Última atualização: 10/12/2023

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Capitolo cinquantotto

Lei
26 de abril de 2015
Fazia bastante tempo que eu não atravessava a cidade para ver um jogo no Olimpico. Na verdade, não era exatamente cruzar a cidade, já que ele ficava exatamente no meio do caminho entre Vinovo e o nosso estádio, eu só não costumava ver Torino e Juventus. Os jogos do derby são verdadeiros clássicos, mas acabavam tendo um resultado meio óbvio. Eram 20 anos de encontros e 20 anos de vitória bianconera.
Mas devido aos últimos acontecimentos, acho que um jogo contra o Torino não seria tão mal e uma ótima oportunidade para me distrair. Alena tinha aparecido em casa na sexta-feira e foi uma surpresa incrível, na verdade. Nunca esperava que ela fosse lá. Ela disse que tinha sabido pela internet também e disse que tinha acabado de sair da casa dele. Eu queria não ouvir, mas acho que eu devia isso a ela, depois de tudo o que passamos pelo mesmo homem.
Ela disse que ele tinha descoberto na sexta passada e que ainda estava digerindo a informação, não queria isso vazado na imprensa ainda, apesar de eles ainda especularem. Além disso, ela me disse o quão desesperado ele estava por saber que tinha me machucado mais uma vez. Pode imaginar o quanto isso fez meu coração doer, não? Parecia que saber que ele estava magoado doía mais ainda em mim. Não sei por que, eu deveria realmente nunca mais querer vê-lo na minha frente, não ficar preocupado com seus sentimentos em me machucar.
Eu sou uma tonta mesmo.
De uma forma ou de outra, parece que eu acalmei um pouco, pelo menos a dor em meu peito. Não que isso o perdoasse de transar com outra pessoa enquanto ainda pensa em mim, mas deixa as coisas um pouco menos piores, talvez um ou dois por cento. Eu ainda o queria longe de mim enquanto eu não parasse de chorar toda vez que eu me lembrasse de tudo, mas só de saber que sua intenção não era ficar com ela, já me acalmava.
Infelizmente não foi preciso que Alena falasse, eu já sabia que ele ficaria com ela. Gigi é uma pessoa bem quadrada nesse quesito. Acho que eu não conseguiria ficar com alguém que eu não gostasse só por causa de uma criança. Apesar de o sexo ser algo super íntimo, pelo menos para mim, até eu gostaria de usá-lo como forma de desestressar.
Depois da nossa conversa, ela aceitou ficar para jantar comigo. Tinha pedido uma pizza e provavelmente teria comido inteira se ela não tivesse ficado. Tirando Gigi, nós não tínhamos muito papo, mas perguntei sobre ela, que estava com um namorado novo, amigo do Agnelli por sinal, e perguntei dos meninos que estavam na casa de Gigi.
Confesso que fiquei surpresa quando ela me disse do novo namorado, não pela história dele e de Gigi, mas me provou que ela também não sentia que o Gigi era o amor da sua vida e conseguiu desapegar dele em menos de um ano após a separação. Por outro lado, eu nem estava com ele e parecia que ninguém nunca seria como ele. Era um tanto desesperador, confesso. Precisava me abrir para outras pessoas e tentar seguir em frente. Minha história em 2007 estava reprisando diante de meus olhos e eu não queria ficar presa nisso mais uma vez.
Agora sobre o jogo, se tudo continuasse da forma esperada, selaríamos o scudetto na próxima rodada contra a Fiorentina em casa. Deveria me preparar para abrir largos sorrisos e ter acionistas e conselheiros me abraçando, sorrindo e falando como a fórmula do top cinco tinha dado certo mais uma vez. Apesar da grande briga lá em julho pela saída de Conte e as dúvidas sobre Allegri. Eu também tive dúvidas na troca, mas Max tinha vontade de vencer e era isso que fazia com que vencêssemos. E estávamos cada vez mais perto disso. Só mais dois joguinhos.
Mas o que acabou me arrastando para cá foi Fabrizio, ele sentia falta dos jogos do seu time após torcer o pé e finalmente voltaria hoje para a torcida. Tia Gio ofereceu que eu viesse com ele, depois poderia dormir na casa deles. Talvez não fosse uma má ideia depois de tudo o que aconteceu na minha vida. Pensava até se eles não aguentavam tanta bagunça minha e de Gigi. Fabrizio tinha criado uma visão melhor de Gigi após o câncer, mas acho que sua opinião tinha mudado de novo, pois ele ainda ficou incrivelmente vermelho quando falei sobre ele e Ilaria. Gianni e Pietro já queriam socá-lo, mas ficaram felizes quando disse que já tinha feito isso. Apesar que ia gostar muito de meus meninos de quase 16 anos batendo em um homem 21 mais velho do que eles. E do jeito que Gigi estava, era capaz de ele deixar.
- Ei, , você veio! – Agnelli falou quando me coloquei ao seu lado na fileira.
- Oi, gente! – Me sentei ao lado dele. – Estamos perto do scudetto e eu precisava sair de casa.
- Está tudo bem? – Pavel perguntou.
- Sim, está! – Dei um sorriso. – Como eles estão?
- Bem! Quagliarella perguntou de você. – Ele disse.
- Eu falo com ele após o jogo. – Sorri. – Fui almoçar com a minha família e acabei perdendo hora.
- Não é seu pai que torce para o Torino? – Pavel perguntou e virei para ele. – Eu sei que ele não é seu pai pai, mas... Você me entendeu. – Sorri.
- Está tudo bem, você pode me dizer que ele é meu pai pai, já me acostumei. – Ri fracamente. – Mas sim, ele veio comigo, na verdade.
- E onde ele está? – Agnelli perguntou.
- Com a torcida organizada. – Indiquei o mosaico bonito que eles faziam no Olimpico.
- Ah! – Ele falou e rimos juntos.
O Torino sempre foi conhecido como o primo pobre de Turim, quando estava na Serie A, caía para a Serie B e conseguia subir de novo, raras exceções eles conseguiam manter a constância. Apesar de tudo, estudiosos diziam que os torinenses torciam mais para o Torino do que para a Juventus e que éramos mais famosos na Itália, Europa e resto do mundo, não aqui em Turim. Não sei a que ponto isso era verdade, baseado em nossos jogos e torcedores nas ruas em carreatas, mas eles eram um povo tão ou mais apaixonado do que nós. O mosaico que eles montaram na entrada dos jogadores era veramente de cair o queixo e dar ânimo para qualquer um.
O jogo começou entediante. Era um tal de bola para cá e bola para lá que era realmente fácil. Não vi Gigi e nem o goleiro deles ser realmente desafiado mais do que uma vez cada. As bolas subiam a esmo e parecia que os 22 jogadores em campo tinham esquecido que era futebol, não futebol americano.
Em compensação, Torino e Juventus era uma rivalidade que existia na mesma quantidade de tempo que os times existiam, a Juve completou 117 anos no meu aniversário de 33 anos e o Torino estava há dois anos de completar seu centenário, então todas as faltas eram fortes. Poderia dizer que era só uma mera coincidência, mas a rivalidade não deixava ser só isso.
Aos 35 minutos tivemos uma falta cometida em Matri cerca de dois metros fora da grande área. Deram a bola nos pés da pessoa certa e Pirlo abriu o placar, com a comemoração da torcida biaconera. Aos 45, com a pressão da torcida, eles igualaram o placar após uma jogada incrível do jovem Matteo Darmian. Ele se aproximou sozinho, driblou nossa defesa, ergueu a bola e acertou dentro. Bonucci até tentou se colocar ao lado de Gigi para conter o gol, mas foi literalmente à queima roupa. Os torcedores quase colocaram o estádio abaixo e até eu me levantei para aplaudir esse gol fantástico.
O primeiro tempo acabou ainda com as comemorações da torcida do Torino. Pensei que pudesse ser hora de Allegri parar de poupar os titulares tradicionais e colocá-los no jogo de novo. Barza, Chiello, Llorente e Tevez estavam no banco. Talvez precisássemos de uma forcinha extra. E eu tive confirmação dessa necessidade aos 57 minutos, de ninguém mais, ninguém menos que Fabio Quagliarella. Eles chegaram devagar, invadindo a grade área, a pequena, enganaram Lich o que deixou Fabio sozinho com Gigi. Não tinha como não ficar feliz por ele, mas fiquei triste que acho que eles se empolgaram na comemoração e ele saiu reclamando de dor no pé.
Eu poderia dizer que ainda tínhamos 33 minutos para empatar novamente e talvez até distanciar, mas foi isso. Algumas faltas, cartões e substituições, acabou assim. Antes do jogo precisávamos de dois jogos até selar o scudetto, agora também precisávamos de dois. Depois de 20 anos de invencibilidade, Torino venceu. Não podia nem falar que não foi em casa, pois foi sim, passamos cinco anos no Olimpico e estávamos em nossa cidade, era nossa casa também.
A gente entrou em desespero no fim do jogo, um empate era melhor do que uma derrota, mas não foi possível. O Torino comemorou como se fosse o Mondiale novamente. Para nós foi uma derrota muito amarga. Muitos jogadores entraram com pressa no vestiário, agora Gigi e outros ficaram para cumprimentar os jogadores do Torino e essa era a diferença do tal stilo Juve.
Deixando o orgulho de lado, cumprimentamos o presidente e a equipe administrativa do Torino e descemos para o vestiário. O Torino ainda estava comemorando com a torcida quando chegamos e deixei que os outros quatro fossem para o vestiário e esperei Quagliarella aparecer foi um largo sorriso no rosto.
- Ah, se não é o amor da minha vida! – Ele falou e eu ri fracamente.
- Está andando muito com o Matri, aposto! – Falei e ele passou os braços pelos meus ombros e aproveitei o abraço para apertá-lo fortemente. Talvez um abraço do Quagliarella era o que eu precisava para colar meus pedacinhos.
- Nem vem, você é minha mulher antes de ser dele. – Neguei com a cabeça, sentindo-o dar um beijo em meu rosto. – Como você está?
- Tudo bem e contigo? – Dei um curto sorriso.
- Ah, mentiria se não dissesse que não sinto falta de vocês, mas estou bem. – Ele sorriu.
- Bem até demais, eu diria. – Ele riu fracamente.
- Tem certeza de que está bem? Está meio abatida. – Ele acariciou meu rosto.
- Ah, só cansaço, esqueci de passar maquiagem, essas competições juntas estão me cansando.
- Tem certeza? – Ele disse e engoli em seco para não começar a chorar e me abrir com ele ali mesmo. Acho que nem toda maquiagem do mundo cobriria as grossas olheiras embaixo de meus olhos.
- Estou sentindo sua falta. – Brinquei.
- Ah, sabia que tinha algo! – Ele disse, me apertando contra seus braços novamente e apertei suas costas, aproveitando mais um momento. – Encontrei um pessoal no começo, fala que eu sinto falta deles. – Assenti com a cabeça.
- Pode deixar! – Dei um beijo em seu rosto e ele sorriu.
- Deixa eu ir lá! – Sorrimos juntos.
- Aproveita que não vai acontecer de novo. – Disse, me afastando e ele riu fracamente.
Segui em direção ao vestiário, dando uma olhada pelo local e não conseguia lembrar quantas vezes eu havia entrado aqui. Fugi muito daqui, pois foi logo que eu e Gigi terminamos, mas sabia que tinha vindo aqui uma vez ou outra com meu antigo chefe, mas estava bem diferente. O vestiário não estava feliz, nem era para estar, mas pela cor de Allegri, ele deve ter dado um esporro neles durante minha conversa com Quagliarella.
- Ciao? – Falei um tanto alto, vendo alguns olhares para mim, inclusive um de surpresa de Gigi.
- Ei, ! – Eles falaram desanimados e eu suspirei.
- Cabeça erguida, gente! Até parece que eu não lhes ensinei nada. – Falei e alguns deram curtos sorrisos.
- Allegri entrou muito irritado. – Filippi falou ao meu lado e eu sorri, abraçando-o rapidamente.
- Não o julgo. Eu deveria estar também, mas meu estado de espírito não me permite ficar mais irritada. – Ele sorriu.
- Como você está? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Um dia de cada vez. – Falei e ele confirmou com a cabeça, dando um beijo em minha testa.
- Conta comigo, ok?!
- Eu sei. Você é demais! – Ele sorriu.
- Só sou demais por causa de você! – Ri fracamente.
- Eu vou falar com o pessoal. – Falei e ele assentiu com a cabeça. Entrei no vestiário, passando pelos jogadores que ainda estavam travados em seus lugares e encontrei Chiello e Barza do outro lado, que não tinham entrado.
- Não tinha outro jogo para vocês perderem? – Cochichei para eles que riram me abraçando. – Fiorentina semana passada talvez?
- Nossa cota de perder para Fiorentina acabou, lembra? – Chiello disse e ri fracamente.
- Verdade, esqueci! – Sorri.
- Como você está? – Barza perguntou e eu suspirei.
- Ah, bem! – Ponderei com a cabeça. – Irritada porque vocês vão me fazer viajar para Genoa na semana que vem, quando poderíamos resolver em casa na quarta-feira. – Eles riram fracamente.
- A gente te quer por perto, chefa! – Chiello me abraçou pelos ombros e colei minha cabeça na cama.
- Eu não sou companhia agora. – Eles riram.
- Você sempre é companhia, ! – Barza falou e eu pressionei os lábios em um sorriso.
- Agradeço, gente, mas agora eu vou para casa! – Falei.
- Mas já? – Chiello disse.
- Ei, eu não vim “com o time”, eu vim da minha casa. – Indiquei a porta e ele riu. – Agora eu vou voltar para minha casa.
- Ah, fica aí, ! – Barza disse.
- Eu achei que reduziríamos um jogo para fechar o scudetto, mas agora eu tenho dois, além de Champions, Coppa Italia. – Suspirei. – Eu só quero uma caixa de sfogliatelle e canolli e aquele doce da Manu.
- Ciao, ragazzi! – Virei para trás, vendo seus cabelos azuis entrarem no vestiário e virei para eles.
- Joga na casa de apostas, você provavelmente vai ganhar! – Chiello disse e rimos juntos.
- Manu, vem cá, meu amor! – Falei.
- Ei, chefa, que bem te ver fora de casa! – Ela disse, me abraçando pelas costas e me apertou fortemente. – Faltou tirar o moletom, mas é um começo.
- Dramática! – Abanei a mão para ela. – Eu quero aquele seu doce que você levou para gente, o redondinho com pontinho de chocolate.
- Ah, o brigadeiro? – Ela falou animada.
- Isso! – Falei.
- Eu posso fazer para ti, mas é fácil fazer em casa. – Ela deu de ombros.
- Mesmo?
- É, você só precisa de uma lata de leite condensado, uma colher de manteiga e duas de chocolate adoçado ou não. – Ela falou. – No Brasil usamos Nescau, eu já vi aqui, mas vai saber...
- Sim, temos aqui. – Falei.
- Você mistura tudo na panela, não para de mexer nunca, quando ferver, ainda mexendo, você conta uns cinco minutos se for enrolar, ou três e meio se quiser comer de colher. – Ela disse.
- Como é isso? – Perguntei.
- Você não passa no granulado, então é só... – Ela fez o movimento de uma colher pegando e colocando na boca. – Só isso.
- Ah, fácil! – Ri fracamente.
- Muito mais. – Sorri.
- Bom, eu já tenho como ocupar minha noite, então. – Falei rindo.
- Só não para de mexer e usa fogo baixo, queima muito fácil e você vai descobrir que o brigadeiro não é sempre gostoso. – Sorri.
- Pode deixar. – Ri fracamente. – Eu já vou, então. Vejo vocês na quarta ou no sábado. Dependendo do meu humor. – Falei.
- Te vemos na quarta. – Manu disse e neguei com a cabeça.
- Ciao!
- Ciao, chefa! – Eles falaram e mandei beijos para os três, acenando por quem eu passava, cumprimentando alguns com beijos e rápidos abraços e meu último olhar foi em Gigi sentado em seu espaço somente de calção. Ele havia tirado a barba e ainda era possível ver um ponto avermelhado em sua bochecha. Um ponto que eu fiz. Talvez eu tenha exagerado mesmo, mas agora era tarde demais para voltar atrás.

Lui
Primeiro de maio de 2015
- Fala para mim sobre o jogo contra o Lecce. – Villa falou. – O que deveria ser o selamento do scudetto.
- Eu errei! – Falei, assentindo com a cabeça. – O que aconteceu ali foi um íncubo. – Neguei com a cabeça. – Foi algo horrível, ninguém pensava que aquilo aconteceria.
- Mas ainda tinha esperança! – Ele disse.
- Sim, claro! – Ponderei com a cabeça. – Tínhamos dois jogos ainda na rodada, mas o Milan jogaria contra a Inter e os jogos foram no mesmo horário. – Cocei o queixo. – Abrimos o placar e as coisas foram se complicado em Milão. Quando estava no fim do jogo, o staff e o pessoal do banco começaram a passar o resultado para gente.
- Qual sua melhor memória daquele dia? – Ele perguntou.
- Daquele dia? – Perguntei, passando a mão no queixo.
- É! – Suspirei, me lembrando daquele jogo contra o Cagliari em Trieste. Foi um dia incrível, mas como ele terminou foi melhor ainda. E hoje, mais do que nunca, eu estava com saudades daquele dia pelo distanciamento meu e de .
- Eu só conseguia pensar que conseguimos. – Dei um sorriso. – Deixamos tantos colegas para trás com os nossos tropeços, mas conseguimos voltar a vencer com o Del Piero que foi o capitano da Juve por muitos anos e meu capitano e colega por 11. – Sorri.
- O que foi diferente desse scudetto para os outros? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Penso que aquele campeonato vai ser irrepetível para a Juventus, penso que em toda a história da Juventus que será longa e eterna, um scudetto suado, cansado e esperado assim, não terá mais!
- E aqueles dias vocês fecharam mais uma estrela? 30 scudetti? A Juventus conta os perdidos?
- Mas é claro! – Sorri. – Os scudetti ganhados foram jogados em campo, foram justos e foram vencidos, são nossos! Não importa o que digam, completamos 30 aquele ano. – Ri fracamente. – Agora estamos prontos para ganhar o trigésimo terceiro. – Ele sorriu.
- Isso é tudo, Gigi! – Ele falou.
- Pronto? – Perguntei.
- Sim, perfeito! – Ele disse e me levantei junto dele, esticando a mão e apertei a dele.
- Estou ansioso para ver.
- Em breve! – Ele disse e rimos juntos. – Grazie, Gigi! Vocês têm um jogo logo mais, não?
- Vamos viajar depois do almoço. Você tem mais alguém?
- Sim, mais dois, mas acho que o próximo está atrasado. – Ele falou, checando o relógio.
- Hoje é dia de viagem, provavelmente fecharemos o scudetto amanhã, está tudo uma loucura. – Falei e ouvi uma batida na porta.
- Scusa? – Virei o rosto, vendo aparecendo na mesma e prendi minha respiração por alguns segundos. Ela está linda. Saia preta justa, uma regata de um tecido solto branco e sapatos de bico fino pretos, além dos cabelos perfeitamente escovados em ondas. Bem diferente de seu rosto cansado no jogo contra o Torino no fim de semana passada.
- Senhora ? – Villa perguntou.
- Senhorita, por favor. – Ela falou, esticando a mão e ele a cumprimentou.
- Obrigado, por aceitar falar conosco. – Ele disse.
- Non ce’è problema! – Ela sorriu e fechou-o quando se virou para mim. – Gigi.
- Oi. – Sorri e ela desviou o olhar.
- Ok, o que precisa de mim? – Ela perguntou.
- Você pode se sentar, por favor, e ficar confortável. Prometo que serei breve, só algumas perguntas. – Ele disse e me afastei deles, eu deveria sair, mas eu não queria.
- É, eu tenho alguns compromissos antes da viagem. – Ela disse, jogando os cabelos para trás e cruzou as pernas.
- Você se importa se passarmos um pouco de pó para tirar o brilho? – A assistente do lado perguntou.
- Sem problemas, o que achar necessário. – disse, sorrindo para a moça que deu algumas passadas de um pincel em seu rosto e ajeitou os cabelos de para trás.
- Pronto!
- Ok, vamos lá, . – Villa disse. – O filme se trata sobre a história da Juventus até a temporada 2011/12, com a vitória do novo scudetto e, você foi parte importante nisso, sendo gerente de contabilidade. Eu queria saber um pouco geral, quando você entrou na Juventus, até esse ano. – Ele disse. – Se apresente, por favor.
- Eu sou , tenho 33 anos, entrei na Juventus em 2001 como estagiária no setor de contabilidade do time. – Ela disse e sorri enquanto ela falava. – Durante os dois primeiros anos eu fui estagiária, depois fui efetivada e comecei meu percurso aqui dentro. Sempre gostei muito de estudar, então, paralelamente, fiz cursos de especialização, mestrado, curso de línguas e fui crescendo aqui dentro. – Ele assentiu com a cabeça. – Até que em 2010, o antigo gerente de contabilidade se aposentaria e o Andrea, que tinha acabado de entrar como presidente na época, tinha uma voglia de deixar o administrativo mais jovem, então ele me convidou e, depois de um pouco de medo e receio, pela idade, eu aceitei e vai completar cinco anos no fim do ano. – Ela sorriu e eu acabei sorrindo junto.
- Qual era seu receio quando foi convidada?
- Ah, eu tinha 28 anos. – Ela disse rindo. – Era uma situação impensada ser chefe, sabe? Apesar do meu desempenho no time, mas tive ótimos profissionais que me treinaram e que acreditaram em mim.
- Você entrou no fim de 2010 como diretora, certo? – Ela assentiu com a cabeça. – E como foi para você a mudança daquela temporada para a seguinte?
- Meu contato maior é com Pavel e Paratici, e desde que eu entrei, nós começamos a buscar os pontos fracos do time, jogadores, equipe técnica, administrativo, tudo o que dava errado, mas estávamos no meio do campeonato, oscilando do quinto para sexto ou sétimo lugar, sem perder muito, mas com problemas atrás de problemas nesses âmbitos, então praticamente vimos aquela temporada como irrecuperável. – O entrevistador assentiu com a cabeça. – Quindi, começamos a pensar na próxima, também com a mesma ideia do administrativo, gente nova, interessada, pronta para trabalhar e foi quando chegamos em Conte, um grande ídolo bianconero, depois descartamos alguns jogadores e trouxemos alguns mais fortes para completar o ciclo.
- E qual foi o pensamento de vocês para aquela temporada? – Ele perguntou.
- Tínhamos somente um objetivo que era voltar a vencer, e competindo somente a Serie A, nosso foco foi total. Então conversamos com os três capitani na época, Del Piero, Buffon e Chiellini e apresentamos o plano. “Olha, estamos assim e queremos ficar assim, vocês topam?” Foi um papo longo, honesto e desgastante, mas a gente precisava colocar na cabeça deles o que queríamos fazer.
- E eles?
- Foi uma surpresa de início, era uma mudança completa, acho que nossa squadra mudou coisa de 65% de uma temporada para outra, ficaram nem 10 jogadores, mas eles embraçaram o projeto e, bem, você sabe o resultado. – Eles riram juntos.
- Quando deu certo, qual foi a sensação? – Ele perguntou.
- Ah, mah... – Ela suspirou. – A gente não esperava realmente. O plano não era perfeito, eram seis anos sem ganhar, scudetti tirados, relegação, foram tempos muito brutti, mas conseguimos! Claro que contamos muito com os tropeços do Milan, mas foi algo incrível, a felicidade do administrativo, dos jogadores, do staff, eu nunca vi. – Ela abriu um largo sorriso. – E foi o que deu boost para ganhar 2013, 2014 e agora, esperamos, 2015.
- Você estava aquele dia em Trieste?
- Sim, estava. – Ela assentiu com a cabeça. – Não vou muito a jogos fora, mas vou aos importantes.
- Qual foi sua sensação quando o apito soou? Ti ricordi? – Ela mordeu o lábio inferior, suspirando.
- Sim, eu me lembro. Andrea, Pavel, Fabio e Beppe desceram correndo, mas eu fiquei lá em cima, vi o pessoal invadindo o campo, arrancando o gramado como recordação, os meninos tentando entrar, mas eu tive uma sensação de dever cumprido. – Ela sorriu. – Tínhamos feito uma manobra muito arriscada, investimos um dinheiro que não tínhamos, esperando grandes resultados e deu certo. – Ela riu fracamente.
- E a comemoração? – Ele perguntou e ela sorriu. – O que te marca daquilo?
- Beh, eu desci e encontrei o pessoal totalmente aloprado, gritando, comemorando, molhados, só de cueca, ou só com a camisa comemorativa, mas o que me marcou veramente foi encontrar o Pavel, o Alex e o Gigi. – Ela pressionou os lábios.
- Por quê? – Ele disse.
- Eu entrei no time em 2001, eu acompanhei a entrada do Gigi e do Pavel, então acabamos virando colegas, digamos assim, e o Alex tinha um... Um poder de fazer todo mundo se sentir acolhido, então ainda estar aqui depois de todo esse caminho brutto, foi perfeito. – Ela passou as mãos embaixo dos olhos. – Mi dispiace.
- Sem problema. – Marco disse e a assistente entregou um lencinho para que passou embaixo dos olhos.
- Eu encontrei os três lá embaixo, nos abraçamos e era visível que ninguém acreditava que realmente fosse dar certo. – Ela suspirou. – Foi uma vitória incrível, importante, em um lugar totalmente aleatório, pois o Cagliari estava multado e não podia fazer jogos em seu estádio, então foi quase algo intimista, mas foi muito bom. – Ela abriu um largo sorriso.
- É bonito ver você falando. – Ele disse.
- Eu me apaixonei por futebol aqui, então eu só torci por um time que é a Juventus, aqui é minha casa, minha família, meu time, meu tudo. – Ela riu fracamente.
- E como você se sente sendo a única mulher no time? Pelo menos nesse quinteto da Juventus que é quase uma família real?
- Eu acho incrível fazer parte disso pelo meu posto em si, não pela questão do gênero. – Ela fez uma careta. – Nós cinco temos uma relação muito próxima, mas de muito respeito pelo trabalho e pela pessoa que o outro é, somos quase irmãos... – Ela negou com a cabeça. – E com os jogadores a proximidade é a mesma, muitos têm a minha idade, então somos realmente uma família aqui. Jogadores que saem do time ou que voltam, sempre vem me abraçar, me chamam de “chefa” e me deixa muito feliz, pois sei que fiz algo certo. – Ela sorriu. – Apesar de ser a única que aparece junto de quatro homens, temos outras mulheres incríveis trabalhando todos os dias aqui para fazer esse time andar, vencer e fazer tudo o que tem feito. Todos estamos aqui para trabalhar, então faremos sempre o melhor, fino alla fine. – Ela sorriu.
- Acho que é isso, então, . – Ele disse e deslizei para fora da sala.
- Gigi! – Me assustei com Marchisio do lado de fora.
- Cazzo! – Falei baixo e ele riu fracamente. – O que está fazendo aqui?
- Entrevista? – Ele disse. – Não queria atrapalhar. – Rimos juntos.
- Eu estava ouvindo a . – Falei.
- Como estão as coisas? – Ele perguntou e dei de ombros.
- Na mesma e imagino que continuarão na mesma por muito tempo. – Dei de ombros. – Tenho que me contentar em vê-la ainda, porque eu sei que eu errei. – Ele assentiu com a cabeça.
- Grazie, grazie! falou e parou na porta quando deu de cara em nós dois. – Ah, oi, gente!
- Oi, ! – Marchisio falou.
- Ah, Claudio, queria te encontrar mesmo. – Ela disse.
- Por quê? – Ele perguntou.
- Parabéns pelos 300 jogos pelo time. – Ele sorriu e abraçou-a fortemente. – Eu não fui no jogo, fiquei super sentida quando soube.
- Está tudo bem, sem problemas! – Ele disse sorrindo.
- Você está aqui sua vida inteira, já é patrimônio histórico! – Ela disse rindo.
- Obrigada, chefa! – Ela sorriu.
- Te encontro lá, Claudio! – Falei um pouco mais alto.
- Beleza, Gigi! – Ele disse e segui pelo corredor.
- Bom, agora vamos almoçar. – Ouvi falar antes de seguir para fora pelo corredor do administrativo.
O sol do meio-dia estava forte quando saí, esperava que significasse um bom dia amanhã em Genoa. Vi o ônibus já estacionado em seu lugar e atravessei a calçada para seguir em direção ao restaurante do hotel que ficava do outro lado. Andei pelo lado do estacionamento e me assustei quando ouvi uma buzina.
- AH, CAZZO! – Virei para o lado, vendo Emanuelle dentro de um carro e sua gargalhava ficou em evidência quando ela saiu do mesmo.
- Buon pomeriggio, Gigi! – Ela disse animada, puxando uma bolsa e fechou em seguida.
- Quantos você pegou assim? – Perguntou.
- Só você, eu acabei de chegar. – Ela disse rindo e puxei-a pelo braço, dando um beijo em sua cabeça.
- Veio de carro agora?
- Tirei minha carteira de motorista. – Ela deu um sorriso sarcástico e ri fracamente.
- Deus nos acuda! – Falei e ela riu fracamente.
- Ah, para de graça, vai! – Rimos juntos.
- Você já não tinha? – Perguntei.
- Não deu tempo de tirar no Brasil. – Ela deu de ombros, colocando a bolsa em seu ombro e cruzando-a no corpo. – Aí estou fazendo os trâmites de cidadania, aproveitei.
- Vai virar uma cidadã italiana, é?! Qual sua relação?
- Meus bisnonni por parte de mãe. – Ela sorriu.
- Eles eram daqui de Piemonte mesmo?
- Não, mas da Liguria! – Ela disse rindo.
- Colado! – Falei.
- É, então, foi fácil! Eles aceitaram a residência em Turim e está dando certo. – Ela sorriu.
- Que bom, Manu! Fico feliz! Como foi na proficiência?
- Ainda não foi, estou fazendo algumas aulas extras só por precaução. – Ela deu de ombros.
- Você vai se dar bem, está conversando bem conosco. – Ela sorriu.
- Grazie.
- Vai almoçar? – Perguntei.
- Sim, estou esperando a para almoçar, ela tinha uma entrevista para o documentário.
- Eu a encontrei lá, quer sentar comigo enquanto espera?
- Claro! – Ela disse, dando de ombros e entrei no restaurante, vendo alguns jogadores espalhados pelo mesmo.
- Ciao, ragazzi! – Falei mais algo, cumprimentando-os.
- Ciao, Gigi! – Eles responderam e segui em direção a uma mesa vazia.
- Ciao, ragazzi! Andiamo vincere? – Manu falou sorrindo.
- Sì! – O pessoal falou animado e eu ri fracamente. Deixei minha carteira e celular na mesa, ela sua bolsa e seguimos para o buffet, vendo Sturaro e Lich se servindo.
- Ragazzi. – Falei.
- Ei, Gigi! – Lich disse e entreguei um prato para Manu atrás de mim.
- Ciao, Manu. – Sturaro disse e olhei para ela, vendo-a pressionar os lábios.
- Ciao. – Ela disse simplesmente e segui para me retirar.
- Buon giorno! – A voz de ecoou.
- Chefa! – Manu falou animada, saindo da fila e indo em sua direção.
- Acho que perdi minha companhia. – Cochichei para Sturaro e ele riu fracamente.
- É, eu também! – Ele disse e neguei com a cabeça. Mais um novato cantando a Manu. Quando eles perceberiam que ela não está interessada? Talvez não hoje.

Lei
Dois de maio de 2015
Vir para Genoa para assistir o selamento do scudetto era necessário e estranho ao mesmo tempo. Era necessário pelo meu trabalho. Como havia dito na entrevista ontem, estava quase completando cinco anos nesse posto e quarto scudetto, era uma conquista incrível. Só que devido aos últimos acontecimentos, eu não estava com pique para comemorar, sabe?
Era uma conquista ótima em vários quesitos, quarto scudetto di fila, mantivemos a vitória mesmo após a troca de técnico, estávamos vivos em todas as competições, além do monetário, é claro. Isso era bom, mas eu só precisava de um tempo, de férias, e, da forma que as competições estavam caminhando, eu sentia que ainda demoraria para finalizar. Tínhamos mais quatro rodadas do campeonato, até dia 30 de maio. Final da Coppa Italia no dia 20 e ainda tínhamos dois jogos de Champions League e, se conseguíssemos passar pelos gigantes de Madrid, que era um grande desafio, uma final no dia seis de junho.
Na temporada que eu deveria estar mais feliz e animada, eu simplesmente não conseguia. Eu ficava bem com os meninos, ficava feliz em ver as conquistas, mas quando eu olhava para ele, tudo voltava. A informação, o tapa, a briga... Muitas pessoas me disseram que ele mereceu, mas eu não conseguia não me sentir culpada por isso, eu exagerei. Não importava nossa relação, eu exagerei. E minha mão enfaixada ainda me lembrava disso.
Pelo menos ele havia entendido meu recado e me dado espaço, mas seu sorriso torto em minha direção sempre que eu olhava para ele continuava me quebrando. Principalmente se eu pensar nas palavras que eu disse para ele, elas rodeavam minha cabeça e sabia que também tinha sido muito rígida, precisaria falar com ele, me desculpar por isso, mas ainda não. Eu não estava preparada para isso. Depois de tanto tempo, quem queria de espaço agora era eu. E acabei conseguindo por um erro pior ainda da parte dele, não tinha como ele não me dar. Só esperava que a dor passasse algum dia.
- Desligada aí? – Pavel me cutucou e virei o rosto para ele, suspirando em seguida.
- Scusi, falou algo? – Perguntei.
- Foi gol. – Ele falou e virei para o campo que a bola voltava para o centro do campo.
- Nosso? – Perguntei surpresa.
- Sim! – Ele disse.
- Ah, que bom! – Suspirei.
- Volta para Terra, . – Ele falou, apertando meu joelho e eu assenti com a cabeça, suspirando em seguida.
- Scusi, eu... – Suspirei, puxando a respiração fortemente. – Eu não deveria ter vindo. – Neguei com a cabeça.
- Por que não? Deveria sim! – Ele disse.
- Eu não sou a melhor companhia para festas agora. – Suspirei.
- Fino alla fine, . – Ele disse e virei para ele, dando um curto sorriso.
Eu até tentei prestar atenção no jogo, mas com esse gol de Vidal, o scudetto estava oficialmente selado. Até se a Sampdoria empatasse, ele continuaria selado, pois só dependíamos de um ponto e não dependia do resultado da Lazio que jogaria amanhã contra a Atalanta.
Pelo restante do jogo, que acho que foi quase uma hora, o pouco que eu consegui visualizar, vinha muito dos gritos da torcida bianconera no estádio, dava para notar que os meninos estavam nervosos. Aquela derrota no Olimpico tinha baqueado todo mundo, pelo menos estávamos bem à frente do segundo colocado e teríamos uma folga para as outras competições.
- Eu vou descer! – Beppe disse assim que entrou nos acréscimos. Foi nesse momento que os poucos bianconeri no estádio começaram a cantar.
- Campione, campione! Ole! Ole! Ole!
- Eu vou contigo! – Pavel disse. – Vamos, ! – Ele disse.
- Eu logo vou! – Falei, dando um curto sorriso.
- Mesmo? – Ele perguntou.
- Sim, vai! – Falei e ambos, mais Paratici, seguiram para baixo, me deixando sozinha no camarote.
Soltei a respiração devagar e vi os jogadores começarem a se levantar e ficar na beirada do campo. O banco de reservas era colado com a linha, então podia ver alguns desesperados pisando para dentro das quatro linhas, mas tinha somente mais alguns segundos.
O último lance do jogo foi um contra-ataque, mas Chiello tirou e acho que Barza foi o último a tocar na bola antes do juiz apitar. Foi nítido a ida de Gigi em direção a Barza e Leo, Chiello se juntou a eles em seguida e essa cena conseguiu tirar um sorriso de meu rosto. Meu BBBC ainda estava vivo.
O resto do banco entrou no campo e se juntou a eles que os chamavam, fazendo-os pularem e gritarem. O staff também seguiu para dentro de campo e só conseguia acompanhar o cara de preto no campo, ele abraçava literalmente todo mundo e parecia feliz. Ele sempre parecia feliz quando eu não estava perto.
Reconheci Beppe lá embaixo e logo Allegri foi erguido pelos ares. Leo e Barza começaram junto de Storari e o time inteiro seguiu com eles. Uma, duas, três vezes e por pouco Allegri não foi direto para o para o chão. Os jogadores dispersaram e eles começaram a entrar. Leo seguiu para cumprimentar a torcida e logo Vidal e Gigi seguiram para fazer o mesmo. Tevez apareceu junto deles e eu até ri quando Gigi abraçou o argentino e ergueu-o no ar, fazendo os pés de Tevez sacudir no ar.
Gigi ficou para dar entrevistas ainda em campo e vi o estádio esvaziar aos poucos. Os poucos torcedores que ficavam, eram pedidos para sair e sabia que logo eu receberia o mesmo pedido. Eu só esperava chegar lá embaixo com um pouco menos de festa e bagunça. Eu não queria acabar com a felicidade de todo mundo.
Quando eu era realmente a única pessoa nas arquibancadas e no campo, tirando os funcionários da limpeza, achei que estava na hora de descer. Me levantei, virando de costas e vi dois seguranças na porta e ri fracamente. Ah, Pavel!
- Ragazzi. – Os cumprimentei quando passei por eles e procurei o caminho até o vestiário. Não tinha ido antes do jogo, mas até que foi fácil.
O túnel já estava vazio, alguns engravatados aqui e ali, mas sem jogadores. O chão estava um pouco molhado, é claro, pelo menos não estava colando, dessa vez deveria ser só água. Pelo menos aqui dentro. Isso confirmou quando eu entrei no vestiário e meus sapatos começaram a colar, me fazendo rir sozinha.
- SIAMO NOI! SIAMO NOI! I CAMPIONI DELL’ITALIA SIAMO NOI! – Algumas vozes mais abafadas ainda gritavam e eu fui entrando devagar.
O vestiário em si estava uma bagunça. Coisas estavam jogadas nos cantos, muitos estavam só de cueca ou de cueca e de blusa, era uma visão realmente interessante para mim. Inclinei meu rosto para o outro lado, vendo a entrada do banheiro que tinha barulho de água caindo e segui para o fundo, encontrando Allegri e o resto do top. Só Agnelli não tinha vindo.
- ! – Allegri falou animado quando me viu e sorri, indo em sua direção e o abracei, me arrependendo assim que seu corpo molhado entrou em contato com o mesmo. – Ah, scusi!
- Está tudo bem, não é a primeira vez. – Rimos juntos. – Auguri, mister!
- Grazie, . – Ele assentiu com a cabeça. – Por tudo.
- Somos uma equipe, Max, e não estou dizendo isso de forma pejorativa!
- Eu sei! – Ele riu fracamente.
- Ragazzi... – Acenei para o resto do pessoal e Filippi veio em minha direção.
- Achei que não viesse aqui! – Ele disse.
- Estava pensando um pouco. – Falei e fiquei na ponta dos pés para abraçá-lo.
- Você está bem?
- Sim, claro! – Sorri e ele me conhecia há tempo demais para saber que eu estava mentindo, mas não insistiu.
- Eu estou aqui, tá?! – Ele disse e eu sorri, dando um beijo em sua bochecha. – Agora fiquei mais feliz! – Rimos juntos.
- Vou dar uma olhada nos meninos. – Falei e ele confirmou com a cabeça. Girei o corpo para o corredor novamente e vi Chiello saindo do banheiro só de toalha.
- Que saúde, hein?! – Brinquei e ele virou o rosto assustando, relaxando quando notou quem era.
- Cazzo, ! – Ele disse rindo e sorri, vendo um vermelho em sua sobrancelha.
- Auguri, Chiello! – Falei e ele sorriu, passando um braço em meus ombros e me puxando para perto.
- Auguri, chefa! – Ele sorriu.
- O que aconteceu aqui? – Indiquei seu rosto.
- Não é nada...
- Mais um machucado para sua conta, só isso! – Falei e rimos juntos.
- Sai da frente! – Virei para o lado, vendo Barza da mesma forma que Chiello e revirei os olhos.
- Era só o que me faltava mesmo! – Falei, colocando as mãos na cintura e ele me abraçou de lado. – Auguri, Barza!
- Auguri, . – Ele sorriu, estalando um beijo na minha bochecha. – Mais um para conta.
- Sempre! – Ri fracamente. – Deixa eu dar licença para vocês. – Falei, me afastando um pouco do corredor e deixei-os entrarem logo em seguida.
- ! – Tevez saiu do banheiro mais bem vestido que os outros dois e sorri, abraçando-o fortemente. – Congratulazione!
- Anche a te, Carlito! – Sorrimos juntos e deixei-o seguir para o vestiário.
- Chefa! Você aqui! – Vidal saiu logo depois e eu sorri.
- Ei, nosso goleador aqui! – Falei, abraçando-o e ele me apertou igualmente. – Auguri, Vidal.
- Auguri, chefa! – Ele disse e sorri.
Durante os próximos minutos, o pessoal que tinha jogado, e quem ainda não fazia festa no vestiário em si saía do banheiro. Alguns só de toalhas, outro já vestidos e eles paravam para me cumprimentar. Estava tudo bem, até Gigi sair, me fazendo engolir em seco. Ele saiu com a toalha no ombro e a calça do terno, mas tive uma bela visão de seu tórax. Ainda estava pelado, como no ano passado, o que eu não gostava tanto, mas pelo menos ele havia encorpado um pouco mais.
- ! – Ele pareceu surpreso em me ver e eu assenti com a cabeça.
- Gigi. – Falei, tentando não fazer a voz tremer. – Auguri. – Ergui a mão direita, colocando o cabelo atrás da orelha.
- Grazie! – Ele disse. – Como você está? – Ele indicou a mão e eu abaixei-a de novo, fechando-a com a outra.
- Bem. – Assenti com a cabeça repetidamente.
- Que bom! – Ele deu um curto sorriso e senti que meu almoço começou a revirar dentro de mim.
- E... Você? – Indiquei seu queixo.
- Tudo certo. – Ele disse e pressionei os lábios em um sorriso, entreabrindo os lábios para respiração sair. – Eu quer...
- Eu vou... – Falamos juntos.
- Por favor... – Ele disse.
- Eu vou esperar lá fora. – Falei, erguendo meu olhar para seus olhos azuis por uns segundos.
- Ah, tudo bem. Eu aviso o pessoal. – Ele disse e virei de costas, seguindo para fora do vestiário, soltando todo o ar preso em mim no segundo que coloquei meus pés para fora.
- Respira, . Respira! – Falei repetidamente, apoiando a mão no peito. – Não chora, não chora! – Falei baixo, apoiando a cabeça na parede e passei as mãos embaixo dos olhos úmidos. – Isso, boa garota. – Suspirei, pressionando os lábios. – Autocontrole! – Fechei os olhos, engolindo em seco e olhei meu relógio, esperando a hora de ir embora.

