Última atualização: 01/09/2020

Parte 1

tinha apenas dezessete anos nas costas, mas sentia que poderia começar a perder os cabelos por estresse a qualquer momento. Como se não bastasse ter preocupações com os N.I.E.M’s (Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia), havia o teste de Aparatação e, ainda, o Quadribol.
Os não tinham nenhum gene ou aptidão para o esporte, era sensata o suficiente para reconhecer isso. Ela também não era a maior fã de vassouras, limitava-se a torcer enlouquecidamente das arquibancadas. Olívio Wood teria um treco, se ela alguém ousasse interferir no time perfeito que ele criara com muito custo.
A entrada de Harry Potter parecia ter iluminado o humor do colega de casa, uma vez que a nunca mais ouviu o capitão e goleiro do time choramingar de saudades de Carlinhos Weasley. Entretanto, nem mesmo as vitórias que o novo apanhador estava trazendo pareciam tirar a casa da, aparentemente, infinita maré de azar.
A taça simplesmente não parava neles.
se ocupava com o Guia de Herbologia de Goshawk, que tinha emprestado da biblioteca do castelo, quando Wood surgiu eufórico das escadas dos dormitórios masculinos.
— Esse ano é nosso, eu posso sentir! – o septanista repetia alto, como se fosse um lema, entre um degrau e outro, arrastando os demais colegas presentes para a empolgação.
Ao terminar o lance, o olhar determinado de Wood se cruzou com o de apenas por um instante, tempo suficiente para vê-la de cara feia e, em seguida, fechar o livro que lia com brutalidade para então deixar o cômodo.
Olívio quis suspirar.
Eles não estavam nos melhores termos e ele infelizmente não tinha tempo para resolver isso: a taça de Quadribol não iria esperar por ninguém. Esperava que, ao menos, entendesse, mesmo que ela não tivesse essa obrigação.
Alguns grifinórios que estavam no salão também perceberam o acesso de raiva repentino de . Esses deram os ombros com um ponto de interrogação na testa.
— Maluca... – alguém soltou, antes de voltarem a cumprimentar o goleiro.
— Vocês vão treinar agora, Wood?
Ele balançou a cabeça em concordância, enquanto tentava afastar outros pensamentos que o desviariam do foco no momento.
Dentro do vestiário, diante dos outros seis jogadores excepcionais que compunham o time da Grifinória, Olívio sentia um nó nascer na garganta.
— Esta é a nossa última chance... A minha última chance... – corrigiu, andando nervosamente de um lado para o outro – De ganhar a Taça de Quadribol. Eu me formo este ano e então, nunca mais terei outra oportunidade.
A equipe voltou a assegurar que a taça seria deles, para o conforto do capitão. Manteriam as táticas impecáveis e bastaria Merlin querer. Afinal, depois da Pedra Filosofal e de um Obelisco nos subterrâneos de Hogwarts, nada poderia ser pior.
Ao colocar os pés em campo e levantar voo para colocarem algumas jogadas em prática, Wood avistou no meio de outros telespectadores da casa, como sempre.
Fizesse calor ou frio, estivessem juntos ou nem tanto assim, ela estava sempre lá.
Percebendo que estava sendo encarada, virou o rosto para o lado de maneira sutil. Os dedos finos se agarraram contra os tecidos do uniforme. O exemplar de Herbologia ainda a acompanhava, como um desculpa para ela mesma de que não estava deixando de estudar pelos os treinos de Quadribol.
Desde que tinha pisado em Hogwarts, nutria uma paixão por acompanhar o esporte. Apesar de estar rodeada por magia o tempo todo, ela sentia que com o Quadribol era diferente. Havia um “quê” a mais. A tensão e aflição por não saber o desfecho das partidas, a dedicação que todos os jogadores colocavam pelos outros e as comemorações no salão que criavam após cada vitória.
Com o avançar das partidas, percebeu que havia outra coisa que gostava de olhar. Mesmo que involuntariamente, reparou que os olhos curiosos e ansiosos sempre recaíam para a figura que sobrevoava perto dos aros. Não importasse onde estivesse o balanço ou o pomo, ela sempre voltava para o Wood em busca de suas reações.
Uma vontade súbita de esmurrar alguém se fez presente.
A obsessão de Olívio com o Quabribol criava uma dualidade dentro dela que fugia do controle. Ela era apaixonada pelo cara que se doava por todos, pelo jogador habilidoso e líder-nato que representava, mas perdia a cabeça e se irritava na mesma intensidade com a falta de cuidados dele.
