Capítulo 28
(I hate, I love You – Ganesha ft. Olivia O’Brien)
*capítulo narrado por Nicholas
Quando eu cheguei à casa de naquele sábado de manhã, ela não estava lá. Já havia se encaminhado ao bistrô, mas Meg me recebeu bem, e até convidou-me novamente para tomar café junto a ela. Parecia saber o quanto estava sendo difícil para mim, comer sozinho. A estava acordada, arrumada à minha espera, mas enquanto sua avó e eu estávamos conversando à mesa, ela estava sentada na sala a assistir desenhos.
— Você não está comendo direito, nota-se pelo seu rosto Nicholas! Há quanto tempo Denise não dá uma conferida em você?
Eu havia terminado de comer o meu café, sem muita empolgação.
— Mamãe não me vê há mais ou menos, uma semana... Ou duas...
— Hm... Sabe Nicholas... Comer mal não fará a correr até a sua casa e preparar uma refeição para você!
Ela disse com seu tom de superioridade óbvia, então a encarei confuso por um ataque repentino. Mas, logo percebi não ser um ataque, quando vi Meg com os cotovelos apoiados à mesa e suas mãos entrelaçadas abaixo do queixo a me encarar cuidadosa. E sorri, era muito nostálgica aquela expressão.
— Não estou tentando ficar doente para a cuidar de mim, Meg. Até porque se eu ficar doente com certeza ela vai aparecer com o Dr. Perfeitinho à tira colo, e seria humilhação demais!
— Está falando do querido ? – Meg perguntou-me com o mesmo sorriso desafiador da filha.
As mulheres Bernard são tão sedutoras quanto sarcásticas, e talvez este seja o maior charme delas.
— Querido ... Então você já o conhece e pelo visto, está na torcida dele...
— Ora, Nicholas é claro que o conheço! Ele é o médico da minha neta.
— E da sua filha. – falei já insatisfeito.
— Da minha filha... É o que tenho tentado fazê-la ver... Ora, ora... Se até você percebe como não se tocou ainda?
Eu não esperava aquela sinceridade. Mas também, aquela era madame Meggie Bernard! O que eu poderia esperar contrário de ”extrema sinceridade doa a quem doer.”?
— Então você também acha que ela está se apaixonando por ele?
— Nicholas... Este seria o meu sonho, mas eu não sei se a é capaz de se apaixonar de novo, por algum tempo.
Encarei a frase como um a dica de que eu ainda estava ao seu coração, mas logo Meg desfez meu sorriso discreto – que ela notara também, pois seus olhos de águia não deixavam passar nada – e depositou sua xícara à mesa, de forma contundente ao me dizer:
— Claro que não significa que ela ainda o ame, mas você conseguiu destruir o coração da minha filha, então até ela se apaixonar novamente, precisará de um bom tempo de recuperação.
— Eu lamento muito Meg. De verdade... Lamento por ter destruído a todos nós dessa forma.
— Eu sei que lamenta. Seria ainda mais idiota se não lamentasse...
Ela se levantou da mesa devagar, a observar o brilho dos meus olhos morrendo diante às suas palavras, mas antes que eu me sentisse pior, o grito de nos fez atentar a ela:
— Papai!
Caminhamos apressados até a sala. Não havia nada que pudesse oferecer risco para naquela casa, adaptou tudo desde que ela nasceu, mas o grito surpreso da me fez sentir o coração apertado.
Quando a vimos, a garotinha estava em pé no sofá, abraçada ao seu elefante amarelo, com um sorriso grandioso e os olhos brilhando para a televisão. Ela me viu aproximando e apontou ao aparelho dizendo:
— Papai e !
Encarei o televisor pegando minha filha em meu colo.
— Como ela trocou de canal? – Meg falou indo até o controle e ia mudar até que percebeu o teor da reportagem.
Assim como eu, Meg estava atenta à fofoca.
E lá estava a minha imagem na televisão, editada e cortada em falas de parte da minha entrevista na noite anterior:
E lá estava Meg me fuzilando com o olhar, enquanto olhava para a televisão sem entender nada, mas deslumbrada com as imagens de nós dois na tela.
— Você não pensa no que diz Nicholas?
— Não foi isso que eu disse Meg! Eles cortaram algumas coisas! Manipularam a reportagem!
— Oh meu Deus, vai começar tudo de novo...
Voltamos a prestar atenção ao que a reportagem dizia.
“— Onde está Priyanka que não veio com você?”
“— Ahn... Pri tinha outro compromisso... Não somos siameses, não é?”
“— Não certamente! Mas, você pretende encontrar à Priyanka no Mayan Theater ao sair daqui?”
“— Mayan Theater? Eu não vou dizer o passo a passo da minha rotina a um repórter esperto, não é!?”
“Além de parecer surpreso ao descobrir onde a namorada estava, Nicholas demonstrou-se bastante desconfortável com a pergunta e não ficou muito tempo no evento. Ao contrário de Priyanka que passou a noite na balada, sendo flagrada saindo do local por volta das cinco horas da manhã com suas amigas, e desacompanhada. Esta foi a primeira vez, desde o início de seu relacionamento com o Jonas que a mulher foi vista sem o cantor em algum evento público que não fosse trabalho. E por mais que possa não significar nada a distância do casal, desde que Priyanka retornara de sua viagem ao Marrocos, fontes próximas à modelo e ao cantor disseram que o relacionamento deles pode estar abalado. Teria Bernard alguma participação nisso? Nicholas Jonas e Priyanka Chopra estão a poucos passos de um término?”
— Miraram no que viram e acertaram no que não viram... – murmurei.
Meg desligou a televisão, e virando-se para mim pegou de meu colo.
— Vamos ! Vovó vai te levar ao banheiro antes de você ir com o papai.
Saiu da sala, afoita como se eu tivesse que sair correndo dali. Certamente se houvessem repórteres lá fora, não seriam milhões, mas sim um ou outro a espreitar.
ficaria revoltada ao saber daquilo... Peguei meu celular e já constava uma ligação da minha mãe. Enviei uma mensagem a ela, dizendo que estava na casa de para buscar a e assim que chegasse em minha casa a retornaria.
— Prontinho Nick. É melhor vocês irem logo...
— Meg, se houver paparazzi lá fora, eles estarão escondidos.
— Se houver? Eu já sei que eles estão aí! Eu tenho certeza que por causa desta matéria vamos ter que lidar com aqueles abutres de novo, Nicholas!
— Você sabe que eu não tenho culpa, não é? – perguntei tranquilo pegando a mochilinha que a me entregou.
— Eu sei. No fundo eu sei que eles distorcem o que querem, mas... Dê logo um jeito nisso, ok? Esta exposição da , da e até do seu relacionamento não fará bem a ninguém.
— Claro... – respondi contrariado se deveria ou não contar a ela.
— Quem vai ficar com a hoje?
— Eu mesmo Meg! Que sentido teria deixar a minha filha com outra pessoa lá em casa? – perguntei caminhando devagar até a porta, onde Meg acompanhava-nos.
— E se você precisar sair? Nicholas, você sabe que logo mais, o seu celular não vai parar e seus agentes, ou sei lá mais quem, vão ficar na sua cola e...
— E é o meu fim de semana com a minha filha. – falei enérgico interrompendo Meg — Não vou trabalhar, e mesmo que aconteça qualquer urgência, eu trago ela de volta se for o caso, tudo bem?
— Promete?
— Prometo.
— Eu vou confiar, Nicholas.
— Eu sou o pai dela, Meg. Você não tem que confiar em mim, porque simplesmente eu não faria nada que ferisse ou magoasse a minha filha.
Despedi-me dela com um abraço, a também, e atravessamos à rua em direção ao carro parado ao portão. Dei uma rápida checada em volta, depois de prender na cadeirinha no banco atrás do meu, e me apressei.
Certamente, se houvessem paparazzi ali, a cena de Nicholas Jonas buscando a sua filha após aquele tempo sem aparecer com a menina, iria render mais tabloides.
Depois de um tempo que havia chegado em casa, e eu tomamos banho de piscina e brincamos bastante até a minha pequena pegar no sono. Coloquei-a em seu quarto para dormir, abraçada com aquele elefante amarelo que parecia ser o seu novo brinquedo favorito, e peguei a babá eletrônica descendo do andar superior à cozinha. E então, telefonei à mamãe.
— Nicholas, porque demorou tanto?
— Desculpe mãe, eu estava na piscina com a .
— E como ela está?
— Está dormindo agora... Mãe, o que eu faço para ela comer?
— Vocês almoçaram?
— Eu passei no restaurante aqui do condomínio para almoçar com ela depois que brincamos na piscina, mas ela tem que comer quando acordar, e de noite também, e eu não tenho ideia do que...
— Nicholas, se acalme! – mamãe falou e suspirou — É só pensar no que você gostaria de comer quando tinha a idade dela, e nas coisas que eu te preparava filho. É só uma criança, não tem segredo.
— É uma criança com diabetes, tem muitos segredos.
— Você tem diabetes, sabe lidar com isso! E vive levando a para comer com você em outros lugares, que desespero é este agora?
— Eu não sei mãe... – suspirei profundamente — Estou assustado que ela está aqui comigo, só nós dois, e se acontecer alguma coisa eu acho que a não me perdoaria nunca...
— Pare com isso, filho. O tempo que você passa com a sempre tem o mesmo peso de responsabilidade, não tem motivos para você estar assim...
— Mãe, é um final de semana todo. São dois dias que eu vou ter a minha filha comigo aqui, só nós dois...
— Hm... Entendo, mas fique tranquilo. Não pense no que não aconteceu, e confie em si mesmo! Você é o pai dela, saberá cuidar dela e qualquer coisa você pode me ligar.
— Obrigado mãe... É bem difícil não ter a mãe da sua filha para cuidar dela, e você só brincar.
— Pra você ver o quanto você negligenciou as suas responsabilidades de pai, quando tinha à ... Mas, falando em “estar sozinho com a sua filha”... Nicholas. O que está acontecendo com você e a Priyanka? Eu vi a reportagem do TMZ, estamos todos preocupados, embora saibamos que a fonte deles nunca é confiável.
— Foi uma entrevista que eu dei ontem, e eu juro que fui cuidadoso, mãe. Pelo menos quando falei da e da .
Abri a geladeira procurando as frutas que tinha para fazer uma salada.
— Mas, eu realmente fui pego de surpresa com a notícia da Pri na boate ao ser perguntado... Mesmo assim eu não fui tão descuidado como a reportagem fez parecer! Muita coisa foi manipulada ali... Eu estou preocupado com esse foco sobre a e a Pri de novo.
— Nós também estamos, e eu telefonei para Priyanka hoje, mas ela não me atendeu. O que está acontecendo?
— Nós terminamos ontem mãe. Eu não pretendia falar nada a vocês por enquanto, mas agora...
— Nick... – mamãe reagiu como se já tivesse adivinhado — Eu te falei do meu pressentimento!
— AH! E eu tenho culpa agora? – respondi colocando a chamada em viva voz na bancada enquanto eu cortava as frutas.
— Não, não tem. Mas, pelo amor... Eles terminaram Paul... – ouvi mamãe falar, aparentemente para meu pai que estava ao seu lado — Nicholas, seu pai quer falar com você... Deixe um beijo meu na minha neta!
Mal tive tempo de responder, rapidamente papai tomou o telefone, e se pôs a falar, como sempre calmo:
— Nick, meu filho, você terminou com a Priyanka?
— Sim, nós decidimos juntos na verdade.
— Bem, e como você está com isso?
— Sinceramente, aliviado, pai.
— Ah... Aliviado... Nick, você não se esqueceu do contrato, não é?
— Contrato? Que contrato pai?
— O contrato que enquanto você viajava, deixou a mim, o Phil e Anjula loucos atrás de assinarem com a marca Ralph Lauren como casal modelo.
— Droga, pai... Eu me esqueci do contrato.
— Exatamente. Você e a Pri, não podem, aparecer na mídia com nenhum término!
— Pai, eu não posso expor a Pri a mais esta situação... Não dá para continuarmos, e não dá...
— Nick, não dá para rescindir o contrato também. Você e a Priyanka estavam empolgados demais na época para ouvirem a mim, ao Phil ou à Ajula sobre as altas multas caso rompessem!
— Merda... – murmurei e meu pai pigarreou contrariado.
— Antes de você me perguntar “e agora pai?”, eu vou entrar em contato com o Phil e ver o que podemos fazer...
— Certo, obrigado, pai... E... Desculpe de novo... Droga, por que eu sou tão impulsivo!?
— Nisso aí, não foi a mim que você puxou. Até mais filho! Se puder traga a para nos ver, logo.
— Claro, eu vou organizar uma visita com ela... Até mais.
Papai deixou um abraço afetuoso para a neta, e eu prometi que a colocaria numa chamada com eles. Mas em todo caso, a minha cabeça no momento em que eu misturava as frutas numa vasilha, só pensava em “como eu pude me esquecer do contrato da marca?”. E certamente, Priyanka estaria por fora da situação, já que não dera o “ar” de sua presença nem mesmo por mensagem.
A portaria do condomínio interfonou à minha portaria particular, que me avisou que Joe estava entrando. Guardei a salada pronta na geladeira, e fui abrir a porta da frente, com a babá eletrônica no bolso. Escorei na pilastra grega da varanda, da minha modesta “casinha”, enquanto observava o jardim frontal resplandecer um verde brilhante, e o Sol indicar o quão bonito estava aquele dia. Distante da casa, lá no portão de entrada, acenei para o segurança que aguardava o carro do meu irmão para liberar a entrada.
Não demorou muito e Joe estava estacionando em frente a mim. Subiu as escadas rapidamente, com um sorriso grandioso e me puxou num abraço.
— E aí, dude? – cumprimentei e fomos entrando.
— Achou mesmo que passaria um fim de semana com a minha sobrinha sem mim?
— Você veio por isso?
— Claro, por que achou que eu viria? Para fingir que sou a sua babá e que estou preocupado com a nova fofoca em que você se meteu?
— Então você já sabe...
— É claro que eu sei... Mamãe telefonou ao Kev, e Kev telefonou a mim, nós dois apertamos a Dani que nos contou que vocês terminaram. Já contou ao papa e à mama?
— Acabei de falar com eles...
— Como reagiram? – Joe perguntou ao retornar da cozinha para o sofá onde eu estava com uma garrafa de cerveja na mão.
— A mãe não se espantou, e o pai... Lembrou-me do contrato com o Ralph Lauren.
— Puta merda... O contrato! – Joe alarmou e riu debochado em seguida: — A multa rescisória é de milhões para os dois... Melhor vocês serem um pouco menos impulsivos agora.
— Lá vem você me julgar... Você e o Kev me odeiam.
— Nós não te odiamos, não temos culpa de você ser um idiota irmãozinho. Até o Frankie é mais esperto que você.
— Cala essa boca...
— Cadê a minha lindinha?
— Dormindo. — falei e apontei a babá eletrônica.
— Você ligou esse troço?
A pergunta era óbvia, mas eu estava tão assustado que conferi. Joe riu sacana por eu ter caído em sua provocação.
— E você, ô palhaço... O que tem feito?
— Voltei de uma pequena viagem com a Sophie, estávamos com a família dela.
— Como não saiu nada no TMZ? – ironizei pela aparente preferência do site em mim, e meu grande escândalo.
— Você sabe que tanto eu quanto Sophie somos discretos.
— E a DNCE, vocês vão lançar algum álbum em breve?
— Estamos pensando em lançar algum single, mas a verdade é que, o projeto está se afastando da gente aos poucos... Eu estou pensando com isso, em migrar minha carreira pro Kev.
— Hm... É uma boa, deixar o Kev tomar conta. Ele é muito bom nisso, tem se empenhado com as coisas da Dani, e talvez voltar ao ramo musical com a sua carreira seja ótimo. Quem sabe você não se relança pela Safehouse?
— Não, melhor não.
— E por quê? – perguntei surpreso com a negativa dele em migrar para minha gravadora.
— Demi.
— Ah Joe, que isso! A Lovato nem lembra que você existe!
— Eu não sei se seria legal uma aproximação agora, ainda mais com a mídia focada no meu irmão. Posso acabar num escândalo como você.
— Por causa da Soph? Ela não é o tipo que se importaria Joe!
— É, mas o fandom sim... Se o fandom da Demi cogitar uma aproximação nossa, eles vão me destroçar! A situação toda era articulada e quando o fim do nosso “namoro” foi anunciado, eu me tornei o vilão.
— É... Fandons podem transformar a gente em monstros.
— Você é um monstro destroçador de corações, Nick. Eu não.
— Idiota...
— Pergunte às fãs de Jonas Brothers! – Joe falou e riu.
— Elas me odeiam porque acham que o fim da banda é culpa minha.
— E elas não mentiram. Mas, elas não te odeiam! Acompanham você na sua carreira da mesma forma... Só que alguém teria que sair de vilão. É sempre assim.
— É... Já pensou se nós voltássemos?
— Kev e eu temos falado disso há um tempo, desde aquela conversa que você teve conosco sobre o retorno.
— Eu não fui impulsivo com aquilo, tá? Eu realmente acho que nós podíamos voltar. Mas, este não é o melhor momento, ainda mais para mim.
— Podemos planejar isso com calma, dude... Ainda tem muita água para rolar.
— Eu que o diga...
— E você e a Pri, hein? Como foi isso?
— Ela voltou da viagem, eu perguntei de novo sobre a traição, ela ficou ofendida, discutimos, e no final percebemos que era melhor nos afastarmos e terminar.
— Já falou com ela depois da reportagem?
— Não, foi tudo muito rápido! Eu estava na casa da , com a Meg e a quando vimos a notícia na TV. Meg ficou uma fera comigo... Mesmo sabendo que não é a minha culpa, ela me culpa.
— É eu entendo... Não tinha necessidade de trazerem a à tona de novo.
acordou naquele momento me chamando, e eu ouvi pela babá. Corri escadas acima para o quarto dela, e Joe me seguiu. Assim que ela viu o tio, jogou-se sobre ele e os dois rolaram no tapete do quarto aos risos.
— Ora, ora! Este senhor elefante amarelo eu não conheci! – Joe afirmou fingindo que falava com os brinquedos como se tivessem vida.
— Este é o meu novo amigo, tio Joe! – e com a mão na boca ela disse como um segredo: — Ele é mágico!
— Sério? Qual o nome dele?
— Lilinho.
— Olá Lilinho! Eu sou o tio Joe e você é muito bonito!
Eu observava aquela cena com riso de orgulho da minha menina, e deboche do meu irmão bobão.
— Lilinho disse que você também é tio Joe, ele quer ser seu amigo!
— Ei, eu também quero ser amigo dele! Mas, eu também quero um elefantinho mágico, !
— Ah... Eu não posso te dar tio! Mas, eu vou pedir para o vovô Isaac.
— Vovô Isaac? – Joe e eu a perguntamos e nos entreolhamos confusos.
— O pai da não é falecido? – Joe me perguntou.
— Não, é o padrasto, mas o pai dela não se chama Isaac.
— O vovô Isaac é o papai do tio ! – respondeu.
Joe me encarou surpreso e eu encarava aquele elefante como se ele fosse a maior ameaça da Terra. Então minha filha conheceu o pai do , o chamava de avô e tinha ganhado um presente dele?
— Quando o vovô Isaac te deu esse presente filha?
— Quando ele foi na minha casa!
— Ah... Ele... Ele...
— E por que ele foi lá, ? – Joe perguntou ao perceber que eu não tinha palavras.
— Porque o tio levou ele pra comer comigo, com a mamãe, com o tio , a tia Miley e a vovó! Mas, o vovô Isaac foi embora.
— Hm... Então teremos que dizer ao vovô Isaac que eu também quero um elefante mágico!
— Eu vou pedir pra ele, tio Joe! O vovô Isaac sabe fazer um tantão de mágicas!
A animação da minha filha ao contar do “vovô Isaac” poderia contagiar Joe ou qualquer outro, mas a mim me causava medo.
— Filha, o papai fez salada de fruta! Vamos descer com o tio Joe para comer?
— Eba!
Joe deu a mão a ela, e caminhamos até a cozinha. Ele percebeu o meu silêncio, e logo que estava entretida demais para prestar atenção em nossa conversa e comendo, meu irmão tentou me confortar:
— Nick, pode ter sido uma coincidência...
— Meg deu a entender hoje, que as coisas entre eles estão avançando... Ela também prefere o médico.
— Ei... Você não vai tentar recuperar o irrecuperável, não é? Foi por isso que terminou com a Pri?
— Eu terminei com ela porque eu quero a minha família de volta sim, mas também porque é o certo Joe.
— Nick... Deixe a seguir a vida dela.
— Eu estou deixando, mas eu não posso ignorar o que sinto Joe! Eu só vou desistir quando eu tiver certeza que não há nenhuma chance de novo.
— Nesse caso, é melhor você descobrir mesmo que tipo de relação é esta em que o vovô Isaac já entrou na história. Pode ser que assim você descubra que acabou mesmo.
— não vai confessar. Eu percebo que ela está começando a se interessar por ele.
— Nick, na boa? Foque na . Eu acho muito melhor você esquecer qualquer outra situação com a no momento, sua vida está tumultuada demais.
— Talvez... – encarei a minha filha animada e sorridente comendo, ao brinquedo inseparável ao lado dela, e à expressão de pena do meu irmão, e constatei: — Talvez você tenha razão.
Joe ficou conosco por toda aquela tarde de sábado e partiu pela noite, quando eu e havíamos terminado de assistir aos “Pinguins de Madagascar”.
Eu enviei uma mensagem para a Pri naquela tarde, já que Phil me telefonou em resposta ao contato do meu pai, solicitando uma reunião conosco o mais rápido possível. E apenas depois que a já estava à sua caminha, e adormeceu, foi que eu recebi uma ligação dela.
— Oi Nick, boa noite... Tudo bem?
— Sim, Pri. E você? Está bem?
— Estaria melhor se depois de uma noite divertida eu não estivesse sendo julgada e acusada de tantas coisas...
— Eu lamento... Parece que estão tentando ganhar dinheiro em cima de nós de novo.
— Sim, mas dessa vez eles não erraram tanto. Nick, você não disse aquelas coisas daquela forma, não é?
— Não Pri! Claro que não! Você sabe que eu não tenho muita paciência com entrevistas, mas eu fiz o que pude para não parecer que estava sensibilizado com as perguntas sobre você.
— Sensibilizado? Você sentiu minha falta?
— Não é isso, é só que... O repórter fez perguntas como “Priyanka sendo sua amante e motivo do divórcio, como se sente em relação à sua filha e ex-esposa?”. Eu só não quis dar uma resposta direta, e afirmei que eu não falava por você.
— E pelo visto não desmentiu o rumor de eu ser a pivô de tudo.
— Pri, eu não tive a intenção de confirmar nada, e sério... Eles manipularam tudo.
— Tá Nick, vamos falar do que importa: o contrato que tanto você quanto eu esquecemos.
— Phil quer nos ver amanhã, tudo bem?
— Pode ser na segunda? Ajula também quer estar nesta reunião, ela ficou de entrar em contato com o Phil.
— Ah tudo bem, segunda eu tenho que levar a para a casa dela... Podemos nos encontrar os quatro...
— Onde?
— Melhor que seja na minha casa.
— Certo... A está bem?
— Está sim, ela perguntou por você.
— Que gracinha... – Priyanka riu, e eu notei o riso frustrado por somente agora, demonstrar gostar dela — Deixe um beijo nela por mim.
— Claro... Ei, Pri... Eu sei que você disse que não queria ser minha amiga nesse nosso rompimento, mas... Talvez esta seja a única solução agora.
— É eu sei, tenho pensado nisso. Vamos ter que fingir se não concordamos em rescindir, e se esta for a solução... Bem, amigos também podem partir nosso coração, não é?
— Eu lamento por não ser possível me afastar de você e te poupar Pri.
— É eu também lamento. Nos vemos segunda, Nick.
— Até, se cuide.
— Você também.
E assim foi a nossa primeira conversa pós-término. Eu estava ciente de que as coisas só iriam piorar para mim, mas em todo caso, saber que Priyanka estava disposta a colaborar da melhor forma, foi um alívio.
Decidi dormir com a , abraçado a ela na sua caminha. E tive o melhor sono desde muito tempo, pois a minha pequena também se aninhava a mim enquanto sorria dormindo.
Capítulo 29
Eu estava decidida a fechar mais cedo apenas no domingo, mas levando em consideração que eu preferia modificar o horário de todo o fim de semana, era melhor testar a aposta de fechar às 17 horas de sábado também. Por isso, na sexta-feira me reuni com o pessoal da noite e anunciei aos escalados de sábado, a mudança de horário, assim como repassei a mensagem ao grupo de mensagens com os outros funcionários.
Jackson foi o primeiro a perguntar por qual motivo, eu manteria o bistrô aberto até às 17 horas no sábado, mas até às 14 horas no domingo. E eu respondi-lhe que vi como uma maneira de fazermos um bom balanço de público nas tardes de final de semana. Eu acreditava que um sábado à tarde, não teríamos tanto movimento, porque já observava aquilo a algum tempo. Mas, precisava confirmar.
Assim, eu estava chegando cedo ao sábado e animada por estar com a , mas me lembrei de que, infelizmente, ela estava com Nicholas logo no meu final de semana mais livre. Abri a porta da sala devagar, depois de ter estacionado meu carro e recebi os olhares confusos de mamãe.
— O que faz em casa a esta hora?
— Ontem à noite decidi testar fechar mais cedo no sábado também.
— Mas assim, de repente? Não vai se queimar com a clientela por fechar sem aviso ou motivo?
— Marianne e Alex, além de hostess são meus ajudantes nas mídias digitais. Eles cuidam da identidade virtual do restaurante, e ontem mesmo divulgaram as imagens de aviso em todas as nossas mídias. Eu também deixei um recado na porta do bistrô, ontem.
— Mídias digitais, identidade virtual... Eu sou boa nisso! Eu posso ajudar! Eu ia adorar ter algo além da para me ocupar.
— Você mamãe? – a olhei, confusa e ela me encarou com desdém.
— Sua mãe não é pré-histórica, !
— Hm... Mas, saber utilizar a internet não significa que a senhora saiba utilizar algumas ferramentas.
— Ora , não me estresse! Eu fiz um cursinho online, tá?
— Ah é? Bem, sendo assim... Alex virá aqui em casa mais tarde, e a senhora poderá conversar com ele sobre como ajudá-los.
Mamãe sorriu como uma criança animada e eu fui tomar banho. Ao terminar, caminhei ao quarto da e senti meu coração apertadinho por não encontrar a minha menina por ali. Fiquei um tempo no batente da porta observando o quarto vazio, e pensando em como ela estaria. Puxei o celular no bolso do meu short jeans, e verifiquei: nenhuma ligação ou mensagem do Nick.
Caminhei até a sala, onde mamãe falava ao telefone com . Estava o intimando a chegar o mais rápido possível, pois eu já estava em casa, e segundo ela, aquele era o momento de curtir os dois filhos juntos. Risonha, fui até a cozinha e peguei um copo grande de água frutificada com muito gelo. Aquele dia estava muito quente, e em seguida sentei-me ao sofá com mamãe, colocando os meus pés sobre a mesinha de centro. Mamãe na mesma hora deu um tapa em minha perna me repreendendo. Tudo bem, eu estava errada, mas era a minha casa! Mas, Meg era a Meg em qualquer lugar! Levantei buscando a um puff, para então por meus pés ao alto e relaxar.
— Se o seu padrasto estivesse vivo iria te encarar com aquela expressão de “não deixe de ser a minha garota preferida, então tire os pés daí!”.
— Ele iria. – eu ri concordando — Mamãe, vem a que horas?
— Disse que já está a caminho. Como foi a tarde no bistrô?
— Foi como todo sábado: movimentada até às três horas, depois o movimento caiu. E por aqui, correu tudo bem?
Meg me olhou repreensiva ao perceber que eu mastigava gelo, mas antes que eu pudesse me defender daquele hábito que ela odiava, mamãe foi contando sobre seu dia:
— Você não teve tempo para ver televisão ou abrir a internet hoje, eu suponho.
— Não, por quê? O que aconteceu?
— Nick esteve aqui esta manhã, tomamos café e um pouco antes dele levar a , a bomba estourou de novo.
— Do que está falando mãe?
— Ele deve estar trancado em casa com a , visto que ainda não me telefonou e nem apareceu para pedir algum socorro.
— Mãe! – pronunciei firme — Sem rodeios!
Ela levantou-se do sofá, colocando a lixa de unha sobre a mesa de centro e foi até o seu quarto e voltou com o tablete nas mãos. Mexeu no aparelho e antes de me entrega-lo com seu olhar atento, ela disse:
— Eu já falei para ele resolver logo isso, antes que os abutres apareçam. Mas, talvez seja bom você dar uns gritos com ele.
Eu não entendia bem, mas coloquei meu copo sobre a mesinha e peguei o aparelho deslizando meus olhos sobre o texto, e o dedo sobre a tela. Mamãe, sentada ao meu lado voltou a lixar as unhas, e antes que eu terminasse de ler a campainha soou. Era , que logo se aproximou com mamãe ao seu lado. Beijou o topo da minha cabeça e percebeu no que eu estava focada.
— Ela está sabendo agora? – perguntou para Meg.
— Claro, estava ocupada o dia todo.
— O que isso significa? – perguntei.
— Que alguma coisa fez o jornalismo voltar o foco em você... – falou.
— Hunf... Nicholas briga com a namorada e logo eles vêm fuçar como está a sua vida! – mamãe ralhou.
— Eu não acredito que ele me pronunciou em uma entrevista!
— Eu também acho que poderia ter sido evitado, mas vai saber se não é isso o que ele queria?
— Mãe, não coloca minhoca na cabeça da ! Mana, é melhor você telefonar ao Nick. Conversar diretamente com ele, você sabe como esses repórteres mentem.
— Ah... Eu não posso ter um minuto de paz? Logo no meu dia de folga?
— Pode sim, e terá. Vamos nos aproveitar, e antes de dormir você grita com o Nicholas, assim é um grito e um sono.
— A senhora está sendo muito ingênua de achar que a consegue dormir depois de falar com ele. É melhor ligar logo, irmã.
— E eu vou mesmo fazer isso! Até porque quero notícias da minha filha!
Na mesma hora peguei o meu celular e o telefonei. Não demorou, para que Nick atendesse um pouco afoito.
— Oi ! Tudo bem?
— Primeiro me diga como a está, por favor. Depois falamos se eu estou bem.
— Ah... Então você já leu as notícias...
— Nick, por favor! A .
— Ela está ótima, acabou de comer uma salada de frutas comigo e com o Joe, vamos começar logo mais, uma sessão de cinema em casa, e fique tranquila, passamos um dia ótimo de banhos na piscina e sonecas... Ok? Pode ser educada agora?
— Eu estou sendo educada! Posso falar com ela?
— Claro. Um momento.
Aguardei ele passar o telefone para ela, e o ouvi dizer “é a mamãe, filha”.
— Oi mamãe!
— Oi filha! Está tudo bem?
— Sim mamãe! O tio Joe tá aqui!
— Que ótimo ! Deixa um beijão no tio Joe por mim! Vocês estão se divertindo?
— Sim! Hoje eu brinquei com o papai na piscina! Ah mamãe! O tio Joe quer um Lilinho pra ele!
— Ah é? Bem, nós podemos comprar um.
— Não mamãe! Tem que ser mágico! Tem que pedir pro vovô Isaac!
— Ah sim... O vovô Isaac... – na mesma hora, meu irmão e mãe me olharam atentos e eu os olhei, curiosa, também — Você contou pro tio Joe e a para o papai sobre o vovô Isaac?
— Aham! A gente pode trazer o vovô Isaac pra brincar comigo e com o tio Joe?
— O vovô Isaac mora longe filha, mas quando ele vier de novo, a gente convida o tio Joe, tá?
— Tá bom mamãe!
— Me deixa falar com o papai filha. Te amo!
— Te amo!
Ela devolveu o telefone ao Nick, e eu sussurrei rápido para os dois fofoqueiros ao meu lado:
— Ela contou sobre o Isaac para eles.
Mamãe arqueou a sobrancelha como se soubesse que viria tempestade em copos de água, e riu da situação.
— Vovô Isaac, não é ?
— Sem tempestades em copos d’água Nick, você me deve algumas explicações.
— Vamos ver quem vai começar com a tempestade em copo d’água agora.
— Nicholas, é sério! Como pôde me citar numa entrevista?
— Eu apenas respondi uma pergunta, e eu não falei exatamente aquilo! Você sabe que eles manipulam as reportagens!
— Está me dizendo que não deu a entender que eu ainda sou uma figura presente na sua vida?
— Não da forma como fizeram parecer, ele me perguntou sobre a sua ida ao evento com a e eu apenas respondi que minha filha estava visitando o trabalho do pai, e que a mãe dela não deixava de fazer parte disso por não ser mais casada comigo! ! Por favor, você sabe que eu odeio falar nas entrevistas!
— Tudo bem Nick, eu vou confiar. Mas, porque eles estão fazendo isso agora? Já faz tempo desde o evento!
— É eu sei, mas estão especulando sobre Priyanka e eu!
— E o que eu tenho a ver com isso?
— Quer mesmo que eu responda? ... Cedo ou tarde isso aconteceria de novo, você ao deixa de ser a mãe da filha de um Jonas só porque está sendo discreta e levando uma vida pacata.
— Esta é a parte de você que você não pode mesmo ajudar a sumir, não é Nick?
— Você sabe que eu odeio estes escândalos envolvendo você e a , mas... Eu não posso controlar tudo , e eu...
— Odeia não poder controlar tudo. É eu sei, eu te conheço melhor do que você, então eu também sei que você vai dar o seu jeitinho de esclarecer os fatos. Eu não quero o meu nome atrelado ao seu caso com a Priyanka de novo, e muito menos o da no meio de tudo isso.
— E eu também não quero. Fique tranquila... Mas, está tudo bem no bistrô? Como soube disso aí dentro? Algum paparazzo apareceu?
— Não estou no restaurante, estou em casa, no meu dia de folga e não tenho paz dentro de casa porque chego e recebo esta noticia infame! Mas, quanto aos paparazzi, eles devem aparecer logo, não e? Por isso, por favor, Nicholas, resolva isso logo.
— Ok, ok... – ele falou parecendo cansado.
— Eu vou desligar, abraços ao Joe e qualquer coisa me ligue!
— Um beijo, .
— Até.
Desliguei a chamada preocupada, e minha família curiosa.
— Ele disse que não foi intencional e que a reportagem foi manipulada. – esclareci.
— Disse o mesmo aqui em casa. Sabe... Ele parecia mesmo chocado quando viu a reportagem na TV. – mamãe falou pensativa com a mão no queixo.
— Você precisa decidir se vai atiçar lenha na fogueira do Nick, ou se vai tirar ele da grelha mãe! – falou gargalhando e eu também ri da inconstância da mamãe.
— O quê? – ela perguntou confusa.
— O que o está dizendo, mãe, é que há cinco minutos a senhora estava me mandando gritar com o Nick e agora está dando razão a ele. Afinal, de contas, de que lado está?
— Do lado do , é claro! – respondeu ela convencida.
— Por que estamos falando do Dan agora?
— Dan... – pronunciou rindo ainda mais, com o mesmo tom de deboche que usava contra mim na adolescência.
— Não começa !
— Eu não escondo que eu prefiro que você dê uns beijos no médico do que ficar sozinha tentando se livrar do Nicholas.
— Eu não vou me livrar do Nick, ele é o pai da minha filha! E eu não vou me relacionar agora, tá?
— Mas já rolaram uns beijinhos né? – mamãe perguntou atrevida e meu irmão arregalou os olhos e curioso chegou mais perto, atento ao que Meg dizia: — Eu vi o jeito que você chegou aérea na outra noite!
— Mãe! Eu não beijei ninguém! Pare com isso!
— Então foi beijada? – perguntou.
Joguei uma almofada nele e revirei os olhos, e mamãe gargalhou também com a cena saudosa.
— Não troquei saliva com ninguém, seus inconvenientes! E você , vá comprar umas cervejas para nós!
— Eu vou mesmo, já vi que você quer ter uma conversinha com a mamãe sobre seu namoradinho novo.
— Cala a boca!
se levantou risonho, e eu estava extremamente constrangida. Aquilo também era novidade. Não ficava constrangida com meu irmão e minha mãe sobre alguém, desde o início do meu namoro com o Nick.
— Agora que o seu irmão saiu, pode me dizer por que está vermelha?
— Eu não sei lidar com isso...
— Isso? – mamãe se aproximou carinhosa, e pegou minha mão sob a sua.
— Isso de supostamente me sentir atraída ou me relacionar com alguém de novo.
— Você esta atraída pelo ?
— Eu não sei mãe, mas... Naquela noite alguma coisa foi diferente. Eu adoro o de verdade, nós sempre lidamos com os burburinhos de um suposto romance, e isso nunca me afetou, mas... Aquela noite, eu... Eu o vi de um jeito diferente. E na manhã seguinte quanto o Nick apareceu para falar da , ele insinuou que eu havia dormido fora...
— Dormido fora?
— É mãe, você sabe...
— Ah... E por que ele disse isso?
— Porque ele foi ao bistrô e percebeu que eu não estava lá. Provavelmente foi na hora que e eu estávamos passeando na Seventh... Enfim, o fato é que mesmo eu mentindo ficou claro para ele que eu não estava lá, porque eu sempre deixo a luz do escritório acesa, e naquela noite não deixei... Ou seja, eu não estava em casa porque ele veio daqui, e eu não estava no bistrô. Ele te ligando toda hora viu que eu não tinha chegado em casa... Nick deduziu que eu dormi com o .
— Hm... Nicholas está te mapeando mesmo! Devemos pedir uma medida protetiva?
— Mãe! Que horror! Não é para tanto, o Nick não é assim!
Ela gargalhava debochada e eu sabia que o comentário havia sido para me dar um tempo de me recuperar do constrangimento.
— Certo, certo... Mas, e você ? Queria ter dormido com o ?
— Não, não... Quero dizer... Ah mamãe, sei lá... Eu me senti tão estranha quando o Nick mencionou isso, sabe? Eu fiquei... Senti-me culpada, mesmo sabendo que não havia feito nada demais, eu me senti confusa e ao mesmo tempo parecia que eu estava tentando me vingar... E eu não fiz nada! Mas aquele olhar do Nick, tão triste e derrotado... Sabe? Aquele olhar...
— Sei, sei! – ela me interrompeu — Aquele olhar que ele faz quando acaba o pudim.
— O quê?
— O olhar de injustiçado, a carinha de criança sofrida... Nick é mesmo bom nisso.
— Ah, é... – eu ri com as comparações da mamãe — Então, pois é... Ele me desmontou com aquele olhar porque parecia que eu havia tirado o doce de uma criança! E depois, ele ainda tentou me beijar! E por um pouco eu não caio no jogo dele!
— Ele tentou te beijar, é? – mamãe mudou o tom, preocupada e curiosa me encarava ao perguntar: — E como você se sentiu?
— Não é a primeira vez que ele faz isso desde que nos separamos mãe.
— Hm... Eu não estranho isso, é bem típico dele tentar ganhar no grito, mas... Como você se sente com essas investidas do Nick?
— No começo eu era mais frívola a isso porque eu ainda estava muito magoada, mas... Eu não sei agora mãe. Dessa vez foi diferente, eu quase, quase, por muito pouco, caí na conversa dele. Eu realmente quis beijar o Nick de novo. Mas, eu acho que é por causa de toda a questão de me sentir errada por querer beijar o também.
— Ah então você quer beijar o ? – ela me interrompeu naquele hábito que eu, sinceramente, eu realmente detesto quando mamãe faz isso.
— Eu quis beijá-lo. Na noite passada que nós estivemos juntos, eu quis beijá-lo várias vezes, mãe! – confessei levando as mãos ao rosto.
— E por que não se beijaram? Tenho certeza que ele também quer!
— Eu não tenho tanta certeza assim, o Dan é bastante cuidadoso com isso sabe... E eu acho que se ele realmente quisesse teria me dito algo a respeito, ele não é de enrolar uma mulher. Sei que nos conhecemos há poucos meses, mas eu já sei disso.
— , ... Eu acho que você está carente e extremamente confusa, mas não acho que seja por sentimentos entre o Nick ou o . É uma necessidade mais corporal, sabe?
— Ah mãe, por favor!
— Eu estou falando sério! Uma mulher também tem suas necessidades, e espero que amanhã quando você for sair com seus amigos, faça-me o favor de aproveitar que a não está aqui, e não volte para casa!
— Mãe!
Na mesma hora que eu iniciaria uma torrente de justificativas, abriu a porta e entrava junto ao Alex.
— Alex! – exclamei surpresa por ele chegar cedo.
— Olá ma belle amie*!
*ma belle amie: minha amiga linda.
Levantei-me e fui abraçá-lo. Mamãe também, já que não havia o visto ainda desde que chegara e tinha um favoritismo de Alex, entre meus amigos, é claro.
— Achei que viria mais tarde. – falei o puxando para o sofá.
Sentamo-nos ao mesmo tempo, e ficamos abraçados como se não nos víssemos há muito tempo.
— Eu pensei em vir mais tarde mesmo, mas... Eu tinha um compromisso aqui na região mais cedo, e acabei aproveitando...
Pensei sobre aquilo, voltou da cozinha com a cerveja e alguns copos, e mamãe com petiscos. Eu não me lembrava de Alex ter me dito de algum compromisso na região, e se bem me lembrava, além de mim, ele não conhecia ninguém no meu bairro.
Com meus braços entrelaçados na sua cintura, eu olhei para cima, a fim de encarar seu rosto, e ele riu por saber que eu iria perguntar o que ele havia ido fazer ali.
— Eu sei curiosa! Eu conheci uma pessoa da região, e bem... Ela me chamou para um jantar numa folga minha e eu...
— Ela!? – alarmei.
— Ela? – mamãe também se pronunciou curiosa e levou um cutucão do para que não se metesse, mas não deixou baixo: — Não cutuque a sua mãe, !
Nós rimos, e Alex e eu nos encaramos sabendo que ela iria se meter no assunto.
— Alex! Você está namorando?
— Não, Meg. Foi apenas um encontro.
— E como você não me contou isso!? – perguntei ultrajada.
— Porque eu não tive tempo. Foi bem recente ... E depois, eu nem sei se vai dar em algo, eu trouxe o casaco dela que ela esqueceu comigo e...
— Ela esqueceu o casaco com você e você veio devolver?! – e eu perguntamos juntos, e rimos em seguida.
Pronto, a família toda se meteu na nova crush do Alex.
— É...
— Alex! Há quanto tempo você está sozinho? – mamãe perguntou.
— Ah se não fosse a Miley, eu iria sair com você para te colocar de volta ao jogo, amigo!
— Eu não estou entendendo... – Alex ria confuso para nós três.
— Alex! Se ela “esqueceu” o casaco com você – fiz aspas com as mãos ao mencionar: — É porque ela deixou uma nova oportunidade de vocês se encontrarem com calma, entende? Não era para você aparecer na casa dela e devolver o casaco! Agora ela vai entender que você não quer mais vê-la!
— E eu não quero. Eu sabia disso , mas eu não estou em condições de negar ninguém, eu sei... Só que... Ela é melhor amiga da Marianne.
— O quê?
— A maluca da Marianne armou tudo! Essa garota apareceu no bistrô e a gente trocou uns flertes, então ela perguntou quando eu estava de folga e me chamou para sair e eu aceitei. Mas aí, no meio do encontro ela deixou escapar que “Marianne realmente estava certa sobre você, além de lindo é um homem muito interessante”.
— Ela te cantou assim? Ela realmente estava interessada! – mamãe falou como se desaprovasse a garota, sendo que nós sabíamos que ela faria o mesmo.
— Bem, e por que você não quer sair com ela só por ser amiga da Mari? – perguntei.
— Porque se alguma coisa der errado, a Marianne vai fazer da minha vida um inferno, não acha?
— Dude... Mas, você está indo ao encontro já pensando que vai dar errado? – perguntou.
Bebi minha cerveja e revirei os olhos ao encarar aquela resposta de Alex.
— Tá, você não quer sair com ela por medo da Marianne ou por que prefere a Marianne?
— Que isso , está doida? Eu não sinto nada pela Marianne!
— Mas vocês poderiam sair, eu já te disse isso! E já falei para ela também! Mas, ela insiste nisso de “não se envolver com colegas de trabalho”. Hunf... Vão se envolver com quem então!? A vida de vocês todos é só o bistrô! Não a toa ela vive se aventurando em aplicativos de relacionamentos!
— Calma, ma petite, não fique brava. Amanhã todos vocês irão aproveitar a noite! Quem sabe você não passe a noite com o Alex?
