, falou ao namorado que iria atrás da morena, porém Liam a informou que não era uma boa ideia. Meester havia deixado o recinto correndo no instante que o choro copioso de Harry iniciara e o rapaz sabia que tudo o que a melhor amiga desejava naquele momento era estar sozinha.
E sozinha, chorou por não poder libertar Harry de seu sofrimento, por vê-lo tão miserável, por não poder salvá-lo, por amá-lo e não poder demonstrar.
A Hollywood Boulevard e a Vine Street, ruas localizadas em Los Angeles, Califórnia, usualmente possuiam um grande fluxo de turista e fãs que sentiam o prazer de poder homenagear seus ídolos, agraciando suas estrelas na Calçada da Fama. E naquele dia, uma estrela em especial era condecorada por todos que admiravam a personificação de talento e humildade que era, Anne Cox.
Estrela que havia abençoava a todos com sua aptidão para a dramaturgia, seu coração generoso e sua alma nobre, todavia teve a vida ceifada prematuramente. Deixaria saudade e nunca seria esquecida, afinal o brilho de sua estrela nunca se apagaria.
Sua Land Rover já estava estacionado em sua vaga usual há 7 minutos. Encarava o prédio de arquitetura arcaica a sua frente recordando-se de momentos bons e ruins ali vividos e a cada memória era impossível não ter a imagem de sua mãe ricocheteando seus pensamentos.
Anne não esteve ao seu lado em todas as ocasiões. Porém, mesmo em outro continente se fazia presente da forma que conseguia e tudo o que o rapaz queria naquele momento era poder pegar o celular e ligar para a mãe, poder ouvir sua voz, sua risada e suas broncas a respeito de uma piada qualquer a qual não compreendia.
Respirou fundo e abriu a porta do carro, descendo do banco e levando sua mochila consigo. Jogou a alça no ombro e ativou o alarme do veículo, afastando-se dele com as mãos no bolso e cabeça baixa. Por onde passava percebia que as conversas se cessavam a fim de encarar o mais novo órfão, "O filho daquela atriz que morreu", o garoto que tinha tudo, no entanto, perdera o que possuía de mais valor.
Costumava caminhar por aqueles corredores tão conhecidos com a cabeça erguida, cumprimentando e sorrindo para todos ao seu redor, entretanto nada daquilo soava atrativo. Parou em frente seu armário e pegou os livros que seriam necessários para os primeiros períodos, guardou ali o casaco que havia trazido contudo não usaria e ao terminar o que fazia pode ouvir uma voz que conhecia muito bem.
Louis falava alto e se dirigia para seu armário, que ficava próximo ao do melhor amigo. Niall vinha ao seu lado e ria do que ouvia, não que Tommo fosse hilário, mas a verdade, era que o irlandês ria de qualquer besteira que o falassem. Harry ao vê-los, ajeitou sua mochila ao ombro e acenou para os amigos que ao avistá-lo não esconderam a surpresa e caminharam apressados até ele.
- Oi. - o cacheado sorriu cerrado
- Cara, o que você está fazendo aqui? - Tomlinson o perguntou com o cenho franzido, encarando o cenário ao seu redor e constatando que o trio era alvos de olhares e coversinhas.
- Ue, eu só vim para a aula. - fingiu que não entendia o questionamento do rapaz.
- Harry, você sabe que os professores entendem a situação e você não precisava vir para a aula enquanto não se sentir bem. - Niall lhe falou compassivo, fitando-o piedoso.
Olhar esse, que Harry recebia com frequência na última semana. O pai, a irmã, os amigos, os professores o encaravam daquela forma. E apesar de ele achar que era necessário se ofender com a toda compaixão que recebia não conseguia deixar de pensar que merecia tal sentimento, já que sua aparência não ajudava a provar o contrário.
A única pessoa que não o tratava daquela forma era Katherine, sua madrasta. Era possível notar o esforço da mulher para não lhe dirigir a palavra com exacerbado tom compadecido ou o mirar com transbordante misericórdia. Ao mesmo tempo, empenhava-se para agradá-lo com pequenos detalhes, como cozinha seu prato favorito no jantar, ou não deixar faltar a geleia do sabor que ele mais gostava, ou convidá-lo para assistir um filme ao seu lado, mostrar que achava importante a opinião do garoto sobre qualquer assunto.
Ambos sabiam que Kate nunca tomaria o lugar de Anne como também não tentava isso. Porém o moreno estava grato de saber que ainda possuía alguém para fazer as mínimas coisas que o faziam sentir-se bem. E Katherine estava feliz em poder ajudar e em ver como Harry se aproximava dela gradativamente, afinal lhe cortava o coração pensar no menino desamparado
- Exatamente! - sorriu sem humor - Se eu ficar mais um dia em casa vou explodir. - abaixou a cabeça, suspirando alto e passou a mão na testa.
Louis e Horan se encararam sem saber como suceder e Tommo forçou um sorriso muito convincente, convencendo-se de que era necessário levar as coisas aos poucos, integrando o amigo de todas as loucuras que o grupo sempre fazia.
- Tudo bem então. O Niall e eu estávamos indo para o jornal. Vem. - informou, já puxando Styles pela lapela do blazer, ele tentou se soltar a fim de não amassar a peça de roupa, em vão.
Chegando a sala do jornal, que ainda não estava tão movimentada como em seus horários de pico, puderam encontrar alguns alunos em sua mesas revisando matérias ou fazendo pesquisas, checando a próxima edição e Liam mexendo em seu computador.
- Harry?! - Payno sorriu ao vê-lo, concluindo que se o garoto sentiu que estava na hora de retomar as atividades de seu cotidiano era porque sentia-se um pouco melhor. Mesmo que esse pouco melhor significava apenas 5% já era um começo. - Oi cara! - virou sua cadeira para os visitantes, recostando-se e cruzando os braços.
- Liam, você não vai acreditar no que os meninos do segundo ano fizeram! - Louis sentou sobre a mesa do moreno.
- Antes de você começar - o irlandês o interrompeu - é preciso dizer que ninguém tem certeza que foram eles. A escola é imensa, Lou!
- Niall, por favor… - o moreno o encarou indignado. - Você precisa ter fé, meu caro!
Styles riu ao ouvir a expressão do melhor amigo e notou como havia sentido falta das baboseiras que Tommo dizia, como também de todos os absurdos que os jovens com quem convivia eram capazes de fazer.
- , honey! - Louis teve um sobressalto de felicidade ao ver a namorada atrás de Liam, que por sua vez, virou a cabeça por cima do ombro certificando de que o demônio ruivo estava de fato atrás dele.
Era a temporada de revisão da edição do jornal para publicação e era em tais condições que Westwick ficava mais estressada, pois tinha que conseguir fazer com que todos os repórteres cumprissem seu prazo, como também reler as mesmas matérias milhões de vezes e encaixá-las dentro do máximo de páginas e distribuí-las de forma justa. Por esta razão que ao chegar o menino não fora incomodá-la ou pior, atrapalhá-la.
- Que isso? - indagou olhando para a tela de computador de Payne. - Eu odiei. - revirou os olhos sem nem ao menos ler.
- É meu exame de sangue. - Liam respondeu, ainda de costas para a menina, com as sobrancelhas juntas.
- Nele fala que você vai morrer em breve? - perguntou ainda mal humorada.
- Não! - respondeu rude - Eu espero… - voltou a atenção para a tela tentando entender o que todos aqueles dados queriam dizer.
- Styles, você voltou. - virou-se para Harry que considerou a possibilidade de sair correndo para salvar sua vida já que a ruiva era um completo poço de mal humor e ódio - Viva. - falou entediada.
- É bom ver você também, . - acenou com a mão que segurava a alça da mochila no ombro.
- Eu sei.
- Cheguei. - Malik entrou esbarrando na porta do jornal, completamente sem ar por provavelmente ter corrido do estacionamento até ali, ou por simplesmente ter caminhado (impossível saber). - Aqui ruivinha, a tirinha dessa edição do jornal. - ainda com dificuldade para respirar a entregou um envelope de papel.
- Três dias atrasado, Zayn. - a garota o repreendeu, encarando o envelope em sua mão.
- O que?! - o moreno xingou, jogando o envelope com raiva sobre a mesa de Greg que não estava ali. - Merda! Não era para hoje?
- Não! Era para o dia que eu te falei que era seu prazo, no caso, na terça.
- , me desculpa! - suspirou irritado consigo por nem ao menos consigo mesmo por sempre se esquecer de todos seus compromissos.
- Eu vou ver se dá tempo de adicionar na edição dessa semana. - falou dado as costas para os meninos, dirigindo-se para sua mesa.
- Harry! - Malik sorriu para o amigo. - Que bom te ver cara! - o abraçou de lado dando tapinhas em seu ombro.
- Valeu! - sorriu agradecido.
- Gente, eu preciso passar na reitoria antes da aula. Então já vou indo. - Horan falou se despedindo e sendo seguido por Zayn que se ofereceu para acompanhá-lo.
- Payne, vou tirar a sua matéria dessa edição e colocar a tirinha do Zayn no lugar. - Westwick gritou de sua mesa
- Não mesmo! - Payno quase teve um infarto, levantando de sua cadeira num pulo e correndo desesperado até a louca de sua chefe que tinha como passatempo infernizá-lo.
- Eu realmente acho que eles podem se matar, então eu já volto. - Louis falou naturalmente, descendo da mesa de Liam - Não faça nada de errado, Harry. Como, sei lá, mudar a senha do computador do Liam para deixar ele um dia inteiro louco por isso, ou passar todos os arquivos para um pen-drive e aí excluir tudo e deixar ele pensando que perdeu tudo de importante que tinha! - riu achando muito engraçado suas idéias diabólicas. - Meu deus, eu estou me tornando a . - constatou assustado, virando-se de costas e caminhando ainda espantada até onde a discussão já acontecia.
Styles sorrindo, sentindo-se mal por apreciar o fato de poder presenciar a discussão, havia sentido falta daquela loucura. E estar com os amigos o lembrava que apesar da perda e da dor, que ainda era sua companheira diária e a cada minuto o dava um motivo novo para chorar e pensar que nunca mais conseguiria se reerguer, ainda havia razões para ter esperança de que o sofrimento passaria e ele finalmente poderia lembrar-se de sua mãe com o coração repleto de alegria, a mente cheia de boas memórias e uma saudade que nunca o deixaria.
Suspirou sentando-se na cadeira de Payno e se debruçou para amarrar os cadarços que se soltavam, de costas para a porta não viu o momento que a morena adentrou o recinto, contudo ao ouvir sua voz sorriu nostálgico lembrando de tudo o que haviam partilhado.
- Liam, eu procurei por você em toda a parte! - aproximou da mesa do amigo e surpreendeu-se ao encontrar outra pessoa em seu lugar. - Harry!
- Oi. - falou baixo parecendo envergonhado. - O Liam está discutindo com a . - indicou o trio que rodeava o computador de Westwick, vendo que Payne estava a ponto de se jogar pela janela.
- Ah… Tá. Valeu. - voltou as costas para o rapaz, a fim de ir salvar o melhor amigo que claramente estava em grande sofrimento.
Desde que haviam terminado era desconfortável ficar na companhia um do outro em um grupo pequeno de pessoas, e ainda pior quando ficavam sozinhos, todavia na situação atual Meester sentiu-se mais constrangida.
- - ouviu-o chamando-a e ainda de costas fechou os olhos tendo o coração envolvido por uma sensação estranha, melancólica e triste. Ao mirá-lo novamente, Styles já estava em pé dirigindo-se para mais perto dela. - Muito obrigado por ter ido ao velório. Eu sei que foi um transtorno para você e sua família, mas… muito obrigado mesmo. Significou muito para mim.
"Imagina Harry, pode contar comigo para o que for preciso." Era o que queria ter dito. Mas ao invés disso apenas conseguiu confirmar com a cabeça. Seus lábios entreabertos evidenciavam sua vontade de manifestar-e e ao desviar os olhos azuis ficou claro que não havia nada a dizer.
O moreno sorriu agradecido tendo a atenção voltada para uma joia que a Meester usava no dedo, apesar de achar que a reconhecia pensou que não fosse possível que ela fosse usar o anel. Sua vontade era abraçá-la e sentir a proteção de seus braços, entretanto, tudo o que fez foi despedir-se e se retirar do jornal, ainda não pronto porém inquieto para iniciar seu primeiro dia de aula.
Estava exausta.
Não aguentava mais aulas, provas, trabalhos, resenhas, grupos de estudo, não aguentava mais as aulas de teatro e aquilo sempre foi o que mais amava fazer na Eton!
Precisava de férias, três longos meses de férias em um lugar tropical… Quem sabe pudessem voltar ao Caribe, com sorte não mataria Zayn e Harry. , por sua vez, era educada demais para fazer grande alarde sobre seu descontentamento por ter o ex namorado presente em sua diversão. Talvez desse certo. Após conseguir um bronzeado invejável poderia fazer as malas para ir para a Rússia, matar a saudade do pai e ser mimada. Depois iria para a Irlanda se divertir com a família de Niall. E finalmente, passaria uma semana com a mãe em um país que escolheriam de última hora, poderia ir para o Peru conhecer Machu Picchu, nunca esteve na América Latina antes, seria revigorante!
Apesar de subir as escadas que a levavam ao seu quarto com um sorriso sonhador por ter planejado três meses perfeitos, decepcionou-se completamente ao notar que seu único alento no momento era a cama bem arrumada e grande demais.
estava exausta, mas isso ela já sabia. Provavelmente a origem de tanto cansaço estivesse relacionado com o fato de que nas últimas três noites fora dormir após as duas da manhã, mas isso foi o suficiente para conseguir o grande feito de iniciar a leitura do quarto livro da coleção naquela tarde. Sim, havia lido um livro por dia e não se arrependia… Talvez só um pouquinho. Afinal caiu no sono no meio de uma aula de espanhol e foi acordada às pressas por uma colega de turma atenciosa o suficiente para impedir que a professora a flagrasse, agora também tinha olheiras, o que a fazia usar mais maquiagem que o usual, consequentemente precisava ajustar o despertador para mais cedo e nunca, em toda sua vida, havia sentido tanta vontade de não usar maquiagem para ir ao colégio como e , vez ou outra seguia o exemplo das amigas, com a justificativa de precisar deixar a pele respirar um pouco e quando estava sem maquiagem todos sabiam que seria um dia péssimo para a humanidade, pois a falta de cosméticos estava relacionado a impaciência e ódio armazenado naquele coraçãozinho.
Princesinha Styles adorava se maquiar, era como uma terapia. Massagear a pele, misturar produtos, testar técnicas novas, no entanto, daria qualquer coisa para poder ter aqueles trinta minutos investido em estética como sono.
Deixou a mochila no chão do closet, tirou os sapatos jogando-os para o lado juntamente com a gravata, blazer e o colete, mas o restante do uniforme exigia coragem demais, portanto despencou no colchão macio ainda com a camisa branca e a sainha azul, sem forças para puxar a coberta. Fechou os olhos e ao que parecia, apenas segundos passaram, quando seu celular começou a berrar sem cessar.
Bufando frustrada, a menina sentou-se e pegou aparelho. Sua primeira reação foi ficar pasma ao constatar que havia dormido por 40 minutos e não segundos, a segunda foi estranhar a quantidade de mensagens de Niall que parecia desesperado para conseguir se comunicar com ela e começava ameaçar apelar para Harry, quem a loirinha não queria incomodar na última semana.
Respondeu o namorado dizendo que apenas tomaria banho e estaria pronta para o compromisso que ele não havia dado muitas informações e ainda sim exigia sua presença.
Após quase dormir embaixo do chuveiro com aquele perfume gostoso de seu sabonete de morango e o embalo aconchegante da água quente, pegou a primeira calça jeans que encontrou a sua frente, uma camiseta branca um par de vans também brancos. Decidiu não passar maquiagem, enquanto juntava seus pertences em um bolsa e arrependeu-se de não recorrer aos cosméticos assim que se olhou melhor no espelho, entretanto já era tarde demais e Horan informava que já havia adentrado a residência. Saiu as pressas de seu quarto, descendo as escadas correndo e tropeçou nos próprio pés ao chegar ao último degrau, quase caindo, abriu a porta da frente a tempo de ver a Range se aproximando e sorriu, correndo até o carro com os cabelos se bagunçando e a bolsa se chocando contra seu corpo.
- Oi. - falou ao mais velho, fechando a porta do automóvel para então curvar-se e beijar os lábios do garoto que a mirava com um sorrisinho.
- Oi. - respondeu manobrando e então parou o carro de repente, voltando toda a atenção mais uma vez para a loirinha - Você está linda, sabia?
Styles pensou em negar, alegando que usava apenas jeans e camiseta, além de estar cansada e com olheiras, mas porque negar um elogio, certo? Assim sendo, apenas acenou positivamente com cabeça, apoiando o braço no banco do motorista para fazer carinho na nuca do namorado enquanto ele dirigia.
- E então, para onde vamos? - questionou com a atenção no celular pois finalmente respondia as mensagens, até então ignoradas, que a mandara há uma hora.
- Põe o cinto. - pediu, sem nem ao menos checar se ela já havia feito aquilo, mas tendo certeza que não, afinal sempre parecia que a garota esperava que ele "a lembrasse" de colocar o cinto - Você escolhe hoje. - retomou a pergunta dela, respondendo como se não fosse sempre ela quem decidia qual seria o programa deles - Mas antes eu preciso ir ao dentista, depois nós fazemos qualquer coisa que você escolher. - deixava a mansão Styles, tomando a via e estremeceu, encolhendo os ombros quando as carícias da garota o causaram arrepios.
- Tudo bem, mas você tinha dito que era um compromisso importantíssimo. - o mirou com as sobrancelhas juntas não seguindo sua linha de raciocínio.
