Finalizada em: 13/05/2022

16. Diamonds

Rihanna

Eu e estávamos segurando o riso enquanto Troy estava filmando tudo e nós duas tomávamos o maior cuidado do mundo para que e não acordassem. Estávamos maquiando os dois. Sim, as pegadinhas não paravam e estávamos em plena guerra. Não tinha ideia de quando aquilo teria fim, talvez quando as férias acabassem, mas ainda assim achava que não deixaria barato nem depois que tudo terminasse. Já podia até ver minha cama toda sua de terra e grama.
Troy me puxou de leve quando se mexeu parecendo acordar. Saí da cama com cuidado e depois corri. se enfiou embaixo da outra cama e o loiro deixou sua câmera em cima da cômoda para gravar a reação dos meninos. Tampei minha boca com a mão, tentando não gargalhar. Até que escutamos a voz do meu namorado chamando o e rindo, depois ouvimos a voz do meu amigo. Eu e Troy nos embolamos para sair correndo quando escutamos passos e acabamos caindo no corredor.
— Achei dois aqui! — berrou e eu olhei para trás. Ele parecia um palhaço.
Tentei me levantar, mas estava sem forças de tanto rir. Ele tentou pegar meu pé, mas o balancei e empurrei Troy para que o pegasse, então levantei e saí correndo, trocando as pernas como se estivesse bêbada, com a mão na barriga e rindo.
— Achei outra aqui! — gritou de dentro do quarto e nessa altura eu já estava na porta da sala para correr para a praia. — Cadê seus comparsas, ?
— Uma fugiu! — já dedurou. — Mas o outro está aqui. — O vi entrando na sala com Troy, que chorava de tanto rir.
— O que está acontecendo... Meu Deus! — se assustou, olhando para a cara do , e eu gargalhei alto. — Ah, já entendi. — Me olhou, juntando as peças rapidamente. — ! — exclamou, vendo meu namorado entrando na sala com em seu ombro como se fosse um saco de batatas. — Estou me perguntando qual dos dois está mais ridículo.
— Acho que deveríamos abrir a votação ao público. — apareceu no pé da escada, já dando sua humilde opinião. — Vão lá ao mercado comprar pão e nós vamos atrás contando a avaliação das pessoas.
— Mas é claro que vou sair assim de casa. Não quer que eu vista uma roupa da também, não? — perguntou, achando a brincadeira muito da sem graça.
— Eu pego os tamancos. — Joe, que estava no sofá e só conseguia rir da coisa toda, já se levantou.
— E eu lá tenho cara de que uso tamanco? Eu uso Anabela! — minha prima rebateu, rindo. — Mas tenho uma saia jeans que vai ficar linda no .
— Anabela, Anarosa, Analucia, tanto faz, é tudo tamanco. — Joe já entrava no corredor, indo para o nosso quarto.
— O ficaria lindo com um top branco — falei, e ele me encarou. — Acho que poderíamos fazer um coque frouxo no seu cabelo para combinar.
— Você vai ver o que vai ficar frouxo, — soltou Troy e veio correndo atrás de mim.
Berrei e saí correndo que nem uma louca em direção à praia. Soltei outro gritinho quando senti minha cintura sendo segurada e meu corpo foi levantado com facilidade. Eu estava quase me mijando de tanto rir. começou a me beijar, me sujando inteira de maquiagem, pescoço, braços, peitos. A sorte é que eu estava de biquíni na parte de cima. Agora meu namorado começava a me fazer cócegas enquanto eu gritava em desespero em meio às risadas, pedindo para ele parar, me debatendo também. Até que ele finalmente parou e eu consegui respirar novamente.
— Vai ter volta — anunciou, se jogando do meu lado na areia, deitando de costas.
— Eu sei, meu amor — debochei e ele riu de leve comigo. — Mas vocês vão ao mercado assim.
— Me obriga. — Abri a boca como se estivesse chocada, então joguei areia em cima do . — Já estou todo cagado mesmo. — Jogou areia de volta.
Começamos uma guerra e só paramos quando caiu areia nos nossos olhos. Bem crianças mesmo. Ajudei ele a tirar a areia e tivemos que tomar uma ducha do lado de fora porque a não nos deixou entrar em casa no estado que nos encontrávamos. Entramos em casa totalmente ensopados.
— Isso aqui está parecendo uma creche! — apareceu com um pano de chão enrolado no rodo. — Vão se secar! Estão molhando tudo! — Ela já veio secando o piso que nós molhamos.
— Ok, tia — falei, rindo, e riu junto.
Fomos tocados dali e entramos no quarto logo. Nos secamos e ficamos deitados na cama conversando, até que minha prima entrou no quarto, pulando em cima de nós, rindo. Lá vem. deitou entre nós dois e olhou para , depois me encarou e ela tinha um sorriso enorme.
— Chora, — pedi para ela soltar logo o que estava pensando.
— Então. Que tal mandarmos o a um jantar romântico com a Sophie em forma de desculpa? — Uni minhas sobrancelhas, lambendo meus lábios, tentando imaginar qual era a finalidade daquilo. — Ah, esqueci de falar, o não iria ao jantar. — Comecei a rir alto.
— Posso convidar ela? — perguntou todo animadinho. — Ela nunca mais vai querer enfiar os peitos siliconados na minha cara depois disso.
— Se existir sua cara depois disso, né, meu bem? — disse , rindo junto comigo.
— Vou arrumar as velas. — Já pulei da cama, rindo e imaginando. — E vou pedir para o Troy gravar, porque a gente precisa rever para sempre a cara de ódio que ela vai ficar.
Saí do quarto, já indo para a cozinha, eu tinha visto umas velas lá. O jantar poderia ser na nossa varanda e o poderia falar que saímos e eles poderiam ficar a sós. Isso! Seria perfeito! Troy, Stephen e Joe apareceram e me perguntaram o que estava fazendo. Contei o plano a eles, que já toparam me ajudar. Logo apareceu também e disse que ia fazer pipoca para ver tudo de camarote.
— Não acredito que vocês vão fazer isso com a menina! Tadinha. — falou, quando contei a ela.
— Tadinha de mim. Ela acabou com parte do meu verão. E é só uma vingancinha pequena, nada demais. — Dei de ombros.
— E o concordou com isso?
— Claro. E adorou. — Fiz cara de nojenta.
— É claro que ele iria aceitar, é namorado logo de quem? — meu irmão debochou e eu lhe dei língua. — Eu e a vamos sair e vamos fingir que nem sabemos disso.
— Podem ir, depois vocês veem o vídeo, garanto que vai ficar ótimo. — Sorri e minha amiga negou com a cabeça.
— Vocês têm sérios problemas. — Rolei meus olhos quando ela falou aquilo.
— Me conte algo que ainda não sei. — Sorri e pegou a mão de e eles já saíram dali.
— Usem camisinha — mandei.
— Cala a boca, mandou e eu ri.
— Olha o que achei no armário! — Joe apareceu com um manequim na mão e eu só conseguia rir.
! Por que vocês têm um manequim no armário? — berrei da cozinha e minha prima apareceu logo.
— Ué, Halloween — falou como se fosse óbvio.
— O Halloween de vocês aqui é bom mesmo, hein. Faca falsa, sangue de mentira, manequim, capacete de moto. O que mais tem dentro daquele armário que ainda não vimos? — Joe perguntou bem curioso.
— Quer mesmo saber a resposta disso, Joe? — Ergui uma sobrancelha e ele olhou para .
— Bem, não sei, mas fique à vontade para descobrir. Saiba que está fazendo isso por vontade própria e sobre seus próprios cuidados. Não me responsabilizo por nada. — Ela deu de ombros e eu ri ainda mais com a cara que meu amigo fez.
— Cuidado, vai que sai uma entidade lá de dentro e te pega. Você lembra de como era o filme Poltergeist, né? — Troy chegou falando e olhando algo no visor de sua câmera. — Os filmes de terror sempre estão aí para nos ensinar como não sermos burros. — Olhou para Joe e riu. — Esse manequim ficaria perfeito se tivesse de peruca. — Uma sobrancelha minha se ergueu com a sugestão. — , teria uma peruca dentro do seu armário também? — A ironia envolvia a voz do menino.
— Na verdade tem uma porta escondida no fundo do armário e se você a abrir dará para um quarto secreto das perucas. Tem de todos os jeitos lá, inclusive uma que é idêntica ao cabelo do . — jogou o veneno de volta enquanto eu só conseguia rir.
— Vou ver se arranjo uma peruca na cidade — falei, já indo pegar a chave do carro. — Façam uns desenhos no braço do manequim, imitando as tatuagens do . Vai ficar perfeito — pedi e os meninos concordaram.
— Eu quero fazer a borboleta! — minha prima pediu feito uma criança.
Peguei a chave do Corolla do , a minha carteira e saí do jeito que estava mesmo. apareceu praticamente de trás de uma moita e entrou no banco do carona, disse que iria comigo. Fui até o shopping, lá com certeza eu acharia uma peruca que fosse bem parecida com o cabelo do meu namorado. Não demorei muito para encontrar e aproveitei e comprei um chapéu novo para mim, um fedora vermelho quase vinho. Lindo. não estava falando muito, o que achei estranho, ele passava a maior parte do tempo me olhando como se quisesse descobrir algo. Até que parei no meio do shopping e coloquei as mãos na cintura, olhando para meu amigo.
— Duvido que esteja admirando minha beleza. Vamos, cospe — mandei, batendo meu pé no chão, esperando que começasse a falar.
— Na verdade, estava, sim, admirando a sua beleza, nunca tinha reparado o quanto era bonita. — Cerrei meus olhos com aquilo e riu. — Ok, eu falo. — Levantou as mãos em forma de rendido. — me disse que você tem agido meio estranho desde que vocês voltaram de Tijuana.
— Ah — soltei e voltei a andar.
— O que houve? — veio andando apressado atrás de mim até alcançar meu passo.
— Nada. — Levantei meus ombros rapidamente e deixei que caíssem logo depois.
— E eu tenho cara de idiota... Ok, eu tenho cara de idiota, mas você não me engana. O que rolou? — Lhe lancei um breve olhar. — Ele não fez nada que você não quisesse, né?
— O quê? Não! É claro que não! O me respeita. — Deixei o ar sair de forma pesada. — É outra coisa — disse aquilo muito baixo.
— Eu tenho problema de audição, fala alto — zombou e eu ri fraco.
— Deixa isso quieto — pedi sem olhá-lo.
— Não vai mesmo me contar o que está pegando? — Sua pergunta me fez suspirar, então eu parei.
— Vamos tomar um café. — Apontei para uma cafeteria que estava perto de nós.
Ele concordou com a cabeça, então entramos no lugar, fizemos nossos pedidos e nos sentamos em um sofá afastado, o qual eu escolhi. Tomamos nosso café no mais perfeito silêncio, e por mim poderia continuar assim. chegou mais perto de mim e passou seu braço pelo meu ombro, então olhou para um lado em específico. Ergui minha cabeça e olhei para onde ele tanto olhava, tinha um sujeito nos encarando, e nem com meu amigo me abraçando o cara parou de nos olhar. Pessoas são estranhas mesmo. Até que gelei ao reconhecer quem era. A saliva entalou em minha garganta e minha mão livre automaticamente segurou a de , entrelaçando nossos dedos. O homem não era um qualquer, era meu ex namorado, um que fiquei por um ano e pouco. Eu não sabia o que fazer, como reagir. Podia ser o ali agora, então o beijaria e o embuste poderia ir embora.
— Está tudo bem? — perguntou, e o encarei. — Você está sem cor.
— Meu estômago está embrulhado, preciso ir ao banheiro — falei e lhe entreguei meu copo que ainda tinha café, deixando as coisas no sofá e correndo até o banheiro.
Entrei na primeira cabine vaga e só foi o tempo de segurar meu cabelo para não sujar e colocar tudo o que eu tinha comido nas últimas horas para fora. Algumas lágrimas desciam e pingavam da ponta de meu nariz enquanto o resto de meu corpo suava frio, trazendo muitas coisas como uma onda forte, me derrubando totalmente. Dei a descarga e me encostei na divisória da cabine, tentando segurar as lágrimas que em vão desciam pelo meu rosto e molhavam meu pescoço. Fiquei ali por algum tempo, não sei ao certo, perdi a noção dos minutos, tentando me acalmar.
Levantei do chão e fui até a pia. Lavei meu rosto algumas vezes e molhei minha nuca e pulsos, tentando me refrescar um pouco e ver se melhorava meu estado. Encarei meu rosto no espelho e pelo menos não estava pálida agora, mas minha cara não era uma das melhores. Forcei alguns sorrisos, tentando achar qual seria o melhor deles, e parei quando percebi que nenhum deles iria conseguir enganar . Soltei o ar e peguei um pouco de papel, secando onde estava molhado e saí do banheiro. Os olhos do meu amigo encontraram os meus no mesmo instante que passei pela porta, ele não se mexeu, apenas esperou que me aproximasse e sentasse ao seu lado novamente.
— Você não está grávida, então o que aconteceu? — ele já perguntou, quando me acomodei ao lado dele, encostando a cabeça em seu ombro.
— O cara que estava nos olhando era meu ex namorado. — E, ao falar aquela frase, meu corpo inteiro travou, porque ela carregava algo a mais.
— Nunca vi mais feio. Não sabia da existência dele — mencionou e eu concordei com a cabeça, quase ninguém sabia.
— É. Praticamente ninguém sabia dele — contei, fechando meus olhos. — Ele me forçava a fazer coisas. — As lágrimas voltaram a se acumular, querendo descer pelo meu rosto novamente.
— Que coisas? — ele questionou pausadamente e sua respiração começou a ficar pesada.
— Coisas. — Dei de ombros, tentando não lembrar, mas já era tarde demais. — É por isso que não consigo transar com o . — Minha voz saiu trêmula e eu tive que empurrar para baixo com toda a força o bolo em minha garganta. — Não tenho coragem de contar isso para ninguém, muito menos para o .
ficou em silêncio e apenas me abraçou, isso foi o suficiente para me fazer chorar que nem um bebê segurando em sua blusa. Meu amigo afagou meu cabelo e deu um beijo no topo de minha cabeça. Eu já conseguia imaginar os pensamentos de . Por que eu não denunciei o cara? Por que eu o deixei fazer aquilo comigo? Por que eu não contei isso para ninguém? Porque eu não consegui, não tive forças, me sentia totalmente fraca diante àquilo. Era como se minha força tivesse sido toda roubada por aquele sujeito e a minha única reação era sempre chorar quando me lembrava do que aconteceu, e, claro, sempre depois do que terminava. Por mais que tivesse falado que não queria, ele sempre insistia até que eu cedesse, e no fim só pedia desculpar por ver o estado que eu ficava. Chorando, desesperada, desolada.
— Vamos embora — disse, mas neguei com a cabeça, não queria sair dali.
— Não quero que ninguém me veja assim. Promete que não vai contar nada — implorei e meu amigo apenas me abraçou com mais força.
— Vai ficar tudo bem. — Foi a única coisa que ele falou.
Ficamos ali por algum tempo até que eu me acalmasse e meu celular começasse a tocar. Era . Atendi e falei que já estava indo, que demoramos para achar a peruca certa. Então tivemos que ir embora. No caminho de volta, fui me obrigando a ficar bem e já cheguei em casa sorrindo com a sacola na mão e desfilando com meu chapéu novo. Ninguém desconfiou de nada. Perfeito. Stephen pegou a peruca e foi colocar no manequim, fui atrás para ver como tinha ficado e morri de rir quando vi.
, a sua borboleta ficou digna de Jardim III — falei, olhando aquilo, deixando meus olhos irem em direção ao braço e vendo um peixe desenhado nele com uma cabeça com cabelos longos. — Gente, o que aconteceu com a sereia do ?
— Ficou, né? Eu queria pintar as anteninhas dela, mas não tinha outras cores de canetinha. — Minha prima fez um bico. — Aqui só tem artista.
— Gostou? Eu quem fiz — Troy falou, com um baita sorrisão. — Pode falar, sou o próximo Picasso.
— É, com toda certeza — concordou com ele, morrendo de rir. — Só te falta o Picasso. — Troy apenas lhe deu o dedo do meio, me fazendo gargalhar alto.
— Consegui! — Joe apareceu com algo na mão, então colocou na frente do rosto do manequim.
— Ah, não! — berrei, já não me aguentando de pé. — Onde você conseguiu imprimir isso? — Era a foto do rosto do em tamanho real.
— A Naomi quem conseguiu — respondeu.
— Melhor pessoa ever a Naomi — comentei e olhei para os lados. — Cadê o ?
— Hm, estava no quarto — contou. — Reclamando que o tinha te roubado dele.
— Roubei mesmo. — Meu amigo me abraçou apertado e me deu um beijo na bochecha. — Que horas a mocreia chega?
— Ela já deve estar chegando! — Troy berrou, olhando para o relógio. — Preciso colocar os celulares e as câmeras para gravar.
O loiro saiu correndo que nem desesperado pela casa. Fui até a varanda com os meninos arrumar o manequim no lugar, de costas para a escada da frente, e ainda colocamos meu chapéu preto na cabeça dele. Bem mesmo, além, claro, de estar com as roupas dele. Aquilo estava engraçado demais. O pessoal tinha arrumado uma mesa para dois, com velas e vinho. Estava mesmo ótimo. Tinham até mesmo feito comida para ficar com cheiro na casa, é claro que iríamos comer depois, rindo da cara da oxigenada.
Nos escondemos quando ouvimos a voz de Sophie, e Troy já estava posicionado, filmando com sua câmera. Meu namorado apareceu por trás de mim, me dando um beijo no ombro. Sorri e me virei, lhe dando um selinho rápido e voltando a olhar o que iria acontecer. Senti um cheiro de bebê vindo do , ele tinha usado talco? Olhei para ele por cima de meu ombro, tentando ver onde ele tinha passado, mas não consegui achar, então deixei para lá, deveria ser impressão minha.
A loira subiu na nossa varanda toda sorridente e Sophie vestia um vestido tão decotado que me perguntei por que ela não tinha ido logo nua para o jantar. Quando se aproximou e se sentou na cadeira livre, seu sorriso foi sumindo aos poucos e eu só conseguia rir. A cara de decepção dela foi a melhor de todas.
— Vocês são um bando de babacas! — Se levantou, mas a cadeira estava colada na bunda dela. — O que é isso?
— Vocês passaram super cola na cadeira? — perguntei, rindo ainda mais.
— Isso foi cortesia minha — respondeu e eu gargalhei alto.
— Esse vestido é um Valentino! — ela berrou, tentando tirar a cadeira dela.
— Não sabia que Valentino tinha tanto mal gosto para te vender um vestido tão lindo. Você o estragou, sabia? — Minha prima apareceu, rindo pela porta da sala.
— Sua demônia! — xingou e jogou um prato na direção dela.
— Não, querida, a única demônia aqui é você... Do cabelo roxo ainda — Sophie rosnou e jogou um copo dessa vez. — Não fique quebrando minha louça assim! — reclamou.
— Eu vou quebrar a sua cara! — berrou enlouquecida e a gente só conseguia rir.
— Vai nada. Vai lá ficar com seus amiguinhos demônios também e não nos encha mais o saco... — Parou de falar e colocou a mão na boca. — Ops, esqueci que você não tem amigos. — Minha prima soltou uma risadinha.
— Da próxima vez, pensa bem antes que colocar uma cobra dentro da casa de alguém, ou melhor, não se mete com o namorado dos outros — falei, me aproximando dela. — E muito menos use meus amigos para me atingir. — Joguei vinho na cara de Sophie. — Agora não me faça ver essa sua cara feia nunca mais.
— Isso não vai ficar assim! — gritou e saiu andando.
— Tenta fazer algo contra nós que seu vídeo vai parar na internet. — Troy chegou mais perto, filmando a cara dela. — Garanto que o Barney sujo de vinho vai virar sensação. — Ele sorriu de forma maldosa.
— Odeio vocês! — Desceu a escada com a cadeira agarrada na bunda.
— A minha cadeira você pode devolver! Obrigada — pediu, rindo horrores.
Fui andando até o manequim e me sentei em cima dele, passando a mão na foto e analisando. Aquilo estava engraçado demais. Peguei meu chapéu e coloquei na minha cabeça.
, acho que vou te trocar.
— Ah, vai? — Meu namorado, puxando outra cadeira e se sentando, já que Sophie tinha levado a que estava ali.
— Vou, o seu sósia aqui é muito mais bonito. — Beijei a foto e nós dois rimos.
— Aposto que para ele você vai falar “eu te amo”. — Meu riso sumiu no mesmo instante. Aquilo era sério?
— É, com certeza — respondi seca e me levantei.
Saí andando em direção à praia com raiva. Era sério mesmo que o estava me cobrando aquilo? Eu não podia acreditar nisso! Eu o amava e não precisava de uma maldita frase para que soubesse isso! Meus atos não eram o suficiente para ele? Então comecei a pensar no que disse sobre eu estar estranha e talvez aquilo fizesse sentido. O fato de estar estranho não era por não amar o e, sim, por amar demais ele e não conseguir me relacionar sexualmente porque eu tinha pânico por mais que sentisse vontade de fazer. Não dava para me entender, eu sabia disso, mas... Só estava me sentindo cansada e irritada de pensar naquilo o tempo todo e em como estava desperdiçando o pouco que ainda nos restava. Nossas férias iriam acabar dentro de vinte dias e eu estava levando tudo para o buraco em vez de aproveitar.
Senti uma mão segurar meu pulso e já o puxei com força, sabendo que era o , mas eu não queria falar com ele agora, queria só ficar um pouco sozinha. Na verdade, eu andava querendo ficar muito tempo sozinha, e sabia o motivo disso.
, para — ele me pediu, e já me virei sentindo meus olhos queimarem.
— A porcaria de uma palavra não deveria interferir no que sentimos um pelo outro! — berrei com , sentindo muita raiva. — Hazel Grace e Augustus Waters diziam Okay. Okay. um para o outro. Então por que nós não podemos ser assim?
— Okay — disse simplesmente e meus olhos se fecharam, como se todo peso tivesse saído dentro de mim.
— Okay. — Não tinha como amar aquele garoto mais do que eu já amava, ele conseguia tirar tudo de ruim de dentro de mim.
Apenas caí sentada na areia, chorando, e ele veio e me abraçou forte, se sentando atrás de mim, afagando meus braços. Só queria me desculpar por tudo que estava causando, sabia que meu silêncio deveria deixar ele assustado, mas eu não conseguia falar. Tentava, só que sempre perdia a coragem quando estava quase conseguindo. Minhas lágrimas desciam silenciosamente de meus olhos e iam escorrendo pelo meu rosto até pingarem e caírem sobre os braços de meu namorado que envolviam meu colo. Podia ouvir sua respiração pesada ao lado de meu ouvido e mais um pouco nossos corações batendo no mesmo ritmo.
! — berrou, da varanda, e nós dois nos viramos no mesmo instante.
Minha prima estava com a lateral do rosto e do cabelo toda branca, e meu namorado começou a rir. O encarei e depois olhei de novo para . O liguei a tudo rapidamente. O cheiro de talco!
— O que você fez? — perguntei.
— Enchi o seu secador de talco, só não achei que a quem fosse usar, mas valeu a pena assim mesmo. — Ele começou a rir.
— Vai ter volta! — minha prima avisou, apontando para .
— Você está ferrado — comentei, ainda com a voz bem fanha.
— Eu sempre estou.