Olívio Wood não parava. Não respeitava o próprio tempo para se recuperar e nem o dos outros. Criava treinos com carga pesada e não ouvia, ou pelo menos fingia muito bem que não, os protestos dos jogadores. não tinha dúvidas de que, se pudesse, o capitão já teria dado um braço pela taça. Nada e nem ninguém nunca teria tanto espaço na vida dele quanto o esporte.
E isso bagunçava os sentimentos dela.
Ao fim do treino, se dirigiu lentamente de volta ao dormitório, assim como os demais colegas. Se arrastando em passos mínimos, foi ficando para trás até estar só pelos corredores.
!
A garota virou para trás, deparando-se com Wood tentando a alcançar, ainda com as vestes do treino. Depois, olhou para todos os lados, apreensiva. Por fim, sinalizou com o dedo indicador em frente à boca para que ele não fizesse estardalhaço.
— O que foi? – o jogador não entendeu.
— Diferente dos jogadores, não tenho permissão para estar fora da cama nesse horário. – ela revirou os olhos, pela informação óbvia.
Em resposta, Wood ofereceu um sorriso ladino que fez o coração dela vacilar um pouco.
— Esqueceu que Percy é o monitor-chefe? – relembrou, acreditando que teriam passe livre por dividirem o dormitório.
— E daí? – devolveu prontamente, de jeito infantil – Aquele chato não pouparia ninguém. Além disso, ainda seria só o meu pescoço na corda, querido. E sinceramente, não sei quem é pior: Percy ou Filtch.
Olívio riu.
— Só queria dizer que fiquei muito feliz por te ver no treino.
forçou uma tosse antes de lançar a mentira mais descarada:
— Eu, com certeza, não estava ali para ver você. Estava tomando um ar. – cruzou os braços, na defensiva, desengonçada, visto que o livro que insistia em arrastar para todo o canto atrapalhava a pose.
O garoto riu outra vez antes de começar a se mover sorrateiramente, diminuindo a distância entre os dois, fazendo recuar até as costas encontrarem as paredes.
— Não muda o fato de que a sua presença torna a paisagem mais bonita, . – Wood sussurrou com a boca quase se encostando na dela.
A grifinória só teve tempo para arfar até sentir a língua dele a invadindo mais uma vez. O corpo que antes estava tenso, sob negação, foi amolecendo com os toques.
O casal perdeu a conta de quanto tempo ficou ali, um ocupado com a boca do outro, tão entregues. Então, a falta de ar veio e os fez afastar.
— Estamos de bem? – quis saber.
Enquanto se abaixava para pegar o resto da dignidade e o exemplar de Goshawk que as mãos tinham largado, para se ocuparem com a nuca do jogador, esclareceu:
— Vai precisar mais do que isso, Wood.
Apesar da carne ser fraca, tinha convicção de que precisaria mais do que sorrisos calorosos e uma língua habilidosa para se deixar levar.
E mesmo com o teor cômico na entonação, o goleiro sabia que ela falava sério.


Parte 2

Aquilo estava ficando ridículo, pensou , revirando os olhos para si. Deu a desculpa de que a loja estava muito cheia para as amigas e saiu adiantada da Zonko’s, não sem combinar antes de se encontrarem mais tarde no Três Vassouras.
Os terceiranistas se espremiam para entrar na loja, como porcos fugindo do abate. Na vitrine, mais outros deslumbrados. Deu uns passos e se apoiou na fachada para fingir que limpava a neve das botas. Do canto dos olhos, viu uma figura familiar parar também.
Era a primeira visita à Hogsmeade naquele ano e ela já estava exausta.
Crispou os lábios, zangada, e marchou para pedir satisfações.
— Está faltando o que fazer, Wood? Para de me seguir!
O capitão do time de Quadribol arregalou os olhos pelo flagra inesperado, mas recuperou a postura, rápido. Esperando que as bochechas quentes não estivessem o denunciando, contrariou-a:
— Eu não estava fazendo nada disso. – cruzou os braços, como percebeu que a garota sempre fazia quando queria negar o óbvio.
— Certo, então foi só coincidência você estar em todas as lojas que eu estive com as outras, ao mesmo tempo? – debochou.
— Estávamos nos mesmos lugares? – devolveu a pergunta, fingindo espanto – Eu nem percebi, mas as lojas são sempre as mesmas, então é natural que nos encontremos em algum canto ou outro. Você, por outro lado, parecia muito ocupada me rastreando. – sorriu vitorioso.
puxou todo o ar que os pulmões podiam abrigar, pronta para entrar em outra discussão interminável apenas pelo deleite de ver quem cedia primeiro. Contudo, deixou todo o oxigênio escapulir em seguida.