Quando mamãe terminou a frase, não apenas eu e Alex estávamos espantados como também .
— Mãe, a senhora já está bêbada com apenas um copo? – perguntou.
Ela revirou os olhos e tinha um sorriso presunçoso no rosto. Eu e Alex ainda a encarávamos chocados.
— Não sei qual o problema. Vocês poderiam se aventurar nesta amizade e colorir isso! Eu sempre achei que você era gay Alex, mas desde que descobri que não, não entendo como pôde deixar a escapar para o Nicholas! Vocês são ótimos! Olha só... – ela apontou para nós que ainda estávamos abraçados ao sofá: — Fazem um belo casal!
Alex estava sem fala e eu sem cor.
— Mãe! Pour l'amour de Dieu*! A senhora pode se decidir, para cima de quem vai jogar a ? Uma hora é o , outra até defende o Nick, e agora sobrou até para o Alex!
*pour l’amour de Dieu: Pelo amor de Deus.
— Nick? Ah nem se a mamãe me obrigasse!
— Será mesmo ma petite? – ela me encarou com olhar julgador por minha conversa com ela minutos antes — Eu só acho que ela precisa se divertir. E o Alex pelo visto, também! Está um tanto sem prática!
— Mãe!
Alex explodiu em risadas e logo contagiamo-nos todos pelo riso.
— Meg, seria incrível que e eu fôssemos um casal, mas eu já perdi a largada faz tempo.
— O quê? Ela está livre agora! E por mais que tenha o na jogada, você está uns bons anos à frente dele mon cher! Você conhece a há mais tempo, sabe tudo sobre ela!
— Eu não vivi para ver a minha mãe me empurrar para o Alex, não é? – perguntei ao , com minha expressão ainda atarantada.
— Você mesma falou que seus funcionários deveriam se envolver entre eles. Qual o problema de se incluir nisso? Não estou falando para vocês casarem, mas podiam se aproveitar melhor.
— Mãe, chega de álcool para a senhora por hoje. – interviu.
— Meg, e eu somos como ela e o . – Alex falou certeiro, e sabia que convenceria mamãe com aquela.
— Sendo assim... Melhor vocês dois aproveitarem bem a noite de amanhã, com outras pessoas!
— Talvez você devesse ir, Meg... Para ser o cupido da noite.
— Ah não Alex, querido, obrigada! Mas, eu vou deixar só os jovens se divertindo amanhã, combinei com a Miley de ir numa baladinha de vovós que ela me indicou.
— Não é baladinha de vovós mãe! É a escola de dança de salão em que ela trabalha... – explicou risonho.
— Hm... Muito bom, mamãe! A senhora tem mesmo que sair para conhecer pessoas!
— E você , não quer ir conosco?
— Ah não, eu já combinei de levar a senhora Meg e acompanhar a Miley.
— E a ? Ela não volta amanhã?
— O Nick vai ficar com ela até segunda, Alex. – falei num misto de alegria e saudade.
— Parabéns, mon amie... É importante eles terem um tempo juntos, e você foi muito madura de permitir isso agora.
Continuamos todos ali conversando animados sobre a noite seguinte, onde mamãe fazia questão de nos lembrar de que deveríamos arrumar alguns crushes. Depois, Alex eu e conversamos sobre as mudanças no bistrô. A ideia que Alex havia tido sobre a mudança, era incrível.
— Noites de Baile?
— Não ia ser incrível? Nós temos um salão de danças! E você poderia colocar, por exemplo, um tema a cada sexta-feira! Outra pessoas iriam querer frequentar o De L’ para dançar!
e eu nos olhamos e sabíamos que era muito possível dar certo.
— Eu quero aproveitar para falar outra coisa! – se pronunciou.
Eu até já sabia sobre o que seria. Nós já tínhamos conversado sobre aquilo, no dia anterior quando ele foi levar uns papéis urgentes para mim no bistrô.
— e eu tivemos conversando sobre a situação financeira do bistrô, Alex. Ela está prestes a quitar o contrato de dívida da reforma com o Nick. E isso, vai dar espaço para outros investimentos e mudanças... está cheia de ideias, mas ela sabe que sozinha ela não vai conseguir...
sorriu e me deu espaço para falar, ele notou o brilho de ansiedade dos meus olhos.
— Alex! Quer ser meu sócio? – perguntei diretamente e ele quase cuspiu a cerveja.
— O quê?
— Não tem pessoa melhor para isso, Alex! Estamos juntos há anos nisso, e eu acho que seria uma ótima forma de recompensar você por tanta ajuda!
— Mas, ... – o olhar de Alex cintilava em surpresa.
— Você aceita?
— ... Tudo o que eu faço ao De L' é por amor a voc~e, e ao restaurante. Não precisa me recompensar, mais do que o meu trabalho.
— Ora Alex, faça-me o favor! – mamãe se meteu novamente: — poderia ser processada por te escravizar! Não me venha com isso agora! Esta é uma proposta justíssima! Você fez mais pelo bistrô do que o próprio Nicholas, que já foi sócio.
— Mamãe tem razão Alex, e e eu, pensamos em você ter 40% de participação na sociedade, o que me faria continuar sendo majoritária.
— E então, Alex? – perguntou tão curioso quanto à Meg e eu.
— Meu Deus, ... – Alex sorriu realmente surpreso e feliz.
Deixou sua cerveja na mesa e se levantou do sofá, um pouco emocionado. Não entendi a situação, até Alex estender uma mão para que eu pegasse. Ele me ergueu e puxou meu corpo para si, num abraço forte e grato. Ele havia aceitado, e estava radiante pela notícia. E eu também. Eu me arrependia de não tê-lo feito aquela proposta antes, mas acredito que foi na hora certa.
— Céus, é mesmo um desperdício! Vocês ficam ótimos juntos! – mamãe falou quebrando o clima de abraço entre Alex e eu para compormos todos, risadas descrentes.
Depois daquilo, nossa noite se resumiu em conversas mais certeiras em relação à sociedade, seguindo por novos planos e ideias para o bistrô, e finalizando com conversas animadas sobre a saída que teríamos no dia seguinte.
Capítulo 30
(If I Were A Boy – Beyoncé)
Jane, Marianne, Gisella, Kelly, Savana, Carol, Tiffany, Lis, Lauren, Giulia e eu estávamos tornando o ambiente da minha casa como uma festa de pijama adolescente. Ah! E claro, madame Meggie também, afinal, ela não ficaria de fora. Mamãe desfrutava de uns drinques junto a mim e minhas amigas e funcionárias.
As meninas chegaram causando tumulto aquela tarde, e embora eu me sentisse estranha de estar aproveitando meu domingo enquanto minha filha estava com o pai, aos poucos eu fui me soltando. Telefonei três vezes para o Nicholas naquele domingo, e mais duas depois que cheguei em minha casa, a fim de me certificar que tudo estava bem. E aquela já era a sexta vez, enquanto eu me afastei das meninas para telefonar.
— ... Já é a sexta vez que você liga hoje. E eu não quero te irritar ou ser grosseiro, mas será que você pode relaxar um pouco? A está bem, e mesmo que não estivesse você seria a primeira, a saber, ok?
— Certo Nick, me desculpe... Eu só fiquei preocupada.
— É eu sei, mas relaxa, ela está com o pai dela.
— Me desculpe! Me desculpe, Nick, não quis ser invasiva... Eu vou desligar e não telefonarei mais hoje, eu prometo! Mas...
— Qualquer coisa, eu te ligo, já sei... – ele interrompeu rindo fraco — Boa noite, .
— Tá, boa noite...
Desliguei a chamada e mamãe me olhava da porta da cozinha, enquanto algumas risadas ecoavam na sala.
— Filha, você precisa parar de ficar em cima do Nicholas se quiser que ele se vire melhor como pai!
— Eu sei mãe, eu sei! É só que... Eu estou me sentindo extremamente culpada por estar me divertindo aqui e a lá...
— , para de surto! Você não está fazendo nada de errado, e sua filha está com o pai dela! Vamos logo, essas depravadas que você chama de funcionárias estão falando de homem de novo, e você precisa ouvir um pouco!
— Mãe!
— O quê? Está super divertido sua boba!
Neguei com a cabeça e sorri deixando o telefone na bancada da cozinha. Assim que cheguei à sala, pude ouvir a minha mãe conversando com as meninas.
— O que ela está fazendo, Meg?
— Ah! Estava em cima do Nicholas por causa da de novo!
Surgi no campo de visão delas, olhando feio para mamãe por me dedurar, e o som de gargalhadas altas eclodiu de Marianne, logo que ela zombou:
— Ah não! Em cima do Nicholas não! Já passou da hora de você ficar em cima de outro!
E todas nós não conseguimos evitar, a gargalhada foi geral.
— É... Em cima de um, tal Dr. , por exemplo... Se é que já não esteve... – Jane mencionou sedutora.
E pronto, todos os pares de olhos estavam sobre mim a ponto de me engolir pela verdade.
— Não, eu não estive! – sorri sem graça.
— E aquela vez que ele amanheceu no bistrô? – Marianne perguntou.
Mamãe me olhou surpresa com expressão de ultraje por eu não ter contado a ela, algumas das meninas da manhã riam entre si e algumas das meninas da noite, estavam tão confusas quanto Meg.
— Ele não amanheceu lá, Mari! – me defendi.
— ! Não vem com essa! O Alex ficou te protegendo naquele sábado, e essa foi a sua sorte, porque se fosse com o turno da manhã e a Marianne tivesse pegado vocês, você não estaria se defendendo agora!
— Gente, é sério ele não...
— ! – Marianne bronqueou como se eu a chamasse de burra, e Gisella concordava — A gente sabe que ele dormiu lá, ok? Ele abriu a porta do seu escritório todo amarrotado!
As meninas gargalhavam e eu estava mais constrangida do que tudo na minha vida. Mamãe continuava me inquirindo com o olhar, por uma explicação.
— Tá, olha só... Não rolou nada! A gente só jantou junto, e ele tinha vindo direto do plantão. Estava cansado, eu disse pra ele ir dormir no escritório e virei a noite trabalhando. Como de costume, aliás. E não me venham com esse olhar, não rolou nada mesmo!
— Nossa! Vocês são muito lentos... – Jane riu virando sua bebida enquanto todas riam.
— Tem horas que eu me irrito com o cavalheirismo do . – mamãe falou — Eu vou ter que pedir a ele para te jogar na parede igual eu fiz com o Alex?
— O Alex? – Marianne gritou confusa.
— Mamãe cismou que eu e Alex devíamos ser um casal! – respondi.
— Ah não Meggie! Eu estou tentando ajeitar ele para minha melhor amiga.
— Pois ele já deu o fora nela, Marianne!
— Mãe! Você não deveria ficar falando da vida do Alex assim! – eu ri abismada com a cara de pau da senhora Meggie.
— Tsc... – Marianne estalou a língua descontente — Que bom que ele fez isso agora, porque ela com certeza se apaixonaria por ele e ficaria bem pior se Alex desse um fora depois.
— Por que ela se apaixonaria? Eles saíram só uma vez! – perguntei.
— Hello! Quem não se apaixonaria no Alex?
Marianne disse e todas nós nos entreolhamos risonhas e ela logo notou.
— Não, não! Eu não estou dizendo que eu... Eu não... Olha só!
— Calma Mari! – Gisella falou: — Nós entendemos o que você quis dizer, não precisa ficar nervosa... O Alex é incrível mesmo. Sorte das meninas da noite.
— Não é Giulia? – Jane cutucou nossa colega que estava sem graça já.
— Giulia? O que eu não sei? – perguntei.
— Nada, é só besteira da Jane.
— Aham, claro... Ela e o Alex trocaram saliva tempos atrás.
— O quê?
A chuva de perguntas em torno dela me livrou da atenção de antes, e embora eu estivesse revoltada por Alex não ter me contado aquilo, eu também estava feliz e esperançosa para que eles se acertassem. Mas logo o assunto voltou a ser e eu.
— Mas então... – Lauren perguntou — O vai hoje?
Eu ri sem graça de novo, por novamente todas estarem me encarando com aquela expressão de luxúria e mamãe logo deu um jeito de se divertir com a minha cara de novo.
— Claro que ele vai! Ele vem buscar ela!
— Mentira?!
Um coro de mulheres já bêbadas e afoitas se fez ouvir e um burburinho de assuntos variados, dos quais eu não entendi até ser arrastada para o meu quarto.
— O que vocês estão fazendo? – perguntei risonha.
— ! Ele vem te buscar! Nós precisamos deixar você o puro do pecado hoje! É claro que nós vamos ver a sua roupa agora! – Marianne esbravejou animada.
Logo fui sendo empurrada por um grupo de mulheres taradas e ao mesmo tempo em que eu ficava sem graça, eu me divertia com a situação. Não demorou muito para mamãe entrar no quarto e me entregar meu copo que havia ficado na sala.
Meggie encabeçou a bagunça ao lado de Marianne. Elas abriram meu closet e logo que Marianne vasculhava as minhas roupas, mamãe abriu a gaveta de lingeries gritando:
— Achei!
Todas nos concentramos nela, até ela puxar um conjunto dos meus lingeries provocantes, que há tempos eu não usava, lógico. E era dos meus lingeries, a favorita do Nicholas. O coro de vozes alvoroçadas só aumentou e eu não consegui rir, porque aquele maldito lingerie vermelho me trouxera memórias da última vez que a vesti, para ele.
— ? – mamãe me chamou disfarçando o riso com as meninas.
— Essa não mãe... Essa era a favorita do Nick.
— O cretino e safado, além de gostoso tem um puta bom gosto! – Marianne falou e eu gargalhei de novo.
— Você o chamou de gostoso? – perguntei.
— , qual é! Não somos cegas, e só isso explica o fato de você ficar com ele há tanto tempo... Mas, quer saber? Se o Nick gosta de vermelho, então o deve gostar de preto!
— Ou branco! Ele é médico! – Giulia falou.
— Preto! Por isso mesmo ele não vai querer ver a de branco, Giu! Ele vê mulher de jaleco o tempo todo! Não queremos desanimar o garoto! – Lauren afirmava.
As meninas concordavam e voltava o alvoroço junto à mamãe que vasculhava a minha gaveta secreta de lingeries a procura de algo que fosse satisfazer o suposto gosto, do suposto cara que elas achavam que veria aquilo. E eu apenas bebia e gargalhava por não acreditar que eu estava no meio daquilo.
— ! Cadê aqueles seus vestidos bacanérrimos de quando você saia com o Nick? – Marianne perguntou insatisfeita pelas minhas roupas habituais no armário.
— Ah, eles estão na segunda porta. – falei.
Meu closet pequeno, mas organizado estava entupido de mulheres esparramadas pelos puffs, pelo chão e pelas minhas coisas. Marianne deu um gritinho e todas as meninas foram animadas às araras com meus vestidos. Elas vasculhavam tudo empolgadas, e eu até entendia o motivo: aqueles eram modelos incríveis, e alguns até exclusivos, e que há muito tempo eu não vestia.
Eu estava sentada ao chão, num cantinho observando todas elas felizes, fazendo uma bagunça que eu estava amando, confesso, e mamãe se aproximou com suas pernas esbeltas naquele vestido despojado e soltinho, que lhe batia no joelho e sentou-se ao meu lado. Esbarrou-me com o ombro fazendo-me a encarar, e aquele sorriso sacana de madame Meggie estava ali. Viria uma gracinha.
— O que foi? – perguntei.
Ela tirou de sua mão escondida a lingerie preta que ela escolhera, e que era avassaladora. Eu não havia usado aquela ainda, era parte da última compra que fiz antes do Nick voltar da viagem que motivou nosso divórcio.
— Que tal?
— Essa eu nunca usei. – falei rindo.
— Eu sei, está com a etiqueta. Não poderia ser outra melhor! Vai ser estreada em grande estilo! Se eu bem conheço os homens, o com aquela carinha de sonso deve ser um grande pervertido! Acredite em sua mãe! Eu tenho experiência!
Foi impossível não gargalhar. Mamãe me fez rir divertidamente, e me encarava com ar de deboche, por achar que eu fazia piada dela, mas a verdade é que estava engraçado tê-la ali naquela confusão. Por um momento foi como voltar a ser uma adolescente com as minhas amigas, e uma recém-desvirginada com minha mãe. Mamãe fez uma festa quando eu perdi a virgindade, isso claro, depois de horas de diálogos sobre a importância e responsabilidade daquilo. Dali para cá, eu conheci mais do que a minha mãe, mas também, a mulher que Meggie Durand era.
— Mamãe, eu não vou transar com o .
— Você não sabe ! É bom estar preparada. Cedo ou tarde isso vai acontecer mesmo... Só... Não fuja ok? Se ele te prender no carro, aproveite.
Ela disse aquilo me arrancando mais risos, mas sua fala me fez lembrar o dia que eu fiquei presa no seu carro pelo cinto. De repente o closet estava abafado demais.
— Ei ! O que acha desse? Cadê a lingerie Meg? – Jane perguntou.
Mamãe ergueu a lingerie dizendo animada:
— Bastante transparente para o selvagem que eu sei que deve ser! E intacta! não usou essa!
As meninas gargalharam de novo, e Jane observava o vestido em sua mão e a lingerie na mão da mamãe.
— Eu gostei desse. Acho que ele já vai ficar surpreso de ver o vestido, quando vir o conjunto então... – Jane afirmou.
— Eu gosto desse vestido mesmo! – falei animada, até havia me esquecido dele.
Era um vestido azul marinho de mangas longas, com decote discreto, mas sensual, e justo na medida certa.
— Aliás, ... Você tem tantas roupas lindas aqui! Precisa usá-las!
— Eu vou usar isso aonde Mari? São roupas das épocas que eu precisava sair com o Nick...
— Você tinha um stylist? – Jane perguntou.
— Não, o Nick tem. Quando necessário ela montava os looks para nós dois, mas a maioria dos meus vestidos foi escolhida por mim ou pelo Nick.
— Este aqui foi ele que escolheu? – Jane perguntou com o vestido que me mostrava nas mãos.
Pensei um pouco e me recordei que havia sido presente dele sim. Assenti e na hora todas elas se entreolharam maldosas e concordaram que eu iria com aquele ali. E de certo tiraria muitas fotos ao lado do para minhas redes sociais.
— Vocês querem ver o circo pegar fogo, logo agora que o Nicholas está quietinho né?
— ... Ele que vá se ferrar, são as suas roupas, que você pode e vai usar quando e com quem quiser! – Marianne então sorriu sapeca concluindo: — A gente só quer que ele fique imaginando qual dos seus lingeries favoritos dele você vai usar com o ...
As garotas gargalhavam de novo, e mamãe deixou-nos para ir se arrumar.
— Já está na hora de vocês se arrumarem também, meninas!
— Ok, tia Meg! – o coro de mulheres adultas fazendo voz adolescente foi hilário.
E lógico, instaurou-se uma correria para cá e para lá, com as garotas indo até seus carros a buscarem roupas, maquiagens e tudo o mais necessário para nos aprontarmos.
Eu, logicamente, me tornei a boneca delas. Quando eu já estava saindo do banho, mamãe apareceu na minha suíte me estendendo a lingerie.
— Você acha que eu sou idiota, ? Eu sabia que você ia trocar para algo mais discreto! ! Vá preparada, porque se não for o , sabe que será outro! Eu não quero ver você voltando pra casa hoje sem apagar esse fogo entre as pernas!
Brigou comigo e bateu a porta. Eu me vi enrolada à toalha, encarando descrente o lugar onde antes minha mãe estava. Sentia-me uma garotinha boba com a reação dela, e quem Meg queria enganar? Ela que estava com fogo debaixo daquela saia! Com certeza, aquilo tudo era culpa do álcool. Eu não queria nem ver como mamãe estaria no seu “bailinho” mais tarde. iria me matar, com certeza. Saí do banheiro, vestida para matar, como elas tanto queriam. Jane maquiou-me, Lauren escolhia os conjuntos de joias para compor o meu look.
— E o cabelo ? Vai pentear ele, estilo comportada?
— Isso! Vai arrasar, com a cara de menininha boa se pentear o pixie com gel! – Giulia gritou animada.
— Ah... Eu pensei em pentear todo para trás, meu pixie tá um pouquinho comprido já, quase nem é mais um pixie e vai compor bem com a make.
— Concordo! – Jane falou e assim fizemos.
Quando me olhei no espelho depois de pronta, eu não sabia onde estava me metendo, mas eu me sentia uma mulher atraente como há muito tempo não sentia. Aguardávamos a chegada de , para que pudéssemos partir e as meninas após prontas, guardaram suas coisas nos carros e bem como vieram, já haviam dividido como iriam juntas também. Contavam que eu iria com alguma delas, mas no fim, não seria necessário.
Bebíamos enquanto ouvíamos música, e cantamos em coro “If I Were A Boy” com mamãe, rindo de nós, ao telefone com que indicou estar a caminho. O som da campainha da minha casa não foi maior do que nossas vozes e risos, num karaokê conjunto, e logo elas me olharam.
— É o ? – Marianne perguntou e encarei mamãe que fez sinal de que ainda estava ao telefone com a Miley — Se não é o , então é o !
Marianne e as outras meninas se animavam e fingiam estar comportadas. Enquanto algumas corriam para baixar o som, e outras reuniam a quantidade de garrafas na mesa de centro para dar fim, eu ria nervosa e ansiosa, de toda a situação.
— Vá atendê-lo ! – Lauren afirmou me empurrando para a porta.
Eu estava perdida, completamente zonza em meus gestos. Encarei a direção da porta da sala e com a mão na maçaneta respirei fundo. Liberei o portão social da minha casa, pelo interruptor automático, e contei até três mentalmente. Buscava me acalmar, e só percebi a quão nervosa eu havia ficado quando me deparei com o fato de tocar a campainha de novo. Eu o fazia esperar, e aquilo era extremamente estranho vindo de alguém que sempre o recebia antes mesmo dele chegar.
— É só, o , ... Por que está tão nervosa? – me perguntei num sussurro tolo, e girei a maçaneta com um sorriso.
Quando a porta se abriu, que olhava para o chão com as mãos no bolso, levantou seu olhar tranquilo em minha direção. Encarei-o apavorada. não estava bonito. Estava deslumbrante, como eu nunca havia notado. A jaqueta de couro era totalmente contrária às suas roupas habituais, e então me permiti pensar que, talvez, não só eu havia escolhido caprichar aquela noite. Na verdade, não deve ter tido um esquadrão do sexo para aprontá-lo, o que me fez ficar em dúvida sobre que intenções o teriam levado a ficar tão perfeito daquele jeito. Algo em mim estava muito fora do normal naquele momento.
Capítulo 31
*Capítulo narrado por
Eu estava estacionado à porta da casa de e telefonava ao seu celular várias vezes desde que saí de casa. Alguma coisa teria acontecido? Pelas luzes acesas eu soube que ela estava em casa... Ou ao menos alguém estava. Olhando mais uma vez para o visor do meu telefone, que mostrava a caixa postal da chamada, desisti de tentar e guardei-o na jaqueta. Certamente, me avisaria caso tivesse desistido ou estivesse em outro lugar.
Bati a porta do carro trancando-o com o alarme automático, e segui ao portão alto de grades brancas e interfonei. E não foi difícil pensar que não escutava ao meu telefonema, quando ouvi vozes confusas e uma música tocando alta, embora distante para mim que ainda estava na calçada. A demora em liberar o acesso ao interior da casa também era estranha, mas antes que eu tocasse novamente a campainha alguém destravou o portão. E não foi , pois, com certeza o sorriso lindo dela já estaria na porta da sala me esperando.
Caminhei pela calçada de pedras de jardim e subi os dois degraus baixos da varandinha e esperei. Ela ainda não vinha, então toquei de novo a campainha, confuso em não ouvir mais a música tão alta, – parecia que haviam abaixado – e estranhando o fato de que, ainda não tivessem aberto a porta. Será que não era a estar em casa, mas talvez Meg que dava uma festinha?
Meu pensamento foi interrompido quando a porta se abriu e com ela, eu pude me deparar com o maior susto da minha vida: Bernard. A minha primeira visão foram os sapatos brancos de bico arredondado, em seguida, subindo aos poucos o meu olhar... As pernas. As lindas pernas que eu ainda não havia reparado tão bem quanto naquele momento, e quando vi os joelhos percebi que o vestido era curto, pois um pouco mais de suas coxas estavam bastante perceptíveis. Ok. Aquilo estava ficando bem, bem estranho. O vestido era azul marinho, ao menos não era vermelho, pois, eu poderia entender errado... Com certeza, ela não estava vestida daquele jeito, por e para mim, então... Menos mal, ou eu não seria capaz de ficar por perto com o mínimo de sanidade depois de ver aquelas pernas.
Meus olhos não subiram em câmera lenta, por mais que eu sentisse-me como se o tempo houvesse parado, mas degustei aquela bela visão com muita calma. O decote era discreto, e por mais que eu não pudesse ver muito, aquilo que deveria ser perfeito, eu pude ver o colar fininho que se perdia como uma gota escorrendo no meio dos seios dela, e tivesse a sensação de morrer quando cheguei ao seu lindo sorriso vermelho. Bernard tinha péssimas intenções naquela noite. Ou as melhores eu devo dizer, já que alguém poderia tirar aquela grande sorte.
Ela parecia fazer o caminho inverso ao meu olhar, e quando nossos olhos se cruzaram, eu soltei o ar que nem havia notado prender. Ela sorria sem graça e, ou a maquiagem estava deixando-a propositalmente sexy com aquele rubor falso, ou ela realmente estava ruborizada. Ao invés de sorrir e desejar uma boa noite, ou falar qualquer coisa que eu diria normalmente a ela, eu perdi a noção.
— Uau...
Levei meu indicador flexionado à boca e o mordi entredentes, tentando fugir os olhos da visão de e dos meus pensamentos nada apropriados. E lógico que a percebeu que eu estava tendo um piripaque, mas eu não poderia surtar ali, não é? Mas surtei. Abaixei a mão e a encarei com a minha respiração descompassada e sorri como um paciente de AVC, no sorriso mais torto possível antes de sair correndo:
— Eu... Eu esqueci meu celular no carro... Já volto!
não teve tempo de me responder. Dei-lhe as costas e caminhei em direção ao meu carro, batendo em minha testa como o idiota que eu estava sendo e entrei eufórico. No momento que meus dedos apertavam o volante, eu respirei como se a atmosfera não estivesse mais tão densa. Olhei pelo retrovisor e estava parada à porta da sua sala, bastante confusa. Fez sinal de ombros para alguém que deveria estar a perguntando: “O que houve?”, e na mesma hora me indaguei se eu deveria ter levado flores. Não estávamos num encontro, não é? Era só uma saída... Entre amigos... E eu estava demorando naquele carro, enquanto ela olhava na minha direção, confusa. Eu precisava de uma desculpa melhor. Minha cabeça raciocinou direito, mas meu corpo não me obedeceu. Girei a chave e acelerei o carro saindo dali, rumo a qualquer lugar que eu pudesse lhe comprar um buquê, ou seja, lá o que eu estava indo atrás.
— , não seja ridículo! Volte logo ou ela vai achar que você desistiu, seu idiota!
A minha própria voz ecoou na minha mente, e graças a Deus era a minha sã consciência. Retornei bruscamente com o carro e parei de novo em frente à casa dela, mas ao lado da calçada do portão. falava com alguém dentro da sua casa, ainda parada e boquiaberta na porta da sala. Ela certamente estava pensando se deveria me deixar para trás e ir se divertir, sem o grosseiro do que tinha acabado de sair correndo.
Assim que desliguei o motor e bati a porta do carro, ajeitei minha postura e me coloquei a caminhar altivo em sua direção. Ela me notou e sorriu novamente, agora com uma expressão de “o que você está fazendo?”. Com passos firmes me encaminhei até ela, e percebi que meus batimentos cardíacos já estavam normais de novo. Pronto, surto controlado. Tudo sobre controle.
— Me desculpe ! De repente eu achei que deveria ter trazido flores, mas aí... Foi estranho pra caramba eu sair daquele jeito, não é? – perguntei sorrindo com as mãos à frente do meu corpo como se quisesse acalmá-la.
— É! – ela riu divertida — Eu pensei que você estava desistindo... Sei lá... O que aconteceu?
— Eu morri por um minuto quando você abriu a porta.
Novamente o rubor na sua face surgiu com um sorriso meigo e tímido.
— Ah , para com isso... Eu só... Vesti alguma coisa diferente...
— É eu percebi... Quantas versões incríveis de você eu ainda vou conhecer?
Ok, nada sobre controle. De repente eu estava flertando com a na cara dura e sem o menor motivo. Ela iria desistir de mim depois daquele dia, eu tinha certeza! sorriu novamente sem graça, e fugindo da minha pergunta me puxou pela mão para dentro de sua casa.
— As meninas estão aqui. – ela falou risonha antes que eu surgisse no campo de visão de todos — É o , meninas. Ele chegou.
Quando apareci na sala o silêncio foi extremamente maior. E todos aqueles olhos eram os mesmos do dia que eu abri acidentalmente a porta do escritório da . E não só eram os olhos das mesmas pessoas, em alguns, mas eram olhares confusos e curiosos. Sorri aliviado ao encontrar Meg, vindo em minha direção, toda animada e despojada – bonita e elegante, vale ressaltar – com braços abertos a me receber.
— Uau, você vai conosco! – falei para ela piscando atrevido e afirmativo devolvendo-lhe o abraço, e logo me virei a todas as mulheres ali presentes que ainda me encaravam: — Boa noite meninas... Então hoje teremos um desfile de beldades ou eu errei o endereço?
As risadas ecoaram tranquilas, e eu me senti aprovado. Aprovado para o quê? Não fazia ideia! Troquei olhares rápidos com , e logo uma a uma delas surgiu até mim, em abraços – algumas garotas se aproveitaram da situação, eu notei – e beijos de cumprimentos.
— Bem, então vamos! Eu já telefonei para o Austin e os rapazes já estão lá!
— Ok, Jane... Vai indo à frente.
falou e a mulher que se chamava Jane me perguntou:
— Você precisa de ajuda ou conhece o caminho, doutor ?
— Ah eu conheço sim! Não precisa esperar, e podem me chamar de .
Elas sorriram e saíram quase todas ao mesmo tempo, despedindo-se de Meg e causando certo agito.
— Então você não vai nos acompanhar? – perguntei mais calmo quando ficamos , Meg e eu.
— Não mon chér... Eu tenho a minha própria baladinha também! e Miley estão chegando... Mas se eu soubesse que você estaria tão incrivelmente lindo e charmoso assim, eu iria te arrastar comigo. Exibir um jovem e belo acompanhante à terceira idade.
Meggie Bernard era mesmo uma figura!
— Boa noite para vocês dois, e divirtam-se! – ela se despediu em tom inquisitivo, e foi ainda mais inquisidora à : — E você me obedeça! Trate de não voltar para casa esta noite!
— Mãe! – bronqueou se sentindo envergonhada.
Olhei de mãe para filha e notei que havia uma conversa entre elas, que eu não saberia qual era. Mas achei extremamente fofa, com aquele rubor misturado a rebeldia quase adolescente diante à mãe.
— , faça-me o favor de não me entregar a minha filha esta noite!
— Ah... Pode deixar!
Respondi risonho e me olhava como se eu não tivesse feito a escolha certa de resposta, então logo me justifiquei:
— Ela tem razão ! Você sempre passa as noites fora trabalhando, nada mais justo do que passar a noite fora se divertindo.
Meg gargalhou contente, parecia que tinha ganhado pontos à frente da , e de novo a mão da mulher linda ao meu lado encontrou a minha me puxando para fora da casa. E eu senti um choque percorrer meu corpo com aquele mísero toque. Nada bom.
Meg fechou a porta atrás de nós desejando-nos novamente uma noite de diversão, e quando pisamos à calçada e Miley surgiram na nossa frente.
— Uau! – irmão e cunhada disseram ao vê-la.
sorriu tímida e eu observava à cena com o mesmo deslumbre de quando ela abriu a porta.
— Foi o que eu disse também... – brinquei.
Ela e Miley se abraçaram em cumprimento, trocando risos e alguns sussurros, e se aproximou batendo na minha mão e me puxando num abraço amigo.
— Cuida bem da minha irmã esta noite, . – ordenou com semblante protetor enquanto me cumprimentava.
— Pode deixar, cuidarei como se eu fosse você.
— Ah não! Não tão bem assim... Pode ser um pouco descuidado, se é que me entende...
Sorri ao ver me permitir de forma sutil que paquerasse sua irmã, e respondi um pouco sem jeito:
— Deixa comigo.
retornou alguns passos para trás ao meu lado e foi abraçar ao irmão, eu abracei Miley cumprimentando-a.
— Caprichou, . – ela sorriu e piscou.
Parecia que também tinha me aprovado para seja lá o quê. Todos me aprovavam.
— Mamãe está animada? – perguntou à irmã que gargalhou travessa.
— Ela está bem animada! Eu havia me esquecido como mamãe ficava após doses alcoólicas.
— O quê? , você está me entregando a mamãe, bêbada? Ela está bebendo desde quando?
— Desde o fim da tarde quando as meninas chegaram! Ela se divertiu com a gente... Mas, relaxa, ela está bem... Só que a língua está mais solta do que nunca... Prepare-se Miley, você pode ser pega com algumas perguntas constrangedoras.
— Droga ...
murmurou em falso desânimo, porque na verdade ele ria tanto quanto a irmã, e a Miley encarou a mim, surpresa. Eu devolvi o olhar de quem sabia que estava falando sério, embora eu não tivesse achado Meg fora do normal.
— E porque você está tão bem assim? Aposto que as suas amigas saíram daqui bem animadinhas!
— Ah com certeza, lideradas por Marianne e Jane não poderia ser diferente, não é?
— Certo, certo! Divirtam-se!
e Miley entraram, e eu nos encaminhamos em direção ao carro, e antes que eu abrisse a porta para ela entrar a encarei novamente sorrindo.
— O que foi? – ela perguntou.
— Você tem sorte de ter um médico ao seu lado esta noite...
— Por que eu precisaria de um médico?
— Não você... – estalei a língua como se lamentasse por algo — Mas todos aqueles que a virem esta noite. Com certeza alguém vai sofrer um ataque cardíaco... Eu deveria ir ao meu apartamento buscar a minha maleta?
sorriu e encarou-me diretamente nos olhos, como pouco a vi fazer. Na verdade, me encarou exatamente como dias atrás na cozinha, num momento que por muito pouco eu não a beijei.
— Você não vai precisar. E eu não quero o doutor ao meu lado hoje... Quero o ...
Certo, meu sorriso desapareceu no mesmo instante. Ela também estava flertando ou eu que torcia por aquilo?
— E por isso vamos cuidar para que eu não assuste ninguém.
— Não sabia que você tinha o superpoder de brilhar somente aos olhos de quem você quiser. Achei que este brilho era algo impossível de controlar. – afirmei e abri a porta para ela entrar.
abaixou a cabeça num sorriso discreto e novamente ruborizou. Fechei a porta e entrei no carro, tão risonho como poderia estar. Afinal, não dava para não sorrir ao lado dela.
— Escuta... – ela perguntou com humor enquanto puxava o cinto: — Você já mandou consertarem isso?
Ri com a piada e escapei um olhar para a fivela que ela tinha prendido, e foi impossível não escapar olhares às pernas dela que também estavam à mostra.
— Eu até me lembrei, mas não tive tempo. E foi até bom, sabe... Eu posso precisar ainda.
— Achei que você não era de rodeios.
— E não sou mesmo, mas seria divertido ver você nervosa para se soltar de novo. – eu ri e revirou os olhos, como eu suspeitava, sem graça.
— Eu não vou dar mais esse mole... Esqueça.
— Mas, me diga! Aonde vai levar a sua mãe?
— Para o baile de dança de salão, da escola onde a Miley dá aulas.
— Hm... Meg não me pareceu alguém que frequenta bailes de idade.
— E não frequenta, mas como iria prestigiar a apresentação da turma da Miley hoje e ela quer criar um vínculo maior com a nora, eles irão todos juntos.
— Nós deveríamos ir também? – perguntei sincero: — Algum dia, para prestigiar o trabalho da Miley?
— Ah... Eu nunca fui... – confessou pensativa — Talvez devêssemos, não é?
— O que você quiser fazer.
Respondi tranquilo e liguei o rádio baixinho. O silêncio breve enquanto eu tamborilava o dedo no volante, calmo, não me impedia de perceber que me observava com cuidado. Antes que eu a perguntasse se havia algo de errado ela pigarreou dizendo:
— ... Eu queria dizer que... Você notou que as meninas estão animadas e eufóricas, né? Então pode ser que aqueles boatos de flerte entre a gente venham à tona, e tal... – ela tinha um tom de constrangimento e preocupação.
— Por que está preocupada com isso? Tudo bem , eu não me importo, você sabe! – sorri a fim de tranquilizá-la: — Ou você quer que eu me importe?
— Eu só quis te avisar porque bem... Quando souberam que você iria me buscar, as meninas meio que surtaram, sabe?
— Ah... E elas te arrumaram assim por minha causa? – perguntei com humor e uma pontada de tristeza.
No fundo eu desejava que tivesse péssimas intenções comigo aquela noite.
— Olha, não vou negar que elas realmente queriam que eu te conquistasse assim que abrisse aquela porta, mas eu me arrumei assim porque eu quis não me entenda mal.
— Eu não entenderia. Você tem mesmo que conquistar a si antes de qualquer outro, mas sabe... Elas não erraram, eu realmente fiquei deslumbrado quando vi você. Fiquei honrado de saber que desfilarei ao seu lado esta noite, e também... Não é como se você já não tivesse me conquistado... Vamos deixar que eles pensem o que quiserem sobre nós, tudo bem?
— , eu... – ela me encarou e não continuou.
— Fala.
— Eu vou adorar ter você com a gente hoje.
Capítulo 32
(Pluto Projector – Rex Orange County)
*Capítulo narrado por .
Senti que não era aquilo exatamente que queria dizer, mas não insisti. Quando chegamos ao local indicado por Marianne, nossos nomes já estavam na lista de entrada. Marianne havia preparado uma ótima noitada, em um ótimo lugar, e logo que entramos uma funcionária nos guiou até um lugar mais reservado, onde os outros estavam.
— Marianne está com essa bola toda?
Perguntei, me aproximando do ouvido de para que ela me ouvisse com todo aquele som alto, e aquela foi uma péssima escolha minha! O perfume de tomou o meu olfato me fazendo desejar ainda mais proximidade.
— Até eu estou surpresa! Mas como ela conhece muita gente, provavelmente teve alguma facilidade! Este era um dos lugares que o Nick e eu frequentávamos quando namorávamos e eu sei bem que não é baratinho!
me respondeu parando de frente para mim e aproximando sua boca do meu ouvido também. Enquanto ela falava eu observava a curva de seu pescoço com vontade de beijar o local, e analisava à sua nuca com vontade de repousar minha mão ali. Até que ela citou o Nicholas, e eu me senti revoltado. Por que uma mulher tão incrível como ela, casaria com um cara tão... Pequeno como ele?
Ela sorriu e eu sorri de volta indicando que tinha a entendido, e puxando-me novamente pela mão, e eu caminhamos até a mesa onde estavam todos bebendo, rindo e conversando. Como esperado, assim que nós chegamos os olhares se voltaram para nós e para nossas mãos dadas. Segurei a mão de ainda mais firme, e fui cumprimentando aos rapazes – já que já tinha cumprimentado as moças – sem me soltar dela. também beijava o rosto de todos eles nos apresentando formalmente.
Uma das garotas indicou um lugar no sofá da mesa para nós dois, e eu dei espaço para se encaminhar até lá, ainda sem soltá-la. Logo que ela se acomodou e eu também, por baixo da mesa nossas mãos ainda estavam dadas, apoiadas em minha perna. Então eu abri os meus dedos e a olhei discretamente, indicando que ela poderia soltar-se quando quisesse. Mas, conversava animada sorrindo para os amigos, e continuou sorrindo ao me olhar e apertar ainda mais seus dedos em minhas mãos.
Involuntariamente ou não, o ato de foi por mim interpretado como uma permissão para continuarmos daquela forma, e não evitei um sorriso de canto, satisfeito e até mesmo animado. As garotas sussurravam entre si com risinhos fracos, Alex nos encarava com um semblante divertido, e todos ali pareciam pessoas bem agradáveis, com exceção de um rapaz. Ele não me parecia uma pessoa complicada, pelo contrário, recebeu-me animado e eufórico, mas ora ou outra escapava alguns olhares analíticos em nossa direção.
A noite seguia animada, tranquila e regada a muitos drinques. Foi então que descobrimos que Marianne realmente, era amiga de um dos donos do lugar – um ex-crush segundo ela – e que havia recebido aquela cortesia de uma noite inteiramente VIP com quantas pessoas quisesse pôr à lista open bar e open food. Realmente, piadas não faltaram entre os funcionários amigos com Marianne e seus “sempre bem pensados casos”. A garota era realmente popular e divertida. E conforme o efeito do álcool aumentava sobre nós, cada vez mais soltos ficávamos todos.
e eu já não tínhamos as mãos dadas, mas continuamos próximos, e a rodada do desespero – digo assim, porque manter meu autocontrole foi impossível depois dessa rodada – começou por intermédio de Marianne e Jane. Jane era casada com Austin, eles eram os sub chefs do bistrô no turno noturno, e também eram o típico casal que todo mundo sonharia ser: extremamente livres e apaixonados um pelo outro. Pois bem, as duas solicitaram à mesa, três doses de tequila para cada um de nós, e começaríamos um jogo de verdade ou desafio. Exatamente! Um grupo de adultos bêbados, numa puta boate de LA, numa sala VIP jogando verdade ou desafio! Não poderia ser mais trágico se não fosse cômico.
A garrafa no centro da mesa girava e a cada vez que alguém se negasse a responder quer que fosse a escolha, deveria virar uma dose pura de tequila, contudo cada um só tinha três chances de fuga. Bem, tudo corria divertido e nenhuma vez a garrafa havia caído em mim, então, eu estava suave observando despreocupado, a todos nossos colegas se tornando bêbados e mais bêbados, e inclusive . Ela já estava alcoolizada desde que saiu de sua casa, então continuou bebendo quando chegamos. O que me fez notar que não foi a única dose extra de tequila que ela havia tomado até então, a causa daqueles risos tão soltos.
— Giulia para ! – Marianne gritou animada.
Pelo que entendi o ápice da brincadeira era a garrafa cair em ou em mim, pois assim eles poderiam perguntar muitas coisas que tivessem vontade. Marianne encarou Giulia como se dissesse para ela fazer uma boa pergunta sem escapatória a chefe. , por sua vez, soltou um suspiro pesado como se soubesse que qualquer pergunta seria constrangedora. Eu estava realmente me divertindo com tudo aquilo e me sentindo no melhor lugar do mundo: ao lado de e no meio de novos amigos.
— Verdade ou desafio?
— Verdade. – fugia como o diabo da cruz, com a opção de desafio.
— Hm... – Giulia pensou e encarou todas as mulheres que inundavam expectativa: — Ok pode não ser a melhor pergunta, e nem a pergunta que todos esperam, mas eu sempre quis te perguntar isso e você não pode fugir agora!
— Tecnicamente, eu tenho três doses de tequila ainda para fugir! – respondeu atrevida.
Tão atrevida como Meg estava, era como uma cópia ousada e jovem da mãe.
— Bem, mas eu preciso arriscar... – Giulia afirmou e respirou fundo antes de perguntar: — De 0 a 10, quão bom de cama Nicholas Jonas é?
piscou e novamente voltou a ruborizar, eu prendi minha atenção nela, e Marianne gritou. Tudo ao mesmo tempo.
— Não acredito Giu! Que pergunta cretina de inútil! Que merda Giu! – Marianne bradava bastante nervosa. Ela estava levando a brincadeira à sério demais.
— Por que inútil? Eu só acho que para ela suportar tanta coisa por tanto tempo, ela deve ter tido um bom motivo!
— Exatamente Giulia! – Lauren também gritou: — Que outro motivo seria se não fosse amor de rola? E outra! Ela teve uma filha com ele! Acha que realmente fazer um filho com Nick Jonas não é, um 10?
— Meninas! Não deixem a constrangida! – Gisella afirmou.
— Hello! Verdade ou desafio é pra constranger! E depois todos aqui já debatemos a vida pessoal da , com ou sem ela! – Marianne afirmou.
