Capítulo Único
Eu possuía uma paixão genuína e nada tímida pelo modo como bichinhos de estimação podiam expressar tão abertamente suas necessidades quando se tratava de carinho. Isso se devia ao fato de que eu me derretia de verdade ao ver um cachorrinho ou um gato manhoso, quase implorando por toques que capazes de relaxá-los, os olhinhos brilhantes e precisando de cuidados. Aqueles momentos eram perfeitos, e eu estava vivendo um deles agora. Minha gatinha, Rússia, mantinha seus grandes olhos de mel fixos em mim, sustentando minha mão na exata posição que gostava com sua patinha, despreocupada como só ficava quando eu a enchia de carinhos. Sorri involuntariamente, em seguida esticando todos os meus músculos cansados no colchão macio da minha cama, mordendo a bochecha e deixando que alguns pensamentos que eu estivera evitando viessem me visitar, finalmente.
Senti uma lambida breve e áspera em meu pulso, mas não respondi às exigências de Rússia. Ela provavelmente se lembraria daquilo mais tarde, rancorosa e geniosa que era. Pedir desculpas não adiantaria nada, eu bem sabia.
Mas ok, eu precisava ir aos fatos.
Havia acabado de chegar em casa após meu primeiro encontro com Jasper Crow, o vocalista simpático e rebelde de uma banda local, a Hotel Horror. Ele era um daqueles carinhas do cenário punk que realmente chamavam a atenção não pelo cabelo azul e pelo piercing na língua, mas por toda aquela postura descompromissada que fazia com que garotas caíssem aos seus pés e pedissem passagem ao backstage das casas noturnas, oferecendo como ticket uma breve amostra de seus seios. A ideia me enfurecia completamente, já que eu era, acima de tudo, uma garota que lutava contra a objetificação do sexo feminino, ficando extremamente nauseada pela forma como alguns dos integrantes pareciam adorar a ideia de meninas de dezesseis anos mostrando os peitos para conseguirem um tempo com a banda. Mas Jasper Crow não gostava disso – mesmo assim, ele não lutava contra, o que, para mim, era um defeito; sabe, havia uma grande diferença entre não gostar e lutar contra. Eu estava sentada no bar da casa noturna quando ele me pagou uma bebida e me deu uma conversa de três horas sobre diversas coisas. Eu o reconheci de imediato, claro, sendo ele quem era, e confesso que me esforcei um pouco para que ele me chamasse para ir ao cinema com ele. Agora, minutos depois dele ter me deixado em casa no seu Mustang 95 impecavelmente conservado, eu estava coçando os olhos com os punhos, borrando-os com rímel e delineador e me lembrando de como o filme parecia ter durado dois segundos enquanto ele me dava um beijo atrás do outro, deixando pouco tempo para respirar de verdade. Eu juro, tinha ficado até com a boca um pouco dormente e a língua anestesiada de tantos beijos ornados com batidinhas do piercing dele naquela parte em específico, mas não era aquilo que havia me incomodado. Se eu fosse honesta comigo mesma, saberia reconhecer que o incômodo presente tratava-se de algo além da minha língua narcotizada: o problema não era a quantidade de beijos que Jasper Crow havia me dado, e sim a pessoa em quem eu estava pensando quando ele me beijou.
Todos aqueles beijos.
Calmos e furiosos, breves e longos, sujos e tímidos, brincalhões e intensos.
Todos eles...
Eu só conseguia pensar em .
Se eu considerava aquilo grave? Um pouco, sim. Eu conhecia há... Dois anos, talvez? Tempo o suficiente para eu saber que ele não gostaria de ter qualquer tipo de proximidade em relação a mim. Nunca havíamos trocado algo além de cumprimentos e frases curtas sobre o tempo ou besteiras semelhantes – quer dizer, isso até aquela noite, há um mês, após eu ter dado em cima dele, descaradamente me apoiando na quantidade de Heineken que havia bebido. Horrível, eu sei. E o pior é que eu o havia beijado. Eu havia posto minhas coxas sobre as dele e sentido a textura de sua pele com a língua enquanto ele parecia travar uma guerra interna, achando tudo aquilo muito errado. Uma pequena parte de mim queria parar, mas a sensação dos lábios dele nos meus estraçalhou-a com um único movimento de suas garras, e me vi ridiculamente hipnotizada pela maciez de seus lábios com gosto de cerveja e cigarros contra minha boca ansiosa.
Meu Deus, eu precisava dele. E não estava me referindo somente a beijá-lo, dado que no momento em que eu o beijei, eu o quis inteiro e de todos os jeitinhos existentes. Eu o quis para abraçar, beijar, cuidar, acariciar, fazer gozar, gemer, dormir, curar. Parecia que o contato entre nossas bocas havia criado uma faísca que decidiu que seria legal me aporrinhar o tempo todo com inúmeras vontades dele. E, céus, como eu gostaria de ver aquela pequena faísca se transformando em uma explosão.
Isso, claro, antes dele derrubar uma garrafa de Heineken em mim e me afastar. Antes de resistir a cada uma das minhas tentativas indecorosas de levá-lo a me querer. Antes mesmo que eu pudesse notar como suas bochechas ficavam adoráveis, coradas por minha causa. Droga... A cama estava logo ali, eu estava vestindo aquela camiseta larga dos Misfits que tinha o cheiro dele, o que me obrigou a controlar meus impulsos de ficar cheirando o tecido o tempo todo em busca do contato que ele me negava. Então, eu havia dormido ali, parando de lutar contra a sonolência bruta que a cerveja havia deixado para mim como um presente.
Eu havia dormido envolta por ele, com meu corpo contra o seu, sua respiração soando mais como uma canção de ninar do que qualquer outra coisinha.
E, no dia seguinte, eu havia fingido que aquele havia sido apenas mais um dos meus erros de conduta,
Quer que eu deixe a coisa ainda pior?
Eu não havia voltado a falar com ele depois daquele dia. Parecia sistematicamente estúpido que eu cogitasse me aproximar dele, sendo que ele ainda era o mesmo cara introvertido de antes que me evitava e agia como se minha presença não o afetasse. Por que eu insistiria no assunto se ele não se mostrava disposto a me ter por perto?
Talvez porque você não consiga tirá-lo da cabeça, pensei ter ouvido Rússia dizer. Sua expressão felina era a de quem estava me julgando. Eu definitivamente estava pirando.
Ainda mais porque era verdade.
— Nada a ver uma coisa com a outra — eu disse, voltando a acariciar minha gata como se ela pudesse manter a conversa. — Eu já apareci duas vezes na casa dele pra falar com o e você acha que ele conversou comigo? Saiu de perto como se eu fosse uma visão do inferno, algo do tipo... — Mordi a bochecha de novo, algo que eu costumava fazer quando lembrava coisinhas que me obrigavam a por a mente para funcionar. — Eu nunca mais vou beijá-lo, Rússia. Eu juro.
Minha gata não poderia se importar menos.
De um instante para o outro, o telefone começou a tocar na sala, estridente e alto. Meu pai atendeu. Automaticamente, tentei ouvir quem poderia ser a uma hora daquela.
— , é pra você! — ele chamou.
Levantei-me da cama e fui até a sala, encontrando o telefone pousado sobre a mesinha de canto amarela que minha mãe havia pintado antes do divórcio.
— Quem é? — perguntei, baixinho, observando meu pai sentado no sofá. Torci para que fosse mais uma entrevista de emprego confirmada ou, quem sabe, um contrato. Desejo que se mostrou inválido quando me lembrei de que o relógio marcava nove e cinquenta e três da noite. Ninguém me ligaria a essa hora pra uma entrevista.
— .
Oh. Ok. Eu ficava feliz com aquilo também.
— Oi! — atendi.
— Hey, como você está? — A pretensão na voz dele me deixou saber que, claro, ele estava se referindo ao meu encontro com Jasper.
— Perfeitamente bem.
— Como sempre.
— É o que temos pra hoje. Me ligando pra quê?
Rússia apareceu, passeando entre meus pés levemente afastados, fazendo cócegas em minha panturrilha com sua pelagem acinzentada.
— Lembra que eu tinha mencionado uma maratona de filmes de terror aqui em casa?
— Aham.
— Eu estava pensando que a gente poderia fazer isso amanhã. Você tem outro encontro ou vai acompanhar seu amigo miserável que já alugou todos os filmes?
— Posso desmarcar o encontro — ri, notando logo em seguida as sobrancelhas erguidas do meu pai. — Tô brincando, não tenho encontro nenhum. Amanhã, que horas?
— Às sete. Você traz as pipocas?
— Claro. Te vejo aí, .
— Até mais, .
Desliguei o telefone primeiro, observando o tom vibrante do amarelo da mesinha.
E tentando ignorar o fato de que amanhã, talvez, eu veria .
Eu havia alimentado aquela ressaca por tempo demais. Já era hora de parar. Tentei focar meus olhos no cigarro entre meus dedos, tentativamente buscado refrescar a mente entre uma baforada e outra. O porão cheirava unicamente aos meus maços e fumaça, tão pouco convidativo que parecia estranho eu me sentisse à vontade ali dentro, principalmente porque a cama me trazia recordações nada desejadas daquela noite, há um mês.
Eu me sentia mais ridículo impossível.
Depois que foi embora, depois de ter limpado o carpete da minha mãe e escutado estupidamente apaixonado pela Aggie Millers na cozinha, eu passei longos minutos trancado no banheiro, deixando a água quente escorrer e desejando que ela levasse consigo todos os meus problemas. Minha cabeça martelava, as juntas de meus dedos doíam e minha ereção não me deixava escapatória, me negando quaisquer frestas que me transportassem para longe daquela manhã idiota. Eu me encontrei estático, com a água do chuveiro colidindo contra minhas costas enquanto eu me tocava desesperadamente, pensando nela ao bater em busca de um alívio que só a maldita podia me dar. Sim, eu senti raiva dela, um sentimento irascível e ao mesmo tempo inconsistente. Não havia motivo nenhum para sentir aquilo além do simples e cru fato de que eu a queria muito agora. Eu a queria tanto que aquela punheta frustrante e rápida havia sido apenas o primeiro capítulo; nos próximos, eu estava desenhando-a, recordando cada mínimo detalhe de seus lábios ao esboçá-los com a caneta preta, os aspectos de seus olhos vívidos e ferozes, a curva de seu queixo, o formato de seus seios, suas bochechas... Tentativamente dando tudo de mim para me lembrar do sonho e das sensações que ele havia forjado e injetado na minha cabeça para me fazer o rei dos imbecis sexualmente frustrados. Sonho filho de uma puta. Eu não tinha sossego.
