Última atualização: 18/02/2025

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Capitolo novanta

Stagione 2017/2018
Lei
14 de julho de 2017
- Aqui, null. – Sara me entregou o contrato e suspirei.
- Ele está aí? – Ergui o olhar para ela.
- Está... – Puxei a respiração fortemente.
- Fala para ele entrar, por favor. – Disse baixo, matutando a ponta da caneta na mesa e ajeitei meu corpo na poltrona, apertando os braços da poltrona.
A porta entreaberta se abriu maior e olhei para Leo entrando com seu agente. Pressionei os lábios, tentando evitar qualquer tipo de reação facial exagerada ou voar no pescoço dele. Ele deu um sorrisinho e entrou.
- Gostei do escritório novo. – Ele disse sorrindo e revirei os olhos para Leo.
- Eu não estou para brincadeiras, Leo. – Falei e ele fechou o sorriso no rosto. – Podem se sentar.
- null, bom te ver... – Alessandro, seu agente, esticou a mão e me levantei para apertá-la.
- Você também, pode se sentar. – Falei, me sentando e puxei minha cadeira para mais perto da mesa, pegando o contrato novamente. – Vocês já sabem as condições do Milan, 42 milhões em três anos. – Estiquei para eles.
- O que é isso? – Leo perguntou.
- Seu contrato de saída. – Falei. – Quando a gente assinar, acabou...
- Nós ainda poderemos ser amigos? – Leo perguntou, dando um sorrisinho e suspirei.
- Ainda seremos, Leo. – Apoiei as mãos na mesa. – Te conheço há sete anos, permaneci amiga de pessoas que conheço há muito tempo...
- Que bom! – Ele sorriu.
- Mas... – Puxei o contrato de sua mão novamente. – Acho que você está fazendo a coisa errada. – Falei. – Acho que você está tomando uma decisão pelos motivos errados. – Pressionei os lábios. – Não sei muitos detalhes da sua vida pessoal, mas sei que você está com diversos problemas e sair da Juve agora não vai resolver isso...
- Rogando praga, null? – Ele disse brincando, apoiando as mãos na mesa.
- Nunca, Leo. – Pressionei os lábios. – Você é jovem, fez uma última temporada incrível, mas não tem como resolver as coisas fugindo delas... E eu sei muito bem isso...
- Eu não estou fugindo, null. – Ele disse e eu suspirei.
- Ouvi que você e Martina estão com problemas...
- Diferenças irreconciliáveis. – Ele disse, dando de ombros e eu suspirei.
- Ah, Leo... – Neguei com a cabeça. – Não faça merda, por favor...
- Não acho que você possa me dar palpite nesse departamento...
- Não mesmo. – Suspirei. – Por isso mesmo que eu digo. Por tudo que eu já vivi. Você, os meninos...
- Está tudo bem, null. Vai ser uma oportunidade para eu me reinventar, Martina vai ficar aqui em Turim e eu vou visitar os meninos com frequência. – Puxei a respiração fortemente.
- Você vai ficar bem? – Perguntei.
- Eu vou. – Ele deu um curto sorriso e suspirei.
- Beh... – Estiquei o contrato para ele novamente. – Só não afaste quem gosta de você de verdade. – Falei baixo. – Não é porque aconteceu o que aconteceu na final que deixamos de gostar de você. Amigos são para isso, se esqueceu? – Ele pegou uma caneta no meu porta-lápis e abriu-a. – Eu, Gigi, Chiello, Barza, Paulo, Mario, Allegri...
- Eu vou ficar bem, null. – Ele disse, olhando rapidamente para mim antes de assinar o papel. – A gente se vê por aí...
- Ainda tem chance de você desistir, Leo. E eu digo isso como sua amiga.
- Achei que a Juve trabalhava da forma que se os jogadores querem sair, eles saem sem grandes problemas. – Leo disse e ri incrédula.
- Beh, se é assim... – Peguei minha caneta, assinando ao lado de seu nome. – In bocca al lupo. – Fechei o contrato. – Saiba que estaremos aqui quando você se arrepender.
- Eu não vou... – Ele disse e me levantei, esticando a mão para ele. – A gente se vê.
- Claro. – Apertei sua mão fortemente. – Se cuida. Alessandro...
- null. – Ele a apertou também e suspirei.
- Eu trouxe para você... – Leo disse, esticando um pequeno embrulho e imaginei ser sua blusa.
- Eu deveria não aceitar. – Dei um pequeno sorriso. – Porque isso não é certo.
- Vai fazer essa desfeita comigo? – Ele disse e suspirei.
- Nunca, Leo. – Suspirei, dando a volta na mesa e apoiei as mãos em seus ombros. – Fica bem, por favor. – Puxei-o para um abraço que me apertou fortemente.
- Você também, chefa. Vá atrás de seus sonhos. – Pressionei os lábios.
- E você coloque essa cabeça no lugar e pense no que mais importa, ok?! – Falei, segurando seu rosto com as mãos.
- Prometo que vou pensar. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Se cuida. – Falei, soltando-o devagar e ele assentiu com a cabeça.
Ele acenou mais algumas vezes antes de sair pela porta e eu suspirei, apoiando as mãos no encosto da cadeira em que ele estava antes. A saída do Leo era mais ego do que alguma mudança em si, mas eu precisava começar a me preparar para saídas importantes assim. Gigi e Barza estavam ficando cada vez mais velhos, Chiello se lesionava bastante, e eu sabia que um dia isso chegaria ao fim.
Gigi seria o próximo, pelo jeito. Ele tinha anunciado isso na coletiva de imprensa da Nazionale e, como eu estava começando a acreditar na história de que somos amaldiçoados e não ganhamos uma Champions por isso, tinha que começar a me preparar pela aposentadoria dele daqui um ano. E eu tinha certeza de que não estava pronta para isso. Muito menos se eu realmente não estiver com ele.
- null? – Abanei a cabeça ao ouvir uma batida na porta e tirei esses pensamentos da cabeça e vi uma fresta na porta, vendo Neto ali.
- Neto! – Sorri, deixando o corpo ereto. – Achei que não te veria mais.
- Estava ajeitando minha mudança e não podia deixar de te entregar isso. – Ele me estendeu uma caixa e eu ri fracamente.
- Fico feliz por ter vindo se despedir de mim. – Me aproximei dele, pegando a caixa de sua mão.
- Não podia deixar de me despedir da pessoa que viu algo a mais em mim. – Ri fracamente, deixando que o brasiliano me abraçasse.
- Foi ótimo ter você conosco, Neto, espero que você consiga levantar voo agora. – Ele assentiu com a cabeça.
- Pode deixar. – Ele me soltou devagar. – Audero disse que passa aqui depois. – Assenti com a cabeça.
- Estou perdendo dois goleiros, trazendo dois, ai, é difícil. – Ele riu fracamente.
- Ao menos seu favorito vai ficar... – Senti meu rosto esquentar.
- 16 anos, Neto. Sou ruim de desapego, quase chorei falando com o Leo agora. – Ele riu fracamente.
- Tudo vai ficar bem, chefa. Vocês se amam, nada bate isso. – Dei um curto sorriso.
- Espero que esteja certo. – Dei dois beijos em sua bochecha.
- Deixa eu ir, vou lá no CT ainda. Não vende minha blusa, hein?! – Ele brincou e abri um largo sorriso.
- Não, você não. – Ele riu fracamente.
- Grazie. – Ele disse. – Por tudo.
- Eu que agradeço. – Falei sorrindo.
Ele saiu e eu suspirei, seguindo para trás da mesa novamente e coloquei as duas caixas com as camisas perto da minha bolsa, depois as veria, tinha mais três reuniões ainda e hoje era volta do time principal no CT, ao menos hoje estava em Continassa, não tinha que me preocupar com mais nada. Mais. Nada.
Na verdade, podia me preocupar em visitar meu sobrinho, mas eu sou dormir na casa deles hoje mesmo, então tudo bem. Além de que estou mais perto do Colle della Maddalena daqui de Continassa.
- null? – Vi a porta se abrir.
- Ei, Pavel. – Sorri para o loiro.
- Posso entrar?
- Claro! – Ajeitei o corpo na poltrona e ele entrou com outro homem, bem mais novo do que ele.
- Vim te apresentar uma pessoa. – Pavel disse e ri fracamente.
- Não é como se precisasse me apresentar ao Pinsoglio, fala sério. – O goleiro riu. – Faço contratos de empréstimos para ele desde 2011. – Ele riu fracamente.
- Mas nunca pessoalmente. – Ele disse.
- Primeira vez. – Sorri, me aproximando. – É bom finalmente falar contigo assim. – Apertei o braço dele que riu, me abraçando.
- Ah, null. – Ele suspirou em meu ouvido. – Finalmente, não?
- Você merece muito mais, você sabe disso, não? – Me afastei e ele riu.
- Eu sei, mas a Juve é meu time desde criança, não vejo a hora de ao menos estar aqui, sabe? – Passei a mão em seu ombro.
- Feliz que esteja aqui, sério. – Falei sorrindo. – Quem sabe sua energia não dê aquele pique que falta? – Ele sorriu.
- Beh, ao que a minha Velha Senhora quiser. Estou disponível. – Ele sorriu.
- Eu revisei seu contrato e você ainda tem um ano, vamos mantê-lo, daqui um ano voltamos a conversar, pode ser?
- Combinado para mim. – Ele sorriu e retribuí.
- Só pelo sorriso eu sei que você vai ser uma grande presença para nós. – Ele riu fracamente.
- Eu só estou feliz por estar aqui para finalmente jogar pela Juve, sabe? – Sorri.
- Isso é ótimo, mesmo. Precisamos de gente nova para aguentar o Gigi. – Ele riu fracamente.
- Vou para o CT depois daqui encher o saco dele, só passei para ajeitar a questão contratual mesmo. – Ele disse.
- A não ser que você queira mexer em algo...
- Não, para mim está tudo bem. – Ele disse.
- Depois, obviamente, premiações causam alguns bônus, comportamento disciplinar, multas, além de outros detalhes...
- Está ótimo, mesmo! – Ele sorriu e assenti com a cabeça. – Estou feliz em estar aqui.
- E eu feliz por finalmente poder te manter aqui! – Ele riu fracamente.
- Foi bom para eu amadurecer, mesmo. – Sorri. – Agora, vamos ao trabalho.
- Com certeza. – Falei rindo. – Benvenutto e in bocca al lupo, Pinso. – Ele piscou para mim.
- Grazie, chefa… – Ele disse sugestivamente e rimos juntos.
- Pronta para a reunião do time feminino? – Pavel perguntou.
- Vou receber o Douglas Costa ainda. – Fiz uma careta. – Já deve estar aí por sinal.
- Tudo bem, vou recebendo o Braghin e a técnica e você vai lá quando acabar.
- A Gama também vem, estive falando com o Braghin e ele a quer como capitã, acho interessante já providenciar. – Falei.
- Combinado. – Ele disse e dei um toquinho em seu ombro.
- Ah, amanhã tenho reunião com a Allianz sobre os direitos do nome do estádio.
- Eu tenho com a FIGC sobre o árbitro de vídeo. – Ele disse e rimos juntos.
- Você vai os Estados Unidos na pré-temporada? – Ele perguntou e eu fiz uma careta.
- Eu tenho muita coisa para finalizar aqui, nunca vi começo de temporada tão corrido, ainda tem a questão da coleção de roupas com o brasão novo. – Ele fez uma careta.
- Você vai me deixar sozinho com o Beppe? – Dei de ombros.
- Scusi? – Ele revirou os olhos e sorri.
- Teremos a temporada inteira para ficarmos juntos. – Falei.
- Uhum, claro! Vai me contar por que fugiu do Gigi depois da final da Champions? – Ele perguntou sugestivamente.
- Enquanto eu não resolver, não. – Falei.
- Vá para os Estados Unidos conosco e resolva. – Ele disse rindo.
- Ah, não! – Falei e rimos juntos. – Trabalho, Pavel! Vamos! – Falei, batendo as mãos e ele riu.
- null? – Virei o rosto, vendo Sara.
- Diga, querida.
- Douglas Costa está aqui.
- Viu?! – Virei para Pavel. – Trabalho.
- Vamos lá! – Ele disse rindo. – Te espero na sala de reunião depois.
- Combinado! – Falei e demos um rápido toque de mão antes de ele sair. – Eu vou recebê-lo, Sara. Grazie. – Sorri e ela assentiu, saindo da sala e eu suspirei.
Vamos lá, mais um.

Lui
20 de julho de 2017
- ATENÇÃO, GIGI! – Claudio disse e desviei o olhar para ele, devolvendo a bola.
- Só estou olhando quem está chegando ali! – Indiquei com a cabeça e Claudio se virou também, vendo Pavel e Paratici se aproximarem com mais alguém.
- Você não está só fazendo isso, Gigi, nem vem! – Claudio disse, jogando a bola em mim e ri fracamente.
- Ela está fugindo de mim, Claudio. Ela não me respondeu desde a final. – Falei, batendo a bola no chão e ele riu fracamente.
- O que você fez agora? – Ele disse rindo e neguei com a cabeça.
- Eu não fiz nada! – Falei, rindo fracamente.
- Uhum, ok, eu vou fingir que acredito em você! – Ele disse rindo. – Já foi procurá-la na sala dela? – Ele disse, seguindo o treino com Pinso e Tek, apelido carinho para o novato Wojciech Szczęsny.
- E você acha que não? – Bati as solas da chuteira na baliza. – Foi literalmente o primeiro lugar que eu fui quando cheguei aqui! – Ele gargalhou. – Ela está se escondendo em Continassa agora. – Ele negou com a cabeça.
- Ok, então, se ela está realmente fugindo de você, o que você fez? – Virei apressado para ele.
- O que te faz pensar que eu fiz algo? – Perguntei, levando a mão ao peito.
- Ah, Gigi! – Ele disse rindo. – Há quantos anos eu te conheço? Melhor, há quantos anos eu conheço essa história toda?
- Do que estão falando? – Pinso perguntou e eu suspirei.
- Vai, Gigi. Continua a lenda… – Roberto disse rindo e neguei com a cabeça.
- Nós somos amigos ainda? – Brinquei e eles riram.
- Dos dois! – Claudio lembrou e ri fracamente.
- Cadê o Paulo para me ajudar com isso? – Perguntei, dando uma olhada por cima dos ombros de Claudio.
- Vocês conheceram a null, certo? – Claudio disse e virei o corpo, apoiando a cabeça na baliza.
- Sim. – Tek disse.
- Há um bom tempo. – Pinso disse rindo.
- Beh, eles têm uma história bem longa! – Claudio disse e eu suspirei.
- O quê? – Pinso falou surpreso e ri fracamente. – Mesmo?
- É! – Suspirei. – 16 anos de história, para ser mais exato. – Tek riu.
- Meu primeiro dia e já estou sabendo das fofocas do time? – Ele brincou.
- Cara, se não fosse por mim, seria por qualquer um. – Suspirei. – É horrível ver minha história e da dela passando ano por ano...
- E ele ainda não ter criado vergonha na cara para oficialmente ficar com ela. – Claudio disse e joguei a bola de volta para ele.
- Só uma pergunta... – Pinso ergueu a mão.
- Diga. – Falei.
- Você não é casado ou algo assim? – Ele perguntou e eu suspirei, ouvindo Claudio e Roberto gargalharem.
- Não, mas eu tenho uma namorada. – Pressionei os lábios. – A história é bem complicada, mas vamos simplificar dizendo que nosso relacionamento começou em 2001 e, de lá para cá, tivemos diversos altos e baixos que nos impediram de ficar juntos, mas o último erro foi meu, então...
- Mas ele a ama e é um idiota em não finalizar tudo para ficar com ela. – Claudio disse e virei para os dois novatos.
- Eu tenho um filho novo, é um pouco mais complicado do que isso. – Falei, suspirando.
- E um pouco mais longo do que isso. – Claudio disse. – Vamos dizer que essa história acontece há 16 anos e não tem ninguém que saiba tudo e eles se recusam a contar.
- É como você disse, Claudio, são 16 anos. Nós precisaríamos muito mais do que uma xícara de chá para eu contar tudo isso. – Eles riram. – Talvez umas garrafas de uísque fechadas.
- Eu topo! – Tek disse, me fazendo rir.
- O Chiello e o Pavel são os que mais sabem, mas também não sabem tudo. – Falei.
- É uma lenda, literal. – Pinso disse.
- É, vamos simplificar assim. – Abanei a mão.
- Simplificando isso, o que aconteceu? – Roberto perguntou.
- Como assim? – Virei para ele.
- Para ela estar te ignorando. – Ele disse rindo e eu suspirei.
- Eu disse algo para ela depois da final, mas não pode ser isso. – Dei de ombros. – Que a amo... – Falei, fazendo uma careta e os quatro me olharam franzindo a testa.
- Isso é ruim? – Tek perguntou.
- Não entendi também. – Pinso disse e eu suspirei.
- Nós nunca tínhamos falado. – Falei, passando o braço na testa.
- A-a-a-ah! – Eles falaram.
- É! – Franzi os olhos. – E agora ela está me ignorando. – Dei de ombros.
- Estranho mesmo. – Roberto disse.
- Beh, as mulheres são estranhas, mas não conseguimos viver sem elas... – Pinso disse.
- Eu que o diga. – Suspirei. – Foi por elas que eu perdi a principal. Agora estou tentando compensar, mas...
- Difícil? – Pinso perguntou.
- Demais. – Suspirei. – Honestamente, eu largava tudo por ela, em um piscar de olhos, mas não é fácil.
- Já falei para ele simplificar, mas... – Roberto disse.
- Aposto que depois dessa declaração aí, alguma coisa vai ter que mudar. – Claudio disse.
- É, talvez... – Suspirei.
- Ela é ótima. – Pinso disse. – Vocês devem fazer um ótimo casal.
- Até demais! – Claudio disse rindo. – Espera juntar no restante do elenco para ouvir as histórias.
- Não estou com moral aqui, hein?! – Falei e eles riram.
- Nenhuma! – Claudio bateu em meus ombros. – Quem sabe ela não vá na pré-temporada?
- Já viu a null indo em alguma pré-temporada? Ela já fica atolada de trabalho no começo da temporada, agora que estou fugindo dela, aposto que vai continuar assim...
- Boa sorte, então... – Ele disse rindo.
- RAGAZZI, ANDIAMO! – Ouvi o grito de Allegri e ele nos chamou com a mão.
- Vamos conhecer o novo jogador. – Claudio disse e abracei-o pelos ombros, andando em direção ao centro do campo.
- Você ainda vai me matar de vergonha, Claudio. – Falei para ele que sorriu.
- Quer que eu te deixe com vergonha? Eu posso contar sobre Trieste. – Franzi a testa.
- Deixa quieto! – Eles riram juntos.
- Buongiorno, ragazzi. – Pavel disse e vi que o novo contratado era Mattia DeSciglio, ele é defensor do Milan... Era, né?! Nós já nos encontramos na Nazionale. – Esse é o Mattia, alguns já devem conhecê-lo e ele está entrando para a família Juve agora. – Ele disse e aplaudimos o jovem que estava bem envergonhado.
- Ciao, ragazzi. É um prazer estar aqui. – Ele disse sorrindo.
- Eu vou te levar para conhecer o CT. – Pavel disse para Mattia.
- E vocês podem preparar dois times para um rápido jogo. – Allegri disse. – Vamos começar com Pinso em um gol e Woj... Wojci... – Gargalhamos.
- Tek está ótimo! – Ele disse e sorrimos.
- Ok, Tek! – Allegri disse. – Não vale mudar depois. – Gargalhamos. – Gigi, pode continuar com o Claudio enquanto isso.
- Combinado. – Falei.
- Depois vamos almoçar e vocês ganham um tempo de descanso até a hora de irmos para o aeroporto.
- Fechado! – Falamos juntos e nos separamos.

Lei
24 de julho de 2017
- Eu queria estar lá. – Beppe falou enquanto olhava para a tela do computador e ri fracamente, apertando a barra de espaço no teclado para parar.
- Tirando o fato que eles perderam o primeiro jogo contra o Barcelona, parece ser bem... – Parei para pensar. – Hollywoodiano, né?!
- É! – Ele disse. – Não lembro dos amistosos nos Estados Unidos serem tão lotados assim. – Rimos juntos.
- Apesar disso, e de eles terem encontrado o Pirlo, o que eu adoraria ter encontrado já que não me despedi direito dele, mas acho que eu prefiro esses 10 dias sem as bagunças do time. – Ele riu fracamente.
- Você não apareceu nenhum dia em Vinovo ainda, não é?! – Ele perguntou e franzi os lábios.
- Ah, ainda não, o pessoal do marketing quer colocar todos os vídeos no prédio novo, então já ajeitei meu espaço. – Rimos juntos.
- Ficou demais, né?! – Beppe disse rindo.
- Ficou. – Suspirei. – Estamos crescendo, Beppe.
- Cada vez mais. – Ele esticou a mão para mim e segurei-a, ouvindo meu celular vibrar e peguei o mesmo, vendo uma mensagem de Trezeguet, uma foto dele, Gigi e Pavel. – Treze foi junto para os Estados Unidos? – Virei o celular para Beppe.
- Foi! Ele e o Edgar, divulgação da marca, etc... Nada demais. – Assenti com a cabeça.
- Treze também, está fazendo um incrível trabalho. – Falei.
- E ele gosta disso. – Beppe disse.
- Ao menos isso, é divertido. – Rimos juntos.
- Beh, está pronta? – Beppe disse, olhando o relógio.
- Estou mais curiosa, confesso! – Disse rindo, me ajeitando na cadeira e fechando a aba do YouTube do time.
- Já faz um ano e meio, null. Ele não vai se lembrar. – Ele disse rindo.
- Isso você deixa comigo, ok?! – Brinquei. – Impossível esquecer do prêmio de melhor tombo de 2015... – Ele gargalhou.
- Eu vejo como se fosse hoje.
- Eu tenho a gravação até hoje.
- Para chantageá-la? – Ele brincou.
- É a Manu, capaz de liberarmos no YouTube do time e ela nem se importar. – Ele disse e sorri.
- Essa era uma das milhares de coisas que eu amava naquela menina. – Sorri.
- Vou ver se ele chegou. – Ele disse e assenti com a cabeça.
Olhei para o contrato em minha mesa e ri fracamente. Federico Bernardeschi, 23 anos, natural de Carrara, cidade do Gigi, e príncipe encantado da Manu. Ri sozinha, negando com a cabeça. Desde que ele entrou na Fiorentina, eu tenho olhado para ele, ele fez algumas temporadas incríveis, apesar da lesão e, depois do lindo tombo da Manu na frente dele, confesso que procurei cada vez mais sobre ele.
Ele tinha um estilo interessante e único, funcionava bem no ataque, de meia ou pelas laterais, mas tinha um lindo chuto de fora da área que talvez fosse isso que precisássemos em nosso novo número 10. Ao menos essa era nossa intenção ao pagar 40 milhões para tirá-lo da Fiorentina. Só esperava que valesse à pena.
Além de que estava com uma vontade enorme para Manu voltar para Turim e eu, finalmente, usar meus dotes de cupido. Com o Kawan, Giulia nem foi atrás do Trezeguet ainda e eu não queria ser a pessoa a falar que ele voltou com o bebê, apesar de ele já ter dois filhos com Beatrice, mas eu ainda tinha esperanças.
- Pode entrar. – Beppe disse e sorri ao ver Federico entrando.
Ele estava com um largo sorriso nos lábios e foi impossível não sorrir junto. Ele era bonitinho, um tanto estranho, mas, como outro homem de Carrara, gostava de se bronzear até mudar de cor. Lembrei de Manu e realmente via um casal aí. Era o mínimo de depois de ao menos uns cinco jogadores interessados.
- Buona sera. – Ele falou e eu sorri, me levantando.
- Buona sera, Federico. – Falei, dando a volta na mesa e esticando a mão para ele. – Benvenuto.
- Grazie. – Ele suspirou. – É bom estar aqui.
- Eu sou null null, diretora de contabilidade do time. Conversamos por telefone. – Falei.
- Sim, claro! – Ele sorriu. – Agradeço pelo convite, acho que todo mundo quer jogar no maior da Itália. – Sorri, adorava quando falavam isso.
- E só contratamos os melhores. – Falei e ele sorriu. – Seu agente não quis te acompanhar?
- Não, não. – Ele negou com a cabeça. – Já discutimos todos os termos, certo? Não achei necessidade.
- Sim! – Falei, estendendo o contrato para ele. – É exatamente o que conversamos por telefone. – Contrato de cinco anos, 40 milhões, possibilidade de saída antes dos dois lados ao quarto ano e salário de quatro milhões anuais. A única coisa que vai permanecer são 10 por cento de direitos com a Fiorentina até o fim do primeiro ano. – Falei.
- Exatamente isso. – Ele sorriu
- A única coisa que não posso contabilizar agora são os possíveis bônus por torneios vencidos. – Falei. – Estamos nos quatro grandes torneios e estamos só no começo da temporada para falar algo. – Ele riu fracamente.
- Eu realmente quero dar meu máximo por esse time, eu cresci na Primavera da Fiorentina, então foi difícil me despedir, então estou empolgado para esse desafio. – Assenti com a cabeça.
- Levando por experiência própria, Federico...
- Pode chamar de Fede ou Berna... – Ele disse rindo. – É tudo meio grande. – Sorri.
- Ok, Fede... – Ele assentiu com a cabeça. – Eu encontrei uma família aqui na Juventus, então espero que também encontre a sua. – Ele sorriu.
- Com toda certeza. Eu tenho vários amigos aqui também, então é bom estar aqui. – Assenti com a cabeça.
- Perfeito, quer dar mais uma checada no contrato antes de assinarmos? – Perguntei.
- Não, eu já li quando você nos enviou a prévia, se diz que nada mudou, acredito em você. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Aqui está, então... – Falei, estendendo para ele junto da caneta e ele sorriu, assinando o mesmo e me entregou. Girei os papéis, assinando ao lado de seu nome e o fechei. – Benvenuto a Juventus, Fede. – Disse e ele sorriu.
- É bom estar aqui. – Ele disse.
- É bom tê-lo conosco. – Estiquei a mão e ele a apertou fortemente e depois a de Beppe.
- Nova temporada, vida nova. – Sorri.
- Sim, agora o Beppe vai te levar para tirar algumas fotos lá embaixo, depois fazer o teste físico e, por fim, vamos te embarcar para os Estados Unidos para encontrar o time já na pré-temporada, tudo bem?
- Sim, já gosto de começar animado assim! – Ele disse rindo e sorri.
- Tem só uma questão de falta decidir, Fede... – Beppe disse.
- Ah, verdade. – Falei.
- Nós gostaríamos que fosse nosso número 10. – Ele disse e o mais novo arregalou os olhos. – Se você aceitar, é claro.
- Uau! – Ele suspirou. – É uma honra, mas acho melhor não, por enquanto. – Ele disse e franzi a testa.
- Pode me dizer por quê? – Perguntei.
- Eu estou vindo de longo tempo na Fiorentina, sei o tamanho da pressão que isso vai cair sobre mim... – Assenti com a cabeça. – Então, acho que preciso mostrar meu valor e merecer a camisa, do que realmente ser dada para mim. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Totalmente compreensível. – Sorri. – Então, podemos mudar nosso plano, Beppe. – Virei para ele.
- Sim, com certeza. – Ele disse. Paulo ia adorar saber que a 10 agora era dele! Mas ele fez duas temporadas incríveis, merecia.
- Beh, você cuida disso?
- Claro! – Ele assentiu com a cabeça.
- Você tem alguma dúvida? – Perguntei para Fede.
- Só uma, na verdade... – Ele disse rindo. – Espero não parecer um tonto por perguntar isso.
- Não, fique à vontade. – Abanei a mão.
- Uma das vezes que vim jogar em Turim, eu conheci uma pessoa... – Contive um sorriso. – E falei com o Gigi, ele disse que ela tinha ido embora daqui, mah... – Ele riu fracamente. – Ela realmente se foi?
- Você está falando da Manu? – Beppe disse e olhei sugestivamente para ele.
- Esse era o nome dela?
- Alta, cabelos azuis, desastrada até falar chega? – Ele disse.
- É... – Ele disse e rimos juntos.
- Ela realmente foi embora. – Franzi os lábios. – Ela era minha assistente e se sentava ali... – Indiquei o canto agora vazio, onde antes estava a mesa de Manu. – Ela é brasileira, teve uns problemas familiares e voltou...
- Uau, tinha nem ideia... – Ele disse. – Beh, da nacionalidade dela, Gigi acho que me falou dos problemas pessoais.
- Pois então... – Suspirei. – Mas te garanto que ela ainda tem contato conosco e fazemos chantagem para ela voltar sempre, quem sabe? – Ele riu fracamente.
- É, quem sabe? Mas já faz quase dois anos, talvez seja hora de seguir em frente... – Assenti com a cabeça.
- Quem sabe? – Repeti e ele sorriu.
- Beh, grazie, eu paro de perguntar. – Ele coçou a nuca.
- Não se preocupe, ela é amada por todo mundo aqui, vai achar algumas fotos perdidas lá no vestiário com os meninos, eles a amavam demais. – Ele assentiu com a cabeça.
- Beh, vamos, Federico? – Beppe disse.
- Sì, sì. – Ele disse e acenou para mim. – Prazer em te conhecer. – Sorri.
- O prazer é meu. – Ele disse acenando.
- Pode ir na frente. – Beppe indicou e Federico saiu da sala, Beppe olhou para trás.
- Eu disse! – Movimentei os lábios e ele movimentou as mãos incrédulo, me fazendo rir.
- Nos vamos depois, null? – Beppe disse.
- Claro, eu vou encontrar o Braghin para falar dos acampamentos de verão. – Falei.
- Ok, eu te encontro! – Disse e ele assentiu com a cabeça, antes de sair com Federico.
Sorri, vendo o contrato assinado e ri fracamente. Quase dois anos e ele ainda se lembra dela. Se isso é amor, eu não sei o que é. Agora eu conto para Manu ou não? Coitada, já tinha surtado naquela época, se eu contar isso agora, aí sim que ela não volta para Turim. Ficarei no aguardo da mensagem dela surtando por termos contratado.
Beh, isso se ela ainda se lembra dele também.

Lui
27 de julho de 2017
- NÃO! – Dybala gargalhou alto e ergui o olhar para ele e Barza jogava a cabeça para trás ouvindo a conversa.
- O que está acontecendo? – Perguntei, virando para Chiello.
- Acho que ele está falando com a Manu. – Giorgio me respondeu e bebi mais um gole do café.
- O papo está bom, pelo jeito... – Falei e eles riram.
- A Manu fazia um estrago presente, mas não achei que fosse se capaz de fazer longe também. – Mario disse e rimos juntos, ouvindo a risada de Dybala e Barza ecoarem novamente.
- O que será que eles estão rindo? – Giorgio ergueu o corpo curioso e virei para olhar também.
- Até eu estou curioso agora! – Mario disse.
- Eu vou descobrir. – Lich disse, empurrando a cadeira e se levantando.
- Quem é essa Manu? – Higuaín perguntou e Cuadrado gargalhou alto.
- Ah, Emanuelle! – Juan disse rindo.
- Fiquei curioso também. – Pjanic disse.
- Ela era assistente da null. – Falei. – Tinha uns 20 anos, cabelos azuis e desastrada de tudo. – Falei.
- DEMÔNIO! – Mario disse, nos fazendo rir.
- Ah, Mario, vai dizer que não sente falta dela. – Giorgio disse, nos fazendo rir.
- Nem preciso sentir falta dela, o Dybala já faz todo o trabalho sozinho agora. – Mario disse e rimos juntos.
- Vocês não vão acreditar! – Lich voltou, gargalhando sozinho.
- E aí, o que é? – Eu e Chiello perguntamos animados.
- A null contratou o Bernardeschi! – Ele falou gargalhando.
- O QUÊ?! – Perguntamos, deixando as risadas ecoarem logo em seguida.
- Não acredito que ela fez isso! – Giorgio disse rindo.
- Fez! – Ele disse sério, me fazendo rir e levei a mão para o rosto.
- E tem mais, ele deve estar chegando logo mais para seguir na pré-temporada. – Lich disse, me fazendo gargalhar e as risadas ficaram mais altas.
- Qual a piada? – Higuaín perguntou e Mario gargalhou, me fazendo desviar o olhar para ele.
- Eu lembro como se fosse hoje. – Ele disse, passando as mãos embaixo dos olhos.
- A Manu nunca foi gente. – Chiello disse. – E ela era totalmente desastrada, totalmente! Não estou exagerando. – Ele disse rindo.
- Não mesmo. – Falei, assentindo com a cabeça.
- No fim de 2015, a gente jogou contra a Fiorentina, e ela costumava ficar no banco de reservas com a gente. – Chiello disse. – Ela foi entrar e ela me levou um tropeção que ela caiu uns cinco metros para frente assim...
- NOS PÉS DELE! – Juan disse gargalhando.
- NÃO! – Higuaín e Pjanic gargalharam.
- SIM! – Falamos em contraponto.
- E tem mais! – Chiello disse.
- Exato! – Falei rindo.
- Durante os três anos da Manu no time, vários jogadores tentaram dar em cima dela...
- Inclusive esse aí! – Joguei o guardanapo para Sturaro que fez uma careta, nos fazendo rir.
- Mas ela falou que tinha achado ele bonitinho. – Giorgio disse, fazendo as gargalhadas aumentarem.
- E ele foi atrás dela. – Falei, ouvindo eles rirem.
- E aí? – Pjanic perguntou.
- Beh, e daí que ela queria cavar um buraco e sumir. – Chiello disse rindo.
- Mas eles ficaram juntos? – Higuaín perguntou.
- Pela minha felicidade, não. – Sturaro disse e ri fracamente.
- Não, ela teve que ir embora da Juve. – Abanei a mão. – Mas ele ainda foi atrás dela de novo.
- E o Gigi precisou dar um balde de gelo nele. – Barza disse, mordendo um pedaço de pão.
- Como ela reagiu? – Virei para ele.
- Ela literalmente se escondeu embaixo das cobertas. – Ele disse rindo. – Não sabia onde enfiar a cara, ficou roxa.
- Agora mesmo que ela nunca mais volta para Turim. – Falei rindo.
- Sei não, viu?! Se ela ficou assim, ela gostou dele. – Ele disse, apontando para mim e rimos juntos.
- Nunca vamos saber. – Falei. – Mas o garoto é bom, tenho certeza de que a null não fez por algum interesse pessoal.
- Ah, isso não. – Barza disse, se sentando na beirada da mesa. – Mas a piada fica para sempre.
- Espero que o pessoal pegue leve com ele. – Chiello disse e ri fracamente.
- Espero também, garoto vai chegar querendo se enfiar em um buraco. – Falei baixo, ouvindo-o rir.
- RAGAZZI! – Ergui o rosto, vendo Pavel entrando no restaurante com Berna um pouco atrás dele.
- Falando nele. – Barza cochichou e rimos juntos.
- FALA, PAVEL! – O pessoal gritou, me fazendo rir.
- Vim apresentar o novo jogador, Federico Bernardeschi. – Ele disse, trazendo Bernardeschi pelos ombros e ele estava bem com a cara de quem tinha ficado 11 horas em um voo.
- Buongiorno, buongiorno! – Ele disse, dando um sorriso e eu me levantei.
- Vai lá, Gigi! – Chiello disse rindo.
- DAI, GIGI! – O pessoal gritou.
- Ciao, Fede! – Falei, abraçando-o e dando dois rápidos beijos nele.
- Ciao, Gigi. – Ele deu um largo sorriso.
- Seja bem-vindo. – Sorri, apertando seu ombro.
- Grazie, grazie. É bom estar aqui! – Ele disse.
- Você já deve ter encontrado com a maioria aqui nos jogos da Nazionale ou em outros jogos do campeonato... – Ele assentiu com a cabeça.
- Sim, sim! – Ele disse rindo.
- Fique à vontade. – Falei. – E se prepara para um trote mais tarde.
- Pode deixar! – Ele disse rindo. – Vou me apresentar...
- Vai lá! – Dei dois toques em seus ombros, vendo-o seguir com Pavel e ri fracamente, voltando para minha mesa.
- O squad está completo agora? – Chiello perguntou.
- Estamos em julho ainda, vindo da null e do Paratici, não duvido de mais nada. – Falei rindo.
- Espero que o Paulo não faça ele pagar mico logo no primeiro dia... – Barza disse rindo.
- EI, VOCÊ É O CARA QUE A MANU CAIU DE BOCA? – A risada de Dybala ficou mais alto e virei para Barza.
- Falei cedo demais? – Ele perguntou e assenti com a cabeça, virando para trás, vendo Paulo e Berna se abraçarem.
- Sempre! – Rimos juntos.
- Pelo menos já paga mico um dia só! – Falei e os dois ponderaram com a cabeça.
- A boca tem poder, hein?! – Mario disse. – E vocês estão com um poder que olha! – Fingi fechar os lábios e gargalhamos juntos.


Capitolo novantuno

Lei
12 de agosto de 2017
- ! – Pulei na poltrona, vendo a porta se abrir logo em seguida, revelando Pavel. – Se você demorar mais cinco minutos, a gente vai te deixar aqui! – Sorri.
- Mesmo? – Falei empolgada. – Eu ia adorar umas férias.
- ! – A voz de Paratici saiu mais fundo na sala.
- Não? – Abaixei o tom de voz, suspirando.
- Desde quando você se nega viajar para competição? – Agnelli apareceu na porta e eu suspirei.
- Aposto que é o mesmo motivo que ela está fugindo de Vinovo desde que voltou das férias. – Pavel disse. – E aposto também que isso inclui certo goleiro.
- Ah, besteira da sua cabeça, Pavel. – Abanei a mão. – Todo mundo está aqui, por que eu ficaria lá em Vinovo? – Olhei para ele, digitando lentamente.
- Porque sua equipe está em Vinovo. – Andrea disse. – Vamos, null, nosso voo sai em duas horas.
- Espera! – Falei firme. – Eu preciso terminar o contrato do Lemina e do Rincón...
- É, e do time feminino, mas temos uma hora de voo até Roma, você termina lá. – Pavel disse.
- Viu? Só uma hora, é pouco tempo! – Falei, vendo Agnelli arregalar os olhos e sair da porta.
- VAI, ! – Sua voz ressoou alto.
- Vamos, null! – Pavel entrou apressado na sala. – Teremos uma hora para você me explicar o que está acontecendo... – Ele disse mais baixo.
- Eu não posso ver o Gigi. – Falei no mesmo tom, desligando o monitor do computador.
- Ai, de novo essa história? – Ele disse e suspirei.
- Por favor, Pavel. – Falei séria.
- Não tenho como te ajudar nessa, null... – Ele deu de ombros. – Mas posso te proteger durante o voo, depois... – Ele franziu os lábios. – Aí é contigo.
- Ah, que merda! – Bufei, enfiando os pés nos sapatos de novo e me levantei.
- O que aconteceu, null? – Ele disse e eu respirei fundo, juntando algumas coisas na bolsa. – Desembucha. Ele estava com essa cara de enterro depois da final também. Sexo foi ruim? – Ele perguntou, rindo em seguida.
- Você bem que queria, né?! – Brinquei e o sorriso sumiu de seus lábios. – Não, não foi nada nesse departamento. – Falei firme.
- Então, foi o quê? – Ele me perguntou e eu estiquei o indicador para cima.
- Não vou falar sobre isso. – Falei firme e ele suspirou.
- Dá para “não falar sobre isso”, indo para Vinovo, então? – Suspirei.
- Não saia do meu lado, ok?! – Falei firme.
- Eu prometo! – Ele disse, suspirando. – Começo a me arrepender do dia em que virei seu amigo.
- O Treze não é tão mal-agradecido assim, viu?! – Falei e ele riu fracamente. – Pega minha mochila! – Indiquei o sofá.
- Pronta? – Agnelli disse, se levantando do sofá da recepção do andar administrativo.
- Vamos. – Falei firme.
- Esse rolo seu e do Gigi está começando a me dar dor de cabeça. – Virei para Andrea.
- Oh, Deniz dormiu de calça jeans hoje? – Falei, passando em sua frente e os outros três gargalharam, seguindo até o elevador comigo.
- Pela falta de resposta, vou acreditar que sim. – Beppe brincou e até Andrea riu dessa vez.
- A menstruação da Deniz estava atrasada... – Ele pressionou os lábios.
- Ela está grávida de novo? – Perguntei surpresa.
- Achávamos que sim, mas foi só um susto mesmo. – Ele disse rindo.
- Imagina? Duas crianças com menos de um ano de diferença? – Ele gargalhou.
- Eu ia enlouquecer. – Rimos juntos.
- Vai, papai! Segura essa bomba! – Pavel disse, dando dois tapas em seus ombros, me fazendo rir.
- E você? Vai dizer o motivo daquele show ali? – Agnelli disse e suspirei.
- Acho que chega de problemas meus com o Gigi, não acham? – Falei e eles riram.
- Ah, mais um, menos um, não faz diferença. – Agnelli disse, nos fazendo rir.
- Vamos falar de trabalho? – Paratici disse.
- Por favor... – Falei dramática e eles riram.
- Vocês conseguiram ver os jogos da pré-temporada? – Ele disse.
- Sim, todos eles, apesar do horário. – Suspirei.
- O que achou do novo goleiro da Roma? – Ele perguntou.
- Bom, mas novo ainda. – Falei, ponderando com a cabeça. – Pesquisei sobre ele, veio do Brasil, foi banco do Szczęsny por um ano, agora que compramos o Tek, ele ficou de titular. É goleiro titular da Nazionale brasiliana também. – Falei.
- Alguém a ficar de olho, será? – Fabio disse.
- Que jogador na Itália que não ficamos de olho? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Deixe os outros cuidarem de documentação, a gente pega depois. – Fabio disse e rimos juntos.
- Mas eu gostei muito do Pinso. – Falei. – Ele foi para todos os lados muito bem.
- Gostei também, ele merece uma chance. – Pavel disse.
- Merece, mas com Gigi e agora com Szczęsny, você realmente acha que o Pinsoglio vai ter alguma chance nessa temporada? – Virei para Pavel.
- Odeio como os goleiros vivem essa competição velada. – Ele disse.
- Eu também, mas... – Dei de ombros.
Uma van nos esperava na frente e saímos pela área administrativa, já que a área do CT ainda estava um gigantesco canteiro de obras. Aproveitei a viagem para checar se os arquivos haviam sincronizado em meu Drive, porque eu realmente precisava adiantar várias coisas. Não era fácil simplesmente contratar 25 novas pessoas, mais 10 staffs, entre outros detalhes. E queríamos que elas começassem a competir nessa temporada, o tempo estava corrido.
- Vamos para o aeroporto? – Perguntei, vendo onde a van entrava.
- Sim, eles já estão aqui. – Pavel disse e ponderei com a cabeça.
A van parou na entrada, logo atrás do ônibus do time, fui a primeira a descer e ajeitei minha mochila nas costas, além dos óculos escuros no rosto. Os outros fizeram o mesmo e pegaram suas malas antes de seguirmos em direção a entrada do aeroporto. Os jogadores ainda desciam do ônibus com o terno azul escuro, alguns com o paletó completo, outros com o paletó na mão.
Quando estava desviando para entrar no aeroporto, Gigi desceu do mesmo e eu travei rapidamente, sentindo alguém esbarrar em minhas costas. Ele olhou para mim e eu senti minha respiração falhar por alguns segundos. Não consegui ler seus olhos devido aos óculos escuros, mas senti meu estômago revirar.
- null... – Ouvi sua voz.
- Andiamo, ragazzi! Anda! – Ouvi a voz de Pavel atrás de mim e ele me empurrou pelas costas, fazendo com que eu destravasse e apresasse meus passos para dentro do aeroporto.
Meu estômago estava revirando completamente, eu sabia que não conseguiria fugir tanto, e admirava como eu tinha conseguido fugir dele por 70 dias, também, praticamente me mudei para casa da tia Gio e é incrível como a gente esquece do celular quando convivemos com uma criança de nove meses em casa. Uma criança linda, fofa, gorda e com os olhos mais lindos que já vi na minha vida! Ok, os mais lindos não, mas entra em segundo lugar.
- null! – Angela sorriu quando me viu e abracei-a fortemente. – Quanto tempo!
- Nem me fala, correria de começo de temporada! – Falei rindo e andamos juntos.
- Fiquei sabendo sobre a Netflix, estou adorando! – Ela disse rindo.
- É claro que sim! – Rimos juntas. – Mas não foi barato, ok?!
- Mas aposto que o retorno será incrível... – Ela disse.
- Esperamos que sim! – Falei, ouvindo-a rir fracamente. – Ei! Precisamos falar com os meninos, sobre isso, eles já estarão em Villar Perosa.
- Eu falo com eles lá em Roma. – Ela disse.
- Ao menos dessa vez é só em Roma, né?! Acho que estou enjoada de viajar para o Oriente. – Falei e ela suspirou.
- Nem fala, eu também! – Rimos juntas.
Entramos na área de embarque e fomos para a área VIP da Alitalia. Observei os jogadores entrarem um a um e tentei parecer bem distraída enquanto mexia no meu celular. Eu sei que ele viria atrás de mim, ele só podia esperar um pouco mais.
- Bom ver que ele funciona. – É, ele não esperou. Suspirei.
- O quê? – Virei para Gigi, tentando distrair de como ele estava sexy naquele terno.
- Seu celular. – Ele disse. – Funciona.
- Sim, funciona. – Falei, virando o rosto para ele.
- Eu tentei falar contigo as férias inteiras. – Ele disse, umedecendo os lábios com a língua e eu suspirei.
- Eu fiquei um pouco ocupada nas férias. – Falei, pressionando os lábios.
- As férias inteiras? – Ele perguntou e suspirei.
- A Giulia voltou. – Virei para ele.
- Oh, mesmo? – Ele arregalou os olhos.
- Sim. – Sorri. – Com um bebê!
- O quê? – Ele me olhou surpreso.
- Pois é! – Ri fracamente. – Conheceu uma adolescente grávida, acompanhou parte da gravidez, ela veio a óbito e ela adotou o menino.
- A Giulia? – Ele disse surpreso.
- Pois é! – Ri fracamente. – Nunca se importou em ter filhos, nunca teve grandes namorados e, de repente, um bebê! – Sorri. – Chama Kawan, fez nove meses dia cinco.
- Uau! – Ele disse rindo. – Desculpe meu choque, mas...
- Ah, não se preocupe, todo mundo se surpreendeu, mas é impossível não se apaixonar por ele. – Falei, mexendo no celular e abri uma foto minha e dele na piscina no último jantar de família. – Aqui! – Estiquei para ele.
- Meu Deus, que menino grandão! – Ele riu. – Olha esses olhos!
- Hipnotizantes. – Falei sorrindo. – Estou me distraindo muito com ele.
- Ficando caidinha por outro homem, null? – Ele brincou e eu sorri.
- Ah, você sabe, eu tenho uma queda especial para homens abaixo dos 10 anos. – Ele sorriu.
- Você está linda também.
- Grazie. – Sorri.
- Você deve estar adorando. – Ele disse. – Você adora crianças.
- Sim... – Sorri.
- null, eu... – Mordi meu lábio inferior, respirando fundo. – A gente pre...
- null! – Me assustei com a voz de Angela atrás de mim. – Licença, Gigi... – Senti meu peito aliviar aos poucos. – Eu preciso dos nomes de todas as jogadoras para gente divulgar a propaganda o mais rápido possível.
- Claro, eu tenho as listas no meu notebook. – Falei.
- Está aí?
- Sim. – Assenti com a cabeça. – Falta metade dos contratos para finalizar ainda.
- Posso sentar ao seu lado no voo? – Ela perguntou.
- Claro! – Assenti com a cabeça. – Eu te passo as coisas. – Virei para Gigi. – Falamos depois?
- Claro... – Ele disse, pressionando os lábios e senti Angela me puxar pela manga da blusa para me afastar com ela.
- Você me salvou. – Sussurrei para Angela.
- É? O que eu fiz? – Ela disse e eu ri fracamente.
- Adiou uma conversa longa e que eu sei que vai doer. – Suspirei e ela pressionou os lábios, me abraçando pela cintura.
- Força, null. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Sempre! – Falei, suspirando.

Lui
12 de agosto de 2017
- Ok, agora eu concordo contigo. – Barza se sentou ao meu lado.
- Sobre... – Tirei os fones das orelhas.
- Ela está fugindo de você. – Ele disse e dei de ombros, ouvindo-o rir.
- E o Pavel está de cúmplice, pois não largou dela um segundo. – Falei, acompanhando-o com o olhar. – Eles não foram para o estádio, ela sempre vai nas coletivas e não foi, a gente voltou e eles ainda estão grudados.
- E você vai manter o acampamento montado aqui no restaurante até quando? – Ele disse e eu ri fracamente.
- Até o Pavel precisar ir ao banheiro. – Falei e ele riu ao meu lado.
- Ah, vai ser ótimo vocês dois conversando aqui no meio de todo mundo. – Ele disse rindo. – Quantas câmeras eu tenho para gravar você levando mais um tapa? – Revirei os olhos. – Ou será que a null evoluiu e vai finalmente te dar um soco?
- Eu falo que a amo e eu que ganho o soco? – Ele se levantou e rimos juntos.
- E ela que merece o soco? – Ele disse.
- Não... – Suspirei, pressionando os lábios. – Só quero entender...
- Quando entender, conta para gente! – Ele disse, me dando dois tapas nos ombros e suspirei.
- RAGAZZI! – Virei o rosto para Angela que havia subido em uma cadeira. – JUNTA AQUI! – Ele disse.
- Bomba! – Barza disse, me fazendo rir e me levantei, me aproximando do semicírculo que se formou em volta dela.
- É rápido, depois vocês podem continuar com as badernas de sempre! – Os mais novos riram. – É sobre um documentário que será gravado com vocês na próxima temporada.
- Uh! – Os mais novos brincaram, fazendo suspense.
- Igual o último? – Perguntei.
- Não! – null disse, se colocando ao lado de Angela, fazendo a diretora de marketing se apoiar nela. – Vocês vão para a Netflix!
- UHUL! – Os mais novos disseram.
- AÍ SIM, HEIN, CHEFA? – Dybala disse, esticando a mão e batendo na de null que riu.
- Eles vão acompanhar essa próxima temporada, a começar em Villar Perosa na semana que vem. – O pessoal gritou novamente. – E vai até o fim da temporada, esperamos que comemorando nosso sétimo scudetto di fila, o troféu de amanhã e... – O pessoal gritou, aplaudindo ao mesmo tempo.
- A intenção é gravar o dia a dia de vocês, os jogos, as competições, então, durante os treinos, jogos e bastidores, terá mais uma câmera em volta de vocês além das nossas. – Angela disse.
- Até que ponto vai essa câmera extra? – Paulo perguntou.
- Treinos, vestiários, jogos e, alguns de vocês, serão CONVIDADOS para fazer entrevistas no dia a dia de vocês. – null disse. – Sobre sua história, seus dias, suas posições... – Ela olhou para mim. – Como pessoa interessada no assunto, eu gostaria que todos participassem para ficar algo mais legal, mas é a vida pessoal de vocês, então vocês podem escolher se aceitem ou não.
- E quando vamos saber quem vai ser? – Marchisio perguntou.
- Em Villar Perosa os produtores estarão presentes e eles vão informar melhor sobre tudo. – Angela disse.
- Mas eu posso adiantar que Gigi, Barza, Chiello, Claudio e os novatos terão um foco especial. – Fiz uma careta. – E nada de fazer cara feia, capitano, segundo mais velho do time, vice-capitanos e quem praticamente nasceu nesse time. – Ela disse, nos fazendo rir. – Além do que acontecer na temporada, quem tiver algum destaque e por aí vai... – Ela disse.
- O que acham? – Angela perguntou.
- Bom! – Falamos rindo e os mais novos fizeram baderna.
- Não durmam tarde e se preparem para amanhã! – Angela disse e null deu a mão para ela para ela descer da cadeira rindo.
- null achando motivos para vocês se afastarem? – Barza disse. – Bem a cara dela, né?! – Ri fracamente.
- É, mas eu vou falar com ela agora. – Falei firme, seguindo atrás de null que foi para a mesa que ela estava antes. – null! – Chamei-a e ela virou o rosto.
- Ei, Gigi. – Ela disse, fechando seu notebook.
- Podemos conversar?
- Agora? – Ela perguntou.
- Eu sei que você está fugindo de mim. – Falei, vendo seu peito subir e descer fortemente. – Férias, Giulia, Kawan...
- null! – Pavel apareceu ao seu lado.
- Pavel. Angela. – Suspirei e ela pressionou os lábios.
- Nós temos que terminar isso.
- Valeu, Pavel. – Ela disse para o loiro. – Mas Gigi está certo... – Ela se virou para mim. – Eu estou fugindo dele e temos um péssimo histórico ao fugir um do outro. – Dei um curto sorriso.
- Demais. – Falei e ela suspirou.
- Tem certeza? – Pavel perguntou.
- Sim, eu estou. – Ela colocou seu notebook na bolsa. – Pode levar isso para mim? – Ela entregou a bolsa para ele.
- Claro, te encontro lá em cima. – Ele disse e ela me chamou pela mão.
- Vamos ali na varanda... – Ela disse, indicando a área externa do restaurante do hoje e segui logo atrás dela, vendo seus pés descalços deslizando pelo piso.
- Eu não quero brigar. – Falei baixo. – Só quero entender...
- Eu sei... – Ela puxou a porta. – Mas alguma conversa séria nossa terminou sem brigas? – Ela perguntou e passei pela porta, puxando-a em seguida.
- Seria a primeira vez. – Pressionei os lábios, vendo-a se apoiar na murada em volta do jardim.
- O que você quer conversar? – Ela perguntou, apertando as mãos ao lado de seu corpo.
- Eu só quero entender por que você fugiu aquele dia. – Falei baixo, cruzando os braços.
- Eu não queria fugir, mas...
- Não diga que foi pelo Leo ou pela torcedora... – Falei baixo. – Foi sério e um susto para todos nós, mas isso seria pelos primeiros dois dias, não os dois meses seguintes.
- Eu não sei, Gigi. Eu... – Ela suspirou. – Eu fui tirada da nossa realidade. – Ela disse, soltando a respiração fortemente.
- Isso não é desculpa, null. – Respirei fundo. – Eu digo que te amo e você faz isso? – Ela suspirou alto. – Não foi só uma tirada de realidade, null. Eu digo a coisa mais importante da minha vida e você me largou sozinho lá... – Disse, rindo incrédulo. – Você tem noção do que eu disse?
- EXATAMENTE! – Seu tom de voz aumentou e ela respirou fundo, pressionando os lábios fortemente um no outro. – Você tem noção do que você disse, Gigi?
- Sim, eu tenho, null! Porque isso estava entalado há anos na minha garganta. – Puxei a respiração. – Porque isso era para ter sido falado há 11 anos e, por mais um problema nosso, eu não falei... – Suspirei alto. – Eu te amo, null. Não sei se é desde 2006, mas aposto que foi antes, mas isso...
- Por favor, para! – Ela pediu, respirando fundo.
- Por que parar, null? Você realmente achou que essa relação estranha que temos era sem amor? Foi por isso que você não disse também?
- Não se atreva e duvidar dos meus sentimentos por você, Gigi. – Ela se desencostou da murada. – Porque eu choro por você quase todo dia. – Ela passou as costas das mãos no nariz. – Da mesma forma que você sente, eu também sinto e dói demais... – Vi as lágrimas deslizarem pelos seus olhos. – Mas eu não podia piorar as coisas.
- Piorar o quê, null? – Apoiei a mão em seu rosto e ela se esquivou. – O que tem de tão ruim em um “eu te amo”?
- Porque não adianta você falar que me ama e não mudar nada. – Ela suspirou, pressionando os lábios que tremiam. – Já se passou dois meses desde aquele dia, Gigi. E o que você fez? – Ela deu de ombros.
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra, null. – Segurei seu braço.
- Tem sim! – Ela disse rindo. – Você foi para Forte, passou as férias com ela e com seu pinguinho de gente, porque é por ele que você não pode se separar dela, não é?! – Notei o sarcasmo em sua voz. – Mas e as fotos no iate? Vocês abraçados, você falando qualquer besteira no ouvido dela... – Seu rosto se contorceu de nojo. – Não adianta falar que me ama e continuar assim. Eu não aguento mais, meu corpo não aguenta mais... – As lágrimas deslizaram pelos seus olhos.
- Por favor, null, entende meu lado, é tudo encenação, é tudo.
- EU NÃO LIGO! – Ela disse alto. – Eu cansei, Gigi. – Ela engoliu em seco. – Nós estamos vivendo nessa montanha-russa desde a Alena e você só terminou com a Alena, porque ela descobriu sobre você e a Ilaria. Porque você colocou outra mulher em seus pensamentos...
- Achei que tínhamos nos resolvido sobre isso já. – Falei firme.
- Não, não resolvemos! – Ela disse. – Porque eu briguei contigo e você ainda ficou com ela! E teve um filho, e ficou preso nessa criança, aí precisava esperar a criança nascer, depois ela ficar grande. Quanto tempo você acha que eu vou esperar? Você trair a Ilaria com outra pessoa ou o Leo ir para faculdade? – Engoli em seco. – Eu não aguento mais... – Seu tom de voz abaixou.
- Eu não sei o que dizer, null.
- Eu já ouvi muito do que você tem para dizer. – Ela disse, pressionando os lábios. – Gostaria de ver algumas ações, na verdade, só para variar. – Ela deu um curto sorriso. – Mas, agora, eu não quero saber.
- Por favor, não faça isso, não duvide dos meus sentimentos por você... – Segurei seu rosto com as mãos.
- Eu não duvido. – Ela deu um sorriso. – Eu sei o que eu sinto quanto estou contigo. – Ela passou a mão em meu rosto. – E eu sei como você se sente comigo também. Como você relaxa quando está comigo, como se tivesse passado dias tensionado. – Ela passou a mão em minha bochecha e senti que algumas lágrimas deslizavam pela minha bochecha. – Mas isso não é justo. Nem comigo e nem contigo. Porque... – Ela suspirou. – Se você me ama, por que se prender a uma relação que você odeia? – Ela riu fracamente.
- Eu não quero perder o Leo...
- Se ela é esse monstro que você diz, se você acha que ela realmente tiraria seu filho por um fim de relacionamento, acho que não é mais um caso de relacionamento amoroso, não? Eu envolveria a polícia e advogados, se fosse você. – Ela engoliu em seco.
- Por favor, null, não me afaste, eu não vou aguentar isso de novo... – Abaixei minhas mãos para seu corpo, segurando firme em sua cintura.
- Eu não posso mais fazer isso. – Ela abaixou a mão para meu peito, pressionando a corrente escondida embaixo da blusa. – Eu cansei. – Ela suspirou. – São 16 anos de altos e baixos, são 16 anos lutando para ser sua... – Ela engoliu em seco. – Mas eu percebi que não dá mais para eu lutar, e foi você mesmo que me mostrou isso. – Ela suspirou. – Eu não consigo.
- Por favor, null... Eu não sei viver sem você. – Puxei-a para perto de mim, abraçando-a fortemente e senti as lágrimas embaçarem meus olhos.
- Quando você me quiser de verdade, para ser a sua mulher, eu provavelmente vou estar aqui... – Ela disse baixo, com a voz afinada. – Porque eu sou apaixonada por você desde o primeiro dia, Gigi. – Ela acariciou minha nuca devagar. – Mas eu não posso mais ser sua amante, eu não posso me dispor a isso, meu corpo não aguenta.
- Você não é minha amante, null. Você é o amor da minha vida. – Engoli em seco.
- Eu sei. – Ela disse baixo, me fazendo apertá-la com mais força. – Mas eu não sou a mulher mais importante da sua vida agora e eu cansei de ser sempre o segundo lugar. Eu passei todos os meus níveis de tolerância, mas eu não consigo mais. – Ela fungou, afastando o rosto devagar.
- Por favor, null. – Ela apoiou a testa na minha. – Não faça isso, não vai embora, não some da minha vida de novo, por favor...
- Eu não vou sumir. – Senti seu nariz roçar no meu. – Eu vou continuar por aqui, sendo a primeira a te aplaudir pelas suas conquistas e a primeira a te abraçar nas derrotas... Mas esse rolo estranho que nós temos... – Ela suspirou. – Acaba aqui.
- Não faça isso. – Pedi, levando as mãos ao seu rosto úmido. – Não faça isso comigo.
- Um dia a Manu disse que nós iríamos nos machucar antes de sermos felizes... – Ela pressionou os lábios. – Quem sabe não chegou a hora? – Ela colou os lábios em minha bochecha em um curto beijo e virei o rosto, juntando nossos lábios.
Ela pressionou os lábios fortemente nos meus, deslizando a mão pela minha nuca e segurei-a firme pelos ombros, descendo as mãos pelos seus braços. Cheguei em suas mãos, sentindo-as geladas e entrelacei nossos dedos, sentindo-a afastar os lábios devagar e colar nossas testas de novo.
- Não pense que eu estou te esquecendo, Gigi. – Ela disse baixo, sua respiração batendo na minha. – Só chegou a hora de eu fazer uma escolha e eu preciso me escolher antes. – Ela disse, soltando nossas mãos. – Me desculpe. – Ela disse em um sopro, afastando seu rosto do meu e abri os olhos a tempo de vê-la se afastar e entrar novamente pela porta.
Senti meu corpo fraquejar e cair para frente, me forçando a apoiar na murada. Meu peito doía e parecia que eu estava sentindo um ataque cardíaco. A respiração falhava e não tinha nada a ver com a temperatura. Eu já senti isso antes, era meu corpo sentindo a iminente falta dela e dessa vez eu sabia que não podia mais jogar a culpa nela, agora quem precisava fazer alguma mudança era eu.
- Gigi! Gigi! Está tudo bem? – Ouvi a voz de Barza e uma mão forte em meu peito.
- Meu Deus, Gigi, seu coração está batendo forte. – Ouvi Chiello e ambos me ergueram.
- Olha para gente! O que aconteceu? – Barza disse.
- Eu preciso me sentar... – Falei, apoiando as mãos nos ombros dele e me abaixei até sentir os joelhos no chão.
- O que aconteceu, Gigi? – Eles se abaixaram comigo.
- A null passou aos prantos pelo restaurante e você parece que viu um fantasma. – Senti a respiração entrar e sair com força.
- Fala alguma coisa, pelo amor de Deus! Você me escuta? – Barza falou mais alto e levei a mão até seu rosto, afastando-o.
- Sim... – Falei baixo, suspirando. – Eu te escuto.
- O que aconteceu, Gigi? Fala antes que eu chame o médico para vir te checar...
- FALA! – Chiello gritou.
- Ela... – Engoli em seco. – Ela terminou comigo, gente. – Pressionei os lábios. – Dessa vez é sério. Com todas as palavras e toda a dor. – Soltei a respiração forte, sentindo como se tivesse corrido uma maratona. – Acabou...

