Capitolo sessantasei
- Uau! – Ricky falou quando saímos do carro. – Ele é mais lindo pessoalmente. – Sorri, vendo as iluminações do meu estádio à noite.
- É sim! – Suspirei. – Aqui é meu lar! – Bati a porta e ajeitei a bolsa na mão.
- Você o ajudou a construir? – Ricky perguntou.
- Não, eu praticamente só ajudei na inauguração, o projeto veio com meu antigo chefe. – Falei, suspirando. – Mas preciso dizer que é o estádio mais lindo do mundo. – Ele riu fracamente.
- É bonito mesmo. – Carmela disse e em dois dias já dava para perceber que ela não era tão ligada a futebol e afins, mas ela tinha se dado bem com Pietro, o que era interessante.
- Vamos lá! – Falei, vendo-os ajeitarem os crachás no peito e seguimos lado a lado em direção a entrada VIP do estádio.
Do pouco que eu havia passado com eles ontem e hoje, havia descoberto que Olga era contadora, como eu, trabalhava em uma empresa de advocacia em Palermo. Ricky era professor de música, tinha uma pequena escola particular e dava aulas de piano, teclado, violão, guitarra e violino. Incrível, não?! Carmela já era um pouco diferente, ela não tinha formação, mas trabalhou em um asilo por 20 anos e ajuda agora voluntariamente com um grupo de artes.
Olga e Ricky igualavam as idades dos meus pais, tinham por volta dos 60 anos. Olga tinha 60 e Ricky 58. Carmela já era 10 anos mais velha do que meu pai seria, então tem 68, mas honestamente, nenhum deles parecia ter a idade que tinha. Acho que era porque eu ainda lembrava dos meus pais com a idade que eu tenho hoje.
- Buona sera, ! – Sorri para a recepcionista.
- Buona sera! – Sorri. – Pode deixar eles entrarem, por favor.
- Claro! – Ela disse, checando as credenciais e entrei com eles.
- Vamos por aqui! – Falei, entrando com eles. – Nós vamos descer no vestiário rapidamente e depois vamos lá no camarote. – Falei para eles, assentindo para o segurança e ele segurou o elevador para que eu entrasse.
- Isso é legal demais! – Ricky falou e eu sorri.
- Todo mundo que eu conheço me conheceu antes do time e me acompanhou até eu chegar aqui ou é do time, então vocês são as primeiras pessoas realmente surpresas com tudo isso. – Falei e eles riram fracamente.
- O Ricky ama futebol demais, não é à toa que te encontramos assim, não é?! – Olga disse rindo e apertei o botão para baixo.
- Eu confesso que aproveito muito o trabalho para viajar para lugares que eu nunca fui. É a forma que eu vejo de não esquecer o que eu conquistei e me manter grata por tudo.
- Você fez uma vida incrível, deve se sentir orgulhosa disso sempre. – Olga disse e sorri.
- Eu tento. – Falei quando a porta se abriu. – Tente se conter, Ricky! – Falei e ele riu fracamente.
- Beh, eu já conheci Gianluigi Buffon, mais que isso, não tem como. – Sorri.
- Você conhece o time, sabe que tem muito mais. – Pisquei, saindo do mesmo e ele riu fracamente.
- Mah, a Juventus é o time mais forte da Itália, leva várias lendas para a Nazionale, tanto que eu estou me sentindo em um sonho. – Ricky disse e eu ri fracamente, vendo o elevador se abrir.
- Meu pai gostava de futebol? – Perguntei.
- Sua mãe! – Ele disse. – Seu pai era meio perdido nisso, mas sua mãe adorava e torcia para o Palermo também, tanto que nossa amizade começou que ela foi fazer algumas aulas comigo de piano e começamos a falar de futebol. – Ri fracamente.
- Eu fiz minha primeira entrevista sem saber nada de futebol, acabei criando meu amor por aqui. – Falei, andando pelo túnel.
- Seus pais iam adorar te ver nesse ambiente, com toda certeza. – Sorri.
- Eles torciam para o Napoli? – Perguntei receosa.
- Sua mãe diz que torcia para eles quando nova, mas quando se mudou para Palermo, mudou a paixão. Ela diz que não conseguia ver a cidade com alguma lembrança feliz para ela. – Dei um pequeno sorriso.
- Me sinto assim também. – Sorri. – Todo mundo sabe do meu desgosto pelo Napoli e sempre que eu compro alguém deles, falo que salvei a pessoa. – Eles gargalharam. – Beh, venham! – Falei andando para mais perto do túnel.
- Uau! Aqui é o túnel? – Ricky perguntou.
- É sim! À esquerda é o túnel de entrada, em frente são os vestiários. Do time convidado aqui... – Indiquei a primeira porta que estava com o nome do Sevilla hoje. – E a segunda é o nosso. – Falei, passando pela porta.
- Podemos entrar? – Olga perguntou e chequei o relógio.
- À essa altura não vai ter ninguém sem roupa mais, venham! – Falei e ouvi alguns risinhos antes de entrar.
- É uma situação difícil de se acostumar. – Olga disse.
- Caras gatos sem camisa? – Virei o rosto para Manu apoiada no batente. – É mais fácil do que parece. – Ela deu de ombros e ri fracamente.
- Oi, Manu! – Dei um rápido abraço nela.
- Tudo bem, chefa? – Ela sorriu. – Ciao! – Ela acenou para o pessoal.
- Ei! Olha quem apareceu! – Pavel disse e ri fracamente.
- Desculpa, estou com visitas hoje! – Cumprimentei Paratici, depois Beppe e Agnelli por último.
- Ah é? Quem são? – Agnelli perguntou.
- Esses são Ricky e Olga, meus padrinhos. E minha tia Carmela. – Falei, apresentando todo mundo.
- Ei! Então são eles! – Pavel disse animado. – Manu contou para todo mundo hoje. – Ri fracamente e a de cabelos azuis arregalou os olhos e deu um sorriso sarcástico.
- É óbvio que sim! – Sorri, apertando o braço da mais nova.
- É um prazer finalmente conhecer os parentes da . – Pavel os cumprimentou.
- É uma honra conhecê-los também. – Ricky disse.
- Fanático por futebol, sabe? – Falei e ele riu fracamente.
- Fico feliz. – Pavel sorriu e Agnelli me puxou de lado.
- Seus parentes mesmo, ? – Ele sussurrou e eu assenti com a cabeça.
- Sim! – Abri um largo sorriso. – Padrinhos de batismo e irmã do meu pai. – Ele sorriu. – Eles me encontraram depois de 20 anos.
- Meu Deus, ! Eu estou muito feliz por você! – Ele me abraçou fortemente, dando alguns tapinhas em minhas costas e sorri.
- Obrigada. – Falei sorrindo e coloquei a cabeça para dentro do vestiário, vendo o pessoal terminando de se arrumar, a maioria sentado em seu espaço. Gigi tinha os olhos em mim no fundo do vestiário. – Ciao, ragazzi.
- Fala aí, chefa! – Eles disseram.
- Siete pronti? – Perguntei.
- Sì! Sì! – Eles sorriram e Chiello me abraçou de lado, dando um beijo em minha bochecha.
- Fiquei sabendo da história. Gigi nos contou. – Ele sussurrou e eu sorri. – Como você está se sentindo? – Dei um longo suspiro.
- Como se tivesse sido colocada no mapa de novo. – Ele riu fracamente.
- Você sempre esteve no nosso mapa, ! – Ele disse e apertei-o pela cintura.
- Amo vocês! – Falei e ele sorriu.
- Eu sei! – Rimos juntos.
- Ragazzi! – Pavel entrou e vi meus três parentes entrarem junto deles. – Temos convidados especiais aqui.
- Lá vai o Pavel fazê-los pagar mico. – Marchisio disse e rimos juntos.
- Ele faz todo mundo pagar mico, menos ele. – Falei.
- Esse são Olga, Ricky e Carmela, parentes da . – Ele disse e Leo puxou um coro de gritos e aplausos me fazendo rir. – Parentes de verdade, tá?! Não vocês!
- Ah! – Barza disse rindo. – Essa doeu.
- É porque ele não é, sabe? – Gigi disse e o pessoal gargalhou com a cara que Pavel fez.
- Parem! – Falei e eles riram. – Amo todos vocês!
- Alguns mais do que outros, mas... – Empurrei Lich pelo ombro e ele gargalhou.
- Vocês são impossíveis! – Revirei os olhos.
- Eu vou ser o adulto responsável aqui. – Barza disse.
- Você quer dizer “velho”. – Dybala disse e coloquei a mão na boca para gargalhar.
- EITA! – Manu falou do corredor e rimos juntos. – Estou ensinando bem! – Neguei com a cabeça.
- Enfim, é um prazer conhecê-los. – Barza disse, cumprimentando-os e Ricky claramente estava embasbacado por ele.
- Acredite, Barza, o prazer é meu! - Ricky sacudiu sua mão com força. – Você e o Paulo ali.
- Quem me chamou? – Dybala apareceu logo em seguida.
- Ele torce para o Palermo. – Falei.
- Ah, Palermo. Saudades de lá! – Barza sorriu.
- Quer voltar? – Ricky perguntou.
- Opa! Vamos mudar o papo! – Falei rapidamente, ouvindo-os rirem.
- Ela não deixa! – Barza disse, me puxando pelo ombro e dando um rápido beijo em minha cabeça.
- Bobo! – Empurrei-o pelo ombro e deixei Ricky cumprimentar Dybala.
- Bom jogo, ragazzi! – Falei um tanto mais alto, seguindo para o fundo do vestiário, cumprimentando rapidamente o pessoal e segui até Gigi.
- Ei! – Ele sorriu.
- Ei! – Falei e ele me abraçou pelos ombros, dando um beijo em minha têmpora. – Conseguiu sair fácil hoje? – Perguntei baixo.
- Saí logo atrás de você! – Ele disse e assenti com a cabeça. Trocamos meia dúzia de palavras pela manhã, mas ele estava mais sonolento do que eu.
- Fugiu do pessoal? – Perguntei e ele riu fracamente.
- Mais ou menos! – Ele disse e sorri. – Seu padrinho está desconfiado da gente. – Ele disse e ri fracamente.
- A situação mais difícil das nossas vidas é explicar o que temos. – Dei de ombros. – Mas já falei que isso não é problema meu! – Pisquei e ele sorriu.
- Eu sei! Eu sei! – Ele ergueu as mãos. – Minha culpa e meu trabalho. Está encaminhado, eu só...
- Não quero explicações! – Falei baixo.
- ANDIAMO, RAGAZZI! – Allegri entrou.
- Até mais! – Falei e ele soltou um suspiro alto, revirando os olhos. – Forza!
- Forza! – Ele suspirou.
- Ciao, ragazzi! – Acenei rapidamente para eles, batendo minha mão na de Cáceres e segui de volta para o corredor.
- Vamos subir! – Agnelli disse e assenti com a cabeça.
- Vamos, agora jogo! – Falei para o pessoal, seguindo para fora do corredor. – A gente sobe pelo mesmo elevador e vamos para o camarote.
- Ele é privativo, não? – Olga perguntou.
- Sim! Só administrativo, jogadores e pessoal autorizado pode usar ele. – Falei e eles se entreolharam.
- RENA! – Virei o rosto rapidamente, procurando o chamado fino e vi Louis correndo em minha direção.
- MEU AMOR! – Falei empolgada, me abaixando para receber meu forte abraço. – Meu Deus! O que você está fazendo aqui? – O ergui com dificuldades. – Está pesado! – Ele riu fracamente.
- Eu vou entrar com o papai! – Ele apontou para o túnel e vi as diversas crianças em duas fileiras e vi seu uniforme da Champions League.
- Ah, meu Deus! – Falei sorrindo. – Não acredito!
- É! – Ele disse rindo.
- Está empolgado? – Perguntei, estalando um beijo em sua bochecha.
- Tô nervoso! – Ele disse, mexendo em meu colar e sorri.
- Não precisa ficar nervoso, não! – Sorri. – Você vai arrasar. – Falei e ele riu fracamente.
- Como o papai?
- Como o papai! – Falei e ele abriu o sorriso com dois dentinhos faltantes e sorri.
- Meu lindo! – Dei um beijo em sua bochecha e vi a organizadora olhando para mim. – A gente se encontra depois? – Perguntei.
- Sim! – Ele disse sorrindo.
- Cadê meu beijo? – Perguntei e ele passou os braços pelos meus ombros, estalando um forte beijo em minha bochecha. – Que delícia! Agora vai lá! – Me abaixei para colocá-lo no chão de novo.
- Até mais! – Ele acenou com a mão e eu sorri, acenando de volta e eu ri fracamente.
- Ele tem um olho de raio-X para ! – Gigi falou ao meu lado e eu empurrei-o com o quadril.
- Filho de peixe, peixinho é! – Falei e ele riu fracamente. – Bom jogo! – Empurrei-o pelos ombros e ele riu, seguindo em direção a fila, cumprimentando as crianças.
- VAMOS, SERENA! – Virei o rosto assustado para todo mundo dentro do elevador e corri para entrar no mesmo.
- Cheguei! Cheguei! – Falei e Paratici soltou a mão da porta.
- É a encantadora de bebês! – Pavel disse e rimos juntos.
O elevador subiu rapidamente e deixei-os irem à frente quando entramos. Como era de praxe, cumprimentamos várias pessoas no caminho ao camarote e deixei que os quatro fossem em nossa frente, me deixando um pouco para trás.
- Ricky! – Chamei-o. – Agora a parte mais divertida.
- Ah, Dio mio! – Ele disse e entrei em nosso camarote, vendo-o se abrir em nosso olhar.
- Uau! – Ele disse surpreso e eu ri fracamente.
- Isso é incrível! – Olga disse.
Como era tradição em dia de Champions, minha torcida fazia um lindo mosaico e todos os quatro lados do estádio estavam apinhados de gente. Era um dia perfeito para ter seu primeiro jogo no estádio.
- Eu fico meio ocupada durante o jogo, cumprimentando várias pessoas, mas podem se sentar aqui na lateral, eu vou com vocês assim que liberar. – Falei.
- Tudo bem! – Ricky disse e eles se seguiram cautelosos pelo local.
Suspirei, descendo os degraus do meio e cumprimentei todo a penca de sempre. A esposa e mãe de Agnelli, os Elkann, os filhos de Pavel, além de outras pessoas no geral. Nesse meio tempo, os jogadores entraram e parei para ver Lou entrando com Gigi. Mas na verdade, Lou não entrou com Gigi, ele entrou com Chiello, mas como Chiello estava ao lado de Gigi, meu capitano acabou “roubando” Lou para ele e abraçou-o na hora do hino enquanto segurava o garoto que realmente o acompanharia pela mão lateralmente. Bem pai babão mesmo!
- Já deve ter sabido da novidade. – Virei o rosto para Alena.
- Ei! – Abracei-a de lado e vi Dado em seu colo. – Oi, meu lindo! – Ele me abraçou de lado, indo para meu colo.
- Oi, ! – Ele falou sorrindo e aproximei meu nariz do dele, colando-o levemente.
- Eu encontrei o Lou lá embaixo. – Sorri.
- Pois é! Ele estava nervoso. – Alena disse.
- Ah, mas que bom que ele conseguiu. Você é o próximo, hein?! – Falei para Dado que riu.
- A idade mínima é sete anos, mas em breve! – Alena disse.
- Beh, temos o fim do campeonato, não é?! – Fiz cócegas em Dado.
- É sim! – Ele riu fracamente.
- A gente se fala depois do jogo ou no intervalo? – Falei para Alena. – Estou acompanhada. – Indiquei-o discretamente com o dedo.
- Sim, claro! Não quero atrapalhar. – Ela sorriu. – Quem são? – Ela perguntou.
- Meus parentes. – Falei sorrindo.
- Vero? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sim! – Suspirei. – Apareceram ontem, padrinhos e tia.
- , isso é maravilhoso! – Assenti com a cabeça.
- É estranho, sabe? – Falei mais baixo. – Depois de tanto querer uma família, eles apareceram, mas o mais engraçado é que eu me sinto da mesma forma de antes, sabe? Não é como se algo grandioso tivesse acontecido. – Suspirei. – É ótimo tê-los, mas...
- Não faria diferença? – Ela perguntou baixo.
- Faz bastante, na verdade, mas... – Dei de ombros. – Não é totalmente como eu esperaria que fosse, sabe?
- Essa é a prova perfeita que você já tem sua família e agora só está agregando mais gente! – Ela disse sorrindo. – Mas aproveite! Conheça sua história, tire suas dúvidas, saiba quem você é e, principalmente, seja amada. – Sorri.
- Eu já sou! – Falei, beijando Dado que riu em meu colo.
- Vem com a mamãe! está ocupada hoje! – Ela pegou-o no colo e eu sorri.
- Até mais, meu amor! – Falei, acenando e ele retribuiu da mesma forma. Me afastei do pessoal e segui em direção ao pessoal, me sentando na poltrona do canto, ao lado de Ricky. – Pronto, agora vamos ganhar! – Falei e eles sorriram.
- Essas crianças te amam demais! – Ele comentou.
- São os filhos do Gigi, eles me acham em qualquer lugar! – Falei rindo fracamente. – E eu os amo demais também.
- Eles te amam muito! – Olga disse e sorri.
- Eu não quero parecer invasivo... – Ricky disse e eu ri fracamente.
- Pode falar.
- Você e Gigi... – Levei a mão até a boca. – Vocês têm alguma coisa? – Ele perguntou mais baixo e eu suspirei. – Sabe, ele estava contigo quando você nos encontrou, ele estava contigo de noite, agora ele pareceu superprotetor contigo, os filhos dele de amam, não imagino que são um casal, mas parece que tem algo...
- A história é um tanto longa e confusa, mas se estiverem com tempo, eu posso contar. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Eu vou adorar saber! – Ele disse e sorri. – Tudo sobre você, na verdade! – Assenti com a cabeça.
- Combinado! – Sorri, abraçando-o de lado e suspirei. – Allora, forza Juve!
O jogo foi razoavelmente calmo. Morata fez o primeiro gol aos 41 minutos, Zaza distanciou aos 87 e tivemos somente um cartão amarelo dado para eles. Dois gols em fim de tempos, mas conseguimos segurá-los nos intervalos. Podíamos não estar bem no campeonato, mas era um ótimo começo da Champions, Gigi deve estar amando! Eu me mantinha calma... Por enquanto.
- Quando eles foram? – Perguntei para , esperando-a descer os dois degraus do ônibus.
- Semana passada. – Ela disse, ajeitando sua bolsa no braço. – Durante a pausa.
- E como foi? – Perguntei, entrando lado a lado com ela no San Siro.
- Foi bom... – Ela ponderou com a cabeça, rindo em seguida.
- O quê? – Perguntei.
- Ah, é estranho, sabe? – Ela suspirou. – Eu falei isso com a Alena durante o jogo contra o Sevilla e falei isso com a tia Gio... E a Giulia.
- Ela ligou?
- Sim, ligou. – Sorri. – Não falava com ela desde que ela foi embora em junho. – Falei.
- E o que você falou com ela? – Perguntei, seguindo as indicações para o vestiário.
- Ah, é uma situação doce-amarga, sabe? – Ela mordeu o lábio inferior. – Eu não quero parecer ingrata, mas eu achei que seria diferente encontrar com eles.
- Como assim? – Perguntei, indicando para ela entrar no vestiário antes.
- Eu amei muito conhecer eles. Mu-u-uito mesmo! – Ela suspirou. – Foi bom eu falar com eles, conhecer a história deles com meus pais, saber um pouco mais da minha história... Sabia que eu torcia para o Palermo também?
- Mesmo? – Falei rindo.
- Sim! – Ela disse sorrindo. – Eu fui em um jogo com a minha mãe com sete anos.
- Isso é novidade! – Falei e ela riu fracamente.
- Beh, o Delle Alpi ainda vai considerado o primeiro estádio que eu fui na vida. – Ela ergueu as mãos para frente e sorrimos juntos. – Enfim, foi ótimo, foi incrível, foi divertido, foi uma chuva de lembranças...
- Mas... – Falei, deixando minha mochila onde a camisa com meu número estava e ela se apoiou ao lado, soltando um longo suspiro.
- Mas, internamente, eu não sei como se precisasse, sabe? – Ela disse e a observei mordeu seu lábio inferior.
- Como assim? – Perguntei.
- Eu não me sinto mais completa do que isso. – Ela disse baixo. – Assim, aqui no meu coração não mudou muito, sabe?
- Isso é incrível, ! – Falei sorrindo.
- Como isso é incrível, Gigi? – Me sentei no meu espaço, tirando os tênis.
- Quer dizer que você não precisa disso para sua vida! – Falei, erguendo o olhar para ela. – É ótimo você ter encontrado pessoas tão importantes para você. Eles conviveram com seus pais até a morte deles, você encontrou uma tia que nem sabia que tinha! Isso é incrível, ! – Me levantei rapidamente, puxando a gravata para fora. – Mas você se tornou uma mulher completa sem eles. Isso é um bônus, não algo que te vá completar.
- Mas isso é tão estranho! – Ela disse, colocando o cabelo atrás da orelha. – Eu deveria estar nas nuvens, Gigi.
- E você está! – Tirei o paletó, pendurando-o no cabide. – Só não é algo que vai definir sua vida. – Dei de ombros e ela suspirou.
- Eu deveria estar pulando de alegria, Gigi. – Ela disse abaixando o tom.
- Você estava, ! – Falei, puxando os botões da camisa social um a um. – Você estava pulando de alegria, estava emotiva, você estava no nível máximo de felicidade, mas...
- Mas... – Ela insistiu e segurei-a pelo queixo.
- Você é muito maior do que isso, . – Falei, olhando em seus olhos e ela pressionou os lábios. – Você mesma diz que os Vitale são sua família. A Gio e o Fabrizio te chamam de filha, os gêmeos te chamam de mana... – Ela sorriu. – Sem querer ofender Stella e Maurizio, mas você encontrou novos pais, uma nova família... Eu! – Ela revirou os olhos, tirando minha mão de seu queixo e rimos juntos. – Você não precisa deles. Non bisogna niente.
- Mas é bom, certo? – Ela perguntou e puxei a blusa da calça, tirando-a também.
- É claro que é bom! – Falei. – Afinal, tem outra coisa também...
- O quê? – Ela mexeu dentro da bolsa, puxando o celular.
- Você ficou duas semanas com pessoas que você nunca viu na vida! – Falei firme. – É difícil criar intimidade assim! E você não deve ter conseguido passar tanto tempo assim com eles.
- Não mesmo. – Ela suspirou. – Saí mais cedo, mas levava trabalho para casa, não adiantava de nada. – Ela disse. – Nem consegui falar com vocês no jogo do Bologna, pois fui literalmente por causa deles, não iria em outras circunstâncias.
- Ah, ganhamos! – Falei, dando de ombros e rimos juntos.
- Finalmente, né?! – Sorri. – Mas fico feliz de ter ido, aquele jogo foi hilário! – Ela disse sorrindo.
- Por quê? – Peguei a segunda pele na poltrona e vesti-a, vendo-a desviar de meus braços.
- Por quê? O Cuadrado literalmente caiu para fora do campo...
- Valeu, chefa! – O colombiano disse e rimos juntos.
- E depois o Leo se certificou que você fizesse uma vasectomia um tanto natural, mas talvez tenha sido bem-sucedida. – Bonucci gargalhou do outro lado.
- Achei útil depois do terceiro filho! – Ele disse e eu revirei os olhos.
- E depois eu vi que você checou, Gigi! – Ela falou mais baixo e ri fracamente.
- Está tudo bem, eu prometo! – Falei sugestivamente e ela revirou os olhos.
- Beh, enfim... – Ri fracamente, pegando a blusa de treino e coloquei por cima. – Talvez você esteja certo, eu não os conhecia direito, é um tanto estranho para mim, vai ver que...
- Uma coisa de cada vez, ! – Falei, puxando o cinto e enrolei-o na mão para deixá-lo na bancada. – A gente mesmo demorou bastante tempo para se envolver...
- Que perigo, não?! – Ela suspirou e abri minha calça, puxando-a para baixo.
- É, são coisas que acontecem! – Falei e ela riu fracamente.
- Beh, você está se trocando na minha frente como se estivesse comprando um picolé. – Ela disse e abri a boca. – Se você fizer alguma piada besteirenta com picolé, eu juro que te mato aqui mesmo. – Fechei os lábios, rindo sozinho e ela me acompanhou.
- Só tentando reduzir com o clima. – Falei, pegando os shorts e o vesti.
- Falando em clima, estamos chegando no limite desses resultados aleatórios, tá? – Ela disse mais séria.
- É, eu sei. – Falei baixo, me sentando novamente. – Que lugar estamos?
- Décimo segundo. – Bufei, soltando a respiração fortemente.
- Precisamos melhorar isso. – Peguei as meias de jogo, trocando pelas que eu usava.
- É, precisamos... Depois de dois jogos não é preocupante, mas depois de sete, as coisas começam a ficar um pouco piores.
- Eu falo com os caras. – Falei baixo e ela assentiu com a cabeça.
- É, sei que contra a Inter não é fácil, mas vamos tentar, ok?! – Ela falou, apoiando a mão em meu ombro.
- Pode deixar. – Falei e ela sorriu.
- ! Gigi! – Virei o rosto para o chamado, vendo Pavel na porta.
- Fala! – Ela disse.
- Temos alguém aqui que querem falar com vocês... – Ele disse e franzi a testa, me levantando.
- Quem? – Perguntei e ele se afastou, dando espaço para ninguém mesmo que Fabio Cannavaro.
- MENTIRA! – gargalhou, desviando do pessoal em seu caminho e pulou nos braços de Fabio. – Dio mio! Que surpresa ótima! – Ela apertou-o fortemente e o mais baixo ergueu-a no ar alguns centímetros. – Dio, Fabio! – Ela se afastou. – Deixa eu olhar para você! – Ela riu fracamente. – Você está tão lindo! – Ela passou as mãos na barba dele que não estavam ali da última vez que eu o vi.
- É, o que aconteceu? – Barza perguntou e gargalhamos.
- Há, há, há, engraçadinho! – Ele disse rindo. – Decidi te copiar, Barza, fica mais bonito. – gargalhou.
- Eu vou entrar em defesa para você que você sempre foi lindo, Fabio. Isso tudo é inveja! – Ela disse e abracei-o quando ela se afastou.
- Bom te ver, cara! – Dei alguns tapas em suas costas, dando um beijo em sua bochecha e ele riu.
- Eu estou muito feliz em ver vocês, vero! – Ele disse animado e sorri.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei, abraçando-o de lado.
- Ah, só visitando a família, eu vou voltar em breve. – Ele disse e Barza o abraçou.
- Você está treinando, não? – perguntou.
- Sim, eu estou treinando um time na Arábia Saudita. – Ele falou.
- E como está sendo? – Perguntei, vendo Chiello abraçá-lo.
- Cara, nunca achei que fosse gostar tanto daquele lado do mundo. – Ele disse, cruzando os braços. – É um bom jeito de começar, os investimentos são altíssimos e eles são um tanto loucos... – Rimos juntos. – Então é ótimo!
- Isso é ótimo, cara! Eu estou feliz por você! – Falei sorrindo.
- E como vocês estão? – Ele perguntou.
- Você diz fisicamente ou na tabela? – falou e rimos juntos.
- Melhor fisicamente, né?! – Ele disse e ela apertou os ombros dele rindo fracamente.
- Bem, muito bem! – Falei rindo.
- Ainda firme, Gigione? – Ele bateu em meu ombro e rimos juntos.
- Beh! Estamos indo! – Falei rindo.
- Que bom, gente! Precisamos colocar as novidades em dia! – Ele disse.
- Com certeza! – disse.
- Vocês vão ficar aqui essa noite? – Ele perguntou.
- Não, voltamos hoje mesmo. – disse. – Vai ficar até quando?
- Vou embora na sexta-feira.
- Tenta dar um pulo em Turim. – Falei.
- É, claro! Eu estou com Daniela, vamos ver... – Assentimos com a cabeça.
- É realmente bom te ver, cara! – Falei e ele sorriu.
- Vocês também! – Ele sorriu, puxando para perto. – Você não joga, pode sentar comigo.
- Claro! – Ela disse sorrindo.
- Eu tenho que ir para fisio. – Falei, indicando para trás.
- Bom jogo, ok?! Não vou atrapalhá-los. – Ele disse. – Me acompanha, ?
- Claro! Só me dê uns minutos. – Ela disse e ele deu um rápido abraço em mim, Chiello e Barza antes de sair do vestiário com Pavel. – Bom jogo, ok?! – Ela falou para gente e assentimos com a cabeça.
- Grazie! – Nós três falamos juntos.
- Ah, e não se esqueçam que o Melo está na Internazionle atualmente, ok?! – Ela falou, suspirando e revirei os olhos.
- Jogar, tentar ganhar e evitar uma lesão forte. – Chiello disse, suspirando.
- Façam seu melhor! – Ela disse, apoiando a mão em meu ombro e assenti com a cabeça. – E eu falo sério!
- É, eu sei! – Abanei a mão e ela sorriu antes de sair do mesmo.
- Andiamo. – Falei baixo, suspirando.
Encurtando caminho, nós não ganhamos... Mas também não perdemos... E nem fizemos gol... Ou levamos... Em compensação, caímos mais dois pontos na tabela! Legal, não é?! Ninguém do top cinco e nem Allegri acharam divertido. Confesso que isso estava começando a me preocupar.
- ! – Sorri ao ver um dos acionistas logo na entrada do estádio e suspirei.
- Senhor De Luca! – Estiquei minha mão para ele, sentindo-o apertar carinhosamente. – Que prazer te encontrar aqui!
- Ah, o prazer é meu! – Ele sorriu. – Estou querendo falar contigo desde sexta-feira na reunião. – Assenti com a cabeça.
- Pronto, senhorita !
- Grazie. – Sorri para a recepcionista e entrei. – Por quê, Antonio? Aconteceu alguma coisa? Ficou alguma dúvida?
- Não, não! Nenhuma dúvida! – Ele disse animado. – Só gostaria de te parabenizar pelo projeto do J-Village, ele é incrível! – Sorri.
- Ah, bem, precisamos finalmente começar a construir aqui em volta, certo? Adquirimos esse espaço completo há tantos anos, agora que as contas estão no verde novamente, é uma ótima hora de começar. – Indiquei o caminho e seguimos lado a lado.
- Eu falei com a Amalia, não é só a questão do começo da construção, é o projeto completo em si, ele é incrível! – Sorri.
- Beh, fico muito feliz que tenham gostado. – Parei na divisão entre camarote e o elevador para o time. – Vai ser um projeto incrível!
- Com o seu acompanhamento, tenho certeza que sim! – Ele sorriu.
- Grazie! Bom jogo, sim?!
- Até mais! – Ele disse e acenei para ele, vendo-o seguir pelo outro corredor.
- “Com seu acompanhamento, tenho certeza que sim”. – Virei para trás, vendo Pavel gargalhando.
- Ah, seu idiota! – Empurrei-o pelo ombro e acenei para o segurança na frente do elevador e ele apertou o botão, fazendo a porta se abrir. – Grazie! – Sorri.
- Senhorita, senhor... – Entrei com Pavel.
- Ele estava me elogiando pelo projeto de Continassa, ok?! – Falei, virando o corpo para frente e ele riu fracamente.
- Cara! Até eu preciso estender os elogios ao projeto. Ficou IN-CRÍ-VEL! – Ele disse pausadamente. – Sério! Só você para fazer milagre com o orçamento aprovado. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Ah, qual é, Pavel, o principal foi comprar o espaço e isso fizemos há muitos anos, a parte estrutural é um pouco mais fácil. – Falei, vendo o elevador se abrir novamente.
- Mesmo assim, ! Serão seis sítios completos. Você vai pegar essa área inteira vazia aqui em volta e transformar em algo incrível. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Nós vamos fazer isso, Pavel! Eu só cuido do dinheiro. – Falei rindo.
- Talvez, mas a ideia do projeto em si foi sua! – Revirei os olhos. – Por mim e Agnelli teria o novo centro de treinamento e só... – Ri fracamente.
- É fisicamente impossível e desnecessário um centro de treinamento deste tamanho, não acha? Levando em conta que as categorias de base vão continuar em Vinovo? – Virei para ele, parando de andar e ele pressionou os lábios.
- Realmente, em Vinovo temos três campos externos, além do centro de excelência. – Ele disse, passando a mão no queixo.
- Exato! – Rimos juntos. – Mas isso é tudo projeto do meu antigo chefe, eu só remodelei um pouco e tornei-o um pouco mais viável.
- Mas vai ficar legal! – Ele riu fracamente.
- Claro que sim! Aqui podemos abranger tudo e realmente tirar tudo de Vinovo. – Dei de ombros. – Centro de treinamento, centro de excelência, centro de mídia, novo prédio administrativo e, obviamente, precisamos de dinheiro, então, um hotel, uma escola internacional, um pouco de interesse por parte dos jogadores e futuros técnicos e uma Mega Store! – Sorri. – Com a mesma quantidade de dinheiro, usando completamente o espaço. – Ele suspirou.
- Viu?! É por isso que você é a gerente de contabilidade e eu sou o amigo palpiteiro. – Abracei-o pelos ombros, gargalhando e voltamos a andar em direção ao vestiário.
- Ok, amigo palpiteiro, volte a ser vice-presidente, que tal? Acho que precisamos de você! – Ele riu fracamente.
- Não, , é sério! Esse projeto vai ser incrível! – Ele riu.
- E vai subir em três anos. – Sorri feliz.
- Três anos... – Ele suspirou. – Isso sim é loucura!
- O tempo que o estádio subiu. – Dei de ombros. – E apesar de ser gigantesco, muitas coisas dá para aproveitar espaços existentes, como o novo centro médico que logo fica pronto, foi em espaços vazios do estádio... – Falei.
- Mesmo assim, eu preciso me curvar a você por tirar esses problemas da gaveta e realmente torná-los viáveis.
- Você e o Agnelli realmente precisam começar a ver a parte de projetos em andamento. – Falei e ele fez uma careta.
- É por isso que temos você!
- É essa a importância de uma mulher nas coisas! – Falei, ouvindo-o rir e entramos no vestiário.
- Acredite! Se não tivéssemos você, talvez não teríamos nem o primeiro scudetto! – Ele disse e ri fracamente.
- Ah tá! Você falando assim me dá impressão de que eu jogo alguma coisa.
- Não, mas ele tem razão! – Filippi disse e sorri, abraçando-o.
- Como você está? – Perguntei.
- Muito melhor quando te vejo! – Rimos juntos e ele estalou um beijo em minha bochecha.
- Adoro te ver também! – Falei sorrindo. – Allegri! – O cumprimentei.
- Tudo bom, ? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sim, pronto para a terceira vitória na Champions? – Ele riu fracamente.
- Sempre! – Ele disse e olhei no fundo do corredor.
- Onde está Manu? – Perguntei.
- Ela veio rapidinho e já subiu, Sturaro estava meio mala! – Ele disse e eu suspirei.
- Preciso ser babá agora? – Perguntei, bufando.
- Não vai ser necessário, Gigi já deu uma dura nele! – Filippi falou.
- Eu não gosto disso! – Falei baixo. – Ela não faz brincadeiras faz tempo e tenho certeza de que é culpa dele. – Neguei com a cabeça.
- Ótimo jogador, homem horrível? – Allegri disse.
- Uma coisa não deveria estar ligada a outra? – Falei e ele ponderou com a cabeça.
- Touché! – Ele disse e abanei a mão, entrando no vestiário.
- Ciao, ragazzi! – Falei um pouco mais alto.
- Ciao, chefa! – Eles disseram e abracei Chiello que ficava em um dos primeiros bancos.
- Sem pressão, é claro, mas prontos para vencer? – Brinquei e eles riram.
- Valeu, ! – Barza disse e sorri, atravessando o vestiário para abraçar.
- Chefa! – Evra esticou a mão e eu dei um soquinho na dele.
- Beh, se vocês não ganham no campeonato, mas ganham na Champions, alguma coisa precisamos aproveitar. – Falei rapidamente e franzi os lábios. – Agora eu entendo por que todo administrativo pressionava nas festas de Natal. – Chiello gargalhou.
- Não é?! – Ele disse. – Por quê, ? Por quê? – Ele disse em tom dramático e sorri.
- Porque eu preciso que vocês tenham resultados! – Dei de ombros. – Vamos construir um CT novinho totalmente para vocês, mas precisamos de...
- Dinheiro! – Mandzukic disse e eu assenti com a cabeça.
- Está aprendendo! – Rimos juntos e me aproximei do fundo do vestiário, indo até Gigi. – E você!
- O quê? – Ele se levantou, apoiando as mãos nas coxas e abracei-o fortemente.
- Você bate mais um recorde hoje! – Falei e ele riu fracamente.
- Vou bater, não bati ainda, ! – Ele disse, me apertando fortemente e rimos juntos.
- Septuagésimo terceiro minuto, pelo que os fãs me disseram! – Sorri e ele sorriu também. – Vai passar o Alex.
- 48.867 minutos pela Juventus. – Ele suspirou.
- Até o fim do jogo serão 48.884. – Ele riu fracamente. – Isso contando números oficiais. Por volta de 543 jogos. – Ele arregalou os olhos.
- Você não fez essa conta de cabeça, fez? – Ele perguntou e eu ri fracamente.
- Não! Eu sou boa, mas nem tanto! – Ele riu fracamente. – Eles guardam números de presenças, não se preocupe! Dessa vez não precisei fazer tanto esforço. – Ele me abraçou novamente, rindo em meu ouvido.
- Obrigado por vir! – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Estamos juntos, se esqueceu? – Me afastei devagar e ele sorriu. – Não posso perder a oportunidade em te parabenizar, precisa ter alguma vantagem em envelhecer e ficar muitos anos em um time, não? – Rimos juntos e ele estalou em beijo em minha bochecha.
- Eu vejo mais do que essa. – Ele sussurrou em meu ouvido e empurrei-o de leve.
- Bobo! – Sorri. – Bom jogo, ok?! Faça valer à pena!
- Sempre! – Ele disse e eu sorri, seguindo para o outro lado do vestiário. – Bom jogo, gente! Façam alguma coisa de útil! – Eles gargalharam.
- Dio! Mas está atacada hoje! – Leo disse e fiz uma careta.
- Aproveita! Melhor eu assim do que irritada! – Eles riram.
- Com toda certeza! – Ele disse e segui para fora do vestiário, cumprimentando mais um pessoal no meio do caminho.
Esperei Pavel, Paratici e Beppe, não encontrando Agnelli ali, talvez não tivesse chego ou tivesse ficando preso lá em cima e subimos, fazendo o caminho de sempre e todos os protocolos de sempre. Dessa vez eu não encontrei ninguém conhecido, então acabei ficando perto do pessoal de sempre, finalmente encontrando Agnelli.
Os times entraram e a torcida fez um lindo mural com as bandeiras da Itália e os números 1897 nas arquibancadas. Em alguns dias completávamos 118 anos de clube e eu completaria meus 34 anos. Mais um ano aqui e mais um ano de vida! Era loucura como as coisas estavam passando rápido e mesmo assim eu me sentia tão atrasada em algumas pessoas, especialmente pessoais.
Enfim, eu não podia fazer nada, eu ainda sou apaixonada por um cara que não me prioriza e está esperando filho de outra mulher. Que vida, ! Sorte no jogo, azar no amor! Bem que dizem mesmo!
Beh, pelo menos não nesse jogo. Apesar de dominarmos o jogo inteiro, não conseguimos sair do 0x0. Pogba, Morata e Mandzukic bem que tentaram, mas não conseguiram. Então, a grande comemoração acabou sendo mesmo de Gigi aos 73 minutos, oficialmente batendo os minutos jogados de Del Piero. Ele provavelmente vai falar o quanto prefere os prêmios que ele pode dividir com o grupo e a torcida, mas eu sabia que ele podia dividir isso comigo. Era bastante coisa e ele precisava se sentir orgulhoso disso... Já que não tivemos uma vitória.
Só espero que o azar do campeonato não passe para a Champions.
Abri os olhos devagar, vendo os portões de Vinovo e suspirei. Ergui meu corpo na poltrona do ônibus, passando as mãos nos olhos e cutuquei Chiello ao meu lado que se assustou com o feito, me fazendo rir fracamente.
- Chegamos? – Ele perguntou.
- Sim! – Falei, ajeitando a poltrona e estalando o pescoço.
- Foi uma noite horrível! – Ele disse, fazendo o mesmo que eu.
- Nem fala! – Suspirei. – Eu quero ir casa e relaxar um pouco, ficar sozinho e relaxar...
- Não fique muito empolgado. – Leo disse do outro lado do corredor e inclinei a cabeça para enxergá-lo.
- Por quê? – Perguntei.
- A Manu está esperando por alguém. – Ele disse e eu suspirei.
- Por que você acha que sou eu? – Me espreguicei, bocejando.
- Manu, , você... – Ele ponderou com a cabeça. – Parece um tanto óbvio para mim.
- Há, há, há! – Falei e Chiello riu ao meu lado.
- Ele não está errado. – Lich disse ao lado de Leo e ri fracamente.
- Espero que sim! – Suspirei.
Demorou um pouco para o ônibus estacionar e começamos a nos levantar devagar. Peguei minha mochila no bagageiro, esperando que Chiello saísse e depois segui logo atrás dele. Cumprimentei o motorista e desci do ônibus, ouvindo a risada de Manu quando Dybala e Morata a abraçaram animados.
- Para! Para! – Ela bateu nos dois e eu sorri. Era bom ver a amizade deles. Pelo menos era o que parecia.
- Larga! – Pogba afastou os dois, abraçando Manu e apertando a cabeça dela em seu peito pela diferença de altura e ela pressionou os lábios, se segurando para não rir.
- Paul... Eu estou trabalhando. – Ela disse, revirando os olhos.
- Só mais um pouquinho... – Ele disse, mantendo-a apertada e ela riu fracamente.
- Ok, muito bom! – Ela o afastou devagar, ajeitando os cabelos atrás da orelha. – Gigi, preciso de você! – Ela disse e Leo gargalhou ao meu lado.
- Eu falei! – Ele disse e eu suspirei.
- O que aconteceu? – Me aproximei dela.
- Uma reunião rápida. – Pavel falou, passando por nós e pressionei os lábios. Ótimo. Reunião de resultado ou da falta dele.
- Boa sorte. – Chiello disse.
- Você também, lindinho! – Manu sorriu e ri fracamente.
- Ah, droga! – Ele disse e rimos juntos.
- Vamos, vai ser rápido! – Agnelli também passou por nós e Manu pressionou os lábios e seguiu atrás dele.
- Buon giorno, ragazzi! – Falei, acenando para os jogadores e Barza e Leo deram alguns rapinhas em nossas costas.
- Ciao, ciao! – Alguns responderam e segui ao lado de Chiello atrás da menina saltitante de cabelos azuis.
Suspirei, seguindo com Chiello e entramos no elevador junto de Agnelli, Pavel, Beppe e Paratici. Manu se espremeu no fundo e tentou fingir real interesse em seu celular. Eu e Chiello ficamos quietos, mas já até imagina sobre o que seria o assunto. 10 jogos, quatro vitórias, três empates, três derrotas. 15 pontos na tabela, décimo segundo lugar. Um péssimo começo, eu sei.
Chegamos no último andar e engoli em seco. Eu adorava ser encurralado em reunião de última hora depois de uma derrota, era um ótimo jeito de começar. Saí antes com Chiello, vendo as salas envidraçadas e vi ali dentro, me fazendo sorrir. Ela estava a de sempre, roupas preto e branco, cabelos soltos e linda como sempre!
- Pode ir! – Agnelli indicou e segui adiante pelo corredor, empurrando a porta, vendo desviar o olhar para gente.
- Gigi! – Ela sorriu.
- Oi, ! – Ela se levantou e abracei-a fortemente, sentindo-a dar um beijo em minha bochecha.
- Chiello! – Ela fez o mesmo com meu amigo e se afastou logo em seguida.
- Imagino que seja uma reunião simples e feliz, não? – Chiello brincou e ela riu fracamente.
- Obviamente! – Ela disse, indicando as cadeiras e sentei na mais próxima a ela, tirando a mochila das costas. Olhei rapidamente em volta e percebi que Manu tinha ficado.
- Vocês dois já participaram de uma reunião dessas antes. – Agnelli disse, também ocupando os espaços na mesa e notei que eu e Chiello impedimos a organização quase monárquica deles em sentar e se portar sempre como um top cinco.
- Há cinco anos. – Falei, engolindo em seco.
- Posso falar, Andrea? – pediu e ele soltou a respiração forte, indicando a mão para ela. – Você está estressado.
- Por favor... – Ele disse, suspirando.
- Gigi, se lembra do jogo com a Roma que eu disse que estava cedo para começar a se preocupar? – Ela perguntou, virando o rosto para mim e eu assenti com a cabeça. – Está na hora de se preocupar. – Ela suspirou, mexendo em algumas folhas em sua frente. – Estamos perdendo popularidade, contratos de divulgação e acionistas. – Ela me esticou uma folha com um gráfico em queda. Não entendia nada, mas se ela me fala, eu acredito.
- Isso é pelos resultados? – Chiello puxou a folha em minha frente e ele era formado em administração, entendia muito mais.
- Pela falta deles, né?! – Ela pressionou os lábios e suspirei.
- O que você quer que eu faça? – Perguntei baixo, virando o rosto para ela.
- Nós, junto dos Elkann, temos somente um foco esse ano...
- O quinto scudetto. – Falei com Chiello e ela assentiu com a cabeça.
- Exato. – Ela suspirou. – Não é uma forma de dizer: não se preocupem com as outras competições, mas o campeonato precisa ter prioridade. – Ela suspirou. – Foram 10 jogos, gente! Éramos para ter somado ao menos uns 25 pontos, mas estamos em 15. Estamos atrás de times como o Torino, Sampdoria, colados no Palermo... – Ela suspirou. – Isso sem contar os que estão na nossa frente, né?! – Ela mordeu o lábio inferior, pressionando os lábios avermelhados em seguida. – Todos sabemos diferenciar bem nossa amizade e o trabalho, certo? – Ela perguntou.
- Sim! – Falei baixo.
- Então, vocês precisam organizar a porra desse time! – Ela falou rapidamente e não contive em dar risada, vendo-a abrir um largo sorriso. – E isso quer dizer vincere, vincere, vincere.
- Eu não acho que isso é algo que só nós consigamos fazer, . – Chiello disse.
- Não, não se preocupe que eles já falaram com o Allegri, mas os jogadores precisam se manter motivados. – Ela disse, suspirando. – E isso são com vocês. Vocês, Marchisio, Barza, Leo... – Ela suspirou. – Não chamamos todo mundo, senão saía do foco da reunião, mas vocês precisam se organizar. A brincadeira acabou. – Ela suspirou. – Perdemos pontos preciosos e agora vem uma leva de Torino, Milan, Lazio, Fiorentina e logo a segunda parte da temporada começa e a gente ainda não entrou nesse ritmo.
- Ok, vamos falar com a galera, ver o que podemos fazer. – Falei, realmente não sabendo o que mais poderia dizer.
- Foquem no Paulo, no Mario, no Álvaro, no Paul... Eles estão mostrando resultados muito bons. – Ela pressionou os lábios.
- Ok... – Chiello disse.
- Posso contar com vocês? – Ela perguntou.
- Claro! Daremos nosso melhor! – Chiello disse e Agnelli se levantou rapidamente.
- Espero mesmo! – Ele disse e se levantou, se retirando da sala e Beppe e Paratici seguiram para o mesmo lugar e bufou assim que a porta bateu novamente.
- Ele não sabe fingir, não é mesmo? – Falei, tentando quebrar o gelo e ela riu fracamente.
- Vamos só dizer que não foi um bom mês para os acionistas. – Ela fez uma careta, suspirando.
- Estou vendo mesmo... – Chiello disse, deslizando o papel pela mesa de novo e juntou aos outros.
- Todo mundo está um pouco desolado com os resultados. – Pavel disse. – Mas tentem se apegar ao que a falou, ao menos ela não arrancou os cabelos ainda. – Ela riu fracamente.
- Agora minha queda melhorou, ok?! Mas a minha era outro motivo. – Ela sorriu. – Enfim, gente, vamos tentar fazer isso funcionar, vocês não estão sozinhos nessa. – Ela apoiou a mão em cima da minha e assenti com a cabeça, fechando as mãos em torno de seus dedos. – Temos os mesmos interesses que vocês.
- Eu sei... – Sorri com os lábios pressionados.
- E seremos campeões da Itália e seremos protagonistas de novo, Gigi. – Ela disse sugestivamente e eu franzi os olhos.
- Você viu a entrevista! – Falei e ela assenti com a cabeça.
- Vi e posso te garantir que não fiquei nada feliz com o que você disse. Não somos o Milan, aqui se vence. – Ri fracamente.
- Beh, uma hora vamos ter que perder, certo? – Retornei a ela.
- Uma hora, mas não hoje. – Ela sorriu, soltando minha mão e suspirei.
- Mah, vocês sabem o que fazer! – Pavel disse, se levantando também. – A gente se fala, ok?! Eu preciso ir.
- Vai lá, Pavel! – disse e Chiello se levantou também.
- Ciao, ragazzi! – Chiello disse e vi organizando a pasta em sua frente.
- Ciao, Chiello. – Ela disse, erguendo o olhar para mim. – Não vai embora?
- Se você viu a entrevista, você viu o que eu falei sobre comprar a divisão de um sentimento, não? – Falei, cruzando os braços.
- Sim, eu vi. – Ela disse. – Você estava muito bonito. – Ela sorriu e assenti com a cabeça.
- O que você acha? – Perguntei.
- Sobre... – Ela fechou a pasta, erguendo o olhar para mim.
- Não comprar a divisão de um sentimento... – Ela pressionou os lábios.
- Você precisa parar de falar em enigmas comigo, Gigi. – Ela disse sorrindo. – Você nunca comprou meus sentimentos e eu nunca comprei os seus, mas sem priorização, nada existe. – Ela empurrou a cadeira para trás ao se levantar e eu suspirei. Ela sempre me deixava sem palavras. – E eu acho que já te priorizei demais, não? – Ela deu de ombros.
- Espera aí! – Me levantei rapidamente, antes que ela desse mais algum passo.
- Eu tenho que trabalhar, é quinta-feira ainda! – Ela disse.
- Eu sei, só... – Ponderei com a cabeça. – Eu não sei. – Ela riu fracamente, apoiando a mão em meu ombro.
- Eu acho interessante o assunto sobre sua estreia no futebol profissional. – Ela disse.
- É, está dando 20 anos. – Falei rindo e ela sorriu.
- Muito tempo, não? – Ela suspirou. – Não me surpreendo o pessoal te chamar de velho.
- O pessoal? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Eu inclusive. – Ela sorriu. – Mas gostei de te ver sua entrevista novinho. – Ela puxou a porta e esperou que eu passasse.
- Ah, eu era muito bobo! – Falei, apertando as mãos nas bochechas.
- Você não era bobo! – Ela disse. – Você estava feliz pela conquista. – Ela abriu um largo sorriso. – Foi bonito ver!
- Ah, nem vem! – Ela riu fracamente.
- Você estava deslumbrado por tudo, Gigi. Ainda mais manter um 0x0 contra o Milan, foi uma grande estreia. – Sorri, pressionando os lábios. – E eu sei que você ficou envergonhado depois que o vídeo parou de passar, quando voltou para o estúdio. – Dei de ombros, parando ao lado dela em frente ao elevador.
- Eles passaram uma entrevista de quando eu tinha 17 anos, ... – Ela riu fracamente. – É um tanto vergonhoso...
- Não tem nada de vergonhoso. – Ela apoiou as costas na parede. – Sua resposta foi propícia para um garoto de 17 anos estreando no futebol profissional. E você era muito fofo. – Ela passou a mão em meu rosto, apertando levemente minha bochecha e pressionei os lábios rindo.
- Era? – Perguntei rindo.
- Posso te garantir que os anos fizeram muito bem para você! – Ela disse, entrando no elevador quando ele se abriu e eu ri fracamente.
- Quer dizer que eu não sou mais fofo? – Entrei logo atrás dela e ela riu fracamente.
- Meus pensamentos não condizem com aquele garoto. – Ela disse rindo e pressionei meus lábios em um beijo em seu pescoço. – Não começa, Gigi. – Ela me empurrou pelo peito e apertou o botão do quarto andar e outro do térreo.
- Você que está pensando coisas aí... – Ela riu fracamente.
- Se lembra quando você disse que talvez teríamos nos encontrado alguma vez em Palermo? – Perguntei, passando as mãos em sua cintura.
- Uhum... – Ela respondeu.
- Esquecemos que poderíamos ter nos encontrado em Nápoles também... – Aproximei meus lábios de seu pescoço novamente. – Eu tenho certeza de que joguei lá em algum dos anos antes de você vir para Turim.
- Nunca tinha pensado nisso, mas eu era chata em Nápoles. – Ela falou e vi o elevador se abrir de novo e agilizei apertar o botão para a porta fechar. – Gigi!
- Xi... – Falei baixo, subindo os lábios pela sua orelha e apertei o botão de emergência, fazendo o elevador parar. – Você era mais velha... – Falei, passando as mãos em sua barriga. – Será que teríamos dado certo? – Ela riu fracamente.
- Beh, você sabe lidar com meu jeito irritado até hoje... – Ela disse baixo e percebi sua respiração acelerar.
- Sei sim... – Falei, passando os lábios pelo seu pescoço. – Então...
- Talvez sim... – Ela riu. – Eu não sei, Gigi, estamos falando de suposições de 20 anos atrás. – Ela virou o rosto de frente para o meu e puxei sua cintura para minha, colando seu corpo no seu e ela suspirou.
- Eu sei, mas estamos aqui agora... – Falei, passando os lábios em sua bochecha e ela suspirou. – É uma curiosidade...
- Você era fofo, ok?! Mas aposto que cansaríamos um do outro muito fácil. – Ela disse.
- Beh, já faz quase 15 anos que nos conhecemos, . Nada mudou. – Falei, subindo a mão pela sua blusa.
- Nós temos uma obsessão um pelo outro, Gigi. – Ela disse, falando próximo aos meus lábios. – E só tem uma forma de corrigir isso.
- É? – Perguntei baixo, sentindo sua mão em meu pescoço.
- Parar fingir que tem outra pessoa na sua vida. – Ela disse, colando os lábios nos meus fortemente e se afastou com a mesma pressa e se virou, me fazendo suspirar.
- ...
- Nã-não! – Ela disse, soltando o botão do elevador, fazendo-o descer novamente. – Não fala nada!
- Você entende meu lado, não? Por que estou fazendo isso? – Falei, coçando a nuca e ela ficou em silêncio. – , por favor...
- Não vou falar nada, Gigi. É como chover no molhado, não vai mudar nada. – Ela disse, suspirando.
- Mas eu preciso que você entenda...
- Para quê? – Ela virou o corpo para mim novamente. – Não é problema meu, você que se resolva com isso. – Ela suspirou. – Não sou obrigada a aceitar você e outra pessoa só porque ela está grávida de um filho seu. O erro também foi seu. – Ela disse mordendo o lábio em seguida. – Só saiba que me dói saber que você prefere a mim e não ela e mesmo assim não faz nada para mudar. – Ela suspirou e o elevador se abriu novamente, no térreo.
- Eu queria que fosse fácil assim. – Falei baixo.
- Vai sair? – Ela perguntou e eu suspirei. – Bom, já que é assim... – Ela apertou o botão do quarto andar novamente, fazendo as portas se fecharem.
- Eu queria que você entendesse o que está em risco nisso tudo. Em eu terminar com ela grávida, ela não é fácil, , a imprensa...
- Eu não me importo e não quero saber. – Ela disse, olhando para porta e suspirei. – Honestamente, prefiro viver em uma realidade que nada disso existe, mas você falando assim não ajuda em nada. – Ela falou baixo.
- Eu não resisto a você, , eu...
- Não! Não fala mais nada! – Ela pediu e as portas se abriram novamente.
- , por favor... – Segurei pela mão e ela segurou a porta com a outra. – Precisamos falar sobre isso...
- Não, não precisamos... – Ela disse. – Nada do que você me disser vai fazer eu mudar minha opinião sobre isso. – Ela pressionou os lábios. – Se você me quer, por que ficar sofrendo em um relacionamento que não vai te levar a lugar nenhum? – Ela suspirou. – Em dois, na verdade, porque com a Alena foi a mesma coisa. – Ela deu de ombros, puxando seu braço. – Por que me fazer sofrer sobre isso?
- Porque eu...
- Não fala. – Ela se afastou. – Por favor, não fala! – Ela disse novamente, soltando a porta e segurei-a em seu lugar. – Não vamos piorar as coisas. Prefiro ficar vivendo nessa realidade fingida do que precisar encarar algo que não vai mudar. – Ela suspirou. – Desculpe. – Ela deu de ombros e seguiu para fora do elevador, sumindo de minha vista em alguns passos.
Esperei alguns segundos até a porta se fechar novamente e fechei os olhos, apertando fortemente o botão do térreo. Apoiei minhas costas no fundo do elevador e respirei fundo, sentindo algumas lágrimas deslizarem pela minha bochecha e o braço em meus olhos, engolindo em seco.
Eu sei que ela está certa, ela tinha completa razão, mas eu simplesmente não consigo ser puttano o suficiente para fazer isso. Beh, mais puttano para fazer isso. Acho que meus níveis disso já haviam passado o suficiente depois desses 15, nove ou quatro anos. Só esperava que algum dia eu pudesse realmente fazer o que ela me disse: viver como eu realmente quero.
Capitolo sessantasette
Olhei meu rosto no espelho, pensando ainda se eu deveria ir, mas eu não tinha nenhuma vontade, principalmente depois da última vez que nos encontramos. Eu fugi dos últimos jogos, ignorei sua mensagem e flores que ele havia me mandado de aniversário e agradeci por ter amistosos da Nazionale no meio do caminho.
Eu não sei se eu tinha muita razão em ficar brava com ele, eu juro que tentava me colocar no lugar dela e pensar o que eu queria se estivesse grávida de um cara que claramente não me ama. Eu seria boba o suficiente por achar que sim? Ou será que estava nessa somente e exclusivamente pelo status dele? Pelo que eu via da apresentadora Ilaria D’Amico na TV, o que eu fugia sempre, pois só a voz enojada dela me irritava, ela era realmente uma pessoa difícil, mas ela precisa aprender que não é porque você trabalha em um ambiente exclusivamente masculino que precisa ser chata, se você conseguir o respeito deles, já fica mais fácil de trabalhar.
Não, com toda certeza não! Se por alguma vez acontecer de eu ficar grávida de um cara que não me ama, o que levando em conta são bem poucas as chances, pois eu não tenho uma vida sexual lá muito ativa e me previno para não ser mais uma pessoa grávida de Gianluigi Buffon nesse mundo, eu não gostaria disso. Prefiro morrer solteira do que viver em uma relação com um cara que só está aqui pelo bebê. Pode ter total liberdade com meu filho, mas não vai ter nada comigo. Seremos amigos e cordiais um com o outro o máximo possível, mas só.
Às vezes eu fico imaginando se ele... Eca! Transa com ela! Se ele deixa ela acariciá-lo da forma que eu faço e, a pior parte, se ele gosta! Se ele se excita da forma que eu o excito... Argh, eu parecia a amante mesmo! Isso era horrível, isso era... Franzi os olhos com a campainha. Ah, só faltava ser bomba agora...
Abaixei o pincel na pia novamente e peguei meu roupão pendurado no banheiro e vesti-o em cima da lingerie que eu usava. Saí do quarto a passos rápidos, amarrando o roupão e desci as escadas, me aproximando da porta e chequei por entre a fresta quem era e franzi a testa ao ver os cabelos de Manu iluminados pela luz e abri a porta.
- Ei, Manu! – Falei, cruzando os braços. – O que está fazendo aqui?
- Me certificando que você não vai fugir da festa. – Ela disse, entrando em casa e dei alguns passos para trás para ela fechar a porta.
