Capitolo centonove
Soltei um suspiro, guardando o celular de volta no bolso interno do paletó e ergui o olhar novamente para o treino que Agnelli fazia. Ele tinha chamado um time amador para ajudar os meninos nesse começo complicado de sempre. Andei em direção ao campo, tocando o ombro de Filippi e ele se virou.
- Ei, olha quem está aqui! – Sorri, sentindo-o me abraçar de lado e dar um beijo em minha cabeça.
- Oi, Claudio. – Suspirei.
- O que está fazendo perdida aqui? – Ele disse e suspirei.
- Só... Passando tempo. – Dei um curto sorriso. – Preciso ir para o estádio logo mais, só estou...
- Procurando por ele? – Ele perguntou e eu respirei fundo.
- Não precisa deixar claro para mim que eu sou idiota, Claudio. – Falei e ele me abraçou pelos ombros, me apertando contra si.
- Você não é idiota por acreditar em um amor, null. – Ri fracamente.
- Sou sim, Claudio. Insistir em algo por um tempo até vai, não quando tudo conspira contra e, principalmente, quando ele precisa sair do time para fugir disso. – Suspirei.
- Eu acompanho vocês dois desde o primeiro dia, desde antes de você ser essa mulher importante... – Rimos juntos. – Então, eu posso dizer com certeza que ele realmente te ama e tenho certeza de que se ele te disse que te ama, ele não mentiu...
- Ele pode não ter mentido, Claudio, mas as ações dele dizem algo muito diferente. – Pressionei os lábios. – Eu exijo exclusividade e ele se afasta, depois ele esconde da sua gerente que vai sair do time ao máximo que consegue me deixando acreditar em uma aposentadoria, depois ele vai embora te fazendo acreditar que existe um motivo maior do que isso, aí ele é apresentado no outro time ao lado de sua namorada e seus filhos como uma grande família feliz... – Dei de ombros. – Eu realmente devo acreditar nele? – Ele suspirou.
- É difícil, eu sei. – Ele suspirou.
- Além de que, eu não quero ser mais uma na vida dele, ser a namorada fixa para ele trair com outra null. – Suspirei.
- Ele não faria isso contigo, null. – Ele disse.
- O que eu sou diferente das outras, Filippi? Porque ele fez isso com a Alena e com a Ilaria...
- Você vai acreditar se eu disser que é você? – Ele disse e dei um curto sorriso.
- Não mais! – Pressionei os lábios. – Eu dei diversas chances, agora não dá mais. Preciso cuidar de mim mesma... – Ele assentiu com a cabeça.
- Apesar de tudo, acho que você está certa. Por enquanto ele se foi e não sabemos quando ele vai voltar...
- Se ele vai voltar...
- Quando ele vai voltar. – Ele frisou. – Mas você tem sonhos, eu sei que tem, pode ir atrás deles...
- Eu vou. Já dei entrada no primeiro. – Sorri.
- Posso saber o que é? – Ele perguntou e ri fracamente.
- Ainda não, vamos esperar dar certo...
- Alguém parece bem feliz aqui. – Vi Barza andar em minha direção com o colete.
- Hum, a idade chegou e você vai direto para o banco? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Isso acaba com meu coração, null! – Ele disse. – Em compensação, seu irmão está aqui!
- Ele disse! – Sorri, procurando Gianni no meio do pessoal. – Vai para pré-temporada com vocês. Está incrivelmente contente!
- Ele é bom. – Ele se sentou no banco e me sentei ao seu lado. – Você deveria estar aqui? – Suspirei. – Ouvi falar que você conseguiu sua grande contratação.
- Consegui, mas estou pensando se fiz a coisa certa. – Estiquei as pernas para frente e apoiei os braços ao lado do meu corpo.
- Contratar o melhor jogador da atualidade? É brincadeira, não é?! – Ri fracamente.
- Eu tenho meus motivos, mas prefiro não compartilhar com você ainda. – Ele assentiu com a cabeça.
- Tudo bem! – Ele disse rindo.
- Mas eu posso compartilhar outra coisa...
- O quê? – Ele disse rindo fracamente e suspirei.
- Acho que eu estou um pouco vingativa com essa história toda do Gigi.
- Você acha? – A voz de Marchisio saiu mais alta e desviei meu olhar do de Barza, vendo-o um pouco mais longe no banco e ri fracamente. – Qual foi o motivo da vez? Contratar uma pessoa que, na teoria, vai finalmente tirar a praga da Champions League das nossas costas quando ele não está aqui para ganhar já não é o bastante? – Marchisio disse, me fazendo rir, além de Barza e Filippi.
- É, Claudio! Além disso. – Falei, vendo Barza negar com a cabeça e jogá-la para trás em seguida.
- Ok, qual foi a da vez? – Ele perguntou.
- Depois de 17 anos, bateram o valor de compra do Gigi para um goleiro. – Suspirei.
- Bateram? – Filippi perguntou surpreso e assenti com a cabeça.
- Sim! Alisson da Roma, agora do Liverpool. – Suspirei. – E eu estou incrivelmente feliz por isso. Isso faz de mim uma pessoa ruim? – Falei, rindo em seguida e eles riram comigo.
- Não! Você só está... Brava! – Barza disse.
- Bem brava! – Marchisio confirmou. – Mas sério, o goleiro da Roma? Não esperava!
- Ele teve uma ótima performance com o Brasil no Mondiale...
- Falando em Mondiale, Mario na final! – Barza disse surpreso.
- ENTÃO! – Falei alto. – Acho que ninguém esperava por essa! – Falei rindo fracamente.
- Eles foram incríveis! – Marchisio disse rindo.
- Eles sofreram mais do que qualquer squadra, prorrogação, pênaltis e chegaram na final! – Falei rindo. – Torci tanto para eles...
- Beh, Blaise ganhou! – Barza disse.
- Eu sei, mas acho que todo mundo esperava que a França ganhasse, mas imagina a Croácia ganhando? – Suspirei. – Seria algo realmente incrível, uma verdadeira zebra.
- E o Mario fez dois gols na final! – Barza disse.
- Pena que um foi contra! – Marchisio disse, me fazendo rir.
- Agora eles têm férias, vão encontrar vocês após a pré-temporada. – Sorri.
- Não vai mesmo conosco? – Barza perguntou. – Pode te distrair, reduzir esse seu toque vingativo. – Sorri.
- Eu sei, eu sei, mas tenho bastante serviço aqui com entradas e saídas, deixa o Agnelli e o Pavel cuidarem disso. Cada um com seu trabalho... – Ouvi meu celular tocando e peguei-o dentro do blazer, vendo o nome de Pavel na tela. – Falando no diabo... – Deslizei o botão. – Alô?
- Onde você está? – Ele disse.
- No CT. – Passei a mão no cabelo.
- Estamos te esperando. Venha logo ou vou pegar os créditos disso. – Ri fracamente.
- Ok, chego aí em 20 minutos. – Falei.
- 15!
- Eu não vou correndo. – Falei antes de desligar o telefone. – Beh, ragazzi, bom ver vocês... – Me levantei. – Talvez nos vejamos antes da viagem.
- Aparece aí! – Barza disse e sorri, dando um beijo em sua bochecha, depois outro em Marchisio, terminando em Filippi.
- Fiquem bem! Não aprontem, porque eu ainda vejo tudo! – Falei, indicando o prédio administrativo agora e eles riram.
- O olho que tudo vê... – Barza brincou.
- Onipresente, cara! – Claudio disse e rimos juntos.
- Se cuidem! – Falei, acenando.
Segui para fora da área do CT e caminhei pelo estacionamento de volta para o administrativo, lá peguei um carro e atravessei as avenidas para chegar no estádio. Pode parecer preguiça, mas depois de fazer isso uma primeira vez, eu e todo mundo que tentou, desistiu na hora. Não é porque você consegue ver o estádio do outro lado da rua que é perto. Nem o CT do administrativo é perto, às vezes só estamos com pique para atravessar.
Suspirei antes de entrar no estádio e segui o caminho de sempre pelos corredores. Não sabia se eles já estavam em campo ou se já estavam na coletiva, mas tentei primeiro a coletiva, o que acabei acertando ao ver diversas pessoas ali. Nunca na minha vida eu tinha visto uma coletiva cheia assim, ao menos conseguimos recuperar os cem milhões da compra em venda de materiais esportivos com seu nome e número – que havia sido trocado com Cuadrado – isso já era algo bom, não é?
- null! – Ouvi um sussurro e virei para o lado, vendo Angela. – Vem cá! – Ela me chamou e segui com ela para o corredor interno. – Você demorou.
- Scusi... – Fiz uma careta.
- Eles estão lá dentro ainda. – Ela indicou e respirei fundo. – Está tudo bem? – Ela me perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sim, eu estou! Só pensando...
- Outra grande contratação para seu currículo, hein?! – Ela disse e sorri.
- É, nem me fala. – Suspirei, tocando seu ombro. – Vou entrar... – Falei antes de dar dois toques na porta e abri-la.
- null! – O restante do top estava lá com o novo contratado até de seu agente e o que imaginei ser sua mãe, filho e namorada ou esposa.
- Ciao, ciao! Me desculpem o atraso. – Falei, fechando a porta novamente.
- Se você tivesse vindo antes, não precisaríamos de um tradutor. – Agnelli disse e ri fracamente, me aproximando de Cristiano.
- Português ou espanhol? – Perguntei em cada idioma, estendendo a mão para ele.
- Português? – Ele disse e assenti com a cabeça.
- null null, é um prazer te conhecer! – Falei em português e ele sorriu, apertando minha mão.
- Alguém que fala português! Isso é legal! – Assenti com a cabeça. – Você que me trouxe aqui, então?
- Acho que você se trouxe aqui, não? – Sorri e ele riu fracamente. – Eu só fiz um primeiro contato.
- Eu já estava pensando em mudar de ares, depois do último jogo, acabei ligado de alguma forma a Juventus... – Ele frisou o J ao falar.
- Beh, te garanto que nos ligamos a você de uma forma também. – Falei, rindo fracamente.
- É um prazer estar aqui e estou pronto para fazer meu trabalho. – Ele disse e sorri, assentindo com a cabeça.
- É só o que precisamos. – Virei para os outros. – Andiamo?
- Andiamo! – Agnelli falou sorrindo e suspirei. Todo mundo estava feliz, então precisava ser algo bom, não? Esperava que sim, agora não tinha como voltar atrás e tínhamos quatro anos de contrato para obedecer.
Acho que tem algo poético em passar 17 anos em um time, especialmente na posição de goleiro. É uma posição que demanda extrema confiança de quem está na frente do gol e, principalmente, a relação com seus defensores. Durante meus anos de Juventus, por cinco ou seis anos eu acabei tendo sempre uma defesa confiante dentro de mim, e ela era alterada devagar. Mudava um, depois de acostumado, mudava outro e assim por diante, mas recentemente, até depois da saída de Leo, eu tinha Barza e Chiello me protegendo e acabamos criando algo muito maior do que só companheirismo de jogo.
Agora, vir para outro time, eu era o novato, eu precisei conhecer as pessoas e precisava criar confiança na minha defesa para fazer um bom jogo. Ok, vamos desacelerar, estamos na pré-temporada, muitos jogadores ainda estão de férias após o fim do Mondiale, a janela de transferência está aberta ainda, então, assim como acontecia com a Juve, bastante jogadores da base vieram também, mas eu precisava criar essa confiança.
Sempre tive facilidade em fazer amizades e me enturmava muito rápido, além de ser o mais velho do time e ter muito conhecimento para passar para os mais novos, mas mesmo com tudo isso, era difícil. Como eu não pertencia aqui.
Quando começaram a falar sobre pré-temporada, imaginei que pudesse ir para os Estados Unidos, igual fui com a Juve ano passado e enfrentei o PSG, conhecendo algumas pessoas do elenco, mas não. PSG escolheu ir para a Áustria e para Singapura. Confesso que queria ir para os Estados Unidos para ter a chance de ao menos encontrar o pessoal da Juve e adiar mais um pouco minha despedida, mas fomos para outro lado dessa vez.
Tentava ver isso como algo bom, aquela história do desapego, sabe? Mas era difícil, principalmente depois de ver que a null contratou o Cristiano Ronaldo. EU FIQUEI EM CHOQUE! Isso nunca foi citado na temporada passada! Ninguém falou isso! Como, de repente, ele estava usando preto e branco e estava desembarcando em Turim? Eu tinha diversas dúvidas e isso me confundia demais. Eles haviam contratado quem praticamente tirou nossas chances de Champions duas vezes, em 2017 e 2018, e agora ele jogaria com eles...
É, eu queria me matar!
Estou me contendo de mandar mensagem para Chiello e Barza pedindo informações da Juve e da null, pois sei que quando começar, eu não vou parar e acho que nossa amizade ainda exige alguns limites.
- Gigi, você começa, beleza? – Tuchel, o alemão treinador do PSG, falou. – Vamos fazer sua estreia!
- Ok! – Falei, dando um toque em sua mão.
Além de mim, os únicos outros jogadores do time principal eram Adrien Rabiot, meio-campista de 23 anos, e Timothy Weah, de 18 anos, que foi uma surpresa eu encontrar, pois eu joguei contra seu pai George Weah, quando eu fiz minha estreia na Serie A. George era jogador do Milan e nos enfrentamos até 2000. Depois ele foi para outra liga e perdemos contato, mas foi muito incrível encontrar Timothy.
A maior ironia de todas foi descobrir que George hoje era presidente da Libéria. É a beleza do futebol, né?! Um dia você é uma das estrelas do futebol, depois você desiste do futebol e vai para carreira política conseguindo se tornar presidente do seu país natal. Era realmente poético.
- Timmy! – Chamei-o. – Eu quero sua blusa depois, beleza?
- Mesmo? – Ele disse surpreso.
- É claro! – Falei, rindo fracamente. – Troquei camisa com seu pai, agora troco contigo. – Ele sorriu.
- Vai ser um prazer! – Abracei-o de lado antes de seguir para meu lugar.
Observei o uniforme vermelho e suspirei, vendo o número 30 atrás, era provisório, eles estavam em negociações com Trapp, goleiro número um do PSG. Mas não era esse o problema, o uniforme era muito bonito, até estiloso, mas não era o que eu estava acostumado. Não era o meu uniforme.
Ignorei meus pensamentos e tirei a roupa de treino e vesti, sentando para ajeitar as caneleiras e as chuteiras novamente, e peguei minhas luvas. Fiz um rápido sinal da cruz e pedi para tudo dar certo. Esse não era um pedido para o jogo que aconteceria em alguns minutos, era para meu plano dar certo. Na época parecia perfeito e sensacional, mas agora eu pensava como eles forçariam null a falar e parecia muito impossível, como se meus filhos tivessem planejado. Talvez até Lou teria um plano um pouco mais ingenioso do que isso.
- Gigi! – Ribery falou quando parei ao lado da fileira e cumprimentei-o.
- Frank, tudo bem? – Falei, rindo em seguida.
- Que surpresa te ver aqui! Decidiu mudar de ares um pouco? – Ri fracamente.
- Ah, sabe como é... – Me chantagearam e eu precisei proteger a mulher que eu amo que não é a mulher que eu apareço na imprensa, mas... – Às vezes é preciso. – Ele assentiu com a cabeça.
- E não estamos ficando mais novos, não é?!
- Ah, você antes de mim! – Falei, ouvindo-o rir.
- Turma dos velhos aqui? – Robben falou e abracei-o, dando dois tapas em suas costas.
- Só vocês! Eu igualo a idade das crianças aqui! – Falei, ouvindo eles rirem.
- Como está? – Robben perguntou.
- Bem, bem! Um dia de cada vez. – Sorri.
- Feliz em te reencontrar. Já faz um tempo. – Robben disse.
- Ah, nem fala. – Sorri.
- Como está se sentindo no time novo? – Ribery perguntou.
- É tudo diferente, né?! Passei minha carreira inteira na Itália, então qualquer mudança é bem pesada, mas logo me acostumo. Sou meio camaleão. – Eles riram.
- Vamos encontrar com eles depois daqui. – Ele disse.
- Mesmo? – Falei surpreso.
- Sim! Lá nos Estados Unidos. – Assenti com a cabeça. – Nossa turnê de verão vai ser lá.
- Nós vamos para Singapura. – Falei, ponderando com a cabeça.
- É difícil desapegar, mas... – Frank disse e suspirei. – Boa sorte para você! – Ele deu dois toques em meu braço e sorri.
- Grazie, grazie! – Sorri, abraçando-os mais uma vez antes de voltar para meu espaço.
Tentei ignorar tudo quando entrei em campo, só vi uma torcida animada gritando pelos dois times, um time adversário, nesse caso o difícil Bayern de Munique, e um time pronto para vencer, era quase uma pelada nas férias... Quase.
Creio que consegui mostrar meu valor, mesmo aos 40 anos, diversas vezes durante o tempo que fiquei no jogo. Em dois recuos de bola, coisa mais comum entre os jogadores mais jovens, eu precisei tirar a bola rápida antes que o ataque do Bayern se aproximasse. Depois aos 13, eu fiz minha primeira defesa de verdade, tirando para fora com um toquinho.
Aos 14, eles se aproximaram novamente, mas a bola ficou em minhas mãos sem rebote e, aos 31, Timmy abriu o placar com um gol bonito! Esse garoto tinha o mesmo estilo do seu pai. Tinha tudo para ser grande. Serei hipócrita se disse que não gostaria de ver meus meninos jogando no profissional um dia.
No segundo tempo, Tuchel me permaneceu em campo e eu fiz uma boa tirada por cima logo no primeiro minuto. Aos 52, em uma saída, minha defesa acabou me ajudando muito bem e eu nem sabia o nome de quem havia me ajudado. Aos 53, outra defesa importante, mas que foi quase na linha.
Infelizmente não consegui aguentar por toda a partida. Aos 60, em um escanteio, uma cabeçada a queima-roupa, fez com que eu levasse meu primeiro gol. Beh, não seria a primeira vez, mas não era exatamente o melhor jeito de se começar.
Aos 66, Tuchel fez algumas substituições e eu dei espaço para Rémy Deschamps, sem nenhuma ligação com meu antigo treinador da Serie B Didier Deschamps, só um sobrenome francês comum.
- Bom, Gigi! – Tuchel bateu em minha mão quando saí e sorri, pegando uma garrafa de água antes de sentar em meu lugar.
Acabamos perdendo de 3x1, mas era a pré-temporada, serve para fazer esses tipos de teste, além de que, sem boa parte do elenco, as coisas ficavam complicadas. Assim como a Juve, o PSG priorizava jogadores franceses e a maioria ainda estava de férias após vencer o Mondiale na semana passada.
- Gigi! – Timmy veio em minha direção e puxei minha camisa pelo pescoço, entregando para ele e recebendo a sua. – Meu pai vai adorar saber disso. – Sorri.
- Se você ligar para ele, me chama! Faz uns 20 anos que não falo com ele. – Ele riu fracamente.
- Ok! Pode deixar! – Ele sorriu, me abraçando mais uma vez antes de me entregar sua blusa.
- null, Gianni é o seu irmão? – Sandra me perguntou na porta.
- É... – Falei, ponderando com a cabeça. – É mais fácil dizer que sim, mas não temos parentesco sanguíneo, mas é, por quê?
- Eu estava vendo os resultados da pré-temporada e ele está arrasando! – Ela disse e sorri.
- É, ele está! Falei com a mãe dele e estão muito felizes. – Sorri e ela desviou o olhar para fora.
- Tem visita para você! – Ela disse. – Posso deixar entrar.
- Claro! – Sorri, já sabendo quem seria. Abaixei as abas do computador e apoiei os braços na mesa, vendo a porta ser aberta novamente.
- Eu te avisei! – Falei assim que Leo olhou para mim.
- Me dá trégua! Por 10 minutos! – Ele pediu, entrando e eu ri fracamente.
- Nem vem! Vou te infernizar com isso o resto da sua vida! – Ele negou com a cabeça e me levantei. – Porque eu vou para o Milan, vai ser a escolha certa, quando, na verdade, você precisava de uma psicoterapia! – Falei, segurando seu rosto e ele me abraçou.
- Também senti sua falta! – Ele disse e deixei minhas mãos caírem em seus ombros e abracei-o fortemente, suspirando.
- Senti e muita, Leo! – Falei baixo, suspirando. – Essa temporada foi complicada! – Me afastei devagar, apoiando as mãos em seus braços e pressionei os lábios.
- Nem imagino como você deve ter ficado...
- Melhor se ignorarmos o elefante branco na sala. – Ele assentiu com a cabeça.
- Entendi o recado. – Ele movimentou o indicador e estendi a mão para seu agente.
- Ciao, Alessandro.
- Ciao, null! – Ele disse e indiquei a cadeira. – Ele decidiu voltar.
- Deveria negar! – Falei firme, dando a volta na mesa. – Deveria te deixar vivendo aquela vida miserável de milanista.
- Você está boa para se vingar, não está? – Leo disse e ri fracamente.
- Talvez eu esteja um pouco sim, já me falaram isso, mas eu te avisei, Leonardo! Tentei fazer você ver com clareza, você não me ouviu! – Falei firme. – Está parecendo o Buffon. – Ele riu fracamente.
- Eu assumo que eu estava irritado e querendo descontar em alguma coisa e que eu não deveria ter feito isso...
- Ainda bem! – Falei firme.
- Mas foi bom, null. – Ele disse, suspirando. – Não ganhei nada com o Milan, mas eu consegui colocar a cabeça no lugar e pensar. Sobre minha carreira, minha vida pessoal, tudo...
- E decidiu voltar? – Sorri.
- E outras coisas... – Ele suspirou. – Acho que meu maior problema era com a Martina...
- Vocês sempre foram um casal tão bonito, tão centrado... – Comentei, abrindo os documentos no computador para procurar o contrato de Leo.
- É, também achava isso, mas... – Dei de ombros. – Não sei, algo mudou naquele jogo aqui...
- Hum, parece que te xingar fez algum efeito, então... – Ele riu fracamente.
- Sim, além de outras coisas... – Assenti com a cabeça.
- Beh, já percebi que você não quer falar, mas me ouça da próxima vez, ok?! – Ele assentiu com a cabeça. – Você só tem 31 anos, tem bons anos de carreira ainda, tem pouquíssimas lesões, vamos garantir de manter sua carreira intacta, que tal? – Ele assentiu com a cabeça.
- Tudo bem, null, obrigado por me aceitar de volta.
- Ah, amore, não foi fácil, ok?! Tive que convencer no conselho seu retorno, está bem? – Falei, ouvindo-o rir fracamente. – Vai ter que fazer muito mais do que só me agradecer, vai precisar merecer! – Falei firme e ele assentiu com a cabeça.
- Faço o que quiser! – Ele disse e sorri.
- Beh, vamos falar de negócios? – Virei para Alessandro que assentiu com a cabeça. – Você saiu daqui valendo 42 milhões, Leo. Foi o preço do seu contrato para ir no Milan, mas já faz um ano, você não teve nenhuma conquista pessoal, nem profissional, muito menos foi defensor ganhador do FIFA The Best... – Rimos juntos. – Então não temos como te trazer de volta por esse preço. – Franzi os lábios.
- O que dá para fazer, null? – Alessandro perguntou.
- 35. – Falei, virando para Alessandro. – E pago em duas vezes ainda.
- Beh, não é tão mal. – Ele assentiu com a cabeça. – E o salário? Dá para manter o anterior?
- Não mesmo! – Sorri. – Você não vai sair daqui ganhando 7,5 milhões, nos abandonar por birra e voltar ganhando o mesmo...
- Achei que podia deixar para lá... – Ri fracamente.
- 6,5 que tal? Eu tiro um milhão e ainda invisto em alguém que não vai nos abandonar... – Rimos juntos.
- Já entendi! Você vai me provocar com isso para sempre...
- Ah, para sempre também não, só mais um pouco...
- Achei que não dançasse em caixão fechado. – Ele disse.
- Isso é com o Buffon, você não é ele!
- Precisamos nos conter com o que temos, né?! – Ele disse rindo fracamente.
- Depende de você. – Falei, virando para Alessandro.
- Ok, ok! – Leo disse, assentindo com a cabeça. – É um pequeno preço a pagar. – Ele disse, me fazendo rir.
- Um contrato até 2023 está bom para você? – Sorri e ele abriu um largo sorriso.
- Está muito mais do que bem! – Ele disse e estiquei a mão em cima da mesa.
- Bem-vindo de volta, Leo!
- Você é um anjo. – Ele pegou minha mão, dando um beijo e revirei os olhos.
- Ah, sem drama! – Falei, rindo fracamente. – Você pode ir para os testes médicos, eu logo levo seu contrato para assinarmos juntos. – Ele assentiu com a cabeça.
- Vou poder ter a camisa 19 ainda? – Ele perguntou.
- Eu vou pensar sobre... – Pisquei, vendo-o abrir um sorriso. – Alessandro... – Estiquei a mão para o mesmo.
- null! – Ele apertou-a e sorri.
Vi ambos saírem da sala e suspirei, negando com a cabeça. Leo só se envolvia em problema! Espero que ele consiga se reencontrar de volta ao seu lar. Suspirei, fazendo as alterações rápidas de seu contrato e coloquei para imprimir. Peguei o celular, desbloqueando e vi mais uma vez o vídeo que Gigi havia postado de uma sessão de fotos para a BOSS em Singapura e suspirei, me sentindo uma tonta, mas ele estava lindo. Fechei o aplicativo e deixei o celular de lado para pegar os papéis que terminavam de ser impressos.
- null? – Girei a cadeira para a porta novamente, vendo Higuaín.
- Ei! Você está aqui! – Falei, me levantando.
- Vim me despedir! – Ele disse, andando em minha direção.
- Isso não é um adeus, Pipa! – Falei, sentindo-o me abraçar fortemente. – Tente se encontrar, ok?!
- Pode deixar. – Ele me apertou. – Eu só preciso me colocar na linha de novo.
- Sua cabeça está na sua mãe, Pipita! – Falei, segurando seu rosto. – E acho que você deve ficar com ela.
- Ela vai fazer um tratamento nos Estados Unidos, meu irmão vai jogar lá para ficar com ela... – Assenti com a cabeça.
- Vou estar torcendo por vocês, ok?! – Abracei-o mais uma vez.
- Grazie, chefa! – Ele disse, dando um beijo em minha bochecha. – Obrigado por tudo.
- Obrigado por ser minha contratação mais cara. – Sorri e ele riu fracamente.
- A segunda mais cara. – Ele disse e suspirei.
- Te garanto que não vou ter a mesma relação que tenho contigo. – Apoiei a mão em meu ombro. – Você é especial, Gonzalo! Sempre soube. – Ele ficou envergonhado.
- Grazie! – Ele suspirou. – A gente se vê por aí?
- É, de preferência quando perder para gente! – Falei, ouvindo-o rir.
- Vai valer o reencontro. – Ele disse. – Ah, não podia esquecer! – Ele disse, esticando a caixa quadrada. – Tradição é tradição! – Sorri.
- Vai ter um lugar de honra! – Suspirei, abraçando o embrulho e ele acenou.
- Se cuida, chefa!
- Você também! – Acenei, suspirando.
Ele acenou mais uma vez antes de sair da porta e deixei o embrulho com sua blusa em cima da mesa e suspirei. Virei o rosto para o quadro com fotos, vendo novos lugares vazios pela sala maior e sabia que tinha várias fotos com Pipita ali, mas infelizmente a relação profissional sobressaía a pessoal e algumas despedidas eram necessárias.
Abanei a cabeça e peguei o contrato de Leo novamente e chequei os dados rapidamente antes de assinar. Saí da sala, passando rapidamente pela seção da contabilidade agora, vendo que Angela não estava mais ali e desci as escadas em direção à sala da coletiva que agora só tinha Angela e Virginia, relações públicas.
- Ciao, ragazze! – Falei para elas.
- Ciao, null! – Elas disseram juntas.
- Vamos trazer esse mala de volta? – Falei e Angela riu fracamente.
- Vamos, né?! – Angela disse.
- Eu vou conferir a entrada da imprensa. – Virginia disse.
- Vai lá, mas não demore! – Angela disse, me fazendo rir e a mais nova saiu pela sala.
- Ah, Leonardo! – Falei baixo, me sentando em uma das poltronas da plateia.
- Será que agora vai?
- Ah, vai! Estou dando um voto gigante de confiança nele. É bom ele não estragar. – Falei e ele riu fracamente.
- Algo que me diz que ele tem um motivo muito bom para voltar. – Angela disse.
- Algo que eu não sei? – Virei para ela.
- Só uma suspeita, te conto quando tiver mais informações. – Ela disse, me fazendo rir.
- Deve ser difícil, não? – Ergui o olhar, vendo Thiago se sentar ao meu lado.
- O quê? – Perguntei e ele riu fracamente.
- Mudar de time. – Ele disse.
- Já nos encontramos muito no Milan, Thiago, não fale como se não soubesse. – Ele riu feliz.
- Eu sei, mas fiquei só três anos, não 17. – Ele disse e suspirei. – Você parece um pouco perdido.
- Um pouco. – Confirmei com a cabeça. – Parece que meu corpo está aqui, mas não deveria.
- E não deveria? – Ele perguntou e suspirei. – Eu sei que sou mais novo que você, mas eu sou o mais velho de tempo aqui no time, e você sabe a necessidade que um capitão sente em agregar, não? – Ri fracamente.
- Ah, isso eu sei bastante! – Sorri. – Eu só achava que minha vida seria diferente depois dos 40. – Suspirei. – Achei que nessa altura eu não precisaria lutar mais...
- A-A-AH! – Cobri meu rosto com a camisa quando Ney estourou outra garrafa de champanhe no vestiário, sacudindo-a para todos os lados.
- Alguns são mais empolgados do que outros! – Thiago disse e ri fracamente.
- Eu costumava ficar preso em coletivas, então sempre pegava a comemoração no final. – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- Sei bem o que é isso! – Ele disse. – Mas o Ney gosta de adiar o fim das coisas.
- NEYMAR, CHEGA! – Marcel gritou, me fazendo rir fracamente. – VAMOS SAIR EM 30 MINUTOS!
- Temos muitas similaridades. – Falei, lembrando de Angela brigando com Dybala.
- Mudanças são difíceis, mas acho que todos já passamos por isso, não? – Ele disse e assenti com a cabeça. – Sei que faz tempo para você, mas o que precisar, você pode conversar comigo. Podemos jantar lá em casa, falar besteiras... Você tem filhos, certo?
- Sim, três, tenho mais contato com dois.
- Quais idades? – Ele perguntou.
- 10 e oito.
- Eu tenho de 9 e sete. Deve ser difícil o idioma, mas eles se entendem no futebol. – Ri fracamente. – Os seus jogam?
- Sim! – Assenti com a cabeça.
- Está combinado, então. – Ele disse. – Lá podemos conversar de capitão para capitão. – Ri fracamente.
- Não, não, de colega para colega! – Ele sorriu e deu dois tapinhas em meus ombros antes de se levantar.
Suspirei, sentindo um pouco mais aliviado com essa conversa. Todos falavam muito bem de Thiago em qualquer lugar, inclusive era capitão de sua Nazionale, e, pessoalmente, ele era bem simpático e menos agitado do que Neymar e Kylian. Eu adoro comemorar com os mais novos, mas a diferença é de uns 25 anos. Não dá para acompanhar.
Tirei a medalha de outro da Trophée des Champions de meu pescoço, a “Supercoppa” francesa e suspirei. Ao menos era mais um troféu vencido e que eu pude ajudar meu time a ganhar. Tuchel me escalou como goleiro principal e ganhamos de 4x0 contra o Monaco. Dois gols de Di María, um de Nkunku e outro de Timmy. Acho que ele me odiava por eu chamá-lo de Timmy na frente dos outros, mas era só costume.
O que me deixou mais pensativo nesse jogo foi um grande banner com a minha foto e escrito “estamos sempre contigo, de um juventino” com as cores preto e branca, além de vários torcedores com a blusa da Juventus. Eu sabia que era provisório, mas eu realmente não pensei no que as pessoas pensariam com a minha decisão. Foi totalmente pensada em null, mas parecia que estava bem... Por enquanto.
Peguei minha troca de roupa e segui em direção ao banheiro, vendo que estava mais vazio. Tomei meu banho e saí já completamente vestido, vendo o pessoal mais novo finalmente ir para o banheiro. Fui para meu espaço, ajeitando minhas coisas e me sentei, esperando finalmente ir embora.
Isso aconteceu já depois da meia-noite, eu já estava com sono devido à diferença do fuso-horário aqui na China. Logo iríamos embora e a temporada finalmente começaria em Paris e as viagens se restringiriam à Europa com a Champions. Que eu estava expulso por três jogos, mas tudo bem.
- Gente! Prestem atenção aqui! – Thiago disse no corredor do ônibus. – Chegando, vamos nos reunir um pouco no restaurante para jantar juntos. – Ri fracamente, sabendo que meu sono demoraria um pouco, mas pelo menos eu jantaria e eu estou realmente com fome.
Chegamos no hotel e tinha alguns torcedores na entrada ainda. Era assim quando eu vinha com a Juve, não seria diferente em outro time. Os chineses são um povo muito apaixonado pelo futebol e deixavam claro em várias viagens internacionais. Tirei algumas fotos e autografei algumas camisas antes de entrar.
Segui em direção ao restaurante, deixando minha bolsa junto de outras e fiz como os outros jogadores, peguei meu prato, me servi e voltei para a mesa, me sentando ao lado de Marco, meu amigo italiano e de Nazionale. Ao menos com ele eu podia falar no meu idioma original e fugir um pouco da pressão do top quatro do PSG.
- Ok! Ok! Vamos lá, galera! – Thiago disse, subindo em uma cadeira. – Ainda temos alguns jogadores para entrar no time, outros para voltar de férias, mas como é tradição...
- UHU! – O pessoal começou a gritar.
- Você está ferrado. – Marco disse e franzi a testa.
- Vamos começar com os trotes? – Thiago disse.
- UH!
- VAI! – O pessoal começou a gritar e bater na mesa.
- Trote? – Perguntei, rindo fracamente.
- Você é o novato! – Marco disse. – Se vira!
- Ah, não acredito! – Joguei a cabeça para trás, rindo fracamente.
- Quem gostaria de começar? – Thiago fingiu olhar em volta e ri fracamente.
- GIGIONE! – Dani gritou e abaixei a cabeça.
- Não, não! Eu estou velho para isso. – Falei em meio às risadas e Dani, Ney e Marco começaram a me puxar.
- VEM, GIGI! – O pessoal gritava enquanto outros batucavam na mesa.
- Eu não sei cantar nada francês! – Reclamava, enquanto me puxavam e senti os pés deslizarem e fazerem aquele chiado de borracha em piso de madeira.
- Não precisa ser francês! – Thiago disse rindo quando eu cheguei à frente das mesas. – Vamos te enturmar. – Ele deu dois toques em meu ombro e colocou uns óculos de sol em meu rosto. – Gianluigi Buffon!
- Ah, Dio! Eu vou matar vocês! – Falei, rindo fracamente e apoiei minha mão nos ombros de Marco antes de subir na poltrona.
- Você não faz isso há anos ou nunca fez, então pode começar se apresentando! – Thiago disse, voltando ao seu lugar.
- Ah, Dio! – Cocei a cabeça, gargalhando sozinho em seguida. – Salut les gars! – Falei, ouvindo alguns gritos e ri fracamente. – Eu sou Gianluigi Buffon, tenho 40 anos...
- VAI, GIGI! – Eles gritavam e sentia cada vez mais meu rosto esquentar.
- Eu sou italiano e essa é a minha primeira experiência em um time de fora, então me perdoem pelo meu francês enferrujado. – Falei, ouvindo algumas gargalhadas. – Mas não falem mal de mim, eu posso não entender as piadas de cara, mas entendo daqui uns cinco minutos... -Eles gargalharam em seguida. – Hum, como todos vocês, eu tenho filhos, um amor e a mesma alma de 25 anos...
- Ê, GIGI! – Ney gritou, me fazendo rir.
- Estou muito, muito feliz em estar aqui e agradeço a toda equipe pela oportunidade! – Eles aplaudirem. – Também espero poder enturmar mais, trazer outros troféus e resultados. – Finalizei, ouvindo eles aplaudirem forte e baterem na mesa. – Est bon?
- AGORA CANTA! – Thiago gritou.
- Não, cantar não! – Falei, gargalhando, tentando descer da cadeira, mas Dani me segurou.
- VAI, TROTE COMPLETO! – Alphonse, o outro goleiro, gritou, me fazendo rir.
- Eu só um tradicional italiano, então só sei música italiana. – Falei, ouvindo eles rirem.
- QUALQUER UM! – Eles gritaram e pensei que música poderia cantar e ri sozinho.
- Esse é um sucesso italiano. – Falei, apertando as mãos. – Voglio una vita spericolata... – Comecei a cantar o refrão movimentando as mãos. – Voglio una vita come quelle dei film... Voglio una vita esagerata... Voglio una vita come Steve McQueen… Voglio una vita che non è mai tardi… Di quelle che non dormi mai… – Comecei a me empolgar, erguendo as mãos e ouvia os risos do pessoal. – Voglio una vita, la voglio piena di guai.
- UHUL! – O pessoal gritou aplaudindo, me fazendo gargalhar.
- Ok, agora chega! – Falei, descendo da cadeira, ouvindo os risos e gargalhadas.
- Ok! Está muito bom! – Thiago disse aplaudindo e toquei sua mão, abraçando-o em seguida. – Agora relaxa!
- Merci! – Falei, seguindo até minha mesa.
- Agora quem vai ser o próximo? – Thiago disse.
- THILO! – O pessoal gritou, me fazendo sentar na mesa novamente.
- VAI, THILO! – Eles gritaram, me fazendo rir.
- Somos como todo time, Gigi. – Marco disse. – A gente se diverte ganhando com isso. – Assenti com a cabeça.
- É, eu sei. – Suspirei.
- Ci divertiamo? – Ele disse e sorri, assentindo com a cabeça, virando o rosto para o alemão Thilo que agora era arrastado para onde eu estava antes.
- Alô? – Atendi a ligação receosa por não conhecer o número.
- Senhora null? – Uma voz feminina falou do outro lado da ligação e apoiei a mão no corrimão da casa dos Agnelli.
- Sim, sou eu! – Falei.
- Meu nome é Amalia Ricci, falo do conselho tutelar de Turim, pode conversar?
- Sim, claro! – Falei animada, descendo os degraus.
- Nós analisamos sua ficha e está tudo bem para passarmos para o próximo passo da sua entrada na fila de adoção. – Abri um largo sorriso.
- Mesmo? – Perguntei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Sim, com toda certeza. A ficha da senhora é impecável. – Sorri.
- Isso é incrível! – Suspirei. – Não tem problema sobre a parte de ser mãe solteira e...
- Não, não! Está tudo perfeito! – Ela disse e apertei a mão no peito. – Para finalizar o cadastro, só precisamos fazer a visita na casa que pode receber a futura criança, podemos marcar? – Ela perguntou.
- Sim, por favor! – Apertei a mão no peito, suspirando.
- Temos horário livre na agenda no dia 23 de agosto às duas da tarde, fica ruim para a senhora?
- Não, tudo bem! Eu me ajeito aqui! – Sorri, mordendo o lábio inferior.
- Beh, então está combinado. Um conselheiro fará a visita. – Ela disse. – Após isso, continuamos o processo, tudo bem?
- Claro! Claro! Vou esperar ansiosamente. – Suspirei.
- Um bom dia e até mais.
- Para senhora também. – Falei antes de desligar o telefone. – AH! – Dei um gritinho animada, pulando no lugar animada. – Eu consegui! Eu consegui!
- Essa é nova para mim! – Virei para o lado, vendo Mario entrar na casa e ri fracamente.
- Ciao, Mario! Só estou feliz. – Suspirei, abraçando-o de lado e estalando um beijo em sua bochecha.
- Estou bem confuso! – Ele disse com o rosto franzido e ri fracamente.
- Ah, está tudo bem! – Abanei a mão. – Só fique feliz por mim. – Disse.
- Sempre! – Ele disse e sorri, abraçando Sami que estava ao seu lado antes de sair pelos jardins da casa dos Agnelli em Villar Perosa.
Mario e Blaise foram os últimos a voltar de férias após o Mondiale. Mario com um incrível segundo lugar e Blaise com o primeiro junto da França. Mario chegou até a fazer dois gols, um contra, mas foi a Nazionale que mais lutou com dois jogos indo para pênaltis e um para prorrogação.
- null! – Freei o passo ao ver Tek sentado em uma das cadeiras na parte coberta.
- Tek! – Sorri, acenando para Pinso e Perin que estavam com ele.
- Podemos conversar? Rapidinho? – Ele disse e franzi a testa.
- Claro! – Indiquei a entrada novamente e passei para dentro da casa mais uma vez.
- Eu sei que não conversamos muito no meu primeiro ano aqui e eu sei como a posição de goleiro é importante para você por causa do Gigi, mas... – Ele suspirou. – Queria dizer que vou fazer o melhor para tentar compensar... – Sorri, suspirando.
- Ah, Tek! – Apoiei a mão em seu ombro. – Eu não quero que você compense nada. – Neguei com a cabeça. – Você é um goleiro jovem, incrível e tem feito um ótimo trabalho quando jogou. – Suspirei. – A minha relação e do Gigi era muito mais do que ele ser o goleiro titular, não foi algo planejado ou programado, principalmente porque não tinha ideia de quem ele era quando veio para a Juve e nos conhecemos... – Neguei com a cabeça. – Então, eu não tenho problema nenhum com você no gol. – Ele assentiu com a cabeça. – É empolgante sim e uma mudança estranha depois de 17 anos, mas o futebol é assim e nós vamos encarar essa também. – Sorri. – Eu não tenho nada contra você, te contratei porque acredito no seu potencial, você substituir o Gigi é algo da vida. Ele ia se aposentar antes de ir para outro time, que diferença faz? Você continuaria sendo nossa primeira opção para o goleiro titular e a camisa número um.
- Grazie. – Ele sorriu.
- Agora, eu costumo sim ter mais relação com o pessoal mais antigo ou os italianos, mas é pelo simples costume. – Apertei seu braço. – Mas eu confio em você! E torço para você ter uma carreira tão ou mais incrível que o Gigi teve. Afinal, se o Mario chegou na final do Mondiale, a Polônia também pode, não? – Ele gargalhou.
- Grazie, null! Eu fiquei com receio porque a minha relação era maior com ele e você ficou meio ausente dos jogos, então... – Assenti com a cabeça.
- Isso foi tudo problema pessoal com ele. Não teve nada a ver contigo ou com a posição de goleiro. Você, o Pinso e agora o Perin tem minha confiança garantida. – Ele sorriu. – Eu vou voltar aos jogos, tem jogos que eu não vou mesmo pelo trabalho ou pelo cansaço de viagens, mas eu vou te apoiar, vou te abraçar ao final do jogo e podemos tomar um café se quiser também. – Ele abriu um largo sorriso.
- Vai ser um prazer, null! – Sorri, passando os braços em seus ombros e abraçando-o fortemente.
- Você pode levar seu menino para eu conhecer também. – Falei, sentindo-o me apertar nas costas e rir fracamente. – Liam, né?!
- Sim, ele está com quase dois meses. – Sorri, soltando-o devagar.
- Parabéns, falando nisso. – Ele sorriu.
- Grazie! – Sorrimos juntos.
- Pode confiar em mim, Tek. Eu só desejo o melhor para você e para esse time. – Ele assentiu com a cabeça.
- Grazie, chefa! – Ele disse e abracei-o mais uma vez, estalando um beijo em seu rosto antes de vê-lo sair novamente. Sorri, achando legal essa ação de Tek e fui para o quintal novamente, finalmente passando pelo pessoal e seguindo em direção ao sofá onde Barza e Marchisio estavam, parando na mesa para pegar uma taça com suco de laranja.
- Você que sabe, cara, mas acho que é algo a pensar. Vocês dois, um hotel à beira-mar em Ibiza... – Vi Marchisio movimentando a mão exageradamente.
- Hum, hotel à beira-mar em Ibiza, estou indo! – Falei, me aproximando.
- null! – Barza se levantou e veio me abraçar, em seguida Marchisio fez o mesmo.
- Então, qual é o papo? – Suspirei, me sentando no sofá livre na frente deles.
- Minha festa de casamento. – Marchisio disse.
- Ah, essa eu já estou dentro, pensei que era algo diferente. – Abanei a mão.
- Eu estou falando para o Barza levar a nova namorada dele. – Revirei os olhos e null sorriu.
- Oh, eu ouvi falar dela! – Falei, abrindo um largo sorriso.
- Ah, não começa você também. – Barza disse, me fazendo rir.
- O quê? Não há nada que aconteça em Continassa que eu não saiba. – Falei, vendo-o negar com a cabeça. – Ela é a biomédica nova, não?
- É sim, nos conhecemos no dia dos meus exames e... Enfim. – Sorri.
- Eu ouvi sobre ela. Ela fazia uma pesquisa em Milão, mas acabou transferida para cá, não sei o motivo. – Dei de ombros.
- Você não sabe ou não quer me falar? – Ele perguntou.
- Eu não sei, mas se eu soubesse que ela viria a ser sua namorada, eu teria perguntado mais. – Falei sugestivamente, rindo com Claudio.
- Ela não é minha namorada. – Ele disse emburrado.
- Ainda! – Eu e Claudio repetimos juntos.
- Apesar de que ele está meio lento, viu?! – Claudio disse, me fazendo gargalhar.
- Faz um tempo que você não paquera, né, Barza? Pegar uma noite e jogar fora não conta. – Rimos juntos.
- A última tinha problemas com o ex-namorado dela, sabe? – Ele disse sugestivamente.
- Ah, engraçadinho! Eu e Gigi nunca namoramos, não conta! – Ele sorriu. – Enfim, acho que Marchisio está certo, leve-a para Ibiza, vai ser o cenário perfeito, qual é.
- Não sei, parece meio cedo. – Ele coçou a nuca e sorri.
- Ele acha que está cedo porque o processo do divórcio acaba amanhã. – Claudio falou.
- Em partes, o divórcio sai amanhã, mas vocês se separaram em janeiro e já deu entrada no divórcio, moram em casas diferentes há mais de seis meses, é normal vocês seguirem com a sua vida. – Falei, bebendo o suco e ele suspirou.
- Ela sabe de algo? – Ele perguntou para Marchisio. – A Maddalena?
- Eu comentei com a Roby que você tinha conhecido alguém...
- Ela deve ter passado a informação. Certeza.
- Ah, agora entendi, você acha que não deve levá-la por Maddalena estar lá? – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Eu acho besteira. Você precisa ser feliz. – Marchisio disse.
- Eu entendo seu lado, Barza, acho muito legal da sua parte pensar nisso, mas tem uma regrinha de ex-namorados que dizem que o primeiro a começara namorar, sai “ganhando” nisso tudo. – Ponderei, revirando os olhos. – Eu acho essa regra ridícula, pois cada um tem seu tempo de cura e vocês estão nessa lenga-lenga há anos. – Marchisio confirmou com a cabeça. – Meu conselho é: se você se sente confortável em levá-la, leve-a. Sem se preocupar com Maddalena e com outras pessoas. Lá estarão seus outros amigos, você vai precisar apresentá-la uma hora ou outra, aproveita e faz tudo de uma vez só.
- Viu? Melhor conselho! – Marchisio falou, se levantando e se afastando, me fazendo rir.
- Eu honestamente não sei, não aconteceu nada ainda. – Ele disse e sorri.
- Eu entendo que esteja com medo, Barza, mas vai ser feliz, ok?! Tente, pelo menos. – Ele inclinou o corpo para frente e segurou minha mão livre no colo.
- Por que você não dá esse conselho para si mesma? – Ele disse, me fazendo suspirar.
- Eu acabei de dar, na verdade. Há alguns minutos. – Sorri.
- O quê? No telefone? Quem era? – Ele perguntou apressado.
- Era do conselho tutelar. – Falei, sentindo meus olhos lacrimejarem novamente. – Eu acabei de entrar na fila para adotar uma criança.
- Oh meu Deus, null! – Ele se levantou rapidamente, me abraçando. – Meu Deus, null, que notícia maravilhosa! – Ele disse próximo ao meu ouvido, me fazendo apertá-lo contra mim. – Você vai ser uma mãe incrível.
- Obrigada! – Passei as mãos embaixo dos olhos. – Eu estive pensando nisso desde que o Gigi anunciou a saída do time. – Nos sentamos novamente. – Eu posso não ser a pessoa que vai viver uma grande história de amor, mas meu sonho sempre foi ser mãe, ter a família grande que eu não tive e não vai ser o Gigi ou a falta de um homem que vai me impedir de ter isso.
- Isso é incrível, null. Sério! – Ele apertou minha mãe. – Vai ser incrível, mesmo! Aí, até eu estou chorando. – Rimos juntos. – Quando sai o processo?
- Ah, não, isso demora. Eu acabei de entrar na fila, aí tem todo o processo ainda, é longo! – Suspirei. – Mas tudo bem, para quem já esperou tanto, o que são mais um ou dois anos?
- Eu vou ser o padrinho dessa criança, não quero nem saber. – Ele falou apressado e rimos juntos.
- Ah, tem uma fila de espera longa para isso, mas quem sabe junto da sua nova namorada? – Falei e ele riu fracamente.
- Quem sabe? – Ele deu de ombros. – Mas você merece ser feliz, então seja, ok?!
- Nós dois, mio Barza! – Falei, apertando sua mão e ele sorriu.
- Vamos ser felizes, null! – Assenti com a cabeça.
Soltei um suspiro, alisando a blusa e estralei o pescoço de um lado para o outro. Eu estava mais empolgado com esse jogo do que com o da semana passada. O da semana passada em casa foi contra o Caen, meu primeiro jogo oficial da Ligue 1, ganhamos por 3x0 com gols de Neymar, Rabiot e Weah, mas foi minha apresentação, então teve todo aquele espetáculo, inclusive a presença de Ilaria com Pietro, seu filho de outro relacionamento, que apareceu sem que eu soubesse.
Apesar de tudo, eu consegui ficar mais uma semana com Leo, depois minha mãe veio e o levou embora quando ela foi também. Era difícil ficar com uma criança de dois anos e meio que não entende muito sobre distância e separação dos pais, mas ao menos Ilaria estava poupando-o de seu drama e era possível ter uma pacífica com ele.
Depois desse um mês e pouco de ajustes, consegui me acostumar melhor. Ficava de olho sim no que estava acontecendo na Juve e procurando qualquer informação de null, mas havia conseguido me enturmar mais com o PSG e até tinha mais amizade com o pessoal. Thiago, Marquinhos, Meunier e Dagba, que eram praticamente meu novo BBC, além de Dani Alves que já tínhamos relação pela sua temporada na Juve, o que eu acabei me aproximando dos brasileiros Neymar, que puxou Kylian, com Cavani e Di Maria pelos confrontos em nossas Nazionale, Alphonse, outro goleiro, e Rabiot e Verratti que são meias.
Resumindo, da mesma forma que a Juve, eu acabei ficando no meio do elenco inteiro, porque um é amigo de outro, que é próximo a outro, então acabou dando certo, era até melhor assim, nunca fui fã das tais panelinhas. E era até estranho ter 40 anos e participar de alguma. Sobre a saudade, isso era difícil mesmo, eles tiveram Villar Perosa recentemente, então os stories de todo mundo foram enchidos de vídeos e fotos, além do site da Juve que passou e eu consegui assistir um pouco antes de ir para o jogo contra o Caen.
Além disso, fiquei surpresa com a saída do Marchisio. A saída de Sturaro também havia sido anunciada, agora Claudio esperou praticamente a temporada começar para sair do time e ainda iria para um time russo. Sei que cada um tem suas motivações, mas isso era estranho. Depois de 25 anos de Juve, seu único time, ele sai e vai para um time russo? Era exatamente o que falavam de mim, mas eu não acho que Claudio tenha algum problema em seu casamento.
Enfim, hoje era um dia legal, viemos para Guingamp jogar contra o time local pela segunda rodada do campeonato. Além disso, andei pesquisando um pouco os times franceses, já que conhecia somente PSG, Lyon e Marselha, e descobri que Marcus Thuran, filho mais velho do Lilian, que eu praticamente vi nascer lá em Parma, joga aqui no Guingamp, e como eu estou ficando craque nisso de trocar camisas com pais e filhos, estava empolgado pela oportunidade. E, claro, finalmente poder mostrar meu valor sem todo aquele show. Eu tenho 40 anos, sei o que as pessoas falam.
Segui na fila atrás de Thiago e vi o outro time chegar, procurei rapidamente por Marcus e não conseguia lembrar de seu rosto com o rosto da foto do Google. Lilian saiu da Juve em 2006, Marcus tinha nove anos, hoje ele tinha 21, te garanto que muito muda nessa fase. Entramos no Stade de Roudourou e ele era pequeno comparado a outros, fizemos a formação e, diferente também da Serie A, eles não tinham hino, então nós seguimos para começar os cumprimentos.
Eu não conhecia ninguém, mas foi chegar em Marcus que eu sabia exatamente quem ele era. Tirando a barbicha, ele era a cara do Lilian e só fiquei sorrindo sozinho enquanto encaminhava para a foto em grupo. Confesso que achei estranho não ir para a jogada da moeda como eu fazia desde 2012 em todo jogo, e um pouco antes em ausências do Alex, mas eu precisava me acostumar.
Fui em direção ao meu lado do gol, cumprimentando a torcida da mesma forma que eu faria se estivesse na Itália e vesti as luvas. Fiz meu pedido silencioso por um jogo e sem surpresas indesejáveis e me distraí com o apito inicial.
Logo nos primeiros minutos de jogo eu fiz uma defesa importante, jogando a bola para cima, que até me deixou surpreso. Aos 20 minutos, por uma falha da defesa, eles abriram o placar e não teve quem segurasse. Minutos depois, eu fiz uma saída errada, Thiago não conseguiu segurar e aquela sintonia de início acabou dando outro gol para eles, mas o gol foi anulado pelo VAR por uma falta em N’Soki antes do gol. Agradeço, pois seriam dois erros feios em pouco tempo.
No segundo tempo, logo no começo, tivemos uma chance de Di María, mas acabou indo para fora. Aos 53, uma falta em Weah, resultou em pênalti que foi convertido por Neymar. Aos 82, foi a vez do novato Kylian pontuar e, depois, fechou o placar aos 90 com mais um.
Quando o árbitro apitou o jogo, além de cumprimentar meus companheiros de equipe, eu fui atrás de Marcus, ele havia saído faltando uns 15 minutos para acabar e estava no banco. Ele sorriu ao me ver e me aproximei, rindo fracamente.
- Você é a cara do seu pai! – Falei, ouvindo-o rir.
- Tio Gigi! – Ele me abraçou e gargalhei.
- Ah, moleque! – Apertei-o em um abraço. – Não acredito que se lembra de mim ainda.
- Claro que sim, eu tinha quase 10 anos quando fomos embora. – Sorri, dando dois beijos nele.
- Como você está? Fiquei feliz que seguiu a carreira.
- Ah, papai também! – Ele disse rindo.
- Você começou há quanto tempo? – Perguntei.
- Fui para o profissional em 2014 na segunda divisão, mas vim para o Guingamp em 2017. – Sorri.
- Que surpresa maravilhosa! – Ri fracamente. – Eu já estou velho, mas agora me sinto mais ainda... – Rimos juntos. – E seu pai? Sua mãe?
- Ah, meu pai foi para o lado político e beneficente depois da aposentadoria, mas está bem também. – Ele assentiu com a cabeça.
- Ele e sua mãe?
- Separados. – Ele disse rindo. – Mas que eu saiba, ele está solteiro agora. – Rimos juntos.
- E sua mãe? Seu irmão?
- Todos bem, Khéphren foi para o futebol também, joga no Monaco.
- Será que eu o vi e não o reconheci? – Franzi a testa. – Jogamos contra o Trophée... – Abanei a mão.
- Ah, ele está no time B ainda, talvez tenha uma chance principal, vamos ver. – Ele disse.
- Nossa! Vai ser um prazer encontrar a família Thuram inteira. – Falei rindo.
- Tem telefone? Eu peço para o meu pai te ligar. – Ele disse.
- É, vamos lá dentro que eu te passo. – Sorri. – E eu quero sua camisa! – Falei, ouvindo-o rir.
- Vai ser um prazer! – Ele disse, puxando sua blusa para cima e fiz o mesmo.
- Não estou acreditando nisso, há um ano ou dois eu joguei contra o filho do Chiesa, não sei se é da sua época. – Abracei-o pelos ombros, andando em direção ao vestiário. – Agora você e seu irmão... Realmente, talvez esteja na hora de eu me aposentar. – Falei rindo.
- Mas você ainda está ótimo, tio Gigi.
- O problema é de ouvir me chamar de tio! – Falei rindo. – Eu vou pegar meu celular, porque eu não decorei o número ainda.
- Beleza, vou pegar o meu também! – Ele disse e nos separamos no vestiário.
Entrei no mesmo, vendo o pessoal se arrumando e deixei a blusa de Marcus ali e peguei meu celular. Desbloqueei o mesmo e vi o aviso do aplicativo da Juve que estava começando o segundo tempo de Chievo e Juve e estava 1x1, vamos melhorar isso, Juve. Voltei para o corredor, encontrando Marcus.
- Aqui, anota, quem sabe eu não encontro seu pai! – Ele riu.
- Ele vai adorar! Ele vive em Paris. – Ele disse e estiquei o aparelho para ele.
- Ah, temos muito o que conversar, viu?! – Ri fracamente.
- Até eu vou querer participar desse encontro! – Ri fracamente.
- Ah, moleque! Você era novo demais! – Ele riu.
- Eu sei, mas ainda lembro de algumas coisas. – Sorri, apoiando a mão em seu ombro enquanto ele passava os números.
Capitolo centodieci
Um barulho fino começou a me irritar, parecia algum alarme, mas não tinha como ser alarme, eu estou dentro de casa, ele nem está ativado. Abri os olhos devagar, olhando para o quarto escuro e bufei, vendo somente a fresta da cortina aberta deixando a luz da sacada entrar. Me atentei ao barulho novamente e não era alarme, era uma vibração. Passei a mão rapidamente na cama com receio de que eu tivesse dormido com o vibrador ligado, mas não tinha nenhuma ação naquela região.
Virei o rosto para o lado, vendo a luz do meu celular me cegar por alguns segundos e vi que o barulho vinhado aparelho. Peguei o mesmo, me sentando com dificuldade e passei a mão nos olhos, tentando enxergar o nome no aparelho e fiquei preocupada por um segundo que poderia ser Giulia ou algum dos Vitale, mas me surpreendi ao ver o nome de Pavel. Apesar de um pouco mais aliviada, fiquei nervosa e deslizei o botão, colocando o aparelho na orelha?
- Alô? – Falei ainda sonolenta, coçando os olhos.
- null? – Sua voz estava muito mais ativa do que a minha.
- Sim! O que aconteceu? – Perguntei, tateando a cômoda até achar o interruptor do abajur.
- Reunião de emergência do conselho, você precisa vir para Vinovo agora! – Ele disse e arregalei os olhos.
- Quê? – Pulei da cama, procurando os chinelos.
- Estamos com uma emergência, precisamos de todos os acionistas majoritários no time agora! – Ele disse firme.
- Mas que? Que horas são? – Segui um pouco às cegas até o banheiro e saí ligando as luzes para tentar me despertar mais rápido.
- 3:25. Acredite, eu não pediria se não fosse uma emergência. – Ele disse.
- Não dá para adiantar? – Perguntei.
- Eu tenho mais cinco pessoas para ligar, nos encontramos lá? – Ele perguntou.
- Em Vinovo?
- Sim, é mais discreto! – Ele disse.
- Ok, vou me arrumar e vou. – Bufei, sacudindo a cabeça e ouvi a ligação cair.
- Mah che cazzo! – Falei irritada e sacudi a cabeça.
Chequei o horário no relógio novamente, confirmando que era o horário que Pavel falou e minha cabeça estava confusa. Se era alguma emergência do conselho, alguma merda enorme havia acontecido e eu não queria nem pensar o que era. Agora que eu finalmente estou deixando Gigi para trás, vem problema? Ah, não! Que não seja nada! Que não seja nada! Que não seja nada!
Esse foi meu mantra enquanto eu jogava água no rosto para despertar e depois seguia para o closet para pegar uma calça jeans, uma camiseta, um moletom e o tênis. Calcei os últimos de volta no quarto e aproveitei para mandar mensagem para Giulia. Eu estava saindo de casa sozinha às 3:40 da madrugada, se algo acontecesse comigo, ela sabia onde me encontrar.
Saí de casa pelo portão do carro, ativando os alarmes e dirigi até Vinovo nos tradicionais cinco minutos de sempre, as ruas estavam vazias, mas eu não estava completamente desperta ainda. Deveria ter feito um café para mim, seria a primeira coisa que eu faria quando em Vinovo. Acenei para o porteiro e entrei no CT que eu não vinha desde um treino que eu acompanhei do time feminino.
Vi alguns carros ali e contei oito, éramos em 11 pessoas no conselho, os 11 sócios majoritários, faltavam três pessoas ainda. Desci do carro, apertando as mãos no casaco devido ao frio da madrugada e segui em direção ao prédio administrativo que era o único aceso. Dei uma rápida olhada nas salas, mas tudo estava vazio, então segui em direção ao último andar, onde costumava ter a as reuniões do conselho antes de mudar para Continassa, lá encontrei os oito conselheiros, além de Angela, um de seus assistentes e outros dois homens que eu não conhecia.
- Bom dia! – Falei, empurrando a sala. – Ou boa noite, sei lá! – Falei.
- Bom dia, null! – Eles disseram e me aproximei de Angela, dando um rápido abraço dela.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei para ela, depois cumprimentando seu assistente e, por último Pavel.
- Problemas, problemas, problemas!
- Ah, não é bomba, é? – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- É! – Angela disse.
- E das grandes. – Pavel suspirou.
- Ok, cheguei! Cheguei! – Lapo disse, entrando na sala. – Bom dia.
- Bom dia! – Falamos juntos e ele se aproximou de nós, cumprimentando um a um.
- Ok, podemos começar. – Amelia disse e franzi a testa.
- Como assim? Cadê o John e o Agnelli? – Perguntei, seguindo até meu tradicional lugar à mesa.
- Eles não vêm. – O homem desconhecido disso. – Eu e Alberto somos os advogados e vamos representá-los na reunião de hoje. – Franzi a testa, não gostando do andamento disso.
- Ok, vamos lá. – Me sentei no lugar, vendo os conselheiros tomarem seus lugares e os dois advogados ocuparem os lugares que seriam de John e Andrea.
- Quem vai explicar o que está acontecendo? – Guido perguntou, cruzando os braços e notei que todos estavam com roupas de quem foram acordados na pressa.
- Eu falo! – Pavel se levantou, apoiando as mãos na cadeira onde antes estava. – Hum... Beh... – Ele suspirou. – Eu não sei como falar.
- Quer que eu fale? – Angela, que andava de um lado para o outro atrás da minha cadeira, falou.
- Por favor... – Ele disse e ela se colocou mais próximo à mesa, onde todas podiam vê-la.
- Pavel recebeu uma ligação mais cedo de Andrea Agnelli, contando para ele que está tendo um caso de corrupção dentro da EXOR, que vocês sabem que é a holding da família Agnelli-Elkann que comanda tudo, a mesma em que John possui mais de 50 por cento das ações. – Assenti com a cabeça.
- Mas corrupção do que? – Outro perguntou.
- Desvio de dinheiro. – Pavel disse. – Está faltando cerca de três milhões de euros nos cofres da EXOR. – Arregalei os olhos.
- Oi?! – Falei, sentindo a garganta doer.
- É! – Ele bufou.
- Não tem provas ainda contra senhor Agnelli ou Elkann. – O tal do Alberto falou.
- Mas eles são os sócios majoritários de lá. – Antonio disse. – John é o presidente da EXOR.
- Sim, senhor, mas...
- Não vamos bater boca! Seremos práticos! – Pavel disse. – Chamamos essa reunião por isso. – Ele disse. – Não há provas a favor e nem contra o envolvimento de algum dos dois nesse caso de corrupção, mas isso vai cair na imprensa, será falado e temos o segundo jogo da temporada hoje, precisamos decidir o que fazer. Porque se cair em cima do John e do Andrea, vai cair em cima da gente.
- Beh, vamos votar no afastamento do Agnelli, então. – Monica disse e bufei.
- Sim, claro!
- Ei! Ei! Ei! Espera aí! – Falei mais alto, me levantando. – O Andrea é nosso presidente há sete anos, nós não podemos simplesmente votar pelo afastamento dele. – Falei firme.
- O senhor Agnelli está ciente disso, ele insiste em sua honestidade, mas entende se os senhores optarem por isso... – O advogado falou.
- Qual seu nome, por favor? – Amelia disse.
- Roberto.
- Alberto e Roberto, vai ser fácil. – Falei, bufando.
- Eu apoio uma votação. – Nico disse.
- Eu também. – Simone disse.
- Eu acho que precisamos de mais informações do que isso. – Falei firme.
- É difícil, null, mas não temos tempo. – Pavel disse para mim. – Existe esse rombo na EXOR, pode ter relação com John e Andrea, como não pode, mas isso só as investigações vão dizer. – Ele suspirou. – Eu sou amigo do Andrea há anos e acredito em sua inocência, mas ele sabe como isso vai afetar o time, as ações do time, e sugeriu resguardar o time antes que a imprensa caie em cima.
- Independente do resultado das investigações, que costumam ser bem longas em casos de corrupção, a opinião pública vai cair em cima e isso vai afetar as ações do time. – Roberto disse. – Isso pode não afetar em nada o time em si, torcedores, venda de ingressos e afins, mas as ações vão cair, eu tenho certeza.
- E o que o senhor sugere fazer? – Amalia perguntou.
- Uma votação para decidir o afastamento de Agnelli como presidente do time e outra logo em seguida para decidir o novo presidente e anunciar isso rapidamente para a imprensa. – Ele disse. – Ainda não vazou sobre o caso de corrupção, mas se nos apressarmos, podemos evitar uma queda muito brusca das ações ou algo muito pior.
- Além de que um novo presidente provavelmente vai abafar o caso de corrupção e pode acabar nem criando o incêndio que a imprensa vai querer criar com isso. – Angela disse e suspirei.
- Ok, eu não concordo com isso, mas tudo bem. – Bufei, suspirando.
- Oficializando votação. – Pavel disse. – Aqueles que concordam com o afastamento imediato de Andrea Agnelli como presidente da Juventus, levante a mão. – Ele disse e suspirei, vendo algumas mãos levantarem, Roberto, Alberto, Amélia, Guido, Nico, Antonio, Monica e Lapo... Algum tempo depois, Pavel também ergueu sua mão, deixando somente eu e Germano com as mãos abaixadas. – Todos confirmam seu voto?
- Sim. – Fui a primeira a falar.
- Por nove a dois, Andrea Agnelli não é mais o presidente da Juventus. – Pavel disse e bufei, negando com a cabeça. – Agora, a votação para o novo presidente da Juventus.
- Espera! – Falei firme. – Não é você?
- Não. – Ele disse.
- Em casos extraordinários, segundo a legislação do time, é preciso que seja feita uma nova votação entre todos os conselheiros com mais de sete por cento das ações. – Germano, um dos acionistas mais antigos, falou e eu engoli em seco.
- Ok, quem são? – Roberto disse.
- Agnelli e John, mas eles estão fora da votação por motivos óbvios. – Alberto disse.
- Lapo, Pavel, null e Germano. – Monica disse, checando um papel e engoli em seco.
- Pavel, oficializa. – Angela disse.
- Ok, oficializando votação. Entre Lapo Elkann, Pavel Nedved, null null e Savino Germano, quem vocês votam para presidente interino do time? Lembrando que esse tipo de votação precisa ter maioridade de seis votos para passar. – Pavel disse e Roberto e Alberto mexeram em seus celulares e imaginei que estivessem falando com Andrea e John. – Quem gostaria de começar? – Ele disse.
- Eu começo! – Falei. – null null vota em Pavel Nedved. – Falei, soltando a respiração forte. Para mim era a única opção possível.
- Andrea Agnelli vota em Pavel Nedved. – Assenti com a cabeça com a resposta de Roberto.
- Pavel Nedved vota em null null. – Pavel disse e apertei minhas mãos.
- John Elkann vota em null null. – Alberto disse, me fazendo olhar apressado para ele.
- Amelia vota em null null. – Virei o olhar para ela, respirando fundo.
- Guido Santini vota em Pavel Nedved. – Ele disse.
- Monica Berlotti vota em null null. – Engoli em seco.
- Nico Cristante vota em Savino Germano. – Pressionei as mãos.
- Lapo Elkann vota em null null. – Me surpreendi com o voto de Lapo e John em mim, me fazendo engolir em seco.
- Antonio Moreno vota em null null. – Fechei os olhos. Não, não, não. O senhor Germano gosta de mim, mas não, por favor...
- Savino Germano vota em null null. – Ele disse e engoli em seco, tossindo com o engasgo e senti dois tapas em minhas costas.
- Água! – Falei, vendo uma garrafa aparecer em minha frente e abri a mesma, virando quase metade da mesma.
- Votação finalizada. – Pavel disse. – Por sete votos a três a um, null null é a nova presidente interina do time.
- Isso não é possível, isso... – Senti as lágrimas começarem a deslizarem pela minha bochecha sem dó, mas eu não estava chorando, era um desespero.
- Você é a melhor opção, null. – Lapo disse. – Você cuida do dinheiro muito bem, e estamos falando de caso de corrupção, as contas sempre estiveram certas nesses anos todos. – Engoli em seco.
- Mas Lapo... – Suspirei. – É algo totalmente diferente.
- Não é, null. – Pavel disse. – Você é a escolha perfeita.
- E por quanto tempo eu vou ficar de presidente? – Falei firme. – Eu tenho a contabilidade e...
- Que tal um prazo de um ano? – Monica sugeriu. – Daqui um ano analisamos a situação de Andrea novamente, seu trabalho como presidente e fazemos uma nova votação.
- Acho justo. – Germano disse.
- Um ano... – Puxei a respiração, soltando-a em seguida.
- Todos concordam? – Pavel perguntou.
- Sim! – O coro ficou audível.
- Tem como eu não aceitar isso? – Perguntei.
- Até tem, mas você possui sete por cento das ações, é elegível, tem um histórico impecável e trabalha no time há mais de 17 anos, sabe como as coisas funcionam, não é uma simples investidora. – Amelia disse. – Eu sempre observo seus movimentos nas compras, null. Se você faz, eu faço, porque eu confio em você. – Suspirei.
- Eu nunca presidi nada. – Falei, negando com a cabeça. – Nem presidente de turma eu fui, como eu vou presidir um time desse tamanho?
- Não é nada muito diferente do que você faz, null. – Pavel disse. – É mais social e administrativo do que físico. Seu trabalho mais pesado é na contabilidade. – Puxei a respiração.