17. Neon Gravestones

Twenty One Pilots

’s POV

Estava deitada na cama, olhando para o teto, com um envelope lacrado em minha mão. Ali dentro tinha a resposta que poderia mudar minha vida e a de , ou não. Eu sinceramente não fazia ideia do que fazer. Abrir e ler logo o resultado ou apenas rasgar aquilo e deixar para lá. Precisávamos saber a verdade, eu precisava da verdade.
Respirei fundo e me sentei, olhando para o envelope branco, onde tinha uma etiqueta com meu nome completo. No momento que me decidi o que fazer, a porta do quarto se abriu e eu escondi o envelope o mais rápido que consegui, olhando para ver quem estava entrando. Respirei aliviada quando vi que era só a . Ela me encarou com um sorriso.
— Em quem você vai tocar o terror dessa vez? — perguntou bem desconfiada.
— Eu? Eu só toco campainha, meu amor. E tamborim, é claro. — fez uma cara engraçada. — O quê? Não sabia que eu tocava tamborim?
— Eu sei que você está me enrolando. — Ela veio e se sentou na cama ao meu lado.
— Só enrolo linha — rebati, tentando desconversar. Minha cara era tão óbvia assim?
— Larga de ser sonsa! Com quem você aprendeu a ser assim? — questionou e eu dei uma risada.
— Com quem será? — A encarei. era a rainha das sonsas.
— Comigo que não foi. — Fez uma cara de nojenta. — O que você escondeu quando entrei? — A peste já começou a revirar as cobertas, enquanto eu tentava em vão rasgar meu envelope.
— Não estava escondendo nada. — Era tarde demais, ele já estava na mão da minha prima.
— O que é isso? — Virou o envelope de um lado para o outro. — Exame de gravidez? — me olhou bem sério agora, mas acabou rindo.
— Quase isso. Me devolve. — Tentei pegar, mas ela já pulou da cama e correu para o banheiro, se trancando lá dentro. — ! Me devolve isso! E não abre esse envelope! — Eu estava rindo de puro nervoso.
— Só se você me falar o que tem aqui dentro. — Quem precisava de inimigo quando se tinha a como prima, não é mesmo?
— O resultado de um exame de DNA — falei logo e tudo ficou no maior silêncio, até que a porta finalmente se abriu e entrei no banheiro.
— Me fala que não é de quem estou pensando que é — pediu, me devolvendo o envelope.
— Depende de quem você está pensando que é. — Soltei uma pequena risada nervosa e me sentei na beira da banheira.
saiu do banheiro e eu fiquei olhando por onde ela tinha acabado de passar sem entender nada, então depois só ouvi o barulho da porta do quarto sendo trancada e ela voltou, fechando a do banheiro também e se sentando sobre o vaso que estava com a tampa abaixada. Minha prima cruzou as pernas e respirou fundo, depois me olhou.
— É do e do Bear, não é? — perguntou cautelosamente, e eu afirmei com a cabeça. — Você já está com esse resultado tem quanto tempo?
— Tem uns dez dias — contei e encarei o objeto que estava na minha mão. — Não tenho coragem de abrir. Não sei o que irei fazer, dependendo do resultado. — Ela concordou com a cabeça.
— Quer que eu abra? — se ofereceu.
— Só se você me prometer que não vai falar nada para ninguém agora. — Ela encarou o envelope e respirou fundo.
— Prometo não matar a vaca da Cheryl se o resultado for negativo. — E eu ri mais uma vez, mas queria chorar.
— Eu não sei se quero saber se o Bear é do , mas eu estou morrendo de vontade de saber se é. — Minha prima tombou a cabeça de lado. — Abre logo. — Lhe entreguei o envelope.
Minha prima o pegou e soltou o ar, então o rasgou e tirou o resultado lá de dentro. Meu coração batia em uma velocidade desconhecida e eu estava quase tento um infarto apenas vendo os olhos de indo de um lado para o outro, lendo o que estava naquele papel. Ela podia ler mais rápido? Ou só me falar o que estava lendo? Aquilo não ajudava em nada. E se o filho fosse mesmo dele? Eu ficaria com cara de idiota. Mas se não fosse, não tinha a menor ideia de como contar aquilo. O era louco naquele menino, e com razão, o Bear era uma criança adorável. Não sabia se era o certo tirar a paternidade dele daquela forma, ele já tinha se apegado ao garoto. Talvez, independente do resultado, nós não devêssemos contar nada. Aquilo era uma questão muito difícil de ser resolvida e eu nunca deveria ter me metido naquilo. Não era assunto meu.
— Er... — soltou e eu podia ver o papel em sua mão tremendo, e não sabia se ela estava me zoando ou não.
— Fala logo, pelo amor de Deus! — pedi desesperada.
Minha prima ergueu a cabeça e seus olhos estavam cheios d’água, então ela dobrou o papel e guardou de volta no envelope, que pude ver que estava com duas gotas de água agora. Meus olhos encararam o rosto de e ela estava chorando. Definitivamente eu não sabia como reagir. Ele era filho do ou não?! Ela estava chorando de felicidade ou tristeza? Quem iria começar a chorar ali era eu a qualquer segundo se ela não falasse nada.
— Qual é o resultado? — perguntei em um tom de voz alto, claramente nervosa com aquilo.
— O Bear não é filho do — ela falou extremamente baixo, mas ouvi cada uma de suas palavras. — Eu não faço ideia do que fazer — confessou e eu também não. — O vai pirar.
— Vai. — E agora quem começou a chorar fui eu.
se levantou e se sentou ao meu lado, me abraçando. A abracei de volta e ficamos ali chorando. Aquela verdade era muito para nós. Não tínhamos ideia do que fazer com aquilo agora, e eu só conseguia ficar totalmente desesperada. Como olhar para o sabendo que estava escondendo algo dele, ou melhor, como olhar ele feliz com o Bear e saber que eles não eram pai e filho? Aquilo era crueldade demais, tanto falar quanto não falar. Não era algo que dava para lidar agora. Eu não deveria ter feito aquele maldito teste de DNA se não aguentaria a resposta dele!
— minha prima chamou e me soltou. — Vou falar para o que eu quem fiz o exame, se ele souber que foi você...
— Eu sei. Ele vai terminar comigo. — Já tinha pensando sobre aquilo. — Mas não posso deixar que você faça isso, eu só fiz porque achei a relação dela com ele muito estranha. Só que eu não pensei nas consequências. — Ela forçou um sorriso. — Está tudo bem.
— Não, nada está e nem vai ficar muito bem. Não quero que ele fique com raiva de ti. Se eu falar que fui eu, você ainda pode consolar ele — brincou e eu até poderia rir se não fosse tão trágico. — Ele ficaria com raiva de mim, mas não seria a mesma coisa que ficar com raiva de você. Sei que um dia me desculparia por isso, só não quero que o que vocês estão construindo vá por água a baixo por algo que a Cheryl fez. Não é justo. — Ela segurou a minha mão e entrelaçou nossos dedos, então sorriu fraco. — Não vou aguentar vê-los separados, vocês dois são perfeitos um para o outro e nunca esteve tão bem na vida antes como está contigo agora. — Eu só conseguia sentir as lágrimas escorrendo enquanto meu coração ficava bem pequenininho.
— Nada disso é justo. — Abracei com força. — Me desculpe ter te enfiado nisso. — Ela acariciou minhas costas, enquanto eu chorava sem parar.
— Você é minha prima favorita e o meu melhor amigo, eu faria de tudo para ver vocês dois bem. — Deu um beijo em minha cabeça. — E não vou deixar nada estragar o que conseguiram construir em tão pouco tempo. — Se afastou e passou as mãos em meu rosto. —Agora lava essa cara, que vou dar um jeito nessa bagunça. — Sorriu, mas dava para ver que ela estava triste. — E vou ter uma conversinha calorosa com a Cheryl.
— Vai até Nova Iorque atrás dela? — questionei com medo do que minha prima poderia fazer.
— Não, vou ligar para ela. — Balançou a cabeça e riu fraco.
— Você não acha que seria melhor o fazer isso? Dele mesmo resolver se vai querer continuar sendo pai do Bear ou não? — perguntei, já que nós iriamos tirar aquilo dele, só cabia ao saber se iria continuar naquela situação ou não.
— Eu não tinha pensando nisso — suspirou. — Você tem razão. — Se levantou. — Vou lá falar com ele então.
— Agora? — Arregalei meus olhos.
— É, agora. Eu não vou conseguir olhar para o sem parecer que caguei no meio da sala. — Abriu os olhos como se fosse bem óbvio.
— Cagou a casa toda, isso sim — corrigi. — Eu não estou preparada ainda. Espera um pouco. — Meu coração palpitava.
— Esperar o quê? Quando as férias terminarem? — sugeriu.
— Seria bom. — Minha prima rolou os olhos.
— Não. Vou contar agora. — Se virou e saiu andando.
— Não! — Segurei seu braço e ela começou a fazer força, já me arrastando para fora do banheiro, mas segurei no batente da porta. — Espera um pouco, .
— Anda, ! — Ela fazia força, então a soltei e caímos as duas no chão. — Sai de cima de mim — mandou, me empurrando. — Está amassando o exame, caramba! — reclamou, e eu ri um pouco.
— Ai, desculpa. — Me levantei e a ajudei a ficar de pé. Alguém tentou abrir a porta do quarto e olhamos para lá juntas.
. — Era a voz do e meu corpo inteiro gelou. Eu e nos olhamos sem falar nada. — , você está aí dentro? — Bateu de novo na porta.
— Não, só eu. Estou trocando de roupa — respondeu, já pulando e apontando para os lados. — Espera aí que quero falar contigo.
— O quê? — cochichei, tentando entender o que ela queria dizer.
— Se esconde, idiota. — Ela me empurrou, então entrei embaixo da cama. — Ah, você é uma gênia mesmo — reclamou e lhe dei o dedo do meio.
Só vi minha prima andando de um lado para o outro, mexendo nas coisas e depois indo até a porta. Eu estava tão nervosa que estava suando frio e estava me dando dor de barriga. Poderia ter me escondido no banheiro, podia pelo menos usar o vaso se precisasse. Sou uma lerda mesmo. Me virei, ficando de barriga para cima, e prendi a respiração quando finalmente abriu a porta.
— Senta aí — mandou e sentou exatamente na cama a qual eu estava escondida e fez o mesmo. — Lembra que você me disse que eu estava estranha?
— Lembro, mas pensei que fosse por causa daquele lance com o . — Vi o colchão se mexendo em cima de mim.
— É, em partes também. É que eu ando guardando muitos segredos. — Mordi minha boca, tentando me controlar.
— Quais? — parecia preocupado.
— O Bear não é seu filho. — O quê? Como que ela me solta assim na cara dele? Ela estava maluca? Houve um silêncio mortal. — Eu fiz o teste quando ele veio aqui, peguei uma amostra do DNA dele e depois do seu. — Ouvi um barulho de papel. — Está aqui o resultado. — Meu coração ia pular pela boca, ah, se ia. E teve mais silêncio.
— Por que você não me contou nada? — Sua voz estava embargada e eu queria morrer agora. — Hein, ? — perguntou mais alto.
— Eu não sabia como contar! Você não ia concordar em fazer o exame! — rebateu e ela chorava agora.
— É claro que não ia! O Bear é meu filho! — respondeu bem irritado. — Eu pensei que você fosse minha amiga!
— Eu sou sua amiga! E por isso que fiz isso! É porque eu te amo! Eu não poderia deixar que aquela mulher te enganasse! — falava tão alto quanto ele.
— Isso aqui é muito mais do que a Cheryl me enganar! É sobre você ter feito isso pelas minhas costas! — acusou e eu já queria sair debaixo da cama e falar que era tudo culpa minha.
— Fiz mesmo e faria de novo se fosse para saber a verdade! Faria mil vezes! Porque eu sou sua melhor amiga e não suporto ver alguém de enganando, te fazendo sofrer! Quer ficar com raiva de mim por isso? Fica! — No fim a sua frase foi quase inaudível e eu estava com meu coração na mão já. — Eu amo o Bear, não como você, até porque seria impossível, mas ele não precisa deixar de ser o seu filho se não quiser.
— Não me encosta — disse e então se levantou, saindo do quarto e batendo a porta.
Fiquei ali embaixo da cama por mais algum tempo, chorando sem fazer o que fazer. Até que saí e me sentei ao lado de . Ela me abraçou chorando e ficamos assim por mais longos minutos, até que entrou no quarto e eu saí. Precisava achar agora mesmo que não soubesse o que falar com ele. Passei pela sala e o pessoal que estava ali me olhou, todo mundo estava com uma cara estranha, mas ninguém falou nada também. Troy apenas apontou para a porta da varanda, indicando que deveria ter saído por ali.
Estava me culpando por meu namorado estar mal agora. Eu nunca deveria ter feito aquilo, mas falar agora que a culpa era minha só faria as coisas piorarem. Não sabia também muito como reagir. Sentaria ao lado dele e falaria o quê? Que não era para ele ficar daquele jeito? Era inútil, porque continuaria triste. Tinha conseguido acabar com o final das férias mesmo. Minhas minhocas diziam isso e me acusavam com fervor. Então parei.
O vento soprava meu cabelo e meu vestido para trás, trazendo com ele o perfume de , que estava sentado mais à frente. O garoto estava abraçado com suas pernas e não precisava ser vidente para saber que deveria estar chorando, assim como eu também estava. O mundo dele tinha caído e com isso parte do meu também tinha. Então o que poderia ser feito? Palavras não iriam fechar a ferida que tinha acabado de ser aberta e poderiam até mesmo aumentar. Eu deveria ficar calada? Deveria voltar para dentro de casa e esperar que voltasse? Ou deveria apenas me aproximar e sentar ao seu lado sem falar nada? Não tinha ideia do que fazer, e ficar parada ali parecia uma ótima opção. Até que ele se levantou e foi andando em direção ao mar. Continuei observando passando pelas ondas e algo em mim disse que não podia mais ficar só olhando.
Corri em direção à água enquanto meu coração estava disparado, desesperado e assustado. As ondas geladas se quebravam contra meu peito, me empurrando um pouco para trás, mas eu não sairia dali sem o meu namorado. Só que o perdi de vista. Não. Não poder ser! Olhei para os lados, chorando apavorada, tentando ver se o encontrava, mas não tinha sinal de . Mergulhei com os olhos abertos, sentindo o sal queimá-los, e ainda assim não achei ninguém. Comecei a nadar e submergi quando o ar estava faltando.
! — berrei totalmente em pânico, olhando para os lados. — ! — As lágrimas que desciam se misturavam com a água salgada que estava em meu rosto. — Iemanja, devolve meu namorado! — gritei, batendo na água e mergulhando de novo.
Nadei e nadei, mas não achei nada. Meus braços já estavam cansados e minha garganta queimava por causa do choro, da água salgada e de tanto gritar. Ele não podia ter feito aquilo comigo. Uma onda quebrou em cima de mim e me jogou para fora, fazendo a areia ralar meus joelhos e coxas, além de beber mais um pouco daquela água. Eu chorava de desespero e medo. Não sabia o que fazer mais. tinha sumido. O mar tinha levado ele para longe. Sentia cada parte do meu corpo tremer e doer ao mesmo tempo.
— sussurrei porque a minha voz não conseguia mais sair direito. — Eu te amo.
Senti algo grudando em minha perna, então olhei para ver o que era. Uma folha branca meio amarrada. Me estiquei e a peguei, vendo que era a porcaria do resultado do teste de DNA. As minhas lágrimas molhavam o papel e manchavam as letras, então comecei a rasgar aquela porcaria com muita raiva enquanto gritava, e por fim soltei os pedaços, fazendo eles voarem com o vento forte que soprava.
tinha ido embora, embora de todos nós, porque eu fiz merda. tinha ido embora para sempre e não tinha nada que pudesse fazer para reverter aquilo. A culpa era minha e meu peito doía tanto que era insuportável sentir aquilo. Só queria poder ter feitos as coisas de uma forma diferente, ter contado a ele o que achava e não ter feito tudo às escondidas, mas agora nada fazia mais sentido, pois não existia nem mais um para que eu pudesse pedir desculpas.


