Someone Like You

Última atualização: 26/12/2017

Capítulo Único

“Nothing compares
No worries or cares, regrets and mistakes
They are memories made.
Who would have known how bittersweet this would taste?”



Um ano havia se passado desde o casamento de Meg e Danny e eu os visitava talvez pela milésima vez só naquela semana: Os dois agora eram papais da criança mais perfeita que eu já tinha visto! Sophia era pequena, quietinha, linda e minha afilhada.
Soph repousava em meus braços naquela tarde, enquanto eu me balançava na cadeira de balanço de Meg. Minha melhor amiga aproveitava para ler um livro e descansar um pouquinho, deitada na cama a minha frente. Ela parecia inquieta, porém. Abaixava o livro como se fosse me dizer algo e então mudava de ideia e voltava a ler, aí mudava de ideia de novo...
“Meg, o que foi?” – Perguntei, um pouco preocupada com ela. Minha amiga colocou o livro de lado e se sentou direito, me olhando com cara de mau agouro. – “Fala logo! Você tá me assustando! É alguma coisa com a Sophia? Daniel?”
tá na cidade!” – Meg disse de uma vez, mordendo os lábios em seguida, como se tivesse deixado escapar um segredo. – “E você não pode surtar, porque Soph acordaria!” – Ela completou rápido, apontando para o pacotinho em meu colo.
Baixei meus olhos para minha afilhada e percebi que aquilo tinha sido premeditado. Eu não podia dar um escândalo, roer todas as minhas unhas ou andar de um lado para o outro até abrir um buraco no chão. Por isso não disse nada por um tempo. Antes de ponderar minhas opções, existia uma pergunta importante a ser feita (Não que eu realmente achasse que a resposta era a que eu esperava, mas não custava fazer um pensamento positivo desesperado):
“O que ele tá fazendo aqui?”
Meg coçou a cabeça, ela ainda tinha aquela expressão pesada no rosto que não era característico dela. Eu logo soube por quê.
“A vó dele faleceu... Mrs. tá se mudando de volta pra cá.”
“Vovó morreu?” – Falei, um tom mais alto do que o necessário e nós duas fizemos Shhhh ao mesmo tempo, enquanto eu embalava uma Sophia que nem ao menos tinha se mexido. – “Meu Deus, ele deve estar arrasado.”
Aquilo não era nem de longe o que eu esperava ouvir... Fiquei sem reação.
Quando foi embora para os Estados Unidos, Mrs. se mudou para ir morar com a mãe dela. Ela não queria continuar morando sozinha na casa que possuía, por isso a alugou e também foi embora para outra cidade. Era também por isso que nunca mais tinha aparecido por aqui (até o casamento, um ano atrás). Vovó era uma senhora adorável, como o resto da família, e o neto era completamente apaixonado por ela. Eu podia imaginar como ele estava sofrendo.
? Tá me ouvindo?” – Meg perguntou, estalando os dedos. – “Eu sabia que não devia ter te contado!”
Levantei a cabeça, encarando-a. Eu ainda estava um pouco desnorteada.
“Não... Você fez bem! Melhor do que descobrir dando de cara com ele!” – Falei, erguendo as sobrancelhas. Eu ainda não havia perdoado Meg e Danny pela “surpresa” no ano anterior.
Ela se encolheu e murmurou “Já te pedi desculpas...”
Balancei a cabeça, meio rindo, mas depois me virei de novo para Meg.
“O que eu devo fazer? Onde ele tá?”
“Na casa antiga deles, eu acho.” – Ela virou o rosto para a janela, pensativa. – “Tava vazia há uns dois meses. tá tentando fazer a mudança de volta o mais rápido possível... Foi o que Danny me disse.”
“Hum...” – Fiz, me virando para a janela também.
Eu deveria ir? Desde nosso último encontro, eu vinha trabalhando vigorosamente na missão de esquecê-lo, de não evitar outros relacionamentos e de não esperá-lo... agora era um homem casado e voltar à estaca zero seria dez vezes mais doloroso. Sabendo o poder que seu sorriso tinha sobre mim, eu colocaria um ano de autoterapia no lixo.
Mas era, antes de tudo, um dos meus amigos de infância. Eu jamais deixaria de amá-lo, eu só precisava aprender a amar de um jeito diferente do que eu estava acostumada.
“Você não precisa ir, se não quiser...” – Meg disse, amigavelmente. – “Danny vai sair do trabalho e ir pra lá. Ele não vai estar sozinho e...” – Então ela parou de falar, lendo minha mente como as boas melhores amigas fazem. – “Você já decidiu que vai, não é?”
Sorri, sem responder.
“Nós continuamos essa soneca juntas amanhã, Soph...”