— ENFIM! – Jane deu o tom final da confusão — Giulia, desperdício de pergunta, todas sabemos a resposta porque já perguntamos à e você não soube sei lá porque... É um 10! Respondo por ela, mas ... – e então ela olhou para : — Tem seu direito de resposta.
respirou fundo de novo, e bastante envergonhada direcionou a mão a sua dose de fuga. Virou a tequila pura, soltando um pigarro e uma careta depois. Eu ainda a observava atento, mas levei em consideração sua ausência de resposta como uma confirmação do que Jane havia dito. Todos os outros caras pareciam tão atentos quanto eu, mas menos interessados do que eu, certamente.
Logo em seguida a garrafa foi girada e eu nem percebi até que ela caiu em mim, e todos comemoraram.
— Finalmente! – Leonard esboçou tão interessado quanto as garotas.
— Boa sorte, amigo. Elas vão estraçalhar você. – Alex afirmou batendo em meu ombro e os outros caras riam.
— De, Jane para ! – Marianne narrava como uma locutora ávida e louca.
— Muito bem garotão, é melhor pensar bem na sua resposta porque nenhuma das opções será fácil para você! – Jane me disse com um dedo apontado inquisidor em minha direção.
negou com a cabeça, rindo nervosamente e me lembrou de que eu ainda tinha as tequilas.
— Relaxa má chérie, eu não tenho porque fugir. – respondi piscando para ela.
— Você que pensa... – sussurrou como uma garotinha medrosa.
— E então, ! Verdade ou desafio?
— Verdade.
— Qual o seu tipo de mulher ideal?
Jane pronunciou e o murmúrio animado de todos fez com que corasse. Então olhei para ela de relance, antes de responder e analisei a situação. Bem, talvez eu devesse deixar claro algumas coisas já... Não seria precipitado, não é?
— Francesas.
E pronto. Estava instaurada a zombaria, e mergulhou no copo de cerveja à sua frente como se fosse água. Olhou-me de esguelha como se não me reconhecesse.
Depois de mim, a garrafa parou no Jackson. E era Austin quem deveria perguntar. Na mesma hora, os dois trocaram olhares de quem sabiam de algo que todo o resto não soubesse. Aproveitei-me da atenção voltada em Jackson, para perceber a reação da com minha resposta e também, respirar após aquela.
— Eu sei que você vai escolher a verdade, não é Jackson? – Austin perguntou.
— Verdade.
Jack respondeu com um sorriso sacana de quem sabia que Austin não iria perdoar mesmo, e o outro sustentava um sorriso quase sádico.
— Jack! Qual das mulheres aqui presentes te desperta interesse?
Austin falou de uma vez. Todos olharam perplexos para Jack, e as garotas nada entendiam. Pareceu-me que Jackson era o mais reservado, e cogitar que ele se interessaria por alguém do trabalho era estranho entre todos eles. Mas não soou estranho para mim, principalmente quando ele lançou um olhar discreto e observador na direção de , escondendo um sorrisinho quase diabólico. E eu havia ficado bastante incomodado com aquilo.
— Todas elas, inclusive a sua esposa Jane. Afinal, como escolher se eu estou rodeado de mulheres incríveis?
As risadas das mulheres, ora desconfiadas, ora lisonjeadas e os murmúrios insatisfeitos dos homens pela resposta deram brecha a uma confusão momentânea.
— Você fugiu da resposta! – Austin bradou.
— Jack não vale! Se for pra fugir tem a tequila! – Marianne novamente bradou.
— Ele só fugiu da pergunta, porque na verdade queria dizer que o único que o interessa aqui realmente, sou eu, não é Jack? – Leonard se pronunciou fazendo charme com sua taça de vodca.
Lógico que todos rimos e isso fez com que a atenção se voltasse para outros assuntos.
— Você sabe que tem uma chance comigo, Leo. – Jack respondeu em tom de piada e Leonard soltou um risinho.
— Eu, como a chefe de vocês, apoio qualquer relacionamento entre funcionários desde que não afete o desempenho de trabalho no bistrô! – levantou a mão animada se fazendo ouvir.
— , se todo mundo aqui se envolvesse uns com os outros aquela cozinha iria ficar pequena! – Lauren disse categórica, meio embolado, mas quem não estava falando embolado, àquela altura?
— Boa! – Leonard pronunciou apontando para com olhar de maldade: — Bernard! Fala a verdade! Você já namorou naquela cozinha, não é?
E novamente eu tinha total atenção para . Ela parecia esquecer-se de se sentir constrangida, e apenas gargalhou. Alex gargalhou também e quem não soubesse da relação de amizade entre eles poderia supor qualquer coisa. Leonard encarando o riso de como uma ausência de resposta, foi logo se adiantando:
— Ah ! Qual é?! Vamos lá! Nós bem sabemos que você é uma mistura de viúva negra com sereia! Encanta aos homens pelo paladar e pela sua beleza e depois os arrasta para aquela cozinha e janta a eles!
Eu não pude evitar a gargalhada também, mas engasguei com a minha bebida quando – revoltada e talvez, fora de sei – virou-se para mim:
— Eu não arrasto os homens para cozinha! Arrasto ?
Encarei seus olhos ingênuos e surpresos, e me perguntei se aquilo fazia algum sentido para ela como fazia para mim. Não só eu pareci perdido, como todo mundo à mesa.
— Bem... – encarei-a firme, mas divertido e respondi: — Nós passamos muito tempo naquela cozinha, não é?
— Vocês já...? – Alex gritou, mas o interrompeu gritando de volta:
— Não! ! – e como se eu tivesse culpa ainda brigou comigo.
— Ora , você que jogou a bola para mim!
— Quer saber?! – Marianne que estava muito calada se manifestou batendo a mesa: — Chega disso! Vocês dois, afinal, estão ou não juntos?
Eu sorri e olhei para que me perguntava, indiretamente em silêncio, o que responder.
— Olha só! Vamos voltar ao jogo de desafio e verdade, porque assim eles não podem fugir das perguntas! – Alex afirmou.
Como se tivessem a atenção novamente ao que interessava, todos se colocaram a girar aquela garrafa, que agora estava contra mim. Havia caído novamente em mim.
— Bem, ... – Alex pronunciou: — Verdade ou desafio?
— Verdade.
— Eu não sou doido de me atrever a perguntar qualquer coisa que não seja diferente de “Você e a estão juntos ou não?”.
E como uma opção segura, eu virei a minha dose de tequila. Todos reclamaram, mas se eu dissesse que não, iria deixar claro que não tenho interesse nela. E não era verdade, pelo menos não àquela altura. E também, iria dar brechas para Jackson ou qualquer outro considerar flertar com ela. É claro que isso ainda era possível, até porque a decisão de receber ou não um flerte era toda e inteiramente da . Eu não poderia fazer nada contra aquilo, mas minha competitividade masculina não deixaria passar aquilo. Mais um giro na garrafa e a pergunta, foi para .
— , verdade ou desafio? – Jackson perguntou.
Ok. Ele iria perguntar algo referente a ele, ou no mínimo que desse alguma manifestação de chances para si. Fiquei atento.
— Verdade.
— Hipoteticamente se todos os homens aqui, exceto o que é um concorrente quase invencível, o Leonard e o Stefano que não gostam de mulheres, não fossem seus funcionários e estivéssemos na sua mira esta noite, para qual de nós você daria chance?
— Ah esqueceu-se de excluir o Alex também! – Marianne afirmou.
— Por que eu excluiria o Alex?
— Porque ele é o melhor amigo dela!
— E daí?
Marianne pareceu constrangida com a pergunta, e apenas bufou abanando a mão e se justificando:
— É óbvio que ela vai responder ao Alex pra não se comprometer, né Jack!
— Ah... Achei que era ciúme seu... – ele zombou e todos riram, até Alex que a encarou como se estivesse surpreso: — Bem, ok. Então... , exceto , Leonard, Stefano, Alex, e o Carl e o Austin que são casados...
— Porra, aí acabaram as opções dela! Tá puxando a sardinha pra você, Jackson! – Jane falou exatamente o mesmo que eu pensei e todos riram, porque ainda tinham opções.
— Enfim, ... Qual de nós?
— Por que eu tenho a impressão de que estou sendo avaliada para um processo seletivo? – respondeu.
— , qual deles, responde! – Marianne reclamou.
encarou a tequila. Ainda tinha duas doses, e ela ponderava se deveria responder ou não. Particularmente eu queria ouvir a resposta tanto quanto Jackson.
— Bem... – optou em responder — Deixa-me fazer uma análise um a um: George. Lindo, totalmente educado e gentil, mas... Cá entre nós... George, querido você é mulherengo e eu não estou podendo com este trauma, não é?
— Justo! Eu sou embuste demais para você, a menos que você não queria se apegar e tal...
O homem, de pele brilhante e sorriso realmente sedutor, se manifestou piscando para ela, mas logo cortou:
— George não. Não estou nessa fase de desapego e cachorrada não... Edward... Bem, como não se apaixonar em você?
— Então você me escolhe?
— Não, Ed. Desculpa, mas você é muito novinho pra mim.
— Que isso ! Você seria uma ótima professora, não me importo... Experiência conta mais!
— Exatamente Ed! A experiência que você não tem! E a também já passou por essa de pegar pra criar, deu no que deu. – Marianne respondeu.
O garoto de dezenove anos, que ainda nem havia terminado a faculdade, murchou na mesma hora. Jane parecia ter razão quanto à falta de opções.
— Roger... Eu não vou negar que em outros tempos eu teria sido com você aquilo que Alex e eu somos e não somos: amigos de foda. E tem você né Jack... Que é totalmente o oposto do Roger, mas... Confesso... Tem um quê de mistério muito atraente... Mas você ganha pontos comigo por pensarmos bem parecido em muitos aspectos.
Aquela maldita resposta longa que não respondeu porra nenhuma. Eu já estava ansioso tanto quanto Jack e Roger. E todo mundo na mesa ainda esperava um veredito, quando de repente, eu surtei ao me meter no assunto:
— Oras , responde! É o Jack ou o Roger que mais te atrai?
E todas as atenções estavam em nós de novo. Ouvi Alex engasgar com a bebida e explodir em um riso antes de tomar minha atenção, como se tivesse dando tempo para assimilar o que tinha acontecido:
— Não precisa ficar ansioso , todos nós sabemos que quem atrai a é você.
— Jackson.
Ela respondeu quase ao mesmo tempo de Alex, e ainda me encarava confusa. Eu estava a olhando como se da resposta dependesse a minha vida. Que caralho estava acontecendo comigo aquela noite? Jackson comemorou, zombando Roger, e eu o olhei analisando-o de forma gentil e sorri.
— Então é você. – respondi sem graça sorrindo largo e Jackson respondeu:
— É, mas para isso eu tive que tirar você da equação, não é ?
— Não precisava disso, cara... – zombei.
ainda estava pensativa e antes que mais alguém fizesse piada entre Jack e eu, antes que eu confirmasse que queria estar na equação para saber a resposta dela, girou a garrafa.
Se a tentativa dela era mudar o foco deu muito errado quando o sorriso diabólico de Marianne surgiu para mim, com a garrafa apontada para minha direção.
— , ... Verdade ou desafio?
Olhei para as tequilas à minha frente, ainda tinha duas.
— Verdade.
— Você queria estar entre as opções que o Jackson deu à há pouco?
Maldita Marianne. Tão linda e inteligente. Aquela mulher deveria ser um perigo. Eu até poderia responder, mas quando olhei para curiosa pela resposta, tive a vontade de deixá-la tão frustrada como eu fiquei há pouco. Virei minha segunda dose de tequila.
— Ok, quem foge esconde a verdade. Eu considero que sim, você queria! – Marianne respondeu e a girou a garrafa.
De Alex para . Embora houvesse alívio na expressão de , eu não julgaria tranquila a situação ao olhar para o Alex.
— Então ?
— Verdade, é claro. Eu não estou louca ainda.
— Ok. Quando e em qual dos seus momentos com o você mais teve vontade de beijá-lo?
A pergunta tão direta me pegou de surpresa, e fez engasgar com a própria saliva. Ela tossiu assustada e todos riam de nós. Eu ainda encarava Alex, surpreso e agitado. Quando? Em qual? Uma afirmação? Quer dizer... Ele não perguntou “se ela teve vontade de me beijar”, mas sim “quando e em qual”. O que significa que... Bernard já havia tido vontade de me beijar?
Aquela pergunta, vinda do Alex, que era seu melhor amigo... Certamente valia tanto como uma verdade, quanto se viesse de qualquer uma das mulheres com as quais poderia se confessar.
Mas, eu já sabia. iria dizer que ele estava enganado e qualquer coisa do tipo, então olhei para a mulher do meu lado que terminava de virar uma tequila e percebi o que havia perdido: ela bebeu a segunda dose. Alex riu como um espertalhão e apontou na direção de dizendo:
— Você bebeu.
arregalou os olhos surpresa e me encarou envergonhada, de novo, como já não estava há alguns minutos naquela noite. Era como dizia Marianne: se você foge da resposta... A chance de ser sim é bem maior do que ser não. Então Bernard já tinha sentido vontade de me beijar?
Estávamos os dois nos olhando divertidos quando a garrafa, que agora soava amaldiçoada caiu em de novo.
— ! Uhul!
Marianne gritou comemorando de novo e nos fez parar de olhar nos olhos um do outro, em buscar de respostas para tanta pergunta silenciosa, e prestar atenção nela.
— Ah merda, que droga! Vocês estão roubando? – perguntou.
— Vai lá , escolhe! Verdade não é? Tenho uma pergunta ótima!
Marianne tagarelava tanto e tão animada, que respondeu quase que manipulada a fugir daquela opção:
— Desafio!
Todo mundo gargalhou constatando que ela havia caído na armadilha de sua hostess. Marianne bateu palmas com algumas pessoas e lançou direta:
— Beije o . Na boca. Selinho ou o beijo que quiser, mas tem que durar um minuto.
— Isso é sacanagem... – Jackson respondeu.
Eu nem tive tempo para defender dizendo que aquilo não era necessário. Ela já tinha desesperadamente virado a tequila. E fim. Acabaram todas as suas fugas.
virou a bebida e pediu licença da mesa por alguns instantes. Todos olharam para mim, como se perguntassem se eu não iria atrás dela.
— Eu vou ver se ela está bem...
— Qualquer coisa chama a gente . – Marianne respondeu preocupada.
Antes de me distanciar totalmente eu pude ouvi-la perguntar a mesa: “gente, eu exagerei?”. estava caminhando fora da área VIP naquela multidão a caminho do banheiro feminino. Esperei ela sair encostado à parede, e sendo cantado por outras mulheres que iam e vinham por ali. não me viu quando saiu, mas eu a alcancei e a chamei antes de tocar em sua mão.
— ? O que houve?
— Eu que pergunto... Está tudo bem? Você saiu daquele jeito, eu fiquei preocupado... Marianne também ficou culpada com a brincadeira.
— Ah! Não, tudo bem! Eu sabia que eles iam pegar pesado. Relaxa, estou bem, eu estava mesmo apertada para vir ao banheiro...
— Tem certeza? – perguntei preocupado me aproximando e pegando a mão dela, olhando firme em seus olhos: — , não precisa ficar sem graça comigo, tá?
— Relaxa ... Tudo certo! É claro que eu fiquei incomodada por te convidado e acabar te fazendo o alvo dessas piadas todas, mas...
— Não são piadas pra mim. – respondi imediatamente.
— Como?
me encarava confusa e piscando sem parar.
— As brincadeiras da galera, não são piadas. Eles realmente acham que a gente está juntos, mas escondendo, então... Não são piadas pra mim. Mas, ... Eu jamais faria algo em que você fosse ficar magoada, tá?
— Eu sei ... – ela respondeu com um sorriso lindo e plácido, acariciou meu rosto e divertida falou: — Não se preocupe! Não tem nada que você possa fazer que me magoe, é sério. Vamos voltar e continuar jogando! Não quero que pensem que eu quis fugir do desafio, porque eu realmente não fugi.
— Não bebeu a tequila pra evitar me beijar? – perguntei muito ansioso, e me aproximei um pouco mais de seu corpo sem tirar o olhar de suas pupilas dilatadas, confusas e brilhantes.
O que estava acontecendo comigo?
— Não. Quer dizer... Sim. Mas, só porque eu não vou te forçar a fazer o que eles querem.
— Você queria me beijar?
— Eu... Ahn... Eu...
— ! – a voz da Marianne nos interrompeu.
A amiga bêbada e com toda a culpa do mundo no rosto apareceu entre nós, e eu respirei fundo e ansioso.
— Me desculpa amiga! Eu não queria te expor daquele jeito! Quer dizer, eu queria mesmo te fazer agarrar o bonitão aqui, mas...
— Marianne...
apoiou a amiga que veio um pouco confusa na nossa direção, gesticulando muito e parecia que ia chorar então eu sorri pra e pisquei indicando que deixaria as duas a sós.
Voltei para o grupo, e o pessoal me indagou se estava tudo bem. Expliquei que sim, dando a mesma justificativa que me deu, e confirmando que Marianne havia a encontrado. Quando Marianne voltou ao lado de , ninguém mais achou que a brincadeira iria continuar, até se manifestar.
— Eu suponho que todos aqueles que ainda têm uma dose de tequila joguem entre si, pra finalizarmos isso direito e com honra!
Todo mundo riu e pareceram mais aliviados. Restava doses para Alex, Giulia, Marianne e Jackson. Então a garrafa girou de novo.
— Ok, Jack, pode me mandar o desafio! – respondeu Marianne já apressada para acabar com aquilo.
— Certo, te devolvo o desafio da . Mesmos termos, mesmo tempo, com o Alex.
Alex encarou Marianne, diria eu até interessado, mas a garota olhou para Giulia de forma não tão discreta – já que não só eu notei, como outros também — e virou sua penúltima dose de tequila.
Novamente a garrafa girou. Agora ninguém estava mais enrolando. Não sei se constrangidos pela situação anterior, ou por vontade de sairmos logo daquilo pra curtir a boate melhor, mas a preocupação agora era acabar o jogo. De Alex para Jackson.
— Verdade ou...?
— Verdade.
— Está interessado na desde quando?
Alex e suas malditas perguntas diretas – de quem parece –, saber mais coisas que todo o resto do mundo.
— Desde que entrei no bistrô.
E Jackson mais direto ainda. arregalou os olhos como todos os outros, exceto Alex, Jane e Austin.
— O quê? Como assim, Jack? – ela perguntou surpresa.
— Desculpa, mas você namorava o Nick... Eu não poderia fazer nada não é? E na verdade, acho que ainda não posso... – ele respondeu e me olhou diretamente.
Capítulo 33
(Nick Jonas – Find You)
pigarreou e Jackson sorrindo girou a garrafa. Novamente troquei olhares com , que se mostrava menos tensa do que no momento em que estivemos a sós.
— E aí Alex? – Jackson perguntou.
— Verdade.
— Marianne ou Giulia?
— As duas.
Perguntas rápidas e respostas mais ainda. E claro, um coro de gargalhadas de todos que encarávamos a resposta de Alex como uma piada, todos, exceto Giulia e Marianne.
— Larga de ser galinha! – Marianne esbravejou: — Ainda bem que você não está mais saindo com a Leslie!
— Como sabe disso?
— Meg me contou hoje.
Alex encarou como se brigasse com ela, por ter sido dedurado por Meg. Mas, se eu estiver certo... Meg não é uma mulher que se controla, nem mesmo por sua filha.
— De Giulia para ! – Marianne narrou.
— Verdade. – respondi antes que a garota mais tímida me perguntasse.
— Hm... Você queria beijar a no desafio, sim ou não?
— Isso garota! Isso sim é pergunta! – Lauren comemorou.
Assim como me deixou sem resposta lá em baixo, eu a deixaria. Virei minha tequila. Não que aquilo não fosse uma resposta.
— Saio do jogo?
— A rodada só acaba com a última dose de tequila geral. – Jackson me afirmou.
— E por que a regra só vale para mim? – perguntei sarcástico.
— Porque nós conhecemos todas as mulheres aqui, e sabemos que este jogo só aconteceu por sua causa... Foi mal, , mas não vamos ficar contra elas...
— Ok, ok Austin... Eu supero. – respondi rindo.
Novamente a garrafa girou e caiu de Marianne para Jackson.
— Verdade.
— Você está pretendendo flertar com a agora que ela está solteira?
Ele olhou em nossa direção, e o encarou surpresa de novo. Mas, lá se foi a última tequila de Jack. Marianne bufou e girou a garrafa novamente, caindo de mim para ela.
— Seu momento de vingança... – ela disse e sorriu: — Desafio, porque verdade não ia ter graça, você não me conhece.
Então uma ideia muito sacana se passou por minha cabeça. Era meu momento de ir à forra, e embora eu quisesse agitar as coisas, eu não levava aquilo tudo tão a serio quanto Marianne, então não me importaria que ela desistisse.
— Você tem que escolher um dos caras dessa mesa e ficar com ele esta noite.
— Uuuuh... – Jane falou ao encarar a expressão cética de Marianne — Olha só! Ele sabe brincar!
Todos nós gargalhamos, e Marianne ergueu uma sobrancelha tão desafiadora quanto a minha expressão para ela.
— Entendi! – ela falou como se soubesse de algum plano meu oculto: — Vou te ajudar! Eu fico com o Jack.
A mesa bradou em risos e eu não pude evitar provocar Marianne:
— Então é com ele que você ficaria entre todos nós?
— , o que você pretende? – ela me perguntou confusa.
— Relaxa Mari! Eu só estou zoando... Não deve cumprir isso, foi só uma sacanagem.
— E se eu quiser?
Marianne se comportava como se estivesse competindo algo comigo. Olhei para todos na mesa, bastante confuso e logo, Roger me disse para ficar tranquilo, porque Marianne era muito competitiva mesmo.
— Ah, chega... – ela falou aleatória e virou sua tequila.
— Eu acho que podemos curtir a noite agora, não é? – Giulia se manifestou levantando e indo para a pista.
E pronto. Fim da brincadeira. Mas embora outros pudessem não ter percebido, eu percebi: a brincadeira acabou bem no momento em que a Giulia e o Alex sobraram, ainda com duas doses de tequila. E ambos viraram quase simultaneamente, ela seguiu para a pista e em seguida Alex sumiu. E então o som de gritos ecoou absurdamente estridente assustando todos os outros.
— NÃO É POSSÍVEL! – Marianne gritou.
(Você é minha água, meu sol, minha lua e estrelas)
Your heart is all I need
(Seu coração é tudo que eu preciso)
It's dark when you gone
(Seu coração é tudo que eu preciso)
I want to be where you are, where you are (na, na)
(Eu quero estar onde você está, onde você está (na, na))
Observei todas as meninas levantando na mesma hora da mesa, e dando as mãos puxando todo mundo para a pista e falando qualquer coisa da batida que começava a tocar alto. pegou minha mão rindo descontroladamente e me guiando pra pista.
— O que foi? – perguntei mais perto, de novo, de seu ouvido e colado às suas costas.
Certo, eu não sairia bem daquela boate àquela noite.
— Não está reconhecendo a voz?! – ela perguntou confusa, animada e apontando os alto falantes.
(Toda vez que você vai embora, eu sempre estou tentando lutar)
How bad I want you, bad I want you
(O quanto eu te quero, quanto te quero)
And I could try to fill the space with someone else tonight
(E eu poderia tentar preencher o espaço com outra pessoa esta noite)
But I don't want to (I don't want to), I don't want to
(Mas eu não quero (eu não quero), eu não quero)
Concentrei-me, mas logo estávamos todos pulando no centro da pista, e as mulheres cantando alto. Eu ainda estava confuso, os caras todos filmavam as meninas, que também puxavam para gravações e fotos, mas logo a empurraram em minha direção. Olhei para o Alex perguntando o que estava acontecendo.
— A música. – ele respondeu.
Novamente prestei atenção e... Aquela era a voz no Nicholas?! caminhava envergonhada em minha direção, uma redoma de todos nossos amigos em volta de nós, numa espécie de círculo. As meninas todas afoitas, escandalosas e alegres filmando.
(Agora, você sabe que sinto falta do seu corpo)
So I won't kiss nobody until you come back home
(Então eu não vou beijar ninguém até você voltar para casa)
And I swear, the next time that I hold you
(E eu juro, na próxima vez que eu te abraçar)
I won't let you go nowhere
(Eu não vou deixar você ir a lugar nenhum)
You'll never be alone, I'll never let you go
(Você nunca estará sozinha, eu nunca vou deixar você ir)
— Espera... É uma zoeira? Vocês vão mandar isso pra ele? – perguntei à que já estava perto de mim rindo muito feliz.
— Os meninos eu não sei, mas aquelas doidinhas ali com certeza darão um jeito de fazer chegar nele, essas cenas de todos juntos, ao som das músicas dele, comigo dentro do vestido que ele me deu e... Com você...
— Eu deveria zoar também, mas... Eu não quero que isso seja uma piada.
O tom sério da minha voz, não fazia sentido para mim, mas estava totalmente deslumbrante à minha frente e eu não conseguia pensar em nada que não fosse esclarecer o que eu estava sentindo.
— Como assim?
— Eu não quero provocar o Nicholas.
— Não, não é para você... , por favor, não interprete essa loucura nossa como...
— ! – a interrompi.
Ela definitivamente não estava me entendendo.
— Eu não quero zoar, eu não quero que seja uma piada, porque eu quero que...
— ANNIE! – uma das meninas gritou a puxando de novo para a bagunça.
E eu só pude bufar. Em que momento eu conseguiria naquela noite dizer o quanto estava louco para beijá-la a fim de conseguir algum consentimento dela?
— Foi mal por isso, a Giu é um pouco distraída...
Alex se aproximou de mim se referindo a mulher que tinha acabado de me tirar a melhor chance de muito tempo.
—Alex... Há quanto tempo você e a são amigos mesmo?
— Muitos anos... Eu sei o que você está pensando... Ela também quer.
— O quê? – o encarei confuso.
Eu ia realmente perguntar se ele achava que pudesse se interessar de outro modo por mim além da nossa amizade, mas sua resposta tão certeira me deixou confuso se Alex se referia ao mesmo suposto assunto do que eu.
— Eu e o Nick não nos dávamos bem sabe...
— Por quê? – interrompi.
— Ele tinha muito ciúme da minha relação com a . Ela e eu somos como irmãos, e assim como o , eu sempre repreendia o Nicholas por qualquer vacilo que viesse a cometer. Na verdade, eu nunca achei que ele era o homem certo para ela... Não me intrometia na relação dos dois, mas eu sempre fiz questão de deixar claro para ele que eu me meteria se fosse para protegê-la...
— Conhecendo o pouco que conheço dele... Devia te odiar.
— Não sei se ódio é a palavra, mas certamente ele sabia que mesmo casado com a a relação deles nunca chegaria aos pés da nossa.
— Alex, vai me desculpar, mas... O álcool está embaralhando minha mente já, e eu não estou entendendo a razão da nossa conversa...
— Você é, o mais perto, do que somos e eu do que Nicholas já foi um dia... A diferença é que vocês pretendem transar entre si, e bem... e eu não.
— O que?! – gargalhei alarmado pela volta que ele deu para dizer algo que todo mundo já pensava.
— , eu não acho que ela esteja pronta pra se relacionar de novo, mas... Com você eu fico menos preocupado, porque tenho visto que a respeita e é um grande amigo antes de qualquer coisa.
— Isso significa que você torce por mim também?
— Eu torço por vocês dois. Você pretende dizer algo a ela hoje?
Alex se colocou à minha frente me olhando num misto de alcoolizado, incisivo e motivador... Ou sei lá, eu só enxergava o sorriso de com suas amigas um pouco mais atrás dele.
— Eu não quero apressar nada... Na verdade, eu quero que ela dite o ritmo sabe? É ela que vem de uma ferida profunda... Mas, eu juro que esta noite está bem, bem difícil de me controlar então... Eu pretendo ao menos dizer que quero beijá-la.
Alex sorriu e animado virou sua garrafinha de cerveja, e bateu em ombro dizendo:
— Eu vou te ajudar. Prometo manter a Giu ocupada para não atrapalhar de novo.
— E a Marianne?
— Até você? Qual o lance com a Marianne que, de repente todo mundo está insinuando coisas?
— Pra você ver... As coisas às vezes começam do nada.
Lancei a piada com ar de sarcasmo por ele estar no mesmo lugar que eu estava em relação à e todas as piadas sobre nós.
— Certo, certo... Eu não sei qual é a da Mari, mas hoje... Acho que aquele papo de não se envolver com colegas de trabalho foi por água abaixo, já que a vi engolindo o Jack por aí.
— Pelo menos ela me fez mais este favor...
— Ei, o Jack é realmente interessado na , mas não é baixo assim... Se ele souber que a está interessada em você, ele não vai fazer o Nicholas.
Gargalhamos cúmplices. Aquilo de zoar o Nicholas estava ficando sério, naquela noite.
— E ela está interessada em mim? – perguntei com toda a esperança de que Alex saberia me dizer.
— Pergunte para ela.
E assim que ele disse aquela frase, me dando uma injeção de motivação a mais, eu tinha certeza que havíamos ficado amigos também. Conhecer , seus amigos, seu mundo... Tornou o meu mundo mil vezes melhor, e não só por aquela noite que eu me divertia tanto, mas por todo e cada instante em torno daquela mulher.
Alex se colocou ao meu lado de novo, e nós encaramos o lugar onde antes e as garotas estavam, mas agora ela estava sozinha com um cara muito próximo conversando. Senti meus batimentos acelerarem e troquei olhares com Alex, mas ele encarava a cena, com seu olhar preocupado.
— Devemos ir lá? – perguntei.
— Não, só vamos observar por enquanto. Acho que está tudo bem com ela.
Murmurei assentindo e Giulia apareceu ao lado de Alex o puxando pela mão para dançar. Sorri para Alex que piscou como se dissesse que não iria mais me atrapalhar depois de seguir com Giu para outro lugar. Quando retornei o olhar à frente, uma garota muito linda estava parada à minha frente.
— Que susto! – exclamei e ri sendo acompanhado por ela, que se aproximou ainda mais.
— Eu não mordo...
— Me desculpe, eu só não te vi chegando...
— Qual o seu nome?
— Hm... – olhei por cima da cabeça dela e não vi mais e nem o cara de antes: — , e o seu?
— Alanis! Você está sozinho?
— Na verdade não, eu preciso achar uma pessoa, mas... A gente se esbarra por aí?
— Entendi... Se não conseguir nada então, me procura...
A garota beijou meu rosto lentamente me permitindo sentir seu perfume doce. Doce até demais em minha opinião. Percorri o lugar com o olhar por onde antes estava e não a encontrava, então caminhei na esperança de achá-la com qualquer pessoa que não fosse outro cara com sua língua na boca dela... Porque ao menos aquela noite, ainda que fosse só aquela noite... Eu torcia para que o felizardo fosse eu.
Girei em meu próprio eixo a procurando até que a vi conversando com uns caras, e fiquei atento. Ela me olhou de volta e piscou, entendi que deveria me aproximar. sorriu e trocou beijos simpáticos no rosto dos homens, entre eles o que estava na pista com ela há pouco e veio em minha direção.
— Hey! Tudo bem? – perguntei preocupado tocando seu braço.
— Sim! E você?
— Aquele cara estava te incomodando?
— Não! Ele é bem legal na verdade! Nós nos esbarramos na pista e começamos a conversar e ele estava com uns amigos, descobri que eles vão com frequência no bistrô!
O sorriso largo e tranquilo dela fez com que meu coração errasse duas batidas.
(Você não precisa falar nem uma palavra)
Now I won’t be moving on
(Agora não vou seguir em frente)
I’m locking up that door
(Eu estou trancando essa porta)
We don’t need to act so cool
(A gente não precisa agir tão bem)
'Cause I already fell for you
(Por que eu já me apaixonei por você)
I already fell you
(Já me apaixonei por você)
— Fiquei preocupado... – falei mais perto de sua orelha e ela riu sedutora.
— E a garota? Era legal?
— Quem? – me fiz de confuso.
— Ah ! Não finge! Ela vai ser o seu casual de hoje?
— Por que a curiosidade, má chérie?
— Por nada, eu só queria ver suas táticas...
Ela gargalhou virando uma dose do seu drinque que eu nem notei em sua mão, e algo no olhar dela – entre a sedução e a ingenuidade – fez com que meu coração errasse mais uma batida. Aproximei-me ainda mais dela, num ato tão involuntário quanto voluntário em meu desejo, e levei a mão em sua cintura puxando nossos corpos. Como se fosse um convite para uma dança, aceitou. Mas não era, aquilo era o meu corpo se magnetizando ao corpo dela... Um ímpeto novo, mas não desconhecido por mim.
A música que tocava na boate agora era lenta, um pop melodioso e perfeito para aquele momento e eu a desconhecia, mas ficaria marcada em minha memória.
— ? – ela perguntou confusa ao ver que eu estava parado ainda colado ao corpo dela.
— Quer ver mesmo as minhas táticas?
— Como? – seu olhar carregava um brilho totalmente impossível de resistir.
— ... – apertei ainda mais a sua cintura e ela deslizou suas mãos que já estavam meu pescoço para minha nuca e cabelos, num carinho que me pareceu involuntário — Eu quero te beijar. Hoje. Agora, na verdade...
arregalou os olhos e sua respiração descompassada me fez imaginar que tive a pior ideia do mundo de confessar aquilo naquela hora, mas então roçou seus lábios nos meus e respondeu:
— Eu também quero.
Encaramos o olhar totalmente novo um do outro. Eu soltei meu copo na bandeja do primeiro garçom que passou por ali, sem nem saber se era mesmo, mas foda-se, eu precisava segurar aquele corpo no meu e me aprofundar nele o quanto antes. Enlacei a cintura dela, e quase explodi de desejo e felicidade ao perceber quão gostosa era a boca de Bernard. Nosso primeiro beijo, não era cálido, não era casto ou qualquer água com açúcar que um romance entre nós pudesse parecer, na verdade era quente. Tão quente que fazia aquele pequeno espaço do salão VIP onde estávamos não ser arejado o suficiente, ainda que não tivessem tantas pessoas ao nosso redor. Um beijo que nos levou a um lugar tão distante dali que nem percebemos que os nossos amigos estavam por perto, entre piadas, comemorações e vídeos. sorriu durante nosso beijo e se afastou um pouco só para me olhar nos olhos, estava corada e eu não sabia se de timidez ou calor.
— Sabe que eu vou te beijar de novo, não é?
— Você não é nem louco de me fazer encarar estes malucos agora... – ela respondeu e me puxou para um beijo mais calmo do que o anterior.
Eu percorria de forma discreta as costas de , que estavam escondidas, mas bem esculpidas naquele vestido perfeito, apertei sua cintura e segurei firme seu cabelo que mesmo curto já estava um pouco maior e penteado para trás. brincava com suas unhas a arranharem devagarinho a minha nuca e foi me empurrando aos poucos para trás.
— O que você quer má chérie? – sussurrei ao seu ouvido totalmente transparente em meu modo sedutor.
— Um lugar mais escuro...
Respondeu entre o beijo e eu a encarei animado:
— Aqui dentro ou lá fora?
gargalhou por meu sorriso de expectativa e malícia, e recompondo-se um pouco daquela figura de sedução disse sincera:
— Eu quero me acabar de beijar a sua boca hoje , mas não quero ser o seu casual de hoje...
— Eu acho que nunca mais poderei ter um casual depois de hoje, ...
— Vamos só... Não pensar muito, tudo bem?
— Tem certeza? Acho que se for melhor para você deveríamos pensar, na verdade... Não vou conseguir resistir a você e...
A voz de uma das músicas que minutos antes tocava voltou a ressoar e e eu nos olhamos surpresos e querendo gargalhar. Quando olhamos para trás, Marianne estava na mesa do DJ, fora da área VIP, não distante o suficiente para que não a identificássemos acenando através do vidro, e de novo a voz do Nicholas ecoava pela boate inteira. E nossos amigos estavam todos parados onde antes nos beijávamos cantando alto e em bom tom:
(Você me acorrentou)
You got me in chains for your love
(Você me acorrentou ao seu amor)
But I wouldn’t change
(Mas eu não mudaria)
No, I wouldn’t change this love
(Não, eu não mudaria esse amor)
— Eu preciso beijar você agora, má chérie, desculpa, mas não dá pra perder a chance...
— Essa é a maior chacota que eles já fizeram com o Nicholas, e vai me causar problemas... Mas quer saber? Não é dia de voltar pra casa, ordens da minha mãe e eu quero mesmo fugir dos meus problemas em você...
Na parede para onde antes ela havia me puxado, prendi o corpo de entre o meu e a parede atrás de mim. Naquela baixa luz fiz questão de esconder o corpo dela sob o meu, e de beijar cada centímetro possível da boca, pescoço e do colo dela. Eu sabia desde o começo que aquela noite não ficaria nada bem. Caminho sem volta, loucura exposta, descontrole total e eu não poderia mais negar: eu estava fodidamente me apaixonando pela mãe da minha paciente, com um ex-problemático, e que era a mulher mais incrível que eu beijei em toda a minha vida.
Capítulo 34
*capítulo narrado por
Era oficial: eu não deixaria Bernard sair da minha vida nunca mais. Se ela deixasse e quisesse, eu também não deixaria de beijar a sua boca enquanto eu respirasse. Nossa conexão foi tão natural e tranquila quanto urgente, e eu me peguei pensando como e por que razão nós esperamos tanto para fazer aquilo.
A boate já estava me sufocando, à medida que minhas mãos passeavam pelo corpo dela, e meus lábios encostavam-se a sua pele tão quente. O bendito vestido justo não escondia seu corpo, e eu adorei poder descobrir suas curvas de maneira tátil, mas confesso, eu queria bem mais. Ser prudente e racional às vezes é uma merda. Eu sabia que talvez não quisesse aprofundar as coisas, e eu a respeitaria acima de qualquer desejo mais instintivo meu, porém, não dá para negar que a minha vontade de correr para o carro com ela em meus braços e ir embora o mais rápido possível para meu apartamento era enorme.
Não isento o Nicholas de nenhuma das suas merdas, mas... Depois de ter Bernard nos braços, foi impossível não entender porque o cara era o maior chiclete do mundo. Se antes eu já o achava um grande otário, e idiota por perdê-la, agora eu queria muito tocar seu ombro e dizer: “Nicholas, você é um grandessíssimo otário, e obrigado por isso”.
também parecia muito contente por nosso primeiro passo, naquilo que nos fazia um casal antes mesmo de o ser. E ela estava muito confortável comigo, e caramba... Como eu me sentia feliz por poder proporcionar a ela aquela segurança! Todos os amigos que estavam conosco aquela noite, de repente não estavam mais por perto e que ótimo! Porque eu não pretendia dividir a atenção dela de novo, e nem ela, ao que me parecia. é tão viciante que preciso ter muito cuidado para não deseja-la ao ponto de sufocá-la, como o Nick fez. É... Ela é mesmo um mundo atrativo para nos isolar dentro dela. E não estou sendo sacana ao dizer isso, mas parando para pensar... Merda! Se só aquela pegação adolescente escondidos no canto da boate já me deixou naquele tesão absurdo, como seria estar literalmente dentro de ? Por sorte, os meus pensamentos nada castos foram interrompidos por Jane, Austin e Alex que se aproximaram de nós, nos parando e despedindo-se.
— Olá mais novo, já previsível, casal... – Jane disse risonha e meiga, arrancando risos de , e um largo sorriso satisfeito meu: — Desculpem-nos por atrapalhar, sabemos que vocês esperam isso há muito tempo...
E novamente todos nós rimos.
— Eu nem sabia que esperava tanto por isso, até o Dr. aqui me mostrar isso... – respondeu aquilo e eu podia agarrá-la de novo, mas me contive.
— Olha ela... Tão saidinha...
— Ei Alex, seja rápido, eu quero voltar a beijar o !
Não sei se era o álcool, o clima de conforto, ou se era a face de que eu ainda não conhecia, mas estava amando saber que ela estava tão animada e satisfeita quanto eu.
— Nós já vamos, . Austin e eu queremos aproveitar a folga que você nos deu amanhã, para descansar.
— Sei... – zombou.
— E maratonar séries atrasadas, amor. Não esqueça!
Austin bradou como se Jane não quisesse aquilo e ela apenas concordou sorrindo.
— Eu vou deixar a Giu em casa, e também vou indo... Na verdade , todos já estão se organizando para ir, com exceção de Marianne... Que colou no DJ.
Havia um tom reprovador, ou talvez, de insatisfação na voz de Alex, mas achei melhor falar com ele sobre aquilo depois. Certamente, também notou.
— Bem, se todos já vão, vamos lá nos despedir, má chérie?
— Claro , vamos indo também? – ela perguntou e eu concordei sem saber ao certo para onde, mas vi Jane piscar para ela e Alex nos observar risonho.
se adiantou com Jane e Austin, e Alex e eu, ficamos mais atrás caminhando rumo à mesa que o nosso grupo estava antes, e ele não pôde se conter, é claro...
— , obrigado. Ela está radiante.
— Espero que não seja pelo álcool. – brinquei.
— Certamente não. Você também parece um garotinho adolescente.
— Alex, eu espero realmente que ela me queira. Por que eu não vou superar um fora da depois disso.
— É claro que ela te quer, dá para ver nos olhos dela! Agora... Vê se não enrolam mais, e aproveitem a noite!
Gargalhei do conselho revoltado de Alex de quem estava mais impaciente do que todos, mas se segurava por dentro.
— Tudo no ritmo dela, Alex. Se dependesse de mim, você sabe...
— Muito bom ! Muito bom! Agora acho que não vamos mais sair para beijar umas bocas como ela queria.
— Podemos sair para você beijar, essa era a verdadeira intenção dela. Mas se bem que... Giulia né? – sorri sacana.
— Olha... Este é um desacerto da minha parte. Não deveria ter ficado com a Giu de novo... Mas podemos conversar disso depois, porque ela está ali linda e risonha me esperando.
Alex falou, e nos aproximamos da mesa onde a garota o aguardava tranquila e sorridente. Giulia parecia ser uma garota muito amável, mas Alex não parecia estar tranquilo em vê-la tão feliz a espera dele. sorria, gargalhava com suas amigas na verdade, enquanto se despedia. Todas muito eufóricas e animadas. Preocupei-me em como aquelas garotas iriam embora, até perceber que estava tudo muito bem organizado desde o início. Quem estava acompanhada no final da noite, estava seguindo com seus acompanhantes, e quem não estava, estava seguindo em grupo. Jackson foi trocado pelo DJ, por isso ele levaria algumas das garotas que vieram com Jane para casa. Ofereci carona, mas aparentemente, mesmo sob insistência da , ninguém queria “nos atrapalhar”. Minha vida não era tão pública daquele jeito, desde que Rosalyn me traiu com um colega de trabalho, e eu prezava por ser discreto em meu trabalho e na vida, mas... Ser assunto público da estava sendo extremamente divertido. Marianne havia chegado à nossa mesa, depois que Lauren havia ido chamá-la já que ela não soltava mesmo o DJ.
— E aí, Marianne tudo bem? – perguntei risonho ao vê-la com uma expressão tão leve de torpor alcoólico.
— ! Agora você é oficialmente o namorado da minha amiga e chefe! Para alegria de todos e desespero de algumas! E me chame de Mari! Você é dez, cara! – ela riu e se jogou num abraço em mim.
Abracei-a e encaminhei com ela pendurada em mim, até a mesa de doces que havia ali. Todos gargalhavam, e depois que insisti, Mari me deixou colocar um bombom em sua boca, a contragosto e zombando , ela gritava:
— Com todo respeito chefe! Ele é o médico aplicando glicose agora, tá?
abraçou a morena de cabelos longos e lisos, que estava mais louca do que o normal e encheu-a de beijos.
— Olha só... Eu acho que não devo ficar... – Marianne falou – Já me despedi do DJ e passei meu telefone, porque hoje eu faria merda, então eu preciso que alguém me leve em casa.
— O Jack vai dar carona para as men... – dizia abraçada à amiga enquanto eu distribuía doces pra todo mundo, que ria.
— Ótimo ter um médico entre nós, todo preocupado com os PT’s da galera! – Edward brincou interrompendo .
— Gente, eu só não quero ter que levar a na cadeia para tirar ninguém, entendem? Dirigir alcoolizado é crime na Califórnia, então até vocês baixarem esse álcool, podem se entupir de doces e beber água!
— Muito certinho, ele! – Austin zombou e eu não evitei gargalhar.
— Eu te levo Marianne. O carro do Jack está cheio. – Alex informou e não só eu como todos encaramos a situação.
Era palpável que havia algum lance diferente entre eles aquela noite, e Alex podia não saber, mas havia se metido num triângulo e eu não queria estar na sua pele. Marianne apenas concordou com Alex encarando-o de um jeito muito constrangido. Acabamos por dar um tempo ali, comendo – já que a fome veio como uma larica daquelas em todos, e ninguém havia desfrutado o open food ainda – e depois que todos estavam livres de serem presos numa blitz, começamos a ir embora.
e eu estávamos à porta da boate, aguardando o nosso carro e rindo do tumulto causado pelas garotas ao entrarem no carro de Jack. Logo o funcionário trouxe-o e nós entramos aliviados por poder ir embora, mas a verdade é que eu não queria ir embora. Eu queria levar para meu apartamento, e ainda que não acontecesse nada, passar mais tempo com ela.