17.2. Love You Goodbye

One Direction
Bônus.

No love, here to be losing
(Sem amor aqui para se perder)
I don't care who's in
(Eu não me importo quem esteja)
The car cause really
(No carro porque)
Really we just PCH cruising
(Realmente nós estamos apenas viajando pela PCH)


’s POV

Meus olhos estavam inchados e meu nariz não passava mais ar já tinha dez dias. tinha se jogado no mar, ninguém conseguiu encontrá-lo e hoje era o último dia das buscas. Eu não conseguia acreditar que ele tinha feito aquilo e não podia acreditar que no final daquele verão nós enterraríamos um caixão vazio. Para ser sincera, não dava nem para acreditar que tinha partido. Ainda conseguia ouvir o som de sua risada, o calor de seus abraços e inclusive a nossa última conversa ainda estava vívida em minha mente. “Não me encosta.” Juntamente ao seu olhar desapontado para mim. O que eu tinha feito? Eu enterrei meu melhor amigo. Era isso que tinha feito e jamais me perdoaria.
A ... Bem, a , né? Ela só ficava dia e noite sentada na varanda, esperando voltar, chorando e passando o dedo no anel que ele havia lhe dado. Só quando chovia que ela pegava e entrava, mas ainda assim ficava parada na frente da porta de vidro, ainda na esperança de que seu namorado fosse sair de dentro do mar com um sorriso no rosto. Ela não falava com ninguém, não comia direito e praticamente não dormia, e, quando fazia isso, tinha pesadelos e acordava chorando desesperada, chamando por .
Queria acreditar que aquilo era um sonho ruim, que iria passar e que era só uma pegadinha, sabe? Que iria aparecer rindo da nossa cara, falando que nos pegou, mas os dias se passaram e ele não apareceu com seu sorriso brincalhão. Não conseguia aceitar. Só não dava. Não dava para ver as coisas dele ali e saber que ele não iria voltar para pegá-las, já que ninguém ousou tocar em nada, só mesmo que tinha pegado uma das camisas dele e vestido, certamente para sentir que ainda estava ali com ela. Ao mesmo tempo que eu sentia raiva de mim mesma, sentia tristeza, mas não dava mais para ficar olhando tudo ali, doía demais.
Levantei do sofá e comecei a pegar tudo que era do meu amigo, chorando de forma silenciosa, deixando apenas que as lágrimas caíssem mudas de meu rosto. Até que parei e deixei tudo cair quando vi a bola de vôlei, vulgo Wilson, que tinha feito. Náufrago. Aquilo era tão irônico. Me abaixei e segurei ela, rolando na minha mão e deixando a marca vermelha da mão dele virada para mim. Mordi meu lábio inferior com muita força, segurando o grito em minha garganta, então levantei, me segurando nas coisas para não cair. Sentia olhares sobre mim, mas não olhei para os lados. Saí andando e abri a porta da varanda. O mar estava agitado e nuvens tempestuosas vinham em nossa direção, estava vindo uma tempestade a qual cobriria qualquer rastro que ainda houvesse do meu melhor amigo.
Em passos rápidos, fui em direção ao mar e eu podia ouvir o pessoal me chamando, perguntando o que eu iria fazer. Eles estavam assustados, certamente achando que eu faria o mesmo, e, por mais que quisesse, não faria. Parei de andar quando a água gelada bateu em meus joelhos e os gritos por meu nome cessaram. Olhei para a bola em minha mão e sorri.
— Eu sei que agora você é um náufrago, mas, como no filme, por favor, volte para nós. — Então dei um beijo no Wilson e joguei a bola para cima, dando um tapa nela como se fizesse um saque, fazendo ela ir bem longe e cair depois da arrebentação. — Volte para nós, — berrei, já sentindo os pingos grossos de chuva molharem meu rosto.
Então os céus choraram como eu. De forma pesada e dolorida. Aos poucos, fui sentindo braços ao meu redor. Eram meus amigos, eles também choravam, mas ninguém falava nada. Talvez ainda tivéssemos esperanças de que ele ainda estivesse vivo e qualquer palavra dita fosse cruel demais para nossos corações. Ninguém queria que ele tivesse mesmo desaparecido para sempre, porque aquilo era inaceitável. ainda podia estar por aí.
Aos poucos, cada um foi me soltando e no final eu estava ali sozinha novamente, esperando que os mares me devolvessem meu melhor amigo, ou pelo menos me dessem um sinal de que ele ainda estava vivo. Wilson ia indo embora aos poucos, até que a perdi de vista.
No fim, eu apenas me virei e voltei para casa, me deparando com a equipe de resgate lá. Me aproximei totalmente molhada, ouvindo o que eles estavam falando. Algo sobre não terem mais onde procurar e que se recebessem qualquer aviso sobre um corpo encontrado na costa, que nos ligariam. Então era isso? Não tinha nem ao menos um corpo para ser colocado no caixão? Iríamos viver o resto de nossas vidas com uma lápide falsa? Uma lápide onde marcaria apenas o dia do desaparecimento do nosso melhor amigo? Não dava para aceitar aquilo.
— Ele não morreu. não nos deixaria — falei com minha voz embargada e saí dali, indo para o quarto tomar um banho quente.
Já fui tirando minha roupa e entrei no banheiro nua, ligando o chuveiro no mais quente possível. Meu corpo estava trêmulo de tanto frio que eu sentia e minha pele já não tinha mais muita cor. Eu poderia ter uma hipotermia agora mesmo que estava tudo certo. Entrei embaixo da água praticamente fervendo e fiquei lá.
Perdi a noção do tempo, só percebi que estava muito tempo ali quando entrou avisando que íamos embora, porque o velório seria amanhã cedo. Concordei com a cabeça e levantei do chão, desligando a água e me enrolando na toalha. Não sabia ainda como restavam lágrimas em meus olhos, sentia que iria secar a qualquer momento de tanto chorar.
Arrumei minhas coisas de qualquer jeito, enfiando tudo na mala, e o que não coube enfiei em sacolas. Já tinha parado de chover, então tiramos a capota da Silverado e fomos colocando as coisas lá dentro. Até as Barbies iriam para Dana Point, o que me deixou um pouco surpresa. O que Sophie iria fazer lá? Rir da nossa cara? De qualquer forma, não quis saber, era melhor não perguntar nada.
Em uma hora já tínhamos conseguido arrumar tudo, limpar a casa e colocado as coisas nos carros. Joe iria voltar com o carro da , já que ela não estava em condições de dirigir, então minha prima foi com , eu com , com Stephen, e Troy e Eric com o Joe. Cruzávamos a PCH em total silêncio, não houve paradas, não houve rádio ligado e nem telefone tocando. Eu só olhava através do vidro, esperando que quando chegássemos a casa, tudo tivesse voltado ao normal.
E quando chegamos a Dana Point, tudo estava a mesma coisa, não tinha voltado a vida, e todos nós estávamos com a mesma cara. Me sentia tão cansada que não conseguia mais pensar direito, além da minha cabeça estar doendo. Por sorte, minha mãe não estava ali para espezinhar mais um pouco. foi até a casa de resolver as coisas com os pais dele e eu só quis ficar para tentar dormir um pouco. ficou comigo. Tomei um remédio de dor e logo apaguei.
O meu sono foi pesado demais e nem conseguir sonhar, eu consegui. Abri meus olhos, vendo que ainda dormia, parecia tão cansado quanto eu. Me levantei e espiei pela cortina, vendo o dia lindo que tinha lá fora. O céu azul não continha nenhuma nuvem. Uma pena que aquele dia seria marcado por algo que faria nossos corações sangrarem para sempre. Suspirei e segurei o nó que já se formou em minha garganta. Olhei por cima de meu ombro com a ideia que me corria, encarei meu namorado e meu peito doeu um pouco mais, uma fisgada fina e certeira.
Saí do quarto, fui para a cozinha preparar um café bem forte, e logo apareceu. Como sempre, ele vinha pelo cheiro. Ele balançou a cabeça em um sinal positivo, querendo saber como eu estava, e apenas dei de ombros.
— Você sabe que o odiaria te ver desse jeito, não é? — Meu irmão se sentou no banco ao lado do balcão.
— Eu sei — suspirei e coloquei as coisas na mesa para comermos.
— Nós deveríamos dar uma festa em memória ao . Era disso que ele gostava, odiava ver qualquer um de nós tristes e se odiaria em saber que estamos assim por causa dele. — Encarei meu irmão com aquela ideia.
— Festa, ? Sério? Não tenho clima nem para respirar, quem dirá para festejar. — Me sentei, servindo um pouco de café para nós depois.
— Ele merece mais do que uma lápide com o nome dele e um escrito qualquer. — Nisso meu irmão tinha razão.
— Hm — murmurei pensativa. — Eu compro os barris de cerveja. — Forcei um sorriso. — Vamos deixar esse dia marcado como a alma de merece, como ele sempre viveu e gostou. — Segurei o choro, olhando para , e ele tinha o mesmo semblante que eu.
— A melhor festa que ele já teria vindo. — Concordei com a cabeça, rindo e sentindo as lágrimas caírem.
— A melhor delas — meu irmão afirmou, deixando seu rosto ficar molhado também.
Logo apareceu e nós contamos a ideia a ele, que topou na hora. Mandamos mensagens para os outros, uns não aceitaram muito, mas outros toparam, e no fim chamamos todas as pessoas que conhecia. Pedimos para cada um levar algo que nosso amigo gostava de beber e comer. Aquilo levaria todos nós ao coma alcoólico, mas era essa a intenção. A festa seria na casa dele. Nós já tínhamos a playlist feita, seria a mesma que ele tinha feito para meu aniversário. Acho que não tinha nada mais justo, apenas adicionei Can't Take My Eyes Off Of You, dos Boys Town Gang, no final, porque aquela música merecia ser tocada.
Escolhi um vestido preto e longo para o velório, mas ele tinha as laterais abertas e era bem colado no corpo. Calcei meus vans e coloquei meu chapéu fedora — o vinho o qual comprei no shopping a última vez que fui com —, passei um batom vermelho e coloquei meus óculos escuros. Ninguém precisava ver meus olhos inchados. Sorri, me olhando no espelho, e aquilo foi mais falso do que qualquer outra coisa no mundo. apareceu e me deu um abraço por trás.
— Como sempre, está linda — disse, dando um beijo em meu ombro.
— falei e me virei, ficando de frente para ele.
— Eu sei o que você vai falar. — Isso me fez abaixar a cabeça, mas ele tocou a ponta de meu queixo, me fazendo olhá-lo, então tirou meus óculos. — O jeito que você anda me olhando diz muita coisa. — As lágrimas já escorriam pelos cantos de meus olhos. Ele me conhecia tão bem. — E sei que não é por causa do desaparecimento do , isso vem muito antes de tudo ter acontecido. — Fechei meus olhos e o abracei com força, encostando minha cabeça em seu peito e sentindo meu chapéu caindo.
— Me desculpa, . Eu te amo tanto. — Minha voz saiu totalmente esganiçada por causa do choro. Suas mãos deslizaram por minhas costas.
— Você não quer me pedir desculpas, . — Ele beijou o topo de minha cabeça. — Eu também te amo, muito. — Me afastou. — Posso te pedir uma coisa? — Afirmei com a cabeça. — Mesmo que esteja acabado, quero pedir para continuar sendo minha hoje, já que amanhã não será mais. — Meus olhos encaravam os seus e eu não sabia como reagir àquele pedido. — Me deixe te amar uma última vez.
— Eu sempre serei sua, — respondi e juntei nossos lábios em um selinho apertado. — E sempre vou te amar. — Minhas mãos foram até o colar dele que estava em meu pescoço.
— Não. Fique contigo. Um dia irei voltar para buscar — disse, segurando meus pulsos de leve.
— Quando você achar outra pessoa que o mereça? — perguntei, sentindo como se uma faca estivesse sendo enfiada em meu coração.
— Sim. — Suas mãos deslizaram pelos meus antebraços suavemente. — Sei que, enquanto isso, meu amor vai estar guardado muito bem contigo. — Sorriu, por mais que estivesse triste.
— Por que você tem que ser assim? — Empurrei seu peito de leve, mas o segurei pela sua camisa preta, que tinha os botões até a altura de sua tatuagem de borboleta aberta.
— Porque eu sei que o que tivemos vai ser inesquecível. — Suas mãos me seguraram pela cintura. — Que por mais que não estejamos juntos, enquanto eu te amar, sei que terei o mundo em minhas mãos, sei que serei capaz de qualquer coisa, até mesmo de te reconquistar. — Sorri chorando, eu não sabia mais se eu estava triste ou feliz por ouvir aquilo, tudo estava um tremendo turbilhão dentro de mim. — Assim como sei que o nosso amor é algo inexplicável e que só nós dois conseguimos entender. — Minhas mãos soltaram o tecido de sua camisa e repousaram sobre seu peito, sentindo seu coração extremamente acelerado. — E sei também que nada que eu fizer agora vai mudar a sua decisão, porque tem algo dentro de você que não está bem e só o tempo vai poder arrumar isso, e que por mais que confie em mim, não quer me contar o que é. — Desviei meu olhar do seu. — Por mais que meu coração esteja quebrado agora, está tudo bem. — O encarei e ele estava chorando, então sequei as lágrimas que desciam. — Porque eu te amo e eu aceitaria qualquer coisa para que você ficasse bem de novo. — Apenas fiquei na ponta dos pés e o beijei.
O beijei como se aquela fosse a última vez que fôssemos fazer aquilo, sentindo o gosto de nossas lágrimas se misturando ao de nossas bocas, enquanto meu coração sangrava em cada batida que dava, ficando cada vez mais rápido, me causando uma dor que pensei que nunca mais sentiria antes. A mão de se embrenhou nos fios de minha nuca, enquanto as minhas subiram para seus ombros e os seguravam com força. Eu o amava e ficaria bem para podermos ficar juntos novamente. Nunca desistiria dele, pois foi a única pessoa de toda a minha vida que me fez viver novamente, respirar sem sentir que o mundo estava em minhas costas, e me fez sorrir apenas por sorrir. E nossa história não iria acabar ali.
Escutei uma batida na porta do quarto, então nos afastamos, mas não nos viramos para ver quem era, porém a voz de já era o bastante para sabermos que era ele. Disse que estava indo para a capela e que nos esperaria lá. respondeu por mim, falando que já estávamos prontos e que também logo estaríamos saindo. Limpei o batom que ficou sujo na minha boca e fiz a mesma coisa com a de , estávamos parecendo dois palhaços com a cara toda suja de vermelho. Nós até rimos disso e ele me aconselhou a não passar batom novamente, ou iria tirar de novo.
— Você vai se controlar, preciso ir bonita ao velório. — Apontei para ele com um pequeno sorriso.
— Você é bonita de qualquer jeito, o batom só vai me fazer querer beijá-la ainda mais. E outra, tenho que aproveitar, não é mesmo? — Piscou para mim e sorriu de lado.
, é incrível como você não vale bosta nenhuma — comentei e me virei para o espelho, passando batom novamente. — No me importa un carajo porque sé que volverás — cantei a música do Maluma que tocou no dia que fomos à boate em Tijuana.
— Sua cachorra, só porque eu não sei espanhol — reclamou, se aproximando e colocando meu chapéu em minha cabeça. — O que você falou?
— É só uma música. — Dei de ombros, descendo o olhar para as mãos de que deslizavam pela minha cintura. Garoto atentado. — — falei, o repreendendo.
— Sabia que acho sexy quando você me chama assim? — disse, bem perto de meu ouvido, me deixando arrepiada. Fechei meus olhos, sentindo seus lábios em meu pescoço, ainda mais quando ele pegou e colocou uma mecha de cabelo para trás de meu ombro. — Qual música que é? — Sua voz saiu levemente rouca, então tive que dar um passo à frente.
— Para com isso, inferno! — reclamei e me virei para ele. — É Felices Los 4, do Maluma. — Mas apenas avançou, prendendo meu corpo contra o espelho. — — falei, já segurando seus braços, sentindo meu corpo reagir ao dele. — Você não me ajuda assim.
— Você ainda é minha, shiu — rebateu e começou a beijar meu pescoço.
— Eu te odeio. — Joguei minha cabeça para trás, levantando já minha perna pela lateral da sua. — Muito.
— Eu sei disso. — E ainda assim não parou de me atentar.
— Gente... Aí, desculpa. — Empurrei quando ouvi . — Eu não queria atrapalhar nada. — Minha amiga já saía do quarto.
— Não atrapalhou. — Olhei para o garoto na minha frente e ele tinha um sorriso no rosto. — Tira esse sorriso daí. — Apontei para ele e peguei meus óculos de sol. — O que houve, ? — Fui atrás da minha amiga.
— Nada. O disse que você e o já estavam vindo, mas como estavam demorando, vim ver se estava tudo bem. — Sorriu sem graça.
— Ah, sim. Está tudo bem, já estamos prontos. — Abri um sorriso largo, forçado, mas ainda assim era um sorriso. — Vamos, — chamei alto para que ele viesse logo.
— Estou indo — respondeu.
Saímos de casa e me sentei no banco de trás da pick-up, esperando vir logo. Coloquei meus óculos escuros e me acomodei ali. deu um selinho em quando ela entrou no lado do carona. Pelo menos tinha um casal inteiro e feliz ainda. Sorri fraco, olhando eles dois de mãos dadas. Definitivamente tinham nascido um para o outro. Suspirei e olhei para o lado, reparando no jardim de casa que minha mãe tanto gostava de cuidar. Agora teríamos que arranjar um jardineiro para isso.
apareceu e entrou pelo outro lado, se sentando perto da porta, deixando o lugar do meio vago. Não ousei olhá-lo, mas logo senti sua mão segurando a minha e aquilo me fez sorrir de leve, então entrelacei nossos dedos, sentindo o polegar dele acariciar o meu de leve. Tirei meu chapéu, deitei minha cabeça no ombro dele e senti seus lábios beijando meu cabelo.
O caminho até a capela foi bem silencioso, e quando chegamos os quatro, ficamos dentro do carro por longos minutos. Acho que ninguém conseguia acreditar que estávamos enterrando o . Não era algo que era possível de se acreditar. Ele estava com a gente as férias inteiras e agora não estava mais. Na verdade, ninguém queria acreditar, todo mundo esperava que ele fosse sair de dentro do caixão a qualquer segundo, rindo.
Então eu fui a primeira a me mexer, abrindo a porta do carro e saindo de dentro dele, pegando meu fedora e colocando em minha cabeça. Em seguida, todo mundo fez o mesmo e esperei para entrarmos juntos. Ele deu a volta no Silverado e segurou minha mão, mas me puxou para perto de si. O olhei.
— Okay — sussurrou.
— Okay — respondi e ele beijou minha testa.
Entramos na capela e eu não imaginava que conhecesse tanta gente. Meus olhos se viraram para o caixão fechado, ao lado dele tinha uma coroa de flores e do outro uma foto enorme. Meus olhos se encheram d’água vendo meu amigo sorrindo feliz, e eu sabia que aquela era uma foto que ele estava com , uma das últimas que eles tinham tirado juntos. Passei meus olhos pelo lugar, procurando minha prima, e a achei no canto, junto de tia Anne e Elliot. Me surpreendi ao ver o pai de ali. Nos aproximamos deles, e quando me viu, ela apenas se levantou e me abraçou com força. Retribuí o abraço na mesma intensidade, enquanto afagava suas costas. Não tinha palavra alguma que eu pudesse usar para aliviar sua dor, então só fiquei ali com ela.
Me sentei e ficou ali comigo, com sua mão segurando a minha, e nós chorávamos em silêncio enquanto mais pessoas iam chegando. Os pais de se sentaram em um canto, junto do meu pai, e . Até que eu a vi. Cheryl junto de seu namoradinho, com Bear no colo. Eu levantei no mesmo instante e os olhares vieram em minha direção.
, não — falou, mas eu não queria ouvi-lo.
— Você não é bem-vinda — disse para aquela garota, e já senti uma mão passando em minha cintura. .
— Claro que sou, ele era o pai do meu filho. — Podia sentir a veia em meu pescoço saltando de tanta raiva que eu senti naquele momento.
— Vai embora, Cheryl — mandei.
— É melhor você ir — pediu, e ela o olhou de cima embaixo, então sorriu. — Agora. — A mão dele apertou minha cintura e me puxou para perto.
— Hm, espero que Bear tenha uma parte na herança dele. — Minha mão se fechou com muita força quando ouvi aquilo.
Então meus olhos não conseguiram acreditar no que vi. passou à minha frente e deu um tapa na cara de Cheryl. A garota olhou assustada para minha amiga e com a mão onde tinha sido atingida, depois me encarou e eu sorri de leve.
— Some daqui — mandou. — Antes que eu mesma te bote para fora. — Cheryl apenas pegou Bear de seu namoradinho e foi embora. — Nunca gostei dela. — Se virou e voltou a se sentar ao lado de meu irmão.
Todos estavam incrédulos, olhando para minha amiga. Aposto que Troy devia ter gravado aquilo, ele sempre pegava os melhores momentos. Eu e saímos da capela, estava precisando fumar para ver se ficava calma. Desde que tinha sumido, eu tinha voltado a fumar e sabia que aquilo não era nada bom. Me sentei nos degraus ali e meu namorado... digo, ex namorado se sentou ao meu lado. O sol quente batia em meu vestido, me deixando com calor, mas nem por isso saí dali.
— Todo mundo está no limite — comentou, então o olhei.
— E não é por menos. Ninguém tem dormido — respondi, levando o cigarro até meus lábios. — Eu ainda acho que ele vai aparecer rindo da nossa cara a qualquer momento.
— Todos estamos achando isso. Não dá para acreditar que ele se matou — suspirou e pegou o cigarro de meus dedos, dando uma longa tragada e me devolvendo em seguida. — estava tão bem.
— Às vezes nós escondemos do mundo como realmente nos sentimos, e até de nós mesmo. É mais fácil assim. — Olhei para o outro lado.
— É mais fácil assim para você?
— Sim — confessei, mas não olhei para ele.
— Só espero não ter que te enterrar também — disse e se levantou, entrando na capela de volta.
Nossa, que belo tapa na cara que acabei de levar. Mas não estava errado em ficar com raiva, eu guardava demais as coisas e aquilo poderia acabar explodindo dentro de mim de tal maneira que talvez não desse para aguentar. Ele só estava preocupado e tentando olhar pelas fendas, mas eu tinha me encarregado de tampar bem todos os buracos.
Respirei fundo e joguei o resto do cigarro fora. Olhei uma última vez para fora, então entrei. E assim que fiz aquilo, se levantou e foi até o meio da capela. Encarei minha prima por alguns segundos e ela sorriu fraco, ou pelo menos tentou. Me sentei, certamente ela tinha feito um elogio fúnebre, o qual eu nem ao menos pensei sobre.
— Bom dia, e agradeço a todos por terem vindo. Seja onde estiver, aposto que ele está feliz por ver cada um de vocês aqui — ela começou e meus olhos já começaram a queimar. — Eu tentei escrever algo, mas nada ficava bom. — Fez um gesto com a mão e riu fraco. — Mas o que tenho a dizer não dá para ser escrito em um pedaço de papel e ser recitado aqui, porque vem direto daqui de dentro. — Tocou seu peito duas vezes. — Grande parte de vocês não me conhece, mas eu sou a , namorada do . — Sorriu de lado. — Ele me pediu em namoro durante o verão. — Levantou sua mão com o anel de um jeito tímido. — Verão, né. Melhor época do ano. Férias, e claro, a época do ano em que geralmente juntamos todos os amigos para nos divertir. — Ela me olhou e depois voltou a olhar para frente. — Esse verão. — Ela começou a chorar. — Vai ser o melhor da minha vida, porque eu conheci a melhor pessoa do mundo. — Mordi o lábio inferior e eu pude sentir sua dor. — Aconteceram tantas coisas, foram tantas risadas, tantas lágrimas, tantos amores. Eu nunca vivi algo assim antes na minha vida, e devo agradecer isso ao . — Olhou para o caixão atrás de si. — Tive muito pouco tempo para conhecê-lo, mas o que eu consegui ver foi um grande homem, cheio de vida, amor e esperança. Um amigo incrível e um namorado mais incrível ainda. — Abaixou a cabeça e secou o rosto. — Me desculpem. — Rapidamente se levantou de um lado e eu do outro, e fomos de encontro até .
— Está tudo bem — sussurrei para ela, e minha prima me abraçou.
— Todos estamos aqui porque foi alguém que marcou nossas vidas de alguma forma, e esse memorial é para marcar nas nossas memórias o dia que ele se foi, mas ainda assim vai continuar nos fazendo sorrir, pois esse cara continuará vivo dentro de cada um de nós — completou o que queria dizer, e todos se levantaram.
não morreu, ele está dentro de cada pessoa que o conheceu — falei, então Joe começou a bater palmas.
não morreu — o moreno falou alto e todos começaram a falar a mesma coisa.
Sorri, sentindo as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas. Olhei para as pessoas ali e vi Naomi me encarando. Ela chorava, mas tinha um sorriso largo no rosto. Aquilo não precisava ser um fim, poderia ser uma continuação, nós poderíamos continuar levando conosco para todo sempre. Aquilo seria difícil, só que com o tempo as coisas iriam ficar mais fáceis, pelo menos era assim que eu esperava.
Os meninos pegaram o caixão e levaram até o cemitério, que era ali do lado. Já tinha uma cova aberta, mas era muito estranho enterrar alguém que não tinha um corpo para ser enterrado. Tinha lápide e tudo, com a data de nascimento e morte. O caixão foi colocado no buraco, então me abaixei, peguei um punhado de terra e joguei lá dentro. Os pais de , , , , tia Anne, Theo, Charlie, A.J., Derik, Joe, Miguel, Troy, Stephen, Elliot, e até mesmo Naomi, fizeram o mesmo. Rezamos e depois os coveiros começaram a fechar a cova. Ninguém falava nada, e, quando terminou, saímos dali, indo para a casa de . As coisas que nós íamos levar já estavam no carro, então já chegamos colocando os barris de cerveja no gramado. Eu entrei na casa e conectei meu celular ao aparelho de som.
— Aí, galera, a que mais gostava! — berrei e coloquei Baby, do Justin Bieber, para tocar na maior altura.
Tirei meu chapéu, jogando-o em algum lugar, e prendi meu cabelo. Apontei para e já comecei a fazer os mesmos passos que fazia quando dançava aquela música. Ele riu, prendeu o seu cabelo também e chegou mais perto, então começou a dançar. Parei e fiquei olhando aquilo.
— Como assim você sabe dançar! — Empurrei pelo peito, então minha prima entrou no meio e começou a dançar também. — Olha, ela renasceu como uma Fênix.
— E pegando fogo. — Riu.
Nós três começamos a dançar juntos, rindo daquilo. Logo chegou mais, dançando, e Troy já veio com sua câmera, gravando tudo. O pessoal foram se juntando, até que Stephen apareceu com um em tamanho real de papelão. Comecei a rir daquilo.
— Achou mesmo que ele iria ficar de fora? — o cabeludo perguntou e começou a mexer o de um lado para o outro, como se estivesse dançando. — É a música favorita dele.
Na boa, o tinha os melhores amigos que alguém poderia ter. Nós começamos a cantar a letra da música junto e depois jogamos o para cima. Ninguém ali estava feliz, e sabíamos disso, mas estávamos tentando fazer o que o nosso amigo iria querer que fizéssemos, então daríamos o melhor de nós naquele dia. Beberíamos, dançaríamos, tiraríamos fotos e contaríamos piadas ruins. Era aquilo que faríamos.
Passamos o dia zoando, bebendo e nos divertindo. O estava em todas as fotos e aquilo seria cômico demais se não fosse tão trágico. Até mesmo Sophie estava sociável. Tia Anne, Elliot e meu pai apareceram por lá e beberam um bocado conosco. Apareceram até umas drags lá para animar ainda mais a parada. Brincamos até de “eu nunca”, o chão é lava e sete minutos no paraíso, e dessa vez tínhamos um armário para entrar. Fizemos pegadinhas no estilo , e os meninos até mesmo cantaram a do jeito que só aquele idiota fazia. Tudo que lembrava o nosso amigo nós fizemos.
, aprendi um truque legal — falei com ele.
— Ah, é? Qual é? — perguntou, rindo e chegou mais perto, aquela tentação ambulante só estava de camisa.
— Presta bem atenção. — Peguei uma moeda e coloquei sobre o mármore. — Agora. — Peguei uma garrafa pequena de água e coloquei em cima da moeda. — Eu vou fazer a moeda aparecer dentro da garrafa. Presta atenção — mandei, e coloquei um pano de prato em cima da garrafa. — Bugi bugi — falei e mexi as mãos.
— Aposto que são as palavras mágicas que vão fazer tudo acontecer — debochou.
— Mas é claro! — respondi, rindo e tirei o pano de cima da garrafa, depois olhei dentro dela. — Olha lá — mandei, segurando-a para não cair. — Vê se não deu certo. — Quando meteu o olho no gargalo, eu apertei a garrafa, fazendo a água ir toda na cara dele.
— Sua cachorra! — berrou, rindo e eu já saí correndo, gargalhando como se fosse uma criança de dez anos. — Corre muito, .
E realmente eu corri, por mais que tivesse bêbada, só que nem em meus melhores sonhos eu seria mais rápida que o . Logo senti minha cintura sendo agarrada e nós dois voamos dentro da piscina. Suas mãos me puxaram para baixo, e eu queria rir alto, mas se abrisse a boca, iria beber água, então fui levada para perto dele, seus lábios se juntaram nos meus e fomos para cima. Deixei sua língua tocar a minha e minhas mãos foram para seu cabelo, o segurando e puxando. Minhas pernas deram a volta por sua cintura e suas mãos vieram para minhas coxas. Ouvia Untouched tocar na maior altura lá dentro da casa e ela fazia tanto sentindo naquele momento que sentia como se aquela música estivesse nos abraçando. Rompi o nosso beijo e passei a mão no rosto de .
— Nunca quero ouvir você dizer adeus — disse ofegante, olhando dentro dos seus olhos.
— Não vai. — Tomou meus lábios novamente, em um beijo intenso.
E essa foi a última coisa que lembro ter acontecido naquela noite.
Abri meus olhos, sentindo minha cabeça doer horrores, o sol da manhã batia na minha cara e eu não conseguia ver muita coisa. Minha boca tinha um gosto amargo. Ressaca era uma merda. Passei a mão em meu cabelo e ele estava um ninho de passarinho. Me sentei e percebi que estava na cama de e tinha um pessoal ali em volta. . Onde ele estava? Olhei ao redor e não o encontrei. Toquei o colar em meu pescoço e ainda estava ali. Levantei da cama, tropeçando, e fui andando pela casa, até mesmo achei deitado no sofá, dormindo abraçado com . Gente, a festa realmente foi boa. Fui até a cozinha, peguei um copo de água, e por acaso vi um iPhone ali em cima do balcão. Cheguei perto e apertei o botão de início. Era o meu, por sorte, e tinha uma mensagem do .