***


Há muito tempo eu não dava uma boa olhada naquela casa. Tinha me acostumado a passar por ali olhando para baixo e evitando que as muitas memórias do lugar me afogassem. Mesmo naquele momento, eu ainda não tinha certeza se seria capaz de atravessar a rua e passar pelo jardim para bater na porta (que estava aberta). Como era de se esperar em um momento de incerteza, um pensamento ainda mais paralisador tomou conta de mim: E se tivesse trazido a esposa? Não tinha motivo pra ela não ter vindo. Será que ele iria me querer por perto com minhas expressões faciais de admiração tão óbvias? Será que ela sabia de mim? Mas o que havia a saber...
Mordendo os lábios e pensando nesse encontro que eu não estava pronta para ter, dei dois passos para trás e me pus a caminhar para longe da casa dos mais uma vez.
?”
Claro que eu não iria escapar assim tão fácil.
Me virei para a casa de novo e lá estava ele, parado no batente da porta. Começamos a andar um na direção do outro e eu me senti na obrigação de explicar por que estava ali sem ter sido convidada.
, eu... Meg me contou. Eu sinto muito! Fiquei preocupada e quis vir te ver, mas fiquei em dúvida se você estaria...” – Fui dizendo, mas ele nem devia estar escutando. parecia tão cansado! Deprimido, carregando o mundo todo sobre seus ombros... Me partiu o coração vê-lo assim.
Ao nos encontramos, em frente ao jardim, minhas palavras desconexas cessaram e antes que eu pudesse pensar em mais desculpas, me abraçou. Era como nos velhos tempos: nós éramos um o conforto do outro. Ele estava me abraçando tão forte que eu quase estava sem ar. Devia estar tão perdido, tão triste... Fiz o possível para retribuir; quase como se ao abraçá-lo daquela maneira, parte de sua dor pudesse passar para mim.
Quando nos separamos, ele me encarou e se demorou observando meu rosto. Foi a primeira vez que o vi esboçar algo como um sorriso.
“Que bom que você tá aqui, !”
Completamente sem pensar e tomada pela intimidade que aquele abraço restaurou, levantei uma das mãos e fiz carinho em sua bochecha com o polegar. Nem pensei se sua esposa estava por ali. Eu só queria que se sentisse melhor.
“Como você tá, ?”
Ele deu de ombros.
“Levando... É o tipo de situação que não tem como contornar, né? Só fazer o que tem que ser feito...”
“O que eu posso fazer por você?” – Perguntei e, percebendo que ainda fazia carinho em seu rosto, abaixei a mão.
Seu quase sorriso se transformou em um sorriso de verdade. Ele ainda me encarava e eu me sentia completamente derretida. Todo o tempo gasto lutando contra aquele sentimento em vão. Talvez eu tivesse que me conformar que iria ser assim para sempre.
“Toma um café comigo?” – Ele pediu.
“Achei que você ia pedir ajuda pra carregar a geladeira ou algo assim...” – Brinquei, fazendo-o rir e balançar a cabeça.
“Você não muda...” – Falou, talvez mais para ele do que para mim. – “As coisas só chegam amanhã. Cheguei antes pra dar uma conferida na casa... Vem!”
Como no dia do casamento, ele me tomou pela mão e me conduziu de volta para dentro da casa. Deduzi que sua esposa, a mulher mais sortuda do mundo, não estava por ali.
Ao passarmos pela porta da entrada, soltou minha mão e foi em direção à cozinha. Eu, porém, parei onde estava e observei aquela sala vazia que me lembrava tantas coisas, mas que também não se parecia mais com a sala da minha memória.
“Os antigos moradores fizeram umas reformas, né?” – Comentei, finalmente seguindo-o até a cozinha, que também estava vazia. Só a pia e os armários ainda estavam no mesmo lugar. mexia em uma cafeteira moderna em cima da pia. Devia ter trazido com ele...
“Sim, por isso precisei vir antes... Fazer umas medidas pra saber se as coisas ainda cabem.”
Olhei em volta. Era tão estranho estar naquela casa de novo com ele, em uma situação tão diferente de como as coisas eram da última vez que estivemos ali. Mas não era hora de pensar nas minhas próprias tristezas.
“Como sua mãe tá?”
Seu rosto se contraiu, como se fosse dolorido falar disso.
