Finalizada em : 29/08/2020

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Chapter Sixteen

Leonor deu high five com os seus novos amigos da fanfarra e respirou fundo, imensamente nervosa pelo que aconteceria a seguir. Era um risco imenso assumir o comando de uma fanfarra as vésperas do começo do campeonato? Óbvio que era! Mas o desejo de vingar os losers como Catherine insistia em chamá-los, era ainda maior.
A garota apertou as baquetas da sorte entre os dedos como se aquele fosse um exercício para se livrar da ansiedade e respirou fundo sacudindo o corpo para que todas as energias ruins saíssem. Se funcionava com a mãe dela, também funcionaria com a garota e de fato havia a deixado bem mais calma. Ela usava o uniforme de gala, assim como todos que estavam ali e nunca tinha se sentido tão bem em fazer algo extracurricular. Logo um burburinho eufórico tomou conta da pequena sala de música que eles estavam concentrados, o principal jogador de defesa do time tinha entrado com tudo, gritando boa sorte e cumprimentando todo mundo, além de gritar um “CADÊ MINHA IRMÃZINHA?”
Ela sentiu seu corpo ser abraçado com força por trás, enquanto o irmão a sacudia esperando a gargalhada estrondosa da moça, não demorando muito para que ela se fizesse presente.
- Ansiosa? – o rapaz que parecia até mais animado do que a pequena Len, deu um beijo na bochecha dela. – A mãe foi me ver no vestiário e depois te procurou com as líderes de torcida. – os dois riram.
- Eu estou morrendo de nervoso, ! – ela arregalou os olhos ao virar de frente para o irmão e ganhou mais um abraço apertado. – Com um medo horrível de não conseguir sozinha, sem falar que as chatas da torcida se recusaram a se apresentar junto com a gente. Então nós precisamos ser muito bons lá no ringue, bem melhor que elas.
- Leo, olha para mim! – Eliot segurou o rosto da irmã entre as mãos. – Vocês já são incríveis de qualquer jeito, superar as chatas da torcida vai ser molezinha! – o rapaz piscou e beijou a testa da irmã, deixando-a imersa em uma alegria imensa e muita gratidão. – Sem falar que você não está sozinha! Te trouxe dois presentes! – ele arregalou os olhos e mostrou dois dedos.
- O quê? – a menina riu ao procurar o tal presente.
- Primeira coisa: Uma fanfarra não pode funcionar sem uma Baliza e eu vou ser a baliza de hoje! – o filho mais velho dos fez uma pose bem feminina, ouvindo as risadas generalizadas, ganhando uns tapinhas encorajadores dos colegas de banda da irmã. – Não, mas sério! AAAAASH! – o grito arrastado fez a melhor amiga de Leonor entrar na sala com uma roupa completamente diferente do uniforme das líderes de torcida. Ela tinha largado?
Ashley usava um vestido justo com alguns babados na saia, bem característico das balizas das bandas marciais, porém um blazer igual ao de Leonor também enfeitava os ombros da garota, mostrando que ela não iria deixar a melhor amiga na mão. As duas garotas se abraçaram com força e o sorriso de Leonor só ficava ainda mais genuíno.
- E o segundo presente? – Leo perguntou agarrada no braço da amiga, vendo o irmão sorrir largamente e igualzinho ao pai.
- Eu vou cantar com você! – filho inflou o peito.

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- O quê? – levantou da arquibancada, tentando enxergar o que a mulher gritava eufórica e arregalou os olhos claros. ERA MESMO LEONOR! Mas ela não fazia parte das líderes de torcida? Ele não contou conversa para gritar ainda mais, mostrando o quanto estava orgulhoso das escolhas dela, principalmente quando relacionadas à música, afinal o vocalista de uma das maiores bandas emo também tinha começado na banda do colégio tocando saxofone. Ele e o Jeff, na verdade. – É A MINHA FILHA! ELA É A MINHA FILHA! – os berros de um homem na casa dos quarenta, despertou as gargalhadas de quem estava perto, o fazendo passar ainda mais vergonha do que possivelmente tinha passado ao ir no vestiário.
Alex estava aos gritos, colado na grade de proteção e torcendo fervorosamente para os irmãos de outra mãe, enquanto segurava com força a de Madeleine em uma recomendação atenciosa da mãe sobre não se afastar da namorada do filho, que tinha virado a melhor amiga da criança. Os dois estavam eufóricos ao gritar o nome de Leonor a plenos pulmões, ganhando um tchauzinho bem animado da moça que já se ajeitava atrás da bateria, logo após cumprimentar todos os colegas de banda, desejando sorte.
e sacaram os celulares das bolsas e quase de uma forma sincronizada, começaram a filmar o momento de euforia daquela família. Poderia realmente não indicar nada, mas para e , ver Leonor assumindo o comando de uma banda, tocando bateria e mostrando seu incrível talento, era indicativo de que a garota seguiria na música sim. Talvez até produção musical dali uns anos, quem sabe até pudesse produzir algum álbum do Simple Plan.
Era de deixar qualquer um extasiado em ver o quanto eles pareciam felizes e bem organizados.
A diretora do colégio fez o discurso inicial do campeonato e logo em seguida, deram o start nas apresentações. As líderes de torcida deveriam dançar ao som da banda marcial, mas depois de tanta inveja e intriga da capitã, as funções separaram e seriam dois shows diferentes. Os dois times de hockey entraram no ringue de patinação dando tchau para quem estava por ali e assim, o time da casa foi muito mais aclamado pelo público. A programação seguiu com a apresentação da fanfarra que começou bem tradicionalmente com o hino do Canadá, passando para algumas canções famosas no século anterior e na terceira parte do show, as músicas mais atuais eram misturadas ao toque tradicional. Tudo perfeitamente alinhado no tempo certo!
Os acordes da fanfarra mudaram como em um mixer extremamente bem preparado, não restando dúvidas de que aquela produção era obra de Leonor, uma das mais incríveis, inclusive. A bateria trazia as melhores batidas e que introduziam uma música muito conhecida por e e grande parte dos adolescentes daquele colégio, a moça comandou junto com trompetes a melodia inicial de Loser Of The Year, em um rebote de muito bom gosto para a atitude mais do que infantil da capitã das líderes de torcida.
- HOLY SHIT! – a dupla que fazia parte da banda gritou em sincronia quando identificou o que Leonor estava tocando e em questão de segundos, o principal jogador de defesa da equipe de hockey subiu ao palco com um microfone em mãos.
Se um estava dentro da briga, o outro automaticamente estava. Two go in, two go out! Era o lema dos irmãos mais espertos que aquele colégio conhecia. O garoto começou puxar as palmas que eram dificultadas um pouco pelo aparato de proteção, mas mesmo assim conseguiu mobilizar três arquibancadas inteiras com a ajuda de Ashley do outro lado do palco improvisado para a fanfarra. A música atingiu o clímax rapidamente, mostrando o quanto a garota tinha todos os trejeitos para seguir na música, principalmente quanto tinha um padrinho baterista dos bons, um ídolo que não ficava para trás e um pai que não fazia feio quando precisava assumir uma bateria. Todos os músicos do colégio estavam igualmente animados, parecendo estar realmente se divertindo com a nova roupagem das apresentações. Leonor se movimentava com todos os trejeitos de quem dominava aquele instrumento há muito tempo e já tinha perdido a cartola que fazia parte do uniforme de gala de tanto se mexer para proporcionar os movimentos mais amplos as baquetas, o blazer preso na cintura e o sentimento de alguém que estava finalmente no seu lugar. Precisando apenas daquele refrão para transformar um estádio improvisado inteiro em perdedores do ano sem qualquer intenção pejorativa.
- You make me wanna shut it all down, throw it all away, cause I'm nothing if I don't have you. filho puxou o coro em uma afinação divina e uma voz grave que se diferenciava bastante dos dotes vocais do pai, embora tivesse a mesma presença marcante do vocalista do Simple Plan, deixando os pais e os tios de queixo caído com o talento enrustido do rapaz. – What's the point of being on top, all the money in the world, If I can't blow it all on on you.
E em mais uma das mudanças ensaiadas, a bateria parou em fade, enquanto os trompetes, tubas, saxofones, surdos, clarinetes e taróis continuavam a todo vapor em uma mistura clássica que tinha ficado linda naquela nova roupagem.
- So, send the cars back, put the house on the market and my big dreams too. pulou de um lado para o outro. – Because it's all so clear, now without you here… - Leonor levantou da bateria enquanto o irmão cantava e bateu as baquetas, presente autografado do Judd, três vezes uma na outra, o comando para que toda a fanfarra se calasse e a voz deles pudessem ser ouvida em um dos maiores bordões de afronte.
- I'M THE LOSER OF THE YEAR! – o grito foi ensurdecedor de todos, exatamente todos que estavam em cima do palco, sendo muito bem decorado com os famigerados L feitos com o dedo indicador e polegar da mão direita.

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A festa pós jogo não tinha sido pequena, mesmo que os moleques da Green Park tivessem perdido a partida por um ponto apenas, os gritos da torcida em apoio eram ensurdecedores fazendo os meninos se sentirem vencedores mesmo perdendo o jogo. Aquele tinha sido um começo de campeonato e tanto, realmente incrível e como de praxe, o capitão do time dava uma festa em casa para comemorar.
filho estava afundado no sofá de casa, juntamente com os pais, enquanto esperava Leonor e a namorada descerem para que o trio pudesse comemorar junto com os amigos. Aquela era a primeira festa que a mocinha dos ia e por mais que eles fossem adolescentes, a aprovação dos pais para tudo que faziam sempre vinha em primeiro lugar. Já e o marido, não estavam tão seguros e confortáveis assim em saber e ter autorizado o casal de filhos a ir na tal festa, mas sabiam que proibir era pior, porque já tinham sido proibidos quando da mesma idade, porém não impedira tudo que aconteceu na época.
Era melhor dar liberdade aos poucos e mesmo assim conseguir controlar os dois.
- Que hora é para chegar em casa? – Eliot perguntou ainda encolhido do outro lado do estofado, a mãe que parecia bem entretida com uma taça de vinho tinto.
- Como combinamos. – a mulher piscou esperta. – Usem o bom senso. Quero ver se posso confiar em vocês.
- A gente confia em vocês. Não abusem! – apareceu na divisória de vidro que separava a enorme cozinha da sala de estar, também segurando uma taça na mão e parecia carregar uma tábua com queijos em cubos.
- Uuui, festa do vinho e queijo? – o rapaz levantou do sofá, enfiou o celular no bolso traseiro e abriu um sorriso que condenava os pais.
- Para mim e sua mãe. Não abusa, ! – o outro apoiou os petiscos na mesinha de centro e tentou olhar intimidador para o filho, ouvindo o rapaz rir, depois levantar as mãos em rendição.
- Tudo bem, tudo bem, pode deixar. Sem abusar! – ele piscou e passou para o pé da escada. – LEONOR! MADELEINE! DESÇAM!
- ESTAMOS DESCENDO! – a estudante de Designe de moda soltou um gritinho meio esganiçado pelo alvoroço do namorado e em questão de segundos, as duas apareceram na escada. Estonteantes!
- Ninguém chega na festa antes que ela comece, ! – Leonor arregalou de leve os olhos e pulou o último degrau, uma mania que a menina nunca tinha deixado. Ela vestia calça jeans preta, uma camiseta clara de mangas longas e uma bela jaqueta de camurça cor chocolate, estando até simples para a maioria das garotas que iam nessas party house, mas estava realmente muito linda só por ser ela. Madeleine rolou os olhos com a impaciência do namorado e repousou o braço em volta do pescoço da amiga. – E a Ashley me ligou, pediu para gente ir lá encontrar ela e o Matt.
- Ele vai? – Eliot enrugou o nariz em confusão. – Achei que não frequentava mais essas festas. – o moço debochou pelo atual status de universitário do melhor amigo e quase foi morto pela namorada com um só olhar.
- Você está me ofendendo. – a garota que ainda era um ano mais velha que Matthew arregalou bem os olhos para filho, vendo o moleque encolher os ombros e se praguejar terrivelmente por ter feito a piadinha infame.
Logo pai sentiu o queixo quase descer ao chão com a reação do filho, parece que alguém ali também comia na mão da namorada. cobriu a boca prendendo a gargalhada que queria sair quando o viu se apavorar para corrigir o assunto e a moça se adiantou dizendo que não precisava.
- Pau mandado! – a provocação do quase quarentão veio em forma de tosse, atiçando o filho como se os dois tivessem a mesma idade. O homem virou o corpo para cumprimentar as meninas e sentiu a pontada figurada no coração ao ver sua filhinha tão linda e crescida. – Só vai ter você de garoto nessa festa, né ? – o vocalista do Simple Plan perguntou na vã esperança que sim.
- Eu vou cuidar das duas, pai! – o rapaz riu e bateu de leve no ombro do genitor, sendo levemente puxado para um beijo na cabeça, recebendo outro da mãe.
- Vocês estão LINDAS, meus amores! – encheu os olhos para elogiar as duas mocinhas que eram bem presentes em sua vida. De alguma forma, ela nutria sentimentos maternais até com Madeleine. – Maravilhosas!
- Tá linda mesmo, ai que desespero! Conto com você! – o homem apontou para o filho, embora estivesse bastante nervoso com a ideia de Leonor começando sua vida social adolescente. Céus, por que era tão esquisito sempre lembrar que ele tinha começado flertar com a esposa quando ela tinha a idade de Leonor?
O trio festeiro soltou as risadas mais divertidas com o desespero de pai, logo se despedindo dos adultos e ouvindo as recomendações de nada de bebida alcoólica para quem era menor de idade, principalmente Leonor que nunca tinha botado uma gota de álcool goela abaixo. ainda era aceitável uma mísera garrafinha de ICE ou cerveja e ele que se contentasse com aquilo, ainda mais quando os pais sabiam que não precisava de bebidas para fazer uma festa ser legal e sabiam ainda mais que a única recomendação respeitada era a da filha mais nova, que realmente não beberia.
- Juízo, hein? – a mulher apontou com o indicador para os três. – Ninguém me esconde nada e se eu descobrir alguma coisa...
- A gente sabe, mãe! – os irmãos disseram em coro. Eliot agarrou a mão da namorada e da irmã, buscando puxá-las dali antes que os pais superprotetores desistissem de deixar irem a festa.
suspirou meio angustiada por entender que eles não precisavam mais dela tanto assim e encostou o rosto na mão, ouvindo a risadinha debochada do marido assim que a porta fechou com um baque, embora o barulho não tenha abafado o grito de Eliot mandando que os pais providenciassem mais um irmão para ele. A mulher rolou os olhos e antes que pudesse resmungar pela ousadia do filho, encontrou o olhar do marido tão perdido quanto o dela, restando aos dois apenas uma gargalhada estrondosa.
- Eu sinceramente, achei que você fosse apoiar essa loucura! – verbalizou até meio desesperada.
- Eu estou ficando velho, Tetê. Não doido. – ele se largou ainda mais no sofá, abraçando a esposa pela cintura e trazendo ainda para mais perto dele, à medida que aconchegava os dois naquele chamego gostoso. sorriu de uma forma imensamente espontânea ao ouvir aquele apelido tão antigo e que só o pai dela costumava chamá-la. – Fui longe, né? – o homem riu com a boca vibrando contra o ombro dela.
- Muito longe. – a enfermeira arregalou de leve os olhos e não demorou para circundar o pescoço dele com um dos braços e enfiar os dedos entre os cabelos dele, começando um cafuné pesado. – Mas jura que eles querem um irmão agora? – os dois dividiram a taça de vinho, além de uma careta desgostosa.
- Essa fase já passou para nós dois. – soltou um suspiro de satisfação pelo cafuné e abraçou a esposa ainda mais forte, quase enfiando o rosto no decote dela. – Eu amo muito meus filhos, mas não sei se outra criança agora ia ser bom para gente.
- Se você não vai engravidar, acha isso. Imagina eu! – ela arregalou de leve os olhos, sentindo o carinho na coxa. – Nós pulamos algumas fases da vida e estamos vivendo a fase de jovens adultos agora que nossos filhos são adolescentes. – beijou a cabeça do marido, sentindo o sorriso dele se formar contra seu colo.
- Você adiou o início da sua carreira para apoiar a minha e cuidar dos nossos meninos, agora eu quero apoiar a sua carreira de todo jeito que eu puder. – o homem declarou da forma mais sincera e honesta, sentindo vários beijos na cabeça e testa. – Você quer o mundo? Se depender de mim, você é a dona dele!
- E casar comigo, você não quer não? – a mulher tomou um gole do vinho tinto, enquanto ouvia a gargalhada rouca que lhe arrepiava a espinha.
- Só se for de novo! – o homem agarrou-a pela cintura e em um movimento rápido, inclinou a esposa sob seu colo.
Ela circundou os braços em volta dos ombros dele e colou os lábios dos dois em um beijo calmo, cheio de sensações e sabores que iam além do vinho, aquele beijo tinha gosto de nostalgia, amor e carinho. inclinou-a ainda mais contra seu colo, envolvido nos movimentos que as línguas insistiam em fazer e foi acordado do transe adolescente com um tapa ardido no braço.
- ! – o gritinho acompanhou o desespero dela em estar completamente rendida e com a taça de vinho prestes a derramar no tapete, sem falar na boca dele que deslizava em seu pescoço. – Vai sujar o sofá com vinho e se você manchar, vai me dar outro!
- Primeiro: nosso sofá. – a voz do homem soou grave como nunca havia soado antes, fazendo-a arregalar os olhos em uma surpresa que tinha deixado a enfermeira completamente arrepiada e excitada. – Segundo: não quer mancha, larga o vinho. – mordeu o lóbulo da orelha da esposa, sentindo os dedos se agarrarem ainda mais em seu cabelo.
- Você é muito abusado... – o suspiro escapou satisfeito da garganta de , enquanto a taça com vinho pendia em uma das mãos quase derramando o conteúdo arroxeado que tinha dentro, mas três batidas incessantes na porta, fez com que o casal broxasse o clima safado. – O que diabos o esqueceu? – suspirou desgostosa.
- Pode não ser ele. – pai parou no tempo como se tentasse escutar mais alguma coisa e o casal ouviu batidas mais uma vez. Suspiraram com a interrupção e ela endireitou a postura, colocou a taça em cima da mesinha de centro e puxou um pouco a barra do short de cadarço que usava. fez o mesmo ao ajeitar a braguilha da bermuda de cadarço iguais às que ele geralmente usava para qualquer ocasião, por ser extremamente confortável.
Os dois pareciam ansiosos e até um pouco preocupados com o chamado àquela hora, não era tão tarde, mas em compensação, cedo também não era. Rezando para que nada tivesse acontecido com a irmã, os pais ou os sobrinhos, respirou fundo antes de girar a maçaneta e dar de cara com um pingo de gente que usava pijama de bichinho e carregava uma mochila nas costas. soltou uma gargalhada ao ver a criança e sacudiu a cabeça, entendendo bem o que o safado do estava fazendo, pelo visto o amigo queria o mesmo que ele, um tempo sozinho com a esposa.
- Oi tia! – Alex abriu um sorriso banguela e completamente encantador, daqueles de derreter qualquer coração. – Eu vim dormir na sua casa hoje. – o rapazinho abriu mais o sorriso que era o do pai inteiro.
- Oi, meu amor! – a enfermeira não esperou para agachar e abraçar o sobrinho com força, como se ele fosse um dos seus filhos e quando pesava tudo que tinha acontecido nos últimos anos, ela se sentia sim como uma mãe.
- Obrigado, ! – o grito de há uns dez metros só confirmou a suspeita do vocalista do Simple Plan.
- Você me deve essa! – enfiou a cabeça para fora da porta, se odiando por ter feito aquilo depois que sentiu o quão frio estava aquele outono. O outro soltou um resmungo de “tanto faz” e os marmanjos riram como se fossem adolescentes curtindo da sua piada interna.
- Hey, Alex! – o homem beijou a cabeça da criança e logo puxou os dois para dentro de casa, antes que mais um resfriado se manifestasse por ali. – Tá com fome? Pensei que a gente pode fazer uma pizza. – o homem mudou completamente a postura, arrancando uma sobrancelha arqueada da esposa. Em uma hora ele estava todo marido sensual e agora dava uma de papai cozinheiro?
- EBA! A GENTE VAI FAZER PIZZA? CADÊ O PIE, A LEN E A MAD? – o garotinho gritou em uma animação estrondosa, tirando a mochila cheia de desenhos das costas.
- Eles foram para uma festa chata! – fez um bico imenso. – E deixaram a gente sozinhos, ainda bem que você veio dormir aqui, Alex! – ela pegou a mochila dele e espiou o que tinha lá dentro, esperando que ao menos uma muda de roupa reserva. não era conhecido por evitar bagunça na cozinha e no mínimo, o moleque terminaria cheio de farinha e molho de tomate.
- Que coisa mais chata. – o menino fez careta. – Vão perder nossa pizza super mega blaster! – a criança esticou os braços para cima, sendo pego de surpresa quando o padrinho o segurou no colo, começando a brincar como se o moleque fosse um foguete.
Aquelas risadas espontâneas, as brincadeiras e todo o cuidado que tinha com crianças, em especial o Alex, às vezes, a fazia querer mais um bem lá no fundo do coração. Era o exemplo mais certo de “Deus me livre, mas quem me dera”, como ela já tinha escutado de várias amigas o útero chegava a coçar. Porém, era como haviam conversado mais cedo, não era mais o momento de ter um bebê e simplesmente parecia distante demais da realidade.
Os dois rapazes estavam debruçados sobre a pizza que parecia ficar maravilhosa a cada sovada na massa, o menino estava coberto de farinha e com certeza precisaria de um banho antes de dormir. ajudava preparando os recheios e agilizando a montagem da comida, enquanto e o filho dos abriam a massa como discos voadores.
- Amor, já preencheu a lista que te pedi? – ela mastigou um pedaço de peperoni.
- Que lista? – o homem perguntou confuso, enquanto ajudava Alex abrir a massa de pizza. – Assim, amigão. – ele segurou a mão do afilhado, ajudando o menino com o rolo.
- Assim? – os grandes olhos azuis miraram , pedindo a aprovação para continuar abrindo a massa.
- Isso mesmo! – o mais velho elogiou todo orgulhoso e beijou a bochecha da criança. – Que lista, anjo?
- Da reinauguração. – ela colocou as rodelas de peperoni ao lado e começou cortar a mozzarela, uma indicação incrível de Jeff. Ele sabia escolher e indicar os melhores ingredientes. – Você ficou de me entregar ontem. – o olhou por cima dos óculos e aproveitou para limpar a bochecha suja do sobrinho, ganhando um sorriso banguela.
- É a sua noite, lá eu serei o marido da . Não vou dar conta de fazer muita sala para o pessoal. – piscou com um sorriso e a mulher ficou vermelha.
- A tia tá vermelha! – o molequinho zoou as bochechas de e ganhou uma bagunçada de cabelo do tio.
- É assim que se conquista uma garota! – o homem brincou e ouviu o sobrinho rir. – Eu confio em você e na sua lista, nossos amigos são os mesmos, então não vai ter erro. – piscou mais uma vez e ganhou um beijo alado da sua eterna namorada.

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A noite tinha começado bem calma, mas se dependesse do casal , a calmaria não duraria míseros minutos sequer. Era sempre bom aproveitar quando o pequeno Alex queria dormir na casa dos tios e não estava em casa, perigando ouvir ou atrapalhar qualquer movimentação suspeita. havia se preparado majestosamente para o momentinho do casal, principalmente quando a lingerie estrategicamente colocada por debaixo da camisola preta com renda, fazia um sucesso imenso com o maridão. Ninguém era besta afinal de contas. Se as crianças estavam fora, os adultos faziam a festa!
, tão bem intencionado quanto a esposa, aproveitou que não precisaria se policiar para nada e resgatou do fundo dos armários, uma garrafa de tequila muito bem guardada e que já clamava por uma festinha particular a dois. Ele tinha comprado no México em uma das viagens da banda e só usava a bebida em ocasiões especiais, aquela era uma delas, sem sombra de dúvidas!
- O que foi que você demorou para vir deitar? – perguntou prendendo uma risada ao ver a maior expressão safada no marido, enquanto finalizava a transição da cadeira de rodas para cama grande do casal.
- Fiquei cuidando até o Alex entrar na casa dos e depois fui procurar... Isso! – o homem levantou a garrafa de tequila como se aquele fosse o maior tesouro dos dois, ouvindo a esposa rir alto. Ah, ela lembrava, e como lembrava das loucuras movidas a tequila. – Ai ai,ai, tequila!! – o gritinho mais zoado da face da Terra, combinado a uma rebolada ridícula, fez jogar a cabeça para trás de tanto rir.
já tinha tomado metade da garrafa escondido, não tinha condições! Era a única explicação plausível para aquela cena, no mínimo, engraçada.
- Assim não dá, amor! – ela gritou ainda imersa nas risadas, arrancando algumas dele que colocou o litro e os dois shoots em cima da mesinha de apoio.
se jogou sentado no colchão ao lado dela, sacudiu o cabelo com uma das mãos em um gesto bem involuntário e até comum, algo que deixava a esposa um tanto encantada, principalmente quando combinado ao sorriso maravilhoso que evidenciava os caninos do homem. Nomeado por ela de sorriso canino!
O nervosismo não se fazia mais presente naquelas situações há uns bons anos, desde que ele havia tomado a iniciativa de mostrar a melhor amiga da vida toda que sentia bem mais do que só aquilo por ela. E, talvez, fosse por esses e outros motivos que o casamento tinha dado tão certo, bem antes do amor de homem e mulher, vinha a amizade, bem antes do carnal, vinha a esplêndida amizade. A base dos dois era uma linda e maravilhosa amizade, era o que fazia realmente tudo ter uma cor completamente diferente. Um colorido que ganhava um toque sutil de luxúria, bem como naquela noite, onde os dois estavam realmente focados em ser homem e mulher.
Ele ajudou com a perna dela que ainda estava pendurada fora da cama e o pequeno toque, mesmo que delicado, começava a acender uma chama que dificilmente seria apagada aquela noite e embora a sensibilidade e força da designe, fossem comprometidas pela paraplegia, ela já conhecia os toques do marido de muito antes, fazendo-a reviver todos os momentos ao mínimo toque. , por sua vez, deslizou ainda mais a mão pela perna dela no intuito de acariciar as belas coxas e descobrir o que uma camisola tão bonita guardava, decerto uma lingerie mais linda ainda, ou melhor, um corpo nu que o deixava em chamas.

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O som da festa tocava tão alto que mal dava para ouvir o que o pessoal falava, tinha se perdido com a namorada na pista de dança, enquanto Ashley e Leonor pareciam bem à vontade em receber os elogios e afins sobre a apresentação da banda marcial. Matthew tinha se encarregado de ir buscar algo que os três pudessem beber e entre essas, incluindo que ele era o adulto responsável da jogada, afinal estava saindo da adolescência e sabia muito bem o que as festas de high school e faculdade guardavam.
- Oi, moças bonitas! – o rapaz negro chegou com três copos amontoados em ambas as mãos, distribuindo um para cada garota e ficando com o último. – Podem beber sem medo, é refrigerante. – o filho mais velho dos Dill piscou e recebeu sorrisos agradecidos.
- Obrigada! – Leonor soltou um gritinho mais alto que conseguia. – Você viu o ?
- Estava no quintal com a Mad, vi pela janela da cozinha. – ele fez uma careta pelo imenso barulho misturado. – Deixei os dois curtirem um pouco. – Matthew deu de ombros e ouviu baixas risadas. – Mas eu não vou deixar nenhuma das duas curtirem nada que não seja comigo! – o príncipe soltou uma risada esperta e beijou a bochecha da irmã, logo depois a de Leonor, fazendo a garota sentir o peito esquentar.
- É uma festa! A gente vai curtir de qualquer jeito. – Ash arregalou os olhos para o irmão como se o repreendesse por tanta superproteção sem sentido. – E você deveria ir, sei lá... Fazer sucesso com algumas garotas do último ano! – a garota gritou para que o irmão ouvisse e embora Leonor não quisesse esboçar opinião, adorou ver que Matt rolava os olhos em negação sobre ir pegar alguma garota mais velha.
- Eu estou com as garotas mais lindas do colégio ao meu lado, acha mesmo que vou deixar as duas sozinha por um par de anos a mais? – o rapaz segurou a mão das duas e as fez girarem em volta do próprio eixo, ouvindo as risadas animadas da dupla.
- Você tem namorada? – a pergunta pulou da boca de Leonor assim que ela virou para encarar o rapaz na dança meio solta, sem tempo de retê-la antes que fosse tarde demais.
- Por quê? Quer ser minha namorada? – Matt soltou brincalhão e perdeu de ver o quanto Leonor tinha ficado vermelha, pois as luzes da casa estavam mais picantes do que em uma boate.
- PORRA, MATTHEW! – a gargalhada estrondosa de Ashley rompeu o clima de vergonha que Leonor tinha se enfiado, carregando a gargalhada do irmão e a risada da amiga junto. – Ele é um bocó, Leo. Não repara! – a moça abraçou a amiga.
- Você é uma princesa muito chata, Ashley Dill! – o rapaz insistiu na brincadeira e logo após abraçou de lado, a filha mais nova dos . A intenção não era deixá-la constrangida, era só uma brincadeira inocente para fazê-la rir e provavelmente lhe dar um fora. – E a Leo é minha amiga, ela sabe que é brincadeira. Não é, Leo?
- Claro! – a moça respondeu rápido demais. - Claro que eu sei que é uma brincadeira boba. – ela soltou uma risada desesperada e mexeu de leve o cabelo, acenando em seguida para um dos colegas de sala.
- Tá vendo, Ash? – o moço riu e abraçou as duas pelo pescoço, carregando-as para pista de dança. – Vamos dançar e aproveitar a noite de vocês!
Matthew soltou um grito animado, sendo acompanhado pelas duas, embora a irmã do rapaz achasse que tinha coisa ali. Leonor tinha ficado envergonhada com as brincadeiras do futuro engenheiro e se ela conhecia bem a amiga, alguma coisa tinha ali. O trio encontrou o casal vinte no meio da sala onde simbolizava a pista de dança e logo os cinco se largaram na música animada que tocava. Aquela era a noite que dava início ao campeonato, além da também vida social adolescente de Ashley e Leonor, ritos de passagem mais do que necessários para vida de alguém, então ela precisava ser épica como estava sendo!

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e entraram no pequeno ateliê da nora da mais nova, encantadas com a organização de tudo que estava disposto ali, Madeleine parecia ser uma garota maravilhosamente caprichosa e dedicada em tudo que fazia, deixando a enfermeira ainda mais feliz pelo namoro do filho, ao saber que de qualquer forma, ele estava sendo influenciado a ser um rapaz tão organizado e cuidadoso quanto a namorada. Ao menos era o que parecia quando o filho mais velho dos era um belo pau mandado e não conseguia esconder de ninguém.
De certo modo, aquilo deixava em um sentimento de receio bem lá no fundo do peito, mãe nenhuma queria que os filhos sofressem e não era diferente com ela. Eliot era um garoto extremamente gentil, altruísta e respeitador, sendo classificado até como bestão pelos tios, portanto Madeleine tinha sorte e não podia abusar demais dela.
- Você tá assim calada porque vai receber as roupas, ou tem algo a mais nessa sua cabecinha? – a irmã mais velha da dupla perguntou com um fio de risada e viu a outra fazer uma careta desgostosa.
- Ás vezes, fico meio receosa com esse namoro. – suspirou até meio culpada por dizer aquilo e escorou no balcão, olhando para irmã que estava bem ao lado. – Eu sei que parece meio egoísta da minha parte, mas eu queria que você visse o jeito que meu filho come na mão dela. – o sussurro saiu baixo ao ponto de apenas entender o que ela tinha a dizer.
- O jeito que o pai dele come na sua? – a pergunta surgiu esperta. Óbvio que a designe pretendia tocar bem no fundo da consciência da irmã, ela também sabia que sentiria o mesmo quando Alex chegasse aquela idade e recorreria a ajuda da mais nova. – Eles se gostam, . É comum de alguma forma. – a mulher apertou a mão da outra com força, recebendo uma risada sem humor.
- Eu estou parecendo ridícula, né? Meu filho tem uma namorada incrível e eu com esse sentimento de posse. – ela suspirou frustrada.
- Um pouco superprotetora, eu diria. – piscou, rindo suavemente junto a irmã. – Claro que você não quer que o sofra, nem eu quero, sis, esse moleque é como um filho para mim. Mas a gente sabe que isso faz parte do amadurecimento... Seu e dele. Meu afilhado não é mais seu bebezinho. - a designe de interiores fez um bico e finalmente conseguiu arrancar uma risada divertida da irmã.
A mamãe do Alex sacudiu de leve os cabelos escuros e perfeitamente cortados em cima do ombro, depois conferiu o motivo do telefone ter vibrado na bolsinha pequena que carregava. Mensagem do ? Ué, tinha acontecido alguma coisa?
: Avisa a que eu já confirmei com o buffet e com o pessoal da decoração.
: Também já fiz uma programação mais ou menos pros representantes da WCET*
: Agradeço, ou sua mulher ia ficar ainda mais louca
- fez o dever de casa, me pediu para te avisar. – ela piscou para irmã, ouvindo um suspiro grato e de alívio. – Acho que seu celular deve ter morrido.
- Muito provavelmente, mas no carro eu boto no portátil. – a mais nova riu de leve. – Obrigada!
tocou o sininho que ficava em cima do balcão, sendo questão de minutos até que uma Madeleine extremamente sorridente adentrasse o recinto. Os cabelos loiros presos apenas de um lado e com uma fita métrica pendurada no pescoço.
- ! ! – a animação da moça tomou toda a pequena antessala, enquanto ela tomava a liberdade de cumprimentá-las com abraços calorosos.
- Oi!! – cumprimentou com um sorriso imenso.
- Oi, querida! – o sorriso maternal na enfermeira não teve nenhum policiamento para sair terno para garota, deixando-a ainda mais feliz em sentir que era tão bem quista. – Viemos buscar as roupas para reinauguração... Acontece em uma semana e confesso que estou uma pilha, uma pilha enorme de nervos.
- Não se preocupe, estão todas prontas, . – a mais nova abriu um sorriso amável, sendo apertada como um ursinho de pelúcia.
soltou uma gargalhada divertida e deu um tapinha de repreensão na irmã.
- Controladora do jeito que você tá? Duvido que algo saia das suas rédeas. – o comentário veio um pouco para alfinetar toda a pilha da mais nova, embora soubesse que aquela ansiedade era uma característica bem familiar.
- Espero que você esteja profundamente certa! – colocou a mão no peito como se aquele fosse o elogio do século e as duas riram alto, sendo guiadas por uma Madeleine também divertida pela conversa entre irmãs. Desejava ter uma irmã e não quatro irmãos como tinha, às vezes, era maravilhoso uma figura feminina e Leonor conseguia suprir grande parte do que ela precisava.
- Vocês imaginem como eu estou! – a garota soltou um gritinho exagerado, agudo e cheio de expectativas. – Essa oficialmente a primeira coleção que vai meu nome nas etiquetas, eu juro que não me aguento de felicidade, euforia e receio ao mesmo tempo! – Mad arregalou os olhos claros, mostrando o quanto estava ansiosa com o evento.
- Será um prazer imenso modelar com um M. Durand legítimo e autêntico! – piscou para nora, beliscando levemente o nariz da moça em forma de carinho e a viu sorrir animadamente, ainda que não pretendesse demonstrar tanta emoção.
- Faço as da , as minhas palavras. – piscou para moça com um orgulho imenso estampado na cara. – Você não sabe como é difícil encontrar modelitos para cadeirantes que nos deixem confortáveis e confiantes. E que óbvio, sejam maravilhosamente lindos. – a mais velha sorriu bem satisfeita. – E você, minha cara, conseguiu exatamente tudo isso em uma única roupa. Então a honra será toda minha! – ela piscou orgulhosa e recebeu um abraço caloroso da moça, que havia se abaixado para melhorar o contato.
- Espero fazer mais roupas para você! – a moça confessou baixinho e foi acochada um pouco mais no abraço.
- Pois eu garanto que você vai! – a designe abriu um imenso sorriso, se deixando ser solta pela namorada de filho e rapidamente as três foram apresentadas a pequena sala de costuras do ateliê.
Alguns manequins decoravam o lugar e os dois vestidos de festa estavam perfeitamente colocados a amostra. O de era um vermelho bordô, longo e que mostrava as áreas certas do corpo, já o de era de um azul royal lindíssimo, frente única e com um caimento leve que seria bem funcional para o uso na cadeira de rodas. A moça se empolgou com a animação das irmãs ao ver suas respectivas roupas e começou mostrar quase a coleção completa para a festa. pai usaria um blazer azul royal de tecido macio, Leonor tinha optado por um macacão curto de alfaiataria – autêntico, Madeleine diria -, Alex iria estar a cópia fiel de , com uma camisa de botão no tecido em risca de giz e suspensórios elegantes por cima. A roupa de Eliot ainda era um mistério para e e continuaria sendo até que o rapaz aparecesse antes da inauguração.

*Conselho internacional de estomaterapia.