“Sou eu o seu fogo? Seu único desejo? Sim, eu sei que é tarde demais, mas eu quero assim.”


Era a letra de I Want It That Way, e isso me fez sorrir. Então outra mensagem chegou.

“Já é de manhã, e o nosso tempo acabou. Você não é mais minha. Como me pediu para nunca dizer adeus, então achei que seria melhor ir embora antes que acordasse. Me desculpe por isso, mas não iria aguentar partir sem querer te beijar. Eu te amo, e nunca vou deixar de amar. Fica bem, ok?”


Eu não sabia o que responder, então só comecei a chorar de novo. O que eu tinha feito?


17.3. No Woman

Whitney
Bônus.

’s POV

Meus olhos seguiam de um lado para o outro, comparando as colunas de números, vendo que não eram compatíveis, e depois desceram para o resultado final. Probabilidade de paternidade 0%. Eu não estava conseguindo acreditar naquilo e não sabia o que pensar direito. Fiquei olhando para aquele papel por mais algum tempo, até que algo me chamou muita atenção. . Esse era o nome que estava escrito de quem havia pedido o exame. Aquilo foi como uma facada no meu peito. Ela queria o quê? Se livrar do meu filho? Era isso?
Então olhei para , e eu não sabia se sentia muita raiva dela ou não sentia nada, porque ela estava protegendo a , como sempre fazia com todos nós, puxando a culpa para si e segurando a barra. E no fim eu não aguentei e soltei a minha raiva em cima dela e nós discutimos. Não queria falar com ninguém, minha cabeça estava fervendo demais para isso. Precisava de um tempo para pensar nas coisas, saber o que ia fazer com o Bear, com a Cheryl e com a . Não conseguia entender o motivo que ela tinha feito aquilo. Ciúmes de uma criança? Não, ela não chegaria a esse extremo, tinha me dito que havia adorado o Bear. Nada mais fazia sentido.
Levantei da cama para não brigar ainda mais com e saí do quarto, segurando aquela merda de papel com muita força. Se qualquer pessoa parasse na minha frente, eu seria capaz de explodir de vez. Assim que passei pela sala, todos me encararam e eu não falei nada, apenas segui para a varanda, batendo a porta de correr atrás de mim, sem ligar se quebraria com a minha força.
Fui andando e pisando firme na areia que escorregava sob meus pés, sentindo o vento forte empurrando as lágrimas que escorriam em meu rosto para trás, como se tentasse secá-las. O sol ainda brilhava no céu, como quem dizia que estava tudo bem. Só que não estava nada bem! Eu amava aquela criança mais do que tudo nessa vida! Como que elas acharam que tinham o direito de tirar isso de mim? E aquilo só me fez lembrar que eu não era bom para ninguém, que todos só estavam interessados nos números da minha conta bancária, que era a única coisa que poderia oferecer, e a prova disso era aquela bosta daquele papel que estava na minha mão. O olhei a última vez e soltei, deixando que o vento levasse para longe aquilo que me fazia sentir a pior pessoa do mundo.
Me sentei na areia e fiquei olhando para o mar. Ver as ondas quebrarem as vezes me deixava mais calmo, mas aquilo não estava ajudando daquela vez. Abracei minhas pernas como uma criança amedrontada e deixei as lágrimas caírem de vez, pois, mesmo que tentasse segurá-las, não fazia sentido, elas estavam caindo do mesmo jeito.
Por quê? Por que não conseguia ter ninguém ao meu lado apenas por ser quem eu era? Eu era uma pessoa tão ruim assim que não conseguia nem fazer com que os outros gostassem de mim? Era só mesmo o dinheiro que importava sempre? Ninguém mais naquele século se importava com família, amigos e outras coisas que envolviam amor? Mesmo que tivesse dito que me amava, aquilo não fazia o menor sentido. Ela só tinha falado aquelas coisas para proteger a . Ela mentia bem, sabia disso, sabia como era boa em esconder as coisas. E no fim concluí que fez aquilo por sua prima e não por mim.
Naquele momento, decidi que não havia mais sentido para ficar ali. Me levantei e fui andando em direção ao mar. Fui enfrentando as ondas que se chocavam contra meu corpo, e no fim mergulhei e nadei por debaixo delas, só subindo um pouco para respirar. Não queria pensar em nada mais, só queria nadar até esquecer aquilo tudo. Esquecer o que tinha acontecido e principalmente aquelas garotas. Fiquei nadando daquele jeito até meu corpo ficar extremamente cansado, então no fim parei e fiquei boiando. Estava no meio do mar, sozinho e já começava a ficar escuro, teria sorte se algum peixe me comesse. Já podia aceitar a morte tranquilamente, pois estava exausto para lutar.
Ouvi um barulho de motor e me virei, vendo um barco vindo em minha direção, mas ele foi diminuindo a velocidade até que parou. Era um barco de pesca. Um velho perguntou se eu precisava de ajuda e disse que sim, que tinha nadado demais e agora estava sem forças para voltar à costa. Então ele me jogou uma boia e me ajudou a subir, me dando uma coberta para que me enrolasse logo em seguida.
— Hey, garoto. Você quer avisar alguém que está aqui? Eu vou entrar em alto mar e lá o meu rádio não funciona muito bem — o velho perguntou, e só neguei com a cabeça.
— Ninguém sabe que estou aqui e não vão se preocupar se eu sumir um pouco — respondi, dando de ombros.
— Então se prepare que você vai sumir por dois meses, não posso voltar antes disso. — Afirmei, estava tudo bem.
O máximo que pensariam é que eu tinha ido embora atrás da Cheryl para resolver aquilo, ou que tinha ido para algum lugar pensar, nada demais. Ninguém tinha me visto entrando no mar, de qualquer forma. E outra, duvidava muito que alguém realmente se preocuparia comigo, eles só ligavam para a merda do meu dinheiro.
O velho, que se chamava Rufus, me arranjou umas roupas secas dele e me deu algo para comer. Não era a melhor comida que eu tinha comido, mas, com a fome que eu estava, era sem dúvidas a mais gostosa. Tinha mais dois marinheiros ali, John e Lucian, e eles não eram muito amigáveis ou só estavam achando que eu era um mauricinho que nem deveria estar ali, mas no fim acabaram se acostumando comigo, já que eu comecei a ajudar eles com a pesca. O cheiro de peixe no começo era enjoativo, só que no fim eu nem sentia mais.
Aquele tempo longe me serviu de muitas coisas, e os dois meses que se passaram com aqueles homens me ensinaram muitas coisas. Rufus me fez ver que e só queriam o meu bem, que não fizeram aquilo por mal, que a única errada naquilo tudo era Cheryl, e que Bear não precisava sofrer com aquilo, que eu sempre seria pai dele, independente de compartilharmos o mesmo sangue ou não. Que meus amigos e familiares deveriam estar preocupados comigo e que era para voltar para eles assim que chegássemos à terra firme. O velho estava certo. Ele já devia ter visto muita coisa nessa vida para ter me feito entender aquilo. No fim, eu só era um menino mimado, que achava que podia comprar tudo com meu dinheiro mesmo. Só que ali, naquele barco, minha fortuna não valia de nada, eu era um homem como os outros que estavam ali. Por aquele tempo, fui alguém de verdade, alguém que tinha preocupações reais. Tive medo de cada tempestade que pegamos, de cada onda que quase virou aquele barco, e vi como tinha medo de perder a minha vida. Era assustador não ter o controle daquilo nas suas mãos, não poder decidir quando iria partir ou não. E só conseguia pensar que queria continuar vivo, que queria ver meu filho, a mulher que amava, minha família e meus amigos. Desejei ter eles ao meu lado ali todas as noites e nunca valorizei tanto o amor de cada um deles, além das coisas básicas que não podíamos ter. E no final decidi que, quando voltasse, tudo seria diferente.
Meus olhos brilharam quando viram a costa. Acho que nunca mais iria querer entrar em um barco de novo. E quando ancoramos, me joguei na água e fui nadando até a areia. Assim que meus pés sentiram a areia seca e quente, cai de joelhos, agarrando-a, sentindo que aquilo era real e não mais só um dos sonhos que tive naqueles dias em alto mar. Terra, terra, terra! Minha respiração até faltou. Eu estava em casa novamente e mal conseguia acreditar nisso. Mesmo que estivesse longe de Oxnard e mais longe ainda de Dana Point, ainda assim me sentia em casa. A terra firme era a minha casa, definitivamente. E nunca tive tanta certeza na minha vida do que queria. Queria todas as pessoas que eu amava ao meu lado.
Rufus me deu um trocado para poder voltar para Dana Point, já que tínhamos parado em Gaviota. Agradeci por tudo que ele fez por mim, e depois o velho me deu uma carona até a estação de trem, comprou um bilhete para mim, eu comprei uma cerveja e entrei no vagão. Eu nem lembrava como cerveja era tão gostoso. Fiquei olhando pela janela por mais que estivesse escuro do lado de fora, ansioso para chegar logo à casa. Quando estava amanhecendo, cheguei a Los Angeles. Mesmo que a grana que o velho tinha me dado não tinha sido muito, dava para me virar bem. Comprei um carro fodido mesmo e depois arranjei um quarto para dormir um pouco, estava cansado demais para seguir viagem, mesmo que só faltasse mais uma hora e meia.
Quando acordei, já era meia noite. Caralho! Dei um pulo da cama. Tinha que ir embora. Peguei a PCH, queria ir dirigindo pela baía. O vento batia em meu rosto, que vinha pela janela aberta, e aquilo era ótimo, não tinha o cheiro de peixe.
Quando peguei a frente da minha casa, eu não podia acreditar. Ela estava exatamente do mesmo jeito que deixei. Entrei pela porta de trás e peguei a chave reserva que ficava escondida em um vaso de planta. Desativei o alarme e fui para meu quarto. Quase tive um troço do coração quando vi uma versão minha feita de papelão deitada em minha cama.
— Que porra é essa? — Olhei para aquilo sem entender nada, mas deixei para lá.
Fui tomar um banho, e por mais que me esfregasse, parecia que o cheiro de peixe não saía da minha pele, aquilo tinha grudado. Fiquei em minha banheira por horas, trocando a água, colocando sais de banho e passando sabão em mim para ver se aquele futum ia embora. E só quando minha barriga começou a fazer barulho, foi que percebi que estava morrendo de fome e que não lembrava nem qual foi a última vez que comi. Saí da banheira, peguei a toalha, e só quando parei na frente do espelho foi que percebi o quanto eu tinha emagrecido. Nossa, eu estava parecendo uma caveira rabiscada.
Me sequei e fui me vestir. Passei tanto perfume que comecei a espirrar sem parar. Vi minha carteira e celulares em minha cabeceira. Quem será que tinha colocado minhas coisas ali? ? ? Minha mãe? De qualquer forma, não importava muito, o que importava é que precisava comer e tinha que enfiar aquele de papelão dentro de algum armário, pois ele estava começando a me assustar com aquele sorriso.
Saí e peguei a chave do meu carro que estava no chaveiro, exatamente onde eu havia deixado. Eram três da manhã, então eu teria que comer um fast-food qualquer, e definitivamente estava louco para aquilo. Comer um hambúrguer com bastante bacon, tomar uma Coca-Cola bem gelada e saborear uma batata frita bem salgada. Puta merda, só de pensar minha boca salivou e meu estômago berrou.
Entrei no meu BMW e dirigi até o McDonald’s mais perto, mas, quando fui passar meu cartão de débito, deu que estava bloqueado. Achei estranho, só que, por sorte, eu tinha grana na carteira. Viria aquilo amanhã quando acordasse. Peguei meu pedido e fui até a praia, parei de frente para o mar. Por mais que eu tivesse passado dias infinitos em alto mar, eu nunca iria me cansar de olhar para ele, pois aquelas águas tinham me mostrado muitas coisas que jamais iria esquecer.
Olhei para meu pacote do McDonald’s e o puxei para perto de mim. E, caralho, nunca comi um lanche com tanta vontade na minha vida. O sabor, o gosto, a gordura, o sal! Aquilo tinha sido feito pelos Deuses, especialmente a carne e o pão. Nossa, era muito bom, e a melhor parte, não tinha gosto de peixe! Comi aquilo como se tivesse acabado de voltar da guerra. A sorte era que tinha pedido um BigMac, um Triplo Quarteirão e um Cheddar McMelt, muita, muita batata frita, claro, e com copo de 700 ml de Coca-Cola. Como eu tinha sonhado com aquilo. Deus! Nunca mais me deixem entrar em um barco na vida, por favor.
Voltei para casa e fui dormir mais um pouco, ainda me sentia extremamente cansado. Antes de deitar, tomei mais um banho e guardei aquela minha versão sorridente de papelão dentro do closet. Só esperava que, quando eu entrasse ali dentro, não me assustasse com aquilo de novo. Coloquei meu iPhone para carregar e deitei. Fiquei vendo um pouco de Vikings e acabei apagando com a TV ligada mesmo.
Sonhei que estava no barco ainda, que aquela merda não parava de balançar de um lado para o outro, e acordei já todo suado, olhando para os lados. Caralho, eu estava em casa. Sim. Casa. Apalpei minha cama, sentindo os lençóis abaixo de minhas palmas, meus lençóis. Levantei e fui beber água, então olhei no relógio. Nossa, já se passava das seis da tarde. Eu estava dormindo demais. Voltei para meu quarto e peguei meu celular, entrei no Instagram para ver o que o pessoal estava fazendo, e vi um story da . Ela estava com o pessoal no boliche. Sorri.
Tomei outro banho só para garantir que não estaria fedendo a peixe ainda e vesti uma roupa. Nem preciso falar que eu levei um susto com aquele dentro do meu closet, né? Passei quase um vidro de perfume. Peguei minhas coisas e saí. Era Halloween e a cidade toda estava enfeitada, tinha crianças pela rua pegando doces e elas estavam todas fantasiadas. Aquilo me deu uma ideia. Parei em uma fantasia e comprei a máscara do pânico, então segui para o boliche que nós sempre íamos. Lá era super retrô e tinha aquele jukebox só com músicas antigas.
Antes de entrar no lugar, coloquei a máscara e fui até a Jukebox. Procurei por Can't Take My Eyes Off of You e achei! Era a versão dos Boys Town Gang. Ótima! Sorri e apertei o botão, a outra música já estava acabando e, por sorte, não tinha nenhuma outra na sequência ainda. A batida começou, então me virei, vendo com o pessoal na pista. Todos se viraram para onde estava o aparelho e já comecei a dançar. A cara deles era a melhor. Todo mundo parou e ficou me olhando com uma cara de chocados. Até que levantei minha máscara, veio andando em minha direção e pulou em cima de mim, me dando um abraço. A apertei com força mesmo que ela odiasse aquilo, e, ao longe, vi desmaiando.
, como você? — perguntou, mas já a soltei e corri até .
, — chamei, pegando ela dos braços de e sacudindo o seu rosto.
— Eu sempre acreditei que os mortos poderiam andar no meio de nós no dia das bruxas, mas nunca tinha visto isso de fato acontecer — Troy comentou, e então o olhei sem entender nada.
. — A voz de me fez encará-la, então sorri abertamente. Ela tocou meu rosto. — É você. — Ela já chorava, então se sentou e me abraçou com força.
— Sim, sou eu — respondi, beijando seu ombro. — Sou eu, meu amor. — A apertei ainda mais.
— Eu vou fazer esse idiota voltar para o mundo dos mortos vai ser agora! — berrou, e nos soltamos e a olhamos, ela estava com uma bola de boliche na mão, mas tirou aquilo dela. — Onde você estava esse tempo todo, seu idiota? — Uni as sobrancelhas com a irritação dela.
— Longa história — falei e olhei para . — Senti tanto a sua falta. — Sorri para ela.
— Ah, mas você vai ter muito tempo quando estiver no hospital! — estava bem nervosa, mas apenas a ignorei.
— Achamos que você estivesse morto... Eu te vi entrando no mar... — me abraçou e chorou ainda mais. — Me perdoa, , me perdoa. Eu nunca quis tirar o Bear de você. Me perdoa.
— Shiu... Está tudo bem, você não fez nada de errado. — Afaguei seus cabelos e beijei a curva de seu pescoço. — Eu não morri. Estou aqui, vivo e contigo.
— Mas eu vi. Você sumiu... — Suas mãos seguraram minha blusa com força. — Iemanjá te levou de mim.
— Ninguém me levou. Hey, olha para mim. — Segurei seu rosto e fiz com que ela me olhasse. — Você viu errado. — Então beijei seus lábios.
Nunca senti tanta saudade de beijar alguém antes como agora. era meu tudo, eu era louco por ela, e cada dia longe foi como uma tortura. Eu sei que errei, sei agora que fiz todos que eu amava sofrerem, acharem que estava morto, e nunca me perdoaria por isso, mas faria de tudo para que eles me perdoassem.