— Tudo bem, estou cansada disso. Somos duas pessoas bem maduras, pod... – os olhos se arregalaram.
Como se estivessem em câmera lenta, acompanhou o corpo forte de Wood se desequilibrar e ir para frente. Ergueu as mãos para frente do próprio corpo, na tentativa de se proteger do baque, e acabou arrastada do mesmo jeito, cambaleando para trás, sentindo um braço envolver sua cintura de forma protetora no processo.
— Olha só o casal de namoradinhos mais patético de Hogwarts.
As risadas de Marcus Flint e Graham Montague puderam ser distinguidas no meio de todo o caos do povoado.
— Achei que não fizesse mal às baratas, Flint. – caçoou Montague.
— Essas são tão insignificantes que nem vi! – replicou maldoso.
— Flint. Montague. – Olívio pronunciou, desgostoso, virando o rosto para os inimigos, mas suas mãos ainda envolviam os braços de .
— Wood. – o capitão da Sonserina arqueou as sobrancelhas com a usual expressão infame.
tinha o maxilar contraído.
Se tinha alguma coisa que poderia unir a comunidade mágica era o ódio de todos por Marcus Flint. Em toda a sua vida, nunca tinha dado de cara com alguém tão nojento e odioso.
— Já pararam de trocar sobrenomes, rapazes? Posso quebrar a cara de algum sonserino agora?
Wood estreitou o aperto nos braços, como um sinal para que ela se controlasse. Ele realmente acreditava que não deveria se envolver naquilo. Se tinha alguém que esmurraria as cobras, seria ele.
Apesar da ameaça, os dois recém-chegados da casa rival apenas gargalharam.
— Ainda acho que você teria se dado bem na Sonserina, . Uma pena que tenha se juntado ao bando de perdedores. – ofereceu uma piscada que fez o estômago da única figura feminina da roda revirar
Internamente, agradeceu à Merlin e todos os deuses existentes por nunca errarem. Flint só dizia aquilo, porque sabia da influência dos pais da garota nos Ministérios à fora.
— Caiam fora! Não vou pedir duas vezes.
— Ih! O namoradinho ficou bravo. Vamos, Montague. O ar já está muito sujo aqui.
Marcus não perdeu a última oportunidade e jogou o ombro contra Olívio mais uma vez.
Enquanto o goleiro da Grifinória fuzilava os oponentes, praguejava:
— Ar poluído, sei... Estavam com medo de levar uma surra!
Durante o trajeto até o Três Vassouras, e Olívio atribuíram todos os nomes ruins existentes à Marcus Flint. Era como se amaldiçoar o sonserino fosse um passatempo que lavasse suas almas.
— Ele é tudo de ruim que existe nesse mundo junto.
concordou prontamente, imaginando se o capitão do time da Sonserina já tinha perdido as orelhas naquele momento, de queimar com o tanto que estava sendo insultado.
Dentro do Três Vassouras, já acomodados e com as canecas de Cerveja Amanteigada cheias, Olívio mudou de assunto:
— Esse é o nosso último ano em Hogwarts, deveríamos passar o máximo de tempo juntos.
fez um xis com os antebraços de imediato.
— Ew! – mostrou um semblante de nojo – Eu nunca fui dessas de querer ficar o tempo todo grudada com você, Wood. Prezo pela minha sanidade, mas aqui estamos.
— Espera... Mas não era por isso que estávamos afastados?
— Não, garoto! Eu estava impaciente com a sua paixão doentia pelo Quadribol.
— Que em consequência não deixava tempo livre para ficar com você, . – completou, ignorando como ela enxergava a relação dele com o esporte.
— Também... – ponderou – Mas não é o principal. Nas temporadas de jogos, você fica com um olhar psicopata e cria rotinas doidas, nem sei como o Potter está acompanhando tudo, sendo tão novo.
Mal sabia a septanista, que Harry se limitava a copiar os deveres de Ron Weasley com o tempo que não tinha.
— Se eu não for firme e não treinarmos sério, não conseguiremos colocar a mão na taça...
— E essa é a sua última chance. – completou o raciocínio, dando uma risadinha marota – Sim, conheço esse seu discurso. Apenas queria te lembrar de que se estiver morto até lá, com esse excesso de esforço físico, também não vai tocar na taça, ok?
Olívio revirou os olhos.
— Não acha que é bonita demais para ser chata assim, ? Eu sei me cuidar sozinho e o que é melhor para os meus jogadores.