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O homem coçou a cabeça ao olhar para o casal de filhos na enfermaria do colégio Green Park, não conseguia raciocinar mais nada depois que a confusão tinha atingido níveis capazes de fazer a Mrs. Barbier precisar ligar para sua esposa. Bom, ele estava fadado a três coisas, ser morto, capado ou voltar ao status de solteiro mais uma vez. Quem sabe até os três no mesmo pacote. Tinha sido duro escutar "senhor e senhorita " e "confusão" na mesma frase, principalmente quando os filhos não eram de fazer aquilo e quando faziam por uma causa maior, são repreendidos. Sinceramente? Eles mereciam uma medalha!
Matthew, o pai, tinha acabado de sair dali, dando algumas recomendações ao amigo de longa data sobre a sutura feita no supercílio de filho e de uma forma solidária, lançou um olhar de apoio ao pai dos guerreiros, por estar esperando a esposa que estaria, no mínimo, nervosa em receber uma ligação sobre aquela situação. Furiosa, deveria estar furiosa e possessa em precisar comparecer ao colégio, ainda mais quando ela estava com mundo nas costas por causa da festa e do lançamento do livro. suspirou frustrado e antes que pudesse falar qualquer coisa para o casal de filhos, ouviu o baque dos saltos finos da mulher.
Os irmãos se olharam ao ouvir que a mãe estava mais próxima a cada passo furioso no piso laminado do corredor que abrigava a enfermaria. A enfermeira que cuidava do lugar tinha ido avaliar o outro moleque envolvido na briga e apenas ¾ da família estava ali. O casal olhou para o pai e em um ato de estar completamente perdido, pai deu de ombros, mostrando que era tão vitima quanto eles.
- Eu posso saber o que diabos foi isso? - o tom desafinado parecia assustador assim que a mulher furiosa se pôs em pé na porta do pequeno ambulatório. Encontrou o filho sentado a maca com um curativo gigantesco no rosto, Leonor ao lado com os braços cruzados para esconder alguma coisa e pai em pé perto dos dois, com uma expressão muito mais emburrada que o recomendado para idade dele. O homem parecia uma criança braba com as bochechas enormes. - Eu fiz uma pergunta e quero a resposta!
- MÃE! ANJO! – os protestos amedrontados surgiram bem desafinados e só fez a mulher estreitar ainda mais os olhos.
- Não tem mãe, não tem anjo! – apontou para os três ali presentes. - Eu estava trabalhando e preciso interromper uma visita por que vocês dois brigaram no colégio? Era só o que me faltava. O momento está uma loucura com tudo acontecendo ao mesmo tempo e vocês simplesmente arranjam briga no colégio? – ela levou a mão na testa em completo desespero. – Saindo aos socos com alguém, ? Você não é assim! - o grito de repreensão atingiu até o pai do garoto, que tinha o mesmo nome e por mais que não tivesse culpa, sentia a espinha arrepiar com a forma que a esposa falava aquilo.
- Mãe, mãe. Eu posso explicar. – Eliot esticou as mãos como se aquilo fosse fazê-la parar.
- O Kevin estava me incomodando, mãe! – Leonor se sobrepôs a fala do irmão, ganhando os olhos furiosos e curiosos de . – E ele é um idiota! – a moça rolou os olhos.
- Quem porcaria é Kevin, Leonor? – a enfermeira apertou as têmporas, saturada com tanta coisa que não fazia sentido ali. Inclusive, porque raios seu marido não tinha resolvido a situação?
- O tapado que ela enfiou o papel higiênico na boca há uns anos. – o garoto bufou inconformado por estar levando bronca.
- O só foi me defender, a culpa não é dele! – a moça acochou os braços cruzados contra o corpo, mostrando que estava completamente do lado do irmão e não ia mudar de ideia, para infelicidade da mãe. Aqueles dois tinham o gênio mais forte do que o dela e do marido juntos.
respirou fundo e assim recobrou toda a sua paciência que estava mais fina que seu cabelo aquele dia.
- OK, calma! – ela largou a bolsa em uma das cadeiras e ficou de frente para os filhos, evitando ao máximo a presença do pateta de 1,80 que parecia tão emburrado quanto os meninos pela bronca. Ele queria o quê? Que ela apoiasse aquela palhaçada? – Eu preciso entender o que aconteceu... Por que você tá com o supercílio cortado, e eu espero que seja por um ótimo motivo.
- Kevin começou encher o saco da Leo, querendo apertar o braço dela e ela bateu nele, ele queria bater nela e aí eu tomei a frente. – ele tomou fôlego e fez uma careta pelo corte na testa. – Daí nos pegamos no soco e eu sai com o supercílio cortado e ele com o nariz sangrando.
respirou profundamente, escondendo o rosto em uma das mãos. Era. Só. O. Que. Faltava. Sem falar no ao lado que parecia mais estufado de orgulho do que qualquer outra coisa. Ela olhou incrédula para atitude dele e lhe deu um tapa ardido no ombro.
- Outch, anjo! – o homem esfregou o lugar atingido.
- E esse poste aqui, por qual motivo eu precisei vir?
- A escola me chamou. Quando eu cheguei, me contaram o que aconteceu e eu achei muito bem feito! – coçou a barba por fazer em um movimento lento e impaciente, que ao invés de causar em um efeito calmante, a fez respirar fundo - novamente - e sem mais um pingo de paciência, de noção do que fazer com aqueles dois e principalmente, incrédula com a postura do marido.
- Eu desisto. Eu desisto! – ela bateu a mão nas coxas. – Você é pai, caramba! Dá para agir como um ao menos na frente da diretora?
- O moleque importunou nossa princesinha, anjo! Ele queria bater na Len! – a tão cobrada postura de pai finalmente apareceu, deixando o homem maior e mais desesperado que o normal. – Ele cortou o supercílio do ! Então sim, , aprovo mesmo o que o fez, até eu ‘tô com vontade de fazer o mesmo!
- Você se fecha, . Antes que você apanhe! – ela sacudiu o indicador com a unha muito bem feita e pintada de vermelho escuro. O homem se limitou a bufar emburrado. – Vocês dois estão suspensos por três dias. TRÊS DIAS! E o MIT, ? Como vai ser agora? E você, Leonor?
- As minhas notas estão boas, mãe! – o rapaz disse em uma convicção imensa e ele não mentia, era inegavelmente o melhor da sala.
- Ele falou mal do papai, mãe! – a mais nova daquela família saiu em defesa do pai e soltou uma risada incrédula.
- Eu não sei mais o que fazer com vocês. Eu não sei! – ela disse em um desespero que tomava conta de suas pernas e estômago, fazendo-os tremerem.
- Dá uma medalha a cada um! – o homem disse com certo deboche e rolou os olhos com tanto escândalo da mulher por causa daquilo.
- Você deveria me ajudar a botar ordem nos seus filhos encapetados!
A pseudodiscussão começava se instalar por ali aos poucos, os dois não percebiam que aquela conversa estava tomando outros níveis na frente dos filhos e pareciam não se importar. estava uma pilha de nervos com tudo que a rondava e não conseguia ver tanto problema no acontecido, afinal os dois tinham agido em legítima defesa. Tinham sido ensinados a se protegerem. Não havia cabimento em tomar esporro quando acontecia.
- Mãe, eu prometo que vou entrar no MIT! – Eliot encabeçou os pedidos de desculpas, encorajando que a irmã fizesse o mesmo e talvez assim, tirassem os pais daquela discussão. – Desculpa pela briga!
- Claro que vai, campeão! – pai piscou para o moleque como se o encorajasse. – São só três dias, , não é o fim do mundo. – ele respirou fundo ao perceber que o apelido carinhoso tinha se perdido naquela péssima situação.
- A gente só estava se defendendo, mãe, como sempre fez, não era para vocês brigarem. A gente só queria resolver as coisas. – a mocinha emburrada se manifestou, esfregando a atitude infantil na cara dos pais.
- Vocês sempre falaram que eu tinha que defender a Leo, que era meu papel de irmão mais velho. – a falta de postura pelo excesso de altura o fez se esticar um pouco, ainda sentado na maca. – Eu não podia deixar a minha irmã nas mãos daquele idiota, mãe. – Charles apontou para o filho, mostrando que o moleque estava certo em suas conclusões.
- Eu sei. Eu sei! – a mulher suspirou derrotada e coçou a testa. – Mas eu não quero ver nenhum dos dois machucados. É mal de toda mãe! Vocês são tão tranquilos e de repente eu sou chamada no colégio eu fico APAVORADA! E até onde eu conheço Leonor, antes dele encostar nela. Ela já tinha dado um corretivo nele.
- Eu comecei. – ela soltou uma risadinha sem vergonha. – Mas o apareceu logo depois.
- Desculpa, mãe! – o coro sincronizado parecia até ensaiado e os dois ganharam um abraço só de . A mulher arrastou os dois, um com cada braço, sentindo ser abraçada de volta. – Não vai mais acontecer, a gente promete. Não é, Leo?
- Sim! Nos prometemos que não vai mais acontecer!
- Eu espero! – o tom de “eu estou avisando” era perfeitamente entendível na voz da enfermeira. Ela cruzou calmamente os braços e mirou o olhar no marido, esperando o último pedido de desculpas. Será que ela iria conseguir o feito duas vezes na mesma semana?
- Desculpa, anjo. – o bico contrariado parecia ter o dobro do tamanho e ela mordeu a boca para não rir. POR QUE RAIOS ELE FICAVA TÃO FOFINHO DAQUELE JEITO?
- Você não vai desculpar? – a curiosidade no olhar claro do rapaz era agoniante.
- Eu queria era dar umas boas bifas no seu pai. – aproveitou a pia para lavar as mãos e de uma forma esquisita, a família sabia que aquela fala, no tom de voz que havia soado, era um aceito pelas desculpas. pai soltou uma risada debochadamente satisfeita e agarrou a cintura da esposa, beijando o pescoço dela em um selinho apertado. – Sai daqui! – a mulher riu junto e os filhos rolaram os olhos com o grude. – Mas me diz quem fez seus pontos. – ela calçou um par de luvas e instintivamente, tirou o curativo da testa do rapaz. Ele fez uma careta involuntária.
A sutura estava muito bem feita, limpa, regular e deixaria uma mínima cicatriz no supercílio do rapaz. Embora o que preocupasse era a imensa exposição a minha que aconteceria dali uma semana e possivelmente as especulações sobre o machucado.
- O tio Matt. – Eliot fez uma careta ao sentir que a anestesia passava aos poucos e a mãe suspirou. – Mas ele só falou para o pai sobre eu precisar tomar antibiótico, disse que o curativo era com você!
Ela riu meio morta com a declaração.
- Tá tudo ótimo aqui, eu confio no Matthew! – a enfermeira estomaterapeuta piscou a apertou o queixo do moleque. – E você, meu bem, ele te machucou? – virou de frente para filha com um cuidado imenso no olhar, um suporte que dava segurança a qualquer pessoa vítima de violência. Leonor sacudiu a cabeça de forma negativa.
- não deixou. O Stevenson apertou meu braço e eu dei uma joelhada nele, depois o apareceu. – a moça estendeu o braço para mãe e a mulher sentiu o coração apertar ao ver e mancha avermelhada. Mulher nenhuma e garota nenhuma deveria sofrer qualquer tipo de violência por causa de moleques, aliás, pessoa nenhuma merecia ser agredida.
- Deixa a mãe ver o braço. – ela palpou o vermelhidão com cuidado e identificou apenas uma marca que não demoraria muito a sair. Um beijo no topo da cabeça da moça foi dado, passando ainda mais conforto do que seria possível. – Eu vou comer o fígado desse moleque!
- Safado folgado! – o homem bufou tão possesso quanto ela.
- Chega! Vamos para casa. – o suspiro cansado surgiu na mulher já exausta e ela descartou as luvas na lixeirinha ao pé da maca.
- Nós vamos pegar a mochila, tá? – Leonor perguntou ganhando um sorriso maternal e logo pai começou puxar a esposa para fora daquela salinha com cheiro de hospital. poderia até estar acostumada aquilo, mas ele não!
- A gente tinha que dar queixa! – o vocalista rolou os olhos ao beijar o dorso da mão da esposa.
- Baixa esse fogo por revolução porque a situação tá bem ferrada para nós dois. Esses dois cobriram o garoto na porrada, a gente não tem muito direito. – ela riu um pouco exausta e escorou de leve a cabeça no ombro dele. – Quando você chegou aqui?
- O Matt estava remendando a cara do . – os dois riram. – Mas o bebezão que tem medo de sangue estava bem tranquilo até... Len estava segurando a mão dele, no fim das contas, eles são uma boa dupla.
- Não tenho a mínima ideia do que fazer. – circundou os braços em volta da cintura do marido em uma súplica desesperada por controle.
- Esperar, anjo. – beijou a cabeça dela, mostrando que sempre seria seu porto seguro. – É a única coisa que a gente pode fazer. Acho que o quê você falou já basta, os meninos têm juízo, sabem que é errado partir para violência para resolver qualquer coisa.
- Eu espero que sim. – os dois suspiraram. De uma forma, ou de outra, tinham exatamente o mesmo medo de falhar como pais. – Medo de encontrar esse demônio com nome de gente nesse colégio e partir para cima dele. Mas é muito filho da puta mesmo. – ela esbravejou baixinho perto do marido e ouviu uma risada gostosa que praticamente gritava “Essa é a minha mulher”
Ela respirou fundo ao estar abraçada ao marido e mesmo sentindo que seu controle estava desabando debaixo dos pés, primeiro a ansiedade não largava o osso e lhe deixava ainda mais pilhada com tanta coisa por vir e segundo, a duplinha de capetas que ela tinha carinhosamente como filhos ainda achavam de meter a porrada em um garoto insolente. Ela parou no meio do corredor e com o coração partido, viu seus campeões de MMA saírem da enfermaria se ajudando como sempre acontecia. Que não soubesse, mas ficava dividida entre sentir raiva e orgulho daquela irmandade tão unida que os dois tinham. Eliot fazia careta pelo curativo na testa e Leonor carregava as duas mochilas, abraçando o irmão como se ele tivesse machucado o abdome. Ela sentiu um beijo na cabeça, do marido e deixou o ar escapar grosso dos pulmões, afinal não fazia a menor ideia de como seguir dali para frente.
A única certeza que tinha era a de que se encontrasse o tal rapazinho Stevenson na sua frente, daria uma bola lição de moral nele, fora a vontade de distribuir umas boas palmadas. O olhar virou levemente para trás no corredor e no instinto, viu o moleque apontar na direção em que ela estava esperando o filho, juntamente do pai que parecia ser tão insolente e misógino quanto. A mulher esquentada vincou as sobrancelhas e após soltar a mão do marido rapidamente, tilintou os saltos finos em um som contínuo, curto e compassado que daria medo em qualquer um que ouvisse aquilo no fim do corredor. O porte de parecia ainda mais firme e inflado do que quando ela tinha chegado e a raiva de saber que sua filha tinha sido agredida só a movia ainda mais para perto da duplinha.
- Olhe aqui, rapazinho... - a mulher abanou a mão na frente da criança e foi contida pela cintura pelo marido antes que perdesse a razão.
- , pelo amor de Deus! - pai prensou-a contra o corpo em repreensão e viu a mulher tomar o porte que originalmente era dela. O de girl Boss que não deixava nada lhe tirar do sério.
- Senhora ! - o pai do garoto Stevenson reclamou como se ela fosse a errada da situação e a mulher soltou uma risada irônica.
- Senhora uma ova. - rolou os olhos. - Você não contou ao seu pai tudo que fez, rapazinho? - ela estreitou os olhos ao vê-lo engolir seco.
- , chega. - pediu baixinho, tentando não piorar uma situação que já não era tão boa assim. Os dois lados iriam ser punidos e pronto.
- Os seus filhos agrediram o meu filho. Seus dois filhos! - o homem foi enfático na acusação, quase colocando o rapaz para trás do seu corpo. - O seu rapazinho quebrou o nariz do meu filho! - Ela soltou-se do acocho de e engrandeceu o peito inflado para cima do homenzinho medíocre, o deixando um pouco murcho com o ímpeto dela.
- Porque o seu filho agrediu a minha filha pela segunda vez. Sem mais, nem menos! E ainda abriu a droga de um corte horrível no supercílio do Eliot. - ela mostrou dois dedos. - Eu acho muito bom que você pesquise o conceito da expressão "violência contra mulher", rapazinho. Porque se você achou que apertar o braço da minha filha e deixar uma marca horrorosa e ia ficar por isso mesmo, está muito enganado! - estreitou os olhos ao encarar o garoto. Antes que ele pudesse abrir a boca, o pai tomou a frente.
- Você é um imbecil, Kevin! - o homem gritou sem um pingo de respeito pelo próprio filho e percebeu de onde vinha tanta desestrutura. - E a sua filha, senhora , enfiou papel higiênico molhado na boca do Kevin há uns anos.
- Porque em mais uma desafortunadamente vez, ele fez questão de agredi-la verbalmente, julgando pavorosamente a linda profissão do meu marido. - ela foi óbvia e viu o homem velho bufar. - Então eu acho muito bom que o senhor eduque seu filho a não agredir os meus, porque eu os ensinei a legitima defesa. - ela suspirou saturada e puxou de leve os punhos da camisa de crepe. - Passar bem. - deu as costas a dupla e tão rápido e barulhenta quanto havia chegado ao encontro dos Stevenson, chegou perto dos filhos. Os abraçou com um dos braços e ainda segurando na mão do marido - pau mandado -, seguiu corredor a fora.
- Você bateu nele, mãe? – Leonor prendeu a risada ao entregar as mochilas ao pai e viu a mulher morder a boca como se prendesse uma gargalhada.
- Óbvio que não, Leo. – ela segurou com força a mão da filha. – Mas confesso que a vontade de enfiar papel higiênico molhado na boca suja do pai dele não foi pequena. – a declaração veio cheia de piada interna e os quatro riram por cima da pequena desgraça.
Não adiantava ter a visão do copo meio vazio quando tudo já tinha acontecido, portanto só lhes restava o ângulo do copo meio cheio.

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Alguns dias já tinham passado depois da confusão no colégio e a mulher aproveitou a disponibilidade dos filhos para ajudá-la com os preparativos da festa, parecia até o tão sonhado casamento dos de tanto que parecia nervosa e pilhada para que tudo desse certo. Ao menos os planejamentos que ela e haviam feito, seguiam a programação corretamente e de tudo, isso era o menos desesperador.
A mancha no braço de Leonor tinha sumido completamente e ela parecia aproveitar o tempo de suspensão colegial para trabalhar em algo no estúdio do pai – é, talvez ela pendesse para o lado da produção musical -, sem falar que parecia um rádio quebrado em relação a Matthew, o filho. Em falar o quanto ele era gentil, engraçado e coisas do tipo, deixando com as orelhas mais alarmadas que as de um canguru.
esperava o inchaço passar a cada dia, à medida que o hematoma ia sumindo aos poucos do rosto dele. O olho já conseguia abrir um pouco mais e não parecia tão horrível olhar-se ao espelho, por mais que Madeleine sempre alegasse que nem daquele jeito ele tinha ficado feio. O amor jovem e suas esquisitices. Algo que vinha despertando um pouco mais a atenção dos pais do garoto, que percebiam um grude maior do casal de namorados, fazendo o possível para não liberar tanta privacidade.
- Tudo bem, então marcamos a troca de bolsa para amanhã. – tirou o scarpin caramelo pontudo perto da ilha e mexeu os dedos, se deleitando com a sensação de liberdade. – Por mim não tem problema, se a senhora achar que dá certo assim, por mim ok. – ela riu levemente com a paciente de anos e se despediu.
Tirou a caixinha metálica da bolsa e o tubinho pequeno de PHMB*, colocando-os em cima da ilha para fazer o curativo do filho mais velho.
- FILHO!
- JÁ VOU! – o rapaz respondeu rapidamente e em pouco tempo chegou a cozinha. – Eu molhei no banho, tem problema? – Eliot sem demora sentou a uma das cadeiras, ficando no nível de altura da mãe.
- Não, eu vou trocar agora. – sorriu e beliscou de leve o nariz do moço que já era a cara do pai. Um suspiro frustrado escapou ao ver que até barba o moleque já tinha. Céus, quando ele tinha crescido tanto? – O que a Mad disse?
- Que eu ia ficar sexy com a cicatriz na cara. – ele soltou uma risada sapeca, arrancando uma careta de desgosto da mãe.
- Credo! – a mulher reclamou pela informação desnecessária, ouvindo a risada do mais novo sendo abraçada pela cintura como se o filho tivesse oito anos de novo. se deu por vencida e o abraçou de volta, querendo que o menino voltasse a ser uma criança.
- Oi, anjo! – o homem passou por ela, roubando um beijo na bochecha e levemente, deu uma beliscadinha na bunda.
- Amor! – a risada espontânea escapou e o casal riu alto.
- Que nojo! – fez uma careta ao entender o que tinha acontecido ali, ouvindo apenas a risada debochada do pai que devorava algum biscoito de mel.
- Olha para cá! – sacudiu a cabeça enquanto ria.
Ela estendeu o campo sobre a ilha e abriu a caixinha metálica, encontrando um pacote de gaze estéril, uma tesoura e uma pinça anatômica. Primeiro a mulher calçou as luvas de procedimento, jogou as gazes no campo e ao separar em dois montinhos, despejou o líquido antisséptico em um deles.
- Vai doer? – o rapaz fechou o olho que não estava machucado e ouviu a risadinha breve. – Ai, droga, vai?
- Não, Eliot! – ela arregalou os olhos claros por detrás das lentes. – Eu vou só limpar e colocar a espuma fenestrada, apenas!
- O que é isso? – ele perguntou amedrontado.
- Um curativo, meu Deus! – sacudiu a cabeça e ouviu a gargalhada do marido que presenciava a cena do filho nervoso. – Você não confia em mim? , eu sou Estomaterapeuta!
- Eu sei, desculpa! – o garoto bufou se dando por vencido e logo recebeu mais expectadores na cozinha.
- Cheguei a tempo? – entrou pela porta da cozinha, segurando Alex no colo e a gargalhada de pai preencheu o recinto. Não era possível que mais uma vez naquela semana o moleque iria ter plateia para fazer o curativo.
- Bem a tempo! – os dois “adultos” bateram high five e Alex foi sentado na ilha, sorrindo para tia e para o primo.
- Vocês dois. – olhou para os dois. – Sem ficar de piadinha!
Ela continuou com os trabalhos e retirou o curativo molhado, limpou a incisão cirúrgica com o antisséptico e movimentos suaves, depois secou com mais um punhado de gaze seca, aproveitando o momento para repuxar levemente a pontinha do fio de sutura.
- Ai, você vai tirar os pontos? – a pergunta parecia amedrontada, carregando risadas.
- Ainda não estão prontos para ser tirados. – ela enrugou de leve o nariz. – Só estava soltando o fio do tecido, ajuda quando eu for tirar. Ainda tá inchado porque aquela cria do demônio socou seu rosto, mas tá bem menos, provavelmente a gente vai conseguir esconder com maquiagem.
- Obrigado, universo! – Eliot soltou aliviado.
riu baixo e por fim, colocou a espuma cheia de furinhos que ajudaria na cicatrização sem complicações e ainda daria mais conforto ao seu menino.
- Qualquer coisa você me avisa e a gente troca, tudo bem? – ela juntou os resíduos em um saquinho especial, tirou as luvas e apertou o queixo do filho, sentindo o estômago afundar ao perceber que espinhava pela barba por fazer.
- Sem choro? Isso é um grande avanço! – zoou o afilhado.
- Ele é um menino grande! – piscou para o filho como se ele fosse um bebê, pegando Alex no colo em seguida.
- Nossa, ajudou tanto! – Eliot soltou o veneno que vinha dos Cousseaue passou a mão por cima da espuma, sentindo o curativo um pouco alto. – Deixo bem claro que foi por uma boa causa! – o rapaz arregalou o olho que podia. – Então vocês podem parar de me zoar!
- Óbvio que a gente não ta zoando o menino corajoso! – o abraçou o rapaz de lado, imaginando quando Alex ficaria daquele tamanho e se seria tão protetor quanto filho. Ele esperava que sim! – Como você vai fazer com a festa da clínica?
- Leo e Mad prometeram dar um jeito na minha cara.
- Sinto muito, moleque, mas só se nascer de novo! – o deboche na voz do guitarrista fez uma chuva de gargalhadas preencher a cozinha, inclusive do rapaz machucado.
- Porra, tio ! – filho se deixou levar pelo divertimento e ganhou um abraço apertado do padrinho, depois uma sacudida de cabelo do pai.
- Vim saber se você quer ir comigo e o Alex, fazer a matrícula dele no Hockey.
- Você vai né, ? – o menininho perguntou animado e viu um aceno de cabeça bem frenético.
- Claro que sim! Vou buscar meu casaco e a gente vai agora! – Eliot respondeu tão eufórico quanto o primo e depois de acochar o tio repentinamente, saiu da cozinha para pegar o casaco.

*Solução/líquido antisséptico que usamos para fazer limpezas em feridas abertas e fechadas.



Chapter Seventeen

- E aí? - Eliot enfiou a cabeça dentro do quarto do príncipe, vendo um sorriso animado se formar no rosto do rapaz. Matthew levantou do pufe cinza que ficava em frente a cama, largou o controle do Xbox de lado e caminhou para cumprimentar o amigo com um abraço apertado.
- E aí, cara? - Matt passou a mão na cabeça careca, apontando em seguida para dentro do quarto. - Entra! Tava jogando.
O convite foi aceito e se jogou na cama de solteiro, mostrando que já era de casa. Não fazia tanto tempo assim que os dois passavam as tardes e adentravam a noite jogando os mais diversos jogos naquele videogame, sendo preciso ou irem buscar o menino na casa do amigo. Era uma amizade saudável e que tinha acrescentado bastante no crescimento de filho.
- Sua cara ainda tá assim? - o deboche na pergunta soou tão engraçado que o machucado não conseguiu retrucar.
- Minha mãe fez milagre, estava bem pior! - Eliot arregalou os olhos iguais aos da mãe. - Agora eu já consigo abrir o olho, só tá ruim pelo hematoma, mas minha namorada disse que vai ficar sexy, então eu supero. – ele soltou uma risada sapeca e o outro gargalhou como se aquela fosse a piada do século.
- Cara, de verdade. Eu não sei o que essa garota viu em você! - o príncipe Zulu deu um leve chute no amigo em uma das brincadeiras recorrentes. - Você é um fedelho que ainda briga no colégio e ela faz faculdade! - Matthew brincou, embora ficasse muito feliz com o namoro do caçulinha da turma, sabia que ele adorava Madeleine como nunca tinha gostado de garota nenhuma. Não que ele tivesse uma lista longa para aquilo, afinal ele ainda tinha 16 (quase 17), mas era perceptível o quão maduro aquele namoro se tornava a cada dia.
- Primeira coisa: eu não sou um fedelho! Estou no colégio, ainda. Boston me espera! Segunda coisa: eu briguei no colégio, porque um filho da puta escroto queria bater na minha irmã. E se tem uma coisa que não vai acontecer, é alguém machucar Leonor antes de passar por mim! – o moleque disse cheio de ímpeto e quase bateu no peito, se orgulhando mesmo do que tinha feito e em resposta, viu o amigo o olhar extremamente confuso.
- Merda! Ele queria bater em Leonor? – o rapaz negro esganiçou quase desafinando. Como raios alguém ia querer bater em Leonor? Ela era uma garota incrível. – Que moleque mais filho da puta! Eu teria feito exatamente o mesmo por a Ash, se não fosse pior.
- SIM, CARA! O Stevenson ainda teve audácia de apertar o braço dela. Você tem noção? – Eliot parecia tão indignado quanto no dia que a briga tinha acontecido. – Mas aí ela reagiu e provavelmente deixou ele estéril com a porra de uma joelhada. – o garoto suspirou aliviado até, em saber que a irmã sabia muito bem se defender. – Depois eu o cobri no soco e acho que devo ter machucado o nariz dele. Estava sangrando.
- Assim que se faz, Leo! - Matt gritou animado e os dois caíram na gargalhada em imaginar ou lembrar de alguém apanhando da moça raivosa, que nem era mais tão baixinha como antes, mas também não se encaixava exatamente em alguém alto. Como cabia tanta fúria em alguém tão compacto? Era um mistério!
- O saco dele quase saiu pela boca! – o filho mais velho dos debochou do acontecido, ouvindo a risadas ininterruptas do príncipe. Era tão libertador saber que aquelas meninas sabiam bem se defender de certos babacas.
- Bem feito! – o outro deu um tapa na cama. – Tem mais é que bater mesmo, não se mete com a menininha dos , ela é pior que a tia ! – Matthew sacudiu o dedo em aviso, ouvindo o amigo quase engasgar de rir. A mãe dele era mesmo o demônio da Tasmânia quando estava brava.
- Que quase bateu no moleque também! – Eliot esticou o braço, quase sem conseguir falar de tanto rir junto com o amigo. – Meu amigo, ela ficou uma arara, quase sapecou a mão na cara do Stevenson pai e filho.
- E o seu pai? – o quase engenheiro tossiu para tentar respirar.
- Saiu de perto, ou apanhava também, convenhamos!

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O rosto de Eliot já não estava tão ruim, já desinchara mais graças a medicação que Matthew, o pai, havia passado e apenas a ferida operatória limpa quase cicatrizada, com os pontos ralinhos permanecia, junto a coloração escura pelos hematomas. O exame de vista que e insistiram em levá-lo para realizar, não tinha dado qualquer complicação ou alteração ruim, o que foi um alívio maior para a família.
E além das péssimas notícias pela suspensão, briga no colégio, os dois machucados e uma raivosa arrumando briga com um adolescente, a clínica parecia acontecer dentro do planejado. Tanto que em algumas horas, as duas famílias inteiras, de e a dela, estariam na cidade para a grande festa de inauguração e como acontecia nas grandes famílias, os hóspedes se dividiram entre a casa dos e a casa dos .
Naquele exato momento, a ramificação mais jovem da família estava no mercado orgânico da cidade, reabastecendo as compras do mês enquanto esqueciam de qualquer problema e agiam como se nada estivesse acontecendo e angustiando os corações. Era realmente fingir demência, às vezes. procurava o arroz no corredor dos cereais, ouvindo os comentários do filho sobre as marcas que eles já tinham comprado e se tinha uma coisa que os gostavam, era de comer. Leonor tinha se perdido na sessão do mercado que tinha algumas decorações de halloween, escolhendo produtos previamente, à medida que pai escolhia as hortaliças. Sem qualquer sombra de dúvidas, o homem era o melhor naquilo, o vocalista do Simple Plan selecionava frutas, verduras e legumes como ninguém.
O carrinho voltou a ser empurrado nos corredores, indo ao encontro dos grandes balcões com as leguminosas e logo depois, pegar Leonor que já deveria ter juntando uma porção tão grande de itens de decoração capaz de montar uma loja própria. filho guiava as compras, enquanto tentava esconder o machucado com a aba do boné mais baixa, principalmente porque o que ele menos queria, era exposição àquela altura do campeonato.
- Vocês não vão sair como péssimos pais nessa história, né? – o rapaz sussurrou para a mãe, tentando desviar de certos olhares e recebeu uma careta confusa. – O remendo na minha cara! – ele explicou e os dois riram. A mulher abraçou sua criança de lado, sentindo-o apoiar o braço sobre seus ombros.
- Todo adolescente faz essas merdas no colégio, querido. – encostou a cabeça no ombro do filho, sendo abraçada com um pouco mais de força. Os dois viraram no corredor e ao longe, avistaram o vocalista do Simple Plan parecendo conversar com algumas fãs, um grupo de garotas apenas uma porção de anos mais velhas que filho. – Mas vou te dar um conselho... – a enfermeira virou o corpo como se fosse contar um segredo e também estreitou os olhos naquela intenção. – Quando se está com a cara remendada, você mantém distância das fãs do seu pai, elas são extremamente observadoras. – ela piscou, ouvindo o filho soltar uma risada larga. – E você é muito lindo, ninguém vai te tirar de mim.
- Eu tenho namorada, mãe. E garanto que gosto dela pra caramba! – Eliot suspirou apaixonadinho.
- Eu sei! – a Mrs. sorriu imensamente satisfeita com a demonstração de respeito vinda dele para com a namorada. – E acho muito bom que você continue pensando assim. Quero o máximo de respeito nesse namoro, por que sendo bem sincera? Eu não criei filho nenhum para ser embuste!
- Eu sou um lorde, dona ! – filho tomou a mão da mãe delicadamente e beijou levemente o dorso, ouvindo a mulher achar graça da pose dele. O rapaz tomou fôlego para aproveitar o assunto que envolvia “namorada”, “respeito” e afins para tentar inserir um assunto sério com a mãe, que posteriormente, também envolveria o pai. – Mama, eu... Queria conversar com você... Depois.
fez uma careta confusa, mas sorriu maternalmente.
- Quando você quiser! – ela piscou encorajadora.
- Quem é essa garota encostando excessivamente no meu pai? – o pequeno demônio da Tasmânia que atendia por Leonor Anne , perguntou com uma indignação sem tamanho ao mirar a cena ao longe. e Eliot se olharam, caindo na gargalhada pela hipocrisia da criança. – Mãe!
- É uma das garotas que paga seus boletos, querida! – a mulher pode até ter sido um pouco dura nas palavras, mas negou com um aceno de cabeça. Agora mais do que nunca, precisa ter uma conversa séria com Leonor, certos ciúmes não valeriam a pena e só prejudicaria a saúde mental dela. – São as fãs da banda, amor. – deu uma palmadinha na filha e arqueou levemente a sobrancelha, se referindo subliminarmente ao McFLY.
- Você não tem ciúme? – foi a vez de Eliot perguntar, estreitando os olhos ao ver o pai parecendo envolvido na conversa das garotas, embora ainda escolhesse tomates. Era tão, mas tão esquisito ver o pai naquela situação, pior ainda era imaginar que ele era FAMOSO. Já pensou? e Leonor tinham um pai famoso.
- Não. – a mulher deu de ombros, mostrando que não tinha motivo para ciúmes.
O homem se despediu das fãs e apontou para onde a esposa estava, mostrando que já ia ao encontro da família. As moças acenaram contidas e simpáticas, recebendo um aceno animado de em resposta e ficando com o coração quentinho pela simpatia da cônjuge do ídolo. A enfermeira, em contrapartida, cutucou de leve os dois filhos induzindo-os a acenar também, exatamente como a típica mãe: “essa não foi a educação que dei a vocês”. Os dois acenaram contidos, um pouco desconfortáveis em estar sendo conhecidos também, mas, mesmo assim, cumprimentaram as garotas.
- Acho que comprei tudo! – o cantor colocou as sacolas reutilizáveis no carrinho e deu um selinho na esposa. – E essas caras? – uma risada anasalada escapou.
- Não é desconfortável ser reconhecido em todo lugar? – Eliot enrugou o nariz, verbalizando o que Leonor estava morrendo de vontade de saber também.
- Era um pouco mais quando vocês eram menores. – respondeu enquanto a família passava pelo corredor das massas. – Agora eu até gosto de tanta atenção! – o homem piscou e ouviu as risadas.
- Amor, você tá muito carente. – o beliscou de leve.
- Culpa sua, que só quer saber da clínica. – o vocalista fez um bico fingido. – A propósito, uma das moças até te mandou uma feliz reinauguração, disse que era muito sua fã. Comprou seu livro na pré-venda. – ela sorriu feliz com a notícia. Se soubesse com antecedência, tinha ido ela mesma cumprimentar as moças. – Acho que queria chegar a você por mim.
- Que adorável! – sorriu ainda mais largo, deixando os filhos abismados com a relação de mão dupla. – Você lembra o nome dela?
- Natália, eu acho, algo assim. – dobrou o lábio e mudou o foco ao olhar atento para seus tesourinhos. – Já decidiram sobre como querem decorar a casa pro Halloween?
Os dois tomaram fôlego!
- A gente queria dar uma festa. – a resposta saiu quase sincronizada, deixando os pais com a maior cara de paisagem e interrogação na testa. Festa de quê?
- Festa de quê? - encabeçou os questionamentos, parecendo não dar muita bola para a tal festa, mas tinha medo da resposta. se limitou a arquear a sobrancelha e viu os filhos esmagarem os dedos das mãos.
- Então, papou. - Leonor começou chamando o pai como se tivesse cinco anos de novo. - Meu aniversário de 15 é agora em outubro e a gente tava falando que seria legal uma party house. - ela mordeu os lábios em uma linha fina, recebendo apenas um olhar apático da mãe enquanto o pai não queria sequer cogitar a ideia de festa em casa. - Com decoração temática de Halloween e tal.
- Eu achei que a gente ia fazer uma festa como sempre. - a mulher umedeceu a boca, pegando alguns produtos. - Bolo, ou piscina, ou bolo e piscina. Seus amiguinhos, avós tios e primos… A gente pode até ver a possibilidade de fazer em Encinitas esse ano! - apontou para o marido, buscando por aprovação e o cantor pareceu se animar.
- Claro! Uma festa na praia! - o homem encheu a boca para falar todas as suas ideias de improviso. - A gente consegue levar uns cinco amigos seus para lá por nossa conta! E tem os amigos de lá… - se interrompeu ao ver a cara de transtorno da garota.
- Pai, isso é coisa de criancinha. - o rapaz saiu em defesa da irmã e com uma simples frase, conseguiu uma reflexão profunda dos dois genitores a sua frente. - A gente é adolescente e a Leo vai fazer 15, eu 17 em dois meses.
suspirou e coçou a cabeça se dando por vencida. Se deixasse a decisão na mão do marido ele iria empurrar com a barriga até ceder um dia antes do aniversário e iria ser mais trabalho e coisas para ela resolver, além da vontade de chorar encolhida e agarrada nos joelhos por escutar os filhos assumindo serem adolescentes.
- Então? Pode ser assim? - o olhar pidão de Leonor fechou com lacre de ouro o pacote. A carinha de boa moça que nunca desobedecia e o tom verbalizado era impossível de receber um não dos dois.
- Peguem logo outro carrinho. - a mulher bufou inconformada e ouviu os gritos dos irmãos escandalosos, eles pulavam, se abraçavam e pareciam que nunca tinham dado uma festa na vida. Na verdade, daquele jeito, nunca tinham mesmo.
- Mas com uma condição! - pai impôs. - Nós dois. - ele apontou para esposa. - Vamos estar em casa e presentes nessa tal festa.
- FECHADO! - os irmãos deram um toque de mão e saíram atrás do carrinho de compras.
- Você está louca? - o pai arregalou os olhos para esposa, seriamente discordava da decisão dela e faria questão de mostrar. arqueou a sobrancelha. - , é uma festa. Uma daquelas que a gente saía escondido para ir na casa dos outros, uma daquelas que a gente fez na casa do e misteriosamente depois o moleque acabou dando "oi papai e mamãe". Vai ter adolescente se agarrando no meio da nossa casa como se não houvesse amanhã. - o homem desafinou pela indignação.
A mulher acomodou ainda mais a mão na cintura, querendo rir da lógica dele.
- Você prefere que seja na nossa ou que eles vão escondido para de algum colega? - um único questionamento foi capaz de desarmá-lo e o homem bufou chateado por ter perdido. - E além do mais, a gente vai tá em casa, . É melhor que seja na nossa do que na casa de algum desses desestruturados e eles saiam escondidos!
- Eu sinceramente? Odeio a sua lógica, de verdade! - o homem fechou um bico imenso e ouviu a risada vitoriosa da mulher que beliscou sua bunda discretamente no meio do corredor dos biscoitos. - Anjo! - ele fingiu que não tinha gostado do carinho e os dois riram mais uma vez, com sendo abraçado de lado. Era reconfortante saber que os dois estavam sofrendo com aquilo juntos. - O que você pretende comprar? Vai embebedar meio mundo de adolescentes?
- Claro que não. - ela fingiu a ofendida. - Suco game nunca matou ninguém. - abriu um sorrisinho sem vergonha e ouviu a gargalhada do marido. Ela era mesmo impossível, ainda mais quando tinha frutas cítricas, gelo, garrafas de vodca e balinha de goma em mãos.

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Os pais de e tinham chegado durante a tarde daquele dia, a festa da recepção havia sido uma das mais calorosas quando as duas filhas dos Cousseau juntaram-se para fazer o melhor almoço. Era maravilhoso poder receber a família e fazê-los se sentir em casa como sempre acontecia quando eles iam visitar os pais em Trois-Rivières. Depois de todo o momento caloroso, ficou decidido que os Cousseau fariam rodízio para dormir na casa de e , enquanto os ficariam hospedados na casa do filho.
A noite não tinha sido diferente, porém a grande família decidira ir comer no Mangiafoco e rever o velho Jeff, que para eles ainda era um moleque como os filhos. O mais agradável era poder compartilhar de sentimentos tão grandes e eufóricos com as conquistas dos filhos e netos, a Designe estava mais do que pomposa com o ótimo trabalho na clínica da irmã e a enfermeira não se continha de tanta animação em poder reabrir. Tudo estava correndo como o planejado, o jantar tinha sido divertidíssimo e renovador.
Já em casa, acomodou seus convidados e logo após seguiu para organizar o que estava fora do lugar na cozinha. Se tudo se mantivesse organizado, menor ia ser o trabalho e o desgaste de arrumar tudo outra vez. Ela precisava urgentemente enfiar aquilo na cabeça dos filhos para que os dois ajudassem com aquele tempo que estavam com visitas importantes.
Cantarolou uma das músicas que tocavam baixinho no rádio, enquanto organizava as louças do café logo na bancada e fez um carinho na cabeça do Golden que rondava suas pernas. Uma risada baixa foi solta pela carência do bichinho e a mulher abaixou a postura, brincando com Hulk e recebendo lambidas de agradecimento. voltou a levantar a postura depois de despachar o cachorro para o seu colchãozinho e tomou um leve susto ao sentir as mãos sorrateiras do marido deslizarem por sua cintura, na intenção de colar ainda mais o corpo dos dois. Não era muito tarde da noite, mas as luzes da casa já estavam apagadas e provavelmente todo mundo já tinha subido para dormir, incluindo os filhos e pais dos dois.
passou o nariz na nuca dela e sentiu o corpo inteiro arrepiar com o toque na surdina, ela tencionou o corpo e no reflexo, deu um tapa de repreensão na mão que subia no abdome quase alcançando seu seio.
- ! - tentou ser firme, por mais que seu corpo a traísse em reagir a todas aquelas carícias safadas. - Meus pais estão aqui, seus pais estão aqui! - tentou justificar sua tentativa de fugir e ouviu uma risadinha sacana.
- Nunca foi lá um empecilho, você sabe. - o homem sussurrou ao pé do ouvido dela e aproveitou para morder a orelha da esposa. - A gente costumava brincar no meu quarto lá na mãe, ou no seu, na casa dos seus pais.
- Nós somos adultos! - a mulher tentou repreender, quando na verdade só queria fechar os olhos e guiar a mão dele por seu corpo. , com certeza, saberia como relaxá-la.
- E merecemos uma brincada gostosa. - beijou o pescoço dela mais uma vez, finalmente conseguindo enfiar a mão dentro da blusa da esposa só para constatar que ela estava sem sutiã. Bem felizmente, na verdade.
- ! - ela puxou a mão dele de uma vez. - Não fala brincar, parece pervertido demais e do jeito errado. - arregalou de leve os olhos e os dois riram juntos. - E eu também quero, estou em estado de nervos e preciso relaxar, mas eu não consigo sabendo que seus pais estão ao lado do nosso quarto e os meus no quarto da frente. Sem falar nos meninos!
- A gente pode trepar aqui embaixo, em cima da bancada, que nem aquele dia. Huh? - o sussurro sacana vibrou bem na orelha dela e a mulher apertou as coxas uma na outra. Ela odiava o jeito que falava aquelas coisas absurdas em seu ouvido e a fazia ficar tão excitada. - Tem o escritório também...
Era uma péssima situação? Claro que era! Perigoso mais do que tudo, se alguém pegasse os dois no ato em cima da bancada, mas se tinha uma coisa que era dez vezes mais, era excitante. Pensar nos dois, encaixados, suados e escondendo os gemidos dentro de casa era mais estimulante do que as pontas dos dedos do homem que roçavam vagabundamente por dentro do cós do short.
- , você ainda está na cozinha? - a pergunta animada de Charlie, junto ao barulho na escada interrompeu todo o amasso. recolheu a mão rapidamente para o abdome da mulher e abraçou-a com força, beijando o topo da sua cabeça em uma demonstração apenas de carinho.
sentia a respiração curta pelo susto e não sabia exatamente como reagir, fingia demência ou não dava a mínima para quase ter sido pega sendo acariciada pelo marido como se fossem dois adolescentes?
- Sim! - ela deu uma cotovelada no marido pela risada de deboche dele. - Estou na cozinha com o !
- Atrapalho alguma coisa? - o homem mais velho soltou uma risada divertida e apareceu no cômodo com um sorriso paternal.
- Quase pegou no flagra, sogrão! - brincou com a verdade na maior cara lisa e sentiu mais uma cutucada. Os dois riram. - Tem que beijar quando os meninos estão dormindo!
Charlie negou com um aceno divertido e coçou os olhos por baixo dos óculos, ele não era criança e sabia que tinha interrompido algo mais que um beijo dentro daquela cozinha. Infelizmente (porque ele sinceramente não precisava saber o que a filha e o genro faziam) ou felizmente, eles ainda tinham a mesma cara de adolescentes pegos no flagra.
- Não tem nada de flagra, pai. – ela fuzilou o marido com um olhar e desvencilhou dos braços tatuados de . – Precisa de alguma coisa?
- O dia foi muito agitado, eu não estou conseguindo dormir. – Charlie encostou à bancada. – Vim pedir um chá que me ajudasse.
- Camomila! – arregalou de leve os olhos. – É maravilhoso e eu devo ter alguns raminhos por aqui. – ela comentou com esmero e recebeu um sorriso amoroso do pai.
A mulher começou procurar entre os condimentos que guardavam ervas, enquanto ouvia a conversa entre o marido e o pai. Os dois eram amigos há anos e se mesmo depois de tantos desencontros na vida, continuaram se apoiando como uma família, não eram naquele momento de adultos que iriam se estranhar. A conversa já estava em caminhos que a enfermeira não prestara atenção, quando o chá começou cheirar fervendo no fogo, o aroma adocicado entrava nas narinas e acalmava qualquer um que aspirasse aquilo. Talvez, só talvez, acalmasse o fogo no pirulito do .
- Vai querer também, anjo? – ela despejou o líquido amarelado em uma caneca azul e sem esperar resposta, pegou outra.
- Obrigado, querida. – o mais velho sorriu grandemente e colocou dois cubinhos de açúcar no chá.
- Não, não, anjo. – o sorriso angelical do vocalista a fez arquear a sobrancelha como se duvidasse.
- Mamãe vai querer também? – umedeceu os lábios.
- Ela acabou dormindo primeiro. – Charlie riu desacreditado e agarrou a asa da caneca, sabia bem que estava sobrando ali. – Tem problema se eu levar lá para cima?
- Claro que não, sogro. – sorriu cordial. – Se sinta em casa, a casa é sua! – Charlie agradeceu e depois de dar um beijo de boa noite na filha, voltou para o quarto onde estava hospedado. estreitou os olhos para e deu um tapa no peito dele, ouvindo o homem prender uma gargalhada e esfregar o local atingido. – Tá vendo? Você tá brava, precisa transar!
- Eu vou é jogar chá na cobra para ver se baixa esse fogo todo. – a enfermeira rolou os olhos e sentiu a cintura ser abraçada rapidamente em um abraço divertido e apertado, fazendo-a se permitir soltar uma risada espontânea e por fim, beijar o marido.