18. We Are Young

Fun. feat. Janelle Monáe

’s POV

Quando voltei para Las Vegas, tudo o que eu tinha era uma garagem com todas as minhas coisas dentro. Tinha largado tudo para trás, tinha saído do cassino e tinha apostados todas as minhas fichas em apenas uma pessoa, para no final perder tudo. Agora eu só tinha meu carro e todos os meus pertences enfiados em caixas. O que deveria fazer agora? nem ao menos respondia minhas mensagens. Pela primeira vez na minha vida, me vi totalmente sem nenhuma perspectiva, pois a única coisa que queria eu tive em minhas mãos e consegui perder. Não sabia mais o que fazer agora. Nada parecia que tinha muito sentido. Tudo tinha voltado a ser cinza e sem graça. Poderia fazer o quê? Trabalhar até morrer? Era isso que todos faziam, certo? Então poderia ser que nem todo mundo, sempre fui apenas mais um ali no meio de todos, não faria muita diferença no final.
Louis parou seu carro ao lado do meu e saiu de dentro dele, veio em minha direção e se encostou no capô do meu Corolla, cruzando os braços e olhando para a garagem lotada, assim como eu estava fazendo. Certamente tentando pensar o que poderíamos fazer com aquelas tralhas. Tinha até um fogão ali dentro, mas não tinha mais apartamento. Acho que ele estava tão decepcionado quanto eu. Atravessar o deserto, encontrar a garota da sua vida e no fim voltar para casa sem ela. Se aquilo não era sinônimo de fracasso, sinceramente não tinha ideia do que era.
— Estou de saco cheio de Vegas — Louis falou, e apenas virei minha cabeça para o lado, olhando para o baixinho, esperando-o acabar de falar. — Como é Los Angeles?
— Tem praia — disse, torcendo o nariz, e ele riu. — É só uma cidade cheia de gente como todas as outras.
— Mas pelo menos é mais perto dela. — Sorriu e eu apenas ergui uma sobrancelha. — Vai falar que você desistiu? Até deixou seu cordão com a garota.
— Não desisti, Lou — respondi, voltando a encarar as caixas. — Não quero pressionar a a nada.
— Ok, então vamos para Miami. — Aquilo me fez rir. — Aposto que ela não vai se sentir pressionada se você estiver do outro lado do país. — Fechei meus olhos e neguei com a cabeça. — Vamos lá, , se anima com algo. — Ele me empurrou e eu quase caí, pois minha calça escorregou por cima do capô do carro.
— Desculpa, mas é difícil me animar agora — respondi e voltei para meu lugar de antes. — Nunca fui para Miami. — O olhei de novo e Louis sorriu feito uma criança.
— Eu já. Apesar da poluição, lá é bem legal e quente. — Ri fraco daquilo. Ao contrário de mim, Louis parecia bem empolgado. — E o que temos a perder? Não tem nada que nos prenda aqui mesmo. E também você precisa de um tempo para si mesmo, e conhecer pessoas novas sempre é bom. — Ele tinha razão e odiei aquilo. — Pega o que você acha que dá para levar e doa o resto. — Gesticulou em direção à garagem.
— Ok, Tomlinson. — O empurrei e entrei na garagem.
Conheci o Louis assim que vim para cá e nós acabamos dividindo um apartamento. Quando contei que iria para a Califórnia encontrar a e que pretendia ficar por lá, ele concordou e disse que iria para lá também comigo, só iria me esperar voltar para pegar as nossas coisas. Já tínhamos visto até algumas casas em Dana Point pela internet, mas nada saiu como planejado. E agora ele estava ficando de favor na casa de uma amiga, esperando o que eu iria decidir, pois Lou era meu melhor amigo e disse que iria para qualquer lugar que eu fosse. Agora tínhamos grana para ir para qualquer parte do mundo se quiséssemos, pois quase não gastávamos e o nosso débito na conta só foi aumentando ao decorrer do tempo. Então talvez, por hora, Miami parecia uma boa.
Peguei tudo que deu para enfiar no meu Corolla e no Fusion de Louis e nós partimos para Miami no mesmo dia, só nos despedimos dos nossos amigos e fomos. Acho que nunca fiquei tanto tempo dentro de um carro sentado. Cruzar os EUA era mais cansativo do que parecia, mas visitamos várias cidades pelas quais passamos, até que foi uma viagem divertida. E quando finalmente chegamos lá, eu nem acreditei. Arrumamos um apartamento bem rápido e uma semana depois já estávamos trabalhando. Eu como barman em uma casa noturna, e meu amigo em uma cafeteria.
Semanas depois, me ligou falando que apareceu e me contou o que aconteceu. Se eu estivesse mais perto, iria lá só para socar a cabeça daquele idiota. Onde já se viu entrar em um barco de pesca e ir para alto mar com uns caras que nunca viu na vida! Aquilo só podia vir do mesmo, a cabeça dele não funcionava muito bem. E a , bem, ela agora só fingia que eu não existia, não atendia minhas ligações e nem sequer respondia minhas mensagens, e depois de um tempo eu parei de tentar. me ligava sempre para me dar notícias de como a estava, e tinha se afastado de todo mundo. Como dizia, ela tinha arrumado uma nova turma, esquecido dos velhos amigos, e só ficava cada vez mais estranha com todos, até com e . e ela aparentemente tinham perdido contato depois de um tempo, e nem nas festas de família mais a ia. Isso me deixava preocupado, mas não tinha nada que eu pudesse fazer, ela não queria ajuda, então não havia nada a se fazer. e continuavam juntos, assim como e , e eu estava feliz por eles. Meu pai e Anne começaram a namorar, e aquilo fazia com que eu e nos tornássemos meio irmãos, o que era engraçado, já que desse jeito eu e nos tornávamos primos. Então eu era apaixonado pela minha prima? Claro, minha vida não era tão simples assim. Agora sempre ia para Dana Point por causa do meu pai, ia de avião, pois nem a pau que eu passaria três dias dirigindo de novo, mas nunca via , ela sempre dava um jeito de desaparecer quando eu estava por perto, definitivamente tinha se formado um fantasma. Sabia que estava me evitando e não iria impedir isso, era uma decisão dela, mas ainda assim não mudava o que eu sentia por mais que as vezes quisesse. Até mesmo tentei ficar com outras pessoas, mas não era a mesma coisa, era vazio, não tinha significado. Eram só bocas e corpos, nada mais. Tentava esconder que não sentia mais nada, mas estava apenas mentindo para mim mesmo o tempo todo. Eu podia fazer o que quisesse, ficar com o mundo inteiro, mas ainda assim iria continuar querendo . Com isso, os meses foram passando. Se me perguntassem se tinha me arrependido de ter ido embora aquele dia, a minha resposta seria sim. Não deveria ter deixado , ela precisava de mim, e apenas fui embora sem nem ao menos dizer adeus, fiz o que me pediu, e nunca me perdoei por isso. uma vez tinha me falado que eu era diferente dos outros, que não ia embora mesmo quando me mandava fazer isso, e no fim fui igual aos outros. E agora parece que me tornei só um outro para ela. Era estranho pensar nisso como um fim, acho que não queria pensar nisso, pois indicava que tinha desistido, e por mais que quisesse mesmo fazer isso, não dava, minha mente me traía todas as vezes, levando meus pensamentos até seu lindo sorriso, me fazendo lembrar de suas palavras e especialmente na primeira e última vez que disse que me amava. O quão tolo eu fui por ter deixado a mulher que amo? Talvez muito. E nada dava para ser feito agora. Já foi. Eu a perdi. Fim de jogo. Vai ver que fui apenas um amor de verão para e agora ela não queria admitir isso olhando dentro de meus olhos. Muita coisa aconteceu, sei que foi difícil aquele mês de agosto. tinha sumido e todos fomos levados ao nosso limite, achamos que nosso amigo estava morto, ninguém mais conseguia pensar direito, inclusive eu, então soltar tudo me pareceu o melhor a fazer, mas nunca deveria ter soltado ela. Nunca. Infelizmente, o amor era uma arma carregada, com a qual brincávamos de roleta russa e sempre puxávamos o gatilho na esperança de que a bala que estava no tambor nos atingisse, só que a maioria das vezes ela não estava lá. Assim como essa, eu puxei o gatilho e pensei que tinha sido atingido, mas não fui. E agora apenas sofria puxando o gatilho repetidas vezes, de forma desesperada, clamando para que o tiro me acertasse e enfim pudesse sentir aquela paz a qual senti no verão de três anos atrás, quando vi pela primeira vez. E, assim como naquele dia, meu coração estava acelerado da mesma forma. Não conseguia acreditar que o universo tinha conseguido nos colocar de novo no mesmo lugar mais uma vez. No exato momento, me encontrava ao lado de e no jardim da casa de campo dos , e estávamos no casamento do Roger. Sim, ele estava se casando de novo, dessa vez com alguém que realmente gostava dele. Jack era o nome do sortudo, e o cara era um doce de pessoa, tive a sorte de conhecê-lo em algumas festas da família, já que agora eu era oficialmente parte dela. Noah apareceu ao meu lado e segurou minha mão, então me puxou para baixo para poder falar algo em meu ouvido.
— Ela está linda — cochichou e sorriu, depois me soltou e saiu correndo.
Aquilo só me fez sorrir e fazer meu coração ir a mil por hora. e iriam entrar com Roger, e eu não achava nada mais justo, afinal ele merecia tal honra de ter seus filhos maravilhosos juntos naquele momento tão importante para sua vida. Então começou a tocar Mystery of Love, do Sefjan Stevens, que fazia parte da trilha sonora de Me Chame pelo seu Nome. Aquilo só podia ser coisa da , aposto quanto quiser que ela quem tinha escolhido a música, afinal o filme tinha vindo de um de seus livros favoritos. E a letra dela era linda também. Todos nos viramos para trás para ver a entrada de Roger, mas meus olhos só conseguiam olhar uma pessoa, a mulher da minha vida. Ela estava magnífica em um vestido preto longo que se arrastava pelo chão e deixava sua perna esquerda à mostra quando dava um passo à frente, era com mangas longas feitas de renda e tinha um enorme decote de renda também que vinha até seu umbigo. Seus cabelos estavam soltos e muito maiores do que a última vez que tinha visto. Eles desciam até seu quadril e caíam por cima de seu ombro direito em fios lisos com pequenas ondulações. E seus lábios, aqueles lábios... Estavam pintados de um vermelho bem escuro, os deixando bem chamativos e me fazendo querer beijá-los intensamente. Definitivamente, o que eu sentia por não mudou nenhum pouco.
As poucos eles foram em direção ao pequeno altar onde tinha uma juíza, e quando passou bem na minha frente, seu perfume doce deixou um rastro, e por sinal era o mesmo que usava sempre. Ela mexia comigo de uma maneira que não conseguia entender. Quando eles pararam, e deram um abraço juntos em Roger e ela secou as lágrimas do pai com um lindo sorriso no rosto, depois falou algo que não deu para ouvir. Então quando se virou para sair dali, seu olhar se cruzou com o meu e ela parou por alguns segundos, mas foi puxada por em seguida. Segui os irmãos com o olhar e depois me virei, vendo Jack entrar com uma senhorinha, certamente sua mãe. Ele estava sorridente e isso me fez sorrir também. Até que eu vi uma figura que apesar de estar diferente o cabelo e agora usava óculos de grau, reconheci na hora, e sinceramente nunca imaginaria ver ali. Bradley. Me virei rapidamente para .
— O que o anão de jardim está fazendo aqui? — Apontei discretamente na direção a qual ele se encontrava.
— Brad? — não parecia nada surpreso, e isso me fez erguer uma sobrancelha.
— Ele veio de par com a . — E aquilo deu um bug enorme em minha cabeça.
, traduz que não estou entendendo. Eles tinham parado de se falar — o lembrei, então meu amigo tocou em meu ombro.
— Após a minha pseudomorte, o Bradley foi até Dana Point e se desculpou. aceitou e depois eles começaram a namorar. — Aquilo me acertou de um jeito que não conseguia entender. — Não durou muito, acho que um ano ou menos, mas eles continuaram amigos. — deu de ombros. — Brad mostrou realmente que estava arrependido de tudo, não vi motivo para ninguém ficar com raiva dele. — Continuei encarando . — Ninguém te falou porque você sabe, né. Achamos que não iria entender, e a também pediu para não falarmos.
— Ótimos amigos que eu tenho — reclamei e riu da minha cara, só revirei os olhos com aquilo.
— De qualquer forma, eles não estão mais juntos e você nem sabe disso, nunca te contei nada. — Balancei a cabeça. — E nem fala nada com a , já foi bem difícil convencer ela de estar aqui hoje. e que operaram esse milagre.
— Por que ela não queria vir? — Olhei de relance para , que desviou o olhar, certamente estava nos encarando.
— Não sei, ninguém sabe. Ela não fala mais com ninguém, só com o Bradley mesmo. Se quiser descobrir algo, pergunte a ele. — Perfeito, eu teria que conversar com o anão de jardim para saber o que estava acontecendo com a .
A cerimônia começou, então calamos as nossas bocas. Minhas mãos suavam frio e eu tentava não olhar para , mas, quando fazia, a pegava olhando para mim também e nós dois olhávamos para os lados, tentando disfarçar. E assim quando acabou e ela assinou o papel depois de abraçar Roger e Jack, a garota desapareceu como num passe de mágica. Tentei não pensar que a culpa era minha e realmente não deveria ser, depois de tanto tempo achava que era impossível que ela se afetasse por causa da minha presença. Então deixei isso de lado e fui cumprimentar os noivos.
Depois seguimos para o salão de festa, que estava lindo. Um jantar seria servido, mas enquanto não era nos foi servido vinho, champagne e whisky. Peguei uma dose para mim, segui até a porta enorme de vidro para olhar o jardim e pude ver e Bradley juntos, mas para a minha felicidade os dois estavam discutindo. Ela balançava os braços e passava a mão no cabelo repetidas vezes, claramente irritada e nervosa. Já Brad, tentava acalmá-la e segurava a mão dela toda vez que se se virava para ir embora. Senti inveja dele e pensei em ir até lá para saber o que estava acontecendo, mas achei melhor não interferir. Segundo , o anão ali era o único que conseguia chegar perto o suficiente de . No fim, ele só a abraçou, e parecia que estavam chorando, sua mão fazia um carinho nas costas dela, que dava pequenos saltos. Não aguentava mais olhar aquilo, então me virei e saí dali, acabando de beber meu whisky de uma só vez.
Me sentei à mesa e peguei um pouco de champagne que me foi servido. e se sentaram ao meu lado e falavam algo sobre a decoração, não estava prestando muita atenção naquilo, na verdade não estava conseguindo focar em nada a não ser na cena que tinha acabado de ver pela porta de vidro. O que estava acontecendo com ? Por que ela tinha se afastado de todo mundo? O que estava errado? Definitivamente eu não deveria ter ido embora, não mesmo. Nada daquilo estava certo e parcela da culpa era minha. Meus pensamentos foram roubados quando e se sentaram na minha frente. Sorri para eles, eles conseguiram puxar um papo comigo e ficamos conversando sobre o fato de que iriam morar juntos, tinham arrumado um apartamento e queriam que eu fosse lá ver como estava ficando. Disse que iria, claro. Até que entrou no salão de mãos dadas com Brad e aquilo me incomodou muito. Nossos amigos pararam de falar e olharam para eles, Bradley falou amigavelmente com todos, mas apenas sorriu fraco e acenou, se sentando longe de todos junto ao seu amigo.
— Será que eles voltaram? — soltou do meu lado e todos que estavam perto o olharam. — Ai, , não me chuta, caralho.
— Cala a boca, mandou e depois me olhou.
— Relaxa, eu já sei deles. — Abanei o ar e dei de ombros. — Não há nada mesmo que eu possa fazer.
— Claro que tem! Vai lá e rouba a dele! — mandou e nós rimos. — O Brad é um fofo, mas eu sou Team . — Fechou os olhos e fez um biquinho.
— Não deveria concordar com a , mas é verdade. — balançou a cabeça. — Você deveria ir até lá. — Ela sorriu e olhou por cima do ombro. — E fazê-la sorrir do jeito que só você sabia fazer.
— Elas têm razão. — abraçou sua namorada e lhe deu um beijo na bochecha. — Vai lá.
— Não gente, parem com isso. Ela não quer falar comigo. Então por que eu deveria ir lá? — Rolei meus olhos como se fosse bem óbvio.
— Por que a minha prima ama fazer um orifício anal diabético — soltou e eu ri alto, assim como o resto. — É verdade. Vocês não se lembram do tempão que ela ficou enrolando para beijar esses lindos lábios aqui. — Passou a mão em meu queixo.
— Ah, ele tem lindos lábios? — perguntou, parecendo bem afetado.
— Tem, mas os seus são mais gostosos. — Deu um selinho nele.
— Então você já provou os lábios dele, ? — Meu amigo cruzou os braços, esperando por uma resposta.
— Amor, essas coisas não devem ser ditas em voz alta. — Começamos todos a rir e fechou a cara.
— Nada mais justo, não é mesmo, ? Você já transou com a . O que é um beijo para um sexo? — rebati e ele me encarou boquiaberto.
— Mas vocês não estão juntos — ele respondeu.
— Nossa, podia ter dormido sem essa, ! — Troy apareceu com Eric, empurrou minha cabeça para frente e depois se pendurou no encosto de minha cadeira.
— Ainda — respondi e todos ali perto puxaram um coro.
— Hm, falou o cara agora. — Troy bateu na mesa. — Aposto cinquenta que o vai levar um toco. — Olhei para onde sua mão estava e tinha mesmo uma nota de cinquenta ali.
— Aposto cem que ela ainda beija o Bradley na cara do . — colocou seu cartão de débito sobre a mesa. — De língua.
— Pesado, hein. — riu, já abrindo a carteira. — Aposto cinquenta também que o não consegue. — Tirou cinco notas de dez e colocou em cima do cartão.
— Caralho, eu estou mesmo com moral com vocês, hein. Puta que pariu — reclamei, olhando aquele dinheiro todo ali. — Se eu ganhar, a grana é minha?
— É claro que não, vai para a gravatinha do meu pai — respondeu rapidamente. — Quem dá mais?
— Eu aposto que o consegue um beijo e muito mais — finalmente se pronunciou ao meu favor. — Mas eu não trouxe dinheiro, então fica pendurado aí.
— Finalmente alguém do meu lado. — Abracei a menina.
— Vou apostar também que o consegue, mas eu só tenho cem reais aqui, alguém troca por duas de cinquenta? — abriu sua bolsa e pegou o dinheiro.
— Eu troco. — Joe apareceu, balançando o dinheiro. — E vocês duas são iludidas mesmo achando que aqueles olhinhos ali não vão sair roxos se ele chegar muito perto. Ali é sangue , sangue ruim. — e o mandaram se ferrar na mesma hora. — Apenas verdades.
— Vocês não estão dando mesmo crédito para ele, né? — Eric riu e depois olhou para e Bradley. — Porém também acho que o vai levar um chute no saco. — Colocou mais dinheiro sobre a mesa.
— O que vocês estão apostando aí? — perguntou A.J., que chegou junto a Theo, Charlie, Miguel e Derik. — Também quero. — Já jogou uma nota de dez.
— Sai daqui com esse dinheiro de criança, A.J. — mandou, devolvendo a nota para o loiro.
— Ah, cala a boca, . — Deu um tapa na orelha dele.
— Estamos apostando se o consegue ou não ficar com a disse o os meninos que chegaram começaram a rir.
— Vocês são uns belos de uns filhos da puta mesmo! — xinguei, vendo os cinco apostando contra mim.
— Nós trabalhamos com realidade, meu caro — Theo falou, dando dois tapinhas em minhas costas. — faz a pipoca para assistirmos o aqui tomando uma bifa.
— Se eu fosse você, tomaria umas doses de whisky antes só para anestesiar a dor do tapa ou soco — Naomi, que eu nem sequer tinha visto chegar, falou.
— Até você? Pensei que estava do meu lado! — respondi incrédulo.
— Eu estou. Torço por vocês, mas né... — Ela sorriu, mostrando todos os dentes.
— Essa é minha garota, nunca me decepciona. — Joe deu um selinho na morena. — Ih, ow, os noivos estão entrando, levantem aí.
Nos levantamos e começamos a bater palmas, assoviar e a gritar. Eles agradeceram e começaram a fazer um discurso lindo sobre amor, e se eu não estivesse tão fodido, poderia até acreditar nas palavras deles. Então eles se sentaram e o jantar foi servido. Tudo estava delicioso, pena que não estava conseguindo comer muito. Nós conversamos e zoamos bastante, até que levantamos, fomos para a pista de dança e alguém berrou que era para o ficar longe do DJ. Comecei a rir, já sabendo muito bem o motivo. Nós já estávamos ficando bêbados, mas nem por isso parávamos de beber.
— Olha lá. — apareceu, apontando para o bar, onde estava conversando com um cara que usava óculos escuros e ele apontava para uma parte específica de seu rosto, certamente sobre a cicatriz que ela tinha no supercílio. — Eu sei que você está tentando esquecer a e que zoamos mais cedo falando que não iria conseguir ficar com ela novamente, mas vai mesmo deixar um babaca de óculos-escuros beijar a sua namorada? — Ele já estava bêbado.
— Ela não é minha namorada, — falei, rindo um pouco e segurando ele pelo ombro.
— Tanto faz, ela te ama. — Aquilo me fez rir alto. — Estou falando sério. Pergunte ao Bradley, aquele garoto é o diário da .
— Não vou perguntar nada para ele. — Me mexia de um lado para o outro com a batida da música, levando comigo.
— Vai ser agora! — Joe apareceu, se pendurando no meu ombro. — Vai lá e tira ela de perto daquele mané.
— Quem ainda fala mané, Joe? — questionei, rindo um pouco.
— Não importa, só vai. — Ele me empurrou e quase caiu, já que eu estava segurando dele.
Começou a tocar Locked Out Of Heaven, isso me fez olhar para onde o DJ estava e vi lá. Filhos da mãe mesmo! Passei a mão em meu cabelo e fui até onde estava. Cheguei segurando sua cintura, sabendo o risco que eu correria por isso, e a puxei um pouco para perto de mim.
— Posso saber o que você está falando com a minha garota? — perguntei ao cara e se engasgou com a sua bebida.
— Prazer, me chamo Zayn. — Esticou a mão em minha direção, mas não a peguei. — E a “sua” garota disse que não era garota de ninguém, então nos dê licença, cara.
— Me vê uma dose de tequila, por favor — pediu ao barman, me ignorando totalmente.
— Você se lembra de quando cantei essa música para você — falei em seu ouvido, deixando meus lábios rasparem em sua orelha.
— Uma dose dupla de tequila — disse novamente com o barman.
— Tentando beber mais para esquecer? — perguntei, segurando sua cintura com um pouco mais de força.
— Se você não calar a porra da sua boca, eu juro que vou enfiar meu salto nela. — Então me deu uma cotovelada na barriga, fazendo com que eu a soltasse e pegou sua tequila, bebendo de uma só vez. — Vamos, Zayn. — Pegou o cara pela mão e saiu puxando-o.
Fiquei totalmente sem reação com aquela que eu tinha acabado de ver. Então Bradley apareceu rindo e negando com a cabeça.
— O que você disse para ela? — perguntou, se encostando no balcão.
— Merda — respondi irritado e ele riu mais. — Ela me deu uma cotovelada forte — reclamei, passando a mão na barriga.
— Cara, se quer ficar com ela de novo, vai por mim, não chega perto da tocando nela daquele jeito. — Encarei Bradley. Agora ele queria me dizer como chegar perto da ? Aquilo era realmente sério?
— E como eu falo com ela?
— De preferência espera que a fique sóbria, porque ela está irritada e provavelmente bêbada, então há grandes chances de você apanhar. — Ergui uma sobrancelha.
— Sabe, ela não ficou muito feliz por tê-la deixado — Brad contou e eu fiquei surpreso por aquilo.
— Eu não a deixei, ela quem me deu o pé — me defendi e ele negou com a cabeça.
— Pensei que você fosse mais esperto, — disse e saiu andando.
Ótimo! Agora eu sabia que a culpa tinha sido minha mesmo.


18.2. Consequences

Camila Cabello
Bônus.