- E eu posso continuar na contabilidade? – Perguntei.
- Sim! – Germano disse. – Muitos times não possuem essa divisão de CEO para CFO. Vamos tentar por um ano. Vai ser bom! Temos uma nova posição começando, analisamos novamente em breve. – Engoli em seco.
- Dio mio... – Falei baixo, soltando a respiração devagar.
- Mas alguma votação? São 4:30 eu adoraria ir para casa. – Monica disse.
- Escolha do vice-presidente. – Amelia disse.
- Pavel. – Falei rapidamente. – Não tenho outra opção. – Falei firme. – Se eu vou ter que encarar isso, preciso dele ao meu lado. – Eles assentiram com a cabeça.
- Alguma outra observação nessa reunião extraordinária? – Pavel disse e todos se entreolharam, negando com a cabeça. – Reunião encerrada. – As pessoas se levantaram e eu abaixei a cabeça na mesa.
- In bocca al lupo, senhorita null. Tenho certeza de que fará um trabalho incrível. – Germano falou e ergui o polegar.
- Espero que o senhor esteja certo. – Falei, engolindo em seco, sentindo a respiração sair forte e falhada.
Senti alguns tapinhas nas minhas costas, outros me parabenizaram, mas um zumbido alto em meu ouvido me incomodou. Engoli em seco, passando as mãos no rosto e eu sentia as lágrimas deslizando incansavelmente, mas eu estava mais confusa do que triste. Minha vida ia mudar totalmente, eu nunca gostei de imprensa, aparições, e agora sou a presidente do time. Como se foge disso? Como se fica em segredo nisso? Ao menos o Gigi não está mais aqui para eu precisar esconder nossa relação estranha.
- null! – Ergui o rosto rapidamente, vendo Pavel e Angela na sala. – Acorda!
- ACORDA? VOCÊS ME FIZERAM PRESIDENTE! – Levantei apressada, segurando-o pela gola do paletó. – Isso é fodido!
- Ok, se acalma! – Ele disse, abaixando minhas mãos. – Sem usar violência. – Engoli em seco, limpando as lapelas de seu paletó. – Vai dar tudo certo, eu vou te ajudar a encarar isso, mas além do trabalho mais próximo com o administrativo, é basicamente um trabalho de relações públicas. – Ele disse. – Você precisa se comunicar com times, jogadores, federações, dar atenção à imprensa, torcedores...
- Eu vou te matar. – Engoli em seco. – Eu não posso ser presidente, Pavel! – Deixei meu corpo cair na cadeira de novo. – Agora que eu me livrei do Gigi, agora que eu prometi que iria valorizar minha vida... – Bufei, tendo um estalo. – EU ENTREI NA FILA DE ADOÇÃO, PAVEL!
- Você entrou? – Ele disse surpreso.
- ENTREI! – Falei firme.
- Isso é ótimo!
- Ah, vai ser ótimo lidar com o time, a contabilidade e um filho que precisa da minha completa atenção! – Falei firme.
- Ok, se acalma. – Angela disse. – Não é grande coisa, null. Você possui uma equipe incrível, tem treinado a Sara para ser uma nova você há anos, já possui uma relação incrível com o alto escalão e com os Elkann-Agnelli. Você viu! Lapo e John votaram em você.
- E o Andrea só não votou porque eu sou o vice dele! – Pavel disse. – Da mesma forma que você votou em mim.
- Uma coisa é a gente votar entre nós, outra é o pessoal de fora! Eu não sou amiga de nenhum desse pessoal fora daqui! – Falei firme.
- É por isso que você é a melhor opção, null. – Pavel disse. – Eles confiam em você de verdade. Tirando você, ninguém mais trabalha no time de verdade, ninguém entrou quando era jovem, cresceu no time, eu e Agnelli fomos apontados. Os acionistas investem, você é a melhor escolha. – Bufei.
- Mas o que eu vou fazer? – Passei as mãos nos cabelos, rindo de nervoso.
- Você libera dinheiro para as decisões menores do administrativo. – Assenti com a cabeça. – Agora você vai decidir. – Ele sorriu e engoli em seco. – Além de toda relação com os outros acionistas, os conselheiros, os jogadores...
- OS JOGADORES! – Apertei os olhos. – Dio mio!
- É, o apelido de chefa bem que serviu para alguma coisa. – Angela disse.
- Eu não estou vendo graça, gente! Eu já achava incrível ser top três, tinha dinheiro, relevância, atenção, era perfeito! Agora eu sou top um! – Falei firme!
- Isso é demais! – Pavel disse rindo e revirei os olhos. – Vamos fazer o seguinte, estamos na madrugada, vai para casa, dorme, acorda, toma um banho, relaxa, eu te encontro na sua casa as três da tarde para conversarmos e virmos para o jogo juntos.
- Espera! Isso já vale a partir de hoje? – Falei firme.
- Não, vamos te anunciar no meio da semana. – Angela disse.
- Mas o time precisa saber. – Pavel falou.
- Eu estou com dor de cabeça e não faz nem 10 minutos. – Apertei a cabeça.
- Vem, vamos embora! – Angela disse. – É sono...
- Não é sono e eu posso te garantir. – Bufei, respirando fundo.
- É, mas você vai precisar dormir bastante até assimilar tudo. – Pavel disse. – Vamos, eu te levo para casa. – Suspirei, engolindo em seco.
- E eu achei que tudo ia melhorar com a saída do Gigi, que eu finalmente poderia seguir a minha vida... – Pavel riu.
- Você pode, mas você vai ser presidente por pelo menos um ano. – Bufei.
- Eu estou odiando você achando graça disso tudo, Pavel. – Falei firme.
- Eu estou! Somos o primeiro time masculino europeu com uma presidente mulher! Isso é demais! – Ele disse rindo. – Estou muito orgulhoso de você! – Engoli em seco.
- Eu também. – Angela disse. – Vou adorar ver as manchetes.
- Eu odeio vocês! – Bufei, engolindo em seco.
- Vamos! Você precisa de algo forte e não é café! – Pavel disse, me puxando para fora.
- Tá bom, eu terminei! – Lou falou.
- Você promete? – Larguei o livro ao meu lado no sofá e levantei do mesmo para ir em sua direção.
- Prometo! – Ele disse e apoiei a mão na mesa para ver a atividade do seu livro de italiano.
- Hum, muito bem... – Virei a folha, checando se realmente todos os exercícios estavam feitos, apesar de não ser exatamente a melhor pessoa para checar se estava certo ou não. – Muito bem, toca aqui! – Estiquei a mão e ele bateu na mesma.
- Posso brincar? – Ele brincou.
- Vai tomar banho! Preciso ir para o estádio as três. – Dei um toque em sua cabeça, vendo-o bufar.
- Mas são 11 ainda. – Ele gemeu.
- E eu vou fazer almoço para vocês! O que vocês querem? – Perguntei, vendo Dado erguer o olhar dos exercícios de matemática.
- Não fazer exercício de matemática. – Ele disse dramático e eu sorri, apertando seu nariz, vendo-o rir.
- Eu prometi para mãe de vocês que vocês fariam seus deveres em troca de passar o fim de semana comigo. – Falei.
- É, mas você prometeu, não a gente! – Lou disse, me fazendo rir.
- Ah, seu safado! – Dei um tapinha em sua bunda, ouvindo-o gargalhar. – Vai, almoço!
- Eu gosto de massa. – Dado disse.
- Papai só tem um prato de massa, meu filho. – Falei e eles fizeram careta.
- Não! Atum não! – Louis gemeu. – Por que você não troca o atum pela calabresa? Ou por bacon?
- Bacon é bom! – Dado disse animado.
- Bacon? – Suspirei. – Um macarrão à bolonhesa tradicional? – Perguntei.
- É! – Eles disseram animados.
- Ok, Lou para o banho e Dado termina seus deveres para ir também. – Me levantei da mesa de jantar na sala.
- Ok, ok! – Eles disseram desanimados e sorri.
Apesar dessa implicância de pré-adolescente deles, eu ficava muito empolgado quando eles vinham me visitar. Só eles, sem minha mãe, sem irmã, sem Ilaria usando desculpa do Leo, pena que dessa vez ele não veio, ou ficaria perfeito.
Dei um beijo na cabeça de Dado e segui para a cozinha. Procurei no congelador carne e bacon e espiei na internet a receita. Saía do macarrão com atum e eu não sabia mais o que fazer, em compensação, amava macarrão à carbonara e pão caseiro. Eram minha perdição e coisas que eu sentia falta, já que dependia basicamente de comer fora para me alimentar e estava tentando aproveitar a cultura francesa para conhecer coisas novas, o que eu nunca fui adepto.
- Ok, pai, acabei! – Dado apareceu com seu livro e desviei o olhar do molho de tomate que fervia e sequei as mãos nos shorts antes de me abaixar para olhar as páginas do seu livro, me fazendo sorrir ao pensar que null aqui tiraria isso de letra.
- Muito bem, amore, agora para o banho! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Ok, ok! – Ele abanou a mão e ouvi o barulho do seu livro sendo jogado em algum lugar antes de seus pés correrem pelo apartamento.
Sorri e puxei o celular do bolso, abrindo o Instagram e esperei-o carregar com novas publicações. Dei uma rolada pelo mesmo, vendo se tinha novas publicações de alguém relevante, mas nada. Fui na minha pesquisa, encontrando o perfil da null ali e não tinha nada nos stories. Desci para as postagens e cliquei na última foto postada dela, do começo da Serie A na semana passada. Uma selfie dela, Pavel e Beppe na arquibancada durante o jogo. A legenda “Fino alla fine” e dois emojis preto e branco já eram de praxe.
Suspirei, vendo seu sorriso e me perguntava como estava indo as coisas com ela lá em Turim. Se ela estava bem, feliz, se havia conseguido seguir em frente. Essa última era uma incógnita para mim, pois por um lado eu queria que ela realmente seguisse em frente, agora por outro, eu não queria que ela me esquecesse.
- Pai! Eu posso ir assim? – Bloqueei o celular rapidamente, erguendo o olhar para Lou e ele vinha com aqueles moletons gigantes que eles gostavam de usar e um boné de aba reto do PSG.
- Pode... – Falei, franzindo a testa. – Parece que tem dois de você aí dentro, mas pode! – Falei, guardando o celular no bolso e ele mostrou a língua, me fazendo virar para o fogão novamente e dar uma mexida no macarrão que borbulhava na cabeça.
- Eu gosto! – Ele disse.
- Então vai assim! – Falei. – Mas vocês ficam mais bonitos com uma calça jeans, uma camiseta... – Ele ponderou com a cabeça e jogou a cabeça para trás, voltando para o quarto, me fazendo rir.
- Ah, eu já tive essa idade! Ele vai se arrepender muito! – Falei baixo, pegando um pouco do macarrão e colocando na boca, provando-o e desliguei a boca do fogão.
Com uma concha, peguei um pouco da água do cozimento e coloquei no molho e aumentei o fogo para deixá-lo engrossar um pouco. Ouvi passos agitados novamente e vi Lou voltando para a cozinha agora com a roupa que eu tinha indicado.
- Que tal?
- Eu acho que você está muito mais bonito. – Passei a mão em seus cabelos, jogando-o para trás. – Vai arrasar corações.
- Ah, pai! – Ele disse, fazendo uma careta e ri fracamente.
- Coloca a mesa para mim? – Perguntei.
- Pode deixar. – Ele disse e comecei a ouvir os barulhos dos pratos e talheres na mesa.
- Estou pronto! – Dado disse, chegando também.
- Está lindo, filho! – Falei, vendo que ele sempre ia na de Lou. – Mas eu trocaria essa blusa para comer. – Indiquei sua blusa branca. – Vai manchar!
- Ah, verdade. – Ele fez uma careta, voltando para o quarto, me fazendo rir.
- Está pronto, pai! – Lou disse e ouvi o barulho da televisão ser ligada.
Escorri o macarrão, colocando na panela de volta e derrubei o molho na massa, mexendo-o um pouco. Andei até a sala, colocando a panela no protetor de mesa e voltei para a cozinha para pegar o parmesão e o ralador, ralando-o uma porção antes de voltar para a sala.
- Ok, está na mesa! – Falei, vendo ambos jogando videogame.
- Só acabar essa fase! – Lou disse.
- Eu estou comendo! – Falei, me sentando à mesa e comecei a me servir. Não demorou mais do que um minuto para os dois se juntarem às cadeiras ao meu lado e começarem a se servir.
- Contra quem é o jogo hoje, pai? – Dado perguntou.
- Angers. – Falei. – Mas eu devo ficar no banco, pelo que falaram.
- Ah! – Eles falaram desanimados.
- Tem alguém conhecido nesse time? – Lou perguntou.
- Não que eu saiba, Lou. – Coloquei um pouco de massa na boca.
- A gente precisa vir um dia que você vá jogar. – Dado disse.
- Vocês devem voltar daqui um mês, provavelmente. – Falei. – Vou falar com a mãe de vocês.
- Traz o Leo junto, pai! – Lou disse. – Ele é pequenininho, mas ele gosta de ficar com a gente.
- Eu sei, meus amores. – Suspirei. – O problema é se a Ilaria vier junto, nada disso foi combinado e ela insiste em vir, e eu sei que vocês não querem ficar perto dela.
- É, ela é chata demais. – Dado disse.
- E ela te afastou da null! – Lou disse com a boca cheia, me fazendo rir.
- A gente vai fazer isso dar certo, meus filhos, está acabando. – Acariciei os cabelos dele antes de suspirar.
- Tem notícias dela, pai? – Dado perguntou. – Da null? – Suspirei.
- Não, meninos, nada de novo. – Pressionei os lábios.
- Quando isso vai acabar? Quando você vai poder ficar com ela? – Relaxei meus ombros.
- Provavelmente só ano que vem, meninos. Papai precisa ficar uma temporada aqui no PSG, preciso cumprir isso. Depois a gente analisa. – Falei calmamente.
- Vai ficar tudo bem, papai! Vocês se amam. – Lou sorriu.
- Espero que isso baste, amore. – Suspirei. – É muita coisa de adulto que eu não posso explicar para vocês, mas espero que isso basta, sinceramente. – Ele assentiu com a cabeça e virei o rosto para Dado que fez o mesmo movimento. – E limpem essas bocas, está tudo sujo de molho. – Falei, vendo ambos riram e estiquei o corpo na mesa para pegar os guardanapos, distribuindo um para cada.
- PRESIDENTE DA JUVENTUS? – Giulia gritou. – MINHA IRMÃ É A PRESIDENTE DA JUVENTUS? – Ela tinha um largo sorriso no rosto.
- Por favor, não aja como se isso fosse algo legal. – Falei, afundando meu rosto na mesa.
- ISSO É LEGAL! – Ela disse pulando na cadeira. – VOCÊ É A PRESIDENTE DO TIME, ! ISSO É SENSACIONAL! – Ela gritava.
- Você poderia falar mais baixo. – Pedi.
- EU NÃO CONSIGO! EU ESTOU MUITO EMPOLGADA! – Ela continuou.
- Mamá, por que ‘ocê tá guitando? – Kawan falou, colocando as mãos nos ouvidos e David riu, apertando-o em seus braços.
- Giulia, por favor! Não vê como ela está? – Giovanna falou, apertando minhas mãos. – Vai ficar tudo bem, querida.
- Como, tia Gio? – Suspirei, erguendo o olhar para ela. – Eu sou presidente do time. Isso é loucura!
- Pode parecer de início, mas você é a pessoa mais indicada para isso pelo que falou. – Fabrizio disse. – Você trabalha no time há 17 anos, é diretora há quase oito, nunca teve nenhum escândalo, mesmo com seu rolo com o Buffon, os sete votos deixaram claro que você realmente que você é a pessoa mais indicada para isso.
- Mas sério que eles me colocaram nisso no meio de um escândalo? – Suspirei. – Eu nunca gostei desse foco extremo em mim, imprensa, aparições, fãs, era tudo calmo, mas agora eu vou ter que abrir mão de tudo isso e encarar. – Suspirei.
- Eu não tenho o que te falar, querida, mas acho que isso vai ser algo bom, você está querendo uma distração mesmo. – Giovanna disse.
- Uma distração é o processo de adoção, Gio! E como eu vou seguir com esse processo de adoção se minha vida está uma loucura de novo? – Perguntei, vendo eles suspirarem.
- Você está repensando nisso? – Suspirei.
- Ser mãe solteira não é um trabalho fácil, mas eu conseguiria lidar bem trabalhando 10, 12 horas por dia, não 24! – Falei firme. – Não me parece justo.
- Não é justo você desistir do seu sonho por causa disso. – David disse. – Agnelli tem dois filhos e foi presidente por todos esses anos.
- Mas ele tem a Deniz! – Falei firme. – É diferente!
- E você tem a gente! – Giulia disse. – Nós só estamos falando isso, porque a gente acredita que você pode fazer isso, mana! – Ela respirou fundo. – A notícia está recente ainda, veja como vai ser isso, vai conversar com o Pavel, com o Agnelli, eles podem te ajudar a seguir dessa.
- Eu não sei o que fazer. – Suspirei, passando as mãos no rosto, sentindo as bochechas ainda molhadas. – Minha vida parece um barbante, ela vivou 17 anos embolada, aí quando eu consegui desfazer alguns nós, ela juntou tudo de novo e piorou o que estava antes. – Neguei com a cabeça. – Eu só quero uma vida calma, sem problemas, realizar alguns sonhos... – Eles pressionaram os lábios, suspirando.
- Mana... – Gianni me chamou. – A gente te ama muito! – Ele se aproximou, se abaixando ao meu lado na cadeira. – Mas você sempre foi incrível! Sempre lutou para chegar nos lugares mais altos, estudou, batalhou... – Sorri. – Pode parecer desesperador, mas pensa pelo lado bom da coisa: você é a presidente de um time de futebol. Da Juventus! – Ele riu fracamente. – Isso é incrível! – Senti meus olhos cheios de lágrimas mais uma vez. – Você chegou no ponto máximo e só tem 37 anos. Dá uma chance, é só um ano. – Suspirei.
- Ah, meu amor... – Passei a mão em seus cabelos. – Mas eu tenho tanto que eu quero viver ainda, tantos sonhos para realizar.
- Mas você pode fazer tudo isso, null! – Ele disse. – Imagina que incrível: presidente do time e mãe solteira? – Ri fracamente. – É bem poderosa.
- É sim... – Suspirei. – Não queria nada disso, mas é o jeito...
- Acho que você precisa olhar isso pelo lado positivo, filha. – Fabrizio disse. – Eles confiam em você! – Ele disse firme. – Você, uma estranha que ninguém sabe de onde veio, foi escolhida pelos donos do time para ser presidente! – Ele disse. – Demonstra a quantidade de confiança que tem em você. – Suspirei.
- Eu sei! Eu já pensei nisso, mas não consigo pensar na atenção que eu vou ter com isso. – Suspirei. – Eles vão me anunciar na semana que vem, aposto que eu vou ter que dar entrevistas, falar com a imprensa e eu odeio isso. – Suspirei.
- Acho que é uma oportunidade para você mudar sua opinião. – Gio disse. – Além de que você não precisa falar com a Ilaria, você ainda vai poder escolher.
- Você sempre teve tanta classe para falar com ela, não é agora que vai mudar. – Suspirei, olhando para Treze.
- Beh, se você não quer isso, null, você não precisa. – Fabrizio disse. – Você pode negar. Pede para refazer a votação e se torna inelegível. – Ele deu de ombros. – não sei como funciona, mas você não é obrigada e pode usar a desculpa de que quer se manter somente na contabilidade... – Pressionei os lábios.
- Eu não quero desistir...
- Isso não é desistir, null. Você não quer, simples.... – Passei as mãos nos cabelos.
- Não, sério! – Falei, suspirando. – Eu não quero desistir. Pode ser uma oportunidade boa, não? – Suspirei. – Eu não quero ser conhecida como a presidente que desistiu... Que não tentou... – Eles sorriram.
- Então agora isso muda de figura. – Fabrizio disse. – Vamos devagar, então... – Ele sorriu. – Veja como sua vida vai mudar, conheça um pouco do trabalho, se mesmo assim você não gostar, é só um ano, certo? – Suspirei, assentindo com a cabeça e distraí quando a campainha tocou.
- É o Pavel. – Falei, suspirando. – Ele veio me pegar para ir para o jogo.
- Eu atendo. – Pietro disse, pulando da bancada e seguindo até a porta de casa.
- Respira, mana! – Giulia disse. – Vai dar certo. – Suspirei.
- Eu só preciso de uma luz, que minha vida não vai ser sofrimento atrás de sofrimento...
- Talvez você tenha encontrado. – Nonna disse e suspirei, esticando a mão até tocar a dela na ponta da mesa. – Você é maior do que imagina, null! Vai tirar isso de letra. – Assenti com a cabeça. – Mas se você acha que precisa esperar antes de decidir sobre a adoção, fale com eles, peça para atrasar um pouco, isso não é vergonha nenhuma. Imprevistos acontecem... – Assenti com a cabeça. – E esse é um enorme imprevisto. – Rimos juntas.
- Nem me fala.
- Com licença? – Ergui o rosto para Pavel que entrava na minha cozinha. – Tudo bem? Tudo bem?
- Gente, se lembram do Pavel? – Falei.
- E aí, cara? – Treze o cumprimentou e depois tio Fabrizio lhe estendeu a mão.
- Conseguiu dormir? – Ele veio em minha direção, dando um beijo em minha cabeça.
- O que acha? – Perguntei, indicando minhas olheiras e ele riu fracamente.
- Vai dar certo, null! Confio em você! – Ele sorriu. – Eu e todo mundo, na verdade. – Ele apoiou a mão em meu ombro. – Pode ter certeza de que tem muita gente apoiando você.
- E contando comigo... – Suspirei.
- Também, mas vamos devagar. – Ele disse.
- Pode esperar? Eu não consegui tomar banho ainda, fiquei até eles olhando para o nada.
- Também não comeu. – Giovanna disse e suspirei.
- Eu tenho sobras na geladeira. – Falei.
- Ótimo, eu vou esquentar algo para você enquanto você toma banho. – Ela disse e suspirei.
- Vem, eu te ajudo! – Giulia disse, me esticando a mão. – Vem, Kawan! Ficar com a dinda! – Ela disse.
- Dinda! – Ele me estendeu os braços e sorri, pegando-o no colo e ele me abraçou.
Suspirei, seguindo em direção ao segundo andar e deixei Giulia e Kawan na minha cama enquanto eu tomasse banho. Não tive pique para fazer muita coisa, então não lavei os cabelos e só passei um batom claro em meus lábios. Não teria como esconder as olheiras mesmo. Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo e coloquei jeans e camiseta, além de um tênis nos pés.
- O que acha? – Perguntei.
- Podia estar melhor, mas não vou exigir. – Ela disse e suspirei.
- Tá linda, dinda! – Sorri, inclinando meu corpo na cama e dei um beijo em sua bochecha.
- Obrigada, meu lindinho! – Suspirei.
- Você vai ficar no jogo? – Giulia perguntou.
- Eu não sei, não tenho capacidade para isso, mas vamos ver...
- Vai dar tudo certo. – Ela me apertou e eu suspirei. – Quer que a gente vá?
- Acho que preciso encarar isso sozinha. – Ela assentiu com a cabeça.
- Tudo bem, mas vamos comer.
Ela pegou Kawan e fomos lado a lado de volta para a cozinha. Pavel parecia enturmado com minha família e me esticou a mão quando me aproximei. Senti o cheiro do macarrão à bolonhesa que eu havia feito na noite passada, e me sentei à mesa. Eu estava começando a me distrair com comida. Era incrivelmente relaxante e ajudava a melhorar um pouco o meu repertório.
Comi enquanto ouvia as conversas paralelas, ouvindo Treze e Pavel falarem da nova temporada com Gianni. Fabrizio e Giovanna sussurrando sobre mim sem a mínima discrição, e Giulia com os olhos em cima de mim como um gavião.
- Eu vou escovar os dentes. – Falei ao terminar de comer a sobra.
- Não quer mais?
- Não! Está bom já! – Falei, seguindo para o andar de cima.
Voltei para cima, escovando os dentes e retoquei o batom, me encarando no espelho. Essa era a imagem da nova presidente da Juventus. Tirando os jogadores e a equipe, ninguém saberia disso, mas já sabia que precisaria me apresentar para o time feminino, para os funcionários e, depois eu seria anunciada. Talvez em uma semana minha vida já estaria de cabeça para baixo.
Mais ainda...
- Ok, podemos ir.
- Não quer que vá junto? – Gio perguntou.
- Não, não! – Falei. – É melhor eu lidar com isso sozinha.
- A gente vai para casa e te esperamos lá, pode ser? – Giulia disse e assenti com a cabeça.
- Tudo bem, Pavel me deixa lá, pode ser?
- Claro! – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Beh, eu vou indo...
- A gente fecha as coisas, vou organizar aqui para ti. – Giovanna disse e suspirei, assentindo com a cabeça.
- Amamos você! – Gianni disse e sorri.
- Amo vocês. – Suspirei, acenando e olhei para Pavel. – Vamos lá.
- Vamos! – Ele esticou a mão e segui com ele até seu carro estacionado na frente da minha casa.
Entrei do lado do carona e fui em silêncio até o estádio. Peguei meu celular para me distrair e vi uma notificação do aplicativo de futebol que eu tinha e o abri discretamente, vendo que tinha jogo do PSG x Angers em uma hora. Não daria para ver hoje. Observei a escalação e vi que Gigi estava no banco e fiquei um pouco mais relaxada ao constatar isso. Ao menos não seria uma grande perda.
Chegamos no estádio 16:30, horário tradicional e soltei um longo suspiro antes de entrar no estádio. Não tinha nada de diferente da última vez que eu estive aqui para jogo. Eu ainda estava chorando e ainda parecia que o mundo tinha acabado, mas agora por motivos diferentes. Pavel apertou o botão do elevador e suspirei ao entrar, esperando pacientemente até ele chegar lá embaixo.
Respirei fundo quando chegamos lá embaixo e vi o pessoal de sempre no túnel. Angela, Virginia, Cesare, o pessoal do staff, jogadores voltando dos treinos, o de sempre. Pavel e Beppe também estavam lá e vieram em minha direção.
- Ei, ragazzi! – Fabio disse.
- Ciao. – Suspirei.
- Angela nos contou. – Beppe disse, me abraçando e suspirei. – Como está se sentindo? Te parabenizo? – Ri fracamente.
- Ainda não. – Suspirei e ele deu um beijo em minha cabeça.
- Ela está confusa ainda. – Pavel disse e abracei Paratici.
- Vai ficar tudo bem. – Ele disse e suspirei. – Você é a opção certa para o trabalho.
- Adoro que eles falam isso na sua frente. – Falei para Pavel que riu fracamente.
- Não é mentira, null! – Ele disse. – Você é a opção mais certa. Eu confio nisso!
- Deus te ouça! – Suspirei.
- Vamos lá dentro? Avisar antes do jogo? – Pavel disse e puxei a respiração fortemente, soltando-a segundos depois.
- Ai, vamos! – Engoli em seco.
- Vem! – Ele me chamou e andei junto dele em direção ao vestiário.
- Ciao, ciao! – Ele disse e acenei rapidamente, abraçando Filippi quando passei por ele.
- Você está bem?! – Ele me perguntou e respirando fundo.
- Você vai entender... – Falei e ele franziu a testa e segui junto de Pavel.
- Buona sera, ragazzi! – Pavel falou e segui logo atrás dele.
- Sera! – Ouvi as vozes dos jogadores e entrei atrás de Pavel, engolindo em seco ao ver os jogadores se arrumando e passei meus olhos pelo pessoal que tinha mais contato e alguns acenaram timidamente, mas tentei não demonstrar nada, eu estava me segurando para não chorar.
- Podemos dar um aviso? – Pavel perguntou baixo para Allegri
- Claro! – Ele disse. – Podem nos dar uma atenção rapidinho, por favor? – Allegri pediu e pressionei as mãos uma na outra.
- Beh, ragazzi, hoje é o primeiro jogo aqui na nossa casa da temporada, mas precisamos ajeitar algumas coisas antes de entrar em campo. Esperamos que isso não afete o jogo hoje. – Pavel falou e alguns jogadores se levantaram.
- Uma bomba foi estourada ontem e estamos tentando conter antes de atingir o time, vocês e tudo mais. – Pavel falou. – A EXOR aqui na Itália está sofrendo um caso enorme de corrupção. E, como vocês sabem, os atuais donos da EXOR são a família Agnelli-Elkann, que vem a ser os donos do nosso time também e por aí vai. – Senti uma mão me apertar e virei o rosto para Chiello, abraçando-o de lado e ele deu um beijo em minha cabeça. – Esse caso é recente ainda, a equipe de comunicação está fazendo de tudo para abafar ao máximo para não respingar no time. – Ele falou. – Respingando no time tem problema com acionistas, patrocinadores, quedas nas ações e tudo mais, e estamos no começo da temporada, não podemos perder isso agora, que é um momento tão crítico. – Ele falou. – Bom, com isso, John Elkann e Andrea Agnelli estão.
- Oh! – O pessoal reagiu.
- Vish!
- Ragazzi... – Allegri pediu.
- Beh, com isso os acionistas decidiram afastá-lo da empresa até segunda ordem. O caso é maior do que esperávamos, então realmente não sabemos com que estamos lidando ainda. – Pavel suspirou. – Dito isso, precisamos escolher alguém para tomar o lugar dele. Tivemos uma votação e foi escolhido alguém que consiga tomar as dores do time, alguém que está aqui há muitos anos, que sempre esteve à frente de muitas decisões, que tem uma relação próxima com os jogadores e com os funcionários em geral... – Ele respirou fundo. – Por isso escolhemos a null como a presidente da Juventus. – Ele falou, e só ele e Allegri que me aplaudiram, me fazendo engolir em seco.
O silêncio no vestiário pesou. Todo mundo olhava para mim surpresos e eu não sabia o que dizer. Alguns me olhavam felizes, outros só tinham as bocas entreabertas, mas o silêncio e o choque falaram mais altos. Não sei se o choque de eu ser presidente ou o choque da corrupção e das medidas desesperadas que tivemos que tomar. As palmas cessaram rapidamente, mas o choque ainda tomava conta de tudo.
- Vamos ter algumas mudanças nos próximos dias, mas por enquanto é isso. Caso vocês sejam perguntados sobre, só pedimos para vocês dizerem que não sabem de nada. – Angela, gerente de comunicação falou.
- null vai começar em sua nova posição a partir de setembro e será anunciada em breve, mas não se preocupem que ela vai continuar da contabilidade resolvendo as contratações com vocês ou novos jogadores. – Pavel falou. – Você quer falar algo? – Ele se virou para mim e só consegui negar com a cabeça.
- Não, estou bem. – Minha voz saiu falha e engoli em seco.
- Beh, buon gioco, ragazzi! – Ele disse e suspirei, virando de costas e saindo rapidamente do vestiário.
- null? – Vi Filippi e virei para ele. – Isso é sério?
- É sim... – Engoli em seco.
- Ah, minha querida! – Ele me abraçou fortemente. – Vai ficar tudo bem.
- Como sabe?
- Porque é você! Você é demais! – Ri fracamente e pulei com o susto de algo batendo.
- OH, CARA! – Ouvi algumas reclamações.
- Podemos falar depois? Eu preciso...
- Claro! – Filippi deu um beijo em minha cabeça e assenti com a cabeça, suspirando, antes de seguir pelo túnel.
- Aonde vamos agora? – Perguntei.
- Vamos analisar o território antes, não se preocupe, ninguém mais sabe. – Engoli em seco.
- Queria que fosse fácil. – Abanei a mão.
- Aqui, Gigi! – Marcel me esticou a revista e virei a nova France Football com a minha foto na capa e ri fracamente.
“Gosto de me colocar em perigo”, neguei com a cabeça ao ver o escrito na capa e neguei com a cabeça. Foi difícil colocar em palavras que não fossem “eu estou fazendo isso pela mulher que eu amo” para explicar a minha saída da Juve. Sempre falava que gostava de desafios, então acabei usando esse desafio, mas de tudo o que eu falei sobre me achar melhor hoje do que aos 35, que as pessoas precisam sair das zonas de conforto dela e tal, eles me pegaram isso.
Beh, tudo bem. Ao menos seria um tipo de promoção minha, do time, uma afirmação de que essa mudança era real, e podia tentar me desapegar um pouco. Folheei as páginas, encontrando minha matéria e passei os olhos rapidamente pela mesma, negando com a cabeça.
- Alph! – Chamei o outro goleiro.
- Fala, Gigi! – Ele disse.
- Pode tirar uma foto? – Pedi, pegando meu celular na mochila e entreguei para ele.
- Opa! – Ele disse rindo e fingi ler as palavras da revista para ele tirar algumas fotos. – Pronto! – Ele disse, me entregando.
- Graz... Merci! – Falei e ele riu.
- Você ainda se acostuma. – Ele disse. – Vou para o banho.
- Claro! Vai lá! – Falei, suspirando.
Deixei a revista de lado, colocando-a no meu espaço e olhei as fotos que Alphonse tinha tirado minha e entrei no Instagram para fazer um post. Selecionei uma foto e escrevi alguma besteira antes tipo “É bom ler de si mesmo na França” e postei, esperando a foto carregar. Suspirei, vendo as notificações começarem e rolei as fotos para baixo, vendo algumas postagens rapidamente.
Franzi o rosto ao ver uma foto linda de null de braços cruzados e as palavras “benvenuta, null”. Franzi a testa, confirmando se era o perfil da Juve e era. Beh, bem-vinda por quê? Rolei a página, vendo a legenda do post. “A Juventus anuncia que, após votação do conselho, null null foi escolhida como a nova presidente do time”.
- O QUÊ?! – Gritei, vendo alguns olhares viraram para mim.
“Conosco desde abril de 2001, null recebeu sete dos 11 votos e se torna hoje a primeira presidente mulher do clube. null seguirá os trabalhos de Andrea Agnelli e continuará na contabilidade como responsável pelas contratações. ‘É um enorme prazer poder continuar meu trabalho na Juventus em outra colocação. Tenho a consciência de que não é um trabalho fácil, mas conheço esse time há bastante tempo e sei que, com uma administração correta, ele continuará crescendo’, disse null. Para ler mais, vá nos stories e veja a notícia completa”.
- Cazzo! Cazzo! Cazzo!
- Ei, Gigi! – Virei para Thiago. – Está tudo bem? – Ele perguntou.
- Ah, beh... – Sacudi a cabeça. – Se lembra daquela mulher que eu comentei contigo? Que eu estou fazendo uns esforços por ela?
- Sim... – Virei o celular para ele.
- Ela acabou de ser anunciada presidente da Juventus. – Engoli em seco.
- CARALHO! – Ele disse e eu suspirei. – Isso é incrível, não? Para ela, para você, para o time? – Ele falou.
- É incrível! – Falei rindo fracamente. – Mas eu não tenho ideia do que pode ter acontecido, por que ela? Por quê? Ela nunca gostou desse tipo de atenção. – Falei, rindo fracamente.
- Não tem nada de notícia aí? – Ele perguntou e fui até os stories, encontrando a postagem e subi a tela, vendo-a abrir a notícia no site da Juve.
“null null é a nova presidente da Juventus.
Após decisão de Andrea Agnelli em se afastar do time, uma nova votação foi feita e null null, um dos seis elegíveis dos 11 conselheiros, venceu por sete votos a 11 e se torna a primeira presidente da Juventus.
null, 37 anos, trabalha na Juventus desde 2001, onde entrou como estagiária na área de contabilidade, durante todos esses anos, ela passou por analista, coordenadora até se tornar diretora da área. O ex-presidente Agnelli diz que ‘após meu afastamento, não podia ter escolha melhor. null está conosco há 17 anos, é de extrema confiança minha e de toda família Agnelli, conhece o time, os jogadores, a equipe e sempre fez o melhor para o time. Tenho certeza de que ela vai levar o time cada vez mais adiante e nos tornar cada vez mais sucessíveis’.
Apesar da mudança na presidência, null manteve a escolha de Pavel Nedved como vice-presidente e ambos tomaram posse em sessão extraordinária do conselho feita no dia 25 de agosto.
In bocca al lupo, null”.
- Fala que foi escolhido em sessão extraordinária do conselho. – Franzi a testa. – Eu não sou bom, mas isso quer dizer que foi emergência, não?
- Foi o que me pareceu. – Thiago disse e suspirei. – Bom, Gigi, você está apaixonado por um mulherão agora! – Ri fracamente.
- Ela sempre foi. – Sorri, ouvindo-o rir. – Só quero saber o que aconteceu. – Me levantei. – Licença.
- Claro! – Ele disse, dando dois toques em meus ombros.
Entrei na conversa de null, já que eu fiz questão de guardar seu telefone mesmo no telefone, e vi não tinha nada em nosso papo. Nunca tinha conversado com ela aqui. Pensei por alguns segundos e não sabia seu nível de raiva para cima de mim, se ela estava bem, se ela estava com raiva, mas imagino que estava com raiva ainda, principalmente se ela estivesse vendo as fotos que saíram minha e de Ilaria.
Saí do WhatsApp e voltei ao Instagram, entrando no perfil de null dessa vez, vendo que tinha a mesma foto da Juventus e fui na legenda “Obrigada pela oportunidade, Juventus. É um prazer ajudar meu time”. Desci para baixo e vi vários comentários do atual elenco e de algumas pessoas antigas. Mira, Alex, Mario, Del Piero, Trezeguet, Pavel, Barza, Leo, Chiello… CHIELLO! Ele poderia me dar as informações.
Saí para fora do vestiário, tentando andar até um lugar um pouco mais vazio e acabei entrando no campo novamente, só lá eu conseguiria ficar realmente sozinho, e disquei o telefone de Chiello. Era pouco mais de cinco horas, eles tinham jogo só no sábado, alguma chance de o Allegri estar em campo ainda?
- Alô? – Ouvi sua voz.
- Chiello? É o Gigi! – Falei.
- Ei, cara! Não reconheci seu número! – Ele disse.
- É, eu peguei um daqui. Pode falar?
- Já até imagino do que vá falar. – Ele disse. – Já volto, ragazzi!
- Está com quem?
- O pessoal, estamos aqui na academia. – Ele disse. – Ok, pode falar.
- null presidente? O que aconteceu? – Perguntei, passando as mãos nos cabelos.
- Cara, você não vai acreditar, tem merda acontecendo com Agnelli e com o John Elkan! – Ele disse.
- O quê? Você sabe? – Perguntei.
- Cara, eu não sei muito, não consegui falar com a null sozinho ainda, o pessoal está real em cima dela. Ela, Angela e Pavel estão andando de um lado para o outro e a null claramente não dorme há dias.
- Mas o que aconteceu? Isso não estava nos planos, estava? – Me apoiei na baliza.
- Então, ela foi para Verona com a gente no primeiro jogo da temporada, beleza. No segundo, ela apareceu acompanhada do Pavel, uma cara de quem havia levado um soco em cada olho, quase sem maquiagem, DE TÊNIS! Você sabe que a null só usa tênis...
- Quando alguma coisa bem ruim aconteceu. – Falei.
- Exato! E aí no maior clima de velório, Pavel anunciou que a EXOR, FIAT, sei lá, as empresas do John e do Andrea, estavam com um caso de corrupção e que, para segurar de dar problema no time, ações, patrocínios e tal, o Agnelli foi afastado e a null foi escolhida em votação para ser presidente.
- Uou! – Falei surpreso.
- É! Aí ficou aquele clima e o Barza foi falar com ela, ela disse que está com um rombo de três milhões de euros, o caso é gigantesco.
- Cazzo! – Apertei a cabeça. – E aí?
- Beh, aparentemente é por um ano, mas eles não sabem dizer, muito menos se Agnelli é realmente culpado ou inocente. Eu dei uma procurada online, agora que a anunciaram, por enquanto não tem nada, mas eles vão chegar nesse caso logo mais e eu preciso estar preparado para a próxima coletiva... – Ele suspirou.
- Meu Deus! Eu não sei no que eu fico mais surpreso, null ser presidente do time. Que me deixa incrivelmente orgulhoso por ela...
- Ela não está exatamente pulando de alegria, está pior de quando tinha o rolo de você dois, mas o Barza falou a mesma coisa, é algo incrível! – Ele suspirou.
- É, mas parece que o universo está conspirando a favor, Chiello. – Falei, rindo em seguida.
- Como assim?
- O segredo dela...
- OH! – Ele disse. – Eu não me lembrei disso, cara. – Ele disse. – Ela vai dar entrevistas, não?
- Imagino que sim, também imagino que boa parte do surto dela é esse. – Falei. – null sempre odiou ser o centro dos holofotes, apesar de merecer muito, ela deve estar odiando isso.
- Beh, será que foi algo planejado? – Chiello perguntou.
- Não, porque o Andrea não perderia três milhões de dólares só para me ajudar, somos amigos, mas nem tanto... – Ele riu fracamente. – Mas talvez o Pavel tenha dado uma ajudada na votação.
- Pode ser, mas foram sete votos a 11, Gigi. O Lapo votou nela! – Ele disse. – O Lapo e o John! Eles amam a null e não é segredo para ninguém. Se eles e o Pavel votaram nela, talvez o povo tenha se sentindo confiante em fazer o mesmo. – Suspirei.
- Talvez, mas não posso tirar o mérito da null, ela tem feito um trabalho incrível com o time, qual é! Ela trouxe o Cristiano Ronaldo! – Falei, ouvindo-o rir.
- É! Isso foi surpreendente. – Suspirei.
- Che cazzo, Chiello! Isso é loucura! Eu preciso falar com ela. Ao menos mandar uma mensagem. – Falei.
- Boa sorte, ela não me responde há três dias e eu realmente quero saber como ela está.
- Se descobrir, me avisa, duvido que ela vá me responder. Como ela está com as coisas? – Perguntei.
- Beh, ela acaba conversando mais com Barza, ele está realmente preocupado com o bem-estar dela, o começo da temporada foi pesado, mas tive a impressão de que a vida seguiu, sabe? De uma forma ou de outra, e ninguém pergunta sobre você porque sabemos que é um assunto delicado.
- Sim, entendi... – Suspirei. – Beh, se souber dela, me avise por favor. Eu estou em choque, mas eu estou muito feliz.
- E aí? Como estão as coisas? Conseguiu se acostumar?
- Beh... – Ri fracamente. – É como um time de futebol, mas aí eu me sentia mais em casa. – Falei. – Começar do zero é bom, mas difícil...
- Vai ficar tudo bem, cara! Eu já tinha essa esperança, mas agora com ela presidente! Só precisamos rezar para isso não ser um tabu na vida dela e ela não falar do assunto... – Suspirei.
- Não me lembre dessa possibilidade, cara! – Falei, ouvindo-o rir.
- Boa sorte, Gigi!
- Você também! Continuem ganhando! – Ele riu fracamente.
- Pretendemos! – Sorri antes de desligar o telefone, me fazendo suspirar.
Suspirei, percebendo que tinha um largo sorriso no meu rosto. null presidente da Juventus! Isso era magnífico! Queria muito saber como ela está se sentindo, provavelmente perdida e confusa, pelo que eu conheço, mas isso é incrível! Planejado ou não, a null sempre mereceu esse posto! Ela sempre foi incrível, inteligente, preocupada em fazer o melhor para o time, era óbvio que ela seria a melhor escolha. A melhor escolha para tudo.
Abri o aplicativo de mensagens novamente e abri a conversa com ela novamente, me fazendo suspirar. Observei sua foto e vi que tinha sido mudada, antes era uma foto mais despojada dela, agora era a mesma foto de anúncio dela como presidente. Cabelos lisos, corpo virando um pouco para trás, braços cruzados e um sorriso misterioso. Linda demais.
“Parabéns pela presidência. Você merece e muito! Estou muito feliz e orgulhoso de você. Auguri!” – Li algumas vezes antes de enviar e apertei o botão.
Encarei o celular alguns minutos enquanto voltava para dentro do vestiário e parei quando minha mensagem ficou azul. Ela leu! Ela leu! Observei o online formar ao lado de sua foto e esperei algum tempo. O online ao seu lado sumiu e a mensagem não veio, me fazendo suspirar.
É! Ela ainda está brava comigo!
Capitolo centoundicie
- null! null! – Bufei ao passar pelos portões do estádio, acelerando o carro para fugir dos fotógrafos na porta e tirei uma mão do volante para apertar a cabeça.
Segui em direção ao estacionamento de sempre e parei o carro na minha vaga privativa, ao menos isso era a mesma desde a inauguração do estádio. Desliguei o carro, puxando minha bolsa e saí do carro, vendo Angela parada na calçada e bufei, jogando a cabeça para trás.
- Buon pomeriggio! – Ela disse com um sorriso no rosto e suspirei.
- Você ficava atrás do Agnelli assim? Eu não me lembro! – Falei e ela riu fracamente.
- Eu fiquei assim nos primeiros meses, coisa que você não se lembra porque você ainda não era diretora...
- Eu estava me recuperando de um câncer. – Falei.
- É, isso também. – Trocamos dois rápidos beijos.
- O que você quer? – Perguntei, andando em direção à entrada do estádio com ela.
- Como você está? A ficha já caiu melhor? – Ela perguntou. – As olheiras melhoraram, pelo menos.
- Beh, ir para Ibiza com os meninos foi uma ótima opção, pude relaxar...
- Relaxar em que sentido? – Ela perguntou sorrindo.
- No literal! – Falei. – Além de festa, eu só dormi! – Suspirei, vendo as pessoas acenarem para mim, me obrigando a sorrir para elas.
- Nenhum homem para se divertir? – Ela perguntou e ri fracamente.
- Não dessa vez, esse tipo de diversão não é para mim, por mais que Barza fale que sim. – Ela riu fracamente. – Mas deu para eu descansar, aí eu voltei e conversei com Andrea, depois encontrei toda a família Agnelli para um jantar... – Suspirei. – Apesar dos efeitos colaterais, eu estou bem.
- Efeitos colaterais? – Ela perguntou e acenei para o segurança, entrando no elevador privativo.
- É, da ansiedade louca, sabe? – Falei, rindo fracamente. – Cabelos brancos, espinhas, ganho de peso, muita fome, azia depois de comer... – Suspirei. – Ah, e o meu ciclo menstrual doido, mas ele sempre foi por causa do câncer. – Ela apertou o botão do térreo. – Mas acho que estou pronta para finalmente encarar essa nova realidade.
- Fiquei muito feliz com a sua mensagem, temos muitas coisas para resolver ainda. – Ela disse.
- Ah, o quê? – Suspirei, trocando a bolsa de mão.
- Beh, a começar que temos diversas empresas de televisão querendo uma entrevista contigo... – Joguei a cabeça para trás. – Você não vai poder fugir deles por causa da Ilaria, null.
- Ok, mas precisamos colocar algumas regras nisso. – Falei firme. – Eu só falo com a Sky Sports se for entrevista pós-jogo e que não vá para ela no ao vivo.
- Combinado. – Ela disse.
- Também não quero ela presente em nenhum evento do time, entendido? Acho que posso mandar nisso, pelo menos...
- Combinado. – Ela arregalou os olhos, anotando em seu celular.
- E...
- ! – Ela me chamou firme. – Se acalma! – Ela disse. – Não vamos dar mais chances para a sua ansiedade atacar, que tal? – Ela disse e suspirei, parando no túnel. – Já entendi que você não quer falar com ela, e eu também não, imagino que seria uma troca de farpas incrível, mas pensei de você começar em um talk show, algo mais relax, alguém confiável, longe desses jornalistas esportivos surtados, algo honesto, uma conversa boa... – Suspirei.
- Ok, pode ser uma boa escolha... – Ponderei com a cabeça.
- E eu nunca te passei por um media trainning, mas isso vai acontecer amanhã! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Ok! – Falei.
- Vamos treinar suas respostas, treinar possíveis perguntas, aí você vai me dizer o que eles podem ou não podem perguntar quando eu marcar a entrevista...
- Acho que eles podem perguntar tudo. – Dei de ombros. – Honestamente, Angela, tirando o rolo com o Gigi... – Falei baixo, olhando em volta. – Eu não tenho nada para esconder.
- Mesmo? – Ela arregalou os olhos.
- Mesmo! Órfã, morei com uma avó horrível, tinha uma família mais horrível ainda que eu não conheço, fugi de casa, vim para Turim, fiz faculdade, entrei na Juve e estou aqui há 17 anos. – Dei de ombros.
- Hum, interessante. – Ela sorriu.
- Acredite, não tem. – Suspirei. – Só fuja de perguntas do Gigi ou de algum ex-namorado, porque eu não vou falar dele e nem do Barza, sobra um que eu tive há 10 anos, isso não vai colar... – Ela riu fracamente e entrei no vestiário.
- Tudo bem, eu vou checar, que tal o Fabio Fazio? O Che Tempo Che Fa é um programa famoso, genuíno, e não tendencioso, costumam ser conversas simples, além de ter plateia, então você já analisa a reação conforme as respostas...
- É, parece interessante... – Ponderei com a cabeça.
- Ok, próxima coisa, jogos e viagens, o pessoal de RP quer saber se você vai para Valencia e para os outros jogos.
- Sim, eu vou... – Entrei no vestiário, vendo-o vazio ainda e eles estavam ainda em jogo. – Vou para Valencia, Frosinone, Manchester e sei lá que mais jogos temos por enquanto... – Abanei a mão, atravessando o vestiário e chegando na sala da fisioterapia.
- Ok, também precisamos marcar reunião com os patrocinadores, eles já te conhecem como contadora, mas seria interessante uma reunião de confiança como presidente para reforçar contato... – Suspirei.
- Ok, pode marcar, menos dia 25 que tem reunião mensal do top e é minha primeira reunião liderando... – Ela assentiu com a cabeça.
- Tudo bem... – Ela disse. – Sobre a contabilidade...
- Estou começando a odiar esse trabalho... – Suspirei.
- Logo mais você nem vai notar minha presença. – Ela disse rindo e sorri.
- Sobre a contabilidade? – Falei.
- Você vai querer colocar alguém como diretora interina ou...
- Não! Eu cuido disso, é só um ano, Angela! – Falei firme. – Depois tudo volta ao normal.
- Beh, não diria com tanta certeza. Vai ser difícil explicar esse caso para a imprensa... – Virei para ela.
- Não me faça querer pegar seu pescoço, Angela...
- Ok, próximo... – Ela suspirou.
- CHEFA! – Ouvi o grito de Dybala.
- Me dá cinco minutos. – Ela assentiu com a cabeça e Paulo pulou em meus braços assim que se aproximou, me fazendo rir.
- Ah, você está aqui! Como você está? Está melhor? – Ele perguntou rapidamente, me fazendo rir.
- Eu estou, está tudo bem! – Suspirei, abraçando-o.
- E aí, null? Resolveu aparecer? – Chiello perguntou, me fazendo rir.
- É, precisava só de uma terapia, um tempo de descanso e estou nova. – Ponderei com a cabeça. – Quase nova.
- Você está ótima! – Ele disse e vi Tek em seguida.
- Não assusta a gente. – Ri fracamente.
- Está tudo bem, prometo. – Dei um beijo em Pinso em seguida, abraçando-o de lado.
- Você está bem mesmo? – Mario perguntou e suspirei.
- Eu estou bem. É bastante coisa, mas prometo que estou melhor. – Suspirei, sentindo Leo me abraçar.
- Agora que você está melhor... – Paulo começou.
- Não começa, querido. – Falei, ouvindo-o rir.
- A gente pode te parabenizar? – Ele continuou e eu ri fracamente. – Eu sei que pode parecer loucura e assustador e você só quer seguir sua vida, mas... – Ele suspirou. – Você é a responsável por esse time aqui, chefa! Só estamos aqui por causa de você... – Pressionei os lábios. – O apelido chefa é brincadeira, porque você é nossa amiga também. – Ele apoiou a mão em meu ombro. – E a estamos muito orgulhosos de você.
- Ah, Paulo! – Apertei-o fortemente em um abraço, suspirando. – Vocês vão me chorar.
- Ah, chefa! – Os meninos falaram, entrando em um grande abraço grupal.
- UN PRESIDENTE! C’È SOLO UN PRESIDENTE!
- Ah, não começa! – Falei, ouvindo o pessoal rir e me afastei, passando as mãos nos olhos. – Agradeço muito o carinho de todos vocês. – Suspirei. – É bom saber que eu não estou sozinha nessa.
- Nunca esteve! – Filippi disse e abracei-o de lado, sentindo-o dar um beijo em minha cabeça. – Estamos aqui para você, chefa!
- Agora chega de choradeira, temos um jogo! – Allegri disse mais alto, distraindo o pessoal e sorri, vendo-o se aproximar.
- Firme?
- É, firme... – Suspirei, abraçando-o de lado. – Eu não sei o que Agnelli falava para vocês antes dos jogos, pois ele costumava vir antes, mas in bocca al lupo. Estou torcendo por vocês. – Eles riram.
- Grazie, chefa!
- Ei! Ela já está aqui! – Pavel disse entrando do outro lado.
- Vim conhecer meus súditos! – Falei.
- Achei que era presidente, não rainha! – Mario disse e empurrei-o pela barriga, ouvindo-o rir. – Mas daria uma ótima rainha também. – Ele deu um sorriso sarcástico e ri fracamente.
- Eu vou subir, vou ver se alguém dos Agnelli estão aí. – Falei.
- Ok, vai lá! – Ele me deu um rápido abraço.
- Ciao, ragazzi!
- Ciao, chefa!
- Ciao, rainha! – Mario gritou e gargalhei.
- Ah, Marione! – Peguei minha bolsa, andando pelo corredor. – Angela? – Virei para ela.
- Te encontro lá depois. – Assenti com a cabeça, aliviado por não ter ela perto de mim.
Fiz o caminho de volta normalmente, mas diferente das outras vezes, eu fui parada por várias pessoas que quiseram conversar muito mais do que só dar um rápido oi. Elas me cumprimentavam, algumas se apresentavam, outras me parabenizavam pela presidência e sempre tinha o sem noção que perguntava o que tinha acontecido com Agnelli. Já havia passado quase 20 dias do anúncio, o escândalo já tinha saído na imprensa e parte do meu medo com a imprensa era isso vir à tona e eu não ter como fugir. Falar que Andrea era inocente sem ter provas, não era fácil, e eu não me atrevi a perguntar para ele, pois realmente é uma acusação que não faz sentido na minha cabeça.
Quando eu finalmente consegui me soltar do pessoal, eu saí para o camarote. Foi bom ver alguns rostos conhecidos ali, Allegra, John, até Deniz, esposa de Andrea, estava ali, mas sem sinal dele ou de John. É, talvez não fosse fácil andar por aqui no meio disso. Sorri ao ver alguns passos à frente Barza e Adalina, me fazendo sorrir.
Eu a tinha conhecido na festa de 10 anos de casamento de Marchisio em Ibiza na semana passada, ela era incrível e totalmente diferente dele, o que fazia tudo mais interessante, mas era bom vê-lo feliz. Feliz de verdade. Os lábios sorriam, os dedos estavam entrelaçados e ela estava aqui com uma blusa dele! Isso é muito mais do que Maddalena mais fez.
- Ah, finalmente! – Falei, me aproximando dos dois.
- Uau! – Barza disse ao me ver, me fazendo abaixar a roupa para o vestido que eu escolhi para o jogo. – Esse é o look de jogo da null? – Barza brincou, me fazendo rir fracamente.
- Esse é o look de jogo da null presidente. – Falei, cumprimentando ambos.
- Eu já quero seu guarda-roupas. – Adalina disse, me fazendo rir. – Vai aonde você precisa ir. – Ela disse para Barza. – Posso ficar contigo? – Ela se virou para mim.
- Claro! – Sorri animada. – Vai lá ver o Matri? – Perguntei para Barza.
- Sim, quer que eu dê algum recado? – Ele perguntou e neguei com a cabeça.
- Eu o vejo após o jogo. – Abanei a mão.
- Você vai ficar bem? – Desviei o olhar de ambos, seguindo alguns degraus para baixo e tocando o ombro de Allegra.
- Scusa?
- Ah, null! – Ela sorriu. – Que bom te ver aqui! – Ri fracamente.
- Criei coragem! – Suspirei, sentindo-a me apertar fortemente.
- Vai ficar tudo bem, te garanto. – Suspirei.
- É muito bom ouvir isso da senhora.
- Beh, Andrea é meu filho, mas não é santo e você está conosco há anos, uma mudança talvez seja bom. Uma mulher para mudar a cara desse time. – Ri fracamente. – Venha tomar café comigo um dia, pode ser?
- Claro! Só me chamar. – Ela assentiu com a cabeça e vi Adalina parada no meio do corredor ainda.
- Adoro sua cara de surpresa! – Falei e ela riu.
- Muito na cara?
- Bastante! – Sorri, me sentando em um lugar e ela se sentou ao meu lado.
Durante os 90 minutos como o meu primeiro jogo oficial como presidente, se eu posso dizer assim, eu e Ada conversamos bastante, inclusive quando Barza voltou. Era bom ter alguém para dividir as coisas, mas falar de mim incluía falar de Gigi e eu sabia que ele me arrastaria para qualquer lugar que eu fosse. Os jogadores são fofoqueiros e nossa história nem devia ser mais tão segredo no eixo Vinovo-Continassa.
O jogo foi muito bem, Ronaldo finalmente fez seu primeiro e segundo gol com a camisa da Juve e Tek, infelizmente, deixou um passar no finalzinho. Lance conturbado, pois Douglas derrubou um jogador, aí deu briga, enfim, acabou com Douglas cuspindo na cara do jogador e expulso. É, não era um ótimo jeito de começar.
- Disseram que seria divertido, né! – Virei para Pavel que fez uma careta.
- Boa sorte, presidente! – Ele disse e respirei fundo.
- Vamos lá! – Falei, me levantando.
- Merci, Pierre. – Falei para o porteiro e ele me entregou minha comida.
- De nada! – Ele disse e peguei a sacola com a comida e entrei novamente no apartamento, apoiando a sacola com minha comida na mesa, tirando-a de dentro da embalagem.
Abri a embalagem, sentindo o cheiro de Boeuf Bourguignon. Eu nunca fui muito fácil para comer, comida italiana era minha paixão, mas eu teria que ficar um ano aqui em Paris, então testaria as comidas francesas, mas acabei optando pela carne com vinho para começar. Eu gostava dos dois, então era difícil eu não gostar.
Fui até a cozinha novamente, pegando talheres e voltei para a sala, pegando a embalagem morna e levei para o sofá. Me sentei no canto, apoiando o prato no braço alto do sofá e liguei a televisão, vendo algum programa francês passando. Era bom para treinar, mas eu não me interessava muito.
Soltei um suspiro, espetando a carne e olhei para a Torre Eiffel brilhando na janela de vidro atrás da televisão. Ao menos tinha uma companhia interessante para passar esse final de domingo. O dia havia sido interessante, fomos para Rennes jogar contra o time da casa, eu joguei e ganhamos de 3x1. O único gol que concedemos foi contra de Rabiot. Era um garoto novo, bacana, essas coisas acontecem.
Durante a semana, fomos para Liverpool, primeiro jogo da Champions League. Fiquei no banco por causa da suspensão que levei da UEFA após falar que o árbitro tinha uma lata de lixo no lugar do coração. Foi um xingamento infantil, mas assumo que não deveria ter falado isso, a raiva falou mais alto e eu simplesmente não consegui ficar quieto.
Ergui o olhar para a propaganda da marca de perfumes na televisão e vi a atriz de cabelos null que me lembrou de null. Não que eu passasse os domingos com ela, mas eu evitava voltar rápido para casa quando ela viajava conosco. Me assustei quando ouvi o toquei do meu celular e olhei rapidamente em volta, procurando pelo aparelho. Me levantei, seguindo até a mesa e peguei o aparelho, franzindo o rosto ao ver o nome de Barza. Coisa boa não era.
- Alô? – Coloquei o telefone na orelha.
- GIGI? – Ele gritou e afastei o telefone.
- Ei, cara! Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
- VOCÊ TEM ACESSO À RAI AÍ? – Ele perguntou alto.
- Tenho, por quê? – Perguntei.
- LIGA AGORA! – Ele gritou e segui até a televisão, procurando o canal na TV a cabo, encontrando o programa Che Tempo Che Fa.
- Ok, estou aqui. – Falei, vendo a vinheta de volta de propaganda.
- OLHA QUEM VAI ENTRAR! – Ele gritou.
- Ok, ok! Voltamos, voltamos! – Ele disse e eu me sentei. – Beh, eu prometi um convidado especial para vocês, não era para ser essa semana, mas é só isso que se fala aqui na Itália, então, com vocês, null null, presidente da Juventus! – Arregalei os olhos.
- O QUÊ? – Gritei, vendo null entrar no estúdio acenando para a plateia e suspirei. Ela está linda, tradicional vestido preto de mangas cumpridas, os cabelos alisados e um sorriso tímido de quem não estava tão confortável em estar ali. – Ela... Ela... Como? – Perguntei, suspirando.
- Ciao, Fabio! – Eles se cumprimentaram.
- Seja muito bem-vinda! – Ele disse.
- Eu não sabia que ela ia, cara! Eu não consegui conversar com ela, mas acho que é parte da promoção, não? – Vi null se sentar na poltrona que eu já sentei algumas vezes e deixar os cabelos caírem nos ombros.
- Será que ela vai falar? – Perguntei, engolindo em seco.
- Eu não sei, se eu soubesse que ela ia, eu teria dado uma instigada, mas... – Engoli em seco.
- Deixa eu ouvir! – Falei.
- Fica na linha! – Ele disse.
- Ok, ok! Ela é bonita, ela é incrível, mas eu posso falar? – Fabio falou, quando a plateia ainda aplaudia null que parecia querer se esconder. – Então, null, você é carteirinha carimbada na Juventus desde 2011, quando se tornou diretora da contabilidade, mas você sempre foi discreta, certo?
- Sim, eu sou diretora, mas eu sou uma contratada do time. Eu entrei na Juventus em 2001, na verdade. E fui crescendo no time até ser convidada pelo presidente Agnelli para fazer parte da equipe de dirigência dele. – Ela disse, apoiando a mão no colo.
- Isso é incrível, você deve ter visto muitas pessoas entrarem e saírem do time. – Ela riu fracamente.
- Sim, é uma situação doce-amarga, porque você tem a chance de mudar o time completamente, mas às vezes algumas despedidas são necessárias e elas podem ser bem amargas. – Ela disse.
- A mais recente foi Gianluigi Buffon... – Arregalei os olhos.
- Sim! Essa eu tenho que dizer que doeu muito, pois a primeira contratação que eu assisti, foi dele, então éramos bastante amigos, então foi difícil fazer essa finalização. – Ela pressionou os lábios.
- Sutil! – Barza falou e ri fracamente.
- Beh, antes de falar de Juventus, quero saber um pouco sobre você! – Ele disse. – Você tem esse posto incrivelmente importante na Juventus, mas não sabemos muito sobre você. Por favor. Vamos fazer um perfil rápido.
- Beh, meu nome é null null, tenho 37 anos, nascida em Palermo...
- Ah, você é de Palermo? – Ela assentiu com a cabeça.
- Sim, sou! – Ela sorriu.
- E como você chegou em Turim e se tornou quem é hoje? – Ele perguntou.
- Beh, minha história é um pouco nebulosa, mas vamos lá. – Ela riu fracamente. – Meus pais acabaram se afastando de seus genitores e foram morar em Palermo. Eu nasci lá, mas, quando eu tinha oito anos, meus pais faleceram em um acidente de carro...
- Oh, sinto muito. – Ele disse e ela deu seu sorriso torcido com o assunto.
- Está tudo bem. – Ela suspirou. – Beh, inicialmente eu não tinha nenhum parente, pelo afastamento dos meus avôs, então fui para o orfanato e vivi lá até os 14 anos. Naquele ano, eles encontraram minha avó materna e eu fui morar em Nápoles. – Ela suspirou. – Nem é algo que eu gosto de falar muito, mas não tenho boas lembranças de Nápoles, pois foi um lugar que me machucou muito. Eu não tinha uma relação muito boa com a minha avó, ela claramente tinha mágoa de mim devido à minha mãe, então era como dois estranhos morando na mesma casa. – Ele assentiu com a cabeça. – Quando eu me formei na escola, eu pude escolher uma nova vida para mim, então prestei vestibular, passei em Turim e repeti o afastamento de meus pais com a minha avó. Chegando aqui entrei na faculdade, no terceiro ano entrei como estagiária na Juve e o resto é história.
- Uau! É interessante saber que tudo que você fez foi sozinha...
- Ah, não diria isso. Eu acabei criando minha própria família aqui na faculdade, na Juve, eu posso não ter uma família de sangue, mas eu criei minha própria família.
- Ah, isso é ótimo! – Ele sorriu. – Você diz que não teve um contato muito bom com a sua avó materna, você tem contato com ela hoje?
- Infelizmente ela faleceu em 2016, o que é uma grande mágoa na minha vida por não ter tentado entender mais o lado dela, passado mais tempo com ela e... – Ela pressionou os lábios.
- E sua família paterna? Você tentou entrar em contato com eles? Teve esse interesse? – Ele perguntou.
- BARZA! – Falei alto.
- ESTOU AQUI! – Ele disse.
- Beh, é uma história engraçada, na verdade. – null riu fracamente. – Nesses tempos om minha avó materna, eu acabei descobrindo que minha família materna não era exatamente muito boa, sabe? – Ela disse rindo.
- BARZA!
- Como assim? – Ele perguntou.
- Meu pai paterno já havia fugido de sua família, pois não queria envolver nos “negócios” da família. – Ela fez aspas com as mãos, rindo em seguida e Fabio olhou surpreso para a câmera.
- Negócios?
- VAI, FABIO! PERGUNTA! – Falei firme.
- É, isso eu fui descobrir depois de mais velha, mas a família do meu pai era envolvida com tráfico de drogas... – Ela disse rindo.
- ISSO! – Gritei. – ISSO! EU TE AMO! EU TE AMO! – Pulei do sofá, pulando no lugar.
- Mesmo?
- Sim, mas não se empolgue, eram pequenos distribuidores, nada demais. – Ela disse, abanando a cabeça.
- Nenhum El Chapo? – Ele disse.
- ELA FALOU! ELA FALOU! EU ESTOU LIVRE! – Gritei, sentindo as lágrimas deslizarem dos meus olhos.
- Desculpa te decepcionar, mas não! – Ela disse rindo. – É até engraçado eu contar essa história alto assim, pois não parece que é a minha história. Eu nunca tive contato com eles, não sei nem nomes, quem são ou como estão hoje. Meu pai acabou pegando o sobrenome da minha mãe para realmente se afastar do negócio da sua família e é o que eu carrego comigo. – Ela disse.
- Isso é incrível, não?! – Ele disse.
- Beh, tem pessoas que acham, provavelmente essa notícia vai estar em todos os jornais da Itália de amanhã, vai ter quem apoia, quem não apoia, mas não faz parte de mim. – Ela disse. – É algo totalmente irrelevante, sabe? Eu não fico pensando nisso, não é um segredo. – Ela disse rindo. – Por sorte eu tive pais, uma avó, padrinhos, responsáveis, amigos, chefes, dirigentes, pessoas incríveis que conseguiram fazer com que isso não fizesse diferença na minha vida.
- Ah, eu te amo! – Falei, suspirando.
- Confesso que estou decepcionado! – Barza disse.
- Por quê? – Perguntei.
- GIGI! VOCÊ NÃO VÊ? ISSO NÃO É RELEVANTE PARA A VIDA DELA! – Ele gritou. – Você está em Paris à toa! – Ele bufou. – Ela falou como se tivesse contado que lavou o cabelo.
- Talvez sim, e eu fico muito feliz por saber que isso é irrelevante na vida dela, mas você conhece a Ilaria, ela tornaria isso gigantesco. – Suspirei.
- É, ao menos isso ela perdeu a vez! RÁ! – Ele disse animado e sorri.
- Na verdade, eu acabei falando sobre isso mais recentemente com meus superiores, alguns dias após a votação. – Ela continuou. – Têm pessoas que dizem que isso é genética e eu cuido do dinheiro do time e tudo mais, então fui muito clara com a família Agnelli, com minha equipe de dirigência e com o conselho que me colocou nessa posição de presidência.
- E como foi a recepção? – Ele perguntou.
- Decepcionante igual a sua! – Ela riu fracamente. – Quando você fala que tem parentesco com pessoas relacionadas às drogas, as pessoas ficam surpresas, mas aí você fala que eles estão mais para aquelas pessoas que vendem em banheiros de rodoviária e menos para Don Corleone, que elas desanimam totalmente. – Eles riram juntos.
- Beh, não posso negar. Achei que estava com um grande furo nas mãos, mas...
- Sinto muito! – Ela disse sorrindo.
- Não sinta, meu amor... – Suspirei.
- Beh, vamos continuar. Então, você veio para Turim, entrou do estagiária e foi subindo?
- Sim! – Ela assentiu com a cabeça. – Entrei como estagiária, me formei, virei analista, depois coordenadora, até 2010, quando Agnelli entrou para a presidência, meu antigo chefe estava se aposentando e Andrea queria uma equipe mais jovem e me chamou, eu tinha recém-feito 29 anos na época. – Ela disse.
- Isso é incrível! Parabéns. – Ela sorriu.
- Obrigada.
- E como você se tornou diretora de contabilidade e depois presidente? Imagino que tenha alguma ligação...
- Mais ou menos... – Ela negou com a cabeça. – Diferente de outros times e seleções, o serviço de contabilidade é embutido ao trabalho do diretor geral ou do presidente, mas a Juventus gosta de fazer essa divisão, pois eles vão ter sempre alguém para cuidar da parte monetária, desde contratação de jogadores até pagar funcionários... – Eles assentiram com a cabeça. – Então, eu fui escolhida para ser a gerente de contabilidade, fazendo parte da dirigência, mas eu sou contratada pelo time. Diferente da posição de presidente que eu fui escolhida por meio de um conselho que eu faço parte por possuir mais do que quatro por cento de ações do time. – Ela disse.
- Ah, certo...
- São situações completamente diferentes. – Ela disse. – Quando entrei no time, me indicaram a comprar ações pela questão de lucratividade, é claro, e eu acabei me interessando por esse mercado, a partir de 2011, o time começou a crescer drasticamente, então o time começou a valer mais, comprei mais ações, até chegar ao que é hoje, que eu possuo sete por cento de ações do time...
- Uau... – Os aplausos ficaram mais altos, fazendo-a sorrir.
- E tendo essas ações, você se tornou elegível?
- Exatamente. Eu e outras cinco pessoas. Foi feito uma votação e acharam que seria uma boa ideia me escolher. – Eles riram juntos.
- Beh, seu currículo é incrível. – Ele disse. – Você possui formação em contabilidade, depois pós-graduação, mestrado e doutorado em contabilidade do esporte... – Ela assentiu com a cabeça.
- E estou fazendo meu pós-doutorado em contabilidade do esporte também. – Ela disse.
- Fala sete idiomas...
- Cinco e arranho os outros dois. – Ela disse rindo.