“Não sabe, não”, devolveu infantilmente, apenas na cabeça. Só de se lembrar da temporada passada, onde o time treinou sob o frio, tempestades, raios e lama, um arrepio subiu pela espinha. Ela estava lá também, acompanhando os treinos.
Olívio Wood e , os dois sobre vassouras, 80 quilômetros por hora, quem seria mais insano?
— Ainda acho que foi um delírio quando os gêmeos Weasley me contaram que você falou ao Harry na última partida: “Pegue o pomo, ou morra tentando”. – gargalhou com o absurdo – Como pode falar isso para alguém com doze anos? É disso que eu falo, precisa ser menos extremo, Wood.
— Você não entenderia. – Olívio olhou para as mãos apoiadas sobre a mesa, com os dedos entrelaçados.
— Eu espero você me explicar. – sorriu sincera.
— Jogar quadribol é tudo o que sei fazer. – a frase saiu esquisita e soube disso quando o encarou como se fosse um maluco – Quero dizer: é o que eu sei fazer de melhor. O que eu quero para a minha vida. É tão errado lutar por isso?
— Não. – a grifinória respondeu por um fio.
— A Taça de Quadribol significa muito para mim. Ela tem um peso diferente. Ela vai ser a prova para todos que eu sou bom o suficiente para passar o resto da vida sobre uma vassoura, que todos os meus esforços valeram a pena. Eu já fui muito longe com todo mundo para parar aqui e afrouxar. Eu sinto muito por fazer você passar por essas coisas também, . – pediu com pesar.
— Não sinta, Wood. – deu um sorriso honesto – Estamos crescendo e construindo o nosso futuro. Você claramente nasceu para o Quadribol, seria idiotice, da minha parte, te segurar. Às vezes, eu surto e nós acabamos brigando. – fez cara de culpada – Mas você tem meu apoio acima de tudo, mesmo que eu diga que não, pelo orgulho do tamanho desse mundo que eu sustento aqui dentro. – indicou o peito, ao mesmo tempo em que os lábios se curvavam em um bico.
O goleiro da Grifinória deu um riso fraco, brincando com as próprias mãos.
Ele não se sentia menos culpado.
De fato, como capitão, ele ainda tinha muitas preocupações. O primeiro jogo que seria contra a Sonserina; os Dementadores que pareciam ter uma fixação pelo Potter e o tempo que nunca parecia suficiente para ficar mais com a garota. Se ele quisesse compartilhar essas preocupações com , não tinha dúvidas que receberia a melhor das atenções, contudo ele não queria. O pouco tempo que tinham poderia ser gasto com outras coisas que não fossem mais aflição para ela absorver.
Agora, Wood percebia como tinha feito uma leitura totalmente equivocada de .
Ela não queria monopolizar o tempo.
Ela só estava preocupada.
e ele tinham se dado bem desde a seleção para as casas. Ela era engraçada, tinha um humor estranho e sempre deixava as conversas mais leves, como agora.
A verdade é que a colega de casa se dava bem com todos, talvez fosse isso que o fizesse se sentir confortável. Não era segredo que ela vinha de uma família rica, com pais influentes, entretanto não era suficiente para tirá-la do chão e a transformar em uma mimada de nariz empinado.
Olívio Wood era grato por ela não ser um Draco Malfoy de saias.
— Vai ser um ano cheio para nós dois, Wood. Nosso último ano. – por algum motivo, não conseguiu abrir um sorriso satisfeito, obrigando-se a forçar a expressão.
— O capitão do time de quadribol e a torcedora número um. Tínhamos tudo para dar certo.
— Temos. – ela corrigiu, firme, fitando as unhas – Quer dizer que desistiu de mim? – arqueou as sobrancelhas, pegando a caneca para dar um gole. Depois de molhar a garganta, levou os cotovelos à mesa para apoiar o rosto em seguida – Teria sido mais fácil eu escolher o Cedrico Diggory para gostar. – comentou distraída, suspirando logo depois – O que acha?
A boca de Wood fez um estalo.
Mais uma vez o boboca do Diggory era referência. O quê as mulheres viam nele? Não conseguiu evitar uma postura carrancuda.
— Eu acho que deveria estar beijando a sua boca.
Ultrajada, a septanista se defendeu:
— Sai para lá, tarado. Eu sou uma moça de família.
— E é por respeitá-los que você não deve contar tudo que fazemos naquele armário de vassouras.
revirou os olhos, mesmo achando graça.
— Pois eu acho que eles entenderiam, se eu explicasse como você fica gostoso quando está bravinho e nos trajes do time. – mordeu o lábio inferior de leve, com os olhos brilhando pela imaginação correndo solta.