- Exatamente, o dentista é o compromisso. - não deu atenção ao dilema que se instalava na cabeça da mais nova.
- Você basicamente disse que eu era obrigada ir. - não se deu por vencida, permanecendo no mesmo assunto até aquilo começar a fazer o mínimo de sentido possível
- Ao dentista. - frisou - Comigo. - apontou para si, não entendo o foco da conversa - Você precisa ir ao dentista comigo. - parou o carro ao ver a luz vermelha de um semáforo acender e voltou os olhos para a menina. - Nós vamos ao dentista.
- Niall? - chamou-o receosa - Você tem medo de dentista? - indagou com as sobrancelhas arqueados já pronta para a resposta, provavelmente, infantil.
- Não. - para a surpresa de princesinha Styles, o rapaz respondeu calmamente - Eu tenho pavor de dentista! - desesperou-se exageradamente.
- Por que você nunca me falou antes? - perguntou, triste por ele ter achado necessário esconder dela uma de suas aflições.
- Porque eu não queria que você achasse que eu sou um idiota.
- É claro que não acharia isso. - passou a mãos pelo cabelo macio do menino, que parecia envergonhado - Todos nós temos medo de alguma coisa. Eu, por exemplo, tenho medo de sapo. - tentou soar suportiva.
- É, mas você não precisa se consultar com o seu sapo particular a cada seis meses. - resmungou baixinho, sem fitá-la, fazendo a curva em uma esquina.
- O que disse? - questionou apenas para se certificar que ele estava sendo um idiota, pois havia o ouvido perfeitamente bem.
- Nada.
suspirou pesadamente, disposta a entender o medo do namorado, afinal nada de traumático acontecera com ela em todas as suas visitas ao consultório da Dra. Pointdexter - Aconteceu alguma coisa pra você ter medo de dentista?
- Quando eu tinha uns sete anos, eu estava na casa do Louis brincando com ele e com o Zayn. - começou seu relato, recordando da tarde agradável que tivera há 11 anos, até a tragédia acontecer - Nós estávamos correndo, mesmo que a Jay tivesse pedido para não fazermos isso, o chão estava molhado, eu escorreguei e bati a boca na escada da piscina. - encarou a loirinha, brevemente, o suficiente para vê-la fazer uma expressão de dor e preocupação, o que o fez sorrir agradecido - Depois disso tive que passar por várias pequenas cirurgias, em uma delas a anestesia não funcionou e eu tive vergonha de falar para a doutora.
- Coitadinho. - lutou contra o cinto para conseguir ajoelhar-se sobre o banco de couro e se curvar na direção do garoto a fim de dar-lhe um beijo na bochecha.
- Desde então eu tenho medo. - admitiu baixinho, ainda constrangido - Quando eu era criança a minha mãe ia comigo ao consultório, mas então ela veio com uma história de que eu era grandinho o suficiente para ir sozinho. - rolou os olhos ao lembrar da fala de Maura uns três anos atrás - A começou a me acompanhar, mas hoje ela está ocupada com alguma coisa. - deu de ombros lembrando da melhor amiga, consternada ao lhe revelar que não conseguiria o acompanhar a sua cruz naquele dia. - Pensei que você pudesse…você sabe.
- Segurar a sua mãozinha enquanto o dentista faz o trabalho sujo? - falou como se conversasse com uma criança e riu vendo-o revirar os olhos e bufar irritado. - Eu estou brincando, babe. Você pode me chamar sempre que precisar.
- Não vai demorar muito. É só uma consulta de rotina. - explicou, vendo-a voltar a sentar-se e continuar acariciando sua nuca, tentando acalmá-lo e fazê-lo relaxar, mesmo que parecesse não funcionar.
E de fato Niall não relaxou até poder se retirar do consultório do dentista, que apenas fez um inspeção em seus dentes, parabenizando-o por sua escovação e fazendo-o prometer que continuaria a usar o fio dental. Ficou cerca de 10 minutos na companhia do Dr. Woll, mas parecia ter ficado uma década. notou sua inquietação e estranhou, afinal o homem que cuidava da sua bucal era um senhor muito agradável e parecia conhecer os pais de Horan a um bom tempo, além do mais, ele até deu um pirulito para a menina, que ficou muito agradecida!
- Mais calmo agora? - Styles indagou, tirando o pirulito da boca, assistindo o menino fazer movimentos circulares com a mandíbula enquanto voltavam de mãos dadas para o carro não estacionado muito longe dali.
- Muito. - ainda fechava e abria a boca de forma exagerada, brincando com a chave nos dedos da mão. - Obrigado por vir. - sorriu, tímido e a garoto precisou se controlar para não morder a bochecha dele, afinal estavam no meio da rua!
- Imagina. - apoiou a cabeça no braço do rapaz, que a abraçou pelo ombro e deu um beijo em seus cabelos.
- Agora, nós vamos fazer qualquer coisa que você quiser.
- Qualquer coisa? - elevou o rosto para mirá-lo, com um sorrisinho perspicaz nos lábios vermelhos e úmidos devido o pirulito e Niall não conseguiu evitar beijá-la, passando a língua com muita dedicação por toda a extensão daqueles lábios saborosos. - Uhm… - murmurou sorrindo, ainda o fitando, sendo guiada por ele pela calçada. - Eu quero pipoca com M&M… Eu quero ir ao cinema!
Apesar de aceitar a sugestão, afinal era obrigado a isso já que prometera fazer qualquer coisa que ela o pedisse, o irlandês mentiria se não assumisse que esperava um pedido mais sórdido e portanto estava levemente decepcionado com a solicitação do solzinho de sua vida.
- Vamos ao cinema então. - declarou, destravando a Ranger Rover e abriu a porta para entrar.
Mesmo disposto a fazer tudo o que a garota pedisse, ao chegarem e tentarem decidir que filme veriam, foi o loiro quem escolheu e mesmo que tivesse prometido para Louis e que veriam aquele filme juntos não encontrou problema em mentir para os amigos e assisti-lo primeiro com a namorada para depois ver de novo com o casal de amigos.
- Eu ainda acho que nós não devíamos estar aqui. - repetiu pela décima vez, apertando a mão de Liam quando pisou em algo mole.
Ela odiava pisar sobre a grama fria enquanto não havia iluminação o suficiente para descobrir se havia esmagado comida ou um ser vivo, mas não havia mais por onde andar, visto que a calçada estava tomada de transeuntes que estavam prestes a ocupar a própria rua como lounge.
- Besteira… - Payne olhava por cima da multidão procurando por seu primo, que deveria estar ali fora, esperando-os com os ingressos que prometeu.
Honestamente, se Michael não aparecesse nos próximos momentos e ele fosse obrigado a dar meia volta e até a casa Styles, ele mataria o homem, não importando os laços sanguíneos que supostamente deveriam uni-los.
- É sério, Liam. O Harry precisa de nós. - ela insistiu.
- Para o quê exatamente, querida? - o rapaz suspirou impaciente e o apelidinho carinhoso soou qualquer coisa menos algo bom.
- Para estar lá por ele! - respondeu o que para ela estava evidente. - Eu não acredito que namoro alguém tão insensível.
- Não é insensibilidade, pelo contrário, eu evito ir lá em respeito aos sentimentos dele. Tenho certeza que o cara quer ficar com a família dele, em paz.
- Nada a ver.
- Está bem então. - o rapaz deu de ombros levianamente, dando o assunto por encerrado.
Ultimamente andava desse modo, mudanças repentinas de humor seguidas do mesmo desespero que o assolava o tempo inteiro. Ele estava feliz e satisfeito e logo lembrava que não transava há muito tempo e no mesmo instante ficava emburrado e questionando-se se estava destinado a nunca mais fazer bom uso de suas faculdades físicas.
No auge da crise ele chegou até pensar se amava tanto assim aquela garota petulante.
Mas ninguém jamais saberia disso.
- Vocês estão brigando? - Zayn desencostou-se de seu carro, exibindo um meio sorriso desatento.
- Não, eu só quero entender qual é o problema de vocês dois em demonstrar um pouco de humanidade. - a caçula desabafou mas foi terminantemente ignorada.:
- Seu primo deixou as pulseiras comigo. A já está lá dentro. - o moreno informou, prendendo o cigarro entre os lábios enquanto sacava os objetos neon que dariam acesso livre ao bar.
- Há quanto tempo? - o outro franziu o cenho, surpreso com a informação. Meester não lhes contou nada sobre planejar chegar antes na festa.
- Uma hora, eu acho.
- Outra sádica… - Ortega resmungou.
- Eu vou atrás dela. - Liam pegou sua pulseira e saiu quase correndo para bem longe daquela pressão psicológica. Zayn poderia lidar com a prima por alguns momentos.
- O Harry é educado demais pra expulsar vocês da casa dele, sabe. - Malik passou o braço sobre o ombro da prima, guiando-os para dentro.
A festa, apesar de ser projetada por adultos, não era muito diferente do que eles estavam acostumados a ver nas próprias festas. A diferença gritante é que não se tratavam de adolescentes inconsequentes e sim adultos, os prováveis futuros líderes do país estavam esparramados pelo chão, envoltos por uma fumaça densa e rindo fácil.
- Ai, eu não vou mais discutir com vocês. - a menina se deu por rendida, dando tchauzinho para uma garota de sua classe de dança. - Onde tem bebida nessa casa? Eu estou com sede.
- Você está procurando um meio de fugir de mim, prima? - ele arqueou uma das sobrancelhas, embora não tenha deixado de apoiar o braço sobre seu ombro.
- Não, eu só queria tomar alguma coisa… - foi honesta. Sempre ficava com sede quando comia doce demais e antes de virem para a festa, ela e Liam comeram uma caixa de chocolates.
- Bom, porque nós vamos passar um tempo em família hoje. - Zayn acenou a cabeça, satisfeito. - Faz tempo que nós não fazemos algo juntos.
- Nós comemos todos os dias juntos. As três refeições.
- É, é verdade.
- E nós não passamos ainda mais tempo porque você sempre está ocupado fazendo alguma coisa com alguém que eu não conheço.
Malik gargalhou alto, sentindo-se incrivelmente feliz:
- Ai ! Você é hilária!
- Eu sou uma comediante… - a caçula resmungou mas também ria.
Se abasteceram com bebidas, com as duas mãos ocupadas, e acabaram em uma sala onde um grupo discutia as regras do jogo Verdade ou desafio. Como havia uma exaltação a respeito dos limites da brincadeira, eles decidiram sentar em um divã desocupado para assistir o desenrolar
Liam apareceu meia hora depois e ficou por um bom tempo se divertindo com a insensatez dos jogadores mas acabou atraído pelo jogo de beer pong que arrancava gritos eufóricos de seus telespectadores.
Quando todo mundo começou a tirar a roupa, a dupla decidiu que era hora de sair dali.
Logo estavam mais uma vez na cozinha, uma vez que descobriram que se ficassem ali, sempre teriam acesso às melhores bebidas quando fossem abertas. Além do mais, não se sentiam com espirituosidade para ficarem bêbados então uma boa conversa, com casuais interrupções de conhecidos, era tudo o que teriam para a noite.
- !
- ! – a caçula ficou realmente feliz em finalmente encontrar a melhor amiga. Já estavam ali há pelo menos uma hora e nada da outra, e olha que a casa nem parecia tão grande assim.
- Eu peguei o primo do Liam. - Meester confessou entre risadinhas enquanto assistia, com muito prazer, as expressões dos primos transfiguraram de surpresa por sua repentina chegada para o mais profundo abatimento pelo impacto da notícia.
- O quê? - Zayn largou sua longneck sobre a pia de mármore, embasbacado. Quando aquilo aconteceu? Ele esteve ali o tempo todo, porra!
- ! - se exasperou, sua censura era mais pela cara sem vergonha da menina do que o ato em si.
- Em minha defesa, não foi minha culpa. - a morena deu de ombros e tomou a bebida das mãos da outra. E fez uma careta. É óbvio que uma bebida nas mãos da caçula seria algo insuportavelmente doce...
- … - Ortega a advertiu, pegando de volta sua bebida, que foi oferecida sem nenhuma resistência já que agora a mais velha estava procurando um copo limpo para preparar algo. Ainda não estava pronta para a cerveja.
- , isso é uma festa e pra isso que as pessoas estão aqui. - Zayn se apoiou sobre o balcão, achando a maior graça daquele cenário. Só faltava Liam para ficar ainda melhor.
- Tudo bem, mas não o primo do Liam! - começou a comer salgadinhos de um pacote que havia sido depositado ali há alguns segundos, por uma desconhecida. Malik pensou em avisá-la de que não devia sair enfiando qualquer lixo que encontrava por aí na boca, mas suspirou preguiçoso e começou a comer também.
- Por quê não? Vocês não querem que eu encontre alguém pra nós voltarmos a fazer encontros duplos? - provocou - Nada melhor do que escolher alguém da família, não é mesmo?
- Não é mesmo o quê? - Liam entrou na cozinha, exibindo um sorriso ladino enquanto aceitava felizmente a calorosa recepção da namorada, que estava feliz em vê-lo e enroscou os braços ao redor de seu torso.
- Ela pegou seu primo. - Zayn explicou, solícito.
- Eu estou sabendo… - Payne deu um gole em sua bebida, tentado começar a rir. - Só para te avisar, você não vai pra casa com ele.
- Com licença? - a morena bateu a garrafa de vidro contra o balcão.
Não tinha planos de sequer reencontrar-se com o homem, mas no instante em que Payne "a proibiu", pareceu-lhe deliciosa a possibilidade de escapar com o primo só para deixar os amigos chocados.
- Eu não quero ter que ouvir um relato detalhado e preciso da sua… hum… performance… na próxima reunião de família. - o rapaz pigarreou, constrangido.
Os primos assistiam ao diálogo como a uma partida de ping-pong, nenhum dos dois ousava se intrometer mas estam se divertindo em absoluto, e as trocas de olhares cúmplices denunciavam a satisfação de ambos.
- Ele não faria isso… - semicerrou os olhos, incrédula como Tomé.
- Ah faria sim. - Liam acenou vigorosamente, espremendo contra o balcão para que um pequeno grupo passasse por eles em direção às escadas.
Deus sabe como Michael era um filho da puta detalhista e em quaisquer outras circunstâncias isso não seria problema para ele.
- Você é um inútil… - ela desistiu de discutir e finalizou seu drink, que tinha muito mais suco do que álcool.
- Isso não vai pra lista de coisas sexy que uma garota pode fazer. - Payne pontuou com uma expressão afetada, afastando-se de para procurar um lugar para sentar, um lugar que não fossem as bancadas da cozinha, como Zayn estava confortavelmente descansando.
- Sendo assim, vai se foder. - a morena sorriu deliberadamente, dando a volta na pia e puxando outro banco para sentar, teve a agradável surpresa de verificar que o seu era giratório!
- Falando nisso, como está a lista? Muita gente já escreveu? - perguntou, mais que envolvida no novo ritmo que foi ditado à conversa.
A tal lista surgiu de uma ideia, brilhante, de um bondoso Liam que auxiliou os responsáveis pela coluna social, entregando-lhes um tema formidável para atrair leitores. Basicamente iniciou-se uma pesquisa anônima onde os garotos da Eton tinham a oportunidade de confessar o que achavam sexy em uma garota. Tinha que ser necessariamente detalhes não óbvios e durante a semana, tudo o que se falava era sobre quando sairia a dita edição.
- Tem umas coisas verdadeiras, mas tem muita bizarrice também. - Liam ponderou, recordando-se das boas risadas que deram na última reunião, onde leram a maioria das respostas que receberam. Deixaram as sórdidas de lado, é claro.
- Tipo? - os olhos da caçula cintilaram em genuíno fascínio, e ela nem percebeu como se aproximou automaticamente, apoiando a mão delicadamente sobre o braço do garoto.
- Tipo pés bonitos. - ele citou
- Ah, mas um pezinho bonito é realmente um algo a mais. - Zayn teve que opinar, atraindo a atenção para si. lançou-lhe um olhar condescendente, já não pode entender as razões do mais velho.
- Você ficou foi louco, Zayn. - Liam balançou a cabeça.
- Claro que não! - Malik pulou da bancada e foi até a geladeira buscar mais uma cerveja - Não que você saiba o que é o prazer de olhar para pés bonitos…
- Eu não quero nem saber quem falou isso. - achou que os rapazes tiveram tempo o suficiente daquela conversa estranha, e decidiu que era hora de continuar: - Tudo bem, o que mais?
- Ahn… Cabelo cheiroso, barulho do salto alto, sardinhas em qualquer lugar, cabelo molhado, covinha nas costas, rabo de cavalo bagunçado e muitas outras coisas que vocês vão descobrir quando lerem a matéria.
A verdade é que a matéria inicial incluiria uma pesquisa sobre os dois sexos mas todos chegaram à conclusão de que nem existiam tantas coisas sexies sobre um homem assim, para render uma matéria.
- Eu tenho umas coisas pra sugerir. - Malik, que concordou com algumas mas discordou de outras tantas, lambeu os lábios.
- O que, primo? - Orteguinha não conseguia se conter.
- Eu não vou falar pra você, . - o rapaz estava quase encabulado com a coação da pirralha. Nem a pau ele teria uma conversa dessas com ela!
Primos normalmente são amigos por escolha, já que o grau de parentesco não exige uma aproximação tão intensa. Mas no caso deles, foram criados juntos, sob o mesmo teto praticamente, desde a mais tenra idade. Então os laços fraternais fortemente desenvolvidos, os impediam de ter esse tipo de conversa, afinal de contas, não se sai contando seus problemas no amor para os seus irmãos!
- O Liam pode me contar. - ela deu de ombros, segura de que o namorado não esconderia detalhes da fofoca. Eles sempre reservavam uma horinha na semana para fazer uma atualização das informações mais picantes que rolavam pela Eton. E agora que Payne estava no jornal, a conversa dobrava o tempo.