Lei
13 de agosto de 2017
Minha cabeça estava pesada como se eu estivesse carregando uma bigorna. Meu corpo doía como se eu tivesse alguma doença tropical ou levado uma surra de uns quatro caras. Meus olhos estavam inchados, além das grossas olheiras embaixo deles pela noite não dormida.
Eu sabia que isso aconteceria. No momento em que ele disse aquelas três palavras que eu sempre sonhei em ouvir, eu sabia que nossa realidade tinha acabado, em um estalo. Era por isso que eu as guardava em meu coração desde... Eu não sei, 2004? É difícil saber, com tantos altos e baixos, se eu tivesse falado lá atrás, talvez nada disso teria acontecido se ou estávamos juntos, ou fora dessa montanha-russa há bons 20 anos.
Apesar de amá-lo muito, de querer realizar todos os meus sonhos com ele, eu não podia aguentar mais isso. Eu não podia fazer mais isso comigo. Eu ficava muito bem quando o encontrava, quando transávamos, quando ele me beijava e me acariciava como se eu fosse a mulher mais importante do mundo, mas eu ficava totalmente o oposto quando via suas fotos na revista, quando o encontrava com ela em eventos...
Beh, isso que é ser amante, né?! Eu só nunca me defini assim, apesar de ter completa consciência de que é o que eu sou... Era! Para mim chega! Se ele quiser ficar comigo agora, ele precisar me escolher. Não acima de seus filhos, nunca. Mas ele precisa ter coragem de enfrentá-la e se posicionar. Não é possível que ela o proíba de ver o filho, tendo a fama que ambos têm. Ela é nojenta e não gosto dela, mas não é possível que ela seja baixa a esse ponto.
Mas também temos a outra opção: eu ser somente uma diversão muito boa para ele. Eu sou a solteira sem filhos com tudo em cima ainda, não é mesmo? Talvez o “eu te amo” tenha escapado em algum momento de tesão, Deus sabe quantas vezes eu contive essas palavras entre meus lábios. Talvez seja só isso também, não quis alongar a conversa para não piorar a situação, mas acredito que se ele realmente não gosta dela e me ama, ele não se disporia a isso.
Imagina? Viver uma vida de aparências? Precisando beijar uma pessoa que você não gosta? Que não tem química? Lembro quando namorei o Barza, era ótimo ficar perdida em seus braços, sentindo seu carinho em meu corpo, mas porque eu podia fingir que era outra pessoa, mas quando ele me beijava, ficava claro que aquilo não funcionava.
- null? – Suspirei, ouvindo dois toques na porta. – null, está aí? Sou eu, Barza. – Engoli em seco, abaixando a base e o pincel, e segui até a porta, apoiando o rosto na mesa.
- Está sozinho? – Perguntei.
- Chiello está comigo. – Ele disse e suspirei, abrindo a trava e depois a porta, vendo Barza entrar apressado e me apertar em seu abraço. – Ah, null! – Ele disse baixo, me apertando contra seu peito. – A gente veio aqui ontem e...
- Eu não queria falar com ninguém. – Falei baixo, vendo Chiello atrás de Barza e ele acariciou meu rosto, dando um sorriso pressionado.
- Nós entendemos. – Chiello disse e Barza me soltou para ele vir me abraçar fortemente. – Estamos aqui por você, ok?! Independente do que tiver acontecido. – Assenti com a cabeça, soltando-o levemente.
- Eu só... – Engoli em seco. – Eu só terminei tudo, gente. – Voltei para o banheiro, vendo ambos se espremerem na porta. – Eu não posso mais fazer isso. – Me olhei no espelho, voltando a minha tentativa de esconder minhas olheiras.
- Mas o que aconteceu, null? – Chiello perguntou. – De verdade.
- Não é possível que vocês não saibam. – Disse.
- Sabemos o lado dele, mas não o seu... – Barza disse.
- Ele disse que me ama. – Dei de ombros, trocando a base por pó.
- E esse é o problema...? – Chiello perguntou receoso.
- Exatamente. – Suspirei, vendo eles se entreolharem. – É óbvio, não? Se você ama uma pessoa, quer ficar com ela, não? – Dei de ombros. – E ele não me coloca em primeiro lugar em nenhum momento. Fica com essa ideia fixa de que a Ilaria é um monstro e que impediria de ver o próprio filho? Algumas coisas simplesmente não batem aí. – Eles suspiraram.
- Você é a primeira nos pensamentos dele, null. – Chiello disse.
- Ah, ótimo. – Falei, rindo fracamente, dando batidinhas de pó em meu rosto. – Quem dera eu conseguisse tirar essa angústia de dentro de mim com seus pensamentos... – Afinei o fim da frase em sarcasmo e ambos sorriram.
- O que você vai fazer agora? – Barza perguntou.
- O mesmo que eu tenho feito há cada briga, a cada desentendimento... – Dei de ombros. – Tentar seguir em frente, o que eu sei que vai ser difícil, porque ele é único para mim. Eu sei, já tentei, e eu não sou exatamente a pessoa que se dá bem com relacionamentos casuais. Ou seja, posso me contentar em ser uma solteirona pelo resto da vida. – Eles riram.
- Você está sendo um pouco dramática, não acha? – Chiello disse.
- Ele não vai me escolher, Chiello. – Falei firme. – Ele teve essa chance desde 2007 e eu sempre fui segunda opção, por que eu deveria acreditar que agora vai ser diferente? – Guardei as coisas dentro da bolsa e peguei um batom claro.
- Porque ele te ama. – Barza disse, me fazendo suspirar. – Dá um voto de confiança, null.
- Eu já dei! – Falei firme. – Pelos últimos quase três anos, só estamos nessa gangorra por causa desse voto de confiança. Porque ele disse que terminaria com ela, que nós ficaríamos juntos, mas é difícil dar um voto de confiança quando não se tem um prazo de validade...
- É... – Eles disseram fracamente.
- É difícil ver alguém como você nessa posição. – Barza disse.
- Que posição? – Perguntei.
- Diretora do maior time de futebol italiano, linda, inteligente, sexy, nova... – Ri fracamente. – Sofrendo dessa forma.
- É... Acho que o amor é a única coisa em que eu realmente não sou boa... – Eles riram. – Mas é o que dizem, sorte no jogo, azar no amor. – Dei de ombros.
- Não pensa que esse é o fim, null. – Chiello disse. – Eu os conheço há 12 anos, eu acompanhei boa parte dessa montanha-russa, então posso dizer que ele vai dar um jeito.
- Não, Chiello. – Neguei com a cabeça. – Para mim acabou, não quero continuar criando expectativas de que ele vai terminar com ela, de que ficaremos felizes para sempre. Não posso mais, porque é isso que me faz voltar para ele. – Falei firme. – E, dessa vez, pelo menos dessa vez, eu prefiro não ter esperanças. – Dei um curto sorriso. – Se no futuro ele me quiser, eu sei que vou estar aqui, porque sou apaixonada por ele por todos esses anos, duvido que vá mudar. – Suspirei. – Mas prefiro acreditar de que acabou, porque se acontecer, eu vou ficar surpresa. Ao contrário de ficar triste por não acontecer... – Suspirei – O que é 99 por cento do tempo.
- O que você vai fazer, então? – Barza perguntou.
- O que eu faço de melhor... Me afastar. – Suspirei, passando o batom nos lábios. – Pois é só ele tocar em mim que eu vou desistir de tudo, e eu não posso mais fazer isso comigo mesma, eu ainda tenho um pingo de amor-próprio dentro de mim.
- Não some de tudo, ok?! Tem mais 24 jogadores e vários staff que te amam e te querem muito bem. – Chiello disse e joguei tudo na nécessaire, virando para eles.
- Eu sei, e eu vou estar lá para apoiar ele, eu só... – Suspirei. – Preciso me valorizar.
- Você deve fazer o que achar melhor para ti, null, mas saiba que estamos aqui para o que precisar, ok?! – Barza disse e sorri.
- Eu sei, eu amo vocês demais. – Abracei ambos, sentindo cada um beijar minha bochecha. – Agora vamos. Nada como uma vitória para começar a temporada um pouco melhor. – Passei por eles pela porta do banheiro e fui até minha mochila, colocando minha necessaire lá dentro.
- Você está pronta? – Chiello perguntou e me olhei no espelho, jeans, uma camisa soltinha e tênis nos pés.
- Muito informal? – Virei para eles.
- Não, só... – Eles falaram juntos, se entreolhando.
- Estamos acostumados com a saia e os saltos. – Barza disse e ir fracamente, fechando a mochila.
- Não tenho capacidade de me equilibrar nos saltos, muito menos ficar com aquela saia pressionando minhas coxas hoje. – Coloquei a mochila nas costas e peguei minha bolsa. – Está muito ruim?
- Não, você está linda, só... – Chiello disse.
- Não é comum te ver assim. – Barza disse.
- Eu sei, mas tem dias que simplesmente não dá. – Suspirei.
- Está tudo bem. – Eles disseram.
- Vocês estão bonitos, pelo menos. – Eles alisaram os paletós e sorri. – Eu não deveria me importar, mas como ele está? – Eles puxaram a respiração fortemente.
- Como você. – Chiello disse. – Não dormiu, não comeu...
- Eu deveria ter esperado a Supercoppa passar. – Suspirei.
- Está ok, null. Ele pressionou também. – Barza disse.
- Eu tentei adiar a conversa, para não acontecer igual das outras vezes, mas... – Eles assentiram com a cabeça.
- Vamos começar de novo, ok?! – Chiello disse. – A começar pelo jogo.
- Vamos. – Suspirei, relaxando os ombros e Barza me estendeu a mão.
Segurei sua mão, vendo Chiello pegar a bolsa da minha mão e seguimos para fora do meu quarto. Eu não saía do quarto desde o dia interior e não abri nem as persianas, então meu olhar se incomodou com a luz natural quando chegamos ao lobby. Outros jogadores desciam também, mas não tinha visto-o em meu caminho.
Confesso que fiquei surpresa por ele não ter vindo atrás de mim, mas esses dois seguiram correndo para Gigi quando eu passei correndo pelo restaurante. Pavel me esperava, então ficou comigo até eu conseguir dormir. Não foi muito, pois eu acordei novamente umas quatro horas e me ocupei em finalizar os contratos.
Hoje Pavel também trouxe algo para eu comer, mas só consegui beber o café, à tarde também, mas comi alguns fios de pasta e somente, agora eu sentia meu estômago doer, mas talvez eu vomitasse quando algo batesse nele, deixaria para o voo de volta. Ou dormir, pois eu realmente precisava. Dormir e colo da tia Gio, da Giulia ou dos gêmeos.
Entreguei minha mochila para o motorista e Chiello me esperou para entrar no ônibus. Alguns olhares sobre mim foram inevitáveis, inclusive os de Gigi escondidos embaixo dos óculos escuros. Engoli em seco e me sentei na primeira fileira, me excluindo de tudo ao colocar os fones no ouvido e colocar alguma música da minha playlist para tocar.
Pavel entrou no ônibus e sorriu ao me ver, se sentando ao meu lado. Ele puxou algo de sua mochila e me entregou um pote descartável com uma baguete de pão italiano que me fez suspirar com o cheiro.
- Acha que consegue comer? – Ele perguntou.
- O cheiro está muito bom. – Falei rindo e ele sorriu, dando um beijo em minha cabeça.
Comi devagar o lanche, ouvindo o pessoal fazendo a baderna de sempre enquanto seguíamos para o Stadio Olimpico de Roma. Eu fui contra o jogo ser aqui porque nosso adversário de hoje era a Lazio, e o lar deles é o Stadio Olimpico, mas ok, ao menos não viajei para China, Emirados Árabas ou algum outro país que fala uma língua que eu não entendo nada ou que não valorizam meu trabalho e minha posição.
Chegamos ao Stadio Olimpico e deixei que o restante do top seguisse para o vestiário e fui para a tribuna, o que Pavel acabou me seguindo, pois sua filha, Ivana, estava aqui em Roma e acompanharia o jogo. Era incrível ver como o tempo passava ao ver essas crianças que abraçavam a minha cintura, hoje quase mais altas do que eu.
Demorou para o jogo começar, consegui acompanhar o treino completamente, depois aquelas gracinhas que aconteciam antes do jogo, até o restante do top nos encontrar e o jogo finalmente começar. Confesso que a preocupação de ter deixado Gigi com a cabeça quente na véspera de um jogo importante para todos nós, mas eu não podia pensar nisso agora. Precisava pensar em mim agora.
E ele que me cercou ontem, achei melhor arrancar isso logo como um band-aid do que ficar adiando.
Não sabia muito bem quem estava no nosso line-up. Gigi, Barza, Chiello, e alguém no lugar do Leo, o que foi muito estranho. Mario também estava, Khedira, Pjanic talvez? Não sei. Eu olhava para o campo, mas parecia que via tudo embaçado.
Nós começamos o jogo dominando, acho que demorou uns 15, 20 minutos para eles começarem a contra-atacar, mas quando começaram, nós conseguíamos tirar logo em seguida. Ironicamente, meu olhar só ficava em Gigi, pois ele me parecia perdido durante todo o tempo, só esperava que não tanto.
Aos 31 minutos, Immobile tentou se aproximar e Gigi foi em direção a ele para pegar a bola e acabou derrubando-o. O pênalti foi dado e Gigi levou um amarelo. Na cobrança, Gigi até foi para o mesmo lado da bola, mas entrou. Na saída de bola de novo, eles compensaram a falta de ataque e Gigi precisou fazer duas defesas seguidas.
Aos 39, a Lazio teve chance de novo, mas está impedido e Immobile erra. Aos 41, Cuadrado é literalmente atropelado pelo número seis, mas ficou bem segundos depois. E foi isso o que eu peguei do primeiro tempo.
No intervalo, Ivana começou a conversar comigo, e eu consegui relaxar mais para o segundo tempo. Segundo tempo que começou desastroso com um gol deles aos 54. Gigi não conseguiu nem ir até a bola, ele estava totalmente desligado. Estávamos em 2x0 e sem grandes criações contra eles.
Aos 60, parece que Gigi deu uma acordada ao fazer uma defesa e quase levar um pisão na barriga, isso se não levou. Aos 68, o novato Douglas Costa, tentou o contra-ataque, mas foi defendido. Aos 69 foi a fez de Pjanic e aos 72 foi de Higuaín, mas de Pipita acabou indo para fora.
Aos 76, Gigi fez uma defesa importante para impedir que eles alargassem mais esse placar. Aos 83, Federico Bernardeschi, talvez tentou, mas saiu para fora. Aos 85, em uma falta feita em Dybala, ele mesmo bateu a falta e entrou bonito no gol, fazendo com que a torcida voltasse a ter esperança nesses minutos finais.
Aos 91 minutos, faltando um minuto para o fim do tempo normal, alguém derrubou Alex dentro da área e deu um pênalti para gente. Obviamente que os jogadores da Lazio ficaram muito bravos, mas foi Paulo tocar na bola que foi para dentro, dando finalmente o empate. Pena que teve que ser dessa forma. Fico pensando que se Gigi estivesse um pouco mais atento, se ele teria dado bobeira assim.
O pior foi o que se seguiu daí. Já estava preparada para ver mais 30 minutos de acréscimos, mas um blackout de cinco segundos, nos custou mais um gol, que, dessa vez, Gigi não teve culpa nenhuma. DeSciglio não conseguiu segurar, Bernardeschi também não, muito menos Alex que estava na linha do gol com Gigi. Pjanic, Chiello e Khedira estavam só para assistir.
O árbitro ainda deu alguns minutos de acréscimos, tivemos um escanteio ao nosso favor, mas não era para ser. Perdemos nossa primeira Supercoppa em anos e esperava que a culpa não tenha sido minha.
- Vem, vamos descer! – Beppe disse e suspirei, me levantando, ainda um pouco chocada com esses minutos finais.
Eu sei que disse que estaria com Gigi em todo momento, aplaudindo-o e apoiando-o no que fosse, mas não esperava que precisasse tão cedo. Hoje eu me contentaria com um aceno de cabeça e espero que ele compreendesse.

Lui
17 de agosto de 2017
- Sim, podemos fazer isso. – Falei, passando a mão no queixo.
- Onde você prefere fazer as gravações? Na sua casa, no time...
- Prefiro no time. – Falei. – Não quero envolver meus filhos nisso.
- Talvez a caminho do time? – O produtor perguntou.
- É, é... Parece ser uma boa. – Ele disse. – Depois fazer algumas entrevistas no time, vamos ver como vai ser a temporada, né?! – Rimos juntos.
- Combinado, Buffon, agradecemos. – Ele estendeu a mão.
- Pode me chamar de Gigi. – Apertei e ele riu fracamente.
- Ok, Gigi. – Ele disse e acenei com a mão, seguindo para fora da sala.
Claudio estava na porta e dei um tapinha em seu ombro antes de ele entrar e eu seguir de volta para o gramado da casa dos Agnelli aqui em Villar Perosa. O clima estava completamente estranho para mim. Na verdade, não só para mim, como para null também. Tirando um rápido aceno quando nos encontramos em Vinovo para pegar o ônibus, não tivemos mais nenhuma comunicação e isso fazia meu estômago embrulhar.
Depois que a dor inicial deu uma amenizada, eu entendi o lado dela. Na verdade, eu sempre entendi e sempre agradecia muito por ela compreender meu lado e esperar, mas eu não podia pedir para ela esperar para sempre, era completamente irreal, mas ela faz uma diferença na minha vida que não deve saber.
A começar que ela é a única que consegue me acalmar, seja pessoalmente ou profissionalmente, depois que ela é a única que eu quero ficar junto, que eu quero abraçar, beijar, tocar e passar as noites só sentindo sua mão acariciando meu rosto. Terceiro que ela é a mulher da minha vida.
Ela está certa quando diz que, se eu não gosto da Ilaria, não deveria viver em um relacionamento infeliz, mas eu sou um medroso do caralho que estava confortável com a situação. Mas eu não podia estar confortável com isso, eu deveria querer só a null, lutar para ficar com ela, acordar com ela, ir dormir com ela, querer criar uma família com ela e alargar a minha, porque ela ama meus filhos... E eu ficava adiando algo que eu poderia ter criado menos apego e resolvido mais rápido.
Aconteceu exatamente da mesma forma com Alena. Eu estava pensando em terminar com ela, aí veio a gravidez do Lou e eu não tive coragem, mas a questão é que eu não deveria ter ficado com Alena. Com Ilaria também. Era só um sexo bom o suficiente para eu relaxar enquanto ela estava brava comigo e veio a gravidez do Leo. Confesso que nem sei como me afundei nessa de novo, mas ela pressiona tudo e acaba forçando as coisas mesmo que a gente não goste.
Apesar de todos esses erros, eu sei que não me arrependo pelos meus filhos, tenho três meninos incríveis e lindos, que null sempre amou e os tratou bem também, mas se eu pensar em toda mágoa que eu causei na null, eu talvez fique com um pé atrás. São duas coisas que eu não gostaria que tivessem acontecido juntas. Talvez Lou, Dado e Leo terem o sobrenome null Buffon, não Seredova Buffon ou D’Amico Buffon.
Isso era o que eu mais queria na vida, honestamente. Estava em fim de carreira mesmo, tirando a Champions, eu já tinha ganhado todo tipo de prêmio individual e coletivo, agora eu só queria fazer null feliz e o maior sonho da vida dela é ser mãe, e eu queria muito ser pai do filho dela. Mas eu sei que precisava correr contra o tempo, porque ela vai fazer 36 esse ano e, tendo um ovário só, talvez não seja tão fácil engravidar.
A verdade é que estava na hora de eu me impor.
Suspirei, passando os dedos nas têmporas e segui em direção à mesa de comida. Tínhamos umas duas horas para o jogo e eu precisava me ocupar antes que eu ficasse louco. Só precisava de um copo de suco e um tramezzini...
- Opa, desculpa. – Vi uma mão recuar e ergui o olhar ao ver null.
- Pode pegar. – Falei. – Eu sei que você gosta do pão com a casca mais escura. – Ela sorriu, pressionando os lábios.
- Você também. – Ela deu de ombros.
- É, mas... – Dei uma olhada na pilha de sanduíches. – Tem um aqui. – Peguei-o, fazendo a pilha cair e ela riu fracamente. – Tudo resolvido.
- Que bom. – Ela disse, escondendo os lábios no copo enquanto bebia.
- Você está... Bem? – Perguntei, erguendo o olhar para ela e ela ponderou com a cabeça.
- É... – Ela riu fracamente. – Trabalhando bastante. Você?
- Esperando que esse calor não fique durante o jogo. – Falei e ela riu fracamente.
- É, está bem quente. – Ela pressionou os lábios. – Bom para ficar o dia inteiro em uma piscina... – Rimos juntos.
- Seria bom. – Sorri e ela acenou com a cabeça. – null! – Chamei-a e ela virou o rosto. – Eu ainda não desisti da gente. – Falei e ela pressionou os lábios, se afastando alguns passos. Suspirei e virei de costas.
- Oi!
- Ah! – Me assustei com Barza atrás de mim e o suco sacudiu no copo e caiu na minha mão.
- Sabe quem fazia muito isso? A Manu! – Ele disse e eu revirei os olhos, deixando o copo na mesa e mordi o pão, pegando um guardanapo para secar as mãos.
- O que foi? – Perguntei irritado, sentindo a voz alterar pelo lanche nos dentes e ele riu fracamente.
- Nada! – Ele deu de ombros. – Só vi vocês dois na mesa, fiquei de plantão caso um tentasse matar o outro.
- Por que você acha que um vai matar o outro, Barza? Já vivemos juntos e separados antes, ok?! – Peguei o lanche, dando uma mordida firme nele.
- Ah, sei lá, só suspeita mesmo. – Ele disse, dando de ombros. – O que ela disse?
- Nada demais, eu só falei do calor. – Suspirei.
- Só isso? – Olhei para ele que tinha um sorrisinho nos lábios.
- Você ouviu, por que eu preciso falar?
- Só testando a confiança da nossa amizade. – Rimos juntos.
- Acho que já dividimos muitas coisas, não? – Ele riu fracamente.
- Vamos, Gigi! Vamos! – Ele falou, me puxando pelos ombros. – O pessoal está discutindo sobre o VAR.
- Ah, claro... – Me aproximei do pessoal nos bancos do jardim. – Ciao, ragazzi.
- Ei, Gigi! – Eles falaram animados e olhei para Barza.
- Vai, se anime! – Ele disse e eu ri fracamente.
- Gigi, posso ser muito invasivo e te perguntar sobre sua vida pessoal? – Paulo perguntou e suspirei, rindo fracamente.
- Já foi, então... – Movimentei a mão em sua direção e ele riu fracamente.
- O que houve entre você e... – Ele indicou null com o olhar e suspirei.
- Eu deveria escrever um blog, sabe? – Falei, ouvindo o pessoal rir. – Assim todos vocês ficam por dentro da minha vida pessoal.
- Eu aprovo! – Cuadrado disse, erguendo o copo e outros fizeram o mesmo, me fazendo revirar os olhos.
- Ela só... – Suspirei. – Terminou comigo.
- Oh! – Eles falaram.
- Isso explica muito. – Paulo disse.
- Tudo, na verdade. – Mario falou.
- Tudo o quê? Nossa distância? A falta de felicidade? Ou...
- Tudo. – Eles falaram e ri fracamente.
- Por quê? O que aconteceu? – Asa perguntou.
- Basicamente, ela pediu para eu escolher entre ela e minha namorada. – Falei. – É, eu sei que é uma merda. – Suspirei. – Não me perguntem, por favor.
- Não, está tudo bem. – Barza disse.
- Posso só fazer mais uma pergunta? – Paulo disse.
- Claro. – Falei, rindo fracamente.
- Quem você escolhe? – Ele perguntou e eu suspirei, olhando para trás, procurando null com o olhar e encontrando-a com Agnelli e Paratici, me fazendo suspirar.
- null, sempre. – Falei, suspirando.
- Então... – Virei para Barza. – Se a escolha é tão fácil... O que você vai fazer? – Passei o olhar pela pequena rodinha de pessoas, sejam antigos ou novatos.
- Eu vou conquistá-la de volta. – Falei, ouvindo o pessoal gritar e aplaudir, me fazendo rir. – Eu só... – Suspirei. – Preciso de força para isso.
- Fino alla fine, Gigi! – Chiello disse, batendo em meu ombro e suspirei, assentindo com a cabeça.
- Ok, agora vamos mudar de assunto, por favor. Vou ficar emotivo aqui. – Falei e eles riram.
- Estávamos falando do VAR. – Higuaín disse. – O que acha?
- É difícil dizer. Sempre pensei que ter uma ajuda externa nos lances fosse bom, mas tem que ver como eles vão fazer isso. – Falei, passando a mão na testa úmida.
- Descobrimos no sábado! – Chiello disse.
- É, e lá vamos nós de novo! – Falei, rindo fracamente.


Capitolo novantadue

Lei
19 de agosto de 2017
- Chegamos! – Falei, puxando o freio de mão.
- Meu pai me mata se ele souber que você trouxe o neto dele em um jogo da Juventus, null. – Giulia disse e gargalhei.
- Ei, nem vem! Se ele quer transformar o Kawan em granata, ele vai ter que passar por cima de mim. – Disse, tirando a chave do contato. – E eu posso te garantir que tenho mais meios de convencer ele do que seu pai.
- Claro! Você é tipo a rainha da Juventus, quem não ia gostar desse espetáculo todo? – Ela disse e saímos do carro.
- Beh, eu posso dizer que a null me ganhou direitinho. – Gianni disse.
- E com motivo! – Dei de ombros. – O Allegri está de olho em você, em breve ele te puxa para o time principal.
- ISSO! – Gianni gritou.
- Só banco, Gianni. – Falei.
- Já é um começo! – Ele disse. – Olha o Moise, começou no banco e agora até joga. – Ele deu de ombros. – Se eu puder só treinar com a principal, já vai ser demais.
- Moise vai para o Verona. – Falei.
- Viu?! Ele é mais novo do que eu. – Ele falou e ri fracamente.
- Ah, gente, parem de falar assim, eu fico sentida por ter perdido tanta coisa. – Ele disse.
- Beh, entre granatas e bianconero, eu fico com a null, o projeto novo focado em artes plásticas que eles fizeram, é sensacional, além de que a Juve ganha todo ano, já o Torino... – Pietro falou.
- Seu pai te deserda se ele ouvir você dizer isso. – Giulia disse.
- Ah, não é como se ele não quisesse. – Ele deu de ombros e rimos.
- Desde a primeira tatuagem, né?! – Falei.
- Beh, eu já tenho 18 anos, né?! – Ele deu de ombros. – Já posso fazer minhas escolhas.
- Deixa eu te contar um segredo da vida, Pietro... – Peguei a bolsa de bebê de Kawan. – Enquanto seus pais pagarem suas tatuagens, você ainda precisa dar satisfações para eles. – Ele fez uma careta.
- Eu vou conseguir um emprego. – Ele disse. – Aqui ou em Milão, não sei.
- Talvez tenha vaga de gandula. – Gianni disse, importunando o irmão e gargalhamos, ouvindo a gargalhada de Kawan ecoar entre a gente.
- Ah, meu amor. Vamos ver o trabalho da tia null? – Giulia beijou a bochecha dele. – É o mais legal de todos.
- Não posso negar. – Falei, rindo fracamente e, depois que todos finalmente fecharam as portas, travei o carro.
- Segura ele, sei que você vai fazer dele o seu troféuzinho! – Giulia disse e rimos juntas.
- Vem com a tia, amore! – Falei, esticando as mãos para Kawan e ele veio para mim e eu ajeitei meu meninão no colo e entreguei a bolsa para ele.
- Você vai levá-lo para o vestiário? – Giulia perguntou.
- Hoje não. – Falei, andando em frente a eles.
- Por que não? – Giulia perguntou.
- Qual é a parte do: eu e o Gigi terminamos, você não entendeu? – Falei.
- Entendi completamente, é claro. Até vocês voltarem de novo... – Os três gargalharam e mostrei a língua para ela.
- Dessa vez é sério, Giulia. E eu dependo de vocês três para me manter nisso.
- É fácil. – Gianni disse sério e rimos juntos.
- Mas sério, null, é seu trabalho ainda. – Ela disse e eu suspirei.
- Eu sei. – Segui em direção a entrada do estádio. – Mas eu preciso de tempo para me recuperar, ok?! – Suspirei. – Bastante tempo, porque é só ele sorrir e... – Kawan riu, me fazendo sorrir. – Ele é um homem mau, Kawan, não pode rir. – Falei, abraçando-o e ele apoiou as mãozinhas em meu peito. – Eu quero um... – Fiz um bico.
- Você quer um com ele, não quer? – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Demais. – Suspirei e ela me abraçou de lado, dando um beijo em minha cabeça.
- As coisas vão se ajeitar, minha irmã. Por bem ou por mal. – Suspirei, acenando para a recepcionista e os outros três mostraram o crachá.
- Começo a acreditar que tudo na minha vida é por mal.
- Ei, e a gente? – Pietro disse e sorri.
- Meus irmãos tão queridos. – Falei e eles sorriram.
- null! – Olhei para o top quatro que estava esperando o elevador.
- Ciao, ragazzi! – Falei sorrindo.
- Hum, quem é esse meninão aí? – Pavel disse, fazendo careta para Kawan que ficou sério para Pavel, franzindo os olhinhos.
- Não gosta de você. – Falei e eles fez uma careta, aí então Kawan apertou o rosto de Pavel. – Agora ele gosta.
- Ai! – Ele disse rindo.
- Você se lembra da Giulia? – Ela acenou um pouco atrás.
- Nossa! Quem é vivo sempre aparece, né?! – Ele disse, cumprimentando-a.
- Para você ver. – Ela disse rindo.
- Esse é o famoso Kawan, então? – Pavel disse e o restante do top os cumprimentou.
- É sim. – Apertei-o próximo ao meu corpo.
- Parabéns, Giulia. – Pavel disse.
- Grazie. – Ela sorriu.
- Esses são Gianni e Pietro. – Falei. – Gianni joga na nossa sub-19. – Falei. – E Pietro faz faculdade de artes plásticas.
- Um prazer conhecê-los. – Agnelli disse. – Gianni, certo? Já ouvi sobre você.
- É, ele está indo muito bem. – Sorri. – Posso nem falar que veio do sangue. – Eles riram.
- Vai descer conosco? – Beppe perguntou, ainda brincando com Kawan que parecia ter gostado do nosso diretor geral.
- Hoje não, estou com visita.
- Nem para ver o Padoin? – Fiz uma careta.
- Ah, verdade, Pado está no Cagliari. – Suspirei. – Qualquer coisa eu desço ao fim do jogo.
- Beleza. – Eles falaram e Beppe acenou para Kawan antes de seguir com o pessoal até o elevador.
- Até quando essa desculpa vai funcionar? – Giulia disse.
- Xi! – Pedi e ela riu fracamente. – Viajar eu não vou mais, depois eu volto a descer nos jogos em casa.
- Não vai mais completamente? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Eu consigo fugir pela primeira parte da temporada, se começar a adiantar em Champions, eu preciso ir. – Suspirei.
- Ah, mas até lá vocês já se resolveram. – Gianni disse e suspirei.
- Só tem uma forma de eu ficar com ele, Gianni, e é com ele solteiro. Só! – Falei firme, suspirando. – E eu espero ser forte o suficiente para aguentar isso. – Engoli em seco.
- Eu te ajudo, mana! – Giulia disse e sorri.
- É bom te ter aqui, ok?! Foram três anos aguentando bomba atrás de bomba. – Falei, seguindo pelo corredor que dava para os camarotes.
- Ah, mais ou menos, né?! – Ela disse rindo. – Sei o quanto vocês aproveitaram no Brasil. – Rimos juntas.
- O que aconteceu no Brasil? – Os gêmeos perguntaram juntos.
- Quando vocês tiverem uma namorada, eu conto. – Eles fizeram careta.
- null, esse crachá me dá acesso a tudo? – Gianni perguntou.
- Sim! – Falei.
- Eu vou encontrar meus amigos, então. Vem, Pietro?
- Andiamo!
- Ok, mas não sumam. – Giulia disse.
- Relaxa, não é a primeira vez. – Falei e ela suspirou.
- Sinto que perdi tanto. – Ela disse.
- Acontece, mana, mas você ganhou muito também. – Falei e ela sorriu.
- Ao menos isso. – Ela suspirou.
- Além do mais, olha quantas noites do pijama eu consegui contigo. – Ela riu fracamente.
- Não tem nada a ver com o assunto, mas quero que me ajude a encontrar uma casa ou apartamento em Vinovo, ok?! – Ela disse. – Minha mãe quer que eu fique em casa, mas está na hora de eu encontrar um canto.
- Claro! – Falei. – Só me chamar, mas a minha quem encontrou foi você. – Ela riu fracamente.
- Eu sei, mas não quero uma mansão, um apartamento talvez seja o suficiente. – Ela disse, me fazendo rir.
- Ok, tem alguns, melhores do que eu morei, claro! – Rimos juntas. – Vem, vamos entrar! – Falei, indicando a cabeça.
- Oh, Dio, espero que já tenham esquecido do meu mico no Le Iene. – Giulia disse.
- Já faz uns cinco anos, Giulia, qual é! – Falei rindo. – Agora sobre o seu canal no YouTube... – Ela fez uma careta.
- Tudo bem, eu parei de falar besteiras, agora eu sou uma pessoa direita que faço trabalhos voluntários. – Rimos juntos. – Olha ele curioso! – Giulia disse e vi Kawan olhando para diversos lados.
- Aqui é seu lar, meu amor! – Falei, dando um beijo em sua cabeça.
- Tudo o que o sol toca, é o nosso reino! – Giulia brincou e rimos juntas.
- É, quase isso! – Brincamos juntas. – Mal vejo a hora que eu possa fazer isso com um filho meu.
- Por que você não adota, null? – Ela disse quando entramos no camarote.
- Honestamente? – Virei para ela.
- Eu sei que você quer ter um filho com ele, null, mas o tempo passa e, infelizmente, não podemos esperar muito. – Ela deu de ombros. – Eu sei que você gosta dele e que sonha em ter algo com ele, mas...
- Eu sei, eu sei! – Suspirei. – O tempo está passando e estou tão perto de ser mãe como há 15 anos. – Ela pressionou os lábios e eu suspirei. – Apesar de ter colocado um fim em tudo, ele disse que me ama, então ainda tenho esperança de que as coisas vão mudar. – Ela assentiu com a cabeça.
- Eu vou te apoiar em tudo, minha irmã. Você sabe disso. – Sorri.
- Eu sei.
- null? – Virei para o lado, vendo Trezeguet.
- Ah, David! – Falei animada. Quem eu estava procurando mesmo.
- Quanto tempo, hein, boneca? – Ele disse, me fazendo rir. – Ainda volta com um bebê? – Ele olhou o menino. – Oi, moço. O que você não me contou, null? – Ele disse firme, me fazendo rir.
- Eu, nada, mas ela... – Me afastei, vendo Giulia se colocar ao meu lado.
- Oi, David. – Ela sorriu.
- Giulia? – Trezeguet parecia surpreso e eu sorri. – Você voltou?
- Sim, faz uns dois meses. – Eles sorriram e ri fracamente.
- Com licença, vou levar meu sobrinho para ele conhecer o reino dele. – Falei, me afastando.
- Sobrinho? – Ouvi David perguntar.
- Adotado... – Giulia respondeu e desci algumas escadas.
- null! – Sorri para a mãe de Andrea e sua esposa.
- Oi, gente! – Acenei para elas.
- Quem é esse menino lindo? – Allegra disse.
- Esse é o Kawan, meu sobrinho. – Ela sorriu para ele.
- Ah, ele é lindo. – Sorrimos.
- É sim. – Dei um beijo em sua cabeça.
- Está toda apaixonada, hein?! – Deniz brincou.
- Eu quero um! – Falei, ouvindo-as rirem.
- Faz um, boba! – Ela brincou e ri fracamente.
- Quem sabe em breve? – Sorri, optando por encerrar com esse papo o mais rápido possível.
- Com licença, gente! Vou mostrar para ele o local, ele está muito empolgado! – Falei e elas sorriram.
- Divirta-se! – Allegra disse e sorri.
Desci os degraus do camarote, cumprimentando algumas pessoas conhecidas e cheguei lá perto, na beirada. Era primeiro jogo do campeonato, então a casa estava cheia hoje, pelo jogo ser seis horas da tarde, o sol batia forte nas arquibancadas da frente, mas logo ele abaixaria, talvez no segundo tempo.
- Olha! – Kawan virava o olhar curioso, apoiando as mãos gordinhas em minha cabeça e meu rosto e ri fracamente. – Aqui é meu cantinho, amore. – Beijei suas mãos e ele sorriu. – E suas novas cores são preto e branco. Elas são lindas e combinam com tudo. Ah, preciso arranjar um uniforme para você. – Ele riu fracamente, balbuciando e sorri. – É, amore. Aqui é meu canto.
Virei para trás, vendo Giulia e Trezeguet conversando com largos sorrisos no rosto e subi os degraus novamente, sentando em meu lugar de sempre e esperei o começo do jogo ou eles decidirem me incluir no assunto. O narrador começou a passar o line-up e Kawan ficou um pouco incomodado com o som alto, mas logo se acostumou, se divertindo.
- Ok, voltei. – Giulia disse, se sentando ao meu lado.
- Já foram conhecer o banheiro dos camarotes? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Não, mas vamos sair. – Ela disse sorrindo.
- Não quis apresentar o Kawan? – Perguntei.
- Você já o apresentou. – Ela disse rindo. – Vamos devagar, null. – Ela sorriu.
- À vontade. – Falei sorrindo e gargalhamos juntas.
- Ok, contra quem vamos jogar? – Ela perguntou.
- Cagliari. – Falei.
- Uh, ótimo jeito de começar a temporada. – Ela disse rindo.
- É, só se for metendo o pau neles. – Rimos juntas.
E foi até que fácil, na verdade. Mario abriu o placar aos 12 minutos com um lindo voleio. Giulia ficou curiosa em saber quem era após o lindo lance, mas teriam muitos jogadores que ela não conhecia. Aos 35, Gigi fez uma defesa importante que poderia dar o empate. Aos 38, Alex Sandro derrubou um jogador em nossa área e o VAR, árbitro de vídeo, foi usado pela primeira vez.
Ele deu o pênalti, mas Gigi defendeu na cobrança, me fazendo gritar e o pacotinho em meu colo também, me fazendo sorrir. Nos acréscimos do primeiro tempo, Dybala fez um lindo gol, encerrando bem a primeira parte.
Na volta do intervalo, aos 47, Dybala tentou, mas bateu no travessão, no rebote, Mario tentou, mas o goleiro pegou. Aos 66, Pipita conseguiu fazer seu gol. Aos 69, Mario foi tão animado para impedir uma bola de sair que esbarrou com tudo nos LEDs que ficam nas laterais do campo. Após um rápido atendimento, ele voltou para o campo. E, aos 70 minutos, Higuain saiu e Matuidi, o francês que eu havia contratado ontem vindo do PSG, entrou em campo pela primeira vez.
Primeiro jogo e três pontos de vantagem. Já estamos em primeiro lugar na tabela? Ah, espero que essa temporada seja mais calma que a anterior.

Lui
24 de agosto de 2017
Suspirei ao puxar a gravata para fora, desfazendo o nó pela terceira vez e encarei meu reflexo no espelho. Se a null estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo e essa gravata já estava com um nó perfeito há 10 minutos, mas não, pelo visto ela não se sentiu pronta para me “apoiar sempre que eu precisar”, como era nossa promessa.
Pavel disse que null nunca vinha em sorteios de Champions League, que ela é linda demais para aguentar esse sorteio chato, ok, a parte de ela não vir pode ser verdade, sobre ela ser linda é completamente verdade, mas eu a queria aqui comigo. Eu sei que as coisas estão difíceis entre nós e eu estava esperando o momento ideal para conversar com Ilaria, mas ela poderia ter vindo me ver receber esse prêmio tão importante.
Quem sabe ela não apareceria de surpresa como das outras vezes? Ainda tinha esperanças, não? Monaco é pertinho de Turim.
Suspirei, colocando a gravata em volta do pescoço e dei o nó, sem muita paciência se ela havia ficado reta ou se um lado tinha ficado muito diferente do outro. Eu só queria ir para essa premiação, receber o prêmio, descobrir contra quem jogaríamos essa primeira fase de Champions e voltar para Turim.
Segui em direção à poltrona, pegando o paletó da Juventus e o vesti. Voltei para frente do espelho, alisando-o e abotoando-o. Passei a mão nos cabelos, ajeitando-o para o lado e dei um sorriso para o espelho, vendo meu reflexo e suspirei, relaxando o rosto novamente. Fui até a mesa, pegando meu celular e apertei-o para ver se tinha alguma notificação e fiquei feliz por não ter nada de Ilaria, eu estava evitando encontrá-la, somente quando via ver meu filho. Com o começo da temporada, ela também voltou a trabalhar, então conseguia usar algumas desculpas da correria de começo de temporada.
- Gigi? – Ouvi dois toques na porta e segui até a mesma, abrindo-a, vendo Angela ali. – Está pronto?
- Sim, estou. – Guardei o celular no bolso interno do paletó e inclinei meu corpo para pegar a chave do quarto.
- Vamos, então. – Ela disse, se afastando da porta e suspirei, seguindo atrás dela e puxei a porta, ouvindo-a fechar logo em seguida. – Está tudo bem, ok?!
- O quê? – Virei para ela. – Sim, sim. Tudo bem. – Falei, abanando com a cabeça.
- Pensando na null? – Ela perguntou e eu suspirei. – Não quero ser inconveniente, só...
- Nah, não se preocupa. Depois de todos esses anos, algo que eu não posso me preocupar são pessoas sendo inconvenientes sobre esse assunto. – Segurei a porta do elevador e ela entrou em minha frente.
- Por isso mesmo que não quero ser mais uma, não acho que sou amiga o suficiente de nenhum dos dois para me envolver dessa forma. – Ela disse.
- Mas...? – Falei e ela riu fracamente.
- Você está sofrendo, certo? – Suspirei. – Ouvi que ela terminou contigo.
- É... – Passei a mão no rosto. – Nem sei se é uma definição certa, mas é como eu me sinto.
- Ouvi também que você vai finalmente terminar com a sua namorada para ficarem juntos... – Sorri.
- Sim, vou. Só estou esperando o melhor momento.
- Não demora muito. – Ela disse e virei para ela. – A null é uma mulher linda, poderosa, tem todos os homens aos seus pés e está machucada, são nessas coincidências estranhas da vida que um novo amor acontece.
- Ah, Angela, por favor! – Falei firme. – Nem brinca com isso.
- Não estou falando para o seu mal, Gigi. Só estou te alertando.
- Eu sei o que eu tenho que fazer, só preciso que ela espere um pouco mais. – Suspirei e ela assentiu com a cabeça.
- Você não tem noção como eu espero o dia em que vocês vão me pedir para chamar uma coletiva para dizer que estão juntos e vão precisar se virar para explicar como vocês ficaram juntos... – Rimos juntos.
- Imagina? – Falei, virando para ela.
- Explicar 16 anos de relacionamento para imprensa? – Ela brincou, me fazendo rir.
- Quando isso acontecer, Angela, eu já vou ter feito o mais difícil que é ficar com ela, explicar essa bagunça vai ser fácil. – Sorri.
- É o que eu mais desejo, Gigi. Porque é óbvio a sua diferença na temporada passada e nesses poucos dias nessa temporada. Você não está presente, sua cabeça está bem longe. – Suspirei.
- Ela faz falta. – Falei e ela assentiu com a cabeça e deixei-a sair na frente quando o elevador se abriu novamente.
- Consiga ela de volta, ok?! – Ela disse. – Precisamos de nosso capitano de volta.
- Pode deixar! – Abracei-a pelos ombros e ela sorriu.
- Ciao, ragazzi! – Pavel, Beppe e Agnelli estavam lá embaixo já.
- Demorou, hein?! – Andrea disse.
- Eu não me dou bem com gravatas. – Falei e eles riram.
- Vamos lá! – Pavel disse.
Vir para Monaco era realmente interessante, pois é praticamente uma microcidade, então quase tudo dava para fazer a pé. Hoje estávamos hospedados no hotel na frente do teatro em que seria o evento, então foi praticamente só atravessar a rua que já entramos em um tapete vermelho, que era azul, na verdade.
- Estamos adiantados, você pode dar atenção para os fãs. – Angela disse e assenti com a cabeça.
Ouvi as diversas pessoas me chamarem e sorri, me aproximando dos fãs e comecei a autografar camisetas, costas e a tirar fotos. O pessoal do top já entrou e Angela ficou comigo, me esperando. Após falar com todos, ou boa parte, acenei e entrei no teatro após ela.
- Temos uns 15 minutos para a premiação, seu lugar vai ser na primeira fileira junto de outros indicados, mas você pode dar uma relaxada até lá. Eu estarei um pouco mais atrás, caso precise alguma coisa. Na hora do seu prêmio, eu estarei nos bastidores para uma rápida entrevista e sessão de fotos, tudo bem? – Ela falou.
- Relaxa, Angela, não é a minha primeira vez. – Falei.
- E nem a última, eu espero! – Rimos juntos.
- Grazie. – Falei, abraçando-a de lado.
A última vez que eu vim receber um prêmio de melhor goleiro da Champions foi em 2003, quando chegamos a final também, mas já fazia 14 anos e era bem diferente da última vez que eu estive aqui. Pavel tinha razão, não tinha motivos para null estar aqui, tirando as jogadoras concorrendo ao prêmio da Champions League feminina e assessoras, não tinha outras mulheres aqui.
Mas null não é uma qualquer, ela é diretora de contabilidade do time, sem ela, nada disso estaria acontecendo.
- Gigi! – Sorri para Totti.
- Ei, Totti! – Abracei-o, cumprimentando-o em seguida.
- Parabéns pela indicação! – Ele disse sorrindo.
- Grazie! Grazie!
- Quem diria, hein?! Recebendo prêmios depois de velho? – Ele disse.
- Há, há, há, engraçadinho! – Falei, abraçando-o de lado. – E você? Como é a vida de jogador aposentado?
- Mah! – Ele deu de ombros. – A gente vira museu, né?! – Rimos juntos.
- Sonho de criança, não? – Gargalhei e ele fez uma careta. – A gente se fala!
- Até mais! – Ele disse, me fazendo rir.
Passei por outros jogadores aposentados como Totti, depois por Sergio Ramo e Luka Modric que também ganhariam prêmios por suas posições, até chegar onde eu me sentaria, encontrando Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
- Olha o Gigi! – Ronaldo disse.
- Ciao, ciao! – Cumprimentei ambos com largo sorriso e eles retribuíram. – Tudo bem? – Coloquei meu péssimo inglês para jogo.
- Sim, sim! – Eles disseram.
- Senhor Buffon? – Uma mulher se aproximou. – Pode colocar isso para nós? – Ela me estendeu o microfone. – Pode prender no paletó e colocar no bolso. – Fiz o que ela pediu e ajeitei-o. – Um segundo. – Ela disse, apertando seu fone. – Fale alguma coisa, por favor.
- Olá, olá! Sou Gigi Buffon da Juventus.
- Perfeito. – Ela disse. – Ele vai ligar somente na sua hora, não se preocupe. – Ela disse.
- Grazie. – Sorri.
- Sente-se conosco, Gigi. – Ronaldo disse.
- Aqui? – Indiquei o local entre ambos.
- Sim, sim. – Eles disseram.
- Scusa. – Falei, me sentando.
Era difícil para mim interagir nesses tipos de prêmios. Meu inglês não era péssimo, mas também não era perfeito e eu parava aí em falar outras línguas, o restante acabava sendo na enrolação, ou falando italiano e outros falando suas línguas e acabava dando certo. Tinha sorte do espanhol e do português serem línguas similares ao italiano. Não precisei me preocupar tanto, pois o hino da Champions começou, e os apresentadores entraram no palco.
- Bem-vindo, senhoras e senhores, aqui a Monaco para mais um sorteio da fase de grupos para a Champions League 2017/18. – Eles disseram.
Após a introdução, com imagens de toda a competição, finalmente começou, chamando o presidente da UEFA para entregar o prêmio do presidente que foi vencido por Totti, que havia ganho por Totti, um grande amigo de Nazionale e de Serie A. Totti ficou a carreira dele em um clube só, na Roma, era muito merecido. Após agradecer, ele se posicionou para fazer o sorteio.
Em seguida chamaram Andriy Shevchenko, ele seria embaixador da final de 2018, lembraram-no do pênalti que ele bateu que o consagrou campeão na final de 2003, pena que aquele gol foi contra mim, mas ao menos não lembraram da minha existência aqui. No final, ele também se posicionou com Totti para o sorteio.
- Agora, vamos começar os prêmios com o melhor goleiro da temporada que vai para um dos melhores de todos os tempos. – O apresentador disse e suspirei. Um vídeo sobre mim durante a competição foi mostrado. Presenças, clean sheet e minutos sem levar gol. – Por favor, recebam o melhor goleiro da UEFA Champions League, Gianluigi Buffon. – O apresentador disse e me levantei, recebendo o aplauso de todos. Cumprimentei a apresentador, depois o homem e recebi o prêmio das mãos dela.
- Thanks.
- Não tenho nem dúvidas de que não vai derrubar. – O apresentador disse, me fazendo rir. – Gigi, parabéns em uma temporada incrível, oito clean sheets, levou seu time na final, isso na juventude de seus 39 anos. Como você consegue manter esse nível de qualidade durante sua carreira?
- Hum... – Falei, sentindo minha língua enrolar novamente. – Eu sou muito orul.. Orgulhoso por receber esse prêmio na minha idade.
- Muito jovem... – Ela disse.
- Sim, sim! – Ri fracamente. – O secre... O segredo, acho é que é continuar tendo fome pelo jogo e bobo. – Eles riram. – É o único jeito de continuar a jogar em alto nível.
- Bem, isso funcionou até agora, não precisa mudar. – Ele disse, me fazendo rir. – Senhoras e senhores, o goleiro da UEFA Champions League, Gianluigi Buffon. – Ele disse, me fazendo rir.
Os cumprimentei e desci os degraus novamente, voltando a me sentar em meu lugar, Ronaldo e Messi me deram cumprimentos e sorri, apoiando o prêmio no colo. Sorrindo.
- Agora, eu e Pedro vamos nos retirar, pois não entendemos nada dessa parte, então vamos chamar quem entende. – A organizadora chamou e eles se retiraram.
O homem explicou como funcionaria o sorteio, falando que a final seria no Estádio Olímpico de Kiev dia 26 de maio de 2018. Deus sabe como eu queria estar lá de novo. Uma última final? Uma última chance? Parecia poético demais até para mim.
Nós fomos os últimos a sermos sorteados e ficamos no grupo D. Depois dessa primeira parte, Sergio Ramos ganhou o prêmio de melhor defensor da temporada. Depois seguiu para o segundo sorteio, obviamente, nosso grupo foi o último a sobrar, então o próximo sorteado foi para nós. E a única opção foi? Barcelona, é claro. Totti, que abriu a bolinha, me deu um sorriso sugestivo, me fazendo rir. E Messi me cumprimentou ao seu lado. Nos enfrentaríamos mais uma vez, espero que o resultado seja o mesmo das quartas de final no começo do ano.
Em seguida, Luka Modric ganhou de melhor meio-campista e seguimos para a próxima fase de sorteios novamente. Ficamos para o fim novamente, mas quando Totti sorteou a Roma, ele não ficou muito feliz pelo seu time da vida precisar jogar contra o Chelsea e o Atlético de Madri de culpou Shevchenko, nos fazendo rir. Em seguida, Olympiakos foi escolhido para compor nosso grupo.
Após isso, deram o prêmio para Ronaldo de melhor atacante e o sorteio continuou. Sporting de Portugal foi o quarto escolhido de nosso grupo e estava convicto de que Barcelona seria o maior desafio. Pelo menos esperava.
Após os sorteios, eles apresentaram o indicado de melhor jogadora e depois o de melhor jogador, que estava entre mim, Messi e Cristiano Ronaldo, mas era um tanto óbvio quem ganharia.
A apresentadora se aproximou das jogadoras para fazer algumas perguntas e depois veio para nós. Primeiro ela falou com Messi, não entendi muito bem, mas acho que ela perguntou como ele estava se sentindo em estar ali aquela noite e ele respondeu algo sobre noite incrível, mas eu não falo espanhol.
- Gigi... – Dei mais atenção a ela. – 22 anos faz que você fez sua estreia profissional com o Parma, é incrível ver você ainda jogando em altíssimo nível com a jovem idade de 39. Você vai fazer 40 muito em breve, é claro, mas veremos você muito além dos 40? Quais ambições você ainda tem? – Ela perguntou.
- Yes... – Pigarreei. – Jogar por um time incrível como a Juventus te dá uma grande motivação, pois toda ambição é possível e, se vocês continuarem a me indicar para esses tipos de prêmios, para mim é mais difícil parar. – Falei em inglês, sentindo minha língua travar algumas vezes, mas saiu.
- Você está fazendo uma ótima decisão! – Ela disse rindo.
- Thank you! – Sorri.
- Thank you, Gigi! – Ela disse e senti um alívio passar pelo meu corpo.
- Cristiano, vamos falar sobre quebrar recordes, você fez cem gols na Champions League, vou te fazer uma pergunta difícil, se precisar escolher um, um que seja bem especial para você, você consegue fazer isso? – Ela perguntou.
- O último, contra esse velho aqui... – Cristiano disse, me fazendo rir e fiquei feliz por mais alguém ter o inglês tão ruim quanto o meu. Não pior, mas...
- Não o chateie, ele está tendo uma ótima noite. – Ela disse, me fazendo sorrir.
- Sabe, completar cem gols na Champions League, foi um sonho, e jogar no Real Madrid, poder conquistar isso, fico muito feliz. – Ele disse.
Lika Martens e Cristiano foram os ganhadores dos prêmios. Eles subiram no palco, fizeram seus agradecimentos e logo fui chamado por Angela para a parte promocional da situação. Quando me levantei, dei uma olhada pelo local, para ver se null estava lá e derrubei os ombros, realmente sabendo que eu estava sozinho hoje.
- Você vai primeiro falar conosco, depois tirar algumas fotos com o prêmio e encarar a imprensa geral. Pode ser? – Angela disse.
- Se eu sobrevivi falando em inglês a essa premiação... – Ela riu fracamente.
- Você foi ótimo! – Ela disse, me dando dois tapinhas nas costas.
- Ciao, Gigi. – Cumprimentei o repórter do JTV.
- Ciao, ciao! – Sorri.
- Gigi, vamos começar sobre o sorteio, o que achou do nosso grupo? – Ele perguntou.
- Beh, temos dois times que costumam ser favoritos e os outros dois que são os outsiders que podem surpreender e deixaram o grupo bem balanceado. – Falei.
- E sobre o seu prêmio? O que pensa sobre?
- Eu venci, porque a Juventus fez uma temporada incrível na Champions e porque meus companheiros jogaram muito bem e fizeram um trabalho incrível. – Falei. – É um prêmio individual, mas tem um sabor coletivo. E recebe-lo com 39 anos é uma grande gratificação, mas penso que foi merecido, porque nesses últimos anos, estou fazendo algo veramente importante. – Falei.
- Grazie, Gigi! – Ele sorriu e cumprimentei-o.
- Pronto, Gigi, agora vamos... – Senti meu celular vibrar no peito. – Vem comigo.
- Um segundo, por favor. – Pedi, pegando meu celular do bolso.
- Vamos, Gigi! – Angela disse.
- Dois segundos! – Falei, entregando meu prêmio para ela que riu.
Peguei o celular, desbloqueando-o e vi uma nova mensagem nas notificações. Suspirei, pensando em Ilaria automaticamente, mas abri o aplicativo. Surpreso ao ver a conversa de null como mais recente.
- É ela! – Falei para Angela e abri a conversa.
“Melhor goleiro da Champions? Existe alguém surpreso?” – Dizia a primeira mensagem. – “Auguri, capitano, foi muito merecido!” – Dizia a terceira. – “Eu ouvi algo sobre jogar depois dos 40? Posso preparar o contrato de extensão?” – Sorri com as três, sentindo falta dela comigo e respondi.
“Queria que estivesse comigo. Poderíamos falar sobre isso”. – Respondi, suspirando e ela logo respondeu.
“Queria muito, mas eu preciso de um tempo para me recuperar. Minha opinião continua a mesma, mas não vamos falar disso agora. Aproveite seu dia!” – Suspirei.
“Sem você não é a mesma coisa!” – Devolvi.
“Só depende de você mudar isso”. – Ela disse e eu suspirei.
- Andiamo, Gigi! – Angela disse e eu suspirei.
- Sim, vamos! – Falei, guardando o celular no bolso e segui com ela, pegando o prêmio novamente de suas mãos.