— Bem... Sua mãe disse que você não deveria voltar para casa hoje, quer que eu te deixe aonde?
Perguntei brincalhão, e pude ver gargalhar ao se lembrar das ordens da mãe.
— Hoje eu serei desobediente, . Me leve para minha casa, por favor.
— Como quiser má chérie.
Confesso que a minha resposta apresentava uma ponta de decepção. Eu sabia que havia avançado grandes passos aquela noite, e que ela disse para nós “não pensarmos muito” e que eu também havia garantido ao Alex que seria no tempo dela... Caramba, eu tinha mesmo várias interferências ali para avançar o nosso relacionamento... Enfim, apesar de tudo isso, eu queria que ela tivesse me dito para levá-la a qualquer lugar, que ela dissesse que queria passar mais tempo comigo. O silêncio no carro foi extremamente desconcertante e eu comecei a achar que ela poderia estar sentindo-se arrependida de tudo, até que a própria encarou o mesmo pensamento que o meu.
— Este silêncio está constrangedor...
— Desculpe, eu estava pensativo... – me desculpei numa mentira fraca.
— Olha , eu só quero que saiba que eu não me arrependo de nada, mas eu não sei se a gente deveria...
— ... – interrompi sorrindo por prever a desculpa dela: — Eu não vou mentir em dizer que eu não queria que nós... Você sabe. Mas, eu não quero que você fique se desculpando por nós fazermos ou não alguma coisa juntos, antes de tudo, temos uma relação de amizade incrível e eu detestaria que por causa dos nossos desejos isso fosse prejudicado. Então, hoje nós demos um primeiro passo na nossa relação... Que na verdade eu já não sei como definir, mas enfim... Eu só quero que saiba que vou respeitar o seu tempo, ok?
Ela me olhou com um sorriso satisfeito e mordeu os lábios de uma forma infantil, e certamente não tinha nada de infantil naquela cena para mim. Eu estava suando e louco para frear o carro e beijá-la, mas não poderia fazer aquilo. Eu sou responsável pelo meu autocontrole e isso era uma das coisas que mais deixava confortável.
— Eu não sei muito bem como agir agora, e concordo com você. Eu não quero perder você, de nenhuma forma e nem estragar o que a gente veio construindo, mas... Eu também não quero ficar pisando no freio .
Estávamos quase chegando a sua casa, já que o caminho estava deserto pelo horário e eu não poupei pisar um pouco fundo. O sinal estava fechado, e eu parei. Geralmente, não pararia uma hora daquelas, mas o que havia acabado de dizer necessitava de minha atenção.
— O que você quer dizer com isso, má chérie?
— Eu só não quero que tudo seja exatamente como antes. Entende?
— Entendo. – sorri alegre em ouvir aquilo.
sorriu também, e eu continuei a dirigir com um sorriso enorme em meu rosto. havia dito que não queria ser como antes, e aquilo era motivo de muita comemoração. Afinal, Bernard acabara de dizer que também não conseguiria ficar sem me beijar. Entrelinhas, mas disse. Eu comecei a rir como um garoto adolescente, e encarei que me olhava igual.
— Só falta cantarmos nossa música...
Definitivamente eu voltei a ser um garoto bobo. E só precisei de algumas horas com aquela mulher, para isso.
— Hm... Deixe-me adivinhar... – ela ria se fazendo de pensativa até que cantarolou: — e sentados numa árvore se beijando...
— Exatamente! – gargalhei.
— Você trabalha amanhã? – a pergunta repentina dela diante nossos risos, foi tão aleatória que eu mal entendi.
— Ãn... Não, eu troquei a minha folga. E você não vai inventar de trabalhar, não é? É a sua folga, !
— Relaxa ! Eu prometo que não vou trabalhar.
Havíamos chegado. Estacionei em frente a casa dela, e tudo estava apagado. Será que Meg não havia voltado? Ou já estivesse dormindo? Desviei o olhar para , que de repente se mostrava pensativa demais. Ela mordia os lábios enquanto observava seus dedos das mãos entrelaçados. Parecia nervosa.
— ?
— Você vai me achar instável se eu te pedir para ficar?
Encarei o olhar brilhante e a face rubra de , boquiaberto, mas feliz.
— Tem certeza ?
— Tenho. Eu quero que você durma comigo hoje, .
Caramba! Meu cérebro parecia que ia explodir tamanha a adrenalina que percorria meus neurônios, a minha boca de repente secou e o meu coração batia muito mais rápido do que o normal. Eu não sou neurologista, e não compreendo profundamente das sinapses e sintomas da paixão... Mas, como bom médico, eu sabia que aquilo era um sintoma ferrenho dela.
Destravei meu cinto, e sorri olhando-a. ainda se mantinha apreensiva e aguardando a minha resposta, que eu achei melhor não responder verbalmente. Aproximei meu corpo do corpo dela, e segurado com cuidado seu rosto, beijei-a da forma mais tranquila e segura que poderia. Queria muito que se sentisse confiante, mais em si do que em mim, inclusive. A confiança dela em mim já era notória, e eu gostaria muito que adquirisse maior autoconfiança.
Ela aprofundou o beijo ao meu, de forma quase ingênua e tentou soltar o seu cinto, que não acontecia de nenhuma forma e nos fez parar o beijo para gargalhar.
— Que merda ! Você definitivamente precisa arrumar isso!
Ela brigava frustrada, e eu ainda rindo divertido a soltei.
— Eu vou arrumar, prometo! Até por que... Não acho que vou precisar mais dessa desculpa para ficar mais perto do seu corpo.
Pisquei e abri a porta para descer. ficou no carro, risonha, aguardando eu abrir a porta para ela.
— Guarda o seu carro na garagem. – ela respondeu logo que alcançou as chaves, e abriu o portão automático me entregando o controle.
entrou em casa, acendeu as luzes, e logo que eu fechei o portão, a segui. Ela estava caminhando pela casa e eu parei à sala observando-a. Estava tão linda, mesmo ao final da noite...
— Minha mãe não está! – respondeu brava.
— Isso não é bom para nós? – perguntei sacana e ela veio até mim, me pegando de surpresa num abraço.
Apertou seus braços em torno da minha cintura e com uma expressão descontente me encarou se justificando:
— É ótimo, mas sabe quantas vezes ela me disse hoje para não voltar? Eu achei que ela estava com planos para ela, de tanta insistência!
— É por isso que você ficou sem graça tanto tempo no carro?
— Na verdade... – ela mordeu os lábios e enrubesceu novamente: — Eu estava sem graça é por pedir você a ficar, depois de te dar entender que eu não queria... É só que, sei lá... Eu estava em dúvida, mas aí eu me lembrei de que não poderia ter pessoa melhor para eu fazer isso depois de você sabe...
— É a sua primeira vez desde o Nicholas, não é?
assentiu, e de repente eu percebi o tamanho da minha responsabilidade naquele momento. Não me assustei, na verdade, me senti honrado. Embora talvez fosse melhor para ela não se envolver daquela forma comigo, naquele momento, já que entre nós não seria só um acontecimento casual. Eu pelo menos esperava que não.
soltou-me e pegou minhas mãos encarando-me animada:
— Quer tomar um banho?
— Com você? – perguntei imediatamente, risonho e sufocado.
— Bem... Eu... Hã...
— Relaxe . Pode ir, eu te espero aqui. Se preferir, a gente só dorme junto.
— Não! Eu não quis dizer que não quero, é só que... Você me surpreendeu! Mas ok... Pode ir para o banho, eu vou logo em seguida.
me puxou pelas mãos guiando-nos ao seu quarto, e eu não fiz o menor esforço para negar. Não mesmo! Dentro de seu quarto ela abriu uma gaveta do guarda roupas e tirou peças masculinas dali.
— Toma, pode vestir. São do .
— Do ? – arqueei a sobrancelha e estiquei a bermuda samba-canção.
— É... – ela concordou reticente e então gargalhou, abaixou-se para pegar um pacote fechado de cuecas e me entregou: — Ok! Eu comprei para o Nicholas quando ele estava viajando, mas nunca entreguei, porque ao voltar nós divorciamos... Eu ia entregar para o , mas as roupas do Nick não cabem no .
Gargalhei e se desculpou, enquanto eu abria o pacote da Calvin Klein, achando tudo muito inusitado.
— Me desculpa, acho que foi péssimo te oferecer as roupas dele não é?
— Não são dele, ele nem usou! Mas... – estiquei a cueca e gargalhei a encarando de uma forma provocante, porque eu não ia perder a chance:— O que te faz pensar que as roupas dele me serviriam?
encarava a cueca em minha mão, e ficou de novo sem graça, pegou o samba-canção e apoiou em meu corpo percebendo que ficaria apertado.
— Ok... Talvez você também seja um pouco maior do que o Nick.
Aquilo era óbvio, mas eu estava adorando a situação só pelo fato de poder surpreendê-la. Puxei sua cintura e a beijei, e antes de caminhar para o banheiro respondi:
— Sim, pelo visto eu sou maior do que o Nicholas mesmo.
Dei as costas à caminhando para o banheiro, com os trajes em minha mão, e ela soltou um suspiro alto.
— Eu já levo a toalha!
Ouvi sua voz sair quase num sussurro, e me encostei à porta do banheiro logo que entrei. Observei minha expressão no espelho à minha frente, e comecei a rir sozinho. Definitivamente, estava irresistível aquela noite, em todos os seus gestos e expressões.
Capítulo 35
*capítulo narrado por
(Eu deixei cair, meu coração, e quando caiu, você se levantou para reivindicá-lo)
It was dark and I was over,
(Estava escuro e eu estava acabada)
Until you kissed my lips and you saved me,
(Até que você beijou meus lábios e me salvou)
My hands, they're strong, but my knees were far too weak,
(Minhas mãos eram fortes, mas os joelhos eram muito fracos)
To stand in your arms without falling to your feet,
(Para estar em seus braços sem cair aos seus pés)
Quando chegou ao banheiro eu ainda não estava ao chuveiro. Esperava-a porque até para mim, aquela era uma situação nova. Eu nunca precisei me comedir quanto a uma mulher, até mesmo com Rosalyn quando namorávamos tudo foi muito... Comum. Não que não fosse com a , aquela noite era a prova de quanto nós dois éramos naturalmente feitos uma para o outro. Mas, havia naquele momento um cuidado necessário, eu me preocupava de não ferir o ego da como mulher, eu me preocupava de deixá-la extremamente confortável para me guiar, e não o contrário. E mesmo com o meu sorriso largo demonstrando a ela, que entrou um pouco perdida com as toalhas em mãos, o quanto ela poderia ficar tranquila... O rubor na sua face mostrava-me o seu nervosismo iminente.
— Por que não está no chuveiro? – ela perguntou sem graça.
— Porque eu quis te esperar para saber se você está realmente confortável com isso... – desencostei da pia e me aproximei dela.
— Claro que estou! Só... Não quero que você se sinta pressionado a nada e...
Interrompi com um abraço. E parece ter funcionado para deixá-la mais confortável, já que afundou seu rosto em meu peito e respirava mais calma. Estávamos ambos tornando aquele momento, verbal demais. Então com muito carinho puxei seu rosto com minhas duas mãos em um beijo calmo e cheio de cuidado. correspondeu e depois que nos afastamos um pouco, ela sorriu e começou a desabotoar a minha camisa, lentamente e curiosa. Deixei que ela reconhecesse o meu corpo com toda a calma do mundo, desceu suas mãos por meu peitoral fazendo carinhos sutis em minha pele, e voltou a me beijar. Em seguida, eu puxei o zíper delicado do seu vestido em suas costas, e não havia motivos para termos pressa. Pude me vislumbrar com a figura de dentro de um lingerie preto, rendado e transparente na medida certa. Sorri alucinado com a imagem que eu mal sabia que esperava há tanto tempo:
— Acho que alguém já estava com alguma maldade para cima de mim...
Ela gargalhou e terminou de retirar seu vestido, mais entregue.
— E deu certo?
— Muito! – respondi ao notar a calcinha tão delicada quanto pequena, no caimento exato para o corpo dela.
(Mas eu ateei fogo à chuva. Vi a chuva cair enquanto eu tocava seu rosto)
Well, it burned while I cried, 'Cause I heard it screaming out your name, your name
(Bem, o fogo queimava enquanto eu chorava, porque eu ouvi gritarem seu nome, seu nome)
When I lay with you I could stay there,
(Ao estar contigo, eu poderia ficar)
Close my eyes, feel you here forever
(Fecho meus olhos, sinto você aqui para sempre)
You and me together, nothing is better.
(Você e eu juntos, nada é melhor)
Sorrindo puxei-a de volta para mim e beijei seu pescoço acelerando um pouco as coisas, até que começou a desabotoar a minha calça e subiu as mãos até meus ombros massageando-os, sem deixar de beijar aquela boca incrível, eu terminei de me despir, apertei sua cintura, subi minhas mãos de forma delicada ao sutiã dela e sem uma peça a menos no corpo dela, guiei-nos rumo ao chuveiro. entrou, abriu-o deixando a água cair em seu corpo, e eu me concentrei em tirar sua calcinha com delicadeza, distribuindo beijos por seu colo e apertei sua bunda, tão macia.
me deixaria louco. E assim como eu já temia, eu não estava apenas “a fim” daquela mulher. Naquela troca de carinhos delicados, e voluptuosos debaixo do chuveiro, entre risos por acharmos graça de uma ou duas coisas sem jeito, no que era a nossa primeira vez, e entre silêncios que eram ocupados pelo som dos nossos corpos se conhecendo, um pouco depois em sua cama, eu pude entender o que meu pai me disse tempos atrás: era ela.
O corpo de , ainda molhado do banho debaixo do meu, em sua cama, e seus olhos brilhantes a encontrar os meus olhos azuis, o seu sorriso de entrega... Tudo no corpo dela me mostrava que aquilo estava muito certo, e tudo no meu corpo me dizia que eu não queria nunca mais sair dali.
(Às vezes eu acordo, passo pela porta, o coração que você ganhou deve estar esperando por você. Mesmo que, quando já não estamos mais, eu não posso me impedir de procurar por você).
Ouvi um apito do meu beep, e acordei imediatamente. Estava bem mais relaxado por nossa transa e ao mesmo tempo, cansado por não ter dormido, e acho que nunca praguejei por ter uma profissão que me impedia de ficar na cama, abraçado com uma mulher como se nada mais no mundo fosse importante. Tateei atrás do beep pela mesinha de cabeceira, até que me lembrei de que estava no bolso da minha calça. dormia profundamente aconchegada em meus braços, observei seu rosto tranquilo e deixei um selinho em sua boca antes de me desvencilhar dela com cuidado. No banheiro, peguei o beep e vi que havia uma emergência. Na mesma hora, meu celular tocou indicando um número desconhecido.
— Alô? – minha voz rouca pela primeira verbalização do dia quase não saía.
— Dr. ?
— Sim, quem é? – perguntei juntando as peças de roupa, no chão que eu usava do dia anterior.
Na nossa vontade pelo sexo um com o outro, a única coisa que e eu tivemos fôlego para fazer depois de transarmos foi tomar outro banho rápido e dormir juntos. Eu vestia metade das roupas que ela me entregou ontem, não tendo ideia de onde estava a camisa.
— Priyanka Chopra! – paralisei ao ouvir seu nome, e pensei rápido — Eu estou...
— O que a está sentindo?
— Ela está com muita febre, eu telefonei ao hospital, mas aí me lembrei de que Nicholas guardava seu número na porta da geladeira...
— Qual o grau da febre dela? Onde você está?
— Estou dirigindo para o hospital, mas ela estava com 39! – a voz da mulher era desesperada.
— Estou a caminho!
Não tive tempo de pensar direito. Joguei uma água no rosto, gargarejei o antisséptico bucal de , vesti a minha calça jeans do dia anterior e então encontrei a camisa que ela havia me dado quando já estava vestido com ela no meu corpo, reparando a estampa dos Rolling Stones. Chequei: carteira, beep, celular e chave do carro.
No caminho entre o quarto dela e a sala, digitei uma mensagem para ela ler ao acordar: “tive uma emergência no hospital, te ligo depois”.
— ?
Ouvi a voz de Meg me chamando, surpresa. Ela segurava uma xícara de café, e ainda estava vestida com a roupa que tinha saído no dia anterior.
— Bom dia Meg... Eu não estou fugindo, ok? Foi uma emergência e...
— Claro, claro querido! Tudo bem, pode ir... Mas venha almoçar com a gente... – ela falava risonha e confusa: — Quer que eu deixe algum recado para ?
— Deixe claro para ela que eu não estou fugindo, por favor? – pedi nervoso e apressado fui até Meg e beijei seu rosto: — Eu acho que amo a sua filha!
Meg riu e eu apenas saí correndo para o meu carro. Dirigi recebendo algumas multas com certeza. Em um sinal, observei o banco de trás e minha mala médica emergencial estava ali. Disquei para a enfermeira chefe.
— Stevenson?
— Sua paciente, Bernard Jonas acabou de dar entrada na emergência. Só liberei por conhecer a criança, a mulher que a trouxe não tem ligação parental, e nem os documentos da menina.
— Qual a situação?
— Febre muito alta Dr. , mas o plantonista já a atendeu e ministrou a medicação com base no prontuário dela.
— Certo, estou a caminho.
Quando cheguei ao hospital, vi Priyanka sentada com as mãos aos cabelos na cadeira de espera, mas apenas vesti o jaleco que tinha pegado em meu carro e corri para o quarto de .
— ? – o doutor Karev me encarou dos pés à cabeça, assim como a enfermeira e vi que chorava.
— Ei princesa! Eu estou aqui! – me aproximei fazendo carinho nela.
— Tio !
sorriu aliviada, um pouco sonolenta e me abraçou. Analisei seu rosto com cautela, e suspirei aliviado. Karev dispensou a enfermeira e sorrindo para a disse a ela para dormir um pouquinho.
— Seu papai e mamãe já estão chegando princesa, ok? – falei a beijando.
ficou tranquila ao, me ver, certamente estava assustada e logo que fechou os olhinhos, puxei Karev para um canto. E ele tinha uma expressão de tanto horror e confusão em seu rosto, pelo meu estado, que apenas me disse:
— A menina está com uma inflamação pneumática inicial, mas vai ficar bem com o tratamento.
— Vou confirmar com a se ela tomou a vacina de...
— ! – Karev arregalou os olhos como se me pedisse explicações:— Primeiro... Quem é ?
— A mãe da minha paciente.
— Não é “Senhora ”?
— Falou o cara que estava cantando a mãe de Andrew na primeira consulta!
Karev riu zombando.
— Ela é livre, por mais que o pai do Andrew seja um cara difícil.
— também é livre, por mais que o pai da seja um grande bosta inconveniente.
— O conselho de ética em medicina ainda vai pegar nós dois. – ele falou e nós gargalhamos.
Então eu pude respirar mais aliviado, massageando minha nuca.
— Eu nunca te vi chegar neste estado por nenhuma emergência com um paciente.
Observei a expressão de Karev e me olhei: estava de chinelos, da . Uma camiseta do Rolling Stones aparentemente menor para meu tamanho, o cabelo todo bagunçado. As únicas coisas certas ali eram o jeans e o jaleco.
— A mãe dela deve ser mesmo muito especial.
— Karev... Eu só... Saí quase do jeito que estava! – comecei a rir de mim mesmo e ele riu igualmente.
— Boa sorte, aposto que o Dr. de chinelos femininos será a fofoca da semana! Olha... Eu estou no meu plantão, hoje é sua folga, pode ir se quiser...
— Vou lá fora, a mulher que a trouxe é a namorada do pai e pode apostar: quando ele chegar meus chinelos femininos será a menor das fofocas.
Saí do quarto depois de dar uma última conferida em e Priyanka que já estava de pé e preocupada praticamente avançou na nossa direção.
— O que ela tem!?
— Ela está com uma pneumonia inicial, mas vai ficar bem por estar sendo tratada cedo, senhorita. Bem, o é o médico da e eu a atendi, mas o deixarei conversar com você, ok?
Priyanka concordou e agradeceu ao Karev, em seguida me olhou de cima a baixo.
— Eu acho que era a sua folga...
— Não, tudo bem. Eu fui pego de surpresa, mas fico feliz que tenha me avisado. Apesar de Karev e nossa equipe serem incríveis, é uma paciente com um quadro cauteloso. Mas, fique tranquila, é como Karev disse: uma pneumonia inicial. Com todos os cuidados ela ficará ótima.
— Graças a Deus, eu nunca senti tanto medo na minha vida!
Priyanka respirou bem mais aliviada, mas eu estava curioso para saber o que houve.
— Priyanka, você pode me dizer o que houve? Quero dizer... Cadê o Nicholas?
— É uma longa história... A casa foi tomada por paparazzi na entrada, por causa do nosso... De um escândalo... Quando eu cheguei, Nick foi tentar dispersar os paparazzi, mas a estava dormindo. Ela desceu do seu quarto chorando e então quando eu toquei nela, a senti muito quente. Depois que aferi a temperatura dela, a única coisa em que pensei foi pegar a menina e sair dali pelos fundos da mansão, dando a volta até o meu carro de modo que os fotógrafos não a vissem. Então liguei para cá, e fui informada que era a sua folga, mas que poderia trazê-la que ela seria atendida. Lembrei-me do seu número na geladeira, peguei correndo e só... Vim.
— Entendi... Nicholas já foi avisado?
— Está a caminho pronto para...
— PRIYANKA!
Como o próprio demônio, Nicholas se materializou no final do corredor e veio correndo acusativo para a mulher:
— Cadê a minha filha!? O quê você fez com ela?
— Nicholas, eu socorri a menina! Do que você está...
— Ela estava bem! – ele a interrompeu — Socorreu do quê?
Nicholas gritava e apontava dedos para Priyanka que se encolhia gradualmente, o tumulto começava a se formar pela presença das enfermeiras e eu tive que intervir.
— Nicholas, por favor, não grite! – Priyanka pediu antes de mim: — Estamos em um hospital!
— Como você sai da minha casa com a minha filha sem me avisar, Priyanka!?
Ele novamente a acusou desta vez, irradiando raiva em baixo tom.
— Do que está me acusando Nicholas? – ela perguntou peitando-o.
— Ok vocês dois! – intermediei a situação e só então Nicholas me encarou ali, prestando atenção em meu estado — Se acalmem a já foi atendida.
— E pelo visto o médico dela não estava aqui, não é? – Nick me acusou.
— E veio correndo como você pode ver, na folga dele, para atendê-la! Não seja estúpido com o Dr. , Nicholas!
— Ah pronto! – Nick reclamou batendo as palmas das mãos e avançando sobre mim, que já estava nervoso por aquilo e preocupado pelo tumulto: — Vai querer foder com a minha atual também?
— Nicholas!
A voz de Priyanka o repreendendo não foi suficiente para eu me acalmar. Peguei Nicholas pela gola de sua camisa e falei umas boas verdades engasgadas:
— A sua filha está internada e você até agora não entrou no quarto para vê-la, porque é bosta demais para assumir que perdeu, não é? Foda-se o que você faz da sua vida Nicholas, mas exijo que tenha respeito por mim no meu trabalho, pela sua filha enferma, pela sua ex-mulher que não merecia um merda como você, e pela sua atual namorada que só queria ajudar... E que eu espero que te chute também! – vociferei soltando-o e o empurrando.
Karev já estava a caminho de nós, mas não chegou a tempo de impedir que Nicholas avançasse em um soco em mim. Senti o murro de Nicholas em minha boca, e revidei. Logo Karev estava me segurando, e um segurança do hospital segurando Nicholas. Colegas de trabalho, entre enfermeiros e médicos observavam a tudo boquiabertos.
— Me solte Karev, estou calmo. – pedi.
Meu colega me soltou e antes que ele dissesse algo ao Nicholas, a voz de surgindo entre todos, aflita e chorosa captou nossa atenção.
— !
— ? – Nick perguntou confuso à Priyanka.
— Eu telefonei a avisando.
— Porra Priyanka!
— Ela é a mãe Nicholas!
chegou empurrando Nicholas de seu caminho e encarou Priyanka, com lágrimas nos olhos perguntando:
— O que aconteceu?
— Foi só uma febre alta, . – informei fazendo-a me olhar e pular em mim num abraço.
Certo... Eu seria a fofoca do hospital por meses e sofreria algumas punições por tudo aquilo.
— Acabou o show galera! Família reunida, vamos todos cuidar das nossas vidas e pacientes! – Karev bradou dispersando a todos e piscando para mim que ainda abraçava a .
Ele falou alguma coisa para o segurança que soltou Nicholas, que já não reagia. Apenas encarava abraçada a mim, desesperada e eu suspirei fundo explicando a eles:
— , Nicholas... Eu já estava falando com a Priyanka... A está com uma pneumonia inicial e tudo vai ficar bem com o tratamento agora...
Suspirei alto. Estava sendo muito difícil mesclar entre o médico e o namorado da mãe da paciente. enxugou as lágrimas pedindo para vê-la, e eu abri a porta do quarto para todos entrarem. Priyanka ficou na porta chorando, mas eu a chamei para dentro.
— Vem, você faz parte dessa loucura toda também, não é?
Ela sorriu para mim e agradeceu, dizendo:
— Você é mesmo um cara legal, .
Olhei para os pais aos pés da cama da menina que dormia, e apenas aconselhei Priyanka antes que e Nicholas se atacassem:
— Quer um conselho? Corra deste cara, antes que ele foda o seu psicológico.
— Eu sei dos riscos, ... Mas, talvez eu esteja mais presa a ele do que pensava.
Dei de ombros e assim que Priyanka entrou, eu também entrei fechando a porta. Aproximei-me de e parei ao lado dela, de braços cruzados, com a minha postura extremamente cansada.
— Perguntas, pais?
— A culpa é minha. – Nick assumiu encarando a filha com semblante de mágoa: — Nós ficamos o fim de semana quase todo na piscina.
— Relaxa Nick, não é sua culpa. A é muito exposta à piscina na natação também... Essas coisas acontecem. – o disse, tranquila depois de ver que a filha estava bem — Obrigada Priyanka, por ter agido certo e por me avisar.
— Eu só fiz o que deveria .
Nick pigarreou e encarou a namorada, agora culpado.
— Estourei com você sem razão, Priyanka. Desculpe-me.
— Você é um idiota Nicholas. – ela respondeu sem o olhar.
— Mas, afinal, o que aconteceu?
Eu não estava acreditando que havia me metido naquela confusão toda, praticamente de graça. E o pior é que, eu não iria sair daquilo por pura escolha minha. Eu não deixaria naquele turbilhão que era a vida de ex-mulher do Jonas, nem que eu tivesse que pular em um vulcão por conta de tudo aquilo. A pergunta dela sobre o que houve me deu brechas a sair dali, para saber sobre a alta da enquanto eles conversavam.
— Que confusão Dr. ... – Stevenson a enfermeira chefe, e minha amiga ria do balcão de atendimento: — Logo o nosso mais certinho!
— Quer saber da pior?
— O quê?
— Eu acho que me apaixonei por ela.
— O hospital todo já sabia disso, só agora você notou?
— Isso é sério, Stevenson!
— Quem disse que eu estou brincando? – ela afirmou rindo e com a mão em meu ombro me consolou: — Mas quer saber, isso aí não é o pior. Isto é o melhor, o pior vai ser lidar com a direção do hospital amanhã.
— Será que o fato de estar fora do meu plantão alivia?
— Hm... Se disser que veio como namorado da mãe, será o mesmo que estar aqui como acompanhante... Pode ser que te alivie sim! Olha... Você e o Karev precisam chegar às suas chefias antes que o conselho de ética os pegue!
Ri com preguiça e joguei a cabeça para trás, com os cotovelos e costas apoiados no balcão e respondi à enfermeira antes de ficar sozinho:
— Foi o que ele disse também.
Capítulo 36
(Pode se achegar – Tiago Iorc e Agnes)
*capítulo narrado por .
Eu ainda estava escorado ao balcão de atendimento da enfermaria, quando surgiu saindo do quarto de e se aproximou de mim. Sorri solidário a ela, e sem que eu precisasse pedir ou fazer qualquer coisa, me abraçou encostando sua cabeça em meu peito. Ainda era uma novidade perceber que realmente, Bernard estava comigo de um jeito tão íntimo.
— Eu tive um susto tão grande, ... – ela desabafou me encarando.
— Calma, agora está tudo bem.
— Quando acordei e vi a sua mensagem, a última coisa que eu iria imaginar era algo acontecendo à . Na hora que atendi a chamada de Priyanka dizendo que vocês estavam aqui... Eu... Nem sei como eu consegui chegar.
— Você dirigiu?
— Não, eu vim de táxi... Corri pra me arrumar e mamãe chamou um carro para ser mais rápido.
— Bem... – esfreguei os ombros dela com uma leve massagem a acalmando: — A vai ficar bem. É só fazermos o tratamento direitinho.
— Acha que eu fui muito condescendente com o Nicholas? – a expressão dela era de dúvida e receio.
— Pela ? – perguntei e ela afirmou silenciosamente — Não! Ele não tem mesmo culpa, a pneumonia é muito comum em crianças, . É uma doença silenciosa, e a não adquiriu pneumonia em um final de semana, ela já estava assim há algum tempo. A doença que veio progredindo até aparecer. E o tratamento dela é bastante sério. Uma pneumonia mal curada pode ser problemática, então eu vou querer acompanhar a bem de perto, ok? E vê-la mais vezes do que o habitual.
assentiu sorrindo e apertando-se num abraço em minha cintura, me encarou travessa e perguntou:
— Em casa ou no consultório?
— Bem... Onde você quiser...
— ... – ela suspirou um pouco envergonhada: — Você poderá passar o dia de folga com a gente?
— Eu não estaria em lugar melhor. E depois... Meg usou aquele tom quase autoritário, de quem não aceita negativa, ao me chamar para almoçar hoje.
— Como foi o seu encontro com ela?
— Eu confesso que a última pessoa que eu esperava ver acordada, primeiro, depois da nossa noite, era a sua mãe. Que, aliás, não dormiu mesmo em casa, e tinha acabado de chegar... E talvez a minha pressa em sair foi o que me fizera escapar do constrangimento.
— Constrangimento nenhum, ela ficou feliz em vê-lo saindo do meu quarto.
Eu iria responder, mas Nicholas abriu a porta do quarto da e depois de retesar em um choque, olhando-nos de cima a baixo, se aproximou envergonhado, com Priyanka ao seu lado.
— ... Desculpe-me... Como a ia voltar para casa hoje, eu gostaria de saber se tudo bem você levá-la daqui. A minha casa está tomada por paparazzi, e eu não queria expor ela.
— Tudo bem, eu já pretendia levá-la mesmo. Mas, você conversou com ela sobre isso?
— Sim, conversei.
— Por que os paparazzi Nicholas? – perguntou, e tanto ele quanto Priyanka trocaram olhares preocupados, e a mulher em meus braços notou: — Eu sei que parece algo entre vocês dois, mas se envolver a , eu gostaria de saber.
— Não envolve. Fique tranquila com isso, eu não pretendo deixá-la no olho do furacão até resolver tudo.
— Bem... Certo. Não precisa se preocupar, ela vai ficar de atestado não é ?
— Ah com certeza! Ela não vai poder sair ou ir à escola por um tempinho, Nicholas. – falei diretamente vendo o homem observar a mim e com raiva nos olhos.
— ... Eu posso me despedir da ? – Priyanka perguntou ao notar que estavam de saída.
— Claro Priyanka, ela é sua enteada!
A obviedade da resposta de também estava mesclada – assim como para mim – a uma dúvida sobre o que estava acontecendo, e por que aquela formalidade. Priyanka entrou e Nicholas cruzou os braços, visivelmente desconfortável me encarando, mas logo se ateve ao diálogo sobre a filha.
— Eu não trouxe os documentos dela, na correria quando Priyanka me ligou dizendo que havia a trazido aqui, eu nem pensei direito. Como a casa está bem movimentada, eu quero evitar trânsito de carro com a Pri e eu, e também temos umas coisas a resolver que não deu tempo ainda esta manhã. Importa-se se eu pedir a uma empresa que entregue os documentos dela hoje na sua casa?
— Bem... Por favor, eu ainda não tirei as cópias autenticadas para você, por que... Na verdade, me esqueci de que fosse preciso. Resolvo isso amanhã, e dou um jeito de te entregarem.
— Certo... Desculpe-me de novo pelo... Descuido com ela.
Nicholas estava realmente se sentindo culpado. me olhou de relance e eu abaixei a cabeça. Não queria influenciar o que ela diria para ele, embora eu soubesse que, tanto ela quanto eu, iríamos concordar que o melhor era deixar claro a ele que não foi culpa dele.
— Nick, o já me confirmou e não foi sua culpa. A certamente já estava com pneumonia há algum tempinho, não foi o seu final de semana com ela que causou isso, só... Estourou a situação na sua mão. Não se sinta frustrado, ela voltou inteira, sem nenhum arranhão, sem nenhuma crise diabética... Ela ficou muito bem com você. Não se assuste, crianças adoecem com mais frequência do que nós podemos controlar.
— Obrigado. É bom ouvir que eu não fui um pai totalmente merda... Bem... Eu vou indo.
Quando ele mencionou aquilo era nítido que havia certo remorso em sua voz, e que Nicholas fingia desinteresse. Priyanka chegou ao lado dele, e trocou beijos no rosto com – que lhe agradeceu novamente pela conduta em socorrer . Nicholas voltou ao quarto da filha para se despedir e antes que saísse dali sem me direcionar mais nenhuma palavra, interveio.
— Não vai pedir desculpas ao ?
Nick encarou a ex-mulher e a atual namorada, que apenas virou o rosto, envergonhada, e trocou olhares profundos comigo. Estalou a língua num claro murmuro de descontentamento.
— Desculpe-me Dr. , por perder o controle e atacá-lo em seu ambiente de trabalho, desrespeitando a sua imagem perfeitinha.
Eu não esbocei reação alguma, Nicholas lançou-me um sorriso enviesado, sarcástico e deu as costas saindo pelo corredor do hospital com Priyanka ao seu lado.
— Muito estranho o clima entre eles... – sussurrou.
— Tsc... – estalei a língua em falso lamento — Eu iria pedir desculpas de volta, mas ele saiu tão apressado!
riu e me encarou.
— Você não iria pedir desculpas coisa nenhuma. Se fosse fazer, tinha feito.
— É... Eu não estou nem um pouco arrependido daquele corte na sobrancelha dele.
— Por falar nisso... E essa boca, hein? Não quer fazer um curativo antes de irmos? Eu vou ver como a está. – falou me puxando de mãos dadas ao quarto da criança.
— Não, nem pensar. Vão comentar ainda mais se eu entrar em minha sala para fazer os curativos ou chamar alguma enfermeira. Faço isso em casa.
abriu a porta e olhamos na direção de que estava quietinha assistindo a televisão depois de terminar o seu lanche.
— Esta situação vai te causar problemas, não é? – havia preocupação carregada de culpa, no olhar da mulher à minha frente.
— Talvez, ainda não tenho certeza. Mas não se preocupe com isso, não foi você quem me atacou.
acariciou o meu rosto e encarou à que sorria para nós. No mesmo instante me preocupei com algo que não havia me dado conta: o que diria para a filha sobre nós? Aquele pensamento ficou guardado até que pudéssemos falar a respeito, arrumou para irmos embora, uma vez que Karev apareceu no quarto com a alta médica dela.
Apresentei ao meu colega, que disfarçadamente me sorriu como se aprovasse a mulher. se despediu de todos que a atenderam ali no corredor, conquistando-os com seu jeito fofo e meigo e Stevenson nos cumprimentou antes que eu saísse. Alguns outros colegas de profissão entre enfermeiros e médicos, observavam-me calados. Cômico, eu acredito: , o discreto pediatra e cirurgião, que concorria ao posto de chefe de setor ali estava despenteado, mal vestido, havia se envolvido numa briga e saía de mãos dadas com a mãe de uma paciente. Deus me ajudasse quando aquilo tudo estivesse aos ouvidos do diretor.
Dentro do meu carro, não havia uma cadeirinha para , e nem poderia, portanto foi ao banco de trás com a menina que sorria amável para mim.
— Tio ?
chamou-me quando entrei no carro e me posicionei ao volante. Virei-me risonho para dar atenção a ela.
— Sim princesa?
— Você machucou!
— Ah... – toquei levemente o canto da minha boca que estava um pouco avermelhado — Eu bati em uma porta! Por isso , temos que prestar muita atenção por onde andamos.
— Uma porta grande?
— Não... – ponderei segurando um riso, assim como que já imaginava que eu iria fazer algum comentário engraçado: — Até que era uma porta pequena, mas muito, muito barulhenta!
— Nossa! – exclamou como se tivesse entendido tudo.
Como se houvesse algum sentido no que eu dissera, a menina se calou aninhando-se no colo da mãe e fechando os olhinhos, enquanto sorria largamente para mim e negava com a cabeça. Olhando as duas pelo espelho retrovisor, eu comecei a perceber que mais do que estar me apaixonando pela mãe, eu estava desejando fazer parte daquela família. Papai tinha razão: era ela.
Chegamos à casa de , e assim que abrimos a porta Meg saiu da cozinha e veio em nossa direção. correu para o colo da avó que a abraçou e fez cócegas em sua barriga a perguntando:
— Mas o quê a minha mini má chérie aprontou?
— Dodói vovó! Olha! – fez cara de manhosa e mostrou o bracinho marcado pela agulha da medicação.
— Oh céus! Que dó da minha menininha! Mas, agora, a senhorita vai tomar um banho quentinho e a vovó vai te dar uma sopinha!
sorriu descendo do colo e indo para seu quartinho. Meg perguntou a se ela havia comido, explicamos que ela lanchou para manter a glicose, mas ainda assim Meg queria dar a sopa para a neta. Saiu de avental, com as mãos às cadeiras chamando por , e vestida com um lindo vestido cinquentista e saltos altos. Eu sorri da cena, Meggie era uma mulher única.
— Sua mãe é uma mistura perfeita de mademoiselle dos anos dourados com vovó francesa tradicional.
— Ah, com certeza. Entre a artista plástica Meggie Durand, e a vovó Meg. Uma personalidade e tanto! – sorriu observando a mãe que sumia pelo corredor.
Ela olhou para mim e sorriu mordendo os lábios. Estávamos novamente no cenário da noite anterior, só que agora acompanhados. Acariciei o rosto dela, ainda incerto se deveria beijá-la no meio de sua sala, sem qualquer pudor e sorriu apertando minha mão e a beijou dizendo:
— Vai lá para o quarto, tomar um banho. Eu deixei separada uma roupa para você, já que você pegou a minha camiseta.
Olhei pra a blusa que eu vestia e sentia um pouco apertada, e pensei em dúvida:
— Sua? Tem certeza? Esta blusa é masculina.
— Sim, minha. Por quê?
— Tem certeza que não é do Nicholas? Porque assim... Está um pouco apertada em mim, mas não o suficiente para eu dizer que é uma blusa sua.
— , eu gosto de camisetas masculinas para ficar em casa, são confortáveis! E eu mesma comprei esta camiseta para mim, ok?
— Certo... Então você tem outras roupas separadas aí para mim?
— Tenho. Pedi a mamãe para separar na verdade, enquanto eu saia. São do ! – ela enfatizou a última frase como se quisesse me convencer.
— ... Sei... Bem, o tem a minha altura, quase o mesmo físico, então... Eu saberei com certeza se não forem dele.
gargalhou e entrelaçou os braços em meu pescoço e me beijou tranquila, e eu não poderia estar mais envergonhado pela possibilidade de Meg ou nos virem. Mas nem que eu fosse louco deixaria de beijá-la. Contudo, depois daquele carinho eu precisei colocar para fora a dúvida que surgiu ao hospital.
— , o que pretende dizer a sobre nós? Ela vai perceber e estranhar eu estar na sua casa, com suas roupas... – mudei o tom para zombá-la: — Ou as roupas do ...
— Eu vou conversar com ela enquanto você estiver no banho, e contar a verdade. Não tem por que esconder.
— Que verdade? – perguntei ansioso.
— Ah... Que somos namorados... – respondeu confusa e apreensiva, notei por suas bochechas que coraram.
— Namorados? – sorri — Somos namorados?
— Bem... – ela começou a se explicar ainda mais nervosa, mordendo aos lábios e gesticulando — Você não pediu e nem eu, mas... Desculpe, eu estou sendo muito apressada? É só que... Eu não vejo como se a gente não fosse viver um... Ai , diz alguma coisa!
Eu comecei a rir do nervosismo dela, e da confusão de palavras.
— Por mim somos namorados há muito tempo. Por mim e por toda a torcida dos Lakers.
— Eu não quero te forçar a nada , sério. Você é um cara desprendido e... Talvez eu esteja sendo muito pretensiosa em te envolver numa relação assim de repente e...
— ! – a interrompi sorrindo: — Eu realmente quero ser o seu namorado. Chega dessa coisa de passar só uma noite. E eu nem posso dizer que já não estou envolvido há muito tempo. Eu só não imaginava que você ia querer assumir algo comigo agora. Mas se estiver tudo bem por você, eu me sentirei muito feliz e honrado em te apresentar ao mundo, como minha namorada.
— Eu não posso mais lidar com o fato de não ter você na minha vida , mas depois de ontem... Eu estou pouco me lixando para o que as pessoas dirão ou pensarão. Elas já falam de nós há muito tempo, e eu tenho certeza que eu quero você na minha cama mais vezes, por um longo, longo tempo.
Sorri e beijei novamente, dessa vez com mais vontade e infelizmente queria ter repetido ali mesmo as cenas passadas. Mas, Meg surgiu na sala pedindo a para levar a toalha de ao banheiro.
— , traga a toalha da , por favor, assim que terminar de beijar o .
Imediatamente rimos e eu pigarreei sem graça, pela maneira trivial como Meggie falou aquilo. Como se não fosse nada demais.
— Eu vou tomar um banho e trocar de roupa para me apresentar devidamente à minha sogra.
— Isso! Faça isso... – respondeu-me rindo da minha expressão ruborizada.
— Ah! E ... Posso pedir um favor?
— Claro!
— Se tiver qualquer outra coisa do Nicholas aqui, será que podemos incendiar ou devolver? Eu realmente não me sinto confortável em imaginar que esta camiseta era dele.
— Ora, ora... com ciúme?
— Eu tenho um pouco de direito de sentir ciúme, não é?
— Ok, desde que você não faça cena como ele.
— Ah! Como você ofende! – beijei-a novamente e saí em direção ao quarto passando por Meg que chegava à porta do quarto de e me encarava sorrindo sarcástica.
Certo! Meg estava tentando me intimidar, e estava conseguindo.
— A toalha da menina, ! – ela gritou da porta no mesmo instante em que entrei no quarto da filha dela.
— Já vou! – gritou e eu pude perceber as notas de felicidade no tom da sua voz.
*Narração por
Amanheci mais feliz do que eu me lembrava de ter estado há muito tempo. Passei o meu braço pela cama e a senti vazia, então abri os olhos devagar estranhando a ausência do homem que me arrancou não só a roupa, mas vários sorrisos na noite passada.
Algumas das roupas dele ainda estavam jogadas de qualquer jeito no banheiro, assim como seus sapatos em meu quarto. Procurei meus chinelos, – sem os encontrar – e a camiseta do Rolling Stones, que eu deixei à noite anterior para vestir pela manhã na cadeira, também não estava ali. Sorri com a hipótese de estar andando pela casa vestido com elas. Então, fui escovar os dentes, me vesti com um hobby e saí em busca dele, mas quando cheguei à sala, nem sombras do homem. Sobre a mesa da sala, avistei meu celular e o peguei. teria saído sem me avisar?
: “Tive uma emergência no hospital, te ligo depois”.
A mensagem demonstrava urgência. Tentando não pensar que ele havia fugido, apaguei a tela de meu aparelho e suspirei. Até mamãe aparecer com os cabelos envoltos em uma toalha de banho, e observar minha reação com curiosidade.
— Bom dia! – ela falou animada.
— Bom dia mamãe!
— Hm... Como foi sua noite?
— O que a senhora quer dizer com isso? – perguntei já imaginando que ela de alguma forma, soubesse quem havia dormido comigo.
— Bem... Ele pediu para avisar que não está fugindo. Apenas teve um chamado de emergência. E virá almoçar conosco!