Lui
Cinco de maio de 2015
Cinco de maio é uma data importante para Juventus, foi quando eu venci meu primeiro scudetto com eles em 2002, foi também quando vencemos o segundo scudetto di fila em 2013 e, também, quando comemoramos ano passado com a torcida após a Roma perder do Catania e só precisarmos cumprir tabela.
Mas hoje, em especial, não era um jogo de Serie A, não era um jogo de campeonato, hoje nos colocaríamos diante a nossa torcida para outro motivo, um muito mais importante para mim, uma semifinal de Champions. E isso não acontecia desde 2003, quando chegamos à final. Era uma situação que se formava em minha boca como pelo de gato. Depois de 12 anos, nós estávamos perto de conseguir o mesmo feito de 2003. Quando eu era só um garoto de 25 anos. 12 anos. Era uma vida! E quanta coisa aconteceu nessa vida!
Muitas pessoas perguntavam se a Champions era uma obsessão para mim, e eu até podia mentir para elas, mas não podia mentir para mim. Nem para mim, nem para Pavel, muito menos para . Era sim uma certa obsessão, mas de uma forma boa, se é que existe obsessão boa. Era quase como uma busca pessoal. Depois de ganhar tantos prêmios, depois de ser campeão do mundo, não era possível que não conseguiria ser campeão da Europa. Isso não encaixava na minha cabeça.
E agora, aqui em casa, nesse dia tão importante para todos os juventini, tínhamos esperança de fazer isso acontecer. Nosso adversário era o Real Madrid, o maior vencedor de Champions de sempre. Eles somavam 10 títulos e três vices. Nós já éramos quase o contrário, dois títulos e cinco vices. Esperava conseguir nosso terceiro título para mim e para esse time que me acolheu tanto.
- Está na hora! – Ergui o rosto para Allegri e apoiei as mãos nos joelhos para me levantar.
- Andiamo, ragazzi! – Falei, segurando as luvas embaixo do braço e batendo as mãos fortemente. – Temos só um foco aqui hoje!
- Vincere! Vincere! Vincere! – Eles gritaram juntos comigo e segui pelo meio do vestiário, sendo o primeiro a sair.
Cumprimentei Allegri e Filippi e segui para a porta, um árbitro fez a rápida checagem de uniformes, chuteiras e segui pelo túnel. Olhei para o centro do túnel e prendi a respiração por alguns segundos ao ver ali, junto de Agnelli, Pavel, Beppe e Paratici. O olhar dos cinco foi para mim e é impressão minha ou deu um curto sorriso para mim? Talvez, mas o aceno de cabeça eu posso confirmar. Repeti o gesto e segui para a fila, vendo já alguns jogadores do Real ali, inclusive Iker, um velho amigo e grande rival.
- Iker! – O cumprimentei.
- Gigi! – Ele apertou minha mão e trocamos um forte abraço.
Cumprimentei os árbitros e me coloquei ao lado da menina loirinha que entraria comigo hoje. Não demorou mais do que cinco minutos para entrarmos. O Juventus Stadium estava lotado de gente. E a torcida fazia um mosaico incrível nos quatro cantos do estágio, no centro as palavras “we are ready” e, apesar do meu péssimo inglês, sabia que era estamos prontos e realmente estamos.
Engoli em seco quando o hino começou a tocar e tentei enxergar alguma coisa no camarote ou até entre os reservas, mas só consegui identificar os cabelos azuis de Emanuelle. Certeza de que ela estava junto com os reservas de novo. Era bom, às vezes ela gritava mais do que nós nos lances, faltas e gols! Animava!
O time do Real nos cumprimentou e juntei com o meu para tirar a da foto, antes da divisão de campo. Eu e Iker dividimos entre bola e campo, ficando por nossa responsabilidade começar o jogo e cumprimentei-o, além dos árbitros, e segui para minha baliza. Cumprimentei alguns colegas meus enquanto chegava lá, principalmente Lich, Chiello, Leo e Pirlo e coloquei as luvas, enquanto cumprimentava a torcida que estava atrás de mim.
Fiz um minuto rápido de concentração, dando umas alongadas no braço e respirei fundo quando o juiz apitou. Era a nossa hora agora. Estávamos em casa e nossa torcida merecia isso! Pela nossa campanha, por hoje e por todos esses anos sem uma campanha veramente proveitosa.
O jogo começou um tanto equilibrado, Tevez forçou uma defesa de Iker nos primeiros segundos e o contra-ataque veio, algumas faltas foram cometidas por nós, mas nem precisei me esticar para tirar, pois a barreira mesmo cabeceou e tirou, só sobrou para Leo um amarelo. Aos nove minutos, a fagulha de esperança acendeu. Em um chute de fora da área de Tevez, não sei se Iker defendeu para frente ou se ricocheteou em alguém, mas Morata aproveitou o espaço do lado esquerdo e mandou para o fundo do gol.
O Juventus Stadium fez muito barulho e eu gritei com eles, comemorando sozinho. Os jogadores correram em sua direção, mas Morata manteve a comemoração discreta. Ele foi da base do Real, tinha sido comprado por deles, ele tinha respeito ao clube. Eu já gostava de ver o quanto eles estavam perdendo por não ter esse menino.
Aos 12 minutos eu fiz minha primeira defesa real do jogo, fazendo eu me esticar e pular para defender. Nas outras situações eu só precisei pular e pegar a bola no ar. Estávamos mantendo o gás e tínhamos mais ataques do que defesas. Morata tentou novamente aos 17, mas não repetiu o feito.
Após muita bola rolando no centro do campo, Cristiano Ronaldo tentou um ataque, eu até me joguei para defender, mas a bola passou por mim e saiu pelo meu lado esquerdo. Na saída de bola minha, Lich tentou um contra-ataque, mas mandou para fora.
Ronaldo errou uma vez, mas não duas. Em uma cruzada de bola, que acabou resultado na queda de Vidal na grande área, Ronaldo conseguiu ficar perto demais de mim, mas com a queda de Vidal, que deveria ser falta, ele não estava impedido. A bola chegou em sua cabeça e ele só indicou para mim. Eu tentei encontrar a bola, mas só consegui cair para trás. Estava empatado.
O estádio ficou quieto, tirando quando Ronaldo foi comemorar próximo à nossa torcida, provocando-os e o pessoal fez questão de vaiá-lo e mostrar os dedos do meio, mas quem poderia julgá-los, não é mesmo? Eu não.
Aos 34 tivemos outra chance, Claudio tentou um chute de fora da grande área, deu trabalho para Iker, mas foi para fora antes mesmo do meu colega espanhol tocar nela. Logo em seguida, comecei a perceber a maior pressão do time espanhol sobre nós. Eu passava a bola para Chiello, ele devolvia para Leo que não conseguia passar para o meio de campo, quem diria para o ataque.
Aos 41 minutos, eu ainda não sei o que aconteceu. A bola veio do lado direito por Isco, Sturaro veio com tudo em cima de Rodriguez, mas ele conseguiu cabecear ou bateu na minha mão, não sei ainda, mas a bola voltou para frente e Marcelo até tentou chutar, mas a bola foi alta demais.
- É! – Sturaro gritou ainda ao meu lado e cumprimentei-o, ajudando-o a se levantar.
- Andiamo! Andiamo! – Falei, soltando o ar forte pela boca. Tinha sido quase!
Tirando alguns lances faltosos de cada lado, o fim do primeiro tempo acabou empatado. Tínhamos mais 45 minutos para tentar uma vantagem, esse placar em Madrid seria como começar com 1x0 para eles, por causa desse gol em nosso estádio. Peguei minha toalha e minha garrafa e segui de volta para o vestiário.
Durante os 15 minutos, Allegri só reforçou para que pressionássemos mais eles, pois estávamos conseguindo chegar mais do que eles. Ele não mexeria no time por enquanto, então aproveitamos os minutos finais para fazer uma recuperação e voltar para o campo.
Os primeiros minutos começaram difíceis. Tevez levou um amarelo por uma entrada em Ramos e, logo depois, Sturaro, também o encarou e ambos se estranharam por um momento, mas nada que precisasse intervir.
Aos 55 minutos tivemos o primeiro lance perigoso em uma falta deles. Quando a bola foi para escanteio, tivemos o rebote, mas Morata cabeceou, tentaram outro rebote, mas eu caí antes mesmo da bola atingir, só que ela parou na barreira.
Em seguida, o que aconteceu, definiu o jogo inteiro. Tevez aproveitou o rebote e bateu em retirada, Carvajal foi atrás dele. Morata e Marcelo foram atrás, mas o brasileiro acabou tropeçando, caiu e derrubou Álvaro junto. Quando Tevez estava chegando na pequena área, Carvajal o puxou e ambos foram para o chão. O árbitro apontou para a marca de pênalti e eu comecei a pular e gritar junto com a torcida.
Sem sair do meu posto, vi Vidal, Marchisio, Evra, Pirlo, Lich, acho que todos da Juventus, foram falar com o árbitro, talvez um cartão para Carvajal, não sei. Enquanto isso, Leo já tinha colocado a bola no lugar que era. O Real nem chegou a reclamar, era bem claro, depois de muita conversa e mais um cartão para Vidal e Marcelo, a bola foi para seu lugar e eu me virei de costas para não ver. Eu sou muito medroso para isso, ainda mais nesses tipos de jogos decisivos. Eu só me virei quando a torcida começou a gritar, eu gritei com eles.
2x1! Estávamos em vantagem e tinha mais meia hora de jogo. Precisávamos manter esse placar e forçar para aumentar, não era perfeito, mas era melhor que o resultado anterior.
O jogo se seguiu e teve várias faltas, principalmente em Sturaro, o novato era a definição de jovem, não importava quantas vezes caía, ele sempre levantava e estava pronto para próxima. Ele era um pouco insistente, principalmente com a Manu, mas ele era forte em campo e estava aguentando todos os trancos dos espanhóis.
Aos 63, Ronaldo se aproximou e teve uma chance, mas eu a peguei e, aos 66, fizeram o passe, mas foi muito alta e acabou ficando para mim o tiro de meta. Entre esses lances, Allegri fez a primeira substituição. Tirou o novato e colocou Barza. Ele reforçaria a defesa agora, para evitar qualquer ataque mais em cima, igual o primeiro gol.
Após o segundo lance de Ronaldo, Chiello e Bale tiveram uma subida errada e Chiello abriu o supercílio. O mesmo lugar do último jogo. Fizeram o atendimento em campo, demorando uns cinco minutos, mas ele logo estava pronto para próxima. Era o Chiello, já estávamos acostumados. Por mais dramático que isso pareça.
Com essa diferença, o Real começou a pressionar mais e Chiello, que já estava no seu modo enfaixado, começou a forçar e uma hora até mandou Ronaldo ficar quieto, do seu jeito, mas ainda assim.
Os minutos começaram a passar e não tinha muitas finalizações de nenhum lado, isso começou a me deixar nervoso, precisávamos desse placar ou aumentar. Quando Llorente entrou no jogo, com a saída de Morata, ele teve uma grande chance, mas ninguém para receber e a bola foi tirada dele. No contra-ataque, eles até tiveram a chance, mas não conseguiram atingir a bola e ela foi para fora.
Quando chegamos aos 90 minutos, a placa de mais três foi erguida, o que foi surpreendente, baseado no tempo em que ficaram cuidando de Chiello. O Real Madrid continuou forçando, já que a bola foi para o lado deles, e eu fiquei aqui esperando ansiosamente pelo apito final, contando segundo por segundo.
Aos 92 minutos, faltando pouco mais de um minuto para o jogo acabar, tivemos uma falta na lateral da grande área, Pirlo bateu certinho e foi para a cabeça de Chiello ou de Llorente, bateu na trave e, na volta, Iker segurou. Menos de 40 segundos depois, tivemos uma chance sensacional, mas fora. Real tentou contra-ataque, mas Chiello derrubou Ronaldo e acabou levando um amarelo. Na cobrança de falta, a bola passou por várias cabeçadas e nada. Ao tentar o contra-ataque mais uma vez, Pereyra derrubou alguém que apressou a saída da falta, mas a cobrança veio direto na minha mão junto com o apito final.
Eu joguei a bola em direção ao árbitro e abracei Vidal e Marchisio, afundando meu rosto em seus ombros. Tínhamos vencido! Faltava um jogo ainda, mas era um passo a mais e uma respirada mais aliviada, como se um pé, dos dois que estavam em meu peito, foram retirados. Passei pelos meus companheiros de time, cumprimentando-os um a um e, também os rivais e a arbitragem.
- Andiamo! Andiamo! – O pessoal começou a chamar para o cordão e saí correndo com eles em direção a torcida organizada e demos as mãos até nos aproximarmos.
- EH! – Gritamos, aplaudindo pelo apoio e pela torcida.
- Falta só um. – Barza passou o braço em meus ombros.
- Só um, Barza! – Suspirei, acenando para o pessoal e segui em direção a entrada do time vendo Vidal e Manu fazendo uma dancinha ridícula na entrada do mesmo.
- Falta um jogo! Falta um jogo! – Eles diziam em sincronia e passei o braço pelos ombros dela, fazendo-a entrar em nosso abraço.
- AH! – Ela disse, tomando para trás gargalhando. – VINCIAMO, GIGI! – Ela disse animada e estalei um beijo em seu rosto.
- Vinciamo, Manu! – Falei sorrindo e ela se virou para mim quando afrouxei o braço.
- AH! – Ela disse animada, abraçando a mim e Barza, nos fazendo gargalhamos.
- Vamos devagar! Ainda tem coisa! – Barza disse e ela se afastou.
- Seu chato! – Ela bagunçou os cabelos dele.
- Ah, Manu! – Ele reclamou e ela virou correndo rápido e entrou pelo vestiário com Barza atrás dela, me fazendo rir.
- Ah, que sensação ótima! – Pirlo falou ao meu lado e suspiramos juntos.
- Nem fala, meu amigo! – Suspirei, entrando atrás dele, ainda cumprimentando algumas pessoas do staff do Real que passava no caminho.
- Para! Para! Para! – Ouvi a voz de e gargalhadas ecoando em seguida. – Parecem duas crianças!
- Ah, qual é, ! – Barza disse e vi Manu se escondendo atrás de e Pavel.
- Qual sua idade? – falou alto para Barza.
- Com sorte, 23. – Manu disse.
- Ah, menina! – Barza disse e os dois administrativos riram quando Manu entrou apressada no vestiário e Barza foi atrás.
- Estava com saudades disso. – Pavel disse e deu um curto sorriso, empurrando-o para o lado.
- Ragazzi... – Falei, me aproximando.
- GIGIONE! – Pavel gritou, se aproximando de mim e me abraçando fortemente e eu gargalhei. – Vai dar certo, Gigi! Depois de tantos anos, agora vai!
- Vai, Pavel! – Falei rindo. – Mas se acalma, tem um jogo ainda! – Falei, sentindo-o girar meu corpo e vi com um sorriso no rosto atrás dele.
Não tive como não sorrir de volta. Sabia que tinha muitas coisas que precisavam ser conversadas, mas não agora. Em compensação, o time estava em uma boa vantagem e tinha tudo para nos fazer lutar por algo juntos novamente.
- Mas vai! Vamos sim! – Pavel disse, me apertando fortemente e gargalhei.
- Ah, Pavel! Larga ele! – disse, revirando os olhos. – Quero ver se passar, vai chorar igual em 2003.
- EI! – Ele falou, se afastando rapidamente. – Como você se lembra disso?
- Eu nem estava lá! – Ela disse rindo. – Mas temos um arquivo interessante, sabe?
- Ah, ! – Ele disse, fazendo uma careta e ela abriu um largo sorriso por alguns segundos, se virando para mim em seguida.
- Gigi... – Olhei em seus olhos. – Só falta um. – Ela colocou o indicador na boca, assentindo com a cabeça e eu confirmei com a cabeça.
- Só um! – Repeti com ela e acenamos com a cabeça.
- AH! SAI DAQUI! – Nos três nos afastamos no automático quando Emanuelle saiu correndo, pelo menos os cabelos eram dela, Morata e Vidal correram atrás dela. – NÃO! – Seus gritos misturaram com suas gargalhadas e eu e nos entreolhamos, gargalhando em seguida. – Me coloca no chão, Álvaro Borja Morata Martin! – Os dois voltaram, com Manu no ombro do espanhol agora.
- Eu vou descobrir seu nome do meio e você não vai gostar.
- É só Emanuelle mesmo. – Ela disse de cabeça para baixo com os cabelos longos quase desligando no chão.
- Do quê? – Vidal perguntou.
- Duarte Rodrigues. – Ela disse.
- Ah, sem graça! – Morata ameaçou soltá-la.
- AH! – Ela gritou e neguei com a cabeça.
- Vamos aproveitar esse clima, né?! – disse, seguindo em direção ao vestiário e ri sozinho.
- Deixe ela chegar, Gigi. Devagar! – Ele disse, dando um tapinha em meus ombros e assenti com a cabeça.


Capitolo cinquantanove

Lei
13 de maio de 2015
- QUANTO ELE DEU? – Gritei, me debruçando sobre a poltrona tentando enxergar a plaquinha de acréscimos.
- Quatro. – Pavel disse.
- AH, CAZZO! – Gritei, apertando forte a blusa que eu usava, enquanto eu ouvia a torcida madrilenha.
Eu estava há 90 minutos em estresse contínuo. Depois de muito tempo desanimada pelos jogos, fui voltar a me empolgar justo agora? Bom, estávamos há minutos de ir para final, EU TINHA DIREITO DE FICAR EMPOLGADA! O jogo começou muito pesado para o nosso lado. Da mesma forma que a nossa torcida nos deu o gás necessário, os madrilenhos estavam dando para eles.
Aos 23, após um lance muito suspeito, repito, MUITO suspeito, James foi para o chão e o pênalti foi dado. Leo, Lich, Pirlo, até Gigi, todos foram em cima do árbitro, mas nada. O lance anterior que Vidal derrubou Ronaldo, até valeria uma falta, mas não esse segundo. Ronaldo bateu bem e, infelizmente, entrou.
Eles continuaram a chegar na gente em cada lance, mas Gigi estava aguentando todas. Toda a folga que ele teve em Turim, ele não estava tendo aqui em Madrid. Vez ou outra conseguíamos passar, mas os passes eram alargados demais, desleixados ou paravam em Casillas. No final do primeiro tempo, James tentou outro pênalti, mas dessa vez o árbitro viu que era atuação e deu um amarelo para eles.
No segundo tempo, nós voltamos com vontade. Precisávamos fazer um gol para acabar com a vantagem deles com um gol fora de casa e, é claro, ter a vantagem no agregado, os meninos pensaram da mesma forma, pois mal fizemos intervalo, voltamos em coisa de sete ou oito minutos e depois já se colocaram em campo e o Real demorou para aparecer.
Tivemos chances iguais dos dois lados, muito trabalho vindo dos meias, Marchisio, Marcelo, entre outros. Gigi estava visivelmente irritado pela abertura na defesa e confrontava Leo, Lich e Chiello a todo momento. Não podíamos deixar que eles aumentassem esse placar. Agora estava tudo igual, mas eles passavam por gol fora de casa.
E meus meninos não me decepcionaram.
Em uma cobrança de falta de Pirlo, Leo, Morata, Chiello, Pogba, Tevez, todo mundo foi para grande área. Ele chutou, mas Chiello e Bale cabecearam juntos, fazendo a bola ir para trás, Vidal ergueu-a para a pequena área de novo e Pogba, um pouco na esquerda, cabeceou. Morata recebeu a bola no peito, abaixou, ajeitou e mandou para o fundo do gol.
Eu não sou de gritar tanto, mas eu gritei e não foi baixo, mas eu não estava nem aí! Queria mais é ficar feliz e comemorar! Álvaro não comemorou, da mesma forma que no jogo de ida, sendo cria do Real, achei muito educado da sua parte. Com esse gol, tínhamos a vantagem de novo, mas agora tínhamos mais 33 minutos para o fim do jogo, igual no jogo de ida.
Logo em seguida, todos os lances perigosos pareciam ser do nosso lado, a sorte era que ia por cima ou pelas laterais, mas elas eram realmente muito perigosas e eu gritava a cada lance, certeza que sairia daqui sem voz. Enquanto eles acertavam quase no alvo, os lances que nós tínhamos, lindas bombas de Marchisio, iam para as mãos de Casillas! Ah, como era duro ter dois melhores goleiros do mundo em campo.
Os minutos iam passando e sabe quando o jantar começa a não cair legal e a girar em sua barriga como se quisesse sair? Eu estava assim. Ainda ver e entender algumas ações da torcida deles só fazia eu me sentir mais enojada em estar aqui e a vontade de vencer só crescia. Nós pressionávamos em casa, mas nunca faltamos com respeito à toa. Xingar Lich por ele ter bebido água antes da saída de lance? Ah, affanculo! Vocês que estão perdendo, seus trouxas!
Seguindo para o fim de jogo, Allegri colocou Barza e tirou Pirlo, era a hora de reforçar a defesa para o cansaço não ganhar, e nada melhor que nosso muro. Após mais tiros deles, com Gigi se mostrando tão grande quanto eu já sei que ele é, foi a vez de Llorente entrar e Morata sair. Agora faltavam cinco minutos e, durante esses cinco minutos, Pogba tentou algo lindo, mas Casillas defendeu. Pogba estava exausto, a cada trombada mais forte, ele desmontava no chão, foi aí que Allegri decidiu tirá-lo e colocar Pereyra nos minutos finais.
Pareceu que esses minutos que antecederam os acréscimos foram mais pesados do que o resto do jogo. Os jogadores e a bola corriam mais rápido. As vozes da torcida da Juventus finalmente calaram as madrilenhas e a esperança só foi crescendo dentro de mim. A final estava cada vez mais perto. Eu conseguia sentir as lágrimas de emoção começando a incomodar minha visão, estávamos tão perto, só mais quatro minutos.
Quatro minutos finais que pareciam não passar, enquanto isso éramos bombardeados a cada segundo. Eles estavam exaustos, eu estava exausta de cantar e gritar e suava demais, QUESTO CAZZO BISOGNA FINIRE! Faltando dois minutos para finalizar, Carvajal veio com tudo, Evra veio atrás e Gigi saiu com pressa do gol, sendo atropelado pelos dois. Ele estava bem e, o melhor, a bola estava em seus braços.
- Um minuto. – Pavel disse.
- Eu vou vomitar! – Falei, apertando minhas mãos até doerem. – ANDIAMO! – Gritei enquanto Marcelo enrolava a saída de bola.
- 30 segundos. – Ele disse. – E eu sentia as lágrimas caírem pelo meu rosto. – 20.
- Vai logo! Vai logo! – Ele falou e vi Pereyra se preparar para a bola sair.
- Três, dois... – O apito do juiz veio antes da contagem de Pavel e ouvi os gritos da torcida quando desmontei na cadeira.
- ESTAMOS NA FINAL! – Pavel disse ao meu lado e virei o rosto para ele, abrindo um largo sorriso.
- ESTAMOS NA FINAL! – Repeti, puxando a respiração fortemente.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! – Ele gritou e me levantei com ele, abraçando-o fortemente.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO, CAZZO! – Gritei enquanto ria e passei os braços pelo seu pescoço, gargalhando.
- Vamos descer! Vamos descer! – Ele gritou e subimos rapidamente as escadas do camarote e seguimos praticamente correndo em direção ao elevador que levava para o estádio.
Nem lembrei de olhar para o campo e ver se os meninos estavam comemorando ou se Gigi está feliz. Confesso que nessa última vez só conseguia pensar nele e no papo que tivemos quando namorávamos. Eu dei 10 anos para ele conseguir conquistar uma Champions, isso foi 2006. Ele tinha ganho uma oportunidade no nono ano e era verdadeiramente emocionante poder estar aqui e poder acompanhar isso. Quem diria, depois de nove anos, ainda estamos aqui!
Seguimos pelo túnel procurando pelo pessoal, mas eu só conseguia ouvir os gritos da torcida! Os jogadores do Real Madrid entravam bem irritados e eu só fugi do caminho, entrando apressada no vestiário e dando uma de Emanuelle ao tropeçar em meus pés.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! CE NE ANDIAMO A BERLINO! CE NE ANDIAMO A BERLINO! – Os gritos lá de dentro eram ensurdecedores e meu primeiro abraço foi em Tevez que estava próximo a porta.
Eles gritavam e batiam nas paredes e caixas espalhadas pelo vestiário, mas pelo menos não tinha champanhe dessa vez. Passei um por um, dando um abraço e um beijo, e recebendo um tão grande e forte em retorno. Chiello me recebeu com um largo abraço e eu entrei em seus braços de gorila e ambos sabíamos o que estávamos pensando. As lembranças começavam a passar em minha cabeça e eu não podia estar mais feliz.
- ! – Barza disse, me apertando pelos ombros e ele e Leo me apertaram fortemente, me tirando um pouco do chão e dei um beijo na bochecha de cada um antes de seguir pelo pessoal.
Passei por todos, Lich, Evra, Pirlo, Marchisio, Pogba, Vidal, Llorente, Storari, Pereyra, Sturaro, Padoin, Coman, Morata. Depois dos jogadores e relacionados, passei por Matri Ogbonna, Pepe, Rubinho, que vieram para o jogo, mas não estavam relacionados por algum problema físico, mas faltava somente uma pessoa ali. Duas, na verdade. E, nesse momento, não me importava para os recentes acontecimentos, essa era uma conquista do time, um sonho dele. Muito maior do que é que estava acontecendo. Segui para fora do vestiário, imaginando que eles estivessem em entrevista e encontrei Filippi.
- Ah, mulher! – Ele disse animado e eu, abraçando-o fortemente. – Vamos para Berlino!
- Vamos! – Falei sorrindo e ouvi uma gargalhada alta vindo de trás dele. Desviei o rosto e vi Gigi e Allegri vindo abraçados e gargalhando. Ele está feliz e isso me deixa feliz.
- Vai! – Filippi disse.
- O quê? – Virei para ele.
- Aproveita um pouco! – Ele disse e eu sorri, assentindo com a cabeça e olhei novamente para os dois que vinham em minha direção e estavam parados me olhando.
- Chefa! – Allegri foi o primeiro a vir e sorri.
- Auguri, mister! – Falei e ele piscou para mim, dando um tapinha em minhas costas e seguiu para o vestiário junto de Filippi, me fazendo rir fracamente quando fiquei frente a frente de Gigi.
- Aqui estamos, . – Ele disse coçando a nuca e eu assenti com a cabeça.
- Vamos para a final, Gigi! – Falei, respirando fundo quando minha voz embargou e ele assentiu com a cabeça.
- Vamos! – Ele disse e pressionei uma mão na outra, sentindo a textura da luva de tensão e nossos olhares se encontraram e o silêncio começou a me incomodar.
- Ah, al diavolo questo! – Falei, reduzindo a distância em uma rápida corrida e pulei em seus braços, passando os meus pelos seus ombros e escondi o rosto na dobra de seu pescoço.
- Ah... – Ele suspirou em meu ouvido e me apertou firme pela cintura.
- Estou tão feliz por você. – Falei baixo, pressionando os lábios.
- Por nós, . – Ele disse, dando um beijo próximo à minha orelha. – Nós conseguimos juntos. – Puxei a respiração fortemente.
- Parece que faz tanto tempo... – Falei, afastando meu rosto dele e encontrei seus olhos azuis avermelhados pelo choro.
- E faz... – Ele disse suspirando e passei as mãos em seu rosto, secando as lágrimas que deslizaram pelo local. – Nove anos. – Assenti com a cabeça.
- E ainda estamos aqui. – Suspirei e seu polegar foi para minha bochecha.
- Eu senti tanto sua falta...
- Xi... – Falei, negando com a cabeça. – Não vamos falar disso agora. Hoje é um dia de festa e só está permitido lágrimas de felicidade. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Agora vai! – Me forcei a me afastar. – Ainda temos que voltar para casa e comemorar com nossa torcida. – Disse, puxando a respiração, sentindo o nariz entupir e ele assentiu com a cabeça.
- Ainda vamos conversar?! – Ele falou em uma mistura de afirmação e interrogação, e eu só consegui assentir com a cabeça freneticamente.
- Temos tempo! – Falei. – Agora temos. – Suspirei, passando as mãos em meu rosto e senti as suas em minha cintura ainda, me segurando como se sua vida dependesse disso. – Andiamo, Gigi. – Acenei com a cabeça.
- Eu não... – Ergui minha mão para seu rosto, erguendo-o para meus olhos.
- Eu estarei aqui quando você terminar. – Falei calmamente e ele assentiu levemente, antes de afrouxar suas mãos sobre mim. – Vai! – Puxei-o levemente pela camisa preta do uniforme e ele suspirou quando começou a andar e foi para o vestiário.
Engoli em seco, mantendo um pequeno sorriso nos lábios e eu me sentia como uma bateria recém-carregada, o que eu acho que tinha acabado de realmente acontecer. Eu não estava muito empolgada em encarar a realidade fora dos estádios de futebol, mas apesar de tanta dor, ele me fazia bem, e esse um ou dois minutos abraçados provaram isso.
- ANDIAMO A TORINO DI PRIMA, RAGAZZI! – Ouvi os gritos de Allegri e ri sozinha, seguindo para dentro do vestiário.

Lui
13 de maio de 2015
- Faltava 15 minutos para acabar o jogo, e o Stephan para o jogo para tomar água! – Pogba falou e gargalhamos.
- Ah, esses torcedores são muito irritados! – Lich disse e neguei com a cabeça, começando a dar o nó na gravata.
- Não tiro sua razão, mas aquela era realmente uma ótima hora para você tomar água! – falou sarcasticamente apoiada na porta e gargalhamos.
- Ah, ganhar um tempo, né?! – Ele disse e rimos juntos.
- Mas o Chiello mandando o Cristiano Ronaldo calar a boca no jogo em casa foi legal! – Evra disse e gargalhamos
- Olha, esses dois jogos foram difíceis, eles estavam tirando minha paciência! – Chiello disse.
- Eles queriam apressar muito o jogo. – Marchisio disse e desfiz a gravata novamente.
- Não, tem limite! Pelo amor! – disse.
- Confesso que nunca vi a tão irritada em um jogo quanto hoje. – Pavel disse e ela o empurrou, fazendo-o tropeçar para o lado.
- NÃO ACABAVA NUNCA! – Ela falou alto e gargalhamos. – Eu nunca vi tanta defesa do Gigi em um jogo só. – Ela disse e sorri. – Acho que todas as defesas da temporada foram nesse jogo.
- Espero que não! – Falei, respirando fundo. – Temos mais um jogo.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! – Leo gritou.
- Ah, já deu! – Ela disse, gargalhando e Leo abraçou-a de lado, colando a boca em sua cabeça. – Temos a Coppa Italia na semana que vem, não se esqueçam. – Dei o nó um tanto frouxo demais, mas deixei assim.
- CE NE ANDIAMO A ROMA! – Chiello gritou e ela revirou os olhos.
- Antes de irmos para Roma ou para Berlim, precisamos ir para Turim e temos uma penca de jornalistas na zona mista querendo falar com vocês, vamos embora? – Angela falou.
- Ah, aleluia! – disse e ela e Pavel foram os primeiros a sair do vestiário.
- Vamos para casa. – Pirlo falou em um suspiro e peguei o paletó, vestindo-o.
- Vamos comemorar mais um pouco! – Falei, pegando minha mochila e coloquei em um ombro.
- Quem estiver pronto, pode seguir para o estacionamento, os jornalistas estão por ali! – Angela gritou e suspirei, dando uma rápida checada nos meus pertences e segui para fora do vestiário. – Gigi!
- Oi! – Me assustei com ela na porta.
- Sky Sports! – Ela indicou outro caminho e eu suspirei.
- Por que eu?
- Vai! – Ela disse rindo e entreguei minha mochila para ela, seguindo para a zona mista, onde ficavam outros jornalistas.
- Você também, Gigi? – Tevez parou para me esperar.
- Sim, e provavelmente o Álvaro! – Falei e passei o braço pelos ombros do mais baixo e seguimos pelo mesmo local.
Entrei no local, vendo alguns jornalistas já a postos e Angela me indicou a loira da Sky Sports e eu só esperava que não estivesse ao vivo com Ilaria. O dia estava perfeito para eu ter que lidar com isso agora.
- Gigi! – Angela me chamou. – Três minutos, no máximo.
- Ok. – Falei e me aproximei da mesma. – Ciao, ciao!
- Gigi Buffon! Que prazer te ter aqui conosco. – Ela sorriu.
- Ciao! – Assenti com a cabeça e cruzei os braços.
- Gigi, vocês chegaram em uma final de Champions League depois de 12 anos, qual é a sensação?
- Beh, é algo incrível, não tenho como descrever de outra forma. Foram 12 anos de luta e de sofrimento e que estão compensando agora.
- Há nove anos vocês foram relegados e isso baqueou os torcedores e fez com que vários jogadores importantes saíssem, o que você acha disso? Acha que a Juventus finalmente se reencontrou? Que é a melhor Juventus nesses últimos anos?
- Beh, há nove anos sofremos um golpe enorme, mas com a ajuda de juventini de verdade, nós conseguimos nos reerguer e estamos aqui hoje. Não acho necessariamente que a Juventus de hoje seja melhor ou mais forte que a Juventus do ano passado e de outros anos, nem que os times que derrotamos também sejam ruins. O futebol é um jogo de sorte, quando você entra em campo, você tem tantas chances quanto o outro time. – Neguei com a cabeça. – O Real Madrid é um time histórico, com 10 Champions, e fez uma grande partida hoje, nos fez suar e sofrer, mas fomos superiores no jogo de ida e passamos.
- Vocês sofreram um pouco mais no jogo de hoje, o que diferenciou para vocês? – Ela perguntou.
- Beh, em Turim tínhamos a nossa torcida que os pressionou bastante e hoje eles fizeram o mesmo. A torcida madrilenha é muito apaixonada, a aproximação da torcida do campo torna a pressão muito maior, mas nossa defesa estava melhor do que a deles. Eles conseguiram um gol só de pênalti e conseguimos a diferença com Álvaro.
- Falando do Álvaro, ele saiu daqui de Madrid, foi criado nas bases do Real Madrid e vendido por 20 milhões... – Senti alguém me apertar pela cintura e vi Angela ao meu lado, fazendo sinal para finalizar. – O que você diz para o Real Madrid hoje? – Ri fracamente.
- Beh, eles perderam um grande jogador que foi responsável pelos dois gols da nossa vitória! – Falei rindo. – Grazie!
- Gigi! Gigi! – Ela me chamou, mas acenei, sentindo Angela me puxar pelo braço e segui com ela a passos rápidos para fora da zona mista.
- O pessoal está falando com alguns repórteres, não precisa parar, pode ir direto para o ônibus. – Ela disse e confirmei com a cabeça.
Realmente, não foi só eu, Tevez e Morata que demos entrevistas, muitas pessoas falavam com repórteres no estacionamento. Cumprimentei Vidal e segui em direção ao ônibus e vi Allegri falando com o repórter do JTV e estava ao lado dele, checando o celular.
- Ei, Gigi! – Barza falou.
- Ei, já conversou com o pessoal? – Perguntou.
- Hoje não! – Ele riu. – Fui reserva, nem vem. – Rimos juntos. – Falou com quem?
- Sky Sports. – Revirei os olhos.
- Ilaria?
- Não, repórter! – Falei. – Não estou no clima para falar com ela hoje.
- Hoje e nem nunca, né?! – Ele disse e rimos juntos.
- Hoje em especial. – Falei rindo e indiquei com a cabeça. – Ela me abraçou.
- MESMO? – Ele gritou e alguns rostos viraram para gente. – Scusi, ragazzi! – Ele gritou de volta.
- Tem que ser! – Vidal gritou e gargalhamos.
- Sim, é! – Sorri, olhando para ela.
- E aí? – Ele perguntou.
- E já não está bom? Depois de 20 dias de completo silêncio? – Rimos juntos. – Mas acho que foi o ânimo da classificação, não sei. – Suspirei.
- Vamos devagar. – Ele disse, suspirando. – Vai entrar? – Indicou o ônibus.
- Vou ver a entrevista dela! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Te encontro lá. – Ele disse e assenti com a cabeça, me aproximando um pouco mais.
- Olha o que você vai me perguntar, Enrico! – Ela disse rindo. – Não dou uma entrevista há anos.
- Isso é mentira! – Ele disse e ambos riram.
- Ok, vai! – Ela disse, passando a mão nos cabelos e jogando-os para trás.
- Eu quero saber como você está se sentindo, ! – Ele disse e ela abriu um largo sorriso, suspirando em seguida. – Você é uma das poucas que já estava conosco em 2003, na última final e quero saber o que se passa na sua cabeça.
- Olha, eu nem sei! – Ela suspirou. – Eu passei por tantas emoções só hoje que estou tendo uma chuva de lembranças. – Ela sorriu. – Em 2003 eu era só uma estagiária e acompanhei os jogos pela televisão, mas eu vi a semifinal contra o Real Madrid também e parecia que foi ontem. – Ela riu sozinha, mordendo o lábio inferior. – Eu talvez com Pavel, com Gigi e acho que todo mundo concorda que já estava na hora. – Ela suspirou. – Mas eu estou muito feliz! – Ela riu fracamente.
- Seu sorriso diz tudo! – Ele disse e ela piscou para ele. – E agora, qual o próximo passo?
- Beh, agora vamos voltar para casa, festejar bastante, tirar uns dois dias para respirar fundo e jogar contra a Internazionale no sábado, depois viajamos para Roma para a final da Coppa Italia na terça, jogamos na quarta. Aí voltamos para o Juventus Stadium no sábado dia 23 para a grande premiação. Depois os meninos devem ter alguns dias de folga para respirar, dia 30 enfrentam o Verona para finalizar a tabela e dia quatro vamos para Berlim para grande final. – Ela sorriu.
- Fim de mês agitado.
- Nem fala! – Eles riram juntos.
- E o que você espera dessa final? – Ele perguntou. – Vai ser em Berlim, no Stadio Olimpico, estádio que a Italia ganhou o Mondiale de 2006, o que você espera? – Ele perguntou e parei no tempo por um momento.
CAZZO! A final seria no mesmo lugar da final do Mondiale. Eu sabia essa informação, mas acho que não me dei conta da importância dela até agora. Aquele lugar me trazia memórias incríveis, levantar a taça de campeão do mundo, mas também traziam péssimas, pois foi o dia que eu perdi a . Não fode para o meu lado, Enrico, por favor!
- Beh! – disse rindo. – Eu tenho várias lembranças daquele dia, eu estava lá também, mas é passado! Precisamos focar na final. É algo que eles estão sonhando faz tempo, então agora é arregaçar as mangas, respirar fundo para fazer isso acontecer.
- E você vai estar lá?
- É claro! – Eles riram juntos. – Mas dessa vez será diferente. Muita coisa mudou daquele tempo. – Notei seu olhar em mim e um curto sorriso dançava por eles.
- Grazie, ! – Enrico disse.
- Prego! – Ela sorriu e ambos se cumprimentaram.
Ela acenou com a mão para mim com um curto sorriso no rosto e seguiu em direção ao ônibus. Ri sozinho e segui logo atrás dela. Ela se sentou nos primeiros bancos com Pavel e acenei para ambos antes de seguir um pouco mais para o fundo e me sentei ao lado de Barza. Não demorou muito até que todo mundo estivesse dentro do ônibus e saíssemos em direção do aeroporto.
A saída do estacionamento estava apinhada de gente. Nossos torcedores ainda estavam nos esperando! Eles sacudiam bandeiras e faixas, e batiam nas laterais do ônibus, enquanto cantavam.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! – O pessoal de dentro do ônibus começou a gritar juntos e a abrir as janelas para aproveitar um pouco mais a comemoração.
Demorou alguns minutos para conseguirmos sair dali, mas quando saímos dos arredores do estádio, seguimos em direção ao aeroporto. Era relativamente perto, devido ao horário e a fácil localização, chegamos lá em uns 15 minutos.
Saí do ônibus, peguei minha mochila e segui em direção a entrada do aeroporto. Alguns torcedores nos pararam, outros gritaram por nós assim como na saída do estádio, mas a segurança nos ajudou a chegar na área de embarque de forma fácil. Queria um tempo para falar com , tentar entender tudo realmente o que tinha sido aquele abraço. Se era um abraço “eba, passamos para a final” ou se era um abraço “podemos conversar sem que eu me sinta um tonto”, mas o top ficava junto e os dedos frenéticos no celular dela me indicavam que ela ainda estava trabalhando. Quase uma hora da manhã depois de passarmos para o final.
É a , né?! Ela é tudo o que eu não sou e mais um pouco.
Entramos no avião e nos espalhamos pelo mesmo. Ele era só nosso e tinha praticamente um corredor para cada um. seguiu para os últimos bancos e engoli em seco antes de seguir na mesma direção dela. Eu não queria ganhar um xingo, então ocupei o espaço do outro lado do corredor.
- Ei! – Ela disse, se sentando no corredor de seu banco e a vi deixar seus sapatos no chão antes de subir os pés na poltrona do lado.
- Ei! – Sorri e me sentei no corredor também, me distraindo para afivelar o cinto e ela gargalhou logo em seguida e a vi tirar o telefone da orelha e digitar alguma coisa nele. – O quê? – Perguntei.
- É a Manu. – Ela disse. – Ela... – negou com a cabeça. – Mais fácil você escutar. – Ela aproximou o celular de mim e clicou no mesmo.
- SIAMO IN FINALE, CAPO! JESUS! AMEM, SENHOR! AH! YU HU! NOI ANDIAMO A BERLINO, PORRA! AH! – Ela gritava em várias línguas e não foi possível não rir junto. – CHEFA, MEU CORAÇÃO NÃO AGUENTA! MEU DEUS! QUE JOGO FOI ESSE! OS MENINOS ESTÃO BEM? VOCÊ ESTÁ BEM? GIGI? BARZA? ÁLVARO? AH! A GENTE VAI PARA FINA-A-AL! abriu um largo sorriso.
- Conhece alguém mais juventina que a Manu? – Perguntei, erguendo o olhar para e ela riu fracamente.
- Na verdade, sim. – Ela disse. – Nós.
- É, você tem um ponto! – Falei e ela sorriu.
- RAGAZZI! PRESTA ATENÇÃO! – Virei o rosto para frente, vendo Allegri em pé entre os bancos. – Pavel vai falar.
- FALA, PAVEL! – Pogba gritou.
- Nós temos uma surpresinha para vocês! – Ele disse rindo. – Como não queríamos enrolar muito no estádio para ir para casa, não liberamos a bebida para vocês, mas agora... – Antes que ele terminasse, o pessoal gritou animado. – QUANDO A GENTE DECOLAR... – Ele falou mais alto, fazendo o povo ficar quieto. – Temos um agrado do Ferrari Trento. – Ele disse e gritamos animados, aplaudindo-os animados.
- SÓ NÃO QUERO NINGUÉM PASSANDO MAL NO AVIÃO, OK?! – se levantou gritando o meu lado. – Quer passar mal, espera chegar no CT! – Ela disse e rimos juntos.
- Quantas horas de voo mesmo? Duas? – Perguntei.
- É! – Ela disse rindo.
- Ah, acho que até lá não, depois eu não garanto! – Falei e ela deu de ombros.
- Saúde, ragazzi! – Ela suspirou. – Aproveitem isso o máximo possível.
- Você não? – Perguntei, virando para ela.
- Acho que eu preciso dormir um pouco...
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! – Pogba começou a gritar.
- Se eu conseguir! – Ela disse rindo e abri um sorriso para ela, vendo-a pressionar seus lábios, mordendo o inferior e desviou o olhar do meu, voltando a olhar para o celular.