Wood enrubesceu.
. – repreendeu com um olhar mortal.
— Exatamente esse olhar. – continuou a provocar.
Para a tristeza dela, foi apenas um fogo de palha. O jogador não tinha entrado no jogo.
— Voltando para o assunto mais sério... – ele limpou a garganta – Não é segredo para você que, este ano, vou com tudo pelo time para quebrar o jejum de sete anos sem a Taça de Quabribol, certo? Para isso, vou precisar aumentar a frequência dos treinos...
— Não precisa se explicar para mim, Wood. Ainda custa para concordar com os seus métodos, mas tem o meu apoio e minha torcida. Como tinha dito: vai ser um ano cheio para os dois. Que sejamos os melhores em tudo que quisermos. – falou serena.
— Eu prometo que vou fazer você se orgulhar. – garantiu, oferecendo um sorriso cúmplice.
— Pode ser. Vamos deixar as coisas acontecerem. Sem cobranças.
— Sem cobranças. – Olívio reiterou.
Em movimentos sincronizados, o casal ergueu as canecas em um brinde.
Agora, eles estavam resolvidos.

Parte 3

Na vida, certamente cometia muitos erros. Era por isso que, às vezes, ela sentia que tinha a oportunidade de evitar algumas burradas antes delas acontecerem.
Com certeza, o que estava vendo metros à frente era uma das chances de rendeção. Os capitães da Grifinória e Sonserina estavam tendo um enfrentamento, sozinhos. Chances altíssimas de dar bosta.Se não conhecesse o ódio que Wood nutria por Flint e vice-versa, juraria que aqueles dois estavam à ponto de se pegar, no sentido romântico da coisa.
suspirou, entendendo que seria a heroína do dia.
Como a boba que não era, sacou a varinha antes de chegar mais perto.
— O que vocês pensam que estão fazendo? – fuzilou os garotos com o olhar, já quase do lado de Wood.
— Chegou no momento certo para ver o seu namoradinho virar pedra, grifinória. – Flint contou – Petrificus Totalus...
Finite Incantatem. conjurou o contrafeitiço na mesma velocidade, anulando o primeiro – Para cima da Grifinória, não. – cantou vitória, exibindo um sorriso orgulhoso.
— Vai vendo, idiota. Expelliarmus.
A varinha dela tinha ido para os ares.
Ansioso com o que poderia se suceder, Olívio sacou a própria varinha e, como se o feitiço tivesse se voltado contra o feiticeiro, Marcus eram quem tinha virado pedra.
No tempo em que foi buscar a varinha há poucos metros deles, a consciência de Wood pareceu retornar ao seu corpo.
— Será que poderíamos escondê-lo ou transformá-lo em uma gárgula para guardar Hogwarts? A cara feia assustaria todos, inclusive Sirius Black. – deu mais uma analisada na obra de arte que Olívio tinha criado – Bem feito.
Antes que o goleiro pudesse repreendê-la e dividir as preocupações à respeito das consequências que o episódio poderia trazer, o medo se tornou real.
— Alunos duelando no meio da escola. Inaceitável.
O tom severo do professor Flitwick fez todos os pelos do corpo do casal se arrepiarem.
Então, o desespero finalmente bateu. Olívio estava pálido, quase hiperventilando. Poderia receber uma suspensão e, naquela altura do campeonato, atrapalhar nos resultados da partida final entre Sonserina e Grifinória.
Como se estivessem compartilhando pensamentos, entrou na frente de Olívio e em um movimento discreto, empurrou as mãos do goleiro para que escondesse a varinha enquanto o mestre de Feitiços tirava Marcus Flint da azaração.
— Fico contente em ver que os meus alunos aprenderam bem os ensinamentos. Porém, acho que o momento e local estão equivocados, senhores.
— A culpa foi minha, professor. – se acusou, deixando os jogadores sem entender – Flint soltou algumas coisas que me ofenderam como bruxa. Perdi o controle e o petrifiquei. Já sinto o peso das minhas ações. – mentiu, baixando a cabeça.
precisou segurar o ímpeto de engolir seco quando o olhar inquisitivo de Flitwick cruzou com o dela.
Ele não estava convencido.
Bastaria uma investigação rápida para checar os últimos feitiços das varinhas do trio e ela seria pega na mentira.
— Você tem certeza disso, senhorita ? — o professor tornou a perguntar, ajustando os óculos sobre o nariz.