Eu havia visto duas vezes depois daquela noite. Na primeira, um dos meus amigos estava me deixando em casa quando eu a vi saindo pela porta da frente, o que me fez voltar para o carro dele com passos desconcertados e me apoiar na porta do veículo em busca de ar. Eu a vi por cima do ombro – é claro que eu precisava colocar meus olhos nela –, e ela retribuiu o olhar, acenando com os dedos. O que escapou dos meus lábios foi um “oi” rouco e quase gutural. Ela passou reto por mim, atravessando a rua e sumindo por entre as árvores da esquina. Na segunda vez, eu estava na sala assistindo ao noticiário quando ela e entraram pela porta, me fazendo quase engasgar com o café que estava tomando. O cabelo dela estava bagunçado pelo vento naquele dia, e com as mãos socadas fundo nos bolsos do casaco, ela me cumprimentou com um oi e um sorriso. Um puta sorriso lindo pra caralho que me fez engolir o café mais rápido do que eu gostaria. Em meio à tosse que se seguiu, eu devolvi o oi, e sem dizer mais nada fui às cegas ao porão, onde esperei até que ela fosse embora.
Quanto mais o tempo passava, mais ridículo eu ficava.
Mais uma tragada acompanhou o pensamento do que eu faria a seguir. É claro que eu tinha que tomar algum tipo de ação, por mais silenciosa que ela pudesse ser. Estava ficando insuportável fingir que ela não existia, e tudo ficava ainda pior em momentos como aquele, quando eu sabia que eu estava longe de parar de vê-la. Ela era a melhor amiga do , era praticamente de casa, simpática com meus pais, adorável até com os cachorros, e... E linda demais.
Era exatamente isso o que eu estava pensando quando minha mãe abriu a porta do porão, sendo cegada de imediato pelas nuvens de fumaça do meu cigarro. Vi que ela também fumava. Sem cerimônias, abriu caminho pelo “quarto”, abrindo uma das pequenas janelas improvisadas e reclamando, sem me surpreender:
— Custa abrir a janela quando estiver fumando, ?
— Não tem muita importância.
— Tem, pra mim. — Ela viu a garrafa de vodca na minha mão. — Bebeu de novo?
— Eu tô bem — respondi. Era verdade.
— É bom mesmo. — E então ela disse a única coisa que eu não estava a fim de ouvir, no meu estado: — Levanta e arruma esse quarto.
— Quem vem? — perguntei, e levou um segundo para que eu percebesse como eu já estava antecipando meu sofrimento. Minhas costas agora estavam endireitadas, e meus dedos tremeram de forma que as cinzas do cigarro caíram nos meus jeans ao invés de no cinzeiro que estava sobre minha coxa. Eu sabia antes mesmo de ouvir a resposta. Ela.
— A , oras! Ela e vão fazer aquela coisa que eles fazem todo mês com os filmes de terror. Quero essa casa toda impecável.
Minha mãe não sabia que havia estado no cômodo da casa que ela considerava o mais bagunçado de todos, o que para mim era um alívio. Eu andara bagunçando o porão mais do que o necessário, produzindo sequências desorganizadas e lendo quadrinhos que não guardava de volta nas estantes. Meus lençóis estavam desarrumados e amassados, sem falar da quantidade de roupas que eu havia deixado espalhadas pelo local.
Minha mãe tirou a garrafa de vodca das minhas mãos, subindo os degraus que levavam pra o andar superior, seus sapatos batendo alto contra a madeira da escada.
— Pode começar agora, filho!
Antes de obedecê-la, eu enfiei a cara fundo no travesseiro e respirei fundo.
Eu nunca havia sido seletiva quando se tratava de escolher as coisas que eu levaria comigo para passar a noite na casa do . Os itens eram previsíveis: uma escova de dente e outra de cabelo, uma toalha limpa, desodorante, meus lacinhos de cabelo, duas trocas de roupa, uma camiseta que servia como pijama, um sutiã e duas calcinhas. Não tinha truque, nem segredo – a não ser que, dessa vez, eu conscientemente havia posto na minha bolsa peças rendadas de lingerie. Deixei a questão no ar, como se aquelas peças tivessem sido as primeiras a serem encontradas na minha gaveta, e tentei não pensar sobre o assunto mais do que o saudável – seria vergonhoso assumir que, de certa forma, eu me imaginava vestindo aquilo especialmente para entrar sorrateira no quarto do irmão mais velho do e fazer o que eu queria fazer há tempos.
, pare com isso. Essas ideias são ridículas. está te evitando e não deve ser à toa, você está indo para a noite habitual de maratona de filmes de terror com o , o irmão dele não tem nada a ver com isso, aquela vozinha insistente e presumivelmente correta me disse, sabendo melhor do que eu que manter a sanidade era algo recomendado por quaisquer doutores que chegassem a analisar o meu caso.
Ou isso ou era perfeitamente normal achar que duas calcinhas rendadas entregariam as minhas verdadeiras intenções.
Ainda estava com vontade de voltar correndo para casa e trocá-las por peças confortáveis de algodão quando avistei a tão familiar residência dos , e soube que seria no mínimo ilógico voltar os vinte minutos de caminhada até a minha casa por simples pedacinhos de tecido. Ninguém os veria, de qualquer maneira, mas mesmo assim, eu carregava um pouco de culpa. Ainda bem que meus pensamentos estavam a salvo dentro da minha cabeça.
Meu coração batia terrivelmente rápido quando apertei a campainha.
abriu a porta em dois tempos.
— Sempre pontual — ele disse, abrindo caminho para aquele velho conhecido aroma de casa limpa.
— Eu não iria desapontar você, não é? — brinquei, tentando agir naturalmente caso encontrasse ali na sala, sentado no sofá. Mas é claro que ele não estava lá. Ele sabia que eu viria, por que me esperaria? — Cadê sua mãe? — perguntei, estranhando a falta da harmonia que a mãe dele deixava no ar sempre que vinha me abraçar e perguntar como as coisas estavam em casa.
— Ela e meu pai foram ao noivado de uma amiga — respondeu , tirando da minha mão a sacola de papel pardo cheia de pipocas de microondas que eu havia trazido. — Devem chegar lá pra meia noite, coisa assim. Mas você sabe, minha mãe mandou você se sentar, ficar de boa, nossa casa é sua casa, etc.
— Sei, sei... — Sorri de leve. — Vou colocar minha bolsa no quarto de visitas, então.
— Ok, eu vou colocar as pipocas pra estourar.
Subi as escadas até o andar superior, seguindo diretamente ao quarto de visitas, que daqui a pouco seria denominado “quarto da ” por motivos óbvios. Eu estava acostumada a dormir ali, à superfície macia do colchão e ao espelho de corpo inteiro que ficava de frente à cama. Sem falar que a mãe de sempre deixava uns jogos de roupa de cama extremamente fofos, com florezinhas e símbolos semelhantes. Hoje, o edredom estava enfeitado com patinhas de gatos, o que me fez lembrar de Rússia na hora, e abri um sorriso, deixando minha bolsa sobre a cama e tirando dela um conjunto de meias pretas. Tirei minhas botas e troquei as meias, soltando meu cabelo do coque desleixado que o havia deixado e penteando-o com os dedos. Meus jeans eram confortáveis o suficiente para aguentar toda uma noite de filmes de terror, e me livrei do moletom que vestia para ficar com minha blusa do Snoopy. Era uma das minhas favoritas, estava ficando até um pouquinho desbotada...
Aquilo era capaz de me deixar um pouco chateada.
Dei uma última olhada em mim mesma no espelho antes de sair do quarto e descer as escadas cuidadosamente para não escorregar – já que eu sabia como ela era traiçoeira; havia perdido a conta de quantas vezes tinha tropeçado ali –, ouvindo os sons de pipoca estourando na cozinha, para onde me dirigi.
— Eu fiquei feliz que você trouxe a pipoca de chocolate — disse , tirando uma garrafa de Coca-Cola da geladeira e pegando dois copos no armário. Comecei a enchê-los.
— Eu não esqueci que você adora, mas eu continuo odiando aquela pipoca — exprimi, entregando um copo a ele enquanto já começava a beber o meu. — Pipoca pra mim tem que ser salgada.
— Disse a miss diversidade.
— Eu certamente ficaria muito feliz se as pipocas fossem gays ou pansexuais ou de diferentes formas e tamanhos e cores também — sorri, dando mais um gole no copo antes de dizer: — Vou começar a arrumar as coisas lá na sala. Tem algum filme em particular que você queira ver primeiro?
piscou, pensativo.
— A Hora do Pesadelo.
— Ok.
Eu sabia exatamente onde os filmes ficavam, então abri o pequeno armário abaixo da tevê e procurei pelo título. Olhei duas vezes antes de me certificar de que ele não estava lá, e dei uma olhada minuciosa sobre os filmes que havia alugado e deixado sobre o sofá.
— ! — chamei, e ele respondeu com um grunhido. — O filme não tá aqui!
— Não?
— Não.
— Ah... — As pipocas ainda estouravam. — Deve estar no quarto do . Vai lá pegar.
Eu engoli em seco, meu coração sendo apertado por uma mão invisível que me deixou sem ar por um segundo.
Ok, . Você pode fazer isso.
— Vou sim. — Limpei a garganta. — tá lá?
— Aham.
Ótimo. Perfeito. Sensacional. Maravilhoso.
Respirei fundo, usando o famoso truque de não pensar enquanto encontrava as escadas que levavam ao porão. Por estar de meias, meus passos quase não produziam barulho algum, mas eu conseguia ouvir a insinuação de música lá dentro que escapava através da porta trancada.
I send my astro zombies to rape the land
Prime directive, exterminate
The whole human race
And your face drops in a pile of flesh
And then your heart, heart pounds
Till it pumps in death
Prime directive, exterminate
Whatever stands left
Misfits. Como naquela noite.
Engoli toda a saliva em minha boca antes de bater na porta, sem muita força.
Ouvi o volume da música sendo baixado.
E passos.
E, em seguida, a tranca sendo aberta.
E lá estava ele.
De frente para mim, parecendo tão surpreso quanto eu, sem saber para onde se esconder, umedecendo nervosamente os lábios, me encarando com os olhos brilhantes, sua mão ainda na maçaneta. vestia mais uma de suas camisetas que eu tanto adorava, dessa vez uma de Danzig, o que me fez imediatamente pensar que eu poderia montar uma playlist de músicas deles para tocar o homem diante de mim por horas, simples assim. Tentei me impedir de morder o lábio, continuando a observá-lo. O cabelo que sempre parecia sujo estava lá, a franja presa atrás da orelha, seu nariz fino e delicado inflado e respirando rápido, os jeans largos e as meias cobrindo seus pés, tudo gritava o jeito dele tão unicamente que eu senti vontade de deixar meus joelhos encontrarem o chão por simples e puro desespero. Além disso, ele estava fumando. Ele ficava atraente quando fumava.