“Você sabe como ela é...” – Ele falou, tirando os olhos da cafeteira pela primeira vez. – “Não fala muito, não conversa. Desde que cheguei, ela passa dia e noite encaixotando coisas.”
Mrs. sempre tinha sido assim. Fechada, durona... Um coração enorme, que ela gostava de guardar só para quem merecia.
“Deve estar sendo tão difícil pra ela...” – Disse, sendo óbvia. Era difícil dizer algo que não fosse clichê nessas horas.
“Sim. E eu não sei bem o que fazer, porque...” – começou, mas foi interrompido por seu celular. Ele ficou sem graça ao ver quem era e eu logo adivinhei quem estava ligando. – “Desculpa, , eu preciso atender.”
Sorri e fiz que sim com a cabeça enquanto ele saía do cômodo.
“Oi, querida...” – O ouvi dizer e fui mais uma vez chamada à Terra.
Depois de um tempo em que fiquei apenas repetindo o mantra “Deixar o passado no passado”, ouvi seus passos se aproximando.
“Hum... Então... O café ficou pronto? Você...” – entrou na cozinha parecendo tímido, desconcertado e sem saber como voltar a naturalidade que a conversa estava fluindo antes de sermos interrompidos.
Achei que precisava dar a cara a tapa de uma vez e ser o que eu estava ali para ser: sua amiga.
“Por que ela não veio?” – Perguntei, segurando o copo descartável que ele me oferecia. Eu não sabia se devia perguntar, se ele queria falar sobre ela comigo... Mas era hora de sermos maduros sobre aquilo, certo? Meg perguntaria sobre a esposa, então eu deveria perguntar.
Ele pareceu surpreso com a indagação, mas sorriu antes de responder.
“Emma? Ela achou que iria mais atrapalhar que ajudar...” – Contou, tomando um gole do café e se virando para mim. – “Eu estaria ocupado o tempo todo... Minha mãe não é de papo nem quando está feliz, imagina quando está miserável... Acho que foi melhor também. Mas ela me liga pra saber se tá tudo bem... Se estou me alimentando direito...” – Disse, dando uma risadinha.
Fiz que sim com a cabeça. Seus olhos brilharam ao falar dela e de repente eu me vi desejando aquilo para mim. Não com ele... Eu já havia me retirado daquela batalha. Mas eu queria amar alguém de novo. Eu queria os olhos brilhando, as borboletas no estômago, alguém de quem eu falasse com um sorriso incessante nos lábios.
De qualquer forma, me senti mais aliviada de ter dado um passo à frente. Mesmo que ainda naquela noite eu desse mil passos para trás, então o resultado ainda seria 999. Além disso, fiquei feliz em ouvir mais sobre Emma. Ela parecia ser sensata e atenciosa. Parecia ser certa para .
Talvez meu silêncio enquanto chegava a essas conclusões tenham dado uma impressão errada, porque logo mudou de assunto:
“Quer ver o resto da casa? Tem um cômodo que não mudou nada!” – Falou em um tom animado.
Franzi a testa e ri de como ele soou enigmático. saiu da cozinha e subiu as escadas correndo como uma criança. Eu soube onde íamos antes de chegarmos lá. Ele abriu a porta de seu quarto antigo com um gesto largo e me deixou entrar primeiro.
Ri enquanto andava até o outro extremo. Coloquei meu café no chão e abri a janela, me sentando no parapeito, como já havia feito tantas outras vezes. olhava para mim como se tivesse descoberto um tesouro.
“Não mudou nadinha! Até o papel de parede é o mesmo...” – Falei e ele fez que sim com a cabeça.
“Engraçado como o tempo voa, né? Ontem mesmo nós estávamos aqui decidindo coisas sem importância nenhuma, achando que estávamos decidindo nossa vida toda...”
Eu não sabia exatamente do que ele estava falando, mas entendia o sentimento em geral.
“Parece maior do que me lembro...” – Comentei. Eu ia continuar seu momento filosófico dizendo que nossas perspectivas das coisas também tinham mudado, mas riu alto ao me ouvir e eu parei de falar, confusa.
... Isso é porque você sempre estava bêbada quando entrava aqui, perdia a noção de espaço e esbarrava em tudo!” – Zombou. Fechei a cara em uma fingida expressão de ofensa, mas depois caí na risada também.
Era a mais pura verdade!

