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Última atualização: 20/04/2023

Prólogo

Fazia frio.
Durante o caminho até o seu esconderijo, por onde olhasse, conseguia ver alunos esfregando os braços por baixo dos agasalhos pesados. E ela não deveria estar ali.
Tinha combinado com Daphne e Pansy de se encontrarem na Torre de Astronomia para estudarem juntas para o teste de poções. Embora a biblioteca fosse o lugar mais óbvio, nenhuma das três sabia revisar o assunto em silêncio e ouvir reclamações da Madame Pince não era o seu objetivo de vida. Mas algo a dizia para não ir.
Então, estava ela, após dar um perdido em suas amigas.
Atrás de uma das pilastras do sétimo andar espiando o namorado.
Draco estava estranho.
Mais magro, com olheiras profundas e o rosto com aspecto macilento. O rapaz, outrora bonito e vivo, estava com as feições destruídas, como se tivesse que cheirar um Trasgo todos os dias pelas manhãs. E o pior, ele não falava nada.
Era patético para que Malfoy achasse que ela não estava suspeitando que alguma coisa estava acontecendo. Eles se conheciam desde sempre e o namoro foi apenas uma consequência de tantos anos de amizade e parceria. Mesmo se não houvesse o sentimento amoroso, eles se transbordavam.
Duas almas cruzadas pelo destino bem antes de nascerem.
Contribuindo para a atmosfera mística que os rondava, como todos os descendentes Black, seus nomes significavam constelações. O dragão e a serpente, entrelaçando-se em uma relação que não havia medição de força, mas respeito mútuo perante suas qualidades e defeitos.
Não havia um lugar que fosse, que Draco não estivesse. Eram duplas nas aulas e na vida.
Quando Hermione Granger socou o rapaz, no terceiro ano, por causa de atitudes babacas dele, enfeitiçou a garota com a azaração do Bafo de Pimenta, que havia aprendido há pouco com seu padrinho Lúcio, para caso, nas palavras dele, algum sujeitinho de sangue-ruim a perturbasse. Black sabia que o namorado era uma pessoa difícil, mas uma coisa era repreendê-lo enquanto estavam a sós, outra era deixá-lo ser humilhado por uma grifinória metida. Por mais que Pansy e Daphne falassem que estava passando pano para Malfoy, a menina não enxergava assim. acreditava estar fazendo apenas o seu papel de melhor amiga.
Claro que isso não era bem-visto pelos outros estudantes que não estavam envolvidos na dinâmica dos sonserinos. Granger, por exemplo, nunca perdoou por fazê-la cuspir labaredas de fogo e sempre a fuzilava com o olhar quando a via pelos corredores de Hogwarts ou na própria sede da Ordem da Fênix. De fato, nem ao menos tinha recebido alguma punição pela maldade. No momento, a única autoridade que passava por ali era Snape, e, ao ver o olho roxo de Draco, assumiu que estava apenas defendendo o amigo e nada fez para puni-la. Já Granger, perdeu trinta pontos para a casa dos leões. Bem, foi o que descobriu ao ouvir, tempos depois, o trio de ouro esbravejando ofensas à sua pessoa.
Aquele, contudo, não havia sido o único momento em que a garota havia se arriscado para defender Malfoy.
No quarto ano, enquanto o falso Alastor Moody transfigurava Draco em uma doninha e ficava jogando o garoto para cima e para baixo, Black lançou um Estupefaça no professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, desnorteando o que todos achavam ser o ex-auror.
Não que tenha sido uma ideia muito boa. Afinal, estuporar um professor deveria causar até expulsão, mas, com sorte, ou por influência do seu sobrenome - nunca saberia, realmente - a sonserina apenas cumpriu duas semanas de detenção com o zelador Filch. Não que isso a tenha salvo do discurso extremamente irritante de sua mãe sobre o fato de ela estar virando uma pessoa insubordinada e impulsiva.
Esses eram apenas alguns dos exemplos nos quais Draco e intercederam por si. Azarações a grifinórios, detenções e alguns pontos perdidos marcavam a relação de Draco e . Por isso, era nauseante saber que o namorado escondia algo dela.
Black sabia que o Lorde das Trevas havia voltado. Afinal, era impossível não saber.
Sua mãe possuía um papel essencial na guerra e estava cada vez mais exausta com as missões, tanto dos comensais, quanto da Ordem. temia que, por causa de algum momento de fraqueza, Voldemort conseguisse descobrir que uma de suas mais leais servas não era tão leal assim.
Severo Snape também era um espião infiltrado. Embora não conseguisse tantas informações quanto Rosaleen, o homem a ajudava a manter seu disfarce e o apreço do lorde. Era até uma ironia que aqueles a quem Voldemort depositava tamanha confiança eram dois traidores. Black somente esperava que ele continuasse sem saber, já que as coisas estavam cada vez piores. Se pudesse escolher, nem ela saberia! Afinal, não confiava o suficiente em sua mente para esconder informações de um mestre em legilimência.
No final do ano anterior, na Batalha do Ministério, o mundo bruxo parou de desacreditar Dumbledore e aceitar que o maior bruxo das trevas havia, de fato, retornado. Rosaleen não havia sido escalada para essa missão, já que estava na Albânia resolvendo pendências do homem que atendia por Lorde. Todavia, Lúcio Malfoy estava e, mais uma vez, falhou.
Falhou ao ver a Profecia sendo destruída em sua frente. E falhou mais ainda ao ser mandado para Azkaban, lugar que achava tão desprezível.
Essa falha não foi esquecida por Voldermort, claro que não. soube que o namorado e Narcisa foram torturados por algumas horas, de modo a atenuar um pouco da fúria do bruxo. Também ficou sabendo, em um momento de vulnerabilidade de Draco, no dormitório do sonserino, que o rapaz havia sido marcado.
Ele tinha a marca negra e sabia exatamente o que isso queria dizer. Muito provavelmente havia sido incumbido ao rapaz alguma missão extremamente perigosa, na qual ele precisaria fazer algo que não gostaria.
Black havia questionado a sua mãe inúmeras vezes sobre a tarefa de Malfoy, mas apenas recebia negativas e respostas curtas e secas. Você precisa ficar longe disso, Serpens Black.
A garota nunca havia ido para uma reunião de comensais, já que, por enquanto, Riddle não possuía interesse nela e não havia muito para quem perguntar sobre a pauta de conversas animadas dos comensais.
até tentou abordar Severo Snape algumas vezes, mas o bruxo de cabelos oleosos deu o mesmo veredito de sua mãe. Fique fora disso.
Ainda por cima, por segurança, a menina tinha que ficar cada vez mais longe da mansão Malfoy. Ela sabia que o clubinho das Trevas estava sediado ali e quanto mais se fizesse invisível aos olhos do Lorde das Trevas, melhor para ela.
Rosaleen fazia o máximo em suas missões para tornar dispensável a recruta de uma inexperiente bruxa de dezesseis anos, e tinha que continuar assim. Desse modo, a garota, antes de Hogwarts, vivia enfurnada na antiga casa dos Black com seu tio ainda vivo, Sirius.
gostaria mais do que nunca estar em Wiltshire, na antiga casa dos Fawley, com todos os seus luxos e comodidade aos quais estava acostumada. Mas não. Estava numa velha casa empoeirada, com uma decoração sinistra e um quadro extremamente barulhento e irritante. Desculpe, vovó.
Inclusive, era um milagre terem acreditado na desculpa esfarrapada dada por Rosaleen para mantê-la longe da Mansão Malfoy. Por não ter parentes vivos pelo lado dos Fawley, era bastante instigante para a mais nova entender como a mãe havia conseguido convencer bruxos malignos sobre a importância de uma viagem de autoconhecimento para . Sobretudo em um momento tão inoportuno quanto o que estavam vivendo. Mas essa era mais uma das perguntas que ela duvidava obter respostas. E, sinceramente, ela nem gostaria de saber.
Além de tudo, claro, ainda tinha a excelentíssima companhia de seu tio. Embora eles já não tivessem as mesmas desavenças que criaram após se conhecerem e de Sirius perceber que era uma versão feminina de seu irmão mais novo, Black não se mostrava tão receptivo à presença constante da sobrinha. Mesmo que, em seu íntimo, agradecesse a Merlin por não ter que ficar mais preso apenas com Monstro, que estava mais rabugento ainda por não ter conseguido se livrar do antigo senhor como orquestrou anteriormente.
O bruxo por algum milagre havia sobrevivido na grande Batalha do Ministério e fazia companhia, junto com o elfo, à garota nas férias que antecediam Hogwarts. Talvez ele ficasse menos arisco ao saber que devia o milagre de sua vida a ninguém mais que .
Utilizando a magia da poção Polissuco para parecer uma pessoa qualquer da Grifinória, mas sim, . A garota ouviu por acidente sobre a visão/sonho/alucinação de Potter e ameaçou delatá-los para Umbridge - que a tinha em bons lençóis - caso não pudesse ir junto. Obviamente, ouviu um coro de sonoros “NÃO!”; “Você tá louca?!” ou “Por que você quer ir?!”, mas ela não se importou. Tinha seus motivos.
Ir para a Batalha, por mais suicida que essa ideia se parecesse, era o jeito mais fácil de descobrir o que estava acontecendo nos dois lados e ela não iria desperdiçá-la. Apenas precisou de um fio de cabelo de uma das garotas da Grifinória, já que possuía um estoque de poção Polissuco para emergências, e logo estava parecida com uma das gêmeas Patil. Agradeceu mentalmente pelo fato de guardar fios de alunos das quatro casas de Hogwarts, obtidos em momentos oportunos, para utilizar em situações de emergência. Sendo quem era, não era exatamente uma surpresa precisar se disfarçar de outra pessoa para alcançar um dado objetivo.
Já no Ministério, ao ver a irmã louca de sua madrinha batalhando com seu tio, empurrou o homem para longe do véu antes que ele pudesse ser atingido por um raio branco oriundo da varinha da Lestrange. Em compensação, a garota recebeu a pior das dores que já havia sentido na vida. A sensação era de que milhares de facas lhe perfuraram e espetaram os seus órgãos de dentro para fora. Sinceramente, ela preferia ter recebido uma maldição da morte. Pelo que diziam, era algo indolor. Não que pudesse ter certeza do fato, já que apenas uma pessoa tinha sobrevivido ao feitiço e sabia que Potter não deveria lembrar de nada. E, convenhamos, mesmo se lembrasse, ele não diria nada a ela.
Essa dor quase fez com que a menina se arrependesse por ter ajudado Sirius, mas ela gostava de pensar que essa atitude havia deixado o seu pai orgulhoso, já que era o seu irmão ali. Além disso, após o Natal passado, em que Sirius havia lhe dado um antigo diário de Regulus de presente, a menina passou a suavizar o modo como via o tio, quase tolerando a sua presença. O homem tinha feito ela conhecer o pai de um modo que não se restringia somente a memórias alheias. E, por isso, ela era eternamente grata a ele. Talvez, agora que havia salvado a sua vida, estivessem quites.
Após ter sido atingida, ela só lembrava de acordar na ala hospitalar, com alguns bruxos a olhando com curiosidade e surpresa. Não era para menos. Ela havia dado entrada como Parvati Patil e, magicamente, revelava o seu disfarce para todos os adultos que a encaravam em seu leito de enfermidade. As feições mais cômicas, ao se ver, eram do seu ex-professor Lupin e de sua prima, Ninfadora Tonks, que mostraram expressões idênticas de desentendimento e choque.
Não que ela se importasse, no fim das contas. Apenas os ameaçou para calarem a boca e ignorarem que a viram ali. Para efeito de todos, Black estava no dormitório feminino da Sonserina, dormindo o sono dos justos. O mais difícil tinha sido despistar Draco, horas antes, mas havia inventado algumas cólicas menstruais para dispensar a sua presença e, depois de muita insistência, o loiro a deixou ir. Precisava agradecer às amigas por acobertarem essa mentira. Mais uma. Claro que, passar três dias na Ala Hospitalar, não condizia apenas com uma mera descamação do endométrio. Além de que, era necessária uma história mais elaborada para que Draco aceitasse facilmente a ausência de no momento da prisão de seu pai. E o mesmo valia para os seus amigos. Contudo, como o momento condizia com a descoberta de Sirius Black, e era a parente mais próxima do homem, a necessidade de dar um depoimento aos aurores foi a justificativa criada por ela e Rosaleen para despistarem a curiosidade sobre o paradeiro da menina. E acabou dando certo. O conhecimento de Fawley sobre medibruxaria também foi fundamental. Afinal, nenhuma história além da verdade seria plausível o suficiente para explicar a formação de cicatrizes no corpo outrora liso de . Mas, felizmente, as marcas foram insignificantes e nem os olhos atentos de Malfoy seriam capazes de perceber alguma mudança no corpo da namorada.
O maior obstáculo, em sua opinião, era o choque ocasionado devido ao seu ato de bravura. No geral, apenas queria que todos ignorassem a informação de que fora ela a salvar Sirius do feitiço de Lestrange. Não saberia lidar com o sentimento de gratidão vindo dos membros da Ordem da Fênix. Não queria nem que Sirius soubesse. A relação deles ficaria ainda mais estranha do que já era e não queria ter que vivenciar isso. E assim foi feito. Claro, após muita relutância. Então, Black ainda não tinha a menor ideia de que fora a sua sobrinha quem salvou a sua vida no ano anterior. A única coisa que sabia era que tinha sido uma suposta amiga da Grifinória do trio de ouro. O homem tinha até tentado fazer um agradecimento direto à sua suposta salvadora, mas fora desestimulado por Lupin, que tinha dito que ele poderia fazer isso em outro momento. Um momento em que Voldemort não estivesse por aí angariando forças para o seu exército das trevas. nem sabia se Black se sentia tão grato assim, já que embora tivesse conseguido provar, finalmente, a sua inocência, continuava preso ao Largo Grimmauld. Antes, havia o risco de ser mandado para Azkaban, agora, estava sendo caçado pelos comensais, sobretudo por Bellatrix, por ser a desonra dos Black. Então, mesmo possuindo permissão para deixar a sua prisão particular, não eram tantas as missões para que era convocado.
O salvamento de Sirius chegou a trazer uma diminuição na hostilidade de Potter para com ela, que logo deixou claro que as coisas não deveriam mudar apenas por esse simples fato. Não era porque tinha mostrado que era um ser humano decente que precisava confraternizar com o grupinho que detestava desde os onze anos de idade. Além disso, não queria dar a falsa impressão de que iria lutar na guerra ao lado de Potter.
Não que fosse a favor dos ideais de Voldemort, porque não era. E se fosse, significaria que todo o esforço de Rosaleen e de Regulus teria sido em vão. Mas também não acreditava que um bruxo baixinho e medíocre conseguiria salvar o mundo bruxo das trevas. A garota preferia estar bem longe de tudo quando a guerra finalmente estourasse. Mesmo que essa opção parecesse praticamente impossível. Principalmente pelo fato de que sua família, de sangue ou não, parecia cada vez mais imersa no conflito.
Pensando nisso, apenas balançou a cabeça para afastar de si os devaneios inquietos que estavam vindo para si. Não queria pensar na guerra, queria apenas ajudar o namorado e mostrar que estava aqui para ele. Um problema de cada vez, era o que repetia para si incessantemente. E era isso que faria.
Ao ver a cabeleira platinada que tanto conhecia passando por si, tomou coragem e foi atrás dele, antes que o perdesse de vista. Estava na hora de relembrar à Malfoy que eles eram uma dupla e, mesmo que ele não quisesse a interferência dela, ela continuaria ali para ele. Por ele. Por eles.