— Então, a senhora o viu sair. – murmurei um pouco constrangida evitando olhar nos olhos sapecas da minha mãezinha, versão atrevida.
— Vi sim. Saiu amarrotado, com as suas roupas e meio afobado. Eu havia acabado de chegar.
— E foi só isso o que ele disse?
— Que fosse para lhe dizer diretamente, sim. Mas, venha! Já fiz café e quero que me conte TUDO!
— Mãe!
— Nada de “mãe!”. Eu avisei para você não dormir em casa!
— E por que a senhora não dormiu aqui, hein?
— Porque achei melhor ir perturbar a noite do seu irmão, e não a sua.
— Sei... Como foi a sua noite?
— ! Eu perguntei primeiro!
Mamãe riu e eu abaixei a cabeça colocando as mãos em meu rosto, envergonhada, mas logo fui desabafando:
— Mãe... Eu... Nossa, foi incrível! Eu não quero nunca mais ficar sem repetir tudo o que vivemos ontem! Ele foi... Ele foi tão carinhoso, tão gentil e ao mesmo tempo tão safado! Olha! Eu... Eu estou me sentindo uma adolescente de novo!
Disparei a falar e mamãe gargalhou animada. Ficamos ali na cozinha trocando figurinhas até que meu celular tocou. Saí andando calma até ele, e me desesperei em seguida. Priyanka estava com no hospital, e havia a pouco, chegado lá para atendê-la.
Eu entrei ao quarto de com sua toalha de banho, e minha filha estava no dilema de sempre querer levar mais brinquedos do que a avó permitia, para o chuveiro. Mamãe com a roupa separada de em seus braços me entregou, dizendo que iria preparar a sopinha dela, e terminar o almoço. Aproximei-me de minha pequena estrela a pegando no colo, junto com os patinhos escolhidos.
— Mamãe? – ela pronunciou em meu colo.
— Sim?
— O tio ainda tá aqui?
— Sim filha, ele está no quarto da mamãe se arrumando para almoçar conosco.
— Ele vai morar com a gente, mamãe?
Desci de meu colo já dentro do banheiro e a encarei surpresa pela agilidade das associações que ela poderia estar fazendo. Agachei à altura dos olhinhos dela, depois de fechar a porta e iniciei ali no chão do banheiro, aquela conversa que uma hora deveria ser feita.
— Filha, o tio não vai morar com a gente, mas... Ele e a mamãe estão muito mais próximos agora, então, ele pode aparecer mais vezes aqui em casa.
— E o papai?
— ... O papai sempre será o papai, tá? Mas, ele e a mamãe não vão mais morar juntos, lembra? Lembra que a mamãe, a vovó Denise e a vovó Meg, e a Drª Grace te disseram sobre isso?
— Mas... O tio é igual a tia Priyanka?
— Bem... – ponderei e percebi que talvez fosse a melhor forma de fazer uma associação que ela entendesse: — Sim, . O tio e a mamãe são agora, como o papai e a tia Priyanka. Você se incomoda com isso?
— Não... Eu gosto do tio .
— Então, tudo bem dele ser o namorado da mamãe e passar mais tempo com nós duas?
— Sim.
Sorri mais tranquila. Parecia que estava entendendo as coisas, mas em todo caso eu preferia não confundir a minha filha, então esclareci de novo:
— , o Nick é o seu papai. Ele sempre será o seu papai, tá bom? Mesmo que ele não more com a gente, ele nunca vai deixar de ser o seu papai e te amar como a princesinha dele.
— Tá bom.
Minha filha sorriu me abraçando e pegou seus bichinhos, animada para fazer uma farra no banho, que durou bem menos do que ela gostaria, afinal, com pneumonia eu não podia a deixar ficar muito tempo brincando sob o chuveiro.
Ao voltarmos e eu para a sala, estava à cozinha com mamãe e os dois riam de alguma coisa. Meg logo disse para nós irmos para a sala brincar com a , ou seja, dispensando para que ele se integrasse ainda mais à família. E observar o meu novo namorado deitado no tapete da sala com a minha filha, brincando de boneca deixava o meu coração ainda mais aquecido.
A campainha tocou um pouco depois e era o entregador que Nicholas havia mandado com os documentos da . Assinei a entrega, agradeci e já deixei o envelope sobre a mesa para me lembrar de, no dia seguinte providenciar as cópias do pai.
Mamãe chamou para comer a sopa à mesa, e e eu pudemos nos abraçar no sofá e conversar como o casal que agora éramos.
— Forró? – perguntei ao ouvir sua pergunta.
Estávamos falando das mudanças no bistrô, com as músicas a qual eu pedi sua ajuda.
— Sim, eu vou colocar um para você ouvir... Eu saía com uma brasileira há muito tempo atrás, e já gostava da cultura do país, mas acabei aprendendo mais. Estive andando entre algumas colônias deles aqui... Acho que qualquer que forem as músicas que você colocar no bistrô farão sucesso, amor.
Amor. Ou tudo estava rápido demais, ou demorou muito para eu finalmente reviver as sensações de ser amada. notou que eu havia ficado muda e rindo, me puxou pela mão e colou nossos corpos ao balanço romântico daquela música.
— Acho que este tipo de música brasileira, é a cara do seu bistrô... – falou então sussurrado em meu ouvido: — E dá para dançar agarradinho.
— Hm... Seria uma boa ideia a “Noite Brasileira”, não é? O que acha?
— “Noite Brasuca”. Soará melhor.
— Olha ... Quantas boas coisas mais poderão vir de você?
— Fique comigo e verá, má chérie.
Beijamos um ao outro, e como um casal de namoradinhos tolos ficamos ali na sala, às plenas dez e alguma coisa da manhã, dançando coladinhos. Fomos interrompidos por uma menininha de barriga cheia, risinhos travessos, e uma avó que a arrastava para o centro da sala para dançar também.
E novamente eu me perguntava: há quanto tempo, risadas coletivas, familiares, fartas e contagiantes como aquelas não ecoavam na sala de estar das nossas vidas?
Capítulo 37
*capítulo narrado por
Depois que almoçamos naquela segunda-feira de folga na casa de , e depois de um lindo momento familiar com direito à dancinhas na sala, me pediu para assistir a um filme com ela. E como eu não poderia negar qualquer coisa do tipo para uma criança, menos ainda para , que era a minha criança favorita, eu me deitei com ela no sofá da sala, entre almofadas, e cinco ursos de pelúcia – entre eles o elefantinho que meu pai deu a ela de presente – além é claro, de uma mamãe gostosa que se reuniu a nós depois de ajudar a minha... Céus, como é estranho e confortável dizer isso... Depois de ajudar a minha sogra na cozinha.
não resistiu muito ao filme, apagando aos vinte minutos de “Minions”. levou-a para o quarto e Meg surgiu pela porta, e nós mal, nos demos conta que ela havia saído.
— Olá mon chér! Onde estão as meninas? – ela perguntou enquanto me via organizar a sala.
— dormiu e a levou para o quarto... Mas, aonde você foi lady Meggan?
Ela riu com humor e veio até mim deixando seus óculos escuros na mesinha ao lado, enquanto sorria explicando:
— Ah... Eu fui dar uma volta na vizinhança! Este bairro é muito agradável! E também... Eu tinha um encontro com um corretor.
— Vai se mudar? – perguntei surpreso.
— Não posso ficar ocupando mais o quarto das minhas meninas não é? A insiste que vai se mudar para uma casa maior para ficarmos as três juntas, mas... – Meg parou de falar e sorrir, e me encarou analítica e quase ameaçadora, eu diria — Mas agora ela também vai precisar de privacidade, assim como eu. Eu não abro mão disso, e posso ir segura de que ela vai estar muito bem acompanhada, não é?
— Er... Meg, eu não... Hrm... – pigarreei — Eu vou cuidar muito bem das nossas meninas, mas você não precisa mudar os planos de vocês por minha causa.
— Não estamos mudando nada , fique tranquilo! – ela falou tocando meu ombro já com olhar doce, Meg mudava de humor de uma forma incrível: — Ela já sabia que eu não ficaria aqui. E depois, a casa que eu fui olhar é a uma quadra daqui.
— Então a senhora fechou? – a voz de atrás de nós se fez ouvir.
Ela estava parada no corredor de braços cruzados sabe-se lá há quanto tempo ouvindo nossa conversa. Sorrimos um para o outro e logo ela veio se aninhar em meu abraço.
— Fechei. Você vai adorar a casa! Aliás, , se tem algo que eu gosto é deste bairro que você escolheu! Arborizado, tranquilo, cheio de famílias discretas e...
— Mamãe está apaixonada?! – falou interrompendo a mãe, com um sorriso travesso.
Realmente havia um ar de romantismo nos olhos de Meg e no modo como ela estava animada falando do bairro.
— Não diga sandices, Bernard!
— me contou que a senhora conheceu um senhor muito agradável no bailinho e que ficaram conversando por horas...
— Muito agradável mesmo o senhor Thompson, mas... O que é isso? Não posso conversar com as pessoas?
Meg se alarmou e iniciou um drama cujo e eu ríamos tentando disfarçar.
— Está vendo não é ? É assim que os seus filhos vão te tratar quando estiver ficando mais velho!
— Oras mamãe, pare de drama!
— E você pare de me encher! Por que não aproveitam o dia lindo e vão dar uma volta na região?
— Ótima ideia! – falei animado.
Puxei pela mão que reclamou da roupa que usava: um short jeans e camiseta regata com chinelos, e eu apenas dei de ombros. Afinal era só uma volta na vizinhança.
Saímos pelo bairro como um casal de jovens namorados conversando sobre o bistrô, iria iniciar as novas alterações naquela semana, eu confessei que teria daqui a algumas semanas uma prova de fogo: a escolha do novo diretor da ala pediátrica do hospital. E entre um beijo e outro, uma conversa e outra, avistei o parquinho do bairro e arrastei até lá. Ela gargalhava gostosamente quando viu para onde eu estava a levando.
— Sente-se, má chérie. – indiquei a ela o balanço.
— Eu não faço isso há... Sei lá quanto tempo ... – ela falou risonha enquanto se sentava.
— Pois eu vou te fazer reviver as melhores sensações da vida! – sussurrei em seu ouvido e notei os pelos de sua nuca eriçar.
Enquanto balançava , e me deliciava com o som das suas risadas eufóricas e amedrontadas quando eu a empurrava ainda mais alto, eu senti que algo me incomodava. Era como se eu estivesse sendo observado, e pareceu perceber.
— ... – ela falou enquanto me olhava a empurrar e então eu parei para que ela diminuísse a velocidade por si só — Acho que tem paparazzi por perto...
se levantou do balanço e me pegou pela mão para caminharmos para longe dali.
— Eu também sinto como se fôssemos observados, mas como sabe que são eles?
— Anos de experiência... – ela respondeu e soltou uma lufada de ar cansada — O que será que o Nicholas aprontou para eles estarem na minha cola agora?
— Deve ser algo entre ele e a Priyanka, eles não parecem estar bem...
— Será que eles terminaram?
— Eu não sei, mas faria sentido você estar sendo alvo de fotos de novo...
parou nossa caminhada se virando para mim com um sorriso travesso no rosto.
— O que foi?
— Não devíamos mostrar que eu não tenho nada a ver com o Nicholas e seu relacionamento confuso com a Priyanka?
— Tecnicamente, infelizmente você ainda t...
Antes que eu terminasse meu raciocínio estava me beijando. E eu queria rir e não pude evitar. Sorrimos ambos entre o beijo. Agora também estava fazendo o Nick de idiota e eu adorei ser usado para aquilo. Abracei a sua cintura quando notei que ela iria se separar e ergui seu corpo um pouco, tirando os pés dela ao chão, mantendo-a presa em meus braços e naquele beijo. E foi com as nossas agradáveis gargalhadas comuns que nos separamos, sem tirar os olhos um do outro.
— Bernard surge com novo affair em Los Angeles, o casal é visto dando voltas no parque, tomando sorvete e o lindo, elegante, e gostoso homem ao lado de , retornou com ela para a sua casa, aos beijos quentes. – anunciei a manchete e ria divertida.
— Lindo, elegante e gostoso? Aos beijos quentes? Bem a cara do TMZ, mas... Quando foi que tomamos sorvete?
— Agora! – eu disse apontando um carrinho de sorvetes parado próximo do parquinho.
Caminhamos até lá e depois de comprarmos duas casquinhas, voltamos para casa. Como prevíamos fomos seguidos.
— Você se incomoda com isso? – ela perguntou para mim de repente.
— Ah... Não é algo que eu esteja acostumado, mas eu já sabia que poderia acontecer um dia quando descobri quem era o pai da paciente, pelo qual eu estava me sentindo interessado pela mãe.
— Ei... – esboçou um sorriso constrangido — Você se aproximou de mim com segundas intenções?
— Não, na verdade a nossa amizade realmente veio antes, mas... Desde a vinda do meu pai para cá, que eu me dei conta de que queria muito mais de você na minha vida... Eu acho que só não queria assumir o que eu sentia porque eu não sabia se você sentia o mesmo.
— Sabe... Eu tive medo de confundir as coisas entre a gente com a minha sensibilidade e carência, mas... Acho que tudo aconteceu do jeito certo e no tempo certo.
Observei os olhos plácidos e brilhantes de , nos meus e selei nossos lábios. Continuamos caminhando para casa e rindo. E quando chegamos estávamos meio grudados de sorvete, acho que nem a faria a bagunça que fizemos. Sentimos flashes quando passamos pelo portão e suspirou pesarosa ao fechá-lo e olhar para a rua em busca do fotógrafo escondido.
— Vem amor, vamos entrar... – chamei-a a fim de que ela não se preocupasse tanto com aquilo.
Quando abrimos a porta da sala, Meg estava entretida demais para perceber nossa chegada. Estava sentada no sofá com o notebook no colo e o telefone na orelha. e eu sorrimos e sorrateiramente nos colocamos a observar o que estava acontecendo:
— Não Isaac eu não vou lhe contar por telefone! ... Você é um homem de sessenta anos, não pode deixar um computador te vencer! Aposto que já passou por coisas piores! Anda! ... Ora Isaac, você tem que aprender! Eu te ajudo... Sim, Sim! É uma ótima notícia! ... O quê? ... Não eu não vou confirmar isso. Para saber se é esta a novidade você vai primeiro entrar nesta vídeo chamada. Vamos lá! ... Isso, o ícone azul do Skype... Já está logado? Ótimo... Conseguiu me adicionar aquele dia?... Perfeito, perfeito, então facilitarei pra você, eu vou te telefonar aí, você apenas atenda.
e eu tentávamos segurar a risada daquele momento em que aparentemente Meg ensinava ao meu pai a usar o Skype. Abaixados e escondidos atrás do sofá, pudemos notar que papai havia conseguido e agora eles estavam se vendo e conversando.
— Meg querida!
— Finalmente, Isaac! Viu como não é tão difícil?
— Ah... Eu não sou muito adepto a estas coisas... Mas, vamos me diga como está tudo por aí.
— Como eu estava lhe dizendo, estão ótimas! A está dormindo agora, e e estão passeando pelo bairro... E eu consegui uma casinha muito simpática para alugar há uma quadra daqui. E como está tudo em Berkshire?
— Oh! Aqui nada muda! Meus irmãos estão tentando me convencer a partir numa viagem de pesca por dois meses, mas... Sinceramente Meg, eu não tenho muita coragem. Henry e William são dois aventureiros natos! Eu prefiro não arriscar me tornar um náufrago.
— Iiiih... Que falta de espírito de vida, Isaac! Você me parece muito solitário!
— Ah Meg, isto não. Acredita que se mudou uma vizinha nova aqui, uma senhora muito distinta... E ela parece estar interessada em ouvir as histórias deste velho inglês! ¬– terminou numa estrondosa risada.
Aquela risada de papai significava que ele estava empolgado. E eu estava curioso com aquela novidade que ele não me contava. arregalou os olhos em minha direção como quem dizia: “Seu pai está namorando?”.
— Oras não é de se admirar, você é um partido e tanto meu amigo! Esta dama é muito esperta, isso sim! Como ela se chama?
— Senhora Florence.
— Francesa Isaac? Sério?! – Meg riu de forma farta também: — Ora, ora, vocês realmente gostam do nosso sexy appeal não é?
— Ela é meio inglesa e meio francesa... Mas, o que quer dizer com isso Meg? Não me diga que os meninos...
— Digo! – Meg interrompeu papai e eu pude ver ruborizar pelo atrevimento de sua mãe: — Esta era a novidade! O seu filhinho garanhão dormiu com minha filha!
— Tem certeza disso Meg?
— Oras Isaac! Eu o flagrei saindo do quarto dela bem cedinho, ainda com as roupas trocadas! – ela gargalhou e quem ruborizou fui eu: — Os dois estão como adolescentes! É lindo de ver, e eu estou muito feliz é claro, não sorri daquele jeito há muito tempo, e o seu filho me confessou que...
— Então! – falei alto interrompendo Meg e saindo de trás do sofá.
Não era o momento e nem a forma que eu pretendia que ouvisse uma confissão minha. Meg deu um pulo, papai arregalava os olhos pela tela, me encarava ainda abaixada e confusa e eu certamente estava constrangido.
— Ouvindo a conversa escondidos! – Meg falou como se nos bronqueasse: — Saia daí e venha cumprimentar ao seu sogro!
se levantou como uma criança travessa, envergonhada tanto quando eu. Nós sentamos lado a lado de Meg, que ria falando com meu pai na tela:
— O que eu te disse? Estão como dois adolescentes!
— Ora... Como vocês estão meus filhos? Isto já se tornou um romance oficial? – papai perguntou sorridente.
— Estamos namorando pai. – respondi.
— Oh! Eu fico muito, muito feliz! meu filho, eu disse que ela era especial! E ... Eu não poderia desejar uma nora melhor! Venham logo me visitar!
— Eu estou muito feliz e honrada por fazer parte da família agora, Isaac. Com certeza daremos um jeito de ir em breve!
— Agora... Papai! Eu vou querer saber mais sobre a senhora Florence, ouviu? – falei mudando o assunto e percebendo ele desconversar envergonhado.
Mas, havia algo na amizade do meu pai com a Meg, que e eu desconhecíamos. Porque enquanto ela olhava suas próprias unhas, papai jogou-a na berlinda:
— Oras, mas porque não estão comentando nada sobre o encontro que Meg terá amanhã com o senhor Thompson?
— O quê? – perguntou surpresa encarando a mãe que pela primeira vez, eu avistava envergonhada.
— Francamente Isaac! Que baixaria!
— Você revelou o meu segredo primeiro... , eu não contei porque Florence e eu estamos ainda nos conhecendo...
— Eu fico feliz com isso papai!
— E a senhora não vai falar nada mamãe?
— É só um jantar! Francamente...
Enquanto Meg se sentia traída e exposta, acordou chorando e despediu-se do meu pai e eu também. Decidimos ir até o quarto da e deixar os dois conversando a sós. Depois que acordou, sentiu fome e então eu fui preparar um mingau de aveia para ela, que havia me pedido mesmo eu dizendo não saber fazê-lo.
— Mas, o tio não sabe fazer mingau de aveia, princesa! – me desculpei.
— A mamãe te ensina! Eu ajudo.
falou nos puxando para a cozinha, mas abandonou e eu por lá quando ouviu a voz do meu pai na sala e correu para o notebook da avó.
— Quem diria hein? Nossos pais namorando escondido... – falou ao meu lado, me indicando como preparar o mingau.
— Vai realmente me ensinar a fazer isso?
— Claro! Você não ouviu minha filha? Ela adora! Que tipo de namorado será você se não souber alimentar a minha filha?
— Hm... Tem razão... Não dá para nutrir a criança com Burger King. – constatei fazendo gargalhar e me abraçar pelas costas.
parecia delicada e frágil com suas mãos pequenas ao redor da minha cintura.
— Suas costas são tão largas, ... – murmurou beijando o local.
— Ei... Assim fica difícil pra mim aqui... – murmurei de volta, sentindo meu desejo aflorar para agarrar e deixar com um pouco de fome por mais um tempinho.
— Foco, ! Foco!
— Mas responda... Minhas costas largas são um problema para você?
— De forma alguma. Eu gosto.
Depois que eu aprendi a fazer o mingau da , fomos para sala e perguntou se eu ficaria para jantar. Obviamente, eu precisava ir para casa já que no dia seguinte teria trabalho, mas eu fiquei um pouco mais. Jantei com minha namorada, minha quase enteada e minha sogra, na companhia do meu pai que também embarcou na ideia de Meg, de manter a chamada aberta pelo notebook na mesa de jantar. Papai degustando um excelente frango assado do lado de lá, e nós, comendo steak com batatas fritas do lado de cá... Uma mistura exata de Inglaterra, França e uma pitada de Estados Unidos no meio.
Capítulo 38
If I pulled you on you, you wouldn't like that shit
(Se eu fizesse com você o que você fez comigo, você não gostaria dessa merda)
I put this reel out, but you wouldn't bite that shit
(Eu mandei a real, mas você não acredita nessa merda)
I type a text but then I never mind that shit
(Eu escrevo uma mensagem para você, mas depois eu não me importo com essa merda)
I got these feelings but you never mind that shit
(Eu tenho esses sentimentos, mas você não liga pra essas merdas)
*capítulo narrado por Nicholas.
Quando a Priyanka me telefonou avisando que estava a caminho para nossa reunião sobre como fingiríamos ainda ser um casal, eu havia acabado de receber uma chamada da guarita de segurança informando que os paparazzi não tinham ido embora. Diminuíram, mas ainda estavam lá. E eis então que assim que ela chegou, logo a casa foi tomada. Aguardávamos Ajula e Phil chegarem, mas a coisa saiu de controle e eu não sabia o motivo, mas decidi ir até a guarita e dar uma acalmada nos ânimos, ou tentar disfarçar. Se os nossos agentes chegassem separados, logo após a vinda de Priyanka, tudo se confirmaria.
Então eu a deixei em casa à minha espera, mas quando retornei, nem ela e muito menos a estavam em casa. Entrei num pânico absurdo tentando imaginar o que ela estava fazendo ou para onde havia levado a minha filha que dormia. Naquele instante eu só conseguia pensar em motivos nada honrosos para Priyanka desaparecer com a , e até cheguei a imaginar que a casa foi invadida, e se tratasse de um sequestro. Em desespero total, eu não sabia o que fazer, quando pensei no óbvio: telefonar à Priyanka. Contudo, ela já havia deixado uma mensagem no meu celular.
Pri ♥: “A acordou e está ardendo em febre, fui para o hospital”.
Recebi em seguida uma chamada via interfone, dos seguranças avisando que o carro de Priyanka havia passado em alta velocidade pelos portões laterais da mansão. Imediatamente eu segui para o hospital e no caminho, embora estivesse claro que estava com febre e Priyanka foi socorrê-la, a minha cabeça... Esta mente fodida, e começo a desconfiar agora, até doentia... Ficou martelando por que raios a minha filha que estava ótima, de repente estava com febre! Minha culpa por saber que aquele circo todo era minha responsabilidade foi enorme e, mais uma vez eu quis jogá-la sobre alguém. O bode expiatório da vez foi a Priyanka.
Eu não posso dizer que não pensei diversas coisas sobre talvez, a Pri estar usando a situação para me colocar em problemas, mas logo que cheguei ao hospital e estacionei meu carro, eu estava disposto a tirar aquelas ideias da cabeça: Priyanka havia socorrido a e tentado não alarmar ainda mais os jornalistas. Mas, não foi bem como aconteceu. Pensei em agir de uma forma, e agi de outra totalmente diferente, principalmente por chegar à ala pediátrica e dar de cara com , vestindo a camisa da .
Não é que ele não pudesse ter uma camiseta igual, é óbvio, mas aquela estava nítida ser a da , primeiro pelo tamanho, e segundo, porque havia nela respingos de água sanitária na barra. E fui eu que causei aquele acidente, na camiseta favorita dela. E antes fosse só a camiseta a prova de um crime... Era só olhar para o doutor perfeitinho todo bagunçado e desarrumado, com os chinelos de também, que meses antes, quando anunciamos o divórcio ela havia acabado de comprar, para eu ter claro em minha frente: eles haviam dormido juntos.
O desejo era de socar meus punhos em , e eu até consegui, mas antes, eu feri à Priyanka primeiro. A minha ficha só caiu, de que não adiantaria perder a cabeça e me desgraçar ainda mais no julgamento coletivo das pessoas presentes, quando a surgiu assustada e se jogou nos braços dele. Foi pior que um soco na boca do estômago. Foi pior do que uma facada no peito... Não... Foi uma facada no peito, uma que eu sempre soube que viria e estive negando por muito tempo. Daquele abraço até o momento de ir embora, eu já não tinha nem mesmo força para relutar. Eu perdi. e estavam juntos mesmo, e se antes era especulação, agora não era.
As coisas não melhoraram na hora de ir para casa... Priyanka estava a ponto de rasgar o contrato e arcar com a multa. Eu era a última pessoa que ela queria ver, e eu tive esta certeza ainda no estacionamento do hospital quando ela entrou em seu carro e deu partida acelerada sem dizer mais nada. A guarita da mansão estava cheia de paparazzi ainda, e enquanto Priyanka entrou pela garagem de trás, eu fui à entrada principal. Baixei o vidro com aquele monte de abutres sobre mim e respondi que tive que sair emergencialmente para levar minha filha de volta à casa da mãe. Eles perguntaram os motivos de Phil e Ajula terem chegado juntos à mansão, e eu apenas respondi: “reunião de negócios”. Aquilo não os faria acreditar, mas eu não importava. Entrei à mansão e a cozinheira servia um café à mesa para os dois agentes que indagavam a expressão raivosa de Priyanka que havia chegado há pouco. Quando me viram no local, eu suspirei pesado e Priyanka me olhou e se levantou da mesa já aos brados:
— Que se dane este contrato, eu quero a rescisão!
— Priyanka, se acalme! – Ajula pediu: — Precisamos saber o que houve, vocês sabem que a rescisão é a pior decisão que ambos podem fazer!
— Priyanka querida você está de cabeça quente, vamos, sente-se e beba uma água para conversamos adequadamente, que tal? – Phil pediu e ela o fuzilou com os olhos e nos deu as costas.
— Pri...
— Você não cansa de bancar o estúpido? – ela me interrompeu agressivamente: — De bancar o ridículo? O machista, o babaca e... Meu Deus Nicholas Jonas eu nunca achei que fosse odiá-lo ao ponto que hoje eu te odeio!
— Vocês podem nos explicar o que houve? – Ajula bradou se levantando também.
— Eu descontei na Priyanka o ódio quando vi que o médico da minha filha está saindo com a ! – falei de uma vez e suspirei: — Fui injusto, quando ela só estava socorrendo a minha filha...
— Foi ofensivo! Foi um... Animal! Agrediu a mim com palavras, agrediu ao fisicamente e publicamente!
— Nicholas você está fora de si! – Phil gritou — E o que fazemos se esta agressão chegar aos jornais?
— Quer saber!? – gritei — Deixemos a porra do circo pegar fogo, aliás... Não, o circo não! Deixe que eu lide com o incêndio da imprensa! Que se foda! Rescindiremos este contrato, pagamos a multa milionária e pronto!
— Eu não vou deixar você manchar o nome da Priyanka, Nicholas! – Ajula afirmou.
— E nem eu. Além do mais, não se trata só de você! Eu prometi para a que não deixaria escândalos respingarem nela de novo, quando você inventou este divórcio. – Phil disse de uma vez: — Os dois se acalmem, e esqueçam qualquer autonomia sobre suas carreiras, porque Ajula e eu usaremos agora o poder que nos compete como empresários dos dois.
Ajula concordou silenciosa e saiu com Phil para outro cômodo da casa, deixando Priyanka e eu, a sós ali.
— Me desculpe. – falei — Eu sei que não é o suficiente, e que eu sempre estou dizendo e fazendo as mesmas coisas, mas me desculpe por insinuar que você fez mal a ou que você estava flertando com o . Me desculpe por... Te colocar na minha vida.
Priyanka então me encarou e começou a chorar.
— Eu não te desculpo. Seria muito, muito fácil. Eu estou farta de você sempre me tratar como uma segunda opção descaradamente na minha frente. Eu me sinto envergonhada por me ter prestado ao papel de tentar ser a sua amiga por todo o seu casamento, alimentando as minhas ilusões pessoais e ainda te fazendo crer nelas. Eu amo você Nicholas, mas eu não vou mesmo ficar aqui assistindo você ter inveja da .
O que eu poderia dizer? Priyanka estava certa. Eu não tinha como contestar nada, e nem estava no direito.
— O que você quer fazer? – perguntei.
— Eu já vim para cá com uma ideia em mente, e eu acho ainda mais que é a melhor saída. Não vou conseguir posar de sua mulher falsamente, não vou me ferir desta forma. Então, eu vou até Ajula e fecharei algum contrato longo com uma das marcas indianas que trabalho e... A gente terá uma boa desculpa para se afastar. Eles podem fabricar notícias falsas de viagens nossas para nos encontrarmos, algo que mostre que estamos com incompatibilidade de agendas, mas que permanecemos juntos...
— É uma boa ideia.
— Ótimo. – ela respondeu e pegou a bolsa na cadeira da mesa e saiu até os agentes.
Eu não vi mais a Pri aquele dia, e nos dias seguintes nós tivemos que tirar fotos juntos, fotos falsas. Ajula e Phil encararam a ideia como a melhor alternativa já que perto um do outro, não seríamos capazes de lidar com a farsa. Depois que os três deixaram a mansão, eu me senti devastado e solitário de novo. Enviei os documentos de para a casa da , e não fiz nada além de beber naquela maldita segunda-feira.
Na quinta pela manhã, Phil me ligou indicando que conseguiu evitar que notícias vazassem sobre a briga com o . Pelo menos eu não estaria causando ainda mais confusão para a . E Kevin apareceu de repente lá em casa.
— Kev? – perguntei surpreso quando uma das domésticas me avisou de sua chegada e eu fui encontrá-lo na sala a me aguardar: — Aconteceu alguma coisa?
Meu irmão me olhou de cima a baixo, eu ainda estava dentro dos roupões do dia anterior.
— Vem comigo para Jersey. Vai ser bom ficar com a família e suas sobrinhas estão com saudade.
— Eu não acho que eu deva me afastar, a qualquer momento o Phil pode...
— Nicholas! – Kevin me interrompeu — Não desobedeça.
Ok. Aquele era o irmão mais velho ordenando, e provavelmente não só ele. Por trás de Kevin estaria também, papai e mamãe.
— Suba, tome um banho, separe umas roupas e venha comigo. Você fica até o aniversário da Tina na próxima semana.
Não relutei, segui ao conselho de Kevin e quando estava pronto para sair, decidi ir no quartinho de . Fiquei observando as coisinhas dela, relembrando os nossos momentos divertidos ao longo do final de semana, depois, visualizei a cena dela no hospital de novo. Por mais que me dissessem que “crianças adoecem mesmo”, eu não conseguia deixar de pensar que foi a minha culpa. Naquele momento, no quarto da minha filha, eu tomei uma decisão: eu iria focar na , e só nela. Ainda que e estivessem saindo, e isso não viesse a durar, eu não poderia mais ter o que um dia eu tive e não soube cuidar. Por isso, era melhor ter a de outra forma na minha vida, como uma amiga talvez, mas principalmente, como a mãe da minha filha. E só. Ou eu acabaria perdendo a também.
Desde segunda estava na casa da mãe, e não iria para a escola aquela semana, eu passei para vê-la na terça-feira e na noite de quarta telefonei por vídeo. Queria vê-la também antes de ir passar a semana com o Kevin em Jersey, e observando ao quartinho dela encontrei mais um motivo para vê-la: a mochilinha dela havia sido deixada ali com todas as coisas da escola.
— Eu preciso passar na , Kev. Esqueci a mochila da escola da aqui, e ela pode precisar e quero vê-la antes de irmos.
— Tranquilo! Vai ser ótimo rever minha sobrinha.
Seguimos no carro de Kevin até a casa de . Meg estava vindo de algum lugar, na calçada, quando estacionamos e ela nos viu parando frente ao portão.
— Meggie! – Kevin gritou saindo do carro.
— Kevin! – ela gritou de volta correndo para abraçá-lo.
Ele sempre era o queridinho. Revirei os olhos sorrindo e me aproximei.
— Bom dia Meg, tudo bem?
— Bom dia Nicholas. Tudo sim e você?
— Seguindo... – suspirei sob os olhos analíticos dela — e estão?
— Bem, eu não tenho certeza... Eu vim de casa. Mudei-me ontem para uma casa aqui perto, mas venha, vamos entrar... – ela falou destrancando o portão e puxando assunto com o Kevin: — Eu estou morrendo de saudades Kevin! Que audácia de você, Danielle, Joe... Enfim, que audácia de todos vocês em não vir me ver! Até mesmo Denise e Paul! O único Jonas que eu vejo com frequência é o Nicholas...
A frase parecia morrer a animação de Meg aos poucos, e eu fiz graça porque a implicância dela comigo, era até engraçada:
— E infelizmente não sou eu quem você gostaria de ver, não é? – murmurei.
— Você não me faça parecer uma megera, Nicholas... – sorri, Meg puxou Kev para a cozinha e abanou as mãos para mim sinalizando o corredor: — ainda deve estar no quarto.
Assenti e caminhei ao quartinho da minha filha, a cama estava desfeita, mas ela não estava ali. Deveria estar no quarto da mãe então. Apesar de reticente, caminhei até a porta de e a abri com cuidado e silêncio. E quando coloquei minha cabeça para dentro do quarto, eu vi meu mundo estilhaçando mais uma vez. estava deitada na cama da mãe, abraçada com , que parecia dormir profundamente. Se eu não fosse o pai de , eu diria que ele era. E para piorar, saiu de sua suíte apenas com um roupão de banho.
— Nick?! – sussurrou ela surpresa.
Eu nem disse nada, apenas fechei a porta e escorei-me na parede do corredor. Senti o meu peito pesar como se fosse um infarto, e infelizmente não era. abriu a porta, ainda naqueles trajes e me olhando confusa se colocou ao meu lado.
— O que faz aqui?
— Meg, abriu para Kevin e eu... – comecei justificando antes que eu fosse acusado de invasão.
— Kevin também está aqui? Há essa hora? Aconteceu algo?
— Er... – pigarreei — Eu só queria ver a antes de ir passar uns dias em Jersey, e aproveitei para trazer a mochilinha dela.
Ergui o objeto em minha mão e o pegou, ainda calada, com aqueles olhos de pena. Era só o que faltava. com pena de mim. Ajeitei-me rapidamente e antes de ir até a cozinha, pedi:
— Pode acordá-la para eu ao menos, me despedir? Só irei vê-la pessoalmente no aniversário de Tina.
— Ah, claro... Só um momento.
retornou ao quarto e eu fui para a sala. Sentei-me ao sofá colocando o rosto entre as mãos e Kevin surgiu com Meg, ambos com uma xícara de café em mãos.
— Nick? O que houve? – ele me perguntou.
— Nada. – respondi desconversando e olhei para Meg, ela refletiu e encarou o corredor.
— Oh Nicholas, me desculpe, eu não sabia... Você o viu não é? – ela perguntou com outro olhar de pena.
— Tudo bem Meg, eu já sabia que eles estavam juntos.
A situação constrangedora só passou quando surgiu sonolenta, esfregando os olhinhos e correndo até mim. Kevin e Meg que conversavam deram licença junto à , e eu pude ficar com a minha filha a sós. Abracei tão forte quanto fosse possível, e ela devolveu em amor e carinho também. Expliquei que iria passar uns dias na casa do tio Kevin, e perguntei se ela queria ir. Ela quis, e eu me senti aliviado dela não me trocar pelo namorado da mãe.
Dali até a minha saída foi correria. que eu não tinha a menor ideia de que iria comigo, estava sendo arrumada às pressas pela avó, enquanto a mãe preparava a malinha com os remédios e tudo o que fosse preciso. Ela não teria aula ainda na semana seguinte, e estava terminantemente proibida de entrar na piscina até o dia da festa. Não que eu fosse deixar também, caso a mãe não tivesse recomendado. Ela foi se despedir do “tio ” antes de ir embora, e quando retornou, antes que surgisse sem camisa na sala, me deixando ainda mais constrangido, me apressei com e Kevin nas despedidas.
Como se não bastasse ainda a cena da manhã, assim que chegamos em Jersey, eu teria mais novidades. correu em direção às primas que aguardavam com Danielle na varanda, e eu cumprimentei minha cunhada e sobrinhas. Já bem alocados, e à vontade no quintal dos fundos da casa de Kev, Dani veio perguntar-me sobre meu relacionamento com Priyanka e o que havíamos decidido sobre aquilo. Eu contei, e então ela fez a pergunta que eu não esperava:
— Como você está em relação às fotos da ?
— Que fotos, Dani?
Ela trocou olhares com Kevin, que aparentemente estava tão desinformado quanto eu. Dani se levantou de sua cadeira e foi até mesinha de jardim buscar seu telefone. Abriu na página do E! e me mostrou:
— Saíram esta manhã.
e , juntos, de mãos dadas. Casal. Felizes. Num passeio romântico, adolescente e familiar pelo bairro da casa dela. É, não havia mais como eu pensar em maneiras de sair daquela situação. Eu estava literalmente, sozinho agora.
Capítulo 39
Então, eu era namorada de e Danielle soubera daquilo através das fotos que vazaram pelo “E!”. Minha ex-cunhada, havia me telefonado naquela semana a fim de confirmar que eu deveria leva-lo, se quisesse, ao aniversário de Tina. , me acompanhando num evento da família do Nicholas? Isso era certo? Eu mesma já me sentia um pouco “intrusa” apesar de saber que, sempre seria uma parte daquela família, não apenas por vínculos afetivos, mas principalmente por minha filha. Não consegui saber se deveria chamar ou não o , mas eu gostaria de estar acompanhada a ele, com certeza! Era nisso que eu pensava quando Alex surgiu no escritório me perguntando se poderíamos conversar.
— Está tudo bem, ? Você está distraída... – Alex perguntou após se sentar e me observar.
— Danielle me disse para levar ao aniversário de Tina. – pronunciei imediatamente.
— Hm... – Alex sorriu constatando: — E você acha que é cedo demais para isso.
— Não, não é isso! Eu quero que ele vá, eu só não sei se deveria mesmo convidar ele... Estamos no início de um namoro, mas não é como se o fosse sair correndo ao conhecê-los, sabe?
— Até porque se ele não correu do Nicholas até hoje, ele não fugirá mais!
— Exato... – soltamos pequenas risadas — Mas, é a família do Nicholas sabe? Essa obrigação de estar nos eventos deles, é minha. A Tina é minha sobrinha... Agora por consideração, claro, mas... Enfim, é minha sobrinha, prima da minha filha. É legítimo que eu esteja lá, mas o não precisa assumir isso.
— Mas ninguém falou dele assumir nada , a Dani com certeza o convidou por você. Para você estar acompanhada, e porque, bem... Eles são seus amigos não são?
Alex novamente me mostrara com sua constatação, sempre pacífica, que eu estava fazendo tempestade em copo d’água. O que a, Dani minha amiga queria, era conhecer o meu namorado melhor. Continuar criando um vínculo entre nós, para que o divórcio não fosse desculpa de um afastamento. Não havia segundas intenções naquilo e eu quem estava me preocupando a toa.
— Ok... Você está certo! Mas diga: o que houve?
— Duas coisas! Primeiro sobre o bistrô: estão prontos todos os preparativos para a inauguração da noite brasileira. me enviou uma lista enorme de músicas do país e olha... Vai ser sucesso! Consegui um casal de dançarinos brasileiros para os últimos seis meses. Eles farão uma noite de dança regional por mês, como combinamos e também já acertei o salário conforme acordamos. Hm... Jackson, Jane e Austin estão com o cardápio em ordem também... Mas isso, você já sabe...
Alex encarava ao seu tablete a fim de perceber se havia esquecido algo, concentrado e animado. Eu estava feliz de vê-lo empolgado daquela forma, afinal, a decisão mais acertada que eu tive antes de namorar o , com certeza, foi instaurar a sociedade com Alex.
— A data! – ele exclamou — Primeira semana do mês que vem, estreamos a “Sexta Brasuca!” Um nome difícil, mas garante que a pronúncia divertida será um bom marketing, e eu concordei com ele. Tudo bem para você?
— Tudo ótimo! – sorri com os braços cruzados à mesa, feliz pelas notícias — Você está sendo o melhor sócio que eu saberia que poderia ter! Muito, muito obrigada, Alex!
— Eu quem agradeço, ma amie... – o sorriso de Alex se estendeu.
— Agora só falta uma namorada para eu ficar ainda mais feliz por você, não é?
— Bem...
Senti a voz de Alex mudar o tom, e sua expressão dizia que, ele tinha algo mais a me dizer.
— A segunda coisa que eu gostaria de conversar com você.
— Está namorando? – perguntei animada — É a Giulia?
— Não. Eu não estou namorando e nem posso continuar o lance com a Giu. Ela é... Ótima, de verdade. Uma mulher doce e gentil, mas a Giu é bem mais nova do que eu e...
— Nem venha me dizer que isso é um problema Alex! – o interrompi pronta para lhe dar uma bronca: — Logo você que é mente aberta para tudo!
— Não é isso, não é pela idade, mas pela incompatibilidade de alguns desejos. Eu já quero formar uma família Anne... E a Giu ainda tem muitas coisas a conquistar, muitos sonhos e sinceramente, não vejo isso dando certo. Até porque eu não tenho nenhum sentimento por ela mais profundo.
— Ok, então se está me dizendo tudo isso com tanta certeza, o problema é outro... O que foi?
— Eu acho... – Alex ponderou e então me olhou com expressão de derrota e em seguida, fazendo questão de evitar que eu debochasse lançou o seu olhar certeiro confirmando: — Veja bem! Eu disse que eu acho! Só...
— Fale logo, Alex! – interrompi de novo. Certamente eu estava pegando o mau hábito de minha mãe.
— Eu acho que estou apaixonado pela Marianne.
Ele falou direto, me encarando nos olhos como alguém que não estava nem um pouco, confuso sobre aquilo. Não pude evitar meus olhos arregalando e meu queixo caindo. Não havia nem mesmo como debochar!
— Desde quando?
— Vou ser sincero... Marianne e eu saímos escondidos algumas vezes. Ambos concordamos em fazer segredo numa amizade colorida, e já tem um ano e meio que estamos nessa de “sexo casual” vez ou outra... Só que como eu sabia... Uma hora ia dar merda.
— Eu estou numa mistura de querer te matar com felicidade! Você não poderia me esconder isso! Eu sou sua amiga, seu... – bufei com raiva e sorri em seguida: — E ela?
— Aí que está... Eu fui evitando as coisas de criarem um laço, ela também, mas nós só percebemos que não estava dando certo depois da festa de domingo. A Marianne não gostou de me ver saindo de novo com a Giu.
— Quantas vezes você saiu com a Giu?
— Sete.
— Minha nossa Alex! Você é o quê? O baú de pandora? Como pode estar saindo com duas das minhas funcionárias bem debaixo do meu nariz e eu não saber?
Alex riu divertido e fez sua pose de convencido ao dizer:
— Primeiramente, eu sou discreto. Ao contrário de você que dormiu com o no escritório sendo flagrada por todos...
— Eu já disse que não rolou nada aquela época.
— Sim, eu sei, mas... Você criou uma situação sem nem ter acontecido, isso não foi nem um pouco coisa de quem sabe esconder não é? – ele riu e eu me calei frustrada concordando — E também... Não é como se você tivesse tempo para investigar a vida amorosa dos funcionários. Mari e Giu são muito discretas também. A Marianne sempre estava saindo com alguém, não é como se ela se importasse. E a Giu não sabia de nós dois. Ninguém mais sabe.
— Ok, mas me conta mais a treta de domingo!
— A Marianne se mostrou a fim, durante a noite toda nos momentos que estávamos sozinhos, mas eu estava com a Giu. E a Giu não saía mesmo do meu pé, e não é como se eu fosse ficar com a Marianne estando com outra, você me conhece! Mas, aí... Eu levei a Giu em casa, o Jackson levou a Marianne, e quando eu estava quase chegando à minha casa ela me telefonou dizendo que queria conversar. Não sei por que, mas... – Alex bufou mexendo nos cabelos: — Eu estava preocupado com o que ela queria dizer, com o que ela havia sentido quando eu disse que não ia dispensar a Giulia aquela noite para ficar com ela. Não achava certo, !
— Você fez bem... Eu não acho mesmo que seria legal com a Giulia, e a Mari sabia que vocês estavam juntos. Bem... Isso já explica o fato dela ter se jogado na tequila daquele jeito... Ela bebe igual um carro antigo? Bebe! Mas, eu senti que havia algo que ela queria colocar para fora.