Flashback
Miranda era uma mulher muito inteligente, além das muitas outras qualidades que possuía. Porém, naquele sábado ela havia cometido uma estupidez. Era verdade que seu filho era um rapaz maduro e responsável... Mas ainda assim, ele era um garoto de 17 anos. Deixá-lo sozinho em casa em um fim de semana, enquanto ia visitar sua mãe, só poderia resultar em quatro adolescentes bêbados na sua sala de estar.
Ainda eram 22h e nós já estávamos acabando com uma garrafa de tequila. Danny e jogavam videogame (e se acabavam de rir por não conseguirem fazer nada direito), Meg estava deitada no sofá rindo deles (e perguntando constantemente se nós iríamos sair ou não) e eu tentava achar alguma coisa interessante para ouvirmos (O mesmo CD do Nickelback já tocava pela terceira vez e eu não aguentava mais).
Me levantei para ir até o quarto de , quando ele me chamou.
“Hey, vai pra onde?”
“No seu quarto buscar outro CD.”
Ele fez que sim com a cabeça e continuou me olhando. ficava engraçado quando bebia. Sua miopia se intensificava e toda hora ele apertava os olhos, para enxergar melhor. Eu achava a coisa mais fofa do mundo.
“Aaaaai, vocês dois são um porre!” – Meg se enfureceu, ao perceber que eu ainda estava no mesmo lugar, sorrindo para a carinha engraçada do meu namorado.
“Encalhada...” – Zombei e dei a língua, saindo correndo da sala e gargalhando do copinho de tequila que passou voando pela minha cabeça.

