Capítulo Único
Não existia lugar no mundo no qual Black gostaria de estar menos do que ali.
Largo Grimmauld Número 12.
Tinha implorado para Rosaleen deixá-la passar o feriado em Hogwarts ou até sozinha na Casa dos Fawley, mas, aparentemente, aquilo era impensável. O Natal se passa com a família, foi o que a morena respondeu, já impaciente pela insistência da menina.
Família? Patético.
Tirando sua mãe, aquelas pessoas não eram sua família. Os cochichos, apontamentos e olhares maldosos não a deixavam esquecer que não era bem-vinda naquele lugar. Extremamente irônico, se quer saber.
Afinal, como gostavam de relembrar o quadro de Walburga Black e, claro, Monstro, em meio aos gritos de “Ralé!” e “Escória”, Olivia era a única realmente bem-vinda ali.
O elfo doméstico só faltava beijar os pés da menina sempre que a via por ali. A garota, para ele, era o legado de seu mestre Regulus, o único herdeiro dos Black que realmente seguiu o legado de seu sobrenome.
Claro que, ser uma legítima sangue puro, sonserina e, não podemos esquecer, namorada de Draco Lúcio Malfoy, sobrinho neto de sua amada senhora, contribuíam consideravelmente para a devoção do elfo para com a sua pessoa.
Contudo, o que para Monstro era motivo de orgulho, para os demais ocupantes do Largo era tido como pressuposto de uma verdadeira traidora.
O papel de Rosaleen como agente duplo também não contribuía muito com a suavização desse estigma.
A mulher namorou Regulus desde o quarto ano de Hogwarts, até o fatídico dia de sua morte, quando era apenas um bebê, incapaz de guardar memórias suficientemente vívidas de seu pai. Conhecia-o melhor do que ninguém, acompanhando desde as suas ambições, até o seu declínio, em um lago infestado de inferis. Apesar disso, não entendia muito bem como o rapaz havia ido parar lá e lamentava, diariamente, por não ter conseguido resgatar ao menos o seu corpo. A mulher só soube do paradeiro do rapaz devido a Monstro, que foi quem relatou sobre a morte do jovem senhor. E, por isso, Regulus nunca teve o funeral que merecia.
Ao contrário de Black, Rosaleen nunca havia sido propriamente iniciada como comensal. Os Fawley, embora fossem puristas e desejassem uma limpeza do mundo bruxo, não concordavam com a ideia de seguir um mestiço para tal empreitada. Esperavam pela insurgência de algum bruxo realmente digno, tal como Gellert Grindewald que, para eles, foi infortunadamente derrotado por Dumbledore. Felizmente ou não, o casal faleceu de varíola de dragão antes mesmo do ascender de Voldemort, deixando a cargo de Rosaleen decidir sobre o seu futuro.
Portanto, tentando protegê-la, o Black mais novo nunca compartilhou de muitos detalhes sobre as suas missões, muito menos sobre suas descobertas. Achava que, com isso, tirava-a da mira do Lorde das Trevas, que cada vez mais procurava herdeiros de linhagens puras para segui-lo.
Hoje, talvez, ele se revirasse no túmulo ao saber que a mãe de sua filha havia se alistado por livre e espontânea vontade poucos dias depois de sua morte. Mas, para Rosaleen, não havia nada mais digno do que fazer com que o sacrifício do seu amado não tivesse sido em vão. Todos os dias, tinha que lidar com a dor de perder o homem que amava desde que se entendia por gente.
Regulus era seu confidente, seu melhor amigo, aquele que estava sempre por perto quando ela precisava. Era o pai de sua filha. Rosa nunca permitiria que ele fosse esquecido e, por isso, queria entender os motivos que o levaram para a morte.
Claro que, antes de se jogar em meio a um plano suicida, Rosaleen foi conversar com Dumbledore. A Fawley explicou para o diretor que Regulus, provavelmente, havia descoberto algo e que as consequências disso o haviam matado. Ela queria descobrir o que era e dar continuidade ao plano do namorado, mesmo que isso custasse a sua própria vida.
O mais velho havia a alertado das complicações e falhas do plano da mulher, mas ela estava resoluta. Talvez isso custasse a sua presença no crescimento de , mas estava na hora de, pela primeira vez na vida, pensar em alguém que não fosse nela mesma. Queria conseguir um mundo melhor para a pequena criança que havia saído de si, situação esta que Rosa sabia ser o mesmo objetivo de Black.Depois da conversa com o diretor, que concordou em ajudá-la e em assegurar a proteção e discrição da Ordem da Fênix, Rosaleen passou a treinar oclumência, dia após dia.
A mulher já era uma boa oclumente, mas, para enfrentar Voldemort, ela necessitava ser, no mínimo, excelente. E conseguiu. Apesar de que, no processo de alistamento, o bruxo das trevas a torturou inúmeras vezes para ter certeza de que ela não sabia de nada do que havia levado Regulus à morte. Quando descobriu que, até certo ponto, ela não mentia e que parecia extremamente interessada em ser mais uma serva, o bruxo a marcou. E aquela havia sido uma das experiências mais traumáticas da vida de Fawley. Nenhum Crucio doeria mais do que aquela tatuagem marcada a fogo em seu antebraço. Era uma marca que a mulher levaria até a morte. Marca esta que a condenava a um futuro incerto e extremamente perigoso. Não dava mais para voltar atrás.
Todavia, para ela, aquilo valia a pena. E, se hoje, quinze anos depois, ela ainda precisava lidar com o julgamento dos outros membros da Ordem, que a observavam com relutância e óbvia desconfiança, que lidasse.
Contanto que sua filha continuasse salva, ela não dava a mínima.
não entendia muito bem o papel de sua mãe na guerra e nem queria muito, para ser sincera. Desde criança, foi instruída a perguntar o menor número de coisas possível. Quanto menos soubesse, mais segura estaria. A única instrução que Rosaleen obrigava a menina a seguir era não comentar nada, absolutamente nada, sobre o Largo para os Malfoy.
Nada.
A menina não sabia os motivos da mãe de querer esconder uma parte tão significativa de sua vida daqueles que Rosaleen considerava tanto a ponto de os ter colocado como padrinhos de sua única filha, mas não ousou questionar. Desde o Torneio Tribuxo no ano anterior e da morte de Cedrico Diggory, Rosaleen parecia cada vez mais cansada e determinada no objetivo de deixá-la no escuro. Quanto menos erros cometesse, mais improvável seria o Lorde querer convocar para o lado dos comensais. Além disso, a confiança dele em sua pessoa precisava aumentar cada vez mais, proporcionando um maior número de informações para a Ordem.
Ela não poderia falhar.
E, por isso, na noite de Natal, no Largo, estavam e Rosaleen, compartilhando um tumultuado feriado.
Dias atrás, Arthur Weasley havia sido atacado por Nagini, cobra de Lord Voldemort, enquanto guardava o Departamento de Mistérios. O homem havia saído extremamente machucado, mas devido à uma visão de Harry Potter, estava conseguindo se recuperar. O ataque, por sua vez, aumentou a desconfiança para com as mulheres Fawley. Existiam boatos, alimentados sobretudo por Sirius Black, que Rosaleen provavelmente sabia dos planos de seu mestre e que resolveu ignorar, deixando o Weasley à própria sorte.
O ex-prisioneiro não suportava Fawley e a sobrinha, deixando claro para todos que, caso elas fossem minimamente parecidas com Regulus, não eram dignas de confiança. , sinceramente, não dava a mínima para a opinião do tio. Passou quase toda a sua vida sem o conhecer e não possuía o mínimo vínculo familiar com o homem. Para ela, ele era só uma desonra para a família Black. Por culpa dele, por muitos anos, teve que abdicar do sobrenome paterno, uma das poucas coisas que carregava de Regulus consigo, para não ser associada ao assassino louco de Azkaban.
Então, ela, realmente, não dava a mínima para Sirius. Para si, os seus tios eram Lúcio e Narcisa Malfoy, que, além de seus padrinhos, eram pais do seu namorado. Sirius? Puff, era só mais um indesejado dentro do Largo. Opinião fortemente compartilhada por Monstro, que não conseguia encarar por muito tempo os olhos do antigo senhor, sempre proferindo impropérios para o fugitivo.
Claro que, com as acusações de Black, Rosaleen não ficou calada. Fez questão de relembrar, inclusive, que a Ordem só havia uma sede porque ela havia cedido o local para Dumbledore. Sirius, por ter sido deserdado muitos anos antes, não era um legítimo herdeiro Black. Assim, a casa era de que, por ser menor de idade, era representada por Rosaleen.
Poético, não?!
As mulheres estavam sendo insultadas debaixo de seu próprio teto. Enquanto Fawley e Black discutiam aos berros, com nomes como Lupin e Shacklebolt tentando apartar a confusão, o quadro de Walburga Black dava coro às afirmações de Rosa, com seus inúmeros xingamentos.
Querendo ou não, os membros da Ordem deviam muito a ela.
Naquela noite, contudo, havia sido selado um trato mútuo de trégua entre todos os presentes no Largo. O senhor Weasley havia voltado para casa e necessitava de descanso, não podendo lidar com o estresse que inundava aquele lugar. Já bastava ter passado a manhã do feriado no St. Mungus.
Além disso, era Natal, uma festa de harmonia, paz e amor. Mesmo que, para , aquele lugar estivesse sendo seu inferno pessoal.
Suspirando pesadamente, a adolescente chamou por Monstro, que, em um estampido, apareceu ao seu lado. Ao vê-la, o elfo fez uma reverência exagerada, quase que encostando seu nariz no chão.
— Há algo que Monstro possa fazer, minha Senhora? — perguntou polidamente, arregalando seus olhos cinzas e esperando, ansioso, a resposta de sua mestre.