Lei
12 de setembro de 2017
- Você é uma burra! – Gianni disse quando abriu a porta e arregalei os olhos.
- Dio migo, Gianni, o que eu fiz? – Entrei atrás dele, fechando a porta e ele seguiu à minha frente.
- Você podia ver o jogo lá em Barcelona, mas preferiu conosco porque não queria ficar perto do Buffon? – Ele falou bravo.
- Gianni! – Fabriziou o repreendeu.
- Eu daria tudo para estar lá! – Gianni disse, me fazendo rir incrédula.
- Não é porque você já tem 18 anos que eu não posso dar uma na sua cara, Gianni! – Fabrizio suspirou.
- Ah, pode e deve! – Fabrizio disse. – Olhe os modos e peça desculpa para sua irmã! – Gianni revirou os olhos. – VAI!
- Desculpa, null. – Ele disse desanimado.
- Meu beijo? – Pedi e ele jogou a cabeça para trás, vindo em minha direção e me deu o beijo. – Ótimo! – Falei, bagunçando seus cabelos.
- Ai, null! – Ele reclamou, me fazendo rir.
- O que é isso? Crise de jovem adulto? – Me aproximei de Fabrizio, deixando minha bolsa no sofá e os sapatos no tapete.
- Ele está irritado que não se conforma por você ter optado por ver o jogo conosco ao invés de ir para Barcelona, ver o jogo de lá. – Fabrizio disse, passando o braço pelos meus ombros e deu um beijo em minha cabeça.
- Você entende, não? – Falei para ele.
- Claro que entendo! – Ele disse firme. – E mesmo se eu não entendesse, a vida é sua, você faz o que quiser da sua vida, filha. – Sorri.
- Grazie, não estou pronta para encará-lo ainda. – Suspirei.
- Não se viram ainda depois da conversa? – Ele perguntou. – Giulia disse que não desceu no jogo contra o Cagliari. – Suspirei.
- Não, eu mandei uma mensagem para ele depois da premiação e eles foram jogar contra o Genoa em Genova, aí teve a pausa internacional e não fui ver Chievo. – Suspirei. – Ele colocou só os reservas em campo para o jogo de hoje. Beh, os reservas e o Mandzukic... – Ele riu fracamente. – Allegri gosta do Mario.
- Até eu que não gosto da Juve preciso dizer que ele é ótimo e tem paixão pelo jogo. – Fabrizio disse. – Agora vem, aceita jantar? – Ele me puxou pelo braço e segui com ele em direção à cozinha.
- Ei! Olha quem chegou! – Tia Gio disse e vi Giulia dando comida para Kawan e os gêmeos encarando a televisão na parede.
- Ciao, famiglia! – Falei, me aproximando deles.
- Decidiu não ir mesmo, querida? – Gio perguntou, me dando um beijo e sorri, retribuindo.
- É melhor assim. – Suspirei. – Vim passar com a minha família querida... – Apoiei a mão no ombro de Gianni, sacudindo-o e ele fez uma careta. – E aí, Giu, como está?
- Aceita dar comida para ele? – Ela disse, visivelmente cansada.
- Ei, amore, não quer comer? – Dei um beijo na cabeça dele que me olhou com a boca suja de algo esverdeado.
- Bu-bu! – Ele balbuciou e eu sorri.
- O que está dando para ele? – Perguntei.
- Melão. – Ela fez uma careta. – Já coloquei um pouquinho de mel e nada.
- Já falei para desistir, filha. Pega uma banana, mamão... Melão não é para ele. – Giovanna disse, me fazendo rir.
- null, aceita pizza? – Fabrizio perguntou.
- Sim, por favor. – Falei e ele virou para trás.
- Vou esquentar um pouco, você demorou. – Ele disse.
- Ah, não precisa! – Abanei a mão.
- Ah, esquenta sim! Que mania de comer comida fria. Parece que não para! – Gio disse, me fazendo rir.
- Não paro. – Falei e ela sorriu.
- Então, como estão as coisas? – Ela perguntou.
- Ah, na mesma. – Suspirei. – Terminamos todas as transferências com o Benedikt Höwedes do Schalke 04, agora só competir. – Falei, suspirando.
- Vinho? – Fabrizio ofereceu.
- Hoje não, tio. Amanhã trabalho normal. – Falei e ele riu fracamente.
- Água, então? – Ele disse. – Ou um refrigerante?
- Água está ótimo. – Sorri, ouvindo o apito do micro-ondas.
- Por que o lindinho ali está emburrado? – Indiquei Gianni com a cabeça.
- Eles perderam um jogo hoje. – Pietro disse rindo.
- E isso é motivo para descontar em todo mundo? – Perguntei, vendo Fabrizio colocar o prato na minha frente. – Grazie.
- Eu perdi o gol do empate, ok?! – Ele disse irritado. – Estava só eu e o goleiro. E eu perdi.
- Ah, Gianni, acontece tanto isso. – Falei, rindo fracamente.
- Nunca tinha acontecido comigo. – Ele disse.
- Ah, e você se acha muito especial para não perder um gol assim? Acho que o último que eu vi foi do Higuaín. – Falei, tombando a cabeça e começando a cortar a pizza.
- Eu tenho direito de ficar chateado, não tenho? – Ele disse.
- Tem sim, mas não de ser grosso com as pessoas por isso. – Fabrizio disse.
- Exato. – Gio disse.
- Você deveria aprender mais com seus ídolos. Mesmo depois disso, ninguém age assim no vestiário, não. – Falei.
- Ah, duvido! – Ele disse e ri fracamente, colocando um pedaço na boca.
- Não. – Falei, mastigando. – Chateado todo mundo fica, mas um apoia o outro e cada um sofre de alguma maneira. Normalmente sozinho. – Falei firme.
- E como você fica com isso? – Ele perguntou.
- Normalmente eu fico chateada por cinco segundos, depois eu me preocupo com meus jogadores. – Falei, suspirando. – Depois de 16 anos com essa relação próxima com jogadores, a gente se preocupa mais com a pessoa do que com resultado. – Olhei para ele, indicando-o com o garfo. – E eu sei o quanto perdemos monetariamente ao perder um jogo importante.
- E você não se importa... – Ele perguntou e dei de ombros.
- Não é uma preocupação que eu tenha, dependendo do valor, afeta renovações ou contratos sim, mas temos ótimos patrocinadores para compensar isso. Em compensação, saúde mental... – Suspirei. – Te custa muito mais e não monetariamente. – Ele assentiu com a cabeça, entendendo o recado.
- Entendi. – Ele suspirou. – Scusi. – Ele disse.
- Está tudo bem, amore. – Falei e ele sorriu. – Cuida da parte mental antes, que perder um gol sozinho com o goleiro vai ser o menor dos seus problemas. – Falei e ele assentiu com a cabeça. Voltei a comer e senti uma mão em meu ombro e vi Fabrizio ao meu lado, assentindo com a cabeça. – Não foi nada. – Falei e ele riu fracamente.
- Beh, eu vou colocar o Kawan para dormir antes que vocês comecem a gritar gol! – Giulia disse, tirando meu afilhado do cadeirão.
- Deixa eu dar um beijinho nele! – Falei, limpando minha boca com o guardanapo.
- Você disse “afilhado”, precisamos marcar o batismo. – Gio disse.
- Que tal no fim do ano? – Giulia me entregou Kawan.
- É uma boa, nas minhas férias seria ideal! – Falei.
- Não é tarde? – Gio perguntou.
- Ah, não tem disso, Gio, com 14 meses ele já vai até entender um pouco mais. – Fabrizio disse.
- Boa noite, mio amore. – Falei, dando um beijo em sua testa e senti ele apertar meu nariz, me fazendo sorrir. – Vou comer essa mão! – Falei com voz infantil, ouvindo-o rir e distribuí vários beijos em sua bochecha, vendo-o se contorcer. – Meu gostoso!
- Vai dar soluço nele! – Gio disse.
- Eu ajudo a passar! – Brinquei, sentindo-o pisar forte em minhas coxas. – Né, meu grandão? – O ergui no ar, beijando sua barriga e ele riu.
- Ele vai chutar seu prato! – Fabrizio disse e ri fracamente.
- Boa noite, amore. – Abaixei-o, dando um beijo em sua bochecha. – Madrinha te ama.
- Ele também te ama. – Giulia disse sorrindo. – Logo volto. – Ela pegou Kawan.
- Vai lá! – Dei um tapa em sua bunda e ela riu.
- Ai! – Sorri. – Dá boa noite para todo mundo! – Giulia mexeu a mãozinha de Kawan e ele sorriu, me fazendo retribuir.
- Ah, esses dentinhos! – Falei, fazendo um bico.
- Boa noite, madrinha, boa noite, padrinhos, boa noite nonno e nonna! – Ela afinou a voz e sorriu. – Até mais, gente!
- Eu vou contigo! – Pietro disse, se levantando e ele passou por mim, me dando um beijo e seguiu Giulia.
- A Giulia já escolheu quem vai ser o padrinho comigo? – Perguntei.
- Eu! – Gianni disse.
- Quais os motivos? Foi sorteio? – Perguntei, voltando a comer.
- Eu sou o mais velho. – Ele falou e eu ri fracamente.
- Beh, então sabemos que quando eu tiver um filho, o Pietro vai ser o padrinho. – Falei e ele ponderou com a cabeça.
- Justo! Mas eu sei que você vai ter mais, então eu serei do segundo! – Ele deu de ombros, me fazendo rir.
- Tomara, maninho. Tomara. – Suspirei.
Enquanto eu terminava de comer o terceiro pedaço de pizza, o jogo começou, me fazendo suspirar. Gigi usava o uniforme alaranjado que eu achava horrível, ele estava bronzeado ainda, então parecia que dava mais destaque, mas ao menos o de linha era muito bonito, ainda mais com nosso logo novo.
Os primeiros 10 minutos de jogo foi calmo, bastante equilibrado, mas aos 12 nós tivemos vantagem sobre o ataque com dois seguidos de Pjanic. Aos 14, no contra-ataque, eles tentaram, mas tudo se manteve equilibrado. Aos 16, Gigi saiu do gol para impedir a aproximação de ataque deles.
- Cheguei! – Giulia disse. – 0x0 ainda?
- Sim! – Falei, suspirando e ela se sentou ao meu lado.
Aos 18 minutos, Matuidi derrubou Iniesta na entrada da área. Na hora da cobrança, Messi bateu, mas bateu na barreira. Suarez tentou o rebote, mas Gigi defendeu. Aos 24, Bentancur tentou, mas Alba tirou. Aos 28, Higuain tentou, mas parou no goleiro.
Aos 33, DeSciglio sentiu a panturrilha após um encontro com Iniesta, mas após atendimento do lado de fora, voltou ao jogo. Aos 38, uma falha de Mattia mesmo, quase dá um gol de brinde para eles, mas Benatia conseguiu tirar a tempo. Estou gostando bastante do Medhi como alternativa para a defesa agora que Leo saiu.
Aos 41, DeSciglio realmente não aguenta e precisa sair, entrando Sturaro em seu lugar. Ao menos está no fim do primeiro tempo. Aos 45, último lance do jogo, Messi conseguiu driblar Benatia e Barza e mandou para o fundo do gol. Pelo o que disse o comentarista, Gigi nunca tinha levado um gol de Messi. E levou agora. Aos 45 do primeiro tempo. Cazzo!
- É, vamos remontar isso, Allegri. – Falei, me levantando para ir ao banheiro.
- Ih, ainda dá tempo. – Fabrizio disse.
- Eu sei. Já volto.
Voltando do banheiro e para o segundo tempo, logo aos 52 minutos, Messi tentou novamente, mas bateu na trave, chegou a ricochetear em Gigi mesmo e saiu. Aos 54, Pjanic faz uma falta em Iniesta, Messi veio pedir por cartão e acabou se ferrando ao levar um cartão por reclamou.
- HÁ! SE FERROU! – Falei, gargalhando e os outros olharam rindo para mim. – Perdoa, gente! Eu não posso fazer isso no camarote.
- Ah, agora está explicado por que gosta tanto de ver com a gente.
- Aqui eu realmente aproveito, lá eu fico internalizando tudo. – Eles riram.
- Fique à vontade! – Fabrizio disse sorrindo.
Aos 56, Messi se aproximou de novo. Ele fez o chute, mas Sturaro conseguiu tirar da linha, mas infelizmente a bola veio para frente e Raktic fez o rebote, deixando 2x0, me fazendo soltar um longo suspiro.
- Calma, null. Respira! – Fabrizio disse, me abraçando de lado.
- Está tudo bem!
Aos 60, Barza levou um cartão ao segurar Dembélé e eu ainda ria de como ele parecia uma criança de cinco anos reclamando de algo. Na cobrança, Gigi defendeu. Aos 63, Bernardeschi entrou no lugar de Bentancur e logo tentou um gol, mas a bola subiu demais. Aos 70, outro gol de Messi, me fazendo suspirar. Agora seria difícil recuperar, precisava esperar o jogo de volta.
- É, acho que não está tudo bem mais. – Fabrizio disse.
- Você deve estar adorando. – Falei para ele.
- Ah, não! Eu gosto de te ver feliz. – Ele abanou a mão.
Aos 76, Fede tentou novamente, mas o goleiro defendeu. Aos 79, Suarez conseguiu fazer o quarto gol, mas estava impedido. Não que melhore muito, pois são quatro gols, mas ao menos reduz um. Aos 81, Ter Stegen defendeu uma bola de Dybala e, logo em seguida, Benatia tentou, mas Piqué tirou em cima da linha. Aos 82, Fede tentou, mas o goleiro pegou.
Os últimos oito minutos e dois de acréscimos não tiveram lances relevantes, acabando o jogo assim. Uma ótima estreia do Barcelona e uma péssima nossa, mas era só o primeiro jogo, ainda tinha muito o que fazer. Só ficava bem por ver Gigi sorrindo ao abraçar Piqué, Ter Stegen e outros.
- Vê, Gianni? – Falei para ele. – Eu posso te dizer com todas as palavras que o Gigi não está nada feliz com esse jogo, mas ele está aí. Agindo da mesma forma como se tivesse ganhado.
- Mas ele não era assim com 18 anos. – Ele disse.
- Não! – Falei, suspirando. – Já vi os jogos antigos dele e posso garantir que ele se emburrava muito, falava e fazia muita besteira, mas é assim que você evolui.
- E o que ele faz longe das câmeras? – Ele perguntou.
- Sofre sozinho. – Suspirei. – Ser o capitão não ajuda muito, mas se você aprende cada dia mais, você evolui também.
- Valeu, null. – Ele disse e sorri, piscando para ele.
- Beh, gente, licença. – Me levantei da mesa.
- Onde vai? – Eles perguntaram.
- Pegar meu celular! – Falei.
- Ah! – Eles disseram.
- Dorme aqui hoje? – Giulia perguntou enquanto eu andava até a sala.
- Aceito, mas já aviso que não aguento tanto, já estou com sono. – Peguei meu celular, abrindo as mensagens.
- Tudo bem, eu também. – Ri fracamente e abri a conversa com Gigi.
“É só o primeiro, um pequeno aquecimento para vocês!” – Enviei, suspirando, sabendo que ele demoraria um pouco mais para responder e que eu, provavelmente, já estaria dormindo quando ele voltasse.
- Você não dormiria tão cedo se estivesse em Barcelona, não é? – Pietro perguntou.
- Não! – Falei rindo. – E poder dormir cedo, com o meu posto, é um milagre! – Falei e eles riram.
- Beh, vamos lá para cima, que eu já quero dormir. – Fabrizio disse e peguei minha bolsa e sapatos.
- Eu quero tomar um banho ainda. – Falei.
- Vai subindo! – Giulia disse. – Eu ajeito sua cama.
- Ah, que amor de pessoa. – Abracei-a pelos ombros que riu.
- Mas se o Kawan acordar no meio da noite...
- Não me importo, não se preocupe! – Abanei a mão.
- Pode dormir comigo se quiser. – Pietro disse.
- Está tudo bem, amore. Aproveito e já pratico quando for o meu. – Sorri.

Lui
17 de setembro de 2017
- Ah, finalmente! – Desci do ônibus, esticando as costas.
- Jogo ao meio-dia é para ser melhor, mas parece que judia mais da gente. – Chiello disse, saindo logo atrás de mim.
- É o sol, né?! – Barza disse e fomos juntos até o bagageiro.
- Isso que teve sombra por boa parte do jogo. – Falei, pegando minha mala. – Grazie! – Acenei para o motorista.
- Ao menos ganhamos e sem muitos problemas. – Chiello disse.
- Eu levei um gol, né?! – Falei.
- Ah, só um, Gigione! – Pinso me puxou pelo pescoço, me fazendo sentir, rindo em seguida.
- É, ao menos seu julgamento não está comprometido. – Allegri disse.
- É, ao menos nisso eu estou conseguindo focar. – Suspirei. – E o Paulino fez o trabalho sujo para gente! – Falei e ele riu fracamente.
- Grazie! Grazie! – Dybala disse rindo. – Ci vediamo domani? – Ele perguntou.
- Sì, sì. Ciao, ciao, ragazzi! – Falei, acenando para o pessoal.
- Não se esqueçam da sessão de fotos amanhã! – Pavel gritou e respondemos com polegares positivos.
- Espero ver a null amanhã. – Suspirei. – Ela não vai mais em jogos fora, não desce nos locais, só vejo que ela foi que a Giulia está postando bastante.
- Stalkeando a null, Gigi? – Barza disse e ri fracamente.
- Só quero ver se ela está bem, e ela fica com sua família. – Suspirei. – Pelo menos parece.
- Enfim, quais os planos para o fim de domingo? – Barza perguntou enquanto andávamos pelo estacionamento de Vinovo.
- Vou ficar com a Carol e com a Nina. Aproveitar o que resta. – Chiello suspirou.
- Eu vou para casa, ficar 10 minutos encarando a casa de null e ir para casa passar o tempo. – Suspirei.
- E seus filhos? – Barza perguntou.
- Vou vê-los no meio da semana. – Suspirei. – E o Leo eu não sei.
- Está tudo bem? – Chiello perguntou.
- Ver o Leo implica em ver e dar explicações para Ilaria, mas eu cansei de fingir e preciso ver como finalizar tudo. – Suspirei. – Estou arranjando desculpas para não ir vê-la.
- Você percebe que está se enfiando em um amaranhado cada vez maior? – Barza disse.
- Eu sei, eu só preciso me organizar. – Suspirei. – Hoje foi um bom jogo, aproveitar esse clima, amanhã eu vejo a null, ao menos renova minhas esperanças.
- Você que sabe, cara, mas fica bem, ok?! – Chiello deu dois tapinhas em meus ombros.
- Eu sei, eu vou ficar. – Suspirei. – No fim disso. – Eles riram.
- Se cuidem, gente! – Barza disse.
- Ciao, ciao! – Falei, pegando a chave no bolso do paletó e destravei o alarme do carro.
Entrei no mesmo, deixando minha mochila no banco de trás e liguei o carro, esperando um pouco o fluxo de veículos diminuir antes de sair da minha vaga. Segui para fora de Vinovo, dirigindo em direção à minha casa. Quando cheguei na rua de casa, como era de praxe, parei na frente da casa de null. O local parecia como das outras vezes, fechado e deserto, era esperado. Ela estava ficando muito na casa de Giulia ou sei lá onde Giulia estava morando. Fazia muito tempo que não nos encontrávamos e, tirando a mensagem após o desastre contra o Barcelona, não nos vimos mais.
Coloquei o carro para frente novamente e desci as outras casas até chegar em casa. Entrei na garagem fechando a mesma e peguei a mochila antes de sair do carro. Segui pela porta dos fundos, destravando-a e entrei na cozinha. Larguei as chaves em cima da bancada e atravessei a cozinha em direção às escadas.
- Não vai dizer oi?
- AH! – Me assustei, apoiando a mão no peito e virei o rosto para Ilaria, vendo-a sentada na minha sala. – Cazzo! Precisava fazer isso?
- A intenção não era te assustar, mas você não me viu, então... – Ela se levantou. – Na verdade, não tem me visto faz tempo.
- Eu disse que estou ocupado com as coisas do time, Ilaria. – Falei, deixando minha mochila no chão
- Sério? São oito da noite, você está chegando do time, o que ia fazer? – Ela perguntou, se aproximando de mim.
- Tomar um banho, descansar... Eu não sei. – Falei.
- Não pensou em ligar para mim? Ver o seu filho? – Suspirei.
- Sim, pensei, mas não estou com cabeça para isso agora. – Suspirei e ela franziu os olhos.
- Por quê? O que aconteceu? Você está tão distante ultimamente. – Ela disse.
- Eu sei! – Suspirei. – Eu só... – Olhei para ela. – Quer sabe? Deixa quieto. Eu não consigo lidar com isso agora. – Abanei a não, seguindo em direção as escadas.
- Lidar com o quê? – Ela perguntou firme. – Fala comigo, Gigi. O que está acontecendo? Cansou de mim? É isso? Desistiu? – Suspirei forte, virando para ela.
- Sim, Ilaria, eu cansei! – Falei firme, olhando para ela. – Eu queria tratar isso de uma forma um pouco melhor, com calma e tentar não te machucar, mas eu cansei, Ilaria! Eu não posso mais fazer isso.
- Não pode mais fazer o quê? – Ela perguntou alto e suspirei. – De repente você aparece um dia e cansou? É isso que eu sou para você?
- Você é um erro, Ilaria! – Falei firme e suspirei logo em seguida. – Me desculpe falar isso, mas... – Engoli em seco. – Nossa história foi um erro, Ilaria. Não deveria ter nem começado. – Dei de ombros. – Eu estou tentando te falar isso há anos, mas não era para isso ter acontecido. – Suspirei.
- O que está dizendo? Que nossa história é um erro? Seu filho é um erro? – Ela perguntou alto.
- Por mais idiota e puttano que eu esteja sendo, sim! – Bufei. – Todos os meus filhos são um erro, porque eu nunca fiz nada por mim! – Passei a mão nos cabelos. – Eu sempre fiz coisas para agradar aos outros, nunca para me agradar. Eu sou um homem de quase 40 anos que nunca fiz nada por mim. Fiz meus erros, precisei pagar por eles e, para isso, eu neguei minha felicidade. – Suspirei.
- O que você quer, Gigi? – Ela perguntou com a voz mais calma.
- Honestamente? – Perguntei.
- Seria a primeira vez, não? – Ela disse, rindo sarcasticamente. Era difícil ler seu rosto, ela parecia séria e bastante relaxada, diferente de como achei que seria.
- Eu quero ser feliz, Ilaria. – Suspirei. – Quero finalmente ficar com a mulher que eu amo. – Suspirei. – Ser um bom pai, cumprir meus deveres de sempre, mas ser feliz aqui... – Levei a mão até o peito. – Desculpe dizer isso, mas eu não sou feliz. – Suspirei. – E eu acho nossa relação tão estranha, que não é possível que você ache isso completamente normal.
- É claro que eu não acho normal! – Ela disse rindo. – Meu namorado viver distante? Ficar um mês sem me ver, ignorar minhas mensagens, ser totalmente apático nas férias, me beijando como se estivesse fazendo um favor para mim... Não é normal mesmo! – Ela disse forte.
- Eu queria conversar contigo mais calmo, mas eu não sabia como você se sentia e... – Neguei com a cabeça. – Desculpa. Não era para ser assim. Eu deveria ter me mantido mais calmo. – Tentei segurar sua mão, mas ela a puxou.
- Quem é ela? – Ela olhou para mim.
- Quem? – Perguntei.
- A mulher da sua vida? – Ela disse sarcasticamente.
- Não vem ao caso agora. – Suspirei. – Eu só quero terminar tudo contigo e...
- É a null? – Ergui o olhar para ela. – É óbvio que sim... – Ela disse rindo fracamente.
- Como você sabe disso? – Perguntei.
- Sei o quê? Que vocês dois possuem uma relação bem longa? – Ela perguntou, começando a andar pela sala. – Que vocês possuem uma relação bem conturbada há anos? Que vocês se conhecem há 16 anos, não é mesmo? – Ela começou a me rodear. – Que vocês já namoraram, por algum motivo terminaram e nunca se esqueceram? – Ela disse rindo. – Que o time, os vestiários e hotéis são os momentos de segredos de vocês? Quem diria? Gianluigi Buffon e a diretora do departamento de contabilidade... – Sua voz era ácida e sarcástica.
- Como você sabe disso? – Repeti a pergunta.
- Não é preciso ser muito esperto para saber disso. – Ela riu. – A relação especial que vocês têm não podia ser só amizade, não é? O amor de seus filhos por ela, da sua mãe, das suas irmãs... – Ela voltou a se colocar na minha frente. – Eu encontrar vocês coincidentemente no mesmo lugar? No hotel em Forte? – Ela gargalhou. – Ah, Gigi, você acha que eu sou idiota, não é mesmo? Que eu não percebo os olhares dela para você quando está comigo? Da mágoa e raiva no olhar dela? Ou o seu! – Ela gargalhou. – Sempre babando por ela como se ela fosse a pessoa mais especial de todas.
- O que está dizendo, Ilaria? – Perguntei, cansado do seu papinho.
- Eu? – Ela riu fracamente. – Ah, nada! – Ela abanou a mão. – Agora posso te garantir que a imprensa vai adorar saber dessa sua relação extraconjugal. Outra, né?! – Ela riu fracamente. – Porque você e ela possuem algo há anos, mas eu fui a única que fui execrada por isso. Imagina o que eles vão pensar quando descobrirem? – Ela gargalhou alto. – Imagino que tenha mais também.
- Não fale o que você não sabe, Ilaria. – Falei firme. – Eu só fiquei contigo, porque eu não estava com ela.
- Ela estava com Barza, né?! – Ela disse. – As notícias voam entre as namoradas, mas o Barza não é você! Ele termina com seus relacionamentos antes de começar outro! E ela é fiel, pelo menos! Não teria graça para a imprensa! – Ela abanou a não. – Engraçado. Ela, uma pessoa que largou o grande amor para ficar com o melhor amigo dele, e ainda foi fiel a ele quando o primeiro mais precisou. Uau! A ironia da vida, não é mesmo? – Ela negou com a cabeça.
- O que está fazendo, Ilaria? O que você quer com tudo isso? – Perguntei.
- Eu? Ah, nada! – Ela abanou a mão. – Por que eu queria estragar mais ainda a sua reputação? Um jogador de quase 40 anos, fim de carreira, apaixonado como um jovem de 17 anos. Capaz de as pessoas acharem até poético. Elas acreditam em qualquer besteira mesmo. – Ela negou com a cabeça. – Mas imagina o que eles podem pensar sobre o passado da diretora de contabilidade?
- Você não se atreveria...
- Ah, mas não é do meu interesse, mas sim interesse do futebol italiano, é claro! – Ela riu. – A mulher mais importante do futebol italiano, vem de uma família de traficantes de drogas. – Ela disse séria.
- Como você sabe disso? – Perguntei.
- Eu tenho minhas fontes. – Ela disse. – E elas vêm direto de Napoli. Sabe, não foi muito esperto da parte dela permanecer com o sobrenome null. O pai era um irrelevante, agora a mãe... Isso é bem interessante. – Ela gargalhou. – Aposto que o conselho e acionistas repensariam sobre a posição dela. Quem vai garantir que ela não está tirando o dela por fora, não é mesmo?
- A null não é assim! – Falei firme.
- Uau! Você ainda a protege? – Ela disse rindo.
- Diferente de você, ela esteve comigo em todos os momentos! Bons ou maus! Juntos ou separados! – Falei firme. – Me conheceu sem saber quem eu era, sem saber quem eu me tornaria, mas acreditou em mim. – Suspirei. – Ela crescer nesse time foi mérito dela, ela nunca precisou de ninguém para escalar, como você fez. – Engoli em seco. – Ela nunca precisou dos meus contatos para alguma promoção, ela teve tudo por...
- Sorte! Eu sei! – Ela riu fracamente. – Mas aposto que escondeu isso de todo mundo.
- Aposto que suas fontes não te contaram que ela não tem relação com seus familiares mais! – Falei firme. – Que ela negou essa vida para si e para o mundo, precisou fugir de casa e...
- Ah, mas isso não importa para mim, mas os acionistas sim! – Ela disse rindo. – E aposto que a imprensa também vai amar saber do seu caso com ela que acontece há quantos anos? – Ela perguntou e pressionei os lábios para não responder. – 2006, não é? – Ela riu. – Pelo menos é o que diz a foto que você tem na sua carteira.
- VOCÊ MEXEU NAS MINHAS COISAS? – Perguntei alto.
- Você é louco por ela, Gigi. Um idiota apaixonado. Não vê o que está bem em sua frente. – Suspirei.
- O que você quer? – Perguntei.
- Como assim? – Ela foi cínica. – Não quero nada, não.
- Ah, não? – Ri fracamente. – Porque isso parece chantagem para mim.
- Ah, não, eu nunca faria isso! – Ela abanou a mão.
- Para de ser cínica, Ilaria! O que você quer? – Falei firme.
- Nada! As coisas vão ficar exatamente como estão.
- Como assim? – Franzi a testa.
- Você e ela podem fazer o que quiserem que eu não me importo, por sinal, adoro esse joguinho seus de serem discretos. – Ela abanou a mão.
- Mas...? – Perguntei.
- Mas eu e você continuaremos um casal na frente da mídia. – Ela acariciou meu rosto e eu virei-o para o lado contrário. – Você vai andar comigo de mãos dadas, sorrir para mim, me beijar em frente às câmeras, me levar para andar de iate, me levar para as festas e eventos, igual já é! Mas dessa vez você não precisa fugir de mim quando estivermos longe, porque eu não ligo. – Ela abanou a mão.
- E o que você ganha isso? – Perguntei, impossível de esconder o nojo na voz.
- Apesar da sua idade, você ainda é bastante influente no mundo do futebol e os Agnelli são os Kennedy da Itália, é ótimo ter uma relação com eles. – Ela disse.
- Então, é isso o que você quer? Contatos?
- É claro! O que mais uma jornalista vai querer? – Ela riu fracamente.
- E se não? – Perguntei. – Se eu não quiser nada disso?
- Não se esqueça que ainda temos um filho, Gigi! – Bufei.
- O que você vai fazer com ele? – Perguntei firme.
- Com ele? Nada! – Ela gargalhou. – Mas eu posso falar que você me bateu e conseguir uma ordem de restrição contra você! – Ela disse rindo. – Ele não teria contato contigo até ter idade o suficiente para fazer as suas escolhas, mas até lá ele não vai se lembrar do papaizinho dele. – Ri fracamente.
- Minhas suspeitas sobre você estavam certas demais! – Falei quase em um rosno. – Podia te chamar de bruxa, mas você é uma bela de uma puttana! – Falei firme. – E narcisista, é claro! Interesseira, baixa, egocêntrica.
- Ah, Gigi, que bonitinho! Achando que me atinge?
- Nem um meteoro te atinge! – Falei firme. – null estava certa em querer se manter distância, jornalistas não tem amigos, eles têm fontes.
- Demorou para aprender! – Ela disse rindo, tocando meu queixo. – Enquanto você for relevante aqui na Itália, carino, eu estarei contigo! – Repuxei o rosto, vendo-a se afastar.
- Some daqui! – Falei firme, ela disse rindo.
- Ah, e uma última coisa! – Ela disse. – Se você contar para ela que eu sei disso, tem uma reportagem sobre isso prontinha para ser divulgada. É só eu avisar. – Ela sorriu. – Ciao, ciao! – Ela falou, saindo da sala e batendo a porta.
O barulho da porta fez a adrenalina em meu corpo cair e eu senti meu corpo cair no chão, deixando minha respiração mais forte. As lágrimas brotaram em meus olhos e eu não conseguia acreditar que toda minha desconfiança tinha se tornado verdade, e pior do que eu esperava.
Eu queria quebrar ela, queria enfiar a mão na cara dela e esfregar a cara dela no asfalto, mas eu não podia, também gostaria de sair quebrando tudo, pois eu precisava limpar. Não! Eu precisava manter a cabeça fria e tentar me livrar disso de alguma forma. Peguei minha mochila, sentindo as mãos tremerem e peguei o celular, discando o primeiro número que vi, ouvindo-o tocar insistentemente.
- Fala, Gigi! Mudou de ideia? – Barza perguntou.
- Barza, pega o Chiello e vem aqui para casa agora! É urgente! – Falei firme.
- O que foi, Gigi? Algo aconteceu? – Ele perguntou assustado.
- Sim, aconteceu e eu preciso de ajuda.
- Está tudo bem? Alguém está ferido? – Ele perguntou agitado.
- Não! – Suspirei. – Ainda não.


Capitolo novantatre

Lei
18 de setembro de 2017
- Ok, null, respira. É só uma foto. – Suspirei, ajeitando meu cabelo que escapava do rabo-de-cavalo. – Você vai, desce, tira a foto e volta. Está tudo bem... – Suspirei, apertando minhas mãos fortemente. – Você não vai ficar com ele sozinho em nenhum momento, terão muitas pessoas lá... – Suspirei.
- null? – Virei para a porta, vendo Sandra, assistente de Agnelli, entrar.
- Oi!
- Eles estão descendo. – Suspirei.
- Já estou indo, obrigada. – Ela assentiu a cabeça antes de sair da porta.
Me olhei no espelho e respirei fundo. Peguei o batom em cima da mesa e passei nos lábios, pressionando-os levemente e tirei o excesso nas laterais, passando o indicador sujo na palma da mão, esfregando-a até sumir. Ajeitei a barra do vestido tradicionalmente preto e suspirei.
- Vamos lá.
Saí da sala, acenando para Sandra e andei até o outro lado do prédio, vendo as janelas dos dois lados deixarem a luz do sol entrar e suspirei. Esse prédio tinha ficado sensacional. Parei na nova área da contabilidade, estilo aquelas agências de marketing atual, e dei dois toques.
- Precisam de alguma coisa?
- Ei, null! – Eles disseram.
- Não, tudo ok para mim! – Sara disse.
- Aqui também. – Enrico disse.
- Sem problemas! – Miguel falou.
- Perfeito, eu vou descer as fotos oficiais, logo volto. – Falei.
- Vai lá! – Eles disseram e acenei, dando uma rápida olhada para os estagiários antes de seguir novamente.
Segui pelas escadas, descendo os três lances que davam para o térreo e passei por trás das escadas para seguir pelo prédio. Respirei fundo antes de empurrar as portas do novo prédio administrativo.
O circo já estava montado. Fotógrafos, jogadores, staff, administrativo, todo mundo estava lá. Alguns ainda chegavam do prédio lateral, onde eles deveriam ter deixado preparado para se trocar e sorri. Era bom ver meus meninos lindos de ternos.
- Fala, chefa! – Juan disse e sorri, me aproximando dele, Bentacur, Douglas e Dybala.
- Vocês estão bonitos.
- São seus olhos, chefa! – Paulo disse, me fazendo rir.
- Você também! – Eles falaram e eu sorri, cumprimentando um a um antes de seguir caminhando pelo local.
- Chefa! – Sorri para Mario.
- Fala, chefa! – Khedira, Lich e Pjanic estavam com ele.
- Tudo bem, gente? – Sorri, cumprimentando os três. – Até parece que vocês ficam melhor com esse terno do que com o uniforme. – Eles riram.
- Não gosta dos uniformes novos? – Sami perguntou.
- O primeiro sim, agora os outros? – Fiz uma careta e eles rirem antes de eu seguir meu caminho.
- Sempre incrível, né, chefa? – Benatia falou e sorri, apoiando as mãos em seus ombros antes de dar um beijo em sua bochecha.
- Agradeço muito! – Sorri e cumprimentei Asa e Alex Sandro. – Vocês estão ótimos também. – Eles sorriram.
- Ei, chefa! – Pinso sorri e andei até ele, Tek e o quarto goleiro da Sub-23, Del Favaro.
- Ciao, ragazzi. – Cumprimentei ambos. – Como estão?
- Bem, bem! – Eles sorriram.
- Você está ótima. – Pinsoglio disse e sorri.
- Grazie. Vocês dois também. – Acenei para eles que sorriram. – Está faltando um de vocês, não?
- Sim, ele não vem! – Tek disse e franzi a testa.
- Como assim?
- Não sabemos, mas ele não vem. – Pinso disse.
- Estranho... – Dei de ombros. – Enfim, até mais gente.
- Até, chefa! – Eles disseram e procurei meu grupo de italianos fofoqueiros para me falar onde estava Gigi. Era a foto oficial do time, como assim ele não veio? Andei acenando para alguns outros grupinhos que eu tinha menos afinidade, até chegar em Chiello e Barza.
- Ei, chefa! – Chiello disse sorridente e abracei-o.
- Ciao, ragazzi. – Falei, recebendo um beijo e depois fui para Barza que sorria.
- Como você está?
- Tudo bem e com vocês? – Cumprimentei Claudio, depois Sturaro e, por fim, Bernardeschi.
- Tudo bem! – Eles disseram meio juntos e sorri.
- Você está bonita, chefa! – Sturaro disse e sorri, bagunçando seus cabelos.
- Lindinho. – Falei, fazendo os outros rirem. – Posso falar com... – Indiquei Chiello e Barza que indicaram seus peitos. – É! – Falei firme.
- Hum, claro! – Eles se entreolharam, andando próximo de mim. Parei no meio do caminho para abraçar Claudio, o treinador de goleiros.
- Você está linda! – Sorri.
- Grazie, você também! – Ele sorriu e parei logo depois com os dois.
- Devemos esperar bomba? – Chiello perguntou e Barza cruzou os braços.
- Não, não devem, só quero saber onde está Gigi. – Falei, erguendo as mãos em sinal de rendição.
- Ah, ele ligou agora pouco, não vai conseguir vir. – Barza disse.
- Por quê? Isso está marcado faz um mês. – Estendi as mãos.
- Ah, não foi nada. – Chiello disse.
- Ele... – Eles falaram juntos.
- Ele teve que levar o Leo... – Chiello o cutucou. – O Louis! Para o médico. Ele passou mal ontem à noite. Está preso com o menino até agora. – Barza finalizou.
- Você poderia mentir melhor, Barza. – Falei.
- Eu não estou mentindo! Liga para ele. Ele vai te confirmar, está até agora com o Louis. – Ele disse.
- E o que o Lou tem? – Cruzei os braços, olhando para ele.
- Dor de barriga, vômito, acham que é uma virose. – Chiello disse e mudei meu olhar para ele.
- Crianças, né?! Você sabe! – Barza disse e olhei para ambos.
- Vocês estão mentindo para mim. – Apontei para ambos. – E se estiverem acobertando-o, eu mato vocês dois junto com ele, entenderam?
- Não estamos mentindo, null! Relaxa! Fala com ele. Allegri e Pavel já estão sabendo. – Chiello disse.
- Não vou falar com ele, vocês sabem disso! – Falei, abanando sua mão.
- Então, não enche o saco! – Barza disse e revirei os olhos.
- Me respeita, Barza! – Falei firme.
- Só estou falando, null. E você podia voltar a ir aos jogos, não acha? Ele está incrivelmente tristinho sem você.
- Todos nós. – Chiello disse e revirei os olhos.
- Eu preciso de tempo, ok?! – Falei firme. – Não superei ainda e eu sei que sou uma idiota por ele, vou voltar assim... – Estalei os dedos. – Se ficar perto dele, mas não posso. Preciso ser forte e me valorizar um pouco. – Eles assentiram com a cabeça. – Mas quero entender como vamos tirar uma foto do time sem ele. – Falei firme.
- Já ouviu falar em Photohop? – Chiello disse. – Pegaram um garoto da Sub-23, depois vão trocar a cara dele. Está fácil, vai. – Ele deu de ombros.
- Quem? – Perguntei.
- Aquele ali... – Ele indicou um garoto que se aproximou dos goleiros agora e vi que era o Del Favaro.
- Nossa! Não é nada parecido com o Gigi. – Suspirei.
- Ah, é sim, exclui o rosto. – Tentei fechar um olho e olhar somente para o corpo do garoto que não deveria ter mais do que 20 anos.
- É, não! – Bufei. – Mas isso não é problema meu. – Abanei a mão, dando alguns passos.
- Ei! – Barza disse e voltei.
- O quê? – Perguntei.
- Não tem nenhuma observação sobre jogos? Quer saber da gente? Algo assim? – Ele disse.
- Tirando o jogo da Champions, vocês não perderam nenhum, estão em segundo na tabela só por saldo de gols... – Dei de ombros. – Não tenho o que falar. Mas vocês estão bem?
- Sim, estamos. – Eles falaram desanimados.
- Ótimo. – Sorri.
- Sua atenção é de dar inveja. – Barza disse e ri fracamente.
- Desculpa, eu estou em estado iminente de nervosismo quando eu vou encontrar com ele, mas hoje eu não encontrei, então... – Dei de ombros.
- Relaxa, null. Vai tudo ficar bem. – Chiello apertou meus ombros, me abraçando para perto de si.
- É, claro. – Falei ironicamente. – Porque já faz um mês que briguei com ele e vemos quantas novidades tivemos. – Dei um sorriso falo e eles se entreolharam.
- Vai tudo ficar bem. – Eles repetiram juntos e abanei a mão.
- Ah, eu vou ficar com o Dybala, ao menos ele não mente para mim. – Abanei a mão e me afastei, ouvindo alguns cochichos quando me afastei.
- Temos todos aqui? Vamos juntar o time primeiro! – O fotógrafo chamou e eu suspirei.
Gigi estava com Lou no hospital? Me parecia uma bela de uma mentira e, se eles precisassem mentir, eu já podia esperar com quem ele estava e não me interessava. Em compensação, se parte disso fosse verdade, queria saber como Lou estava. Peguei o celular no bolso do vestido e abri as mensagens.
“Ei, Gigi. Não veio na sessão de fotos? Meninos falaram que o Lou está ruim, o que aconteceu? Manda um beijo para ele”.
Enviei e esperei alguns minutos por uma resposta, mas não veio. E isso não ajudou nenhum pouco nas minhas dúvidas. Nem que ele estava com Lou e nem que ele estava com ela. Ótimo!

Lui
23 de setembro de 2017
Desliguei o chuveiro, puxando a toalha e passei-a no rosto antes de abrir a porta. Passei a toalha em minhas costas e saí do box. Calcei os chinelos e passei a toalha melhor pelo corpo e enrolei a toalha na cintura, seguindo para a pia, ficando ao lado de Barza.
- Ei, cara. – Ele disse.
- Ei. – Peguei minha necessaire.
- A gente não conseguiu conversar antes do jogo. – Ele disse. – Está melhor? – Suspirei.
- Eu não sei se eu consigo ficar melhor, cara. Eu levei uma facada nas costas. – Neguei com a cabeça. – De pensar que eu sempre tive certo medo dela e... Se concretizou.
- Se você sempre teve esse medo, por que se envolveu com ela? – Chiello perguntou.
- Eu não estava pensando com a cabeça de cima. – Rimos juntos. – Eu estava bravo com a null e fiz merda, e fui me afundando até não conseguir mais, porque o sexo me fazia esquecer dela por poucos minutos.
- Ela perguntou de você na sessão de fotos. – Ele disse, passando as mãos nas bochechas.
- Ela me mandou mensagem. Valeu por me acobertar. – Suspirei.
- Sempre que precisar, cara, mas ainda acho que deveria falar com ela. – Ele disse.
- Eu não posso, cara. Você não percebe que nem você sabe esse segredo dela? – Suspirei. – Ela contou para mim há muitos anos e em um momento só nosso, sabe? Não posso chegar nela, agora, e perguntar sobre isso.
- Mas não pode ser tão ruim, pode? – Ele se virou para mim e eu suspirei.
- É algo sobre a vida dela, a vida que ela tanto quer esquecer em Nápoles.
- Oh! Então é ruim. – Assenti com a cabeça.
- Eu preciso saber como me livrar disso, mas parece que eu não consigo pensar direito e ela longe de mim... – Engoli em seco, vendo Bernardeschi saindo do box e suspirei, passando as mãos nos cabelos, tirando excesso de água. – Ela longe de mim me deixa fora de foco.
- Fala com ela, encontra com ela, ao menos para conversar, sei lá...
- Eu não posso pedir isso para ela, especialmente porque ela está certa e isso me fez acordar. Agora eu preciso fazer tudo certo. – Suspirei.
- Eu e o Chiello estamos pensando em algo. – Ele disse. – A gente vai encontrar. A prioridade é seu filho. – Assenti com a cabeça.
- Os dois, na verdade. Não quero perder contato com Leo, mas não quero a null envolvida nisso.
- A gente vai dar um jeito. – Ele disse.
- Eu vou lá, a gente se vê?
- Claro! Tem treino segunda para Champions. – Assenti com a cabeça, cumprimentando-o rapidamente.
- A gente se fala. – Falei e saí para fora do banheiro.
Olhei para o top quatro que estava na sala de fisioterapia e suspirei, sentindo falta de null entre eles. Entrei de volta no vestiário, indo até minha parte e tirei a toalha. Vesti a cueca e passei a toalha melhor no corpo, tirando o excesso de água. Vesti a calça do terno e coloquei a camisa social por cima, enfiando a barra dentro da cueca antes de fechar a calça.
Fechei os botões em seguida, ajeitando a calça na parte de trás e peguei a gravata. Olhei para ela por alguns segundos e enfiei-a de volta na mochila. Juntei as coisas espalhadas dentro da bolsa e peguei minhas chuteiras, deixando-as em cima do móvel.
- Ciao, ragazzi! – Mira gritou.
- Ciao, ciao! – Gritei de volta para Pjanic.
Guardei minhas luvas dentro da mochila e fechei-a. Me sentei novamente, colocando as meias e o tênis de corrida e me levantei, ajeitando as pregas que se formaram nos joelhos. Passei as mãos nos cabelos, ajeitando-os para o lado enquanto olhava no espelho e suspirei. Peguei o uniforme, segunda pele, meias e joelheiras e deixei no cesto de descarte e levei a toalha para outro. Voltei para meu lugar, coloquei a mochila nas costas e peguei o paletó.
- Ciao, ragazzi! – Falei.
- Ciao, Gigi. – Eles gritaram e toquei a mão na de Mario que ficava ao meu lado e Chiello e Barza me olharam.
- Qualquer coisa me liga! – Chiello disse e abracei-o rapidamente.
- Pode deixar, vou para casa dormir, amanhã vejo meus filhos. – Falei.
- Fica bem. – Ele disse e acenei com a cabeça.
Saí pelo outro lado, andando pelo longo corredor que tinha ali. Ao invés de sair pelo túnel e dar uma volta maior, aqui já saía na entrada do estádio que já deveria estar vazia após o fim do jogo. Mesmo se estivesse, já passava da meia-noite. Tínhamos vencido do Torino de 4x0 hoje em um jogo realmente interessante e com pouco desafio para mim, mas foi bom ocupar a cabeça.
- Foi lindo, Mira! – Arregalei os olhos ao ouvir uma voz conhecida.
- Você já viu? – Pjanic perguntou.
- Claro que já! – A voz disse rindo e terminei de subir as escadas, encontrando null ali com Pjanic, sua esposa e seu filho Edin. – Sempre que eles fazem alguma gravação, eles me mandam. – Ela abanou a mão.
- Ah, foi ótimo! – Mira disse. – Fiquei com medo de que ele fosse ficar nervoso por causa das câmeras, mas...
- Não, ficou incrível! – null sorria para ambos. – N'est-ce pas, mon amour?null mudou a língua para falar com Edin e ele escondeu o rosto.
- Até parece que é envergonhado! – Pjanic disse rindo. – Grazie, chefa! Precisa de carona?
- Ah, não, estou logo indo também, só resolvendo uns problemas. – Ela sacudiu o celular. – Boa noite para vocês. – Ela cumprimentou a esposa de Mira.
- Ciao, ciao! – Ele disse saindo.
null voltou a olhar para o celular e se sentou no braço de um dos sofás que ficava naquele hall de entrada, sacudindo os saltos para fora do calcanhar. Ela mexeu alguma coisa no celular e colocou na orelha mais uma vez.
- Ciao, Gigi! – Me assustei com Dybala atrás de mim, sentindo seu tapinha em minhas costas logo em seguida e o rosto de null se virou para trás, me encontrando. – Opa!
- Discreto sempre. – Falei e ele riu fracamente.
- Scusi! – Ele faz uma careta. – Ciao... – Ele sussurrou.
- Ciao! – Falei e ele riu fracamente.
- Ciao, chefa! – Ele foi saltitante até null e era incrível como eu podia ver várias similaridades entre ele e a Manu.
- Ciao, Paulo! – Ela se levantou e abraçou-o rapidamente. – Belos gols.
- Grazie! – Ele sorriu. – Saudade de você.
- Muita coisa. – Ela disse.
- Não some! – Ele deu um beijo em sua bochecha e ela empurrou-o pelas costas.
Ela acompanhou Paulo sair pela porta e virou o rosto para mim. Respirei fundo, sabendo que precisava me aproximar e ela deu um curto sorriso. Finalmente deixei que meus pés voltassem a andar e apertei as mãos nas alças da mochila para ir até ela.
- Ei. – Ela disse antes.
- Ciao. – Falei sorrindo.
- Não sabia que estava aqui.
- Se soubesse, teria ido embora antes? – Ela pressionou os lábios.
- Gigi...
- Desculpa! – Ergui as mãos em rendição. – Não quis dizer isso... Bom te ver.
- Bom te ver também. – Ela sorriu. – Está tudo bem?
- É... – Ponderei com a cabeça. – Sentindo sua falta.
- Eu também... – Ela assumiu. – Eu só preciso de um tempo...
- Está tudo bem, você não precisa explicar. – Falei, engolindo em seco. – Só quero que saiba que eu não desisti da gente e...
- Você não precisa falar isso.
- Preciso! – Falei firme. – Eu não menti naquele dia, null. Na verdade, eu não menti em nenhum momento. – Ela pressionou os lábios. – Eu te amo e vamos ficar juntos. – Ela suspirou, assentindo com a cabeça.
- Vamos mudar de assunto. – Ela disse. – Parabéns pelo jogo. Seis vitórias consecutivas, é muito bom.
- Grazie. – Sorri. – Fico feliz em saber que estava aqui...
- É, eu venho em alguns... – Ela ponderou com a cabeça.
- Você pode descer, null. – Falei. – Não vou fazer nada que não queira e os meninos também sentem sua falta. – Ela suspirou.
- Eu sei, Gigi, eu só... – Ela suspirou. – Eu preciso de um tempo para entender tudo isso. – Assenti com a cabeça.
- Então... O que estava falando com o Mira? – Perguntei, achando melhor mudar de assunto.
- Ah, a Netflix foi gravar com ele e o Edin falou que quando crescer queria ser como você. – Ela sorriu.
- Como assim? – Perguntei.
- Ele falando que Edin gosta muito de jogar futebol e que quem ele queria ser como crescer e ele falou você. – Ela sorriu.
- Mesmo? – Sorri e ela assentiu com a cabeça.
- Sim! Foi bem fofinho. Você também...
- Como assim? – Falei rindo.
- Um homem na sua idade dar uma cambalhota após o jogo? – Rimos juntos. – De onde veio isso?
- Ah, é sempre bom ganhar do Torino, né?! – Falei e ela riu. – Só achei legal.
- Não vai travar as costas. – Ela brincou e eu sorri.
- Posso te garantir que já fiz coisa bem pior para travar as costas. – Ela sorriu, assentindo com a cabeça. – Está esperando alguém?
- Pavel! – Ela disse. – Ele precisa me dar um retorno sobre um contrato e...
- Você pode descer, null. – Falei de novo. – Não quero que você se afaste de tudo por causa de mim, esse time é sua família também.
- Eu sei, só...
- Não tem motivos, null. Sério. Eu não vou ficar te cercando, nem insistir. Eu sei suas condições e estou buscando tornar tudo fácil entre nós e, apesar disso me fazendo mal também, eu te respeito. – Ela assentiu com a cabeça. – Só de te ver faz eu me sentir melhor. – Ela suspirou e eliminou nossa distância, passando os braços pelos meus ombros e eu suspirei, subindo as mãos pela sua cintura.
- Eu ainda estou aqui, ok?! – Ela disse baixo e assenti com a cabeça, sentindo-a dar um beijo em meu rosto antes de se afastar. – Ah, o Pavel ali.
- A gente se vê? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça.
- Eventualmente. – Ela disse. – Tem Champions, depois tem pausa internacional...
- É, tem a pausa internacional, precisamos ganhar para não depender da próxima fase.
- Vai dar certo. – Ela sorriu. – Sempre dá.
- É! – Sorri e ela se afastou. – Até mais, Gigi.
- Até! – Falei e ela passou pelo meu lado, seguindo até Pavel tinha ido.
Suspirei, observando-a com o olhar e ela entrou sentido aos camarotes novamente. Soltei um suspiro, ainda sentindo seus braços em volta de mim e voltei a seguir em direção da porta, sentindo meu corpo um pouco mais relaxado de quando eu entrei.

Lei
15 de outubro de 2017<
- Ei, olha quem apareceu! – Sorri para o porteiro, abaixando os óculos escuros.
- Ciao, Pasquale. Tutto bene?
- Tutto bene, signora. E você? – Sorri.
- Tudo bem.
- Pode entrar. – Ele disse e acenei com a cabeça.
Ele abriu os portões de Vinovo e guiei o carro para dentro. Fazia um tempo que eu não voltava aqui, essa história de ficar entre Vinovo e Continassa estava complicada, mas enquanto o CT não ficasse pronto, precisava vir para cá e para lá resolver as coisas. E nenhum dos dois são pertos, Continassa é lá perto do estádio, Vinovo é perto de casa. Ai, só dor de cabeça, mas ok, null, só mais alguns meses.
Guiei o carro até as vagas reservadas para o top e estacionei na minha vaga. Peguei meu celular, avisando Braghin, diretor do time feminino, que eu já tinha chegado e saí do carro, levando minha bolsa. Travei o veículo, guardando a chave na bolsa e coloquei-a no ombro, segurando a alça. Vi a resposta de Braghin, falando que me esperava no CT e atravessei a rua. Precisava passar no administrativo antes.
Entrei no mesmo, passando na sala do administrativo para cumprimentar o pessoal, depois segui para a sala do Marketing ao lado para cumprimentar o pessoal da comunicação, publicidade e relações públicas.
- Ciao, ragazzi.
- Ciao, null! – Eles disseram. – Cadê a Angela?
- Fim do corredor. – Um de seus assistentes falaram. – Ela está acompanhando um pessoal no Striscia la Notizia.
- Ah, sério? – Fiz uma careta.
- Pois é! Vieram com alguns Tapiri d’oro. – Ele também fez careta.
- Alguém sabe o motivo? – Perguntei.
- Vai saber! Pode ser desde manipulação de resultados até cartão vermelho. – Virgina disse e ponderei com a cabeça.
- Pode ser sobre cair para o terceiro lugar na tabela após a perda contra a Lazio. – Outro menino mais jovem falou e fiz uma careta.
- Isso é verdade! – Suspirei. – Beh, eu vou atrás dela. Logo volto.
- Ciao, ciao! – Eles disseram e suspirei, saindo da sala, seguindo pelo corredor.
Atravessei o corredor, ouvindo somente meus sapatos baterem contra o piso e comecei a ouvir algumas vozes no final do mesmo. Cheguei lá e encontrei a equipe da Striscia, um programa satírico que existia há uns bons 30 anos, além da equipe da Netflix e, os azarões da vez era Gigi, Barza, Chiello e Higuaín. Aposto que se Leo ainda estivesse aqui, ele estaria no lugar de Pipita.
Sábado, na volta da pausa internacional, jogamos em casa contra a Lazio e nós acabamos perdendo. Primeira derrota da temporada, mas isso acabou nos levando para o terceiro lugar da tabela, o problema foi que Gigi sofreu um pênalti e, depois, quando nós sofremos, Paulo acabou errando. Aposto que era sobre isso.
- Gigi, o que você pensou quando seu companheiro de time errou um gol tão importante? – O apresentador perguntou, fazendo voz de choro.
- Eu não olho mais o pênalti, só contra a gente, então só me lembro da reação dos fãs. – Gigi falou descontraído. Gigi era sempre muito relaxado quanto a isso, deveria ter uns quatro tapiri já, sei que recebeu algumas quando traiu a Alena, outra por problemas de investimentos.
- E o que você diz sobre isso?
- Que meu companheiro foi corajoso de bater um pênalti importante assim. – Gigi respondeu.
- Que filósofo! Se eu renascer, quero ser o senhor Buffon. – Revirei os olhos.
- Eu também. Se eu renascer, quero continuar sendo eu mesmo. – Segurei uma risada, colocando a mão na boca.
- Não! Não pode falar isso.
- Queria que ele falasse que seria você? – Gonzalo disse, fazendo os outros dois mais sério.
- Sim, claro!
- Sabia que ele não ia falar isso. – Ri fracamente. É claro que não. Só na beleza o Gigi dá de mil a zero no Valerio Staffeli, apresentador do programa. Ele é velho, descuidado e totalmente sem graça. Era impossível ver o programa dele. Preferia o Le Iene, mas nem isso vejo mais depois que Giulia saiu de lá.
- Beh, ragazzi, estou entregando os tapiri para vocês, mas agora... E a Champions? – Ele perguntou. – Como estamos?
- Devemos focar em melhorar agora. Somos um grupo unido, trabalhando junto há anos, já passamos tanto juntos... – Gigi disse.
- E depois, o que fará? Se vai se aposentar do futebol? – Ele perguntou e revirei os olhos. Que pergunta maldita!
- Ah, vamos ver depois. – Gigi disse rindo.
- Como assim? O capitão dos capitães?
- Beh, pergunta para o Barza e Chiello. – Gigi disse.
- Beh! – Barza disse rindo. – É uma decisão dele, vamos ver.
- O que faremos sem ele? – Valerio disse.
- No próximo ano o tapiro vai ser só nosso! – Chiello disse e ri.
- Beh, ragazzi, levem os tapiri para os jogos, para o banco.
- Para o vestiário! – Chiello disse, me fazendo sorrir.
- Beh, beh! Eu vou deixá-los. – Ele disse rindo. – Felizes por encontrá-los. – Ele cumprimentou Gigi com um aperto de mão e seguiu para abraçar os outros três. – Valerio Stafelli, na casa da Juventus para o Striscia la Notizia. – Ele disse.
- Ciao, ciao! – Os meninos aceram para câmera e finalizou.
- Corta! – O câmera disse e apertei os ombros de Angela.
- null! – Ela disse baixo e nos cumprimentamos rapidamente. – O que veio fazer aqui?
- Vim resolver umas coisas do time feminino com o Braghin, depois vou pegar o treino aberto do masculino. – Falei.
- Ah, a reunião com o Braghin. – Ela fez uma careta.
- Relaxa, a gente logo desce. Tenho novidades da MMs para gente. – Falei.
- Ah, ótimo! – Ela disse. – Deixa eu só finalizar aqui...
- Senhorita diretora. – Desviei o olhar para ela, vendo Valerio se aproximar. – Que prazer te ver aqui.
- Ah, poderia dizer o mesmo! – Sorri e estiquei a mão para ele. – Mas eu não vou.
- Não perdia da Lazio em casa há 15 anos, eu precisei fazer uma visita a vocês. – Ele disse, segurando minha mão e se aproximou para beijá-la, mas afastei-a logo em seguida.
- E já que finalizou seu trabalho, que tal me deixar trabalhar agora? – Sorri, apertando uma mão na outra.
- É claro! – Ele sorriu. – Agradeço a receptividade. – Ele disse.
- Espero não te ver tão cedo. – Falei e ele riu fracamente.
- Só depende de vocês! – Ele disse.
- Eu te acompanho. – Angela disse. – Netflix pode vir comigo também. – Ela falou.
Acompanhei Angela e as duas equipes saírem pelo corredor, enquanto conversavam. Assim que eles sumiram pelo corredor e as vozes ficaram mais baixas, eu voltei a olhar para os meus jogadores.
- Ciao, ragazzi. – Sorri para os três.
- Ciao, chefa! – Eles disseram juntos.
- Precisa falar com a gente? – Chiello perguntou surpreso.
- Não! Só queria que ele fosse embora mesmo. – Cumprimentei-o primeiro.
- Você não gosta mesmo de imprensa, né?! – Chiello disse e segui para Barza.
- Nenhum pouco, mas esse cara é muito chato! – Falei, seguindo para Pipita.
- Olha, estou começando a concordar com ela. – Barza disse e fui para Gigi.
- Ciao. – Ele sorriu e dei dois rápidos beijos nele, me afastando logo em seguida.
- Então, tapiro d’oro, hein?! – Falei e eles riram, mexendo no pequeno prêmio que parecia uma anta.
- É bonitinha, vai?! – Pipita disse.
- Sim, são uma graça, mas o motivo dela...
- Tempestade em copo d’água, talvez. – Gigi disse.
- Pela Juve sim, agora pela Nazionale... – Falei.
- Você foi ao jogo? – Ele perguntou.
- Claro! Foi aqui em Turim. – Falei disse rindo. – Se eu já fui para Palermo ver um jogo, imagina se eu não veria aqui do lado? – Ele sorriu. – Vocês vão para segunda fase, não? – Virei para os outros.
- É, o sorteio para decidir é daqui dois dias. – Chiello disse.
- Vai dar certo. – Sorri.
- Beh, vamos? Temos treino! – Chiello disse, puxando Barza pela manga da blusa.
- Vamos! – Barza disse. – Vem, Pipita! – Barza o puxou e eu ri fracamente, negando com a cabeça.
- Um dia eles vão ser discretos. – Gigi disse e sorri, virando para ele.
- Eu poderia dizer algumas coisas do último jogo nosso e os da Nazionale. – Falei e ele desencostou da porta, deixando seu prêmio na bancada.
- Fala! – Ele disse.
- Não sei quem foi o cego que escolheu os uniformes da Nazionale. – Ele riu fracamente. – Você fica bem de azul, mas os meninos com aquele branco... – Neguei com a cabeça. – E sobre a Lazio... – Suspirei. – Não ligue para eles, perder um pênalti e não defender um, nunca definiu vocês, não vai agora.
- Eles estão assim por não perder da Lazio há tantos anos. – Ele disse. – E por descer para terceiro na tabela.
- Vocês vão dar um jeito. – Falei. – Immobile sempre provoca a Juve pelo passado dele, mas é puro desgaste à toa, ódio de jovem que teve os sonhos frustrados. – Ele riu fracamente. – Logo estaremos em primeiro lugar de novo, só continuar ganhando. – Ele sorriu.
- E sobre a Nazionale?
- Seria bom vocês fazerem o mesmo. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Vamos fazer isso, começando pela Champions amanhã. – Ele disse. – Você vai?
- Não sei ainda. – Falei, vendo-o olhar sugestivamente para mim. – Eu não estou brincando. Eu tenho algumas reuniões do time feminino, a gente precisa se dividir agora. – Ponderei com a cabeça.
- E como elas estão indo? – Ele perguntou.
- Venceram os dois jogos que teve, mas era de se esperar já que a técnica montou o time perfeito. – Cruzei os braços.
- Só dois jogos? Em outubro?
- São menos rodadas, menos times, menos jogos. – Falei. – O próximo é semana que vem. Pelo menos está dando certo.
- Nunca tive dúvidas que daria certo, principalmente vindo de você. – Deixei um curto sorriso aparecer em meus lábios.
- Grazie.
- Beh, eu tenho treino aberto agora. – Ele disse.
- Sim, claro! Eu tenho reunião com o Braghin do feminino, depois vou acompanhar o fim do treino aberto de vocês. – Falei.
- Você aceita companhia? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
- Claro. – Falei, virando de costas para ele e senti sua mão na base das minhas costas e começamos a andar lado a lado em direção à saída do administrativo, em direção aos CTs.