Eu estava olhando a coleção infindável de CDs de , quando ouvi passos no corredor. Sorri, esperando-o aparecer no quarto.
“Um shot de tequila por seus pensamentos...” – Ele disse.
Franzi a testa, me virando para a porta.
“O que você disse?” – Perguntei rindo.
“Você me diz o que tá pensando e eu te dou tequila...” – Explicou, se apoiando, ou escorando-se no batente, e levantando a garrafa em sua mão.
Ele me lançava seu olhar sedutor e talvez eu estivesse mesmo muito bêbada, porque estava achando extremamente sensual. Fui andando em sua direção.
“Eu estava pensando que você caiu direitinho no meu plano e veio até o quarto.” – Respondi, sorrindo de lado e levantando uma sobrancelha.
Ele deu uma risadinha.
“Eu sou TÃO sortudo!”
deixou a garrafa na mesinha do computador e se aproximou de mim, colocando as mãos em minha cintura e me puxando para mais perto dele. Eu sentia arrepios em cada pedacinho do meu corpo. Seus olhos sempre tinham sido meu ponto fraco e naquele momento eles estavam mais convidativos do que nunca!
“Um shot de tequila por seus pensamentos...” – Tentei.
Ele não disse nada. Em vez disso, abaixou o rosto e me beijou apaixonadamente. Não fazia muito tempo que nós tínhamos passado para esta fase do nosso namoro, por isso ainda éramos muito desajeitados. Mãos e pernas para todo lado! Mas não havia nada mais delicioso do que descobrir tudo com ele.
Nos deitamos na cama, mais como tombamos na cama, sobre mim, e continuamos nos beijando. Sua mão passeava por baixo da minha blusa, procurando o fecho do meu sutiã, talvez? E eu arranhava seus braços enquanto sentia seus lábios quentes em meu pescoço.
Porém, eu logo me tornei muito consciente de que a porta estava aberta. E que não estávamos sozinhos na casa.
...” – Falei, tentando não me perder no momento. – “Precisamos voltar pra sala... Meg... Danny...”
“Deixa eles... É bom que o Danny chega nela de uma vez...” – Ele respondeu, ainda muito ocupado com o meu sutiã.
“O QUÊ?”
Pronto. parou de mexer as mãos e apoiou a testa em meu ombro. Ele sabia que o clima tinha ido para o espaço. Virou para o lado, saindo de cima de mim, e se apoiou no cotovelo, com cara de derrotado.
“Danny gosta da Meg...” – Contou, colocando a mão sobre os olhos.
Me sentei na cama.
“Disso eu sei! Mas ele finalmente vai chamá-la pra sair?”
Eu estava tão animada! Vinha torcendo para que acontecesse há um bom tempo! , entretanto, não parecia tão investido na situação e deu de ombros.
“Sei lá... Acho que sim...”
Mas era provável que não, já que bem nessa hora Danny entrou no quarto.
“Ooooopa, casal! Não queria atrapalhar...” – Disse devagar, tampando os olhos. Estava mais bêbado do que eu me lembrava. – “Vocês viram a Meg?”
Franzi a testa.
“Ela não tá lá embaixo?” – Perguntei. – “O que foi que você fez, Daniel?”
Ele levantou as mãos, em sinal de inocência. Deu uma leve envergada para o lado ao fazer esse movimento.
“Eu nem vi ela sair da sala, !”
Saí do quarto esbarrando na mesinha do computador e quase derrubando a garrafa que tinha colocado ali. Não achava que nada de grave tivesse acontecido com ela, mas Megan era uma bêbada que ficava triste e eu precisava encontrá-la.
Depois de procurar pelo andar de baixo todo, a encontrei sentada na porta do banheiro no quarto da Mrs. . Chorando... Como eu já imaginava.
“Hey...” – Chamei, carinhosamente. – “Tá borrando toda sua maquiagem!”
Me sentei ao seu lado.
“Vocês prometeram que a gente ia sair hoje!” – Falou, começando a chorar ainda mais. A abracei pelo ombro e ela se encostou em mim.
“Você quer sair? Ainda dá tempo... Podemos ir pra onde você quiser...” – Disse, em tom maternal.
“Já deve estar tudo lotado!” – Meg teimou. Às vezes era preciso ter muita paciência, mas valia a pena, porque de vez em quando ela soltava umas pérolas.
“Semana que vem é meu aniversário! Prometo que nós vamos sair, então...” – Tentei, sorrindo e buscando seus olhos em reafirmação de que ela ficaria bem. Mas Megan fez que não com a cabeça.
“Mas nós estamos preparando uma festa pra você! E aí vamos acabar não saindo de novo...”
Teria sido uma bela festa SURPRESA...
“Então saímos na sexta. Pode ser?” – Eu queria rir. Ela nem tinha percebido que tinha falado da festa que eu não devia saber. Como eu disse, essas conversas sempre rendiam!
Meg finalmente sorriu e fez que sim com a cabeça. Depois de ajudá-la a tirar a maquiagem e superar mais uma crise de choro, porque eu havia chamado minha melhor amiga de encalhada, eu agora observava Meg dormir na cama da mãe de .
“Ela tá melhor?” – O próprio colocou a cabeça para dentro.
Fiz que sim com a cabeça e o chamei com o dedo.
“Cadê o Danny?”
“Dormindo no meu quarto.”
“Enfim sós...” – Brinquei, enquanto ele se sentava comigo na pontinha da cama e me abraçava.
“Tá com fome? Ainda tem pizza lá embaixo...” – Ele perguntou, dando um beijo no meu ombro.
“Tem tequila?” Nós dois rimos, enquanto nos levantávamos e descíamos as escadas. entrelaçou nossas mãos e voltamos a nos sentar na sala.
“Você acha que um dia eles se resolvem?” – Quis saber, deitando a cabeça em seu ombro e comendo um pedaço de pizza.
“Acho que sim. Um dia ainda vamos no casamento desses dois...”
“E por falar em festa...” – Sentei direito e tentei manter a expressão séria, mas era muito difícil. – “Vai ter bolo de que na minha festa semana que vem?”
Os olhos dele se arregalaram e eu me revirei no sofá rindo.
“Eu vou matar a Meg!”
Fim do Flashback