— Me diga, Monstro. É seguro eu sair daqui? — questionou, enfezada, odiando estar trancada em um dos quartos, um dos poucos que Monstro fazia questão de limpar e livrar das pragas, por indisposição de encontrar pessoas indesejadas. Por um instante, a menina cogitou seriamente em tentar pegar uma carona no Nôitibus Andante de volta para a escola. Ela não era obrigada a estar ali, era?! Além disso, com as aulas de Oclumência que fora obrigada a tomar no início do ano, sem mesmo entender precisamente os motivos que a levaram até isso, ela merecia alguma recompensa.
— A senhora de Monstro não sabe como Monstro gostaria de tirar esses intrusos da imaculada casa dos Black — disse o elfo com irritação, arregalando os olhos ainda mais que o normal. — Minha senhora deveria poder andar pela casa de seus antepassados sem ser insultada por aqueles traidores do sangue, mestiços e AH — deu um grito esganiçado, parecendo enjoado. — A sangue-ruim! O que diria a senhora de Monstro se ela soubesse que Monstro está deixando sangues-ruins na Mui Antiga e Nobre casa dos Black! — falou, desesperado, querendo procurar alguma parede para bater a sua cabeça em represália. Para o elfo, era inadmissível que o local que havia destinado a vida para cuidar e zelar estivesse sendo desviado dos ideais de seus antigos moradores. Antes que pudesse fazer algo contra si, contudo, interviu, pedindo calma para o elfo.
— Desculpe por isso, minha senhora. — Limpou as mãos no trapo velho que vestia. — Mas Monstro não entende como a digníssima companheira do meu senhor Regulus pôde ter deixado esses… esses… — cuspia as palavras com repugnância — esses impuros no teto de minha senhora! — Como Rosaleen não era, verdadeiramente, uma Black, Monstro não era obrigado a seguir as suas ordens e respeitá-la como senhora. O fazia, contudo, por respeito a Regulus e a . Mas isso não o impedia do desgosto de ver pessoas que Walburga considerava como inferiores andando no Largo, como se fossem donos do local.
— Nem tente entender, Monstro — abanou o ar com descaso, mesmo que, interiormente, concordasse com as lamúrias do elfo. — Minha mãe está lá embaixo?
— Sim, senhorita Black — afirmou o pequeno ser, fazendo a outra suspirar em desagrado.
— Então, chegou a hora de dar um alô para os meus fãs — disse, resignada, levantando-se e indo em direção ao andar principal da casa. Que Merlin a ajudasse.
XX
Chegando lá embaixo, a menina pôde observar decorações natalinas por todo o espaço. Os lustres oxidados não tinham mais teias de aranha, mas guirlandas de azevinho e serpentinas douradas e prateadas. Além disso, neve mágica brilhava em montes sobre os tapetes gastos e, no centro, uma grande árvore de Natal era exibida com grandiosidade. Até viscos foram visualizados pelos astutos olhos de Black, que aumentou a sua atenção ao passar pelo enfeite. Imagina parar ali embaixo com algum Weasley? Pior ainda! Com o Potter?! — pensou, horrorizada, andando rapidamente para se livrar do radar do adereço. Até as cabeças empalhadas dos elfos — que simplesmente queria saber como se livrar — estampavam gorros de Papai Noel, dando um clima quase aconchegante ao local.
Aparentemente, a senhora Weasley tinha feito todos — excetuando ela — trabalharem para deixar o lugar, minimamente, agradável. Ao fundo, escutava uma voz que lembrava um latido entoando músicas natalinas, animado, sabendo que pertencia a Black. Não que achasse ter algum motivo para comemorar, mas, se tivesse presa, sozinha, no Largo Grimmauld há tanto tempo quanto Sirius estava, talvez também estivesse liberando certa felicidade ao ver que não passaria o feriado apenas consigo mesma. Mesmo que o ataque ao senhor Weasley deixasse as coisas consideravelmente mais mórbidas.
A garota quase sentiu compaixão do tio. Quase. As atitudes hostis vindas do mais velho não permitiam muito mais do que isso.
A menina passou silenciosamente, tentando não acordar o quadro barulhento de sua avó. Olhava para os lados em busca de Rosaleen, mas a mulher parecia não estar em lugar nenhum. No caminho, encontrou os gêmeos Weasley, que eram os únicos que não lhe lançavam olhares de desprezo, e acenou para eles rapidamente, recebendo piscadinhas em resposta. Quase tropeçando no suporte de guarda-chuva de perna de Trasgo — como ela odiava aquilo —, agradeceu a Merlin por encontrar os cabelos castanhos da mãe. O alívio, todavia, durou pouco ao perceber com quem a mulher conversava. Sentados em um sofá musgo envelhecido, estavam Rosaleen Fawley, Hermione Granger, Ronald e Weasley e, claro, Harry Potter.
Pensando se era uma boa ideia subir e fingir que ainda dormia, não percebeu que, ao quase tropeçar no suporte, havia chamado atenção de todos do cômodo para si. Rosa, vendo a cara de desagrado da filha, somente acenou para ela, chamando-a para ficar ao seu lado. A menina negou com a cabeça, apontando para a escada e tentando explicar que ia voltar para o seu quarto, coisa que ou a mãe não entendeu ou apenas ignorou.
Como eu queria ser legilimente, pensava, irritada, seguindo a contragosto para o local que Fawley tinha indicado. Pensava que deveria ter seguido o plano de Draco e, simplesmente, fugido para passar o feriado na casa dos Malfoy. Certamente, seus padrinhos não se incomodariam. Ou ainda, queria ter viajado com Pansy para a França. A melhor amiga tinha mandado algumas cartas informando sobre como o local era incrível e como gostaria que a Black estivesse ali. Mas, não. Ela agora estava ali, seguindo para uma agradável conversa com três das pessoas que menos suportava no mundo.
Sentando no lugar que lhe foi indicado, a menina sorriu ironicamente para a mãe, ignorando a presença do trio de ouro, o que não foi recebido bem pela mais velha.
— , não vai falar com nossos convidados? — falou em tom de repreensão, fazendo a outra revirar os olhos, entediada.
— Meus convidados? Acho que não — estalou o céu da boca com a língua, mal criada. — Não chamei nenhum deles para virem para cá — completou com acidez, deixando o ambiente mais desconfortável ainda.
— ! — repreendeu mais uma vez, olhando para a filha com censura. — Desculpem por ela, meninos — olhou para os outros três. — Ela está chateada por não passar o feriado com o namorado — explicou em tom leve. Ao contrário do que Sirius queria fazer acreditar, Rosaleen Fawley tentava ser o mais agradável possível com todos os presentes na Ordem, principalmente com Harry Potter. Afinal, ele era a esperança do mundo bruxo. Não poderia dizer que o grupo gostava dela, mas não era tão reticente quanto os mais velhos. Situação que não se estendia à . De longe, dava para ver que os mais novos não se davam bem.
— Claro. Queria passar o natal com o Malfoy — Potter cuspiu o sobrenome, fazendo com que a Black arqueasse a sobrancelha em deboche.
— É, Potter, o Malfoy — encarou-o em desafio. — O loiro alto, bonito, inteligente e tudo aquilo que você nunca vai ser.
— Estou até chorando com o fato de que nunca serei uma cria de comensal da morte — alfinetou, o que acabou atingindo também Rosaleen, que tentou não se ofender. Lúcio, realmente, estava longe de ser um ser humano decente e, para seu desagrado, Draco compartilhava muito dos ideais do Malfoy mais velho.
— Cuidado com o que fala, Potter — falou a menina, levantando-se e erguendo o dedo em riste para o moreno. — Seria extremamente desagradável ter que te mandar de volta para os seus trouxas imundos — provocou, fazendo o outro inflar as bochechas de raiva. — Quem sabe, dessa vez, os dementadores têm mais sorte, huh? — disse, maldosa, relembrando do ataque que quase o fez ser expulso de Hogwarts, por usar magia na presença do seu primo trouxa. — Sinceramente, até torço por eles… — jogou o cabelo para trás em descaso, tomando um susto ao ver que Hermione, que até então se mantinha quieta, levantou em um rompante, ameaçando-a com um quase tapa.
— Ui, Granger, não pode falar nada do namoradinho, é?! — Após se recompor, aproximou-se da morena de cabelos espessos, que era segurada por Weasley — este com uma cara tão amarga quanto os outros dois amigos. — Sempre achei que você preferia ruivos… — olhou de modo displicente para Ronald, que ficou com as orelhas da cor de seus cabelos.
— Realmente, Black, você é uma pessoa detestável — cuspiu a nascida trouxa, se desvencilhando do aperto do ruivo e seguindo para outro cômodo. Weasley fez menção de seguir a amiga, mas Potter o segurou pela camisa.
— Estressadinha ela, não?! — perguntou retoricamente para a mãe que, embora analisasse a cena em silêncio, tinha um olhar de decepção direcionado à mais nova. — E outra, por que essa menina está aqui? Potter é órfão e, aparentemente, ninguém no mundo, fora os pobres coitados que estão nesta casa, o aturam. Weasley está com todos os parentes enfurnados aqui dentro. Mas, Granger? Estamos abrindo algum tipo de fundação de caridade aqui dentro?
— ! — Rosaleen interviu rapidamente, vendo os garotos a encararem com carrancas idênticas. — Hermione é uma convidada e você precisa tratá-la com respeito! — repreendeu a mais nova, que apenas rolou os olhos em resposta. Normalmente, não era tão atrevida assim. Mas, quando estava na presença dos grifinórios, nem ela mesma aguentava o quão insuportável poderia ser.