Lui
23 de outubro de 2017
- Sei lá, depois desse 6x2, impossível não relaxar, né?! – Dei de ombros e eles riram.
- Ainda bem que para alguém foi, pelo menos. – Mario fez uma careta.
- Sua expulsão foi injusta, cara, mas você não deveria ter xingado o árbitro. – Paulo disse, nos fazendo gargalhar.
- Ah, eu preciso relaxar. – Ele levou as mãos às têmporas.
- Relaxa, você vai ter um jogo para descansar. – Paulo sorriu, bagunçando os cabelos espetados de Mario e ele deu seu olhar matador, nos fazendo rir.
- Ainda bem que é o SPAL e não o Milan, né?! – Allegri disse, nos fazendo rir. – Vontade de dar um tapa na sua c...
- RAGAZZI! – Pulei de susto, erguendo o rosto para o corredor no centro do avião, vendo Angela no meio deles. – Prestem atenção um minuto, por favor! – Ela disse. – Vamos pousar em Turim logo mais e eu quero que vocês deixem o Gigi, o Allegri, eu e Pavel saírem primeiro, pois precisamos pegar outro avião para Londres, porque temos uma premiação.
- IHUL! – O pessoal gritou.
- DAI, GIGI! – Eles gritaram, me fazendo rir fracamente.
- OUVIRAM? – Ela gritou de novo.
- SIM, CHEFA! – Gritamos.
- Eu não sou a null! – Ela disse.
- Mas é mulher e manda na gente, então... – Lich disse, nos fazendo rir.
- Fifa The Best, hein, Gigi? – Chiello disse, me fazendo rir.
- Para vocês verem, quase 40 anos e ainda me indicam para essas coisas. – Eles riram.
- Você ainda está em completa forma, Gigi. – Allegri disse.
- Honestamente, não entendo o povo te enchendo o saco sobre idade e aposentadoria, está melhor que muito novinho. – Fede disse e sorri.
- Valeu, cara. – Dei um tapinha em seus ombros.
Suspirei, ajeitando meu corpo na poltrona quando o sinal de afivelar o cinto foi ligado e suspirei. Era o prêmio da FIFA e o primeiro ano que teria uma indicação de goleiro e eu estava indicado junto de Neuer do Bayern de Munique e Keylor Navas do Real Madrid, além de tantos outros que não ficaram entre os finalistas. E, apesar de achar que estou muito bem, Navas ganhou a Champions, Neuer ganhou o último Mondiale e tem ajudado o Bayern a vencer Bundesliga atrás de Bundesliga.
Só queria que null estivesse comigo, seria um dia cheio e estressante, e ela sabia como me manter calmo só com seus abraços ou seu olhar, isso sem contar nas das duas horas de voo até Londres.
- Ok, ragazzi. Andiamo! – Angela disse. – Gigi e Max, vocês saiam daqui e vão para o jatinho pousado do outro lado.
- JATINHO? – Os meninos gritaram surpresos.
- E meu terno, Angela? Preciso me arrumar. – Falei, me levantando.
- Já estão no jatinho e o banheiro é bem espaçoso. – Ela disse.
- Uh, jatinho! – Os meninos gritaram e dei um tapa na cabeça de Paulo e Higuaín.
- Ciao, ragazzi! – Angela disse.
- Ciao, Gigi, boa sorte! Estamos torcendo por você! – Barza disse.
- E eu não? – Max disse.
- Você também, Max! – Chiello disse, me fazendo rir.
Peguei minha mochila e o paletó do terno do time no bagageiro do avião, colocando a mochila nas costas e segui pelo corredor logo atrás de Max. Cumprimentei os comissários de bordo com um aceno e senti meus olhos cegarem com a diferença de claridade do sol forte. Pavel e Angela estavam um pouco mais à frente, depois Max e eu fui por último.
- Angela, vai dar tempo para fazer tudo? – Perguntei.
- Não se preocupe, Gigi, nós vamos para a premiação, ela acabando, nós voltamos para Turim. Como diria Emanuelle, vamos em um pé e voltamos no outro. – Ela disse, subindo nas escadas do avião e dei de ombros.
- Nervoso, Gigi? – Allegri perguntou e ri fracamente.
- Sempre! – Falei e ele sorriu, sumindo dentro do avião e subi as escadas logo atrás.
- DAI, GIGI! – Ouvi os gritos do pessoal e virei de costas para acenar para o pessoal que descia do outro avião.
- Ah, que bom que vocês estão aqui! – Virei para dentro novamente e Pavel abraçava Agnelli e e Max abraçava...
- null? – Perguntei baixo, vendo-a se afastar de Allegri e seu olhar virou para mim.
- Ei, Gigi. – Ela sorriu e notei os bobs presos em seus cabelos, além do short jeans, camiseta e um tênis sem cadarço nos pés, com exceção da maquiagem bem elaborada no rosto. – Está tudo bem? – Ela perguntou.
- Não, é que... – Me assustei quando a porta do jatinho foi fechada. – Você está aqui. – Falei e ela sorriu.
- Não perderia isso por nada. – Ela sorriu.
- E você perde algum prêmio da FIFA, null? – Pavel disse, fazendo-a rir.
- Vocês me colocam como garota-propaganda do time, então...
- Não é ser garota-propaganda do time, null, você é uma mulher linda e dona do dinheiro da Juventus, a gente vai te mostrar igual troféu sim! – Agnelli disse, nos fazendo rir.
- É, vemos o troféu sim! – Ela apontou para seus cabelos e sorri.
- Continua linda. – Suas bochechas enrugaram e ela deu sorriso ao pressionar os lábios.
- Senhor, vou pedir para vocês sentaram, por favor, para podermos decolar. – A comissária disse.
- Ah, claro! – Falei e vi null se ajeitar na poltrona em frente à mesa, onde seu notebook estava apoiado e Agnelli, Pavel, Max e Angela foram para a área de assentos. Coloquei minha mochila no bagageiro e me aproximei de null. – Está livre? – Indiquei a poltrona da frente.
- Não mais. – Ela sorriu e desviou o olhar para mim por poucos segundos.
Me sentei em sua frente, colocando o cinto de segurança e a comissária passou por nós, oferecendo um champanhe ou vinho branco e neguei com a cabeça junto de null, ela acabou pedindo somente água mesmo.
- Então, fiquei sabendo do jogo... – Ela ergueu o olho para mim.
- De ontem? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
- 6x2, é um tanto impressionante, mesmo sendo a Udinese. – Ela disse.
- É, o Sami estava empolgado. – Falei e ela riu fracamente.
- Foram ótimos gols mesmo, além dos outros, ao menos dá um senso de compensação depois da Lazio, não? – Ela disse e apertei os braços na poltrona.
- Cada jogo é um jogo, mas sim. Principalmente pela importância de um jogo fora de casa. – Falei e ela sorriu.
- E o Mario, como está? Mandando o árbitro para os infernos até agora?
- Acho que um lugar bem pior. – Ela ergueu o olhar para mim, rindo em seguida.
- Foi totalmente injusto, é claro. – Ela disse. – Mas sendo o Mario torna um pouco cômico.
- Foi sim! – Ri fracamente. – Ele precisa relaxar de alguma forma, um dia ele vai explodir.
- Ele tem uma namorada, não? – Ela franziu o rosto.
- Não sei, sabe de algo? – Ela franziu os lábios, negando com a cabeça. – Nunca o vi com acompanhantes nas festas do scudetto ou nas festas de Natal... – Ela ponderou com a cabeça.
- Mas imagino que sim, afinal, todo jogador tem alguém, me surpreendo como o pessoal gosta de se amarrar cedo demais. – Ela disse e sorri.
- Você não gostaria? – Perguntei.
- Você diz agora com quase 36 ou...
- Não, quando você era mais nova. – Falei. – Se a gente tivesse dado certo lá atrás...
- Não acho que teríamos conseguido sobreviver até hoje. – Ela disse, desviando meu olhar para o computador.
- Por que não? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Você realmente acha que a gente teria sobrevivido até hoje? – Ela perguntou.
- Não... – Rimos juntos. – Mas gostaria de saber seus motivos para isso.
- Só se você me contar os seus. – Ela disse.
- Ok. – Sorri e ela abriu um sorriso. – Fala.
- Beh, se você não se lembra, há 10 anos, nós estávamos separados. – Ela disse. – Vendo hoje, por um motivo ridículo, por pura falta de comunicação. – Ela suspirou e engoli em seco. – Não estávamos prontos para uma relação séria, da mesma forma que você não estava pronto para uma relação com a Alena e vemos no que deu. – Ri fracamente.
- E você acha que estamos prontos agora? – Perguntei.
- Se não estivermos agora, quando estaremos? – Ela disse e sorri, assentindo com a cabeça. – E você? Quais seus motivos?
- Eu era muito irresponsável, null. – Falei, suspirando. – Eu sei que tínhamos dado um tempo e que eu tinha ganhado o prêmio mais importante do futebol, mas eu não podia ter simplesmente seguido com a Alena depois de tudo. Depois de tudo o que você significou para mim... – Seu olhar se abaixou envergonhado e ela escondeu o sorriso em uma mordida de lábios. – Foi só te perdendo que eu dei valor a gente. – Falei, suspirando. – E tenho costume de errar logo em seguida. – Ela riu fracamente, apoiando a mão sobre a minha na mesa.
- Águas passadas, certo? – Ela disse e assenti com a cabeça. – Beh, e a Champions? Empolgado esse ano?
- Foi no jogo contra o Sporting? – Perguntei.
- Não! – Ela disse rindo. – Realmente não consegui ir e não foi por você. – Ela disse e fechei minha mão em seus dedos. – Mas vi o gol contra do Alex com o Kawan gritando na minha orelha, mas vocês conseguiram recuperar.
- Crianças chorando no colinho da tia null? – Brinquei e ela sorriu.
- Não! – Ela pegou o guardanapo na mesa e jogou em minha direção. – Ele está começando a falar, mas ninguém entende ainda, então ele grita, aqueles gritos finos de bebê, sabe? – Rimos juntos. – Em breve vai falar mamãe, titia, nonno... – Ela sorriu.
- Você parece feliz com isso. – Falei.
- Eu estou, só me dá mais certeza de que eu quero um. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Você vai ter, nós vamos ter. – Ela pressionou os lábios, recuando a mão quando a comissária apareceu ao nosso lado.
- Aceitam lanche? – Ela disse, deixando a água de null na mesa, com dois copos.
- Por favor. – Falei.
- Carne ou peixe? – Ela sugeriu.
- Carne. – Eu e null falamos juntos.
Ela deixou duas bandejas na mesa e null fechou o notebook, colocando-o ao seu lado no banco. Um lanche, tipo aqueles wrap com massa de panqueca, foi servido. Tinha prosciutto e mozarella, além de algo que dava um gosto adocicado nele junto de uma salada. Nossas conversas cessaram, enquanto o quarteto do outro lado continuou a conversar.
Eu tinha almoçado no hotel antes de voltar de Udine, mas não sabia que horas comeria de novo, pelo que Angela tinha falado, iríamos direto para a premiação e não acho que era um jantar tipo o Gran Gala.
Quando terminamos de comer, Angela nos mandou se arrumar que logo estaríamos em Londres, então, com um banheiro, precisamos dividir. Agnelli já estava pronto, Pavel trocou a camisa, Allegri trocou o terno como eu, dando uma ajeitada no cabelo e fui antes das mulheres. Troquei o terno do time e coloquei o preto que havia escolhido para hoje. Quando saí, Angela entrou.
- Se importa em me ajudar? – Mostrei a gravata solta em volta do pescoço para null.
- Hum, gravata borboleta? – Ela se levantou. – Essa é um desafio até para mim. – Ela se aproximou de mim. – Mas não negamos desafios, não é? – Ela disse e sorri.
Devido aos seus pés estarem no chão, ela estava bem mais baixa do que normalmente, mas o cheiro de seus cabelos ou de seu perfume me inebriaram pela proximidade. Ela ergueu a gola da minha blusa e deu o nó da gravata borboleta, mas foi preciso desfazer algumas vezes antes de ela abaixar a gola novamente e passar as mãos em meu peito.
- Pronto. – Ela disse. – Na terceira tentativa, mas saiu. – Ela sorriu.
- Grazie. – Falei, vendo-a próxima de mim e a porta do banheiro sendo aberta nos assustou.
- Uau! Que linda! – null disse para Angela que abanou a mão. Ela usava um longo simples preto, o decote discreto e as alças de mangas, não tinha nenhum brilho ou detalhe a mais, ela estava indo para trabalhar mesmo. – Pode ir, null, eu vou fazer a maquiagem aqui fora, não consigo fazer em pé.
- Tudo bem, eu vou lá. – null disse e virou de costas para mim, abrindo o bagageiro do avião.
Ela tirou uma capa de vestidos, além de pegar outra necessaire e uma caixa de sapatos que estavam ali. Ela seguiu para o fundo do avião e fechou a porta ao entrar no banheiro. Voltei a me sentar no banco e amarrei o cadarço do sapato social que eu usava. Enquanto não chegava, aproveitei para carregar meu celular, apesar de que tinha certa absoluta de que não usaria, meus filhos dormiriam quando a premiação estivesse começando e a outra pessoa que me importava estava nesse avião comigo.
null não demorou muito para sair do banheiro, mas quando saiu, meu queixo caiu. Seus cabelos não estavam mais com os bobs e agora estavam completamente soltos em seus ombros. A maquiagem bem-feita parecia ter mais destaque agora que ela estava com os lábios avermelhados. E o vestido era incrível, ele era um tom de grafite e acabava em branco na barra em um degradê lindo. Tirando que ele era preso no pescoço e parte do começo das costas ficavam descobertas, ele só tinha um cinto na cintura e uma fenda que deixava sua perna esquerda aparecer.
- Viu? Nosso troféu! – Pavel disse e ela riu fracamente, vindo em minha direção novamente.
- Uau! – Falei e ela sorriu. – Você está linda!
- Grazie. – Ela sorriu, pressionando os lábios, mas soltou-os logo em seguida. – Você também está muito bonito. – Ela pegou a caixa de sapatos em seu assento e se sentou no lugar.
Ela tirou suas sandálias do mesmo degradê de seu vestido, provavelmente feitas para combinar e se abaixou para calçá-las, ajeitando as fivelas nos tornozelos. Ela ergueu o corpo novamente, passando as mãos nos cachos mais definidos e ajeitando-os em seus ombros antes de olhar para mim.
- O quê? – Ela perguntou e neguei com a cabeça.
- Nada, só olhando para você. – Ela sorriu e desviou o rosto.
Ela organizou todas as suas coisas em uma mochila e devolveu no bagageiro do avião. Não demorou muito para o avião pousar no aeroporto London City, dentro da cidade de Londres. Os agentes entraram para fazer nossa imigração e ele se retirou logo em seguida. A noite em Londres estava chegando e tornava o céu um pouco alaranjado.
- Ok, gente! Vamos lá! – Angela disse. – Gigi e Max vão comigo. Vocês três vão no outro carro. – null assentiu com a cabeça.
- Chegando lá, todo mundo vai passar pelo tapete vermelho, principalmente você, linda! – Ela apontou para null que riu. – Gigi, você vai dar algumas entrevistas e depois vamos entrar. – Ela disse. – Vocês dois e o Agnelli terão um lugar na parte principal do teatro, embaixo. Eu vou sentar com o Gigi. – Ela explicava. – Pavel e null vão sentar-se na parte de cima do teatro. Se por acaso algum de vocês ganhar algum prêmio, terá uma pequena coletiva e sessão de fotos e, depois, voltaremos para o aeroporto e vamos para Turim, uma van vai nos esperar e vamos levar cada um para casa, amanhã vocês se virem com seus carros, ok?!
- Combinado. – Falamos juntos e nos levantamos.
- Boa sorte, ok?! – null disse, apoiando a mão em meu peito e assenti com a cabeça.
- Obrigado por estar aqui. – Ela sorriu.
- Sempre que precisar. – Ela disse e seguiu para a saída do avião.
Fui logo atrás dela, vendo um comissário dar a mão para ela descer e fui logo atrás. O céu estava bem avermelhado e um ventinho até que chato bagunçou os cabelos de null. Suspirei, seguindo, vendo o top três entrar no carro que nos esperava na pista e null olhou por cima do carro para mim, dando um curto sorriso antes de entrar no mesmo.


Capitolo novantaquatro

Lei
23 de outubro de 2017
Vir ao FIFA The Best era negar toda vontade em ser discreta no mundo do futebol, mas após alguns anos, eu entendia o que Pavel me chamava de troféu. Era interessante para o time ter uma mulher bonita, que decidia sobre que jogador vinha e que jogador saía, o que acabava influenciando diretamente em nossos resultados, andando pelos tapetes vermelhos, ou melhor verdes, dessas premiações de futebol. Era um status, era quase uma afronta aos outros times e jogadores.
Vir a essas premiações era como ir ao Oscar de Hollywood, mas garanto que tinha muito mais dinheiro e ego envolvido e eu não gostava muito. Na verdade, nunca fui tanto de premiações, mas pelo bem do time, eu estava aqui. Essa noite tínhamos cinco indicados, além de Gigi e Max, Leo e Dani Alves, apesar de não estarem mais conosco, além de Mario – que obviamente não quis vir – como melhor gol, aquele da final. Então hoje não seria só vir à premiação, seria vir, dar entrevistas e realmente torcer para gente ganhar, mas vocês devem imaginar que, com Gigi aqui, eu só tinha olhos para ele.
E ele estava lindo demais essa noite. O terno da Juve é maravilhoso, mas eles usam com tênis de corrida e tira toda a beleza do conjunto, mas agora com sapato social. Uau! Foi preciso muito para eu não pular em seus braços e destruir meu batom vermelho ali no avião mesmo. Acho que meu anjo da guarda estava muito atento para qualquer possível erro. Ao menos alguém estava.
Atravessei o tapete vermelho sozinha dessa vez, Agnelli e Pavel seguiram um pouco atrás e senti falta de Trezeguet, que me acompanhou na outra edição, ele disse que viria, mas viria pelos próprios meios. A companhia que eu mais queria estava aqui, mas não podia entrelaçar nossas mãos e achar que estaria tudo bem. Ainda não estaria.
Enquanto atravessava o tapete verde, encontrei ou fui cumprimentada por vários jogadores, ex-jogadores e até atores. Peter Schmeichel, Messi, Catherine Zeta-Jones, Giroud, Modric, Patrick Stewart, Ronaldo, Neymar, Harry Kane, Maradona, Roberto Carlos, Ronaldo, Cristiano Ronaldo, Marcelo, Sergio Ramos, Toni Kroos, Carlo Ancelotti, Zidane, Cafu, Forlan, Eto’o, entre vários outros.
Dani Alves veio rapidamente, me abraçou apertado e apresentou sua esposa. Claudio Ranieri, ex-treinador da Juve, bem durante aqueles anos pós-relegação, me cumprimentou quando falava com Gigi e cumprimentei-o mais discretamente, não o conhecia de verdade. Conte e sua esposa Elisabetta vieram logo em seguida. Fazia anos que eu não via Conte, desde que ele foi para a Premier League, mas era bom revê-lo.
- Como estão as coisas? – Ele me perguntou.
- Estão ótimas, estamos aqui, não? – Brinquei e ele sorriu.
- É bom te ver, mesmo! – Ele sorriu.
- Não temos mágoa, Antonio, sinto saudades de você, honestamente. – Ele sorriu.
- Fico feliz em saber disso, null. – Ele me abraçou de lado. – E você fica cada vez mais bonita.
- Cada vez mais velha! – Brinquei e ambos riram.
- Posso te garantir que os italianos ficam melhores com a idade, null. – Elisabetta piscou para mim e rimos juntos. – Todos eles.
- Sei bem, e o Conte não fica para trás. – Gargalhamos juntos. – Bom evento, boa sorte!
- Grazie! – Eles sorriram.
Dei mais alguns passos pelo tapete vermelho, vendo Gigi tirando algumas fotos e sorri, ele estava incrível e parecia muito feliz e confortável ali. Isso me deixava mais feliz e confortável ainda, apesar dos saltos finos embaixo de meus pés.
- Aceita tirar uma foto comigo? – Ele perguntou quando passei por ele.
- Tem certeza? – Perguntei.
- Você é minha chefe, null. E precisamos renovar nossa foto no seu mural. – Ele disse e suspirei.
- Ok, mas só algumas. – Falei, ajeitando a barra de me vestido e me coloquei ao seu lado, segurando firme na bolsa em minha mão.
A mão de Gigi foi colocada no meio de minhas costas e a ponta de seus dedos tocavam na parte descoberta do vestido, fazendo aquele maldito arrepio passar pelo meu corpo. Tentei me manter descontraída nas fotos, ao invés do rosto travado de nervoso que eu deveria dar. Dei alguns sorrisos para os fotógrafos, vendo os flashes estourarem em meu rosto.
- Está ótimo. – Falei para Gigi e ele sorriu.
- Grazie. – Ele falou e passei em sua frente, seguindo em frente no tapete vermelho, encontrando Leo.
- Vai falar comigo? – Perguntei baixo, apoiando a mão em seu ombro e ele virou.
- Chefa! – Ele disse sorrindo.
- Como está? – Perguntei e ele me abraçou apertado.
- Tudo bem e contigo? – Ele disse.
- Tudo bem também. – Sorri. – Você está muito bonito.
- Você também, chefa! – Ri fracamente.
- Ainda me chamando assim? – Ele deu de ombros.
- Força do hábito. – Rimos juntos.
- Então, está feliz? – Perguntei e ele suspirou.
- Beh... Estou lesionado. – Ele disse.
- Vai perder nosso encontro na semana que vem, então? – Falei rindo.
- Você deve estar amando isso. – Ele riu.
- Não, só quero seu bem, Leo. – Dei dois toques em seu peito. – Só quero que seja feliz, ok?! – Ele assentiu com a cabeça. – Boa sorte hoje.
- Grazie! – Ele sorriu e segui adiante pelo tapete.
Parei com alguns jornalistas italianos rapidamente para falar sobre a Juve e, obviamente, eu falei muito da nossa grande temporada invicta na Champions League e que a final foi uma pena e todo aquele show que a imprensa adorava, e finalizei falando que lutaríamos novamente, apesar do tropeço inicial contra o Barcelona e todas as baboseiras que nem eu mesmo acredito. As pessoas acham que futebol é preto no branco, apesar de nossas cores serem essas, elas se esquecem que existem pessoas atrás dos jogadores e elas também precisam de atenção.
Entrei na premiação e uma mulher me indicou para meu lugar. Demorei um pouco para chegar lá para cumprimentar outras pessoas e ser apresentadas para algumas jogadoras femininas que também concorriam nessa premiação. Quando cheguei, Pavel estava com meu francês favorito.
- Olha que linda! – Trezeguet disse e sorri, me aproximando dele e ele me abraçou, dando um beijo em minha cabeça. – Veio com mais companhia hoje? – Ele brincou e rimos juntos.
- Ah, sabe como é, ficaram com ciúmes! – Brinquei e eles riram.
- É só minha! – David me abraçou pelos ombros.
- Você é quase meu cunhado agora, David, melhor se afastar. – Falei e rimos juntos.
- Hum, já está assim, é?! – Pavel disse.
- Estamos indo devagar. Eu tenho dois filhos, ela tem um... – Ele ponderou com a cabeça.
- Eu torci muito por esse relacionamento, vou apoiar sempre. – Sorri. – É aqui que ficamos? – Indiquei as fileiras.
- Sim! – Eles disseram.
- Beh, vamos torcer os dedos! – Falei, ouvindo-o rir.
Me sentei na poltrona do corredor e Pavel se sentou ao meu lado e Trezeguet ao lado dele e esperamos a premiação começar, o que não demorou. Oito e meia em ponto, ela começou. Nós estávamos no térreo, mas mais para o fundo e na seção da esquerda. Eu conseguia ver Gigi na minha diagonal, próximo de Giroud, Allegri e Conte, diversas poltronas à frente e ele mexia suas mãos frequentemente.
O apresentador do prêmio era o lindo ator inglês Idris Elba. Ele tinha um tom mais cômico e deixava a premiação mais relaxada. Começou o prêmio tirando selfies com os jogadores da primeira fileira, já deixando o pessoal bem mais relaxado. O chato era que tinha uma repórter entre os jogadores entrevistando-os entre um prêmio e outro, mas poucos jogadores falam um inglês fluído, Conte mesmo ficou travado.
O primeiro prêmio da noite foi o Puskas, gol mais bonito da temporada, e quem ganhou foi Giroud pelo Arsenal. Claro que o do Mario era bem mais bonito, mas tudo bem. Em seguida, tivemos o prêmio de menos treinador de time masculino, como esperado, o vencedor foi Zidane do Real Madrid e o teatro virou um verdadeiro estádio de futebol com os jogadores ou torcedores gritando por ele. Em seguida, o prêmio tão esperado por mim foi anunciado, melhor goleiro. A lenda Peter Schmeichel, subiu ao palco para apresentar.
- O Fifa The Best de melhor goleiro foi escolhido por um painel de goleiros lendários e foi uma honra trabalhar com esses caras, não só por ser a primeira vez desse prêmio, mas também porque pude trabalhar com Higuita, que fez a lendária defesa do escorpião, que foi aqui em Londres mesmo, e ele só citou isso umas cinco ou seis vezes... – Ri fracamente. – Mas esses são os indicados. – Ele indicou a tela e engoli em seco.
Gigi foi o primeiro a aparecer em suas diversas defesas na temporada, seja suas defensas mais difíceis ou até as a queima-roupa que eu adorava tanto, além das reações dele pelas defesas ou quando alguém fazia gol para nós, depois mostrou Navas e, por último, Neuer. Apertei minhas mãos uma na outra e respirei fundo, nem conseguindo aplaudir quando o vídeo finalizou.
- E o prêmio FIFA de melhor goleiro de 2017 é... – Franzi o rosto, fechando um olho. – Gianluigi Buffon!
- AH! – Gritei empolgada, me levantando e aplaudindo-o fortemente junto do resto do pessoal. – DAI, GIGI! – Gritei.
- DAI, GIGI! – Pavel e Trezeguet gritaram comigo, também em pé e sorri, vendo-o sair de seu lugar, claramente envergonhado e subir até o palco com Schmeichel. Eles se abraçaram, trocaram algumas palavras, Gigi recebeu o prêmio e ele se colocou atrás do púlpito.
- Beh, agora temos um momento que... – Ele começou em inglês e ele ficava muito fofo se complicando no inglês. – Eu preciso falar em inglês, mas... – Ele passava as mãos no rosto visivelmente nervoso e o pessoal gritou por ele, continuando a aplaudi-lo. Eu tinha um sorriso muito bobo no rosto. Orgulho, felicidade, não sei. Só estava feliz.
- Tem uma tradutora se precisar... – Idris o cutucou, indicando a mulher atrás dele e ri.
- Ah, tudo bem, tudo bem... – Ele disse enrolado. – Eu vou tentar. – Ou será que ele falou eu “quero” tentar? Will e want se misturaram aí. Ele ria de nervoso e eu só conseguia sorrir com isso. Era fofo demais.
- Não, para mim... – Ele começou devagar. – Eu estou muito feliz, porque para mim é uma grande honra para receber esse, hum, prêmio na minha idade... E eu... E estou orgulhoso disso, mas gostaria de agradecer ao meu time, ao meu treinador... – Ele indicou Allegri. – Aos meus colegas de time, porque... – Ele travou novamente. – Eles... Eles me ajudaram a... A tornar isso possível e eu quero agradecer a todas as pessoas. – Usou person e não people, mas dá para entender. – Que... Votaram para mim. E eu acho que a última temporada foi uma ótima temporada para a Juventus e para mim. – Ele fez uma pausa novamente. – Mas não foi o suficiente para vencer na Europa e... – Ele continuou. – Esse ano, espero que possamos jogar melhor com a Nazionale e com a Juventus, porque eu gostaria de finalizar com a... A... O futebol, com uma vitória fantástica, se possível. Muito obrigado! – Ele disse e os gritos foram à loucura de novo, me fazendo aplaudi-lo e gritar por ele junto dos torcedores.
- Ele foi ótimo! – Falei sorrindo.
- 10x0 para o inglês. – Pavel disse.
- Ah, foi fofo. – Falei, mordendo o lábio inferior.
- Eu reparei no outro prêmio, é engraçado.
- Gigi sempre disse que eu era muito inteligente para ele, mas ele sabe falar inglês. – Falei baixo e ele riu fracamente.
- É... Saber, ele até sabe, mas... – Trezeguet disse.
- Para! – Empurrei-o de volta, ouvindo eles rirem.
Em seguida, tivemos o prêmio dos fãs, que foi entregue ao time escocês Celtic, eles fizeram um mosaico 360 graus no estádio que lembrou uma conquista em 1967 na Taça dos Clubes Campeões Europeus, homenageando os Leões de Lisboa. Depois, a treinadora feminina foi Sarina Wiegman pela Nazionale holandesa.
O prêmio de Fair play ficou com Francis Koné, que salvou a vida do goleiro do Bohemias Martin Berkovec ao ficar inconsciente após uma colisão em um jogo entre Bohemians e Slovacko, campeonato tcheco.
Em seguida, o momento mais esperado da noite foi relevado, o FIFPro World 11, os melhores 11 do ano. De goleiro: Gigi; na defesa: Dani Alves, Marcelo, Sergio Ramos e Leo; no meio de campo: Luka Modric, Toni Kroos e Andrés Iniesta. No ataque: Lionel Messi, Neymar Jr. e Cristiano Ronaldo.
- No mundo, por uma noite somente... – Elba começou. – Eles estão aqui, por favor, recebam ao palco, o melhor time de futebol do planeta Terra. – Ele disse e o telão subiu, revelando os 11 jogadores.
Gigi foi o primeiro a receber seu prêmio, se colocando em seu lugar e depois a defesa, seguida pelos meio-campistas e atacantes. Apesar da forma que Leo havia ido embora, eu estava feliz por ele, ele merecia demais. Ele realmente deu seu sangue, mas gostaria que o restante do meu BBC estivesse ali.
Após os prêmios, eles tiraram uma foto como em jogo mesmo e uma selfie com Idris que precisou falar que não mordia para todos eles se juntarem. Em seguida, a entrevistadora voltou, fez algumas entrevistas para os vencedores, inclusive para Leo, mas Gigi deve ter ficado aliviado por ficar fora disso.
A banda Kasabian fez uma rápida apresentação de intervalo e tinha passado pouco mais de uma hora de premiação, e sabia que ainda tinha mais. Após o fim da banda, finalmente revelaram o prêmio de melhor jogadora feminina e, como no prêmio da UEFA, a holandesa Lieke Martens ganhou. Depois, o melhor jogador foi decidido e deu para sentir a tensão no lugar mudar antes de Cristiano Ronaldo ser dado como o melhor, encerrando a competição.
- Não foi perfeito, mas foi ótimo. – Falei sorrindo.
- Você está feliz, fica quieto! – Pavel me cutucou e ri fracamente.
- Eu estou, ele merece muito. – Sorri, me levantando.
- Vai falar com ele. – Trezeguet disse e vi Gigi se levantando de seu lugar com os dois prêmios em suas mãos e me aproximei dele.
- Precisa de uma mão aí? – Falei e ele virou o rosto para trás.
- Ah, null. – Ele disse e passei meus braços em suas costas, apoiando meu queixo em seu ombro.
- Ah, Gigi, auguri, sério! – Falei baixo, fechando os olhos. – Você merece tanto. – Apertei-o fortemente e senti ele me abraçar da forma que pode com os prêmios nas mãos.
- Grazie, null! – Ele falou e eu me afastou.
- Saiba que eu sempre vou torcer por você. – Falei, dando um beijo leve em sua bochecha e voltando a focar em seu rosto.
- Grazie, por tudo, mesmo. Todo apoio, todo puxão de orelha... – Rimos juntos e passei minha mão em seu rosto, limpando a pequena marca de batom que eu deixei ali.
- Depois de tantos anos, acho que chega de puxar sua orelha, né?! – Brinquei e ele sorriu
- Talvez sim. – Apertei-o mais uma vez.
- Auguri! – Me afastei. – Quer que eu segure?
- Ah, por favor. – Ele me deu o menor. – Eles são bem pesados. – Ele disse e senti o peso quando ele soltou.
- É um ótimo peso de papel. – Brinquei e ele riu fracamente.
O restante do pessoal nos encontrou e Gigi foi abraçado por todos, enquanto isso fui cumprimentar Leo, Dani Alves e acabei cumprimentando e conversando até com Cristiano Ronaldo por alguns segundos. Ele se apresentou, fiz o mesmo, mas ele já sabia quem eu era e disse que nos encontraríamos por aí. Vindo do jogador mais famoso da atualidade, isso era até interessante, mas irreal demais para a Juventus.
Quando voltei perto do pessoal, Gigi tinha ido para uma entrevista e Angela segurava seu outro prêmio. Ela aproveitou que estávamos juntos e mandou eu, Pavel e Agnelli de volta para o carro e disse que chegaria logo mais.
- A gente leva. – Pavel disse, pegando o outro prêmio dela que confirmou.
- Vai ficar? – Perguntei para Trezeguet.
- Sim, encontro vocês semana que vem, estou resolvendo umas coisas do Legends aqui em Londres.
- Ok, obrigada pela companhia. – Falei, dando um rápido beijo nele. – Não some! Quero você e a Giulia felizes e contentes. Alguém precisa ter uma vida pessoal boa, né?! – Falei, ouvindo-o rir.
- Pode deixar! – Ele sorriu.
Após as despedidas, segui com o restante do top para o aeroporto, comentando sobre a premiação. Alguns prêmios foram óbvios, Gigi não, por causa do resultado final da Champions, mas ele merecia muito. Sou bem suspeita para falar, mas Gigi merece o mundo, apesar de tudo. Não consigo não admirá-lo como jogador e como capitano, ele fez tanto e deu tudo pela Juventus. Teria minha admiração como administradora sempre.
Chegando no jatinho novamente, a primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro me aliviar e dar uma aliviada em minha maquiagem, o rímel estava colando meus olhos e a boca já estava seca devido ao batom. Voltando para a cadeira, tirei os saltos e dobrei as pernas para cima da poltrona. Enquanto esperávamos o outro pessoal, a comissária serviu um jantar para nós e eu me deliciei com o macarrão ao pesto. Acabei pouco antes do restante do pessoal chegar.
- Ei, chegaram! – Falei, vendo Angela entrar no quarto.
- Ah, pegamos trânsito para chegar aqui. – Ela disse e Gigi entrou logo em seguida com Allegri.
- Está tudo bem, nós jantamos. – Falei e vi Gigi sentar na minha frente novamente. – Seus brinquedinhos. – Indiquei os prêmios na mesa.
- Quem diria! – Ele disse e sorri.
- Não entendo a surpresa, Gigi. Você é incrível. – Falei, abraçando o corpo.
- Mesmo assim, eu tenho quase 40 anos, null.
- E eu quase 36. – Dei de ombros. – Estou mais perto do que você. – Rimos juntos.
- Usar essa desculpa contigo não vale, né?! – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Não mesmo. Enquanto você for bom, você vai ter espaço no meu time. – Falei, pensando logo em seguida. – Foi bem brega, mas você entendeu.
- Entendi sim. – Ele disse rindo. – E quando eu não fizer mais perto seu time? – Ele perguntou e a comissária retirou meus pratos e esperei que ela voltasse à cabine para responder.
- Você ainda vai estar no meu coração. – Falei e ele sorriu, ficando envergonhado.
- Bom saber. – Ele disse.
- Adorei seu inglês. – Falei e ele franziu a testa.
- Ah, não fala isso! – Rimos juntos.
- Eu estava muito feliz, sério! Não sabia se gritava por você, se aplaudia, se ouvia, mas achei muito fofo. – Ele riu fracamente.
- Ah, não. Eu sou muito ruim. – Neguei com a cabeça.
- Completamente compreensível. Um pouco mais de treino e fica perfeito, mas te trouxe até aqui esses anos todos, então... – Dei de ombros e ele sorriu.
Esperamos os comissários finalizarem de preparar o voo e não demorou muito para decolarmos de volta para Turim. Assim que o avião estabilizou, a comissário ofereceu o jantar para Gigi, Allegri e Angela e eu estava ficando com sono com aquela meia-luz, pena que o ar-condicionado era bem gelado e eu esqueci de trazer um casaco.
- Isso está bom mesmo ou eu estou com fome? – Ele disse e ri fracamente, apertando meu corpo.
- Está gostoso mesmo. – Falei, apoiando a cabeça na lateral do avião. – Mas eu também estava com fome, então... – Rimos juntos.
- Você está com frio? – Ele perguntou e eu sorri.
- Sim, esqueci meu casaco. – Suspirei.
- Ah, por favor, null, eu tenho dois paletós aqui. – Ele se levantou, tirando o que usava.
- Você vai ficar com frio...
- Se eu ficar, pego o outro. – Ele disse e colocou seu paletó em cima de mim e agradeci com um aceno, me encolhendo mais na poltrona, colocando as pernas para cima. – Melhor?
- Vai ficar. – Falei e ele sorriu, se sentando novamente.
- Ah, aproveitando... – Ele puxou a gravata de seu pescoço e abriu os três primeiros botões da blusa, deixando parte do seu peito peludo pela fresta. – Bem melhor. – Ri fracamente.
- Eu vou assim até Turim agora, troco chegando em casa. – Falei.
- Aproveita e descansa, você parece cansada. – Ele disse.
- Um pouco. – Suspirei. – Mas hoje foi bom. – Ele sorriu. – Auguri, Gigi.
- Grazie, null. – Ele falou. – Obrigado por estar comigo.
- Para sempre, lembra? – Falei, bocejando e ajeitei a cabeça no macio da poltrona, vendo seus olhos azuis antes de fechar os meus.

Lui
Primeiro de novembro de 2017
Abri os olhos devagar, sentindo meu pescoço doer e suspirei, virando meu rosto para o outro lado e olhei pela janela, vendo que ainda estávamos no ar e fechei os olhos novamente, ajeitando a cabeça no pequeno travesseiro do avião.
- A gente precisa falar com ela.
- Ela não quer, você não entende? – Reconheci a voz de Pavel.
- Ela é a top três do time, Pavel. Ela precisa viajar conosco, não entendeu ainda?
- Não, ela não precisa, Andrea. E é um direito dela. Como amigo, eu deixaria quieto se fosse você. – Pavel falou mais ríspido e sabia que estavam falando de null.
- Ela não pode deixar a vida pessoal dela afetar o time.
- Mas não afeta! – Pavel disse. – Nossas vitórias ou derrotas não estão nas costas dela, não entende? E se isso é um direito dela, por que não? – Ele disse e Andrea ficou quieto.
- Os acionistas estão reclamando.
- Ela tem seis por cento das ações desse time, eles podem reclamar o quanto quiserem. – Pavel disse. – Ela está magoada, ele escolheu a outra, dá um tempo para ela. – Engoli em seco.
- Fala baixo. – Andrea disse.
- Ele está dormindo. – Pavel disse. – Depois de todos esses anos, realmente acha que ela não merece isso?
- Ela faltou à reunião com acionistas...
- Mas não foi por causa dele, foi por trabalho, que ela está fazendo muito bem.
- Mesmo assim, ela...
- Andrea, não. – Pavel disse. – Ela merece esse tempo. Ela foi a primeira a te visitar no nascimento do seu filho e a única que participou das reuniões que você não pode. Não! – Ele disse firme e a bufada de Agnelli encerrou o papo.
Então, null acha que eu escolhi Ilaria? Mal sabe ela que não. Como eu queria que tudo fosse mais simples, mi amore. Tinha que ter algum jeito de eu fazer isso. Algum acordo que eu pudesse ter com Ilaria de que null ou meu filho não fossem afetados pelo mau-caráter de Ilaria. Qualquer coisa que me protege... Como um contrato... Como...
Ei, eu podia fazer um contrato com ela! A ideia não é má, mas... O problema é que eu não tinha nada para barganhar com ela. Se eu soubesse alguma coisa dela... O que é que fosse. Falaria com Barza e Chiello assim que o avião pousasse em Turim.
Fingi que dormia o restante do voo de volta de Portugal após o empate contra o Sporting CP na Champions League. Ficávamos com sete pontos na tabela, precisávamos ganhar o próximo jogo para garantir a ida para a próxima fase. Peguei minha mochila no bagageiro quando o avião liberou nossa saída e segui junto de meus companheiros até o ônibus que nos esperava na saída do aeroporto. Entramos no mesmo e não demorou muito para seguirmos até Vinovo.
Alguns fãs estavam parados nos portões de Vinovo, gritando por nós. Ser juventino era muito bom por isso, perdendo, ganhando ou empatando, eles nos apoiavam para tentar inspirar a melhorar e ganhar os próximos jogos.
- Beh, ragazzi, hoje vocês vão ter folga hoje, mas amanhã voltamos aos treinamentos de olho no Benevento. – Allegri disse quando o ônibus parou. – Descansem, mas não se esqueçam que é aniversário do time hoje. – Ele disse.
- CAZZO! – Falei, franzindo os olhos.
- O que foi? – Paulo perguntou.
- É aniversário da null. – Falei. – E eu me esqueci de novo.
- Eh, Gigi! – Algumas pessoas falaram e Allegri riu de mim.
- Aproveita, ela está entrando em Vinovo agora! – Pavel disse.
- CHEFA! – Paulo gritou.
- Fica na sua! – Falei, me levantando do meu lugar e sendo um dos primeiros a descer do ônibus e procurar por null.
Dei a volta no ônibus, procurando null, mas só encontrei um Jeep branco estacionando em uma das vagas reservadas para o administrativo. Não acredito que eu tinha me esquecido de novo! Eu não podia esquecer do aniversário dela! Isso nunca podia acontecer.
- Ela podia pegar uma folga hoje, né?! – Chiello disse ao meu lado e ri fracamente.
- Agradeço por não e por ela estar aqui. – Falei suspirando. – Você e o Barza podem ficar um pouco mais? – Vi null sair do carro e olhar surpresa em nossa direção.
- Sim, por quê? – Barza perguntou, se aproximando.
- Acho que tive uma ideia para resolver meu problema com a Ilaria.
- É? Qual? – Eles perguntaram animados.
- Já falo. – Falei baixo, vendo null vindo em nossa direção.
- Ei! Que sorte encontrar vocês aqui! – Ela disse sorrindo.
- Eu que o diga, aniversariante! – Falei e ela alargou seu sorriso.
- Ah, gente, que isso! – Ela abanou a mão e passei meus braços pela sua cintura.
- Auguri, null! – Estalei um beijo em sua bochecha e ela passou os dois braços em meu pescoço. – Tudo de mais incrível para você nessa vida. – Falei baixo. – Você é a pessoa mais incrível, inteligente, linda, sexy que eu já conheci na vida. – Ela riu fracamente.
- Grazie, Gigi. – Ela se afastou e deixou um beijo em minha bochecha.
- Chefa! – Barza disse e ela riu, abraçando-a fortemente. – Auguri! Tudo de bom!
- Grazie, Barza! – Eles se soltaram mais rápido e ela seguiu para Chiello.
- Auguri, null! Toda felicidade do mundo para você. – Ele disse e ela tinha um sorriso nos lábios.
- TANTI AUGURI DA TE! – Paulo chamou o parabéns.
- Ah, Paulo! – null disse rindo.
- TANTI AUGURI DA TE! – Continuamos com ele. – TANTI AUGURI DA TE! TANTI AUGURI DA TE! – Eles gritaram.
- ! ! !
- Ok, ok! – Ela mexeu as mãos, pedindo para eles diminuírem. – Grazie, ragazzi! Fico feliz por terem se lembrado. – Ela sorriu. – Só podiam ter vencido ontem, mas...
- Eu retiro os parabéns! – Pipita disse e rimos juntos.
- Lindo gol, Gonzalo! – Ela sorriu.
- Ah, dá um abraço! – Ele disse e ela se aproximou do pessoal, começando a passar para abraçar um por um.
- Gigi! – Chiello indicou o rosto para o lado, para nos afastarmos um pouco de null e do pessoal.
- Desembucha! – Barza disse e olhei para null antes de falar.
- E se eu fizer um contrato com a Ilaria? – Perguntei baixo.
- Como assim? – Barza perguntou.
- Ela está me chantageando, não? – Virei o rosto ao ouvir um grito de null e Pinso a tirou do chão, me fazendo sorrir.
- Sim! – Eles disseram.
- A gente faz um acordo, por um contrato, se ela divulgar qualquer coisa da null ou impedir minha relação com o Leo, eu posso... Sei lá, chantagear ela de volta com outra coisa. – Abanei a mão. – Só não sei o que.
- A ideia é boa, Gigi! – Barza disse. – Olho por olho, dente por dente.
- É óbvio, não? – Chiello disse.
- Como assim? – Franzi o olhar.
- Com o que você pode chantagear ela de volta. – Ele disse.
- O quê? Desembucha! – Falei.
- Exatamente isso! – Ele cruzou os braços. – A maior jornalista da Itália chantageando o grande Gianluigi Buffon? – Ele falou baixo. – É errado e estaremos jogando o jogo dela, mas... É a única coisa que temos, não?
- A ideia não é ruim... – Falei baixo.
- Eu gostei, mas acho que você precisa tirar seu filho dessa história. – Barza disse.
- Como, cara? Ela está me ameaçando de não vê-lo.
- É, mas qualquer um atesta que ele é seu filho. Inclusive a imprensa. – Ele disse firme, também desviando para null diversas vezes. – Se informa com um advogado. Vocês possuem uma relação há três anos. Se você conseguir um juiz atestar uma divisão de guarda conjunta, o que seria um contrato também, ela não pode reclamar.
- E aí eu deixo só a null. – Falei.
- Exato! – Ele disse. – Mas cuidado com seus movimentos, ok?! Você vai precisar ter alguma coisa mais para barganhar, porque você ainda vai estar em um relacionamento com ela. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- É, só surgiu aqui, rapidamente, eu vou pensar melhor e falar com meu advogado, minha família...
- Toma cuidado, confesso que comecei a desconfiar até do pessoal do time depois disso. – Chiello disse.
- É, vamos encerrar o papo. – Falei.
- Só uma coisa, você a encontra com frequência? – Chiello perguntou.
- Mais para ver o Leo. – Falei.
- Grava! Pega seu celular, ativa o gravador de voz e grava qualquer conversa entre vocês! – Ele disse.
- É uma boa! – Barza disse.
- Se ela falar algo, você vai ter alguma prova. Porque só falar que ela te chantageia, vai dar atenção por ser você, mas não tem nenhuma prova se precisar usar isso... – Assenti com a cabeça.
- Mas será que ela tem alguma prova contra a null? – Barza perguntou.
- Não sei, mas ela sabe! – Falei, suspirando. – Sabe até demais. – Engoli em seco.
- Vamos pensando! Isso vai dar certo! – Barza disse.
- Grazie, ragazzi! Nos vemos amanhã! – Falei e eles assentiram com a cabeça, trocando rápidos cumprimentos comigo.
- Ciao! Ciao! – Barza e Chiello disseram, assim como outros que se aproveitaram e vi null rindo de algo com Allegri.
- Ciao! – Falei mais alto.
- Ei, Gigi! – Ela me chamou. – Espera aí! – Virei o rosto, vendo-a abraçar Allegri rapidamente antes de seguir a passos rápidos em minha direção.
- O que? – Perguntei e ela apoiou a mão em meu braço.
- Não consegui te agradecer por me levar para casa e me colocar na cama depois da premiação. – Ela tinha um sorriso nos lábios.
- Não foi nada, null. Você sabe disso. – Cocei a nuca.
- Eu sei, mas... – Ela ponderou com a cabeça. – Você não precisava fazer isso...
- Acho que já deixei claro várias vezes que vou fazer tudo por você, não? – Falei e ela pressionou os lábios, assentindo com a cabeça.
- Eu sei, mas agora, você não precisava ter feito isso. – Ela disse. – Você me levou para cima, me trocou e me colocou na cama. – Ela riu fracamente.
- Não é como se eu nunca tivesse visto nada...
- Não é esse o caso. – Ela disse. – Eu só estava com sono, eu poderia ter feito tudo isso sozinha.
- Você estava dormindo gostoso, vai. – Ela sorriu.
- Em um jatinho daqueles? Quem não? – Sorri.
- Não se preocupe. – Falei. – Algum plano para hoje à noite? – Perguntei.
- Ah, a Gio vai querer fazer ao menos um bolo, meus padrinhos de Palermo estão aqui... – Ela ponderou com a cabeça. – Nada demais.
- Aproveita, ok?! – Falei. – É mais um ano de vida, é importante. – Ela assentiu com a cabeça.
- Pode deixar. – Ela disse. – Obrigada de novo, por me colocar na cama, pelos parabéns... – Sorri.
- Sempre que quiser ou precisar. – Ela assentiu com a cabeça.
- Beh, deixa eu ir, time feminino me espera. – Ela disse, se afastando de gostar e assenti com a cabeça. – Ciao! – Ela disse com um sorriso no rosto antes de virar de costas para mim.
Preciso ligar para o meu advogado agora e conseguir uma ajuda legal nisso antes que eu enlouqueça.

Lei
Cinco de novembro de 2017
Passei pelos corredores do CT do time principal, olhando o celular, vendo as horas e cheguei nos campos internos, onde os times juvenis costumavam treinar. Hoje não tínhamos crianças, ele estava com uma decoração de Natal para gravar a propaganda do ano. Barza, junto de Dybala, Benatia, Alex, Bentancur, Pjanic, Douglas e Higuaín estavam com o suéter comemorativo de Natal, decorando uma trave que fazia parte da gravação.
Me aproximei de Angela que acompanhava e dei um toque em seu ombro, vendo-a se virar e sorrimos, nos abraçando rapidamente. Volte a olhar para a gravação e Dybala organizava o restante para decorar a baliza de forma bem bonita para o Natal.
- As coisas estão complicadas aqui! – Pipita disse e Barza não parava de rir.
- Ele jogou alto demais, como vou pegar? – Douglas disse.
- Ele é baixinho! Não jogue muito alto! – Pipita disse, me fazendo sorrir.
- Ok, ok! Vamos mudar de ambiente! – O diretor da propaganda falou.
- Posso falar? – Falei para Angela.
- Claro! Aproveita aí! – Ela disse rindo.
- Vocês estão lindos! – Falei mais alto, vendo todo mundo desviar o rosto para mim.
- Chefa! – Eles gritaram e sorri.
- Cuida deles, hein, Barza? – Falei e ele riu fracamente.
- Você que me mandou para isso, não? – Ele disse de volta e dei de ombros.
- Poderia dizer que sim, mas...
- Patrocinadores, eu sei, eu sei! – Ele disse rindo.
- Vai demorar aqui? – Virei para Angela.
- Não, o jogo é as três, eles logo precisam voltar para o hotel, almoçar e começar a se preparar. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Só eles estão aqui?
- O Gigi está dando uma entrevista para o pessoal da Champions ali na outra sala. – Ela disse. – Logo vou resgatá-lo também para ele fazer uma participação aqui...
- Não pode demorar, temos o jogo comemorativo...
- 120 anos de Juventus, eu sei, eu sei! – Ela abanou a mão. – O jogo é as três, precisamos sair uma hora. Vai dar certo.
- Eu vou lá, só vim ver essa piada aqui. – Toquei seu ombro e ela riu fracamente.
- Estamos melhorando cada dia mais. – Ela disse.
- Saudades de quando colocávamos o Mario para fazer graça. – Ela riu.
- Ano que vem, talvez? – Sorrimos.
- Até o jogo! – Falei, indicando-a e ela assentiu com a cabeça.
Ouvi algumas indicações do diretor, me fazendo olhar para trás rapidamente e vi meus jogadores-atores perdidos e o diretor sem muita paciência. Por que eles sempre são assim? É como trabalhar com crianças. Depois de 16 anos e meio, já estava craque. Talvez não tenha envelhecido muito também, então estava acostumada.
Passei pelo corredor de volta e olhei pelas portas, procurando onde poderia estar acontecendo a entrevista de Gigi e imaginei que fosse uma daquelas tradicionais de sempre, principalmente pelos últimos jogos da fase de grupos se aproximando. Vi uma porta entreaberta e empurrei-a devagar, encontrando Gigi na frente de um fundo azul, sentado em um banco com os braços cruzados, o entrevistador, diversas câmeras e um produtor.
- Quando você vai parar de jogar? – O entrevistador perguntou.
- Provavelmente este ano. – Gigi disse e senti aquela bola de pelos em minha garganta sempre que esse assunto vinha à tona.
- Tem certeza, Gigi?
- Mais que certo, estou sereno sobre isso. – Gigi disse sério.
- Não tem medo de parar? – Ele perguntou.
- Não, não, eu tenho sorte porque sou curioso pela vida em geral, então essa curiosidade não me deixa ter medo sobre isso. – Ele disse.
- Vocês podem ser treinador em breve...
- Não é algo que eu considerei ainda. – Gigi disse.
- Vocês se veem em uma carreira de dirigente?
- Não me agrada a figura decorativa ou de fazer algo que não conheço. – Ele respondeu. – Quando faço algo, gosto de estar preparado da melhor forma.
- Já pensaram em mudar de profissão? Virar cantor, talvez?
- Ah, não! – Ele disse rindo.
- Canta uma canção. – Ele disse.
- Questo ragazzo della via Gluck, si divertiva a giocare con me… – Me surpreendi quando ele realmente começou a cantar.
- Ah, Gigi, você é afinado!
- Ah, obrigado, faço parte do coral da igreja... – Neguei com a cabeça, sorrindo. – Gosto de fazer isso.
- Aonde se vê em 30 anos? – Ele perguntou.
- Em 30 anos? Primeiro vivo... – Ri fracamente. – Em 30 anos, vou ter 70. – Ponderei com a cabeça e isso deu certo desespero.
- Pode contar uma piada?
- Sim, tem... – Gigi parou. – Não, não, não vou contar essa piada, alguém se ofende e... – Ele riu fracamente. – Viu o que significa ser sábio, consciente e adulto? Nunca pensaria em ser cauteloso há 10, 15 anos...
- Mas no dia seguinte...
- Exato! – Ele riu fracamente.
- Já pensou em ser meio-campista, Gigi?
- Eu fui meio-campista até os 12 anos, acabei mudando no Mondiale 1990 por causa do goleiro de Camarões, depois meu pai me aconselhou e me encorajou também.
- Quantos filhos tem?
- Três.
- Se algum deles quiserem ser jogador de futebol, o que acharia? – Ele perguntou.
- Ficaria muito feliz, porque pode aprender muito no esporte sobre a vida, cria disciplina e de afasta de coisas ruins.
- Gigi, qual o momento mais incrível da sua carreira?
- Esses últimos anos foram belíssimos, porque eu estou aproveitando a vida, mas também tivemos o Mondiale, minha vinda para Juve, que foi difícil pela saída do Parma, mas o entusiasmo de vir para um time top. – Ele falou, movimento as mãos.
- Quando foi a última vez que chorou? – Me desapoiei do batente da porta para prestar atenção.
- Eu choro com frequência... E sozinho. – Ele disse, me fazendo franzir os olhos. – Chorar ajuda, te libera e te faz sentir humano. – Ele disse.
- Depois de uma derrota é importante chorar? – O homem perguntou.
- Não, nunca choro por futebol. Não por uma derrota específica. – Gigi cruzou os braços. – Posso ficar emocionado, mas não é pela derrota em si, é algo mais complexo e romântico.
- Gigi, como imagina seu último jogo em campo? – Ele perguntou.
- Ah, penso como a primeira, com entusiasmo e orgulho. – Gigi disse.
- É isso, Gigi! – Ele disse.
- Grazie, grazie! – Gigi se levantou, tirando o microfone do peito.
- Agora ele vai para a propaganda de Natal. – Angela disse atrás de mim e me perguntei por quanto tempo ela estava aqui enquanto ela entrava na sala.
Gigi se livrou do microfone, cumprimentou as três pessoas ali em volta e pegou sua mochila em uma bancada. Angela indicou-o para a porta e ele virou o rosto para mim, me fazendo sorrir. Ele ajeitou a mochila nas costas e seguiu em minha direção.
- Ei, você está aqui! – Ele falou e me afastei da porta, deixando espaço para ele sair também.
- É, vim ver a propaganda, aí a Angela disse que estava aqui, acabei escutando. – Indiquei o corredor e começamos a andar lado a lado.
- Ah, não foi nada demais. – Ele disse. – Piadinhas bobas e...
- Não sobre a parte de chorar. – Falei, afundando as mãos nos bolsos do casaco e ele virou o rosto.
- Ah, besteira, null. – Ele disse. – Nada que você não saiba.
- É, eu sei, mas... – Suspirei. – Você sabe minha opinião, você não precisa se esconder. – Ele suspirou.
- Eu não me escondo, é algo natural. Nem só de futebol eu vivo. – Ele disse. – Penso muito em outras coisas... – Ele disse. – Você, meus filhos... O futebol acaba inserido... – Assenti com a cabeça.
- Beh, eu vim te desejar boa sorte. – Parei no meio cor redor.
- Por o quê? – Ele perguntou.
- Pela Nazionale, os jogos decisivos do Mondiale são semana que vem, não? – Perguntei.
- Sim, jogo de ida na Suécia e, de volta, em Milão. – Ele disse.
- Beh, se é em Milão, eu consigo te ver. – Ele sorriu.
- Vou gostar. – Ele se aproximou, dando um beijo em minha bochecha e abracei-o pelos ombros.
- Vai dar certo! – Falei baixo, não demorando para me afastar.
- Mas você vai hoje, não? – Ele perguntou.
- Claro! Aniversário da Juve! É contra o Benevento, por favor, vençam! – Falei firme e ele riu fracamente.
- Eu estarei no banco, mas repasso a informação. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Allegri vai me poupar hoje.
- Está certo, mas o uniforme comemorativo está lindo. – Ele sorriu.
- Fiquei sabendo, Angela está bem orgulhosa sobre eles. – Ele disse rindo.
- Estou mesmo, agora precisamos ir! – Angela disse atrás de nós e me perguntei de novo há quanto tempo ela está ali.
- Até mais! Nos vemos logo mais. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Até mais! – Ele disse sorrindo e se afastou com ela.