— Oi — eu disse, sem jeito, tendo certeza de que estava corando.
Mas ele também estava.
— Oi — repetiu, e vi o movimento de sua garganta quando ele engoliu a saliva.
E o que eu disse em seguida foi ridículo:
— ... Ele disse... Filme de terror aqui no seu quarto.
As sobrancelhas perfeitas de uniram-se, me dando uma amostra do quão confuso ele havia ficado com aquilo. Que merda!
— Ok, vamos começar de novo — eu disse, respirando fundo e forçando todas as palavras a saírem em ordem: — O me disse que tem um filme que ele quer ver que está aqui no seu quarto e me pediu pra vim pegar o filme pra gente assistir.
Eu devia me sentir idiota por soar como uma criança? Ou culpada por analisá-lo tão descaradamente?
A resposta foi não quando eu percebi que também estava me observando com cuidado, a descomplicada noção de seus olhos em mim me fazendo corar ainda mais, tendo o mesmo efeito sobre ele.
— Ah... — abriu a porta de vez agora, levando o cigarro aos lábios. Que babaca. Se ele soubesse como ficava bonito levando aquele objeto idiota à sua boca de lábios finos e perfeitamente estruturados e se ele soubesse o quanto eu ficava com água na boca de vontade de beijá-lo, ele nunca faria aquilo na minha frente. Seria um egoísmo sem tamanho. — Qual filme?
— A Hora do Pesadelo.
Ao que ele se afastou, eu relaxei um pouco, respirando o aroma do cigarro mesclado ao de limpeza, e dei uma olhadela fugaz pelo porão, me lembrando perfeitamente de cada canto dele que tinha registrado naquela noite que dormimos juntos. Assinalei algumas mudanças: o material de desenho ali tinha multiplicado, uma vez que todos aqueles papéis sobre a escrivaninha ocupavam todo o espaço; a tevê estava desligada, e havia um cinzeiro quase cheio na ponta do móvel que a sustentava. De forma geral, ainda a mesma coisa. O mesmo quarto em que , o introvertido, dormia e produzia sua arte, o mesmo pequeno espaço suntuoso que abrigava seu sonho e seus momentos mais íntimos. Quis conhecer todos eles como conhecia a palma da minha mão, e fui logo calando aquela boquinha de voz insistente na minha cabeça que, como uma mãe, me forçava a raciocinar. Que se danasse. Eu gostava daquele porão, gostava de e das coisas que ele fazia.
Merda, eu o adorava.
Fingi encarar meus próprios pés quando voltou, me estendendo o filme. O peguei sem esperar.
— Obrigada — e estava pronta dos pés à cabeça para voltar à sala quando aquela tão conhecida faísca piscou mais uma vez na minha mente. — Você não quer subir e ver filmes com a gente?
piscou, atônito. Eu cheguei a morder o lábio inferior – eu acho, no momento não estava em plenas faculdades mentais para me lembrar dos detalhes.
— Eu acho que vou atrapalhar — disse ele, como se tivesse cogitado por um minuto. Que bom que eu era insistente.
— Não vai, não — assegurei. — E você nem precisa ficar a noite toda, se não quiser.
Ele tragou o cigarro de novo, soltando a fumaça atrás da porta.
Céus, ele era lindo. Lindo demais, eu precisava tocá-lo.
Controle-se.
— Certo. — Ele aceitou. — Só espera um segundo.
Eu não consegui esconder o sorriso besta que desabotoou meus lábios quando o vi apagando o cigarro no cinzeiro acima da escrivaninha, e caminhando em minha direção. Subi alguns degraus, dando espaço para que ele voltasse a fechar a porta do quarto e me seguir andar acima. Por fora, eu estava normal – ao menos eu esperava estar –, mas por dentro, uma eu em miniatura estava soltando fogos porque eu havia tirado do quarto. Ele estava logo ali, atrás de mim, cada um dos seus movimentos me deixando cada vez mais consciente de que a interação entre nós talvez poderia começar a funcionar. Eu sorri de novo e de novo, escondendo meu rosto dele e finalmente pondo um fim ao meu momento particular de diversão ao chegar na sala, encontrando largado no sofá menor, enfiando uma mão cheia de pipoca na boca.
— Olha quem saiu da toca — ele disse de boca cheia, zoando o irmão mais velho.
— Eu quero ver o filme também — foi o que respondeu enquanto eu ligava o aparelho e injetava nele o disco, mordendo meu lábio inferior para tirar uma pelinha solta que estava me incomodando.
Quando a tela da televisão se iluminou com o primeiro trailer, me levantei com um suspiro baixo, sentando no sofá de três lugares. Bem ao lado de .
Acho que deve ter sido lá pela metade do filme que eu percebi que não estava exatamente prestando atenção na televisão. Vez ou outra eu via, pelo canto do olho, seus olhos em mim e, após algum tempo, fiquei imerso até a cabeça nela, acompanhando seus movimentos que pareciam conscientes de meu devotamento. Não fazia calor algum em Jersey naquela noite, e mesmo assim ela havia afastado o cabelo do pescoço, deixando-o inteiramente visível enquanto se abanava com uma das mãos. Eu seria um completo mentiroso barato se dissesse que não havia aproveitado aqueles momentos que, eu podia jurar, por mais idiota que fosse, figuravam um leve interesse de pela minha total atenção. As luzes apagadas da sala garantiam a vantagem de encará-la sorrateiramente, e levei certo tempo admirando seus olhos verdes e veementes, sua boca de lábios fartos, o material de sua camiseta do Snoopy esticado sobre seus seios que se moviam conforme sua respiração, a pele visivelmente sedosa de seus braços, suas mãos pequenas, o movimento de sua mandíbula enquanto ela mastigava a pipoca, seus cabelos... Merda, eu não poderia agradecer mais pelo trabalho que a luz da tevê fazia ao iluminar cada um dos traços perfeitos que me perturbavam desde aquela noite, tornando minha cabeça um festival no inferno e deixando cada demônio bêbado por ela. Claro que aquela não era a forma como eu desejava olhá-la de verdade, pois o fato de que eu ainda escondia a atração que sentia por ela me fazia atento aos seus movimentos caso me pegasse encarando-a como se ela fosse algum tipo de visão divina. Também agradecia ao filme por impedir qualquer chance de conversa ali, porque naquele instante eu só queria pensar e pensar e pensar, começando pelo fato de que eu estava ali porque havia me chamado.
Aquilo por si só tornava as coisas um pouquinho diferentes do que eu achava que eram dentro da minha cabeça deturpada.
Com ela ali, ao meu lado, pegando a pipoca da mesma vasilha que eu, a perspectiva toda mudava.
A gente poderia começar a se falar mais, comentar sobre o filme, nossas partes favoritas, o que faríamos de diferente caso fôssemos Wes Craven em 1984... As opções eram quase infinitas, e eu estava disposto a conversar com ela. Quer dizer, por que não? Ela se dava bem com a minha família há tempos e vestia roupas legais e tinha bom gosto para músicas e filmes. Fora que, bêbados, a gente tinha se dado bem. A gente tinha se divertido, então não havia motivo algum para que eu voltasse ao porão naquela noite com o cérebro pesado, desesperado por uma solução que tirasse de vez da minha cabeça, certo?
Exceto pelo fato inegável de que você é tímido e feio enquanto ela é linda, inteligente, sabe encantar as pessoas e com certeza está dando menos importância ao assunto do que você. Se orienta, idiota.
Sim, aquela parte de mim – uma parte inteira, parecia – acreditava que era demais para um nerd besta como eu. Ela devia sair com esses caras que tocam em bandas e que têm experiência com garotas... E...
E se ela tivesse namorado?
Minha garganta quase me fez engasgar com o pensamento me obrigando a engolir em seco.
Puta que pariu, que cara sortudo! Se tivesse um namorado, o filho da puta seria o ser humano com mais sorte no mundo inteiro pelo simplório acontecimento de poder falar com ela naturalmente sem parecer um idiota babão, levá-la a lugares e ler quadrinhos para ela. Como se não bastasse, o nojento teria passe livre para mexer naqueles cabelos e beijar toda a extensão daquele rosto minimamente desenhado por anjos iluminado pelas cenas do filme de terror, os olhos concentrados na cena, a boca ligeiramente estreitada, as unhas pequenas coçando a pele exposta de seu pescoço... Fiquei com uma inveja insuportável daquele suposto desgraçado ao pensar que ele poderia beijá-la ali e descer com seus beijos para onde quisesse enquanto ela o deixasse, talvez pedindo por mais, talvez ordenando mais. Ele sentiria a língua dela, aquela coisinha tão importante quando se tratava dela, que me fazia arrepiar caso eu pensasse demais no assunto, amaldiçoado a querer senti-la a todo o segundo. Ele poderia tragá-la, não como se traga um cigarro, embora os efeitos fossem semelhantes, enchendo seus pulmões inteiros com a presença dela, sentindo seu cheiro, seu toque, sua respiração, olhando fundo nos olhos que agora me encaravam de volta, cada vez mais próximos dos meus porque eu estava me curvando sobre ela sem perceber.
Vai se foder.
Voltei a encostar minhas costas no sofá num movimento quase exasperado, desviando meu rosto do dela e voltando minha atenção para o filme, corando furiosamente, quase engasgando, meu raciocínio fazendo minha cabeça girar. Havia estado a centímetros de seus lábios outra vez, tão abstraído pelo meu pensamento ao seu redor que eu teria beijado sua boca se não tivesse caído em mim.
Que grande fodido eu era.
Que grande imbecil fodidamente louco por ela, quase ao ponto de tocá-la sem saber se ela sentia o mesmo, sem me importar, apenas sendo guiado pela cegueira dos meus sentimentos igualmente idiotas, me rendendo à história inventada pela minha cabeça de que talvez o seu convite tão simples para ver filme com ela fosse algo mais do que parecia ser. Que viagem.
nunca iria querer alguém como eu.
Nunca, nunca.
Eu o vi se levantar, ainda tentando processar o fato de que ele estivera me encarando como se quisesse tirar um pedacinho de mim – de um jeito bom, de um jeito deliciosamente bom. Minha animação foi logo substituída quando eu observei se afastar rumo ao porão, não dando uma explicação sequer sobre sua decisão súbita de nos deixar ali, na metade do filme, como idiotas da escola que tentam se enturmar e são deixados de lado e ficam se perguntando o que há de errado com eles mesmos quando são ignorados. Foi o que eu tentei descobrir enquanto o filme passava sem que eu pudesse me concentrar nele, minha mente nublada demais por todos aqueles pensamentos e hipóteses e viagens que meus neurônios danificados pelos minutos anteriores arquitetavam com perfeição para tentar compreender aquele homem. Precisei de todo o controle do mundo para não xingá-lo, grande e absurda me parecendo sua covardia ao que eu o julguei rápido demais, sentindo a onda de vergonha me acometer logo em seguida.
me queria. Eu soube pela forma zonza com que tinha me encarado, o jeitinho especial como garotos olham para você quando estão encantados, quando estão pensando em algo bom demais para ser verdade; seus rostos se aproximam tão inconscientemente e eles lambem os lábios, mal pensando no que está acontecendo, apenas interessados no que está prestes a acontecer. Eu conhecia aquele olhar. Só não sabia que ele deixava tão inseguro.