’s POV

Merda. Merda. Merda. Era tudo que eu conseguia pensar. Sabia que não deveria ter ido àquele casamento. Ok que era o casamento do meu pai e aquilo era super importante para ele, mas eu sabia que não iria aguentar ver de novo. Era difícil para mim. Tinha me afastado de todos só para não ouvir o nome dele e não deixar os outros desconfortáveis sobre falarem dele quando eu estivesse por perto, parei de ir às festas para não precisar vê-lo mais, e mudei de número para não receber mais suas mensagens e ligações. Eu queria esquecê-lo de qualquer maneira. Ele tinha ido embora, então foda-se. Por que deveria me importar? não se importava, só queria que respondesse para se sentir bem! Não faria isso, queria mais que ele se fodesse e esquecesse que eu existia! E foi isso que fiz arduamente todos aqueles malditos anos! Só conseguia sentir raiva o tempo todo, e não tinha nada que fizesse que melhorava aquilo. Voltei a ficar com tudo que se movia, enfrentei e superei tudo que tinha para superar na marra, mas não conseguia superar ! E estar naquele casamento bebendo horrores era a prova disso. Bradley não deixou que eu fosse embora depois da cerimônia, então tudo que me restava era beber, esquecer meu próprio nome e tentar pegar alguém que não fosse o chaveirinho.
Parecia que as coisas estavam fluindo mais ou menos, estava me mantendo longe do , até que ele apareceu simplesmente do além, falando que eu era sua garota. Tudo dentro de mim se revirou, minha circulação ficou tão rápida que mais um pouco minhas veias iriam explodir. E o desgraçado ainda pegou daquele jeito na minha cintura que até fez minhas pernas ficaram bambas. Tive que me segurar no balcão para não cair, mas pareceu que não era o suficiente para ele, já que filho sem mãe veio e falou aquilo no meu ouvido. Aquela maldita música que sempre quando ouvia lembrava dele. Queria que enfiasse ela no cu e rodasse. Precisava de mais álcool urgente, ou faria alguma merda bem feita ali. Fechei meus olhos e virei minha cabeça para o lado, ouvindo sua voz em meu ouvido me questionar sobre esquecer tudo. Precisava me livrar dele, então fechei minha mão e com toda a minha força dei uma cotovelada para trás, na esperança de fazer com que ficasse longe de mim para todo sempre. Bebi minha tequila e fugi dali com Zayn. Fui empurrando as pessoas que se atreviam a ficar na minha frente para podermos chegar o mais rápido possível ao lado de fora, eu só tinha que respirar ar fresco. Abri uma porta dupla de vidro que dava para uma sacada e finalmente senti o vento bater em meu rosto.
— Tudo bem? — o moreno perguntou, atrás de mim, já fechando as portas para ficarmos à vontade.
— Não. Aquele é o meu ex-namorado o qual te contei aquela vez — respondi, apoiando meus antebraços no parapeito e abaixando a cabeça.
— Ah, faz sentido a cara que você fez quando ele te pegou pela cintura. — Senti sua mão tocar minhas costas. — Quer ir embora? Posso te levar. — Neguei com a cabeça.
— Jack me mataria se eu levasse o irmão mais novo dele embora. — Ri fraco e Zayn estalou os lábios.
— Bobeira. Se quiser, te levo de volta para a cidade, sem problema nenhum. — Encostou do meu lado no parapeito.
— Não precisa, relaxa. Obrigada. — Ergui a cabeça e sorri para ele. — E também você bebeu. Se a polícia nos pegar, não vai ser legal. — Ele ponderou com a mão, e nós rimos fraco. — Seria lindo sermos enquadrados por direção perigosa.
— Não seria a primeira vez. — Zayn olhou para o lado.
— Nem a minha.
— Então você já foi presa? — Voltou a me encarar, rindo um bocado, e eu balancei a cabeça em forma de talvez. — O que você fez?
— Ah, quebrei a cara do ex-noivo da . — Ele riu alto. — Foi legal. A me odiou, já que ela estava junto comigo e com a minha prima e nós três fomos levadas.
— Imagino muito bem ela te odiando. — Eu ri um pouco.
— Aquele verão foi épico. O até forjou a própria morte. — Sorri, lembrando daquela merda. — Eu quis quebrar a cara dele com a bola de boliche depois.
me contou isso. O cara sumiu por dois meses sem dar notícias. — Afirmei com a cabeça. — Que loucura. Esses seus amigos são muito loucos. — Zayn riu fraco.
— Mas são ótimas pessoas, os melhores amigos que alguém poderia ter. — Meu sorriso sumiu. — E afastei todos eles. — O moreno veio e me abraçou.
— Você precisou. — Encostou o queixo em meu ombro.
— Sim, mas agora não me sinto mais parte deles. Parece que sou uma peça que não faz mais parte desse quebra-cabeça, sabe? — Passei minhas mãos em volta da cintura de Zayn e encostei minha cabeça em seu ombro. — É estranho estar aqui com todos de novo.
— Eu te entendo. Acho que deveríamos beber para esquecer disso — brincou, e eu ri.
— Concordo. — Me soltei dele.
Assim que abri a porta, senti uma mão empurrar meu peito para trás e, se não fosse por Zayn, eu teria caído sentada no chão. Uni as sobrancelhas, vendo na minha frente. Qual era a porra do problema dela? Arrumei meu vestido e me coloquei de pé novamente, dando um sorriso singelo para o moreno, indicando que estava bem. Voltei a encarar minha prima para ver se ela no mínimo me dava uma explicação do motivo que fez aquilo, então encarou Zayn e ele ergueu as mãos, já saindo dali. Quase agarrei a camisa dele para que não fosse embora e me deixasse ali, mas, pela cara da minha prima, qualquer movimento em falso meu acabaria com a minha cabeça arrancada.
— Olha aqui! Eu já cansei disso! — falou bem alto, balançando a mão e apontando na minha direção.
— Do quê? — perguntei, erguendo uma sobrancelha e dando um sorriso de lado.
— Ah, agora a madame vai se fazer de sonsa?
— Não estou me fazendo de sonsa. — E então minha prima começou a me estapear. — Para com isso, merda!
— Você terminou com o e não com todos os seus amigos e comigo! — berrou e depois me empurrou, me fazendo escorar no parapeito para não me esborrachar no chão por causa do tanto de álcool que tinha ingerido. — Eu te odeio por ter nos deixado. — começou a chorar e eu só fiquei olhando para sua cara. — O que a gente te fez?
— Sério que quer falar sobre isso agora? — Cruzei meus braços e olhei para o lado.
— Quer falar disso que horas, então? — debochou e a encarei. — Todas as vezes que tentei me aproximar, foi a mesma coisa, então se eu não falar disso agora, vou falar quando? — Respirei fundo, escutando o que minha prima falava, e eu me sentia totalmente vazia naquele momento como nos outros anos que tinham se passado. — Você teve consideração por alguém durante todos esses anos? Não, né, preferiu sofrer sozinha do que estar com quem te ama. — Nossa, aquilo foi pesado, e eu até choraria se tivesse restado alguma lágrima dentro de mim. — Mesmo que você tenha abandonado todo mundo, lembre-se que ninguém abandonou você.
— Quer saber mesmo por que eu fiz isso? — Umedeci meus lábios, enquanto pensava se deveria falar ou não.
— É o que mais quero. — Bateu com as mãos em suas pernas. — Por que, sinceramente, eu não consegui descobri o que te fizemos para ter nos deixado. — Aquilo me fez rir fraco.
nunca foi embora quando pedi para que fosse. Ele sempre foi a pessoa que esteve comigo nos meus momentos mais difíceis, mesmo sem nos conhecermos pessoalmente, sempre insistiu em estar por perto, por mais que eu tentasse afastá-lo — contei e aquilo me doeu como achei que não doeria mais. Falar sobre ainda me machucava. — Quando meu mundo estava caindo por vários motivos, o “morreu” e pensei que poderia lidar com isso sozinha, e pedi para que fosse embora... Na verdade, eu só terminei com ele, não falei nada sobre querer que ficasse longe, então quando acordei na manhã seguinte e a única coisa que eu tinha do cara que amava era a merda de uma mensagem e a droga do colar dele pendurado no meu pescoço — falei aquilo com raiva e senti meus olhos queimarem juntamente ao bolo que estava forçando em minha garganta, querendo sair. — Naquele momento, só queria que ele estivesse por perto para me abraçar, para me proteger de mim mesma. — Travei os dentes e me virei, olhando para o jardim iluminado que tinha abaixo da sacada. — Disse a mim mesma que era forte e que lidaria com aquilo sozinha, mas ficar perto de vocês me fazia lembrar dele, e todos sempre falavam sobre o , e mostravam fotos e vídeos nos quais ele aparecia, ou falava sobre os jogos online. Eu tentei ficar por perto, mas aquilo doía demais, e não podia simplesmente falar: Então, galera, não fiquem falando do quando estiver por perto, ok? — Minhas mãos seguraram o mármore com muita força que chegou a machucar meus dedos. — Não queria ser a amiga chata que tinha terminado o namoro e depois não podia nem escutar o nome do ex, não queria deixar ninguém desconfortável. E, no fim, não me sentia mais parte de nada daquilo. — Abaixei a cabeça e fechei meus olhos, depois a ergui e engoli o choro. — Preferi sofrer sozinha do que deixar todo mundo infeliz e preocupado com a minha crise existencial. Todos estavam felizes. e , você e , Troy e Eric, Joe e Naomi, não fazia mais sentido estar ali, só isso. — Sorri e me virei para . — Até tia Anne estava bem com Elliot, imagina a minha cara olhar para a cara do pai do , ou do Noah, e lembrar dele. Era realmente maravilhoso. — Ri fraco e neguei com a cabeça. — Então eu só fui embora. — Dei de ombros no final. — E está tudo bem.
— Está se escutando? O que você bebeu? Já está bêbada, não é? — deu uma risada nervosa. — Antes de qualquer coisa, você é minha família! Se tivesse que cortar o das minhas conversas por você, eu faria sem problema algum. — Jogou aquilo na minha cara. Ela tinha razão, mas eu não seria egoísta o bastante para mandar que ficasse comigo em vez do . — Agora o que você fez não foi legal. E outra, quem está namorando o pai dele é a minha mãe, não eu. Nunca tive nenhuma culpa disso. Você não poderia ter se afastado de mim assim.
— Ah, por favor, . — Revirei meus olhos. — Olha a minha cara de quem ia ser a babaca egoísta que te mandaria cortar o , sendo que o problema dele era comigo. E outra, agora ele é sua família também, então não faz o menor sentido — bufei e fechei meus olhos com força, querendo que aquela conversa acabasse.
Senti meu pulso ser segurado, e por mais que eu perguntasse o que ela estava fazendo e meu cérebro me alertasse exatamente o que iria acontecer em seguida, apenas deixei minha prima me arrastar para dentro do salão em direção à pessoa que mais queria evitar em todo o universo. pegou o pela mão e o puxou junto comigo para uma mesa, nos jogando sentado em duas cadeiras e sentando em uma terceira, olhando para as nossas caras.
— Vai ser agora que vamos colocar os pingos nos i’s. — Apontou para nós dois e chamou um garçom. — Me traz uma garrafa de vinho — pediu e o cara foi embora. — Vocês dois só vão sair daqui quando conversarem! — Bateu na mesa e eu ergui minhas sobrancelhas.
— Ainda bem que a cadeira é confortável, pois vamos ficar aqui a noite toda e eu não vou falar nada com esse cara aí. — Nem sequer olhei para a cara do .
— Esse cara aí? — Pareceu que se sentiu bastante ofendido com aquilo.
— Ótimo, e também ainda bem que tem bastante bebida e comida à vontade para passar o resto da noite aqui olhando para a cara de vocês — retrucou e eu rolei meus olhos, bufando.
— Isso aqui é uma festa de casamento. Era para ser divertido e não ter que ficar olhando para essa gentinha. — Dessa vez olhei de esguelha para o garoto ao meu lado. — Tenho muitas bocas para beijar.
— Bradley com certeza deve ser uma delas — rebateu e eu o encarei.
— Com ele eu faço muito mais do que só beijar, queridinho. — Estalei meus lábios e fiz cara de desdém para ele.
— Interessante saber que com ele você transa bastante. — Aquilo me fez rir, mas foi de puro nervoso.
— Com inveja, ? Ou seria apenas ciúmes? — Tombei a cabeça de lado.
— Não tenho ciúmes do que não é meu — rebateu muito irritado e aquilo me deixou um pouco feliz.
— Então é inveja, certamente. — Apoiei meus cotovelos na mesa e peguei uma taça que tinha um pouco de champagne ali. — Se bem me lembro, ainda há pouco você foi ali no bar e falou que eu era sua garota. Acho que agora você deve ter se lembrando que não sou mais, não é? — Dei um gole na bebida e encarei aquele ser ridiculamente lindo ao meu lado. — E, inclusive, odiei o cabelo curto — soltei cheia de veneno.
— Inveja? — uniu as sobrancelhas e riu. — Do quê? — Aquilo me fez morder a bochecha por dentro. — Posso transar com quem quiser, não tem como ter inveja disso. — Respirei fundo e quase joguei aquele champagne na cara dele. — É, o seu amiguinho refrescou a minha memória. — Então ele se aproximou e eu me afastei, mas apenas pegou a taça da minha mão. — Que bom que não perguntei a sua opinião sobre meu cabelo. — Tomou o líquido, olhando bem para minha cara.
, se quiser, posso ver se a peruca que usamos no jantar com a Sophie está aqui — minha prima comentou e eu ri alto. — Porque sabemos claramente que a opinião da vale e muito para você. — Aquilo fez engasgar e eu só consegui rir mais alto. — Olha, Zangado ri agora. — Parei de rir e encarei . — Agora parou.
— Está tudo bem aqui? — Bradley apareceu atrás de mim, passando a mão em meus ombros.
— Não — eu e falamos juntos.
— Se manda daqui, Bradley, estamos em assunto de família — mandou e eu olhei para ela com raiva. — Inclusive, sintonia é tudo em um casal, não é mesmo? — Dei o dedo do meio para minha prima, e cuspiu o champagne que estava tomando em cima de mim.
— Que merda, ! — berrei com ele, abrindo a boca em um grande O, já pegando um guardanapo para me secar. — Idiota! — rosnei e olhei para . — O Bradley é da família também. E você agora está fazendo cosplay de chafariz? — Encarei . — Não sabe mais beber nada, porra? — reclamei e joguei um guardanapo em cima dele. — Se seca que se babou todo, parece criança.
— Mas é um imbecil mesmo. Se cair de quatro, até pasta! — reclamou também. — Acho lindo que, mesmo depois de tudo, continua babando pela mesma pessoa só que da forma errada. — Aquilo me fez rir fraco, e se eu não estivesse tão puta da vida, poderia até gargalhar. — E até onde eu saiba, o Bradley não tem o sobrenome . também não, mas ele é meu irmão agora, então você entendeu muito bem. — Cerrei meus olhos.
— Ok, já entendi que é para eu ir embora — Bradley respondeu e eu segurei sua mão que ainda estava sobre meu ombro. — Vou ficar por perto — disse mais baixo, só para que eu ouvisse, então joguei a cabeça para trás, fiz um bico e ele me deu um selinho. — Sabe que não precisa falar com ele se não quiser, não é? — cochichou e eu concordei com a cabeça. — Está bem então, qualquer coisa estou aqui. — Afagou meu ombro e saiu.
— Ele está uma gracinha com esses óculos, né? — comentei com .
— Você está de sacanagem com a minha cara, não é? — Ergui minhas sobrancelhas com o que minha prima falou. — Você é uma ridícula.
— Não é legal iludir o garoto que nem você fez comigo — tinha deboche na voz.
— Não estou iludindo ninguém, queridinho. Bradley sabe muito bem da minha condição, porque, ao contrário de você, ele não correu para o outro lado da porra do país como um rato de esgoto. — Joguei aquilo na cara dele com muita raiva. Então o vinho chegou e eu peguei logo e bebi no gargalo.
— Você me mandou embora! Queria que eu fizesse o quê? — respondeu bem irritadinho e tomou o vinho da minha mão. — Para de beber, merda, e lida com seus problemas sóbria.
— Eu não te mandei embora, seu asno! — falei alto e peguei a garrafa de volta, enchendo a taça. — Sóbria dói demais — disse para mim mesma, quando quase coloquei o vinho todo ali dentro.
— É sério que vocês estão brigando? — apareceu junto ao meu irmão, e talvez aquela fosse a chance de correr para longe.
— Não tem ninguém brigando aqui, estamos apenas resolvendo assuntos inacabados — respondeu por nós e pegou a garrafa, colocando o resto do vinho em sua taça. — Vocês poderiam pedir mais para o garçom? Alguém monopolizou o meu vinho. — Me lançou um olhar reprovador, e só não joguei aquilo nela por ser a minha prima.