Lui
11 de novembro de 2017
Minha cabeça estava longe, minha cabeça só voltava para aquele gol. O único gol do jogo e o gol que eu levei. A bola entrou de forma ridícula. Se ela não tivesse sido desviada em Lele, talvez o resultado fosse diferente, mas pensar nisso era horrível. Foi um gol. Somente um gol e saímos com a desvantagem.
Não tivemos a capacidade de montar um ataque decente o jogo inteiro, mas estava assim desde as outras eliminatórias contra Israel, Macedônia e Albânia. O time estava completamente bagunçado, faltava liderança, organização e não conseguia nem pensar o que aconteceria se continuássemos não conseguindo fazer ao menos um gol em 90 minutos no jogo da segunda-feira.
Seria adeus, Mondiale. E isso não podia acontecer!
Eu não conseguia imaginar a Itália fora do Mondiale da Rússia e não queria essa culpa nas minhas costas. Tínhamos só uma chance, mas como tornar o time melhor em três dias... Dois, levando em conta que já passou da meia-noite? Era impossível. Com Barza, Chiello e Leo na defesa, já me deixava mais confortável sobre levar gols, mas e fazer? Quem faria esses gols? Verratti, que tendo bons resultados, estava pendurado e não jogaria. Agora teria que ver quem Ventura colocaria para compensar...
Eu só sentia uma incrível dor de cabeça e parecia que o choro estava entalado na garganta, mas não podia desistir agora. Eu sou o capitano, preciso me manter firme para os outros, mas parece que a esperança e confiança vai morrendo aos poucos.
Parece que conseguia ouvir null falando para mim que o Ventura talvez não fosse uma melhor opção pelo seu histórico e isso fervia em minha cabeça como se ela soubesse de algo lá atrás, mas acho que foi só intuição com base no que ela sabe. Mas preciso ser honesto, o histórico dele não era de técnico de Nazionale italiana, mas alguém confiou nele e precisamos confiar também, pena que não estava dando certo.
A nazionale não estava nada sincronizada, e temos poucos jogadores novos, a maioria estava no campeonato Europeo e avançamos bem, sendo eliminados somente por uma batia de pênaltis eterna.
Não dava para olhar para trás agora, precisávamos olhar para frente e consertar esse ataque em dois dias de treinamento antes do jogo em Milão. Para ajudar o jogo seria em casa, em uma situação dessas, esperava que o jogo de volta tivesse sido na Suécia. Apesar de que a vergonha nacional e mundial seria a mesma aqui ou fora.
- Ei. – Ergui o rosto e demorei para identificar Barza pela pouca iluminação. – Posso sentar?
- Claro. – Falei e ele entrou na minha fileira do avião e se sentou na poltrona do corredor.
- Pensando no jogo? – Ele perguntou baixo.
- Tem outra coisa para pensar? – Virei para ele.
- Não, mas só vim checar se você está jogando toda a culpa nas suas costas.
- Não... – Neguei com a cabeça. – Dessa vez não. Não acho que precisamos apontar culpados.
- Não, mas... – Ele disse e nos encaramos, suspirando juntos.
- É... Mas precisamos nos manter unidos até o fim. – Falei. – Não é a Juve, mas fino alla fine.
- Eu já vejo algo diferente, apontar os dedos um para outro antes mesmo do fim do dia. – Ele suspirou.
- É impressão minha ou o mais otimista está se tornando pessimista? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Um tanto realista, talvez. – Ele engoliu em seco. – Minha vida pessoal não está no melhor momento para eu ser otimista.
- E a minha está? – Virei para ele e rimos juntos.
- Mas você tem alguém para voltar, eu acho que não... – Ele suspirou.
- Precisando conversar, Barzaglione? – Virei para ele, apoiando o braço na poltrona livre entre nós.
- Nah, não acho que você seja a melhor pessoa para me dar conselhos amorosos, mas agradeço. – Rimos juntos, escondendo a boca com as mãos para conter o som dos outros que dormiam durante o voo.
- Não mesmo, mas se quiser falar besteira, estou aqui. – Ele assentiu com a cabeça.
- Valeu. – Ele disse e toquei nossas mãos.
- Mas precisamos focar no próximo jogo antes. – Levei a mão na boca.
- Precisamos de um milagre. – Ele disse e suspirei.
- Eu preciso de uma luz... – Suspirei. – Eu preciso...
- Falou com a null? – Ele perguntou e abanei a cabeça.
- Nem peguei o celular ainda. – Tateei os bolsos do paletó, encontrando-o e puxei-o.
- Ela não vai conseguir corrigir aqui, mas ela pode te acalmar que eu sei. – Ele disse e vi uma notificação, puxei-as e encontrei uma mensagem dela.
- Ela mandou mensagem. – Falei.
- É claro que sim. – Ele disse rindo e sorri. – Ela é sua garota, Gigi. Faça o possível e o impossível para resolver essa bagunça, ok?!
- Pode deixar. – Suspirei e abri a mensagem dela.
“Como dizemos aqui na Juve, “não desistimos nunca”, vai dizer que se esqueceu disso?” – Sorri e procurei pela conexão WI-FI do avião antes de respondê-la.
“Como sabe que estou prestes a desistir?” – Enviei de volta e deixei o aparelho em cima da mesinha abaixada.
Podia dizer que null não responderia agora por ser quase duas da manhã, mas até parece que eu não a conhecia. É óbvio que ela estaria acordada ainda, parecia que ela só dormia quando estávamos juntos.
“Acho que te conheço um pouquinho, haha”. – Ela respondeu. – “Como está?”
“Não sei...” – Devolvi. – “É uma situação estranha.”
“Tenha um pouco mais de fé, Gigi. Vai dar certo”. – Ela respondeu.
“Como você tem tanta certeza?” – Enviei.
“Eu não tenho, mas é preciso manter as esperanças nesses momentos”. – Suspirei.
“O que faz acordada ainda?” – Mudei de assunto.
“Fiquei conversando com a Giulia até o Kawan dormir, Fabrizio e Gianni foram dormir irritados, isso deixou-o um pouco atacado”. – Suspirei.
“Peça desculpas para eles por mim”. – Enviei de volta.
“Essa culpa não é sua, Gigi. Não começa.”
“Eu sou o capitano, não? Essas responsabilidades caem sobre mim...”
– Mandei, coçando a cabeça.
“Essa não. A Federazione e o Ventura carregam essa culpa, mas vamos manter esperança de que ele vai vir como um Santo milagroso e que procuraremos outro para levá-los ao Mondiale”. – Sorri.
“Que Deus te ouça!” – Enviei, suspirando.
“Já chegaram na Itália?” – Ela enviou.
“Estamos voando, só não conseguia dormir. Fiquei pensando em você.” – Dei um curto sorriso.
“Ligação de pensamentos, hahaha”. – Ela enviou com emojis e sorri.
“Te vejo em Milão? Ou vai escondida novamente?”
“Hahaha, engraçadinho! Dessa vez vou como eu mesma, preciso ter acesso aos vestiários, né?”
– Sorri.
“Acho bom! Te espero lá, então!” – Enviei e precisei esperar mais do que alguns segundos para sua resposta.
“Estarei lá para te abraçar, de um jeito ou de outro, mas não perca as esperanças ainda, ok?! Fique firme”.
“Pode deixar”.
– Respondi.
“A Giulia derrubou a mamadeira do Kawan e fez uma bagunça na cozinha, vou ajudá-la, mas fique bem, ok?! Estarei aqui qualquer coisa”.
“Obrigado. Eu também!”
– Respondi e ela finalizou o papo com um coração, me fazendo sorrir.
Ah, null, será que você sabe o quanto que eu preciso de você? Quão bem você me faz? Preciso me livrar logo daquela infeliz parar viver feliz contigo o mais rápido possível.


Capitolo novantacinque

Lei
13 de novembro de 2017
- Não entendo por que me trouxe aqui. – Giulia disse quando saí no camarote do San Siro, precisando apertar o casaco mais contra o corpo.
- Porque se eu trouxesse seu pai e algo dar errado, eu vou dar um tapa nele. – Falei, suspirando. – E eu preciso de alguém para me manter firme hoje. – Assenti com a cabeça ao cumprimentar algumas pessoas no camarote do San Siro.
- Você está nervosa, null, não sei por que veio. – Ela disse e desci alguns degraus, indicando para ela entrar em uma fileira e me sentei no corredor.
- Porque sim. – Suspirei. – Ele precisa de mim...
- Depois de todos esses anos, tudo o que ele fez...
- É! – A interrompi. – Uma coisa não muda a outra, Giu. E nunca vai mudar. – Suspirei e ela assentiu com a cabeça. – Eu quero seu apoio, não seus julgamentos hoje. Já falamos sobre isso.
- Eu sei, eu sei! – Ela ergueu as mãos em defensiva. – Estive fora por três anos, não tenho direito de falar nada, desculpe.
- Você tem... – Suspirei. – Só não hoje, acho que já temos problemas o suficiente. – Ela pegou minha mão no apoio da poltrona.
- Estou aqui, mana. Para o que precisar. – Apoiei a outra mão em cima da dela que ela apertou fortemente. – Quietinha!
- Se o jogo for igual ao último, teremos muito o falar. – Suspirei.
- Você já foi mais confiante, null. – Rimos juntos.
- Nunca em decisões. – Disse e ela riu fracamente. – Fico tensa igual uma corda de violino. – Suspirei.
- Vai dar certo. – Ela disse e engoli em seco, checando o relógio.
Não demorou muito para os jogadores entrarem em campo e os torcedores, majoritariamente italianos, fizeram mosaicos bonitos para recebê-los. Durante os hinos, os suecos foram vaiados e Gigi compensou a falta de educação da torcida ao aplaudi-los durante o hino. Na nossa vez, o San Siro ficou ensurdecedor ao cantarmos nosso hino nacional.
Além de Gigi, Chiello, Barza e Leo, nossa escalação era composta por Darmian, Parolo, Jorginho, Florenzi, Candreva, Immobile e Cabbiadini. Era como conhecer metade do time e não fazer a mínima ideia sobre a outra metade dele. Só consegui fazer diversos sinais da cruz e juntar as mãos em um pedido silencioso de que a Nazionale que não vimos no jogo sexta-feira, aparecesse aqui hoje.
Apesar que dependendo desse Ventura... Ah, minha maldita boca. Quem diria que estaríamos no bico do corvo? Minhas opiniões mudaram muito ao longo dos anos por culpar ou não culpar técnicos pelas falhas e vitórias do time, mas depois de conviver com Lippi, Allegri e Conte, eu sabia que isso realmente tinha alguém para culpar, principalmente se o elenco fosse majoritariamente o mesmo.
Sabe aqueles jogos truncados e bagunçados que parece que não leva nada a lugar nenhum? Foi isso que eu vi pelos primeiros minutos de jogo, parecia uma reprise ou um surto coletivo, pois a bola só andava pelo campo, ninguém realmente fazia nada.
Primeiro lance interessante foi um cartão amarelo para a Suécia por uma falta em Parolo aos nove minutos. Aos 16, Immobile teve a primeira chance real de gol, mas a bola correu muito para o fundo do campo e pegou da rede do lado de fora. Aos 18, um sueco foi substituído por alguma lesão que, aparentemente, ele fez sozinho. Aos 26, Immobile teve uma chance crucial, mas o goleiro desviou. No rebote, Candreva se aproximou, mas fiquei em dúvidas se o goleiro defendeu ou se a bola só subiu demais. Aos 41, Immobile de novo tentou, mas a bola rebateu no goleiro e a defesa tirou antes que corresse para o fundo do gol.
O primeiro tempo acabou e parecia que nem os gritos da torcida estavam ajudando. O domínio de bola era nosso e o ataque também, mas faltava muita coisa para bola entrar no gol. Era quase como se o time não se conhecesse, como se tivessem colocado diversas pessoas estranhas para jogarem juntas. Ao menos a bola mal chegava em Gigi e, mesmo Leo fora da Juve, o BBBC continua intacto.
Voltando ao segundo tempo, o primeiro lance foi aos 58, Chiellini tentou um chute de fora da área, mas o goleiro pegou. Aos 64, Immobile tentou de novo, mas a defesa sueca entrou na frente e a bola saiu. Logo em seguida, Parolo tentou e foi para fora. Aos 74, Jorginho tentou, mas o goleiro também pegou.
Conforme o relógio passava, meus pés começavam a bater no chão, mas eu sabia que não era de frio, apesar de tudo. O goleiro dele havia realmente se transformado em uma muralha e não deixaria nada entrar. Nada mesmo. A gente chegava, mas ele estava bem-preparado e, conforme os minutos passavam, notava-se o nervosismo dos meninos e a bola saía muito para fora.
Mais para o fim de jogo, além do pessoal de sempre, Bernardeschi entrou no jogo e acabou fazendo sua parcela de falta. O nervosismo não funciona no futebol e sabia muito bem o que acontecia com isso. Ou melhor, o que não acontecia. Gigi fez sua parcela de defesas, mantendo o 0x0, mas também tivemos dois lances de mão contra nós que não foi dado, então não podia reclamar.
Nos acréscimos, Gigi apareceu na área sueca para oferecer uma cabeça a mais em cobrança de escanteio, mas também não foi possível, aquele placar não melhorava e, se não fosse pelo goleiro, era pelo nervosismo da nossa equipe que começava a brigar entre si e os gritos eram abafados pela torcida que reagia a qualquer possibilidade de lance. No último escanteio ao nosso favor, Florenzi beijou a bola antes de cobrar, mas o impedimento foi dado.
Com cinco minutos de acréscimos, o resultado impossível aconteceu. Depois 60 anos, estamos fora do Mondiale. Não iríamos para a Rússia. Gigi não jogaria seu último Mondiale. Tudo havia acabado aqui.
Eu não sabia dizer se era a torcida sueca que conseguiu ficar mais alta que a italiana, mas os gritos não pararam mesmo depois de tudo. Eu só conseguia ver os pontos azuis desmontarem em campo e os amarelos correrem com a vitória.
Dentro de mim não tinha nada, parece que eu tinha disso atingido por uma daquelas armas de desenhos animados que faz um buraco tão grande que desintegra seu coração de uma vez só, mas não era por mim. Nunca era por mim, era por Gigi, por Barza, por Chiello, por Leo, por Fede, por Ruga, por De Rossi, por Astori e por tantos outros novatos que tiveram que ser fantoches nas mãos de Ventura e da Federazione e levarem nas costas esse feito.
Da distância que eu estava, não dava para definir Gigi muito bem, mas todos que chegavam nele, o abraçavam. Ele não merecia isso! Ele, nem Barza e nem De Rossi, depois de serem campeões do mundo em 2006, eles mereciam algo a mais, uma última competição antes de pendurarem as chuteiras e se aposentarem. Talvez a carreira deles na Nazional acabassem no Mondiale, mas acabou hoje com esse resultado desastroso.
Gigi parou na frente do banner publicitário e não conseguia me conformar como ele ainda falaria alguma coisa sobre isso! Como ele conseguiria falar qualquer coisa sobre isso. Nesse momento, eu me levantei, sentindo Giulia apertar minha mão.
- Onde você vai? – Ela perguntou e olhei as arquibancadas que já estavam quase vazias.
- Eu-eu... – Balancei a cabeça. – Eu vou descer, eu preciso falar com ele.
- Eu vou contigo! – Ela disse apressada, mas sua voz saiu abafada quando segui degraus acima para sair do camarote.
Os corredores estavam vazios, mas as pessoas que estavam lá, algumas choravam, outras brigavam, mas tinha alguns comemorando. Eu não sabia dizer como eu estava. Eu estava destruída por causa de Gigi, mas sobre a eliminação? Eu pensaria nisso depois. Primeiro eu via as pessoas, depois eu checaria os efeitos que isso causaria para a Itália, para a Juventus e até para nós.
Bati meu crachá no rosto de vários seguranças, odiava fazer isso, mas agora era necessário. Eu estava acostumada a andar pela área interna do San Siro, normalmente ficava no camarote no campo, mas sabia o caminho. Quando finalmente cheguei, eu freei com pressa, sentindo Giulia bater em minhas costas.
- Eu te espero aqui. – Ela disse, ficando ao lado do elevador e suspirei.
Caminhei mais devagar pelo túnel, procurando algum dos meus conhecidos. Não havia passado mais do que 10 minutos que o jogo tinha acabado, mas eles entravam muito rápido, ainda mais depois de um resultado como esses.
- null? – Virei o rosto, encontrando De Rossi. – O que está fazendo aqui? – Ele perguntou, passando as mãos nos olhos.
- Você sabe o motivo. – Falei e ele suspirou. – Sei que não somos amigos, mas... – Ele negou com a cabeça e me abraçou fortemente.
Suspirei, deixando que o meio-campista romanista me abraçasse e passei a mão em suas costas, tentando consolá-lo de alguma forma. Ele ficou em silêncio enquanto me abraçava e sabia que eles precisavam de algum conhecido. Atrás de Daniele, Barza apareceu. Ele parecia sério e um tanto confuso com tudo o que acontecia, mas podia ser somente por estar me vendo ali.
- null? – Ele falou e De Rossi ergueu o rosto.
- Grazie. – Ele disse.
- Não precisa agradecer. – Falei, acariciando o rosto dele que suspirou.
- Você está aqui! – Barza disse.
- É claro que sim! – Falei, passando os braços pelos seus ombros e ele me apertou fortemente.
De Rossi estava chorando, mas parecia que Barza estava segurando as lágrimas que escaparam quando eu apertei-o, mas o choro silencioso não me incomodou. Mantive acariciando sua nuca da mesma forma que fiz com Daniele e deixei-o tomar seu tempo. Outros jogadores da Nazionale entravam, mas não eram conhecidos o suficiente para abraçar.
- Está tudo bem. – Falei baixo. – Força! – Barza ergueu o olhar e dei um curto sorriso, dando um beijo em sua bochecha. – Eu estou aqui, ok?!
- Grazie! – Ele suspirou. – A gente... Nós...
- Eu vi! – Falei firme. – Vocês não precisam dizer nada. – Olhei para ambos que limpavam os olhos.
- null? – Um chamado mais alto e assustado chamou minha atenção e desviei o olhar para a entrada do túnel, vendo Gigi finalmente entrar.
Seus olhos estavam avermelhados e molhados, ele já não escondia as lágrimas como os outros dois. Os lábios tremiam e parecia que seu corpo inteiro estava prestes a desabar. Me afastei de Barza e Daniele, desviando deles e o salto da minha bota ecoou pelo piso antes de eu abraçar Gigi com força.
Suas mãos apertaram minha cintura, puxando o forte casaco que eu usava e ele apoiou a cabeça em meu ombro. Minhas mãos foram para sua nuca, acariciando-a devagar e dei diversos beijos em sua cabeça. Suas mãos pareciam me apertar cada vez mais e dava para eu sentir a dor em seu peito só pelo desespero que ele tinha em não me soltar.
- Está tudo bem. – Falei baixo. – Eu estou aqui. – Suspirei, deixando beijos próximo de sua orelha. – Está tudo bem, está tudo bem...
- null, eu... – Ele ergueu o olhar, passando a mão em seus olhos. – A gente não...
- Você não precisa falar nada. – Segurei seu rosto com as mãos, olhando em seus olhos azuis encharcados e passei os polegares embaixo deles. – Você não precisa falar nada.
- A culpa foi minha, a culpa foi...
- Não! – Falei firme, segurando seu rosto firme, puxando levemente seus cabelos. – A culpa não é sua. E não está na hora de apontar culpados. – Apoiei minha testa na sua. – Está tudo bem, Gigi. Uma coisa de cada vez. – Ele repuxava a respiração devido ao nariz entupido e soltava fortemente pela boca. – Eu estou aqui, ok?! Para sempre!
- Quem é você? – Virei para o lado, vendo uma mulher atrás dele.
- null null, diretora da contabilidade da Juventus. – Estiquei meu crachá para ela. – Melhor amiga dele. – Falei firme e isso fez com que ela se calasse sobre mim.
- Nós temos que ir... – Ela disse.
- Não vá! – Gigi disse. – Por favor... – Ele dizia em súplica e isso apertava meu coração fortemente.
- Eu não vou. – Passei a mão em seus olhos. – Eu vou te esperar. Você não vai voltar para Florença, não importa o que digam. – Falei firme e ele assentiu com a cabeça. – Eu estarei aqui, ok?! Para você, Barza, Chiello, para quem precisar.
- Ok! – Ele me apertou novamente e fechei os olhos, apoiando minha cabeça na dele e fazendo carinho pelo tempo que ele precisasse.

Lui
14 de novembro de 2017
Abri meus olhos devagar, sentindo a claridade me forçar a fechar os olhos novamente e levei a mão na cabeça, sentindo-a doer. As imagens da noite passaram vieram em minha cabeça um tanto embaçadas, mas não fizeram com que eu me sentisse melhor. Me mexi na cama, girando o corpo para outro lado e estranhei ao olhar para o quarto que eu estava.
Eu não fazia a mínima ideia de onde eu estava. Não era meu quarto, não era o quarto de hotel em Milão e nem o quarto de null. Não conseguia pensar o que aconteceu ontem depois do apito final, mas sabia que tinha falado com null, seu rosto tinha feito eu me acalmar um pouco, mas não sei se ela ficou comigo até o pessoal da Nazionale nos liberarem para ir para Turim.
Mas não importava agora, eu estava relaxado, ao menos um pouco. O edredom pesado em cima de mim era confortável e eu estava vestido com uma calça de moletom e camiseta branca. Não conseguia lembrar se havia me trocado ou se alguém o fez por mim. Levei minha mão até a boca, soltando o hálito e não sentia cheiro de bebida, provavelmente foi só meu sistema de defesa ignorando a pior tragédia da minha carreira.
Virei o rosto para a janela de novo, tendo dificuldade em focar em algo e me forcei a fechar os olhos novamente. Um barulho fraco de porta se abrindo foi ouvindo e passos quase imperceptíveis atravessaram o quarto. Um barulho oco foi ouvido ao meu lado e a beirada da cama afundou um pouco quando a pessoa sentou.
Uma mão foi para a lateral do meu rosto, acariciando-o devagar e a forma que ele fazia com a ponta dos dedos só podia ser uma pessoa, null. O perfume também denunciava. Levei minha mão até a sua, virando meu corpo de barriga para cima.
- Ei, está acordado? – Ouvi sua voz e abri os olhos devagar, esperando meus olhos se acostumarem com a claridade no quarto para eu ver seus olhos.
- Ei. – Falei sorrindo e ela retribui, abaixando a mão para meu peito, antes de tirá-la. – Não acordei para você parar. – Ela sorriu.
- Como você está? – Ela voltou a mão em meu rosto, passando a mão em minha barba e suspirei.
- Eu estou bem. Só com dor de cabeça.
- Eu trouxe Advil e um café com leite para você. – Ela indicou a mesa de cabeceira e vi a caneca e o remédio apoiados na mesa de cabeceira.
- Ah, grazie! – Apoiei os antebraços na cama, erguendo meu corpo e me sentei na cama, dobrando uma perna para dentro.
Ela me entregou os dois e coloquei o remédio na boca antes de dar um gole na bebida quente. Soltei um suspiro, sentindo o quente aquecer meu peito e dei mais um gole antes de apoiar a caneca de volta no pires.
- Logo melhora. – Ela disse. – Já falei com Allegri, você, Barza, Chiello, Ruga e Fede, se não quiserem, não precisam treinar essa semana...
- Não, tem Champions na semana que vem, Barcelona. – Suspirei, negando com a cabeça. – Eu só preciso de um dia para me recompor, só um...
- Gigi. – Ela apoiou a mão em minha perna. – Desacelera. Todo mundo entende o peso que aconteceu ontem e você precisa de um tempo. – Ela disse firme. – Fica aqui! Toma seu café, respira fundo, logo mais o almoço é servido, não precisa correr. – Falei.
- Onde eu estou? – Perguntei, olhando para ela.
- Na casa da Giulia. – Ela suspirou. – Depois de ontem à noite, achei que precisava te levar para outro lugar sem ser a sua casa ou a minha que a imprensa conhece. – Suspirei.
- Deve estar uma loucura lá. – Falei.
- Está. – Suspirei. – Minha ajudante me ligou e disse que não dá para chegar na sua casa.
- Como eu cheguei aqui? – Ele perguntou. – Não lembro de muita coisa depois do jogo. – Falei, virando minhas pernas para fora da cama, me colocando ao seu lado.
- Você foi dar outra entrevista, eu fiquei contigo, aí depois eu disse que levaria você e o restante de juventini para casa, aí eu briguei com a assessora da Nazionale que disse que não, aí o Leo brigou, falando que ia para casa, e eu consegui trazer vocês. – Suspirei. – Só que eu sabia que estaria um caos em frente da sua casa hoje, Giulia estava comigo, então te trouxe para cá. – Ela deu um curto sorriso.
- Você não precisava fazer isso.
- Não! – Ela se levantou, ajeitando a calça de moletom na cintura. – Mas você também não me levar para casa depois da premiação e eu nem tinha sofrido um baque, era só sono.
- Mas é fácil para eu te carregar e... Ei! Como você me trouxe para dentro? – Perguntei.
- Treze! – Ela disse rindo. – A gente ligou para ele e ele veio nos ajudar. Ele queria tirar várias fotos para te zoar depois, mas não deixamos. – Ri fracamente.
- Qualquer brincadeira seria melhor do que ontem. – Cocei os olhos.
- Olha para mim, Gigi... – Ela se aproximou novamente. – Você não tem culpa de nada, ok?! – Ela disse firme, se colocando entre minhas pernas e segurando meu rosto. – Ontem aconteceu uma tragédia, mas a culpa não é sua! – Ela disse firme. – Se quiser culpar alguém, culpe a Federazione e o Ventura...
- Mas...
- Mas nada! – Ela disse firme. – Não importa se ele é seu técnico e somos uma equipe, vocês não eram uma equipe há muito tempo. Eles colocaram vocês para aguentar as chicoteadas enquanto se escondiam. – Ela respirou fundo. – Não é culpa sua, não é culpa do Barza, não é culpa do Chiello, não é culpa do Daniele, não é culpa do Leo e nem de nenhum dos jovens jogadores que estavam lá, porque mais da metade daquele pessoal estava no Europeo e vocês foram muito bem. Entendeu? – Arregalei os olhos.
- Sim, senhora. – Falei e ela riu fracamente, relaxando o rosto em um sorriso.
- Se troca e desce, ok?! – Ela disse, inclinando o corpo para frente e dando um beijo em minha cabeça. – Estamos te esperando lá.
- Tem alguém aí?
- Só a Giulia e a Giovanna. – Ela disse. – Não se preocupe, está seguro. – Assenti com a cabeça. – Sua mochila está ali. – Ela indicou o lado da cama e assenti com a cabeça. – E termine seu café!
- Pode deixar.
Suspirei, vendo null sair do quarto e suspirei. Peguei a caneca, terminando de beber o café com leite em goles longos antes de me levantar. O quarto tinha uma decoração simples, bem quarto de visita mesmo. Segui até o banheiro e me troquei, colocando um moletom da Nazionale e outra camiseta e fiz minhas necessidades e escovei os dentes. Voltei para o quarto e coloquei os tênis e arrumei a cama. O tempo aqui dentro estava quente, mas não sabia dizer se era porque eu tinha acabado de sair da cama ou se era a calefação da casa mesmo.
Peguei a xícara e saí do quarto. A casa era bem grande, o corredor tinha diversas portas e sabia que não era a casa de Giulia e sim a de Giovanna, quase mãe de null. Ouvi algumas risadas altas e segui o som, descendo as escadas devagar. A sala de estar estava vazia, mas pude ver as mulheres na cozinha aos fundos.
- Quem é o lindo da madrinha? Quem é? – null afinava a voz para falar com o bebê que ela abaixava diversas vezes e a risadas do menino ecoava pelo local.
- Buongiorno! – Falei, entrando na cozinha, vendo Giovanna e Giulia olharem para mim, além de null que endireitou o bebê em seu colo antes de se virar.
- Ei, Gigi. Entra aí! – Ela disse.
- Fala aí, Gigi! – Giulia disse.
- Oi, Gigi, tudo bem? Se lembra de mim? – Giovanna disse, se afastando do fogão e veio em minha direção.
- Claro, dona Giovanna! – Ela sorriu, me abraçando fortemente e retribuí. – Bom te ver.
- Bom te ver também! – Ela esfregou minhas costas. – Aceita comer algo?
- Não sei se estou com fome...
- Aceita sim! – null disse, ajeitando o menino de olhos null em seu colo que olhava curioso para mim. – Você precisa comer.
- Não falei nada! – Ergui as mãos em rendição e ela riu fracamente.
- Senta aí, Gigi! – Giulia disse, mexendo com a mão.
- Quanto tempo, hein?! – Falei, ouvindo-a rir. – Achou o caminho de casa?
- Finalmente! – Ela disse e me abraçou de lado, trocando dois rápidos beijos.
- Desculpe atrapalhá-las assim, eu não queria...
- Você não precisa se desculpar de nada. – Giovanna disse, pegando a caneca em minha mão e se afastou. – Aceita mais?
- Pode ser café puro, por favor. – Falei e null se sentou ao meu lado, apoiando o garoto na mesa que olhava curioso para mim. – Esse é o famoso Kawan?
- É sim! – null disse sorrindo, ajeitando a roupa dele. – Fala ciao, Kawan! – Ela beijou a cabeça do menino.
- Bu-bu! – Ele disse, apontando para mim e null sorriu.
- Ainda nada, Giulia! – null disse e ambas riram.
- Ele vai falar, e ele precisa falar mamãe, porque não tem outra opção! – Giulia disse rindo.
- Ele pode falar null, Pipi, Gigi... Não você! – Ela se virou para mim. – Gianni... – Rimos juntos.
- Gigi pode ser de Giovanna também, ok?! – A matrona disse, colocando uma xícara em minha frente junto de um prato com ovos mexidos e uma torrada.
- Giulia também. – Foi a vez da mais nova dizer.
- Eu voto que ele vai dizer o nome de um dos meninos antes. – null disse. – Principalmente do Pietro que é o que você mais briga! – Rimos juntos.
- Espero que não! – Giulia disse brava. – Meu filho, vai dizer o meu nome! – Rimos juntos.
- Oi, menino. – Acariciei seu rosto. – Eu sou o Gigi. Gigi, não Gigí. – Falei em entonações diferentes, fazendo as duas rirem. – Sou apaixonado na sua madrinha.
- Não começa, Gianluigi! – null disse.
- Não estou começando, estou fazendo uma constatação. – Falei. – Em breve, eu vou ser seu tio. – null revirou os olhos.
- Falando nisso, quando isso vai acontecer, hein?! – Giulia disse.
- Querem parar com esse papo? – null disse, erguendo Kawan em seu colo. – Não trouxe você para cá e nem trouxe ele por isso.
- Em breve, Giulia. – Respondi, piscando para ela que assentiu com a cabeça.
- Espero mesmo, a null precisa ser mãe, logo o ovário que sobrou seca e...
- Ai, Giulia! – Giovanna disse, fazendo a mais nova gargalhar.
- Não tem graça! – null disse enquanto Kawan pisada em suas pernas, tentando se equilibrar. – E eu ainda posso adotar, ok?! Olha esse gostosos aqui! – Ela apertou Kawan. – Tem muita criança precisando de um lar.
- Eu prefiro o modo antigo. – Virei para null que virou meu rosto para o lado.
- Prefere tanto que fez três já. – Ela disse e Giulia gargalhou.
- Minha amiga é um poço de romantismo. – Giulia disse.
- Se for para ficar de gracinhas, te levo de volta para sua casa, aí quero ver o que vai fazer. – Ela disse e ergui as mãos.
- Não está mais aqui quem falou. – Peguei um pouco de ovo, colocando na boca.
- null, seu celular! – Giovanna disse, entregando o aparelho para null.
- Ah, é o Pavel! – Ela disse, suspirando e atendeu a ligação. – Alô? – Ela bufou. – Não, estou em casa hoje. – Ela passou as mãos nos cabelos. – Não, eu tirei folga, e dei folga para meu setor inteiro por causa de ontem. – Ela disse e vi Kawan esticando as mãos para mim e afastei minha cadeira, segurando-o e null me olhou. – Não, você não... Espera um pouco. – Ela afastou o telefone. – Cuidado com ele! – Ela falou e peguei-o no colo.
- Eu sei segurar um bebê, null. – Falei.
- Não, não sabe! – Ela disse e ele pisou em minhas coxas, ficando em pé no meu colo.
- Você não é italiano, não tem por que ter folga. – Ela voltou a falar com Pavel antes de se virar para mim de novo. – Cuidado que ele gosta de pegar nariz. – Ela disse e o menino levou as mãos para o lugar. – Não, claro que não foi contigo, Pavel. – Ela voltou ao telefone. – Eu não sei, hoje é feriado nacional, Pavel. Não importa. A gente volta amanhã ou quinta. – Ela bocejou. – Sei lá, o time pode parar por um dia ou dois... Um, com toda certeza! – Ela riu em seguida. – Sim, conversamos melhor depois. – Ela suspirou. – Ok, ciao, ciao! – Ela desligou o telefone.
- Feriado nacional, é?! – Virei para null.
- Feriados costumam ser quando morrem alguém importante, por que não? – Ela deu de ombros. – Um dia, dois, pessoal precisa de uma folga. – Ela disse, se levantando.
- Almoça conosco, Gigi? – Giovanna disse.
- Eu não quero atrapalhar, preciso ir para casa. – Falei.
- Não atrapalha, pode aproveitar e experimentar minha lasanha. – null apoiou o rosto em meu ombro. – Não é, meu amor? – Ela afinou a voz, dando um beijo nos cabelos cacheados de Kawan. – Madrinha faz uma lasanha gostosa, não é! – Ela virou o rosto para mim, dando um beijo em minha bochecha. – Precisa que compre algo, Gio?
- Seremos nós e o Fabrizio só, uma dá, não? – Giovanna disse e null se aproximou da mesma.
- Talvez, deixa eu ver... – Ambas sumiram do outro lado da cozinha, sumindo de minha visão.
- Bu-bu! – Kawan disse, chamando minha atenção e segurei suas mãos.
- Fala “null”, Kawan! – Falei.
- Há, há, há! Engraçadinho! – Giulia disse e rimos juntos.
- Ele é lindo, Giu, sério!
- Grazie. A história é meio triste, mas...
- Ele é seu filho. – Ela assentiu com a cabeça.
- É sim. – Ela suspirou.
- Treze já sabe que vai ser padrasto? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Já sim, estamos indo devagar. – Ela sorriu.
- Fico feliz por você, sério. – Sorri e ela concordou.
- E vocês? – Ela indicou a cabeça para o outro lado. – Não me diga que não está com ideias vendo o Kawan com ela.
- Nunca precisei ter ideias com a null quando a via com um bebê. – Falei e ela riu fracamente. – Eu estou com um problema de percurso, mas vai acontecer...
- Como assim? – Giulia franziu a testa.
- Eu vou ali no mercado e compro um pouco, não se preocupe. – A voz de null ficou alta de novo.
- Depois te conto. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Beh, Gianni está no time, Pietro está na faculdade, Fabrizio chega uma hora, são 10:30... – null falava sozinho. – Ele pode trazer para gente, não?
- Manda mensagem! Ele não tinha reunião hoje. – Giovanna disse.
- Combinado, qualquer coisa eu vou. – null disse, se sentando ao meu lado novamente e virou para mim. – O quê?
- Nada. – Neguei com a cabeça. – Só gosto da sua família.
- E eu gosto da sua. – Ela disse.
- E vocês sabem o que isso significa, não? – Giulia disse e olhei para ela. Ela juntou os dedos de cada mão e colou-as, fazendo um bico como se estivéssemos nos beijando e null jogou um guardanapo nela. – Eu aceito ser madrinha do casório, grazie.
- Ridícula! Precisa de muito para chegar nisso! – null disse, voltando a olhar para o celular.
Se dependesse de mim, não precisava, mas se depender do plano que se formava em minha cabeça, demoraria um pouco ainda, mas eu resolveria tudo sem pendências e poderia viver feliz com ela. Talvez precisasse abrir mão de algumas coisas, mas eu abria mão de quase tudo para ser feliz com ela, pois eu adoro sua família, ela adora a minha, meus filhos a amam, é a combinação perfeita.
Além de que eu ia adorar acordar todos os dias com ela andando de moletom pela casa, os cabelos bagunçados e brincar com nosso filho enquanto toma café. A diferença talvez é que teríamos um sexo matinal, mas tudo seria perfeito com ela. Tudo.
Eu só precisava me livrar dessa chantagem. O mais rápido possível.

Lei
22 de novembro de 2017
Suspirei ao sair para fora do estádio, observando-o lotado devido ao jogo que seguiria em breve e sorri. Juventus e Barcelona pela quinta rodada da Champions, se empatarmos ou vencermos, estamos classificados para a próxima etapa da competição no começo de dezembro.
Acenei rapidamente para o pessoal que trabalhava no bar que antecedia a saída e suspirei, procurando o pessoal com o olhar. Claro que eu estava em cima da hora, mas o restante do top ainda não tinha subido novamente do vestiário.
Depois de tudo o que eu e Gigi vivemos nos últimos dias, talvez eu possa descer para o vestiário se conseguíssemos selar essa classificação.
- null! – Sorri para Allegra, mãe de Agnelli e me aproximei da mesma.
- Tudo bem, senhora Agnelli? – Falei, trocando dois beijos nela e depois segui para Deniz que estava ali.
- Ciao, null, tudo bem? – Elas sorriram.
- Tudo ótimo. – Sorri.
- Veio sozinha hoje? – Elas perguntaram.
- Meu irmão veio também, mas vou ficar com os amigos dele. – Abanei a mão.
- Ele joga conosco, não? – Allegra disse.
- Sim, Sub-19. – Sorri. – Max já está de olho nele.
- Ah, que ótimo! Em breve ele vem jogar aqui! – Ela disse.
- Esperamos! Ele está bem animado! – Sorri. – Vamos ver. – Ponderei com a cabeça.
- Ele tem 19 anos? – Ela perguntou.
- Não, fez 18 em maio. – Falei. – Sempre um pouco à frente.
- Ah, mas não importa, vai ser ótimo tê-lo conosco. – Assenti com a cabeça para Allegra.
- Olha! Ela chegou! – Olhei para Pavel atrás de mim.
- Ei, ragazzi! – Sorri, cumprimentando Pavel, depois Agnelli.
- Como você está? – Eles perguntaram juntos.
- Tudo bem, precisamos seguir em frente, né?!
- O futebol nacional morreu naquele dia, precisamos nos reerguer. – Agnelli disse.
- Isso é horrível, Andrea, eu sei, mas nem tudo está perdido. – Falei rindo. – Nosso time está indo bem, não surte.
- Perdemos no domingo. – Ele passou por mim, seguindo até sua mãe.
- Ah, eles tinham acabamos de ficar fora do Mondiale, por favor. – Abanei a mão. – Gigi e Barza no banco, querendo ou não, eles ainda possuem uma liderança incrível em campo. Não sei como Chiello, Ruga e Fede aceitaram entrar em campo, mas está tudo bem, nada como um dia depois do outro.
- Exatamente, null! – Allegra disse. – Hoje é Champions e os meninos sabem que precisam dar bonito para passar. – Assenti com a cabeça, sorrindo para Pavel.
- Vem, senta aqui! – O loiro me puxou e segui para uma poltrona, para sentar ao seu lado e ajeitei o casaco no peito. – Apesar da eliminação, parece que Gigi superou isso rápido. – Ele falou para mim.
- Ah, mesmo? – Virei para ele surpresa e seu olhar me denunciou.
- É, mesmo! O que você fez? Estão de bem novamente? – Ele perguntou.
- Não, não estamos de bem, só não estamos de mal. – Dei de ombros. – Ele sabe da minha decisão, sabe que eu estou irredutível quanto a isso, mas ainda somos amigos...
- Vocês nunca foram amigos, null. – Ele disse.
- Isso é uma mentira, Pavel! – Virei o corpo para ele. – Sempre fomos amigos, é por isso que nosso relacionamento, ou como queira chamar, sobreviveu a tudo, pois sempre colocamos isso em primeiro lugar...
- Ok! Não está mais aqui quem falou! – Ele ergueu as mãos em rendição. – Mas agradeço. Ele está melhor, não jogar no domingo acabou sendo mais opção do Max do que ele mesmo. – Assenti com a cabeça.
- Beh, foi só distrair dele e nem precisei usar a forma divertida. – Disse e ele riu fracamente.
- Ah, quando vocês se casarem, eu quero ser o padrinho, porque só Deus sabe tudo o que eu passo e preciso ouvir de vocês. – Mostrei a língua para ele, ouvindo-o rir.
A música de entrada da Champions nos distraiu e me ajeitei na poltrona para ver a entrada dos meus meninos. A torcida já sabia representar, mas em dia de Champions parece que eles se esforçavam mais. Na curva sud, lado em que fica as torcidas organizadas, um banner começou a subir e me surpreendi quando um desenho de Mario foi aberto, como se ele estivesse comemorando um gol, e em cima, a frase “tra gli uomini, i guerrieri”, entre os homens, os guerreiros.
Não podia ficar mais feliz com isso por vários motivos, primeiro que Mario realmente estava dando tudo de si para o time, ele jogava em sua posição e em qualquer uma que exigissem, mantinha o time animado e ainda fazia incríveis gols. Além disso, as torcidas organizadas dificilmente homenageavam alguém em seus mosaicos, e Mario havia sido o escolhido. E, por fim, eles poderiam estar dando uma força básica ao pessoal italiano após a eliminação, afinal, somos italianos.
A única coisa ruim dessa história toda é que Mario não estava em campo hoje, ele estava no banco por recuperação de uma lesão, se não me engano, mas aposto que Max arranjaria um jeito de colocá-lo se ele estivesse se sentindo bem.
Podia dizer que o jogo foi empolgante e incrível, mas não foi. Os dois times tiveram diversas criações e chances de gols, mas quando chegava nos goleiros, era defendido. Tanto Gigi quanto Ter Stegen não deixaram nada passar, então depois de 90 minutos, o jogo finalizou da mesma forma que começou, em 0x0. Daqui duas semanas iríamos para Grécia só para cumprir tabela.
- Beh, vamos lá! – Pavel disse para Andrea.
- Eu vou também. – Falei, me levantando e ambos pararam.
- Você vai descer? – Eles perguntaram surpresos e revirei os olhos.
- Não transforme nisso um hábito, ok?! – Dei de ombros. – Só é um dia de comemoração...
- Ah, vamos logo! – Pavel me puxou pela manga do casaco e ri fracamente, seguindo com eles.
- Uau! Que milagre! – Beppe disse quando encontramos juntos na saída do camarote.
- Ah, não começa! – Falei, erguendo as mãos e os quatro riram.
Seguimos pelo corredor e entramos no elevador, aproveitei para ajeitar meus cabelos bagunçados por causa do vento no estádio. Quando chegamos ao térreo, o barulho do túnel era alto, os dois times estavam classificados para a próxima fase, então não tinha porquê ter aquele silêncio de um perdedor.
Vi alguns jogadores do Barcelona entrarem mais rápido, o famoso Messi também, depois logo nossos meninos de preto e branco começaram a entrar com sorrisos nos rostos. Não podia negar que senti muita saudade de tudo isso, honestamente.
- CHEFA! – Dybala foi o primeiro a gritar e ri fracamente quando ele me abraçou fortemente.
- AH, PAULO! – Falei rindo.
- SENTI SUA FALTA! – Ele disse pendurado em meu pescoço.
- Eu acho que a passou! – Falei, vendo-o rir fracamente.
- Que bom te ter aqui! – Sorri.
- Você também, querido! – Baguncei seus cabelos e ele deu espaço para Barza.
- Olha quem está aqui! – Sorri.
- Bom te ver, null! – Ele me abraçou e apertei-o fortemente.
- Até parece que não me viu há 10 dias. – Falei e ele riu fracamente.
- Confesso que não lembro muito de você naquele dia. É tudo um grande borrão para mim. – Assenti com a cabeça.
- Mas você está bem? – Segurei seu rosto.
- Sim, sim! – Ele assentiu com a cabeça. – Um dia de cada vez.
- Que bom! – Sorri.
- Alguém saiu da toca. – Ri para Mario.
- Fala aí, guerriero! – Falei e ele deu seu sorriso assustador. – Foi homenageado, hein?!
- Nem sei o que dizer. – Ele disse rindo fracamente. – Fiquei muito envergonhado.
- Envergonhado por quê? – Dei de ombros. – Você tem sido uma contratação incrível, Marione.
- Grazie, chefa! – Ele disse sorrindo.
- Alguém apareceu, hein?! – Sorri para Medhi.
- Quem é vivo sempre aparece. – Rimos juntos e abracei o marroquino. – Você está me surpreendendo, Medhi. E eu gosto de confirmar que eu fiz uma boa escolha. – Ele riu fracamente.
- Chefa! – Cumprimentei Alex, depois Pipita, abraçando-os fortemente, alguns já tinham entrado, pois logo parou de entrar pessoas.
- Eu estou indo, eu estou indo! Não precisa me apressar! – Virei para a entrada ao ouvir a voz de Gigi e franzi o rosto ao vê-lo entrando no túnel com o uniforme completo, com exceção de que faltava os shorts. – null?
- Uau! – Falei, rindo em seguida, erguendo o rosto para ele novamente. – Achei que vocês tinham deixado essa mania de tirar os shorts só para Villar Perosa.
- Ah, depende do momento. – Ele disse, se aproximando, me fazendo descer os olhos para suas coxas novamente, vendo a cueca branca aparecer embaixo da blusa.
- Gosta do que vê? – Ele perguntou e ergui o olhar para ele.
- Sempre gostei, mas está horrível com essas meninas e... – Abanei a mão. – Não está com frio, não?
- Bastante! – Ele disse rindo. – Vai entrar no vestiário?
- Já vim até aqui! – Dei de ombros e segui em sua frente para entrar no vestiário, passando pelo corredor.
- Ah, olha quem chegou! – Sorri para Filippi. – Que saudades de você!
- Também estava! – Abracei-o, ficando levemente na ponta dos pés para alcançar a bochecha do treinador de goleiros.
- Você sabe onde nos encontrar. – Ele disse e ri fracamente.
- Você sabe por que eu não estou vindo. – Falei.
- Ela está fugindo de mim. – Senti as mãos de Gigi em meu ombro e ele deixou um beijo em minha cabeça antes de entrar no vestiário e os gritos dos outros jogadores com seu estilo.
- Ele não está mentindo. – Falei, dando de ombros.
- Eu sei sobre vocês, null. – Filippi disse. – Você não está errada, você é uma mulher linda, incrível, manda nesse time, não merece menos... – Ri fracamente.
- É difícil, mas eu preciso fazer isso por mim, porque senão, não muda nunca. – Suspirei. – Beh, não mudou. – Virei o rosto para o vestiário novamente, vendo o pessoal se trocando andando para os banheiros do fundo.
- Dê um tempo para ele, ele deve estar resolvendo da melhor forma possível. – Suspirei.
- Eu dou o tempo que ele quiser, mesmo sem querer, porque eu sei que nunca mais vou me apaixonar por ninguém quando por ele. – Pressionei os lábios e ele me abraçou, puxando-o para si. – Eu sou idiota por pensar assim? – Virei para ele.
- Não, porque eu sei que ele te ama. Não se esqueça que eu trabalho do lado dele há sete anos. – Rimos juntos e dei dois toques em seu peito.
- Eu sei, eu sei! – Rimos juntos.
- E aí, null, resolveu aparecer? – Allegri falou e ri fracamente, dando um aceno com a cabeça para Claudio antes de entrar no vestiário com Max.
- Ah, sabe como é, achei que pudesse dar alguma dica para você. – Brinquei e ele riu fracamente.
- Chefa! – Sorri para Cuadrado e Asa, acenando para eles e para Douglas que estava do lado.
- Bom jogo, ragazzi! – Falei, abraçando Marchisio um pouco mais longe, recebendo um beijo em minha bochecha.
- Bom te ver. – Ele sussurrou para mim.
- Ragazzi. – Passei pela porta que dava para a sala da fisioterapia e de relaxamento e Gigi e Mario sorriram para mim antes de eu passar pela mesma.
- Chefa! – Acenei para Pjanic e para Rugani que estavam nas macas de relaxamento.
- Ciao, ragazzi! – Sorri.
- Você faz falta, null. – Pavel disse e ri fracamente.
- É, sei bem. – Suspirei. – Eu tenho meus motivos, gente. E estou valorizando ficar com a minha família agora.
- Fiquei sabendo que tem um sobrinho agora! – Max disse.
- Sim, tenho, ele faz um ano em janeiro. – Sorri. – Ele ocupa meu tempo.
- Imagina quando for o seu filho. – Max disse, me fazendo rir.
- Beh, aposto que aí sim eu não vou sair do estádio. – Falei, ouvindo-os rirem.
- Criança vai nascer usando branco e preto! – Agnelli disse, me fazendo rir.
- Espero, por favor! Principalmente se o pai for quem é para ser. – Falei, vendo eles rirem.
- Bianconero até no sangue... – Pavel disse e ri fracamente, vendo Gigi seguir para o banheiro e pressionei os lábios, suspirando.

Lui
27 de novembro de 2017
Ouvi a campainha tocar e dei uma última ajeitada nos cabelos antes de seguir para fora do quarto. Ajeitei o paletó no corpo, dando tapinhas nos ombros para tirar alguns pelinhos e desci as escadas apressadamente, ouvindo meus sapatos sociais ecoarem pelos degraus até a porta. Abri sem olhar e sorri ao encontrar Alena e meus meninos mais velhos nela.
- PAI! – Ambos me abraçaram pela cintura e Alena sorriu.
- Ciao, Gigi! – Alena disse e inclinei meu corpo para trocar dois rápidos beijos com ela.
- Ciao, Lena. Tudo bem? – Perguntei.
- Sim, tudo ótimo! Eles estão animados! – Ela disse, passando as mãos nos cabelos de Dado.
- Mãe! Meu cabelo! – Ele reclamou e Alena revirou os olhos.
- Deixa eu ver vocês! – Falei, me colocando de cócoras e ajeitei os paletós de cada um deles. – Vocês estão bonitos!
- Grazie, papá! – Eles disseram sorrindo.
- Tão bonitos que podem até tirar uma foto no tapete vermelho comigo! – Falei.
- Ai, pai! – Eles reclamaram e eu e Alena rimos juntos.
- Eles estão chato-o-os! – Ela disse e rimos juntos. – Vocês vão ficar lá hoje?
- Acho melhor. – Falei. – O time tem hotel e tudo, era para eu ter ido antes, mas esperei eles... – Ela assentiu com a cabeça. – Voltamos amanhã pela manhã.
- Não vai ficar com a Ilaria? – Alena perguntou e passei a mão no pescoço, pedindo para cortar o assunto.
- Ai, ela não vai, né, pai?! – Dado perguntou.
- Não, gente, não vai! – Suspirei, olhando para Alena.
- Olhem para mim, vocês vão perder aula amanhã, mas é para compensar na quarta-feira, hein?! – Alena disse firme. – Quero que vocês peçam a lição para seus amigos e façam toda a lição acumulada, hein?!
- Ah, mas vão! Vou ficar de olho! – Falei firme.
- A null vai estar lá, pai? – Lou perguntou, ignorando completamente a minha fala.
- É, pai! – Dado disse e ri fracamente.
- Eu não sei, gente! Talvez sim. – Falei, passando as mãos de propósito nos cabelos com gel deles.
- PAI! – Eles reclamaram juntos e ri junto de Alena.
- Por que vocês não vão indo para o carro? – Falei, girando-os para dentro.
- Eu vou na frente! – Lou disse.
- Não! Os dois no banco de trás e com cinto bem firme! – Falei.
- Mas eu já tenho 10 anos, pai! – Lou disse.
- Quando chegar aos 12, a gente pensa! – Falei, vendo-o jogar a cabeça dramaticamente para trás e seguir a passos firmes para o fundo de casa.
- Ao menos pensamos igual nisso. – Alena disse e rimos juntos.
- Pensamos muito igual, Lena! – Ela sorriu.
- Não que seja da minha conta, mas algum problema contigo e com a Ilaria? – Ela perguntou, suspirando.
- Só está sendo mais difícil do que eu esperava terminar com ela... – Suspirei.
- Algo está acontecendo?
- Nah, nada demais! – Abanei a mão. – Só eu pensando nos outros antes de mim. – Dei de ombros.
- Fica bem, ok?! – Ela disse e assenti com a cabeça. – Aqui tem uma troca de roupa para cada um, pijama, cuecas limpas, escovas de dente... – Ela me estendeu uma mochila.
- Ah, já tinha preparado uma também. – Falei e ela riu fracamente.
- Divirta-se, ok?!
- Grazie. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Boa noite.
- Boa noite, Gigi! – Ela disse e sorri, vendo-a virar para fora novamente e entrar no carro atravessado na rua.
Acenei para ela mais uma vez antes de ela sair com o carro. Fechei a porta, trancando tudo e voltei para meu quarto só para pegar minha mochila, já que Alena tinha arrumado uma para os meninos, confiaria mais na dela. Segui para a garagem, fechando a porta dos fundos e coloquei as duas mochilas no porta-malas, mas levei o celular para dentro do carro.
- Prontos, meninos? – Perguntei, pegando os óculos de sol em um dos compartimentos do carro e coloquei-os.
- SIM! – Eles disseram animados.
- Então, vamos! – Falei, ligando o carro.
- Pai, posso colocar minha música? – Lou perguntou.
- Claro! Pode ligar aí! – Falei.
Logo estávamos a caminho de Milão ouvindo algumas das músicas estranhas que Lou e Dado gostavam, o principal era rap ou aquelas músicas agitadas, funk, reggaeton? Algo assim, mas era o mesmo tipo que Manu ouvia, pior que nem posso culpá-la pelo gosto dos meus filhos, eles só gostavam mesmo.
Chegamos em Milão pouco antes do sol subir no horizonte e fui direto para o hotel em que ficaríamos. Os meninos precisavam ir ao banheiro e eu já deixaria arrumado o lugar deles para dormir, tinha certeza de que eles dormiriam cedo ou no caminho.
- Vamos, rapidinho! – Falei, empurrando a porta. Olhei rapidamente no corredor, vendo se tinha algum sinal de alguém conhecido, mas ainda nada.
- Eu vou fazer xixi! – Dado disse, correndo para o banheiro.
- Eu vou também. – Lou falou e me sentei em uma poltrona enquanto esperava.
Puxei o celular do bolso, checando se tinha alguma mensagem e vi que Angela havia mandado me perguntando se eu não havia esquecido da premiação. Respondi que não e que logo estava chegando.
- Pronto! – Dado voltou.
- Lavou as mãos? – Perguntei.
- Lavei! – Ele disse e ouvi dois toques na porta.
- Quem é? – Ele perguntou e me levantei.
- Fica aqui, ok?! – Ele disse e segui até a porta, abrindo a mesma.
- Oi, carino! – Me assustei ao ver Ilaria junto de seu filho, Pietro, na porta.
- O que está fazendo aqui? – Franzi a testa, puxando levemente a porta.
- Por que você não segura o elevador, amor? – Ela passou a mão nos cabelos de seu filho de sete anos que andou desanimado até o elevador. – Você realmente não acreditou que se livraria de mim, acreditou? – Ela segurou minha gravata, fingindo que a ajeitava e desviei o rosto.
- Você não pode estar falando sério. – Abaixei meu tom de voz, puxando a porta.
- Ah, carino, eu estou e muito! – Ela deu seu sorriso assustador. – Você sabe o que acontece, não sabe? – Ela se aproximou, dando um beijo em minha bochecha.
- Eu te quero longe dos meus filhos. Dos três. – Falei firme.
- Acho que você não tem escolha quanto a isso. – Ela sorriu, passando as mãos em meu paletó. – Quem sabe no futuro? Quando você não servir nem para apresentar prêmios? – Ela riu fracamente.
- Pai, quem é? – A voz de Dado ficou no meio do caminho.
- Oi, carino! – Ela sorriu para Dado.
- Ah, é você! – Ele fechou a porta logo em seguida.
- Você não falou nada para ninguém, falou?
- Eles nunca gostaram de você, não é agora que vão! – Falei firme.
- Vamos, então? – Ela disse. – Não podemos chegar atrasado.
- Você é muito interesseira, né? – Falei e ela segurou firme minha mão.
- Escuta aqui, Buffon. Você vai nessa premiação comigo, vai segurar minha mão... – Ela fincou as unhas na palma da minha mão. – Vai sorrir, vai tirar foto comigo e com nossos filhos, vai me beijar, me abraçar e é bom fingir bem. – Ela disse séria. – Ou a mulher da sua vida vai ofuscar vocês e ser notícia de capa amanhã!
- Só até minha aposentadoria, D’amico! – Falei firme.
- Ah, não se preocupe! Depois não preciso de você! – Ela riu fracamente.
- Vamos, mamá! – Pietro gritou.
- Vamos, meninos! – Falei, abrindo a porta novamente.
- Ela vai com a gente? – Lou perguntou mais baixo.
- Vai sim, amore. Vamos todos em família. – Falei, engolindo em seco.
- Ah! Deveria ter ficado em casa. – Ele disse, jogando a cabeça para trás.
- Vamos, meninos! Eu sou legal, não sou? Vocês gostam de mim. – Ilaria disse.
- É... – Eles disseram, fugindo para o elevador.
- Oi, Pietro! – Dado falou animado e ao menos o menino não tinha nada disso.
Ela segurou minha mão quando seguimos para o elevador e forçou o entrelaçamento de nossos dedos. Segui quieto pelo caminho até o carro e fiquei feliz por não encontrar nenhum conhecido pelo caminho. Entramos todos no carro e suspirei quase o caminho inteiro. Só queria que null não estivesse lá agora.
- Sorria, sim? – Ilaria disse quando o carro parou e suspirei, vendo-a sair primeiro do carro.
Fui logo atrás dela, ajudando os três meninos a saírem do carro e suspirei ao ver os diversos fotógrafos começarem a tirar fotos nossas. Apoiei as mãos nos ombros de Lou e de Dado e segui com eles enquanto Ilaria grudava em mim.
- Se comportem, ok?! – Pedi baixo para Lou e Dado.
- Está bem, papai! – Eles aflaram e suspirei, seguindo pelo tapete vermelho, ouvindo as pessoas chamarem pelo nosso nome.
- GIGI! GIGI! ILARIA! GIGI! – Engoli em seco.
- Vamos tirar uma foto, meu amor? – Ilaria disse, me puxando pela cintura e engoli em seco.
- Sorriam, meninos! – Puxei-os para tirar conosco e engoli em seco, olhando os flashes na minha frente e tentei relaxar o rosto e dar ao menos um sorriso de lado.
Os flashes pipocaram diversas vezes e mantive as mãos firmes nos ombros de Lou e Dado, enquanto a mão de Ilaria segurava minha cintura e a outra no ombro de Pietro, seu filho do primeiro casamento.
No meio daquele rebuliço todo, de pessoas gritando meu nome, de flashes estourando, eu só conseguia pensar no que havia dito a ela no hotel. “Até minha aposentadoria” e ela firmou que não precisaria mais de vez após isso. Era óbvio, não? Eu precisava me aposentar que eu ficaria livre dela.
- É isso... – Falei baixo.
- É isso o quê, carino? – Ela se virou para mim.
- Chega de fotos, não? – Falei, tocando nos ombros dos meninos.
- Agora vamos tirar uma só nós dois. – Ela disse sorrindo. – Por favor, amores, esperem ali, sim?
- Com todo prazer... – Lou disse, se afastando. – ! – Ele gritou e travei ao virar os olhos para onde ele correu.
null olhava para nós com o olhar surpreso e perdido. Ela estava com um lindo vestido de mangas compridas pretas e parecia congelada no lugar enquanto olhava eu e Ilaria brincando de casinha feliz e as mãos de Ilaria em minha pele me lembraram do porquê eu não podia gritar que não era o que ela estava pensando.
Ela pareceu voltar a realidade quando meus meninos a abraçaram e o olhar de choque se transformou em relaxamento quando ela se abaixou para dar atenção aos dois, me fazendo engolir em seco, agora ouvindo os fotógrafos gritarem por ela.
- Isso, continue assim! – Ilaria falou baixo em meu ouvido e um beijo em minha bochecha. – Sorria! – Engoli em seco e virei para os fotógrafos novamente, sabendo que ao menos meus meninos estavam em boas mãos.