— Prefiro ser um órfão renegado do que me associar ao tipo de gente que você anda, Black! — Potter rebateu com aspereza, irritando-se ainda mais ao perceber que não havia afetado a garota com as suas palavras. — Você deve se sentir bastante satisfeita em ver a Umbridge trabalhando, não é? Deve ser como ver um vislumbre do futuro.
— Realmente, ser a Alta Inquisidora de Hogwarts não me parece um cargo tão ruim assim, não acha? — devolveu com ironia, balançando os longos cabelos castanhos e arqueando a sobrancelha com desdém. — Eu só acho que não combino com tantos tons de rosa… Embora, os métodos de ensino dela sejam algo a se copiar — deu de ombros, com indiferença, sabendo que tinha atingido um ponto sensível em Harry. Não possuía provas, mas, pelo o que ouvia nos corredores de Hogwarts, a sonserina sabia que Umbridge utilizava tortura para castigar os estudantes. E não era como se ela concordasse com esse tipo de conduta, afinal, a Idade Média tinha acabado há séculos! Contudo, não poderia negar que sabia descer a níveis muito baixos quando a missão era irritar Potter e seus amiguinhos.
Rosaleen ao ver que a confusão iria se estender devido às provocações de e ao crescente mau humor dos dois garotos, finalmente interrompeu, pedindo para que os rapazes fossem atrás de Sirius — local que provavelmente fora o destino de Hermione —, que continuava a cantar, animado. Potter ainda relutou, disposto a rebater mais algumas falas de , mas foi empurrado por Rony, que o guiou até o local em que ouviam a cantoria desengonçada. O ruivo sabia que não valia a pena permanecer ali, mesmo que também quisesse fortemente azarar a sonserina.
Enquanto os meninos se afastavam, Rosaleen encarou , resoluta.
— Você tem que parar de fazer isso, Serpens! — Apontou para a filha, que somente deu de ombros. — Estamos todos do mesmo lado, . Não se faça de sonsa.
— Mesmo lado? — cruzou os braços, descrente. — Tem certeza, mamãe? — retrucou, ácida, indo em direção à árvore de Natal em busca de seus presentes.
— Volte aqui, mocinha! — mandou a mulher, levantando-se e seguindo a mais nova. — Mesmo lado sim, um dia você vai entender isso — afirmou, virando o corpo da filha para si e forçando-a encarar seus olhos.
— Só espero que não seja com você caindo morta pelas mãos de algum dos seus aliados — disse, azeda, desvencilhando- se do aperto da mãe e indo procurar na árvore o que era seu. Aparentemente, todos já haviam pego os seus presentes e só sobraram os da menina. — Agora, com licença, tenho presentes para abrir — concluiu, sem encarar os olhos da mãe. Rosaleen ainda fez menção de falar alguma coisa, desistindo no caminho. Somente suspirou, balançando a cabeça em negação e seguindo para a cozinha.
, ao ver que estava sozinha, crispou os lábios em desagrado. Não gostava de discutir com a mãe, mas tinha medo por ela e esse era seu jeito de expressar. Sendo rude e desnecessária. É, realmente digna de orgulho.
Balançando a cabeça para dispersar esses pensamentos, foi procurar o presente que sabia ser de Draco: duas caixas, sendo uma de tamanho médio e outra menorzinha, nas cores da sonserina. O rapaz amava verde e dizia que não tinha nenhuma outra que a superasse.
Antes de abrir a caixa, porém, observou de soslaio a carta que veio acompanhando os pacotes. Assim, logo tratou de abrir e, quando o fez, não conseguiu evitar o sorriso que escapou.
“Olá, minha cobrinha — Draco adorava fazer menção ao nome do meio de , Serpens, pertencente à uma constelação e escolhido em virtude da tradição dos Black.
Como você está? Espero que não esteja ainda chateada com sua mãe por não vir passar o Natal conosco. Teremos a vida toda para comemorar todos os feriados do mundo, você vai ver.
Estou sentindo muito a sua falta, parece que os dias ficam mais frios e longos sem a sua risada para me aquecer.
sentiu os olhos marejarem. Sentia muita falta do garoto e parecia que aquela dor era quase que física.
Aqui em casa não estamos muito festivos. Papai está mais estressado do que nunca e não fala os motivos disso. Mamãe tenta compensar lendo comigo e contando histórias de infância, mas o clima continua pesado. Queria que você pudesse estar aqui. Ou eu com você.
Nesse momento, a garota sentiu uma lágrima teimosa escorrer pelas bochechas pálidas, sendo limpa rapidamente.
Ah, sobre o seu presente... Não se irrite pelo valor. Comprar presentes para você nunca será um gasto. É algo mais como um investimento. Então, não me mate por isso. Não esqueça de que eu serei o pai dos seus filhos e que eles precisarão de mim como eu naturalmente sou, lindo e com o rosto perfeitamente intacto.
Feliz Natal, meu amor! Eu amo muito você. Estou com saudades.
DM”
Com a última parte da carta, franziu o cenho em confusão. Sabia que Draco era um completo sem noção às vezes e temia o que poderia encontrar dentro da caixa. Por ser o único herdeiro da família Malfoy, o loiro não tinha limites nos presentes que costumava dar para a namorada e para os amigos. Não que fosse muito diferente do que acontecia com a própria , mas, depois de receber um vestido da Vestes a Rigor, com um valor que ultrapassava os dez mil galeões, a menina precisou colocar um limite em Malfoy.
Percebendo as mãos levemente trêmulas, a menina segurou a caixa que o namorado havia indicado e rasgou o papel sem muita cerimônia. Quando descobriu o conteúdo dela, por sua vez, sentiu as borboletas do seu estômago se acordarem rapidamente. A caixa pequena guardava uma corrente em um tom rosé delicado, com um lindo pingente em forma de serpente, semelhante ao anel que usava como aliança de namoro. Ao tocar levemente na pedra, encantada com a beleza do objeto, a serpente se abriu, iluminando o quarto com um pequeno holograma que representava uma das fotos favoritas do casal. Na imagem, corria, animada, para as costas do namorado, que a segurava firme com um grande sorriso nos lábios.
Maldito, pensou emocionada, ele realmente sabe caprichar nos presentes.
Balançando a cabeça e olhando rapidamente ao redor para ver se alguém prestava atenção nela e em sua emoção incontida, seguiu para abrir a embalagem de tamanho maior, sem saber o que poderia ter ali. Com certa hesitação, percebeu que dentro do pacote encontravam-se inúmeros doces da Dedos de Mel, como Acidinhas, Varinhas de Alcaçuz, bolos de caldeirão e os seus favoritos, sapinhos de chocolate. Conhecendo Draco como conhecia, sabia que o loiro tinha apelado para os doces como forma de mantê-la quieta sobre os seus gastos. Além de que, para a menina, por mais bobo que parecesse, escolher os seus doces favoritos, para ela que adorava comer, era uma grande prova de amor.
Suspirando levemente, ainda afetada pela corrente — que havia feito questão de guardar com cuidado — seguiu para abrir os demais presentes que ali estavam. De Pansy, ganhou uma miniatura da Torre Eiffel, que servia também de luminária. De Daphne Greengrass, ganhou uma escova mágica que poderia fazer, simplesmente, o penteado que ela quisesse. Indo de algo simples como um coque, até algo para uma festa. Já de Blásio Zabini, a garota havia recebido um conjunto de pincéis, o que era uma ótima pedida para a menina que adorava desenhar. Por fim, Theodore Nott havia lhe presenteado com uma foto de todo o grupo, tirada alguns meses antes. Na imagem que se mexia, Draco tinha os braços passados ao redor do corpo de , que sorria abertamente. Ao seu lado, Pansy estava nas costas de Blásio, enquanto Theo e Daphne faziam caretas idênticas. Ela gostava daquela foto.
Depois de conferir os presentes de todos os seus amigos, bastante satisfeita, a menina viu que ainda tinham três embalagens no local. A primeira, que era maior, surpreendeu a sonserina. Era um suéter na cor verde, com a letra B estampada nele. O famoso suéter Weasley. Nunca achou, realmente, que ganharia um desses. Afinal, não era preciso ter algum tipo de vínculo com a família para tê-lo? Convenhamos, estava longe de ser bem quista pela penca de ruivos, então, acreditou que era apenas um gesto em agradecimento por se hospedarem em sua casa. Bobagem, pensou sozinha, guardando o suéter junto aos demais presentes. Não era como se pudesse usar a peça em público, não é?! Mas, por alguma razão, se sentiu realmente grata à Molly pela lembrança. Se esforçaria para agradecer à matriarca quando a encontrasse.
A segunda, apesar de mediana, tinha um peso considerável. Quando abriu, percebeu que era um kit mata aula dos gêmeos Weasley, com as famosas vomitilhas e os nugá sangra nariz, o qual causava pavor em . A menina tinha ouvido, tempos antes, que Fred e Jorge ainda estavam procurando um antídoto para a primeira, então a menina esperava, sinceramente, que eles tivessem encontrado. Ou, talvez, o fato de não terem uma resolução para as vomitilhas fizesse parte do lance do presente. Apesar de que, vomitar até a completa desidratação deveria ser uma vingança um pouco acima do tom para os tantos anos de provocações mútuas.
Dentro da caixa ainda tinha um bilhete escrito:
Para a nossa serpente favorita. Use com sabedoria.
JW e FW.
É, talvez, ela precisasse agradecer a mais alguns Weasleys. Por um instante, sentiu-se mal por não ter comprado nada para os ruivos em questão, mas não era como se esperasse algo deles, certo?! Tirando o fato de que, provavelmente, Rosaleen já deveria ter presenteado a família em nome das duas.