- Eu tenho certeza que ele não vai querer te contar. - Zayn mostrava um sorrisinho sujo que nas palavras de "dá vontade de socar a sua cara".
- Eu estou curiosa pra saber o que diabos você vai colocar nessa lista, Payne. - colocou o cabelo atrás da orelha, seu olhar era maquiavélico. - Muito curiosa.
- Pés bonitos foi a coisa mais estranha que te enviaram? - continuou o interrogatório, largando os salgadinhos, impaciente com o trânsito constante por eles, o que atrasava seu processo de descoberta.
- Não. Pra mim, a pior foi respeito.
Zayn e o olharam como se ele tivesse duas cabeças e um chifre no meio da testa:
- Quê?
- Quem falou isso?
- O que tem de errado com respeito? - Orteguinha se sentiu pessoalmente atacada. - É uma qualidade muito importante.
- Mas não é sexy. - o namorado assinalou.
- Ah. - ela aquiesceu. Sem saber o que dizer em seguida, voltou a comer.
- É. Todo mundo adora um pouco de impertinência. - Zayn falou travessamente e todos concordaram.
Menos , que ainda pensava sobre respeito, emitiu seu parecer:
- Na verdade, respeito não devia estar nessa lista porque é um pressuposto básico de um ser humano.
- Mas a matéria não é sobre pressupostos básicos de um ser humano, . É sobre detalhes sexy sobre nós. - Meester falou - O que também nem é grande coisa porque ser sexy não significa necessariamente que vai levar ao sexo.
- Verdade.
- E o que você acha sexy em uma garota, Payne? Colocou o que na sua sugestão? - o moreno questionou, exatamente como fariam se estivessem sozinhos.
quis dizer para o amigo, em hipótese alguma, citar pés, para o bem do relacionamento. Mas preferiu ficar quieta e torcer para ele ser burro o suficiente e falar exatamente aquilo.
- Ah… - Liam suspirou tristemente - a essa altura, eu acho qualquer coisa sexy.
- É verdade que os pais da viajaram? - mudou de assunto, não interessada na saga de dor e sofrimento do mais velho.
- Aham. Vão levar as gêmeas para o restante da família conhecê-las. - a outra morena, amiga íntima da família Westwick menos , explicou.
- E por que eles não quiseram vir com a gente? - a caçula franziu o cenho. e Louis adoravam festas!
Eram o casal que mais saía aos fins de semana!
- O Louis vai cozinhar para a hoje. - dessa vez foi Zayn quem respondeu. Tommo estava animado para cacete por causa do programa. Foi um saco aturá-lo, na verdade.
- Vamos ligar pra eles! - Ortega sugeriu, pronta para pedir imagens exclusivas do que o amigo havia cozinhado. Iria ser divertido!
- É melhor não. Eles devem estar ocupados. - deu uma risadinha.
- Ocupados fazendo sexo. - Liam retornou ao seu estado de autocomiseração - Eu nem sei mais como se faz, pra ser honesto…
- Nada a ver, é tipo andar de bicicleta. Você nunca esquece totalmente, um lance de memória muscular. - Zayn usou seu tom de voz mais banal para tranquilizar o amigo. Não tão certo de sua própria teoria.
- No meu caso já faz tanto tempo, que a minha memória muscular atrofiou. Eu estou destinado ao celibato, puta que pariu. - Payne confessou.
- Nossa, Li. Tão desesperado por algo tão simples? - cruzou os braços, decidindo que ele estava sendo um pouquinho patético. Era apenas sexo, pelo amor de deus!
- Tão simples mas que você me nega. - o rapaz grunhiu, desgostoso.
- Eu amo você. - Ortega foi honesta, embora sorrisse porque ela de fato amava Liam. Muito mais do que ele merecia, provavelmente.
- O seu amor não é mais suficiente. - ele ignorou a sensação forte que encheu seu peito quando ela se declarou ali, tão simples, e voltou ao próprio drama: - Eu preciso de prova física!
- Dramático…
- Eu vou morrer e a culpa vai ser sua.
Como ninguém falou nada, Payne continuou:
- E vou deixar no meu testamento pra você ficar com todas as minhas roupas, pra toda vez que você usar uma, lembrar de mim e se sentir culpada.
- Ou eu posso só guardar tudo em um saco preto. - a caçula sugeriu simplesmente.
Zayn olhava os dois conversando e parecia uma porta com uma expressão indecifrável na cara, enquanto se divertia muito mais com a conversa ridícula.
- Você não faria isso…
- Se você está dizendo… - ela sorriu, concordando só para acalmar as aflições do babaca.
- Eu só quero falar que estou bem feliz em saber que nada aconteceu. Liam, você é o maior trouxa que eu já conheci. - Malik falava com um prazer absurdo, e então disse alegremente para a prima: - , continua desse jeito. Sexo é horrível.
- Não é não, seu doente. - Meester corrigiu aquela falácia no mesmo momento e Zayn sentiu uma forte vontade de arremessar aquele pacote de salgado na cara dela. Agora fazia total sentido as atitudes de , que arremessava tudo em todo mundo o tempo todo.
- É sim. - ele se limitou a uma resposta curta: - E Liam, você continua sendo um otário pra mim.
- Engraçado que até onde eu sei, você ficou tempo o suficiente com a pra acontecer alguma coisa, e tudo o que você teve foi um pé na bunda, seu filho da puta.
- Liam… - ficou muito constrangida. - Verdade? - dessa vez foi quem cresceu os olhos, interessadíssima na intriga. - Ela quem terminou com você, Malik?
Ela não estava nenhum pouco surpresa, para ser honesta. Era bem óbvio, em sua concepção, que foi a loira quem se cansou do rapaz.
- Não é da sua conta, mas não. Foi uma decisão…
- Não existe decisão mútua em términos, Malik. É sempre alguém que cansa do outro.
- Experiência própria, ? - o moreno piscou, dócil.
- Não muda de assunto, vamos continuar falando do seu fracasso épico, é mais divertido. - Meester abanou a mão, decidida a fazer o idiota reconhecer como era estúpido e merecia mesmo ficar sozinho.
O casal decidiu que aquele era o momento ideal para saírem da companhia dos amigos briguentos e passearem juntos (sim, eles fizeram todo esse acordo silenciosamente, com apenas troca de olhares), mas não tinham um bom motivo para dar, assim Liam levantou e pigarreou:
- Nós vamos… hum… procurar…
- Não diga comida ou bebida porque nós estamos na cozinha. - girou o dedo indicador, apontando para o local onde estavam. Melhor interrompê-lo antes que contasse uma mentira tão ruim.
- Eu vou fumar. - Zayn anunciou, levantando-se e saindo do cômodo.
- E nós vamos deixar você sozinha e encontrar um lugar melhor pra sentar. - Payne estendeu o braço para pegar a mão de , com zero culpa na consciência.
- Eu posso sentar com vocês. - a morena se ofereceu, mas não levantou. Era mais o velho hábito de não facilitar a existência dos melhores amigos, do que vontade de passar tempo com eles.
- Não, não pode. - Liam discordou. Mais claro que aquilo, só se a amarrasse no maldito banco. - Sai fora, .
- Tudo bem, eu vou atrás do seu primo.
- Do Zayn? - engasgou.
- Não! - Meester ficou tão horrorizada quanto e para esclarecer tudo, apontou para Liam - Do seu, burro.
Não, ela não ia atrás do homem, mas Payne não precisava saber disso, certo?
O casal acabou ficando sozinho na cozinha porque também saiu para os jardins e quando Liam desviou o olhar da porta para , ela sorria para ele, de braços cruzados e olhos sapecas:
- E aí, já decidiu o que vai fazer com a sua namorada que te nega?
- A questão é o que eu não vou fazer com você, . - Liam segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou casto, afastando-se a tempo de ver a caçula quase desfalecer com a promessa sórdida.
De repente não havia mais ninguém naquela cozinha e ela soltou o ar profundamente, incapacitada de desviar o olhar dele, ansiosa para saber o que ele faria com ela.
- Dorme comigo hoje. - pediu.
Por que ele gostava de passar tanto tempo com a namorada, que era a definição física de "tão perto mas ainda sim tão distante", era um mistério. Talvez ele se odiasse o suficiente para viver sob a tortura de tê-la sobre sua cama e ainda sim não poder fazer nada, mas o fato é que ele queria estar com o máximo possível.
- Seus pais estão em casa? - Ortega perguntou, passando os braços sobre o ombro largo de Liam para o caso dele causar outra fraqueza súbita nela.
- Eu não sei. - ele deu de ombros, sem interesse na atual localização dos pais, era muito melhor assistir como a menina se arrepiava com sob seus lábios. Primeiro a orelha e então desceria pelo pescoço. Sim, ele faria assim.
- Minha mãe vai me matar se souber que eu fui pra sua casa sem seus pais junto! - jurava que estava fazendo uma grande argumentação mas as palavras não passavam de sussurros desconexos. Mas ao invés de soltá-lo para conversarem decentemente, ela aumentou o aperto do abraço, incitando-o.
- Ela não precisa saber, . - Liam se afastou alguns centímetros para poder falar: - Além do mais, eles podem já ter voltado. Vai ficar tudo bem.
- Eles estão em casa? É ainda pior! Vai que sua mãe me vê e fala pra minha mãe? Eu vou ser mandada pra um colégio de freiras!
- Baby, são duas horas da manhã. Seus sogros não tem nem idade pra ficarem acordados até uma hora dessas.
- Mas e amanhã? Quando a gente descer pra comer? - ela achava que precisava de respostas, no entanto só não conseguia calar a boca mesmo. - Eu não posso ser vista!
Liam se afastou e a encarou por um tempo, pensando no próximo passo a tomar, na próxima resposta a dar.
- Minha casa tem mais de vinte cômodos só no primeiro andar, eu realmente acho que você vai precisar de uma má sorte pra se deparar com eles. Mas se você quer ir pra casa, eu te levo. Não tem problema.
- Não! - gritou, puxando-o de volta.
- Não?
- Eu não quero ir pra casa! Você devia ter insistido só mais um pouquinho...
Liam tentou ficar sério mas quebrou rapidamente, desatando a rir da cara de pau da namorada.
Eles começaram a aventura que seria sair da casa cheia e encontrar o carro, mas Orteguinha parou do nada, lembrando-se de algo importante. De alguém importante.
- Ah, e a ? Nós precisamos ver se ela já quer ir. Quem vai levá-la?
- Eu tenho certeza que o Alfred está lá fora até agora esperando ela cansar. - Payne mentiu, ciente de que essa seria a atitude mais irracional a se tomar.
- Eu acho que não. Ele deve estar contando com a gente pra ir embora.
- Por que você está tão preocupada com ela?
- Porque é a nossa amiga!
- Olha, pra ser justo, ela não teve nenhuma consideração por você quando transou com o Styles na sua cama.
A sombria lembrança, deixou a pobre caçula em um estado de torpor e várias cenas desagradáveis passaram como um filme por sua cabeça, graças a sua memória incrível, e então ela tomou sua decisão:
- É verdade. Vamos, então.
A morena descobriu que a residência onde a festa era sediada não era tão grande ao notar que já havia rodado por todos os cômodos, duas vezes, nos minutos que passou procurando algo de interessante para fazer. Conversou com alguns desconhecidos, mas não foi o suficiente para se entretar. Arriscou fazer um drink para duas universitárias que encontrou na cozinha e apesar das risadas ao tê-las implorando-a para nunca mais repetir aquilo, pois definitivamente ela não tinha o dom, ainda estava entediada. Cantarolou a música que saia pelas caixas de som, batucando os dedos na coxa no ritmo da melodia, contudo não estava com animação para dançar. Voluntariou-se para ser a dupla de uma garota em uma partida de beer pong e ainda que conseguisse recordar de como sempre soava divertido ter pessoas que você nunca viu torcendo por você, fazer desconhecidos beberem muito álcool e finalmente vencer, naquela noite tal script não parecia interessante.
E foi quando irritou-se consigo mesma por ter se arrumado para uma festa que não estava gostando de estar. Frustrada e contrariada voltou a perambular pela casa, proibindo-se a sair daquele lugar até fazer algo divertido. Passando pela porta principal, num momento crucial onde tentava se convencer que na área externa da casa algo interessante acontecia, avistou Malik sentado na grama, com as costas apoiadas na parede, mexendo no celular enquanto fumava um cigarro.
- Você está me seguindo agora?! - Meester falou emburrada cruzando os braços, suspirando alto ao rolar os olhos.
- Quê? - o rapaz elevou os olhos a ela, totalmente confuso ao ouvi-la.
- Esquece. - arqueou as sobrancelhas, voltando as costas para o menino.
- Espera. - ele a chamou. E a menina cogitou muito continuar andando e deixá-lo falando sozinho, no entanto, colocou as mãos nos bolsos de trás da calça jeans e virou-se para o moreno. - Aceita um cigarro?
franziu o cenho ainda não decidida se ficava surpresa por tê-lo oferecendo-a um cigarro mesmo sabendo que ela não fumava, ou pelo fato de que o garoto fora educado e receptivo. Zayn, por sua vez, direcionando-a a carteira de cigarros aberta, a fitava sem astúcia.
- Quê? - foi a vez dela de transparecer confusão e o rapaz apenas balançou a carteira na mão, indicando o que queria dizer. - Não. Obrigada…? - o viu dar de ombros e voltar a atenção para a tela de seu celular.
Mesmo ainda não tendo absorvido o que acabara de acontecer, Meester deu meia volta a fim de adentrar a casa, porém lembrou-se de um detalhe e caminhou mais uma vez até a nova versão de Zayn Malik, que era côrtes.
- Você sabe onde o Liam ou a estão? - questionou, constatando que se tratava do mesmo velho e filho da puta Zayn Malik, só que provavelmente a nicotina que ele usava estava estragada e por isso ele fora cordial poucos minutos antes, já que agora ele só acenou que não com a cabeça sem nem ao menos olhá-la.
Considerou chutar a cabeça do primo de sua melhor amiga, mas antes de tomar tal atitude extremamente violenta, entretanto totalmente aceitável em sua opinião, o moreno falou:
- Eles foram embora sem nos avisar. - assoprou a fumaça para longe, ainda com o IPhone em mãos apertou o ícone do Instagram.
Para aquela sentença não fazia sentido algum, pois se o casal havia partido sem dar notícias como aquela anta saberia?!
- Cala boca, Malik. - rolou os olhos, irritada.
- Eu os vi saindo e esperei no mínimo uma mensagem - explicou - , que não chegou. E como você está aqui perguntando o paradeiro dos dois babacas, é porque eles também não te avisaram. - rolou pelo feed do aplicativo, sem realmente atentar-se para alguma publicação, até encontrar um foto de Princesinha Styles.
Na imagem, usava pijama e tinha os longos cabelos dourados bagunçados enquanto sorria espontânea encarando a amiga. Já que estava com a cabeça deitada no colo de , que por sua vez, apoiava o cotovelo no encosto do sofá e olhava para câmera com a mesma expressão de paz e serenidade que um dia já havia transmitido bonança para Zayn, mas naquele momento apenas o fazia sentir raiva.
O rapaz bloqueou a tela do aparelho, colocando-o de lado e acendendo mais um cigarro. Virou-se então para Meester que permanecera ali, sem notar que a falta de ânimo e entusiasmo havia a levado até Zayn Malik. Ele manteve seus olhos castanhos sobre a menina que cruzou os braços, também o fitando.
- Eu só espero que o Liam tenha ido deixar a minha prima na casa dela, se não eu vou contar para a minha tia. - com o cigarro preso entre os lábios, falava com dificuldade, não conseguindo conter-se e pegando o celular novamente.
Ao desbloqueá-lo seus olhos foram atraídos para Hilton como se nem ao menos repartisse o frame com a modelo. Reparou que a caçula Styles havia postado stories e seus neurônios motores foram mais rápidos pois nem ao menos viu o momento exato que clicou na tela do IPhone para apreciar as publicações que a amiga havia compartilhado.
Passando pelas fotos que a loira havia publicado no período da tarde chegou até as imagens que foram postadas há minutos atrás. Em um vídeo Niall tentava conectar o videogame a televisão e perdia de dez a zero para a tecnologia, as risadas de eram a trilha sonora da desgraça do namorado e ao virar a câmera para o lado foi possível ver sentada no tapete, seus lindos cabelos quase brancos afastados para o lado e seu sorriso doce não estava direcionado para o irlandês que no fundo amaldiçoava a TV do sogro, mas sim, para Harry que lhe falava alguma coisa. Na publicação seguinte mostrava que o loiro finalmente conseguira acoplar o Wii a televisão e jogava alegremente um jogo qualquer, enquanto Harry ainda fazia rir de alguma coisa.
- Deixa de ser implicante. - ouviu a voz de ao seu lado. - É claro que eles foram para a casa do Liam, o Geoff e a Karen estão fora da cidade, eles terão privacidade.
- Eles não precisam de privacidade. - levantou-se do chão, guardando o celular no bolso e limpando as mãos na calça jeans. - O próprio Liam sabe disso - sorriu de lado, levando o cigarro aos lábios mais uma vez.
- Por que você é tão idiota?
- Por que você está em uma festa com dezenas de pessoas e prefere conversar com o idiota?
- Não é melhor que a faça isso com alguém que conhecemos e não seja tão babaca? - ignorando a fala do garoto, preferiu retomar o assunto.
- Existem pessoas mais babacas que o Liam?
- Eu estou até olhando para um nesse momento. - sorriu perspicaz e o moreno suspirou entediado.
Ela estava ali só para ofendê-lo ou sua visita indesejada tinha algum propósito?
- Se o Liam um dia conseguir transar com a minha prima esse fato vai me perseguir para o resto da vida. - enganava-se pensando que tal explicação serviria para esclarecer sua mente doente.