- Ah, Manu, eu não sei se eu vou ainda, ok?! – Falei e ela bufou.
- Vai sim! E fico feliz por já estar maquiada! – Ela disse e eu suspirei.
- Não é exatamente uma ótima ideia, ok?! Nós brigamos da última vez que nos encontramos...
- Ah, mas isso acontece uma vez por mês, mas, mesmo assim, ele te convidou e me mandou mensagem perguntando se você vai, então... – Ela me empurrou de costas. – Se arruma, eu estou de carro, eu levo a gente.
- Ai, Manu...
- Você tem roupa, não tem? Bom, espero que sim, você sempre está fabulosa! – Ela disse, seguindo para as escadas e me senti obrigada a seguir. – Eu compro as roupas na H&M e na Primark, quando acho, né?! Você cheia das marcas italianas... – Sua voz ia sumindo e suspirei, seguindo logo atrás dela pela pouca iluminação do local, somente do meu quarto.
Segui escadas acima novamente, bufando e não conseguia acreditar que perdi Giulia, mas havia ganhado uma pessoa que me obrigada a fazer as coisas... Uma menina que era quase 13 anos mais nova do que eu. Entrei no quarto e ela sorria para mim. Ela também estava muito bonita, um macacão tomara que caia e uma jaqueta preta por cima.
- Isso é lindo demais! – Ela disse, vendo o vestido que eu havia separado e suspirei.
- Eu sei, mas não sei se vou usar.
- Vai sim! – Ela disse, pegando o cabide. – Onde já se viu perder a oportunidade de ficar incrível na frente de Gianluigi Buffon? Ele vai babar demais! – Ela me estendeu o mesmo e suspirei.
- Aposto que a namoradinha grávida dele vai estar lá...
- Mais um motivo para ir! – Ela sacudiu o cabide e eu suspirei, pegando-o. – Faça-o ajoelhar aos seus pés... Não que precise de muito. – Ri fracamente. – Vai, ficamos 10 minutos e depois vamos comer pizza.
- A ideia é tentadora. – Falei e ela sorriu.
- E então... – Ela forçou o sorriso.
- Bom, só porque eu não vou deixar você desperdiçar esse seu look tão lindo. – Ela tombou a cabeça para o lado. – Você está linda.
- Obrigada! Aprendi com a minha chefa. – Ela tombou o corpo para trás e eu ri fracamente.
Entrei no banheiro com o cabide e tirei meu roupão, colocando o vestido rendado com a barra em degradê branca e suspirei, me sentindo muito bonita. Era esse o poder de um vestido em mim. Peguei o batom vermelho, passando nos lábios e passei as mãos nos cabelos, jogando-o para trás, esperando que as ondas ajeitasse-o, pois nem lavar eu não lavei. Me olhei no espelho, erguendo um pouco da barra que arrastava no chão e suspirei antes de sair do banheiro.
- É DISSO QUE EU ESTOU FALANDO! LINDA! GATA! MARAVILHOSA! – Manu disse e eu revirei os olhos.
- Obrigada por encher minha bola.
- Bom, alguém tem que, né?! Allora andiamo! – Ela disse, se levantando apressada e parando um pouco. – Calma que eu ainda não posso fazer isso rápido. – Ela disse rindo e eu sorri. – Vamos!
- Já estou indo. – Falei, seguindo até meu closet para pegar meu scarpin preto, calçá-lo e pegar uma bolsa de mão para colocar celular, chaves, documento e um pouco de dinheiro, se realmente acabássemos em alguma pizzaria antes do fim da noite. Com tudo pronto, segui escadas abaixo.
- Espera um pouco! – Pedi para Manu e segui até a cozinha e peguei o buquê de flores que estava ali e voltei.
- Um buquê? – Ela perguntou.
- O que dá para um cara que tem tudo? – Perguntei.
- Eu comprei uma correntinha de São Judas Tadeu para ele. – Ela fez uma careta.
- O Santo das causas impossíveis? – Ela sorriu.
- É uma boa, vai! Só espero que ele entenda a referência! – Revirei os olhos, desligando as luzes conforme passava e tranquei a porta.
- Não consegui pensar em muita coisa, então, 20 flores, uma de cada cor, e no caule tem uma foto de algum momento que eu lembro desses anos... Tirando os seis primeiros que eu não lembro de nada. – Dei de ombros. – Mas achei na internet.
- Ei! Isso é mais legal do que o meu! – Ela falou. – E bem íntimo também. – Ri fracamente.
- Talvez, sei lá! – Suspirei, entrando no carro e ela deu a volta. – Vamos lá.
Ela entrou no carro do outro lado e apoiei o buquê delicadamente para não sujar o vestido e coloquei o cinto de segurança. Algumas músicas espanholas tocavam alto em seu carro, mas foi bom para distrair, principalmente com sua cantoria. Chegamos a Trattoria Fratelli Bravo sem muitos problemas e pensei se era uma boa ideia fazer uma festa de 20 anos de carreira aqui. Sabia que o local trazia muitas lembranças para todos os Juventinos, mas será que caberia todo mundo? Principalmente pela grande aglomeração na porta. Talvez estivéssemos uns 30 minutos atrasadas.
Desci do carro com o buquê na mão e Manu com uma pequena caixinha e seguimos em direção à porta, logo que nos aproximamos percebi que eram fotógrafos fãs. Ótimo! Como não chegar despercebida.
- SERENA! SERENA! SERENA! – Os fotógrafos gritaram para mim e suspirei.
- Deixa eu segurar aqui! – Manu pegou o buquê em minha mão.
- Manu! Não me deixa! – Pedi.
- Tchau! – Ela disse, virando o corpo e seguindo em frente.
- SERENA! SERENA! SOLTANTO UNA FOTO! – Suspirei, colocando o falso sorriso em meus lábios e parei nos degraus da trattoria e sorri para os fotógrafos.
Coloquei a mão na cintura e fui virando o corpo devagar, fingindo que ajeitava o vestido, até que acenei por completo, virando em seguida, fazendo questão de fugir dali o mais rápido possível. Respirei fundo quando fiquei de costas para eles e entrei no restaurante, vendo que nem tudo estava tão perdido quanto parecia. Tinha várias pessoas sim, mas dava para andar. Procurei a minha acompanhante de cabelos azuis, mas imagino que ela já tivesse fugido o mais rápido possível.
Olhei rapidamente em volta, vendo algumas esposas que sorriam ao me ver e algumas até vinham me cumprimentar e elogiar meu vestido. Acenei para os garçons que eu conhecia e passavam ali bem mais arrumados do que o normal. Suspirei quando encontrei Manu, mas também encontrei Gigi com ela. Beh, a festa era dele, né?! Eu teria que falar com ele uma hora ou outra.
- Achei que seria bem propício, sabe? – Sua voz se sobressaiu sobre as outras com a proximidade.
- Muito! – Ele riu, dando dois beijos em suas bochechas. – E essas flores?
- Não são minhas. – Ela disse.
- São minhas... – Falei, me aproximando e ele ergueu o olhar para mim.
Da mesma forma que seu olhar desceu pelo meu corpo, parando levemente em meu decote, eu deslizei meus olhos pelo seu corpo dentro daquele terno. A gravata longa muito bem ajeitada e o corpo que me matava em todo momento.
- Bom, eu não sou mais bem-vinda aqui, vou achar a galera! – Manu disse, me fazendo desviar o olhar e saiu rapidamente, apertando o buquê nos braços de Gigi.
- Você veio... – Ele disse surpreso.
- Você me convidou. – Dei de ombros.
- Eu sei, mas... Você me entendeu. – Assenti com a cabeça.
- É uma data importante, 20 anos da sua estreia, além das cem aparições pela Champions. – Passei a língua nos lábios devagar. – Achei que sabemos dividir as coisas...
- É! – Ele disse rapidamente. – Obrigado! – Assenti com a cabeça e aproximei, passando os braços pelos seus ombros, apertando-o fortemente e sua mão livre me apertou pela cintura por mais tempo que eu esperava. Precisei me conter para não suspirar ali mesmo.
- Talvez... – Me afastei devagar. – Mais 20 anos de carreira? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Um tanto irreal, mas quem dera! – Ele deu de ombros e sorri, passando a mão em seus ombros.
- Aproveite ao máximo, então. Você não é mais aquele garoto de 17 anos. – Sorri e ele riu comigo.
- Queria... – Dei de ombros.
- Muita coisa mudou, né?! – Ele suspirou.
- É! – Ele pressionou os lábios.
- Cuidado ao abrir, tá? Tem algumas coisas nos caules. – Toquei o papel do buquê.
- Ok, ok! – Ele disse assentindo freneticamente.
- E abre sozinho... – Falei, pressionando os lábios e ele confirmou com a cabeça.
- Eu quero falar com você... Depois... – Pressionei os lábios. – Eu quero me des...
- Ah, carino! Você está aqui! – Dei um passo para trás quando vi Ilaria aparecendo e respirei fundo para não mudar minha feição. – O banheiro está lotado! Talvez você deveria ter feito isso em um lugar maior. – Notei a barriga de grávida dela em evidência naquele vestido de onça e foi realmente muito difícil não demonstrar uma feição de asco.
- Eu estou acompanhado... – Ele indicou para mim, coçando a nuca.
- ! – Ela abriu um largo sorriso.
- Senhora D’Amico! – Falei, assentindo com a cabeça.
- Ah, que isso, ! Acho que depois de tanto tempo, podemos ser informais, certo? – Ela abriu um largo sorriso, apertando os ombros de Gigi.
- Eu prefiro não. – Dei o mesmo sorriso. – Minha relação com a imprensa é a menor possível. – Mantive o sorriso e esperava que não notassem a falsidade. Pelo menos minha, a feição de Gigi dizia muito mais.
- Ah, como preferir! – Ela disse. – Mas se até o Gigi aqui caiu nas minhas graças, tudo é possível!
- Nem tudo, te garanto! – Ri fracamente e ela fechou o sorriso, entendendo finalmente a direta. – Divirta-se, Gigi. Vou procurar o pessoal!
- Você também, ! Eles estavam lá em cima! – Ele disse e assenti com a cabeça antes de me virar e relaxei minha feição, engolindo em seco para não começar a noite manchando minha maquiagem.
- Você ganhou flores? Que tipo de presente é esse? – A ouvi dizer e evitei que meus olhos saíssem de órbita com a revirada.
- Eu gostei! É diferente! – Ouvi a voz de Gigi e suspirei.
Cumprimentei algumas pessoas, seguindo para o segundo andar, mas nem reparei muito nas pessoas para subir até nosso tradicional terceiro andar. Lá em cima estava menos apertado, mas reconheci vários rostos. Pavel e Trezeguet, me fazendo relaxar por saber que eu teria ótima companhia para falar mal da senhora “podemos ser informais, não acha?” AFFANCULO! Além dos meus amigos, reconheci a família de Gigi e minha linha da defesa junto de Marchisio e Lich, além de suas respectivas esposas.
- Ei! Olha quem está aí! – Trezeguet fez o tradicional escândalo de sempre, fazendo os olhares se virarem para mim e dei uma volta ao redor do corpo antes de senti-lo me abraçando fortemente pela cintura. – Bom te ver!
- Ah, bom te ver também! – Sorri, sentindo-o dar um beijo em minha bochecha. – Está viajando pelo mundo, todo importante...
- Beh, culpa de vocês.
- Eu só aceitei, não tenho culpa de nada! – Falei, indicando Pavel que veio logo atrás me cumprimentar também. – Ciao, ragazzi! – Acenei rapidamente para meu BBC, vendo Maddalena fechar a cara ao me ver e contive uma risada.
- Oi, chefa! – Os cinco me cumprimentaram um por um, Barza me apertando fortemente de propósito e depois cumprimentei as esposas que deram espaço, deixando Maddalena com a feição de quem havia chupado limão.
- Senta conosco? – Trezeguet perguntou.
- E dá para sentar? Lá embaixo está un cazzino! – Falei e ele riu fracamente.
- Existe algumas prioridades no terceiro andar! – Ivana disse.
- A preguiça de descer? – Perguntei e eles riram.
- EXATAMENTE! – Ivana sorriu.
- Claro, só vou... – Indiquei a família de Gigi e eles assentiram com a cabeça.
- Ah, ! – Guendalina me abraçou quando me aproximei e sorri. – Você está sempre incrível. – Sorri.
- Ah, agradeço muito! – Fiz um carinho em seu ombro. – Veronica! – Me aproximei da outra irmã, abraçando-a também.
- , achei que não viesse! – A mãe de Gigi disse e fiz uma careta. – Não queria vir, não é?
- Pode ficar sentada! – Adiantei antes que ela se levantasse. – Tivemos uns problemas nos últimos dias. – Falei, abraçando-a.
- Ah, nem me surpreendo. – Ela disse rindo. – E veio linda de morrer por quê...
- Porque eu posso! – Falei e ela sorriu. – Senhor Adriano, tudo bem? – Estendi a mão para ele, sentindo-o apertar com as duas mãos.
- Bom te ver, ! – Ele sorriu e retribuí.
- Bom ver o senhor também! – Disse.
- ! ! ! – Vi Louis correndo para fora da piscina de bolinhas e correr em minha direção e me abaixei para recebê-lo.
- Ah, o meu amor está aqui! – Falei, sentindo-o me abraçar fortemente.
- Sim! – Ele disse animado e abri o outro braço para receber Dado que corria também.
- Como estão meus meninos? – Passei as mãos nos cabelos deles.
- Bem! – Eles disseram sorrindo e ergui o queixo de cada um para dar um beijo na bochecha deles.
- Ficou a marquinha! – Falei e eles riram, passando a mão no lugar e sorri. – Estão se divertindo?
- Sim! – Lou disse animado. – Vem brincar com a gente! – Ele disse e eu ri fracamente.
- Acho que a tia não pode mais, amores! – Falei rindo. – Mas eu vou estar aqui, ok?! – Disse sorrindo.
- Ok... – Eles disseram baixo, fazendo pequenos biquinhos e apertei levemente a bochecha dos dois, me fazendo rir.
- Vão brincar! – Bati de leve no bumbum dos dois dentro da grossa calça jeans e eles correram de volta para a piscina de bolinha e me levantei.
- Acho incrível como eles te amam. – A mãe de Gigi disse e sorri.
- Eu amo eles demais! – Suspirei. – É irônico, não? – Apoiei a mão na cadeira da frente.
- Honestamente? É um tanto óbvio demais. – Ela disse dando de ombros e ri fracamente.
- Dona Maria Stela...
- O que? Eu conheço meu filho. E você também! – Ela piscou para mim e ri fracamente.
- Eu vou para lá...
- Divirta-se! – Ela disse e eu ri fracamente.
- A senhora também! – Sorri e segui em direção a mesa de Trezeguet e abracei Guendalina rapidamente quando passei dela e me sentei na mesa com David, Pavel e Ivana.
- Bebe algo, ? – David perguntou.
- Uísque puro e faça duplo. – Falei rapidamente, suspirando e os três riram.
- Ah, com toda certeza não! – Ele disse rindo e eu suspirei. – Uma Coca Cola?
- Um drink, pelo menos?
- Ok, mas sem uísque! – Ele disse e rimos juntos.
- Ok, papai! – Rimos juntos.
- Vamos! Vamos! – O pessoal começou a gritar e correr em direção a torcida e dei a mão para Pogba e puxei Mario que estava um pouco perdido e ele começou a correr conosco.
- O-O-OH! – A torcida gritou junto com a gente. – EH! – Pulamos na frente deles, esticando os braços para cima e comecei a aplaudi-los sorrindo.
Repetimos o mesmo gesto pelos outros três lados do estádio e suspirei, seguindo para o túnel. Dybala, que parecia um pinguim com aquele casaco maior do que ele, correu em Manu que estava fora das quatro linhas e abraçou-a fortemente, girando-a um pouco e ela bateu no mesmo até que ele a colocou no chão novamente.
- Não faz isso! – Ela deu dois tapas em seu ombro e Morata cortou minha frente, bagunçando os cabelos dela. – AH, ÁLVARO! – Ela gritou e os três saíram apressados para dentro do vestiário.
- Mais um dia normal! – Barza falou ao meu lado e rimos juntos.
- Mais um dia normal! – Falamos rindo e passei o braço pelo seu ombro.
- Gigi! Gigi! – Angela me chamou com a mão e suspirei, seguindo em sua direção.
- Vai lá! – Barza disse e segui com Angela até o repórter.
- Gigi, buona sera! – Sorri para o repórter. – Hoje é um dia importante para você, você completou 552 aparições pela Juventus, equalizando o Gaetano Scirea, grande lenda, faltando passar somente Del Piero, e ainda na quinta-feira completou 20 anos da sua estreia no futebol profissional em um jogo contra o Milan. Como você se sente? – Ri fracamente.
- Beh, 20 anos passaram muito rápido, mas estou feliz pela carreira que eu conquistei e mais ainda por justo hoje ter sido justo o jogo contra o Milan, que foi o time que eu fiz a minha estreia. – Ri fracamente. – A diferença é que não conseguimos abrir o placar e hoje tivemos um lindo gol do Paulo e consegui manter a clean sheet. – Cocei a nuca.
- Para você atingir o Del Piero em número de presenças, falta exatamente 153 jogos oficiais, com a sua idade, seu futuro, será que você consegue atingir? – Ele perguntou e eu suspirei rindo.
- Beh! – Ele riu comigo. – Tudo isso de jogos, é pouco mais do que três temporadas ainda, jogando frequentemente, rezando para não ter lesões, mas eu realmente não sei. Eu faço 38 anos em janeiro e tenho contrato até o fim de 2017, então não posso dizer. Eu gosto de calcular a altura dos meus saltos conforme dar certo, mas se eu estiver bem e a Juventus estiver contente com o meu trabalho, quem sabe? – Ele assentiu com a cabeça.
- E vocês finalmente conseguiram três vitórias consecutivas nesse campeonato, chegando em sexto lugar na tabela, se nada mudar nos jogos de amanhã, podemos dizer com certeza que a Juventus voltou para a busca do quinto campeonato consecutivo? – Ele perguntou.
- Eu posso dizer que nunca paramos de buscar, mas o time teve muitas alterações, vários jogadores saíram, vários entraram, então era só uma questão de organização e agora conseguimos. – Ele assentiu com a cabeça e senti Angela dar dois toquinhos em meu ombro. – Grazie, grazie.
- Grazie, Gigi! – O repórter falou e segui apressado para dentro, quase esbarrando em Jay, a zebra gigante e nossa mascote.
Encontrei Gigio Donnarumma no túnel ainda e cumprimentei o mais novo. Muitos diziam que ele seguiria meus passos, mas era uma situação diferente para eu falar, ele era simpático, um ótimo goleiro, tinha só 16 anos e já era titular no Milan, era veramente incrível, ele tinha um grande futuro pela frente.
Entrei no vestiário, cumprimentando Allegri e depois Filippi e segui para dentro do vestiário já vendo um pessoal se trocando e outros já indo direto para o chuveiro. Larguei minhas luvas em meu assento e puxei a camisa para cima, deixando-a junto das luvas e puxei a segunda pele também, tendo mais dificuldade por causa do suor.
- Ciao, ragazzi! – Virei o rosto para a porta, vendo o top cinco completo entrar e tentei esconder um sorriso, em vão, quando vi com eles.
- Ciao! – Respondemos juntos.
Ela não vinha aqui para baixo desde o jogo contra o Atalanta há quase um mês, não sei dizer se ela veio aos jogos, mas não a vi no jogo contra o Torino, o que eu esperava vê-la para dar parabéns, assim como o resto do time, e depois entramos em data FIFA e, por algum milagre, eu a vi na minha festa quinta-feira. Acho que isso mostrava que ela ainda se preocupava comigo, não? E o presente que ela havia me dado? Incrível.
Eu não sou do time emotivo por coisas simples, mas fiquei emotivo ao ver as fotos nossas ou de momentos em que estivemos juntos nos caules das flores. 20 anos, sendo 14 na Juventus, 14 com ela. Não consegui aproveitar muito a festa com ela, principalmente com a presença de Ilaria, mas só de ela ir, tinha sido algo bom.
- Parabéns, Gigi! – Agnelli me cumprimentou e ele me abraçou fortemente, dando uns tapinhas em minhas costas.
- Grazie, Andrea! – Sorri.
Eu já tinha falado com o resto do top, com exceção de no começo do jogo, mas não queria pressionar uma aproximação. Sentei em meu espaço, empurrando as coisas para trás e me abaixei para tirar minha chuteira.
- Auguri, Gigi! – Ergui o rosto, vendo os cabelos, agora soltos, de Manu primeiro e ela sorriu.
- Ah, Manu! Grazie! – Me levantei e ela me abraçou, ficando na ponta dos pés para dar um beijo em minha bochecha.
- Eu brinco que você está velho e tal...
- Sei... – Ela fez uma careta.
- Mas é legal trabalhar com uma lenda como você. – Ela sorriu e vi suas bochechas enrugarem de vergonha. – Espero que não precise ver um fim e que você passe o Del Piero.
- Ah, obrigado! – Abracei-a fortemente e ela sorriu pressionando os lábios e seguiu para a porta de trás do vestiário e ri fracamente.
Me sentei novamente e desamarrei as chuteiras, soltando-as dos pés e coloquei-as embaixo da cadeira. Troquei pelo chinelo e senti uma mão em meu ombro e sorri quando vi ao meu lado. Ela com certeza não tinha o mesmo sorriso do que eu, mas estava ali.
- ! – Falei, me levantando.
- Auguri, Gigi. – Ela disse, passando um braço pelo meu ombro e me abraçou rapidamente, tentei alongar o abraço, mas ela me empurrou delicadamente pela minha clavícula.
- Obrigado! – Sorri. – E obrigado por ter ido antes de ontem. – Falei e ela pressionou os lábios, assentindo com a cabeça.
- É, bem... – Ela deu de ombros. – Manu acabou me obrigando.
- Agradeço a ela, então. – Falei e ela confirmou com a cabeça. – Obrigado pelo presente, gostei demais.
- São só flores, Gigi. – Ela disse e suspirei.
- Não são só flores, . – Falei. – Adorei as fotos. – Ela pressionou os lábios. – Eu ainda tenho aquela foto do meu aniversário em 2006...
- Muitas delas são do quadro lá na minha sala... – Ela disse.
- Um dia eu vou copiar algumas... – Ela assentiu com a cabeça.
- É, claro... – Ela assentiu com a cabeça.
- , podemos conversar? – Perguntei e ela suspirou.
- Eu não quero falar sobre aquilo. – Ela disse, passando pela porta e agilizei, o passo, seguindo atrás dela.
- Não sobre aquilo propriamente dito. – Falei, seguindo atrás dela.
- Gigi, por favor... – Ela se virou para mim. – Acho que o que eu vi na sua festa é o suficiente para não precisar falar mais nada.
- Eu sei que você nunca vai entender e realmente gostaria de estar dentro da sua cabeça e do seu coração para saber o que você está sentindo, mas você é tudo para mim, ! Quando eu falo que meu sonho é ser só seu, eu não falo brincando...
- Gigi... – Ela me repreendeu.
- Não, deixa eu falar! – Apoiei a mão em sua cintura, segurando-a perto de mim. – Você sempre foge e fica dias e meses longe de mim e eu acabo fazendo mais besteira. – Ergui uma mão para seu rosto. – Quando eu digo isso, não estou mentindo, eu só... Eu não consigo fazer mais besteira agora, . – Engoli em seco. – Especialmente com um filho meu. – Ela pressionou os lábios, assentindo com a cabeça.
- É óbvio, Gigi, mas da mesma forma que não é! – Ela falou, suspirando. – Você gosta de mim, eu gosto de você, por que é tão difícil? Por que você não pode viver o que quer e por que eu não posso te esquecer? – Ela deu de ombros. – É a vida? É essa a resposta? Você fez alguns erros e precisa pagar por eles? Eu sei que nunca vou me sentir bem como me sinto com você? Eu entendo tudo isso. – Ela suspirou. – Eu só não consigo aceitá-los. – Ela apertou a mão em cima da minha em seu rosto. – Mas você sabe que eu sempre vou estar aqui contigo, não importa quantas vezes você erre, eu estarei aqui... – Ela abaixou minha mão devagar. – Eu só também preciso de um tempo para mim. – Ela apertou meus dedos. – Cair na realidade é uma merda... – Rimos juntos e puxei-a pela cintura para abraçá-la. – E dói...
- Eu sei! – Ela apertou minhas costas e apoiou o queixo em meu ombro. – Só, por favor, acredita em mim. Eu não estou mentindo para você. – Ela respirou fundo e ela ergueu o olhar para mim. – Já sei que nunca dá certo mentir para você. – Ela riu fracamente.
- Que droga, não? – Ela sorriu e deixei um beijo em sua testa.
- Pois é... Que dr...
- QUE SACO, STURARO! – Me assustei, me afastando de e virei o rosto para o local da voz. – EU JÁ DISSE QUE NÃO! – Manu falava alto e seu rosto estava mais tensionado do que quando ela gargalhava. – VOCÊ PODE SER UM ÓTIMO JOGADOR, MAS VOCÊ É CHATO! VOCÊ É IRRITANTE! EU JÁ TENTEI DAR TODAS AS INDIRETAS POSSÍVEIS E VOCÊ NÃO ENTENDEU! – Arregalei meus olhos. – EU NÃO QUERO NADA CONTIGO, PELO AMOR DE DEUS! ATÉ O POGBA ENTENDEU MAIS RÁPIDO DO QUE VOCÊ! – Sua respiração estava forte e apertou meu ombro fortemente. – NÃO É PORQUE EU ESTOU SOLTEIRA E TRABALHO NO MEIO DA VÁRIOS JOGADORES LINDÍSSIMOS QUE EU TENHO ALGUM INTERESSE AMOROSO! EU NÃO TENHO! – Sua voz aumentava cada fala e o silêncio só fazia parecer mais alto. – EU SÓ SOU SIMPÁTICA, EU NÃO ESTOU DANDO EM CIMA DE NINGUÉM, CARALHO! APRENDE! EU NÃO QUERO NADA CONTIGO OU COM NINGUÉM AQUI! PAULO? MEU AMIGO! ÁLVARO? MEU AMIGO! TODO MUNDO DO TIME? SÓ. MEU. AMIGO! – Ela gritava pausadamente. – VOCÊ PODERIA SER MEU AMIGO TAMBÉM, MAS ESSES OLHARES MALICIOSOS E ESSAS PROVOCAÇÕES JÁ ME ENCHERAM! NÃO, CARALHO! NÃO! É TÃO DIFÍCIL ENTENDER? TENTEI TE DAR SINAIS QUE NÃO TINHA INTERESSE, MAS VOCÊ NÃO PEGOU NENHUMA OU FINGIU NÃO PEGAR NENHUMA, ENTÃO AGORA CHEGA! EU TENTEI SER SUA AMIGA, MAS AGORA EU NÃO QUERO MAIS NADA! SÓ TE TER LONGE DE MIM! – Ela finalizou e sua respiração acelerada tomava conta da área da fisioterapia e parecia que ninguém tinha coragem de falar algo ou até se mexer. Ela passou as mãos nos olhos e finalmente as lágrimas vieram. – QUE DROGA! – Ela gritou pela última vez e saiu correndo de perto de seu grupinho de sempre, deixando Sturaro travado.
- MANU! – Dybala se levantou rapidamente, correndo atrás dela e vi Paul, Álvaro, Barza e Evra seguirem atrás dela pelo vestiário.
- Feliz agora? – Senti minha voz sair forte e ele bufou.
- Me desculpe, ok?! – Ele disse irritado.
- Agora não adianta! – disse. – Eu vou atrás dela. – Ela falou para mim e eu assenti com a cabeça.
- Claro, vai lá! Nos falamos depois! – Ela apertou meu braço e seguiu a passos rápidos.
- Eu te avisei, cara! – Apontei para Sturaro. – Desde o primeiro dia a gente te avisou! Falamos para parar com essas gracinhas que ela não estava interessada! – Chiello se aproximou ao meu lado. – Se você afastar essa menina daqui, eu juro que vou fazer da sua vida um inferno e só teve um outro cara que eu odiei na minha vida! E posso te garantir que minha relação com ele não acabou bem.
- Me desculpe! Normalmente quando elas dizem isso...
- Elas nada! – O cortei. – Se ela disse “não”, você vai pedir desculpas e se afastar! – Falei firme. – Se ela quiser, ela vai vir atrás de você! Posso te garantir. – Bufei. – Dá o exemplo, cara!
- Assim que alguns lesionados voltarem, você vai para o banco! – Allegri disse na divisão entre as duas salas.
- O QUÊ? – Sturaro falou.
- É! É sua multa por essa gracinha toda! – Allegri disse firme se retirando.
- Onde ele está? Eu vou quebrar a cara dele! – Barza apareceu apressado pelo vestiário. – ESCUTA AQUI! – Ele avançou em cima de Sturaro.
- EI! EI! – Chiello e Claudio seguraram Barza. – Calma, cara! – Chiello disse.
- SE EU VER AQUELA MENINA CHORANDO MAIS UMA VEZ POR CAUSA DISSO, EU TE FAÇO PERDER UNS DENTES, OK?! – Arregalei os olhos, acho que nunca tinha visto o Barza assim.
- Eu já pedi desculpa, cazzo! – Ele disse.
- Não é para gente que você precisa pedir desculpas! – Ele continuou. – É para ela, mas também não vai ser agora, ela quer distância de você! – Ele tinha a respiração forte.
- Já sei que vocês gostam mais dela do que de mim...
- AH, PODE TER CERTEZA! – Barza disse rindo sarcasticamente. – E preferiria ela em campo do que você depois dessa! – Ele bufou, puxando os braços de Chiello e Claudio, se soltando. – Eu estou bem. – Ele disse, suspirando. – Respeito, cara! Respeito! A Manu é parceira, cara! Amiga, irmã, filha...
- Não olha para mim! – Falei e ele riu fracamente.
- Você não estava aqui antes, mas você não tem noção como essa menina mudou a dinâmica do time. – Barza disse e assenti com a cabeça. – Não fode, beleza? – Barza disse e se afastou.
- Estamos conversados? – O fiz desviar o rosto.
- Sim, estamos. Me desculpe. – Ele disse mais baixo e suspirei, voltando para o vestiário.
- Cadê a Manu? – Perguntei para Barza que colocava as coisas irritado em sua mochila.
- subiu com ela. – Ele disse e assenti com a cabeça. sabe o que fazer.
- C’è la coreografia, lo Stadium canta già, del gol troviam la via, non devon pareggiar. – Arregalei os olhos quando eles começaram a cantar. – E allora ripartiamo, com azioni repentine, per vincere dobbiamo atacar fino alla fine. – Levei a mão ao rosto, evitando rir mais do que eles estavam rindo no vídeo. – Juve alè, Juve alè, oggi tocca a noi, e a natale per regalo um coro anche per voi. Juve alè, Juve alè, oggi tocca a noi, e a natale per regalo um coro anche per voi. Ei! – Manu gargalhou atrás de mim. – La Juve ha vinto ancora, per mano ci prendiam, sotto la curva allora, insieme festeggiam! – Eles estavam todos perdidos na cantoria e na coreografia. – E il sogno che viviamo, um sogno bianconero, è quello che auguriamo al mondo tutto intero. Ei! Ei!
- Juve alè, Juve alè, oggi tocca a noi, e a natale per regalo um coro anche per voi, oh! – Manu começou a cantar ao meu lado e ergui o rosto para ela, rindo quando Evra errou no vídeo.
- Juve alè, Juve alè, oggi tocca a noi, e a natale per regalo um coro anche per voi! Ih! – Os meninos caíram na gargalhada e vi a imagem mudar para Mario de braços cruzados.
- Merry Christmas. – Ele disse sério e o vídeo fechou com a vinheta de Natal.
- ISSO ESTÁ BOM DEMAIS! – Manu gargalhou ao meu lado, apoiando o corpo no móvel e pressionei os lábios. – EU VOU ZOAR MUITO ELES!
- E então? – Angela me perguntou e eu suspirei, respirando fundo.
- Esse é o melhor que deu para fazer? – Perguntei, suspirando.
- Beh, não tivemos patrocinadores esse ano, então escolhi quem costuma ser mais solto. – Ela disse e eu suspirei.
- Essa turminha Neto, Cáceres, Dybala e Pereyra foi o pior! – Falei suspirando. – O resto está bom e divertido, mas Dio mio! Não tenho nem coragem de passar isso na festa de Natal. – Ela riu fracamente.
- Pelo menos o Gigi conseguiu manter a seriedade, mas foi difícil... – Ela disse e eu bufei baixo.
- Isso explica mu-u-uito a cantoria de ontem. – Suspirei, negando com a cabeça.
- Dava para ouvir a risada do Cuadrado daqui. – Manu disse e ri fracamente.
- Beh, Angela, está hilário! – Falei, devolvendo o celular para ela.
- Eles estão editando os bastidores, mas está melhor do que isso. – Angela disse e neguei com a cabeça.
- Gostei do Mario no fim! – Manu disse sorrindo.
- Ele é ótimo! Até ele deu umas risadas ontem. - Angela disse e suspirei.
- Me manda os bastidores quando terminarem, por favor. Preciso guardar isso de recordação. – Suspirei.
- Fechado! – Ela disse e neguei com a cabeça.
- Ah e quero uma blusa dessa! – Falei rapidamente.
- Só pegar lá embaixo. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Eu preciso descer para falar com o Danielle, eu já pego. – Suspirei.
- Vai na festa amanhã? – Angela perguntou e eu franzi os olhos.
- Vou, né?! – Dei de ombros. – Quem inventou esse jantar para acionistas? Por que não fazer só uma?
- Agnelli! – Angela respondeu e eu bufei.
- Ah, Dio! – Suspirei. – Festa amanhã, jogo no domingo. É fim de ano, gente! Está uma loucura. – Neguei com a cabeça.
- Nem fala! – Angela disse. – É o tempo que meu setor mais trabalha também.
- Vamos lá, então, né?! – Suspirei, empurrando a cadeira. – Vou descer contigo.
- Quer que eu vá, ? – Manu perguntou.
- Não, eu vou, estou aqui desde cedo, não levantei nem para ir ao banheiro ainda. – Me levantei, esticando as pernas e ajeitando a calça enrugada nos joelhos. – Veja com a Sara sobre o jogo da Fiorentina, se ela conseguiu resolver o problema de overbooking de estádio.
- Isso existe? – Angela perguntou e eu suspirei.
- Sim! Não sabia que era possível. – Neguei com a cabeça. – Mas acho que foi erro do sistema mesmo. – Segui com Angela até a porta.
- O pessoal da torcida organizada, aposto. – Ela disse.
- Normalmente! O sistema não conta as quinas do estádio, então fica complicado para vender. – Falei.
- Por isso estão sempre vazias...
- Exato! – Suspirei. – Mas em jogos importantes ou de fim de ano, o pessoal quer estádio lotado e pode dar esse problema! Não é a primeira vez. – Seguimos pelo corredor.
- Mas é fácil resolver? – Ela perguntou.
- Sim, normalmente é só duplicidade, não tem problema real. É tipo um funil, precisa esperar escoar para colocar mais.
- Ah, fácil, então! – Ela disse e assenti com a cabeça, apertando o botão do elevador. – E seu fim de ano, como vai ser?
- Ah, vou ficar por aqui mesmo, meus padrinhos vêm, eu acho que consigo descansar ao menos por uma semana com meus irmãozinhos. – Falei. – E você?
- Vou visitar minha sogra. – Ela fez uma careta e rimos juntos. – Natal lá e ano novo na minha mãe, nada de novo. Queria ir para algum lugar quente, odeio frio! – Entramos juntas no elevador quando ele abriu e ela apertou o botão do térreo.
- Eu fico na casa da minha mãe com os gêmeos e é filme, coberta, pipoca e chocolate quente o dia inteiro. – Ela sorriu.
- Saudades ter sua idade. – Ela disse e neguei com a cabeça.
- Você é nova, Angela, nem vem! – Falei.
- Eu já cheguei nos 40, ok?! Agora eu sou a mãe, eu preciso fazer o chocolate quente... – Ri fracamente.
- Espero poder fazer também. – Pressionei os lábios.
- Sabe, ouvi uma história que Deus precisa de mais tempo para trazer certos presentes... – Ela disse e franzi a testa.
- O que quer dizer com isso? – Perguntei.
- Que você um dia vai ser mãe e vai ser perfeito! – Suspirei.
- Espero que sim... – Falei, sendo interrompida pela porta se abrindo e saímos juntas. – Acho que é o único sonho da minha vida. Era uma família completa, mas...
- Eu posso ser uma crédula demais, , mas quando for para acontecer, vai ser perfeito, confia! – Ri fracamente.
- Espero que esteja certa, Angela. – Disse e ela assentiu com a cabeça.
- Confia, ! Confia! – Ela disse, andando ao meu lado quando passamos pela porta de sua sala.
- Não vai entrar?
- Não! Vou na sala de coletiva, Gigi está lá. – Ela disse.
- Coletiva mais cedo? – Perguntei.
- Não, não, estamos fazendo aquela coletiva com os membros juniores. – Ela disse e eu fiz um biquinho.
- Ah, eu adoro ver isso. – Falei sorrindo. – Com quem é?
- Gigi! – Ela disse e bufei, vendo-a rir fracamente e abriu a porta de trás da sala de coletiva. – Vem! – Ela disse com a voz mais baixo e entrei junto dela.
- Meu sonho sempre foi ser jogador de futebol profissional, mas eu tinha um plano reserva que era ser professor de educação física. – Gigi dizia e vi as diversas crianças sentadas em fileiras como sala de aula e Gigi junto de Jay, a zebra mascote do time, lá na mesa. – Eu queria seguir essa área de esporte, pois me agrada muito e minha família inteira era de esportista. – Apoiei meu corpo na parede.
Essa ação era bem incrível para os sócios-torcedores júniores. Eles faziam uma coletiva onde eles podiam fazer pergunta para os jogadores e depois tinha uma tarde de diversão com diversos brindes, doces, fotos e autógrafos com o jogador escolhido. Dessa vez havia sido Gigi.
- Gigi, o que você quer fazer quando se aposentar? Quer ser treinador da Juventus? – Outro perguntou e sorri.
- Quando acabar minha carreira, espero ter uma ideia muito mais clara do que eu quero fazer. – Ele disse. – A experiência e emoção de quando jogador é difícil de fazer em outra profissão, provavelmente só a de técnico, mas depois de 20 anos de carreira, a ideia de começar a pré-temporada e tudo, não me agrada. Quando parar de jogar, penso em tirar um tempo para mim e minha família. Talvez um ano para formar minha mente e depois tomar minha decisão. – Pressionei os lábios.
- Ciao, eu sou o Simone, tenho oito anos e sou de Aosta. – Gigi apoiou o queixo na mão e pressionei meus lábios. – Eu jogo futebol há quatro anos e sou goleiro, minha pergunta é: como se comporta quando erra?
- É uma boa pergunta... – Gigi disse. – Quando um goleiro erra e sai o gol, é um momento muito delicado, porque isso vai afetar sua cabeça e afetar sua confiança, mas no meu caso, se eu erro, tento não afetar a partida que eu estou jogando, pode ser efeito depois, porque depois que acaba o jogo, eu tenho tempo de analisar o porquê eu errei e talvez possa ficar incerto na próxima partida, mas na mesma, a gente continua jogando como se nada tivesse acontecido. – Ele disse.
- Ciao, eu sou o Alessandro e tenho nove anos, minha pergunta é: qual o primeiro pênalti que você salvou na Serie A? – Eu já estava querendo apertar essas crianças.
- Meu primeiro foi em 1996, em um jogo Udinese x Parma, eu salvei um pênalti de Bierhoff, não sei se o conhece... – Ele fez uma careta.
- Ele jogou na Alemanha! – O garoto disse e Gigi pareceu surpreso.
- Isso! Jogou na Udinese, na Alemanha e ganhou uma Eurocopa com a Alemanha, jogou no Milan também... Ele era um jogador do Udinese em 96, era minha décima ou décima quinta partida na Serie A e eu salvei o pênalti.
As crianças continuaram fazendo as perguntas. Perguntaram qual outro esporte ele gostava e ele disse basquete e tênis. Perguntaram se ele já teve vontade de sair do gol e ajudar os jogadores de linha e eu já vi isso acontecer algumas vezes, mas ele disse que era algo que precisava pensar com mais carinho antes de agir.
- Ciao, eu sou Valerio, venho de Roma e quero saber como você resolve quando tem problema pessoal e profissional? – Um garoto mais velho perguntou e até ajeitei meu corpo para prestar atenção.
- Quando se tem um problema, tem um problema e precisa ter calma e confiança e saber que na vida são coisas que acontecem. Os problemas existem e, quando acontecem, não ter medo de afrontar. – Ele dizia, mexendo as mãos. – E se tem muitos problemas, eu estou com quase 40 e já tive vários, mas é estimulante saber possível enfrentar esses problemas e melhorar a autoestima quando consigo superar.
- Ciao, eu sou o Matteo, tenho nove anos e sou de Turim. – Sorri com o menino. – E minha pergunta é: qual seu momento favorito como jogador?
- Hum... – Gigi pensou. – Beh, tiveram tantos: a estreia na Serie A. Quando você sonha com algo por tanto tempo, é inesquecível. – Sorri. – Depois a estreia na Nazionale de uma forma incrível na neve contra a Rússia.... – Ele pensou. – Depois a Coppa UEFA com o Parma, primeiro scudetto com a Juve... – Mordi meu lábio inferior, lembrando daquele dia. – A primeira ida a final da Champions em 2003, vitória do Mondiale, ganhar a Serie B, que sempre vai ser importante para mim, a vitória do primeiro scudetto depois da promoção... – Ele ia falando e um filme se passava em minha cabeça. – Ano passado que foi incrível... – Ele sorriu. – Acredito que tenho uma carreira rica de momentos significantes.
- Ciao, eu sou o Gabriele, tenho sete anos e minha pergunta é: já errou alguma vez, ficou bravo e sentiu vontade de chorar? – Desviei o olhar do garoto para ele.
- Hum... – Gigi pensou. – Hum... – E pensou. – Ótima pergunta. – Revirei os olhos. – Digamos que... – Ele pensou um pouco. – Eu errei muitas vezes... – Ele exagerou na fala. – Mas a ponto de chorar? Não! – Ele disse e franzi a testa. – Porque ultimamente, quando você erra, pelo menos eu vejo dessa forma, não foi de forma intencional. – Suspirei. – Você não faz isso intencionalmente, você não faz isso de propósito. Mas eu nasci com um grande senso de culpa já incorporado, então, quando eu erro, a primeira coisa que eu faço é começar a duvidar de mim mesmo e ficar chateado. – Pressionei os lábios. – Mas é difícil eu ficar irritado e histérico, fico mais pensativo. – Ele disse e suspirei. Ainda bem que não sou só eu.
Logo em seguida, uma menina perguntou qual o momento de maior arrependimento em sua carreira e ele também precisou para pensar. Eu queria saber isso, honestamente, mas claro que estávamos falando profissionalmente aqui, o que ele acabou respondendo sobre não viver de forma competitiva uma competição, que isso é uma forma de pensar em se aposentar ou parar com essa atividade. Não estava gostando nada esse papo de possível aposentadoria, pelo menos ele finalizou dizendo que não passou por muitos momentos assim.
Gigi tinha um sorriso fofo quando as crianças faziam as perguntas. Às vezes elas gaguejavam, talvez de nervoso, mas ele as tratava como se estivesse falando com jornalistas. Era real fofinho e não sabia quem queria apertar mais. Apesar que esse corte de cabelo tinha deixado ele muito gato e talvez minha vontade fosse outra.
- Ciao, eu sou Lorenzo de Parma e minha pergunta é: por que decidiu ir a Serie B com a Juve após ser campeão do mundo e se tinha outros times interessados em te contratar? – Arregalei os lábios, levando a mão à boca e Angela arregalou os olhos também. Já amei esse garoto.
- Ciao, Lorenzo. – Gigi disse pensando. – Saluda o Parma quando você voltar para casa, é um lugar que eu tenho sempre no coração. – Ele disse sorrindo. – Eu decidi ir à Serie B com a Juve porque pensei em vocês. Pensava em vocês porque acreditava que às vezes precisa substituir as palavras por ações. – Ele disse sério. – E, apesar de todos os rumores no mundo do futebol, eu decidi que seria a oportunidade para dar um grande recado para quem quisesse, mas pela sua pergunta, vejo que deu certo. – Ele sorriu e sorri também. Podemos também trocar essa linda resposta por: eu tinha culpa no cartório, mas deixa quieto.
- Acabamos? – Uma das assistentes de Angela perguntou e a outra confirmou. – Muito bem, agora todo mundo fazendo fila para pegar autógrafos e tirar foto com o Gigi.
Tinha cerca de umas 30 crianças ali e Gigi atendeu todas com seu sorriso e animação de sempre. Apesar de ele ter dois filhos, eu não via o Gigi ser fofo com as crianças, normalmente eu os roubava para mim quando os via, então era bonito ver isso. Enquanto ele fazia, o pessoal da área de vídeos começava a organizar as coisas e tirar da sala. Eu poderia ficar mais uns minutos, não podia?
- Muito bem, crianças! Agora agradeçam ao Gigi que ele precisa ir treinar! – A assistente da Angela disse.
- Grazie, Gigi! – Elas disseram e eu sorri, vendo-o vir em minha direção para sair pela porta de trás e ele sorriu para mim, passando e saindo pela porta.
- A gente se fala? – Falei com Angela e ela assentiu com a cabeça.
- Até amanhã! – Ela disse e sorri, saindo pela porta e não precisei dar mais de dois passos para encontrar Gigi apoiado no fim do corredor.
- Estava espiando? – Ele perguntou mais alto e ri fracamente, seguindo em sua direção.
- Beh! – Dei de ombros. – Eu gosto de ver isso. Adoro quando as crianças deixam vocês sem palavras. – Falei e ele fez uma careta.
- Eles são terríveis. – Ele disse e ri fracamente.
- Eu não acho. – Ele me abraçou pela cintura e passei os braços em seus ombros, apertando-o fortemente.
- Vou te colocar na parede e fazer perguntas sobre o seu passado. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Acho que estou melhor do que você! – Falei, me afastando devagar.
- Ah, com toda certeza! – Ele disse rindo e deu uma rápida olhada em volta, me puxando para fora do corredor quando as vozes das crianças se sobressaíram de novo.
Ele me apertou na parede e ouvi as vozes divertidas das crianças na sala e ergui meu olhar para ele, sentindo sua respiração em meu rosto. Ele desviou o olhar para mim também e deu um curto sorriso, pressionando seu corpo contra o meu.
- Eles já se foram. – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Eu sei. – Ele disse no mesmo tom e dei uma rápida olhada pelas laterais, sentindo nossos narizes roçarem e ele segurou meu queixo e colou os lábios nos meus, pressionando nossos lábios.
Fiquei entorpecida por alguns segundos e levei minha mão até sua nuca, apertando-a e puxando-o contra mim quando sua língua encontrou a minha rapidamente. Ele pressionou meu corpo contra a parede, apertando a lateral de minha coxa e soltei um suspiro, erguendo os olhos para cima e apertei seu ombro, sentindo-o descer os lábios pelo meu pescoço, procurando espaço entre o cachecol.
- Gigi... Gigi! – Falei baixo, respirando forte. – Para! Para! – Pedi, apoiando o antebraço em seu peito e ele ergueu o rosto. – Não aqui! – Suspirei fortemente. – Não agora. – Passei a mão em meus lábios, esperando que o batom já tivesse saído.
- Você quer ir para outro lugar? – Ele perguntou baixo e eu ri fracamente.
- Há, há, há, lindinho! – Falei, empurrando-o de leve e ele afastou o corpo do meu.
- É um convite honesto! – Ele disse, dando de ombros e revirei os olhos.
- É sexta-feira, duas da tarde, fim de ano e eu tenho muito trabalho acumulado. – Falei e ele fez um bico com os lábios.
- Achei que tivesse visto me ver. – Ele disse e ri fracamente.
- Na verdade, eu vim pegar uma blusa dessas para mim. – Indiquei o balcão com algumas. – Encontrar você foi efeito colateral. – Me aproximei da bancada, procurando por uma do meu tamanho e da Manu.
- É sempre bom te encontrar aqui. – Ele colou o corpo no meu, levando a mão para minha cintura e eu suspirei, respirando fundo.
- O que você quer? – Virei meu corpo e ele tocou os lábios em minha bochecha. – É carência de fim de ano?
- É carência de você! – Ele disse e ri fracamente.
- Carência demais! – Falei, colando meus lábios nos dele rapidamente. – Mas vamos lá, temos dois jogos antes do recesso e um fora de casa.
- Eu te vejo? – Ele perguntou e eu fingi pensar.
- Talvez... – Dei de ombros e ele riu fracamente. – Agora vai! – Bati o saco com a camiseta em seu ombro e ele riu fracamente. – Posso te dar uma receita para acabar com essa carência. – Levei a língua para bochecha, pressionando-a e ele sorriu.
- Você vai me ajudar? – Ele perguntou.
- Scusi, minhas mãos estão ocupadas. – Sacudi as duas mãos com os saquinhos das blusas e ele riu fracamente.
- Ah, ! – Ele disse e minha gargalhada saiu alta demais quando voltei pelo corredor.
Ameacei fazer a defesa quando a bola veio em mim, mas ela saiu para fora e fui calmamente busca-la, estava nos acréscimos, resultado positivo, não precisava ter pressa. Deslizei a bola para Barza e o vi sair com ela apressado. Ele passou para Cuadrado que passou para Dybala logo em seguida e inclinei o corpo para baixo para ver o mais novo driblar toda defesa da Fiorentina e chutar forte para o centro do gol, fazendo a bola entrar.
- GOL! – Gritei e comemorei com a torcida atrás de mim e vi o pessoal se jogar em cima de Paulo para comemorar o gol.
A bola logo saiu pelo centro novamente e a Fiorentina tentou montar um ataque passando com Barza, depois por Sturaro, até sair. Juan mandou-a para o campo, mas Álvaro acabou chutando-a para fora novamente. O jovem Bernardeschi da Fiorentina, número 10, tentou chegar de novo e ele estava realmente frustrado por não conseguir fazer o seu hoje, mas ele jogava bonito. Ele driblou Alex Sandro, Marchisio, Sturaro até passar para Badelj que acabou mandando para fora.
Ajeitei a bola na linha e observei Dybala, chutei-a em sua direção e ele e Morata dividiram a responsabilidade, mas Tatarusanu, novo goleiro deles após a compra de Neto, pegou com facilidade. Após a saída de bola, eles tentarem um novo ataque, mas Barza e Leo conseguiram fazê-la chegar devagar em mim.
Ajeitei a bola novamente, mas o juiz apitou antes disso e chutei-a para o centro do campo, respirando aliviado. Quarto lugar na tabela, seis vitórias consecutivas, era bom demais depois de tudo o que passamos no começo do ano. Puxei as luvas com força das mãos e fui até a baliza, pegando a toalha e andei pelo campo, vendo Bernardeschi se aproximar.
- Gigi! – Ele me chamou.
- Ei, garoto! – Apoiei a mão em seu rosto, trocando dois cumprimentos rápidos. – Você é de Carrara também, não é?
- Sim, sou! – Ele sorriu.
- Isso é demais! Estou acompanhando um pouco você!
- Grazie! – Ele assentiu com a cabeça. – É bom ter uma boa inspiração lá de casa! – Rimos juntos.
- Sucesso para você! Espero te encontrar em breve! – Ele assentiu com a cabeça.
- Opa! Tomara! – Ele disse. – Quer trocar? – Ele apontou para a blusa.
- Claro! – Falei e puxei minha blusa para fora e ele fez o mesmo, me entregando a sua.
- Grazie! – Ele disse e abracei-o mais uma vez.
- Ciao, ciao! – Falei, vendo meu time correr para cumprimentar a torcida e segui atrás deles.
- O-O-O-OH! – Gritamos junto da torcida, pulando logo em seguida e os aplaudi junto deles.
- FINO ALLA FINE, FORZA JUVENTUS! – Eles gritaram e segui em direção a entrada do vestiário e os mais novos correram em minha frente para abraçar Manu que estava fora das linhas.
- Se não é a nossa enxerida favorita! – Barza falou e ela esticou o crachá em sua frente.
- Dá licença? – Ele a abraçou e eu ri fracamente.
- Bom te ver, garota! – Ele deu um beijo nela e Chiello e Leo vieram atrás.
- Estava sumida, hein?! – Chiellini falou e ela deu de ombros. – É por causa do Sturaro? – Leo a abraçou por último.
- Nem é, faz quase um mês que vocês não jogam em casa, não é culpa minha se meu trabalho não inclui transporte, não se esqueçam disso. – Ela disse e eu suspirei.
- Pede para sua chefe! – Falei, passando o braço em seus ombros e bufei baixo. tinha me ignorado totalmente na festa dos acionistas ontem. Ok, eu tive que levar Ilaria, mas cazzo. Tínhamos tido um momento tão gostoso antes...
- Acho que minha cota de favores se esgotou pelo resto da vida! – Ela me abraçou pela cintura e andamos lado a lado para dentro.
- Fica bem, hein?! – Barza disse, fazendo carinho em seu rosto e ela assentiu freneticamente.
- Pode deixar! Posso fazer uma pergunta? – Ela se virou para mim.
- Manda! – Falei, entrando no coberto.
- Por que tirar os shorts? – Ela perguntou dramática como sempre e apertei-a pelo braço, dando um beijo em sua cabeça.
- Não é a primeira vez e não vai ser a última. Minha boca ficou azul? – Falei rindo, fazendo um bico e sua risada escandalosa ecoou pelo local.
- Isso não é papel crepom que sai com qualquer umidade, ok?! – Ela disse, ajeitando os cabelos e rimos juntos.
- que te mandou? – Perguntei, suspirando.
- Não, eu só... Bom...
- Enganou todos os seguranças e se sentou no banco de reservas? – Perguntei, sabendo que não seria exatamente novidade.
- Obviamente! – Ela sorriu.
- Vai para festa de Natal? – Perguntei.
- Sim, claro! – Ela disse, se afastando quando entramos no corredor com vários jogadores ainda pelo meio do caminho. – Deixa eu correr! Quero pegar minha bolsa no vestiário antes que o pessoal comece a ficar pelado.
- Já está atrasada, então. – Falei, empurrando-a levemente e ela saiu correndo, desviando das pessoas.
Ri fracamente, cumprimentando Rodriguez, capitão deles e Astori abriu um largo sorriso quando me viu, me dando um forte abraço nas costas. Não deu tempo de eu abrir a boca, quando um barulho alto me assustou e fez o ambiente se silenciar rapidamente. Procurei de onde vinha o barulho e não foi muito difícil ao encontrar alguém caído igual no chão. Alguém não, Emanuelle! Era a única pessoa com os cabelos azuis no time.
Minha primeira reação foi colocar a mão na boca para evitar uma risada alta. Era Manu, não era a primeira e nem seria a última vez que ela cairia assim, muito menos em público, mas sua falta de mobilidade me fez ficar preocupado. Ela parecia literalmente uma panqueca no chão, rosto no chão, braços e pernas esticados.
Na verdade, o rosto não estava no chão, tinha alguém na frente dela que havia parado, assim como todo mundo. Ergui o olhar e pressionei os lábios fortemente ao ver Bernardeschi escorado na parede, os braços abaixados, uma mão segurando minha blusa e os olhos arregalados. Para piorar a situação toda, além de trocar a blusa comigo, ele trocou de shorts com alguém, então piorava tudo. Esse havia sido o maior mico dela de todos, da vida dele! Nota mil na escala Emanuelle.
Vi ela se mexer devagar e respirei aliviado, levado a mão até o rosto, o mico havia sido lindo, mas ela estava viva, era o que importa. Bernardeschi pareceu destravar também e se abaixou devagar, segurando-a pelo braço e ajudou-a a se levantar devagar, tentando parecer menos constrangido do que parecia, apesar de suas bochechas estarem bem avermelhadas também.
- Ei, moça, você está bem? – Ele falou devagar e Manu parecia travada ainda, evitando não encostar em nada... Mais nada.
- Talvez. – Ouvi sua voz rouca. – Me desculpe. – Franzi a testa, rindo fracamente.
- Você está se desculpando? – Ele sorriu e tocou seu queixo. – Ralou um pouco, mas vai sobreviver.
- Talvez. – Ela disse e sua risada ecoou pelo ambiente e não consegui mais segurar a risada quando Dybala e Pogba gargalharam alto e levei a mão até o peito.
- Você a conhece? – Astori me perguntou.
- Infelizmente! – Falei, gargalhando e vi Manu correr para o vestiário segundos depois e neguei com a cabeça. – A gente se fala, cara! – Dei dois toques no ombro de Astori.
- Até mais! – Ele disse e deixei que o pessoal entrasse.
- Tudo bem aí? – Bati levemente no ombro de Bernardeschi e ele riu fracamente.
- Sim, tudo bem! – Ele disse. – Ela vai ficar bem? – Ele me perguntou visivelmente preocupado.
- Ah, ela sempre fica. – Disse. – Se cuida! – Ele assentiu com a cabeça, tentando ver para dentro do vestiário e entrei logo atrás.
- Eu não consigo parar de rir! – Pogba falou abraçando o corpo e vi Manu sentada no chão ao final do corredor.
- Isso que é cair de boca, hein?! – Chiellini brincou e ela mostrou o dedo do meio.
- Ela beijou a chuteira do Bernardeschi! – Me aproximei dela logo atrás, não contendo a risada
- Não tem graça! – Ela disse, se contendo entre rir e fazer um bico
- Eu só vi a cabeleira azul tombando, tentando se manter em pé e do nada o splash no chão. – Marchisio falou e ela puxou a respiração alta.
- Eu nunca mais venho em um jogo da Fiorentina! Eu nunca mais vou poder olhar na cara dele. – Ela dizia baixo, com um bico nos lábios.
- Olha, eu também não esqueceria uma pessoa de cabelo azul levando o tombo do ano na minha frente. – Marchisio falou neguei com a cabeça, entrando no vestiário.
- Eu odeio vocês. – Sua voz saiu abafada.
- Ok, a brincadeira está boa, mas seu queixo tá sangrando e seus dentes também, vem cá! – Allegri falou firme, puxando-a para se levantar.
- Ai, alguma coisa dói! – Ela reclamou, passando pelo meio do vestiário.
- O corpo inteiro vai doer. – Allegri disse, praticamente arrastando-a pelo braço para a área da fisioterapia. – Giancarlo, dá um jeito aqui.
- Achei que não seria tão mal. – Ela se sentou em uma maca e notei seu queixo ralado e seus dentes avermelhados de sangue.
- Você, com esse tamanho todo, caiu igual uma panqueca no chão, é claro que ia doer, Manu. – Barzagli falou na porta, fazendo as risadas explodirem de novo e desviei dele para ir até ela.
- Eu nunca mais venho em um jogo. – Ela gemeu com o bico nos lábios e sorri.
- Me desculpe, criança, foi inevitável não rir. – Levei a mão até seu queixo, erguendo-o devagar. – Não foi nada.
- Eu não conseguia parar de rir. Eu queria ter desmaiado ali. – Ri fracamente, negando com a cabeça e me afastei quando Giancarlo se aproximou.
- A gente não sabia se você tinha morrido, por isso o silêncio, mas todo mundo estava segurando a risada. – Dybala falou.
- Affanculo também! Ninguém foi me ajudar! – Ele gargalhou. – Juventus e Fiorentina, eu estou fora, para sempre, nunca mais venho. – Ela disse brava e ri fracamente.
- Toma, fica de presente! – Estiquei a blusa para ela que pegou-a, suspirando.
- E eu tinha achado ele bonitinho. – Ela disse, fazendo uma careta quando Giancarlo tocou algo nele.
- Olha que bela forma de conhecer o amor da sua vida! – Marchisio brincou e gargalhei.
- É, acho que não! – Ela disse. – Alguém me dá minha bolsa? Preciso avisar meu pai que eu vou atrasar. – Falei.