- Ah, droga! – Ele disse rindo. – Mas acho que ninguém pode reclamar do seu currículo... – Eles riram juntos.
- Espero que não. – Ela sorriu.
- Agora, quero fazer uma pergunta difícil para você. Sabemos que o motivo da sua presidência é pela saída de Agnelli no posto da Juventus devido ao escândalo na EXOR, onde ele e John Elkan, dono do time, estão diretamente ligados a isso. O que você pode dizer sobre isso? Sobre o caso? Sobre eles?
- Beh, eu não posso dizer nada sobre o caso ou sobre ele, porque é algo que eu não estou diretamente envolvida. Minha única relação com a EXOR é uma pequena compra de ações, mas como boa investidora, eu tirei meu dinheiro antes que a situação ficasse pior. – Ela ponderou com a cabeça. – Mas eu sou muito grata à família Agnelli-Elkann desde sempre. Em 2001, sabia que era muito difícil a questão de mulheres em um time de futebol masculino, depois me escolheram como diretora, eles votaram em mim para presidente, então eu tenho muita gratidão por eles, não posso dar uma opinião sobre isso. Acho que não seria ético pela minha relação com eles e nem útil para o caso. – Ela disse.
- Mas você está aqui...
- Sim! A família, os acionistas, todos acharam melhor separar as duas coisas para não afetar tanto o time em si, então uma nova votação foi feita. Na Juventus é feito uma decisão anual se o presidente deve manter ou ser trocado, baseado nos feitos, então eles me escolheram, minha posição vai até ano que vem, depois disso vamos analisar a situação e decidir o melhor para o time. – Ela confirmou.
- Beh, está ótimo! E você vai continuar cuidando da contabilidade? – Ele perguntou.
- Sim, vou. – Ela sorriu. – Achamos melhor manter assim, pois, como eu disse, a contabilidade é um emprego, a presidência é uma posição. Então, no momento em que eu sair da contabilidade, eu dependo exclusivamente da posição de presidente que pode durar um ano. E eu amo esse time demais para deixar. – Ela sorriu.
- Está certa! Te desejo muita sorte nessa sua posição. – Ela sorriu e o pessoal aplaudiu. – Vamos falar um pouco de futebol?
- Claro! Pode mandar! – Ela disse.
- A Juventus teve uma estreia morna na Champions League, não?
- É, podemos dizer que sim. Dois gols de pênalti e uma expulsão não é um começo ideal, mas conseguimos os três pontos e esperamos um melhor desempenho contra o Young Boys em casa. – Ela disse.
- E sobre o campeonato? – Ele disse.
- Beh, são quatro vitórias no campeonato, espero que uma quinta, já que eles estão jogando agora contra o Frosinone. – Ela disse rindo e chequei o celular, vendo que o jogo havia começado há quase 30 minutos, mas estava 0x0 ainda.
- E o que você pode dizer da Juventus desse ano? Tivemos mudanças relevantes, sim?
- Sim! É, a começar pelo nosso goleiro, perdemos o Buffon que ficou conosco por 17 anos, mas o Tek conseguiu aprender com o Gigi na temporada passada e está fazendo um trabalho muito bom. – Ela disse. – Perdemos também Marchisio, Lichsteiner e Asamoah que estão conosco há anos, o que deixa aquela saudade grande, depois perdemos Higuaín e Sturaro, então é o que eu falei no começo da entrevista, é uma situação doce-amarga, porque o time precisa mudar. Os jogadores envelhecem, saem, precisa ter essa renovação, mas entram novos, então dá para fazer um equilíbrio muito bom entre os veteranos e os novatos e é muito interessante.
- E você foi a responsável por trazer Cristiano Ronaldo...
- Sim! – Ela disse rindo.
- E como foi?
- Beh, foi engraçado, na verdade. Eu dei uma sondada nele, não acreditando que existisse uma possibilidade, mas ele também estava insatisfeito com o antigo time dele e acabou fluindo. Acho que ele ficou com pena da gente após aquele gol de bicicleta na temporada passada. – Ambos riram e isso me fez sorrir.
- Ah, engraçadinha! – Barza disse, me fazendo rir.
- Além de outros jogadores novatos que têm feito seu trabalho muito bem no time. Spinazzola, Kean, Perin, Can, Cancelo, a volta do Bonucci, então estamos bem satisfeitos com o time hoje. É o começo da temporada, mas estamos esperançosos com o oitavo scudetto, quinta Coppa Italia consecutiva, nova Supercoppa e, se Deus quiser, a tão esperada Champions League.
- Eu sou milanista, então não vou torcer por vocês... – Eles riram justos. – Mas te desejo boa sorte e sucesso nesse novo desafio.
- Grazie, grazie! – Ela sorriu.
- null null, senhoras e senhores, presidente da Juventus! – Ele disse e ela acenou, cumprimentando-o novamente.
- Gigi? Ainda aí? – Barza me chamou.
- Sim! – Falei, suspirando, vendo o programa voltar para a propaganda.
- Acabou, cara! – Ele disse e eu suspirei.
- Acabou... – Suspirei, passando as costas das mãos na bochecha. – Confesso que não acreditava que seria tão fácil.
- Foi, cara! Se você tivesse conversado com ela, nada disso teria acontecido. – Ri fracamente.
- É, falando agora parece fácil, mas eu não sei, cara. Eu nunca achei que eu estivesse certo sobre a Ilaria... – Suspirei.
- Agora sem se envolver com outra mulher, pode ser?
- Só a null. – Suspirei. – Beh, isso se ela me quiser até junho, ainda preciso cumprir o contrato, cara.
- Eu estou feliz por você finalmente se livrar da Ilaria, mas... – Ele suspirou. – Agora estou com pena de você.
- Está tudo bem, Barza. – Suspirei. – Eu posso esperar pelos próximos nove meses livre. Finalmente eu posso fazer planos com ela...
- Estou feliz por você, Gigi, sério! – Sorri.
- E achei que para quem tem tanto medo de imprensa, ela foi muito bem.
- Foi, bastante. – Ele disse e sorri.
- Barza?
- Hum...
- Você não deveria estar no jogo agora? – Perguntei.
- Estou lesionado! Estou em casa. – Ele disse.
- Nunca agradeci tanto por você se lesionar... – Rimos juntos.
- Se não fosse por mim, hein?!
- Não tinha nem ideia! – Falei. – Mas a gente saberia amanhã.
- É, mas você soube na fonte. – Ele disse, me fazendo rir.
- Beh, agora vou ver a Juve, nem lembrava hoje. Você?
- Eu estou acompanhado hoje. – Ele disse.
- Hum, Barza! – Falei, ouvindo-o rir.
- Ciao, Gigi! Boa noite. – Rimos juntos.
- Boa noite, Barza! Grazie mile!
- Prego! – Ele disse antes de desligar.
Suspirei, deixando meu corpo cair no sofá e olhei para minha comida que já deveria estar gelada e ri fracamente. Nada disso importa, eu estava livre! Livre para poder me desculpar de todos os meus erros no passado e me redimir, fazendo a null a mulher mais incrível do mundo... Daqui nove meses, quando meu contrato com o PSG acabasse.
Eu só tinha um último trabalho agora: terminar com Ilaria. E eu estava empolgado até demais com isso.
- Ah, o que foi agora? – Bufei quando vi Pavel parado no meio da minha vaga quando me aproximei.
Suspirei, vendo-o sair da minha vaga quando me aproximei e parei na mesma. Já tinha passado domingo e ontem fazendo diversas entrevistas em Milão, então não estava exatamente no meu melhor clima, mas havia sido melhor do que o planejado, até sobre aquela parte do meu passado, mas Angela falou para eu ser um livro aberto, analisar como as coisas iam que seria bem recebido.
E foi! Ainda bem que ela é diretora da área de comunicação e eu de contabilidade, o contrário seria catastrófico. Peguei minha bolsa no banco do carona e empurrei a porta para sair, vendo-o dar a volta no carro com um largo sorriso no rosto.
- O quê? – Perguntei, suspirando.
- EU ESTOU TÃO FELIZ POR VOCÊ! – Ele me abraçou fortemente, me tirando alguns centímetros do chão e franzi o rosto inteiro.
- Hum... Grazie? – Perguntei, confusa, apertando na dobra do braço quando ele me soltou, sentindo o local doer. – Pelo quê? – Ele abanou a mão.
- Ah, por tudo! Você sempre odiou falar com a imprensa, mas foi tão lindinha! – Revirei os olhos. - Você viu? Achei que estava acompanhando o jogo.
- É, um olho no jogo e outro em você! – Ele disse rindo e revirei os olhos. – Parabéns, chefa!
- Grazie! – Sorri. – Beh, eu tenho que pegar a apresentação da reunião na minha sala, logo vou lá.
- É... Acho que precisamos resolver outra coisa antes. – Ele disse e franzi os olhos.
- Ah, não me diga que é problema... – Suspirei.
- Mais ou menos. – Ele disse e indicou o caminho e segui com ele, passando para a parte coberta do prédio administrativo. – Como você precisou de um tempinho para se acostumar com a posição de presidente...
- Passar o surto. – Falei.
- Exato. – Ele suspirou. – Eu escondi isso de você até tudo melhorar, mas acho que eu fiz a coisa errada.
- Por quê? – Perguntei, suspirando.
- Se lembra da primeira reunião sobre o Cristiano Ronaldo que eu, Fabio e Agnelli achamos incrível a vinda dele e você e o Beppe acharam que seria uma péssima ideia? Mesmo a ideia vinda de você?
- Não lembra disso, mas lembro. – Segui pelas escadarias, começando a subir as escadas.
- Beh, depois disso, a gente fez votação e foi decidido pela vinda dele, o Beppe e o Fabio começaram a ter problemas entre si. – Ele disse, ponderando com a cabeça.
- Como assim? – Franzi a testa.
- Eles começaram a brigar. – Ele disse. – E eu não digo uma briga simples como uma indecisão, coisas bem feias...
- Ok, o que isso quer dizer?
- Beh, de início não achei que envolveria o time, mas o Beppe pediu afastamento do posto.
- OI?! – Parei no degrau, virando para ele alguns abaixo.
- É... – Ele suspirou. – Ele está se afastando. – Suspirei.
- Não é possível, então você está esquecendo de me contar alguma coisa.
- Eu acho que ambos estão esquecendo de nos contar algo. – Ele disse.
- Onde ele está? – Perguntei.
- Na sua sala! – Ele disse. – Achei que quisesse falar com ele, como amiga mesmo, não como presidente ou contadora.
- Sim, quero! – Falei. – A gente se fala. – Subi as escadas rapidamente, ouvindo meus saltos baterem com força nos degraus. – Buongiorno, ragazzi! – Acenei para minha equipe e a de comunicação e marketing que ficavam no mesmo espaço.
- Buongiorno, null! – Eles disseram e cheguei ao lounge onde fica as cinco salas da dirigência.
- Buongiorno, Sandra.
- Buongiorno, signora! – Ela disse e sorri, entrando em minha sala e vi Beppe sentado em uma poltrona.
- Beppe! – Falei surpresa.
- Oi, null! – Ele disse.
- Não me diga que você vai me abandonar justo quando preciso de você. – Suspirei.
- Não é pessoal, null.
- Eu sei que não! Você sempre me apoiou, apoiou minhas decisões, não é possível que vai sair por causa de uma contratação...
- Não, não faria isso só por causa disso. – Ele disse. – Mas eu e Fabio não estamos dando bem e não é de hoje. – Ele suspirou.
- Desde quando? O que eu não sei? – Me sentei ao lado dele em outra poltrona.
- Você sempre foi uma pessoa incrivelmente ética nisso, null, não vai querer se envolver nisso... – Suspirei.
- Eu só não... Não sei o que vou fazer sem você. – Pressionei os lábios. – Não tem nada que faça você mudar de ideia? – Perguntei.
- Agora não, mas a questão minha e com a Juve ou o Fabio é mais humana do que profissional... – Suspirei.
- Ah, Beppe. Por que me parece que você está guardando isso faz um tempo? – Perguntei.
- Porque eu estou. – Ele suspirou. – Eu ia finalizar as contratações da temporada e sair, mas aí veio sua presidência, eu acabei atrasando até você se acostumar. E acho que deu certo. – Suspirei.
- Eu não consigo acreditar que o time ficou sete anos em uma completa paz, quando eu viro presidente, tudo vira uma bagunça. – Falei, ouvindo-o rir.
- Ei, talvez seja a oportunidade de você conseguir alguém da sua confiança.
- Claro! Aceita ser meu diretor geral? – Ele riu fracamente.
- Vai dar tudo certo, null. Prometo. – Suspirei.
- Ah, inferno. – Falei, ouvindo-o rir. – Tem certeza de que não tem nada que eu possa fazer para você ficar? – Perguntei, esticando a mão para ele que a apertou.
- Eu fiz minha decisão, null. – Assenti com a cabeça, me levantando.
- Então, eu só posso agradecer por tudo que me ensinou. Espero conseguir usar alguma coisa para liderar esse time. – Ele me abraçou.
- Vai sim! Desde o começo eu percebi que você sempre se achou menos do que é, mas você é incrível, null.. Vai conseguir continuar levando esse time adiante... – Suspirei.
- Espero que esteja certo. – Ele se afastou e suspirei. – In bocca al lupo. Se depender de mim, você sempre vai ter um espaço aqui no time.
- Agradeço! – Ele disse e assenti com a cabeça.
Observei-o acenar mais uma vez antes de sair da minha sala e suspirei, me sentando na poltrona novamente, sentindo minha cabeça doer. Era isso, o time estava entrando em colapso e eu estou guiando esse barco em direção ao iceberg. Não pode ser! Eu preciso controlar tudo isso, preciso me manter firme. Vamos, null! Controle-se! Me levantei apressada e saí da sala, vendo Pavel sentado em uma das poltronas na sala de espera.
- Ele já foi? – Perguntei.
- Sim, acabou de sair. Como está? – Suspirei.
- Achando que o time está entrando em colapso, mas isso não pode acontecer. Não na minha mão. – Suspirei. – Vamos para a reunião, na volta vamos falar com Paratici e decidir isso.
- O quê? – Ele perguntou.
- Perdemos dois postos em um mês, Pavel! – Falei firme. – Precisamos ver se aguentamos em três até ano que vem ou se precisamos começar a trazer gente para compensar.
- Eu não tinha pensado nisso. – Ele disse.
- É, pois é! – Suspirei, virando para Sandra. – Sandra, poderia marcar uma reunião com o Paratici? – Perguntei.
- Algum horário específico? – Suspirei.
- Vamos ficar duas horas com o conselho, eu tenho que encontrar o Braghin para ver sobre o campeonato dos times infantis... – Suspirei. – Depois do almoço. Você tem alguma coisa?
- O mesmo que você. – Ele disse.
- Ótimo! Decidido. – Falei para Pavel. – Vou pegar as coisas e já descemos.
- Ok, eu espero! – Ele disse. – Quer um chá para relaxar? – Ele perguntou, me fazendo suspirar, percebendo minha respiração sair pesada e suspirei, soltando a respiração devagar.
- Acho bom! – Falei, vendo-o rir e andar até a mesa com os cafés.
Vamos, null! Relaxa! Está tudo bem, é só mais um dentre as diversas surpresas que veio para mim essa temporada. E eu achando que o mais difícil seria decidir sim ou não sobre a adoção, mas eu disse sim e a vida decidiu dizer não, porque eu não tenho tempo para mais nada! Ótimo!
Coloquei as roupas dentro da bolsa e peguei o kit novo de luvas e chuteiras, colocando-o junto também. Desviei o corpo, pegando as caneleiras e coloquei-as na mochila antes de fechar. Dei uma rápida olhada nas coisas do quarto. Ouvi o interfone e abri um largo sorriso antes de sair do quarto e seguir deslizando pelo piso de madeira até o interfone.
- Sim. – Falei ao pegar o mesmo.
- Senhor Buffon, Ilaria e Leopoldo estão aqui.
- Pode deixar entrar! – Falei, rindo fracamente e desliguei o mesmo.
Soltei um suspiro relaxante, vendo nossos diversos contratos em cima da mesa e ri fracamente. Peguei o celular em meu bolso e ativei o gravador como Nicola havia me indicado. Talvez eu tenha subestimado a null demais, a colocado em uma redoma e tentado protegê-la de qualquer mal, por causa do seu histórico com seus pais, seus avôs, eu, e acabou que ela se mostrou bem resolvida em vários âmbitos, principalmente sobre sua família criminosa.
É, essa mulher é incrível e eu quero ficar com ela para sempre.
Só espero que ela me aceite quando voltar. Sei que muito aconteceu durante esses 17 anos, principalmente os últimos três que eu fiquei com Ilaria pela gravidez, depois pelo Leo, até que comecei a suspeitar desse lado mais interesseiro de Ilaria e fiquei com medo de terminar tudo. Infelizmente eu estava certo, mas null não tem nada a ver com isso, e eu sei como a magoei.
Mas não importa. Meu coração é dela e se for preciso esperá-la por mais 17 anos, que seja. Ela é a minha vida e eu aprendi isso da forma mais difícil, mas agora não deixaria ela escapar. Me distraí dos meus pensamentos quando a campainha tocou e abri a porta com um largo sorriso no rosto, vendo Ilaria de feição fechada e Leo de mão dada a ela.
- PAPÁ! – Ele disse animado e me abaixei para pegá-lo no colo.
- Ah, meu amor! – Estalei diversos beijos no rosto, vendo-o sorrir. – Que saudades de você!
- Também! – Ele disse e apertei-o fortemente, entrando no apartamento.
- Como você está?
- ‘Ponto ‘po jogo! – Ele disse e passei a mão na sua blusa do PSG.
- Ah, meu amor! – Apertei-o fortemente. – A gente logo vai, ok?! Vai lá para o quarto que eu preciso conversar rapidinho com a mamãe! – Coloquei-o no chão.
- Posso ver desenho? – Ele perguntou.
- Claro! Sabe ligar a TV?
- SEI! – Ele disse animado e o vi correndo pelo corredor, me fazendo sorrir e virei o rosto com o mesmo sorriso para Ilaria.
- Não precisa dançar em caixão fechado, Gigi. – Ela disse.
- Ah, eu preciso! – Falei, suspirando. – Eu preciso te colocar no seu lugar! – Falei firme, andando até a porta do apartamento e fechei-o. – Quer sentar?
- Não, estou bem! – Ela disse, abanando a mão.
- Beh, eu vou! – Falei, me sentando no sofá e dobrei a perna. – Quando você veio com essa chantagem, confesso que fiquei assustado! Você pegou uma parte triste da mulher que eu amo e usou isso contra ela! E me atingiu sem que ela soubesse. – Sorri, rindo fracamente. – Mas algo que nem eu e você suspeitávamos, é que ela não tem problema nenhum em falar para a Itália inteira que a família que ela não conhece, distribui drogas! E sabe a melhor parte? Eu também não! – Falei, rindo fracamente. – Você veio com uma chantagem ridícula, infantil, mostrou que eu fiz um erro enorme ao ficar contigo, ao menos deu em algo bom... – Indiquei o corredor atrás de mim. – E ainda mostrou quem você é de verdade. Uma pessoa ruim, feia por dentro, seca, mal-amada, que não mede esforços para estar sempre por cima. – Sorri.
“Eu sinto pena por você, Ilaria! Honestamente! Apesar de como a nossa história acabou, você ainda poderia ter meu respeito, da minha família, dos meus filhos mais velhos, de boa parte dos jogadores da Juventus e da família da null, mas hoje você perdeu tudo isso e, ainda mais, não vai ter nenhuma relação comigo, além do nosso filho. Eu não quero nada mais do que isso contigo, Ilaria”.
- E para você ver como o carma realmente existe, você me usou para tentar escalar sua fama, tentando magoar a null, e o que aconteceu? Ela é a primeira presidente mulher do maior time italiano... – Ri fracamente. – Teve uma receptividade incrível, porque os próprios donos do time a adoram, votaram nela. Os jogadores, a equipe, os funcionários, a torcida... – Ri fracamente. – E você vai terminar como? Sozinha? Ou vai tentar refazer o que fez comigo com outra pessoa.
- Ok, já entendi, Gigi. – Ela disse e notei que estava segurando as lágrimas.
- Mas eu ainda não acabei. – Me levantei, seguindo em direção à mesa. – Esse é o contrato que eu fiz contigo. Só falta um detalhe sobre ele que é o anúncio publicamente sobre nosso término. Eu tomei liberdade de elaborar algo e até escolhi a foto. – Entreguei uma folha impressa para ela. – Ele vai ser postado nos stories, não quero ter ligação nenhuma contigo e nem nas redes sociais. – Falei e ela tirou-o da minha mão, passando os olhos pelo mesmo.
- Está bom. – Ela disse fracamente e assenti com a cabeça.
- Perfeito, eu posto isso amanhã! – Falei. – Te marco! – Dei um sorriso sarcástico. Depois disso, nada mais vai nos prender a esse contrato, então... – Peguei minha cópia do mesmo e rasguei ao meio duas vezes. – Acabou! – Falei firme.
- Você parece feliz demais em fazer isso. – Ela disse.
- Ah, eu estou! – Ri fracamente. – Confesso que achei que demoraria mais, mas depois de tantos anos a null ainda me surpreende. – Suspirei. – Agora isso... – Peguei uma das cópias do outro contrato. – Esse é o cronograma de visitas do meu filho e eu vou obedecer até os 12 anos dele, quando ele já pode decidir melhor o que quer. – Entreguei um para ela. – Caso os dias não estejam bons para você, podemos rever, mas coloquei para ele ficar por uma semana por mês comigo enquanto estou em Paris, depois dois dias por semana quando eu voltar para Itália...
- Tudo bem, podemos rever. – Ela disse. – Eu o trago e...
- Não! – Falei firme. – Eu não quero você vindo para Paris, mesmo sendo sobre nosso filho, eu vou pegá-lo em Milão ou minha mãe e minhas irmãs resolvem isso...
- Você está se esquecendo de uma coisa... – Ela disse.
- O quê?
- Eu ainda tenho uma carta na manga, Gigi. – Ri fracamente.
- Ah, claro! Qual a da vez? – Sorri para ela.
- Você e ela! Acho que vão adorar saber que a presidente da Juventus e a lenda do time tiveram um caso todos esses anos. – Ri fracamente.
- Eu sinto muito pelo que eu te fiz, honestamente! – Falei sério. – Nossa relação nunca deveria ter existido, mas você realmente quer anunciar para todo mundo que foi traída? – Ri fracamente. – Não é o tipo de propaganda que o pessoal gosta, mas... – Dei de ombros. – Fique à vontade! null já se mostrou muito mais forte do que eu pensava, agora quero saber se você é forte o suficiente para encarar a opinião pública com todas as chantagens que eu tenho de você... – Tirei o celular do bolso, mostrando o gravador ligado.
- Você...
- E antes que você fale que isso é baixo e antiético, só olhar para o seu próprio umbigo! – Ri fracamente.
- Gigi, eu sinto...
- Não peça desculpas! – Falei firme. – Ainda não! Pensa no que você fez! Pensa se isso era algo que a jornalista esportiva mais famosa da Itália precisava fazer para conseguir um pouco mais de atenção... – Falei, rindo fracamente. – A idade chega para todo mundo, Ilaria! Nos tornamos obsoletos, em um ano ou dois ninguém vai se lembrar mais nem de mim e nem de você, mas o que importa é o que fica! – Falei, guardando o gravador de novo. – Eu sei que eu tenho uma marca horrível com a null, e eu vou passar o restante da minha vida tentando compensar, mesmo se ela tiver seguido em frente, mas eu sei o que a gente viveu! Eu sei que eu vou ter ao menos uma amiga no meu leito de morte. – Ri fracamente. – Ela pode querer me bater, me xingar, mas só nós dois sabemos o que passamos. – Dei de ombros. – E o futuro? Eu não sei, essa é a graça da vida, né?! É uma caixinha de surpresas.
- Nós voltamos a conversar...
- Claro! – Sorri. – Por telefone e, se for pessoalmente, com um advogado presente! – Sorri, vendo-a deixar as folhas na mesa.
- Arrivederci, Gigi. In bocca al lupo.
- Addio, Ilaria! – Falei, rindo fracamente.
- Leo, mamãe está indo! – Ela falou mais alto.
- Ciao, mã-ã-ã-ã-ãe! – Leo veio correndo do corredor e Ilaria se inclinou para frente para abraçá-la. – Te amo.
- Também te amo, meu amor. Se comporte, viu?!
- Tá! – Ele disse e ela se levantou.
- Ele tem com quem ficar no jogo?
- Não se preocupe! – Falei firme, apoiando a mão na cabeça de Leo e juntando-o mais perto de mim.
- Até mais. – Ela disse.
- Ciao, ciao! – Ela foi até a porta e saiu pela mesma, batendo-a logo em seguida.
- Ai, que delícia! – Suspirei.
- O que, papá? – Leo perguntou e me abaixei, pegando-o no colo.
- Vou poder passar a semana inteira com meu caçula! – Abracei-o, ouvindo-o gargalhar. – Vamos se arrumar para ir?
- ‘Vamo! – Ele disse e sorri, apertando-o contra mim.
- Aqui é definitivamente o último lugar que eu pensei em te encontrar. – Dei um curto sorriso quando Giulia entrou em meu quarto.
- Ei, mana! – Suspirei, vendo Gio entrar logo atrás dela.
- Cadê os meninos? – Me ajeitei na cama, erguendo o corpo para me sentar melhor.
- Treze levou o Kawan e os gêmeos para o jogo, já que a presidente não foi.
- Eu não consigo sair da cama. – Suspirei. – Dormi o dia inteiro. – Ri fracamente e Gio deu a volta na cama, se sentando na mesma e levou a mão até minha cabeça.
- Não está com febre.
- Não, mas eu sinto uns calafrios... – Suspirei. – Vem e vai...
- O que aconteceu, querida? – Ela perguntou.
- Ah, nada demais, só um mal-estar. Estou com azia há alguns dias, mas hoje foi a primeira vez que eu vomitei... – Gio ajeitou a coberta até meus ombros.
- Achei que estava melhor sobre a questão da presidência. – Ela disse.
- Eu estou bem, só...
- Não foi o post do Gigi, foi? – Giulia perguntou, se sentando do outro lado.
- Por favor... – Pedi.
- Que post? – Gio perguntou e bufei.
- O Gigi anunciou o término do relacionamento dele com a Ilaria. – Giulia explicou e engoli em seco.
- Mesmo? Já? – Gio disse e Giulia olhou para ela.
- Mãe! – Suspirei.
- Está tudo bem, eu prometo! – Tirei a coberta de cima de mim e deslizei meu corpo para fora da cama. – Não é a primeira e nem a última vez que eu seria feita de trouxa por Gianluigi Buffon, né?! – Neguei com a cabeça, ficando em pé. – Eu só não achei que ele precisava ir para outro país para dizer que não quer nada comigo... – Andei até o banheiro, sentindo meu corpo cambalear e apoiei as mãos rapidamente na parede.
- OPA! – Giulia parou ao meu lado, me segurando pela cintura. – Devagar! – Suspirei.
- Eu estou bem. Eu estou bem! – Tirei as mãos dela de mim. – Eu só preciso fazer xixi. – Ela suspirou e apoiei as mãos no batente da porta, entrando nele.
- Talvez não seja nada disso, null. – Giulia disse enquanto andava até o vaso sanitário. – Talvez ele finalmente tenha conseguido se livrar dela. – Ri fracamente.
- Você não está protegendo-o, está? – Falei enquanto fazia xixi.
- Não estou protegendo ninguém, só estou tentando acompanhando a linha do tempo! Ele sempre disse que precisava resolver algumas pendências com ela para ficar com você... – Ri fracamente, me limpando antes de subir a calça de moletom.
- É! E para isso ele precisou sair da Juve, se mudar de país, abandonar o time do coração dele, tudo por mim... – Ri sarcasticamente enquanto lavava as mãos.
- Ah, amiga, eu também não sei, mas não acho que você deva ficar irritada por isso. – Passei as mãos nas toalhas e saí do banheiro, apoiando minha mão na parede.
- Não devo? Realmente? Depois de tudo o que ele me fez, eu não tenho direito de ficar irritada? Por constatar que eu não servi para nada mais do que sexo para ele?
- Filha, também não é assim... – Gio falou.
- Sem contar que ele foi para Paris falando francês, né?! – Ri fracamente. – Ele pode achar que eu sou trouxa, mas ele não aprendeu a falar francês bem daquele jeito nesses dois meses. – Bufei. – Porque o Cristiano nem fala ainda, é um desastre falar com ele.
- Calma, null! Respira fundo. – Ela disse.
- Então me explica! Que porra está acontecendo? – Bufei. – Porque se fosse só não querer ficar comigo, ele poderia ter me falado! – Bufei. – Mas tudo conspira contra ele. E de forma bem feia! – Falei firme.
- Eu não sei, null, mas pode ser algo bom... – Senti a ânsia subir.
- Espera! – Virei novamente para o banheiro, correndo para o vaso sanitário e abri a tampa do vaso sanitário antes de me ajoelhar no chão e sentir o vômito sair, mas não passou de uma água verde.
- Opa, estou aqui! Estou aqui! – Ouvi tia Gio atrás de mim e ela me segurou pelos cabelos.
- Atacou o fígado. – Falei, passando as costas da mão na boca.
- Quando foi a última vez que você comeu? – Ela perguntou.
- No almoço. – Suspirei, permanecendo na posição por mais alguns segundos para ter certeza de que não vomitaria novamente.
- E o que você comeu?
- Tinha uma sobra de carne aí, comi com arroz. – Suspirei.
- Sobra de quanto tempo, null? – Ela perguntou e apoiei as mãos no vaso antes de me levantar.
- Eu não sei! – Suspirei. – Mas o cheiro estava gostoso ainda.
- Vai ver é uma intoxicação alimentar. – Ela disse e dei a descarga antes de seguir até a pia.
- Ou a ansiedade ainda. – Suspirei.
- Ou você sendo afetada pelo negócio do Gigi. – Giulia disse da porta.
- De nenhum jeito eu consigo resolver. – Falei, pegando a escova de dente, a pasta e logo a escova estava na boca.
- Eu trouxe sopa. – Gio disse, passando a mão em meus cabelos nas costas. – Eu vou esquentar e você vai comer! – Ela disse firme. – Vou fazer um chá, qualquer coisa você toma um remédio depois... Está bem? – Dei um curto sorriso com a escova na boca e assenti com a cabeça. – Já volto.
Terminei de escovar os dentes, gargarejando mais uma vez com enxaguante bucal para tirar o gosto da boca e vi Giulia me encarando na porta. Suspirei e segui para fora do banheiro, passando por ela.
- Por que está assim? – Perguntei e ela suspirou.
- Você não pode ficar assim por causa dele. Por mais que eu ache que tenha um motivo, não dá para se prender a isso, amiga.
- Mas eu não estou assim por causa dele, isso foi na quinta, essa azia começou hoje. – Bufei, sentando novamente na cama e aumentei o volume ao ver que o jogo nosso contra o Napoli tinha começado há seis minutos.
- Na verdade, ela está desde o anúncio da presidência, né?! – Suspirei.
- Eu falei com a Tiziana, isso é tudo efeito colateral da ansiedade por causa da presidência, mas eu estou me acostumando, já faz um mês...
- É, mas ainda não melhorou de tudo. – Ela disse. – E não dá para você ficar assim...
- Vai melhorar, Giulia! Vai ver realmente foi o que eu comi hoje, eu tenho me aventurado na cozinha para relaxar e às vezes exagero. Semana passada comi massa a semana inteira que eu fiz demais. – Ela suspirou.
- Estou adorando que você está finalmente aprendendo a cozinhar, mas não é para comer coisa velha e ficar aí passando mal. – Suspirei. – Eu sei, eu sei.
- Ok, quem quer sopinha? – Tia Gio disse, entrando no quarto com uma bandeja e a sopa e uma xícara de chá que deixava o cheiro de camomila entrar no quarto e suspirei.
- Você não precisava...
- Sim, eu preciso! Sou sua mãe! – Ela disse firme e ri fracamente, sabendo que eu não deveria contrariar isso depois da primeira vez.
- Grazie.
- Você come direitinho, devagar e veja seu jogo, eu vou ficar aqui... – Gio disse, seguindo até a poltrona no canto do quarto e se sentou, pegando um livro na minha cômoda e virei para Giulia.
- Eu a obedeceria se fosse você! – Ela disse e ri fracamente.
- Não é a primeira que sua mãe cuida de mim. – Falei baixo e ela riu fracamente.
- E nem a última! – Ela disse, me fazendo rir fracamente.
- Me passa o celular? – Pedi para Giulia, esticando a mão para o mesmo.
- Por quê? – Ela perguntou, fazendo mesmo assim.
- Só quero ver o resultado do jogo do PSG. – Falei, evitando olhar para ela, sabendo que ela deveria estar me olhando.
- Ah, está bem! Entendi! Fica irritada com ele e depois fica sabendo dele...
- Eu já assinei meu atestado de trouxa diversas vezes, não é novidade. – Vi que estava 2x0 para eles, mas Gigi estava no banco hoje.
- Só coma, ok?! – Giulia disse e assenti com a cabeça.
Nosso jogo contra o Napoli foi pesado, mas quando o jogo contra o Napoli era simples? Começamos o jogo muito mais, se comparado contra o Bologna no meio da semana. Eles fizeram gol antes, mas depois Mario empatou aos 26, distanciou aos 49 e Leo fechou a conta aos 76. Claro que tivemos diversos cartões amarelos ao longo do jogo, inclusive um cartão vermelha para o lado deles, devido a um lance em Dybala que eu achei que Leo e Mario fossem causar mais intrigas por brigar da reclamação dos napolitanos. Antes do último gol, Tek ainda fez uma defesa incrível que nos deixou confortável até o último gol.
Gio e Giulia fizeram comigo o tempo inteiro, Giulia comentando o jogo e Gio lendo o livro que havia trazido. Após o fim do jogo, o restante dos Vitale-Trezeguet chegaram e foi a vez dos meninos quererem me paparicar, mas era só um mal-estar, não precisa de nada. Mas confesso que gostei de tê-los aqui comigo, podia me acostumar com esse clima família babona rapidinho.
Sorri ao lado do carro da Renault com Dani Alves, vendo os flashes estourarem em nosso rosto e pensei como a Jeep nunca nos enviou para eventos, ou sempre escolheram outras pessoas e eu não sabia, mas era bom sair de casa, fazer alguma coisa para variar. Era terça-feira ainda e amanhã teria jogo da Champions League contra o Red Star Belgrade, um time sérvio. Eu ainda estava cumprindo suspensão, mas era uma boa oportunidade para aumentar o saldo de gols e passar em primeiro lugar do grupo.
- Vocês podem relaxar um pouco! – Marcel falou e assenti com a cabeça.
- Merci! – Dani falou antes de mim. – Então, Gigi, quer uma bebida?
- É, claro! – Falei, andando até o bar que tinha na exposição.
- Dois uísques, por favor. – Ele disse e o bartender preparou para nós antes de colocar os dois copos em nossa frente.
- Merci. – Falei e o bartender assentiu com a cabeça, antes de seguir para outro atendente.
- Olha! – Dani disse, indicando uma televisão ligada e ergui o olhar para a mesma. – Juve, não?
- Sim... – Falei, me aproximando, enxergando melhor a televisão.
A Juve jogava contra o Young Boys da Suíça em casa. O jogo já estava 2x0 e estava nos 55 minutos. Sorri quando a câmera focou nos meus ex-companheiros de time e senti um aperto no coração. Provavelmente eu não jogaria esse jogo, por causa do adversário, mas era impossível não sentir saudades daquele estádio, daquelas pessoas, de tudo.
- Faz falta, né?! – Ele disse, se sentando em um sofá na diagonal da televisão e fiz o mesmo.
- Nem fala. – Suspirei.
- Tenho que dizer que, mesmo ficando somente um ano, foi um dos lugares que me senti mais confortável. – Ele disse.
- Por que saiu? – Perguntei.
- Ah, muitas coisas, mas Allegri estava me mudando muito de posição e eu não consegui me acostumar...
- Entendi, Max fez isso na última temporada também. – Suspirei. – Às vezes dá certo, como o Mario... – Indiquei-o quando apareceu. – Às vezes não, mas você foi muito bom para o time. – Ele assentiu com a cabeça.
- Agradeço! Me senti bem acolhido. – Ele suspirou e dei um gole em minha bebida antes de virar para a televisão novamente.
Observei Fede se aproximar do gol mais uma vez, ele fez o chute, fazendo-a passar raspando a parte de cima do gol deles e franzi a testa, vendo a reação do mesmo. A câmera mostrou o replay e um deles focou em null e Pavel no camarote. Ela levantou empolgada, jogando a cabeça para trás quando a bola não entrou e sorri. Ela está incrível. A câmera voltou para o jogo e sorri, dando mais um gole em minha bebida.
- Acho que está na hora de nós dois conversamos sobre isso, não acha? – Dani disse e ergui o olhar para ele.
- Sobre o quê? – Perguntei e ele riu fracamente.
- Você realmente vai me fazer falar? – Ele disse. – Porque eu falo... – Ele olhou em volta. – Acho que Marcel está longe o suficiente para ouvir. E sempre posso mudar para italiano. – Ele disse, mudando o idioma e ri fracamente.
- Não seria mal. – Continuei no meu idioma nativo.
- Ok, pode falar. – Ele disse. – Tem algo, não tem? Porque... Não é sendo ingrato, mas você demorou um pouco para se enturmar com todo mundo, e você não assim, e ainda está sorrindo para ela, mesmo pela televisão... – Ri fracamente.
- Eu sou um desastre, Dani. Isso nunca vai mudar. – Falei, ouvindo-o rir.
- Mas se vocês ainda estão nessa, o que aconteceu? Ela percebeu que o Pavel é melhor e decidiu ficar com ela? – Rimos juntos.
- Nem brinca, cara. – Suspirei.
- Então, o quê? – Ele perguntou.
- É complicado...
- Beh, isso eu sei. – Ele disse rindo. – É incrível o tanto de informação que eu a gente agrega naquele vestiário só por ela aparecer nele. – Ri fracamente. – Qual é, Gigi, você pode confiar em mim. Se você ainda gosta da null e está aqui... Algo não está certo. – Pressionei os lábios. – Juve te mandou embora?
- Não! Na verdade, não. – Suspirei. – Você se lembra daquela namorada que eu tinha?
- A que você terminou o namoro esses dias? Mãe do seu filho mais novo?
- Isso! – Falei.
- Lembro sim, acho que nunca conversei com ela, mas sei.
- Beh, eu e ela começamos anos envolver por um erro meu. Uma birra porque a null estava namorando Barza. – Ele arregalou os olhos.
- Barza?
- É! – Falei, vendo-o rir fracamente.
- Essa é nova! – Rimos juntos.
- São anos e anos, Dani! Tem muita coisa que você não sabe. – Ele ponderou com a cabeça.
- Ok, continue. Você ficou com a sua ex por birra da null estar namorando o Barza...
- Sim! Na verdade, em todos os meus relacionamentos, seja quando mais novo, seja mais velho, eu nunca soube esperar. Devo ter um pouco de hiperatividade, sabe? – Rimos juntos. – E aí, depois da final da Champions de 2017, a null disse que não queria mais nada comigo, nem pediu para eu escolher, pois sabia que eu nunca a escolheria.
- E você escolheu?
- Sim! Tanto que eu estou aqui. – Falei, rindo fracamente. – Eu escolhi a null, tentei terminar o namoro, mas a Ilaria me chantageou com uma informação que eu achava importante para null e, simplificando, fizemos um acordo para proteger tanto a null quanto meu filho e minha única solução foi sair da Juve, então eu vim para Paris.
- Você está brincando! – Ele disse mais alto, olhando em volta para controlar a voz.
- Não. – Falei, rindo fracamente. – Mas acabou que deu certo, a null virou presidente do time, abriu para a imprensa inteira o segredo que a Ilaria usou para me chantagear e eu pude finalmente me livrar dela. Mas agora preciso cumprir meu contrato. – Falei, rindo fracamente.
- E você vai voltar para Juve? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Se eu estiver bem e em forma até o fim do contrato, sim, fiz até um contrato com eles para isso, se o PSG me oferecer outra coisa, eu já tenho a resposta na ponta da língua. – Falei.
- Que merda, Gigi! – Ele disse. – E como isso aconteceu, cara? Porra! – Ele disse em outra língua.
- Prefiro deixar isso para o passado, Dani. Nem vale a pena. – Abanei a mão.
- Olha o gol! – Ele disse e vi Dybala chutar para o gol e a bola entrou!
- Gol, Paulino! – Sorri, virando o restante da bebida e, no replay, mostrou null mais uma vez comemorando e ri fracamente.
- Beh, Gigi! Espero que você consiga realizar tudo e finalmente ficar com ela, acho que muita gente espera por isso... – Rimos juntos.
- Pior que eu não posso nem falar nada, pois nossa história começou em 2001, então deve imaginar...
- 2001? Dio, Gigi! É bastante tempo. – Assenti com a cabeça.
- Por isso que eu fiz isso. – Sorri. – Porque depois de tanto tempo, de tantos erros, acertos, de tudo o que eu passei como jogador, eu vi que nada é melhor do que ela. – Ele sorriu.
- Então só te desejo sorte, Gigi! Sério. – Ele esticou a mão e segurei-a firme. – E vou torcer muito para isso dar certo. – Rimos juntos.
- Eu também, cara! Eu achei que a parte mais difícil fosse fazer ela falar, mas foi tão fácil, que eu penso que vai ter mais alguma pegadinha no meio do caminho. – Ele riu fracamente.
- Vai dar certo, Gigi, confia.
- Ah, vocês estão aí! – Ergui o olhar para Marcel. – Vamos? Temos algumas pessoas para cumprimentar.
- Claro! Claro! – Falei, me levantando e deixei o copo na bancada antes de seguir com ele.
Capitolo centododici
- Viene! – Falei após ouvir os dois toques na porta e vi Sandra entrar. – Ciao.
- Eh, chegou isso para você! – Ela disse, estendendo um envelope para mim e o peguei.
- Grazie. – Falei e ela assentiu com a cabeça antes de sair.
Observei o logo da FIGC no papel azzurro e soltei o lacre, vendo o convite “Você está convidado para o evento em homenagem aos 120 anos da FIGC”, suspirei. As vantagens e desvantagens da presidência. Suspirei, deixando o convite de lado, depois pediria para Sandra confirmar presença.
Enquanto finalizava o relatório para o administrativo, fiquei olhando os minutos passarem no relógio. Tínhamos sessão de fotos do time em alguns minutos e eu não queria deixar nada pendente, nem que fosse um ponto final.
Pronto! Salvei o arquivo, encaminhando para Danielle e fechei as abas antes de desligar o monitor. Me levantei, pegando o protetor de vestido esticado no sofá e fui até o banheiro, me trocar e dar uma retocada na maquiagem. Saí do banheiro quando Pavel abriu a da sala.
- Pronta? – Ele perguntou.
- Sim, claro! – Falei. – Vamos tirar foto assim mesmo?
- Assim como? – Ele perguntou.
- Sem um diretor contábil e sem um diretor geral?
- Beh, o diretor contábil é você! – Ele disse. – Agora o geral não tem. – Ele deu de ombros.
- Isso não está certo.
- O diretor geral serve como ponte entre nós e os jogadores, faz as reuniões quando a contabilidade demonstra interesse, eu e o Fabio podemos fazer isso. Relaxa! Vai tudo dar certo. – Suspirei.
- Espero que esteja certo. – Joguei meus cabelos para trás e peguei o celular na mesa.
- Vamos? – Ele disse e suspirei.
- Vamos! – Falei, seguindo com ele para fora da sala. – Sandra, estou lá embaixo, qualquer coisa me liga.
- Pode deixar! – Ela disse e puxei minha porta.
- Então, você vai no campeonato da Sub-20? – Ele perguntou e suspirei.
- Eu não sei, honestamente. – Soltei um longo suspiro, descendo as escadarias do prédio administrativo.
- Algum motivo especial ou só atolada, mesmo? – Ele perguntou.
- Atolada sempre, é claro... – Ri fracamente. – Mas um pouco indisposta.
- Ainda? – Ele perguntou.
- Sim, e não estou confortável com isso... – Sacudi a cabeça.
- Por quê? O que está acontecendo?
- Eu não sei, mas estou tendo muito sintomas parecidos de quando descobri o câncer.
- Opa! – Ele parou com o andar, me puxando pelo braço. – Você acha que seu câncer voltou? – Engoli em seco.
- É a primeira vez que eu falo isso em voz alta, mas comecei a pensar. Eu estou nisso há uns 15 dias, Pavel. – Mordi o lábio inferior. – Tem muitas similaridades.
- Não, null, não vai ser nada disso, você vai ver. – Suspirei, voltando a andar.
- Já nem sei mais. Eu estou com dificuldade de me alimentar por causa da azia, muito cansaço... Dessa vez, ao invés de perder, eu estou ganhando bastante peso... – Suspirei. – E nem posso levar em conta meu ciclo desregulado, porque ele é desde que eu tirei um ovário...
- Força, null, não é nada! – Ele segurou minha mão. – Sua vida mudou muito, a começar pela saída do Gigi, a presidência, pode ser exaustão também. Vamos ver com alguém de maior confiança para cuidar dos detalhes menores da contabilidade, pelo menos fora da época de transferência...
- Eu não sei, eu só faço o que vai chegando, mas... – Suspirei. – Sei lá, não quero passar por aquilo de novo, porque agora eu só tenho um útero e eu vou ter que tirar e eu ainda tenho uma pequena, mínima esperança de poder ter um filho pelos meios normais, sabe? – Senti minha voz afinar e ele me abraçou pelos ombros, me puxando para si.
- Eu prometo que vai ficar tudo bem, null. – Ele disse.
- Parece que ao invés da minha vida melhorar, ela virou uma bagunça pior ainda...
- Vamos focar primeiro na sua saúde, pode ser? – Passei as mãos delicadamente embaixo dos olhos. – Já marcou um médico para ver isso?
- Sim, mas só para o fim do mês, ela adiantou um pedido de exame de sangue, eu devo fazer no fim de semana no J-Medical. – Abanei a mão.
- Fala com a sua família... – Ele disse quando passamos pela entrada do CT. – Me falaram que você tentou esconder de muita gente na última vez. Independente do que for, não guarda isso para você...
- É muito difícil falar isso em voz alta. – Falei, soltando a respiração fortemente.
- Eu sei... – Ele apoiou a mão na minha. – Mas não fique sozinha, eu estou aqui, seus amigos estão aqui... – Ele suspirou. – Infelizmente o Gigi não está, mas tenho certeza de que ele vai te atender quando e para o que você precisar. – Ele disse e passei a mão na lateral do meu rosto, limpando a lágrima.
- Eu não quero preocupá-lo sem ter certeza. – Vi a equipe se arrumando no campo de treino, mas alguns jogadores estavam perto dos carros com seus ternos.
- Você que sabe, mas eu sei como vocês sempre se ajudaram em toda e qualquer situação. – Assenti com a cabeça. – Inclusive seu ex levou um soco do Gigi, não? – Ele disse e ri fracamente.
- E do Chiello, do Treze, do Alex, do Camoranesi e mais gente que eu nem sei. – Falei, vendo-o rir fracamente.
- Aposto que ele soca qualquer pessoa por você... – Pressionei os lábios.
- Vamos devagar, por favor. – Falei. – E não fala isso para Barza ou Chiello ou... – Neguei com a cabeça. – Não quero causar preocupação, eu só precisava desabafar...
- Tudo bem. – Ele disse suspirando. – Mas fale com a sua família. Isso é uma ordem do seu vice. – Ri fracamente.
- Tudo bem! – Suspirei.
- Você consegue dar um sorriso para fazer essa foto sair bonita? – Ele disse e ri fracamente.
- É, acho que sim. – Passei as mãos nos olhos novamente. – Vamos lá... – Falei, seguindo com ele em direção ao pessoal que eu tinha encontrado ontem após a vitória incrível contra o Young Boys ontem. – Buongiorno! – Falei, vendo alguns rostos me viraram.
- Chefa! – A voz estridente de Fede e Dybala me chamaram atenção e ri fracamente, começando a cumprimentar um a um, ajeitando os paletós e gravatas.
- Vocês estão muito bonitos! – Sorri, abraçando Cuadrado.
- Você também! – Ele disse e dei um beijo em sua bochecha.
- Capitano! – Abracei Chiello.
- Ciao, null! – Ele disse e sorri. – Como você está?
- Ah, muito bem depois da vitória de ontem. – Ri fracamente. – E você? Não está mais tão rouco? – Ele riu fracamente.
- Ah, me irritei demais! – Ele disse, me fazendo rir.
- Isso é um milagre, mas acontece. – Me aproximei de Mario, cumprimentando-o, depois fiz o mesmo com Sami.
- Foi um jogo bonito, mas Paulino roubou todos os gols! – Baguncei os cabelos do mesmo.
- Ah, chefa! Meu cabelo! – Ele disse, ajeitando os cabelos com gel, me fazendo rir.
- Ah, vocês estão incríveis. – Sorri.
- Pronta para ficar no meio dessa vez? – Allegri disse, me cumprimentando e eu suspirei.
- Ainda não me acostumei completamente com isso, ok?! Mas existe um pouco de conforto. – Falei, ouvindo-o rir fracamente. – Cadê o Barza?
- Está chegando... – Leo disse, indicando e virei para trás, vendo Barza andar rápido pelo gramado enquanto ajeitava as abotoaduras.
- Barzaglione chegando atrasado, é?! – Falei, rindo fracamente. – Parece que ter uma namorada finalmente deixou-o soltinho. – Falei um tom mais alto, vendo Barza se aproximar. – Não é, Barza? – Chamei-o e ele ergueu o rosto.
- Ah, buongiorno! – Ele disse.
- Buongiorno! – Eu e outras vozes falamos juntos, me fazendo rir. – Está em cima da hora, hein?! – Falei, rindo fracamente.
- Scusa, perdi hora! – Ele disse.
- Uhum, e por acaso essa perda de hora tem nome e sobrenome? – Ele ficou avermelhado, me fazendo rir. – Ah, como eu estou feliz por você! – Abracei-o de lado, colando minha cabeça na dele. – Finalmente!
- Viu, chefa, se até o Barza se resolveu, você também pode! – Dybala disse.
- Para de ser inconveniente, Paulo! – Barza disse e eu abanei a mão.
- Enfim, essa foto sai ou não? – Falei, me aproximando dos fotógrafos.
- Sim, claro! – Ele disse. – Vocês podem se colocar em seus lugares, vamos começar com todo mundo, depois só os jogadores, assim por diante. – Ele disse. – Depois temos algumas fotos da Jeep para fazer também, vamos aproveitar.
- Vamos lá. – Barza me esticou a mão e segurei-a.
- Ah, Barza! – Abracei-o pelos ombros. – Eu estou tão feliz por você. A Ada é incrível mesmo. – Ele riu fracamente.
- Você não precisa agir como a mamãe orgulhosa, null. – Ele disse e entrei no meio das duas fileiras.
- Você faria o mesmo, não? – Falei.
- Obviamente. – Rimos juntos.
- Então está ótimo. – Me coloquei exatamente no centro do banco, vendo Pavel do meu lado direito, depois Fabio, que havia chegado há pouco, do meu esquerdo, além de todos os jogadores no banco à frente e atrás, e a equipe técnica ao nosso lado no centro.
- Sorriam! – O fotógrafo disse.
Suspirei, sentindo um filme passar em minha cabeça começando pela saída da Gigi, presidência, saída de Beppe, término de Gigi, a possível volta no câncer e foi difícil dar um sorriso honesto de início, mas depois pensei que eu ainda estou aqui, apesar de tudo, então sim, eu tinha motivos para sorrir. Pelo menos hoje.
Deixei meu rosto relaxar em um sorriso, olhei para minha frente, vendo Tek e suspirei. Senti uma mão apertando meu ombro e ergui o olhar discretamente, vendo Chiello atrás de mim e sorri. É, talvez tudo ficasse bem ocasionalmente.
Fino alla fine.
Soltei um suspiro ao abrir a janela do hotel e sorri. Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo! Eu estava de volta ao meu país! Era Roma, mas melhor do que nada. Marcaram um evento superchato dos 120 anos da FIGC no Palácio Quirinale junto com o presidente Matarella, mas eu estava incrivelmente feliz porque null estaria presente!
Beh, pelo menos eu e Chiello achamos isso. Ele iria junto da Nazionale que também foi convidado e ela é para ter sido convidada por ser presidente da Juve. Só esperava que ela não desistisse por imaginar que eu estaria aqui, eu queria muito vê-la, eu precisava vê-la. Fazia quatro meses que eu não tinha nenhum contato com ela e isso estava me matando de uma forma enorme.
Sei que nossa última transa não consertaria tudo magicamente, só foi uma forma de despedida, então ela provavelmente ainda estava brava comigo, já que ela não respondeu nem minha mensagem de parabéns pela presidência, mas vou dar um desconto porque imagino que ela estivesse surtando ainda.
Me afastei da janela e fui até o banheiro, terminar de me arrumar. Eu precisava ficar bonito para ela. Passei gel no cabelo, jogando-o de lado e escovei os dentes pela segunda ou terceira vez desde que vim para o quarto. Saí do banheiro, desenrolando a toalha da cintura e vesti a cueca separada.
Segui até o protetor do terno e o abri, vestindo a calça e coloquei a camisa por dentro antes de fechar o botão e o zíper. Olhei para a gravata, rindo fracamente com a minha incrível incapacidade de fazer o nó e deixei-a de lado, pegando o colete e vestindo-o. Coloquei o paletó por cima e abri minha carteira pegando o convite e colocando no bolso.
Me sentei na cama novamente, vestindo as meias e os sapatos sociais e me levantei de novo, me encarando no espelho de corpo inteiro do quarto. Ajeitei o paletó e sorri. Ela ia gostar, e provavelmente reclamar pela falta de gravata, mas seria uma desculpa para ela falar comigo. Ela nunca escondeu a opinião dela, não importava o que fosse.
Segui de volta para minha mochila, pegando o celular e dei uma rápida olhada nas notificações. Queria ficar mais alguns dias aqui na Itália, mas eu tinha treino na sexta, então precisa voltar amanhã mesmo para Paris.
“Chiello, estou saindo do hotel, logo chego”. – Enviei para ele, recebendo a resposta mais rápido que o esperado.
“Estamos a caminho”.
Guardei o celular no paletó interno e o cartão chave antes de seguir para fora do quarto. Desci os andares pelo elevador e o carro que a Federazione havia reservado para mim já estava na porta. Como o hotel foi escolhido pela FIGC, em menos de 10 minutos eu estava na frente do Quirinale, onde o ônibus da Nazionale já estava na porta.
- Grazie! – Assenti para o motorista e saí do carro.
O dia estava claro ainda e o tempo em Roma sempre era mais quente do que em Turim, então já comecei a suar dentro do terno, mas podia ser o nervosismo iminente em encontrar null de novo.
Me aproximei da entrada, entregando o convite e estava só quatro minutos passado do tempo. Me indicaram o caminho tão conhecido e passei pelos corredores e grandes salões do palácio presidencial, chegando aonde seria o evento. Lá dentro já percebi as duas Nazionali, tanto masculina quanto feminina, que se preparavam para o Mondiale do ano que vem.
- Ah, Gigione! – Virei para o lado, vendo Fede e abri um sorriso, abraçando-o fortemente.
- Ah, Fede! – Dei alguns tapas em suas costas e ele fez o mesmo. – Que saudade sua!
- Eu também! É muito bom te ver! – Ele sorriu.
- Você também. Como está tudo?
- Tudo bem, tudo bem. E você? – Ele falou e ponderei com a cabeça.
- Beh... – Rimos juntos. – Você sabe.
- Ah, meu amigo! – Ouvi a voz de Chiello e ele me abraçou pelos ombros e me virei para abraçá-lo fortemente. – Que falta que você faz, cara! – Gargalhamos juntos.
- Devo estar te enlouquecendo, não?! – Falei e ele riu fracamente.
- Menos do que eu esperava, confesso! – Rimos juntos. – Como estão as coisas? Coração calminho?
- Ah, tentando viver um dia depois do outro. É difícil esquecer o que está acontecendo em Turim, mas estou tentando, às vezes eu dou uma volta, vou para algum ponto turístico, algum restaurante, só de não depender da Ilaria é incrível.
- GIGIONE! – Ouvi o grito antes de sentir um apoio em meus ombros e Leo passou o braço em meu pescoço.
- Seu puttano, hein?! – Virei para ele, abraçando-o fortemente. – Você voltou! – Gargalhamos juntos.
- E você foi embora, cara! – Ele disse, me fazendo rir. – Quando eu vi as notícias, eu não acreditei...
- Mas te contaram o que...
- Ah, contaram! – Ele disse. – E já deu certo, né?!
- Sim, já, mas eu tenho um contrato com o PSG, vou cumprir e, mesmo pagando a multa, seria suspeito demais e eu não estou a fim de dar explicações. – Neguei com a cabeça.
- Beh, tenho certeza de que ela poderia usar muito do seu apoio agora. – Chiello disse.
- Ela já está aqui? – Perguntei.
- Já, mas ela está lá com o time feminino, tem várias meninas da Juve na Nazionale feminina também. – Engoli em seco.
- Estou nervoso, confesso! – Falei, vendo-o rir fracamente.
- Aposto que ela também. – Ele disse.
- Mas como ela está na questão presidência? – Perguntei.
- Ela teve um pequeno surto na semana do anúncio, ela foi no jogo e você via na cara dela que ela não estava feliz. Se afastou alguns dias, até que ela voltou. – Chiello disse. – Nos acompanha em todos os jogos agora, aparece de vez em quando nos treinos... Você ia adorar.
- Eu estou adorando! – Falei, rindo fracamente. – Ela se tornou presidente, gente! Eu nunca pensei que isso fosse acontecer. – Suspirei. – Ela sempre dizia que não queria ter os holofotes em cima dela, mas ela fica bem com eles em cima dela. Eu estou muito orgulhoso dela. – Suspirei e senti dois tapinhas em meus ombros. – Só espero que isso não dificulte a minha volta.
- Beh, a gente acabou de resolver um problema, vamos esperar antes de encontrar mais, que tal? – Ele disse, me fazendo rir.
- Resolvemos parte de um problema. Eu resolvi o que me impedia de ficar com ela, agora eu preciso que ela queira ficar comigo depois de tudo... – Sorri, virando para os três.
- Ah, olha a hora! Scusi! – Fede disse, tentando fugir do assunto, nos fazendo rir. – Desacelera, Gigi, vai dar certo.
- E a velha guarda se junta de novo! – Virei para o lado, vendo Andrea Pirlo ali e ri fracamente.
- Ah, Pirletti! – Abracei-o fortemente, sentindo-o dar alguns tapas em minhas costas.
- Gigione! Virou internacional agora! – Ele disse, me fazendo rir.
- Ih, cara, você nem imagina! – Disse rindo.
- Bom te ver bem, inteiro e jogando ainda. – Ri fracamente.
- Grazie, grazie! E você? O que faz aqui?
- Ah, estou começando meus cursos de formação como treinador, gosto dessa área.
- Quem sabe a gente não se encontra de novo? – Falei, vendo-o rir.
- Quando você se aposentar ou...?
- A gente vê! – Rimos juntos.
- Gigi... – Chiello me chamou e virei o rosto para ele.
- Sim?
- Sua garota. – Ele disse, indicando com o rosto e virei para frente, vendo as diversas pessoas em volta praticamente abrirem um corredor para null.
Um sorriso se formou em meus lábios automaticamente, como não era de suspeitar, ela estava linda e incrível. O corpo em um tradicional vestido preto até os joelhos e as mangas laterais, os cabelos estavam soltos em sua forma natural, além da maquiagem, acessórios e detalhes que só deixavam-na mais linda.
Mas tinha algo diferente nela, não sei, ela estava mais... Gostosa! Se eu puder dizer assim. Não sabia se era efeito da presidência que deve tê-la deixado incrivelmente ansiosa, mas ela estava um pouco maior do que eu me lembrava, além dos seios... Ah, os seios! Eles já eram perfeitos, mas parecia que estavam maiores dentro do decote do vestido.
Ela conversava com alguém, talvez presidente de algum outro clube e notei que Angela estava ao seu lado. A assistente acenou discretamente em minha direção e sorri, retribuindo, me fazendo sorrir.
- Chiello... – Aproximei meu rosto dele.
- Sim? – Ele disse.
- A null fez algo no corpo dela? – Perguntei baixo.
- Quê? Como assim, cara? – Ele perguntou.
- Ah, sei lá, plástica ou...
- Não que eu saiba, cara! – Ele franziu a testa, virando para mim.
- É que os seios dela estão maiores... – Ele riu fracamente, apoiando a mão no rosto e abaixando-o.
- Olha o que você repara! – Ele disse.
- Eu conheço bem, ok?! – Comentei.
- Eu não fico reparando essas coisas da null, cara. Ela é minha amiga e minha chefe. – Ele disse.
- Será que ela colocou silicone? – Perguntei.
- Não faço a mínima ideia, cara. Ela falou para gente que deu uma engordada, mas falou que era a ansiedade.
- Ah, tem algo mais, certeza. – Falei, rindo fracamente. – Não estava assim da última vez que eu... – Fechei a boca rapidamente.
- Ah, vocês dois! – Ele disse, me fazendo rir.
- Você não ouviu nada. – Falei.
- Queria! – Ele disse, me fazendo rir. – Ela está vindo.
- Como estou? – Perguntei e ele revirou os olhos.
- Intimidade passou dos limites, Gigi. – Ele disse, dando dois toques em meus ombros e eu suspirei, vendo-a se aproximar com as mãos apertando a mão e Angela ao seu lado.
Parecei que os cinco ou seis metros que nos distanciavam durou uma eternidade. Eu não sabia para onde olhar, se era para seu rosto, seus olhos, seus lábios, seu decote, suas pernas, mas ver tudo isso chegando perto de mim com o lábio inferior mordiscado foi quase como uma recarga de bateria para mim.
- Ciao, null! – Falei quando ela se aproximou o suficiente.
- Ciao, Gigi. – Ela disse e meu sorriso se alargou. Sua voz é incrível.
- Feliz em te ver. – Segurei sua mão, apertando-a levemente e ela deu um curto sorriso.
- Eu também. – Ela disse, subindo a outra mão para meu ombro e me abraçou, colando seu corpo no meu.
Sorri, suspirando próximo a seu ouvido e levei minhas mãos para sua cintura, sentindo-a subir a outra para meus ombros também. Isso definitivamente fez com que meu corpo se carregasse completamente, tudo por causa dela.
Não sei quanto tempo o abraçou demorou, mas eu consegui deslizar minhas mãos pela sua cintura, sentir o cheiro de seus cabelos e de seu perfume, fazendo meu corpo relaxar por completo.
- Caham! – Ouvi uma tossida forçada e vi Angela indicando com a mão para afastar e o fiz devagar, vendo null novamente.
- Eu senti sua falta. – Falei baixo e vi seus olhos null se erguerem para mim.
- Eu...
- Por favor, senhoras e senhores, tomem seus lugares para início da cerimônia. – Um organizador falou e olhei para null.
- Podemos conversar depois? – Perguntei, segurando sua mão novamente.
- É... – Ela disse. – Vamos ver. – Ela suspirou.
- Bom te ver, Gigi! – Angela disse, puxando null e senti nossas mãos se afastarem devagar.
- É, parece um tonto! – Chiello disse, me fazendo rir.
- O abraço demorou demais? – Perguntei.
- Um pouco. – Ele disse.
- Eu estou perdendo alguma coisa? – Pirlo perguntou e suspirei.
- Ah, algumas coisas! – Falei, suspirando. – Vamos nos sentar... – Abanei a cabeça, suspirando.
- Como está se sentindo? – Angela perguntou e eu engoli em seco.
- Como uma gelatina. – Falei, apertando a mão dela.
- Respira, o pior já passou. – Ela disse e me sentei em uma das fileiras do meio.
- Ah, te garanto que não passou. Ele ainda vai querer conversar. – Suspirei.
- Beh, você não tem nada a esconder, qual o problema? – Ela perguntou.
- Porque eu sou uma manteiga derretida perto dele e não resisto. – Falei, suspirando.
- Achei que estava brava com ele...
- Eu estou! – Engoli em seco. – Bastante, por sinal, mas... – Suspirei, vendo-o se sentar próximo a Dino Zoff em uma das primeiras poltronas. – Eu sou apaixonada por ele.
- Ah, null... – Ela suspirou, apertando minha mão.
- Eu preciso ser forte, Angela, eu preciso superar. Ele se foi, ele me machucou, ele...
- Eu não posso te ajudar nisso, null, mas posso servir de guarda-costas para você... – Ri fracamente e virei para a mesma.
- Obrigada por ser minha amiga, Angela. Já basta. – Ela sorriu.
- E eu agradeço por me considerar. – Ela disse e sorri.
A cerimônia começou chamando todas as autoridades presentes, o presidente da república, o presidente da FIGC, os homenageados, incluindo Gigi, e depois cumprimentou o restante dos convidados.
O presidente Mattarella falou primeiro, depois o presidente da FIGC, depois Chiello, capitão da Nazionale masculina, e Sara Gama, capitã da Juventus Women e da Nazionale feminina. Por fim, eles homenagearam os convidados como Gigi, Zoff, Zaccardo, Pirlo, entre outros, além dos presidentes dos clubes presentes por “levar adianta a cultura do futebol italiano” ou algo assim. Para terminar a cerimônia, eles tiraram fotos com as duas Nazionale e o presidente.
- Agora, vocês estão convidados para ver a exposição de 120 anos da Federazione Italiana Giuoco Calcio e um coquetel. – O presidente da FIGC encerrou a apresentação.
- E eu vim aqui para isso? – Cochichei baixo para Angela.
- Vantagens e desvantagens. – Ela disse e suspirei. – Ao menos recebeu um prêmio.
- Eu não, a Juve. – Suspirei. – Em dois meses te garanto que não fiz nada. – Falei, ouvindo-a rir fracamente.
- Se o Pavel não estivesse viajando, eu teria mandado ele.
- Ele não foi convidado, presidente. – Angela disse e suspirei.
- Beh, vamos lá, depois vamos embora. – Falei, me levantando, ajeitando a parte de trás do vestido e ela riu fracamente.
Espiei Gigi preso com o presidente e aproveitei a deixa para seguir em frente para a exposição. Lá dentro tinha várias coisas do futebol dos últimos 120 anos. Troféus das competições internacionais, blusas de jogadores, bolas comemorativas, materiais esportivos... Enfim, tudo o que tinha no Juventus Museum, mas dedicado a Nazionale.
- Você quer beber algo? – Angela perguntou. – Tem álcool. – Rimos juntas.
- Não, acho melhor eu me manter sóbria. – Ela riu fracamente.
- Se importa?
- Nenhum pouco! – Falei, vendo-a rir fracamente e procurar um garçom.
Segui andando pela exposição, parando de vez em quando para cumprimentar algum outro colega da profissão que agora eu sou obrigada a saber, também rever alguns velhos conhecidos.
Caminhei devagar por entre os corredores, realmente interessada em tudo o que estava ali, já havia ido para Coverciano algumas vezes para outros eventos, mas não lembro de realmente ir no museu deles e ver tudo o que tinha lá dentro. Claro que aqui tinha só algumas coisas, não o museu inteiro, mas era interessante.
Me aproximei das conquistas do tetracampeonato e suspirei, vendo a blusa e luvas de Gigi e engoli em seco. Algumas memórias de 2006 voltaram e foi inevitável não pensar em tudo o que aconteceu naquele ano. Desde nosso relacionamento, que havia sido, creio eu, o melhor momento de nossa vida juntos, pelo menos para mim, até o término bagunçado por causa de manipulação de resultados e finalizando com o que eu vi após daquele jogo e ele engatando em outro relacionamento.
Suspirei, sabendo que isso era passado, confesso que preferia lidar com aquele programa hoje do que com tudo o que havia acontecido entre nós dois. Eu precisava seguir em frente, mesmo sabendo que provavelmente ficarei sozinha pelo resto da vida, mas depois de viver um amor grande assim, mesmo difícil como foi, era impossível viver outro.
- Você não deveria estar aqui. – Vi Gigi se colocar ao meu lado e virei o olhar para ele.
- Aqui...?
- Aqui... – Ele indicou a seção. – Já faz anos, mas... – Ele negou com a cabeça. – Não gosto de lembrar isso.
- Foi a sua maior conquista, Gigi. – Falei, virando para ele. – Uma coisa não cancela a outra.
- Não, mas lembra. – Ele suspirou. – Não tem uma vez que me falam disso que eu não lembro de tudo o que passamos lá atrás.
- Éramos jovens, estúpidos... – Suspirei, pressionando os lábios. – Essas coisas acontecem.
- Ficamos jovens e estúpidos por bastante tempo, não acha? – Ele se virou para mim, ficando em minha frente e ri fracamente.
- Eu tenho que concordar com isso. – Ele sorriu.
- Eu não te parabenizei. – Ele disse.
- Meu aniversário é em duas semanas. – Ele riu fracamente.
- Não sobre isso, presidente. – Revirei os olhos.
- Ah, nem lembra! – Ele riu fracamente.
- Sabia que não gostaria disso. – Suspirei.
- É só que... – Mordi meu lábio inferior. – Eu pensei que minha vida pudesse finalmente seguir os caminhos que eu queria, sabe? – Suspirei. – E está indo para um caminho totalmente diferente. – Mordi meu lábio inferior.
- Talvez tenha um motivo para tudo isso... – Ele disse e suspirei.
- Me enlouquecer de vez, provavelmente. – Ele riu fracamente. – Querer me esconder de tudo e de todos para sempre.
- Não... – Ele segurou minha mão. – Isso não. – Senti meu corpo se arrepiar novamente com o feito. – Você vai se acostumar, você viu Agnelli por anos, ele lidou com tudo muito bem...
- Eu continuo na contabilidade, Gigi. – Virei para ele. – Eu já tinha a vida corrida, agora tenho dois postos importantes. Além de que o Beppe saiu também, então o top cinco agora é um top três com acúmulo de funções.
- Beppe saiu? – Ele disse surpreso.
- Sim... – Suspirei. – Problemas com Paratici.
- Uau, não esperava por isso. – Ele disse. – Mas sua equipe é bem treinada, eles podem...
- Sim! A Sara e o Miguel estão me ajudando bastante com tudo, mas a parte de decisões ainda é minha. – Ele assentiu com a cabeça.
- Vai dar certo, você sempre foi incrível em tudo o que fez. E acho bem mais legal te ver nas fotos e comemorando os gols do que o Agnelli. – Ri fracamente, sentindo meu rosto esquentar.
- Você está acompanhando?
- Tento não, mas estou. – Ele disse. – Os calendários se sobrepõem, mas alguma coisa eu sempre vejo, principalmente por você. – Pressionei os lábios, assentindo com a cabeça. – Como está tudo?