A leve desatenção causada pela surpresa pelos presentes recebidos quase a fizeram esquecer da última caixa que ali estava. Era uma caixa preta, nem muito grande e nem muito pequena e que, no meio daquela bagunça, quase não era perceptível. Black abriu a embalagem com cuidado, vendo que lá dentro tinha uma espécie de caderno. Mas, não era um caderno comum. Olhando com maior atenção, percebeu se tratar de um diário. Ao abrir o objeto, teve que redobrar a atenção, visto que as folhas pareciam gastas e querendo se soltar, como se tivessem sido escritas há muito tempo.
— Quem diabretes me daria um diário velho e já todo preenchido? — questionou baixinho, visto que não havia nenhum tipo de cartão que mostrasse o remetente do presente.
— Vejo que encontrou o meu presente. — Uma voz rouca se fez presente no cômodo, sobressaltando a menina, que deu um pulinho com o susto. — Não foi a minha intenção te assustar — desculpou-se, fazendo com que arrumasse a postura rapidamente, erguendo suas proteções naturais contra o homem. Não queria ter que começar uma nova briga. Por Merlin, era Natal! E não o dia para ver com quantas pessoas a conseguiria discutir sem simplesmente surtar e sair correndo rua afora!
Suspirando baixinho, já recuperada do susto, a menina cruzou os braços e encarou o tio com seriedade. Certamente, Sirius esbanjava uma aparência melhor do que a que os cartazes de procurado estampavam pela cidade. Os cabelos, outrora emaranhados, estavam com aspecto limpo e menos assustador, descendo em suaves ondas até os seus ombros. A barba cheia que carregava consigo também havia sumido e, com isso, as nuances de um rosto ainda jovem poderiam ser percebidas. As bochechas também estavam mais coradas e ele não tinha mais o aspecto cadavérico digno de um ex-prisioneiro de Azkaban. Contudo, a mudança maior estava em seus olhos. Nunca tinha visto os olhos cinzentos, tão parecidos com os seus, a encararem com um olhar que não fosse de repulsa. Black estava pacífico, como se não tivesse insultado seus pais — e ela mesma — há poucos dias.
— Eu vim em paz, — o homem prosseguiu falando, percebendo que a sonserina não diria nada. A mais nova apenas arqueou a sobrancelha em resposta, incrédula com a mudança de postura. — Achei que o meu presente mostraria isso.
— Por que um diário velho te isentaria de todas as grosserias proferidas contra mim, Black? — a menina finalmente rebateu, cuspindo o sobrenome com ironia e encostando-se na parede, no intuito de se afastar da figura do tio.
— Você por acaso viu a quem pertenceu este diário? — o homem devolveu com paciência, sem a costumeira hostilidade presente. Aparentemente, ele realmente estava dando uma trégua à sobrinha.
A menina, por sua vez, franziu o cenho, percebendo que não procurou saber o mais importante: quem era o dono daquele caderno? Tentando não transparecer nenhum sentimento, folheou-o com cautela, passando os olhos atentamente pelas páginas repletas de inscrições em uma letra bonita. Com rapidez, a garota percebeu um detalhe que era comum em todas as anotações. Todas as folhas eram assinadas com R.A.B. O choque da descoberta fez o coração da Black mais nova disparar em ansiedade, tornando as suas mãos trêmulas e suadas. Não era possível, era? Sua mãe nunca havia mencionado nenhum tipo de diário e muito menos afirmado que Sirius era quem tinha a sua posse.
— Vejo que percebeu de quem era — afirmou com prepotência, percebendo as mãos trêmulas da menina. — Achei que você iria gostar.
— Como? — questionou com fraqueza, levantando o olhar para encarar Sirius, que a olhava com os braços cruzados e postura relaxada.
— Enquanto estávamos arrumando as coisas nos andares de cima, acabei encontrando o diário por acaso — começou, passando as mãos no cabelo. — Regulus costumava escrever em um caderno desde antes de Hogwarts. Era o jeito dele de desabafar sobre tudo o que se passava em casa e na escola — riu fraco, balançando a cabeça em negação. — Fui eu quem deu a ele de presente de aniversário. — Dessa vez, o tom do homem ficou mais amargo. — Pensei que ele tivesse abandonado depois de tudo, mas, pelo que eu vi, as anotações vão até 1981 — concluiu, fazendo um gosto amargo surgir na boca de . 1981 foi o ano em que seu pai morreu.
Sinceramente, a garota não entendia os motivos para que Sirius, inesperadamente, surgisse com um presente tão impactante assim, quase como se eles fossem uma família funcional. Mas, de fato, eles não eram. Será que os anos em Azkaban o fizeram ter algum tipo de transtorno dissociativo de personalidade? Essa era a única resposta plausível para o comportamento estranho do tio.
— Certo… — pigarreou para conseguir um tom mais firme de voz. — E por que você está me dando isso? Achei que um diário fosse a forma perfeita de conseguir rastrear os passos do meu pai comensal — retrucou, impaciente, já menos impactada com o peso do presente.
— Isso não pertence a mim, — Black rebateu ainda com paciência, dando um passo na direção da sobrinha. — Nem acho que Regulus tenha sido burro o bastante para contar os detalheszinhos sórdidos de suas missões dentro de um objeto facilmente rastreável — suspirou, focando o seu olhar na árvore de Natal, que agora só guardava os presentes desembrulhados de . — Não me entenda mal… — começou com seriedade, encarando os olhos da mais nova — eu continuo achando Rosaleen uma vadia falsa e dissimulada e você uma pirralha atrevida e mal-educada — falou, fazendo com que a sonserina o olhasse estupefata, surpresa com o tom utilizado. Esse era o Black que conhecia. — Mas, Regulus é o seu pai e acho que você deveria se sentir mais próxima dele de algum modo. Mesmo ele sendo um covarde e pau mandado — concluiu, jogando levemente os cabelos para trás e aumentando a careta que a menina estampava nos lábios.
— Depois dessas palavras adoráveis… — começou com ironia, olhando Black com desprezo — eu deveria me sentir agradecida?
— Bom, é o que as pessoas decentes fazem, não é, mesmo? — devolveu com obviedade, tombando a cabeça levemente para o lado. — Não que eu ache que uma criança criada pela Fawley e pelos Malfoy tenha algum senso de decência. — Nesse momento, a aparente pacificidade de Sirius havia sido dissolvida, dando lugar a um pungente sarcasmo. Mas ele havia tentado, certo? Não era sua culpa que não conseguisse manter a civilidade por tanto tempo.
— Você não havia vindo em paz? — a menina devolveu, mostrando indiferença pelas palavras utilizadas por Black. Estava satisfeita com o presente recebido e não daria o gostinho para o tio perceber que a havia afetado com suas ações. Ouvindo a indagação da mais nova, Sirius apenas deu de ombros, sabendo que havia feito o possível para evitar a hostilidade. — Por mais que você seja um egocêntrico, prepotente e, ainda por cima, a vergonha da família, eu agradeço pelo presente. As memórias do meu pai não devem ficar com um irmão que ele tanto desprezava. — foi quem deu de ombros, vendo Black bufar em resposta. A menina realmente era um reflexo de seu irmão. — Por esse motivo, eu te agradeço por não ter feito mais do que a sua obrigação — concluiu, arqueando a sobrancelha em desafio e apertando o diário contra si, de forma involuntária. Vai que Sirius tentasse pegar o objeto de volta para ele, não é mesmo? O atleta de quadribol era Draco. Os reflexos de não eram tão bons assim!
— Você sempre me faz sentir em casa, — Sirius soltou com ironia, encaminhando-se também para a cozinha. — E isso não é um elogio. — Rolou os olhos, procurando sair do radar da sobrinha o mais rápido possível. Que se dane a trégua! Ele já havia feito o seu papel de tio. Não era sua culpa ter uma sobrinha tão insuportável assim.
, por sua vez, mesmo jamais admitindo aquilo em voz alta, estava realmente agradecida pelo diário que guardava contra si. Tudo o que sabia de Regulus era fruto de histórias de outras pessoas. O máximo de vivacidade que havia presenciado tinha sido quando Rosaleen colocou algumas de suas memórias na penseira para que pudesse ter acesso à figura do pai ativamente. Mas não era o suficiente. Seria diferente ter acesso ao Regulus por meio de suas próprias palavras. E havia sido Sirius quem tinha a proporcionado essa experiência. Esse havia sido o presente mais significativo de sua vida.
Talvez, só talvez, o sentimento de gratidão ficasse guardado dentro de si, esperando o momento certo para dar às caras. E, só talvez, esse mesmo sentimento tenha sido o responsável por fazê-la, meses depois, empurrar Black para longe do feitiço de Bellatrix e, desse modo, salvar a sua vida. E, talvez, esse ato de braveza fosse o determinante para conseguir sair da emboscada que estava sendo colocada e, no final de tudo, conseguir um futuro longe da Guerra e de todos os males a ela associados.
Claro, só talvez.
Largo Grimmauld Número 12.
Tinha implorado para Rosaleen deixá-la passar o feriado em Hogwarts ou até sozinha na Casa dos Fawley, mas, aparentemente, aquilo era impensável. O Natal se passa com a família, foi o que a morena respondeu, já impaciente pela insistência da menina.
Família? Patético.
Tirando sua mãe, aquelas pessoas não eram sua família. Os cochichos, apontamentos e olhares maldosos não a deixavam esquecer que não era bem-vinda naquele lugar. Extremamente irônico, se quer saber.
Afinal, como gostavam de relembrar o quadro de Walburga Black e, claro, Monstro, em meio aos gritos de “Ralé!” e “Escória”, Olivia era a única realmente bem-vinda ali.
O elfo doméstico só faltava beijar os pés da menina sempre que a via por ali. A garota, para ele, era o legado de seu mestre Regulus, o único herdeiro dos Black que realmente seguiu o legado de seu sobrenome.