Lei
14 de maio de 2015
- A gente devia colocar uma faixa bem bonita! – Vidal falou e eu revirei os olhos.
- É! Colocar “campione d’Italia”! – Pogba foi na dele.
- Meu Deus pai, alguém me tira daqui. – Falei baixo, virando o rosto para a janela e vendo os portões de Vinovo.
- Mas já somos campeões da Itália, seu idiota! Precisa ser “Campione d’Europa”! – Lich falou e eu neguei com a cabeça.
- Aproveita, ! – Pavel disse enrolando a língua.
- OLE! OLE! I CAMPIONE DELL’ITALIA SIAMO NOI! SIAMO NOI! SIAMO NOI!
- E disseram que duas horas de champanhe liberado não daria problema! – Virei para trás, vendo Gigi e Matri abraçados no corredor, sacudindo e quase foram para o chão quando o ônibus freou e coloquei a mão na boca para não gargalhar.
- Opa! Acho que chegamos! – Pirlo disse e suspirei.
- Aleluia, Senhor! – Falei baixo e o ônibus voltou a andar, entrando na portaria do lado do hotel e eu só queria arranjar um quarto e dormir.
Era mais de três da manhã, os gritos no avião não me permitiram dormir e o passeio longo do aeroporto até aqui se tornou maior com a torcida no Turim-Caselle para nos recepcionar. As luzes do restaurante, que era uma das entradas do dormitório do time, estavam acesas, internamente eu só pedia para não ter mais bebidas, mas vindo do loiro bêbado ao meu lado, não tinha tantas chances.
- Chegamos! – Allegri falou e ele até parecia lúcido, mas só parecia também.
- Ah, deixa eu sair! – Fui a primeira a me levantar, feliz por estar na porta.
- ! – Alguém me abraçou forte e fiquei com medo de olhar, mas pelos braços todo tatuado, me parecia Pepe.
- Solta! – Falei firme. – Larga, Pepe! – Falei firme.
- Ah, você está chata! – Ele disse e virei.
- Ou você que está legal demais! – Falei, tocando seu nariz, fazendo uma careta e ele copiou como se tivesse três anos.
- Pronto! – O motorista falou abrindo a porta que separava-o de nós.
- Ah, ainda bem! – Andei a passos rápido. – Me ajuda, Roberto! – Falei e ele gargalhou.
- Da próxima vez você fica comigo, que tal? – Ele disse e o cumprimentei rapidamente.
- Obrigada pela viagem, descansa.
- Vocês também! – Ele sorriu e desci do ônibus, esperando Sergio tirar as malas do mesmo.
- Oi, Sergio, me livra desses bêbados, por favor. – Falei suplicando e ele riu fracamente.
- Mochila com chaveiro de zebra, está na mão! – Ele pegou minha mochila, exatamente igual a de todos os outros e me entregou.
- Grazie e buona notte! – Falei.
- Anche a te! – Ele disse segui para a calçada antes de ver Pepe e Vidal saírem juntos.
- SIAMO NOI! SIAMO NOI! I CAMPIONE DELL’ITALIA SIAMO NOI! – Neguei com a cabeça e entrei no restaurante, sentindo as luzes brancas incomodarem minha visão por alguns minutos.
- Buona sera! – Falei, levando as mãos até os olhos, apertando-os por alguns segundos e vi alguns funcionários.
- Buona sera, ! – Eles disseram e sorri. – Auguri!
- Auguri, ragazzi! – Sorri animada, ouvindo os gritos virem atrás de mim. – Alguma novidade?
- Só ela! – Eles apontaram para os sofás no fundo do restaurante e reconheci os cabelos azuis.
- O que ela está fazendo aqui? – Perguntei.
- Ela chegou aqui depois das seis, ficou com a gente, assistiu aos jogos e dormiu pouco tempo depois. – O recepcionista falou.
- Ah, essa menina é de ouro! – Suspirei. – Grazie. – Deixei minha mochila em uma das mesas e segui até o fundo do restaurante. Ela dormia um tanto torta, a cabeça em uma pilha de almofadas, os pés no chão e um casaco em cima de seu corpo. – Manu-u-u! – Chamei-a devagar, acariciando seu rosto. – Vamos, Manu, acorda! – Falei devagar.
- CE DE ANDIAMO A BERLINO! – Virei o rosto para porta, vendo Leo e Gigi entrando abraçados e pulando.
- XI! – Falei alto, vendo ambos virarem para mim. – Calem a boca! – Falei, voltando a olhar para Manu e tirei seus cabelos dos olhos. – Vamos, Manu, acorda.
- AH, MANU! – Eles gritaram animados.
- Hum, já na hora de acordar? – Ela resmungou, passando a mão no rosto.
- Está na hora de você dormir em outro lugar. – Falei.
- Quer que eu leve-a para cima? – Vi Barza ao meu lado.
- Você está sóbrio? – Perguntei.
- Não, mas não estou falando besteira. – Ele disse e ri fracamente.
- Eu vou checar que quarto ela está, o Vito disse que ela pegou um quarto, está aqui desde que acabou o serviço.
- Meu Deus! Ela deve estar acabada. – Ele disse e eu me levantei, seguindo em direção aos trabalhadores.
- Não tem mais bebida? – Ouvi Leo perguntou.
- Não! – Falei firme. – Vão para seus quartos e durmam, pelo amor de Deus! – Respirei fundo.
- Se não é a minha garota! – Gigi falou e eu revirei os olhos, seguindo até Vito.
- Vito, licença.
- Sim, senhorita. – Ele disse.
- A Manu está em que quarto? – Perguntei.
- Ela foi para o 41, eu mesmo dei a chave para ela. – Ele falou.
- Consegue arranjar outra, vai ser difícil acordar ela ag...
- MANU! – Virei o rosto apressado, vendo Morata pular em cima dela e outros dois gritos indicavam que Pogba e Vidal fizeram o mesmo.
- AH, PORRA! – Ela gritou e corri em direção a eles.
- Meu Deus, gente! – Puxei Vidal pela blusa e fiz o mesmo com Pogba.
- EU PRECISO RESPIRAR! – Ela gritou em português e começou a tossir e bateu em seu peito, enquanto puxava o ar fortemente.
- VOCÊS ESTÃO LOUCOS? – Gritei para os três, dando um tapa no braço de cada um que segurava para não gargalhar na minha cara. – Você está bem?
- Eu... – Ela puxou o ar fortemente. – Acho que sim. – Ela mexeu o pescoço, fazendo uma careta. – Oi, gente!
- OI, MANU! – Os mesmos três gritaram e suspirei.
- AGORA CHEGA! – Gritei o máximo que consegui. – EU QUERO TODO MUNDO PARA OS SEUS QUARTOS AGORA! – Apontei para os elevadores. – Não sirvo para ser babá de ninguém. – Andei rapidamente até Gigi que acendia um isqueiro, pegando o charuto de sua boca e joguei no chão. – CHEGA! – Falei firme e seus olhos azuis se arregalaram para mim.
- Isso é caro, ! – Ele falou fazendo um bico.
- Eu sei! – Suspirei. – AGORA VÃO! – Falei firme.
- O que aconteceu aqui? Por que o estresse? – Manu perguntou. – Por que tentar me matar? – Ela passou a mão no pescoço, ainda com a respiração acelerada.
- A gente só quer comemorar contigo. – Morata disse sorrindo. – Porque-e-e... – Ele falou cantado.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! – O pessoal começou a gritar, mas os olhos pequenos de Manu não pareciam empolgados com a festa. – CE NE ANDIAMO A BERLINO!
- Auguri, ragazzi! – Ela deu um sorriso fofo de sono e bocejou. – Mas eu acho que vou dormir na cama.
- Vai, querida. E tire o tempo que precisar, ok?! Você não precisava ter esperado. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Eu não tinha com quem ver, então eu vim ver com o pessoal, eles são legais. O povo da contabilidade também estava aqui. – Ela coçou os olhos com a manga da blusa azul da Juventus.
- Você pode usar as dependências do time o quanto quiser, mas não precisava nos esperar, nem eles! – Falei firme, virando o rosto e vendo os jogadores espalhados igual barata tonta e alguns deles com charuto na boca, inclusive Gigi e Barza. – Me dá um minuto! – Falei, andando apressada até os dois e puxei o charuto da boca deles, quebrando ambos em dois.
- AH, ! – Gigi gritou.
- Para o quarto! Agora! – Falei pausadamente. – Ouviu, Barzagli? – Virei para ele também.
- Buona notte, ! – Barza disse fazendo um bico e suspirei.
- Vamos, gente! – Bati as mãos vendo alguns ainda perdidos. Uns já estavam no elevador e outros entravam com suas malas e mochilas.
- O que aconteceu que todo mundo manguaçado? – Ela perguntou.
- Eu deveria saber o que essa palavra significa? – Perguntei.
- Ubriaco. – Ela disse.
- Pavel liberou champanhe no avião. Duas horas de champanhe. Pelo menos é coisa boa. – Ela riu fracamente.
- Ah, não ia dar certo mesmo, eles são fracos demais para beber, percebi no scudetto do ano passado. – Ela se levantou e esticou os braços para cima, torcendo o pescoço.
- Pois é! – Suspirei. – Descansa, ok?! Amanhã conversamos melhor.
- Tudo bem. – Ela colocou o casaco no ombro.
- Parabéns, chefa! – Ela disse.
- Parabéns, Manu! – Ela sorriu e a vi seguir pelo elevador, se colocando perto do resto do pessoal.
- Me desculpa, Manu! – Álvaro falou e eu respirei fundo, dando uma olhada em volta e enxerguei Pavel virando um copo de algo escuro.
- Está tudo bem, só não faz de novo, eu tento matar vocês de susto, não de verdade! – Ela falou e sorri.
- Está tudo bem? – Me aproximei de Pavel.
- Está sim. – Ele disse. – Café, quer?
- Eu bebi duas taças, Pavel. Já passou faz tempo. – Falei e ele riu fracamente.
- Eu preciso dormir. – Ele disse e eu suspirei.
- Vai! Se eu ver mais alguém aqui, eu juro que mato! O bônus da vitória vai vir inteiro para mim. – Falei.
- Você tem um ótimo ponto para chantagem, sabia? – Rimos juntos.
- Eu mexo com o dinheiro de todo mundo, Pavel. – Falei, suspirando.
- É uma ótima moeda de troca. – Storari disse ao meu lado.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei para ele que riu.
- Buona notte, chefa! – Ele disse e revirei os olhos, vendo-o ir até o elevador.
- Vou ver se tem mais alguém lá fora, vai dormir, ? – Falei para Pavel.
- Vou sim, feliz! – Ele disse rindo e sorrimos. Segui para fora do prédio, dando uma rápida olhada e só encontrei Angela.
- Vamos dormir? – Falei um pouco mais alto e ela suspirou.
- Vamos sim, eu preciso! – Ela disse e puxei-a para um abraço.
- Fizemos bem, Angela. – Falei e ela suspirou, relaxando os ombros.
- Foi um ótimo trabalho, agora que possamos ir até o fim. – Falei, suspirando.
- Você tem certo desejo por isso também, não tem? – Ela perguntou.
- Mais pelo Gigi, na verdade. – Suspirei. – Antes da relegação, eu o vi sofrer muito por isso, acabo desejando por ele, sabe? Em compensação, quando vejo que está muito difícil, peço para ele pensar com clareza.
- Vocês dois têm uma relação bem forte, né?! – Peguei minha mochila na mesa e suspirei.
- Você não precisa usar de meios termos comigo, Angela. – Ela riu fracamente. – Você vive conosco.
- Não acho que deva ser do meu interesse isso. – Ela falou baixo e nos aproximamos do elevador, apertando o botão.
- Ao menos de alguém. – Sorri e a porta do elevador se abriu e entramos. – Qual andar?
- Terceiro. – Ela disse.
- Mesmo? O meu é o primeiro. – Apertei os dois botões.
- Pessoas importantes, pessoas menos importantes. – Ela disse, nos indicando e ri somente a tempo do elevador se abrir novamente.
- Buona notte, Angela.
- Anche a te, . – Ela disse e saí do mesmo, esperando o elevador se fechar de novo e me vi no corredor sozinha e girei os pés, seguindo pelo mesmo, tentando encontrar o quarto número três, o meu.
- Você precisa me ajudar! – Ouvi uma voz e vi uma porta aberta.
- Eu só preciso de mais um pouco. – Ouvi a voz de Gigi e entrei no quarto, vendo ele e Barza abraçados, mas parecia que Barza estava segurando o mesmo.
- O que está acontecendo aqui? – Perguntei, suspirando.
- Ei, ! – Barza disse rindo.
- Olha quem está aqui! – Gigi disse animado.
- Vão dormir, gente, vocês vão me agradecer amanhã! – Falei.
- Eu estou tentando colocar ele na cama. – Barza disse.
- É o amor da minha vida, Barza! – Ele falou e eu suspirei.
- Gigi, olha para mim. – Estalei os dedos em frente ao seu rosto. – Senta, por favor. – Pedi com jeitinho. – Por mim. – Sorri.
- Ok, mas só por você, hein?! – Ele disse rindo e se sentou na cama, tombando para trás e fazendo Barza tombar em cima dele e eu gargalhei, escondendo a boca com a mão.
- Ah, obrigado! – Barza disse, se levantando e ri fracamente.
- Desculpa. – Falei baixo e virei para Gigi. – Gigi, olha para mim. – Me aproximei dele.
- Fala, linda! – Ele sorriu e eu suspirei. Estava começando a gostar dessa versão dele.
- Deita para mim, por favor. – Falei.
- Assim? – Ele se jogou para trás.
- Do outro lado... – Girei o dedo. – Coloca a cabeça aqui. – Falei, empilhando dois travesseiros.
- Ai, é difícil. – Ele disse, deslizando na cama, bagunçando a roupa de cama e deitou na diagonal.
- Melhor do que nada. – Barza disse.
- Deixa eu tirar os sapatos dele. – Falei, puxando os tênis dele para fora um de cada vez.
- O que está fazendo? – Gigi perguntou e segurei sua perna para ele não virar.
- Cara, eu preciso guardar isso para o resto da vida. – Barza disse rindo.
- Você não precisa estar aqui. – Falei baixo.
- Na verdade, quem não precisa é você. – Suspirei, puxando as pernas de Gigi.
- Só estou tirando seus sapatos. – Falei mais alto para Gigi.
- Tudo bem. – Ele jogou a cabeça para trás.
- Deixa eu tentar tirar o paletó. – Barza disse, dando a volta na cama e terminei de tirar os tênis dele e as meias e soltei as pernas. Elas estavam pesando. – Me ajuda, cara. Olha que mulher linda ali! – Barza disse, erguendo o corpo de Gigi.
- Ela é linda demais! – Gigi disse olhando para mim. – É a minha mulher, sabia? – Pressionei os lábios.
- Ah é? – Barza deu corda.
- É sim! Ela é demais! – Ele disse sonhador e eu suspirei. – Mas eu já magoei ela demais. – Ele dizia olhando para mim enquanto Barza puxava o paletó dele para fora devagar. – Eu queria ter um filho com ela, sabia? – Ele virou para Barza e engoli em seco, sentindo meus olhos enxerem de lágrimas.
- Mesmo? – Barza continuou e neguei com a cabeça.
- Não faz isso... – Pedi quase em um sopro para Barza.
- É! O sonho dela é ser mãe e eu quero muito ser pai do filho dela. – Engoli em seco. – Mas aí eu fiz caca. – Ele disse, rindo logo em seguida. Barza tirou o paletó e Gigi caiu deitado na cama novamente.
- É, eu fiquei sabendo. – Barza disse, jogando o paletó na poltrona ao lado. – Você precisa parar de fazer isso, cara! – Barza falava quase como se estivesse conversando com um bebê que não compreendia as coisas.
- Eu sei! – Gigi suspirou forte. – Eu deveria ser pai dos filhos dela, não da outra lá, daquela chata. – Dei um pequeno sorriso.
- E por que você não fez isso? – Barza perguntou, puxando a gravata torta dele para fora.
- Isso é maldade, Barza.
- Xi... – Ele falou e eu tirei a mochila das costas, colocando-a no chão.
- Porque eu sou um idiota. – Gigi disse rapidamente, girando o corpo na cama. – E porque ela não pode ter filho mais, amigo! Não um nosso! – Franzi a testa.
- Mas eu posso ter...
- Xi! – Barza me interrompeu. – Por que você não faz algo para mudar isso?
- Porque eu estou com sono. – Gigi disse e Barza suspirou e, enquanto ficamos em silêncio, o ronco de Gigi ficou alto pelo quarto.
- Essa foi rápida! – Barza disse e rimos juntos.
- Você não deveria fazer isso! – Falei brava e dei um tapa nos ombros de Barza quando ele se aproximou.
- Ei! Estava tentando te ajudar! – Ele disse rindo. – Sei que é muito cedo para falar isso, mas aquilo o remoeu por dentro também. O fato de ele ter te magoado. – Suspirei.
- É uma situação difícil, Barza. Você ouviu o que ele disse, mas ainda assim ele não...
- Ele não foge do comprometimento dele, . É difícil entender, eu sei, mas não consigo tirar a razão dele. – Suspirei.
- E o que dói mais, é que ele está por isso por causa da criança... – Suspirei. – È un cazzino!
- Não pensa nisso, ok?! Ele está bêbado, está tarde, todos estamos um tanto exagerados hoje. – Ele disse e eu suspirei. – Vamos dormir, você está cansada também.
- Eu vou ficar aqui! – Falei, respirando fundo.
- Tem certeza? – Ele perguntou, apoiando a mão em meu ombro.
- Sim! – Assenti com a cabeça. – Ele cuidou de mim bêbada uma vez, é o mínimo que eu possa fazer se ele precisar de algo.
- Tudo bem, eu estou no fim do corredor se precisar, está bem? – Ele disse, colando os lábios na minha bochecha e sorri.
- Está bem. Grazie. – Suspirei e o vi sair pela porta, puxando-a em seguida.
Engoli em seco ao ver Gigi largado na cama e suspirei, me aproximando dele e me sentei na beirada da cama. Abri os botões da camisa social, tentando afrouxar um pouco e o botão da calça social. Deve ser horrível dormir com isso. Passei a mão em seus cabelos, tirando os óculos de sol ainda preso em sua cabeça e coloquei na beirada da cama. Passei a mão em seus cabelos, jogando-os para trás e sorri.
- Estamos na final, Gigi! Você vai realizar seu sonho. – Suspirei.
Me levantei da cama, ouvindo seu ronco e eu fui até a beirada, pegando a coberta jogada no chão e estiquei-a em cima dele. Peguei minha mochila no chão e segui até o banheiro, trocando a roupa que também já me apertava pelo pijama de short e regata e aproveitei para escovar os dentes, já que tinha comido no avião e bebido um pouco. Aposto que eu fui a única que comi baseado no estado do pessoal.
Saí do mesmo, checando se Gigi ainda dormia e fui até o armário, procurando outra coberta e a encontrei. Fui até a poltrona, me sentando na mesma e vi o paletó de Gigi ali e puxei a respiração fortemente, sorrindo ao sentir o cheiro de seu perfume, apoiei a cabeça em cima do mesmo e coloquei a coberta em cima de meu corpo, subindo os pés também e respirei fundo, tentando manter meus olhos nele só por mais alguns minutos.

Lui
14 de maio de 2015
Puxei a respiração forte e movimentei o pescoço, sentindo-o doer. Na verdade, acho que o corpo inteiro estava doendo, o que aconteceu ontem à noite? A gente estava em Madrid e... MEU DEUS, ESTAMOS NA FINAL! Ergui meu corpo apressado, sentindo a cabeça doer e deitei o corpo devagar na cama de novo. Ok, agora eu entendi.
Respirei fundo, abrindo os olhos devagar e olhei para baixo, encontrando a camisa social que eu usava entreaberta e, descendo o olhar um pouco mais, encontrei a calça igual. O que tinha acontecido? A gente jogou, ganhou, comemoramos no vestiário, bebemos no avião e... E nada. Dio mio! Não lembrava de nada.
Suspirei, dando uma olhada em volta e me assustei ao ver alguém encolhido na poltrona. Reconheci os tons dos cabelos e sabia que era , mas o que ela estava fazendo aqui? Eu estava vestido, então eu sabia que não tinha feito nenhuma burrada. Pelo menos não alguma tão grande que eu poderia querer me matar.
Levantei devagar, deslizando o corpo para o canto da cama e encontrei duas mochilas largadas no chão. Peguei a minha e procurei o celular pelos bolsos laterais e o encontrei, apertando-o e suspirei ao ver que era pouco mais de oito da manhã ainda. Devíamos ter chego umas três da manhã, se não mais. Era cedo demais ainda.
Deixei o celular na mochila novamente e virei para . Se tínhamos chegado há umas quatro horas, me surpreendia como ela conseguia dormir assim, mas tinha uma facilidade de dormir incrível. Puxei a coberta dela, encontrando-a de pijama e foi inevitável não olhar para suas pernas erguidas na poltrona. Aquelas pernas lindas que só ela tem. Encontrei meu paletó no encosto da poltrona e sorri.
Me levantei, vendo se não estava zonzo e preferi ir ao banheiro antes, eu estava suando e cheirava bebida. Levei minha mochila junto e troquei a roupa que eu estava por uma calça de moletom e uma camiseta de treino do time. Fiz minhas necessidades e joguei bastante água no rosto, na nuca e um pouco nos cabelos, jogando-os para trás. Peguei minha escova de dentes e aproveitei para escová-los. Isso me lembrou que eu estava com fome, acho que a última vez que eu tinha comido foi antes do jogo, e ainda comi pouco por causa do nervosismo.
Abri um sorriso ao lembrar que estávamos na final e era uma sensação muito estranha. Era o tipo de coisa que eu sonhei desde 2003 e agora estava aqui. Eu tinha conseguido! Era uma nova oportunidade, agora uma para fazer melhor do que na última vez. Deixei a toalha na pia e voltei para o quarto, vendo na mesma posição. De pensar que ela profetizou isso, ou sei lá, em 2006, em uma de nossas conversas quando éramos realmente um casal. Ela me abraçou e disse que ainda tinha tempo para eu conseguir. Que eu era muito novo e, se nada nos surpreendesse, eu poderia jogar por uns 10 anos. Já passou nove e eu não pensava em me aposentar ainda, eu estava bem e em alto nível.
Quando ela me disse isso, ninguém pensava que três, quatro meses depois nós seríamos relegados e demoraríamos dois anos para voltar a jogar uma Champions e, depois disso, entraríamos em uma leva de tropeços atrás de tropeços. Foi o que ela disse, era bom tê-la aqui comigo ainda. Sabia que nossa situação pessoal não estava das melhores, mas alguma coisa certa eu fiz para ela estar aqui... Ou completamente errada!
Acho que era bom tirá-la dessa posição. Me aproximei da cama, esticando os lençóis completamente desleixados e fui em sua direção. Passei uma mão embaixo de seus joelhos e apoiei a outra em suas costas e a ergui devagar, parando quando ela se mexeu e sua mão apoiou em meu peito. Dei um pequeno sorriso e coloquei-a na cama devagar, tirando seus cabelos do rosto. Puxei a coberta até a altura dos seus seios e procurei pelo controle do ar-condicionado para ligá-lo.
Me sentei na beirada da cama, virando meu corpo para ela e levei a mão para seu rosto, acariciando-o levemente. Toda vez que eu olhava para ela, eu me arrependia de tudo o que eu fiz no passado. Seja o passado passado ou o mais recente de Ilaria e mais um filho meu que ela não era a mãe. Só espero que essa final no Olimpico não traga mais memórias ruins. Acho que já tinha sido o suficiente.
A vi se mexer devagar, esticando as pernas embaixo da coberta e afastei a mão de seu rosto devagar, acompanhando-a se espreguiçar devagar. Ela esticou os braços devagar enquanto entortava o pescoço e eu ri fracamente, levando minha mão para seus cabelos de novo, jogando-os para trás.
- Gigi? – Ela falou baixo, abrindo os olhos devagar e eu sorri.
- Sim, sou eu. – Abaixei a mão e ela abriu os olhos de vez, olhando para cima e suspirei.
- O que você está fazendo aqui? – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Ei, eu que deveria fazer essa pergunta, esse é o meu quarto. – Ela se sentou rapidamente e olhou em volta. – Pelo menos eu acho.
- O que eu estou fazendo na cama? Eu estava ali! – Ela apontou para poltrona e eu ri fracamente.
- Eu te trouxe para cá, como você conseguiu dormir ali? – Me levantei, suspirando.
- Olha, é mais confortável do que parece. – Ela disse rindo e coçou os olhos. – Como você está?
- Um pouco de dor de cabeça, nada demais. – Ela puxou o decote para cima e ri fracamente. – O que aconteceu noite passada?
- Ah, o lindinho não lembra, é?! – Ela cruzou as pernas na cama e me sentei na beirada da mesma, olhando para ela. – Duas horas de champanhe livre não deixaria ninguém bêbado, né?!- Fiz uma careta.
- Foi tão mal assim? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Tentaram matar a Manu sufocada! – Ela disse e fiz uma careta. – Ela estava dormindo esperando a gente e o grupinho deles pulou em cima dela. – Ela juntou os cabelos e girou-os, colocando na lateral do corpo. – Depois eu joguei fora três charutos seus...
- EI! – Reclamei.
- Não, não, nem vem! – Ela falou. – Até te pago uma caixa de charutos novas, mas não. – Ela suspirou. – Depois a gente subiu e o Barza estava tentando te colocar na cama, cena ótima, devo dizer! – Ri fracamente.
- Eu falei muita merda? – Perguntei.
- Nada demais. – Ela deu de ombros. – Você é um bêbado engraçado. – Ela riu fracamente e suspirei. – Barza talvez te zoe de algo, mas nada que te incrimine.
- Não igual você? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça.
- Mais ou menos daquele nível, mas você não tentou tirar minha roupa, agradeço! – Fiz uma careta.
- O que eu falei, ? – Perguntei.
- Não é importante, sério. – Ela disse. – Mas achei melhor ficar aqui contigo. – Ela deslizou o corpo na cama, se aproximando de mim. – Cuidando de você como cuidou de mim.
- Agradeço, mas não precisava. – Falei.
- Não foi nada, honestamente. – Ela sorriu.
- Ainda não concordo que dormir naquela poltrona foi bom, mas você quem sabe. – Ela abriu um largo sorriso e retribuí.
- Quer falar sobre ontem? – Ela perguntou e eu soltei um longo suspiro.
- Estamos na final mesmo? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
- Depois de 12 anos, Gigi! – Ela soltou um longo suspiro.
- É muito tempo! – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Eu lembro que você me ligou depois daquele dia. – Falei e ela sorriu.
- É e você negou minha ligação umas 200 vezes até atender. – Ela disse, nos fazendo rir.
- Eu achei que era repórter enchendo o saco. – Rimos juntos.
- Era só eu! – Ela sorriu. – Tentando te fazer se sentir melhor.
- E adiantou. – Sorri.
- Eu vi você chorando, Alex foi falar contigo... Parece que foi ontem. – Ela suspirou.
- Quem dera! – Pressionei os lábios. – Posso garantir que eu faria tudo diferente. – Ela negou com a cabeça.
- Não! – Ela negou com a cabeça. – Estamos só nós dois aqui, quase como uma realidade paralela, não tem por que falar disso.
- Tem sim, . Eu preciso falar ou vou explodir. – Segurei suas mãos e ela assentiu com a cabeça. – Eu sinto muito! Muito mesmo! Você não tem ideia como doeu ver você aquele dia, eu não tinha tido tempo de processar a informação e você já sabia. Eu errei em ficar com ela, eu errei em não te esperar, mas não tinha como voltar atrás, mas eu gostaria de ter te contado pessoalmente. Que soubesse por mim e não pelos outros. – Ela mordeu o lábio inferior e puxei a respiração fortemente. – Eu sinto muito mesmo! Eu gostaria que as coisas fossem diferentes, mas é uma situação totalmente diferente da Lena, ela, a imprensa, todo mundo fica em cima e eu fico encurralado tentando lidar com isso, mas ontem, quando você me abraçou, quando você falou comigo, ou quando você sorri para mim, eu fico bem. E pode parecer besteira eu falar isso, mas...
- Não é besteira, Gigi. Eu senti o mesmo. – Ela disse, se ajoelhando na cama. – Eu me senti como uma bateria recarregada. – Ela negou com a cabeça. – O que temos é muito maior do que nós mesmos e nossos erros. – Ela suspirou. – Eu te devo desculpas também...
- , não...
- Xi, você falou, agora é minha vez. – Ela segurou meu rosto e olhei em seus olhos. – Eu não deveria ter dito todas aquelas coisas para você. Me magoou sim, mas eu percebi que você estava cuidando de um peso muito maior do que isso. Você ficou apático, Gigi. Você não é assim. – Ela passou os polegares em meu rosto. – Eu deveria ter esperado um pouco, controlado a minha raiva, minha mágoa... – Ela suspirou. – Também não deveria ter te batido, foi totalmente imprudente pensando na situação em geral.
- Na verdade, você me socou... – Ela abriu um largo sorriso e virou meu queixo, passando a mão em minha barba rala. – O que aconteceu com os tapas?
- Evoluíram. – Ela brincou e eu sorri. – Já está melhor. – Ela disse, acariciando o local e virei meu rosto, voltando a olhar em seus olhos. – Me desculpa mesmo. – Neguei com a cabeça, levando minhas mãos para sua cintura.
- Você não precisa se desculpar de nada. – Falei baixo. – E você? O que aconteceu aqui? – Ergui sua mão que estava com a luva, entrelaçando os dedos.
- Dei mal jeito nesses dois ossinhos aqui. – Ela apoiou a mão nos metacarpos do indicador e médio. – Mas eu devo tirar em uma semana ou duas já, só precaução para não piorar. – Assenti com a cabeça.
- Me desculpe. – Falei e ela riu fracamente.
- Eu te soco e você me pede desculpas? – Sorri.
- É, claro! – Falei e ela negou com a cabeça.
- Estamos quites, então, nos dois fizemos coisas que nos arrependemos e que gostaríamos de voltar atrás, mas não podemos. – Ela disse, passando os braços em meu pescoço. – Podemos tentar consertar para o futuro.
- Eu queria. – Falei em um suspiro. – Minha cabeça está muito confusa, . Eu vou ter um filho com alguém que eu não gosto, enquanto isso eu fico te quebrando em pedacinhos... – Senti algumas lágrimas deslizarem pelo meu rosto. – Não é justo.
- Eu sei. – Ela suspirou. – Muitas pessoas dizem que somos almas gêmeas, Gigi, talvez seja em um sentido maior do que a gente entenda. Talvez nós só precisemos do outro perto, talvez...
- Não! – Falei rapidamente, negando com a cabeça. – Eu não quero dessa forma, eu só quero ser seu... – Ela deu um sorriso. – Te abraçar, te beijar, sentir seu cheiro, sem me preocupar em estar vivendo uma realidade alternativa aqui dentro. – Apertei-a entre meus braços e ela mordeu o lábio inferior.
- Ainda não, Gigi. Não enquanto você não é completamente meu. – Ela passou a mão em meu rosto. – Mas eu estarei aqui te apoiando. Só peço para compreender se alguns dias eu parar de entender e surtar novamente. – Ela disse.
- Eu não quero. – Falei.
- Quer sim.
- Não quero, , porque eu sei o que vai acontecer, é como da últim...
- Da última vez. – Ela assentiu com a cabeça. – Só que dessa vez é pior. – Ela suspirou. – Muito pior. – Pressionei os lábios, soltando um longo suspiro. – Mas você vai dar um jeito. Eu sei que sim! – Ela se afastou de mim e puxei-a pela cintura novamente.
- Fica. – Pedi. – Só mais um pouco.
- Que horas são? – Ela perguntou.
- Umas oito e pouco. – Falei e ela suspirou.
- Não me surpreendo o cansaço. – Ela relaxou o corpo. – Eu dormi umas quatro horas e aquele jogo me cansou demais. – Ela suspirou.
- Dorme mais um pouco, tira uma folga. – Falei. – Pelo menos até o pessoal começar a fazer barulho. – Ela sorriu.
- Talvez eu deva. – Ela suspirou. – Posso ficar aqui? – Sorri.
- Posso ficar com você? – Perguntei e ela pressionou os lábios em um sorriso e assentiu com a cabeça.
Ela deslizou os joelhos pela cama, voltando a se deitar, deixando o espaço ao seu lado livre e estiquei meu corpo ao seu lado. Ela girou o corpo para o lado contrário, pegou meu braço e colocou em cima do seu. Me aproximei mais dela, sentindo suas costas colarem em meu peito e espalmei sua barriga, fazendo um carinho devagar no mesmo e tirei seus cabelos do ombro, apoiando meus lábios ali em um curto beijo.
- Sabe o que eu me lembrei ontem? – Perguntei. – Após o fim do jogo?
- O quê? – Ela perguntou baixo.
- Nossa conversa de madrugada depois da eliminação da Champions em 2006. – Falei.
- Mesmo? Eu também! – Ela girou o corpo para meu lado, ficando de barriga para cima e olhou em meus olhos.
- Você me deu 10 anos, . – Sorri. – Demorou nove, mas chegamos aqui. – Ela levou uma mão para meu rosto, acariciando devagar.
- E você não vai se aposentar ano que vem. – Ela disse firme e sorri.
- Vocês me deram um contrato até 2017. – Ela assentiu com a cabeça.
- E quando chegar lá, eu vou pensar ainda. – Sorri.
- Quer me ver jogando até quando? 40? – Ela riu fracamente.
- Quero que você jogue até quando se sentir bem! Até quando você puder fazer algum bem para esse time! – Ela disse. – E só você pode dizer isso. – Assenti com a cabeça.
- Vamos ganhar isso, . – Falei baixo.
- Ganhe! – Ela sorriu. – Realize seu sonho, Gigi! Faça minha profecia se realizar. – Rimos juntos.
- Eu lembro daquele dia como se fosse ontem. – Suspirei.
- Eu também. – Ela assentiu com a cabeça. – Foi quando eu descobri o que isso realmente significava para você e para esse time.
- Temos uma nova chance e eu não quero desperdiçá-la.
- Não vai! – Ela suspirou. – E eu vou estar lá! Torcendo por você, me esgoelando por vocês, gritando por vocês, suando por vocês... – Rimos juntos.
- Ontem você se desesperou, não é?!
- Nem fala. Que jogo horrível! – Rimos juntos e acariciei seu rosto. – Não faz isso de novo, não.
- Vou tentar. – Sorri. – E sobre o estádio? Como você está com isso?
- Um pouco surpresa, na verdade. – Ela disse, se ajeitando na cama e subindo o corpo. – A gente sabe desde o começo onde será a final, mas nunca me liguei a isso, porque acho que nem eu acreditava que era possível...
- Ninguém, foi uma surpresa geral no vestiário. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Eu não vou mentir, Gigi, aquele lugar vai me trazer memórias ruins. Muito ruins. – Ela engoliu em seco. – Mas espero poder substituir por melhores. – Ela deu de ombros. – Eu sei que é ridículo eu falar isso, sendo que viramos campeões do mundo lá, mas...
- Ei, eu entendo! – Falei. – Eu tenho uma sensação doce-amarga daquele lugar. – Segurei seu rosto, passando o polegar pelo seu rosto. – Eu sei que te magoei ali e eu me preocupo muito contigo lá. – Ela suspirou.
- Eu vou ficar bem. – Ela sorriu. – Estaremos lá juntos, sabendo da existência do outro lá... – Rimos juntos. – É um trauma que eu vou ter que passar e nada melhor do que com uma vitória de Champions, não?! – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Per favore, Dio! Nos ajude nessa! – Ela sorriu.
- Eu confio no meu time, Gigi. – Suspirei. – Nós vamos para cima e vai ser de igual para igual.
- Juventus e Barcelona. – Neguei com a cabeça. – Acho que não custa nada uma ajudinha extra. – Ela sorriu.
- Você é o capitano, a ordem é sua. – Ela disse.
- Você é a minha capitana, eu sigo você. – Ela negou com a cabeça.
- Eu aceito dormir, o que acha? - Sorri, inclinando meu rosto o seu, deixando meu polegar acariciar seus lábios.
- Aceita uma troca? – Perguntei baixo.
- Você sabe que não deve, não é?! – Ela falou e eu suspirei.
- Eu não ligo. – Falei baixo.
- Eu deveria. – Ela suspirou. – Mas cansei de jogadas planejadas que não dão certo.
- Viu?! Discurso melhor do que o meu. – Ela riu fracamente e puxou meu pescoço para si e colei nossos lábios enquanto fechava os olhos.
Era como entrar em uma praia calma e ver o pôr do sol de longe, era calmo e relaxante. Desci minha mão para sua perna, trazendo-a para perto de mim e sentia seu carinho em meu rosto que subia para a lateral do mesmo conforme eu movimentava os lábios devagar, sugando sua língua para minha boca devagar.
Segurei firme em sua coxa, entrelaçando nossas pernas, mantendo o beijo mais calmo. Ela desceu a mão para meu peito e me empurrou devagar, separando nossos lábios com um suspiro e ela mordeu meu lábio inferior e eu sorri, abrindo meus olhos devagar e encontrando os seus.
- Foi uma boa troca? – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Sempre é, . Com você sempre é! – Falei, puxando-a para perto de mim e ela desceu o rosto para meu peito e girei na cama, ficando de barriga para cima.
Ela subiu uma perna para cima da minha e me abraçou pela cintura. Seu rosto foi para perto do meu e podia sentir sua respiração em meu queixo, além dos lábios roçando levemente pelo local. Abaixei o rosto um pouco e encontrei seus olhos.
- Você podia descer um pouco. – Ela disse e eu ri fracamente.
- Se eu descer, meus pés ficam para fora. – Ela sorriu.
- Nada vai te pegar, eu estou aqui por você. – Ela brincou e eu ri fracamente, deslizando meu corpo um pouco para baixo e ficando na linha de seus olhos.
- Melhor? – Perguntei.
- É, está perfeito agora. – Ela disse e sorri, dando um curto selinho em seus lábios e apoiei minha testa na sua, vendo-a fechar os olhos.
- Dorme, minha linda! – Suspirei, apertando minha mão em sua cintura. – Descansa! – Falei baixo.
- Você também, esses próximos 20 dias serão corridos. – Ela falou baixo.
- Eu sei, mas estaremos juntos. – Dei um curto sorriso. – É só o que importa.