- Quase tudo igual. – Ponderei com a cabeça. – Tirando você, Marchisio, Lich e Asa, é como se nada tivesse mudado.
- Cristiano Ronaldo... – Ri fracamente.
- Isso aí... – Neguei com a cabeça.
- Fiquei surpreso quando vi.
- Fiquei surpresa quando ele aceitou. – Falei, suspirando.
- Parabéns! – Ri fracamente.
- Eu não sei se você pode me desejar parabéns, mas só o tempo vai dizer...
- Por quê? – Ele perguntou, franzindo o rosto.
- Beh, eu tenho que te culpar por isso, porque eu enviei mensagem para ele quando estava bêbada... – Ele riu fracamente.
- Mesmo?
- É... – Sorri. – Ele está fazendo seu trabalho, fazendo gols, mas fico preocupada se algo dá errado no meio do caminho, nada é concreto... – Suspirei.
- Ele é um dos melhores jogadores da atualidade, vai dar certo.
- Você, Chiello, Barza e todo mundo pensam iguais, é difícil explicar. – Ponderei com a cabeça. – Às vezes precisamos de muito mais do que só ser o melhor jogador da atualidade. – Ele assentiu com a cabeça. – E eu ainda prefiro o Paulo e o Mario. – Rimos juntos.
- Como eles estão?
- Os encontrei no jogo contra a Udinese antes da data FIFA e estão muito bem. Eles estão me zoando cada vez mais por causa da posição e fazendo bom uso do apelido “chefa”. – Falei, vendo-o rir.
- Ele combina muito bem com você, mas parece que nada mudou. – Ele disse.
- Minha psicóloga concorda contigo, mas a ansiedade, o surto, nervosismo, tudo isso diz o contrário...
- Você vai tirar de letra, tenho certeza. – Puxei a respiração fortemente, soltando-a segundo depois.
- É, faz só dois meses, vencemos todos os jogos até agora... – Ponderei com a cabeça. – Chiello é um capitão tão surtado quanto você...
- Mesmo? – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Sim! Ele no banco é igual você, a diferença é que ele aguenta ficar no banco e não anda por aí. – Ele sorriu. – E você?
- O quê? – Ele perguntou.
- Lá em Paris, como está? – Perguntei, honestamente com medo da resposta.
- Você sempre disse que não tem nada como a Juve... – Dei um pequeno sorriso. – Mas as pessoas são legais, me enturmei bem, eles possuem um centro de treinamento tão bom quanto o nosso... – Ele ponderou com a cabeça. – Mas não é nada parecido com aquilo.
- Estou feliz por saber. – Falei e ele riu fracamente.
- E nem tem você, que é o principal. – Dei um curto sorriso.
- E você... Está vendo seus meninos? – Perguntei. – Como vocês estão fazendo?
- O Lou e o Dado eu vejo fim de semana sim, fim de semana não. É um pouco mais difícil por causa da escola, agora o Leo fica uma semana por mês comigo, minha mãe ou minhas irmãs o trazem... – Ele abanou a mão.
- Eu vi que você e a... – Engoli em seco. – Terminaram.
- É! – Ele disse sorrindo.
- Eu não deveria me importar, Gigi, mas sabemos que eu não tenho educação o suficiente para fingir que eu não vi... – Engoli em seco. – Mas eu estou ficando cada vez mais confusa. Suas ações são...
- Eu disse que ia resolver, não disse? – Ele levou as mãos em meus ombros.
- E você precisava para ir para Paris para resolver isso? – Movimentei meus ombros, vendo-o deslizar as mãos pelos meus braços.
- Precisei. – Ele suspirou. – Um dia você vai entender...
- Eu não quero entender. – Abanei a mão, me afastando um passo para trás. – Eu não quero voltar a isso... – Engoli em seco.
- null...
- Volta para Paris... – Falei baixo, sentindo que as lágrimas ameaçaram de sair e puxei-as assim que dei de costas para ele.
- Vemos que deu muito certo. – Chiello apareceu ao meu lado e eu suspirei.
- Completamente, como sempre. A gente quase brigou e ela começou a chorar. – Dei de ombros.
- É, eu vi, mas ela está ficando muto boa em esconder, isso não é bom... – Ele disse e suspirei.
- Não, antigamente era muito fácil saber quando ela estava mentindo, ficava estampado em seu rosto, agora eu só sei por que é esse maldito assunto de novo.
- Por que você não fala para ela? – Ele disse.
- Sobre o quê? – Franzi a testa.
- O real motivo que você saiu, acabou. Foi por causa dela tudo isso, se você falar...
- Ela vai ficar comigo automaticamente, eu sei. – Suspirei. – E não seria justo.
- O que está falando, Gigi? – Ele cruzou os braços ao se virar para mim.
- Eu não posso conquistá-la assim. – Falei, pressionando os lábios. – Eu não posso simplesmente estalar os dedos e contar isso. Não seria usto.
- Como não, cara? Você está em Paris por ela. – Ele disse.
- Eu sei, mas nosso problema não é só Ilaria. – Neguei com a cabeça. – É muito mais do que isso, a começar por isso... – Indiquei a minha blusa na parede. – Mondiale de 2006.
- Quando vocês se separaram pela primeira vez?
- Primeira e única vez que nos separamos. – Suspirei. – A única vez que namoramos. Uma interpretação errada minha, uma bebida, minha felicidade e eu perdi a única mulher que importava. – Ri fracamente.
- Mas ela sempre voltou para você, Gigi.
- E você realmente não vê problema nisso, Chiello? – Suspirei. – Nos esconder em vestiários e quartos de hotéis? – Neguei com a cabeça. – Ela merece mais, ela merece um recomeço...
- E como você vai fazer isso? – Ele perguntou.
- Não faço a mínima ideia. – Falei, rindo fracamente. – Mas eu a conquistei de alguma forma há 17 anos, espero conquistar de novo ano que vem.
- Você tem o álibi perfeito para ter ela de volta e...
- Se fosse fácil não estaríamos assim, cara! – Dei dois tapinhas em suas costas. – Ela merece ser cortejada, cuidada, amada... E eu vou compensar esse ano da melhor forma possível ano que vem.
- Beh, a vida é sua e, mesmo eu te achando um bobão por querer o caminho mais difícil, eu não deveria me surpreender, porque sempre foi assim, né?! – Ele deu de ombros. – Só dá um final para gente, pelo amor de Deus. Cansei de ver minha amiga triste pelos cantos e, ironicamente, isso melhorou quando o baque da sua partida passou.
- Ela fala de mim? – Perguntei.
- Pouco, às vezes aparece você na TV e ela corre desligar, mas é difícil ouvir ela falar que acabe citando você, mas acho que ela tem coisas o suficiente na cabeça para não pensar em você.
- Ao menos isso... – Suspirei. – Por mais que a presidência seja algo que ela não queria, assim, de forma geral, ela está se distraindo.
- Sim, está. Ela aparece ao menos uma vez por semana nos treinos, às vezes conversa comigo, às vezes com o Barza, Allegri e por aí vai...
- Como ele está? – Virei para Chiello. – Barza.
- Ele está muito bem, para falar a verdade. – Ele disse rindo. – Barza está namorando.
- O quê? – Arregalei os olhos. – Você está brincando! A Maddalena?
- Não! Uma menina nova! Ela trabalha lá no J-Medical! – Ele disse rindo. – Você não o reconhece mais.
- Por quê? – Falei rindo.
- Ele está soltinho, você precisa ver! – Ele riu fracamente. – Chega sempre sorrindo, sai mais, às vezes chega atrasado... – Ri fracamente. – A menina acabou se aproximando de null, está indo em todos os jogos.
- Bom ver que ele se ajeitou. – Sorri.
- Pois é, cara! E se a nossa rocha conseguiu recomeçar a vida amorosa dele, você também consegue... – Ele deu dois tapinhas em meus ombros. – Fale, Leo!
- Vamos embora! – Ele disse e virei para ele.
- Já?
- É, estão voltando para o ônibus. – Ele me cumprimentou, me abraçando rapidamente.
- Falando em relacionamentos, esse daqui também, está todo de sorrisinhos, mas ninguém sabe o motivo ainda, aposto que é mulher. – Chiello disse.
- Ei, cara, relaxa! Tudo ao seu tempo. – Leo disse, me fazendo rir.
- Está feliz? – Perguntei.
- Sim. – Ele sorriu.
- Isso que importa, então! – Falei, dando dois rápidos beijos nele.
- Vai ficar bem? – Chiello perguntou.
- É! Logo devo ir também. – Abracei-o. – Se cuidem!
- Você também! Escuta o que eu falei: encurta caminho.
- Nesse caso não dá! – Falei, vendo-o suspirar e assenti com a cabeça.
Cumprimentei Fede quando passou por mim, além de outros colegas da Nazionale e suspirei quando o ambiente ficou mais vazio. Dei uma volta no mesmo, terminando de ver a exposição, apesar do meu interesse real em vir já tinha sumido e suspirei ao ver Angela vindo em minha direção.
- Ei, vim ver como você está. – Ela disse. – Tentei sumir, mas...
- Nos conversamos, não se preocupe... – Suspirei.
- E como foi?
- Ela me mandou voltar para Paris. – Falei, rindo fracamente e ela fez uma careta.
- Vish! – Ela disse e ri fracamente.
- Está tudo bem, Angela. Cuida dela, depois eu me ajeito.
- Não adianta ela estar bem e você um desastre, Gigi. – Ela disse. – Sua saúde mental também importa.
- Eu estou cuidando disso, mas eu não posso fazer nada agora, Angela. Me resolver com ela e ficar esse ano em Paris? Não! Eu preciso estar ao lado dela, sendo o homem que ela sempre precisou. E não posso fazer isso longe. – Ela suspirou, apertando meu braço.
- Eu vou torcer muito para esse ano passar voando. – Ela disse.
- Beh, logo estamos no fim do ano. – Pressionei os lábios e ela suspirou.
- É, logo... – Ela negou com a cabeça. – Você vai ficar aqui hoje?
- Sim, a FIGC me colocou em um hotel, vou embora amanhã pela manhã. – Falei.
- Nós também, mas acho melhor eu não falar qual ou talvez a null me demita... – RI fracamente.
- Não se preocupe, só abraçá-la já valeu tudo. – Ela assentiu com a cabeça.
- Quer abraçar mais uma vez? Logo vamos, posso casualmente ir ao banheiro e... – Ela olhou em volta. – Não faço a mínima ideia onde é. – Sorri.
- Onde ela está? – Perguntei.
- Lá na entrada. – Ela disse.
- Até mais! – Falei e ela riu fracamente.
Segui pelo caminho que havia entrado, precisando parar para cumprimentar algumas pessoas influentes no meio, tentando discretamente me livrar delas, mesmo se eu precisar voltar para alguns cumprimentos finais. Cheguei na entrada e vi null parada, observando os quadros na parede. Suspirei e dei um toque em seu braço.
- Pronta? – Ela virou para mim. – Ah, é você! Achei que fosse Angela.
- Não sei se fico feliz ou triste em ser comparado com a Angela... – Rimos juntos. – Aposto que ela gostaria de ter um pouco da minha altura. – Falei.
- Até demais! – Ela disse, suspirando.
- Você está indo? – Perguntei.
- Sim, eu volto cedo para Turim amanhã, vou acompanhar um jogo das meninas. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Eu vou te ver de novo? – Perguntei e ela suspirou.
- Provavelmente vai ter algo do futebol que vamos nos encontrar... – Assenti com a cabeça.
- Vou esperar ansiosamente. – Falei.
- Você pode sempre voltar, sabe? Assistir um jogo nosso e...
- Sim, sim... – Falei, assentindo com a cabeça. – Nossa fase de grupos da Champions tem jogo aqui na Itália contra o Napoli, mas... Podia ser em Turim. – Ela pressionou os lábios.
- Arrasem, ok?! Apesar de tudo, eu ainda torço por você. – Sorri. – E quero que você realize seu sonho.
- Grazie. – Suspirei. – E relaxa, está bem? Se você está nesse posto hoje, é porque mereceu e eu tenho certeza que sim. – Ela assentiu com a cabeça rapidamente. – Logo você se acostuma e tudo fica bem.
- Espero que sim... – Suspirei.
- Posso te abraçar?
- Eu nunca negaria isso, Gigi! – Ela disse e passei os braços pela sua cintura, abraçando-a e ela passou os braços em meus ombros, apoiando o queixo ali.
Fechei os olhos, suspirando e a senti me apertar mais contra si, apertando meu paletó. Sorri, ouvindo sua respiração próxima a meu ouvido e virei o rosto, dando um beijo em sua bochecha. Ela contraiu o pescoço e virou o rosto para mim, deixando nossas respirações se encontrassem. Encarei seus olhos por alguns segundos, tocando minha testa na sua. Ela fechou os olhos e suspirei, querendo beijá-la, mas eu não podia, por vários motivos, e me forcei a nos afastar.
- Tudo vai ficar bem. – Falei baixo, acariciando seu rosto e deixei um beijo em sua testa. – Eu prometo. – Falei e ela abriu os olhos devagar, assentindo com a cabeça.
- Fica bem lá... – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Pode deixar. – Falei baixo e ela deslizou as mãos pelos meus braços antes de deixarem eles caírem ao lado do corpo. – Eu... – Mordi o lábio inferior, me contendo a falar.
- Eu sei. – Ela disse com um curto sorriso nos lábios e retribuí.
- Ok, cheguei! – Angela apareceu, me fazendo rir fracamente. – Desculpe, a fila estava enorme. Sabe como é fila de banheiro feminino, né?! – Eu e null trocamos um sorriso e me afastei um passo. – Vai ficar, Gigi?
- É, vou me despedir de algumas pessoas ainda. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Bom te ver! – Ela me abraçou e me abaixei para igualar sua altura.
- Você também! – Sorri, vendo null do outro lado do abraço.
- Vamos? – Ela disse para null.
- Vamos. – null disse. – Se cuida.
- Você também. – Ela disse e suspirei, vendo Angela seguir em frente e null deu um rápido aceno antes de virar o rosto.
Me aproximei da entrada com ela, vendo um motorista abrir a porta para ela e ela deu um último aceno antes de entrar no carro. Suspirei, deixando um largo sorriso se afastar do meu e vi o carro sair segundos depois. Não foi perfeito, quase brigamos de novo, não passamos mais do que uma hora realmente juntos, mas foi bom. Vê-la era sempre bom.
Capitolo centotredici
- Espero que não demore tanto, preciso embarcar com o time para Manchester ainda... – Falei, vendo que a médica estava quase meia hora atrasada.
- Se aquieta! Primeiro vamos cuidar da saúde, depois a gente vê se você vai para Manchester, ok?! – Ela bufou. – Já estou brava o suficiente por tentar esconder isso de mim novamente.
- Eu não te escondi, eu só...
- Não falou para me proteger, mas eu sou sua irmã, cazzo! Há quase 20 anos, você realmente acha que eu vou me importar com qualquer coisa que não seja... – Ela parou a frase. – Não vai ser, não vai ser! – Ela disse rapidamente.
- Ser um câncer... – Falei e ela se virou, apertando a mão em minha boca.
- Fica quieta. Essas coisas atraem... – Ri fracamente.
- Ah, só atraio coisa ruim, isso eu garanto. – Bufei, voltando a folhear a revista em minha mão. – Paz, calmaria, paciência, não...
- Fica quieta, você está me deixando mais nervosa. – Ela disse.
- Quem deve ter câncer sou eu, não...
- Calada! – Ela disse e bufei.
- null? – Ergui o rosto, vendo a secretária. – Pode entrar.
- Aleluia, Senhor! – Giulia disse e deixei a revista de lado antes de me levantar. Caminhei pelo corredor do consultório médico e vi doutora Federica na porta.
- null!
- Oi, doutora. – Cumprimentei-a rapidamente. – Essa é minha irmã, Giulia. – Indiquei-a.
- Tudo bem? – Ela disse e as duas entraram no escritório depois de mim. – Então, null, estou surpresa pela sua ligação! – Ela deu a volta na mesa, se sentando e eu e Giulia fizemos o mesmo. – Te vi em fevereiro.
- Então, doutora, acho que deu alguma coisa errada aqui. – Suspirei, apertando as alças da minha bolsa no colo. – Talvez tenha deixado a sua assistente meio surtada também...
- Carina me disse que você ligou, peço desculpas por não te atender antes, eu estava em um simpósio em Londres...
- Está tudo bem, é só que... – Suspirei. – Aconteceu tanta coisa nesses últimos dois meses que eu não sei se é só ansiedade ou se...
- Se... – Ela disse.
- Se o câncer dela voltou. – Giulia disse mais rápida do que eu.
- Mesmo? – Federica olhou preocupada.
- É... – Engoli em seco. – Eu estou tendo quase todos os sintomas da última vez... – Mordi meu lábio inferior. – Azia, cansaço excessivo, vômito, ciclo desregulado, mas talvez tenha alguma relação com o ovário tirado da última vez, porque diferente da outra vez, eu estou engordando e não perdendo peso, apesar de estar difícil comer por conta da azia...
- Alguma mudança na sua rotina?
- Bastante! – Falei, rindo fracamente. – Eu perdi o amor da minha vida, eu virei presidente da Juventus...
- Eu vi! Parabéns! – Ela disse e ri fracamente.
- É, é legal, mas eu estou surtando ainda. – Ela riu fracamente. – Por isso não sei se pode ter alguma ligação à ansiedade, a psicóloga diz que sim, mas já deveria ter diminuído...
- Você está sentindo algum desses sintomas agora?
- Não, faz umas duas semanas que deu uma diminuída, mas... – Suspirei.
- Fez os exames que eu pedi?
- Sim, claro... – Falei, abrindo a bolsa e tirei o envelope do J-Medical de dentro e entreguei a ela. – Eu não entendo sobre a parte hormonal, mas o restante parece que está tudo bem... – Ela abriu os exames e observei.
Ela passou as diversas folhas uma a uma, analisando todos os resultados de exames que ela havia pedido, seja de sangue ou urina e eu aguardei. Os pés de Giulia batiam constantemente no chão e aquilo estava me deixando mais nervosa do que antes.
- É, null, a parte hormonal está bem bagunçada mesmo. – Ela disse. – Números assim não costumam ser por causa de tumor, mas vamos fazer um ultrassom rápido e ver como está seu ovário, seu útero e todo o aparelho antes de seguir para hipóteses? – Ela disse.
- Claro! – Falei, me levantando rapidamente e deixei minha bolsa na cadeira.
- Entra aqui! – Ela indicou a outra sala. – Pode deitar, subir a blusa, abrir a calça e abaixar um pouco a calcinha, por favor. – Ela disse, seguindo para perto do aparelho e suspirei.
Sentei na maca, virando meu corpo para dentro e fiz o que a doutora pediu. Meu nervosismo começou a atingir aí, dificultando o simples trabalho de abrir um botão. Eu sabia da possibilidade de um câncer, mas parece que não saber me deixava mais calma do que saber.
- Ok, vou ajeitar aqui... – Ela disse, pegando algumas toalhas de papel e colocando-a bem baixo junto de minha calcinha e outra próxima de meus seios. – Respira fundo e relaxa, ok?! – Assenti com a cabeça, soltando a respiração devagar e ela espirrou o gel próximo em minha virilha. – Vamos lá. – Ela falou e colocou o aparelho em minha orelha.
Fechei os olhos, sentindo-a apertar o aparelho em minha virilha e barriga e mordi meu lábio inferior com força. A doutora mexia em seu aparelho e eu só ouvia os estalos dos botões enquanto ela pressionava o aparelho em meu corpo.
- Uau! – Ela disse e abri os olhos.
- O quê? – Perguntei rapidamente.
- Eu posso chamar isso quase de milagre baseado no seu histórico. – Ela disse.
- O quê? – Repeti.
- Você está fazendo algum tipo de tratamento fora do indicado comigo? Fertilização? Uso de hormônios ou alguma outra coisa?
- Não... – Falei receosa. – Por quê? – Engoli em seco com a pergunta.
- Porque, null... – Ela virou a tela para mim. – Você está grávida!
- O QUÊ?! – Giulia gritou da outra sala e meus olhos se encheram de lágrimas.
Apoiei os antebraços na maca, erguendo um pouco o corpo e observei a tela preta e branca e claramente tinha um bebê ali dentro, se mexendo junto com a imagem. Engoli em seco, vendo o nariz perfeitinho, a barriga e até a mãozinha perfeitinha. Passei a mão no rosto, sentindo a lágrima escorrer ali e prendi a respiração.
- Como? – Perguntei baixo.
- Sexo, principalmente... – Ela disse rindo. – Mas confesso que, com seu histórico, estou surpresa por ter sido natural...
- Eu não... Eu... – Engoli em seco.
- Não transou? – Ela disse rindo, travando a imagem e tirando o aparelho da minha barriga.
- Transei, mas... Faz tempo...
- Deixa eu ver! – Giulia entrou na outra sala, pulando os aparelhos e apareceu ao meu lado. – Amiga do céu! – Ela me apertou. – Você está grávida. – Engoli em seco.
- E você está com a gestação bem avançada. – Ela disse rindo.
- De quanto tempo? – Giulia perguntou.
- Uns quatro meses. – Ela disse e engoli em seco.
- Ih, as férias foram boas, doutora. – Giulia disse.
- Para! Não tem graça! – Apertei a mão da Giulia.
- Como não, amiga? Você está grávida! – Ela disse rindo. – Seu maior sonho...
- Eu sou solteira, Giulia! Eu não posso estar grávida... – Engoli em seco.
- null, quem é o pai? – Ela se virou para mim e eu respirei fundo. – Você manteve contato com os gregos das férias?
- Eu não... – Engoli em seco. – Dá para saber exatamente quando foi o dia da fecundação? – Perguntei para a doutora.
- O dia exato não tem, mas tem uma diferença de dois dias para cima e dois para baixo. – Federica disse.
- Já ajuda. – Engoli em seco.
- Um segundo... – Ela disse, voltando a mexer nos aparelhos, mas dentro de mim eu tinha certeza absoluta de que esse filho é de Gigi, as palavras de Manu sobre o esperma poderoso entraram em minha cabeça e só fez com que as lágrimas deslizassem pelas minhas bochechas mais fortemente.
- Ah, null, vai ficar tudo bem! É seu sonho... – Giulia me apertou. – E ela tem seu nariz... – Ri fracamente, respirando fundo.
- Eu tenho que te contar uma coisa... – Engoli em seco.
- O quê? – Ela virou o rosto para mim.
- Depois da Grécia, eu encontrei...
- Foi entre o dia 23 e o dia 27 de junho, null. – Doutora Federica falou e fechei os olhos, tombando a cabeça para trás.
- Você já tinha voltado da Grécia... null! – Ouvi a voz de Giulia.
- Eu não acredito que isso aconteceu. – Suspirei. – Bem que dizem que o universo dá um jeito, só deu um jeito quando ele foi para Paris! – Falei firme, tombando o corpo para trás.
- Paris? – Giulia virou para isso. – Essa bebê é do Gigi? – Dei um curto sorriso.
- É... – Engoli em seco.
- Como? – Ela se levantou apressada. – Quando que vocês... Quando que...
- Antes de ele ir para Paris, dia 25 de junho... – Engoli em seco. – Ele foi se despedir e acabou rolando...
- E VOCÊS NÃO USARAM CAMISINHA? – Ela disse.
- EU NÃO SEI! – Falei no mesmo tom. – Eu estava triste, eu estava chorando, eu queria aproveitar uma última vez e não sei, a gente sempre usa, mas...
- Vai ver estourou. – A doutora falou e virei para ela. – Você deve estar se sentindo bastante perdida agora, null. Conhecendo seu histórico médico, eu sei como isso é importante para você, mas pensa pelo lado positivo, você está grávida, é seu sonho...
- Mas como eu vou fazer isso sozinha? – Engoli em seco.
- Espera! Sozinha? – Giulia disse.
- Como eu vou contar para ele, Giulia? – Virei para ela. – Vai ser incrível eu, presidente do time, grávida da lenda do time!
- Ai, eu não acredito nisso. – Ela apertou as mãos nas têmporas. – Você não vai esconder isso dele, null.
- Ele se foi, Giulia!
- Por causa de você!
- EXATO! – Falei firme. – E você acha que ele merece qualquer coisa aqui depois do que fez?
- Eu não estou ouvindo isso... – Ela disse, jogando a cabeça para trás.
- Ok, posso interferir? – A doutora perguntou. – Vejo que tem bastante coisa para resolver, mas vamos ser mais práticas. Imagino que você vai seguir com a gestação, certo?
- Sim, a ficha não caiu ainda, mas sim... – Suspirei.
- Ok, então, eu vou te passar alguns hormônios para você tomar, algumas vitaminas, pois suas taxas não condizem com a de uma mulher grávida e isso pode ser efeito do câncer, da quimio ou da radio, da falta de um ovário, várias coisas... – Assenti com a cabeça. – Depois nós vamos fazer seu pré-natal, se você engravidou dia 25 de junho, você está completando sua décima sétima semana hoje, então já foi quase metade da sua gravidez... – Ela disse, rindo fracamente. – Eu vou pedir outros exames, checar melhor como você e o seu bebê estão, mas primeiro eu preciso que você respire fundo, passe por esse turbilhão de emoções que você deve estar passando e relaxe... – Assenti com a cabeça. – Depois você volta e tiraremos todas as suas dúvidas, te explico detalhe por detalhe.
- Ok... – Assenti com a cabeça. – Quando a ficha cair, eu volto.
- Vai ficar tudo bem. – Ela disse. – Desculpa minha felicidade, mas isso não costuma acontecer em mulheres com histórico de câncer de ovário... – Ela disse fracamente. – E você sempre quis...
- Tudo bem, desculpe meu surto, é que tem muita coisa acontecendo... – Engoli em seco.
- Vai ficar tudo bem. – Ela assentiu com a cabeça. – Você tem uma família que vai te ajudar a passar por isso...
- E um pai da criança que vai adorar receber essa notícia. – Giulia disse.
- GIULIA! – A repreendi e ela bufou.
- Nós vamos conversar sobre isso ainda! – Ela disse.
- E os meus sintomas? – Perguntei.
- Todos os clássicos de uma gravidez, principalmente a azia e o vômito, eles são chatos no primeiro trimestre, seu corpo vê como uma infecção e luta com isso, mas você está entrando no segundo, então logo todos irão embora, mas você precisa se alimentar bem... – Assenti com as cabeça. – Uma dieta com nutricionista é bom, caso não queira engordar muito e...
- Sim... Vamos devagar, eu...
- Claro! – Ela disse. – Beh, baseado no tempo de fecundação, seu parto vai ficar entre o dia 18 de março e 15 de abril, caso você prefira cesárea, podemos marcar quando você estiver melhor para discutir isso...
- Obrigada... – Ela me entregou algumas outras folhas de papel toalha.
- Antes... – Perguntei, erguendo o olhar para a imagem novamente.
- Sim. – Ela disse.
- Já que eu estou no quatro mês, tem como eu saber o sexo do bebê? – Perguntei, engolindo em seco com a pergunta.
- Beh, depende do bebê. – Ela disse, puxando ao aparelho de volta e colocando mais gel em minha barriga. – Vamos ver se ela é aberta igual o pai ou mais escondida igual a mãe... – Ela disse e respirei fundo, vendo Giulia se aproximar novamente.
Ela passou o aparelho em minha barriga novamente, me fazendo procurar pela mão de Giulia e minha irmã a apertou fortemente. Minha cabeça parecia uma bagunça, eu estava feliz pelo bebê, mas triste pelo afastamento do Gigi, mas feliz por ele me dar esse presente incrível, mas triste pela presidência e mais um monte de coisa, mas podia ser os hormônios falando.
Só que agora eu queria testar uma coisa que Gigi me disse em 2015, em uma das nossas milhares conversas sobre o futuro: que nas duas gravidezes de Alena e na de Ilaria, faltou uma coisa para fazer uma menina: o amor. E se esse bebê aqui dentro fosse uma menina... Eu sabia que a vida estava arranjando um jeito bem sem graça de fazer as coisas darem certas.
- Dá para saber sim. – Ela disse.
- Sim? – Ergui o rosto.
- Sim, quer saber? – Ela virou para mim.
- Sim, por favor...
- É uma menina. – Arregalei os olhos, tombando a cabeça para trás e engoli em seco.
- Uma menina?
- Sim! – Ela sorriu, mexendo no aparelho e ouvi o barulho da impressora. – Para você levar para casa.
- Uma menina... – Falei baixo, erguendo o olhar para Giulia. – O que está acontecendo, Giu?
- Você vai ter que me contar... – Ela disse rindo e suspirei.
- Enquanto você se limpa, eu vou fazendo as receitas dos remédios... – Ela disse e engoli em seco.
- Eu posso pedir segredo sobre isso, o pai é...
- Gianluigi Buffon. – Ela disse e assenti com a cabeça. – Ele é o amor da sua vida...
- Sim... – Suspirei.
- Ninguém vai saber por mim. – Ela disse e pressionei os lábios, vendo-a se levantar e sair da sala. Suspirei e ergui o olhar.
- Eu estou grávida, mana... – Falei baixo.
- Você está grávida, null! – Ela apoiou a cabeça na minha. – Seu sonho finalmente chegou. – Suspirei. – Talvez na pior oportunidade, mas para quem já encarou tanta coisa, o que é mais essa?
- Eu vou precisar pensar antes de te responder... – Engoli em seco.
- Bonne nuit, monsieur. – O valet falou ao abrir a porta e sorri.
- Merci! – Respondi, saindo do carro enquanto checava se o celular e a carteira estavam no bolso do paletó e entrei no restaurante, dando um aceno de cabeça para o segurança e segui para dentro, vendo a recepcionista.
- Bonne nuit. – Falei.
- Bonne nuit, monsieur! – Ela disse.
- Eu tenho uma reserva no nome de Thuram. – Falei e ela confirmou com a cabeça.
- Certo, venha comigo! – Ela disse e segui com ela pelo restaurante. Não precisei andar muito para encontrar Lilian ali no meio do pessoal, que abriu um largo sorriso quando nos aproximamos.
- GIGIONE! – Ele gritou, me fazendo rir e sentir vergonha ao mesmo tempo.
- Merci! – Agradeci à meitre e ela assentiu com a cabeça. – Ruddy! – Falei, ouvindo sua gargalhada e abracei-o fortemente.
- Ah, cara! Que saudades! – Ele disse, dando fortes tapas em minhas costas e gargalhei.
- Nem fala, cara! Nem fala! Não tenho a mínima ideia quando foi a última vez que eu te vi! – Falei, segurando seu rosto e ele gargalhou.
- Mu-u-u-u-uito tempo, meu amigo! – Ele disse, gargalhando. – Você está velho, meu amigo!
- Ainda bem que sou só eu! – Gargalhamos juntos e dei um beijo em sua careca.
- Você se lembra do Nista, não?
- Mas é claro! – Vi Alessandro Nista, meu reserva no Parma, em pé atrás dele e ele sorriu, me dando um forte abraço. – O Nista eu vejo sempre!
- Bom te ver, Gigione! – Sorri, gargalhando.
- Nista me treinou na Juve até 2010. – Abracei-o fortemente.
- Saí da Juve e fui para Inter, agora Napoli.
- Vamos nos enfrentar daqui uns dias, hein?! – Falei e ele riu fracamente.
- Vai voltar para casa, cara? – Ele disse e ri fracamente.
- Eu estou meio fora das notícias do esporte, mas fiquei surpreso quando Marcus me disse que estava aqui em Paris. – Lilian disse indicando a cadeira.
- Eu fiquei surpreso de encontrar o Marcus jogando comigo! – Rimos juntos e me sentei na cadeira livre. – Eu me senti muito velho. De verdade! – Eles riram.
- E está, né?! Quantos anos?
- 40. – Falei, rindo fracamente.
- E você está inteiraço! – Lilian disse, me fazendo rir.
- Tive muita sorte. – Suspirei. – Poucas lesões ao longo dos anos e ótimos treinadores. – Apertei os ombros de Nista que riu.
- E agora veio para Paris? O que aconteceu? Juve finalmente desistiu de você? – Ele disse e ri fracamente.
- Cara, se eu te contar... – Neguei com a cabeça, olhando rapidamente em volta. – Você não acredita. – Mordi o lábio inferior.
- Por que parece um papo mais dramático do que aqueles anos na Juve? – Ele disse rindo.
- E se eu te contar que o motivo de eu estar aqui é exatamente o mesmo motivo do drama todo? – Falei e Lilian arregalou os olhos.
- Você está brincando... – Ele disse e neguei com a cabeça. – null, né?!
- Sim! – Falei, rindo fracamente.
- Espera! null em presidente da Juventus? – Nista disse.
- Espera! – Lilian apertou meu braço. – A null é presidente da Juventus?
- Sim! – Falei, abrindo um largo sorriso. – E a gente ainda se envolveu até o dia em que eu vim para Paris.
- Como assim? – Ele disse e ri fracamente.
- Estamos falando de 17 anos de história, Lilian! É muita coisa. – Tombei a cabeça para trás.
- Excusez-moi. – Um garçom apareceu, distribuindo os cardápios. – Meu nome é Andry, eu serei o garçom da noite. Posso indicar o especial do dia?
- Sim! – Falei rapidamente. Odiava escolher pratos franceses quando saía.
- Hoje nosso especial é o confit de canard acompanhado de batatas soutè e salada caesar, acompanhados do nosso Pinot Noit. – Sorri.
- Eu aceito! – Falei, fechando o cardápio e devolvendo para ele.
- Eu aceito o mesmo, mas a sopa de cebola de entrada, por favor. – Lilian disse.
- E o senhor?
- Fico só com o mesmo dele... – Nista me indicou e entregamos os cardápios.
- Em breve trago o vinho, com licença. – Ele disse e se afastou.
- Escolheu rápido, Gigi! – Lilian disse.
- Eu não sou muito bom de escolher comidas nesse país, então acabo aceitando o que é que eles sugerem. – Falei, ouvindo-os rirem.
- Ok, agora continua! – Ele disse. – O que aconteceu?
- Qual foi a última coisa que você se lembra?
- Antes de eu ir embora, ela terminou contigo por causa da manipulação de resultados e confirmou o fim quando voltamos da Copa. – Ele disse e ri fracamente.
- Beh! – Falei, negando com a cabeça. – Nos separamos de verdade aí, ficamos quase cinco anos sem nada, nos tornamos amigos, principalmente que ela foi crescendo no time. – Ele assentiu com a cabeça. – Até que ela se tornou diretora de contabilidade e contratou o Barzagli. Não sei se o conhece. – Falei.
- Sim, já vi alguns jogos da Juve. – Ele disse.
- Então, o Barza estava na conquista do tetra e me contou que a null estava na final. – Falei.
- E daí?
- Beh, e daí que ela tinha acesso privado, foi no vestiário e me viu com outra mulher. – Falei, rindo fracamente.
- Oh! – Ele disse. – Então esse foi o real motivo do término.
- Exatamente, e eu fui descobrir isso quatro ou cinco meses antes de casar! – Falei, rindo fracamente.
- E o que você fez?
- Mesmo confuso, eu me casei, achando que era besteira, mas um ano depois eu e a null ficamos de novo e nossa história voltou... – Suspirei. – Encurtando para você, de 2012 a 2018, nós ficamos entre idas e vindas, mas nenhum relacionamento de verdade, eu acabei tendo três filhos em dois relacionamentos, o último sendo péssimo, mas foi o que me trouxe para Paris.
- Por quê? – Ele disse.
- Minha ex descobriu que eu e null ainda tínhamos algo e me chantageou com algumas informações dela. – Ri fracamente.
- E você ri? – Ele disse com os olhos arregalados.
- Eu dou risada porque agora acabou! – Falei. – A null virou presidente e literalmente abriu a vida dela para a imprensa e contou o tão temido segredo. – Ajeitei meu corpo para trás. – Acabou que eu me senti um idiota por achar o segredo fosse algo importante para ela e é algo que ela é totalmente confortável com isso. – Suspirei.
- E aí? O que você vai fazer?
- Beh, o contrato era que eu deveria me prender a minha ex por certo período, mas com o segredo da null à solta, eu não devo nada, então estou livre, mas eu vim para Paris para me livrar de uma parte, mas agora eu tenho o restante do contrato para cumprir, então só posso rezar para a temporada passar bem rápido.
- Gigi! Eu estou surpreso! – Ele disse, me fazendo rir fracamente.
- É complicado, mas agora eu estou livre.
- Não sobre isso! Você se envolver com tranqueira porque não esperava por ela não era novidade nenhuma, lembra da sua ex naquela época? Não gostava dela, não! – Rimos juntos.
- Vocês gostavam da null e eu preciso pedir desculpa por não ouvir vocês... – Ele sorriu.
- É, e eu fico realmente feliz por saber que vocês ainda têm uma relação mesmo depois de anos. – Ri fracamente.
- Ela é a mulher que eu mais amei nesse mundo e ainda tenho esperança de conseguir reconquistá-la e finalmente vivermos juntos. – Ele sorriu fracamente.
- E o que te impede? Além desse um ano aqui, claro. – Ele disse.
- Beh, vamos dizer que entre nossas idas e vindas, eu fiz muita mancada com ela e, nessa última temporada, eu precisei esconder muita coisa dela e ela ficou veramente brava e magoada com tudo, então talvez as coisas sejam um pouco mais complicadas do que simplesmente voltar. – Ele suspirou.
- Beh, eu estou fora há 12 anos, mas lembro que ela era bem enfezadinha. – Ele disse, me fazendo rir.
- Ainda é! – Falei, rindo fracamente. – Quando ela descobriu da minha saída, ela me deu um soco que quebrou dois ou três dedos dela.
- Ah, bem a cara dela! – Ele gargalhou. – Bom ver que nada mudou.
- Não! A única diferença é que ela ganhou poder, somos mais próximos, todo mundo a conhece, nossa história é quase uma lenda no time, então a gente ficou mais próximo ainda. – Ele riu fracamente.
- Isso é incrível, confesso que por muito tempo achava que era adolescente atiçado. – Lilian disse, nos fazendo rir.
- Beh, no começo eu achei também, quando namoramos aqueles cinco meses, foi muito bom, mas, quando acabou, eu estava irritado, porque eu não entendia ela terminar comigo só pela manipulação, aí quando eu descobri o real motivo e a gente se aproximou de novo, voltou tudo e não foi embora ainda.
- Mas você tinha uma namorada até recentemente, não?
- Sim, que foi quem fez a chantagem. – Falei.
- Mas como você...
- Beh, mesmo depois que a gente voltou a se envolver, ela não queria ser amante e eu entendia o lado dela, mas realmente estava perdido sobreo que fazer com dois filhos, então ela se afastou de mim e começou a namorar outro cara e a me ignorar, aí eu irritado, fui compensar com outra mulher e meu erro foi aí! – Falei. – Eu acabei engravidando essa outra mulher e...
- Mah che cazzo, Gigi! Gosta de engravidar mulher, hein?! – Rimos juntos.
- Eu acho que essa última foi de caso pensado. – Suspirei. – Porque depois do meu primeiro filho, eu e a Alena vivemos um relacionamento bom, até eu descobrir o real motivo.
- É uma bagunça enorme!
- Você não tem nem ideia, se eu ficar falando a noite toda, eu ainda não consigo falar tudo da nossa vida. – Ele riu fracamente.
- E agora? Você vai ficar aqui esse ano e...?
- Se eu estiver bem, pretendo voltar para a Juve. – Falei. – Tem muita gente envolvida nesse meu plano, inclusive um contrato com o próprio time para eu voltar no ano que vem...
- Cazzo! – Ambos disseram.
- Eu me lembro vagamente dela, vi pelas fotos do anúncio dela de presidente, mas não que vocês tinham algum relacionamento. – Nista disse.
- Começou logo que eu cheguei na Juve, mas acabou tendo vários problemas até finalizar. – Falei, rindo fracamente.
- Só que agora ela é a presidente do time. – Lilian disse.
- Espero que ela não impeça minha volta. – Falei rindo fracamente.
- Mas vocês ainda se falam? – Nista perguntou.
- É... Então! – Falei, rindo fracamente. – Não! Nos encontramos em um evento esses dias e a gente conversa, mas tem muita mágoa ainda. Talvez precisemos de uma terapia conjunta. – Eles riram.
- Excusez-moi. – O garçom apareceu, servindo o vinho para nós três e agradeci com a cabeça. Após servir todas as três taças, ele se afastou.
- Eu não negaria a terapia, mas acho que se existe algo ainda depois de tantos esses anos, vocês vão encontrar um jeito de resolver. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Espero que esteja certo. – Falei, rindo fracamente. – Enfim, só eu estou falando, e vocês? Você está todo envolvido na política. – Falei.
- Sim, estou envolvido em algumas causas e benfeitorias. – Ele disse. – Principalmente racismo, casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra corrupção. – Levei a taça à boca. – Começou meio natural e eu fui seguindo, também possuo uma instituição com foco em educação aos jovens, então acabo fazendo projetos com a UNICEF.
- Uau! Quem diria! – Suspirei. – Isso é incrível, sério! Eu fiquei triste quando soube da sua aposentadoria...
- É, então! Eu estava prestes a fechar com o PSG, ia finalizar minha carreira com eles, mas no teste médico, descobriram isso. – Ele suspirou. – E eu não podia deixar isso para lá. Eu perdi meu irmão com isso...
- Não, não! Claro! Você está certo. – Falei. – De pensar que a gente tinha se encontrado um tempo antes.
- Sim, na Euro! – Ele disse rindo. – Foi meu último compromisso geral. – Ele suspirou. – E ainda saímos na fase de grupos com um empate. – Ele disse, me fazendo rir.
- Você chegou a ganhar algo no Barcelona? – Perguntei.
- Só uma Supercoppa, o time estava em reforma, estava bem em baixa. – Ele disse.
- Podia ter ficado na Juve, ao menos um campeonato de Serie B você tinha ganhado... – Gargalhamos.
- Mas é muito cara de pau, hein?! – Ele disse, me fazendo rir. – Ao menos eu fui para Champions. – Ele disse.
- Nossa, eu fiquei um tempo sem ir, e demorou para eu encarar outra final. – Falei, vendo-o rir fracamente.
- Isso eu vi! Fiquei feliz, honestamente, mas ainda não deu, né?! – Suspirei.
- Beh, nem sei se vai dar algum dia, mas ainda sonho! – Falei, ouvindo-o rir.
- Ah, Gigi! Parece que eu estou falando com aquele garoto de 24 anos de novo.
- É, quase lá! – Falei, ouvindo suas risadas.
Lei
- Eu sei que isso é difícil, que o Gigi foi embora, mas você não pode esconder dele. – Giulia disse e engoli em seco, olhando diretamente a foto na mesa.
- Ela está certa, filha. – Fabrizio disse. – Você precisa contar para ele, independente de todos os erros, ele precisa saber... – Engoli em seco, erguendo o rosto.
- Eu amo todos você, mas vocês não estão pensando em mim. – Pressionei os lábios. – Ele me abandonou. Não importa o que ele fale, que foi para mim, que foi por mim, isso não faz o menor sentido! – Engoli em seco, tentando manter o tom calmo. – Ele me abandonou. Ele pegou nossa história, jogou no lixo e foi embora! – Engoli em cego. – Eu sou trouxa e o amo, mas não posso ficar nisso...
- null...
- Eu não finalizei. – Parei Fabrizio. – Vivemos em uma gangorra horrível, eu realmente tive esperança de que ficaríamos juntos, mas ele se foi, com ela, e para me deixar mais confusa, terminou com ela... O que só me mostrou que ele queria só diversão...
- Você não sabe disso.
- Não! – Parei Giulia. – Porque ele me deixou no escuro, então eu vou deixá-lo também! – Dei de ombros e suspirei.
- Você não pode usar uma criança de vingança, null.
- Não é vingança. – Falei.
- É sim. – Giulia repetiu e suspirei.
- Você não entende? Eu não posso voltar a isso agora, porque eu sei que ele vai querer ficar comigo pelo bebê, da mesma forma que foi com a Alena e com a Ilaria... E eu não quero isso.
- Isso não é verdade, null! – Giulia disse.
- É! Porque foram os motivos que ele ficou com as duas. Ele me disse! E se for para gente ficar juntos, tem que ser por mim, por ele, depois de resolver toda essa bagunça, não por causa de mais uma criança... – Suspirei. – Eu sempre me achei diferente para ele por causa de Alena e Ilaria, mas contando para ele, ele vai me fazer igual as outras e eu não quero isso...
- Você não precisa ficar com ele, null, ele só precisa saber. – Giulia disse e eu suspirei.
- Eu sei! Eu tenho consciência disso e queria muito que tudo fosse diferente, eu só... – Senti minha voz afinar e passei a mão nas lágrimas que deslizaram. – Eu não sei nem se consigo lidar com essa gravidez, com presidência, com a imprensa, com ele, com... – Suspirei. – Eu não sou a Mulher Maravilha, eu não consigo focar em tudo isso.
- Então quando, minha filha? – Giovanna segurou minha mão. – Estaremos aqui contigo, em todo caminho, mas a presença de um pai...
- Ele está em Paris! – Virei para ela. – Tenho certeza de que mesmo se ele quisesse ficar perto, ele ainda tem um contrato para cumprir e eu sou presidente do time e...
- Respira. – Gianni disse.
- Eu sei que isso é confuso e bagunçado, talvez não seja a melhor opção, mas agora eu só estou pensando em como falar isso para a imprensa... – Suspirei e todos me olharam. – Eu não posso falar que eu estou grávida de Gianluigi Buffon... E agora a imprensa está de olho em mim, qual é! Estamos na casa de vocês porque tem paparazzi na minha porta tentando saber por que eu sumi dos jogos... – Falei e eles suspiraram.
- Ela tem um ponto. – Nonna disse e todos os olhos viraram para ela. – Vai ser um prato enorme para a imprensa e, mesmo se ela contar para ele, ele vai querer ficar com ela e com o bebê, independente de tudo, e ele não pode, além da imprensa...
- Mas um dia a imprensa vai precisar saber. Vocês são Gigi e null! – Giulia disse.
- Mas aí vai ser escolha do Gigi. E eu vou aceitar o que ele quiser... – Suspirei. – Eu só não consigo lidar com isso agora. Não sei nem como eu ainda estou aguentando a presidência...
- Porque você foi feita para isso. – Pietro disse. – Você é boa, mana. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Eu sei e tenho consciência de que não é a melhor decisão... – Suspirei. – Que ele vai provavelmente querer me matar quando descobrir, mas... – Neguei com a cabeça. – Não tem mais espaço na minha cabeça para mais problema... Não agora. – Eles suspiraram.
- Eu entendo, mas não concordo. – Giulia disse.
- Não é escolha sua, Giulia! – Falei. – E não sei se vocês estão conversando, mas você precisa prometer que não vai falar nada para ele.
- Eu não estou! – Ela disse. – E prometo. Não concordo, mas a vida é sua. – Suspirei.
- E o que vai falar? – Tia Gio perguntou. – Não para ele, mas para imprensa no geral! Você conseguiu esconder com sintomas de ansiedade, null, muito plausível por sinal, mas a barriga vai começar a aparecer, já aparece se continuar usando suas saias. – Suspirei, levando uma mão para a barriga escondida no moletom grande da Juventus.
- Ao menos o pessoal da Juve, eles já sabiam que eu tinha intenção em adotar. – Falei, suspirando. – Posso falar que eu decidi por in vitro... Não vou conseguir esconder a gravidez.
- Mas você está de quatro meses, null, isso é irreal! – Treze, que estava quieto esse tempo todo, finalmente disse.
- Ao menos para o Pavel eu vou ter que falar a verdade, mas para o restante... – Suspirei. – Eu não sou obrigada a falar tudo...
- Nem para o pessoal mais próximo? – Giulia disse.
- Talvez para o Barza e o Chiello... Mas eu preciso de mais alguns dias... – Neguei com a cabeça. – Eu preciso decidir muita coisa ainda... Inclusive o nome dela. – Inclinei meu corpo para trás.
- Já teve alguma ideia? – Giulia perguntou.
- Algumas, na verdade... – Suspirei. – Fiquei repassando nossos momentos juntos e... Teve um dia em Siena, não estávamos juntos e nem transamos, mas foi bom... – Pressionei os lábios. – Foi diferente...
- Sienna é um nome bonito. – Giovanna disse.
- Melhor que Trieste, Torino ou Cardiff... – Falei, ouvindo todos rirem. – Eu não sei, mas parece que encaixou. – Passei a mão no nariz, suspirando.
- Sienna null. – Giulia disse.
- Buffon. – Falei. – Sienna null Buffon… – Sorri. – Apesar de tudo, eu não vou tirar esse direito dele, só quero realmente poder enfrentar isso com calma, sem mais problemas, preferencialmente com ele de volta na Itália.
- No fim da temporada? – Giulia disse e suspirei.
- Talvez... Eu realmente não posso decidir isso agora, eu preciso pensar... – Empurrei a cadeira, me levantando e peguei a foto comigo.
- Ei! Aonde você vai? – Giulia disse.
- Eu preciso... – Respirei fundo. – Preciso espairecer! – Segui em direção à porta.
- SERENA!
- Deixa! – Ouvi antes de fechar a porta.
Tirei a chave do carro do bolso, apertando o alarme e entrei no mesmo. Eu precisava de uma opinião de alguém que me entendesse, alguém que já passou por isso. E só tinha uma pessoa que eu podia conversar agora. Andei pelo bairro de Giulia, procurando pela rua e chequei no celular o endereço antes de parar em frente à casa.
Respirei fundo, suspirando e empurrei a porta do carro, guardando a foto comigo e coloquei-a no moletom. Me aproximei da porta e toquei a campainha. Senti meus pés baterem no chão alguns segundos, antes da porta ser aberta.
- null? – O homem atendeu.
- Oi, Alessandro, tudo bem? Desculpa vir sem avisar, mas a Alena está? – Perguntei, engolindo em seco.
- Claro! Entra! – Ele disse e passei pela entrada de sua casa. – Pode se sentar, eu vou chamá-la... Ah, aí está.
- Amor, quem é? – Vi Alena descendo as escadas e virei de frente para ela. – null? – Ela disse confusa.
- Podemos conversar? – Engoli em seco.
- Claro! – Ela veio em minha direção e apoiou as mãos em meus braços para trocarmos dois rápidos beijos.
- Eu vou dar licença para vocês! – Ele disse e assenti com a cabeça, vendo-o seguir para os fundos da casa.
- Grazie, amor! – Alena disse e indicou o sofá. – Senta! O que está acontecendo? – Ela disse e suspirei, me sentando no sofá menor e ela no maior.
- Eu não tenho a mínima ideia em como te dizer isso, mas eu precisava falar com alguém que, talvez, não ficasse me julgando pelas minhas decisões... – Falei, sentindo a respiração sair pesada.
- O que está acontecendo, null? – Ela disse, ficando mais perto do canto e suspirei. – Você parece bem abatida, Alessandro disse que você estava melhor com a questão da presidência...
- Eu estou, eu estou! – Suspirei. – Mas não tem nada a ver com presidência, Alena, tem a ver com o Gigi... – Virei rapidamente para trás. – Os meninos estão aqui?
- Estão em uma festa dos amigos da escola. – Ela disse.
- Eu não quero que eles escutem, não assim... – Suspirei.
- Fala comigo... – Puxei a respiração fortemente.
- Eu estou grávida. – Falei, pressionando os lábios e vi seus olhos se arregalarem.
- O quê? – Ela disse fracamente e eu assenti com a cabeça.
- Sim, e é do Gigi! – Suspirei.
- null, eu... – Cocei a nuca. – Eu não sei o que dizer. Como? Quando?
- Nas férias. Depois de todo o drama do último jogo, ele veio se despedir de mim e... – Ponderei com a cabeça. – Eu descobri essa semana, confesso que fiquei aliviada, porque inicialmente pensei que meu câncer tinha voltado...
- E é um bebê... – Ela disse e passei a mão no bolso, tirando a foto.
- Uma bebê! – Estendi a ela que me olhou surpresa.
- É uma menina? – Ela pegou a foto, analisando-a e assenti com a cabeça. – null! Ela está grande, de quanto tempo?
- Quase 18 semanas. – Suspirei. – Eu já tenho o ciclo menstrual desregulado, mas achei que fosse ansiedade...
- null! – Ela suspirou. – Isso é...
- Loucura?
- Eu ia dizer incrível! – Ela disse rindo fracamente.
- Como é incrível, Alena? Eu sou presidente da Juventus, ele está em Paris, ele tem um filho com cada mulher que casou ou namorou, e agora um comigo que não passei de uma peguete...
- Eu e você sabemos que você nunca foi só isso, null. Foi a mais importante. – Suspirei. – Como você está se sentindo?
- Agora? Com vontade de vomitar, chorar, fugir e me esconder em Palermo até essa criança nascer e não precisar encarar nada. – Falei, pressionando os lábios e ela assentiu com a cabeça.
- Deve ser complicado mesmo. – Ela apoiou a foto no braço do sofá. – E por ter vindo aqui, imagino que não contou para ele.
- Não, ainda não. – Pressionei os lábios. – E estou levemente inclinada a não contar até o fim da temporada. – Ela franziu os lábios.
- Faz sentido. – Ela disse.
- Mesmo? Porque eu falei isso para minha família e todo mundo acha uma péssima ideia... – Ela suspirou, dobrando a perna.
- Você acabou de virar presidente do time, todos os holofotes estão em você, anunciar que está grávida de Gianluigi Buffon parece querer mais surto e não menos... – Assenti com a cabeça.
- É! E como ele vai fazer lá em Paris? Ele vai querer voltar, ele vai querer fazer parte da vida da criança, ele vai querer tudo.... – Falei. – Eu quero muito que ele faça parte disso, quero muito vê-lo com essa criança, porque foi nosso sonho impossível por muitos anos... – Neguei com a cabeça. – Mas eu não sei se consigo lidar com isso agora. – Engoli em seco. – Não com mais isso. Eu não esperava, mas eu quero uma gravidez calma, tranquila... – Suspirei, sentindo a lágrima deslizar pela minha bochecha.
- Ah, null! – Ela disse, vindo em minha direção e se sentando ao meu lado, me abraçando. – Você deve estar confusa...
- Pareço uma panela de pressão, prestes a estourar. – Suspirei. – Eu realmente quero isso, Alena, mas... – Suspirei. – Eu e o Gigi temos opiniões divergentes sobre as coisas. Ele nunca terminou com você por causa dos meninos, nunca terminou com a Ilaria por causa do Leo, eu não quero que ele fique comigo porque precisa. – Ela suspirou. – E eu consigo lidar com isso, é o que eu mais quis na minha vida, mas não consigo lidar com isso, presidência, Gigi, imprensa...
- Beh, falando como alguém que sempre soube que você era a mulher ideal para ele, mas ao mesmo tempo não sabendo tudo, eu entendo seu lado, como também entendo a necessidade de você contar para ele, mas acho que você precisa analisar tudo antes. – Ela inclinou o corpo e pegou a foto, me esticando. – Você precisa cuidar dela agora. – Ela sorriu. – E você tem histórico, então precisa cuidar dela muito bem. – Assenti com a cabeça. – Vá com calma, null! A resposta vai aparecer eventualmente. Eu vi as fotos do evento, como foi reencontrá-lo? Você já sabia?
- Ainda não. – Suspirei. – Mas foi estranho... – Neguei com a cabeça. – Ele está escondendo algo de mim, eu tenho certeza, e isso que me irrita mais, mas eu ainda sou apaixonada por ele, espero que um dia isso passe...
- Por que quer que passe? – Ela disse.
- Porque dói! – Pressionei os lábios e ela acariciou meus cabelos. – Eu nunca pensei que eu pudesse amar tanto assim, mas menos ainda que eu fosse sofrer tanto por amor...
- Eu não vou falar para você que ele te ama, que ele tem seus motivos ou o que for, você precisa encarar o agora. – Assenti com a cabeça. – E o que você tem agora é uma realidade sem ele, então viva, evite estresse, foque nela e na presidência, em nada mais. – Assenti com a cabeça. – Com o tempo você decide o que quer da sua vida. Com calma, sem pressão externa.
- Você promete não contar nada para os meninos? Eu não quero que eles descubram assim.
- Claro que sim! Mas te garanto que eles vão gostar de saber que eles vão ter finalmente uma ligação contigo... – Ri fracamente.
- Eu quero eles fazendo parte disso, quero tudo, mas há dois meses eu virei presidente, agora a gravidez, vai saber o que vai acontecer em dezembro. – Ela riu fracamente.
- Devagar! – Ela disse e assenti com a cabeça. – A ficha já caiu?
- Ainda não, eu vejo uma barriguinha, eu vejo a foto, mas acho que estou abismada ainda. – Ela assentiu com a cabeça.
- Vai dar certo! – Ela sorriu. – Nós duas merecemos nossos finais felizes. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Eu encontrei o meu com o Ale e, pelo que eu vejo, você está finalmente achando o seu. – Suspirei.
- Espero que esteja certa. – Olhei para a foto. – Espero que esteja certa.
- É, você pode cair mais reto. – O treinador disse. – E fica atento nos seus pontos cegos. – Ele disse.
- Alphonse disse que eles são mais... – Pensei. – Como se dizem?
- Chatos? – Ele disse, me fazendo rir. – É, o Lille é um time cheio de surpresas. Às vezes eles vão muito mal, mas às vezes eles vêm muito empolgados, então, se o Tuchel te colocar para jogar, o que provavelmente aconteça para você pegar pique para o jogo contra o Napoli, é bom cobrir todos os cantos.
- Tudo bem! – Assenti com a cabeça.
- É, mas não pense que estará sozinho, ele deve colocar uma defesa a quatro, assim tem mais proteção.
- Tudo bem. – Rolei a bola embaixo de meu pé. – É difícil vir para uma liga nova. – Falei, rindo fracamente.
- Ah, mas você já se acostumou. – Ele disse. – Tirando algumas coisas, no final, é tudo futebol. – Ri fracamente.
- É, isso é verdade.
- GENTE! SE APROXIMEM! – Tuchel nos chamou.
- Ele vai encerrar, nos falamos melhor no treino amanhã, observando o treino deles eu consigo te dar mais exemplos...
- Combinado. – Cumprimentei Gianluca. – Se cuida!
- Você também!
Ter Gianluca como meu treinador era uma coisa boa daqui de Paris. Ele havia treinado da Nazionale durante duas ocasiões. Uma após o Mondiale de 2014, e depois no fracasso da não classificação. Ao menos com ele eu podia falar em italiano e ter uma conversa um pouco mais honesta e realmente aprender algumas coisas.
- Gente, eu vou liberar vocês hoje, estejam aqui amanhã às oito, por favor, quero fazer um treino antes do jogo, principalmente sobre posicionamento com todos juntos.
- Combinado, mister! – Thiago disse em nome do time e assenti com a cabeça.
- Ok, liberados! – Ele disse e segui junto dos outros colegas de volta para o vestiário, cumprimentando rapidamente Tuchel.
- Gigi, você começa amanhã, pode ser?
- Claro! – Assenti com a cabeça, cumprimentando-o mais uma antes de entrar.
- Casa hoje, Gigi? – Alphonse perguntou.
- Sim, sim, tenho umas coisas de uns investimentos para resolver ainda. – Falei. – Você?
- Vou sair com a minha esposa. – Ele disse. – Aproveitar que você vai jogar amanhã. – Ri fracamente.
- Está certo, aproveite! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- E você? Você não é casado, é? – Ele perguntou e ri fracamente.
- Já fui, mas pretendo ser de novo em breve. – Falei rindo fracamente.
- Namorada?
- Mais como um amor antigo que eu estou tentando conquistar de volta. – Falei, rindo fracamente.
- Se é de verdade, vai dar certo. – Ele disse, me fazendo rir quando entramos no vestiário.
Segui para meu espaço, tirando as luvas e afundei-as na mochila. Me sentei no meu espaço, tirando as chuteiras, meias e caneleiras e deixei tudo em meu armário. Peguei a mochila de volta, procurando a bolsa e peguei meu celular. Olhei rapidamente o aplicativo de mensagens e vi a notícia que eu queria.
“Sua encomenda acabou de ser entregue”. – Vi que fazia cerca de meia hora e ela provavelmente estaria agora, mas veria quando chegasse em casa. Só esperava que ela me respondesse se chegasse.
Suspirei, deixando o celular na bolsa novamente e me levantei, tirando a camisa do time, a segunda pele e as bermudas e peguei uma toalha e minha necessaire, seguindo para o banho. Acabei enrolando mais do que normalmente, eram só umas flores para o aniversário dela, mas eu queria que isso a instigasse a me mandar alguma mensagem, nem que fosse para me xingar.
Desliguei o chuveiro e me sequei dentro do box antes de sair. Voltei para meu espaço e vesti a cueca, colocando a toalha nas costas. Peguei a roupa que eu havia vindo e me sequei melhor antes de vestir a calça e a blusa social. Passei a toalha em meus cabelos e me sentei para secar os pés e dedos antes de calçar as meias e o tênis.
Inclinei meu corpo para o lado, jogando a toalha no cesto e terminei de me arrumar passando o pente nos cabelos. Guardei tudo o que não ficaria no time na mochila e peguei os óculos escuros antes de passar uma alça no ombro.
- Ciao, ciao! – Falei para eles. – Até amanhã!
- Ciao, Gigi! – Cumprimentei Thiago, Alphonse, Ney, Kylian e terminei em Marquinhos antes de sair do vestiário.
Segui até o estacionamento, entrando em meu carro e saí do CT, parando alguns minutos com poucos torcedores que estavam do lado de fora. Depois segui pela estrada de volta para o meu apartamento, demorando pouco mais que os 30 minutos habituais.
Entrei na garagem, estacionei o carro e subi de elevador até meu andar. Fechei a porta quando passei, sabendo que não sairia mais daqui hoje e fui em direção ao quarto, deixando minha bolsa ali e troquei a roupa de vinda por uma calça de moletom. O tempo estava começando a esfriar, ao menos aqui dentro de casa do apartamento era mais quente.
Olhei o horário no relógio e vi que passava das sete horas, logo eu precisava comer algo, mas dava para eu enrolar um pouco ainda. Peguei o celular e fui para a cama. Entrei embaixo das cobertas e liguei a televisão. Zapeei os canais por um tempo, ficando com preguiça de ligar na Netflix e peguei o celular.
Fazia alguns dias que eu não via nenhuma notícia da null, nem ela nos jogos com Pavel e o pessoal, espero que não tenha acontecido nada com ela e que nosso encontro não tenha desencadeado em coisas piores. Imagino que me falariam se algo tivesse acontecido.
Eu já estava quase dormindo de tédio quando ouvi o toque do meu celular. Peguei o celular apressado, procurando por entre as cobertas e o encontrei. Abri rapidamente e encontrei uma notificação das mensagens, vendo que era de null, me fazendo abrir um largo sorriso com isso.
“Eu não ia responder de volta, mas esse é o arranjo mais lindo que eu já vi. Grazie!” – Sorri, sabendo que o buquê com dálias rosas e lírios brancos iam agradá-la.
“Por que não ia responder?” – Enviei, ajeitando meu corpo na cama. A resposta demorou mais que alguns minutos, mas veio.
“Ainda brava com você”. – Sorri, rindo fracamente.
“Não fica, é seu aniversário, você deveria ficar feliz”.
“Não é a mesma coisa sem você”. – Ela respondeu, me fazendo sorrir e suspirar.
“Queria muito estar, cogitei ir até Turim só para te dar um abraço”.
“Não é necessário, adorei as flores”.
“Sabia que você ia gostar. Sei como dálias são importantes para você”.
“É, você acertou. E os lírios são cheirosos demais, talvez nem consiga dormir com eles no quarto”. – Sorri.
“E hoje? Uma grande festa pelo aniversário da presidente da Juventus?” – Enviei, tentando alongar o papo ao máximo possível.
“Hoje não, devo só jantar com minha família, não estou muito disposta”. – Franzi a testa.
“Está tudo bem? Bem notei seu sumiço dos jogos”.
“Há, há, há, me perseguindo, Gigi?!”
“Preciso cuidar da minha menina”. – Sorri, suspirando.
“Eu estou bem, só um pouco de ansiedade mesmo”. – Ela respondeu. – “Logo eu estou de volta”. – Suspirei.
“Isso, volte! Quero te ver!”
“Pode deixar! Sua multa acabou, vai jogar na terça-feira?” – Ela enviou e sorri, feliz por ela estar me acompanhando.
“Sim, vou. Eu sei que é contra o Napoli e você deve estar ocupada com o jogo de vocês, mas poderia assistir”.
“É, talvez eu encontre uma televisão por aqui!” – Sorri, suspirando.
“Vou torcer por vocês”. – Enviei.
“Pela gente não! Pelo seu time de verdade!” – Ela enviou, me fazendo sorrir.
“Mia squadra, mia famiglia, mia Juve”. – Enviei.
“É! Me falaram que é algo assim!” – Sorri, suspirando. – “Eu tenho que ir, Giulia me ligando.”
“Tudo bem, foi bom falar contigo. Poderíamos repetir...” – Suspirei.
“É... Não abusa”. – Ela respondeu, me fazendo rir.
“Auguri, null. Te desejo sempre tudo de bom na sua vida. Você merece. Espero estar aí para te abraçar em breve!” – Mandei.
“Grazie, Gigi! Fica bem também, ok?! Boa noite!” – Sorri, suspirando, vendo uma nova mensagem. – “E tira esse bigode”. – Ri fracamente, abrindo um largo sorriso.
“Boa noite, meu amor!” – Respondi, não tendo resposta de volta, mas suspirei, deixando meu corpo cair nas almofadas atrás de mim.
Eu vou te conquistar de volta, null. Como se fosse a primeira vez. Demore o tempo que for.
Capitolo centoquattordici
- Próxima parada, Nápoles! – Engoli em seco, abrindo meus olhos e respirei fundo, soltando o ar devagar.
Depois de 19 anos, eu estou de volta de Nápoles, tudo por causa de Gianluigi Buffon. Não acredito que eu estou aqui! Depois de tantos anos, tanto tempo fugindo, eu estou aqui. Abanei a cabeça, tirando o foco da silhueta da cidade que começava a se formar e peguei a bolsa no lugar vazio ao meu lado e peguei minha necessaire, dando uma retocada em minha maquiagem, principalmente na máscara, já que eu tive uma pequena crise de choro nos primeiros 15 minutos dentro do trem, que acalmou ao longo da viagem.
Guardei tudo dentro da bolsa e esperava que não estivesse muito quente em Nápoles, a ideia de usar casacos largos e grandes para esconder a barriga estava dando certo, mas parece que foi eu saber da gravidez que ela magicamente apareceu e eu tinha impressão de que todos estavam olhando para mim, e não era por ser presidente da Juve.
Após essas duas semanas, eu estou um pouco mais conformada sobre a gravidez e encarar tudo sozinha. Claro que eu ainda tinha que encarar o top três, depois os acionistas, o time, contando uma mentira que eu esperava que fosse desmentida até o fim da temporada, mas quando isso acontecesse, era porque eu tinha encarado Gigi e estava pronta para encarar a imprensa, o que eu não estava nenhum pouco agora. Não sabia nem o que falar se alguém me visse no jogo, mas presidentes fazem viagens de pesquisa, então deveria ser normal, mas eu em um jogo do Gigi? Sentia que todos tentariam entender o motivo.
Assim que o trem parou, eu ajeitei a touca em minha cabeça, jogando um pouco dos cabelos na frente do rosto, coloquei a bolsa no braço e ajeitei o casaco mais largo que eu usava. Giulia nem imaginava o motivo de eu ter pedido isso para ela, e esperava realmente que ela e nem ninguém viessem atrás de mim, eu ainda estava usando a desculpa da ansiedade.
Beh, com quase todo mundo, eu me escondi no meu aniversário e Barza acabou indo atrás e me pegou em uma situação digna de dó, não consegui esconder os motivos, muito menos quem é o pai dessa criança, o que foi realmente interessante eu levar esporro de um cara seis meses mais velho do que eu! Só esperava que ele escondesse isso até eu ter coragem de contar para o time, mesmo que eu contasse uma mentira!
Segui pela estação e muita coisa havia mudado, afinal, eram quase 20 anos que eu não voltava aqui. Preferi não dar muita bobeira, lembrando da fama de Nápoles para pequenos furtos e entrei no primeiro táxi livre.
- Boa tarde, senhora.
- Boa tarde, eu quero ir para o Parco Virgiliano, por favor. – Falei.
- É para já! – Ele disse e suspirei.
Voltar para cá trazia milhares de memórias à minha cabeça. A maioria eram ruins, minha avó, saber que eu e nem minha família éramos queridos, surtar todos os dias por querer uma vida diferente e não poder fazer nada por isso. Mas havia uma curiosidade dentro de mim sobre essa cidade ser tão má. Era uma cidade litorânea linda que havia ficado manchada por uma parte ruim da minha história.
É quase ligar uma música a uma pessoa e não poder ouvir a música após algo de ruim te acontecer. Só que comigo era uma cidade inteira. Mas aqui havia sido o lugar em que meus pais se conheceram, a cidade de onde vieram jogadores incríveis e, ironicamente, a cidade em que eu vim ver Gigi jogar mais uma vez.
Eu sou uma idiota mesmo.
- Chegamos, senhora! – Ele disse.
- Grazie! Pode esperar?
- Eu cobro a hora parada.
- Tudo bem! – Falei.
- Eu espero! – Ele disse e saí do carro.
Fiquei perdida em pensamentos durante a meia hora até aqui! Apesar de Nápoles representar todos os momentos ruins da minha vida, no quesito familiar, é claro, eu tinha um lugar que eu vinha sempre para relaxar e era o Parco Virgiliano. Ele fica na colina de Posillipo, no bairro do mesmo nome aqui em Nápoles. Tem quase cem mil metros quadrados e atravessa a Grotta di Seiano, além de ter uma vista linda para a Baía di Trentaremi e suas águas azuis lindíssimas.
Eu costumava vir muito aqui de bicicleta quando eu saía do mercadinho em que eu trabalhava. Podia ficar horas aqui sozinha, lendo um livro, comendo alguma coisa ou só aproveitando a paisagem e sonhando acordada com o dia em que eu sairia daqui.
Quem diria que minha saída daqui me tornaria a mulher mais influente no futebol italiano? Há quase 20 anos eu nunca esperava isso, principalmente por eu não saber nada de futebol e agora respirar isso todos os dias.
Me apoiei na beirada, olhando as cores do pôr do sol e suspirei, sentindo uma lágrima deslizar pela minha bochecha. Eu não sei dizer o que é essa lágrima, se era conseguir me liberar e finalmente vir para Nápoles, se era pela gravidez, presidência ou e era mais uma lágrima para Gigi, o que não seria nada de novo.
Olhei meu relógio, vendo que passava das oito horas e eu precisava chegar ao estádio ainda. Por mais lembranças que aqui trazia, eu poderia ficar aqui por horas. Talvez eu precisasse voltar para cá e aproveitar de verdade, relembrar e superar. Mas para um início, acho que está de bom tamanho. Minha psicóloga ficou orgulhosa por eu contar que voltaria para cá.