One

olhava para Potter como se ele fosse um inseto e ela pudesse o destruir com a força do pensamento. Não acreditava que o maravilhoso eleito tinha feito o favor de interrompê-la antes que ela pudesse chegar a Draco, que havia sumido pelo corredor do sétimo andar. E o pior, usando um puxão para desviá-la de seu objetivo. odiava que a tocassem sem permissão. Principalmente se esse alguém era Harry Potter.
- Você pode soltar o meu braço, fazendo o favor?! – bufou, irritada, olhando para o moreno que ainda permanecia imóvel, aparentemente alheio à raiva da sonserina. O grifinório era extremamente lerdo, e isso irritava Black ainda mais. Sinceramente, como esse incompetente será capaz de derrotar o Lorde das Trevas? É melhor já ir aceitando que iremos todos morrer - pensou, ainda encarando os olhos verdes de Harry, que ainda não parecia pronto para falar, mesmo que tivesse soltado o pulso de .
- Potter, talvez você seja alguém bem desocupado e, acredite, devido a todo o alarde sobre o menino que sobreviveu, que a sua presença seja extremamente importante - frisou com um desdém que era capaz de escorrer de seus lábios - e que nós, meros mortais, nos sintamos muito lisonjeados por estar desfrutando de seu glorioso tempo - revirou os olhos, impaciente -, mas eu, infelizmente, não posso perpetuar o seu ciclo de egocentrismo e irei embora caso você não comece a explicar o porquê diabretes você me puxou como se eu fosse um elfo doméstico! - terminou a frase em uma exclamação esganiçada, sem conseguir disfarçar o quão indignada estava com aquela intervenção do apanhador.
A garota não chegava a odiar Potter com a mesma intensidade que Draco o odiava. Na verdade, ele era bem insignificante para ela em noventa por cento do tempo e, assim, só se lembrava de sua agradável existência quando ele dava algum jeito de chamar os holofotes para si. O que, tragicamente, para , eram mais vezes do que ela achava ser tolerável. E, nos últimos tempos, estava tudo muito pior do que o habitual. O fato de ela estar alojada no Grimmauld Place, antiga casa de seus antepassados, e toda a questão de o lugar ter virado a atual sede da Ordem da Fênix, fazia com que ela tivesse que aturar os seus desafetos por mais tempo do que era considerado saudável. A garota guardava profundas mágoas de Rosaleen, sua mãe, por ter cedido o espaço para Dumbledore. Como Sirius havia sido deserdado da família e era a única puramente Black que havia restado, a casa era dela. Contudo, por ser menor de idade, sua mãe era a sua responsável legal e a pessoa que deveria lutar pelos seus interesses. Mas, convenhamos, para a menina, se tinha algo que não era de seu interesse - nem de Monstro, se fosse para contar aliados - era a utilização do lugar pelos capachos do diretor. Isso, ao seu ver, nem era o mais grave de tudo. O pior era que nem poderia reclamar com os amigos sobre o assunto, visto que era totalmente confidencial a conexão de Rosaleen com Dumbledore e, obviamente, toda a sua associação com o Potter. Por isso, ter que fingir que teve férias excelentes na França enquanto fazia uma espécie de viagem de autoconhecimento e de desenvolvimento da própria magia - fala sério, sua mãe poderia ter escolhido uma desculpa melhor para afastá-la dos radares do Lorde das Trevas - quando, na verdade, estava presa no Largo com o seu tio problemático, piorou consideravelmente o seu estado de espírito. Era mais satisfatório quando apenas imaginava qual justificativa tinha sido dada por Rosa para mantê-la longe. Assim, pelo menos, a possibilidade de dizer que passou os seus meses sendo torturada em uma estufa de Mandrágoras era possível e lhe era dispensada a obrigação de fingir plenitude por aí. Como se ela fosse capaz disso.
As palavras de , por sua vez, pareceram deixar Harry ainda mais atordoado e, quando ele finalmente falou, parecia incapaz de formular frases de modo coerente.
- Eu… - gaguejou, enrubescendo de um modo que a Black não sabia ser de vergonha ou de raiva. - Eu não sou egocêntrico! - cruzou os braços, levantando o tom levemente, arrependendo-se em seguida após lembrar que não deveria chamar atenção, mesmo que o corredor se encontrasse vazio.
- Que seja, Potter - revirou os olhos, se apoiando em uma das pilastras que escondia os jovens de possíveis olhares curiosos. O fato dele focar apenas nessa parte específica, o deixava ainda mais egocêntrico aos seus olhos. - O que você quer comigo? - insistiu, vendo o outro respirar fundo, como se tentasse controlar o próprio temperamento para conversar com .
- Você é próxima do Malfoy - Harry pontuou após alguns segundos de silêncio, fazendo com que a garota arqueasse a sobrancelha em uma expressão de desdém.
- Como você chegou a essa brilhante conclusão? - colocou uma mão no rosto, fazendo uma falsa cara de choque. - Foi pelo fato de sermos da mesma casa? - começou a perguntar retoricamente, com ironia. - Ou por sermos melhores amigos? - tentou mais uma vez, fazendo Potter inflar as bochechas de irritação. - Melhor ainda... - exclamou, batendo palminhas, como se tivesse chegado no palpite certo. - Será porque nós namoramos há mais de um ano?! - indagou, revirando os olhos. - Grande capacidade de raciocínio, Potter. Me surpreende você não ter sido selecionado para a Corvinal.
- Eu tinha me esquecido do quão insuportável você é - balançou a cabeça em negação, como se fosse impossível conversar com a sonserina.
Nesses momentos, Harry queria poder lançar uma azaração na menina, sem pensar nas consequências que com certeza viriam. Se todos os Black eram insuportáveis como , o rapaz conseguia entender os motivos de seu padrinho odiar tanto a sua família. Potter se esforçava para tentar ser agradável - ou quase isso - com a menina, desde que ela havia salvado Sirius. Contudo, a arrogância e a desprezível armadura que costumeiramente usava contra todos o impediam de seguir por esse caminho.
- Será um prazer lembrá-lo disso sempre que possível - rebateu, sem se abalar com as palavras do grifinório.
- Estou tentando falar sério, Black - respirou fundo, tombando a cabeça para trás, com impaciência. - Você é próxima do Malfoy e é a melhor pessoa para descobrir se ele realmente é um comensal da morte! - exasperou, jogando a afirmação em cima de sem mais nem menos. Por sua vez, a garota sentiu o seu estômago embrulhar com as palavras de Harry, mesmo que por fora tentasse transmitir a mesma expressão impassível de sempre. Por dentro, Fawley estava em pânico. Como assim Potter suspeitava da Marca de Draco? Ela sabia que o rapaz não poderia provar nada, senão tinha evitado pedir ajuda a ela e, provavelmente, já haveria funcionários do Ministério prontos para levar Draco para Azkaban. Azkaban. Só de imaginar Draco naquele lugar, seu coração se apertava em aflição e angústia. Tinha tido experiências com dementadores no terceiro ano, quando estava imposta à caça ao seu tio Sirius, e poderia afirmar com veemência como os odiava. Então, mesmo sabendo que apenas a palavra de Potter não seria o suficiente para incriminar Malfoy, a menina ainda achava toda a situação preocupante. Não fazia a mínima ideia de qual missão havia sido incumbida ao namorado, e ter Potter na cola dele, ou melhor, na cola deles, deixava tudo muito mais complicado.
- Comensal da Morte?! - forçou uma risada um pouco mais esganiçada do que o normal, torcendo para que a costumeira lerdeza de Potter o impedisse de perceber a sutil mudança de tom. - Você realmente acha que o Draco é um comensal da morte? - riu mais uma vez, dessa vez de modo mais sincero, visto que a cara de emburrado de Potter realmente a divertia.
- Como você disse, ele é o seu namorado - cuspiu a palavra com repugnância, como se achasse impossível alguém realmente amar Draco. - Não está o achando estranho, mais evasivo e suspeito do que o normal? - apontou. - Ele saiu do time de quadribol e, de acordo com Rony e Hermione, nem se preocupa mais com os deveres de monitor! - concluiu, arqueando a sobrancelha em desafio. Mas antes que pudesse responder, ambos escutaram uma voz que conheciam muito bem.
- Vá farejando, minha querida. Sinto cheiro de alunos fora da cama - escutaram a voz do zelador Filch vindo de uma direção próxima ao local em que estavam. , por um momento, franziu o cenho em confusão, não imaginando ter passado tanto tempo procurando Draco e conversando com Potter ao ponto de já estar fora do horário permitido. Mas depois deu de ombros. Era a monitora da Sonserina e poderia alegar estar em uma ronda noturna e, ainda por cima, encrencar Harry, que não deveria estar ali. O rapaz não tinha tido a mínima competência para ganhar o distintivo no lugar daquele estranho do Weasley. Sinceramente, se era capaz de perder para Ronald Weasley, ganharia de quem? Do Lorde das Trevas que não seria.
Obviamente, o grifinório não concordou com a repentina estagnação de Black, puxando a garota para um cômodo vazio que estava a poucos passos dos dois. Após alguns segundos de tensão, respirou aliviado quando ouviu os passos do zelador e de Madame Nor-r-ra se afastando da sala que se escondiam. Depois de ter certeza de que estava seguro de uma possível detenção, Potter se virou rapidamente, não percebendo que estava logo atrás de si. Devido ao movimento repentino, os jovens ficaram com os rostos muito próximos, situação que deixou Harry constrangido. Não estava muito acostumado a ficar tão próximo assim de garotas. Seu breve namoro com Cho Chang, no ano anterior, havia sido a sua única experiência com o sexo oposto e não tinha durado o suficiente para torná-lo experiente. E, no mais, não era qualquer garota, era Black, namorada do seu maior inimigo, que parecia totalmente indiferente ao seu embaraço. Como se a presença de Potter não a causasse absolutamente nada, o que não deixava de ser verdade.
- É… - tossiu ele, afastando o corpo o máximo que conseguia da sonserina, que apenas revirou os olhos com impaciência. - Onde estávamos? - coçou os cabelos, bagunçando-os ainda mais do que o natural.
- Estávamos na parte em que você aprende que nunca - frisou, apontando para o menino - nunca mais me puxa ou me empurra para qualquer lugar, caso não queira perder os dentes - ameaçou, sentando em uma das carteiras vazias que ali se encontravam. Não sabia que sala era aquela, mas aparentava ser uma espécie de depósito, com cadeiras, quadros e alguns armários espalhados pelo local.
- Você deveria me agradecer - rebateu ele, imitando o gesto de e também se sentando em uma das carteiras. - O Filch poderia ter nos encontrado.
- E…? - retrucou, cruzando os braços. Ao ver que Harry a encarou, indignado, revirou os olhos mais uma vez. A Fawley sentia que nunca havia exercitado tanto seus músculos ciliares quanto estava o fazendo nessa conversa. - Eu sou monitora, idiota, tenho permissão para andar pela escola fora do horário de recolher - explicou como se fosse óbvio, o que realmente era.
Harry parou por um segundo, finalmente entendendo as palavras da menina e se sentindo um pouco envergonhado por ter jogado para dentro de uma sala escura. Se fossem pegos, não saberia explicar o que estavam fazendo juntos no local. Tinha que aprender a lidar com a sua impulsividade.
- Ér… - pigarreou para deixar a voz mais firme. - Me desculpe - pediu, ainda sem jeito por toda a abordagem abrupta. Não queria parecer rude, mesmo que fosse com a sonserina.
- Que seja - abanou a mão com displicência, fazendo o moreno suspirar sofregamente. Era realmente muito difícil manter um diálogo. Após algum tempo de silêncio desconfortável, Potter tomou coragem para continuar o assunto que estavam debatendo antes da chegada de Filch.
- , sua mãe e seu tio fazem parte da Ordem - começou de repente, chamando a atenção da menina para si. - Você é tão egoísta que não se importa com a vida deles e no quanto eles serão prejudicados se você acobertar um comensal da morte?! - inquiriu. Dane-se a tentativa de ser agradável. Não dava para ser, minimamente, decente com . - Mais um, não é?! - provocou maldosamente. - Porque se me lembro bem, você sempre defendeu Lúcio Malfoy, até o chamava de tio...
Dessa vez, foi quem paralisou, surpresa com a escolha de palavras de Harry. O rapaz tinha coragem, precisava admitir. Confrontá-la daquele modo petulante não era algo que muitas pessoas teriam capacidade de fazer. Bem, ao menos se quisessem levar alguma azaração dolorosa. Mas ali não era qualquer um. Era o Santo Potter. O imbecil prepotente que achava que sabia muito sobre a vida apenas porque tinha uma cicatriz patética na testa.
- Pobre bebê Potter - começou em um tom enjoado e infantil, imitando brilhantemente a voz de Bellatrix, o que fez com que as bochechas do grifano se colorissem de raiva. - Será que as suas alucinações estão sendo tão realistas ao ponto de acreditar que você realmente se preocupa com a minha mãe? - inquiriu, voltando com o seu tom de voz, mas do jeito mais duro que conseguia proferir. - Você é um hipócrita, Potter. Finge para todos que é um grande herói, pronto para salvar todos nós das trevas, mas é apenas mais um menininho mimado e assustado, que coloca a sua régua moral em cima de todos que considera impuros - falou em tom cortante, sem dar brechas para a réplica de Harry. - Você só quer salvar essa sua bunda magrela. Não está nem aí se a minha mãe sairá viva da missão suicida em que ela se colocou, ou se eu, o Draco ou os demais sonserinos sairemos inteiros da guerra que nós sabemos que se aproxima – riu, amarga, vendo o outro lhe encarar pasmo. - Então, não venha me chamar de egoísta, quando eu apenas quero manter os meus vivos - se aproximou do moreno, apontando o indicador na frente de seus olhos. - Você nos julga como maus, manipuladores e filhotes de comensais apenas por sermos da Sonserina. Não se importa com o fato de também estarmos assustados com tudo o que está acontecendo - bufou, apertando a ponte do nariz com o indicador. já sentia uma enxaqueca se aproximando. - E, convenhamos, você espera que eu denuncie o Draco não por ele supostamente ser um Comensal da Morte e porque você, como o eleito, precisa lutar contra tudo que se remeta a Você-Sabe-Quem - balançou a cabeça em negação, indo novamente para a carteira em que estava sentada anteriormente. - Não, claro que não é por isso - riu fraco. - Você só quer vê-lo na merda porque acha que ele não é digno de nada, muito menos de amor e fidelidade - fez uma pausa, sem perder o contato visual com o garoto, que não fazia a menor menção de que iria retrucá-la. – Mas, deixa eu te contar um segredo, Potter - disse baixinho, mas de um jeito perfeitamente audível devido à acústica da sala. - Eu não estou nem aí se você ou se quem você ama conseguirá sair bem dessa merda toda. Nem se o Lorde das Trevas irá ganhar ou perder. Eu irei lutar pelos meus. Para todos nós sairmos bem disso tudo. Apenas isso. Você os considerando dignos ou não - concluiu incisivamente, saltando da carteira em que estava sentada e caminhando em direção à porta.
Enquanto isso, Harry permanecia atônito perante as palavras da Black. Todavia, antes que ela saísse do cômodo, recuou e encarou Harry novamente, lembrando de reafirmar um importante detalhe.
- Antes que eu me esqueça, nunca mais ocupe meu tempo com suas baboseiras e com falhas tentativas de me colocar contra o Draco. A minha lealdade é dele e da minha família, não de Dumbledore - e, com isso, saiu do cômodo, deixando Potter paralisado para trás. No caminho para as masmorras, ainda encontrou Filch e aquele bicho bizarro que ele chamava de gato. E, depois de gritar duas vezes que ela era monitora e que tinha permissão para estar nos corredores naquele horário, sutilmente induziu o homem a ir para o lado em que Harry estava, torcendo para o zelador o encontrar e encaminhá-lo para McGonagall. Ver o menino em uma detenção pagaria uma parte do estresse a que foi submetida por sua causa.