Capitolo sessanta

Lei
19 de maio de 2015
- Honestamente? Não acho que ele está errado. Ele não tem espaço aqui e já demonstrou diversas vezes que é um ótimo goleiro. – Apertei uma mão na outra, estralando alguns dedos.
- É, realmente, mas voltar para o Cagliari? – Pavel fez uma careta e eu dei de ombros.
- Foi a oferta que apareceu, lá ele vai ser titular, vai jogar. Ele está em fim de carreira, mais dois anos ou três no máximo. – Falei, vendo as portas do elevador se abrirem e entramos juntos. – E ele está muito bem, você viu as defesas no último jogo.
- É, realmente! Fiquei abismado com aquele rebote. – Rimos juntos.
- Mas o Marcone tem uma ótima relação conosco, aposto que se ele quiser voltar, teremos um espaço para ele. – Vi as portas se abrirem novamente no meu andar.
- Ele gosta muito da parte de jovens talentos, sabe? Ficar de olho na base... – Saí do mesmo e Pavel segurou a porta, impedindo-a de fechar.
- Deixe-o ir. – Falei. – A não ser que você queira mandar o Gigi embora e ficar com ele.
- É, não! – Rimos juntos.
- A gente se fala depois.
- Tudo bem, vou preparar os papéis. – Falei e ele assentiu com a cabeça, soltando a porta e ela se fechou segundos depois. Virei para a sala de estar e vi várias pessoas sentadas no mesmo.
- Buon giorno, ragazzi! – Falei para meus funcionários da contabilidade e para Emanuelle que estavam jogados pelos cantos com suas bolsas e mochilas.
- Buon giorno, chefa! – Eles falaram em coro.
- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei, franzindo a testa.
- Não dá para passar. – Sara disse e franzi a testa.
- Limpeza? Dedetização?
- Não exatamente. – Manu falou, se levantando e andei em direção ao corredor e parei logo e seguida, vendo diversos vasos de flores amarelas colocadas lado a lado no corredor e que paravam na porta da minha sala. – Eu juro que não foi eu. – Ela riu fracamente.
- O que aconteceu aqui? – Perguntei.
- Nós chegamos e estávamos assim. – Miguel disse e suspirei.
- Beh, o que está acontecendo? – Suspirei.
- Dá para sua porta. – Sara disse.
- Me ajuda a chegar lá! – Falei, deixando minha bolsa na mesa de vidro e segui pelo corredor.
Comecei a puxar os vasos devagar, entregando para o pessoal e eu fuçava para ver se tinha algum recado nele, mas nada. Tinha diversos tipos de flores, algumas mais floridas, outras mais fechadas, mas todas igualmente amarelas. Quando finalmente cheguei na porta, a abri devagar, prendendo a respiração quando abri a mesma.
Minha sala estava bem parecida com o lado de fora, diversos vasos com flores amarelas colocados na minha mesa, na de Manu, na do café e na mesinha de centro. Papéis picados dourados e brancos estavam jogados no chão e bexigas da mesma cor estavam voando no teto junto de algumas serpentinas. No fundo disso tudo, em uma placa acima do meu quadro de foto, as palavras “obrigado por existir”. Respirei fundo e levei a mão até o peito.
- Uau! – Manu e Sara falaram ao meu lado e eu entrei devagar no local.
- O que está acontecendo aqui? – Perguntei baixo, suspirando.
- Eu juro que não fui eu. – Manu disse. – Não dessa vez. – Engoli em seco.
- Ninguém viu nada? – Perguntei.
- Não. – Eles falaram e passei as mãos nas serpentinas, entrando devagar.
- Tem algo na sua mesa! – Enrico falou e me aproximei dela.
Vi uma caixa baixinha colocada no centro dela e dei a volta na mesa e abri a mesma, vendo outro bilhete em cima do mesmo “Depois de toda chuva, vem o arco-íris e você tem sido nosso arco-íris durante esses cinco anos. Beijos, Gigi, Pavel, David, Alex, Fabio, Mauro, Giorgio, Claudio, Martin, Giulia, Giovanna, Fabrizio, Gianni, Pietro e toda sua família Juventus”. Girei o cartão para ver as assinaturas e fiquei chocada em ver a de Giulia impressa no papel.
Tirei o mesmo de cima e vi uma camisa da Juventus antiga, mas pelo cartão, sabia que era da temporada 2009/2010. Ao invés das cores convencionais, ela era dourada e girei-a ao contrário e vi o número cinco na mesma. Engoli em seco, sentindo as lágrimas deslizarem pela minha bochecha, me fazendo levar a mão até o mesmo.
- O que foi, ? – Manu perguntou e eu ergui o olha para minha equipa na porta e respirei fundo.
- Sábado fez cinco anos que eu fiz cirurgia para retirada de um ovário por causa de um câncer. – Falei, respirando fundo. – E eu fiz os exames há uns dois meses para confirmar se estava tudo bem e está. – Suspirei. – Eu estou em remissão há cinco anos, gente, isso é quase confirmar uma cura.
- Ah, chefa! – O pessoal falou sorrindo, vindo em minha direção e me abraçou fortemente em um grande aperto em grupo.
- E eles se lembraram. – Falei baixo, rindo fracamente ao pegar o cartão. – Todo mundo que estava aqui na época assinou. Del Piero, Cannavaro, Camoranesi... Eles nem estão mais aqui. – Suspirei.
- Que surpresa mais sensacional, chefa. – Eles falaram e eu suspirei, recebendo alguns beijos no rosto.
- A Giulia que está quase incomunicável assinou! Como ela fez isso? – Eles riram fracamente e puxei a respiração fortemente.
- Olha, não foi fácil! – Olhei para a porta, vendo Pavel e Gigi na mesma. – A gente precisou mandar alguém para lá, encontrá-la e...
- Ah, gente! – Segui rapidamente até eles e passei os braços pelos ombros dos dois, apertando-os fortemente e vi atrás deles Trezeguet, Chiello, Marchisio, Cáceres além de outros jogadores atuais, Barza, Leo, Lich, Pirlo, Matri, entre outros. – Como vocês souberam?
- Nós suspeitamos, na verdade. – Gigi falou e passei os braços em seus ombros, sentindo-o me apertar fortemente. – O David lembrou sobre desse fato e a gente queria fazer uma surpresa especial para você.
- É lindo. – Suspirei fortemente e passei por entre ambos, abraçando Trezeguet fortemente.
- Você é forte, incrível e a gente te ama muito, ! – Ele falou em meu ouvido e eu sorri.
- A gente foi na loja do Fabrizio, conversamos com ele e eles te mandaram um beijão. – Gigi disse.
- Eu falei com eles no sábado! – Falei rindo. – Há quanto tempo vocês estão planejando isso? – Perguntei, virando para Pavel e abraçando-o mais forte.
- Desde que o David voltou, na verdade. – Pavel disse. – A gente saiu sem você.
- Ah, que bonito! – Empurrei-o e eles riram.
- Não é culpa minha se vocês não conseguem se entender. – O checo disse e neguei com a cabeça.
- Ah, chefa! – Chiello me abraçou e apertei-o fortemente.
- Nós fomos falar com eles, a Giovanna comentou que você tinha feito os exames, aí só precisamos entrar em contato com todo mundo que foi te visitar aquele dia e todo mundo adorou a ideia, assinou o cartão e enviou uma flor.
- Eu nem se o que fazer com tanta flor! – Falei rindo e segui para Marchisio.
- A gente dá um jeito. – Trezeguet disse.
- Eu disse que você é incrível. – Ele disse e ri fracamente, sentindo-o dar um beijo em minha bochecha.
- Até você, Martin!
- Beh, não éramos tão próximos na época, mas eu estava aqui, fiquei sabendo da história e usei a blusa de florzinha por você. – Ele disse e rimos juntos.
Segui pelo restante da fila, abraçando um por um, recebendo um beijo na bochecha e não era nem 8:15 e minha maquiagem já deveria estar toda borrada. Voltei devagar, olhando para os três principais e suspirei.
- Você não estava aqui, não é? – Virei para Pavel.
- Ah, nem vem! – Ele falou e os outros dois gargalharam.
- A gente queria tirar ele do cartão, não achamos justo, mas ele fez questão. – Gigi disse e sorri.
- Vocês são incríveis, mesmo. – Suspirei. – E eu achei que já bastava de emoções para os próximos dias.
- Se depender de nós, você vai ter emoções pelo resto da sua vida. – Trezeguet falou sorrindo, abraçando Gigi e Pavel pelos ombros. – Algumas emoções mais emocionantes do que outras. – Ele disse e Gigi empurrou-o para o lado, nos fazendo gargalhar.
- Por que não tiramos uma foto? – Manu disse, puxando o celular do bolso.
- Vai, entra todo mundo. – Pavel disse.
- Segura a blusa, chefa! – Miguel falou e peguei-a de sua mão.
- A intenção é ser uma blusa comemorativa, como as que a gente ganha ao completar alguma marca no time. – Marchisio disse, entrando também e suspirei.
- É do kit daquela época, não é? – Perguntei.
- É sim! – Gigi disse sorrindo e estiquei-a com o número cinco atrás, e todo mundo se colocou atrás de mim.
- Um pouco para dentro, Miguel! – Manu falava, ajeitando seu celular no pequeno tripe e apoiando-o na máquina de café. Senti Gigi me abraçar pela cintura, Pavel do outro lado e Trezeguet apoiou a cabeça em meu ombro, o restante dos jogadores e minha equipe se colocaram em volta de mim. – Eu vou ali na frente do Pavel. – Ela falou.
- Vai me esconder! – Ele gritou.
- Eu abaixo! – Ela disse, nos fazendo rir e estiquei a camisa.
- Vai! – Ela disse e sorrimos. Ela correu para seu lugar e demorou alguns segundos até o flash estourar. – Espera! – Ela disse apressada e correu em direção ao celular, checando logo em seguida. – Foi!
- Eba! – O pessoal gritou e sorri, virando a blusa novamente.
- O Pavel ficou feio.
- Oh, cazzo! – Ele reclamou.
- Mas já é! – Trezeguet falou e o pessoal gargalhou.
- Ah, só vocês! – Sorri e senti um beijo em minha bochecha, vendo Gigi ao meu lado.
- Os dizeres da faixa definem muito o que eu sinto por você, ok?! – Ele disse e passei um braço em seus ombros, apertando-o fortemente.
- Agradeço muito, Gigi! Está perfeito! – Ele suspirou.
- Não sei como vai conseguir trabalhar com isso, mas a gente te ajuda a levar para casa depois. – Assenti com a cabeça.
- Depois eu me viro com isso, vou deixar decorado! – Sorri. – Só não sei como montaram isso. – Me aproximei da minha mesa, deixando a blusa na mesa novamente.
- Depois do jogo de sábado. Você não foi, então aproveitamos o horário para trazer. – Pavel disse e suspirei.
- Imagina se eu tivesse trancado a sala. – Falei.
- A gente daria um jeito. – Trezeguet disse e ri fracamente, sentando na poltrona e ouvindo uma buzina alta, me assustando e levantei rapidamente, ouvindo o pessoal gargalhar.
- O que é isso? – Perguntei.
- É, isso foi eu! – Manu disse rindo. – Mas não tem nada relacionado. – Ela fez uma careta e gargalhamos juntos, negando com a cabeça. – AUGURI, CHEFA! – Ela gritou.
- AUGUR! – Eles falaram juntos e sorri, sentindo meu coração quentinho!

Lui
20 de maio de 2015
Confesso que vir para a Coppa Italia para mim era só uma forma de cumprir tabela. Era uma competição B, digamos assim, eu não jogava, ficando restrito as outras, mas acabava dando espaço para o goleiro reserva, nesse caso era Marcone. Também dava espaço para outra pessoa ser capitano, hoje era Marchisio. Em outras situações, eu nem participava da Coppa Italia, sempre tinha alguma convocação antes da Nazionale que eu acabava priorizando, mas hoje, devido a final da Champions, fazendo a competição ser adiantada em duas semanas, eu estava no banco de reservas com o pessoal.
Os primeiros 15 minutos de jogo foram ótimos, eles abriram o placar primeiro, aos cinco minutos, mas demorou somente mais seis para que Chiello igualasse. Correndo colocar a barriga na bola para comemorar a espera de seu segundo filho. Ao menos alguém ficava feliz com esse tipo de coisa. Apesar que Chiello namorava a mesma mulher desde que era jovem, era quase minha história, mas a dele deu certo.
Depois desses dois lances sensacionais, os outros 80 minutos foram difíceis, se eu puder definir assim. Ambos os times tiveram chances, faltas, mas também teve vários lances conflitantes ou que poderiam em gols que me obrigavam a morder os dedos, tentando manter a calma.
Após 90 minutos seguidos, teríamos a prorrogação. Se não conseguíssemos mudar esse placar, iríamos para pênalti. Tivemos até uma chance de empatar, mas estava impedido, então voltamos ao empate. Nesse curto intervalo, eu agia come un vero capitano. Ia falar com meus colegas, falava umas palavras de apoio, distribuía alguns abraços, mas voltava para o banco para fazer meu papel de torcedor.
Desde pequeno eu torci para Juventus, poder jogar com eles foi o maior sonho realizado da minha vida, mas era diferente. Eu precisava ficar 90 minutos ou mais focado e era difícil aproveitar. Agora, quando eu tinha chance de voltar a ficar no banco, eu podia voltar a ser aquela criança de novo. A vantagem é que eu podia gritar e dar indicações e eles até ouviam. Não foi uma, nem duas vezes que eu subi do banco de reservas para reclamar de algo.
Durante os acréscimos, apesar do cansaço, tivemos maior domínio de bola e isso compensou. Aos 97 minutos, Tevez teve uma chance que acabou em rebote, mas Matri aproveitou e mandou para o fundo do gol de forma sensacional! Eu e todo mundo do banco fomos em direção à beirada do campo, gritando com eles que comemoravam do outro lado e apertei os ombros de Allegri, vendo-o rir.
Os seguintes minutos foram difíceis, mas nossa defesa estava reforçada e torcida gritava “ce ne andiamo a Berlino” conforme os minutos passavam. Quando o árbitro apitou, a gente relaxou, correndo em direção ao campo para comemorar, pulando em cima dos jogadores em campo e formando uma rodinha para continuar gritando o que a torcida estava gritando.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! CE NE ANDIAMO A BERLINO!
Vencer a Champions League seria a finalização perfeita dessa temporada. Depois de tudo o que aconteceu até abril, maio e junho estavam vindo para compensar. Passei cumprimentando os jogadores da Lazio e os árbitros da partida. O pessoal começou a formar o cordão e entrei com eles, correndo em direção à torcida, gritando com eles e aplaudindo pelo apoio.
Voltamos para o centro do campo e o pessoal começou a arrumar o palco da premiação. Era minha primeira Coppa Italia, apesar de não jogar, era uma emoção incrível. Senti um aperto em meu ombro e virei o rosto, vendo Agnelli e sorri, cumprimentando-o e logo vi Pavel, Beppe e Fabio, me cumprimentando.
Observei cumprimentando Barza e eles gargalharam de algo e ela empurrou a cabeça do meu amigo para longe e abraçou Chiello em seguida. Ela era diferente do resto do pessoal, ela realmente abraçava um por um, até chegar em mim.
- Auguri, Gigi! – Ela sorriu, passando os braços pelos meus ombros e apertei-a contra meu corpo fortemente, sentindo-a deixar um beijo em minha bochecha.
- Auguri, ! – Falei sorrindo.
- Hoje você está de boa, né?! – Ela indicou com as mãos e dei de ombros.
- Descansar um pouco. – Ela sorriu.
- Aproveita, sábado precisamos de você! – Ela disse e piscou para mim antes de seguir para o lado e ri fracamente, vendo-a parar em Álvaro
Juventus e Napoli no sábado, dia de premiação. Seu desgosto pelo Napoli era enorme, mas compreensível depois de tudo o que ela passou. Não demorou muito para que os organizadores nos chamassem para a premiação. Seguimos apressados à frente dos jogadores da Lazio e fizemos duas fileiras para eles passarem no meio. Eu não levantaria o troféu, seria Chiello, então me coloquei em primeiro lugar para puxar a fila.
Quando isso aconteceu, aplaudimos os jogadores e cumprimentei alguns conhecidos, enquanto eles seguiam para receber suas medalhas. Muitos pegavam as medalhas e as tiravam, mas não podia julgar, já vi pessoas de nossa equipe fazendo isso também.
Quando chegou nossa vez, eu puxei a fila, cumprimentando o presidente da liga, o presidente dos dois times e Mattarella, presidente da Itália. Recebi minha medalha e segui pelo outro lado para baixo do palco. Realmente, se era chato esperar pela vez dentro do vestiário, aqui era igualmente entediante.
O pessoal foi ocupando meu lado sem grande organização, Leo, Barza, Pirlo e Matri se colocaram ao meu lado e abracei Pirlo, apertando-o pela cintura e ele pulou em cócegas, nos fazendo gargalhar. Quando todo mundo recebeu suas medalhas, inclusive Allegri, nós começamos a pular e gritar com o pessoal.
- Oh, uh oh, uh oh, uh oh! Oh, uh oh, uh oh, uh oh! – Chiello recebeu a taça e ergueu a mesma, pulamos animados junto dele, vendo os papéis picados começarem a estourar e os fogos de artifício cortarem o céu de Roma.
Nossa diversão durou pouco menos que dois minutos, a taça passou de mão em mão e seguimos em direção a placa para tirar foto com o staff completo. Me coloquei na lateral com eles e gritei para mais algumas fotos. Feliz por tudo ter acabado da melhor forma. Era o boost perfeito para encarar a Champions!
Demos uma volta ao redor do estádio para apresentar o prêmio para nossos torcedores e não demorou muito para voltarmos para dentro. Observei e Pavel no túnel assim que entrei no mesmo e eles sorriram para gente.
- Adesso c’é soltanto uma sfida, Gigi. – falou e eu me aproximei deles.
- Só mais um desafio. – Puxei a respiração fortemente. – O maior.
- Vocês conseguem, não se preocupe! – Ela sorriu, tocando meu braço e notei que ela subiu na ponta dos pés para dar um beijo em minha bochecha e sorri.
- Você está mais baixa. – Falei e ela esticou os sapatos nas mãos.
- Nunca use sapatos novos para isso. Meus pés estão em frangalhos. – Ela disse e rimos juntos.
- CE NE ANDIAMO A BERLINO! – O pessoal começou a entrar logo atrás e rimos juntos.
- Eles estão empolgados. – Falei.
- Ela também. – Pavel disse e ela deu um tapinha no ombro do mesmo.
- Para! Eu não o via há quatro anos. Você sabe como eu gosto dele.
- O que aconteceu? – Franzi a testa.
- O Lippi estava aqui.
- Mesmo? Marcelo?
- É! – Ele falou. – E ele fez vários elogios à nossa , disse como estava feliz em vê-la, como ela estava linda e tudo mais.
- Ele não mentiu. – Falei e sorriu par Pavel.
- RÁ! – Ela disse e rimos juntos.
- ANDIAMO, RAGAZZI! DA MANGIARE! – Allegri disse e riu fracamente. – Onde vamos comer, ? Estou faminto.
- A Angela estava tentando arranjar um lugar para comemorarmos. – Ela sorriu.
- Vamos entrar. – Pavel disse, indicando alguns jogadores perdidos da Lazio e assenti com a cabeça, indo logo atrás.
- Cara, eu estou real faminto. – Álvaro comentou a minha frente e rimos juntos.
- Acho que todo mundo. – Vidal disse ao lado dele e segui com eles em direção ao vestiário, ouvindo alguns gritos aqui dentro.
- Vocês fizeram um ótimo trabalho, gente! – disse. – Seremos legais com vocês hoje, sem jantares no hotel, vamos tentar lugar em um restaurante que aceite 60 pessoas. – Eles riram.
- Ah, chefa, não acho que alguém vá realmente neg...
- BU! – Manu pulou na frente dele, me fazendo dar um pulo para trás.
- AH! – Morata gritou, dando um tapa nela pelo reflexo e ela colocou a mão no rosto e eu coloquei a mão na boca, arregalando os olhos. – DIO MIO, MANU! ME DESCULPA! – Ele falou apressado, seguindo em sua direção e tinha a mesma feição ao meu lado, se segurando para não rir.
- Estava me perguntando onde ela tinha ido mesmo. – Ela falou.
- Talvez eu tenha merecido. – Manu disse, passando a mão na bochecha.
- Me desculpa, Manu! Meu Deus, por favor, me desculpa. – Álvaro a abraçou, apoiando a cabeça na dela e ela riu fracamente.
- Está tudo bem, Álvaro. – Manu disse rindo. – Não foi tão forte.
- É maldade eu rir? – Pepe falou, estourando uma risada logo em seguida e o pessoal gargalhou ao lado dela.
- Álvaro, você pode me soltar. – Manu disse e ele ainda estava abraçado nela e eu ri fracamente, passando por eles.
- SIAMO NOI! SIAMO NOI, I CAMPIONI DELL’ITALIA SIAMO NOI! – O pessoal começou a gritar e Marrone, Asa, Marchisio e Rubinho começaram a estourar as garrafas de champanhe e tirei a camisa do time, ficando somente com a segunda pele antes que sujasse mais uma blusa.
- AH EH! – Senti os jatos de champanhe em meu rosto e virei para o outro lado.
- EI! EI! EI! – O pessoal começou a aplaudir e acompanhei com eles, vendo o pessoal que entrada.
- Dai, Gigi! – Vidal me abraçou e bati nas costas dele.
- DAI, BARZA! – Marchisio gritou, jogando champanhe na cara do mesmo e gargalhamos do seu quase afogamento.
- CAZZO! – Ele reclamou passando as mãos no rosto.
- DAI, RAGAZZI! – Viramos para o lado, onde Angela havia nos chamado e vi Morata ainda abraçado em Manu enquanto ela estava com uma feição desanimada. – Nós vamos sair para comemorar em um restaurante, não demorem! Ainda tem a zona mista!
- ANDIAMO, RAGAZZI! ABBIAMO FAME! – Vidal gritou e ri fracamente. Se eles continuassem a falar do quão famintos estavam, logo quem estaria era eu.
Pelo menos seria um bom momento para dar uma relaxada fora de casa. O time, o staff, o administrativo, , Manu. Sabia que a noite seria longe, mas nada entediante. A começar pelo reflexo de Álvaro e, provavelmente, o aprendizado para Manu não assustar mais ninguém. Pelo menos pelo próximo mês.

Lei
23 de maio de 2015
- Oh, Manu! – Gritei para ela quando desci do carro e ela virou o rosto para mim.
- Ei, chefa! – Ela gritou, abaixando para falar alguma coisa para o carro que havia trazido-a, enquanto isso fechei o meu e segui em sua direção a passos rápidos. – Está chegando agora? – Ela perguntou e trocamos dois beijos.
- Sim! – Suspirei e vi o carro se afastar. – Eu dormi demais. Consegui finalmente falar com a Giulia e ficamos até o dia amanhecer conversando.
- Nossa! – Ela disse rindo.
- Pois é, e ainda estamos nessa correria de viagens e comemorações... – Interrompi para dar um longo bocejo. – Eu perdi noção do tempo. – Chequei o relógio. – Droga, não vou conseguir descer.
- Vamos subir, então. – Ela disse e subimos a passos rápidos as escadas que davam para a área VIP ou de funcionários do estádio.
- Vai ficar comigo? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça.
- Ah, pode ser! Não é tão legal quanto, mas o estádio vai estar apinhado de gente! – Ela disse rindo.
- Acho que todos os funcionários vieram hoje. – Suspirei e acenei para o funcionário e Manu parou para mostrar sua credencial para ele, antes de entrar.
- É um dia de comemoração, né?! – Manu disse avançando mais rápido alguns passos em minha direção. – Eu gosto!
- É legal sim, cansativo, mas é legal! – Sorri. – Espero que o pessoal mantenha essa energia por mais alguns dias.
- Só mais duas semanas, chefa! – Manu disse e eu suspirei.
- Ah, nem fala! – Engoli em seco. – Você vai, certo?
- Você realmente acha que eu perderia uma final de Champions? Eu já me incluí na lista de viagem, nem que eu vá de gandula. – Rimos juntas.
- Acho que não vai ser necessário, eu e a Angela vamos precisar de bastante ajuda, ela para as conexões lá e eu para finalizar os contratos, teremos muita gente saindo ou entrando. – Falei, entrando no elevador privativo.
- Vão trazer alguém de interessante? – Ela perguntou animada e eu ponderei com a cabeça.
- Se tudo der certo, vamos dar uma remodelada no time, tenho uns oito ou nove contratos na minha mesa, só preciso finalizar. – Suspirei.
- Para isso bastante gente vai ter que sair, né?! – Ela perguntou e eu suspirei.
- Essa é uma parte do meu trabalho que eu não gosto, Manu. – O elevador se abriu novamente. – Mas é necessário! Tem jogadores que pedem para sair e não temos poder monetário para competir ou jogadores que não rendem. – Suspirei.
- Ok, vamos reformular a frase, alguém dos meus amigos vai sair? – Ela perguntou e eu puxei a respiração fortemente, pensando rapidamente.
- Talvez um. – Pressionei os lábios e ela fez uma careta. – Você sabe que eu não posso adiantar discussão de contrato, não sabe?
- Eu sei, mas... – Ela suspirou.
- Trarei outros também, prometo. Inclusive brasileiros ou sul-americanos. – Rimos juntos e ela assentiu com a cabeça.
- Ah, tudo bem, então! – Ela deu de ombros. – A internet aí para isso, né?!
- Se não quiser perder o começo do jogo e ser cumprimentada por vários engravatados há partir de agora, te indico se afastar um pouco de mim. – Falei e ela riu fracamente.
- Eu guardo seu lugar! – Ela disse e sorri, vendo-a sair correndo pelo corredor.
Caminhei um pouco mais devagar e toda pessoa que passava por mim me cumprimentava com um largo sorriso no rosto, me parabenizavam pela conquista do scudetto, da Coppa Italia e faziam um grande discurso da final da Champions. Eu sei, amigo, não vamos para uma final há 12 anos, isso já passou pela minha cabeça. Quando eu finalmente consegui chegar em meu lugar, atrás do top cinco, Allegra, mãe de Agnelli ainda fez o mesmo discurso, mas tudo bem.
- Oi, gente! – Falei, cumprimentando Agnelli e Pavel com um curto beijo e me sentei ao lado de Manu.
- E aí, ! Atrasou, foi? – Pavel brincou.
- Dormi demais. – Suspirei e ambos viraram o rosto para mim. – Não perguntem! – Eles riram. – O que eu perdi?
- A entrada. – Manu disse.
- Ah, eu perdi as crianças? – Fiz um beiço e ela riu fracamente.
- Perdeu! Cada vez tem mais criança do que jogador, até o Pogba tem criança! – Ela falou e rimos juntos.
- Emprestado de alguém! – Falei rindo e vi os times se separando lá embaixo.
- Bom, vamos lá! Juve e Napoli. – Manu disse animada. – Posso gritar “acabem com eles”? – Ela perguntou.
- Aqui é melhor não. – Falei rindo.
O jogo era só cumprimento de tabela, mas estávamos falando do Napoli, um de nossos maiores rivais atualmente, além de que precisávamos fazer um jogo bonito para nossa torcida em nossa casa e para receber o prêmio logo mais. Por isso, Allegri parou de poupar os jogadores para a Champions, como tinha feito nos dois últimos jogos e foi com força total. Gigi, Barza, Morata, Marchisio, Pogba todos estavam de volta para o campo. Além de Leo, Pirlo, Chiello, Tevez, Vidal, Llorente, que ele tinha no banco para fazer rodízio.
Logo aos três minutos eu quase quis matar Gigi, ele salvou uma bola na linha após o escanteio. Foi cerca de um lapso de distração, mas a bola estava fora. Aos 13 minutos abrimos o placar com um gol lindo de Pereyra, praticamente à queima-roupa. Eu já comemorava em gols normais, agora imagina contra o Napoli?
Aos 18 minutos, Gigi fez uma defesa sensacional, mandando a bola para cima. Aos 23, os torcedores começaram a entoar o cântico “ce ne andiamo a Berlino”, me fazendo gritar com eles. Aos 35, Pogba teve uma grande chance, mas foi para fora.
Aos 37, algo incrível começou a acontecer na curva sud, lado da torcida organizada, eles começaram a subir um mosaico com as palavras “+39 rispetto” e as pessoas em volta levantaram plaquinhas brancas com diversos nomes em preto e, na divisão entre os setores, as palavras “Ninguém morre de verdade, vive no coração de quem fica, para sempre”. Aos 39 minutos, o mosaico estava pronto e lindo.
Foi impossível não me emocionar com isso, estava completando 30 anos da Tragédia de Heysel e o pessoal fazia questão de homenageá-los. Imaginava que os nomes eram dos falecidos. Nós cinco do top fomos os primeiros a nos levantar e a começar a aplaudir, o restante do estádio foi conosco por alguns minutos.
- O que é isso, ? – Manu me perguntou quando sentei novamente.
- Nunca ouviu falar na Tragédia de Heysel? – Perguntei.
- Já, mas não sei o que é. – Ela disse e eu suspirei.
- Em 1985, dia 29 de maio, para ser mais exato, teve a final da Champions Juventus e Liverpool em Heysel, Bruxelas... – Ela assentiu com a cabeça. – Você já ouviu falar nos Hooligans da Inglaterra, não?
- Quem não? – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Hooligans é só uma designação para um comportamento destrutivo e exagerado, normalmente por influência de drogas e álcool. – Suspirei. – Nessa final, dizem que muito foi discutido para não reunir torcidas ou não vender bebidas no jogo, mas teve um setor do estádio que ficou misturado, a única separação era uma barreira e policiais. Os britânicos foram o primeiro a atacar, se eu puder usar essas palavras, e essa barreira caiu e a torcida juventina foi pisoteada e atacada por barras de ferro...
- Que horror! – Ela disse baixo.
- Com a pressão, o muro acabou caindo e atingiu mais algumas pessoal. – Ela engoliu em seco. – Para piorar tudo, ainda teve o jogo e nós vencemos com um gol de pênalti. Grande vitória, não? – Falei ironicamente.
- Que horror, chefa! – Ela apertou os braços arrepiados.
- Sim! – Suspirei. – Eu já fui ao memorial na Bélgica uma vez, é parte da história, sabe? Uma péssima parte, mas ainda assim.
- Mas a torcida lembra. – Ela disse sorrindo.
- Sim, eles lembram. – Suspirei. – E é uma bela homenagem.
- Deixa eu tirar uma foto. – Ela disse e eu dei espaço para ela sair.
O primeiro tempo acabou sem muitas surpresas, Allegri fez uma alteração, tirando Barza e colocando Leo, e seguimos pelo segundo tempo, devo dizer que seguimos muito mal! Aos 48 minutos o árbitro deu pênalti para eles por mão na bola de Asamoah. Teve o empate sim, mas Gigi fez o mais incrível e defendeu a bola, pena que os napolitanos estavam bem-posicionados e chutaram no rebote. Só que havia sido uma grande defesa.
Durante 20 minutos o jogo ficou equilibrado, aos 69 eles atacaram de novo e Gigi fez uma defesa incrível de novo. No escanteio, ele defendeu de novo, mas no terceiro lance, ele conseguiu defender para frente e Pogba adiantou o chute para frente. Após isso, Allegri tirou Marchisio e colocou Pirlo. Precisávamos equilibrar ao máximo.
Aos 77 minutos, conseguimos distanciar deles. Sturaro fez um gol maravilhoso, nos fazendo comemorar novamente. Era a oportunidade. Aos 79, Pereyra saiu e Pepe entrou, mais uma modificação necessári. Aos 80, um escanteio quase fez um empate, Gigi saiu antes demais, deixando o gol livre, mas os napolitanos não conseguiram chegar. Aos 89, ele fez outra defesa incrível e Asa tirou-a da área. Uma alta veio logo em seguida, mas ele a segurou no ar.
Tivemos até uma outra chance, mas os quatro minutos de acréscimos vieram. A torcida começava a cantar e nós já estávamos em pé prontos para o apito final, Beppe e Fabio já tinham saído correndo lá para baixo.
Aos 91 ainda tivemos uma chance, que deixou Morata desmontado no chão. Aparentemente o puttano do napolitano tinha dado uma cabeceada nele. Inicialmente o árbitro não viu, mas quando indicaram Morata ainda caído no chão, ele voltou o lance. O infeliz foi expulso e ganhamos um pênalti. Meu incrível número sete, bateu com categoria. Ah, como eu amo o Pepe! Enquanto a torcida inteira comemorava, os napolitanos continuavam a reclamar. Acho que eles não conheciam a cabeçada de Zidane em Materazzi no Mondiale de 2006. Sem um segundo a mais de acréscimo, o árbitro apitou e seguimos apressados lá para baixo.
- EI! – Virei para trás, vendo Manu correndo. – Vocês vão rápido demais.
- Se você bobear, perdeu! – Pavel disse e ela gargalhou, entrando conosco no elevador.
Descemos para o túnel e já vimos a movimentação do túnel entre jogadores e staff nossos, do Napoli, além dos funcionários que iriam arrumar o palco. Todos corriam para agilizar as coisas o mais rápido possível, pois as câmeras de transmissão já estavam aqui e ali. Sorri ao ver John Elkann ao fundo e abri meu melhor sorriso para cumprimentar, bem, meu verdadeiro chefe.
- ! – Ele disse sorrindo.
- John! – Tentei parecer surpresa ao vê-lo.
- Como você está? – Ele me perguntou.
- Muito bem e contigo? – Sorri, trocando um rápido beijo. – E esses meninos aqui? – Sorri para Leone e Oceano.
- Oi, ! – Eles falaram sorrindo e dei um beijo na cabeça de cada um.
- Tudo bem contigo, bom te ver. – Ele disse e sorri.
- Ainda mais hoje, não? – Sorri.
- Hoje é um dia de festa. Esperamos continuar a festa em duas semanas! – Ele disse e fiz figas com o dedo.
- Com toda certeza, John. – Disse e vi sua esposa um pouco mais longe.
- ! – Lavinia disse e sorri, abraçando-a fortemente. – Que bom te ver!
- Você também! – Sorri, assentindo com a cabeça.
- E onde está Lapo? – Perguntei.
- Ah, perdido por aí! – John disse rindo e assenti com a cabeça.
- Falo com ele mais tarde, se me dão licença...
- Claro, às vezes esquecemos que está trabalhando ainda. – Lavinia disse e ri fracamente.
É, mais ou menos. Troquei um rápido aceno e voltei para dentro do túnel, vendo as mulheres que entrariam com o prêmio e entrei no vestiário, vendo o pessoal um pouco bagunçado ainda, alguns ainda se trocando, outro trocando as chuteiras por tênis, mas tudo visivelmente organizado.
- Sera, ragazzi! – Falei mais alto e eles viraram para mim.
- Ciao, ! – Eles falaram e passei a mão nos cabelos, jogando-os para trás.
- Cadê o Álvaro? – Perguntei, andando pelo vestiário e Chiello me cumprimentou rapidamente e segui para o fundo.
- Aqui! – Álvaro falou com a mão apertando o nariz, fazendo sua voz ficar mais alterada.
- O que aconteceu? – Perguntei, segurando sua mão e vi seu nariz vermelho.
- Ele me deu uma cabeçada de graça, cara! – Ele disse.
- De graça mesmo, Álvaro? – Perguntei e Padoin e Lich que estavam mais perto riram.
- Sim! – Ele disse alto, se sentindo ofendido e rimos juntos.
- Ah ! – Marchisio disse rindo e neguei com a cabeça.
- Coloca um gelo nisso, é milagre não estar sangrando. – Falei, negando com a cabeça.
- Manu! – Ouvi a voz de Gigi. – Vem cá! – Ele disse sentado em seu espaço e ela apareceu dos fundos, seguindo até ele.
- ! – Barza disse e fui em sua direção, inclinando para dar um beijo em sua bochecha e na de Allegri que estava ao seu lado. – Como você está?
- Tudo bem! – Sorri.
- Chefa! – Pepe me chamou ao lado e inclinei para cumprimentá-lo também.
- Lindo pênalti! – Falei e ele sorriu.
- Você viu?! – Ele brincou e rimos juntos.
- Nem pisquei! – Ele riu e virei para o fundo, vendo Manu apoiada no armário de Gigi, com Tevez ao seu lado. – Vamos terminar isso, né?! – Segui para o fundo do vestiário. – Ragazzi.
- Ei, ! – Gigi disse sorrindo e inclinei para dar um beijo nele e em Tevez ao seu lado, sentindo-o apoiar a mão em minha cintura, me fazendo contrair a barriga.
- O que está fazendo quietinha aqui? – Perguntei para Manu.
- Ah, nada! – Ela deu de ombros.
- Quer indo lá fora? – Perguntei.
- Claro! Eu quero tirar umas fotos mesmo! – Ela disse e seguiu a passos rápidos para fora e eu franzi a testa, virando para Gigi de novo.
- Eu perdi alguma coisa? – Perguntei para ele e ele me chamou com a mão e inclinei o rosto para perto do dele.
- Sturaro. – Ele disse baixo e eu ergui o corpo de novo.
- Como assim? – Perguntei.
- Um pouco invasivo demais. – Ele disse. – Barza já tinha me dito, notei recentemente.
- Mas algum problema? – Perguntei.
- ANDIAMO, RAGAZZI! Preparar para entrar, a começar do Chiellini! – Virei para o organizador na porta.
- Por enquanto não. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Me avisa qualquer coisa, ok?! – Ele confirmou.
- Bom, eu vou arranjar um lugar.
- Fica aqui. – Ele disse e virei para ele. – O quê? Temos até o número 37, eu sou o último. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Mas não temos 37 jogadores. – Falei e ele deu de ombros.
- Não, mas ainda assim, é meio solitário. – Ele disse.
- Fica com o cara, . – Tevez disse e revirei os olhos.
- Ah, mas era só o que me faltava. – Empurrei a cabeça de Tevez e ele gargalhou.
- Giorgio, vai! – O organizador falou e o pessoal fez uma pequena festinha enquanto ele saía do vestiário.
- Como você está? Não te vi aqui antes. – Ele falou. – Fugindo da gente? – Sorri.
- Não, não. Eu consegui falar com a Giulia e ficamos até hoje de manhã conversando. – Suspirei, colocando a mão na frente dos lábios para bocejar. – E eu faço isso sempre que comento sobre ela. – Ele sorriu.
- Ela está bem? – Ele perguntou.
- Sim, está. Disse que está apaixonada por lá e que eu sou patricinha demais para viver lá, achei uma afronta...
- Ela não mentiu, . – Ele disse.
- Ei! – Empurrei-o com o quadril e rimos juntos, desviando o olhar para o outro jogador que era chamado aos gritos do pessoal e da torcida.
- Mas ela está bem, com saudades, parabenizou pela final, disse que ia tentar vir por umas duas semanas. – Ele confirmou com a cabeça.
- Tomara que ela consiga. – Sorri.
- Ela faz uma falta. – Suspirei, jogando os cabelos para trás.
- Imagino. – Ele sorriu.
- E os meninos? Estão aí?
- Sim, estão! Alena os trouxe. Eles ficaram o caminho inteiro perguntando de você. – Abri um largo sorriso. – “Pai, a vai estar lá? Porque eu quero ver a , e a , e a !” – Ele foi afinando a voz conforme falava e empurrei seu ombro com a mão.
- Ei! Isso é ciúme! – Falei e ele riu fracamente.
- Eles só perguntam de você quando vão lá em casa, morar perto tem alguma desvantagem. – Ele falou.
- Aposto que foi escolha sua ficar lá. – Falei e ele deu de ombros. – Eles podem vir me visitar quando quiser, viu?! Meus horários são tão estranhos quanto os seus, mas você tem meu número. – Dei de ombros.
- Eu sei! – Ele suspirou. – Só falta tempo mesmo, quando eu fico com eles, normalmente é nos nossos horários de descanso, você precisa aproveitar também.
- Eu amo seus meninos, Gigi, não me atrapalharia em nada. – Sorri.
- Diz isso depois de ficar 12 horas com ele. – Ele disse.
- É um desafio? – Perguntei.
- Talvez? – Sorrimos juntos. – Ei, você tirou a luvinha! – Ele pegou minha mão e estiquei para ele.
- Ah, sim, tirei na sexta! – Virei-a para os dois lados. – No médio o anel acabou machucando um pouco. – Mostrei uma marquinha mais clara na pele, quase como uma marca de anel.
- Viu? Quem mandou sair socando as pessoas. – Ele cruzou os braços e eu neguei com a cabeça.
- Já está boa para socar de novo. – Falei e ele pressionou os lábios.
- Espero não precisar merecer. – Ele disse e apoiei a mão em seu ombro, apertando-o firme.
- Eu também. – Sorri com os lábios pressionados e ele passou o braço pela minha cintura, me trazendo para mais perto e olhei para o câmera da TV que filmava a saída de Barza. – Ainda temos alguns minutos.
- Sim, vai sobrar eu e Allegri. – Ele disse.
- E você? Como estão as coisas? E não me faça ser específica. – Pedi.
- Hum... – Ele suspirou. – Deixa quieto. Hoje é um dia de festa, não?
- Era, da última vez que eu chequei. – Ele disse e sorri.
- Pelo menos o jogo foi mais cedo, não tem carreata hoje, terá só um rápido coquetel, é ir direto para casa. – Bocejei novamente.
- Depois que meus filhos te largarem.
- Ou eu posso levá-los comigo. – Disse e ele riu fracamente.
- Eu amo que eles gostem de você, sabia? – Ele disse e dei um curto sorriso.
- E não é nenhum desafio para mim, você sabe disso.
- Sim, eu sei! – Ele disse e vi Asa saindo, número 22. Estávamos pertos.
- Essa coisa com Stefano... – Perguntei mais baixo, virando para ele. – Como é?
- Como assim – Gigi perguntou.
- Com a Manu! É algo tipo o Pogba e Vidal ou...
- Não! – Ele disse rapidamente. – É mais incisivo. – Ele disse. – Ele quer algo.
- Pelo amor de Deus! – Suspirei. – E o que a Manu faz ou fala? – Perguntei, vendo o assunto sair.
- Dá uma risada sem graça e se afasta. – Ele disse. – Ela não se sente confortável.
- Bom, vocês têm o aval meu para dar chega para lá nele. – Falei.
- Eu nunca peguei no momento, foi o Barza quem comentou. – Assenti com a cabeça. – Mas é diferente, o Paul, Álvaro, até o novato do Luca brincaram uma ou duas vezes, mas depois ficou para lá, sabe? Ela não deu bola e parou. – Pressionei os lábios.
- Entendi. Não quero que ela se sinta mal, ela gosta tanto daqui, de vocês. – Falei, suspirando.
- É, eu sei! Ela pula estrelinha aqui, vem, conversa com a gente, brinca, é ótimo! – Ele disse. – Mas talvez ela não saiba que pode dar um papo mais duro com ele, sabe?
- Vou tentar lembrar de falar com ela, mas vou falar com o Barza e o Chiello de novo, ela é meu cristalzinho precioso. – Falei, vendo-o se levantar quando Pereyra saiu e agora só faltava ele, Marrone e Allegri.
- De todo mundo! – Ele disse e suspirei.
- Ah, dor de cabeça para que, Senhor? – Brinquei e ele me puxou pelos ombros, dando um beijo em minha cabeça.
- Não esquenta muito com isso, é um dia de festa! – Ele falou e eu suspirei, apoiando a mão em seu peito para afastá-lo antes que as câmeras nos pegassem.
- Ainda é! – Sorri. – Vocês façam bonito, ok?! – Andei ao seu lado, vendo-o parar ao lado de Allegri.
- Pode deixar, chefa! – Max disse e revirei os olhos.
- Ah, só vocês. – Sorri e segui para fora do vestiário, mas fiquei no corredor antes de realmente sair. Pelo que passava nas televisões do vestiário, o túnel estava livre para a passagem deles.
Luca Marrone passou logo em seguida e ele era um moço bacana para Manu. 25 anos, bonito, quieto na dele, novo, ainda em ascensão, mas se ela não estava a fim, ninguém tinha nada a ver com isso. Sturaro é um ótimo jogador, um tipo que realmente enfrenta os jogadores, mas ele não podia ser invasivo assim. Precisava lembrar de falar com a Manu sobre isso.
O staff saiu logo depois de Marrone, depois Allegri, ficando somente Gigi no vestiário. Ele piscou para mim quando passou e suspirei, dando um curto sorriso. Quando seu nome foi anunciado pelo microfone, eu saí do vestiário, passando pelo túnel agora mais vazio. Pisei novamente no gramado, seguindo até mais perto das linhas, vendo-o seguir até o palco. Ele foi abraçado pelo pessoal mais próximo como Barza, Pepe, Storari, Chiello e subiu no palco, cumprimentando o pessoal e recebendo sua medalha.
Ele seguiu até o centro do palco, recebendo o prêmio e ergueu-o para o céu de Turim. Os fogos e papéis picados estouraram pelos ares e abri um sorriso. Mais um. Quarto scudetto como contadora, cinco anos na posição no fim do ano, primeira final de Champions em alguns dias, tirando os anos em que eu era somente uma torcedora. A sensação era boa demais!
- Juve, storia di un grande amore, bianco che abracci il nero. Color che se alza davvero, per te. – Cantei baixo com a torcida, abrindo um largo sorriso