Então, eu precisava dar o primeiro passo. Eu, que estava habituada a garotos me paquerando nas casas noturnas e interessados no que eu fazia, quem eu era, se eu estaria livre aquele final de semana ou o próximo. Talvez eu estivesse lidando com como se esperasse que ele fosse um cara como Jasper Crow, carismático e dado, sorridente e persuasivo. Talvez eu estivesse esperando que ele me ligasse no meio da noite, idiota que sou, me perguntando por que ele não conseguia parar de pensar em mim. E admitir aquilo abertamente, como estava acontecendo comigo naquela hora, bastou para que eu tivesse a certeza de que eu era estúpida e não sabia absolutamente nada sobre o tipo de homem que me atraía de verdade. Jasper Crow que se fodesse, eu não o queria. Eu queria o toque hesitante de em mim, queria acompanhar a dúvida em seus olhos transformada em certeza pelos meus atos, queria seu beijo delicado tornando-se convicto e faminto, suas mãos explorando meu corpo, seus cabelos entre meus dedos formigantes em vontade, encaixados com perfeição a cada centímetro que pudessem tocar.
Eu precisava que aquilo acontecesse. Precisava com uma urgência que nunca tinha sentido antes em todas as minhas paqueras confusas e amassadas como uma bolinha de papel abandonada numa sarjeta qualquer. Eu sabia, entretanto, que deixar ali, sozinho na sala, enquanto eu tentava colocar as cartas na mesa com e fazê-lo ver que ele poderia me ter o quanto quisesse, era uma coisa de muito mau gosto. Além disso, talvez precisasse de tempo; ele era desses, não era? De qualquer maneira, aquele não me parecia o momento certo para agir; fato que me fez, quando meu amigo pediu que eu colocasse o segundo filme, obedecer e voltar a me acomodar no sofá, voltando a comer punhos cheios de pipoca sem prestar atenção na história, culpando as engrenagens gritantes da minha cabeça que processavam o que eu havia acabado de descobrir.
Assim aconteceu com o terceiro filme. E o quarto.
No quinto, eu já não podia mais aguentar.
— ... — chamei, dando tudo de mim para fazer minha voz o mais sonolenta possível. — , estou com sono.
— Eu também. — Sua voz verdadeiramente recheada pelo sono me fez suspirar, aliviada. — Quer dormir?
— Quero.
— Certo.
— Só vou arrumar as coisas aqui e já subo pro quarto.
— Não precisa — disse ele, se levantando do sofá e começando a recolher as vasilhas de pipoca, agora vazias. — Deixa que eu arrumo.
Em qualquer outra ocasião, eu teria declinado e o feito engolir minha ajuda. Agora, no entanto, agradeci mentalmente por ele ter se oferecido e rumei ao quarto de visitas.
Uma vez sozinha, xinguei baixinho. Deixei todos os palavrões escaparem da minha boca enquanto prendia meu cabelo num coque alto, fechando a porta e tirando minhas roupas, peça por peça. Mal me preocupei em arrumá-las devidamente, deixando-as no chão e pegando da bolsa minha toalha, uma das calcinhas rendadas e uma camiseta preta estampada com a carinha sorridente e manchada de sangue de Watchmen. Me tranquei no banheiro, quase gemendo com o conforto que encontrei assim que a primeira chuveirada quente aqueceu minhas costas, a água caindo na pressão e temperatura certas. Esfreguei todo meu corpo com o sabonete de limão, relaxando instantaneamente com o aroma renovado e a massagem molhada nas minhas costas. Céus, eu precisava daquilo. Tomar banho era uma das coisas que me ajudavam a raciocinar com mais clareza, além de ser uma válvula de escape. Eu me sentia mais inteligente e mais cheirosa quando tomava banho.
Que idiota.
, não eu. Ok, talvez eu. Mas mais ele.
Quis mais do que nunca pegá-lo pelos ombros e pedir que ele me beijasse. Será que ele já estava dormindo? Eu podia ir até o porão e... Não, aquele tipo de pensamento não ajudava. Eu não iria atrás dele hoje. Haveria outras oportunidades, eu esperava. Oportunidades em que eu o encurralaria e o faria ver o que ele já devia ter visto há tempos; que eu o beijaria, por Deus. Apenas o pensamento me fez tocar meus lábios com a palma da mão tentando substituir a sensação tão boa que era sua boca na minha, e plantei um selinho em minha própria pele, um pouco surpresa com todo o carinho que me invadiu ao pensar nele pela milésima vez naquele dia. Desliguei o chuveiro, secando meu corpo rapidamente e vestindo a roupa que havia tirado da bolsa. Apaguei a luz antes de me deitar, contente pelo contato confortável de meu corpo aconchegado no colchão. Lá fora, o vento bateu na janela com força, e a vidraça iluminada pela lua montava imagens aleatórias das árvores balançando contra o mesmo na parede. A porta do quarto se abriu novamente, um problema usual, mas não me importei em fechá-la. Puxei as cobertas, cobrindo meu corpo e deitando a cabeça no travesseiro, começando a morder minha bochecha enquanto desfazia o coque malfeito e me livrava do lacinho.
, , .
inteiro, meu, me olhando, sua boca fina salivando por mim, carregando o mesmo sentimento que eu, sonhando comigo, querendo meus beijos antes de dormir e depois de acordar, pensando em mim tortuosamente em todos os detalhes, assim como eu fazia com ele. Será que aquele um segundo que formou meu beijo tonto e bêbado nos seus lábios teria incomodado-o tanto quanto a mim? Ele estaria pensando em mim agora? Estaria tão atormentado? Droga, eu queria muito saber. Mais a fundo, eu queria demais beijá-lo e fazer as coisas que vinham depois de beijar. Suas mãos grandes passeando pelo meu corpo...
Péssima hora para ficar excitada. Virei meu corpo na cama, cobrindo o ouvido com o travesseiro na tentativa de afastar aqueles pensamentos que eram incentivados por quaisquer idiotices rotineiras. O toque suave do edredom contra minhas pernas nuas me fez imaginar seus dedos longos e fortes ali, explorando minha pele enquanto seus lábios provocavam e brincavam com a sensibilidade de meu lóbulo, puxando-o e submetendo-o à sua respiração quente. A própria noção de estar excitada por ele me levou ao seu porão, onde imaginei se tocando e mantendo meu nome em seus lábios enquanto sua mão aumentava os movimentos, influenciando a expressão de prazer em seu rosto. Céus, ele devia ser lindo gozando. Eu já perdia um pouco a cabeça quando ele ficava corado, o aspecto envergonhado dele sendo o bastante para me deixar sedenta por exploração e intimidade, e a consideração de suas sobrancelhas unidas, lábios afastados e rosto vermelho, esguichando todo o seu alívio em suas próprias mãos e buscando inconscientemente por mim foi tão forte que minha calcinha rendada começou a ficar molhada.
Droga, droga, droga. Sem pensar, pressionei uma coxa contra a outra, e o toque mostrou-se mais do que suficiente para embaralhar meu senso de ética. Eu precisava me tocar. Mas não podia... Quer dizer, quem em pura consciência se toca na casa dos outros? Eu não podia arriscar. Soprei a vontade para longe, fechando os olhos com força. Durma, , isso é uma ordem. Meu controle sobre mim mesma provou-se uma ilusão quando aqueles pensamentos constrangedores e completamente excitantes sobre se recusaram a sair da minha cabeça.
Que se danasse. Eu nunca havia sido referência em boa conduta, de qualquer maneira.
Fechei a porta, apoiando meu corpo nos joelhos enquanto descia as laterais de minha calcinha até meus tornozelos, afastando a peça com os pés. Ergui meu tronco, mantendo meus olhos fixos em minha imagem no espelho: minha bunda empinada enquanto a camiseta tampava toda a pequena dimensão de minhas costas. Eu me sentia um pouco... Sexy, tinha que admitir. Sem tirar os olhos de meu reflexo, afastei as pernas, tocando minhas coxas e apertando a pele da região enquanto a outra mão acariciava meu seio por baixo da camiseta, cada um dos meus movimentos pertencente a . Meu polegar pressionou meu mamilo, mandando espasmos gostosos pelo meu corpo enquanto meus dedos livres deslizavam pela pele do meu bumbum. O pensamento de ter assistindo àquilo me fez gemer baixinho, e sem me demorar mais, desci meus dedos até meu sexo, unindo-os para tocar a parte que precisava de seus cuidados. Contive um gemido com uma mordida sem força em meu lábio inferior, começando a me acariciar ao mesmo tempo em que tentava ignorar como meus dedos pareciam insignificantes quando comparados aos seus, tão precisos em meus pensamentos. Enquanto me tocava, sabendo exatamente o que fazer para levar a mim mesma ao ápice, me perguntei se o alívio momentâneo seria o bastante para tirar um pouco da cabeça ou se apenas aumentaria minha vontade em níveis monstruosos.
Quando gozei pela primeira vez, ficou claro que a segunda opção era a que prevaleceria.
Já não adiantava mais que eu me xingasse como se o mundo fosse acabar no dia seguinte: todas as minhas forças para tal haviam se esvaído no momento em que eu percebi que me chamar de covarde não adiantaria nada. Aceitar o fato também não – me vi forçado a admitir que, de alguma forma ou de outra, e eu não podia acreditar que estava cogitando aquilo, eu devesse tomar uma atitude para parar de sofrer por .
Atitude, palavra filha da puta. Olhei para o relógio. Uma e quinze da manhã. Com sorte, eu a encontraria na sala com e voltaria a assistir ao filme normalmente, sentadinho do lado dela. Era uma ideia idiota, mas era a única que me passava pela cabeça, melhor do que ficar trancado naquele porão ridículo me culpando até o fim do mundo e me odiando mais do que já odiava por ser um covarde imbecil idiota babaca trouxa infeliz covarde covarde covarde covarde.
Respirei fundo. Arrumei a calça de moletom que havia vestido para dormir – sem sucesso – e abri a porta do porão como se estivesse prestes a salvar o mundo.
Mas, assim que cheguei à sala, nem ela e nem estavam lá.
Respirei fundo de novo. Ok, ao quarto de visitas. Com sorte eu a encontraria acordada.