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Leonor se sentia envergonhada, suja e a pior menina do mundo por estar diante daquela situação, por mais que ela soubesse e sempre fosse colocado em sua cabeça que um dia iria acontecer. Sua mãe sempre tinha tratado tal assunto com uma imensa naturalidade, mostrando que era fisiológico e fazia parte de mais uma fase que a garota iria viver. A transição da infância para adolescência não poderia ser mais traumática para as garotas, por que tudo aquilo? Porque menstruar, ovular, sentir dores e simplesmente mudar tanto em um momento tão conturbado?
Ela desviou levemente os olhos do chão e viu sua mãe sentada no batente da banheira, com os braços apoiados nas coxas e esperando o tempo dela para que as duas pudessem conversar mais abertamente sobre aquilo. Algo que não fosse sobre tipos de absorvente, ou como deveria ser colocado, a necessidade de tomar remédios e as situações técnicas de começar a menstruar.
As duas suspiraram exatamente do mesmo jeito.
- É normal... - começou afagar o joelho dela. Menstruar? Leonor sabia que aquele pesadelo era normal, até sua melhor amiga já tinha passado por isso. - Se sentir assim, querida. É normal, eu também odeio ter que menstruar, mas confesso que me alivia o peito mensalmente. - a mulher fez piada e as duas riram.
- É tão ruim, parece que todo mundo vai me olhar e saber isso. - a menina suspirou e olhou no rosto da mãe como se tentasse esconder o corpo. A mulher não contou conversa e esmagou o corpo pequeno da menina em um abraço amoroso, apertado e cheio de segurança. - Vai mudar muita coisa, mamãe?
A enfermeira umedeceu os lábios e sentiu o coração tremer. Era tão esquisito presenciar aquele assunto com a sua filhinha, era desesperador ver tudo que ela havia explicado um dia, acontecendo. tomou fôlego e segurou a mão da filha, recebendo total atenção de Leonor.
- Vai mudar bastante coisa, Leo. Primeiro seu corpo, vai ficar mais cheios de curvas, o quadril largo, os seios vão crescer mais um pouco e assim sucessivamente, até que você se transforme em uma mulher. - ela beijou a mão da menina que parecia meio apavorada. - Você precisa ir aceitando isso aos poucos. Ok? - Leo afirmou. - Depois, as oscilações hormonais são um pé no saco e você também vai conhecê-las. Agora é extremamente confuso, mas logo, logo, você vai saber quando ovula, quando vai estar perto de menstruar e quando você vai estar normal.
- Você sabe tudo isso, mãe? - ela fez uma careta apertando a mãe da genitora e ouviu a risada baixa, junto de uma afirmação.
- Ainda sei um pouco mais. - arregalou de leve os olhos e as duas riram baixo, mas confortáveis, espontâneas e amigas. - Algumas coisas que a gente não espera também vão acontecer, só que essas, você precisa de mais cautela para encarar.
- Como assim? - a menina estreitou os olhos e viu a mãe procurar um jeito de falar, como se pisasse em ovos no assunto. Será que era sobre sexo? - Você fala sobre fazer sexo?
- Não exatamente! - tendeu a se exaltar um pouco com o assunto "fazer sexo", embora soubesse que o desejo começava aflorar naquela confusão de hormônios e sentimentos, não queria ter que entrar em certos assuntos com alguém tão nova. Era mais fácil esperar as perguntas da mais nova. - É a sua sexualidade que vai começar a aparecer agora, se mostrar, na verdade. Aflorar mais, hormônios a flor da pele, a cabeça rodando a mil por hora e isso é uma via de mão dupla.
- Sobre se eu vou gostar de meninos ou meninas? - a moça fez uma careta por ter entrado naquele assunto sem mais nem menos e a mãe ponderou levemente, decidindo tentar se limitar aquilo e seguir a cabeça de Leonor nas curiosidades.
- Quem sabe os dois ao mesmo tempo! - deu de ombros e a moça finalmente soltou uma risada leve, sem aquela tensão toda. A mãe acompanhou. - Não tem problema algum nisso, você pode gostar de meninas, ou de meninas e meninos, ou apenas de meninos. Coração é terra que ninguém anda e a gente não escolhe por quem vai se sentir atraído. - Leonor sorriu agradecida e apertou a mão da mãe, decidindo não dar aquela resposta agora ou iria desencadear mais uma porrada de outras perguntas. iria querer saber quem era o tal garoto e a moça não estava disposta a abrir o bico. - Você tem algum amigo ou amiga que seja gay?
- Assim, de certeza, eu acho que não... - Leonor mordeu a boca. - Mas a Ash tava confusa, porque ela parecia tá gostando de outra menina e eu disse a ela que não tinha problema. Eu ia apoiar ela em qualquer escolha, mas ainda estamos às cegas sobre isso. - mãe e filha riram baixo.
- Isso me deixa muito feliz! - se esticou e beijou a bochecha da filha com um carinho imenso, um daqueles que transbordava tanto amor. - Mais alguma coisa que você queira saber e não tenha me perguntado? - a pergunta surgiu amedrontada sobre o rumo que o assunto tomaria e a garota puxou fôlego.
- Várias, na verdade! - Leonor arregalou os olhos e movimentou de leve as mãos, mostrando a que ela era tão expressiva quanto a mãe. A moça tomou um porte mais maduro e escorou os cotovelos no joelho, queria mesmo ter aquela conversa com a mãe depois de tanta coisa que já tinha escutado no colégio.
- Sobre sexo? - a mulher perguntou com uma careta imensa de desgosto e ouviu a gargalhada da filha. - Queria poder alegar que ainda não é a idade para você saber isso.
- Eu sei que você conversou comigo e o sobre sexo ano passado e falou bastante coisa, mas algumas só você vai saber me responder.
- E terei todo prazer em fazer isso. - ela piscou e beijou a cabeça da filha.
- A gente sente vontade de transar ou é só conversa? – a moça direcionou a pergunta ao sexo feminino e a mulher soltou uma larga risada.
- Claro que sentimos! – respondeu em uma naturalidade tão grande que a garota finalmente entendeu o que a mãe queria dizer com sexualidade. – E é normal sentir, é fisiológico para quem não é assexual, meu anjo. Você já teve algumas explanações básicas sobre sexualidade no colégio e sabe… - a moça afirmou. - Todo ser humano que seja alo* e tem uma vida sexual ativa, ou não, sente vontade de fazer sexo alguma vez na vida. É até instintivo para falar a verdade... A excitação que precede tudo e a euforia também, é o famoso tesão. – ela deu de ombros e teve vontade de rir ao ver a filha com as bochechas vermelhas como um pimentão. – Na gente, – a enfermeira também se referiu ao sexo feminino. – acaba sendo mais discreto do que nos garotos, porque se manifesta geralmente como um calor infernal.
As duas riram alto.
Ela tentara explicar da forma mais natural, embora quisesse morrer por estar tendo aquela conversa com sua menininha. Será que tinha sido tão difícil para o marido ter a conversa no mesmo teor com o filho? Ou melhor, será que aquilo já tinha acontecido?
- Isso é tão constrangedor! – Leonor riu em meio ao nervosismo.
- Porque as pessoas tratam a sexualidade feminina como um tabu, mas não é. Nós somos seres sexuais tanto quanto os meninos, embora eu garanto a você que lidar com a sexualidade exige uma maturidade muito grande. – a mulher umedeceu a boca. – Porque não é apenas se descobrir, sexualidade precisa dar prazer e prazer com alguém que a gente gosta é plenamente satisfatório.
- Okay, eu assumo que não tenho maturidade para conversar sobre isso com você. – Leonor soltou uma risada nervosa e foi esmagada pelos braços da mãe. – Prometo que quando eu tiver maturidade, a gente vai terminar essa conversa.
- E eu espero ansiosamente! – beijou a cabeça da menina e acochou-a um pouco mais no abraço, se demorando naquela demonstração de amor e apoio.

*abreviação que se usa para denominar as pessoas que sentem desejo e atração sexual

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Véspera. Era véspera da festa e graças ao trabalho conjunto de todo mundo as coisas tinham ocorrido como o planejado por e . ainda continuava sem sexo e embora achasse contraditórias todas as desculpas da esposa para não transar, ele respeitava e aceitava de bom grado as escolhas dela, mais cedo ou mais tarde o monstro do tesão atacaria e era bem capaz que os dois transassem em qualquer lugar horas antes da reinauguração só para equilibrar os ânimos. Ele? Bom, ele estava de bem com aquilo!
O vocalista parecia entretido com o iPad compartilhado, descobrindo as maravilhas da tecnologia nos joguinhos de raciocínio que filho tinha lhe apresentado. O lado da cama ao seu lado estava desarrumado, mostrando que estivera ali antes de se enfiar no closet, reclamando de tudo e mais um pouco. Ele riu por ter conseguido passar de fase e se sacudiu animado na cama.
- Era só o que faltava! - o grito de que reverberou no quarto, parecia vir do útero pela tamanha indignação.
- O que foi? - mal tirou os olhos da tela acesa, mas ainda no anseio de entender porque a esposa estava tão indignada.
- ESPINHA! – ela gritou enfurecida ao sair do closet apontando para o próprio queixo. – VOCÊ ACHA QUE EU TENHO IDADE PARA ISSO? – a mulher sacudiu a cabeça, irada com os próprios hormônios, sem se preocupar muito se não acordaria a casa inteira com o escândalo. – Beirando os quarenta com uma espinha horrível no queixo!
vincou as sobrancelhas sem entender direito porque ela repetia tanto a palavra espinha. O homem se ajeitou na cama ao sentar mais ereto e estreitou os olhos por trás dos óculos para descanso.
- Que espinha? Você está com espinha? – a cara de lerdo que não entendia nada só fez a mulher querer gritar ainda mais.
- UMA ESPINHA! Essa coisa horrorosa aqui! – a mulher praticamente enfiou o dedo onde a pápula estava. – OLHA! Tá enorme! – ela chegou a ficar vesga tentando localizar o problema e sem que percebesse, mordeu os lábios fechados para não soltar uma risada e ser morto por aquilo.
- Anjo, não tá tão grande assim. – o vocalista tentou acalmar a situação como um bom marido e a viu bufar.
- Tá horrível! – ela sacudiu a cabeça. – E o pior que o processo inflamatório só vai ficar ainda mais intenso com a maquiagem amanhã. Logo quando? Amanhã! Amanhã, ! Você acha que é do contraceptivo? – fez uma varredura com a vista pelo próprio corpo que parecia imenso e focou a visão no marido mais uma vez, esperando que ele se manifestasse na conversa e não deixasse-a opinando sozinha.
- Hm... Eu não sei? – apertou os lábios em uma linha fina e teve medo de ser atacado pelos hormônios da esposa. Ele sacudiu a cabeça e acordou para vida, antes que desse em mais confusão. – Me diz o nome do anticoncepcional, eu pesquiso a bula aqui na internet. Mas isso deve ser do estresse, meu amor. – gesticulou usando de mansidão na voz e nos movimentos. – Você também fica a flor da pele durante a TPM...
- Querida? – a voz de Lenna soou fora do quarto, acompanhada de uma batida contida na porta. O casal arregalou os olhos e sibilou que os gritos tinham causado aquilo. – Está tudo bem?
- Nós ouvimos gritos. – Louise complementou o quadro de preocupações e abriu a mão para o marido como se pudesse estapeá-lo a qualquer momento.
- Tá tudo bem, mãe! – a mulher gritou, mas ainda querendo esganar como se ele tivesse culpa. O homem segurou a risada e decidiu ir até a porta, sabia que as duas não iam sair dali antes que checassem os tais gritos de . – Vai logo! – ela esganiçou, ouvindo o marido rir alto.
- Essa mulher tá surtando com a reinauguração da clínica amanhã. – o vocalista disse ao escancarar a porta do quarto e ver a mãe e a sogra quase se enfiar ao mesmo tempo no cômodo. – Não foi nada não, vocês conhecem a .
A mulher abriu um sorriso culpado e sem vergonha, recebendo caretas horrendas de reprovação como se ainda tivesse no auge dos 16 e fizesse briga por nada. Não exatamente uma situação muito diferente da hipotética, mas se ela poderia surtar e colocar a culpa nos hormônios, ela iria.
- É apenas nervosismo, eu prometo! - mordeu a boca, mostrando-se envergonhada e foi coberta pelo carinho de duas senhoras extremamente amorosas.
Recebeu os abraços de bom grado e votos de que nada iria dar errado, ela e a irmã tinham trabalhado duro e por isso, iria ser a festa e o lançamento mais incrível que aquela cidade já tinha visto. Por fim saíram do quarto, deixando com um beijo de Louise cheio de ternura materna. O homem sacudiu a cabeça negativamente e se jogou na cama mais uma vez, vendo sua linda esposa de olhos fechados. Ou ela estava prestes a surtar de novo, ou tentaria se acalmar.
Ela fechou os olhos com força e respirou fundo, nunca iria entender como a irritava tanto quando ela estava em crise e ele no mundo da lua. Será que ele não entendia a necessidade de gritar para que ela acordasse e voltasse o mundo real? Céus, ele não podia ser tão lerdo.
- Me diz o hormônio do anticoncepcional, eu vou procurar aqui na bula. Pode ser só isso, anjo. - o homem se pôs mais compreensivo diante da situação.
- O anel vaginal tem uma porrada de etonogestrel. – coçou a cabeça e viu a cara de palerma do marido. – Pode acontecer acne sim. Só que não é para acontecer, isso é inadmissível. Isso é culpa dos meus ovários!
- Mata eles! – a gargalhada estrondosa do homem ressoou no quarto grande e automaticamente ele se encolheu, sabendo que iria ser alvo de alguma coisa lançada por ela.
- Eu vou arrancar e jogar na sua cara, palhaço! – ela puxou a toalha molhada do cabelo e atirou no marido encolhido, ouvindo-o gargalhar ainda mais e se esticar na cama como se fosse o filho.
- Você parece linda para mim!
- Dá para me levar a sério? Eu estou falando que eu estou toda desregulada, espinha na cara, minha bunda tá cheia de cratera, os peitos caindo e até o cabelo se rebelou contra mim e você aí de elogio! – a mulher trincou os dentes e viu o vocalista pulador parar de uma vez com a crise de riso. – Sinceramente? Que Leonor arranje um cara que não ria dela!
- Te amo, linda! – mandou um beijo alado que a fez rolar os olhos. – Mas tá, agora você respira e volta para Terra. Eu já falei que beber escondido não é legal, . – ela se limitou a mandar o dedo do meio em uma atitude bem infantil. – De onde você tá vendo essas coisas aí? Porque olha, eu tô até de óculos e vendo nada disso. Só vejo uma mulher linda com um shortinho que tá me fazendo morrer. – o homem mordeu os lábios ao mirar os olhos nas pernas descobertas da esposa e suspirou audivelmente.
- Continua cego. Eu preciso voltar para yoga e o pilates, com urgência! – olhou o próprio corpo e suspirou frustrada com tanta angustia que lhe atingia. – Se eu ficar parecendo um salame enrolado naquele vestido, eu vou morrer chorando!
- Mulher, você bateu a cabeça?
- PARA DE ME CHAMAR DE LOUCA QUANDO EU ESTOU EM CRISE! – o grito psicótico veio acompanhado de expressões ainda piores e o homem enfiou a cara no travesseiro para não fazer ainda mais barulho. – Não dá para conversar com você, . De verdade, não dá! Eu vou ligar para o Andrew!
- É sexta à noite, você não vai atrapalhar a noite do cara. – ele apontou para ela e levantou da cama, não adiantava contestar com tudo que dizia quando a mulher estava em suas crises de exagero. Sendo assim, enfiou os braços por entre os da esposa e abraçou a cintura dela, dando um beijinho estalado na ponta do seu nariz. Finalmente um suspiro calmo e aliviado escapou.
- Droga, esqueci disso. – a enfermeira encostou o queixo no peito do marido, pedindo socorro com um olhar subliminar. – Você poderia virar meu amigo gay. – o bico dobrou quase no queixo, fazendo achar graça naquilo.
- Não tenho interesse. – o cantor beijou-a mais uma vez na ponta do nariz. – Mas... – ela foi virada delicadamente para frente do imenso espelho que decorava a parede do quarto. – Olha para você! Linda pra caralho, perfeitamente perfeita! Nunca teve tanta insegurança com o próprio corpo. , você não é assim, você é a mulher mais segura que eu já conheci em toda a minha vida.
Um sorriso imenso se abriu nos lábios da mulher, inflando as bochechas e quase escondendo os olhos hipnotizantes que ela possuía. Aquelas eram as palavras mais incríveis que tinha escutado sobre ela, claro que seu marido sempre havia deixado bem explícito o quanto ela era areia demais para o seu caminhãozinho, mas ouvir em forma de motivação tinha outro gosto.
- Você é exagerado. – ela riu puxando as mãos dele contra seu abdome.
- Apaixonado... – o homem piscou e selou levemente o pescoço dela. – Essa espinha aí, se você passar um daquele seus cremes, amanhã ela já não tá mais aí. – o Mr. levantou um dedo, mostrando que a solução estava a horas de distância apenas.
- Tenho medo de o vestido não ficar legal. – os dois suspiraram. – Principalmente pelas minhas imensas expectativas em vesti-lo... e minha bunda tá imensa. Programei tudo nos mínimos detalhes e tenho medo que tudo saia dos trilhos de última hora.
- Por que você iria querer que ela não chame a atenção? – o homem afastou o corpo dos dois e imerso em tentar fazê-la rir, olhou imensamente preocupado para os glúteos da esposa.
- Por que ela é enorme (?) – arregalou os olhos ao mostrar toda a sua obviedade e ganhou uma palmadinha carinhosa. Os dois riram. – O vestido é colado e bordô, sem falar que eu engordei.
- Mulher, a melhor coisa que aconteceu foi essa engordada. Suas curvas voltaram! – os dois se abraçaram no aconchego. – Me deixa eu sugerir uma coisa? – ele beijou-a na bochecha, vendo vários acenos afirmativos da parte dela, além de um sorriso encantador. – Pega o vestido e veste agora! Eu sempre dei opinião nas suas roupas, posso fazer de novo. – piscou e viu o quanto ela tinha se animado com aquilo.
- Promete ser sincero e não soltar elogio sacana? – a mulher se soltou do abraço parecendo uma criança animada.
- Prometo ser bem sincero. Onde isso vai me levar eu já não sei! – ele piscou sacana e ouviu a gargalhada da mulher que praticamente já se refugiava no closet para usar o tão falado vestido que tirava o sono e o sossego dela, de tanta ansiedade em vesti-lo.
- Eu já volto! – o gritinho soou tão eufórico que o fez sorrir e comemorar com um soco no ar. Tinha conseguido mudar o humor hormonal da esposa e aquilo era um feito raríssimo.
vestiu a roupa de alta costura com a suavidade necessária para que ficasse perfeitamente encaixado em seu corpo, a delicadeza com que as alças seguravam o busto, o caimento que as costuras proporcionavam na cintura, quadril e glúteos era sem igual. Aquele tinha sim sido feito sob medida para ela. O sorriso satisfeito varou os lábios rosados da enfermeira/autora do ano e com aquele sentimento de nobreza, ela deu uma voltinha em torno do próprio eixo, prontíssima para mostrar o resultado ao marido babão que lhe esperava sentado na cama. À medida que os passos cuidadosos eram dados no carpete do quarto, o queixo de descia com a tamanha perfeição em uma mulher só. Ele realmente estava sem palavras com o espetáculo que a esposa se encontrava.
- PUTA MERDA! – foram as únicas palavras que saíram da boca dele, mesmo que bem baixas. – , como você tem coragem de se comparar a um SALAME ENROLADO? – ele havia esganiçado tanto, ao ponto de desafinar na hora. soltou uma risada espontânea e relaxada. Ele tinha mesmo gostado?
- Eu não tinha vestido ainda! – ela saiu em sua defesa, vendo-o fingir estar saturado.
- Se salame fosse assim, eu comia todo dia. – a carinha de safado se fez presente nas bochechas rosadas e finalmente arrancou uma gargalhada larga da enfermeira a sua frente.
- Não comia não. – usou do mesmo tom.
- Tem razão, isso já acontece. – o homem mordeu o lábio, deixando suas bochechas ainda maiores.
- Ai, ! – ela sacudiu os cabelos cacheados e os dois riram cúmplices. A intimidade era gostosa demais, o jeito que se conheciam desde sempre e o conforto na convivência só fazia tudo ficar ainda mais colorido.
- Tá linda, . A perfeita anfitriã! Combinou totalmente com você e com o seu corpo. – sorriu transbordante de amor ao ver a felicidade da esposa com o vestido e em um acontecimento raro, a fez corar violentamente nas bochechas como se tivesse 15 anos de idade. – Nossa nora caprichou para caramba também. Me lembra de elogiar!
- Eu sei! Ela trabalha divinamente bem, eu amei toda a costura delicada e confortável. Foi o dinheiro mais bem pago da vida! – passou as mãos pelo corpo, apenas mostrando o quanto a costura tinha sido feita para seu corpo. – Já viu seu blazer? – negou com um aceno e o nariz enrugado.
- Amanhã eu vejo. – ele suspirou animado. – Agora eu quero que você tire essa roupa e venha para cá. – a piscadela safadinha acompanhou o tapa no colchão, fazendo rir e sacudir a cabeça. – Que cabeça horrível, mulher. – estreitou os olhos, arrancando mais uma reação divertida dela. – Eu quero deitar, te abraçar e dormir agarradinho mergulhado no chamego.
- Minha cabeça é horrível? – ela perguntou com uma indignação sem tamanho e virou de costas para o marido em um pedido silencioso que ele abrisse o zíper invisível do vestido. – Há duas semanas você vem me comendo o juízo para...
- Eu queria comer outra coisa, mas você não deixa. – o tom do homem soou inconformado, ainda que fosse uma piadinha sacana e abriu o pequeno zíper que contornava a bunda, escondido por uma fileira de botões que pareciam pérolas.
- Porra, papi! – ela fingiu reclama da péssima piada e os dois riram.
- Prontinho, abri o zíper. – o homem encheu a mão para apertar a bunda da esposa e ganhou um cutucão na cabeça. – Não me culpe por tentar, . A propósito, bela cueca! – o sorriso sem vergonha decorou os lábios avermelhados dele, fazendo-a se sentir ainda mais calma depois da tempestade que havia sido o começo da noite.
O vestido vermelho voltou ao cabide protegido por uma capa bem ao lado do blazer azul-marinho de e logo também voltou ao que deveria ter feito desde o começo da noite, antes de surtar por causa de uma espinha. Os braços do marido ainda eram seu melhor e mais seguro aconchego no mundo, ali ela podia chorar, espernear, gritar e parecer o quão vulnerável fosse sem ser julgada ou condenada por ninguém. No fim das contas, ser a durona daquela família ainda tinha seus momentos de maria mole e só outra maria mole conseguiria entender e consolá-la.

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abriu um largo sorriso ao terminar de ajeitar a gravata borboleta do seu pingo de gente e mesmo sem intenção, induziu o garotinho a abrir o sorriso canino do pai, porém com um dente da frente faltando. O carinho de mãe arrumou o tapetinho loiro que havia sido feito por e a criança parecia elétrica de tão empolgada em participar da festa. Era a primeira festa grande e cheia de adultos que o Alex iria, cheia de amigos dos pais, de gente arrumada e adulta, se até Leonor e iriam parecer adultos na reinauguração da clínica, ele também queria.
- Eu estou bonitinho, né mamãe? - Alexander fez uma expressão bochechuda e sem vergonha.
- Bonitinho? Você está o mais bonitão do mundo! O menino mais lindo de todo o mundo! - a mulher fechou os olhos com força e apertou o filho em um abraço como pode, recebendo os bracinhos mais protetores do mundo inteiro em volta do seu pescoço. Ele tinha subido no apoio de pés da cadeira de rodas e feito com que o abraço fosse ainda mais apertado, além de encantar o pai que registrou o momento ao longe. - E ainda tá tão cheiroso! - a designe enfiou o nariz no pescoço da criança, ouvindo as gargalhadas do menino.
- Cosquinhas não! – o grito fino do rapazinho arrancou risadas divertidas dos dois adultos na sala de casa.
- Deixa eu ajudar nessas cócegas? – já perguntou com os dedos prontos para cutucar a cintura da criança, fazendo o menino gritar ainda mais fino, à medida que tentava se desvencilhar da mãe e se amarrotava todo.
Pai e filho estavam com as roupas iguais, mudando apenas pequenos detalhes que nem eram tão perceptíveis assim, os dois usavam camisas escuras e suspensórios acompanhados de uma gravata borboleta muito chique. ainda tinha o adicional de um blazer preto que tinha deixado babando toda a água do seu corpo. Definitivamente, os dois precisavam fazer mais uma criança e com certa urgência, se possível.
- Estamos prontos para ir? – a designe perguntou ao marido e ganhou um selinho casto, além de arrancar um grunhido de nojo da criança.
- Eeew! – Alexander fechou o olho e torceu a boca.
- Exatamente! – bagunçou o cabelo do filho. – E que fique “eew” por muito tempo. – o homem apontou e o garoto riu. – Sim, amor, estamos prontos para ir. Quer passar na antes? Ela deve estar uma pilha e você sabe bem como deixar ela menos doida. – os dois riram com a declaração mais do que certa. As duas irmãs se entendiam bem e tinham a alma em sintonia.
- Quero, ela deve estar enlouquecendo a pobre da mãe. – sacudiu a cabeça ao soltar uma risada e segurou a mão do pequeno furacão, pegando a bolsa de mão do mesmo material que tinha sido feito o seu sapato preto.
A mulher estava deslumbrante com o vestido azul frente única que Madeleine tinha produzido maravilhosamente e se sentia tão incrível nele como uma modelo dentro de um vestido que havia sido feito sob medida. E era exatamente assim que a mulher estava, confortável porque a roupa atendia todas as suas necessidades, segurança e conforto, dando-a a certeza que a moça iria longe se continuasse costurando tão bem. começou guiar o filho e com todas as recomendações de cuidado para ele não se machucar na cadeira motorizada, andou com ele para fora de casa, vendo seu molequinho lindo se encolher com o frio de outubro. Ela riu achando uma das coisas mais lindas do mundo e apertou de leve o nariz do pequeno, enquanto fechava a porta.
- VOVÔ! – o molequinho correu entre as calçadas e sem demoras, foi pego no colo por Charlie que parecia um babão com os netos. Para ele não tinha nada melhor do que ser chamado de vovô pelas três crianças mais incríveis do mundo.
Em frente à casa ao lado, as três famílias se organizavam para também sair de casa, embora algumas caretas descontentes causassem risadas em pai, fazendo a designe ter certeza que era pelo simples motivo de o sobrinho mais velho usar uma saia. De onde raios o moleque tinha tirado aquilo?
- tá de saia? – só verbalizou a mesma dúvida da esposa e a viu soltar a risada presa, depois dar de ombros. – Esse moleque é doido demais!
- É filho de quem é, o que você queria? – rebateu, começando a se locomover para onde o aglomerado se concentrava e pode ouvir Eliot tentando explicar aos avôs inconformados o porquê da saia.
- Boa noite! – o Mr. saudou prendendo uma risada pela cara horrenda do sogro e recebeu várias saudações em resposta. Cumprimentou os pais da esposa, os pais de e depois deu um beijo na cabeça dos sobrinhos, achando engraçada a cara de bunda no rosto do rapaz de mente aberta.
repetiu os gestos do marido e foi abraçada de lado pelo afilhado, como se o moleque pedisse socorro por todos os questionamentos, que agora tentava abafar.
- Qual o problema do moleque usar saia? – a designe saiu em defesa do menino e quase recebeu um grande luminoso de volta.
- Exatamente, tia! – Eliot beijou a cabeça dela, inconformado com a discussão sem nexo, principalmente quando o único motivo plausível era o estranhamento do look.
- É esquisito! – Charlie respondeu e foi apoiado por Réal. Velhos quadrados.
- Não tem nada de esquisito aí, pelo amor de Deus! – bufou já meio impaciente e cutucou o marido para que ele começasse a guiar todo mundo para seus carros.
- Isso é estilo, vô! – Leonor se pôs na conversa, disposta a mostrar que os pensamentos quadrados não tinham vez ali. – Usar saia não vai fazer o ser menos homem, aliás, isso é caráter. Posso garantir que meu irmão não vai deixar de ser o Eliot por causa de uma saia. Sério!
- Olha, eu só tenho a concordar com Leonor! – a Mrs. deu high five com a sobrinha e viu os dois velhos bufarem derrotados com o assunto saia masculina.
- Eu posso ter uma saia? Eu achei esquisito quando vi o vestido, mas agora parece tão legal. Eu quero uma também! – a vozinha de Alex toda embolada no sotaque francês atingiu o grupo de adultos ali e por questão de segundos, ninguém parecia responder, até que se pronunciou com uma resposta digna.
- Claro! A gente só precisa conversar com a namorada do , foi ela quem fez a dele. – o homem piscou para o filho e em troca ganhou sorrisos imensamente largos do anexo mais novo dos , incluindo pais e filhos, além de um sorriso imensamente apaixonado da esposa. Ali ela sabia, tinha realmente casado com o homem certo.
- EBA! – o grito animado da criança fez a família inteira rir, no fim das contas, porque os avós e os pais tinham sido criados em um regime quadrado, não tinha a necessidade de criar os filhos daquele jeito também.

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A noite estava deslumbrante, nem fazia tanto frio assim por mais que as temperaturas estivessem bem baixas aquela época do ano, mostrando que o clima estava perfeitamente de acordo com o grande evento daquele dia. A pequena e aconchegante clínica já estava toda decorada e preparada para a sua nova apresentação aos amigos e ao mercado, tendo até alguns convidados quando os e os chegaram para começar a festa, ilustrando as fotos mais lindas registradas por Chady, o fotografo da banda que tinha sido convidado especialmente para aquilo.
Já era possível ver algumas personalidades bem conhecidas por ali, além do Simple Plan, óbvio. Incluindo a formação da banda mundialmente famosa Good Charlotte: Joel, Benjamin, Billy, Paul, Chris e Dean estavam acompanhados das famílias naquela linda noite de prestígio. Travis Clark, vocalista do We The Kings também marcara presença no evento dos amigos e fazia um belo par acompanhado da esposa Jenny. Não podendo faltar o tatuador da família gibi, Aaron Della, um velho amigo dos que tinha até tatuado a criança rebelde há uns bons meses.
As programações se iniciaram calmas com a apresentação e o lançamento do livro de que relatava sobre os sentimentos da pessoa estomizada antes e depois da utilização da prótese de silicone, projetada e construída pela estomaterapeuta. A tecnologia consistia em uma estomia* sintética que poderia ser acoplada a pele dos pacientes, na intenção de que eles melhorassem o enfrentamento da condição antes da cirurgia para a confecção. O livro mostrava as comparações da pesquisa sobre o uso e o não uso da estomia sintética pré-confecção cirúrgica e consequentemente, as repercussões. Seguidamente e mostraram as dependências da clínica e a acessibilidade impecável que havia sido instalada nela, afinal o que seria a clínica de uma estomaterapeuta sem acessibilidade para todos os seus pacientes?

*Não sei se já mencionei antes, mas estomias são porções exteriorizadas de alguns órgãos. A Estomaterapia é uma área que acaba trabalhando mais com as estomias de eliminação e com isso eu digo, estomias que saem xixi ou cocô e em grande maioria das vezes as pessoas com estomias utilizam de dispositivos coletores (as famosas bolsas de colostomia). Só que esse processo acaba sendo um baque enorme na imagem corporal de quem precisa fazer a cirurgia.

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- Boa noite! – disse ao microfone em cima do pequeno palco e foi saudada de volta por todos os convidados presentes. – Vamos aproveitar essa noite maravilhosamente brilhante para apresentar a vocês o novo time da Fundação Simple Plan. – a mulher abriu um sorriso imensamente orgulhoso e a poucos metros viu o marido, que tomava conta de grande parte dos projetos da fundação, sorrir tão orgulhoso quanto ela. A banda em peso estava ali, inclusive alguns responsáveis administrativos do enorme projeto que tinha tomado proporções imensas. – Desde o começo do ano eu e a vínhamos conversando sobre os serviços de enfermagem da Fundação e essa mulher brilhante resolveu reunir um time de dar inveja a qualquer um e o melhor de tudo, espalhado por todo o país e adjacências. – a mamãe do Alex apontou para irmã ao seu lado e viu a mais nova sorrir tão plenamente satisfeita quanto seu marido.
recebeu a palavra com um sorriso e algumas calorosas palmas, incluindo o marido, os filhos, sogros e seus pais que sorriam tão largamente quanto ela.
- Boa noite! – ela também foi saudosamente aclamada por seus convidados ali presentes, sentindo o peito encher por ser um dos dias mais felizes da sua vida. – Como a já disse, eu precisava mostrar o serviço da enfermagem de uma forma ainda mais efetiva dentro da Fundação e com isso, intimei alguns amigos para que pudéssemos oferecer os melhores serviços a quem precisa. Com vocês... – ela apontou para o lado direito do pequeno palco. – Andrew Jones! Meu braço direito dentro da Estomaterapia e professor da McGill. Nosso caçulinha orgulho! – as pessoas acharam graça, à medida que aclamavam a presença do rapaz ali. – Nós dois vamos atender a todos os casos que necessitem da nossa atenção de especialista. – ela sorriu ao receber um abraço apertado do amigo e o homem também ganhou palmas calorosas, inclusive de . Ele conhecia bem demais a trajetória daqueles dois e morria de orgulho por isso, ainda que não mencionasse na frente do enfermeiro, ou ele explodiria em convencimento.
Jones acenou de leve para em quem estava a sua frente, feliz em ver o quão eles iriam ser apoiados por todos ali e levemente sentiu o sangue fugir das bochechas ao ver um rosto que não via há uns bons anos, ao menos não tão de perto. E o mais extraordinário, a pessoa sorria tão largamente que fazia seu coração disparar.
acomodou o amigo pertinho da irmã e continuou com as apresentações:
-< b>Adrienne Benoit, coordenadora de pesquisa da universidade McGill, minha casa acadêmica. – a Mrs. abriu um sorriso imenso para amiga que subiu ao pequeno palco sendo ovacionada por quem estava ali, entre eles, Peter e as crianças e Pettrus, um amigo de muito longa data e pró-reitor da McGill que estava acompanhado da jovem esposa.
Nathalie parecia extasiada em participar de um evento como aquele, cheio de pessoas na qual ela só tinha acompanhado pelas telas da TV ou internet. Qual é? Um dos seus maiores ídolos/crushes de adolescência estava em pezinho ao seu lado babando pela esposa, o que ela achava extremamente digno, honestamente.
- A Adrie vai ser responsável por coordenar as pesquisas que possam trazer avanços para os cuidados dos nossos pimpolhos. – a mulher sorriu abraçando a ex-orientadora e a guiou para um lado do palco, pertinho de onde Andrew estava. – Sidney e Phillip Bowman. – apontou mais uma vez para onde a amiga estava e viu a instrumentadora cirúrgica fazer uma dancinha da vitória que era toda e completamente Sidney. – Os Bowman trabalham com trauma cirúrgico e estão sediados em Vancouver, mas vão completar o time para cobrir todas as nossas necessidades na área. – o casal surgiu onde estava e cumprimentou-a mais uma vez, se mostrando bem empolgados com a nova ideia. – A Sid é instrumentadora cirúrgica e o Phill é traumatologista, com direcionamento para área cirúrgica. Garanto que estamos em boas mãos! – eles riram.
Mais uma chuva de comemorações, sorriso extremamente gratos e emocionados por parte de , Jeff, Chuck, e David, os cinco responsáveis pela Fundação mais incrível que aquele país já tinha visto.
- Amelia Lepine! apresentou a garota com carinha de criança e logo ela se juntou aos outros, sorrindo imensamente satisfeita por ter sido recrutada a algo tão imenso e nobre. – Ela é enfermeira pediátrica com foco em sistema respiratório e atua em Toronto. – a salva de palmas foi puxada, fazendo a moça se sentir uma das enfermeiras mais importantes do mundo. – Samantha Leclercq para completar o time da nossa juventude. – a estomaterapeuta indicou a garota que abriu um dos sorrisos mais imensos do mundo. – Enfermeira emergencista com foco em cardiologia e para completar ainda é dona de um restaurante maravilhoso aqui na cidade. – a Mrs. brincou e ouviu a risada espontânea de Samantha enquanto a mulher praticamente sibilava que pertencia mais ao marido chef de cozinha.
- E por último, mas não menos importante. – tomou a palavra e recebeu um olhar confuso da irmã mais nova, definitivamente aquilo não estava no roteiro. – A líder e idealizadora desse time: ! – a designe apontou para irmã e logo foi ovacionada por todos os seus convidados, recebendo um abraço apertado de quem estava ali do seu lado, começando pela irmã mais velha que estava cheia de orgulho.
Logo os cumprimentos se estenderam a banda, mais especificamente e Jeff que invadiram o espaço para abraçar os novos colaboradores do projeto, juntamente com os outros três e mais os responsáveis pela parte administrativa da Fundação Simple Plan. Seguidamente as famílias orgulhosas encheram as duas irmãs de abraços e beijinhos e depois os convidados ali presentes.
O coquetel seguiu animado como havia começado, algumas fotos foram tiradas por Patrick, mas as oficiais do evento ficaram por conta do Chad. Os convidados entraram em conversas paralelas ao reencontrar velhos conhecidos, conhecer novas pessoas e fortalecer as relações políticas em casos de quem tinha ligações universitárias. tirou algumas fotos com o marido em poses extremamente elegantes, assim como também fez com os filhos que estavam deslumbrantes, definitivamente ela era a mulher mais sortuda do mundo por ter uma prole tão linda e cheia de personalidade. Quer dizer, qual garoto no auge dos 16 anos usaria uma saia em um evento tão frequentado? Definitivamente, a mulher estava explodindo de tanto orgulho pelas escolhas dos seus dois pimpolhos.
Aproveitou para mostrá-los a alguns amigos que não via há eras e apresentá-los a novas pessoas, recebendo elogios que ela e tinham filhos lindos e simpáticos. Depois de toda a diplomacia, o casal liberou os filhos para ir curtir a companhia dos amigos que estavam lá, como o Greg, os irmãos Dill e mais alguns filhos de amigos dos pais que possuíam basicamente a mesma idade. Os adultos também não perderam tempo para fortalecer as relações de amizade e assim como os filhos, decidiu conhecer uma jovem que era muito bem falada por Andrew.
Nathalie parecia uma menina à primeira vista e era um pouco inconsciente olhar ela e o marido e não estranhar a diferença de idade dos dois, por mais que formassem um lindo e apaixonado casal. A estomaterapeuta sorriu ao encontrar os dois conversando em um dos cantos e levemente como uma pena, direcionou-se até onde eles estavam, ansiosa para conhecer a moça e quem sabe dar um empurrãozinho a apresentando para todo o seu time de enfermeiras incríveis.
- Boa noite! Estão gostando da festa? – a voz animada da anfitriã tirou os dois do transe apaixonado e logo Pettrus se pôs a esticar a mão para cumprimentá-la.
- Boa noite, ! – o cumprimento singelo se fez presente entre os dois que tinham a mesma faixa de idade. – Estamos adorando a festa, está tudo muito incrível. Parabéns! A iniciativa para a Fundação foi realmente esplendorosa. – o homem sorriu animado. – Essa é a minha esposa, Nathalie Boone. – o homem deu um empurrãozinho na esposa que usava um macacão branco de alfaiataria e a impulsionou dar um passo à frente. – Uma grande admiradora do seu trabalho.
tomou as mãos da garota e em um ato caloroso, abraçou-a brevemente, à medida que sorria imensamente grata pela tal admiração. Afinal, era sempre muito bom poder influenciar pessoas no caminho certo, era incrível na verdade.
- Então você é a famosa Nathalie? Achei que não fosse te conhecer tão logo! – a estomaterapeuta foi simpática e risonha.
- Famosa? – a moça esganiçou de leve ao olhar para o marido como se pedisse socorro e ganhou um sorriso imenso dele.
- Claro que sim! Seu marido me falou sobre você, mas nada supera o Andrew, elogios por cima de elogios. Confesso que fiquei curiosa. – sorriu meiga e sincera sobre a curiosidade, principalmente quando já estava de olho na vida acadêmica da garota e como poderia lapidá-la junto com o Jones.
- Me sinto honrada em estar aqui. – Nathalie respirou fundo, apertando de leve as mãos de . – Eu acompanho seu trabalho há bastante tempo e já li vários artigos seus sobre feridas crônicas. Foi aí que eu despertei apaixonadamente para a área! – ela explicava, segurando as mãos da mulher que alargava ainda mais o sorriso a cada palavra. – Comprei seu livro na pré-venda e fiquei ainda mais feliz hoje quando consegui que você assinasse.
- A gente não deve acreditar em tudo que vemos na internet, querida! – a mais velha soltou uma gargalhada espontânea sobre o conteúdo que tinha produzido durante alguns anos e Nathalie sentiu o coração parar, levando a conversa para outro nível. O nível stalker da vida dos outros. – Mas fico imensamente honrada em saber de tudo isso. Posso sequestrá-la um pouco, Pettrus? Prometemos que não ficará sem companhia muito tempo.
- Claro que não se importa! – a garota disse disposta a não perder a companhia de , seguindo-a para onde quer que ela lhe levasse dentro da clínica.