Xx


Depois de encontrar Filch, a caminhada para a Sala Comunal passou como um borrão para a garota. A raiva e a indignação eram capazes de transpassar os seus poros e ela não conseguia enxergar nada com muita clareza. chegou a pensar ter visto Hermione Granger lhe encarando enquanto fazia a ronda de um dos andares com Susan Bones, mas não deu a mínima. A sua cota de tolerância ao trio de ouro já havia sido ultrapassada com o Potter.
Fawley estava tão desatenta que só percebeu chegar nas masmorras quando sentiu o costumeiro frio associado ao local. Após enunciar a senha, suspirou em um misto de exaustão e alívio ao se ver dentro do lugar que chamava de casa há seis anos. Ainda distraída, se sentou em um dos sofás de couro que adornavam o local, fechando os olhos por alguns segundos. se sentia cansada. O peso de ter uma família envolvida diretamente com a provável Segunda Guerra Bruxa só pareceu cair sobre si naquele momento. A verdade é que a Black nunca parou para pensar com clareza o que significava o papel de sua mãe naquilo tudo e nem os riscos que envolviam a sua missão. Rosaleen era o pilar que sustentava . Quando criança, a menina não entendia o porquê de ela ser uma criança sem pai presente, enquanto todos aos seu redor, inclusive Draco, pareciam ter famílias sólidas e felizes. Por vezes, se pegou chorando e perguntando a Merlin os motivos de não ter Regulus junto a si. E, nesses momentos, foi Rosa quem segurou a sua mão e a fez se sentir querida. Mas, nem tudo era simples. Sua mãe nunca havia explicado muito bem as circunstâncias de sua morte. O que sabia, após escutar uma conversa entre Sirius e Rosaleen, era que ele havia morrido dentro de um lago infestado de Inferis. O seu corpo nunca foi encontrado e Monstro quem relatou o que exatamente tinha acontecido ao seu pai. Nesse mesmo dia, ouviu o seu tio acusar Rosa de ocultar informações que poderiam ajudar a Ordem a derrotar Voldemort. Para o moreno, existia uma razão muito bem consolidada para que Regulus estivesse na caverna em que morreu e Rosaleen certamente sabia qual era. Ambos eram noivos e tinham uma filha juntos, então obviamente eram confidentes. Fawley apenas rebateu, afirmando que tudo que era de seu conhecimento era sabido por Dumbledore e, se Sirius permanecia no escuro, era porque não possuía tanta importância quanto achava que tinha. Após isso, a conversa virou uma intensa troca de ofensas e decidiu fazer companhia ao seu elfo, o único ser, além de sua mãe, que realmente gostava daquele ambiente. Sendo sincera, não havia parado para pensar e compreender o que diabretes o seu pai fazia em uma caverna deserta quando deveria estar em casa, com a sua filha recém-nascida. E, de verdade, ela nem sabia se realmente queria entender esses motivos. Doía pensar que o pai sacrificou a vida por qualquer circunstância aleatória enquanto tinha uma filha para criar. Uma filha que precisaria e que precisou dele em diferentes momentos. Tentou achar essas respostas no próprio diário de Black, mas também não as obteve. Não que tenha explorado os escritos com tamanha precisão. ainda não tinha realmente parado para entender o peso das palavras escritas naqueles papéis envelhecidos. O máximo que havia feito foi aplicar um feitiço localizador para encontrar as palavras caverna ou inferis, busca totalmente inconclusiva.
E esse era mais um dos motivos que a faziam odiar mais ainda todos os envolvidos na Guerra. Saber que além de seu pai, poderia perder também sua mãe, era algo extremamente doloroso para aguentar. A garota sempre teve Lúcio e Narcisa Malfoy como fortes figuras de referência, mesmo que sua mãe a fizesse ignorar os discursos supremacistas do homem. Narcisa e Rosaleen eram melhores amigas de infância e foi inevitável a aproximação da garota com os Malfoy, que além do vínculo afetivo, também eram seus padrinhos. Mas, com a prisão de Lúcio, o recrutamento de Draco e toda a organização dos comensais dentro da Mansão Malfoy, a relação deles não estava na melhor fase. Ainda era meio chocante para ela que Lúcio realmente era um comensal da morte. Não como sua mãe, que trabalha para destruir o Lorde das Trevas por dentro de sua própria associação de fanáticos, mas um seguidor realmente fiel, que acreditava nos mandamentos preconceituosos que Voldemort proclamava. Claro que a garota não era alienada e sabia que os Malfoy, inclusive o seu próprio namorado, valorizavam em demasia o seu status sanguíneo e que se achavam superiores aos nascidos trouxas e mestiços. Mas não acreditava que eles acreditavam nesse ideal ao ponto de arriscar a própria vida por um motivo tão estúpido quanto era a purificação do mundo bruxo. Uma revolução purista liderada por um líder mestiço. Isso soava extremamente ridículo aos seus ouvidos, mesmo que não proferisse sua opinião abertamente por aí. Como havia dito a Potter, a sua lealdade era de sua família e amigos, não de Dumbledore ou de Voldemort. não dava a mínima para a origem da família de seus colegas. Ela, por exemplo, era uma legítima descendente dos Fawley e dos Black, duas integrantes dos Sagrados Vinte e Oito, e que também possuíam grande parte dos seus integrantes mortos, presos ou desaparecidos. O status sanguíneo de seu pai não o salvou da morte e não a salvaria também, quando ela estivesse em uma situação de risco. Todos teriam o mesmo destino solitário e cruel. Nascidos bruxos ou trouxas. Isso, por sua vez, não tornava a garota uma defensora da união de bruxos e toda a baboseira que famílias como os Weasley pregavam. Claro que não. Black ainda se achava superior a todos que a rondavam. Só que não por questões sanguíneas, mas porque realmente era. Pelo menos ela gostava de acreditar que sim. Talvez, desse jeito, conseguisse se sentir menos solitária e renegada.
Contudo, no momento, ela não se via tão superior assim. se sentia sozinha, embora estivesse rodeada de pessoas que realmente gostavam de si, como os seus amigos, que se encaravam, preocupados com a garota alheia aos olhares que recebia.
- ? - chamou Daphne em um tom cuidadoso, sentando-se ao lado da amiga. Por não perceber que tinha companhia no Salão Comunal, a garota deu um pulinho em sobressalto, fazendo com que a loira risse baixinho. Por quanto tempo ficou imersa nos próprios pensamentos? Será que os amigos haviam percebido algo estranho nela? Tentando transparecer normalidade, apenas olhou de forma fuzilante em resposta ao riso de Greengrass, que levantou as mãos em rendição. A loira sabia que não era uma boa ideia provocar a amiga.
- Oi? - respondeu com displicência, percebendo que além de Daphne, Theo, Blásio e Pansy também a observavam, jogados no tapete em frente à lareira. Felizmente, Crabbe e Goyle já não andavam com eles há certo tempo. Não queria ter que encarar a cara abobada dos dois paspalhões que costumavam seguir Malfoy como cachorrinhos irritantes. Nem hoje, e nem nunca mais, se pudesse escolher.
- Você não apareceu na Torre para estudarmos, ficamos preocupadas - foi Pansy quem falou, levantando do chão e se sentando do outro lado do sofá que já acomodava as outras duas meninas. - Aí chegou com essa cara de quem acabou de ver uma Acromântula andando pelo Salão Principal e tivemos a certeza de que algo aconteceu.
- Eu apostei que você estava em algum armário de vassouras com o Malfoy, mas como ele não veio com você, presumo que não foi o que rolou - foi Theo quem falou, sem encarar . Para ele, parecia mais interessante ficar jogando para cima e para baixo a sua réplica de pomo de ouro. Nott era sempre o mais irônico do grupo, o que era um feito e tanto levando em consideração todos que ali estavam. Em resposta à provocação do amigo, apenas estirou o dedo na direção dele que, imaginando uma reação do tipo, olhou para a menina e mandou um beijinho de volta. Black apenas revirou os olhos, mas em seu íntimo se sentia levemente melhor com a preocupação dos amigos. Esse acalento, contudo, não era o suficiente para tirar o aperto que lhe sufocava o peito, principalmente ao perceber que Draco ainda não havia chegado de sua empreitada no sétimo andar.
Vendo os sonserinos lhe encararem curiosos, sentiu o peso em seus ombros aumentar consideravelmente. Não poderia explanar a conversa que teve com Potter e o seu cérebro cansado não parecia prestes a inventar uma desculpa convincente. Felizmente, isso não foi necessário. Antes que pudesse abrir a boca, ela avistou o corpo de Draco adentrando o Salão Comunal. Com o rosto mais pálido do que o normal, o terno preto que o garoto usava fazia um contraste ainda maior com o seu corpo. As feições frustradas também não passaram despercebidas por , que sentia como se tivesse vendo um fantasma extremamente parecido com o seu namorado.
Malfoy, por sua vez, estava alheio ao fato de que todos os seus amigos lhe observavam entrar cabisbaixo. Para ele, todos já estariam dormindo devido ao horário e foi realmente uma surpresa quando olhou para frente e viu todo o seu grupinho com olhos fixos nele. Sem paciência para toda a ladainha que viria, Draco rapidamente localizou sentada entre Pansy e Daphne, caminhando até a menina e a puxando pela mão até o dormitório que dividia com Blásio ainda em silêncio. Antes que começasse a subir as escadas com a garota, contudo, virou mais uma vez para os sonserinos.
- Zabini, hoje você dorme com o Nott - encarou o rapaz, que arqueou a sobrancelha em resposta, mas depois assentiu em confirmação. Ele que não queria se meter em uma confusão com o loiro naquele horário. Theo também deu de ombros, sem se importar com a ordem implícita do amigo. Seu colega de quarto, Miles Vaisey, estava de rolo com uma corvina e quase não dormia mais no dormitório dos dois, deixando o quarto apenas para Theodore em noventa por cento do tempo. Ao ver que não tiveram reclamações dos amigos, Draco abraçou lateralmente e finalmente levou a menina até o cômodo em questão. O garoto não gostava de demonstrar fraqueza para os outros, sobretudo para a Black, mas talvez não fizesse mal dividir algumas de suas angústias, antes que explodisse e fosse tarde demais.

Two

seguiu Draco em silêncio, sabendo que o menino não estava no melhor dos humores. Após mais alguns passos, o casal se viu parado em frente a uma porta de mogno, com os nomes Draco Lúcio Malfoy e Blásio William Zabini. agradecia diariamente o fato de que os quartos da Sonserina eram duplos, e não um lugar amontoado de gente como o de outras casas, como a Grifinória. Na época de Rosaleen e Regulus, por exemplo, os quartos eram individuais, mas com o aumento da vazão de sonserinos, colocaram quartos duplos. Ao entrar no cômodo, respirou fundo, tentando se preparar psicologicamente para a conversa que viria. Draco estava sério. A postura era tensa e os ombros retraídos mostravam que ele não estava à vontade com a situação. Esperando o namorado criar coragem para falar, a Black passou a prestar atenção nos detalhes do quarto que conhecia tão bem. Os dormitórios feminino e masculino não possuíam tantas diferenças entre si. Ambos eram amplos, com duas camas de casal e com dossel adornado em prata e verde. Sendo sincera, não havia nada do quarto que não fosse nesses tons. Nas paredes, pôsteres do brasão da Sonserina e tapeçarias medievais que ilustravam as aventuras de Salazar chamavam a atenção de quem entrava. A iluminação era fraca, vinda de algumas lanternas prateadas localizadas no teto e que davam um ar mais sombrio ao local, mas nada assustador. Mais ao fundo, tinha um banheiro, com seu piso prateado e paredes também verdes, que esbanjava uma pia dupla e uma banheira ampla. No lado de Draco, tinha uma flâmula do Chudley Cannons, o time de quadribol que era apaixonado desde criança. Embora não fosse viciada como o namorado, também era fã do esporte, discutindo inúmeras vezes com o rapaz em prol de defender a soberania das Harpias de Holyhead. Outro ponto que lhe chamou atenção foram as camas. A cama
de Draco não aparentava nenhuma bagunça, como se ninguém tivesse dormido ali. Isso apenas assustou a menina, porque não duvidava que o namorado estivesse passando noites na Sala Precisa. E se isso estivesse acontecendo, a missão do rapaz era mais complicada do que ela achava ser.
- Senta aqui, por favor - a voz baixa e arrastada de Draco chamou atenção da menina, que prontamente atendeu ao pedido do loiro. Após se acomodar, a menina encarou os olhos acinzentados que tanto amava, mas que, no momento, estampavam olheiras arroxeadas e um vazio que não combinava com o sonserino. - Abaffiato! - exclamou ele, apontando para a porta do quarto. Ao ver que a menina franziu o cenho em confusão, ele esclareceu. - Essa conversa não pode sair daqui. - apenas assentiu, ainda calada. Draco encarou o chão por alguns segundos, sem saber como começar a falar. Tinha medo que o julgasse. Por mais que a menina já tivesse conhecimento da Marca, não tinha noção da missão que lhe fora destinada e isso o assustava. O seu pai estava preso e a sua mãe vivia numa espécie de torpor e melancolia que envolvia toda a aura da Mansão Malfoy. Perder seria como o torturar por inúmeras horas com a Maldição Cruciatus e, após vê-lo desfalecer em dor e sofrimento, condená-lo com um Avada Kedavra. Ele não poderia perder o único ponto de luz e de esperança em sua vida.
- Você sabe que eu estou em uma missão - falou, ainda sem a encarar, sentindo a menina se enrijecer ao seu lado, nervosa com o rumo da conversa - O Lorde das Trevas não ficou nem um pouco satisfeito com o meu pai - respirou fundo, ainda encarando o chão. - Desde que ele foi preso no Ministério, minha vida tem sido um inferno – riu, amargo, virando o rosto para a namorada pela primeira vez.
sentiu um aperto desconfortável no peito ao ver a feição desolada de Draco, puxando imediatamente o rapaz para um abraço. Todavia, o aperto que sentia apenas aumentou, visto que a sonserina começou a sentir o suéter de seu uniforme molhar devido às lágrimas de Malfoy. somente o apertou mais forte, tentando passar qualquer tipo de acalento para o menino que não estava acostumado a demonstrar fraqueza, nem mesmo para ela. Depois de alguns minutos, em que apenas o choro sofrido de Draco era ouvido, ele a soltou lentamente, dando um sorriso pequeno ao vê-la enxugar as lágrimas de seu rosto. As bochechas já não estavam tão pálidas, adquirindo um tom de vermelho devido ao choro.
Quando teve a certeza de que ele estava calmo, depositou um beijo na bochecha do rapaz, segurando uma de suas mãos com força, enquanto com a outra brincava com um dos inúmeros anéis que ele usava nos dedos.
- Eu estou aqui, meu amor - sussurrou ela próximo ao ouvido do loiro, vendo os pelinhos de seu pescoço se arrepiarem com o ato. - Pode ficar tranquilo.
- Não dá, - levantou da cama, balançando a cabeça em negação enquanto andava de um lado para outro do quarto. - Eu não consigo. Ele vai me matar. Matar a minha mãe. Matar você - falou, exasperado, sentindo o ar lhe faltar por um instante. Vendo o estado do namorado, se assustou, ficando ainda mais preocupada com o loiro.
-Ei, ei! - a menina exclamou, levantando-se rapidamente e parando na frente de Malfoy, segurando o seu rosto para que ele a encarasse. Draco tentou se soltar, sem saber como encarar a namorada, mas ela insistiu, recebendo um suspiro cansado em resposta. - Por que ele faria isso, D.? – perguntou, carinhosa, tentando trazer algum tipo de calma para o menino que parecia estar tendo o início de uma crise de ansiedade.
Por um momento, Black não absorveu o impacto de suas palavras. A menina não compreendeu quem era ele. Só depois entendeu que ele era o Lorde das Trevas. E que ele queria matar ela. engoliu em seco, mordendo o lábio de leve para aliviar a tensão sem chamar a atenção de Draco, que tinha os olhos fechados fortemente.
- Ele… - Malfoy respirou fundo, encostando a sua testa na testa da menina. - Ele me mandou… - suspirou, balançando a cabeça. Era muito difícil para Draco externalizar o que teria que fazer. A verdade era que ele não estava nem próximo de um plano cabível para matar Dumbledore. O menino não conseguia consertar o armário sumidouro, tampouco pensar em uma estratégia para chegar até o diretor sem gerar desconfianças para si. - Ele me mandou matar Dumbledore - falou rápido, como se tirasse um curativo, desviando o olhar para o lado porque não queria ter que ver a feição assustada de .
A menina, por sua vez, afastou-se de Draco abruptamente, não por desprezo pelo namorado, mas por indignação pelo que estava ouvindo. Como assim matar Dumbledore?! Sem saber como reagir, Black começou a andar de um lado para o outro, ainda sem encarar Draco, que a olhava com uma feição angustiada.
- Você não vai falar nada? – perguntou, cauteloso, sem coragem de se aproximar da menina.
- Como aquele… - parou de andar, fechando os olhos com raiva - aquele HORROROSO - berrou a palavra, em um grito fino - pôde ter a OUSADIA de mandar um adolescente de dezesseis anos matar o bruxo mais poderoso de todos os tempos?! - perguntou, puxando os cabelos para aliviar a sua revolta. - É óbvio que você vai falhar! - balançou a cabeça em negação, voltando a andar nervosamente pelo dormitório. - Se ele é tão bom assim, por que ele não tenta matar o diretor? Por que você? - falou em um tom de voz estrangulado, entendendo a gravidade da situação em que Draco tinha sido inserido. Ele não poderia simplesmente negar uma missão ordenada pelo próprio Lorde das Trevas. Era assinar o seu atestado de morte. Mas como ele seria capaz de completar essa missão? Como? Eles estavam no sexto ano, por Merlin! Claramente não saberiam lutar com o bruxo que derrotou Grindelwald no passado e que era conhecido pela sua competência, inteligência e força. Era uma missão perdida. - Por que você, D.? - e nesse momento, perdeu toda a pose durona que sustentava. Sem conseguir se conter, lágrimas desciam descontroladas pelo seu rosto. - Por quê?! - a menina sentiu as suas pernas cederem, mas antes que pudesse chegar ao chão, Draco já a segurava fortemente em seus braços e a impedia de cair.
Por algum tempo, os soluços dos dois se misturaram, como em uma sinfonia fúnebre. Ao ver , sempre tão segura de si, tão fragilizada, o sonserino recomeçou o choro engasgado e se deixou apoiar e ser apoiado pela pessoa que mais amava. Depois de um tempo, deu uma última fungada e se separou de Malfoy, limpando as suas próprias lágrimas. Tentando ser racional, Black puxou a mão do menino com o intuito de guiá-lo até a sua cama e tentou compreender as nuances que envolviam a missão que envolvia o namorado.
- Me explica isso melhor, por favor – falou, pigarreando, de modo a deixar a voz mais firme após o choro. Draco assentiu, esperando alguns segundos para começar a falar.
- Quando o meu pai foi preso, o Lorde das Trevas ficou furioso conosco - começou baixo, mexendo nos próprios anéis em seus dedos. - Gritou que a família Malfoy era uma vergonha para o mundo bruxo e que nós deveríamos nos envergonhar por manchar nosso sangue com tamanha incompetência - suspirou, olhando para cima rapidamente. - Mamãe tentou reverter a situação, argumentou que éramos muito fiéis ao Lorde e à causa e que sempre estaríamos dispostos a servi-lo - riu amargo, sentindo a mão da namorada apertar o seu ombro com carinho. - E o Lorde das Trevas riu. Ele gargalhou, . Mas não parecia uma risada normal. Era como o silvo de uma cobra. Nunca ouvi nada tão sinistro - pigarreou, para manter o tom firme em seu relato. - E depois disso, ele nos torturou. Não sei por quanto tempo. Não sei mesmo - balançou a cabeça para mostrar o seu desconhecimento. - Mas pareceram horas. Ele só parou porque tia Bella e tia Rosa argumentaram que nós já havíamos sofrido o suficiente - frisou o nome de sua mãe, fazendo com que Black franzisse o cenho em confusão. - Fui eu quem pedi para tia Rosa não te contar sobre a minha missão, . Não queria te trazer para isso - respondeu a pergunta muda que estampava na feição da sonserina. - Ele não parece estar interessado em você, tia Rosa nunca falhou… - umedeceu os lábios que estavam secos, mordendo o lábio inferior de leve, desconfortável com a conversa. Não queria falar sobre isso com a namorada, mas sabia que era necessário, antes que explodisse. - Eu estou tendo aulas de oclumência… - confessou, olhando para . - Sabe o que é isso?
- Sei… - disse vagamente, perdendo-se em memórias que a atingiram com certa força.
E como sabe.