Subi silenciosamente as escadas, checando se meus pais haviam chegado. Nenhum sinal deles no andar de cima, não estavam em seu quarto. Quanto a , eu ouvia seus roncos típicos, restando apenas o quarto onde dormia. Me aproximei devagar, contente pela porta estar um pouco aberta – contente e nervoso; caso ela estivesse dormindo, eu sairia dali sem que ela soubesse que eu tive a coragem de procurá-la, mas caso estivesse acordada... Bem, eu teria que dizer o que estava sentindo. Simples assim.
Eu sei, eu sou idiota ao cubo. Provavelmente travaria, ali, e ela me acharia ainda mais idiota.
Levei minha mão à maçaneta para abrir a porta o suficiente para colocar minha cabeça do lado de dentro para espiar, mas um som me parou.
Um som baixo e manhoso, necessitado e sincero. Um gemido.
Eu ainda estava processando aquilo quando ouvi:
— ...
Meu Deus, ela estava gemendo o meu nome.
Me precipitei um pouco sobre a porta, conseguindo enxergar um pouco do quarto pelo espelho pendurado de frente para a cama enquanto me escondia como podia. Se ela estivesse fazendo o que eu achava que estava fazendo, eu...
Toda a minha garganta secou, ao mesmo tempo em que minha boca inundou em saliva, comandada pelo meu cérebro que ainda assimilava a imagem de com a bunda para cima na cama, joelhos afastados enquanto sua mãozinha se tocava por baixo em movimentos rápidos.
Puta merda.
Fiquei lá, estático, absorvendo cada milissegundo da cena, minha garganta sufocada pelo nó competindo com minhas calças para ver qual das duas ficaria mais apertada. Inteiramente arrepiado, eu tinha uma leve suspeita de que as calças levariam a melhor... Ou a pior, já que a cena me deixou tão duro que doía.
Não consegui tirar os olhos do espelho, alucinado e com a respiração travada tentando ficar em silêncio para ouvir os sons gostosos que ela fazia, fosse se tocando, deixando escapar os barulhos molhados, fosse gemendo baixinho, me fazendo imaginar seu rosto contorcido em prazer contra o travesseiro. Porra. A garota por quem eu era malditamente louco estava se tocando por mim, pensando em mim, me querendo. Eu daria tudo e qualquer coisa para estar dentro da mente dela naquele instante, conhecendo intimamente cada um dos seus pensamentos, sabendo tudo o que ela precisasse que eu fizesse e tudo o que ela queria fazer comigo. Meu pau latejou quando a ouvi gemer de novo, dessa vez mais alto, e suspeitei que seu gemido havia sido abafado pela sua mão livre ou pelo travesseiro, pensamento responsável por quase me fazer dar aqueles passos que me colocariam dentro do quarto, diante dela... Vendo tudo, sem restrições.
Cara, aquilo era errado, eu sabia, e parte de mim se sentia terrível admirando-a com fome e vontade de pegá-la de jeito, minhas bochechas coradas como era costume, minhas calças desconfortáveis, apertadas, estreitas; mas a outra parte clamava por mais daquilo, da sensação de me sentir desejado por alguém, de saber que alguém podia pensar em mim daquela maneira, ainda mais aquele alguém sendo ela, a quem eu não oferecia resistência alguma além da que eu havia inventado. Dentre todas as coisas que ela me fez sentir naquele momento, a mais forte foi a noção de que, se ela dissesse que me queria, ali e agora, eu não fugiria – e essa simples revelação mostrou-se ainda mais relevante do que todo o tesão que eu vinha acumulando por quatro semanas, me dando o título de lorde mais imbecil da porra toda por não conseguir nem mesmo chegar na garota que eu gostava.
E agora lá estava ela, movendo seus quadris lentamente enquanto me imaginava entre suas pernas.
Eu mordi o lábio inferior com tanta força que senti o gosto de sangue na boca, mal dando importância ao sabor metálico enquanto minha mão encontrava o volume gritante nas minhas calças, começando um ritmo lento por cima do tecido. Com os olhos vidrados no espelho, comecei a me tocar também, permitindo que comandasse o ato, seguindo seus movimentos e deixando seus gemidos me guiarem, oscilando entre movimentos rápidos e lentos. Meu cabelo bagunçado insistia em cair no meu olho, e o afastei com a mão livre, mantendo os dentes grudados ao meu lábio para evitar gemer enquanto meu membro endurecia ainda mais ao ser tocado. Puta merda, aquilo não ia durar. Minha boca salivava com as fantasias de beijar suas coxas, morder a pele pálida de seu bumbum, passar minha língua por ela inteirinha procurando as reações mais eróticas da minha vida, capazes de me reduzir a um garoto de dezesseis anos, virgem, prestes a fazer sexo pela primeira vez na vida. Eu queria o gosto dela preso à minha boca, seus quadris me apertando, seu interior contraído ao meu redor... Droga, aquilo era demais para a minha sanidade. Devo ter gemido baixinho, eu não soube, deixando o momento me levar, fraco demais para lutar contra qualquer força que me dizia para parar. Enfiei minha mão dentro da calça, tocando meu membro diretamente, sentindo sua dureza contra a palma da minha mão enquanto começava a bater em movimentos precisos e firmes, fechando os olhos para fantasiar o rosto dela quando eu a penetrasse pela primeira vez, pela segunda e terceira, quarta, quinta... Cada mínima reação do seu corpo, seus gemidos preenchendo meus ouvidos, sua boca desesperada pela minha, eu não conseguia pensar em mais nada, nada importava, nada...
Os gemidos haviam parado.
Abri os olhos imediatamente apenas para encontrar a porta aberta e diante de mim, vestida apenas com sua camiseta larga, os olhos surpresos transformados num olhar imensuravelmente sexy quando ela percebeu o que minha mão estava fazendo.
Puta que pariu.
Ele era lindo, de todas as maneiras drasticamente moldadas que uma pessoa poderia ser. Mesmo com a aparência de quem tinha sido pego fazendo a coisa mais vergonhosa de toda a sua vida, eu tinha que admitir que nunca havia me sentido atraída por alguém daquela maneira. Quem era eu para negá-lo quando ouvi aquele seu gemido sôfrego através da porta, que, acreditava eu, nem mesmo ele havia escutado? Quem era eu para negá-lo quando , o cara que não saía da minha cabeça, estava se tocando porque havia me pegado no ato? Quem era eu para negá-lo? Contive o impulso de pular sobre ele ao notar o tom rubro de suas bochechas se intensificando a cada mísero segundo, sua boca trêmula tentando formular alguma resposta antes mesmo de erguer o queixo caído. Meu Deus, seus olhos divididos entre vergonha e excitação nem mesmo piscavam.
Eu iria beijá-lo. Todinho.
Ele não havia tirado a mão de dentro das calças quando disse, respirando como se tivesse acabado de correr por longos minutos sem interrupção:
— Vi... M-me desculpa, e-eu não dev...
Matei a distância entre nós beijando-o com ferocidade, sentindo sua respiração subitamente parar ao cravar meus lábios nos seus, tomando-o para mim e puxando-o para fora do corredor pela sua camiseta. Meus dedos doeram contra o tecido fino de tanta força que apliquei em meu toque, sendo recompensada de imediato pela urgência de seus lábios, sua mão livre firmemente apoiada em minha cintura enquanto a outra continuava a se mover dentro de suas calças. Aquilo me excitou muito, e deixei que minha mão seguisse o mesmo destino que a sua, sentindo o toque rápido de sua mão sobre seu membro. gemeu contra minha boca, aplicando um beijo suave no canto dos meus lábios enquanto afastava sua mão para permitir que a minha o tocasse, e fiquei toda arrepiada com a dureza e o tamanho de seu membro, fechando meus dedos ao redor dele, movendo-os para cima e para baixo, meu polegar alisando o pré-gozo ao espalhá-lo por sua glande.
Caralho, que perfeito. Ele não parara de me beijar, intenso e com vontade, mais faminto do que jamais imaginei. Agora, ele requisitava minha língua ao enfiar a sua em minha boca, empurrando-a com força num jeito novo de beijar que eu desconhecia e que era meio sujo, mas delicioso demais para parar. Isso permitia que ele conhecesse cada mínimo pedacinho da minha boca, explorando-a com tanta destreza e fome que me senti ensopar ainda mais só com aquele beijo. O gosto dele, sua mão segurando a lateral do meu rosto enquanto seus lábios gostosos roçavam nos meus com vontade, despejando sobre os meus toda a tensão que ele tinha guardada para mim. Eu não encontrava explicação plausível para a sensação de seus gemidos guturais suavizados em meio ao nosso beijo molhado, enquanto minha mão continuava acariciando todos os centímetros de sua extensão. Ele me deixava arisca, nocauteada pelo seu toque, amando todo o controle que eu parecia ter sobre ele quando o tocava. Sedenta por mais, acelerei meus movimentos sem aviso, satisfeita ao constatar os quadris de movendo-se contra minha mão. Quebrei o beijo, soltando minha respiração em sua bochecha enquanto puxava, com a mão desocupada, suas calças para baixo. Ouvi o barulho de fechando a porta às suas costas e fui pega de surpresa por seus dedos, agora brincando entre minhas pernas, tocando o interior de minhas coxas antes de encontrarem minha intimidade vergonhosamente encharcada.
Foi a minha vez de gemer, mordendo seu lábio inferior em seguida. Lábio inferior machucado pela pressão dos toques, inchado, perfeito... Não pude tirar meus olhos de sua boca por um instante, erguendo-os apenas para encontrar seus globos castanhos esverdeados esperando por mim. A necessidade de deixar um grunhido escapar unicamente pelo efeito que suas íris obscurecidas tinham sobre mim ao expressarem todo o desejo que ele sentia por mim me inebriou. Em simultâneo, seus dedos começaram a se mover em círculos, restritos pela minha posição. Ele mesmo não conseguia tirar os olhos de mim, envolto no nosso pequeno jogo de olhares, tão legítimo que me dava a certeza de todo o seu desejo evidente se aprofundando a cada segundo, meu gemido lascivo chegando até ele e o afetando de forma a aplicar maior pressão sobre seus dedos, que agora me tocavam devagar, exploratórios.
Decidida a aprofundar aquilo, o guiei até a cama, virando nossos corpos. deitou-se de costas, sua mão esticada ainda entre minhas pernas. Notei a desaprovação em seus olhos quando tirei minha mão de dentro de suas calças para engatinhar na cama até estar de quatro, ao seu lado. Desci suas calças rapidamente, levando com elas a boxer preta que ele vestia e jogando-a em algum canto do quarto com que não me importei. se livrou de suas meias enquanto eu afundava meus joelhos no colchão, erguendo meu tronco. Lentamente, tirei minha camiseta, ficando nua diante dele. Seus olhos brilharam em adoração, algo que me fez sorrir sem mostrar os dentes enquanto eu contemplava todo o percurso de seu olhar em meu corpo, analisando cada pedaço de pele que ele conseguia enxergar. Num movimento que me pareceu automático, afastou o cabelo preto do rosto, prendendo sua franja teimosa atrás de sua orelha. Fofo, fofo demais. Eu ainda carregava aquele sorriso bobo quando me inclinei para beijá-lo de novo, sentindo sua mão na minha nuca.