- “Oi, pai, eu caí, mas eu estou bem, ok?” – Bonucci afinou a voz para falar e as risadas explodiram de novo.
- Eu odeio vocês. – Falei, negando com a cabeça.
- O que está acontecendo aqui? – Viramos para o lado, vendo o top entrar do outro lado.
- Ah, a Manu caiu! – Cuadrado disse, fazendo as risadas ecoarem pelo local.
- Não que seja novidade! – disse, atravessando o vestiário.
- A novidade é que ela caiu no túnel com todo mundo olhando e nos pés do Bernardeschi, de boca. – Falei e ela arregalou os olhos.
- O quê? – Ela disse surpresa, rindo logo em seguida.
- Ah, até você, chefa? – Manu reclamou. – AI! – Ela reclamou novamente.
- Estou limpando, não reclama. – Giancarlo disse.
- Eu sei que eu sou desastrada, mas foi horrível! – Ela dizia e notei o tom de voz dela mudar, quase como um choro.
- Ah, minha linda, vem cá! – Abracei-a de lado e ela suspirou, apoiando a cabeça em meu ombro.
- Era ele, chefa! – Ela disse baixo.
- Quem? – perguntou.
- Lembra quando eu fui para o jogo da Fiorentina no ano passado e o Pavel me zoou que eu fiquei olhando para um garoto de muletas? – Ela perguntou e passei o dedo em sua bochecha quando a lágrima escorreu.
- Sim, lembro que vocês falaram isso. – disse, fazendo carinho em seus cabelos.
- Era ele! – Ela puxou a respiração fortemente e Manu ergueu o rosto de meu ombro para Giancarlo colocar um curativo.
- Você gosta dele? – perguntou.
- Eu não o conheço... Conhecia! – Manu passou os braços nas bochechas. – Mas agora não quero mais conhecer. – Ela suspirou.
- Ah, Manu! – deu um pequeno sorriso maternal. – Está tudo bem. – Ela disse, segurando o rosto de Manu. – Isso às vezes acontece...
- Quantas vezes você já pagou mico na frente do Gigi? – Ela perguntou e eu e nos entreolhamos, fazendo uma careta. – Viu?! – Ela puxou a respiração fortemente. – Eu não quero ser assim... E depois vocês perguntam por que eu estou solteira. – Ela puxou a respiração. – A resposta é essa: porque eu sou desastrada! – sorriu.
- Não é, meu amor. Isso é o que te faz especial! – Ela disse, passando as mãos pelas bochechas úmidas de Manu. – Está tudo bem, você pode encontrá-lo de novo. Vai ser uma história interessante para contar.
- Ah, não, não, não! – Ela disse rapidamente. – Eu nunca mais venho em um jogo contra a Fiorentina, não, não! – Ela dizia repetidamente e riu fracamente.
- A decisão é sua, meu amor, mas eu acho isso uma besteira. – disse. – Ele foi legal contigo?
- Ele a ajudou a se levantar e teve algum papo entre os dois. – Falei, acariciando os cabelos de Manu.
- Viu? – disse.
- Ele só perguntou se eu estava bem. – Ela disse.
- Ele se preocupou. – Falei e estava achando incrivelmente fofo dar conselhos amorosos para uma mulher de 21 anos, parecia uma criança. Será que Manu nunca tinha namorado mesmo?
- Mesmo assim, não! – Ela suspirou. – Não vou conseguir olhar para ele.
- Você que sabe! – disse, dando um beijo em seu rosto. – Agora descansa, ok?!
- Meu pai deve estar aí! – Ela disse.
- Me dá o telefone, eu ligo para ele, explico a situação e te levo para casa depois. – Ela disse e Manu mexeu em sua bolsinha, estendendo o celular para .
- Aqui, toma esse analgésico, seu corpo vai doer bastante. – Giancarlo voltou com um remédio e um copo de água.
- É amoxicilina? – Manu perguntou. – Eu sou alérgica.
- Não, é acetaminofeno. – Giancarlo disse. – Pode tomar! – Ele disse e ela colocou o remédio na boca e bebeu a água inteira logo em seguida.
- Agora deita um pouco. – disse e senti ela me puxar pela segunda pele que eu usava para me afastar um pouco.
- Oh! – Falei, sentindo a blusa torcer no corpo.
- Você viu o que aconteceu? – perguntou.
- Sim! – Falei. – Eu e todo mundo.
- Droga! – Ela suspirou, mexendo no celular. – MANU, QUAL SUA SENHA? – gritou.
- Meu aniversário! – Ela respondeu.
- Zero, quatro, 12. – teclou e ergueu o olhar para mim. – Ela vai ficar se sentindo muito mal, coitada. – Ela disse.
- Todo mundo riu, , acho que todo mundo pensou que fosse só mais algo de Manu. – Falei e ela suspirou.
- A queda sim, o problema é a vergonha. – Ela deu de ombros. – Eu vou ligar para os pais dela, vai se trocar também, bom jogo! – Ela disse, pressionando os lábios e assenti com a cabeça.
- GIGI! – Virei o rosto para o lado, vendo Chiellini me chamar pela outra porta e atravessei. – Ele está aqui! – Ele indicou o corredor e virei o rosto, vendo Bernardeschi na porta do vestiário e arregalei os olhos, indo até ele.
- Ei, cara! – Falei.
- Só vim ver se ela está bem! – Ele disse.
- Ah, está sim, não se preocupe! – Falei. Se eu deixasse ele entrar, Emanuelle ia me matar. – Só ralou o queixo mesmo e o corpo está dolorido, tudo bem.
- Ah, que bom! – Ele suspirou. – Pode falar que eu passei aqui? – Sorri.
- Claro! – Eu e Chiello trocamos um olhar cúmplice. – Se cuida!
- Vocês também! – Ele disse, se afastando até seu vestiário e fechei a porta do nosso.
- MANU-U-U-U! – Chiello voltou correndo para dentro e gargalhei, seguindo atrás dele.
- O que agora? – Ela disse baixo e cobria seus olhos com a mão.
- Ele veio perguntar de você. – Chiello disse e ela tirou a mão dos olhos rapidamente.
- Vocês não deixaram ele entrar, deixaram? – Ela perguntou apressada e rimos juntos.
- Não, mas acho um bom motivo para você ir para Florença no próximo jogo contra eles. – Falei sorrindo.
- HÁ, HÁ, HÁ! – Ela gargalhou sarcasticamente. – Não mesmo! – Ela riu. – Obrigada, mas não! – Ela cobriu os olhos novamente.
- Você que sabe, mas ele se interessou. – Falei.
- Mesmo? – Ela ergueu o rosto com pressa. – Quer saber? Não! – Ela disse e eu ri fracamente.
- Eu vou para o banho! – Chiello disse e assenti com a cabeça.
- Pronto, Manu! Seu pai está avisado, disse que você tem a chave. – voltou, esticando o celular para ela.
- Tenho sim. – Ela disse, suspirando.
- Ok, decidido, então. Descansa. – disse, negando com a cabeça.
- Eu vou tomar banho. – Falei e assentiu com a cabeça.
- Vai lá! – Ela me empurrou levemente pelas costas.
- Você não está brava comigo, está? – Perguntei para .
- Se precisa perguntar, a resposta é sim! – Manu disse e revirei os olhos.
- Eu tenho motivos para ficar brava? – perguntou e olhei em seus olhos , tentando decifrá-los.
- Qual vai ser seu apelido agora, Manu? Caduta? Pendenza? – Dybala passou e neguei com a cabeça.
- Vou te chamar de Dychupete e quero ver quem vai rir por último! – Manu disse e Paulo fechou o rosto antes de seguir para o banheiro. – É, ele mesmo! – Manu disse sozinha e voltei a olhar para .
- Não? – Falei em tom de pergunta.
- Então não! – disse, dando de ombros e suspirei, vendo-a seguir até o resto do top cinco.
- Sim, Gigi! A resposta é sempre sim! – Manu disse e suspirei, bufando e cutuquei seu ombro. – AI! – Ela reclamou e voltei para minha área no vestiário.
Capitolo sessantotto
Ergui a barra do vestido, subindo os degraus na entrada do OGR e as recepcionistas somente deram um rápido aceno de cabeça e confirmaram minha entrada. Da mesma forma que o ano passado, fizemos uma área somente de recepção com bar e algumas mesas altas e, atrás das cortinas, o local do jantar com mesa, palco, entre outras coisas.
Soltei a barra do vestido assim que me vi dentro do local e deixei que a saia arrastasse um pouco no chão e fizesse leves cócegas na planta dos meus pés. Algumas pessoas olharam para mim e respirei fundo discretamente, andando pelo salão, sabendo que precisaria de uma taça de vinho ou champanhe o mais rápido possível para aguentar esse início de festa.
- ! – Vi Agnelli e o pessoal apoiados em uma mesa.
- Buona sera, ragazzi! – Falei, cumprimentando todos os quatro, além de suas respectivas esposas.
- Linda como sempre! – Deniz falou e sorri, abraçando-a lateralmente.
- Bom vê-los. Como estão as coisas? – Sorri e eles assentiram com a cabeça.
- Tudo bem, sem grandes complicações. – Pavel disse e rimos juntos.
- É Natal, Pavel, hoje é o único dia que não pode ter! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Empolgada? – Ele perguntou.
- Ficar duas semanas longe de você? É claro! – Falei, ouvindo os outros rirem e ele pressionou os lábios, me fazendo sorrir.
- CHEFA! – Me assustei, virando o rosto para os lados até encontrar Manu saltitante em minha direção.
- Scusi, ragazzi! – Falei, andando em sua direção até encontrarmos no meio do caminho. – Ei, olha quem se arrumou toda hoje! – Passei a mão em seu vestido preto com detalhes de paetê na gola e nas mangas longas.
- Não cometo o mesmo erro do primeiro ano nunca mais! – Ela disse e ri fracamente, vendo seu queixo fofinho.
- Está de curativo? – Perguntei, tocando levemente.
- Sim, fiz a maquiagem em cima, o que acha? – Ela ergueu o queixo.
- Super discreto! Com essa luz, ninguém vai perceber. – Falei e ela riu fracamente. – Como está o corpo? Melhor? – Perguntei.
- Um pouco dolorido ainda, ralei os joelhos e os braços também, então preferi vir de bota. – Ela esticou o pé para cima, esbarrando em alguém atrás dela e ri fracamente. – Opa, scusa!
- Tem que ser, né?! – Pogba passou o braço em seu pescoço e ela riu fracamente.
- Oi, Paul! – Sorri e me aproximei, trocando dois rápidos beijos.
- Chefa, não que seja novidade, mas você está um arraso! – Ele disse e sorri.
- Grazie, carino! – Sorri.
- E você também, minha lindinha! – Ele beijou a cabeça de Manu e ela riu fracamente.
- Já nos vimos, Pogba! – Ela disse e ele pressionou os lábios.
- Tentando ser gentil! – Ele deu de ombros, se afastando e Manu revirou os olhos.
- Ah, esses meninos! – Ela falou, suspirando.
- Você quer algo para beber? – Perguntei.
- E derrabar algo na roupa? Ainda não! – Ela disse, me fazendo rir.
- Já volto. – Falei, andando em direção ao bar, me colocando entre Evra e Mario. – Ragazzi.
- Ei, chefa! – Eles falaram juntos e dei um rápido beijo em cada um.
- Vous êtes belle! Magnifique! – Evra disse, levando as mãos aos lábios e ri fracamente.
- Você me lembra outro francês também, sabia? – Falei e ele riu fracamente.
- Mesmo? Aposto que ele não era tão bonito quanto eu! – Ele disse, ajeitando a gravata e revirei os olhos.
- Ah, Patrice, Patrice! – Revirei os olhos, pegando uma taça de Ferrari Trento no balcão e me afastei devagar.
Virei para o lado, encontrando o grupinho de sempre e suas respectivas mulheres olhando para mim e dei um sorriso discreto, estendendo minha taça delicadamente para os cinco homens e quatro mulheres. Por algum milagre, não teria a presença de Ilaria D’Amico para estragar meus bons votos de Buon Natale. Eles realmente seriam verdadeiros hoje.
- Ragazzi... – Falei baixo, seguindo em direção a eles. – Vocês estão bonitos hoje! – Falei, vendo-os, além de todo o elenco, com o terno do time.
- Você também, chefa! – Barza disse sorrindo. – Ai! – Ele reclamou, provavelmente do beliscão que Maddalena deu nele e Leo arregalou os olhos para mim, escondendo uma risada.
- Senhoras! – Sorri para Roby, Carolina, Martina e, educadamente, Maddalena.
- Você está bonita, ! – Roby disse e dei um aceno com a cabeça.
- Vocês também. – Sorri, dando um gole em minha taça. – Scusi. – Falei, não aguentando mais essa pressão, muito menos os olhares de gavião de Gigi em cima de mim e me afastei.
Aquele cabelo curto arrepiado me fazia ter mais pensamentos com ele, mas eu deveria permanecer no meu papel. Ao menos hoje a senhora Gianluigi Buffon não estava aqui e não precisaria tê-la tentando parecer simpática comigo. Ao menos eu tinha constância, a maioria das esposas me olhavam com raiva, nojo ou me achavam superioras demais para falar algo, ao menos tinha um pequeno grupinho que eu gostava, mas a maioria saiu no ano passado. Com muitas pessoas novas, era difícil enturmar com as namoradas, elas poderiam não ser as mesmas no ano que vem.
- Falou com a louca? – Vi Manu se colocou ao meu lado novamente.
- Quem? – Perguntei.
- A esposa do Barza. – Manu disse baixo. – Eu abracei eles, como eu abraço todo mundo e ela me deu uma olhada que se matasse, isso teria se transformado em um funeral. – Ri fracamente.
- Não me assusta. – Suspirei. – Ela tem encrenca comigo desde que eu namorei o Barza, mantenho distância.
- Madda Mata. – Franzi a testa.
- O quê? – Virei para ela.
- É um bom apelido, vai! – Rimos juntos.
- Não deixe que ela te ouça, ou o meu “mata” vai virar o seu e aí sim teremos um funeral. – Ela fez uma careta.
- É, melhor. – Ela disse rindo fracamente.
- MANU! – Viramos o rosto e vi Morata e Dybala, junto de suas respectivas namoradas – ou algo assim.
- Vai ficar bem sozinha? – Manu perguntou.
- Eu sempre fico...
- Ela não vai ficar sozinha... – Virei para o lado, encontrando Gigi.
- Eu sempre fico bem sozinha, não se preocupe! – Falei, tentando ignorar sua presença e dei alguns passos para frente, vendo-o seguir ao meu lado. – Vero? – Perguntei.
- O quê? – Ele disse.
- Muitas testemunhas para contar para sua namoradinha, não? – Falei, virando o restante da taça, apoiando-a na primeira mesa que eu encontrei.
- Não tem nada, . – Ele disse calmamente. – Só estou aqui com minha amiga. – Gargalhei um tanto alto demais.
- É, claro! – Abri um largo sorriso. – Você engana alguém com isso? – Perguntei sorrindo.
- Não preciso enganar ninguém, não tem nada, . – Ele disse.
- Senhorita ! – Sorri ao ver Valerio se aproximar e deixei que um dos conselheiros me cumprimentasse com dois beijos. – Gigione!
- Ciao! – Gigi sorriu.
- Que festa magnífica! – Ele sorriu. – Acabei de elogiar Angela e o pessoal do marketing, fantástico.
- Feliz que esteja gostando, Valerio! Espero que goste do jantar. – Falei sorrindo.
- Tenho certeza! – Ele retribuiu. – Divirtam-se!
- Você também! – Fechei o sorriso quando ele se afastou e voltei a andar pelo salão.
- Senhorita ? – Gigi perguntou.
- É, eles costumam ser bem corteses. – Dei de ombros.
- Mas senhorita? – Ele perguntou.
- Da última vez que eu chequei, isso daqui é só um anel! – Ergui minha mão esquerda, mostrando os diversos anéis em minha mão.
- O que é uma pena! – Ele disse e ri fracamente.
- Não sei para quem! – Falei sorrindo e ele suspirou fundo ao meu lado. – É um tanto libertador, sabe? – Virei de frente para ele, dando de ombros e voltei à andar para frente, vendo que haviam aberto o outro ambiente.
Segui junto das outras pessoas para o local e, quando passei das cortinas pretas, o desenho de Angela e do pessoal de relações públicas se formou em minha frente. 11 mesas longas estavam dispostas quase em meia lua, cada uma tinha 50 lugares e estavam posicionadas em verticalmente ao palco também em meia lua. Não precisei que nenhuma das organizadoras mostrassem meu lugar, pois era um tanto óbvio, então segui pela mesa central, Andrea e Deniz se sentaram de um lado, Pavel e Ivana do outro e eu entendi rapidamente o que aconteceria em seguida. Só eu não tinha um par e Manu deveria estar bem longe agora.
- Posso me sentar aqui? – Soltei um suspiro com a pergunta de Gigi e optei por não responder, vendo-o e o restante se ajeitar também em sua própria hierarquia. Nessas horas eu gostaria que a chata estivesse aqui.
Ao invés de responder, ocupei minha boca com um grissini que estava na mesa e mordi quase igual o coelho, querendo manter a boca ocupada o máximo possível. O sorriso de Pavel para mim me fazia querer dizer minhas coisas, mas, naquele momento, em um lugar que eu preciso ser profissional, eu optei por comer.
Quando todos se ajeitaram nas mesas, nossas taças foram cheias novamente e agradeci pelo álcool, ficando a noite toda ao lado de Gigi, não daria certo, ainda mais com o resto do administrativo ao meu lado. Era motivos para eu ser zoada pelo resto da minha vida... Não que já não fosse por esse assunto. Pelo menos tinha uma vantagem nisso tudo, meus assuntos com o administrativo eram os mesmos de sempre: negócios. E nisso Gigi não parecia muito interessado, conversando alguma coisa mais interessado com Chiello e Cáceres.
Entre a entrada e o prato principal, o show contratado começou como o planejado e Laura, relações públicas, parecia bem empolgada nisso dar certo. O jogo de luzes e imagens do telão, combinavam com as mesas, logo que chegamos tinha um tom de Natal com imagens em prata e dourado, depois mudou para listras em preto e branco, conforme os artistas aéreos faziam um show muito bonito com imagens dos jogos de 2015, todos eles.
- Chegou a minha vez! – Agnelli disse, tirando o guardanapo do colo e rimos juntos.
- Vai lá! – Beppe disse e rimos juntos.
- Eu não tenho maturidade para esses discursos até hoje! – Pavel disse e rimos juntos.
- Muito menos eu! – Levei o guardanapo aos meus lábios, secando-os levemente, vendo o batom rosado sair no tecido.
- Buona sera! Buona sera! – Agnelli disse no palco e as conversas pararam aos poucos. – Benveuti a festa anual de Natal da Juventus! – Ele disse e o aplaudimos. – Antes de começar esse discurso, gostaria de chamar nosso elenco e staff técnico para me acompanhar aqui hoje.
- Lá vai! – Gigi disse e ri fracamente.
- DAI, RAGAZZI! – Ouvi um som alto e abafado e só poderia ser uma pessoa.
- Emanuelle! – Pavel disse antes de mim e rimos juntos.
- Obviamente! – Neguei com a cabeça.
Os jogadores e a equipe de Allegri se levantaram e subiram no palco, deixando vários espaços livres na mesa. Eles se ajeitaram no centro do palco e vi que Gigi se colocou no lado extremo esquerdo, mais um pouco ele com certeza fugiria dali o mais rápido possível.
- Esse ano foi um ano especial para nós, talvez não tenhamos conseguido conquistar tudo, mas foi um ano que pudemos avaliar nossa equipe, avaliar nosso time e falar: sim, é possível... – Agnelli começou e eu e Pavel nos entreolhamos, suspirando.
O discurso de Agnelli, apesar de ser um pouco mais legal do que os que estava acostumado de 2001 a 2010, tinha mais pressão do que outros. Ele falava de uma forma que dava a entender que deveria ser feito mais, deveríamos ter conseguido mais e conseguia entender o motivo de Gigi ficar o mais longe dele possível. Ele falou do campeonato do ano passado, de todas as conquistas, para chegar na final da Champions League. Era óbvio que ele falaria isso! Acrescentou o quanto faltou pouco, mas que este ano, tudo poderia acontecer, só precisávamos nos manter como uma equipe e blá, blá, blá!
Claro que logo depois que ele falou isso, ele se lembrou de que mudamos quase metade de nossa squadra e que conseguimos manter uma sequência de sete vitórias quase em novembro. Mas eu precisava entender esse discurso, era uma situação complicada para os dois lados. Precisávamos prestar contas para acionistas, passar confiança para torcedores e convidados e tudo isso precisava cair nas costas de quem realmente fazia as coisas acontecerem em campo, os jogadores, e vinha como forma de pressão para cima deles.
- Grazie, buon Natale e un buon capodano! – Ele terminou e aplaudimos animados junto dele. Obviamente que o ânimo não era pelo discurso, mas sim pelo fim dele.
Os jogadores voltaram para seus lugares e Gigi bufou nada discretamente, se sentando ao meu lado novamente. No lugar deles, um DJ tomou lugar e começou a tocar uma música um pouco mais animada.
- 14 anos e você ainda faz essa cara. – Comentei com Gigi, bebendo um gole da minha água.
- Não posso mudar. – Ele disse e revirei os olhos, vendo-o sorrir.
- Ah, scusi, ragazzi! – Falei, afastando minha cadeira e me levantando.
- Aonde vai? – Gigi perguntou.
- Ao banheiro?! – Falei em tom de pergunta e ele riu fracamente.
Caminhei para trás pelo corredor e cumprimentei alguns jogadores que eu não tinha visto antes de entrar e vi Manu em uma das últimas cadeiras, fazendo companhia para Claudio Filippi e sua esposa. Ou eles faziam companhia para ela, não sei, mas Manu sabia se enturmar rapidamente.
- Scusa. – Me aproximei de uma das recepcionistas.
- Sim. – Ela disse.
- Onde está o banheiro? – Perguntei, indicando com os dedos discretamente.
- No outro ambiente, do lado esquerdo. – Ela disse.
- Grazie. – Sorri, passando pelas cortinas novamente e vi meia dúzia de pessoas andando por ali.
Segui pelo lado que ela indicou, vendo o jardim do lado de fora pelas portas de vidro do corredor e entrei no banheiro feminino. Fiz xixi rapidamente e demorei o triplo de tempo para ajeitar minha calcinha e a barra do vestido. Saí do banheiro, lavando minha mão e puxei algumas folhas de papel para secar. Ajeitei o decote de meu vestido e saí do banheiro, ajeitando a saia um pouco.
Voltei pelo mesmo caminho e ri sozinha ao ver Gigi do lado de fora com um cigarro nos lábios. Vermelho da ponta chamava mais atenção do que ele, pela sua posição mais afastada do poste. Empurrei a porta devagar, sentindo a diferença de temperatura e fechei-a quando passou.
- Veio me fazer companhia? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Na verdade, não. – Disse, andando até ele, ficando levemente na ponta dos pés pelos pedregulhos.
- Você está me ignorando a noite toda. – Ele disse e puxei o cigarro de seus dedos.
- Eu não estou ignorando... – Joguei-o no chão e pisei-o.
- Ah, ! – Ele reclamou e eu ri fracamente.
- Por que você usa isso? É nojento e fica um cheiro horrível! – Me levantei para pegar a bituca e caminhei até o lixo, jogando-a.
- E isso te incomoda? – Ele perguntou, apoiando as costas na parede.
- É claro! – Dei de ombros. – Um homem bonito assim cheirando a perfume masculino é muito melhor do que cheirar fuligem. – Falei, olhando em seus olhos. – Além do gosto, é claro... – Ele arqueou as sobrancelhas. – Aleatoriamente falando.
- Ah, é claro. – Ele disse sarcasticamente, sorrindo.
- Não faça nenhuma besteira, ok?! – Falei, lhe dando as costas e ele me puxou pela mão.
- Fica! – Ele pediu e eu ri fracamente.
- Você não precisou de mim semana passada, não precisa agora. – Falei e ele segurou minha cintura, evitando que eu me movesse.
- Não faça isso. – Ele pediu baixo.
- O quê? Esfregar verdades na sua cara? – Perguntei, olhando em seus olhos e a altura quase sumia com meus saltos.
- Destruir nosso momento. Realidade alternativa, lembra? – Ele disse e ri fracamente.
- Engraçado você dizer isso. Quando você está comigo, é uma realidade alternativa, mas quando você está com ela, eu preciso continuar na realidade alternativa enquanto você volta para realidade e enfia a língua na boca dela. – Falei, com um curto sorriso nos lábios.
- Ok, entendi. Você está com ciúmes. – Ele bufou. – Eu só não quero brigar, por favor...
- Não é ciúmes, Gigi! Eu nem tenho o direito de ter ciúmes, pois ela é a sua namorada, ela é a mãe do seu futuro filho e eu sou o quê? – Engoli seco, tentando frear as próximas palavras, mas não consegui. – Sua amante? – Seu olhar foi para o meu surpreso e sua respiração pesada fez o cheiro do cigarro se misturar com o amargo de minha boca.
- Você é... – Ele também pareceu travado. – Você é...
- Sua amante? – Dei de ombros, rindo fracamente com a ironia da situação. – Porque você age como se eu fosse.
- É diferente, , e você sabe disso. – Ele ergueu a mão até meu rosto, acariciando a bochecha devagar. – Você é a mulher da minha vida. – Ele disse, me fazendo engolir em seco. – E é a pessoa mais importante da minha vida. – Ele colou sua testa na minha. – Acima de todas as pessoas, antes de todos os meus acontecimentos, antes dos meus filhos, eu tinha você. Então, não, eu não tenho medo de falar isso. – Suspirei.
- Eu amo ouvir isso, Gigi, mas suas ações... – Neguei com a cabeça. – Eu me sinto uma tonta. – Apoiei minhas mãos em seus tríceps. – É uma amante esperando o marido terminar com a esposa e... – Mordi meu lábio inferior. – Me desculpe, mas eu não sou tonta o suficiente para achar que algum dia você vai terminar com ela. – Dei de ombros e sua feição era difícil de ler. – Ok, agora ela está grávida, depois teremos um bebê recém-nascido, depois um filho pequeno... – Ri fracamente. – Cada dia vai ficar mais difícil. A única fora que eu vejo isso acabando, é acontecendo a mesma coisa da outra vez. – Suspirei. – Mas ela me parece ser o tipo de pessoa que não se importa em viver um relacionamento de aparências...
- É só o que é, ! – Suspirei quando ele usou meu apelido. – São só aparências. – Engoli em seco. – É un cazzo sim, mas é o que é! – Pressionei meus lábios.
- Mas por que, Gigi? – Suspirei. – Você é famoso, tem dinheiro, por que você ainda se importa com o que as pessoas pensam?
- Todo mundo só viu o que eu fiz com Alena, mas ninguém viu o que eu passei por te perder. – Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – A imprensa caiu muito em cima e isso... – Ele negou com a cabeça. – Foi uma merda! – Ele suspirou. – Com a Ilaria, eles deram uma trégua e, eu sei que no momento em que eu colocar o fim nisso, vai vir tudo de novo e eu não consigo fazer isso com um bebê no meio do caminho. – Ele apertou as mãos em minha cintura, colando sua barriga na minha. – Mas eu vou! Assim que possível... – Ele disse firme. – Eu só não posso enlouquecer e, ter você, sentir você... – Ele acariciou meu rosto. – É o que me mantém são...
- Você vai me enlouquecer contigo, Gigi. – Falei baixo, subindo meus braços para seus ombros e acariciei seu pescoço com os dedos.
- Eu prometo que vou estar aqui se isso acontecer. – Ele disse, aproximando o rosto do meu e virei o rosto para o lado, sentindo-o beijar minha bochecha.
- Aqui não. – Falei baixo, virando o rosto para ele novamente. – Alguém pode ver.
- Quer ir em outro lugar? – Ele sussurrou baixo e eu ri fracamente, me afastando devagar dele. – O quê? – Ele perguntou.
- Eu ainda vou aprender a dizer não para você. – Falei e ele abriu um largo sorriso, me fazendo retribuir.
- Me segue, então! – Ele disse, seguindo até a porta e ri fracamente, quando entramos novamente, me fazendo sentir a mudança de temperatura de novo.
Ele seguiu um pouco mais a frente, atravessando o salão para a porta de fora e segui um pouco atrás dele, tentando fingir atenção em minhas unhas pintadas de preto enquanto saíamos do OGR. O vento agitou meus cabelos e ele desceu as escadas do salão de eventos um pouco à frente e imaginei que ele estaria indo para seu carro. Não podia negar que a ideia era sensacional e nem tão incomum para nós.
Por sorte, seu carro estava tão longe quando o meu e só percebi que chegamos quando ele desativou o alarme, fazendo as luzes de seu carro acenderem. Ele puxou o paletó para fora antes de abrir a porta da frente.
- Aí não! – Falei.
- Calma, vou puxar o banco para frente! – Ele disse e eu ri fracamente.
- É claro que você já pensou em tudo! – Falei, ouvindo-o rir e ele se afastou, fechando a porta e abriu a do banco de trás.
- Preciso pensar em pontos de saída quando estou contigo. – Ele disse, se sentando no banco e eu ri fracamente.
- Bonito, Gianluigi! Pensando em onde vamos transar. – Falei, subindo o vestido.
- Vamos transar? – Ele perguntou e eu ri fracamente, colocando uma perna de cada lado de seu corpo, antes de sentar-se em seu colo.
- Me trouxe aqui só para uns beijinhos? – Brinquei, vendo-o puxar a porta em um baque e rimos juntos.
- Poderia te trazer aqui só para conversar que já estaria feliz. – Ele disse, apertando as mãos em minha cintura e ajeitei a saia do vestido para parar de repuxar em alguns lugares.
- É óbvio que você tem que ter alguma coisa de errado. – Inclinei meu corpo para trás para tirar os sapatos e joguei-os no banco da frente. – Ou seria tudo perfeito demais.
- Xi... – Ele falou baixo, subindo uma mão para meu rosto, acariciando meu queixo delicadamente. – Só nós agora...
- Eu preferia estar em casa. – Falei, desviando minha cabeça do teto e ele riu fracamente.
- Está desconfortável? – Ele perguntou baixo, passando o polegar em meus lábios.
- Um pouco. – Falei rindo, passando as mãos em seus cabelos arrepiados.
- Vem cá... – Ele inclinou o corpo para o lado, batendo a cabeça no teto e rimos juntos.
- Espera! – Falei, deslizando o corpo para o lado e bati a mão no pino da porta, para travar a porta e apoiei na mesma. – O vestido não ajuda muito... – Ergui a saia, colocando-a para o lado.
- Você está linda. – Ele puxou minhas pernas para cima do seu corpo e me aproximei dele.
- Você também. – Passei a mão em seu rosto. – Gostei do cabelo. – Ele aproximou o rosto do meu, roçando o nariz no meu.
- Você sempre gosta meu cabelo. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Ei, nem vem! Tenho algumas memórias péssimas suas. – Passei a mão em sua barba mais rala. – Quando você fez igual o Leo. – Ele gargalhou, jogando a cabeça para trás.
- Ok! Eu concordo! Aquele foi...
- Horrível! – Falei e ele sorriu. – Horrível, Gigi. Não tenho outra forma de falar isso!
- Tudo bem, eu prometo não voltar para aquilo...
- Nunca mais! – Ela disse.
- Ok, nunca mais. – Ele falou baixo e mordisquei seu lábio inferior, passando a língua delicadamente pelo local logo em seguida.
- Vem cá... – Falei baixo, sentindo-o apertar a mão em minhas coxas e puxei-o pela gravata vendo-o sorrir antes de colar os lábios nos meus.
Fechei meus olhos quando sua mão subiu para meu pescoço e dei curtos selinhos em seus lábios, intercalando com sorrisos e ele deu risos fracos quando eu fazia isso. Cansei de brincar e puxei-o pela nuca, colando meus lábios com mais força nos dele. Suas mãos pressionaram minha perna e deslizei meu corpo pelas suas pernas, sentando em seu colo. Ele sorriu quando fiz o movimento e subiu uma mão pela lateral da minha barriga, repuxando o vestido.
Sua língua pediu espaço e entreabri os lábios, sugando sua língua para minha boca. O beijo ganhou velocidade e senti minha respiração começar a falhar. Desci a mão pela lateral de seu rosto, acariciando-o devagar e dessa vez foi ele quem começou a espaçar os beijos e deslizar pelo meu pescoço.
Soltei um suspiro para cima quando ele começou a descer e ele encontrou o decote do meu vestido, começando a distribuir beijos pelo local e desviar do colar solitário ali. Sua mão puxou o vestido de meu ombro, fazendo o vestido descer e deixar à mostra um seio e seus lábios foram diretamente para o local. Ele sugou o bico, me fazendo suspirar alto e jogar a cabeça para trás.
- Ah, Gigi! – Falei baixo, apertando a mão em seus cabelos.
Ele lambeu meu seio, mordiscando o bico e senti sua mão subir pela minha perna levantada, passando dentro da saia enquanto procurava pela minha calcinha. Soltei um gemido baixo enquanto Gigi sugava um seio e minha respiração já estava falha. Segurei seu rosto com as duas mãos e lambi seus lábios, antes de colar os lábios aos seus e pedir espaço com a língua por curtos segundos.
Desci minha mão pelo seu pescoço, afrouxando sua gravata e levei minhas mãos até seu peito, encontrando os botões e precisei entreabrir os olhos e prestar atenção no que eu estava fazendo para não arrebentar nenhum. Puxei sua blusa da calça quando cheguei ao final e colei meus lábios nos seus novamente, sentindo-o pressionar com mais força e movimentar mais rápido.
Senti minha vagina começar a apertar e soltei um suspiro, descolando nossos lábios. Seus olhos azuis focaram nos meus e mordi seu lábio inferior, deslizando meu corpo do seu colo, me sentando sobre o banco novamente. Levei minhas mãos para dentro da minha saia, puxando minha calcinha e ele sorriu com o feito.
- Você tem camisinha, certo? – Falei e ele riu fracamente, assentindo com a cabeça logo em seguida. – Pega, então. – Falei, vendo-o se inclinar para o banco da frente, procurando dentro do porta-luvas e aproveitei para subir um pouco mais a saia do vestido.
Ele deslizou o corpo para trás com o pacote na mão e se sentou novamente. Ele desafivelou seu cinto com pressa, puxando-o fortemente da cintura e passei os dedos levemente entre os lábios de minha vagina, encontrando-a úmida e levei os dedos até os lábios, lambendo-os devagar e percebi os olhos de Gigi em mim.
- Ah, ... – Ele suspirou forte e vi sua ereção na cueca preta.
- Tira! – Falei baixo, me ajoelhando no banco e ele segurou meu rosto com uma mão, me puxando para um rápido beijo, sorrindo em seguida.
Ele desceu as mãos para sua cintura, puxando a peça de roupa, descendo-a para suas canelas assim como a calça e mordi meu lábio inferior ao ver seu pênis. Aproximei meu corpo do seu, passando os lábios pelo seu peito e fiquei feliz em encontrar pelos ali novamente. Desci minha mão pela sua barriga e depois pela sua virilha, segurando seu pênis com uma mão e ele arfou-o.
- Eu ainda não fiz nada. – Falei, erguendo o olhar para ele que riu fracamente, ajeitando meus cabelos para trás.
- Eu sei... – Ele disse baixo e inclinei meu corpo para frente, passando os lábios em seu pênis, sentindo sua mão fazer um rabo em meus cabelos.
- Eu me pergunto se ela faz isso comigo... – Falei baixo, passando a língua levemente pela cabecinha e ele riu fracamente.
- Não me faz broxar, . – Ele disse quase em um sussurro.
- Isso é um não? – Perguntei, passando a língua pela extensão de seu membro.
- Não! – Ele falou e rimos juntos.
- Ficou confuso. – Falei baixo e senti suas mãos pelas minhas contas.
- Ninguém faz eu me sentir como você, ! – Ele disse baixo e eu sorri. – E não, ela não faz isso. – Dei um pequeno sorriso.
- Bom! – Falei, acabando com a tortura dele e abocanhei seu pênis, ouvindo-o suspirar com o feito.
Apoiei uma mão em sua coxa e a outra deslizava pela extensão de seu pênis, fazendo um carinho na base. Suguei seu pênis com mais rapidez e agilidade, chegando no máximo possível e deslizando os lábios de volta logo em seguida. Sua respiração começou a ficar falha conforme eu agilizava os movimentos e ele soltava curtos gemidos, fazendo meu corpo arrepiar cada vez mais.
- Isso, amore! – Ele suspirava. – Assim...
- Não goza! – Pedi ao tirar a boca alguns segundos e ele suspirou.
- Vai devagar, então... – Ele disse, bufando para cima. – Ah, ! – Dei curtos beijos na cabeça de seu pênis, deslizando o corpo devagar.
- Não podemos fazer sujeira, Gigi. – Falei baixo, erguendo meu rosto, ainda acariciando seu pênis com a mão e ele colou os lábios nos meus por alguns segundos.
- Cadê a camisinha? – Ele pediu e desacelerei as carícias em seu pênis antes de afastar a mão devagar e procurar apressada a camisinha no banco de couro.
- Aqui! – Peguei a mesma, abrindo o pacote e joguei-o para frente.
- Gentil, gentil... – Ele disse baixo e sabia que faltava pouco para ele gozar. Desenrolei a camisinha em seu pênis devagar, ouvindo-o suspiro. – Agora vem aqui... – Ele pediu baixo.
Fiquei quase em pé no banco de trás, levemente inclinada para frente e subi a saia do meu vestido, sentindo-o me ajudar com o mesmo e coloquei uma perna de cada lado da sua. Ele apoiou as mãos em minha perna e segurei seu pênis, deslizando meu corpo para baixo, até encontrar minha entrada, soltando um suspiro quando a cabecinha deslizou para dentro.
- Ah, isso... – Soltei minha saia, sentindo-o se inclinar para trás e ergui minhas mãos para seus ombros.
Ele segurou minha cintura por baixo da saia e deslizei meu corpo para baixo devagar, sentindo seu pênis deslizar dentro de mim com facilidade e suspiramos juntos. Apertei meus braços em seu pescoço, colando nossos lábios gentilmente em um curto beijo e nossas testas se juntaram.
Comecei a rebolar meu quadril sobre o seu, sentindo seu pênis fazer curtos movimentos de vai e vem dentro de mim e suas mãos começaram a pressionar minha bunda, me fazendo suspirar. Apertei minha mão em seu ombro, soltando suspiros baixos quando ele começou a mexer o quadril delicadamente comigo.
- Deixa eu escorregar um pouco. – Ele disse e assenti com a cabeça, sentindo-o se inclinar um pouco mais no banco, apoiando a cabeça no banco e não mais no encosto e inclinei meu corpo sobre o seu.
- Isso... – Falei baixo, dando um curto beijo em seu peitoral, jogando a gravata para trás, liberando espaço para eu beijar e apertá-lo.
Gigi começou a movimentar seu quadril devagar, fazendo movimentos de vai e vem e soltei um suspiro, sorrindo quando ele deu agilidade aos movimentos. Ele apertou a mão em meu quadril, movimentando cada vez mais rápido, como se a posição tinha ficado melhor para ele e eu dei um sorriso bobo.
Apertei minhas mãos em seu peitoral, sentindo-o soltar minha bunda e puxar meu queixo para um beijo, mas o movimento não deixou o beijo se alongar e soltei um gemido alto quando ele apressou cada vez mais, fazendo o som de nossos sexos e de nossas respirações funcionassem como nossa trilha sonora.
- Ai, Gigi! – Gemi baixo, apertando minha mão em sua cintura e ele agilizou cada vez mais os movimentos.
- Vai, amore... – Ele sussurrou, jogando meus cabelos para trás e passei as mãos atrás de sua cabeça mais uma vez, apoiando sua testa na minha.
- Eu vou gozar, Gigi... – Minha voz saiu fina e apertei meu seio livre, gemendo cada vez mais alto e ele colou nossos lábios com força, me fazendo respirar dentro de seus lábios.
Seu gemido saiu antes do meu e sabia que ele tinha gozado. Endireitei meu corpo em cima do seu, voltando a rebolar em cima de meu quadril e ele levou os lábios até meus seios novamente. Sua mão apertou minha cintura novamente, dessa vez por cima do tecido e ele me auxiliou nos movimentos. Respirei fundo, entreabrindo os lábios e meu corpo se contraiu quando atingi o orgasmo, jogando a cabeça para trás.
- Ah, Gigi! – Falei baixo, mordendo com força meu lábio inferior e ele passou a mão devagar em minhas costas. – Ah...
- Isso, minha linda! – Ele disse baixo, colando os lábios em minha bochecha e acomodei meu quadril em cima do seu, ficando na sua altura novamente e olhei seus olhos azuis que brilhavam com a pouca iluminação.
- Foi demais... – Falei baixo e ele sorriu, beijando meus lábios devagar.
- Você é demais, amore. – Ele disse e sorri, passando uma mão atrás de sua orelha em um carinho de leve. – Minha linda.
- Eu gosto desse Gigi fofo. – Falei baixo, sentindo a respiração ainda acelerada.
- É? – Ele riu fracamente.
- Mas eu também gosto do Gigi de um minuto atrás. – Colei nossos lábios por alguns segundos.
- Esse Gigi é só com você. – Ele acariciou meu rosto. – Você faz isso comigo, amore. – Sorri. – Só você! – Ele frisou e assenti com a cabeça. – E quando eu digo isso, eu não estou mentindo Como você é muito mais do que só sexo. – Ele segurou meu queixo, dando um curto beijo em meus lábios e assenti com a cabeça. – Eu sou um merda, , mas acredita em mim quando eu digo isso...
- Não fala isso. – Pedi. – Você não é... Só procura sarna para se coçar. – Rimos juntos.
- É... – Ele disse baixo e colei nossos lábios por alguns segundos.
- Agora quero saber como a gente vai sair daqui. – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Eu tenho uma toalha ali na frente. – Ele disse baixo.
- Onde está minha calcinha? – Perguntei e ele passou a mão no banco, pegando a mesma.
- Devo dizer que preferia as antigas, essas são lindas, mas não são você! – Ele esticou minha lingerie preta rendada com o dedo e ri fracamente, pegando-a de seu dedo e dando um rápido beijo em seus lábios.
- O que importa é o que está embaixo. – Falei, erguendo o corpo devagar, soltando um gemido baixo com o feito e tombei o corpo para trás, erguendo minha saia por completo.
- Ah não mesmo. Você fica linda com aquelas calcinhas de cerejinhas ou florezinhas e o sutiã de uma cor totalmente diferente. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Gigi, já faz 10 anos! – Falei, vestindo minha calcinha, ajeitando-a nas laterais.
- E daí? Você continua linda com elas! – Rimos juntos e inclinei meu corpo entre os bancos da frente, procurando pelas laterais onde ele falou da toalha e encontrei-a, vendo alguns bichinhos para ela.
- É toalha para os meninos, não é? – Voltei para trás, me sentando no banco do meio e entreguei para ele.
- É sim! – Ele riu fracamente. – Mas emergências, não? – Ele disse, ajeitando a toalha em sua virilha.
- Aposto que outro tipo de emergência. – Disse, jogando meus cabelos para trás e me olhei no espelho, vendo meus lábios totalmente borrados.
- Agora que você falou, há 10 anos nós estávamos juntos, tem noção disso? – Ele disse e virei o rosto para ele, vendo-o dar um nó na camisinha e suspirei. – 10 anos do meu maior erro, .
- Nem começa com esse papo, Gianluigi! Não vai adiantar de nada e só vai nos deixar depressivos. – Apoiei o cotovelo no banco, apoiando a cabeça na mão.
- Eu sei que não, mas em termos pessoais, foi meu momento mais feliz. – Falei.
- Mas estamos felizes agora, não? – Falei baixo, vendo-o descolar o quadril do assento para subir a cueca e depois a calça.
- Em nossa bolha, sempre estamos. – Ele disse. – Mas confesso que preferia te levar para casa, fazer um jantar, andar de mãos dados contigo, te beijar quando eu quero...
- Sempre, então...
- Obviamente! – Ele disse e sorri, levando uma mão até seu rosto.
- Você mesmo disse que é só questão de tempo, então se agarre a isso. – Falei e ele subiu a calça também. – E, de uma forma ou outra, eu sempre estou contigo...
- Eu sei. – Ele sorriu.
- Não posso ser hipócrita e dizer que não gosto desses momentos, pois ajudam na minha sanidade também. – Falei rindo e ele puxou meu rosto para mais um beijo.
- Isso é especial, . E um dia vamos sair desse casulo, prometo. Mesmo! – Ele disse baixo. – Nem que eu tenha que te sequestrar e ir para Lua! – Rimos juntos.
- Ok, lindo, mas não exagera. – Ele sorriu, colando meus lábios nos meus delicadamente.
- Você quer sair daqui? – Ele perguntou e eu suspirei, sentando direito no banco e estiquei minhas pernas entre os dois bancos da frente e ajeitei meu seio para dentro do vestido novamente.
- Honestamente? Não! – Falei baixo, apoiando minha cabeça em seu ombro e ele mexeu o braço, colocando-o atrás da minha cabeça e suspirei. – Estou tentando lembrar se tinha algum outro compromisso após isso...
- Sorrir para todo mundo e falar que tudo está mil e uma maravilhas? – Ele perguntou baixo.
- E desejar un Buon Natale a tutti. – Suspirei.
- O que vai fazer no Natal? – Ele perguntou.
- Gio, Fabrizio, nonni, gêmeos e o pessoal de Palermo. Você? – Perguntei baixo e ele bufou alto. – Não precisa responder se não quiser.
- Não quero. – Ele suspirou. – Os meninos vão ficar com a Alena e eu vou ficar com ela... – Ele disse, engolindo em seco. – Que bosta! O Fabrizio aceita me receber? – Ri fracamente.
- Leva vinho e comida que ele aceita. – Ele riu fracamente.
- Ok, vou pensar. – Sorri, rindo. – E a Giulia? Vem?
- Sem notícias dela desde meus parentes. – Suspirei. – Provavelmente não.
- Aposto que ela faz falta. – Suspirei.
- É a época, não? Todo mundo sente falta de alguém. – Mordi meu lábio inferior.
- Eu sinto sua. – Ele disse baixo e virei o olhar para ele. – Falta de passar fim de ano com você. – Sorri, sentindo-o acariciar meu rosto.
- Comendo penne com atum e molho pomodoro e uma garrafa de champanhe chique? – Lembrei de nossa última virada de ano realmente juntos.
- É! – Ele suspirou. – Eu sei que foi uma porcaria, mas...
- Nunca, Gigi! – O cortei, dando um curto beijo em seu ombro. – Foi perfeito. – Sorri e ele assentiu com a cabeça. – Se você estiver entediado, sabe onde eu moro. – Suspirei. – Vou pegar essas duas semanas para descansar.
- A gente volta dia primeiro, você não? – Ele perguntou.
- Não, eu volto para o jogo só. – Suspirei. – Preciso de umas férias e estamos com poucas transferências agora no começo do ano, o pessoal aguenta as pontas. – Disse baixo. – Manu vai para o Brasil amanhã também, pegar voo diurno, optou por ficar para festa e os pais foram antes. E volta dia quatro também.
- Descansa, então, amore. Você precisa. – Ele disse baixo.
- Aguentar o segundo round. – Suspirei. – Vamos continuar ganhando, ok?!
- Por você. – Ele disse e eu sorri, erguendo o rosto e ele colou os lábios nos meus delicadamente por alguns segundos.
- Está começando a ficar frio. – Falei rindo fracamente.
- O bafo está saindo, logo mais desembaça os vidros. – Ele disse e rimos juntos.
- Você pode ligar o aquecedor ou podemos fazer o nosso segundo round... – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Talvez eu tenha outra camisinha, só talvez. – Ele disse, olhando para mim e sorri antes de colar meus lábios nos dele também.
Respirei fundo quando o juiz apitou e me aproximei de Leo que estava mais próximo, depois Chiello e então Cáceres que estava no lugar de Barza após um pequeno desconforto muscular logo na volta das férias. Me aproximei do juiz, cumprimentando-o e segui em direção a Delneri, técnico do Hellas, enquanto tirava as luvas e ele me deu um forte abraço quando me aproximei. Ele havia sido meu treinador em 2009, um dos nossos péssimos resultados, mas a amizade permanecia.
- Gigi! – Ele deu dois tapinhas em minhas costas e apoiei o braço em seu ombro.
- Como você está? – Perguntei.
- Ah, estamos bem! – Ele disse rindo. – Não pelo resultado, mas estamos bem.
- Fico feliz em te ver! – Sorri sincero.
- Eu também, garoto! E como estão as coisas? Firmes? – Ponderei com a cabeça rindo e ele retribuiu. – Estão rindo.
- Se cuida, ok?! – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Você também! – Trocamos outro rápido cumprimento e vi o pessoal correndo em direção à torcida.
Corri em direção a eles, segurando a mão de Alex Sandro na porta e gritamos junto com a torcida, pulando e os aplaudi com a mesma intensidade que eles torciam por nós. Acenamos para eles e segui em direção ao túnel. Sorri ao ver os cabelos de Manu enfiados em um gorro e abracei-a fortemente.
- Ei, voltou! – Falei, sentindo-a me apertar também e rimos juntos. – Você faz falta!
- Ah, para! Nem foi muito! – Ela disse rindo e olhei para seu rosto.
- Senti falta da sua energia! – Ela riu fracamente e vi seu rosto. – Tomou sol, né?! – Ela franziu as bochechas bronzeadas e rimos juntos.
- Sair do inferno no Brasil e voltar para cá não é fácil! – Ela disse rindo. – Pelo menos não nevou esse ano.
- Ainda bem! – Sorri, dando um beijo em sua cabeça e dei espaço para que Paulo e Álvaro apertassem sua amiga com força, fazendo-a cair no chão.
- Ai, gente! Ainda estou dolorida. – A ouvi gritar e ri fracamente, seguindo para dentro.
Entrei no vestiário, cumprimentando alguns jogadores do outro time quando o fiz e cumprimentei Allegri assim que entrei no vestiário. Filippi estava junto e, também, deu dois tapinhas em minhas costas. Ganhamos de 3x0, sem muitas dificuldades, então não tive nem que fazer grandes defesas e ainda consegui manter minha clean sheet. Era uma ótima forma para começar a temporada.
Cheguei em meu espaço, jogando minhas luvas na mochila e as abri e fechei algumas vezes, sentindo um leve incômodo na mesma, mas ignorei. Sentei em meu local, tirando as chuteiras e afundando os pés nos chinelos e me levantei novamente, puxando minha bolsa para o assento e vasculhei a mesma rapidamente, procurando meu celular e desbloqueei-o, franzindo a testa quando vi diversas notificações e ligações.
- Mah che cazzo... – Sussurrei sozinho e abri as mensagens, vendo algumas de Guendy no topo.
“GIGI, SEU FILHO VAI NASCER! A BOLSA ESTOUROU!” – Arregalei os olhos. – “TERMINA ESSE JOGO E VENHA LOGO PARA MILÃO”
- CAZZO! – Falei um tanto alto, me levantando com pressa e jogando o celular na bolsa novamente e peguei os tênis de corrida.
- Ei, o que houve? – Virei o rosto, vendo Neto ao meu lado.
- Meu filho vai nascer! – Falei apressado.
- O QUÊ?! – Ouvi outras vozes e virei o rosto, vendo Chiello se aproximando.
- Vai nascer agora? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Ou já nasceu, sei lá, não vi o horário da mensagem, mas aconteceu agora. – Falei apressadamente, vestindo o casaco de qualquer jeito. – Eu tenho que ir!
- Oh, calma aí! – Chiello falou, apoiando as mãos em meu ombro. – Como vai chegar lá?
- Eu não sei, eu pego um táxi até o CT e pego meu carro lá! – Falei rapidamente, enfiando as chuteiras na bolsa e sentei novamente, enfiando os pés nos tênis.
- Oh, Gigi, se acalma! O que houve? – Allegri se aproximou.
- Meu filho está nascendo, mister! – Falei e ele arregalou os olhos. – Posso ir embora?
- Claro! Nossa! Vai lá! – Ele me abraçou rapidamente. – Parabéns!
- Grazie! Grazie! – Falei.
- Eu vou contigo, você não tem capacidade de vestir um casaco direito, muito menos dirigir. – Chiello disse. – Posso?
- Claro! – Allegri disse. – A gente cuida das pontas aqui! – Ele disse.
- AUGURI, GIGI! – O pessoal começou a gritar e ri fracamente, fechando a bolsa com pressa e coloquei a alça da mochila no ombro.
- ANDIAMO, CHIELLO! – Falei para ele que também enfiou as coisas apressados na sua mochila, mas diferente de mim, ele nem tinha tirado as chuteiras, então só colocou um casaco como o meu e saiu correndo.
- DAI, GIGIONE! – O pessoal gritou e ri animado, saindo apressado pelo corredor.
Eu não amava Ilaria, esse filho era um erro, mas já que chegamos aqui, nada mais justo do que eu ficar feliz por isso. Era uma criança que não teria culpa nenhuma nisso. Infelizmente seria outro menino, mas depois desse, desisti da ideia de ter a minha menina. Eu precisava usar camisinha quando fosse transar, da mesma forma que eu faço com . Apesar que ela exige e não consigo me lembrar um dia que não usamos... Trieste talvez? Mas Ilaria era muito espera nesse departamento, ainda bem que a gravidez a deixou irritada e não exigiu nesse departamento.
- Onde a gente vai conseguir um táxi agora? – Chiello murmurou sozinho, apertando com força o botão do elevador e revirei os olhos.
- A gente deveria ter ido por trás... – Bufei. – Abre, abre, abre... – Falei como um mantra e dei um passo para frente quando as portas se abriram e duas para trás ao ver o top cinco sair do mesmo.
- Gigi! – Agnelli falou, me cumprimentando. – Bom jogo!
- Grazie. – Falei, vendo sorrindo com os lábios pressionados para mim e foi inevitável não sorrir. Pelo menos mais uma vez.
- Aonde vão tão rápido? – Pavel perguntou.
- Vão a algum lugar? – Ela perguntou, com as mãos nos bolsos de seu casaco e eu engoli em seco.
- Ah, o Gigi... – Chiello disse.
- Eu... – Respirei fundo, fazendo uma careta e ela olhou em expectativa para mim.
- Sim... – Ela falou e eu bufei, isso teria que esperar.
- Meu filho nasceu! – Falei rapidamente.
- O quê? – Pavel falou surpreso.
- A-a-a-ah! – Ela disse alongado e ela não conseguiu esconder a surpresa ou o completo desinteresse.
- , eu... – Falei e ela me interrompeu.
- O quê? – Ela disse. – Não é nada, Gigi! É seu filho, vai!
- Me desculpe, eu...
- Por que está se desculpando? Uma hora precisava nascer, né?! Vai! – Ela disse, dando um sorriso que eu sabia que era completamente falso e virou para seguir pelo corredor.
- ... – Falei baixo.
- Vamos, Gigi! Depois você resolve isso! – Chiello me puxou para dentro do elevador e suspirei, vendo entrar no vestiário sem ao menos virar para trás e os outros quatro ficaram me encarando.
- Como vocês vão? – Pavel perguntou, apoiando a mão na porta do elevador.
- Pegar um táxi e ir até Vinovo. – Chiello disse.
- Vamos, eu os levo para Vinovo! – Pavel entrou no elevador com a gente, soltando a porta.
- Nossa! Obrigado, Pavel. – Falei sorrindo.
- Que isso, cara! A gente precisa se ajudar. – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Eu só gostaria que a entendesse... – Falei e eles suspiraram.
- Vai ser difícil para ela, Gigi. – Chiello disse. – Mas não pensa nisso agora, você tem um filho...
- A gente passou o fim de ano bem... – Suspirei. – Ficamos a virada inteira conversando por mensagens... – Neguei com a cabeça. – Queria que tudo fosse mais fácil.
- Vai ser, Gigi! Um dia vai ser! – Pavel disse, dando dois tapas em meus ombros e suspirei.
Seguimos até o estacionamento, tendo ajuda dos seguranças para fugir de alguns fãs que ficavam na porta e Pavel nos levou até Vinovo. Lá, Chiello pegou a chave do meu carro e dirigiu até Milão comigo. Nessa hora e pouca de viagem, eu liguei para Carla, irmã de Ilaria, que também tinha deixado várias mensagens em meu celular.
O bebê já tinha nascido e ele e Ilaria estavam bem. Ilaria estava dormindo ainda que precisou ser feita uma cesárea de emergência, pois sua pressão estava subindo muito rápido. Chiello dirigia em silêncio e somente minha voz saía pelo autofalante do carro e uma música baixa dos autofalantes.
Quando estávamos perto de Milão, achei melhor me vestir mais adequadamente. Coloquei a calça de moletom do time por cima do calção, ajeitei a jaqueta torcida em minhas costas e. também. fechei-a até em cima e calcei os tênis de corrida. Chiello estacionou no embarque e desembarque e eu desci com minha mochila.
- Vou estacionar, logo entro. – Ele disse.
- Tudo bem, obrigado, viu?! – Falei, suspirando e ele riu fracamente.
- Relaxa, Gigi, somos amigos, certo? – Ele disse e sorri, assentindo com a cabeça.
- Eu vou lá.
- Vai lá, cara! – Ele disse rindo e respirei fundo quando virei para a porta do hospital.
Entrei no mesmo, me direcionando à recepção e peguei informações do quarto em que Ilaria estava e me indicaram o caminho. Era uma situação doce-amarga quando eu encontrava com ela. Eu tinha que me parecer interessado, preocupado e, agora, feliz, porque eu aceitei que ela me afundasse nisso, da mesma forma que aceitei com Alena, e agora não tinha mais volta.
Não posso dizer que era de tudo ruim, ela é diferente da , tem opiniões mais duras, várias contraditórias com a minha, não possui muitos papas na língua e definitivamente não sabe ouvir não, mas não era tão ruim, sendo que nos encontrávamos dois dias por semana ou até menos quando eu precisava viajar ou quando ficava com meus filhos, coisa que eu sabia que ia alterar com Leopoldo agora. Esse era o nome que ela havia escolhido, Leopoldo Mattia, nome composto para combinar com os nomes compostos de Lou e Dado também. Eu só aceitei.
Nessa situação, eu só não conseguia não comparar. O maior sonho da sempre foi ser mãe, acho que o maior sonho de todos, então viver isso com outras mulheres e não com ela, principalmente depois do câncer em que ela perdeu a oportunidade de ter pelos meios convencionais, me irritava, porque, internamente, eu queria que todos os meus filhos tivessem ela como mãe, inclusive Lou e Dado. Não sei, quando imaginava essa realidade com ela, era como me ver em uma propaganda de margarina e essa situação só esmagava meu peito cada vez mais.
Eu quero ficar com a um dia! E vou! Segurar sua mão em público, beijá-la, pedir para ela ser minha esposa e sei que ela vai adorar ser a madrasta dos meninos, já que eles a amam quase como se já fosse filhos dela. Eu realmente não me importo que não possamos ter um filho juntos, eu a amo demais! E pode parecer idiotice eu falar isso, na situação que me encontro, mas eu realmente tenho um plano para nós, eu só preciso dosar o momento certo para isso.
Sei que eu tinha certo conforto nessa situação, pois por mais irritada que fique, ela não se afasta completamente de mim e mantém minha cabeça no lugar ainda, me permitindo ter uma fórmula de escape e lidar com essa vida quase dupla que eu vivia.
Eu queria ter coragem e terminar com Ilaria, não mudaria nada com meu filho, mas depois de ouvir Alena, minha mãe, minhas irmãs e até meu pai falando sobre responsabilidade, além das pressões escondidas em carinho de Ilaria, eu sabia que seria uma péssima ideia para o fim da minha carreira terminar com ela assim. A traição de Alena já não fez muito bem, mas parece que eu consegui me sair bem dessa história. Precisava tentar sair bem de novo agora.