Flashback On

-Cobrinha! - exclamou uma cabeleira ruiva, assustando , que andava junto a Draco até o salão principal. O momento do jantar já se aproximava e a menina não gostaria de perder o horário da refeição. Era dia de ronda da monitoria e ficar perambulando pelos corredores de barriga vazia não era algo que a Black ansiava.
- O que você quer com ela, Weasley? - perguntou o loiro em um tom arrogante, puxando para os seus braços de maneira protetiva. Por alguma razão, os gêmeos gostavam de e gostavam mais ainda de irritar Draco quando forçavam uma intimidade inexistente com a Black.
- Ouviu isso, Jorge? - perguntou Fred, ignorando Malfoy e tirando dos braços do loiro - Os grunhidos de uma doninha irritante - continuou, andando mais rapidamente com a menina e ignorando os insultos do sonserino, que quase corria para acompanhar o trio. , por sua vez, estava tão atônita que não conseguiu nem reagir e empurrar os gêmeos Weasley para longe. A garota não conseguia acreditar que isso realmente estava acontecendo.
- A petulância de certas criaturas é fascinante, não é mesmo, Fred? - prosseguiu Jorge, abraçando a menina lateralmente do mesmo modo que Malfoy fazia segundos antes. Foi o gesto repentino do ruivo que fez com que a menina acordasse do torpor que estava inserida e estancasse no chão, interrompendo a tentativa dos gêmeos de levá-la sabe Merlin para onde.
- Idiota um e idiota dois - respirou fundo, encarando os Weasley, que a encaravam de volta com um sorriso divertido nos lábios. - Quem vocês pensam que são para me arrastarem por aí? – perguntou, irritada, alisando o uniforme levemente amassado em decorrência dos movimentos bruscos. Contudo, antes que Jorge e Fred pudessem responder, Malfoy conseguiu alcançar o pequeno grupo, fuzilando os gêmeos com o seu olhar gelado. O garoto possuía as bochechas levemente rosadas devido ao esforço que havia feito para seguir e os cabelos, sempre tão arrumados, estavam desalinhados, fazendo com que Fawley segurasse o instinto de ajeitá-los.
- Weasleys! - Draco rosnou, amaldiçoando-se por não ter levado a varinha consigo. - Meu pai vai ficar sabendo disso! – exclamou, raivoso, chamando a atenção de alguns outros estudantes que passavam por ali em direção ao salão principal.
- Posso saber o que está acontecendo por aqui? - perguntou Hermione, aproximando-se do quarteto junto a Harry e Rony, que esbanjavam feições irritadas devido às últimas palavras do sonserino.
- Se você descobrir, Granger, não esqueça de me contar - retrucou com sarcasmo, revirando os olhos ao perceber a chegada do trio de ouro. Ela só queria poder ir comer em paz. Internamente, a menina imaginava cenários em que destruía todos os grifinórios da maneira mais dolorosa possível, apenas por eles estarem atrapalhando a sua ida ao jantar.
- Meu trio favorito! - foi Fred quem respondeu, encostando-se em uma pilastra. - Estávamos aqui, inocentemente…
- Na melhor das intenções... – Jorge, que continuou indo para o lado do irmão gêmeo.
- No intuito de apenas passar um recado para a nossa cobrinha favorita... - prosseguiu Fred, fazendo com que bufasse de raiva e interrompesse os ruivos.
- Parem de baboseira e falem logo o que querem comigo - começou, recebendo apoio de Draco, que encarava a todos com a cara fechada. O menino já estava pensando na carta que iria passar para o pai quando chegasse ao seu dormitório. Era inadmissível que um grupinho ridículo de grifinórios tratassem e ele com tamanha pretensão. Não que ele esperasse alguma coisa dos Weasley, muito menos do grupinho do Potter, mas arrastar a Fawley como se ela fosse uma trouxa qualquer era absurdo até para eles. - Caso contrário, colocarei os dois em detenção.
- Você não pode abusar do seu poder assim, Black!
- Não me lembro de ter te perguntado alguma coisa, Granger! - devolveu sem nem encarar a grifana. Harry e Rony fizeram menção de falar algo, mas Hermione os impediu, vendo que já estavam chamando atenção o suficiente por estarem juntos, no meio do corredor. Não queria mais fofocas envolvendo os seus nomes, principalmente com a Umbridge na cola de Harry.
- A cobrinha hoje está venenosa, Fred.
- A cobrinha vai mandar vocês dois para a Ala Hospitalar se não começarem a falar agora! - a menina se irritou novamente, pensando no tempo desperdiçado com aquele diálogo desnecessário. Rony, que também estava faminto, queria deixar os amigos com os gêmeos e seguir sozinho para o salão, mas quando fez menção de sair, Potter o segurou pela capa, impedindo qualquer movimento do ruivo mais novo. O moreno também estava curioso com aquele diálogo inusitado. Não imaginava muitos motivos para que os gêmeos Weasley puxassem assunto com a Fawley, então rapidamente supôs que tinha algo a ver com a Ordem.
- , viemos apenas agir como seus nobres súditos - falou Jorge charmosamente, provocando um rolar de olhos dos sonserinos
- Suas pobres e eficientes corujas - continuou Fred, divertindo-se com as feições de impaciência da mais nova.
- Por Merlin! - perdeu a paciência, segurando na mão de Draco e o arrastando em direção ao jantar. Por causa da sua irritação, quase levou Potter consigo, já que o garoto não saiu de sua frente quando ela passou. Mas, antes que pudessem dar mais de dois passos, os gêmeos se materializaram novamente em sua frente os fazendo parar.
- - chamou Fred, sem mais o tom risonho em sua voz, mesmo que o olhar divertido permanecesse intocado. - Nós realmente precisamos falar com você.
- E…? - cruzou os braços, quando eles não fizeram menção de falar nada. - Estão com algum feitiço da língua presa?! - continuou ao ver que os gêmeos permaneceram em silêncio. Fred e Jorge apenas olharam brevemente para Draco, focando os olhos para a Black segundos depois, como se afirmassem que o motivo de não falarem nada fosse a presença do loiro.
- O que quiserem falar para mim podem falar na frente do Draco - falou, percebendo qual era o motivo da hesitação deles. A resposta, por sua vez, apenas fez com que os ruivos a encarassem mais efusivamente, como se a questionassem se ela realmente não entendia que era sério. E, naquele momento, ela compreendeu. Amaldiçoando Dumbledore, a Ordem da Fênix e Sirius Black, se virou para Draco. Antes de falar, contudo, fechou os olhos com força, respirando fundo para conseguir neutralizar o seu temperamento. A garota odiava tudo aquilo com todas as suas forças.
- D., você pode ir na frente? – falou, carinhosa, como se não estivesse, minutos atrás, prestes a ser levada a Azkaban por um crime de assassinato. - Já chego lá.
- O quê?! – exclamou, indignado, sem conseguir acreditar nas palavras da namorada. - , você está doida?! - segurou uma das mãos da menina e com a outra mão mediu a temperatura de sua testa, avaliando se ela não estava delirando. - Realmente quer ficar sozinha com esses lunáticos?
- Eu sei me cuidar, não se preocupe - depositou um beijo em sua bochecha, mas o menino não relaxou, muito pelo contrário. Malfoy ficou mais tenso ainda, ao se deparar com ideia que cruzou a sua mente repentinamente.
- Eles estão te chantageando? - perguntou baixinho, olhando de soslaio para os gêmeos, que ainda os encaravam. Felizmente, o trio de ouro havia seguido para o salão principal e nenhum outro aluno parecia interessado neles. Ou talvez tivessem medo de azará-los por encará-la por muito tempo. - Amor, podemos falar com o meu pai, ele pode resolver isso - a puxou para um abraço, como se tentasse a proteger dos Weasley. A garota sentiu um frio na barriga devido ao jeito que Malfoy a havia chamado. Ainda não estava acostumada com as demonstrações de carinho explícitas do loiro, visto que só estavam namorando há duas semanas. Mas não poderia negar que estava amando cada nova nuance do relacionamento deles. Enquanto isso, os gêmeos, mais ao fundo, observavam tudo com olhares risonhos, achando cômica a dinâmica dos sonserinos.
- Está tudo bem, Draco - garantiu, saindo dos braços do menino e o incentivando a caminhar. - Você precisa ir para o salão e garantir o meu jantar, por Merlin! - revirou os olhos, risonha, cutucando as costelas de Malfoy e arrancando um leve sorriso dele, que instantaneamente se dissolveu quando o seu olhar focou nos grifinórios.
- Se algo acontecer com ela, Weasley... - começou, sendo interrompido por Fred.
- Você vai contar para o seu pai, nós sabemos - provocou o menino, empurrando levemente o loiro. Draco até pensou em retrucar, mas desistiu, decidindo seguir o pedido da namorada. Antes de sair, ele ainda deu uma olhada para trás, recebendo um menear positivo de cabeça, e assim, suspirando, foi em direção ao salão principal.
acompanhou por alguns segundos a silhueta do namorado até finalmente perdê-lo de vista, virando-se séria para os gêmeos que estavam posicionados ao seu lado.
- O que foi dessa vez? - perguntou em um suspiro, indicando com a cabeça a pilastra que os ruivos estavam apoiados anteriormente, para, assim, poderem se esconder melhor de algum curioso. Não que isso fosse realmente eficiente.
- A Minerva mandou te chamar. Estão te esperando na sala de Dumbledore - Jorge quem explicou, fazendo uma careta para um primeiranista que olhava abobado para . Ao ver que tinha sido notado, o garotinho saiu correndo, tropeçando nos próprios pés e quase levando uma queda. Black, que não tinha percebido nada, não entendeu o motivo dos risinhos abafados dos gêmeos, ainda intrigada com o que eles haviam comunicado. Decidiu, por fim, ignorar; os garotos eram estranhos mais do que o normal e ela não estava com paciência para embarcar em alguma baboseira deles.
- Agora? - quebrou o silêncio, sentindo um leve aperto no peito ao pensar na mãe. Será que tinha acontecido algo com Rosaleen? - Ela falou o motivo?
- Não - Jorge balançou a cabeça em negação. - Mas ela disse para você se apressar.
- Se ela tinha pressa, por que vocês demoraram tanto a me dar o recado?! - cerrou os olhos para os gêmeos, bufando levemente ao perceber que realmente iria perder o jantar. A menina esperava que Draco guardasse algo para ela ou iria simplesmente cabular a ronda para se aventurar nas cozinhas. Os outros que lutassem para cobri-la. Dobby, que já a conhecia desde a época que trabalhava na Mansão Malfoy, era um grande fã seu e não a deixaria passar fome.
- Porque ela tinha pressa, não nós - Fred disse em um tom de obviedade, bagunçando os cabelos ruivos despretensiosamente. apenas bufou novamente, ajeitando a postura e seguindo em direção à sala do diretor. Antes de ir, ouviu a voz de Fred perguntando se não iria agradecê-los pela informação.
- Foi a Minerva quem pediu a ajuda de vocês, não eu - retrucou, olhando para eles sobre o ombro, imitando debochadamente a resposta de Weasley. - Peça o agradecimento dela - e com um aceno, a menina saiu do campo de visão dos grifinórios.