Capitolo novantasei

Lei
27 de novembro de 2017
- Ok, qual você prefere? – Saí do banheiro, levantando a saia do vestido. – Esse ou o anterior?
- Beh, os dois estão lindos e aposto que o Gigi vai amar os dois também. – Angela tombou a cabeça para o lado e revirei os olhos.
- Não estou perguntando por causa dele, Angela, por favor. – Falei, dando uma girada com o vestido com mais detalhes no corpo.
- Mas ele vai estar lá... E ele vai te ver... E ele vai babar por você. – Ela disse, rindo fracamente.
- Sinto lhe dizer, mas ele costuma babar por mim em qualquer roupa que eu use, então não costumo escolher meus vestidos por causa dele. – Virei para ela novamente, colocando as mãos na cintura. – Esse ou o outro?
- Você está incrível nos dois, null. Mesmo. Você, preto e branco são coisas que combinam muito! – Suspirei.
- Ok, vou reformular a frase, qual está mais adequado para eu ir representando o time? – Falei e ela riu fracamente.
- Os dois, null. Não se preocupe, eles estão bem respeitosos. Agora, esse daí você vai deixar o Gigi babando por você, agora o primeiro vai deixar o Gigi e todos os homens heterossexuais atrás de você. – Ri fracamente.
- Ok, já entendi, o outro. – Falei e ela sorriu.
- Sim, agora vai logo! – Ela disse. – Vou mandar mensagem para o Gigi ver se ele já chegou...
Sua voz abafou quando entrei no banheiro e troquei o vestido preto de mangas compridas simples pelo preto de mangas compridas rendado com apliques em pequenas pérolas pretas e brancas. Peguei o batom cor da pele e passei nos lábios, deixando o foco nos olhos maquiados de preto e forte rímel e máscara.
Voltei para o quarto, vendo Angela se ajeitar no espelho com seu terninho tradicional da Juventus e me sentei para calçar os sapatos pretos. Fui em direção à poltrona, colocando o pesado sobretudo preto e peguei minha bolsa de mão, colocando meu celular dentro da mesma.
- Pronta? Estamos atrasadas e eu não posso me atrasar! – Ela disse.
- Beh, só estamos eu e você aqui hoje, Angela, e, até onde eu me lembro, você me acompanha, não o resto dos meninos. – Falei.
- É, mas o resto dos meninos vão dar entrevistas, você não, como sempre! – Ela disse rindo.
- Beh, me perdoe ter um pezinho atrás com a imprensa italiana. – Falei.
- Aposto que seu problema não é a imprensa italiana, é uma só...
- Penso que todos são amigos nesse meio, prefiro não pagar para ver. – Suspirei.
- Até parece que você tem algo a esconder, null. – Angela disse.
- Eu? Honestamente não. – Falei rindo. – Só não quero dar intimidade a eles, muito menos quero ter intimidade com a namorada do homem que eu amo. – Dei de ombros. – Da última vez eu levei um tapa na cara. – Ela fez uma careta.
- Ok, entendi! – Ela disse rindo.
- Vamos! – Falei.
Ela seguiu na minha frente, parando para ajeitar a barra do vestido. Fechei a porta do quarto e olhei rapidamente pelo corredor para ver se mais alguém estava saindo, mas não sabia nem se mais alguém tinha vindo para cá, disponibilizamos o hotel, mas eles podiam optar por outros lugares ou voltar direto para Turim ao fim da premiação do campeonato italiano de 2016/2017.
Eu e Angela chegamos no térreo e fomos em silêncio até o local do evento, já que ela não parava de mexer em seu celular. Acho que depois de mim, Angela era mais viciada ainda. Quando chegamos ao evento, ela guardou tudo e saiu na minha frente, me ajudando a sair. Alguns flashes chatos explodiram em minha direção quando eu passava o comecinho entre a área externa e a interna do evento.
- Ok, agora você vai sorrir, tirar algumas fotos, depois entramos, combinado? – Ela perguntou.
- Claro! – Falei, vendo-a andar um pouco mais a frente.
- Sorria! Você está linda! – Sorri e a vi seguir um pouco mais à frente.
Acenei para alguns fotógrafos e torcedores que gritavam meu nome e andei para dentro, seguindo para a área coberta do evento, onde ficava o banner dos patrocinadores. Segurei um pouco mais alto a barra do meu vestido e caminhei devagar pelo local, tentando me manter um pouco afastada do casal que estava à minha frente.
Quando ergui o rosto, eu travei quando vi Gigi, Ilaria e o menino de Ilaria, além de Lou e Dado, sorridentes para os fotógrafos, todos abraçados como uma família feliz. Parece que meu estômago embrulhou e que qualquer coisa que eu tivesse comido mais cedo fosse sair.
Eu já tinha dúvidas de que Gigi havia simplesmente ignorado o ultimato que eu dei nele e voltou a ficar com Ilaria como se nunca tivéssemos conversado, mas achei que ele ao menos tivesse ficado indeciso, não que ele ficaria com ela como se nada tivesse acontecido sem ao menos me dar uma satisfação, mas não. Pelo jeito eu realmente era só uma qualquer que ele podia descartar assim, fácil.
Como eu tinha razão, aquele “eu te amo” foi só calor do momento. Eu mesma já quis falar em várias de nossas transas, mas me contive, pois no meu caso seria de verdade. Só me arrependia de ter apoiado ele em todos seus momentos difíceis, inclusive nas duas últimas semanas, mas podia não ter perdido meu tempo, porque ele tinha quem o tirasse dessa.
Na verdade, ele sempre teve. Eu que fui a estranha.
Senti meu corpo dar um solavanco para trás, me obrigando a voltar para a realidade e vi o rosto surpreso de Gigi em minha direção, mas abaixei o olhar para Lou e Dado que me abraçaram fortemente, agora alcançando um pouco mais para cima do que só minha cintura.
- null! – Eles falaram animados.
- Ah, meus meninos! – Abaixei, ficando um pouco mais na altura deles e dei um colar de bochechas em cada um deles, sentindo-os me abraçarem com força.
- Senti sua falta! – Lou disse.
- Eu também! – Dado sorriu.
- Ah, meus amores! – Abracei-os, suspirando, tentando evitar de olhar para o casal feliz à uns cinco metros de mim. – Também sinto muita falta de vocês sempre.
- Você está linda! – Dado disse.
- Ah, grazie! Vocês também estão lindos demais! – Passei a mão na cabeça e nos cabelos dos dois, vendo-os sorrirem.
- ! ! – Ouvi os fotógrafos.
- Querem tirar uma foto comigo? – Perguntei.
- Sim! – Eles falaram animados.
- Vem cá, bem mocinhos!
Me levantei um pouco, só a ponto de manter as costas retas e abracei ambos, colocando meu rosto entre seus ombros e engoli o choro que subia em minha garganta, o mesmo que eu engolia diversas vezes, e sorri para os fotógrafos. Os flashes que já pipocavam, agora ficaram mais fortes e parecia que a luz forte acabaria obrigando as lágrimas a caírem, mas eu suspirei, engolindo o choro com mais força, nem se eu saísse mais séria.
- Vamos deixar a null tirar algumas fotos sozinhas, meninos? – Ouvi a voz de Angela.
- Tirem sozinhos também! – Falei, passando a mão nos cabelos deles. – Vão aqui! – Posicionei os dois entre mim e Gigi. – Isso! Agora sorriam! – Falei e eles riram.
Me afastei para meu lado, passando a mão levemente embaixo dos olhos e olhei para os fotógrafos novamente. Eu costumava ter minha coreografia de tirar fotos em tapetes vermelhos, mas hoje eu simplesmente não conseguia me mexer, só queria que isso acabasse logo para eu ir embora agora mesmo.
- Está ótimo, não acham? – Falei para os fotógrafos e virei para Angela. – Pronto?
- Sim, pronto! – Ela disse, me abraçando pela cintura. – Aguenta firme! – Ela disse baixo.
- Eu quero ir embora! – Engoli em seco.
- Vamos entrar, assim que eles saírem da porta eu deixo você ir para onde quiser. – Ela disse e assenti com a cabeça. – Aguenta só mais um pouco, vamos. – Ela disse, segurando minha mão.
- A gente se vê lá dentro, ok?! – Passei por Lou e Dado que sorriram para mim e logo voltaram a sorrir para os fotógrafos, eles estavam se divertindo nisso.
- null... – Gigi disse bem menos animado do que antes.
- Gigi, senhora D’Amico. – Sorri falsamente para eles.
- Oi, null. – Eles disseram.
- Bom evento! – Falei, seguindo em frente, segurando firme as mãos de Angela.
Minhas mãos já estavam geladas pelo frio congelante que estava fazendo aqui no Norte esse ano, mas agora eu garantia que o gelado não era por isso. Minha pressão tinha caído, com toda certeza. Os pés não andavam calmamente, eles deslizavam pelo tapete e não sei como não havia caído ainda.
- Força, null. Vamos! – Angela disse. – Eu vou conseguir água para você.
- Não me deixa! – Pedi, segurando seu braço mais firme. – Eu acho que eu vou desmaiar.
- Ah, cadê o pessoal para me ajudar aqui? – Ela pediu baixo.
- Chefa! – Me assustei e virei de costas, vendo Paulo ali.
- Ah, oi, querido! – Ele me abraçou fortemente, dando dois beijos em minha bochecha.
- Você está linda, chefa! – Ele sorriu.
- Grazie, Paulo. – Suspirei.
- Está tudo bem? Você está meio pálida. – Ele disse e eu suspirei.
- Eu só...
- Paulo! – Ouvi a voz de Gigi atrás de mim.
- Ah! – Paulo disse e pressionei os lábios.
- A gente se fala. – Segui pelo local junto de Angela.
- O que você quer fazer? Você quer ir? Você quer ficar? – Ela me perguntou apressadamente.
- Eu preciso ficar, eu vou receber o prêmio pelo time. – Falei, suspirando.
- É, mas você não pode desmaiar quando subir no palco, null. – Ela disse baixo. – Eu chamo o Beppe para vir, é só no fim, ele chega a tempo. – Engoli em seco. – Você não está bem, null, e não é a sua maquiagem. – Soltei a respiração devagar.
- Me leva ao banheiro. – Pedi. – Eu preciso de ar, depois eu encaro isso. Não é como se fosse a primeira vez. – Suspirei.
- Ok, vem comigo.
Foi difícil chegar ao banheiro, pois todos os nossos candidatos já estavam lá. Além de Gigi e Paulo, Pjanic, Alex Sandro, Higuáin e, fora do time, Leo e Dani Alves, estavam lá e parece que todo mundo queria desacelerar minha ida ao banheiro, principalmente os dois últimos que queriam saber como eu estava.
Quando entrei ao banheiro, foi como se tivessem aberto um botão apertado no meio de minha barriga. Apoiei as mãos na pia e me forcei a não chorar. Eu não podia fazer isso agora. Eu simplesmente não podia. Não podia me curvar a ele, precisava me manter forte, não podia dar esse gostinho a eles.
- Ei, bala! Aqui! – Angela disse, pegando um no kit de emergência na pia.
- Como uma bala vai me ajudar? – Perguntei.
- Não tenho um calmante agora, null! Ao menos é menta, você se distrai... Sei lá! Só come! – Ela disse, abrindo o pacote e aproximou da minha boca, sobrando para eu somente abri-la. – Agora se distraia com ela. Vou pegar mais algumas. – Ela encheu a mão, enfiando dentro da bolsa. – Quando se irritar, coloque uma bala na boca. Se não quiser, a gente vai embora e aí eu arranjo uma desculpa com Agnelli amanhã. A gente fala que deu diarreia. – Ri fracamente.
- Ok, você está mais surtada do que eu.
- Eu estou, null! Você mudou de cor! – Ela disse e puxei a respiração fortemente. – Respira. – Suspirei, soltando a respiração devagar.
- Eu não preciso dar discurso, não é?! – Perguntei baixo.
- Precisa... – Ela disse e engoli em seco.
- Ok... Ok! – Suspirei. – Ok. Eu sou linda, incrível, inteligente, ótima pessoa, sou a mulher com o cargo mais importante em um time europeu, eu não preciso dele. Eu não preciso dela. Eu dependo só de mim.
- Isso! E eu assino embaixo. – Angela disse e sorri, abraçando-a de lado.
- Grazie, Angela! – Ela sorriu.
- Vamos? – Ela disse.
- Vamos lá! – Falei. – Espera! Tem lugar marcado?
- Não, mas as primeiras fileiras são para os indicados.
- Ok, me leve no lugar mais longe dele e dela possível. E que eu possa ficar na frente deles, para não ver as gracinhas durante a premiação.
- Você que manda, chefa! – Ela disse e sorri, abraçando-a de lado.
- Me segura, Angela, a queda vai ser muito feia com esses saltos.
- É, mas o vestido é lindo, vai ser uma queda com estilo. Assinada por quem? Versace? – Ela sorriu.
- Me conhece! – Falei e rimos juntas.
- Me segura! – Ela me deu a mão e saiu antes de mim no banheiro.
Tinha menos pessoas em pé de quando eu havia me escondido, mas foi Angela quem me guiou pelo local. Para me ajudar, parecia que todo mundo do time decidiu sentar-se perto, mas Angela era mais safa do que eu imaginava. Ela podia ser inconveniente e jogar a culpa em seu trabalho ou sua posição. Agora, honestamente, eu não me importava.
Angela me colocou literalmente no canto e se sentou ao meu lado. Algumas cadeiras para o meio tinham Paulo, Pipita, Alex, Dani e Pjanic. Atrás tinha Ilaria, os três meninos, Gigi e Leo. Pela posição de Ilaria, Gigi me observava, eu podia sentir seus olhos em minha nuca e me coçava para não virar e encará-lo. Ao menos consegui relaxar quando a premiação começou.
Como era esperado, Gigi ganhou de melhor goleiro; Alex, Dani e Leo ganharam de melhores defensores; Pjanic, junto do romanista Nainggolan e o napolitano Hamšík, ganharam de melhores centro-campistas; e Paulo, Pipita e o napolitano Mertens, ganharam de melhores atacantes.
Antes do prêmio final de melhor jogador, Maurizio Sarri, do Napoli, ganhou de melhor treinador, o que eu negava veemente, já que eles ficaram em terceiro lugar no campeonato, foram eliminados na semifinal da Coppa Italia e eliminados nas oitavas da Champions, mas parte disso podia ser meu ódio pela cidade de Nápoles falando mais alto. Após isso, ganhamos de melhor time, e eu precisei sair da minha poltrona.
- E o prêmio de melhor time vai para... – O apresentador falou. – Juventus. – Os aplausos ficaram mais altos, além dos gritos dos jogadores ao meu lado e senti a mão de Angela me apertar, me dando forças.
Me levantei, sentindo as pernas mais firmes depois de quase uma hora sentada e atravessei a primeira fileira inteira para chegar ao meio do palco e subir. Agradeci pelo apresentador me oferecer a mão e me coloquei no meio do palco para receber o prêmio da AIC, associação italiana de futebol.
- Complimenti! – O apresentador disse e segurei o prêmio e o microfone com a outra mão.
- Bouna sera. – Senti minha voz sair dura devido a garganta seca e dei um leve pigarro antes de continuar a falar. – Estou aqui hoje, como representante da Juventus, para agradecer a este prêmio. A última temporada foi de muito trabalho, conquistamos nosso sexto campeonato consecutivo, o trigésimo quarto de nossa história... – Não podia não cutucar a retirada injusta dos outros. – Além da nossa décima segunda Coppa Italia e conseguimos atingir a final da Champions League. Foi uma temporada incrível, com muito trabalho duro, altos e baixos e não seria possível sem os jogadores, o staff, o administrativo, além dos diversos trabalhadores por trás de tudo. Eles são a nossa base e o motivo para conquistarmos tanto. Grazie. – Finalizei, ouvindo os aplausos do pessoal.
Me ajudarem novamente a descer do palco e caminhei até Angela com o prêmio na mão. Me sentei e coloquei-o no colo, vendo-a olhar curiosa para um dos diversos prêmios desses que tinham. Depois de ganho, viraria peça em museu.
- E agora, o melhor jogador do campeonato italiano. – Eles anunciaram e suspirei, me ajeitando na poltrona. – Da Juventus... – Revirei os olhos, é óbvio. – Gianluigi Buffon! – Fiquei um tanto confusa entre aplaudir ou entender esse prêmio, mas Gigi havia ganhado melhor goleiro da UEFA e melhor goleiro da FIFA, não tinha outro jogador que jogasse na Itália que havia atingido alguma coisa.
- Buona sera! – Ele disse, já no palco. – Agora eu entendo por que fomos eliminados pela Suécia. – Ele disse, fazendo o público rir e neguei com a cabeça. – Gostaria de agradecer a todos, estou muito feliz e orgulhoso em receber esse prêmio. – Ele sorriu. – É o tipo de prêmio que eu nunca pensei que receberia, e eu vou guardá-lo para sempre, porque nunca ganhei quando jovem. – O pessoal riu. – Quero aproveitar e agradecer ao meu time, à minha equipe, meus companheiros, meu administrativo, todos que confiam em mim há 16 anos e meio para esse tipo de trabalho. – Ele sorriu. – Grazie! – Ele finalizou e eu suspirei.
- Agora, vamos receber aqui todos os ganhadores para tirar uma foto. – O apresentador disse e engoli em seco.
- Ótimo, e eu pensando em fugir agora. – Falei e Angela riu fracamente, me devolvendo o prêmio quando me levantei.
Pipita me deu a mão para subir e sorri. Senti o olhar de Gigi sobre mim e fiz questão de seguir para o outro lado do palco, com Alex. Sorri para os fotógrafos, vendo os diversos flashes e fui a primeira a sair do palco assim que as palmas começaram. Precisa aproveitar a deixa que todos ficariam tirando fotos individuais para ir embora. Ao menos esperava que Lou, Dado ou o repórter do JTV não estivessem lá fora.
Engole o choro, null. Você consegue! Você pode fazer isso depois, comendo chocolates ou bebendo uísque enquanto liga para Giulia e chora. Você é boa nisso, você é bo...
- null! null! – Lou disse, chegando em mim.
- Oi, meu lindo! – Apertei seu ombro, abaixando e dando um beijo em sua cabeça.
- Você ganhou um prêmio?
- O time ganhou! – Falei, deixando que ele o segurasse.
- Oh, é pesado! – Ele disse rindo.
- Não é? – Brinquei ajeitando seus cabelos.
- Louis, não sai de perto de mim! – Ilaria apareceu e ergui o olhar para ela. – Você vai se perder.
- Não se preocupe, eles estão muito bem comigo! – Falei, dando um curto sorriso para ela.
- Eu quero esse abraço também! – Dado soltou o braço de Ilaria e veio em minha direção, me abraçando pelo outro lado, me fazendo rir e dei um beijo em seu rosto, voltando a olhar para Ilaria.
- Não se preocupe! – Repeti, vendo seu menino abraçando-a apertado, quase escondido atrás de si. – Esse é seu outro menino? – Perguntei.
- Sim, Pietro. – Ela disse.
- Ciao, Pietro! – Acenei para ele. – Eu sou a null.
- Ciao! – Ele disse, retribuindo.
- Você gosta de futebol? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
Notei que o garoto não era muito de papo, então optei por cuidar dos pequenos que estavam abraçados em mim como se fugissem dela, o que nem seria tão difícil, pensando o quão preso a ela seu filho estava.
- Está tudo bem aqui? – Virei para Gigi.
- Sim! – Eu e seus meninos falamos juntos.
- Eu tenho que ir, meninos. – Falei, me abaixando novamente.
- Mas já? É muito rápido! – Dado disse.
- Eu sei, lindinho, mas hoje é segunda, temos muito trabalho amanhã. – Falei.
- Eu não vou na escola amanhã! – Lou disse.
- Eu também não! – Dado falou, me fazendo rir.
- Ah, como vocês são sortudos. – Falei rindo. – A gente se vê em breve, ok?!
- Promete? – Dado fez um biquinho.
- Ah, mi amore. Prometo sim! – Abracei-o fortemente, dando um beijo em sua cabeça. – Amo vocês.
- Também te amamos! – Eles falaram e abracei Lou também, dando um beijo e me levantei.
- Buona notte, ragazzi. – Falei, olhando Gigi e Ilaria.
- Buona notte. – Eles disseram e soltei os meninos, seguindo pelo caminho mais curto, procurando por Angela para me ajudar a sair daqui o mais rápido possível. Talvez até arranjar uma ida mais rápida para Turim e eu não precisam passar a noite aqui.

Lui
Nove dezembro de 2017
Meu corpo deu um pulo na poltrona quando o juiz apitou e eu desviei meu olhar de null algumas poltronas para o lado e olhei para o campo, vendo que o resultado do jogo contra a Internazionale havia permanecido em 0x0, não posso dizer que prestei atenção no jogo quando só quis olhar para null, esperando algum tipo de retorno que fosse. Mesmo se servisse para ela gritar comigo aqui no meio do camarote.
Eu não aguentava fazer isso com ela, não aguentava que Ilaria continuasse esse showzinho dela e ainda ameaçava contar um segredo tão privado e que não fazia diferença nenhuma na vida profissional de null. Eu estava literalmente em uma sinuca de bico, pois sei como ela estava se machucando com isso, não era justo. Eu não aguentava esse olhar de decepção dela, o olhar de que eu havia mentido para ela. Não era verdade.
A observei se levantar de seu lugar, cumprimentado Andrea, Pavel, Beppe e Paratici com rápidos abraços e os quatro seguiram apressados para o camarote. Suspirei, negando com a cabeça, agora que ela tinha voltado a ir para o camarote, eu havia impedido-a de ir novamente. Estou lesionado, mas ela sabe que eu iria para o vestiário.
Ela pegou seu sobrinho no colo, ajudando Giulia com a mala e o pequeno já dormia. Era quase onze da noite, não me surpreendia de o menino já estar dormindo. Ela foi parada pela mãe de Agnelli e a mesma acariciou os cabelos de Kawan escondidos por baixo da touca e cumprimentou null e Giulia.
null olhou para trás, me encontrando e não tive tempo nem de sorrir, pois ela desviou o rosto no mesmo instante. Giulia olhou em minha direção, assentindo com a cabeça e retribuí, vendo-as subirem pelo camarote. Soltei um suspiro e esperei alguns segundos antes de seguir pelo meio do caminho
Não as encontrei, pois elas foram embora e eu segui para o vestiário para encontrar meus colegas. Na verdade, eu nem deveria encontrá-la, precisava respeitar esse tempo que ela queria. Cheguei ao túnel, vendo-o já mais vazio, mas acabei encontrando alguns conhecidos da Internazionale e abracei todos antes de entrar no nosso vestiário.
- Ciao, ragazzi! – Falei um tanto alto.
- Ciao, Gigi! – Eles responderam e segui cumprimentando um a um e parabenizei os titulares pelo jogo.
- Parabéns, Tek! – Falei para meu reserva, abraçando-o.
- Grazie! – Ele sorriu.
Cumprimentei Pinso, depois alguns conhecidos e acabei sentado em meu espaço que estava vazio hoje. Barza não jogou, então para ele foi fácil, só tirar o uniforme e trocar pelo terno de chegada, agora Chiello foi para o banho.
- Vou rápido. – Ele disse.
- Beleza! – Respondi.
- Você pareceu sério no telefone. – Barza disse mais baixo.
- Porque é sério! – Falei e ele pressionou os lábios.
- É sobre aquele assunto? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
- Mas vamos deixar para depois. – Pedi.
- Tudo bem. – Ele suspirou.
Não esperamos mais de 20 minutos para que Chiello saísse do banho e depois mais alguns 10 para ele estar completamente vestido. Com isso, alguns colegas seguiram para fora, sobrando realmente os titulares no banho ou em fisioterapia.
- Pronto! – Chiello disse, colocando a mochila nas costas.
- Vamos para onde? – Barza perguntou.
- Menos para minha casa. – Falei.
- Em casa tem a Maddy e as crianças, e não estamos muito bem. – Barza disse.
- Vamos lá em casa, a Carol e a Nina já vão ter dormido, podemos conversar em calma. E eu confio na Carol se ela souber. – Chiello disse.
Saímos juntos do vestiário e seguimos por ali mesmo para o estacionamento. Normalmente tínhamos que arranjar nossos meios para ir embora ou voltar com o ônibus do time até Vinovo para pegar nosso carro, mas hoje eu estava com o meu, então levei-os até a casa de Chiello.
- Já podemos falar? – Chiello perguntou.
- Melhor não. – Suspirei.
- Você está obcecado, Gigi, não tem ninguém aqui! – Barza disse.
- Não sei! – Falei firme. – Eu estou desconfiando da minha própria sombra, gente.
- O negócio é serio, então... – Barza disse.
- É sim! – Suspirei.
Eles entenderam que eu não falaria nada enquanto estivesse em meu carro e fomos ouvindo alguma música que tocava no rádio. Sim, eu estava um pouco obcecado com isso tudo, mas eu havia sido chantageado, ela bem que podia ter hackeado meu som e estar ouvindo tudo o que eu falava, talvez até meu celular. E eu não podia deixar que ela soubesse meu plano antes da hora.
Chiello abriu o portão para que eu entrasse com o carro e saímos assim que a porta se fechou. Desliguei meu celular e deixei-o dentro do carro, trancando-o logo em seguida quando todos saíram. Chiello abriu a porta e Carol estava sentada na poltrona da sala meio dormindo e meio acordada.
- Ei, amore! – Chiello disse, se aproximando da mesma.
- Oi, amore! – Desviei o rosto do casal e Barza puxou seu celular do bolso, também desligando-o.
- Ciao, ragazzi. Vocês por aqui? – Ela disse, fechando seu moletom e vindo cumprimentar cada um de nós.
- Viemos beber um vinho e jogar conversa fora, não vamos atrapalhar, amore. – Chiello disse.
- Eu sei que não, mas se importam se eu for dormir? Estava só esperando você chegar...
- Claro que não, Carol. Bom descanso! – Falei e ela e Chiello trocaram mais um rápido beijo.
- Não vou demorar. – Ele disse e ela sorriu.
- Depois vai dar um beijo na Nina. – Ela disse.
- Tudo bem. – Ele disse e Carol acenou mais uma vez antes de seguir escadas acima. – Então, vocês querem um vinho ou algo mais forte?
- Tem uísque? – Me perguntei, me sentando na poltrona que Carol havia levantado e Barza no canto do sofá menor.
- O negócio é sério, então... – Chiello disse.
- De início eu achei que a chantagem da Ilaria fosse brincadeira, até que ela apareceu no meu hotel antes da premiação. – Falei, vendo Chiello voltar com os copos e a garrafa lapidada, apoiando na mesa.
- Como assim “apareceu”? – Barza perguntou.
- Eu não contei para ela que tinha a premiação do Gran Gala, null estaria lá, meus meninos iam comigo, empataria todos os meus planos de ter uma noite divertida. Quando estava saindo, ela apareceu no meu quarto, falando que ia junto. – Chiello serviu os copos.
- Imagino que a null ficou brava... – Barza disse.
- A Ilaria nos obrigou a tirar fotos e, quando a null viu, eu vi a decepção no olhar dela... – Tombei a cabeça para trás, apertando os braços da poltrona. – Foi como se eu tivesse brincado com ela e não é isso. Eu a amo tanto que machuca...
- A gente sabe, Gigi. – Barza me esticou um copo e virei metade do mesmo antes de falar novamente.
- Foi horrível. E, como não é de se surpreender, ela não olha mais na minha cara, não fala comigo, estava no jogo hoje com sua irmã e o sobrinho e não desceu vestiário, tentei cumprimentá-la, mas ela nem me deu a chance...
- Que merda, cara! – Chiello disse. – Ela deve estar muito confusa.
- Não é de se surpreender. – Barza disse. – Você fala que a ama que vai terminar com a Ilaria para ficar com ela e aparecem na maior cena de família feliz? É como rir na cara dela, né?!
- Por que você não conta para ela? – Chiello disse.
- Se eu contar o que a Ilaria está fazendo, ela divulga o segredo da null. Não tenho coragem de mentir e falar para ela desistir de mim que eu escolhi a Ilaria, além de ser mentira, eu não consigo magoá-la mais uma vez. – Suspirei. – Minha única solução é ficar quieto, ao invés de mentir, omitir algumas coisas, esperar pelo dia que isso vai acabar e ela me perdoe...
- É pesado, cara. – Barza disse. – Sei nem o que falar. É uma situação estranha.
- Deixa eu perguntar, entendo se não quiser dizer, mas o segredo da null é bem dramático mesmo? – Chiello perguntou e eu suspirei.
- Sim! – Engoli em seco. – Se interpretado de forma errada, o que aposto que a Ilaria faria questão de interpretar errado de diversas formas, a carreira da null pode acabar. – Eles engoliram em seco.
- E você pode... Falar para gente? – Chiello perguntou cuidadoso.
- Eu só posso adiantar que ela tem um motivo muito mais profundo pelo ódio dela pela família de Nápoles. – Falei, suspirando. – Eles não são... Boas pessoas.
- Criminosos? – Barza perguntou baixo e contive em assentir com a cabeça.
- Oh! – Eles falaram juntos.
- É. – Suspirei.
- Beh... E qual foi o motivo de você nos trazer aqui? – Chiello disse, se ajeitando na poltrona e virei o restante da bebida na boca antes de colocá-lo na mesa.
- Eu acho que descobri um jeito de me livrar disso. – Mordi o lábio.
- Qual? – Eles perguntaram juntos.
- Eu vou me aposentar. – Falei.
- O QUÊ? – Eles gritaram.
- XI! – Pedi para eles abaixarem o tom. – A Carol, por favor.
- Como assim você vai se aposentar, Gigi? – Barza perguntou. – Você vive falando que ainda acha que está bom para jogar mais um ano ou dois.
- Não olha para mim, eu ouço a mesma coisa. – Chiello disse.
- Deixa eu explicar. – Falei. – A Ilaria disse que só quer minha fama enquanto eu for relevante, depois que eu me aposentar, apesar da minha carreira, eu vou virar um jogador comum. – Falei firme. – Participando de amistosos entre lendas, sorteios e premiações tontas, nada demais. Olha o Totti, se aposentou faz seis meses e já sumiu. – Falei.
- Ok... – Eles disseram juntos.
- Além disso, a Itália e o mundo acham que eu vou me aposentar no fim da temporada, principalmente se a gente não chegar em final de Champions, o que começo a achar que existe uma maldição nas minhas costas para eu ganhar... Mas isso é outra coisa. – Abanei a mão.
- Ok... – Eles repetiram.
- É óbvio, não? – Movimentei as mãos. – Eu posso fazer um contrato com a Ilaria de que eu só vou ficar com ela até um ano após a minha aposentadoria.
- Então você ainda ficaria o restante desse ano e mais um ano preso à Ilaria. – Barza disse.
- Mais ou menos. – Ponderei com a cabeça. – Se eu conseguir convencer a Ilaria a fechar um contrato comigo, esse contrato teria vigência na Itália, por ser assinado aqui, concordam?
- Sim! – Chielo falou mais rápido.
- Então, eu fecho o contrato ela com vigência aqui na Itália e vou jogar fora daqui...
- VOCÊ VAI SAIR DA JUVE? – Foi a vez de Barza gritar.
- BARZA! – Chiello o estapeou.
- Desculpa, mas eu não consigo pensar nessa possibilidade, Gigi! Você está aqui há quase 17 anos, sua vida é a Juventus. – Barza disse.
- Eu estou buscando brechas na lei, Barza. Pensa comigo, eu fechando um contrato com a Ilaria até maio de 2019 com a desculpa que vou me aposentar no fim da temporada 2018, é perfeito. – Pausei para respirar. – Porque eu saio da Itália e vou, sei lá, para Espanha, a minha parte do contrato não vale mais, porque eu não vou estar mais na Itália para cumprir.
- Em compensação, a Ilaria vai estar e vai ter que manter o segredo dela. – Chiello disse.
- Exato. – Falei firme.
- Mas e depois? Você vai, joga em algum time na próxima temporada, volta em 2019 e aí? – Barza disse. – O contrato vai ter acabado, você volta para a Itália e a Ilaria pode contar ainda.
- Aí eu conto com vocês. – Falei, suspirando. – E com o Pavel e o Agnelli.
- Como assim? – Chiello disse.
- A null odeia a imprensa, mas ela é uma pessoa muito importante no time, se vocês conseguissem convencê-la de contar esse segredo nela para imprensa, a carta na manga da Ilaria acaba. – Suspirei.
- Mas se é algo grave, por que ela vai querer contar na imprensa? A ideia é ela não contar e a carreira dela não ser destruída, né?! – Barza disse.
- A vida da null é esse time, Gigi. Você mesmo fala que a Juve é a família dela que ela nunca teve. – Chiello disse.
- Eu sei, é um tiro no escuro, mas eu acho que se ela contar, ela consegue aliviar a situação. E com a ajuda do Pavel e do Agnelli, eles conseguem acalmar os acionistas e quem quiser vir em cima dela. – Ajeitei na poltrona. – Qual é! A Juve já teve vários escândalos e as pessoas continuaram aqui. Eu, Conte, o próprio Agnelli. – Suspirei. – Não é possível que eles demitiriam a null por um caso de tráfico de... – Coloquei a mão na boca.
- Tráfico de... – Chiello disse e suspirei.
- Drogas. – Falei baixo. – A família dela era ou é uma das maiores distribuidoras de drogas na cidade. Não sei dizer se produtoras. – Suspirei. – Quando ela me contou, eu vi uma mulher machucada, não achei que saber detalhes sobre isso fosse ser interessante, mas o tempo passou, isso se transformou em passado, a null não tem nada a ver com isso.
- Eu estou chocado. – Barza disse.
- Cara, a null? Sério? A nossa null? – Chiello perguntou.
- Sim! – Suspirei. – Mas isso não vem ao caso, gente. Ela não tem nada a ver com isso, isso que torna mais injusto essa chantagem, porque a null não está envolvida nisso. – Neguei com a cabeça.
- Ok... Eu fiquei em choque...
- Se vocês ficaram, imagina a imprensa fofoqueira igual a Ilaria com essa notícia. – Cortei Barza.
- É, realmente... – Chiello disse. – Não a deixariam em paz...
- Vamos voltar ao caso. – Barza pediu. – Qual seu plano, exatamente? Tem seu filho ainda, não?
- Sim! Eu vou precisar contar com um pouco de sorte para fazer essa segunda parte funcionar. – Suspirei. – Eu e Ilaria tivemos um relacionamento para as câmeras por quase três anos, até minha falsa aposentadoria, vai dar três anos. Isso qualquer pessoa pode atestar, porque tem várias fotos nossas juntas na imprensa, ninguém duvida que o Leo é meu filho, é fácil...
- Sim. – Chiello disse. – Você disse isso.
- Exato, então, o que eu pretendo fazer é pedir para um juiz atestar isso, fazendo um plano de visitação, como o que eu fiz com a Alena em 2014 e obrigar ela a assinar. Depois desse caso fechado, eu entro com o acordo com a null. Ela mantém o segredo até 2019, que vai ser o tempo de “descanso” depois da minha aposentadoria e, quando isso acabar, a null já vai ter feito esse segredo dela ter virado notícia. Só que, quando eu me mudar de país, eu não preciso mais manter minha parte do acordo, então eu termino com ela e conto com a sorte. – Suspirei.
- Mas aí você não vai ter algo para barganhar mais caso algo dê errado. – Barza disse.
- Eu tenho a ideia do Chiello, que eu posso relevar para todo mundo que ela está me chantageado. – Falei, dando de ombros.
- Eu estou confuso e sinto que tem várias pontas soltas nisso. – Chiello disse.
- Mas pode rolar. – Barza disse.
- Sim! – Falei, suspirando.
- Mas aí você vai sair da Juve? – Chiello perguntou.
- Sim. – Suspirei. – Eu saio da Juve por um ano, se eu estiver bem em 2019, eu volto para mais uma temporada.
- Cara, eu achei o plano ótimo, mas você sair da Juve? Isso não é certo, cara! – Chiello disse. – Sua vida e a da null foram moldadas dentro desse time e...
- Eu aceito uma alternativa, mas é a única ideia que eu tive. – Engoli em seco.
Eles se entreolharam e largaram seus corpos nos sofás, soltando a respiração pesada. Eles deveriam estar com o mesmo sentimento que eu há alguns dias, aquele sufoco tradicional, mas foi a única alternativa que eu encontrei, e ela era bem falha ainda. Se Ilaria estivesse em um dia bom, eu estava ferrado.
- Só tem um problema aí. – Barza disse.
- Eu vejo vários... – Falei rindo.
- Você não pretende falar nada para null? – Barza perguntou.
- Eu não tenho nem coragem. – Suspirei.
- Porque ela vai te odiar, cara! Tudo o que vocês construíram, vai por água abaixo no momento em que você botar os pés para fora daqui. – Ele disse, apontando para porta. – Como você vai ganhá-la de volta? – Suspirei.
- Essa é a parte difícil do plano, porque eu não sei. – Suspirei. – Depois de 17 anos, não acredito que nosso amor seja frágil para sumir após um ano de distância. – Engoli em seco. – Só espero que ela não se esqueça dos momentos e possa me perdoar um dia, porque eu estou fazendo isso por ela.
- Você está contando com o ovo dentro da galinha ainda, Gigi. – Chiello disse.
- Sim. – Falei, rindo fracamente. – Mas eu não vejo outra saída. – suspirei.
- E você está bem com isso? – Barza perguntou.
- Nenhum pouco. – Suspirei. – Mas se eu precisar ter um ano de sofrimento para ter o resto da vida com ela, eu aceito. – Neguei com a cabeça. – Ela me espera desde 2007, não vou me importar de esperar, nem que seja mais 10, 12 anos...
- O que mais me irrita é isso! – Chiello disse. – Aquela puttana da sua namorada está impedindo essa história linda de acontecer por causa de interesse! – Ele se levantou irritado. – Ela não quer dinheiro, não? – Ri fracamente.
- Alguém como a Ilaria não queria algo simples como dinheiro. – Barza disse. – Ela está envelhecendo, está perdendo a influência, ela quer adiar um pouco mais. – Assenti com a cabeça.
- CAZZO! – Chiello gritou, batendo em uma almofada.
- É, cazzo! – Suspirei.
- Como você se sente com isso, Gigi? Se aposentar em outro time? – Barza perguntou.
- Eu não vou me aposentar em outro time, a ideia não é essa. – Falei.
- Não, mas um ano e meio é muita coisa, você está lesionado agora, seu histórico de lesões é pequeno, mas muita coisa pode acontecer em 18 meses. – Barza falou irritado.
- Eu sei, eu sei! Indo para outro time, eu dificilmente vou ser titular, uso a desculpa da Champions que todos me veem como obcecado por ela...
- E é! – Eles falaram juntos.
- Enfim... – Eles riram fracamente. – Eu jogarei menos jogos, me desgasto menos, não tem mais a Nazionale, se eu me cuidar, consigo vir para pelo menos seis meses. – Dei de ombros.
- Eu acho isso a maior burrice que eu já vi na vida. Por que a gente não divulga essa chantagem dela logo? – Chiello disse irritado.
- Você está irritado, Giorgio, se acalma. – Pedi.
- É claro que eu estou irritado, sabe o que é fazer apostas com o time desde 2005 de quando vocês vão finalmente ficar juntos e, agora que está perto, acontece isso? É injusto, cara! E não é nem a minha vida... – Ele disse, andando de um lado para outro.
- Eu entendo... – Barza disse e virei para ele.
- Mesmo?
- Meu casamento está a um fio, Gigi. – Ele pressionou os lábios. – Os papéis do divórcio estão prontos, só não tive coragem de entregar ainda. – Ele engoliu em seco. – E eu sei que eu não vou encontrar mais ninguém depois disso...
- Ah, sem ser dramático, Barza. Você está inteirão ainda. – Falei e eles riram.
- Não digo por isso. Eu não tenho paciência para ficar cortejando alguém mais, acho que o amor não é para mim... – Ele suspirou. – E pensando assim, eu gostaria de ter que fazer alguns sacrifícios pela mulher que eu amo, mas o amor já acabou faz tempo. – Ele assentiu com a cabeça. – Então eu entendo você querer fazer isso pela null, porque ela fez por você! – Ele pressionou os lábios. – Eu acho loucura, mas se a gente montar um plano mais concreto e calculista, isso pode dar certo. – Ele suspirou. – E, pelo amor de Deus, acabar com essa história logo.
- É o que eu mais quero nesse mundo. – Suspirei. – Ficar um ano longe dela vai ser difícil, mas tem algo pior do que isso.
- Pior? – Chiello perguntou.
- Sim... – Suspirei. – Eu vou, provavelmente, ter que negar o sonho de ser pai dos filhos dela...
- Por quê? – Chiello perguntou.
- null tem 36 já, ano que vem ela terá 37, depois quase 38 quando eu voltar... – Passei a mão nos olhos. – Ela teve o câncer, já tem dificuldades em engravidar, em um possível princípio de menopausa, vai ser mais difícil ainda... – Eles se silenciaram. – E eu sei que ela espera para ter um filho meu... – Senti meus olhos se encherem de lágrimas. – Eu quero muito realizar esse sonho dela, mas...
- Uma coisa de cada vez, Gigi. – Barza me parou. – A Ilaria tinha 42 anos quando você a engravidou e foi natural, nada como um tratamento de fertilização não resolva. – Foi sua vez de levantar.
- Eu sei, eu sei, mas não posso pedir para ela esperar mais um ano. – Suspirei.
- Você não precisa pedir... – Barza disse. – Uma coisa de cada vez também, ok?! – Ele suspirou. – Porque você não está feliz vivendo assim, você precisa se livrar disso e viver em paz... – Passei a mão no rosto.
- Confesso que nem sei o que é isso. – Falei rindo fracamente. – Confesso que pensar em viver um ano afastado de tudo nem me parece tão ruim, sabe? – Eles riram. – Principalmente se eu for viver no paraíso que é namorar a null depois de tudo. – Sorri.
- Ok, um passo de cada vez, então. – Chiello disse. – Vamos elaborar esses contratos melhor, eu posso te ajudar com isso.
- Esperava que dissesse isso. – Suspirei.
- E quando você pretende falar com Ilaria? – Barza perguntou.
- O mais rápido possível, para ela acreditar nessa ideia de aposentadoria. Já falei com meu empresário, pedi para ele pesquisar se tem alguém interessado por mim no mercado, mas discreto. – Eles assentiram com a cabeça.
- E quando você vai contar para null? – Chiello disse.
- Se possível, no meu último dia. – Falei e eles suspiraram, assentindo com a cabeça.
- Mas, ei, Gigi, e quando a Ilaria descobrir que você vai para outro time? Ela vai querer desfazer o negócio, não? – Chiello disse.
- Vai, mas aí quem não vai assinar outro contrato serei eu. – Dei de ombros. – A null abrindo a boca aqui, eu encerro meu contrato com a Ilaria e espero o meu com o time acabar antes de eu fazer qualquer outra decisão. – Eles suspiraram.
- É, talvez dê certo... – Chiello disse.
- O que me assusta é só pensar em você jogar com 41 anos, quiçá com 42. – Barza disse, me fazendo rir.
- Eu foco nisso depois, minha vida e da null foi escrita na Juve sim, mas mal vejo a hora de saber o que faremos quando sairmos aqui. – Dei um curto sorriso e eles retribuíram.
- Ser feliz, cara! Só isso. – Chiello disse e assenti com a cabeça.
- Espero mesmo.

Lei
11 de dezembro de 2017
- Isso vai ser demais! – Pietro disse, arrumando o paletó que obriguei-o a vestir.
- Vocês se comportem, por favor. Não é para fazer a null pagar mico. – Giulia disse firme.
- Ei! Ei! Relaxa! – Pietro disse, abanando a mão.
- É o trabalho da sua irmã, se comportem. – Giovanna disse firme enquanto ajeitava a parte de baixo do meu vestido.
- E vocês não sumam, ok?! – Falei, virando para eles. – É a festa do time inteiro, e temos mais um time agora e a sub-17 para cima foi convidado, isso vai estar cheio!
- Você vai ter uma mesa só para ti? – Olga perguntou.
- Sim, eu tenho uma mesa no meu nome, vocês vão sentar nela, eu vou ter que ficar com o administrativo. – Falei.
- Uh, olhem quem chegou aqui! – Olhei para Trezeguet que vinha pelo estacionamento.
- Olha quem está aqui! – Falei e ele veio em minha direção, me cumprimentando.
- Fala aí, chefa! – Ele disse e seguiu em direção à Giulia. – Ciao. – Ele se aproximou de Giulia que virou o rosto quando ele se aproximou de seus lábios e eu escondi o largo sorriso com uma mordida.
- Meu pai... – Ela sussurrou.
- Senhor Fabrizio, dona Giovanna. – Ele os cumprimentou. – Garotos...
- Ciao, Treze! – Os meninos falaram, rindo em seguida.
- E esses são...
- Olga e Ricky, meus padrinhos de Palermo. – Os apresentei.
- É um prazer te conhecer, cara. – Ricky falou sonhador.
- O prazer é meu! – David disse, cumprimentando Olga.
- Tio, você sabe que vai ter que se controlar lá dentro, não sabe? – Falei e ele riu fracamente.
- Eu sei, eu sei, um dia me acostumo com isso. – Ele disse rindo.
- Beh, vamos? – Gianni disse.
- Claro, claro! – Falei e segui em frente com eles.
Todas as grandes festas da Juve são no OGR, mas normalmente alugávamos parte do local, essa era a primeira vez que alugamos o OGR inteiro, com o time feminino, os jogadores juvenis participando cada vez mais do time principal, achamos que seria interessante fazer algo gigantesco mesmo e investir mais em uma noite mágica.
A recepcionista confirmou os nomes de todos meus convidados antes de entrarmos. Era a primeira vez que eu trazia minha família completa para um evento desses, normalmente os usava como desculpa para ficar um tempo com Gigi, principalmente por ele costumar vir desacompanhado, mas hoje eu precisava de acompanhamentos para me impedirem de fazer alguma besteira. E a besteira que eu podia fazer agora era dar um tapa na cara de Gianluigi se ele viesse de gracinhas para cima de mim depois daquela cena que eu vi no Gran Gala.
Entramos no local e ele tinha duas áreas, como sempre. A área externa com a decoração de Natal, uma banda lírica, bem recepção mesmo. Lá, boa parte dos convidados já estavam e isso incluía todos os meus times. Os meninos estavam muito lindos com o terno do time, agora as meninas... Quem tinha decidido o dress code dessa festa mesmo? A maioria estava social, mesmo que estivessem de calça, agora tinha outra que exageraram um pouco.
- Eu preciso dar uma volta, vocês se viram por aqui? – Perguntei, ajeitando meu vestido.
- Claro, querida! Vai lá! – Giovanna disse.
- Eu vou encontrar meus amigos! – Gianni disse. – E você vem comigo. – Ele puxou Pietro.
- Ei! Não vão para muito longe! – Giovanna disse.
- A gente encontra vocês na mesa! – Pietro disse e eles sumiram antes que Giovanna pudesse abrir a boca novamente.
- Eu vou contigo. – Giulia disse. – Só por precaução. – Ri fracamente.
- Eu posso apresentar para vocês... – Fabrizio interrompeu David.
- Pode ir com elas! – Ele disse, me fazendo rir.
- Vem, Treze! – Puxei-o pelo paletó e ele veio em nossa direção.
- Estou tentando me enturmar com ele, ok?! – Ele disse, me fazendo rir fracamente e Giulia deu o braço para ele. – Ele gostava de mim...
- Ele gostava de você quando você era só meu amigo. – Falei. – Agora você é o namorado da Giulia.
- Nós não estamos nisso ainda. – Giulia disse rapidamente.
- Ainda... – David disse e foi minha vez de rir.
- Ah, eu realmente não me importo. – Ri fracamente. – Ele vai gostar de você eventualmente, ele gostou do Gigi depois que nos separamos...
- E agora não gosta mais. – Giulia disse.
- Ele é saudosista, sente falta das pessoas quando estão longe. – Falei, ouvindo-o rir.
- Está tudo bem, eu não me importo, fazia um tempo que eu não me sentia tão feliz. – Ele disse e Giulia sorriu.
- Ah, vocês são fofos demais, mas não estou com paciência para essas coisas, vocês vão ter que me perdoar se eu me afastar... – Falei, andando alguns passos para o lado e eles riram.
Nos separamos e segui cumprimentar o tradicional pessoal de sempre. Agnelli, Pavel, Paratici, Beppe, a família Agnelli, a família Elkann, além dos meninos e das meninas que me pareciam bem enturmados entre si, o que era ótimo.
Vi Fede, Bentancur, DeSciglio, Gigi e Barza tirando fotos com o representando da Ferrari Trento, champanhe que era nosso parceiro e suspirei. Gigi estava lindo com aquele terno. Na verdade, todos estavam, mas ele causa algo de diferente em mim.
- Grazie. – Peguei a taça no balcão e me afastei, andando pelo local.
- CHEFA! – Me assustei com o grito de Dybala e afastei a taça de mim quando ela deu uma chacoalhada e quase caiu no chão quando ele me abraçou.
- Ah, você aprendeu demais com a Manu! – Falei, ouvindo-o rir.
- Saudade dela, por sinal. – Ele disse. – Talvez eu ligue para ela e coloque o Berna para conversar... – Rimos juntos
- Você mata a menina! – Virei, dando um rápido beijo em sua bochecha. – Ciao, ragazzi. – Vi Cuadrado, Higuaín, Alex e Douglas com ele.
- Ciao, chefa! – Cada um me cumprimentou e sorri.
- Vocês ficam um arraso nesses ternos. – Eles riram.
- Grazie. – Sorri.
- Divirtam-se! – Falei e eles sorriram quando deixei-os, voltando a caminhar pelo meio do pessoal.
Cumprimentei Sara, capitão do time feminino, depois Rita, técnica do feminino e Max. Eu sentia os olhos dos italianos sobre mim e isso era um tanto incômodo. Dessa vez eu até havia escolhido um vestido mais discreto para tentar realmente passar despercebida por meio de todos, mas Gigi me encontrava como um gavião. Como eu estava andando por todos os convidados, não podia deixar de ir lá.
- Ragazzi! – Me aproximei de Gigi, Barza, Fede, Chiello, Marchisio, Pinso, DeSciglio e Sturaro.
- Fala aí, chefa! – Pinso foi o primeiro a me cumprimentar e ele era fofo, dava vontade de levar para casa.
- Tudo bem, gente? – Passei um por um, dando dois rápidos beijos na bochecha de cada um e Gigi foi um dos primeiros dessa vez, me obrigando a mão me alongar mais nele.
- Você está linda. – Ele disse.
- Grazie. – Falei, seguindo para Chiello, Barza e acabando em Sturaro que me abraçou pela cintura.
- O que estão achando da festa? – Perguntei.
- Vocês fazem algo grandioso a cada ano, né?! – Claudio disse e ponderei com a cabeça.
- Beh! – Rimos juntos. – É para ser um dia de festas.
- Está ótimo. – Gigi disse.
- Divirtam-se, ok?! – Falei, acenando com a mão e me forçando a me afastar daqueles olhos azuis, minha sorte foi que o grupinho das línguas diferentes me parou logo em seguida.
- Ciao, chefa! – Mario disse e abracei-o, sorrindo, depois segui para Tek, Benatia, Höwedes, Pjanic e Khedira.
- Como vocês estão? – Medhi me abraçou de lado.
- Tudo bem. – Eles sorriram.
- Vimos que chegou acompanhada, é sua família? – Sami perguntou.
- Sim, eles são... – Suspirei. – Ai, é complicado, mas simplifico e falo que são minha família. – Falei rindo.
- Está ótimo! – Sami disse rindo.
- null... – Pavel se aproximou. – Precisamos entrar.
- Scusi, ragazzi. – Falei e eles sorriram. – A festa vai finalmente começar? – Perguntei.
- Ah, passar o tempo, né?! – Pavel disse, me fazendo rir. – Está tudo bem?
- Ah, o de sempre. – Dei de ombros, segurando em seu braço.
- Você pode ir na premiação amanhã ou prefere que eu vá? – Ele perguntou, andando comigo para trás das cortinas.
- Ah, eu posso ir. É uma premiação mais rápida. – Dei de ombros. – Logo mais vou ter que arranjar um apartamento em Milão com essa quantidade de coisas.
- Tem o hotel do time, não se preocupe. – Ele disse.
- Eu sei, só um comentário aleatório. – Passei a mão na cortina, atravessando o salão. – Uau!
Olhei surpresa para o ambiente totalmente iluminado em tons azuis e brancos. Nas paredes tinha vários telões com imagens do time. As mesas redondas de 10 lugares ocupavam boa parte do salão, só deixando o corredor central vazio. Em cada canto lado tinha bares além do corredor central.
- Eu já volto. – Falei para Pavel e ele assentiu com a cabeça.
Fui até o mapa de mesas, procurando a mesa da minha família e acabei encontrando-os em uma mesa próxima a minha, os sete se acomodaram nas mesas, deixando três lugares livres e sabia que podia fugir para cá logo após os protocolos.
- Estão bem acomodados? – Vi Pietro sentar.
- Sim! – Ele disse animado e dei um beijo, desviando do moicano baixo no centro de sua cabeça.
- Está tudo bem por aqui, filha. A festa está linda! – Fabrizio disse e sorri.
- Eu vou estar ali no centro, ok? – Indiquei para eles. – Qualquer coisa só me chamar
- Pode deixar, querida! – Gio disse e Giulia sorriu para mim antes que eu voltasse para a mesa.
Além de Deniz, esposa de Andrea, a mesa era exclusivamente de alto escalão. Andrea, Pavel, eu, Paratici, Beppe, Angela do marketing e Danielle do administrativo. Para completar os outros dois lugares tinham Braghin que é o Paratici do time feminino e sua esposa.
Dessa vez, Andrea fez diferente, ele começou com seu tradicional discurso e, quando chamou os jogadores para o palco, masculino e feminino, eles entraram pelo corredor central com aplausos do pessoal e ocuparam o palco junto de Andrea que completou seu discurso.
Gigi se colocou no canto do palco e seu olhar em mim fazia eu me perguntar o que estava acontecendo. Por que ele não desistia logo? Ou melhor, por que ele não falava direto na minha cara que tinha acabado a graça? Mas não deveria me surpreender, Gigi nunca foi corajoso para encarar mulheres, não era agora que seria. Isso só me machucava demais.
Destravei de meus pensamentos quando os aplausos ficaram mais altos e acompanhei-os, vendo os jogadores saírem quase correndo do palco. Acho que em todos os meus anos de Juve, ninguém nunca gostava dos discursos do presidente. Eu deveria prestar mais atenção, mas não era o caso hoje.
Quando Andrea estava em seu lugar novamente, o entretenimento da noite começou. Uma pequena parada de Natal acontecendo dentro do salão. A mesma banda que tocava lá fora entrou com saxofones e trompetes e eles se colocaram no meio do palco.
Perdi Gigi de vista mais rápido do que gostaria, mas ao menos consegui aproveitar meu jantar de forma calma. Ao menos semancol ele tinha... Por enquanto.

Lui
12 de dezembro de 2017
- Ei, você está bonito! – Angela disse quando saí do elevador.
- É bom tirar o terno do time um pouco! – Brinquei e ela riu fracamente.
- Alguém, pelo menos. – Ela se levantou do sofá no lobby do hotel com seu clássico terninho azul do time.
- Tendo que me aguentar mais uma vez, Angela? – Brinquei e ela suspirou.
- Ah, Gigi, precisamos aproveitar. – Ela deu de ombros. – Você está com uma carreira incrível, está mostrando para todo mundo que essa ideia de enterrar jogadores mais velhos é besteira, principalmente se eles estão fazendo tanto para o time.
- Grazie. – Ela sorriu. – Beh, vamos?
- Falta uma pessoa... – Ela fez uma careta.
- Ah, mais alguém veio? – Perguntei.
- Você deve imaginar quem é... – Ela deu de ombros.
- A null veio? – Perguntei, engolindo em seco e ela assentiu com a cabeça.
- Veio. E eu espero que você não insista em uma comunicação, Gigi. Ela está muito chateada contigo... – Suspirei.
- Eu sei, é só...
- Ela sabe que você não a quer, você podia falar isso para ela. Ela ainda vai ficar chateada, mas seria mais gentil da sua parte. – Ela franziu os lábios.
- Eu sei, Angela, mais isso é muito mais difícil do que parece. – Suspirei. – Só saiba que eu não menti, eu quero ficar com a null e isso sempre foi por causa dela, eu só... – Neguei com a cabeça. – Estou com dificuldades em resolver algumas coisas.
- Algo que eu precise saber? – Ela perguntou.
- Ainda não. – Suspirei. – Mas você vai saber se eu não achar outra solução.
- Solução para que? – Me assustei, me virando para trás e vendo null parada a alguns passos de mim.
Ela estava linda, o que era bem pleonástico eu falar isso. O vestido preto de manga comprida não tinha nenhum detalhe como o de ontem, era até mais simples que o de ontem, mas seus cabelos null estavam jogados para o lado em ondas.
- Você está linda. – Falei, suspirando e ela pressionou os lábios.
- Grazie, você também. – Ela disse. – Acho que a última vez que usou terno claro foi... No seu casamento? – Franzi a testa.
- Como sabe? – Perguntei e ela deu de ombros.
- Eu sei tudo sobre você, se esqueceu? – Ela se virou para Angela e me perguntei os diversos significados dessa frase.
- Beh, podemos ir? – Angela disse.
- Claro! – null falou.
- O carro está nos esperando. – Angela disse.
null seguiu logo atrás de Angela e acabei optando por ficar um pouco para trás. Ilaria não iria a essa premiação. Era algo da La Gazzetta dello Sport e ela trabalha na SkySports, são dois veículos de imprensa rivais, além de ela estar trabalhando, mas não queria mais problemas, então optei por fugir longe dos mesmos flashes que ela.
Entrei dentro do carro e ela se colocou do outro lado do carro, enquanto Angela foi na frente, e não forcei nenhuma aproximação ou conversa. Eu consigo entender o que ela está sentindo, ela está machucada e se sentindo enganada, mas mal sabe ela que eu faço isso por ela. Ao menos a tenho perto de mim.
Chegamos ao evento e saí primeiro do carro e ela aceitou minha mão para sair, dando um curto sorriso. Angela apareceu ao nosso lado e indicou o caminho para nós. null seguiu à frente e optei por esperar. Ela não gostaria de tirar uma foto comigo e eu não ia pressionar mais uma vez.
Observei-a dar atenção para os fotógrafos por alguns instantes e seu sorriso era lindo demais. Ela apoiou a mão na cintura, depois segurava a bolsa mais perto do corpo e eu via tudo isso em câmera lenta. Ela é linda demais, a mulher da minha vida é linda demais!
Quando null andou um pouco mais para o lado, me coloquei em seu espaço, ouvindo os gritos pelo meu nome e sorri, fiz positivo com as mãos e me livrei poucos segundos depois. Também não tinha muito feeling para essas coisas.
Após as fotos, fiquei alguns minutos dando entrevistas para a própria Gazzetta e aos outros veículos de imprensa ali presentes. As perguntas foram as mesmas de sempre, todos queriam saber sobre a Juve que se mantinha viva em todos as competições e sobre meu futuro. Esse último era um detalhe complicado, mas eu acabei dando minha enrolada de sempre que provavelmente seria esse ano, que eu já faria 40 anos e usei a desculpa de sempre. Em breve eles descobririam que não seria assim.
- Pronto! – Angela disse e sorri, passando o braço em seus ombros. – Vamos lá!
- null já entrou?
- Faz tempo! – Ela disse e rimos juntos. – Ela não gosta da imprensa, não é?!
- Ela não está completamente errada nisso, Angela. – Falei e ela riu fracamente.
- Vou ignorar o que você disse. – Ela abanou a mão. – Vem... – Ela me indicou com a cabeça.
Entramos no lugar do evento e lá eu encontrei diversos conhecidos. Um deles era Totti que receberia um prêmio importante na noite em homenagem a sua carreira, o outro era Thomas N’kono, meu ídolo e motivo de eu ter virado goleiro que estava ali somente para assistir à premiação.
- Aqui. – Angela me indicou e vi null sentada na segunda poltrona.
- Ei, posso sentar aqui? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
- Claro. – Ela disse e me sentei, abrindo o botão do meu paletó. – Fiquei sabendo que se lesionou.
- É! – Falei. – Agora você vai ter que fugir de mim nos camarotes também. – Ela me olhou sugestivamente. – Ok, piada de mal gosto.
- Quanto tempo fora? – Ela perguntou.
- Uns dois meses. – Falei. – Pelo menos estamos no fim de ano, dá para relaxar um pouco.
- Eu vi os últimos jogos, o Tek está indo bem...
- Sim! Ele vai ser um ótimo substituto. – Falei e ela pressionou os lábios.
- Beh, eventualmente. – Ela disse e sorri, assentindo com a cabeça, vendo-a voltar a olhar em seu celular.
- Obrigado por ter vindo. – Falei e ela desviou os olhos de seu celular por alguns segundos.
- Eu não vim por você... – Ela disse. – É importante, mas...
- Eu sei, eu sei, mas você poderia não ter vindo. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- A Juve é um tanto narcisista, sabe? – Ela disse, me fazendo rir fracamente. – Precisamos estar em tudo.
- Mas ainda poderia ter vindo outra pessoa. – Falei, vendo-a digitar rapidamente no celular.
- Pavel achou que eu precisasse tomar um ar. – Ela brincou e sorri.
- Que bom. – Falei baixo. – null, eu...
- O quê? – Ela virou o rosto para mim.
- Eu não menti... – Falei baixo, dando uma olhada no perímetro.
- Eu não vou falar disso agora, Gigi. – Ela suspirou. – Não me arrependa de ter vindo, por favor. A outra premiação já foi péssima.
- Me desculpe por aquilo. Não foi minha intenção, eu nunca quis te machucar... – Ela soltou a respiração fortemente.
- Eu não vou falar sobre isso, por favor. – Ela pediu.
- Podemos falar depois? – Perguntei baixo.
- Não. – Ela negou com a cabeça. – Cansei de te ouvir falar e depois não agir conforme suas palavras... Agora vamos parar antes que alguém ouça...
- Tudo bem. – Suspirei. – Mas eu não menti. – Ela soltou uma respiração mais funda e voltou a digitar algo rapidamente no celular. – O que está fazendo?
- Passando instruções para minha equipe para amanhã, recebi retorno de uma homologação e precisa repassar antes que a janela de transferência feche. – Ela disse.
- Alguém novo vai vir? – Perguntei.
- Não, mas o Pjaca vai embora. – Ela disse e assenti com a cabeça. – E eu devo chegar tarde no time amanhã...
- Você precisa descansar. – Falei.
- As férias estão chegando, vou tirar uns dias... – Ela ponderou com a cabeça. – Mas teremos jogo dia 30 esse ano, precisa deixar tudo pronto.
- Vai dar certo, você consegue. – Falei e ela pressionou os lábios, se virando para mim.
- Grazie.
Não trocamos mais grandes palavras até o começo da premiação, eu nem tinha muito o que falar também. Era difícil manter uma conversa com null onde eu falava B, ela C e não conseguíamos formar nenhuma sílaba com isso. Ela não acreditava em mim e eu fazia questão de explicar que não estava mentindo.
Mas ela continuar acreditando nisso talvez não fosse tão mal, porque ao menos ela também cairia no meu plano e eu conseguiria escondê-lo de Ilaria por mais tempo sem realmente falar sobre ele.
A premiação começou as nove em ponto. É uma premiação mais de grandes feitos no ano, não voltada ao futebol em si, mais sobre esportes e personalidades. Totti ganhou o prêmio de lenda do esporte, depois eu ganhei de homem do ano e null me aplaudiu. Nesse momento Thomas N’Kono subiu ao palco para me fazer uma surpresa e foi bem legal.
Depois revelaram a mulher do ano que é uma corredora de esqui, em seguida a melhor performance do ano que foi para o jogador do Torino, Belotti. O prêmio fair play foi ao Matteo Manassero, jogador de golfe. O prêmio reconhecimento do ano foi para Andrea Doviziozo, motociclista.
Quando chegou na hora do time do ano, a Juventus ganhou e a presença de null foi requisitada, ela subiu ao palco, agradeceu em poucas palavras como no Gran Gala e logo desceu. O técnico do ano foi para Gian Piero Gasperini da Atalanta, o atleta paralímpico do ano foi para a seleção nacional paralímpica de vôlei e, por último, Alberto Contador, ciclista, ganhou outro prêmio de lenda, encerrando a noite.
Era mais de onze horas quando tudo acabou, sabia que seria uma noite difícil sem null ao meu lado, mas podia me contentar por não ter Ilaria e saber que poderia pensar nela a noite toda sem interrupções e, principalmente, sabendo que ela estava em um dos quartos ao meu lado.