- Scusa? – Entreabri a porta do quarto de Ilaria, vendo seus pais, sua irmã e Pietro, seu filho do outro casamento, nos sofás, enquanto ela dormia na cama e tinha um pequeno berço ao seu lado.
- Gigi! – Seu pai veio em minha direção e abracei o senhor. – Auguri, Gigi!
- Grazie, grazie! – Falei sorrindo e segui para sua irmã que deram os mesmos cumprimentos.
- Feliz que recebeu as mensagens. – Carla disse e ri fracamente.
- Saí desesperado do jogo. – Disse e passei as mãos nos cabelos de Pietro. – Como você está, menino?
- Tudo bem. – Ele sorriu.
- Como ela está? – Perguntei, me aproximando da cama.
- Está bem, ela acordou há pouco, mas a anestesia não passou de tudo, acho que ela está um pouco grogue. – Carla disse, se aproximando comigo.
- E meu menino? – Me aproximei devagar do berço.
- Está muito bem. – Ela disse e apoiei as mãos na lateral do mesmo, vendo o bebê de cabelos pretos iguais os de Ilaria enrolado na manta, dormindo calmamente.
- Ele é lindo. – Suspirei.
- Auguri. – Ela disse e eu assenti com a cabeça, passando o polegar levemente na bochecha do mesmo, sorrindo com ele.
- Grazie. – Suspirei, dando um curto beijo na cabeça do bebê. – Sou eu, bebê, seu pai. – Pressionei os lábios, suspirando e não consegui evitar uma lágrima deslizar pela minha bochecha.
Capitolo sessantanove
Peguei meu celular no coxinho em frente ao freio de mão e saí do carro, puxando minha jaqueta do banco do lado. A vesti quando saí do mesmo, ajeitando a gola e bati a porta. Ativei o alarme e guardei o celular e a chave nos bolsos e segui em direção aos campos de treinamento por fora. Era domingo e não tinha mais expediente imagino que a essa hora, o pessoal estava acompanhando o jogo pela televisão.
Quando cheguei na área de treinamento, vi onde seria o jogo. Vários pais ocupavam as arquibancadas improvisadas do lado do primeiro campo e suspirei. Olhei rapidamente em volta, procurando o pessoal e encontrei Giovanna, Fabrizio, a nonna e Pietro sentados na segunda arquibancada e terceira fileira.
- Ei, você veio! – Fabrizio falou surpreso quando me aproximei.
- Oi, gente! – Cumprimentei-o.
- Você não ia para o jogo? – Pietro perguntou e abracei-o fortemente, vendo um piercing em seu nariz.
- O que você fez aqui? – Passei a mão no local.
- Não toca! – Ele disse rindo.
- Eu deveria arrancar de você. Você é um menino lindo! – Dei um beijo em sua cabeça e segui pela fila. – Oi, nonna!
- Oi, minha linda. – Me inclinei para beijar a senhora sorridente.
- Como a senhora está?
- Muito bem! – Ela sorriu e suspirei, seguindo para beijar Fabrizio e depois Giovanna.
- Você não ia no jogo? – Fabrizio repetiu a pergunta de Pietro e bufei, me sentando ao lado de Giovanna.
- Eu não estou indo a jogos. – Suspirei. – Faz dois jogos, na verdade.
- Ah, por causa do...
- Xi... – Falei baixo. – Campo minado, por favor. – Afundei as mãos no bolso.
- Mas por causa dessa história ainda, querida? – Giovanna falou.
- Eu simplesmente não consigo olhar para ele agora, tia Gio. – Suspirei. – O fim de ano foi incrível, ficamos juntos na festa de Natal, ficamos até cinco da manhã conversando no ano novo, mas aí ele sai de mãos dadas com ela do hospital, trocando beijos e sorrisos e argh... – Bufei. – Eu me sinto uma idiota.
- Ah, querida. – Ela me abraçou pelos ombros e apoiei a cabeça na sua. – Eu achei que as coisas estavam bem depois do que me contou. – Suspirei.
- E estão, eu aceitei essa vida, é só que... – Neguei coma cabeça. – Queria que fosse eu, sabe? – Mordi meu lábio inferior. – Nossa vida, nosso relacionamento, nosso filho... – Engoli em seco. – Me machuca demais.
- Eu acho que você deveria mandar ele affanculo...
- Fabrizio! – Giovanna o repreendeu e eu ri fracamente. – Estamos entre crianças, por favor. – Pietro gargalhou ao seu lado e a nonna sorriu.
- Eu só estou dando minha opinião. Ele fala que vai ficar contigo e fica com aquela outra lá! Não gosto! E também não gosto de te ver assim, minha filha. – Ele disse e eu suspirei.
- Sabe a pior parte? – Suspirei. – Eu não tenho a esperança de que algum dia vamos ficar juntos, mas eu também já tentei esquecê-lo e não deu certo.
- Eu tenho uns amigos no Torino, vou ver alguém que tenha um filho da sua idade, vamos ver se você não o esquece. – Ri fracamente.
- Fabrizio, por favor. Você sabe que ela não está fazendo isso porque quer. – Giovana disse.
- Eu queria muito esquecê-lo, sabe? Mas quando ele me abraça e... Outras coisas... – Giovanna sorriu. – Eu esqueço tudo e realmente acho que isso pode acontecer um dia, mas... È un cazzo! – Suspirei.
- Eu não posso te ajudar nisso, querida, só você pode. – Ela disse. – Se você está feliz com essa situação ou se quer algo diferente.
- Eu quero ele. – Falei baixo. – Mas também não quero ser amante, é ridículo se pensar na nossa história!
- Vocês se encontram com frequência? – Fabrizio perguntou.
- Na verdade, não! Em jogos e afins, dificilmente acontece algo, são só situações esporádicas mesmo. – Pressionei meu lábio inferior. – Mas quando acontece... É como uma chuva de meteoros. – Falei.
- Xi! – Virei para o lado, vendo alguns pais me olharem feio.
- Ei, nunca viram chuva de meteoros? É lindo! Vocês que pensam besteira! – Falei e Giovanna e Fabrizio riram juntos. – Enfim... – Voltei a olhar para eles. – É difícil...
- Eu queria muito te dizer que isso vai passar, que um dia ele realmente vai perceber que você é a mulher da vida dele e tudo vai ficar bem, mas você puxou a desconfiança de mim... – Giovanna disse.
- Gio, isso é fisicamente impossível! – Fabrizio disse e rimos juntos.
- Ela vive conosco desde os 17 anos, alguma coisa eu passei para ela, ok?! – Gio disse, me apertando e eu sorri.
- Não contradiga, Fabrizio. – Disse e ele negou com a cabeça.
- Eu amo ficar com ele, sabe? Nós temos uma relação muito profissional, sabemos separar o pessoal...
- Não muito. – Ele assoviou e ri fracamente.
- É perfeito, sabe? Somos realmente perfeitos um para o outro em vários sentidos, mas isso de ele ficar com ela pelo filho... – Bufei.
- Eu já falei que eu o entendo, querida. – Giovanna disse. – Eu não sei o que faria sem o Fabrizio nas minhas gravidezes. – Ela disse baixo, apertando minha mão em cima de sua coxa. – Encarar isso sozinha deve ser muito difícil, nem toda mulher aceitaria...
- Mas aceitar um relacionamento sem amor? – Perguntei baixo.
- Talvez ele não demonstre isso para ela... – Fabrizio disse. – Ai! – Ele reclamou logo em seguida.
- Relaxa, Gio, eu já pensei nisso, mas ainda não faz sentido. Eles não combinam em nada. – Suspirei. – Eu só acho que é uma decisão sem fim.
- Por que diz isso, querida? – Ela perguntou.
- Ele não podia deixá-la sozinha na gravidez, certo?
- Sim.
- Agora o bebê nasceu, ele também não vai deixá-la sozinha. Depois a criança vai ter três anos, depois cinco, depois sete... – Dei de ombros. – Não tem fim!
- Tem sim, querida. Se ele realmente te ama, tem! – Ela falou firme. – Talvez ele só esteja esperando a criança entender isso ou não ter problemas com paparazzi no futuro... – Ri sarcasticamente.
- Se ele for esperar a criança entender, posso esperar uns... Cinco anos? – Bufei. – Até lá eu já surtei... Honestamente, não sei como não surtei ainda. – Apoiei o rosto na mão, apoiando o cotovelo no joelho.
- Infelizmente, querida, não temos o que falar para você para te dar alguma esperança, também não acho que deva falar para você simplesmente seguir em frente, pois acompanho essa história há anos e você pode não assumir isso, mas pelo histórico de vocês, vocês se amam, isso é fato.
- Sei não...
- Eu sei! – Ela disse e virei o olhar para ela.
- Como? – Perguntei.
- Bom, você, é fácil olhar e saber... – Ela disse e ponderei com a cabeça. – Depois de 15 anos, se não amasse, já teria desistido há muito tempo...
- Justo. E ele?
- Ele alguma vez já hesitou para ficar contigo? – Ela perguntou.
- Como assim? – Perguntei.
- Ele já negou alguma coisa ou parou no meio do caminho? Enfim, se negou a ficar contigo?
- Não, normalmente quem hesita sou eu! – Ri fracamente sozinha.
- Pronto, está aí sua resposta. – Ela disse. – Ele te prioriza, , apesar de tudo. – Franzi a testa. – Ele não se importa em... – Ela aproximou a boca de minha orelha para sussurrar. – Traí-la. – Suspirei.
- Isso deveria fazer eu me sentir melhor? – Perguntei.
- Talvez... – Ela deu de ombros. – Prova que o coração dele não está dividido, é todo seu. – Suspirei. – Ele só sente um dever com ela por causa da criança... – Engoli em seco.
- O coração dele... – Suspirei, rindo fracamente.
- O quê? – Ela perguntou.
- Nós nunca falamos de sentimento, nem lá atrás... – Mordi meu lábio inferior.
- Mas é óbvio, . – Ela disse rindo. – Não precisa falar para saber. Nem assim?
- Ele me chama de apelidos fofos... Amore, linda... – Ela sorriu. – Ele sabe onde me atingir, me protege em seus braços... E parece realmente desesperado quando fala que quer ficar comigo, como se ele sofresse tanto quanto eu... – Ela sorriu.
- Tá aí! – Ela disse. – Não quero parecer que estou protegendo-o, eu só não consigo achar que ele está mentindo, baseado no que você me conta. Papeando até cinco da manhã no ano novo? Ele estava com ela, não?! – Ela sorriu e rimos juntas.
- Talvez você esteja certa, mas ainda é horrível. – Suspirei. – Eu me sinto bem quando estamos juntos, mas quando nos afastamos, meu coração dói muito.
- Acredite no destino, querida! – Ela passou a mão em meus cabelos. – Com ele ou sem ele, a vida vai mostrar seu caminho. – Assenti com a cabeça. – E não pare sua vida por ele, realize seus sonhos, viva! – Suspirei.
- Eu não posso reclamar disso, tenho que dizer. – Ela sorriu.
- Eu ainda quero ser avó, ok?! Se depender da Giulia, isso não acontece tão cedo. – Sorri.
- Espero sim, Gio, mas Deus me permitiu ter filhos, mas pelo andamento, capaz de eu adotar mesmo. – Suspirei.
- Se é o que você quer... Eu vou aceitar de qualquer jeito, o que importa é você estar feliz. – Assenti com a cabeça.
- Acho que é a melhor opção agora, mas eu preciso estar mais centrada para isso, minha vida ainda parece uma bagunça e eu acaba priorizando-o, não quero colocar uma criança nessas condições.
- Estamos contigo para o que decidir! – Ela repetiu e sorri.
- Eu sei! – Falei, suspirando. – E as novidades com vocês? Além do nariz de touro ali!
- Ei! – Pietro reclamou e rimos juntos.
- Ele queria uma tatuagem, mas falamos que não. Aí aceitamos o piercing! – Giovanna disse.
- A tatuagem seria mais bonita! – Falei.
- VIU?! – Ele disse animado.
- Não dá ideia, ! – Fabrizio disse e rimos juntos.
- Eventualmente ele vai fazer vocês deixando ou não, melhor vocês saberem, não?! – Dei de ombros e ambos olharam para mim.
- Mas ele só tem 15 anos. – Giovanna disse.
- 15 anos e meio! – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Talvez mais velho? – Fiz uma careta e ambos olharam desanimados para mim.
- Ok, agora calem a boca que eu quero ver meu neto! – Nonna nos interrompeu e virei para o campo, vendo o time sub-17 da Juventus entrando e sorri ao ver Gianni no meio deles.
O outro time entrou e confesso que não fazia a mínima ideia de contra quem eles estavam jogando, só queria fugir de casa mesmo e nada melhor do que um jogo com minha família e meu irmãozinho jogando com o time em que ele estava dando super certo?
- Vai torcer por ele, Fabrizio? – Perguntei, provocando-o.
- Não! – Ele disse firme, cruzando os braços e rimos juntos.
- Pelo menos não veio com a blusa do Torino, ou eu juro que pedia para os seguranças te tirarem daqui! – Falei e ele riu fracamente.
- Você não faria isso, faria? – Dessa vez fui eu quem olhou-o desanimadamente. – É, faria! – Ele disse rindo e sorri, me levantando, vendo Gianni, nosso centrocampista, encontrar no centro do campo com o capitão do outro time.
- VAI, GIANNI! – Gritei e Pietro se levantou comigo.
- VAI, MANINHO! ACABA COM ELES! – Ele gritou mais animado e sorri.
- Vai, Gianni! – A nonna gritou se mantendo sentados e Gianni acenou discretamente para nós e sentei novamente, sorrindo.
- Ele vai matar vocês! – Fabrizio disse.
- Bom, se ele quisesse ser o gêmeo desconhecido, ele deveria fazer igual o Pietro e tentar artes! – Provoquei-o.
- EI! – Ele disse e gargalhamos juntos.
- Bom, ela não está totalmente errada, filho. – Fabrizio disse e rimos juntos.
- Mas que o Gianni precisa se acostumar com a atenção, ele precisa, porque só ouço coisas boas dele do setor de talentos. – Falei, cruzando os braços. – Ele tem futuro.
- Deus te ouça, . – Fabrizio disse.
- E eu juro que não estou fazendo nada! – Dei de ombros e eles sorriram.
A bola saiu pela lateral e o juiz falou para continuar, mesmo o relógio já passando dos 94, excedendo os acréscimos dado. A bola rolou para o lado do banco de reservas deles e fiquei matutando com a mão em quem iria jogar. A bola era deles, mas Morata começou a reclamar do relógio e o juiz fazia questão de querer continuar isso.
A bola saiu pela lateral, mas não deu tempo de eles começarem a preparar um ataque e o juiz finalmente apitou, me fazendo gritar junto com a torcida. 1x0 era o suficiente para um jogo contra a Roma, mas eles haviam pressionado até o último minuto e foi um milagre termos conseguido esses três pontos. Isso nos mantinha em segundo lugar, pois o Napoli também venceu contra o Sampdoria, mas por hoje, havíamos feito nossa parte.
Me aproximei do meu time, abraçando Evra, Barza, Pogba, Khedira e Marchisio, apoiando a testa na cabeça do mais novo e gritei com ele. Barza gritei junto e dei um tapinha em sua cabeça. Atravessei o campo, encontrando Juan, Chiello, Leo e Mario e dei um rápido abraço e um beijo em cada um. Morata veio do outro lado do campo discutindo com De Rossi e dei um rápido abraço no meu colega de equipe e em meu companheiro de Nazionale.
Juve e Roma sempre dava em algum tipo de problema, e hoje tinha dado muito: três pênaltis não dado por mão na bola, falta de Mario e de Leo por enfiar a mão na cara dos jogadores, além do gol que eles fizeram claramente impedido pela falta em Barza segundos antes, mas eu não iria me preocupar com isso agora, dor de cabeça era o que não faltava na minha vida. Só queria cumprimentar Totti e ir para dentro.
- Gigione! – Abracei meu amigo de Nazionale, hoje já aposentado dela, e dei dois tapas em seus ombros.
- Tudo bem, cara?
- Tudo certo! – Rimos juntos. – Bom jogo!
- Bom! – Falei rindo, vendo Mario e Szczęsny, goleiro deles, também de intrigas. – A gente se vê?
- Claro! – Ele disse e ri fracamente.
- DAI, RAGAZZI! DAI! – Chamei o pessoal, seguindo em direção à torcida e o clássico cordão foi se formando conforme as pessoas saíram de seus lugares, seguindo correndo comigo. Barza apareceu de um lado, Sami de outro e todos os jogadores, do campo ou do banco, gritaram para a torcida na Curva Sud.
- FINO ALLA FINE! FORZA JUVENTUS! – Eles gritaram e ergui a mão para aplaudi-los, dando curtos acenos com a cabeça em sinal de agradecimento.
Quando nos separamos, segui pelo campo para cumprimentar os árbitros da partida, além de outros conhecidos da Roma como Manolas, Florenzi, Salah, Nainggolan, Dzeko, De Sanctis e, bem, quase todo o time e fui em direção ao túnel.
Tirei minhas luvas no meio do caminho, seguindo em direção ao vestiário e cumprimentei ainda algumas pessoas pelo meio do caminho, técnico, assistente técnico, entre outros e logo estava dentro do meu vestiário.
- Bom trabalho, Gigi! – Filippi foi o primeiro a me cumprimentar e sorri.
- Mais uma clean sheet! – Falei e ele riu.
- Vai para conta! – Ele disse e ri fracamente.
- Gigi! – Allegri me cumprimentou e fui um dos primeiros a entrar no vestiário.
- Tem alguma observação hoje? – Perguntei, seguindo para meu espaço e ele riu fracamente.
- Várias, na verdade! – Ele disse rindo e dei de ombros.
- Alguma técnica? – Perguntei e ele fez uma careta.
- Não, técnica não! – Rimos juntos e joguei as luvas em uma das minhas prateleiras antes de me sentar no banco.
Abaixei para tirar minhas chuteiras e tiras as fitas grudadas em minhas meias para evitar que a caneleira escorregasse. Joguei-as para trás e tirei as meias e as caneleiras, guardando as últimas na prateleira também.
- Mas não foi eu! Isso é ridículo! – A voz esganiçada de Morata ficou mais alto quando ele e Mario entraram praticamente empurrados por Chiello e ergui os olhos.
- CHEGA! – Allegri pediu. – Acabou o jogo, fim de papo!
- Mas eu não... – Álvaro tentou falar.
- Fim de papo! – Allegri falou mais firme. – Fica quieto aí!
- Acabou o jogo, aproveita a vitória e não fica arranjando encrenca. – Falei. – Tem que ficar feliz por não ter ganhado cartão durante o jogo. – Falei, suspirando e eles bufaram.
- Isso é ridículo! – Mario disse e dei de ombros.
- Nem sempre é justo! – Falei, calçando os chinelos e me levantei novamente.
- É que eles provocam... – Dybala falou irritado.
- Ciao, ragazzi! – Ergui o rosto, vendo Pavel e Agnelli entrarem no vestiário.
- Ciao. – Falamos juntos e vi Beppe, depois Paratici e... Mais ninguém.
Ela não viria mais. Isso me deixava muito irritado! Bufei, puxando a blusa para fora e logo depois a segunda pele e deixei tudo no meu espaço. Peguei minha necessáire, a toalha dobrada e segui para a outra área.
- Ciao, ragazzi! – Virei o rosto rapidamente com a voz feminina, mas minha felicidade durou somente o tempo de eu ver nossa Smurfette favorita entrar.
- Ciao, Manu! – Dybala foi o primeiro a cumprimentá-la e eu suspirei.
- Tudo bem? – Ela disse animada, cumprimentando alguns com abraços apertados e outros com rápidos acenos. – Ciao, Gigi! – Ela disse sorrindo e era impossível não sorrir para essa tonta.
- Oi, Manu! – Ela me abraçou, ficando na ponta dos pés e eu afaguei suas costas rapidamente.
- Tudo bem? – Ela sorriu.
- Tudo bem. – Pressionei os lábios, dando de ombros. – Nenhuma novidade da ?
- Não, nada! – Ela pressionou os lábios, bufando levemente. – Ela não veio. – Ela deu de ombros e observei-a desviar os olhos. – Leo! – Ela abraçou-o fortemente.
- Manu... – Chamei-a.
- Oi! – Ela disse, se afastando de Leo.
- A veio? – Perguntei e ela arregalou os olhos.
- Não, ela não veio! – Ela disse e eu bufei, jogando a cabeça para trás.
- QUE DROGA! – Soquei a pilastra e ela arregalou os olhos.
- O quê? – Manu perguntou.
- CUIDADO COM A MÃO, CARA! – Leo gritou e eu bufei, abrindo e fechando as mãos diversas vezes.
- Você não sabe mentir, Emanuelle! – Falei irritado e fui em direção ao banheiro.
- Ah, Gigi, Gigi, Gigi! – Ela veio correndo em minha direção, ficando na minha frente. – Eu não queria mentir, mas não quero que fique chateado. – Ela apoiou as mãos em meus ombros, fazendo um bico.
- Eu não sei nem porque eu estou chateado, ok?! – Falei irritado, tentando desviar dela, mas ela fez o mesmo, esbarrando na pilastra.
- AI! – Ela reclamou, esfregando o braço. – Você está chateado porque gosta dela e sente falta dela e ela... Bom...
- Mas por que ela está chateada comigo, Manu? Por causa do meu filho? Ela fala uma coisa e age de forma totalmente diferente em outras situações, isso me deixa louco! – Puxei um pouco dos cabelos e ela fez uma careta.
- Eu não devo me meter no assunto de vocês. – Ela deu de ombros.
- Mas... – Ela franziu a testa.
- Mas o quê?
- Isso tem que ter uma continuação, não?
- Não! Eu não vou falar nada mesmo. – Ela suspirou. – Eu não quero tomar partido, amo vocês dois, odeio que vocês não se resolvam, mas também acho que é problema de vocês.
- Você vive se metendo nas coisas, Manu.
- Ei! – Ela apontou o dedo para mim. – Só coisas bobas e sem importância! Isso é muito importante, ok?! – Ela cruzou os braços logo em seguida.
- Não deveria ser... – Suspirei.
- Por que não? – Ela relaxou os braços, desviando de Juan que entrava no banheiro.
- Deixa para lá, eu também não posso exigir muita coisa. – Abanei com a cabeça.
- Nã-nã-não, você vem cá agora! – Ela me empurrou para trás para sair do caminho. – O que você está dizendo? – Ela perguntou mais baixo.
- Eu não sei, Manu, honestamente. – Bufei. – Ela é a pessoa mais importante da minha vida, e a pessoa com quem eu fiz mais merda também... – Cocei a nuca. – Mas eu também já expliquei minha situação diversas vezes e isso não acontece do dia para noite... O que ela pensou? – Engoli em seco. – Eu já fui um merda diversas vezes, mas não tenho como ser assim para sempre. – Ela suspirou.
- Tenta se colocar no lugar dela, Gigi. – Ela falou baixo. – Ela te...
- E se colocar no meu? – Falei mais exaltado. – Em nenhum momento ela se colocou no meu! Nenhum momento ela me viu tentando corrigir minhas merdas, nenhum momento ela pensou em mim quando pegou meu melhor amigo, ela não pensou que eu quero ser feliz com ela, mas que eu sei a lista de erros que eu fiz e preciso compensar com várias pessoas! Ela, Alena, Ilaria, TRÊS FILHOS, EMANUELLE! – Ela engoliu em seco e suspirei, abaixando o tom de voz. – Ela não pensou em nada disso!
- Se acalma, Gigi. – Barza apertou meus ombros. – Respira, ok?! – Ele disse e eu suspirei, olhando para Manu que parecia assustada.
- Me desculpa. – Neguei com a cabeça. – Você não tem nada a ver com isso. – Puxei-a pelos ombros, abraçando-a fortemente e ela me apertou pela cintura. – Eu sei que eu tenho uma dívida enorme com ela, eu sei que ela é a mulher da minha vida, mas eu tenho meus filhos para pensar antes. – Falei e ela assentiu com a cabeça, se separando. – Eu queria falar: foda-se, e viver a maior felicidade com ela, porque eu sei que vai ser perfeito quando acontecer, mas eu tenho muito peso nas minhas costas para simplesmente deixar para lá. Espero que você entenda um dia...
- Espero não! – Ela disse, pressionando os lábios. – Apesar de tudo, não acho que deveria ser difícil ficar com o amor da sua vida. – Ela se afastou alguns passos. – Eu sei que não sou famosa como você, minha cota de fama é em Vinovo, mas qual é, eu tenho cabelo azul, Gigi, sou desastrada, você realmente acha que eu me importo com os que os outros pensam? – Ela deu de ombros.
- O que você está dizendo? – Perguntei.
- Simplifica, Gigi. – Ela suspirou. – Você tem problema com muitas pessoas, e precisa se ajeitar com elas se quiser resolver suas coisas. – Ela suspirou. – Mas antes de tudo, acho que você precisa resolver com si mesmo.
- Como assim? – Perguntei.
- Você fica em cima dessa corda bamba, vivendo uma falsa relação e se contentando com... Você é como uma bateria. – Ela simplificou. – Você nunca está 100 por cento carregado. Você fica por volta dos 10, 15... – Ela suspirou. – Quando você fica com a , ela sobre para 50, 60, 70 por cento, te acalma, te relaxa, mas dura pouco. Isso não te satisfaz, satisfaz? – Suspirei e encarei seus olhos castanhos, vendo-a suspirar.
- Me dá esperanças, Manu. – Falei baixo e ela pareceu surpresa com a resposta. – Me dá esperança para aguentar isso um pouco mais e terminar sem ficar mal para mim ou para as pessoas que dependem de mim. – Suspirei. – Ver a , falar com ela, beijá-la, me dá energia como o cogumelo do Mario. É uma energia curta e que dura pouco, mas faz com que eu tenha disposição para muito mais coisa. – Ela pressionou os lábios. – É mais de mil por cento de energia. – Suspirei. – Eu sei que não faço o certo nem com a Ilaria e muito menos com a , mas eu não estou mentindo. – Falei firme. – A é a única pessoa no meu coração. Em tudo, na verdade, no coração, na cabeça, no...
- Enfim... – Ela riu fracamente.
- Eu só realmente não quero me ferrar mais nisso. Isso você entende? – Perguntei e ela molhou os lábios, assentindo com a cabeça.
- Sim, entendo. – Ela suspirou. – Mas você entende porque ela não...
- Sim, entendo. – Suspirei e ela me abraçou de novo, me fazendo suspirar.
- Você não tem noção de como eu sonho em ver vocês dois juntos um dia. – Ela suspirou. – Espero ver um dia.
- Eu também, Manu. Eu também. – Falei baixo, engolindo em seco.
- Aqui está! – Manu me esticou. – O último contrato dessa temporada. – Peguei, rindo fracamente e apoiei a pasta na mesa, abrindo-o. – Riccardo Santoro, sabia que temos um ator gato chamado Rodrigo Santoro no Brasil? – Ela disse e peguei a caneta, girando as páginas.
- Sei sim. – Ri fracamente, assinando no espaço para mim. – Fez Os 300 de Sparta, não?
- ISSO! – Ela disse animado. – Não gosto daquele filme e não mostra toda a beleza dele, mas... – Neguei com a cabeça, fechando a pasta e devolvendo para ela.
- Mas eu sei quem é! – Suspirei, rindo, checando que já passava das cinco da tarde. – Muito bonito mesmo! – Ela sorriu.
- Ele vai fazer Jesus no novo Ben-Hur, parece que vai ser legal... – Ela deu de ombros.
- Me avise quando lançar. – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Veja se o Miguel precise que eu revise algo para o jogo de domingo...
- Você não vai? – Ela perguntou e eu suspirei. – Não precisa responder...
- É difícil, ok?! É uma situação esquisita para mim.
- Você não precisa se explicar, chefa! – Ela disse sorrindo. – Eu entendo.
- Mesmo? Porque nem eu entendo direito! – Falei rindo e ela sorriu.
- Entendo um pouco... – Ela deu de ombros. – Assim, vocês se amam muito, ele tem algumas pendências, mas vocês meio que precisam um do outro, então ficam vivendo o sonho como e quando podem. – Ela disse e eu pressionei os lábios, assentindo com a cabeça.
- É isso mesmo, eu acho. – Suspirei. – Mas eu me sinto tão idiota às vezes...
- Por quê? – Ela franziu a testa, se sentando na cadeira em frente à mesa.
- Eu sou a amante, Manu. – Dei de ombros. – É estranho.
- Por mais irônico que seja, eu não consigo classificar você dessa forma, sabia? – Ela disse.
- Como não? – Suspirei.
- Beh, é simples, ele prefere estar mais contigo do que com ela, é quase como se ele estivesse cumprindo um contrato com ela, mas ele não quer fazer isso... – Neguei com a cabeça. – Qual é, chefa! As crianças dele gostam de você como se fosse a mãe deles. Ele vê um leque de futuro contigo, com ela é só... – Ela fez uma careta. – Aposto que o Leo vai gostar mais de você também...
- Quem é Leo? – Ri fracamente, ouvindo meu celular tocar.
- O Leopoldo. – Ela deu de ombros. – Afinal, quem coloca o nome de Leopoldo em um bebê? – Ponderei com a cabeça. – É feio. – Rimos juntos e vi o nome de minha ajudando no visor.
- Espera um pouco, é a Martha. – Deslizei o dedo sobre a ela e coloquei-o na orelha. – Ciao, Martha? – Atendi receosa.
- Senhora , desculpa te atrapalhar no seu trabalho... – Ela falou baixo.
- Não se preocupe, pode falar. Aconteceu alguma coisa? – Perguntei, matutando os dedos na mesa.
- Sim, senhora, os filhos do senhor Buffon estão aqui.
- O QUÊ? – Me levantei apressada.
- Sim, eles chegaram apressados, de bicicleta, batendo rápido na porta. O mais novo está até com o joelho sangrando, o mais velho está bravo...
- Eles chegaram sozinhos? Não tem ninguém com eles? – Comecei a fechar minha agenda e a colocá-la com pressão na bolsa.
- Não, senhora. O que eu faço? – Ela perguntou baixo.
- Beh, eu estou indo! Não deixa eles saírem, por favor! Me dá cinco minutos que eu chego aí! – Falei apressada, desligando o telefone.
- O que foi? – Manu perguntou.
- Os filhos do Gigi estão lá em casa! – Falei rápido, jogando meu celular na bolsa.
- O quê? – Ela disse rapidamente.
- Eu não entendi nada, avisa o pessoal que eu estou indo para casa e vai atrás do Gigi. – Coloquei a bolsa no braço e o casaco em cima. – Eles estão aqui, não?
- Sim, eles estão treinando. Viajam amanhã! – Ela disse.
- Ok, então faça isso! Eu estou indo! Se tiver alguma pendência, eu vejo amanhã ou mais tarde! – Falei rapidamente.
- Ok, vai lá! Depois me fala o que aconteceu! – Ela disse e assenti com a cabeça.
Saí da minha sala, andando a passos rápidos pelo corredor e aguardei pelo elevador. Milhares de coisas se passavam na minha cabeça, mas nada bom. O que os meninos estavam fazendo em casa? Eles estavam na casa de Gigi e aí ficaram entediados e foram para minha casa? Mas por que eles estariam chorando? Por que chegar desesperados? Espero que não tenha sido nada grave. Meu amor por eles só fazia meu coração bater mais forte e minha ansiedade começar a atacar.
Sair do CT demorou mais do que dirigir até em casa, pelo menos não era hora de saída ainda. Morar em Vinovo facilitava muito minha vida em vários níveis e podia vir para cá e voltar para casa muito rapidamente. Entrei na garagem rapidamente e guiei o carro até o fundo do mesmo. Desliguei o mesmo, deixando a chave no contato e saí do carro, entrando em casa pela porta da cozinha.
- Cheguei! – Falei, atravessando a cozinha rapidamente.
- Senhora ... – Martha disse.
- ! – Lou correu rapidamente em minha direção, me abraçando pela cintura e levei minhas mãos até seus cabelos. Observei Dado no sofá, com o joelho avermelhado.
- Dio mio, ragazzi! – Acariciei o rosto de Lou que estava avermelhado e suado. – Vocês me assustaram, o que aconteceu aqui? Ciao, Martha.
- Ciao... – Ela disse e andei abraçada em Lou até o sofá e me sentei na beirada de Dado.
- Como você está? – Levei a mão até o rosto de Dado que tinha um ralado na bochecha, além do joelho.
- Tudo bem... – Ele falou baixo e eu suspirei.
- O que aconteceu aqui, gente? O pai de vocês sabe que você está aqui? – Perguntei baixo, olhando dele para Lou.
- Não... – Lou disse com um bico nos lábios e dava para notar que ele estava emburrado.
- Como não, Lou? Vocês estavam aqui na casa dele?
- Estava. – Ele disse, cruzando os braços e ergui seu queixo.
- Olha para mim! Ergue o rosto! – Pedi e ele me encarou. – Você tem oito anos, Lou, você fugiu de casa sem ninguém saber. Vocês não têm uma babá ou algo assim? – Suspirei.
- Não, a Roberta não estava lá hoje. – Ele disse.
- É aquela bruxa! – Dado disse e virei para ele.
- Que bruxa? – Minha pergunta foi retórica, mas eu sabia de quem eles estavam falando.
- Aquela moça chata que o papai namora! Ela não liga para gente! – Lou disse com a voz afinada, me apertando fortemente em um abraço e apertei minha mão em suas costas. – Ela só liga para aquele bebê idiota. – Suspirei.
- Aposto que nem se tocou que a gente saiu. – Dado disse com o mesmo tom.
- Ah, gente! – Apertei Dado em meu ombro também, suspirando. – Vocês não podiam ter fugido, seu pai vai ficar preocupado. – Suspirei baixo, olhando para Martha e, também, me olhava perdida. – O que eu faço com vocês?
- Não leva a gente de volta! – Lou pediu desesperado. – Eu prefiro muito mais ficar aqui contigo do que com ela! – Ele me abraçou fortemente.
- Mas e o seu irmãozinho novo? – Perguntei baixo. – Vocês não gostam dele?
- Não! – Lou falou rapidamente e suspirei.
- Ah, meninos...
- Por favor, , não leva a gente de volta, a gente veio aqui porque confiamos em você! – Ele disse rapidamente e eu suspirei.
- Eu sei, meu amor. – Ergui o rosto do mais velho. – Mas o que vocês fizeram é sério! Ela pode chamar até a polícia por desaparecimento...
- Você não entendeu, . Ela não se importa com a gente! Ela só liga para aquele bebê e para o papai! – Dado falou dessa vez. – A gente ama vir na casa do papai, mas não com ela! – Engoli em seco. – E ela tem ficado muito aqui desde que esse bebê bobo nasceu. – Ri fracamente, acariciando os cabelos dos dois.
- Ah, meus meninos! – Suspirei. – Eu amo muito vocês. – Falei baixo, respirando fundo.
- A gente também te ama. – Eles disseram.
- Você que deveria ficar com o papai, ! – Lou disse. – Ele gosta de você mais do que ela, você gosta da gente de verdade, a mamãe gosta de você também! Por que você não fica com ele? – Suspirei. – Você não gosta dele, ?
- Ah, meu amor. – Passei a mão em seus cabelos. – Eu gosto muito do seu pai, mas a vida não é assim... – Suspirei. – Somos só amigos...
- Isso não é justo. – Lou cruzou os braços e eu suspirei.
- Vamos fazer o seguinte, vamos parar de pensar nisso, pode ser? – Pedi, acariciando o rosto dos dois. – Tem aquele bolo que a Manu me deu ainda? – Perguntei para Martha.
- Tem sim, senhora! – Martha disse.
- Ótimo. Vamos comer um pedaço de bolo, depois vocês dois vão tomar banho para tirar esse suor e essa sujeira e aí a gente vê, está bem? – Falei baixo.
- Tá bem. – Eles disseram ainda com bicos e sorri.
- Vamos lá? – Estiquei a mão para Dado. – Consegue andar?
- Consigo. – Ele disse e se levantou, fazendo uma careta.
- Vamos lá, que nada como um bolo gostoso de cenoura com muito chocolate para vocês ficarem melhor. – Estiquei a mão para Lou também, andando com eles lado a lado de volta para cozinha e Martha foi à frente.
- Você é legal, . – Dado disse e sorri. – Ela não. – Suspirei. – A gente pode ficar contigo?
- Claro que pode, meu amor. Sempre que quiserem! Só avisem seu pai, ele não vai se importar em trazer vocês. – Falei, ajudando Dado a sentar na cadeira e Lou se sentou do outro lado.
- Ele também não liga para gente, ele sabe que a gente não gosta dela e ainda fica com ela. – Lou falou e Martha pegou três pratos e fui até o micro-ondas, pegando a travessa do bolo que tinha cerca de 1/3 ainda.
- Ah, amore, duvido. Seu pai ama vocês demais e só quer o melhor para vocês. – Levei a travessa até a mesa, vendo Martha estender a faca para mim.
- É verdade, . – Dado disse e cortei um pedaço para cada um, colocando em seus respectivos pratos.
- Eles têm um filho juntos, isso muda um pouco as coisas... – Falei, franzindo a testa. Foi eu mesma que falei isso?
- Como? – Lou perguntou e eu suspirei.
- Quando uma criança nasce, nós temos outras responsabilidades, porque um bebê precisa de nossa atenção o tempo inteiro, mas também traz felicidade para um casal. – Passei a mão nos cabelos de Dado. – Isso bagunça a vida um pouco.
- É diferente, . – Lou disse. – Não era assim quando ele estava com a mamãe. – Pressionei os lábios. – Ele era mais divertido. – Suspirei. – Ele é legal quando ela não está aqui.
- É verdade! – Dado disse.
- Vão comendo, ok?! Eu vou pegar meu celular lá no carro e logo venho com vocês, mas prometo que tudo vai ficar bem. – Falei baixo e eles assentiram com a cabeça, pegando o bolo com o garfo e colocando na boca.
- Hum... Está gostoso! – Eles falaram e sorri. Essas receitas brasileiras da Manu eram demais mesmo.
Saí pela porta de fora da cozinha e fui até o carro. Por que eu não me surpreendo que o motivo da fuga dos dois era justo a Ilaria? Eu não era a pessoa com o melhor sexto sentido de todos, mas ela era literalmente a única pessoa que eu não ia nem com a cara, alguma coisa ela tinha. Odiava estar errada, mas dessa vez ela tinha se metido com os meus meninos.
Abri a porta do carro novamente, entrando no banco do passageiro e peguei minha bolsa no banco do lado, pegando o celular. Desbloqueei o mesmo e vi três ligações perdidas, me fazendo suspirar ao perceber que as três eram de Gigi. Acho que Manu havia conseguido falar com ele.
Respirei fundo, um tanto de saco cheio em como nossas vidas se cruzavam de forma que eu não conseguia evitar e engoli em seco, deixando o ego e meus problemas de lado e apertei o botão verde, colocando o telefone na orelha, ouvindo-o tocar uma vez, pois ele atendeu logo em seguida.
- ALÔ, ? – Engoli em seco.
- Ei, Gigi. – Falei baixo, puxando a porta do carro.
- Meus filhos estão aí contigo? – Ele perguntou rapidamente.
- Sim, estão aqui. – Passei a mão na testa.
- Por que eles estão aí? O que aconteceu? – Suspirei.
- É melhor você vir aqui e conversar com eles, Gigi. Eu não posso me meter isso. – Suspirei.
- Mas eles disseram algo? Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou rapidamente.
- Aconteceu, Gigi, e é exatamente por isso que eu falo que não posso me meter. – Apertei minhas têmporas.
- Por quê, ? Por favor, são meus filhos. – Suspirei. – Você não tem noção o desespero que eu estou aqui.
- Eu sei, Gigi, eu me desesperei também. – Bufei baixo, erguendo o olhar para o teto. – Só venha aqui, ok?! Você pode falar com eles, entender o que aconteceu. Eles estão bem. O Dado só ralou o joelho.
- , por favor...
- Gigi, você está perdendo tempo, eu te espero! Ciao! – Falei, desligando o celular.
Respirei fundo, socando o volante com força, me assustando quando atingi a buzina e bufei alto. Eu sei que sou uma tonta, apaixonada por ele, que dou mais liberdade do que devo, mas por mim! Pela minha felicidade, minha sanidade e por aquele pinguinho de esperança! Mas eu não ia, não vou, de jeito nenhum, me envolver em problema dele com a Ilaria. Eu me recuso! Isso ele vai ter que se resolver com ela.
Peguei minha bolsa, a chave e o celular e saí do carro, finalmente trancando-o e segui de volta para dentro. Os meninos tenham as bocas cheias de bolo e aquela sensação não podia ser mais deliciosa para mim. Imagina só? Duas crianças sentadas nessa mesa, comendo alguma comida deliciosa que a Martha ou a Gio fizeram, me fazendo companhia e tornando essa mansão gigantesca um pouco mais aconchegante? Era um sonho mesmo!
- Já terminaram de comer? – Perguntei, fazendo carinho na cabeça dos dois e dando um beijo rapidamente.
- Estamos acabando. – Dado disse com a boca suja de chocolate e eu ri.
- Ok, terminem e vamos lá em cima tomar um banho quente e se esquentar. – Falei, seguindo até Martha. – Se o Gigi chegar, pode deixar ele subir... – Falei baixo.
- Tudo bem, pode deixar! – Ela disse e suspirei.
- Eu vou precisar de um Tylenol quando esse dia acabar. – Falei e ela riu fracamente.
- Quer que eu deixe separado?
- Por favor! – Rimos juntas.
- Pronto, ! – Eles disseram.
- Ok, vamos subir, então?
- Vamos! – Eles falaram animados.
- Gostaram do bolo? – Perguntei.
- É muito bom! É diferente! – Dado disse.
- É brasileiro, da Manu! Ela que fez! – Os vi pularem das cadeiras. – Quer que eu te leve, Dado? Vai ser difícil subir as escadas.
- Quero! – Ele esticou os braços para mim e ri fracamente, pegando-o no colo.
- Vamos lá, então! Para as escadas, Lou! – Falei, empurrando-o levemente com a mão.
- Para as escadas! – Ele disse animado e subiu mais apressado em minha frente, enquanto eu ia com Dado em meu colo, abraçando meu pescoço.
- A gente precisa manter isso, cara! – Barza disse rindo e bati minha mão contra a dele.
- 13 vitórias seguidas, cara... – Suspirei, vestindo minha camisa. – Batemos o recorde de 2014. – Ri fracamente.
- Beh, esperamos manter essa sequência contra o Frosinone e vencer do Napoli na semana que vem. – Chiello disse, esfregando a toalha nas costas.
- Se a gente vencer, ficamos na frente do campeonato. – Barza disse.
- Agora a gente pegou o ritmo, é esperar essa vitória e um tropeço deles! – Falei, suspirando.
- Ah, com certeza, as coisas vão...
- OH, CUIDADO! – Virei o rosto para porta.
- ESTOU ENTRANDO! GIGI! GIGI! – Me levantei, vendo Manu entrar correndo no vestiário, deslizando na porta e batendo o corpo com força no primeiro armário. – Ai!
- Dio mio, Manu! O que houve? – Perguntei rapidamente.
- Seus filhos... – Ela puxava a respiração fortemente, apoiando as mãos nos joelhos e arregalei os olhos.
- O QUE ACONTECEU? – Perguntei rapidamente.
- Eles... – Ela respirou fundo soltando igualmente forte. – Eles estão...
- EMANUELLE! – Segurei em seu ombro, levantando-a.
- Liga para ! – Ela disse forte e arregalei os olhos, correndo para minha mochila.
- O que aconteceu? – Chiello perguntou.
- Eles fugiram para ... – Ela suspirou fortemente. – Ai, estou com dor do lado. – Ela reclamou, apertando o local e disquei o número conhecido.
- Mas o que aconteceu? – Coloquei o telefone na orelha, voltando a me aproximar dela.
- Não sei, a empregada da ligou falando que eles estavam lá! – Ela soltava a respiração fortemente. – Ela saiu desesperada também.
- Ela não atende! – Repeti a ligação. – Ela saiu há quanto tempo? – Perguntou.
- Olha, foi o tempo de eu falar com o Miguel e descer correndo! – Ela disse, se sentando no espaço de Morata e ele lhe entregou um squeeze. – Uns 15 minutos, no máximo. – Ela suspirou, puxando a respiração fortemente.
- Ah, cazzo! – Reclamei, apertando o celular de novo.
- Mas eles fugiram assim? – Chiello perguntou.
- Eles estavam com a Ilaria e o Leopoldo...
- Leo, por favor. – Manu corrigiu e eu encarei-a. – O nome é horrível, Gigi. – Revirei os olhos.
- Eles não deveriam ter saído...
- Bom, a Ilaria não é exatamente uma pessoa muito sociável, né?! – Manu deu um sorriso sarcástico.
- Ela é jornalista...
- Eu não sou e sou mais sociável do que ela. – Ela sorriu e dei um pulo quando ouvi o celular tocar de novo e vi a foto de na tela.
- ALÔ, ? – Atendi com pressa.
- Ei, Gigi. – Sua voz era fraca.
- Meus filhos estão aí contigo? – Perguntei rapidamente, vendo Chiello estender minha mochila e coloquei-a nas costas.
- Sim, estão aqui. – Ela disse.
- Por que eles estão aqui? O que aconteceu? – Minha voz saía com pressa.
- É melhor você vir aqui e conversar com eles, Gigi. Eu não posso me meter isso. – Bufei.
- Mas eles disseram algo? Aconteceu alguma coisa? – Perguntei rapidamente, seguindo para fora do vestiário.
- Aconteceu, Gigi, e é exatamente por isso que eu falo que não posso me meter. – O que ela está falando? Cazzo!
- Por quê, ? Por favor, são meus filhos. – Você não tem noção o desespero que eu estou aqui. – Perguntei apressado.
- Eu sei, Gigi, eu me desesperei também. – Ela parou a frase no meio do caminho. – Só venha aqui, ok?! Você pode falar com eles, entender o que aconteceu. Eles estão bem. O Dado só ralou o joelho.
- , por favor...
- Gigi, você está perdendo tempo, eu te espero! Ciao! – Ela desligou a ligação.
- CHE CAZZO! – Reclamei alto.
- Descobriu o que houve? – Manu perguntou.
- ELA NÃO QUER ME CONTA-A-A-AR! – Reclamei forte. – Diz que não quer se meter.
- Vai lá, Gigi! Eu aviso o Allegri. – Chiello disse e assenti com a cabeça, vendo ele e Manu pressionarem os lábios e segui apressado para fora da área do time principal e fui até o estacionamento com pressa.
O que os meninos estavam aprontando? Eu os deixei com Ilaria quando saí na hora do almoço. Eu sabia que eles estavam com ciúmes por conta do Leopoldo, mas eles não fariam isso comigo, né?! Será que Ilaria tinha brigado com eles por algum motivo e eles não gostaram? Eles faziam questão de falar que preferiam a à Ilaria, mas já conversamos milhares de vezes sobre isso, incansavelmente, eles não seriam capazes de fazer isso. Seriam?
Não sei, mas eles fugirem para a casa da era a última coisa que eu podia me preocupar agora. Ela estava me ignorando desde o nascimento do Leo, irritante, eu sei, levemente compreensivo, mas parece que o mundo estava conspirando contra tudo isso. Não conseguia nem ver como uma chance de eu finalmente conversar com ela, porque o desespero da situação não fazia com que eu pensasse direito.
Estacionei o carro em frente à casa dela com pressa, feliz por não ter nenhum carro na frente e pulei do carro com pressa, percebendo que não tinha nem terminado de fechar os botões da camisa e que dois botões faziam a blusa ficar torta. Desisti de pensar nisso quando a porta se abriu e vi sua ajudante abrir sua porta.
- Oi, eu sou...
- Senhor Buffon. – Ela disse calmamente. – Ela está lá em cima com os meninos. – Ela disse e deu espaço para eu passar.
Segui rapidamente para o andar de cima, pulando dois degraus de cada vez e comecei a observar dentro de cada porta entreaberta para ver se os encontrava, mas acabei seguindo até a última do corredor, vendo a iluminação sair da mesma. Empurrei a porta do mesmo e ouvi algumas risadas do mesmo e olhei rapidamente no cômodo e não encontrei, então segui até o banheiro que também tinha a luz ligada.
- Eu não tenho brinquedos, eu não tenho crianças aqui! – Ouvi a voz da e coloquei a cabeça para dentro, vendo sentada no chão do banheiro enquanto Dado e Lou estavam na banheira.
- Você poderia ter crianças aqui. Um amiguinho para gente! – Dado disse e ela passou a mão no cabelo dele.
- Ou amiguinha. – O Lou disse, colocando espuma como se fosse uma barba e dei um pequeno sorriso.
- Quem sabe um dia? – Ela disse sorrindo. – Por enquanto, eu preciso descobrir que roupa eu vou colocar em vocês, já que as roupas de vocês estão imundas. – Ela disse rindo. – E a do Dado rasgou no joelho. Tem certeza de que não está mais ardendo, amore?
- Não, a moça cuidou de mim! – Ele disse.
- A Martha é um amor de pessoa. – disse sorrindo. – Depois a gente passa pomada e coloca um curativo, está bem?
- Está bem! – Ele disse, também brincando com a espuma.
- Eu talvez tenha algo dos gêmeos aqui, eles são bem mais velhos do que vocês, mas pelo menos até vocês irem para casa. – Ela disse.
- Eu não quero ir para casa, quero ficar contigo. – Lou disse e senti meu peito doer.
- Eu sei, amore, mas vocês precisam ir. Seu pai deve ficar preocupado com vocês... – Pigarreei e virou o olhar para porta, me enxergando. – Ele deve estar muito preocupado... – Ela pressionou os lábios, negando com a cabeça e suspirei. – Brinquem mais um pouco enquanto a água não esfria, eu vou procurar uma roupa para vocês. – Ela disse, se levantando. – Não façam nenhuma gracinha, hein?! – Ela disse, apontando para eles.
- Tá bem! – Eles riram e ela saiu do banheiro, puxando a porta logo em seguida.
- Ei, Gigi. – Ela disse e eu respirei fundo.
- O que aconteceu? – Perguntei e ela suspirou.
- Eles estão bem, Gigi! – Ela disse.
- Eu vejo que eles estão bem, aqui na sua casa, eu tinha certeza, mas por que eles estão aqui? – Falei rapidamente.
- Respira! – Ela pediu, apoiando as mãos em meus ombros. – Respira fundo.
- Eu estou respirando, ! Que merda aconteceu aqui? – Perguntei e ela suspirou.
- Você fechou sua camisa errado. – Ela disse, desviando para o lado e seguindo em direção ao closet. Olhei os botões errados e suspirei, soltando todos e fui em sua direção.
- ! – Chamei-a, vendo-a puxar diversas gavetas em seu largo closet. – ! – Chamei-a novamente e ela não desviou o olhar, encontrando algumas roupas e jogou-as no banco horizontal no centro do closet.
- Gigante demais, né?! – Ela abriu uma calça jeans e sim era gigante nos meninos.
- ! – Chamei-a com mais firmeza e ela olhou para mim.
- O quê? – Ela perguntou.
- Meus filhos estão na sua casa. Por quê? – Me aproximei dela, abaixando a calça em sua mão. – O que aconteceu?
- Eles fugiram. – Ela disse, dando de ombros. – Pegaram as bicicletas e vieram para cá. – Ela suspirou, puxando a calça de volta e dobrou-a.
- Mas por que eles fugiram? – Perguntei. – Eu os deixei em casa com a...
- Eu sei. – Ela me cortou. – Eles me falaram isso. – Ela suspirou. – E foi exatamente por isso que eles fugiram.
- O quê? Por quê? – Perguntei. – Pelo amor de Deus, , nenhuma das roupas dos gêmeos vão caber neles, eles estão quase da sua altura, eu tenho uma mochila com roupas deles no carro, eu deixo contigo, só olha para mim, por favor! – Pedi e ela bufou, virando o rosto para mim.
- O quê? – Ela perguntou, suspirando.
- Fala comigo. – Pedi mais baixo. – Eu preciso entender.
- Eu não quero me meter nisso, Gigi, isso não é problema meu. – Ela disse. – De todos os problemas nossos, eu não quero me envolver em mais um.
- Tarde demais, , eles fugiram para sua casa! – Ela suspirou, se sentando no banco, parecendo visivelmente cansada. – Eu também não queria resolver isso contigo, mas tarde demais. – Falei baixo. – E fico feliz por eles saberem onde você mora, se sentirem confortáveis o suficiente para vir aqui e foram acolhidos...
- Eu sempre vou acolher seus filhos, Gigi. – Ela ergueu o rosto para mim. – Eu os amo demais. Como se fossem meus. – Suspirei, sentando na banqueta com as pernas abertas.
- O que aconteceu, então? – Perguntei baixo. – Por favor... Eu estou desesperado...
- Eu não sei exatamente o que aconteceu, Gigi, mas foi ela. – Ela apertou as mãos nos olhos, bufando em seguida. – Você está me envolvendo em algo da sua namorada! – Ela se irritou, se levantando rapidamente. – De todos os nossos problemas, você realmente quer me envolver em algo seu e da Ilaria? – Suspirei, jogando a cabeça para trás.
- Eu não tenho escolha, . – Falei baixo. – Fala comigo! Eu não vou me importar, eu juro! – Falei firme.
- É, mas eu vou! – Ela disse. – Porque você vai pensar que eu estou falando mal dela! E eu realmente não gosto dela, mas não fico destilando veneno por aí à toa. – Ela bufou alto. – Se você não falar dela, eu nem lembro da existência dela. – Revirei os olhos.
- , essa não é o caso agora, por favor. – Puxei-a pelo braço. – Meus filhos, . Isso que importa agora. – Ela bufou, se sentando na banqueta novamente, dessa vez mais próxima de mim. – Vai, desembucha.
- Só não briga com eles, ok?! – Ela pediu, virando o rosto para mim. – Eles só querem atenção. – Ela pressionou os lábios.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Eles não gostam dela. – Ela disse, olhando em meus olhos. – Simples assim. – Ela deu de ombros.
- Eles disseram isso?
- E mais um monte de coisas. – Ela suspirou. – Que ela só se preocupa com o Leopoldo, que não deve ter notado que eles saíram, que você também sabe que ela não gosta deles e nem eles dela e mesmo assim insiste nesse contato... – Ela pressionou os lábios e bufei, jogando a cabeça para trás. – Que você também não se importa com eles quando está com ela... – Ela engoliu em seco ao falar.
- Cazzo... – Falei baixo, levando a mão até meu rosto. – Como eu nunca vi isso? – Ela pressionou os lábios.
- Talvez seja só ciúmes do bebê, Gigi. – Ela disse baixo. – Isso acontece...
- Não, , não é só ciúmes. – Suspirei. – Tem mais do que isso. – Neguei com a cabeça. – Eu só... Achei que fosse coisa de criança. – Engoli em seco.
- Fala com eles, Gigi. – Ela apoiou a mão em cima da minha. – É melhor...
- Eles não querem falar comigo agora... – Suspirei.
- Eles te amam, Gigi. – Ela sorriu. – Disseram que você é legal quando ela não está aqui... – Ela pressionou os lábios e eu ri fracamente. – Eu posso ficar um pouco com eles, mas acho que você deveria falar com eles.
- Você acha? – Ergui o olhar para ela.
- Eu posso não ter filhos, mas já fiquei bastante de babá dos gêmeos e ouvi muito eles reclamando da Gio e do Fabrizio. – Sorri. – As coisas nem sempre são fáceis para resolver, mas se você ouvi-los, eles podem te surpreender. – Ela deu de ombros. – Eles são crianças, mas a opinião deles devem contar também.
- Aposto que se fosse você, não estaríamos tendo essa conversa agora. – Falei e ela riu fracamente.
- Agora o problema não é nosso, Gigi. É deles. – Ela se levantou, suspirando. – Me dá suas chaves, eu vou pegar a mochila enquanto fala com eles. – Ela disse e passei as mãos nos bolsos.
- Acho que, na pressa, eu deixei no carro. – Suspirei.
- Eu vou lá, vai lá antes que eles inundem meu banheiro. – Ri fracamente.
A observei sumir da minha vista e me levantei, respirando fundo diversas vezes. Eu entendia o lado da , era uma situação difícil para ela mesmo, mas eu não conseguia nem parecer surpreso por essa situação. Quando anunciamos nosso relacionamento, ou sei lá o que isso fosse, o processo não foi difícil e ser perguntado diversas vezes do porquê ela e não , era algo que eles faziam frequentemente.
Quando ela estava com o Pietro, que regula de idade com Dado, era mais fácil, os três se juntam para brincar e tudo bem, agora com Leopoldo, eles estavam mais ariscos mesmo. Ela ficava mais aqui porque eu não podia ir para Milão e quando chegava os dias de ficar com eles, era uma situação difícil. O pior é que eu não tinha como resolver isso. Eu poderia terminar com Ilaria, eu sei, mas volta ao meu problema inicial e me parecia uma situação perfeita, mas sei que a balança pesaria muito para o outro lado.
Segui de volta para seu quarto e observei o local rapidamente da mesma forma de antes, somente com algumas roupas jogadas na cama. Fui em direção ao banheiro e abri a porta devagar, ouvindo algumas risadas e splashes de água, vendo os dois fazendo bagunça no banheiro.
- Vão inundar o banheiro da ? – Perguntei e os dois viraram para mim, com os olhos arregalados.
- Pai! – Eles disseram em uma mistura de alegria e surpresa.
- Posso entrar? – Encostei a porta novamente.
- Pode... – Eles falaram mais baixo e me sentei na beirada mais seca da banheira.
- Eu fiquei preocupado com vocês... – Passei a mão nos cabelos de Lou que estavam mais perto. – Vocês não deveriam ter feito isso...
- A gente não fez por mal... – Lou disse e eu suspirei.
- Eu sei, amore. – Pressionei os lábios. – Mas vocês não podem fazer isso. Eu fiquei muito preocupado.
- Não acho... – Ele disse, fazendo um bico.
- Por que você acha isso, Lou? – Perguntei, olhando dele para Dado e vice-versa.
- Porque você deixou a gente com ela. – Ele falou baixo e sabia que seu tom de voz estava virando um choro baixo.
- Eu tinha que trabalhar, meu amor...
- Mesmo assim... – Ele puxou a respiração e vi as lágrimas deslizarem de seus olhos. – A Roberta é mais legal que ela. – Passei a mão em seus olhos.
- Vem cá, amore. – Abracei-o, sentindo-o me apertar molhado e puxei Dado com o outro braço. – Não precisa chorar, eu estou aqui. O que aconteceu?
- Ela não gosta da gente, papai! – Dado disse. – Ela não liga para gente.
- Aconteceu algo? – Perguntei, puxando a respiração, tentando evitar que eu chorasse também.
- Não, ela só não se importa com a gente mesmo. – Lou disse, suspirando. – Ela só finge que sim quando você está perto...
- Ah, amor, não é verdade...
- É sim! – Ele disse firme, afastando o rosto para olhar em meus olhos. – Quando você não está, ela não liga para gente, ela só se importa com aquele bebê idiota...
- Lou! – O repreendi.
- É verdade. – Ele disse no mesmo tom.
- Mas ele é seu irmãozinho. Ele não tem culpa de nada. – Falei.
- Mas ela tem! – Ele disse, cruzando os braços e suspirei.
- O que vocês querem que eu faça? A gente vai ter que arranjar um jeito. – Falei baixo. – Vocês não podem ficar com a para sempre.
- E se ela deixar? – Lou perguntou.
- E eu? Vocês não vão ficar mais comigo? – Me fingi ofendido e eles riram fracamente.
- A gente ama você, papai, mas ela é chata... – Suspirei, virando para Dado.
- E você? O que acha? – Perguntei para o mais novo.
- Eu também não gosto dela, pai. – Ele disse. – A gente tá aqui com a e ela foi mais legal que a Laria o tempo inteiro. – Suspirei.
- Ah é? Por quê? – Perguntei.