— Brigando — rebateu e me encarou. — Se controla — mandou e saiu puxando .
— Se controla — revidei ele, fazendo uma careta, e depois lhe dei o dedo do meio, mas ele estava de costas e nem viu, o que era uma pena.
— Vamos, gente, continuem — incentivou, e eu cruzei meus braços, olhando para o lado.
— Não tenho mais nada para falar, e na verdade nem tinha — falei, passando a língua por dentro de minha bochecha. — Posso ir agora?
— É claro que não. Fala para o o motivo que você parou de falar com todo mundo — mandou e eu arregalei meus olhos. Ah, aquele vinho ia parar na cara da já já.
— Por que você parou de falar com os outros? — ele perguntou e eu nem o olhei. — Responde, .
— Vai se foder, — rosnei.
— Se você não falar, eu vou falar tudo o que você me falou ali naquela sacada. — Apontou para onde estávamos antes e pegou sua taça de vinho, fazendo uma cara presunçosa para mim.
— Se você falar, eu vou rasgar seu vestido — ameacei.
— Nunca fiquei nua em um casamento, mas tem a primeira vez para tudo, não é, meu bem? — debochou, dando um sorrisinho. — Ainda bem que a lingerie que estou usando é bonita, aposto que o vai amar quando ver, só não sei se iria agradar tanto se fosse no meio de todo mundo. — Tive vontade de rir, mas mordi minha língua para não fazer isso. — Alguém podia gravar, vai que eu fico famosa igual a Kim, então, qualquer coisa, a gente fazia uma sextape aqui também para fechar com chave de ouro. — riu do meu lado e eu não aguentei e acabei rindo junto, a risada dele era engraçada e sempre me fazia rir. — Olha só, temos um avanço, os dois estão rindo. Ai que lindo. Alguém filma isso, operei um milagre aqui — gritou, apontando para nós dois.
— Ah, cale a boca antes que eu cale — mandei e ela riu. — Não vou falar nada para o .
— Então, ela disse que parou de falar com a gente porque... — Pulei em cima dela, tampando sua boca, fazendo a cadeira dela virar e caímos as duas no chão.
— Tem como você parar com essa merda? — falei com , enquanto já sentia um par de mãos me levantando pela cintura, então me virei, vendo o .
Aquele miserável tinha mesmo que estar tão perto? Seu peito quase encostando no meu, seu perfume maldito se misturando com o ar que eu estava respirando, e aqueles olhos me engoliam de um jeito que poderiam me fazer desmaiar ali mesmo. Isso! Fingir desmaio quando não dava para fingir demência. Deixei minhas pernas cederem meu peso e, antes de cair no chão, fui segurada por ele. Meu corpo se colando no dele não me ajudou em nada, mas eu poderia escapar daquela agora e sair correndo. Fui colocada no chão, e logo já ouvi a voz de e Bradley.
— Sua palhaça, você acha que me engana? — Então senti como se estivesse me afogando, uma enxurrada de água gelada veio na minha cara e eu comecei a tossir. — Olha, a Cinderela acordou — debochou. — Anda, levanta. — Ela pegou meu braço e me puxou para cima, me colocando sentada na cadeira de novo. — Para de graça, é só o . — Lhe lancei um olhar mortal. — Ainda não inventaram a visão de raio laser, então nem vem me olhar assim.
— Está tudo bem? — me olhou preocupado, já me entregando um guardanapo.
— Tá — respondi irritada, pegando o que ele tinha me estendido.
, eu preciso ir ao banheiro. Você pode tomar conta deles? — Minha prima apontou para mim e para o .
— Claro. — Ele sorriu e se sentou na minha frente.
— Se quando eu voltar e eles não estiverem aqui, você vai morrer de verdade dessa vez. — Ela sorriu e saiu puxando Bradley.
— Podem continuar conversando. — balançou a mão no ar.
— Não tem conversa. Me deixa sair daqui — pedi, com os braços cruzados, e ele olhou para , esperando que falasse algo.
— Ela não quer falar comigo, não tem como conversar sozinho. — se sentou do meu lado. — — chamou e eu o ignorei. — Está vendo?
— Você também não ajuda a gente a te ajudar, — meu amigo reclamou.
— Ah, eu? Ela não quer falar comigo e eu quem não ajudo. Ah, me erra, . — Se jogou para trás na cadeira, que quase virou com ele.
— É! Você não tinha nada que ter fugido quando eu morri. — Ergui uma sobrancelha. me conhecia mesmo, era isso. — Acha que a ficou como? Feliz da vida que o cara que ela ama, puff, desapareceu do dia para a noite quando o melhor amigo dela morreu? — Nossa, eu estava realmente surpresa agora, mas ouvir aquilo me deixava mal. — Olha, essa garota pode não ter me contado nada, mas não sou cego, eu vi como ela ficou. Vi ela se afundando sozinha sem aceitar a ajuda de ninguém, porque a única pessoa que poderia fazer algo estava no quinto dos infernos. — Mordi meu lábio inferior e olhei para o lado, segurando tudo dentro de mim. — Eu nunca quis falar, mas você tem ideia de como é ver uma pessoa que ama sofrer calada dia após dia? Não, porque você não estava lá! Tive que presenciar a se autodestruindo por sua causa, e se você não fosse quem resolveria a merda do problema, sinceramente eu nem te deixaria chegar perto dela novamente.
— Chega, ! — mandei, sentindo as merdas das lágrimas descerem pelo meu rosto. — Chega!
Levantei daquela bosta de cadeira e saí andando, me desviando das pessoas. Empurrei a porta dupla e corri pela casa até chegar ao meu quarto, entrando nele, já tirando meus sapatos e indo para o banheiro que tinha ali. Me joguei no chão, segurando meu cabelo com uma mão e com a outra apoiando no chão, então vomitei no vaso, que, por sorte, estava com a tampa aberta. As lágrimas desciam pelo meu rosto, levando a maquiagem junto, deixando gotas negras caírem e mancharem o piso branco. Bati com a mão na descarga para tudo ir embora. Escutei um barulho no quarto e olhei para a porta, vendo Bradley já se aproximando e se sentando do meu lado, me abraçando. Encostei a cabeça em seu peito e comecei a chorar desesperadamente.
Brad podia ter errado aquela vez nas férias comigo, mas depois ele voltou claramente arrependido e me provou isso. Aquele garoto me impediu de fazer muita merda, de me machucar mais do que já estava machucada, segurou minha mão em todos os momentos que precisei e me ajudou a superar cada trauma que eu tinha. Se eu estava viva, era graças ao chaveirinho, que me mostrou que o mundo ainda girava independente do meu ter desmoronado e ficou comigo o tempo todo, me ajudando a reconstruir cada parte minha que havia sido quebrada. Queria amá-lo como eu amava o , só Deus sabe como eu queria, mas não conseguia, não era como um botão que apertávamos, e olha que eu tentei e me esforcei para isso. Ele me entendia, sabia que tinha feito de tudo para isso. Apesar do que sentia por mim, agora Bradley respeitava o que eu sentia por e não tinha raiva dele por ter me deixado, o que era errado, e o que me fez brigar com ele algumas vezes por isso, pois eu sentia raiva e queria que sentisse também. Mas não era culpa do , a fodida ali era eu, e não ele. não tinha nada a ver com o que estava acontecendo comigo, e por mais que meu amigo tentasse me fazer enxergar isso, eu nunca quis ver, pois queria alguém para culpar por sentir aquela dor insuportável dentro de mim dia após dia, então era mais fácil jogar tudo em cima de alguém que não estava ali nem para se defender. Sabia que estava errada, sempre soube disso, e foi errado o ter culpado o , e eu não fiz nada para que ele parasse de jogar aquilo em cima dele. O problema ali era eu, a depressiva era eu, a maníaca era eu. Só eu, e mais ninguém.
— Eu deveria ter ficado com você desde o início — comentei, voltando a vomitar mais.
— Eu sei — respondeu em um tom brincalhão, segurando meu cabelo.
— Ah, cale a boca. Não é para concordar, é para ficar calado, ouvindo minhas lamentações. — Então vomitei mais. — Ai, que merda. — Minha voz saía rouca. — O acha que eu iludi ele e que o mandei embora. — Chorei ainda mais. — Eu sempre faço tudo errado, Brad.
é tapado. Você não fez nada de errado. Não fala isso. — Me abraçou. — Vai ficar tudo bem. — Beijou a lateral da minha cabeça.
Fiquei ali naquele banheiro a noite inteira chorando e vomitando, e no final só saía aquela gosma verde e meu estômago doía. Bradley não saiu do meu lado, ficou ali comigo, segurando meu cabelo, secando minhas lágrimas e até mesmo cantando para tentar me acalmar. E, no fim, eu estava cansada demais até mesmo para continuar chorando. Ele me ajudou a ficar de pé e escovei minha boca pela milésima vez para tirar aquele gosto horroroso que parecia que estava grudado em minha língua. Encarei meu reflexo no espelho e eu só conseguia ver o caos. Meu rosto todo sujo de preto, minha maquiagem tinha derretido e eu parecia uma panda, meu cabelo estava todo bagunçado e meu nariz era uma bola vermelha. Odiei o que vi, mas estava fraca demais até mesmo para tomar um banho e limpar aquilo. Brad me levou para o quarto e me deitou na cama, depois pegou meu lenço demaquilante dentro da minha mala e tentou limpar meu rosto um pouco.
— Não precisa se preocupar com isso, a roupa de cama é preta que nem a minha alma, não vai manchar — disse, segurando a sua mão e forçando um sorriso. — Só deita aqui comigo — pedi.
Ele deixou a caixinha com o lencinho sujo de lado, então se deitou na minha frente e eu o abracei, afundando meu rosto em seu peito. Algumas lágrimas pequenas ainda molharam meus olhos, mas no fim eu só apaguei em um sono pesado e sombrio. Tudo era escuro e eu estava sozinha, sentia frio e medo, então apenas me sentei no chão e abracei minhas pernas, esperando que aquilo fosse embora. Abri meus olhos, sentindo que minha cabeça iria explodir, e vi Bradley sentado na cama, de costas para mim, parecia que mexia em sua camisa.
— Que horas são? — perguntei, me virando para o lado e vendo se achava algo que pudesse ver as horas.
— Duas da tarde — me respondeu e olhou por cima de seu ombro. — Como você está?
— Queria estar morta — falei, fazendo uma careta e enfiando minha cara no travesseiro. — Minha cabeça dói.
— Tem remédio de dor de cabeça na mala, mas vou ver se arranjo algo para você comer antes. — Se virou e pude ver os primeiros botões de sua camisa aberta e sua gravata borboleta ainda estava empurrada e com o laço desfeito. — O que quer comer? — Ele acariciou meu rosto e isso me fez sorrir bem fraquinho.
— Algo que seja leve, meu estômago não está legal. Acho que uma sopa seria bom — disse e peguei sua mão, entrelaçando nossos dedos e a puxando até meus lábios, dando um beijo nas costas dela. — Acho que nunca te agradeci por tudo que sempre fez comigo. Obrigada.
— Não precisa agradecer, só volte a sorrir como antes que eu já ficarei feliz. — Sorriu e se aproximou, dando um beijo em minha testa. — Já volto. — Soltou minha mão e saiu do quarto.
Me virei na cama e me cobri até a cabeça, querendo dormir mais um pouco, mas os flashes da noite passada faziam minha mente despertar. Até que uma batida na porta fez meu coração pular de susto e me acordar de vez. Falei que podia entrar, mas não me virei para ver quem era, provavelmente era ou para ver se eu estava bem. Senti o colchão mexer, indicando que a pessoa tinha se sentado, então me virei para ver quem era, deixando só um olho à mostra, e vendo sentado ali, com uma cara estranha. Sua mão veio até o edredom e o puxou um pouco para baixo, deixando meu rosto todo à mostra.
— Me desculpa — ele disse e meu peito doeu. — Eu nunca deveria ter te deixado.
— Já passou, . Esquece isso — falei e me encolhi um pouco, tampando minha boca e parte do meu nariz. — Não tem como mudar o que passou mesmo. — Dei de ombros.
— Mas posso ajudar para que o futuro seja diferente. — Eu tive vontade de rir.
— Que futuro? — questionei, pois eu não conseguia ser nenhum na minha frente.
— O nosso. — Meu coração disparou e minhas bochechas queimaram. Ainda bem que elas estavam cobertas. — Se você ainda quiser.
— Te amar foi legal, quente, doce, selvagem, livre, e me fazia sentir sã e salva, mas teve muitas consequências. — Respirei fundo e prendi o ar, depois o soltei lentamente. — Te amar agora me machuca e não posso desaparecer de novo quando você não estiver mais aqui. — Fechei meus olhos, apertando meus dedos com força no tecido do edredom. — Nada disso foi sua culpa, eu te mandei embora e você foi. Fim.
— Mas eu sempre fiquei. — Neguei com a cabeça.
— Não daquela vez. — Abri meus olhos e eles estavam embaçados. Abaixei o edredom e sorri. — E está tudo bem, você não podia ter ficado depois de tudo que eu fiz. — Uma lágrima desceu e tentei manter o sorriso, mas aquilo me rasgava lentamente. — Eu me senti tão perdida quando você se foi — confessei e aquilo trouxe mais lágrimas.
— Me perdoa por ter ido. — Ele se aproximou e me abraçou, chorando agora. — Eu teria ficado se você tivesse pedido.
— Eu nunca pedi e você sempre ficou. Isso te fazia diferente dos outros. — Me encolhi mais, me escondendo dentro de seu abraço. — E eu não seria egoísta de te mandar ficar depois de ter terminado contigo, não podia.
— Eu sei, eu sei. — me apertou de uma forma desesperada. — Mas agora me deixa ficar, me deixa consertar tudo o que fiz de errado.
— Aí está o problema, você não fez nada de errado. — Sentia as lágrimas dele molhando meu rosto. — A errada sou eu.
— Não, não, você não é a errada. — Ele se afastou e segurou meu rosto. — Olha para mim — pediu e eu abri meus olhos. — Eu te amo, te amo mais do que qualquer pessoa nesse mundo. Vamos deixar tudo para lá e vamos tentar de novo. — Fechei meus olhos com força e neguei com a cabeça. — , por favor, não faz isso com a gente.
— Não sei se consigo. Olhar para você dói. — O encarei agora, olhando dentro dos seus olhos que eu tanto amava, o tom de verde estava bem forte. — Vai embora, . Por favor, me deixa sozinha.
— Não, eu não vou embora — negou várias vezes.
— Está tudo bem. — Coloquei a mão em sua bochecha e sorri de leve. — Saiba que você nunca poderia ter me amado melhor, mas agora você tem que ir, precisa seguir em frente.
— Não, . Não está nada bem e nunca vai estar se eu não estiver contigo. — Fechou os olhos, fazendo as lágrimas escorrerem pelo seu belo rosto. — Não consigo seguir em frente sem você. Eu tentei, mas falhei todas as vezes. — Encostou sua testa na minha.
— Não torne as coisas mais difíceis, — pedi, acariciando seu maxilar. — Eu te amo, te amo tanto que sei que não te faço bem, porque eu sou quebrada demais para isso. — Travei meus dentes, tentando segurar meu choro. — Te amo o suficiente para te deixar ir para ser feliz com alguém que te faça bem de verdade.
— Você me faz bem de verdade. Para com isso, por favor, só para. — Suas mãos me seguravam com mais força agora. — Não diga o que você não sabe.
— Estou falando o que estou vendo. Você está sofrendo por minha causa por todo esse tempo. — Passei a mão em seu cabelo. — Isso não é justo.
— Estou sofrendo porque eu não tenho você. — Chegou um pouco para trás e me olhou. — Presta atenção — pediu e eu olhei dentro de seus olhos. — Você é a solução para qualquer problema meu, entendeu? Sem você, eu não sou ninguém, as coisas perdem a graça e tudo se torna preto no branco. Eu tentei viver longe e foram os piores anos da minha vida. — chorava enquanto falava, e meu coração batia cada vez mais rápido, fazendo meu peito doer. — Não faça o resto da minha vida ser assim também.
... — Não consegui completar, ele me interrompeu.
— Não me manda embora de novo — pediu.
— Eu ia dizer que te amo. — Ri fraco, soltando o ar enquanto secava suas lágrimas. — E quero que você fique.
Então seus lábios se juntaram aos meus fortemente, e senti que naquele segundo eu poderia morrer em paz novamente, porque tudo dentro de mim tinha se juntado. A dor foi embora, a escuridão sumiu e meu corpo voltou a se aquecer. Amar e ter nos meus braços era como ser iluminada pela luz do sol, era claro e quente, tudo se tornava nítido e límpido como a água, e sorrir... Bem, sorrir era real de novo.