- Isso só vai acontecer porque, no fundo, você ficou com ciúme quando descobriu que no céu da não tem só o sol Zayn Malik. E que na verdade, ela gosta muito mais do sol Liam Payne.
- A sua frase nem ao menos faz sentido, Meester. - cerrou o cenho, ficando incomodado que aquela garota estava ali apenas para o infernizar.
- Você só não quer admitir que faz o tipo ciumentinho. - abriu um sorriso sagaz, completamente realizada ao tê-lo à sua frente, esforçando-se para não se deixar atingir pelas palavras inofensivas dela.
- Eles são um casal improvável! - tentou se justificar - Ninguém imaginava que um dia isso iria acontecer.
- Claramente você não esperava por aquilo já que socou a cara do seu melhor amigo. - riu nervosa ao recordar do infeliz acontecimento em terras caribenhas onde Payne ganhou um olho roxo, mas também uma namorada! Zayn também riu espirituoso, pois afinal, você de fato ri dos infortúnios da vida quando consegue superá-los. - Eu não vou tirar a sua razão, eles de fato são um casal improvável. - o moreno mirou que parecia não acreditar que dava crédito ao que ele a falava. - Um casal improvável que deu certo.
A garota se referia a sua própria experiência desastrosa e se permitia pensar em como gostaria de poder viver uma realidade onde seu romance era real e verdadeiro, como os dos melhores amigos. Todavia sabia que não merecia um final feliz com o idiota que possuía todo seu afeto.
Foi impossível para Malik não pensar em e em como um dia ele já havia apreciado tanto a companhia a loira, como o tempo parecia não passar quando ela estava longe e como as horas voavam quando ele tinha o sorriso da menina só para ele. Como os cabelos dela exalavam o melhor aroma já conhecido pelo homem. Como os braços de Hilton já foram o local mais acolhedor para ele deitar. E como o corpo da garota emanava o calor que o rapaz queria sentir a noite toda.
Tanto Zayn como passavam pela dor do término enquanto as cruéis almas, que não mostraram misericórdia alguma, superavam e seguiam em frente como se ambos os relacionamentos nunca tivessem acontecido.
O menino sorriu, abaixando o rosto. Sentindo-se estúpido por não perceber antes como e Harry formavam o perfeito Improvável-Que-Deu-Certo. Sabia que Styles não era nem um pouco melhor que ele, entretanto também tinha conhecimento da máscara de bom moço que o amigo tinha orgulho de carregar e como conseguia enganar a todos com sua hipocrisia. Já Hilton, era egoísta demais para se permitir sentir amor por alguém, mas se até Meester havia se deixado levar pela falsa conduta de Harry, não seria diferente.
- E nós? - o moreno levou os olhos até a garota que franziu o cenho não entendo o que ele queria dizer. - Seríamos o improvável que deu certo?
o fitava em completo choque. Ela entendia a ironia de ambos terem sido dispensados por seres humanos melhores, contudo não havia entendido a parte onde eles formariam um novo casal disfuncional, com certeza mais disfuncional que e Louis.
- Eu vou embora. - Meester anunciou, ainda surpresa com as palavras mal escolhidas do garoto. - Se cuida, Malik. - deu as costas para o rapaz, já pegando o celular para ligar para Alfred.
Afastado da festa, o ambiente não era de algazarra e engano, mas sim paz e anseio. A primavera finalmente chegara e os casacos felpudos e pesados já não se faziam mais necessários. A lua parecia maior que o normal e brilhava como nunca, não era possível se ver nenhuma estrela, todavia a beleza do único astro que reinava no céu já era o suficiente e toda aquela escuridão e brilho faziam o rapaz lembrar-se de um certo par de olhos negros que tentava surpreender naquele momento.
- Cuidado com a porta. - o moreno avisou, mantendo as mãos no rosto da namorada, tapando-a os olhos, tomando muito cuidado para guiá-la às cegas até o jardim.
- Quê? - a ruiva perguntou, já que concentrava-se em caminhar no escuro sem se machucar, acabou não ouvindo o menino - Aí! - exclamou ao sentir o cotovelo acertar em cheio a maçaneta da suposta porta.
- Eu falei para você tomar cuidado com a porta! - Tommo não sabia se a ajudava ou continuava tampando-a a visão para ser impedida de ver sua surpresa. Enquanto ele passava pelo pequeno dilema, esfregava o machucado.
- Eu não sei se você reparou, honey - tentava sorrir - mas eu não estou vendo nada! - aumentou a voz, tentando encará-lo, porém ele ainda bloqueava seus olhos.
- Machucou?
- Claro, Louis! - respondeu irritada, voltando a andar - Deu choquinho. - fez careta ainda pressionando o cotovelo atingindo.
- Nós estamos quase chegando. - informou beijando os cabelos vermelhos da menina. - Cuidado com o degrau. - falou e Westwick estancou onde estava.
- Me ajuda, eu não quero torcer o pé!
- Meu deus, você não vai torcer o pé! É só um degrau.
- Você não me ajudou na hora da porta e agora eu provavelmente estou com um roxo. Me ajuda, Louis! - seu tom ameaçador contrastava com a felicidade que sentia pelo fato de o rapaz ser atencioso o bastante para querer surpreendê-la.
O garoto a ajudou a descer o degrau com o mesmo cuidado que um indigno auxilia uma delicada borboleta a alçar vôo. Passando pelo deck e finalmente chegando ao gramado anterior da mansão Tomlinson, Louis respirou fundo e abaixou as mãos que cobriam os olhos negros de .
- Feliz aniversário, demonia. - falou baixo ao ouvido dela, sorrindo travesso e beijando a bochecha da menina que com os lábios entreabertos e as sobrancelhas arqueadas vislumbrava a decoração que era apenas sua.
Toda a extensão do jardim estava coberta por buquês de rosas brancas com pequeninas e delicadas flores de cereja, um caminho de pétalas de rosas vermelhas guiava o casal até a mesa onde o jantar a luz de velas se seguiria. E ainda pasma Westwick dava um passo de cada vez, compenetrada em cada minúcia, atentando-se a todo detalhe, pois sua vontade era congelar aquele momento a fim de vivê-lo pela eternidade.
Pousando seus olhos sobre o namorado, que a mirava com uma ansiedade contida e as mãos nos bolsos, ela sorriu não acreditando em todo esforço e estima que ele havia investido naquele gesto.
- Meu aniversário é só daqui três dias. - a ruiva deixou transparecer um pouco de constrangimento que Louis optou por ignorar, contudo memorizar a forma como ela escondeu as mãos atrás do corpo e inclinou a cabeça para lado, com as bochechas coradas e o canto dos olhos curvados em um sorriso.
- Eu sei… - arqueou os ombros, coçando a nuca. - Mas provavelmente nós passaremos o dia com sua família e o pessoal e, você vai ter que dar atenção para os seus convidados… Eu só queria ter um tempo para nós dois.
- Eu odeio você. - foi tudo o que conseguiu dizer, apesar de constatar outro sentimento gritando em seu ser.
O sorriso estupidamente feliz que o moreno a lançou a fez suspirar alto sentindo seu estômago girar de forma idiota e seu coração acelerar. Tommo aproximou-se calmamente dela, envolvendo o rosto da menina com suas mãos frias e depositou um beijo cálido no topo de seu nariz, depois sua testa, cada uma das bochechas e finalmente os lábios gélidos da garota que de olhos fechadas deixou-se hipnotizar por aquela deliciosa valsa.
Ele a estendeu seu braço, o qual o envolveu e caminharam lado a lado até a mesa. Louis beijou a mão da namorada antes de puxar a cadeira para ela se sentar, deu a volta na mesa, fazendo suspense para retirar os cloches que cobriam os pratos.
- Eu acho que você não está preparada para o que está por vir, minha cara.
- Oh honey, não é só porque você gastou uma fortuna com flores que pode falar assim. Eu ainda odeio quando você começa com esse "meu caro."
- Eu sei. É que eu fiquei um pouco emocionado com o romantismo - admitiu, fingindo choro e enxugou as lágrimas falsas que não escorriam - e pensei que seria melhor para nós relembrar de como as coisas eram quando você me odiava.
- Se nós formos fazer isso, eu vou jogar o jantar na sua cara. - deixou claro quais eram suas intenções e o que assustava o moreno é que ele sabia que a ruiva era capaz daquilo.
- Uau, eu não senti falta disso, mesmo! - riu, ouvindo a risada que ela dava. - Eu cozinhei o nosso jantar, . Você tem noção do quão grave é isso?! - apoiou as mãos na cintura, desesperado. - Nós podemos morrer!
- Uma vez você me preparou um jantar com lanches Mc Donald’s e agora você cozinhou para mim?! - o viu retirar os cloches que cobriam os pratos e aproximou-se da mesa a fim de aspirar o aroma delicioso que até então estava contido.
- É parece que no fim das contas você está me tornando um romântico incorrigível. - voltou a apoiar as mãos na cintura, curvando-se com a expressão acusadora.
- Desculpa… - juntou as sobrancelhas com pena do menino.
- Tudo bem, por você vale a pena. - sentou-se em sua cadeira, sem notar que as simples palavras que usara para se expressar haviam surtido grande efeito na ouvinte, que jurava que se caso ele fosse mais fofo iria afogá-lo na maldita piscina.
Louis havia se arriscado na culinária francesa em homenagem a 50% da origem de e preparara para a noite um delicioso terrine de campanha para a entrada. O prato principal seria um flamiche de queijo gruyère e alho-poró, o qual garoto reclamava de ter usado muita manteiga para o recheio enquanto Westwick insistia de que estava saboroso. Já a sobremesa, Tommo havia investido mais tempo, pois o éclair era o prato mais elaborado que havia se comprometido a fazer para a celebração.
O vinho que Mark escolhera, a pedido do filho, auxiliou na degustação dos pratos que o rapaz tinha orgulho de ter preparado e após a refeição deliciosa, o moreno informou que a comemoração não acabaria ali pois eles ainda iriam jogar mini golfe.
Louis sabia que a namorada poderia usar sua cabeça como bola caso ficasse zangada, mas ele adorava competir com a garota e poder ouvir suas as gargalhadas, assistir suas comemorações ou rir dos momentos onde ela tentava o sabotar.
E era na última opção que o casal se encontrava. Já que faltava apenas dois buracos para terminar a partida e se o menino acertasse ficaria em uma vantagem que não conseguiria passar.
- , me devolve a bolinha. - pedia com calma, com a mão estendida na direção dela e um sorriso perspicaz brincando no lábios, já que sabia que venceria. Aquela estava sendo a melhor noite de sua vida!
- Sabe como eu vou te devolver isso, honey? - questionou parecendo uma psicopata - Enfiando no seu nariz até seu cérebro!
- Deixa de ser amarga, é sua comemoração de aniversário! - cresceu os olhos, batendo as mãos na coxas, tendo em mente que se caso algum desconhecido ouvisse aquela conversa sairia traumatizado.
- Mais um motivo para eu vencer!
- OW! ESPERA AÍ! - gritou sem vergonha e a garota fechou os olhos, só então percebendo a merda que havia falado. - Quer dizer que você está basicamente me pedindo para te deixar vencer?!
- Claro que não! - ultrajada, bateu o pé no chão, sem notar a força exagerada que usava para segurar o pobre taco.
- Você está me dizendo que sabe que eu sou muito bom e que não consegue me vencer, minha querida ?! - tendo em mente que poderia morrer se continuasse com aquele joguinho doentio, Louis ousadamente continuou tirando a namorada do sério.
- Eu não disse isso. - com os braços cruzados e a expressão entediada, a ruiva tentava fingir que não se abalava.
- Mas estava implícito! - pontuou com o dedo em riste
- Louis, pega essa merda de bola e joga logo antes que te mate com esse taco. - afundou a bolinha no peito do rapaz que jogou a cabeça para trás, gargalhando.
- Meu deus, , eu te amo! - ria, ainda segurando a bolinha contra o peito e negando com a cabeça toda a euforia que definia Westwick.
Não obteve resposta e não surpreendeu-se com o fato, elevou o rosto para encontrar o da menina, que o fitava com cuidado e atenta. Tommo teve a impressão de que os olhos negros dela o transmitiam um pouco de temor além da surpresa que a cercava. A noite, sem dúvida, havia proporcionado muitas admirações porém não estava emocionalmente preparada para a evolução daquele relacionamento.
Já não sabia mais o que sentia por Louis, o que a fazia suspeitar que sua afeição crescia numa proporção que não era capaz de controlar. Sempre pensava em si como uma personalidade tempestiva, no entanto, havia sido Tomlinson quem trouxe tempestade para o seu ser não calmo. O moreno não a cedia tranquilidade, mas sim desordem, uma agitação que apenas ambos conseguiam extrair a paz.
Louis era diferente de todos seus ex namorados, o que a fazia ter mais pavor do desfecho cruel que sempre se via envolvida. Apesar de ouvir aquelas singelas três palavras com toda a sinceridade que o garoto poderia lhe transmitir, tinha dificuldade de calar o medo que crescia em seu interior, pois apesar de desconfiar que era recíproco o que sentia pelo namorado, caso externa-se, tal confidência se tornaria real e a decepção e agonia que adentraria se Tomlinson a deixa-se seriam grandes demais para suportar.
- Louis, eu… - desviou os olhos dele, abaixando o rosto.
- , eu te amo. - aproximou-se da ruiva com um sorriso sereno e um olhar compreensivo. - E eu confio em você. Não quero que me diga o que não sente - a garota tentou se explicar, afinal não queria que ele pensasse que toda o afeto que tinha não era real, entretanto o menino a calou. - ou o que não está pronta para dizer. Eu confio em você, . - pegou as mãos dela com as suas, beijando-as com cuidado e benevolência. - E quero que saiba que te amo e… isso me apavora, mas eu confio em você. - sorriu resoluto, admirando cada detalhe do rosto que tanto amava e beijando os únicos lábios que queria.
- Eu também confio em você, Louis. - Westwick sorria entre o beijo e o abraçou desejando tê-lo ao seu lado a todo minuto e para sempre.
estava furiosa com Niall.
Bom, Niall também estava bravo com ela. Mas a princesinha Styles estava em outro nível. Na verdade ele achava que caia bem o termo demônia já que ela estava vermelha como o próprio Satã e um clima mais frio faria sair fumaça das ventas dela, isso era uma certeza.
- , chega de gritar. Não tem como conversar se você fica igual uma louca! - Horan passou as duas mãos pelo rosto, cansado da discussão.
Ele estava puto com a namorada mas ela conseguiu um jeito de virar a mesa e agora se achava no direito de estar brava com ele!
Estavam todos tomando café da tarde na casa de Liam, quando a menina mencionou casualmente que seu parceiro de teatro "babou" em uma cena específica. Uma coisa levou a outra e eles descobriram que no novo empreendimento de , ela estava quotada para um papel que exigia um beijo. Um só. Não parecia ser grande coisa.
Infelizmente abriu a boca e piorou a situação mental do pobre irlandês à beira de um ataque cardíaco, ressaltando que o ato se repetiria durante todos os ensaios, várias vezes, até que acabasse a tortura com a apresentação da peça.
Aí o caos tomou forma e o que começou com simples indignação chegou aos gritos do casal e as expressões hilárias que iam do choque à diversão dos oito adolescentes que os assistiam enquanto se empanturravam.
- Você quer que eu pare de gritar? - bufou, parando de andar e colocando as mãos na cintura porque se ficassem livre, estaperia o filho da puta.
Seria muito dramático se ela jogasse tudo daquela mesa na cara dele?
- Quero. - Niall concordou, na inocente crença de que talvez, só talvez, ela se acalmasse.
Sua tática seria fazê-la ficar quieta e então reconhecer o erro, não gritar na mesma altura. Não significava que ele iria simplesmente deixar passar o fato de que sua namorada, seu solzinho, o amor da sua vida, estava beijando outro!
- E eu quero que você pare de ser tão egoísta. Mas aparentemente nenhum de nós vai ter o que quer hoje. - ela respondeu, cínica.
- Eu pedi algo tão absurdo assim? - o rapaz puxou uma cadeira e sentou-se, derrotado.
- É claro que sim! - princesinha Styles abriu os braços, voltando a andar para lá e pra cá: - Nós estamos falando do meu trabalho, e eu não vou parar de trabalhar só porque você não se sente bem com isso.
- Pelo amor de deus, mulher, você beijou outra pessoa!
- A trabalho.
- É assim que se chama traição hoje em dia? - Horan sabia que as palavras a ofenderiam mas não pode impedir-se de insultá-la.
Ele não poderia estar mais certo, pois tudo o que viu foi a mágoa vestir o rosto dela, e arrependeu-se imediatamente.
- Eu sei que você não quis falar isso. - baixou o tom de voz, ferida. - Niall, eu jamais te pediria pra abandonar o golfe…
- Eu não vou pro clube beijar ninguém, ! A coisa mais errada que eu faço é ajudar meu pai a usar tacos mais leves!
- Ele tem um bom ponto… - a voz sussurrada de Tommo ecoou por toda a sala de jantar.
Mas Zayn, e Harry trataram de repreendê-lo com eficiência:
- Cala a boca, Louis!
A conversa acabou dando espaço para outros interlocutores, que até então mantiveram-se tão quietos que pareciam a própria mobília do cômodo. O que se mostrou uma ótima oportunidade para o casal parar e tomar um fôlego antes que começassem a falar coisas das quais se arrependeriam.
saiu correndo para o banheiro, levantou para esticar as pernas, Liam se inclinou sobre a mesa para alcançar a geléia de framboesa para mergulhar seus biscoitos, e continuava na mesma pose, com a postura perfeita e a expressão pacífica, embora estivesse horrorizada com o espetáculo que acabara de presenciar.