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- Com licença. – parou ao ouvir o pedido de uma moça e virou um pouco confuso, percebendo que se tratava da imprensa local e que cuidava de todos os assuntos relacionados a pesquisas e saúde. Eles estavam ali por e nada deixava o homem tão orgulhoso da esposa em ver o quanto ela era reconhecida –merecidamente - pelo incrível trabalho que fazia.
- Claro, em que posso ajudar? – ele sorriu simpático e viu a repórter se animar, trocando um discreto microfone de uma mão para outra.
- O senhor é o marido da , certo? – ela perguntou e recebeu um aceno frenético em resposta. O vocalista do Simple Plan estava amando toda aquela denominação de marido do mulherão mais incrível que ele conhecia. – Meu nome é Adah, nós somos do jornal acadêmico da Universidade McGill e queríamos saber se o senhor pode nos responder algumas perguntas sobre o trabalho da . Queremos fazer uma matéria completa sobre ela!
- Claro, todas que eu puder! – riu simpaticamente e acabou deixando a moça mais confortável para começar a série de perguntas sobre a mulher e o imenso trabalho que ela fazia.
A moça começou sua série de questionamento e ia respondendo da maneira mais completa que poderia, não tinha melhor pessoa do que ele para saber o limite entre o que poderia ser exposto e o que não poderia, ele tinha vida pública há quase 17 anos e sabia bem o quão desastroso seria se algo fosse dito errado. A conversa devaneou sobre a carreira profissional de a enfermeira, em como ela tinha conseguido chegar onde havia chegado mesmo estando casada e com dois filhos desde muito nova, sobre vencer os estigmas de uma gravidez na adolescência, conciliar família, viagens, a vida pública com o marido e a carreira brilhante dela. Talvez os genes da genialidade tivessem ajudado em muita coisa, mas apostava bem mais em esforço, estudo, dedicação e organização. Sua esposa só estava colhendo os frutos do que ela tinha plantado por muito tempo e era muito mais do que merecido.
- E algo que você possa dizer para gente fechar a matéria com chave de ouro?
- Uma frase para fechar? – o homem perguntou rindo com o pedido da moça que parecia encantada com tudo que ele tinha dito. – é minha heroina. – ele sorriu largamente e mostrou todos os dentes superiores. – Ou melhor, ela é meu anjo!

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pai coçou a cabeça meio perdido mergulhado em um ambiente lotado de tanta gente e respirou fundo por um momento na intenção de localizar os pais, os sogros ou alguém responsável como os na festa. Precisava de um grande favor para aquela noite e não ia hesitar em pedir. O homem cumprimentou alguns amigos que passavam por ele, com leves abraços e uma breve conversa sobre os elogios a festa, até porque era realmente gratificante poder fazer parte de algo tão lindo quanto a reinauguração.
- Pai! - filho cutucou de leve a cintura do pai, fazendo o homem virar meio assustado para entender quem era. - Eu quero dar o fora daqui com a Mad, problema? - o rapaz engrandeceu os olhos ao colocar implícita todas as informações que ele pretendia mostrar com aquele pedido.
- Oi? - o homem vincou a testa para entender bem a cara de pau do filho adolescente. + a namorada + um carro = a muito problema. O vocalista sabia bem o que aquilo significava, principalmente pelo jeito desconfiado do moleque. - Você quer o quê?
- Sair, com a Mad. Daqui. - filho mordeu a boca, esperando a aprovação do pai e quem sabe até a chave do apartamento. Uma pena que homem já tivesse planos para usar o apartamento aquela noite.
- Vai sair coisa nenhuma, vai daqui para casa com seus avós. - ele voltou a procurar os casais com a vista. - E com a Leonor também.
- E vocês? - Eliot esganiçou como se tivesse o direito de repreender o pai, ganhando um par de sobrancelha arqueadas em ironia.
- Não que seja da sua conta, moleque enxerido. - o homem usou de um tom bem leve no rebote a pergunta e o garoto riu alto. - Eu vou sair com sua mãe e sem hora para chegar! - ele esticou o dedo em riste, vendo o filho rolar os olhos e suspirar fundo, embora bem frustrado por saber que quaisquer planos que tivesse feito iria por água abaixo. – Exatamente, vai para casa. Lugar de criança é em casa. - pai deu um tapinha no ombro do filho e saiu de lá, deixando o moleque inconformado por não poder concretizar seus planos malignos.
O Mr. (da segunda geração) encontrou os avós responsáveis e parou perto deles abraçando a mãe com força, ainda que no susto e a fizesse ficar confusa em qual atitude tomar, se batia nele ou ria. Os quatro riram da reação de Louise e logo ganhou a atenção que queria para poder fazer o pedido, enquanto sua mãe tentava arrumar qualquer coisa em seu cabelo como se ele tivesse a idade do Alex. Há alguns bons anos, o homem com certeza reclamaria que aquilo era constrangedor, juntamente com toda a carga que trazia os carinhos de uma mãe, mas atualmente ele entendia bem demais a necessidade de cuidar dos filhos, independentemente da idade que eles tivessem.
- Vocês podem ficar de olho no e na Len, hoje? - o sorriso pidão se fez presente e arrancou risadas anasaladas, parecia até o garoto de vinte e poucos anos pedindo o mesmo socorro aos pais quando queria um tempo sozinho com a esposa.
- Claro que ficamos, querido! - Lenna sorriu maternal para o genro e o homem respirou aliviado.
- Obrigado, Lenna. - o homem apertou de leve o ombro da sogra esbanjando gratidão. - Eu preparei uma surpresa para e vocês sabem como adolescente é fogo! - desabafou e recebeu um olhar de repreensão do pai.
- Sei, sei bem. – Réal zoou com a cara do filho mais novo e ouviu a risada desafinada do vocalista do Simple Plan. – Quanto mais novo, mais atrevido! – o senhor septuagenário cutucou bem as atitudes pregressas do filho.
- Exatamente, o Eliot estava com uma história de sair daqui com namorada, então peço encarecidamente que vocês abram os dois olhos com o moleque, porque ele puxou a mim e a mãe dele. - pediu, fazendo o sogro arquear a sobrancelha bem debochado do pedido dele como se o condenasse por querer exatamente a mesma coisa com a esposa. – Eu sou casado, Charlie!
- Eu não disse nada, . - o homem deu de ombros despreocupado, o que só condenou ainda mais a defensiva do mais novo do grupo. - Pode ir tranquilo!
- A gente bota ordem nos pestinhas! - Louise sorriu para o filho. - E Leonor?
- Ela é mais tranquila, graças ao universo! - o suspiro saiu aliviado em certo ponto, principalmente porque a moça já beirava os 15 anos. - Mas preciso ir sequestrar minha mulher, obrigado! - sorriu para o quarteto experiente e se despediu com promessas de que não voltaria para casa aquela noite, além de entregar a chave da porta e os comandos necessários da residência.



Chapter Eighteen

tinha ido vendada com um lenço de seda até o destino, entre risadas e promessas do marido de que ela iria amar a surpresa, os dois estavam empolgados com o momento, o clima que precedia a surpresa e os pensamentos nostálgicos que aquilo tudo trazia. tinha preparado o cooler pequeno com um espumante Dom Perignon* e duas taças de cristais, as que o casal tinha ganhado em uma das datas comemorativas e só as usava para tal. O champanhe não tinha sido barato e o homem sabia que se a esposa sonhasse no preço do negócio, o faria devolver a qualquer que fosse a loja pomposa que tinha sido comprado, o que ele claramente não estava ligando, afinal de contas a enfermeira merecia que a promessa feita em 1999, fosse cumprida.
O destino do casal foi a orla do rio São Lourenço em Est-Montreal, uma região no subúrbio da província que abrigava mais residências do que toda aquela agitação do centro, era linda e aconchegante e por anos, a família tinha morado por ali antes de precisar se mudar para o grande centro vizinho. Era um lugar que trazia boas lembranças dos momentos felizes que os dois tinham passado ali e embora o homem quisesse repetir o lugar que os dois estavam há 17 anos, sabia que uma viagem muito longa só estragaria o clima de surpresa. O carro branco de tinha sido estacionado bem perto da margem, depois de uma negociação e até um certo incentivo para o segurança da rua, mesmo prometendo que não passariam mais de duas horas ali.
ajudou a esposa a subir no capô do carro e seguidamente fez o mesmo, acomodando o cooler com o espumante entre os dois, além de ajeitar o blazer azul em volta dos ombros da mulher. Ele ganhou um beijinho agradecido em troca, juntamente com um dos sorrisos mais lindos e gratos do mundo pela surpresa.
- Meu lugar favorito no mundo! – ele suspirou satisfeito e abriu um sorriso imenso ao se escorar nos cotovelos, vendo que a esposa tinha os olhos brilhantes mesmo na penumbra da madrugada.
- O teto gelado do carro? – brincou, ainda que soubesse o teor da resposta que viria. Ele era um romântico inegável e era maravilhoso ver que o marido não tinha perdido a essência galante mesmo depois de anos de casamento.
- Não exatamente. – enrugou o nariz ao inclinar a cabeça e ganhar um beijinho quente nos lábios gelados. – Na verdade, a companhia importa mais do que qualquer coisa! – o homem piscou.
- Que amor! – ela segurou o rosto dele, beijando-o como se ninguém pudesse vê-los. Era como dizia a música, aquele navio nunca iria afundar. Os dois sorriam cúmplices, não demorando para que o cantor enchesse as duas taças de cristal com a champanhe. – Você me lembra um certo garoto de 19 anos! – a enfermeira mordeu um sorriso nostálgico e ali, teve a certeza de que ela tinha pegado a referência do encontro.
- Ihhhhh, quem que vou ter que separar de você agora? – soltou uma risada breve com o comentário fingido, não deixando de beijar o dorso da mão da esposa. Se tinha uma coisa que ele sentia falta, era daqueles momentos simples com ela, de não ser ninguém importante, nem o vocalista famoso e nem a estomaterapeuta famosa... eles eram só e .
- Ele é mais ou menos da sua altura. – fez uma careta como se comparasse duas pessoas distintas. – Mais franzino uma coisinha, tem uma bela boca e belos olhos. – ela deu de ombros, vendo o marido estreitar os olhos na tentativa de resgatar a lembrança do tal moleque. – E costumava me comprar vinho! – a mulher riu e levantou a taça borbulhante.
- E pelo menos era vinho que presta? – ele tomou um pequeno gole da bebida, não pretendia beber muito aquela noite, era só para animar e esquentar um pouco. A enfermeira fez uma careta meio desgostosa sobre a qualidade do vinho.
- Na verdade não muito, mas o momento era mais importante. – os dois umedeceram os lábios sem se encarar, sabendo exatamente o que ela queria dizer com aquilo. – O legal era ficar bêbado e acabar suado e pelado dentro do carro. – riu da cara de indignação do marido.
- ! Onde estão seus modos? – o homem tentou cortar um pouco o remorso de não poder ter dado a vida que ela merecia desde o início. – E falar do momento é desculpa para não reclamar do vinho barato! – ele sacudiu de leve o indicador e os dois riram, embora soubessem bem que por muito tempo o único vinho que tinham para qualquer comemoração era o vinagre da vendinha na esquina.
- Ah não, vai dizer que nunca fez isso? Nada de loucuras, senhor certinho? – ela tomou um gole do espumante que dava a sensação de estarem bebendo estrelas como relatado em um dos livros de Leonor. O homem soltou uma risada animada e deu de ombros, provando da bebida também. Tinha sido uma escolha excepcional. – Claro que fez, amor. – apertou de leve o joelho dele, sendo pega de surpresa por um abraço apertado que a fez rir do mesmo jeito que o marido ria.
- Altas loucuras! – o homem gritou pro céu, carregando um grito esganiçado dela da mesma forma.
- Vai me dizer que sempre teve grana para comprar vinho caro? – a enfermeira umedeceu a boca após a pergunta, vendo entortar o rosto em uma careta desgostosa por todas as dificuldades que os dois já tinham passado.
- Infelizmente não, por um bom tempo não. – ele soltou uma risada anasalada, beijou a mão da esposa e lhe abriu um sorriso bonito, feliz em saber que as condições dos dois nunca tinha sido empecilho.
- Então não julga meu menino de 19 anos! – a mulher beijou-o na cabeça, se encolhendo um pouco mais dentro do paletó.
- Você merece mais do que o moleque, anjo. É só o que ‘tô falando. – mais um gole no Dom Perignon foi dado, enquanto o vocalista via sua pessoa preferida no mundo virar a taça fina de uma vez. Ia ter alguém bêbada aquela noite! Ele riu baixo e sacudiu a cabeça. – Aliás, fez o quê? Colocou ele para correr?
- Ele era maravilhoso! Você nem vem! – sacudiu de leve a taça, pedindo mais do espumante. – Bom, eu passei um tempão ainda apaixonada por ele, só que acabou virando um homem e eu botei para correr. – ela suspirou fingindo estar saturada, porém feliz por ver sua taça e seu coração serem cheios novamente.
- Fez bem, fez bem! – piscou ao roubar um beijo dela, se referindo a esposa ter colocado o garoto para correr.
- Fez bem nada. – ela suspirou ao se escorar nos cotovelos como ele estava há pouco. – Eu sinto falta dele. – a mulher olhou pro céu, mesmo sabendo que seu marido era o eterno garotão. – Sem ciúme de um garoto de 19 anos, .
- Tá brincando? Tenho muito ciúme do cara! – sorriu ao vê-la tão concentrada no céu estrelado. Céus, ele não sabia se existia alguém tão linda como ela no mundo, provavelmente não. – Então eu espero que seja melhor do que aquele que vocês abriram há 17 anos. Tenho que ter uma vantagem. – ele finalmente expôs todas as referências que poderia, ouvindo a gargalhada gostosa preencher o silêncio do parque.
- Quem sabe, quem sabe. Se você escolheu um bom espumante, talvez consiga superar o momento. – ela piscou o enchendo de esperança e se esticou para beijar levemente os lábios rosados do marido. – Obrigada... – o agradecimento pulou dos lábios da enfermeira e não tinha exatamente um motivo para ser explanado, era por tudo que eles já tinham passado até ali. – O espumante é realmente maravilhoso.
- Não é só ele que é, você é incrível. – o sorriso galante decorou ao elogio sem vergonha que dançava nos lábios de . Ela o beijou. – E aí? Superei o moleque?
- Em quesito de bebida? Sim. – umedeceu os lábios e tomou fôlego, deixando o pai dos seus filhos mergulhado na expectativa do que ela diria a seguir. – Mas o momento? Nada vai superar o momento. Qual é? Eu tinha acabado de passar nas três melhores universidades em saúde do Canadá e ele ainda me chamava de little genius. E eu tinha 17 anos! – ela levantou o indicador.
- Porra, ! – ele fez uma careta desgostosa, os dois riram alto. – Mas esse momento é praticamente insuperável!
- Eu disse que o valor da bebida não importava. – a mulher deu de ombros e virou mais uma vez o resto do espumante que tinha na taça de cristal.
- Interessante. – ele se adiantou. – Sabe, você era a little genius dele, mas é a minha anjo. O que é muito melhor. Posso garantir! – arrastou de leve a mão da esposa e beijou o dorso, enlaçando os dedos dos dois em um emaranhado confortável.
- Posso confessar uma coisa? – acomodou a taça dentro do baldinho e se deixou deitar no capô do carro, sendo acompanhada por . O homem resmungou afirmativamente sobre a pergunta dela e virou o rosto de lado, admirando a mulher. – Little genius era meio ridículo. Me chamasse de prodígio. – ela prendeu a gargalhada pela cara de ofensa estampada no marido.
- Poxa, anjo, assim você magoa o coração do moleque! Coitado! – ele segurou o peito como se o coração doesse, embora não tivesse soltado a mão dela. – Eu achava que tava agradando! Bola fora, , bola muito fora. Na lua! – os dois gargalharam com os xingamentos dele e a mulher pôde voltar a sua adolescência, estava exatamente igual aquele garoto que tinha roubado e protegido seu coração. – Mas não tem problema não, anjo é mais apropriado pro seu posto na minha vida! – o Mr. piscou e foi agarrado instantaneamente pela gola da camisa de botão.
o beijou com a mesma urgência que o beijava quando via o marido nos aeroportos da vida depois de semanas fora de casa, quando ela voltava das palestras infinitas ou até depois de um dia cansativo de trabalho sem se ver.
- Senhor dê limites a esse homem. – ela arregalou de leve os olhos. – Assim eu seco a garrafa inteira, !
- O final vai ser o mesmo das bebedeiras na adolescência? Porque se for, pode secar e até arranjo mais. – os olhos pareciam suplicantes pela resposta que, com certeza, seria sacana.
- Sexo dentro do carro? – ela bateu de leve no teto vermelho e ouviu a risadinha sem vergonha do marido. Não era uma má ideia, mas em compensação era perigoso demais transar no meio de um parque, principalmente quando aquela era a publicidade que os dois não precisavam. – Você ainda tem o livreto? – os olhos curiosos miraram os dele. soltou uma gargalhada das mais estrondosas.
- Pior que não, depois que eu decorei tudo, joguei fora, tava juntando poeira. – o homem sacudiu a cabeça sem acreditar na pergunta.
- Ele decorou tudo! – aclamou com uma palma fingida e o queixo dobrado. Os dois riram mais uma vez ao saborear o espumante caríssimo. – Você não compra mais aquele tipo de revista, não é? – ela enrugou a cara em uma careta horrenda de reprovação e apostava muito que a resposta do marido fosse negativa, ou ele ia seriamente apanhar.
- Não tenho necessidade daquelas há algum tempo. – ele piscou sem um pingo de vergonha na cara, à medida que ajeitava os braços dobrados embaixo da cabeça e sabia bem que iria provocar a esposa brava.
- Há algum tempo? Há algum tempo, ? – ela sentou novamente no teto do carro, vendo-o prender a risada enquanto amassava os lábios. – Eu sinceramente espero que você não veja essas porcarias há, pelo menos, dezoito anos. – o demônio da Tasmânia mãe sapecou o tapa na coxa dele.
- Anjo! – soltou a risada presa e com cuidado para não cair, agarrou o quadril dela em um abraço. – Você acha mesmo que depois que eu te conheci, preciso de meia dúzia de revista de mulher pelada? Não viaja, ! – ele soltou um gritinho, enquanto distribuía beijinhos na perna descoberta pela fenda do vestido vermelho. Ela deu um peteleco na cabeça dele, embora estivesse terrivelmente inflada com aquilo.
- É sempre muito reconfortante ouvir isso! – a enfermeira riu e bebeu um pouco mais do que havia sido colocado em sua taça há pouco, exagerando na golada. arqueou as sobrancelhas. – Você não tem mais idade para isso, !
- Idade eu até tenho. Necessidade, não. – ele deu uma piscadinha sem vergonha e percebeu que a esposa abria um sorriso de canto bem safado. O homem já tinha parado com seus poucos goles por estar dirigindo e por querer que a noite fosse realmente perfeita, então talvez fosse melhor fazê-la parar de beber tanto.
Ela sorriu satisfeita e segurou o rosto marcado de com uma das mãos, abrindo um sorriso imenso ao distribuir beijos na boca e bochechas grandes do homem. A risada satisfeita escapou da boca dele em um som levemente rouco, provavelmente pelo sereno da noite, e logo se deixou ser levado pelo clima ao beijar a esposa com a calma que tanto gostava. O gosto do espumante se espalhava na boca dos dois, à medida que a língua de um invadia a boca do outro procurando por conforto e ainda mais desejo, já que o tesão esperava apenas uma brecha para se acender completamente no corpo dos dois.
- Sabe que eu sempre amei isso? – ele deu uma leve mordida no lábio carnudo da mulher após o beijo. – Esses momentos com você, as coisas mais simples acabam sendo as mais especiais para mim. Quando eu estou na estrada o coração dói só em pensar que provavelmente vai demorar para voltar para casa. – o homem suspirou e ganhou mais um beijo sugado nos lábios.
- Por isso o vinho barato com taça de plástico sempre vai ser incrivelmente significante para mim. – ela fechou os olhos com o imenso sorriso esticado em suas bochechas. – Era uma época que a única coisa que nós tínhamos era o namoro e o sonho de ficar rico e fugir. – os dois riram alto com o sonho tão bobo. – Só falta fugir, agora! – a voz levemente bêbada fez os dois rirem mais um pouco. – Acho que preciso de mais. – estendeu a taça quase vazia novamente e o homem entendeu que ela precisava parar de beber.
- Tem certeza que essa noite não vai acabar no banco de trás do meu carro? – o vocalista arqueou a sobrancelha.
- Por que você me faz perguntas tão complicadas? – a seriedade na voz da enfermeira só fazia a piada ficar ainda mais engraçada, embora ela realmente não soubesse a resposta para aquilo.
- Paro de perguntar se você tirar uma foto comigo. – ele prometeu com um sorriso animado e ela fez exatamente o mesmo, abraçando o marido pelo pescoço e enterrando o rosto na bochecha dele em um beijo apertado.
A foto tinha ficado linda, por mais que a penumbra não ajudasse muito com a luminosidade do celular, mas era completamente perceptível o quanto eles se amavam mesmo depois de tantos anos juntos. O gostar só parecia crescer e crescer a cada dia que passava.

*Um dos vinhos mais caros por ter uma técnica própria de vinificação
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-Você bebeu demais. – soltou uma risada larga, ao ver a esposa sentada na borda da cama do apartamento, escorada nos cotovelos e meio largada pós o date dos dois.
O apartamento que os dois tinham morado por tantos anos tinha sido a melhor escolha para emergência pós-espumante caro, estava embriagada e quando ela estava embriagada ficava louca de tesão (algo que tinha uma vasta experiência), então o lugar mais perto para sanar todo aquele desejo era o apartamento do casal.
- Eu não! – ela pendeu a cabeça pro lado depois de soltar uma característica gargalhada, mostrando que estava meio alterada e viu o marido começar a desabotoar a camisa cheia de pintinhas. – Apenas fiquei mais leve. – piscou, se acomodando ainda mais nos braços para acompanhar o show.
- Você começou falar merda na volta para casa. – o homem sacudiu levemente a cabeça, a fazendo rir de uma forma mais lasciva. – Passou a mão em mim me deixando duro dentro do carro... – o suspiro saiu meio sofrido, enquanto ele ia expondo o abdome perfeitamente delineado pelas entradas e uma pancinha mais do que sexy.
- Você não me deixou terminar o serviço. – ela mordeu um sorriso malvado, safado e diabólico, que fez o cantor arquear bem as sobrancelhas, por mais que sentisse o meio das pernas começar se animar.
- Com a mão, ? – o homem perguntou bem incrédulo e a viu dar de ombros, como se não desse a mínima em como iria fazer qualquer coisa.
- Queria que fosse com a boca? – ela apertou as próprias coxas cruzadas e o viu respirar fundo, passando a mão pelos cabelos. – Claro que queria, que pergunta, ! – a mulher rolou os olhos e riu mais uma vez.
- Indiscutivelmente, você bebeu demais. – disse meio incrédulo por vê-la daquele jeito e a mulher riu. – Não ri de mim, anjo! Porra, olha você me provocando na maior cara de pau e eu já louco aqui. Você não encostou um dedo em mim, mulher!
Ele sacudiu de leve a camisa aberta no corpo, vendo que o olhar dela se mantinha bem preso a seu peito e ia descendo pelo abdome com a maior intenção maldosa que poderia existir no mundo. tirou a camisa de botão cuidadosamente, fazendo a mulher morder a boca ao presenciar aquela cena toda. Não era possível que ele ficasse tão sexy com a calça meio baixa e o cós da cueca aparecendo. O mais sem sentido era o fato de as cuecas serem cheias de desenho e aquela estava cheia de “Fuck”. Era exatamente o que eles iam fazer aquela noite.
Ela descruzou as pernas, cruzando-as para o outro lado e o viu sorrir, um sorriso safado que contrariava e muito, a cara de bom moço do marido. Cara essa que só aparecia de vez em quando. jogou a camisa no chão e ainda a encarando, sabia que por mais que ela sustentasse seu olhar com o sorriso mais diabólico e debochado na cara, a visão periférica da esposa mesmo bêbada, era boa demais. Ele desceu a mão pelo abdome, expondo o produto que tinha e segurou forte o que tinha entre as pernas, por cima da calça, como se mostrasse que era tudo para ela, bastava ela querer.
- Nossa, tadinho. Para que tanta violência? – fez uma careta e riu alto.
- É meu! – o homem deu de ombros, chegando perto dela a passos vagarosos.
- Não é seu nada. É meu! – abriu um sorriso maldoso, vendo parar exatamente na sua frente com as pernas ao redor de seus joelhos. E se ela bem o conhecia, sabia que o marido pretendia sentar em seu colo. Mas antes que ele pudesse pensar na possibilidade, subiu as mãos pela parte traseira das pernas dele, partindo da panturrilha e dedilhando toda a extensão.
suspirou em ansiedade e contentamento, sabendo exatamente onde ela queria chegar com aquilo e ao olhar para esposa, viu um sorriso diabólico preencher os lábios vermelhos dela. puxou levemente o jeans da calça para baixo, como se apenas a ajustasse no corpo dele e expôs as entradas que mais lhe tiravam o juízo. Ela mordeu a boca, sentindo-a salivar e umedeceu os lábios, prendendo completamente a atenção do cantor. A mulher passou a ponta do nariz por ali, o fazendo tremer de leve com o toque e logo enfiar uma das mãos nos cabelos cacheados dela, segurando firmemente ao ponto de fazê-la rir contra sua pele, uma baforada quente de ar que o fez quase revirar os olhos ao sentir o sangue do seu corpo se direcionar para um só lugar.
Ainda atento, mordeu a boca ao ver o sorriso diabólico ficar ainda maior. Por Deus, aquela mulher só ficava mais safada a cada taça de álcool que tomava, além de lhe olhar com os olhos tão escuros, capazes de fazê-lo gemer só em imaginar o que ela tinha em mente. segurou bem os quadris dele e em um ato pensado para enlouquecê-lo, a enfermeira lambeu uma das entradas do abdome definido do marido, fazendo questão de passar toda a língua por lá e o ouvindo ranger os dentes em agonia, à medida que puxava os cabelos dela. Era certo que logo ele soltaria uma gargalhada rouca e gostosa de se ouvir.
- Eu não ouvi você gemer. – a mulher riu contra a pele do abdome dele, ainda distribuindo pequenas chupadas quando ouviu a dita cuja gargalhada rouca e de deboche. Ah, aquele era o filho da puta que ela amava!
- Eu não vou. – ele abriu um sorriso cafajeste, olhando para baixo e a encarando. A mulher mordeu a boca e arqueou levemente as sobrancelhas.
- Tem certeza? – ela arrastou os dentes, quase enfiando o rosto nele e percebeu o homem contrair a barriga, puxando com mais força o cabelo dela entre as mãos. – Hm? – mudou a cabeça de posição, dando atenção a outra região inguinal saliente. – Vai ser teimoso até nisso e não vai querer se entregar? – ela ouviu a respiração funda dele e lhe deu um beijinho abaixo do umbigo, fazendo o homem tremer e ficar ainda mais excitado, evidente pelo volume bem apertado no jeans. – O que você quer que eu faça para você gemer bem gostoso, amor? – ela arrastou a língua do cós da cueca, até o início do umbigo dele. – Passe a língua? Morda você, ou te chupe de uma vez? – perguntou com um bico falsamente confuso e ouviu o marido soltar sons abafados, sabendo que ele mordia a boca para tentar esconder. – É a última vez que eu tento. – a mulher disse baixinho, encostando de leve os lábios na pele dele em uma trilha que seguia ate o outro sulco no corpo.
Ela ouviu respirar fundo e ao tentar olhá-lo, o viu com a boca entreaberta, como se aquilo melhorasse a respiração. A mulher entreabriu a boca, sabendo que estava sendo observada e encostou apenas a ponta da língua nele, sentindo o corpo do marido ficar ainda mais tenso. Ah sim, era daquele jeito que ela gostava, exatamente daquele jeito. desceu a ponta da língua até onde ela alcançava nos limites da calça, e após agarrar o cós com os dentes descendo-a mais um pouco, a mulher ouviu um murmúrio dele. Um sorriso ladino foi tomando forma nos lábios avermelhados e convidativos da diaba em questão, até que ele sentiu a língua dela se repousar toda quase na junção com a sua coxa.
Como se não bastasse a droga da tensão, os sorrisos, o jeito safado que ela exalava só com um suspirar, ainda precisava lhe mostrar que nada tinha chegado ao limite, tudo só estava começando. Era questão de tempo até que ele gemesse em alto e bom som, fazendo exatamente o que a esposa queria. Logo a língua dela subiu quente, se arrastando lentamente pela entrada que descia cós abaixo e junto, o cantor sentiu o ombro dela pressionar em sua ereção, ainda que por cima da calça. Aquele sim era o estopim, não dava mais para aguentar tanto desespero em um lugar só, sentimento que foi exalado com um gemido tão manhoso que quase a fez gemer junto. Não sabia se de pena, por ter gostado de ouvir aquilo, ou porque queria deixar louco.
deu um beijinho casto onde tinha parado de lamber e sem qualquer demora, arrastou as mãos ate o botão da calça. Abriu a braguilha túrgida, sabendo que a cada mísera encostada que dava, atiçava ainda mais o marido e após libertar todo o sofrimento dele de dentro da calça e cueca, apenas com uma puxada para baixo. Ela lambeu os lábios avermelhados, encarando a ereção e o ouviu gemer em antecipação, assim que enfiou uma das mãos entre os cabelos dela.
A enfermeira soltou uma risada rouca e ao encará-lo mordendo a boca, viu fazer o mesmo, portando uma expressão ainda mais safada do que a dela. Ah que ele estava louco para ter a boca da mulher ali, logo ali. Logo ela que tinha uma língua tão maravilhosa, capaz de deixá-lo duro apenas com um beijo mais safado.
já sem paciência, sentindo seu pênis clamar por um contato que não fosse o tecido da cueca e sim a macia boca de , ou quem sabe até as mãozinhas quentes. Levou uma das suas mãos sem demora na intenção de resolver o próprio problema, já que ela parecia apenas encarar e passar a língua nos lábios o deixando mais rígido ainda. Mas antes que o homem necessitado pudesse encostar no próprio corpo, ela foi mais rápida lhe dando um tapa forte na mão.
- Eu vou resolver isso! – a piscada sacana o fez soltar uma risada gostosa de se ouvir.
- Então resolve, amor. Resolve e me faz gemer seu nome, aquele gemido gostoso que te acende todinha. – ele apertou ainda mais os dedos entre os cabelos cacheados dela, como se fizesse a mulher lhe olhar enquanto pronunciava tudo aquilo.
- Mais do que eu já estou? Impossível. Eu daria para você de qualquer jeito, hoje. – o olhou da forma mais descarada que conseguia e mesmo que já estivesse acostumado, aquele olhar por entre os cílios só o deixava ainda mais nervoso diante dela.
- Então eu vou te foder de quatro. – a frase despudorada pulou da boca dele da forma mais inapropriada existente e junto com mais uma puxada de cabelo, fez a mulher lamber toda a sua extensão rígida, ainda que o encarasse.
Era oficial, lhe mataria de um infarto. sentiu a respiração se esvair com força dos pulmões e junto com ela um gemido baixo e manhoso, principalmente quando a mulher lhe abocanhou com tanta fome, sugando com força, movimentando a língua quente e usando as mãos tão macias na base. Ele revirou os olhos se impedindo de gemer tão alto e agarrou com força os cabelos dela em uma mensagem subliminar, a induzindo que fosse mais rápido. Em contra partida ela só deixou os movimentos mais vagarosos, usando a boca como se chupasse uma bala e o ouviu gemer em agonia.
- Rápido, ! Assim você me fode. – ele soltou entre um grunhido manhoso em sentir ela tirar a boca e usar as mãos, pressionando a glande com o polegar.
- Quem sabe a intenção não é essa? – a mulher abriu um sorriso meigo que contrastava totalmente com sua postura e o viu suspirar com força, sentindo as mãos dela fazerem movimentos tortuosos de vai e vem que o deixava louco. Louco por ela.
- Não é porque você está aí, mas só eu sei como eu te amo! – outro gemido escapou, gostoso de ouvir e que arrepiava até o último fio de cabelo quando ela voltou a pôr a boca onde ele mais queria. Mais rápido, mais intenso, mais torturante e gostoso do que ele tinha imaginado. O cantor segurou com mais firmeza a cabeça dela, assegurando que a esposa não sairia dali e em troca ela deu momentaneamente o que ele queria. Movimentos rápidos que o faria chegar logo ao orgasmo.
respirou fundo, controlando seu reflexo da garganta e para deixá-lo ainda mais louco, enfiou tudo na boca, fazendo o famoso Deep Throat* e ouvindo o marido respirar alto, prestes a xingar ou gemer. Saindo tudo ao mesmo tempo, um palavrão completamente gemido que a fez apertar as próprias coxas. A enfermeira tirou a boca da forma mais vagarosa possível, como se o marido fosse um pirulito ou até um picolé, vendo a frustração se apossar dele sem pedir licença. Ela passou a ponta da língua nos lábios, sentindo quando o marido tentou forçar a cabeça dela contra ele novamente, na força do desejo.
- Anjo, estava tão perto... – a manha o fazia ficar ainda mais gostoso, enquanto a mão nervosa não sabia se abria e fechava, ou se movimentava rente ao corpo. A vontade dele era resolver o que estava lhe incomodando tanto, mas a possibilidade de ter terminando o serviço que havia começado era bem mais gostoso.
- Você disse que ia me foder de quatro. Fiquei ansiosa. – o bico completamente contrário ao teor da frase fez o homem soltar um grunhido frustrado e puxá-la para cima, beijando a esposa quase que na selvageria.
- Vou fazer o que eu quiser com você. – puxou o lábio dela com os dentes, ouvindo gemer, não sabia se pela mordida safada, a puxada leve nos cabelos, a ereção roçando em si ou os três juntos.
- E eu tenho certeza que vou gostar! – o sorriso sacana saiu acompanhado de um olhar pidão e rapidamente a colocou de costas, apoiada na cama com as mãos.
A posição não era das mais bonitas, mas era uma das que os dois mais gostavam. Ele tirou o sapato dos pés e logo a calça que estava presa ao tornozelo. Respirou fundo sentindo o corpo latejar em agonia e aproveitou para desferir uma palmada na bunda dela, vendo o corpo da mulher recolher com o susto. sabia exatamente a força que colocar para não machucar a esposa e sabia ainda mais que ela tinha se encolhido com o susto.
- Ai, amor! – a reclamação saiu pela surpresa e empinou um pouco mais o corpo, em um pedido silencioso por mais palmadas. – Avisa antes!
- Doeu? – a pergunta saiu maldosa enquanto ele massageava a pele.
- Foi gostoso! – a manha da mulher tomou conta da frase, o fazendo rir estufado e logo mordê-la na bunda, uma mordida forte o bastante para deixar marcas temporárias. Mas quem se importava? Já ia começar o inverno mesmo.

*O famoso garganta profunda, quando durante o sexo oral o parceiro coloca o pênis do outro inteiro na boca, geralmente indo até a garganta.