Suspirei, seguindo para o táxi novamente e o vento frio começou a bagunçar meus cabelos, ao menos eu teria uma ótima desculpa para usar casaco, mas entramos em novembro, aposto que Turim logo nevava. Encontrei o táxi e entrei nele.
- Para o Stadio San Paolo, por favor. – Falei para o taxista.
- É para já! – Ele disse e suspirei.
Dessa vez, o caminho foi mais rápido, em 15 minutos estávamos nos arredores do estádio e, dessa vez, eu realmente aproveitei a vista da cidade de verdade. Nápoles era mais bonita no litoral, mas tinha suas belezas.
- Onde, senhora? – O taxista perguntou.
- Entrava privativa, por favor. – Falei, vendo-o chegar o mais perto possível da entrada. – Aqui está ótimo, acho que mais perto só vai te prender mais.
- Tudo bem. – Ele disse e peguei a carteira da bolsa, as notas de euros.
- Fica com o troco! – Falei e ele passou rapidamente as notas antes de confirmar.
- Tenha uma boa noite e bom jogo!
- Grazie, bom trabalho! – Falei, colocando a bolsa no braço e seguindo a passos largos em direção à entrada privativa, ouvindo os saltos da bota baterem contra o chão.
Suspirei quando me aproximei, ajeitando o casaco para baixo e afundei as mãos nos bolsos. Quando me aproximei, peguei o crachá da FIGC e a mulher assentiu a cabeça, liberando minha entrada. Depois de tantos estádios, essa era a primeira vez que eu entrava no San Paolo, mas eu não podia estar mais desinteressada, só queria encontrar um lugar para sentar e ficar incógnita.
Saí para fora do estádio, vendo que era o tradicional camarote para presidência e afins e suspirei, me afastando do centro do camarote e encontrei um canto para me encostar. Eu não tinha capacidade de sentar agora, eu estava nervosa, só não sabia dizer por que, mas não é como se eu não tivesse motivos para isso.
- Senhorita null? – Me assustei, virando para o lado e vi Aurelio DiLaurentis, o presidente chato do Nápoles.
- Senhor DiLaurentis. – Falei, dando um curto sorriso e estendi a mão para ele, apertando-a.
- Que surpresa te ver aqui! Não lembro da última. – Ele disse e ri fracamente. Nunca teve.
- Algumas coisas mudaram, vim dar uma pesquisada, já que estamos chegando no meio de temporada. – Falei, ouvindo-o rir.
- Ah, você bem que quer, não é?! – Ele disse, como sempre tentando se achar muito mais do que é e só sorri. – Gostaria de se sentar comigo?
- Ah, agradeço, mas prefiro me manter discreta aqui! – Falei, vendo-o assentir com a cabeça.
- Fique à vontade e seja bem-vinda! – Assenti com a cabeça.
- Grazie! – Sorri e o vi se afastar, seguindo de volta para seu lugar e o vi cumprimentar outro homem que estava olhando para mim. Nasser Al-Khelaïfi, dono e presidente do PSG. Dei um curto aceno de cabeça, esperando que ele não soubesse quem eu era e desviei o olhar.
Era por essas e outras que eu sabia que não me encaixava nisso de presidente. Tanto o DiLaurentis quando o Al-Khelaïfi são presidente e donos e, apesar de ter ótimas economias e investimentos, te garanto que eu não conseguiria comprar a Juve nem se eu quisesse.
Me distraí quando a música da Champions começou e mordi meu lábio inferior ao ver os jogadores entrando. Eu não podia ver à essa altura o rosto de Gigi, mas, como sempre, era óbvio vê-lo. Pressionei os lábios e afundei as mãos no bolso do casaco.
Após o hino, os jogadores se separaram e foi estranho não ver Gigi ir até o centro para jogar a moeda para decidir entre bola e campo, e eu não gostava nada disso, ele sempre seria o meu capitano, onde quer que estivesse. Ele tirou o casaco, revelando o uniforme vermelho de goleiro do PSG e preciso dizer que o PSG tinha uniformes bem bonitos, mas eu ainda preferia o Gigi com as nossas cores. Sempre vou preferir isso.
Quando o jogo começou, eu consegui me sentar, sentindo que as pernas estavam mais calmas. Apesar de não ser a Juve, eu estava torcendo para o PSG por causa de Gigi, porque era uma Champions e, apesar de odiar como ele ficava estressado por isso, eu queria muito que ele ganhasse, só não sei ainda se queria que ele ganhasse se fosse uma final Juve x PSG, mas eu penso nisso caso aconteça lá na frente.
O jogo começou morno e a primeira chance do PSG foi aos oito minutos com o italiano Verratti, mas a bola subiu demais. Aos 12 minutos, Meunier fez o passe, Neymar finalizou, mas o goleiro napolitano pegou. Aos 22, a primeira aparição de Gigi no jogo, fizeram um cruzamento e Insgine tentou chegar para finalizar, mas a bola saiu para fora. No contra-ataque, Mbappe tentou, mas foi para fora.
Aos 24, em uma cobrança de falta deles, a bola passou lambendo a trave de Gigi, mas foi para fora. Aos 32, quando o PSG tentou um contra-ataque, a bola passou longe do gol. Aos 36, novamente, Mbappe tenta e é tirado. Aos 40, outra falta para o Napoli, mas a bola estourou em Thiago Silva que acabou ficando caído por alguns segundos após a cabeçada. Aos 41, o PSG tentou novamente e o goleiro pegou. Aos 45, Insigne teve uma chance linda com a ajeitada de bola, mas foi para fora.
O primeiro tempo estava no fim e Gigi ainda não tinha tido grande prestação, parecia que o Napoli mal tinha chances e imaginava que pudesse ter mudanças para o segundo tempo. Era o Napoli, sempre cheio de surpresinhas. Antes do fim do primeiro tempo, já nos acréscimos, Mbpape conseguiu se aproximar do gol napolitano, fez o passe para Bernat que mandou para o gol. 1x0 para o PSG, me fazendo sorrir.
Quando entrou no intervalo, eu peguei meu celular e vi que tinha algumas mensagens ali e e-mails, mas a única mensagem que realmente importava agora era a de Giulia, me perguntando onde eu estava. Na verdade, oito mensagens perguntando onde eu estava.
“Viajei pelo time, nos falamos amanhã” – Enviei, esperando que isso contivesse, mas só faltava Pavel também estar me procurando, falar para Treze e por aí vai...
Talvez não gostasse mais de Treze na minha família. Ele era um bom fofoqueiro.
Na volta do intervalo, começamos com uma falta do PSG que acabou estourando na barreira napolitana. Aos 51, Gigi finalmente apareceu em jogo e fez uma defesa incrível, deixando um sorriso em meu rosto. Após o escanteio, a bola se aproximou novamente e ele tirou com a ponta dos dedos. 40 anos e ainda incrível!
Aos 54, o Napoli se aproximou de jogo e Gigi pulou para fazer a defesa, mas Marquinhos conseguiu tirá-la com a ponta do pé em uma defesa linda. No escanteio, eles tentam de novo e Gigi defende. Aos 57, outra defesa à queima roupa e, aos 58, um chute longo que parou em suas mãos. Apesar do time que ele representava agora e de toda bagunça em minha cabeça, ele mostrava para todo o mundo que ainda é o grande Gianluigi Buffon e merece muito.
Aos 59, foi a vez do PSG finalmente dar o contra-ataque e Neymar foi o responsável, mas o goleiro do Napoli pegou. Quando a bola voltou para o contra-ataque, Gigi saiu do gol para pegar a bola, Thiago chegou junto para defender e ambos chegaram no atacante do Napoli, literalmente amassando-o. O juiz deu pênalti. Ótimo, não?! Me lembrei de certo jogo contra o Real Madrid na temporada passada.
Bufei, vendo Gigi se preparar, sem reclamações dessa vez e Insigne era o batedor. Vai, Gigi! Faça sua mágica! Pressionei os lábios, ouvindo o apito do juiz e Insigne chutou. A bola e Gigi foram para o mesmo lado, mas a bola entrou, me fazendo sentar novamente, já que eu havia levantado com o nervosismo.
Droga. Não foi dessa vez, amore.
Senti uma pequena movimentação dentro de mim e franzi os olhos. Um pequeno... Chute? Coloquei as mãos dentro dos bolsos do casaco e levei-as discretamente até minha barriga, tentando entender se era dali ou se era só nervosismo. Senti novamente, sentindo minha respiração ficar mais difícil e suspirei, deslizando a mão pela minha barriga.
Amore? É você?
Engoli em seco, tentando parecer discreta com as mãos em minha barriga, apesar das lágrimas já estarem deslizando pela minha bochecha mais uma vez e suspirei. Outro chute mais sequencial aconteceu e eu suspirei, engolindo em seco.
É a mamãe, amore.
Ergui o olhar para o campo, um tanto perdida sobre o que estava acontecendo e levei meus olhos para o lado direito, vendo Gigi se movimentar e se alongar enquanto a bola estava no outro campo e ri fracamente.
É óbvio que você ia se mexer aqui, não é, meu amor? Aquele é o papai! Ele não sabe de você ainda, mas saiba que você foi muito querida por nós dois. As circunstâncias não são as melhores, mas você vai ser muito bem-vinda e muito bem-querida por todos.
Depois disso, foi difícil eu conseguir focar no jogo, eu queria abraçar minha barriga e fazer carinho nela pelo resto do dia, mas acho que chorar no meio de um jogo já era suspeito, acariciar uma barriga seria muito mais. Eu precisava primeiro contar para Pavel, depois para Angela, aposto que teria algum anúncio, aí aguentar a recepção do pessoal, mas algo assim eu aguentava, ninguém sabe da minha vida, in vitro ou não, não tinha ninguém ao meu lado, então tudo bem.
Aos 87 minutos, Verratti fez uma falta em Insigne e Gigi precisou encarar mais uma cobrança de falta, mas a bola estava longe para ele. O juiz deu quatro minutos de acréscimos e a bola acabou com um tiro de meta de Gigi.
Assim que o juiz apitou, eu não esperei, eu dei meia volta e segui apresada pelo camarote quase como se eu estivesse em um jogo da Juve, mas eu queria pegar o trem da meia-noite, já não bastava a quantidade de perguntas que Giulia me faria amanhã e que eu não conseguiria fugir, então podia esperar o sermão logo em seguida. Mas minha Sienna se mexeu, só importava isso para mim.
Peguei um táxi do lado do fora do estádio e demorou um pouco para ele conseguir sair dali com vários outros carros saindo ao mesmo tempo, mas estávamos há pouco mais de 15 minutos da estação, então ainda cheguei na estação com meia hora de vantagem. Atravessei todo o processo de embarque e ainda esperei o trem chegar à estação. Quando finalmente sentei, eu relaxei.
Foi um dia pesado. Peguei o trem meio-dia e meio, demorei seis horas e meia para chegar em Nápoles, fiquei pouco mais de cinco horas na cidade e já estava voltando, ao menos a viagem de volta seria à noite.
Ao menos hoje teve uma vantagem: eu vi Gigi, mesmo em uma grande distância. Ele fez um jogo muito bom, apesar do empate. E nossa menina se mexeu. As lágrimas começaram a deslizar em minha bochecha de novo e pude aproveitar o escuro do trem para acariciar minha barriga sem me importar se outras pessoas estavam vendo.
Ela está aqui e estou esperando ansiosamente. E tenho certeza que o papai também. Só espero que ele entenda isso e que uma luz caia sobre mim para eu contar isso sem estrese e sem brigas. Só eu e ele.
Falta muito para a temporada acabar?
Fiz a saída de bola, vendo Verratti pegar no meio de campo e o juiz apitou o fim de jogo, me fazendo bufar. Droga! Se não fosse aquele pênalti, eu teria conseguido segurar o 1x0 e teríamos vencido. Que ótimo jeito de voltar para a Champions. Faltava dois jogos ainda, mas tínhamos dois empates, uma vitória e uma derrota, não era muito bom!
- Ei, Gigi! – Cumprimentei Thiago, dando dois tapinhas em suas costas.
- Foi quase! – Falei.
- Não, foi bom! – Ele seguiu comigo pelo campo e parei para abraçar Marquinhos.
- Me salvou naquele lance, hein?! – Cumprimentei-o e ele riu fracamente.
- Foi Deus que bateu ali! – Ele disse, nos fazendo rir.
- A bola veio forte per un cazzo! – Falei, ouvindo-os rirem.
- Não foi o final desejado, mas temos dois jogos ainda, um que é para ser mais fácil! – Thiago disse e cumprimentei Bernat.
- Gol bonito, garoto! – Falei.
- Merci, Gigi! – Ele disse e sorri.
Me afastei dos meus companheiros de defesa e fui para o meio de campo, cumprimentando o restante do time, inclusive o pessoal do Napoli que eu tinha muito contato quando estava aqui na Juve. Insigne, Mertens, Koulibaly, Allan, Hamšík, além de Ospina, novo goleiro deles que tinha entrado nessa temporada. Garoto era muito bom, jogou com o Tek no Arsenal.
- Troca? – Ele perguntou e confirmei, puxando minha blusa para fora e troquei com o colombiano, dando dois tapinhas em suas costas e segui para fora do campo.
- Gigi! – Ancelotti, técnico do Napoli me parou e abracei-o, rindo fracamente. – Como está?
- Bem e vocês? – Abracei-o pelos ombros.
- Bem, bem! Ainda bate um bolão, hein?! – Ele disse, me fazendo rir.
- Beh! Segurei seus meninos! – Dei dois toques em seus ombros e segui para dentro do túnel.
- Gigi! Bom trabalho! – Tuchel disse e abracei-o!
- Não foi perfeito, mas..
- Nem sempre é! Relaxa! – Ele disse, me fazendo rir r cumprimentei Gianluca.
- Se cobrando demais? – Ele disse me fazendo rir.
- Ah, voltar em Champions com um empate não é o sonho de ninguém! – Falei.
- Mas você foi para o mesmo lado da bola, ela só foi mais rápida.
- Insigne não chuta, ele solta bombas! – Falei, ouvindo-o rir.
- Não posso negar! – Ele deu dois toques em meus ombros. – Relaxa, temos bastante tempo até o próximo! – Assenti com a cabeça e segui para dentro do vestiário.
Ao menos duas vezes por ano eu vinha aqui para Nápoles e tenho que dizer que trazia muitas memórias e curiosidades, muitas por causa de null. Em todos esses anos como diretora, ela nunca veio para cá por causa de seu passado. E acho difícil vir, agora que ela literalmente abriu para a Itália e quem mais quisesse que ela era parente de distribuidores de drogas na cidade.
Era uma situação até engraçada, mas null tinha uma opinião diferente sobre seu passado, como se não fosse parte dela. E eu descobri isso da pior forma possível. Acho que eu precisava realmente sentar e conversar com ela. Nos conhecemos tanto, mas parece que não conhecemos nada em algumas situações.
- Gigi! – Cumprimentei Ney, dando dois rápidos beijos e depois Kylian.
- Bom jogo, ragazzi! – Falei, misturando as duas línguas, além do inglês que me ajudava um pouco.
- Adry! – Cumprimentei Rabiot.
- Gigi! Defesas incríveis! – Ele disse e sorri.
- Grazie! Merci! – Rimos juntos e segui até meu canto no vestiário, tirando as luvas e me sentei no meu espaço.
- Boa noite, les gars! – Vi o presidente entrando com Marcel, Maurice e Nathan.
- Boa noite! – Respondemos e me abaixei para tirar a chuteiras e abaixar as meias para livrar as caneleiras.
- Gigi! – O assistente de Tuchel me entregou uma garrafa de água.
- Ah, grazie! – Falei, abrindo-a e virei-a inteira na boca antes de me levantar.
Guardei a blusa de Ospina na minha mochila e tirei a segunda pele, jogando-a no meio das minhas coisas. Separei minha necessaire para tomar banho e peguei uma toalha de banho, jogando-a em meu ombro.
- Gigi! – Virei, vendo o presidente.
- Ah, Nasser! – Falei, abraçando-o rapidamente.
- Muito bom jogo! – Ele disse.
- É... Mais ou menos! – Ponderei com a cabeça, ouvindo-o rir.
- É por isso que eu gosto de você, você não se satisfaz com pouco. – Sorri.
- Beh, depois de 23 anos jogando profissional, se quisermos continuar jogando, precisamos nos desafiar todos os dias. – Ele assentiu com a cabeça.
- É por isso que você faz tão bem! – Ele disse, me fazendo rir.
- Grazie, senhor!
- Bah! Temos quase a mesma idade! – Ele disse, me fazendo rir.
- É! Faz parte! – Sorri e ele tocou meu ombro.
- Tinha um conhecido seu aqui. – Ele disse e franzi a testa.
- Como assim?
- Sua antiga presidente estava aqui! – Ele disse e franzi o rosto.
- Agnelli? Andrea estava aqui? – Perguntei.
- Ah, verdade! A Juventus mudou de presidente recentemente, né?! – Ele disse.
- Sim, sim...
- É, então era a nova presidente! Ela estava aqui! – Arregalei os olhos.
- Espera! null estava aqui? – Engoli em seco.
- Alta, cabelos claros, muito bonita, tentando chamar o mínimo de atenção possível... – Ele disse rindo.
- É impossível! – Falei, rindo fracamente.
- Como assim?
- Ah, beh! A null não vem para Nápoles. – Falei, tentando relaxar os olhos.
- Beh, agora veio! DiLaurentis até a chamou para se sentar conosco, mas ela não foi. – Ele disse, dando dois toques em meus ombros antes de seguir para falar com Thiago.
- Isso não pode ser real.
Tirei a toalha de meus ombros, calcei rapidamente os chinelos e segui para fora do vestiário, deslizando os pés pelo local. Olhei rapidamente o túnel e me localizei onde seria a entrada do estádio e fui em direção a ela, esperando que eu não fosse parado por tantas pessoas.
- GIGI! – Virei o rosto rapidamente, na esperança de ser ela, mas só vi Marcel vindo em minha direção. – Aonde você vai?
- Espera um pouco! – Falei, dando a volta e ele me puxou.
- Está louco? – Ele disse. – Os torcedores estão saindo ainda, você vai ficar preso lá.
- Eu preciso saber se uma mulher estava aqui hoje! – Falei, sentindo a respiração ficar difícil pelo frio.
- Calma! Que mulher? Eu tenho a lista aqui. – Ele tirou o celular do bolso.
- null null, presidente da Juventus. – Apoiei a mão na parede, sentindo meu corpo suar.
- null, null... – Ele disse, checando os nomes na lista.
- Rápido, por favor! – Falei e engoli em seco.
- Calma, até parece que é sua namorada! – Ele falou e dei um curto sorriso, vendo seu olhar subir para o meu. – É?! – Ele disse surpreso.
- Não, mas... A história é longa! Depois te conto se quiser! Mas ela estava aqui hoje? – Perguntei e ele voltou a olhar para a lista.
- Hum... Sim! null null, convidada a FICG... IFIGC, sei lá! – Ele disse, virando o celular para mim. – Entrou às 20:40 no estádio. – Vi o nome de null de null verde na lista.
- O que quer dizer a cor? – Perguntei.
- É que a pessoa realmente veio. Tem muitos convidados que retiram ingresso, mas não vêm, ela veio! – Ele disse e engoli em seco, sentindo meu corpo tombar para trás e bater na parede. – Ei, está tudo bem? – Senti meus olhos se encherem de lágrimas.
- Sim... – Engoli em seco. – Eu só... – Abanei a cabeça. – null estava em Nápoles? Por quê? – Suspirei, soltando a respiração rapidamente.
- Bom, se você tem uma história com ela, imagino que ela tenha vindo te ver. – Ele deu de ombros.
- Você não está entendendo, Marcel! null não vem para Nápoles, nunca! – Segurei-o pela gola do casaco. – Nem se o inferno congelar!
- Bom, ela veio. – Ele deu de ombros. – Agora pode me soltar?
- Claro! Desculpe. – Passei as mãos nas golas de suas camisa, soltando-o devagar.
- Não vai lá! – Ele disse e suspirei.
- Não, pode deixar! – Soltei a respiração devagar, tentando entender o que tinha acontecido.
Como assim null havia vindo para Nápoles? Isso não é possível! Até queria pedir para ela vir me ver, mas sabendo da sua restrição pela cidade, nem cogitei e, mesmo assim, ela estava aqui! Mas por quê? Ela não viria só por mim, viria? Eu preciso falar com Chiello, Pavel ou alguém que pudesse me confirmar isso, parecia algo muito irreal.
- Alô, Gigi? – Ouvi uns estalos e olhei para Rabiot. – Desligou?
- Ei, Adry! Estou bem! – Falei, suspirando.
- Mesmo? Eu te chamei umas quatro vezes. – Suspirei.
- Ok, não estou, mas estou tentando entender o que está acontecendo aqui ainda. – Assoprei devagar.
- Precisa de alguém para conversar? – Ele disse.
- Até preciso... – Suspirei. – Mas depois... Depois! – Abanei a mão e ele passou o braço pelos meus ombros.
- Vem! Vamos sair daqui! – Ele disse, me puxando pelo corredor.
- Ei, parece que alguém resolveu aparecer! – Pavel abriu a porta assim que estacionei e sorri, suspirando. – Deu um perdido em todo mundo esses últimos dias, hein?! – Ele disse e relaxei os ombros.
- Você não tem noção do que aconteceu comigo nesses últimos dias. – Saí do carro, acionando o alarme da chave e desliguei-o.
- Pior do que virar presidente do time? – Gargalhei.
- Ah, Pavel! – Passei a mão em seus ombros. – Ser presidente do time é fichinha comparado a isso. – Falei e ele franziu a testa.
- Você está pesando no sarcasmo na voz, desembucha. – Soltei um longo suspiro, erguendo olhar para ele.
- É melhor você apoiar. – Falei e ele cruzou os braços.
- Fala, null, desembucha. – Me aproximei dele, apoiando a boca próximo a sua orelha.
- Pronto? – Perguntei.
- Vai, fala logo! – Ele disse e aproximei a boca de sua orelha.
- Você não está levando isso a sério...
- Fala, null! – Ele disse com os lábios rígidos e suspirei.
- Eu estou grávida.
- O QUÊ?! – Ele gritou e me afastei, suspirando.
- Eu disse! – Dei de ombros, andando ao seu lado.
- Espera! Espera! Espera! – Ele me segurou pelo ombro, me obrigando a parar. – Como, null? Você fez alguma coisa que eu não estou sabendo?
- Não, foi natural mesmo. – Suspirei. – Mas eu vou ter que contar para todo mundo que foi fertilização e você vai me ajudar com isso.
- Oh! Não, não! Eu não vou me envolver nessa bagunça toda! Por que fazer isso? – Ele disse. – Quem é o pai?
- Você nem suspeita? – Revirei os olhos, olhando fixamente para seus olhos.
- NÃO! – Ele disse. – ELE?! !
- Você podia parar de gritar, as pessoas logo vão olhar para gente. – Falei antes de voltar a andar em direção à entrada do estádio.
- Gigi, null? Como? Quando? – Ele disse mais baixo, andando próximo de mim.
- Olha, nossa amizade existe há anos, mas não quero entrar em detalhes contigo, ok?! – Falei, vendo-o revirar os olhos. – Agora sobre a outra pergunta... – Suspirei. – Há 19 semanas.
- O QUÊ?! – Ele gritou novamente. – Isso são quase cinco meses. – Ele disse.
- Pouco mais de quatro, mas é! – Parei novamente pouco antes das escadas.
- Mas... Você não suspeitou? – Ele disse apressado.
- Suspeitei sim, achei que era o câncer de volta! É uma alternativa melhor, fala! – Falei e ele arregalou os lábios.
- Com toda certeza, mas... – Ele travou por alguns minutos.
- A gente precisa ir para o jogo, Pavel, e eu contei exatamente agora para evitar toda essa reação exagerada, porque: não, eu não sei o que fazer. Não, não pretendo contar para o Gigi ainda. Sim, eu sei que ele merece saber, mas eu não tenho cabeça para lidar com mais isso agora, só se eu puder deixar de ser presidente, o que sabemos que não dá. Sim, além de você, só o Barza e minha família sabem. E não, não pretendo contar para o time a verdade, vou conversar com a Angela e vamos bolar um plano para a imprensa, mas in vitro parece uma ótima desculpa, o time inteiro sabe que meu sonho é ser mãe, então... Por que não?
- Por que não? – Ele repetiu. – Eu tenho vários motivos de porque isso não vai funcionar. – Ele disse.
- Quais? – Perguntei.
- Porque é o Gigi, achei que fosse o maior sonho da vida de vocês! – Ele disse e suspirei.
- Eu sei, Pavel, sei tudo isso, mas se você tiver uma ideia ótima de como eu vou lidar com gravidez, presidência, contar para ele com ele estando em Paris e a minha ansiedade sem entrar em combustão espontânea, eu aceito! – Sorri e ele olhou para mim por alguns segundos, piscando os olhos.
- Ok, não tem, mas...
- Pavel! Podemos conversar sobre isso melhor depois? Eu não apareço em um jogo há 15 dias, as pessoas estão começando a comentar. – Falei e ele soltou a respiração fundo.
- Ok, eu só não tenho como focar em nada mais além dessa informação. – Ele disse.
- Ah, quer saber a melhor? – Apoiei a mão no corrimão.
- O quê? – Ele disse desanimado.
- É uma menina! – Sorri, vendo-o arregalar os olhos e subi degraus acima, ouvindo o barulho oco dos saltos da minha bota.
- Uma menininha! – Pavel apareceu ao meu lado, falando com a voz fofa. – Ah, null! Isso é... Isso é... – Virei para ele, parando um degrau acima.
- Você está chorando. – Falei e ele ficou no mesmo degrau que eu.
- Claro que sim! – Ele disse rindo. – Apesar de tudo, isso é incrível! – Ele disse e eu sorri quando ele me abraçou. – Parabéns, minha amiga! – Ele suspirou. – Sei como você sempre quis isso. – Suspirei, apoiando as mãos em suas costas.
- É! Eu tenho certeza de que as coisas vão se ajeitar, eventualmente, mas... – Nos afastamos devagar. – Eu estou tendo muita coisa para carregar e agora mais ainda. – Rimos juntos.
- Aproveita, minha amiga. Você merece demais. – Sorri.
- Beh, eu já perdi quatro meses, preciso aproveitar o restante. – Falei, ouvindo-o rir.
- Por isso que você está... – Ele indicou minha roupa.
- Também, agradeço pela chegada do frio. – Falei, seguindo com ele finalmente para dentro do estádio, acenando para a recepcionista quando passei. – Vai ser a desculpa perfeita. – Falei e ele riu fracamente.
- Talvez, mas aproveita, de verdade! – Seguimos em direção ao elevador e cumprimentei o segurança antes de entrar no mesmo. – Você sempre quis isso, é como se o universo tivesse dando uma ajuda para tudo isso terminar bem. – Suspirei.
- Beh, baseado no meu histórico, a médica disse que é quase um milagre mesmo, então acho que, pensando em quem é o pai e quando aconteceu, só pode ser coisa do universo mesmo. – Suspirei.
- Vai dar tudo certo, null. – Ele segurou minha mão. – Aproveita! E depois eu quero ver essa barriga. – Ri fracamente, abraçando-o de lado.
- Pode deixar. E obrigada! – Falei, vendo-o assentir com a cabeça e me afastei dele quando o elevador se abriu.
- Vamos conversar melhor isso, em uma sala que eu possa gritar, provavelmente em uma à prova de som, mas estou feliz por você. – Sorri, rindo fracamente.
- Eu surtei quando eu soube, até que eu senti que ela mexeu e... Beh, ela está aqui, então estou feliz.
- Isso é incrível. – Ele disse rindo. – Vem! Logo o jogo começa. – Ele disse, me fazendo rir.
- Estou tentando, mas não consigo chegar lá! – Disse, passando em sua frente em direção ao vestiário e rimos juntos.
- Ei, parece que alguém está feliz! – Paratici disse ao nos ver.
- Você não tem nem ideia! – Disse, cumprimentando-o rapidamente antes de entrar no vestiário.
- null! – Sorri para Filippi, cumprimentando, depois segui para os outros assistentes na porta antes de chegar em Allegri.
- Ei, Max. – Falei.
- Ei, que surpresa em te ver! – Ele me abraçou e sorri.
- Tive uns probleminhas, mas estou bem! – Entrei no vestiário, vendo os jogadores terminando de se arrumar. – Ciao, ragazzi!
- CIAO, CHEFA! – Eles gritaram, me fazendo sorrir.
- SUMIDA, HEIN?! – Ri fracamente.
- Bom ver vocês também.
- null...
- Ei, Chiello! – Me aproximei para cumprimentá-lo e ele me segurou pela mão, saindo do vestiário.
- Oh! Calma! – Falei, seguindo o mais longe possível da entrada do vestiário.
- Você foi para Nápoles ontem? – Ele perguntou e eu arregalei os olhos.
- O quê? Co-como você sabe? – Perguntei apressado.
- Alguém te viu lá e contou para ele. – Franzi os olhos, apertando as mãos.
- Ah, droga! – Falei, suspirando.
- Ele está chocado, porque acha que é mentira, achávamos que não ia para Nápoles. – Ele disse e bufei.
- É complicado, ok?! Eu precisava! – Suspirei, abanando a mão. – Foi mais do que só vê-lo, tem tanta coisa acontecendo que eu estou confusa, Chiello, mas eu não tenho como te falar nada agora... – Ele suspirou. – Mas te conto quando for a hora. – Ele suspirou.
- Você está melhor? – Ele perguntou e suspirei.
- Olha, foi muito bom, na verdade. – Falei, rindo fracamente. – Consegui passar uns medos e deu para relaxar um pouco. – Ele suspirou.
- Eu só quero que fique bem. – Ele apertou meus ombros e puxei-o para um abraço.
- Eu vou, prometo! – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Talvez um pouco surtada quando tudo isso acabar, mas... – Rimos juntos e ele acariciou meu rosto.
- Beh, surtado todos estamos. – Ele disse.
- Faça um bom jogo, capitano! – Falei e ele assentiu com a cabeça antes de voltar para o vestiário e fui logo atrás, apoiando no batente da porta novamente. – Eu vou subir, bom jogo, ragazzi!
- Grazie, chefa! – Eles disseram e dei uma passada pelos jogadores ali e vi que Mario estava de volta.
- Está de volta, Mario? – Falei, vendo-o virar para mim e sorrir.
- Como novo. – Ri fracamente.
- Vamos ver se você aguenta um mês sem lesão. – Ele riu e dei dois toques no batente antes de seguir para fora. – Bom jogo, gente! – Falei para Max e Filippi antes de seguir para fora do vestiário.
- null! – Angela disse animada ao me ver e sorri, abraçando-a.
- Quero marcar uma reunião contigo! – Falei.
- É, claro! Você marca ou eu? – Ela disse.
- Você! – Falei, dando um rápido beijo nela antes de seguir até o elevador.
- CHEFA! – Me assustei, virando para trás e vi Pogba.
- AH, MEU DEUS! – Falei alto, vendo-o vir correndo em minha direção e me abraçar apertado, me fazendo gargalhar. – Ah, Paul! – Suspirei, sentindo as lágrimas em meus olhos. – Eu nem lembrava que você estaria aqui hoje.
- Parece que está com a cabeça nas nuvens agora, presidente. – Ele disse sugestivamente e acariciei seu rosto.
- E estou, meu amor. – Rimos juntos. – Que bom te ver! – Passei a mão em seus cabelos diferentes como sempre. – Como você está?
- Tudo bem! Graças a Deus! – Ele disse, me fazendo rir. – E você? Ficou mais importante do que já é! – Rimos juntos.
- Para você ver, me acostumando ainda, mas espero poder continuar fazendo algo por esse time. – Ele sorriu.
- Você sempre fez, agora mais ainda. – Sorri, abraçando-o mais uma vez.
- Foi bom te ver. – Sorri.
- Achei que te encontraria em Manchester, mas...
- Ah, muitos compromissos. – Falei, rindo fracamente. – Mas que bom que está aqui! – Ele sorriu.
- Bom te ver, chefa! – Ele disse sugestivamente, me fazendo rir.
- Vocês saem e continuam me chamando de chefe. Padoin fez o mesmo esses dias. – Rimos juntos.
- Você marcou nossas vidas, chefa! Isso não muda nunca! – Sorri.
- E isso me faz feliz demais. – Ri fracamente.
- null! – Pavel me chamou.
- Eu tenho que ir, mas eu desço depois do jogo e a gente conversa mais! – Falei.
- Combinado! – Ele disse, me fazendo rir e dei dois rápidos beijos em sua bochecha antes de seguir atrás de Pavel.
Subi de volta com Pavel e respirei fundo quando o elevador se abriu. Sendo presidente, as coisas mudavam de figura um pouco, antes eu fugia de cumprimentos, agora eu precisava ir atrás deles, sejam conhecidos, desconhecidos, acionistas, patrocinadores, qualquer pessoa que esticasse a mão, eu precisava apertar e realmente ouvir o que as pessoas falavam, mas não podia dizer que não era boa nisso, eu até que era!
Entrando no camarote, a mesma coisa, mas dessa vez tinha Allegra, Deniz que representava Andrea, além de outras pessoas que também eram importantes para o time e para todo o bom funcionamento dele.
- Scusa. – Virei o rosto, vendo a namorada de Barza.
- Ah, Adalina! – Abracei-a fortemente. – Que bom que você veio!
- Milagre você estar aqui! – Ele disse baixo e acenei para o pessoal que eu conversava.
- Scusa, per cortesia. – Falei, subindo uns degraus novamente.
- Só por isso imagino que você não tenha contado para ninguém. – Ela disse baixo e suspirei.
- Contei só para Pavel, mas o restante aqui não sabe e não quero encarar isso agora. – Falei, ouvindo-a rir fracamente. – Até o fim do mês conto para os acionistas e tudo vai se ajeitando. – Suspirei. – Ao menos o frio me ajuda pelas roupas, mas não posso abusar, a última vez que me vesti assim foi em... – Ponderei com a cabeça. – 2010. – Rimos juntas.
- E como você está com isso? – Ela perguntou e indiquei para poltronas, me sentando em uma e ela ao meu lado.
- Eu estou melhor. – Sorri. – A ficha já caiu melhor.
- E como ela está? – Ela perguntou baixo.
- Ela está bem, ela se mexeu ontem, sabia? – Ri fracamente, incrédula em como havia acontecido.
- É? Isso é algo bom, não?
- É sim. – Suspirei. – Mas é estranho, pois ela se mexeu, ironicamente, durante o jogo do pai dela. – Falei baixo, aproximando meu rosto do dela.
- Você foi ver o Gigi? – Ela falou um pouco mais alto.
- Sem mencionar nomes, por favor. – Falei. – O campo é minado. – Ela olhou em volta.
- Mas como foi isso? Você foi para França? – Ela perguntou.
- Não, eles jogaram em Nápoles ontem. – Mordi o lábio inferior. – Eu tinha que ir, eu... – Suspirei.
- Eu entendo. – Ela apertou minha mão. – Como você sentiu?
- Eu consegui segurar meu choro durante o jogo, principalmente porque estava em camarote de honra, com o presidente do Napoli e do PSG juntos, mas eu chorei quando ela se mexeu e durante todo o percurso de volta. – Suspirei. – Foi pesado. Só me provou como eu realmente não sei viver sem ele. – Pressionei os lábios.
- Fala com ele, null. Não fique assim.
- Eu não posso. Ainda não. Eu não estou preparada e ele precisa disso. – Suspirei. – Mas terão outros eventos, tenho certeza. Preciso me acostumar, não é porque ele foi para outro time e outro país que ele sumiu da minha vida. Ele só não está comigo diariamente, mas ainda trabalhamos no mesmo meio. Ele ainda é uma lenda do futebol e eu ainda sou presidente do maior time italiano. – Dei de ombros. – É a mistura perfeita para uma bomba. – Rimos juntos.
- Qualquer coisa, eu e o Andrea estamos aqui para você. – Sorri, ainda achando fofo ela chamar Barza de Andrea.
- Eu sei! Além do time inteiro, eu só preciso me soltar aos poucos, logo vai. – Ela confirmou com a cabeça.
Me distraí com a apresentação dos times e logo ambos entraram. Nós acabamos ganhando de 1x0 em Manchester e esperava que continuássemos ganhando aqui, faltava só mais uma vitória para já garantir a passagem para a próxima fase, mas imagino que eles tentariam uma certa vingança após ganharmos na casa deles, só não podíamos deixar.
Nossa escalação era com Tek, Mattia, Leo, Chiello, Alex, Sami, Mira, Bentancur, Cuadrado, Paulino e Ronaldo. Precisávamos da força de Mario, mas ele estava voltando de lesão, talvez Allegri o colocasse mais no final. Do time deles, tirando De Gea e Pogba, eu não conhecia muito mais, mas isso não fazia diferença na hora do confronto.
- Vamos lá! – Falei quando o juiz apitou.
O primeiro tempo começou bem morno, quase igual o jogo de ontem, mas o problema é que não conseguimos criar constância. Aos cinco Ronaldo teve uma chance, aos 10 Bentancur, mas acabou desviada na defesa deles. Aos 35, Cuadrado tentou, desviou na defesa deles e De Gea pegou antes de Paulino chegar.
Aos 35, Sami quase consegue. Ele recebeu um passe ótimo de Ronaldo que recebeu de Cuadrado, mas bateu na trave e foi para fora, fazendo o estádio inteiro comemorar antes da hora e Sami ficar informado no chão. Aos 40 foi a vez de Dybala tentar, mas foi para fora. Nossa última chance do primeiro tempo foi de Chiello aos 43, acabou uma bagunça de cara com o gol, mas foi para fora.
- Beh, tem sempre o segundo tempo. – Falei para Ada que riu fracamente.
- Está um pouco morno ou é só impressão minha? – Ela perguntou e suspirei.
- Morno até demais, espero que melhore no segundo tempo. – Falei, ajeitando meu casaco e ela suspirou.
Começou mais rápido, na verdade. Aos 49 eles tiveram a primeira chance, mas Tek nem precisava se mexer, pois a bola saiu. No retorno com o contra-ataque, Paulino tentou um chute, mas bateu na trave, indo para fora.
Durante os 15 minutos seguintes, a bola praticamente rolou de um lado para o outro, até os 65, quando Leo saiu com a bola, ele fez um chute para Ronaldo que estava praticamente sozinho dentro da área e chutou para dentro.
- Não faz mais que a obrigação. – Suspirei ao vê-lo correndo e comemorar ao levantar sua blusa e mostrar seu tanquinho. Algo bem desnecessário, se quer saber. Gigi é bem mais gato e não tem tudo isso. Aposto que Ada concorda comigo sobre o Barza.
Parece que daí o jogo começou a andar, aos 73 minutos, Pjanic fez um chute de fora da grande área e mandou para fora. No contra-ataque, eles tentaram um chute, mas foi tão longe que Tek nem precisou se mexer. Aos 82, Ada ficou feliz ao meu lado, Barza ia entrar.
- Ah, ele vai entrar! – Ela disse empolgada e sorri.
Até eu sentia por Barza não jogar mais, Allegri estava sendo extremamente cuidadoso com ele, ele não havia comentado nada comigo sobre uma possível aposentadoria, mas ele era o mais velho do time agora, depois dele tinha só Chiello e Ronaldo, mas com quatro anos de diferença. Gigi não se importava com isso, mas Barza sempre tratou o futebol como uma profissão de verdade, e tinha consciência que uma hora acaba, mas espero que demore um pouco.
Aos 84 eles se aproximaram novamente, Tek fez a defesa, mas a bola ficou presa na defesa e Chiello tirou para longe, no rebote, Chiello novamente. Aos 85, uma falta em Pogba na divisa da grande área me deixou receosa e me obrigou a apertar as mãos no apoio de braços e rezar. Eles conseguiram enganar nossa barreira e Tek não chegou, gol do empate. 1x1.
- Cazzo!
Como se não fosse o suficiente, uma falta de Barza em Rashford acabou resultado em nosso segundo gol. A falta era bem fora da grande área, do lado extremo direito do campo, mas quando ela foi cobrada, foi direto para a nossa área. Tek, Alex, Leo e Chiello se bagunçaram tudo e a bola foi para dentro do gol. 2x1 para eles.
- CAZZO! – Reclamei mais alto.
Para ajudar ainda havia sido contra, de Leo ou de Alex, não sabia dizer, mas Leo tentou compensar com o contra-ataque, mas a bola foi para fora. Já nos acréscimos, Allegri tirou Juan e colocou Mario, mas não é como se tivesse muito o que fazer em três minutos de jogo, mas a esperança é a última que morre.
Ainda tivemos uma falta de Paulo que foi derrubado na entrada da grande área deles e o juiz não deu, fazendo os nervos no Estádio piorarem depois do último gol, eles tentaram se aproximar mais uma vez, mas Tek fechou o gol e a bola foi para fora.
Tudo bem, era uma derrota, dava para aguentar, a primeira derrota do ano, mas quando o juiz deu o apito final, eu queria matar o técnico deles. Ele fez uma provocação tão ridícula, tão infantil, que minha raiva natural somada com os hormônios a flor da pele, me quiseram enfiar a mão em seu pescoço. Não deu tempo para eu fazer isso, alguém me seguraria até eu chegar lá embaixo, mas Leo foi em cima dele, Paulo e depois Bentancur, fazendo com que ele precisasse sair protegido.
- Ah, esse puttano! – Me levantei apressada. – Vem! – Falei para Ada.
- Eu espero aqui. – Ela disse com um sorriso discreto no rosto.
- Não, vem comigo. Já passou da hora de você descer. – Falei, puxando-a comigo e segui com Pavel em direção ao camarote.
- Você vai falar com Angela amanhã? – Ele perguntou enquanto seguíamos até o vestiário.
- Eu tenho reunião com o Treze, vou oficiá-lo embaixador da marca, mas depois eu devo estar livre. – Falei.
- Ok, vamos resolver isso logo. – Ele disse.
- Relaxa, a Ada sabe! – Indiquei-a e ela sorriu.
- Mais fácil! – Ele disse, me fazendo rir.
- Fica muito feio eu socar o Mourinho? – Perguntei, entrando no elevador.
- Feio foi o que ele fez, uma mulher grávida socá-lo seria no mínimo poético. – Sorri, virando para ele. – Não inventa. – Rimos juntos.
- Vocês prometem se comportar? – Falei, ajeitando os cabelos de Dado.
- Sim, pai! Prometemos! – Eles falaram juntos.
- Eles falam italiano? – Lou perguntou.
- Beh, ele morou três anos na Itália e os filhos nasceram lá, mas qualquer coisa vocês podem usar o inglês. – Falei para eles. – Vocês são crianças, é fácil se enturmar...
- Não somos mais crianças! – Lou disse e pressionei os lábios.
- Ok, jovenzinhos. – Falei, vendo ambos revirarem os olhos. – Podemos ir?
- É, podemos! – Falei e apertei o botão da campainha.
- Ok, então relaxem.
- Parece que você está mais nervoso do que a gente, pai! – Dado disse e suspirei.
- É, talvez.
- Quem é? – Ouvi a voz na campainha.
- É o Gigi Buffon. – Respondi.
- Pode entrar e seguir para o fundo. – A voz disse e ouvi o estalo do portão, me fazendo empurrar e esperei meus meninos entrarem antes de bater o portão.
- Vem. – Falei, andando com eles pela casa, vendo o quintal se formar e vi a piscina coberta, alguns brinquedos de criança, um campo de futebol em proporções menores e Thiago vinha em nossa direção.
- Gigi! – Sorri.
- Ei, Thiago! – O cumprimentei rapidamente.
- Seja bem-vindos! – Ele sorriu.
- Grazie, grazie! – Me afastei. – Esses são meus filhos, Louis e David. – Falei.
- Ciao, tudo bem? – Ele falou em italiano e cumprimentou os dois.
- Tudo bem! – Eles disseram animados e peguei o vaso de flores da mão de Lou.
- Eu trouxe um arranjo para sua esposa e cerveja para gente! – Falei e ele gargalhou.
- Então pode entrar! – Ele riu. – Entra aqui! – Ele disse, abrindo uma porta de correr e deu espaço para nós dois entrarmos. – Aqui a comunicação é meio confusa, mas a gente se ajeita! – Ele disse. – Essa é Belle, minha esposa. – Ele indicou-a e sorri, andando até ela e a cumprimentei. – E esses são meus dois filhos, o mais velho é o Isago, fala um pouco de italiano, e Iago que não fala nada.
- Ciao, ciao! Como estão? – Perguntei em francês.
- É um prazer conhecê-lo. – Sua esposa disse e sorri.
- O prazer é meu, agradeço o convite. – Falei.
- Oi, tudo bem? – Isago se aproximou no italiano. – Você é demais! – Ri fracamente.
- Grazie! – Sorri.
- Esses são Louis e David, meus filhos. – Apoiei as mãos nos ombros de Lou.
- Vocês jogam bola? – O mais velho perguntou em italiano.
- Sim! – Lou disse.
- Vem cá! – Eles falaram e os quatro saíram, me fazendo rir.
- Ao menos eles entendem a língua do futebol. – Falei, rindo fracamente.
- E a gente pode conversar no italiano sem grandes problemas. – Belle disse.
- Gigi trouxe flores para você, amor. – Thiago disse.
- Elas são lindas, grazie! – Ela disse e sorri.
- É, são dálias, gosto bastante. – Falei, vendo-a sorrir.
- Eu vou colocar no meu jardim. – Ela disse sorrindo.
- Cerveja, Gigi? – Thiago apoiou duas long necks que eu trouxe no balcão.
- Grazie. – Falei, vendo-o abrir.
- Estou fazendo um clássico churrasco brasileiro. – Ele disse. – Seus filhos comem?
- Sim! Eles comem qualquer coisa. – Falei, ouvindo-o rir.
- Então, Gigi, Thiago disse que está solteiro. – Ela disse.
- Sim, a história é um pouco mais complicada do que essa, mas, para grandes efeitos, estou solteiro. – Falei, me sentando em uma banqueta alta.
- Uma história que você está me devendo, por sinal. – Thiago disse, apoiado do outro lado do balcão.
- Beh, é uma história muito longa, 17 anos longa, mas para simplificar, eu sou apaixonado por uma mulher durante todos esses anos, nunca levei a sério porque acabei me envolvendo com algumas situações e mulheres erradas, mas estou tentando me ajeitar para voltar para ela. – Falei.
- Uau! – Belle disse.
- É! – Ri fracamente. – Tem muita coisa além dessas palavras, mas é o principal. – Suspirei.
- Ela é italiana? – Thiago perguntou.
- Sim, trabalha na Juve. – Falei.
- Hum, alguém que talvez eu conheça? – Ele disse.
- A nova presidente do time? – Falei e ele engasgou, batendo a mão no peito e ri fracamente, vendo-o abrir um sorriso.
- A presidente da Juventus? A nova? – Ele disse surpreso e ri fracamente.
- É, ela mesma. – Suspirei. – Nos conhecemos quando entramos no time, em 2001, e de lá até hoje foram muitos altos e baixos, decisões erradas e bagunçadas.
- Uau! Eu nunca esperei por isso. – Ele disse, me fazendo rir.
- Beh, vivemos em volta do time em boa parte do tempo, nossos momentos eram sempre nos vestiários ou escondidos em quartos de hotel, mas recentemente eu a escolhi, mas eu ainda tinha outros compromissos para resolver, tinha uma namorada, um filho com essa outra, então não era um simples término.
- Entendo. – Belle disse. – Mas você ama essa da Juventus?
- Demais! – Suspirei. – E é um amor que surgiu dentro do time, passou por anos, então pegar quem éramos quando eu cheguei no time e hoje, eu vejo que tive muita sorte de tê-la ao meu lado por todos esses anos, mesmo que não fosse como um casal.
- Isso é muito bonito mesmo. – Thiago sorriu. – Ela sempre trabalhou no time?
- Sim, ela começou como estagiária na área de contabilidade e foi crescendo até se tornar o que é hoje. Então eu cresci, fiz minhas conquistas e ela fez as dela no time.
- Isso é bonito! – Belle disse.
- E vocês dois? – Falei.
- Eu e a Belle começamos a namorar em 2004. – Thiago disse e dei um gole na cerveja. – Eu jogava no Brasil, aí ela foi me encontrar na Itália, tivemos o Isago, nos casamos em 2010 e tivemos o Iago, logo depois viemos para Paris. – Sorri.
- Isso é legal! Eu fui casado por três anos, que é a mãe dos dois, mas namorei por quase cinco anos antes de casar. – Falei, suspirando. – Confesso que não foi minha melhor decisão na época, por causa da null, mas meus filhos são as pessoas mais importantes na minha vida. Eles que acabaram me inspirando nessa busca pela felicidade. – Falei, rindo fracamente.
- null é a da Juventus, certo?
- Sim! – Falei para Thiago.
- Mas você tem mais um filho? – Ele perguntou.
- Sim, o Leo, ele é desse último relacionamento que eu terminei há alguns meses, foi uma sequência de fatores errados. – Falei.
- E a null os aceitaria? – Belle perguntou. – Pergunto por que tem mulheres que não aceitam.
- Eu nunca pensei nisso, porque nossa vida nunca foi certinha como de outros casais, mas ela é o tipo de mãe sem filho, sabe? Esses dois aí fora a amam demais, mas eles também entendem o que aconteceu comigo, com ela, com a mãe deles, agora o mais novo tem só dois anos e meio, é um caminho mais difícil. – Suspirei. – Mas eu brinco que todo homem com o sobrenome Buffon é apaixonado por ela, então acho que não terei problemas. – Falei, ouvindo-os rir. Isso é algo que eu não tenho nem o que pensar, null os ama demais.
- Eu só tenho uma dúvida, espero não estar sendo invasivo demais, mas...
- O que eu estou fazendo em Paris? – Perguntei.
- É! – Ele disse, me fazendo rir.
- A gente precisava de um tempo, sabe? Foram erros em cima de erros, sempre tinha alguma pendência, ela também teve outros relacionamentos, o trabalho dela exigia demais, então eu me afastei para gente realmente dar um reset em nossas vidas, sabe? Ver se realmente queremos as mesmas coisas. – Falei, tentando falar o menos possível.
- E como você está com isso? – Belle perguntou.
- Morrendo de saudades dela! – Falei, rindo fracamente.
- Então você já tem sua resposta. – Thiago disse e assenti com a cabeça.
- Tive dúvidas por muito tempo, mas não mais. – Suspirei.
- Amor, se você queimar minha carne... – Belle disse.
- Opa! – Ele se virou apressado, nos fazendo rir.
- Então, você escolheu o PSG, como foi? – Thiago perguntou, mexendo na churrasqueira.
- Beh, eu fiz umas pesquisas internas, quem aceitaria um velho de 40 anos e o Nasser apareceu no radar... – Falei, ouvindo-o rir. – Meu contrato com a Juve tinha acabado, eles até me ofereceram outro, seja como jogador ou como técnico, mas achei que tinha a opção perfeita de realmente acalmar meu coração e ficar um tempo longe dela para ela também decidir se ainda me ama ou se tudo não passou de empolgação. – Falei, rindo fracamente.
- E quando decidir? O que vai fazer? – Thiago perguntou.
- Beh, eu tenho pouco mais de meio ano ainda, não gosto de fazer decisões precipitadas, muita coisa pode acontecer, eu realmente não esperava que ela fosse virar presidente. – Falei, rindo em seguida.
- Só digo que é um prazer enorme jogar contigo. – Ele disse, trazendo o pedaço de carne cheiroso para a tábua.
- Nem fala! – Sorri, dando um tapinha em seu ombro.
- Deve ter alguma vantagem em jogar por bastante tempo, né?! – Ele perguntou.
- Bom, eu cheguei em uma idade que eu estou trocando blusas com os filhos dos meus colegas. – Falei, ouvindo-o gargalhar alto.
- Deve ser interessante! – Ele disse e ri.
- Tem uma parte interessante nisso, joguei com o pai do Weah lá do time, aqui já encontrei o Marcus e o Khéphen Thuram, filhos do Lilian Thuram...
- Sim, conheço! – Ele disse. – Defensor sensacional!
- Joguei com ele na Juve e no Parma. – Falei rindo. – Encontrei o filho do Chiesa também, joguei no Parma também, se eu ficar mais, encontro os netos. – Ele gargalhou.
- Beh, eu não entendo esse drama que a imprensa faz em cima, acho que todo jogador te inveja, porque você dá tudo de si, mas não tem tantas lesões.
- Um desgaste ou outro em treino, mas lesão longa, eu tive pouquíssimas. – Falei. – Ano passado eu fiquei dois meses fora por lesão na coxa, mas antes disso, longa assim, foi acho que em 2010, na Copa do Mundo, que eu descobri uma hérnia. – Falei.
- Caralho! – Ele disse rindo. – Queria eu! – Ele disse rindo. – Minha última longa foi em 2016, depois em 2014, 2013... – Rimos juntos. – Joga o quanto você conseguir, cara, porque dá inveja. – Ele disse, cortando a carne e espetou-a, me entregando. – Aqui, picanha!
- Opa! – Peguei, colocando na boca. – Isso é bom demais! – Falei, rindo fracamente.
- Chama os meninos para beliscar, amor. – Thiago disse, me fazendo rir fracamente.
Capitolo centoquindici
Lei
27 de novembro de 2018
Estacionei o carro na minha vaga privativa no estádio e observei Angela, Pavel e Virginia, da relações públicas, parados lado a lado e suspirei. Tudo bem, não seria tão mal, eu tinha minha família comigo. Passei a mão delicadamente em minha barriga, sentindo minha menina que tinha recém-completo cinco meses aqui dentro, e tirei a chave da ignição antes de empurrar a porta e sair.
- Buona notte, ragazzi! – Falei, vendo-os sorriram.
- Boa noite, null! – Eles disseram juntos e suspirei.
- O que é isso? Complô? – Perguntei, vendo-os rirem.
- Pavel disse que você pretendia contar para o time, achamos que você gostaria de apoio. – Angela disse e suspirei.
- Virginia já sabe? – Olhei para ela.
- Quando você conhece os sintomas de gravidez, acaba ficando meio óbvio. – Ela disse, me fazendo rir fracamente. – Mas os jogadores são homens, eles não sabem a não ser que estejam na cara deles. – Ela disse, me fazendo rir.
- Me senti ofendido, Virginia, mas tudo bem! – Pavel disse, me fazendo rir.
- Você tem filhos, Virginia? – Perguntei.
- Nã-não, mas uma amiga teve e, beh... – Ela abanou a mão.
- Beh, eu não posso falar nada, porque descobri há pouco mais de um mês e agora estou de cinco. – Ela sorriu. – Mas agora eu já conversei com os acionistas, já falei com as pessoas responsáveis, e estou pronta para falar com os meninos.
- Beh, quem sabe null grávida não dê um pique a mais para eles vencerem esse hoje, porque é necessário! – Pavel disse, dando um curto sorriso e eu suspirei.
- Você vai falar? – Angela perguntou.
- Sim, eu vou. – Assenti com a cabeça. – Eu tenho o Gran Gala e FIFA The Best na semana que vem e eu quero muito usar os vestidos que a Versace fez para mim. – Falei, ouvindo-os rirem. – Vamos, depois só vai faltar uma pessoa... – Dei de ombros.
- Essa eu quero ver. – Pavel disse e puxei seu braço para começar a andar de volta.
- Uma coisa de cada vez. – Suspirei, puxando a respiração devagar. – Meus Divertida Mente estão controlados aqui, não vamos surtá-los de novo.
- Quem? – Pavel disse.
- Pelo amor de Deus, você não assiste desenhos, não? – Angela disse, fazendo Virginia segurar a risada.
- Vamos logo! – Suspirei, seguindo em direção ao estádio. – Hoje é dia de Champions League, precisamos ganhar e eu estou muito bem para voltar a surtar. Agora eu quero relaxar, fazer meu trabalho e ser paparicada da melhor forma possível, ouviu, Pavel?
- Ouvi, aceita um chazinho ou um suco de laranja? – Ele perguntou sarcasticamente, me fazendo ri.
- Um chá e uma barra de chocolate. – Suspirei.
- Tudo bem, tudo bem. – Ele disse, me fazendo rir. – Você que manda, chefa! – Pavel disse e cumprimentei o segurança do elevador, abraçando-o rapidamente.
- Vamos descer! – Falei, suspirando e entramos os quatro juntos.
- Você parece mais relaxada. – Angela disse e suspirei.
- Beh, depois que você para de surtar e analisa de forma mais prática, você consegue realmente ver as pontas soltas que precisam ser resolvidas e aproveitar. – Sorri. – Eu estou realizando meu sonho de ser mãe, eu estou explodindo de felicidade, gente! – Eles sorriram.
- E eu fico muito feliz por você, amiga! – Pavel deu um beijo em minha cabeça e sorri, vendo as portas se abrirem novamente.
- Ok, vamos lá! – Falei. – Eles estão em treino ainda?
- Já voltaram, tem muita gente na fisioterapia. – Vi Paratici ao meu lado e abracei-o, dando dois rápidos beijos em sua bochecha. – É hoje é o dia? – Ri fracamente.
- É sim... – Suspirei. – Vamos botar a Sienna para jogo. – Suspirei.
- Vamos fazer o pessoal saber sobre a nova mascote do time. – Pavel disse e sorri, respirando fundo antes de seguir para dentro do vestiário, vendo Filippi assim que entrei no mesmo.
- Feliz em te ver com frequência. – Ele disse e ri fracamente, abraçando-o e recebendo dois rápidos beijos.
- Me acostumei com a ideia. – Falei.
- Se acostumou até demais! – Tek disse e abracei-o rapidamente.
- Como vocês estão? – Perguntei.
- Tudo bem. – Eles disseram.
- Ótimo, entrem aqui um pouco, por favor. – Chamei-o, entrando no vestiário. – Ciao, ragazzi! – Falei para o pessoal.
- Chefa! – Chiello me cumprimentou logo na porta e segui para Leo também, abraçando-o rapidamente, vendo Benatia ao lado e acabei também recebendo um beijo do terceiro.
- Como vocês estão? – Dybala me abraçou rapidamente e bati a mão na de Blaise, sorrindo.
- Max? Cadê o Max? – Atravessei o vestiário, parando para receber um beijo de Barza, depois um de Mario.
- Estou aqui! – Ele apareceu na porta da sala do fundo. – O quê?
- Me dá uns cinco minutinhos com o time? – Perguntei.
- Claro. – Ele disse, checando o relógio rapidamente.
- Na verdade, com o time e com toda a equipe! – Falei.
- Claro, presidente! – Ele disse sugestivamente e mostrei-lhe a língua, vendo-o rir fracamente.
- Gente, como temos algumas pessoas na fisioterapia, será que todos vocês podem vir aqui no fundo? Acho que vai ser mais fácil. – Falei.
- Beleza. – O pessoal falou, pegando as partes do uniforme e seguiram para o fundo, outros pegaram as chuteiras e alguns foram enquanto colocavam as segundas peles e eu sempre ria como eles ficavam entalados nelas.
- Prometo que não vou tomar muito tempo, é só um aviso e eu gostaria que vocês soubessem. – Pinso estalou um beijo em minha bochecha quando passou e sorri.
- Vai, levanta daí! – Dybala falou para Douglas, empurrando-o da maca, me fazendo rir.
- Está tudo bem, chefa? – Fede me perguntou e passei a mão em seu cabelo baixo, suspirando.
- Está tudo ótimo! – Sorri, vendo o pessoal se ajeitando nas macas ou no chão para calçar as chuteiras enquanto isso. – Todo mundo aqui? – Vi Angela passando pela porta e bateu-a quando passou.
- Todos aqui. – Vi Filippi ao meu lado e suspirei.
Mentir era difícil, mas contar uma verdade com um toque de mentira era muito mais difícil ainda, tinha que tomar cuidado com as minhas palavras para não contar algo a mais. Todos eram amigos de Gigi e todos queriam que ficássemos juntos, mas eu precisava manter esse segredo para poucas pessoas.
- Ok, vamos lá. – Apertei as mãos nos bolsos do casaco. – Eu quero contar algo para vocês, mas não tenho a menor obrigação, porque é algo pessoal, mas como eu sempre deixei claro que minha vida é a Juve e sempre fui muito acolhida por todos vocês, mesmo com meus surtos... – Eles riram. – Acho que eu devo ser completamente honesta com vocês, principalmente porque agora posso dizer que vocês realmente são o meu time.
Vi alguns confirmarem com a cabeça enquanto eu passava os olhos pelo pessoal, Chiello, Leo, Mario, Medhi, Paulino, Fede, os goleiros, todos eles são muito próximos de Gigi. Fede ainda tinha a prerrogativa que havia descoberto há poucos dias que seria pai também, pois sua ex-namorada estava grávida, o que deixava tudo mais complicado, pois ele não ficaria com ela, mas cuidaria da criança da mesma forma, então foi inevitável não pensar que Gigi teve muitas chances de fazer o mesmo e não fez.
- A maioria de vocês sabe que eu e Gigi Buffon sempre tivemos uma relação de amor e ódio... – Foi inevitável não sorrir com a cara de surpresa de Ronaldo. – Sempre ficamos naquele chove e não molha e eu tinha muitas expectativas sobre viver uma vida com ele, casar, ter filhos, mas isso acabou mudando com a saída dele do time e antes que alguém fale algo, passou, não é o assunto, mas eu preciso usar isso para contextualizar. – Falei, vendo Dybala pressionar os lábios. – A questão é que eu tenho 37 anos agora e um dos maiores sonhos da minha vida é ser mãe, e eu esperava que pudesse ser com o Gigi, então eu sempre acabei adiando esses planos por causa de nós dois, mas com a saída dele, eu decidi ir atrás dos meus sonhos. – Engoli em seco, respirando fundo, tomando cuidado com as palavras.
- Vai! Seja forte. – Angela sussurrou ao meu lado enquanto deu dois tapinhas em minhas costas.
- Então, quando a temporada finalizou, eu fui atrás dos meus sonhos e decidi por ter toda a mágica de uma gravidez, barriga, bebê, trocar fraldas, choro de madrugada... – Falei rindo fracamente, sentindo uma lágrima deslizar pela minha bochecha. – Então eu fui fazer um tratamento de fertilização que acabou dando certo... – Falei calmamente.
- VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA? – O grito de Dybala assustou alguns e eu sorri, assentindo com a cabeça.
- Sim! – Falei, mordendo meu lábio inferior.
- A-A-A-A-A-A-AH! – Ele veio correndo em minha direção e me abraçou fortemente, me fazendo gargalhar.
- Isso é sério? – Filippi me perguntou ao meu lado e eu assenti com a cabeça.
- Sim! – Senti as lágrimas deslizarem pela minha bochecha.
- Ah, null! – Ele pressionou os lábios em minha cabeça, me fazendo rir e vi o pessoal começar a se aproximar.
- Eu não acredito! – Chiello veio com um largo sorriso no rosto e me abraçou por cima de Dybala que não me largava, me fazendo rir. – Isso é sério?
- É sim! – Suspirei, recebendo um beijo no rosto.
- Parabéns, chefa! – Mario disse, me puxando para um abraço.
- Paulo, solta! – Falei, vendo-o erguer a cabeça.
- Eu só estou muito feliz! – Ele disse rindo. – A gente vai ter uma mini você! – Ele disse feliz e sorri.
- Parabéns, null! Sei que esse é seu sonho! – Medhi disse e sorri, assentindo com a cabeça.
- Grazie, Medhi! – Senti um beijo em minha testa.
- null... – Leo veio chocado e ri fracamente. – Isso é para valer?
- É para valer! – Falei, rindo fracamente e ele me apertou fortemente.
- Isso é incrível, sério! – Ele disse, dando um beijo em minha cabeça.
- Então, você encomendou um amiguinho para meu bebê? – Fede disse, me abraçando e ri fracamente, apertando-o fortemente.
- Uma amiguinha para ser mais exato. – Falei.
- É UMA MENINA? – Allegri gritou próximo de mim e gargalhei.
- Sim, é sim! – Suspirei. – Vai se chamar Sienna! – Falei, recebendo um abraço dele e um rápido beijo.
- Já dá para saber tudo isso? – Mira perguntou, me abraçando rapidamente.
- Já sim. – Sorri. – Deixa eu mostrar um negócio para vocês... – Pedi, me afastando dois passos para trás e abri os botões laterais do sobretudo, colocando a mão na cintura por dentro do casaco e virei de lado, mostrando minha barriga saliente.
- VOCÊ JÁ TEM BARRIGA! – Dybala gritou novamente, me fazendo rir fracamente.
- Eu estou de cinco meses, ragazzi! – Falei.
- OH! – Eles reagiram, me fazendo rir.
- Cinco meses? – Leo perguntou surpreso e ri fracamente.
- Cinco meses, gente! – Acariciei minha barriga. – Até março, mais tardar abril, ela vai estar aqui conosco. – Sorri, sentindo-a se mexer. – E ela está empolgada por essa festa.
- ELA ESTÁ SE MEXENDO? – Barza foi o primeiro a aparecer e levar as mãos à minha barriga.
- EI! – Dybala veio em seguida e logo tinha quatro marmanjos com a mão na minha barriga, me fazendo rir. – Ah, ela está aqui! – Ele disse quando ela chutou.
- Eu não estou sentindo. – Chiello disse.
- Também, esse idiota está ocupando metade do espaço. – Leo disse.
- Ei, eu não sou idiota! – Paulo disse, me fazendo gargalhar.
- Sai daí! – Mario, puxando Paulo pela gola da blusa. – Deixa a null respirar. – Ele disse, me fazendo rir e os outros quatro se afastaram. – Ok, agora eu posso? – Ele disse e eu ri fracamente.
- Pode. – Falei rindo e ele levou a mão até minha barriga.
- Ah, ele pode? – Paulo disse.
- Gente, é uma barriga, não um campo de futebol! – Tek disse, se aproximando com Sami.
- Logo mais ela cresce e todo mundo vai poder fazer carinho. – Falei rindo.
- Isso é incrível, null, parabéns! – Mattia falou e sorri.
- Parabéns, chefa! – Ruga disse e sorri.
- Eu quero só pedir para vocês não falarem isso para ninguém ainda, vamos anunciar até o fim da semana, porque eu tenho dois eventos na semana que vem e quero mostrar ela. – Falei, ouvindo as risadas.
- Por que demorou tanto para contar? – Chiello perguntou e suspirei.
- Eu fiz isso antes da presidência, aí aconteceu tudo isso e eu fiquei um pouco perdida, então precisei de um tempo para analisar tudo. – Suspirei e ele assentiu com a cabeça.
- Estaremos para o que você precisar, chefa! – Mario disse e sorri.
- Eu não vou tirar você da propaganda de Natal. – Falei, vendo-o fechar o sorriso, se afastando devagar, nos fazendo rir.
- Auguri, chefa! – Os meninos disseram e eu sorri.
- Que venha nossa mascotinha! – Dybala fez carinho em minha barriga de novo. – Oi, bebê, eu sou seu tio mais legal Paulo.
- Ah, cai fora, a menina não precisa te conhecer antes de nascer, já é sofrimento demais. – Barza falou nos fazendo rir.
- Você já sabia, né?! – Leo perguntou para ele, me fazendo rir fracamente.
- Sabia. – Ele sorriu.
- Ele acabou me encontrando em uma situação deplorável lá em casa. – Falei, ouvindo eles rirem.
- Muito felicidade para você, null! Sério! – Filippi me abraçou de lado. – Você merece tudo, tudo, tudo de bom! – Ele deu um beijo em minha testa e suspirei. Filippi era o protetor número um do meu relacionamento com Gigi, além de ter idade para ser nossos pais, então me sentia mal em mentir, mas esperava ver sua felicidade em breve quando tudo se resolvesse.
- Grazie. – Sorri.
- Beh, vamos finalizar de se arrumar? Ainda tem um jogo! – Allegri disse.
- Comemoramos com suco de laranja depois do jogo. – Falei rindo.
- Ah, você que não pode beber, vai sacrificar a gente? – Max disse, nos fazendo rir.
- Você não faria essa desfeita a sua sobrinha, faria? – Passei a mão na barriga de novo e ele riu.
- Qual vai ser o nome dela mesmo? – Ele perguntou.
- Sienna. – Falei e ele sorriu.
- É um nome lindo. – Sorri, sentindo-o dar um rápido beijo em minha bochecha antes de seguir para o vestiário novamente.
- Chiello, Barza, posso falar com vocês por dois minutinhos? – Perguntei, me afastando para o corredor de saída do vestiário pela entrada do estádio e ambos me seguiram.
- O que foi? – Chiello perguntou e abri a porta de uma das salas.
- Por favor. – Falei e ambos entraram.
- Eu estou chocado, null! – Chiello disse, seguindo até a mesa ali e se apoiou na mesma. – Eu não consigo acreditar. – Sorri.
- Muito surpreendente?
- É, um pouco, mas... – Ele suspirou. – O Gigi suspeitou, sabia? – Ele disse e franzi a testa.
- Como assim? – Perguntei.
- Na festa da FIGC, ele disse que seus seios estavam maiores e suspeitou que era plástica. – Ri fracamente.
- Que puttano! – Falei rindo.
- Ele te conhece bem, né?! – Barza disse, me fazendo rir.
- Eu não acredito nisso... – Neguei com a cabeça, levando o olhar para o relógio. – Beh, vocês precisam ir. – Suspirei. – Chiello, eu te chamei aqui porque eu não pude contar um detalhe da minha gravidez para todo mundo, não posso ainda, na verdade. – Suspirei e vi Barza assentindo com a cabeça.
- Como assim? – Ele perguntou.
- Eu não posso contar a história verdadeira da gravidez ainda, então vim com essa ideia de fertilização para acalmar os ânimos da imprensa por enquanto.
- Não é fertilização? – Ele perguntou.
- Não. – Barza disse antes de mim e Chiello olhou para ele. – É, eu já sei.
- Não, não é, e eu posso e consigo mentir para muitas pessoas, menos para quem acompanha essa história há anos. – Suspirei. – Queria contar para o Leo, para o Mario, para o pessoal mais próximo, mas não tem como, ainda não. A imprensa ainda está toda em cima de mim, eu finalmente consegui me organizar com o trabalho da presidência, preciso aproveitar a calmaria antes da tempestade. – Falei e ele franzia o rosto conforme eu falava.
- Eu não estou entendendo, null. – Ele disse.
- Está sim, Chiello. – Barza disse.
- Esse filho é do Gigi. – Falei.
- O QUÊ? – Ele gritou e Barza correu colocar a mão em sua boca. – Iffo é fério? – Sua voz saiu abafada.
- Barza. – Pedi e ele tirou a mão da boca de Chiello.
- Desculpa.