Claro que, ser uma legítima sangue puro, sonserina e, não podemos esquecer, namorada de Draco Lúcio Malfoy, sobrinho neto de sua amada senhora, contribuíam consideravelmente para a devoção do elfo para com a sua pessoa.
Contudo, o que para Monstro era motivo de orgulho, para os demais ocupantes do Largo era tido como pressuposto de uma verdadeira traidora.
O papel de Rosaleen como agente duplo também não contribuía muito com a suavização desse estigma.
A mulher namorou Regulus desde o quarto ano de Hogwarts, até o fatídico dia de sua morte, quando era apenas um bebê, incapaz de guardar memórias suficientemente vívidas de seu pai. Conhecia-o melhor do que ninguém, acompanhando desde as suas ambições, até o seu declínio, em um lago infestado de inferis. Apesar disso, não entendia muito bem como o rapaz havia ido parar lá e lamentava, diariamente, por não ter conseguido resgatar ao menos o seu corpo. A mulher só soube do paradeiro do rapaz devido a Monstro, que foi quem relatou sobre a morte do jovem senhor. E, por isso, Regulus nunca teve o funeral que merecia.
Ao contrário de Black, Rosaleen nunca havia sido propriamente iniciada como comensal. Os Fawley, embora fossem puristas e desejassem uma limpeza do mundo bruxo, não concordavam com a ideia de seguir um mestiço para tal empreitada. Esperavam pela insurgência de algum bruxo realmente digno, tal como Gellert Grindewald que, para eles, foi infortunadamente derrotado por Dumbledore. Felizmente ou não, o casal faleceu de varíola de dragão antes mesmo do ascender de Voldemort, deixando a cargo de Rosaleen decidir sobre o seu futuro.
Portanto, tentando protegê-la, o Black mais novo nunca compartilhou de muitos detalhes sobre as suas missões, muito menos sobre suas descobertas. Achava que, com isso, tirava-a da mira do Lorde das Trevas, que cada vez mais procurava herdeiros de linhagens puras para segui-lo.
Hoje, talvez, ele se revirasse no túmulo ao saber que a mãe de sua filha havia se alistado por livre e espontânea vontade poucos dias depois de sua morte. Mas, para Rosaleen, não havia nada mais digno do que fazer com que o sacrifício do seu amado não tivesse sido em vão. Todos os dias, tinha que lidar com a dor de perder o homem que amava desde que se entendia por gente.
Regulus era seu confidente, seu melhor amigo, aquele que estava sempre por perto quando ela precisava. Era o pai de sua filha. Rosa nunca permitiria que ele fosse esquecido e, por isso, queria entender os motivos que o levaram para a morte.
Claro que, antes de se jogar em meio a um plano suicida, Rosaleen foi conversar com Dumbledore. A Fawley explicou para o diretor que Regulus, provavelmente, havia descoberto algo e que as consequências disso o haviam matado. Ela queria descobrir o que era e dar continuidade ao plano do namorado, mesmo que isso custasse a sua própria vida.
O mais velho havia a alertado das complicações e falhas do plano da mulher, mas ela estava resoluta. Talvez isso custasse a sua presença no crescimento de , mas estava na hora de, pela primeira vez na vida, pensar em alguém que não fosse nela mesma. Queria conseguir um mundo melhor para a pequena criança que havia saído de si, situação esta que Rosa sabia ser o mesmo objetivo de Black.Depois da conversa com o diretor, que concordou em ajudá-la e em assegurar a proteção e discrição da Ordem da Fênix, Rosaleen passou a treinar oclumência, dia após dia.
A mulher já era uma boa oclumente, mas, para enfrentar Voldemort, ela necessitava ser, no mínimo, excelente. E conseguiu. Apesar de que, no processo de alistamento, o bruxo das trevas a torturou inúmeras vezes para ter certeza de que ela não sabia de nada do que havia levado Regulus à morte. Quando descobriu que, até certo ponto, ela não mentia e que parecia extremamente interessada em ser mais uma serva, o bruxo a marcou. E aquela havia sido uma das experiências mais traumáticas da vida de Fawley. Nenhum Crucio doeria mais do que aquela tatuagem marcada a fogo em seu antebraço. Era uma marca que a mulher levaria até a morte. Marca esta que a condenava a um futuro incerto e extremamente perigoso. Não dava mais para voltar atrás.
Todavia, para ela, aquilo valia a pena. E, se hoje, quinze anos depois, ela ainda precisava lidar com o julgamento dos outros membros da Ordem, que a observavam com relutância e óbvia desconfiança, que lidasse.
Contanto que sua filha continuasse salva, ela não dava a mínima.
não entendia muito bem o papel de sua mãe na guerra e nem queria muito, para ser sincera. Desde criança, foi instruída a perguntar o menor número de coisas possível. Quanto menos soubesse, mais segura estaria. A única instrução que Rosaleen obrigava a menina a seguir era não comentar nada, absolutamente nada, sobre o Largo para os Malfoy.
Nada.
A menina não sabia os motivos da mãe de querer esconder uma parte tão significativa de sua vida daqueles que Rosaleen considerava tanto a ponto de os ter colocado como padrinhos de sua única filha, mas não ousou questionar. Desde o Torneio Tribuxo no ano anterior e da morte de Cedrico Diggory, Rosaleen parecia cada vez mais cansada e determinada no objetivo de deixá-la no escuro. Quanto menos erros cometesse, mais improvável seria o Lorde querer convocar para o lado dos comensais. Além disso, a confiança dele em sua pessoa precisava aumentar cada vez mais, proporcionando um maior número de informações para a Ordem.
Ela não poderia falhar.
E, por isso, na noite de Natal, no Largo, estavam e Rosaleen, compartilhando um tumultuado feriado.
Dias atrás, Arthur Weasley havia sido atacado por Nagini, cobra de Lord Voldemort, enquanto guardava o Departamento de Mistérios. O homem havia saído extremamente machucado, mas devido à uma visão de Harry Potter, estava conseguindo se recuperar. O ataque, por sua vez, aumentou a desconfiança para com as mulheres Fawley. Existiam boatos, alimentados sobretudo por Sirius Black, que Rosaleen provavelmente sabia dos planos de seu mestre e que resolveu ignorar, deixando o Weasley à própria sorte.
O ex-prisioneiro não suportava Fawley e a sobrinha, deixando claro para todos que, caso elas fossem minimamente parecidas com Regulus, não eram dignas de confiança. , sinceramente, não dava a mínima para a opinião do tio. Passou quase toda a sua vida sem o conhecer e não possuía o mínimo vínculo familiar com o homem. Para ela, ele era só uma desonra para a família Black. Por culpa dele, por muitos anos, teve que abdicar do sobrenome paterno, uma das poucas coisas que carregava de Regulus consigo, para não ser associada ao assassino louco de Azkaban.
Então, ela, realmente, não dava a mínima para Sirius. Para si, os seus tios eram Lúcio e Narcisa Malfoy, que, além de seus padrinhos, eram pais do seu namorado. Sirius? Puff, era só mais um indesejado dentro do Largo. Opinião fortemente compartilhada por Monstro, que não conseguia encarar por muito tempo os olhos do antigo senhor, sempre proferindo impropérios para o fugitivo.
Claro que, com as acusações de Black, Rosaleen não ficou calada. Fez questão de relembrar, inclusive, que a Ordem só havia uma sede porque ela havia cedido o local para Dumbledore. Sirius, por ter sido deserdado muitos anos antes, não era um legítimo herdeiro Black. Assim, a casa era de que, por ser menor de idade, era representada por Rosaleen.
Poético, não?!
As mulheres estavam sendo insultadas debaixo de seu próprio teto. Enquanto Fawley e Black discutiam aos berros, com nomes como Lupin e Shacklebolt tentando apartar a confusão, o quadro de Walburga Black dava coro às afirmações de Rosa, com seus inúmeros xingamentos.
Querendo ou não, os membros da Ordem deviam muito a ela.
Naquela noite, contudo, havia sido selado um trato mútuo de trégua entre todos os presentes no Largo. O senhor Weasley havia voltado para casa e necessitava de descanso, não podendo lidar com o estresse que inundava aquele lugar. Já bastava ter passado a manhã do feriado no St. Mungus.
Além disso, era Natal, uma festa de harmonia, paz e amor. Mesmo que, para , aquele lugar estivesse sendo seu inferno pessoal.
Suspirando pesadamente, a adolescente chamou por Monstro, que, em um estampido, apareceu ao seu lado. Ao vê-la, o elfo fez uma reverência exagerada, quase que encostando seu nariz no chão.
— Há algo que Monstro possa fazer, minha Senhora? — perguntou polidamente, arregalando seus olhos cinzas e esperando, ansioso, a resposta de sua mestre.
— Me diga, Monstro. É seguro eu sair daqui? — questionou, enfezada, odiando estar trancada em um dos quartos, um dos poucos que Monstro fazia questão de limpar e livrar das pragas, por indisposição de encontrar pessoas indesejadas. Por um instante, a menina cogitou seriamente em tentar pegar uma carona no Nôitibus Andante de volta para a escola. Ela não era obrigada a estar ali, era?! Além disso, com as aulas de Oclumência que fora obrigada a tomar no início do ano, sem mesmo entender precisamente os motivos que a levaram até isso, ela merecia alguma recompensa.