— Pois é. Eu fui até a casa dela, acabou rolando, depois nós discutimos sem fazer o menor sentido. Porque na verdade ela começou a brigar com o fato de eu não ter ficado com ela aquela noite e ainda não ter terminado com a Giulia, e eu joguei na cara dela que a gente não tinha nada! Não fazia sentido aquelas cobranças todas, e então a Mari percebeu que eu estava certo. Começou a chorar e a me xingar em tantas línguas diferentes que... Eu nem sabia que ela era poliglota!
O desespero misturado à surpresa e a necessidade de desabafo de Alex o deixavam engraçado. Mas também, eu notei o quão ele estava apaixonado naquele momento. Sair do foco, não ter respostas, sentir medo e me encarar como se me pedisse socorro, não eram atitudes próprias dele. Eram atitudes minhas. Alex sempre sabia o que dizer ou fazer, e vê-lo naquele estado só significava o quanto ele estava perdido em si.
— Ela fala sim, a Marianne tem uma família de posses, não sabia? Ela aprendeu cinco idiomas no colégio ainda na infância.
— Enfim... Ela e eu nunca trocamos informações sobre o outro, só momentos um com o outro. Todos incríveis, diga-se de passagem. Ela é incrível. É doida, é um furacão, mas também é doce e frágil. Ela se faz de forte, só pra mostrar o quão ela pode ter o controle das coisas e acredite: ela é uma maníaca por controle... – Alex começou a falar de Marianne divagando e eu fui ficando ainda mais certa de que ele estava ferrado — Mas, ela também gosta de às vezes se fazer de frágil só para receber carinho, pra se sentir protegida... E em minha opinião eu adoro quando ela faz isso, porque eu me sinto o único homem capaz de protegê-la, embora ela não precise de homem nenhum e...
Alex parou ao notar minha expressão emocionada e abaixou a cabeça entre os braços cruzados na mesa, resmungando.
— Minha nossa! Você viu isso?! – olhou-me chocado: — Eu praticamente a descrevi com todos os detalhes e...
— É você está apaixonado. – interrompi dando o veredicto — Mas e depois que ela brigou contigo?
— Ela terminou. Disse que era melhor a gente parar e ficar só na amizade, no respeito... Disse que adorou tudo o que vivemos, mas que era hora de “encontrarmos o que estamos procurando”.
Fiquei chocada! Eles não notavam que estavam procurando a mesma coisa e que já haviam encontrado um no outro?
— Alex! Ela está apaixonada também e está te afastando por achar que não é recíproco! Isso é óbvio! Agora vai atrás dela e diz que precisam conversar! Você vai falar o que sente por ela! Os dois estão dando voltas em círculo um no outro, e olha só... Vocês querem a mesma coisa!
Alex sorriu abertamente e pegou minhas mãos puxando-as para seu rosto, beijou-as e declarou:
— Era por isso que eu queria falar com você, queria saber se eu estava tirando conclusões erradas da situação.
— Isso aí garoto! Vai lá e torna o meu shipper antigo, que era real e eu não sabia, em mais real ainda!
— Obrigado, !
— E a Giu? Você já contou para ela?
— Eu conversei com ela depois do fora da Marianne, contei que estava apaixonado pela nossa colega de profissão há algum tempo. Não podia expor a Marianne sem consentimento então não falei que já saíamos, mas... A Giulia entendeu. Desejou boa sorte a nós dois.
— Que ótimo! Fico ainda mais feliz que as coisas tenham terminado bem entre vocês!
Alex saiu do escritório e eu voltei ao meu trabalho.
No fim daquele expediente me direcionei até o hospital. Enquanto caminhava pela recepção rumo ao consultório de , o avistei em um dos corredores conversando com um homem moreno e alto, sorridente e que lhe dizia alguma coisa com um grande sorriso.
também estava sorrindo e eu poderia perder horas apenas observando a cena. Quando pensei em me aproximar uma voz feminina o chamou à suas costas, e virou-se curioso sendo surpreendido por um abraço forte e íntimo. A mulher se jogou nos braços dele praticamente, e beijou-lhe a face. Eu observei atenta à cena, e quando o outro médico que conversava com ele, saiu da frente, eu pude vê-la melhor. Meus lábios vacilaram... A mulher se jogando nos braços de , era ninguém menos do que Rosalyn.
Capítulo 40
Eu observei silenciosamente aquele momento. Rosalyn, a ex-noiva de , com seus longos cabelos ruivos e um sorriso largo e brilhante em seu rosto, com os braços apertando forte ao meu namorado. Fiquei atenta, sem perceber de imediato, aos movimentos de tentando compreender em sua expressão alguma coisa. Exatamente o que? Eu não sabia. sorriu ao retribuir aquele abraço surpreso e eu senti um abafamento incomum. Parei de observar a cena e encarei o chão sob meus pés, saí do campo de visão daquele corredor. E pronto. Notei o pior: aquela era a minha prova de fogo.
Talvez seja necessário recordar que Nicholas e eu tivemos um histórico de ciúmes exagerados de ambos os lados, mas que na maior parte do tempo, fui eu a bomba atômica daquela relação. As constantes brigas geradas pela minha insegurança, os vários momentos em que eu buscava desculpas para identificar erros dele, que muitas vezes nem existiam. O início que, de conto de fadas passou para drama trágico em nossa relação, em todos os momentos apresentava a figura instável de uma mulher que não se mostrava nem um pouco sã, nem um pouco madura ou sensata. Eu fui a esposa psicótica de Nicholas Jonas, e muito por parte de suas ações me levarem a criar aquele monstro interior, mas também por minha escolha em assumir aquele papel. Desde então, das tragédias de novela ao divórcio e até o atual momento eu não havia tido contato com aquela obsessiva de novo. Até ver Rosalyn e .
O ar que me faltava e a grande bola de mágoas que parecia querer eclodir de minha garganta me pegaram de surpresa. Apoiei-me na parede do corredor em que eu estava quando escutei a voz conhecida de um médico.
— Bernard? – ele disse e eu não pude ao menos encará-lo, já que estava de olhos fechados tentando recompor-me daquele susto — ? Você está se sentindo mal?
Então ele tocou meu braço e notou-me pálida, já que imediatamente se colocou a me ajudar a dar alguns passos até a poltrona mais próxima.
— Diga-me, o que está sentindo?
A pergunta clínica de Karev certamente não tinha nada a ver com o peso que eu sentia no meu coração naquele momento. Karev continuou me analisando clinicamente enquanto falava qualquer coisa que eu não entendia e nem ouvia, mas pelo olhar assustado e preocupado dele, pude reconhecer que era melhor que eu falasse qualquer coisa.
— Eu... Eu vim falar com o quando senti um mal estar... Mas, não é nada, Dr. Karev.
— Certo... – ele disse ainda me observando atento — Parece um estado de choque, aconteceu alguma coisa?
— Ah não, foi só uma falta de ar repentina.
— Talvez seja melhor te examinar na enfermaria ou no consultório de .
— No consultório, é melhor.
Karev me segurou pelas mãos me guiando com ele enquanto trocamos palavras breves sobre o que eu senti, e ao entrar no consultório de , ele bipou ao amigo.
*narração por
— Ora, ora se não é o Dr. !
Ouvi me chamarem e quando me virei levei um susto. Meu primo Tulio estava ali ao hospital. Abraçamo-nos em um cumprimento e ele me contou ser o novo chefe contratado da ala ortopédica. Conversávamos sobre as nossas vidas, coisa rápida, já que estávamos atendendo. E então ele tentou me alertar de algo.
— Então você e o Karev estão concorrendo para a direção da ala pediátrica?
— Sim, sim. Mas, e você Tulio? Quando chegou e por que não me disse nada antes?
— Ah... Foi tudo muito rápido primo... Mas e a Rose, hein?
— Rose? O que tem ela?
— Então você não soube?
Antes que eu perguntasse do que ele falava, o som do meu nome saiu pela voz feminina de alguém que eu conheci muito bem. Olhei para trás no mesmo instante, e deparei-me com a Rosalyn ruiva e sorridente de sempre, que se jogou sobre mim em um abraço saudoso.
— Rose? – indaguei confuso.
— Surpresa! – ela disse sorrindo e se afastou ficando ao lado de Tulio — Aposto que jamais imaginaria que trabalharíamos juntos de novo, não é?
— O que? Vocês dois vão trabalhar aqui?
Perguntei e os dois assentiram. Senti minha cabeça girar com a informação, pois de repente eu que não tinha, familiares e amigos de Berkshire tão próximos, há anos, agora estava com meu primo e minha ex-namorada dividindo corredores hospitalares junto a mim. Rosalyn contou que o marido foi transferido para LA e ela precisou buscar uma oportunidade, e então reencontrou Tulio que a informou da oferta de emprego que ele recebeu. Contou que procurou meu pai para dizer que precisava falar comigo, mas Tulio conseguiu auxiliá-la de forma rápida, então de repente, os dois já estavam contratados e prontos para a mudança.
— Isso tudo é ótimo pessoal... – falei com sincera felicidade.
Estava mesmo animado para tê-los dividindo comigo aquela rotina, relembrando os velhos tempos, e claro, com proximidade familiar. Seria novamente como ter um pouco de Berkshire por perto. Antes que eu pudesse já me despedir por conta de meus afazeres, eu fui bipado por Karev, que estava em meu consultório. Nós três tomamos nossos rumos, e quando eu ia abrir a porta do meu consultório ela foi aberta por Karev.
— Ei! – indaguei — O que houve?
— Encontrei a no corredor, e ela não estava nada bem.
— O quê? – afirmei assustado tentando abrir a porta, mas sendo impedido por meu colega.
— Ela está bem, eu já a examinei, e aparentemente foi um estado de choque. Alguma coisa que aconteceu e ela, não quis falar acredito.
— Choque?
— Sim, palidez cutânea, suor frio, pupilas dilatadas e certa confusão mental. Ela tentou disfarçar, mas... – Karev sorriu ameno — Eu notei.
— Ok, eu irei vê-la, obrigado Alex!
— Hey... – ele afirmou antes que eu entrasse novamente e então o olhei atento: — É verdade que seu primo e sua ex estão trabalhando aqui?
— As notícias correm neste hospital... – murmurei e Karev sorriu encarando a porta do meu consultório de modo significativo.
Então era aquilo? talvez tenha escutado algo sobre Rosalyn? Teria visto ela? Ou nos visto? Como se percebesse que eu entendi a sua deixa, Karev acenou saindo e eu bati antes de entrar. estava sentada em frente a minha mesa, e aparentemente limpava o rosto com um lenço de papel.
— Amor? – me aproximei cauteloso e toquei seu ombro, ela sorriu um sorriso mentiroso. Sentei apoiado em minha mesa a dizendo: — Karev me disse que você se sentiu mal, mas que já está melhor. Porém, você está chorando...
— Não foi nada, . – ela falou num tom suave de sua voz e se levantou vindo me beijar.
Enlacei sua cintura a posicionando entre minhas pernas, e me beijou de forma calma, diferente do que parecia sentir por dentro. Ela sorriu ao findar do nosso beijo e acariciou meu rosto.
— Você não é uma mulher que chora por nada, Bernard.
— Eu só... Enfim, não vamos falar disso agora. Eu tenho que voltar para o restaurante também. Eu vim porque precisava falar com a Dra. Grace, e porque Danielle me ligou. Pediu para que eu o levasse ao aniversário da Tina este fim de semana, e eu queria saber se tudo bem por você. E não, eu não podia fazer isso por telefone, porque eu também queria ver você... – ela sorriu fazendo carinho em meu peito.
— Hm... Ir ao aniversário da sua sobrinha? Como seu namorado?
— Exatamente como meu namorado.
— E ver o Nicholas se corroendo por dentro? Com certeza! Eu irei, é claro.
Ela sorriu e negou com a cabeça como se reprovasse minha atitude e então se soltou dos meus braços, naquele momento senti que a noite seria extremamente cansativa e fria, já que o calor do corpo dela se afastou do meu.
— Bem, era isso então. Vou te deixar trabalhar, amor.
— , por que não vamos para o meu apartamento amanhã?
— O quê?
— Eu tenho folga amanhã, e bem... Amanhã também sai o resultado da promoção, então seja ele bom ou ruim eu quero passar com você. E, além disso, eu vou trocar meus turnos do fim de semana para que possamos ir à sexta para Jersey. Poderíamos ir direto do meu apartamento, o que acha?
— Ah... É... Claro! Vai ser ótimo. está com o pai em Jersey já...
— Então teremos amanhã e depois para passarmos os dias juntos nos preparando para a viagem... – mencionei com tom travesso.
sorriu e eu me aproximei dela agarrando novamente sua cintura e a guiando até a parede do meu consultório. Pegando minha namorada de surpresa já que ela não esperava aquilo, e imediatamente levou as mãos à minha nuca com força, como se desejasse me prender a si. E se eu pudesse terminar, teria feito o que realmente queria ali, mas tanto meu bipe atrapalhou soando, como ela aceitou se distanciar para ir embora. Ainda que negasse, eu soube pelos olhos dela que algo estava errado. Abri a porta do consultório onde saímos juntos e me deu outro beijo casto em meus lábios antes de virar-se para sair. Em sua direção Rosalyn virava ao corredor caminhando atenta a uma prancheta, não a olhou, mas eu a observei atento: ela disfarçou um menear de cabeça para trás e então seguiu seu caminho rumo à saída do hospital. Rose passou por mim sem nem mesmo me notar, e eu constatei que Karev estava certo de algum modo. Bernard estava com ciúmes. Eu não entendia a reação dela, mas não posso negar que me senti de novo, o homem mais sortudo do mundo.
*narração por Bernard.
Eu não tinha nada que estar no restaurante. Na verdade, se não me engano, nem teria que trabalhar aquela noite. Mas, aparentemente as coisas mudaram já que ao invés de me levar para seu apartamento naquela noite, ele propôs que fôssemos ao dia seguinte, devido ao trabalho. Não que eu achasse que era mentira, por que eu realmente não achava. Mas... Estava me sentindo a pior pessoa do mundo de novo. Quando a ruiva passou ao meu lado naquele corredor, tão concentrada e sem fazer ideia de quem eu era, eu desejei parar e olhar para trás e ver se ela e iriam novamente trocar palavras. Eu queria saber a quanto tempo e por que ela estava ali, e mesmo observando seu uniforme denotando que ela estava lá a trabalho, eu me peguei pensando por que motivos ela tinha que estar em Los Angeles. Trabalhando ao lado dele.
O peso daquele pensamento me acompanhou durante todo o trajeto até a minha casa. Mamãe não estaria ali já que morava agora em sua casinha há alguns quarteirões, estava com o pai, em algum lugar que eu não fazia ideia... Enfim, eu estava só. Pensei em voltar ao restaurante para trabalhar mais, porém, minha cabeça não parava de doer e eu já havia dado por finalizado aquele dia de trabalho. Então, só havia uma coisa a fazer: pegar um vinho em minha adega, uma taça, colocar algumas músicas depressivas para tocar e viver a minha fossa.
Depois de meses sem aquele tipo de sensação, depois de meses desde que chegou em minha vida, depois de achar que tudo estaria bem, a mulher que eu estava me tornando ainda não havia terminado sua luta interior. Eu ainda não era a nova empoderada e descontruída, curada dos desamores e inseguranças totalmente. Ainda havia uma rachadura, a pior delas: depois da culpa, a rachadura do medo de cometer o mesmo erro novamente. Se eu amar a obsessivamente de novo, eu vou estragar tudo. Achava que aquela coisa de “eu acabei com tudo” houvesse ficado para trás, e eu tivesse entendido que foi uma responsabilidade tanto do Nicholas quanto minha, mas lá estava eu... Virando a taça de vinho e recordando mais uma das muitas lembranças indigestas do meu mal fadado casamento.
— Para com isso, você sabe que eu não prefiro as músicas dele. Eu gosto, apenas. Qual é? Não posso ser fã de mais ninguém porque sou casada com o Sr. Nicholas Ego Jonas?
— Foda-se se você gosta da música dele, . Eu não quero é este monte de sorrisinho frouxo que você está dando pra ele.
Estávamos mais afastados das pessoas, numa habitual-nova-discussão.
— O que? Você está com ciúme?
— Estou! Por quê? Só você pode surtar a cada mulher que se aproxima de mim?
— Sabe muito bem Nicholas que a única mulher que eu quero distante de nós é a sua amiguinha Priyanka! – me irritei e já falava entre dentes.
O vinco em minha testa piorou com o sorriso ladino dado por Nicholas, o sorriso de quem não podia acreditar que mais uma vez, Priyanka era o problema.
— Exatamente! Amiga. É o que ela é. Eu larguei a Priyanka quando te conheci, porque oras, lá vou eu falar de novo: eu amo você, .
— É fácil amar a esposa com a amante à tira colo!
— ! – Nicholas gritou com ódio: — Se é nisso que você prefere acreditar, eu já entendi o seu joguinho com o Mendes.
— Não tinha pensado nisso… Mas não é uma má ideia, afinal, vamos ficar quites!
— Eu já cansei de dizer que eu não traio você.
Flashback de trechos da minha fanfic “O teu ciúme acabou com o nosso amor”, anterior a esta.
— E eu já cansei de acreditar, Nicholas. Seis meses atrás eu perdia nosso filho e você chegava ao hospital com a Priyanka! E ela ainda se oferece gentilmente à avisar minha sogra que o ex-noivo dela tinha acabado de perder o filho com a esposa!
— Eu não acredito que você foi buscar a na escolinha com aquela mulher, Nicholas! Eu não a quero perto da nossa filha!
— , estava toda a equipe! Eu estava indo ao trabalho! Você sabe que tem esse maldito contrato de sete anos com a marca, e a Priyanka é a principal modelo e eu… Não acredito que estamos discutindo por causa dela de novo!
— Quando ia me contar que viaja com ela nos próximos três meses?
— O que?
— Não ia me contar, não é Sr. Jonas?
— Do que está falando?
— A agência ligou informando. Essa campanha toda na Índia vai ser com ela. Com os dois, aliás.
— Eu não sabia.
— Ah… Poupe-me Nicholas! Ela sempre vai ficar entre nós.
— Porque você quer! Eu nunca estive tão certo que entre ela e eu não daria certo, mas você sempre torna tudo mais difícil!
— É melhor você pegar as suas coisas e fazer as malas. Seu voo é amanhã, e eu não quero ser culpada por “desestabilizar” o astro da música antes da viagem.
— …
— Isso era coisa da campanha Nicholas?
— Não.
— Então pronto. Talvez, você estivesse sendo sincero antes… Que era inocente e não fez nada e nem me deu motivos, mas… Vejo que talvez eu tenha sido culpada de te empurrar para ela né?
— … Eu não estou mentindo. Não houve nada. Quem mandou isso pra você?
— A própria.
— …
— Chega Nicholas. Não tem porque nos mantermos presos nisso. Eu não quero mais.
— Do que está falando?
— Sei que seus pais vão achar um absurdo, mas também sei que são sensatos o suficiente para entender meu lado e não se meterem. vai precisar de toda a família, avós, tios, e principalmente de nós, para entender a mudança que vai ser.
— ! Eu não quero me separar se é disso que está falando.
— E eu estou te entregando de bandeja para ela Nick.
Estava de novo escancarada a porta e os fantasmas estavam naquele momento, caminhando em minha sala, bem diante dos meus olhos, enquanto eu virava desesperadamente aquela garrafa em goles e mais goles. Eu achei que estaria, mas eu não estava preparada para amar de novo.
Capítulo 41
And life has a funny way of helping you out, when you think everything's gone wrong and everything blows up in your face...”
(Ironic – Alanis Morissette)
Acordei de manhã com um pouco de dor de cabeça e a campainha de casa não parava de soar. Ergui-me pelo sofá, lenta e confusa. A garrafa de vinho estava vazia e derramada ao tapete, o aparelho de som ligado e nenhuma música a ecoar. Encarei o relógio de parede constatando que eu estava atrasada para o trabalho daquela manhã, mas ainda eram apenas oito e meia. A campainha ainda soava de forma a denunciar alguém aflito do outro lado então me levantei atrapalhada e fui até a porta de entrada, revelando um aflito a andar pela calçada mexendo no celular. Sorri, mas quando ele me encarou percebi meu estado e fechei a porta praguejando mentalmente.
— !? ! Abra para mim, meu amor!
Ele gritava do portão e então eu passei a mão nos cabelos que começavam a crescer em um tamanho channel a fim de disfarçar o despenteado. Sacudi minha roupa e limpei os cantos dos olhos, então abri novamente sorrindo.
— Amor! – ele exclamou preocupado a me ver abrindo o portão pelo botão automático ao lado da minha porta, e entrou me observando atentamente: — O que houve? Eu estou te ligando há uma hora...
— Ah, bem, me desculpe! – eu falei o sentindo se aproximar e vindo em minha direção para me beijar, e então virei o rosto.
O beijo de pegou em minha bochecha e ele sem entender me indagou com o olhar, até eu explicá-lo:
— Acabei de acordar! – dei passagem para ele entrar e , ainda confuso, observou ao nosso redor — Eu acabei abrindo um vinho ontem à noite e adormeci no sofá! Como pode ver, perdi a hora, e meu telefone descarregou!
me observava enquanto eu me apressava em ajeitar o sofá e repousar a garrafa de vinho sobre a mesa de centro. Ele então pegou a garrafa vazia encarou-a e se aproximou de mim. Enquanto eu ajeitava a almofada do sofá, senti uma de suas mãos em minha cintura a fim de virar-me para ele, então encarou a garrafa novamente, e encarou meu rosto. Colocou-a de volta à mesa e com a mão livre tocou-me pela nuca.
— E chorou a noite toda, pelo visto.
Mantive-me em silêncio pensando em qualquer desculpa que não deixasse nítida a verdadeira razão por eu ter chorado. Não queria magoar com a minha insegurança.
— Eu não conseguia parar de pensar na ... Eu... Meio que surtei de saudade ontem... – ele me analisou meticuloso — Eu sei! Eu sei que é bobeira, e ela está com o pai, mas...
— ... – me interrompeu fazendo-me encarar seus olhos de forma contundente com aquela mão que segurava minha nuca: — Sabe por que eu estava preocupado igual a um louco lá fora, apesar de serem apenas oito horas da manhã e saber que você ainda poderia estar dormindo?
Neguei silenciosa e suspirou continuando:
— Por que eu vi como você estava abalada com algo ontem. Telefonei ao bistrô, você ainda não havia chegado. E antes de ligar à Meg para saber se estava tudo bem, eu tentei falar com você e não consegui, mas sei que você não deixaria seu telefone desligado com a longe. Então eu só conseguia pensar em você bebendo sozinha e sofrendo por alguma coisa que eu não sei o que é, mas tenho uma suspeita...
Engoli seco e mordi os lábios, preocupada em como sair daquela situação. Eu não queria mentir para ele, então na hora apenas pedi para ele me aguardar enquanto eu escovava os dentes. silenciou afirmando positivamente com a cabeça e me deixando sair para meu quarto.
Ouvi alguns barulhos na cozinha enquanto adentrava à minha suíte. Lavei o rosto, escovei os dentes e respirei profundamente. Quão infantil eu estava sendo? Aquele não era o Nicholas. Aquele não era qualquer outra pessoa estranha! Era o ! O ! Meu namorado a quem eu deveria ser sincera e contar tudo, inclusive sobre a bobeira de ciúme que eu senti. Por mais que as marcas daquela bobeira, em minha alma, ainda fossem algo sério a se tratar. Quando abri a porta do quarto para sair, estava parado lá e me observou com placidez em sua face.
— Está apresentável agora? – ele perguntou rolando os olhos com um sorriso fraco.
— Você não sabia que uma mulher deve se levantar antes do namorado e ao menos lavar o rosto antes que ele a veja? – brinquei.
— Entenda uma coisa: eu não ligo a mínima se o seu cabelo está desarrumado, se a sua boca não tem hálito de hortelã pela manhã, se os seus olhos tem remela ou qualquer coisa humana do tipo, ... Desde que você seja você, eu quero estar contigo em cada momento possível. – ele falou encostado à soleira da porta e eu sorri agradecida, mas sem me dar tempo de dizer qualquer coisa, retornou a perguntar: — E então, está apresentável ao seu namorado agora, senhorita Bernard?
— Sim, estou. – sorri tocando o pescoço dele para o que seria um abraço, mas me puxou para si de repente.
— Ótimo, porque você virou o rosto para o meu beijo e eu não posso achar que está tudo bem com isso!
A mão firme de era ao mesmo tempo delicada ao tocar meu rosto, e seus lábios carinhosos tocaram os meus com vontade enquanto ele pedia passagem para sua língua, que eu prontamente concedi. Seu braço apertava-me ainda mais em seu corpo, deu passos à frente e com o pé fechou a porta do quarto me arrastando para a minha cama de um modo certeiro. Senti seus dedos puxando meu cabelo curto e seus lábios ganharem espaço em meu pescoço e lentamente caíamos sobre a cama, com nossos corpos ainda mais próximos. Enquanto beijava com desejo meu colo, eu passeava as mãos a bagunçar seus cabelos e enlaçava a sua cintura com minhas pernas puxando seus quadris ainda mais de encontro ao meu, e sorriu mordiscando o meu queixo. Aquilo iria finalizar de um jeito ótimo se...
— ! ESTÁ EM CASA? MEU DEUS, ! É MELHOR QUE ESTEJA! VOCÊ DEIXOU A CAFETEIRA LIGADA SEM ÁGUA, GAROTA! QUER POR FOGO NA CASA?
A voz de mamãe quebrou todo o clima do momento, fazendo com que resmungasse insatisfeito e se culpando por ter ligado a cafeteira para me fazer um café.
— Sim mamãe... Estávamos prontos para incendiar tudo aqui... – murmurei encarando os olhos brilhantes de e seu sorriso de dor — Prometo que continuaremos isso depois.
— Tudo bem... – ele sorriu beijando-me de novo e nos levantamos para ir de encontro à mamãe que xingava em francês, fazendo me perguntar: — O que ela está dizendo?
— Palavrões. Ela morre de medo de incêndios. – sussurrei, e então ela deu-se conta de nossa presença.
— ?! Oh! Agora sei por que a cafeteira estava ligada e sem água... – sorriu como quem entendesse tudo: — Mas da próxima vez, deixem para fazer o café quando realmente já tiverem acabado meninos! E se vocês incendeiam a casa?
— Mamãe, não exagere! – sorri a abraçando.
— Um alívio eu ter a cópia da chave, não é? Pude evitar um incêndio!
— Dois. – murmurou ao abraçá-la.
— Oh, me desculpe por isso , mas... Eu só passei para ver se estava tudo bem, não atendia as minhas chamadas e não foi trabalhar, então fiquei preocupada.
— Desculpa mamãe, eu perdi a hora!
— Bem, então eu vou deixar vocês terminarem o que quer que fossem começar. Não quero Isaac reclamando que eu sou “empata foda” de vocês dois!
— Mãe! – repreendi e gargalhou servindo-nos xícaras do café que mamãe já havia começado a fazer na cafeteira — Isso é coisa que se diga? Onde ouviu isso?
— Acorda , eu tenho mais anos de vida do que você! – ela disse como se fosse comum dizer aquele termo à sua época.
— Meu pai não diria algo assim, exatamente nestes termos, Meg. – falou risonho e beijando novamente o rosto dela.
— Ah com certeza não, mas ele diria algo como “Meggie querida, não deves atrapalhar os momentos a dois dos meninos quando estes estão a consolidar sua intimidade”... – mamãe revirou os olhos nos fazendo rir e abanou a mão no ar dizendo: — Eu estou indo! Só passei para saber se você estava bem filha, me desculpem!
— Imagine mamãe, eu que peço desculpas por preocupá-la.
— Certo! – ela beijou nossos rostos e saiu caminhando para fora da cozinha parando na copa e se virando a mim para dizer: — Ah propósito! Nicholas me telefonou! Disse que também não conseguia falar com você, mas não se preocupe, não era nada! queria falar com você para contar sei lá o que, que o vovô Paul fez... – mamãe revirou os olhos: — Ou era só conversa do Jonas, sabe como é! Seu ex adora ouvir a minha voz!
Nós rimos do deboche de mamãe com Nicholas.
— O que importa é que a está ótima! Eu falei com ela rapidamente, e estava brincando com as primas e colocando a casa de Danielle abaixo às plenas sete da manhã! Depois ligue para ela.
— Claro. Obrigada mamãe.
Ela acenou e saiu, sentou-se à bancada da cozinha e tornava a me observar e então eu me aproximei dele, me colocando entre suas pernas e o abraçando dei-lhe um beijo íntimo, de lar.
— Desculpe pela mamãe.
— Não tem o que desculpar, eu amo a autenticidade dela, você sabe!
— Vou preparar algo para nós dois, o que quer comer?
— Qualquer coisa que você faça já é um banquete, meu amor.
Sorri e me afastei indo até a geladeira. Enquanto eu pegava os ingredientes pela cozinha notei que possivelmente me observava, e em silêncio.
— O que houve ?
— Eu quem pergunto ... Quer conversar sobre ontem?
— Ah... – virei-me rapidamente para o olhar: — Eu já disse, foi só uma neura de mãe.
— Não estou falando da garrafa de vinho seca na sala, amor. Estou falando de Rosalyn.
Na mesma hora senti que a caixa de leite escorregaria da minha mão, e a segurei firme depositando-a sobre a pia.
— Rosalyn?
— ... – se levantou e veio até mim, pegou em minha mão enquanto falava comigo: — Você a viu no hospital, não é?
— Eu... – sibilei e então mordisquei o lábio, ciente de que era melhor estabelecer a sinceridade como o maior ponto de confiança entre nós: — É, eu a vi. Quando cheguei vocês conversavam... Mas, , por favor, eu não quero que você pense que...
— . – ele me interrompeu de novo segurando em meu rosto: — Eu não estou pensando em nada. Não se culpe por sentir o que quer que seja, ok? Eu sei o quanto ainda existe algumas coisas aí dentro de você que não estão acertadas, então... Não se preocupe mesmo com o que eu vou pensar! Eu não pretendo esconder nada de você também, porque acredito que a maior forma de ajudar você a se resolver consigo, é sendo sincero também.
Concordei e me sentia uma idiota. Passei a mão pelos cabelos de um modo nervoso, e me abraçou sorrindo.
— Eu não posso mentir para você , porque eu não quero mentir. E sabe, isso inclui ser sincero em dizer que eu fiquei um pouco soberbo até, com a ideia de você sentir ciúme, então não se culpe. Essa coisa de acharmos que o ciúme é uma consolidação do sentimento do outro para nós, é uma das coisas inúteis que a sociedade patriarcal incutiu aos homens e mulheres e... – ele fez uma pausa e riu ao dizer: — Nossa, minha mãe ficaria orgulhosa de mim agora.
Afastei-me para observá-lo e assenti:
— Com certeza ela sente orgulho onde quer que esteja, mon cher.
— Má chérie... Pergunte-me sempre o que quiser ok? Sem medos! Antes de qualquer coisa, somos amigos, lembra?
soltou-se de mim e por mais que eu quisesse ficar em seus braços pelo tempo que fosse, voltei a preparar waffles para o nosso café. me deixava segura. Ele me deixava confortável até mesmo para falhar, e... Céus, de onde aquele homem havia saído?! Eu queria tanto ter conhecido a senhora Amy ... Aquela mulher certamente poderia ensinar muitas coisas a mim. Suspirei aliviada, e mais calma de entrar naquele assunto com o .
— Então tá... Por que ela está aqui? – perguntei com coragem.
— Acredita que ela foi transferida para o hospital junto com o meu primo?
— Seu primo? – observei surpresa à imagem risonha de escorado à ilha da cozinha.
— Ele é o novo chefe da ala ortopédica, e a Rose precisou se transferir por que o marido dela agora trabalha em LA, então ela falou com o Tulio. Eles trabalhavam juntos em Berkshire também, e conseguiram que ela ocupasse uma oportunidade aqui.
— An... Entendo! – me senti idiota ao perceber que a mulher nada queria com o , e tudo não passava de coincidências e networking em comum, então desconversei antes que notasse meu estado de vergonha alheia: — Bem... Falando em chefia... Você já tem novidades?
então sorriu largamente, me fazendo sorrir também. Larguei o que fazia para virar-me total em atenção a ele.
— Eu fui chamado esta manhã antes de largar o meu plantão junto ao Karev na sala da direção. E bem, não foi uma decisão fácil para o diretor geral... Karev é ótimo, e claro, eu também tenho meus pontos... E aquela discussão com o Nicholas surgiu na pauta...
— Ai não, ! – exclamei sentindo já uma vontade de afundar a cara do Nick em um soco se tivesse perdido a oportunidade por causa dele.
— Calma, má chérie... – riu fraco se aproximando e me abraçando: — Acredita que o Karev também se envolveu em uma briga com o ex da atual namorada dele, só que no estacionamento do hospital? Foi aí que ele esclareceu que ambos estamos em pontos parecidos, mas no caso o paciente dele é um garotinho chamado Andrew!
— Ok, então...?
— Tivemos ambos o mesmo esporro sobre ética profissional e etc., mas... O Dr. Carroll não é o tipo que não saiba quem Karev e eu, somos, e segundo ele “suas vidas particulares não interferirão nas decisões da direção, e este é o ponto”. Então depois de pontuar os prós e contras de cada um de nós... Ele decidiu que Karev é o chefe dos pediatras residentes.
— Droga, ! Eu não entendo nada disso! O que isso significa? Ele por acaso fica na mesma? Ele...? – falei me sacudindo ansiosa em seus braços.
— Ele é um cargo abaixo do meu, por enquanto. Eu sou o novo diretor da ala pediátrica!
contou a novidade com um brilho que eu nunca havia visto em seus olhos e a mim restou gritar de alegria pulando no colo dele, sem ter real noção do que aquilo significava, Eu só sabia que ele estava feliz, e isso é o que importava. me rodopiava na cozinha em nosso abraço comemorativo, e eu sentia que nada, absolutamente nada na minha vida iria se repetir quando se tratava de e eu. Tudo parecia certo. Exatamente do jeito certo.
Nós tomamos café, e depois compartilhamos um banho juntos, afinal eu ainda tinha que ir rapidamente ao bistrô e iria para casa. Naquela tarde, eu iria finalmente conhecer o apartamento de , e iria também passar a noite de quinta feira lá, para em seguida viajarmos.
O bistrô estava como sempre agitado, e isso era ótimo! As coisas não poderiam seguir melhores! Os planos de mudança nele estavam acontecendo aos poucos, as reformulações dos pratos, com Jackson no segundo comando assim como Jane e Austin, e eu no comando geral de sempre na minha cozinha. As noites dançantes que Alex estava planejando, com a ajuda dos palpites musicais de agora também eram um projeto que contava com a ação de Marianne. Ela e Alex não haviam me dito se estavam ou não juntos, mas certamente algo estava caminhando para aquilo. A nossa cafeteria reformulada também estava fazendo sucesso, com o novo funcionário da equipe indicado por Jack. Enfim, as coisas seguiam calmas e eficazes! Eu conseguia observar o controle do meu restaurante voltando cada vez mais para as minhas mãos, e dessa vez eu não precisava me dividir entre casa, trabalho, filha e marido... Tudo estava girando harmonicamente na minha vida. Ainda havia percalços? Claro que sim! Eu ainda não havia chego à metade do que era necessário para, como dizia : “o meu redescobrir”. Mas, dia a dia eu sentia as pequenas mudanças. E a conversa com ele aquela manhã, falando abertamente para mim que eu não precisava sentir que estaria pisando em ovos com ele, ao dividir minhas inseguranças e os cacos quebrados da minha personalidade... Aquilo foi importante!
Saí do bistrô por volta de uma hora da tarde, e não almocei porque prometi ao que iríamos almoçar juntos em seu apart. Passei em casa, preparei as malas de roupas para não apenas, ir dormir no apart de , mas também para Jersey. Mamãe não queria ir conosco, decidiu que iria com ) e Miley. Então também me despedi brevemente dela e segui com meu carro para o endereço que havia me passado. Para minha surpresa, quando cheguei ao condomínio, não era exatamente o que eu achava. Era um condomínio ao estilo inglês, bem no meio de LA! Então o “prédio” onde morava, se parecia por fora com um daqueles antigos sobrados ingleses. Havia um estacionamento ao lado de cada bloco, que eu teimaria em dizer “sobrados”.
Eu o vi sentado nas escadas de seu bloco, um tanto quanto ansioso, me parecia. Buzinei e o sorriso de logo veio de encontro ao meu, ele indicou uma entrada para eu estacionar, e desceu em seguida ao meu carro no subsolo e não demorou a se aproximar assim quem eu desliguei o automóvel, pegando as malas.
— Bem vinda, má chérie! – disse animado com um sorriso incapaz de comedir.
— Eu fico empolgada por ver que você está tão feliz por me receber!
— Teria como eu ficar diferente? Imaginei esse momento tantas vezes, e em todos eles, você não era ainda a minha namorada, então... – ele dizia eufórico, até se interromper para dizer: — Certo... Eu estou sendo patético não é?
— Está sendo romântico, e fofo como sempre! E eu estou adorando. – falei e o beijei.
realmente parecia um garoto adolescente recebendo a melhor amiga, por quem esconde uma paixão platônica, pela primeira vez em casa. Era adorável! Olhei o estacionamento subsolo e era normal, como todo outro. indicou o elevador que havia ali para seguirmos ao térreo e pegar o real elevador para seu andar. Dentro do térreo notei que o prédio do apartamento não tinha nada de absolutamente igual a um sobrado. Era um prédio comum, e me explicou que por ser projetado por ingleses, os blocos ao lado de fora davam o ar de “vizinhança londrina”, mas eram extremamente americanos por dentro.
— Senhor Peterson!
Ele acenou com um sorriso largo para o porteiro, assim que surgimos no térreo e pegou minha mão, enquanto se desdobrava para arrastar e segurar as malas na outra. Apressou-se comigo em direção ao senhor que largamente me encarava feliz e gentil.
— Ah! Ela chegou! – o porteiro disse risonho para .
— Sim! Eu não disse que ela era linda?
dizia orgulhoso e pude notar que o porteiro já devia saber sobre algo da nossa história há algum tempo, ou fosse apenas a partir do momento em que o médico polido, agiu como um menino, sentado à portaria aguardando uma garota:
— Esta é a ! Ela tem passagem livre para o meu apartamento, certo?
— Como não teria, não é mesmo? Se ela já ocupou todo o seu coração! – o porteiro brincou e estendeu a mão para cumprimentar-me, e eu estava ruborizando igualmente como uma adolescente: — Seja bem vinda senhorita ! Fico muito feliz de conhecê-la!
— Obrigada senhor Peterson, é um prazer para mim também!
— Quer ajuda com as bagagens, pequeno ?
— Não, tudo bem senhor Peterson! Obrigado!
Acenamos risonhos de volta e nos dirigimos ao elevador. Eu estava segurando o riso e as perguntas. parecia afoito demais, e aquilo era tão incomum para mim! Entramos no elevador e eu iria perguntá-lo sobre o fato de o porteiro parecer íntimo, quando uma adolescente entrou no elevador com a camiseta escrita “I love Nick Jonas”. Encarei que revirou os olhos para a figura da menina e segurei a minha gargalhada. Era a situação mais impagável que eu poderia imaginar. Então me lembrei dele falando sobre a menina tempos atrás.
A garota que olhava para o chão, ao entrar encarou as pessoas no elevador, e bateu os olhos em e bufou.
— Boa tarde. – disse numa educação a contragosto parando ao meu lado.
— Boa tarde Stella. Deveria vestir-se melhor antes de sair de casa.
— Toma conta da sua vida, 402.
— Tsc... Talvez eu precise falar de novo com Michael sobre o seu péssimo hábito de fugir de madrugada. – iniciou uma rixa com a garota.
— Hey ! Qual é? – ela falou encarando-o emburrada, sem se preocupar com a minha presença: — Toma conta da sua vida! Eu já nem posso mais ouvir música na minha casa! Você é o típico inglês metido à besta!
Arregalei os olhos e ouvi se remexer ao meu lado envergonhado pela discussão infantil com a adolescente e tentar sessar a briga:
— Eu só acho que você precisa ter cuidado Stella! Seu pai é um bom pai, um cara legal! Ele fica preocupado com as suas escapadas noturnas para perseguir um astro pop! E olha só, você já é grandinha, suficiente para saber o quanto é perigoso, andar de madrugada sozinha!
— Nossa, 402, você é tão ingênuo! – ela disse revirando os olhos mencionando algo que não entendeu — Da próxima vez eu te peço para me acompanhar então, ok?
— Nós poderíamos ser amigos, 401.
— Você declarou guerra ao Jonas, não tem bandeira branca entre nós. Declarar guerra a ele é declarar a mim também.
— Eu só estava implicando com você, 401...
falou emburrado, e claro, envergonhado pela situação e eu, então ri baixinho decidindo puxar assunto com a garota. Olhei para o lado e ela mexia no telefone e como o havia dito, tinha mesmo uma foto do Nicholas estampada ali. Percebi que ela conversava com um garoto, marcando um encontro de madrugada, então entendi tudo.
— Eu o conheço. – falei.
A menina me encarou finalmente e suspirou como se dissesse para eu evitar confusão com a garota.
— Não é amor? – falei para — O também o conhece!
A garota ficou me observando atentamente, parecia tentar descobrir o que estava perdendo.
— Espera... Você está falando do Jonas? Nick Jonas? – perguntou e eu apenas assenti sorrindo: — E o, 402 aí, conhece o Nick Jonas?!
A menina soltou um riso descrente e debochado para nós, então provocou:
— Tsc... Você que é a ingênua aqui... – sorriu vitorioso me apontando com o olhar para a menina que continuou nos encarando confusa: — Vem , chegamos.
As portas do elevador se abriram e me deu a mão puxando-me para fora e enfatizando o meu nome. A garota também saiu e quando caminhamos sorridentes pela falta de noção da adolescente sobre quem eu era, a garota deu grito:
— VOCÊ É ANNIE BERNARD JONAS!
— Correção! Ela é Bernard! Sem Jonas, 401! – provocou ao colocar a chave na maçaneta.
— ESPERA AÍ! – a menina se aproximou eufórica e me segurou urgente pelo punho esquerdo: — VOCÊ É A MÃE DA LOUIS? A EX-MULHER DO MEU NICK? ESPERA! ESPERA! VOCÊ... – ela apontou para mim e em seguida para : — E O 402 ESTÃO SAINDO?!
— Hey Stella! Minha vida particular não te interessa... – provocou novamente como um adolescente, abrindo a porta para eu entrar.
— É POR ISSO QUE VOCÊ NÃO GOSTA DO NICK! VOCÊ ROUBOU A MULHER DELE, 402! NOSSA RHODES, COMO VOCÊ É BAIXO! – ela dizia em tom esganiçado e eu ria.
— Stella, não é? – falei e finalmente a menina respirou calma a me observar totalmente ruborizada: — O não me roubou do Nicholas, ok? Eu e ele estávamos separados há algum tempo e você deve saber disso, não é?
— Claro! Claro, me desculpe! Puxa vida! Mas eu gostava tanto de você com o Nick! Eu torcia tanto para vocês voltarem e... Ai cara, seu estilo é perfeito! Você é perfeita! Você fazia todas as fãs se sentirem um pouco realizadas também, sabe? Você veio de um lugar comum como todas nós e...
Ela falava sem controle algum, até um tanto emocionada, e estranhava a situação. Ele achava que Stella iria me odiar por ser a ex-esposa do Jonas, mas o efeito foi contrário, então ao notar que ela torcia lealmente para o Nicholas, deixou as malas dentro de casa e retornou passando o braço pelo meu ombro a fim de me fazer entrar.
— Stella, você não tinha que perseguir o Nicholas agora não?
— Espera ... – falei rindo e olhando de novo para a garota: — Stella, eu agradeço, mas temos que ir agora. E só pra constar: avisa ao fandom, que não me roubou de ninguém ok? Ele e eu nos apaixonamos, e eu estou muito feliz agora.
— Mas, mas... Você não era feliz com o Nick? Como pode o, 402 ser melhor do que o Nick e...
me direcionava para dentro de casa enquanto eu ria, embora estivesse interessada em conversar com Stella sobre aquelas suposições dela. A menina veio nos seguindo e antes que entrasse, fechou a porta na cara dela.
— ! – repreendi rindo.
— Eu deveria ter fingido que ela não estava no elevador! – ele falou como se estivesse cansado, com as mãos à cintura: — Não dou um minuto para ela infernizar na campainha e...
Assim que disse aquilo, o soar estridente da campainha se fez ouvir em incontáveis “ding dongs”.