- Bem, ela conversou com a gente, ela deu bolinho para gente, ela deu banho na gente e deixou a gente brincar na banheira. – Lou disse, contabilizando nos dedos e eu sorri.
- Vocês gostam dela, não gostam? – Suspirei.
- Demais, papai! Ela que deveria ficar contigo, não a chata. – Lou disse.
- Me desculpe, amor, prometo ouvir vocês mais, ok?! – Suspirei. – Mas vocês precisam me prometer que nunca mais vão fugir de casa, entendidos? – Falei mais firme.
- Ok... – Eles falaram juntos.
- E você promete que não vai obrigar a gente a ficar com ela? – Dado perguntou.
- Prometo, amores. – Suspirei.
- Já que estamos prometendo coisas, você poderia prometer ficar com a e não com ela, né?! – Lou perguntou e eu ri fracamente.
- Ah, espertinho! – Falei, fazendo cócegas nele que gargalhou, se sentando na banheira novamente e jogando água para os lados, inclusive em mim, que não poderia estar mais molhado do que já estava.
- Ela é demais, papai! – Ele disse, suspirando. – Eu amo ela. – Sorri.
- Eu sei, amor... – Suspirei. Eu também... – Eu já volto, ok?! – Falei, me levantando. – Vou pegar suas roupas.
- Ok, tá ficando frio. – Dado disse e sorri, seguindo para fora do banheiro e encontrei sentada na beirada da cama, gravando áudio.
- Não se preocupe, eu checo isso amanhã. Pode deixar na minha mesa, eu vou amanhã cedo e vejo o que falta. – Ela soltou o mesmo e ergueu o olhar para mim. – E então? – Ela se levantou.
- Nós conversamos... – Suspirei. – É complicado...
- Eu não preciso saber, Gigi. – Ela deu um curto sorriso, me estendendo uma toalha e passei em minha barriga.
- Seria muita folga eu deixá-los contigo um pouco? – Perguntei, mordendo o lábio inferior.
- Claro que não. – Ela sorriu.
- Eles gostam de você e... – Suspirei. – Enfim, preciso resolver umas coisas.
- Claro, não se preocupe. – Ela falou sorrindo. – Eu vi na mochilinha deles que tem roupa, pijama, escova de dente... Você pode voltar mais tarde ou pegá-los amanhã antes de viajar, eu deixo eles arrumadinhos.
- Seria folga demais e eles não vão querer sair mais daqui. – Falei e ela riu fracamente.
- Desculpe. – Ela disse e franzi a testa.
- Por quê?
- Por amá-los demais! – Ela suspirou.
- Você não precisa se desculpar por isso, eu que deveria te agradecer por cuidar dele tão bem mesmo não sendo sua responsabilidade e mesmo depois de tudo... – Ela deu um curto sorriso. – Isso é importante para mim, . – Ela assentiu com a cabeça. – Beh, eu vou deixar as bombas contigo e volto mais tarde, pode ser?
- Claro! Eu estarei aqui, se quiser mandar mensagem também... – Ela se levantou.
- Tudo bem, eu mando mensagem. – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Obrigado de novo.
- Não precisa me agradecer. Nunca vou aceitar que agradeça, na verdade. – Ela disse.
- ! TÁ FRIO! – Eles gritaram e ela riu.
- Vai, aguenta essa agora! – Falei e ela sorriu.
- É uma alegria para mim isso, Gigi! – Ela disse, pegando as toalhas na cama.
- É, eu sei... – Ela suspirou.
- Quem sabe eu não esteja treinando? – Ela deu de ombros e franzi a testa.
- Tem algo que você queira me contar, ? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Não se preocupe, eu uso camisinha. – Ela frisou e seguiu para dentro do banheiro. – Agora querem sair, é?! – Ela brincou.
- Tá ficando fr-r-rio! – Eles brincaram e a porta se bateu novamente, me fazendo suspirar.
- Como eu queria que você fosse mãe dos meus filhos, . – Pressionei os lábios, abanando com a cabeça.
Peguei a chave do carro na cama e desci a passos rápidos de volta para baixo. Sua empregada não estava mais lá, então saí sozinho. Entrei no carro e dirigi sete casas a baixo, gastando mais tempo para descer pela casa de do que para andar pelo caminho. Entrei pela porta dos fundos, deixando a chave no móvel.
- ILARIA! – Gritei, passando pela casa e chequei na sala antes de subir as escadas. – ILARIA!
- Xi! O bebê está dormindo! – Ela apareceu na porta do meu quarto e bufei, andando até lá.
- Podemos conversar? – Perguntei firme.
- Nossa! O que aconteceu? – Ela franziu a testa.
- Onde estão meus filhos, Ilaria? – Perguntei firme.
- O Leopoldo está comigo e os meninos estão lá no quintal, por quê?
- Eles não estão no quintal! – Falei firme.
- Como não? – Ela se debruçou na janela para olhar lá embaixo. – Onde eles estão?
- Eles fugiram, Ilaria! – Falei firme.
- Ah, meu Deus, Gigi! Como assim? O que aconteceu?
- Eu quero saber o que aconteceu! Eu deixei-os sob sua responsabilidade. – Falei firme.
- Eu fiquei cuidando do bebê, devo ter me distraído e... – Ela abanou a cabeça. – Nós precisamos ir atrás dele.
- Não é necessário. – Bufei. – Por sorte eu tenho vizinhos que gostam muito deles e que cuidaram dele nesse tempo todo. – Neguei com a cabeça.
- Onde eles estão? – Ela perguntou.
- Na casa da minha chefe! – Falei firme. – Eles fugiram para a casa da minha chefe, você tem noção do que é isso? – Perguntei firme. – Receber uma ligação da falando que meus filhos estavam na casa dela? Imagina a minha cara?
- Ah, não venha de graça, Gigi, vocês são bem íntimos, ela pode ficar de olho nos seus filhos por cinco minutos...
- ISSO FOI HÁ DUAS HORAS, ILARIA! – Falei alto. – Um trabalho que VOCÊ deveria fazer! – Apontei para ela. – Imagina se eles tivessem fugido por Vinovo? Pela estrada? Não importa se foi para setes casas acima, eles fugiram e isso era sua responsabilidade. – Bufei.
- Não seja injusto, Gigi.
- Como o quê? – Falei firme. – Você que quis ter esse filho. Eu já tenho dois e você já tem um, não é possível que você não soubesse que fosse difícil. – Bufei. – Isso é incrível.
- Me desculpe, ok?! Mas eles também não gostam de mim...
- Ah, nem imagino o porquê. – Falei sarcasticamente. – Se você estivesse com eles, brincando com eles, ao menos prestando atenção no que eles estavam fazendo, isso seria diferente. – Bufei. – Isso não pode acontecer, Ilaria!
- Eles estão bem, Gigi! Relaxa.
- Não me manda relaxar! – Falei firme. – Eu sei que eles estão bem, eles estão com a , pessoa que eles conhecem desde o dia que eles nasceram e que sempre deu atenção a eles, mas isso não é trabalho dela, é seu! – Ela bufou. – Imagina o meu desespero e o dela, ao recebermos ligações que meus filhos estavam na casa dela? A gente estava trabalhando, caramba! Em prédios diferentes! É como saber que sua casa pegou fogo!
- Ok, agora você está exagerando.
- São meus filhos! Eu vou exagerar! – Falei firme, bufando. – Eu não me conformo.
- Onde eles estão agora? – Ela perguntou.
- Na casa dela ainda, eles não quiseram vir para cá enquanto você estiver aqui. – Menti. Depois disso, nem eu queria ficar com ela.
- E o que você está dizendo? Quer que eu vá embora? – Ela colocou as mãos na cintura.
- Não vai fazer diferença você ir agora ou amanhã mesmo. Eu não consigo olhar para você. – Bufei, suspirando. – Eu vou ficar com o Leo um pouco antes de você ir. – Segui até meu filho que estava deitado no meio da cama.
- Essa foi dura até para você, Gigi! – Ela disse.
- Você não entendeu o tamanho das suas ações, não é?! – Suspirei. – Isso foi demais, Ilaria! Vero! – Neguei com a cabeça, segurando a mãozinha do meu filho. – Oi, amore. É o papai. – Dei um beijo em sua testa.
Capitolo setanta
- Scooby-Loo, isso não é motivo para pirar e acabar com a humanidade... – Ri com a fala de Salsicha.
- Teria me dado bem se não fosse vocês e o Fred usa peruca! – O cãozinho irritado falou e neguei com a cabeça.
- Agora que a Mistério S.A está junta, vocês têm algum comentário sobre o Golem de lama que está aterrorizando Londres?
- Não importa o caso, nós estaremos lá!
- Mistério é com a gente mesmo!
- Consertas os erros...
- Procurar as pistas e chutar uns traseiros... Uhul! – Sorri ao ver os personagens erguendo a mão para o teto e a música de encerramento do filme começou a tocar e peguei o controle, desligando a televisão.
- Bom, acho que é isso... – Falei, virando para o lado e vi Lou dormindo, virei o rosto e vi Dado dormindo do outro lado, me fazendo rir fracamente. – É, acho que é isso... – Falei mais baixo, checando meu relógio de pulso e vi que passava das dez horas. Talvez eu tenha passado o horário da cama de crianças de seis e oito anos um pouco mais.
Observei ambos dormindo com almofadas encostadas em meu ombro e passei a mão na cabeça dos dois, me fazendo suspirar. Como eu queria que essa fosse minha realidade! Viver com dois filhos lindos, literalmente descansar com eles após um dia cheio e aproveitar o fim de semana com eles, isso quando não precisava viajar... Pensando na minha vida, parecia uma grande irrealidade essa vida de viagens e ter um filho esperando em casa. Com homens era relativamente fácil, deixava com a mãe ou esposa que não costumavam trabalhar agora, agora sendo a mãe trabalhadora, era totalmente irreal. Seria uma escolha que eu teria que fazer quando a hora chegasse.
Inclinei meu corpo para frente, pegando o celular ao lado da caixa de pizza, vendo os outros quadradinhos na pizza cortada à francesa esfriarem na caixa e desbloqueei o mesmo, abrindo as mensagens e vi que tinha de Gigi.
“Ei, , posso ir buscá-los?” – Suspirei.
“Sim, pode vir”. – Enviei de volta.
Honestamente, eu não queria que ele viesse buscá-los, sei que um dia era uma coisa, a vida toda era diferente, mas eu havia amado passar essas quatro, cinco horinhas com eles. Tinha acalmado meu coração de forma que nem eu tinha imaginado. Agora, mais do que nunca, eu tinha certeza de que queria um para mim... Nem que fosse sozinha mesmo.
Me levantei devagar, tomando cuidado para a cabeça dos dois não caírem com tudo e ajeitei mais uma almofada entre os dois, para eles não ficarem tão baixos. Andei até o armário, pegando duas colchas e fui na direção de cada um deles. Eu havia ficado no meio do meu sofá em “L” e cada um ficou esticado em uma perna do sofá. Estiquei a coberta em cima de cada um e suspirei, dando um pequeno sorriso.
Peguei a garrafa de refrigerante e empilhei os três copos e segui em direção à cozinha, deixei os copos na pia e a garrafa pela metade. Espero que eu possa ter dado refrigerante e pizza para eles, mas era sexta-feira, não? Gigi não me parecia ser tão rigoroso assim. Ri fracamente com esse pensamento e voltei para a sala, pegando a caixa de pizza. Ouvi um carro estacionando e olhei pela fresta da persiana e vi um Jeep como o meu estacionando na porta. Andei até a porta da frente e destravei-a, abrindo com uma mão e vi Gigi sair do carro com uma roupa diferente da que ele saiu daqui há pouco tempo.
- Ciao. – Ele disse.
- Ei, Gigi. – Sorri. – Entra aí. – Dei espaço, vendo-o entrar e fechei a porta logo em seguida.
- Eles te deram muito trabalho? – Ele perguntou.
- Que nada! – Ri fracamente, indicando a cabeça para a sala do lado e ele foi até ela, apoiando a mão no batente.
- Como você fez isso? – Ele perguntou surpreso.
- Isso o quê? – Perguntei.
- Eles estão dormindo, . – Ele disse e eu ri fracamente, virando para trás e seguindo em direção à cozinha. – É loucura! – Neguei com a cabeça.
- Não é loucura, Gigi! São dez horas, a energia deles acaba. – Deixei a caixa em cima da mesa. – Eu dei pizza e refrigerante para eles, espero que não importe. – Falei.
- Não, nenhum pouco. Aceito um pedaço, por sinal! – Ele disse e ri fracamente, estendendo a caixa para ele.
- Esquenta! – Indiquei o micro-ondas
- Não, está bom assim! – Ele pegou um pedaço, colocando na boca e ri fracamente.
- Você não comeu? – Perguntei.
- Não, eu... As coisas ficaram um pouco quentes... – Assenti com a cabeça. – Enfim, eu só estou surpreso com os meninos. – Ele riu fracamente. – Eles sempre ficam de birra para dormir.
- Eu só dei atenção a eles, Gigi. – Falei, ligando a torneira. – Eu troquei eles, nós brincamos, pedimos pizza, vimos um filme e eles dormiram... – Comecei a lavar os copos. – Talvez seja o que eles estavam precisando...
- É, talvez... – Ele suspirou, passando a mão no rosto e coloquei os copos no escorredor.
- Está tudo bem, Gigi. Eles não te odeiam, relaxa! – Falei sorrindo. – Na verdade, eles não falaram mais sobre isso, acho que eles só precisavam de um pouco de atenção mesmo. – Pressionei os lábios, secando minhas mãos na toalha.
- É, acho que sim... – Ele suspirou, deixando a caixa na pia.
- O que foi? – Peguei a toalha, enxugando as mãos.
- Você deve me odiar mais ainda agora, né?! – Ele disse suspirando e franzi os olhos.
- Eu não te odeio, Gigi. – Falei, jogando a toalha na pia. – Acho que depois de tantos anos, não vai ser agora que isso vai começar... – Ri fracamente e fechei os lábios quando ele não me acompanhou. – O que, Gigi?
- É impossível você não me odiar depois de todos esses anos, como você mesma disse. – Ele disse e eu suspirei.
- Eu sei que sou idiota, mas não odeio. – Falei, engolindo em seco. – Você só me magoa com alguma de suas ações. – Dei de ombros.
- Eu te magoei aquele dia? – Ele perguntou e ergui meu olhar para ele, suspirando. – Eu sei que tem muitos, mas o último.
- Eu não fiquei chateada contigo...
- Você se afastou de novo, . – Ele falou. – Eu sei que você não desceu para o vestiário, não foi viajar com a gente... – Ele suspirou. – Aposto que se os meninos não estivessem vindo para cá, não teríamos nos falado hoje. – Pressionei os lábios.
- É, você está certo. – Engoli em seco.
- Então, por quê? Por que você se afastou de novo? O que eu fiz agora?
- Você não fez nada, Gigi. A vida aconteceu. – Senti que meu tom de voz subiu e respirei fundo, abanando a cabeça e peguei a caixa agora vazia e fechei-a novamente, enrolando-a e andei até o lixo.
- O que aconteceu, então, ? – Ele veio atrás de mim.
- A realidade aconteceu, Gigi. – Falei firme, jogando a caixa no lixo. – Fui puxada para ela de novo e é uma merda, porque eu sei que eu e você vivemos uma mentira. – Falei firme, ficando de frente para ele. – E eu não gosto de ter esse sentimento dentro de mim. Que eu sou um amante, que eu deveria ter mais amor-próprio ou, pior, que você está brincando comigo porque simplesmente não consegue se manter fiel à um relacionamento. – Falei rapidamente, sentindo meus olhos arderem. – Me desculpe, mas eu precisava falar. – Puxei a respiração forte, dando a volta na mesa pelo outro lado e seguindo em direção às escadas.
Passei os polegares embaixo dos olhos, sentindo os pés descalços ecoarem pelas escadas e voltei para o meu quarto. Peguei as roupas sujas, colocando-as dentro de um saquinho e coloquei talvez as necessaires de cada um e fechei as bolsas, não demorou muito para que Gigi aparecesse na porta e se apoiasse no batente.
- A gente precisa conversar de verdade, . – Ele disse e eu suspirei.
- Por quê, Gigi? – Perguntei, colocando as mochilas em cima da bancada.
- Porque é sempre a mesma coisa. – Ele disse.
- E agora a culpa é minha por você fazer sempre a mesma burrada? – Perguntei, tentando manter o tom de voz.
- Você não está sendo justa, . – Ele disse e franzi a testa, virando para ele.
- Como eu deveria ser justa nessa situação? – Apoiei a mão no móvel. – Estamos na mesma merda que estávamos quando você descobriu que eu estava no Mondiale, estamos na MESMA situação, a diferença é que da outra vez você fez uma escolha e ficou por isso mesmo, agora você tem uma mulher em casa e ainda vem atrás de mim.
- Sua memória só vai até 2011, é isso? – Ele disse sarcástico, puxando a porta para encostá-la.
- Deveria lembrar de mais do que isso? Tivemos a manipulação de resultados e sua ficada com a Alena naquele mesmo Mondiale. – Suspirei. – Sei que tínhamos terminado, mas ainda não foi justo comigo. – Bufei baixo.
- Eu gosto de você desde 2001, , pelo amor de Deus! – Revirei os olhos.
- Ah, meu Deus! Você vai voltar para isso? – Perguntei.
- Mah, é claro! – Ele disse firme. – Você joga sempre joga em cima de mim o motivo da nossa separação, eu sempre sou o culpado! Mas você não se lembra que você não queria ficar comigo lá atrás por causa do seu estágio e do dinheiro que vinha com ele. Depois não quis novamente por causa da sua promoção, só foi ficar comigo quando viu que dava para conciliar as duas coisas...
- Não é minha culpa se meus pais morreram e eu não tinha como sustentar, Gianluigi! – Falei firme.
- Nã-não, eu estou falando agora! – Ele pediu. – Depois que a gente ficou juntos, quando eu estava no processo de pedir separação da Alena para viver contigo, você começou a namorar um dos meus melhores amigos...
- E eu sabia que você ia se separar dela? Agora sou obrigada a ler sua mente? – Falei brava.
- Você não deixou eu me aproximar de você, ! – Ele se aproximou de mim. – Eu tentei falar contigo um milhão de vezes naquela época, tentar me aproximar e você só se afastou.
- PORQUE EU SEI O QUE ACONTECE QUANDO A GENTE SE APROXIMA! – Gritei e notei nossa proximidade. – Viu?! – Empurrei seu corpo para longe, me afastando ao menos um metro. – Eu não resisto a você, Gigi, é por isso que toda nossa merda acontece. Você sorri para mim e eu já não sinto minhas pernas, não tenho mais poder sobre minhas ações e já esqueço tudo em volta. Isso é ótimo... Até você voltar para sua namorada e eu ficar me sentindo uma idiota mais uma vez. – Bufei e ele respirou fundo.
- Ok, , eu já entendi que isso não faz sentido nenhum para você, eu sei, mas eu também não aguento mais esse peso nas minhas costas. – Ele suspirou forte. – Todo mundo me culpa por você, toda vez que você não aparece no vestiário, todo mundo olha para mim, todo mundo me culpa, isso enche o saco, porque eu sei que eu não fiz tudo sozinho! Eu sei que não te obriguei a fazer nada, no Brasil? É, eu não te obriguei também...
- Você coagiu, Gigi, qual é! – Falei, negando com a cabeça. – Eu não podia negar nenhum dos dois ali ou o outro ficaria chateado.
- Mas você estava namorando o Barza, sua responsabilidade era com ele, não comigo. – Bufei, suspirando. – Você não precisa dizer nada, não precisa entender também, mas eu não aguento mais isso nas minhas costas. Não é só viver uma vida triste, é ver que eu estou te fazendo sofrer até por coisas que eu não posso controlar. Você sabia da gravidez, sabia tudo, foi só ele nascer que você se afastou de novo? Eu não consigo entender.
- É PORQUE EU CAÍ NA REALIDADE DE NOVO! – Gritei, suspirando. – Me desculpe. – Engoli em seco. – É horrível isso, Gigi. Eu me sinto péssima! Me sinto péssima comigo, contigo e com aquela... – Pressionei os lábios para não falar algo pior. – E vamos ser honestos, isso nunca vai ter fim, Gigi.
- Vai ter fim, ! – Ele disse firme. – O mesmo sentimento que você tem, eu também sinto. – Ele engoliu em seco. – Você não tem noção como foi difícil não chegar em casa e terminar tudo pelo o que aconteceu com os meninos. – Pressionei meu lábio inferior. – Eu mandei-a embora, porque eu não consigo olhar na cara dela. – Senti meus olhos se encherem de lágrimas.
- Você já me explicou, Gigi, mas é muito injusto. Comigo, contigo... Com os meninos... – Passei a mão no rosto. – Toda vez que eles me abraçam, que eles vêm atrás de mim, eu sinto uma dor aqui no peito, a mesma dor que eu sinto há nove anos... – Pressionei os lábios fortemente. – Que eu deveria ser a mãe deles, que nós deveríamos estar juntos, mas entra ano, sai ano e a gente continua brigando pelas mesmas coisas, pelos mesmos motivos. – Puxei a respiração fortemente, passando as costas da mão no nariz. – Hoje mesmo, eu tive certeza de que é isso que eu quero para minha vida, honestamente esperava que fosse seu, mas eu tenho certeza de que eu vou ser mãe sozinha, Gigi. Ou com algum outro cara que eu vou fingir que amo para não morrer sozinha. – Passei as mãos nos olhos. – Porque eu não vejo um fim nisso. – Dei de ombros e ele negou com a cabeça.
- Não, . – Ele se aproximou, segurando meu rosto com as mãos e ergui o rosto para ele. – Isso vai ter um fim, eu te prometo! Eu sei que já nos machucamos muito nesse tempo, mas nós vamos viver felizes nem que seja a última coisa que eu faça.
- Você só está falando isso da boca para fora, Gigi, como todas as vezes. – Dei de ombros.
- Eu não estou, . – Ele suspirou. – Eu não posso te dar um prazo, mas você é meu sonho. – Ele suspirou. – Minha carreira está no fim, em breve eu não vou ser mais nada...
- Não fala isso, não consigo nem imaginar um dia a Juventus sem você. – Suspirei.
- Não importa, . O que importa é que eu vou viver minha história de amor contigo, não me importo como, mas isso vai acontecer. – Neguei com a cabeça. – Eu só preciso me livrar dos meus erros, sem arrastar você junto. Você não tem noção como eu não me conformo de não ter acabado as coisas em bons termos com a Alena... – Ele negou com a cabeça. – Ela não merecia aquilo, agora o Leopoldo não merece também. – Suspirei.
- Você não tem direito nenhum comigo, por que se importa, então? – Perguntei.
- Você sabe o porquê, . – Ele deu um curto sorriso. – E porque eu preciso ter uma esperança na vida, do contrário, eu poderia morrer amanhã mesmo, se não fosse meus filhos...
- Nem brinca com isso. – Pedi, segurando a mão em cima da dele. – Mas depois de todos esses anos, Gigi, ainda daríamos certo? – Ri fracamente. – A gente só briga, a gente só se machuca, imagina isso em um relacionamento? Alguém ia morrer em menos de um mês.
- Ei, isso não é verdade. – Ele disse. – Vivemos seis meses muito gostosos... – Neguei com a cabeça.
- É e vemos como acabou... – Falei sarcasticamente.
- Muita coisa mudou, , você mudou, eu mudei, vai ser perfeito... – Ele sorriu. – Porque quando eu te vejo eu só tenho vontade de te beijar, te abraçar, fazer carinho, te ver sorrir...
- Você já faz tudo isso, Gigi, só não é real. – Falei.
- É real, ! – Ele disse baixo. – Porquê da mesma forma que você se sente em outra realidade, eu também me sinto. Eu posso ficar horas contigo, com o time ou com os meninos que eu me sinto bem, agora é só eu encontra-la que minha vontade acaba...
- Os meninos disseram que você é outra pessoa com ela. – Falei baixo.
- É como perder a energia... – Ele suspirou. – E você me dá energia. – Ele acariciou meu rosto. – Só de estar contigo, eu me sinto melhor. Não é certo o que fazemos, eu sei, mas eu não me importo, porque me faz bem... – Suspirei. – Porque você é a mulher da minha vida, eu gosto de você, meus filhos gostam de você, minhas irmãs e meus pais gostam de você, meus amigos gostam de você...
- Sua ex gosta de mim.
- Minha ex gosta de você! – Ele disse e rimos juntos. – Eu só fiz muita besteira mesmo. Não deveria ter procurado outra pessoa quando você me afastou, deveria ter esperado, eu sei, mas agora é tarde e eu preciso consertar isso. – Suspirei.
- Eu também não deveria ter te ignorado. – Pressionei os lábios. – Nem em 2001 e nem agora. – Ele sorriu.
- É possível que a gente consiga deixar tudo isso para trás? – Ele perguntou baixo. – Sem um jogar os erros na cara do outro e sem ter mais mágoas do que a gente já enfrenta? – Suspirei.
- Talvez. Eu só não consigo controlar os momentos que eu vou ter raiva de mim mesma pela nossa situação ou pela sua demora ou por ela ou por tudo isso junto. – Ele sorriu.
- Só não me afasta, fala comigo, tem coisas que eu não consigo controlar...
- Eu vou tentar, mas às vezes é maior do que eu. – Suspirei.
- Só fica comigo. – Ele pediu baixo e passei os braços pela sua cintura, abraçando-o e ele acariciou minha cabeça quando encostei-a em seu ombro. – E lembre-se que você é a mulher da minha vida. – Ele beijou minha cabeça. – A única que não sai da minha cabeça há 15 anos... – Sorri.
- A única que te enlouquece há tanto tempo. – Ele riu contra minha orelha e ergui o olhar para ele.
- Espero que me enlouqueça para sempre. – Ele disse olhando em meus olhos e aproximei nossos lábios, dando um curtinho selinho neles e ele sorriu logo em seguida. – Com esses beijos também. – Acariciei sua barba e segurei em sua nuca, acariciando-a levemente por alguns segundos antes de colar meus lábios nos seus em curtos selinhos.
Ele dava sorrisos entre os selinhos, rindo fracamente, até que me segurou firme pela cintura, me erguendo no ar a ponto que igualássemos às alturas e sua língua procurou pela minha com pressa. Apertei meus braços em volta de seu pescoço e deixei que ele guiasse o beijo que acabou em risadas.
- Não está dando certo. – Falei baixo com os lábios colados e ele me colocou no chão de novo, rindo também.
- Deixa eu... – Ele se abaixou um pouco mais, me segurando pelas pernas e me levantou, me obrigando a prender as pernas em volta de sua cintura.
- Gigi! – O repreendi, ouvindo-o rir.
- Te garanto que assim dá mais certo. – Ele me apoiou na cômoda e eu ri fracamente. – Nunca achei que seus saltos tivessem outra utilidade além de te deixar linda demais! – Revirei os olhos.
- Bobo. – Acariciei seu rosto, colando nossos lábios por alguns segundos. – Mas é melhor a gente parar...
- Por quê? – Ele pediu quase em um gemido.
- Os meninos podem acordar, podem entrar... – Chequei a porta se continuava fechada. – E você precisa leva-los para casa ainda.
- Podemos ficar mais um pouco, eles não vão se importar. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Eu preciso tomar banho, não deu tempo nem de eu tirar a roupa do trabalho... – Falei, acariciando seu rosto e ele deu beijos em minha bochecha.
- Mais um motivo para eu ficar... – Revirei os olhos, sentindo-o descer os beijos devagar.
- Vai ser ótimo explicar isso para os meninos...
- Ah, aposto que eles vão ficar felizes... – Ele disse e ri fracamente.
- Ah, vai ser lindo explicar nossa situação para duas crianças, uma situação que nem nós mesmos entendemos, a gente só puxa todo mundo para isso. – Ele riu contra a minha pele, dando curtos beijos em meu pescoço.
- Ok, eu vou, só deixa eu... – Ele olhou para mim.
- Não tem nada sujo, Gianluigi! – Falei firme.
- Tem sim, bem aqui... – Ele disse, colando os lábios nos meus e eu gargalhei, deixando-o prensar os lábios nos meus. Ele sorriu também e soltei a respiração antes de beijá-lo direito agora.
Puxei-o para entre minhas pernas pela cintura e ele deslizou as mãos pelas minha, me puxando mais para a beirada da cômoda. Sua língua encontrou a minha rapidamente e deixei que ele a sugasse para seus lábios. O beijo começou a ganhar velocidade, fazendo nossos narizes roçarem diversas vezes. Subi minhas mãos para seu pescoço e afastei-o devagar, obrigando-o a finalizar o beijo.
- Muito rápido. – Ele disse quase em um gemido e eu ri, dando mais alguns selinhos em seus lábios. – Isso... – Ri fracamente.
- Vamos, eu te ajudo a colocar os meninos no carro. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Eu poderia ficar contigo, sabe... Só vamos amanhã três da tarde. – Ri fracamente.
- Não vamos causar dependência, ok?! – Falei, abrindo a porta e ele riu fracamente.
- Tarde demais. – Sorri, seguindo pelo corredor em direção à escada.
- Você vai amanhã? – Ele perguntou quando descemos.
- Não, não vou.
- Ah, qual é, . A gente se acertou... – Ele falou em um gemido
- Xi! – Coloquei o dedo nos lábios quando chegamos no andar de baixo. – Eu não vou porque é o Frosinone, qual é! – Revirei os olhos. – Décimo oitavo ou décimo novo lugar da tabela, Gigi. – Ele riu fracamente. – Além de que eu acabei atolando um pouco de trabalho quando recebi dois presentes esta tarde, vou para o time amanhã cedo. – Ele fez uma careta.
- Você é diretora, deveria ter alguma vantagem. – Ele disse.
- E eu tenho, a vantagem de sair do time sem dar satisfações para ninguém quando seus filhos apareceram aqui. – Falei rindo fracamente.
- Uh, bom ponto. – Ele fez uma careta e eu olhei para os meninos que ainda dormiam.
- Mas não se preocupe, eu estarei lá quando vocês vencerem do Napoli e ficarem em primeiro na tabela. – Sorri.
- Sem chances de passarmos essa semana? – Ele perguntou.
- Eles jogam contra o Carpi também. Mesma situação do Frosinone, só se acontecer uma zebra enorme. – Suspirei. – Vai ter que ser no confronto direto mesmo. – Ele suspirou pesadamente.
- Vai ser, ! Confia! – Rimos juntos.
- Eu sempre confio. – Pisquei e ele sorriu. – E temos a Champions também...
- Argh, Bayern! – Ele gemeu. – Vamos lá, né?! – Rimos juntos.
- Agora vamos, eu ainda aguento o Dado, o Lou já está mais pesado. – Falei, me aproximando dos dois e ele sorriu.
- Perdeu o colinho da , é?! – Ele brincou e dei um beijo na cabeça de Dado e outro em Lou, antes de me levantar.
- Não, nunca! – Sorri e ele retribuiu, me puxando pelos ombros e dando um beijo em minha cabeça.
Quando viemos para o jogo hoje, sabíamos que não era mais um jogo na temporada e nem só para conseguirmos a décima quarta vitória consecutiva da temporada, sabíamos que estávamos vindo para guerra. Era a chance de ficarmos em primeiro lugar na tabela ou vê-los se afastando de nós por cinco pontos. Não teríamos outra chance como essa.
Allegri fez a escalação mais forte que conseguiu, pensando em Chiello lesionado e Mario suspenso. Eu tentei dar palavras forte de incentivo antes de entrar em campo e a torcida em nosso estádio ajudou muito a manter os ânimos levantados durante o jogo.
O primeiro tempo foi calmo, Leo conseguiu tirar uma bola à queima-roupa aos 35 minutos e depois eu fiz uma defesa importante para evitar que eles abrissem o placar. Com o clima difícil de sair, Allegri pressionou-nos mais no intervalo e forçou alguns pontos de melhoria. Isso nos fez ir com mais vontade ao ataque. No começo do segundo tempo, Evra tentou e isolou a bola, depois em uma dividida, Leo saiu com o joelho doendo e era uma preocupação que não podíamos ter para as oitavas da Champions que se aproximavam.
Mais para o meio do segundo tempo, Dybala também teve uma chance boa, mas nada. Eu precisei fazer mais uma grande defesa para eles, mas foi necessário quando subiu demais. Com o jogo chegando ao fim, o nervosismo começava a nos assolar e os chutes estavam mais constantes, mas muito fora de alvo. Até que um milagre aconteceu.
Zaza, que entrou de uma substituição de Morata, recebeu a recuada de bola que o Alex Sandro passou para Evra e aproveitou a desatenção da defesa deles e deu um chutão de fora da área, fazendo a bola entrar! Foi uma loucura! Estávamos chegando em 90 minutos e ele deu este chute incrível! Eu não conseguia parar de gritar! Não corri até o outro lado do campo para comemorar, mas eu senti minha garganta ferver com o feito! Era o gol de ouro!
Não tinha tempo para eles organizarem e o árbitro só deu três de acréscimos. Era nosso! Depois de 25 rodadas, o primeiro lugar do campeonato era nosso! Não tinha outra forma de comemorar além de gritar muito! Assim que o juiz apitou o fim de jogo, quem estava no banco invadiu o campo em direção à Zaza que estava no outro extremo e o pessoal que estava mais próximo veio em minha direção. Barza, Lich, Padoin, Pogba, todo mundo pulou em cima de mim e não conseguíamos conter os gritos de animação.
- Vai ter festa, cara! – Barza disse e abracei-o pelos ombros.
- Quero só ver! – Falei rindo.
- Beh, Pavel prometeu! – Neguei com a cabeça.
- Um champanhe no máximo! – Falei e ele gargalhou.
- VAMOS! VAMOS! – Morata e Dybala passaram por nós, começando a fazer o cordão e dei as mãos para Barza e Lich, correndo em direção à torcida.
- O-O-O-OH! EH! – Gritamos quando pulamos alto, ouvindo a torcida responder e os aplaudi.
Fizemos uma rápida volta olímpica pelo estádio, agradecendo pelo apoio da torcida e pisquei para Zaza quando o vi parar com a imprensa. Hoje era ele! O homem da noite! Os jogadores do Napoli já tinham entrado, mas Dybala conversava com Higuaín entre as duas portas e parei rapidamente para cumprimentar o napolitano. Sabia que estava de olho nele pelas conversas de Pavel e Paratici. Talvez ele viesse para Juventus na próxima temporada.
- Aeh, Gigione! – Filippi me abraçou quando entrei no vestiário e abracei-o fortemente, dando dois tapas em suas costas.
- Conseguimos, Claudio! – Falei e ele sorriu.
- Agora o trabalho de verdade acontece! – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Gigi! – Neto me cumprimentou e abracei-o também e logo depois abracei Rubinho também.
- ALLE LA JUVE, LA JUVE, LA JUVE, ALLE! – Me assustei com Manu aparecendo pela porta da fisioterapia.
- CAZZO! – Ela gargalhou.
- CONSEGUIMOS, GIGI! – Ela disse animada, pulando em meus ombros e abracei-a pela cintura, girando-a pelos ares. – ESTAMOS EM PRIMEIRO! – Coloquei-a no chão, ouvindo-a rir.
- Estamos em primeiro! – Falei sorrindo e ela estalou um beijo em minha bochecha.
- ESTAMOS EM PRIMEIRO! – Ela gritou.
- MANU! – Barza entrou animado também e afastou para que ele a abraçasse!
- BARZA-A-A-A! – Ela falou gargalhando e ri fracamente, me afastando do caminho quando eles se abraçaram.
- FORZA JUVENTUS! VINCI PER NOI! – O pessoal começou a cantar e franzi os olhos com as canções propositalmente desanimadas.
- SEM CHAMPANHE, CARA? – Leo gritou e sentei no meu espaço.
- Vocês só ficaram em primeiro na tabela, nem vem! – Allegri disse. – Tem que fazer muito mais para merecer um champanhe.
- Eu tentei, mas... – Manu falou, dando de ombros.
- Você está calminha hoje. – Falei e ela riu fracamente.
- Eu estou...
- CALMINHA? CAL-MINHA? – Padoin falou alto. – ELA NÃO PARAVA DE GRITAR.
- Calma, Simoninha! – Ela disse, abanando as mãos. – Agora quem está gritando é você! – Ela sorriu e virou o rosto para mim. – Talvez eu tenha gritado um pouco durante o jogo. Só talvez. – Ela fez uma careta.
- Isso explicaria sua voz rouca. – Falei e ela deu de ombros.
- Beh, acontece, né! – Ela se afastou e neguei com a cabeça. – O que importa é que VOCÊS ESTÃO EM PRIMEIRO LUGAR! – Ela me puxou pela manga da blusa empolgada, me fazendo rir. – Agora mantenha, ok?! Sem ataques cardíacos.
- Vamos tent...
- Ciao, ragazzi! – Ergui o rosto com a voz feminina e sorri ao ver entrando no vestiário, se livrando do casaco presado que usava.
- Ciao, chefa! – Falamos.
- Auguri! Auguri! Sabia que iam conseguir. – Ela disse, começando a abraçando um por um nas fileiras.
- Saber, ela sabia, mas que ela gritou, oh se gritou! – Mario entrou um pouco atrás, antes de Pavel e restante do top, fingindo que limpava a orelha.
- Ei! Você gostou de assistir ao jogo comigo, vai! – Ela disse e ele gargalhou.
- Confesso que te achava mais contida vendo os jogos...
- A ? CONTIDA? – Pavel gritou e ela empurrou-o pelos ombros.
- Pode nem comemorar, nem vem! É um motivo de comemoração! – Ela chegou em mim sorrindo. – Certo?
- Certo! – Falei, sentindo-a me abraçar pelos ombros e dei um beijo em sua bochecha antes de abraçá-la.
- Bom jogo! – Ela disse baixo.
- Grazie! Obrigado por ter vindo. – Ela se afastou.
- Eu falei que viria. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Oh, chefa! Falando em comemoração… - Barza disse.
- AH, nem vem! – Ela apontou para o mesmo. – Quem prometeu isso foi o Pavel! – Ela apontou para ele. – Eu não fiz nada!
- E aí, Pavel, vai rolar? – Leo perguntou, fazendo rir enquanto ela terminava de cumprimentar o pessoal.
- Pô, ! Me ajuda aqui! – Ele disse e ela riu fracamente.
- Por que eu? Cada um cuida das suas promessas. – Rimos juntos.
- Mancada! – Barza disse e ela gargalhou, abraçando-o.
- É, , mancada! Justo amanhã que é domingo e dá para ficar o dia inteiro na folga? – Manu disse também, nos fazendo rir.
- Falou a que bebe Coca-Cola! – Pogba disse e ela empurrou-o pela cabeça, nos fazendo gargalhar.
- É melhor do que ir para casa e dormir cedo. – Ela deu de ombros.
- São quase onze da noite, Emanuelle! – Chiello disse e ela deu de ombros.
- Eu costumo dormir umas três da manhã de sábado, mas à vontade! – Ela abanou a mão.
- Beh, já que vocês pediram com tanto carinho... – disse.
- AEH! – Os mais novos gritaram animados, pulando nos ombros de .
- PARA! – Ela reclamou, nos fazendo rir.
- É, MAS TEM UMA CONDIÇÃO! – Pavel gritou.
- Ah, fala sério! – Eles reclamaram.
- Presta atenção! – pediu.
- Isso precisa ser discreto! – Pavel falou mais baixo. – Vocês podem fazer relaxamento, ir tomar banho, se trocarem, com calma, depois que o pessoal livrar o camarote lá em cima e o outro time for embora, a gente sobe, vai ter bebida liberada, comida e tudo mais, fechado?
- AEH! – O pessoal gritou, me fazendo rir.
- DISCRETOS! – gritou. – E nada de fotos, Paulo! – Ela apontou para Dybala que fingiu uma continência para ela.
- Fechado, chefa! – Ele disse. – Vamos, Manu!
- Vamos aonde? Tá louco? Pode ir! – Ela o empurrou levemente e rimos juntos.
A maioria do pessoal foi desesperado para o banho, alguns até gritando, mas apesar de não ser final de campeonato, hoje era sim um momento importante. Em um momento achei realmente que não ganharíamos mais, mas conseguimos dar a volta e conseguimos essa recuperação, afinal, a gente não desiste nunca.
- Barza! Barza! – Ouvi chamando-o com a mão
- Fala, chefa! – Ele disse, colocando a toalha no ombro.
- Você até que atua bem, hein?! – Ela disse e ele apertou as mãos no rosto e Leo gargalhou ao seu lado.
- ELE FICOU TODO ENVERGONHADO! – Leo disse.
- A propaganda ficou muito boa, gente! – Ela disse rindo. – Você também está bem, Leo!
- Ah não! – Barza reclamou.
- Vou me lembrar quando precisarmos gravar outra propaganda.
- Nem vem, ! – Barza disse. – Me tira dessas!
- Eu só palpito, querido! Não garanto nada! – Ela deu de ombros e rimos juntos.
- O que estão falando? – Perguntei, me levantando e puxei a blusa.
- A propaganda nova da Jeep. – se aproximou de mim. – Barza, Leo, Paulo e Pogba, acha que deu certo? – Ri fracamente.
- Aposto que não! – Falei.
- A ideia da propaganda é péssima, mas não palpito nessas coisas, mas ficou legal, em breve em todas as televisões da Itália e do mundo! – Ela sorriu.
- Ah, vai ser ótimo, gente! – Barza reclamou, seguindo para o mundo e ela sorriu.
- Vai também! – Ela disse, me apertando pelo ombro.
- Você vai ficar? – Perguntei.
- Ah, não tenho nada melhor para fazer. – Ela escondeu a boca com as mãos quando bocejou.
- Mesmo? – Perguntei.
- Eu vim trabalhar hoje de novo, acordei cedo. – Ela disse.
- Está com sono, então... – Puxei-a pela cintura, dando um beijo em sua cabeça.
- É, um pouco, mas eu fico um pouco. – Sorri.
- Eu vou tomar banho, logo apareço.
- Vai lá! – Ela disse, seguindo pela porta do fundo.
Tirei minha blusa, peguei a toalha e minha necessaire e segui para o banheiro. Dei uma olhada nos boxes ocupados e encontrei um. Terminei de me despir, pendurei a toalha no box e entrei no mesmo. Liguei o chuveiro, ajeitando a temperatura da água e deixei que a água quente relaxasse minhas costas e meu pescoço.
As cantorias de Dybala e Pogba começaram a se misturar e Evra entrou na deles, fazendo com que Barza e Lich começassem a reclamar. Eles cantavam para encher o saco mesmo, mas eles não conseguiam ficar quietos. De repente as luzes do banheiro se apagaram e achei que fosse um pico de energia, mas tudo ficou em silêncio.
- Gente? – Ouvi a voz de Marchisio.
- Ragazzi! – Gritei também. – Acabou a luz?
- Não sei, pelo visto sim! – Barza disse.
- Não tem gerador, não? – Álvaro perguntou também.
E então, um estouro alto fez com que eu me assustasse.
- MAH CHE... – Outro estouro fez com que a voz de Barza fosse silenciada.
- AH, QUE MERDA! – Ouvi a voz de Dybala no meio do terceiro estouro e comecei a sentir algo caindo em cima de mim.
- AH, CAZZO! – Barza gritou e ouvi os boxes abrindo.
- O QUE É ISSO? – Rugani gritou.
- EMANUELLE! – Bonucci gritou e as luzes se acenderam.
Meu corpo estava coberto de glitter e confetes. Na verdade, todo lugar estava coberto disso, meu corpo, o chuveiro, as paredes e o teto, e a água piorava tudo. Abri o box, puxando a toalha e vi outros saindo dos seus da mesma forma.
- AH, EU VOU MATAR ESSA MENINA! – Khedira foi o primeiro a sair irritado e o glitter estava começando a coçar, principalmente meu pênis.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Ela deve ter estourado aqueles canhões de festa! – Dybala disse.
- EU SABIA QUE ELA NÃO IA DEIXAR QUIETO! – Morata falou irritado, seguindo atrás dela.
- EMANUELLE! – Gritei, desviando de Barza e Leo e segui para fora do banheiro. – ONDE ELA ESTÁ? – arregalou os olhos, pressionando os lábios para não rir.
- EMANUELLE! – Barza gritou logo atrás.
- Onde ela está, ? – Perguntei e Pavel gargalhou ao seu lado.
- Com a pressa que ela saiu, ela deve ter chego na Lua já! – disse, rindo fracamente.
- Não tem graça, . – Falei e ela gargalhou, jogando a cabeça para trás.
- Acredite, tem! – Ela negou com a cabeça. – Só estou com pena das funcionárias da limpeza. Ela deve ter feito uma bagunça, não? – Ela passou a mão em meu peito, batendo um pouco de glitter grudado.
- Não tem como tomar banho. – Falei e ela pressionou os lábios, subindo as mãos para meus cabelos.
- Onde ela está, ? – Barza veio atrás de mim.
- Ela foi para o único lugar que vocês não podem ir. – Ela disse rindo fracamente.
- Onde? – Lich perguntou.
- Para o campo! – Ela deu de ombros e revirei os olhos.
- Ah, fala sério! – Cuadrado disse. – Ela foi para lá porque sabe que a gente não vai assim. – Ele disse, bufando. – E eu achei que a espuma de barba nas chuteiras tinha sido demais.
- Com a Manu não tem isso de “demais”, Juan. Aprenda. – Falei rindo fracamente.
- Eu amo aquela menina, mas eu vou pegar ela pelo pescoço quando ela voltar aqui! – Álvaro disse e riu fracamente.
- Está começando a coçar, cazzo! – Paulo reclamou.
- Vou ver se encontro um soprador de folha. – brincou e revirei os olhos.
- NADA DISSO, LEO! – Allegri gritou e virei o rosto, vendo Leo querendo entrar na banheira de massagem ou na de relaxamento do outro lado da área.
- Apesar do estrago, preciso dizer que foi genial! – Barza disse.
- Até que foi! Ela esperou a gente entrar no banho, cara! Todo mundo! – Bufei.
- Todo mundo que jogou, pelo menos. – deu de ombros.
- OLÈ! OLÈ! OLÈ! OLÈ! JUVE! JUVE! – Virei para o vestiário, vendo Manu dançando na porta do outro lado.
- AH, EU TE PEGO, EMANUELLE! – Dybala, Morata e Pogba correram atrás dela e ela saiu correndo para fora, me fazendo rir fracamente.
- E eu vou sair daqui antes que algum de vocês decida realmente ficar da mesma forma que veio ao mundo. – disse, se desencostando da maca que estava.
- Você já viu tudo aqui... – Falei baixo e ela riu fracamente.
- É, de vocês dois. – Ela indicou Barza ao meu lado e ele arregalou os olhos. – Mas acho que está de bom tamanho, não acham? – Ela disse e Barza levou a mão até o rosto.
- É, acho que sim! – Falei e ela seguiu para o vestiário.
- Ela disse isso mesmo? – Barza perguntou, pressionando os lábios.
- Disse! – Bufando levemente.
- Eu mato a Emanuelle! – Ele disse e eu ri fracamente, apertando-o pelo ombro.
- Beh, Barza, acho que depois de tanto tempo, a gente pode fazer brincadeirinhas com isso, não?! – Falei e ele riu fracamente.
- Com alguma coisa sim, mas não todas. Nunca! – Ele disse e gargalhei, sabendo exatamente do que ele estava falando.
- Deixa eu ver se tem alguma mangueira que dê para dar uma escoada naquilo para pelo menos tirar isso do corpo. – Falei, voltando para o banheiro.
- Eu te ajudo! – Lich disse e Barza veio junto também.
Eu não acreditava que eu estava vendo isso. Eu não tinha como parecer mais decepcionada com o que estava acontecendo na minha frente. Minha cara deve estar travada de tanto que eu empurrava a bochecha com os nós dos dedos. Coppa Italia não é para me irritar... Pelo menos não até chegar na final.
Beh, na verdade, isso é uma mentira. Ano passado seguimos para a prorrogação contra a Fiorentina em Florença, o ano anterior fomos eliminados na fase de grupos e antes disso nas semis. Mas enfim, não era para chegarmos com uma vantagem 3x0 e deixarmos que a Inter colasse na gente em 3x3.
O placar que a gente fez em Turim havia zerado e agora, quem fizesse gol, vencia. Tinha pouco mais de sete minutos e o jogo estava praticamente começando agora. Os dois times estavam cansados e eles tinham trabalhado muito. Quantas chances o goleiro deles não defendeu? Quantas defesas Neto não fez? Mesmo assim não foi capaz e eu estava querendo arrancar meu cabelo, como todo o resto do top, Manu e aposto que alguns no banco de reservas. Gigi já tinha se levantado várias vezes e andava de um lado para o outro. Ele odiava ficar no banco, ele não sabia ficar 90 minutos quieto, ele precisava se mexer.
Eu queria andar por aí também, mas não queria parecer a irritada. Manu já tinha andado de um lado para outro e acho que já tinha bebido umas quatro ou cinco garrafas d’água, ela sempre voltava com uma.
Os acréscimos continuaram da mesma forma. Eles tiveram várias outras chances, fazendo grandes defesas e nós tivemos também, algumas passando pertinho das balizas, mas nada. O tempo se esgotava, estávamos cada vez mais perto da cobrança de pênaltis e eu começava a pensar quem tínhamos para bater os pênaltis depois de todas as alterações. Pogba? Morata? Zaza? Eles estavam no jogo ainda? Eu nem conseguia me lembrar mais.
- AH, AGORA EU QUERO VER! – Manu gritou, afundando o rosto na mão quando o árbitro encerrou o jogo.
- Você está bem? – Pavel perguntou ao meu lado e eu puxei a respiração fundo, finalmente saindo de minha posição, sentindo o joelho doer pelo cotovelo pressionado ou pelas costas devido à posição.
- Não é o primeiro jogo difícil que eu participo. – Falei, me levantando e ajeitei as pregas da calça no joelho e estiquei os braços para cima, me alongando.
- Quem diria, não?! – Ele disse e suspirei.
- Quem vai chutar? – Perguntei, estalando o pescoço e ele inclinou o rosto para frente para tentar responder minha pergunta.
- Vai saber... – Ele suspirou.
- DAI, JUVE-E-E! – Manu gritou e suspirei.
- Andiamo, ragazzi. Andiamo! – Sussurrei.
- O Neto é muito bom, mas garanto que se fosse o Gigi, eu estaria mais calma. – Me sentei novamente.
- Confie nos seus contratados, ! – Agnelli disse e rimos juntos.
- Preciso confiar.
- Água? – Manu me estendeu a garrafa quase vazia em cima do ombro e peguei-a.
- Grazie! – Suspirei, virando a garrafa completa na boca.
- O BARZA VAI CHUTAR! – Manu gritou e olhei para o campo, vendo Barza seguindo para ser o primeiro a chutar. – EU VOU VER UM GOL DO BARZA! – Ela gritou surpresa como todos nós.
- Acho que o último gol que eu vi do Barza foi em... – Falei.
- 2012! – Paratici disse e rimos juntos.
- Pena que cobrança de pênaltis não entra na contagem dele. – Pavel disse e vi Barza ajeitar a bola.
- COMO NÃO? – Manu gritou. – Tem que contar! Ele nunca faz gol! – Ela disse, se jogando na poltrona novamente
- Não conta, Emanuelle. – Agnelli disse e ri fracamente.
- Ok, Barza, vai lá.
Ele esperou o árbitro apitar e, quando chutou, chutou muito bem. Diferente daquela outra vez em 2012 quando ele chutou forte e mais alto, dessa vez ele foi rasteiro, mas também no centro do gol. Todo mundo do nosso grupo gritou, qual é, era o Barza fazendo um gol! Isso era algo para se lembrar, emoldurar e guardar para o resto da vida. Era uma relíquia!
- Ah, o Barza fez gol. – Manu falou fofa e sorri.
Algum jogador da Inter bateu e acertou, deixando empatado. Zaza foi logo em seguida e ele fez uma paradinha, fazendo o goleiro confundir e chutou do lado esquerdo, nos deixando em vantagem de novo. Eles vieram em seguida e confundi se bateu no travessão ou se Neto defendeu, mas não foi gol, continuamos em vantagem.
Morata foi o terceiro e fez o chute perfeito. Não hesitou e chutou no cantinho esquerdo. Foi ótimo, perfeito e nos manteve em vantagem. Eles vieram, chutando também e acertaram, mas a vantagem ainda era nossa. Nossa quarta batida foi de Pogba, sem dúvidas ou hesitações, ele chutou e acertou.
Agora faltavam três chutes, dois deles e um nosso. Se eles errassem, era nosso, mas eles não nos ajudaram com isso. Bonucci veio chutando por último para gente, ele era o capitão do jogo de hoje com Gigi no banco, Chiello lesionado e Marchisio em descanso por fadiga. Era agora e, apesar de eu confiar em Leo, a imagem daquela Euro veio em minha cabeça. Só não faça merda, Leo, por favor.
E ele não fez! Ele chegou com graça igual na Euro, mas antes de chutar, ele parou, obrigando o goleiro a pular para o lado esquerdo e chutou do direito. Assim que a bola entrou, ele saiu correndo desesperado e eu me levantei junto com o resto do pessoal sendo abraçada de todos os lados, inclusive Manu me abraçando pelas costas, quase fazendo com que nós duas rolássemos arquibancada abaixo.
- Chega! Chega! Chega! – Gritei, batendo a mão em seus braços para ela parar de me enforcar.
- SIAMO IN FINALE! – Ela gritou animada e sorri, abraçando Pavel e logo depois Agnelli.
- Siamo in finale! – Suspirei, olhando os meninos ainda comemorarem no campo com a pouca quantidade de juventinos no estádio hoje.
- Vem, vamos descer! – Paratici disse.
Saímos de nossos lugares e cumprimentamos a equipe administrativa da Inter que agora estavam com a mesma cara que eu estava até o fim do segundo tempo no tempo normal, mas alguém precisava sorrir no final, não é mesmo? Ainda bem que éramos nós hoje. Na verdade, nós de novo aqui. Jogamos contra eles pelo campeonato há três dias e mantivemos nossa invencibilidade. Beh, depois do empate sem gols contra o Bologna.
Chegamos no túnel junto com a entrada de alguns jogadores da Juventus ainda e Pogba foi o primeiro a abraçar Manu e erguê-la no ar que não parava de gritar. Agora que ela havia encontrado pessoas da mesma idade mental que a dela, eles podiam cantar “siamo in finale” o mais alto que podiam.
- Acho que estão empolgados! – Sorri para Barza.
- Ei, alguém fez gol! – Abracei-o fortemente, passando os braços em seu pescoço e ele me abraçou pela cintura.
- Achei que cobrança de pênaltis não contasse. – Ele disse e rimos juntos.
- Não conta, mas é bom ver você balançando a rede ao menos uma vez na vida! – Brinquei e ele fez uma careta quando olhou para mim.
- Duas! – Ele disse e neguei com a cabeça, estalando um beijo em sua bochecha.
- Parabéns, Barza! – Rimos juntos.
- Che-e-efa! – Morata veio em minha direção e abracei-o, começando a parabenizar todo o time pela vitória suada e passagem para a final enquanto seguíamos em direção ao vestiário.
- Isso não é justo! – Manu vinha logo atrás, nas costas de Barza que podia falar o que quisesse, mas estava muito empolgado em ter feito esse gol. Qual é, a Manu estava de cavalinho nele!
- O que não é justo? – Ele perguntou e vi Gigi dentro do vestiário.
- Ei, auguri! – Sorri, abraçando-o e ele me apertou pela cintura, estalando um beijo em minha bochecha.
- Para você também! – Ele disse, apertando a mão em meu casaco e mordi meu lábio inferior.
- Você não fazer gol! – Manu disse, sentando na mesa no centro do vestiário quando ele a deixou ali.
- Ela está reclamando que...
- Está. – Cortei Gigi, rindo fracamente.
- Não acontece, Manu! Simples assim! – Barza seguiu para seu lado e ri fracamente.
- Mas você fez o pênalti hoje, você está empolgado! – Ela disse, deslizando o corpo pela mesa por onde ele andava.
- Chefa! – Virei, vendo Neto.
- Ah, Neto! – Abracei-o apertado. – Aguentou firme, hein?!
- Beh, mais ou menos! – Ele disse.
- Não, aguentou! Imagina todas que você defendeu. – Falei, olhando para o mais novo que deu um curto sorriso.
- Grazie! – Ele disse.
- VAMOS FAZER UM APOSTA! – Manu falou mais alto, ainda insistindo em Barza e ri fracamente.
- Que aposta, Manu? – Ele disse, tirando suas chuteiras e apoiei em Gigi, sentindo-o me apertar pela cintura.
- Você parecia entediado hoje. – Sussurrei para Gigi, passando a mão em sua barba.
- Eu sempre fico entediado no banco. – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Precisa gastar essa energia. – Falei e ele colou a boca em minha cabeça.
- Eu tenho uma ideia. – Ele disse.
- Nem vem! – Falei, cruzando os braços.
- Isso não faz sentido! – Barza disse.
- O quê? – Perguntei mais alto.
- A aposta dela! – Ele disse, puxando a blusa para fora.
- Qual é? – Leo gritou.
- Se ele fizer um gol no próximo jogo, ele me paga 500 euros. – Franzi a testa. – Se ele não fizer, eu faço um bolo de cenoura com chocolate para ele. – Ela disse, dando de ombros.
- Não faz sentido. – Falei.
- É O QUE EU DISSE! – Barza falou.
- Eu acho que você está em vantagem! – Manu disse, girando a bunda na mesa, cruzando as pernas. – Você nunca faz gol, então você vai ganhar ao menos um bolo de cenoura. – Ela disse. – Eu sei que você gosta.
- Então eu vou ganhar de qualquer jeito. – Ele disse.
- É! – Ela disse. – Agora se o milagre acontecer, eu ganho 500 reais e te pago uma pizza! – Ela disse sorrindo e neguei com a cabeça.
- Vai, Barza! Quem sabe isso não te dá um estímulo? – Dybala disse e ri fracamente.
- É totalmente irreal isso, mas está bem! – Ele disse e Manu pulou da mesa, estendendo a mão para ele.
- Temos um combinado? – Ela disse.
- Ok, eu quero meu bolo com muita calda. – Barza disse. – E duas receitas! – Ela riu fracamente.
- Com brigadeiro? – Ela ofereceu.
- Posso? – Ele fez uma cara igual de criança.
- Fechado! – Ela disse e eles riram.
- Espero que divida conosco esse bolo! – Álvaro disse.
- Vou dividir nada! Meu bolo! Vocês fazem gol a todo momento! – Ele disse e ri fracamente.
- Manu, vem cá, por favor! – Pedi, chamando-a com a mão e ela seguiu saltitante em minha direção.
- Fala! – Ela disse e passei a mão em seus cabelos, aproximando meu rosto do dela.
- Por que você fez isso? – Falei baixo.
- O quê? – Ela perguntou.
- Apostar isso com o Barza. – Falei.
- Ah, porque ele fica bem tristinho quando não faz gol. – Ela falou baixo. – Todo mundo zoa ele, coitado! – Ela riu fracamente. – Mas eu sinto que ele pode fazer depois de hoje.
- Você é uma fofa, sabia? – Beijei sua testa e ela sorriu.
- Se ele não fizer, pelo menos dou algo para ele ficar feliz! – Ela fez uma careta e eu ri fracamente. – Agora se ele fizer, eu ganho um bônus gostoso! – Rimos juntos.
- Beh, vamos ver. – Gigi disse ao meu lado.
- Quando é o jogo? Contra quem? – Ela perguntou.
- Atalanta, no domingo, em Bergamo. – Falei.
- AH! – Ela reclamou. – Tudo bem, eu vejo da TV. – Ela deu de ombros.
- Por que você não vai com a gente? É só em Bergamo mesmo. Rapidinho. – Falei.
- POSSO? – Ela disse sorridente.
- Beh, precisamos ver se você tem um sexto sentido bom, vai que você é boa com apostas. – Gigi disse.
- Não começa, Gianluigi! Você e apostas não combinam, ainda mais envolvendo a Manu...