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A clínica tinha ficado incrivelmente linda, acessível e funcional a todas as necessidades tanto de quanto dos seus pacientes, muito provavelmente até abrigaria outro profissional trabalhando por ali e dividindo o espaço com ela, que apostaria todas suas fichas no Andrew. Além de ter contratado mais uma pessoa para ajudar Anne com as inúmeras responsabilidades de gestão, as atividades tinham voltado de vento em poupa, os horários todos lotados preenchiam as manhãs e tardes da mulher que era tão apaixonada pelo que fazia. Consequentemente ela estava um pouco mais ausente em casa do que de costume, deixando o marido com todas as atividades que normalmente eram compartilhadas e por conta disso, o filho mais velho dos dois decidiu que para conversar com a mãe sobre o que pretendia fazer, precisava ir até a nova clínica.
Ela tirou o jaleco gola de padre depois de registrar a evolução do rapaz que tinha acabado de ser atendido e se espreguiçou espiando rapidamente as mensagens no celular preto, sorriu com algumas coisas mandadas pelo marido, respondeu algumas perguntas sobre poder comparecer a uma palestra e aceitou o convite de para que as duas almoçassem juntas. A enfermeira se recompôs do momento relax e após se espreguiçar, empurrou a porta de correr de madeira escura, encontrando um lindo rapaz sentado a um dos sofás. O sorriso parecia receoso demais e confuso, além das bochechas geralmente vermelhas que estavam empalidecidas, deixando-a ciente de que algo tinha acontecido, ou estava acontecendo, principalmente porque não era para ele estar ali plantado na sua sala de estar.
- ? – o sorriso largo se confundiu ao de confusão, vendo o garoto respirar fundo e aliviado por ela ter saído da sala. – O que houve, meu anjo? – caminhou até onde o filho estava e o abraçou com força, sentindo o moleque respirar em alívio.
- Salut, mamman*! – o moço apertou-a com força, tirando a mulher de estatura média do chão. Os dois riram. – Eu preciso conversar com você sobre algo sério e em casa realmente não dá. – ele riu meio nervoso e recebeu uma careta preocupada.
- Okay, eu tenho tempo agora, pode ser? – apertou a mão do filho mais velho, vendo-o afirmar veemente e logo recolher a mochila azul-marinho do sofá, colocando-a em apenas um ombro. Como ele parecia tanto com o pai? Ela nunca ia entender.
- Claro! – ele pareceu aliviado por conseguir a conversa, mas se policiou para não falar que estava matando aula para estar ali.
- Zorah, esse é meu filho, eu vou conversar um pouco com ele. Se chegar alguém, você pode pedir para esperar um pouco?
- Claro, . – a moça sorriu cordial.
- Aí você aproveita e me diz o que é tão importante assim para te fazer matar aula e vir aqui. – ela piscou pro rapaz e ouviu a risada construída em nervosismo assim que fechou a porta de correr. – Aconteceu alguma coisa no colégio?
O rapaz respirou fundo, tirou a mochila das costas e colocou em uma das cadeiras rentes a mesa da mãe. Estava bem receoso para começar a conversa e não tinha ideia de como iniciaria o assunto, pressentia uma bela de uma ralhada da mãe sobre, mas não poderia simplesmente ignorar toda a vivência que ela e o pai tinham. Ele não pretendia cometer os mesmos erros, portanto era melhor meter a cara logo e contar.
- A moça que tá aí é nova? – ele mordeu a boca tentando fugir da pergunta anterior. – Ela disse que eu tinha que esperar para ver se você tinha disponibilidade. – o menino riu meio morto, vendo a mãe arquear de leve as sobrancelhas como quem questionava a desviada no assunto.
- Era só ter dito que você era meu filho. – ela umedeceu a boca em um ar divertido, escorando a mesa escrivaninha e tentando deixar o clima leve, já que filho parecia estar extremamente desconfortável. – Respira, . Eu não vou enfiar um bisturi em você, a testa já sarou. – piscou ao brincar com o primogênito e ouviu a gargalhada frouxa do garoto.
- Obrigado. – ele deu mais uma risadinha e se largou um pouco mais na cadeira de acrílico escuro. – Na verdade eu só perdi a primeira aula. – o rapaz umedeceu a boca, depois coçou a bochecha onde uma barba desnecessária, na opinião de , queria crescer. Ele só tinha 16 anos, aquilo era inadmissível.
- Por qual motivo? – ela apoiou as mãos na borda da mesa com aquele olhar de investigação que arrancava qualquer informação. Eliot olhou fixo para madeira da mesa.
- Eu queria conversar um pouco com a enfermeira, não com a minha mãe, sabe? – começou com a conversa e mordeu a boca. suspirou com aquela ideia e cruzou os braços, tomando uma postura maior de enfermeira ao deixar a pose de mãe.
- Estou aqui, querido. Não posso garantir de separar completamente as duas, mas posso prometer não meter o nariz como uma mãe superprotetora. – ela afagou o ombro dele. – Te aconteceu alguma coisa?
- Na verdade, não. – ele tomou fôlego como se fosse um grande gole de coragem. – Eu quero que aconteça... – mordeu a boca, esperando que a mãe entendesse logo de vez o rumo daquela conversa. – Eu e a Mad, a gente quer... Sabe?
piscou para digerir a informação, rezando que tivesse entendido errado e tinha certeza que se o filho estava querendo ter aquela conversa com ela, duas coisas tinham acontecido. A primeira era que pai não tinha se dado ao trabalho de orientar o filho e provavelmente apenas distribuído comentários amigáveis sobre aquilo, mas se dependesse dela, ele iria orientar o adolescente muito bem. A segunda era que, com certeza, Eliot e Madeleine já tinham ido além de uns amassos mais calorosos.
- Avançar no namoro… - ele mordeu a boca mais apreensivo, sentindo a barriga resfriar com o medo da reação da mãe. - E eu sei que eu tenho a idade que você tinha e a Mad é da idade que meu pai era. Você pode conversar com ela sobre anticoncepcional e essas coisas?
- Você é virgem, ? - encarou o filho como se aquela fosse a única informação que importava ali. - Eu sei que não vai adiantar eu dizer o quanto você é novo para começar uma vida sexual, mas o que eu quero saber é. Já aconteceu antes?
As bochechas do rapaz enrubesceram violentamente com a pergunta direta da mulher e embora conversar com o pai parecesse ser mais fácil, sabia que o homem ia desviar o quanto pudesse. Ele mordeu a boca sem querer contar aquilo a mãe e ela pareceu perceber que não era tão da conta dela assim. respirou fundo, apertou de leve as têmporas e umedeceu os lábios, tomando seu lugar de enfermeira, por mais que o lado mãe gritasse que ela precisava tirar toda aquela história a limpo.
- Eu prefiro não jogar essa responsabilidade para cima da Madeleine. Se vocês vão transar, a responsabilidade de proteção tem que ser dos dois, então é melhor que você use camisinha. Me entende? – a mulher tentou cordialidade com o filho, ansiando que ele entendesse o porquê e a necessidade de não jogar a responsabilidade para cima da namorada.
- Não? – ele arregalou os olhos como se contestasse a decisão da mais velha.
- , o negócio é o seguinte, anticoncepcional não é balinha e nem doce. Causa uma porrada de mudança hormonal, muda humor, tem perigo de trombose e mais uma porção de coisas que você não iria entender em uma conversa curta. Sem falar que não é mágica, tem toda organização sistemática para começar a tomar, ou vem uma bela gravidez. – ela suspirou. – E se eu for falar com a Mad, vai ser para dizer que ou você usa camisinha, ou ela se recuse a transar com você. – foi curta e grossa, vendo o rapaz suspirar frustrado enquanto largado na cadeira de acrílico.
Céus, será possível que até naquilo ele precisava ser igual ao pai?
- Então você tá dizendo que não é a favor? – o garoto encolheu os ombros, confuso com a postura anterior da mãe. Como ela parecia ser extremamente contra aquilo e ainda orientava no meio do caminho? – Mãe, eu quero entender seu posicionamento sobre isso, mesmo!
- Eu sou contra, , eu sou exatamente contra suas vontades de iniciar uma vida sexual aos 16 anos...
- Quase 17! – o garoto a interrompeu como se fosse lá grande coisa as semanas que faltavam para isso. A mulher lançou um olhar de repreensão que o fez calar o bico rapidamente.
- Não importa! Você não tem maturidade suficiente para isso. – ela coçou os olhos meio apavorada só em pensar no que iria acontecer entre o filho e a namorada. – Só que você acha que vai barrar alguma coisa se eu disser que você não vai transar com a sua namorada? Seja sincero comigo, você vai me obedecer se eu disser que não? – focou os olhos desesperados no filho mais velho, vendo-o desviar do olhar só para negar vergonhosamente com a cabeça. – Eu sei que não vai, não precisa ficar com vergonha ou sentindo culpa por isso. – os dois suspiraram. – O que me resta é orientar o melhor método para que seja o mais seguro possível, querido. Usar preservativo vai proteger os dois de IST’s* e uma gravidez indesejada, se você confia na mãe que você tem, você vai seguir o conselho que ela está te dando.
- Eu sei, mãe, eu sei. – Eliot sentou direito na cadeira, coçando o cabelo por baixo do boné com um enorme na frente. – Se usar duas, é mais seguro? – a cara de interrogação no moleque fez prender uma gargalhada. A pergunta era sim pertinente, mas a expressão de sofrimento do filho ao perguntar aquilo era melhor do que qualquer comédia da TV.
- Não, babe. – ela se deixou relaxar com a postura. – É bem mais perigoso. Por causa do atrito, o látex acaba ressecando e rompendo. Apenas uma resolve o problema. – a enfermeira soltou uma risadinha anasalada e bateu as unhas medianas na madeira da mesa. – Mais alguma coisa? – mordeu a boca. filho soltou uma risadinha e levantou da cadeira, jogando a mochila no ombro.
- Me empresta a chave do apartamento? – a cara lisa do moço ainda conseguia ser maior que a do pai.
- Não! – a Mrs. riu e deu uma palmada brincalhona no rapaz.
- Ah, mamman, você disse que não ia barrar! – Eliot expôs seus argumentos bem pensados e se a mulher não fosse tão cara de pau quanto ele, teria cedido.
- Mas facilitar também não vou. – a piscadinha divertida partiu dela, fazendo o menino sorrir e pegá-la de surpresa em um abraço apertado e agradecido. apertou o tronco do filho entre os braços, sentindo um beijo carinhoso no topo da cabeça. – Sua aula?
- Eu sei, estou perdendo! – o rapaz rolou os olhos, fazendo-a rir. – Valeu pela conversa, mãe, você é a melhor! – beijou-lhe a testa.
- Me esforço por vocês! – ela sorriu emocionada com as palavras do filho. – Mas me diz, você e a Leo conseguiram convidar o pessoal pro aniversário dela?
- Já sim, uma mensagem foi suficiente pro colégio inteiro saber! – ele abriu um sorriso trincado e culpado, mas tinha certeza que a festa só seria boa se a casa tivesse entupida de gente até na chaminé. – Em minha defesa, você e o papai disseram que não tinha problema!
Ela coçou a testa e suspirou, depois olhou pro filho por cima dos óculos de grau, deixando o momento um pouco mais dramático, à medida que o menino abriu ainda mais o sorriso trincado.
- Eu supero! – ela rolou os olhos, ouvindo os gritos ensurdecedores do moleque com cara de homem, mas ainda com alma de criança para certas coisas. Era realmente engraçado e se não tivesse sido pega de surpresa, filmaria para mostrar ao marido mais tarde.
Os dois se despediram com sorrisos aliviados e o rapaz parecia uma pluma de tão leve que estava, com certeza bem mais do que estava quando havia chegado na clínica em busca de conselhos e orientações. Sobre aquilo? só tinha duas certezas, a primeira era que o filho precisaria de camisinhas e a segunda era que o marido ia orientá-lo nem que fosse a força.

*Olá, mamãe!
*Infecções sexualmente transmissíveis

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- JOYEUX ANNIVERSAIRE, JOYEUX ANNIVERSAIRE LEONOR. – o coro harmonizado invadiu o quarto decorado e delicado da garota forte que acabara de acordar depois de ter dormido como um anjo. Dois violões acompanhavam a cantoria linda, segurava o bolo com frutas e geleia nas mãos, Eliot fazia barulho com um pandeiro e um Alex cheio de balões dançava no meio do quarto, até que tinha feito um esforço para subir até o segundo andar.
A mulher odiava ter que passar por situações em que não havia adaptação para sua condição, mas aquele era um dia especial e depois de todos os pedidos do filho, ela decidiu ceder e ver o menino mais brilhante do que as 15 velinhas do bolo.
- JOYEUX 15 ANNIVERSAIRE, LEONOR! – o coro se repetiu com a garota já sentada na cama e imensamente feliz pela surpresa e o amor de todos os seus familiares.
Alex não contou conversa para correr na direção de uma das suas pessoas preferidas no mundo e se jogar na garota como se ele fosse o melhor presente do mundo. Ela recebeu o menininho de braços abertos, em um abraço apertado e cheio de balões, dando a deixa pro irmão dela fazer o mesmo e quase derrubar os três da cama. Rapidamente depois de apagar as velas, todo mundo quis desejar suas melhores felicitações a moça, um por um, com um abraço apertado, fizeram igual as fadas dos contos de fadas que concebiam dons a todas as princesas. pai deixou um punhado de lágrimas escorrerem enquanto tentava se esconder na sua garotinha, desejando que ela voltasse a ser da idade do afilhado. Céus, ela já fazia 15 e estava tão madura, tão linda e obstinada.
esmagou sua menina em um abraço de mãe, um daqueles que mostrava exatamente o sentimento sobre os filhos nunca crescerem. As duas sorriram com a cumplicidade da maternidade e a mulher beijou a cabeça da menina com força, como se ali pudesse transmitir todas as melhores coisas do mundo a ela, como se pudesse deixar sua cabeça a salvo. Não foi diferente com que recebeu a sobrinha no colo, ouvindo as brincadeiras de que a menina ainda era um bebê e que Alex ficaria com ciúme daquilo. tirou a moça do chão em um abraço apertado e tão paternal quanto o de , eles tinham visto aqueles dois crescerem sob seu nariz, o que deixava ainda mais gratificante ver como eles cresciam.
Havia amanhecido até menos frio àquele dia, conspirando muito a favor da festa que aconteceria durante a noite, o que favoreceu lindamente a rotina da moça aquele dia. Depois do café em família, os quatro trataram de começar a organização para grande festa da noite, e sofrendo e trocando olhares de agonia com as conversas maduras do casal de filhos.
A noite tinha caído rápido aquele dia, não sabiam se por terem se prontificado a ajudar na organização da casa para festa, ou pela ansiedade/preocupação/arrependimento de saber que a casa iria ficar cheia de adolescentes enlouquecidos com música. Literalmente cheia, com hormônio saindo pelas brechas da porta e o barulho ultrapassando os decibéis recomendados para não incomodar os vizinhos. já tinha conversado com os vizinhos mais próximos do condomínio e tentado explicar que aquela sexta à noite seria um pouco mais barulhenta que o normal por causa do aniversário de 15 anos da filha. Todos pareceram aceitar bem o aviso, principalmente quando a maioria deles tinham filhos amigos dos mais novos, mas e ainda precisavam se manter bem para qualquer adversidade que envolvesse a polícia.
A mulher tinha preparado o tão famoso suco game que vinha falando há dias e se livrado de todas as garrafas secas de vodca que gritavam irresponsabilidade. Óbvio que não aconteceria metade das coisas que o casal costumava fazer na adolescência, ainda mais quando eles poderiam tentar controlar a tal festa se vissem algo saindo do controle.
Hulk estava a salvo e ficaria durante toda a bagunça do aniversário, dentro do quarto do casal, em um cantinho aconchegante no closet espaçoso. Ali era o lugar mais protegido de barulho e misturado a acústica, deixaria o velho membro da família seguro longe de adolescentes malvados, bebidas alcoólicas ou qualquer coisa que pudesse o machucar.
suspirou ao colocar as duas mãos na cintura e passar a vista pela casa quase sem moveis, decorações e todas as suas coisinhas que sempre fizera gosto em indicar. Ela procurava por algo que estivesse faltando fazer ou guardar, os olhos semicerraram como se fossem algum scanner dos mais potentes, até porque ela achava que tinha esquecido algo e provavelmente estava certa.
- O que foi? – o marido roubou um beijo na bochecha enquanto passava por ela para pegar água e logo o barulho da conversa de filho, Matthew e Andrew invadiram a cozinha.
- Eu acho que estou esquecendo alguma coisa. – fez careta, ainda sem olhar pro marido, mas conversando com ele.
- Oi, senhora ! – os dois rapazes que não tinha saído do seu útero, cumprimentou-a com diversão.
- Oi, meninos! – ela sorriu ainda despercebida, precisava lembrar o que estava faltando guardar. – Vocês não acham que eu esqueci alguma coisa? – a pergunta foi direcionada ao filho e os amigos.
- Acho que não, mãe! – Eliot fez uma careta exatamente igual a dela, dando de ombros em seguida. Mordeu um biscoito que havia roubado do pote que o pai segurava e assim como o mais velho, beijou a bochecha da mãe na surpresa. – Parece que a gente comprou a casa agora de tão sem nada que ela tá. Ou melhor, vocês vão vender e eu não fiquei sabendo?
A mulher deixou o queixo pender para baixo em uma indignação exagerada, fazendo os rapazes rirem alto com o afronte do moleque.
- Que moleque abusado! – ela o empurrou de leve. – Cadê Leonor?
- Realmente! – o pai fez uma careta ao olhar no relógio de pulso e perceber que já era quase noite.
- A Ash a puxou para ir comprar uma blusa, acho. – Matt deu de ombros depois de tomar um gole de água. Tinha ajudado os dois a organizar o quintal e limpar a piscina, além de colocar alguns enfeites flutuantes para grande festa do ano. – Eu vou já buscar as duas!
- Ótimo! Obrigado! – o homem sorriu para o filho dos vizinhos, até bem aliviado em saber que o garoto era responsável e que tanto Leonor como Ashley, chegariam seguras em casa. – Já fico mais aliviado em saber que vocês três vão estar aqui mais tarde. – confessou com a mão no peito e por mais que temesse a vã ilusão daquilo, sabia que o trio era muito responsável para idade.
- Relaxa, tio. – Andrew sacudiu a mão. – Vai dar tudo certo! – o rapaz piscou com uma confiança sem tamanho.

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O som alto dos acordes de Red Hot Chili Peppers invadia todos os cômodos térreos da enorme casa dos , enquanto meia dúzia de adolescentes –os que haviam chegado- bebiam algo nos copos vermelhos e balançavam a cabeça ao curtir a música. Não demorou muito para que o colégio praticamente inteiro chegasse na mesma hora, querendo se enfiar a todo custo e todos ao mesmo tempo dentro da casa que, com certeza, estava mais quente que a rua. Leonor andava no meio do pessoal com um copo especial e piscante na mão – com refrigerante, apenas -, recebendo abraços, beijos na bochecha e vários elogios tanto relacionados como ela estava incrível aquela noite, como sobre a festa que mal tinha começado e já bombava pelo bairro inteiro.
A moça estava realizada pela sua própria party house, claro que não teria conseguido pelo irmão. Mas em que realidade alternativa Leonor Anne sonharia que daria uma festa daquelas em plenos 15 anos e dois pais protetores? Maravilhosa era a única palavra possível para descrever as sensações que atingiam sua cabeça e coração aquela noite, todos ali se dirigiam a ela fosse para parabenizar, elogiar ou perguntar onde era o banheiro, mas era a ela! Ela tomou um gole do refrigerante no copo, deixando o corpo balançar ao som da música maravilhosa que tocava, estando ciente que até o fim da noite tocaria I’m Just a Kid da banda do pai, perigando seu descer e dar uma de vocalista no meio da galera. A garota esperava ansiosamente que a mãe o barrasse daquela vergonha.
- Hey, Leo! – ela virou com o chamado em meio ao barulho, dando de cara com alguém que não tinha tanto contato assim no colégio. Corbyn era um garoto legal e por mais que os dois não fossem propriamente amigos, já tinham feito algumas aulas juntos.
- Hey! – a moça sorriu animada, esperando o que quer que ele fosse dizer. – Que bom que você veio!
- Claro que vim, eu não ia perder a sua festa! – o rapaz de topete e cabelo platinado soltou uma piscadela muito diferente para ela, deixando-a em surtos internos. – Está tudo realmente maravilhoso, Leo. Assim como você! – Corbyn sorriu mais uma vez, largamente e com as intenções bem explícitas na cantada, fazendo a moça soltar uma risada meio envergonhada.
Ela tomou fôlego para agradecer, mas foi graças aos céus, interrompida por algum dos amigos do menino que passou o puxando para qualquer lugar que fosse dentro daquela casa. Leonor respirou fundo e soltou um xingamento pro vento. Caralho! Ela tinha sido mesmo cantada?
- O que o Besson queria? – Ashley enganchou o braço ao cotovelo da aniversariante, ouvindo Leonor rir nervosa.
- De verdade? – a moça capturou toda a atenção da melhor amiga com suas expressões de quem precisava contar algo muito grandioso. A moça negra afirmou freneticamente. – Eu acho que ele me passou a maior cantada! – Leonor cobriu a boca com uma das mãos e as duas soltaram um gritinho escandaloso.
- Você tá brincando, né? – a princesa sacudiu a outra pelos ombros, até mais histérica do que o recomendado. – Meu Deus! Ele é maior bonitinho!
- Eu sei! – a aniversariante arregalou os olhos.
- Então você vai perder o BV hoje? – a pergunta esperançosa pulou da boca de Ash, deixando Leonor feito um pimentão. Ela não tinha vergonha de não ter beijado ainda, mas odiava ser pressionada àquilo, ou que fosse falado em meio a muita gente, até porque era um assunto só dela. – Desculpa! – a Dill esticou as mãos com o pedido, recebendo um abraço apertado de lado.
- Tudo bem! – Leonor riu. – Mas eu não pretendo beijar o garoto só porque ele é bonito, ao menos não hoje. – ela fez uma careta e ouviu a risada.
- Justo! – a outra apontou, enquanto procurava alguém no meio do mar de adolescentes dentro da casa. – Você viu a Erika?
- Uuuh, parece que alguém vai perder o BV hoje também. – Leo revidou a zoeira e foi empurrada de lado pelo quadril da melhor amiga.
- Não viaja! – foi a vez das bochechas negras de Ashley ganharem um tom vinho pela vergonha da resposta. – Ela só disse que vinha! – a moça deu de ombros e a outra a abraçou com força, mostrando a mesma força e confiança que recebia.
- E então, garotas. Qual a novidade? – Madeleine se pôs entre as duas, abraçando-as pelo pescoço e parecia levemente animadinha.
- Leo foi cantada! – Ashley foi mais rápida, apontando para aniversariante. Mad abriu a boca sem sutileza alguma, prontíssima para bombardear a cunhada de perguntas sobre aquilo. Como assim tinha sido cantada? Ela gostava do garoto?
- O quê?! – a estudante de moda não controlou a pergunta surpresa.
- Estamos procurando a namoradinha da Ash! – Leonor apontou para melhor amiga, em rebote a confissão, fazendo Madeleine quase quebrar o pescoço para olhar na direção da outra, repetindo o mesmo “Quê” alterado.

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Já era mais de meia-noite quando a coisa tinha realmente saído do controle que os dois adolescentes achavam que tinha, já tinha descido sorrateiramente para ver como estava sua casa e o marido fazia o mesmo de tempos em tempos para confiscar qualquer coisa ilícita por ali, conseguindo encher quase uma das paredes do quarto com as garrafas de vodca e whisky não recomendadas, até umas destiladas mexicanas tinham por ali, deixando-o incrédulo em como a adolescência daqueles dias estava evoluída.
Eliot estava seriamente dando curto por saber que os pais estavam em casa, além de ver tanta coisa acontecendo no andar de baixo. Era muita falta de sorte mesmo! Claro que ele já tinha presenciado muita coisa em festa, só não tinha adultos responsáveis, vulgo pais, que poderiam puni-los por aquilo.
- Merda, merda, merda! - enfiou as mãos no cabelo escuro e sentiu o sangue fugir do rosto ao ver o barril a pressão ser levado pro quintal. Seu pai iria lhe matar quando visse aquilo da janela de cima. - LEONOR! - o grito grosso tirou a irmã da diversão de dançar com as amigas.
- Que foi? - a moça arregalou os olhos ao ver o irmão pálido e sentiu a mão ser puxada por ele rumo ao quintal da casa. – O quê aconteceu, ? – ela perguntou desesperada por não ter noção do motivo que o irmão tanto gritava, embora se deixasse ser levada para onde ele estava indo.
- UM BARRIL! A PRESSÃO! – Eliot perdeu a afinação da voz quando apontou pro meio do quintal. Em partes ele queria ganhar aquele record de kegstand, mas a outra parte de adolescente maduro e responsável gritava que era extremamente errado. – O PAI VAI MATAR A GENTE SE VER ISSO, LEONOR!
- EU NÃO TENHO CULPA! – ela arregalou os olhos mais uma vez por não ter qualquer culpa no acontecido. Se o barril não era dela e se ela não ia beber nada que tivesse álcool (por não gostar do gosto, ainda). Os dois não tinham por que se preocupar, tinham? – Essa coisa é sua? – a moça apontou.
- Óbvio que não, Leonor. Tá doida? Foram as suas amigas doidas da torcida que trouxeram.
- Para começo de história, elas não são minhas amigas. – Leonor esticou o dedo em triste. – Depois, é meu aniversário! – ela esganiçou. – Já pensou em tentar aproveitar com a sua namorada e deixar essa pose de responsável de lado? Nossos pais estão aqui, . Eles sabem de tudo!
O rapaz tomou fôlego para retrucar, mas desistiu ao refletir sobre todas as palavras que a irmã tinha dito e na verdade, ela tinha razão. Era uma festa que os pais dos dois tinham aceitado de bom grado, estava cheia de gente, música boa e tudo que uma party house precisava para ser sucesso. Até um dos amigos de Leonor que tocava tuba na banda tinha se revelado um belo DJ e comandava o som na sala da frente.
Relaxar, ele precisava relaxar, encontrar Madeleine e simplesmente relaxar.
- Você viu a Mad por aí? – o rapaz perguntou apertando a irmã em um abraço e a ouviu gargalhar satisfeita.
- Esse é o que eu conheço! – ela sorriu largamente e o apertou entre os braços. – Ela estava comigo há uns minutos, depois saiu empurrando o Andrew. Eles são primos, né? Parecia tão responsável como você.
- Sim, aquele babaca é primo dela. – Eliot xingou o melhor amigo, ouvindo a irmã rir alto com o tratamento. – Me ajuda a encontrar ela?
- Agora mesmo! – a moça passou o braço pela cintura do irmão, mas não sem antes vê-lo olhar para trás e gritar com meio punhado de gente na pista de skate.
- SE QUEBRAREM ALGUMA COISA, EU FERRO TODO MUNDO!
Leonor rolou os olhos e o beliscou, não ia deixar a pose de responsável nem tão cedo.

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já estava ficando louca de estar presa dentro do quarto e não saber o que estavam fazendo no andar de baixo, dessa vez o marido desceu para fazer a vistoria rotineira em busca de drogas lícitas e ilícitas que não fossem permitidas e algo a mais que pudesse causar histeria coletiva. Ela suspirou ao ver que o Hulk finalmente tinha dormido escondido no closet e levantou do chão, indo na direção do quarto para procurar algo para fazer bem na hora que o marido abriu a porta do quarto, deixando um rompante de som entrar, assim como um sorriso animadinho demais.
- OLHA O QUE EU ACHEI! – o grito acabou sendo um pouco exagerado para acústica do quarto e os dois fizeram careta. segurava um pacotinho transparente com um conteúdo verde suspeito dentro, parecendo animadinho demais pro gosto dela.
- Socorro! O quê? Se for tabaco você não vai fumar! – correu o pequeno espeço entre os dois, tomando o conteúdo das mãos dele e levando diretamente ao nariz, se aquilo fosse tabaco ela ia quebrar ele no soco. Onde já se viu se animar com cigarro depois de mais de oito anos sem encostar num cigarro? – CARALHO! É maconha! – a mulher arregalou os olhos, mas se impediu de ficar animada em pensar na origem daquilo.
- É maconha! – ele parecia alegrinho demais ao arregalar os olhos e sacudir os ombros, mostrando que estava muito mal intencionado.
- Quem tava com isso? – a mãe preocupada se impediu de abrir um sorriso e reviver os velhos tempos. Ela precisava urgente saber de onde aquilo tinha saído e se possível, punir o portador.
- Não precisa se armar, não eram os nossos. – abriu um sorriso maroto ao meter a mão no bolso para pegar os papeizinhos também confiscados, enquanto abraçava a esposa com um dos braços. – Larga essa pose de mamãe preocupada, os nossos têm juízo demais para chegar perto disso e além do mais, o garoto quase se mijou com medo de eu contar aos pais dele, ou coisa parecida. – o homem piscou. A esposa arqueou uma das sobrancelhas como se perguntasse desde quando ele tinha aquela moral, vendo-o dar de ombros e puxá-la um pouco mais ao encontro do seu corpo.
- Ele vai passar um mês com medo de você dizer algo aos pais dele. No mínimo. – a enfermeira soltou uma risada e esticou o pacotinho longe do homem que queria pegá-lo. Ele fez uma careta e beijou-a de surpresa, conseguindo recuperar a droga.
- Eu até que deveria, mas... – o Mr. esboçou um bico deixando claro que não faria. Ela ponderou com um balançar de cabeça.
- E o que você pretende fazer? – o questionamento surgiu bem curioso por parte dela, embora já tivesse uma pista de que os dois ficariam chapados aquela noite como nos velhos e tenebrosos tempos.
- O que se faz com maconha? – a pergunta saiu tão óbvia que deu arrepios na espinha da mulher, embora ela estivesse satisfeita em o marido querer fumar com ela.
- Só queria deixar bem claro que somos péssimos pais e financiamos uma festa cheia de irregularidades para adolescentes. – ela levantou o indicador como se aquilo fosse resolver alguma coisa e suspirou frustrada. Sabia o inferno que tinha passado quando tinha vício em tabaco e não queria voltar àquilo por causa de um deslize. – Só que não, você não quer fumar isso. Pelo amor de Deus. - a careta de asco foi até engraçada pela hipocrisia.
- Claro que eu quero. – o homem puxou-a para o colchão de casal, sentando com as pernas penduradas e recebendo as da esposa por cima das dele. – E eu não vou fumar sozinho! – o sorriso malicioso se fez presente, enquanto o pacotinho para o paraíso era sacudido gloriosamente.
- ! – ela o olhou em repreensão fazendo todo um filme voltar na cabeça dele e o homem coçar a cabeça impaciente. – Você já sabe o que eu vou falar... – ela suspirou, apertando o nariz de leve e encostou a testa no ombro dele, ganhando um beijo carinhoso no topo da cabeça. – Me promete uma coisa? – o olhou suplicante.
- O quê, anjo? – beijou o nariz arrebitado dela.
- Que se você sentir vontade de fumar qualquer coisa depois, você vai me dizer? – o pedido era um dos mais sérios em todos aqueles anos e tão sinceramente quanto ela pediu, ele respondeu positivamente e beijou-a na testa, transbordando toda cumplicidade nutrida no casamento.
- Te amo! – a declaração vibrou intensa, sendo completada por um beijinho bicudo.

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Matthew virou de uma vez o copinho com suco game batizado e fez uma careta pela quantidade de álcool ali. Sacudiu o corpo com o gosto ruim, tendo a certeza que precisaria achar quem estava fazendo aquilo e queimar o litro, ou talvez levar para casa e tentar afogar as mágoas, porque só poderia estar ficando louco em olhar para garota daquele jeito. Qual é? Ela era amiga da sua irmã, melhor amiga de Ashley desde que as duas tinham 4 anos de idade e sempre tinha sido a criancinha mais fofa que ele havia tido a oportunidade de conversar, ate aquele outono dos infernos acontecer e ele conhecer a moça linda e encantadora que Leonor tinha se tornado.
O rapaz passou a mão na cabeça raspada ao vê-la dançar no meio da sala acompanhada de algumas amigas e se praguejou terrivelmente por ser mais velho uns bons três anos, seriam tão mais fácil se ele tivesse 15 de novo ou ela 18. Com certeza, seria melhor se Leonor estivesse completando 18 aquela noite.
- Que porra, Matthew! – o príncipe zulu tentou repreender a própria cabeça, embora fosse involuntário procurá-la com os olhos em todo lugar que estava naquela casa. O sorriso dela era encantador e o fazia querer vê-lo para sempre. – Deixa de ser trouxa! – se xingou mais uma vez e viu o coração criar coragem ao ver um rapaz com o cabelo platinado chegar perto dela na intenção de dançar provavelmente.
Ah não, ele quem queria dançar com a garota desde que aquela festa havia começado de verdade e não ia deixar que a primeira dança dos 15 fosse com um desconhecido qualquer. Deu uns pulinhos, assoprou o ar que inflava seus pulmões e com uma confiança fora do comum, andou ate onde a moça estava com algumas amigas e o tal garoto, agradecendo aos céus que Ashley não estava perto. Segurou com delicadeza a mão dela que estava balançando e puxou-a para perto de si, ouvindo a garota soltar uma risada larga, bem construída em nervosismo.
- A primeira dança dos 15 vai ser comigo, né? – o moço fez um bico exagerado e só não percebeu o quanto ela tinha ficado vermelha, pelas luzes que não paravam de piscar.
- Acho que posso conceder o seu pedido! – a frase pulou da boca de Leonor, assim como seu coração dentro do peito.
Ela sentiu o corpo querer flutuar com tudo aquilo e mesmo desajeitadamente, apoiou as mãos nos ombros do rapaz com um medo absurdo de sofrer um choque se pegasse errado, ou coisa parecida. Matthew largou as mãos ao redor da cintura dela em um receio recorrente de ser interpretado errado e quando viu que estava tudo bem, puxou Leonor um pouco mais para perto de si induzindo-a a balançar o corpo de uma forma mais agitada, afinal eles estavam dançando e aquilo não tinha nada demais. Tudo ficaria dentro do controle se ela não aproximasse muito o rosto do seu.

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As risadinhas culpadas preenchiam o ambiente ainda barulhento do quarto enquanto o casal se preparava para acender o cigarro de maconha. já tinha se escorado no apoio de madeira da cama e via a esposa ao seu lado com as bochechas vermelhas de tanta curiosidade. A quem os dois queriam enganar? Havia mais de 15 anos que tinha feito aquilo pela última vez e pensar em reviver alguns momentos não parecia má ideia. O homem acendeu o cigarro, sentindo o estômago sacudir instantaneamente.
- Se alguém descobrir isso, eu estou fodida e mal paga. – ela apontou com a ansiedade tomando conta e os dois gargalharam. – Quem primeiro?
- Você quer? – esticou o rolinho branco, pela primeira vez pensando que poderia ter sido uma ideia de burro, mas se tudo bem para esposa, talvez para ele também desse certo. deu de ombros e pegou, fez uma careta pela péssima habilidade de manuseio daquilo e recordando vagamente como tragava, algo que tinha aprendido com o homem ao seu lado, puxou delicadamente a fumaça com os lábios grudados no papel. Prendeu por um tempo e soltou por uma fenda pequena entre os lábios.
Céus, aquilo tinha sido insano!
- Não vai encher a boca! – veio em forma de aviso, assim que o cigarro foi entregue ao vocalista pulador. Ele rolou os olhos com a advertência e pela euforia do momento, encheu a boca em um trago forte, sendo traído pelos pulmões ao engasgar e começar a tossir com fumaça saindo por todo lugar. A mulher gargalhou com a cena ao puxar o causador daquilo da mão dele, tinha gostado da sensação de rebeldia. – Você esqueceu como se traga, o que é maravilhoso!
- Isso foi bruxaria sua! – apontou inconformado, trazendo-a para sentar em seu colo. O barulho lá fora, a meia luz e a fumaça estavam se revelando bem excitante quando juntos, caracterizavam quase um backstage das antigas quando os dois eram recém casados.
- Que bom que pegou! – a piscada misteriosa da mulher acompanhou um sorriso no canto dos lábios, enquanto ela movia a postura para beijá-lo levemente. dominou mais uma vez a arte de fumar e puxou um pouco mais de fôlego para aquilo, soltando a fumaça no rosto dele e vendo o deleite do marido ao aproveitar o aroma. – Prefere assim, ou quer tragar de novo? – o sussurro envolvente provocou o suspiro satisfeito dele, assim como a mão estendida pedindo a metade do rolinho.
- Me dá de novo. – ele beijou o queixo dela. Deu uma longa tragada no cigarro, sentindo a fumaça embaçar seu pulmão todo e aquela sensação horrorosa, que por vezes tinha sido tão gostosa, lhe tomar inteiro.
- Eu sabia fazer forma na fumaça, agora só sai de jato. – fez um bico inconformado e soltou uma risada frouxa depois. Logo, logo, a maconha começaria fazer efeito.
- É fácil! – ele ainda prendia a fumaça que começava embaçar sua cabeça.
- , . Solta isso, solta! – a enfermeira repreendeu no seu surto de sanidade e o viu se encolher, enquanto deixava a fumaça se esvair pela boca e nariz. – Não exagera.
- Não exagerei, amor. – a resposta foi quase um miado assim que ele entregou o cigarro a ela. Os dois dividiam as tragadas como dividiam os problemas da vida.
Ela suspirou um pouco cansada de sempre ser a mais responsável, a mais madura, a mais rígida e pulso firme. Sabia que a maconha além de um sinal de rebeldia era para os dois relaxarem e ela podia esquecer por um minuto que era a mulher maravilha, deveria, na verdade.
- Eu odeio como você fica sexy fazendo isso. – ela tragou com força, já sentindo a cabeça tombar e a droga fazer efeito. O corpo começava ficar levinho aquela altura do campeonato e até a cor da parede era engraçada. Ele recebeu o cigarro na boca e fez o mesmo, enchendo os pulmões da sensação queimante.
- Fazendo o quê? – ele piscou e aproveitou para soprar a fumaça em aros, logo depois em um jato para cima enquanto esticava o pescoço como se fosse o estereótipo perfeito do rockstar pintado por aí.
- Essa merda, me dá um tesão desgraçado! – soltou um suspiro pesado, diferentemente do seu corpo que já não tinha mais controle sobre os movimentos. Ela estava tão levinha que começou a rir com o susto que havia levado ao achar que ia cair da cama.
- Você tá chapada! – o homem soltou uma gargalhada pelas expressões da esposa e puxou mais uma vez, a última, jogando a bituca restante no chão. – Nada mais de beck para você, Mrs. – liberou todo o vapor entorpecente para cima na intenção de incendiar a esposa zonza.
- Maybe! – ela apontou o dedo, ainda que achasse uma imensa graça naquilo. – Ninguém pode saber disso! – soltou mais uma risada e quando conseguiu controlar, deu de cara com a câmera do celular de . Ele estava lhe filmando? – Você tá me filmando?
- Preciso gravar esse momento! – ele se deixou entregar a lombra e riu da mesma forma chapada que a esposa.
- Você não pode mostrar isso a ninguém! – a mulher arregalou os olhos, quase enfiando a cara no celular.
O vocalista soltou uma risada larga e jogou o aparelho de lado, certificando que tinha desligado a câmera ou qualquer aplicativo que gravasse voz. Segurou na cintura da mulher que sempre fora apaixonado e em um impulso, jogou os dois na cama, ficando sobre ela enquanto os dois riam com a situação. Não demorou muito para que alguns beijos se espalhassem entre os pescoços, bochechas e bocas. Se os jovens estavam aproveitando no térreo, eles também poderiam lá no primeiro andar.