Yeah, I'm knocking at your door
(Sim, eu estou batendo na sua porta)
But I died so they put me in a casket
(Mas eu morri, então me colocaram em um caixão)
People say Jay you're just over-reacting
(As pessoas dizem, Jay você só está exagerando)
But you're like the girl that I never had
(Mas você é como a garota que eu nunca tive)
You're my catfish
(Você é minha catfish)





Extras:

Logo depois do casamento, descobriu que estava grávida, e o filho dessa vez era do .
e foram morar juntos e adotaram Bob, um cachorro de rua que era mais educado que a família inteira junta.
e só conseguiram namorar a distância por um mês. Depois disso, se mudou com Louis para Dana Point e eles dividiram uma casa com Bradley. Os três viraram melhores amigos.
Anne e Elliot foram atrás da mãe do e descobriram que ela estava casada com um velho rico e mandou lembranças para seus filhos, os dois mandaram ela se foder.
Jesse fez um motim na clínica psiquiátrica e conseguiu fugir, mas foi capturada três quarteirões depois e dada com uma paciente de alto risco para os outros. Anos depois, ela foi solta e se mudou para Paris, então ninguém soube mais dela, e lamentou por não ter jogado o avião no mar.
Sophie virou lésbica e encontrou o amor de sua vida nos narcóticos anônimos. Ninguém sabia que ela frequentava o grupo, Naomi quem descobriu.
Troy virou diretor de cinema e ganhou um Oscar por dirigir um filme gay que foi sucesso no mundo todo, e Eric estava com ele.
Joe e Naomi se separaram, mas continuaram amigos, ela até mesmo ajudava ele com as garotas novas.
e deram para de presente um carrinho de pipoca, e o tema do aniversário de um ano do filho dele e da foi de pipoca.
Theo revelou a todos que gostava de ir a boates gays vestido de mulher, mas jurou de pé junto que nunca beijou homens. A.J. ficou decepcionado por nunca ter sido convidado para ir junto, e passou a ajudar Theo com as perucas. Ele dizia que Theo era uma linda mulher.
Derik foi preso uns anos depois por hackear um site do governo e agora respondia em liberdade.
Stephen comprou uma cobra e foi um caos total no dia que ela sumiu, mas depois a encontraram dentro do vaso, já que ela quase mordeu a bunda de Miguel, quando ele foi usar o banheiro.
ainda se assustava com sua versão de papelão que ficava dentro de seu closet. Ele nunca teve coragem de jogar fora.
deixou a barba crescer.
disse que nunca mais cortaria o cabelo, então o atacou de madrugada com a máquina de barbear de seu irmão. precisou raspar a cabeça depois disso e ganhou o apelido de Megamente.
continuava achando que não tinha limites, e nunca contou para seus pais que tinha sido presa, mas falou.
As pegadinhas nunca pararam.
Bear continuou sendo filho de , e e nunca contaram para mais ninguém sobre o teste de DNA, por medo que mais alguém morresse.
chorava toda vez que seu filho chorava ou quando cuidava de alguém bêbado.
Sara e Samanta viraram supermodelos, e só mesmo.
Charlie ganhou uma bolsa de jogos digitais e foi estudar no Japão, mas sempre voltava nas datas comemorativas.
estava usando no casamento de Roger e Jack o anel de coquinho, e estava com o dela. O colar de cruz também estava lá, só que pendurado no retrovisor da pick-up dela.
Zayn continuava usando óculos escuros dentro de ambientes fechados. Segundo ele, não deixava que os outros vissem para onde estava olhando. Privacidade era tudo.
Bradley nunca teve sorte com as mulheres, mas pelo menos agora não se deixa ser a segunda opção de ninguém.
Blake, o garoto de Hollywood que assustava as pessoas vestido de palhaço assassino, arrumou um emprego de verdade.
Roger e Jack adotaram uma menina e ela parecia que foi feita para a família , tão atentada quanto todos eles juntos.
O primo de Londres virou mesmo uma mulher trans.
Eles continuavam jogando online jogos de tiro, e a raposavermelha527 continuava matando o duendeverde669.
No Natal, todo mundo se reunia para se lembrarem das merdas que faziam e levar flores para a lápide do , na qual mandou escrever depois: Highlander, O Guerreiro Imortal.


Fim

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Nota da autora: Sem nota.



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Nota da beta: Ai, mano, nem tô acreditando que PCH acabou aaaaaaa.
Nossa, eu amei essa história do começo ao fim. Me diverti horrores com os personagens e sempre devorei cada capítulo.
Obrigada, Jaden, por esse enredo super divertido, mas repleto de amizade, carinho, amor e muita zoação. Com certeza eu vou sentir falta dessa fic. ♥

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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