— A senhora de Monstro não sabe como Monstro gostaria de tirar esses intrusos da imaculada casa dos Black — disse o elfo com irritação, arregalando os olhos ainda mais que o normal. — Minha senhora deveria poder andar pela casa de seus antepassados sem ser insultada por aqueles traidores do sangue, mestiços e AH — deu um grito esganiçado, parecendo enjoado. — A sangue-ruim! O que diria a senhora de Monstro se ela soubesse que Monstro está deixando sangues-ruins na Mui Antiga e Nobre casa dos Black! — falou, desesperado, querendo procurar alguma parede para bater a sua cabeça em represália. Para o elfo, era inadmissível que o local que havia destinado a vida para cuidar e zelar estivesse sendo desviado dos ideais de seus antigos moradores. Antes que pudesse fazer algo contra si, contudo, interviu, pedindo calma para o elfo.
— Desculpe por isso, minha senhora. — Limpou as mãos no trapo velho que vestia. — Mas Monstro não entende como a digníssima companheira do meu senhor Regulus pôde ter deixado esses… esses… — cuspia as palavras com repugnância — esses impuros no teto de minha senhora! — Como Rosaleen não era, verdadeiramente, uma Black, Monstro não era obrigado a seguir as suas ordens e respeitá-la como senhora. O fazia, contudo, por respeito a Regulus e a . Mas isso não o impedia do desgosto de ver pessoas que Walburga considerava como inferiores andando no Largo, como se fossem donos do local.
— Nem tente entender, Monstro — abanou o ar com descaso, mesmo que, interiormente, concordasse com as lamúrias do elfo. — Minha mãe está lá embaixo?
— Sim, senhorita Black — afirmou o pequeno ser, fazendo a outra suspirar em desagrado.
— Então, chegou a hora de dar um alô para os meus fãs — disse, resignada, levantando-se e indo em direção ao andar principal da casa. Que Merlin a ajudasse.
Chegando lá embaixo, a menina pôde observar decorações natalinas por todo o espaço. Os lustres oxidados não tinham mais teias de aranha, mas guirlandas de azevinho e serpentinas douradas e prateadas. Além disso, neve mágica brilhava em montes sobre os tapetes gastos e, no centro, uma grande árvore de Natal era exibida com grandiosidade. Até viscos foram visualizados pelos astutos olhos de Black, que aumentou a sua atenção ao passar pelo enfeite. Imagina parar ali embaixo com algum Weasley? Pior ainda! Com o Potter?! — pensou, horrorizada, andando rapidamente para se livrar do radar do adereço. Até as cabeças empalhadas dos elfos — que simplesmente queria saber como se livrar — estampavam gorros de Papai Noel, dando um clima quase aconchegante ao local.
Aparentemente, a senhora Weasley tinha feito todos — excetuando ela — trabalharem para deixar o lugar, minimamente, agradável. Ao fundo, escutava uma voz que lembrava um latido entoando músicas natalinas, animado, sabendo que pertencia a Black. Não que achasse ter algum motivo para comemorar, mas, se tivesse presa, sozinha, no Largo Grimmauld há tanto tempo quanto Sirius estava, talvez também estivesse liberando certa felicidade ao ver que não passaria o feriado apenas consigo mesma. Mesmo que o ataque ao senhor Weasley deixasse as coisas consideravelmente mais mórbidas.
A garota quase sentiu compaixão do tio. Quase. As atitudes hostis vindas do mais velho não permitiam muito mais do que isso.
A menina passou silenciosamente, tentando não acordar o quadro barulhento de sua avó. Olhava para os lados em busca de Rosaleen, mas a mulher parecia não estar em lugar nenhum. No caminho, encontrou os gêmeos Weasley, que eram os únicos que não lhe lançavam olhares de desprezo, e acenou para eles rapidamente, recebendo piscadinhas em resposta. Quase tropeçando no suporte de guarda-chuva de perna de Trasgo — como ela odiava aquilo —, agradeceu a Merlin por encontrar os cabelos castanhos da mãe. O alívio, todavia, durou pouco ao perceber com quem a mulher conversava. Sentados em um sofá musgo envelhecido, estavam Rosaleen Fawley, Hermione Granger, Ronald e Weasley e, claro, Harry Potter.
Pensando se era uma boa ideia subir e fingir que ainda dormia, não percebeu que, ao quase tropeçar no suporte, havia chamado atenção de todos do cômodo para si. Rosa, vendo a cara de desagrado da filha, somente acenou para ela, chamando-a para ficar ao seu lado. A menina negou com a cabeça, apontando para a escada e tentando explicar que ia voltar para o seu quarto, coisa que ou a mãe não entendeu ou apenas ignorou.
Como eu queria ser legilimente, pensava, irritada, seguindo a contragosto para o local que Fawley tinha indicado. Pensava que deveria ter seguido o plano de Draco e, simplesmente, fugido para passar o feriado na casa dos Malfoy. Certamente, seus padrinhos não se incomodariam. Ou ainda, queria ter viajado com Pansy para a França. A melhor amiga tinha mandado algumas cartas informando sobre como o local era incrível e como gostaria que a Black estivesse ali. Mas, não. Ela agora estava ali, seguindo para uma agradável conversa com três das pessoas que menos suportava no mundo.
Sentando no lugar que lhe foi indicado, a menina sorriu ironicamente para a mãe, ignorando a presença do trio de ouro, o que não foi recebido bem pela mais velha.
— , não vai falar com nossos convidados? — falou em tom de repreensão, fazendo a outra revirar os olhos, entediada.
— Meus convidados? Acho que não — estalou o céu da boca com a língua, mal criada. — Não chamei nenhum deles para virem para cá — completou com acidez, deixando o ambiente mais desconfortável ainda.
— ! — repreendeu mais uma vez, olhando para a filha com censura. — Desculpem por ela, meninos — olhou para os outros três. — Ela está chateada por não passar o feriado com o namorado — explicou em tom leve. Ao contrário do que Sirius queria fazer acreditar, Rosaleen Fawley tentava ser o mais agradável possível com todos os presentes na Ordem, principalmente com Harry Potter. Afinal, ele era a esperança do mundo bruxo. Não poderia dizer que o grupo gostava dela, mas não era tão reticente quanto os mais velhos. Situação que não se estendia à . De longe, dava para ver que os mais novos não se davam bem.
— Claro. Queria passar o natal com o Malfoy — Potter cuspiu o sobrenome, fazendo com que a Black arqueasse a sobrancelha em deboche.
— É, Potter, o Malfoy — encarou-o em desafio. — O loiro alto, bonito, inteligente e tudo aquilo que você nunca vai ser.
— Estou até chorando com o fato de que nunca serei uma cria de comensal da morte — alfinetou, o que acabou atingindo também Rosaleen, que tentou não se ofender. Lúcio, realmente, estava longe de ser um ser humano decente e, para seu desagrado, Draco compartilhava muito dos ideais do Malfoy mais velho.
— Cuidado com o que fala, Potter — falou a menina, levantando-se e erguendo o dedo em riste para o moreno. — Seria extremamente desagradável ter que te mandar de volta para os seus trouxas imundos — provocou, fazendo o outro inflar as bochechas de raiva. — Quem sabe, dessa vez, os dementadores têm mais sorte, huh? — disse, maldosa, relembrando do ataque que quase o fez ser expulso de Hogwarts, por usar magia na presença do seu primo trouxa. — Sinceramente, até torço por eles… — jogou o cabelo para trás em descaso, tomando um susto ao ver que Hermione, que até então se mantinha quieta, levantou em um rompante, ameaçando-a com um quase tapa.
— Ui, Granger, não pode falar nada do namoradinho, é?! — Após se recompor, aproximou-se da morena de cabelos espessos, que era segurada por Weasley — este com uma cara tão amarga quanto os outros dois amigos. — Sempre achei que você preferia ruivos… — olhou de modo displicente para Ronald, que ficou com as orelhas da cor de seus cabelos.
— Realmente, Black, você é uma pessoa detestável — cuspiu a nascida trouxa, se desvencilhando do aperto do ruivo e seguindo para outro cômodo. Weasley fez menção de seguir a amiga, mas Potter o segurou pela camisa.
— Estressadinha ela, não?! — perguntou retoricamente para a mãe que, embora analisasse a cena em silêncio, tinha um olhar de decepção direcionado à mais nova. — E outra, por que essa menina está aqui? Potter é órfão e, aparentemente, ninguém no mundo, fora os pobres coitados que estão nesta casa, o aturam. Weasley está com todos os parentes enfurnados aqui dentro. Mas, Granger? Estamos abrindo algum tipo de fundação de caridade aqui dentro?
— ! — Rosaleen interviu rapidamente, vendo os garotos a encararem com carrancas idênticas. — Hermione é uma convidada e você precisa tratá-la com respeito! — repreendeu a mais nova, que apenas rolou os olhos em resposta. Normalmente, não era tão atrevida assim. Mas, quando estava na presença dos grifinórios, nem ela mesma aguentava o quão insuportável poderia ser.
— Prefiro ser um órfão renegado do que me associar ao tipo de gente que você anda, Black! — Potter rebateu com aspereza, irritando-se ainda mais ao perceber que não havia afetado a garota com as suas palavras. — Você deve se sentir bastante satisfeita em ver a Umbridge trabalhando, não é? Deve ser como ver um vislumbre do futuro.
— Realmente, ser a Alta Inquisidora de Hogwarts não me parece um cargo tão ruim assim, não acha? — devolveu com ironia, balançando os longos cabelos castanhos e arqueando a sobrancelha com desdém. — Eu só acho que não combino com tantos tons de rosa… Embora, os métodos de ensino dela sejam algo a se copiar — deu de ombros, com indiferença, sabendo que tinha atingido um ponto sensível em Harry. Não possuía provas, mas, pelo o que ouvia nos corredores de Hogwarts, a sonserina sabia que Umbridge utilizava tortura para castigar os estudantes. E não era como se ela concordasse com esse tipo de conduta, afinal, a Idade Média tinha acabado há séculos! Contudo, não poderia negar que sabia descer a níveis muito baixos quando a missão era irritar Potter e seus amiguinhos.