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A porta do quarto estava trancada de chave para que os dois não fossem incomodados, enquanto iam aos tropeços para cama do rapaz. Aquela tinha sido a oportunidade perfeita de fugir com Madeleine de toda bagunça e dar uma de irresponsável como já tinha visto todos os amigos fazerem, inclusive Andrew que não parava o rabo quieto com garota nenhuma. Outro aspecto que deixava o momento mais excitante ainda era o fato de estarem escondidos e trancados no quarto dele quando uma festa rolava lá embaixo. Sinceramente? Não tinha momento melhor para que eles finalmente transassem de verdade, sem ninguém para cortar o clima ou repreendê-los por aquilo.
Eliot puxava a camisa pela gola, à medida que as mãos e a boca da namorada passeavam por seu abdome, alisando e beijando a pele sensível do garoto e o fazendo sentir seu corpo inteiro arrepiar, além de deixá-lo na certeza que aquela seria a noite premiada dos dois. O casal já havia tentado consumar a transa algumas vezes na última semana, mas sempre aparecia alguém ou algum problema para quebrar o clima. Era incrível como eles nunca chegavam nos pontos finais por culpa dos outros.
Depois de arrancar de vez a camisa do corpo, puxou a namorada para si e beijou-a com desespero e volúpia, queria sentir aquele fogo de volta e ao subirem na cama, o rapaz começou lembrar onde tinha guardado a camisinha recebida em uma das ações do Colégio. Concentrando nas palavras duras da mãe ressoando em sua cabeça sobre nunca transar sem camisinha, algo extremamente complicado quando sentia a namorada lamber seu peito bem disposta a deixá-lo louco.
- Mad? – o moço chamou meio amedrontado em precisar parar. – Eu acho que não tenho camisinha. – Eliot engoliu em seco ao sentir o olhar reprovador dela cair sob o seu, e ainda entre as pernas da namorada, esperava uma resposta.
Será que ela ia ceder ou simplesmente parar, abrir a porta e deixá-lo ali sofrendo?
O rapaz abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ouviu alguém esmurrar a sua porta com uma força sem tamanho.
- , CARALHO! ABRE A PORTA! – o grito de Matthew era desesperado e o casal se olhou confuso.
- Matthew? – os dois perguntaram para si ao mesmo tempo.
- A POLÍCIA TÁ NA PORTA! – foi a vez de Leonor soltar apavorada, quebrando todo o clima que tinha se instalado no jovem casal.
- Que merda! – e Madeleine pularam da cama como se o colchão desse choque. O menino pegou a camisa no chão e vestiu em questão de segundos, ajeitou o jeans no corpo e abriu a porta do quarto tão assustado quanto os que estavam fora dela. – O que você disse?
- Que a polícia tá aí e nós precisamos chamar papai e mamãe. AGORA! – Leonor agarrou o punho do irmão e após fazer uma careta de nojo para quando entendeu a situação do quarto, o puxou pro outro lado do corredor. – Vocês estavam transando? – a pergunta da garota saiu esganiçada.
O irmão engasgou com a própria saliva, Matthew soltou uma gargalhada imensa e Madeleine se pronunciou naquela bagunça.
- Era a ideia, mas você não deixou! – a moça bugou bem saturada.
- Que nojo, ! – a aniversariante o repreendeu.
Eliot não deu ouvidos a irmã, já estava irritado demais por sempre ser interrompido nas melhores horas. Talvez fosse até castigo por ter feito o mesmo com os pais, por mais que ele achasse que não merecia aquilo. Respirou fundo e espirrou a porta do quarto assim como o amigo tinha feito com a sua, precisando repetir o gesto três vezes para que fosse ouvido.
- O que diabos está acontecendo? – apareceu apertando um robe cor de papa contra o corpo.
- A polícia tá aí, tia! – Matthew alteou a voz atrás dos amigos.
- A gente precisa que vocês resolvam isso. – Eliot fez uma careta horrenda e suspirou frustrado. Porque as coisas tinham dado errado na hora que ele finalmente tinha relaxado?
- Amor, a polícia tá aí! – olhou para dentro do quarto, chamando o marido.
- Que merda! – o homem apareceu puxando a camisa para baixo e os quatro adolescentes fizeram cara de nojo.
O casal fechou a porta do quarto e tentando dar uma de sóbrios, desceram as escadas com uma postura seria que jamais tinham usado. deu um grito na sala mandando baixar o som e conseguiu conter a multidão de adolescentes que parecia assustada em descobrir que os adultos estavam em casa. pai sacudiu o cabelo, tentando deixar menos bagunçado e piscou algumas vezes, até porque estaria bem ferrado se os olhos ainda estivessem vermelhos pela maconha.
Era realmente maravilhoso ter que encarar um policial, depois de ficar chapado com a esposa.



Chapter Nineteen

Algumas semanas já haviam passado desde a festa de aniversário que tinha movimentado o bairro calmo ao ponto de aparecer uma viatura da polícia na porta dos . E embora e já esperassem que aquilo fosse acontecer, não ficaram muito contentes quando se concretizou, afinal era só uma festa de aniversário em que os dois estavam em casa. Ok, estavam levemente chapados, mas ainda estavam em casa e conseguiam fingir muito bem.
Toda a rotina tinha voltado ao normal, Eliot e Leo estavam concentrados no colégio novamente, cursos extracurriculares e as obrigações que assumiam dentro de casa, ainda que tivessem levado a fama de melhor festa do ano depois do último fim de semana. tinha colocado a clínica nos eixos e pela quantidade de trabalho, já cogitava a ideia de contratar mais alguém para lhe ajudar com a demanda, principalmente quando pensava bem na proposta de Pettrus sobre o doutorado. Até estava atolado com as obrigações pré-turnê, além das consultas previamente marcadas por causa da voz, já começara os ensaios com a banda, os novos arranjos e o maior problema de todos: Como comunicar aos fãs que David não iria junto naquela turnê pela América Latina.
A manhã tinha começado cinza àquela quarta feira e não apenas pelo tempo chuvoso e frio, mas pela confirmação do baixista em não conseguir viajar grandes distâncias. O homem garantira que conseguia fazer os shows que a banda faria pelo Canadá começando na semana seguinte, mas não tinha possibilidade de entrar em um avião e ficar por mais de 10 horas lá dentro. Óbvio que aquilo preocupava a banda inteira, incluindo o crew.
- Caralho. – sacudiu a mão depois de pegar no cabo da panela quente. Estava disperso com as notícias anteriores e ainda tinha inventado de fazer o almoço aquela manhã, seus meninos tinham vindo almoçar em casa e estavam no banho. Ao menos ele tentava livrar a cabeça de tanta preocupação.
- OI! OI! OI! – a voz radiante e explosiva de preencheu toda a casa e como o sol, trouxe claridade para aquele dia cinzento, fazendo o homem sorrir largamente bobo só em ouvi-la. O coração palpitava, o estômago dava sinal de vida e ele nunca entenderia aquilo, mas culpava ao amor que sentia por ela. – Cheguei! Alguém em casa?
O vocalista tinha certeza que a pergunta era retórica, mas, mesmo assim riu, virou a aba do boné para trás e tirou as leguminosas do fogo a tempo de vê-la entrar na cozinha carregando mais de cinco sacolas. Enquanto ele era controlado com tudo, ela gastava quando bem entendia e ele nem podia reclamar, os dois eram complementares e resultavam no melhor equilíbrio. colocou as compras em cima da ilha, já recebendo um homem carente e fazendo bico. Os dois beijaram de levinho.
- Hey, o que é isso? – já foi logo abrindo as sacolas, enquanto ela tilintava os saltos pela madeira da cozinha. Certamente lavaria as mãos antes de mexer nas panelas, o que realmente aconteceu.
- Comprei algumas coisas. – ela deu de ombros, ouvindo a risadinha divertida. – Os meninos já chegaram para o almoço? – fez malabarismo com um pedaço de batata fumegante na boca, soltando um grunhido desesperado por estar quente. – Que merda!
O homem soltou uma risada alta pelo grito dela, ainda escavacando as sacolas em cima da ilha. Sempre que chegava em casa cheia de coisas, ela trazia um presentinho para ele e pelo sorriso dele ao encontrar uma caixinha suspeita, parecia ter achado.
- Banho! – o homem alteou a voz.
- Ótimo! Ah, trouxe uma coisa para você também. – a Mrs. disse animada ao separar as verduras cozidas da água. – Na verdade, comprei para todo mundo. Não consigo ir no centro comercial e não trazer nada! – ela beliscou um pedaço de cenoura. – Achou?
- AHÁ! – o homem berrou histérico, arrancando uma risada divertida da esposa. – Eu achei um presente para nós dois aqui! – ele tirou a caixa de papel da sacola, sacudindo na altura do rosto.
- AI, ! – ela deu um pulo pelo susto e quis gargalhar quando virou e o viu balançando a caixa de camisinha como se quisesse aproveitar todas elas num dia só. – Isso não é para você! – a mulher abriu um sorriso de lado e andou até ele para procurar um boné que tinha comprado. O marido estava muito garotão no auge dos 37. – Isso é para você! – tirou o boné da sacola, abrindo um sorriso animadíssimo. – O boné é para você e as camisinhas são para o Eliot. – a troca foi feita, embora não tenha gostado muito.
- Não querendo ser ingrato, mas eu prefiro o outro. – ele olhou meio desdenhoso e esticou a mão pedindo a caixa de camisinhas, mas fez uma careta horrenda ao remoer o destino delas. – Espera... Como assim para o Eliot? – sentiu o café inteiro revirar no estômago e não sabia como a esposa estava agindo com tanta naturalidade sobre aquilo.
- Compre ué! – ela projetou levemente o corpo para roubar um beijinho, suspirando em seguida pela pergunta do marido. mordeu a boca, cruzou os braços em frente ao corpo como se estivesse em defensiva e continuou: – Ele praticamente me disse que ia transar com a namorada e não quero passar de mãe relapsa. A verdade é que eu estou sucumbindo na ansiedade e no medo, e embora a camisinha não vá me deixar segura, acho que é uma forma de me deixar mais calma.
Os dois suspiraram bem preocupados com a situação, concordavam que o rapaz era novo demais para iniciar a vida sexual, porém o homem tinha aprovado e muito a atitude da esposa em se adiantar naquilo mostrando apoio de alguma forma.
- Então... – a enfermeira abriu a mão dele, colocando a caixinha lá, o que deixou confuso. – Eu comprei, mas você entrega! – o sorriso trincado brincou nos lábios dela, arrancando um esganiço apavorado dele.
- O QUÊ?
- Por Deus, você é homem! – ela devolveu a indignação.
- Você é a mãe dele. E enfermeira!!! – tentou argumentar, mesmo sabendo que perderia feio.
- E você é pai dele! – sacudiu as mãos, tentando enfiar aquilo na cabeça do marido. – Pai! Você tem um pinto igual a ele!
- Mas eu faço música! – mais um argumento furado escapou de todas as expressões corporais dele.
- Oh really? – a enfermeira cruzou os braços e arqueou bastante a sobrancelhas ao olhar para cara de pau do pai dos seus filhos. – Você fez dois filhos antes dos 21!
- E você também, ! – o vocalista arregalou os olhos. – Só que... o pinto dele está provavelmente mais nervoso que o meu.
O desespero dele fez a esposa soltar uma gargalhada imensa e finalmente relaxar diante daquela discussãozinha sem sentido, porém engraçada, dos dois medindo experiências para ver quem iria conversar com o filho.
- É verdade, não ri! O moleque quer dar, o pinto ta nervoso! – os dois riram mais um pouco.
- Agora imagina a cena. Você com 17 anos e a Louise chega para falar de sexo com você, te dar camisinha e ainda levar uma banana para ensinar como usa. Porque, meu bem, se eu for, eu vou levar uma banana! – foi bem clara em suas palavras, vendo o abrir a boca bem transtornado. Ela não estava falando aquilo! – , você é o pai, precisa falar de coisas que se eu for falar, ele vai morrer em pensar como eu sei de tudo isso!
- Minha mãe não fez isso! – o homem desafinou ao protestar aquele absurdo. – E ele não precisa saber como você sabe! Uma banana não ia ajudar. Você não tá falando sério sobre a banana, ta? Vai traumatizar o moleque!
- Ah, eu estou! Se eu for, eu levo! – apontou meio ameaçadora. – O menino não é lerdo! – foi a vez dela esganiçar com todos os argumentos furados do homem, que começava a bagunçar os cabelos em meio a um leve desespero. – Vai ser traumatizante para ele imaginar que eu aprendi tudo isso com você! – ela sacudiu as mãos assim como ele.
O homem soltou uma risada anasalada e se escorou na bancada. Não era possível que ia perder aquela discussão. De novo!
- Então vamos a um exemplo mais perto, bem perto. É a mesma coisa de você falar das maravilhas do sexo com Leonor! – a balançadinha de cabeça foi macabra.
- O QUÊ? – sentiu o estômago revirar com aquela conversa e além da careta de ânsia, se segurou exageradamente na bancada.
- Exatamente, você realmente não quer falar de orgasmo com sua filha. E você sabe que a conversa com ela não toma só a proporção de 'usar camisinha'. – a mulher imitou uma voz grave e esquisita que em nada parecia com a do vocalista apavorado a sua frente. Ele não queria nem orientar o filho mais velho, imagina pensar sobre fazer aquilo com Leonor. – Eu quero minha filha muito bem informada. Não quero uma adolescente frustrada, se iniciar a vida sexual!
- É só ela não se iniciar... Nisso. – estava apoiado na bancada e embora parecesse apenas pose, começava a sentir que as pernas estavam tremendo com aquela conversa. A mulher bufou já saturada com aquela conversa fiada de quem queria fugir da obrigação.
- , Leonor não é o foco aqui! – inquiriu, ouvindo um resmungo de “graças a Deus”. – Eliot tem 16 anos, quase 17. Ele é novo demais para tudo isso, ele não tem maturidade para entender o que é sexo bom, mas ele quer transar com a namorada, a gente tem que garantir que vai ser seguro!
- EU SEI! – o homem esganiçou ao ponto de parecer um sonar. – Mas por que raios você quer me empurrar para fazer isso?
- Se eu falar com , você fala com Leonor. – o sorriso meigo se estendeu na cara de , contrário a cena dela de braços cruzados e olhar inquisidor. – Direitos iguais nessa casa, amor! – ela deu uma piscadinha sem vergonha.
- Ok, eu falo com o ! – o pai pareceu se animar de uma vez, pegando a caixa de camisinhas com uma rapidez imensa, algo que a fez soltar uma gargalhada imensa.
- ‘Tô muito orgulhosa de você, papai! Que homem eu ajudei a crescer. PUTA MERDA! – ela deu uma palmadinha na bunda pequena do marido e após sofrer um roubo de beijo, o viu pegar um dos bonés e colocar na cabeça, enquanto o outro seguia na mão.
- Deseje-me sorte! – o homem deu um gritinho e subiu as escadas correndo. Quanto antes começasse aquilo, antes acabaria.

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- ? – o homem chamou baixo, batendo levemente na porta do quarto e sentindo suas mãos suarem. – Tá aí?
- Sim, pai! Pode entrar! – o garoto gritou e abriu a porta do quarto de forma vagarosa. – Que houve? – o rapaz riu enquanto vestia a camisa.
- Nada. – o homem disse com um ar de riso, mesmo estando em um estado de nervosismo. Ele sabia que tinha um garoto em casa, mas não esperava em ter que falar de sexo com ele. A escola não se encarregava daquilo? – Queria falar com você. – deu um sorriso fechado e sentou na ponta da cama, ainda segurando a caixa de papel em mãos. – Vai sair? – ele soltou uma risada divertida ao ver o quanto o filho estava arrumado.
- Com minha namorada. – o garoto soltou um sorriso esperto e maroto, fazendo o pai rir alto. – Depois do almoço!
- Ótimo. – o homem suspirou, depois deu dois tapinhas na cama bem ao seu lado. – Senta aqui, quero falar com você.
- Sobre? – filho perguntou e sentou ao lado do pai, enquanto enxugava o cabelo com uma toalha pequena. O homem suspirou e coçou a cabeça sem saber por onde começar o assunto. Metia no meio, ou não?
- Sexo. – ele mirou a visão em um ponto na parede decorada do quarto, que com certeza havia sido desenhada por Leonor, evitando de olhar para cara do filho e vê-lo vermelho com os olhos arregalados.
- Oi? – o garoto quase engasgou com aquela conversa estranha do pai. Já não bastava a mãe lhe fazer passar vergonha sempre que perguntava qualquer coisa e agora vinha o pai com aquilo também?
- Sobre sexo, garoto. – suspirou coçando a cabeça mais uma vez. – Qual é, . Eu sou teu pai, nós somos amigos, não é como se você escondesse as coisas de mim. – o homem disse meio desesperado e o garoto riu com o mesmo sentimento. – Sua mãe queria vir te explicar como usa! – ele soltou um grito esganiçado e quase viu o filho perder os olhos de tanto arregalar.
- O quê? – o mais novo perguntou em completo desespero.
- Exatamente isso que você ouviu. – soltou uma risada alta. – Sua mãe é doida, sinceramente. – o homem negou com a cabeça.
- Ela não é doida. – o garoto saiu em defesa da mãe, fazendo o pai rir mais ainda. – Não ri! – ele disse também rindo com a situação em que estava inserido, depois mordeu a boca apreensivo. – Pai? – o garoto o chamou baixo e respirou fundo o olhando, esperando que continuasse. – Ela não sabe?
- Claro que não! Eu sei que você me contou, mas é um assunto seu, acho que cabe a você contar a ela. – o homem disse sincero e viu o filho ficar vermelho. – Relaxa moleque, não é nada que ela já não saiba. – ele deu um tapinha no ombro do filho e viu o garoto expressar uma careta de nojo. – Eu estou falando de você já ter transado, , afinal foi ela quem comprou esse monte de camisinha e me mandou “Te explicar”.
- Você vai fazer isso?
- Eu espero bastante que não precise, vai ser constrangedor.
- Foi só uma vez, pai. Eu não quero contar a minha mãe porque ela é escandalosa.
- Eu sei que foi só uma vez. – disse baixo, colocando o pacote com os preservativos em cima da cama. – E eu sei que sua mãe parece uma sirene. Mas nós temos motivos, garoto. Você veio quando ela tinha 18 anos, nós dois não queremos que vocês passem por isso, tudo bem? Eu sei como sexo é bom, , mas eu preciso que você pense bem antes de qualquer coisa. Eu preciso que você tenha juízo nessa cabeça, porque não é só a sua vida, é a da Madeleine também. Eu sei que ela é mais velha que você alguns poucos anos, mas seja precavido, não transa sem camisinha. Se possível nem foca em sexo agora, tá cedo e o namoro é recente.
- Pai? - o garoto chamou ainda mexendo a pequena caixa escura nas mãos e sentiu um tapinha de conforto no ombro.
- Oi, . Pode perguntar. - o homem se manifestou solícito com a possível dúvida dele.
- O que eu faço para... Você sabe. - filho meneou a mão ainda tomando coragem para falar e suspirou. - Não esporrar logo e deixar a Mad na mão. Eu estou morrendo de nervoso de ser um desastre nisso. - o rapaz suspirou com um medo imenso e ganhou um abraço de lado do pai.
- , olha, pode parecer clichê e não ajudar em nada. Mas você precisa concentrar, segurar e concentrar. O segredo é concentração. Tudo isso é muito superestimado em maioria dessas coisas que vocês leem e assistem por aí na internet. - o homem rolou os olhos e viu o filho mais velho ficar com as bochechas mais vermelhas que um tomate, se preparando para protestar. - Jura que você vai me dizer que nunca viu pornografia na vida? - o mais velho arqueou uma das sobrancelhas. - Eu já encontrei cada coisa nesse quarto antes da sua mãe...
- Pai, eu juro! As revistas não são minhas. - Eliot esganiçou na defensiva.
- E eu também não tinha esse tipo de coisa quando namorava com sua mãe. - ele usou de desdém, mas focou no assunto novamente. - Mas a questão é, tudo vai da nossa concentração, não fica tenso e se relaxar demais também a coisa desanda. Ao menos por agora... Só respira e concentra.
- Como? - o garoto arregalou de leve os olhos.
- Aí você tá querendo demais, . - o homem esganiçou junto. - Você precisa descobrir certas coisas sozinho!
Os dois suspiraram e o homem passou a mão pelos cabelos, sabendo que sua primeira experiência não tinha sido nada gloriosa.
- Sua namorada é virgem ainda? - pai mordeu a boca sem olhar pro filho e viu um suspiro de alívio misturado com desespero vir do garoto.
- Não, mas ao mesmo tempo que isso me alivia, me deixa apreensivo. Vai que eu faço merda e ela já fez coisa melhor? - a careta de dor no rapaz fez o pai soltar uma gargalhada divertida e abraçá-lo com força, ouvindo finalmente o Eliot se render as risadas junto. – Que droga, eu não sei o que é mais constrangedor. De verdade.
- Relaxa, . - o homem bagunçou a cabelo do filho. - Não precisa pilhar assim, não é a sua primeira vez, então você já tem uma noção do que fazer. A gente nunca sabe de verdade o que fazer se não se sente confortável com a pessoa e as primeiras vezes nunca são as melhores, vai melhorar depois. Confia em mim! - piscou com um sorriso paternal e viu o rapaz suspirar mais calmo.
- Quantos anos você tinha quando perdeu a virgindade? - Eliot finalmente conseguiu tocar naquele assunto.
- Dezoito. - o homem soltou uma risada anasalada e viu o filho arregalar os olhos. – Dezenove, na verdade... eu acho. – ele fechou os olhos parecendo calcular alguma coisa e foi interrompido pelo rapaz incrédulo:
- Como?
- Sua mãe é mais nova que eu quase 3 anos, moleque! - pai deu um pedala no rapaz e o viu rir alto.
- Vocês dois perderam a virgindade juntos? - o moleque soltou uma risada de deboche.
- Sim! – um sorriso genuíno se alastrou nos lábios do mais velho, só ele sabia o quanto aquilo tinha sido marcante e importante na sua vida. Era algo tão intenso e grandioso.
O silêncio se instalou aos poucos e o rapaz suspirou baixinho, olhando para caixa azul-escuro que dançava em suas mãos. Nem tinha sido tão ruim assim a tal conversa, claro que ainda era um pouco constrangedor, mas seu pai não era apenas pai há tanto tempo. Os dois eram como velhos e melhores amigos, deixando a relação mais incrível do que qualquer outra. pai percebeu que o assunto tinha terminado e abraçou o filho mais velho de lado, beijando a cabeça dele com força e de alguma forma, aliviado em saber que tinha feito a coisa certa. Talvez se tivesse escutado o pai, o rapaz sentado ao seu lado ainda fosse uma criança barulhenta e embora pensasse daquela forma, não se arrependia nem por um segundo da vida que levava.
- Valeu! – o moço abriu o sorriso igual ao do mais velho e os dois fizeram um forte toque de mão. – Diz a mamãe que ela pode ficar tranquila. – os dois riram.
- Pode deixar! – o homem beijou-o na cabeça mais uma vez. – Obrigado por me ouvir.
O menino abriu um sorriso bonito e duplamente agradecido. O vocalista se escorou nos joelhos e parecendo velho demais, levantou da cama com uma dificuldade forçada, soltou uma risadinha anasalada e coçou a cabeça para dar seu último conselho.
- Existe uma coisa chamada pompoarismo, sua mãe te explicaria melhor porque você sabe...
- Ela é estomaterapeuta e tem a coisa com as incontinências. – o rapaz suspirou, embora envergonhado demais só em cogitar a possibilidade. – Mas eu não vou perguntar isso a minha mãe.
- Isso. – o outro soltou uma risada desesperada. – Eu tenho algum material de leitura que pode te ajudar, mas por enquanto... – suspirou. – Pensa nessas teorias e cálculos matemáticos que te prendem durante o dia todo, pode ajudar. – ele mordeu a boca pelo momento meio constrangedor e o rapaz afirmou com um aceno contido, embora prendesse um sorriso agradecido e animado.

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O grande Jeep branco encostava bem perto da entrada dos fundos da Stereo, casa de show que o Simple Plan tocaria àquela noite e daria início a uma jornada grande de shows. Montreal seria o ponto de partida para mais uma temporada de viagens que duraria até fevereiro, livrando apenas as semanas que abrigavam natal e ano novo para a alegria dos fãs e simpatizantes com a banda, embora fosse um pouco exaustivo para as famílias que conviviam com as ausências e viagens. Mas naquela sexta-feira, os caras começariam com a passagem de som, os arranjos e um ensaio curto para o encontro com os fãs que aconteceria no fim da tarde, além da entrega de alguns pôsteres autografados e o novo meet & great que tinha sido criado aquele ano: O VIP Pizza Party.
Consistia basicamente em um encontro com os fãs, que além de poder conversar com a banda, autografar algumas coisas e tirar várias fotos, ainda tinha o festival da pizza e do refrigerante. Era algo legal e que de quebra, os rapazes conseguiam um tempo mais fiel com quem fazia toda aquela magia ser possível.
- Você pegou tudo? – soltou um riso divertido em ver o marido afobado ao desafivelar o cinto de segurança.
- Peguei, anjo. – o homem piscou ao portar um sorriso imenso e puxou uma mochila que estava no piso do carro. Ela mordeu a boca, feliz em vê-lo tão radiante com a rotina finalmente em dias, depois de tanto tempo e tanta bagunça.
- Vai tomar banho em casa, mais tarde? – ela questionou ao vê-lo afobado para sair do carro, certamente tinha atrasado uns bons minutos com o corpo mole que tinha feito para sair de casa.
O homem parou de uma vez, ainda com a porta do carro aberta e se pendurou na lataria como se aquilo o fizesse decidir sobre a pergunta dela. A verdade é que ele não sabia se conseguiria uns minutos de sossego para tomar banho em casa, os dias com shows eram tão corridos, ainda mais aquele em que tudo deveria ficar perfeito só pelo público familiar.
- Se você prometer me acompanhar, eu posso fazer um esforço. – o sorriso descarado se esticou no rosto dele e a mulher soltou uma das suas gargalhadas mais espontâneas, enquanto batucava no volante.
- É sério, ! – ela usou de uma imponência maravilhosa ao falar aquilo, deixando-o imerso num suspiro em pensar na sorte que tinha por tê-la ao seu lado. – Acho que vou passar o dia fora, hoje. Tenho um monte de consulta agendada, você sabe...
- Eu não sei. – ele coçou a cabeça, fazendo uma caretinha boba. – Posso te ligar mais tarde, qualquer coisa? – o homem mordeu a boca e a viu afirmar com um aceno bonito, embora não baixasse o queixo e parecesse ainda mais majestosa. estava particularmente estonteante àquela manhã, embora usasse algo simples e confortável pelo dia de trabalho que teria pela frente, parecia mais chique do que a esposa do primeiro ministro. – Mas já adianto que provavelmente só vou conseguir ir para casa depois de tudo.
Ela firmou com um aceno leve e sorriu.
- Precisa que eu traga algo?
- Uma muda de roupa para after party, pode ser? Acho que a que eu trouxe só dá para usar na hora do show. – mordeu a boca e jogou a mochila de couro no ombro.
- Como quiser, Mr. – a mulher piscou e o chamou com dois dedos em um movimento sensual, na cabeça dele. – Não tá esquecendo nada? – o sorriso era quase magnético ao dele, que se esticou imediatamente para dar um beijo de despedida na esposa.
Os dois se demoraram alguns minutos na despedida carinhosa e após um grunhido desgostoso do vocalista em precisar se afastar, ela o deixou livre tirando os dedos de entre os cabelos dele. lhe roubou mais um beijinho, sendo mordida no lábio em um reflexo fingido ao beijo roubado. Os dois riram feito adolescentes assim que a enfermeira lhe distribuiu um tapa no ombro.
- Até mais tarde! – ele se despediu primeiro.
- Até, amor! – piscou. – A fangirl em mim está louca para surtar, gritar e jogar um sutiã na sua cara. – ela o construiu como um verdadeiro rockstar e ouviu a gargalhada do marido ao bater de leve a porta do carro.
Ela sacudiu de leve a cabeça com a pose fofinha dele ao andar para porta dos fundos, não demorando a engatar a primeira marcha para ir em direção aos seus atendimentos diários. O trabalho de estomaterapeuta poderia ser facilmente comparado ao trabalho de com a banda, os dois estavam plenamente felizes e satisfeitos em conseguir ajudar pessoas, mesmo que de formas diferentes.

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Crianças no colégio ✔
Maridos enfiados em uma casa de show ensaiando o repertório desde as 11am ✔
Mulheres despreocupadas fazendo comprinhas naquele dia ✔
e procuravam um local no shopping da cidade onde pudessem almoçar com calma e finalmente colocar certos assuntos em dias, já que não tinham maridos e nem filhos ao lado se metendo na conversa e fazendo piadas, ou chamando para ver qualquer coisa nas inúmeras vitrines que rondavam a praça de alimentação.
- A gente deveria ter ido pro Mangiafoco, ao menos poderíamos encontrar a Mimi lá. – deu de ombros enquanto sua cadeira motorizada acompanhava a irmã mais nova no corredor largo de chão encerado. Óbvio que as duas atraiam alguns olhares curiosos em estar ali, restava saber se pela cadeira de rodas ou pelo estado civil das duas.
- Eu estou faminta, acho que não chego até lá sem engolir ao menos um bicho. – soltou uma risada que foi acompanhada pela irmã. – E sem falar que hoje vai ser uma correria para mim.
- O show? – a Mrs. perguntou com um arquear de sobrancelha. A outra afirmou. - Isso porque você não tem uma criança da idade do Alex em casa.
- Eu sei! - se pronunciou com uma careta. – Mas tenho dois adolescentes enlouquecidos por uma série de coisas que eu não lembro ter feito na idade deles. – a mais nova suspirou e as duas fizeram careta.
- A After Party? - perguntou ao soltar uma risada espontânea. Sabia que mais cedo ou mais tarde, os irmãos iam querer participar daquele momento e nem podia negar. - Ainda bem que Alexander só está preocupado em o quão forte precisa jogar a bola no público em Summer Paradise. – as irmãs riram com a fofura da criança, enquanto a mais nova lembrava dos filhos assim que começaram frequentar os backstages.
- Eu nem tenho como negar e é isso que me quebra. - bufou meio irritada com o tempo e o que ele fazia na sua vida.
- Preferia outra criança em casa? - a mais velha perguntou com um sorriso de quem estava muito satisfeita com seu pequeno furacão. Na verdade, já planejava outro para bem logo.
- Pior que não! - riu e afastou uma das cadeiras da mesa do restaurante, recebendo um sorriso agradecido. – Eu e já passamos dessa fase. – ela sacudiu de leve o cabelo cacheado e se acomodou junto a irmã. – Chegamos à conclusão que não cabe mais um bebê na nossa vida, entende?
- Entendo, . – sorriu. – Acho que sim, na verdade. Deve ser difícil pensar em viver tudo isso novamente. – a designe acomodou a bolsa em uma das cadeiras ao seu lado, igualmente a irmã tinha feito do outro lado. ponderou com um dos olhos fechados e as duas riram.
- Boa tarde, as senhoritas já vão pedir, ou preferem o cardápio? – a moça surgiu em meio ao salão e portava um sorriso solícito.
- Vamos pedir! – sorriu e mordeu a parte interna da boca enquanto pensava no que pedir. percebeu que a irmã demoraria um pouco e tomou a frente dos pedidos.
- Vou querer Costola Di Bovino e Fettuccine Alfredo. – a Mrs. disse com uma euforia maravilhosa ao pensar no sabor do prato, suspirando contente ao encolher o corpo escorado nos cotovelos. A garçonete sorriu encorajadora querendo dizer que aquele era um ótimo pedido.
- Escolho por um Fettuccine e salada Ceasar. – sorriu igualmente animada e junto da irmã, optaram por uma limonada gaseificada para esperar o almoço, vendo a moça se afastar com os pedidos em mãos.
- Onde estávamos? – tentou achar o fio do assunto anterior.
- Crianças!
- Claro. – a enfermeira soltou uma risada nostálgica. – Eu tenho saudade dos meus quando pequenos, mas não tenho exatamente o desejo de engravidar de novo. Não parece certo depois de encarar uma separação conturbada, sem falar que agora a gente tá querendo curtir a fase adolescente perdida. – ela prendeu uma risada ao lembrar dos dois chapados no meio da festa de Leonor e sacudiu a cabeça para espantar aqueles pensamentos. – Vocês estão realmente planejando?
- Já decidimos! – o sorriso brilhantemente largo de era capaz de iluminar toda a praça de alimentação e ali experimentou mais uma vez a sensação de estar feliz por quem ela amava. As duas se impediram de soltar um gritinho fino. – Eu sei! – a mamãe do Alex verbalizou num salto. – Foi algo que surgiu sem freio e vai ser ótimo, o Alex é tão sozinho que a gente quer mesmo dar esse presente a ele. Honestamente, sis? Tá mais do que na hora de eu e o sentirmos esse amor de novo, a gente tá precisando de mais alguém em casa. Falta uma pecinha do quebra-cabeça pro nosso coração ficar completo e tem o Alexander, ele vai adorar ter um irmãozinho para cuidar e amar que nem o teve. – a mulher apertava os dedos como se aquilo pudesse conter sua alegria acumulada diante do desejo de ser mãe novamente, sendo abraçada em um abraço torto e forte.
suspirou ao sentir os olhos marejarem com a alegria imensa que a irmã esboçava só em pensar em mais um filho, aquela deveria ser uma das sensações mais gostosas do mundo e de um jeito louco, ela podia sentir toda a felicidade da irmã só pelo tom que ela usava para pronunciar cada palavra. O amor incondicional era mágico até quando estava nascendo.

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A noite mal tinha caído e a casa de show já estava cheia do lado de fora, fãs esperavam em fila indiana para entrar logo no Post Game VIP Pizza Party, o mais novo jeito que a banda tinha pensado para ficar perto dos fãs. O salão do lado a casa de shows estava vazio, esperando apenas que todo mundo se organizasse para que a banda pudesse entrar e fazer a alegria.
O camarim pequeno estava cheio e até parecia festa de família, as mulheres estavam sentadas em um dos sofás colocando as conversas em dia, Alex e London brincavam com as baquetas do Comeau, Maya e Zoe estavam zoando , e Leonor pedia algumas dicas de produção de mídia a Chad. Já Eliot e Mad se encaixavam na categoria adultos, conversando com os caras do crew sobre qualquer assunto que viesse à tona. Eles estavam por ali desde a meia tarde e tinham acompanhado o soundcheck, assim como toda a movimentação maravilhosa do pré-show acompanhado de alguns fãs, deixando as “crianças” ainda mais encantadas com aquela vida diferente que os pais levavam, ainda que só tivessem observado de cima do palco.
- Caras? – Vance chamou a atenção da banda, batendo na madeira da porta da sala onde eles se organizavam. – O salão já tá cheio, hora do pizza party! – o homem manteve a porta aberta, sabendo que eles demorariam no mínimo, 10 minutos para sair dali.
Era um caos quando as crianças estavam junto e queriam ir ao encontro dos fãs, ou espiar pelo palco, ou qualquer outra coisa que causasse uma imensa exposição, já evitada pela banda. O burburinho começou pelos maiores, os dois filhos de grudaram no pé do pai igual dois carrapatos implorando para ir junto, enquanto o homem lançava na direção da esposa pedidos de socorro só pelo olhar. Os menores já sabiam que era zona proibida e acabavam nem pedindo para ir junto. Quando finalmente conseguiu se desvencilhar das crianças grudentas, a banda foi ao encontro dos fãs no evento que tinha tudo para se tornar um sucesso pelos próximos anos.
Após todo o contato, os presentes recebidos, carinho, risadas, muita pizza temática e as fotos mais divertidas, a banda voltou ao camarim para finalmente se organizar e começar o show que seria o incrível início da turnê que abrangeria vários países e quase os cinco continentes. O primeiro tempo de música ficou na responsabilidade de uma banda local que estava agitando o pessoal para a grande atração principal e de quebra, chamando a atenção do Simple Plan para uma conversa sobre apadrinhamento futuro.
Logo os cinco já estavam prontos para entrar no palco e transmitir toda aquela energia gostosa que explodia por toda a casa de shows. As famílias se organizavam na saída do backstage e entrada do palco, as crianças com seus fones protetores faziam a maior folia para ver o show começar.
- Aquele ali é o Garrett? – prendeu uma risada escandalosa ao ver o amigo da irmã na plateia.
Não era possível que aquela situação estivesse acontecendo! Só poderia ser o destino para juntar duas pessoas assim novamente, Andrew tinha uma história mal resolvida com o arquiteto desde a época da faculdade e mesmo assim nunca tinha esquecido o grande amor da sua vida.
- Onde? – fez uma careta e abriu um sorriso imenso ao vê-lo. – SIM! Eu convidei, mas não fazia ideia que ele viria, chegou aqui em Montreal ontem para gente começar o novo projeto do centro de reabilitação para crianças com deficiência. Ai, meu Deus! Preciso ver se ele mandou mensagem, estava super ansioso para ver ele também. – a mulher soltou um gritinho animado e ao olhar para as expressões da irmã, entendeu na hora o que ela estava pensando. – SOCORRO, O ANDREW!
- SIM! O ANDY! – berrou tão animada quanto e logo as duas focaram a visão no lado oposto onde Andrew parecia animado conversando com mais alguns amigos. – Você vai chamar o Garrett para After Party e eu vou só firmar com o Andrew! – a mulher deu high five com a irmã e as duas se saracotearam animadas com a ideia do reencontro.
Os instrumentos foram distribuídos e a equipe brilhante do Simple Plan começava o trabalho que faria daquele show o mais mágico de todos, eles estavam em casa, o público era insano e saber que as famílias estavam ali só os impulsionavam a deixar aquele show ainda maior!
- Beijinho para dar sorte! – chegou pedindo a esposa e ganhou um selinho apertado no bico que fazia, apertando a cintura da esposa no abraço.
- Vai lá e arrasa! – sorriu boba e deu uma leve palmada no marido zoeiro, o fazendo rir e ir cumprimentar os filhos. filho com um abraço apertado e um high five, repetindo o momento com a pequena Len, que nem era tão pequena assim. Quando os dois tinham deixado de usar os fones de proteção, afinal de contas?
abaixou perto da esposa com o Alex e seu fone gigantesco alaranjado, disposto a ganhar um chamego de boa sorte. sorriu encantada com tanta beleza a sua frente, nunca iria entender como pai e filho eram tão, mas tão parecidos, Alexander com uma expressão mais angelicalmente sapeca, porém.
- Boa sorte, papai! – o menininho de quase seis anos esmagou a bochecha de com um beijo caloroso e arrancou os sorrisos mais lindos. – Você vai ser irado lá em cima!
- Quero deixar você e a mamãe orgulhosos! – o homem soltou animado, já com o ego inflado com a criança carinhosa.
- Isso você já faz todo santo dia! – piscou ainda mantendo um sorriso imensamente largo que deixava suas bochechas tensionadas. A mulher recebeu o filho no colo e viu o marido se apoiar na cadeira para lhe roubar um beijinho, que ela prontamente cedeu, segurando as bochechas barbadas de . – Boa sorte, amor! Sua noite, você vai arrasar! – mãe e filho esmagaram o guitarrista rítmico, quase o fazendo nem querer sair mais dali.
Não demorou para que o jogo de luz deixasse a casa de shows inteiramente no clima, era um dos shows que compunha a turnê do Taking one for the team, o novo álbum da banda que estava fazendo um imenso sucesso principalmente depois de tantos conflitos referente a que estilo seguir. Old School sempre iria ser a melhor e mais apropriada opção, SEMPRE. Os acordes iniciais de Opinion Overload tomaram o lugar inteiro, contagiando todas as pessoas ali sem querer saber qual a idade ou situação delas, a música fazia aquilo e conectava todo mundo!
Algumas interações seguiram e além de deixar a galera contagiada e elétrica, faziam as famílias na lateral do palco estarem exatamente do mesmo jeito, afinal era uma das melhores coisas do mundo poder acompanhar algo que era feito com tanta energia e tanto amor. Leonor e filho estavam imersos em uma emoção indescritível, por finalmente poder curtir um show do pai como se fossem adolescentes normais, depois de tanto implorar para ficar entre as grades e o palco, no espaço onde geralmente o crew ficava e sem a mãe superprotetora ou alguém com o papel de babá. Ainda usavam o cordãozinho com a identificação, mas se sentiam bem mais que duas crianças sem o fone de proteção.
- A próxima música é para todas as garotas na casa! – introduziu um dos maiores sucessos da banda, não sem antes olhar para esposa na lateral do palco e piscar para ela, mandando um beijo alado.
I’d do anything
era conhecida por ser o amor de muita gente e a letra não negava, era uma das canções mais significativas e animadas da banda. Entrava pelos ouvidos e agitava o corpo inteiro, quem quer que ouvisse iria acabar se balançando ao som dela, fosse mais contidamente ou feito uma criança emo que nunca deixaria de ser emo. e entendiam bem aquilo e pareciam mais histéricas do que as garotas do lado de lá da grade, gritando desesperadas pelos caras em cima do palco.