— Deixa que eu falo com ela. – avisei indo até a porta.
— ! Desculpa, mas eu... – a menina disparou quando eu apareci, e então toquei ao ombro dela e sorri.
— Está tudo bem Stella! Por que não passa aqui depois para nós conversarmos?
— Sério!?
— Sim! Que tal na hora do jantar você vir comer com a gente?
— Ah! Nossa você é incrível, ! – ela disse com os olhos brilhando: — Isso vai super vir a calhar, é sério!
— Você está namorando escondido não é? – perguntei sorrindo e ela ruborizou acenando afirmativamente: — Entendo... Olha, conta a verdade para o seu pai, sabe? Às vezes a gente acha que uma mentirinha não faz mal, ou que esconder uma coisa ou outra é melhor para não magoar quem amamos, mas a verdade é sempre o melhor caminho! Tenho certeza que seu pai vai entender, pode não entender na hora, mas depois ele vai entender...
— Puxa vida! Você é mesmo muito legal ! Como pode estar namorando o, 402?
— Sabe... Se você der uma chance para conhecer o , vai se tornar uma fã dele também. – disse e pisquei.
A menina sorria de orelha a orelha admirada, eu acenei em despedida e ela saiu devagar. Fechei a porta e estava escorado ao sofá de braços cruzados.
— E aí?
— Espero que não se importe, mas chamei-a para o jantar! – falei de repente me dando conta do que havia feito.
— Nah... – alargou um sorriso vindo até mim com calma e me abraçando debochou: — Precisamos mesmo salvar essa garota!
Eu ri e o beijei rapidamente, logo dando atenção ao apartamento de e percebendo o cheiro incrível que vinha da cozinha.
— Então temos um novo chef?
— Eu juro por Deus, que eu nunca fiquei tão nervoso para cozinhar para alguém, má chérie!
— De novo isso? Da outra vez foi a mesma coisa indo me levar naquele pub! Aliás, podíamos retornar lá com o e a Miley!
— Com certeza! Mas amor... Você é uma chef Le Cordon Bleu, então... Dê-me um desconto, ok?
— Tenho certeza que tudo vai estar incrível!
me apresentou seu apartamento, e claro o primeiro lugar que eu quis conhecer foi o seu quarto. O que gerou algumas piadinhas entre nós. Depois fomos almoçar e ele havia ido ao clássico: preparou uma massa italiana deliciosa, abriu um vinho para não ter erros e poderia estar horrível a comida, que eu não me sentiria ofendida. Afinal, eu estava com ele, no mundinho dele.
Depois do almoço, arrumamos tudo em conjunto, e nos direcionamos ao sofá para conversar. Telefonei para a casa de Dani a fim de falar com minha pimpolha que mal sentia saudades de mim, já que estava se divertindo tanto com o pai, tios, tias, primas e avós. falou um pouco com também e ficou eufórica ao saber que ele também iria. Eu só queria imaginar como Nicholas estaria reagindo àquilo. e eu decidimos assistir algumas coisas na TV, mas acabamos por ficar agarradinhos no sofá nos beijando, namorando e conversando sobre várias coisas. Ele falou da rotina do hospital naquela semana, e eu do bistrô. Eu dei um toque nele sobre Stella estar namorando e por isso fugia, e ele ficou chocado em como não havia percebido nada. Depois contei a ele sobre Alex estar apaixonado por Marianne e ele me contou que seu pai também parecia cada vez mais interessado na senhora Florence. Ficamos um bom tempo ali, nos curtindo, curtindo a nossa folga e só saímos um pouco antes do jantar, já que tínhamos certeza que teríamos visita.
Capítulo 42
(Ne Me Quitte Pas – Maria Gadú)
Quando Stella chegou no apartamento do vizinho, quem abriu a porta para ela, já que eu estava terminando de arrumar a mesa com toda a pompa que , fez questão. Não sei se ele queria me impressionar, ou calar a boca da vizinha adolescente. Se aproximaram da mesa de jantar, cochichando com feições de provocações. E é claro, eu soube que iria rir muito com aqueles dois!
— Olha Amor! Ela veio toda bonitinha, toda menininha! – provocou.
— Você é mesmo detestável, 402! – reclamou a garota se aproximando a mim, risonha e admirada — Oi !
— Será que vamos conseguir jantar com vocês dois, em paz?
Perguntei rindo e abraçando a menina.
— Claro, ao contrário do seu namorado, eu não sou uma adolescente rebelde.
— Ah, imagina! – riu — Realmente sou eu quem ando deixando o seu pai de cabelos em pé...
Stella olhou para de forma acusadora, apontando um dedo quase mortal para ele, que a encarou de cima um tanto debochado.
— O que você quer dizer com isso, !?
— Olha, ela sabe o meu nome!
falou para mim, em falsa surpresa e deu um jeito de provocá-la ainda mais. Os dois ficaram de birrinha durante todo o jantar. Stella me perguntou sobre algumas coisas do meu relacionamento com o Nick, e com o . Falamos sobre , e ela ficou ansiosa para conhecer minha filha e ainda me perguntou se seria possível ela conhecer ao Nicholas. O jantar foi bem agradável e às dez horas, Stella saiu em direção à sua casa despedindo-se. Eu fui tomar um banho, passei por , enrolada na toalha e percebi sorrindo para mim de onde estava. Era estranho estar na casa dele, indo para o banheiro dele. Por mais que já estivéssemos juntos há algum tempo, aquele momento era novo. Até porque, era a minha primeira vez na casa do meu novo namorado. Tudo ali em seu apartamento denunciava seus gostos e suas manias. Era como se, não tivesse como o morador ser outro. Tudo era britanicamente agradável, como .
Em todo aquele tempo eu jamais diria que estaria na suíte de um novo homem, tomando um banho deliciosamente relaxado, escutando uma das minhas canções favoritas e cantarolando tão livre, como se fosse tudo tão certo, e na verdade, era.
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
Cantarolei as frases em francês enquanto esfregava meus cabelos, agora um pouco maiores, e percebi mesmo com o vidro enfumaçado do box, que estava presente, a me ouvir.
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
À coups de pourquoi
Le cœur du bonheur
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Escutei o barulho da porta se abrindo e sorri ainda cantando. estava junto a mim e sem aviso, sem qualquer pudor colou seu corpo ao meu, enquanto sua mão acariciava meu abdômen. Ele ainda estava vestido, denunciando que talvez não pretendesse estar ali, mas acabou não resistindo. O que era completamente entendível, pois resistir a ele, era também um ato de crueldade.
Virei meu corpo ao dele a fim de provocá-lo, e continuei entoando meu francês impecável, em minha voz pouco afinada, mas que segundo era "melodiosa". Não demoramos a nos entregar a um momento totalmente sensual e romântico ali mesmo. Em certo momento, a provocação dita por ele em francês, me deixou extremamente extasiada. falava francês! Seria possível ter algo que não fosse perfeito naquele homem?
Naquela noite, nós tivemos os momentos de amor até então mais safados, e mesmo assim, ainda tinham sabor de romance genuíno. Adormecemos cansados, mas de madrugada, eu acordei. Até porque, meu organismo ainda estava se habituando a ter uma nova rotina regrada de sono, desde que mamãe havia retornado e me ajudava em casa. Percebi as marcas que deixei nas costas de e ri, mas também me arrependi. Passaríamos um fim de semana em Jersey, e com certeza, ele não poderia esconder aquilo. Em todo caso, eu não ligaria nem um pouco se toda a família Jonas tivesse que lidar com aquilo, pois eu sabia que nenhum deles seriam inconvenientes... Já Nicholas... Levantei, e vesti uma camisa de que estava sobre a cadeira indo à cozinha, peguei um copo de água e retornei pelo apartamento à meia luz do abajur que acendi. Parada em frente à ampla janela da sala de seu apartamento, vi uma movimentação na rua. Um carro parado e um casal se pegando dentro dele me fez sorrir, lembrando o início da nossa noite.
— Ei, o que houve? – me perguntou surgindo na sala.
— Nada, mon cher... Apenas vim pegar um copo de água.
Dan se aproximou de mim e beijou meu pescoço. Ainda observando o casal, vi uma menina descendo do carro risonha e estranhamente reconheci as roupas dela. olhou para a rua, e então concluiu:
— Merda, Stella!
— É ela, não é? – falei observando o namorado da garota descendo do carro e dando as mãos para levá-la até a portaria do prédio.
— Essa menina está louca? Que horas são?
tinha um tom preocupado, puxou o próprio relógio numa mesinha perto do sofá e constatou:
— Tarde demais para uma adolescente estar na rua!
— , aquele deve ser o tal namoradinho...
Falei igualmente preocupada. E então a campainha do apartamento tocou. Olhei para a porta surpresa, assim como .
— É ela? Ela já entrou? – ele perguntou, olhei pela janela e não mais a vi.
— Já, mas... Não deu tempo de chegar aqui e porque ela estaria aqui!?
— Então, é o pai dela... – levou a mão aos olhos, os apertando e novamente a campainha soou — Eu até já imagino o que essa peste aprontou! Ela nos usou, ! Escreve o que estou falando!
abriu a porta enquanto eu fui atrás de um roupão de para me cobrir. Quando retornei à sala, os dois conversavam, ainda à porta.
— Oras, Michael, deixe disso! Vamos, entre! Você precisa se acalmar...
Me aproximei de surgindo à porta, vendo a expressão desesperada de Michael e um tanto constrangida.
— Oh, senhorita , me desculpe acordá-los... Stella, sumiu! Certamente esta garota pensa em me matar do coração! Achei que ela pudesse estar aqui...
— Ela não voltou para casa? - perguntei tentando compreender.
— Não, ela voltou sim! Chegou por volta de umas dez horas, dizendo que o jantar com vocês foi muito legal e foi para o quarto.
— Realmente, ela saiu daqui às dez, Michael. Mas, tem certeza que ela não está em algum lugar do prédio?
— Sim, às vezes ela, não conseguia dormir e foi dar uma volta. – respondi.
Michael negava com a cabeça explicando quando e eu, vimos Stella surgir pela porta das escadas, e arregalar os olhos ao ver o pai ali.
— Esta menina tem muita insônia sim, senhorita ! Mas são insônias de rebeldia! Ela vive fugindo com os amigos e amigas e eu quem tenho que passar as noites em claro!
abriu um pouco mais a porta e tocou no ombro de Michael, pensando em acobertar Stella.
— Venha, entre! Vamos pensar juntos numa maneira de encontrá-la...
— Não, não, ! Eu já os incomodei demais!
Michael falou cumprimentando e eu não sabia o que fazer. Nem Stella, que estava parada como um poste de olhos esbugalhados na nossa direção.
— Eu os agradeço... – seu pai virou-se de lado, despedindo-se de nós, quando notou uma presença e então olhou totalmente para trás: — Stella!?
Aproximou-se enfurecido da menina, e eu fiquei preocupada com o que ele faria.
— Onde você esteve, sua irresponsável!?
— Pai, eu posso explicar... – a menina falou um tanto quanto arrependida.
— Calada! Entre agora e me espere na sala!
A garota olhou em nossa direção, envergonhada e com a cabeça baixa obedeceu ao pai. e eu trocamos olhares preocupados.
— Senhor Michael! – não resisti — Se aceita o meu conselho... Mostre a ela que pode confiar no senhor para tudo, para contar tudo. Se for duro demais com ela agora, pode acabar por afastá-la.
Michael suspirou e me olhou com cumplicidade. Talvez por entender o meu conselho de mãe, ele não tenha sentido-se ofendido, e deixou clara a sua própria frustração:
— Eu nunca fui um pai distante dela, senhorita . Juro que eu não entendo o comportamento arredio de Stella, ela é tudo o que eu tenho, e sabe disso... Muito obrigado aos dois, e novamente me desculpem.
Michael saiu entrando em seu apartamento, e e eu retornamos para dentro também.
— Vamos fazer de tudo, para quando a crescer ela poder confiar em nós dois para falar sobre namoradinhos, huh? – falou abraçado a mim.
E então me dei conta. estava falando sobre a criação da minha filha, no futuro adolescente dela, e se incluindo naquilo.
— Você percebe que está se incluindo nisso? – perguntei erguendo os olhos para ele.
— Mas é lógico! Porquê é que eu não me incluiria? Você por acaso pretende me abandonar antes da se tornar adolescente, Bernard? - Dan perguntou em tom ultrajado.
— Eu não. Você está muito ferrado, , porque... – suspirei risonha — Talvez eu não consiga te deixar, nunca.
Havia muita verdade naquilo. E não, não era o meu lado fraco e possessivo de mulher insegura falando. Era uma versão inteira e completa de mim, deixando esclarecido que eu o queria. O queria, talvez, para sempre.
O dia de ir para Jersey havia chego! e eu tivemos uma excelente estadia de recém namorados apaixonados no apartamento dele, mas por incrível que pareça, estávamos muito ansiosos para a viagem até a casa de Kevin. e eu ajeitamos todas as coisas no carro, dele, não me esquecendo de levar a cadeirinha de . Afinal, ela voltaria comigo. Durante o trajeto de Los Angeles a Jersey, nós conversamos em certo momento, sobre a experiência que iria surgir.
— Está com medo? – perguntei.
— Medo? De entrar no território inimigo? – ele zombou me fazendo rir, e então justificou: — Medo nenhum, até porque pelo o que você me disse, a família Jonas não pensa e nem age como o Nicholas.
— Não mesmo, eles são adoráveis. Talvez seja uma situação estranha pelo Nicholas, mas acredito que não por eles.
— Meu amor, eu passo o que tiver que passar, se você estiver ao meu lado.
disse e eu me senti ainda mais confortável e segura. Seria mentira dizer que eu estava achando aquilo tudo natural. Apesar de saber que Danielle foi sincera ao convidar e dizer, que gostariam de conhecê-lo, eu não conseguia me sentir menos estranha. Era algo muito... Inovador? Eu e meu atual namorado, na casa dos meus ex-cunhados, junto com toda a família do meu ex-marido. Ponderei se eu era a única a achar aquilo um pouco esquisito, e cheguei à conclusão que talvez fosse. O meu desconforto não era pela situação ao todo, era pelo fato de que Nicholas era uma caixinha de surpresas, e infelizmente, o único que estaria presente ali, que não aceitou ainda que tínhamos chegado ao fim.
Capítulo 43
(Sempre sentindo falta de quem eu não deveria sentir)
I Hate U, I Love You - Garresh Nash ft. Olivia O'Brien
Narração por Nicholas
Aqueles dias em que esteve comigo, foram como um estalo de que eu jamais poderia me permitir, perder os melhores momentos da vida da minha filha. Até ali, eu reconheço que estava sendo um pai um tanto relapso. Ocupado demais. Revoltado demais com o fato de que, seguiu seu caminho, e que isso também seria uma forma de fazer a minha filha seguir. Então, diante dos risinhos eufóricos de , Alena e Valentina, eu soube que era uma bobeira absurda, temer que ela não me amasse mais como o seu pai. E ao mesmo tempo, percebi que era possível se eu continuasse focado em toda a porcaria de consequência que, eu era obrigado a engolir naquele divórcio.
tem os olhos de . E neles, o mesmo fulgor, o brilho intenso em vontade de viver. E o modo como a minha filha me olha, é tal qual sua mãe me enxergava quando me amava. E foi no momento em que estava correndo atrás de Elvis, meu velho cachorro, seguida por suas primas, com Joseph gritando e dando comandos para o cão fugir das garotinhas... Naquele momento tão familiar, que eu soube: a pessoa mais importante da minha vida era a . Deveria ser ela. E seria.
Pensar daquela forma fizera com que minha expectativa, em torno da chegada de e , mudasse. Eu me propus a ser mais flexível, graças a . Eu precisava ser um pouco mais maduro... Ou melhor... Totalmente maduro, coisa que, por mais que eu deteste assumir, eu não o era com frequência. Quando cheguei com a minha filha na casa do meu irmão, imaginando que em poucos dias a mãe dela estaria ali com seu novo namorado, eu tinha em mente: "Vou mostrar ao , como faz parte dessa família. Da minha família. Vou mostrá-lo como ela nunca deveria ter saído daqui...". Até que um dia antes da vinda dos dois, eu me deparei com aqueles pensamentos diante da felicidade genuína da minha filha em estar conosco. Até que na noite antes da vinda dos dois, por uma chamada de vídeo de para , eu vi que ela estava no apartamento dele. e , avançavam passos destemidos naquela relação, e enquanto isso... Que passos eu dava? Para que direção eu estava indo?
Eu estava sentado à espreguiçadeira do jardim da casa de Kevin, com em meu colo e nós contávamos as estrelinhas mais brilhantes do céu. Meu celular tocou e o peguei no meu bolso, vendo o rosto de denunciando a chamada de vídeo. ao ver sua mãe logo se animou.
— Vem, vamos colar os nossos rostinhos e atender a mamãe! – falei para minha filha que, abrindo um sorriso largo disse junto a mim quando atendemos: — Boa noite mamãe!
sorriu abertamente. Estava feliz, era muito notório, mas eu não poderia dizer se ela estava feliz por nossa recepção. Percebi que ela estava em um lugar diferente da nossa casa, ou melhor... Sua casa. A confirmação veio quando passou por trás dela, numa espécie de sala de jantar americana, e gritou em direção à :
— Olá, !
A expressão de felicidade que até alguns minutos antes estava em minha face, já não era presente. Eu até queria não soar um ciumento e idiota a maior parte do tempo, mas... Como eu poderia esconder a minha surpresa? Como eu poderia sorrir, se ela estava comigo e minha filha, numa chamada de vídeo da casa dele, com a roupa dele, e com um sorriso que eu não via em seu rosto há tanto tempo... Não via desde... surgir.
— Mamãe! Que casa é essa? – perguntou e a partir dali, me calei, concentrei-me em ouvir, apenas encarando o céu estrelado acima da minha cabeça.
— É o apartamento do , filha! Amanhã ele e eu estaremos aí com você, então para sairmos juntinhos a mamãe veio para cá.
— Que legal! O tio também vem pra festinha da Tina, mommy?
— Sim meu amor... – as duas conversavam risonhas com a notícia — E o que você tem feito aí?
Enquanto contava sobre suas brincadeiras, sobre as aventuras com as primas, sobre os divertimentos comigo, eu apenas buscava com meus olhos lacrimejados, com minha garganta sufocada, e com meu peito sangrando, qualquer resposta entre as constelações capaz de me dizer quando eu iria aceitar o nosso fim. Eu não aguentava mais. Era pesado suportar o arrependimento dos meus próprios erros.
Não notei em que momento a conversa entre elas cessou, mas tocou meu rosto com suas pequeninas mãos, o que me fez a olhar surpreso.
— Papai! A mamãe 'tá falando com você.
Olhei para a tela do celular que segurava, e tinha ali um vinco em sua testa, próprio de seu olhar preocupado. Apesar de tudo ela era atenciosa, cuidadosa com todos. Mesmo comigo.
— Nicholas, está tudo bem?
A pergunta me soava um tanto solidária, e eu não queria a solidariedade dela. Não naquele momento. Não naquela hora. Não enquanto estava doendo tanto...
— Sim. – meu balbucio soou embargado, e então eu escapei o olhar para outro lugar que não fosse o olhar de pena de . — Nós estamos nos divertindo muito, não é filha?
E assim, compreendeu-me. O que não era nenhuma surpresa para mim. Ela não se demorou naquela ligação conosco, quis conversar com , e então eu me levantei, deixando minha filha sentadinha ali, e à vontade. Caminhei alguns passos à frente, e permaneci focado em olhar o céu e segurar o choro. Até o instante em que surgiu ao meu lado e me entregou o celular, caminhando até Kevin que não sei desde quando, mas estava parado próximo a nós. Ele pegou a mão dela, a guiando para dentro de casa e dirigindo-me um sorriso cúmplice. Meu irmão, o mais sensível e sensato entre nós quatro, saiu levando minha pequena "eu" para longe. Para onde ela não poderia ver o pai, se desfazendo no amargor dos próprios sentimentos.
Abaixar-me até que caísse sentado na grama molhada pelo orvalho da noite, era a única ação possível enquanto eu sentia lágrimas tão grossas caindo de meus olhos. Em todos aqueles meses eu não me lembrava de ter chorado de forma tão sincera, por causa de velhos problemas. Em todos aqueles meses eu até me dei conta das pequenas verdades afiadas, e dos grandes erros grosseiros da minha conduta. Mas, em todos aqueles meses, foram poucas as vezes em que eu me propus a desistir da , de novo. E mesmo que eu olhasse em volta e percebesse o cenário tão familiar da casa de Kevin e nossos momentos em família, a verdade afiada como navalha fina, cortava minha pele dia após dia. E mesmo que eu olhasse ao meu redor e não visse Priyanka ali, como minha namorada, eu sabia que aquilo não tinha a ver com o fato de querer mudar as coisas com a . Tinha a ver com a parte quase madura que habitava em mim, e que soubera que era injusto com a Pri, estar com ela sem amor. Pelo menos, sem o mesmo amor.
Eu chorei naquela noite, de forma que, se eu somasse todas as lágrimas derramadas em todos aqueles meses, diante todo os meus arrependimentos, o peso maior seria daquele instante. Talvez, fosse o dia tão agradável com a minha filha. Talvez fosse a minha descoberta de que ela era o meu melhor acerto, se não o único. Talvez fosse o amor tão ingênuo e intenso de a mim, que mostrou-me quem realmente importava naquela equação, e que depois daquela pedrada em forma de vídeo-chamada, ficou ainda mais esclarecido.
Entre e eu, não havia resposta exata. Não havia coeficiente positivo. Talvez nunca tivesse existido, e por um erro ou desvio aritmético, deu certo numa única operação simples: a soma. Na matemática dos nossos corações, as operações simples sustentaram o nosso casamento. Na matemática do nosso casamento, a soma de nós dois resultou em : um coeficiente exato e sem brechas para mais cálculos. era o resultado, com final zero. E um final zerado não é um problema irresoluto, pelo contrário, é a conta que fecha perfeita. Sem mais incógnitas, sem mais adições, sem mais expoentes.
Não sei em que momento da noite anterior eu adormeci, mas acordei no jardim, com as lambidas de Elvis em meu rosto, e uma Sophie gritando risonha ao meu lado:
— Nicholas!? Nicholas, seu projeto de ser humano! Eu não acredito que dormiu aqui fora! Olha só, você está gelado! O que tem na cabeça?!
Sophie se aproximou ainda de pijama, um pouco descabelada e preocupada me ajudando a levantar.
— Eu não sei o que houve... Quero dizer, não sei a hora que eu dormi.
— Mas... Você não sentiu frio, sei lá? – ela perguntava segurando meus rosto e analisando meus olhos fundos — Será que você desmaiou? Sua insulina! Vem, você tem que tomar...
— Não, não... Foi só cansaço, Sophie.
Ela me ajudou a entrar para casa, onde Joe surgiu na cozinha, igualmente sonolento e surpreso.
— O que aconteceu?
— O Nick dormiu lá fora! – esbravejou como se eu novamente tivesse culpa de algo.
— Dude! A mamãe vai te matar!
Deixei os dois falando sozinhos e fui em direção ao meu quarto. Não demorou para Joe surgir com uma bandeja de café da manhã, e um chá bem quente, entrando no cômodo sem pedir. Eu ainda estava jogado em minha cama, repassando os pensamentos da noite anterior, pelos quais minha cabeça latejava, e novamente, sentindo algumas lágrimas, dessa vez, fininhas.
— Hey, dude... O que aconteceu? – Joe perguntou de modo cuidadoso, enquanto se sentava à beira da cama, ao notar que eu estava estranho.
— Eu vou desistir, Joe.
A expressão dele era confusa e a minha voz, pesarosa. Eu não queria chorar na frente dele, mas... De que adiantaria guardar aquilo? Em poucas horas os dois estariam na minha frente, e então eu teria de ser um pouco mais resistente do que ontem.
— Você sabe que eu não entendi, não é? – Joe falou com uma cara de boboca que em situações normais, me faria rir.
— Estou falando da . Eu vou desistir.
— Ah... – suspirou — Nick... Eu não tenho nada útil a dizer. A verdade é que... Acabou não é, irmão? Se existisse alguma chance de vocês dois ainda serem um casal saudável, não teria nada a ver com o . Teria a ver com anos atrás, quando o diálogo entre vocês já não era o mesmo... O tempo passou, e com ele as oportunidades.
— A culpa é minha... Eu deixei tudo no segundo plano da minha vida. Só fiz o que eu quis, e o que eu queria nem sempre era o certo.
Joe suspirou e me deu um abraço companheiro. Não que eu esperasse que ele me dissesse qualquer coisa contrária, ou me confortasse... Talvez Kevin diria que eu não era culpado sozinho e coisas assim, mas... De que merda importava a culpa agora? Engoli o choro da manhã. Engoli a culpa. Engoli o fato de que nem meu irmão tinha algo positivo a dizer. E me determinei a engolir o passado, enquanto receberia o futuro daqui há algumas horas, em minha frente.
— Eles chegaram! – a voz de Joseph ecoou pela casa.
Eu terminava de lavar a louça para Daniele, e não me movi em ir até a direção dos dois. Permaneci ali, e escutei a felicidade de todo mundo ao recebê-los. Mamãe e papai elogiavam a beleza de . Kevin, Joseph e Frankie cumprimentavam , as crianças pulavam na tia "", e minha filha... Minha pequena correu para o colo do "tio ", eu pude notar. Rapidamente, os dois estavam entrando pela cozinha, junto a todo mundo, já que estava quase na hora do almoço e preparávamos tudo juntos.
— Minha nossa, Nicholas! Cadê a sua educação? Largue isso e venha cumprimentar a mãe da sua filha! – mamãe falou me arrancando da pia, me olhando como se me perguntasse se eu estava com medo.
— Não precisa de alvoroço mãe, e ficarão conosco o fim de semana todo, não é? – falei fingindo não me importar com os dois diante de mim, de mãos dadas: — Olá, .
Estendi minha mão em direção a ela, e não apenas , como todos ali nos olhavam estranhando. O que afinal achavam que eu faria? Daria um beijo na boca dela? Quem me dera! pegou minha mão de volta num aperto, e em seguida fiz o mesmo com .
— Não é a minha casa, mas bem-vindo . – E de repente todos fizeram silêncio me encarando. — O que é? Eu falei alguma coisa errada de novo?
— Obrigado Nicholas, espero que possamos ter um fim de semana amigável. – falou sincero com aquele sorriso de "senhor Listerine", impecável.
— Não se preocupe. O seu fim de semana será.
Respondi e pedindo licença retornei para a louça suja na pia. Me mantive um bom tempo calado. Não queria mesmo interagir naquela hora.
Eu não sabia o que teria acontecido com Nick, tampouco o que teriam dito a ele, mas confiei nas suas palavras. Confiei de que realmente tivesse um bom final de semana, até porque, eu estava uma pilha!
Por incrível que pareça, quando chegamos na porta dos Jonas, eu só sentia que tinha alguma coisa muito fora do lugar. E não, não era , era comigo. Eu não achei que precisaria de tanta coragem para entrar ali, na família do meu ex-marido e dizer: "oi pessoal, esse é Daneil, meu namorado!", por mais que a situação não precisasse de apresentação nenhuma. Quando nós fomos recebidos, me senti um tanto mais confortável. Paul e Denise foram extremamente simpáticos com ele, porque apesar de já saberem sobre nós, e terem visto algumas vezes... Bem... Eu estava ali oficialmente com ele como o meu namorado, não é? E nem preciso falar nada sobre Joe, Sophie, Kevin, Danielle, Frankie e as crianças... Todos foram afáveis. Mas, eu não tinha visto Nick. Então, quando Denise o arrancou da pia para nos cumprimentar, eu apertei a mão de um pouco nervosa. Quais reações o Nicholas poderia ter? Ouvi-lo dizer que o fim de semana de seria amigável, me trouxe certa calma ao coração. Contudo... Ainda havia alguma coisa estranha em Nicholas. Desde a chamada na noite anterior, eu notei.
Kevin nos acomodou em um dos muito quartos de sua casa, e a sós, e eu pudemos respirar aliviados pela chegada, tranquila. entrou no quarto minutos depois que já havíamos entrado e puxou-o para conhecer Elvis.
— Elvis? – ele me perguntou.
— O nosso cachorro. – falei num ato falho sem pensar e logo me corrigi: — O cachorro do Nicholas...
apenas sorriu e beijou minha testa antes de sair com no colo. Caminhei até a janela do quarto e vi a área da piscina, onde o Golden Retriever idoso de Nick, descansava.
— Puxa vida... Quanto tempo, huh, Elvis? – falei sozinha me lamentando pela separação com o cachorrinho.
— Ele já está perdendo os dentes, e as meninas fazem o que querem com o coitado.
A voz atrás de mim, de repente gelou minha espinha. Olhei para trás e Nick estava apoiado no batente do quarto.
— Você pode vê-lo quando quiser, .
— Obrigada... As coisas aconteceram tão rápidas, embora pareça que já fazem anos, que eu nem tive a sensibilidade de pensar em como Elvis estava. Me sinto péssima por isso, me desculpe! – falei genuinamente culpada.
— Relaxa! Ele nunca gostou tanto assim de você. – a voz de Nick era irônica, apesar da tentativa de me chocar, e ele soube que eu não cairia naquela: — Você sempre entende quando eu estou brincando. Não tem graça.
— Desculpe Nicholas, mas eu aprendi a te ler o suficiente.
— Talvez.
O olhar triste dele direcionou-se ao meu e me senti sufocada. Mas não sufocada como todas as vezes que ele soava invasivo. Era uma insegurança, nova, e também já conhecida. Um sentimento de rompimento de ciclos. E a minha intuição me dizia que ali naquele fim de semana, talvez um ciclo estava prestes a se romper.
— Talvez eu não tenha aprendido a lê-lo o suficiente para nos fazer durar, mas, eu ainda sei quando você não está bem.
Eu mal podia acreditar que eu estava realmente entrando naquela zona sentimental com Nicholas. Mas, que droga estava acontecendo comigo? E porque meus pés iam se aproximando dele?
— Não tem como eu estar bem, não é? – ele respondeu de uma vez e eu parei de andar, ficando rígida no meio do quarto: — E acho que é algo compartilhado, visto que você também está apavorada. Eu estou vendo em seus olhos, .
O minuto de silêncio foi rompido pela voz de Danielle ao fim do corredor um grito feliz de criança, ao lado de fora.
— Bem, eu só subi para saber se vocês estavam bem acomodados, a pedido da Dani. Mas, ela está vindo então...
Nicholas falou e virou-se saindo do quarto tão silencioso quanto entrou. Danielle o observou ao cruzar a porta com ele, e me encarou preocupada.
— Ele não começou a fazer merda, não é?
— Não... – falei sorrindo e indo até ela a abraçar — A gente só estava conversando.
— Conversando? Sem provocações?
— Talvez o Nick esteja crescendo.
— Hm...Isso seria adorável! – Danielle falou rindo e me enchendo de perguntas sobre as acomodações.
Capítulo 44
(Say You Won't Let Go - James Arthur)
O primeiro dia na casa de Kev, foi muito tranquilo. Nós almoçamos todos juntos com uma aura de paz, familiaridade e felicidade. Mas, Nicholas destoava um pouco na última. Apesar de interagir com todos nós, de rir, brincar com as meninas, se sentir à vontade com seus irmãos, com sua família afinal, ele ainda parecia um pouco "discreto" demais. Nicholas não era de ficar fora do foco de luz, mas naquele dia estava. Concentrou maior parte de sua atenção à , em todas as vezes possíveis em que ela não estava comigo ou . E em relação a diálogos, ele não conversava comigo ou com , nem sós, tampouco juntos. Estava bem nítido para mim, que Nicholas estava delimitando uma linha de distância, e no final, era melhor. Por poucas vezes em todo aquele tempo eu me deparei com uma atitude tão sensata por parte dele.
Os preparativos para a festa de Tina estavam quase todos finalizados. Seriam apenas nós familiares, e alguns amigos de Kevin, Dani e das meninas. Apesar de familiar, Dani não abriu mão de uma festinha bem feita, com decoração e tudo o mais que vinha preparando naqueles meses. E lógico, ainda tinham algumas coisas a serem colocadas no lugar, Dani notou que faltariam bexigas de aniversário e que precisaríamos de mais, porém, já era noite e não daria para comprar nada. Terminamos o que foi possível na noite de sexta, e aproveitamos para curtir a presença uns dos outros no jardim, antes de dormir. Joseph cismou que queria fazer uma fogueira para comer marshmallows com as meninas, o que gerou diversão geral com Frankie e ele torrando as lenhas da lareira, Danielle e Denise os bronqueando pela bagunça, e claro... Todo mundo adorando a ideia no final, o que deixava Joe um tanto quanto convencido.
Na hora de dormir, finalmente e eu ficamos a sós, porque ainda queria dormir com o pai, e assim nós pudemos conversar um pouco sobre a recepção.
— Como foi o seu primeiro dia na casa dos Jonas?
— Adorável! — ele respondeu — O que é também, estranho... A família Jonas é mesmo uma família muito amorosa.
— Por que achou estranho? — perguntei preocupada em algo ter sido dito a ele que eu não tenha presenciado, e apoiei-me em seu tronco para me erguer ficando cara a cara com .
— Tire esse olhar preocupado do seu lindo rosto, má chérie. — falou percebendo minha preocupação e me fazendo sorrir — Eu quis dizer que é estranho o Nicholas agir tão diferente, quero dizer... Até que no meio da família ele é um cara legal. Eu o observei, mas também, não é como se eu confiasse nele.
— O Nick é um cara legal, . — suspirei defendendo meu ex-marido — Eu não teria me apaixonado se não fosse, mas... Sei lá, aconteceu algo no meio do caminho. Ou talvez eu que não tenha visto toda a insegurança dele. Lembro que uma vez, nós viajamos para uma cabana de inverno... Foi nossa primeira viagem juntos. E ele me mostrou mais vulnerabilidades do que gostaria. Eu que não percebi. Só me dei conta disso depois...
observava minhas palavras atento. Tinha algo de curioso em seus olhos, mas também, algo de compreensivo. Sacudi a cabeça afastando as memórias e me aproximei mais de meu novo namorado, selando nossos lábios num beijo.
— Eu estou feliz que você está aqui.
— E eu estou feliz em estar aqui, . Agora... Seu ex-marido estar arredio tem a ver com o fato de que Priyanka não estar aqui?
Encarei , surpresa. Eu não tinha dado falta dela ali, mas fazia sentido. Nick dissera-me tempo atrás de que eles iriam terminar ou algo do tipo, então talvez fosse aquilo... Nicholas estava sozinho? Me aninhei ainda mais em e sorri desconversando:
— Não faço ideia, mas vamos dormir. Amanhã será um dia e tanto! Dormimos rapidamente, e no dia seguinte, eu acordei primeiro. Deixei descansar mais um pouco pela viagem, e me arrumei para descer, quando cheguei na sala, vi que Paul assistia televisão. Caminhei até ele o abraçando e cumprimentando, e logo fui à cozinha, onde ele Denise e Danielle estavam reunidas segundo Paul.
— Bom dia! — falei animada, vendo as duas afoitas em anotações e conversas.
— Bom dia, ! — Denise soltou tudo e veio abraçar-me — Passaram bem a noite?
— Maravilhosamente. Mas, deixei descansando mais um pouco. — Imagino que por ser médico, boas noites de sono para ele sejam raras, não é? — Dani falou me abraçando em seguida.
— É, somos um casal de pessoas que não dormem direito. — falei e ri em seguida.
— Mas, com Meg aqui as coisas estão aliviando, não é?
— Estão sim, Dê! Mamãe está ajudando demais!
— Ela vai vir, não é? Não aceito essa desfeita! — Danielle já adiantou-se.
— Vem sim, junto com Tony e Miley.
Antes que elas respondessem, Nicholas entrou à cozinha sem camisa, com uma bermuda esportiva e um tênis de corrida, boné na cabeça e sua carteira nas mãos. E pelo tempo sem vê-lo daquela forma tão folgada em casa, eu me senti um tanto mexida. Mais até do que gostaria de admitir.
— Pronto mamãe! Só pegar as chaves agora e o meu telefone. Vocês querem que eu traga... – ele parou de falar ao me ver na cozinha e ficou me observando, certamente notou que eu estava constrangida:— ? Bom dia, tudo bem?
— Bom dia Nicholas. Tudo sim.
— Ande logo Nick! Você tem que ir no Westgate Plaza! É o único lugar que vai encontrar tudo o que falta, sem ficar rodando por aí! — Danielle falou pegando a lista de coisas a serem compradas e entregando a mim.
— O que é isso? – perguntei.
— Sabe que eu não confio no Nicholas para comprar nada. Ele é sem noção.
Denise observou a situação um pouco mais sensível do que Danielle, que parecia ter se esquecido que nós não éramos mais casados.
— Mas está mais do que na hora de Nicholas aprender que não pode gastar três mil dólares em mercado a cada compra! Ele já não tem mais a para fazer isso. — Denise falou e só então Dani notou que poderia ser estranha aquela situação.
Olhei para Nicholas que suspirou e olhou para o chão contrariado por sua mãe dizer aquilo, daquela forma que eu sei, deve tê-lo magoado. Então decidi que era uma oportunidade perfeita para ressignificar qualquer coisa que envolvesse nós dois.
— Não, Dê! Tudo bem! Eu só vou avisar ao que estou saindo. Acho que uma ida ao mercado com o Nick fará bem a nós dois, porque agora, temos que tentar ser ao menos amigos. Temos uma filha, e entre nós agora, é ela quem importa. Vamos aprender a conviver com isso, não é Nick?
Ele apenas me olhou com os mesmos olhos castanho-esverdeados que me encararam chegar no dia anterior. Um tanto quanto tristes e desmotivados.
— Vou ligar o carro.
Nicholas saiu puxando uma camiseta que estava no sofá e a vestindo, troquei olhares com as outras duas que pareciam entender a minha intenção. Coloquei a lista no bolso do meu shorts e subi para avisar . Apesar de acordar um pouco assustado ele entendeu o recado e não se abalou com o fato de eu ir fazer compras com meu ex. não tinha um terço da insegurança de Nicholas e eu não me sentia menos amada por aquilo, pelo contrário.
Dentro do carro, Nicholas ligou o rádio e eu observava a paisagem através da janela. Estar em Jersey com ele a caminho de um super mercado não era estranho, era familiar. Foram muitas as vezes que fizemos aquele percurso juntos. Olhei para o banco de trás onde estava a cadeirinha de e não evitei pensar em como éramos felizes em pequenos momentos como aquele. Nicholas pareceu entender meus pensamentos e nós trocamos olhares naquele instante ao som de Shalow Now tocando no carro, e eu percebi que foi uma péssima ideia fazer aquilo. Tanto ligar o rádio quanto estar ali. Nicholas parou no sinal e nós continuamos nos olhando, enquanto a merda do lindo e romântico refrão ecoava. Até que ele desligou o rádio sem esperar a música acabar, e eu vi uma lágrima descendo em seu rosto. E odiei que ele tenha permitido-a descer, porque a lágrima dele puxou as minhas.
— Que droga Nicholas! — reclamei desviando o olhar e enxugando a minha lágrima.
— Até meu choro é proibido? Eu não sou um monstro e você sabe disso! Tem um coração ferido no meu peito e você não pode me impedir de estar arrasado com tudo isso, .
— Eu sei... Desculpe... — o olhei e segurei a voz embargada — Não estou dizendo que não possa, mas... Que droga!
— Eu sei. É mesmo uma droga.
Nicholas ia falar mais alguma coisa, mas o semáforo abriu e então ele seguiu. Durante todo o trajeto não conversamos, e quando chegamos no mercado, o foco nas compras nos ajudou a não pensar em como parecíamos tão feridos no meio daquela atmosfera. Entre uma prateleira e outra dos itens decorativos, Nicholas realmente parecia não ligar para o que Danielle tinha escrito, e queria levar as coisas mais extravagantes e brilhantes para Tina sentir-se uma princesa. Mas a sorte de Dani é que eu estava ali e pude o impedir.
— Não vamos levar este quantidade de coisas em dourado! A festa é rosa com tons sutis de dourado e prateado, tema de unicórnio, não viaje Nick! Sem falar no preço! Nicholas olha a diferença de preços nesses itens!
— Se é mais caro é melhor! Essas bexigas vão estourar nos seus lindos beiços enquanto as enche, !
Discutíamos no corredor e só notamos que tinha gente prestando atenção quando uma senhorinha passou por nós rindo.
— Olha aí, você fazendo escândalo.... – sussurrei.
— Você nunca me deixa fazer escândalo sozinho, pare com essa pose! Ele riu e eu não aguentei, ri também. Era verdade. Eu sempre alimentava as brigas que ele começava. Nicholas riscava o fósforo, e eu geralmente assoprava a brasa, então fazia sentido. Começamos a rir e ele devolveu as coisas que havia pego me deixando fazer tudo do meu jeito.
Foi um momento calmo e felizmente depois daquilo, conseguimos esquecer o ocorrido dentro do carro. Caminhamos lado a lado risonhos no estacionamento, e então Nicholas disse, enquanto colocávamos as compras no porta-malas:
— Aceita dar uma volta rápida?
— Uma volta?
— É, só uma volta.
— Ok.
Nick sorriu e então entramos no carro novamente. Nicholas dirigiu até Lakewood, por onde pudemos caminhar em torno do lago. Descemos do carro e sorrimos um para o outro, e observamos o lago que não vínhamos juntos há tempos.
— Kevin sempre esteve certo em não sair de Jersey, sabe? A gente cresceu aqui. Sempre teve essa atmosfera de porto seguro para nós. Criar as meninas aqui é uma escolha sábia.
— Kevin é o mais inteligente entre vocês quatro.
Nicholas me olhou surpreso e gargalhou.
— Joe vai te odiar quando souber que você pensa assim.
— Ele sabe. No fundo Joe sabe que eu o acho o mais divertido, Frankie o mais fofo e você... — Nicholas me encarou com a sobrancelha arqueada e um sorriso de dúvida — Você sabe o que eu penso.
— É... O mais caótico.
Ele sorriu e então bati em seu braço com o meu.
— Pare de drama! Eu ia dizer o mais sexy! Esse era o seu posto entre seus irmãos. Foi isso que me fez casar com você e te suportar tanto. — respondi e Nick riu.
— Ora, ora! Então eu fui só um rostinho bonito para você! Que coisa feia, Bernard!
A brincadeira pareceu tão leve que foi quase como voltar ao início de tudo aquilo. Parei de caminhar e me virei para o lago, com os braços cruzados olhando aquela natureza bonita ao redor. Nicholas viu que eu não estava mais ao lado dele e retornou parando ao meu lado também.
— Você sente falta de alguma coisa? – perguntou no nosso silêncio.
— Eu senti. Senti muita falta de várias coisas Nick. Mas... Se tem algo que eu sinto falta atualmente é disso. – apontei para nós dois — Da gente, desse jeito. A nossa amizade começou com tudo, seria importante pra mim, se tudo acabasse no mesmo jeito.
— Eu te amo. – ele disse com o rosto novamente transformado — Eu te amo mesmo, e eu não vou conseguir terminar em amizade, pelo menos não agora . Mas, entendo o que você diz... A gente era divertidos juntos, não é? Tão opostos e tão iguais...
— É.. A gente era... Uma coisa meio única.
— Intensos.
— É... Intensos. – falei e senti que as lágrimas poderiam vir de novo.
— , eu sei que ser amigos é só o que dá para ser agora. E sei que isso é o mais importante por causa da então... Eu queria poder te dizer que... — suspirou e tomou fôlego dizendo firme: — Ainda dói, ainda estou dilacerado, mas eu sempre vou estar para vocês duas como nunca estive, porque eu estou definitivamente decidido a apagar todas as nossas memórias juntos como um casal. Eu vou te apagar da minha cabeça e do meu coração , porque assim eu posso preencher com uma nova versão sua. E é pela que eu vou fazer isso, porque te apagar de mim vai ser a maior prova de amor que eu posso dar a vocês duas.
As palavras de Nicholas pesaram tanto, pesaram tanto em meu peito que eu não consegui controlar o choro de novo. Eu entendia cada palavra. Quando se ama tanto alguém e os olhos permanecem tendo que ver este amor, a única forma de sobreviver é cortar a parte do coração em que este amor faz morada. Mutilar o peito é a única forma de se libertar de um grande amor, para assim como as estrelas do mar fazem, outro pedaço novo crescer, pronto para preencher-se com outro alguém. Não se planta uma nova e grandiosa colheita em cima de um terreno que já está plantado e com pouco espaço.
— Eu te entendo. E eu só quero que você seja feliz Nick. Por favor, antes de me dilacerar de você, pode ao menos se lembrar dessa promessa que me fez?