Rosaleen ao ver que a confusão iria se estender devido às provocações de e ao crescente mau humor dos dois garotos, finalmente interrompeu, pedindo para que os rapazes fossem atrás de Sirius — local que provavelmente fora o destino de Hermione —, que continuava a cantar, animado. Potter ainda relutou, disposto a rebater mais algumas falas de , mas foi empurrado por Rony, que o guiou até o local em que ouviam a cantoria desengonçada. O ruivo sabia que não valia a pena permanecer ali, mesmo que também quisesse fortemente azarar a sonserina.
Enquanto os meninos se afastavam, Rosaleen encarou , resoluta.
— Você tem que parar de fazer isso, Serpens! — Apontou para a filha, que somente deu de ombros. — Estamos todos do mesmo lado, . Não se faça de sonsa.
— Mesmo lado? — cruzou os braços, descrente. — Tem certeza, mamãe? — retrucou, ácida, indo em direção à árvore de Natal em busca de seus presentes.
— Volte aqui, mocinha! — mandou a mulher, levantando-se e seguindo a mais nova. — Mesmo lado sim, um dia você vai entender isso — afirmou, virando o corpo da filha para si e forçando-a encarar seus olhos.
— Só espero que não seja com você caindo morta pelas mãos de algum dos seus aliados — disse, azeda, desvencilhando- se do aperto da mãe e indo procurar na árvore o que era seu. Aparentemente, todos já haviam pego os seus presentes e só sobraram os da menina. — Agora, com licença, tenho presentes para abrir — concluiu, sem encarar os olhos da mãe. Rosaleen ainda fez menção de falar alguma coisa, desistindo no caminho. Somente suspirou, balançando a cabeça em negação e seguindo para a cozinha.
, ao ver que estava sozinha, crispou os lábios em desagrado. Não gostava de discutir com a mãe, mas tinha medo por ela e esse era seu jeito de expressar. Sendo rude e desnecessária. É, realmente digna de orgulho.
Balançando a cabeça para dispersar esses pensamentos, foi procurar o presente que sabia ser de Draco: duas caixas, sendo uma de tamanho médio e outra menorzinha, nas cores da sonserina. O rapaz amava verde e dizia que não tinha nenhuma outra que a superasse.
Antes de abrir a caixa, porém, observou de soslaio a carta que veio acompanhando os pacotes. Assim, logo tratou de abrir e, quando o fez, não conseguiu evitar o sorriso que escapou.
“Olá, minha cobrinha — Draco adorava fazer menção ao nome do meio de , Serpens, pertencente à uma constelação e escolhido em virtude da tradição dos Black.
Como você está? Espero que não esteja ainda chateada com sua mãe por não vir passar o Natal conosco. Teremos a vida toda para comemorar todos os feriados do mundo, você vai ver.
Estou sentindo muito a sua falta, parece que os dias ficam mais frios e longos sem a sua risada para me aquecer.
sentiu os olhos marejarem. Sentia muita falta do garoto e parecia que aquela dor era quase que física.
Aqui em casa não estamos muito festivos. Papai está mais estressado do que nunca e não fala os motivos disso. Mamãe tenta compensar lendo comigo e contando histórias de infância, mas o clima continua pesado. Queria que você pudesse estar aqui. Ou eu com você.
Nesse momento, a garota sentiu uma lágrima teimosa escorrer pelas bochechas pálidas, sendo limpa rapidamente.
Ah, sobre o seu presente... Não se irrite pelo valor. Comprar presentes para você nunca será um gasto. É algo mais como um investimento. Então, não me mate por isso. Não esqueça de que eu serei o pai dos seus filhos e que eles precisarão de mim como eu naturalmente sou, lindo e com o rosto perfeitamente intacto.
Feliz Natal, meu amor! Eu amo muito você. Estou com saudades.
DM”
Com a última parte da carta, franziu o cenho em confusão. Sabia que Draco era um completo sem noção às vezes e temia o que poderia encontrar dentro da caixa. Por ser o único herdeiro da família Malfoy, o loiro não tinha limites nos presentes que costumava dar para a namorada e para os amigos. Não que fosse muito diferente do que acontecia com a própria , mas, depois de receber um vestido da Vestes a Rigor, com um valor que ultrapassava os dez mil galeões, a menina precisou colocar um limite em Malfoy.
Percebendo as mãos levemente trêmulas, a menina segurou a caixa que o namorado havia indicado e rasgou o papel sem muita cerimônia. Quando descobriu o conteúdo dela, por sua vez, sentiu as borboletas do seu estômago se acordarem rapidamente. A caixa pequena guardava uma corrente em um tom rosé delicado, com um lindo pingente em forma de serpente, semelhante ao anel que usava como aliança de namoro. Ao tocar levemente na pedra, encantada com a beleza do objeto, a serpente se abriu, iluminando o quarto com um pequeno holograma que representava uma das fotos favoritas do casal. Na imagem, corria, animada, para as costas do namorado, que a segurava firme com um grande sorriso nos lábios.
Maldito, pensou emocionada, ele realmente sabe caprichar nos presentes.
Balançando a cabeça e olhando rapidamente ao redor para ver se alguém prestava atenção nela e em sua emoção incontida, seguiu para abrir a embalagem de tamanho maior, sem saber o que poderia ter ali. Com certa hesitação, percebeu que dentro do pacote encontravam-se inúmeros doces da Dedos de Mel, como Acidinhas, Varinhas de Alcaçuz, bolos de caldeirão e os seus favoritos, sapinhos de chocolate. Conhecendo Draco como conhecia, sabia que o loiro tinha apelado para os doces como forma de mantê-la quieta sobre os seus gastos. Além de que, para a menina, por mais bobo que parecesse, escolher os seus doces favoritos, para ela que adorava comer, era uma grande prova de amor.
Suspirando levemente, ainda afetada pela corrente — que havia feito questão de guardar com cuidado — seguiu para abrir os demais presentes que ali estavam. De Pansy, ganhou uma miniatura da Torre Eiffel, que servia também de luminária. De Daphne Greengrass, ganhou uma escova mágica que poderia fazer, simplesmente, o penteado que ela quisesse. Indo de algo simples como um coque, até algo para uma festa. Já de Blásio Zabini, a garota havia recebido um conjunto de pincéis, o que era uma ótima pedida para a menina que adorava desenhar. Por fim, Theodore Nott havia lhe presenteado com uma foto de todo o grupo, tirada alguns meses antes. Na imagem que se mexia, Draco tinha os braços passados ao redor do corpo de , que sorria abertamente. Ao seu lado, Pansy estava nas costas de Blásio, enquanto Theo e Daphne faziam caretas idênticas. Ela gostava daquela foto.
Depois de conferir os presentes de todos os seus amigos, bastante satisfeita, a menina viu que ainda tinham três embalagens no local. A primeira, que era maior, surpreendeu a sonserina. Era um suéter na cor verde, com a letra B estampada nele. O famoso suéter Weasley. Nunca achou, realmente, que ganharia um desses. Afinal, não era preciso ter algum tipo de vínculo com a família para tê-lo? Convenhamos, estava longe de ser bem quista pela penca de ruivos, então, acreditou que era apenas um gesto em agradecimento por se hospedarem em sua casa. Bobagem, pensou sozinha, guardando o suéter junto aos demais presentes. Não era como se pudesse usar a peça em público, não é?! Mas, por alguma razão, se sentiu realmente grata à Molly pela lembrança. Se esforçaria para agradecer à matriarca quando a encontrasse.
A segunda, apesar de mediana, tinha um peso considerável. Quando abriu, percebeu que era um kit mata aula dos gêmeos Weasley, com as famosas vomitilhas e os nugá sangra nariz, o qual causava pavor em . A menina tinha ouvido, tempos antes, que Fred e Jorge ainda estavam procurando um antídoto para a primeira, então a menina esperava, sinceramente, que eles tivessem encontrado. Ou, talvez, o fato de não terem uma resolução para as vomitilhas fizesse parte do lance do presente. Apesar de que, vomitar até a completa desidratação deveria ser uma vingança um pouco acima do tom para os tantos anos de provocações mútuas.
Dentro da caixa ainda tinha um bilhete escrito:
Para a nossa serpente favorita. Use com sabedoria.
JW e FW.
É, talvez, ela precisasse agradecer a mais alguns Weasleys. Por um instante, sentiu-se mal por não ter comprado nada para os ruivos em questão, mas não era como se esperasse algo deles, certo?! Tirando o fato de que, provavelmente, Rosaleen já deveria ter presenteado a família em nome das duas.
A leve desatenção causada pela surpresa pelos presentes recebidos quase a fizeram esquecer da última caixa que ali estava. Era uma caixa preta, nem muito grande e nem muito pequena e que, no meio daquela bagunça, quase não era perceptível. Black abriu a embalagem com cuidado, vendo que lá dentro tinha uma espécie de caderno. Mas, não era um caderno comum. Olhando com maior atenção, percebeu se tratar de um diário. Ao abrir o objeto, teve que redobrar a atenção, visto que as folhas pareciam gastas e querendo se soltar, como se tivessem sido escritas há muito tempo.
— Quem diabretes me daria um diário velho e já todo preenchido? — questionou baixinho, visto que não havia nenhum tipo de cartão que mostrasse o remetente do presente.
— Vejo que encontrou o meu presente. — Uma voz rouca se fez presente no cômodo, sobressaltando a menina, que deu um pulinho com o susto. — Não foi a minha intenção te assustar — desculpou-se, fazendo com que arrumasse a postura rapidamente, erguendo suas proteções naturais contra o homem. Não queria ter que começar uma nova briga. Por Merlin, era Natal! E não o dia para ver com quantas pessoas a conseguiria discutir sem simplesmente surtar e sair correndo rua afora!