Xx


seguiu até o sétimo andar, onde sabia ser a sala de Dumbledore. Black só havia ido lá uma vez, no terceiro ano, quando todos os olhares estavam em Sirius e os professores acreditavam que ele poderia ir atrás da sobrinha, para fazer algum mal. A menina praguejava baixinho, alheia ao seu redor, sobre como deveria ser permitida a aparatação em Hogwarts, mesmo ela sendo menor de idade e não sabendo aparatar sozinha. Por isso, não percebeu a presença que lhe acompanhava de perto, até ouvir o tom arrastado ao seu lado.
- Falando sozinha, Black? – falou. - Se perdesse menos tempo com distrações e se apressasse para o seu caminho, nós já poderíamos ter finalizado a reunião.
- Que susto, Sev! - a menina se exasperou, soltando um suspiro aliviado quando percebeu que era apenas o professor de poções ao seu lado. Depois de ter um comensal da morte disfarçado no ano passado, era necessário ter vigilância constante nos corredores da escola.
- Sempre insolente - balançou a cabeça, com desdém. - Sou seu professor, Black, não seu colega de classe. Exijo respeito.
- Desculpe, senhor professor Sev - respondeu atrevida, dando uma piscadela para o moreno, vendo a gárgula que dava entrada à sala de Dumbledore logo à frente deles. Apenas nesses momentos, a menina entendia a compulsão dos Weasley em zombar com todos que os rondavam. A Black tinha um carinho grande por Snape e adorava provocá-lo em todos os momentos possíveis, justamente por saber que o professor odiava. E, mesmo que ele nunca sorrisse ou demonstrasse algum tipo de afeto para com ela, sabia que ele também a adorava e a considerava a sua aluna favorita. A garota já estava até um pouco mais leve acerca da reunião que esperava. Snape tinha essa aura… contagiante.
- Você não nega o seu sangue, Black - falou em um tom de quase desprezo, lembrando de Sirius e de suas provocações imbecis.
- Vou levar como um elogio, senhor professor Sev - sorriu para ele, que apenas revirou os olhos, sussurrando a senha para a gárgula, quando se viram parados na frente da estátua.
Após a liberação da entrada, parou, tentando prestar atenção nos detalhes que lhe passaram despercebidos na última vez que estavam lá. Todavia, no hall, não havia muito a ser reparado, como percebeu rapidamente. Por isso, a menina encarou Snape com o cenho franzido, como se o perguntasse qual seria o próximo passo a ser dado. O homem revirou os olhos com a aparente lerdeza da aluna e indicou uma escada circular, fazendo com que a menina subisse e se deparasse com uma porta dupla de carvalho. Depois de passar por ela, finalmente pôde entrar na sala que há muito não via.
O escritório de Dumbledore consistia em uma grande sala circular, com inúmeros quadros de antigos diretores pendurados pelas paredes do local. A Black em um olhar rápido localizou o quadro de Fineus Nigellus, um parente distante seu que também possuía um retrato no Largo Grimmauld. Mais ao fundo, estava o Chapéu Seletor, que parecia um objeto qualquer quando não estava participando da Seleção das Casas.
Se pudesse, certamente Black colocaria o chapéu novamente na cabeça para saber o que ele tinha para falar de si naquele momento. A sua seleção não foi rápida. Muito pelo contrário. Embora a menina carregasse consigo todos estereótipos sonserinos, quase foi parar na Corvinal. O chapéu não conseguia decidir qual seria a sua morada pelos próximos sete anos e acabou a colocando na Sonserina após a garota mandá-lo se apressar porque ela não tinha a noite toda. Felizmente, ela pensava. Provavelmente, já teria se jogado da Torre de Astronomia caso precisasse conviver mais intimamente com pessoas como a sonsa da Cho Chang ou a sem noção da Lovegood.
Ao lado do chapéu, por sua vez, havia algumas prateleiras com inúmeros livros. Mais ao lado, uma estrutura que se parecia muito com uma penseira chamou a atenção da sonserina. Mas nada brilhou seus olhos tanto quanto a fênix de Dumbledore. Fawkes, como sabia se chamar, estava magnífico. O pássaro tinha as suas plumagens em um misto de vermelho com dourado, enquanto o olhar brilhante contrastava com as orbes escuras. A ave parecia analisar , como se pudesse imaginar os motivos que a fizeram estar ali, diante de si. Diferente do modo que havia a encontrado da última vez, queimando em suas próprias cinzas, Fawkes exalava poder. Enquanto permanecia perdida no olhar da ave, acabou esquecendo do propósito que tinha a levado para a sala do diretor, voltando para a realidade apenas quando escutou a voz que ela mais ansiava escutar.
- ?
sentiu o coração bater mais forte no peito ao ver a dona dos cabelos pretos que tanto conhecia saindo de trás de uma das prateleiras. Sem pensar muito no que fazia, a menina correu para se jogar nos braços de Rosaleen, sendo abraçada de forma tão intensa quanto. A morena não entendia o porquê da filha, sempre tão polida, ficar tão emotiva de repente, mas devido aos últimos acontecimentos e à volta do Lorde das Trevas, ela também precisava do carinho de e iria aproveitar o momento de abertura da mais nova. Todo dia poderia ser o último.
- Vejo que você trouxe , Severo - Black ouviu a voz branda de Dumbledore entoar ao seu lado, fazendo-a se soltar relutantemente de sua mãe para olhá-lo. - Obrigado - agradeceu, vendo o professor de poções anuir positivamente com a cabeça, indo mais para o fundo da sala.
Ao lado do diretor, por sua vez, estava Minerva, que olhava a cena com lábios crispados em tensão. A verdade é que ninguém estava com os ânimos relaxados, visto que Dolores Umbridge havia acabado de ser declarada Alta Inquisidora e o Ministério ignorava todas as alegações de que Voldemort havia retornado. Os assédios, intimidações e ameaças da nova professora de Defesa Contra a Arte das Trevas eram um grande problema a ser lidado, principalmente pelo fato de que nada poderiam fazer. Cornélio Fudge estava se mostrando um líder vaidoso e egocêntrico, o que transformava o futuro do mundo bruxo em um cenário de angústia e medo.
- Você deve estar imaginando o porquê te chamamos aqui, - falou o diretor, indicando que a menina se sentasse em uma das cadeiras que ali estavam, dirigindo-se ao assento mais alto para também se acomodar. A Black olhou para a Rosaleen rapidamente, como se a perguntasse se deveria obedecer ao diretor, suspirando baixinho ao ver a mais velha assentindo. Respirando fundo, se acomodou, sentindo a mãe apoiada nas costas de sua cadeira. A menina ainda demorou alguns segundos para encarar o diretor, nervosa por não saber o que esperar daquela conversa.
- Achei que pudesse ter algo a ver com a minha mãe - pigarreou para deixar a voz mais firme. - Mas com ela aqui, honestamente, não sei o que vocês possam querer de mim - encarou os olhos azuis do diretor, que a miravam com uma compaixão que ela não estava preparada para receber.
Dumbledore continuou a olhando em silêncio, como se apenas tivessem os dois na sala, balançando levemente a cabeça após algum tempo. Mexendo nos óculos meia-lua que adornavam o seu rosto, Alvo se endireitou da cadeira, observando a aluna mexer nas mãos de forma inquieta.
- , você deve saber que Voldemort retornou - afirmou, vendo a menina assentir e os outros três fazerem uma careta desgostosa pelo nome utilizado. - E acredito que Rosaleen tenha lhe explicado o papel dela na provável Guerra que se aproxima.
- Guerra?! - Black devolveu, engolindo em seco. Na primeira Guerra, a menina ficou órfã de pai, não saberia o que fazer se perdesse mais alguém que amava no meio daquela confusão de egos e hipocrisia que envolviam o Lorde das Trevas e o próprio diretor.
- Inevitavelmente - o homem assentiu, apoiando as mãos cruzadas em cima de sua mesa. - Nossos informantes... - olhou para trás de , encarando Rosaleen e Snape de relance - nos garantem que o Lorde das Trevas está angariando mais seguidores e se fortalecendo. E, naturalmente, você deve saber que Lúcio Malfoy é um dos comensais da morte - declarou. não respondeu imediatamente, apenas desviou o olhar do diretor, mirando as suas mãos, que estavam levemente suadas e entrelaçadas em cima de seu colo. Vendo o enrijecimento da menina, Rosaleen apertou de leve o ombro da filha, dando apoio. Também era difícil para ela saber que os Malfoy estavam extremamente envolvidos com o lado das trevas. Narcisa era a sua melhor amiga desde antes Hogwarts, quando brincavam juntas nas casas dos Black e dos Fawley. Por ser filha única, Rosa via a Black mais nova como o mais próximo de uma irmã e era triste saber que ela, deliberadamente, permanecia adepta aos ideais puristas de Voldemort. Não que ela fosse hipócrita. Os Fawley eram grandes apoiadores de Grindewald e chegaram a defender publicamente o extermínio de trouxas e de nascidos trouxas, lutando pela promulgação de leis que legalizassem tal prática. A Fawley mais nova apenas não se associou ao grupo de comensais - ainda em Hogwarts - porque os seus pais não confiavam em um mestiço para liderar uma revolução puro sangue, por mais que ele fosse descendente direto de Salazar.
Além disso, Regulus era um comensal da morte. Por mais que tenha se arrependido no final e tenha pagado pelos seus erros com a própria vida, o rapaz convergia com os ideais puristas e apenas passou a desconstruir esses ideais quando nasceu e a percepção de criar sua filha em meio a uma Guerra passou a ser desesperadora. Rosaleen também hostilizava os nascidos trouxas em sua época de escola. Já tinha azarado alguns e proferido algumas ofensas malcriadas a outros. Mas a morte do noivo a fez entender que não importava o status sanguíneo, todos iriam perecer igualmente. E era essa a linha de pensamento que ela tentava passar para .
Muitas vezes, a mulher evitava que a filha ficasse muito tempo na presença do patriarca dos Malfoy. Embora gostasse do amigo, muito pela consideração pelos tempos de adolescente do que por carinho compartilhado atualmente, não queria que fosse uma supremacista. Não poderia permitir que a sua filha errasse tanto quanto ela errou anos antes. Ela pagava pelos seus erros vivendo uma vida dupla entre o lado das trevas e das luzes. Sabia que a culpa por Voldemort estar no poder era de pessoas como ela, então faria de tudo para lutar pelo mal que ajudou a construir. Nem que para isso ela sacrificasse a própria vida.
- Sim, sei - respondeu, engolindo em seco, o que fez com que a Fawley mais velha voltasse a sua atenção para a conversa ali presente.
- E você passa muito tempo na presença deles - afirmou, ajeitando a postura. A Black arqueou a sobrancelha, sem entender em que lugar o diretor queria chegar. - Parabéns pelo namoro. Vocês formam um casal adorável - falou em um sorriso leve, fazendo com que a menina embrulhasse o estômago em desconforto. Não queria Dumbledore falando sobre o seu relacionamento, isso era, no mínimo, estranho. - , eu preciso ser sincero com você - suspirou, tocando de leve a sua própria barba. - Com a volta do Lorde das Trevas, você, consequentemente, acaba virando um alvo - afirmou, vendo a menina engolir em seco. Rosaleen desviou o olhar de Dumbledore, sabendo que isso era culpa dela. Por mais que , como descendente dos Fawley e dos Black, em algum momento fosse virar alguém de interesse para Voldemort, era óbvio que a integração de Rosa aos comensais apressou essa situação.
- Um… alvo?! - exclamou em uma voz aguda, martirizando-se mentalmente por demonstrar tamanha fraqueza. Não queria parecer uma menininha tola e assustada. Respirando fundo, encarou o diretor, sentindo um aperto no peito que, desde o momento que havia entrado no escritório, estava lhe perseguindo. - E o que isso quer dizer?
- Quer dizer que você precisa de aulas de Oclumência - Rosaleen quem respondeu, indo para ao lado do diretor e sinalizando para alguém que estava mais ao fundo. - Você precisa fechar a sua mente, . O Lorde das Trevas é um excelente legilimente e tentará entrar em sua mente no momento que estiver em sua presença - suspirou, olhando rapidamente para cima. - Eu mesma poderia te dar essas aulas, mas seria suspeita a minha presença recorrente aqui em Hogwarts, então…
- Então você terá aulas comigo, Black - Snape anunciou, posicionando-se ao lado de Rosaleen. - Duas vezes por semana, você irá até a minha sala para ter aulas de como fechar a sua mente.
- Duas vezes?! - exclamou, assustada, mais com a constância dos encontros do que com a ideia de um bruxo maligno ler a sua mente e invadir todos os seus pensamentos. - Mas eu tenho aulas para estudar, além disso, a monitoria também toma muito do meu tempo! - falou, tentando entender como encaixaria as aulas extras com a sua rotina, que era naturalmente caótica. No mais, ela também tinha Draco, seus amigos e a sua vida social. Não que ela fosse a rainha das festas ou qualquer coisa do tipo. Se fosse analisar, Black devia muito da sua popularidade ao seu sobrenome, porque a menina não fazia nada que pudesse, naturalmente, chamar tanta atenção dos demais estudantes. Tirando, claro, o seu temperamento peculiar, que, a essa altura, todos já deveriam ter se acostumado.
- Senhorita Black, tenho a certeza de que a senhorita consegue conciliar os estudos, com as suas outras atividades. É uma das melhores alunas do seu ano, não é?! - McGonagall se pronunciou pela primeira vez, indo para o lado oposto da mesa em que Snape e a Fawley estavam.
- Sim, porque eu estudo, oras! - respondeu, em um tom levemente agudo. Ao ver que acabou se exaltando, deu um sorriso sem graça para Minerva, que a encarava com uma sobrancelha arqueada. - Desculpe.
- , eu garanto que você não terá problemas em administrar os seus estudos. Por favor, entenda que isso é extremamente importante - Dumbledore tomou a voz, falando brandamente para que a sonserina o entendesse com clareza. - O sucesso da missão da sua mãe depende dessas aulas - completou, simplesmente.
O modo que Dumbledore falou aumentou exponencialmente o peso que a menina estava sentindo em seus ombros. Ela só tinha quinze anos, não queria ser envolvida nisso. Mordendo o lábio de leve, encarou a mãe, que a direcionava um olhar de culpa, mas que também a incentivava a aceitar a proposta. Balançando a cabeça, ela disse as palavras que iriam a inserir no mundo que tentava ignorar desde o começo do ano. A menina ainda tentava esquecer tudo o que envolvia a missão da mãe e sabia que permaneceria assim por muito tempo, mas, nesse caso, era necessário tomar uma posição.
- Está bem. Começamos quando?

Flashback Off

A notícia de que Draco estava tendo aulas de oclumência, como as que ela tivera no ano anterior, saiu como uma bomba para a menina. Não pela grandiosidade da informação, mas pelo fato de que isso fez cair a ficha da grandiosidade da missão do namorado. Por Merlin! Draco precisava bloquear a sua mente para evitar que fosse descoberto por alguém da escola. Para evitar que fosse para Azkaban. De novo a menina estava vivendo a sensação de não ter para onde fugir. De não ter o que fazer. A impotência era algo que a incomodava grandemente, desde quando era muito pequena e não conseguia lutar com o inevitável. não pôde trazer seu pai de volta. Ou evitar que a sua mãe se envolvesse em uma missão suicida. Muito menos desconectar toda a sua família da iminente guerra que se aproximava. Era como um looping eterno de insuficiência e incapacidade de realizar mudanças em sua realidade trágica.
- Tia Bella está me ensinando - explicou, percebendo o olhar vago de Black, mas evitando comentar algo sobre o porquê dela ter ficado tão distante quando ele mencionou as aulas. - Além disso, mamãe e ela fizeram o Snape fazer um voto perpétuo para garantir o sucesso da minha missão, por isso ele não sai do meu pé.
Snape? Snape, o traidor, estava ajudando Draco? Por causa de um voto perpétuo? O que ele ganhava com isso? A manutenção de seu disfarce ou ele possuía algum tipo de motivação obscura para se envolver na morte de Dumbledore? Black adorava Snape, mas não poderia negar que ele tinha um apreço especial pela Arte das Trevas e, por isso, a menina não entendia a fé inabalável que Dumbledore tinha no professor. já tinha questionado Rosaleen sobre isso algumas vezes, mas a mulher garantia que o amigo estava e está ao lado da Ordem da Fênix. Somado a isso, as aulas extras que a menina tivera acabaram a aproximando ainda mais do professor de, agora, Defesa Contra Arte das Trevas e ela também passou a destinar maior confiança ao homem. Mesmo que ainda não entendesse as causas que o fizeram selar um Voto Perpétuo com Narcisa. Esse era mais um questionamento que lhe incomodava e que ela não possuía meios de descobrir a resposta.
- Mas, com isso tudo, eu ainda não sei o que fazer, - Draco retomou a fala após mais alguns segundos de um silêncio tenso. - Não sei como eu vou matar Dumbledore… - completou, a voz baixinha de um modo quebrado que a menina nunca tinha visto antes. Com isso, respirando fundo, o puxou para um abraço forte e recitou as palavras que poderiam mudar tudo para sempre:
- Eu vou ajudar você.

Three

- Me ajudar? - Draco retrucou, exasperado, afastando-se da menina em um rompante. - Isso não é uma daquelas brincadeiras estúpidas que fazíamos no segundo ano, ! - continuou, mexendo nos cabelos com nervosismo e passando a andar pelo quarto. - Assustar uns pirralhos do primeiro ano, dizendo que era a herdeira de Salazar, não é a mesma coisa que tentar matar o diretor! - finalizou, fazendo referência ao momento em que tinha fingido ser ofidioglota para assustar algumas crianças do primeiro ano, anos antes. Na época, quando começaram a ocorrer os ataques aos nascidos-trouxas, os olhares desconfiados dos estudantes tinham se voltado para os sonserinos, sobretudo para o grupinho de Malfoy, visto que o menino agradecia abertamente ao herdeiro por tentar purificar a escola dos sangue-ruins. Assim, farta de ser apontada como causadora de toda a desgraça recente em Hogwarts, a Black incorporou esse papel e passou a assustar todos que a olhavam por mais de alguns segundos com medo, sibilando sussurros arrastados como se fossem silvos de uma cobra. Por um tempo, isso foi até divertido, até que tal ato chegou aos ouvidos dos professores e a garota levou uma detenção generosa, além de ter recebido um berrador nem um pouco amigável vindo de Rosaleen. - Isso é caso de vida ou morte, !
- Eu não sou idiota, Draco! - a menina também se levantou, ficando em frente ao namorado. - Eu sei no que tudo isso implica!
- Será que sabe mesmo? - devolveu, jogando a cabeça para trás. - , o fato da sua mãe ser uma comensal não te torna um deles! Tanto que, enquanto você estava em uma viagem de autoconhecimento ou sei lá o que isso significa, já que você não quis me explicar direito, eu estava vendo ele em todos os lugares da minha casa! Usando a cadeira do meu pai, agindo como se fosse o dono de tudo! - suspirou, balançando a cabeça. - Então, me desculpe, mas acho que você não sabe o que isso quer dizer!
Antes de responder a afirmação de Draco, respirou fundo, buscando calma. A garota sabia que, de algum modo, a desculpa esfarrapada que Rosaleen havia dado para todos a fim de afastá-la dos radares do Lorde das Trevas iria se voltar contra si. Se fosse um pouco mais impulsiva, a Black faria questão de rebater Draco, afirmando que sim, ela sabia o que isso queria dizer. Aliás, sabia muito mais do que ele, que estava dentro da sede de articulação contra as trevas e que, com certeza, tinha mais acesso às informações do que Draco, que era uma marionete para os anseios sádicos do Voldemort. Mas não. Claramente, ela não poderia entregar a missão de sua mãe, mesmo que para Draco, que era a pessoa que ela mais confiava no mundo. nunca teve segredos com o loiro. Até a primeira vez em que menstruou foi com Draco que contou, já que não entendia o porquê de estar sangrando por suas partes e correu chorando até o sonserino por achar que estava morrendo. A garota até tinha feito um testamento oral deixando para o menino todos os seus bens mais queridos, desde Lynx, sua coruja, até Monstro, seu elfo doméstico. O desespero apenas cessou quando Madame Pomfrey a acalmou e lhe explicou como o sistema reprodutor feminino funcionava. E o pior, que ela sangraria mensalmente por muitos e muitos anos. Obrigada pelas aulas de educação sexual, mamãe, era o seu maior pensamento ao se dar conta da vergonha que tinha passado ao surtar por uma singela menstruação. Contudo, desde que tinha entendido em que consistia o papel de Rosa na luta contra Voldemort, os segredos, as omissões e as mentiras passaram a fazer parte de sua relação com Draco. E a menina temia o momento em que toda essa situação iria explodir. Porque era óbvio que iria.
- Draco, não seja estúpido - ela rebateu, apertando a ponta do nariz em busca de calma - Eu posso até não saber exatamente o que está acontecendo, mas não sou alienada e entendo a gravidade de tudo isso - suspirou, aproximando-se do menino que a olhava com um semblante tenso. - Além disso, convenhamos, sem mim você estará morto ou preso antes mesmo de conseguir chamuscar os fios da barba do diretor - falou simplesmente, em um tom que mostrava a obviedade da informação.
- Obrigado pela confiança - o menino respondeu, virando o rosto para não encarar a namorada. - Era tudo o que eu precisava ouvir, realmente…
- Eu não quero lhe ofender, D. Eu quero lhe ajudar - falou baixinho, aproximando-se do menino para conseguir acariciar a sua face. - Deixa eu te mostrar que não está sozinho…
- Não quero te arrastar para o fundo do poço comigo, - balançou a cabeça, afastando-se do toque da menina e caminhando para a outra extremidade do cômodo. - Você não precisa se envolver nisso.
- Você não entende que eu já estou envolvida? - bufou, bagunçando o cabelo, frustrada pela teimosia de Malfoy. - Minha mãe é uma comensal. Seu pai que, caso não se lembre, é o meu padrinho, está preso. Meu querido tio é um dos principais alvos do Lorde e da psicótica da sua tia. Você está em uma missão suicida...- pontuou, suspirando, cansada. - É uma questão de tempo até ele se voltar para mim, Draco. A efetividade da minha mãe não conseguirá me mascarar para sempre – falou, pesarosa, sabendo que suas palavras eram realmente verdadeiras.
De fato, achava improvável que Rosaleen conseguisse mantê-la distante dos radares do Lorde das Trevas por tanto tempo. Para todos os efeitos, a mulher era uma fiel seguidora dos preceitos supremacistas e não poderia negar o alistamento de sua filha na luta pela causa da purificação do mundo bruxo. E não saberia se poderia lidar com o peso de carregar a marca negra em seu corpo. Para ela, só restava torcer para que esse momento demorasse bastante.
- Não será eu quem te colocará na mira dele, - negou mais uma vez, achando um absurdo que a menina continuasse insistindo nessa idiotice de ajudá-lo. - Eu posso conseguir sozinho.
- Ah, é?! - arqueou a sobrancelha em descrença, cruzando os braços. - E posso saber como você vai fazer isso?
- Eu já disse que não sei, . Mas eu vou descobrir - assegurou em um olhar determinado. - Não vou te envolver nisso e isso é uma promessa. E, como você deve saber, eu não costumo quebrar promessas.