Nicholas então chorou. Na primeira vez que nós percebemos que as coisas não estavam dando certo entre nós, eu pedi a Nick que me prometesse, que apesar do que viesse entre nós no futuro, que ele se faria feliz. Que ele buscaria a própria felicidade nele, e não em ninguém.
— Eu vou ser. E você, já está num bom caminho, então... Por favor, seja feliz também.
Se eu não o abraçasse naquele momento, eu seria muito cruel. Cruel comigo, porque eu queria muito o abraçar. Então sem esperar que ele me pedisse ou saísse, eu o puxei para um abraço. E ficamos ali, abraçados um no outro chorando em uma despedida que era a nossa despedida definitiva, sabíamos, por mais minutos do que achávamos que seria. E depois de nos soltarmos e respirarmos fundo, Nicholas limpou meu rosto com suas mãos e beijou minha testa.
— Obrigada por tudo . Eu precisava vir aqui e te dizer, que eu estou oficialmente desistindo de você. – falou e apontou o outro lado do lago.
Tão longe que eu quase não poderia ver, havia um píer do outro lado. Olhei para Nick, sem entender.
— Estamos em Lakewood. Não se lembra? Viemos só uma vez aqui, mas foi onde tudo realmente começou.
E então mais lágrimas desceram em meus olhos. A cabana de inverno. A cabana onde Nick e eu viajamos juntos pela primeira vez. A cabana onde fizemos amor pela primeira vez e profetizamos que ficaríamos juntos por toda a nossa vida. Estávamos no mesmo lago, e do outro lado dele, onde eu não poderia enxergar direito, estava a cabana de Nick.
— Você... Você devia ter me dito! – reclamei sentindo as lágrimas escorrerem mais pesadas.
— Talvez agora, eu possa vendê-la. Não sei se faz sentido continuar sendo o meu esconderijo...
Olhei novamente para o lago e suspirei pesado. Esperei tanto por aquele momento em que Nicholas se libertaria de mim e assim, me deixaria livre também, que eu não estava sabendo lidar com o fato agora. Não estava sendo menos doloroso só porque eu estava há mais tempo pronta para superar.
— Vamos embora! Danielle é capaz de me matar se alguma coisa atrasar ou der errada!
Nick riu e me puxou pela mão para o caminho de volta. Eu não conseguia dizer mais nada, queria muito chorar, mas não podia fazer aquilo na frente dele. Então, retornamos o caminho calados e concentrados cada um no próprio luto. Eu não sabia dizer o motivo pelo qual Nicholas tivera aquele insight, ou porque justo agora, mas uma hora teria que acontecer. Uma hora ele diria adeus, e eu já esperava por isso, só não imaginei que seria naquele momento.
Chegamos em casa com as compras e todos já estavam acordados e risonhos. estava cozinhando e uma gritaria de mulheres na cozinha me deixaram preocupada, então ao entrar, vi os homens de um lado da bancada, com suas respectivas companheiras e ao fogão jogando alguma coisa numa panela.
— O que está acontecendo aqui? – perguntei rindo e Nicholas também olhou a tudo, surpreso.
— Chegou a chef! Literalmente A chef! – Joe falou rindo e dando ênfase.
— Fui desafiado amor! Eles disseram que ser namorado de uma chef três estrelas me obrigava a saber ao menos fazer boas panquecas americanas, já que eu não poderia saber por ser britânico! Mexeram no meu ego, má chérie! – explicou fazendo a todos nós rirmos.
E eu iria defendê-lo, mas Nicholas se adiantou e o fez. Eu fiquei surpresa, todos ficaram surpresos e olhou para Nick e em seguida para mim, ele soube que algo aconteceu pelo modo como Nicholas bateu em seu ombro.
— Não caia nessa pilha ! Eu fui casado com ela por oito anos e não sei fritar bacons decentes, e piora por que eu sou americano. Eles só querem te explorar.
Observei e Nicholas sorrirem amenos um para o outro e ao mesmo tempo em que eu estava feliz, eu estava bagunçada. Nicholas como sempre era um turbilhão em minha vida, ele não me preparou nem mesmo para lidar com aquele novo modelo de homem que estava superando.
— Ora Nicholas, seria muito bom ter você como um consultor de todas as coisas que eu preciso aprender aqui. Posso encarar seu conselho como um novo início entre nós?
não era de fazer cera. Ele entendeu a aproximação de Nicholas, tal como entendeu que não era o momento de exigir muito, mas talvez, estender uma bandeira branca sutil.
— Um novo início. É, podemos dizer isso.
Os dois trocaram um aperto de mão e Denise sorriu para Paul emotiva. E quando a vi chorando, eu não consegui não chorar, então saí para a sala, e notou. Quando conseguiu ficar livre das panquecas, ele veio até mim. Eu estava sentada na varanda da frente, acariciando o pêlo de Elvis, quando meu namorado sentou-se ao meu lado me puxando num abraço pelos ombros.
— Se despediram bem?
Era incrível como era perspicaz e sensível.
— Sim. Ele jogou a toalha, e... Eu acho que agora sim, acabou.
— E como você está se sentindo?
— Eu estou feliz por isso, mas ao mesmo tempo, é... Esquisito. Nicholas vem sendo imprevisível desde o início, mas hoje... Eu só acho que não esperava que seria nessa viagem, nessa ocasião que ele assumiria o fim, sabe? Sei lá... Acho que eu mais vim preparada para uma novela mexicana do que um final de filme clichê.
— Ei... – puxou meu queixo para me olhar: — Tudo bem não se sentir tão bem quanto achou que seria, eu entendo a pressão emocional que é estar nesse lugar, nessas circunstâncias e com ele e sua filha ainda... Não ache que sou ingênuo, eu sei que isso mexe com você. Mas, eu estou aqui, e sempre estarei, ok? Não precisa ter medo de me contar nada.
Olhei para e não evitei o riso. Apesar de seu olhar compreensivo e seu sorriso gentil, eu notei que ele estava tenso. E imaginei bem o motivo, então decidi ser direta, sincera e até sorri com aquilo:
— Nós não nos beijamos, .
— Graças a Deus! – ele fez um falso drama levando a mão ao peito e me fazendo rir, até que explicou: — Brincadeira, só queria te fazer sorrir.
— E conseguiu. Mas, nós fomos até Lakewood caminhar juntos e conversar, e rolou um abraço. Um abraço de despedida oficial.
— Eu sei. Vocês foram fotografados e a notícia já chegou no Kevin.
— O quê?!
sorriu dando de ombros e quando olhei para a frente da casa de Kevin, que era uma típica casa sem muros, grades ou cercas, observei um carro parado do outro lado da rua.
— Aquilo é...?
— Um paparazzi. O Kevin sabia, pelo visto, que ele estaria aqui. Só que ele não avisou a Danielle, eu acho... Enfim, talvez ele te explique melhor. Sorte sua não ter o beijado, , eu ficaria ofendido de verdade!
me encarou com um semblante sério enquanto eu ainda estava chocada.
— Não por beijar ele, claro. Meu beijo é bem melhor, eu aposto. Mas eu ficaria ofendido de você me colocar chifres na mídia, e nem me avisar para eu ao menos treinar umas poses bonitas.
— Você é inacreditável, ! – falei gargalhando — Vou consertar qualquer problema, vem aqui...
E enquanto ele ainda ria, o puxei para um beijo. Pronto, mais material para os paparazzi. Em seguida Nicholas chegou na varanda, enquanto a gente se beijava, e parecia ciente do carro ali, já que nos serviu bebidas e sorrindo falou qualquer coisa que não fazia sentido para nós.
— Ele beija tão bem quanto atua? – me perguntou depois que ele saiu.
— Isso não é pergunta que se faça, ! – desconversei e o puxei pela mão até dentro de casa.
Capítulo 45
Quando eu apertei a mão de na cozinha, e minha mãe e meu pai trocaram olhares orgulhosos e emotivos entre si, notei que estava no caminho certo. Apesar de ser difícil e doloroso. Mas antes que eu pudesse falar com mamãe, Kevin apontou para que eu o seguisse até o quintal dos fundos.
— O que houve?
— Reparou no carro te seguindo? – Kevin perguntou direto, mas baixinho.
— Não... Não vi nada, o que houve?
— Eu tive que concordar com um paparazzo na porta de casa, e fiz um acordo com a emissora para ele não ficar aqui amanhã durante a festa, poderia fazer campana hoje, mas você saiu antes de eu acordar e te avisar. Danielle não sabe ainda, porque eu não queria deixar ela preocupada.
— Hm... Então tem um carro aí na frente e ele me seguiu? O que já saiu na mídia? – perguntei pegando meu telefone no bolso, e Kevin estendeu o aparelho dele aberto na foto.
— Vai sair. Ele me mandou antes, só para aviso. Não é como se eu tivesse conseguido um acordo para bloquear isso também, eles sabiam que você viria, que viria, e o fato de Priyanka não estar aqui ainda é mais especulação. Desculpe Nick.
A foto era do momento em que e eu estávamos abraçados no lago. Passei para o lado, e pude ver outra, de nós saindo do mercado juntos e risonhos.
— Merda... Eu pedi a Pri para vir antes, mas eu não posso exigir nada...
— Acalme-se Nick. – Kevin sorriu — Não fica preocupado, você não tem culpa. Você e a não fizeram nada errado, e o jeito é a gente mostrar que não tem nada demais acontecendo. Eu não sei o que rolou entre vocês, mas eu já falei com o e ele deve estar conversando com a agora.
— Ele reagiu bem a isso? – perguntei surpreso apontando a foto no celular em minha mão.
— Ele disse que não viu nada de mais nisso. Que ela explicaria o que aconteceu quando quisesse. Ele é seguro, Nicholas.
Revirei os olhos. Era óbvio que Kevin começaria a dizer qualquer coisa para me menosprezar, mas, meu irmão me surpreendeu ao dizer:
— Estou orgulhoso e feliz por você Nick. – então o encarei e ele me puxou para um abraço: — Sempre serei o seu irmão mais velho, e sempre estarei aqui para te ajudar a ver o melhor caminho, ok?
— Obrigado. – suspirei — E agora? O que eu faço com isso?
Kevin olhou para a foto e então pensou e disse:
— Mostre a eles que você aceitou o fim. E uma boa forma de fazer isso, é ser gentil com os dois.
Ponderei sobre aquilo e ele estava certo. Então entrei junto ao Kevin, peguei dois copos de suco e levei até a varanda, onde Sophie disse que o casal estava. Deparei-me com os dois se beijando apaixonadamente e pensei que eu realmente deveria ter jogado pedra em Cristo.
— Um pouco de suco para aplacar essa sede de vocês, casal. – olhei para frente e lá estava o carro, provavelmente nos fotografando, então sorri e falei fazendo piada: — Apesar de tudo, estarei com a mangueira do jardim por perto, ouviram?
e pegaram o suco me olhando estranhos e eu entrei. Joe me esperava do lado de dentro com uma expressão de orgulho sarcástico e batia palmas. Bati em sua cabeça e fomos rindo para o fundo da casa, e eu realmente falei sério. Eles não achavam que eu fosse aceitar cenas de romance explícito entre os dois na minha frente, não é? correu até mim, logo que acordou e disse que sentiu o cheiro de panquecas e estava faminta.
— Foi o tio que fez filha! Será que está bom? – perguntei a sentando na bancada da cozinha.
— Tá sim papai! Ele faz mingau gostoso! – falou convicta e atacamos juntos a uma panqueca.
Quando entrou na cozinha, nossa filha a chamou e então eu fui atender meu telefone um pouco distante de todos. A ligação de Priyanka não poderia ser mais providencial, e também, uma surpresa para mim.
— Pri?
— Oi Nicholas... Eu, só estou ligando para dizer que estou chegando à casa de Kevin. Na verdade, eu estou estacionada na rua, mas notei um paparazzo, então fiquei na dúvida do que eu deveria fazer...
— Ainda bem que veio Pri! Achei que recusaria e só fosse chegar amanhã e... – comecei a justificar, mas ela me interrompeu de forma ansiosa.
— Nick, podemos conversar depois sobre isso, agora, eu preciso saber o que fazer. Ele vai notar o meu carro parado aqui.
— Certo. Certo! Venha, pode vir! Eu te explico depois o que está rolando, mas teremos que encenar na frente dele, tudo bem?
— Claro. Não é muito diferente do que acordamos entre nossos agentes. Me receba na entrada.
Priyanka desligou e eu suspirei. Estava me sentindo esquisito por aquela situação, ela chegaria e eu teria que fingir externamente com ela, e quando entrasse em casa tudo seria como antes. Só que, com o casal do momento se agarrando pelos cantos da casa. Os sentimentos tóxicos que eu vinha nutrindo por todo aquele tempo ainda reverberavam em mim. Não poderia ser diferente, ninguém supera seus defeitos no momento em que se dá conta deles, eu ainda teria um tempo doloroso de solidão e culpa. Mas, por , eu faria o meu melhor.
— Filho? Está tudo bem? – minha mãe apareceu ao meu lado, enquanto eu ainda encarava o aparelho telefônico em minhas mãos, pensativo.
— Sim mãe. A Pri chegou, preciso recebê-la.
Mamãe assentiu e eu fui em direção à entrada da casa. Quando desci as escadas da varanda, vi Priyanka estacionando em frente ao gramado. Caminhei apressado até ela, mas não por fingir demonstrar saudade, porque eu realmente sentia a falta dela. Priyanka era minha amiga, apesar de tudo. Ela descia do carro e dava a volta pela frente dele, quando fui a sua direção de repente, pegando-a desprevenida ao mexer em sua própria bolsa, e a abracei, nos rodopiando.
— Nicholas? – a voz dela demonstrava que Pri não esperava por uma demonstração daquela, e eu ansiava para que ela não me odiasse pelo o que eu faria.
Quando a coloquei de volta ao chão, ela ainda ria pelo momento, então a beijei sem aviso prévio. Ao contrário do que imaginei, não foi um beijo estranho, foi exatamente o beijo que sempre tivemos.
— Você adora um palco, não é? – Priyanka sussurrou depois que nos separamos.
— Desculpe te deixar desconfortável.
Trocamos aquelas palavras com sorrisos e trocas de carinho em encenação à frente dos cliques que já sentíamos atrás de nós, do outro lado da calçada. Subimos o gramado de mãos dadas e naquele momento, eu pude explicar a ela o que acontecia. Ao entrarmos na casa, Sophie e Joseph estavam brincando de alguma coisa em que um perseguia ao outro, e ao verem-na chegar, calorosamente a cumprimentaram.
— O que todos sabem? – Priyanka perguntou a nós três sem cerimônia.
— Acho que com exceção das crianças, todo mundo sabe que você chutou o Nick. – Sophie falou debochando.
— Você está a cada dia pior, e o que me chateia é saber que o Joe te ensina essas coisas! – brinquei.
— Não fala assim com a minha futura esposa, Jonas número 3!
Pri e Sophie riram apertando as bochechas de Joe como se ele fosse um bom homem. Um cretino! Porque tanto como Kevin, ele realmente era.
— Bem, todos sabem. – respondi à Priyanka — Eu vou estacionar o seu carro na garagem e trazer as suas coisas para dentro, me dê sua chave, por favor.
Ela assentiu entregando e eu saí. Não sei o que ela conversou com meu irmão e Sophie, como foi recebida por todos, embora... Ninguém faria nada de errado, é óbvio! Mas, me preocupava como Priyanka e reagiriam. As duas sempre foram cordiais e educadas, um tanto pacientes também, eu confesso. Mas, era diferente naquele momento. Pri e eu não éramos mais um casal. e eu, tampouco. Estar entre as duas como parte de um triângulo que não existia mais era algo novo. Para minha surpresa, ao retornar, lá estava Priyanka cheia de sorrisos conversando com e , no quintal dos fundos onde todos se reuniam em organizar os preparativos.
— ! Pode pegar os painéis para mim, por favor? Estão no meu quarto! – Danielle gritou de um ponto onde armaria a tenda do bolo, na área externa interrompendo as duas mulheres.
E eu que me aproximava consegui escutar Priyanka a dizer:
— Eu te ajudo!
As duas passaram por mim, em silêncio, mas sem sinal de tensão. Talvez fosse só eu que estivesse esquisito com aquilo. E talvez minha expressão de desespero fosse muito clara, porque um copo com algo alcoólico surgiu em minha frente à altura do meu rosto, quando eu ainda encarava o lugar por onde as duas saíram.
— Sei que conhece a suficientemente bem para saber que ela não vai indispor com a Priyanka. E pelo pouco que conheci a Priyanka, não tem motivos para ficar com essa cara de assustado.
Era o . Sorrindo e me estendo uma bebida, com um conselho que eu não pedi. Mas, vamos lá Nick, você é melhor do que isso. Respire, sorria e beba.
— Obrigado.
— Nicholas. Eu não quero que esta situação de ter vindo com a se torne um incômodo para ninguém, sei que você também não quer. Fico realmente feliz de vocês dois terem conversado, a sua filha precisa muito dessa parceria entre vocês. Você sabe disso, não preciso dizer. Mas, eu também compreendo que você não gosta de mim. Não vou forçar uma situação entre a gente, ok? Espero que nós possamos com o tempo, nos aceitar.
— Eu te odeio de verdade . – respondi bebendo o que me parecia Gin, e eu detestava Gin, e o encarei de modo sério ao dizer: — Você me tirou todas as chances de consertar qualquer coisa. Mas, eu também compreendo que não seja sua culpa. Quando ela se foi da minha vida, já era definitivo, eu que não notei. Então eu te odeio, não por culpa, mas por inveja. Você é tudo o que eu deveria ter sido com ela.
— Não. Não sou não. – respondeu no mesmo tom e seriedade: — Eu e ela de longe não teremos nada do que vocês dois viveram juntos. Cada história é uma história, e eu sei que tiveram bons momentos. Do contrário não teriam se amado. Apesar de tudo, observo a sua família e seu modo de agir com eles, e sei que tem algo que valha a pena em você. Mesmo que no mais oculto do seu interior. Deve ter algo que preste aí dentro, Jonas. – ele riu ao zombar.
— Agora você se sente confortável para zombar da minha cara dentro da casa da minha família? – devolvi o deboche com ar de brincadeira. Quase pacífica.
— Eu te zombo há muito tempo. Desde a minha vizinha adolescente até mesmo na cozinha do bistrô.
— AH... Claro... Você deve ter virado muitas noites no trabalho com ela, se não como se aproximariam, não é?
— Quer mesmo saber o que ela e eu fizemos juntos neste tempo todo, Nick? – a voz de era ainda mais debochada e sarcástica.
— Não, eu quero saber dessa sua vizinha. Que história é essa?
— Sei que está solteiro, mas não tenha esperanças! Ela é uma adolescente apaixonada por você.
Ergui a sobrancelha estranhando a informação e vi rir batendo em meu ombro:
— Vamos recomeçar de verdade, certo?
— Estou disposto a isso, mas não teste a minha paciência, .
E a partir daquele momento, nós andamos lado a lado até umas cadeiras, onde conversamos de jeito ameno. me contava sobre a tal Stella e o motivo para ele nutrir certa implicância comigo, antes mesmo da existência de em sua vida.
Quando Priyanka surgiu pela porta dos fundos acompanhada de Joe e Sophie, senti o mesmo incômodo de quando me deparei com Nicholas no dia anterior. Era uma sensação de que tudo estava bem, só que com certo desconforto. e eu tínhamos acabado de cobrir a tenda com os tecidos que Danielle havia preparado para aquilo e eu descia das escadas sentindo as mãos protetoras do meu namorado a apoiar minha cintura.
— Vamos cumprimentá-la. – me indicou de modo encorajador.
De mãos dadas nos aproximamos, e foi a dar o primeiro passo entre nós duas, que estávamos nos olhando sorrindo educadas, mas totalmente sem ação.
— Olá Priyanka! Que bom revê-la! – meu namorado falou se aproximando gentil para beijar o rosto dela.
— Dr. ! – ela sorriu de volta cumprimentando-o também — É uma surpresa vê-lo aqui...
— Sabe que e eu somos namorados, não é?
perguntou-a em tom de brincadeira pela forma como ela realmente parecia surpresa, e me olhou risonho passando os braços em torno do meu ombro. Priyanka encarou-me sem graça e ainda sorrindo disse:
— Claro! Só não imaginava que as coisas entre vocês estariam assim tão avançadas ao ponto de... – a frase morreu.
— Ao ponto de eu reunir o meu atual e o meu ex no mesmo ambiente? — perguntei.
Não queria levantar uma situação desagradável ali, mas que droga de insinuação era aquela por parte, logo dela? Priyanka ainda silenciosa fez sinal afirmativo com a cabeça ao que eu dissera, e então complementei:
— Não é algo que eu precisasse estar noiva para fazer, não é? Nicholas nunca teve esta sensibilidade a respeito de unir as atuais e as ex-namoradas dele em qualquer ambiente. Somos prova disso.
— Tem razão. – Priyanka ficou ainda mais sem graça e abaixou a cabeça.
— Entretanto, não é algo que eu faria para atingir a ele ou a ninguém, então sim, as coisas são mesmo sérias entre e eu. Além do mais, todos gostam dele.
— Claro! – Priyanka sorriu largamente deixando de lado o constrangimento e apontou da cabeça aos pés, com as palmas da sua mão para cima afirmando de modo incisivo: — Como não gostar? O Dr. sempre foi muito agradável!
Eu poderia soltar um resmungo de desaprovação, mas apenas troquei olhares com meu namorado de forma incrédula. soltou um risinho baixo enquanto lia em minha expressão: “ela não está dando em cima de você não é?”. Francamente... Cheguei a pensar que o problema de Priyanka fosse comigo e não com Nicholas! A indiana percebeu que sua colocação ao foi um pouco estranha, à medida que eu suspirei depois de trocar olhares com ele, então ela me direcionou a própria mão estendida em cumprimento:
— Me desculpe , eu estou um pouco nervosa com a situação.
Encarei a mão estendida e o olhar realmente aflito dela e devolvi o aperto com um sorriso.
— Não há por que ficar nervosa se a causa da situação formos nós. – falei e soltei a mão dela, apontando para e eu.
— Não, não tem a ver diretamente com vocês. É entre Nick e eu, suponho que já saiba que não estamos mais juntos.
— Sim, eu soube.
O silêncio surgido foi interrompido por , que perguntou à Priyanka se ela gostaria de ajuda com as bagagens. Ela negou respondendo que Nicholas já estava adiantando aquilo, e então perguntou sobre . Ótima saída. Conversando sobre a minha filha não tivemos que falar sobre aquele assunto que certamente não era da minha conta, e muito menos ficamos sem graça uma com a outra.
— ! – chamei-a, estava brincando com as primas entre os enfeites da festa: — Venha cumprimentar a tia Priyanka, querida!
Minha garotinha ao se dar conta da presença da namorada do pai ali, correu até ela, e as duas se abraçaram.
— Titia Pri não gosta mais do meu papai? – a pergunta repentina de pegou-nos de surpresa realmente.
— Por que está me perguntando isso, ? – a mulher indagou sorrindo passando a ponta do dedo no nariz da minha criança.
— A não vê a tia Pri um tantão de tempo! E nem na casa do papai! Eu e o papai “estava” na casa dele pra vir na casa do tio Kev juntos!
— Ah sim! Eu sei que vocês vieram juntos! Você estava um tempinho na casa do papai, não é? A tia Pri viajou a trabalho, mas é claro que eu gosto do seu papai, meu amor! E de você também!
— E da minha mamãe? – perguntou ingenuamente rindo das cócegas que Priyanka havia começado a fazer.
— Da sua mamãe também, e do tio , da tia Sophie, do tio Joe, tio Kevin e tia Danielle, das suas primas...
— E do vovô e da vovó! – gritou gargalhando.
— Isso mesmo!
As duas se abraçaram e se beijaram e voltou a brincar, deixando um sorriso farto no rosto de Priyanka. E eu sorri de volta, já que não poderia não sorrir por minha filha.
— ! Pode pegar os painéis para mim, por favor? Estão no meu quarto! – Danielle pediu-me.
— Eu já volto. – beijei .
— Eu te ajudo!
Priyanka falou ainda risonha, um pouco mais tranquila após o momento com , e nos direcionamos a entrada da casa. Deixando Nicholas, por quem passamos, com uma expressão confusa. Apesar dos sorrisos e das maneiras cordiais, Priyanka e eu subimos para o quarto de Danielle em silêncio. Quando chegamos ao cômodo, eu fui até o cantinho em que os painéis estavam e os retirei dali, percebendo Priyanka realmente vir me ajudar.
— É só isso. – dei as costas para ela indo em direção à porta, mas Priyanka me impediu.
— , espera! – colocou as placas em cima da cama de Danielle e levou as mãos à cintura e aos cabelos. — Podemos conversar um instante?
Não queria. Na verdade, não sentia que houvesse qualquer coisa que ela e eu devêssemos conversar. Coloquei as placas escoradas à parede atrás da porta e então cruzei os braços de frente para Priyanka.
— Eu não acho que tenha qualquer coisa que precisamos falar Priyanka.
— , por favor. Nós nunca tivemos esta conversa abertamente, e eu... Eu gostaria muito de me desculpar.
— Priyanka... Sinceramente? Este não é o melhor lugar e a melhor situação para uma conversa sabe? Eu realmente não quero criar desconfortos logo no aniversário da Tina!
— Será possível mais desconfortos entre nós? — a pergunta dela ficou sem resposta de minha parte: — , eu realmente te devo desculpas. E eu preciso muito fazer isso, mesmo que você não aceite.
— Ok. – suspirei descruzando os braços e apontei a ela com um semblante de derrota — Fale! Eu vou te escutar.
Priyanka me encarou segurando as duas mãos. Ela remexia-as apertando e entrelaçando os próprios dedos, num sinal nítido de nervosismo e ansiedade.
— Ele... Ele era o meu sonho, sabe? Ele é, na verdade. Apesar de tudo ainda o amo...
As palavras saíam baixas, trêmulas e ao sentir a fragilidade dela, me fixei ainda mais ao chão, como uma muralha que não queria deixar-se levar pela empatia. Não naquele instante, não naquele momento em que eu sabia: eu também sentiria dor.
— Nicholas era a minha promessa de realização e felicidade. Embora nossas culturas fossem tão diferentes, eu nunca hesitei em casar-me com ele. E tudo estava pronto, tudo estava perfeito quando... Quando você surgiu e me tirou o Nick.
— Eu não o tirei de você. Não fale como se eu tivesse arquitetado qualquer coisa, porque o Nicholas não traiu você comigo! – eu estava incisiva, eu precisava do meu direito de resposta àquilo: — Eu estava vivendo a minha vida, trabalhando incansavelmente quando vocês dois surgiram no meu restaurante!
— Sim! E a partir do momento em que pisamos ali, tudo desandou porque você estava lá!
— Priyanka, o que você está insinuando? Eu nunca desrespeitei você enquanto noiva dele!
— Eu sei que o Nicholas e você não tiveram nada naquela época, mas se apaixonaram! Ele se apaixonou por você enquanto ainda estava comigo! E você por ele! Vocês dois permitiram se apaixonar um pelo outro e...
— E nada! – minha voz era um pouco mais forte naquele momento: — Eu engoli meus sentimentos, eu me mantive afastada dele o quanto pude, eu fiquei meses sem vê-lo porque até mesmo viajei! Eu fui clara com ele sobre não querer e não ter tempo de me envolver com ninguém, ainda mais com ele! Ainda mais com um homem noivo e cheio de holofotes! Se quiser cobrar alguém de não ter controlado os sentimentos cobre a ele! Ele é quem lhe devia uma lealdade, fidelidade, ou seja, lá o que vocês tinham como valor na relação de vocês! Eu nunca fiz nada para ele vir para mim, muito pelo contrário! Agora... Você me dizer que eu não deveria me apaixonar por ele? Que hipócrita! Sobre controlar os próprios impulsos você nunca fez questão, não é?
Priyanka estava séria e de cabeça baixa como se segurasse a paciência, e eu, ultrajada por tudo aquilo, já caminhava de um lado para o outro.
— Eu não quero levar por esses caminhos e interpretações, . Você está certa, o Nick deveria ter feito muita coisa e não ter feito outras tantas, mas o que eu quero dizer é que o meu sentimento de perda foi genuíno! Quando digo que você me tirou o Nicholas, não estou te culpando, estou constatando uma verdade!
— Não faça como ele e jogue as culpas das coisas sobre outras pessoas! Se ele não teve amor o suficiente para continuar contigo, o erro não está em mim ou em você, está nele! E quer saber?
— , por favor... – Priyanka tentava me fazer acalmar.
— Não! Agora escute! – apontei o dedo para ela com uma postura de quem não cederia — Eu não acho que você tenha o direito de sentir que o perdeu! Ele não te traiu comigo, ele me traiu com você! Então parabéns, Priyanka! Ele nunca deixou de amar você! O Nicholas quis as duas aventuras na vida dele! E provavelmente ele só te prestou ao papel “da outra” porque você aceitou isso, já que eu sempre deixei muito claro que eu não me prestaria!
— Você está me ofendendo! – os ânimos dela também se exaltaram: — Eu nunca fui “a outra”! Eu nunca fui amante do Nicholas!
Silêncio. Olhar de culpa por parte dela. Olhar de confusão por minha parte.
— Dê o nome que quiser. Eu não dormi com o marido e noivo de ninguém. Essa é a questão.
— , eu não quis ter essa conversa para causar uma lavação de roupa suja, eu só quero te pedir desculpas! Desculpas porque eu desejei o fim do seu casamento! Eu entendo a minha participação no fim da sua família e sei que eu poderia ter evitado! Mas, eu não consegui! Eu o amava! Eu o amava de uma forma que seria capaz de fazer qualquer coisa para ter ele de volta! O Nick me trocou por uma mulher mais jovem do que eu, muito mais interessante do que eu dentro de seus padrões ideais para construir uma família e eu não soube lidar com isso!
— Vocês dois são hipócritas, e imundos! – falei segurando o choro e deixando aos poucos a raiva passar enquanto passava as mãos em meus cabelos, e andava de um lado ao outro: — Imundos! E sabe onde está a imundice de vocês? Em serem tão fodidamente inseguros e covardes com o próprio interior de vocês, que atingem quem estiver ao redor para sentirem-se bem e seguros! Vocês dois precisam de terapia! Ninguém consegue doar-se numa relação completa e saudável com tanta fragilidade dentro de si! Vocês dois procuram bengalas no coração do outro, e desconhecem absolutamente o sentido de responsabilidade afetiva!
Vomitei tudo de uma vez e percebi Priyanka começar a chorar.
— Eu entendo o Nick, entendo verdadeiramente a raiva que ele tem de . Por que... Olha pra você! A mulher cheia de si e dona da própria razão. Sempre com argumentos impecáveis, não é? Lógico que eu compreendo o quão menor o Nicholas se sente diante do , porque eu sempre estive nesse lugar comparada a você.
— Primeiramente não coloque o nisso, ele não tem nada a ver com essa história! – pedi com dentes cerrados, e buscando ainda controlar a minha raiva eu a encarei.
Senti pena da mulher amarga e cheia de rótulos que Priyanka se impunha, então suspirei e puxei uma cadeira do quarto de Danielle me sentando de frente à cama, e disse:
— Sente-se Priyanka, vamos conversar como as adultas bem decididas que somos.
Apesar de não compreender, ela sentou-se, e manteve a postura que eu tinha no inicio: impassível de braços cruzados.
— Priyanka, olha pra você! Olhe a sua história de vida, sua trajetória de carreira! Como pode dizer que é menor do que eu em qualquer coisa? Você pode ter as suas inseguranças femininas, porque acredite, eu sou cheia delas também! A maioria por conta do meu casamento com o Nicholas! Mas essa rivalidade feminina imposta entre nós duas sempre foi errada! Nós não temos culpa daquilo que não foi provocado por nós! O Nicholas que provocou toda uma situação quando ele não soube decidir o lugar que você ocuparia na vida dele após se casar comigo! Assim como ele não quis compreender o final do nosso casamento quando estava com você! É claro que eu esperava respeito de sua parte quando ele me traiu contigo, mas, eu não esperava menos por parte dele. O que eu queria de você era a empatia, só que... Claramente você sempre quis uma disputa pelo amor e atenção dele, então, quando você me enviou aquela maldita foto, eu não te culpei! Eu culpei a ele, e é sobre isso: ele tinha um compromisso comigo e com a filha dele. Só que o Nicholas consegue nos enredar na vitimização que ele se coloca e nos tornar as culpadas de um jeito muito próprio, Priyanka! Você é mulher demais para o Nicholas, e eu acho que vai perceber isso um dia! Na verdade... – suspirei novamente — Qualquer mulher é mulher demais para ele, porque o problema do Nicholas é ser homem de menos.
Priyanka chorava ainda mais à medida que eu falava, e quando eu ia continuar dizendo o quanto ela deveria sentir-se mais mulher, ouvimos batidas na porta.
— ? Pri?
Era a voz de Sophie, e logo ouvimos a voz de Danielle:
— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
— O que está acontecendo? – ouvimos a voz de Denise surgir no corredor e falar com as outras duas.
— A e a Priyanka estão há algum tempo dentro do quarto.
— Gente, eu não estou escutando nada, então eu vou entrar! – o desespero na voz de Sophie me fez rir e à Priyanka, fez limpar as lágrimas com vergonha.
Caminhei até a porta e abri, dando de cara com Sophie de orelhas na porta e Danielle e Denise apreensivas a nos observar.
— Está tudo bem, nós estamos em uma conversa. Pode pegar os painéis aqui, por favor, Sophie? Precisamos de mais um tempinho.
A loira olhou para dentro e notou Priyanka sentada na cama escondendo o choro, assentiu ao meu pedido e foi até as placas que estavam sobre a cama. Entreguei a outra parte para Danielle, e Denise me estendeu a mão.
— Está tudo bem Dê, é só uma conversa, nós duas ficaremos bem.
— Certo... – minha ex-sogra estava ansiosa, mas nos deu o espaço necessário.
— ... – ouvi a voz de Priyanka quando fechei a porta e me direcionei de novo à cadeira dando atenção ao que ela diria: — Será que você pode me perdoar um dia? Nicholas e eu não temos mais nada, além de um contrato que nos obriga a fingir estarmos juntos, mas isso não apaga tudo o que causei a você. Sei que agora é pedir muito, mas... Um dia... Se puder me perdoar, você, você pode me dizer?
— Tempo ao tempo, Priyanka. Nicholas e eu também não estamos totalmente curados das mágoas causadas um ao outro, mas hoje cedo tivemos uma boa conversa, um ponto final, que acredito ser definitivo. Ele está dando uma chance de conhecer ao e a romper com as rivalidades descabidas. E eu proponho que nós duas tentemos fazer o mesmo. E para isso precisamos deixar o passado para trás. Eu não consigo dizer se te perdoo agora ou se até já perdoei, o tempo vai me mostrar isso, mas eu posso te prometer ser sincera e transparente, como sempre fui, aliás.
Parecia que cada palavra minha era uma facada nela. Priyanka chorava como se tivesse cometido um assassinato e se arrependesse.
— A única coisa que eu gostaria de te pedir Priyanka, é que se em algum momento você e o Nicholas se acertarem, enfim... Seja lá qual for o relacionamento entre vocês, gostaria que você fosse gentil e doce com a . Sei que sempre foi muito cuidadosa e carinhosa com ela, e te agradeço imensamente por não projetar a minha imagem sobre a minha filha. Então, gostaria que continuasse sendo carinhosa com ela.
— Não precisa nem pedir uma coisa dessas .
— Não é como se eu não confiasse que o Nicholas vai saber lidar com a entre as prioridades dele. Nick está realmente disposto a acertar a posição de pai. Só que, para ela já vai ser difícil crescer entre a rotina maluca do pai dela, sem que ele esteja na casa em que ela vive, entende? Eu quero que a relação do Nick com ela, seja tão feliz e saudável como é comigo, e seja quem for a parceira dele no futuro, que essa relação com a seja também como é com : respeitosa e amorosa.
— Eu entendo você. No que depender de mim, se um dia ele e eu voltarmos, continuarei sendo ótima com a sua filha. Não se preocupe. Mas, deixe claro este desejo ao Nicholas, porque há uma grande probabilidade de que ele e eu não fiquemos juntos. Então o Nick precisa saber o que você espera das futuras namoradas dele.
Eu não poderia dizer que lamentava o fim do relacionamento deles, porque na verdade não lamentava.
— , obrigada. Obrigada por me ouvir, apesar de tudo. – Priyanka enxugou as próprias lágrimas se levantando e eu também me levantei.
— Não esqueça o que eu falei sobre buscar o amor próprio Priyanka. Não quero te passar lição de moral, mas isso é algo que eu precisei fazer depois da minha relação com ele. Muita toxicidade me deixou quebrada em vários aspectos, então eu torço para que você se redescubra e seja feliz e plena, ao lado de quem quer que seja no futuro. Nenhuma mulher merece ser tratada como um objeto descartável, nem mesmo sentir-se assim. Nicholas nos tratou como rainhas, mas nos fez sentir descartáveis muitas vezes, não é? Espero que você fique bem.
Priyanka assentiu engolindo o choro, e eu que já tinha um nó de lágrimas na garganta também, suspirei finalmente me dando o direito de sair daquele quarto sufocante, porém, novamente ela me impediu. Tocou no meu punho me parando e me fazendo olhar em sua direção.
— eu preciso...
Duas batidas foram ouvidas e Nicholas abriu a porta um pouco receoso.
— Eu estou preocupado, vocês estão bem? – falou olhando para nós duas e encarando as mãos de Priyanka no meu punho, então deu alguns passos para dentro do quarto.
— Está tudo bem, Nicholas. Não achou que iriamos nos engalfinhar por sua causa, não é? – respondi zombando.
Nick sorriu irônico e atento, a nós duas. Soltei minha mão do aperto de Priyanka:
— Está tudo bem Priyanka, já chega né? – ela continuou me encarando um pouco atônita — Bem, eu vou descer...
— Pri, vamos conversar? – Nicholas falou para ela aproveitando a minha deixa de saída e antes que eu me virasse novamente para seguir porta à fora, a negativa dela o fez acenar silenciosamente, afirmativo:
— Não, Nick. Eu preciso tomar um banho, trocar de roupa e ficar um pouco sozinha. Conversamos depois. Meu quarto, qual é?
— O meu. Eu vou dormir na sala enquanto você estiver aqui.
Priyanka assentiu e tomou a dianteira entre nós dois e saiu deixando Nick e eu parados, sem graça, e encarando um ao outro.
— Está tudo bem mesmo, ?
— Ela quis fazer como você e falar do passado. Alinhar algumas coisas não ditas, e... No que depender de mim, eu vou esquecer essa conversa em algumas horas.
Ele assentiu, sorriu e se aproximou de mim, me pegando em outro abraço de repente.
— Pare de me abraçar sem avisar! Quem disse que você pode ficar fazendo isso, Jonas? – bronqueei em seu ouvido, e ele riu.
— Pare de ser durona! Eu só quero te pedir desculpas por te fazer passar por mais essa. – Nick me soltou se afastando.
— Você tem que pedir desculpas a ela também, sabe disso, não é?
— Sei. Sei, mas com ela é um pouco mais complicado, porque temos que ficar convivendo por causa do contrato então, eu estou tentando ser menos invasivo.
— Idiota. – ralhei — Deveria ter sido menos invasivo comigo também! Se eu soubesse disso, teria feito um contrato capaz de arrancar toda a sua fortuna, só pra você me dar espaço!
Nick gargalhou e me puxou, passou os braços sobre meus ombros e nos guiou para fora dali enquanto zombava de volta:
— Você não é o tipo que liga pra fortunas! E depois, não é como se você tivesse saído sem nada desse casamento!
— Eu saí com o que era meu direito! O que eu estou falando é de indenização! É isso! Eu vou te processar Nicholas, aguarde a ligação do meu advogado!
— Tá, tá, me processa! Sabe que adoro uma briga com você, não é?
Olhei para ele segurando o riso e não aguentei, caí na risada. Era inacreditável como Nick ainda conseguia me mostrar que era possível arrancar sorrisos de mim. Arrancou-me tudo, aquele homem. Dos mais variados sentimentos, e emoções. As nossas gargalhadas foram cessando à medida que caminhamos pelo corredor, e chegando às escadas ele disse:
— Sei que ainda temos um longo caminho , mas eu estou feliz por podermos tentar recuperar um pouco disso. – ele respondeu me soltando de novo e se afastou pigarreando, antes de descermos.
— Eu estou feliz que podemos nos colocar a disposição dessa convivência saudável por , Nick. E não se preocupe porque diferente de você eu respeitarei seu espaço. E sim, eu estou falando de você precisar me arrancar aí de dentro à força. Não vou ficar nas suas vistas, até que tire a última raiz desse sentimento antigo.
— Obrigado.
— Tem mais uma coisa, Nick! – segurei a mão dele quando chegamos no térreo de modo que ele me desse atenção: — Independente de quem for a pessoa que esteja com você no futuro, e sabe que eu acho que precisa de um tempo sozinho né? Mas, enfim, um dia você terá outra pessoa, seja a Priyanka ou não, o fato é que eu quero que a seja a sua prioridade. Que eu não precise falar para a sua futura parceira ser doce e gentil com a nossa filha, porque espero que você estabeleça esse critério de relação saudável entre elas. Eu acabei dizendo isso para a Priyanka, mas era uma situação diferente. Não vou ficar entrevistando suas parceiras, então saiba escolher alguém que respeite e cuide da nossa filha também.
— Assim como você escolheu, não é?
— Não estou falando pra fazer como eu, só estou falando para não se esquecer de que, quem se envolver com você, vai se envolver com a sua filha também!
— Eu sei disso, fique tranquila. Eu preciso de um tempo sozinho mesmo, mas quando eu estiver pronto, não se preocupe, pegarei uns telefones de médicas pediatras com o seu namoradinho.
Nicholas falou sério, com um sorriso cretino no rosto. Em outra situação eu diria que ele estava provocando e implicando, principalmente pela entonação que dizia “namoradinho”, mas eu soube naquele instante, que ele só estava tentando tornar o peso daquele nosso momento de fim definitivo, um pouco mais leve. Para mim, mas principalmente para ele.
Continua...
Nota da Autora A esperada conversa entre Annie e Priyanka! O que acharam dessa lavação de roupa hein? Será que acabou por ali? Tragam as suas teorias! Eu tô curiosa para saber o que vocês acharam, então, pelo amor de Deus, comenta aqui! ♥
Outras Fanfics:
*Todas as minhas histórias que já estão postadas constam na página de autora com link acima.*
Da categoria Originais (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
A Garota da Jaqueta • Cidade Vizinha • Coletâneas de Amor 1 e 2 • Conversas de Varanda • Mais Que Um Verão • No Coração da Fazenda • Nothing Breaks Like a Heart • With You •
Da categoria KPOP restritas (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
All I Wanna Do (Jay Park) • Intro Singularity (BTS – Taehyung fixo) •
Da categoria Livros (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
Entre Lobos e Homens (Crepúsculo) • Entre Lobos e Homens: Killiam Mark (Crepúsculo). •
Da categoria Cantores (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
Blue and Gray (KPOP – BTS – Kim Taehyung) • FRIENDS (Shawn Mendes) • Linger (Nick Jonas) • O modo mais insano de amar é saber esperar (Harry Styles) • O teu ciúme acabou com o nosso amor (Nick Jonas) • Semiapagados (Luan Santana) •
Da categoria Atores (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
Deixe-me Ir (Lee Jong Suk) • Pretend (Lee Min Ho) •
Da categoria Music Video (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
• MV: Drive • MV: Me Like Yuh • MV: You Know • MV: Take me to church •
Especiais (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
Especial Futebol Feminino: • O Cara Do Meu Time •
Especial KPOP EXTREME: • Be • Castelo de Cartas • Ensaio Sobre Ela • Nevasca • Teoria da Branca de Neve • Wine • 2nd Thoths • Saga Aventura na Ásia (Run It • Oasis • Solo) • Saga Jay Park (Replay • I don’t disappoint • Feature • Limousine • Alone Tonight • I hope you stay with me) •
Ficstapes (interativas, dá pra ler com qualquer pp):
Nick Jonas – 07. Take Over • BTS – 04. House Of Cards • Camp Rock 2: The Final Jam – 09. Tear It Down • Descendants of the Sun – 05. Once Again • Descendants of the Sun – 06. Say It • Paramore – 09. We Are Broken • Luan Santana – 04. Estaca Zero • Lana Del Rey – 14. Florida Kilos • RBD – 05. Él Mundo Detrás •
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Eu não escrevo nenhuma dessas fanfics, apenas scripto elas, qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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