Suspirando baixinho, já recuperada do susto, a menina cruzou os braços e encarou o tio com seriedade. Certamente, Sirius esbanjava uma aparência melhor do que a que os cartazes de procurado estampavam pela cidade. Os cabelos, outrora emaranhados, estavam com aspecto limpo e menos assustador, descendo em suaves ondas até os seus ombros. A barba cheia que carregava consigo também havia sumido e, com isso, as nuances de um rosto ainda jovem poderiam ser percebidas. As bochechas também estavam mais coradas e ele não tinha mais o aspecto cadavérico digno de um ex-prisioneiro de Azkaban. Contudo, a mudança maior estava em seus olhos. Nunca tinha visto os olhos cinzentos, tão parecidos com os seus, a encararem com um olhar que não fosse de repulsa. Black estava pacífico, como se não tivesse insultado seus pais — e ela mesma — há poucos dias.
— Eu vim em paz, — o homem prosseguiu falando, percebendo que a sonserina não diria nada. A mais nova apenas arqueou a sobrancelha em resposta, incrédula com a mudança de postura. — Achei que o meu presente mostraria isso.
— Por que um diário velho te isentaria de todas as grosserias proferidas contra mim, Black? — a menina finalmente rebateu, cuspindo o sobrenome com ironia e encostando-se na parede, no intuito de se afastar da figura do tio.
— Você por acaso viu a quem pertenceu este diário? — o homem devolveu com paciência, sem a costumeira hostilidade presente. Aparentemente, ele realmente estava dando uma trégua à sobrinha.
A menina, por sua vez, franziu o cenho, percebendo que não procurou saber o mais importante: quem era o dono daquele caderno? Tentando não transparecer nenhum sentimento, folheou-o com cautela, passando os olhos atentamente pelas páginas repletas de inscrições em uma letra bonita. Com rapidez, a garota percebeu um detalhe que era comum em todas as anotações. Todas as folhas eram assinadas com R.A.B. O choque da descoberta fez o coração da Black mais nova disparar em ansiedade, tornando as suas mãos trêmulas e suadas. Não era possível, era? Sua mãe nunca havia mencionado nenhum tipo de diário e muito menos afirmado que Sirius era quem tinha a sua posse.
— Vejo que percebeu de quem era — afirmou com prepotência, percebendo as mãos trêmulas da menina. — Achei que você iria gostar.
— Como? — questionou com fraqueza, levantando o olhar para encarar Sirius, que a olhava com os braços cruzados e postura relaxada.
— Enquanto estávamos arrumando as coisas nos andares de cima, acabei encontrando o diário por acaso — começou, passando as mãos no cabelo. — Regulus costumava escrever em um caderno desde antes de Hogwarts. Era o jeito dele de desabafar sobre tudo o que se passava em casa e na escola — riu fraco, balançando a cabeça em negação. — Fui eu quem deu a ele de presente de aniversário. — Dessa vez, o tom do homem ficou mais amargo. — Pensei que ele tivesse abandonado depois de tudo, mas, pelo que eu vi, as anotações vão até 1981 — concluiu, fazendo um gosto amargo surgir na boca de . 1981 foi o ano em que seu pai morreu.
Sinceramente, a garota não entendia os motivos para que Sirius, inesperadamente, surgisse com um presente tão impactante assim, quase como se eles fossem uma família funcional. Mas, de fato, eles não eram. Será que os anos em Azkaban o fizeram ter algum tipo de transtorno dissociativo de personalidade? Essa era a única resposta plausível para o comportamento estranho do tio.
— Certo… — pigarreou para conseguir um tom mais firme de voz. — E por que você está me dando isso? Achei que um diário fosse a forma perfeita de conseguir rastrear os passos do meu pai comensal — retrucou, impaciente, já menos impactada com o peso do presente.
— Isso não pertence a mim, — Black rebateu ainda com paciência, dando um passo na direção da sobrinha. — Nem acho que Regulus tenha sido burro o bastante para contar os detalheszinhos sórdidos de suas missões dentro de um objeto facilmente rastreável — suspirou, focando o seu olhar na árvore de Natal, que agora só guardava os presentes desembrulhados de . — Não me entenda mal… — começou com seriedade, encarando os olhos da mais nova — eu continuo achando Rosaleen uma vadia falsa e dissimulada e você uma pirralha atrevida e mal-educada — falou, fazendo com que a sonserina o olhasse estupefata, surpresa com o tom utilizado. Esse era o Black que conhecia. — Mas, Regulus é o seu pai e acho que você deveria se sentir mais próxima dele de algum modo. Mesmo ele sendo um covarde e pau mandado — concluiu, jogando levemente os cabelos para trás e aumentando a careta que a menina estampava nos lábios.
— Depois dessas palavras adoráveis… — começou com ironia, olhando Black com desprezo — eu deveria me sentir agradecida?
— Bom, é o que as pessoas decentes fazem, não é, mesmo? — devolveu com obviedade, tombando a cabeça levemente para o lado. — Não que eu ache que uma criança criada pela Fawley e pelos Malfoy tenha algum senso de decência. — Nesse momento, a aparente pacificidade de Sirius havia sido dissolvida, dando lugar a um pungente sarcasmo. Mas ele havia tentado, certo? Não era sua culpa que não conseguisse manter a civilidade por tanto tempo.
— Você não havia vindo em paz? — a menina devolveu, mostrando indiferença pelas palavras utilizadas por Black. Estava satisfeita com o presente recebido e não daria o gostinho para o tio perceber que a havia afetado com suas ações. Ouvindo a indagação da mais nova, Sirius apenas deu de ombros, sabendo que havia feito o possível para evitar a hostilidade. — Por mais que você seja um egocêntrico, prepotente e, ainda por cima, a vergonha da família, eu agradeço pelo presente. As memórias do meu pai não devem ficar com um irmão que ele tanto desprezava. — foi quem deu de ombros, vendo Black bufar em resposta. A menina realmente era um reflexo de seu irmão. — Por esse motivo, eu te agradeço por não ter feito mais do que a sua obrigação — concluiu, arqueando a sobrancelha em desafio e apertando o diário contra si, de forma involuntária. Vai que Sirius tentasse pegar o objeto de volta para ele, não é mesmo? O atleta de quadribol era Draco. Os reflexos de não eram tão bons assim!
— Você sempre me faz sentir em casa, — Sirius soltou com ironia, encaminhando-se também para a cozinha. — E isso não é um elogio. — Rolou os olhos, procurando sair do radar da sobrinha o mais rápido possível. Que se dane a trégua! Ele já havia feito o seu papel de tio. Não era sua culpa ter uma sobrinha tão insuportável assim.
, por sua vez, mesmo jamais admitindo aquilo em voz alta, estava realmente agradecida pelo diário que guardava contra si. Tudo o que sabia de Regulus era fruto de histórias de outras pessoas. O máximo de vivacidade que havia presenciado tinha sido quando Rosaleen colocou algumas de suas memórias na penseira para que pudesse ter acesso à figura do pai ativamente. Mas não era o suficiente. Seria diferente ter acesso ao Regulus por meio de suas próprias palavras. E havia sido Sirius quem tinha a proporcionado essa experiência. Esse havia sido o presente mais significativo de sua vida.
Talvez, só talvez, o sentimento de gratidão ficasse guardado dentro de si, esperando o momento certo para dar às caras. E, só talvez, esse mesmo sentimento tenha sido o responsável por fazê-la, meses depois, empurrar Black para longe do feitiço de Bellatrix e, desse modo, salvar a sua vida. E, talvez, esse ato de braveza fosse o determinante para conseguir sair da emboscada que estava sendo colocada e, no final de tudo, conseguir um futuro longe da Guerra e de todos os males a ela associados.
Claro, só talvez.
FIM.
Nota da autora: E aí, gente! Como estão? Feliz ano novo para todo mundo! Que 2023 seja repleto de bençãos e realizações para vocês e seus familiares! Esse é o segundo ano participando do All Stars e eu fico honrada demais por todo o carinho que recebo devido às minhas histórias. Portanto, muito obrigada!
Para quem leu ODDS, talvez lembre que há uma leve menção ao Natal da Olívia no quinto ano, em que se é afirmado que ela havia passado a data com o Draco, na casa dos Fawley. Maaas, eu tinha esse rascunho nas minhas notas e pensei: por que nāo?! Então, aqui estamos ahahahah. Ainda vai demorar um pouco para termos uma interação da nossa Black com o Sirius na trama principal e eu precisava adiantar essa cena porque sim! No mais, até a próxima!
Nota da beta: Eu adoro ver esses "bastidores" dos personagens, principalmente ser for de alguém como a Olívia, com uma vida rodeada de mistérios! Amei essa interação em família e já estou doida para ver o desenrolar disso na fic principal ❤️
Outras Fanfics:
➽ O Despertar da Serpente (Longfic - Em andamento)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Para quem leu ODDS, talvez lembre que há uma leve menção ao Natal da Olívia no quinto ano, em que se é afirmado que ela havia passado a data com o Draco, na casa dos Fawley. Maaas, eu tinha esse rascunho nas minhas notas e pensei: por que nāo?! Então, aqui estamos ahahahah. Ainda vai demorar um pouco para termos uma interação da nossa Black com o Sirius na trama principal e eu precisava adiantar essa cena porque sim! No mais, até a próxima!
Nota da beta: Eu adoro ver esses "bastidores" dos personagens, principalmente ser for de alguém como a Olívia, com uma vida rodeada de mistérios! Amei essa interação em família e já estou doida para ver o desenrolar disso na fic principal ❤️
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