- É sim, Chiello, e eu quero te pedir para manter segredo, dos outros jogadores e principalmente do Gigi. – Engoli em seco. – Eu não vou contar para ele ainda... E não precisa dar lição de moral, todo mundo já deu. Sei que esse é o sonho dele, sei que ele morre de vontade de ter um filho comigo, ter uma menina, sei tudo, mas antes que você me peça para fazer qualquer coisa, eu só digo que ele está em Paris porque ele quis, ele me deixou aqui, então se ele não pensou em mim, eu não deveria pensar nele.
- Eu não concordo, mas faz sentido. – Barza disse.
- E eu penso muito nele, todos os dias que ela mexe, eu penso nele. Por isso eu fui para Nápoles ver o jogo dele, Chiello, eu tinha acabado de descobrir. – Suspirei. – Eu precisava de alguma luz, de alguma coisa. – Neguei com a cabeça.
- E o que você vai fazer? – Ele perguntou e fechei os botões um a um do casaco.
- Eu vou falar que é fertilização in vitro, provavelmente quando nos encontrarmos no fim da temporada, eu vou contar para ele, aí ele decide o que quer fazer sobre isso, se ele quer ser o pai ou se eu mantenho a mentira.
- É claro que ele quer ser o pai, null! – Ele disse. – É o filho de vocês! – Ele disse rindo. – É só mais uma prova que vocês precisam ficar juntos. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Agradeço, Chiello, e realmente espero que um dia isso seja possível, mas agora eu não consigo lidar com mais esse drama. E ele está em Paris, vai só bagunçar a vida dele. – Ele puxou a respiração fortemente antes de soltar.
- Eu não concordo, null, mas a vida é sua e eu vou respeitar sua decisão! – Ele disse. – Entendo que sua cabeça deve estar uma bagunça agora e tudo o que você mais quer é calmaria.
- Você não tem nem ideia. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Eu só quero seu bem, ok? – Ele me abraçou. – E vou manter seu segredo para ele e para qualquer pessoa que me perguntar. Obrigado por ter me contado. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Vai ficar tudo bem, Chiello. Ela só precisa de tempo. – Barza disse e assenti com a cabeça.
- ANDIAMO, RAGAZZI! – Ouvi o grito de Allegri, me fazendo rir.
- Vamos vencer, depois voltamos ao assunto se quiserem. – Falei e Chiello assentiu com a cabeça.
- Só se for para eu te paparicar. – Chiello disse, me abraçando fortemente e estalando um beijo em minha bochecha, me fazendo rir. – Apesar de tudo, estou feliz por você! – Ele disse e sorri. – É o sonho perfeito.
- Grazie! – Acariciei seu rosto.
- Ok, vamos! – Barza disse, abrindo a porta.
- Espera! E o Leo? – Chiello perguntou e Barza fechou a porta de novo.
- Ainda é cedo! – Falei, suspirando. – Vamos devagar com Leo. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Vamos? – Eles assentiram com a cabeça e ambos saíram antes de mim.
- DAI, RAGAZZI! – Chiello gritou e segui logo atrás deles, entrando no vestiário de novo.
- Bom jogo, gente! – Falei. – Até mais tarde.
- Até, chefa! – Eles disseram, me fazendo sorrir e parei em Ronaldo.
- Você pareceu surpreso. – Falei e ele riu fracamente.
- Muito! – Ele disse e sorri.
- São 17 anos de história, só peço para não espalhar...
- Eu sei bem o que é a imprensa em cima de você por algo que você não quer. – Ele disse. – Seu segredo está salvo comigo. – Sorri.
- Se quiser saber mais da história, marque um horário comigo e conversamos. – Ele assentiu com a cabeça.
- Ou pergunte para mim, eu sei quase tudo! – Dybala disse, me fazendo rir e empurrei sua cabeça.
- Não sabe nada, ele entrou tem pouco tempo! – Falei, ouvindo Ronaldo rir. – Bom jogo, gente.
- Grazie, chefa! – Eles disseram e segui até o outro lado, vendo Pavel e Angela.
- Parece que deu tudo certo. – Angela disse.
- Parece, por enquanto. – Suspirei, seguindo para fora do vestiário e vendo o Valencia já se arrumando no túnel. – NETO! – O chamei, vendo-o se virar para mim.
- Chefa! – Ele disse sorrindo e fui em sua direção, abraçando-o fortemente. – Que bom te ver! Parece que fica mais bonita cada dia. – Ri fracamente.
- Seu bobo! – Nos afastei devagar. – Você está muito bem também, fico feliz em te ver.
- Eu também! – Ele sorriu.
- DAI, RAGAZZI! – Foi a vez de Leo gritar e ri fracamente.
- Nos falamos depois? – Ele riu fracamente.
- Sim! – Ele disse e dei dois rápidos beijos nele.
- Bom jogo! – Falei e segui pelo elevador com Pavel, Paratici e Angela, seguindo em direção ao camarote.
- Vamos que precisamos de uma vitória para fechar isso logo. – Fabio disse e suspirei.
- Se for igual o jogo de ida, está fácil! – Falei, suspirando.
Ada estava lá no camarote, o que me deixava muito feliz por Barza ter alguma companheira de verdade no fim da sua carreira, e acompanhamos ao jogo juntas, como já estava virando tradição. O primeiro tempo foi totalmente morno, tivemos muitas chances a mais de ataque, mas o goleiro do outro time era o Neto, nossa cria, então não conseguimos abrir o placar. Eles tiveram poucos chutes a gol e somente um importante, mas Tek defendeu com maestria.
Conseguimos abrir o placar só aos 59 minutos, Cancelo fez um passe para Ronaldo que encontrou Mario na pequena área e ele só deu um toquinho para dentro. Marione estava sempre pegando fogo! Eles até tiveram uma chance de gol no contra-ataque, mas foi dado toque de mão antes de a bola entrar, então foi desconsiderado.
Outra grande chance foi aos 80, quando Ronaldo conseguiu impedir a saía de uma bola no fundo e passou para Mario que fez o chute, mas Neto era incrivelmente bom e não deixou entrar. Era até interessante ver o quanto ele melhorou, lembro de alguns surtos do Gigi com erros primários dele, mas ele se tornou incrível e merece muito!
O jogo acabou em 1x0 mesmo, mas não precisávamos mais do que isso. Esse placar nos jogava nas oitavas de final e era o que importava, agora podíamos jogar o último jogo com calma e sem grandes preocupações.
Lui
28 de novembro de 2018
- Vamos, gente! Vamos! Vamos! – Tuchel disse e peguei o casaco e o vesti, fechando-o até em cima. Peguei minhas luvas e segui para fora do vestiário junto de meus companheiros.
- Vamos! Vamos! – Marcel falava na porta e parei nele.
- Marcel, você pode checar se...
- Ela não está! – Ele disse rapidamente.
- Mas você nem viu! – Falei.
- Eu vi! – Ele esticou o celular na minha direção. – Ela não está aqui e nem pegou ingresso. – Ele disse. – Bom jogo! – Ele disse e suspirei antes de seguir pelo túnel.
Ok, ela não está aqui. Não que isso seja algo bom, eu queria muito vê-la aqui torcendo por mim, principalmente depois que eles ganharam ontem e já passaram para as oitavas de final. Enquanto isso, jogaríamos contra o Liverpool em casa pela não-eliminação. Vencer era necessário pelas pontuações próximas, então era bom eu parar de pensar em null e focar nisso.
- Alisson! – Cumprimentei o goleiro brasileiro que subiu ao me ver.
- Gigi! – Ele disse e nos abraçamos rapidamente. – Bom jogo!
- Para você também! – Sorri, me colocando atrás de Thiago e movimentei o pescoço para todos os lados e dei uma relaxada no corpo.
- Em três, dois... – O organizador falou e os árbitros entraram à frente e nós fomos logo atrás, entrando no Parc des Princes.
O hino foi tocado, teve os cumprimentos e ainda era estranho eu seguir para a foto e direto para meu lugar. Não que eu me importasse, sei lá, talvez sim, mas eu me acostumei a ser capitão e eu até que era bom nisso, conversava com o pessoal, realmente me preparava para o jogo. Talvez seja besteira, mas eu não tinha pensado nisso até a entrevista para o documentário da Netflix. Eu não sei se fui um bom capitão, mas eu gostei de representar meu time.
Acho que crescer e evoluir é isso. Sentir saudade de algumas coisas, mas estar disposto a abrir mão se for pela felicidade. Me parece uma boa situação.
Suspirei e o jogo começou agitado para gente. Di María teve uma chance aos seus minutos e Alisson defendeu. Aos sete, Thiago também tentou, mas foi impedido. Aos nove, no contra-ataque, Salah conseguiu driblar todo mundo e estava chegando sozinho para o ataque, mas Marquinhos chegou antes para tirar.
Aos 12, Ney tentou, mas Alisson pegou. Aos 13, Kylian se aproximou novamente e fez o chute, a defesa do Liverpool conseguiu tirar, mas Bernat pegou e foi tentou de novo, driblando a defesa deles e chutou, mandando para o lado direito do gol.
- ISSO! – Comemorei. Agora estava 1x0 e isso era um bom começo, mas ainda estava no começo do jogo.
Depois do gol, foi difícil ter algum lance relevante para qualquer lado, só aos 23 que Salah se aproximou de novo, conseguiu fazer a finalização, mas eu me aproximei da baliza só por garantia, mas fiquei com o tiro de meta.
Aos 30, foi a vez de Firmino do Liverpool se aproximar, mas a bola passou direto. Aos 31, Cavani tentou fazer a aproximação, mas Alisson saiu do gol e fez a defesa, derrubando Edinson. Eu não seria o puttano a reclamar, mas isso na Itália era pênalti. Me ferrei algumas vezes por isso, inclusive ganhando um vermelho.
Não foi preciso do pênalti para aumentar o placar, na aproximação seguinte, Cavani tentou novamente e Alisson tirou mais uma vez, mas Ney estava na frente e só precisou de um toquinho para mandar para o fundo do gol. 2x0, era algo muito bom.
Comemorei cedo demais, quando eles finalmente conseguiram se aproximar, Di María foi um pouco bruto demais na tirada de Mané e causou um pequeno rebuliço no que seria, se era escanteio ou pênalti. Me aproximei devagar, tentando entender.
- Pênalti? – Perguntei para o árbitro.
- Checando! – Ele disse e assenti com a cabeça, me afastando.
Não demorou muito para confirmar o pênalti e me coloquei em meu espaço, assoprando as mãos e esfregando-as. Milner foi para a marca no pênalti e respirei fundo, soltando o ar devagar. Quando o juiz apitou, eu fui para um lado e a bola para o outro, 2x1.
A cobrança marcou o fim do primeiro tempo e segui para dentro de novo. Tuchel e Gianluca deram algumas observações no intervalo e logo estávamos de volta.
Logo aos 47 minutos, teve uma falta em Neymar e ele mesmo cobrou, Marquinhos conseguiu se aproximar e dar um chute, mas o bandeira levantou a mão e o gol havia sido anulado. Ao menos Tuchel havia conseguido empolgar o pessoal novamente.
Aos 51 minutos, Mané se aproximou, mas consegui segurar a bola no ar antes deles se aproximarem novamente. Aos 56, Robertson tentou se aproximar e eu pulei para a defesa, mas Thiago fez uma defesa incrível que não foi preciso, só me fez comemorar com ele. Aos 60, eles se aproximaram com sangue nos olhos, mas Firmino mesmo acabou tirando de cabeça para fora.
Após dez minutos parados, em uma cobrança de falta para gente, Marquinhos pulou alto e conseguiu cabecear, mas Alisson conseguiu fazer a defesa para o lado e evitou o rebote. Aos 72, depois da minha defesa fazer grandes tiradas, teve o chute em minha direção, mas consegui pegar no ar.
Aos 80 minutos, Neymar foi derrubado dentro da área deles, mas o árbitro levou como na um lance na bola. Aos 84, Kylian conseguiu fazer a aproximação, mas a defesa deles tirou, fazendo a bola subir alto demais. Aos 87, Salah tentou se aproximar, mas Marquinhos e Thiago, me fazendo comemorar com eles como se fosse um gol.
Quando o assistente ergueu a placa de cinco minutos de acréscimos, o estádio começou a comemorar. Aos 92, nós tivemos uma falta, era a chance de colocar uma distância mais confortável, mas a bola foi para fora. Os últimos segundos do gol foram com várias tentativas do Liverpool em tentar ao menos empatar e causando várias faltas de ataque, o que acabou chegar a seis minutos.
Assim que o jogo acabou, Thiago, Marquinhos e Choupo vieram diretamente em minha direção me abraçar! Havíamos vencido e isso nos dava uma vantagem muito boa, agora só tinha um jogo contra o Red Star Belgrade e as chances de vitórias eram bem maiores.
Tuchel correu em nossa direção nos abraçando e segui pelo campo para cumprimentar meus colegas de campo. Ney veio em minha direção, pulando em meu colo e vi que ele havia trocado de blusa com Alisson.
- GIGI! – Ele gritou, me fazendo gargalhar.
Cumprimentei os outros jogadores e atravessamos o campo para ir comemorar com a torcida. Eu pulei com os outros jogadores, eu cantei “Allez Paris”, mas eu sentia que não fazia sentido para mim isso. Eu não estava no lugar certo.
Depois da comemoração, eu segui para dentro junto de meus colegas. Abracei o staff e segui para dentro, puxando a blusa para cima e me sentei em meu espaço para respirar um pouco e beber uma água, os últimos minutos haviam sido pesados.
- GENTE, O TUCHEL ESTÁ NA COLETIVA! – Cavani gritou, fazendo os jogadores rirem e seguirem para fora.
- Vem, Gigi! – Alphonse me puxou.
- Onde? – Perguntei.
- Eles vão fazer festa lá na sala de coletiva! – Ele disse e peguei a blusa do uniforme mesmo e segui com eles pelo corredor do vestiário de novo, de volta para o túnel.
- Espera, gente! – Cavani gritou, seguindo na minha frente e atravessei os jogadores brasileiros do Liverpool e do PSG que conversaram. – THIAGO, ENTREVISTA! – Cavani gritou quando passamos por eles. Estava quase no meio do corredor quando me puxaram pelo braço.
- Gigi! – Virei para Thiago.
- Ei, cara! – Falei.
- Vamos lá? – Indiquei.
- Você pode me fazer um rápido favor antes? – Ele perguntou.
- Sim, claro! – Falei e ele se virou.
- Está vendo aquela mulher ali? – Ele indicou uma mulher que estava entre Alisson, Neymar, Dani e Marquinhos que parecia estar incrivelmente nervosa só pelo rosto avermelhado.
- Sim, claro!
- Ela trabalha com a gente na nossa seleção e ela é tua fã, cara. Se importa em...
- Não! Claro que não! – Falei, começando a andar com ele e Alphonse veio junto.
- Buffon, esta é Alessandra. – Thiago nos apresentou em francês. – Sua maior fã.
- Salut! – Falei na mesma língua, sorrindo para ela e reparei nas lágrimas deslizando pelos seus olhos.
- Ciao! – Ela disse em italiano e sorri, abrindo um abraço para ela, apertando-a contra meu corpo.
- Não, não chora! – Continuei em italiano e ela me abraçou forte, me fazendo sorrir e olhar para os outros.
- É um prazer... – Ela disse, puxando a respiração fundo e passei a mão em seus cabelos.
- Ela é sua fã há muitos anos. – Alisson disse para mim. – Joga um pouco de futebol como goleira também.
- Vero? – Me afastei um pouco dela surpreso e ela passou as mãos nos olhos.
- Vero! – Ela sorriu. – Você é uma grande inspiração. – Ri fracamente.
- Grazie, grazie. – Falei, apoiando a mão em seu ombro. – Sua namorada? – Perguntei para Alisson e ele assentiu com a cabeça. – Alguém que gosta de goleiros, então! – Brinquei e eles riram.
- Eu tenho um tipo. – Ela disse sorrindo. – Eu sou Juventina por causa de você. – Ela disse para mim.
- Mah, Juventus. – Abri um largo sorriso. – Que bom!
- Estou no aguardo do seu retorno. – Ri fracamente, sorrindo e assentindo com a cabeça.
- Quem sabe, quem sabe? – Deu de ombros.
- Bom, acho que precisamos ir, certo? – Marquinhos comentou.
- Posso só tirar uma foto? – Ela disse em outra língua e logo a repetiu em italiano. – Posso tirar uma foto?
- Sì, sì. – Falei rapidamente e passei um braço em seu ombro, me aproximando dela.
- Sorriam! – Thiago disse e abriu um sorriso para a câmera. – Pronto! – Ele falou.
- Muito obrigada mesmo! – Abri um largo sorriso.
- Eu que agradeço! – Abracei-a novamente e dei dois rápidos beijos em sua bochecha.
- A gente se vê por aqui. – Falei para o pessoal no geral e me afastei com um aceno junto de Alphonse.
- Isso é legal! – Ele disse.
- É, né?! – Falei, rindo fracamente. – Namora o Alisson e é minha fã. Deve ser interessante! – Ele riu fracamente.
- Bom, aí ela se resolva com ele! – Ele disse, me fazendo rir e seguir em direção ao corredor onde já tinha vários gritos, provavelmente perdemos a bagunça.
Lei
29 de novembro de 2018
- Viene! – Falei, ouvindo as batidas na porta e vi Angela aparecer na frente.
- Ei! – Ela disse.
- Oi, Angela. – Abaixei a caneta, olhando para ela.
- Vim ver como você está. – Ela disse e suspirei. – O pessoal vai começar a gravar logo mais.
- É, eu sei, estou indo lá, só esperando a namorada do Barza chegar. – Falei e ela se aproximou da mesa, apoiando as mãos nela.
- Você vai fazer o que depois daqui? – Ela perguntou e suspirei.
- Ir para casa e tentar adiantar algo para minha ausência por causa dos eventos. Por quê? – Ela suspirou.
- Eu vou liberar o anúncio da sua gravidez... – Ela disse e suspirei. – Não quero que fique em computador ou redes sociais quando fizer isso.
- Minha preocupação não é a opinião externa, Angela. – Falei. – Minha preocupação é o Gigi desconfiar que pode ser dele.
- Não se preocupe, eu reduzi alguns meses da sua gravidez no anúncio. – Ela disse.
- Quantos? – Ergui o olhar para ela.
- Um mês. – Ela disse. – Coloquei que você está de 22. – Ela disse.
- E o que a gente faz quando nascer? – Perguntei.
- Nasceu antes. – Ela disse, dando de ombros.
- E se ela nascer naturalmente antes? – Perguntei.
- null, não fique pensando nos detalhes, não vale à pena. – Suspirei. – Você está de cinco meses e ninguém suspeitou.
- Esse é o meu calcanhar de Aquiles, Angela. – Neguei com a cabeça. – Eu estou entrando em um lugar que eu não sei o final. Eu só penso em como eu vou me resolver depois disso. – Ela se sentiu em minha frente.
- Pensou em contar a verdade para ele?
- Um milhão de vezes. – Suspirei. – Mas eu realmente não vejo solução também nisso. – Ela pressionou os lábios.
- Vai dar certo, eu te garanto. Ele te ama, é só o que eu sei. Ele pode não gostar no começo, vai vir como um choque para ele, mas... – Ela suspirou. – Vocês são Gigi e null. E a única certeza que eu tenho é que vocês se amam. – Dei um curto sorriso. – Vai ficar tudo bem. – Assenti com a cabeça.
- Ok...
- E as fotos ficaram lindas. – Ri fracamente.
- Aposto que o time sempre quis anunciar isso. – Falei e ela riu fracamente.
- Nas duas gravidezes da Deniz eu quis anunciar, mas não acharam tema, mas agora é a presidente do time, então... – Sorri, ouvindo o telefone da sala tocar.
- Pode liberar, eu prometo ficar fora da internet até amanhã de manhã. – Peguei meu celular e desliguei-o na sua frente e ela assentiu com a cabeça.
- Isso mesmo. – Ela disse e sorri, pegando o telefone.
- Alô?
- null? Adalina está aqui.
- Pode deixar ela entrar e falar para ela vir para o administrativo, por favor. – Falei.
- Tudo bem. – Ele desligou e fiz o mesmo.
- A gente se fala amanhã, então! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Não vai perder o despertador. – Ela disse, me fazendo rir.
- Minha faxineira me acorda. – Sorri e ela riu fracamente.
- A gente se vê lá embaixo?
- Sim, logo desço! – Sorri e ela seguiu para fora da sala.
Movimentei o mouse, vendo o computador se acender e abri o Instagram pela web e depois a conversa com Giulia.
“Vou dormir na sua casa hoje. Apareço assim que acabar aqui”. – Enviei e não esperei resposta, fechando tudo.
Seria difícil me distrair do celular enquanto essa notícia estivesse viralizando no site da Juventus e nas redes sociais, ao menos na Giulia eu tinha seus pais, os gêmeos, Kawan, Giulia e talvez até Treze e a nonna para me distrair.
Fechei tudo do computador, sabendo que eu não voltaria mais para cá hoje e peguei minha bolsa, pendurando-a em meu ombro antes de sair da sala. Tranquei a porta e segui para fora da minha sala, já vendo o hall das cinco salas da dirigência fechadas e Sandra já tinha ido embora há alguns minutos.
Eu assistiria à gravação da propaganda de Natal e depois iria para Giulia para realmente tentar relaxar. Eu tinha um fim de semana corrido com dois eventos, um aqui e outro em Paris e precisava estar disposta, e a gravidez já me cansava um pouco.
Poderia aproveitar e ir mais cedo para casa, mas o marketing realmente havia programado uma propaganda legal para esse ano e o suéter comemorativo era quentinho e gostoso. Pena que a cor verde não combinava muito com tudo, mas eu já estava usando-o para o trabalho. Ao menos com a notícia da gravidez na internet, eu não teria por que fugir de roupas mais justas.
O tema era jogos, como se os jogadores tivessem entrado dentro de um vídeo game daqueles antigos de fliperamas e Mario, nosso maior astro, jogasse para salvar eles. Eu ria muito de Mario em nossas propagandas de Natal, mas ele reclamava tanto que eu me sentia obrigada em colocá-lo. Ele só não sabe que eu tenho peso nessa escolha.
Além dele, Barza, Fede, Juan, Pjanic e Perin haviam sido “convocados” para a brincadeira. O melhor foi que nosso setor de marketing até criou um joguinho em 8-bit para o pessoal jogar e assumo que me distraía nas viagens. Era bem gostoso!
Segui para fora da sala, descendo os degraus do prédio administrativo e ainda esperei alguns minutos pela chegada de Ada. Ela abriu a porta da entrada, visivelmente cansada e sorri.
- Ei, você chegou! – Falei, vendo-a sorrir
- Como você consegue estar sempre tão linda? – Ela perguntou, me fazendo rir e desci os últimos degraus, dando dois beijos rápidos.
- Ser a mulher mais importante de um time de futebol te obriga a estar sempre bem e nunca mostrar sua fraqueza. – Falei, suspirando. – Mas você está linda também.
- Ah, não! – Rimos juntas. – Adorei o suéter.
- Coleção de Natal, sempre fazemos alguma coisa, depois te dou um junto da blusa. Estou usando pela gravação, mas ele é tão quentinho. – Falei suspirando e ela tocou meu ombro.
- Parece mesmo. – Ela sorriu. – Mas aposto que não sei combinar.
- Jeans é sempre a melhor pedida. – Dei de ombros.
- E como está sua pequena? – Ela levou a mão até minha barriga.
- Ela está bem, eu que estou quase surtando. – Ela franziu o rosto.
- Por quê?
- Liberaram o anúncio da minha gravidez e eu estou nervosa pensando na reação de Gigi. Morro de medo de ele suspeitar.
- Mas você já não fez sua decisão?
- Fiz, mas... – Suspirei forte. – Se ele começar a perguntar muito ou a fazer as coisas ou...
- null, vamos respirar, por favor. – Ela segurou minha mão. – Vai dar tudo certo. E aposto que, se ele também gosta de você, o que acho que depois de 17 anos, é impossível não gostar, ele vai ficar feliz por você. – Suspirei. – E homens são desligados para essas coisas. Você é uma mulher alta, pode falar que está com uns dois meses a menos que dá tudo certo. – Ri fracamente.
- Espero que seja fácil assim.
- Só se lembre que vocês se gostam há muito tempo e são importantes demais um para o outro, você vai ficar feliz em abraçá-lo depois de... – Ela contou rápido. – Cinco meses. – Rimos juntas.
- Espero que esteja certa, eu sinto muita falta dele. – Neguei com a cabeça. – Ele como capitão me ajudava muito nas contratações e transferências, agora é o Chiello, mas não é a mesma coisa.
- É porque não é ele. – Assenti com a cabeça.
- Enfim, vem, eles estão começando! – Indiquei o corredor e segui com ela.
- O Andrea vai querer te matar por me convidar, ele tem cara de ser supertímido para essas coisas. – Ri fracamente.
- Um pouco... – Ponderei com a cabeça. – Mas ele é muito bom também. – Ri sozinha. – Não um bom ator, mas ele se solta um pouco. Só não sei se vai se soltar contigo. – Entrei na sala da fotografia. – Espera um pouco! – Ela confirmou e eu entrei, vendo a equipe e meus atores. - Sera, ragazzi! – Falei alto, recebendo beijos dos meus meninos.
- Ciao, null! – Eles falaram.
- Oi, bebê! – Fede brincou com minha barriga e sorri.
- Tenho uma surpresa para vocês. – Falei e me afastei para porta novamente. – Mais para o Barza, na verdade, mas... – Chamei-a com a mão e Ada entrou na sala.
- Ciao! – Ela disse.
- Ah, null! – Barza falou, jogando a cabeça para trás, nos fazendo rir.
- Ei, ela precisa curtir um pouco dos bastidores, novata no mundo do futebol ainda! – Abracei-a de lado.
- Você quer me fazer passar vergonha que eu sei. – Os meninos gargalharam e soltei-a quando Barza se aproximou.
- Ok, ragazzi, como estamos aqui? – Toquei os ombros de Angela, me aproximando.
- Tudo certo, como temos esse espaço pequeno, nós vamos fazer a sessão de fotos, gravar tudo o que é virado para cá, depois tudo virando para lá. – O assistente falou e assenti com a cabeça.
- É um demônio essa presidente. – Ouvi Barza falar.
- Ei! – Falei. – O demônio tem sentimentos. – Os meninos gargalharam de novo. – Tudo bom, gente? – Abracei-os pelos ombros.
- Como está a Sienna? – Fede se aproximou.
- Ela está bem e eu também, mas eu não vim atrapalhar o trabalho de vocês. – Falei para os fotógrafos, me afastando.
- Vamos lá, então. Fede, sua vez. – O fotógrafo falou e me sentei em uma poltrona atrás das fotos.
- FAÇA UM BOM TRABALHO, MARIO! – Gritei e ele me olhou feio, me fazendo rir.
- Não é porque está grávida que eu vou liberar! – Ele disse e ri fracamente antes de sentar.
- Cara! – Barza o cutucou.
- Relaxa! Eu já liberei a notícia! – Angela disse.
- Ainda bem que foram só dois dias, imagina se pedisse para esperar mais? – Falei.
- Não daria certo. – Barza disse.
- Scusi! – Mario disse e abanei a mão.
- Está tudo bem. – Levei as mãos até minha barriga. – Agora façam um bom trabalho. – Eles riram.
Lui
30 de novembro de 2018
- Ciao, gente! Até amanhã! – Falei, pegando minha mochila e colocando-as nas costas.
- Tchau, Gigi! – Eles disseram e segui para fora do vestiário, puxando o zíper do casaco.
Com a chegada de dezembro, o tempo estava ficando mais gelado e, consequentemente, mais depressivo. Não que estar em Paris era depressivo, a cidade é maravilhosa, mas eu podia ter uma companhia, né?! De preferência uma companhia alta, de cabelos null, olhos null e que me faz sorrir só em existir.
Ri fracamente sozinho e acenei para alguns funcionários que deveriam me achar doidos, mas quem nunca esteve apaixonado, não é mesmo? Entrei no carro e demorei o tempo tradicional para chegar em casa, demorando alguns minutos para pegar um crepe que seria a minha janta. Crepe era uma comida simples, mas acho que a única que eu realmente tinha gostado aqui. Eu tinha o paladar um pouco infantil ainda, confesso, então comer pato, escargot e outras coisas não me agradavam, mas crepe com presunto cru, queijo ementhal e ovo eram uma iguaria deliciosa.
Cheguei no apartamento, deixando a mochila na mesa e tirei os tênis na frente da televisão e me sentei no sofá para comer o crepe e querer outro assim que acabou, mas depois eu comia alguma outra coisa. Era sexta-feira, eu tinha jogo só no domingo, precisava me ocupar de alguma outra forma. Filmes? Pornografia? Dormir?
Que desastre! Achei que aos 40 eu teria um pouco mais de ação, mas ok, eu tenho minha mão ainda...
Revirei os olhos, me levantando e segui até minha mochila novamente. Abri a mesma e joguei as coisas suadas e molhadas no cesto de roupa suja e joguei o celular na cama. Peguei o cesto e levei na lavanderia e abri a máquina, jogando todas as roupas juntas, checando se não tinha nada muito chamativo, mas só tinha moletom e roupas de treino. Coloquei os produtos nela e liguei, começando a ouvir o barulho e puxei a porta da lavanderia.
Segui de volta para a sala, pegando as coisas do crepe, joguei no lixo e chequei se a sala estava apresentável. Não receberia visitas, mas não custava deixar ajeitado. Peguei meus tênis e voltei para o quarto, fechando a porta. Tirei minha roupa, dobrando-a e coloquei-a em cima do móvel. Coloquei meu pijama e um moletom quente por cima antes de entrar embaixo das cobertas e liguei a televisão.
Pensei rapidamente o que assistir, se queria ver notícias em francês, se queria ver notícias em italiano, mas eu não estava muito a fim de pensar no geral. Peguei o celular, desbloqueando o mesmo e chequei algumas mensagens. Nada de amigos, meus pais queriam saber sobre o Natal e os meninos viriam na semana que vem, nada de novo.
Segui para o Instagram e suspirei, vendo-o atualizar com as notícias mais frequentes e desci as fotos, vendo algo de Chiello, depois de Pinso, Alex e ESPERA AÍ! Ajeitei meu corpo na cama, vendo uma foto da null em preto e branco em uma sessão de fotos, um vestido preto solto e as palavras “Cegonha a caminho”.
- O QUÊ?! – Minha voz saiu mais alta do que o esperado e dei zoom na foto.
Era óbvio que tinha algo de errado com a null na festa da FIGC, PORQUE ELA ESTÁ GRÁVIDA! Vi sua mão na barriga na foto e o olhar para baixo e engoli em seco, sentindo meu corpo se arrepiar. Será que...
- Não é possível! Ela não me esconderia... Esconderia?
Senti o vômito subir e saí correndo das cobertas antes de empurrar a porta do banheiro e vomitar no vaso sanitário. Não! Não! Não! Isso não pode ser verdade! null não faria isso comigo. Apesar de tudo o que a gente passou, não era possível.
Passei a mão na boca, colocando pasta na escova e coloquei-a na boca antes de seguir para o quarto novamente, pegando meu celular de novo. Eu preciso de informações. Voltei na foto, vendo que ela já tinha sumido e abri novamente, sendo inevitável não sorrir com a foto lindíssima de null, e segui para a legenda.
“Cegonha a caminho.
Nossa presidente, null null (37), tem o prazer de anunciar que está esperando seu primeiro filho! Após um procedimento de fertilização in vitro, null vai realizar seu sonho de ser mãe.
Desejamos muita felicidade à mamãe!
A Juventus espera ansiosamente pelo novo bianconero”.
- In vitro...
Sentei na cama, sentindo as lágrimas deslizarem pela minha bochecha e suspirei. Eu não sabia como eu estava me sentindo. Eu estava muito feliz por ela, de verdade, esse sempre foi o sonho dela, mas outra parte de mim estava triste por ter a confirmação de que ela tinha me esperado por todos esses anos e, mesmo assim, precisou seguir sozinha sem mim.
Era esperado, eu sei, foi algo que eu sabia que abri mão quando vim para Paris, eu só não achava que ela... Que ela fosse realmente fazer isso. Sempre achei que ela adotaria uma criança, mas parece que ela quer o pacote completo. Ainda bem, pois ela está incrível!
Eu sentia muito também por não estar lá e participar com ela. Isso não mudava em nada para mim, só me dava mais vontade de voltar e ser o pai dessa criança. Ela já é mãe dos meus meninos sem precisar, quem sabe ela não me aceita ser o pai dessa criança? Eu preciso parar de ligar para essas coisas de imprensa e ser feliz, eles que se fodam. Eu quero ser feliz e com ela.
Se ela me aceitar de volta, vai ser uma família bem bagunçada, mas tenho certeza de que vai ser feliz, pois eu vou lutar todos os dias para isso.
Desci a postagem para os comentários e vi muitos jogadores seja do elenco atual ou de outros anos comentarem parabenizando-a e dei um curto sorriso. Espero que os meninos estejam paparicando-a bastante.
Ah, como eu queria estar lá com ela, por ela, junto dela... Ah, null, eu sinto muito por não poder ter te dado o sonho que você tanto desejou. Espero que me perdoe algum dia.
Olhei o comentário de Chiello e eu precisava saber mais sobre isso. Quando ela fez isso? De quantos meses ela está? Qual o sexo do bebê? Eu precisava saber tudo. Será que ela já tinha feito o procedimento quando eu fui lá? Ah, que dor de cabeça. Encontrei o número do meu amigo e liguei para ele, ouvindo os toques algumas vezes.
- QUER CALAR A BOCA? – Ouvi a voz de Chiello, me fazendo arregalar os olhos. – Alô?
- Eu não falei nada. – Disse e ele riu fracamente.
- Ei, Gigi! Desculpa, estamos no trem e o... Paulo! Sai! – Chiello disse. – Está aqui enchendo o saco. – Ri fracamente.
- CIAO, GIGI! – Ouvi alguns gritos e ri fracamente.
- Ciao, ragazz! – Falei. – Para onde estão indo?
- Florença, jogo amanhã. – Ele disse.
- Ah, eu tenho só domingo. – Suspirei.
- Qual o motivo da sua ligação, Gigi? Aposto que não foi para bater papo! – Ele disse.
- Olha, levando em conta que o dia está um saco, até poderia ser. – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- Então, o que manda?
- Eu acabei de saber da null. – Falei.
- A-a-a-a-ah! – Ele disse alongado e suspirei. – Que merda, hein, cara?
- Nem sei o que pensar, Chiello. – Suspirei. – Eu estou feliz por ela, mas estou triste por não ser meu, por não estar com ela... – Tombei meu corpo para trás, me deitando na cama de novo.
- É, ela pegou todo mundo de surpresa também. – Ele disse.
- Vocês não sabiam? – Perguntei.
- Descobrimos na quarta, antes do jogo. Ela juntou todo mundo e contou... – Ele disse.
- Ela está com vocês? – Perguntei.
- Não, ela tem uns eventos domingo e segunda e optou por descansar, ela anda bem cansada pelo começo da gravidez. – Ele disse.
- Você não pensou em me contar? – Perguntei.
- Eu pensei, Gigi, e muito, mas eu não fazia a mínima ideia como te dar essa notícia. – Ele suspirou. – Todo mundo só pensava em você, mas... – Suspirei. – Enfim, ninguém contou seus motivos de ir embora, ela está se sentindo bem perdida com tudo, ela ainda acha que você desistiu dela, que está farreando aí em Paris sem ela, ficou pior depois do anúncio do seu término.
- Talvez manter o segredo não tenha sido minha melhor ideia mesmo. – Cocei a nuca. – Mas agora já era.
- É, já era mesmo! – Ele disse rindo. – O bebê até se mexe já.
- Tem certeza de que é in vitro, Chiello? – Perguntei, suspirando. – Porque eu e ela...
- Não preciso de detalhes. – Ele disse.
- Nós transamos nas férias e...
- OH! – Ouvi alguns gritos.
- Eu estou no viva-voz? – Perguntei.
- Não mais... – Chiello disse, rindo em seguida e revirei os olhos.
- Enfim, nós transamos antes de eu vir para Paris, não tem chances de ser meu? – Perguntei.
- Ela disse que está de... Para, Paulo! Quanto, Barza? – Chiello disse.
- Quase quatro. – Ouvi a voz de Barza.
- É, quase quatro meses. – Ele disse. – 18 semanas.
- 18? – Coloquei a ligação no viva-voz e entrei no calendário, fazendo as contas.
- É... – Ele disse e fiz as contas, vendo que ela tinha feito isso no fim de julho. – Por quê?
- Eu só... Sei lá, uma pequena esperança de ser meu... – Suspirei.
- Scusi, Gigi. – Ele disse. – Ela não contou detalhes, mas falou que fez uma fertilização em Milão e deu certo...
- Sim. – Suspirei.
- Você está bem? – Ele perguntou.
- Um pouco confuso. – Suspirei. – Eu estou feliz, mas tem uma parte de mim triste ainda...
- Sinto muito, cara. – Ele suspirou. – Tem algo que eu possa fazer por você? – Ele perguntou.
- Não, eu preciso só superar isso. – Suspirei. – Sabe me dizer que evento ela vai?
- Alguém sabe que evento a null vai? – Chiello perguntou.
- O Gran Gàla e o The Best. – Ouvi uma voz feminina. – Ciao, Gigi.
- Ciao, Angela. – Sorri, rindo fracamente, me levantando novamente e fui até o outro quarto que é um escritório e vi os diversos papéis na mesa.
- É, pelo jeito é isso, Gigi. – Chiello disse. – Por quê?
- Espera... – Pedi, procurando os papéis e encontrando o convite do The Best que seria aqui em Paris.
- Aconteceu algo?
- Eu preciso desligar, cara. – Falei.
- Por quê? Está tudo bem?
- Sim, claro! Eu só preciso ir atrás de um terno. – Falei. – Obrigado pelas informações, nos falamos depois! Bom jogo para vocês!
- Para você tamb... – Desliguei antes de ouvir o fim da frase.
Eu posso não ser o pai biológico dessa criança, mas vou me aproximar o máximo possível para me tornar, a começar com esse evento na segunda-feira. Eu só preciso de algo para vestir... E falar com a Angela.
27 de novembro de 2018
Estacionei o carro na minha vaga privativa no estádio e observei Angela, Pavel e Virginia, da relações públicas, parados lado a lado e suspirei. Tudo bem, não seria tão mal, eu tinha minha família comigo. Passei a mão delicadamente em minha barriga, sentindo minha menina que tinha recém-completo cinco meses aqui dentro, e tirei a chave da ignição antes de empurrar a porta e sair.
- Buona notte, ragazzi! – Falei, vendo-os sorriram.
- Boa noite, null! – Eles disseram juntos e suspirei.
- O que é isso? Complô? – Perguntei, vendo-os rirem.
- Pavel disse que você pretendia contar para o time, achamos que você gostaria de apoio. – Angela disse e suspirei.
- Virginia já sabe? – Olhei para ela.
- Quando você conhece os sintomas de gravidez, acaba ficando meio óbvio. – Ela disse, me fazendo rir fracamente. – Mas os jogadores são homens, eles não sabem a não ser que estejam na cara deles. – Ela disse, me fazendo rir.
- Me senti ofendido, Virginia, mas tudo bem! – Pavel disse, me fazendo rir.
- Você tem filhos, Virginia? – Perguntei.
- Nã-não, mas uma amiga teve e, beh... – Ela abanou a mão.
- Beh, eu não posso falar nada, porque descobri há pouco mais de um mês e agora estou de cinco. – Ela sorriu. – Mas agora eu já conversei com os acionistas, já falei com as pessoas responsáveis, e estou pronta para falar com os meninos.
- Beh, quem sabe null grávida não dê um pique a mais para eles vencerem esse hoje, porque é necessário! – Pavel disse, dando um curto sorriso e eu suspirei.
- Você vai falar? – Angela perguntou.
- Sim, eu vou. – Assenti com a cabeça. – Eu tenho o Gran Gala e FIFA The Best na semana que vem e eu quero muito usar os vestidos que a Versace fez para mim. – Falei, ouvindo-os rirem. – Vamos, depois só vai faltar uma pessoa... – Dei de ombros.
- Essa eu quero ver. – Pavel disse e puxei seu braço para começar a andar de volta.
- Uma coisa de cada vez. – Suspirei, puxando a respiração devagar. – Meus Divertida Mente estão controlados aqui, não vamos surtá-los de novo.
- Quem? – Pavel disse.
- Pelo amor de Deus, você não assiste desenhos, não? – Angela disse, fazendo Virginia segurar a risada.
- Vamos logo! – Suspirei, seguindo em direção ao estádio. – Hoje é dia de Champions League, precisamos ganhar e eu estou muito bem para voltar a surtar. Agora eu quero relaxar, fazer meu trabalho e ser paparicada da melhor forma possível, ouviu, Pavel?
- Ouvi, aceita um chazinho ou um suco de laranja? – Ele perguntou sarcasticamente, me fazendo ri.
- Um chá e uma barra de chocolate. – Suspirei.
- Tudo bem, tudo bem. – Ele disse, me fazendo rir. – Você que manda, chefa! – Pavel disse e cumprimentei o segurança do elevador, abraçando-o rapidamente.
- Vamos descer! – Falei, suspirando e entramos os quatro juntos.
- Você parece mais relaxada. – Angela disse e suspirei.
- Beh, depois que você para de surtar e analisa de forma mais prática, você consegue realmente ver as pontas soltas que precisam ser resolvidas e aproveitar. – Sorri. – Eu estou realizando meu sonho de ser mãe, eu estou explodindo de felicidade, gente! – Eles sorriram.
- E eu fico muito feliz por você, amiga! – Pavel deu um beijo em minha cabeça e sorri, vendo as portas se abrirem novamente.
- Ok, vamos lá! – Falei. – Eles estão em treino ainda?
- Já voltaram, tem muita gente na fisioterapia. – Vi Paratici ao meu lado e abracei-o, dando dois rápidos beijos em sua bochecha. – É hoje é o dia? – Ri fracamente.
- É sim... – Suspirei. – Vamos botar a Sienna para jogo. – Suspirei.
- Vamos fazer o pessoal saber sobre a nova mascote do time. – Pavel disse e sorri, respirando fundo antes de seguir para dentro do vestiário, vendo Filippi assim que entrei no mesmo.
- Feliz em te ver com frequência. – Ele disse e ri fracamente, abraçando-o e recebendo dois rápidos beijos.
- Me acostumei com a ideia. – Falei.
- Se acostumou até demais! – Tek disse e abracei-o rapidamente.
- Como vocês estão? – Perguntei.
- Tudo bem. – Eles disseram.
- Ótimo, entrem aqui um pouco, por favor. – Chamei-o, entrando no vestiário. – Ciao, ragazzi! – Falei para o pessoal.
- Chefa! – Chiello me cumprimentou logo na porta e segui para Leo também, abraçando-o rapidamente, vendo Benatia ao lado e acabei também recebendo um beijo do terceiro.
- Como vocês estão? – Dybala me abraçou rapidamente e bati a mão na de Blaise, sorrindo.
- Max? Cadê o Max? – Atravessei o vestiário, parando para receber um beijo de Barza, depois um de Mario.
- Estou aqui! – Ele apareceu na porta da sala do fundo. – O quê?
- Me dá uns cinco minutinhos com o time? – Perguntei.
- Claro. – Ele disse, checando o relógio rapidamente.
- Na verdade, com o time e com toda a equipe! – Falei.
- Claro, presidente! – Ele disse sugestivamente e mostrei-lhe a língua, vendo-o rir fracamente.
- Gente, como temos algumas pessoas na fisioterapia, será que todos vocês podem vir aqui no fundo? Acho que vai ser mais fácil. – Falei.
- Beleza. – O pessoal falou, pegando as partes do uniforme e seguiram para o fundo, outros pegaram as chuteiras e alguns foram enquanto colocavam as segundas peles e eu sempre ria como eles ficavam entalados nelas.
- Prometo que não vou tomar muito tempo, é só um aviso e eu gostaria que vocês soubessem. – Pinso estalou um beijo em minha bochecha quando passou e sorri.
- Vai, levanta daí! – Dybala falou para Douglas, empurrando-o da maca, me fazendo rir.
- Está tudo bem, chefa? – Fede me perguntou e passei a mão em seu cabelo baixo, suspirando.
- Está tudo ótimo! – Sorri, vendo o pessoal se ajeitando nas macas ou no chão para calçar as chuteiras enquanto isso. – Todo mundo aqui? – Vi Angela passando pela porta e bateu-a quando passou.
- Todos aqui. – Vi Filippi ao meu lado e suspirei.
Mentir era difícil, mas contar uma verdade com um toque de mentira era muito mais difícil ainda, tinha que tomar cuidado com as minhas palavras para não contar algo a mais. Todos eram amigos de Gigi e todos queriam que ficássemos juntos, mas eu precisava manter esse segredo para poucas pessoas.
- Ok, vamos lá. – Apertei as mãos nos bolsos do casaco. – Eu quero contar algo para vocês, mas não tenho a menor obrigação, porque é algo pessoal, mas como eu sempre deixei claro que minha vida é a Juve e sempre fui muito acolhida por todos vocês, mesmo com meus surtos... – Eles riram. – Acho que eu devo ser completamente honesta com vocês, principalmente porque agora posso dizer que vocês realmente são o meu time.
Vi alguns confirmarem com a cabeça enquanto eu passava os olhos pelo pessoal, Chiello, Leo, Mario, Medhi, Paulino, Fede, os goleiros, todos eles são muito próximos de Gigi. Fede ainda tinha a prerrogativa que havia descoberto há poucos dias que seria pai também, pois sua ex-namorada estava grávida, o que deixava tudo mais complicado, pois ele não ficaria com ela, mas cuidaria da criança da mesma forma, então foi inevitável não pensar que Gigi teve muitas chances de fazer o mesmo e não fez.
- A maioria de vocês sabe que eu e Gigi Buffon sempre tivemos uma relação de amor e ódio... – Foi inevitável não sorrir com a cara de surpresa de Ronaldo. – Sempre ficamos naquele chove e não molha e eu tinha muitas expectativas sobre viver uma vida com ele, casar, ter filhos, mas isso acabou mudando com a saída dele do time e antes que alguém fale algo, passou, não é o assunto, mas eu preciso usar isso para contextualizar. – Falei, vendo Dybala pressionar os lábios. – A questão é que eu tenho 37 anos agora e um dos maiores sonhos da minha vida é ser mãe, e eu esperava que pudesse ser com o Gigi, então eu sempre acabei adiando esses planos por causa de nós dois, mas com a saída dele, eu decidi ir atrás dos meus sonhos. – Engoli em seco, respirando fundo, tomando cuidado com as palavras.
- Vai! Seja forte. – Angela sussurrou ao meu lado enquanto deu dois tapinhas em minhas costas.
- Então, quando a temporada finalizou, eu fui atrás dos meus sonhos e decidi por ter toda a mágica de uma gravidez, barriga, bebê, trocar fraldas, choro de madrugada... – Falei rindo fracamente, sentindo uma lágrima deslizar pela minha bochecha. – Então eu fui fazer um tratamento de fertilização que acabou dando certo... – Falei calmamente.
- VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA? – O grito de Dybala assustou alguns e eu sorri, assentindo com a cabeça.
- Sim! – Falei, mordendo meu lábio inferior.
- A-A-A-A-A-A-AH! – Ele veio correndo em minha direção e me abraçou fortemente, me fazendo gargalhar.
- Isso é sério? – Filippi me perguntou ao meu lado e eu assenti com a cabeça.
- Sim! – Senti as lágrimas deslizarem pela minha bochecha.
- Ah, null! – Ele pressionou os lábios em minha cabeça, me fazendo rir e vi o pessoal começar a se aproximar.
- Eu não acredito! – Chiello veio com um largo sorriso no rosto e me abraçou por cima de Dybala que não me largava, me fazendo rir. – Isso é sério?
- É sim! – Suspirei, recebendo um beijo no rosto.
- Parabéns, chefa! – Mario disse, me puxando para um abraço.
- Paulo, solta! – Falei, vendo-o erguer a cabeça.
- Eu só estou muito feliz! – Ele disse rindo. – A gente vai ter uma mini você! – Ele disse feliz e sorri.
- Parabéns, null! Sei que esse é seu sonho! – Medhi disse e sorri, assentindo com a cabeça.
- Grazie, Medhi! – Senti um beijo em minha testa.
- null... – Leo veio chocado e ri fracamente. – Isso é para valer?
- É para valer! – Falei, rindo fracamente e ele me apertou fortemente.
- Isso é incrível, sério! – Ele disse, dando um beijo em minha cabeça.
- Então, você encomendou um amiguinho para meu bebê? – Fede disse, me abraçando e ri fracamente, apertando-o fortemente.
- Uma amiguinha para ser mais exato. – Falei.
- É UMA MENINA? – Allegri gritou próximo de mim e gargalhei.
- Sim, é sim! – Suspirei. – Vai se chamar Sienna! – Falei, recebendo um abraço dele e um rápido beijo.
- Já dá para saber tudo isso? – Mira perguntou, me abraçando rapidamente.
- Já sim. – Sorri. – Deixa eu mostrar um negócio para vocês... – Pedi, me afastando dois passos para trás e abri os botões laterais do sobretudo, colocando a mão na cintura por dentro do casaco e virei de lado, mostrando minha barriga saliente.
- VOCÊ JÁ TEM BARRIGA! – Dybala gritou novamente, me fazendo rir fracamente.
- Eu estou de cinco meses, ragazzi! – Falei.
- OH! – Eles reagiram, me fazendo rir.
- Cinco meses? – Leo perguntou surpreso e ri fracamente.
- Cinco meses, gente! – Acariciei minha barriga. – Até março, mais tardar abril, ela vai estar aqui conosco. – Sorri, sentindo-a se mexer. – E ela está empolgada por essa festa.
- ELA ESTÁ SE MEXENDO? – Barza foi o primeiro a aparecer e levar as mãos à minha barriga.
- EI! – Dybala veio em seguida e logo tinha quatro marmanjos com a mão na minha barriga, me fazendo rir. – Ah, ela está aqui! – Ele disse quando ela chutou.
- Eu não estou sentindo. – Chiello disse.
- Também, esse idiota está ocupando metade do espaço. – Leo disse.
- Ei, eu não sou idiota! – Paulo disse, me fazendo gargalhar.
- Sai daí! – Mario, puxando Paulo pela gola da blusa. – Deixa a null respirar. – Ele disse, me fazendo rir e os outros quatro se afastaram. – Ok, agora eu posso? – Ele disse e eu ri fracamente.
- Pode. – Falei rindo e ele levou a mão até minha barriga.
- Ah, ele pode? – Paulo disse.
- Gente, é uma barriga, não um campo de futebol! – Tek disse, se aproximando com Sami.
- Logo mais ela cresce e todo mundo vai poder fazer carinho. – Falei rindo.
- Isso é incrível, null, parabéns! – Mattia falou e sorri.
- Parabéns, chefa! – Ruga disse e sorri.
- Eu quero só pedir para vocês não falarem isso para ninguém ainda, vamos anunciar até o fim da semana, porque eu tenho dois eventos na semana que vem e quero mostrar ela. – Falei, ouvindo as risadas.
- Por que demorou tanto para contar? – Chiello perguntou e suspirei.
- Eu fiz isso antes da presidência, aí aconteceu tudo isso e eu fiquei um pouco perdida, então precisei de um tempo para analisar tudo. – Suspirei e ele assentiu com a cabeça.
- Estaremos para o que você precisar, chefa! – Mario disse e sorri.
- Eu não vou tirar você da propaganda de Natal. – Falei, vendo-o fechar o sorriso, se afastando devagar, nos fazendo rir.
- Auguri, chefa! – Os meninos disseram e eu sorri.
- Que venha nossa mascotinha! – Dybala fez carinho em minha barriga de novo. – Oi, bebê, eu sou seu tio mais legal Paulo.
- Ah, cai fora, a menina não precisa te conhecer antes de nascer, já é sofrimento demais. – Barza falou nos fazendo rir.
- Você já sabia, né?! – Leo perguntou para ele, me fazendo rir fracamente.
- Sabia. – Ele sorriu.
- Ele acabou me encontrando em uma situação deplorável lá em casa. – Falei, ouvindo eles rirem.
- Muito felicidade para você, null! Sério! – Filippi me abraçou de lado. – Você merece tudo, tudo, tudo de bom! – Ele deu um beijo em minha testa e suspirei. Filippi era o protetor número um do meu relacionamento com Gigi, além de ter idade para ser nossos pais, então me sentia mal em mentir, mas esperava ver sua felicidade em breve quando tudo se resolvesse.
- Grazie. – Sorri.
- Beh, vamos finalizar de se arrumar? Ainda tem um jogo! – Allegri disse.
- Comemoramos com suco de laranja depois do jogo. – Falei rindo.
- Ah, você que não pode beber, vai sacrificar a gente? – Max disse, nos fazendo rir.
- Você não faria essa desfeita a sua sobrinha, faria? – Passei a mão na barriga de novo e ele riu.
- Qual vai ser o nome dela mesmo? – Ele perguntou.
- Sienna. – Falei e ele sorriu.
- É um nome lindo. – Sorri, sentindo-o dar um rápido beijo em minha bochecha antes de seguir para o vestiário novamente.
- Chiello, Barza, posso falar com vocês por dois minutinhos? – Perguntei, me afastando para o corredor de saída do vestiário pela entrada do estádio e ambos me seguiram.
- O que foi? – Chiello perguntou e abri a porta de uma das salas.
- Por favor. – Falei e ambos entraram.
- Eu estou chocado, null! – Chiello disse, seguindo até a mesa ali e se apoiou na mesma. – Eu não consigo acreditar. – Sorri.
- Muito surpreendente?
- É, um pouco, mas... – Ele suspirou. – O Gigi suspeitou, sabia? – Ele disse e franzi a testa.
- Como assim? – Perguntei.
- Na festa da FIGC, ele disse que seus seios estavam maiores e suspeitou que era plástica. – Ri fracamente.
- Que puttano! – Falei rindo.
- Ele te conhece bem, né?! – Barza disse, me fazendo rir.
- Eu não acredito nisso... – Neguei com a cabeça, levando o olhar para o relógio. – Beh, vocês precisam ir. – Suspirei. – Chiello, eu te chamei aqui porque eu não pude contar um detalhe da minha gravidez para todo mundo, não posso ainda, na verdade. – Suspirei e vi Barza assentindo com a cabeça.
- Como assim? – Ele perguntou.
- Eu não posso contar a história verdadeira da gravidez ainda, então vim com essa ideia de fertilização para acalmar os ânimos da imprensa por enquanto.
- Não é fertilização? – Ele perguntou.
- Não. – Barza disse antes de mim e Chiello olhou para ele. – É, eu já sei.
- Não, não é, e eu posso e consigo mentir para muitas pessoas, menos para quem acompanha essa história há anos. – Suspirei. – Queria contar para o Leo, para o Mario, para o pessoal mais próximo, mas não tem como, ainda não. A imprensa ainda está toda em cima de mim, eu finalmente consegui me organizar com o trabalho da presidência, preciso aproveitar a calmaria antes da tempestade. – Falei e ele franzia o rosto conforme eu falava.
- Eu não estou entendendo, null. – Ele disse.
- Está sim, Chiello. – Barza disse.
- Esse filho é do Gigi. – Falei.
- O QUÊ? – Ele gritou e Barza correu colocar a mão em sua boca. – Iffo é fério? – Sua voz saiu abafada.
- Barza. – Pedi e ele tirou a mão da boca de Chiello.
- Desculpa.
- É sim, Chiello, e eu quero te pedir para manter segredo, dos outros jogadores e principalmente do Gigi. – Engoli em seco. – Eu não vou contar para ele ainda... E não precisa dar lição de moral, todo mundo já deu. Sei que esse é o sonho dele, sei que ele morre de vontade de ter um filho comigo, ter uma menina, sei tudo, mas antes que você me peça para fazer qualquer coisa, eu só digo que ele está em Paris porque ele quis, ele me deixou aqui, então se ele não pensou em mim, eu não deveria pensar nele.
- Eu não concordo, mas faz sentido. – Barza disse.
- E eu penso muito nele, todos os dias que ela mexe, eu penso nele. Por isso eu fui para Nápoles ver o jogo dele, Chiello, eu tinha acabado de descobrir. – Suspirei. – Eu precisava de alguma luz, de alguma coisa. – Neguei com a cabeça.
- E o que você vai fazer? – Ele perguntou e fechei os botões um a um do casaco.
- Eu vou falar que é fertilização in vitro, provavelmente quando nos encontrarmos no fim da temporada, eu vou contar para ele, aí ele decide o que quer fazer sobre isso, se ele quer ser o pai ou se eu mantenho a mentira.
- É claro que ele quer ser o pai, null! – Ele disse. – É o filho de vocês! – Ele disse rindo. – É só mais uma prova que vocês precisam ficar juntos. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Agradeço, Chiello, e realmente espero que um dia isso seja possível, mas agora eu não consigo lidar com mais esse drama. E ele está em Paris, vai só bagunçar a vida dele. – Ele puxou a respiração fortemente antes de soltar.
- Eu não concordo, null, mas a vida é sua e eu vou respeitar sua decisão! – Ele disse. – Entendo que sua cabeça deve estar uma bagunça agora e tudo o que você mais quer é calmaria.
- Você não tem nem ideia. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Eu só quero seu bem, ok? – Ele me abraçou. – E vou manter seu segredo para ele e para qualquer pessoa que me perguntar. Obrigado por ter me contado. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Vai ficar tudo bem, Chiello. Ela só precisa de tempo. – Barza disse e assenti com a cabeça.
- ANDIAMO, RAGAZZI! – Ouvi o grito de Allegri, me fazendo rir.
- Vamos vencer, depois voltamos ao assunto se quiserem. – Falei e Chiello assentiu com a cabeça.
- Só se for para eu te paparicar. – Chiello disse, me abraçando fortemente e estalando um beijo em minha bochecha, me fazendo rir. – Apesar de tudo, estou feliz por você! – Ele disse e sorri. – É o sonho perfeito.
- Grazie! – Acariciei seu rosto.
- Ok, vamos! – Barza disse, abrindo a porta.
- Espera! E o Leo? – Chiello perguntou e Barza fechou a porta de novo.
- Ainda é cedo! – Falei, suspirando. – Vamos devagar com Leo. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Vamos? – Eles assentiram com a cabeça e ambos saíram antes de mim.
- DAI, RAGAZZI! – Chiello gritou e segui logo atrás deles, entrando no vestiário de novo.
- Bom jogo, gente! – Falei. – Até mais tarde.
- Até, chefa! – Eles disseram, me fazendo sorrir e parei em Ronaldo.
- Você pareceu surpreso. – Falei e ele riu fracamente.
- Muito! – Ele disse e sorri.
- São 17 anos de história, só peço para não espalhar...
- Eu sei bem o que é a imprensa em cima de você por algo que você não quer. – Ele disse. – Seu segredo está salvo comigo. – Sorri.
- Se quiser saber mais da história, marque um horário comigo e conversamos. – Ele assentiu com a cabeça.
- Ou pergunte para mim, eu sei quase tudo! – Dybala disse, me fazendo rir e empurrei sua cabeça.
- Não sabe nada, ele entrou tem pouco tempo! – Falei, ouvindo Ronaldo rir. – Bom jogo, gente.
- Grazie, chefa! – Eles disseram e segui até o outro lado, vendo Pavel e Angela.
- Parece que deu tudo certo. – Angela disse.
- Parece, por enquanto. – Suspirei, seguindo para fora do vestiário e vendo o Valencia já se arrumando no túnel. – NETO! – O chamei, vendo-o se virar para mim.
- Chefa! – Ele disse sorrindo e fui em sua direção, abraçando-o fortemente. – Que bom te ver! Parece que fica mais bonita cada dia. – Ri fracamente.
- Seu bobo! – Nos afastei devagar. – Você está muito bem também, fico feliz em te ver.
- Eu também! – Ele sorriu.
- DAI, RAGAZZI! – Foi a vez de Leo gritar e ri fracamente.
- Nos falamos depois? – Ele riu fracamente.
- Sim! – Ele disse e dei dois rápidos beijos nele.
- Bom jogo! – Falei e segui pelo elevador com Pavel, Paratici e Angela, seguindo em direção ao camarote.
- Vamos que precisamos de uma vitória para fechar isso logo. – Fabio disse e suspirei.
- Se for igual o jogo de ida, está fácil! – Falei, suspirando.
Ada estava lá no camarote, o que me deixava muito feliz por Barza ter alguma companheira de verdade no fim da sua carreira, e acompanhamos ao jogo juntas, como já estava virando tradição. O primeiro tempo foi totalmente morno, tivemos muitas chances a mais de ataque, mas o goleiro do outro time era o Neto, nossa cria, então não conseguimos abrir o placar. Eles tiveram poucos chutes a gol e somente um importante, mas Tek defendeu com maestria.
Conseguimos abrir o placar só aos 59 minutos, Cancelo fez um passe para Ronaldo que encontrou Mario na pequena área e ele só deu um toquinho para dentro. Marione estava sempre pegando fogo! Eles até tiveram uma chance de gol no contra-ataque, mas foi dado toque de mão antes de a bola entrar, então foi desconsiderado.
Outra grande chance foi aos 80, quando Ronaldo conseguiu impedir a saía de uma bola no fundo e passou para Mario que fez o chute, mas Neto era incrivelmente bom e não deixou entrar. Era até interessante ver o quanto ele melhorou, lembro de alguns surtos do Gigi com erros primários dele, mas ele se tornou incrível e merece muito!
O jogo acabou em 1x0 mesmo, mas não precisávamos mais do que isso. Esse placar nos jogava nas oitavas de final e era o que importava, agora podíamos jogar o último jogo com calma e sem grandes preocupações.
Lui
28 de novembro de 2018
- Vamos, gente! Vamos! Vamos! – Tuchel disse e peguei o casaco e o vesti, fechando-o até em cima. Peguei minhas luvas e segui para fora do vestiário junto de meus companheiros.
- Vamos! Vamos! – Marcel falava na porta e parei nele.
- Marcel, você pode checar se...
- Ela não está! – Ele disse rapidamente.
- Mas você nem viu! – Falei.
- Eu vi! – Ele esticou o celular na minha direção. – Ela não está aqui e nem pegou ingresso. – Ele disse. – Bom jogo! – Ele disse e suspirei antes de seguir pelo túnel.
Ok, ela não está aqui. Não que isso seja algo bom, eu queria muito vê-la aqui torcendo por mim, principalmente depois que eles ganharam ontem e já passaram para as oitavas de final. Enquanto isso, jogaríamos contra o Liverpool em casa pela não-eliminação. Vencer era necessário pelas pontuações próximas, então era bom eu parar de pensar em null e focar nisso.
- Alisson! – Cumprimentei o goleiro brasileiro que subiu ao me ver.
- Gigi! – Ele disse e nos abraçamos rapidamente. – Bom jogo!
- Para você também! – Sorri, me colocando atrás de Thiago e movimentei o pescoço para todos os lados e dei uma relaxada no corpo.
- Em três, dois... – O organizador falou e os árbitros entraram à frente e nós fomos logo atrás, entrando no Parc des Princes.
O hino foi tocado, teve os cumprimentos e ainda era estranho eu seguir para a foto e direto para meu lugar. Não que eu me importasse, sei lá, talvez sim, mas eu me acostumei a ser capitão e eu até que era bom nisso, conversava com o pessoal, realmente me preparava para o jogo. Talvez seja besteira, mas eu não tinha pensado nisso até a entrevista para o documentário da Netflix. Eu não sei se fui um bom capitão, mas eu gostei de representar meu time.
Acho que crescer e evoluir é isso. Sentir saudade de algumas coisas, mas estar disposto a abrir mão se for pela felicidade. Me parece uma boa situação.
Suspirei e o jogo começou agitado para gente. Di María teve uma chance aos seus minutos e Alisson defendeu. Aos sete, Thiago também tentou, mas foi impedido. Aos nove, no contra-ataque, Salah conseguiu driblar todo mundo e estava chegando sozinho para o ataque, mas Marquinhos chegou antes para tirar.
Aos 12, Ney tentou, mas Alisson pegou. Aos 13, Kylian se aproximou novamente e fez o chute, a defesa do Liverpool conseguiu tirar, mas Bernat pegou e foi tentou de novo, driblando a defesa deles e chutou, mandando para o lado direito do gol.
- ISSO! – Comemorei. Agora estava 1x0 e isso era um bom começo, mas ainda estava no começo do jogo.
Depois do gol, foi difícil ter algum lance relevante para qualquer lado, só aos 23 que Salah se aproximou de novo, conseguiu fazer a finalização, mas eu me aproximei da baliza só por garantia, mas fiquei com o tiro de meta.
Aos 30, foi a vez de Firmino do Liverpool se aproximar, mas a bola passou direto. Aos 31, Cavani tentou fazer a aproximação, mas Alisson saiu do gol e fez a defesa, derrubando Edinson. Eu não seria o puttano a reclamar, mas isso na Itália era pênalti. Me ferrei algumas vezes por isso, inclusive ganhando um vermelho.
Não foi preciso do pênalti para aumentar o placar, na aproximação seguinte, Cavani tentou novamente e Alisson tirou mais uma vez, mas Ney estava na frente e só precisou de um toquinho para mandar para o fundo do gol. 2x0, era algo muito bom.
Comemorei cedo demais, quando eles finalmente conseguiram se aproximar, Di María foi um pouco bruto demais na tirada de Mané e causou um pequeno rebuliço no que seria, se era escanteio ou pênalti. Me aproximei devagar, tentando entender.
- Pênalti? – Perguntei para o árbitro.
- Checando! – Ele disse e assenti com a cabeça, me afastando.
Não demorou muito para confirmar o pênalti e me coloquei em meu espaço, assoprando as mãos e esfregando-as. Milner foi para a marca no pênalti e respirei fundo, soltando o ar devagar. Quando o juiz apitou, eu fui para um lado e a bola para o outro, 2x1.
A cobrança marcou o fim do primeiro tempo e segui para dentro de novo. Tuchel e Gianluca deram algumas observações no intervalo e logo estávamos de volta.
Logo aos 47 minutos, teve uma falta em Neymar e ele mesmo cobrou, Marquinhos conseguiu se aproximar e dar um chute, mas o bandeira levantou a mão e o gol havia sido anulado. Ao menos Tuchel havia conseguido empolgar o pessoal novamente.
Aos 51 minutos, Mané se aproximou, mas consegui segurar a bola no ar antes deles se aproximarem novamente. Aos 56, Robertson tentou se aproximar e eu pulei para a defesa, mas Thiago fez uma defesa incrível que não foi preciso, só me fez comemorar com ele. Aos 60, eles se aproximaram com sangue nos olhos, mas Firmino mesmo acabou tirando de cabeça para fora.
Após dez minutos parados, em uma cobrança de falta para gente, Marquinhos pulou alto e conseguiu cabecear, mas Alisson conseguiu fazer a defesa para o lado e evitou o rebote. Aos 72, depois da minha defesa fazer grandes tiradas, teve o chute em minha direção, mas consegui pegar no ar.
Aos 80 minutos, Neymar foi derrubado dentro da área deles, mas o árbitro levou como na um lance na bola. Aos 84, Kylian conseguiu fazer a aproximação, mas a defesa deles tirou, fazendo a bola subir alto demais. Aos 87, Salah tentou se aproximar, mas Marquinhos e Thiago, me fazendo comemorar com eles como se fosse um gol.
Quando o assistente ergueu a placa de cinco minutos de acréscimos, o estádio começou a comemorar. Aos 92, nós tivemos uma falta, era a chance de colocar uma distância mais confortável, mas a bola foi para fora. Os últimos segundos do gol foram com várias tentativas do Liverpool em tentar ao menos empatar e causando várias faltas de ataque, o que acabou chegar a seis minutos.
Assim que o jogo acabou, Thiago, Marquinhos e Choupo vieram diretamente em minha direção me abraçar! Havíamos vencido e isso nos dava uma vantagem muito boa, agora só tinha um jogo contra o Red Star Belgrade e as chances de vitórias eram bem maiores.
Tuchel correu em nossa direção nos abraçando e segui pelo campo para cumprimentar meus colegas de campo. Ney veio em minha direção, pulando em meu colo e vi que ele havia trocado de blusa com Alisson.
- GIGI! – Ele gritou, me fazendo gargalhar.
Cumprimentei os outros jogadores e atravessamos o campo para ir comemorar com a torcida. Eu pulei com os outros jogadores, eu cantei “Allez Paris”, mas eu sentia que não fazia sentido para mim isso. Eu não estava no lugar certo.
Depois da comemoração, eu segui para dentro junto de meus colegas. Abracei o staff e segui para dentro, puxando a blusa para cima e me sentei em meu espaço para respirar um pouco e beber uma água, os últimos minutos haviam sido pesados.
- GENTE, O TUCHEL ESTÁ NA COLETIVA! – Cavani gritou, fazendo os jogadores rirem e seguirem para fora.
- Vem, Gigi! – Alphonse me puxou.
- Onde? – Perguntei.
- Eles vão fazer festa lá na sala de coletiva! – Ele disse e peguei a blusa do uniforme mesmo e segui com eles pelo corredor do vestiário de novo, de volta para o túnel.
- Espera, gente! – Cavani gritou, seguindo na minha frente e atravessei os jogadores brasileiros do Liverpool e do PSG que conversaram. – THIAGO, ENTREVISTA! – Cavani gritou quando passamos por eles. Estava quase no meio do corredor quando me puxaram pelo braço.
- Gigi! – Virei para Thiago.
- Ei, cara! – Falei.
- Vamos lá? – Indiquei.
- Você pode me fazer um rápido favor antes? – Ele perguntou.
- Sim, claro! – Falei e ele se virou.
- Está vendo aquela mulher ali? – Ele indicou uma mulher que estava entre Alisson, Neymar, Dani e Marquinhos que parecia estar incrivelmente nervosa só pelo rosto avermelhado.
- Sim, claro!
- Ela trabalha com a gente na nossa seleção e ela é tua fã, cara. Se importa em...
- Não! Claro que não! – Falei, começando a andar com ele e Alphonse veio junto.
- Buffon, esta é Alessandra. – Thiago nos apresentou em francês. – Sua maior fã.
- Salut! – Falei na mesma língua, sorrindo para ela e reparei nas lágrimas deslizando pelos seus olhos.
- Ciao! – Ela disse em italiano e sorri, abrindo um abraço para ela, apertando-a contra meu corpo.
- Não, não chora! – Continuei em italiano e ela me abraçou forte, me fazendo sorrir e olhar para os outros.
- É um prazer... – Ela disse, puxando a respiração fundo e passei a mão em seus cabelos.
- Ela é sua fã há muitos anos. – Alisson disse para mim. – Joga um pouco de futebol como goleira também.
- Vero? – Me afastei um pouco dela surpreso e ela passou as mãos nos olhos.
- Vero! – Ela sorriu. – Você é uma grande inspiração. – Ri fracamente.
- Grazie, grazie. – Falei, apoiando a mão em seu ombro. – Sua namorada? – Perguntei para Alisson e ele assentiu com a cabeça. – Alguém que gosta de goleiros, então! – Brinquei e eles riram.