— Eu quero você — sussurrei, não conseguindo lutar contra o silêncio. Ele precisava saber. — Quero ficar com você.
respirou fundo, mantendo os olhos fixos nos meus enquanto eu voltava a masturbá-lo. Perfeito. Ele era perfeito. Deitado em meio ao edredom de patinhas de gatos, cabelo contra o travesseiro, a boca vermelha por meus beijos, seu membro pulsando de leve na minha mão. Ele fechou os olhos ao ouvir minhas palavras, suspirando submisso aos meus toques. Devagar, usei a mão livre para erguer a barra de sua camiseta, desbravando uma parte dele em específico que me deixava um pouco curiosa. Eu ainda me lembrava de como algumas pessoas se referiam a ele quando éramos mais novos... Eu sabia que tinha inseguranças sobre seu corpo, fato que me deixava ainda mais exasperada, cheia de vontade de mostrar o quanto ele era atraente para mim. Notei um pouco de hesitação em seus olhos quando ele os abriu, e plantei um selinho carinhoso em seus lábios para acalmá-lo.
— Eu disse que quero você... Sem se esconder de mim, ok? — perguntei, sem parar de erguer sua camiseta até onde pude, sentindo com a palma da mão a maciez de sua barriga e peito. Para minha surpresa, me ajudou, livrando-se da peça de roupa e jogando-a por algum canto qualquer.
Eu salivei por ele naquele momento.
— Você é lindo — confessei, torturando-o com movimentos lentos de minha mão em seu membro. Ele corou ainda mais e mordeu o lábio. Droga, se ele soubesse o quanto aquilo mexia comigo... — Perfeito, eu tô com muita vontade de sentir você.
O movimento de sua língua umedecendo sua boca me presenteou com os pensamentos mais pervertidos possíveis, e pude ver o quanto ele lutava com toda a sua irresolução para conseguir pronunciar:
— Por favor...
Oh, Deus.
— Você quer ser meu? — perguntei, sem poder me conter. Diga que sim, diga que sim.
Senti suas mãos em meus quadris, apertando-os com toda a força de seus dedos quando os meus pressionaram seu mastro, apertando-o com cuidado.
— Quero — ele respondeu, me olhando nos olhos. Tão delicioso, tão lindo, tão certo, tão...
— Eu vou te fazer meu — assegurei, acariciando a área abaixo da glande entre meu polegar e o indicador. xingou baixinho, mas não parei para observar seu rosto quando ele o fez, já que estava ocupada demais beijando seu peito, deslizando meus lábios por seu tronco de maneira a deixá-lo saber como eu o queria. E, por Deus, eu o queria! Pude sentir sua barriga contraída ao que o beijei ali, tocando sua pele com minha língua. Baixando, baixando... Até encontrar seu membro e substituir minha mão pela ponta da minha língua, lambendo-o da base para cima devagar, ouvindo o ganido contido contra seus lábios estreitos. Espiei, sob meus cílios, seu rosto; ele mantinha os olhos fechados e a mandíbula travada. Lambi toda sua extensão mais uma vez, ainda com a ponta da língua percorrendo os trajetos de suas veias; quando a ponta alcancei sua glande, afastei meus lábios e envolvi seu membro todo com a boca. retesou seu corpo por completo, em silêncio. Suguei-o, sentindo a saliva lubrificando o ato antes de deslizar meus lábios ao seu redor mais uma vez. Chupei, hm... Carinhosamente, tentando fazê-lo relaxar, mas tudo o que ele fez foi ficar ainda mais tenso, se controlando com os lábios cerrados numa linha reta. Eu não podia deixar as coisas assim. Oh, não. Eu teria que mostrar a o que eu significava ser meu.
— Olha pra mim — eu ouvi sua voz macia pedir, e apertei meus lábios ainda mais, voltando a sentir os seus rodeando meu membro, depositando um beijo na ponta. Abri os olhos, baixando meu olhar até onde ela estava, e no momento em que ela notou que eu a olhava, me sugou de forma tão sensual e perfeita que não pude evitar que um gemido necessitado escapasse de meus lábios. sorriu, roçando seus lábios fartos e quentes contra a ponta do meu pau. — Assim. — Ela disse baixinho. — Não quero que feche seus olhos. Pode fazer isso por mim?
Corei ainda mais, fazendo que sim com a cabeça.
E então, ela voltou a me chupar.
Na hora, eu não soube que tipo de fantasia tinha passado pela minha cabeça nas últimas semanas, porque, comparado àquilo, qualquer ilusão se resumia a nada. O jeito com que ela enrolava sua língua contra minha ereção, enfiando tudo o que podia na boca, me deixando sentir os músculos de sua garganta tentativamente ao redor da ponta... Era demais, melhor do que qualquer imaginação. Nos meus sonhos, eu não adivinhava a maciez de sua língua, nem mesmo a superfície escorregadia de suas bochechas pressionadas ao meu redor e, principalmente, aqueles olhos putamente verdes que piscavam dóceis enquanto ela me levava à loucura. Ela me fez gemer. Uma vez após a outra, aparentemente amando me ouvir tanto quanto eu amava ouvir os sons de suas chupadas facilitadas pela sua saliva quente.
Eu tive que fechar os olhos algumas vezes... Para sentir melhor. Para absorver a sensação, tentando me controlar para não gozar de uma vez. Devia ser sonho... Só de pensar naquilo, eu sentia meu corpo tenso; a ideia de que todo o acontecimento podia ser coisa da minha cabeça me enlouquecia, me deixava puto, com raiva, com vontade de abrir meus olhos e encará-la até ter certeza de que era verdade porque eu estava enxergando. E toda santa vez que eu os abria, lá estava ela.
Me deixando arrepiado dos pés à cabeça com seus lindos olhos verdes.
aumentou o ritmo de seus lábios sobre mim, usando uma das mãos para me masturbar enquanto a outra tocava meus testículos com cuidado, um contraste mais do que nítido com os movimentos de sua boca. Levei minha mão aos seus cabelos, mantendo-os afastados de seu rosto enquanto segurava os fios entre os dedos, tentando acariciá-la como recompensa, procurando fazer algo que a agradasse enquanto continuava deixando meus suspiros e gemidos se fazerem ouvir, visto que ela parecia se sentir motivada ao escutar cada um deles, intensificando seus atos. Que perfeita... Puta merda, Deus ou a porra que fosse teria que tê-la feito para mim. Me recusei a acreditar que tivesse outra garota no mundo que fizesse aquilo tão bem, me obrigando a contar até dez para não gozar de uma vez, procurando por todas as maneiras de prolongar o momento ao máximo.
Acompanhar seus esforços deliciosos para me levar ao clímax me fez afundar o corpo no colchão, segurando seu cabelo com força enquanto eu sentia meu estômago formigar, o espasmo descendo pelo meu corpo até que eu estivesse jorrando dentro de sua boca, sua mão ainda ativa em meu membro, não parando por um segundo enquanto eu gozava. Fechei os olhos, unindo minhas sobrancelhas e gemendo o mais baixo que pude, respirando profundamente ao sentir as últimas gotas deixando meu corpo, abrindo meus olhos parcialmente para vê-la engolindo, o movimento de sua garganta me atraindo com tanta veemência que, mal me recuperei, quis beijá-la ali, enchendo-a de chupões e mordidas.
lambeu os lábios, me direcionando um sorriso tão puro que só o que pude fazer foi sorrir de volta. Seu corpo se moveu na cama até que ela estivesse com uma perna em cada lado do meu corpo, apoiada em suas mãos para subir em cima de mim e levar seu rosto à altura do meu, ameaçando me beijar. Toda vez que ela se aproximava, me nocauteando com seu perfume de sabonete de limão, minha cabeça rodava, ordenando que meus lábios zonzos buscassem insones pelos dela. E então ela se afastava quando eu estava prestes a beijá-la, encostando sua testa na minha e soltando sua respiração calma contra minha bochecha. A ponta do meu nariz foi acariciada pela dela, e antes que eu notasse, estava com a mão na lateral de seu rosto, meu polegar alisando seu lábio inferior, captando toda a temperatura daquela parte dela em especial que eu adorava.
— Você é lindo — disse ela, me pegando desprevenido quanto às suas palavras e sua mão sobre a minha, agora distribuindo carinhos pelos meus dedos longos. — Lindo e meu. Gostoso demais. — Ao final da frase, ela mordeu meu polegar devagar, sem causar dor, um ato tão sexy que minha boca ficou cheia de saliva de novo. — Fala comigo, .
Era muito errado eu ter um fraco por ela me chamando pelo meu apelido?
— Oi... — consegui dizer, percebendo o quão idiota havia soado um segundo depois.
— Oi — ela repetiu, sorrindo. — Sabia que não consigo te tirar da cabeça desde aquela noite?
Eu soube que minha reação ainda chocada alargou o sorriso dela, estabelecendo o paradoxo que era me sentir confortável com a informação e com a maneira natural com que ela lidava com aquilo, ao mesmo tempo testemunhando cada fibra do meu ser derreter por dentro pela mesma causa.
— Sério? — perguntei, enrubescendo. começou a rir, me fazendo esconder o rosto com as mãos.
— Ei, ei! — Ela segurou meus braços com as mãos, forçando-os a destampar meu rosto. — O que foi que eu disse sobre se esconder?
— Você me deixa nervoso — eu admiti, parando de resistir e permitindo que ela descobrisse meu rosto. prendeu meus punhos de cada lado da minha cabeça.
De novo, senti a ponta de seu nariz contra o meu.
— Isso é ruim? — perguntou ela, me envolvendo completamente com seu jeitinho calmo de fazer carinho.
— Eu tenho vergonha.
— Não precisa ter, bobo. — Daquela vez, ela mordiscou meu lábio inferior. A observei enquanto ela se afastava um pouco, jogando o cabelo para um lado de seu pescoço, deixando-o cair sobre seu ombro. Seus olhos brilhavam, alegres. — Eu também quero que você me faça sua. Se você quiser, claro...