Marcus não seria tonto de contradizê-la e assumir o risco de ser castigado, ainda que custasse sua reputação, caso viessem a espalhar que tinha sido azarado por dois grifinórios. Se aquela imbecil queria tomar a culpa, que assim fosse.
Wood não estava contente com os rumos daquilo, mas não iria desmentir a garota e causar mais problemas por ora.
— Certeza absoluta, professor. Seria estupidez eu assumir algo que não fiz, não é? Ilógico.
— Sendo assim, sou obrigado a descontar cinco pontos da Sonserina, pelas afirmações ofensivas à senhorita e cinco pontos da Grifinória por uso indevido de magia e detenção, senhorita . Poderia fazer o favor de me acompanhar? Rapazes, estão liberados.
— Mais tarde a gente conversa. – sussurrou ao companheiro de casa – Fica longe da Sonserina e para de andar sozinho! – ralhou, antes de todos seguirem por lados distintos.
Depois que desapareceu atrás do professor de Feitiços, Olívio só conseguiu ficar inquieto pelo resto do dia. Havia treino marcado de noite com o time, entretanto não queria sair sem antes conversar com a garota.
Mesmo que o dia não estivesse saindo um dos melhores, Merlin parecia ainda ter alguma consideração, tendo em vista que cruzou o buraco na entrada do Salão Comunal um pouco antes de dar o horário do treinamento.
Afobado, Wood se levantou do chão para cercá-la.
— Eu estava muito preocupado com você! – desatou a contar – O que eles disseram? A detenção é muito dura?
— Relaxa. Limpar e lustrar troféus. – deu os ombros, de quem não dava à mínima – Agora, pode me explicar o que fazia com o Flint naquele canto? – colocou as mãos na cintura, pronta para passar um sermão.
— Não foi nada. Coincidências.
— Está todo mundo bem sensível com essa final. – afirmou o que todos sabiam – Então, explica: se Harry anda com escolta, as garotas têm o apoio uma da outra e os gêmeos não se desgrudam, o que te faz pensar que é a estrelinha diferente para zanzar sozinho, Wood? Não podemos nos dar ao luxo de ter um jogador a menos e Flint está claramente tentando te fazer sair da linha.
— Não se eu o fizer sair antes.
rolou os olhos ao reconhecer o conhecido olhar determinado e obcecado.
— Não vou estar sempre por perto e disposta a lustrar troféus por você, Capitão. Se cuida.
Olívio achou a preocupação dela fofa.
— Seus esforços vão valer a pena, . Os leões vão esmagar as cobras, pode anotar com a sua melhor pena. – sorriu psicótico, batendo uma mão contra a outra.
— Assim espero. – devolveu a expressão.
Há alguns metros do casal, Lilá Brown e Parvati Patil que consultavam os mapas das aulas de Adivinhação espalhados na extensa mesa, pararam para observar os dois septanistas.
— Você também está sentindo uma áurea maligna partindo daqueles dois, Parvati?
A gêmea Patil assentiu, com medo.
Aquilo não era bom para o futuro delas.
— Vamos ficar longe, amiga.
Brown prontamente aceitou a sugestão.


Parte 4


Na manhã do grande jogo, sentada em um canto mais distante dos jogadores, assistia com reprovação Olívio insistir para que o time se alimentasse, enquanto ele não tinha tocado nem no prato. Todavia, não iria dar uma chamada de atenção. Wood poderia surtar com tanta pressão.
não sabia se era a expectativa, a emoção, a pressão ou a aglomeração que estava a sufocando, mas por um momento acreditou que não estaria viva até o final da partida. Possivelmente, eram todas as alternativas anteriores as causadoras do buraco que estava sugando todas as suas entranhas.
Apenas nervosismo.
Todo o incômodo foi ignorado quando os jogadores da casa apareceram. A partida nem havia começado, mas não pensou em poupar voz e força nos braços para sacudir as bandeiras com um leão pintado com a entrada triunfal.
Só com o aperto de mãos entre Wood e Flint, que pareceu durar uma eternidade, viu que sofreria bastante com o jogo.
Ainda bem que ela não era cardíaca.
— JOGO SUJO! FORA, FLINT! – berrava com todos os pulmões após vê-lo trombar com Angelina de propósito. Em retribuição, Fred fez o nariz dele sangrar. não conseguiu não olhar a cena horrorizada. A partida estava indo longe demais.
Dana-se Marcus Flint e seus lacaios, estava mais aflita com o troco que, com certeza, viria.
— É claro que Wood é um esplêndido goleiro!
A declaração de Lino Jordan, que narrava o jogo com muita veracidade, a despertou.