- Nialler, se você está puto porque ela beijou um cara aleatório da Academia, como vai ficar quando ela começar a beijar atores de verdade! - Tomlinson ergueu a bunda o suficiente para puxar a cartela de cigarros, arremessando-a sobre a mesa quando foi flagrado pelo olhar perscrutador de Liam.
- Será que um dia você vai ter o prazer de beijar o Chris Evans? - se empolgou, descruzando as pernas e se projetando para ficar mais próxima das garotas.
apenas sorriu cerrado e se afastou de Niall, indo sentar ao lado do irmão que afastou-se alguns centímetros só para ficar mais longe dela porque não haviam muitos limites no que dizia respeito ao tempo certo para encher o saco de um irmão. Agora todas as garotas estavam prestando atenção em . Os meninos desativaram o modo atenção assim que ela expeliu o nome do ator, imaginando que a partir dali só ouviriam inutilidades.
- Meu deus, se eu atuasse com ele, ia errar muitas vezes as cenas com beijos. - disse e deu uma risadinha atrevida. Liam parou de mastigar e apenas a olhou sem expressão, ficou assim até Zayn começar a falar com ele.
- Sim! - concordou, soando mais animada do que pretendia.
Às vezes ela demorava tanto a se pronunciar que Zayn esquecia do som de sua voz, mas era só começar a conversar, que o rapaz voltava a sentir seu peito revolvendo-se no que os mais experientes chamariam de saudade.
- Vocês estão falando sobre quem? - retornou carregando a toalha que usou para secar as mãos, quando passou por Liam, jogou na cara dele, indo direto para onde Louis estava e sentou no colo do namorado.
- Chris Evans. - Ortega suspirou em deleite ao articular o nome do homem mais lindo que ela poderia citar ali.
- Ahhh eu totalmente trocaria uma vida inteira de felicidade por uma noite com aquele cara. A gente iria assistir a um jogo, do esporte que ele quisesse, depois iríamos para um bar e o resto seria lucro. - a ruiva não poupou criatividade em sua declaração de amor, desconsiderando de forma intencional o beliscão que ganhou de Louis, que raramente recebia uma revelação de amor dessa intensidade.
- Eu não saberia o que fazer com ele. - pensou alto. Porque assim, Chris Evans era um homem! Um homem de verdade, não aquele garoto mimado que ela namorava!
- Eu sei o que ele faria com você. - Styles finalmente olhou para a irmãzinha - Te colocaria no primeiro táxi e mandaria de volta pra casa, porque é isso o que homens tem que fazer com pirralhas mal comportadas.
- Vocês não tem nem idade pra entrar legalmente em um clube. - Zayn complementou. Começava a lhe acometer que Payne era um péssimo amigo por não permitir que fumassem dentro da casa.
- Foda-se, Zayn! - se exaltou e então percebeu que a frase saiu mais rude do que ela havia pensado.
Mas Louis tratou de recompensar o mal comportamento dela com um beijo que a deixou bem disposta.
- Pervertidas… - Harry resmungou, voltando a enfiar a cara no celular.
, que havia desaparecido corredor adentro da mansão Payne, estava de volta após uma ligação com a mãe, que não a convocou para que fossem jantar juntos na casa da avó Meester. Entrou no cômodo esperando a continuação do pequeno escândalo mas tudo o que encontrou foram os amigos em paz, conversando ou no telefone.
Bom, pelo menos ela não perderia nenhum drama quando fosse embora.
Nenhum drama além de sua própria saga de infelicidade, é claro.
Era como se Harry jamais tivesse passado por sua vida, feito-a se apaixonar e depois quebrado seu coração em uma só sentença.
Enquanto ela ia até Niall com o intuito de provocá-lo sobre a mais recente crise que o amigo passava, seu melhor amigo foi até , que estava junto à janela, admirando os jardins da residência.
- Você sabe me dizer como o que era pra ser uma tarde de videogame com os meus amigos se transformou nesse circo? - Liam apontou para o cômodo abarrotado com imbecis bem alimentados e alegres.
encarou o mesmo cenário, mas seus olhos estavam cheios de carinho pelo o que via. Ela não poderia ser mais feliz do que ali, naquele momento.
- Basicamente você disse que eu podia ficar e as meninas vieram atrás de mim, porque eu sou um imã social, as pessoas não conseguem evitar serem atraídas até mim. - respondeu, convencida.
- Bom, disso eu não posso discordar. - Payne empurrou para trás uma mecha negra que escondia a bochecha da namorada e passou os braços sobre suas costas, abraçando-a.
Ela aconchegou-se nos braços, aproveitando o calor de seu corpo e impressionando-se como sempre com a definição perfeita dos músculos embaixo da camisa.
- Que horas são? - perguntou, de olhos fechados.
- Hora de mandar todo mundo embora e deixar você agradar um pouquinho o seu homem. - ele gracejou.
A menina apartou o abraço, o encarou divertida por alguns momentos e então virou de costas e ergueu a voz:
- Gente, hora de ir embora!
As palavras surtiram efeito decadencial, foram se aquietando de um em um até que o silêncio reinou absoluto.
- O quê? Sério? - Payne mal podia acreditar.
Aquela atrevida estava realmente a fazer aquilo?
- Ir embora? Nós não vamos pro jogo? - ficou mal humorada, cruzando os braços como uma criança birrenta.
Pouco lhe importava que estava na casa de uma pessoa que detestava, comendo a deliciosa refeição preparada com tanto carinho pelo cozinheiro-chefe da casa, que não fazia ideia que estava alimentando a algoz de seu patrão.
- Vamos sim. - Niall, que nunca havia ficado tanto tempo em silêncio, respondeu a pergunta que não foi feita a ele. Tudo para evitar ficar preso em casa só porque estava brava com ele.
- Mas o jogo é só nove horas. - Harry estava de sobrancelhas juntas, procurando compreender a lógica do casal. Levantou e pousou
- Começa às nove, mas nós temos que chegar lá pelo menos uma hora antes pra encontrar lugar para sentar. - Liam explicou, solícito. Mandá-los embora ia ser um transtorno e ele olhou para pensando "Era melhor nós só termos subido sem avisar ninguém", mas ela só sorriu e foi até a mesa pegar um cacho de uvas. Não era sua casa, não era seu problema.
- Ainda sim, são só seis horas, Payne. - Zayn checou a hora e perguntou em tom de gracejo: - Você está expulsando a gente da sua casa?
- Pra ser sincero, sim. - o Sr. Impaciência decidiu que se fosse direto ao ponto, eles evacuariam mais rápido.
- Você é um filho da puta. - Tommo, insultado com o ultimato, arranjou uma solução para a expulsão rude: - Vamos sair pra algum lugar? Preparar o espírito para o jogo?
- Desde quando você se importa com jogos de basquete, Lou? - perguntou. A ideia de sair para beber era atraente mas ela não podia aguentar mais de Harry Styles e tinha compromisso com os pais.
- Desde que eles são uma prerrogativa pra eu beber. - Louis piscou para a morena.
- Cala a boca. - Styles resmungou. Girando a chave do carro, fez o seu melhor papel de cavalheiro: - Quem vai precisar de carona hoje a noite?
- Eu vou com você. - informou ao irmão, mas todo mundo sabia pra quem era aquele aviso. Para Niall.
Harry percebeu a situação tensa entre o casal e murmurou um "te espero lá fora" e saiu, no que todos consideraram uma atitude sábia.
- … - Horan coçou a cabeça, pedindo a Deus paciência para não arrancar aquela garota do chão estilo homem das cavernas e mantê-la cativa até os dois se resolverem.
- Eu não quero olhar pra sua cara até você entender o quão idiota está sendo. - a princesinha falou com estudado distanciamento. Depois sorriu brilhantemente para os amigos: - Se vocês decidirem fazer alguma coisa, avisem. Até mais tarde pessoal!
- Que climão! - exclamou com indiscrição aprazível, sentando-se como se o momento tivesse exaurido suas forças.
Louis bateu a mão na testa, apesar de estar rindo. Payne a chamou de idiota e soltou um pequeno lamento de queixa, pobre Niall estava em maus lençóis.
- , você quer que eu passe pra te buscar? - Horan preferiu ignorar Meester e conversar com a única pessoa decente daquela sala.
- Aham. - ela concordou, satisfeita. - Nós podemos passar lá em casa pra eu me trocar e a gente podia ir dar uma volta com o Kelso, não é? Ele anda meio enclausurado, coitado…
- Tudo bem. - o irlandês ofereceu o braço para a melhor amiga, que o aceitou alegremente. - Até mais tarde, gente!
- Tchau! - cantarolou, sumindo no corredor. De dentro da sala todos ouviram as risadas dela e de Niall, deixando-os curiosos para saber o que os dois tinham de tão interessante para conversar, e porque não compartilharam com o resto do grupo.
- Eu preciso de carona, hon. - Louis falou para , enfiando-se embaixo da mesa para procurar seu chinelo. Fez uma busca desleixada porque honestamente não se incomodava se tivesse que ir para casa só de meias. - mas quero ficar na sua casa pra ir ver minhas garotas favoritas, você sabe que meu dia não é completo enquanto eu não as vejo.
Ninguém comentou sobre como os dois usavam meias e chinelo, o mesmo chinelo nike preto e as mesmas meias brancas. O que tornava a situação singular era que eles nem ao menos chegaram juntos, mas a conexão era tão forte que eles sempre acabavam assim.
- Às vezes eu sinto que você só está comigo por causa delas. - Westwick falou dramaticamente.
- O quê? Nada a ver… - Tomlinson revirou os olhos, aproveitando-se da distração da namorada para desmentir sua própria afirmação e acenar vigorosamente para os outros.
- Meus pais estão vindo me buscar, então você não precisa se preocupar como eu vou chegar em casa, querido amigo. - pegou no braço de , arrastando-a em direção à porta da casa.
E atrás das duas foram , Louis, Zayn e Liam.
- Os seus pais estão vindo? - Payne perguntou, deixando Zayn para trás enquanto apressava o passo para acompanhar .
- Aham.
- A Diane e o Sr. Meester? - ele especificou.
Não era sempre que abandonava os amigos para jantar com os pais.
- Sim. - a morena abriu a porta no momento em que o carro dos pais despontou na estrada de pedras.
Seria inocência acreditar que a mãe não desceria para cumprimentar a todos. Na realidade, só com muita sorte conseguiriam sair dali sem que a própria Karen descesse para conversar com a mulher, que estava só de passagem.
- Crianças! Filha! - Diane baixou o vidro de sua porta, oferecendo aos adolescentes um sorriso genuíno. Ao seu lado, Christopher apenas acenou timidamente com a cabeça, reservando sua afeição à filha.
- Oi Diane! - o grupo a cumprimentou em uníssono.
Alfred abriu a porta do motorista, mas antes que pudesse chegar ao outro lado, o impediu, correndo até o carro:
- Alfred não precisa, eu mesma fecho. Entra no carro e dirige, pelo amor de deus.
- ! - a matriarca ofegou diante tamanha má educação, enquanto era brutalmente empurrada para que a filha mal educada entrasse.
- Tchau Diane! - os jovens acenaram mais uma vez, embora Alfred tenha atrasado sua saída.
- Como aquela mulher é mãe daquele demônio? - Zayn estava com a cabeça inclinada, impressionado com as diferenças gritantes. Uma era um dia ensolarado na primavera, a outra era uma tarde cinza, fria e mórbida de inverno.
- Eu não sei. Vai embora, Zayn. - Payne apontou para o Bentley. Já faziam mais de vinte minutos desde que começou a mandá-los embora dali.
- Eu vou. - o moreno concordou. Deu um beijo na bochecha da prima e tentou destravar o carro só para descobrir que nunca tinha travado. Riu de si mesmo e falou com Tommo e : - Nós vamos sair antes de ir pra Eton?
- Aham. Quer ir com a gente lá em casa e depois decidimos pra onde ir? - sugeriu, sendo a oferecida de sempre quando se tratava de Zayn.
- Pode ser. - o rapaz concordou e deu um último aviso à dupla que ficava na casa: - Vocês dois, se comportem.
- Se comporta você, engraçadinho. - Ortega devolveu. - Por que ele sempre vai embora antes da gente terminar de falar?
- É o seu primo, você quem tem que entendê-lo. - Liam deu de ombros, pronto para dar um fim à tarde: - Tchau para vocês. Até mais tarde, não se atrasem.
Niall quis chegar cedo no colégio para estar lá quando desse as caras, cada vez mais ele chegava à conclusão de que a melhor decisão seria sequestrá-la até que se resolvessem.
Então quando Harry mandou uma mensagem avisando que estavam saindo de casa, o irlandês pulou do sofá, assustando e Kelso enquanto explicava porcamente porque precisavam abandonar o filme, faltando dez minutos para o final, e correr até o Eton.
Só depois perceberam que os irmãos Styles na verdade estavam indo ao encontro do pessoal que estava em um pub e resolveram passar em um drive thru para pegar mais comida e matar tempo até que os amigos chegassem.
Vinte minutos depois os irmãos Styles (que deviam estar no pub com todo mundo) chegaram junto com Liam e , o som do carro dos dois estavam explodindo e tinha a impressão de que estava sendo modesta em afirmar que eles "chegaram", uma descrição mais apurada do cenário usaria palavras como racha, insanidade e uma boa dose de imprudência.
- Eles estavam… - apontou para os dois carros, abstendo-se de um julgamento precipitado.
- Sim. Apostando. - Horan concordou, tirando as mãos dos bolsos e de tal modo interessado na história que os levou até ali e nos modelos lindos, que esqueceu de seu propósito maior.
Antes que qualquer da dupla pudesse falar, as duas caçulas, que faziam às vezes de co pilotos, saíram dos respectivos carros ensandecidas, enquanto os garotos procuravam vagas seguras:
- Quem ganhou? - princesinha Styles estava ofegante, intoxicada com a mais pura emoção e a adrenalina provocada pela velocidade e a ânsia em vencer.
Para Niall, ela não poderia estar mais linda.
- Fomos nós! - Orteguinha não parecia tão aberta a ideia de ceder a vitória à amiga. Seus olhos verdes estavam arregalados e ela nem se tocava de que estava com um sorriso maníaco e o que era um rabo de cavalo, se tornara uma bagunça vergonhosa.
Ela estava dentro do carro ou empurrando-o? pensou.
Não haviam poucas pessoas no estacionamento, mas nenhuma delas pareciam interessadas na bagunça que as meninas faziam. Na verdade, todos olharam para os carros idênticos que estacionaram com sincronia e então voltaram-se para suas conversas (e bebidas alcoólicas que eram, em tese, estritamente proibidas nas dependências do Eton).
- Claro que não! Olha como o nosso está mais na frente, ! - aumentou a voz, indignada com a cara de pau da amiga.
- Isso não significa nada! - Ortega rebateu, uma mistura de chateação com deboche que resultou em absolutamente nada.
- Niall, quem chegou primeiro? - apelou, sorrindo para o namorado pela primeira vez no dia. Ela ia ganhar aquela luta e sabia disso quando deu um passinho para frente, aproximando-se do irlandês, enquanto considerava o quão deselegante seria se ela revirasse os olhos porque seu melhor amigo era muito manipulável.
- E-eu… e-eu não…
- Não se atreva a dizer que não sabe ou não viu, Niall James. - a menina cerrou os olhos, aproximando-se ainda mais, só que dessa vez não havia nada de amistoso em seu olhar.
- , você viu alguma coisa, eu tenho certeza - desistiu do casal, percebendo que começaram uma situação privada, e apelou para a mais sensata ali, depois dela mesma, é claro.
- Os dois chegaram exatamente iguais, até onde eu vi. - Hilton explicou, dando sua participação na conversa como encerrada. Deus que a livrasse de estar no epicentro da discussão.
- Você viu errado. - atestou, virando-se para ver Harry e Liam vindo até elas e Niall. - Eles não querem dizer quem venceu, Liam.
- É claro que fomos nós. - Payne franziu o cenho, ajustando o boné branco que contrastava com a roupa toda preta que usava.
Era uma maravilha poder contar com uma primavera tão equilibrada, desde o seu início, fazia uma semana fria e a outra quente, sempre intercalando como se um ser humano estivesse controlando-a.
- Vai sonhando, Payne. - Harry sorriu, cumprimentando e com um beijo na bochecha e pegou seu telefone - Niall, fala a verdade, quem chegou primeiro.
- Olha, eu não sou a porra de uma câmera ou um cronômetro. Mas, baseado no que todos nós sabemos, provavelmente deve ter sido o Liam. - Horan explicou sua decisão, que fazia muito sentido por sinal.
- O quê? - e Harry quase partiram para cima do pobre irlandês, ignorando os bons modos que aprenderam durante toda a vida.
- Obrigado, cara. - Liam, por outra via, estava mais contente com a derrota da dupla do que com a vitória em si.
- Obrigado nada. Eu quero saber se algum de vocês têm permissão pra sair com esses carros. - o irlandês cruzou os braços, esquecendo-se mais uma vez de que precisava falar com , que por sinal estava entretida no celular, trocando mensagens com alguém. Alguém que não era ele.
- Claro que não! - Styles balançou a cabeça.
Onde na terra, Desmond Styles, seu respeitável pai, lhe jogaria as chaves do carro recém adquirido que valia mais de um milhão de libras?
- Eu vou estar de volta antes que meu pai sequer acorde. - Liam deu de ombros, namorando o objeto, estacionado há uns bons metros dali, mesmo consciente de que seu sábio pai ia lhe trancar em casa pelo resto da vida se sonhasse que seu objeto mais estimado estava no pátio de uma escola, cercado por adolescentes imbecis.
Era engraçado o fato de que existiam apenas 25 modelos daquele carro no mundo todo, e dois estavam ali, um ao lado do outro, dividindo o mesmo estacionamento.
Em 1957 foram feitos vinte e cinco modelos exclusivos, mas um incêndio nas fábricas destruíram nove deles e agora a Jaguar resolveu entregar os nove carros que faltavam e Des quase entrou em uma briga física para conseguir um nome na lista. O homem ficou tão obcecado que cogitou destruir a carreira de um rival para subir na colocação de preferências.