As lembranças que envolviam aquele quarto eram tantas que eu tinha certeza que, se eu o pedisse para escolher, não pensaria na mesma que eu.
“Eu não estava sempre bêbada quando entrava aqui...” – O corrigi.
Ele concordou com a cabeça, rindo, e se sentou encostado na parede embaixo da janela, onde eu estava. Pulei do parapeito e me sentei ao seu lado.
“Tava só brincando...” – Falou.
Ficamos um tempo em silêncio e eu o ouvi suspirar.
“Você sabe que eu tô aqui caso você queira conversar, né?” – Disse, colocando minha mão sobre a sua. Vê-lo incomodado com o que quer que fosse me deixava inquieta também.
virou o rosto para mim e sorriu, depois girou a mão embaixo da minha para cima e entrelaçou nossos dedos. Eu gostava de como nossas mãos ficavam juntas, apesar de sentir um pouco de culpa quando sua aliança roçava meus dedos. Ele suspirou de novo.
“O que eu devo fazer a partir de agora, ?” – perguntou, levantando os olhos para mim. Ele também tinha estado observando nossas mãos.
Eu não tinha ideia do que ele estava falando, mas meu cérebro tinha umas sugestões bem absurdas.
“Sobre?” – Minha voz estava tremida, tamanha minha expectativa.
“Eu estive pensando... Voltar pra cá, trazer as mudanças da minha mãe de volta pra essa casa, ter que atravessar o oceano pra estar com ela quando ela mais precisava...” – Listou. Me senti muito pequena de repente, por ter sido tão egoísta ao pensar que ele estava falando de nós. Eu mais uma vez tinha esquecido o que eu tinha ido fazer ali. – “Minha mãe também tá envelhecendo, ! E se... E se...”
“Hey!” – Me apressei a tentar acalmá-lo. – “Sua mãe é forte, saudável... Bom, pelo menos ela era.”
“Ainda é!” – Ele disse.
“Então! Nada vai acontecer com ela, .”
“Um dia vai...” – retrucou, mordendo os lábios e olhando para a frente. – “E eu não vou estar aqui. Ela vai estar aqui sozinha...”
Fiquei em silêncio observando seu perfil. Tentando pensar em algo para dizer...
“Você quer voltar?” – Só a ideia de tê-lo de volta fez meu coração despencar. Então me lembrei que ele era casado.
“Se fosse assim tão fácil...” – Falou, sendo vago.
“O que o seu pai acha de abrir uma filial aqui?” – Perguntei e voltou a me olhar, mas quando ele abriu a boca para dizer algo contrário, eu fui mais rápida. – “Não aqui, aqui, ... Nessa cidade minúscula. Aqui no Reino Unido.”
“Nós nunca conversamos sobre isso...”
Eu conseguia ver em sua expressão que meu ex-namorado estava perto daquele momento Eureka que ele mesmo havia me proporcionado um ano atrás.
“Você continua trabalhando com o seu pai... Fica mais perto da sua mãe... Hum... Emma viria morar aqui?”
Ainda era estranho tentar conversar naturalmente sobre a nova mulher da vida de . Para mim e para ele. Seus olhos escaparam dos meus ao fim da pergunta.
“Não sei, mas... Não custaria tentar...” – voltou a sorrir e foi como se o mundo estivesse salvo de novo. – “Obrigada, !” – Disse, fazendo carinho em minha mão que ele ainda segurava.
“Quem diria que um dia eu estaria dando conselhos pra você!” – Falei, toda convencida e ele riu, voltando a me encarar.
“Você é incrível!”