Eu não conseguia mais desgrudar meus olhos dela, ao passo que ela permitia que eu a encarasse, viciado nos seus lábios e sentindo meu coração acelerado enquanto baixava meu olhar para os ossos de sua clavícula, seus seios fartos, a linha sinuosa de sua cintura, os quadris... Ela possuía uma marca de nascença na lateral, logo acima da coxa, algo que reteve minha atenção por um tempo considerável. Eu nem precisava dizer que estava vermelho, cerrando minha mandíbula ao deixar minha mente vagar pelo significado do que fazê-la minha queria dizer.
Eu ainda estava com medo de que tudo aquilo fosse mais um sonho.
— Na noite em que você dormiu comigo, eu... — comecei, surpreso por ouvir minha voz tão nítida. Como distração, toquei a curva de seu pescoço, passando a ponta dos dedos pela sua clavícula. Macia pra caralho. — Eu sonhei que... Que eu e você havíamos... — me recusei a olhar para seu rosto, sabendo que a vergonha me travaria caso o fizesse. — Droga, eu sonhei que a gente tinha transado.
Para evitar qualquer reação que me deixasse retraído, levei minhas mãos aos seus seios, apertando-os devagar. Meus olhos captaram o pequeno sorriso que abriu. Seus peitos cabiam perfeitamente em minhas mãos, e fiquei ainda mais arrepiado quando constatei seus mamilos enrijecidos contra minhas palmas.
— E...? — perguntou ela, suspirando.
— E depois daquilo eu não consegui te tirar da cabeça, também. Eu tô com medo de acordar amanhã e perceber que isso foi só um sonho.
Meus polegares desenharam círculos ao redor de seus mamilos, enquanto eu ainda apertava o que conseguia com os dedos, erguendo minha cabeça para acabar com a distância entre eles e minha boca.
gemeu, em seguida afagando meus cabelos, preservando uma mão fixa na parte de trás da minha cabeça enquanto a outra acariciava lentamente, tão delicada que lambi seus mamilos com a mesma suavidade, ouvindo mais um de seus suspiros profundos.
— O que eu preciso fazer pra te mostrar que dessa vez é verdade? — questionou ela.
Me afastei o suficiente para responder com todas as palavras:
— Me deixa tocar você. E me deixa saber se... Se você não gostar...
Inverti nossas posições, deitando-a na cama, maravilhado ao ver me mimando com seu olhar legítimo de afeição, seus dedos voltando a se enrolar em meus cabelos quando minha boca retornou aos seus seios, lambendo-os e beijando cada pedacinho, minhas mãos ocupadas em apertar o seio livre enquanto o outro era amaciado pela minha boca. O cheiro dela me ensandecia, assim como fazia a brandura de sua pele e a intensidade de seus suspiros. Sem me afastar, levei uma de minhas mãos até seu sexo, ao que separou suas pernas, dando total acesso aos meus dedos para acariciá-la ali. No primeiro contato, meus dedos ficaram totalmente molhados e aquecidos, e deslizei meu dedo pela sua entrada, subindo até encontrar seu clitóris inchado. A reação dela foi imediata, contendo um gemido alto e movendo um pouco seu quadril contra minha mão.
— Assim? — perguntei, tirando meus lábios dela para observá-la enquanto juntava meus dedos e começava a tocá-la devagar ali.
— Isso. — Agora, ela estava apoiada em seus cotovelos, contemplando atentamente cada segundo daquilo, enquanto eu distribuía beijos longos pela sua barriga, cada vez mais escorregando em direção à sua intimidade. Ergui meus olhos para encará-la, meu olhar retribuído por suas íris esverdeadas expondo sua excitação. Quase perdi a noção do que estava fazendo quando começou a apertar o próprio seio, pressionando seu mamilo entre os dedos e umedecendo os lábios, sem tirar os olhos de mim. — Pode ir mais rápido... E, se quiser enfiar seus dedos...
Eu já estava com a ponta do dedo médio penetrando-a quando cortei sua frase; ela gemeu para mim, apertadinha. Ainda estava nervoso, mas aquele ato era o tipo de coisa que me passava confiança enquanto se contraía ao redor do meu dedo. Penetrei-a devagar, me certificando de que meu indicador ficasse dobrado e tocasse diretamente seu clitóris em carícias rápidas que duravam apenas quando meu outro dedo se curvava dentro dela. Puta que pariu. Aquilo era muito gostoso. Ela não tinha noção do quanto me deixava tonto quando gemia pra mim, sons tão deliciosamente pornográficos que me senti começar a endurecer de novo, aliviado por saber que poderia aguentar mais uma. A pequena amostra que meu dedo obtinha dentro dela estava me deixando um pouco desesperado para que eu mesmo a sentisse do jeito apropriado.
Continuei as carícias, iniciando uma sequência de beijos aplicados sem força em sua coxa, amando a forma quase amorosa como seu punho se fechava e abria para acarinhar minha cabeça. Aumentei a velocidade repentinamente, sentindo o colchão repuxado pelo movimento súbito dos quadris dela incentivando meus dedos.
— O-onde você aprendeu isso? — perguntou, meus olhos fixos nos seus, tão nublados e repletos de prazer que eu xinguei baixinho, o palavrão perdendo-se no outro beijo que plantei sobre sua pele. — É tão bom, .
Minha garganta formigou, seca; antes que eu caísse em mim, estava cara a cara com sua intimidade, a ponta da minha língua desenhando linhas de vai e vem contra seu clitóris.
barrou a boca com a mão, escondendo uma espécie de gemido tão prazeroso que eu perdi a cabeça com aquilo. Eu tinha todo o seu corpo reagindo unicamente ao meu dedo e à minha língua, fato que estranhamente me deixou cheio de tesão e com mais vontade de vê-la se contorcer. Eu tinha sua boca perfeita aberta para que seus sons monstruosamente excitantes preenchessem meus ouvidos; suas pernas abertas, me proporcionando sentir seu gosto delicioso. Merda. Eu poderia passar o ano inteiro daquela maneira, só pela satisfação de tê-la para mim.
Mal esperei que ela se recuperasse, voltando a lamber seu clitóris em movimentos rápidos que me fizeram mexer a cabeça de um lado para o outro entre suas pernas. Seu gosto me alcoolizou, agridoce, responsável por toda a saliva que passava de minha língua para ela, lubrificando ainda mais o contato; e quanto mais fácil parecia para mim deslizar meus lábios por aquela parte sensível dela, mais ela parecia gostar. Estava dividido entre todas aquelas sensações: a mão dela segurando minha nuca sem tanta delicadeza, aumentando a vontade de tê-la nos meus braços. Meu membro duro implorava por atenção enquanto eu simplesmente não parava; apenas um retardado seria capaz de tamanho erro. Adicionei mais um dedo ao penetrá-la, dessa vez deixando que ela encontrasse meus lábios ao erguer um pouco os quadris, oscilando em busca de toque. Minha língua a recebeu, pronta, lambendo seu clitóris em movimentos circulares. Pela forma como ela puxou meu cabelo, acreditei que estivesse próxima.
Podia não parecer, mas eu estava quase gozando também.
— ... Eu preciso... Eu vou... — encarei-a sem sair do lugar, evitando piscar para não perder um segundo de seu rosto moldado na mais pura tortura, mordendo o lábio enquanto agarrava com força o edredom com um dos punhos, mantendo os quadris estáticos enquanto meus dedos metendo nela produziam sons extremamente pornográficos, minha mandíbula doendo de tanto lambê-la. — Não para.
Aquilo podia doer de alguma forma, mas eu nunca pararia sabendo que ela estava prestes a gozar na minha boca. Dei tudo de mim, esquecendo tudo o mais enquanto a lambia freneticamente, sem deixar de estocar meus dedos em sua entrada apertada que contraía com mais freqüência a cada investida. deixou sua cabeça tombar no travesseiro, e reconheci seus gemidos abafados cada vez mais profundos e urgentes.
Todos os palavrões possíveis e irracionais encheram minha cabeça no exato momento em que eu a senti cingindo seus músculos com força ao redor de meus dedos. Suas costas arquearam contra o colchão, suas mãos perdidas em meus cabelos enquanto ela tremia, afundando os quadris na cama em seguida, respirando profundamente, olhos fechados, boca entreaberta, cada um dos seus dedinhos vacilando entre carinhos confusos... Sua intimidade pingando na minha língua, enchendo minha boca com o gosto do seu orgasmo. Que delícia. Eu não soube descrever a sensação, gemendo contra sua entrada enquanto a lambia uma última vez, absorvendo o máximo que pude de seu líquido antes de umedecer meus lábios, desenhando um caminho de beijos lentos e carinhosos que subiam à medida que ela se recuperava.
Eu não estava sonhando.
Caralho, eu não estava sonhando.
Ela estava me beijando de novo.
E agora era pra valer.
Eu nunca havia gozado com tanta intensidade antes na boca de um cara. Nunca havia tremido como acabara de tremer, drogada e ansiosa pelos toques de . O que era aquilo? Não, sério, o que era aquilo? Uma pequena parte do meu cérebro ficou incrédula enquanto ele não parava de me beijar, nossas línguas íntimas desenhando círculos lentos uma ao redor da outra. Me peguei ofegando contra sua boca. Ele me enlouquecia, inteira, deixando pouco controle para que eu pudesse me gabar. Não importava, na verdade, quando tudo o que eu queria era pertencer a ele, o cara que sempre havia sido um estranho para mim e que, agora, me beijava com vontade, submetendo minhas costas às suas mãos fortes e grandes. Eu podia sentir meu próprio gosto em nosso beijo, quebrado para que eu pudesse respirar.
— Como foi? — perguntou.
Ele realmente não sabia?
— Forte — respondi, encarando-o nos olhos antes de depositar um selinho em seus lábios. — e perfeito. Você sabia o que estava fazendo.
escondeu o rosto em meu pescoço.
— Na verdade, não...
— Como assim? — Minhas unhas passaram por suas costas sem força, aleatórias. — Foi a sua primeira vez chupando uma menina?
Sua respiração profunda me deixou arrepiada. Eu não podia dizer que não gostava de ser direta com ele.
— Não, mas... Mas... — eu amava quando ele tentava articular as palavras daquela maneira. — Mas é com você, sabe? Isso deixa as coisas um pouco difíceis.
Eu sorri. Ele era a coisa mais fofa e sexy que eu já havia encontrado.
— Por quê?
Segurei uma exclamação ao que mordeu meu ombro, em seguida beijando a área, não desgrudando seus lábios da minha pele enquanto não tivesse chegado até minha orelha, mordiscando meu lóbulo antes de passar sua língua por ele.
Me segurei com firmeza em suas costas, com os braços pousados em seus ombros.
— Porque eu sou doido por você...
— Desde aquele seu sonho?
— É.
Tentei não gemer com seu toque molhado na minha orelha, fazendo arrepiar cada mínimo pelo do meu corpo. Aquela língua... Puta que pariu. É só uma língua, , menti.