- Se tiver dinheiro envolvido, eu topo! – Ela disse e revirei os olhos.
- Fala sério!
- Você está preocupado com isso? – Leo perguntou, rindo fracamente.
- Cara, eu vou ganhar um bolo! – Barza disse, me fazendo rir logo em seguida. – Já combinei com as crianças no fim de semana que vem!
- Você não vai nem tentar fazer um gol? – Perguntei, virando o resto da água.
- Ah, qual é, Gigi! Quantos anos eu estou no time? – Ele disse com um sorriso largo. – Ou melhor, quantos anos de carreira eu tenho? – Rimos juntos.
- Dois gols contra o Chievo... – Chiello disse, gargalhando em seguida e rimos com ele.
- Três! – Ele disse e rimos juntos. – Se eu pensar desde 98... – Barza franziu os lábios, fazendo uma contagem rápida na cabeça. – Uns 15... – Gargalhamos alto.
- 15 gols em 18 anos. – Falei e eles riram.
- Menos de um por ano.
- Na Juve mesmo foram dois pênaltis. – Ele disse e rimos juntos.
- Quem sabe não temos um pênalti amanhã e te deixam bater? – Manu passou com as mãos cheias de coisas e nós quatro viramos o rosto para ela.
- Ei! Ei! Ei! – Chamei-a, vendo Barza puxando-a pelo braço.
- Oi! – Ela disse, dando um sorriso sarcástico.
- Ok, o que você está aprontando? – Barza perguntou.
- Alguma coisa para ele fazer um gol amanhã? – Chiello perguntou, nos fazendo gargalhar e ela também.
- Bom, são os 500 euros mais difíceis que eu ganhei na minha vida, mas quem sabe? – Ela deu de ombros.
- A aposta pode ficar aberta até a aposentadoria dele? – Brinquei e eles riram.
- Quem sabe? – Manu deu de ombros. – Não, isso daqui é para... – Ela riu sozinha. – Eu vou... Bem...
- Emanuelle! – Nós quatro a repreendemos.
- Ah, não é nada, eu só vou explodir a cama do Dybala. – Ela falou, dando de ombros.
- QUE? – Falamos rapidamente.
- É uma tentativa, na verdade. – Ela começou a divagar. – Vou ver se consigo fazer isso com essas almofadas de ar aqui.
- EMANUELLE! – A repreendemos de novo.
- Vocês não sabem o que ele fez comigo, ok?! – Ela disse.
- O que ele fez contigo? – Chiello perguntou.
- Colocou laxante no meu suco. – Ela fez um bico e gargalhamos alto. – MAS... – Sua voz se sobressaiu às risadas. – Mas quem acabou bebendo foi o Padoin. – Gargalhamos mais alto ainda.
- Eu deveria ter colocado laxante no seu suco, ok?! – Barza disse. – Até hoje eu tiro glitter do...
- Nem fala! – Passei as mãos nos cabelos. – Aqui, olha! – Alguns pontos prateados caíram do mesmo.
- O pior de tudo é o banheiro, né?! – Chiello disse.
- Vocês vão se lembrar de mim para sempre, pensa bem! – Ela deu um sorriso, voltando a seguir.
- Oh! – Leo chamou-a de volta. – Onde você vai?
- Explodir a cama do Dybala?! – Ela disse como se fosse óbvio e seguiu pelo restaurante do hotel.
Nós quatro nos entreolhamos e seguimos correndo atrás dela. Ela deu uma andada pelo lobby do hotel, procurando por ele e depois seguiu para o elevador. Eu e os caras só nos entreolhávamos. As ideias de Manu eram bem mirabolantes, mas na maioria das vezes dava certo. Engraçado era que o inverso raramente dava, eu mesmo nem tentava.
- Manu! – Álvaro sussurrou quando chegamos no corredor dos quartos.
- Onde ele está? – Ela perguntou no mesmo tom de voz.
- Tomou o suco e dormiu! – Ele disse.
- VOCÊ DEU SONÍFERO PARA ELE? – Gritei.
- XÍ! – Ela colocou o dedo na boca, se virando para mim. – Eu só dei um suquinho de maracujá um pouco mais... – Ela tentou se explicar. – Enfim! – Ela abanou a mão. – Onde ele está?
- Essas brincadeiras estão ficando piores cada vez mais sérias... – Leo disse.
- Beh, ela vai explodir a cama do Paulo. – Chiello disse. – Tem como ser pior que isso?
- Não fala isso que é capaz de ter sim! – Disse, vendo que só estava nós quatro no corredor e segui apressado pelo corredor, procurando onde eles estavam, entrando no último quarto aberto.
- Xi! – Manu dizia. – Coloca embaixo do colchão. Tenta deixar o mais esticado possível. – Ela falava baixo e Paulo estava literalmente babando no travesseiro.
- Isso não vai mata-lo, vai? – Barza perguntou.
- De susto, talvez. – Ela disse e era óbvio que Pogba, Rugani, Zaza e até Sturaro, estavam envolvidos na piada.
- Eu vou filmar, no mínimo temos prova para a polícia.
Ficamos quietos enquanto eles organizavam as coisas e não parecia simplesmente almofadas infláveis, pareciam air bags mesmo, agora eu me perguntava onde ela tinha encontrado isso e onde ela teve essa ideia.
- A vai te matar. – Rugani disse.
- Eu pago uma pizza para ela. – Ela disse e ri fracamente.
- Cadê ela, falando nisso? – Perguntei, dando uma olhada no corredor.
- Ela recebeu uma ligação no jantar e subiu para o quarto. – Manu disse, se levantando de novo. – Ok, está pronto!
- O que a gente faz? – Álvaro perguntou.
- Agora é só ligar o compressor... – Manu disse, pegando o fio do negócio enfiado nas três almofadas, ou sei lá o que foi aquilo.
- Eu não quero nem ver. – Levei a mão até a cabeça e o barulho baixo do compressor começou a funcionar.
- Isso vai dar muito errado. – Barza falou também.
Apoiei a mão na boca quando as almofadas começaram a erguer o colchão de Paulo devagar e eu não me conformava como aquilo estava dando certo. O negócio não parava de encher e não parava de subir, e Paulo, dormia igual a Bela Adormecida. Quando o colchão já tinha subido bons 20 centímetros, aquilo estourou, nos fazendo assustar e o pior, levantou Paulo mais vários centímetros junto com o colchão, fazendo-o cair com tudo do outro lado da cama.
- O QUÊ? O QUE FOI?! – Ele se sentou desesperado e não segurei a gargalhada junto dos outros. – O QUE ACONTECEU AQUI? – Neguei com a cabeça.
- DEU CERTO! – Ela comemorou animada e o pessoal gargalhou junto.
- Ah, Manu! Que merda! – Ele disse, levando a mão à cabeça.
- Paulo zero, Emanuelle oito! – Ela disse animada.
- Ah, se eu não estivesse sonolento.
- Ah, sim, Manu nove! Você tomou o suco que eu te dei! – Ela sorriu.
- A-A-A-AH, EMANUELLE! – Ele disse, se jogando para trás, nos fazendo rir.
Deixei o pessoal ajudando a criança confusa a se levantar e saí do quarto, vendo várias pessoas entrarem no mesmo. Segui pelo corredor, vendo a porta do quarto de e ponderei com a cabeça. Antes mesmo de eu pensar, meus dedos já bateram contra a porta, ouvindo um som oco.
- VAI EMBORA! – Ela gritou de volta e franzi os olhos.
- , sou eu! – Falei baixo, quase colando os lábios na divisão da porta.
Alguns segundos se passaram e a porta foi aberta. Antes que eu conseguisse ver seu rosto, ela me apertou fortemente pela cintura e colou o rosto em meu ombro. Fiquei confuso por um momento até seu choro começar a ecoar pelo quarto. Empurrei-a devagar para frente e fechei a porta do seu quarto.
- Calma! Calma! Eu estou aqui! – Falei baixo, dando um beijo em sua cabeça. – Eu estou aqui! – Falei baixo, mantendo os lábios colados em sua cabeça.
Claro que minha cabeça começou a andar a mil por hora, ligação seguido de chorando nunca era notícia boa. Comecei a pensar se o câncer tinha voltado ou se era alguma notícia da Giulia, dos seus pais ou até dos seus parentes de Palermo, mas a cabeça pensava muito mais rápido do que a reação de .
- Vem cá! – Sentei na cama, puxando-a para se sentar e ela se sentou em meu colo, passando os braços em meus ombros. – O que aconteceu? Fala comigo! – Pedi, passando a ponta dos dedos em sua bochecha e deslizando até seus lábios onde as lágrimas se acumulavam.
- A Olga me ligou... – Ela disse baixo e eu suspirei, deixando minha mão cair em suas pernas cobertas pela calça jeans.
- Aconteceu algo? – Perguntei, vendo-a jogar os cabelos arrepiados para trás antes de apertar os braços em meu pescoço.
- Minha avó... – Ela disse baixo, puxando a respiração fortemente, fazendo mais lágrimas acumularem em seus lábios.
- Sua avó...
- Ela morreu, Gigi. – Ela disse baixo, puxando a respiração fortemente.
- Sua avó? – Perguntei confuso e ela passou as costas da mão nos olhos.
- De Nápoles... – Ela disse, seu tom de voz fino mais uma vez.
- Sua avó de verdade? – Perguntei surpreso. – Que você fugiu e...
- É! – Ela disse baixo, puxando a respiração novamente, fazendo as lágrimas voltarem a escorrerem de seus olhos.
- Mas... – Falei baixo, tentando procurar palavras certas para falar. – Por que você está chorando, amore? – Perguntei o mais carinhoso possível. – Isso deveria ser algo bom, não? – Falei, passando os dedos em seu rosto.
- Eu sei... – Ela engoliu em seco. – Eu não entendo também. – Comecei a acariciar suas costas devagar. – Eu achei que eu não me importava mais. – Ela dizia com a voz afinada. – Que eu tinha esquecido dela quando eu fugi. Que eu estava bem depois de tantos anos... – Ela engoliu em seco. – Mas então... Por algum motivo...
- Você ainda se importa. – Falei baixo e ela assentiu com a cabeça antes de me apertar novamente. – Ah, mi amore! – Apertei-a contra meu corpo, sentindo-a fazer o mesmo.
- Os piores anos da minha vida eu passei lá, Gigi. Com ela... – Sua voz saía abafada pelos lábios apertados em seus braços. – Eu fugi porque queria uma vida de verdade, uma vida minha, sem raiva, sem ódio... Ela não merece minhas lágrimas. – Ela falou.
- Não mesmo. – Falei e ela ergueu o olhar. – Por que está chorando, então? – Ergui seu rosto pelo queixo, acariciando a lateral de sua bochecha.
- Eu não sei. – Ela suspirou. – Acho que eu estou me sentindo culpada. Que eu deveria ter estado com ela nesse momento, que eu deveria ter visto-a uma última vez. – Ela puxou a respiração. – Ou cuidado dela... Ela estava doente, Gigi, ela morreu sozinha...
- Ah, amore, se ela for mesmo como você disse, ela afastou pessoas da vida dela.
- E se ela não fosse? Eu tinha 14 anos, Gigi. – Ela puxou a respiração. – Já se passaram 20 anos, e se eu interpretei errado? E se ela não fosse tão ruim assim? – Acariciei seus cabelos.
- Olha para mim, amore. – Ela fez o que eu pedi. – Eu nunca te vi interpretar alguém errado. – Ele disse. – Assim, com exceção do seu ex, mas a gente ignora. – Ela deu um curto sorriso. – Eu duvido que você tenha feito isso, mas aposto que mesmo se nada do que aconteceu, tivesse acontecido, você estaria longe agora. Em outro lugar, vivendo sua vida, ou até aqui mesmo comigo. Não ia mudar nada. – Passei a mão na linha de seu cabelo, jogando-a para trás da orelha. – Era a hora dela...
- Mas eu poderia estar com ela, ela não morreria sozinha, eu poderia ao menos ir no velório dela. – Ela suspirou.
- Você quer ir? – Perguntei.
- Já foi, foi dia 13. – Ela disse, suspirando. – Eles ligaram para Olga, porque era o último contato que tinham meu. Eu tenho uma pequena herança com ela... – Assenti com a cabeça.
- Quem ligaram para ela? – Perguntei.
- A assistência social. – Ela disse, rindo fracamente. – Eles sabem onde eu estou.
- Disseram por que nunca vieram atrás de você? – Perguntei, segurando em seu pescoço e acariciando sua mandíbula com a ponta dos dedos.
- Eles vieram, quando eu fiz 18 anos, mas eu já tinha ido para Turim. – Ela riu fracamente. – Eles sempre souberam onde eu estava, minha avó e a assistente social...
- Mesmo? – Ela assentiu com a cabeça.
- Sim. A escola contou da minha aprovação na faculdade... – Ela riu fracamente. – Com um pouco de pesquisas, eles me acharam. Eu não mudei nome, carta de identidade, eu só vim... – Ela deu de ombros.
- E eles nunca vieram atrás de você?
- Não. – Suspirei. – A assistente social imagino que foi pela idade, eu já tinha 18 anos, eles não tinham nada para fazer, agora minha avó... Não sei se ela realmente não gostava de mim ou se não se importava.
- Não pensa sobre isso, amore. – Falei baixo. – Pensa nela, faça uma reza... Tente ver isso como uma lembrança boa, não fique guardando rancor e nem pense no que poderia ter sido, não podemos voltar no tempo.
- Eu sei, é só que uma dor estranha subiu no meu peito... – Ela apertou o local. – Eu nunca pensei nessa possibilidade, mas agora que aconteceu... Eu sempre achei que não fosse me importar, mas então...
- Foi uma parte importante e difícil da sua vida, , você está cheia de emoções, é normal essa adrenalina de vez em quando...
- Eu só fui pega desprevenida... Eu acho. – Ela suspirou e assenti com a cabeça. – Eu nunca esperava isso agora.
- Eu posso ficar com você, se quiser. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Sempre. – Ela disse, aproximando o rosto do meu e colou nossos lábios em um curto selinho, me fazendo sorrir.
- E, se você quiser companhia para pegar essa herança ou sei lá, eu posso ir com você. – Ela suspirou.
- Acho que eu vou acabar pedindo para Olga ou até para o Fabrizio, não sei... – Ela deu de ombros.
- Não quer ir lá? – Perguntei.
- Eu não sei se eu estou pronta para ir para Nápoles ainda... – Ela suspirou. – É diferente, é...
- Xi... – Falei para ela. – Se algum dia você quiser ir para lá, eu posso ir contigo, se quiser, ok?! – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Grazie, Gigi.
- Prego, amore. – Falei e ela sorriu, apertando os braços ao redor de meu pescoço e colou nossos lábios por alguns segundos, me fazendo apertar as mãos em suas pernas.
- Ah... – Ela me afastou rapidamente, mantendo meus lábios travados na posição quando ela o fez. – O que foi aquele barulho? – Ela perguntou.
- Que barulho? – Relaxei a feição.
- Lá fora, parecia uma explosão...
- A-a-a-ah! Esse barulho. – Falei. – Não foi nada, só a Manu que explodiu a cama do Paulo. – Falei, aproximando os lábios novamente.
- O QUÊ? – Ela se levantou rapidamente, me fazendo ir sozinho para frente. – ELA FEZ O QUE?
- Está tudo bem, relaxa. Eu estava lá.
- VOCÊ ESTAVA LÁ E NÃO PAROU ESSA LOUCURA? – Ela gritou, saindo correndo apressada do quarto. – EMANUELLE!
- É, acho que a parte de consolação acabou...
Capitolo setantuno
- Ok, ok, chega! Precisamos ir! – Falei, empurrando Manu levemente pelo ombro.
- Me dá um segundo. – Ela disse, segurando no armário mais próximo. – PASSEM A BOLA PARA O BARZA, OK?! – Ela disse, me fazendo gargalhar junto de algumas pessoas.
- Não, pelo amor de Deus, gente! – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Bom jogo, gente! Faça um gol, Barza! – Falei, acenando para ele que jogou a cabeça para trás, revirando os olhos.
- Ao invés de fazer isso, a gente pode fazer isso... – Manu começou a mexer no quadro da escalação de Allegri, colocando Mario na defesa e Barza no ataque, me fazendo gargalhar.
- Emanuelle! – Allegri deu um tapinha em sua mão, empurrando-a para fora.
- MAS ELES ESTÃO NA MESMA DIREÇÃO, PODE DAR CER... – Sua voz abafou quando Allegri empurrou-a para fora.
- Ela é impossível! – Mario disse.
- Ela quer 500 euros, qual é! – Barza disse, me fazendo rir.
- PENSA BEM, O MARIO É ALTO, ELE DÁ CERTO NA DEFESA! – A voz dela nos assustou de novo e foi a vez de Barza empurrá-la para fora.
- Eu tento, ok?! – Ele disse por fim, me fazendo rir.
- Enfim, bom jogo, gente! Até mais tarde! – Falei, vendo Pavel rindo também e segui para fora do vestiário, vendo Manu pensando sozinha lá fora, mexendo as mãos como se tivesse fazendo alguma coisa. – O que agora? – Perguntei.
- Se o Allegri trocasse o Mario com o Barza, ele tinha mais espaço em...
- Ah, vem logo! – Puxei-a pela mão, andando pela área interna do vestiário. – Você gasta mais que 500 euros nas viagens que você vai com a gente, ok?! – Falei. – Se preferir não viajar mais, eu te dou esse dinheiro. – Falei e ela riu fracamente.
- Não é pelo dinheiro, . É para ele ficar feliz! – Ela disse, suspirando. – Todo mundo zoa o Barza. E todo mundo mesmo. Do pessoal da limpeza, até vocês...
- Eu não zoo ele. – Falei.
- É modo de dizer. – Ela revirou os olhos. – Do baixo ao alto escalão. – Ela disse.
- Enfim, se você aceitar, eu vou querer uma leitura na sua bola de cristal sobre meu futuro e do Gigi, ok?! – Brinquei e ela riu fracamente.
- Feito! – Ela disse e ela estava falando sério.
Arregalei os olhos, abanando com a mão e seguimos para a fora do estádio. Eu não lembrava se tinha vindo muito para Bergamo, mas eu gostava do Gewiss Stadium. Ao invés dos estádios que estou acostumada, inclusive o nosso estádio, o camarote ficava na direção do campo, um pouco atrás do banco de reserva dos jogadores, e não alto como o nosso.
Me sentei no meu lugar e Manu se sentou ao meu lado. Pavel e Beppe se sentaram no andar de baixo. Agnelli e Paratici não estavam aqui hoje. Não demorou mais que cinco minutos para os dois times entrarem. Manu parecia muito empolgada ao meu lado como se isso realmente fosse acontecer, mas sabemos que Barza raramente fazia gols, pois ele sempre ficava com o Gigi em caso de contra-ataque. Leo e Chiello avançavam para tentar cabecear... Mas vamos dizer que Barza era ruim para cabecear também.
Enfim, Manu havia feito a aposta perfeita, porque Barza não ia perder 500 euros e ela não se importava em fazer bolo para gente. Vamos ver que minha nutricionista e meu personal pediram urgentemente para eu parar de comer os doces dela, mas amaram quando ela também deu um pouco para eles. Enfim, eu estava satisfeita com meu corpo, eu só não fazia minha sequência quando viajava, mas era uma mulher comportada no restante do tempo. Tirando com os doces da Manu. Eu com seus doces, ela com nossa culinária, inclusive pizza. Lembro quando conheci a Manu com o rosto mais magro, algumas coisas mudaram...
Os primeiros 20 minutos do jogo foram bem chatos, devo dizer. Era o tipo de jogo que se o placar saísse do 0x0, seria um lucro. Algumas faltas eram dadas pelos dois lados, mas não graves o suficiente para cartões, com exceção de um, e nem perigosas o suficiente para ter chance de gol. A última foi contra nós, em Barza, próximo a Gigi. Bem perigosa, não acha?
Enfim, mas depois disso, as coisas se seguiram bem, até uma chance de escanteio. Paulo foi para a marca bater, enquanto isso, só vi Barza avançando no campo para tentar cabecear, Chiello não estava jogando, então Leo poderia ter outra ajuda, mas Gigi apontando para a direção do outro gol me dizia que ele não iria se não fosse isso.
Beh, até aí, nada de novo. Barza, Evra, Pogba, Leo e Mario se colocaram dentro da grande área e Khedira e Lich estavam do lado de fora em caso de recuada. A bola foi mais para trás, acertando a cabeça de Mario que tentou cabecear e foi para frente... PARA BARZA! ELE DEU UM CHUTINHO PARA AJUDAR A BOLA ENTRAR E ENTROU!
A BOLA ENTROU!
UM GOL DE BARZA!
- IA-A-A-A-AH! – Manu se levantou apressada e eu, Pavel e Beppe só nos entreolhamos. Um misto de felicidade e surpresa. – BARZA FEZ GO-O-O-O-O-OL! – Ela gritou a plenos pulmões, pegando o gorro em sua cabeça e tacando para cima.
Barza saiu correndo do campo e Leo o alcançou, Lich se juntou a eles e Barza só conseguia apontar para um lugar, para Manu que não parava de gritar. Padoin, Rubinho e Marchisio o interceptaram e não teve como ele chegar nela, mas ele nem poderia passar para cá, mas ele não parava de apontar para ela e gritar algumas palavras incompreensivas.
- DAI, BARZA-A-A-A! – Ela gritava animada e finalmente consegui gargalhar.
A felicidade e o sorriso de Barza explicavam o porquê de ela fazer toda essa aposta maluca toda. Realmente, acho que agora isso tinha animado Barza e todo mundo. Todos os jogadores, staff, administrativo estavam felizes. Até Gigi acenou em direção a Barza com um sorriso no rosto. Era loucura.
- Ok, agora desembucha! – Pavel disse quando ela se sentou novamente e os jogadores voltaram a posição de início.
- O quê? – Manu perguntou, esticando o corpo para pegar a touca de algum cara em outra fileira. – Grazie! – Ela disse rindo.
- Você é descendente de bruxas, videntes ou só tem uma boa intuição? – Pavel perguntou, me fazendo rir fracamente.
- Só uma boa intuição, eu acho! – Ela disse, me fazendo rir. – Pelo menos eu acho... – Ela começou a pensar. – Apesar que eu tenho uma avó que...
- EMANUELLE! – Pavel gritou e ela começou a gargalhar.
- É brincadeira, gente! Minha avó tem uma floricultura com meu avô, minha mãe toma conta hoje. – Ela explicou e aproximou a cabeça da minha. – Falo para ele que tem plantas que...
- Eu ouvi isso. – Pavel disse e ela riu fracamente.
- Te amo, Pavelino. – Ela disse, me fazendo negar com a cabeça.
- Não acredito que você acertou e que ele fez um gol. – Falei e ela riu fracamente. – Deveria ter tentado antes.
- Não estava no clima! – Ela disse.
- Ah, claro! – Rimos juntas.
- Você quer alguma predição sobre sua vida? – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Eu sou um tanto cética com isso, mas depois de hoje, vale a pena ouvir. Desembucha! – Falei e ela riu fracamente.
- Bem, pensando na situação de vocês, eu a-a-acho que vocês ainda vão sofrer um pouco, pela situação toda, sabe? – Ela deu de ombros. – Você, ele, a outra... – Bufei levemente. – Mas depois vocês vão ficar juntos e vai ser para sempre e perfeito. – Ri fracamente.
- Já perdi as esperanças disso, você sabe, certo? – Comentei.
- Sim, eu sei, mas confio que vocês são almas gêmeas, uma hora vai dar certo. – Ela disse sorrindo. – Da mesma forma que eu acho que o Barza ainda vai achar o amor da vida dele.
- Mas ele já achou, não? – Falei.
- Maddalena? Não mesmo. – Ela disse rindo. – Ele precisa de alguém que seja parceira dele, ela parece colocá-lo para baixo, além de que não são um casal bonito. – Ri fracamente. – Ele precisa de alguém que esteja lá por ele, igual você está para o seu...
- Não somos um casal...
- E você ainda está mais por ele do que a Madda Mata pelo Barza. – Pressionei os lábios, assentindo com a cabeça.
- Você não está errada. – Suspirei.
O restante do jogo não foi nada comparado com o que aconteceu. Nós tivemos várias chances de gols e eles tiveram várias chances de gols, fazendo com que Gigi precisasse fazer defesas incríveis, mas não passaram disso. No final do jogo, minutos antes dos acréscimos, Lemina distanciou com um gol lindíssimo. Foi o suficiente para encerrarmos o jogo e garantir os três pontos sem sufoco. Além de uma festa ótima pela conquista de Barza que acabou ficando para dar entrevista hoje, o que era bem difícil de acontecer.
- VOCÊ É INCRÍVEL! – Gigi foi o primeiro a abraçar Manu quando entramos no vestiário e ela gargalhou.
- Eu não fiz nada! – Ela disse ainda rindo e ele a colocou no chão.
- Você o deixou feliz. Isso é ótimo! – Ele disse e ela sorriu.
- Eu comprei esse gol, vamos ser honestos! – Ela disse, nos fazendo rir.
- Pensando no que pagamos para vários de vocês, foi o gol mais barato da história! – Falei, ouvindo eles riram e Manu seguiu pelo vestiário, abraçando o pessoal.
- Ela tem alguma descendência de bruxas ou algo assim? – Gigi perguntou mais baixo.
- Não que eu saiba, mas já pedi para dar uma olhada na bola de cristal dela. – Falei, sentindo-o dar um beijo em minha cabeça.
- E então? – Ele perguntou.
- Há esperança! – Falei simplesmente e rimos juntos.
- MANU! – Barza entrou no vestiário.
- O homem do momento. – Falei e ele me abraçou pelos ombros, quase me sufocando e ri fracamente quando ele me soltou, me fazendo ajeitar a gola da blusa.
- EU FIZ UM GOL! – Ele gritou.
- VOCÊ FEZ UM GOL! – Ela gritou de volta, correndo até ele e o abraçou, pulando em seu colo e ele a segurou, fazendo a gargalhada dos dois ecoarem pelo vestiário.
- Eu ainda não acredito nisso, cinco anos e meio para um gol de linha! – Gigi disse e rimos juntos.
- Cinco, Barza é contratação de inverno. – Falei sorrindo. – E o outro pênalti dele também foi contra o Atalanta, caso não se lembre.
- Não lembrava! – Ele disse rindo.
- Quem sabe daqui mais cinco anos? – Falei e rimos juntos.
- Aí é maldade comigo, já vou ter aposentado em cinco anos. – Neguei com a cabeça. – Mas promessa é dívida! – Ele disse, seguindo até seu espaço no vestiário.
- Ah, lá vai! – Falei rindo.
- Eu não esperava conseguir isso, mas eu trouxe... – Barza pegou sua carteira e eu gargalhei. – Contado ainda. – Ele tirou algumas notas da carteira.
- Não precisa, Barza! – Manu disse rindo. – Era uma brincadeira, só queria te ver feliz. – Rimos juntos.
- Não, não, Manu, aqui está! – Ele disse, esticando para ela.
- Eu não quero! – Ela disse rindo.
- Eu cobraria o bolo se fosse ao contrário. – Ele disse, me fazendo gargalhar.
- Mas é um bolo, não 500 euros! – Ela disse.
- Sua aposta e eu aceitei! – Ele disse e ela revirou os olhos.
- Eu aceito, mas com uma condição. – Ela disse.
- Fala. – Ele disse.
- Se todo mundo topar em ficar no time quando chegarmos em Turim e aí eu peço pizza para gente! – Ela disse, olhando para todo mundo.
- FECHADO! – Dybala foi o primeiro a gritar, nos fazendo gargalhar.
- Ela explode a cama dele e eles não se desgrudam. – Gigi sussurrou para mim.
- Isso é amizade, Gigi. – Virei para ele, vendo-o sorrir. – Uma bonita amizade. – Suspirei.
- Ok, ok! Eu libero a pizza, mas não enrolem, o trem é as sete! – Allegri disse, nos fazendo rir.
- Eu vou pegar o número da pizzaria e perguntar se eles fazem 50 pizzas. – Manu disse e neguei com a cabeça.
- E tem gente que procura motivos para fazer festa. – Pavel disse e rimos juntos.
Derby della Mole nunca era fácil, eram os jogos mais esperados da temporada, seja no Olimpico ou no nosso estádio. Hoje em especial era no Olimpico e tinha que admitir que eles sabiam fazer lindos mosaicos também. Torino era um time muito forte nos anos 30, mas depois da tragédia de Superga, onde o elenco inteiro morreu, eles nunca conseguiram se reerguer, mas a torcida era muito apaixonada. Além de que uma rivalidade como essa era sempre bom... Tirando quando existiam alguns desastres e brigas que nós acabávamos afetados por multas e jogos sem torcida, mas no geral era ok.
Nesse domingo em especial, nesse sol de Turim, começando a deixar o inverno para trás, era um dia especial para um derby, além de que podíamos firmar que Turim era bianconera e não vina.
Começamos o primeiro tempo bem. Pogba cobrou uma falta perfeita, causada em cima dele mesmo, e abriu o placar aos 33 minutos. Distanciamos o placar aos 42, com um gol perfeito de Khedira. Ele foi pelo meio do gol, deixando a defesa totalmente desesperada e ainda driblou o goleiro.
Eles tiveram algumas chances, mas todas as bolas paravam em minha mão e eu não tinha tido nenhuma real dificuldade. Tivemos dois cartões amarelos contra três deles, só a saída cedo demais de Dybala que era um tanto preocupante, mas ele e Morata faziam um ótimo rodízio e o outro estava sempre disponível para substituir.
No segundo tempo, uma surpresa para mim. Durante um contra-ataque deles, Alex Sandro fez a tiragem da bola, mas o árbitro viu como um pênalti, mas Alex foi na bola, ele não derrubou Peres de propósito, isso acontecia com defensores sempre, mas o árbitro deu, então deu.
Eu já tinha sofrido vários pênaltis na minha carreira, inclusive vários no Mondiale de 2006, mas esse acabou sendo o mais importante. Porque ele, provavelmente, acabaria com a minha sequência sem sofrer gols. Depois do último jogo contra o Sassuolo, eu bati Dino Zoff em 10 clean sheets consecutivas, além de 926 minutos sem sofrer nenhum gol, somente três minutos atrás de Paolo Rossi.
Ao terceiro minutos do jogo de hoje, eu bati seu recorde, mas era interessante saber até onde eu iria. E foi até o quadragésimo oitavo minuto desse jogo. O novato Belotti fingiu ir para um lado, eu ameacei o outro e a bola entrou. Ainda ficou horrível por eu nem ter ido em direção à bola. Eu deveria estar feliz, é claro! Foram quase 11 jogos sem sofrer nenhum gol, mas era um feito e tanto, um que eu sabia que dificilmente completaria de novo.
Tive um susto por volta dos 57 minutos quando eles tiveram um gol, mas o bandeirinha viu que estava impedido. A aproximação dele estava próxima demais mesmo. Apesar do pênalti, o pessoal não se deixou abalar, aos 62 minutos, Morata distanciou mais ainda deles, impossibilitando um fácil empate. Ele deu um toquinho na bola e ela entrou. Fácil e simples. Nosso gol final foi aos 76, de Morata novamente, em uma cobrança de falta na linha da grande área. Pogba cobrou a falta, batendo na barreira, mas ele bateu de novo e Morata só guiou a bola no local certo. 4x1, seria uma difícil recuperação, ainda mais na casa deles, que também já foi nossa por um bom tempo.
Sem pernas ou pique para continuar o jogo, finalizamos esses 14 minutos tentando pressionar um pouco mais e manter o jogo rolando, só que, por algum motivo que eu ainda não entendi, Khedira acabou levando um vermelho. Assim, do nada. Com quatro minutos em acréscimos, finalizamos o jogo confirmando Turim bianconera. Obviamente a pouca torcida conseguiu sobrepor a torinense e a montar mosaicos um tanto quanto provocativos para eles.
Assim que o juiz apitou, cumprimentei alguns de meus companheiros, outros do Torino e segui em direção à nossa pouca torcida no estádio hoje. Fizemos o cordão, pulando e aplaudindo-os e eles gritavam meu nome, provavelmente pelo recorde ou pelo fim da minha sequência, então os agradeci, acenando, mandando beijos e levando a mão até o peito em agradecimento.
Eu acabei ficando na entrevista, respondendo perguntas óbvias de como eu estava me sentindo com esse recorde e com a quebra da minha sequência, mas logo entrei. O corredor estava vazio, mas estava na divisória da porta, o corpo para fora, mas o rosto espiando lá dentro.
- Scusa? – Ela virou o rosto para mim.
- Gigi! – Ela disse rindo e me abraçou fortemente, pulando em meus ombros e apertei-a pela cintura. – Auguri!
- Pelo o quê? – Perguntei.
- Ah, você sempre vê o copo de forma mais vazia, né?! – Ela me empurrou levemente pelos ombros e eu ri fracamente.
- É um novo recorde, mas acabou minha sequência. – Falei e ela negou com a cabeça.
- Ah, para de graça! – Ela disse rindo. – 974 minutos, Gigi. É coisa para caramba! São quase 11 jogos. – Ela abriu um sorriso fofo.
- Quase 11. – Ela revirou os olhos.
- Ah, você é muito chato! – Ela disse rindo, dando de costas e abracei-a novamente, encaixando o rosto em seu ombro.
- Eu não sou, mas depois de levar quatro gols na quarta-feira, é um pouco sem graça comemorar isso. – Ela apertou minha mão em sua barriga.
- Ah, é óbvio que você ainda está pensando na eliminação da Champions. – Ela disse baixo, suspirando.
- 4x2, , foi feio. – Falei e ela riu fracamente.
- Não, Gigi, 6x4. Conte todos os gols, ok?! – Ela se virou de frente para mim. – Além de que teve um momento que eu realmente achei que vocês conseguiriam. – Ela disse, afastando seu corpo do meu e vi um pequeno bico em seu rosto.
- Eu também achei, nos primeiro 30 minutos que abrimos o placar. – Falei, suspirando. – O problema foram os outros 90. – Ela abriu um sorriso fofo.
- Acontece, Gigi. – Ela suspirou. – Assim, acho que foi o primeiro jogo de prorrogação que eu vejo em Champions League... – Ri fracamente, ponderando com a cabeça. – Teve em 2003, se eu não me engano...
- Beh, a final foi para prorrogação e pênaltis, né?! – Ela disse.
- Sim, mas acho que nas oitavas ou nas quartas também. – Falei.
- Não importa, foi um jogo incrível, Gigi. Realmente! – Ela suspirou, me segurando pelo pescoço, acariciando meu rosto com os polegares. – Pelo menos chegamos até aqui. – Assenti com a cabeça, ela já tinha feito esse mesmo papo lá em Munique, eu só não conseguia pedir para ela parar me olhar com esses olhos e me segurar tão perto de si. Será que eu podia... – Enfim... – Ela suspirou, abaixando suas mãos pelos seus ombros. – Eu já falei tudo isso para você e já te dei colo, não vou fazer isso agora, hoje é um dia de comemoração. – Ela me sacudiu um pouco, me fazendo rir.
- Ok, mamãe... – Ela negou com a cabeça.
- É um fetiche um tanto estranho, sabe? – Ela falou baixo, me fazendo gargalhar.
- Agradeço sempre! – Falei por fim, fazendo-a rir.
- Apesar da derrota, foi um bom dia, vai. Pelo menos para eu fazer compras. – Ela sorriu.
- Quem está vendo? – Perguntei.
- Medhi Benatia, amigo do Lich e do Mario, talvez seja fácil. – Ela suspirou. – E o brasileiro Douglas Costa, um pouco mais difícil, mas...
- Não existem desafios à sua altura. – Falei e ela piscou.
- Não faço milagres, mas tento. – Rimos juntos.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei.
- Esperando o Fabrizio. Ele veio com os meninos, vamos embora juntos para casa deles.
- Domingo em família? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça.
- É, o que restar dele, né?! – Ela checou rapidamente o relógio. – Mas vamos, preciso aproveitar um pouco, os últimos dias foram corridos, nem os vi direito.
- Te vejo ao longo da semana? – Perguntei.
- Talvez, estamos finalizando a construção do novo centro médico, tenho ficado mais lá perto do estádio do que em Vinovo, mas a gente sempre se esbarra, não é mesmo? – Ela piscou e me contive em apertar minhas mãos em sua cintura para não beijá-la.
- Menos do que eu gostaria, mais sim. – Ela riu fracamente, apoiando as mãos em meus braços.
- Eu ouvi sobre o seu time lá de Carrara, desculpe. – Ela pressionou os lábios.
- Beh, está tudo bem, eu tinha saído das ações já, né?! Mas é difícil ver meu primeiro clube assim. – Suspirei.
- Sem chances de reerguer? – Ela perguntou.
- Você sabe disso melhor do que eu, sem investidores...
- Entendi, espero que vocês encontrem. – Ela suspirou.
- É, vou para lá nas férias, depois da Euro, aí eu vou saber melhor das coisas.
- Ah, estou esquecendo do Europeo, droga! – Ela fez uma careta. – Vocês têm data FIFA, não? – Ela perguntou.
- Sim, estou indo para Florença amanhã. – Falei rindo.
- Beh, nos vemos quando voltar, então... – Ela sorriu, me abraçando novamente e suspirei, apertando-a contra meus braços por alguns minutos.
- ! – Pulei com a voz grossa e virei o rosto, vendo Fabrizio e os gêmeos vindo logo atrás. Fabrizio coma blusa do Torino, Gianni com da Juventus e Pietro com uma estilo tie-dye.
- Ah não! – disse. – Essa blusa, sério? – Ela falou rindo e ele fez uma careta. Adorava a relação dos dois.
- Ei, vim ver o meu grande Torino, não sei timinho aí... – Ele disse, fazendo rir.
- Primeiro lugar na tabela e com essa derrota, vocês estão em que? Décimo oitavo?
- Décimo primeiro, lindinha! – Ele disse e ela pressionou os lábios.
- Estou surpresa. – Ela disse rindo, dando um sorriso sarcástico.
- Não é lá grande coisa, mas... – Entrei na da .
- 974 minutos, Gigi, quebrados por nós! – Ele disse e franzi os lábios.
- 4x1, Fabrizio, não tem nada que você diga que fique pior do que isso. – disse, rindo em seguida.
- É, pai. Deixa para lá! – Gianni disse, nos fazendo rir.
- Piadas à parte, Gigi, parabéns! É uma grande conquista! – Fabrizio disse, esticando a mão para mim.
- Grazie, grazie! – Ele disse. – Eu vou entrar, ok?! – Falei, apontando para dentro.
- Claro! Vai lá! – Ela me abraçou de novo. – Eu vou indo, boa sorte com a Nazionale, nos vemos quando voltar.
- Claro! – Sorri e ela assentiu com a cabeça, seguindo até os três.
- Ah, espera... – Ela disse, voltando para o vestiário, colocando o rosto para dentro. – ANDIAMO, EMANUELLE! – Ela gritou e ri fracamente. Estava me perguntando onde ela estava.
- Ah, calma, chefa! – Manu apareceu, saindo da mesma, me fazendo rir. – Gigi! – Ela disse sorrindo, me abraçando, ficando na ponta dos pés. – Auguri! Que conquista! Mas lenda faz assim mesmo, né?! – Ela deu de ombros e ri fracamente
- Grazie, Manu! – Sorri, recebendo um beijo em sua bochecha.
- Vamos, criança? – perguntou.
- Vamos sim! – Ela disse. – Seu Fabrizio, prazer vê-los! – Ela seguiu em direção ao pai de e ri fracamente.
- Acho fofo ela contigo. – comentou.
- É? – Perguntei.
- É, me perdoe a palavra, mas te vejo como um pai para ela. – Ela disse.
- Está tudo bem, eu te vejo como mãe. – Falei e ela sorriu, colando os lábios em minha bochecha.
- Se eu fosse mãe dela, eu teria engravidado com 13 anos... – Ela fez uma careta e eu ri fracamente.
- Metaforicamente, então? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Melhor! – Ela sorriu. – Ciao, Gigi.
- Ciao, ciao! – Acenei e ela seguiu com os outros quatros, me fazendo sorrir quando ela passou os braços pelos ombros dos gêmeos, se colocando no meio dos dois.
- Vamos entrar? – Virei para a porta novamente, vendo Allegri e eu ri fracamente.
- Vamos! – Ele bateu a mão na minha, me puxando para dentro.
- Auguri, Gigi.
- Eu não sei! – Falei rindo, mudando o telefone de orelha.
- Você precisa me prometer que...
- Ah, fala sério, Treze, vai dizer que você se apaixonou. – Falei, mudando os papéis de ordem na pilha.
- Nós tivemos uma conexão, ok?!
- Se você e minha amiga transaram e eu não fiquei sabendo...
- Nós nem nos beijamos, ! – Ele disse e eu suspirei, vendo a porta se entreabrir e Manu apareceu na mesma. Chamei-a com a mão e ela entrou.
- Ao menos eu não fui traída. – Rimos juntos.
- Não, não. Vontade não faltou, mas ela vai ficar mais dois anos fora, eu ia ficar subindo pelas paredes. – Ri fracamente, vendo Manu se sentar em sua mesa, ligando o computador e chequei o relógio, vendo que ela estava uns 40 minutos atrasada.
- Bom, eu falei com ela faz pouco tempo, mas ela não disse nada sobre vir. As coisas são complicadas, Treze, ela...
- Eu sei! Ela me contou sobre o projeto, mas eu preciso assumir que ela mexeu comigo. – Sorri.
- Bom, eu fico muito feliz por isso, pois sei da sua índole, então sei que, se ela quiser... – Frisei. – Ela vai ter alguém decente ao lado dela. – Sorri.
- Agradeço a confiança, agora espero poder falar isso de você um dia.
- Ah, Treze, ciao! Eu preciso trabalhar! – Falei, ouvindo-o gargalhar.
- Nos vemos no jogo sábado? – Ele perguntou.
- Vamos ver! – Rimos juntos. – Se cuida! – Falei.
- Você também, ! Beijos! – Ele disse e desliguei o telefone.
- Oi, Manu! – Falei.
- Oi, chefa! – Ela disse. – Desculpe o atraso. – Ela disse, pressionando os lábios para mim.
- Está tudo bem? Você não veio ontem, atrasou hoje... Você foi no jogo no sábado? Não te vi lá. – Falei, ajeitando a pilha e virei o corpo, puxando uma das gavetas, colocando os papéis ali dentro.
- Não, eu não fui, eu... – Ela falou.
- O jogo foi bem chato, devo dizer, o Empoli conseguiu segurar eles e só fizemos um gol, mas foi bonito o mosaico em homenagem ao Gigi que fizeram. – Falei, girando na cadeira. – Ele ficou tão envergonhado... – Ri fracamente.
- Eu não vi nada, as coisas foram meio complicadas. – Ela disse, respirando fundo. – Eu não estava me sentindo bem. Eu... – Ergui o olhar para ela, vendo-a com o rosto avermelhado e grossas olheiras embaixo dos olhos, além de que ela claramente estava segurando as lágrimas.
- O que aconteceu? – Me levantei apressada, seguindo em sua direção.
- Eu... – Ela disse com a voz baixa e me ajoelhei em sua frente, segurando suas mãos.
Segundos depois ela começou a chorar e grossas lágrimas escaparam de seus olhos. Ela apertou minhas mãos com força e abaixou o rosto até elas, apertando minhas mãos. Levei uma mão até seus cabelos azuis desbotados e passei a mão em sua cabeça, sentindo meus olhos umedeceram somente em imaginar porque minha menina estava chorando.
- Vamos, meu amor! – Pedi baixo. – Fala comigo... – Pedi baixo, dando um beijo em sua cabeça.
- Minha avó... – Ela disse, erguendo um pouco o rosto, olhando quase de igual para igual para mim. – Ela ligou... – Ela soltou minhas mãos, passando-as em suas bochechas. – Meu avô sofreu um AVC. – Ela apertou as mãos na boca que abafaram o grito que ela deu. – Ele morreu...
- Ah, minha linda! – Me levantei, passando os braços pelos seus ombros, abraçando-a apertado. – Isso explica tanto... – Falei baixo, negando com a cabeça.
Manu sempre foi a pessoa mais animada de tudo, nos bons momentos, nos maus momentos, ela é sempre a primeira a estar lá para fazer todo mundo ficar bem. Deveria ter suspeitado quando ela não apareceu no jogo sábado e pediu para faltar ontem por uma mensagem rápida e sem muitas explicações. O atraso de hoje também explica muito fácil.
- Ele era meu melhor amigo, ! – Ela disse baixo, me apertando fortemente pelos ombros. – E eu não estava com ele! – Ela disse e meus olhos inundaram de lágrimas com ela. – Eu não me despedi dele. – Suspirei.
- Ah, meu amor! – Ela me apertou com mais força e discretamente passei a mão nos olhos. – Vai ficar tudo bem! – Falei baixo. – Um dia essa dor vai diminuir. – Pressionei os lábios. – Tente se lembrar dos bons momentos que vocês passaram juntos. De tudo o que passaram, de todos os momentos que vocês dividiram. E pensa que você vai sempre ter um anjo muito especial na sua vida! – Ela movimentou seu queixo, confirmando e afastei-me devagar. – E pensa que você sempre vai nos ter na sua vida. – Levei as mãos em seu rosto, limpando as lágrimas. – Você é muito amada por todos nós.
- Grazie, eu... – Ela puxou a respiração fortemente. – Me desculpe!
- Você não precisa se desculpar, meu amor. – Sorri, passando as costas das mãos em meu rosto também. – Você não precisa estar feliz sempre, você pode chorar, pode gritar, pode brigar... – Dei um beijo em sua testa. – Sua luz não para de brilhar por isso. – Ela assentiu com a cabeça. – Eu vou estar aqui para sempre, ok?!
- Obrigada. – Ela fungou, puxando a respiração fortemente. – Eu não consegui ir ao jogo, eu não conseguia ficar feliz e nem queria deixar os meninos tristes. – Ela disse, suspirando.
- Está tudo bem! – Coloquei seu cabelo atrás da orelha. – Vai ficar tudo bem, meu amor. Te garanto que uma hora vai ficar tudo bem.
- Eu só não sei como...
- Agora parece o fim do mundo mesmo, meu amor, mas uma hora fica somente a lembrança dele. – Sorri. – O que vocês compartilhavam?
- O amor pelo futebol. – Ela deu um curto sorriso. – Ele amava times italianos, adorou quando a gente veio para cá. – Sorri. – Ele fez uma viagem para cá há uns 20 anos, se apaixonou também.
- Se quiser, eu posso te levar ao estádio, você tira uns minutos sozinha, pensa nele, reza para ele... – Ela assentiu com a cabeça.
- Eu te falo quando, pode ser? – Ela disse.
- Claro, meu amor! – Dei mais um beijo em sua cabeça. – Se quiser ir embora, eu não me importo. Você deveria ter me falado, temos licença para esse tipo de coisa, amor.
- Você não tirou licença com a sua avó. – Ela disse.
- É uma situação totalmente diferente, amor. Ela não era minha melhor amiga. – Falei e ela se sentou na mesa novamente.
- Está tudo bem, eu preciso parar de pensar nisso ou só vou chorar... – Assenti com a cabeça.
- Se quiser ir lá no treino, aposto que um abraço de urso do Barza vai te fazer bem. – Rimos juntos. – Do Paulo, Álvaro, Paul...
- É, talvez. – Ela suspirou. – Mas eu quero aproveitar contigo quanto posso. – Franzi a testa.
- Como assim, amor?
- Tem mais, . – Ela disse e eu pressionei os lábios.
- Como assim?
- É melhor você se sentar. – Ela indicou a poltrona e me sentei levemente de lado.
- O que foi? – Ela suspirou, pressionando as mãos uma na outra.
- Com... A morte do meu vô... – Ela suspirou. – Minha mãe não tem irmãos, então minha avó ficou sozinha...
- Já não gostei disso. – Falei e ela pressionou os lábios, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas.
- É. – Ela engoliu em seco. – A gente vai voltar para o Brasil, ! – Ela disse baixo e senti meu nariz entupir imediatamente.
- Ah, Manu! – Minha voz saiu fina e foi minha vez de apertar as mãos nos olhos.
- Meu pai tinha decidido ficar aqui quando o trabalho acabasse, sabe? Mas aí aconteceu isso e... – Sua voz afinou. – Eu não queria ir, mas eu não posso ficar aqui com tudo acontecendo lá no Brasil... – Abaixei minhas mãos, vendo-a com os olhos pressionados.
- Você tem que ir, amor! – Segurei suas mãos. – Sua avó precisa de você, amor. – Puxei a respiração. – Não perca a oportunidade de ficar com quem você ama.
- Esse discurso é para mim ou para você? – Ela brincou e ri fracamente, antes de abraçá-la fortemente.
- Saiba que eu vou sentir muito sua falta, meu amor. Não tem ninguém como você. – Senti as lágrimas secarem em minhas bochechas. – Você vai fazer muita falta. – Ela confirmou com a cabeça.
- Nem fala! – Ela suspirou. – Eu nunca fui tão feliz na minha vida como eu sou aqui no time, ! – Sorri, pressionando os lábios.
- Pois saiba que você sempre vai ter um espaço aqui, ok? Vai para nossa galeria de honra! – Rimos juntas.
- Eu agradeço muito! – Ela sorriu. – Eu me encontrei aqui! – Ela suspirou. – Foi mais do que um trabalho.
- E foi mais do que uma assistente. – Ela fez um pequeno biquinho e sorri, apertando-a por mais alguns segundos.
- Eu só não sei como contar para os meninos. – Ela disse fracamente. – Eu fiz uma amizade tão legal com o Paulo e o Álvaro e...
- Quando você vai? – Perguntei, segurando em seus ombros, observando suas ações.
- Minha mãe foi essa madrugada, por isso eu me atrasei, eu levei ela em Milão com meu pai e acabei dormindo demais. – Assenti com a cabeça. – Agora meu pai vai finalizar o projeto, que está programado para terminar agora em maio, e vamos também. Pedi para ele esperar ao menos o fim da temporada. – Assenti com a cabeça.
- Bom, então você tem mais uns 45, 50 dias conosco. – Ela pressionou os lábios. – Vamos fazer isso valer à pena, ok?! – Ela assentiu com a cabeça, sorrindo.
- Grazie, chefa! – Ela sorriu.
- Depois que tudo se ajeitar, você volte para nós, ok?! – Falei rindo e ela assentiu com a cabeça.
- Tomara que dê certo, chefa! – Ela suspirou.
- Você quer contar para os meninos? – Perguntei e ela respirou fundo.
- Posso esperar um pouco? – Ela perguntou baixo. – É tudo tão recente, eu preciso primeiro parar de chorar ao pensar nisso antes. – Assenti com a cabeça.
- Claro, meu amor. Quando você quiser. – Sorri. – Só saiba que esse choro seu, tirando a parte do seu avô, é claro, é porque você se importa e porque tem pessoas que te amam aqui e que vão sentir muita falta sua. – Ela assentiu com a cabeça.
- Eu também vou! – Ela disse baixo.
- Ah, Dio mio, o que foi vou fazer sem você? – Falei rindo e abracei-a novamente.
- Quer ajuda para selecionar uma nova assistente? – Ri fracamente
- Não! – Falei firme. – Ninguém vai ser como você! – Ela riu fracamente.
- Você promete que vai ficar bem sem mim? – Sorri.
- Não, meu amor! Não prometo nada. – Falei baixo, suspirando. – Mas garanto que se você ficar bem, eu vou estar bem também. – Suspiramos juntas.
- Eu vou, com muitas lembranças, mas vou. – Sorri, suspirando.
- Ok, ok! Vamos prestar atenção aqui! – Allegri disse e cruzei os braços, tombando o corpo para trás, encostando na cadeira. – Eu sei que vocês estão cansados do jogo de ontem, mas o Napoli também ganhou, então precisamos manter o pique mais um pouco até eles perderem! – Ele disse e bocejei, levando a mão até o rosto.
- Ganharam bonito ainda! 6x0. – Leo disse.
- É, estraçalharam o Bologna. – Asamoah disse e fiz uma careta.
- Pensa que eles já perderam dois jogos, se eles perderem mais um, a vitória é nossa, mas para isso a gente precisa continuar ganhando. – Allegri disse e suspirei.
- Andiamo, ragazzi! – Falei. – Está acabando. – Bati algumas palmas, tentando manter o povo animado.
O jogo acabou quase 11 da noite, até terminar tudo, chegar em casa e dormir, já era quase uma hora. Ao menos eu estava sozinho essa semana, se estivesse com as crianças, iria complicar. Ainda bem também que os dois últimos jogos haviam sido em casa e somente com vitórias. Beh, três anteriores foi contra o Milan em Milão, mas a gente faz bate e volta para os jogos em Milão.
- Ok, nosso próximo confronto é contra a Fiorentina em Florença. Ou seja, esperem uma bela torcida e uma grande pressão. Eles estão em quinto na tabela e já têm classificação para Europa League, então não pensem que eles vão folgar, pois o Sassuolo vem logo atrás, eles vão querer ganhar... – Paulo esticou a mão. – Mas já?
- Onde está Barza? – Ele perguntou e dei uma rápida olhada em volta, sentindo falta do meu amigo. Acho que o sono era demais.
- Ele está lá no novo centro médico! – Lich disse. – e Angela pegaram ele para ser garoto propaganda. – Ri fracamente.
- A bem disse que gostou da atuação dele na última propaganda. – Álvaro disse, nos fazendo rir.
- Ele logo deve vir, ele foi o último a chegar. – Audero disse e assentimos com a cabeça.
- Nem fui lá ainda. – Comentei.
- Está sensacional! – Leo disse.
- E vindo da , duvidava que não estivesse? – Comentei.
- AH! – Eles gritaram, me zoando, jogando meias em minha direção, me fazendo rir.
- Ah, parem de graça! Ela sempre fez o melhor para o time! – Falei, devolvendo as meias e eles riram.
- Ok, dessa vez a gente vai deixar passar, mas porque a gente sabe que vai ter mais um monte. – Evra disse e revirei os olhos.
- Beh, ele chega logo mais, então...
- Procurando por mim? – Barza entrou na sala de apresentações.
- Eh, não morre mais! – Lich disse.
- Culpa da ! – Ele apontou para trás e nossa diretora de contabilidade entrou apareceu na entrada.
- Ei, não é culpa minha se você tem uma ótima falsa expressão de interesse! – Ela disse, nos fazendo rir e vi que Manu estava logo atrás dela.
- EI, MANU! ESTAMOS FALANDO DO JOGO DA FIORENTINA, VOCÊ DEVERIA IR COM A GENTE! – Pogba gritou, fazendo com que as risadas estourassem pela sala e nem eu consegui me conter.
- Há, há, há! – Ela disse, revirando os olhos.
- Aposto que a não vai se importar. – Allegri disse e arregalou os olhos.
- EI! – Ela disse, nos fazendo rir.
- Volta aqui! – Barza chamou-a. – Se eu parecer menos interessado eu deixo de participar dessas propagandas? – Ele disse.
- Por acaso vocês já leram seus contratos? – Ela riu fracamente, nos fazendo rir.
- Já. – Barza disse, fazendo uma careta e se sentou ao lado de Leo.
- Veio só tirar onda com o Barza ou... – Allegri disse.
- Não, na verdade... – Ela se virou para Manu que puxou a respiração fortemente, relaxando os ombros. – Ela quer falar com vocês. – Ela disse mais baixo, mordendo o lábio inferior. – Chiello e Claudio estão aqui?
- Aqui! – Marchisio, que estava com a perna esquerda inteira enfaixada devido ao rompimento dos ligamentos no jogo contra o Palermo no fim de semana e Chiello que teve a quinta lesão só essa temporada, estavam no canto só acompanhando a reunião.
- Ok, pode falar! – Allegri disse.
- Prometo que vou ser rápido. – Manu disse, pressionando os lábios.
- Força! – falou mais baixo, mas devido ao silêncio que se instalou, deu para entender perfeitamente.
- Eu não sei como começar isso... – Ela disse, pressionando as mãos uma na outra e apertou seu ombro. Eu não estava gostando do andamento dessa história. – Eu queria falar isso com cada um de vocês pessoalmente, principalmente com... – Ela indicou Paulo e Morata. – Mas eu não tenho capacidade de fazer isso... – Sua voz começou a afinar e notei que ela estava chorando.
- O que está acontecendo? – Paulo perguntou, se levantando.
Olhei para , tentando ver se ela me dava alguma pista, mas ela também estava chorando, apertando os ombros de Manu em sinal de apoio. Ela percebeu meu olhar e somente negou com a cabeça, mordendo fortemente seu lábio inferior.
- Manu... – Álvaro também se levantou.
- Eu vou embora... – Ela disse com a voz fina e minha boca entreabriu.
- O quê? Por quê? – Paulo perguntou surpreso e se afastou quando os dois a abraçaram fortemente.
- Eu perdi meu avô há umas duas semanas e minha avó está sozinha, então... – Ela afastou os braços dos dois para secar as lágrimas. – Vamos voltar...
- Isso é sério? – Barza perguntou para e ela assentiu com a cabeça.
- Muito sério! – Ela passou as mãos nos olhos. – Nossa menina vai embora. – Ela disse com a voz mais fina e me levantei, passando meus braços pelo seu corpo.
- Não! – Barza disse, se levantando apressado. – Você não pode ir! – Ele disse, seguindo até Manu. – Eu não vou deixar! – Ele a abraçou fortemente, fazendo com que o choro de Manu ficasse mais alto.
- Ah, Barza! – Ela disse, suspirando. – Vou sentir tanto sua falta.
- Eu não estou acreditando. – Falei baixo para quando se afastou.
- Eu também não acreditei. – Ela suspirou. – E eu sei há 15 dias. – Ela disse baixo.
- E você não contou? – Ela negou com a cabeça.
- Ela não queria contar antes para evitar isso, mas era impossível. – Ela disse, negando com a cabeça.
- Você é nossa melhor amiga! – Paulo disse. – Saiba disso, ok?! – Ele disse também chorando.
- Eu sei! – Ela sorriu, olhando dele para Álvaro. – Eu vou sentir muita falta de vocês... – Puxei a respiração forte, sentindo que eu também estava chorando.
- A gente vai fazer aquela tatuagem que a gente falou, ok?! – Paulo disse e eles riram.
- Se o Álvaro tiver coragem. – Ela disse.
- Eu vou... – Soltei devagar e ela assentiu com a cabeça. – Manu... – Chamei-a e eles abriram espaço. – Você não tem noção como você mudou a vida desse time! – Falei, segurando seu rosto com as mãos. – Você não foi só assistente da , você foi tudo. Nossa companheira, nossa maior apoiadora, aquela que nos fazia rir com seu jeito desastrado, que nos dava o primeiro abraço, você foi nossa fã número um. – Ela sorriu. – Saiba que vamos te guardar para sempre no coração, ok?!
- Eu também! – Ela disse com a voz fina e abracei-a apertado, sentindo-a retribuir e apertar meus braços. – Eu vou sentir muita falta de todos vocês! – Ela suspirou. – Me desculpe por todas as piadas, tombos, tropeços, arranhões sem querer... – Rimos juntos. – Mas vocês se tornaram minha família, eu vou sentir muita falta de vocês. – Dei um beijo em sua cabeça.
- Não esquece da gente, você sempre vai ter um lugar especial aqui! – Falei baixo.
- Mais fácil vocês me esquecerem! – Ela disse e rimos fracamente.
- NUNCA! – Várias vozes falaram e ela sorriu.
- Obrigada! – Ela suspirou, ainda com a voz de sono. – Eu amo vocês. – Sorri, soltando-a devagar.
O resto do time fez fila para abraçá-la um por um. Vários tinham a mesma cara de choro que eu deveria estar, mas nada se comparava com Dybala, Morata e Barza. Os dois primeiros haviam se tornado grandes amigos dela. Eles faziam tudo juntos, me surpreendo ela não ter contado para eles antes, mas pelas feições, imaginava o quanto ela adiou para contar.
- Gigi... – me chamou baixo, me puxando pelo pulso.