Xx


De forma frustrante, não conseguiu convencer Draco a aceitar a sua ajuda. A teimosia e o orgulho do menino eram coisas que ela já estava acostumada a lidar, mas esperava que o seu senso de autopreservação falasse mais alto nesse momento. Por mais que fosse inteligente, Malfoy não tinha condições de, sozinho, elaborar um plano para matar Dumbledore. Além disso, depender de Snape também não era uma boa ideia. Até onde sabia, o homem era um aliado fiel do diretor e isso não o tornava confiável para a missão do loiro, por mais que fosse impossível quebrar um voto perpétuo. Todavia, a menina não sabia os detalhes do acordo sanguíneo, então não poderia afirmar que não tinham brechas no trato que envolveu Severo e Narcisa. Afinal, contornar não era o mesmo que quebrar, certo?! Por isso, achava insensato se apoiar no professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Não que estivesse animada em participar da missão suicida que fora destinada a Draco, mas ela não conseguia assistir à destruição do namorado de forma inerte.
Assim, após se ver temporariamente derrotada pelos argumentos do rapaz, o casal passou a conversar sobre temas mais leves, como as partidas de quadribol da Sonserina, que não tinham mais Draco como apanhador, ou sobre as rondas que o loiro estava constantemente burlando.
- Você sabe que eu não posso te cobrir para sempre, não é?! - a menina perguntou ao namorado enquanto contornava o pescoço do rapaz com as unhas, ambos deitados na cama do loiro.
- Sei… - suspirou, deixando um beijo casto no ombro de Black. - Mas irei abusar da sua boa vontade por mais algum tempo - continuou, vendo uma careta engraçada aparecer no rosto da menina. - Alguém já te questionou sobre a minha ausência? - perguntou, virando o rosto para encarar os olhos claros da menina.
- Não exatamente… - suspirou, lembrando da amigável conversa que havia tido com Potter, horas antes. Não poderia dar detalhes do assunto para Draco, mas ela precisava alertar o menino sobre os seus stalkers. No final de tudo, se Harry descobrisse da associação de Malfoy com Voldemort, o namorado estaria fazendo companhia para Lúcio muito antes de poderem fazer algo para impedir. - Mas você sabe que o trio de ouro está na sua cola, não sabe?! - apoiou-se nos cotovelos para encará-lo com maior precisão. - Potter vai fazer de tudo para te encrencar esse ano.
- Sempre o santo Potter e os seus mascotes - rolou os olhos, bufando em irritação. Desde que o moreno havia ignorado o seu convite de amizade, no primeiro ano, ele vinha sendo extremamente inconveniente e se colocando na frente do loiro sempre que podia. Ignorando as regras da escola e saindo por cima em todas as situações possíveis. Preferia muito mais que a sua missão tivesse algo a ver com o grifinório, talvez não hesitasse tanto em realizá-la se fosse assim. Mesmo sabendo que, no fundo, não era capaz de machucar nem mesmo o Potter. - Aquele imbecil deveria focar mais na vidinha medíocre dele e me deixar em paz. - bufou novamente, apertando a namorada contra si, buscando se acalmar. Céus, como odiava aquele grupinho. - Ouvi alguns boatos de que ele estava te seguindo pela escola, isso é verdade? – questionou, ainda irritado, lembrando de ouvir alguns terceiranistas da Corvinal afirmando que Harry tinha perseguido no sétimo andar.
- O quê?! - a menina se sobressaltou nos braços de Malfoy, o que fez com que o menino a olhasse com surpresa, pensando na possível veracidade dos comentários. - Quem te falou isso? - perguntou mais contida, sabendo que Draco conseguia ler as suas feições como ninguém.
- Ouvi pelos corredores… - respondeu, ainda desconfiado, olhando-a com atenção.
- Não teriam motivos para Potter me perseguir, Draco - a menina respondeu em um tom que beirava a obviedade, tentando não transparecer nenhum nervosismo na voz. - Você sabe que ele só tem olhos para você - provocou o loiro, tentando mudar o foco do assunto. Draco, por sua vez, fez uma careta em desagrado, cutucando de forma implicante as costelas da menina, como forma de irritá-la de volta.
- Queria poder me livrar daquele idiota - rolou os olhos. - Ele não pode atrapalhar os meus planos.
Bem que eu queria que ele atrapalhasse - a menina pensou, reafirmando a ideia de que a penitência do namorado era muito grande para carregar sozinho.
- Ele não vai - rebateu, fingindo uma convicção, que não tinha, na voz. - Mas, por favor, podemos esquecer isso por um momento? - suplicou, posicionando-se em cima do colo do menino. - Quero fingir que sou apenas uma adolescente normal, passando algum tempo com o meu namorado gostoso e sem nenhuma ameaça de um bruxo psicótico lá fora.
- Namorado gostoso, é?! - Draco retrucou, com um sorriso convencido nos lábios. Arrumando a posição da namorada em cima de si e endireitando a coluna, para que encostasse na cabeceira da cama, ele se inclinou levemente para sussurrar no ouvido da menina, arrepiando os pelinhos de seu pescoço. - Será um prazer te servir, minha senhora - continuou a provocação, puxando a menina para um beijo.
Em uma tentativa de esquecer dos problemas, Black e Malfoy trocaram algumas carícias, confortáveis com o fato de estarem sozinhos no quarto. Devido à ocupação de Draco, o tempo de casal de ambos estava mais escasso, então era necessário utilizar todas as brechas possíveis para ficarem juntos.
Todavia, por mais que tentasse, a conversa que tiveram não saía da cabeça de . Assim, enquanto assistia ao ressonar tranquilo do namorado, que dormia serenamente ao seu lado, Black arquitetava um jeito de auxiliar Draco sem que o menino percebesse as suas intenções. Por sua vez, não fazia ideia de como iria fazer isso, já que pelo o que conhecia do loiro, quando ele tivesse alguma ideia acerca do que fazer para concluir a sua missão, não teria o ímpeto de informá-la de seus passos. Mas ela precisava descobrir, ou então Malfoy possuía sérios riscos de sair morto disso tudo.
Desse modo, enquanto olhava para o teto escuro do quarto, a menina sentiu os seus olhos pesarem, percebendo apenas nesse momento o quão cansada estava. Era como se peso daquele dia, somente agora, caísse em seus ombros. Com isso, inevitavelmente caiu em um sono calmo, em contraste com toda a conjuntura em que estava envolvida. A garota não tentou lutar, abraçando o mundo dos sonhos com uma tranquilidade que não lhe era costumeira. Com sorte, acordaria com algum plano consolidado.

Infelizmente, não foi o que ocorreu. Após uma noite sem sonhos, despertou como se tivesse descansado apenas por minutos. Ela não poderia ver, mas se pudesse apostar, tinha certeza de que estava com olheiras arroxeadas e uma expressão de cansaço que dificilmente sairiam de si. Suspirando baixinho, a menina saiu cuidadosamente do dormitório masculino para não acordar Draco, sabendo que essa, provavelmente, era uma das poucas noites das quais o rapaz realmente tinha descansado. Não queria interromper o sono tão necessário ao menino. Ao fechar a porta, Black arrumou rapidamente o pijama que vestia, para caso encontrasse alguém nos corredores. Percebendo que nada a deixaria exatamente apresentável, fez uma careta desgostosa, arrumando a postura e indo em direção ao seu dormitório.
Quando não viu ninguém nos corredores, agradeceu silenciosamente a Merlin. Não queria ter que aguentar olhares de julgamentos ao verem ela saindo do quarto de Malfoy. não sabia que horas eram, mas não achava ser tão cedo assim. E, ao chegar no seu próprio quarto, viu que tinha razão, já que não havia sinais de Pansy no local. Assim, preguiçosamente, foi até o banheiro tomar um banho para se arrumar e poder ir tomar café da manhã.
Após vestir o típico uniforme com as cores da sonserina, Black seguiu em direção ao Salão Principal. Antes de ir, ela até pensou em voltar para o quarto de Malfoy a fim de ver se ele já estava acordado, mas desistiu em seguida. Mesmo se não estivesse, o menino precisava desse tempo para descansar e não seria ela quem tiraria a satisfação de mais alguns minutos de sono, mesmo que isso custasse alguns pontos à Casa das Cobras.
Quando saiu das masmorras, por sua vez, começou a ouvir toda a bagunça recorrente dos corredores de Hogwarts. Sinceramente, ela odiava toda essa aura de felicidade e animação que os estudantes transbordavam nas primeiras horas do dia. Tudo bem ser feliz, ela era feliz. Mas por que demonstrar isso tão cedo? Era o que pensava sempre que ouvia as conversas altas e invasivas enquanto lutava contra o instinto de voltar para o dormitório e se esconder debaixo das cobertas para mais algum tempo de sono. Em decorrência disso, Blásio e Pansy a apelidaram de dementador, porque, do mesmo modo que os guardas de Azkaban, a menina ansiava por sugar toda a energia dos colegas de escola durante esse período. Grandes amigos eu tenho, respondia ao ouvir as provocações, sempre revirando os olhos e fazendo gestos nem um pouco educados em resposta.
Sentindo a leve dor de cabeça que a acompanhava desde quando despertou aumentar devido ao barulho, apressou o passo para o Salão Principal, acreditando que comer a ajudaria a melhorar rapidamente. Chegando lá, viu que as mesas ainda estavam vazias, enquanto um bom número de estudantes calmamente andavam para tomar o café da manhã. Esbarrando em dois ou três primeiranistas da Lufa-Lufa que, por alguma razão, estagnaram ao seu lado, visualizou Daphne e Pansy já sentadas na mesa destinada à Sonserina, apressando o passo para ficar perto das amigas e, finalmente, comer.
- Bom dia para você também, Black - debochou Pansy ao ver que não cumprimentou ninguém antes de começar a se servir com torradas e um copo de suco de abóbora.
- Bom para quem? – retrucou, mal-humorada, após um tomar um gole de seu copo. Ela não era uma pessoa matinal.
- Depois de passar a noite com o Draquinho, achei que estaria mais domesticada, - a morena continuou com a provocação, recebendo um dedo do meio em resposta.
- Melhora essa cara, . Ou as pessoas vão acabar lançando um Riddikulus sempre que olharem na sua direção - foi Daphne quem falou dessa vez, já acostumada com o temperamento da amiga, mas sem perder a deixa para uma bela provocação. De fato, todo o grupo gostava bastante de seguir o estereótipo sonserino.
- Não vai cutucar o basilisco com a varinha curta, Daph - Blásio falou, chegando de repente e pegando uma das torradas do prato de , recebendo um olhar fulminante em resposta. - Malfoy ainda não está aqui para atenuar o veneno da serpinha.
- Eu devo me odiar muito ao ponto de manter uma amizade com vocês - bufou, revirando os olhos para os amigos.
- E onde você arrumaria amigos melhores, Livzinha? - a voz inconfundível de Theodore se fez ouvida, como se fosse ensaiado. O moreno, por sua vez, não estava sozinho, chegando junto com Draco. O menino, embora com o semblante ainda cansado, estava com as olheiras menos evidentes, demonstrando que realmente tinha dormido bem. O uniforme estava bem alinhado, tal como os cabelos, que tinham gel para deixá-los disciplinados. Inclusive, para , era um mistério o modo como o menino havia se arrumado tão rápido, visto que ela o tinha deixado adormecido. Se pudesse relevar as bolsas arroxeadas em sua face pálida, quase poderia se transportar para o ano anterior.
- Talvez ela vire amiga do triozinho do Potter, já que ele não tira os olhos daqui - Blásio respondeu antes de , que ensaiava outra resposta mal criada para dar.
Intrigada com a fala de Zabini, a menina virou para encarar o local em que estava a mesa da Grifinória, percebendo que um par de olhos verdes a olhava efusivamente. Arqueando a sobrancelha em um misto de descrença e desafio, viu Potter balançar a cabeça em negação, virando-se para voltar a conversar com Rony, que comia distraidamente. Idiota. A sutileza igual a um coice de hipogrifo do grifinório iria colocar tudo a perder. Será que a conversa deles não tinha sido esclarecedora o suficiente?! Por Merlin, o que seria preciso fazer para que Potter a deixasse em paz?!
- Por que o Potter está olhando para a ? - foi Draco quem perguntou, desconfiado, esticando-se preguiçosamente para dar um selinho na namorada, começando a se servir em seguida. Mais uma vez, percebeu um interesse além do normal do grifinório para com a namorada. Estava começando a se incomodar com isso.
- Talvez ele esteja apaixonado pela nossa Blackzinha - riu Theo, pegando uma panqueca de mirtilo, fazendo surgir uma careta de desagrado em Draco. - Eu teria cuidado se fosse você, Malfoy. Não sei se tem como competir com o eleito.
- O eleito para ser o maior dos idiotas, só se for - Black finalmente se manifestou, arrumando a posição no banco para que Draco se acomodasse melhor. Não queria dar brechas para que o namorado começasse a fiscalizar o comportamento de Potter em relação a ela. Principalmente depois dos boatos que ele havia escutado. - Ele deve estar olhando para Draco, todos sabemos que a obsessão do Potter é pelo Malfoy, não por mim - desconversou, tomando mais um gole de seu suco.
- Não importa para quem seja, se o Potter voltar a nos encarar como um psicopata, vou azará-lo - Daphne respondeu, ouvindo gritinhos de incentivo de Nott e Zabini.
- Preparados para a próxima aula do Slughorn? - Pansy questionou após um tempo em que apenas os barulhos de talheres e de mastigação eram ouvidos. - Soube por um pirralho do terceiro ano que ele tem preparado prêmios especiais para nossa turma.
- Quais tipos de prêmios? - perguntou, interessada. - Porque vindo do Slughorn, tenho até medo…
- Não sei, ele não soube responder. - Pansy falou. - Mas disse que é algo grande.
- E como um terceiranista saberia disso, Parkinson? - Nott questionou, indo para a sua terceira panqueca.
- E como que eu vou saber?! - retrucou a morena, revirando os olhos. - Só estou repassando o que eu ouvi.
- Fofoqueira - Zabini fingiu uma tosse para entoar a provocação para a amiga, recebendo um revirar de olhos e um dedo do meio em resposta.
- Não acho que aquele velho maluco possa nos oferecer algo que valha a pena - Draco falou, arrogante, terminando a sua maçã verde. - Nem sei por que Dumbledore trouxe esse biruta de volta, o Snape era muito melhor na função…
- Você só fala isso porque ele não está nem aí para o seu sobrenome e não te chamou para o clube de escolhidos - Zabini devolveu, revirando os olhos. - É muito para o seu ego frágil não ter ninguém te adulando por ser um Malfoy.
- Grande coisa – bufou, irritado, colorindo as bochechas em vermelho devido à provocação. - Eu que não queria fazer parte do grupinho estúpido dele. Só gente idiota faz parte disso.
- Ei! - exclamou, ofendida, dando um tapa no braço do namorado. - Eu faço parte do grupinho estúpido dele! - falou, fazendo referência ao chamado clube do Slugue, grupo de estudantes que o professor de poções considerava bons ou famosos o suficiente para fazerem parte. Não que realmente gostasse de integrar o que ela julgava como uma palhaçada sem precedentes, mas decidiu aceitar o convite do professor pelo fato de que seus pais tinham participado dessa mesma associação anos antes e era uma forma de se manter próxima do pai.
Além disso, não poderia negar que Slughorn tinha bons contatos que poderiam ser bem aproveitados por ela, que gostaria de ingressar em uma carreira no Departamento de Cooperação Internacional em Magia.
- Mas você não conta, - Malfoy falou como se fosse óbvio. - É incrível demais para ficar fora de qualquer coisa - disse de forma melosa, recebendo um selinho em resposta, que só não virou um beijo porque Theo arremessou um mirtilo no casal.
- Vocês são nojentos. Parem com isso porque não quero ser levado ao St. Mungus por intoxicação - falou quando recebeu olhares feios na sua direção.
- Eu também sou incrível demais para ficar fora de qualquer coisa ou estou na parte dos idiotas, Draquinho? - debochou Blásio, lembrando a todos que ele também estava no clube do Slugue.
- O que você acha? - retrucou o loiro em desdém, recebendo uma risada em escárnio de Zabini.
- Vou lembrar disso quando precisar que eu durma com o Nott novamente.
- Não provoque o Draco, Blás. Hoje é o único dia que ele não parece ter sido atropelado por uma manada de centauros - Pansy falou, recebendo um dedo do meio do loiro e risadinhas dos demais. - Narcisa Malfoy chora ao ver que o seu precioso herdeiro tem a educação de um trasgo - provocou novamente, sem se importar com a irritação do amigo.
Antes que Draco respondesse com um novo gesto desaforado, as comidas que antes estavam dispostas ali sumiram, mostrando que já estava no horário da próxima aula. Assim, suspirando em conjunto, todo o grupo se levantou e seguiu até a sala de poções, conversando algumas amenidades. , por sua vez, não conseguia prestar atenção nos amigos. Na sua mente apenas uma coisa se fazia presente: o prêmio misterioso do professor Slughorn.