— Agora é verdade e você sabe que eu te quero. Você me pegou enquanto eu me tocava pra você, só pra você — sussurrei contra seu ouvido, satisfeita ao sentir seu membro ereto cutucando minha coxa. Ele continuava me surpreendendo. — O que você vai fazer, ?
Sem esperar pela sua resposta, deslizei minha mão por entre nossos corpos, alisando seu membro devagar.
mordeu a ponta da minha orelha, e para me vingar da dor, apertei-o entre meus dedos.
— Eu vou... — ele começou, movendo uma de suas mãos para afastar minha perna, deixando-me acessível a ele. — Eu vou fazer o que você estava pensando.
Porra.
— Deixa eu te ajudar — murmurei, virando-o na cama, ficando por cima.
Eu nunca me cansaria do seu olhar de tesão sobre mim.
Sentei-me em seu colo, uma mão apoiada em seu ombro enquanto a outra puxava o cabelo de sua nuca com um pouco de força, obrigando-o a ficar com o rosto na direção do meu. mordeu o lábio, tentando ter autocontrole, sentindo minha intimidade começar a baixar sobre seu membro, envolvendo sua ponta. Eu mesma gemi baixinho, olhando-o fixamente nos olhos, aproveitando o momento sexy e cheio de tensão.
— ... — ele chamou. — A... A camisinha...
— Eu tomo pílula. — Num primeiro momento, não entendi por que minha frase o descontrolou um pouco, já que seus dedos estavam no segundo seguinte me forçando para baixo, fazendo meus joelhos fraquejarem. Quando o senti em mim, grande e totalmente duro, compreendi. Aquilo era urgência.
Em qualquer outra ocasião, a vadia em mim teria feito com que ele esperasse mais, sentindo centímetro por centímetro de seu membro envolto por mim lentamente. No entanto, como aquele era e como as coisas mudavam com ele, não tive objeções quando ele forçou meu quadril para baixo com força.
Preenchendo-me por completo.
Eu já havia feito sexo na vida vezes o suficiente para saber que coisas como aquela não existiam. Não. Não podia ser verdade. Eu não era adepta aos pensamentos de que coisas perfeitas eram possíveis e, mesmo assim, lá estava eu, olhos fechados por instinto, um gemido alto que não deveria escapar enchendo meu ouvido com o som arisco em uníssono com o de . Droga. Eu nunca havia sentindo coisa igual, tendo que permanecer quieta por alguns segundos, finalmente abrindo meus olhos ao sentir o toque de em minha cintura. Sua expressão denunciava o prazer que ele estava sentindo com aquilo e, concentrada nas mínimas reações de seu rosto, ergui o quadril devagar apenas para sentar nele de novo e de novo. Meu braço começou a doer por causa da força que ele exercia ao manter a nuca dele fixa, obrigando-o a me olhar. Montei-o até a base de seu membro, rebolando com lentidão. Senti suas mãos escorregando para minha bunda, não para guiar meus movimentos, apenas para firmá-los, apertando minhas nádegas com tanta vontade que eu sabia que deixaria algumas marquinhas ali. No momento, eu não poderia me importar menos. Na verdade, não soube o quanto precisava daquele contato até possuí-lo.
Murmurando algo sobre ele ser “grande”, voltei a sentar em diversas vezes, aumentando a rapidez de meus movimentos a cada cavalgada, os toques de suas coxas contra as minhas propagando sons brevemente violentos enquanto eu o beijava para conter meus gemidos. Meus lábios eram presenteados pelos seus suspiros e gemidinhos, responsáveis por aumentar minha excitação. Eu estava praticamente com meu líquido escorrendo pelo seu membro a cada vez que minha entrada provocava sua glande antes de descer outra vez, e o rosto dele... Deus me ajudasse. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto, suas sobrancelhas grossas e sublimes arqueadas, as narinas infladas com sua respiração rápida, os olhos desesperados por mais... Eu não ficaria surpresa se a diversão acabasse antes mesmo de começar para mim.
Fechei os olhos, me curvando de forma a me apoiar em seus ombros, largando seu cabelo. deve ter percebido meus joelhos vacilarem, já que agarrou meu quadril de maneira a paralisá-lo, erguendo seus quadris de forma a me penetrar. Céus, eu gemi, tentando não gritar e acordar e a vizinhança inteira, sentindo sua extensão investir profundamente em mim, me resumindo a uma bagunça de contrações. Suas estocadas me enlouqueciam tanto que meus músculos se contraíam ao seu redor sem que eu ordenasse, esperando senti-lo inteiro para apertar toda a sua dureza. Eu sentia o suor escorrendo pelas minhas costas, meu coração acelerado sendo um eufemismo ridículo, minhas pulsações velozes e minha mente nublada. Era inexplicável.
Sem aviso, ergueu a parte superior de seu corpo, empurrando-me para baixo de si com toda a força de seus músculos. Mal afastei minhas pernas, o senti me penetrar mais uma vez, iniciando uma série de movimentos ágeis que me golpeavam exatamente como eu precisava. Me vi com as mãos apoiadas nas laterais de sua barriga enquanto as dele faziam carinho em minhas pernas, sustentando um pouco de suas forças em minhas panturrilhas enquanto movia o quadril deliciosamente para frente e para trás. Seu cabelo preto estava bagunçado por meus dedos, seus lábios sussurrando como ele me achava linda, seus gemidos virando urros baixos. Eu me afundava em seus olhos, tomada pela incrível sensação de pertencer a ele, sendo a causa e a conseqüência de seus sonhos, sabendo que ele estivera esperando por aquele momento assim como eu, talvez ainda mais do que eu...
— Perfeito... — me ouvi dizendo, o pensamento tomando forma em meus lábios, e sem poder me conter, levei meu rosto até o dele, beijando-o freneticamente, precisando sentir tudo o que ele podia me dar, cada vez mais próxima de explodir. — — chamei. Ele me olhou com atenção, sem deixar de se mover. — Eu estou... Quase lá...
Para minha surpresa, ele desacelerou seus movimentos.
Eu o olhei com dúvida, tendo certeza que um biquinho infantil se formou em meus lábios no exato momento em que baixei minhas mãos para a sua bunda, tentando forçá-lo contra mim. Por que ele havia parado?
— Eu não... — começou a se explicar, e eu soube pela sua expressão tesa e controlada que aquilo estava sendo absurdamente difícil para ele. — Eu não quero que acabe.
— A gente pode fazer de novo. — Meus lábios encontraram os dele, e continuei a falar entre os beijos: — E de novo... E de novo... E de novo...
— Você é tão boa. — Ele confessou, íris escuras, seu tom de voz tão sensual que gemi ao ouvi-lo, e, para meu alívio, ele voltou a me penetrar, acelerando aos poucos.
— Eu preciso de você, . Eu preciso que você deixe acontecer. — Minha voz possuía um tom de súplica que pensei que nunca ouviria, falhando quando senti outra de suas estocadas indo a fundo, me fazendo ver estrelas. — Eu preciso que você faça acontecer.
Eu havia dito a coisa certa.
Eu não soube como a cama nos aguentou, visto que nossos movimentos um contra o outro foram tão intensos e fortes que eu ouvia vez ou outra a cabeceira da cama batendo na parede. Os segundos pareciam não ter sentido algum enquanto eu me derretia em seus braços, tomada pelo seu corpo colado no meu, seus movimentos me levando diretamente ao céu, gozando comigo ao fim da nossa primeira vez juntos.
Não consegui enxergar nada por alguns segundos, incapaz de fazer qualquer outra coisa além de respirar seu perfume e senti-lo ainda em mim. Me senti em território desconhecido, mesmo estando na cama em que já havia dormido algumas vezes. Meus sentidos voltaram aos poucos, me fazendo perceber que ainda estava em cima de mim, estático, respirando fundo. Seus olhos estavam fechados; sua boca, fechada. Ele parecia concentrado.
Céus, eu tinha que ficar com ele. Um longo tempo se passou antes que eu me pronunciasse.
— ...
Ele murmurou, sinal de que estava me ouvindo.
— Você está me esmagando um pouco...
Ele abriu os olhos. Sua expressão estava tão tonta que senti vontade de rir, mas me controlei. Seu corpo tombou ao meu lado, e assim que ele se recuperou, aninhei-me ao seu peito, ouvindo as batidas de seu coração.
Eu estava acabado.
Acabado no sentido literal.
Nunca havia sentido algo semelhante, meus músculos inteiramente relaxados acompanhando minha mente agora aliviada... Mesmo assim, enchia todos os meus pensamentos com o que havia acabado de acontecer, sua respiração audível, seu cheiro impregnado nas minhas narinas, seus gemidos retumbando pelas minhas memórias frescas. Merda. Era demais. Era... Incrível, era foda. Eu não sabia dizer se me acostumaria àquilo.
Senti-a aninhada ao meu peito, desenhando formas em minha barriga. Eu sentia um pouco de cócegas ali, e me permiti rir quando suas unhas rasparam na minha pele.
Ela ergueu o rosto, olhando para meu sorriso por um tempo.
— O que foi? — questionou, ao mesmo tempo em que ria junto comigo.
— Não foi sonho nenhum, não é? — perguntei, enfiando meus dedos em seu cabelo macio.
— Eu ficaria muito chateada se fosse — ela admitiu. — Eu sei que não é. — Seu sorriso tornou-se malicioso: — Ainda posso sentir.
Oh, eu também podia. Demoraria muito para que eu esquecesse como era pertencer a ela, como era fazê-la pertencer a mim. Não... Eu nunca seria capaz de esquecer.
— E agora? — perguntei.
— Você quer fazer de novo?
Eu ri, confortável.
— Mais tarde, sim. — Coloquei sua franja atrás da orelha, acarinhando sua bochecha com o polegar. — Mas eu quero saber o que acontece depois...
pegou minha outra mão e começou a beijar meus dedos.
— O que você quer que aconteça? — Ela perguntou, e eu reparei como ela gostava de saber o que eu queria. Isso era bom para mim, me fazia sentir importante.
Tentei não corar com o que estava prestes a dizer. Eu já havia pensando naquilo por algum tempo, então foi fácil encontrar a resposta:
— Quero te levar pra sair comigo... Conhecer você, saber quem você é, o que você gosta de fazer... Essas coisas, sabe?
ergueu as sobrancelhas num olhar doce, ainda beijando meus dedos com carinho, raspando os dentes sem provocar. Ela era linda demais. Eu precisava ficar com ela.
— Sei... — respondeu, em seguida beijando minha bochecha, ato que, não pude esconder, me fez corar. — Eu aceito.
Então, eu a beijei de novo, devagar, encaixando meus lábios nos seus como sempre havia desejado e como viria a desejar cada vez mais.
Em toda a minha vida, eu nunca me senti tão feliz.
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
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