Lui
23 de maio de 2015
Estiquei os braços em direção a torcida, ouvindo-os gritar conosco e pulamos com eles, cantando Storia di un grande amore com eles. Meu pescoço já tinha várias faixas enroladas e a medalha pendia no peito. Boa parte das arquibancadas da torcida já tinham ido e logo precisávamos ir também. Passei o prêmio para Pepe e dei uma olhada em volta, procurando meus filhos que haviam vindo com Alena. Precisava agradecer muito por ela ter vindo comigo.
- Papai! – Dado veio correndo em minha direção e abaixei para pegá-lo no colo e erguer no ar.
- Ah, meu menino! – Dei um beijo em sua cabeça.
- Parabéns, papai! – Ele disse, mexendo na minha medalha e eu sorri, ajeitando-o em um braço.
- Obrigado, meu amor! – Falei e ele sorriu. – Cadê mamãe e Louis?
- Com a ! – Ele disse.
- Com a ? Por que eu não me surpreendo? – Falei mais para mim do que para ele, mas ele ainda riu.
- Onde estão elas? – Perguntei, colocando-o no chão novamente e ele me puxou pela mão.
- Vem! – Ele falou, fazendo uma força maior do que deveria e ri fracamente, indo com ele, acenando e cumprimentando as esposas e namoradas dos meus colegas que eu via no meio do caminho.
Encontrei onde Alena, e Lou estavam e sorri quando me aproximei delas. estava da forma de antes, calça preta, a camisa do time preta igual a minha e saltos mais grossos nos pés. Ela e Alena conversavam bem e Lou olhava para cima, enquanto ela acariciava seus cabelos e se abaixava eventualmente para dar um beijo no meu mais velho.
- Ragazze! – Me aproximei.
- Pai! – Lou saiu rapidamente do seu afago favorito e veio em minha direção. Me abaixei para abraçá-lo e dei um beijo em sua cabeça, antes de passar as mãos em seus cabelos.
- Oi, meu amor! – Abracei-o e vi sorrir em nossa direção. – Como vocês estão? – Perguntei mais para Alena e .
- Até parece que não me viu há 15 minutos. – falou e rimos juntos.
- E eles te encontraram no meio do caminho? – Perguntei.
- A culpa foi minha hoje. – disse sorrindo. – Estava com saudades desses meninos.
- Eu também, ! – Lou disse, se soltando de mim e abraçou-a novamente.
- Vamos perdê-los um dia, Lena! – Falei para ela que riu.
- Eu já falei para ela, vou deixar eles na casa dela por duas semanas e vou contar quantos dias ela devolve. – Alena disse.
- Eu vou aceitar o desafio, hein?! – Ela disse, nos fazendo rir.
- EBA! – Lou gritou e procurei Dado com o olhar, vendo-o com os filhos de Storari.
- Eu não me importo. – Alena disse e se virou para mim.
- Eu também não. – Falei. – Não falamos sobre isso ainda. – Falei com ela. Não havíamos falado, mas eu sabia que ficaria com Ilaria. Um pouco sem escolhas.
- A gente vê isso depois. – Alena entendeu meu olhar. – E você, ? O que faz nas férias?
- Honestamente? – Ela ergueu o olhar para cima, gargalhando. – Eu só descanso, gente! Acabo ficando de plantão, não faço muita coisa, não.
- Ah, fala sério, ! – Alena disse.
- É sério! – Ela riu fracamente. – Eu entro oficialmente de férias no dia 15 de junho e volto dia 15 de julho, mas acabo ficando de plantão, contratos a serem finalizados, renovados, finalizar as preparações para a pré-temporada seguinte... – Ela deu de ombros. – Minhas férias têm sido passar algumas noites na casa da Giulia, aproveitando em família.
- Ah, qual é, ! – Falei. – Você já foi melhor que isso.
- Esse posto não são só rosas, Gigi. – Ela riu fracamente. – Mas ano passado acabei aproveitando aquela semana no Brasil, talvez arranje algum lugar de última hora. – Dei um curto sorriso e ela entendeu, enrugando as bochechas de vergonha.
- Você nunca foi no hotel da minha família, né?! Em Forte dei Marmi? – Perguntei.
- Não. Sua irmã até me mandou um cartão quando abriu, mas não tive tempo ainda, confesso que esqueci, honestamente.
- Você deveria ir, é incrível! – Alena disse.
- Eu fui no clube um dia, aquela vez que eu conheci esse gordinho aqui. – Ela afinou a voz, apertando Lou e ele riu fracamente.
- Eu não sou gordinho! – Ele disse.
- Não? – Ela se abaixou para ficar à altura dele. – E essas bochechas? – Ela apertou as bochechas dele, fazendo-o rir.
- Para, ! – Ele disse rindo e ela abraçou-o, apertando-o e distribuindo vários beijos em seu rosto, me fazendo sorrir com a gargalhada de ambos e Lena me empurrou pelo ombro.
- Não faz isso... – Pedi em um sussurro e ela sorriu, passando a mão em meu ombro.
- Mas eu prometo que vou um dia. – disse. – Só não sei quando.
- Ok. – Sorri e ela retribuiu.
- Ah, Gigi e , achei vocês! – Virei o rosto, vendo Angela se aproximar.
- Ei, Angela, o que foi?
- Precisamos de vocês dois para entrevistas. – Ela disse.
- Até eu? – apontou para si.
- Diretora de contabilidade, top três, responsável pela contratação de 20 jogadores do elenco? – Ela disse como se fosse óbvio.
- Você contou, né?! Só para me dizer isso! – disse e ambas riram.
- Obviamente! – Angela disse e negou com a cabeça. – E logo o pessoal vai subir para o coquetel, eles precisam de vocês lá. – Suspirei fundo.
- Ok, eu preciso me trocar. – Falei, coçando a nuca.
- Eu também, trouxe outra roupa. – disse.
- Então vão! – Angela disse.
- Eu encontro vocês depois, ok?! – cumprimentou Alena com dois beijinhos e se abaixou para Lou abraçá-lo.
- Eu posso ficar com os meninos agora, se quiser ir. – Falei para Alena.
- Eu posso ficar, se não se importar, eu tenho minhas amigas ainda. – Alena disse.
- Sim, por mim tudo bem. – Sorrimos e vi a um pouco mais longe, abraçando Dado e Tomasso, filho de Marcone.
- Eu sei que você não pode fazer a coisa certa agora, mas faça o máximo que conseguir para não perder isso, ok?! – Alena disse baixo para mim e eu assenti com a cabeça, cumprimentando-a rapidamente.
- A gente se fala lá em cima, tudo bem? – Acariciei a cabeça de Lou.
- Tudo bem. – Lou sorriu e virei para Dado, vendo que já havia andando para dentro.
Ri fracamente e segui na mesma direção dela, acenando para algumas pessoas e cumprimentando outras conforme eu era parado ou o pessoal fazia alguma brincadeira comigo, inclusive Pepe que quase tentou me derrubar, mas não era a primeira vez. Entrei no túnel, vendo Manu conversando com Barza, Morata e Evra, com algumas crianças em volta e assenti, entrando no vestiário.
- Aqui, Gigi! – Angela me esticou o terno e indicou o banheiro. – Depois sobe para zona mista.
- Ok! – Falei, passando pelo meu armário para pegar minha necessaire e segui até o banheiro, vendo a luz acesa. – Alô? Tem alguém aqui?
- Quem você acha, Gianluigi? – falou e rimos juntos.
- Opa, desculpa! – Falei e deixei minha bolsa na pia antes de entrar em uma cabine.
Tirei as luvas, tênis e o uniforme que eu usava e troquei pelo terno completo, calça, camisa, paletó e, mais uma vez, apanhei um pouco para dar o nó da gravata, bufando logo em seguida. Ouvi o barulho da pia e ponderei com a cabeça. Era óbvio.
- ?
- Ainda sou eu! – Ela disse e eu saí da cabine.
- Você vai ter que me ajudar aqui. – Falei, ajeitando a altura da gravata e ergui meu rosto para ela, vendo-a inclinada na pia enquanto passava um batom vermelho nos lábios.
Ela usava um vestido preto curto, que deixava os joelhos à mostra, ele tinha alças, mas também tinha alguma coisa caída nos ombros e era mais justo na parte do tórax, deixando seus seios em evidência. Desci o olhar pelas suas pernas, vendo uma sandália diferente de antes.
- Uau! – Falei e ergui o rosto para ela novamente. – Você está um espetáculo! – Vi suas bochechas enrugarem e ela revirou os olhos antes de se virar para o espelho novamente.
- Você não está nada mal também. – Ela disse, pressionando levemente os lábios um no outro e passou o dedo na lateral dos mesmos para tirar um borrado.
- Você só tem vestido preto no seu armário, não é?! – Falei e ela riu fracamente.
- Acabou virando minha marca registrada, preto ou branco, mas o preto é mais fácil no geral. – Ela deu de ombros e jogou seus cabelos longos e para o lado, dando uma leve batidinha nos mesmos.
- Aceita me dar uma ajuda aqui? – Perguntei e ela virou o rosto.
- Você já tem 37 anos, Gianluigi, precisa aprender a dar o próprio nó. – Ela se aproximou de mim.
- Eu sei, só não tão bom. – Falei e ela riu fracamente, pegando as duas partes.
- Eu, que não tive uma figura paterna para precisar auxiliar, sei. – Ela disse, se aproximando e mim e senti sua respiração em meus lábios.
- Eu posso abusar um pouco disso. – Ergui o rosto, sentindo-a fechar os últimos botões da blusa. – Gosto mais quando você abre...
- Gianluigi... – Ela me repreendeu, forçando a gravata e ri fracamente.
- Scusi. – Falei e ela riu, focando no nó. – Mas eu não menti.
- Gianluigi Buffon, para! – Ela falou, soltando o nó novamente e ergui minha mão para sua cintura, percebendo que ela estava ficando nervosa.
- Só sou eu, . – Falei e ela ergueu o olhar para mim e notei que ela estava desanimada.
- Eu sei! E seria mais fácil com qualquer outra pessoa. – Ela disse, voltando a fazer o nó, dessa vez mais rápido. – Pronto! – Ela ergueu a mesma e ajeitou a gola da blusa. – Você está bonito, só dar uma ajeitada nesse cabelo e está tudo certo. – Ela passou a mão no mesmo, tirando alguns papéis picados. – Fico surpresa com a diferença que esses ternos fazem em você.
- Eu aposto que temos esse contrato por causa de você. – Falei.
- Beh, posso garantir que nossos jogadores possuem uma imagem muito melhor lá fora. – Ela disse, passando as mãos em meus ombros.
- Não posso reclamar! Você adora! – Falei e ela sorriu, pressionando os lábios devagar.
- Sabe de uma coisa? Esqueci de te parabenizar pelo pênalti hoje. – Ela disse, se virando para pia de novo.
- Ah, foi ótimo, até o rebote. – Bufei, me virando para o mesmo também, abrindo minha bolsinha.
- Você dificilmente pega rebote, Gigi! – Ela disse e eu suspirei. – Mas, mesmo assim, foi incrível. – Ela sorriu, passando um pincel grosso em seu rosto.
- Hoje eu também completo 900 jogos na minha carreira. – Falei, suspirando.
- 900 jogos no total? – Ela perguntou surpresa.
- Sim! Desde o Parma. – Falei, sorrindo.
- Meu Deus, Gigi. Isso é incrível! – Ela sorriu. – Dio mio! É muito jogo! – Ela sorriu e peguei um pouco de gel, colocando na mão.
- Nem fala, parece que foi ontem que tudo começou. – Falei, passando as mãos pelo cabelo, jogando-o para o lado.
- 1995, não foi? – Ela perguntou.
- Sim! – Falei. – 19 de novembro. – Suspirei. – Parma e Milan.
- Sua estreia foi contra o Milan? – Ela perguntou surpresa.
- Sim, foi! – Ri fracamente. – Empate 0x0.
- Nossa, Gigi! – Ela sorriu. – Isso é sensacional! Quantos anos você tinha?
- 17. – Falei. – Faria 18 em janeiro.
- Nossa, eu tinha 14 anos. – Ela disse rindo.
- Onde você estava nessa época? – Perguntei e ela virou o corpo para mim, pensando.
- Acho que eu estava me preparando para ir para Nápoles, cheguei lá em janeiro de 96. – Ela mordeu o lábio inferior e se arrependeu logo em seguida, sorrindo para o espelho para ver se o batom não tinha sujado seus dentes.
- Eu acho que a gente jogou uma vez em Palermo, tenho uma vaga lembrança, mas não consigo confirmar se foi nesse ano, eu estava com a Primavera ainda, viajava esporadicamente com eles. – Falei.
- Será que a gente se encontraria se eu tivesse algum interesse em futebol naquela época? – Ela perguntou, virando o rosto para mim.
- Imagina? A gente se conhece, se apaixona, dois jovens bobos, começamos a trocar cartas...
- Cartas, Gianluigi?
- 1995, , qual é! – Falei e ela gargalhou.
- È vero! Mas acho uma realidade muito irreal, se a gente não se acerta hoje, imagina com mais seis anos? – Ela perguntou.
- Talvez as coisas teriam sido diferentes. – Guardei o tubo e lavei as mãos rapidamente.
- Ou talvez só acrescentaríamos seis anos na nossa bagunça, qual é, Gigi, eu tinha 14 anos, meu primeiro namorado foi com... – Ela ponderou com a cabeça. – 18 anos. – Ela riu fracamente.
- Talvez tivesse começado mais cedo. – Falei e ela empurrou meu ombro com a mão, me fazendo sorrir.
- Não fala besteira, Gigi.
- Ah, só pensando... – Falei, secando a mão na toalha rapidamente.
- São os desencontros da vida. – Ela disse. – Eu pensei isso com o Barza um dia, mas quando ele foi para o Palermo, eu já estava aqui. – Ela negou com a cabeça.
- Cada um corre uma linha, né?! E nossos caminhos acabam se cruzando. – Falei.
- É... Eu não estou gostando desse papo. – Ela disse, guardando as coisas em sua nécessaire e rimos juntos. – É melhor a gente ir antes que a Angela entre aqui atrás da gente.
- É, claro! – Falei. – Só tem... – Indiquei seu rosto.
- O quê? – Ela perguntou, passando as mãos nos cabelos.
- Vem cá! – Falei, vendo-a dar um passo para frente e olhar em meus olhos.
- Você está me zoando, não está? – Ela perguntou baixo.
- Não, não estou. – Disse, segurando em sua nuca e colei meus lábios nos dela por poucos segundos até ela se afastar.
- Gigi! – Ela deu um tapa em minha mão.
- É só um beijo! – Falei e ela revirou os olhos.
- Vai destruir minha maquiagem e deixar seus lábios avermelhados, vai ser ótimo para explicar isso, não é?!
- Ah, se o motivo é esse, eu arranjo uma desculpa facinho. – Falei, acariciando seu rosto. – Você está muito linda para eu não fazer isso.
- Você é terrível, já falei isso? – Ela perguntou.
- Ei, não é como se fosse novidade, eu te conheço há 14 anos. – Pensei um pouco.
- Já falei que eu te odeio? – Ela disse.
- Já e da última vez doeu de verdade. – Fiz um bico e ela revirou os olhos.
- Você é impossível.
- Obrigado?! – Sorri e ela virou o rosto para o lado novamente.
- Você tem alguma coisa com vestiários, sabia? – Ela disse, me olhando novamente.
- Ah, só Trieste, mas se quiser, podemos testar aqui de Turim mesmo, deve ter uns esconderijos bons! – Brinquei e ela me empurrou para trás. – Ok, parei de gracinhas. – Falei rindo e ela se aproximou de mim também.
- Cala a boca antes que eu me arrependa! – Ela disse, segurando nas laterais do meu paletó e colou os lábios nos meus.
Fiquei desconcertado por alguns segundos e passei minhas mãos em sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Entreabri os lábios, deixando sua língua vir até a minha e ela ergueu uma mão até minha nuca acariciando-a levemente, passando a unha pelo meu pescoço, me causando arrepios. Tombei a cabeça para o lado, sugando sua língua até a minha, ouvindo-a suspirar.
Desci minha outra mão para sua cintura, pressionando-a entre meus dedos e subi pelas suas costas, sentindo seu corpo contraído no vestido justo. Ela desceu as mãos pelo meu peito, adentrando em meu paletó e me abraçando pela cintura. Subi uma mão até seu rosto, acariciando sua nuca e dei um curto sorriso antes de levar minha língua na sua mais uma vez.
- CAHAM! – Pulei para o outro lado e vi há quase um metro longe de mim e levei a mão até a boca, virando o rosto para porta, vendo Manu com aquele sorriso sarcástico que só Emanuelle sabe dar. – Assim, isso é algo novo para mim, mas eu realmente não me importo, só comprovou que vocês realmente têm química. E que química, hein?! – Ela piscou para gente. – Mas eu posso fazer xixi? – Ela perguntou e gargalhou, virando o rosto para a pia.
- Claro! – Falei, negando com a cabeça e ela seguiu até uma das últimas cabines e tombei a cabeça para o lado, vendo negar a cabeça para mim.
- GIGI, LIMPA ESSA BOCA, PELO AMOR DE DEUS! A ANGELA TE MATA SE VOCÊ APARECER ASSIM NA COLETIVA! – Ela gritou e o som ficou abafado na cabine fechada.
- A gente não pode ficar fazendo isso, muito menos no time. – disse, esticando uma caixa de lenços para mim e peguei alguns.
- Bom, aqui nesse estádio foi a primeira vez.
- Você me entendeu. – Ela disse. – Já não basta o mico que eu paguei em Trieste.
- HUM, TRIESTE! – Manu gritou.
- EMANUELLE, SE TOCA! – Gritei de volta e ela gargalhou.
- SCUSI! – Revirei os olhos e vi meus lábios realmente avermelhados pelo reflexo.
- Talvez você tenha que passar um pouco de base para esconder, mas nossos tons não são o mesmo. – Ela disse e eu suspirei.
- Eu lavo. – Falei, pegando um pouco de sabonete.
- Não vai desfazer o nó que eu acabei de fazer. – Ela disse, também limpando seus lábios e sorrimos cúmplices, rindo logo em seguida. Ah, Deus, até isso era perfeito.
- Pronto! – Manu disse, saindo da cabine e vindo até a pia, pegando a do meio. – Vocês estão lindos! – Ela deu seu sorriso sarcástico.
- Obrigada! – disse.
- Você também. – Falei vendo o vestido preto que ela usava e um salto nos pés. – Essa é nova para mim.
- Ei! Eu posso andar de salto, eu só sou um pouco desastrada e posso cair da escada, mas eu me apoio em qualquer um. – Ela disse lavando as mãos e ri fracamente. – Tem muita gente nesses coquetéis. Além de que eu tirando as festas de Natal, não tem onde se arrumar, preciso aproveitar. – Ela disse, secando as mãos. – Ano passado já foi um velório, eu hein! – Ela disse, virando de costas.
- Ano passado não foi um velório, foi? – Perguntei para .
- Para mim foi! – Ela disse, pressionando os lábios. – Estava tudo bem até você vir pedir desculpas pelos problemas do ano passado. – Ela virou o rosto para mim, pressionando os lábios.
- Scusi! – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Vamos deixar para lá, né?! – Ela disse, virando para o espelho novamente e passando o batom nos lábios de novo.
- É, melhor. – Falei, suspirando e negando com a cabeça internamente.
Terminamos de ajeitar o estrago que nós dois causamos com risos internos e nos separamos para guardar nossas coisas. Aproveitei para organizar o restante das minhas coisas e esperei-a para ir até a zona mista. Allegri, Pavel e Paratici já estavam lá, além de Angela que passou a mão discretamente no pulso e talvez tenhamos enrolado um pouco. Organizamos um pouco e logo fui colocado para falar com Zambruno, do JTV.
- Ciao, Gigi. – Ele disse.
- Ciao, ciao! – Sorri.
- Gigi, allora, quarto scudetto di fila, estamos quase atingindo o mesmo feito de 1930 a 1935, o que pode dizer sobre isso?
- Beh, esse caminho começou há quatro anos com a mudança da equipe administrativa e tem trazido resultados incríveis e penso que sempre deve ser assim pensando na habilidade e características que temos em nosso time, além de um staff técnico de primeiro nível acima de tudo isso. – Ele assentiu com a cabeça.
- E como foi a temporada para você?
- Ah, acho que para mim e para todos os meus companheiros foi uma temporada incrível e importante, só tem um problema que é o último jogo que falta, que é o importante dos últimos 12 anos. – Falei, mordendo a língua fracamente.
- 12 an...
- Guarda isso, Zambruno! – falou atrás de mim. – 12 anos! 12 anos! – Ela falou forçadamente nos fazendo gargalhar e abracei-a de lado.
- E como vocês estão se sentindo agora? – Zambruno perguntou.
- Beh... – Falamos juntos, gargalhando em seguida.
- Parece um sonho ainda. – Falei.
- Ficamos bem, até você lembrar a gente disso. – disse, fazendo-o rir.
- E o que vocês esperam para esse jogo? – Ele perguntou e virei para ela que já me encarava.
- Esperamos uma coisa e é a mesma coisa desde 2003. – disse e assenti com a cabeça, não precisava falar o que era.
- Grazie! – Ele falou e sorrimos juntos.
Nos separamos e ela foi para outro jornalista e eu também. Max dava uma entrevista ao meu lado e falou sobre os três dias de folga, depois voltaríamos a pegar firme. Dia 30 ainda tinha o último jogo para cumprir tabela e eu jogaria para manter o pique, mas depois era só a Champions. A grande final da Champions! Fiquei mais alguns minutos falando com o pessoal, feliz por não ter nenhum ao vivo e eu e acabamos ficando juntos pela demora que voltamos, então acabamos saindo quase juntos também.
- Eu ouvi o Max falar que teremos três dias de folga? – Perguntei lado a lado para ela enquanto seguíamos pelo corredor.
- Sim, inclusive eu, depois vai ser uma correria total. – Ela suspirou.
- Verona, Turim, Berlim? – Perguntei.
- Eu vou para Suíça ainda na quarta-feira. – Ela revirou os olhos.
- Por quê?
- Fechamos parceria com a Hublot, vamos levar alguns de vocês para a fábrica. É um dia só, vamos de jatinho, voltamos, mas é algo chato e eu ficarei de gala o dia inteiro. – Ela soltou um suspiro forçado.
- E você tem que ir?
- Agnelli se negou, Pavel se negou, então sobra eu, porque a parte de comunicação não é nem com o Paratici e nem com o Beppe. – Ela disse.
- E eu vou? – Perguntei.
- Não, você não vai fazer nenhum extra, não queremos você estressado com nada mais do que já tem! – Ela disse, tocando meu braço. – Acho que é Barza, Chiello, Leo, Fer, Pogba, Evra... – Ela forçou para pensar. – Acho que é só. – Ela suspirou e apertou o botão do elevador, se afastando um pouco. – Vamos visitar a fábrica, algumas entrevistas, nada demais. Talvez eu ainda convença o Agnelli de ir, mas se for, capaz de ir nós dois.
- Ah, pelo menos distrai um pouco. – Falei, indicando o elevador quando ele abriu e ela seguiu na frente.
- Não estamos com muito tempo para distrair, Gigi. Todo mundo quer a Juventus por causa da final, jogadores, acordos de transmissão, entrevistas, especiais, isso é muito chato. – Rimos juntos.
- Mas li que ganhamos uma bela grana só por ir na final. – Falei.
- Sim, com certeza. – Ela disse. – Tem suas vantagens, mas está tudo bem cansativo. – Ela mexeu no pescoço, respirando fundo. – Vamos ver o que vai acontecer.
- Sim, vai dar certo. – Sorri e saímos do elevador quando as portas se abriram de novo, dando no último andar do estádio.
- E as coisas contigo? Tudo bem? Nenhuma nova surpresa? – Ri fracamente.
- Não, não, dessa vez não. – Suspirei. – Eu vou ter que ir para Carrara após a final, vou me afastar do time de lá.
- Mesmo? Por quê? – Ela perguntou.
- Ah, as pessoas estão começando a misturar um pouco das coisas, eu quero ser proprietário, não presidente, mas por questões de ações, sócio majoritário e tudo mais, eu precisaria fazer parte de mais coisas, e eu não tenho tempo. – Ele disse.
- Ah, entendo, aqui na Juve é a mesma coisa se você tiver mais do que sete por cento das ações, pode ser votado como presidente nas próximas votações. – Ela disse.
- Ah, mas ninguém pretende tirar o Agnelli, não é?
- Ah, não! – Ela disse, negando com a cabeça. – É uma precaução ou caso ele queira sair mesmo. – Ela suspirou. – Ah, droga, tem reunião de conselho dia 31. – Ela tombou a cabeça para trás.
- Você é do conselho? – Perguntei.
- Mais ou menos. – Ela suspirou. – Eu tenho cinco por cento de ações do time, isso não me coloca como conselho, mas eu sou diretora de contabilidade, então eu preciso apresentar os relatórios para eles, o que acaba me fazendo parte das reuniões.
- Ah, entendi, mas se tiver algum problema que precise de votos, você não...
- Não, não, eu viro mediadora! – Ela disse. – Eu vivo comprado ações do time, comprei mais algumas com a ida para a final, mas não tenho intenção disso, o bom de ser diretora é que eu tenho o poder, o monetário, a valorização e pouca atenção externa. – Ela deu de ombros. – Estou muito bem com isso. – Sorrimos juntos.
- Se você está feliz, eu estou feliz. – Falei, entrando com ela no Club Legends, o maior restaurante que fica dentro do estádio, vendo diversas pessoas ali.
- A Giovanna e o pessoal viriam hoje, vou tentar encontrá-los, ok?! – Ela disse, inclinando sobre mim e deu um beijo leve em minha bochecha.
- Ok, depois eu te encontro. – Falei sorrindo e ela retribuiu, atravessando o restaurante e eu suspirei, sabendo que não pararia de sorrir tão rápido.
- Oi, Gigi! – Virei para o lado, vendo Manu sorrindo.
- Ah, você! – Falei e ela riu fracamente.
- Você está com uma marquinha aqui! – Ela tocou a bochecha e rimos juntos.
- Não fala isso para ninguém! – Sussurrei para ela que riu.
- Você vai perceber que eu sou muito boa em guardar segredos. – Ela fingiu fechar a boca com um zíper e sorrimos juntos. – Eu acho que Pavel está me chamando, licença! – Ela disse e neguei com a cabeça, suspirando.


Capitolo sessantuno

Lei
Primeiro de junho de 2015
- FECHA MAIS! MAIS! – Ergui o olhar para os gritos de Allegri novamente e olhei para o campo, vendo Chiello e Leo tentando fechar a passagem de bola de Morata para não chegar em Gigi, mas acabou que Chiello mandou a bola para fora.
Bocejei, escondendo a boca com as mãos e desci os olhos novamente para o contrato em minha mão e joguei os cabelos que caíram na frente para trás. Segui pela leitura, passando pelas minhas marcações em caneta vermelha o marca-texto amarelo que eu havia ido antes. Estava tudo certo, eu só estava me preocupando demais. Só mais cinco dias, , respira fundo.
- Buongiorno, chefa! – Ergui o rosto, vendo Manu subindo na área dos reservas que eu estava.
- Oi, Manu, buongiorno! – Falei e ela tirou a mochila das costas, colocando no chão. – Recebeu minha mensagem?
- Sim, recebi! – Ela disse. – Desculpa o atraso, meu cartão lá da frente não passava.
- Não se preocupe, não estamos muito ocupados aqui, como você ver. – Indiquei o campo e ela virou para o mesmo.
- O que estamos fazendo aqui? – Ela perguntou.
- Só treinando. – Falei, suspirando.
- Ah ! – Ela disse. – Precisa de alguma coisa?
- Por enquanto não, só estou revisando os últimos contratos, vendo informações de hotel, horários, voos, nada demais. – Falei.
- Ah sim! – Ela disse.
Suspirei, mudando os papéis na pasta e dei outra revisada nas informações de voo. Horário que sairíamos aqui, horário de chegada previsto em Berlim e qual seria nossa programação. Estava tudo perfeito e tudo ajeitado. De vez em quando eu me distraía com Allegri gritando lá embaixo com os jogadores.
- Ok, eu gosto de vê-los treinando, mas isso é um saco! – Manu disse e virei o rosto para o lado, vendo-a quase deitada na poltrona e os braços cruzados, me fazendo rir fracamente.
- Protocolos da Champions, Manu! Treinos no estádio, media day, além da obsessão clara de alguns interessados. – Suspirei.
- Acho que do time inteiro. – Ela disse erguendo o corpo e rimos juntos.
- Bom, eu já reli isso umas 12 vezes e ainda não acho o suficiente. Eu estou muito nervosa! Com o jogo, com a situação. – Suspirei, colocando o contrato com força na pasta novamente e deixei-a no banco ao lado.
- O estádio vai ser o mesmo da final da Copa de 2006, não vai? – Ela perguntou.
- Sim, vai! – Suspirei, coçando a testa.
- Ele é meio importante, não é? – Ela se levantou, se espreguiçando ao meu lado.
- Para mim é muito importante por um motivo, para Gigi por outro e para ele e Barza por outro, então sim! Mas por que pergunta?
- Ah, eu meio que ouvi o pessoal cochichando no dia da comemoração, lá foi onde você e o Gigi... – Ela ponderou com a cabeça, fazendo uma careta.
- É, de certa forma foi onde minha história e do Gigi terminou. – Neguei com a cabeça. – É uma situação que eu não gosto de pensar, mas também foi importante para Itália de forma geral, nos tornamos tetracampeões lá.
- E como vocês estão com isso? – Ela perguntou cautelosamente.
- Eu estou nervosa demais. – Fui honesta. – Estou com medo de que isso traga péssimas lembranças, que eu seja injusta com o Gigi, que a gente brigue ou algo assim. – Suspirei.
- Mas por que você diz isso? – Ela perguntou.
- Pela situação toda, nós estamos bem, mas não consigo não pensar em tudo o que está acontecendo com a gente, sabe? – Engoli em seco. – Pensar que ele vai continuar com ela, vai criar família com outra, me dá vontade de vomitar.
- Mas ele te ama, ! Ele já deixou isso claro! – Ela disse.
- Sim, mas isso não muda nada quando ele ainda vai ficar dividido. – Bufei baixo, puxando a respiração fortemente. – Vamos mudar de assunto, por favor, fingir que as coisas não existem acabam sendo melhores para mim. É uma realidade talvez torturante, mas eu prefiro.
- Você não está errada. – Ela disse, suspirando. – Ele também prefere isso, aposto. – Dei um pequeno sorriso.
- Valeu, Manu. – Falei e ela se sentou ao meu lado, voltando a olhar para o campo e percebi que Allegri havia parado e eles estavam descansando, largado pelos cantos no campo.
- Tem coletiva hoje? – Ela perguntou.
- Tem sim, 10 horas. – Falei. – Acho que o Marchisio vai hoje com Allegri. – Falei.
- Ah, entendi! – Ela disse.
- Você está entediada, não? – Perguntei.
- Um pouco. – Rimos juntas.
- Vai lá com eles, se distrai um pouco. – Falei e ela suspirou.
- Ok! – Ela disse, descendo as escadas do banco de reservas, pisando no gramado novamente e a vi se aproximar de Allegri e apertar a cintura dele de costas, fazendo-o o pular alguns centímetros, fazendo o pessoal mais perto gargalhar.
- O que está fazendo aqui? – Allegri perguntou.
- Eu estou entediada. – Ela disse.
- Ah, ! – Ele disse, erguendo o olhar para mim e eu dei de ombros, me aproximando da beirada e apoiando as mãos na marquise.
- Posso fazer uma brincadeirinha com eles? – Ela perguntou fazendo uma careta.
- A gente tem uma final para jogar em cinco dias, Manu, ninguém pode se machucar. – Ele disse.
- E quem disse que vai? – Ela disse. – Eles são tontos, mas nem tanto. – Gargalhei, jogando a cabeça para trás e eles viraram para mim, rindo.
- Ok, cinco minutos, precisamos voltar! – Ele disse e ela veio saltitando em minha direção de novo, subindo os degraus. – Onde vai?
- Espera aí! – Ela disse e subiu na poltrona mais próxima e me perguntei se ela seguro ela fazer isso. – OLHA AQUI TODO MUNDO! – Ela gritou e me assustei com a altura que sua voz subiu.
- FALA, AMOR! – Pogba gritou.
- FALA, PESTE! – Barza gritou.
- Vou fingir que não ouvi, também te amo, Barza. – Ela disse. – TODO MUNDO JÁ OUVIU FALAR NA BRINCADEIRA “O CHÃO É LAVA”?
- SIM! – Os mais novos falaram.
- NÃO! – Os mais velhos replicaram.
- Ah, que vergonha. – Ela disse baixo rindo. – Enfim, quando alguém gritar “o chão é lava”, vocês têm cinco segundos para sair correndo e pisar em qualquer outro lugar que não seja o chão. – Ela gritava. – Nesse baixo, o gramado! – Ela falou. – NINGUÉM SE MEXE! – Ela falou mais alto quando alguns tentaram fugir.
- E SE A GENTE NÃO CONSEGUIR SAIR EM CINCO SEGUNDOS? – Marchisio perguntou.
- Eu farei um esforço em aceitar 100 euros de cada um de vocês! – Ela disse, fazendo o pessoal gargalhar, inclusive eu ao seu lado.
- Bom, a ideia não é ruim! – Allegri disse rindo. – Vamos lá?
- VOCÊS NÃO PODEM ESTAR FALANDO SÉRIO! – Pepe gritou.
- 100 euros para ela? – Vidal disse gargalhando.
- Vocês não têm nada a perder! – Manu disse, dando de ombros. – Eu já posso ganhar... – Ela começou a contar cada um dos jogadores. – 2700 euros! – Ela disse rindo. – Imagina? Tudo isso de pizza? – Ela virou para mim e eu ri fracamente, ouvindo Morata gargalhar alto, fazendo todas as risadas ecoarem junto.
- Vai dividir com a gente? – Gigi gritou, apoiado no gol.
- Eu vou pensar sobre! – Ela disse e ri fracamente.
- PAREM DE ENROLAR! – Allegri disse e eu gargalhei.
- Vai, Manu! – Falei.
- Ok! – Ela respirou fundo, pulando da poltrona e se aproximou da beirada novamente. – O CHÃO É LAVA! – Manu se esgoelou e gargalhei ao ver todo mundo saindo correndo. – CINCO!
Gigi foi o primeiro a se ajeitar, ele subiu no gol e se sentou no topo do mesmo. Como ele fez isso foi que eu fiquei surpresa, Storari e Chiello fizeram o mesmo. Agora os outros idiotas não pensaram com a mesma cabeça.
- QUATRO!
Vidal e Pogba tropeçaram até falar chega, Pepe tentou se equilibrar em cima do saco de bolas, mas ele se abriu como um poço embaixo dele. Leo tentava se manter preso à baliza como o Tarzan no cipó.
- TRÊS!
Tevez subiu nas costas de Morata e o mais novo saiu correndo para as laterais do campo. Llorente me parecia um Lorde correndo até os bancos reservas. Os reservas subiram nas áreas de reserva com facilidade.
- DOIS!
Pirlo e Marchisio trombaram na hora de subir nos cantos do estádio e quase caíram. Evra e Cáceres empurravam para tentar se sabotar entre si. Barza teve um estalo e subiu para onde estávamos, desviando rapidamente de mim e de Manu.
- UM!
Ogbonna acabou pulando nas costas de Rubinho e o goleiro foi de cara no chão. Padoin fez o mesmo em Lich, mas o suíço jogou-o no chão e tentou subir no banco, mas Barza o empurrava para baixo e eu gargalhei.
- ZERO! – Ela gritou e coloquei a mão no rosto, soltando uma gargalhada alta até demais. – RUBINHO, CÁCERES, EVRA, OGBONNA, PEPE, ASA, LICH, MORATA, MATRI E LEO! VOCÊS ME DEVEM 100 EUROS! – Gargalhei com ela.
- EU DESLIZEI! – Leo gritou e rimos juntos.
- Está pisando na grama. – Manu disse, colocando as mãos na cintura e rimos juntos. – Mil euros, acho que está bom. – Ela disse e vi Gigi pular da baliza.
- Certifique-se que eles pagam ou desconto da próxima multa! – Falei e eles riram fracamente.
- Eu sou um homem de palavra. – Pepe se aproximou. – Assim que aqui acabar, eu te dou.
- Sem problemas. – Manu disse rindo.
- Ok, agora quem não estiver machucado, volta para o campo. – Allegri disse. – Manu, se por algum motivo alguém estiver machucado por isso, você vai para o campo.
- Tudo bem, mas eu só jogo na defesa! – Ela sorriu e rimos juntos.
- O Barza é puttano, cara! – Lich disse e neguei com a cabeça.
- Traiçoeiro, hein?! – Falei para Barza e ele gargalhou.
- Ah, que mal faz? – Ele disse, descendo os degraus e eu ri fracamente.
- Bom, eu vou tomar um café. Se eu for ficar mais três horas aqui, eu preciso de algo para me manter bem. – Bocejei, colocando a mão na boca e peguei a pasta ao meu lado antes de seguir pelas escadas.
- Dormiu tarde ontem? – Manu perguntou, descendo atrás de mim.
- Não, a Giovanna fez uma festa para os gêmeos e eu fui lá, muita moçada, muito grito, muita bagunça... – Ri fracamente. – Acho que não estou mais acostumada com isso.
- Quantos anos? – Ela perguntou.
- 16. – Suspirei. – Imagina só a bagunça!
- É, imagino mesmo. – Ela sorriu. – Mas pelo menos foi legal.
- Sim, com toda certeza. Só falta a Giulia! – Suspirei.
- Quando ela vem? – Ela perguntou.
- Não sei ainda, ela disse no meio do ano, mas vai saber exatamente quando, né?! – Segui pelo túnel.
- Ah, logo ela está aqui, você tem como se distrair enquanto isso. – Ela falou.
- Sim, eu sei. – Suspirei, apertando o botão do elevador. – Vamos lá, né?!
- Vamos! – Ela falou animada e eu dei um curto sorriso.
- Fino alla fine. – Falei baixo e suspirei quando ele se abriu em minha frente.