Mas alguns favores cobrados foram o suficiente para que tivesse a bênção de investir um milhão de libras no brinquedo. O que era uma pechincha comparado aos quatorze milhões que Geoff pagou na versão de 1957 do mesmo modelo.
O que levava ao momento em que os seus filhos tiveram dúvidas sobre se a potência dos motores era exatamente igual e custaria suas próprias vidas se algo acontecesse aos veículos.
- Desculpa mas eu esperava isso do Louis e do Zayn, não de vocês dois. - confessou, pensativa. - Faria todo o sentido se eles tivessem feito isso.
- Isso o quê? - Liam abraçou por trás, apoiando o queixo em seu ombro com a comodidade de quem não seria julgado pelos olhares incomodados de Zayn ou os comentários imorais de .
- Essa imprudência! Já imaginou se vocês são pegos? - se empolgou, mas em sua defesa, não dava pra ser razoável quando havia tanto dinheiro exposto tão escancarado: - Se um colega nosso mexer neles e quebrar alguma coisa? Se uma pessoa má os arranharem?
- Jesus… - Payne murmurou e se calou antes que continuasse com um "você parece a minha mãe".
- Eu jamais faria isso. - Niall disse.
- E é por isso que você nunca vai merecer alguém como ela. - Harry surpreendeu com tal elogio à irmã. - Brigas são sempre uma ótima oportunidade para terminar, irmãzinha.
Apesar do cumprimento tão natural, o cacheado conseguiu estragar tudo com a linha de raciocínio fria e cruel.
- Briga não é pressuposto para terminar, Harry! Você é doente. - ela reclamou. - E para de ficar encurvado. Deus não te deu um metro e noventa pra você esconder isso.
- Eu não tenho um metro e noventa, .
- Ainda não.
- , nós precisamos conversar. - Horan falou suavemente, tocando no braço da namorada, que o repeliu em imediato, fingindo desamassar seu vestidinho florido que nem era de um tecido que podia ser amassado.
- Eu preciso de alguma coisa pra beber, não preciso nenhum pouco de conversar. - ela cruzou os braços, encarando-o sem expressão alguma.
- Mas eu preciso. Vamos. - o rapaz não lhe deu outra opção, e mesmo que tivesse, estava louca de vontade de ficar logo bem. Mas isso não significava que ela facilitaria as coisas, é óbvio.
- Se eu não voltar em meia hora, significa que ele me rendeu. Por favor, vão me salvar! - começou a gritar enquanto se afastava com Niall, que ignorou os outros alunos que começavam a chegar e olhavam com interesse para a cena que sua namorava proporcionava.
- É, eu estava errado. Eles definitivamente se merecem. - Harry falou e virou de volta ao grupo, buscando entender o porquê do silêncio.
estava brincando com os fios que mantinham sua blusa fechada, uma blusinha muito linda e que merecia uma boa foto, por sinal. Ela não chegava a estar constrangida, mas era certo de que não se encontrava também em seu estado natural de conforto.
E Styles não demorou em descobrir o que deixava a amiga com a expressão de quem se sentia inconveniente. O casal estava há três passos da dupla, absortos no celular que a caçulinha manuseava e obviamente usando e Harry como velas para seu romance.
- O que vocês estão vendo? - Harry pigarreou.
- Hã? - Ortega desviou os olhos do celular, e Liam piscou rapidamente, afastando-se um pouco. Eles não tinham ido embora?
- O que vocês estão vendo? - o outro repetiu lentamente, como se estivesse falando com retardados.
Algumas garotas de sua classe de Biologia passaram por eles naquele momento e o encararam como se tivesse duas cabeças porque ele parecia um retardado.
- Ah, olha isso: você, a partir de agora vive no último filme que assistiu e precisa resolver o problema principal da história. Você vai me dizer qual é o problema sem falar o nome do filme. - Liam afastou-se de vez da namorada, contentando-se em segurar sua mão e pegar o celular dela para ler o conteúdo.
- Hmmm, eu sou recém casada e preciso me livrar de um eletrodoméstico que na verdade é um portal para o inferno e come pessoas. - enfiou as mãos nos bolsos traseiros de seu jeans, certa de que dificilmente os amigos saberiam de qual filme estava falando.
- Mas que porra? - Styles abriu os braços. Qualquer fosse o filme, parecia uma péssima escolha, e ele nem precisava saber o nome.
- Ai, … Que horrível. - não sabia se comentava sobre o fato do objeto ser uma porta do inferno ou se bastava falar sobre seu apetite duvidoso.
- Você viu A Geladeira Maldita? - Liam fez sua típica pose cética: braços cruzados contra o peito, a cabeça levemente inclinada e as sobrancelhas ridiculamente arqueadas.
- Na verdade é diabólica, e não maldita. - a modelo corrigiu - O Niall e eu vimos agora cedo e foi melhor do que eu esperava.
- Eu não acredito que você assistiu isso… - Payne balançou a cabeça, rindo surpreso: - Hilton assistindo filme de terror. Um filme mais ruim do que Sharknado.
- Sharknado não é pior, nunca será.
- É mesmo? - ele estava se divertindo tanto. Era muito óbvio porque Zayn havia caído tão fácil por ela. - Sua vez, Harry. E que por favor seja um filme melhor.
- Eu não vi nenhum filme ultimamente… - Harry desconversou, mudando o foco da atenção para a caçulinha, a quem ofereceu um sorriso sem vergonha, é claro. - E você, Betty, qual seria sua história?
- Ahn… Eu não lembro. Acho que eu preciso voltar no tempo para fazer com que meus pais se conheçam, caso contrário eu serei apagada da existência.
não precisou de mais do que alguns segundos para saber de qual filme a amiga falava, mais porque era um dos filmes favoritos da garota do que pela dica em si.
- De volta pro futuro? - Styles assentiu animado: - Faz tempo que eu não vejo esse filme, vou colocar na minha lista.
- Coloca e me chama pra ver com você, eu nunca me canso de rever.- tocou o braço do rapaz, esperando que ele prometesse. - E você, baby?
- Eu já falei que não vi nenhum filme ultimamente, querida...
- Cala a boca, Harry. Eu estou vivendo um drama porque meu dono me doou pra uma creche e…
- Você estava vendo Toy Story de novo, Liam? - Orteguinha colocou as mãos na cintura, incrédula.
- Toy Story nem é drama! - falou quando percebeu que Payne estava mesmo vendo a animação.
- Com licença? Eu não fiquei julgando você por estar vendo um terror trash, nem você, querida, por estar revendo o mesmo filme pela milésima vez.
- Ai, Liam… - a morena balançou a cabeça e abanou a mão livre - Eu vou comprar um suco.
- Vamos lá. - ele assentiu.
- Não, você não precisa ir. Pode ficar aqui com a e o Harry.
Payne encarou os dois e voltou a forçar o passo para que começassem a caminhar.
- Ah não, eu prefiro fazer companhia a você. Até depois.
E esse era o limite de educação que ele poderia atingir.
- Eu sei que ele não faz de propósito mas o Liam é muito grosso! - a garota que ficou para trás comentou, observando o casal se afastar deles.
- Quem disse que não é de propósito? - Harry a encarava com curiosidade. - Vamos entrar e procurar um lugar?
- Ele não consegue evitar, faz isso até com a . E todo mundo sabe como ele gosta dela. - continuou, caminhando ao lado dele.
Talvez a palavra certa não fosse grosso e sim seco, entretanto as duas serviam como agente de desconforto para qualquer um que não tivesse nervos de aço.
Em sua opinião, Liam era intimidade, no mínimo.
- Gosta? - Styles parecia pasmo diante a afirmativa.
- Sim. É o tipo de relacionamento que qualquer um invejaria, quer dizer, você olha pro Liam e sabe que ele faria qualquer coisa para deixar a feliz.
- Qualquer coisa? Porque assim, qualquer coisa é muito no que diz respeito a vocês, mulheres. - ele a empurrou com o ombro, cheio de bom humor.
- Nós só queremos respeito e um pouco de atenção. - deu de ombros, sorrindo convencida.
- E presentes, e mensagens todo o dia, um milhão de eventos chatos e a lista segue. - Harry começou a listar com os dedos as milhares de exigências que vieram à sua cabeça.
- Esse é o ponto, você não tem que pensar como uma obrigação a oportunidade de conversar e aproveitar o máximo possível o tempo com uma pessoa que você supostamente gosta.
- Uau.
- Se você não se sente assim, provavelmente não está com a pessoa certa ou não é maduro o suficiente.
- Ouch. Você é cruel, Hilton.
Quando o trio parada dura resolveu dar as caras na Eton, o lugar estava lotado de estudantes de outros colégios particulares que vieram torcer por suas escolas. Ônibus ocupavam parte da rua e os seguranças tentavam como podiam controlar o fluxo de adolescentes que deveriam entrar no ginásio.
Louis e ficaram para trás a discutir seriamente porque o rapaz havia comido as batatinhas da namorada enquanto ela foi ao banheiro. estava duplamente puta porque ele esperou ela sair para fazer isso e ainda comeu tudo.
Zayn estacionou ao lado dos gêmeos (novo nome dado aos jaguares, cortesia de ) e passou as mãos sobre o cabelo, ajustando os fios em um topete charmoso, chacoalhou os ombros levemente, ajustando a camisa vermelha.
Ao adentrar o ginásio barulhento pode ver as líderes de torcida fazendo seu número e arrancando gritos dos telespectadores animados. Demorou para localizar a prima e Niall conversando com Shepley, que estava com sua fantasia imensa de mascote, Payne estava há alguns passos de distância dos três usando o celular ao mesmo tempo em que fazia companhia e se escusava da conversa. estava do outro lado do ginásio trocando informações com uma das torcidas adversárias. Mas o que chamou a atenção do moreno foi sua ex namorada, tão linda que o fazia querer morrer, sentada com Harry, os dois obviamente estavam compartilhando um segredo de Estado porque estavam inclinados na direção um do outro e ria!
Naquele momento, Zayn passou a odiar Harry oficialmente.
- Zayn! - Princesinha Styles gritou sobre o som das fanfarras agitadas, acenando para o moreno enquanto atravessava a multidão com certa dificuldade.
- Oi . - ele sorriu, inclinando-se o suficiente para que a pirralha beijasse sua bochecha. - Você não estava do outro lado da quadra?
- Aham. Mas você ficou parado aí tanto tempo que eu decidi checar se você estava vivo. - a loirinha ainda o encarava com expectativa, aguardando que ele explicasse o porquê estava parado ali como um pilar.
- Vivo e bem alimentado! - Malik brincou, oferecendo o braço para a menina Styles que aceitou com um sorriso brilhante enquanto eles começavam a caminhar sem um rumo exato. - E então, ainda está brava com o irlandês?
- Não… Mas ele vai ficar bravo de novo. - deu de ombros, guiando-os até , Niall e Liam. E Shepley também. - O Niall é teimoso, decidiu que vai assistir a peça e eu tenho certeza que vai ficar bravo por mais uma semana. - franziu o cenho pelo barulho que se deu início quando uma das líderes de torcida foi arremessada para cima e a arquibancada iniciou uma sessão de gritos.
Zayn ficou com pena do amigo, nem ele, que se considerava um cara tranquilo, conseguiria lidar com as visões de terror de uma namorada sendo amassada e sugada por outro cara.
- Você sabe que não deve ser fácil pra ele, não é? - tentou ser justo, trazendo à tona o ponto de vista de Horan.
- Eu sei, mas não vou parar de fazer uma coisa que eu gosto só para agradá-lo.
- Você gosta de beijar outros caras? - o rapaz a olhou horrorizado.
- Não, seu bobo! Eu estou falando de atuar! - riu - Cadê a e o Lou?
- O Tommo comeu todas as batatinhas dela.
- De novo?
- Daqui a pouco eles aparecem aqui.
- Bom, mesmo. Os jogos já vão começar. Olha o Liam! Liam!
O citado bloqueou a tela do celular, procurando por quem gritava seu nome tão escandalosamente e sentindo-se completamente perdido no meio de tantas pessoas agitadas. O trio à sua frente parou de conversar para procurar também.
- , nós já nos vimos hoje… - Payne suspirou, mas deixou que apoiasse o braço livre ao redor do seu.
- Eu sei, mas você não pode me negar a alegria de andar por aí com dois homens bonitos! - ela caprichou na lisonja, escolhendo o termo "homens" propositalmente e sorriu enquanto os assistia inflar com o generoso adjetivo.
- Pelo amor de deus… - Liam murmurou pela força do hábito, vendo os sorrisinhos de Niall e Shepley e o olhar indulgente de , que sabia que ele havia adorado o elogio.
- Styles de braços dados com dois caras, e nenhum deles é o namorado. Essa é uma cena interessante, sem dúvidas. - disse, achando graça de sua própria narrativa.
- Eu também não me sinto confortável com essa formação. - Niall confessou, indo até a princesinha Styles e passando os braços ao redor dela, não porque queria abraçá-la, embora fosse esse um delicioso motivo, mas para afastá-la dos dois otários.
E os rapazes entenderam o recado porque de fato recuaram aos risos.
Logo Shepley ouviu seu nome ser chamado e saiu rumo ao centro da quadra para fazer sua apresentação. Com uma bola de basquete em mãos, o garoto saiu correndo, pulou em um pequeno trampolim e enterrou a bola na cesta para o alvoroço geral do ginásio e até mesmo de que havia tido a atenção chamada pelo excesso de cores na fantasia do menino.
- Sabe de uma coisa engraçada? - fez uma pergunta retórica, olhando ao redor a procura de algo interessante.
- Com certeza não será engraçado de verdade. - Payne murmurou, prevendo que ela falaria algo cruel.
- Ano passado nós estávamos aqui, assistindo um jogo de basquete porque a queria muito se pegar com aquele Daniel. - a morena riu deliberadamente, aguardando uma resposta dos atingidos por sua afirmação.
- Eu não disse que não seria engraçado? - Liam ergueu os braços.
Orteguinha que até então sorria boba com a apresentação de Shep, voltou-se para a amiga pensando o que a levava a ser tão filha da puta.
- Na verdade é bem engraçado sim. - Zayn discordou, grato aos céus pela maravilhosa oportunidade de infernizar o amigo.
- Pra mim não.
- Obviamente. - Niall deu uma risadinha. Não é meu relacionamento, não é meu problema.
- Vamos nos sentar? Nós estamos atrapalhando aqui. - pigarreou, empurrando o outro de volta aos próprios bancos - Vamos, baby?
- Você vai querer comer ou beber algo? Porque eu não vou sair depois que o jogo começar. - Liam fez a oferta mais avarenta da noite.
- Eu pego depois, ué. - ela riu quase com pena dele. Deus a havia dado duas pernas e dois braços fortes para que ela não dependesse da generosidade alheia.
- Eu vou fumar e já volto. - Malik avisou, tomando o caminho oposto ao dos amigos, com vontade de correr para bem longe de e Harry. De Hitlon porque não conseguia olhar para ela sem sofrer, e de Styles porque se ficasse ao redor do hipócrita, ia quebrar a cara dele.
- O Zaza fuma demais! - fez uma análise rápida e chegou a esta brilhante conclusão
- Todo mundo comete excessos, . - Horan pontuou, abraçando-a por trás enquanto caminhavam desengonçados como pinguins - Você compra demais, por exemplo.
- Nada a ver.
- Tudo a ver, babe. - Niall deu a palavra final e a beijou no ombro, garantindo que permanecesse assim, sem discutir.
Em algum momento de distração, Louis e Westwick chegaram mas ao invés de se unirem ao maior grupo, foram até Harry e Perry e lá ficaram. Payne xingou quando os viu: Louis sentado ao lado de Styles e de frente para o trio, em pé, atrapalhando a passagem.
- Vocês não conseguem manter as mãos longe um do outro. - gracejou com a melhor amiga e o irlandês, que estavam prestes a cair graças a incrível falta de coordenação motora de ambos.
Suas bochechas estavam vermelhas pelo tanto que já havia bebido, o que também justificava seu bom humor extraordinário. Louis estava completamente sóbrio, mas ainda parecia um idiota apaixonado, era irritante. Usava a mesma camisa vans que usou nos dois fins de semana passados e dessa vez ninguém ousou comentar o detalhe porque ele ia fazer um sermão sobre como gostou tanto da peça que comprou três modelos idênticos.
- Engraçado que se fosse eu, você ia estar enchendo o saco. - Liam sentou em seu próprio banco assistindo os times se aquecendo na quadra. Ele quase fez uma piada besta sobre os jeans rasgados que a menina usava, mas desistiu.
- Porque você é nojento, Payne! - rebateu com prontidão. - Ah, esses assentos são uma merda. Parabéns pelo serviço de merda.
- São os primeiros assentos, !
- Perto demais. - ela rebateu, inabalável.
- Você pode ir sentar na puta que pariu então, tenho certeza que é sempre bem vinda lá. - Liam apontou para onde acreditava ser a puta que pariu.
- Tá rindo do que, Tomlinson? - Westwick cruzou os braços, falhando completamente em parecer brava. E o sorrisinho que tentou sufocar foi o suficiente para Tommo gargalhar e puxá-la para seu colo:
- Ai, ! Eu te amo! - exclamou após deixar um beijo entusiasmado na bochecha dela.
- Sai, você comeu minha comida. - virou o rosto, pretendendo parecer distraída com o discurso do diretor.
Harry encarava o casal desacreditado, achando o próprio amigo a maior das anomalias da terra. O bom Tommo parecia ter novo propósito para a vida e ninguém poderia prever que Westwick poderia fazê-lo tão feliz, bem humorado e apaixonado!
- Eu compro o dobro se você quiser, honey! - Louis prometeu, disposto a buscar a remissão por seu grande pecado.