- Fala. – Me aproximei dela, passando meus braços ao redor de seu pescoço.
- Posso pedir para vocês fazerem algo especial para ela? – Ela pediu e passei o polegar embaixo de seus olhos.
- É claro! – Falei, assentindo com a cabeça. – Quando ela vai?
- Dia 22 de maio à noite. Vai esperar a temporada acabar. – Falei baixo.
- Ok, vou falar com o pessoal. – Ela assentiu com a cabeça, suspirando. – Como você está?
- Como assim?
- Com isso. – Acariciei seu rosto devagar.
- É como quando a Giulia foi para África. – Ela respirou fundo. – Mas eu sabia que ela voltaria em três anos... Agora eu não sei. – Ela suspirou, soltando a respiração fortemente em seguida e vi mais lágrimas brotarem em seus olhos.
- Eu estou quebrado por dentro, fico imaginando você que vive com ela todos os dias praticamente. – Ela suspirou.
- Não está fácil. – Ela riu fracamente. – Mas eu vou sobreviver... Eu sempre sobrevivo, né?! – Ela suspirou.
- Eu estou sempre aqui, você sabe disso, não? – Ela assentiu com a cabeça.
- Eu sei! – Ela me abraçou apertado, apoiando o queixo em meu ombro e sorri, acariciando suas costas. – Você também, ok?! – Assenti com a cabeça.
Ela me soltou devagar e virei o rosto para Manu novamente. Ela, Paulo e Álvaro ainda se abraçavam, quietos, sem fazer nenhum alarde, só aproveitando um ao outro. Essa cena realmente triturou o que restava do meu coração. Essa menina faria uma falta que eu nem conseguia imaginar. Era como se todos os próximos jogos começassem sem um jogador em campo. O jogador mais atrapalhado e que mais se preocupava com a gente.
- Vocês precisam voltar para reunião... – Manu disse, me fazendo sorrir.
- Vai ser difícil se concentrar depois dessa. – Allegri disse e assenti com a cabeça.
- Pode ficar com a gente? – Álvaro perguntou.
- É sobre a Fiorentina, podemos falar do amor da sua vida. – Paulo disse e dessa vez ela até riu ao invés de bater neles.
- Fica um pouco, Manu. Aproveita. – disse, assentindo com a cabeça.
- Vou ter que guardar meu momento princesa indefesa para outro momento. – Manu disse e sorri.
- Você vai voltar para nós e quem sabe não o encontra? – Falei e ela negou com a cabeça.
- Eu só caí na frente dele, gente! Pelo amor de Deus! – Rimos juntos.
- E acho que você está mais como Fiona do que qualquer outra princesa. – Paulo disse e ela bateu nele, nos fazendo rir. – Não pela falta de beleza, pelo resto. Ser desastrada, cavalona... – Sorri.
- Eu sei, eu sei! – Ela disse, negando com a cabeça.
- Beh, gente, eu tenho trabalho para fazer e preciso desentupir o nariz. – passou as mãos levemente embaixo dos olhos. – Bom trabalho, Manu...
- Eu subo antes do fim do expediente. – Ela disse sorrindo.
- Ok, grazie, ragazzi! – apertou meu ombro e eu assenti com a cabeça.
- Grazie, ! – Respondemos.
- Ok, vamos nos ajeitar aí! – Allegri disse. – Fomos pegos desprevenidos, mas isso é mais um estímulo para ganhar no fim de semana. A Manu merece isso. – Ela sorriu, seguindo para perto de mim e Barza no fundo da sala e se sentou na mesa que tinha ali atrás de Barza. – Pelo que eu vi, o time inteiro estará à disposição, inclusive o príncipe encantado da Manu. – Rimos juntos e ela esticou o polegar para cima, rindo fracamente.
- Se vocês continuarem essa piada, vou torcer para ele fazer gol no Gigi! – Ela apontou para mim.
- Ei! O que eu te fiz? Eu sou a que menos te zoei! – Ela riu fracamente.
- Scusi, Gigi! – Ela disse, esticando a mão para mim e eu segurei-a.
- Ok, vamos lá! – Ele disse e rimos juntos.
Manu esticou a mão para Barza que estava em sua frente, apoiando-a em seu ombro enquanto Allegri começou a fazer a apresentação. Todos sentiríamos falta dela, alguns mais do que outros e isso me preocupava muito. As férias nem chegaram e eu já estava pensando na próxima temporada e na falta que esses cabelos azuis bagunçados fariam. Ah, Manu! Quem diria que você mudaria nossas vidas quando apareceu pela primeira vez tropeçando nos cadarços e até na própria sombra. Mancherai.
Capitolo setantadue
- OH, CHEFA! – Pisquei, virando o rosto para o lado, vendo Enrico.
- Oi! – Falei.
- Minha caneta! – Ele disse e eu tirei o negócio da minha boca, vendo que havia triturado a parte de plástico.
- Ah, desculpe! – Falei, passando-a na saia. – Depois eu te dou outra.
- Tudo bem, mas calma! Faltam 10 minutos ainda. – Bufei, apoiando a caneta na mesa que eu estava apoiada em um som oco e saí da posição que estava há pelo menos meia hora.
Roma e Napoli jogavam em Roma e se o Napoli perdesse ou empatasse, poderíamos oficialmente considerar vencedores do quinto scudetto consecutivo, já que ganhamos contra a Fiorentina ontem em Florença, o problema é que o jogo de hoje estava em 81 minutos e nenhum dos dois lados havia feito gol. Com o empate, a vitória era nossa, mas se eles fizessem ao menos um gol, tudo mudaria.
Segui até o fundo da sala dos meus oito funcionários e peguei a garrafa de café que tinha na pequena copa ali. Copa que eu usei durante muito tempo da minha vida. Enchi um copo de café, colocando duas colheres de açúcar e mexi um pouco, dando um curto gole para checar a temperatura e virei o corpo inteiro quase como um shot de tequila. Enchi o copo mais uma vez e segui de volta para a sala, agora me apoiando e uma mesa vazia no fundo. Cabia 10 funcionários na sala, uma mesa havia ido para minha sala por causa de Manu e não tinha necessidade de manter 10 contadores aqui, apesar da gama de trabalho.
- GENTE! GENTE! – Desviei o olhar para a TV novamente, vendo o ataque da Roma se formar.
- VAI! VAI! – Começamos a gritar juntos quando a bola foi para dentro do gol napolitano.
- GO-O-O-O-O-O-OL! – Gritamos empolgados e vi Nainggolan sai comemorando o gol de 1x0 para eles.
- É NOSSO! É NOSSO! – Manu gritou empolgada, se erguendo da mesa de Sara.
- SIAMO NOI! SIAMO NOI! – Eles começaram a gritar e ri fracamente.
O assistente ergueu a sinalização de quatro minutos de acréscimos e minhas mãos apertaram o copo novamente. Aqueles quatro minutos passaram devagar para mim, mas Manu e o resto do pessoal já pulava e gritava. Quando o apito final foi soado, eu finalmente relaxei! Era nosso! Vencemos de novo.
- GANHAMOS, CHEFA! – Manu me abraçou, tentando me erguer no ar e ri fracamente, abraçando-a fortemente.
- Ganhamos, Manu! – Apertei-a fortemente, suspirando, sentindo meus olhos úmidos por diversos motivos. – Ganhamos! – Suspirei.
- Você está bem? – Ela perguntou.
- Sim, eu estou bem! – Sorri, vendo outras pessoas em volta de nós e segui abraçar cada um dos meus funcionários, dando um forte beijo no rosto e um empolgado abraço.
- Vencemos, gente! Mais um! – Suspirei, relaxando os ombros e virei o restante do copo em minha boca.
- ANDIAMO, ! – Virei o rosto apressado, vendo Pavel aparecer na porta. – VINCIAMO!
- VINCIAMO! – Falei igualmente animada quanto ele e ele entrou na sala, me apertando fortemente e conseguindo me tirar alguns centímetros do chão.
- Cinco de cinco, hein?! – Ele disse e rimos juntos.
- Cinco de cinco! – Sorri, sentindo-o forçar os lábios em minha testa, me fazendo gargalhar.
- Vamos, vamos! – Ele disse, saindo apressando da sala.
- Eu vou lá, gente! – Falei rindo. – Encerrem o serviço, vão embora comemorar! Vão para um bar! – Falei e eles gargalharam. Segui para fora da sala e ouvi um deslizo de pés e Manu saiu da sala logo em seguida.
- Eu vou com vocês, preciso aproveitar! – Ela disse e ri fracamente, puxando-a pelo pescoço e entramos no elevador que Pavel segurava.
- Eles já sabem? – Perguntei.
- Sim! Estão lá no restaurante! – Ele disse e ri fracamente.
- Imagino que nem foram embora! – Comentei.
- Não, chegamos por volta do meio-dia. Eles sentaram para almoçar e já emendaram em assistir ao jogo. – Ele disse.
- Pelo menos o próximo jogo é só dia primeiro, temos tempo. Eles vão poder descansar. – Falei.
- Sim, sim! – Ele riu fracamente.
- E como foi ontem? – Perguntei.
- Ah, foi bom! Tivemos aquele pênalti no final que nos assustou, mas o Gigi garantiu a vitória. – Rimos juntos.
- É, eu bem vi. – Neguei com a cabeça.
- Por que você não foi? – Ele perguntou.
- Ah, estamos chegando em fim de temporada, acho que nossas saídas e entradas não serão muitas como nessa temporada, então quero ver se dou férias para o setor inteiro. Para isso eu preciso adiantar as coisas. – Suspirei.
- Continuando trabalhando de fim de semana? – Ele perguntou.
- Nunca parei. – Rimos juntos, saindo do elevador quando ele abriu novamente.
- Ele perguntou sobre você, sabe? – Franzi a testa.
- Quem? – Perguntei.
- Não você, ela! – Ele indicou Manu.
- EU? – Ela perguntou um tanto alto. – Quem perguntaria de mim? – Ela disse e Pavel gargalhou, andando um pouco à frente.
- NÃO! – Falei alto. – O jogador da Fiorentina?
- Uhum! – Ele disse rindo, brincando com a língua dentro da boca e arregalei os olhos.
- O QUÊ?! – Manu se surpreendeu.
- O Bernardeschi perguntou de você! – Ele disse rindo.
- O que ele disse? – Manu perguntou visivelmente empolgada enquanto saíamos do prédio.
- Ele perguntou para o Gigi, na verdade! Acabou o jogo, ganhamos, eles entraram para o vestiário e Gigi notou que ele estava procurando alguma coisa do nosso lado do vestiário. – Ele disse e abri um largo sorriso. – Gigi perguntou e ele tentou desconversar, mas perguntou.
- Ah, não! – Ela pressionou as mãos no rosto. – E o que vocês falaram?
- Ele disse que não tinha ido ao jogo. – Ele riu fracamente. – Tinha mais o que dizer?
- Não, obviamente! – Ela disse, me fazendo rir.
- Gigi pensou em passar seu celular para ele, mas achou melhor perguntar para ti antes.
- Viu, Manu? Falei que ele tinha gostado de você! – Disse e ela estava mais vermelha que um pimentão.
- Ah, gente! Para! – Ela pediu.
- Por quê? – Perguntei.
- Porque eu vou embora em um mês! – Ela suspirou. – Se eu fosse ficar, eu juro que seria a prova que eu precisava para conhecê-lo melhor, mas não! – Ela pressionou os lábios.
- Ia se render a jogadores de futebol, finalmente? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Conhecer melhor, , só falei isso. – Ri fracamente.
- Ok, ok! – Ergui as mãos.
- Beh, pelo menos você causou boa impressão em mais gente! Isso só prova tudo o que falamos de você. – Pavel disse.
- O quê? – Ela perguntou.
- Que você é incrível! – Ele sacudiu os cabelos dela e ela riu fracamente.
- E causa boa impressão por onde passa. – Falei.
- Ah, claro, caindo, derrubando bandejas, fazendo garrafas de Coca-Cola estourarem em minha mão... – Rimos juntos.
- Beh, melhor do que pregando peças em nós. – Pavel disse.
- Hum, por falar nisso, preciso planejar uma última grande peça. – Ela disse e gargalhei alto.
- Vai, Pavel, dá ideia! – Empurrei-o de lado e ele riu fracamente.
As conversas encerraram quando começamos a ouvir os gritos vindo de dentro do restaurante e Manu deu alguns passos à nossa frente, cantando o tradicional coro de “siamo noi, siamo noi, i campioni dell’Italia siamo noi” que eu não cansava de ouvir. Todos usavam a blusa comemorativa do título, com quatro barreiras e uma quinta cruzando-as e o piso grudento mostrava que as garrafas de champanhe que eles viravam não era a primeira.
- SIAMO NOI! SIAMO NOI! I CAMPIONI DELL’ITALIA SIAMO NOI! – Ri fracamente, vendo Manu entrar na bagunça e começar a pular junto de Paulo, Álvaro e Pogba e neguei com a cabeça.
Marchisio, que estava com a perna inteira mobilizada, também comemorava com eles, batendo uma cadeira no chão. Vi Beppe e trocamos um sorriso cúmplice quando ele me abraçou e sorri, apertando-o fortemente pelos ombros.
- Auguri, !
- Auguri, Beppe! – Rimos juntos.
- CHEFA! – Franzi os olhos com o grito de Barza e senti ele me abraçando e franzi os lábios quando ele me abraçou com seu corpo molhado e grudento.
- CHEFA! – Leo veio me abraçar logo em seguida, depois Chiello e acho que foi Gigi que me abraçou pelas costas.
- Ah, meus meninos! – Ri fracamente.
- Deixa eu entrar nesse abraço! – Alguém gritou e só fui sentindo apertos de todos os lados e, de repente, Pogba veio no seu modo comemoração de gol e pulou em cima do estranho abraço grupal.
- POGBA, NÃO! – Chiello gritou e abaixei a cabeça.
- Ok, eu preciso sair daqui! – Falei rindo, sentindo a respiração começar a falhar e abaixei minha cabeça, tentando arranjar um espaço para fugir e senti uma mão me puxando para fora.
- Dio mio! – Falei e vi Gigi rindo de mim.
- Não tem graça! – Falei e ele ignorou minhas palavras, passando um braço em meu corpo, me apertando fortemente.
- Conseguimos de novo, ! – Sorri, apertando-o fortemente.
- Conseguimos! – Falei baixo, sentindo-o beijar minha cabeça e ergui o rosto para ele.
- Muitas câmeras para eu te beijar agora! – Ele disse e ri fracamente, me afastando quase imediatamente, procurando o pessoal do marketing. – Relaxa! Não está aqui!
- Mas eles podem te ouvir! – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Para de se preocupar, ! – Ele disse, esticando a outra mão e o vi dar uma puxada em seu charuto.
- Ah, meu Deus! – Falei, vendo-o soltar a fumaça para outro lado. – Dia de charuto?
- É um dia de comemoração! – Ele disse sorrindo.
- Me dá aqui! – Pedi.
- Ah, não! – Ele disse rindo, afastando a mão de mim. – Eu perdi uns três ou quatro charutos da última vez!
- Eu não vou jogar fora, eu prometo! – Falei rindo.
- Eu não confio em você, mas você já está me devendo uma caixa! Aumenta para duas! – Ri fracamente.
- Charutos cubanos? – Perguntei.
- Eu prefiro os franceses! – Ele disse e eu revirei os olhos.
- Era uma pergunta retórica, mas aposto que é mais fácil encontrar! – Ele me estendeu o charuto, mantendo a ponta para cima e segurei-o entre o indicador e o médio.
- Vai experimentar? – Ele perguntou.
- Não deveria? – Perguntei, olhando para ele que parecia interessado demais na ideia.
- Aproveita. – Ele disse com um sorriso dançando em seus lábios e ri fracamente.
- Ok... – Falei rindo, levando-o à boca.
- É diferente de cigarro, puxa devagar e tenta manter a fumaça na boca por uns 30 segundos. – Ele disse e ri fracamente.
Senti os lábios tocarem o charuto e senti um gosto diferente do esperado. Sabia que charutos tinham gostos diferentes, mas esperava um gosto mais de papel, mas senti um gosto de cravo e canela. Não sabia a diferença entre tragar e puxar, mas eu nunca tinha fumado nada, então não me empolguei de cara. O gosto de fumaça fez minha garganta coçar, mas não o suficiente para eu tossir... E nem o suficiente para eu gostar disso. Estendi o charuto de volta para ele e ergui o rosto para soltar a fumaça para outra direção.
- E então? – Ele disse, pegando de volta e a coceira finalmente se transformou em tosse, me fazendo rir logo em seguida.
- Estava bem até isso! – Disse e ele riu fracamente. – Ainda prefiro não. – Suspirei e ele sorriu, dando outra puxada. – Mas o charuto em si tem um gosto e um aroma muito bom.
- É, eu gosto desse! – Ele disse. – Meu pai me deu quando o Leopoldo nasceu.
- Se você só fumasse um charuto ou outro, eu não reclamaria. – Dei de ombros.
- Eu nem fumo tanto, ! Quantas vezes você já me pegou fumando? – Ele perguntou e foi uma ótima pergunta.
- Vero! – Rimos juntos.
- É só impressão ou era a fumando? – Barza passou os braços em meus ombros e no de Gigi e ri fracamente.
- Só experimentando e sim, ainda acho um péssimo hábito. – Falei e ele riu fracamente.
- Começa assim! – Ele disse rindo e deu um beijo em minha bochecha.
- Não, não comigo! – Ele riu fracamente.
- NÃO! NÃO! ME COLOCA NO CHÃO! – Manu gritou e vi Pogba com ela em seu ombro, fazendo-a abraçar a barriga dele, me fazendo rir. – EU ACABEI DE COMER! – Ela disse rindo.
- Eu vou sentir falta disso. – Barza disse e suspirei.
- Nem fala! – Gigi o imitou.
- Aproveitem, ragazzi. Ainda temos alguns dias. – Franzi os lábios, sentindo as lágrimas automaticamente encherem meus olhos.
- Não chore! – Gigi disse, me abraçando pelos ombros e colado os lábios em minhas têmporas. – Ainda temos alguns dias.
- Sim. – Ri fracamente. – E hoje é um dia de comemoração! Aproveitem! – Falei rindo.
- Falando nisso... – Barza disse, estendendo o charuto em sua mão para Gigi e franzi a testa, virando para Gigi que dei de ombros. – AUGURI, CHEFA! – Senti um gelado escorrer pela minha espinha e os respingos de champanhe em meu rosto.
- Eu te mato, Barzagli. – Falei calmamente e Gigi riu fracamente.
- Quer uma blusa? – Ele perguntou.
- Não! Definitivamente não! – Senti meu corpo arrepiar quando o líquido gelado entrou em minha saia. – Eu quero a cabeça dele em uma bandeja de prata.
- Uh, um pouco exagerado até para você, não acha, chefa? – Gigi brincou e rimos juntos.
- Você não me chama assim! – Falei e ele riu.
- Nas dependências do clube, sim, chamo! – Ele piscou para mim e neguei com a cabeça, rindo fracamente. – Mas fora... – Ele aproximou os lábios de meu pescoço. – Quem sabe? – Revirei os olhos, empurrando-o levemente pelos ombros para o lado, vendo um sorriso sacana dançando em seus lábios.
Observei os diversos Jeeps iguais estacionados na rua e ri fracamente, me sentindo no estacionamento do time. Me aproximei da porta, vendo as luzes internas da casa ligada e passei a pequena cerca antes da porta principal. Toquei a campainha, ajeitando a barra da camisa social que eu usava e joguei os cabelos para trás. Assoprei o hálito em minha mão e fiquei feliz com o cheiro do chiclete de menta que joguei fora segundos antes de sair do carro.
- Gigi! – abriu a porta sorrindo e notei sua roupa mais despojada do que a tradicional saia e camisa e dessa vez tinha cores em sua peça.
- Oi, , tudo bem? – Me aproximei, sentindo-a colocar as mãos e meus braços e trocamos dois rápidos beijos.
- Tudo bem, entra aí! – Ela deu espaço e entrei em sua casa, ouvindo já algumas risadas e conversas altas.
- Cheguei muito tarde? – Perguntei, colocando as mãos nos bolsos.
- Não, mas foi o último! – Ela disse rindo e a segui pela sala e passando pela cozinha.
- Ah, eu passei na Alena para ver os meninos, já que vamos viajar amanhã. Desculpe.
- Ah, sem problemas, Gigi, qual é! Sou só eu, não precisa se preocupar. – Ela disse.
- Você vai? – Perguntei.
- Sim, vou! Eu não ia, mas o Toni vai se aposentar de verdade agora, vou dar ao menos um abraço dele, eu já estava no cargo quando o Giorgio o contratou, né?! – Ela suspirou.
- Sim, está certa! – Ela puxou a porta que dava para o quintal e vi o pessoal acumulado nas mesas que ela tinha na área coberta após a piscina e vi o mural com uma pintura moderna atrás dele.
- Esse é o mural do Pietro? – Perguntei surpreso por ele ocupar a parede inteira da sua área externa até a casa da piscina que ela tinha de um lado e o final da área coberta do outro, que dava para o fim de seu terreno.
- É sim! – Ela disse sorrindo. – Bonito, né?! – Ela disse realmente orgulhosa.
- Demais! Quando você me disse, eu não botei muita fé, mas isso...
- Foram cinco dias de trabalho, mas eu amei! Giovanna acho que fui louca, mas achei que deu uma cara nova aqui no fundo. – Ela deu de ombros e atravessei a piscina para chegar a eles.
- Ficou ótimo, vero!
- GIGI! – Manu me chamou animada e sorri quando ela me abraçou. Diferente do estilo mais despojado da dona de casa, Manu tinha uma tiara em seus cabelos azuis ondulados e usava um vestido da mesma cor, ideal para uma reunião em sua homenagem.
- Ah, meu amor! – Abracei-a fortemente. – É impressão minha ou você está mais bonita? – Ela riu fracamente.
- Eu retoquei o cabelo, a raiz sumiu e o azul está mais chamativo. – Ela disse rindo.
- Linda! – Abracei-a de lado e ela sorriu.
- Fica à vontade, Gigi, cerveja e vinho na geladeira e bastante petisco na mesa. – disse, apoiando as mãos em meus ombros e se afastou, seguindo até um lugar entre Chiello e Leo.
- Ciao, ragazzi! – Falei, me aproximando do pessoal.
- Ciao, Gigi! – O pessoal falou e dei uma rápida andada entre o pessoal que estava ali.
Chiello, Barza, Leo, Martin, Lich, Claudio, Mario, Pogba, Morata e Dybala eram os jogadores, além de Pavel e Trezeguet da turma antiga. havia juntado o pessoal mais íntimo de Manu para uma pequena confraternização. Por ela, chamaria todos, mas sabíamos quem era mais próximo dela e quem realmente sentiria falta pela sua partida. Nem todos eram Dybalas que criaram uma amizade forte em um ano de time.
- Foi difícil decidir uma coisa só, a gente não queria nada que as namoradas ficassem irritadas, sabe? – Manu disse, revirando os olhos.
- Mas vocês três estão solteiros, não? – Cáceres disse rindo.
- Agora, né?! Isso é para sempre! – Paulo disse. – Vou tatuar “Emanuelle” aqui, vai ser ótimo arranjar namoradas depois. – Manu jogou uma batatinha nele, fazendo-o tentar pegar com a boca, mas caiu no chão.
- Tudo bem, tudo bem, vocês podem dizer que eu fui o primeiro amor da vida de vocês, não vou me importar. – Ela disse sarcástica.
- Vocês são homens lindos, se isso for o que impedir a mulher, vocês precisam aprender mais sobre amor e suas relações. – disse, colocando um pedaço de salame na boca.
- Oh, filosofou agora, hein?! – Chiello disse e ela fez uma careta.
- Você sabe muito bem do que eu estou falando, Giorgio! Xi! – Ela disse e sorri junto dele.
- O que estão falando? – Perguntei, tentando me inteirar ao assunto.
- Como eu vou embora, nós três decidimos fazer uma tatuagem... – Álvaro explicou, apontando para ele, Manu e Paulo. – Para marcar nossa amizade. – Assenti com a cabeça.
- Aí eles estão decidindo o que vão tatuar. – disse rindo.
- Eu sugeri de eles tatuarem as letras MAD, Manu, Álvaro, Dybala, ficaria uma relação com a palavra louco em inglês e um acrônico com as letras deles, mas... – Chiello foi interrompido
- É, a gente não gostou. – Paulo fez uma careta e rimos juntos.
- Então, o que decidiram?
- Nós pensamos em algo que ligasse nós três, então fomos no óbvio... – Manu deu de ombros.
- Que é? – Todo mundo em volta falou.
- A Mole Antonelliana! – Eles disseram juntos.
- É uma boa! – Claudio disse.
- Sim! A gente se conheceu aqui em Turim, a amizade se formou um tanto automática... – Manu deu de ombros. – Foi legal. – Eles riram juntos.
- Você quase comeu a mão, nem vem! – Paulo disse rindo.
- Não achei que ia doer tanto... – Franzi a testa.
- Espera! – se levantou. – Foi?!
- É, nós já fizemos! – Manu disse.
- O QUÊ?! – Até eu gritei dessa vez e eles gargalharam.
- A gente fez na semana passada. – Eles disseram rindo.
- ONDE? – Perguntamos de novo.
- Espera! – Álvaro foi o primeiro a se levantar e abriu a blusa.
- Eu já volto. – Manu se levantou, seguindo para o banheiro dali do fundo.
- Aqui! – Dybala virou a perna para gente, mostrando a calça erguida e vi a silhueta da Mole em sua panturrilha direita.
- Ficou demais! – Barza disse.
- Eu fiz no braço! – Álvaro virou o corpo, sem uma manga da camisa e vi a mesma tatuagem, na parte de trás do seu braço e pela luz dava para ver o local mais avermelhado.
- Nossa! Ficou lindo! – disse, passando a mão levemente no local.
- E a Manu? – Mario perguntou.
- CALMA! – Sua voz ecoou do banheiro.
- Ela teve que fazer em um lugar menos óbvio porque ela acha que o pai dela mata ela se descobrir. – Paulo disse.
- Beh, pelo que ela falou, não acho que ela está totalmente errada. – Álvaro disse e eles assentiram em um acordo silencioso.
- Ok. – Manu voltou. – Eu já vi coisas piores de vocês, ok?! – Ela disse antes de soltar a lateral do se vestido, mostrando o zíper aberto, a lateral de seu sutiã preto enrolado para cima e, na linha, o mesmo desenho dos meninos, mas bem menor que o eles e com uma frase em cima.
- O que está escrito? – Chiello perguntou.
- La vera amicizia è quella che resiste per sempre. – Os três falaram juntos.
- AH, GENTE! – disse fofa, com um curto bico nos lábios. – Vocês vão me fazer chorar. – Ela disse e Paulo ajudou Manu a subir o zíper de novo.
- Eu chorei. – Manu disse com os lábios pressionados, abraçando Paulo pelos ombros.
- Você vai fazer muita falta! – Ele disse sorrindo.
- Nem fala! – Ela suspirou. – Nem lembro mais como era lá onde eu morava, parece uma realidade tão distante, sabe? – Ela suspirou e esticou a mão para ela.
- Quarto nessa casa é o que não falta, quando você quiser voltar para nos visitar ou quiser passar um tempo aqui, você sabe que tem espaço aqui, não sabe? – disse séria, olhando para ela.
- Sei! – Ela sorriu. – E agradeço muito, a todos vocês. – Ela disse sorrindo, passando os olhos por nós. – Eu entrei aqui achando que eu trabalharia com meus ídolos, mas vocês se tornaram minha família, meus melhores amigos...
- Ah! – Barza abraçou-a de lado na direção de sua cabeça, quase escondendo seus cabelos, nos fazendo rir.
- Você também, Barza! Meu irmão mais velho. – Ele sorriu.
- Já fico feliz por não me chamar de pai! – Rimos juntos.
- Se ela te chamar de pai, as coisas ficam feias para o meu lado, nem vem! – Falei, ouvindo eles rirem.
- Não! – Manu disse rindo. – Vocês são bonitos demais para eu ver como pai! – gargalhou alto.
- EI! – Barza disse rindo.
- Eu só ri! – Ela disse.
- Você sabe por que ela está rindo! – Manu disse e ri fracamente.
- Eu sei e deixa quieto! – Falei rindo.
- Enfim! – Manu disse rindo. – Eu só sou muito feliz por tudo! – Ela suspirou. – De verdade. Foram os melhores anos da minha vida. – Sorri.
- Você é muito nova para dizer isso, mas eu gostei de ouvir! – Leo disse e ela sorriu.
- Falou o velho! – Manu disse e eles riram juntos.
- Estou chegando nos 30. – Ele disse rindo.
- Ah, tá! Vamos parar com esse papo! – Falei e eles gargalharam.
- Vamos falar de pizza! – Manu se levantou animada. – Onde estão os cardápios, ?
- Na primeira gaveta ali da cozinha! – Ela disse e Manu atravessou o caminho em volta da piscina, entrou rapidamente na cozinha de e logo saiu.
- Ok, o que vocês querem? Ninguém vai ficar de graça, né?! O jogo é só domingo! – Ela voltou, conferindo os cardápios em suas mãos.
- Eu não vou jogar, então... – Cruzei os braços e eles riram.
- Eu também não! – Chiello disse também.
- Muito menos eu! – sorriu.
- Rá, rá! Engraçadinhos! – Mario disse.
- O que vocês gostam? – Manu perguntou.
- Eu como qualquer coisa! – Falei.
- Você escolhe, Manu! Estamos em 15 aqui, se cada um for falar o que gosta, não saímos tão cedo daqui! – Trezeguet disse e rimos juntos.
- Eu sou muito tradicional! – Ela disse rindo. – Quero muito queijo!
- Mozzarella, então! – disse.
- Ah, vou sentir falta, será que eu posso levar uma roda da parmesão para casa? – Manu perguntou com um biquinho nos lábios.
- Que eu saiba você só pode declarar 500 dólares e uma roda está por volta de mil euros! – Lich disse.
- Ok, preciso pensar num plano B. – Manu disse, mordendo seu lábio inferior da mesma forma de quando ela está planejando. – Mas eu preciso levar queijo daqui! E muita Nutella! – Rimos juntos.
- A gente dá um jeito, relaxa! – disse rindo. – Posso te enviar ocasionalmente também.
- Ah, não oferece isso. Eu morro! – Ela disse dramática e rimos juntos.
- Lembro que você tinha seu rostinho bem menos redondo quando a gente se conheceu. – Pavel disse.
- Eu engordei, ok?! – Ela disse gargalhando. – Muito, por sinal! – Ela fez uma careta.
- Também! A cada 10 refeições, nove são pizza! – Leo disse.
- Não, meu querido, Leo, você está enganado. A cada 10 refeições, 11 são pizza! – Ela disse e gargalhamos. – E massa, e gelatto, e pães dos mais diversos tipos, queijos, embutidos...
- Uma coisa que a gente não pode negar é que você aproveitou bem a nossa cultura! – Barza disse.
- E tem melhor jeito de aproveitar uma cultura do que comendo? Se tiver, me avisem! – Rimos juntos.
- O que importa é que você aproveitou muito, Manu! – Chiello disse, sorrindo para ela. – Você aproveitou mais do que muito italiano aproveita.
- Eu só queria ter viajado um pouco mais pelo país, mas eu tenho tempo. – Ela sorriu.
- Tem sim, você só tem 21 anos, Manu! – disse. – Se Deus quiser, vamos nos encontrar muitas e muitas vezes! – Sorri.
- Vamos comer muita pizza juntos! – Barza disse e gargalhamos sorrindo.
- Ah, vamos, antes que eu fique depressiva aqui! – Ela disse rindo, começando a folhear o cardápio que ela escolheu.
Sacudi a caneta entre o indicador e o polegar, ouvindo-a esbarrar algumas vezes na mesa, fazendo um som oco e contínuo. Olhei para as duas pequenas pilhas em minha mesa e sorri, mordendo meu lábio inferior para esconder minha felicidade em poder fazer isso mais uma vez.
Renovar contratos com grandes jogadores, jogadores que são importantes para nós, era muito bom, mas poder renovar o contrato desses dois que são tão importantes para mim, era o motivo de eu gostar tanto desse trabalho. Jogadores novos eram legais, ver evoluções eram legais, mas eu amava o pessoal antigo.
- Eles chegaram. – Pavel falou ao meu lado e ergui o rosto para o corredor que levava à sala envidraçada que nós estávamos e a mordida em meu lábio inferior escondeu outra coisa.
Gigi e Barza estavam gatos demais nos ternos da Juventus. Gigi estava com a barba mais rala de quando nos separamos há dois dias após a volta do jogo em Verona. Os cabelos ajeitados para o lado e aqueles olhos azuis intensos e radiantes ao olhar para mim. Barza não ficava nenhum pouco para trás. Os cabelos ajeitados em um topete, a barba mais cheia e os olhos verdes também causavam algumas lembranças muito boas, apesar de tudo. O Brasil havia sido um momento muito estranho, mas que eu guardava em uma parte muito importante da minha vida.
O sexo, é claro, o que aconteceu antes e depois disso é bom ser deixado em um canto bem mais fundo.
- Ciao, ragazzi! – Gigi entrou primeiro e eu e Pavel nos levantamos.
- Aqui estão meus meninos. – Sorri e Gigi foi o primeiro a me abraçar apertado, dando dois beijos em minha bochecha e senti o delicioso cheiro de seu perfume.
- Meninos? – Ele perguntou rindo.
- Sim, meus meninos! – Barza veio logo em seguida, fazendo o mesmo movimento que ele.
- Ciao, !
- Ei, Barza. – Sorri, passando a mão em seu ombro. – Eu preciso dizer que vocês estão lindos demais. – Eles sorriram.
- Grazie, ! – Eles falaram e passei a mão no peito de Gigi, vendo a gravata bem-feita.
- Fui eu! – Barza disse, se sentando em uma poltrona e ri fracamente.
- Um dia ele aprende a dar nó! – Rimos juntos e ele fez uma careta.
- Você também está linda! – Gigi disse e pisquei para ele.
- Senta, gente! – Indiquei as duas cadeiras do outro lado e eles se sentaram. – Estive com o Allegri mais cedo, agora é com vocês.
- Fiquei sabendo que ele renovou, dois anos? – Barza perguntou.
- Três! – Pavel disse pela primeira vez. – Ela não deixou só dois.
- Não, não! – Falei rindo. – Allegri está remodelando esse time, tenho confiança que ele vai poder fazer muito mais.
- Estou zoando, ! – Pavel disse rindo.
- Beh, vamos ao que importa? – Perguntei.
- Claro! – Ambos disseram, apoiando os braços na mesa.
- Vocês se importam se eu fizer isso juntos ou preferem que eu faça com um e depois com outro? – Perguntei. – Eu já falei com os agentes, vocês já sabem valores. – Completei.
- Não me importo, sei que o Gigi é seu favorito! – Barza disse, abraçando Gigi pelos ombros e rimos juntos.
- Eu te contratei, Barzagli, não contratei o Gigi! E até hoje você é minha melhor contratação. – Ele riu fracamente.
- Fui o mais barato, né?!
- E o que tem me dado melhores resultados. – Disse séria.
- Viu?! – Gigi riu e neguei com a cabeça.
- Ok, vamos lá! Estou empolgada por isso. – Sorri, deslizando cada contrato para seu respectivo dono. – Vamos começar com você, Barza. – Falei, checando minhas anotações.
- Joga a bomba, ! – Ele disse e ri fracamente.
- Seu último contrato é de 2013, desde lá, seu valor de mercado caiu de 12 para três milhões.
- Ai! Essa doeu! – Ele disse e nós quatro rimos juntos.
- É, mas isso aconteceu em três anos, foi para 10, depois sete, depois para três e meio, até chegarmos em três. – Suspirei. – Nós não mudamos nada durante esses anos e eu conversei com o pessoal e não queremos prejudicar ninguém. Nem você, sua família, nada, então a gente não vai aumentar seu salário, mas também não vamos abaixar. – Falei, olhando para ele. – Você está jogando em altíssimo nível ainda, tem uma forte presença de liderança dentro e fora de campo, está nos ajudando muito com Sandro, Rugani, Evra, todos os novos defensores e o é extremamente importante para o time. E eu adoro encher a bola de vocês, mas isso não sou eu, é um fato óbvio! – Ele sorriu, assentindo com a cabeça. – Você também teve 40 presenças em todos os campeonatos, imagino que vamos fechar o ano em 42 com o jogo do domingo e a final da Coppa Italia. Sua parte disciplinar é impecável, três cartões amarelos a temporada inteira. Tivemos até um gol esse ano... – Ele gargalhou.
- Viu?! – Ele disse rindo. – O gol que confirmou a saída da Manu. – Ele suspirou.
- É! – Suspirei.
- Se pudesse trocar?
- Ela ficar ao fazer o gol? Com toda certeza! – Ele sorriu.
- Pois é! – Ri fracamente. – Enfim. – Suspirei. – Os bônus vão continuar os mesmos pelas conquistas, Supercoppa, Campeonato e, esperamos, Coppa Italia, e o que você mostra em campo está indo totalmente contrário aos seus 35 anos, o que também me deixa bem confortável. – Ele riu fracamente. – Então, é isso o que podemos te oferecer para te manter com a gente mais dois anos.
- Grazie, ! – Ele disse e assenti com a cabeça sorrindo. – Não me vejo em outro lugar, mesmo. – Sorri. – E poder fazer mais pelo time por mais esses dois anos, é muito importante por mim.
- Espero que não seja o fim. – Ele sorriu.
- Vamos ver! – Rimos juntos.
- Agora você, Gigi! – Ele riu.
- Se o Barza com 35 anos decaiu 75 por cento do valor de mercado, eu estou complicado! – Sorri, negando com a cabeça.
- O contrato dele tinha três anos, o seu só tem dois. – Suspirei, trocando as folhas. – De seu valor de mercado de três milhões, reduziu para dois. – Ele fez uma careta.
- É pouco, mas é ruim, né?! – Ele disse.
- Em números é muito ruim sim, mas o que você está mostrando em campo, Gigi. – Ri fracamente. – Não parece que você tem 38 anos. E os contratos padrões olham a idade, antes de olhar o desempenho.
- Por isso que a gente gosta dela, ela é justa! – Pavel disse e sorri.
- Sério, volta comigo. – Olhei para a folha. – 44 presenças totais, 21 clean sheets no campeonato, manteve na Supercoppa e teve três de oito jogos da Champions. – Falei. – Bateu recorde de presenças pelo time mais uma vez, bateu o recorde do campeonato de minutos sem levar gol, colaborou diretamente, isso é para você também, Barza, em 25 jogos invictos. – Ri fracamente. – Você não perdeu nenhum jogo esse ano por nenhum tipo de lesão. Nem gripe você teve! – Fui passando as informações. – Se eu não soubesse quem é, poderia achar que estou falando com um goleiro de 25 anos. – Ergui o olhar para ele que tinha um sorriso discreto nos lábios. – Mas o nosso goleiro de 25 anos não mantém seus números.
- Grazie! – Ele disse sorrindo
- E claro, você só levou um cartão amarelo a temporada inteira. – Disse e ele riu fracamente. – E depois de certa idade, as multas por atrasos de vocês dois sumiram. – Eles riram juntos. – É o mínimo!
- A idade chega, né?! – Gigi disse rindo.
- Beh, tem mais uma coisa. – Falei e ele franziu a testa. – 38 anos e MVP da temporada. – Peguei a última folha, esticando para ele.
- Mentira! – Ele disse rindo.
- Ah, Gigi, você foi MVP em dois meses de 12, temos 27 jogadores no time, já é loucura! – Falei e ele riu fracamente. – Você mereceu!
- Grazie! – Ele sorriu e dei de ombros.
- Beh, com isso, eu consigo manter seu salário de antes, com as devidas cotações de moeda, para você também, Barza... – Ele assentiu com a cabeça. – E dar os seus bônus pelos recordes que você bateu esse ano. Todos eles mais as premiações dos campeonatos. – Falei, vendo-o assentir com a cabeça. – E contrato de dois anos, igual o Barza. – Ele sorriu.
- Pela minha idade, está ótimo. – Ele disse.
- Pensa bem, depois desse, dificilmente o valor cai mais.
- Dificilmente. – Ele concordou comigo. – Meu último contrato de jogador. – Mordi meu lábio inferior.
- Mesmo? – Perguntei um tanto surpresa demais com essa informação.
- Ah, daqui dois anos eu vou estar com 40 anos e meio, . – Pressionei os lábios. – Vai ser difícil continuar depois daquilo. Quero ver só se aguento até o Mondiale de 2018 para bater mais um recorde.
- Participar de seis Mondiali? – Perguntei.
- É! – Ele sorriu. – Depois disso, acho que não vai ter mais o que fazer. – Assenti com a cabeça.
- Eu sei que esse dia vai chegar, mas você falar isso causa uma tristeza enorme dentro de mim. – Suspirei e ele segurou minha mão em cima da mesa.
- O que importa é que você vai estar comigo quando acabar. – Ele disse e engoli em seco.
- Mesmo assim. – Suspirei. – É difícil!
- 17 anos... – Ele mordeu o lábio inferior. – Eu acho que é mais bonito do que difícil. – Puxei a respiração, tentando impedir as lágrimas em meus olhos caírem.
- Depende do ponto de vista. – Suspirei.
- Temos tempo. – Pressionei os lábios.
- Espero que sim. Eu não estou pronta para isso. – Falei honestamente.
- Ainda não é o fim do mundo, ! Calma! – Pavel disse, me sacudindo pelos ombros.
- É! Um dia de cada vez! – Suspirei, soltando o ar devagar. – Vamos assinar? – Estiquei minha caneta pela mesa.
- Claro! Vamos lá! – Gigi disse, pegando a caneta antes e Pavel estendeu outra para Barza.
Observei ambos fazerem suas assinaturas e Gigi fechou o contrato antes e deslizou a folha com a caneta em cima para mim. Peguei com ele, encostando minha mão na dele por alguns segundos. Abri o contrato, começando a rubricar página por página e depois fiz minha assinatura ao lado da de Gigi. Fechei o contrato, vendo-o sorrindo para mim e Barza deslizou seu contrato para mim também. Fiz a mesma coisa, rubricando e assinando no final ao lado da sua.
- Parabéns, ragazzi! Estão presos conosco por mais dois anos! – Falei e eles riram.
- Uhul! – Eles disseram rindo e me assustei com um estouro e papéis brilhantes começaram a cair na mesa.
- MANU! – Gigi e Barza falaram juntos e virei o rosto para trás, vendo Manu em pé atrás do sofá.
- Há quanto tempo você está aí? – Perguntei surpresa.
- Olha, uns 40 minutos! – Ela disse, se aproximando da mesa.
- Então é aqui que você se escondeu! – Falei e ela riu.
- Preciso aproveitar para fazer minhas últimas piadas! – Ela riu fracamente.
- Você vai varrer isso daqui depois! – Falei e ela riu fracamente.
- Tudo bem, já fiquei amiga do pessoal da limpeza! – Ela disse rindo. – Adorei ouvir você dizer que trocava o gol por mim, Barza! – Ela abriu um largo sorriso e ele ficou envergonhado, nos fazendo rir.
- Bom, parabéns, gente! – Falei e eles riram.
- Uhul! Tenho mais dois anos para voltar! – Manu disse rindo.
- Parabéns, gente! – Falei, me levantando e os outros fizeram o mesmo.
- Grazie, chefa! – Gigi disse, me abraçando e ri fracamente.
- Vocês dois não me chamam assim! – Falei, sentindo-o dar um beijo na dobra do meu pescoço.
- Só as dependências do time! – Gigi disse, dando um sorriso sacana e empurrei-o para o lado, vendo-o abraçar Pavel e segui para abraçar Barza fortemente.
- Mais dois anos para eu arranjar uma máquina de voltar no tempo. – Falei baixo e eles riram.
- Difícil, chefa! – Barza disse rindo.
- Eu tenho alguns contatos, vai que dá certo! – Disse e eles riram.
- Beh, ragazzi, vocês têm uma coletiva ainda. – Pavel disse.
- É, vamos descer lá, vamos juntos. – Falei.
- Posso ir? – Manu perguntou.
- Agora você pergunta? – Pavel disse rindo.
- Não fala assim com minha criança! – Barza abraçou-a de lado e ela abriu um largo sorriso.
- É! Eu só tenho mais 10 dias no time! – Ela disse.
- Ah, não fala isso. – Fiz um bico e foi a vez de Gigi me abraçar. – Eu começo a chorar. – Suspirei.
- Não, sem chorar! Não agora! – Pavel disse firme.
- Fala por você! Estou chorando há um mês! – Falei, suspirando.
- Não quero ver ninguém chorando por causa de mim. – Manu disse sorrindo. – Lembrem de um dos meus milhões de tombos! É mais legal! – Passei o braço em seus ombros, puxando-a de Barza.
- Eu sei! Mesmo assim! – Suspirei. – Tantas pessoas já passaram por esse time, mas só algumas marcaram de verdade. Você é uma delas. E você não marcou só para o time, Manu, você marcou do porteiro à presidência. – Ela sorriu. – E a gente nunca vai se esquecer de você. – Ela assentiu com a cabeça.
- Nem eu, gente! Nem eu! – Ela disse, nos abraçando juntos como deu e sorri, suspirando.
- Sério? – Ouvi a voz de Manu e ergui o olhar, vendo Cuadrado checando dentro de seus tênis.
- Ah, vai saber, né?! – Juan disse, passando a mão dentro do mesmo e ponderei com a cabeça, fazendo o mesmo.
- Eu não vou fazer nada! – Ela disse rindo.
- Mais nada, você quer dizer, né?! – Allegri disse, bagunçando os cabelos dela. – Atrasar a entrada dos jogadores por encher todas as chuteiras de creme de barbear já não foi o suficiente? – Ela abanou a mão.
- Não achei que vocês eram tão tontos em enfiar antes de checar. – Ela deu de ombros.
- Rá! Rá! Rá! Engraçadinha! – Algumas pessoas jogaram meias nela e ela se defendeu com as mãos.
- Ei, podia ser pior! Minha ideia original era estalinho! – Ela disse, dando de ombros e balançou seus cabelos azuis para fora do vestiário.
Vi pressionar os lábios da porta do vestiário e suspirou, seguindo logo atrás dela. Fiz o mesmo movimento, sentindo as lágrimas nos olhos ainda me incomodarem e passei as mãos neles rapidamente, tentando abanar. Manu podia ter realmente atrasado um pouco as coisas ao encher todas as chuteiras para o jogo de ontem, mas saber que essa era uma de suas últimas pegadinhas, havia me deixado emotivo durante todo o jogo de hoje.
Por sorte conseguimos uma goleada de 5x0, com gols de Evra, dois de Dybala, um de Chiello que estava voltando de lesão finalmente e um de Leo para finalizar tudo, então nem precisei prestar muita atenção no jogo. Só fiquei observando Manu gritar, comemorar e cantar as músicas ao meu lado no banco de reservas, já que não joguei hoje, enquanto pensava a falta que ela faria. Eu sentia como se estivesse perdendo um filho, eu fiquei com o choro entalado na garganta durante todo o tempo dela comigo e vê-la rindo, se divertindo, era incrível. Parecia que quem iria embora era eu e não ela.
Tínhamos a final da Coppa Italia ainda daqui uma semana e já havia dito que ela iria conosco para Roma, mas ela havia se vestido quase como se fosse o último dia. Seus cabelos azuis estavam presos em uma trança, ela havia feito uma maquiagem mais vistosa do que normalmente usava, mas suas roupas eram a mesma de sempre: jeans, All-Star e a blusa do novo kit que todos estávamos usando com o nome e número de Barza, outro que também estava mais quieto que o normal, tentando desviar as lágrimas dos olhares avermelhados.
- Guarda no bolso! – Dybala me entregou a blusa enroladinha e enfiei com tudo no bolso.
- Quando vamos colocar? – Khedira perguntou.
- A gente sai um por um, levanta a taça, depois tiramos a foto, quando liberarem a gente, colocamos e caçamos ela. – Ele disse.
- Todos entenderam? – Perguntei um tanto mais alto.
- Sim! – Eles falaram.
- Ok, aqui vou eu! – Chiello disse e suspirei, erguendo os olhos para a televisão que mostrava a comemoração lá fora.
Terminei de calçar os tênis, rindo sozinho ao lembrar de todos, sem exceção, enfiando as chuteiras e saindo a espuma branca deles e suspirei. Quantas e quantas memórias, Manu! O banheiro ainda brilhava por causa dela e a cada banho eu achava confete e glitter nos meus cabelos.
- Como você está? – Me levantei, vendo Barza à minha frente.
- Beh! – Suspirei. – Não está fácil. – Peguei as luvas e as vesti. – Nunca pensei que ela significasse tanto para gente.
- Ela nos fez pensar muito, Gigi! – Barza disse, passando a mão na bochecha mais uma vez. – Ela me fez pensar tanto...
- Para bem? – Perguntei.
- Claro! – Virei o rosto para frente, vendo Khedira sair. – Sobre mim, sobre meus filhos, meu casamento, sobre tratar as pessoas, até sobre jogo. – Ri fracamente. – Ela é incrível...
- Ela nos enxerga melhor que nós mesmos e isso diz muito sobre nós! – Falei e vi Morata e Pogba saírem um seguido do outro.
- Eu amo essa menina! – Ele disse, puxando a respiração fortemente e ri fracamente, passando o braço pelos seus ombros e dei um tapinha em seu peito.
- Vai ficar tudo bem, Barza! – Suspirei, passando a mão livre na lateral de meus olhos. – Vamos fazer isso valer à pena. – Vi Hernanes e Alex Sandro saírem juntos.
- Por ela! – Ele disse, se afastando devagar.
- BARZA! – Allegri o chamou.
- A gente se vê lá fora! – Falei e ele assentiu com a cabeça, seguindo apressado para fora quando era a vez dele de sair.
- Ela só vai embora, Gigi! – Virei o rosto para Dybala e abracei-o pelos ombros. – Ela não vai morrer! – Ri fracamente.
- Como você está com isso? – Perguntei.
- Tentando ver o copo meio cheio, como ela me ensinou. – Ele sorriu. – Quando eu vim para Turim, achei que só seria um ótimo time, um ótimo salário... – Assenti com a cabeça. – Mas eu encontrei uma amiga para vida. – Ele sorriu.
- E ela também! – Vi Cuadrado e Mario saírem.
- Eu sei! Mas tem as redes sociais, ela vai estar conosco para sempre! – Ele sorriu e assenti com a cabeça vendo Lemina e Bonucci saírem.
- Espero mesmo! – Suspirei. – Eu tento arranjar formas de ver isso bem, mas olha! – Passei as mãos nos olhos, sentindo as lágrimas novamente. – Simplesmente não passa. – Vi Padoin sair.
- Pensa em um tombo dela que isso melhora! Aquele do fim do ano... – Ele disse, andando de costas para a porta.
- Assim eu choro de rir! – Disse e ele riu fracamente.
- Melhor do que chorar de tristeza! – Ele disse, antes de sair do vestiário rindo.
Ri fracamente, suspirando e fui acompanhando as pessoas saírem uma a uma para o campo. Asamoah, Rugani, Neto, Lich, Sturaro, Evra, Rubinho, Pereyra e Audero. Me aproximei da porta, passando o braço pelos ombros de Allegri, vendo a equipe técnica sair.
- Estamos aqui de novo, Gigi! – Ele disse rindo.
- Aqui estamos! – Falei. – Pode assumir, vai sentir falta da Manu!
- Demais! – Ele disse rindo. – Odeio quando ela pega os dedos e aperta minha cintura... – Ri fracamente. – Mas ela me ajudou tanto. – Sorri.
- Acho que todo mundo.
- Max! – Angela o chamou e empurrei-o em direção à porta, vendo-o sair.
Suspirei, colocando minhas mãos atrás do corpo, respirando diversas vezes e passei as mãos em meus olhos mais uma vez, tentando tirar a feição de choro. Angela deu um aceno de cabeça e andei para fora do vestiário, atravessando os corredores e saí para fora, vendo novamente as arquibancadas lotadas e o pessoal acumulado para fora das linhas.
Pressionei os lábios, passando pela fila de crianças, tocando as mãos nas deles e ergui logo em seguida acenando para a torcida quando eles gritaram meu nome. Dei alguns passos e notei meus filhos e sobrinhos vindo em minha direção e afastei do tapete azul para abraçá-los. Veronica veio em minha direção com Leo no colo e sorri, pegando-o em meu colo, apoiando-o em meu ombro e apoiei a mão livre nas costas de Dado, andando lado a lado com eles.
Subi no palco, sendo aplaudido pelos meus companheiros de equipe e troquei Leo de lado, cumprimentando os diretores da Fedezarione e da Serie A e olhei para Lou, entregando Leo e pensei por alguns segundos se daria isso certo.
- Segura firme! – Falei.
- Eu estou segurando! – Ele disse.
- Vou devolver para sua tia! – Falei, virando de costas e entreguei-o para Veronica que estava na ponta da escada e os dois foram com ela.
Virei de frente para o prêmio novamente, recebendo a taça das mãos e o povo começou a gritar comigo o coro de sempre e ergui as mãos, vendo os papéis picados e faíscas estourarem para cima.
Segundos depois eu passei o prêmio para frente e o pessoal seguiu animado em direção à placa para tirar fotos. O pessoal se acumulou e segui para uma das pontas, sentindo Pogba pular em minhas costas e passei o braço pelos ombros de Alex Sandro ao meu lado.
- OH! O-OH! O-OH! O-OH! OH! O-OH! O-OH! O-OH! – O povo gritava junto com a torcida, pulando no lugar durante as fotos e vi o pessoal começar a se dissipar.
O povo se separou e todo mundo acabou olhando em volta à procura de Manu. Não foi difícil achar, ela estava um pouco à frente, fora das quatro linhas, sendo abraçada por pelos ombros e a cabeça apoiada nos braços e sorri. Vi o pessoal pegando as blusas, colocando e Morata, Dybala, Pogba e Barza saíram correndo em direção à Manu.
Vesti a blusa em homenagem a ela, com uma silhueta de uma menina de cabelos azuis, quase como um camafeu de uma princesa da Disney e a frase “La vera amicizia è quella che resiste per sempre”, por cima do uniforme laranja.
- O que está fazendo, Paulo? Gente? BARZA! – Ela gritou quando eles tombaram-na para trás. – GENTE! – Ouvi seus gritos e ajudei a segurar Manu pela perna.
- C’È SOLO UNA NUMERO UNO! – O povo começou a gritar.
- AH! – Os gritos de Manu ficaram em evidência conforme a jogávamos para cima e seus cabelos sacudiram para cima diversas vezes.
As câmeras e fotógrafos nos rodeavam, não me importa se eles sabiam o que estava acontecendo, era o mínimo que a gente podia fazer para alguém que foi tão importante para gente. Alguém que tinha marcado tanto.
- Ah, espera! – Manu disse quando a colocamos no chão, apoiando a mão no braço de Paulo. – Está tudo girando! – Rimos juntos.
- Isso foi por você, lindinha! – Paulo disse, abraçando-a de lado e ela pressionou os lábios, respirando fundo.
- Eu amo vocês! – Ela disse, com as lágrimas começando a deslizar pela sua bochecha.
- Ah! – Falamos juntos, entrando em um abraço grupal e dei um beijo em sua testa, vendo-a sorrir.
- Eu amo vocês! – Ela disse novamente e apertei-a por alguns segundos, me afastando dela. – Eu amo vocês! Grazie! – Ela disse novamente e me afastei devagar, sentindo o pessoal atrás de mim se afastar aos poucos.
Manu começou a abraçar um por um, começando pelos seus dois grandes amigos que ergueram-na e a giraram e ela sorriu, abraçando cada um fortemente pelos ombros, recebendo um beijo na bochecha de cada um deles. Barza veio logo em seguida, abraçando-a apertado, passando a mão em seus cabelos. Ele falou algumas palavras que não consegui entender, fazendo-a assentir com a cabeça e pressionar os lábios para evitar as lágrimas de saírem e ela se virou para mim em seguida.
- Vem cá! – Puxei-a fortemente para um abraço, sentindo-a apertar as mãos em minhas costas. – Eu te amo, linda! Você é e sempre vai ser uma de nós, ok?! – Senti seu rosto em confirmação em meu ombro.
- Eu também te amo. Obrigada por me acolher tão bem! – Sorri.
- Você não tem nada para agradecer! Você mudou nossa vida. – Falei, suspirando.
- E vocês a minha! – Ela disse e olhei em seus olhos quando ficamos frente a frente.
- Vai lá! – Deu um beijo em sua testa, vendo-a sorrir e se virar para abraçar Pogba.
Me afastei do pessoal que esperava para abraçá-la e sorri, vendo as lágrimas deslizarem pela sua bochecha. Virei para o lado, encontrando os cabelos de do lado de fora da roda com as bochechas molhadas e os olhos avermelhados como Manu e me aproximei dela, vendo-a desviar o olhar para mim.
- Precisa de um abraço? – Perguntei.
- Sim... – Ela disse com a voz fina e abracei-a, sentindo-a afundar o rosto em meu ombro e me apertar fortemente.
- Está tudo bem! – Falei baixo, acariciando sua cabeça.
- Obrigada pelo que vocês fizeram, ficou perfeito! – Ela disse baixo, afastando o rosto, passando as mãos levemente embaixo dos olhos.
- Foi ideia do Rubinho. – Falei. – Alguém fez o desenho e o próprio time imprimiu. – Ela assentiu com a cabeça.
- Está perfeito! – Ela sorriu, assentindo com a cabeça.
- ! – Me assustei, vendo Lou e Dado correndo em nossa direção.
- Meus amores! – se ajoelhou no chão, abraçando os dois que pularam em seus braços. – Como vocês estão lindos! – Ela acariciou o rosto de dois, estalando beijos na bochecha.
- Por que você está chorando? – Lou perguntou.
- Ah, não é nada, meu amor! – Ela disse, apoiando o ombro em seu ombro. – Uma amiga vai embora, está tudo bem!
- Senti saudades! – Dado disse.
- Ah, também senti! Seu pai nem levou vocês mais lá em casa, né?! – Ela disse e eu sorri.
- Não! – Eles disseram rindo.
- Carino... – Virei o rosto, vendo Ilaria com Leo no colo.
- Ei! – Falei.
- Eles correm rápido, não? – Ilaria disse.
- É, eles amam a tia ! – disse, se levantando e notei que o sorriso em seu rosto havia sumido.
- ! Que bom te ver! – Ilaria disse.
- Tudo bem, senhora D’Amico? – estendeu a mão e notei o curto sorriso sarcástico em seu rosto.
- Tudo ótimo e contigo? Conhece o nosso fi...
- Dona Maria Stella! – falou ao ver minha mãe.
- ...Lho. – Ilaria finalizou.
- Ah, , querida! – Minha mãe a abraçou fortemente.
- Que surpresa vê-los aqui hoje! – O sorriso de verdade de se abriu.
- Você está linda como sempre! – Minha mãe disse.
- Ah, obrigada, estou um pouco emotiva. – passou as mãos no rosto.
- Ah, Gigi nos contou sobre a Emanuelle. Ela parece ser muito querida.
- Demais! – sorriu. – Veronica, Guendy, tudo bem?
- Ela conhece sua família inteira, não? – Ilaria cochichou para mim.
- São 15 anos já, Ilaria. – Falei, sem desviar o olhar dela. – Ela conhece todo mundo.
- Aquele cabelo é de verdade? – Veronica perguntou.
- É! E é mais macio que o meu! – disse rindo.
- Incrível! Adorei! – Elas riram juntas.
- ! – Vi Giovanna ali.
- Ah, tia Gio! – se afastou do abraço de minhas irmãs para abraçar Giovanna que estava ali com uma blusa do time junto de Fabrizio e os gêmeos. – Gente, essa é Giovanna, minha mãe, Fabrizio, meu pai e Gianni e Pietro, meus irmãos. Gianni joga na nossa base.
- Oi, tudo bem? – Giovanna acenou com um sorriso.