Four

O caminho até a sala de poções seguiu em tranquilidade. O grupo se calou após um tempo, todos presos em seus próprios pensamentos. Enquanto arquitetava caminhos de conseguir o que quer que fosse oferecido por Slughorn, Malfoy tentava elaborar meios para que o professor o tivesse em maior estima. O rapaz sabia que, após concluir a sua missão, o seu sobrenome cairia em uma desgraça eterna, sem chances de recomeço em um mundo longe dos domínios do Lorde das Trevas. Por esse motivo, queria aproveitar o mínimo de normalidade possível ao lado de , no que acreditava ser seu último ano em Hogwarts. Afinal, assassinos não tinham licença para terminar os estudos em meio a outros estudantes, não é?! Se bem que, em um mundo cujo líder era um psicopata impiedoso, talvez até colocassem algumas estátuas do loiro por todo o país.
Outro assunto que o incomodava era o fato de que não estava sendo totalmente sincero com a namorada, quando tinha falado que o Lorde não tinha nenhum interesse nela. Draco tinha ouvido algumas conversas em sua casa, de Bellatrix e Narcisa, sobre o interesse do Lorde das Trevas na menina. Não para integrar uma missão suicida, obviamente. Ela não estava sendo castigada, mas honrada e presenteada, se fosse para frisar as palavras de sua tia.
O bruxo queria criar um exército jovem de bruxos puro sangue, que seria encabeçado por Draco e . Pelo que tinha entendido, Voldemort via no casal a imagem da reestruturação do mundo bruxo, que finalmente se veria livre da escória mestiça e trouxa. E, conforme os detalhes que tinha absorvido da conversa, esse plano seria executado logo após Malfoy concluir a sua missão. Independentemente do sucesso ou fracasso desta, a verdade é que Hogwarts nunca mais seria a mesma. Não com o Ministério corrompido pelas trevas. Por esse motivo, o menino queria deixar Black o mais invisível possível.
Se o Lorde das Trevas descobrisse a sua intervenção no meio de sua missão - porque ele sempre descobria sobre tudo - provavelmente iria querer antecipar os seus planos e a namorada iria adquirir uma marca semelhante à que tinha em seu braço. Ela não merecia isso. Não , a coisa mais preciosa que tinha dentro de sua vida. Talvez, se ele a informasse do interesse que Voldemort tinha nela, a menina se sentisse menos disposta a ajudá-lo e, desse modo, pudesse permanecer em segurança por mais tempo. Contudo, ele não queria preocupá-la além do necessário. Somado ao fato de que, conhecendo Black do jeito que conhecia, ela provavelmente se empenharia ainda mais em integrar a sua missão, já que acharia que tudo já estava perdido mesmo. E a última conversa que haviam tido sobre o assunto apenas reforçava essa sua opinião.
Então, mesmo sabendo que não deveria se desviar dos planos de sua missão, Draco ansiava uma aprovação do Professor de Poções. Precisava se apegar a um pouco de normalidade dentro de sua rotina. O ano letivo tinha começado há pouco tempo, então não estava atrasado para cair nas graças de Horácio que, apesar de tratá-lo com cordialidade, destinava a si um olhar de constante incômodo. Sabia que estava sendo hipócrita, visto que não fazia nem uma hora desde que havia desprezado o clube para os seus amigos. Mas ele era um Malfoy e, nem que fosse apenas para ter o prazer de negar o convite do professor, ele queria estar inserido num lugar que até o Longbottom havia conseguido chegar. Mesmo que tenha sido chutado logo em seguida. Patético.
O loiro seguiu no automático, apenas acordando ao sentir um toque leve nas costelas, que o fez se sobressaltar com o susto.
- Está pensando na morte do Basilisco, Draco? - perguntou baixinho, andando um pouco mais distante dos amigos, que nem tinham percebido que o casal havia ficado para trás.
- Você e esses ditados da época em que o Dumbledore jogava quadribol - zombou da menina, que apenas revirou os olhos com um sorriso nos lábios, sabendo que o menino queria distrai-la de seu questionamento. - Nada de importante, não se preocupe - desconversou ao ver que Black não dissolveu a feição questionadora.
- Draco…
- É sério, amor. Não se preocupe - sorriu fraco, fazendo a menina suspirar, resignada, sentindo-se distante do namorado, mesmo fazendo de tudo para que isso não acontecesse realmente. Malfoy parecia disposto a excluí-la de uma parte de sua vida.
- Se você diz… - sorriu fraco, imitando o gesto do loiro. - O que você acha que o professor vai fazer? - mudou de assunto ao finalmente chegarem na sala de aula e irem se sentar na bancada usualmente escolhida, uma das últimas da classe. tinha o nariz levemente sensível e achava que, ali, os vapores oriundos dos caldeirões não eram tão castigantes quanto em lugares mais centralizados do local. Embora, naquele dia em especial, nenhum lugar parecia bom o suficiente. A masmorra estava inteiramente impregnada com uma mescla de odores estranhos, o que fez os olhos de Black lacrimejarem por irritação.
Pelo canto de olho, o casal viu que Daphne e Blásio já ocupavam os lugares na sua frente, enquanto o restante dos amigos tinha se dispersado pelas dimensões da sala.
Por vezes, já tinha agradecido a Merlin por ter se livrado de Crabbe e Goyle em várias de suas classes, visto o desempenho desastroso de ambos em seus NOM’s. Black até hoje se perguntava como aqueles trasgos tinham chegado ao sexto ano da escola. explicitamente detestava os capangas do namorado, opinião que era amplamente defendida pelo resto de seu grupinho. Somente Malfoy aturava a dupla, devido ao fato deles provocarem medo nos demais estudantes e, devido a isso, servirem como guarda-costas do loiro. Black, certamente, surtaria caso precisasse presenciar mais um caso de caldeirão explodindo em decorrência da burrice e incapacidade dos dois sonserinos.
- Agora é você quem está perdida em pensamentos - Draco a cutucou, fazendo-a balançar a cabeça, rindo, vendo que o professor ainda não tinha chegado. - O que está ocupando essa sua cabecinha geniosa? – questionou, carinhoso, em um tom que só direcionava à Black, apoiando o cotovelo na mesa e deitando a sua cabeça ali.
- A sensação de que Poções ficou bem mais interessante sem a presença da dupla de trasgos insuportáveis.
- De quem…? - fez uma cara confusa, rindo levemente ao entender de quem estava falando. - Crabbe e Goyle? - questionou, vendo-a assentir com a cabeça. - Sei que não gosta deles, mas eles estão me ajudando com você-sabe-o-quê - completou em um tom mais baixo, mesmo que o volume de conversas mascarasse as vozes do casal. Não poderia arriscar, de qualquer forma.
- Muito ajuda quem não atrapalha - revirou os olhos, levemente surpresa com a informação que ele tinha jogado em seu colo. Não sabia que a dupla estava envolvida na missão de Malfoy. Sério que ele havia preferido a ajuda deles no lugar da dela? - Acho uma péssima ideia você colocar esses dois idiotas no meio da coisa mais importante da sua vida - retrucou com a voz mais firme possível, mas também de forma baixa. Não queria transparecer o quão indignada havia ficado ao descobrir essa nova ideia genial de Malfoy. Aparentemente, ele realmente queria se matar no processo de sua missão.
- … - a censurou com o olhar, sabendo que a namorada não gostaria muito desse novo detalhe, recebendo um olhar atravessado em resposta. - Depois conversamos sobre isso, por favor.
- Não ache que vai se livrar dessa conversa, Draco Malfoy! - apontou o dedo para ele, que balançou a cabeça em um riso fraco.
- Não acho, linda - respondeu, na mesma hora que viu o professor passar pelas portas da sala. Apenas naquele momento, Malfoy e Black perceberam os grandes caldeirões borbulhantes que estavam prostrados por toda a classe. Situação que explicava a irritação que ainda perturbava e avermelhava o rosto de . Os vapores chamavam atenção dos estudantes tanto pelos odores, quanto pela aparência que emanavam.
– Ora, muito bem, ora, muito bem, ora, muito bem – começou Slughorn, chamando a atenção dos alunos para si. O corpo do professor parecia brilhar em meio aos vapores.
– Apanhem as balanças e os kits de poções e não esqueçam o manual de Estudos avançados no preparo de poções… - indicou para a classe, que logo seguiu as recomendações feitas pelo professor.
– Ora, muito bem – chamou após ser ver que a classe já havia pegado o que ele tinha pedido, em um cumprimento repetitivo que irritava levemente . Às vezes, a garota se sentia ouvindo um rádio quebrado. – Preparei algumas poções para vocês verem, apenas pelo interesse que encerram, entendem? São o tipo de coisa que deverão ser capazes de fazer ao fim dos N.I.E.M.s. Já devem ter ouvido falar de algumas, ainda que não saibam prepará-las. Alguém pode me dizer qual é esta aqui?
O professor indicou o caldeirão mais próximo a Blásio, que logo ajustou a sua postura para poder enxergar melhor. também levantou ligeiramente da cadeira e viu algo que lhe pareceu água pura em ebulição, mas que instantaneamente foi reconhecida pela garota.
– É Veritaserum, professor. - respondeu calmamente, voltando ao seu lugar - uma poção sem cor, nem odor, que força quem a bebe a dizer a verdade – concluiu, recebendo um olhar pouco amigável de Hermione, que estava mais na frente da classe, junto aos demais alunos da Grifinória.
– Muito bem, muito bem! – elogiou o professor, dando um sorriso orgulhoso para a menina. – Agora – continuou, apontando para o caldeirão mais próximo da mesa que estavam os alunos da Corvinal –, essa outra é bem conhecida... e também apareceu em alguns folhetos do Ministério ultimamente... quem sabe...?
A mão de foi novamente a mais rápida. Dar uma amostra de seu vasto conhecimento à turma de idiotas que a rondava era algo que lhe distraía dos problemas recentes. Além disso, irritar Granger, que constantemente resmungava ao observar a rapidez da sonserina ao responder os questionamentos de Slughorn, também melhorava exponencialmente o seu humor.
– É a Poção Polissuco, senhor - respondeu, reconhecendo a substância com aspecto de lama que fervia lentamente no segundo caldeirão. Black jurou ouvir uns risinhos da bancada de Weasley e Potter, mas também não se importou. Não tinha tempo para as idiotices da dupla dinâmica.
– Excelente, excelente, ! Agora, esta outra aqui... sim, minha querida? – interrompeu-se Slughorn, parecendo ligeiramente tonto ao ver novamente a mão erguida de Black que, dessa vez, não se conteve e deu uma leve risada da feição de Hermione, que tinha até se levantado para que o professor a visse. Elas viviam nessa rixa há muito tempo e ver a morena irritada nunca perdia a graça para Black.
– É Amortentia - falou antes que a grifinória tivesse a menor chance. A garota ainda sentiu um leve cutucão do namorado, que sussurrou algo como “linda e inteligente, o que mais eu poderia querer?”, que ela também ignorou, embora tenha dado um sorriso lisonjeiro para o loiro, com as bochechas levemente coradas. Era patético o modo que seu corpo reagia perto de Draco.
– De fato. Parece quase tolice perguntar – comentou o professor, muito impressionado, apesar de já saber da aptidão de em poções –, mas presumo que você saiba que efeito produz, não?
– É a poção de amor mais poderosa do mundo, senhor – disse Black, arrumando a postura e sentindo os olhos de toda a classe em si. Alguns impressionados, outros com irritação. Por mais que não gostasse dos holofotes, não poderia fingir que não gostava de impressionar e irritar a todos com a sua inteligência.
– Certo! E você a reconheceu, presumo, pelo brilho perolado?
– Também pelo vapor em espirais – respondeu calmamente, dando, sem intenção, uma cotovelada em Malfoy, que resmungou baixinho em resposta. – O cheiro também é algo diferente para cada um de nós, de acordo com o que mais nos atrai - concluiu o raciocínio, torcendo para que Slughorn não perguntasse o que ela sentia ao aspirar a poção. Não que a fragrância de maçã verde, tão característica do loiro ao seu lado, fosse algo que a surpreendesse, mas não queria inflar ainda mais o ego do menino, que já sorria convencido ao seu lado. Ela não precisava falar, era óbvio que ele sabia.
– Eu, com certeza, não poderia esperar menos da filha de Rosaleen Fawley e Regulus Black! – afirmou Slughorn, fazendo ficar levemente constrangida, embora o orgulho tenha sido levantado na mesma proporção. - Conforme já tinha feito a questão de ressaltar, seus pais foram alguns dos meus melhores alunos, ! Não tinha uma mísera poção que o jovem Black e a menina Fawley não conseguissem fazer. Uma pena o destino dele, tão jovem, tão talentoso! - lamentou, balançando a cabeça e fazendo com que desviasse o olhar, sendo sempre doloroso quando citavam o seu pai. - Uma pena também Rosa não ter seguido a carreira como Medibruxa. Eu acompanhei suas aulas de especialização em Acidentes com Feitiços, mas acredito que ela não chegou a atuar, não?!
- Não - respondeu , sentindo Draco apertar a sua mão em sinal de força, vendo que a menina estava desconfortável com o assunto abordado e com a atenção ainda maior que os seus colegas a destinavam.
Todos que viveram com Rosa na época de Hogwarts, afirmam que a mulher estava no caminho para ser uma excelente MediBruxa, profissão que se tornou seu sonho desde que quebrou uma das pernas voando de vassoura e viu toda a estrutura envolvida em seu tratamento no St. Mungus. Contudo, a guerra e a consequente morte de Regulus impossibilitaram que a mulher seguisse com a profissão, visto que sentia a necessidade de dar todo o apoio necessário a que, apesar de ser apenas um bebê, sentiu imensamente a ausência do pai. Também não era como se precisasse trabalhar para se sustentar. Tinha em seu domínio as fortunas dos Fawley e dos Black e dinheiro não era nenhum problema. Mas sabia que a mãe se sentia, por vezes, frustrada, já que nunca fez o feitio de ser apenas mais uma madame rica dentro da alta sociedade bruxa. E, por esse motivo, culpava-se imensamente por essa situação. As missões secretas na Ordem e para o Lorde das Trevas era o que a distraía do marasmo cotidiano, mesmo que não da forma ideal.
- Mas, ela disse que pretende voltar em breve - completou ao ver a cara levemente desapontada do professor, mesmo que não tivesse muita na veracidade de suas palavras. Na verdade, a mulher tinha cogitado, de fato, a voltar a estudar e trabalhar, mas com a iminência da Segunda Guerra, esse era um sonho, em partes, estagnado.
- Explêndido! Realmente magnífico! - bateu palminhas, animado. - Muito bem, muito bem… - segurou as próprias mãos em um tom mais polido em comparação ao anteriormente utilizado. - Vinte pontos muito bem merecidos para a Sonserina pelas excelentes respostas da senhorita Black! - exclamou o professor, o que fez com que Draco e os seus amigos olhassem animados para a menina, que apenas retribuiu em um sorriso leve.
– A Amortentia na realidade não gera o amor, é claro. É impossível produzir ou imitar o amor. Não, a poção apenas causa uma forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é a poção mais poderosa e perigosa nesta sala. Ah, sim – o professor continuou a sua explicação, parando ao ouvir risinhos de Blásio e de Theo, que ficaram descrentes com a afirmação anteriormente dita. – Quando vocês tiverem visto tanto da vida quanto eu, não subestimarão o poder do amor obsessivo…