- Então vai lá comprar. - a ruiva olhou para ele, com os braços cruzados e tudo o mais.
Acontece que agora começava o primeiro jogo da noite e a oferta poderia muito bem ser atrasada em uma horinha para a perfeição do momento.
- Agora?
- Sim. - ela concordou inocentemente - Eu quero um cachorro quente sem mostarda, uma pipoca mista grande e um chá gelado, por favor. Depois você pega o sorvete.
- Muito bem. Alguém quer ir comigo? - Tommo levantou, sendo ignorado pelos amigos, que já estava com os olhos vidrados na quadra. - Harry, amigão?
O cacheado se acomodou ainda mais contra o banco e sorriu:
- Nah. Eu estou bem, obrigado.
- Alguém aqui fez um lance? Não vi ninguém falando sobre… - Niall inclinou-se para a frente, na esperança de que alguém ali tivesse a resposta que ele precisava. Não fazia muito sentido perder tempo em um jogo se não havia o eletrizante estímulo da boa e velha aposta.
- Eu apostei na primeira rodada só. - nem tirou os olhos do jogo, amaldiçoando toda vez que o time adversário tocava na bola e comemorando efusiva quando os rapazes da Eton recuperavam a posse.
- Em todos os jogos? Eu só joguei nos da Eton. – Liam também estava envolvido com a emoção do momento e não percebeu que estava interagindo amigavelmente com .
O que o espírito esportivo não era capaz de realizar!
- Eu também apostei em todos da primeira, . - ergueu a mão e trocou um high-five com a ruiva, enquanto procurava os bolsos não existentes em seu short xadrez, sentido-se momentaneamente frustrada, até lembrar que estavam guardados na bolsa de .
- Você apostou? - Payne arregalou os olhos.
- Você sabia onde estavam os apostadores e não me falou, Orteguinha? - Harry fez com que se inclinasse sobre o próprio colo para que ele pudesse alcançar seu alvo, ofendidíssimo - Eu achei que você me amava!
- Desculpa, Hazz. - a caçula deu de ombros e sorriu, sendo imediatamente perdoada.
- Você apostou mesmo? - Liam cutucou , roubando-lhe a atenção. Estava surpreso, de fato.
- , deixa eu ver o seu jogo! - estendeu a mão, esperando que entregasse o jogo para que comparasse os placares apostados. Não era sua primeira vez mas nem por isso se tornava menos divertido.
, todavia, não compartilhava da mesma espirituosidade:
- Não! Vai que você rouba…
- Pra que eu ia querer roubar o seu jogo? - princesinha Styles se sentiu pessoalmente atacada e revidou: - Tenho certeza que o meu é melhor.
- Como é que é? - levantou de seu assento junto com a metade do ginásio, que se empolgou com uma cesta brilhante do time da casa. Mas ao invés de comemorar como todos, ela deixou as mãos na cintura, esperando uma retratação de sua melhor amiga.
- Ihhhhhhh
- Honey, vem cá, vem. - Louis a puxou pela mão, forçando-a a se sentar e passando o braço sobre seu ombro para garantir que ela não levantasse de novo.
- Você ouviu o que aquela atrevida falou? - resmungou, ríspida.
- Ela não sabe o que diz, está tudo bem… - Tomlinson a consolou, oferecendo o refrigerante de Harry, que os olhava morbidamente.
olhou discretamente para as entradas e saídas do lugar, deixando os ombros decaírem quando não encontrou quem procurava. Foi constrangedor perceber que passou dez minutos alheia ao que Harry falava porque esteve ocupada assistindo Zayn Malik respirar e ser lindo do outro lado da quadra.
A decepção amargou em sua boca quando percebeu que o moreno não se juntaria ao grupo. E então ela se sentiu grata por não estarem presos ao mesmo ambiente, porque era horrível ser alvo de seu desprezo. Infelizmente ela não se demonstrou tão aliviada quanto deveria estar e fez o seu melhor para se divertir.
- Como eu odeio estar aqui com vocês. - falou para ninguém em especial, mas todos ouviram. - Liam, por que diabos você não arrumou lugares separados pra gente?
- Porque eu estava ocupado oferecendo minha alma pra conseguir esses lugares, . - o rapaz esclareceu, impaciente.
A filha da puta estava sentada no último banco e as próximas pessoas perto dela eram Liam e , duas pessoas que ela supostamente gostava.
- Pois é, mas agora nós estamos presos a eles. - a morena estava desgostosa com as comemorações ridículas e os comentários burros que seu grupo fazia.
- Você poderia ter facilmente segurado três lugares pra nós enquanto eu cuidava do resto. - Payne apoiou os cotovelos sobre as coxas, inclinado para frente enquanto considerava que seria melhor ter aquele momento legal se estivessem em menor número.
- Eu estava ocupada, Liam. - cruzou as pernas, suspirando inquieta.
- Além do mais, nós íamos ficar com nossos amigos de qualquer maneira. - deu um tapinha amigável no braço do namorado.
Os quatro tempos do primeiro jogo voaram e a empolgação dos alunos só aumentava, as comemorações se tornavam mais apaixonadas e as derrotas, mais sofridas.
No início do segundo jogo, Zayn apareceu sorrateiramente e sentou na extremidade oposta de onde Liam e estavam sentados, sorrindo rapidamente para Niall e soltou a respiração, lamentoso por causa dos malditos jogos que não acabavam.
Meia hora depois, e levantaram e começaram a checar os bolsos e a bolsa que a mais velha carregava, para o ódio de todos dos bancos de trás que tiveram as visões comprometidas enquanto as duas madames procuravam as merdas de seus cartões.
- Onde você vai? - Liam percebeu então a movimentação e tirou os olhos do jogo, questionando a namorada sobre seus planos, mas recebeu duas respostas distintas:
- Pegar comida.
- Ir ao banheiro.
- Deixa que eu vou, baby doll. - ele se ofereceu, de olhos cerrados, levantando-se sem muita força de vontade, assistindo o jogo como um zumbi.
- Não precisa. - o impediu com a mão, sorrindo doce - Nós já voltamos.
Foi fácil alcançar os corredores e nenhuma das duas pôde conter as risadas quando chegaram ao banheiro feminino e se depararam com vários garotos conspirando do outro lado do corredor, prestes a serem pegos pelo inspetor que logo chegaria ali.
- Você percebeu que o Liam engordou? - Meester abriu a porta do banheiro.
- Não. Ele não engordou, . - defendeu seu amor, muito convencida de que ele não poderia estar melhor fisicamente.
- Eu tenho certeza que sim, segura minha bolsa. - a mais velha entregou sua bolsa, entrando em uma cabine.
- Claro que não, você ficou foi doida de vez.
- Aconteceu uma coisa estranha esses dias - confidenciou, triste por perder a oportunidade de ver a reação da outra. - eu acho que o seu primo deu em cima de mim.
- Hã? O Zayn? O meu Zayn? - sorriu cética, desencostou-se da parede e ficou parada em frente a porta do banheiro que a amiga usava.
- Só pra constar, o Zayn foi mais da do que seu.
- Sai!
Duas garotas entraram naquele momento e a encararam curiosas, mas ela não se abalou, pelo contrário, se aproximou o máximo que pode da porta. O máximo saudável sem que fosse obrigada a encostar sua bochecha de bebê contra a porta suja.
- Eu sei, parece uma mentira absurda. Mas eu juro, ele falou algo sobre nós combinarmos… - a voz da mais velha foi morrendo enquanto ela praguejava sobre a dificuldade de tirar a merda do macacão.
- Vocês dois combinarem? - Ortega colocou o cabelo atrás da orelha, tudo para ouvir melhor, incentivando-a a se explicar.
abriu a porta, rendida pela própria roupa.:
- Como casal. - não tão detalhado como gostaria, de fato.
- Pra começo de conversa, onde e por que você e o Zayn estavam conversando? - a caçula entrou como um furacão no cubículo e destravou o último botão com incrível facilidade, aliviada por não estar mais conversando com uma parede.
- Acho que naquela festa chata que nós fomos por último. - sentou no vaso.
- Ahhh… - Ortega assentiu. - Bom, eu não faço ideia do que passa na cabeça de vocês sádicos doentios. Desisti de tentar entendê-los.
- Você já parou pra considerar que o cérebro do seu primo está permanentemente danificado?
- Bom, eu achava que ele só não valia nada mesmo, mas agora, se ele está dando em cima de você, a família pode começar a considerar uma intervenção.
- É o melhor a se fazer, tirar esse doente das vistas da sociedade. - Meester falou séria. - Sai.
saiu da cabine enquanto se vestia de volta e foi até o espelho, retocar o gloss que tinha no início da noite mas que foi substituído pela gordura da pipoca ao longo da noite.
- Você trouxe seu cartão? Esqueci o meu com o Liam e eu preciso levar um refrigerante pro Harry. - pediu.
- Até tenho alguns cartões na bolsa mas não pra comprar comida pro Harry. - a garota abriu a porta e fitou a melhor amiga com um olhar assombrado.
- Mas não é comida, - sorriu adoravelmente, correndo o risco de tomar um banho com a água com a qual lavava as mãos. - é bebida.
- Eu não compraria nem remédio pra salvar a vida dele.
Ortega a encarou feio.
- você tem que parar com isso e falar com o Harry.
- Falar o quê? - talvez cederia se não estivessem com mais outras sete garotas ali dentro.
- Que você sente muito pela perda dele, que gostaria de se oferecer para ajudá-lo no que quer ele venha precisar. - a mais nova se aproximou o máximo que pode e cochichou.
- Você surtou, .
- Ele precisa de você, . - Orteguinha falou suavemente.
- Não precisa. Não mais. - de repente pareceu cansada - eu acredito que ele deixou bem claro que já teve tudo o que precisava de mim.
- Você disse que gostava dele, e agora o Harry está passando por um momento horrível e você nem ao menos dirigiu a palavra a ele, como você acha que ele se sente?
- Eu estava lá, todo o tempo. - ela resmungou entredentes, irritada em extremo.
- Bom, eu sei disso. Mas ele esteve em choque o tempo todo, não é como se fosse lembrar da sua generosidade em comparecer.
- O que você quer que eu faça?
- Só… - a caçula suspirou e coçou a testa - fala com ele, não precisa ser agora, nem hoje. Mas conversem. Eu tenho certeza que ele não vai te recusar.
- Você é insuportável. - ela reclamou, arregaçando a porta do banheiro. - O que você está fazendo aqui, Payne? - cruzou os braços ao se deparar com o amigo, que supostamente deveria estar nas arquibancadas, ali, em frente ao banheiro feminino do ginásio.
Já não bastava ser pressionada à beira da insanidade por Ortega, agora tinha que lidar com Liam e sua natural ignorância.
- Indo ao banheiro. - Liam apontou para o seu destino final, piscando para .
Que feliz coincidência, não?
- Ai meu deus, vocês não conseguem mais ficar longe um do outro. Pelo amor de deus. - a morena não precisou de muito para entender que não haviam coincidências ali. - Você por acaso trouxe uma blusa extra? Eu estou com frio.
- Aham, no carro. - o rapaz respondeu sem nem olhar para ela, já que estava sorrindo como um panaca para , que ria de alguma piada interna que Meester obviamente perdeu.
- Me dá a chave. - estendeu a mão.
- A chave do jaguar? - ele riu e falou baixinho: - Vai sonhando...
- Você veio no jaguar? - Meester arregalou os olhos, um sorriso maquiavélico desenhou-se em seu rosto e agitou os dedos, com a mão ainda no ar, esperando para tocar na chave.
- Eu te proíbo de tentar dirigir aquele carro, . - Payne ergueu o indicador, aterrorizado com a visão de uma que não tinha experiência com volante, lançando o carro de seu velho contra a mureta do estacionamento.
- Eu tenho uma carteira de habilitação, sabia? - a morena mostrou os dentes, mas o casal não teve coragem de chamar aquilo de sorriso. - Além do mais, uma voltinha no estacionamento não vai fazer mal a ninguém.
Ok, agora ele estava tendo calafrios reais.
- … - Liam a alertou enquanto abria a mão, reticente, e deixava que ela pegasse a maldita chave.
- Você é um imbecil. - Meester comunicou, andando sem pressa pelo corredor.
Payne sorriu condescendente para a namorada ao seu lado que via a amiga afastando-se em direção ao estacionamento: - Vamos voltar para o ginásio?
- Você não ia ao banheiro? - a caçula questionou com as sobrancelhas juntas.
- É verdade! - o mais velho só então percebeu que tinha um propósito maior em mente ao sair da arquibancada, não apenas entregar as chaves do carro do pai para Meester que podia destruir toda a Eton tendo aquela arma branca em mãos.
- Me dá o meu cartão. - pediu levantando a mão, vendo-o tatear os bolsos traseiros do jeans em busca da carteira - Eu preciso levar um refrigerante para o Harry. - explicou recebendo o pequeno retângulo de plástico.
- Por quê?
- Porque ele me deu o dele e agora eu quero devolver.
- Você não tinha comprado um suco quando chegamos?
- Sim, mas o Niall pegou. - deu de ombros, brincando com o cartão nas mãos, sem prestar atenção na confusão do namorado que não fazia questão de entender a lógica daquela confusão.
- Eu vou ao banheiro e a gente se encontra na entrada do ginásio para voltar para a arquibancada. - avisou e a menina concordou com a cabeça, dando-o um beijo na bochecha e saindo em direção ao restaurante para aguardar na fila.
Ortega tinha certeza que Liam sairia e ela ainda estaria esperando sua vez de fazer seu pedido, mas não contestou ao receber as instruções do rapaz que minutos mais tarde fazia exatamente o que a garota sabia que iria acontecer e a se posicionava ao lado dela.
Quando finalmente conseguiram retornar ao jogo e Payne guiava pela multidão que ficava cada vez mais eufórica e impossível de transpassar já que seus times ficavam cada vez mais perto do jogo final, levaram um tempo maior que o agradável para conseguir chegar aos amigos que já haviam se dividido em subgrupos.
Louis e gritavam colados ao alambrado que não permitia a invasão da torcida na quadra, mas praticamente não servia de nada já que era facilmente transpassável. Niall, Harry e permaneciam nos mesmo assentos desde o início da noite e estava do outro lado da quadra conversando com o colega do jornal responsável pela coluna de esportes, ele com certeza tinha informações valiosas que a ruiva com toda sua autoridade e falta de delicadeza o fazia lhe contar.
- Seu refri, Harry. - Ortega o entregou e o garoto a mirou por breves segundos tentando recordar-se se havia a pedido para comprar algo para ele.
- Ahh! - lembrou-se do favor que havia feito e rolou os olhos por sua falta de memória, sorrindo agradecido. - Não precisava, . - falou já abrindo a lata.
A morena riu do amigo, descendo as arquibancadas correndo para se juntar a Tommo e princesinha Styles que pulavam devido uma cesta do time adversário ter sido interceptada por um equipe que não era a Eton. Sim, o time da casa estava em seu intervalo enquanto outras escolas competiam, e Louis e decidiram brevemente para quem torciam.
O primogênito Styles suspirou levando sua bebida aos lábios. não havia voltado com Liam e . Varreu toda a quadra com os olhos verdes, concluindo que a maioria das pessoas assistia ao jogo empolgada, gritando, torcendo e se divertindo, quem não prestava atenção no basquete conversava e ria com os amigos.
Harry queria chorar.
Era o que mais fazia nas duas últimas semanas e seu pai sabia disso, portanto basicamente o obrigou a ir ao evento esportivo com os amigos. Des não tinha mais ideia do que fazer para suavizar a cruz que o filho carregava, além de ter conhecimento de que não havia nada a seu alcance para de fato ajudar Harry. A dor precisava ser sentida.
O rapaz respirou fundo, expirando o ar lentamente, alheio a algazarra ao seu redor agora que a Eton voltava a quadra e os alunos da casa, que tinha a maior torcida, gritavam eufóricos. Colocou a lata de refrigerante entre as pernas para evitar uma tragédia e além de tudo deixar o ginásio com as calças molhadas. Fechou os olhos e escondeu o rosto nas mãos, enquanto mantinha os cotovelos apoiados nos joelhos.
A cada dia enfrentava um leão e sentia que não conseguiria mais seguir em frente. As pessoas lhe falaram que ao passar dos dias ficaria mais fácil e ele finalmente poderia pensar em Anne com alegria e não com dor no coração que era apunhalado a cada menção do nome da atriz. Mas todos eles mentiram, porque a cada noite Harry chorava com saudade da mãe e a cada manhã o sentimento aumentava.
Lembrava-se do grande choque que o falecimento da mãe causara. Em redes sociais, jornais, revistas, tablóides, tudo o que se via era que a atriz de Hollywood, Anne Cox era vítima de uma insuficiência renal crônica, que causara seu falecimento prematuro. Agora, duas semanas após o funeral em Los Angeles, Califórnia, todos seguiram suas vidas e esqueceram-se de Anne. Ninguém a mencionava, ninguém se recordava de seus trabalhos, seu sorriso, ou sua personalidade cativante. Todos pareceram supera-lá rapidamente e a comoção gerada não significava nada além de hipocrisia e marketing.
Harry não podia culpá-los. No dia seguinte ao funeral, no momento em que acordou e a súbita lembrança dos acontecimentos do dia anterior nem ao menos esperaram ele se colocar de pé para açoitar sua mente, desejou que pudesse esquecê-la rapidamente e superar tudo aquilo como se nunca tivesse acontecido. Então ele chorou, envergonhado por não ser forte o suficiente, culpando-se por querer esquecer a mãe e desesperado pois com certeza em breve não se recordaria de como era ser abraçado por ela, do som da sua voz, a cor de seus cabelos e olhos, seu sorriso, cuidado e amor.