Lui
Cinco de junho de 2015
O ônibus parou em frente ao aeroporto e respirei fundo, me levantando junto do pessoal. Peguei minha mochila no bagageiro e segui pelo corredor. Cumprimentei o motorista e desci as escadas, seguindo até o fundo do ônibus e vi o outro motorista tirando as malas. Procurei a minha rapidamente entre elas e puxei, seguindo para dentro do aeroporto.
Alguns repórteres e jornalistas estavam na entrada, mas Angela indicou com a mão para andarmos e conteve o assédio. Passamos rapidamente pelo despache das bagagens e entramos na fila da emigração. Peguei o passaporte na mochila e o abri devagar, dando uma olhada na passagem ali dentro.
- Está precisando atualizar essa foto. – Virei para trás, vendo e ri fracamente.
- Preciso fazer outro, não tenho mais páginas. – Deslizei os dedos pelas páginas e ela riu fracamente.
- Quantos você tem? – Ela perguntou.
- Esse é o terceiro. – Falei, fechando e ela riu fracamente.
- Segundo! – Ela sacudiu o dela e puxei de sua mão. – Gigi! – Ela me chamou.
- Deixa eu ver! – Falei e abri a primeira página, vendo sua foto de alguns anos atrás, nada muito diferente do hoje. – De quanto é?
- 2011. – Ela disse, puxando-o de volta.
- Ah, é relativamente atual! – Ele disse e eu ri fracamente.
- Eu tinha outro, mas venceu! – Ela disse e dei alguns passos para frente. – Não viajava tanto. Usei para Londres, Suíça e Alemanha 2006. – Ela disse e virei o olhar para ela, vendo-a com os lábios pressionados.
- Cazzo. – Falei baixo e ela riu fracamente.
- Vamos lá! – Ela disse, apertando meu ombro e assenti com a cabeça.
- Vamos sim, amore. Vamos passar por isso. – Suspirei.
- Cia-a-ao! – Manu passou por nós pela fila de estrangeiros e rimos juntos.
- Vai! Está quase na sua vez. – indicou e virei para frente, esperando minha vez.
Passei pela imigração rapidamente e segui em direção a sala de embarque VIP com o resto do pessoal. Durante o caminho, alguns torcedores me pararam e acabou que me alcançou, acenando com a mão, fazendo seu vestido girar junto do corpo. Todos usavam os ternos do time, com exceção das mulheres que nos acompanhavam, elas usavam um vestido preto simples e só mudava o calçado de cada uma. estava com um sapato de bico fino preto que parecia deixar suas pernas mais longas ainda, em compensação, Manu estava com um All-Star de cano baixo, tropeçando em todos os cantos.
Não precisamos esperar quase nada, pois já nos indicaram o caminho para a aeronave. Caminhamos pela pista e afunilou quando começamos a subir as escadas. Acenei para os funcionários de bordo e vi o pessoal na minha frente começar a se espalhar pelo local, procurei com o olhar e encontrei-a mais no fundo com Manu. Na verdade, eu encontrei Manu primeiro, ela tinha trançado seus cabelos, deixando a franja cair no rosto e passou um batom forte nos lábios, o que realçava sua beleza. Seu largo sorriso era contagiante. Desviei de algumas pessoas e me aproximei delas.
- Ei, tem espaço para mais um? – Perguntei, tirando a mochila das costas e riu fracamente.
- Olha que conveniente, o Barza está louco para eu sentar com ele, não está? – Ela disse pegando sua mochila.
- Não estou não! – Ele falou da fileira do lado.
- Xi! – Ela disse e deu a volta por trás das poltronas para seguir para o corredor do lado e ri fracamente.
- Delicada como um hipopótamo! – disse, ajeitando sua mochila no local de onde estava a de Manu antes.
- Pelo menos ela percebeu que eu queria ficar só contigo. – Falei, ajeitando minha mochila ao lado da dela.
- Ah é? Por quê? – Ela virou o rosto para mim.
- Eu sempre quero ficar sozinho contigo, . – Falei e ela riu fracamente, deslizando o corpo no corredor e sentou na poltrona ao lado do avião.
- Isso eu sei, mas costumam vir com segundas ou terceiras intenções. – Ela disse. – Apesar de parecer ser excitante, eu não vou transar contigo no banheiro. – Ela disse mais baixo e rimos juntos.
- Eu estou aqui, ok? – Pavel ergueu a mão na poltrona da frente
- E eu também! – Trezeguet disse ao seu lado e gargalhamos juntos antes de eu entrar no mesmo corredor e me sentar ao seu lado.
- Parece ser excitante sim, mas não. – Falei e ela pressionou os lábios em um sorriso. – Não hoje, pelo menos. – Sussurrei.
- Gigi! – Ela disse e sorri, afivelando o cinto.
- É brincadeira. – Falei, suspirando. – Só queria checar se você está bem.
- Por que eu? Eu não vou jogar amanhã, sabe? – Sorri. – Se puder colocar a mão na bola, talvez tenhamos um pouco mais de chance.
- Quer trocar de lugar comigo? – Perguntei e ela ponderou por alguns segundos.
- Com certeza não! – Rimos juntos. – Eu confio muito em você, Gigi. – Ela suspirou. – Você é o melhor goleiro que eu já vi jogar. – Ela mordeu o lábio inferior. – E eu já vi bastante.
- Levando em conta isso, eu vou acreditar em você. – Brinquei e ela riu fracamente.
- Não posso nem reclamar do seu ego nessas situações. – Ela suspirou.
- Vocês me fizeram! – Brinquei.
- Eu culpo o Giorgio nisso, eu não paguei 53 milhões de euros por você! Não paguei para ninguém, na verdade. – Ela disse e gargalhamos juntos.
- Se fosse hoje, você pagaria? – Perguntei e ela negou com a cabeça.
- Eu não consigo visualizar isso. Hoje para mim você é o melhor do mundo na posição, agora não sei se com meus conhecimentos de hoje, eu contrataria o Buffon de 23 anos. Agora pensando em você pela sua idade, é um tanto irreal. – Ela fez uma careta. – É triste dizer, mas você está ficando velho. – Ela disse, mordendo sua língua e sorrimos juntos.
- Me chamou de velho na cara dura, mas ok, tudo bem. – Disse e olhei para a aeromoça que dava as instruções de decolagem.
- Mesmo te chamando de velho, eu não te trocaria. – Ela disse mais baixo, com um sorriso no rosto. – Aprendi muito com o Giorgio, confiava muito nele. E confiei muito naquela Juventus. – Ela disse. – Vocês me ensinaram muito, sabia?
- Obrigado! – Trezeguet e Pavel disseram nas poltronas da frente e revirou os olhos.
- Vocês são impossíveis! – Ela disse.
- Ei, os quatro mosqueteiros, estamos juntos de novo, gente! – Trezeguet disse. – Assim, agora só um faz o trabalho, mas ainda assim.
- Obrigado pela parte que me toca. – Falei e os três riram fracamente.
- Deixa eles! – negou com a cabeça. – Isso é inveja! – Ela falou um tanto mais alto e eu sorri.
- Confesso que gostaria de tê-los comigo nessa. – Falei.
- Estaremos contigo, Gigi. – Pavel disse. – De uma forma ou de outra.
- Vocês vão me deixar emotivos assim. – Disse e gargalhou, tombando a cabeça para o meu ombro, escondendo a boca para abafar o som.
- Você? Emotivo por isso? É o Pavel! – Ela disse e gargalhamos juntos, vendo algumas pessoas em volta olharem para gente rindo também.
- Ei, ei, lindinha! Eu estou aqui ainda! – Ele disse e ela negou com a cabeça.
- Vocês não são do tipo emotivos, nem vem! – Ela disse.
- Ah, eram! – Trezeguet falou. – Quando avançava de fase e começava a choradeira, vixi! – Ele disse, fazendo-a rir. – Nunca vi tanto homem chorando na minha vida.
- Ei, cara! – Chutei a poltrona da frente e ele gargalhou.
- Você é um pouco emotivo. – Ela disse baixo, inclinando um pouco para mim.
- Abafa, , por favor. – Falei e sorrimos juntos.
- Está tudo bem, eu não me importo. – Ela sorriu.
- Portas em automático. – A voz ecoada do piloto saiu pelos autofalantes
- Vamos lá. – Ela disse, apoiando as mãos na poltrona e coloquei a minha em cima da dela.
Ficamos em silêncio quando o barulho do motor aumentou e entrelacei nossos dedos pelos segundos que se seguiam. Sua mão apertou a minha e tombei a cabeça para seu lado, dando um beijo em sua cabeça e ela fechou os olhos até pouco tempo depois que o avião nivelou. Ela abriu os olhos devagar e respirou fundo.
- Ah, me dá zonzeira. – Ela disse suspirando.
- Está tudo bem?
- Sim, está. – Ela disse, inclinando a cabeça para trás e suspirou.
- E está tudo bem mesmo? – Perguntei, virando o corpo um pouco de lado e ela fez o mesmo.
- Sim. – Ela suspirou. – É só difícil, sabe? Saber aonde estamos indo e o que aconteceu lá. – Sua voz saiu baixa, falhando em alguns momentos.
- Eu estou aqui contigo, . – Falei no mesmo tom. – Apesar de tudo aquilo, ainda estamos aqui, juntos.
- Não exatamente. – Ela disse e levei uma mão para seu rosto, acariciando-o levemente e joguei uma mecha para trás.
- Sim, estamos. – Falei. – A vida já nos mostrou que sim, não importa exatamente como, mas estamos juntos. – Ela deu um curto sorriso, soltando um longo suspiro e levou a mão ao meu peito, passando a mão na gravata.
- Você ainda não sabe dar nó nisso mesmo, né?! – Ela disse e rimos juntos.
- Não muda de assunto, . – Falei e ela ergueu o olhar para mim. – Eu estarei contigo quando você entrar naquele estádio e estarei contigo quando sair.
- E você? – Ela perguntou. – Você não está... Com medo? – Ela perguntou cautelosa e sorri.
- Sim, eu estou. – Falei baixo. – Mas eu vou estar contigo e você me dá uma força que eu não sei nem de onde vem. – Ela sorriu. – Vamos conseguir, . Tudo. – Falei e ela assentiu com a cabeça, suspirando.
- Tudo? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Daremos nosso melhor. – Ela confirmou.
- Eu vou torcer por você da mesma forma que eu torci por você na última vez que eu vim para esse estádio. – Ela disse, assentindo com a cabeça.
- Antes de tudo? – Perguntei.
- Sim! – Ela suspirou. – Eu estava torcendo por você antes de tudo. – Ela disse. – Fiquei com dó do Trezeguet perder o pênalti... – Ela aumentou o tom de voz e sua risada ecoou à nossa frente.
- Ai, , não fala disso, dói! – Ele disse e rimos juntos.
- Tudo bem, durou só alguns segundos. – Ela disse, suspirando.
- Agradeço pelo seu eterno apoio, , mas tudo bem, sempre soube que você tinha um favorito. – Ele disse, fazendo-a alargar o sorriso. – Ainda tem!
- Ah, mas esses meninos são melindrosos demais! – Ela disse e eu sorri.
- Não menti! – Ele disse e ela olhou em meus olhos.
- É, não. – Ela disse baixo e eu sorri.
- Ragazzi, ragazzi! – Virei o rosto, vendo Angela na frente das fileiras de poltronas. – Antes de vocês tirarem alguns minutos de descanso, quero passar o cronograma para vocês. – Ela disse e também se ajeitou ao meu lado, olhando para ela. – Chegando em Berlim, vamos direto para o hotel Regent, ficaremos lá até dia sete, independente do resultado. Nossa saída vai ser meio-dia do dia sete. – Assenti com a cabeça. – Chegaremos lá por volta das 11 da manhã, vocês vão para seus quartos, descansem e se arrumem. – Cocei a nunca. – O almoço vai servir uma da tarde, as quatro vamos para o estádio. Vocês farão três horas de treino, sendo que uma hora vai ser dedicada para coletiva e entrevistas. Allegri, Buffon e Bonucci, é com vocês hoje! – Ela falou e eu ergui o polegar para cima, já era esperado. – Às seis horas eu quero todo mundo de volta para o ônibus, não podemos atrasar em nada, voltaremos para o hotel, o jantar será servido as sete horas e vocês podem relaxar, se divertir, dormir, fiquem à vontade.
- Como se fosse fácil relaxar. – disse ao meu lado e assenti com a cabeça.
- Amanhã o dia será totalmente de relaxamento. Café da manhã das oito às 10. Almoço da uma às três, lanche das cinco às seis. – Ela falou. – 18:45 vamos para o estádio, protocolos tradicionais de jogo, 20:45 temos o apito inicial mais importante da temporada. – Ela disse e pressionei os lábios.
- Ce ne andiamo a Berlino! – Leo começou a gritar, batendo nas laterais do avião e o povo começou a gritar com ele.
- Calma, Leo! – Angela disse.
- Ah, scusi! – Ele disse e rimos juntos.
- Imagino que todo mundo vá para o estádio agora, certo? – Ela perguntou.
- Eu não tenho... – esticou a mão.
- VAI SIM, ANGELA! – Manu gritou por cima dela e viramos para ela que olhava para nós da poltrona da outra ponta. – O quê? Você vai! Nem se for arrastada. – Ela disse e gargalhou ao meu lado, negando com a cabeça.
- Andiamo? perguntou, estendendo a mão para mim.
- Andiamo. – Falei e ela tombou a cabeça em meu colo, soltando a respiração fortemente. Tombei a cabeça em cima da sua, sentindo o cheiro de seu perfume e sorri.

Lei
Cinco de junho de 2015
Engoli em seco ao descer do ônibus e vi o estádio Olimpico em minha direção. O infame estádio Olimpico, local de um momento tão triste na minha vida. Fazia quase nove anos desde a última vez que eu vim aqui e vi essas pilastras, os anéis olímpicos e, agora, a luz do dia e vazio, tudo parecia maior e mais intimidador.
As decorações da Champions com o escudo dos dois times chamaram minha atenção. Não conseguia me lembrar como isso estava no Mondiale 2006, mas imaginava que tão imponente quanto. Eu estava cansada e há horas sem dormir de nervoso, não muito diferente de hoje, o sono picado há duas semanas estava difícil. A vantagem de 2006 é que eu tinha Giulia comigo e como ela faz falta.
- Vem, vamos lá! – Senti o braço de Gigi em meus ombros e suspirei, assentindo com a cabeça e deixei que ele me puxasse pelo caminho.
O sol saiu de meus olhos após alguns passos, entrando na área privativa do estádio. Eu já tinha vindo aqui, mas eu realmente não me lembrava de nada, foi como se eu tivesse apagado aquele dia da minha memória. Eu lembrava o quão feliz eu estava ao ver Gigi erguer a taça, beijá-la e parecer claramente bêbado com toda a comemoração, mas eu também ainda lembrava de ver Alena em seu colo. Fazia muito tempo, eu sei, não tinha por que eu ficar remoendo isso, mas tinha doído demais e os efeitos disso só pioravam.
O caminho que fizemos estava simplesmente divino, os adesivos e decoração da Champions davam uma imponência incrível que parecia ser outro estádio, talvez o vazio, o horário, tudo afetava um pouco. Pensei que entraríamos no vestiário quando nos aproximamos dele, mas os meninos seguiram reto e eu fui com eles, notando que estava no túnel. Mordi meu lábio inferior, parando na linha que dividia dentro e fora do estádio e Gigi deslizou o braço para longe de meu corpo e engoli em seco.
- Está tudo bem? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Sim, vamos lá! – Disse e coloquei meus pés para afundarem em cima do tapete que entrava no campo.
Olhei lateralmente conforme o estádio se abria para mim e o estádio não acabava mais. 71 mil assentos. Cabe tudo isso de gente aqui. O lado direito do estádio, a torcida organizada do Barcelona já se arrumava, em compensação, da esquerda, do nosso lado, a abertura que tinha no estádio era linda e deixava o sol bater em cheio no campo. Beh, era um estádio Olimpico, foi montado e planejado de forma impecável.
Dei uma volta ao redor do meu corpo, tentando procurar onde eu havia ficado, mas não conseguia identificar, havia sido em algum assento prioritário, mas não sabia onde exatamente. Eu realmente havia excluído esse dia da minha vida. Soltei um suspiro e dei um pequeno sorriso. É só um estádio. Não tinha nenhum fantasma para me assombrar. Estávamos aqui para ganhar uma final de Champions, e era isso que faríamos amanhã à noite.
- Então... – Virei para o lado, vendo Gigi. – O que acha? – Ele perguntou e eu puxei a respiração fortemente, soltando logo em seguida.
- Ah! Meio sem graça, né?! – Dei de ombros e ele gargalhou ao meu lado.
- Assim que se fala! – Ele disse e sorrimos.
- O nosso é mais bonito! – Falei, virando o corpo e voltei para o túnel, ouvindo sua risada atrás de mim.
- Não posso discordar. – Ele disse e sorri.
- E você? Como está se sentindo? – Perguntei, seguindo em direção ao vestiário.
- Eu estou bem. – Ele disse. – Porque eu estou aqui contigo hoje e porque essa história já ficou para trás. – Ele me abraçou novamente quando nos escondemos das câmeras.
- Porque você sabe que eu estou aqui hoje! – Falei e ele gargalhou.
- Exatamente! – Ele disse e rimos juntos.
- Confesso que não sei se eu apaguei isso da minha mente ou se mudaram alo, mas não lembro muita coisa, sabia? – Falei, entrando com ele no vestiário. – Tudo bem que tinha a Itália inteira aqui, não só a Nazionale, mas eu não lembro. – Olhei para o vestiário decorado com nossas cores.
- Você se lembra onde eu estava? – Ele perguntou e dei uma olhada rápida nos cantos do vestiário.
- Acho que ali. – Apontei para o lado direito, na última poltrona. – Mas não garanto nada. – Suspirei e me virei para ele. – Sabe o que é melhor nisso tudo? – Perguntei.
- Hum? – Ele fez um muxoxo com a boca.
- Você está aqui agora, é só o que importa! – Disse, dando um curto beijo em sua bochecha e ele sorriu.
- Estou feliz por estar aqui também. – Ele disse e sorrimos.
- Allora dai! – Falei, empurrando-o levemente que riu fracamente.
Os jogadores se arrumaram e foram para o campo treinar no geral. Eu fiquei sentada nas arquibancadas do outro lado somente acompanhando. Angela comandava com a imprensa, Manu parecia uma espoleta pulando para cá e para lá tirando fotos e o resto do top ficava fazendo especulações à alguns passos na minha frente. Eu não gostava disso, então fingia que os e-mails de agentes de jogadores me interessavam mais.
Por volta das cinco horas, Allegri, Gigi e Leo saíram de campo para se arrumar e foram para a coletiva, preferi ir com eles. Pelo menos era uma forma mais calma de passar o tempo e eu poderia ouvir um pouco de como eles estavam se sentindo.
Allegri respondeu como ele era sempre, genuíno em sua melhor forma, acho que não tinha pessoa que eu gostava mais de ouvir em coletivas do que ele. Ele disse que desde que foi para final só se ouve falar do trio Messi, Neymar e Suarez, o MSN, mas que também temos a melhor defesa da Europa e usaríamos isso ao nosso favor. Além disso, a preparação física e mental dos jogadores conta muito nessas horas e que estamos prontos em todos esses atributos e esperando por isso há anos. Também, no final, para não perder a oportunidade, ele deu uma leve cutucada falando que toda equipe tem suas fraquezas... Incluindo o Barcelona.
Leo concordou com ele sobre a parte do ataque deles e da nossa defesa, mas ressaltou que eles também têm poucos gols tomados durante a temporada na La Liga, então ele acha que o jogo será resolvido no meio de campo e que é onde nós mais podemos mostrar nossas qualidades e poderes físicos.
Agora Gigi disse sobre a responsabilidade em nossos ombros, que costumamos chegar em muitas semifinais, algumas até frequentes contando aqueles três anos seguidos nos anos 90, e ficar mais em segundo lugar, por isso a responsabilidade era grande devido ao peso de todos os anos, peso que uma vitória dessa magnitude, mas que é considerado algo normal para nós pela última frequência, mas que nos deixará muito feliz. Como Allegri, ele deu uma cutucada no final, essa vitória não nos surpreenderia, afinal, jogamos pela Juventus e nós representamos o melhor futebol italiano que existe.
Ah, eu amo meus meninos!
Após a coletiva, seguimos em direção ao vestiário, somente a tempo dos três pegarem suas coisas e falando três minutos antes das seis, todos estávamos dentro do ônibus, completando os protocolos de três horas para cada equipe. Agora era descansar, tentar limpar a mente, tomar um calmante e esperar essas próximas 24 horas passarem. Acho que Manu trouxe um calmante.
- Vocês, hein?! – Comentei com Gigi, inclinando o corpo para trás, vendo-o na minha diagonal.
- Por quê? – Ele perguntou rindo.
- Vocês cutucam eles! – Falei e Allegri riu.
- Ei, eles acham que estão chutando cachorro morto? Não, não! Viemos aqui para ganhar! – Allegri disse e gargalhamos juntos, me fazendo sorrir e negar com a cabeça.
- Ele está certo! – Manu disse ao meu lado e eu assenti com a cabeça.
O hotel ficava há cerca de 20 minutos. Ficamos no Regent e o Barcelona no Hyatt, os dois hotéis ficavam em uma distância de dois minutos um do outro, além de ficar há mais uns dois do Portão de Brandemburgo, então todo caminho em volta estava lotado, seja de torcedores bianconeri, torcedores blaugranos, além dos turistas. Então, quando chegamos no hotel, da mesma forma que chegamos mais cedo, a torcida estava em peso lá.
- E então, o que vai fazer? – Manu perguntou ao meu lado um tanto aleatório para mim, Barza e Chiello que estavam em volta.
- Acho que eu enrolar aqui embaixo até o jantar, depois eu vou subir, tomar um banho e tentar relaxar. – Falei, suspirando.
- A ideia não é má! – Barza disse.
- Quando subir vai dar preguiça descer de novo. – Gigi disse.
- Exatamente... – Disse, empurrando a porta giratória do hotel. – Só queria que essas horas passassem mais depressa para... – Franzi o olhar para o centro do hotel confusa, estranhando que meus olhos estivessem realmente me mostrando isso ou se era só loucura. Giulia e seus cabelos cacheados ruivos estavam parados no centro do lobby, de braços cruzados e um largo sorriso no rosto. – GIU?! – Gritei surpresa e sua risada ecoou pelo local. – AH, MEU DEUS! – Corri desesperada em sua direção e só acreditei que era ela quando meus braços fecharam em torno de seu corpo mais baixo. – Ah, meu Deus, é você mesmo! – Sussurrei, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto e ela me apertou pela cintura.
- Você realmente achou que eu ia perder o dia mais importante da sua carreira? – Ela falou próximo ao meu ouvido e distribuindo vários beijos em meu rosto.
- Mas como? – Falei, segurando seu rosto com a mão e estalei um beijo na bochecha.
- Lembra daquelas duas semanas que eu te falei há alguns dias? – Assenti com a cabeça. – Essas são minhas duas semanas, já estava tudo planejado. – Ri fracamente, apertando-a novamente.
- Ah, como você faz falta! – Falei, suspirando.
- Você também! Eu tenho tanto para saber, tanto para ouvir... – Ela disse suspirando. – Vendo os três envolvidos de novo... – Ela sussurrou a última parte e eu ri, dando um tapa em seu ombro. – Poliamor?
- Ah, sua idiota! – Gargalhamos juntas e eu suspirei, olhando para ela. – Você está incrível! Linda! Bronzeada! – Suspirei. – Ah, que saudades! – A abracei novamente e ela gargalhou, me apertando também.
- Eu também estou. – Ela suspirou.
- A gente tem tanto o que conversar! – Suspirei. – Eu quero saber tudo. – Ela riu fracamente.
- Ok, concordo, mas que tal ganharmos essa Champions amanhã? – Ela passou o braço pela minha cintura e eu fiz o mesmo com seus ombros, me lembrando da última vez que fizemos isso.
- E aí, capitano? – Falei para Gigi que riu.
- Giulia, podia mentir e falar que sim, mas não senti sua falta! – Ele disse, vindo em nossa direção e ela revirou os olhos.
- Há, há, há, engraçadinho! – Ela disse, soltando de mim e abraçando-o fortemente. – Parabéns! Que conquista! – Ela disse e ambos riram, se soltando logo depois. – Galerinha! – Ela acenou para os jogadores. – Manu! Você por aqui!
- Oi, Giulia! – Manu saltitou até ela, abraçando-a fortemente.
- Oh! Essa daqui virou sua cria, ok?! Dá susto até na sombra. – Falei.
- Ah, é?! Gostei! – Giulia disse rindo. – Pelo menos deixei um legado aqui! – Ela riu fracamente.
- E você deve se lembrar do Pavel e do David, não? – Indiquei os dois. – David, se lembra da Giulia? – Falei sugestivamente e ele riu fracamente.
- Claro que sim! – Ele se aproximou e virei para Gigi, ponderando com a cabeça e rimos juntos quando eles se cumprimentaram. – Prazer te ver de novo.
- Você também. – Ela sorriu envergonhada e mordi a ponta da minha língua, rindo logo em seguida. – Ok, agora me diz que você consegue uma suíte para mim, o passe foi fácil, agora o quarto...
- Vocês podem ficar juntar, eu fico com... – Manu falou.
- Não, não, eu sou expectadora agora, a partir de domingo voltamos a amizade longa e duradoura. – Giulia disse rindo.
- A gente consegue fácil. O hotel é nosso esse fim de semana. – Sussurrei.
- OH! AÍ SIM, HEIN?! – Ela me apertou forte pelos ombros, fazendo o pessoal riu. – Se não é a minha pequena poderosa.
- Ok, ok, o santo da tia Gio caiu sobre você, viu?!
- Eles vêm amanhã, já te avisando! – Ela disse.
- É, eu sei, caso não saiba, eu almoço com eles mais do que você. – Ela riu, dando uma olhada em volta.
- Isso é surreal, ! – Ela disse.
- O quê? Por quê? – Perguntei.
- Estamos nos Regent, qual é! – Ela disse. – Você se lembra a última vez que viemos para Berlim?
- Lembra e estamos tentando esquecer isso, obrigado! – Gigi se meteu, fazendo Barza gargalhar.
- Minhas lembranças são ótimas. – Ele disse, dando de ombros.
- Você me conheceu, fica quieto! – Disse e ele me mostrou a língua, fazendo uma careta em seguida.
- Não sobre vocês, sobre a gente! – Ela disse para mim. – Depois de toda a merda e a gente não tinha hotel e nem passagem! – Ela disse e gargalhei, me lembrando.
- Ah, nem fala, eu dormi em cima da minha bolsa no aeroporto enquanto você brigava com a moça para enfiar a gente em qualquer voo! – Disse e gargalhamos juntas.
- E você estava com os olhos inchados por causa desse idiota aqui e mal conseguia me ver quando eu falava contigo. – Neguei com a cabeça. – Parecia que afetou a audição dela!
- Eu sou o idiota, né?! – Gigi perguntou.
- É óbvio! – Giulia disse e ele assentiu com a cabeça, franzindo os lábios.
- Ah, até que temos umas memórias engraçadas desse lugar. – Suspirei e ela sorriu.
- E aí? Pronta para criar novas e melhores? – Ela perguntou para mim e virei para Gigi.
- Sim, estamos. – Ele disse firme e virei para Giulia, assentindo com a cabeça logo em seguida.
- Ok, andiamo, poi! – Ela disse e sorri, abraçando-a pelos ombros novamente.
- Ok, agora você vai me contar tudo! – Falei.
- Não, não, você vai me contar dessa história de final de Champions. – Ela me puxou para andar com ela. – Ok, ficamos sete horas conversando, mas eu estava mais interessada naquele rolinho bacana lá no Brasil e como você perdeu os dois caras e o amor da sua vida engravidou outra... – Ela disse baixa e eu assenti com a cabeça.
- Porque é uma safada e só pensa naquilo. – Falei.
- Não igual você, amor. – Ela disse e gargalhamos alto. – Pelo menos não na prática, mas agora vocês estão na final de Champions? Temos TV na Serra Leoa, ? E o pessoal adora a Champions! – Ela disse.
- Ok, para isso eu preciso voltar um pouco para fevereiro, enfrenamos o Borussia Dortmund... – Sentei em um sofá mais afastado e ela se jogou ao meu lado.

Lui
Seis de junho de 2015
Deslizei a mão pelo meu pênis mais rápido, puxando a respiração fortemente e fechei os lábios, evitando deixar algum som escapar. Tentei focar meus olhos na tela do tablet que focava a loura se masturbando mais rápido enquanto chupava o ator e seus gemidos altos ecoava no fone em minha orelha.
Tombei a cabeça para trás, agilizando os movimentos cada vez mais rápido, trabalhando mais na cabeça do meu pênis e soltei a respiração fortemente quando gozei. Desacelerei os movimentos aos poucos, sentindo meu peito subir cada vez mais. Senti o gozo em minha mão e deslizei-a mais devagar pela extensão do pênis.
Esperei a respiração se acalmar e virei o rosto para acompanhar os últimos minutos de vídeo. Tinha sido muito rápido, esperava que ao menos me acalmasse para conseguir dormir. Levantei da cama ainda segurando meu pênis e segui para o banheiro. Entrei no boxe e liguei a ducha para me lavar e lavar as mãos.
Quando terminei, segui para fora do banheiro e peguei a cueca que eu estava antes, vestindo-a e me joguei na cama novamente. Peguei o tablet novamente e desbloqueei o mesmo. Vi o site de vídeos pornográficos aberto e fechei-o. Voltei para o YouTube, vendo alguns vídeos do Barcelona aberto. Estava tão empolgado que acabei caindo encontrando uma distração melhor.
Ergui o olhar para o relógio do aparelho e era 2:47, eu deveria estar tentando dormir há umas três horas, mas o nervosismo estava falando mais alto. Era o jogo mais importante da minha vida. Talvez até mais do que em 2003. Eu tinha que fazer diferente, evitar que o jogo fosse para prorrogação e, principalmente, pênaltis. Lembro o quanto aquela cobrança me desgastou e tornou tudo muito pior, pois acabou que a responsabilidade caiu nas minhas costas. Suspirei, abanando as memórias de 2003 de minha cabeça e vi uma notificação aparecer na tela.
SerenaPalmieri curtiu a sua foto.
Franzi a testa e desci a mesma para checar se tinha sido realmente agora. A notificação era de 2:49, mesmo horário que mostrava no relógio do aparelho. Pelo visto mais alguém estava acordada ainda. Abri a notificação e ela tinha curtido a última foto que eu havia postado. Entrei em seu perfil e vi a foto mais atual dela, ela no estádio ontem, sentada na arquibancada olhando para o treino, tinha cara de ser Manu. Aquela menina tirava umas fotos boas. Curti sua foto e deixei o tablet de lado, pegando o celular e entrei em nossa conversa que estava parada há algum tempo.
“Acordada também?” – Não demorou dois segundos e veio outra dela.
“Está acordado?” – Ri fracamente.
“Sim, não consigo dormir”. – Respondi. – “Você?”
“Também não”. – Ela enviou junto de uma carinha triste.
“Acho que estou nervoso.” – Enviei de novo.
“Me surpreenderia se não tivesse”. – Ela respondeu e eu suspirei.
“Alguma ideia para dormir?” – Enviei, respirando fundo.
“Beh, até tenho algumas, mas não funcionaram comigo”. – Ela respondeu e eu ri fracamente, éramos muito diferentes em algumas coisas, mas parecidos em outras.
“Se masturbar?” – Respondi, rindo.
“Sim”. – Ela respondeu e abri um largo sorriso, negando com a cabeça.
“Já tentei, não funcionou”. – Enviei.
“Aqui também não”. – Ela disse e eu abri um largo sorriso. Ah, . Aposto que se fosse você, eu me relaxaria fácil, fácil. – “Você fuma, já tentou?” – Ela enviou.
“Tentando me manter limpo para amanhã”. – Enviei, suspirando. – “Alguma outra?” – Enviei, suspirando.
A mensagem demorou um pouco mais para vir dessa vez e eu suspirei, imaginando que ela também não tivesse nenhuma outra ideia. Se masturbar não é ruim, relaxa bastante e ajuda no sono, mas hoje não adiantou de nada. Também não podia tomar remédio para dormir em caso de dopping, acho que acabaria não dormindo mesmo.
Me distraí com dois toques na porta e franzi a testa, confuso se eu havia ouvido algo mesmo ou não. O som se manteve novamente e deslizei para fora da cama, andando em direção ao mesmo e me aproximei da porta.
- Quem é? – Sussurrei.
- . – Respondeu e eu abri a porta devagar, vendo-a no corredor com uma coberta em volta de seus ombros. – Posso entrar? – Ela fez uma careta.
- Claro. – Abri a porta e vi que estava somente de cueca. – Vai entrando! – Falei, desviando da porta e fui até minha mochila, procurar por um short ou uma calça.
- Não é como se eu nunca tivesse visto. – Ela disse e fechou a porta devagar e ri fracamente, encontrando um short e o vesti. – Além de que fica bem transparente no uniforme. – Ela disse e virei para ela, vendo-a tirar a coberta de seus ombros e revelar suas pernas no pijama curto e a regata combinando.
- Ei! – Falei e ela sorriu.
- Ei, aceita uma companhia? – Ela perguntou e eu sorri.
- Sua, sempre! – Respondi e me aproximei dela, passando meu braço pelos seus ombros e dei um beijo em sua cabeça.
- Eu trouxe umas coisas. – Ela disse, indicando a cama e vi uma garrafa de uísque, uma barra de chocolate e uma caixa de baralho no meio da coberta que ela havia trazido.
- Sua ideia de distração é essa? – Perguntei, franzindo a testa.
- Era o que tinha! Por quê? Pensando besteiras, é?! – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Olha, com você aqui eu pensei que podia rolar algo mais animador e... – Falei e ela riu fracamente, empurrando meu ombro com a mão.
- Nem vem, você precisa estar disposto amanhã. – Ela disse, se sentando na beirada da cama e eu ri fracamente.
- Ficaria bem mais disposto com isso.
- Gigi! – Ela me repreendeu e rimos juntos.
- Ok, ok! – Ergui as mãos e me sentei na beirada da cama. – Mas sabemos seu efeito com o uísque e eu só sei jogar pôquer, você joga? – Perguntei.
- É claro que não! – Ela disse, deitando seu corpo para trás na cama e eu ri fracamente.
- Bom, então sobra essa barra de chocolate aqui! – Peguei a mesma. – Você trouxe?
- É claro! Meu kit de sobrevivência. – Ela disse, virando o corpo na cama, apoiando a cabeça no braço e eu comecei a abrir a embalagem. – Não queria ter que dividir, mas não tenho muita escolha. – Ela disse e rimos juntos.
- Nem posso comer isso, mas um pedaço não vai matar. – Falei, me sentando na cama para facilitar o trabalho e ela fez o mesmo, se sentando em minha frente.
- Ótimo, um pedaço para você e o resto da barra para mim. – Ela disse e eu fiz uma careta.
- Mas está gulosa, hein?! – Falei, destacando um pequeno pedaço e entreguei para ela, depois destaquei um para mim.
- Não é fome, Gigi, é tédio. – Ela disse, suspirando e levou o pedaço de chocolate à boca. – Só uma forma de passar o tempo e pensar em qualquer outra coisa que não seja no jogo. – Coloquei o pedaço na boca, suspirando.
- O que você pensa? – Perguntei e ela mordeu o lábio inferior.
- Coisas ruins. – Ela disse, suspirando.
- Eu também. – Falei, negando com a cabeça e ouvindo o chocolate quebrar na boca aos poucos. – Não conseguir de novo e entrar em um loop onde a gente confirma o que as pessoas dizem.
- O que elas dizem? – Ela se virou para mim.
- Ah, que temos algum tipo de maldição ou que somos fracos demais para isso. – Destaquei outro chocolate e estendi para ela.
- Você não acredita nisso, não é?! – Ela disse e puxei a respiração fortemente.
- Eu não sei. – Neguei com a cabeça.
- Ah, não... – Ela jogou o chocolate na boca e se ajoelhou na cama, segurando meu rosto com as duas mãos, me forçando a olhar para ela. – Você nunca vai dizer isso de novo, está me escutando? – Olhei em seus olhos e arregalei os olhos.
- Você se irritou muito rápido. – Falei e ela se sentou sobre seus pés, abaixando as mãos.
- Porque você está se diminuindo, por que você está fazendo isso? – Ela perguntou quase como uma criança irritada e sorri.
- Eu não estou me diminuindo, amore. É só o que tenho ouvido e lido ultimamente.
- Fino alla fine, Gigi. Isso tem um significado. – Ela apoiou as mãos em meus ombros. – E você é o melhor goleiro do mundo. O Barcelona tem o... – Ela franziu a testa, parando para pensar por alguns segundos. – Quem é o goleiro do Barcelona? – Ri fracamente, abrindo um largo sorriso.
- Ter Stegen. – Falei e ela riu.
- Ah! – Ela disse. – Não faço a mínima ideia quem seja. – Ela inclinou o corpo para o lado e eu ri fracamente, vendo-a se deitar na cama, apoiando a cabeça no travesseiro. – Mas eu conheço um tal de Gianlugi Buffon. – Ela disse, esticando a mão e eu entreguei a barra para ela. – Já ouviu falar?
- Acho que não. – Falei, entrando na sua brincadeira e ela sorriu, destacando mais um pedaço.
- Ele é demais! Ele parece o Superman, sabe? Mas sem a capa e sem os poderes sobrenaturais. – Ela disse, colocando o pedaço na boca. – Ganhou um Mondiale aqui mesmo, sabia?
- Ah, mesmo? – Deitei ao seu lado e a vi sorrir.
- Sim, foi um jogo horrível, mas ganhou. – Virei meu corpo de lado na cama, apoiando o braço no travesseiro e a cabeça na mão, abrindo um sorriso.
- Ele parece ser bom. – Falei.
- É o melhor. – Ela sorriu, erguendo o olhar para mim e eu retribuí, rindo fracamente. – Eu nunca vou permitir que você fale mal dele, ok?!
- Ok, podemos voltar para primeira pessoa agora? – Perguntei e ela riu, me esticando a barra de chocolate.
- Podemos. – Ela disse pressionando os lábios e destaquei mais um pedaço. – Mas vai dar certo, Gigi. – Ela suspirou. – Vocês estão prontos para isso.
- E se não der? – Perguntei e ela virou o corpo de lado, se colocando na mesma posição que eu.
- Eu estarei aqui do mesmo jeito da outra vez. – Ela disse e sorri, assentindo com a cabeça. – Mais próxima dessa vez.
- Mais próxima? – Perguntei, colocando o chocolate na cama no meio da gente.
- É! – Ela disse. – Da última vez eu te liguei e paguei caro na ligação. – Ela falou e levou a mão até meu peito, observando o colar de cruz que estava ali.
- Eu posso pensar em outras conotações para essa frase. – Falei, abaixando meu braço e o corpo e ajeitei a cabeça no travesseiro.
- Você está pensando muita besteira hoje, Gigi! – Ela disse e ri fracamente.
- Aposto que o tempo passaria muito mais rápido. – Passei a mão em sua barriga, acariciando-a por dentro da blusa e ela riu fracamente.
- Você precisa manter sua energia e seu pique. Você vai precisar. – Ela virou o corpo, levando a mão até meus cabelos.
- Ele volta até lá. – Falei e ela riu fracamente.
- Você é um tonto, sabia? – Ela disse descendo a mão para meu rosto e sorri.
- O pior de tudo é que eu sei. – Falei, puxando-a mais para perto de mim. – Mas já estou velho para mudar. – Ela riu fracamente.
- Não precisa mudar. – Segurei em sua cintura, acariciando-a devagar. – Eu gosto de você assim.
- É? – Perguntei e ela ergueu os olhos para os meus.
- Não é novidade nenhuma, Gigi. – Ela disse e desci minha mão para sua coxa, levando-a atrás dela e trouxe-a para cima das minhas pernas.
- Eu sei, só gosto de te ouvir falar isso. – Falei mais baixo. – Depois de tudo o que eu fiz com você...
- Não! Não vamos falar isso agora. – Ela disse. – Eu ainda tenho algumas coisas que eu gostaria de entender, mas não agora. – Ela suspirou, erguendo o corpo.
- Fica aqui, fica aqui... – Pedi, segurando-a mais firme.
- Calma! – Ela disse rindo. – Eu não vou a lugar nenhum. – Ela falou, sentando na cama e passou uma perna pelo meu corpo, se sentando em meu quadril.
- Hum, gostei disso. – Falei e ela riu fracamente, apoiando as mãos em meu peito.
- Agora você precisa manter a cabeça limpa. – Ela disse, movimentando as mãos devagar em meu peito e subi as minhas para sua cintura.
- Você está em um lugar que está me fazendo pensar em tudo, menos em manter minha mente limpa. – Falei e ela riu fracamente, descendo a mão para minha barriga.
- Quer que eu saia? – Ela perguntou, movimentando seu quadril devagar em cima de mim e sorri.
- Não. – Falei, passando a mão pelas suas pernas. – Só fica comigo. – Pedi e ela assentiu com a cabeça, inclinando o corpo em minha direção e apoiei os antebraços na cama para erguer um pouco o corpo.
Ela segurou meu pescoço com as duas mãos e colou os lábios nos meus. Fechei meus olhos com esse movimento e deixei que a ponta dos dedos acariciasse a lateral do seu corpo devagar. Ela entreabriu os lábios e acompanhei seus movimentos, levando minha língua até a sua. Ela inclinou seu corpo mais sobre o meu, colando os seios em meu peito. Deixei meu corpo cair para trás, a cabeça no travesseiro, e ela se ajeitou em cima de mim, fazendo nossas pernas se enroscarem.
Segurei-a mais firme na cintura e virei meu corpo um pouco para o lado, deixando-a cair de volta no colchão e nossos lábios se separaram por alguns segundos. Tirei seu cabelo de seu rosto, jogando-os para trás e colei nossos lábios novamente. Apertei-a contra meu corpo e ela deixou sua mão apoiada em meu peito delicadamente fazer pequenas carícias pelo local.
Ela nos separou devagar, quando nossas bocas já encontraram dificuldades em se manter unidas pela respiração pesada, e deu curtos selinhos em meus lábios, me fazendo sorrir. Ela retribuiu, levando a mão até meu rosto, acariciando a bochecha devagar e virei o rosto para dar um beijo em seu polegar.
- Tem gosto de chocolate. – Falei e ela riu fracamente, acariciando meu rosto.
- Está melhor? – Ela perguntou e eu sorri.
- Agora eu estou mais calmo. – Falei e ela riu fracamente, acariciando meu rosto.
- Vai ficar tudo bem, Gigi. – Ela disse. – Se Deus quiser, amanhã à essa hora eu estarei te colocando na cama porque você vai estar muito bêbado de feliz. – Sorri com ela, sentindo-a acariciar meu queixo.
- Que Ele queira, . – Suspirei e ela colou nossos lábios novamente, pressionando o corpo no meu.
Passei a mão em sua cintura, puxando-a para perto de mim e abracei-a, passando as mãos em suas costas e trouxe-a mais para perto. Ela deixou um beijo em meu queixo, me fazendo arrepiar e ri fracamente. Ela acariciou meu queixo e depositava beijos pelos lugares que seus dedos passavam.
- Você está me dando cócegas. – Falei e ela riu fracamente, erguendo o rosto para o meu novamente.
- Eu estou vendo todos os pelinhos brancos aqui no seu queixo. – Ela disse.
- Eu sei que estou ficando velho, , mas não precisa deixar tão óbvio assim. – Disse e ela ergueu o olhar para o meu.
- Você está sexy, Gigi. – Ela disse e deu outro beijo na dobra do pescoço, me fazendo rir.
- Ah, se é assim, então... – Falei e ela girou seu corpo na cama, se colocando deitada ao meu lado.
- Bobo! – Ela disse e segurou meu braço, colocando-o atrás de sua cabeça e entrelaçou nossos dedos do outro lado. Aproveitei a posição para puxá-la mais perto de mim.
- E os seus cabelos brancos? Quando vão aparecer? – Perguntei, olhando sua cabeça e ela riu fracamente.
- Tem alguns perdidos, mas eu retoco a raiz a cada seis semanas. – Ela disse rindo. – Eles somem.
- Ah, não gostei disso. – Brinquei e ela me abraçou pela cintura. – É injusto.
- Eu sou quase quatro anos mais nova que você, Gigi, então eu tenho quatro anos atrás de você.
- Há, há, há, engraçadinha. – Falei e ela sorriu.
- Essa diferença não importa para gente, Gigi. Ela quase não existe. – Ela disse, mexendo em minha corrente de novo.
- Levando em conta o quão madura e inteligente você é mais do que eu, essa diferença realmente não existe. – Falei e ela riu fracamente, apoiando a cabeça em meu peito.
- Eu me preocupei com isso um dia, sabia?
- Mesmo? – Franzi a testa.
- Sim. – Ela sussurrou. – Você parecia tudo muito, sabe? Muito alto, muito forte, muito lindo, tinha um certo poder em volta de você, eu me senti acuada em um momento. – Ela deu um beijo em meu peito.
- Por quê?
- Eu não sei. – Ela suspirou. – Acho que eram nossas diferentes posições, sabe? Você jogador, eu só estagiária ou logo após a contratação. Eventualmente isso acabou.
- E eu sempre te achei tudo isso também. – Falei e ela riu fracamente. – Você sempre foi muito mais do que eu, sabe? Mais inteligente, mais esperta, costumava ter as primeiras atitudes... – Rimos juntos. – Sempre linda demais. – Sorri, suspirando em seguida. – Ainda acho isso, na verdade. Você é muito para mim...
- Xi... – Ela disse baixo. – Sem esse tipo de papo agora. – Ela disse. – Nós somos o suficiente para o outro, só precisamos ajustar algumas coisinhas antes.
- Eu vou, . – Falei firme. – Eu tenho, eu...
- Xi... – Ela pediu de novo, erguendo o olhar para mim. – Não. Agora não. – Ela pediu e assenti com a cabeça. – Vamos focar no amanhã, no jogo... No meu apoio incondicional para você. – Assenti com a cabeça. – Me promete? – Ela perguntou.
- Sim, prometo. – Falei, assentindo com a cabeça e deixei um bico formar em meus lábios e ela deu um curto beijo neles, antes de deitar a cabeça em meu peito novamente.
- Você acha que consegue dormir agora? – Ela perguntou.
- Eu não sei, mas você está aqui comigo, te olhar já me distrai. – Ela riu fracamente.
- Você poderia desligar o abajur, sabe? – Ela falou e eu estiquei um pouco o corpo, encontrando o interruptor e eu desliguei, deixando o quarto escuro. – Agora sim. – Ela disse, apertando sua mão mais em meu corpo e suspirei.
- Você pode dormir se quiser, amore. – Falei, dando um beijo em sua testa.
- Eu logo durmo, está gostoso aqui. – Ela disse e sorri, acariciando suas costas devagar.
- Eu também... – Suspirei, apoiando a cabeça em sua testa, ouvindo nossas respirações pelo quarto.
- Gigi... – Ela chamou.
- Hum? – Fiz o barulho com a mão.
- Você estava assistindo pornografia? – Ela perguntou e senti meu rosto esquentar, me fazendo rir automaticamente. – Eu só estou curiosa.
- Talvez? – Respondi em forma de pergunta e ela riu fracamente.
- Não precisa falar isso parecendo um adolescente pego pelos pais. – Ri fracamente. – Eu também estava. – Ela disse e eu sorri.
- Somos farinhas do mesmo saco, . – Falei, acariciando sua cintura devagar.
- Eu sei, Gigi. Eu sempre soube! – Ri fracamente com ela, esperando que nossas risadas parassem de ecoar juntas pelo quarto.