- Prazer conhecê-los! – Minha mãe cumprimentou um por um e Fabrizio me cumprimentou com um aperto de mão.
- Se me dão licença, gente! – disse.
- Vai lá! – Falei. – Nos encontramos depois.
- Não some! – Lou disse.
- Não sumo! – disse no mesmo tom de voz, dando um beijo em sua cabeça e seguiu logo atrás com seus familiares.
- Gigi... – Veronica se aproximou de mim. – Você não disse que a era órfã? – Ela falou mais baixo.
- Ela é! Mas esses dois cuidam dela desde seus 17 anos, ela acha mais fácil apresentar assim. – Falei.
- Mas eles a adotaram? – Ela perguntou e eu suspirei.
- É-é-é complicado! – Falei, vendo-a rir. – Mas para todos os meios, são os pais dela. – Falei.
- É o que importa, querida! – Minha mãe disse e desviei o olhar para que havia parado com Chiello alguns metros e brincava com sua filha que esticou rapidamente os bracinhos para .
- Pai, a gente pode brincar? – Dado perguntou.
- Claro! Mas não saiam daqui! – Falei, vendo eles e meus sobrinhos saírem correndo pelo campo.
- Ela não me pareceu interessada no Leo. – Ilaria disse e peguei meu filho de seu colo, apoiando-o levemente em meu ombro.
- Ela me ama, querida! – Minha mãe veio em minha defesa. – Ela larga todo mundo quando me vê! – Ela piscou para mim e escondi um sorriso.
- ANDIAMO, GIGI! – Barza gritou.
- Vocês aguentam as pontas um pouco mais? – Perguntei, devolvendo Leo para Ilaria.
- Claro, filho! É seu dia! Vai aproveitar com sua torcida! – Meu pai falou e sorri.
Me afastei dele devagar e vi Manu abraçando Mario com a mesma feição de choro, mas sem lágrimas deslizando pelas suas bochechas e ele a sacudia de um lado para o outro pelos ombros, falando alguma coisa contra seu ouvido. Desviei o olhar, olhando para novamente e suspirei. Minha mãe podia me salvar dessa, mas queria muito que agisse com Leo da mesma forma que ela agiu com Lou e Dado desde o primeiro dia, mas eu entendia, era totalmente diferente.
Só esperava que um dia isso passasse. Eu amava a forma que ela tratava meus filhos e amava o quão importante ela era para eles. Alena era alguém bem mais fácil e maleável, além de que não sabia ser uma pessoa má, agora com Ilaria era bem diferente, só esperava que meu filho não perdesse a oportunidade de conviver com a mulher da minha vida e que ela fosse tão importante para ele quanto é com os outros.
Capitolo setantatre
Senti o gosto da bebida quase que automaticamente, já que era assim que eu estava bebendo nos últimos minutos e bufei fracamente ao ver Ilaria andando com aquele bebê em seu colo quase como se estivesse em um desfile de modas, esperando ser paparicada por algum idiota que cairia naquele sorriso simpático.
Falsa!
- ! – Virei o rosto, vendo Manu com os olhos arregalados para mim. – Oi!
- Oi, me chamou? – Perguntei, abaixando a taça quando percebi mais pessoas atrás dela.
- Umas 20 vezes. – Ela disse rindo. – Meus pais queriam falar contigo. – Ela mostrou as duas pessoas.
- Claro! – Falei.
- Mãe, pai, essa é a , minha chefe e gerente de contabilidade do time. – Ela me apresentou com as mãos quase como se oferecesse um prato de salgados. – , meus pais, Santiago e Cecília.
- Muito prazer conhecê-los. – Cumprimentei ambos com dois rápidos beijos e um curto abraço. – É um prazer conhecer os pais dessa menina incrível aqui. – Eles sorriram.
- Queríamos te agradecer por tudo o que você fez pela nossa filha. – Sua mãe disse em um sotaque bem menos fluído que Manu. – Ela já estava feliz por estar aqui em Turim, mas vocês conseguiram acolhê-la e deixar tudo melhor.
- Acho que ela que nos acolheu. – Apoiei a mão nas costas de Manu. – Ela fez mais por nós do que nós por ela. – Suspirei. – Vai fazer muita falta. – Manu sorriu envergonhada.
- Nós precisávamos vir aqui agradecer. – Seu pai disse e assenti com a cabeça.
- Sinto muito pela perda de vocês. – Falei honesta. – Se vocês precisarem de qualquer coisa, mesmo, se vocês quiserem voltar, se você quiser voltar... – Falei diretamente para Manu. – Nossas portas sempre vão estar abertas. – Eles assentiram com a cabeça.
- Grazie.
- Temos uma política de que se o jogador quer sair, nós não vamos brigar por ele, mas se a pessoa quiser voltar, estaremos aqui. E eu amar ter essa menina de volta! – Ela sorriu, passando o braço pelos meus ombros, me abraçando fortemente.
- Grazie, chefa! – Ela disse sorrindo.
- Divirta-se, ok?! – Sua mãe disse, apertando a mão de Manu e ela confirmou com a cabeça. Eles deram um aceno de cabeça e se afastaram.
- Ok, desembucha! – Manu disse, se colocando de frente para mim.
- O quê? – Perguntei, virando a taça na boca novamente, percebendo que estava vazia. – Droga. – Apoiei a taça no balcão. – Enche, por favor? – Pedi ao barman.
- Que cara é essa? – Ela perguntou.
- Você ainda pergunta? – Revirei os olhos, recebendo a taça de volta com vinho branco. – Grazie. – O homem assentiu com a cabeça e dei um longo gole, sentindo Manu me puxar um pouco mais para o centro do salão, se afastando das laterais.
- É a chata e o mini-chata, não é? – Ela perguntou e eu suspirei.
- É! – Bufei baixo. – Eu não consigo agir normalmente, ok?! – Falei baixo. – Eu amo o Lou e o David, mas ele...
- Te traz más recordações...
- Más? Péssimas! – Falei um tanto dramática. – Isso é um desastre, Manu. Ela fica desfilando como se todo mundo devesse paparicá-la e ele... – Olhei em volta. – Não faço a mínima ideia onde está, mas não está nem um pouco interessado em ficar com ele.
- Me desculpe, chefa. Isso é horrível. – Suspirei. – Você promete que vai ficar bem quando eu for embora? Eu juro que tentei ser cupido, mas... – Sorri.
- Eu vou ficar bem, Manu! Sua saída é pior do que isso. Isso eu já estou acostumada. – Suspirei, bebendo mais um gole da taça.
- Isso não é algo bom para se acostumar. – Ela disse e eu suspirei, virando para ela.
- Deixa para lá, ok?! – Neguei com a cabeça. – Pior do que ver ela e esse bebê é ela e G...
- GIGI! – Me assustei quando ela falou com o assunto que acabara de chegar com um copo de uísque na mão.
- Senhoritas! – Ele disse.
- Amei essa blusa! – Manu apontou para a blusa que todos os jogadores, staffs e administrativos usavam com a silhueta dela.
- Não fomos muito criativos, mas...
- Não! É linda! – Ela sorriu. – Obrigada, mesmo! – Ela disse abraçando Gigi.
- Você não tem que nos agradecer, Manu! Tem que prometer que vai ficar bem e que vem nos visitar assim que possível! – Ela assentiu com a cabeça.
- Não se preocupe! Vou começar minha poupança de viagem assim que chegar no Brasil. – Sorri.
- Já sabe o que fazer quando chegar lá? – Gigi perguntou.
- Eu vou entrar em um curso de fotografia, dei umas pesquisas e tem um bom na minha cidade. – Ela disse sorrindo.
- Bancado por nós! – Falei.
- Que isso, chefa! – Manu disse.
- Nã-não, eu te prometi que se quisesse investir nessa carreira, o time ia investir como parte do processo de aprendizado. Vou esperar seu e-mail! – Ela pressionou os lábios.
- Grazie! – Manu sorriu. – Eu guardei um dinheirinho de todos esses anos, mas não é exatamente o suficiente!
- Eu enchi seu saco sobre isso! Aproveite agora, ok?! – Falei, dando um beijo em sua bochecha.
- Pode deixar! – Ela sorriu. – E vocês ganhem a Euro, ok?! – Ela disse para Gigi rindo e uma luz se acendeu em minha mente.
- Vamos tentar, vamos ten...
- Com licença, gente! – Falei para os dois, me afastando deles e deixando a taça em cima do balcão.
Andei pelo salão do Club Legends, vendo vários familiares ocupando as mesas do salão, alguns adultos e jovens dançando na pista alguma música que eu não havia me dado conta do que era pelo meu desligamento e passei pela minha mesa, vendo Fabrizio e Trezeguet conversando e neguei com a cabeça. Fabrizio mal sabe que está conversando com seu futuro genro, se tudo desse certo quando Giulia voltasse.
Me aproximei da mesa de Gigi, encontrando suas irmãs conversando somente as duas e senti falta da Giulia. Já fazia dois anos e pouco menos de um que eu não tinha novidade nenhuma dela. Incentivei tanto sua ida e agora me arrependo de não tê-la comigo. Só mais um ano, , só mais um.
- Scusa, signore! – Me aproximei de Guendalina e Veronica.
- ! – Elas sorriram.
- Atrapalho? – Perguntei, puxando uma cadeira vazia da mesa de trás e me sentei um pouco atrás no meio das duas.
- Não, claro que não! – Veronica disse.
- Gostaria de aproveitar a oportunidade para nos desculpar sobre hoje... – Guendalina disse.
- Sobre o quê? – Franzi a testa.
- Ah, você sabe. – Ela indicou a cabeça para o lado e virei o rosto, encontrando Ilaria com Leopoldo em seu colo.
- Ah, isso não é trabalho de vocês, senhoras! – Falei, pressionando os lábios. – E eu e Gigi já conversamos diversas vezes sobre isso, eu tento entender, mas...
- Não é seu trabalho entender isso, . – Veronica disse. – É do meu irmão e ele tem um senso de responsabilidade um tanto ridículo, se me pergunta. – Rimos juntas.
- Hoje é um dia de festa, não? Vê-la aqui com o bebê já foi um baque imenso para mim, não vamos tornar pior. – Elas assentiram com a cabeça.
- Claro, me desculpe. – Veronica disse.
- Eu queria falar sobre outro assunto com vocês, se possível. – Apoiei as mãos nas poltronas.
- Claro! – Guendalina disse. – É algo que podemos te ajudar.
- Talvez eu esteja um pouco atrasada, mas será que ainda dá tempo de eu aceitar aquele convite que vocês em enviaram anos atrás para eu conhecer o hotel de vocês? – Dei um sorriso discreto e elas abriram maiores ainda.
- Mas é claro! – Elas falaram sorrindo.
- Achamos que nunca fosse nos visitar. – Guendalina disse e ri fracamente.
- Beh, com o Gigi lá e Alena, Ilaria, não são exatamente as férias perfeitas... – Elas riram. – Mas com Gigi no Europeo, imagino que Ilaria vá trabalhar em Milão, talvez seja a oportunidade perfeita para eu conhecer vocês e relaxar. – Elas sorriram.
- Com toda certeza! – Veronica disse. – Pode ir e ficar o tempo que quiser. Os meninos do Gigi vão ficar conosco, com exceção do Leo, talvez seja o momento perfeito. – Sorri.
- Eu vou adorar! Estou precisando descansar mesmo, vou até dar férias para minha equipe.
- Claro! Vamos preparar uma estadia bem relaxante para você. – Veronica disse e ri fracamente.
- Ai, relaxante, é tudo o que eu preciso! – Falei e elas riram.
- Você vai adorar! O hotel é na praia, tem piscina, quadra de vôlei, campo de futebol, serviço de SPA.
- Ah, uma massagem. – Suspirei. – Estou realmente precisando. – Elas sorriram.
- A gente programa sim, quando você está disponível? Quanto tempo quer ficar? – Guendalina perguntou.
- Beh, ainda temos a Coppa Italia, depois vai uma semana, 10 dias para finalizar as coisas de fim de semana. – Suspirei. – Aí eu vou passar um tempo com a minha família... – Suspirei. – Pode ser dia 15? 20? Não sei se vai ser tão no meio da alta temporada para vocês, posso ir depois e...
- Não, não! Nós fazemos questão de te atender da melhor forma possível. – Sorri.
- Eu agradeço, gente! Vai ser muito bom! – Suspirei. – Aí eu posso ficar umas duas, três semanas, só não quero encontrar o Gigi lá. Quero tudo, menos dor de cabeça. – Elas riram.
- Não se preocupe, quando tem competição ele não vai! Acaba ficando muito em cima para voltar para o time... – Guendalina abanou a mão.
- Eu ainda não tenho o calendário da próxima temporada, mas deve começar lá pelo dia 18, 20 de julho.
- Ah, você pode ficar um mês conosco. – Sorri.
- Ah, um mês relaxando, conseguindo um bronzeado... – Elas riram. – Eu vou deixar meu contato com vocês, aí vocês me passam as informações certinhas, para eu fazer um depósito de reserva, tudo certinho.
- Não! Que isso! Nós não vamos deixar você pagar! – Veronica disse.
- Ah, gente! Por favor! – Rimos juntas. – É o trabalho de vocês, sei como esse trabalho de hotelaria é caro! Além do tempo! Quase um mês é muito!
- Nós insistimos, ! – Guendalina disse. – Talvez seja uma pequena compensação por todas as merdas do meu irmão. – Rimos juntas.
- Ah, meninas! Se isso pagasse. – Suspiramos. – Queria que ele compensasse com mais ações do que palavras. – Revirei os olhos.
- Como assim? – Veronica perguntou.
- Ah, vocês sabem... – Ponderei com a cabeça. – Beh, eu não sei o quanto ele contou para vocês.
- O suficiente para sabermos que você é o céu e a outra é o inferno. – Guendalina disse e eu suspirei.
- Ele contou para vocês sobre... Nós? – Falei mais baixo.
- Sim! Minha mãe não ficou muito feliz com isso, mas sabendo que é você, ela até fica um pouco mais confortável. – Neguei com a cabeça.
- Beh, ele diz que sonha em ficar comigo e que um dia vai realmente largá-la... – Falei baixo, olhando em volta. – Mas eu não acredito disso.
- Ele realmente te ama, , isso é...
- Não fala essa palavra, por favor. – Pedi, fazendo uma careta. – Piora tudo.
- Scusi, mas ele falou sobre isso e fala que é bem mais feliz quando está contigo... – Suspirei, vendo-o conversando com Ilaria e brincando com Leo.
- Ele mostra isso, mas aí ele está com ela, a gente sabe que essas coisas não são fáceis com um bebê envolvido, ainda trouxe ela para o meu território... – Suspirei. – Eu queria muito acreditar em contos de fadas, meninas, mas eu parei quando perdi meus pais. – Elas pressionaram os lábios.
- Adoraria também te dar um prazo de quando isso vai acabar, porque você é uma cunhada muito mais legal do que... – Ela revirou os olhos. – Mas saiba que você é única para ele, ele só...
- Precisa se ajeitar antes de te envolver em mais coisas. – Veronica cortou a irmã.
- Enquanto isso, eu fico brincando de batata quente. Em uma luta comigo e minhas vontades de mulher... – Suspirei.
- Beh, sobre isso, devo dizer que temos vários homens lindíssimos em Forte dei Marmi, inclusive alguns massagistas do hotel. – Rimos juntas, me fazendo abrir um sorriso.
- Bom, nada como um estepe, não é mesmo? – Gargalhamos juntas. – Só quero pedir para não contarem nada para ele. – Pedi. – Sobre as férias.
- Ah, não se preocupe! Mas não podemos segurar se o Lou e o Dado contarem para ele após as férias...
- Ah, eu me lido com ele depois, só realmente não quero bagunça nas minhas férias. – Suspirei.
- Senhoras... – Viramos apressada para o lado, vendo Gigi se apoiar na cadeira da frente.
- Gigi! – Falei, reduzindo o sorriso.
- O que estão fazendo? – Ele perguntou.
- Conversando? – Guendy respondeu em tom de pergunta. – Afinal, a tem muito mais em comum conosco do que... – Gigi revirou ao final da frase.
- Falando nisso e o vôlei? – Veronica perguntou. – Tem praticado?
- Ah, nada! – Falei rindo. – Não jogo nada sério desde... 2007 ou 2008. – Suspirei. – Eu tenho um campo com rede em casa, mas minha irmã está viajando em um projeto por três anos, acabo ficando sozinha, mas eu sinto tanta falta.
- A gente precisa combinar um dia, nem que seja para rir. – Guendalina disse e rimos juntos.
- Beh, vocês sabem onde eu estou 12 meses do ano, né?! – Falei, ouvindo-as rirem.
- Você deveria jogar futebol conosco um dia, . – Gigi disse. – Depois daquele seu free kick, fiquei curioso por mais. – Ri fracamente.
- Tirando alguns truques, Gigi, eu não tenho nada. – Falei rindo. – Uma vez tentei dar um chapéu em Gianni e acabei com a bola na cara e um supercílio sangrando. – Eles riram.
- Duvido! – Gigi riu e eu pressionei os lábios.
- Onde está Manu? – Perguntei.
- Ah, o Tico, Teco e o Pateta pegaram-na para Cristo. – Ele se afastou de onde estava, indicando a pista e vi Paulo, Álvaro e Barza, este último claramente feliz demais, tentando dançar com Manu que não parava de rir.
- Gostei dos apelidos. – Falei, sorrindo. – Beh, gente, eu vou deixar vocês que eu tenho mais um monte de mesa para passar, inclusive dos meus chefes! – Me levantei, devolvendo a cadeira à mesa do lado.
- Vai lá, ! Nos falamos! – Veronica disse.
- Ah, seu telefone. – Guendy disse, esticando seu aparelho.
- Ah, claro. – Peguei-o, anotando meu telefone em seu celular. – Me liga quando quiser!
- Pode deixar! Vamos marcar nosso vôlei. – Ela disse e rimos juntas.
- Combinado. – Sorri, andando ao redor da mesa. – Gigi. – O cumprimentei com um aceno.
- . – Ele repetiu e me afastei, seguindo falsamente até a mesa dos Elkann. – O que estão aprontando? – Ouvi a voz de Gigi e sorri.
- ! – Lapo me cumprimentou.
- Lapo, John! Como estão? – Sorri.
- Não está perfeito, mas dá para o gasto! – Padoin disse, soltando minha gravata.
- Se não fosse para estar perfeito, eu tinha feito! – Falei, ajeitando os dois lados da gravata.
- Espera aí! – Barza se aproximou. – Isso está um desastre, Pado! – Ele disse, segurando minha gravata e desfazendo o nó. – Está igual seu nariz!
- Há, há, há! Agradeço a parte que me toca! – Ele disse.
- Pelo menos está o seu, não do Chiello! – Falei.
- Ei, a conversa não chegou aqui, não! – Ele disse, nos fazendo rir e Barza refez o nó com facilidade.
- Vamos encontrar Maria Sole Agnelli, vocês não vão se comportar assim, vão? – Angela brigou conosco.
- Não! Não! – Os oito escolhidos para esse dia, dissemos juntos.
- Pronto, agora! Agora está perfeito! – Barza disse.
- Falando em perfeito... – Cáceres falou, olhando para algo atrás de mim e virei o rosto, vendo e Manu chegando ao museu pelo mesmo lugar que estávamos.
estava maravilhosa como sempre, fazendo minha boca entreabrir. O vestido de couro pouco abaixo dos joelhos, um decote bonito, mas respeitoso, os cabelos claros jogados de um lado e sandálias de salto fino completavam o look. Manu claramente tinha a quem se espelhar, vestido preto lado a lado, seus cabelos azuis presos em um rabo de cavalo e sandálias um pouco mais grossas que sua inspiração.
- Buongiorno, ragazzi! – falou, parando ao nosso lado.
- Uau! – Falei, sentindo um tapa na cabeça logo em seguida. – Para que, cara? – Reclamei com Barza.
- Modos!
- Eu só falei “uau”. – Disse e ele me bateu de novo. – Ah, mah che cazzo! – Falei, dando dois tapas em seus braços, vendo-os desviar.
- Uau para vocês também, Gigi! – disse.
- Vai bater nela agora? – Perguntei e ela sorriu.
- Não posso bater na mulher que paga meu salário, cara! – Barza disse e rimos juntos.
- Oi, gente! – Manu disse animada, acenando para nós.
- Posso falar como ela está bonita? – Perguntei para Barza.
- Ah, eu mesmo falo! – Ele sorriu e Manu o abraçou de lado. – Você está linda! Vocês duas.
- Grazie, Barza. – disse. – Vocês estão prontos?
- Quem vamos encontrar mesmo? – Cáceres perguntou.
- Maria Sole Agnelli, ela já tinha nascido na última vez que completamos os cinco scudetti di fila. – disse. – Ela é filha de Edoardo Agnelli, irmã do Avvocato, Gianni Agnelli, e seu irmão Umberto. Ela é tia avó do Andrea. – explicou.
- Ok, eu preferia não saber essa informação. A barriga acabou de embrulhar aqui! – Lich disse e rimos juntos.
- É só marketing, gente! – disse. – Relaxem, aproveitem e lembrem-se que isso é um museu, não um campo de futebol. – Ela disse e todos nos entreolhamos.
- E você? O que veio fazer aqui? – Perguntei.
- Não é óbvio? – Ela olhou em volta, colocando as mãos na cintura. – Sem Andrea, sem Pavel, sobra eu. – Ela suspirou. – Então, sejam legais comigo, se comportem e paguem nosso almoço. – Sorri.
- Com prazer. – Falei e ela virou para mim, pressionando os lábios em um sorriso.
- E Manu veio visitar o museu e o estádio pela última vez. – indicou-a. – Por agora.
- Por agora, é claro! – Manu riu.
- Prontos? – Angela apareceu. – Ah, , você apareceu. Graças a Deus! – Angela veio em direção à , abraçando-a.
- Não ia te deixar na mão, não se preocupe. – Ela disse rindo.
- Beh, então vamos? – Angela perguntou e peguei o troféu do campeonato, segurando em minhas mãos.
- Vamos. – Eles disseram.
- Manu... – chamou-a e a mais nova seguiu saltitante até ela.
Respirei fundo, esperando que as três mulheres entrassem à frente e passamos pela entrada do estádio, vendo as diversas exposições e várias lembranças que eu mesmo havia trazido aqui e seguimos para o fundo do museu, para a área de troféus e engoli em seco quando vi a senhora em questão. Pelas minhas contas, ela tinha uns 90 anos.
- Senhora Agnelli. – se aproximou primeiro. – Eu sou , gerente de contabilidade.
- Ah, sim! Andrea me disse sobre você! – Elas trocaram um rápido cumprimento. – Só não me disse que era tão bonita. – sorriu.
- Agradeço e estendo os elogios. – Elas riram juntas.
- E essa moça de cabelos azuis?
- Emanuelle Rodrigues, senhora. Eu sou só uma assistente. – Manu a cumprimentou igualmente cordial. – É um prazer conhecê-la.
- Ah, não é só uma assistente, todos têm grande importância nesse time. – Manu sorriu, se afastando e foi a vez de ela olhar para nós.
- Ragazzi... – Maria disse. – Vocês demoraram muito. Estou esperando há 81 anos. – Rimos juntos.
- Ficamos feliz em poder compartilhar isso com a senhora. – Falei e ela indicou o caminho.
Segui em frente, dando um rápido cumprimento para ela e esperava que todos os outros fizessem o mesmo. Deixar Cáceres ajeitadinho assim não tinha sido fácil, não! Seguimos pelo local, parando próximo à exposição dos cinco scudetti conquistamos entre 1930 e 1935 e e Manu sempre atrás, longe das câmeras que nos acompanhavam.
- Eu pouco me lembro de quando a Juventus conquistou cinco scudetti seguidos. – Maria falou. – Eu era uma criança e, naquela época, crianças não iam ao estádio. Agora as pessoas levam até em carrinhos. – Sorri. – Mas lembro que foi um tempo incrível. Em casa sempre falávamos do trio Combi-Rosetta-Caligaris. Você ouvia sempre naquele tempo. – Ajeitei o troféu em minhas mãos. – Lembro que minha mãe andava por Turim com um cão branco e outro preto, outro símbolo da Juventus. E outras memórias, faz muito tempo. – Assenti com a cabeça.
- A senhora conseguiu ver algum jogo nos dias de hoje? – Chiello perguntou.
- Devo dizer que nunca vi, porque não quero trazer má sorte. – Ela respondeu e rimos juntos. – Mas eu deixo arrumado para meu marido na TV e deixo a sala. – Sorri. – Mas na manhã seguinte eu mudo o canal para ver como a Juve se saiu. Normalmente vejo uma grande defesa de Gigi. – Senti meu rosto arder e dei um aceno de cabeça, sentindo um tapinha em minhas costas. – Acho que está na hora de colocá-lo em seu lugar. – Ela indicou o prêmio. – Vamos lá? – Ela indicou a o caminho.
Na sala de troféus, os quatro scudetti já estavam ajeitados na mesa principal. Entreguei o quinto a Paolo Garimberti, curador do museu e agora tudo estava completo. Havíamos conseguindo atingir o melhor feito do time, agora era tentar conseguir mais, sempre mais.
- Uma foto, por favor! – O fotógrafo do time falou e nós oito, Cáceres, Chiello, Leo, Claudio, Barza, Lich e Padoin, nos ajeitamos em volta da mesa, e Paulo e Maria ocuparam as pontas. Sorrimos para as fotos e vi , Manu e Angela observarem a foto. Os flashes foram tirados e pudemos relaxar logo em seguida. Cumprimentei Maria e Paulo.
- Grazie per venire! – Falei para Maria.
- È stato un piacere. – Ela disse sorrindo e vi se aproximar.
- Senhora Agnelli, foi um prazer conhecê-la. – falou e sorri. – Obrigada por vir passar esses minutos conosco.
- Eu que agradeço! – Ela disse. – Que consigamos o sexto agora! – Rimos juntos.
- Tomara! – sorriu, se afastando aos poucos.
Os outros jogadores se aproximaram para cumprimentá-la também e vi e Manu saírem da sala dos troféus. Fiz um aceno positivo para Angela e ela retribuiu. Nosso trabalho havia acabado. Era isso! Eu coloquei um terno para vir ao museu passar 10 minutos. Ou menos. Tudo bem, eu teria que vir de uma outra ou outra, pelo menos foi interessante ouvir um pouco de história.
Segui para fora da sala dos troféus também, procurando Manu pelos locais preto e branco. Era fácil ter seu cabelo como referência. Encontrei ela e no mural dos fãs, onde eles podiam deixar suas lembranças da visita que haviam feito.
- Nós podemos te conseguir um dálmata, chefa! – Manu disse empolgada.
- Um dálmata, Manu? – disse rindo.
- É, você ouviu o que a moça disse, a mãe dela andava com um cachorro branco e um preto.
- É, não um dálmata. – disse.
- Eu sei como cães dão trabalho, ok?! Então simplifiquei e te dei dois em um! – Ri fracamente, me aproximando delas.
- Por que eu teria um dálmata, Manu? Eu não paro nem em casa! – disse.
- Ah, um pouco de companhia para você!
- Ah, meu Deus! – disse rindo.
- Deixa eu pegar a caneta. – Manu disse, deslizando pelo piso.
- O que estão fazendo? – Perguntei, vendo virar de frente para mim.
- Ah, a Manu quer me dar um cachorro. – disse rindo.
- Eu ouvi! – Falei, rindo junto. – Daria certo?
- Ah, eu gosto de cachorros, mas nunca pensei em ter um, dá bastante trabalho, você se apega fácil e eu não tenho tempo. – disse para Manu que voltou com a caneta branca para escrever no mural.
- Ah, é como uma criança, vai! – Manu disse.
- A diferença é que a criança eu quero ter! – disse.
- Ah, sem graça! – Manu mostrou a língua. – Eu tive um cãozinho quando criança, morreu quando eu tinha 14 anos. Fiquei bem triste.
- Viu?! Mais essa! – disse rindo.
- Ah, fiquem quietos que eu preciso me concentrar. – Manu disse e se afastou alguns passos para trás e fui em sua direção.
- O que ela está aprontando? – Perguntei
- Ah, ela quer deixar um recado, conversei com Paulo se não tem como fazer isso permanente, ele disse que vai ver se é possível, mas deixou um espacinho bom para ela. – Ela sorriu.
- Que bom! – Sorri, vendo-a se aproximar de alguns escritos. – Eu queria te perguntar...
- Sim... – Ela se virou para mim novamente.
- Você ficou um pouco distante na festa. – Falei e ela deu um suspiro mais fundo. – Algo aconteceu?
- Você ainda pergunta? – Ela perguntou, ficando de frente para mim. – Eu sou boa em fingir e esconder algumas coisas, Gigi, mas tem outras que simplesmente não tem como. – Ela relaxou os ombros.
- O que você está falando, ? – Perguntei, segurando sua mão e ela recuou-a.
- Ver você, Ilaria e bebê sendo uma grande família feliz não dá para mim. – Ela suspirou.
- Não foi nada disso, , e você sabe.
- Não torna isso melhor! – Ela disse. – É seu filho e eu não consigo olhá-lo sem lembrar de tudo. – Ela suspirou. – O que é horrível para mim, pensando na relação que eu tenho com seus outros meninos. – Ela suspirou.
- Não era para ela ir, mas eu não consegui arranjar uma boa desculpa para isso. – Falei.
- Ela é sua namorada, Gigi, mãe do seu filho, ela tem que estar lá. – Ela disse firme. – Isso só prova como tudo isso é difícil e fodido.
- Não! Não mude as coisas. – Falei, suspirando. – Eu entendo que é difícil, mas não é nada prazeroso para mim, por favor, entenda. – Segurei seu rosto com uma mão. – Eu só não tive escolha nisso, ela...
- Ela queria desfilar com aquele bebê como se fosse a única mulher do mundo a ter filhos. – Ela falou firme. – Era isso que ela queria, e me atingiu de várias formas... – Ela deu de ombros. – Você sabe por quê.
- Eu sei! – Acariciei sua bochecha. – Nosso passado, ter filhos, os meninos, eu entendo. Só não se afaste.
- Eu não me afastei, Gigi. – Ela disse, segurando meu pulso e abaixando minha mão devagar. – Eu só estou explicando, porque você perguntou. – Ela suspirou. – Estamos bem, tanto que estamos conversando normalmente, mas é difícil ter que engolir isso, além de que mesmo se ela não estivesse lá, é uma festa do time, nós dois temos reputações a zelar, o que você queria que eu fizesse?
- Ah, eu ia adorar me esconder em algum lugar contigo. – Ela riu fracamente.
- Talvez na próxima temporada. – Ela disse suspirando. – Vocês têm uma competição para vencer e eu preciso relaxar.
- O que vai fazer nas férias? Vai viajar?
- Ainda não sei. – Ela suspirou. – Vou aproveitar com minha família antes, talvez dar um pulo em Palermo, vamos ver.
- Vai torcer por mim? – Perguntei.
- Torço há 15 anos, por que mudaria agora? – Ela perguntou, dando um curto sorriso e levantei sua mão, levado até meus lábios e deixei um curto beijo nela.
- Terminei! – Manu disse e virei o rosto, vendo Barza e Cáceres em volta dela.
- Deixa eu ver! – disse e me aproximei com ela, encontrando o local em que Manu havia escrito.
“Se você chegou aqui e ainda está em dúvidas, saiba que aqui é muito mais do que um time, lar de grandes troféus e de jogadores incríveis, aqui também é um lugar especial, que muda nossa vida para sempre sem nem percebermos. É um lugar para rir, chorar e compartilhar momentos importantes. Afinal, todo momento é importante aqui. Se você chegou aqui e não sabe o que esperar, posso dizer que você está entrando em um lugar importante para mim, aqui eu fiz amigos que se tornaram minha família e fiz marcas que ficarão para sempre marcadas em minha pele – de um jeito ou de outro. Se você chegou aqui e ainda está em busca de algo ou de algum sinal, só peço uma coisa: respeito, pois você acabou de chegar em minha casa e de encontrar minha família. La storia di un grande amore è vera, e você vai ser pego sem ao menos esperar.
Emanuelle Rodrigues, aquela que encontrou seu lar no lugar menos esperado.
17/05/2016”
- Ah, amor! – abraçou-a pelos ombros. – É lindo!
- Ah, pestinha, vai me fazer chorar de novo! – Barza disse e rimos juntos.
- E sua família vai estar te esperando, ok?! – Falei no ouvido de Manu, dando um beijo em sua cabeça e ela virou o rosto, sorrindo para mim.
- Vou torcer para não esperarem muito. – Rimos juntos.
- Você que fez isso? – indicou o desenho logo abaixo da data. A letra J estilizada.
- Sim, foi! – Manu disse. – Eu tenho rabiscado umas coisas, esses dias eu vi no site da Juventus que o famoso Avvogato dizia que o J da Juventus era identificado em todo lugar, acabei brincando com isso.
- Ficou ótimo! – sorriu. – Angela, você viu isso? – se virou, procurando por ela.
- O quê? – Ela perguntou e apontou para o desenho.
- As conversas sobre o rebranding vão começar na próxima temporada, não? – disse. – Será que poderíamos usar de alguma forma?
- Tem um conceito? – Angela perguntou.
- Sim, ela disse que se baseou em algo que leu do Gianni Agnelli. – disse.
- É interessante. – Ela disse. – Miguel, tira uma foto disso aqui por favor.
- Ah, foi deixar vocês falando de trabalho e eu vou dar uma última andada aqui. – Manu disse e rimos juntos.
- Vamos, eu te acompanho! – Barza disse, passando o braço pelos ombros dela e ambos seguiram pelo museu.
- Ah, eu conheci o presidente! – Revirei os olhos, passando os braços nos ombros de Manu para descer as escadas.
- Olha, conhecer o presidente Mattarella não é exatamente a melhor coisa do mundo, viu?! – Falei baixo.
- Não é o homem em si, é a posição que eu me encontro, ! – Ela disse rindo. – Eu sou uma Zé Ninguém, entende?
- Você é importante para nós, é o que importa! – Falei e ela revirou os olhos.
- É! Aí eu volto para Campo Grande e viro a filha do Santiago. – Ela pressionou os lábios. – É triste, sabia?
- Você podia ficar com a gente... – Ela entrou na fileira.
- Eu sei! Quero muito! Mas não posso fazer isso com eles, pelo menos não agora, sabe? Minha avó precisa de mim! – Ela sorriu e segurei sua mão, apertando-a fortemente.
- O time já tem 118 anos, ele não vai acabar de um dia para outro. – Brinquei e ela riu fracamente.
- Vou tentar seguir minha vida, mas em caso de desespero, eu tenho o número direto do seu ramal! – Ela piscou e eu sorri.
- Pode ligar sempre que quiser. – Abracei-a de lado, dando um beijo em sua bochecha.
- Falei que era ela! – Virei para o lado, vendo Conte e Lippi lado a lado no corredor. – Esse cone de trânsito azul não me engana.
- Ah, Dio mio! Isso é um sonho? – Me levantei animada.
- , querida! – Lippi falou com sua voz calma, firme e rouca de sempre e ignorei Conte totalmente, indo abraçar o primeiro – e talvez melhor – treinador que eu vi passar na Juve.
- Ah, Lippi! – Abracei-o fortemente, passando meus braços pelos seus ombros e ele deu um beijo em minha bochecha. – Que saudades que eu estava de você! – Falei baixo.
- Eu também, menina! Eu também! – Ele me apertou fortemente e segurou meu rosto quando eu me afastei, apertando seus braços. – Como você está?
- Muito bem! – Passei a mão em seu rosto também. – Que saudades de você, Lippi! – Ele sorriu.
- Eu também. Mais de você do que dos jogadores. – Rimos juntos.
- Eu ouvi isso! – Pavel disse, chegando em nós.
- Viu?! Eu sou a preferida! – Falei, rindo.
- E ele é seu preferido, né? – Conte disse rindo, abraçando Manu pela cintura.
- Você entende, não?! – Falei e ele revirou os olhos.
- Ele é meu preferido também! – Ele disse e abracei Conte, estalando dois beijos em suas bochechas. – Como você está?
- Bem! – Sorri. – E você?
- Ah, tudo bem! – Rimos juntos.
- Veio ver seus convocados? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Mah... – Ele riu.
- Você precisa ganhar isso, Conte! O pessoal está colocando bastante pressão em cima de você! – Falei e ele suspirou.
- Você acha que eu não sei? – Ele riu, negando com a cabeça. – Mas se Deus quiser, vamos ganhar sim! Estou com uma lista boa! – Assenti com a cabeça.
- Invista nos jogadores novos, ok?! Para eu fazer algumas compras logo que isso acabar! – Rimos juntos.
- Pode deixar! – Sorrimos e ele estalou mais um beijo em minha bochecha.
- Se lembra da Manu, não? – Indiquei-a.
- Como esquecer? – Ele disse rindo. – Está incrível!
- Grazie! – Ela sorriu.
- Quem é você? – Lippi perguntou.
- Minha assistente, Lippi, Emanuelle! – Apresentei-a que sorriu.
- É um prazer enorme conhecê-lo, senhor Lippi! – Manu disse sorrindo. – O senhor foi o técnico do tetra em 2006, não?
- Fui sim! – Ele sorriu.
- Manu é brasileira. – Expliquei.
- Ah, muito bom! – Ele disse sorrindo. – Já estão um a frente de nós!
- Quem sabe dois em 2018? – Manu sorriu e rimos juntos.
- É, nem sonhe com isso, linda! – Falei e ela riu.
- Beh, eles estão entrando. – Pavel disse.
- Nos falamos depois? – Lippi disse, dando mais um beijo em minha bochecha.
- Claro! Com toda certeza! – Falei, sorrindo e dei outro cumprimento em Conte, antes de eles irem para outra fileira e voltei a me sentar com Manu e Pavel se sentou ao meu lado.
- Vamos para mais uma vitória? – Pavel perguntou.
- Por favor, eu ainda preciso colocar no meu currículo, três scudetti, duas Supercoppa, três Coppa Italia e uma final de Champions League. – Manu disse e sorri.
- E isso dá certo? – Pavel perguntou.
- Beh, ao menos a gente aumenta um pouco, né?! – Ela deu de ombros e rimos juntos.
O som alto do hino fez com que nossas risadas reduzissem e logo Beppe e Paratici entraram na mesma fileira que nós. Nosso line-up de hoje era Neto, Rugani, Barza, Chiello, Lich, Lemina, Hernanes, Pogba, Evra, Paulo e Mario. Do lado do Milan, um jogador que eu estava de olho, Mattia De Sciglio, também convocado por Conte para a Euro, os outros estavam fora da nossa alçada. Não queríamos gente grande, precisávamos de jovens que pudéssemos moldar.
O jogo começou equilibrado, como todo Juve x Milan, mas nenhum dos dois times estava com sorte. Até cartões e faltas estavam contados. Eles tiveram dois no segundo tempo e nós somente um para o nosso lado, Pogba. Em questão de substituições, Allegri fez uma troca somente, tirou Evra e colocou Alex Sandro, e tirou Lich e colocou Cuadrado.
Manu era a única pessoa mais animada para o jogo, ela se levantava, gritava, xingava, sendo acompanhada por Pavel e Paratici, enquanto eu e Beppe éramos mais contidos. Mas acho que estava mais pensando que esse era o último jogo dela realmente vestindo nossas cores e realmente a serviço do time.
Os 90 minutos não foram o suficiente, e eu já senti que a cobrança por pênaltis viria. Os primeiros 15 minutos rendeu um amarelo para cada lado, nosso sendo de Barza que deu uma entrada mais dura. Ao menos o milanista que eu estava de olho estava fazendo algo interessante do ponto de venda e compra, mas pelo menos Neto não estava deixando nenhuma dele entrar, e o mais interessante é que ele era meio de campo, não atacante.
Faltando 15 minutos, os dois técnicos aproveitaram para fazer uma substituição e Allegri tirou Hernanes e colocou Morata. Faltavam mais 12 minutos para gente fazer um milagre, a dupla Dybala e Morata podiam fazer isso acontecer. Mas 12 minutos tinha sido muito para eles. Morata entrou e resolveu em dois minutos. Alex Sandro veio no contra-ataque e passou para Cuadrado, Cuadrado fez o passe e mandou nos pés de Álvaro. Ele nem ajeitou, só chutou.
O estádio Olimpico veio abaixo! O barulho misturado das torcidas agora era só preto e branco. Enquanto nós gritávamos e pulávamos no camarote, Morata saiu correndo para a torcida e o time inteiro e os reservas foram atrás dele. Tínhamos mais 10 minutos, mas isso desestruturava o jogo inteiro.
E desestruturou! Eles até tentaram fazer uma substituição, colocando Mario Balotelli em campo, mas não fez nem cócegas. Só serviu para eles ficarem mais violentos e meu time precisar jogar de igual para igual, causando mais três cartões, em Chiello, Morata em Rugani, mas três cartões inúteis, pois o apito final foi soado, confirmando o fim da competição, da temporada e mais uma vitória para nossa conta!
- SIAMO NOI! SIAMO NOI! I CAMPIONI DELL’ITALIA SIAMO NOI! – Manu começou a gritar e pular junto com a torcida e eu suspeitei, me levantando.
Abracei-a pelos ombros, sentindo-a me forçar a pular com ela, mas só queria abraça-la mais um pouco, pois em menos de 24 horas ela iria embora e sem prazo para voltar. Ao menos ainda tinha o Instagram e eu poderia acompanha-la um pouco mais.
- VENCEMOS, CHEFA! – Ela gritou animada.
- Vencemos! – Suspirei, dando um beijo em sua têmpora.
- O que foi? – Ela me perguntou e eu suspirei.
- Foi nada, meu amor! – Pressionei os lábios e ela sorriu.
- Nada, nada? – Ela perguntou e rimos juntos.
- Está tudo bem. – Ela sorriu. – Vamos lá embaixo! – Falei, esticando a mão para ela que a segurou.
Segui junto de Pavel, Paratici e Beppe e acabamos encontrando Agnelli no meio do caminho. Seguimos para baixo, recebendo cumprimentos de algumas pessoas, algumas com sorrisos maiores do que outras. Chegamos em campo e a bagunça estava montada já. Nossos jogadores montaram um corredor para receber os jogadores do Milan, enquanto isso, segui para falar com a equipe técnica.
- Allegri! – Me aproximei dele, abraçando-o! – Auguri!
- Grazie, ! – Ele disse, me abraçando.
- Max! – Manu disse animada, apertando sua barriga e ele contraiu, antes de abraça-la.
- Vou sentir falta disso. – Sorriu, seguindo para Filippi.
- ! – Ele me abraçou e fiquei levemente na ponta dos pés para abraçar o técnico de goleiros.
Cumprimentei os outros assistentes técnicos, parando ao lado de Agnelli e Pavel, observando a premiação o mais próximo possível do palco.
Gigi puxou a fila da Juventus seguidos de Bonucci e Barza e aguardei que todos recebessem suas medalhas do presidente da Itália e dos diretores das competições. Todos eles se acumularam no palco e não foi Gigi quem ergueu a taça, ele não havia sido o capitão desse jogo. Chiello levantou a taça, o que foi bonito ver. Tantos jogos fora por conta de lesão, ele havia conseguido.
Nosso hino começou a tocar no Olimpico de Roma e os jogadores vieram em nossa direção e me afastei um pouco quando notei que eles iriam para placa tirar fotos. A organização durou poucos segundos, pois Sturaro começou a estourar o champanhe e eles fugiram como ratos. A taça começou a passar de mão em mão e alguns vieram me abraçar, começando por Barza.
- Chefa! – Ele me abraçou animado, me tirando do chão por alguns segundos e ri fracamente, sentindo um beijo em minha bochecha.
- Ah, meu garoto! – Ajeitei seus cabelos arrepiados e rimos juntos. – Auguri!
- Grazie! – Ele disse animado, sorrindo.
- CHEFA! – Chiello gritou em minha orelha, me segurando pela cintura e me erguendo mais do que alguns segundos.
- OH! CALMA! – Ri fracamente.
- Eu estou feliz! – Ele disse e ri fracamente, deixando-o dar um beijo em minha bochecha.
- Eu também estou feliz por você! – Falei e ele riu fracamente, finalmente me soltando.
- Ele deveria ficar! – Virei para o lado, vendo Gigi se aproximar. – Ele aguentou bem.
- Aguentou sim! – Sorri. – Auguri!
- Grazie, ! – Ele disse, passando os braços pela minha cintura e fiz o mesmo em seus ombros, apoiando a cabeça na dobra de seu pescoço e ele deu um beijo em minha cabeça. – Você esteve chorando? – Ele perguntou e afastei meu rosto dele, passando as mãos em meu rosto, sentindo as bochechas úmidas.
- Nem percebi. – Suspirei e ele passou o polegar embaixo de meus olhos.
- Está tudo bem. – Ele disse e sorri.
- Eu sei, é só que... – Virei o olhar, à procura de Manu e encontrei-a abraçada à Cáceres, enquanto Sturaro falava com ela, fazendo-a confirmar com a cabeça.
- É amanhã, não? – Ele perguntou.
- É sim! – Suspirei. – Ela vai no voo das oito. Disse que a levo para a estação, o Paulo e o Álvaro querem ir junto. – Pressionei os lábios.
- Ainda tem vaga no carro? – Vi Manu abraçar Sturaro agora e suspirei, ao menos eles irão embora bem resolvidos.
- Sim, eu vou levá-la e os dois vão nos encontrar lá. – Falei, suspirando.
- Me manda mensagem? – Ele perguntou. – Eu encontro vocês lá, aposto que o Barza vai querer ir junto. – Assenti com a cabeça.
- Claro, mas vocês não precisam ir para Florença?
- Nosso trem é as seis, que horas ela vai pegar? – Ele perguntou.
- As duas. – Falei, suspirando.
- Dá tempo de sobra. – Ele disse e senti seus lábios pressionarem em minha cabeça. – Vai ficar tudo bem, eu prometo. – Suspirei.
- Eu sei! É só que... – Engoli em seco, virando o rosto para ele. – É difícil dizer addio.
- É só um arrivederci, . – Ele disse e eu suspirei. – O amor dela por esse time não vai ser capaz de deixá-la longe por muito tempo.
- Que Deus te ouça, só espero estar aqui para ver isso. – Pressionei os lábios.
- Vai estar. – Ele disse e suspirei, vendo a longe fila desorganizada esperando para abraçar ela.
- Mas hoje não é dia disso! – Passei as mãos nos olhos. – Vai comemorar com a sua torcida! – Empurrei levemente pelos ombros, vendo-o rir fracamente, seguindo para perto dos outros jogadores.
Estacionei o carro, puxando o freio de mão e virei a chave, ouvindo o motor silenciar. Virei o rosto para o lado e os lábios pressionados de me diziam que ela ainda estava segurando o choro desde que eu a peguei em casa há alguns minutos. A porta de trás sendo aberta acabou nos distraindo e vi Manu saindo do carro. Segurei a mão de em sua perna e isso fez com que ela se destravasse, virando o olhar para mim.
- Vamos? – Falei baixo e ela suspirou, assentindo com a cabeça.
- Vam... – Sua voz sumiu no meio da palavra, mas ela empurrou a porta do carro e eu fiz o mesmo.
Ao nosso lado, outros dois carros. Um com Barza, Chiello, Leo, Paulo e Álvaro, e outro com os pais de Manu, que havia se prontificado a devolver na locadora depois. Manu seguiu até o porta-malas, abrindo-o e puxando uma de suas malas. Segui com ela, vendo-a colocar a mochila nas costas e toquei seu ombro. Ela abriu espaço e puxei sua outra mala.
- Deixa que eu levo. – Barza se aproximou ao meu lado, pegando uma mala e Chiello pegou outra.
- Vem! – disse, abraçando Manu pelos ombros e ela sorriu, abraçando pela cintura.
Paulo abraçou Manu do outro lado e eles seguiram em direção à entrada da estação. Ajudei seus pais com mais uma mala e Álvaro fez o mesmo, recebendo sorrisos em agradecimento. Eles estavam bem mais calmos, acho que nós estávamos muito piores do que eles. Turim não tinha feito o mesmo efeito neles do que fez em Manu.
Seguimos para dentro da estação e todos os jogadores colocaram bonés e óculos de sol. Nós éramos simpáticos, mas agora não era momento para isso. Não ajudava totalmente, mas era uma forma de evitar a atenção.
- Por aqui! – Seu pai falou, indicando o caminho e seguimos ele, não demorando muito para encontrar, não tinha muitas linhas saindo daqui de Turim.
Quando chegamos à linha correta, o trem já estava lá, faltava pouco menos de 30 minutos para sair e costumava ser bem pontual. Nós nos entreolhamos e parecia que o primeiro barulho estouraria uma bomba.
- Bom, eu vou começar as despedidas. – Sua mãe disse, fazendo meu ombro relaxar. – Meu italiano não é muito bom, mas quero agradecer muito vocês! – Ela sorriu. – Pela forma que vocês trataram minha filha! – Sorrimos juntos. – Ela aproveitou todo e cada momento com vocês. – Então, obrigada! – Ela disse, abraçando primeiramente fortemente.
- A gente que tem que agradecer por levar essa menina incrível para nós! – disse e ela assentiu com a cabeça. Ela seguiu para Chiello, Barza, Leo, Paulo, Álvaro e depois em mim, me fazendo sorrir e apertar sua mão em sinal de apoio.
- Eu repito as palavras. – Seu pai falou. – Há três anos, ela foi a mais feliz em vir e ela aproveitou ao máximo, muito mais do que eu e a Ceci. Então, obrigado! Nunca pensei que estaria agradecendo a Buffon e Chiellini por isso, é loucura. – Sorri. – Obrigado! – Ele disse.
- A gente que agradece. – Falei sorrindo.
- Beh, nós vamos entrar, não demore, ok?! – Sua mãe disse e assentimos com a cabeça.
- Eu logo entro. – Manu disse, apertando mais .
- Aqui, ! – Seu pai lhe entregou a chave do carro e assentiu com a cabeça, colocando no bolso de trás dos shorts que usava.
- Pode deixar! – Ela disse.
- Está pago, só devolver! – Ele disse.
- Não se preocupe! – Ela sorriu e ele seguiu até uma das portas do trem.
Segui com ele, deixando a mala e o pessoal que tinha malas, ajudou a fazer o mesmo. Ajudei seu pai a colocar as malas dentro do trem, ajeitando no local reservado para malas e eles ele assentiu com a cabeça.
- Grazie! – Seu pai disse e estendi a mão para ele, cumprimentando-o.
- Espero vê-los novamente! – Falei.
- Nós também. – Ele sorriu e segui para fora do trem.
e Manu se abraçavam fortemente e podia ver as lágrimas acumuladas na bochecha de , além dos lábios pressionados. Engoli em seco, pressionando meus lábios para evitar que as lágrimas caíssem e elas suspiraram, se afastando devagar.
- Eu te amo! – Ouvi falar com a voz fina, segurando o rosto dela. – Você é incrível e merece mais! Sempre muito mais! Vou sentir muita sua falta!
- Eu também! Eu nunca vou esquecer de vocês! – Manu disse e notei sua voz igualmente fina.
- Sempre estaremos aqui por você! – disse. – Para sempre. – Ela disse, soltando Manu devagar.
- Grazie! Eu vou voltar! Me aguarde! – Sorri.
- Vai sim! – Barza a abraçou. – E volta logo, estamos ficando velhos! – A risada dela ecoou pelo local, me fazendo sorrir.
- Não! Vocês nunca vão ficar velhos! – Manu disse, apertando-o fortemente. – Eu não vou deixar! E pode ter certeza de que eu vou continuar acompanhando vocês e mandando mensagem com todos os erros dos jogos. – Sorri.
- Eu vou adorar! – Barza disse, com as lágrimas também deslizando dos olhos e ele deu um beijo em sua testa. – Se cuida.
- Você também! – Ela sorriu, virando para Chiello.
- Ah, vem cá! – Ele a abraçou fortemente. – Obrigado por tudo, baixinha! – Sorri. – Nunca vamos te esquecer.
- Eu sei! – Ela disse, nos fazendo rir. – Obrigada por me acolher.
- Não foi dificuldade nenhuma. – Ele disse.
- Vem cá, mala! – Leo abraçou-a em seguida!
- Mala é você! – Ela disse rindo, abraçando-o fortemente. – Vou sentir saudades de te encher o saco.
- Eu também, Manu! – Ele suspirou. – Obrigado por tudo, tudo, tudo! Se cuida, ok?!
- Obrigada! – Ela disse baixo.
- Vai fazer sua vida, está bem? Você é incrível! – Ela assentiu com a cabeça.
- Vem cá! – Álvaro a abraçou, com lágrimas nos olhos, apoiando a testa na dela. – Você merece tudo de melhor na vida. Você é minha melhor amiga e eu agradeço tudo o que passamos aqui! Muito obrigado! – Ele a apertou fortemente.
- Gracias, Álvaro. Isso é para sempre! – Ela falou firme. – A gente se fala?
- Sim! Manda mensagem, não some! Ou eu arranco essa tatuagem! – Sorri, erguendo os óculos para a cabeça.
- Vai nada! – Ela disse rindo e ele estalou um beijo em sua testa. – Eu te amo.
- Eu também te amo, Manu! Obrigada por tudo! Volta para gente, ok?! – Ele disse e ela assentiu com a cabeça.
- Assim que possível. – Ela finalmente soltou Álvaro e Dybala abraçou-a fortemente.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo, as cabeças escondidas nas dobras dos braços e as lágrimas somente deslizando pelas bochechas. Um ano! Eles se conheciam há um ano! A amizade funcionava de formas incríveis mesmo. Um argentino e uma brasileira, uma das maiores rixas do futebol. Essa era uma amizade que eu tinha certeza de que duraria para sempre, seja no Brasil, na Argentina ou aqui na Itália, mas só o tempo vai dizer sobre isso.
- Vai ser incrível, ok?! – Paulo disse finalmente. – Você é incrível! Você merece o mundo! – Ela sorriu, assentindo com a cabeça e passou a mão nos cabelos dele.
- Ajeita esse cabelo, tá?! – Ela disse, nos fazendo rir e ele assentiu com a cabeça. – Meu angry Bird! – Ela suspirou. – Eu te amo! – Ela disse.
- Eu também te amo. – Ele suspirou, estalando um beijo em sua bochecha.
- Capitano! – Ela virou para mim e abracei-a fortemente. – Obrigada por tudo.
- Eu que tenho que te agradecer! – Falei baixo, colando os lábios em sua testa. – Vai ser feliz, ok?! Sempre estaremos aqui para você para o que precisar, sem hesitação! – Falei firme e ela assentiu com a cabeça. – Qualquer coisa mesmo! Você é família! – Ela sorriu.
- Grazie, Gigi! – Ela suspirou. – E tenta não fazer mais besteira, ok?! – Ela disse, me fazendo rir. – Vai ser feliz também.
- Eu vou tentar! – Falei honesto, sentindo-a me apertar mais uma vez. – Eu te amo.
- Eu também! – Ela disse sorrindo. – Todos vocês! – Ela se virou para o pessoal que já tinha abaixado seus óculos novamente. – Se cuidem, ok?! Ganhem prêmios, batam recordes e lembrem de mim. – Sorri.
- Difícil esquecer esses cabelos azuis! – Paulo disse e ela sorriu.
- Arrivederci, ragazzi! – Ela disse.
- Espera! – disse, abraçando-a fortemente mais uma vez, fazendo Manu rir. – A gente vai estar aqui para o que precisar, ok?! – Ela disse firme.
- Eu sei! – Ela disse sorrindo.
- É sério! – disse firme. – Se cansar do clima do Brasil ou só querer um canto para férias, só vem! – Sorri.
- Pode deixar! – Manu disse sorrindo. – Eu preciso ir.
- Vai lá! – a soltou devagar, fazendo Manu se afastar, dando passos lentos para trás.
- Amo vocês, ok?!
- A gente também! – Álvaro falou e Manu virou para trás, vendo o comissário na porta.
- Eu tenho que ir! – Ela disse, apontando para trás. – Arrivederci. – Ela suspirou.
- Arrivederci. – disse sorrindo.
Manu olhou para nós por alguns segundos, até que o comissário indicou-a e ela sumiu dentro do mesmo com um aceno de mão. Assim que isso aconteceu, um choro ecoou e vi com as mãos nos olhos e os cabelos caindo nele.
- Está tudo bem! Está tudo bem! – Abracei-a fortemente pela cintura, sentindo-a apertar minhas costas e seu choro foi abafado quando seu rosto afundou em meu ombro.
Eu sei o que ela estava sentindo, era dor. Muita dor. Esses dois anos e meio que Manu havia ficado conosco, praticamente tinha somente ela como sua amiga. Giulia trabalhava fora e depois se mudou para longe. Manu serviu para acalmar seu coração e agora ela também havia ido embora.
- Eu estou aqui para você. – Falei baixo, dando alguns beijos em sua cabeça. – Para sempre.
Ouvimos o apito do trem e ergueu o rosto apressado. O trem começou a andar e se aproximou de Paulo e Álvaro que estavam observando a janela em que Manu estava sentada. Acenamos a mão para ela que acenava animadamente e o trem começou a andar devagar, saindo da estação. Não demorou muito para que ele se afastasse e nos deixasse sozinhos ali.
Passei as mãos nos olhos, abaixando os óculos novamente e todo mundo tinha a mesma feição no rosto. Respirei fundo, olhando para Barza e Chiello que tinham a mesma feição de desilusão no olhar.
- Beh, seguir em frente agora. – Leo disse e suspirei.
- Alguém está com fome? – Perguntei.
- Não consigo pensar em comer nada agora. – disse, passando as mãos nos olhos e depois segurando seus cabelos, fazendo um rabo de cavalo.
- Aposto que não almoçou. – Falei, puxando-a pelos ombros e ela suspirou, apoiando a cabeça em meu peito.
- Não consegui comer. – Ela suspirou.
- Então, vamos. Deve ter algum restaurante gostoso aqui! – Falei e ela riu fracamente. – Ficam conosco? – Perguntei para Álvaro e Paulo.
- Eu posso ficar, meu voo é amanhã cedo. – Álvaro disse.
- Eu estou de férias! – Dybala disse e rimos juntos.
- Vem, vamos, então! Temos até as seis para voltar aqui! – Puxei pela mão.
- Não, alguém vai ver... – Ela puxou a mão de volta.
- É, porque Turim é bem conhecida por paparazzi mesmo. – Falei ironicamente e ela riu fracamente, dando o braço ao meu.
- Quando vocês vão para França? – Ela perguntou.
- Dia oito, acho. – Barza disse.
- Temos aquele programa chato antes. – Leo revirou os olhos.
- Ah, eu ouvi algo sobre isso. – disse.
- Você vai nos assistir? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Se eu não tiver nada melhor para fazer...
- Essas coisas doem, ! – Barza disse e rimos juntos.
- Não me faz rir agora, não é o momento! – Ela disse.
- Pensar na Manu já nos faz rir automaticamente, chefa! – Álvaro disse. – Foca nisso, ok?! – Ela sorriu, abraçando Álvaro pelos ombros.
- Pode deixar! – suspirou. – Agora me soltem! – Ela ergueu as mãos, se afastando. – Não tem paparazzi, mas tem fãs. – Ela disse, indo um pouco a frente e rimos juntos.
- Escolham, pasta ou McDonalds? – Paulo perguntou.
- Pizza! – disse, virando de frente para nós, dando alguns passos para trás. – A Manu amava. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Pizza, então – Falei.
Continua...
Nota da autora: Oi, gente! Demorei para aparecer aqui de novo!
Que temporada foi essa, hein?! Chegamos a uma final depois de nove anos, mas não foi como o planejado! Agora vamos ver o que isso vai afetar... Além dos problemas pessoais, né?!
Espero que gostem e não se esqueçam de comentar!
Beijos e boa leitura!
Outras Fanfics:
Em breve!
Que temporada foi essa, hein?! Chegamos a uma final depois de nove anos, mas não foi como o planejado! Agora vamos ver o que isso vai afetar... Além dos problemas pessoais, né?!
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