O coração pareceu dar um solavanco por um momento.
Wood sobrevoava as balizas com os maxilares contraídos. Sonserina iria cobrar o pênalti.
não queria ver isso.
— SIM, SENHORES! EU NÃO ACREDITO! ELE AGARROU A BOLA!
A grifinória soltou o ar, comemorando com os demais colegas, após um quase ataque do coração. Embaladas pelo ritmo de jogo que não desacelerava, as torcidas nas arquibancadas começavam a ficar mais imersas. O ponto alto foi quando Malfoy atrasou Harry com uma puxada na cauda da Firebolt.
— MALFOY, SEU MALDITO DE UMA FIGA! AI, QUE ÓDIO! FILHO DO DEMÔNIO.
Harry precisava segurar as pontas até que estivessem com cinquenta pontos de vantagem. Todos sabiam disso, de tanto que ouviram o goleiro e capitão repetir nos últimos tempos.
Para compensar a trapaça de Draco, uma jogada incrível veio. Harry havia limpado o caminho com seu dom natural e a incrível vassoura, deixando Angelina livre para marcar.
Mais comemorações vieram.
Harry Potter estava com as portas abertas para agir.
queria desmaiar com esses altos e baixos.
Ela definitivamente amava o Quadribol.
Em uma briga acirrada com Malfoy, todo mundo acompanhou Potter se recuperar e fazer o platinado engolir poeira.
No instante seguinte, Harry tinha o pomo entre os dedos.
Quando aconteceu, todos demoraram alguns milésimos para processar.
Gritos eufóricos e pessoas se descabelando foram vistas.
estava chocada. Aquele momento era deles e não havia ninguém no mundo que poderia tirar. De repente, já não sabia mais quem abraçava em comemoração. Rapidamente, todas as barreiras do campo foram ignoradas e os torcedores partiram em direção do time.
Todos os jogadores da casa, sem exceção, estavam radiantes e essa visão era incrível. Harry parecia um pouco atordoado, na visão da septanista, mas fazia parte. O garoto era um prodígio e um dia, seria uma lenda.
Quando Wood subiu nas arquibancadas para se alinhar a Dumbledore, o sonho de tocar na Taça finalmente tinha chegado. se desmontou inteira e chorou também com a premiação. Ela não sabia explicar com palavras aquele sentimento de gratidão e felicidade em ver o trabalho duro do companheiro sendo recompensado, mas estava trasbordando.
As masmorras pareciam estar de luto aquele dia. O fervor no Salão Comunal da Grifinória, por outro lado, parecia ser capaz de levar Hogwarts abaixo. A parte masculina parecia muito mais emocionada e descontrolada. Os garotos se amontoavam para formar um círculo em que pudessem erguer Harry e Olívio e os jogar para o ar.
Até mesmo Percy Weasley tinha escolhido deixar a dignidade em casa na ocasião.
Minerva McGonagall parecia uma manteiga derretida de tanto que não se continha.
Fora daquela aglomeração, assistia Olívio eufórico, gritando em meio às lágrimas, no mesmo instante que recebia a glória dos demais.
Perfeito.
A justiça tinha sido feita e depois de dois anos passando de raspão, a Taça das Casas pertencia aos leões, como ele havia lhe garantido.
Ver a Grifinória unida fez uma efervescência esquisita dominar o corpo dela. Era uma sensação quente, que transcendia de tão esmagadora que era.
Eles estavam finalmente em família.
Quando menos imaginou, percebeu que o rosto estava molhado. estava chorando outra vez.


Parte 5

— Eu não vou subir nisso aí! – exclamou, recuando um passo na grama fofa do campo de Quadribol.
!
— Claramente não cabem duas pessoas nesse pedaço de pau.
— Cabem, sim. É só você ficar bem perto e agarrar forte. – garantiu com um sorriso ladino, mas permaneceu irredutível – Qual é, já fizemos isso antes.
— Sim, foi a prova necessária para nunca mais aceitar nenhum passeio suspeito seu.
O curso de Aparatação que estavam pagando não era à toa.
Wood ignorou os protestos e insistiu com um olhar pidão, acompanhado de uma mão estendida.
Gesto que durou mais uns instantes até a outra ceder.
Depois do passeio no ar que a descreveu como uma das experiências mais aterrorizantes já vividas, o casal foi para as arquibancadas aproveitar a visão do fim da tarde.
— A vista daqui é diferente da quando estou em campo. Muito agradável também.
Os dias estavam quentes, perfeitos para desviar os estudantes de suas lições, como eles tomaram a liberdade de fazer no dia.