Capitolo novantasette

Lei
18 de dezembro de 2017
- Tem certeza de que não quer que eu fique? – Perguntei, passando as mãos nos cachos de Kawan.
- Pode ir, null, sério. Ele dormiu, agora precisa esperar o remédio fazer efeito. Qualquer coisa os meninos estão aqui, eu peço para eles.
- Eu vou estar grudada no celular, se a febre continuar, me liga que aí nós vamos pelo meu plano, ok?! – Falei firme, inclinando meu corpo, deixando um beijo na testa do meu afilhado.
- Pode deixar, null. – Giulia disse desanimada. – Você está linda, vai lá e arrase, ok?!
- Meh... – Ponderei com a cabeça. – Esses jantares só servem para todo pessoal relevante do time puxar meu saco e para o Gigi ficar me olhando descaradamente com sua namorada do lado. – Bufei baixo.
- Tente se divertir, ok?! Os outros estarão lá, não? – Ela disse.
- Vão sim, todo mundo. – Me aproximei dela, dando dois curtos beijos.
- Então, pronto. Divirta-se. – Assenti com a cabeça. – Pode ir para sua casa depois, vamos ficar bem.
- Tudo bem, mas qualquer coisa me liga. – Falei.
- Eu vou tomar um banho depois vou ligar para o David.
- Ele está onde? – Perguntei.
- Estados Unidos. – Assenti com a cabeça.
- Beh, eu vou lá, qualquer coisa me liga!
- Pode deixar! – Ela disse, me empurrando e ri fracamente. Dei mais um curto abraço nela e segui para fora do quarto de Kawan. Desci pelas escadas, ouvindo os saltos baterem contra o piso.
- Ciao, meninos! – Falei para Gianni e Pietro que estavam largados na sala.
- Ciao, null! Boa festa! – Eles falaram e acenei.
Segui pelos fundos, entrando em meu carro na garagem, ajeitando a barra do meu vestido e tirando os saltos para dirigir. Fui em direção ao estádio, onde seria o clássico jantar de jogadores e administrativo, além de alguns acionistas majoritários. Era um jantar chato, feito especificamente para integração entre jogadores e alto escalão. Não era chato, mas também não era legal. Principalmente com Gigi levando Ilaria.
Estacionei na área privativa do estádio e recoloquei meus saltos antes de sair. Peguei minha bolsa e já chequei se Giulia não havia mandado algo. Com Giovanna e Fabrizio viajando sozinhos, ficamos nós quatro e Kawan na casa dos Vitale, mas com essa virada no tempo, Kawan começou a ter gripe, agora uma febre e todos estávamos um pouco perdidos do que fazer.
Segui para dentro do estádio, acenando para os seguranças no meio do caminho até chegar no auditório Agnelli, o salão que tinha na entrada do camarote da presidência. Suspirei, entrando no local e senti minha respiração falhar um pouco pela rapidez que eu subi. O local estava bem iluminado com a decoração de Natal. Entrei devagar e dei uma calculada no ambiente.
Algumas pessoas estavam sentadas, outras ainda estavam em pé, reconheci vários jogadores do time e suas namoradas ou esposas, além de algumas crianças, e todos estavam muito bem arrumadas.
- Tentando entrar de fininho? – Virei para o lado, vendo Fede ali.
- Ei! – Sorri, abraçando-o rapidamente e vi uma mulher ao seu lado.
- Essa é Veronica, minha namorada. – Ele disse.
- Ei, tudo bem? – Cumprimentei a mulher de cabelos pretos.
- Ela é a null, diretora de contabilidade. – Sorri para a mulher que parecia ser um pouco ou muito mais velha do que ele.
- É um prazer! – Sorri, cumprimentando-a. – Com licença...
- Claro! – Eles disseram.
Me afastei de ambos, seguindo pelo salão e eu estava levemente decepcionada em saber que Fede namorava, mas não queria que ele esperasse uma menina que ele viu uma vez na vida e está há milhares de quilômetros de distância, sem prazo para voltar, né?!
- null! – Vi Allegra ali com Andrea.
- Ah, Allegra. – Abracei-a, sorrindo. – Que prazer te ter aqui. – Ela sorriu.
- O prazer é meu, querida. Você está linda, o que é pleonasmo dizer. – Rimos juntos.
- A senhora também. – Trocamos dois rápidos beijos. – Como está, Andrea?
- Tudo bem, achei que não viesse. – Ele disse, também me cumprimentando rapidamente.
- Tive uma emergência familiar, meu sobrinho está com febre. – Falei.
- Ah e ainda assim veio? – Allegra disse.
- Ele está melhor, medicado e dormindo. – Falei e ela confirmou com a cabeça.
- Te coloquei na minha mesa... – Andrea indicou o outro lado.
- É óbvio. – Brinquei, vendo-o rir fracamente.
- E você vai ter que me perdoar por isso... – Ele fez uma careta.
- Ah, Andrea, o que você fez? – Virei o rosto para o lado e encontrei Deniz, sua esposa, em uma mesa até que próxima de onde estávamos. Ao seu lado estava Gigi e, ao lado dele, Ilaria. – Você só pode estar de brincadeira comigo.
- Você é meu braço direito, ele é capitão do time e...
- Eu vou me dar um aumento depois disso, ok?! – Falei firme.
- Três por cento?
- Sete! – Falei firme. – E quero mais ações.
- Ela sabe negociar. – Allegra disse e ri fracamente, me perguntando se ela sabia de algo, mas se sabia, era bem discreta.
- Ela não negoceia, mamãe, ela manda. – Agnelli disse, me fazendo rir.
- Sempre disse que faltava um pulso feminino nas decisões. – Allegra disse e sorri.
- Beh, se me dão licença, vou dar uma volta pelo ambiente, nos encontramos na mesa. – Falei para Andrea. – Bom te ver, Allegra.
- Você também, querida! – Ela sorriu e me afastei, mirando Chiello e Barza.
- Olha quem chegou! – Chiello brincou.
- Ciao, ragazzi! – Abracei-o, vendo-o sorrir. – Barza.
- Fala aí, null! – Ele disse e abracei-o.
- Oi, null. – Carolina disse e fiz carinho em sua menina em seu colo.
- Oi, lindinha. – Falei, vendo-a sorrir envergonhada para mim. – Oi, Maddalena.
- null. – Ela disse seca e preferi me afastar.
- Então, as crianças não vieram? – Apoiei a mão nas costas de Barza.
- Eles estão lá fora com o restante do pessoal
- Ah, que bom! – Sorri.
- Você demorou. – Chiello disse.
- Minha irmã está com o filho doente e os pais dela não estão, o namorado também não, acabei dando uma ajuda. – Falei, ponderando com a cabeça.
- Está tudo bem? – Barza perguntou.
- Ele está medicado e dormindo, estou monitorando. – Peguei o celular na bolsa, desbloqueando-o rapidamente.
- Que bom que veio! – Barza disse e sorri, até olhar para Maddalena e ver seu sorriso fechado.
- Beh, se me dão licença... – Falei e eles assentiram com a cabeça.
Me afastei do pessoal e segui andando pelo salão, cumprimentando os diversos grupos de jogadores, conhecendo suas namoradas, brincando com as crianças menores, até passei pelos acionistas majoritários, talvez eu precisasse de um pouco de bajulação para aguentar um jantar inteiro ao lado de Gigi e Ilaria.
- Chefa! – Sorri para Higuaín e Dybala, abraçando-os pela cintura.
- Ciao, ragazzi! Bom vê-los. – Eles sorriram, me dando rápidos beijos na bochecha.
- Você está na minha mesa. – Paulo disse.
- Ah, graças a Deus! – Falei rindo, abraçando-o pelos ombros. – Você vai me salvar.
- É, eu vi que te colocaram na mesa com... – Ele parou a frase no meio do caminho e suspirei.
- Eu vou matar o Agnelli. – Falei firme. – Com tantas mesas e... Poderia me colocar na mesa com o Mario e o Sami, seria interessante. – Apontei para eles que se aproximaram.
- Acabou de chegar e já está surtando? – Mario disse, me cumprimentando e sorri, abraçando Sami em seguida.
- Agradeço pela parte que me toca. – Falei rindo fracamente. – Só estou agradecendo por ter vocês. – Sorri. – Sério, eu já teria surtado há muito tempo.
- Está ficando emocional, chefa? – Sami disse e ri fracamente.
- É época de Natal, acaba tocando todos nós. – Eles riram.
- Beh, aceita companhia até sua mesa? – Paulo esticou o braço.
- Até a tortura, você diz... – Ele riu fracamente.
- Eu estarei contigo. – Sorri, dando um beijo no mais novo e aceitei seu braço.
- A gente se vê, ragazzi. Bom jantar.
- Para vocês também! – Eles disseram e respirei fundo.
- Vai dar tudo certo, ok?! – Paulo disse. – Eu sou ótimo em contar besteiras e deixar as pessoas sem graças. – Rimos juntos.
- Agradeço, querido, mas aquela ali eu sei lidar bem. – Falei baixo, me calando quando chegamos à mesa que tinha, além de Gigi e sua namorada troféu, Deniz, quatro acionistas e três espaços vazios: eu, Paulo e Agnelli.
- Buona sera! – Paulo disse.
- Buona sera. – Falei também, vendo o olhar de Gigi subir para mim e seus olhos se arregalarem.
- Tem espaço para mais dois? – Paulo brincou e dei uma leve beliscada em seu braço. – A-ah aqui, né?! – Ele indicou dois lugares.
- Como está, null? – Os acionistas se levantaram e cumprimentei um por um, dando rápidos cumprimentos.
- Tudo bem e com os senhores? – Sorri e engoli a raiva ao me aproximar de Gigi. Ele está lindo com o terno completamente preto, inclusive a camisa e a gravata borboleta. – Ciao, ciao.
- null... – Ele disse, apoiando a mão em minhas costas e dei dois rápidos beijos em minhas bochechas.
- Senhora D’amico. – Estendi a mão para Ilaria.
- null. – Ela disse e contive um aperto de mão nela antes de virar as costas.
- null, que bom que está aqui! – Deniz me abraçou apertado. – Me salvar... – Ela sussurrou.
- Bom te ver! – Falei, trocando rápidos beijos com ela.
- Sente-se aqui, chefa! – Paulo disse, puxando a cadeira para mim e me sentei.
- Grazie, querido. – Me ajeitei, puxando a cadeira mais para frente.
- Buona sera, signori. – O garçom se aproximou. – Gostariam de algo para beber.
- Eu aceito vinho branco. – Falei.
- Eu aceito o mesmo. – Paulo disse e o garçom se retirou.
- Então, null, fiquei sabendo que vai me passar nas ações! – Amelia disse e ri fracamente.
- Beh, sabe como é, não?! – Brinquei, ouvindo-a rir. – Precisamos investir naquilo que acreditamos.
- Está certíssima. – Ela disse rindo. – Vai chegar a quanto?
- Hum, acho que eu fecho sete por cento se der certo. – Falei. – Vou confirmar na reunião do começo do ano.
- Ah, não posso ficar para trás! – Rimos juntas.
- Devo lembrá-los que teremos a inauguração de Continassa para a próxima temporada, será um momento perfeito para fazer mais investimentos e comprar mais ações. – Falei.
- Estamos empolgados e de olho. – Giovanni disse. – Será tão grande quanto a inauguração do estádio, não?
- Sim, com o estádio trabalhamos em refazer o espaço, dessa vez é uma expansão e isso vai aumentar o capital de giro do time. – Falei.
- Ah, será incrível. – Eles sorriram e passei os olhos rapidamente sobre a mesa, passando por Gigi que tinha os olhos vidrados em mim.
- Antes de vocês chegarem, estávamos falando do time. – Marco disse.
- Desculpem o atraso, tive uma emergência familiar. – Falei, pegando o guardanapo e colocando no colo.
- Está tudo bem? – Gigi perguntou e ergui o olhar para ele.
- Sim, está. – Falei, assentindo com a cabeça. – O que dizia, Marco?
- O time segue vivo em todas as competições, será que teremos outra grande temporada quanto a temporada passada? – Ele disse.
- Esperamos, não? – Ri fracamente. – Pessoalmente eu estou muito feliz com o time hoje, temos nossos jovens, nossos veteranos, diversas nacionalidades que dão uma ótima mistura, além de os jogadores estarem bem sincronizados. – Falei.
- Mas temos vários jogadores novos nessa temporada, não? – Ilaria disse.
- Sim, para você ver a maravilha do mundo Juve. – Sorri, vendo o garçom servir as duas taças para mim e para Paulo. – Todos, não importa idade ou nacionalidade, sabem seu lugar e sabem o que devem fazer, então é bonito ver tudo isso. – Falei calmamente. – Mas, ei, temos dois jogadores aqui, eles podem dizer melhor.
- Eu assino tudo o que você disse, chefa. – Paulo disse. – Me sinto em casa aqui no time e tudo é por causa de você, dos meus companheiros, é ótimo... – Ele sorriu. – Não acha, Gigi?
- Beh, eu estou aqui há 17 anos, não? Vou encerrar minha carreira aqui, é meu lar... – Gigi disse e precisava de bebida para isso.
- Ouvi boatos de uma aposentadoria, é verdade? – Marco perguntou.
- É sim... – O ar falhou enquanto eu bebia, me fazendo engasgar.
- Opa! – Paulo disse, dando tapinhas em minhas costas. – Respira!
- Scusa! – Falei, levando o guardanapo à boca. – Entrou pelo lado errado. – Falei e Deniz me esticou um copo com água.
- Aqui! – Ela disse e peguei sua água, dando um gole na mesma.
- Scusa, podem continuar. – Suspirei.
- É... – Gigi disse, ainda me olhando. – 40 anos, chega a hora, né?! A não ser que ganhemos a Champions, mas é uma situação improvável. – Ele disse. – Depois da não classificação ao Mondiale, parar agora é quase uma exigência.
- Ah, é uma pena. – Deniz disse. – Não acha, null? Vocês estão aqui ao mesmo tempo, não?
- Sim, é! – Falei, olhando para Gigi. – Mas nessa carreira de jogador de futebol, eles precisam se analisar diariamente e Gigi está lesionado, não? Ele que precisa se decidir. – Falei, suspirando. – Mas ele é parte da Juve, ele sabe que sempre vai ter um lugar especial aqui. – Falei, olhando para ele.
- Grazie. – Ele sorriu e assenti com a cabeça.
- PAI! – Virei o rosto para o lado, vendo Dado correr em direção à mesa.
- Oi, amore. – Gigi disse.
- Tô com fome. – Ele disse e sorri.
- Olha quem está ali! – Gigi disse, me indicando.
- ! – Ele disse e afastei minha cadeira, sentindo-o me abraçar.
- Oi, meu lindo! – Dei um beijo em sua cabeça.
- Oi! – Ele disse sorrindo.
- Deixa eu ver você! – Passei a mão em seu paletó. – Vocês estão cada dia mais lindos! – Falei, ouvindo-os rirem.
- Eles são bem apegados a ela, não? – Amelia disse.
- Todas as crianças! – Paulo interveio. – Do zero aos 80 anos. Todo mundo adora a tia null. – Ele brincou, nos fazendo rir e ele deu uma piscadela para mim, me fazendo sorrir.

Lui
18 de dezembro de 2017
- Scusa.null disse, afastando a cadeira e se levantando, fazendo os homens da mesa se levantarem e ela deixou o guardanapo na mesa antes de se afastar.
- É a minha deixa! – Paulo disse, praticamente saindo correndo da mesa e eu ri fracamente.
Paulo estava surtando por estar na mesa dos acionistas, além de Ilaria que adorava fazer alguma pergunta indiscreta para quem fosse, mas todos os interessados por isso estavam bem confortáveis na mesa.
- Eu vou ao toalete, com licença. – Ilaria disse, dando um curto beijo em minha bochecha. – Você está indo muito bem. – Ela falou antes de se levantar e revirei os olhos.
Acompanhei Ilaria com o olhar para ver se ela não iria atrás de null e elas realmente foram para lados diversos. null tinha seguido para a área externa do estádio, talvez pegar um ar, acho que eu precisava disso também depois de aguentar duas horas com as duas na mesa, ouvindo e falando amenidades e precisando mentir na cara dura que me aposentadoria no final do ano. Inclusive para null que, pelo jeito, não gostou muito de saber disso.
- Beh, scusa. Vou checar meus filhos. – Falei, também me levantando.
Passei pelo salão, cumprimentando com rápidos acenos outras pessoas ali e, à essa altura do campeonato, todos já estavam bem enturmados. Dei uma rápida procurada pelo salão por Barza e Chiello e imaginei que eles estivessem do lado de fora também e não me enganei.
A área para fora do camarote era realmente incrível, mesmo vazio. Ela tinha o largo balcão com bar para quem quisesse ficar por ali e depois descia ou ia para baixo. Descendo, era o camarote da presidência, onde o top cinco, administrativo e família Agnelli ficavam, nas laterais costumavam ficar os jogadores, familiares e convidados.
As crianças estavam espalhadas pelas laterais do camarote, algumas até mais lá embaixo, mas tinha vários seguranças ali. Agora quem me interessava estava mais baixo ali, beirando o final do camarote. Vi Barza e Maddalena subirem irritados e ele a segurava firme pelo braço.
- Você precisa parar de fazer isso, já passou níveis de ridículos. – O ouvi falar firme, dando um rápido aceno de cabeça quando olhou para mim.
Observei null virar o rosto para o mesmo casal também e desviar quando seu olhar encontrou o meu. Ela virou de costas novamente e suspirei, vendo seus cabelos claros bagunçarem com o vento. Ela mais uma vez está maravilhosa com um vestido preto. Eu me surpreendia como uma pessoa podia raramente variar a cor e ainda encontrar tantos modelos diferentes, além de ficar incrível com cada um deles. Olhei rapidamente em volta e desci as escadas, indo em sua direção.
- Ei! – Me aproximei, vendo-a virar o rosto para mim, abaixando o celular em sua mão por um segundo.
- Ah, ei, Gigi. – Ela disse com menos empolgação do que eu, voltando a olhar para o celular.
- Está tudo bem com o casal? – Indiquei a cabeça para cima e ela virou o olhar, rindo fracamente.
- Nada demais, Barza estava falando comigo e a Maddalena achou motivos para sentir ciúmes, eles começaram a brigar e eu fiquei no meio do tiro cruzado. – Ela disse rindo. – Nada de novo.
- Ela ainda não gosta de você, não é mesmo? – Falei e ela riu fracamente.
- Beh, eu namorei o marido dela, não é tão loucura da parte dela. – Ela disse, colocando o celular na orelha. – Eu talvez não gostasse que um namorado meu fosse próximo de uma ex, mesmo que fosse exclusivamente amizade.
- Talvez, mas pelo que o Barza fala, não é exatamente um ciúme normal... – Falei, suspirando. – Estou atrapalhando? – Indiquei o celular.
- Ah, não, só ouvindo um áudio da Giulia. – Ela abaixou o celular, digitando alguma coisa no mesmo. – Kawan está com febre, Gio e Fabrizio fora, Gianni e Pietro mal sabem trocar uma fralda... – Ela suspirou.
- Por isso chegou atrasada. – Constatei e ela assentiu com a cabeça.
- Sim, estava ajudando-a. – Ela disse.
- E está tudo bem? – Perguntei.
- Ela disse que a febre baixou um pouco, mas precisa esperar dar o tempo da próxima dose do remédio. – Ela suspirou. – O problema é que ela não dorme e é quase meia-noite. – Ela pressionou os lábios rosados.
- É o tempo frio, logo melhora. – Falei.
- É, mas o Kawan é adotado, não temos histórico médico nem nada, então qualquer coisa é preocupante. – Ela disse, se sentando em uma poltrona.
- É só uma febre, null. – Falei, apoiando o quadril no balcão, ficando de frente para ela. – Tudo vai ficar bem.
- Eu sei... – Ela suspirou. – Mas é diferente quando é alguém próximo a você e quando é um estranho...
- Você se preocupa com todos. – Falei e ela riu fracamente.
- É, talvez seja um mal mesmo. – Ela ergueu a mão para a outra poltrona. – Gigi, eu...
- Sim?
- Todo mundo está falando sobre sua aposentadoria, é verdade? – Ela suspirou.
- Boas chances. – Falei, tentando me manter no mínimo de mentiras para ela. – Meu único “e se” é ganhar uma Champions, aí fico mais uma temporada para ajudar a conquistar o mundial de clubes, mas fora isso, não sei se consigo estender... – Suspirei.
- Você consegue. – Ela de um curto sorriso. – Essa é a sua primeira lesão séria em anos. – Ela disse, me fazendo rir.
- Desde a minha hérnia no Mondiale em 2010. – Falei e ela gargalhou.
- Vê? Isso é loucura! Ao contrário do Chiello e o Mario que eu assino atestados quase toda semana... – Rimos juntos.
- É, realmente, mas a idade...
- Eu sei que é sua vida, e eu talvez esteja ao máximo adiando o inevitável, mas... Beh, isso vai ser um tanto irônico, mas não faça nenhuma besteira. – Ela olhou em meus olhos. – Acho que chega, não? – Suspirei.
- Papai! – Vi Lou e Dado correrem em minha direção.
- null! – Lou disse animado e olhei as cores da camisa social deles como se eles tivessem rolado na grama.
- Dio mio! Olha a cor de vocês! – Falei e null gargalhou.
- O que vocês fizeram para estarem assim? – Ela disse, passando a mão nas costas de Lou.
- Estávamos jogando bola. – Ele disse fazendo uma careta e null tirou um pedaço de grama de sua cabeça.
- Beh, acho que não tem recuperação. – null disse, virando o olhar para mim.
- Não posso julgar, porque estaríamos assim se fôssemos mais novos também. – Falei e ela sorriu.
- Serviram a sobremesa, pai! – Dado disse animado.
- É bolo de chocolate! – Lou disse sorrindo e ri fracamente.
- GIGI! – Ergui o rosto, vendo Ilaria no balcão superior.
- Beh, a mamãe monstro chegou. – null disse, revirando os olhos. – Meninos, por que vocês não vão comigo? – null disse. – Vocês precisam lavar as mãos, depois seu pai encontra vocês ali. – Ela disse, enquanto Ilaria descia os degraus.
- Você não precisa fazer isso. – Falei baixo.
- Ah, acredite em mim, preciso. – Ela disse sorrindo.
- Gigi! Você está aqui! – Ilaria disse. – Com a null...
- Legal, né?! – null sorriu e Ilaria me abraçou pelos ombros.
- Está tudo bem aqui, carino? – Ela disse, virando meu rosto para me dar um beijo.
- Eca! – Lou ou Dado disseram e apertei minha mão na cintura de Ilaria, querendo ter alguma unha comprida para perfurá-la... Ou uma faca.
- Eu vou deixar os pombinhos as sós. – null disse. – Vamos, meninos?
- VAMOS! – Eles falaram animados, saindo correndo até rápido demais do local.
- Scusi, ragazzi!null disse e se afastou a passos rápidos, subindo com eles.
- Precisa fazer isso? – Falei, abaixando a mão de Ilaria com força.
- Claro que sim! – Ilaria disse rindo, apoiando a mão em meu peito. – Pena que ela sabe fingir muito bem não se importar. Deve ser anos de treinamento, né?! Anos sendo a segunda na sua vida.
- Talvez ela saiba que não precise se preocupar. – Virei para ela, sorrindo.
- Você está comigo, Gigi. Desista! – Ela sorriu. – Não para sempre, mas durante sua relevância que, infelizmente, não deve durar muito.
- Você não entende, né?! – Ri fracamente. – Você nunca vai competir com ela. – Abaixei sua mão novamente. – É impossível competir com 17 anos. – Sorri. – Não importa se você está ao meu lado, você não está no meu coração e nem na minha mente. – Dei de ombros. – Isso aqui é só o que você quer, aparências... – Dei de ombros. – Nunca vai ser algo a mais.
- É só o que eu preciso. – Ela sorriu.
- E diferente de você, a null nunca quis os holofotes dela, porque isso não leva a lugar nenhum. – Dei de ombros.
- A mulher mais importante da Juventus nunca quis holofotes? Você pode mentir melhor, Gigi. – Ela disse rindo. – Aposto que dormiu com alguém... Beh, contigo, né?! – Pressionei-a contra o balcão.
- Escuta aqui! A null escalou seu lugar no time, passando por todas as etapas desde o estágio, se ela tem esse posto hoje, é porque ela merece. – Afrouxei meu braço. – Mas se você pensa assim, começo a pensar com quem você dormiu para conseguir seu posto hoje... – Me afastei devagar, vendo seu sorriso sumir. – Não se atreva falar dela na minha frente de novo.
- Ou o quê? – Ela perguntou.
- Nós dois podemos fazer esse jogo, Ilaria. – Falei firme. – Não se esqueça disso. – Suspirei, dando de costas e subindo novamente.
Tentei acalmar a feição de raiva que eu deveria estar e a minha respiração acelerada denunciava isso, faltou pouco para eu enfiar a mão na cara dela com gosto, mas agora não era local e eu ainda tinha que deixar null fora disso, então precisava barganhar com o diabo. Entrei novamente no salão e olhei rapidamente em minha mesa e null não estava lá ainda, então fui ao banheiro.
- Não tem jeito, amor, isso precisa ser lavado depois. – null estava apoiada entre os dois banheiros, provavelmente falando com meus meninos lá dentro e senti vontade de pressioná-la na parede e beijá-la, mas não podia e isso me matava por dentro.
- Está tudo bem aqui? – Perguntei e ela abaixou o olhar, deixando seu olhar sumir aos poucos.
- Ei, Gigi! – Ela disse. – Sim, eles estão... – Ela indicou a porta e segui para dentro do mesmo, vendo Lou e Dado na pia.
- Como estão? – Perguntei.
- Estamos tentando limpar. – Dado disse.
- Deixa quieto, amore, não vai sair agora, a gente limpa em casa. Coloquem o paletó de vocês que está frio e esconde. – Falei. – Não demorem, está bem?
- Só vou fazer xixi. – Dado disse e assenti com a cabeça, me afastando da porta.
- É difícil exigir para crianças se comportarem bem. – null disse, se afastando da parede.
- Eles aguentaram bem até. – Falei e ela riu fracamente.
- Eles estavam muito lindos antes do futebol. – Ela disse sorrindo.
- Você está também, apesar de ser bem pleonasmo falar isso. – Ela riu fracamente, pressionando os lábios.
- Você também. – Ela sorriu. – Você fica bem de preto.
- Grazie. – Falei sorrindo. – E você eu não preciso nem falar, né?! – Ela sorriu.
- Beh, são nossas cores, não? – Ela deu de ombros e assenti com a cabeça.
- Acho que mais do que isso. – Me aproximei um passo dela. – Você fica linda de qualquer jeito. – Tirei seu cabelo do rosto, colocando atrás da orelha.
- Você está ficando perto demais, Gigi. – Ela disse baixo.
- Eu sei... – Falei. – Eu só... – Senti sua mão em meu peito.
- Não, Gigi... – Ela se afastou um passo. – Por vários motivos, não. – Ela suspirou. – Seus filhos, o time, sua namorada, eu... – Ela negou com a cabeça. – Desculpa. – Ela desviou o olhar, seguindo pela lateral.
- Pai, eu quero bolo! – Vi Lou saindo pela porta e esperava que ele não tinha ouvido ou visto nada. – Cadê a null?
- Ela voltou para mesa, vamos comer bolo? Cadê seu irmão? – Falei.
- Ainda lá dentro. – Ele disse, revirando os olhos e abri a porta do banheiro.
- Dado, vamos!
- Já vo-o-ou! – Ele gritou de volta. – Tive uma pequena emergência.
- Ah! – Joguei a cabeça para trás. – Agora?
- É! – Ele disse e suspirei.
- Ok, vai logo! – Falei. – E se limpa direito!
- Tu-u-udo bem! – Ele falou e suspirei, negando com a cabeça e saí do banheiro.
- Problemas no paraíso? – Vi Chiello do lado de fora e relaxei os ombros.
- Você não tem nem ideia! – Falei e ele riu fracamente.
- Forza, Gigi! Forza! – Chiello disse rindo.
- Você acha engraçado, não?
- Confesso que sim! – Ele disse rindo e neguei com a cabeça.

Lei
23 de dezembro de 2017
- Ei, Andrea! – Falei ao sair da sala.
- Ei, está perdida aqui? – Ele disse rindo, vindo me cumprimentar.
- Finalizando umas coisas antes do Natal, mas eu vou para casa agora e não volto até dia 28. Você? – Perguntei.
- Eu tenho uma reunião daqui a pouco. – Ele apontou para porta. – Nada demais, mas...
- Entendo, entendo. – Suspirei.
- Nos vemos no jogo mais tarde? – Ele perguntou e suspirei.
- Juve e Roma, né?! – Ponderei com a cabeça. – Talvez! – Falei rindo. – Se eu conseguir sair de casa depois. – Ele riu fracamente.
- Beh, se eu não te ver, bom Natal. – Ele disse e abracei-o apertado.
- Anche a te, Angelli! – Sorri. – Manda um beijo para o pessoal. – Ele assentiu com a cabeça.
- Até semana que vem! – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Até! – Ele disse e segui pelo corredor.
Desci as escadas do prédio administrativo de Continassa, vendo-o vazio devido as férias coletivas de quase todos os funcionários, menos eu e Agnelli, além dos jogadores que tinham um jogo importante hoje. Cheguei no térreo, ouvindo minhas botas baterem contra o piso e atravessei pelo corredor interno. Ouvi algumas vozes e desacelerei o passo.
- Eu era um garoto muito entusiástico e não tinha medo de nada, mas quando o vi levantar a mão, não fiquei feliz. Era um campo cheio de neve, a partida era importante, e quando o vi levantar a mão, eu me levantei em dois minutos e entrei...
Gigi estava em uma das salas do escritório em Continassa com Piqué, o defensor da Espanha e do Barcelona, além de uma equipe de filmagens e eles estavam gravando uma entrevista. Não sabia que Piqué trabalhava com entrevistas, mas eu sou curiosa e ele estava falando com Gigi, que contava empolgadamente sobre seu início como jogador profissional, eu precisava ouvir. Me aproximei o suficiente para não atrapalhar e apoiei o braço na parede, tombando um pouco a cabeça para ver entre as câmeras e os produtores.
- Você é um dos poucos jogadores que tiveram a sorte de jogar cinco Copas do Mundo... – Piqué falava em espanhol. – Como se sente com isso?
- Me sinto bem, orgulhoso, é um caminho longo e só você sabe o quanto luta para isso...
- Muito trabalho...
- Sim, precisa de talento, cansaço, vontade de sofrer, é uma grande gratificação, mas são poucos que participaram de cinco, mas foi muito bom porque participei de dois Mondiali na Europa, um na Ásia, um na África e um na América...
- Não tinha percebido. – Piqué sorriu.
- Seria especial estar no sexto, mas precisa saber se contentar com as conquistas, não tive coragem o suficiente para estar no sexto. – Gigi disse e suspirei.
- Você venceu a Copa do Mundo em 2006, o que você se lembra daquela competição? – Sorri. Ai, Piqué, se você soubesse...
- A vitória na Alemanha foi bem especial porque tem vários imigrantes italianos lá, que fez tudo ser mais especial, como se estivéssemos jogando em casa. E que eu recordo muito da festa, do apoio emocional, eles nos fizeram se sentir em casa. – Gigi movimentava as mãos para falar. – Eu tenho duas lembranças magníficas que foram a semifinal contra a Alemanha em Dortmund...
- 2x0.
- 2x0, mas foi um dos momentos mais nervosos da minha vida... Quando eu penso nisso, me sinto mal, porque acho que chega momento que não dá para aguentar tanta tensão e contra eles foi incrível. Mas depois ganhar de 2x0 na prorrogação, voltamos ao hotel cinco da manhã, e tinha umas 10 mil pessoas esperando... – Ele sorria ao se lembrar disso e era impossível não sorrir com ele. – E o mais interessante depois da Alemanha é que ficamos tranquilos, como se tivéssemos ganhado o Mondiale. – Ri fracamente. – É loucura...
- Não é fácil! – Piqué disse rindo. – Quando chega na final e pensa que já ganhou...
- Sim, é o pior! – Gigi gargalhou junto. – Estávamos loucos. Hoje que passou quase 12 anos, eu vejo a formação da Franca que era fortíssimos, e nós pensando que já tínhamos vencido. Quando estamos em time, nós temos mais empolgação, então achamos que podemos superar todo mundo. – Gigi disse rindo. – Surpreendente, eu estava menos nervoso na final contra a França, mas me lembra que na Alemanha eu dormi umas seis, sete horas, e com a França eu dormi só duas.
Piqué seguiu falando sobre as aparições e decepções da Itália nos Mondiali de 2010 e 2014, que eu me lembro muito bem, depois sobre o nível do campeonato italiano comparado a outros, para explicar a não qualificação para o Mondiale 2018, mas não concordava com as opiniões dele, mas com as de Gigi.
- Não é um problema de campeonato, é problema de individual...
- Talento?
- Sim, o campeonato Serie A pode até ser mais fraco, mas continuamos produzindo jogadores que jogam no Paris Saint-German, Real Madrid e o nível da Nazionale continua alto. – Ele disse. – Além do Verrati, que está no PSG, e da Juventus, não temos um jogador que jogue nas outras ligas em alto nível.
Piqué seguiu perguntando sobre a escolha dele na Serie B, que ele pode dizer que foi para mandar uma mensagem de amor ao público e aos jogadores, mas ainda acho que foi pela pequena culpa nele na situação toda. Gigi seguiu falando que o problema não foi a Serie B, foram os anos que se seguiram que chegamos a estar em sétimo duas vezes que ele repensou a escolha dele de ficar no time, mas que dizia para si mesmo que tudo ficaria bem. Talvez sua escolha naquela época tenha sido por mim, mas não tenho certeza, nunca tive, na verdade.
- Mas você pensou em sair do time em algum momento desses seis anos difíceis? – Piqué perguntou. – Porque eu acho surpreendente que, em 23 anos de carreira, jogou em dois times e os dois na Itália. Nunca pensou em jogar fora?
- Sim, me agradaria sair, porque eu gosto de estar perto de pessoas, outros tipos de vida, modo de pensar, parecia interessante, mas no fundo, eu sou muito italiano. – Gigi disse. – E entendo que, na Itália, o mundo que eu conheço melhor, me agrada e me faz sorrir. Então, ser um personagem importante no esporte, não quero e nem vou abandonar a Itália. – Gigi respondeu.
Depois eles seguiram falando sobre as mudanças que aconteceram no futebol sobre a posição de goleiro, jogar mais com os pés e tudo mais. Gigi sempre gostou de mudanças, apesar das ruins, então não me surpreendi de ele gostar, mas acho que foi uma mudança natural, não é exatamente grande coisa.
- Eu vi as entrevistas e você disse que esse ano pode ser seu último... – Engoli em seco. – Mas eu falei com Chiellini e ele disse que Buffon não está pronto para parar ainda. – Piqué disse e Gigi deu uma risada nervosa. – Tem uma surpresa aí? Algo que eu não sei? Poderemos ver Buffon um ou dois anos mais? – Ele perguntou rindo e fiquei na expectativa pela resposta.
- Sem surpresas. – Gigi disse mais sério. – Acho que na minha idade, você tem que avaliar mês seguido de mês, semana após semana, porque é importante para atletas como eu e você, que sempre jogamos no máximo, sentir a vontade de se bater, de ser protagonista. Você precisa se sentir bem, ser você. Eu sou Buffon e sempre vou ser, mas quando não me sentir mais eu mesmo, eu vou parar. – Gigi disse. – Daqui um mês ou dois, eu vou falar com o presidente e vamos avaliar honestamente. Sou uma pessoa feliz e serena. Sou feliz em jogar, tenho grandes amigos e sei que posso contribuir em campo, no dia que não poder mais, não tem problema. – Ele disse. – Está bem também, foi uma bela carreira também. – Engoli em seco, apesar de não ter nada novo.
- Tem medo da aposentadoria? – Piqué perguntou. – Você passou mais anos sendo profissional do que não... Então, tem medo de se aposentar do futebol e encontrar uma nova vida desconhecida?
- Hum... Seria desonesto se falar que não tenho medo. – Gigi disse. – Mas dentro de mim, sinto tranquilidade e serenidade de ser uma pessoa curiosa e, no dia que não jogar mais futebol, sei que vou encontrar uma forma de não me entediar e encontrar algo para me ocupar. – Ele disse. – Para nós jogadores, é importante manter a cabeça ocupada, ter um motivo para acordar e se ocupar e nunca ficarei entediado ou com saudades de ficar em cena. – Gigi disse. – O único problema é que nos últimos 23 anos, eu tive pessoas que organizaram minha vida... Então ter 24 horas no dia livre e ter a obrigação de preencher tudo, é a única coisa que pode ser um problema. – Suspirei. Se estivéssemos juntos, te garanto que poderia te ajudar nisso, mas você não me parece empolgado com isso.
- Tem alguma posição no futebol que gostaria de fazer? – Piqué perguntou.
- Eu devo fazer todos os cursos de formação, dirigente, diretor esportivo, treinador... Depois eu escolho uma estrada sem pressa. – Ele disse.
- Para terminar, eu li em uma entrevista que você disse que o futebol te ver uma pessoa melhor, quem seria Buffon se não fosse jogador de futebol? – Piqué perguntou.
- Hum... – Gigi respirou fundo antes de falar. – Eu teria sido uma pessoa muito pior. – Ambos riram. – Penso que poderia ser... Um professor de educação física como meus pais. – Ele disse sorridente. – Era meu caminho, porque eu amo esportes e crianças, mas falo que o futebol me transformou em uma pessoa melhor, porque eu não sou... Eu sempre achei o jogo de grupo importante, com o grupo e os outros caras, eu divido vitórias e derrotas, te torna menos egoísta, e se altruístico é algo muito bom para vida. – Ele disse. – Depois, sendo muito popular, temos aspectos negativos e positivos. Os negativos é que quando você faz algo errado, é visto de forma exagerado em jornais e revistas. Mas essas consequências do exagero te fazem pensar melhor, porque não merecemos sofrer assim, então pensamos em nos comportar melhor e transformar uma pessoa melhor. Porque, depois desses anos, com tantas confusões, me ajudaram a melhorar.
- Como jogador, digo que o futebol é um esporte muito melhor contigo. – Piqué disse, me fazendo sorrir. – E foi um prazer estar aqui e conversar contigo. – Ambos sorriram. – Sabe que, quando eu tinha 21 anos, estava entre o Barça e a Juventus? Eu estaria aqui dividindo o vestiário contigo?
- Sério? – Gigi riu e acho que lembrava vagamente disso. Piqué tinha uns 30 anos? Uns 10 anos atrás? É... Talvez, mas ele não era o grande Piqué naquela época ainda.
- Muito obrigado, Gigi. – Piqué disse sorrindo.
- Grazie, grazie! – Gigi disse.
- Corta! – O produtor falou e suspirei.
- Muchas gracias, Gigi! – Piqué falou e suspirei, saindo do meu esconderijo.
Segui pelo outro lado, tentando pisar mais leve no chão. Ao invés de ir por dentro, passei pelas portas, sentindo o vento atingir meu rosto e subi o cachecol para o rosto e beirei o prédio em direção ao estacionamento de frente ao estádio.
- !
- AH! – Assustei ao ver Gigi sair pela outra porta. – Cazzo!
- Desculpa! – Ele disse rindo e revirei os olhos.
- Dio mio, não faz mais isso. – Levei a mão ao peito.
- Scusi. – Ele disse. – Eu estou fazendo uma entrevista...
- É, eu vi, não queria atrapalhar. – Falei.
- Você não. – Ele disse. – É com o Piqué do Barcelona, ele quer te conhecer... – Franzi a testa.
- Eu?
- É, vem... – Ele chamou com a mão e suspirei, passando pela porta, passando pela porta novamente, ajeitando os cabelos para trás. – Piqué, essa é a null de quem eu falei. - Franzi a testa para Gigi.
- Ela é famosa. – Piqué sorriu para mim. – É um prazer te conhecer. – Ele disse.
- A mi también. – Respondi em espanhol e ele sorriu, apertando minha mão.
- Você é a mulher mais importante da Juventus, não? – Ele sorriu.
- É sim! – Gigi disse.
- Beh... – Ri fracamente. – Esperamos que sim... Não sabia que fazia entrevistas.
- É um projeto do The Players’ Tribune. – Ele disse. – Conversando com alguns jogadores especiais. – Ele indicou Gigi e sorri para ambos.
- Isso é bom, eu ouvi um pouco, você tem jeito para coisa.
- Ah, muchas gracias. É fácil quando você conhece o seu entrevistado. – Sorrimos juntos.
- Sim, sim, imagino que facilite bastante. – Rimos juntos.
- Piqué disse que podia ter feito parte da Juve com 21 anos, se lembra de algo assim? – Gigi perguntou.
- Quando foi isso? – Perguntei.
- 2007, 2008... – Ponderei com a cabeça.
- Não me é estranho, mas minha mente não volta tanto. – Ri fracamente.
- Está aqui desde àquela época? – Piqué perguntou.
- Desde 2001. – Falei.
- Entrou comigo. – Gigi disse, me abraçando de lado.
- Ele entrou comigo, eu estava aqui antes! – Falei rindo.
- Então, é uma boa amizade. – Piqué disse.
- É, algo assim... – Falei sorrindo. – Beh, ragazzi, eu vou deixá-los. – Sorri. – Bom Natal para vocês.
- Gracias. – Piqué disse e segui para fora novamente, ouvindo passos atrás de mim e não foi preciso virar para saber quem era.
- null... – Gigi se colocou ao meu lado.
- Ei... – Falei, andando pelo estacionamento.
- Não sabia que estava aqui. – Ele disse.
- Finalizando umas coisas. – Ponderei com a cabeça, procurando a chave do carro na bolsa. – Nada demais, só finalizar tudo antes do ano novo.
- Vai emendar? – Ele perguntou.
- Queria, mas vocês têm jogo dia 30. – Peguei a chave, abrindo o carro. – Beh, não você. – Ele riu fracamente. – Como está, falando nisso?
- Melhor, melhor. – Ele mexeu na gola do suéter. – Vai passar as festas aqui? – Ele subiu a mão para nunca.
- Sim, meus parentes de Palermo estão aqui, então... – Dei de ombros.
- Legal, legal...
- Você? – Perguntei mais por educação do que por interesse na resposta.
- Eu não sei ainda...
- Você não precisa mentir para mim, Gigi. – Falei, abrindo a porta do carro.
- Eu não estou, eu não sei ainda. – Ele segurou a porta, olhando por cima da mesma. – Te vejo à noite? – Suspirei.
- Eu não sei. – Suspirei. – Está muito frio, talvez seja difícil eu sair depois de um banho. – Falei.
- Vai para Giulia? – Ele perguntou.
- É, estou ficando bastante lá por causa do Kawan. – Sorri, olhando-o perto de mim.
- É, percebi... – Ele deu um sorriso de lado. – Eu sinto sua falta, sabe... – Ri fracamente.
- Não é como se não soubesse o que precisa fazer, Gigi. – Dei de ombros, ameaçando entrar no carro, mas ele me puxou antes.
- Por favor, null, eu... – Ele suspirou. – Eu estou fazendo isso por você.
- Você não precisa fazer nada por mim, Gigi. – Dei de ombros. – Isso precisa ser sobre você também... Se é que algum dia foi. – Entrei no carro, deixando a bolsa no banco do lado.
- É talvez. – Ele disse. – Eu juro, null, eu estou fazendo tudo para ficar comigo, eu só...
- Desculpe, Gigi, mas é difícil de acreditar quando sua boca diz algo e suas ações outra. – Dei de ombros. – Posso ir agora? Ou você quer realmente que isso se torne assunto na sua entrevista? – Ele suspirou.
- Você vai acreditar em mim, null. – Ele soltou a porta. – E mal vejo a hora de isso acontecer. – Suspirei, engolindo em seco. – Buon Natale. – Ele disse, se afastando.
- Buon Natale também, Gigi. – Falei baixo, puxando a porta em seguida.

Lui
30 de dezembro de 2017
- Cuidado para não explodi-i-ir e... Esquece! – Alertei Lou que gargalhou alto quando o “game over” apareceu na tela.
- Ah, que saco! – Lou disse rindo e ouvi a campainha tocar.
- Fiquem aí, eu já volto. – Falei, andando até a porta e chequei rapidamente pelas frestas de vidro antes de abrir.
- Ciao, Gigi. – Sorri para Nicola, meu advogado.
- Ciao, tudo bem? – Cumprimentei-o rapidamente. – Entre, por favor.
- Ela já chegou? – Ele perguntou.
- Não, ainda não. – Falei. – Pode deixar seu casaco aqui, se quiser.
- Grazie. – Ele disse.
- Deu tudo certo? – Perguntei.
- Sim, o juiz assinou a procuração e eu já fiz reconhecimento no cartório para o outro contrato. – Ele disse. – Tem certeza que você...
- Espere um pouco, por favor. – Falei, erguendo o dedo e ele assentiu com a cabeça. Segui de volta para a sala de TV onde meus meninos estavam. – Meninos, papai precisa trabalhar um pouco, vocês se importam se mudar o jogo lá para cima? Eu logo chego? – Falei.
- Não, vamos lá! – Lou disse.
- Aproveitar que acabou! – Dado disse e ambos pegaram seus cobertores e seguiram para o andar de cima.
- Modos! – Falei.
- Ciao, Nicola! – Eles gritaram para meu advogado e ouvi seus pés baterem rapidamente escada acima.
- Pronto, é melhor assim.
- Eles não sabem? – Ele perguntou.
- Não, achei melhor manter em um grupo restritos de pessoa, nem meus pais sabem ainda. – Suspirei, indicando o sofá e ele seguiu até a mesma, se sentando.
- Queria te perguntar se você tem certeza disso, Gigi. É um movimento arriscado. – Ele disse e suspirei. – E não é nem seu segredo.
- Eu sei, eu sei, mas... – Suspirei, olhando escada acima. – Eu preciso protegê-la... E me proteger...
- Entendo...
- Por quê? Você acha que não vai dar certo? – Perguntei.
- Não, pelo contrário, acho que isso vai dar certo... – Ele tocou sua pasta. – Mas se não acabar em um ano e meio, ela vai poder fazer o que quiser, inclusive te desqualificar.
- Beh, se até o meio de 2019 eu não conseguir resolver as coisas com a null, apesar de não querer me envolver em nenhuma outra intriga da Ilaria, não terei problemas em divulgar para a imprensa tudo o que ela me faz também, isso vai dar uma briga judicial enorme, mas não posso ser feito de trouxa. – Falei.
- Sim, mas você vai envolver a mulher que gosta nisso também. – Suspirei.
- Eu sei, Nicola. Eu sei, são muitos detalhes que podem dar errado, mas eu não tenho outra alternativa. Você sabe disso, você pensou comigo...
- Sim, eu sei! – Ele suspirou. – Você quer cuidar da conversa ou cuido eu? – Ele perguntou.
- Eu introduzo e o senhor apresenta, pode ser? – Perguntei.
- Claro, como sempre... – Sua voz foi interrompida pela campainha.
- Me deseje sorte. – Pedi e ele assentiu com a cabeça.
- Vai dar certo. – Ele disse e eu não sentia isso dentro de mim quando me aproximei da porta e vi Ilaria pela fresta.
- Ciao, ciao! – Falei ao abrir a porta.
- Ciao, Gigi! – Ilaria disse.
- PAPÁ! – Leo esticou os braços em minha direção e segurei-o no colo.
- Ciao, mi amore! – Falei, abraçando-o fortemente e distribuindo beijos em seu rosto.
- Ah, pai! Para! – Ele riu e sorri.
- Como está? – Perguntei sorrindo.
- Bem! – Ele sorriu.
- Também tô. – Falei e sorri.
- Ah, então eu pego ele na semana que vem. – Ilaria disse e voltei a olhar para ela.
- Poderia entrar um pouco? Queria conversar contigo. – Falei, abrindo espaço para ela entrar.
- Claro e... Quem é? – Ela viu o homem.
- Nicola, meu advogado. – Falei. – Vou levar o Leo para cima, já volto. – Falei e Ilaria fechou a porta.
- O que está aprontando, Gigi? – Ouvi sua voz, mas ignorei-a enquanto subia as escadas.
- Eu vou te deixar um pouco com o Leo e o Dado e depois papai vem brincar com vocês, está bem?
- Eles tão aqui? – Ele perguntou animado.
- Estão sim, te esperando! – Falei, atravessando o corredor do andar de cima que rodeava o balcão lá embaixo e entrei na sala de brincadeiras lá de cima.
- AH! AH! AH! – Leo começou a pular em meu colo quando viu seus irmãos e sorri.
- LEO! – Dado veio mais empolgado.
- Ciao, ciao! – Coloquei-o no chão e ele correu abraçar os meios-irmãos que estavam largados no chão.
- Eu já volto, ok?! 10 minutinho no máximo. – Falei para os três.
- Ok, estaremos aqui! – Lou disse, abanando a mão e olhei sugestivamente para os três antes de voltar a descer.
Ilaria estava em pé ao lado do sofá, enquanto Nicola estava da mesma forma de antes. Ambos estavam quietos e não parecem ter trocado uma palavra se quer durante minha rápida subida. Eu estava nervoso, tinha tudo para dar errado, mas eu não podia ficar assim.
- Então, Gigi, o que está acontecendo?
- Eu queria sugerir algo para ti. – Falei. – Vamos lá na mesa, por favor? – Indiquei a mesa de jantar e Nicola seguiu.
- Sobre... – Ela disse.
- Nosso acordo. – Falei, puxando a cadeira para ela se sentar e ela o fez.
- O que está dizendo? – Ela perguntou.
- Nicola sabe, não precisa fingir nada. – Falei, me sentando em outra cadeira e Nicola à minha frente.
- Isso não faz parte do nosso acordo, Gigi.
- Vamos decidir o que faz ou não parte do nosso acordo, Ilaria. – Falei firme. – Isso é sério, então vou levar como algo sério. – Suspirei. – Mas, primeiro, eu quero tirar Leo da jogada.
- Como assim? – Ela disse e Nicola me estendeu um documento.
- Isso é um documento legal comprovando a minha paternidade do Leo, assinada por um juiz de Milão. – Entreguei para ela. – Ele atestou nosso relacionamento de dois anos e meio e fez um plano de visitação para nós dois. – Falei, observando-a ler os papéis. – Mesmo que você me impeça de ver Leo, temos que ser razoáveis de que ninguém vai atestar contra mim pela nossa constante presença na mídia, como você mesma requisitou. – Falei.
- E o que isso quer dizer? – Ela disse e Virei para Nicola.
- É quase um atestado quando casais se separaram. – Nicola explicou. – Gigi promete cumprir as responsabilidades de pai, prover uma pensão para o filho e para você, que já está sugerida aí, até ele completar 18 anos, em troca, ele quer horários de visitação razoáveis. – Nicola disse. – A começar por 48 horas semanais até o menino ter 12 anos, o qual ele já é legalmente apto a fazer as próprias decisões. – Ele disse calmamente enquanto ela olhava para o papel.
- Eu me responsabilizo a trazer o Leo para Turim ou para onde eu estiver, além de devolvê-lo em Milão...
- Uma colaboração amigável aqui seria o ideal, já que cada um tem suas responsabilidades e interesses com a criança. – Nicola disse.
- E se eu não aceitar? – Ilaria perguntou.
- Não tem como não aceitar. O juiz já atestou tudo aqui, então, caso você se negue a aceitar e impeça meu cliente de ver o filho, você será enquadrada pela lei, pode desde pagar multa até ser presa por alienação parental ou sequestro de menores. – Ilaria ergueu o olhar pela primeira vez. – Você não tem escolha.
- Claro! – Ela disse rindo fracamente. – Eu deveria esperar algo para isso. – Estiquei a caneta para ela.
- Você realmente não vai querer brincar com nosso filho, vai? – Falei mais baixo. – Seria malvado até para você.
- Eu não sou esse monstro que você me pinta, Gigi. – Ela disse.
- Eu não estou te pintando de nada, Ilaria, você que está se mostrando. – Falei e ela pressionou os lábios.
- E como vamos decidir esses horários? – Ilaria disse.
- Podemos conversar com isso depois, com mais calma. – Pedi. – Eu possuo de quinta e sexta ou sexta e sábado com Alena, dependendo do meu calendário. Decidimos por mês.
- Ok, é justo... – Ela disse, abrindo a página e assinou o papel. – Vai ser bom ter um tempo para mim também. – Mordi meu lábio inferior, segurando a vontade de falar algumas coisas, mas ela nem se quer cuidar do Leo.
- É... – Suspirei e ela entregou o contrato e peguei-o para checar se realmente estava assinado.
- É só isso? – Ela perguntou.
- Não, tem mais uma coisa. – Falei, pegando uma folha dos documentos de Nicola.
- O que mais?
- Isso é um documento assinador por Andrea Agnelli, comprovando minha aposentadoria do futebol no fim da temporada. – Estiquei para ela. – Eu andei pensando, conversei com minha equipe, meus amigos, essa lesão também me fez pensar, e eu decidi parar ao fim da temporada.
- Mesmo? – Ela me olhou surpresa.
- Sim. – Assenti com a cabeça. – Isso é um documento de que eu não vou renovar com o time ao final da temporada, sobre multa de seis milhões de euros. – Falei. – E vou me aposentar no final da temporada.
- Mesmo se ganhar a Champions League? – Ela perguntou.
- Depois de 16 anos, minhas esperanças são baixas, Ilaria. – Falei. – Além de que vou fazer 40 anos, o corpo não é mais o mesmo. Quem dera eu ganhasse, mas não tenho esperanças. – Ri fracamente.
- Ok... – Ela disse, esperando que eu continuasse.
- Sua chant... Acordo, vamos dizer assim para ficar mais bonito, é aproveitar a sua imagem que tem de mim para interesses pessoais, certo?
- Continue... – Ela disse.
- Em troca disso, você mantém o segredo de null, correto?
- Sim. – Ela disse.
- Beh, depois que eu me aposentar, eu estive conversando com minha família e eu vou focar nos meus investimentos antes de decidir voltar para o futebol. – Falei. – Como sabe, eu perdi muito dinheiro recentemente e preciso focar totalmente nos meus investimentos por um tempo. – Suspirei.
- Onde está chegando com isso, Gigi? – Ela perguntou.
- Eu quero fazer outro acordo contigo com base nisso. – Falei, pegando o outro contrato. – Não podemos ficar assim pelo resto da vida. – Falei. – Você é nova, bonita, pode encontrar alguém que te trate como você merece e, sinto muito, você queira ou não, minha vida é a null e eu não vou medir esforços para ficarmos juntos. Durante todos os meus anos de Juventus, tivemos várias oportunidades e eu fiz merda, agora, com minha aposentadoria, eu pretendo passar o resto da minha vida com ela... – Ela olhou fixo para mim.
- Eu não ligo para essa baboseira, quero saber o que você vai fazer. – Ela disse.
- Um acordo até julho de 2019. – Falei. – Bom para nós dois. – Falei. – Por mais esse ano e meio, eu me comprometo a te levar para as festas do time, me acompanhar em eventos relevantes e toda parte social no time, enquanto você manter o segredo da null. – Falei firme.
- E por que até julho de 2019? E depois? Eu posso contar? – Ela disse, rindo em seguida.
- Não, daqui um ano e meio minha relevância não vai ser a mesma, vou ser só mais um jogador aposentado tentando manter um pouco da minha relevância. Nos separamos e nossa única ligação será o Leo.
- Como você pode me garantir isso? – Ela me olhou. – Você é um grande jogador, Gigi.
- É só ver o Totti. – Falei. – Faz seis meses de sua aposentadoria e ninguém mais se lembra dele, por isso estou te oferecendo um ano a mais, para aproveitar os últimos recursos. – Ela suspirou. – Você pode encontrar alguém para te agradar, outro jogador mais relevante... Eu realmente não me importo, só quero saber do meu filho.
- Qual é a pegadinha? – Ela perguntou.
- Como pode ver, senhora D’amico, não tem pegadinha, é um acordo legítimo. – Nicola disse. – Você vai ver todas as condições que foram impostas na conversa de vocês dois. – Ele disse. – Você esconde o segredo da senhorita null enquanto meu cliente cumpre sua parte do acordo te levando em eventos importantes.
- Você pode ler, Ilaria. – Falei firme. – E pode me falar se não concordar com algo e mudamos, mas está como falamos meses atrás. – Falei.
- Me deem um minuto, por favor. – Ela disse, pegando o celular e assenti com a cabeça.
Observei-a se afastar com o documento em mãos e ligar para seu advogado. Ela se afastou o suficiente para que eu não ouvisse sua voz, mas notei que ela tirou fotos do contrato e ficou aguardando seu contato.
Enquanto isso acontecia, meu pé batia freneticamente no chão, esperava que ela não se ligasse a questão da localidade do cumprimento do acordo. Não queria ficar um ano em outro país preso a ela, porque tenho certeza de que ela gostaria disso. Eu tinha vários times relevantes que demonstraram interesse em mim, Barcelona, PSG, Liverpool, e Ilaria gostava de show, de aparecer, apesar de não ser relevante para ela na Itália, seria uma forma de empacar meu plano.
- Ok, Gigi... – Ilaria voltou, caminhando até a mesa. – Eu só tenho três observações antes de assinar isso. – Ela disse e engoli em seco.
- Fale.
- A primeira é: eu quero um documento que comprove que você vai focar nos seus investimentos pelo próximo ano e que não vai estar envolvido a nenhum time na próxima temporada. – Ela disse.
- Está na mão. – Nicola disse, estendendo um papel para ela, um documento também com validade somente para a Itália. – Colocamos uma multa de dois milhões para isso, como boa fé.
- Ótima. – Ela disse, sorrindo. – Segundo: quando acabarmos, quero declarações na imprensa e nas redes sociais que terminamos em boa fé, por diferenças nos interesses e alguma baboseira que falam nos dias de hoje. – Ela disse.
- Claro, podemos fazer isso, mas prefiro não ter nenhum contato extra contigo após isso além de coisas do nosso filho. – Falei e ela ponderou com a cabeça.
- É justo. – Ela disse.
- Quer que faça um contrato sobre isso também? – Nicola perguntou.
- Sim, por favor. – Falei firme e olhei para ela. – Não quero nada pendente. – Ela pressionou os lábios.
- Estou surpresa como eu te afetei, Gigi. – Ela disse.
- Mais do que eu gostaria. – Suspirei. – E a última coisa? – Senti minha garganta secar, me fazendo suspirar.
- O que acontece se eu não aceitar isso? – Ela perguntou.
- Da mesma forma que você me chantageia, Ilaria, por mais que eu odiasse ter que me preocupar com isso, eu também sei fazer esse jogo. – Olhei firme em seus olhos.
- Que jogo? – Ela se fez de desentendida.
- De chantagem. – Falei com todas as letras.
- Com o quê? – Ela perguntou rindo.
- Com a chantagem. – Sorri. – Seria interessante, não? Meu nome, seu nome...
- Da null. – Ela disse.
- Seria interessante. – Sorri. – Nós dois contra você. Provavelmente brigando juntos em um tribunal. – Nicola deu um chute em minha perna.
- Você não tem como provar...
- Você também não. – Sorri. – É sua palavra contra a minha. – Falei rindo fracamente.
- Ok... – Ela pegou a caneta de novo. – Depois de julho de 2019, se os dois cumprirem sua parte no acordo, dividiremos somente o Leo.
- Só. – Falei firme.
- Está bem, Gianluigi. – Ela rubricou todas as páginas, chegando na última e fazendo sua assinatura completa. – Está valendo! – Ela abaixou a caneta e esticou o contrato em nossa direção.
- Bom fazer acordos contigo. – Falei, me levantando e ela fez o mesmo. – Um aperto de mão para selar isso?
- É, claro. – Ela disse, apertando minha mão levemente. – Nos vemos no dia cinco, Gianluigi.
- Eu levo o Leo até você. – Falei.
- Suas cópias. – Nicola a lembrou, entregando os papéis para ela. – Qualquer dúvida, pode ligar no meu cartão.
- Não vou precisar. – Ilaria disse. – Ciao, carino.
- Nunca mais! – Falei sorrindo. – Ah, minhas chaves! – Estendi a mão para ela. – Seremos namorados só na imprensa, não quero você aparecendo aqui.
- Ah, nenhum souvenir? – Ela disse, procurando as chaves na bolsa.
- Não vale à pena. – Falei e ela me entregou o chaveiro com as duas chaves de casa além do controle remoto do portão e do alarme. – Achei que nossa separação fosse amigável.
- Vai ser, para as câmeras. – Sorri. – Como você quer.
- Ciao, ciao! – Ela disse e não esperou que eu abrisse a porta para ela e saiu pela mesma.
Segui atrás dela, esperando-a entrar na porta e parece que essa cena aconteceu em câmera lenta. Ela entrou, ligou o carro e deu um último aceno antes de colocar o carro em movimento. Assim que o carro sumiu de vista, eu fechei a porta.
- ISSO! – Gritei animado. – DEU CERTO! DEU CERTO! DEU CERTO!
- Auguri, senhor Buffon! – Nicola me abraçou fortemente.
- Deixa eu ver, deixa eu ver... – Falei, olhando os documentos em cima da mesa e suspirei ao ver as assinaturas dela em vários. – Não acredito que deu certo, Nicola. Como ela não percebeu?
- Ninguém realmente se importa sobre a vigência do contrato, Gigi. – Ele disse, batendo em minhas costas. – Isso tem em todos os contratos, mas ninguém realmente se importa.
- Nunca achei que algo pequeno assim fosse me salvar, Nicola. – Ele riu fracamente.
- Vai dar certo, senhor Buffon. Só sinto de você precisar esperar mais 18 meses para ser feliz, mas...
- Pai? O que está acontecendo? – Lou gritou do balcão e virei para ele.
- Oi? Nada, amores. Só fechei um contrato importante. – Falei e ele fez careta.
- Vem jogar com a gente! – Ele gritou.
- Vou, amore. Porque agora vamos ser felizes todos os dias! – Disse animado e ele riu fracamente.
- Louco! – Ele disse, dando de costas e virei para Nicola novamente
- Grazie, sério! Não seria nada se não fosse você! – Ele sorriu.
- Vai dar certo, Gigi. – Ele disse. – Com calma e paciência, mas vai dar certo.
- Grazie. – Sorri, suspirando.