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O show continuava a todo vapor e entre interações com os fãs, piadas, às vezes, veladas por serem proibidas para menores, e o maravilhoso show de energia que os fãs transmitiam ao palco, um momento importante tinha chegado. Um maior do que aquele que a creche Simple Plan entrava no palco na hora de Summer Paradise para jogar as bolas imensas e monocromáticas no público, se sentindo assim uma grande parte do show. Chuck, com a autorização dos pais da garota, tinha preparado uma surpresa imensa para Leonor, por estar morto de orgulho com o show que ela tinha dado no colégio na abertura do campeonato de Hockey.
- , ! – Chuck interrompeu o vocalista enquanto ele conversava com o público sobre alguma história em todos aqueles anos de banda. O homem virou com a maior cara de maria debochada, esperando o que o amigo tinha a dizer e ouviu risadas da plateia. – Quero chamar alguém também. Hoje você não encosta na bateria. – o baterista levantou do banco com o microfone em mãos.
- Mas é o quê? Participação de quem? – fez uma careta e repousou a mão na lombar, deixando sua imagem uma das mais engraçadas. – Ok, chama seu convidado tão especial. – o homem meneou a mão como se aquilo fosse bobagem e ouviu risadas. – Mas espero que seja melhor do que eu na bateria.
- Te deixa no chinelo, convencido! – Charles piscou já todo inflado com a ansiedade em ter a afilhada tocando junto com eles.
- Realista! – abriu um sorriso largo, enquanto tentava não denunciar tudo ao olhar para carinha da sua filha confusa.
- Então... – o baterista descolou a camisa suada do peito. – É uma moça bem especial que tivemos a honra de receber nesse início de turnê. A garota é muito novinha, mas tem um talento que me impressionou de verdade. – os dois fingidos abriram um sorriso paternal imenso, enquanto Eliot começava a gritar porque já tinha entendido de quem se tratava. – Ela deu um show na quadra do colégio com os amigos da fanfarra e eu sou suspeito para falar, porque sou padrinho dela, mas vem cá, Leo! – e Chuck esticaram os braços para onde a moça estava na frente do palco, vendo Leonor abrir a boca várias vezes sem conseguir responder nada.
Eles estavam de sacanagem não é mesmo? ELA TOCANDO COM O SIMPLE PLAN?
- Eu? – a pergunta saiu num sussurro e nem deu para entender, a não ser pelo gesto da menina apontando pro próprio peito.
- Sim, Leo. Você! – o padrinho soltou uma risada longe do microfone, enquanto Vance perguntava na parte de baixo se filho queria ajuda para subir a irmã. – Vem logo! Não olha pro teu pai que ele não manda em nada! Vem!
O pai da garota soltou uma risada, enquanto ela continuava paralisada e sendo empurrada aos poucos pelo irmão mais velho.
- A menina tá com medo da tua cara feia. Ajuda!
finalmente tomou aquela postura bonita e encantadora, e após ganhar um sorriso encorajador e orgulhoso da esposa no canto do palco, começou sua pagação de pau para filha mais nova.
- Olha, eu sou mais suspeito ainda para falar, mas ela realmente talentosa para caramba. Ela manda bem melhor que eu na bateria! – ele piscou como uma forma de encorajamento e não demorou muito para que a menina fosse suspensa pelo irmão. Chuck e alcançaram as mãos dela e após ser colocada de pé no palco, ouviu seu nome ser entoado por uma multidão encantadora, ainda que estivesse incrédula só em imaginar que eles sabiam seu nome.
- LEONOR! LEONOR! LEONOR!
Logo Chuck acompanhou até a bateria, ajudando a moça a colocar um ponto eletrônico guardado especialmente para ela e explicar algumas coisas técnicas que a filha mais nova dos escutava com toda a atenção do mundo. Aquela estava se tornando uma das noites mais importantes da vida dela e a moça não iria fazer feio na frente de tanta gente enlouquecida pelo Simple Plan.
pai deu uma forcinha ao filho que também se pendurava para subir no palco e assim que conseguiu ficar em pé, gritou com os braços para cima como se fosse um dos seus jogos de hockey. A galera respondeu igualmente animada. negou com um aceno de cabeça lá do canto do palco, enquanto ouvia as risadas da banda com o garoto apresentado. O homem negou com um sacudir de cabeça e deu um cutucão na cabeça do garoto, ouvindo-o rir mais.
- Então, drummer girl, pronta? – o vocalista pulador apontou para garota na bateria, recebendo um aceno confiante.
- Pronta, papou! – Leonor se acomodou atrás da bateria com todos os trejeitos de quem levava mesmo jeito para aquilo, deixando uma banda de quase meia idade emocionada.
- Uma salva de palmas para Leonor ! – Chuck incitou e foi assim que a guitarra de Jeff começou com os primeiros acordes de um dos maiores sucessos do Simple Plan, enquanto Sébastien e Chuck puxavam as palmas para a última música do show.
- Então vamos para a música que definiu o fim da minha adolescência e da ! – ele apontou para o canto do placo, chamando a esposa com um aceno discreto, caso ela não quisesse aparecer e recebeu uma negação de leve com a cabeça. – Quando a gente tinha duas crianças para educar e alimentar! – o homem sacudiu a cabeça e ouviu mais algumas risadas dos amigos. – Usem camisinha!
apontou para plateia e depois de receber mais um aceno afirmativo de que estava tudo pronto, começou a letra em um tom mais baixo, ouvindo seu grande e fiel público cantar a música em coro. Aquilo era lindo demais, senão uma das coisas mais belas e excitantes do show, quando o público inteiro não o deixava cantar por recitar a letra a plenos pulmões. Não demorou para que a música chegasse ao seu ponto máximo de emoção e Chuck se atirasse na galera, como fazia ao fim de cada apresentação. Logo, o palco ficou cheio de crianças nos cuidados de filho que pulava como se fosse uma delas em um dos finais de show mais incríveis para a banda.

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Melhor que o show, só as festas após o show. As after party faziam o maior sucesso com a banda, os familiares e até alguns fãs quando acontecia de irem juntos e era bem recorrente, já que os cinco caras eram incrivelmente acessíveis a quem apoiava o trabalho de quase suas décadas. Naquele dia, o salão privado da casa de shows que geralmente era utilizado como uma boate privê, estava cheio de familiares, alguns amigos famosos e anônimos, todo o crew que brindava o início de uma nova turnê e alguns fãs que já eram bem conhecidos por todo mundo. O bar estava aberto, a música boa rolava e as conversas e reencontros também, afinal era maravilhoso poder rever tanta gente boa e atarefada.
tinha engatado em uma conversa divertidíssima com os irmãos Maden e suas esposas, Nicole e Cameron, enquanto pagava de fangirl discretamente, principalmente quando já era parte do círculo de amigos dos caras. A mulher do guitarrista perdido no bar atrás de um drink, já tinha despachado Alex para casa, junto com os pais de , depois do moleque concordar que estava cansado e precisava dormir. Ninguém era de ferro e os pais precisavam se divertir um pouco, às vezes. London e as Stinco tinham tomado o mesmo caminho. Ficando na after party apenas os filhos dos .
Estar em uma after party era realmente extasiante para os cinco adolescentes que estavam ali, Madeleine, Ashley e Matthew, além dos irmãos , aquela era a primeira realmente de Eliot e Leonor e o melhor ainda foi não ter o pai ou a mãe no pé, tentando regular ou botar rédea em alguma coisa. O garoto já estava meio alto com tudo que tinha bebido - com ajuda do pai, já que o bar era restrito a maiores de 21 anos - e se viu obrigado a parar depois de uma repreensão mandona da namorada poucos anos mais velha, ouvindo as piadas idiotas de um dos melhores amigos sobre ter virado pau mandado.
- Quer um refrigerante? – Matthew perguntou perto do ouvido de Leonor com a desculpa do som alto, ainda sob o olhar intimidador da irmã mais nova.
- Claro! – a mais nova dos sorriu, agarrando a mão do garoto para tirá-lo do grupo de adolescentes, que metade parecia meio bêbada e a outra, duvidosa. – Quer alguma coisa, Ash? – ela esticou a mão para amiga, ansiando deixar o irmão e a cunhada um pouco sozinhos para que pudessem beijar um pouco em paz.
- Quero, mas vou vigiar o casalzinho aqui! – a moça sacudiu o copo vazio de leve e ganhou o dedo do meio em ofensa, por parte do casal jovem.
- Vocês são idiotas! – Madeleine xingou, ao mesmo tempo em que lançava o olhar de "arrasa, garota!" para cunhada visivelmente nervosa ao ser puxada na direção do bar.
Leonor puxou o ar rarefeito com todos os seus pulmões e se sentiu mais aliviada em não achar os pais no seu campo de visão, por mais que não estivesse fazendo nada de errado, era meio esquisito dar de cara com um adulto responsável enquanto segurava a mão de um garoto. O bar parecia lotado e mesmo com o entra e sai de pessoas atrás de bebidas, só ficava mais cheio e roubava parte do fôlego de Leonor.
- Será que vão me deixar pegar alguma coisa aí? – ela engoliu o bolo grudento que se formava no esôfago.
- Você quer se embriagar, mocinha? – Matt cutucou o nervosismo da moça, fazendo-a rir alto. - Relaxa, você pode pedir o que quiser que eles arranjam. Por que uma: você é filha do vocalista e outra, é a cara da tia . Mas agora a melhor de todas: levou a plateia ao delírio com aquele solo de bateria foda pra caralho. - o príncipe zulu fez uma reverência e foi empurrado de leve.
- Palhaço! - ela mostrou a língua, vendo o garoto rir.
Logo um copo grande de refrigerante com limão foi entregue a Leonor, que agradeceu com um sorriso igualzinho ao da mãe. O filho mais velho dos Dill optou por pedir algo que tivesse álcool, mas leve o bastante para não passar vergonha ou tomar uma dura dos pais e depois de mostrar a identidade, foi barrado por ter só 19 anos, o rapaz deu de ombros e pediu o mesmo que Leonor.
- Tá vendo? Tão novinho quanto você. - o rapaz beijou-a na bochecha de surpresa e os dois riram de forma espontânea com aquilo.
- Acho que qualquer outro garoto faria um escândalo por não poder beber álcool.
- Eu não sou um garoto qualquer, Len. - a piscada saiu astuta, junto com o apelido que ela só ouvia da boca do pai e do priminho mais novo. - Não vou fazer confusão em uma festa tão legal, com uma companhia tão legal, porque eles estão fazendo o trabalho deles.
- Muito bem pensado! - a moça que mantinha o cabelo preso em um rabo de cavalo, levantou o copo vermelho como se brindasse a atitude do rapaz.
Ele tomou fôlego ao não desgrudar os olhos da boca avermelhada dela, parecia ser a cor natural dos lábios de Leonor, por mais que ela usasse uma pequena camada de maquiagem na pele, nada muito exagerado, mas que realçava os olhos expressivos e claros da moça. Matthew também levantou o copo e encostou de leve ao dela, aproveitando o momento para juntar o corpo ao dela em um pequeno passo que evidenciava a diferença de altura dos dois, por mais que se levantasse a cabeça, o nariz dela roçaria ligeiramente ao dele. A filha mais nova dos prendeu a respiração com a proximidade dos dois e sentiu aquele bolo grudento se formar novamente no esôfago. Por Deus, como ela ia saber beijar?
A maioria das amigas dizia que era instinto, mas não tinha como ser instinto. Tinha que ter alguma técnica ou jeito para beijar alguém.
Matthew respirou pesadamente e fez a moça repetir sua ação, estranhamente acalmando o coraçãozinho ansioso, ele umedeceu os lábios ao chegar um pouco mais perto, ao ponto de ouvir o som da respiração dela em meio ao barulho da música e várias pessoas conversando ao mesmo tempo. O rapaz pediu calma com um sussurro e assim que tomou a iniciativa, ouviram um grito estridente e conhecido demais ali perto.
- DUAS VODCAS, POR FAVOR! - gritou para a barista ao estar debruçada no balcão, embora observasse incisivamente o casal prestes a se beijar bem ao seu lado.
Não deu outra! Leonor empurrou o garoto como se ele desse choque e empalidecida, olhou para a mãe com os olhos arregalados, assim como Matthew Dill fazia, por mais que o rapaz se praguejasse mentalmente que aquele tinha sido um péssimo lugar para tentar beijar a moça.
- Crianças! - o sorrisinho de mãe que sabia tudo (e estava levemente bêbada), varou as bochechas salientes da mulher. Ela recebeu os drinks em copos longos. - Espero que isso daí seja refrigerante. - a enfermeira encarou os dois, demorando um pouco mais o olhar de quem estava bem curiosa, na filha.
- É sim, mãe. É sim. - a barriga da moça sacudiu enquanto ela botava uma mecha imaginária do cabelo, atrás da orelha.
- Tá tudo ok, tia! Também não estou bebendo. - Matthew balançou o copo com refrigerante e a mulher estreitou os olhos.
- Ok, mas cuidado na vida. Estou de olho em vocês. - ela usou uma das mãos para segurar os dois copos e com a outra, segurou a cabeça de cada um deles para um beijo maternal, aproveitando para dar um recadinho a filha mais nova: "Não é errado, meu bem, mas ainda quero conversar com você sobre isso. Boa sorte!"

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e Andrew decidiram ir até o bar, era hora de reabastecer os copos do grupo e talvez encontrar mais alguém conhecido em meio à multidão que tomava o pequeno salão da casa de shows. Na verdade, a mulher procurava Garrett com os olhos e ansiava trombar com ele propositalmente e assim, fazer o melhor amigo ter ao menos uma conversa com o arquiteto. Os dois dançavam com a música que tocava e arriscaram até alguns passos de dança bem engraçados, à medida que a mulher analisava todo o espaço atrás de monitorar os filhos adolescentes. Tudo bem que era uma festa que só tinha família e amigos, mas mãe era mãe e nunca deixaria de ser mãe.
- Você viu o Garrett? – o enfermeiro evitou de encarar a melhor amiga, sabendo que ela estava prestes a soltar um gritinho pela pergunta.
- Cantando o show inteiro olhando para você lá do outro lado do palco? – encostou mais uma vez naquele balcão aquela noite e mordeu a boca, pensando que não tinha mais de uma hora que quase vira a filha mais nova ser beijada ao lado.
- É! – Jones suspirou frustrado e se largou no balcão ao lado dela, bloqueando a visão e as memórias da mulher. – O que mais esse homem quer de mim, no fim das contas? – ele passou as mãos pelos cabelos lisos.
- Acho que um diálogo, Andy. – os olhos suplicantes da Mrs. penetravam sem pudor na consciência do melhor amigo. O homem suspirou. – Já faz tanto tempo. Vocês são adultos e acho que ficou bem mal resolvido.
Andrew puxou o ar longamente pelo nariz, sabia que ter encontrado o amor antigo bem ali, depois de tanto tempo era um sinal. Precisava arriscar e dar ao menos um oi. Garrett era amigo de desde sempre e tinha sido daquele jeito que o enfermeiro havia conhecido as irmãs Cousseau, através dos contatos do ex-namorado.
- Será que ele quer? – o receio era presente, mas não ultrapassava a ansiedade e euforia em saber a resposta para a pergunta. – Conversar? Sei lá, amanhã ou...
- Olha, pelo jeito que eu o vi te secando descaradamente e aquele brilho no olhar... Penso que sim. E aí nós meio que o convidamos para festa também, ele estava conversando com o . – a mulher deu de ombros e sabia que aquilo instigaria Andrew, só pela falta de informações.
- Espera, ele me olhou assim? – o esganiço do enfermeiro chegou a desafinar, fazendo a risada meio bêbada da amiga. – ! Pelo amor de Deus, me responde!
- Aí você vai precisar ter coragem e perguntar pessoalmente! – ela entregou uma porção de copos com drinks ao homem ao seu lado e pegou os outros, ignorando a cara de completa indignação dele.
- Você é podre, ! – Andrew xingou e estava indignado com a postura daquela que se dizia sua amiga.
Ela abriu um sorriso animado, afinal sabia que tinha conseguido instigar a curiosidade dele sobre Garrett e provavelmente os dois homens conversariam ainda aquela noite, ainda mais porque o arquiteto parecia não ter perdido a euforia ao olhar para Andrew mesmo depois de anos.

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A manhã naquela casa tinha começado bem mais cedo do que os moradores esperavam depois de uma noitada daquelas. Andrew invadiu a residência com a ajuda de Leonor e não deixou de abraçar a menina com euforia assim que a viu, deixando-a imersa em gargalhadas pela animação repentina dele, assim como as perguntas afobadas: “Gostou da festa ontem?”, “Vocês se divertiram mesmo?” e por último e o que ele queria mesmo saber: “Cadê a sua mãe?”
Leo apontou para escada, enquanto prendia uma risada estrondosa com a loucura que rondava o homem adulto e o deixava parecendo um adolescente surtado pelo primeiro amor. Andy agradeceu com um sorriso esperançoso e não contou conversa para correr escada acima, se enfiando no quarto aberto dos , sem qualquer cerimônia, além de gritar um “NOS RESOLVEMOS” que acordou o casal e muito provavelmente todos os moradores daquela casa.
- Você ouviu o surto do Andy? – a moça perguntou ao invadir o quarto do irmão e se jogar na cama dele, ouvindo-o resmungar enquanto esfregava a cara pela dor de cabeça que já começava dar pontada por ali.
- Deve ter se resolvido com o Garrett. – abraçou as costas da irmã como se a superfície fosse um travesseiro e ouviu a moça rir. – Desde sempre a gente escuta esse rolê dele e do amigo da tia.
- Eu espero que sim! – ela encostou as mãos sob a bochecha encostada no travesseiro. – Fiquei mais surpresa em não encontrar a Madeleine seminua na sua cama. – a garota cutucou a cabeça do irmão com o cotovelo e ouviu o grunhido de protesto.
- A mãe ia me capar... e bebi demais ontem. Nunca mais boto uma gota de álcool goela a dentro. – o suspiro saiu frustrado. – Fica quieta, eu quero dormir de novo. – ele pediu e a garota respirou profundamente, sentia que o bolo voltava a se formar no estômago e sabia que o irmão ia entender toda a situação entre ela e Matthew noite passada.
- ? – ela mordeu a boca, ouvindo um grunhido que significava “pode continuar”. Ela tomou fôlego e coragem. – Você ficaria com raiva se... – Leonor parou, sentindo o irmão ficar tenso e levantar a cabeça de uma vez, olhando bem para ela com aquele olhar de “fala, a gente vai resolver o que quer que seja”. – O Matt quase me beijou ontem, na verdade eu ia beijar ele também, mas aí a mamãe meio que surgiu de um buraco gritando que queria duas vodcas. Estou sucumbindo em um sentimento esquisito de que vai dar o maior problemão se você e a Ash não souberem disso. – as frases saíram rápidas e sem qualquer pausa.
- LEONOR! – o grito do rapaz saiu antes que ele pudesse conter a indignação de saber que sua irmã já não era mais uma criança. – EU VOU MAT... – Eliot interrompeu a própria fala assim que a viu se encolher. Suspirou com força e se ajeitou na cama, botando cabeça pesada no ombro dela. – Me desculpa?
- Mamãe até me desejou boa sorte!
- Vocês beijaram mesmo? Você deu mesmo seu primeiro beijo com o filho da mãe do Matthew? – o rapaz sentiu o soco na boca do estômago. Ela negou com um aceno frenético. – Graças a Deus, mas ainda vou matar o idiota do Matthew. – os dois riram.
- Mas eu quero, . – a pequena frase fez a cabeça dele dar uma pontada gigantesca. – Eu gosto do Matt e acho que ele gosta de mim também. – ela abraçou o irmão como ele lhe abraçava.
- Saco! – ele rolou os olhos e sabia que Matthew gostava mesmo dela, era perceptível pelo jeito que ele se portava perto de Leonor e até ao falar dela. Leonor riu e cutucou a cabeça dele. – A Ashley não vai ficar com raiva, mas você tem que contar a ela.
- E você?
- Ainda quero bater no príncipe Zulu. Você é minha irmãzinha, poxa! – ele riu baixo depois de uma cutucada. – Não estou com raiva, Leo. Só minha cabeça parece que vai explodir com essa informação, eu posso voltar a dormir?
- Pode! – a moça rolou os olhos e sentiu o irmão mais velho se sacudir na cama como se comemorasse aquilo. Ela sorriu divertida e beijou a cabeça dele, sentindo o abraço ficar ainda mais forte.

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Após contar tudo que tinha acontecido na noite passada, como ele e Garrett tinham se resolvido, a conversa intensamente verdadeira que havia esclarecido todos os pingos nos is, bem como a decisão de tentar um relacionamento, Andrew se largou um pouco mais na cama, ali no pequeno espaço que tinha aberto para ouvir toda a história que ele tinha a contar.
Pierre parecia aliviado por finalmente saber que as coisas começariam a dar certo na vida do melhor amigo da esposa, ele tinha acompanhado todo o relacionamento dos dois e sabia o quanto o enfermeiro tinha sofrido depois do término. Andrew e Garrett nunca deveriam ter terminado algo tão bonito e forte.
- Vai, levanta daí. Eu estou faminto... – o homem cantarolou, enquanto quase enforcava a amiga de tanto abraçá-la e ouviu a gargalhada estridente de , o apertando o pouco mais entre os braços. – É sério, , você tem que me alimentar. Eu vim direto para cá para te contar tudo isso. – ele mordeu um bico pidão. – E ter o de espectador, claro! – Andrew apontou pro homem que parecia querer se afogar nos travesseiros da cama, querendo mais um pouco de sossego.
- Querido, eu não estou adequadamente vestida para levantar dessa cama com tanta gente me olhando. – a mulher lançou um sorriso convencido e ao mesmo tempo que ouvia um grunhido de nojo do amigo, ouvia a gargalhada estrondosa e até pomposa do marido.
- CREDO! Qual é o problema de vocês, gente? – a cara de repulsa em Andrew, fez o casal rir ainda mais. – São o quê, 15 anos de casamento? Vocês ainda transam? Credo, que nojo!
- 18! – o casal respondeu junto sobre a quantidade de tempo que estavam juntos e a mulher estapeou o amigo nos braços, ouvindo o enfermeiro soltar uma gargalhada estrondosa e quase cair da cama para desviar dos tapas ardidos. – E é obvio que a gente transa, Andrew! Qual é o seu problema? Só a senhorita pode dar?
- Qual é o problema de vocês? – o homem resmungou esganiçado ao se enfiar ainda mais no colchão, tentando a todo custo fazer parte do estofado para não ouvir a conversa dos dois. Claro que ele fazia sexo, mas odiava falar sobre sexo com os amigos da esposa.
- Estamos felizes! – Jones jogou uma das pernas por cima de , cutucando o emburrado do outro lado da cama. – Fique feliz com a gente! – os dois soltaram um gritinho animado e só conseguiram arrancar uma baforada de ar do . – AH, QUAL É, ?! – Andrew gritou em uma manha imensa, ouvindo risadas divertidas.
- Cara, você invadiu meu quarto as... sei lá, 11 da manhã para gritar que transou a noite toda com seu boy. – o cantor começou enumerar nos dedos, ainda que levantasse bem pouco a cabeça para isso. – Tá aí agarrado na minha mulher e ainda atrapalhou meu sono. O que você queria? – a risada acompanhou a reclamação e de alguma forma, suavizou o que foi dito.
- Eu voltei com o Garrett, seu tapado! Fique feliz por nós! – o professor universitário gritou mais uma vez, acochando ainda mais no abraço. – E a é muito rainha, se ela não fosse sua, ela seria minha! – o homem fez um bico que contrastava completamente com o tom de flerte, causando gargalhadas generalizadas nos três.
- Sai para lá, agouro. Tetê é minha! – se deu por vencido e virou de barriga para cima, ainda por baixo do lençol, usando de uma dificuldade imensa para se movimentar. A noite tinha sido mesmo pesada. – Já que eu não vou ter sossego, sai. – ele apontou para porta do quarto. – Eu vou levantar e alimentar minha família! – o casado se espreguiçou ainda deitado na cama e deu um beijo carinhoso no ombro da esposa, vendo o bico de suplica de Andrew. – É, você também vai ser alimentado! Agora sai!
- Por que eu preciso sair? Credo! – o outro botou a mão no peito como se aquele fosse o maior dos absurdos.
- Por que eu estou nu? – a pergunta retórica ressoou como a resposta perfeita para audácia do enfermeiro, que tinha invadido sua casa após finalmente conseguir fazer um dos seus melhores amigos, feliz. Genuinamente feliz, para falar a verdade.
Andrew lançou um olhar de quem estava seriamente interessado com o espetáculo, por mais que fosse a mais pura brincadeira e ganhou um tapa forte no peito com as costas da mão de . Esfregando o local logo em seguida.
- Bicha, esse pinto é meu. Se contente com o seu! – ela ralhou o fazendo rir alto e sacudir a cabeça, enquanto sentava na cama, ainda coberto com a camada grossa de lençóis.
- Anjo! – o protesto de saiu bem teatral.
Andrew beijou os cabelos dela como uma forma de agradecer toda atenção e se esticou para fazer o mesmo com o marido da amiga, só que com um aperto de mão que trazia uma enorme gratidão por tudo.
- BICHA! – reclamou mais uma vez.
- Eu vou descer! – o Jones riu e levantou da cama. – Vou fazendo o café. Obrigado por me ouvirem! – o homem sorriu como há tempos não fazia e rapidamente saiu do quarto, fechando a porta com cuidado para não perturbar ainda mais os outros moradores.
- OBRIGADO! – gritou agradecido.
- Eu já falei para você não dormir pelado! – a estomaterapeuta passou as mãos pelo rosto e suspirou contente, satisfeita por tudo estar voltando aos trilhos depois de uma tempestade imensa.
- E eu lá imaginava que esse doido ia invadir meu quarto tão cedo? – sorriu exatamente da mesma forma e após se esticar para dar um beijinho casto na esposa, levantou com um dos sorrisos mais imensos que já tinha esboçado. – Finalmente esses dois se resolveram, eu não ia aguentar mais tanto choramingo no meu ouvido.
- Você é completamente terrível, amor! – soltou uma gargalhada que balançava até seus ombros.
- Quer ir pro banho comigo? – ele perguntou afastando o edredom do corpo e se espreguiçando ao se pôr de pé. admirou o marido pelado, embora parecesse pensativa como se analisasse bem a proposta.
- Odeio banho gelado. – os dois falaram ao mesmo tempo uma resposta que seria dela e depois riram.
- Morno e pronto, todos dois ganham. – propôs mais uma vez e viu a esposa fazer um bico de quem estava resistente a proposta.
- Tentadora sua proposta, mas daqui a pouco os meninos vão bater na porta desesperados porque o Andrew tá botando a casa abaixo! – ela soltou uma risada espontânea e o marido fez uma careta. Pior que ela tinha mesmo razão.
- Ok. Mas você me deve um banho, Mrs. . – deu uma piscadinha malandra.
- Te devo um banho, Mr. . – ela devolveu o gesto e logo o viu andar alegremente para o banheiro.



Chapter Twenty

Fortaleza, Brasil. 3pm.

Já fazia um mês desde que a banda tinha entrado em turnê para a promoção do álbum mais recente, contemplando a América Latina no itinerário de shows, uns dos mais calorosos momentos do Simple Plan na estrada. Naquele exato dia, eles estavam no segundo dia da maratona de shows que fariam no Brasil, passando pelas várias cidades do país sem deixar de contemplar as praias tão encantadoras e o público imensamente hospitaleiro. O post game lançado pela banda tinha feito um sucesso imenso no país, assim como o soundcheck sempre fazia para quem possuía a assinatura oficial do SP Crew e conseguia vários privilégios na hora de pré-vendas, agendamentos de meet & great e a mersh oficial.
O quinteto, juntamente com a equipe, já estava rumo a casa de shows onde começariam os trabalhos daquele dia e depois de encarar uma multidão na frente do hotel, sabiam que o show seria estrondosamente enérgico como sempre. bufou estressado, se largando ainda mais no banco da van e enfiou as mãos entre os cabelos que já começavam ficar grisalhos, aquele não estava sendo o dia dele. Mais um aniversário de casamento na estrada, sem , sem os meninos, sem a família perto, só a saudade gritante de quem não estava conseguindo falar com a esposa.
- Ela não atendeu ainda? – percebeu a frustração do amigo e o viu sacudir a cabeça negativamente, suspirando, perdido. – Tem a diferença do fuso, cara, relaxa. Logo ela responde suas mensagens. – o homem afagou o ombro do amigo.
- Uma hora de fuso. – o deboche saiu carregado da boca do vocalista. – Tá todo mundo sem comunicação, tenho medo de estar acontecendo alguma coisa com ela e os meninos.
- já teria avisado, se fosse isso, . Só relaxa! – o guitarrista arregalou os olhos, tentando enfiar aquilo na cabeça dele e ouviu o amigo bufar inconformado.

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O frio na barriga ainda era o mesmo, já a ansiedade estava exponencialmente maior no meio daquela situação. Entrar pelos fundos da casa de shows com ajuda do Frank, se infiltrar entre alguns fãs que pareciam bem ansiosas pro soundcheck, além de que tentar não ser vista, que era o mais difícil principalmente quando o rosto da enfermeira já era figurinha carimbada na maioria dos shows da banda.
Ela sorriu abobada ao olhar o marido tão animado na beira do palco, mas logo mudou o foco de sua atenção quando o celular vibrou na perna. Era uma mensagem do Vance dizendo que ela já podia entrar em cena, o caminho estava livre e ninguém a veria antes que subisse no palco. suspirou animada e com a mesma sutileza que havia entrado na casa de shows, se esgueirou pela porta que daria no backstage logo atrás do palco. Enxugou o suor das mãos na calça jeans, sacudiu de leve o corpo e pediu silêncio aos amigos da banda que começavam a ver sua presença. A mulher recebeu sorrisos encorajadores e reconfortantes, traduzindo o pensamento de que adoraria a surpresa.
Em uma atitude adolescente e impulsos mais adolescentes ainda, que faziam seu estômago rodar como se voltasse aos 15 anos quando o marido segurou sua mão a primeira vez, inspirou o perfume amadeirado que lhe dava a imensa sensação de casa e rapidamente envolveu o rosto dele com as mãos, tapando a visão do homem imenso. havia enrijecido tanto com o gesto que parecia ter virado um poste, sem falar que nem os ombros indicavam que ele estava respirando. Ela soltou um risinho anasalado bem baixo e viu os amigos prenderem a risada, até a plateia de poucas pessoas parecia tensa como .
O homem esperou que um dos caras do crew aparecessem para tirar aquela figura calorosa dali e sua cabeça só conseguiu voar até . Será que ela ia ficar brava se uma imagem daquela se espalhasse na internet? Meu Deus, é obvio que não! Ela era tão mais madura que aquilo, talvez ele ficasse cheio de ciúme se a situação fosse trocada.
- Vance? – chamou pelo gerente de turnê, embora já estava pronto para tirar as mãos da moça de cima dos seus olhos.
- Não vai continuar cantando? – a voz de atingiu seus ouvidos e como se um interruptor tivesse sido ligado, os braços do homem se arrepiaram pelo conforto de saber que era a esposa ali. – Achei que você não parasse de cantar por pouca coisa! – o risinho dela foi interrompido por um homem surpreso que havia virado tão rapidamente ao ponto de dar torcicolo.
agarrou a mulher pela cintura e tirou-a do chão em um abraço achochado, enquanto inspirava todo o ar que seus pulmões conseguiam suportar. Ela o abraçou com força pelo pescoço e sem conseguir esconder o sorriso esticado em seus lábios, fechou os olhos com tranquilidade. Ele estava ali e os dois estavam finalmente em casa mesmo na loucura da estrada, tinha sido um acordo mútuo: enquanto estivessem juntos, eles sempre estariam em casa!
Logo o sorriso rasgado deu lugar a um bico tremido, sinal claríssimo de uma saudade imensa.
- Feliz 19 anos de namoro! Feliz 12 anos de casamento! – a voz embargada da estomaterapeuta foi o gatilho para que se fundisse em seu pescoço ainda mais. Os amigos de vida e banda começaram a gritar e fazer barulho em comemoração puxando a plateia junto, deixando a mulher indecisa sobre rir ou chorar.
- Mulher, você vai me fazer chorar do soudcheck? – o som da voz dele vibrou contra seu pescoço, fazendo soltar uma risada divertida. – Você tá aqui mesmo? É você de verdade? – já segurava o rosto dela com uma das mãos como se fosse o cristal mais precioso do mundo. O homem enfiou o microfone no cós da calça e no desespero da saudade, segurou as bochechas dela com as duas mãos, beijando a esposa logo em seguida. Os dois foram ovacionados por uma plateia enlouquecida!
arregalou de leve os olhos pela exposição e após parar o beijo, deu um tapinha de repreensão no braço do marido. Era incrível estar com ele novamente depois de um longo mês de distância.
- Eu estava morrendo de saudade, muita, muita, muita! – ela fechou os olhos com força. – Não dava para ficar em casa em uma data tão importante! – o sorriso imenso mostrou os dentes brancos dela e varou as bochechas vermelhas do vocalista. – Mas o pessoal tá aqui para ver o soundcheck e não a louca roubando o momento deles! – os dois riram.
- Eles já te conhecem, vem cá falar com todo mundo! – o homem piscou e tirou o microfone do cós, abraçou a enfermeira de lado e logo estavam à beira do palco, virados para o seleto grupo que tinha sido sorteado para a passagem de som.
- Oi, gente! – ela acenou tentando soar em um bom português, embora com um forte sotaque canadense. Das saudações aprendidas com o marido, um “oi” ela sabia falar muito bem.
- PESSOAL, É A MRS.! – o homem gritou em um inglês animado e estridente ao sacudir a mulher do seu lado, ouvindo-a rir divertida com a reação fofinha dele. O pessoal da plateia também soltou algumas risadas.
- Desculpa roubar o tempo de vocês. – mordeu a boca e sentia-se realmente culpada, mas recebeu carinho das pessoas. – Prometo que é rapidinho!
- É nosso aniversário de namoro e casamento. Vocês entendem, né? – não conseguia tirar os olhos da esposa e lhe deu um beijo apertado na bochecha. O casal recebeu uma chuva de grunhidos fofinhos pela demonstração de afeto.
- 19 anos juntos! – ela arregalou de leve os olhos. Céus, aquela quantidade de anos parecia uma eternidade. – Nossa, me sinto velha!
inclinou a cabeça de lado como se analisasse tudo que a esposa dizia em cima do palco. estava usando um suéter listrado de cores pasteis com a gola V que mostrava o decote, uma calça jeans que abraçava bem demais as pernas grossas e para fechar o pacote, um vans meio cano vermelho que era marca registrada de todos os festivais que ela já tinha ido. Elegante e divertida! Aquela era mesmo a mulher da sua vida, desde sempre e para sempre.
- Continua gostosa! – ele deu de ombros com a declaração simples e arrancou uma onda de risadas. Sua esposa, em contrapartida, desferiu um tapa sustento no braço dele, fazendo o homem imenso se encolher como uma criança que tinha feito coisa errada. – Anjo!
- !
- Ok, pessoal! Vamos continuar com o soundcheck? – ele umedeceu os lábios. – Já que a esposa está aqui em uma data tão importante, vamos de homenagem?
havia sido pega de surpresa com aquele anúncio. O quê, pelos céus, aquele homem iria fazer? Não demorou muito para que um frio agoniante tomasse conta dos seus intestinos e junto a um enxame de borboletas agitadas em seu estômago, deixaram-na com um bolo terrível no esôfago que fazia o ar faltar e a boca ficar seca. não poderia fazê-la chorar em meio a um soundcheck e na frente de vários fãs, mas provavelmente era o que ele pretendia ao puxar o cós da calça para cima desajeitadamente.
- Diddier, você pega para mim? – o homem pediu de forma discreta ao companheiro de equipe. – Tá na minha mochila! – o suficiente para o outro sair correndo e parecer ainda mais confusa com a cena do marido se apoiando nos joelhos como se estivesse velho.
- ... – a mulher sussurrou sentindo o rosto pegar fogo e rígida no lugar, ouviu os gritos ensurdecedores assim que seu marido ajoelhou em frente a ela, com um dos joelhos apoiados no chão e o outro flexionado. Aquela bendita pose, a pose que ela tinha esperado por tantos anos.
- Desculpa, eu tinha um pedido bem mais elaborado! – o homem soltou uma risada bonita. – Mas eu não vou perder mais tempo, já tá mais do que na hora de isso acontecer de novo! – ele sorriu agradecido ao colega de equipe que lhe entregou a caixinha vermelha de veludo. tinha comprado o anel na cidade cearense na viagem de ida para a casa de shows, já que teoricamente não veria a esposa na data importante, compraria um presente à altura para ela!
- De verdade? – o grunhido choroso de alcançou algumas garotas que estavam à beira do palco, ouvindo um sonoro “AWN!” das fãs do marido.
- De verdade! – ele fungou e tomou fôlego, se começasse chorar não ia parar mais. – Anjo, amor da minha vida desde os meus 18 anos até a eternidade, pessoa que me deu os dois maiores presentes da minha vida e a razão de toda a minha felicidade. Você disse que eu nunca tinha pedido oficialmente e agora estou aqui para reparar esse erro. – o tomou fôlego e abriu um sorriso imenso. – Preciso te fazer a pergunta mais importante da minha vida: Você aceita casar comigo de novo? Dessa vez com renovação dos votos e a festa que você merece!
- Sim! Sim! Sim! – ela disse mergulhada em lágrimas emocionadas, puxando o marido pelos ombros para um abraço de urso completamente apaixonado e que foi aclamado por toda aquela plateia maravilhada com tamanha demonstração de amor.
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O soundcheck seguiu sem mais interrupções, após a banda cantar mais algumas músicas juntos dos fãs, conceder fotos e conversas animadas, porém rápidas, pois logo estariam voltando ao ginásio para o meet VIP, eles entraram no camarim em um burburinho louco como sempre. esperava sentadinha em um dos sofás, conversando por mensagem com os filhos, a irmã e Andrew, contando como tinha sido o pedido mais incrível do mundo em cima do palco. Seu marido era um dos mais loucos apaixonados existentes no mundo.
- Hey! – ela os cumprimentou animada e deixou o celular de lado para dar um breve abraço em cada um, deixando o marido por último, sabia que ele não lhe soltaria tão cedo.
O homem estava com umas quantas sacolas nas mãos, das mais variadas cores e tamanhos, mas só se animou realmente ao ver a presença da sua esposa ali. colocou os presentes no sofá recostado a parede e recebeu-a de braços abertos em mais um abraço apertado que não teria fim tão logo. O perfume familiar era reconfortante, os braços e a força que eles estavam rondando um ao outro, mais ainda.
- Eu estava morrendo de saudade! – disse com o rosto enfiado no pescoço dele e sentiu os pés saírem do chão pelo abraço apertado que lhe rondava. Ninguém ousou interrompê-los naquela continuação de reencontro, afinal sabiam o que a saudade era capaz de fazer com qualquer coração.
- Eu também, anjo! – o homem suspirou aliviado e deixou que o corpo relaxasse na presença do dela. – Eu adorei tanto ver que você veio. E-eu nem esperava nada e recebi o melhor presente do mundo! – os braços fortes acocharam um pouco mais a cintura dela em demonstração de afeto. – Eu estava até hoje de manhã tentando passagem, ou um milagre, para conseguir ir para casa.
Os dois riram com o desespero dele e ela acariciou o rosto do marido com a palma da mão, vendo o sorriso se alargar a cada movimento do polegar.
- Um pedaço da sua casa veio até você! – ela disse com um sorriso brilhante e logo sentiu a mão do marido cobrir a sua. virou o rosto de lado e beijou-a na palma, recebendo toda aquela onda de amor. – E vocês têm show hoje, não dava para simplesmente sumir! – ela arregalou de leve os olhos.
- Eu sei! – fez uma careta desgostosa. – Mas ainda esperava um milagre. E bom, você foi meu milagre!
- Não sei se fui um milagre. – soltou uma risada divertida. – Mas eu trouxe um presente legal. – a enfermeira apontou para o violão de madeira escura, envernizado ao ponto de brilhar chamativamente com o reflexo das luzes do camarim. – Espero que esse, você não jogue para cima!
- MENTIRA! UM VIOLÃO? – parecia uma criança sem saber se abraçava a esposa ou corria para ver o presente de casamento. Na dúvida, deu um beijo rápido na mulher e correu para o lado do violão, deixando-a encantada com a animação dele em ganhar algo que amava tanto.