“E agora, está na hora de começarmos a trabalhar.”
– Professor, o senhor não nos disse o que tem neste aqui – lembrou Ernesto Macmillan, um lufano que conhecia por causa das rondas da monitoria, apontando para um pequeno caldeirão preto em cima da mesa de Slughorn. A poção espirrava vivamente para todo o lado; era cor de ouro derretido, e dela saltavam enormes gotas como peixinhos à superfície, embora nem uma só partícula extravasasse. Imediatamente a identificou e cresceu os olhos para o caldeirão. Ela sabia exatamente o que aquele singelo líquido poderia fazer a um bruxo.
– Oho! – exclamou novamente o professor, de uma forma teatral. – Sim. Aquela. Bem, aquela ali, senhoras e senhores, é uma poçãozinha curiosa chamada Felix Felicis. Suponho... – e ele se voltou sorridente para – que a senhorita saiba o que faz a Felix Felicis, srta. Black?
– Sei sim, professor – respondeu em tom solene, mas apontou logo em seguida para Hermione que, se pudesse, provavelmente soltaria raios pelos olhos. – Mas acho que a classe já está um pouco enjoada de ouvir a minha voz. Além disso, acho que Granger tem a resposta - falou simplesmente, fazendo com que o professor e a grifinória a olhassem surpresos, gesto que ela ignorou, continuando com um sorriso plástico nos lábios. A menina ainda estava um pouco incomodada com o modo levemente invasivo que Slughorn havia falado de sua família e queria apenas se concentrar na tarefa que seria proposta. Um pouco irônico, se fosse analisar que a garota só tinha aceitado participar do grupinho do professor devido à sua aproximação com seus pais.
Sentindo uma leve tensão vinda da namorada, Malfoy aproveitou o momento em que Granger respondia o professor e a turma soltava ruídos de animação, para chamar a atenção de para si. Ele sabia que a menina não tinha decidido dar a voz para seu desafeto gratuitamente.
- Ei, está tudo bem? – questionou, carinhoso, puxando levemente o rosto da menina para si, para que ela o encarasse nos olhos.
- Está sim, D. - sorriu leve com a preocupação do namorado. - É só estranho ver um professor falando tão abertamente da minha família.
- Eu sei que sim, - respondeu, e sabia mesmo. Com a prisão de Lucius, os comentários acerca dos Malfoy não eram minimamente discretos e Draco esteve prestes a azarar alguns de seus colegas várias vezes. - Mas pelo menos ele estava os elogiando, não é?!
- Sim, mas… - balançou a cabeça, percebendo como era besta a causa de seu desconforto, sobretudo ao analisar a situação que Malfoy estava vivenciando. - Ah, deixa para lá - arrumou a postura, sentindo o olhar do loiro ainda a perfurando. - Sério, Draco. O professor está falando - apontou para Slughorn, que começou a dar mais informações sobre a poção estudada.
- É uma poçãozinha engraçada a Felix Felicis – explicou Slughorn. – Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, como no caso, vocês irão descobrir que os seus esforços serão recompensados... pelo menos até passar o efeito.
– Por que as pessoas não a bebem o tempo todo, senhor? – perguntou Terêncio Boot, pressuroso.
– Porque se ingerida em excesso, causa tonteiras, irresponsabilidade e perigoso excesso de confiança. Tudo que é bom demais, sabe... extremamente tóxica em quantidade. Mas tomada com parcimônia e muito ocasionalmente…
– O senhor já a experimentou? – perguntou Miguel Corner muito interessado.
– Duas vezes na vida. Uma aos vinte e quatro anos e outra aos cinquenta e sete. Duas colheres de sopa ao café da manhã. Dois dias perfeitos.
Ele deixou o olhar se perder na distância sonhadoramente.
- Olha, ele está fazendo a cara que você faz ao ver uma torta de maçã - Draco provocou, a fim de animá-la, recebendo um empurrão leve em resposta junto a uma risada.
– E a poção – continuou Slughorn aparentemente voltando a terra – é o que vou
oferecer de prêmio nesta aula.
Houve um grande silêncio em que cada borbulha e gargarejo das poções na sala
pareceram se multiplicar dez vezes. Draco logo aprumou a sua postura, extremamente atento ao que o professor falava. Essa poção precisava vir para Malfoy ou Black.
– Não só um frasco, mas dois – explicou Slughorn, tirando do bolso dois
minúsculos vidros com rolha e mostrando-os a todos. – Não achei justo que em uma sala com tantos alunos brilhantes apenas um fosse o premiado. Esse vidrinho aqui tem o suficiente para doze horas de sorte. Do amanhecer ao anoitecer, vocês terão sorte em tudo que tentarem.
“Agora, preciso avisar que a Felix Felicis é uma substância proibida nas competições oficiais, eventos esportivos, por exemplo, exames e eleições. Por isso quem a ganhar deve usá-la somente em um dia comum... e observar como esse dia comum se torna um dia extraordinário!
“Então”
, disse o professor repentinamente enérgico, “como irão ganhar esse prêmio fabuloso? Bem, abrindo a página dez de Estudos avançados no preparo de poções. Ainda nos resta pouco mais de uma hora, que deve ser suficiente para vocês fazerem uma tentativa válida de preparar a Poção do Morto-Vivo. Sei que é mais complexa do que qualquer outra que tenham tentado antes e não espero que ninguém faça uma poção perfeita. Mas aqueles dois que a fizerem melhor ganharão a pequena Felix aqui. Podem começar!”
Houve muito barulho quando os alunos arrastaram objetos e puxaram seus caldeirões para perto, e batidas estridentes à medida que acrescentavam pesos aos pratos das balanças, mas ninguém falou. A concentração na sala era quase tangível.
- Esse prêmio precisa ir para a gente, - Malfoy falou, folheando seu exemplar de Estudos avançados no preparo de poções de modo nervoso, contrastando com a feição relaxada que estampava em sua própria face. A garota estava curiosa para saber o que Slughorn iria dar para a turma e, agora que sabia, faria de tudo para que o prêmio viesse parar em suas mãos.
- Você já viu, alguma vez, eu fazer uma poção que não fosse perfeita, Draco? - devolveu, abrindo o seu próprio livro de poções e sorrindo animada ao perceber as anotações que tinha feito junto a sua mãe acerca da poção pedida por Slughorn. Por serem ambas apaixonadas pela matéria, desde que era apenas uma criança, mãe e filha se dedicaram a aperfeiçoar algumas técnicas de preparo de poções, sendo esta uma atividade corriqueira na rotina das Fawley. Por esse motivo, ela sabia inúmeros modos de preparar poções de forma mais prática do que a ensinada pelos livros de Hogwarts. Borage que a perdoasse, mas ela era muito mais team Rosaleen.
Após esticar o corpo para aliviar um pouco da tensão que lhe assolava, indicou os ingredientes para que Draco pegasse e, desse modo, pudessem começar os preparos da atividade. O rapaz voltou depressa com o material, mais tentado a ajudar do que a fazer a sua própria poção, mesmo sabendo que a namorada não precisava de nenhum auxílio.
A menina, por sua vez, não olhava em nenhum momento para os lados, extremamente concentrada em sua própria atividade, tentando ignorar o leve desconforto nasal que começava a lhe incomodar. Em dez minutos, a sala toda se encheu de fumaça azulada.
- Granger parece estar na frente, - apontou Malfoy, vendo que a poção de Hermione apresentava-se lisa e cor de groselha como o livro dizia ser o ideal ao chegar à metade do processo.
- Confie no processo, Draquinho. Eu sei o que estou fazendo - falou calmamente, alheia a toda aura de estresse que vinha do namorado. Ao terminar de picar as raízes, passou a amassar a Vagem Soporífera com o lado plano da adaga, sabendo que isso fazia escorrer mais seiva do que cortar.
– Professor, acho que o senhor conheceu o meu avô, Abraxas Malfoy - franziu o cenho em confusão ao ouvir a interação do namorado com o professor, mas não ousou levantar a cabeça, mais interessada em seu próprio caldeirão.
– Conheci – confirmou o professor, sem olhar para Malfoy. – Lamentei quando
soube do seu falecimento, embora não tenha sido inesperado; varíola dragoniana na idade dele…
Quando Slughorn se afastou, finalmente olhou rapidamente para Malfoy, que se encontrava vermelho após a resposta do professor. De fato, aproximar-se do mestre de poções seria mais difícil do que ele pensou inicialmente.
-Eu não entendi muito bem o que você está querendo com o Slughorn, mas não é tempo para isso - Draco fez uma leve careta ao ouvir a bronca de , mas voltou a olhar para os caldeirões alheios, já desistindo do seu próprio. Sabia que seria uma perda de tempo. Não que não fosse bom em poções, porque o era, mas sabia que não tinha chances se precisasse disputar com .
- Agora Granger parece estar tendo problemas, a poção continua muito púrpura - novamente atualizou a namorada, olhando para a mesa da Grifinória, agradecendo a Merlin pelo fato da poção de estar em uma cor lilás. Se fosse qualquer outra pessoa, provavelmente diria que ele estava sendo folgado, apenas observando a namorada trabalhar. Contudo, a dinâmica de Malfoy e Black funcionava com cada um segurando a barra em situações diversas. Como em História da Magia, que a menina simplesmente detestava e Draco, por alguma razão, era excelente. Inúmeras foram as vezes que, enquanto ela imaginava meios de burlar a segurança de Anti-Aparação dentro de Hogwarts no intuito de fugir da aula, ele copiava a matéria para depois passar para Black. Nunca pesava muito para um dos lados. Eles eram o perfeito equilíbrio. Além de que, não era como se a poção em específico valesse algum tipo de nota. O único fruto seria, de fato, a Félix Felicis.
- Agora é uma mexida no sentido horário… - comentou sozinha, olhando rapidamente para as suas próprias anotações. - Sete mexidas no
sentido anti-horário, uma no sentido horário, pausa... Sete mexidas no sentido anti-horário, uma no sentido horário…
– E acabou-se... o tempo! – anunciou Slughorn, de repente, fazendo com que desse um suspiro aliviado por ter conseguido terminar a poção a tempo. – Por favor, parem de mexer! O professor caminhou lentamente entre as mesas, examinando o conteúdo dos
caldeirões. Não fez comentários, mas ocasionalmente mexia ou cheirava uma das poções. Chegando à mesa onde estavam e Draco, fez uma leve careta ao perceber o caldeirão vazio do loiro, mas logo sorriu animado ao se deparar com a poção de Black. A expressão de prazer e incredulidade espalhou-se pelo seu rosto rapidamente, fazendo com que ele desse tapinhas no ombro da aluna de forma encorajadora.
– Sem dúvida, temos uma das vencedoras! – exclamou para a masmorra. – Excelente, ! Deus do céu, é inegável que você herdou o talento de seus pais Tome aqui, então, tome aqui: um frasco de Felix Felicis, conforme prometi, e use-o bem! - continuou animado, voltando a andar pela sala em busca do segundo vencedor, logo parando ao lado da bancada do trio da Grifinória.
- Parabéns, linda! - Malfoy abraçou a menina em um misto de animação e alívio. - Deus abençoe esse seu dom em poções. Estaríamos perdidos sem ele.
- Eu disse que não havia motivo para se preocupar - sorriu leve para o menino, extremamente satisfeita consigo mesma. Afinal, seu Ótimo conseguido nos NOM’s não foi aleatório. Ela realmente amava poções, embora não tivesse nenhuma vontade em seguir alguma carreira na área. A sua sensibilidade para cheiros pesava muito no âmbito negativo para que ela cogitasse ficar perto de caldeirões pelo resto da vista.
A sua leve distração a fez ter uma surpresa ao focar, novamente, a sua atenção em Slughorn. A reação entusiasmada do professor, idêntica à que o homem havia tido com a poção de , foi destinada não a Hermione, mas a Potter, que recebia alguns olhares de incredulidade em sua direção.
- Potter?! - foi Blásio quem exclamou, virando-se para trás para encarar os amigos, junto a Daphne, que tinha os cabelos arrepiados devido ao vapor. - A ganhar não é nenhuma surpresa. Aliás, meus parabéns - piscou para a menina, que agradeceu rapidamente -, mas o Potter?!
- Talvez Snape realmente pegasse no pé dele e ele não fosse assim tão ruim quanto nós achávamos - Greengrass falou de forma diplomática, embora também achasse toda essa situação extremamente estranha. Mas, no fundo, não era como se ela se importasse com isso. Estava mais do que satisfeita com a vitória de e com os pontos que a sonserina havia conseguido para a sua Casa.
- Eu realmente duvido disso - Draco falou, desconfiado, olhando para o grifinório com desprezo. - Certeza que o Santo Potter deve ter arrumado alguma forma de trapacear… - falou com convicção, recebendo resmungos de confirmação dos amigos, que haviam se reunido junto a sua bancada após o professor entregar a poção para Harry e encerrar a aula.
- Por que vocês estão querendo saber de Harry Potter enquanto podem me parabenizar por ser incrível? - falou, convencida, levantando junto ao seu grupo e seguindo para o Salão Comunal para guardar o vidrinho que tinha recebido. Queria aproveitar que já estava nas masmorras para assegurar a proteção da poção.
Contudo, o ponto levantado por seus amigos tinha certa relevância. Não pelos meios que Potter tinha utilizado para deixar de ser um completo trasgo em poções, já que ela realmente não se importava com isso. Mas o que ele faria com a Felix que tinha conseguido com o professor. Certamente, ele utilizaria em um momento oportuno para inviabilizar os planos de Malfoy. O que, por um lado, seria ótimo, já que a última coisa que queria era que Draco realmente matasse Dumbledore. Mas se essa conspiração fosse o suficiente para mandar o loiro para Azkaban, era extremamente necessário que o casal se mantivesse atento aos passos de Harry. Afinal, quem poderia dizer no que daria a disputa Felix Felicis versus Felix Felicis?
- Nem precisaram casar para a herdar toda a arrogância oriunda do sobrenome Malfoy - Nott debochou, chamando a atenção da menina para si, que apenas revirou os olhos com atrevimento.
- Ah, meu caro amigo… - a menina suspirou dramaticamente, batendo levemente nas bochechas do menino. - Muito pior do que um Malfoy, eu sou uma Black – piscou, esperta, entoando a senha de sua Casa e seguindo rapidamente para o seu dormitório.



Continua...



Nota da autora: Depois de trezentos anos, voltei! Desculpa pela demora, mas estou aproveitando que estou com zero obrigações para descansar e fazer vários nadas hahahah. Então, veio aí a Olívia ganhando a Felix! No que será que ela usará essa poçãozinha mágica? Adianto que, a partir de agora, os acontecimentos de O Enigma do Príncipe finalmente irão se desenrolar! Como eu disse antes, a ordem dos fatos daqui não será exatamente igual a do livro, mas relaxem que tudo acontece ao seu tempo. No mais, é isso! Por favor, deixem a opinião de vocês aí embaixo. Até a próxima!

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Nota da beta: Primeira coisa que queria dizer: eu amo os ditados adaptados, pqp kkkkkkkkk É bom demais! E era óbvio que ela ganharia, a menina é absurda hahahaha amei o Draco fazendo vários nadas e dependendo dela, perdeu uma bela oportunidade de ganhar DUAS e ainda conquistar o professor, aiai! 💙

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