E por um segundo. Por um milésimo de segundo. Por um milésimo de milésimo de segundo, eu achei que íamos nos beijar. Ele me olhava tão intensamente quando disse isso e eu devo ter esperado tanto por aquilo, que delirei. De qualquer forma, naquela fração de segundos, eu soube que quem quer que fosse ocupar seu espaço no meu coração, não poderia ser nada menos do que era. E eu não estava falando de características físicas. Meu “novo amor” teria que me olhar como ele me olhava, provocar em mim o que ele provocava, ter a cumplicidade que nós tínhamos, mesmo depois de tantos anos separados. Mesmo sabendo que essa provavelmente não fosse a melhor estratégia, “procurar alguém como ”, eu não merecia nada menos do que isso. E eu iria enxergá-lo quando o achasse, porque assim que me despedisse dele hoje, eu não pensaria mais em como meu amor que nunca deu certo. Eu pensaria nele como o amor que deu certo quando deu certo... E que precisava ser substituído à altura.
“VOCÊ é incrível, ...” – Falei, sorrindo, e deitei a cabeça nele.
“Nós passamos todo esse tempo juntos e você ainda não me contou nada sobre você!” – Ele disse, mexendo o ombro onde eu estava apoiada.
“O que você quer saber?”
“Onde fica seu buffet... Foi isso que ficou decidido quando nos vimos ano passado, certo?”
“Houve uma mudança de planos no meio do caminho...” – Contei, levantando o rosto para poder olhá-lo. – “Eu continuo trabalhando na corretora...”
“Não! ...” – se endireitou e soltou minha mão. Se virando completamente para mim. – “Você não pode, você me prometeu, lembra? Prometeu que quando descobrisse o que queria, ia correr atrás...”
“Você vai me deixar contar ou não?” – Perguntei, em um tom forjado de rispidez. Ele parecia fora de si, mas eu acabei sorrindo porque ele se lembrava da promessa no dia da praia.
“Desculpa! Eu só...”
“Eu me inscrevi no The Great British Bake Off e, pra participar, você precisa ser amador.” – Falei rápido, antes que ele tivesse um colapso. – “E eu não saí do trabalho ainda porque eu... Passei nas eliminatórias. , eu vou participar do programa!”
Seu queixo caiu e eu quis dar pulinhos pelo quarto de animação.
! Isso, isso é maravilhoso! Você... Você vai aparecer na TV!” – estava fora de si novamente, mas dessa vez parecia ser de felicidade.
Ri como uma garotinha ao ouvir sua última frase e fiz que sim com a cabeça.
“Eu vou!”
“Por que... Por que você não me contou isso antes?” – Ele se levantou e me ofereceu as mãos para me ajudar a levantar também.
“Por quê? Porque eu vim aqui oferecer minhas condolências, ! Você queria que eu chegasse gritando ‘Sua vó faleceu, mas eu vou ser famosa!’ ?” – Perguntei, ainda rindo e nós dois gargalhamos.
me abraçou e me tirou do chão. Parecia que estávamos bêbados naquele quarto mais uma vez, era uma sensação mágica.
“Você vai vencer!” – Ele disse, cheio de certeza.
“Eu nem espero ganhar, mas só de estar lá!”
“Mas você vai! Você merece...” – reafirmou. Então nós rimos mais um pouco como duas crianças e nos abraçamos de novo.
“Já vi essa cena antes!”
Danny estava parado na porta do quarto e, ao ouví-lo, nós nos soltamos e rimos de sua piada.
tava me contando que vai ser famosa, Danny!”
Ele nos olhou com certa ternura e certa nostalgia... Eu conhecia bem os sentimentos, porque também sentia um misto dos dois sempre que estava por perto.
“Meg ligou e disse que se não formos jantar com ela, não precisamos ir pra casa nunca mais...” – Falou, apontando para trás.
e eu nos olhamos e pensamos a mesma coisa:
“Dramática!”
Saímos os três e fomos encontrar minha melhor amiga e sua filha linda.
Eu podia me acostumar com aquilo... Desejei que voltasse, mesmo se sua esposa fosse vir junto. Desejei que a “fama” não me levasse para longe deles e da minha afilhada. Desejei mais noites entre amigos, com muita piada e histórias do passado. Desejei ser pra sempre feliz como eu estava naquela noite.