Capitolo novantotto

Lei
15 de janeiro de 2018
- PAVEL! – Gritei, ouvindo o silêncio do outro lado do bocal.
- Fala. – Ele disse.
- Eu não estou entendendo nada, vocês estão falando todos juntos! – Reclamei.
- OH, CALA A BOCA! – Pavel gritou e arregalei os olhos. – Onde você está?
- Chegando em Vinovo, em poucos minutos eu estou aqui. – Falei, suspirando.
- Ok, eu vou te esperar no estacionamento, vem logo!
- Tudo b... – Parei a frase no meio do caminho quando ouvi a ligação cair e ri fracamente. – Ah, Pavel!
Dirigi pela estrada que dava para o CT em Vinovo e não demorou mais do que cinco minutos para eu estar na portaria. Acenei para Pasquale e ele liberou minha entrada. Ao invés de parar no prédio administrativo, segui até o prédio do CT e procurei uma vaga para eu estacionar entre os vários carros ali. Saí do mesmo e vi Pavel na calçada.
- Demorou, hein?! – Ele gritou.
- Eu estava em Continassa. – Falei, pegando minha bolsa no banco de trás. – Começo de ano, sabe como é...
- Eu sei, mas o Braghin está empolgado com o time feminino, aproveitei que estava aqui com ele e te chamei...
- Mas eu estava lá longe, tive que vir aqui. – Caminhei em sua direção.
- Mal vejo a hora de conseguirmos juntar tudo em um lugar só. – Ele disse.
- Eu também! Precisei aumentar o vale transporte de todo mundo por essa situação toda. – Abaixei o tom quando me aproximei. – Eu adoraria ter a Manu aqui de novo para me ajudar com essa andança.
- Contrata uma ajudante nova. – Ele disse.
- Ah, não. Não vejo outra pessoa como a Ma... – O salto da bota ficou preso no degrau e acabei virando o pé. – Ah!
- Opa! – Pavel me segurou pelos ombros. – Está tudo bem? – Senti meu tornozelo direito pegar fogo.
- Ai, espera! – Senti que minha voz mudou de tom e o ar entrou com mais força.
- Está doendo? – Ele perguntou.
- Acho que eu... Ai! – Abaixei meu corpo devagar, me sentando no rodapé. – Acho que eu torci o tornozelo.
- Ok, respira fundo. – Ele apareceu em minha frente. – O que está sentindo?
- Meu tornozelo está queimando. – Ele esticou minha perna. – AI! CAZZO!
- Eu vou te levar para a fisioterapia. – Ele disse. – Alguém vai saber o que fazer.
- Ah, que droga! Fazia tempos que isso não dava problema. – Ele esticou as mãos para mim e firmei no pé esquerdo para me levantar.
Como assim? – Ele perguntou.
- Não lembra da vez que eu me matei no vôlei? – Falei, fazendo uma careta.
- Quando você enfaixou a perna inteira? – Ele perguntou.
- É! – Falei firme e ele me entregou minha bolsa.
- Segura aí! – Ele passou as mãos pelas minhas costas e me pegou no colo.
- Ai, Pavel! – Apoiei as mãos em seus ombros. – Você não precisava ter feito isso.
- Prefere pular até lá? – Ele perguntou.
- Não... – Fiz uma careta.
- Então! – Ele disse firme e começou a andar. – Vamos! Abre a porta! – Ele disse e abri as portas do CT do time principal e ele foi me levando para dentro.
- Eu não vou ficar com botinha de novo! – Falei firme.
- Você vai fazer o que o médico falou! – Ele disse firme. – Por acaso você fez tratamento para esse pé e essa perna lá atrás?
- Fiz umas sessões de fisioterapia. – Falei.
- Por quanto tempo? – Ele disse, desviando da porta do vestiário.
- Por quanto o fisioterapeuta mandou! – Falei firme, sentindo minha cabeça bater na parede. –Ai!
- Ei, o que aconteceu? – Allegri apareceu em minha visão.
- Casamos! – Pavel disse.
- O QUÊ? – Ouvi algumas vozes e várias cabeças apareceram, me fazendo gargalhar.
- Vai, brinca com isso, Pavel! – Falei e ele entrou na sala de fisioterapia.
- Alguém livra uma maca, pelo amor de Deus! – Pavel disse.
- Estou pesada, querido? – Brinquei e ele fez uma careta.
- Vem cá! – Ouvi a voz de Barza e em segundos eu estava sentando na maca. – O que aconteceu? – Barza perguntou, ajeitando a toalha na cintura.
- Eu torci o pé. – Falei, suspirando e deixei minha bolsa do outro lado da maca.
- Cadê o Stefano? – Pavel disse, seguindo para fora da sala.
- Ei, null! O que está acontecendo? – Vi Gigi aparecer em minha visão e ele também ajeitava a toalha na cintura.
- Agradeço a lembrança, rapazes. – Falei, sentindo meu rosto esquentar e ambos se entreolharam, rindo.
- Eu vou dar licença! – Barza disse, se afastando e ri fracamente.
- Está tudo bem? – Gigi se aproximou.
- Eu só virei o pé, não deve ser nada. – Neguei com a cabeça. – O que está fazendo aqui?
- Fisioterapia para as coxas, devo voltar em breve. – Ele disse.
- Que bom. – Sorri e ele assentiu com a cabeça.
- Cadê ela? – Ouvi a voz do médico do time e Gigi se afastou quando ele chegou. – Ah, null!
- Oi, Stefano! – Sorri, franzindo os olhos.
- O que você fez? – Ele perguntou, segurando minha perna.
- CUIDADO! – Pedi firme.
- Está doendo assim? – Ele perguntou.
- Está dolorido. – Falei e ele desceu as mãos para meus pés.
- O que você fez? – Ele repetiu.
- Eu subi na calçada e o pé virou, acho que o salto ficou preso. – Falei, abrindo o casaco, sentindo o ambiente mais quente.
- Eu vou tirar o sapato. – Ele avisou.
- Vai doe-e-er! – Gemi baixo e senti Gigi segurar minha mão.
- Pode apertar. – Ele falou e suspirei.
Foi impossível não espremer a mão de Gigi enquanto Stefano tirava a boca, só pela dor que fazia, eu sabia que não tinha sido algo tão simples. Uma pequena plateia se formou à nossa volta ao me olhar enquanto a bota saía e depois a meia, relevando minha pele mais escura devido ao arroxeado que havia se formado.
- É, você torceu! – Stefano disse e mordi meu lábio inferior. – Deita! – Ele disse, tirando minha bolsa, entregando para Barza que ainda estava ali perto e virei o corpo para o lado, esticando o pé na maca e ele colocou em cima de algo macio.
- Você tem problema nesse pé, não tem? – Gigi disse.
- Tem? – Stefano perguntou.
- Sim! Em 2003, 2004 eu torci a perna direita inteira. – Falei.
- Fez cirurgia ou algo assim? – Ele perguntou.
- Não, não era grave, ele não indicou, fiz algumas sessões de fisio e minha carreira no vôlei acabou de vez. – Falei e ele riu fracamente.
- Eu vou subir sua calça! – Ele disse e agradeci por estar com uma calça mais molinha do que as skinny que eu usava no inverno. – Eu vou colocar gelo.
- Mas está frio! – Falei, rindo em seguida.
- Sinto muito! – Ele disse, sumindo da minha visão e suspirei, jogando a cabeça para trás.
- Ê, chefa, hein?! – Paulo apareceu ao meu lado e sorri. – Não vai poder ser modelo assim. – Ri fracamente.
- Você estava lindo no desfile. – Acariciei seu rosto, vendo-o ficar envergonhado.
- Grazie, chefa!
- O que estão falando? – Gigi perguntou.
- Paulino desfilou para a Dolce e Gabbana no Milan Fashion Week...
- E ela estava lá! – Ele disse rindo. – Na primeira fileira.
- Eu não fiz nada, eu só sorri para você, nem vem! – Falei e ele riu fracamente.
- É, foi legal! – Ele deu de ombros.
- AH! – Senti o gelado em meu pé. – Cazzo, Stefano! – Falei, erguendo o corpo.
- Fica um tempo aí, vamos ver se é só uma torção mesmo. – Ele disse. – Mas você vai voltar para fisioterapia, senhorita null. Não quero nem saber.
- Ah, sério? – Fiz careta.
- Sério! – Ele imitou minha feição e torci os lábios, revirando os olhos
- Vai ter que vir fazer fisioterapia com a gente. – Barza disse e ri fracamente.
- Ah, claro, eu tenho muito tempo livre mesmo. – Suspirei.
- SE VIRA! – Stefano gritou. – E você vai fazer comigo ou peço para descontarem do seu salário.
- Mas eu mando no meu salário, Stefano.
- Exato! – Ele disse e franzi a testa, vendo-o se afastar e meu olhar parou no pessoal de toalha.
- Sabe, vocês poderiam se trocar ou voltar para suas macas. – Apoiei os antebraços na maca e eles riram, alguns se afastando.
- Vê se cuida direito disso dessa vez. – Gigi disse, passando a mão em minha testa e assenti com a cabeça.
- Eu cuidei! – Falei, ouvindo-o rir. – Talvez devesse ter permanecido para sempre, mas...
- Já entendi. – Ele disse sorrindo e cutucou Barza. – Conta para ela.
- O quê? – Perguntei, relaxando os ombros e deitando de novo.
- Eu me separei. – Barza disse e arregalei os olhos.
- Mentira! – Falei surpresa.
- Sim. – Senti Gigi se sentar na beirada da maca e senti uma carícia de leve em minha perna. – Depois do que a Maddalena fez contigo na festa de Natal, eu tive certeza, null! – Barza negou com a cabeça. – Não dá mais, não estávamos na mesma sintonia, não ia mais.
- E como foi? Como você está? – Perguntei.
- Ah, ela não aceitou de cara, então eu só saí de casa, inicialmente. – Ele suspirou. – Mas eu estou bem, sabe? É difícil por causa das crianças, mas sinto um peso a menos nas costas.
- Eu não posso dizer que não estou feliz por você, Barza. – Falei, olhando para ele. – Você não estava feliz.
- É, eu vou esperar um tempo para ter certeza do que eu quero, mas não acho que tenha volta.
- É, tira um tempo para você, coloca a cabeça no lugar e...
- Agora ele diz que nunca mais vai ter ninguém na vida dele. – Gigi disse rindo.
- Por quê? – Virei para Barza.
- Ah, null, você me vê paquerando alguém? – Ele disse rindo.
- Ah, não, mas isso não é tão preto no branco, Barza. Você se lembra como foi com a gente. – Cruzei os braços. – A gente só se aproximou.
- Eu passo boa parte do meu dia aqui, null. – Ele disse rindo.
- Quem sabe alguém do time? – Dei de ombros. – Que opções temos? – Brinquei.
- Ah, não inventa, null! Vai ser bom para eu relaxar, cuidar da minha vinícola, não vou pensar nisso agora, não quero sair de um problema e encontrar outro. – Ri fracamente.
- Você que sabe, querido. Saiba que estou feliz com o que você estiver, mas não posso dizer que não estou feliz em poder te abraçar sem ouvi-la surtar. – Eu e Gigi rimos juntos.
- Tudo está um pouco nublado ainda, mas eu acho que já fiz o mais difícil. – Assenti com a cabeça.
- Estarei aqui, Barza. – Segurei sua mão e ele assentiu com a cabeça.
- Valeu, chefa! – Sorri e virei para Gigi que acariciava minha panturrilha devagar.
- Acho que meu pé congelou. – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- Está inchando. – Gigi disse, movimentando a bolsa de gelo de meu pé.
- Ah, ótimo. – Bufei, jogando a cabeça para trás. – Ele vai querer colocar uma botinha, você vai ver.
- Você precisa cuidar das coisas, null. Ainda mais usando salto todos os dias. – Gigi ergueu o olhar para mim.
- Nunca tinha acontecido. – Ergui as mãos e ele riu fracamente.
- E não assusta a gente assim. – Sorri.
- Te assustei mais pelo machucado ou pelo casamento com o Pavel? – Ele sorriu, rindo em seguida.
- O casamento, definitivamente. – Rimos juntos.
- Ah, não, chega de homens comprometidos. – Pressionei os lábios e ele assentiu com a cabeça.
- Ok, null, vamos ver o que a gente pode fazer por você. – Stefano se aproximou e suspirei.
- A gente se fala. – Gigi disse, se aproximando de meu tronco e inclinou para deixar um beijo em minha testa.
- Até mais. – Pressionei os lábios e ele sorriu antes de se afastar para outra maca.
- Chefa, você gosta de música? – Ouvi a voz de Cuadrado.
- O quê? – Ri fracamente, procurando seu rosto enquanto Stefano mexia em meu pé.
- Fala que não, null! Por favor! – Lich disse. – Está cedo demais para ouvir reggaeton. – Ri fracamente.
- Vocês se virem, eu gosto, Juan!
- Ótimo! – Ele disse animado e uma música começou a tocar dos autofalantes.
- AH! – Os outros jogadores reclamaram, me fazendo rir.

Lui
17 de janeiro de 2018
- É uma cerimônia simples, não deve demorar mais do que uma hora. – Angela falava. – Vocês vão entrar, deve ter alguns fãs lá dentro, esperam a hora do nosso prêmio, eles devem comentar algo, vocês falam e acabou.
- Está fácil, Angela, não se preocupe. – Agnelli disse e ela sorriu.
- Vamos, então! – Ela disse, abrindo a porta do carro e saiu na frente.
Eu e Andrea nos entreolhamos, rindo fracamente e segui logo atrás dela. A frente ao teatro Carignano. Era pouco antes das três da tarde de um dia de semana, além de que não tinha toda aquela gracinha que tinha com os outros prêmios, era um prêmio dado pela cidade de Turim pelos serviços prestados ao esporte na cidade. Quase como uma cerimônia na câmara.
- Ah, antes que eu me esqueça. – Angela puxou o gorro de minha cabeça. – E tira os óculos.
- Oh, calma! – Falei, tirando os óculos escuros e guardei dentro do bolso do casaco.
- Te devolvo quando isso acabar. – Angela disse, entrando em minha frente.
- Ciao, Gigi! – Alguns torcedores falaram e acenei, entrando no clássico teatro da cidade.
Esse teatro é próximo ao Museu Egípcio e próximo da UNITO, onde null fez faculdade, consequentemente, é perto de onde null morou pela primeira vez, em uma das quitinetes universitárias aqui perto. Ele era pequeno, mas era lindo e clássico.
Lá dentro, não estava cheio como esperado, mas tinha alguns torcedores que pediram para tirar algumas fotos e dar autógrafos, o que não tomou mais do que 10 minutos. Agnelli também foi pego pelos torcedores e só depois fomos para frente encontrar a prefeita da cidade de Turim, Chiara Appendino, e o secretário esportivo, Roberto Finardi.
- Buona sera, buona sera! – Os cumprimentei.
- Buona sera! – Eles disseram e dei um aperto de mão em cada um deles, vendo-os sorrirem.
- É bom que estejam aqui conosco. – Chiara disse.
- O prazer é nosso. – Agnelli sorriu.
- Nós iremos começar com vocês, depois livramos vocês e seguimos para os outros reconhecidos pelo prêmio. – Roberto disse.
- Tudo bem. – Agnelli disse.
- Podem esperar aqui... – Roberto disse, indicando as poltronas e me sentei na poltrona com Agnelli ao meu lado.
- Vai ser rápido. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Sim, é o que parece. – Falei, apoiando as mãos no apoio de braço da poltrona e virei para trás.
Dei uma rápida olhada no teatro, erguendo o olhar para os camarotes que possuía pouquíssimas pessoas. Abaixei o olhar novamente e franzi os lábios ao encontrar null algumas poltronas para trás, na minha diagonal. Ela sorriu ao notar que eu tinha encontrado-a e ergueu a mão, acenando levemente.
- Ei! – Acabei falando automaticamente, acenando de volta e ela virou o corpo para frente novamente.
Desci meu olhar pelo seu corpo, vendo-a com um vestido preto, uma meia-calça da mesma cor nas pernas e a bendita botinha que Stefano a obrigou a usar no pé direito, me fazendo sorrir. Ao menos um mês com isso, ela deveria estar odiando. Mas ela conseguia ficar linda de qualquer jeito.
- Buona sera, signori e signore! – Virei meu rosto para frente, vendo o secretário de esportes falando na frente do palco mesmo. – Vamos dar início ao primeiro Pergamena dello Sport. – Ele disse. – Em primeiro lugar, dou as boas-vindas a todos e agradeço esta calorosa participação. Como desportista, fico feliz por ter a oportunidade de conhecê-los um a um...
“Hoje premiamos os atletas de Turim que disputam em um clube da cidade, que trouxeram títulos internacionais tão importante para nossa cidade. Também gostaria de recompensar os turinenses que conquistaram títulos nacionais, que também são muitos. Decidimos restringi-los aos títulos internacionais: 76 medalhas com quatro ou cinco recordes mundiais.”
“No esporte, temos 133 atletas e agradeço a eles, como agradeço à sociedade e às famílias, porque atrás de um atleta há sempre uma família. Alguns jovens são impedidos de uma oportunidade importante devido a impedimentos da vida corrida e esses 133 atletas deram enorme contribuição à cidade de Turim, além de contribuir com muitos eventos e grandes resultados devido a vocação esportiva da cidade. Turim fez a história do esporte e hoje, com a prefeita, temos a oportunidade de premiar os atletas que conquistaram vitórias excepcionais.”
- Aproveito para agradecer aos funcionários, técnicos e todos aqueles que trabalham com os protagonistas. Obrigado a todos por levarem o nome da cidade de Turim ao mundo e desejo a todos muita sorte para a continuação da atividade competitiva. – Ele finalizou, passando o microfone para a prefeita.
- Boa tarde a todos. Primeiramente, gostaria de agradecer pela presença. Essa é a primeira edição do Pergamena dello Sport. É bom falar para esse público de pessoas que vêm de experiências diferentes e que estão aqui todas juntas. Isso é motivo de orgulho e representa um dos mais belos fatores do esporte que une um mundo de divisões e de comunidade.” – Ela começou seu discurso.
“Falo de comunidade não por acaso. Na verdade, não recompensamos apenas o próprio atleta, mas recompensamos mães, pais, avós, professores, treinadores, companheiros, amigos. Recompensamos a comunidade que tem permitido que cada atleta cresça e alcance certos resultados”.
“O esporte tem um importante valor educacional. Ele ensina que existe uma diferença entre adversário e inimigo, ensina respeito pelo outro e como administrar uma vitória ou uma derrota e, por último, mas não menos importante, o valor do sacrifício. Um pai, uma mãe, para praticar desporto profissional faz grandes sacrifícios”.
- Trazemos o reconhecimento da cidade e esperamos que haja muitos outros dias como hoje, porque desporto é jogo e educação cívica. – Ela disse. – Vamos chamar aqui, como primeiro premiado, o time Juventus, presente na cidade há 120 anos que trouxe diversos prêmios pela cidade, além de torcedores, visitantes e são muito importantes para nossa cidade. Por favor, Andrea Agnelli, presidente da Juventus, e Gianluigi Buffon, capitão do time. – Ela disse e o público os aplaudiu enquanto nos levantamos.
Seguimos os poucos passos até o palco e os cumprimentamos novamente, recebendo o papel que representava a honraria do prêmio. Tinha outras duas pessoas no palco e também os cumprimentamos, apesar de eu não ter certeza de quem eram.
- Vocês são dois grandes representantes da Juventus, fazem parte da nossa história muito mais do que só no time, Gigi, começando por você, que tipo de conselho você pode dar aos jovens que estão nesse esporte? – Acho que um dos caras podia ser assessor de imprensa, me entregou um microfone.
- Não acho que posso dar um conselho. Não existe uma receita precisa, porque cada pessoa tem uma identidade diferente. – Comecei. – Uma coisa que aprendi a apreciar é que o esporte, para mim, era puro prazer, mas crescer tornou-se uma coisa séria. – Pensei um pouco. – Pode ser pouco romântico, mas é. E, como todas as coisas sérias, deve ser dirigida ao máximo para melhorar a si mesmo e, no meu caso, também o grupo. O único conselho que posso dar é levar essa seriedade, não existem surpresas, você precisa de sacrifício, paixão e negar-se a coisas para fazer dar certo. – Falei, ouvindo aplausos do pessoal.
- Andrea? – Chiara passou o microfone.
- A Juve sempre ambicionou se estabelecer a nível nacional e internacional. – Ele disse. – Este é um período particularmente feliz para nós e, quando conseguimos isso, faz o negócio parecer fácil. Os resultados são consequência dos sacrifícios dos jogadores em campo, do trabalho do técnico, de sua equipe e de toda a sociedade. – Agnelli fez seu discurso engessado de sempre. – Sabemos que somos prejudicados pelos enormes recursos econômicos, isso também é um fardo, porque devemos ser um exemplo. A lágrima de um jogador de futebol é mundial, a lágrima de outro esportista não. Também temos a responsabilidade de mostrar o valor humano do esporte. Concordo com Gigi quando ele diz que não existe receita precisa, mas digo que é sempre a mesma: trabalhar e nunca desistir. – Ele finalizou.
- Grazie, grazie! – Eles disseram.
Nos juntamos aos representantes no palco para tirar algumas fotos e eu acabei recebendo outro reconhecimento individual pelos meus quase 17 anos aqui em Turim. Era uma honraria importante, não como receber uma medalha de honra após o Mondiale 2006, mas era legal. Eu não nasci aqui em Turim, mas acabou se transformando em minha cidade.
A primeira parte da cerimônia havia acabado e agora eles entregariam para os outros presentes, mas não precisávamos ficar, então Angela fez questão de nos tirar dali antes que a bagunça se alongasse. Eu ainda tinha que voltar para o time. null se levantou junto de nós e parei ao seu lado.
- Precisa de ajuda? – Perguntei baixo.
- Aceito um ombro. – Ela disse e indiquei-o, sentindo-a apoiar sua mão firme e caminhar ao meu lado. – Não quis trazer as muletas.
- Por que não? – Perguntei baixo, segurando-a pela cintura e acompanhando seus passos devagar pelo corredor central.
- Jura? O look já não está chique o suficiente? – Ela brincou e ri fracamente.
- Como veio? – Perguntei.
- Táxi. – Ela suspirou. – Só estou andando de táxi com esse pé. – Ela disse e saímos para fora do teatro, vendo o mesmo pessoal acumulado. – Deixa eu te segurar no braço. – Ela disse, abaixando a mão e firmei minha mão nela, soltando sua cintura.
- Você pode ir com a gente. – Falei.
- Eu tenho que ir para Continassa. – Ela disse.
- Vá para Vinovo e o motorista te leva para lá, null. – Angela disse em nossa frente.
- Eu pego um táxi, gente! – Ela disse rindo. – Eu só ando mais devagar. – Rimos juntos.
- Está tudo bem com o pé? – Perguntei.
- Eu estou com isso, Gigi, não está nada bem. – Rimos juntos.
- É só uma botinha, null, pelo menos mantém o pé aquecido.
- Até demais. – Ela disse, apoiando a mão livre na lataria do carro. – Ai, isso é horrível.
- Você está linda! – Sorri e ela suspirou, rindo fracamente.
- Você não... – Ela deu um curto sorriso. – Grazie.
- Beh, então, vamos? – Angela perguntou.
- Espera o táxi dela. – Andrea falou e null riu, mexendo no celular.
- Vocês podem ir, eu fico bem. – Ela disse.
- Eu fico com ela. – Falei. – Eu a levo até Continassa depois vou para Vinovo com o táxi.
- Você não precisa fazer isso, Gigi. – null disse.
- Eu sei, mas eu quero. – Sorri e Angela e Andrea se entreolharam.
- Se cuidem e não demorem! – Angela disse, entrando no carro e ri fracamente
- Ciao! – Andrea disse rindo e neguei com a cabeça.
- Se apoia aqui. – Falei, indicando uma daquelas proteções altas que beiram a calçada e ela o fez, apoiando o quadril.
- Serão só cinco minutos, Gigi, estamos no centro, logo está aqui. – Ela disse, guardando o celular no bolso de novo.
- Tudo bem, aproveito e falo contigo. – Ela ergueu o olhar para mim.
- O que você quer? – Ela relaxou os ombros. – Aqui não é a hora e nem o lugar, Gigi.
- Não vou falar da gente. – Disse baixo, dando uma olhada em volta. – Eu faço aniversário em alguns dias...
- Eu sei. – Ela disse. – Alguém vai quarentar... – Rimos juntos.
- O grande quaranta. – Brinquei e ela sorriu.
- Você não tem nada para se preocupar, Gigi. Você está incrível, me atrevo a dizer que melhor que nos 25 ou 30. – Sorri.
- Grazie. – Suspirei. – Beh, eu vou fazer uma pequena comemoração com familiares, amigos, enfim, queria que você fosse... – Ela suspirou.
- Eu não acho que seja uma boa ideia, Gigi.
- Por que não? – Perguntei.
- Eu, você e sua namorada no mesmo ambiente?
- Ela não... – Engoli em seco.
- Ela não vai? – Ela perguntou baixo.
- Vai, mas... Não é para ser um problema, null.
- É um problema, Gigi. – Ela pressionou os lábios. – Sempre vai ser o nosso problema. – Ela deu de ombros. – Quando eu vou a eventos do time e você está com ela, eu não tenho muita escolha, mas quando eu tenho, eu prefiro evitar...
- Mas é meu aniversário. – Falei baixo.
- Não se preocupe, eu vou te mandar uma mensagem, vou te dar um abraço apertado quando te vir e sempre te desejar as melhores coisas desse mundo, Gigi. – Ela deu um curto sorriso. – Uma coisa nunca vai desmerecer a outra. – Ela ergueu o corpo.
- Você podia ir...
- Não dessa vez. – Ela sorriu. – Nos falamos melhor com o passar dos dias... – Ela acenou para um carro. – O que importa é você ter um dia feliz.
- Sem você lá, não vai ser... – Ela riu fracamente.
- Engraçado você dizer isso e as coisas continuarem iguais. – Ela pressionou os lábios.
- Elas não estão, null. Ao menos não para mim. – Falei.
- E o que isso quer dizer? – Ela perguntou.
- null? – O motorista falou e ela desviou o olhar para o motorista.
- Luca? – Ela perguntou.
- Sim! – Ele disse animado e null se virou para mim.
- Você estava dizendo? – Ela disse.
- Esquece, você vai saber em breve. – Abri a porta do carro e estiquei a mão para ela.
- Ok... – Ela disse e ajudei-a a entrar no carro antes de dar a volta e fazer o mesmo.

Lei
30 de janeiro de 2018
- Você poderia ser igual todo mundo e ir no ônibus. – Pavel disse.
- Eu estou de muletas, Pavel, não enche o saco! – Falei firme, erguendo a perna e colocando a perna com a bota no chão.
- Você nem deveria ir a esse jogo para começo de conversa. – Ele disse, me estendendo as muletas. – Não foi por seis meses, agora, que está com o pé assim, vai? – Ele disse.
- Eu vou pisar no seu pé se você não parar de encher o saco. – Falei firme
- Eu sei que você quer ver o novo velho do pedaço...
- Ele não está velho. – Falei rapidamente, virando o olhar para ele.
- Para gente não, null, para o mercado sim! – Ele disse rindo e me levantei, me apoiando nas muletas. – Mas também mudamos nossa perspectiva, porque também estamos envelhecendo. – Ele pegou minha mochila e a dele, apoiando uma em cada ombro.
- Sei que você odeia ouvir isso, mas ele continua gostoso demais, ok?! – Falei, vendo-o fazer uma careta. – Muito melhor do que com 25...
- Eu não preciso ouvir isso!
- Vai dizer que você também não está assim? – Perguntei, começando a andar devagar para dentro do estádio.
- Eu e a Ivana somos casados há 24 anos, null, você romantiza o casamento demais, mas não é assim.
- Mas é porque você não quer. – Falei firme. – Quando o casal quer fazer certo, eles fazem. – Virei firme para ele. – Qual é o problema?
- Você que tem sorte, sabia? – Ele disse.
- Por que diz isso? – Franzi a testa.
- Ah, null, você está há 17 anos lutando pelo seu amor, quando ficar junto vai ser perfeito, vocês terão seus 40 anos e vai ser gostoso ainda, como dois adolescentes. – Ele deu de ombros. – Eu já tive tudo isso...
- Vendo do seu ponto de vista, isso é ótimo, Pavel, realmente. Mas o problema é que não vamos ficar juntos, desista. – Falei firme e ele suspirou, jogando a cabeça para trás dramaticamente.
- Eu vou dar um soco em vocês dois. – Ele disse.
- Dá só nele, eu estou aqui, esperando por ele, ele escolheu a outra. Parem! – Pedi irritada. – Ele também, fica com esse papinho de que está resolvendo as coisas, mas não está resolvendo nada. – Bufei.
- Vai dar certo, null. – Ele disse firme. – Vale a pena lutar pelo verdadeiro amor.
- Eu já lutei, Pavel! Por 17 anos. E você estava aqui do lado acompanhando, caso não se lembre. – Falei firme. – E que papo é esse? Você que está falando que não é a mesma coisa com a Ivana, ou ela não é mais seu verdadeiro amor?
- Não é a mesma coisa, ok?! – Ele disse. – Vai descer ou vai direito para o camarote?
- Vou descer, quero dar um abraço no Gigi. – Falei.
- Ah, é claro que ela quer descer... – Ele desdenhou e apertei a muleta em cima de seu pé. – CAZZO, ! – Ele reclamou e o segurança riu da cena, me fazendo sorrir.
- Viu?! Ele gostou! – Falei rindo e Pavel indicou para eu entrar no elevador. – Grazie. – Sorri para o segurança antes de entrar.
- E que história é essa de dar um abraço nele agora?
- Foi aniversário dele, eu não o vi. – Dei de ombros.
- Você não foi na festa, né?! – Ele disse, apertando o botão do térreo.
- É claro que não, ficar aguentando a namorada dele esfregando-o na minha cara? Não, não! – Neguei com a cabeça, passando os cabelos para trás.
- Mas você não iria por ela, iria por el...
- Eu sei! – O interrompi. – Por favor, Pavel, não implica com isso...
- Ok! Ok! – Ele disse, saindo primeiro do elevador quando o mesmo se abriu.
- Como foi? – Perguntei, franzindo os lábios.
- O quê? – Ele perguntou.
- Ele e ela e...
- Ah, nada demais, eu entendo por que você não gosta dela, ela é bem incon...
- Inconveniente. – Falei com ele. – É, eu acho. – Suspirei. – Deixa quieto, está bem? – Caminhei ao seu lado pelo corredor do túnel. – Ele a escolheu. Acabou. – Falei firme.
- Mal vejo a hora de você perceber que desistiu perto de dar certo. – Ele disse.
- Eu não desisti, Pavel. – Parei, virando para ele. – Eu só cansei de lutar, tenho consciência de que vou amá-lo para sempre, mas eu cansei de lutar. – Dei de ombros. – Só isso.
- Está certo, null. Não vou falar mais...
- Até a próxima vez. – Brinquei e ele riu fracamente.
- Me conhece. – Ele disse, indicando a mão para eu entrar antes no vestiário.
- Ciao, ragazzi! – Falei, andando e vi Filippi, Beppe, Fabio…
- Olha quem está aqui! – Filippi disse.
- Surpresa? – Brinquei e ele deu um beijo em minha bochecha.
- Você no vestiário em um jogo? Em Bergamo ainda? – Ri fracamente.
- É perto de casa, vai. Meu motorista particular me trouxe.
- Há, há, há! – Pavel disse atrás de mim e ri fracamente.
- Bom te ver. – Ele sorriu.
- Você também.
- Ciao, null!
- Beppe! – Sorri, recebendo dois beijos dele.
- Como está o pé? – Ele perguntou.
- Ainda aqui! – Ri fracamente e me movimentei até o vestiário, entrando no mesmo. – Ciao, ragazzi! – Coloquei a cabeça dentro dele.
- ! – Eles falaram surpresos.
- Nossa! Que surpresa! Até parece que eu nunca veio aqui!
- Há, engraçadinha! – Chiello disse, dando um rápido beijo em minha bochecha.
- Não sei se o milagre é ela descer aqui, vir a um jogo de Coppa Italia ou vir para Bergamo... – Marchisio disse.
- Pavel me trouxe, do contrário eu não viria. Isso não me deixa dirigir. – Indiquei o pé, ouvindo algumas risadas.
- Pelo amor de Deus, nem brinca com isso! – Lich disse, me fazendo rir fracamente.
- Eu só vim porque foi aniversário de uma pessoa e eu não a vi. – Falei, vendo Gigi erguer o olhar para mim.
- OWN! – Os meninos gritaram e eu revirei os olhos.
- Cara, vocês são piores que uma turma de quinta série! – Falei, ouvindo algumas risadas.
- Ah, sabe como é, né?! – Sturaro disse e ri fracamente.
- Vocês são chatos demais, pelo amor de Deus! – Gigi disse.
- Foi aniversário do Alex também, gente! – Falei firme.
- AH! – O pessoal reclamou, me fazendo rir.
- Viu?! Obrigada por se lembrar de mim, chefa! – Alex Sandro se aproximou e ri fracamente, dando dois curtos beijos em seu rosto.
- Auguri, Alex. – Ele sorriu.
- Agora vai falar com o grandão. – Ele disse baixo, me fazendo rir com ele.
- Vamos para o treino, ragazzi! – Alessio, assistente de Allegri, falou e sorri.
- Andiamo, ragazzi! – Barza gritou rindo e sorri, vendo o pessoal começar a sair.
Outros terminaram de colocar as chuteiras na pressa, alguns pegaram suas camisas e coletes e foram vestidos pelo meio do caminho, rapidamente esvaziando o vestiário. Não que fosse acontecer algo a mais, mas gostava de ver que eles ainda tinham um pouco de noção quando a isso.
- Isso foi rápido. – Comentei, virando para Gigi que estava mais perto de mim. – Opa!
- Você consegue algumas coisas surpreendentes, null. – Sorri, me aproximando de uma das paredes do vestiário e deixei as muletas ali devagar.
- Eu só quero te dar um abraço pelos seus 40 anos e dois dias. – Falei, me equilibrando devagar. – Aposto que eles pensam que algo mais vai acontecer. – Falei.
- Não ia me importar. – Ele disse, me fazendo rir fracamente.
- Não vamos falar disso. – Estiquei a mão para ele, segurando seu braço e andei devagar. – Só quero te desejar um feliz aniversário. – Ele sorriu.
- Vem cá! – Ele disse, passando os braços pela minha cintura e fiz o mesmo em seus ombros.
Não sei se era o frio ou nossa relação, mas senti mais calor quando ele me abraçou. Meu coração se acabou e foi como se tudo estivesse em seu lugar, mas eu não deveria me surpreender, deveria? Era perfeito demais porque era ele.
- Eu só quero te desejar tudo de bom na sua vida, Gigi. – Falei baixo, com o queixo apoiado em seu ombro. – Você merece tudo de bom na sua vida. – Suspirei. – Sucesso, felicidades, paz, amor... – Engoli em seco. – À essa altura, você só pode ser feliz.
- Eu sou quase completamente feliz. – Ele disse baixo, dando um beijo em minha orelha, me fazendo arrepiar com o estalo.
- Ai. – Reclamei e ele riu fracamente. – Estala. – Ele subiu o beijo para minha testa, se afastando devagar.
- Scusi. – Ele disse, olhando próximo de mim.
- Está ok... – Abaixei minhas mãos pelos seus ombros, segurando em sua nuca. – Só seja feliz, ok?!
- Eu vou ser... – Ele disse baixo. – Com você, em breve. – Eu tinha o olhar preso em seu pescoço, não querendo erguer o rosto devido a proximidade. – Aí eu vou poder aproveitar melhor...
- Gigi...
- Você não precisa dizer nada. – Ele disse baixo, deslizando os dedos pela minha cintura. – Só... – Ele suspirou. – Mal vejo a hora de tudo dar certo... – Ergui o olhar para ele, vendo sua boca próximo de mim e seus olhos baixos.
- Está tudo bem, Gigi? – Perguntei baixo, sentindo sua respiração bater em minha testa.
- Está sim. – Ele assentiu com a cabeça, apertando os braços em minha cintura e colando os lábios em minha testa antes de apoiar o queixo em minha cabeça. – Só quero ficar mais um pouco contigo.
- Você tem que ir treinar, Gigi. – Falei baixo, apertando meus braços em sua nuca, querendo adentrar a gola de sua blusa com as mãos.
- Só mais um pouco, faz tempo que você não fica perto assim. – Ele disse e sorri, suspirando.
- Vai, Gigi, eu também preciso subir. – Suspirei e ele soltou devagar. – Bom jogo, ok?! – Ele assentiu com a cabeça.
- Grazie, foi uma pena você não ter ido domingo, senti sua falta... – Assenti com a cabeça.
- Você entende... – Falei baixo, erguendo o olhar para ele.
- Sim, sim... – Ele suspirou, pressionando os lábios um no outro, colocando uma distância entre a gente e abaixei as mãos de sua nuca.
- Bom jogo, mostre que idade é só um número. – Ele riu fracamente.
- Pode deixar. – Ele sorriu, passando a não em minha bochecha. – Está sujo. – Ri fracamente.
- Não está... – Neguei com a cabeça e ele sorriu.
- Não custava tentar... – Ele disse, subindo a mão para sua nuca e ri fracamente.
- Mas você está... – Mordi meu lábio inferior e ele deu um curto sorriso.
Apoiei minhas mãos em seus ombros, fiquei levemente na ponta do pé sem a botinha e colei meus lábios nos dele de leve. Suas mãos me apertaram pela cintura, colando o corpo no dele, mas não durou mais que 10 segundos, sendo somente um colar de lábios, mais do que isso meu autocontrole ia embora.
- Eu vou... – Abaixei o pé novamente. – A gente se fala.
- Ok. – Ele tinha um sorriso no rosto.
- Pode pegar as... – Indiquei as muletas na parede e ele me soltou devagar para pegá-las. – Grazie.
- Se acostumando com isso? – Ele perguntou.
- Não, dói as axilas. – Falei, me ajeitando com elas. – Mas o Stefano disse 30 dias, ele que não se atreva a adiar isso. – Ele riu fracamente.
- Você surta. – Ele disse sorrindo.
- Ao menos é só uma botinha, em 2003 era gesso mesmo, não dava nem para respirar. – Ele riu fracamente.
- Faz direito para não precisar de novo, null. – Ele disse sério.
- Xi. – Falei, ouvindo-o rir. – Eu vou subir.
- Eu vou para o campo... – Ele indicou.
- Eu não me esperava, eu estou bem mais lenta do que você. – Ele riu fracamente.
- Ok, até depois... – Ele disse, dando alguns passos para trás e sorri, vendo-o se afastar até sair do vestiário.
Ri fracamente, levando a mão até meus lábios, sentindo-os formigarem e suspirei. Neguei com a cabeça, vendo os roupeiros entrarem no vestiário e decidi seguir para o camarote. O caminho foi longo, então até eu chegar lá sozinha, o treino quase tinha acabado. Eu desmontei na poltrona, suspirando.
- Cansou? – Pavel disse.
- Você podia ter me esperado. – Falei e ele riu fracamente.
- Ah, não! Vai saber se seria como Trieste, né?! – Rimos juntos.
- Não, não foi. – Disse e rimos juntos. – Nossa! Quanta neblina!
- Nem fala! Eu vou virar uma pedra de gelo aqui! – Ele disse.
- Beh, a gente já vira normalmente, né?! Hoje só vai ser um pouco pior. – Brinquei, ouvindo-o rir.
O jogo começou alguns minutos depois e conseguimos abrir o placar aos três minutos de jogo com um gol de Pipita. Era um ótimo jeito de começar. Depois de mais de 20 minutos sem nenhum lance de verdade, um toque de mão de Medhi deu um pênalti para o Atalanta. O capitão deles bateu e Gigi defendeu, me provando mais uma vez o quão incrível ainda ele é.
O mais interessante dessa cobrança não foi a defesa em si, foi que ele defendeu a bola e a segurou. Uma segurança incrível. Durante o restante do jogo, nenhum dos dois lados tiveram outras grandes chances, Mario e Fede tiveram algumas lesões que nos preocupou, mas não foi o bastante para eles saírem do campo.
No finalzinho, aos 87, 88, Gigi saiu do gol para fazer uma defesa, mas Benatia, Barza e Chiello mantiveram o gol bem protegido e o jogo acabou finalizando em 1x0, nos mantendo com vantagem para o jogo de volta da semifinal da Coppa Italia em casa. Mas imagino que a felicidade maior é de Gigi, voltar após uma lesão, após completar 40 anos e defender um pênalti. Ele estava bem feliz, eu também.

Lui
10 de fevereiro de 2018
Tombei a cabeça para o lado, piscando com mais força para focar as palavras no livro e suspirei, fechando-o em seguida, apoiando o livro no braço da poltrona. Ouvi um barulho de freio na frente de casa e inclinei o corpo para trás, ficando de joelhos no sofá e vi o carro de Alena estacionar na frente de casa. Me levantei, calçando os chinelos e segui em direção à porta. Espiei pelo vidro e abri a porta em seguida vendo-a sair do carro junto de Louis e David.
- Ciao, ragazzi! – Falei, apoiando o braço no batente da porta.
- Ciao, papá! – Os meninos gritaram enquanto Alena abria o porta-malas.
- Chegou cedo hoje? – Alena perguntou.
- É, cheguei por volta das nove. – Falei, vendo os meninos pegarem suas mochilas e colocar nas costas.
- Como foi? – Dado perguntou.
- Ganhamos. – Falei, rindo fracamente. – Sem grandes novidades.
- Está tudo bem? Você parecia tenso no telefone. – Alena disse, fechando o porta-malas.
- Pode entrar um pouco? – Perguntei.
- Claro... – Ela se aproximou.
- Ciao, papá! – Dado me abraçou e dei um beijo em sua cabeça, depois Lou veio em seguida.
- Fala, papá! – Lou disse e beijei-o também.
- Entra aí, gente! – Falei, vendo os meninos correrem para dentro.
- Está tudo bem, Gigi? – Alena parou logo em seguida, me abraçando rapidamente.
- Não, Lena. – Suspirei. – Eu preciso conversar com os meninos e preciso da sua ajuda. – Ela franziu os olhos.
- Não é outro filho, é?!
- Não, por favor. – Neguei com a cabeça e ela entrou em casa e fechei logo em seguida.
- Mas não é algo melhor do que isso... – Ela disse.
- Não, com certeza não. – Ri fracamente.
- Pai, a gente pode jogar vídeo game? – Lou perguntou.
- Pode sim! Eu logo vou. – Falei, vendo ambos deixarem as mochilas no chão e correrem para a sala.
- A MOCHILA... – Alena gritou.
- Está tudo bem, Lena. – Falei. – Senta aqui! – Indiquei-a até a mesa da sala de jantar.
- Eu preciso me preparar psicologicamente para alguma coisa? – Ela se sentou em uma cadeira e me sentei na ponta da mesa.
- Não, porque não tem o que fazer. – Suspirei, virando o olhar para ela. – Só gostaria de começar te pedindo desculpas...
- Oh, Gigi, o que é isso? Voltando quatro anos atrás? – Ela falou surpresa.
- É! – Falei firme, suspirando. – Eu sei que a Ilaria não é total culpada por mim e null, mas eu não lembro de pedir desculpas por tudo, mas quando percebi a encrenca que eu me meti, não posso deixar de me desculpar por tudo o que eu te fiz. – Segurei suas mãos. – Minha questão nunca foi você, você sabe, mas eu não deveria ter feito passar por toda aquela humilhação...
- Agradeço, Gigi, pela consideração, mas não precisa fazer isso agora. – Ela disse sorrindo. – Mas por você querer fazer isso, me pergunto o que está acontecendo.
- Eu não sei nem por onde começar. – Soltei a respiração forte.
- Pelo começo? – Ela perguntou e inclinei o corpo para trás, vendo os meninos distraídos dentro da sala de TV e voltei a posição.
- A Ilaria está me chantageando.
- O quê? – Ela falou surpresa. – Como assim? – Puxei a respiração forte.
- Depois da Champions, eu disse que a null que a amava.
- Ok... – Ela franziu o rosto.
- Eu nunca tinha tido isso, Lena. Nunca! – Falei firme.
- Nunca? – Ela olhou surpresa.
- Sim! – Falei, rindo fracamente. – E isso a pegou desprevenida. Eu achei que tudo fosse ficar bem...
- Mas ela fugiu. – Ela disse.
- Como sabe?
- É óbvio, não? Você fala que ama uma mulher e está com outra? – Ela sorriu. – É bem contraditório.
- É, foi isso mesmo. – Suspirei. – Indiretamente ela disse para eu escolher, mas ela também disse que sabia que não adiantaria, pois eu já escolhi a Ilaria anos antes...
- Mas não é verdade...
- Não! – Falei firme. – Eu só estava receoso por causa do Leo, a Ilaria é um tanto... Difícil em algumas situações, eu tinha medo de ela fazer algo e...
- E ela fez, não fez? – Ela disse firme. – Para ela te chantagear assim...
- É, ela fez isso. – Suspirei. – Ela sabe de um segredo da null.
- Como assim? – Ela perguntou.
- A null tem um segredo da família dela, que eu não quero te falar, pois o segredo não é meu... – Ela assentiu com a cabeça. – E é algo pesado para alguém que possui uma posição importante em um time de futebol...
- Algo do tipo que pode destruir a carreira dela? – Assenti com a cabeça. – Que puttana! Como ela consegue fazer isso? E o que ela ganha com isso? Porque ela não vai ter seu amor com isso.
- Ela quer aparecer. – Falei, suspirando. – A chantagem dela é continuar sendo minha namorada em frente às câmeras e nos eventos para continuar conseguindo... – Suspirei. – Sei lá o que ela quer.
- É o que você falou, ela quer aparecer. – Ela disse. – O que é incrivelmente baixo, mas vindo dela...
- Eu sei, eu sei! – Falei, vendo-a rir fracamente.
- Scusi, é difícil para mim ainda. – Apertei sua mão.
- Sinto muito mesmo. Eu estava irritado com a null e acabei descontando em você.
- Eu só consigo te perdoar, Gigi, porque eu vejo como você ama a null, e merece ser feliz com a mulher que ama, mas isso... Argh! Ela é uma puttana! – Ela disse firme.
- Tem mais. – Falei.
- Ah, o quê? – Ela disse.
- Ela disse que só me queria enquanto eu fosse relevante para ela, enquanto eu jogasse e tudo mais.
- Sim, faz sentido. – Ela disse, assentindo com a cabeça.
- Eu realmente quero jogar mais, Lena. Eu acho que posso fazer mais, dar mais, mas eu não quero ficar preso a ela, então eu conversei com Barza e Giorgio, conversei com meu advogado e pensamos em formas de eu me livrar disso sem envolver a null e sem afetar o Leo...
- Ela ameaçou te afastar do Leopoldo? – Ela perguntou surpresa.
- Sim. – Suspirei.
- QUE PUT... – Ela abaixou o tom. – Scusi, scusi. – Ela disse, respirando fundo. – O que você decidiu?
- Eu precisava me resguardar de alguma forma, então eu decidi fazer um contrato com ela. – Peguei a pasta em cima da mesa.
- Um acordo?
- Não, um contrato mesmo. – Peguei os papéis dentro da pasta. – Um me protegendo de ver o Leo, que foi fácil pedir para um juiz atestar minha paternidade. Outro com o time, é falso, mas foi uma forma de enganá-la.
- Como assim?
- Eu fiz um falso acordo com ele que eu não jogaria na Juventus na próxima temporada.
- O quê? – Ela olhou surpresa para mim.
- Eu falei para Ilaria que vou me aposentar após essa temporada.
- O QUE ESTÁ DIZENDO? – Ela aumentou o tom de voz.
- Eu não vou, Alena! Calma! – Pedi, segurando sua mão de novo. – A imprensa está falando isso sempre, mas eu não vou, só que eu preciso me livrar da Ilaria sem que ela conte o segredo da null, então, eu fiz um contrato com Ilaria... – Peguei outro papel. – Até julho de 2019, ela vai ser minha namorada na frente das câmeras e segura o segredo de null.
- Eu não estou entendo, Gigi. Você vai ficar um ano preso a ela? E então? Acaba esse tempo, você continua jogando e...
- Esse contrato foi assinado aqui na Itália, Lena. – Falei firme. – Ele tem vigência em todo território nacional. Se eu sair daqui...
- Não vale mais. – Ela disse.
- Exato! – Falei calmo. – Eu falei com o Agnelli, eu vou sair da Juve por uma temporada, vou jogar em alguma outra liga e volto após um ano. – Suspirei. – Quando eu sair daqui, eu não vou precisar mais cumprir minha parte do acordo.
- Mas ela vai...
- Sim, porque ela trabalha aqui, ela não vai sair dos holofotes dela. – Falei firme.
- Mas e depois de um ano? – Ela perguntou ligando os pontos.
- Eu estarei desprotegido se quiser voltar para cá, vou precisar que a null conte o segredo dela para a imprensa...
- E como você vai fazer isso? – Ela perguntou.
- Barza e Giorgio vão me ajudar nisso. – Suspirei. – Não me pergunte como, porque eu não sei, Pavel e Agnelli também sabem e vão me ajudar. Ela falando, talvez não fique tão feio, sabe? Porque tenho certeza de que a Ilaria vai fazer de forma totalmente errada.
- Tenho certeza que sim. – Ela suspirou. – Mas sair da Juve, Gigi? Você tem certeza de que vai fazer isso? – Ela perguntou e suspirei. – Tem certeza de que é a melhor ideia?
- Eu não tive uma ideia melhor, Lena, e nem posso contar isso para muitas pessoas, mas é a melhor situação. – Neguei com a cabeça. – Eu vou negar mais um ano sem a null, mas eu estou pensando depois disso... – Engoli em seco. – Sei que vai ser difícil, mas teremos todo o tempo do mundo... – Sorri.
- Mas sair da Juve, Gigi? Sua vida é aqui.
- Não, Lena. – Suspirei, erguendo o olhar para ela. – A null é minha vida. – Senti meus olhos se encherem de lágrimas. – Se ela não estivesse aqui e eu não sentisse a necessidade de tê-la perto de mim, de agradá-la, a vontade de ficar com ela, provavelmente eu teria saído na manipulação de resultados. – Suspirei. – Mas com ela aqui, ela me tornou alguém melhor, ela me fez ver a Juve como uma família, se tornou minha família e, apesar dessa montanha russa que vivemos, tê-la comigo foi incrível... – Ela sorriu. – Em todos os momentos.
- E você vai renunciar isso por ela... – Assenti com a cabeça. – Isso é incrível, Gigi, mas não deveria ser assim.
- Não, eu sei. – Suspirei. – Mas é só um ano. – Dei de ombros. – Uma vez a Manu, aquela doidinha que trabalhava com a null, disse que tudo dá certo no final... – Suspirei. – Talvez esse seja o final. Eu precisar me afastar para tudo dar certo...
- Ah, Gigi, isso é horrível, realmente. Minha cabeça está uma bagunça...
- Imagina a minha, começou em setembro, outubro, eu fiz o acordo com ela no fim do ano, mas preciso falar com os meninos. – Suspirei.
- Por isso me chamou. – Assenti com a cabeça. – Você quer falar agora?
- Eles conseguem guardar segredo até maio, pelo menos? – Perguntei.
- Claro que sim, eles sabem que não devem contar sobre você, nem para os amiguinhos. – Alena disse.
- Você me ajuda? – Perguntei.
- É claro! É o mínimo que posso fazer. – Sorri. – Eu vou chamá-los. – Assenti com a cabeça e ela empurrou a cadeira, se levantando.
Enquanto Alena andava até a sala de TV, eu juntei os contratos assinados dentro da pasta, isso poderia me ajudar a explicar para Alena sobre os planos, mas não para duas crianças de 10 e oito anos.
- Ah, mãe! O que é agora? – Lou perguntou.
- Vem cá, vocês dois, vai ser rápido! – Alena disse, empurrando-os pelos ombros.
- O que vocês vão falar? – Dado disse, jogando a cabeça para trás. – É bomba?
- É algo chatinho, mas é rápido, prometo! – Falei, batendo a mão na cadeira ao meu lado e Lou chegou até ela. Dado se sentou na cadeira onde Alena estava antes e ela se sentou ao seu lado.
- Que foi? – Lou perguntou e suspirei.
- Não é fácil eu falar isso para vocês, mas preciso pedir para vocês não contarem isso para ninguém, ok? Isso é segredo do papai e da mamãe. – Pedi, segurando as mãos deles na mesa. – Prometem para mim?
- Sim, papai. – Eles disseram e desviei o olhar para ambos.
- Eu sou apaixonado pela null.
- EU SABIA! – Lou disse animado. – EU SABIA! EU SABIA! – Ele pulou da cadeira, me fazendo rir.
- Isso é notícia velha, papá! Qual é! – Dado disse gargalhando e sorri para Lena com essa reação.
- VOCÊS PRECISAM FICAR JUNTOS, PAI! – Lou disse.
- É, não com aquela da Laria! – Dado fez careta e ri fracamente.
- Ela é muito chata, pai! Ela não é legal com a gente! – Lou falou junto.
- Ok, ok, vamos nos acalmar! – Pedi. – É algo sério, por favor.
- Mas fala que vocês vão ficar juntos! – Lou disse.
- Vamos...
- ISSO!
- Mas tem um porém antes. – Falei, suspirando e as mãos abaixaram em seguida.
- Ah, o quê? – Lou perguntou entediado.
- Eu vou precisar ficar um ano longe daqui. – Falei.
- Como assim, papá? – Dado perguntou.
- A null está com problema e eu preciso ajudar ela a resolver, mas vou precisar ficar um ano jogando em outro time. – Falei com calma.
- Mas por quê, papá? Por que agora? – Lou perguntou, fazendo um bico.
- Porque a Ilaria descobriu que eu amo a null e pode machucar ela com isso. – Suspirei. – E eu não posso deixá-la fazer isso.
- Mas o que, pai? – Dado perguntou.
- É coisa de gente grande, mas eu vou fazer isso por ela. – Falei firme. – Para que a gente possa ficar juntos no futuro.
- Por que não agora? – Lou perguntou. – Ela ama você também, papá. É óbvio!
- Eu sei, mi amore. – Suspirei. – Mas eu preciso fazer isso antes e vai dar certo, daqui um ano estaremos juntos novamente e vai dar certo.
- Mas ela sabe, pai? – Lou perguntou.
- Não, meu amor, e a null não pode saber, porque isso vai magoá-la mais ainda.
- Mas ela vai ficar brava, pai! – Dado disse.
- Ela sempre está brava com ele. – Lou disse sarcasticamente, me fazendo rir.
- Eu vou ajeitar tudo, depois eu rezo para ela me aceitar de volta, somos apaixonados há muitos anos, um amor como esse não morre mais. – Suspirei.
- É muita coisa para dar errado, pai! – Lou disse.
- Eu sei, mas eu preciso acreditar nisso, pois eu vou precisar ficar um ano fora, jogando em outro time, longe de vocês, e ela vai ser o motivo para eu fazer isso, então preciso pensar que tudo vai dar certo. – Suspirei.
- E o que você vai fazer? – Lou perguntou.
- Eu vou sair da Juve por um ano, só um aninho. Nós vamos nos ver ainda, vamos nos encontrar sempre, mas eu vou precisar sair daqui por ela...
- Ai, pai! – Dado gemeu. – A gente não vai te ver?
- Vai, meu amor, não se preocupe, a gente vai fazer isso dar certo. – Alena disse, acariciando os cabelos de Dado.
- E para onde você vai? – Lou perguntou.
- Eu gostaria que me ajudassem com isso, eu tenho várias ofertas, mas quero ver com vocês. – Suspirei. – Precisa ser aqui perto, é a única exigência.
- Você pode ir para Paris, papá! – Lou disse. – É aqui do lado.
- É, pai! – Dado falou. – Tem o Neymar, tem o Mbappe, e eles não têm um goleiro tão bom. – Sorri.
- É uma ideia boa! – Lou disse e ergui para Alena.
- Boa mesmo. – Ela disse.
- Ou para o Real Madrid, tem o Cristiano Ronaldo. – Lou disse.
- Também é legal! – Sorri, segurando as mãos dos dois.
- Eu amo vocês, sabia? – Suspirei. – Eu amo demais.
- A gente também te ama, papá! – Lou disse e sorri. – Mas fica com a null, tá? Ela te ama demais. – Ele disse, suspirando. – Ela não merece sofrer.
- Não, meu amor, não merece mesmo, por isso estou fazendo isso por ela.
- E a chata da Ilaria, pai? – Lou perguntou.
- O que tem ela? – Virei para ela.
- Vocês não têm mais nada, né?! – Ele perguntou.
- Ela ainda vai aparecer em alguns momentos, mas nada que vocês precisem se preocupar. – Suspirei. – Só não falem isso para ninguém, pode ser? A imprensa tem que pensar que o papai vai se aposentar.
- A gente pode falar isso! – Dado disse, me fazendo rir.
- Agradeço, meninos, mas não comentem nada com amiguinhos, pode ser? Vamos resolver isso em família. A null é uma pessoa muito famosa, ela não pode sofrer.
- Não vai, papá! – Lou disse.
- E continuem sendo como vocês são com ela, fofos, carinhosos, abracem-na bem apertado quando a verem.
- Pode deixar! – Dado disse e suspirei.
- Vem cá, me dá um abraço! – Falei e eles se levantaram, me abraçando de cada lado e suspirei.
- Vai dar tudo certo, papai! – Lou sussurrou e suspirei.
- Eu sei, ragazzi. Vai sim. – Puxei a respiração, sentindo uma lágrima deslizar pela minha bochecha.
- A gente tá aqui! – Dado disse e ergui o olhar para Alena, vendo-a assentir com a cabeça.
- Você não está sozinho. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Grazie, por tudo. – Falei e ela negou com a cabeça, sorrindo em seguida.




Continua...



Nota da autora: Oi, gente! Demorei para aparecer aqui de novo!
Bastantes capítulos para vocês, enquanto eu vou revisando o restante!
Espero que estejam gostando!
Beijos e boa leitura!




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