Capitolo sessantadue

Lei
Seis de junho de 2015
- Vai dar tudo certo, ok?! – Falei baixo, segurando o rosto de Gigi, obrigando seus olhos azuis a focar nos meus. – Entendeu? – Perguntei novamente e ele assentiu com a cabeça. – In bocca al lupo. – Falei e ele passou os braços pela minha cintura, me apertando fortemente em um abraço e deixou um beijo em minha testa.
- Grazie. – Ele disse e eu assenti com a cabeça, pressionando os lábios.
- ? – Ouvi Pavel e respirei fundo. – Precisamos subir.
- Sì, sì, chiaro! – Suspirei, focando nos olhos de Gigi por mais alguns segundos. – Andiamo. – Engoli em seco e Gigi deu um aceno de cabeça antes de eu desviar o olhar. – ANDIAMO, RAGAZZI! ANDIAMO! ANDIAMO! – Falei rapidamente, batendo as mãos com o feito e os jogadores fizeram comigo.
Passei pela fila com Lich, Barza, Leo, Evra, Marchisio, Pirlo, Pogba, Vidal, Tevez e Morata, nossa formação de hoje, e dei um rápido abraço em cada um deles, além de cumprimentar alguns reservas. Deixei o vestiário, vendo o começo da organização para o túnel e engoli em seco, seguindo com Pavel pelos corredores e fiz um rápido sinal da cruz.
Seguimos em silêncio até os camarotes novamente, visivelmente nervosos com o que estava prestes a começar. Dessa vez não teve muitas pessoas nos cumprimentando no caminho, sabia que muita gente estava aqui, amigos, familiares, pessoas importantes do time, mas o sentimento era de tensão. Eu só conseguia pensar em Gigi. Era importante para todos os outros, mas para Gigi era mais. Era a chance de realizar um sonho da vida inteira.
Quando chegamos ao nosso camarote, reservado somente para a Juventus, ele estava mais cheio que o esperado. Só de passar o olhar em volta, eu sabia que todo mundo estava ali e sabia que o dia não seria fácil. Encontrei Alena com a família de Gigi e ela deu um rápido aceno de cabeça para mim e eu suspirei, repetindo o feito. Lou e Dado viraram para mim acenando animados e me forcei a dar um sorriso e aceno para eles. A família de Gigi acabou virando em minha direção e mantive a cabeça erguida ao optar por ignorar.
Desci os degraus, seguindo em direção aos nossos lugares e passei por Giulia, Gio, Fabrizio, Gianni, Pietro e Manu que estavam próximos. Todos me deram aquele mesmo aceno de cabeça tenso e eu retribuí um tanto mais agitada, abraçando Giulia apertado rapidamente. Todos estavam pensando a coisa, mas ninguém tinha palavras para dizer, mas confesso que estava parecendo um velório aqui!
As cinco poltronas centrais da fileira mais baixa do camarote pareciam a família real. Agnelli ocupava o espaço do meio, eu me sentei ao seu lado esquerdo e Pavel ao seu lado direito e sabia que Beppe e Paratici apareceriam logo após a entrada dos jogadores. No campo acontecia a cerimônia de abertura. A música do Coldplay, A Sky Full of Stars tocava enquanto os dançarinos faziam algo lá embaixo.
Tentei me isolar da música que tocava e coloquei minhas mãos em cima do colo, segurando-a quase em posição de reza e deixei que meus pensamentos esvaziassem e eu só focasse nesse momento. Era nossa vez, nosso momento. Os meninos estão prontos e queríamos muito mais do que só o dinheiro. Queríamos a paz e o conforto que isso nos daria. Era agora e tinha que dar certo!
Distraí o olhar quando a música ficou mais firme, se misturando com os gritos da torcida e abri meus olhos novamente, vendo os escudos se abrirem no campo e eu engoli em seco, pressionando minhas mãos mais forte ainda. Eu teria uma dor de barriga logo mais e havia comido quase nada hoje.
- Ladies and gentleman, please welcome the finalists of the UEFA Champions League Final 2015, your teams Juventus and FC Barcelona. – O narrador gritou e inclinei o corpo para frente para vê-los subindo a escada.
A introdução do hino da Champions começou a tocar junto e eu senti meu corpo arrepiar, vendo meus meninos entrarem, enquanto o coral de ópera começava a cantar o hino ao vivo. Ergui a mão, passando a lateral do indicador delicadamente embaixo de meus olhos, sentindo algumas lágrimas acumularem ali e soltei a respiração devagar. Me distraí com uma mão em cima da minha e vi Agnelli que assentiu com a cabeça e eu fiz o mesmo movimento, vendo Pavel também dar o mesmo aceno para mim e era isso.
Andiamo, ragazzi!
Barcelona seguiu para cumprimentar nossos jogadores primeiro enquanto os dançarinos saíam de campo e faziam o verde do campo voltar a ser visto. Gigi e Iniesta se encontraram no meio e eles logo se separaram, nos deixando do lado esquerdo do campo, onde nossa torcida também montara um mosaico e as palavras “fino alla fine” estavam em todo lugar. O juiz apitou e Vidal fez o primeiro toque na bola. Fiz mais um sinal da cruz e suspirei. Andiamo, ! Andiamo!
Tivemos a primeira falta, também tivemos o primeiro ataque, que acabou indo para fora, também tivemos o primeiro escanteio. Estávamos começando bem, mas ainda tínhamos mais 89 minutos. A torcida do Barcelona cantava em evidência, mas a nossa conseguia responder à altura.
Antes dos quatro minutos, o primeiro gol veio, mas não o esperado. Neymar tentou cortar Barza, mas ele acabou passando a bola para Iniesta, Leo foi nele, então ele passou para Rakitić. Não deu tempo nem de ele ajeitar a bola, ele chutou de uma vez só e Gigi não conseguiu segurar. Foi por centímetros, mas a bola entrou.
Por favor, Senhor! Nos ajuda nessa. Não deixe que isso nos baqueie logo no começo, por favor.
Aos oito minutos, eles tentaram outro ataque, mas Lich tirou com facilidade demais, deixando Neymar sozinho. No contra-ataque, Morata fez a aproximação, passou para Vidal e ele mandou para fora. No retorno deles, Neymar tentou outro chute, mas a bola foi para cima, sem que Gigi nem chegasse a tocar na bola.
Aos 11 minutos, Vidal ganhou o primeiro amarelo do jogo, ele já tinha dado quatro dessas entradas duras, então foi merecido e até tinha demorado. Aos 13 minutos, Dani Alves tentou fazer o chute, mas Leo interceptou. No retorno, Suarez tentou, mas Barza deslizou o corpo, recuperando a bola e mandou para longe, fazendo o lance passar. Neymar tentou voltar aos 13, ele estava sozinho, estava fácil, mas a bola foi muito longe, dando tiro de meta ao Gigi. Segundos depois, eles voltaram, Dani Alves fez o chute, mas Gigi defendeu para cima, a bola ficou viva entre cabeças até que ela saiu por cima.
Aos 14 minutos, Vidal deu outra entrada e o pessoal achou que seria amonito de novo, Barza e Lich foram em cima do árbitro, mas só foi dada a falta. Menos mal, ficar em 10 faltando tanto tempo de jogo seria pior ainda. Gigi montou a barreira e Marchisio tirou, dando o escanteio. Na cobrança, Jordi Alba cabeceou alto demais.
Aos 17, Neymar tentou chegar de novo, mas Barza tirou sem fazer falta. Eu já falei que adoro meu número 15? Aos 19 minutos, Pogba conseguiu finalmente fazer o contra-ataque, mas antes de ele conseguir passar para Morata, Mascherano tirou, nos dando um escanteio que foi para fora. Vidal ajeitou, mandou para Pirlo, mas fora.
Aos 23 o ataque foi nosso de novo, Tevez fez o chute, mas a bola acabou saindo para cima demais. Segundos depois, Morata perdeu o lance perfeito que daria o empate. Ele estava sozinho! A defesa deles estava longe, mas foi para fora! O tal do Ter Stegen nem precisou se mexer. Aos 25 tentamos fazer a aproximação, mas foi tirada, na hora que a bola voltou, ela caiu nos pés de ninguém menos que Marchisio e ele chutou. A bola iria na trave, mas o goleiro bateu nela e mandou-a mais alto.
No contra-ataque, Neymar tentou, mas fez o passe, a bola bateu na cabeça de Evra, ao invés de ele jogar para trás, ele devolveu, Neymar não esperou e chutou, mas Gigi não precisou fazer uma grande defesa, só se abaixou e pegou a bola. Aos 29, Leo acabou fazendo uma falta em Suarez, e eu realmente não estava me importando com isso depois do que ele fez no Mondiale 2014 com Chiello, por mim podia quebrar. A falta foi cobrada, mas Gigi pegou-a no ar.
Pelos segundos seguintes, a bola começou a vir para lá e para cá. Eles tentavam, nós contra-atacávamos fazíamos o mesmo, depois voltava e foi assim até os 36 minutos. Logo após isso, Neymar fez uma falta em Lich, que fez nada mais, nada menos que sete jogadores nossos irem em cima do árbitro, mas só foi dado uma falta. Pelo menos Lich não era do tipo que atuava, ele se levantava e estava tudo bem.
Aos 38, uma bagunça em nossa grande área me deixou aflita por alguns segundos, era um tal de passar a bola e não ter ninguém para mandar para longe, mas acabou que conseguimos. No minuto seguinte, Suarez teve uma chance, ele não conseguiu alcançar, mas passou lambendo a trave do lado direito. Ele voltou segundos depois e, dessa vez, Gigi tirou para cima. No escanteio, tirando Barza e Piqué que quase saírem no tapa, a bola foi para longe.
Após isso, Pogba acabou fazendo uma falta em Messi e levou um amarelo. Essa foi a primeira vez que o grande Messi aparecia em jogo e não estava me surpreendendo. Aos 44, Gigi fez a saída de bola errada, acabou indo no pé deles, mas não deu em nada. No contra-ataque, Marchisio tentou outra vez uma de suas bombas, mas foi para as mãos do goleiro.
O último lance do tempo foi de Messi. Ele tentou fazer a aproximação, mas Leo encarou-o de igual para igual e a bola acabou saindo por fundo, depois do argentino tentar bastante. Respirei fundo ao ouvir o apito e engoli em seco, vendo Agnelli se levantar.
- Não vai ser fácil! – Ele falou e seguiu para trás. Eu olhei para Pavel que tinha os lábios pressionados.
- Como está? – Ele perguntou.
- Eu não sei. – Falei, suspirando. – Eles estão dominando o ataque. – Pressionei os lábios.
- Temos mais 45 minutos. – Ele disse e eu assenti com a cabeça, apoiando as mãos na poltrona e me levantei.
Olhei para o céu rapidamente, vendo as cores rosadas e pretas indicarem que estava começando a anoitecer e saí da fileira, virando para trás. Observei alguns olhares conhecidos em cima de mim, mas optei por ignorar e segui até a fileira de Giulia, vendo-a com a cabeça inclinada para mim.
- Ei. – Ela disse. – Como você está?
- Ah... – Suspirei, negando com a cabeça. – Acho que estou mais preocupada em como eles estão. – Falei, suspirando.
- Vai dar certo, chefa, confia. – Manu disse.
- Eu confio e muito. – Suspirei. – Eu só...
- Fino alla fine, chefa! – Ela disse e eu dei um curto sorriso.
- Vai ficar tudo bem, filha! – Fabrizio falou. – Estamos aqui com você, ok?!
- Eu sei e agradeço muito. – Estiquei a mão para eles e Fabrizio apertou-a.
- Andiamo! – Giulia falou e respirei fundo três vezes, sentindo-a apertar as mãos em meus ombros.
Assenti com a cabeça e voltei para o meu lugar, vendo os jogadores já retornando para o campo, não deve ter dado nem 10 minutos de intervalo, mas eles estavam prontos, também não demorou muito para o apito ser soado de novo.
Eles fizeram o primeiro ataque, é claro, Suarez tentou, mas Pogba tirou. Logo em seguida, Piqué fez uma falta em Tevez. Pirlo bateu, mas a defesa tirou. Eles conseguiram fazer o contra-ataque, Suarez novamente, mas Gigi defendeu para o lado direito. Uma grande defesa que me fez comemorar. No escanteio, eles tentaram, mas Marchisio tirou, eles acabaram roubando a bola antes de conseguirmos o contra-ataque, mas Suarez chutou para fora. Aos 51 minutos, Messi teve a primeira chance verdadeira de gol, mas enviou para fora.
Aos 54, o lance que todos estávamos esperando. Em uma saída de bola de lateral deles, eles acabaram mandando longe demais e quem acabou recebendo foi Marchisio que mandou para Lich, ele mandou para Tevez e o argentino mandou direto para o gol, mas Ter Stegen acabou defendendo o lado direito... Diretamente nos pés de Álvaro. Ele ajeitou e chutou, mandando para o fundo do gol.
- GOL! – Gritamos animados com a torcida bianconera no estádio.
Virei meu rosto diretamente para o outro lado, vendo Gigi comemorando sozinho e senti meu corpo relaxar. Tinha que ser Álvaro, ele tinha feito gol em todos os jogos decisivos de Champions, não seria diferente. Agora tudo estava igual novamente, precisávamos manter. Por favor, Senhor, ajuda aí.
Isso parece que deu um ânimo maior para os meninos, pois Álvaro tentou uma cabeçada pouco mais de dois minutos depois. Aos 60, quando eles conseguiram chegar e fizeram o chute, a bola parou em Gigi calmamente e ele tentou acalmar os ânimos, fazendo sinal para o pessoal da defesa. Tinha meia hora e estava empatado, não estou muito calma, não, Gigi.
Aos 63 eles tentaram chegar de novo, mas Gigi saiu do gol e segurou a bola, fazendo Suarez ir para dentro do gol, mas a bola ficou nas mãos de Gigi. Pogba tentou no contra-ataque, mas Ter Stegen pegou. Aos 67, um lance suspeito, Pogba foi derrubado por Dani Alves dentro da área, mas não foi dado pênalti. Ele reclamou e muito, mas o juiz seguiu.
Durante o contra-ataque deles, aos 69, Rakitić fez o passe para Messi que deixou alguém do nosso lado caído, Vidal, acho. A bola passou e Gigi defendeu, mas, da mesma forma que aconteceu com eles, Gigi defendeu para frente, e aconteceu o rebote, fazendo Suarez finalmente marcar. Minha feição de decepção foi clara, eu nem consegui vê-los comemorando, só olhava os meus pontos no campo um tanto perdidos.
Após uma falta de Suarez em cima de Leo, Pirlo cobrou a falta, mas eles acabaram tirando, a bola se afastou e sobrou somente Lich e Barza lá no fundo. Eles tiraram, mas a bola voltou por Jordi Alba, ele lutou no um contra um com Lich, mas a bola foi passada para Neymar que subiu e cabeceou para dentro do gol. Eu só consegui fechar os olhos e respirar fundo por alguns minutos, mas o susto virou uma pequena esperança quando os nossos jogadores reclamavam de mão na bola.
Entre muitas reclamações nossas e depois deles, voltamos ao 2x1, fazendo o jovem brasileiro se irritar. Não julgo, mas não podia ter só juventinos irritados nesse estádio hoje, não é mesmo?
Aos 75, foi nossa vez de tentar o contra-ataque, mas acabou indo para fora, Evra chegou muito perto, mas o goleiro tirou para cima, fazendo a bola rebater no travessão. No escanteio seguinte, eles fizeram o contra-ataque, mas acabou saindo em falta, acho que de Barza, meu muro deu duas seguidas, mas ele preferiu não reclamar e se afastou, deixou para Lich e Marchisio a reclamação.
Gigi organizou a barreira e só vi Neymar, Messi e mais um pensando em quem cobraria, mas era um tanto óbvio. Messi bateu, mas a bola foi por cima da barreira. Aos 78, eles fizeram a primeira substituição e saiu o capitano Iniesta. Allegri aproveitou uma chance fora de Pogba e tirou Vidal, colocando Pereyra. Talvez pernas novas para esses próximos 12 minutos nos dessem ânimo.
Aos 82, eles tiveram outra chance, Piqué ficou cara a cara com Gigi, mas ele conseguiu fazer a defesa à queima roupa. Era o tipo de defesa que valia um gol. Foi perfeita demais! Mas não era nem para eu me surpreender, né?! Era Gigi. Eles tiveram uma chance aos 84, mas foi para fora. Após esse lance, Allegri tirou Morata e colocou Llorente. Andiamo, ragazzi.
Aos 87 minutos, essa substituição valeu de alguma coisa, Llorente e Tevez tentaram um lance, mas acabou não dando em nada. Aos 88, uma preocupação, Evra e Dani Alves tiveram uma dividida e acabou ruim para o meu francês que se contorcia no chão segurando o joelho. Allegri tirou-o e colocou Kingsley Coman no lugar, jogador novato nessa temporada, mas que teve até uma boa participação e relevância. Aos 89 Marchisio tentou outra bomba, mas foi nas mãos de Ter Stegen.
Quando chegou os 90 minutos, a plaquinha de cinco minutos foi erguida e os torcedores blaugranos começaram a cantar alto. Eles tentaram se aproximar, mas tiramos. Logo após esse lance, eles fizeram uma substituição, tirando o autor do primeiro gol. Logo depois, Tevez tentou seu gol, mas não foi possível.
Tempo depois, Lich e Neymar tiveram um pequeno estresse, meu suíço sabia ter calma, mas o brasileiro provocava. Segundos depois, eles tentaram fazer o contra-ataque, mas Barza acabou tirando, sobrando somente o escanteio que Lich tirou de novo.
Os minutos iam passando e eu não sabia se queria que isso acabasse logo e terminasse a minha agonia e, com certeza, dos meninos, ou se eu queria que o tempo passasse mais devagar para termos uma chance de empatar. Durante meu surto interno, o Barcelona tirou Suarez que saiu como se estivesse desfilando. Na verdade, até uma modelo desfila mais rápido do que a saída dele.
O relógio passou os cinco minutos de acréscimos, mas o juiz não finalizou ainda, em compensação, foi tempo o suficiente para Leo tentar erguer a bola e seu pé encontrar as mãos de Dani Alves. Não posso dizer que estava triste por isso. Marchisio fez a cobrança e a bola foi cabeceada para fora, e, infelizmente, o contra-ataque veio e Gigi estava sozinho lá atrás já que todo mundo foi tentar cabecear a bola para ver se vinha o gol de empate, mas não. Neymar veio e queria deixar o seu registrado, ele até tentou outro passe, mas voltou para Neymar. Gigi pulou, mas a bola passou e entrou. Era fim de jogo.
Respirei fundo, voltando o olhar para meus jogadores e vi Gigi ser o primeiro a atravessar o campo para cumprimentar o goleiro deles e meus meninos. Eu não sabia o que sentir, tinha uma bola em minha garganta e eu não tinha como reagir. Era uma sensação estranha. Não era dor, era frustração. Era como se eu não sentisse por mim e sim por Gigi. Pelo fato de sermos finalistas improváveis, nossos ganhos por transmissão seriam maiores do que todos, mas pensar em Gigi, e no sentimento dele? Era horrível.
Apesar de tudo o que aconteceu entre nós, aqui era o palco de um grande momento de sua vida, conseguia lembrar claramente dele correndo por aqui enrolado em uma bandeira gigante da Itália, esperava que isso pudesse se repetir hoje, mas não foi possível e doía muito. E doía pelos meus sentimentos por ele, porque para mim era só mais um jogo de Champions, um jogo perdido, infelizmente.
Nunca tive muito amor por essa competição, principalmente por ser a obsessão de Gigi e, aparentemente, muito difícil dele cumprir isso, mas agora eu estava criando nojo dela, como se fosse responsável por todas as nossas dores, todos os problemas deles. Apesar das lágrimas em meus olhos, eu só queria abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem.
Eventualmente, pelo menos.

Lui
Seis de junho de 2015
A sensação era estranha. Acho que seria melhor se fosse sem esse último gol. Quem diria que nossa última esperança seria o que garantiria a goleada deles? Depois que a bola entrou, eu me senti em 2003 de novo, sentado no chão após o último pênalti que entrou, mas, dessa vez, eu não abaixei a cabeça e chorei, eu me levantei e respirei fundo.
Não tinha o que fazer, demos o máximo, talvez não o melhor, mas esse havia sido o resultado. Ironicamente, parece que 2003 havia sido melhor, conseguimos segurá-los durante 120 minutos para ir para pênaltis. Não que eu quisesse encarar outra decisão de pênaltis, mas isso seguiria até o final de verdade, teríamos mais chances e... Niente. Não tinha mais nada, era passado. Perdemos!
Balancei a cabeça e andei pelo campo, encontrando Claudio e Kingsley mais perto e atravessei o campo para cumprimentar os outros. Todos pareciam ter a mesma reação inconformada minha. Não eram lágrimas, era algo maior, quase como ódio, sabe? Pirlo tinha os olhos cheios de lágrimas quando cheguei nele, mas ainda estava controlado. Segui em direção à Barza, abraçando-o pelo pescoço e ele deu alguns tapinhas em minhas costas. Vi Leo cumprimentando Ter Stegen e me aproximei para cumprimentar ambos. O goleiro me cumprimentou e abracei Leo, deixando o mais novo chorar em meu ombro por alguns segundos.
Senti um toque em meu braço e virei para Allegri que também me abraçou e pressionei os lábios em um curto sorriso, assentindo com a cabeça e ele manteve passou a mão em minha cabeça, repetindo o gesto.
Passei pelo restante dos meus colegas e alguns jogadores do outro time vieram nos cumprimentar também, mas agora só precisávamos agradecer à nossa torcida por ter vindo aqui para Berlim para isso. Acreditamos até o fim, mas não foi possível. Começamos a fazer nossa caminhada cumprimentando a torcida, aplaudindo-os e recebendo seus aplausos em retorno. A ironia de tudo era que ficamos do lado da réplica da taça e ela ficava bem o centro da nossa torcida.
UN CAZZO!
- Gigi! – Virei para o lado, na esperança de ver , mas suspirei ao ver Angela.
- Oi... – Falei e ela apertou meu braço e me deu aquele sorriso triste de todo mundo.
- Só uma entrevista. – Ela disse e eu suspirei. Não queria falar com a Sky Sports, não queria pensar em Ilaria e em mais nada hoje.
- Nada de transmissão. – Falei.
- Não, repórter só. – Ela disse e eu assenti, andando com ela em direção a área onde estavam os repórteres, vendo alguns dos jogadores do outro time também conversando com eles. – Três perguntas só, está bem?
- Tudo bem. – Suspirei, me aproximando do repórter de quase sempre. – Ciao, ciao! – Falei e cruzei os braços.
- Estamos aqui com Buffon. Gigi, é óbvio que seus colegas choram, foi uma partida difícil de explicar, porque a Juve jogou como realmente havia anunciado...
- Sim, sim, penso que no segundo tempo teve um momento em que acreditamos que podíamos ganhar esse efeito extraordinário, mas não foi possível e não por demérito nosso e nem por pouco empenho. – Falei, movimentando a língua dentro da boca. – Porque muitas vezes tem valores que emergem durante 90 minutos, não sempre, mas é justo dizer que esse tipo de resultado premia o mérito... – Cocei a testa, estava indo longe demais. – Mas acredito que como time, mostramos estar bem e de fazer uma boa partida que era a coisa mais importante.
- É difícil dizer, mas é quase uma superstição, quase uma maldição, o número de finais que a Juventus chegou... – Cocei o queixo, o cazzo da maldição de novo.
- Mah... – Me segurei para não rir. – As maldições... – Não deu certo e ri fracamente. – As finais são sorte, mesmo se você é forte, tem 51% de chances de vitória, nós hoje tivemos muito menos... Existem partidas que possuem os favoritos, como é normal que seja, mas não acredito que... – Senti uma mão em minha cabeça e virei o rosto, vendo Dani Alves e ele me deu um rápido abraço.
- Bom jogo. – Ele disse e sorri.
- Grazie. – Falei e ele saiu logo depois.
- Mas... – Tentei voltar. – Não tem nada para recriminar na partida de hoje.
- E uma última coisa, Gigi. – Ele falou. – Em 2006 você disse que depois da final de 2003 você queria tentar de novo, e aconteceu hoje, agora, qual seu objetivo para o futuro? – Ele perguntou.
- Ah, manter nesse nível por pelo menos três anos, e depois descansar os amortecedores, cumprimentar todo mundo e esperar ter realizado outro sonho. – Disse.
- Grazie. – Ele disse e dei um tapinha em seu ombro, me afastando dele.
Voltei a me aproximar de meus companheiros de time e vi o pessoal que não tinha jogado e nem ficado no banco ali perto e cumprimentei Matri, Chiello, Asa, Cáceres e parecia que eles estavam melhores que quem jogou. Não sei, era uma situação estranha. Cumprimentei Padoin, Ogbonna e Llorente e me aproximei de Guido e peguei uma garrafa de água nas térmicas e vi o organizador se aproximar de mim.
- Você puxa a fila logo atrás de Allegri, beleza? – Ele disse e assenti com a cabeça, virando a garrafa de água na boca e fechei-a logo em seguida.
Dei uma rápida olhada em volta, procurando por , mas nada. Será que ela não ia descer? Também não encontrava o resto do top cinco, talvez não tivessem descido ainda ou os protocolos não eram os mesmos. Vi os árbitros seguindo na fila para o recebimento de medalhas e me aproximei do pessoal para nossa vez.
Allegri seguiu pelo corredor formado pelos jogadores do Barcelona e passei por eles também, batendo as mãos na de alguns e vi o técnico deles, Luis Enrique, em primeiro lugar na fila. Ele me puxou para um abraço.
- Bom jogo! – Ele disse e dei um rápido sorriso, seguindo e passos rápidos em direção ao palco onde os presidentes e diretores estavam.
O primeiro era Agnelli, estendi a mão para ele que me puxou para um abraço, ele deu alguns tapas em meu corpo e assenti com a cabeça. Era uma merda não poder entregar isso para eles, só esperava que isso não fosse colocado em pauta depois. Cumprimentei os outros e por último vieram Gianni Infantino, presidente da FIFA e Michel Platini, atual presidente da UEFA e ex-jogador da Juventus.
O último me abraçou apertado, evitando o abraço rápido que eu gostaria e disse algumas palavras de apoio para mim. Dei um tapinha em suas costas, somente querendo a medalha e ir embora e ele me soltou, colocando-a em meu pescoço e segui na fila, deixando que outros viessem atrás de mim.
Mais fotógrafos estavam do outro lado e eu dei um rápido aceno, passando por eles e voltando ao encontro de nossa equipe e de nosso administrativo. Franzi a testa e vi Paratici ali que me puxou para um abraço.
- Está tudo bem, Gigi. – Ele disse. – Vocês vieram até aqui, lutaram... – Pressionei os lábios. – Tem sempre o ano que vem.
- Eu sei! – Falei, assentindo com a cabeça. – Eu só quero deitar a cabeça e deixar isso passar, mas sim, chegamos até aqui! – Disse.
- Isso. – Ele me sacudiu pelos ombros e eu suspirei.
- Agora vai... – Ele me empurrou para o lado e virei o rosto para o lado, checando se não tinha ninguém perto quando eu a vi.
tinha aquela feição de quem estava segurando o choro no rosto e seus lábios tremiam. Ela reduziu nossa distância em um piscar de olhos e passou os braços pelos meus ombros. Soltei um suspiro e consegui relaxar, cruzando minhas mãos em suas costas. Apoiei meu queixo em seu ombro e fechei os olhos, sentindo as lágrimas querem aparecer agora. Era óbvio, era com ela.
Suas mãos apertaram meus ombros com força, como se quisesse colar nossos corpos e soltei um suspiro, levando a mão até meus olhos, respirando fundo. Ela acariciou minha nuca com a ponta dos dedos, em um carinho leve e ergui meu rosto em direção ao dela, vendo seus olhos avermelhados e levei a mão até seus cabelos, acariciando de leve e neguei com a cabeça.
- Não chore. – Falei.
- Sim, eu choro. – Ela disse, puxando a respiração novamente. – Eu choro porque...
- Xi... – Neguei com a cabeça. – Eu sei. – Falei, passando meus braços pelos seus ombros e ela me apertou pela cintura, apoiando a cabeça em meu peito e eu respirei fundo.
Olhei pelo gramado e reconheci os cabelos azuis de Manu abraçando alguém que estava sentado no chão, Álvaro, eu acho. Ele tinha feito o milagre do dia, empatou após um jogo tão difícil e pesante. Foi responsável pelos gols de nossas classificações, para acabar assim. Não conseguia nem pensar o que estava passando na cabeça dele.
- Vamos, . – Falei baixo, acariciando os cabelos de . – Aqui não. – Falei e ela riu fracamente, erguendo o olhar para mim.
- Eu deveria te consolar, não o contrário. – Ela disse e sorrimos juntos.
- Você já está me consolado, amore. – Falei, cobrindo a boca para falar e rimos juntos.
- Você é incrível, está bem? Só queria te dizer isso. – Ela suspirou.
- Você faz eu me sentir assim. – Disse e ela assentiu com a cabeça.
- Cabeça erguida sempre, ok?! – Ela disse, passando as mãos embaixo dos olhos e assenti com a cabeça.
- Tudo bem, mas acho que eu preciso daquele uísque agora. – Falei e ela riu fracamente.
- A culpa foi do chocolate, aposto. – Ela brincou e sorri.
- Obviamente. – Soltei-a relutante, mas tinha câmeras demais aqui, queria muito abrir nossa relação, mas não aqui, não com a minha verdadeira namorada, infelizmente, no estúdio lá em Milão.
- Você vai ficar bem? – Ela perguntou e eu suspirei, coçando a nuca.
- Provavelmente, ainda posso tentar de novo. – Falei, suspirando.
- O que isso quer dizer? – Ela perguntou.
- Eu acabei de falar para o repórter que pretendo me manter em alto nível pelos próximos três anos. – Vi os jogadores do Barcelona receberem suas medalhas. – Se você topar, temos mais três anos para tentar.
- Gianluigi Buffon jogando com 40 anos? – Ela brincou e rimos juntos.
- Você que vive dizendo que eu ainda estou em alto nível. – Brinquei, puxando-a pelos ombros e ela gargalhou.
- Como eu disse: se você me diz que ainda está bom para jogar, eu acredito, e os resultados me comprovam. – Ela disse.
- Combinado. – Virei para ela, vendo-a sorrir e me contive para não beijá-la ali.
- Eu vou resgatar o Álvaro, ok?! – Ela deu um tapinha em meu peito, se soltando de meus braços.
- Podemos repetir o que fizemos ontem? – Perguntei baixo, cobrindo a boca e ela somente me deu um sorriso, abaixando a cabeça e seguindo na direção dos dois melhores amigos.
Soltei um suspiro, vendo os jogadores do Barcelona erguerem a taça e os papéis picados estourarem. Respirei fundo, sentindo a medalha de prata pesar em meu peito e engoli em seco. Mais três anos para esquecer esse passado, mais três anos.