- Eu tenho um tipo. – Ela disse sorrindo. – Eu sou Juventina por causa de você. – Ela disse para mim.
- Mah, Juventus. – Abri um largo sorriso. – Que bom!
- Estou no aguardo do seu retorno. – Ri fracamente, sorrindo e assentindo com a cabeça.
- Quem sabe, quem sabe? – Deu de ombros.
- Bom, acho que precisamos ir, certo? – Marquinhos comentou.
- Posso só tirar uma foto? – Ela disse em outra língua e logo a repetiu em italiano. – Posso tirar uma foto?
- Sì, sì. – Falei rapidamente e passei um braço em seu ombro, me aproximando dela.
- Sorriam! – Thiago disse e abriu um sorriso para a câmera. – Pronto! – Ele falou.
- Muito obrigada mesmo! – Abri um largo sorriso.
- Eu que agradeço! – Abracei-a novamente e dei dois rápidos beijos em sua bochecha.
- A gente se vê por aqui. – Falei para o pessoal no geral e me afastei com um aceno junto de Alphonse.
- Isso é legal! – Ele disse.
- É, né?! – Falei, rindo fracamente. – Namora o Alisson e é minha fã. Deve ser interessante! – Ele riu fracamente.
- Bom, aí ela se resolva com ele! – Ele disse, me fazendo rir e seguir em direção ao corredor onde já tinha vários gritos, provavelmente perdemos a bagunça.
Lei
29 de novembro de 2018
- Viene! – Falei, ouvindo as batidas na porta e vi Angela aparecer na frente.
- Ei! – Ela disse.
- Oi, Angela. – Abaixei a caneta, olhando para ela.
- Vim ver como você está. – Ela disse e suspirei. – O pessoal vai começar a gravar logo mais.
- É, eu sei, estou indo lá, só esperando a namorada do Barza chegar. – Falei e ela se aproximou da mesa, apoiando as mãos nela.
- Você vai fazer o que depois daqui? – Ela perguntou e suspirei.
- Ir para casa e tentar adiantar algo para minha ausência por causa dos eventos. Por quê? – Ela suspirou.
- Eu vou liberar o anúncio da sua gravidez... – Ela disse e suspirei. – Não quero que fique em computador ou redes sociais quando fizer isso.
- Minha preocupação não é a opinião externa, Angela. – Falei. – Minha preocupação é o Gigi desconfiar que pode ser dele.
- Não se preocupe, eu reduzi alguns meses da sua gravidez no anúncio. – Ela disse.
- Quantos? – Ergui o olhar para ela.
- Um mês. – Ela disse. – Coloquei que você está de 22. – Ela disse.
- E o que a gente faz quando nascer? – Perguntei.
- Nasceu antes. – Ela disse, dando de ombros.
- E se ela nascer naturalmente antes? – Perguntei.
- null, não fique pensando nos detalhes, não vale à pena. – Suspirei. – Você está de cinco meses e ninguém suspeitou.
- Esse é o meu calcanhar de Aquiles, Angela. – Neguei com a cabeça. – Eu estou entrando em um lugar que eu não sei o final. Eu só penso em como eu vou me resolver depois disso. – Ela se sentiu em minha frente.
- Pensou em contar a verdade para ele?
- Um milhão de vezes. – Suspirei. – Mas eu realmente não vejo solução também nisso. – Ela pressionou os lábios.
- Vai dar certo, eu te garanto. Ele te ama, é só o que eu sei. Ele pode não gostar no começo, vai vir como um choque para ele, mas... – Ela suspirou. – Vocês são Gigi e null. E a única certeza que eu tenho é que vocês se amam. – Dei um curto sorriso. – Vai ficar tudo bem. – Assenti com a cabeça.
- Ok...
- E as fotos ficaram lindas. – Ri fracamente.
- Aposto que o time sempre quis anunciar isso. – Falei e ela riu fracamente.
- Nas duas gravidezes da Deniz eu quis anunciar, mas não acharam tema, mas agora é a presidente do time, então... – Sorri, ouvindo o telefone da sala tocar.
- Pode liberar, eu prometo ficar fora da internet até amanhã de manhã. – Peguei meu celular e desliguei-o na sua frente e ela assentiu com a cabeça.
- Isso mesmo. – Ela disse e sorri, pegando o telefone.
- Alô?
- null? Adalina está aqui.
- Pode deixar ela entrar e falar para ela vir para o administrativo, por favor. – Falei.
- Tudo bem. – Ele desligou e fiz o mesmo.
- A gente se fala amanhã, então! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Não vai perder o despertador. – Ela disse, me fazendo rir.
- Minha faxineira me acorda. – Sorri e ela riu fracamente.
- A gente se vê lá embaixo?
- Sim, logo desço! – Sorri e ela seguiu para fora da sala.
Movimentei o mouse, vendo o computador se acender e abri o Instagram pela web e depois a conversa com Giulia.
“Vou dormir na sua casa hoje. Apareço assim que acabar aqui”. – Enviei e não esperei resposta, fechando tudo.
Seria difícil me distrair do celular enquanto essa notícia estivesse viralizando no site da Juventus e nas redes sociais, ao menos na Giulia eu tinha seus pais, os gêmeos, Kawan, Giulia e talvez até Treze e a nonna para me distrair.
Fechei tudo do computador, sabendo que eu não voltaria mais para cá hoje e peguei minha bolsa, pendurando-a em meu ombro antes de sair da sala. Tranquei a porta e segui para fora da minha sala, já vendo o hall das cinco salas da dirigência fechadas e Sandra já tinha ido embora há alguns minutos.
Eu assistiria à gravação da propaganda de Natal e depois iria para Giulia para realmente tentar relaxar. Eu tinha um fim de semana corrido com dois eventos, um aqui e outro em Paris e precisava estar disposta, e a gravidez já me cansava um pouco.
Poderia aproveitar e ir mais cedo para casa, mas o marketing realmente havia programado uma propaganda legal para esse ano e o suéter comemorativo era quentinho e gostoso. Pena que a cor verde não combinava muito com tudo, mas eu já estava usando-o para o trabalho. Ao menos com a notícia da gravidez na internet, eu não teria por que fugir de roupas mais justas.
O tema era jogos, como se os jogadores tivessem entrado dentro de um vídeo game daqueles antigos de fliperamas e Mario, nosso maior astro, jogasse para salvar eles. Eu ria muito de Mario em nossas propagandas de Natal, mas ele reclamava tanto que eu me sentia obrigada em colocá-lo. Ele só não sabe que eu tenho peso nessa escolha.
Além dele, Barza, Fede, Juan, Pjanic e Perin haviam sido “convocados” para a brincadeira. O melhor foi que nosso setor de marketing até criou um joguinho em 8-bit para o pessoal jogar e assumo que me distraía nas viagens. Era bem gostoso!
Segui para fora da sala, descendo os degraus do prédio administrativo e ainda esperei alguns minutos pela chegada de Ada. Ela abriu a porta da entrada, visivelmente cansada e sorri.
- Ei, você chegou! – Falei, vendo-a sorrir
- Como você consegue estar sempre tão linda? – Ela perguntou, me fazendo rir e desci os últimos degraus, dando dois beijos rápidos.
- Ser a mulher mais importante de um time de futebol te obriga a estar sempre bem e nunca mostrar sua fraqueza. – Falei, suspirando. – Mas você está linda também.
- Ah, não! – Rimos juntas. – Adorei o suéter.
- Coleção de Natal, sempre fazemos alguma coisa, depois te dou um junto da blusa. Estou usando pela gravação, mas ele é tão quentinho. – Falei suspirando e ela tocou meu ombro.
- Parece mesmo. – Ela sorriu. – Mas aposto que não sei combinar.
- Jeans é sempre a melhor pedida. – Dei de ombros.
- E como está sua pequena? – Ela levou a mão até minha barriga.
- Ela está bem, eu que estou quase surtando. – Ela franziu o rosto.
- Por quê?
- Liberaram o anúncio da minha gravidez e eu estou nervosa pensando na reação de Gigi. Morro de medo de ele suspeitar.
- Mas você já não fez sua decisão?
- Fiz, mas... – Suspirei forte. – Se ele começar a perguntar muito ou a fazer as coisas ou...
- null, vamos respirar, por favor. – Ela segurou minha mão. – Vai dar tudo certo. E aposto que, se ele também gosta de você, o que acho que depois de 17 anos, é impossível não gostar, ele vai ficar feliz por você. – Suspirei. – E homens são desligados para essas coisas. Você é uma mulher alta, pode falar que está com uns dois meses a menos que dá tudo certo. – Ri fracamente.
- Espero que seja fácil assim.
- Só se lembre que vocês se gostam há muito tempo e são importantes demais um para o outro, você vai ficar feliz em abraçá-lo depois de... – Ela contou rápido. – Cinco meses. – Rimos juntas.
- Espero que esteja certa, eu sinto muita falta dele. – Neguei com a cabeça. – Ele como capitão me ajudava muito nas contratações e transferências, agora é o Chiello, mas não é a mesma coisa.
- É porque não é ele. – Assenti com a cabeça.
- Enfim, vem, eles estão começando! – Indiquei o corredor e segui com ela.
- O Andrea vai querer te matar por me convidar, ele tem cara de ser supertímido para essas coisas. – Ri fracamente.
- Um pouco... – Ponderei com a cabeça. – Mas ele é muito bom também. – Ri sozinha. – Não um bom ator, mas ele se solta um pouco. Só não sei se vai se soltar contigo. – Entrei na sala da fotografia. – Espera um pouco! – Ela confirmou e eu entrei, vendo a equipe e meus atores. - Sera, ragazzi! – Falei alto, recebendo beijos dos meus meninos.
- Ciao, null! – Eles falaram.
- Oi, bebê! – Fede brincou com minha barriga e sorri.
- Tenho uma surpresa para vocês. – Falei e me afastei para porta novamente. – Mais para o Barza, na verdade, mas... – Chamei-a com a mão e Ada entrou na sala.
- Ciao! – Ela disse.
- Ah, null! – Barza falou, jogando a cabeça para trás, nos fazendo rir.
- Ei, ela precisa curtir um pouco dos bastidores, novata no mundo do futebol ainda! – Abracei-a de lado.
- Você quer me fazer passar vergonha que eu sei. – Os meninos gargalharam e soltei-a quando Barza se aproximou.
- Ok, ragazzi, como estamos aqui? – Toquei os ombros de Angela, me aproximando.
- Tudo certo, como temos esse espaço pequeno, nós vamos fazer a sessão de fotos, gravar tudo o que é virado para cá, depois tudo virando para lá. – O assistente falou e assenti com a cabeça.
- É um demônio essa presidente. – Ouvi Barza falar.
- Ei! – Falei. – O demônio tem sentimentos. – Os meninos gargalharam de novo. – Tudo bom, gente? – Abracei-os pelos ombros.
- Como está a Sienna? – Fede se aproximou.
- Ela está bem e eu também, mas eu não vim atrapalhar o trabalho de vocês. – Falei para os fotógrafos, me afastando.
- Vamos lá, então. Fede, sua vez. – O fotógrafo falou e me sentei em uma poltrona atrás das fotos.
- FAÇA UM BOM TRABALHO, MARIO! – Gritei e ele me olhou feio, me fazendo rir.
- Não é porque está grávida que eu vou liberar! – Ele disse e ri fracamente antes de sentar.
- Cara! – Barza o cutucou.
- Relaxa! Eu já liberei a notícia! – Angela disse.
- Ainda bem que foram só dois dias, imagina se pedisse para esperar mais? – Falei.
- Não daria certo. – Barza disse.
- Scusi! – Mario disse e abanei a mão.
- Está tudo bem. – Levei as mãos até minha barriga. – Agora façam um bom trabalho. – Eles riram.
Lui
30 de novembro de 2018
- Ciao, gente! Até amanhã! – Falei, pegando minha mochila e colocando-as nas costas.
- Tchau, Gigi! – Eles disseram e segui para fora do vestiário, puxando o zíper do casaco.
Com a chegada de dezembro, o tempo estava ficando mais gelado e, consequentemente, mais depressivo. Não que estar em Paris era depressivo, a cidade é maravilhosa, mas eu podia ter uma companhia, né?! De preferência uma companhia alta, de cabelos null, olhos null e que me faz sorrir só em existir.
Ri fracamente sozinho e acenei para alguns funcionários que deveriam me achar doidos, mas quem nunca esteve apaixonado, não é mesmo? Entrei no carro e demorei o tempo tradicional para chegar em casa, demorando alguns minutos para pegar um crepe que seria a minha janta. Crepe era uma comida simples, mas acho que a única que eu realmente tinha gostado aqui. Eu tinha o paladar um pouco infantil ainda, confesso, então comer pato, escargot e outras coisas não me agradavam, mas crepe com presunto cru, queijo ementhal e ovo eram uma iguaria deliciosa.
Cheguei no apartamento, deixando a mochila na mesa e tirei os tênis na frente da televisão e me sentei no sofá para comer o crepe e querer outro assim que acabou, mas depois eu comia alguma outra coisa. Era sexta-feira, eu tinha jogo só no domingo, precisava me ocupar de alguma outra forma. Filmes? Pornografia? Dormir?
Que desastre! Achei que aos 40 eu teria um pouco mais de ação, mas ok, eu tenho minha mão ainda...
Revirei os olhos, me levantando e segui até minha mochila novamente. Abri a mesma e joguei as coisas suadas e molhadas no cesto de roupa suja e joguei o celular na cama. Peguei o cesto e levei na lavanderia e abri a máquina, jogando todas as roupas juntas, checando se não tinha nada muito chamativo, mas só tinha moletom e roupas de treino. Coloquei os produtos nela e liguei, começando a ouvir o barulho e puxei a porta da lavanderia.
Segui de volta para a sala, pegando as coisas do crepe, joguei no lixo e chequei se a sala estava apresentável. Não receberia visitas, mas não custava deixar ajeitado. Peguei meus tênis e voltei para o quarto, fechando a porta. Tirei minha roupa, dobrando-a e coloquei-a em cima do móvel. Coloquei meu pijama e um moletom quente por cima antes de entrar embaixo das cobertas e liguei a televisão.
Pensei rapidamente o que assistir, se queria ver notícias em francês, se queria ver notícias em italiano, mas eu não estava muito a fim de pensar no geral. Peguei o celular, desbloqueando o mesmo e chequei algumas mensagens. Nada de amigos, meus pais queriam saber sobre o Natal e os meninos viriam na semana que vem, nada de novo.
Segui para o Instagram e suspirei, vendo-o atualizar com as notícias mais frequentes e desci as fotos, vendo algo de Chiello, depois de Pinso, Alex e ESPERA AÍ! Ajeitei meu corpo na cama, vendo uma foto da null em preto e branco em uma sessão de fotos, um vestido preto solto e as palavras “Cegonha a caminho”.
- O QUÊ?! – Minha voz saiu mais alta do que o esperado e dei zoom na foto.
Era óbvio que tinha algo de errado com a null na festa da FIGC, PORQUE ELA ESTÁ GRÁVIDA! Vi sua mão na barriga na foto e o olhar para baixo e engoli em seco, sentindo meu corpo se arrepiar. Será que...
- Não é possível! Ela não me esconderia... Esconderia?
Senti o vômito subir e saí correndo das cobertas antes de empurrar a porta do banheiro e vomitar no vaso sanitário. Não! Não! Não! Isso não pode ser verdade! null não faria isso comigo. Apesar de tudo o que a gente passou, não era possível.
Passei a mão na boca, colocando pasta na escova e coloquei-a na boca antes de seguir para o quarto novamente, pegando meu celular de novo. Eu preciso de informações. Voltei na foto, vendo que ela já tinha sumido e abri novamente, sendo inevitável não sorrir com a foto lindíssima de null, e segui para a legenda.
“Cegonha a caminho.
Nossa presidente, null null (37), tem o prazer de anunciar que está esperando seu primeiro filho! Após um procedimento de fertilização in vitro, null vai realizar seu sonho de ser mãe.
Desejamos muita felicidade à mamãe!
A Juventus espera ansiosamente pelo novo bianconero”.
- In vitro...
Sentei na cama, sentindo as lágrimas deslizarem pela minha bochecha e suspirei. Eu não sabia como eu estava me sentindo. Eu estava muito feliz por ela, de verdade, esse sempre foi o sonho dela, mas outra parte de mim estava triste por ter a confirmação de que ela tinha me esperado por todos esses anos e, mesmo assim, precisou seguir sozinha sem mim.
Era esperado, eu sei, foi algo que eu sabia que abri mão quando vim para Paris, eu só não achava que ela... Que ela fosse realmente fazer isso. Sempre achei que ela adotaria uma criança, mas parece que ela quer o pacote completo. Ainda bem, pois ela está incrível!
Eu sentia muito também por não estar lá e participar com ela. Isso não mudava em nada para mim, só me dava mais vontade de voltar e ser o pai dessa criança. Ela já é mãe dos meus meninos sem precisar, quem sabe ela não me aceita ser o pai dessa criança? Eu preciso parar de ligar para essas coisas de imprensa e ser feliz, eles que se fodam. Eu quero ser feliz e com ela.
Se ela me aceitar de volta, vai ser uma família bem bagunçada, mas tenho certeza de que vai ser feliz, pois eu vou lutar todos os dias para isso.
Desci a postagem para os comentários e vi muitos jogadores seja do elenco atual ou de outros anos comentarem parabenizando-a e dei um curto sorriso. Espero que os meninos estejam paparicando-a bastante.
Ah, como eu queria estar lá com ela, por ela, junto dela... Ah, null, eu sinto muito por não poder ter te dado o sonho que você tanto desejou. Espero que me perdoe algum dia.
Olhei o comentário de Chiello e eu precisava saber mais sobre isso. Quando ela fez isso? De quantos meses ela está? Qual o sexo do bebê? Eu precisava saber tudo. Será que ela já tinha feito o procedimento quando eu fui lá? Ah, que dor de cabeça. Encontrei o número do meu amigo e liguei para ele, ouvindo os toques algumas vezes.
- QUER CALAR A BOCA? – Ouvi a voz de Chiello, me fazendo arregalar os olhos. – Alô?
- Eu não falei nada. – Disse e ele riu fracamente.
- Ei, Gigi! Desculpa, estamos no trem e o... Paulo! Sai! – Chiello disse. – Está aqui enchendo o saco. – Ri fracamente.
- CIAO, GIGI! – Ouvi alguns gritos e ri fracamente.
- Ciao, ragazz! – Falei. – Para onde estão indo?
- Florença, jogo amanhã. – Ele disse.
- Ah, eu tenho só domingo. – Suspirei.
- Qual o motivo da sua ligação, Gigi? Aposto que não foi para bater papo! – Ele disse.
- Olha, levando em conta que o dia está um saco, até poderia ser. – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- Então, o que manda?
- Eu acabei de saber da null. – Falei.
- A-a-a-a-ah! – Ele disse alongado e suspirei. – Que merda, hein, cara?
- Nem sei o que pensar, Chiello. – Suspirei. – Eu estou feliz por ela, mas estou triste por não ser meu, por não estar com ela... – Tombei meu corpo para trás, me deitando na cama de novo.
- É, ela pegou todo mundo de surpresa também. – Ele disse.
- Vocês não sabiam? – Perguntei.
- Descobrimos na quarta, antes do jogo. Ela juntou todo mundo e contou... – Ele disse.
- Ela está com vocês? – Perguntei.
- Não, ela tem uns eventos domingo e segunda e optou por descansar, ela anda bem cansada pelo começo da gravidez. – Ele disse.
- Você não pensou em me contar? – Perguntei.
- Eu pensei, Gigi, e muito, mas eu não fazia a mínima ideia como te dar essa notícia. – Ele suspirou. – Todo mundo só pensava em você, mas... – Suspirei. – Enfim, ninguém contou seus motivos de ir embora, ela está se sentindo bem perdida com tudo, ela ainda acha que você desistiu dela, que está farreando aí em Paris sem ela, ficou pior depois do anúncio do seu término.
- Talvez manter o segredo não tenha sido minha melhor ideia mesmo. – Cocei a nuca. – Mas agora já era.
- É, já era mesmo! – Ele disse rindo. – O bebê até se mexe já.
- Tem certeza de que é in vitro, Chiello? – Perguntei, suspirando. – Porque eu e ela...
- Não preciso de detalhes. – Ele disse.
- Nós transamos nas férias e...
- OH! – Ouvi alguns gritos.
- Eu estou no viva-voz? – Perguntei.
- Não mais... – Chiello disse, rindo em seguida e revirei os olhos.
- Enfim, nós transamos antes de eu vir para Paris, não tem chances de ser meu? – Perguntei.
- Ela disse que está de... Para, Paulo! Quanto, Barza? – Chiello disse.
- Quase quatro. – Ouvi a voz de Barza.
- É, quase quatro meses. – Ele disse. – 18 semanas.
- 18? – Coloquei a ligação no viva-voz e entrei no calendário, fazendo as contas.
- É... – Ele disse e fiz as contas, vendo que ela tinha feito isso no fim de julho. – Por quê?
- Eu só... Sei lá, uma pequena esperança de ser meu... – Suspirei.
- Scusi, Gigi. – Ele disse. – Ela não contou detalhes, mas falou que fez uma fertilização em Milão e deu certo...
- Sim. – Suspirei.
- Você está bem? – Ele perguntou.
- Um pouco confuso. – Suspirei. – Eu estou feliz, mas tem uma parte de mim triste ainda...
- Sinto muito, cara. – Ele suspirou. – Tem algo que eu possa fazer por você? – Ele perguntou.
- Não, eu preciso só superar isso. – Suspirei. – Sabe me dizer que evento ela vai?
- Alguém sabe que evento a null vai? – Chiello perguntou.
- O Gran Gàla e o The Best. – Ouvi uma voz feminina. – Ciao, Gigi.
- Ciao, Angela. – Sorri, rindo fracamente, me levantando novamente e fui até o outro quarto que é um escritório e vi os diversos papéis na mesa.
- É, pelo jeito é isso, Gigi. – Chiello disse. – Por quê?
- Espera... – Pedi, procurando os papéis e encontrando o convite do The Best que seria aqui em Paris.
- Aconteceu algo?
- Eu preciso desligar, cara. – Falei.
- Por quê? Está tudo bem?
- Sim, claro! Eu só preciso ir atrás de um terno. – Falei. – Obrigado pelas informações, nos falamos depois! Bom jogo para vocês!
- Para você tamb... – Desliguei antes de ouvir o fim da frase.
Eu posso não ser o pai biológico dessa criança, mas vou me aproximar o máximo possível para me tornar, a começar com esse evento na segunda-feira. Eu só preciso de algo para vestir... E falar com a Angela.
Capitolo centosedici
Soltei um suspiro, me olhando no espelho e levei as mãos até minha barriga. Acariciei-a devagar em cima do tecido folgado e mordi meu lábio inferior. Vai dar certo, null. Força! Vai dar certo. As pessoas receberam bem a notícia, agora você só vai aparecer para o mundo. Vai dar certo!
Me afastei de frente do espelho e segui até minha bolsa. A única coisa que eu achei estranha foi que Gigi não veio falar comigo. Ele não era o tipo que perdia tempo nas redes sociais, mas ele havia visto da presidência, será que ele ficou bravo com tudo? Será que ele suspeitava que era dele?
Eu me preparei para gritos e mais briga, mas acabou que eu não tive nada. Os jogadores novos e antigos me encheram de mensagens e ligações, os colegas de trabalho não paravam de paparicar, mas nada de Gigi.
- null? – Ouvi dois toques na porta. – Vai demorar?
- Estou indo! – Falei, mandando embora meus pensamentos e segui em direção à porta, abrindo-a.
- Ei! Está tudo bem?
- Sim, está! – Falei, puxando a porta. – Vamos lá! – Falei e ela sorriu.
- Você está ótima. – Suspirei.
- Grazie! – Assenti com a cabeça.
- Vai dar certo! – Ela disse e puxei a respiração fortemente, soltando novamente.
- Vai sim! – Engoli em seco.
- Sem entrevistas! Você não é o foco! – Ela disse e confirmei com a cabeça.
- Tomara. – Falei e segui com ela até o elevador que era segurado por Pavel.
- Vamos, mamãe? – Ele disse e ri fracamente, dando dois rápidos beijos nele.
- Vamos! – Falei e ele sorriu, assentindo com a cabeça.
Descemos pelo elevador e lá embaixo já tinha nossos candidatos ao prêmio: Chiello, Paulo, Alex Sandro, Pjanic, Cancelo – que ia pela Internazionale –, Sara e Allegri. Todos viraram sorrindo para mim quando eu saí.
- Ah, meu bebezinho! – Dybala disse animado, vindo em minha direção. – Posso?
- Pode! – Falei, rindo fracamente e ele me abraçou pela barriga.
- Vocês estão lindas! – Sorri, vendo-o deixar um curto beijo em cima do tecido preto e se levantar, me dando um beijo na minha bochecha.
- Grazie, amore! Vocês estão todos ótimos também. – Sorri.
- Vamos dividir os carros. Allegri, vai conosco? – Angela disse.
- Claro! – Ele disse, ajeitando o paletó.
- Vamos, então! – Angela indicou a entrada do hotel e Pjanic puxou a fila até a saída do hotel.
Alguns fotógrafos estavam do lado de fora e um segurança me ajudou a chegar sem problemas até o carro. Pavel, Allegri e Angela entraram juntos e logo nós seguimos em direção ao teatro. Sentia minhas mãos geladas e não era pelo frio.
- Vai dar tudo certo. – Pavel disse e assenti com a cabeça.
- Você está incrível, null! – Allegri disse e sorri.
- Grazie! – Falei e ele sorriu.
Chegamos no teatro e fui a primeira a sair, sentindo alguns flashes em meu rosto e dei curtos sorrisos, seguindo para dentro com os fotógrafos gritando pelo meu nome. Assim que chegou a parte coberta, me senti mais confortável, mas agora eu realmente precisaria parar e tirar fotos.
- Respira! – Angela disse ao meu lado, dando um toque em minhas costas e suspirei. – Presidente da Juventus!
- Fino alla fine! – Falei baixo e dei alguns passos para frente do tapete vermelho.
- ! ! ! – Apoiei a mão na cintura, virando o corpo para frente e dei um curto sorriso se formar em meus lábios.
- AQUI! OLHA AQUI! – Virava o rosto devagar para um lado, depois virava para o outro, sentindo meu rosto relaxar com o tempo.
Eu já estava acostumada com isso! Eu já estava acostumada com isso! Sorria e aproveite! Virei meu corpo para o lado, levando as mãos até a parte debaixo da barriga, fazendo um carinho na mesma e sorri novamente, acariciando-a devagar.
- ! ! – Eles gritavam.
- Vem! – Angela disse e deu um rápido aceno com a mão que segurava a bolsa antes de dar mais alguns passos pelo tapete, parando a cada um ou dois metros para tirar fotos e sorrir. – Pronto. – Ela disse.
Acenei mais uma vez antes de seguir para dentro do evento, sentindo a mudança da temperatura, me fazendo suspirar. Relaxei meu corpo e soltei a respiração devagar, jogando os cabelos para trás.
- Está tudo bem? – Angela perguntou.
- Sim, está! – Assenti com a cabeça.
- A mesa de vocês é lá na frente, mas tem tempo ainda, você pode dar uma volta. – Assenti com a cabeça.
- Claro, claro!
- Eu fico com ela! – Paulo disse e sorri, passando a mão em seus ombros, puxando para perto de mim.
- Vamos, chefa? – Ele me estendeu a mão e ri fracamente.
- Vamos, Paulino! – Falei e peguei seu braço.
- Aceitam mais um? – Chiello disse e ri fracamente.
- Vocês não precisam ficar me seguindo como se eu precisasse de guarda-costas. – Falei, ouvindo-os rirem.
- Beh! Você é nossa amiga! – Chiello disse. – Precisamos nos manter juntos.
- Vocês são uns amores. – Sorri.
- Relaxa, chefa! Tudo vai ficar bem. – Chiello disse rindo.
- Chefa! – Vi Pirlo vir em minha direção.
- Ah, mentira que você está aqui! – Falei e ele riu fracamente.
- Mentira que você está grávida! – Ele disse e abracei-o rapidamente.
- Beh, precisei seguir em frente. – Ele sorriu.
- Não é o meu fim esperado, mas fico feliz por você. – Ele disse e sorri.
- Não é o fim! – Paulo disse.
- Fica quieto! – Falei, vendo-o revirar os olhos.
- Se lembra do Totti? – Ele indicou o outro.
- Não me lembro se chegamos a nos conhecer, mas é um prazer! – Falei, estendendo minha mão para ele que apertou.
- Também não, mas você é presidente da Juventus, eu sei quem você é! – Ri fracamente. – Parabéns, por sinal.
- Grazie! – Falei, assentindo com a cabeça.
- Nos vemos por aí? – Pirlo disse.
- Claro! Divirtam-se! – Falei, seguindo com os outros dois rapidamente.
- Não é sendo ingrato, mas você é bem mais legal que o Agnelli. – Paulo disse, me fazendo rir.
- Eu só permito as brincadeirinhas de vocês! – Falei e eles riram fracamente.
- É, isso a gente não pode negar! – Chiello disse. – Ah, isso não vai prestar.
- O quê? – Virei o olhar para onde ele estava olhando e vi Ilaria vindo em minha direção.
- Ah, não acredito! – Bufei baixo.
- Relaxa, chefa, se ela vir para cima, eu dou uma voadora nela. – Paulo disse.
- Você não dá voadora em ninguém! – Falei.
- Mas o Chiello pode! – Ele disse, me fazendo rir fracamente.
- Relaxem! Eu não devo nada a ela. E não me interesso em nada dela também. – Suspirei, vendo-a se aproximar com seu sorriso falso.
- null... – Ela disse.
- Senhora D'Amico. – Respondi.
- Levando para o lado profissional? – Ela disse e franzi a testa.
- Achei que essa era a única relação entre nós. – Paulo apertou minha mão.
- Era. Até você roubar o meu namorado. – Ela disse e tentei não parecer muito surpresa.
- Scusa? Eu deveria saber do que você está falando? – Engoli em seco.
- Você e Gigi? Eu sei de tudo. – Ela disse, jogando os cabelos para trás. – Tentei impedir bastante que isso acontecesse, mas parece que tem certas coisas que não tem como fugir. – Ela disse e franzi o rosto.
- O que você tentou impedir? Duas pessoas de serem felizes? – Falei, tentando manter a calma.
- Nós éramos felizes, até você entrar na equação. – Ri fracamente.
- Não sei o que ele te contou, mas eu sou a equação, meu amor. – Sorri. – Você que entrou nela, não percebe? – Ri fracamente. – Mas não sei por que a preocupação, ele não está aqui, não é mesmo?
- Não, ao menos isso eu consegui. – Franzi a testa ao ver um sorriso se formar em seus lábios.
- O que você fez? – Minha pergunta saiu fraca e engoli em seco.
- Nada demais, mas fico feliz por ele manter sua parte do acordo e te deixou aqui também.
- O que você fez? – Repeti um pouco mais alto.
- Não foi nada, senhora presidente. - Ela disse sarcasticamente e a segurei firme pelo braço.
- Eu não sei o que você fez, mas se você é tão infeliz a ponto de fazer algo para impedir que duas pessoas que se amam fiquem juntas, eu só sinto pena de você. – Falei forte. – Eu nunca gostei de você, porque você é baixa, sem ética, mas isso é baixo até para você! – Soltei-a firme. – Só não te dou uma surra em você agora mesmo, porque...
- Seu passado está aflorando? - Ela sobressaiu minha vo.
- Ele nunca foi embora. – Dei o mesmo sorriso para ela que fechou o seu. – Te cuida, D'amico, que de você eu nunca tive medo. Afinal, na minha vida e de Gigi, você sempre foi coadjuvante.
- Você não sabe do que eu sou capaz, null. – Ela disse, me fazendo rir fracamente.
- E nem você! – Ri fracamente, virando meu corpo. – Vamos, Paulo? - Estendi a mão para meu jogador e ele me deu o braço.
- Vamos, chefa! - Ele disse e Ilaria ainda puxou meu braço, aproximando o rosto do meu.
- Fertilização in vitro? Alguém cai nessa? – Ela disse baixo, focando os olhos no meu.
- Ao menos comigo é acidente, e você? Será que dá tempo de furar a camisinha com mais alguém ou já passou da hora? – Puxei meu braço forte, sorrindo. – Bom evento! – Falei, seguindo com Paulo. Apesar de tudo, minha cabeça estava uma bagunça.
- Está tudo bem, null? – Chiello me perguntou, apoiando a mão em minhas costas e puxei a respiração fortemente.
- Você ouviu o que ela disse? – Virei para ele.
- Um pouco.
- Se ela fez alguma coisa para afastar o Gigi de mim, Chiello...
- Respira, null! Olha o bebê! – Ele disse, apoiando a mão em meu ombro.
- Eu não... – Soltei a respiração fortemente.
- Eu vou pegar água para você! – Paulo disse e seguiu pelo corredor.
- Chiello, eu... – Falei e ele apoiou as mãos em meus ombros.
- Eu não sei, null, mas tenho certeza de que se ela tentou algo, o Gigi conseguiu reverter, ele nunca deixaria que ela mexesse no relacionamento de vocês dois. – Ele suspirou.
- E o que ela disse?
- Ela deve estar brava que ele terminou com ela, não deve passar mais do que palavras. – Ele segurou meu rosto. – Respira fundo. – Ele disse. – Vai ficar tudo bem... – Soltei a respiração devagar. – Você não ia bater nela, ia?
- Vontade não faltou... – Falei e ele riu fracamente.
- Essa é a minha amiga! – Sorri, sentindo-o me abraçar fortemente. – Agora vem! – Ele disse, me puxando para a mesa e Paulo estava lá com a água.
- Aqui, chefa! – Ele disse e peguei, dando alguns goles na água.
- Grazie, amore! – Ele disse e suspirei.
- Paulo! – Viramos o rosto para trás e vi Alex junto de Alisson, ex-jogador da Roma e uma mulher com ele.
- Ei, eu te conheço! – Dybala falou para ela.
- Você se lembra de mim! – A menina de mãos dadas com Alisson falou.
- Paulo, essa é Alessandra. Alessandra, Paulo! – Alex disse, abanando a mão. – E null null.
- Presidente da Juventus! – Ela disse animada.
- Sim, sou! – Falei, rindo fracamente. – Desculpa, eu não me lembro de você!
- Ela é minha namorada. – Alisson disse e sorri. – Ela é assessora de imprensa da seleção brasileira.
- Ah, isso é ótimo! – Me aproximei dela, cumprimentando-a rapidamente e segui para ela. – Parabéns!
- Parabéns para você pela presidência, pela gravidez, você é ótima! – Ri fracamente.
- Ah, você é muito gentil! – Sorri.
- Ela é bem juventina! – Alex disse. – Be-e-e-em juventina! – Rimos juntos.
- É ótimo! E namora um ex-romano? – Falei, vendo Alisson ri.
- Nos conhecemos na Copa no meio do ano, ela...
- Eu entrei faz pouco tempo. – Ela sorriu.
- Isso é ótimo, parabéns! – Sorri.
- Grazie. – Ela sorriu.
- E parabéns pelas conquistas, Alisson! – Falei para ele. – Sua contratação bateu um recorde nosso de anos! – Ele riu fracamente.
- Grazie. Pena que me passaram em poucos dias. – Ri fracamente.
- Beh, Kepa ainda é um jogador novo, talvez o Chelsea tenha feito isso como forma de provocação. – Falei, ponderando com a cabeça. – Você tem se mostrado muito bem.
- Grazie! É um prazer ouvir isso.
- Eu não quero parecer surtada, mas posso tirar fotos? – Alessandra perguntou.
- Claro! – Paulo disse rindo e ri fracamente.
Ela tirou foto com Paulo, depois comigo e Chiello. Logo a premiação começou e sentamos na mesa, ela acabou ficando bagunçada. Paulo, Alex, Chiello e Angela se sentaram comigo. O restante foi para a outra mesa.
O Gran Gala era uma premiação um tanto óbvia, se você era convidado para ela, você iria de alguma forma, ao menos os jogadores. Então Alisson ganhou de melhor goleiro. Alex, Chiello e Cancelo ganharam de melhores defesas. Pjanic de melhor meio-campista, Sara de melhor jogadora feminina, Allegri de melhor técnico, nós de melhor time – e Pavel foi receber o prêmio dessa vez – e Pirlo e Totti ganharam prêmios honorários pela carreira.
Após a premiação, ainda teve um pequeno jantar, mas eu não poderia ficar muito, pois amanhã teria outra premiação em Paris, o Ballon D’or, para acompanhar, de certa forma, Cristiano Ronaldo. Sua indicação era pelo Real Madrid, mas eu talvez estivesse indo pelos motivos errados, como sempre. Só esperava que desse certo.
- Você está bem! – Puxei as laterais da gravata borboleta, sorrindo na frente do espelho. – Ela vai gostar!
Peguei o gel, colocando um pouco na mão e passei na outra mão antes de passar nos cabelos, jogando-o para trás. Lavei as mãos mais uma vez e suspirei. Vamos lá. Vai dar certo. Suspirei, sacudindo a cabeça e saí do banheiro, puxando a porta. Eu podia ficar falando com o espelho o quanto eu quisesse, mas eu vou ter que encará-la uma hora ou outra.
Beh, isso se ela realmente fosse.
Mas ela vai! Cristiano Ronaldo sempre ganha, ele é da Juve e ela sempre vai nos Ballon D’or... Esperava que fosse esse ano de novo.
Segui de volta para o quarto, pegando meu celular e o convite e guardei nos bolsos internos do paletó e segui em direção à porta do apartamento e tranquei tudo quando saí. Esperei o elevador e desci nele até lá embaixo.
- Senhor Buffon, já estão te esperando. – O porteiro disse.
- Ah, merci! – Falei e acenei com a mão, passando pela portaria o prédio e saindo no tempo gelado de Paris, vendo o motorista ali.
- Senhor Buffon! – O motorista se desencostou do carro e abriu a porta. – Pode entrar.
- Merci! – Falei, entrando no mesmo.
- Para o Grand Palais?
- Isso, por favor. – Falei e ele fechou a porta, entrando no outro lado.
Peguei o celular do bolso, entrei na galeria e peguei a foto que eu salvei do anúncio da gravidez de null na postagem da Juve. Na verdade, depois desse anúncio, null estava mais confortável com as postagens nas redes sociais, então já tinha visto outras três fotos dela nesses últimos dias. Uma na premiação do campeonato italiano ontem e outras dela com a barriga, somente.
Eu estava muito feliz, de verdade, principalmente porque ela está feliz. E isso aquecia meu coração de diversas formas possíveis. Eu só precisava me acostumar em encontrá-la com essa barriga linda. Essa seria a primeira vez que eu a encontraria assim, então não queria parecer tão surpreso quando a visse.
A distância do meu apartamento para o Grand Palais era de mais ou menos oito minutos, mas quando nos aproximamos na larga avenida, o trânsito ficou mais lento pela premiação, mas logo o motorista parou.
- Só me dar um toque na saída que eu venho te buscar. – O motorista disse.
- Ok, merci! – Sorri.
- Bom evento! – Ele disse e saí do carro.
Respirei fundo, vendo os diversos fotógrafos na entrada do evento e passei pelo tapete vermelho, seguindo em direção à entrada do evento. Dava para notar a diferença do Fifa The Best claramente. O Fifa era mais popular, agora o Ballon D’or era mais chique, mais rico, um verdadeiro espetáculo.
Subi as escadarias em frente ao evento e acenei para alguns fotógrafos, seguindo para dentro do local. Ali começava realmente o tapete vermelho que eu conheço. Banner de um lado, fotógrafos do outro e o espaço de dois metros de largura para entrarmos no mesmo. Respirei fundo, checando se teria como fugir, mas o que seria algumas fotos?
- BUFFON! BUFFON!
Ouvi os gritos dos fotógrafos e entrei no espaço, caminhando até mais perto do outro convidado que tirava fotos e sorri, esticando meus polegares. Senti alguns flashes em meu rosto e acenei para eles antes de seguir para o outro lado do tapete vermelho.
Quando eu cheguei do outro lado, olhei para o tapete novamente e travei ao vê-la. null entrava pela outra porta com Angela. Ela está linda! Ao invés do tradicional vestido preto ou branco, ela usava um cinza, meio grafite com brilhos. Ele tinha uma alça só e parecia ser bem mais fresco que o tempo permitia, mas não importa. Ela estava um arraso.
Logo atrás dela, Angel ajeitou a pequena cauda que o vestido tinha e, quando null andava de frente, era quase imperceptível sua barriga, mas foi só ela virar para a primeira foto que um sorriso se formou em meus lábios.
É para valer!
Ela estava só de quatro meses, mas ela já tinha uma bela barriga saliente que ficava mais ainda devido ao vestido justo. Ouvi os fotógrafos chamarem seu nome e um sorriso apareceu em seus lábios quando ela finalmente olhou para eles. Mordi meu lábio inferior, passando os olhos. Pelo seu corpo e acompanhando seus movimentos que continham basicamente em colocar a mão na cintura e depois acariciar sua barriga.
Quando ela virou para frente para andar um pouco, ela parou o passo ao me ver. Ela pareceu surpresa por um momento ao arregalar os olhos, mas ela desviou o olhar quando a chamaram novamente. Sorri e me afastei alguns passos, seguindo para dentro da premiação, entendo por que aqui chamava Grand Palais, porque ele era realmente enorme.
A estrutura era inteira de vidro, inclusive o teto, então era possível ver o céu lá em cima. No chão, diversas poltronas dispostas como um teatro iam até lá na frente, até o palco que terminava na frente de duas longas escadarias. Uau! Isso era incrível!
- Não sabia que estaria aqui. – Ouvi sua voz e virei o rosto para trás, encontrando null.
- Você não viria se soubesse? – Falei, vendo seus olhos se revirarem.
- Sim, eu ainda estou brava contigo, mas eu também gosto de te ver. – Ela deu de ombros e desci os olhos pelo seu corpo.
- Você está incrível! – Falei, levando as mãos para sua cintura e ela riu fracamente.
- Você também. – Ela disse.
- Você entendeu o que eu disse. – Falei e ela me abraçou pelos ombros, colando sua barriga na minha e apertei-a pela cintura. – Você sempre foi linda, mas hoje... – Ela riu fracamente. – A gravidez te fez muito bem, null.
- Obrigada... – Nos afastamos devagar e ela apoiou as mãos em meus ombros. – Desistiu de vez da gravata longa? – Ri fracamente.
- Você não estava lá para me ajudar... – Ela riu fracamente.
- Você sabe se virar muito bem sem mim. – Ela disse e segurei seu braço.
- Não, não sei. – Ela abanou a mão. – Eu tenho tanta coisa para te perguntar, tanta coisa para saber... – Suspirei. – É confuso para mim te ver assim.
- Por quê? – Ela perguntou.
- Porque... Você seguiu em frente...
- Eu só segui porque você fez o mesmo, Gigi. – Ela deu de ombros. – É estranho, mas...
- Eu não me importo. – Falei. – Eu estou muito feliz por você. – Sorri. – E você sempre foi mãe dos meus filhos, por que eu não posso ser do seu?
- Gigi... – Ela suspirou. – Você me confunde tanto.
- Por que agora? – Perguntei e ela deu uma olhada em volta.
- Aqui não é lugar para falar disso... – Ela deslizou a mão pelo meu peito. – Eu tenho que encontrar o Cristiano.
- Então, chefa... – Viramos para Angela. – Ciao, Gigi.
- Ciao! – Falei, acenando.
- Ele não veio. – Ela disse.
- Oi? – null disse.
- É, ele disse que não vem. – Ela disse, sacudindo o celular e null respirou fundo. – Ele acha que não ganha, então preferiu ficar em Turim e treinar para o próximo jogo.
- E o que eu vim fazer aqui? – null perguntou.
- Me ver? – Ela virou para mim.
- Eu poderia fazer o mesmo deitada na minha cama de pijama e...
- Mas você está incrível assim. – Falei e ela suspirou, relaxando os ombros. – Vamos, null, me faça companhia...
- Isso não é um encontro, Gigi. – Ela falou.
- Talvez não, mas é um reencontro. De dois colegas que se amam e tentam se destruir há muitos anos...
- Eu não... – Ela suspirou.
- Eu sei que sim. – Suspirei. – Você foi para Nápoles, null. Você foi me ver... – Ela suspirou.
- E o que você veio fazer aqui? Ou finalmente vai ganhar seu Ballon D’or? – Ela disse.
- Isso doeu, mas eu não preciso de desculpas, eu vim te ver. – Falei.
- Argh... – Ela reclamou, me fazendo rir fracamente.
- Olha, apesar de vocês estarem falando em italiano, essas mãozinhas dadas logo na entrada não é uma boa publicidade. – Angela falou e null automaticamente soltou minhas mãos que eu nem tinha percebido.
- A gente conversa depois. – Ela disse.
- Assiste comigo? – Perguntei, segurando seu braço mais uma vez.
- Você vai ficar quieto durante a premiação? – Ela perguntou.
- Talvez... – Ponderei com a cabeça.
- Sem falar um “a”, Gianluigi. – Ela disse, se afastando e ri fracamente.
- Como quiser, chefa! – Falei e Angela piscou para mim antes de seguir logo atrás dela, arrumando seu vestido.
Apesar do tempo gelado em Paris e do meu vestido ser bem aberto, eu estava pegando fogo, e isso vinha do homem ao meu lado. Eu assumo, se eu soubesse que ele viria, eu não teria vindo. Estava empolgada para usar esse vestido lindo, mas ficar perto de Gigi me colocava em prova. E se ele perguntasse sobre o bebê? E se ele fizesse as contas? E se ele achasse que minha barriga estava grande demais para quatro meses?
Eu fiquei pensando nisso durante toda a apresentação e mal prestei atenção nos prêmios. Acabei me ligando quando Kylian Mbappe ganhou de melhor jogador menor de 21 anos e Gigi levantou para aplaudi-lo. No final, como se Ronaldo soubesse, o croata Luka Modric ganhou o prêmio masculino e Ada Hegerberg o feminino. Eu não tinha cabeça para dizer se havia sido merecido, pois eu já estava me movimentando automaticamente.
- Então, o que vai fazer agora? – Gigi se virou assim que as luzes se acenderam novamente.
- Ir para o hotel? – Falei, apoiando as mãos na poltrona e me levantei, vendo-o se levantar rapidamente também.
- Por favor, null. – Ele disse próximo de mim. – Você está em Paris, a cidade do amor...
- É por isso que veio para cá? – Falei, virando de costas e vi Angela parada atrás de mim, me fazendo bufar.
- null... – Senti sua mão em meu ombro. – Vamos comer alguma coisa, ver a noite... – Ela suspirou.
- É fim de ano, Gigi. Eu preciso descansar, tem muita coisa para fazer, muitas viagens e... – Ele me olhou. – A gravidez cansa. – Ele riu fracamente.
- Estou te chamando para comer algo, null, não ir para balada. – Suspirei. – Podemos conversar sobre esses últimos meses, só jogar conversa fora...
- Nós dois juntos é um perigo, Gigi, e eu não posso voltar a isso...
- Só conversar, não vou fazer nada que você não queira. – Ele disse, erguendo as mãos.
- Você sabe que não funciona assim conosco. – Suspirei.
- A Angela vai conosco e se garante que nada aconteça...
- Eu não sou babá! – Angela disse. – Eu vou pegar um petit gateau e dormir. – Ela disse, me fazendo rir.
- Hum... – Mordi meu lábio inferior. – Sorvete... – Ele sorriu.
- Tem um restaurante perto do meu apartamento, ele é pequeno, mas...
- Vai ser ótimo eu ser visto contigo. – Disse sarcasticamente.
- Você é minha antiga chefe, null! – Ele disse. – Nos reencontramos e fomos jantar juntos. – Suspirei. – Poderia te chamar para ir ao meu apartamento, mas acho que você não vai aceitar...
- Você tem paparazzi na sua porta? – Perguntei.
- Não... – Ele franziu a testa.
- Talvez seja melhor. – Ele sorriu. – Mas você precisa me prometer que não vai ficar me provocando.
- Só dois amigos conversando, null. – Ele disse. – Posso pedir algo para nós?
- Pasta. – Falei e ele sorriu.
- Combinado! – Ele pegou o celular no bolso. – Vou encomendar. – Suspirei e virei de costas para ele, vendo Angela sorrindo.
- Calada! – Falei e ela riu fracamente.
- Eu te encontro no hotel depois ou só semana que vem? – Ela perguntou.
- Para, Angela! – Falei. – Vai dar certo...
- Vai sim, você está com ele. – Ela sorriu. – Tirem uma foto juntos, vocês estão lindos demais. – Ela disse e suspirei. – Até mais tarde.
- Até, Angela. – Suspirei. – Ah! – Falei, abrindo a bolsa e pegando a chave do quarto.
- Fica! Não vou acordar de madrugada para abrir para você! – Ela disse rindo fracamente e sorri. – Boa noite.
- Boa noite. – Falei, suspirando e me virei para Gigi novamente que estava no corredor ao celular. Que seja uma boa ideia. Não demorou muito para que Gigi desligasse o telefone e virasse para mim novamente.
- Pronto! Eles vão entregar. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Ótimo. Você tem carro?
- Motorista. – Ele disse. – Já pedi para ele nos pegar.
- Vamos lá, então... – Falei, passando em sua frente e segui pelo corredor, indo pela entrada do Grand Palais que agora estava aberta na frente, sem necessidade de passar pelo tapete vermelho novamente.
- ! ! – Os fotógrafos gritaram.
- Eles gostam de você! – Gigi sussurrou atrás de mim e ri fracamente.
- Vem cá. – Pedi, apoiando a mão em suas costas. – Sorria.
Gigi passou a mão em minha cintura e, apesar de eu ter falado para sorrir, eu não consegui dar um largo sorriso. Eu estava me afundando cada vez mais no poço e estava dando da chance de Gigi desvendar todos meus segredos, e ele nem precisava de muito para isso.
- Pronto, para guardar de recordação. – Falei, desviando de Gigi e desci as escadarias novamente.
- É aquele ali! – Ele indicou o carro. – Quer ir na frente? – Ele perguntou.
- Somos amigos, Gigi. É isso que você disse, não? – Falei e ele sorriu, apoiando a mão em minhas costas e seguimos juntos até o carro.
- Ela vai conosco. – Ele disse em francês para o motorista e ele assentiu com a cabeça, abrindo a porta para mim.
Entrei no mesmo, colocando a cauda do vestido para dentro antes de fechar a porta, logo Gigi entrou do outro lado e o motorista guiou o carro pela avenida movimentada. Apoiei minhas mãos em minha barriga e observei o movimento da cidade.
- Já sabe o que é? – Virei para o lado.
- Oi?
- O bebê! – Ele disse. – Já sabe o sexo? – Ele perguntou e engoli em seco.
- Nã-não. – Falei, suspirando. – A médica disse que ele está se escondendo. – Falei qualquer coisa. Falar em voz alta que é uma menina talvez não fosse a melhor ideia agora.
- Já pensou em nomes? – Ele perguntou e suspirei.
- Ainda não... – Dei um curto sorriso. – Não estou conseguindo pensar muito. – Suspirei. – Sempre quis ser mãe, mas nunca pensei nesses detalhes.
- Isso é engraçado. – Ele disse e ri fracamente.
- Acho que nunca importou, sabe? Nome, sexo... – Dei de ombros. – Só importa se vier com saúde...
- E está? – Ergui o olhar para ele.
- Sim. – Sorri. – Está muito bem. – Passei a mão devagar na barriga.
- Posso? – Ele indicou e sorri.
- É claro que sim. – Falei e ele deslizou o corpo para mais perto do meu.
Meu corpo estremeceu quando sua mão foi para minha barriga e cobriu quase a extensão inteira, me fazendo engolir em seco. Ele acariciou-a devagar e fechei os olhos, aproveitando o carinho e senti uma lágrima deslizar pela minha bochecha. Sienna, que estava calma a noite toda, se mexeu, me fazendo erguer os olhos.
- Chutou... – Gigi disse surpreso.
- É, ele é um chutador. – Falei, vendo um largo sorriso surgir em seus lábios e engoli em seco, passando a mão em meu rosto, limpando a lágrima.
- Não poderia nem ser diferente, né?! – Ele disse rindo e seu olhar ergueu para mim. – Amore... O que foi? – Neguei com a cabeça.
- Não é nada, é que poderia...
- Eu sei. – Ele disse. – Poderia ser a gente. – Me contive em assentir com a cabeça. – Ainda pode ser, amore. Eu realmente não me importo...
- Gigi, por favor...
- Eu sei... – Ele suspirou. – Mas você é uma mãezona para meus meninos, eu posso...
- Gigi, para! – Apoiei a mão em cima da sua. – Não faça isso, eu não quero esperanças.
- É só o que temos... – Ele disse.
- Não! – Neguei com a cabeça. – Eu não quero ter esperança e nem vou fazer mais planos enquanto eu não ver que está tudo bem mesmo. Você ainda me deve muitas respostas e eu não vou deixar isso passar. – Ele suspirou.
- Ok, você está certa. – Ele apertou minha mão em cima da sua. – Só se você puder me responder algumas também... – Engoli em seco e assenti com a cabeça.
Desviei o rosto para a janela, sentindo Sienna se mexer dentro de mim e a mão de Gigi se manteve sobre ela durante o restante do caminho. Chegando lá, fiquei surpresa. Apesar de o apartamento de Gigi ser próximo à famosa Torre Eiffel, o local ficava em uma rua fina e escondida.
- Senhor Buffon. – O porteiro se aproximou quando saí do carro. – Entregaram isso para o senhor. – Ele mostrou algumas sacolas.
- Ah, perfeito, já chegou! – Gigi disse e indicou o elevador. – Vai indo... – Ele mudava o francês para o italiano de forma quase natural e isso me fez rir. Ele falava quase melhor do que eu e isso era uma das várias coisas que mostrava que tinha muito mais atrás disso.
Apertei o botão, vendo o elevador se abrir e segurei a porta para Gigi pagar nossa comida e seguir em minha direção, apertando o último botão do elevador. Seguimos em silêncio e ele saiu na frente quando chegamos ao andar. Ajudei-o com as sacolas enquanto ele procurava a chave no bolso e ele abriu a porta quando conseguiu.
- Bem-vinda! – Ele deu um sorriso fofo e segui para dentro.
O apartamento era pequeno, mas era fofo, dificilmente havia sido decorado por ele. Logo na entrada tinha uma sala de televisão sendo dividida por uma de jantar. Do lado direito ia para a cozinha e em frente era possível ver três portas. Deixei as sacolas na mesa e dei uma rápida olhada em volta.
- É fofo. – Comentei, apoiando o quadril atrás do sofá. – Diferente da sua casa em Turim. – Ele riu fracamente.
- Não preciso de muito, não trago ninguém aqui mesmo. – Ele disse.
- E você sempre fica sozinho aqui? – Virei para ele que riu fracamente.
- Sim. – Ele abriu as cortinas atrás da TV. – Acabo me distraindo um pouco. – Olhei a vista, vendo a Torre Eiffel aparecer do lado esquerdo da janela e virei o corpo, me aproximando dele.
- É uma bela vista. – Falei, suspirando e ele riu fracamente.
- Comecei a aproveitar as pequenas coisas. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- E como tem se saído? – Virei para ele, vendo-o abrir as embalagens e ver o que era o que.
- É um pouco entediante, mas acho que eu tenho bastante pensamento para analisar e me redimir. – Sorri.
- É... Ao menos está tendo alguma vantagem nisso. – Suspirei, me apoiando na poltrona e tirei os sapatos um a um.
- Você quer trocar de roupa ou...
- Melhor eu não ficar muito confortável. – Falei, vendo-o entrar na cozinha.
- Aceita um casaco pelo menos? O aquecedor demora um pouco. – Ele disse e minhas mãos estavam geladas, mas garanto que não era frio.
- Aceito um chinelo, se tiver. – Falei e ele voltou com pratos e talheres.
- Coloquei o sorvete no freezer e o petit gateau é só aquecer. – Ele disse. – Um chinelo?
- Sim. – Falei, vendo-o seguir pelo corredor e logo ele voltou com os sapatos.
- Vai ficar um pouco grande, mas... – Ele deixou-os no chão.
- Não seria a primeira vez que eu usaria um chinelo seu... – Falei, calçando-os e ele riu fracamente.
- Você quer beber algo? Água? Suco? – Ele perguntou, puxando uma cadeira.
- Não, mas você pode beber se quiser. – Falei, me sentando e ele tirou seu paletó antes de se sentar ao meu lado.
- Não, você é minha convidada. – Ri fracamente e distribuí os dois pratos empilhados. – Eu peguei carbonara. – Ele disse, colocando um pote em meu prato e outro na sua.
- Tão bom quanto os de Turim? – Perguntei, abrindo o mesmo e senti o cheiro gostoso.
- Dá para matar saudades de casa. – Ele disse, me fazendo rir fracamente.
- Eu estou aprendendo a cozinhar agora. – Falei, colocando um pouco de macarrão na boca.
- Sim? – Ele disse.
- É! – Falei após engolir. – É uma forma de me distrair, quando começo a pensar besteira. – Dei de ombros.
- E o que você faz? – Ele perguntou.
- Massa e pão. – Falei, rindo fracamente e ele riu comigo. – Talvez os quilinhos a mais não sejam todos da gravidez. – Ele sorriu.
- Você está incrível, null. – Ele ergueu o olhar para mim. – Eu não menti quando disse que a gravidez te fez bem. – Sorri.
- Como você está com isso? – Minha voz saiu antes de eu pensar.
- Eu estou bem. – Ele disse rapidamente, limpando a boca. – Eu fiquei surpreso quando vi, inicialmente até que podia ser meu, mas... – Enchi a boca novamente de macarrão, evitando arregalar os olhos. – Eu sabia que isso poderia acontecer quando fui embora, mas eu fico feliz por você, null. – Ele ergueu o olhar para mim. – Eu ainda acredito em nós dois, vou fazer de tudo para mostrar que eu posso te fazer feliz quando tudo acabar, mas também penso que talvez você não deveria ter me esperado tanto tempo. – Engoli em seco.
- O que acabar, Gigi? – Perguntei, tentando ignorar o começo.
- Meu contrato. – Dei de ombros. – Quando voltar para Turim.
- As coisas estão ruins em Paris? – Perguntei e ele suspirou.
- Não, é só que... – Ele negou com a cabeça. – Deixa para lá.
- O que está me escondendo, Gigi? – Descansei os talheres. – Honestamente.
- Não é nada, null. É que você pediu para eu voltar nem que fosse por seis meses, né?! – Ele deu de ombros, voltando a comer e sabia que algo tinha saído errado.
- A gente nunca vai dar certo enquanto você não me contar seus motivos para vir para Paris, e por ter segredo, só consigo imaginar que algo muito ruim aconteceu. – Falei e ele suspirou.
- Não é nada, null. Acredita em mim...
- E por que você magicamente terminou com a Ilaria? – Perguntei, sendo minha vez de desviar o olhar e voltar a comer.
- Eu disse que ia resolver, não disse? – Ele disse e mordi meu lábio inferior, erguendo o rosto e encontrando seus olhos no seu.
- Disse, mas isso não faz sentido nenhum. – Falei baixo e ele suspirou.
- Estou só mantendo minha promessa, null. Eu vou ajeitar tudo para não ter nenhuma pendência quando for lutar de verdade por você. – Ele disse. – Vai sobrar só eu e você, nada e ninguém mais...
- Engraçado que você está resolvendo tudo para ficarmos juntos, você só está se esquecendo de compartilhar seu plano com a pessoa que você quer ficar junto. – Falei e ele riu fracamente. – Apesar de tudo, eu ainda tenho uma vida, sabia? – Ele apoiou a mão em cima da minha.
- Você é a pessoa mais importante da minha vida, null. Se você não quiser ficar comigo e for minha vez de esperar, tudo bem. Nem que seja mais 17 anos, mas agora chegou minha vez e eu não me importo... – Ele sorriu e engoli em seco, suspirando, ficando realmente sem palavras.
Sabe um daqueles sonhos que tem no fundo do coração e que parece que são os mais difíceis de se realizar? É a minha história com null, quanto mais perto eu parecia estar, mais difícil parecia que era para as coisas se ajeitarem, mas tê-la aqui comigo, mesmo se fosse para ter essa conversar pisando em ovos, já me deixava feliz.
Ouvi o apito do forno e abri o mesmo, pegando as duas travessas de alumínio e tirei-as com a ajuda de uma luva. Senti o cheiro do chocolate e peguei o sorvete, colocando um potinho em cada refratário e levei ambos até a sala novamente, deixando sobre os espaços onde antes estavam os pratos.
null virou o olhar para mim e a vi próxima da janela novamente, observando a torre. Sorri, tirando as luvas e deixei-as na mesa, me aproximando dela devagar. Apoiei minha mão na base de suas costas e ela segurou meu braço.
- É legal, não? – Falei.
- É calmante. – Ela disse baixo. – Acho que entendo você morar aqui, nos faz pensar em várias coisas. – Sorri.
- Está me ajudando... – Ela virou o rosto para mim.
- Foi por você. – Ela disse e franzi a testa.
- Como assim? – Perguntei e ela desviou o olhar para a mesa, seguindo até ela.
- Nápoles. – Ela suspirou, se sentando na cadeira novamente. – Eu fui para te ver. – Sorri. – Eu tinha acabado de receber a notícia da gravidez e pensei em você.
- Eu fico feliz por saber isso. – Fui até a mesa também, me sentando ao seu lado. – Que você foi me ver e que superou seu medo de Nápoles. – Ela suspirou, pegando a colher e afundou no sorvete.
- Eu não sei se era medo ou... – Ela negou com a cabeça. – Sei lá...
- Olha para mim... – Pedi, vendo-a erguer os olhos que brilhavam pela maquiagem mais forte. – Você não ia para Nápoles desde que saiu, null. Isso é algo importante. – Ela suspirou. – Apesar de tudo, fico feliz que foi para me ver. – Ela riu fracamente. – Como foi para você?
- Foi estranho. – Ela negou com a cabeça. – Eu chorei assim que eu entrei no trem, mas quando eu cheguei lá não foi tanto como eu esperava. Foi emocionante conseguir chegar lá, mas foi... Não consigo usar outra palavra além de “estranho” para descrever. – Ri fracamente.
- Vai ver não era tudo o que você pensou. – Ela colocou um pouco da sobremesa na boca.
- Eu não sei, eu não tive muito tempo, então fui só em um parque que tem lá que era onde eu ia fugir de tudo, eu vejo ali como algo bom para mim... Depois fui para o estádio. E depois voltei já para casa. – Dei de ombros.
- Eu não sei analisar essas coisas, mas vai ver isso não te afeta tanto porque não faz mais parte de quem você é hoje. – Falei. – Na época você tinha só uma avó e ela não se importava comigo, você sentia falta de uma família. Hoje você tem os Vitale, tem seus parentes de Palermo, tem seu filho, tem eu, tem a Juve... – Suspirei. – Todos somos sua família, null. E todos te queremos muito bem. – Ela deu um curto sorriso.
- Talvez sim... – Ela colocou mais um pedaço de sobremesa na boca.
- Já foi o jogo em Nápoles ou foi em casa?
- Foi em casa. – Falei. – Setembro ou outubro, não lembro... – Ela abanou a mão.
- Você pode tentar ir quando forem jogar lá...
- Vamos devagar, Gigi. – Ela pediu e ri fracamente. – Um passo de cada vez.
- Ao menos você deu o primeiro passo, isso é o importante. – Ela assentiu com a cabeça.
- Sim. – Sorri.
- Só podia ter ido me ver. – Falei.
- Não, eu não estava com cabeça para te ver ainda, principalmente que eu estava confusa ainda...
- Por quê? – Perguntei.
- Ah, Gigi, eu confesso que eu fiquei com muitas dúvidas sobre seguir com essa gravidez. – Franzi a testa.
- Por quê? Sempre foi o que você quis, não? – Perguntei.
- Sim, foi, mas encarar isso sozinha, com a presidência, imprensa toda hora em cima, paparazzi na porta de casa... – Ela soltou a respiração pesadamente antes de pegar uma colher grande e colocar na boca. – É muito para minha cabeça.
- Primeiro que você nunca vai estar sozinha, null. – Falei firme. – Você sempre vai me ter, sempre vai ter sua família, e eu ainda vou lutar para ser o pai dessa criança. – Ela suspirou. – Agora o restante... Eu sei como é complicado encarar o mundo quando tem muita gente em cima de você e você só quer espaço. – Ela ergueu o olhar para mim. – Mas você só precisa saber que tem pessoas que se importam e que sempre estarão lá por ti, mesmo que você não queira. – Ela pressionou os lábios.
- Como você tem tanta certeza disso?
- Porque uma vez eu me sentia sozinho no mundo, queria ficar sozinho, lutava para sair, treinar e melhorar, e a imprensa estava em cima sempre... – Suspirei. – Mas entre paparazzi, imprensa e todos, tinha uma menina bem enxerida me seguindo... – Ela sorriu, rindo em seguida. – E ela me ajudou muito a sair dessa.
- Você está falando de mim... – Assenti com a cabeça.
- Quando eu estava com depressão. – Peguei sua mão em cima da mesa. – Eu me senti desse jeito, tinha tudo o que sempre sonhei e quis desistir, mas alguém acreditava em mim e eu escolhi me agarrar nisso, porque normalmente mais pessoas querem seu mal do que seu bem, mas quem quer seu bem tem uma força bem maior. – Ela sorriu.
- Grazie. – Assenti com a cabeça. – Eu sinto que tudo está melhor, sabe? Mas a opinião externa é tão...
- Pequena...
- Irritante! – Ela disse por cima. – Quando eu virei presidente, só via notícias de pessoas que não se conformavam com uma mulher ser presidente. Quando eu engravidei, não se conformavam em ser mãe solteira e dividir minha atenção com outra coisa que não fosse a presidência... É contraditório demais.
- Ignora tudo isso, null. As pessoas que te julgam na internet, que fazem comentários maldosos sobre você, são as mesmas que pedem seu autógrafo em um evento e... – Ela suspirou.
- Isso é ridículo.
- É! – Falei, assentindo com a cabeça. – Só tenta ignorar tudo, não dar palco para esses idiotas. – Ela assentiu com a cabeça.
- A vantagem é que tem muita gente que apoia, sabe? Os ultras deixaram uma faixa no estádio assim que eu fui anunciada e isso me deixou feliz.
- O que eles escreveram? – Perguntei.
- “Tanto faz um homem ou uma mulher, queremos pessoas honestas para guiar nosso time, in bocca al lupo, null”. – Ela disse.
- Honestas? – Franzi a testa.
- Deve ter sido em referência ao processo do Agnelli e do John. – Ela disse, pegando a calda no fundo da embalagem.
- Eu li as matérias, algum andamento isso? – Perguntei.
- Nada ainda, mas não falo sobre isso com eles. Andrea me ajuda bastante com algumas coisas que eu tenho dúvidas e, agora eu consegui fugir pela gravidez, mas o John chegou a me convidar para jogar tênis umas quatro vezes, ele ainda é o sócio majoritário, acho que ele quer dar uma sondada nas coisas do time. – Ri fracamente. – Vejo mais a Allegra e o Lapo mesmo. – Ela deu de ombros, descansando a colher.
- Mas tudo está indo bem, não? – Falei.
- Sim, agora tudo acalmou, né?! Beh, mais ou menos, com Beppe e Andrea fora, o top cinco virou top três, mas distribuí algumas tarefas para a Sara e o Miguel, Fabio está cuidando da pesquisa de mercado, então na parte da contabilidade eu estou cuidando somente na linha de frente mesmo: contratações e renovações. O restante da presidência é mais a participação em eventos e reuniões semanais com todos os setores... – Ponderei com a cabeça.
- E tem algum momento com seu bebê? – Perguntei, vendo-a rir fracamente.
- No banho e na hora de dormir. – Sorri. – Ele se mexe muito, então eu sempre acabo aproveitando. – Ela levou as mãos ao local, acariciando-a e sorri. – E todo fim de mês eu tenho pré-Natal.
- Você combina com isso, null. A gravidez, a barriga. – Ela sorriu. – Só queria estar mais perto de você. – Ela suspirou.
- Mesmo que você decida realmente voltar para nós, até lá já vai ter nascido. – Ela disse.
- Quem sabe ainda não dá tempo de fazer outro? – Falei e ela revirou os olhos. – Muito cedo?
- Muito! Esse aqui ainda precisa sair daqui. – Ela apontou para barriga, me fazendo rir.
- Tudo bem, eu espero e fico brincando com esse aí até a hora. – Ela negou com a cabeça.
- Bobo. – Sorri.
- E seu medo da imprensa, passou? – Perguntei.
- Não temos uma ótima relação ainda, mas eu já sei domar melhor. – Ela disse rindo. – Angela disse que posso aproveitar a gravidez para dar fotos e notícias sobre a gravidez que eles acabam me deixando em paz por causa das outras coisas, vou tentar, porque estamos cheios de jogos sérios agora no fim do ano e não tenho paciência para lidar com tudo. – Rimos juntos.
- Vocês já passaram na Champions? – Perguntei.
- Já sim! Vamos só cumprir tabela, vamos para Berna, jogar contra o Young Boys. – Ela disse. – E vocês? – Ela apoiou o cotovelo na mesa e a mão no queixo.
- A gente ainda depende do último. – Falei e ela revirou os olhos.
- Ai, Gigi! Sério? – Ela disse e ri fracamente.
- Sim! Estamos com oito pontos, Napoli com nove e Liverpool com seis. Jogamos contra o Red Star e precisamos vencer. – Ele suspirou. – Senão dependemos da derrota do Liverpool em cima do Napoli.
- Beh, o Red Star não deve dar tanto trabalho...
- Não, mas eles querem a vaga na Europa League e, para isso, dependem ganhar da gente. – Falei. – Se eles ganharem de nós e o Napoli do Liverpool, muda tudo, na verdade. – Pensei um pouco. – Nós vamos para a Europa League.
- Seria um tanto poético, não? – null disse. – Você sai da Juve e vai jogar na Europa League. – Ela deu de ombros e pressionou os lábios.
- Não tem graça, null! – Ela riu.
- Tem sim! – Ela tombou a cabeça para trás. – É a ironia da vida. Todo mundo fica falando do universo controlando as coisas, pois então! – Ela sorriu.
- Você é malvada. – Falei.
- Vingativa, na verdade! E eu nem preciso fazer nada por isso. – Sorri.
- Malvada. – Falei, vendo-a rir fracamente.
- Tem algumas coisas poéticas na vida. – Ela deu de ombros e neguei com a vida. – É para você aprender a não fazer besteira.
- Eu não estou fazendo nada! – Falei.
- Você está jogando no PSG, Gigi, fala sério! – Ela disse, me fazendo rir fracamente. – Não combina, não faz sentido e é muito estranho ouvir o narrador durante os jogos.