- Harry? - apoiou a mão em seu ombro, estranhando a silêncio e a reclusão do amigo. O rapaz levantou o rosto subitamente, despertando de seu transe e tentando sorrir, fitou a loira ao seu lado, com expressão preocupada. - Tudo bem? - questionou sabendo que não.
- Sim!
- Okay. - Hilton concordou mirando-o esperando por algo maior que aquilo, mesmo tendo em mente que o menino não queria conversar sobre seus infortúnios com ela, muito menos no meio de uma torcida ensandecida.
- Eu - parou um momento para analisar suas opções e ter certeza que definitivamente não se encaixava no grupo o qual se encontrava naquela noite - vou para casa.
- Também estou cansada. - admitiu, cobrindo os lábios com a mão a fim de esconder um bocejo - Acho que vou roubar sua ideia e vou para casa também. Vou ligar para o motorista dos meus pais. - falou procurando pelo celular na bolsa de couro rosa.
- Vou avisar alguém que estamos saindo. - disse, levantando-se e descendo um degrau para ir ao encontro de Payne que estava em pé como todo o restante da torcida que assistia apreensiva o jogo que levaria o time vitorioso para a final. - Liam…
- Harry! - o moreno apertou o ombro do amigo, sem ao menos encará-lo, com os olhos presos no jogador da Eton que atravessava a quadra sozinho em direção a cesta e saltou para fazer uma cesta de 3 pontos que infelizmente não entrou. - Caralho! - gritou indignado passando as mãos pelos cabelos - Você viu isso?!
- Decepcionante. - Styles foi sincero, pois também assistia ao lance e havia esperado o menino da Eton terminar sua jogada para então conversar com Payne. Agora que ele não havia conseguido angariar os pontos para a equipe da casa, Harry concluia que apenas perdera tempo. - Avisa a , por favor, que eu to indo para casa?
- Ahan. - acenou positivamente com a cabeça, vidrado no jogo.
- E fala para ela não dormir no Niall porque meu pai me fez prometer que levaria ela para casa.
- Ahan.
- Ah, e avisa também que a também está indo embora.
- Tá.
O cacheado riu da fixação do amigo pelo que se passava na quadra e bagunçou os cabelos dele antes de deixar a arquibancada com atrás de si, segurando a barra de sua camiseta para conseguir passar pela euforia dos adolescentes.
- Eu pensei que ia ser engolida pela multidão. - a loira brincou ao chegarem na área externa do ginásio. Arrumava sua blusa e passava as mãos pelos cabelos, falando alto ainda acostumada com o alto burburinho da torcida.
- Onde você vai esperar? - indagou, prendendo uma risada porque achava que aquela era a primeira vez na vida que via Hilton aumentado o tom de voz e o mais engraçado era que ela não tinha noção daquilo - Eu te faço companhia.
- Não precisa se incomodar, eu…
- Deixa de ser boba, ! - resmungou, rolando os olhos.
- Está bem… - falou, deixando os ombros caírem, envergonhada pelo inconveniente que causava ao rapaz - Vou ficar no estacionamento da reitoria, o do ginásio está lotado. - constatou passando os olhos pela extensão do local.
- Vamos lá então.
Esperaram o motorista dos Hilton por vinte minutos, sentados na calçada, um ao lado do outro, conversando sobre o que certamente não se lembrariam no dia seguinte, no entanto, felizmente Styles pode tirar da mente parte da tristeza que o perseguia nos últimas semanas, mesmo que por pouco tempo.
Nem sentia tanto frio assim, mas precisava de espaço e voltar lá para dentro agora parecia sufocante. Cada canto daquela maldita escola estava ocupado, grupos, casais e solitários dividiam o espaço, cada qual com interesses e motivações distintas, mas compartilhavam o desinteresse pela competição que corria solta lá dentro.
Qual não foi sua surpresa quando encontrou dois modelos idênticos, ao menos sob a parca iluminação do lugar. Resolveu arriscar no carro com a placa GSP, que coincidiam com as iniciais do Sr. Payne.
A trava do carro era silenciosa e a garota mordeu o lábio, tentando debilmente conter a excitação enquanto tocava na maçaneta. Passou a mão sobre o estofado de couro e respirou profundamente o aroma do polimento dos bancos, descobrindo que sentar ali por alguns minutos seria duplamente bom: primeiro ela poderia desfrutar da honra e do imenso prazer de estar em um verdadeiro clássico, e depois, Liam ia ficar morto de preocupação achando que ela estava demorando porque estava destruindo o pobre automóvel.
Se esticou sobre o banco para alcançar a jaqueta e decidiu não ficar, em caso de algum mal acontecer ao carro e Payne acabar culpando-a.
- Você sempre se comporta assim perto de carros? - uma voz ressoou na escuridão.
gelou por inteiro e soltou a roupa no chão, pronta para atacar seu algoz com a ponta da chave, mas antes que pudesse sequer reagir, Malik se aproximou, encostando-se contra o carro gêmeo.
- Mas que desgraça? - a morena falou alto, recuperada do susto. Fechou a porta e travou o veículo antes que outro idiota resolvesse assustá-la e ela saísse correndo antes de sequer trancá-lo. - O que você está fazendo aqui, inferno? Não cansou de me perseguir?
- Eu já estava aqui quando você chegou, . De novo. - Malik mentiu, derrubando as cinzas de seu cigarro em cima da bota dela.
A menina pensou em pontuar que não havia ninguém ali quando ela chegou, ou mesmo repetir o quão imbecil ele era, mas para isso precisaria decidir que o rapaz valia a pena. E como não era esse o caso, conformou-se em mirá-lo por um momento e seguir o caminho de volta para o ginásio.
Vendo a sua única chance da noite escapar, ele a chamou:
- Meester?
- Sim? - ela bufou mas virou.
Ao invés de falar, Zayn soltou a fumaça demoradamente, e o que aparentava mero relaxo era na verdade um artifício para ganhar tempo. Ele estava prestes a dar um passo sem volta e sabia que tudo mudaria uma vez que falasse.
A imagem de e Harry rindo, juntos, bruxuleou em sua memória e ele perguntou:
- Você acha que o Harry e a vão demorar quanto tempo para assumir que estão juntos?
- O quê? - soltou uma risada estrangulada, caminhando mecanicamente até que estava de frente para Zayn.
- Quanto tempo o Harry e a vão…
- Eu ouvi o que você disse, Malik. - ergueu a mão, interrompendo-o com impaciência. - Quanto exatamente você fumou antes de criar uma ideia dessa?
- O quão chapado você acha que eu estou agora? - ele piscou lentamente.
- Muito.
- Tudo bem, eu fumei muito mesmo. Mas você sabe que não afeta os olhos.
- Não podemos falar o mesmo do entendimento… - Meester murmurou certa de que agora ele havia ficado louco de vez.
- Você não está acreditando em mim, não é? - Zayn suspirou, achando aprazível o trabalho de convencer a tolinha. - Vamos fazer uma aposta então. Observe-os pelo tempo que achar necessário, o que eu creio que não vai ser muito já que todos sabemos que você não é estúpida.
- Se você estiver errado, o que eu ganho?
- Hmmm… O que você quiser.
- Você não tem nada que eu queira, Malik.
- Eu tenho respostas.
- Respostas?
- Nunca se perguntou por que vocês terminaram tão abruptamente?
- Eu não preciso de você pra encontrar a resposta. - um lampejo de dor perpassou seu rosto antes de afogar-se na estudada indiferença de sempre.
"Eu não nos vejo em algo maior que isso".
"Nós vamos chegar a lugar nenhum".
"É tudo uma brincadeira".
Não precisava de que jogassem em sua cara a penosa rejeição, Harry havia feito um trabalho fenomenal em deixá-la sentindo-se um saco de lixo. Ainda agora, quando a voz rouca ecoava em sua cabeça, repetindo pela milésima vez as sentenças cruéis, ela sentia vontade de vomitar.
- Você tem razão. - Zayn deu de ombros, parecendo entender as entrelinhas de sua convicta afirmação. - Tudo bem, se eu estiver errado, você se livra de mim pra sempre. E não, eu não vou morrer.
- Que pena. - replicou.
- Se eu estiver errado, nós não vamos pra mesma universidade. Eu prometo não escolher a mesma que você. Já imaginou isso, uma vida sem mim? - Malik propôs. jogando no chão a bituca e pisando preguiçosamente sobre.
Ela cerrou os olhos e cruzou os braços:
- Você não teria coragem…
Agora que tinha a atenção dela, o rapaz deu um sorrisinho charmoso e se inclinou para a frente, pronto para fechar aquele negócio:
- Eu deixo meu carro com você como garantia. Fique com ele até vencer o prazo de matrículas. - prometeu.
Sabia que estava apostando alto, mas de acordo com suas próprias convicções, não teria dificuldades de ver que em um curto espaço de tempo, estaria onde ela mesma esteve uma vez: na cama de Styles.
- Okay… E o que eu terei que te dar se você estiver certo? - não parecia tomar o assunto com a mesma seriedade e riu, zombando da mera ideia dele ter alguma razão.
Mas Zayn sorriu de verdade, sorriu e então era lindo como um anjo:
- Você, querida , vai ao baile de formatura comigo.
A proposta parecia tão absurda que a morena não teve outra opção, senão aceitar e esperar que o garoto saísse do estado chapado em que devia estar, para lembrar da idiotice sem tamanho que sugeriu e depois morrer de vergonha.
Ah, ela iria ganhar um carrão e ainda se livraria da companhia escrota de Malik pelos próximos anos.
Entretanto, a confiança da vitória durou até que ela colocou os pés no ginásio.
tentou focar no jogo, voltar a se entusiasmar com os arremessos e dribles, comemorar as cestas e zombar da torcida adversária, mas tudo o que os seus olhos viam eram Harry e . Harry e rindo, trocando confidências, se tocando discretamente, comentando o jogo como se fossem melhores amigos.
O restante daquele set passou como um flash pelos olhos da morena, que estava tentada a ir até os dois e congratulá-los por tamanha discrição.
Se Malik não a tivesse alertado, provavelmente se passaria um mês inteiro até que começasse a sequer suspeitar do envolvimento. Mas agora estava tudo tão claro, e ela se sentia idiota!
É claro que fazia todo sentido que eles acabassem juntos, mas isso não significava que doía menos.
Questionou-se se algum dos amigos sabiam, e o que começou com um "talvez o Niall e o Louis…" concluiu-se com a certeza de que todos sabiam mas ninguém teve a coragem de lhe contar.
- Dá pra parar com essa cara de morte? Nós estamos ganhando! - , passando com dois baldes grandes de pipoca e alguns chocolates vazando de seus bolsos, a censurou.
A reprimenda despertou-a de suas considerações macabras e ela percebeu que Styles já não estava mais ali. Nem .
Procurou Ortega, para interrogá-la, mas ela estava distante, pulando com e Louis. Não valia a pena ir até lá, além do mais, a mais nova não a deixaria mais em paz após a pergunta. Por isso ela teve que se submeter a prestatividade do melhor amigo:
- Cadê o Harry?
- O Harry? Foi pra casa, eu acho… - Liam respondeu desinteressado, ele estava tendo o momento mais intenso do ano e não se importava se Styles estivesse na puta que o pariu.
- E a ? - continuou pressionando-o, angustiada, varrendo o lugar com os olhos perspicazes.
- Eu não sei, eles não saíram juntos? - Payne franziu o cenho, procurando se lembrar do que exatamente Harry havia lhe dito, mas ele não relembrou porque não estava prestando atenção.
- Eu não estava aqui, Liam. Por isso estou te perguntando.
- Bom, eu não sei e não me importo. Sai da frente.
A possibilidade de que o casal estava indo embora dali, juntos, foi um mais aterrorizante do que a vontade de dar um soco em Liam. O estômago de revolvia em um grande mal estar, e ela tropeçava nos próprios pés enquanto esbarrava e empurrava qualquer empecilho a sua frente. Não sabia porque estava indo lá fora, correndo o risco de ver algo muito cruel, entretanto não tinha controle sobre seus pés, ela precisava ir lá, tinha que encontrá-los. Quem sabe ainda estivesse sozinha, esperando por seu motorista, ou o próprio Harry tivesse apenas ido checar o carro do pai…
Qual não foi sua terrível surpresa ao ver que não havia nem sinal de Hilton ou do carro do Sr. Styles ao mesmo instante em que foi dominada por um sentimento primitivo que apossou sua mente, envenenando-a com a mágoa, a traição e a sensação dilacerante de ser uma grande idiota que podia ser facilmente substituída.
Indisposta e sem ânimo para continuar no jogo, pediu para Alfred vir buscá-la.
Amanhã ela resolveria-se com seu coração, mas agora só precisava descansar.
Um novo dia amanheceu e os ânimos renovados, somaram ao sono imperturbável e o delicioso café que foi servido em sua varanda agradavelmente decorada com gardênias brancas e azuis, o sol das duas horas parecia envolver-lhe com calor aconchegante enquanto a brisa suave se encarregava de revolver os fios negros de seu cabelo com a mesma harmonia que seu robe branco, caindo pela cadeira, flutuava e os pés descalços balançavam pacificamente.
Respondeu a mensagem de , exigindo explicações de porque foi mais cedo para casa e avisando que ela e Liam viriam passar a tarde a morena, ignorou os três grupos de sua família mas respondeu a mensagem em privado que a avó lhe mandou. Bloqueou a tela quando viu que estava tentando fazer uma chamada de vídeo e se dedicou a atacar a refeição.
Encostou sua xícara sobre a mesa, lembrando-se do drama da noite passada com outros olhos e encontrou espírito o suficiente para inclusive encontrar certo humor na sequência de acontecimentos bizarros.
Pegou o celular novamente e navegou entre seus poucos contatos salvos, percebendo que não tinha o único que procurava, foi então ao grupo com os outros nove e buscou nos participantes o número de Zayn, discando-os mecanicamente, mas não foi atendida. O rapaz, que estava na casa de um tio, esperando a hora da sobremesa, ficou atônito ao pesquisar e descobrir quem estava ligando e retornou imediatamente.
- Há quanto tempo você sabia? - disparou, ajustando a postura sobre a cadeira para não acabar engasgando no meio da conversa que considerava relativamente importante.
Fazer Zayn se sentir mal era relativamente importante para ela.
- Honestamente eu não tinha certeza, mas a sua ligação confirma minha suspeitas. Eles estão juntos mesmo… - Zayn foi franco, sentindo-se inesperadamente infeliz por estar certo.
Ainda restava um resquício de esperança de que esteve vendo demais e aceitaria de bom grado abrir mão de seu carro adorado e seu futuro acadêmico pela certeza de que nada havia entre seu amigo e sua ex namorada.
- Eu não fazia ideia de que você estava tão desesperado assim pra sair comigo, Malik. - a morena alfinetou, guiando-os até o ponto central daquela conversa esquisita e inusitada.
- Do que você está falando?
- Você sabia o que estava acontecendo e usou a informação pra garantir que eu fique presa a você no baile. - acusou.
- Você se tem em alta conta, . - malik riu, não deixando que a demora na réplica abalasse sua confiança.
- Não existe piadinha ou graça nisso, babaca. Eu esperava que você tivesse a capacidade de brincar sem jogar sujo. - ela voltou a falar sério. Assim que o rapaz assumisse a trapaça, ela daria por encerrada a aposta e a ligação.
- Não estou fazendo nada que você não faria também para alcançar um objetivo, querida. - ele fez sua alegação, certo de que a acusação o livraria do papel de carrasco.
- Ahhh, muito justo então! - ironizou enquanto abandonava a mesinha vitoriana e ia até o closet. - E qual seria esse nobre objetivo, Malik?
- A grande oportunidade de desfrutar da sua… - Zayn pigarreou, fingindo procurar a palavra certa: - deliciosa companhia.
- Ou fazer ciúmes pra .
- O quê?
A voz do garoto ficou mais aguda mediante a menção da loira e sentiu-se tão empolgada que quase aplaudiu sua própria astúcia:
- Muito bem! Chegamos a um entendimento, Malik! Você quer deixar a com ciúme de você… Idiota. - reiterou a advertência, pronta para desligar a ligação agora que havia desmascarado as intenções do outro. - Quantas vezes eu te falei que ela é boa demais pra você? Eu avisei!
- Jesus, você é mais surtada do que eu imaginava. - o moreno ridicularizou a teoria absurda.
Ou tentou.
agora estava incontrolável e ninguém poderia contê-la.
- É mesmo? Me fale mais! Eu estou me divertindo com o seu fracasso épico.
Zayn percebeu que poderiam passar a tarde toda naquela conversa sem fim, já havia deixado a morena falar demais e tudo o que concluiu foi que ela estava tentando, por todos os meios, livrar-se dele.
Não tão rápido, Meester. Não tão rápido.
- Meester, por um acaso a sua intenção com essa ligação é voltar atrás com a sua palavra?
- Claro que não. - defendeu sua honra com admirável rapidez.
- Ótimo. - Malik pareceu satisfeito, voltando às banalidades do papo: - Porque eu preciso saber a cor do seu vestido para a minha gravata.
- A sua gravata?
- É. Se bem que, se não for um problema pra você, eu quero abrir mão da gravata e usar um suspensório. - divagou.
- Eu não me importo se você vai usando a sua jaqueta de couro de merda e chinelos. - ela interrompeu, indo até a janela da frente para ver o jipe verde de Liam se aproximando da casa.
Hoje a residência estaria lotada. Já que, até onde ela sabia, Oliver, Josephine e as gêmeas estavam lá embaixo almoçando com seus pais, o que a lembrou que precisava descer para entregar alguns (muitos) presentes que havia comprado para as meninas no último mês.
- Até mais, Meester. - Zayn cantarolou alegre, finalizando a ligação enquanto ainda mantinha o poder sobre a conversa.
Ele levaria ao baile, conseguiria vencer a aposta eventualmente e ainda sim, se sentia extremamente infeliz.