Com estirada no assento, descansando a cabeça em seu colo, Olívio sorriu bobo.
— Ei, ... – chamou pela companheira, em um tom baixo.
A grifinória não se moveu.
— A tonta dormiu. – concluiu, fingindo indignação.
Pela primeira vez em anos, Olívio se sentia muito privilegiado. Após dois anos de azar, eles finalmente tinham ganhado o campeonato. A cena deles comemorando a com a Taça das Casas e em seguida, uma aparecendo emocionada, correndo ao seu encontro fazia o coração, preparado para grandes emoções, acelerar.
Ele tinha encontrado alguém para compartilhar os desejos e as felicidades. Ainda ficava surpreso por ter chorado de emoção, tanto quanto ele pela derrota da Sonserina, noite passada. Ela havia tomado as dores dele e quando o objetivo foi traçado, comemorou como se fosse uma vitória pessoal própria.
Indiscutivelmente, dois idiotas emocionados.
E isso apenas a tornava mais admirável.
Lembrou-se da primeira partida que tiveram no ano, contra a Lufa-Lufa, mas era para ser a Sonserina. Ela estava lá para acalmá-lo de matar os trapaceiros do Flint e Malfoy.
Quando Harry foi internado na Ala Hospitalar, ela também foi a razão e sensatez que lhe faltaram. Óbvio que nunca culparia Harry pela tragédia, Diggory conquistou uma vitória justa. No entanto, a mente acesa insistia em se martirizar com inúmeros “E SE”.
Também teve a vez usou todos os intervalos entre as aulas para correr até Harry e passar mais dicas à respeito das futuras partidas. pediu para que ele desse espaço para o apanhador respirar e, apesar de ter sido ignorada, Wood apreciava o cuidado dela consigo.
Perdido em devaneios, os dedos do campeão começaram a fazer carinhos leves no topo da cabeça da involuntariamente.
Um gemido em aprovação foi ouvido.
— Assim mesmo... – um grunhido de satisfação – Se você parar, eu te mato. – a grifinória murmurou, remexendo-se em busca de uma posição mais confortável na arquibancada para sentir o carinho, ainda de olhos fechados.
— Então, não está dormindo. Folgada. – como resposta, ela levou uma das mãos ao ar, tentando acertar o rosto dele – E não fica falando essas coisas que parecem ter outra conotação.
— O quê... – ela abriu os olhos bruscamente – Eu não... Urg! Desprezível. Estragou o momento fofo, Olívio. – ergueu-se para desferir tapas no companheiro.
— Devia ter mais respeito com o mais novo campeão da Taça das Casas, . – alertou, prendendo-a pelos braços.
O tom sério dele derreteu ainda mais o coração que já havia sido tomado há tempos.
— Se eu soubesse que ia virar um metido, teria me aliado ao Flint para te sabotar. – ponderou.
— Nem brinca, . – Olívio a puxou pela cabeça para dar um rápido beijo na testa.
achou que derreteria, e não seria pelo tempo quente.
Era nessa alternância entre conversas bem humoradas, preocupações com o futuro, cumplicidade e provocações que ela se via cada vez mais convencida de que gostaria de ter Olívio Wood muito perto para toda a vida.




FIm.



Nota da autora: Meu deus, o que foi esse surto com o prazo de entrega das fics estendido DE NOVO? Depois que Harry Potter e a Câmara Secreta entrou para o catálogo da Netflix, fiquei na obrigação de maratonar e escrever algo com o Wood. Ícone injustiçado! O primeiro crush-mágico, a gente nunca esquece.
"Você tem um novo apanhador? Quem" ~Chega a manteiga derrete KKKKKKKKK Era para ser só uma cena, então depois entrou outra e no fim, escrevi até um extra do casal retornando para ajudar na Batalha Final. Só que carregou tanto no humor da fic e acabei tão alterada com a [SPOILER] morte do Fred, mais uma vez, que optei por tirar KKKKK
Eu sou cardíaca, mãe.
A fic segue a linha do tempo do terceiro livro, mas sinto que não ficou tão escancarado ou fiel KKKKKKK Se o Wood sofreu uma alteração na personalidade, também não respondo por mim. Apenas outra fic água com açúcar que, às vezes, sinto vontade de ler, mas não procuro. Porém, sendo os conteúdos com o Olívio meio limitados, achei que valia a pena dividir as coisas que imagino mesmo assim. Ai, ai, os milagres que a gente faz em uma madrugada.
Potterheads, TUDO PARA MIM!




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Felicitatem Momentaneum


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