- Está me acompanhando? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça.
- Quando dá. Acaba que os jogos se encontram. – Ela ponderou com a cabeça. – Mas brincadeiras à parte, como estão as coisas lá?
- Estão bem, mas tem muita coisa diferente, sabe? – Cruzei os braços, apoiando o corpo na cadeira. – E não digo só a cidade, o CT, os jogadores... Falo do jogo em si, não ser mais capitão, ficar no banco... – Ela riu fracamente.
- Escolhas, Gigi! – Ela deu de ombros. – Na Juve pode não ser tão excitante quanto uma nova liga, novo time, novos colegas, mas você tinha o protagonismo que merece.
- Eu nunca liguei para protagonismo, null, você sabe. – Falei. – Se me importasse, não teria ficado na Serie B. É só diferente.
- E o pessoal? Eles são legais? – Ela perguntou.
- Sim, não sei se sou eu que acabo me dando bem em qualquer lugar ou o time que me acolheu muito bem, mas tem muitos conhecidos do mundo do futebol. – Falei. – Falo muito com o Thiago e o Marquinhos que são minha defesa. Aí tem o Dani que jogou com a gente, então acabo ficando mais com os brasileiros. – Ponderei com a cabeça. – Aí puxa Neymar, que puxa Mbappe, que puxa Cavani... – Ela assentiu com a cabeça. – Tem o Verratti italiano, Alphonse que é goleiro também, Rabiot que tem bastante interesse no futebol italiano.
- Adrien? – Ela perguntou.
- É. – Falei.
- Miguel falou dele esses dias, vou dar uma olhada. – Ela comentou.
- Vai tirar meus colegas de mim? – Perguntei, ouvindo-a rir fracamente.
- Beh, meu trabalho ainda continua, Gigi. – Ela deu de ombros e sorri.
- Ele é bom! – Falei, confirmando com a cabeça. – Quem sabe dois pelo preço de um? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Eu não vou falar sobre isso contigo. – Ela disse.
- Por que não? Por que eu não sou mais do time? – Falei.
- Não, porque se você quer voltar para a Juve, tem um motivo para você ter saído e isso comprova todas as minhas suspeitas, mas sei que você não vai falar sobre isso, então é melhor fugir do assunto. – Ela deu de ombros.
- Você é boa! – Falei e ela revirou os olhos, desviando o olhar de mim.
- DIO MIO! – Ela se levantou rapidamente, me assustando.
- O que foi? – Perguntei.
- São quase três da manhã, Gigi! Eu tenho que ir. – Ela disse rapidamente e me levantei com ela.
- Fica! – Pedi. – Amanhã te levo para o hotel.
- Não, Gigi, eu não posso. – Ela disse, juntando as embalagens.
- Deixa, null! – Falei, tocando sua mão. – Fica aí! Tem o quarto de reservas, você pode dormir lá.
- Gigi, não! – Ela disse firme. – Amanhã você tem treino, não?
- Tenho, mas...
- Então pronto! Eu vou para o hotel, durmo lá, o trem é as nove, acho. – Ela seguiu até seus sapatos e trocou meus chinelos grandes nela pelos saltos.
- Deixa eu te levar, então. – Pedi.
- Não, eu peço um Uber, não se preocupe. – Ela disse e suspirei.
- null, eu...
- Foi o que combinamos, não foi? – Ela disse, seguindo em minha direção novamente. – É só um jantar com sobremesa e uma conversa gostosa.
- Foi gostoso, não foi? – Falei, levando minhas mãos até sua cintura.
- Foi sim. – Ela disse. – Sempre é bom com você. – Ela apoiou a mão em meu peito e deixou um beijo em minha bochecha. – Se cuida, está bem?
- Você também. – Falei, dando um beijo em sua bochecha. – E cuida desse pãozinho aqui. – Levei as mãos para sua barriga, acariciando-a devagar. – A gente vai se ver em breve.
- Você sabe onde me encontrar, Gigi. – Ela disse e me ajoelhei para deixar um beijo em sua barriga. – Não faz isso...
- Por quê? – Acariciei o local.
- Porque eu morro de amores assim e você é um puttano. – Ri fracamente, dando outro beijo antes de me levantar.
- Eu vou compensar tudo, null. – Falei, dando outro beijo em sua bochecha.
- Já pedi para você parar. – Ela disse e suspirei.
- Vai ficar tudo bem. – Falei e ela bufou.
- Eu te odeio! – Ela disse, me fazendo rir fracamente.
- Eu sei, eu sei! – Abanei a mão, ouvindo-a rir fracamente e levar a mão até meu rosto.
- Se cuida, de verdade. – Ela disse e estalou um beijo em minha bochecha.
- Eu vou. Vocês também. – Falei, segurando sua mão em meu rosto e entrelacei os dedos. – Tem certeza de que não quer ficar?
- Tenho, vou chamar o Uber. – Ela disse.
- Deixa, eu peço para o porteiro. – Falei, seguindo até o interfone e puxei o mesmo, ouvindo-o tocar uma vez antes de ser atendido.
- Boa noite. – Ele atendeu.
- Pierre, é o Buffon do último andar, poderia chamar um táxi para ela, por favor?
- É para já! – Ele disse e desliguei o mesmo.
- Pronto. – Falei.
- Vamos lá, então. – Ela disse e peguei meu paletó, colocando-o em seus ombros.
- Aqui, deve estar frio lá embaixo. – Ela virou para mim e assentiu com a cabeça.
- Eu te devolvo...
- Pode ficar. – Falei e ela suspirou.
Segui até a porta e a abri, vendo-a sair na minha frente. Ela chamou o elevador e eu puxei a porta. Esperamos alguns segundos e as portas se abriram. Entramos no mesmo e fomos em silêncio até lá embaixo.
- Senhor Buffon, logo estão chegando. – Pierre disse.
- Merci. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Você vai ficar bem? – Perguntei, e ela segurou minha mão.
- Sim. – Ela assentiu com a cabeça, entrelaçando os dedos e sorri, apoiando minha cabeça na dela.
Ficamos em silêncio até a chegada e ela manteve minha mão próxima de si e os olhos fechados. Tudo havia sido incrível, mas eu aceitaria ficar mais um pouco com ela assim. Só sentindo o cheiro de seu perfume, sua respiração e a barriga colada na minha, principalmente quando o bebê chorava. Era uma delícia.
- Chegou. – Pierre disse, nos distraindo e null ergueu o olhar para o meu.
- Fica bem. – Ela disse, acariciando minha nuca e assenti com a cabeça.
- Você também. – Dei um beijo em sua testa e ela sorriu, pressionando os lábios. – E boa viagem.
Ela assentiu com a cabeça e seguiu para fora do prédio apertando meu paletó contra seu corpo, Pierre abriu a porta para ela e null entrou. Seus lábios se mexeram para falar com o motorista e ela virou o olhar para mim novamente para dar um último aceno. Retribuí enquanto o carro se afastava pela rua, me fazendo suspirar e pressionar os lábios. Vi o carro se afastar e voltei para dentro.
- Boa noite, Pierre.
- Boa noite, senhor Buffon! – Ele disse e segui para o elevador, apertando o botão para o último andar novamente.
Capitolo centodiciassette
Parei o carro em frente ao Royal Park I Roveri e um valet abriu a porta para mim. Peguei meu sobretudo, a bolsa e saí do mesmo. Coloquei o casaco, ajeitando-o na gola e assenti para o valet, dando a volta no carro e segui em direção à entrada. Dei mais um aceno de cabeça e entrei com facilidade no local.
O jantar de Natal do time era uma tradição fazia uns cinco ou seis anos, jogadores, esposas, namoradas e filhos, para os que gostavam de trazer, muitos preferiam a bagunça da festa de Natal, acionistas e conselho. Diferente dos outros anos, dessa vez eu era a presidente, e a pressão não estava muito a favor, mas para quem conseguiu ficar umas quatro horas com Gigi sem falar besteira e sem terminar em sua cama, eu me sentia no lucro.
Observei o local e algumas pessoas já tinham chegado. A mudança de temperatura brusca já me fez deixar o casaco na rouparia e entrei. Tirando alguns jogadores e suas namoradas, encontrei Pavel, Agnelli, Deniz, Allegra e Fabio. Ao menos Andrea veio.
- Chefa! – Sorri ao ver Mario, Sami e Emre logo na entrada.
- Ciao, ragazzi. – Cumprimentei os três com um beijo. – Vocês estão bonitos.
- Você também! – Eles sorriram e apoiei a mão no ombro de Sami.
- Como está nossa mascote? – Mario perguntou e ri fracamente.
- Ela está bem, está calma depois da última vitória. – Ele riu fracamente.
- Patrocinada pelo titio Mario. – Sami disse, nos fazendo rir, menos Mario.
- Não fiz nada. – Falei, dando de ombros e eles riram. – Bom jantar, meninos.
- Você também, chefa! – Eles disseram e andei mais um pouco pelo salão, encontrando meus colegas do administrativo.
- Buona notte, ragazzi. – Falei e Andrea foi o primeiro a sorrir para mim.
- Aí ela! – Ele disse, me fazendo rir e me abraçou.
- Como você está? – Perguntei.
- Estou bem, melhor ainda por saber que o time está em boas mãos. – Ele disse, me fazendo rir.
- E eu aguentando bombas. – Brinquei, cumprimentando Pavel e depois Deniz.
- null, você está linda! – Ela disse, me fazendo rir.
- A gravidez fez bem a ela. – Allegra disse e sorri, seguindo para a mesma.
- Beh, não posso negar que estou feliz. – Apoiei a mão em cima da barriga, ouvindo-os rirem.
- Agora que passou o surto, ela está muito bem. – Pavel disse e dei dois rápidos beijos nele e depois em Fabio.
- Ela está sendo incrível mesmo. – Agnelli disse, me fazendo sorrir.
- Vocês me deixam a bucha e eu encaro. – Dei de ombros. – Fazer o quê? – Eles riram.
- Faz muito bem! – Allegra disse e sorri. – Já sabe o sexo, querida?
- Já sim, é uma menina! – Sorri.
- Ah, que delícia, vai ser linda como você. – Sorri.
- Grazie, grazie.
- Já decidiu o nome? – Deniz perguntou.
- Sienna! – Falei sorrindo. – Tem um significado especial para mim.
- É muito bonito! – Ela disse e pisquei.
- Scusi, ragazzi. Vou falar com o restante do pessoal. – Falei.
- Vai lá. – Eles disseram e segui pelo ambiente.
- Chefa! – Pinso sorriu ao me ver e abracei-o, sentindo dois beijos em minha bochecha e as mãos em minha barriga. – Ciao, amore! Titio Pinso aqui! – Ri fracamente, vendo Leo ao seu lado.
- Ciao, Leo!
- Ciao, null! – Ele sorriu, desviando de Pinso para me dar um beijo na bochecha.
- Então, cadê Martina? – Perguntei.
- Eu não estou mais com a Martina tem um ano e meio, null. – Ele disse rindo e passei a mão em seu paletó.
- Então quem está te fazendo sorrir igual um palhaço? – Ele desfez o sorriso.
- Olha, isso é invasão de privacidade. – Ele disse, me fazendo rir.
- É que você nunca foi o tipo de pessoa que escondesse alguma coisa. – Falei e ele suspirou.
- Eu quero saber se ela quer a mesma coisa que eu antes de... – Revirei os olhos.
- Espero que sim, porque você está muito, muito apaixonado! – Ele riu fracamente e virei para Pinso. – Acabou a brincadeira?
- Ah, ela está quietinha hoje! – Ele disse, me fazendo rir.
- É o frio! – Sorri. – Scusi, ragazzi.
- Vai lá, chefa! – Eles disseram e andei pelo local, cumprimentando alguns acionistas como eu, outros meros conhecidos e logo parei em Tek e Marina, sua esposa, e o bebê no colo que deveria ser seu filho.
- Ragazzi. – Me aproximei.
- null! – Tek disse e cumprimentei-o rapidamente. – Amor, se lembra da null? – Sorri para a cantora.
- Claro que sim! – Ela disse, me cumprimentando rapidamente. – Parabéns pela presidência, fiquei muito feliz por ter uma mulher comandando tudo isso. – Ri fracamente.
- Beh, está dando certo. – Ri fracamente. – E quem é esse lindo? – Vi o bebê olhando curioso para mim.
- Esse é o Liam. – Marina disse.
- Oi, lindinho. – Toquei delicadamente seu nariz, vendo-o olhar diretamente para minha barriga.
- Ele está curioso. – Tek disse, me fazendo rir.
- É uma amiguinha para você! – Passei as mãos na barriga. – Ela chega em breve! – Falei com tom infantil e ele balbuciou, me fazendo rir fracamente. – Lindinho.
- Estamos empolgados com isso. – Dybala apareceu atrás de mim, me assustando. – Ciao, chefa!
- Ciao! – Falei, rindo fracamente e cumprimentei-o, vendo Oriana, sua namorada ao seu lado. – Oriana.
- null! – Ela me cumprimentou. – Parabéns pela presidência!
- Vocês são uns amores. – Sorri. – Agradeço o carinho.
- Ah, a gente vai te dar muito mais do que só carinho. – Dybala se abaixou para falar com minha barriga. – Não é, minha lindinha? Titio Paulo está empolgado em te ver. – Ele falou no mesmo tom infantil que eu tinha usado com Liam e ri fracamente.
- Temos quase quatro meses ainda, Paulo, vamos com calma. – Passei a mão em seu ombro e ele se levantou.
- Eu sei, mas falam que os bebês reconhecem quem conversa com eles na barriga, quem sabe ela não me reconhece? – Ele deu de ombros.
- Não com essa voz de tonto! – Tek disse, nos fazendo rir e Paulo fez uma careta.
- Divirtam-se, ragazzi.
- Você também, chefa! – Os homens disseram e as mulheres sorriram.
O pessoal chegava aos poucos e o local começava a ficar mais cheio. Alguns eu parava para conversar, outros eu dava rápidos cumprimentos, até que finalmente vi Chiello e Carolina, fazendo-a dar um largo sorriso quando me aproximei.
- Você está li-i-inda! – Carolina disse, me fazendo rir e abracei-a apertado. – null! – Ela suspirou. – Olha isso! Posso?
- Claro! – Falei, rindo fracamente e ela levou as mãos em minha barriga.
- Ah, que delícia. – Ela suspirou. – Mal vejo a hora para minha estar assim também. – Arregalei os olhos.
- Você está grávida?
- Sim! – Ela disse e abri a boca surpresa, abraçando-a apertada.
- Ai, gente! Parabéns! – Senti as lágrimas deslizarem pela minha bochecha. – Isso é incrível, sério! Estou tão feliz por você.
- Nós também estamos felizes por você. – Ela disse. – Vai dar tudo certo, te garanto. – Franzi os olhos.
- Chiello...
- Ele me contou. – Ela disse.
- Chiello! – Falei.
- Ei, é a minha esposa! Se a namorada do Barza sabe, ela tem o direito de...
- O que minha namorada sabe? – Barza apareceu ao nosso lado com Ada.
- Barza! – Chiello disse animado, me fazendo rir.
- A verdadeira fonte dessa lindinha aqui. – Falei baixo, levando as mãos até minha barriga.
- Relaxa, seu segredo está salvo comigo, mas não posso fingir e dizer que estou muito feliz por isso. – Carol disse e sorri.
- Amo vocês! – Falei, suspirando. – Já teria enlouquecido sem vocês. – Virei para Barza que sorriu.
- Como você está? – Ele me abraçou apertado e fiz o mesmo, sentindo dois beijos em minha bochecha.
- Tudo bem e contigo? Soube da lesão. – Falei e ele suspirou.
- É, dessa vez foi sério, devo ficar uns dois meses fora. – Ele disse e bufei baixo, cumprimentando Ada.
- Ai, que droga, Barza! – Suspirei. – Outra liderança no vestiário é sempre bom.
- Ah, eu desço lá, não se preocupe! – Ri fracamente.
- Precisamos, nosso fim e começo de ano estão lotados. – Suspirei.
- Vai dar tudo certo, a começar com Young Boys na quarta-feira. – Ele disse.
- É, mas depois temos Torino, Roma, Atalanta e Sampdoria até a virada. – Falei, vendo-o rir fracamente.
- Vai dar certo. – Ri fracamente.
- Eu vou ser a presidente chata e falar que precisamos. – Eles riram.
- Ei, você vai dar um discurso esse ano, né?! – Chiello disse, me fazendo rir.
- Sim, vou. – Suspirei. – Preciso pensar ainda no que falar. – Eles riram.
- Vai dar certo. – Barza disse e suspirei.
- Beh, queria ficar conversando só com vocês, mas preciso dar uma volta. – Apoiei a mão no ombro de Adalina. – Bom jantar.
- Vai sentar conosco? – Chiello perguntou.
- Presidente, capitão. – Me indiquei e depois ele. – Acho que sim! – Rimos juntos. – Até já.
- Até! – Eles sorriram e segui andando pelo salão.
Passei as fotos uma a uma, focando na barriga de null nas fotos do jantar de Natal do time feminino e apoiei a mão no rosto, suspirando. null podia negar o quanto quisesse, mas ela sempre combinou com os holofotes e estava sendo perfeita como presidente, e tenho certeza que não só nas fotos. Foram sete anos e meio lidando bem com a contabilidade e nenhum problema, agora deveria continuar sendo incrível.
Isso sem contar na barriga dela. Ela ficava lindo e o preto e o branco evidenciavam-na e deixavam-na mais linda ainda. Quem diria que ela fosse realizar o sonho dela? E eu infelizmente não estava lá.
Sei que talvez tudo acontecesse de forma diferente se ela não tivesse dado aquele basta, se eu não tivesse saído e tudo mais, mas fico feliz por ela ter conseguido seguir em frente, isso quer dizer que mesmo eu dizendo que não, ela acredita fielmente que eu não vou voltar e tudo o que eu falo não passa de besteira.
Isso é péssimo para minha chance de reconquistá-la, mas agora viria a calhar, ela tinha bastante coisa para se distrair, só faltava eu me distrair até o fim da temporada, o que faltava ainda seis meses, cinco e meio, na verdade, raramente íamos até junho, a não ser em final de Champions, mas não mais do que a primeira semana.
Em compensação, o fim de ano seria diferente. Nós tínhamos jogo amanhã, dia 18 e depois dia 22, aí voltávamos só para a primeira semana de janeiro. Agora a Juve, pelo que eu vi, eles teriam um jogo entre o Natal e o Ano Novo. Mas eles estavam indo muito bem, tirando dois na Champions, eles não perderam nenhum. Parece que eles estavam bem emotivos.
- Ei, Gigi! – Ergui o olhar, vendo Rabiot se sentar no lugar vago ao meu lado. – O que está fazendo sozinho aqui?
- Ei, Adry! – Sorri.
- Trouxe uísque para você, quem sabe não esquenta? – Ele deslizou o copo para mim.
- Merci. – Sorri, dando um gole na bebida e guardei o celular dentro do bolso.
- Então, parece que alguém não está empolgado em vir. – Ele disse e ri fracamente, erguendo o rosto e vendo a decoração de Natal da festa do time.
- Ah, não é isso, só queria estar em outro lugar. – Suspirei. – Com outra pessoa.
- Sua mulher? – Ele perguntou e eu suspirei, rindo fracamente.
- É, pode-se dizer que sim. – Ri fracamente.
- Você sente muita falta de lá, não sente? – Olhei rapidamente em volta, vendo as mesas vazias e a maioria do pessoal dançando na pista de dança ou conversando entre si.
- Não sei se eu passei muito tempo lá, se sinto falta das pessoas, mas acho que nunca vou encontrar um lugar como a Juve. – Falei.
- As pessoas falam como eles são legais... – Adry disse. – Dani disse muito quando veio para cá. – Ri fracamente.
- Jogadores são todos iguais, a gente faz farra por onde passa, sempre me dei bem com as pessoas, mas o staff e o administrativo são mais...
- Acolhedores? – Ele perguntou.
- É! – Falei, rindo fracamente. – Não sei se era a null que sempre deu liberdade para os meninos, mas era gostoso.
- E essa null é a sua mulher? – Ele perguntou e ri fracamente.
- É óbvio? – Virei para ele.
- Você sorri sempre que fala dela, aposto que não é uma qualquer.
- Não, não mesmo. – Suspirei. – Ela é presidente da Juventus hoje.
- Mesmo? – Ele disse surpreso.
- Sim. – Suspirei. – Mas nos conhecemos quando ela não era nada ainda, quando eu não era nada ainda...
- Você foi para Juve como maios transferência de goleiro, Gigi. – Ele disse e ri fracamente.
- É, mas para ela isso não significava nada. – Suspirei. – Então fomos crescendo juntos, eu no futebol, ela na contabilidade... – Dei um curto sorriso. – Tivemos nossos momentos.
- E como é esse relacionamento? Ela lá, você aqui? – Ri fracamente.
- Apesar de eu amar dizer isso, não namoramos... E não temos nenhum tipo de relacionamento oficial, na verdade, só algo meio platônico e complicado... – Suspirei, bebendo mais um gole.
- Mas você quer... – Ele disse, me fazendo rir.
- Não estaria aqui se não quisesse, amigo. – Falei e ele riu fracamente.
- Então, tem um motivo para você estar aqui... – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Sim, mas prefiro não falar disso aqui. – Suspirei. – Sou muito grato por tudo que o PSG está fazendo comigo, mas meu lugar não é aqui. – Ele assentiu com a cabeça.
- Ao menos eles finalmente puderam usar alguém para fazer o Papai Noel do time. – Ri fracamente, vendo minhas imagens como bom velhinho na propaganda do time passar pelos telões.
- É, foi divertido! – Falei, rindo fracamente. – Nunca me escolhem para propaganda de Natal, e confesso que agradeço, mas são divertidas. – Ele riu fracamente.
- Acho que te zoaram pela idade. – Ri fracamente.
- Eu tenho certeza disso! – Sorri. – Mas não ligo, se eu ligasse para a idade, teria me aposentado com 36. – Rimos juntos.
- Onde é o CT da Juve? – Ele perguntou.
- Estava em Vinovo até ano passado, que é em um distrito de Turim, minha casa fica lá, por sinal. Mas agora eles mudaram para Continassa que é junto do estádio. – Falei.
- Dentro da cidade? – Ele perguntou.
- Sim! – Falei, assentindo com a cabeça. – Eu não conheço, mas vi algumas fotos e é bem bonito. – Ele assentiu com a cabeça.
- E o técnico? – Ele perguntou.
- Massimiliano Allegri. – Falei. – Italiano, ele não treinou times de fora. – Falei.
- Foi ele que levou vocês para Champions? – Ele disse.
- Sim, duas finais em três anos. A primeira foi logo no primeiro ano dele. – Ele falou.
- Uau! Isso é incrível. – Ele disse.
- Não ganhamos, mas... – Ele riu fracamente.
- Nem sempre as coisas são para acontecer, Gigi. – Ele disse e ri fracamente.
- É, você está certo. – Sorri. – Mas, ei, por que todas essas perguntas? Algum interesse? – Perguntei e ele suspirou.
- Ah... – Ele riu fracamente. – Eu tenho quase 24 anos, nunca saí da França e só joguei no PSG, tirando seis meses de empréstimo quando era mais novo. – Ele disse e assenti com a cabeça. – Tive poucas aparições nessa primeira parte do ano... Talvez uma mudança seja o ideal. – Assenti com a cabeça. – E a Juve é famosa, consistente, parece ser acolhedora... – Sorri.
- Você ia gostar. – Ele retribuiu.
- Só não sei se minha família ia gostar disso. – Ri fracamente.
- Tem namorada?
- Não, não, mãe mesmo! – Ele disse, me fazendo rir.
- Rigorosa? – Ele suspirou.
- Até demais! – Ele disse rindo. – E é minha empresária.
- Ah, complicado, então! – Disse rindo.
- É, mas talvez uma mudança nos ares não seja ruim. – Assenti com a cabeça.
- Se for realmente sua intenção, posso cortar caminho para você. – Falei.
- É, claro! Vai ser ótimo! – Ele disse rapidamente. – Vamos conversando?
- Claro! Eu talvez tenha um probleminha com a responsável por isso, mas ela costumava ouvir minhas indicações. – Ele riu fracamente.
- null?
- É! – Ele riu fracamente.
- Ai, eu não sei o que é estar apaixonado assim desde minha primeira namorada, mas você precisa se mexer. – Ele se levantou. – Vem, somos franceses, mas nossos raps são legais. – Ele indicou a mão e virei o restante do uísque na boca antes de me levantar com ele.
- ! – Pisquei rapidamente, finalmente focando na taça cheia em minha mão e ergui, vendo Chiello, Leo, Barza, Carol e Ada olhando para mim.
- Oi. – Falei, piscando mais algumas vezes.
- Está tudo bem? – Chiello perguntou e eu suspirei. – Você está quieta há uns 10 minutos.
- Eu só estou nervosa. – Suspirei, mordiscando meu lábio inferior.
- Está tudo bem? Sienna está bem? – Barza apoiou a mão em meu ombro.
- Sim, sim... – Segurei sua mão, abaixando-a. – Só estou nervosa pelo discurso. – Suspirei, erguendo a taça de água e dando um gole na mesma.
- Vai dar certo, chefa! – Leo disse. – Você é ótima! – Ri fracamente.
- É, mas eu nunca discursei para ninguém antes... Beh, só nas reuniões de aprovação de orçamento... E na de acionistas... – Ponderei com a cabeça e eles riram.
- Pois então! – Chiello disse, me fazendo rir.
- É, mas nunca me coloquei em frente ao time. Meus funcionários, meus jogadores, minhas jogadoras... – Levei a mão à cabeça, tomando cuidado com o penteado.
- Você sabe o que falar? – Leo perguntou.
- Sim! E não, porque parece que estou esquecendo. – Suspirei e eles riram.
- Relaxa, null. Nós estaremos ao seu lado quando você subir. – Leo disse e sorri.
- Vai, null, mostra do que as mulheres são capazes! – Carol disse, me fazendo rir.
- Virginia?! – Leo disse surpreso e virei o rosto, vendo-a vir em nossa direção.
- Está na hora? – Perguntei e ela pressionou os lábios, assentindo com a cabeça. – Ah, espera! – Virei o restante de água na boca e troquei de taça com Leo, pegando.
- Oh, isso é vinho! – Leo disse apressado e puxou a taça da minha mão, afastei o corpo para não cair em meu vestido branco.
- Relaxa, null! Vai dar certo. – Virginia disse. – Seu discurso é o melhor dos cinco anos que eu estou aqui no time. – Ela disse e ri fracamente.
- Tentando fazer eu me sentir melhor? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Não, só estou sendo honesta. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Ok, me desejem sorte. – Ajeitei as mangas do vestido.
- Boa sorte! – Os seis disseram e levei as mãos até a barriga.
- Vamos, amor. Força para mamãe! – Suspirei, virando para Virginia. – Vamos lá! – Ela assentiu com a cabeça e suspirei, seguindo com ela.
- VAI, CHEFA! – Ouvi os jogadores do masculino e feminino gritarem por mim e ri fracamente.
- XI! – Angela reclamou e ri fracamente.
Segui com Virginia entre os jogadores e passei pela cortina que dividia a concentração e as mesas da tradicional festa de Natal do time. Já tinha sido a recepção, onde conversei com diversas pessoas, depois entramos e o jantar foi servido. Eu mal toquei na minha comida e graças a Deus eu já tinha passado pelas azias e enjoos que Sienna me causou no começo da gravidez, agora era só o nervosismo mesmo.
Essa era a primeira vez que eu discursava em frente ao meu time. Acho que oficialmente podia falar isso. Meu time. E eu não fazia a mínima ideia de como fazer isso. Durante anos, eu ouvi todos os presidentes, até Andrea, discursarem sobre exatamente a mesma coisa: resultados, vitórias, prêmios, e tudo o que é de mais óbvio quando se fala de uma empresa de futebol onde o foco é o lucro.
Eu queria muito sair disso. Focar em algo diferente, mostrar que as coisas podem ser diferentes, mas todo discurso em minha cabeça parecia ter sumido. Talvez eu devesse ter parado de me preocupar com o que era bonito ou não e ter trazido minha cola sim, mas agora era tarde.
- Você sobe, recepciona, os chama e...
- Eu sei, Gini! Eu sei! – Dei um toque no ombro de Virginia e ela assentiu com a cabeça.
- Quer ajuda? – Ela perguntou.
- Não, está tudo bem. – Suspirei. – Vou lá. – Ela assentiu a cabeça e fui pelo canto do palco, segurando a barra do meu vestido e subi degrau por degrau, seguindo para o palco e me aproximei da mesa de som.
- Aqui, senhora! – O DJ disse, me esticando o microfone e segurei-o firme, sentindo minhas mãos doerem, frio, nervosismo ou ambos. – Eu abaixo o som quando a senhora começar a falar.
- Grazie. – Sorri, me colocando na frente da mesa de som, respirando fundo algumas vezes.
Olhei para as pessoas à minha frente, vendo algumas à mesa, outras em grupinhos conversando e algumas dançando à frente das mesas e respirei fundo. Pense que você vai dar discursos factuais, null. Números, valorização e desvalorização do clube e dos jogadores, nada demais. Algo que você já fez diversas vezes.
- Scusa... – Falei, sentindo minha voz falhar um pouco. – Scusa, Signori! – Falei com mais firmeza, ouvindo a música ser abaixada progressivamente e algumas pessoas já desviaram o olhar para mim quando a luz do palco ficou mais forte e as pessoas começaram a subir aos poucos. – Buona notte, signore e signori. – Falei, descansando a mão em minha barriga. – Gostaria de tirar alguns minutos para conversar com vocês, logo voltamos à festa com a música de Danielle Rosso. – Indiquei-o que sorriu, assentindo com a cabeça. – Para os que não me conhecem ainda, eu sou null null, atual presidente da Juventus, mas trabalho e frequento essa festa há 17 anos. E há oito anos, como diretora de contabilidade. – Falei e ouvi os aplausos, me fazendo dar um curto sorriso. – Antes de começar, gostaria chamar o palco para me acompanhar, meu vice-presidente, Pavel Nedved... – As pessoas aplaudiam conforme eu chamava.
“Nosso diretor de esporte do time masculino, Fabio Paratici. O diretor de esporte do time feminino, Stefano Braghin. O técnico do time masculino principal, Massimiliano Allegri, a técnica do time feminino principal, Rita Guarino, e suas respectivas equipes técnicas. E, por último, os capitães dos dois times, Giorgio Chiellini e Sara Gama, junto dos times principais”.
Indiquei a frente do palco e os holofotes foram para o corredor central, onde os técnicos e jogadores entraram sob os aplausos do pessoal. Os administrativos subiram ao palco e Pavel me deu um rápido cumprimento, me dando força ao segurar minha mão e assenti com a cabeça. Todos subiram no palco e fizeram um “C” à minha volta. Eles não estavam tão perto quanto eu gostaria, mas ao menos era um apoio.
- Ok, vamos lá. – Falei, vendo as luzes voltarem para mim e suspirei. – Copiando meu antecessor em seu primeiro discurso na festa de Natal de 2010, eu quero me colocar oficialmente na frente de vocês. Eu me tornei presidente em agosto, mas iniciei aqui como estagiária na área de contabilidade e fui crescendo até chegar à minha posição hoje... – Suspirei, parando por um momento.
“Durante meus 17 anos de Juventus, durante as 17 festas de Natal que eu estive presente, eu sempre ouvi a mesma coisa: vocês precisam nos mostrar resultados, vocês precisam vencer, vocês precisam trazer troféus para o time, e muito mais. Mas eu quero fugir um pouco disso, e não quero fugir porque nossos times não perderam nenhum jogo do campeonato nessa temporada”. – Ouvi as risadas do pessoal.
“Eu quero fugir desse tradicional, por dois motivos. Primeiro porque eu não quero causar aquele amargor na boca do estômago que eu conheço muito bem quando começamos a falar de resultados”. – Ouvi as risadas. – “E segundo que estamos aqui para celebrar o Natal. Nos reunimos aqui anualmente para celebrar essa data muito importante, então acho que podemos esquecer de futebol por um tempo... Beh, até sábado”.
“Não sei se muitos de vocês sabem, mas minha família é diferente da de todos vocês. Ela começa igual: uma mãe, um pai, uma família feliz, mas a vida tinha outros planos para mim e, depois de me perder em alguns lugares errados, eu me encontrei aqui, nesse time. Jogadores antigos como Del Piero, Nedved, Trezeguet, Buffon, Camoranesi, Thuram, Cannavaro e outros, me disseram uma vez que aqui era minha família, que eu podia contar para o que precisasse que eu sempre teria alguém para me apoiar”.
“Quando você tem 19 anos, está entrando em um ambiente totalmente novo, desconhecido e com vários jogadores bonitos e simpáticos, você pensa que isso é besteira. Que é só mais uma forma de fazer você se sentir parte de algum lugar, mas acaba sendo aquela mesma ladainha de sempre.” – Suspirei, ouvindo algumas risadas atrasadas dos meninos pelos “jogadores bonitos”.
“Mas aqui não foi isso. Eu consegui criar realmente uma família, seja pelos colegas do meu setor, seja pelos funcionários de todas as áreas que eu tenho relação e, principalmente, pelos jogadores. Quando um jogador que saiu do time e se torna nosso rival, vem falar comigo, eu sinto que deixei alguma marca nessa pessoa e que tudo valeu à pena. Quando os jogadores me tratam como amiga, tratam minha criança com carinho, sei que fiz algo”.
“E tudo isso, creio que vem da forma que esse time é gerido. Apesar da hierarquia, que é inevitável em um trabalho como esse, a família Agnelli conseguiu trazer o conforto de uma grande família italiana a um time de futebol e deixa sua marca e seu estilo em cada funcionário, cada contratação e cada nova decisão, inclusive a decisão em me tornar presidente desse time. O começo foi turbulento, o trabalho não é fácil e nem simples, junte uma gravidez e tudo fica mais complicado ainda”. – O pessoal deu risada.
“Mas não seria do feitio de uma juventina negar o pedido da nossa Velha Senhora sem ao menos tentar. Nenhuma mudança em nossa personalidade ou em nosso estilo de vida vem com conforto, se fosse assim não se chamaria de mudança. Então, hoje me coloco aqui, em frente a todos vocês com a certeza de que sim, existe um medo em comandar o maior time da Itália, mas também existe a força, garra, vontade e a grinta de ajudar de forma mais enfática nosso time a ser campeão...” – Minha voz sumiu com os gritos e aplausos, me fazendo sorrir.
“Então, finalizando, gostaria de me colocar em frente a vocês, dar a cara a tapa e dizer que vocês não estão sozinhos, eu estou aqui e estou pronta para lidar com o que vier. O time está em remodelação novamente, e isso não vem de forma fácil, pessoas vêm e vão, mas precisamos continuar dando nosso melhor e enfrentar todos os adversários que vier, dentro e fora de campo, sem perder nessa essência. Essa essência aqui!”
- Gostaria de pedir para os garçons distribuírem taças para todas as pessoas que estão de mãos vazias e fazer um brinde comigo. Ao nosso time, à nossa equipe, a vocês e às suas famílias, que esse Natal seja cheio de luz, paz, amor, união e que o Ano Novo chegue com muita esperança e, claro, para não passar em branco, muitas vitórias. – Finalizei, ouvindo os aplausos, gritos e assovios animados dos jogadores à minha direita e virei o rosto para o lado, vendo Chiello e Barza sorrindo para mim com polegares positivos nos dedos.
- null. – Pavel me esticou uma taça com água e sorri, estendendo-a para frente.
- À Juventus. – Falei.
- À Juventus. – O coro foi ouvido e sorri, dando um gole na mesma antes de me afastar para trás e entregar o microfone para o DJ de novo.
- Você foi demais! – Pavel sussurrou e suspirei, relaxando meu corpo.
A música ficou mais alta novamente e todo mundo começou a sair do palco, me fazendo relaxar. Parecia que eu não lembrava mais nada do que eu havia dito, mas eu tinha conseguido sobreviver ao meu primeiro discurso oficial como presidente da Juventus. Acho que agora a coisa era real de verdade.
- Foi demais, null. – Virginia falou ao meu lado assim que desci os degraus.
- Foi mesmo? – Falei, suspirando.
- Eu acho que nunca vi uma taxa de atenção tão alta quanto hoje. – Ela disse e sorri. – Você foi demais! Parabéns!
- Grazie. – Suspirei, virando o restante da água para dentro. – Posso relaxar agora?
- Pode! – Ela disse, rindo fracamente.
- E você também. – Falei, piscando para ela. – Talvez você possa fazer um Natal diferente esse ano. – Ela franziu a testa.
- O que quer dizer com isso? – Ela perguntou.
- Beh, você e o Leo são tão discretos quanto eu e o Gigi. – Falei, ouvindo-a rir fracamente. – Descomplica.
- É um pouco mais complicado do que isso, senhora.
- Primeiro: você é só três anos mais nova do que eu. – Ela riu fracamente. – Segundo: não comece outra lenda de romance nesse time, se nada te impede e nada o impede, por que esperar? – Ela pressionou os lábios. – Terceiro: acho que já basta uma criança sem saber quem é o pai, não acha? – Falei mais baixo, apoiando a mão em seu ombro e ela suspirou.
- Como você...
- Só hoje você já foi três vezes ao banheiro e acabou exagerando um pouco nos canapés. Nunca te vi comer em festas. – Ela riu fracamente. – Se liberte. – Ela suspirou.
- Grazie... Grazie, chefa! – Ela disse, me fazendo sorrir e me afastei alguns passos para o lado, vendo Leo claramente esperando eu me afastar para chegar nela e dei um toquinho em seu ombro antes de passar por ele.
- Sem graça, moleque! – Falei e ele riu fracamente. – Ciao, ragazzi. – Me aproximei dos outros.
- Ah, você foi ótima! – Barza disse, me abraçando, me fazendo rir. – É a primeira vez em oito anos que eu presto atenção em um discurso de Natal.
- Bobo! – Falei, ouvindo-o rir e abracei Chiello.
- Parabéns, chefa! – Ele me apertou forte. – Foi ótimo.
- Ah, ainda bem que gostaram.
- No Good, hein, chefa? – Mario disse e ri fracamente, abraçando-o.
- No Good, Mario. – Suspirei, seguindo para Fede que também estava ali. – Vocês são ótimos. Obrigada por tudo.
- Mana! – Virei para trás, vendo Giulia e Trezeguet.
- Ah! – Abracei-a apertado.
- Você foi ótima! Foi incrível! – Ela disse, me fazendo suspirar.
- Obrigada! Eu não faço a mínima ideia o que eu falei, mas o pessoal parece que gostou. – Ela riu fracamente.
- Gostaram sim, null! – Treze disse. – Acho que foi a primeira vez que vi o pessoal realmente prestando atenção no que falaram. – Rimos fracamente.
- Que bom... – Suspirei, ouvindo-os rirem.
- O que quer fazer algo? Ir embora? Sentar? Dançar? – Giulia perguntou rapidamente.
- Eu quero comer! – Falei, ouvindo suas risadas.
- Ok, podemos comer! – Ela disse rindo. – Mas depois vamos dançar um pouco, Sienna precisa de agito! – Ri fracamente, pegando sua mão e sendo guiada por ela.
- Seja bem-vindo, senhor Buffon! – Enzo disse assim que abri a porta do táxi.
- Ah, que saudades de você! – Puxei-o para um abraço, ouvindo-o rir fracamente.
- Também estava, senhor Buffon! – Ele disse, me fazendo rir.
- Minha irmã não está perto, cara. – Falei e estendi uma mala para ele.
- Gigi! – Rimos juntos.
- Grazie, buona notte! – Falei para o taxista que pegou-a.
- Então, como está lá em Paris? – Ele perguntou e segui com ele para dentro do hotel, querendo fugir do frio.
- Ah, vocês sabem minhas motivações, Enzo.
- Não todas, senhor, mas peguei algumas informações aqui e ali. – Ele disse, ponderando com a cabeça.
- Beh, nada é como a Juventus. – Suspirei.
- Sente falta? – Ele perguntou e passamos pela entrada do hotel e eu deixei minha mala logo após a porta e fiz o mesmo.
- Bastante! – Suspirei. – Mas já foram seis meses, falta só mais cinco.
- Espero que consiga, reparei da última vez que estiveram aqui que você tem uma relação muito próxima com a presidente da Juventus. – Virei para ele. – Exagerei?
- Não, achei até que foi sutil demais! – Rimos juntos.
- Beh, não é preciso ser muito esperto para saber que tem algo aí e que você está lutando para conseguir fazer dar certo. – Suspirei.
- É. Queria estar passando o Natal com ela, mas estou aqui com vocês. – Ele riu fracamente. – Minha irmã não te deu folga?
- Meus pais foram para uma segunda lua-de-mel na Sicília, era com vocês ou com minha irmã e seus quatro filhos. – Ele disse, me fazendo rir.
- Não pode ser pior do que sete crianças. – Falei e ele riu fracamente.
- Incrivelmente é! – Rimos juntos.
- E sua namorada?
- Terminamos. – Ele deu de ombros. – Eu estou bem, sério! Alguém precisava ficar de plantão hoje. – Ri fracamente.
- Você é família, Enzo, não se esqueça! – Dei dois toques em seus ombros e ele assentiu com a cabeça.
- Quer que eu leve suas malas para o quarto?
- Se você estiver sem o que fazer e muito entediado, pode ser, mas caso tenha algo mais interessante para fazer, pode deixar. – Ele riu fracamente. – Onde estão os moradores do hospício?
- No restaurante preparando a ceia. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Até mais! – Ele riu fracamente e segui em direção ao restaurante. Ainda era quatro da tarde, tinha algumas horas para a ceia anual dos Buffon, mas não era de se surpreender que eles já estavam adiantando tudo mais cedo.
- Ok, então você nos coloca aqui! E teremos outras sete mesas. – Ouvi a voz de Veronica antes de chegar. – Isso. – Ela falou. – Uma mesa com oito, duas com seis e o restante com quatro. – Passei pelas portas do elevador e vi minhas duas irmãs, minha mãe, Pia e Luca, um dos garçons, organizando as mesas com a decoração de Natal.
- Buona notte! – Falei, dando dois toques no batente da porta.
- Gigi! – Minha mãe disse sorrindo.
- Maninho!
- Ciao, famiglia! – Falei, sentindo Veronica me abraçar.
- Oi, maninho! – Sorri.
- Que saudades de você! – Ela disse, suspirando.
- Também estava! – Esfreguei suas costas, apertando-a para perto de mim.
- Parece que você está até sem cor. – Guendy se aproximou e ri fracamente, trocando os abraços.
- Ah, não tenho saído muito. – Suspirei, recebendo um beijo em minha bochecha.
- Mas como foi o fim de ano? – Minha mãe perguntou. Me abraçando fortemente e sorri.
- Ah, sabe como é, sentindo saudades, tentando me distrair, nada de novo. – Suspirei.
- Veronica nos contou sobre a null. – Minha mãe disse e franzi a testa.
- Sobre...
- O bebê. – Ela disse e suspirei.
- Não quero falar disso! – Disse. – Ciao, Pia, ciao, Luca!
- Ciao, Gigi! – Eles disseram e segui para fora do restaurante.
- Por favor, filho! Precisamos conversar sobre isso. Você nos escondeu, então claramente está incomodado com isso. – A voz da minha mãe foi ficando mais perto.
- Eu literalmente acabei de chegar! Você quer falar disso? – Parei, virando para ela. – Cadê o resto do pessoal? Cadê meus filhos?
- Quero! – Ela disse firme, segurando meu pulso. – O que aconteceu, filho? – Suspirei.
- Ela seguiu em frente, mãe. – Dei de ombros. – Ela realmente acredita que eu fui embora para sempre e decidiu seguir em frente. Eu sabia que isso podia acontecer, não sabia? – Falei.
- Mas de quem é esse filho? Seguiu em frente com quem?
- Com ninguém, mãe, ela seguiu em frente por conta própria. O maior sonho da vida dela é ser mãe, então ela foi lá e fez uma fertilização. Essa criança não é de ninguém. – Dei de ombros. – Dela, mas... Você entendeu. – Abanei a mão.
- Você falou com ela, não falou? Eu fucei no Instagram dela, tem uma foto de vocês dois em Paris...
- Sim, falei, mãe! Fiquei sabendo que ela ia nesse evento em Paris e fui também. – Suspirei.
- E como ela está? Realmente seguiu em frente ou...
- Não, mãe, ela ainda gosta de mim, se é o que você quer saber, mas tudo é confuso demais para mim, é difícil conversar com ela sem abrir tudo... – Suspirei. – E não, eu não quero abrir tudo para ela assim. – Neguei com a cabeça. – E ela continua desconfiada que algo tem errado, mas eu tenho cinco meses de contrato pela frente. – Bufei.
- Você ainda a ama? – Ela perguntou.
- Cada vez mais. – Falei. – Cada dia sem ela é um dia sem viver. – Suspirei. – Ela é a mulher da minha vida, mãe, e eu vou fazer tudo para tê-la de volta, mas essa temporada precisa acabar. Eu posso não ser o pai do filho dela na genética, mas posso ser no papel, e ela com ou sem filho, não importa. Da mesma forma que isso nunca importou para ela. – Falei firme.
- Falamos sobre isso depois, pode ser? – Ela disse e suspirei.
- Eu não quero falar disso, mãe, é noite de Natal, eu não ter que encarar tudo isso agora, porque minha cabeça está uma bag...
- PAPÁ! – Virei para trás, vendo Lou e Dado correndo em minha direção.
- Ah, meus meninos! – Eles me abraçaram apertado e sorri, dando um beijo na cabeça de cada um. – Que saudade de vocês!
- A gente também! – Eles disseram juntos e sorri.
- Como vocês estão? – Vi a roupa suja deles de barro, me fazendo rir fracamente.
- Tudo bem! – Eles disseram.
- Estavam jogando bola, é?!
- É, titio Marco mandou a gente entrar e tomar banho. – Dado disse.
- E vocês obedeceram? Que milagre! – Falei, ouvindo-os rirem. – Eu vou dar banho em vocês e arrumar para a cena. – Virei para minha mãe. – Eu já volto.
- Tudo bem. – Ela abanou a mão.
- Vamos lá! – Empurrei-os pelas costas.
- A gente já é grandinho para você dar banho na gente, pai! – Lou disse.
- Eu sei, é modo de falar! Vou me certificar que vocês lavem atrás das orelhas, o umbigo e os pés! – Falei, ouvindo suas risadas.
- Pai, sabe quem a gente viu no fim de semana? – Lou disse animado.
- Quem vocês viram no fim de semana? – Perguntei, seguindo pelo hotel até os fundos onde ficam os quartos dos moradores.
- A gente foi ver a Juve, né?! E a gente viu a...
- A gente foi ver o jogo da Roma! – Dado o interrompeu. – Marchisio tava lá. Foi a despedida dela.
- É, eu soube. – Suspirei, não me conformando ainda pela forma que Marchisio saiu da Juve e estava acabando a carreira dele na Rússia.
- É, mas isso não é importante, o importante é que a gente viu a null! – Lou disse animado e ri fracamente.
- Mesmo? – Falei surpreso.
- Sim! Ela está linda, papá! Ela está grávida, você sabia disso? – Suspirei.
- Sim, eu a encontrei há alguns dias. – Enzo correu em minha direção, me esticando a chave e sorri em agradecimento.
- É seu, papá? – Lou perguntou.
- Que? Oi? – Virei para ele.
- O bebê? É seu com ela? Vocês vão ficar juntos? – Ele disse animado e comecei a pensar o quanto uma criança de quase 11 anos sabe sobre sexo, crianças e afins.
- Não, meu amor, não é meu! – Toquei a chave no leitor, empurrando a porta e ambos entraram em minha frente. – Não deitem! Direto para o banho.
- Mas então é de quem, pai? Ela tá com outro namorado? – Lou perguntou, começando a se enrolar em tirar os diversos casacos que usada.
- Não, amor. Ela vai ter esse filho sozinho! Tem como fazer isso. – Falei e Lou franziu a testa.
- Não aprendi isso na escola. – Ele disse e suspirei.
- É difícil explicar, Lou, mas ela vai ter esse filho sozinha.
- Mas ela não pode ter um filho sozinho! Essa criança precisa de um pai! – Ele disse e ajudei-o a passar pela gola da blusa. – Você pode ser o pai desse bebê e a gente os irmãozinhos. Seria legal, né?! Uma família feliz. – Suspirei.
- É, meu amor. Seria! – Ajudei-o a tirar a outra blusa. – Mas se lembra do nosso acordo? Papai precisa ficar mais cinco meses em Paris, depois eu posso lutar por ela.
- Por que você não luta agora? Se podemos ir te visitar e você pode vir para cá, por que não pode ir para Turim ou ela para Paris? – Suspirei.
- Porque eu preciso reconquistá-la de volta, amor. E não consigo fazer isso longe dela. – Passei a mão em seus cabelos, vendo Dado andar pelo quarto também tirando sua roupa. – Joguem tudo no cesto, isso está uma imundice. – Falei, suspirando.
- Você e a null tem que ficar juntos, papá! – Ele disse, suspirando. – Vocês se amam! Se amam! Se amam! – Sorri.
- A gente precisa lutar um pouquinho, amore. Pode ter um pouquinho mais de paciência? – Suspirei.
- Eu posso, mas será que a null tem? – Ele disse.
- Por que diz isso? – Perguntei.
- Ah, ela chorou quando viu a gente! – Ele disse. – Ela sempre nos abraça gostoso, mas dessa vez ela abraçou e chorou. – Ele deu de ombros. – Isso não é bom. – Suspirei.
- Vai ver é só saudade, meu amor. Ela não via vocês faz tempo, não é? – Ele tirou a calça.
- É, isso é verdade! – Ele disse.
- Às vezes a gente chora de emoção também, amor. – Sorri.
- Mas seria legal, não seria? – Ele disse.
- O que, amore? – Peguei duas toalhas perfeitamente dobradas no móvel.
- null tá grávida, a gente ter um novo irmãozinho? Isso seria demais! – Ele disse animado.
- Você gostaria disso? – Perguntei e ele deu de ombros.
- Eu amo a null como se fosse minha mãe, pai! Ela merece ser feliz e ama a gente, seria perfeito se ela fizesse parte da nossa família. – Suspirei.
- É, amor. Seria. – Dei um beijo em sua cabeça. – Só espera mais um pouquinho, ok?! Eu vou fazer tudo para ter a null de volta. – Ele assentiu com a cabeça. – Vocês não falaram nada para ela, não é?!
- Não! Agora ela está superimportante. – Dado disse. – Ela precisou afastar um monte de caras chatos, mas deu atenção para gente. – Sorri.
- Ela ama vocês, meus amores, vai fazer isso e muito mais. – Ele assentiu com a cabeça.
- A gente também gosta dela. – Dado disse e sorri.
- Vamos para o banho? – Falei. – Antes que a vovó entre aqui e reclame do nosso atraso?
- Você também precisa tomar banho! Ela vai odiar essa roupa! – Dado disse, me fazendo rir.
- Se sua avó não gostar só da minha roupa, estou muito bem, obrigado! – Falei, ouvindo suas risadas. – Cadê suas mochilas?
- Tá ali! – Dado apontou para sua cama onde tinha uma mala grande. – Mamãe colocou bastante roupa. – Ele disse.
- Vamos ver o que ela colocou de bonito para vocês vestirem na noite de hoje. – Disse, seguindo até ela.
- Nada de terno! – Lou reclamou. – A gente quer jogar ainda.
- A gente fala sobre jogar depois, mas terno não, algo mais confortável. – Falei, começando a abrir a mala. – Agora vai, banho!
- Ah, já vai! – Eles disseram, me fazendo rir e ouvi a porta do banheiro fechar.
Que saudade que eu estava dessa bagunça toda. Pena que eu ficaria com eles só alguns dias, eles iriam passar o ano novo com Alena e Alessandro e eu iria para Paris passar o ano novo com minha mãe e meu pai, já que os maridos das minhas irmãs iriam para a família dos maridos. Será que null gostaria de passar o ano novo em Paris? Acho que talvez fosse exigir demais, principalmente que a Juve ainda tem um jogo antes do fim do ano.
Quem sabe no ano que vem?
- Tem bastante gente com você hoje, hein?! – Pavel disse, me fazendo rir.
- É, é minha família. – Sorri para ele. – Beh, da Giulia... – Ponderei com a cabeça.
- E tem diferença? – Ele perguntou e suspirei.
- Você me entendeu. – Ele assentiu com a cabeça.
- Sim, e digo com certeza que é sua família. – Assenti com a cabeça.
- É, eles estão na casa da Giovanna, aí eu falei que precisava vir ao jogo, Ignazio quis vir, Giulia, aí os mais novos também... – Abanei a mão, vendo o elevador se abrir.
- Ao menos é algo divertido. – Ele disse.
- Sim! – Falei, rindo fracamente. – Tanto que vou só dar um oi para os meninos e ir embora para levar eles. – Falei, saindo em sua frente.
- Sem problemas, eu fico com Fabio para encerrar tudo aqui. – Ele disse. – Aí nos vemos só no ano que vem? – Ri fracamente.
- Piadinha infame, hein?! – Dei um toque em sua barriga, seguindo pelo túnel, vendo os jogadores dos dois times entrarem.
Ganhamos da Sampdoria de 2x1 no antepenúltimo dia do ano. Um gol de linha de Ronaldo, depois Quagliarella empatou para eles, depois Ronaldo fechou com outro pênalti. Eles tinham até empatado nos acréscimos, mas foi dado impedimento. Tirando isso, havia sido um jogo calmo, sem estresse e sem grandes emoções. E eu agradeço pelo jogo ser logo após o almoço, a temperatura estava abaixando demais no fim do dia.
- Chefa! – Virei o rosto, procurando quem me chamava e vi Chiello com Quagliarella. – Olha ela!
- Ah, eu não acredito! – Quagliarella disse com um largo sorriso em minha direção.
- Fabio! – Sorri para eles.
- Ah, deixa eu te ver! – Ele disse rindo e segurou minhas mãos quando me aproximei. – Você está linda! – Sorri, sentindo-o me girar.
- Ah, grazie, Fabio! – Ele me abraçou fortemente e passei os braços pelos seus ombros, sentindo um beijo em minha bochecha.
- Eu estou muito feliz por você. – Sorri. – Se aquele puttano não fosse ficar, você poderia ter ficado comigo. – Ri fracamente.
- Ei! Que eu saiba, você está namorando. – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- É, mas lá atrás eu não estava e tudo podia ser diferente. – Rimos juntos.
- Beh, às vezes precisamos seguir em frente sozinhos antes de resolver outros pontos da vida. – Suspirei.
- Poético demais até para você, null! – Ri fracamente.
- Beh, mas deu certo! – Dei de ombros.
- Deu sim, presidente da Juve, um filho a caminho.
- Filha! – Falei e ele sorriu.
- Vai ser linda igual você! – Ri fracamente, abraçando-o de lado.
- Obrigada pelo carinho, sério! E obrigada pela vitória! – Ele riu fracamente.
- Ela está tirando onda agora? – Ele falou para Chiello e ri fracamente.
- Ela sempre tirou, né?! Só que agora você está no outro time! – Rimos juntos.
- Tudo bem, eu aguento! Ainda acho que aquele impedimento não valeu...
- Beh, quando a gente reclamar de arbitragem e der em algo, eu vou jogar na loteria e ganhar! – Eles riram fracamente. – Bom te ver, sério! – Abracei-o fortemente.
- Você também, chefa! Se cuidem! Quero conhecer essa menina no nosso próximo jogo. – Ri fracamente.
- Não prometo, porque vai ser fora, mas da próxima vez que vier aqui, eu garanto! – Falei e ele assentiu com a cabeça, estalando um beijo em minha bochecha.
- Combinado! Enquanto isso fico te acompanhando no Instagram. – Ri fracamente.
- Combinado! – Sorri. – Vamos, Chiello?
- Vamos! – Ele disse. – Até mais, Quaglia! – Eles se cumprimentaram e virei de costas, vendo Audero, outra cria nossa, ali!
- Emil! – Ele sorriu e me abraçou rapidamente.
- Chefa! – Ele sorriu. – Parabéns pelo bebê, parabéns pela presidência. – Sorri.
- Ah, grazie, Audero! Parabéns para você também, você está incrível! – Ele assentiu com a cabeça.
- Grazie! – Dei dois toquinhos em suas costas e segui para dentro do vestiário.
- null! – Sorri para Filippi, abraçando-o fortemente.
- Ciao! – Sorri, sentindo um beijo em minha bochecha.
- Como vocês estão? – Sorri, sentindo sua mão em minha barriga.
- Tudo bem, graças a Deus! Com frio! – Falei e ele riu fracamente.
- Ao menos vocês se aquecem! – Ele disse e ponderei com a cabeça.
- É, mais ou menos! – Ele riu fracamente e segui pelo vestiário, cumprimentando outros assistentes antes de entrar. – Ciao, ragazzi!
- Ciao, chefa! – Eles responderam.
- Ciao, lindinha do tio! – Dybala disse e ri fracamente.
- Eu só vim dar um rápido oi para vocês, eu preciso ir embora mais rápido hoje. – Falei.
- Quer aproveitaar o fim de ano? – Leo perguntou.
- Quase isso, todos os meus primos estão aqui e vieram no jogo comigo. – Falei rindo fracamente.
- null vai dar prejuízo para o time. – Pavel disse e lhe mostrei a língua. – Brincadeira, é milagre você trazer alguém.
- É, faz parte, foi divertido. Ao menos vocês ganharam! – Eles riram. – Parabéns!
- Grazie, chefa! – Eles disseram e sorri.
- Quero aproveitar e desejar para vocês uma virada de ano incrível, mandem beijos e abraços para suas esposas, namoradas, filhos, pais... – Eles assentiram com a cabeça.
- Grazie, chefa! – Eles disseram, me fazendo sorrir.
- Se cuidem também, ok?! – Paulo disse, me fazendo sorrir. – Você sempre foi preciosa para gente, agora com a Sienna, mais ainda. – Sorri.
- Oh! – Os meninos o zoaram com reações fofas, me fazendo rir fracamente.
- Grazie, amore! – Suspirei. – Para o restante de vocês, aproveitem, descansem, vejo vocês na quarta-feira.
- Grazie, chefa! – Eles disseram e passei pelo vestiário, recebendo rápidos abraços e beijos do pessoal antes de seguir pelo outro lado.
Cumprimentei, Tek, Mario e Allegri antes de seguir pelo corredor paralelo ao vestiário para sair na entrada privativa. Lá estava o pessoal, Giulia, Gianni, Pietro, Treze, Kawan, Ignazio, além do irmão de Ignazio, seu namorado e uma prima de Giulia que regula com os gêmeos.
- Pronto! Podemos ir! – Falei, vendo eles viraram para mim.
- Ei! Foi rápido! – Ignazio disse.
- Só dei um oi, se não for rápido, fico aqui por mais uma hora. – Eles riram fracamente.
- Vamos, a gente pode terminar nosso jogo! – Amelia disse. – Parou em quem?
- Não faço a mínima ideia. – Gianni disse. – Mas a gente pode começar de novo.
- Podemos jogar vôlei. – Giulia disse.
- Não contem comigo! – Falei, seguindo com eles pelo estacionamento.
- E nem comigo! – Ignazio disse, esticando a mão enfaixava dele após derrubar um peso na academia.
- Você pode conversar comigo, né?! – Virei para ele.
- Claro, prima. No que exatamente? – Ele disse, me fazendo rir e desacelerou o passo, ficando comigo mais para trás.
- Eu quero fazer o quarto da Sienna. – Falei. – Você me indicou a imobiliária para casa, mas eu praticamente só escolhi, tudo já veio dentro.
- Você quer fazer alguma reforma? – Ele perguntou.
- Talvez eu precise, mas não agora, quero calma agora para lidar com tudo. – Ele assentiu com a cabeça.
- Vitto pode fazer um plano para você, não pode? – Ignazio disse e virei para seu namorado.
- Seria ótimo! – Suspirei. – Tudo incluso, sabe? Decoração, móveis... – Falei para ele.
- Você tem alguma ideia? – Ele perguntou.
- Olha, o Nazio sabe, minha casa tem decoração completamente minimalista, principalmente preto, branco, cinza e bege, mas não queria isso para um quarto de bebê. – Ignazio destrancou seu carro.
- A gente se vê lá! – Giulia disse e assenti com a cabeça, abrindo a porta do motorista, entrando ao lado de Ignazio.
- Continuando, bebês precisam treinar seus sentidos, precisam de cor, música, tudo. – Falei, suspirando, virando para Vitto que entrava no banco de trás na minha diagonal.
- Que quarto você quer fazer? – Ignazio perguntou.
- O mais próximo do meu quarto, no corredor vertical ainda. Não vou mexer no escritório e nem na sala que tem lá em cima ainda.
- É bem grande para um quarto de bebê, não é?! – Ignazio disse.
- É sim, eu sei. – Suspirei. – Mas se tudo der certo eu devo reformar no meio do ano, mas não tenho como esperar, o bebê vai chegar até o fim de março, começo de abril. – Falei e ele ponderou com a cabeça.
- Grande quanto? – Vitto perguntou.
- Dez por cinco. – Ignazio disse.
- Nossa, é gigante! – Vitto disse.
- O engenheiro não aproveitou muito o espaço. – Ele disse e rimos juntos.
- Dá para fazer dois ambientes, que tal? – Vitto disse. – Fazemos a área do bebê e depois podemos completar o ambiente com algo que ela vá usar no futuro. Uma cama, talvez uma mesa para você...
- Sim, depois já mantenho essa decoração quando ela crescer um pouco sem mexer muito. – Falei.
- Exatamente. – Ele disse.
- Parece uma boa. – Assenti coma cabeça.
- E podemos continuar na ideia dos tons pastéis da sua casa, mas cores de bebê, rosinha, azul, verde, amarelo... – Ele disse e sorri.
- Parece ótimo.
- Amanhã mesmo já vejo para você! – Ele disse!
- Não, descansa! Só ano que vem! – Falei, ouvindo-o rir.
- Ah, eu tenho alguns modelos no meu computador, envio para você. – Vitto disse, me fazendo rir.
- Combinado! – Disse fracamente.
- Vai ser legal ter outro bebê. – Amelia disse. – Kawan, agora Sienna! Ah, que delícia! – Sorrimos.
- É, vai ser ótimo. – Suspirei.
- Quem sabe você não faça igual a Giulia e encontre um namoro depois da vinda do bebê, null? – Ignazio piscou para mim e ri fracamente. Ele sabe quem é o verdadeiro pai dessa criança.
- É, quem sabe... – Suspirei, ouvindo-o rir fracamente e virei o rosto para frente enquanto seguíamos de volta para a casa de Gio e Fabrizio.
- Parece que alguém já dormiu. – Minha mãe disse e desviei o rosto para o lado, vendo Leo dormindo em meu ombro e suspirei, dando um tapinha em seu bumbum.
- É, foi bom! – Suspirei.
- Você não pareceu muito presente durante o jantar, filho. – Meu pai disse e suspirei.
- É, eu sei. Só estou pensando. – Dei um beijo na cabeça de Leo.
- No que exatamente? – Ele perguntou.
- Já foi seis meses, papá! – Falei, suspirando. – Falta só mais cinco e, mesmo assim, parece que não passou nada.
- Você consegue, meu filho. – Ele disse, assentindo com a cabeça. – O pior já foi.
- Ainda não, pai. – Suspirei. – Vai vir algo muito pior ainda.
- Por que diz isso, filho? – Minha mãe perguntou.
- Eu estou tentando fazer com que null esqueça isso. Não fique encontrando motivos para minha saída e ela não quer, então vamos ter que encarar uma conversa. – Suspirei.
- Por que não, querido? Você fez tudo isso por ela, não? – Suspirei.
- Porque seria muito fácil, mamá. – Neguei com a cabeça, acariciando os cabelos de Leo. – E não seria justo com a nossa história simplesmente tampar o sol com uma peneira e achar que tudo está resolvido.
- E você acha que ainda podem se machucar com isso? – Meu pai perguntou e suspirei.
- Algumas verdades ainda doem, pai. E ela não vai aceitar que eu saí do time para protegê-la... – Ri fracamente. – Ela vai ficar bem brava, na verdade.
- Você está fazendo seu trabalho, filho. Ainda falta cinco meses, certo? – Minha mãe apoiou a mão em meu braço. – Você ainda tem tempo para pensar em como resolver isso. – Suspirei.
- Sim, eu tenho. – Dei um beijo na testa de Leo.
- Eu acho que já vou me deitar. – Minha mãe disse.
- Eu logo vou também, vou colocar o Leo na cama e olhar um pouco o celular. – Falei e minha mãe assentiu com a cabeça.
- Feliz ano novo, meu filho! – Minha mãe disse e sorri, me levantando com Leo, sentindo-o me abraçar pelos ombros.
- Feliz ano novo, mãe! – Sorri, dobrando levemente os joelhos para ela dar um beijo em minha bochecha.
- Feliz ano novo, querido. – Ela sussurrou para Leo e fez um sinal da cruz em suas costas. – Não demore para dormir, ok?!
- Pode deixar. – Meu pai se aproximou.
- Boa noite, meu filho. – Meu pai fez um sinal da cruz em meu peito.
- Boa noite, pai. – Falei e o vi seguir com a minha mãe pelo corredor, eles foram para o quarto de visitas e ouvi a porta ser fechada.
Suspirei, andando com Leo até meu quarto e deitei-o de um lado da minha cama de casal e o cobri com o edredom pesado, além de colocar o bicho de pelúcia embaixo de seu braço, sentindo-o pegar rapidamente. Me afastei, puxando a grade que havia instalado de um lado da cama e ajeitei o outro lado com uma daquelas almofadas longas, deixando-o protegido.
Voltei para a sala, pegando meu celular largado no sofá e me aproximei da janela, vendo a Torre Eiffel ao longe e suspirei, coçando a nuca. A cidade é linda e incrível, o time não é tão mal e as pessoas são legais, mas Turim ficava incrivelmente mais bonita só de ter null e esse era o meu principal motivo para querer voltar.
Fechei as janelas, chequei se a porta estava fechada e voltei para o quarto, fechando a porta. Peguei o pijama atrás da porta e fui até o banheiro. Me troquei, escovei os dentes e fiz minhas necessidades. Saí do banheiro, deixando a luz acesa e deixei a porta entreaberta para Leo que ainda não gostava do escuro.
Dei a volta na cama, me sentei na mesma, apoiando as costas na mesa e puxei a coberta para cima das minhas pernas. Passei a mão nos cabelos de Leo e sorri, pressionando os lábios. Eu e Ilaria não havíamos falado com todas as palavras do fim de nosso relacionamento, mas ele deveria suspeitar pelo nosso distanciamento, mas me perguntava se ele fosse entender com null. Eu não me preocupei com isso quando me envolvi com Ilaria, eu praticamente comecei por querer fazer ciúmes em null, e acho que foi isso que ajudou a dar errado tudo.
Mas agora tudo seria diferente, não queria mais segredos, nem coisas escondidas, nada. Queria ser honesto com meus filhos, queria que eles gostassem de null, que eles se sentissem confortáveis com ela, queria tudo. E dos meus três filhos, seria difícil só com um, com Leo, mas antes eu preciso reconquistar a null e isso não seria fácil.
Peguei meu celular, reduzindo a iluminação dele e vi as diversas mensagens de jogadores do PSG, da Juve, além de meus filhos, Alena, até de Ilaria tinha, mas foi uma mensagem de null que me surpreendeu, me fazendo sorrir.
“Buon capodanno! Estando em 2019, será que sua brincadeirinha no exterior passou? Janela de inverno está chegando!” – Ri fracamente, suspirando.
“Feliz ano novo, null! Para a janela de inverno eu não sei, mas quem sabe a de verão?” – Enviei, suspirando, vendo que ela estava online.
“Beh, aí já não é mais transferência, não depende mais de mim!” – Sorri, suspirando, vendo que o relógio passava da uma da manhã.
“Festa acabou cedo aí?!” – Enviei.
“Ainda não, mas posso usar a desculpa de que estou grávida e fugir da lavação de louça e raspar a travessa de tiramissù!”. – Ri fracamente.
“Espertinha! Mas muito tiramissù é bom? Seu bebê vai nascer louquinho por café!”
“Há, há, há, não consigo parar totalmente com o café, mas aqui tem mais creme do que café, te garanto!” – Sorri. – “E aí? Acabou cedo?”
“Sim, já estou na cama. Só foi eu, meus pais e o Leo, a festa maior foi no Natal”.
“Ah, que pena, poderiam ter vindo aqui. A família Vitale está em peso na casa da tia Gio, até meus parentes de Palermo vieram!” – Sorri.
“Giovanna aceitaria mais três?” – Enviei.
“O que seria mais três para quem está recebendo mais 23? Comida é o que não falta! E acho que tem um espaço entre a mesa de jantar e o corredor para dormir”. – Ri fracamente, contendo para não rir mais alto.
“Seria perfeito!” – Suspirei. – “Estou com saudades”.
“Sinto sua falta”. – Sua mensagem apareceu junto com a minha, me fazendo suspirar. – “Nós brincamos sobre você voltar, mas você realmente pensa nisso?”
“Sim, para valer. Lembrei que esqueci de uma coisa muito importante, que não posso viver sem”.
“Você não vai me fazer perguntar e responder algo clichê, vai?!” – Ri fracamente.
“Talvez...”
“Ai, o quê?” – Ri fracamente.
“Meu coração. Ele ainda está contigo”. – Suspirei.
“É, clichê demais...” – Sorri. – “Talvez eu esteja precisando de algo assim”.
“Assim como?” – Enviei.
“Algo clichê. Tonto, bobo, relax, sem preocupações”.
“Com amor?” – Pressionei os lábios.
“Só com amor eu conseguiria enfrentar um relacionamento clichê...” – Sorri.
“Talvez seja o que eu estou precisando também...” – Suspirei.
“É... Quem sabe!” – Apoiei a mão no peito, respirando fundo. – “Parece que eu não posso lavar louças, mas posso ajudar a dar destino às sobras, vou ajudar. Te encontro aqui mais tarde?”
“Talvez não, estou quase dormindo aqui com Leo, mas pode me mandar mensagem, eu posso demorar para responder, mas sempre estarei aqui por você”.
“Eu também, Gigi! Apesar de não parecer.” – Suspirei.
“Feliz ano novo, null!” – Enviei, colocando um coração no final.
“Feliz ano novo, Gigi”. – Ela enviou, colocando o mesmo coração e suspirei, sentindo meu corpo relaxar na cama.
Continua...
Nota da autora: Oi, gente! Demorei para aparecer aqui de novo!
Bastantes capítulos para vocês, enquanto eu vou revisando o restante!
Espero que estejam gostando!
Beijos e boa leitura!
Outras Fanfics:
Em breve!
Bastantes capítulos para vocês, enquanto eu vou revisando o restante!
Espero que estejam gostando!
Beijos e boa leitura!





Outras Fanfics:
Em breve!