Fim.



Nota da autora: Estes são, muito provavelmente, o casal que eu mais gostei de escrever de todas as minhas fics. Bom, para terminar a trilogia, escolhi uma música do CD 21, já que a 1ª fic tinha sido do 25 e a 2ª do 19.
Nessa última parte, eu achei que a Liv precisava de um final feliz profissionalmente. E também precisava que seus sentimentos por Sully não acabassem, mas parassem de ser um vendaval, para ser só uma brisa leve. Algo que não atrapalhasse mais a vida dela. O flashback serve para fechar essa trilogia com algo sobre o passado, o presente e o futuro dos dois.
Essas três estórias contaram com uma ajuda incrível da Thatha... Que se apaixonou por esse casal comigo e foi me contando o que ela, como leitora, achava que estava faltando. Por isso, quando cheguei ao final das três estórias, ela me disse que sentia falta de saber o que o Sully (o nome do protagonista na versão original) achava. Porque do ponto de vista da Liv (a protagonista), fica parecendo que ela sempre tinha sentido mais por ele, do que ele por ela... Mas como, na minha cabeça, o Henry ainda tem o mesmo vestígio de algo que ele nunca vai se livrar por Olivia... A última parte da estória, um bônus, foi criado: Trilogia Adele - Bônus.
Muito obrigada por lerem e não deixem de comentar!

Outras fics minhas:
When We Were Young (Outros/Finalizada) - 1ª parte dessa trilogia
Daydreamer (Outros/Finalizada) - 2ª parte dessa trilogia
Trilogia Adele - Bônus (Outros/Finalizada)
On The Third Floor (1D/Em Andamento)
Trap (1D/Finalizada)
While My Guitar Gently Weeps (Outros/Finalizada)
06. Glasgow (Ficstape Catfish and the Bottlemen/Finalizada)
08. Sound of Reverie (Fictape Lovely Little Lonely/Finalizada)



Nota da beta: Cadê meu clichêzinho, Lary? kkkk

Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.


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