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- Ai, meu Deus, esse lugar é incrível! - não continha o sorriso com a comemoração de última hora que o marido tinha planejado para o aniversário dos dois. Já iria ter after party de alguma forma, afinal no outro dia iria ser day off, mas tinha superado todas as expectativas com o "de última hora".
A boate nomeada de Pink Elephant no centro da capital cearense, onde a banda estava para dar continuidade a maratona de shows pela América Latina, era realmente uma das mais incríveis que a mulher já tinha entrado. Dividida em vários ambientes, um bar gigantesco dando acesso a toda pista de baixo e uma pista de dança maior ainda, amplamente vista pelo parapeito da área superior. A banda e alguns amigos da produção tinham se instalado na parte de cima da boate, onde o DJ estava e mais uma porção de pessoas que pareciam influentes para região.
- Fico feliz que você gostou do improviso! - o homem suspirou contente contra o pescoço da esposa e sentiu os braços dela acocharem os seus sobre o abdome da mulher. - A gente tinha planejado de ir para um pub perto do Marina Park Hotel, então qualquer coisa já estava dentro da hospedagem mesmo, mas os nossos 19 anos não davam para comemorar assim. Precisamos de algo no estilo e ! - o homem levantou uma das mãos como se mostrasse uma tela no ar e ouviu a gargalhada dela se estender pelo som alto, ao passo que a mulher deitou a cabeça sobre seu ombro.
- Não vou mentir, eu gosto! - ela abriu um sorriso malandro e levantou um dos braços, rondando o pescoço do marido em um abraço despojado. riu e virou-a de frente para ele, aproveitando a proximidade para dançar com a esposa.
O som remixado que tocava no lugar causava histeria nas pessoas que estavam na pista do primeiro piso e logo quando a letra começou ser cantada, o casal riu por não entender absolutamente nada que era cantado. até conhecia algumas palavras soltas, cumprimentos e mais algumas perguntas do idioma português, mas ? Nadinha! Ela estava confiando cegamente no seu inglês e no marido.
- Como você se vira? Eu não consigo entender nada! - a mulher arregalou os olhos e parecia meio apavorada. O vocalista soltou uma risada larga e divertida.
- Os fãs, eles são sempre muito prestativos e ajudam a grande maioria das vezes. Mas em alguns lugares o pessoal também entende inglês, então não é um pesadelo completo! - piscou e não demorou muito para que sentisse um corpo estranho lhe abraçar por trás
fez careta pelo pulo do marido e já pronta para ativar seu modo leoa de defesa e estapear a figura grande abraçando o homem por trás, soltou sua gargalhada imensa com a imagem do inferno. Seu marido apavorado para se soltar, enquanto o irmão mais novo o acochava num abraço pirracento de uma criança de 5 anos.
- Qual é o problema de vocês? - o mais velho esbravejou fingidamente ao conseguir se soltar do mais novo. - Que mania de me abraçar por trás, porra! - a frase foi direcionada tanto a esposa, quanto ao irmão. Os dois riram alto!
- Para de ser escroto. Foi você que mandou mensagem! – Pierre soltou do irmão para abraçar a cunhada de forma calorosa, sabendo que era incrível ter uma irmã em . Uma daquelas que lhe aconselhava sempre que ele precisava de um ombro amigo. – Parabéns, ! – ele apertou-a com carinho. – Só muito amor para aguentar esse chato do no seu pé!
Beijou a cabeça da cunhada e recebeu um sorriso maternal dela. Era sempre daquele jeito, sempre lhe olharia como se ele fosse o Eliot, por mais que a diferença dos dois fossem de míseros dois anos. Os dois riram quando ela lhe agradeceu com um sorriso e logo os irmãos se abraçaram com uma força gigantesca e muito amor. Eles poderiam discutir, se zoar e brigar o quanto fosse, mas o amor sempre estava presente.
- Cadê os meninos?
- É festa de casal, moleque! – o marido de ralhou. – Estão em Montreal.
Eles riram.
- O me mandou mensagem quando a gente estava indo para Recife, uma cidade aqui perto, eu acho. – o mais novo coçou a cabeça e parecia confuso. Eles riram. Era bem comum que as duas bandas entrassem em turnê ao mesmo tempo, as vezes faziam até shows juntos em algumas cidades. – Daí eu, a Esme e a Franccie viemos para Fortaleza primeiro, o resto da equipe e da banda foi para Recife.
- Obrigada, querido! – a mulher sorriu maternalmente pro cunhado.
- Desculpa a demora! – o mais novo dos irmãos fez uma careta desgostosa por todo o atraso com o voo e o check-in.
- Tudo bem, não faz muito tempo que a gente chegou. – meneou a mão e deu um tapinha no ombro do irmão. Aquele tapinha era tão conhecido que era quase como os olhares que as mulheres davam umas para as outras. Pierre abriu um sorriso malandro e decidiu importunar a cunhada!
- Hmm... deram uma trepadinha no hotel, né? – o vocalista do Just Kids usou o jogo de palavras mais obsceno que conseguiu pensar e sentiu o corpo ser empurrado com força, enquanto o irmão soltava uma gargalhada estrondosa.
- HEY! – tinha sido pega de surpresa com a boca suja do cunhado, eles nem tinham começado a beber direito. Seu marido deu de ombros confirmando o comentário infame.
- O quê? Pela cara do não foi nada inha! – o outro mostrou o safado em questão, fazendo a mulher pequena rolar os olhos e suspirar em derrota.
- Moleque, cala a porra da boca! – ela repreendeu o cara mais novo dois anos e o viu fazer uma careta desgostosa pelo “moleque”. – Você não transa?
- ÓTIMO PONTO! – saltou com o encorajamento e foi empurrado de lado pelo irmão.
- Sim, no momento não. É complicado. – Pierre coçou a cabeça meio agoniado. Já fazia umas boas semanas que ele estava longe da namorada, desde que os dois tinham optado por um relacionamento fechado. arqueou a sobrancelha como se duvidasse e sem conseguir disfarçar, indicou a gerente de turnê do Just Kids com um aceno de cabeça. – Tá louco? Nem ferrando! A Esme é nossa gerente de turnê e... eu e a Onie estamos em um relacionamento fechado. Acabou essa palhaçada de relacionamento aberto!
O gritinho escandaloso de denunciou que ela tinha gostado de ouvir aquilo. Na verdade, nunca tinha sido muito a favor de relacionamento aberto mesmo e achava uma palhaçada que o cunhado pensasse que era legal. Mas se ele e a namorada queriam, quem seria ela para impedir?
- Ah, entendi. – afirmou com um aceno de cabeça e vendo que a mulher com o humor estridente andava na direção deles, decidiu cutucar o irmão. – Fico feliz que vocês tenham resolvido essa questão do relacionamento, mas caso não: Você sempre teve uma queda pela Esme mesmo. Qual o problema?
- Cala a boca, porra!
Ele mal terminou de falar e ouviram a voz da gerente de turnê que chegava cumprimentando o casal aniversariante do dia. Ela abraçou calorosamente e as duas se sacudiram animadas com o reencontro, a última vez que tinham se visto, havia sido na festa de inauguração da clínica da enfermeira.
- Ai, minha Deusa! 19 anos é muito tempo, parabéns! – Esme desejou com todo o seu coração sincero, abraçando mais brevemente em seguida. – Eu vi alguns vídeos de um pedido de casamento em cima do palco. Você não perde tempo, ! – ela elogiou o vocalista mais velho, vendo o homem inflar o peito.
- Não perde tempo? – Pierre jogou, ofendido. – Ele enrolou a por 19 anos, Ramanush. – a brincadeira rabugenta acabou com ele sendo empurrado pela mulher pequena.
- Não posso discordar. – bateu high five com o cunhado.
- Anjo! – reclamou, os fazendo rir.
- Não tirem o romantismo do momento. – a gerente de turnê tentou soar ofendida, enquanto defendia naquela bagunça toda. – Foi realmente muito lindo, . Pierre só tá com ciúme porque é um bebê chorão! – ela brincou com o amigo de longa data e que havia virado seu chefe há dois anos.
- Ramanush! – o homem ralhou pelo “bebê chorão” e ouviu-a rir alto. Ótimo, agora o irmão não lhe daria mais sossego.
Ele bufou incomodado e foi puxado pelo irmão mais velho para o lado do bar, deixando as duas mulheres absortas em uma conversa que parecia animada e que tinha ganhado mais uma integrante, Franccie, a baterista do Just Kids.

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Era início de tarde de sábado quando Eliot e Matthew saíam do ringue de patinação da Green Park High School, afinal o campeonato intercolegial tinha começado a todo vapor e os garotos estavam com mais gás do que nunca. O filho mais velho dos tinha se enfiado de cara no treino e tinha certeza que aquela temporada seria uma das mais incríveis para ele, talvez por ser a última no comando do time de colegial e se tudo desse certo, no ano seguinte ele seria da defesa do time do MIT.
- Eu sinceramente, não sei qual o tesão em ficar se batendo com um monte de cara no meio de um ringue de patinação. – o melhor amigo dele fez uma careta enquanto os dois saíam do prédio e Eliot soltou uma risada.
- Você não sabe das coisas boas da vida, meu caro amigo. – filho ajeitou a mochila no ombro e se encolheu dentro do imenso casaco só por causa do frio naquela época do ano. Inverno não perdoava. E inverno no Canadá não perdoava nem as tardes ensolaradas. – Hoje parece bem mais frio que o normal. – os dois fizeram uma careta, à medida que tentavam alcançar o Jeep do mais novo no meio do estacionamento.
Matt tinha aproveitado aquela tarde para acompanhar o melhor amigo nos treinos e passar um tempo legal com o caçulinha, antes que precisasse voltar para Boston na semana seguinte. O recesso de outono já tinha acabado e o rapaz negro aproveitava os horários vagos nas aulas para tentar rearranjar os planos à distância.
- Concordo! – o príncipe se encolheu dentro do casaco e os dois não contaram conversa para pular dentro do Jeep. Eliot ligou o aquecedor do carro após travar as portas e ficou quietinho esperando que a quentura tomasse conta do seu corpo.
- Matt, eu preciso te pedir uma coisa...
- Se for sobre a Len, acho melhor nem começar o que eu acho que é. - o Dill cortou a frase de filho ao meio, sentindo o sangue do corpo migrar todo para as suas extremidades, para se, talvez, precisasse correr de dentro daquele carro. O amigo era alguém bem pacifico, principalmente porque descarregava toda a sua raiva no Hockey, mas nunca se sabia.
- Não era sobre a Leonor. - Eliot frisou o nome da irmã. - Mas é um ponto sim que eu queria falar contigo. - os dois suspiraram. - Me sinto horrível em pontuar essa conversa sem ela aqui junto. - o garoto passou a mão pelos cabelos escuros em um corte igual ao do pai. - Ela me contou o que aconteceu na after party.
- E aí? - Matthew arqueou as sobrancelhas esperando o resto da conversa e que ela terminasse tão pacifica quanto havia começado.
- Só queria pedir para você tomar cuidado e não magoá-la. Porque se isso acontecer, eu vou te machucar de verdade, mas é com um taco e vários discos. - o rapaz deu uma piscadela esperta e os dois riram alto. Aquele era o som do respeito e da concordância! Eliot estava mesmo bem com o fato de a irmã e o melhor amigo se gostarem, até porque ele sabia que se fosse o contrário, teria o mesmo apoio.
- Eu não vou machucar a Len, seu idiota! - o rapaz de olhos verdes frisou mais uma vez o apelido que só pai usava, antes de o mais novo tomar posse, claro. - E fico feliz que você não vá infernizar a nossa vida!
- Eu não posso barrar o meu pai, então alguém tem que ficar do seu lado. - Eliot deu de ombros com descaso e enquanto o amigo engolia seco, saiu do estacionamento da arena do Green Park High School.
- Merda, o vai me capar! - Matt enfiou as mãos nos cabelos, não demorando muito para ouvir a gargalhada estrondosa do melhor amigo e dar um soco no ombro dele.
- Ai, porra! Eu estou dirigindo, não bate em mim! - Eliot afastou uma das mãos para revidar. - Se eu receber uma multa, você quem vai pagar. - ele apontou convicto e recebeu um revirar de olhos em resposta. - Mas sim, provavelmente meu pai vai te capar, só que a gente te compra uma prótese de borracha. Sem B.O.
- Vá se foder, ! - o outro xingou em meio a uma risada e mordeu de leve a boca. - Converso com seu pai depois. - ele meneou a mão como se não desse tanta importância, embora começasse a remoer aquele assunto na cabeça no exato momento que veio à tona. - Mas você disse que queria uma coisa, o que era?
- É um favor. - Eliot mordeu o lábio como se ponderasse o pedido.
- Ok. O que rolou? - Matthew se endireitou no banco do carro esperando que o melhor amigo abrisse a boca de vez. Não gostava de muitos rodeios.
- Ainda nada, mas quero transar com a Mad hoje e aproveitar que a casa está vazia. Então você leva Leonor em casa mais tarde? Eu vou mandar mensagem explicando. - o sorriso trincado do mais novo fez o outro enrugar o rosto numa careta inconformada.
- , ... – o tom ponderado do rapaz mais velho, o fez soltar as informações completas de uma vez só.
- Ela sabe! - Eliot saltou com a informação sobre sua mãe e toda a problemática envolvendo "não vou encorajar sua vida sexual no auge dos 16 anos". - Mês passado fez o pai me dar uma caixa de camisinha e ter "aquela conversa". - ele revirou os olhos e logo estava as gargalhadas dentro do carro com o melhor amigo.
- Quer algum conselho para primeira vez? – Matthew soltou com uma boa ponta de deboche e viu o amigo lhe mostrar o dedo médio. Ele estava irritadinho?
- Eu não sou virgem, tapado! – Eliot retrucou parecendo bem ofendido com a suposição, mas estava nervoso com o que aquela tarde guardava. Ele não era virgem, mas não tinha uma vasta experiência prática com sexo.
- Ah, ele não é virgem. – a frase zombeteira encheu o carro, fazendo o filho mais velho dos rolar os olhos. Ele não queria se irritar com aquilo, mas já estava irritado e isso queria dizer que no fim das contas ele era virgem mesmo. – E com quantas garotas você já transou?
- E você, transão? – Eliot devolveu a pergunta para desviar do assunto e não responder que tinha sido apenas uma. Não era exatamente um segredo entre eles, mas o mundo fazia sua falta de experiência sexual parecer vergonhosa.
- Com certeza, mais do que você! – Matthew bagunçou o cabelo do amigo ao seu lado e soltou uma risada.
Sabia que ele estava nervoso e o quanto tinha ficado nervoso também quando foi a sua vez. O melhor naquele momento era conversar tentar ajudar o amigo antes da hora, por mais que muito provavelmente Madeleine tivesse experiência para guiar aquela tarde de sábado.

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O rapaz suspirou ao olhar para caixa lacrada em cima da cama e sentiu todas as suas inseguranças voltarem com máxima força. As palavras que havia escutado de Matt dentro do carro, ressoavam amplificadas em sua mente, deixando-o ainda mais nervoso com a situação. Uma vantagem ele tinha em não ser mais virgem, mas parava basicamente por aí, porque depois de ter transando a primeira vez, não teve muito tempo para praticar, afinal tinha se apaixonado perdidamente por Madeleine pouco tempo depois. E bom, aquela seria a primeira transa de verdade dos dois.
- Ficar olhando para caixa não vai fazer ela vir até aqui, seu idiota. – ele bufou desesperado com a própria postura. Nunca tinha pisado em ovos com a namorada, sempre tivera uma relação tão divertida e saudável com ela. – Ok. É agora! – ele sacudiu o cabelo frio e soltou todo o ar que inflava os pulmões.
Pegou o celular na cômoda e tentando ser o mais casual possível, mandou uma foto da caixinha para namorada, usando a seguinte legenda: "sozinho em casa!". Eliot se xingou mentalmente pelo péssimo jeito com mensagens daquele tipo, claro que já tinham trocado inúmeras mensagens safadas naqueles meses de namoro, e conhecido vários caminhos no quesito sexual, mas em nenhuma delas ele estava sob pressão do seu próprio subconsciente. Era apenas excitante e empolgante, embora nunca tivesse resultado no ato convencional sexual.
Ele bateu de leve o pé no chão, ainda impaciente e nervoso. Será que tinha errado no jeito de mandar a mensagem? Será que ela estava livre àquela tarde? Será que ela queria transar com ele? À medida que o garoto sucumbia em tanta dúvida, a resposta chegou mais rápida do que ele tinha imaginado.
Francesinha: Acho melhor ir tirando a sua roupa, porque chego aí em 5 minutos 😘
A resposta fez o garoto vibrar como se o Canadiens tivesse feito o gol mais incrível das Américas. Ele poderia ser um desastre quando estava nervoso, mas a namorada nunca errava. Nunca mesmo! A garota era a personificação do seu sonho adolescente.

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-Mad, Mad... - o garoto balbuciou desesperado enquanto sentia a namorada beijar seu pescoço com tanto vigor, além de enfiar os dedos dentro do casaco de moletom que o rapaz usava. Por que ele estava tão nervoso se os dois já tinham aquele tipo de intimidade?
Madeleine resmungou, em resposta ao chamado nervoso dele e aproveitando que o namorado estava meio perdido, levantou a camisa até metade do peito, deixando-o a mercê do reflexo de levantar os braços e esperar que a roupa saísse do caminho. A garota mordeu um sorriso malicioso ao ver o tronco de Eliot nu e o peitoral tão lindo, vendo-o suspirar ainda mais rendido a ela. Ele também mordeu a boca ao ver como estava sendo encarado e manipulado, além de estar gostando imensamente daquilo, principalmente quando sua namorada desceu as mãos vagarosas por seu peito como se tateasse cada pedacinho o deixando louco. Não demorou para que a respiração começasse ficar entrecortada e difícil. Aquilo era tesão ou um ataque de pânico?
Que merda. Ele estava desesperado!
- Madeleine você precisa me escutar! - o desafino saiu sem aviso e deixou-a prendendo uma risada divertida. Era tão bonitinho vê-lo nervoso! - Eu só fiz isso uma vez e...
A estudante de moda pressionou o indicador contra os lábios do rapaz desesperado e vendo que ele parecia prestes a desmaiar de nervoso e por não estar respirando direito, segurou o seu rosto em um beijo inesperado. Ela tinha visto em algum lugar que prender a respiração no beijo ajudaria a regulá-la quando ele tomasse ar após o ato. Muito bem pensado, Eliot parecia mais calmo, embora estivesse muito mais excitado do que quando os dois tinham entrado naquele quarto se agarrando. As mãos dele se espalhavam nas costas dela, logo esbarrando no fecho traseiro do sutiã. Os dois riram entre recuperada de fôlego e outra.
- Acho que você se acalmou. - ela roubou mais um beijinho estalado.
- Depende do que você considera se acalmar. - o rapaz olhou pro corpo dos dois incrivelmente colados, embora quisesse se referir a uma parte do seu corpo bem acordada lá embaixo.
- Acalmou o que interessa. - Madeleine deu uma piscadinha carinhosa, voltando a beijá-lo no pescoço, enquanto sentia as mãos dele desabotoarem seu sutiã. - E bom, não é exatamente a sua primeira vez comigo, já fizemos várias coisinhas bem divertidas, amor. - mais outro beijo na mandíbula que o fez revirar os olhos quando descia a alça do sutiã pelo ombro dela. A garota mais velha desceu a mão pelo abdome dele, sentindo os músculos se enrijecerem pelo toque.
- Eu sei... - Eliot transformou o rosto em uma careta ainda mais desesperada e segurou delicadamente a mão dela antes que entrasse em sua calça. - Mas é diferente! A gente vai finalmente transar de verdade e...
- Eu sei o que fazer! - ela lhe deu um selinho estalado, identificando um suspiro dividido entre alívio e mais um pouco de desespero. Ele estava com medo de lhe decepcionar? QUE FOFINHO! - Com a gente vai ser único, . Eu prometo, vai ser um único maravilhoso. - Madeleine subiu as mãos para segurar o rosto dele com delicadeza e beijá-lo ternamente. Ele confirmou com um aceno de cabeça de quem havia cedido as promessas dela. A garota soltou um risinho animado e empurrou o rapaz na cama, ouvindo o baque surdo do corpo dele contra o colchão. A francesa mordeu a boca de leve e subiu no colo de Eliot. - Confia em mim e relaxa, eu prometo que vai ser maravilhoso!

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Aquilo era tão confuso. Estar no carro com o Matt, de carona, enquanto ele lhe levava para casa, depois de a garota ter contado tudo a melhor amiga, desde o quanto dava risinhos e sentia a bochecha esquentar na presença do rapaz, até a vontade enlouquecedora de beijá-lo e o medo também. Ashley tinha surtado com a amiga e apoiado demais os sentimentos dela, principalmente quando o irmão era verdadeiramente um príncipe. Mas aquilo não deixava a situação menos constrangedora.
Talvez fosse terrível depois do quase beijo, que nenhum dos dois tocou no assunto e parecia constrangedor demais para ser posto ali dentro do carro. Já tinha sido terrivelmente constrangedor ser pega no flagra pela mãe, se abrir com ela e contar tudo que vinha acontecendo, além de perguntar como realmente beijava. Porque nada parecia fácil como todo mundo dizia e bom, tinha lhe dado algumas dicas sobre o ato, mas Matthew não tinha voltado a tentar beijá-la. Talvez fosse só de momento!
Leonor suspirou frustrada e continuou bloqueando/desbloqueando a tela do celular como se fosse a coisa mais interessante do mundo, ou como se sua mãe fosse mandar uma mensagem a qualquer momento contando de algo engraçado que viveu. Até parece! A mulher tinha saído do Rio de Janeiro as 3pm daquele sábado e só chegaria na madrugada do domingo, então estava sem comunicação pelo longo voo de 16 horas, mas ao menos ela estava chegando para salvar todo mundo dos dramas adolescentes.
- O gato comeu sua língua? – a pergunta extremamente infantil de Matthew, a fez soltar uma gargalhada espontânea. O som tão alegre quebrou todo o clima terrível dentro do carro e os dois suspiraram aliviados.
- Não, só estou... – ela deu de ombros como se o gesto completasse a frase deixada no ar.
- Querendo que eu sufoque com a própria língua? Sei lá, ou algo do tipo? – a pergunta debochada do rapaz deixou-a em risadas mais uma vez.
- Não chega a tanto! – Leonor arregalou os olhos e pela primeira vez naquela carona, olhou para ele, vendo que a atenção do príncipe estava completamente nela. O semáforo estava vermelho enquanto um grupo de crianças atravessava a pista e Matthew Dill lhe olhando com aqueles olhos profundos. – Mas é por aí. – ela suspirou e deu graças a Deus por estar perto de casa.
- Desculpa. – ele umedeceu os lábios, e voltou a dirigir pela rua da casa dela. – Não queria que ficasse esse clima estranho, só achei que seria legal te dar um pouco de espaço e lá se foi um mês. – o rapaz suspirou frustrado ao estacionar em frente à casa dos .
Leonor concordou com um aceno de cabeça e apertou a mochila contra o corpo. Droga! Aquele assunto estava a levando mais uma vez para o assunto beijo e consequentemente, o fato de o clima pro beijo acontecer. Além de ela ter que beijar, mesmo sem saber o como fazia aquilo.
- Obrigada pela carona, Matt. – ela sorriu brevemente e mordendo o lábio inferior, sentiu como se o estômago revirasse constantemente.
- Não! – o rapaz soltou um gritinho desesperado. – Espera! – ele segurou a mão da moça com toda a delicadeza do mundo assim que ela projetou a postura para frente. Aquele toque fez com que todos os choques do mundo se acumulassem em seu corpo, deixando-o elétrico e agitado. Os olhos grandes e curiosos com o que vinha a seguir, fez com que Matthew desenvolvesse a frase presa na garganta. – Fica, não vai agora! – o pedido era cheio de sinceridade.
Ela respirou fundo inflando os pulmões e quando ia soltar sua desculpa, sentiu as pontas dos dedos dele em suas bochechas. Aquilo era tão bom! Leonor apertou um pouco mais a mochila no peito e não se conteve ao fechar os olhos com o carinho gostoso em seu rosto quente e, com certeza, vermelho.
- Eu sei que geralmente dá o efeito contrário, mas: calma. – ele deslizou o polegar bochecha abaixo, alcançando uma pontinha do lábio inferior trêmulo de nervosismo.
- Minha cara tá queimando! – Leonor escondeu o rosto atrás das mãos e ouviu a risada do amigo, se permitindo rir junto com ele, embora meio desesperada.
- Você tocou para uma plateia gigante! – Matt usou de zoação para deixá-la mais confortável. – Não precisa ter vergonha de mim, Len, eu também estou nervoso, se você quer saber! – o príncipe deu de ombros e conseguiu que ela parasse de esconder o rosto atrás das mãos.
- Confesso que tocar no show do meu pai foi um milhão de vezes mais tranquilo. – a moça soltou tão óbvia e clara que o fez soltar uma risadinha fofa.
- Eu não sei se eu devia, mas eu sei que eu quero te beijar. – ele acariciou a bochecha dela mais uma vez. – E eu sei que você também quer... – o rapaz umedeceu os lábios, deixando-a com uma cara de pavor imensa.
AI, MEU DEUS! AQUELA ERA A HORA?
- Se você não quiser, me diz, tá? Eu vou entender perfeitamente. – Matthew colocou o cabelo dela atrás da orelha. Sentia que a garota tremia provavelmente por estar nervosa e até com medo de dar o primeiro beijo. Bom, ele achava que era o primeiro beijo dela, mas se não fosse, não era um problema.
- Eu quero! – ela se apressou na resposta e ao ver o sorriso imenso cobrir os olhos do rapaz, ela completou. – Mas eu não sei se quero. Entende? – a caretinha deixava a moça ainda mais linda aos olhos dele.
Os dois riram quando o rapaz negro afirmou com um aceno compreensivo.
- Ok, não precisa ficar assim. – ele tomou a liberdade de acariciar o rosto dela mais uma vez, dessa vez se aproximando do rosto da garota. – Tudo que você precisa saber é que eu gosto pra caramba de você. Exatamente desse jeito aí que você está pensando mesmo. – os dois riram baixinho. – Confesso que me pegou de surpresa. Eu voltei para visitar a chata da minha irmã e a amiga dela estava a garota mais linda, divertida e inteligente de todo o mundo. Meu coração bateu forte, Len, e depois disso ele vive em uma batedeira constante sempre que te vejo sorrindo, com o biquinho concentrada ou só respirando.
Ela sentiu as bochechas queimarem violentamente com a declaração dele, embora fosse tudo que ela precisava para ceder ao primeiro beijo, para que as inseguranças nem parecessem mais tão grandes ou assustadoras como antes. Nem importava mais se ela sabia beijar ou não, ele gostava dela antes disso! Matthew Dill tinha gostado dela sem nem mesmo saber se ela gostava romanticamente dele.
- Eu também gosto de você, Matt! Pra caramba.
O príncipe sorriu largamente e com aquela aproximação lenta e cheia de ansiedade, encostou os lábios firmes aos trêmulos de Leonor, que parecia ainda tensa com a nova sensação invadindo seu corpo. O beijo aconteceu calmo e paciente, embora com muito menos expectativas por parte da moça, ela finalmente tinha entendido com o que todas as suas amigas tinham falado sobre ser instinto. Era instintivo, não tinha técnica para beijar, você só beijava. Naquele momento ela estava sendo gentilmente guiada por Matt que parecia tão envolvido quanto.
Era realmente inexplicável a sensação de beijar alguém a primeira vez, por mais que fosse completamente estranho na mesma proporção. Céus, era maravilhosamente estranho! Sem falar no fato de não saber onde colocar as mãos, afinal Matt tinha soltado seu rosto e fazia um carinho calmo em um dos seus ombros enquanto ela segurava a mochila com força. Ao menos estava segurando alguma coisa.
Matt deu um selinho nela ao findar o beijo e seu sorriso varava todo o rosto em uma demonstração clara de que ele estava tão encantando quando a garota de bochechas vermelhas a sua frente.
- Obrigada pela carona, príncipe do Reino Zulu. – ela soltou a piadinha, tentando ficar menos envergonhada e ouviu a risada animada do rapaz.
- Sem deboche, princesa do reino ! – Matt devolveu a piada, ainda admirando o quão brilhante ela estava. Leonor tinha uma luz linda! – E o prazer foi meu pela carona.
Leonor mordeu a boca de leve e afirmou enquanto apertava a mochila contra o peito.
- Até amanhã? – ela perguntou já fora do carro. Sentia seu coração bater forte, acelerado e prestes a sair correndo por sua boca.
- Até amanhã, com toda certeza! – Matt sorriu igualmente feliz e se escorou no banco após receber um aceno contido da garota antes que ela entrasse em casa a passos rápidos.
Matthew não conseguiu mais conter e fez uma dança extremamente esquisita dentro do carro, batendo na buzina sem querer e se praguejando por ter feito barulho. Ele respirou fundo e ainda com a felicidade lhe inundando, seguiu o caminho de casa.

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A moça escorou na porta de madeira fechada e tomou um enorme gole de fôlego. Socorro! Tinha acabado de acontecer e ela precisava contar a alguém, uma pena sua mãe estar dentro de um avião, ou ela seria a primeira escolha. Não estava em condições de ligar para Ashley, principalmente quando Matthew poderia ouvir os gritos histéricos da irmã. E bom, pai não seria uma opção nem se ele estivesse em terra firme, imagina quando estava dentro de um avião viajando para mais uma cidade do Brasil.
Leonor tentou manter o controle e respirar fundo como havia sido ensinada nas sessões de terapia pós separação dos pais. Largou a mochila azul no chão e seguiu para cozinha, iria tomar um copo de água e depois gritaria pelo irmão. Ele que lutasse para entender os surtos dela.
- AI, MEU DEUS. VOCÊ TÁ PELADO? POR QUE VOCÊ TÁ PELADO? – o desespero na menina a fez virar o corpo de lado para não se constranger ainda mais com a visão do inferno.
- EU ESTOU DE CUECA, LEONOR! – Eliot ralhou irritado com o escândalo dela em tê-lo encontrado de cueca samba canção no meio da cozinha. O rapaz suspirou exausto e ouviu a risada divertida da irmã. Ela era tapada! – E você me prometeu que ia avisar quando tivesse chegando em casa! – ele deu uma esganiçadinha, se escorou a ilha, cruzou os braços e esperou pela explicação como se tivesse muito direito sobre aquilo. – Você veio sozinha?
- Claro que não! – ela saltou, exaltada. – O Matt veio me deixar e já foi, não entrou. – Leonor disse o óbvio, se praguejando terrivelmente por sentir que suas bochechas queimavam denunciando que acabara de dar seu primeiro beijo.
- AI, MEU DEUS! Você deu o seu primeiro beijo? – filho deu um gritinho histérico com o momento da irmã, o que só deixou-a ainda mais vermelha.
- Sim. – ela suspirou. – MAS PARA DE SER IDIOTA! – a vergonha exalava de todos os seus poros, mas não teve poder suficiente para fazer com que Leonor negasse.
- Para de grito. – ele rangeu entredentes. – Mad tá lá em cima! – Eliot arregalou de leve os olhos quando a vergonha já se estendia pro lado dele e delicadamente tomava as suas bochechas grandes. O garoto se encolheu perto da bancada, agora já se praguejava por ter dado de cara com a irmã no meio da cozinha enquanto usava só a samba canção. E se fosse Madeleine? Ele respirou fundo. Com certeza, ela saberia lidar melhor com a situação.
A mais nova deixou que o queixo despencasse pela confirmação de que sim, os dois tinham transado aquela tarde. Tudo bem que o irmão estava ansioso há uns bons dias, tinha preparado tudo direitinho e pedido a ela não aparecer em casa durante a tarde. Mas caramba, ELES TINHAM TRANSADO MESMO?
- Socorro! – ela soltou um grito abafado. – Aconteceu?
- Sim! – o sussurro do garoto foi genuíno e logo os dois estavam abraçados no meio da cozinha, felizes por estarem compartilhando de momentos tão diferentes, mas que estranhamente faziam parte do combo “primeiras vezes”. Aquela tinha sido a maior vitória na criação dos dois, não importava o que acontecesse, eles sempre estariam juntos e se apoiando como tinha sidos ensinados desde pequenos.
Mais tarde algumas mensagens foram enviadas chamando Ash e Matt para irem a casa dos , a sala ficara repleta de adolescentes para uma sessão gigantesca de filmes e séries. Almofadas espalhadas pelo tapete, cobertores a postos pelo inverno que chegava, comidas variadas por cima da mesinha de centro, pipoca espalhada pelo chão, a garrafa térmica com chocolate quente que passava de mão em mão e um grande Golden Retriever ganhando carinho de todo mundo que chegava perto. Aquela era uma das mais belas celebrações da amizade entre eles.

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Era maravilhoso ver a frente da casa depois de três dias fora, onde ela passou 24 horas viajando juntando a ida e a volta de outro país. Estranhamente reconfortante sentir o vento gelado e dolorido em seu rosto e o cheiro familiar da grama molhada. Estar em casa era a melhor sensação do mundo e por mais que aquela família amasse viajar, sabiam que nada era tão bom como o conforto doméstico. arrastou a minúscula mala de rodinhas pelo caminho que ligava a calçada à porta, louca para acordar seus meninos e abraçá-los com força, dizendo o quanto os amava e sentia saudade.
Bom, era, no mínimo, estranho todo aquela quietude em casa em plenas oito da manhã de um domingo. Ela conhecia os filhos bem demais para saber que já estariam de luzes acesas e brigando por alguma coisa idiota como a caixa de cereal ou quem lavaria a louça da noite passada, se até quando ela estava em casa era daquele jeito, imagina quando a enfermeira passava três dias fora. A mulher usou a chave para abrir a porta e assim que pisou os pés na sala, encontrou um emaranhado de adolescentes espalhados com cobertores pelo tapete da sala, identificando o casal de filhos dos Dill, Madeleine e um cachorrão lindo e felpudo.
A Mrs. deixou a mala de lado e saiu em busca dos dois filhos, os encontrando dentro da cozinha enquanto brigavam pela caixa de alguma coisa como se tivessem seis anos de idade. Ela soltou uma risada muda e sacudiu a cabeça negativamente, afinal era reconfortante encontrar tudo do jeito que havia deixado.
- Eu posso saber que confusão é essa na minha cozinha? pôs a mão no quadril e fechou a cara depois de ter perguntado com tanta firmeza o que raios estava acontecendo ali.
Leonor e olharam de uma vez pro lado e logo as expressões de briga deram lugar a olhos arregalados e sorrisos imensos que acompanharam um grito estrondoso.
- MAMÃE!
A mulher abriu os braços em uma das suas maiores poses calorosas para receber as duas pessoinhas que ela mais amava no mundo. De repente foi engolida por abraços apertados e todos os comentários de que tinham sentido saudade, que a casa não era a mesma sem ela e que estava tudo no seu devido lugar.

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Já havia se passado alguns dias depois que a mulher tinha chegado de viagem, e naquele dia, estaria de volta da última turnê do ano. Era tempo de passar as festas de fim de ano em casa com a família, curtindo o frio à beira da lareira e vivendo as velhas tradições familiares como haviam feito nos últimos anos em que conseguiram estar juntos. Em alguns dias seria o aniversário de e logo após duas semanas, Eliot completaria 17 anos.
- Mãe! – ouviu o filho gritar mais uma vez e rolou os olhos com a insistência do garoto. Céus, aquilo estava lhe dando o maior deja vú. Eliot no sofá brincando com o Hulk, Leonor na poltrona com os fones enterrados no ouvido enquanto sorria feito boba para tela do telefone e ela mais uma vez atrasada. – Nós vamos atrasar!
A mulher soltou uma risada divertida com o desespero do garoto.
- Calma aí, apressadinho! – ela implicou com o menino e baixou a postura para fechar o zíper da bota. O frio aquele ano estava extremamente rigoroso e não tinha a mínima possibilidade de sair de casa sem umas três blusas, um casaco e uma imensa parca para bloquear o frio. – Eu acabei de chegar da clínica e tomei um banho voando. Calma aí! Seu pai não vai morrer se esperar uns dez minutos. Pegou a chave do carro?
- Yep! – o rapaz sacudiu a chave no Jeep na mão, depois chutou de leve a irmã, fazendo-a acordar do transe meio atordoada. – A gente já vai!
- Antes que você morra de tanto esperar. – soou tão dramática quanto os dois filhos adolescentes e pegou a bolsa de mão na bancada da cozinha. Odiava ter que fazer tudo tão rápido, mal tinha conseguido tomar banho direito e foi ainda mais rápido para vestir mais de três peças de roupa. – Cadê as parcas de vocês?
- Aqui! – Leonor enrolou o fone na mão antes que a mãe reclamasse do tempo que ela passava com eles nos ouvidos e levantou do poltrona se esticando.
Pegou o casaco azul imenso e começou vesti-lo antes de ser atingida pela rajada de frio do quase inverno, seu irmão a acompanhou no movimento e ao levantar do sofá, preguiçosamente, pegou a parca em cima da mesinha de centro. Ajeitou a touca nas orelhas e não deixou de ver o quanto a mãe parecia arrumada para ir buscar no aeroporto.
- Uau, tudo isso pro velho? – ele dobrou a boca para baixo e ouviu a risadinha fina da irmã. Ela pensava a mesma coisa.
- Que foi? – mordeu um sorriso apaixonadinho na intenção que ele se escondesse entre os dentes. – Só posso me arrumar agora se for por seu pai? – ela deu de ombros e ainda segurando o sorriso, ouviu a resposta para sua pergunta retórica.
- Eu sei que não, mas gosto muito quando você faz isso. – a voz marcante de atravessou os limites da porta da frente e sem saber como ele tinha sido tão silencioso, os gritinhos histéricos preencheram a sala grande da casa.
Os meninos correram como criancinhas para abraçar a cintura do pai recém-chegado. soltou a mala de mão no chão e abraçou os filhos com todo o amor e saudade que transbordava em seu peito, distribuindo beijos nas cabeças flutuantes que lhe sufocavam de tanto carinho. cruzou os braços ao sorrir largamente com a cena mais linda que já tinha visto, era sempre a mesma emoção quando o marido chegava de viagem, era sempre o mesmo sentimento gostoso de que tudo estava no lugar certo.
- A gente ia te buscar no aeroporto! – Leonor saltou com a reclamação e ouviu a risada divertida do pai.
- Adiantei o voo e resolvi fazer uma surpresa a vocês. – ele beijou a testa da moça e apertou um pouco mais seu rapaz no abraço. Eles pareciam tão mais adultos que era desesperador, era como se a cada dia que ele ficasse fora de casa, seus filhos crescessem mais e ficassem mais maduros do que quando ele tinha saído.
beijou a bochecha dos dois mais uma vez e focou o olhar na esposa logo a frente, ainda estava com aquele sorriso largo, lindo e orgulhoso que fazia seus olhos brilharem como lindos diamantes cor de mel. Aquele mesmo olhar que fazia o coração do homem sacudir louco no peito e o deixava feito um adolescente apaixonado.
Ela descruzou os braços e assim que o marido soltou os filhos, correu para os braços dele em uma urgência imensa de quem esperava aquele abraço gostoso novamente. Os dois suspiraram aliviados com o perfume familiar, o conforto do amor e a alegria de mais uma chegada que fazia parte do ciclo de vida daquela família. Afinal ela tinha certeza que não importava quantas vezes mais partisse para os intermináveis shows e turnês, para casa era o lugar que ele voltaria no fim das contas, era para ela que sempre voltaria cheio de amor.



Fim.




Nota da autora: Eu não consigo nem dizer como me sinto ao escrever o último ponto dessa história. Foram 3 anos, 20 capítulos e muitas palavras preenchendo as minhas tardes, manhãs e noites. Sim! Uma fanfiqueira nunca para de fanficar!
Obrigada a todos vocês por fazerem esse momento ser possível, confesso que achei que não conseguiria! OBRIGADA A QUEM ACOMPANHOU A HISTÓRIA DO COMEÇO AO FIM! VOCÊS SÃO FODA DEMAIS!
Também estou aqui para agradecer as minhas amigas maravilhosas que me ajudaram na construção de tooodos esses personagens em off. Mais uma vez, uma fanfiqueira não trabalha sozinha, ela enche o saco das bffs pedindo opinião. Amo vocês!
E aí, ao mesmo tempo que me sinto órfã, me sinto feliz e orgulhosa por ter fechado esse ciclo e amadurecido junto com o Charles, Theresa, Eliot e Leonor . Eles são tão importantes para mim que nem consigo explicar!
Aproveitando a deixa, vocês acabaram de conhecer os nossos próximos personagens siiim! O Pierre e a Esme, eles vão ilustrar a próxima história da saga dos irmãos Triple B! Espero que estejam tão ansiosas quanto eu!
No mais, só tenho a agradecer! Obrigada por me aguentarem por esses 3 anos!

Spin offs de Still Love You

03. Marvin Gaye (Short/ficstape mostrando o passado deles adolescentes)
Past holidays: A still love you story (Short mostrando o feriado de natal que passaram juntos durante a separação) 

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Nota da beta: Ah, eu fui, eu tava, acompanhei o amadurecimento desses personagens todos nesses três anos, e me sinto muito orgulhosa por ver esse projeto maravilhoso ser finalizado. Tenho que te agradecer por me escolher como beta e por toda a confiança que deposita em mim para betar suas fanfics!
Ameei demais e sofri com essa família linda! Esse capítulo final ficou perfeito e ai, meu coração, confesso que estou muito feliz e triste, porque vou sentir falta demais desses personagens lindos, e incríveis! Elliot, , e Len, como eu amo uma família linda!
Enfim, ansiosa pelo próximo projeto, coisa linda! Meus sinceros parabéns por essa obra prima! <3


Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.




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