Lei
Sete de junho de 2015
- E agora? – Alena me perguntou e eu puxei a respiração fortemente.
- Eu tenho alguns compromissos ainda. – Falei, bocejando. – Preciso finalizar as questões da Champions, recebimentos e repasses, e depois já tenho alguns contratos para finalizar e receber. Acho que sem férias para mim esse ano. – Acariciei os cabelos de Lou que dormia em meu colo.
- Isso baqueou vocês demais. – Ela disse e neguei com a cabeça.
- Isso só me baqueia por causa dele, sabe? – Falei, sentindo o pequeno se ajeitar no sofá, encolhendo mais as pernas. – Começo a pensar se não é lutar demais para terminar sofrendo...
- Ele é obcecado, , isso só vai mudar quando ele ganhar um dia. – Alena disse e ergui o olhar, vendo ainda alguns jogadores e familiares espalhados pelo restaurante do hotel.
- Eu sei, e eu acabo não gostando por causa dele, mas aí esse ano chegamos tão perto que eu até esqueci os... – Parei de falar quando Veronica e Guendalina se sentaram conosco.
- Oi, gente. – Guendalina disse e dei um aceno de cabeça, olhando em Lou e, um pouco distante no sofá, Dado estava deitado do lado contrário.
- Como você está, ? – Veronica perguntou.
- Ah, sei lá, viu?! – Falei, suspirando. – É uma situação estranha...
- Não quis dizer sobre isso. – Ela falou e ergui o olhar para ela, franzindo-o.
- Ela está falando sobre aquela que não deve ser nomeada. – Alena disse.
- E nem mencionada, se possível. – Falei, engolindo em seco.
- Scusa! – Guendalina disse. – É que nós vimos vocês lá no campo e...
- Pensamos que...
- Eu já sofri demais por isso, meninas, fiz muita besteira também... – Suspirei. – Mas eu percebi que nossa relação, seja ela qual for, é mais importante do que qualquer coisa que ele tenha com ela.
- Mas ele...
- Guendy! – Alena a repreendeu. – Não é o momento. – Suspirei, acariciando as bochechas gostosas de Lou.
- Grazie. – Falei quase em um sussurro para ela e ergui o olhar para as duas mais velhas. – Eu já estou conformada com a minha situação e com a dele, dançar em caixão fechado não vai adiantar de nada. – Tentei manter a fala calma.
- Eu sei, só queria dizer que ele gosta de você, ele não queria estar envolvido nisso depois de tudo. – Veronica disse e eu assenti com a cabeça. – Ele só...
- Ele sente uma necessidade de fazer as coisas certas. – Dei de ombros. – Cada um com assuas responsabilidades... – Suspirei.
- Falando nele, vocês o viram? – Guendalina perguntou e dei uma rápida olhada em volta, não encontrando-o por entre as pessoas.
- MANU! – Chamei-a e ela tomou um susto, arregalando os olhos e se virou para mim.
- Oi, chefa! – Ela disse, coçando os olhos.
- Emanuelle do céu, vai dormir. Você não tem por que ficar aqui! – Falei.
- Eu sei, chefa, eu... – Ela parou para dar um longo bocejo. – Só passado um último tempinho com eles. – Pressionei os lábios, sabendo de quem ela estava falando.
- Vai dormir, ainda tem uns dias. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Mas por que você me chamou? – Ela perguntou, bocejando de novo e eu acabei bocejando junto.
- AH, PARA! – Falei e ela gargalhou. – Você viu o Gigi? – Perguntei.
- Ele estava esperando pelo elevador da última vez que eu o vi. – Ela deu de ombros e eu suspirei.
- Ele deve ter ido para o quarto. – Guendy falou e eu suspirei. – A gente vai para o nosso hotel, minha mãe também não está aguentando mais acordada.
- Eu chamo ele para vocês, acho que vocês não vão conseguir subir! – Acariciei os cabelos de Lou, segurando sua cabeça e levantei devagar, apoiando sua cabeça em uma almofada logo depois, vendo-o se mexer.
- Se ele estiver dormindo, amanhã encontramos com ele antes de ele... – Ela falou. – Enfim... – Assenti com a cabeça. Antes de ele encontrar a outra?
- Eu já volto. – Falei, suspirando.
Atravessei para fora do restaurante e ainda tinha algumas pessoas no lobby do hotel apesar do horário. Observei Giulia e David conversando em um dos sofás e dei um curto sorriso. Quem sabe? Apertei o botão do elevador e esperei o mesmo. Entrei sozinha quando ele abriu, bati o cartão chave e apertei o botão para o seu andar.
Saí do mesmo, vendo que o corredor estava vazio e andei até o mesmo quarto que eu saí ontem pela parte da manhã e fechei a mão, batendo na porta em um toque divertido. Não tive retorno e suspirei, batendo de novo.
- Gigi! – Chamei-o. – Sou eu! Abre aí! – Franzi os lábios ao não ter uma resposta mais uma vez.
Me assustei com a luz que desligou e suspirei, tentando mexer os braços igual uma tonta para ver se ela acendia de novo, mas olhei para baixo, vendo uma pequena luz sair por debaixo da porta. Ah, Gigi!
- GIGI! – Chamei mais alto, batendo a lateral do punho na porta, ouvindo-a alta até demais e franzi os lábios, será que tinha alguém dormindo aqui?
- Vai embora! – Ele respondeu e eu suspirei.
- Gianluigi Buffon, abra essa porta agora mesmo! – Falei, continuando a bater.
- Ah, pelo amor, ! – Sua voz saiu abafada lá de dentro.
- Se você não abrir a porra dessa porta, eu juro que eu vou descer, chamar um segurança e falar que você morreu aí dentro só para ele arrombar para mim! – Falei brava e vi a porta do lado ser aberta, revelando Pepe.
- Ei, chefa! – Ele disse coçando os olhos.
- Desculpe te acordar. – Falei.
- Na paz, problemas aí? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Que foi? – Gigi abriu a porta irritado e senti um forte cheiro de bebida.
- Ah, Gigi! – Empurrei-o para dentro.
- Ai, ai! – Ele reclamou e eu bati a porta.
- O QUE ESTÁ PENSANDO? – Perguntei, vendo-o abanar a mão e ele ainda usava o moletom do time. – Sua família está indo embora, eles querem se despedir de você!
- Eu falo com eles amanhã! – Vi a garrafa de uísque e o copo na mesa do quarto e andei até eles, vendo a garrafa na metade.
- VOCÊ ESTÁ TOMANDO O MEU UÍSQUE? – Perguntei irritada.
- Ih, relaxa, lindinha, eu pago outro para você se esse for o problema. – Ele disse, abanando a mão e pegou o copo, virando o restante dele na boca e puxei o copo de sua mão.
- EI! – Ele reclamou, puxando de mim e me assustei quando o corpo quebrou. – Droga! – Ele disse e me afastei alguns passos, vendo se minha mão não tinha sido cortada. – Você está bem?
- Estou. – Falei, sentando na cama e ele sacudiu a mão também, mas também estava bem. – O que você está fazendo, Gigi? – Perguntei mais baixo, engolindo em seco logo em seguida.
- EU ESTOU BRAVO, ! – Ele disse e eu suspirei. – Eu tenho o direito de estar assim, não tenho? Depois de tudo o que aconteceu nessa noite?
- Mas por que você está fazendo isso? Por que sozinho? Por que... – Respirei fundo. – Por quê? – Engoli em seco.
- Porque eu sou um idiota, . Não consegui ganhar a porra desse jogo, só faço merda na minha vida pessoal, consigo te afastar de diversas formas possíveis...
- Mas eu ainda estou aqui...
- EXATO! – Ele gritou. – Isso não ajuda em nada, ok?! Porque eu erro, faço uma merda atrás da outra contigo e você ainda está aqui por mim. Por quê, ? – Engoli em seco, respirando fundo. – Por quê, ? – Ele ergueu o olhar para mim.
- Porque eu me importo com você, seu idiota! – Bufei. – Porque alguma coisa sempre me puxa para você. – Levei as mãos até o cabelo, colocando-o atrás da orelha. – Não importa o quanto você me afaste de você, quantas merdas você faça, eu não consigo me afastar, ok?! Sabemos que eu já tentei. – Engoli em seco, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. – AH, QUE MERDA, GIANLUIGI! – Gritei, me levantando da cama. – Só vim fazer um favor para suas irmãs, agora para de drama e vai falar com elas. – Segui a passos fortes até a porta e ele apoiou o braço na porta quando eu tentei abrir. – Deixa eu sair, Gianluigi! – Pedi, engolindo em seco.
- Não, me desculpe. – Ele disse baixo e apoiei a testa na porta. – Por favor, não vai embora. – Puxei a respiração fundo. – Eu sou um idiota mesmo, eu sei. – Fechei os olhos, sentindo a lágrima deslizar pela minha bochecha. – Eu só não consigo te machucar mais, , mas eu também não sei viver sem você, me desculpe. – Mordi meu lábio inferior. – Eu queria que você se afastasse de mim e que fosse ser feliz, mas eu preciso de você. – Engoli em seco.
- Se você precisa de mim, por que você faz isso? – Perguntei baixo, sentindo seu corpo atrás de mim e sua respiração perto de mim.
- Eu não sei... – Ele suspirou e eu virei o corpo para ele.
- Por que você faz isso, Gigi? – Perguntei novamente. – Se você precisa de mim, se você gosta de mim, se você fala que não quer me machucar... – Dei alguns socos em seus ombros, sentindo minha voz alterar com o feito e ele tentar segurar meus braços. – POR QUE VOCÊ FAZ ISSO, ENTÃO? – Gritei, engolindo em seco, deixando-o segurar minhas mãos quando o cansaço bateu.
- Eu não sei... – Suspirei.
- Você sempre dizia da batalha que lutou contra a Alena e seus filhos para ficar comigo, que eu sou a única na sua vida e eu sempre tentei entender, pois sei que o que temos é especial, mas você me mostrou que não era eu, podia ser qualquer uma... – Engoli em seco, sentindo as palavras doerem para falar.
- Não. Isso nunca! – Ele disse, apoiando meus braços na porta, colando seu corpo no meu.
- Sim, Gianluigi, podia ser qualquer uma que te satisfizesse, que aliviasse seu estresse por alguns minutos, que te fizesse se sentir homem... – Olhei em seus olhos. – Sempre foi você para mim, mas nunca fui eu para você. – Engoli em seco. – Você só queria alguma forma de alívio para...
- PARA! – Ele falou mais alto. – Isso não é verdade, . – Ele disse irritado. – O que você e eu temos... – Ele abaixou meus braços, segurando minhas mãos. – É maior do que qualquer outra mulher, maior do que qualquer outra pessoa. – Ele roçou o nariz no meu, me fazendo fechar os olhos.
- Então, por que você foi justo com ela? Você sabe que eu sou uma otária por você! – Puxei a respiração. – É só você chegar perto assim que eu sinto minhas pernas tremerem... – Falei baixo, sentindo uma mão subir para o meu pescoço. – Eu achei que a gente tinha algo especial...
- A gente tem! – Ele disse baixo.
- Então, o que é isso? Por que estamos nessa cama de gato bagunçada? – Engoli em seco, sentindo as lágrimas deslizarem sem dó. – Por que não podemos ser sempre assim? Esse carinho gostoso, os beijos, o sexo, o apoio? Por que tudo escondido? Por que tudo nessa realidade alternativa de hotéis e sempre com lágrimas, brigas e estresse? – Senti seu polegar acariciando minha bochecha.
- Porque eu só faço besteiras, . – Ele disse baixo, com os lábios roçando em minha bochecha.
- Mas por que comigo? Por que conosco? – Ergui os olhos para os seus.
- Porque quando eu precisei te esperar, eu não soube. – Ele disse baixo. – E agora eu estou pagando um preço bem caro por isso... E te levando comigo. – Engoli em seco.
- Vai ter algum dia que possamos ficar juntos de verdade? – Senti meus lábios tremerem. – Eu não ligo para fama, você sabe disso, mas eu não suporto saber que fora daqui você não é meu. – Ele apoiou os lábios em minha testa.
- É o que eu mais quero, . – Ele me abraçou pelos ombros. – Eu sei que só contigo eu vou ser feliz de verdade. – Passei os braços pelas suas costas, apertando-o fortemente. – Mas eu fiz besteira e preciso corrigir primeiro. – Engoli em seco, fechando meus lábios novamente.
- Ah, Gigi... – Falei quase em um gemido. – Por que você não pode ser meu? – Perguntei quase retoricamente, sentindo-o se afastar devagar e ele levar a mão até meu queixo.
- Olha para mim... – Ele pediu e ergui o olhar para ele, encarando seus olhos azuis. – Eu já sou seu, . Só seu! – Engoli em seco. – Não importa quem mais aparecer na minha vida, eu sempre vou ser seu.
- O que você está falando sobre alguém aparecer na sua vida? – Empurrei seu peito devagar e ele riu fracamente. – Tem vários jogadores lindos no time, mas ninguém aparece assim na minha vida. – Ele gargalhou.
- É uma metáfora, amore. – Ele ergueu as mãos e eu suspirei.
- Sem metáforas ou nada que me dê dor de cabeça. – Falei.
- Tudo bem. – Ele disse com um curto sorriso no rosto. – Agora vem cá. Não me bate. Eu gosto de um sexo mais insaciável, mas sem bater. – Ri fracamente.
- Não, você está cheirando uísque. – Falei e ele riu fracamente. – Por que você estava bebendo, também? Não vim aqui para brigar. A gente saiu do foco. – Falei, desviando dele e fui até o local que o copo tinha espatifado no chão, me abaixando e começando a pegar os vidros maiores.
- Eu só estou triste, não é nada demais e nem surpreendente! – Ele falou, sua voz ficando mais perto de novo. – Deixa aí, você vai se machucar.
- Por que você não me chamou? – Ergui o olhar para ele que suspirou.
- Você estava um pouco ocupada, sabe? – Ele disse e ri fracamente.
- Nunca para você, Gigi. Não sobre isso. Eu sei como isso é importante para você! – Falei, me levantando e colocando os pedaços na mesa.
- Eu não queria te estressar. – Ele falou, chutando os pedaços menores para o canto.
- Vemos que deu muito certo. – Bati as mãos na saia.
- Me desculpe, eu só não paro de pensar nisso. – Ele se sentou no centro da cama.
- O que exatamente? – Perguntei, seguindo até o banheiro para lavar as mãos.
- O jogo foi horrível, . – Ele disse e eu suspirei, ouvindo sua voz misturar com a queda da água. – Eles dominaram o jogo, não tinha competição. – Ele disse bravo e passei minhas mãos na toalha, antes de voltar para o quarto. – Isso está passando na minha cabeça diversas vezes, porque isso diz muito sobre o nosso futebol e o futebol italiano de forma geral. – Ele disse e me aproximei, me colocando em sua frente.
- Você não precisa fazer essa análise toda por causa de um jogo, Gigi. – Falei.
- Preciso! – Ele disse firme. – Era o jogo mais importante dos últimos 12 anos, . O jogo mais importante da minha vida e não teve nem competição. – Ele falou e levei a mão para seus cabelos, jogando-os para trás. – Foi horrível!
- São dias, Gigi. – Falei calma, vendo-o afundar o rosto nas mãos. – Tem dias que estamos em cima e outros que estamos embaixo. – Suspirei. – Eliminamos o Real Madrid para chegar aqui, Gigi. Quantas Champions eles têm? Quantos campeonatos espanhóis eles têm? – Falava devagar. – Jogos são sortes, tem dias que ganhamos e outros que perdemos. – Falei.
- E tínhamos que perder justo esse? – Ele ergueu o olhar para mim. – Custava uma vitória?
- Quem você está culpando, Gigi? – Perguntei, passando os polegares em suas sobrancelhas. – Custava para quem uma vitória? – Ele bufou, me apertando pelas pernas e afundando a cabeça em minha barriga.
- Eu. – Ele disse abafado e engoli em seco.
- Não foi sua culpa, Gigi. – Falei baixo. – Acho que vocês só estavam receosos com tudo, com medo de fazer algum movimento errado. – Ele suspirou. – Teve gente que eu nem lembrei que estava no jogo. – Falei baixo.
- E sabe o pior? – Ele ergueu o rosto para mim e eu assenti com a cabeça. – O time está começando a manter uma solidez melhor, com mais trabalho podemos ter o mesmo feito ano que vem, mas metade do time vai sair. – Ele disse.
- Os caras falaram? – Perguntei.
- Homens também fofocam, . – Ele disse e eu suspirei.
- Eu vou trazer bastante sangue novo, Gigi. Com desejo de vitórias e vontade de jogar. – Falei, sentindo suas mãos acariciaram atrás de minhas coxas, me fazendo arrepiar. – Vamos fazer dar certo, você só precisa acreditar.
- Você acredita? – Ele perguntou e fui pega desprevenida, me fazendo suspirar. – Viu? Nem você acredita...
- Não é assim, Gigi. – Falei, virando o corpo de lado e sentei em sua perna, segurando-o pelo pescoço e deixei meus saltos no chão, suspirando por finalmente tirá-los.
- O que foi?
- Que alívio em tirar os sapatos. – Falei e ele riu fracamente, puxando minha perna para cima e estiquei-as em sua outra perna. – Eu comecei a não gostar dessa competição, você vira outra pessoa por causa dela. – Dei de ombros.
- Não viro...
- Ah, Gigi, nunca te vi chorando e bebendo por causa de joguinho de Serie A, vai. – Falei firme. -Você é obcecado e eu posso falar isso. – Apertei minhas mãos em seu pescoço. – E essa sua obsessão te deixa mal quando perde ou é eliminado, então eu não gosto dessa competição. – Suspirei. – Ponto final.
- Mas eu quero tanto...
- Por que isso é tão relevante para você? – Perguntei. – Você é o melhor goleiro do mundo, venceu um Mondiale, tem milhares de prêmios e recordes em suas costas, por que isso é relevante?
- Por causa de tudo isso. – Ele disse, acariciando minha perna. – Se eu consegui tudo isso, por que eu não consigo uma Champions? – Ele perguntou e eu pressionei os lábios. – O que isso diz de mim?
- Não diz nada. – Falei firme. – Você continua sendo incrível.
- Mesmo assim, falta algo... – Ele disse e acariciei seu rosto.
- Olha para mim... – Foi minha vez de pedir e seus olhos desviaram de minhas pernas e vieram para os meus. – Não te falta nada. – Acariciei seu rosto, apoiando minha testa na sua. – Você é incrível em todo sentido dessa frase. – Suspirei. – Às vezes é só destino.
- E se eu quiser lutar contra o destino? – Ele perguntou.
- Apesar de eu odiar, eu estarei contigo e te darei carinho se não der certo. – Falei e ele sorriu.
- Isso já basta. – Ele disse, roçando o nariz no meu. – Já é o suficiente. – Ele disse suspirando.
- Poi niente. – Falei. – Só para de beber, ok? Isso não tem faz bem. – Falei e ele riu fracamente.
- Ah, claro, porque quando foi sua vez...
- Aprendi com meu erro, agradeço se não jogar isso na minha cara. – Falei e ele riu fracamente, me apertando contra seu corpo e escondendo o rosto em meu pescoço, dando um forte beijo, me fazendo arrepiar e rir fracamente. – Ai, Gigi! Para! – Empurrei-o de leve.
- Por quê? O que eu fiz agora? – Ele perguntou e eu ri fracamente.
- Eu preciso tirar essa roupa e tomar um banho, faz quase... – Olhei em meu pulso. – 10 horas que eu estou com essa roupa. – Arregalei os olhos. – Nossa! Eu preciso de um banho! – Falei em um pulo, me levantando e ele me puxou pela mão.
- A sorte sua é que temos água, sabonete e roupa nesse quarto mesmo. – Ele disse e olhei para ele com os lábios franzidos. – O quê?
- Tentando me ganhar com isso? – Perguntei e ele deu de ombros.
- Está dando certo? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Já falei que eu te odeio? – Falei e ele riu fracamente.
- Já e dói quando você fala isso. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Me desculpe. – Falei, acariciando seu rosto. – Allora, me ajuda a tirar isso. – Um sorriso abriu em seu rosto e até ri com isso.
- Com prazer... – Ele disse e chamei-o com a mão, seguindo em direção até o banheiro e ele me abraçou pela cintura quando me alcançou e afundou o rosto em meu ombro, dando um beijo sobre a blusa do primeiro uniforme do time.
Entrei no banheiro, batendo a mão na luz e ele encostou a porta quando passou por ela. Virei o corpo para ele, passando as mãos em seu rosto e ele colou nossos lábios. O gosto do álcool me atingiu com rapidez, mas isso não me fez afastá-lo. Desci as mãos pelos seus ombros, sentindo suas mãos descerem pelo meio das minhas costas, fazendo meu corpo inclinar um pouco para trás e ele começou a puxar a blusa para fora da saia, fazendo o beijo ficar bagunçado.
- Espera, espera! – Pedi rindo. – Uma coisa de cada vez. – Falei e ele deu um curto beijo em meus lábios sorrindo. – Não tem por que ter pressa, vamos embora só meio-dia.
- É pouco. – Ele disse rindo.
- Se você não dormir, não. – Falei e ele puxou minha blusa, puxando-a para cima e estiquei os braços para ele puxar e ajudei-o a tirar no pescoço que era mais justo.
- A gente já não dormiu noite passada, amore. – Ele disse, jogando meus cabelos para trás e levou as mãos para minha cintura, procurando onde abria minha saia.
- Você tem uns 45 dias de férias. – Disse, levando sua mão para lateral esquerda do meu corpo.
- Você não? – Ele perguntou e deslizou a mão pela lateral do meu corpo, me fazendo arrepiar e ele riu fracamente.
- Gigi... – O repreendi e ele riu fracamente, puxando o zíper da minha saia para baixo.
- Eu te conheço bem demais. – Ele falou, passando a mão por dentro da minha saia e senti ela deslizar pelo meu corpo.
- Até demais. – Falei, tirando os pés de dentro da saia e chutei-a para o lado.
- E isso é ruim? – Ele perguntou, puxando sua blusa para fora e eu ri fracamente.
- Não, porque eu sei que o sexo vai ser incrível todas as vezes. – Falei, vendo-o jogar a blusa para o lado e sorri ao ver seu tórax nu.
- Esse é um ótimo desafio. – Ele disse e eu soltei o sutiã de minhas costas, jogando-o no chão.
- Como se realmente fosse um desafio para gente. – Abri o box, abrindo as manoplas e senti ele me abraçar pelas costas, levando as mãos até minha barriga.
- Isso que torna tudo melhor. – Ele disse, colando os lábios em meu ombro, começando a deixar beijos pelo local enquanto eu ajeitava a temperatura da água.
- Você está todo manhoso hoje, por quê? – Perguntei, feliz com a temperatura da água.
- Porque eu ainda tenho você. – Ele disse, apertando os braços em minha barriga e eu ri fracamente.
- É... Você ainda tem! – Falei, suspirando. – Por que a gente não entra? – Perguntei.
- Dai... – Ele disse, afrouxando o abraço e desceu a mão para minha calcinha, abaixando-a devagar. – O que aconteceu com as calcinhas fofinhas e engraçadinhas? – Tirei os pés quando ele as soltou e entrei no box rindo.
- Você não esperava que eu usasse calcinhas assim para o resto da vida, esperava? – Perguntei, sentindo a água cair em minha cabeça e vi ele abaixar a calça e a cueca junto.
- Na verdade, esperava sim. – Ele disse rindo. – É sua marca registrada. – Sorri, sentindo a água relaxar meu corpo.
- Você gostaria de usar cueca de dinossaurinho para o resto da vida? – Perguntei.
- Não, esse é o Barza! – Ele disse e eu gargalhei.
- Ei, eu sei o que ele usa, na verdade, eu sei o que todos vocês usam. – Falei, ouvindo o barulho do box ser fechado e senti suas mãos em minha cintura. – A tradicional cueca branca.
- E não gosta? – Ele perguntou e abri meus olhos, vendo-o à poucos centímetros de mim.
- Eu gosto em você. – Falei, erguendo os braços para seus ombros. – Deixa tudo em evidência. – Rimos juntos.
- E eu gosto da calcinha de bichinhos e fofurices, fazendo um favor. – Rimos juntos.
- Elas não ficam boas com essas saias, Gigi. – Rimos juntos.
- Ficam sim. – Ele sorriu, roçando os lábios nos meus. – Ficam boas de qualquer jeito. – Ele acariciou meu rosto.
- Eu vou pensar no seu caso... – Brinquei, sentindo seu dedo acariciar meus lábios. – Quando você for meu. – Ele riu fracamente.
- Sem esse papo de novo. – Ele disse e dei um beijo em seu polegar, passando a língua sobre o mesmo, antes de deixá-lo deslizar pela minha boca, me fazendo chupá-lo levemente e acompanhei os lábios e língua de Gigi se movimentando com isso. – Ah... – Ele suspirou.
Segurei sua mão, tirando o polegar e mudando para o indicador para fazer a mesma coisa, sugando-o devagar e mantive o olhar fixo nos seus, vendo-o se contorcer com o olhar. Mudei para seu dedo médio, sugando-o devagar, deixando-o entrar mais fundo em minha boca e observei-o morder seu lábio com força.
Puxei sua mão de volta, abaixando-a devagar e levei até minha vagina, vendo um sorriso aparecer em seus lábios e ele entendeu o recado. Ele apoiou a outra mão em minha cintura e me empurrou para a parede.
- Do outro lado! – Pedi, sentindo a manoplas em minhas costas e ele riu fracamente e girei meu corpo, encostando minhas costas na parede gelada. – Agora sim. – Vi seus cabelos caírem em seu rosto quando ele os molhou.
- É? – Ele falou, aproximando o rosto do meu e puxei sua nuca e colei nossos lábios.
Ele pressionou o corpo no meu, ficando um pouco de lado e deixei que sua língua encontrasse com a minha rapidamente. Ele passou a mão em minha vagina, acariciando-a e adentrou os lábios, encontrando-a úmida e mordi seu lábio inferior quando ele começou a acariciá-la devagar. Ele sorriu e passei a língua em seus lábios antes de ele sugar para sua boca novamente.
Acariciei seu rosto, sentindo seus dedos me estimularem cada vez mais e deixei que algumas arfadas escapassem de meus lábios, nos fazendo separar os lábios. Ele colou a testa na minha e abri meus olhos, vendo seus olhos azuis próximos as meus e soltei um curto gemido quando ele encontrou o ponto exato.
Ele agilizou os movimentos sob o local, me fazendo soltar curtos gemidos conforme ele os agilizava e senti o pênis de Gigi pressionar sobre meu corpo. Ergui uma mão para sua cintura e a outra tocou-o e ele demonstrou surpresa em seu olhar. Ele sorriu e colou os lábios rapidamente nos meus por poucos segundos.
Ele começou a agilizar os movimentos e comecei a deslizar minha mão pela extensão do seu pênis que ficava cada vez mais excitado com os movimentos. Ele deslizou os dedos para dentro dos meus lábios e senti ele brincar com ele em minha entrada. Desacelerei meus movimentos em si, reduzindo-os à cabeça de seu pênis e suspirei quando ele adentrou dois dedos em mim, me fazendo apertar sua cintura.
Ele apertou a mão em meu corpo, colando os lábios nos meus e levou a mão até minha nuca, puxando levemente os cabelos. Ele tirou os dedos de mim e voltou a trabalhar em meu clitóris, fazendo meu corpo começar a responder cada vez mais forte aos seus estímulos.
- Vai, mais rápido. – Pedi baixo, tirando a mão de deu pênis e erguendo ambas para seus ombros, precisando de um apoio maior, já que minhas pernas começaram a bambear.
Ele fez o que eu pedi, agilizando os movimentos e apoiei minha cabeça na sua, deixando que suspiros fortes escapassem de meus lábios. Ele respondeu aos meus efeitos, agilizando e o orgasmo me atingiu com força, me fazendo suspirar fortemente, apertando minhas mãos em seu corpo. Deixei que minha respiração normalizasse aos poucos e afrouxei minhas mãos em seus ombros devagar, deixando a respiração acalmar.
- Foi rápido demais. – Falei e ele riu fracamente.
- Você que pediu. – Ele falou e ergui os olhos para ele, rindo juntos e fiquei levemente na ponta dos pés para alcançar seus lábios em um beijo forte, fazendo o ar faltar alguns segundos.
- Agora me diga que você tem uma camisinha. – Falei, passando a mão em seu peito onde os pelos curtos começavam a nascer.
- Se eu tinha no Brasil, não vou ter aqui? – Ele disse rindo e se afastou.
Fui para baixo da água enquanto ele saía do box e ia até sua necessaire na pia e ele procurou na mesma rapidamente, sacudindo o pacote em suas mãos e ri fracamente. Ele o abriu, jogando o pacote no lixo e vestiu-a ainda do lado de fora. Passei as mãos em meus cabelos, vendo-o vir em minha direção novamente.
Ele passou as mãos em meu corpo novamente e deslizou-as pela minha bunda, segurando logo abaixo delas para me suspender no ar. Passei meus braços pelos seus ombros, sentindo a parede gelada novamente e arqueei meu corpo com o feito. Ele deslizou as mãos mais perto de meus joelhos.
Ele colou os lábios nos meus por alguns segundos e afastou o corpo um pouco para guiar seu pênis até minha entrada e suspirei quando ele deslizou para dentro de uma vez só, me fazendo gemer com o rápido encontro. Tombei a cabeça para trás, apoiando na parede e senti seus lábios em meus seios.
Soltei um suspiro, mordendo meu lábio inferior quando ele mordiscou o bico e depois começou a sugá-lo. Enquanto isso, ele começou a movimentar seu quadril mais rápido, fazendo seu pênis deslizar com facilidade dentro de mim. Apertei uma mão em seu cabelo, sentindo meu corpo começar a se contrair e soltei uma perna de sua cintura, apoiando-a no chão.
Ele segurou minha cintura, pressionando nossos corpos e joguei a cabeça para trás, deixando alguns gemidos escaparem de meus lábios e ele também deixava escapar alguns. Firmei as mãos em seu pescoço, vendo-o erguer o rosto para mim e colei meus lábios nos dele rapidamente, soltando um gemido mais forte quando atingi o orgasmo mais uma vez, me fazendo perder as forças.
Apoiei a cabeça na sua, sentindo minha respiração acelerada se unir com o barulho do chuveiro e passei os braços pelas suas costas apertando-o em um abraço e ele fez o mesmo, me fazendo suspirar.
Esperei a respiração desacelerar um pouco e, quando isso aconteceu, comecei a deixar alguns beijos em seu ombro e alguns em seu pescoço antes de erguer o rosto novamente. Ele tinha um sorriso em seus lábios e segurei seu queixo, apertando os lábios em um bico e colei nossos lábios em um longo selinho, vendo-o rir logo em seguida.
- Minha linda. – Ele disse e eu sorri, sentindo meu rosto esquentar por algum motivo fora do comum.
- Agora você vai me ajudar com o banho? – Perguntei e ele riu fracamente.
- Ah, é bom, né?! Tirar o suor do corpo. – Ele disse e rimos juntos.
- Culpa sua. – Falei, sentindo a respiração falhar quando ele saiu de dentro de mim e ele me dei outro curto selinho.
- Nem ligo de ser culpado nisso. – Ele disse rindo e sorri.
Observei-o sair do box mais uma vez para se livrar da camisinha e aproveitei para entrar embaixo do chuveiro, deixando a água quente cair em minhas costas frias. Peguei o xampu de Gigi que estava ali do lado e coloquei um pouco na mão antes de levar até o topo da minha cabeça, começando a esfregar devagar. Ele voltou para o box e se colocou em minha frente, próximo à outra parede.
- Você deve ter inundado o banheiro, né?! – Falei e ele riu fracamente.
- Não fiz nada, mamá! – Ele disse e fiz uma careta.
- Ih, sua mãe estava indo embora e queria se despedir de você. – Falei.
- Beh, eu falo para ela que estava ocupado, ela vai entender. – Ele disse e rimos juntos. – Ainda mais sabendo da nossa história.
- O que você contou para elas? Suas irmãs já estavam falando lá embaixo. – Disse, passando as mãos nos fios.
- Só disse a verdade para elas. Sobre tudo. – Ele deu de ombros. – Elas só são bem intuitivas. – Ri fracamente.
- Até demais. – Suspirei, virando meu corpo para trás para entrar embaixo da água novamente.
- Elas gostam de você, , se esse for o problema. – Ele disse, passando a mão em minha cintura.
- Não tem problema, Gigi, é só que...
- É só que... – Ele me copiou e eu ri fracamente.
- Já basta nós dois envolvidos na nossa bagunça...
- Vai dizer que a Giulia não sabe da nossa bagunça? – Ele perguntou, passando a mão devagar em minha barriga.
- É diferente, a Giulia gosta de ver o circo pegar fogo...
- Sua família? – Ele perguntou.
- Eles não ficam fazendo perguntas invasivas para você sobre mim ou sobre nós. – Falei. – Ficam? – Perguntei rapidamente.
- Não, seu Fabrizio gosta bastante de mim. – Ele disse rindo. – Por sinal, pelo que eu vi, ele, dona Giovanna, seu Adriano e dona Maria Stella estavam bem conversando. – Ele disse e eu ri fracamente.
- E por que você está me falando isso? – Perguntei.
- Porque é o tipo de coisa perfeita. – Ele falou e eu ri fracamente.
- Ajeite seus problemas que vai ser perfeito, então. – Falei e ele suspirou.
- Eu vou, amore. Eu vou. – Notei que seu tom de voz mudou e engoli em seco.
- Vamos mudar de assunto, ok?! – Falei. – Mas mande uma mensagem para sua mãe e fala que a culpa foi totalmente minha. – Ele riu fracamente.
- Tudo bem, eu falo. – Ele disse. – Agora, poderia tirar essa espuma do seu ombro, por favor? – Virei o rosto para o lado, vendo seu queixo próximo de mim e ri fracamente, inclinando o ombro para baixo do chuveiro, vendo a espuma sair rapidamente.
- Pronto. – Disse, voltando a posição anterior e ele sorriu.
- Agora sim. – Seus lábios tocaram o local e ri fracamente, levando minhas mãos para cima das suas.

Lui
Sete de junho de 2015
- Espera, espera! – Ela pediu rindo e afastei meus lábios de seu rosto. – Espera um pouco! – Ela ergueu os braços, passando o pente em seus cabelos e apertei minhas mãos em sua barriga.
- Para que pentear os cabelos? Eu vou bagunçar logo mais. – Falei e ela riu fracamente.
- Há, há, há, engraçadinho! – Ela disse, passando a mão nos cabelos para tirar alguns fios soltos.
- Você não pensa que vai dormir agora, né?! – Falei, dando uma mordiscada em sua orelha e ela inclinou o rosto para o lado.
- Eu preciso dormir, Gigi! – Ela disse manhosa, inclinando o corpo para jogar os fios no lixo e colocou meu pente na pia novamente.
- Você vai ter bastante tempo para dormir. – Falei, vendo seu reflexo no espelho. – A não ser que queira fugir comigo para um lugar bem escondido no mundo... – Disse e ela deu um curto sorriso.
- É bem tentador. – Ela relaxou os ombros, subindo a toalha para seus ombros novamente. – Mas não dá. – Ela deu um sorriso triste e suspirei.
- Vem, vamos lá. – Falei.
- Eu preciso de uma roupa-a-a. – Ela disse e eu ri fracamente. – Você precisa ir lá no meu quarto pegar minha mochila.
- Até vou, mas não agora! – Falei, ajeitando a toalha em suas costas e inclinei meu corpo para baixo.
- Gigi... – Ela falou e peguei-a no colo. – Ah, Gigi! – Ela gargalhou, passando as mãos em meus ombros e ajeitei as mãos atrás de seus joelhos.
- Cuidado com a cabeça. – Falei, saindo do banheiro, vendo-a contrair o corpo um pouco e voltei para o quarto.
- Cuidado com o chão, pode ter vidro! – Ela disse.
- Relaxa, eu tenho uma ótima médica aqui para mim. – Falei e ela riu fracamente.
- Apesar do fetiche ser interessante, eu sou péssima na área médica, você cuida de mim melhor. – Ela falou e inclinei meu corpo, colocando-a na cama.
- Eu já tirei caco de vidro dos seus pés, você não se lembra, mas eu lembro! – Falei, vendo-a se sentar na cama e deslizar o corpo para trás.
- Aquele dia é um borrão para mim. – Ela puxou a toalha de suas costas, jogando para o lado.
- É melhor que seja, não vale à pena lembrar. Já faz muito tempo e o motivo daquilo tudo já foi embora. – Falei, vendo-a inclinar o corpo para trás, apoiando a cabeça nos travesseiros.
- Tem noção que já faz cinco anos? – Ela falou e tirei a toalha da minha cintura e ajoelhei na cama, seguindo em sua direção.
- Sim e eu nunca fiquei com tanto medo em minha vida. – Disse, passando as mãos em suas pernas e ela levou as mãos para meus cabelos.
- Eu estou aqui, Gigi, ainda estou. – Passei minhas mãos para trás de suas pernas.
- E vai ficar por muito tempo! Temos muito o que viver ainda. – Falei e ele revirou os olhos. – Já imaginou isso? Você, eu, meus filhos... – Ela riu fracamente.
- Não fala isso. – Ela puxou os fios. – É uma situação irreal. – Ela jogou a cabeça para trás. – Como se fosse um sonho impossível de realizar. – Ergui os olhos para ela.
- Prometo que não vai ser. – Falei e ela suspirou.
- Não fala disso. Não promete nada. – Ela pediu, me chamando com o dedo. – Vamos aproveitar o agora, pelo menos isso é garantido. – Subi em cima dela, mantendo seu corpo entre minhas pernas e passei minhas mãos em sua cintura.
- É uma promessa para mim, . Eu preciso prometer isso, porque eu sei que tem esperança. – Falei, colando meu corpo no seu e ela suspirou, levando uma mão para meu rosto. – E que eu não vou enlouquecer.
- Se eu já estou enlouquecendo, você também pode um pouco. – Ela disse rindo.
- Só se for de louco de excitação por você. – Ela sorriu.
- Eu estou cansada, Gigi. – Ela disse, contraindo o corpo para trás e ri fracamente.
- Você quer dormir? – Perguntei, roçando meus lábios nos dela e ela acariciou meus cabelos.
- Depende... – Ela disse sorrindo.
- Do que? – Perguntei, passando meus lábios em sua bochecha.
- Se você está me perguntando isso, é porque tem uma ideia melhor. – Rimos juntos.
- Talvez... – Falei, sentindo-a lamber meus lábios e suguei sua língua para meus lábios devagar, vendo seu olhar focado nos meus. – O que acha? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Acho que posso descansar quando chegar em casa. – Ela passou a mão em meu peito e eu sorri.
- É?
- Ei, não se finja de surpreso! – Ela disse e rimos juntos.
- Você manda, amore. – Falei e ela soltou um longo suspiro, tomando a cabeça para trás.
- Eu sou sua. – Ela disse e sorri, levando meus lábios para seu pescoço.
- Eu gosto quando você diz isso. – Sussurrei e ela riu fracamente, levando a mão até meu rosto.
- Eu não menti, Gigi. – Ela disse e dei um curto beijo em seu pescoço.
- Eu também sou. – Falei, passando as mãos na lateral de seu corpo, apertando suas coxas.
Desci os beijos pelo seu pescoço, vendo-a jogar a cabeça para trás. Deslizei os lábios pelo seu corpo, chegando em seus seios e subi uma mão para sua cintura, sentindo sua barriga contrair. Passei meus lábios pelo bico de seu seio, sugando o mesmo e ouvi sua respiração sair forte e suas mãos voltaram para minha cabeça.
Subi a mão pelo seu corpo e segurei seu seio, apertando-o e estimulando o mamilo com a ponta dos dedos, sentindo-o excitado. Deslizei a língua por entre ambos e abaixei minha mão para sugar o outro. Sua mão acariciou minha nuca delicadamente e senti meu corpo arrepiar com isso.
- Gigi, deixa eu... – Ergui o olhar para ela. – Deixa eu escorregar. – Ela pediu e afastei o corpo um pouco, vendo-a inclinar o corpo para baixo e abaixar o corpo. – Ok, estou confortável. – Ela disse e rimos juntos.
- Facilita até para mim. – Inclinei meu corpo para ela, sentindo sua mão subir para minha nuca e colei nossos lábios novamente.
Levei minha língua até a sua, sentindo-a sugar para seus lábios e deslizei minha mão pela sua barriga, sentindo-a contrair e ela riu fracamente quando deslizei pelo lado esquerdo do seu corpo. Ela me segurou pelas laterais, me apertando para perto de si e colei meu corpo contra o seu.
Separei nossos lábios em curtos selinhos, vendo seu curto sorriso e desci meus lábios pelos seu corpo, ouvindo-a suspirar. Beijei seu pescoço e comecei a refazer o caminho que eu comecei antes, dessa vez descendo pelo meio de seus seios. Passei a língua pela sua barriga, sentindo-a contrair a mesma e apoiei os pés no chão novamente quando precisei descer da cama.
Encontrei a pequena cicatriz mais clara que ela tinha no começo de sua virilha e dei um beijo na mesma, sentindo sua mão acariciar minha cabeça e ajoelhei no chão. Passei as mãos pela lateral de seu corpo e trouxe-a para perto de mim e levei a boca até sua vagina.
- Ah, Gigi... – Ela suspirou e ri fracamente com o feito.
Ela apertou uma mão minha e lambi sua vagina, ouvindo-a suspirar. Passei a língua em seu clitóris, sugando-o com força e seus gemidos ficaram mais altos conforme eu espaçava as chupadas cada vez menos. Ela entrelaçou nossos dedos e apoiou a mão atrás do joelho, mantendo uma perna mais alta e ergui a mão livre para seu seio, apertando-o.
Seu corpo se contraiu conforme eu agilizava o trabalho da língua e dos lábios em toda extensão de sua vagina e sua mão apertava a minha com força. Adentrei a língua em sua vagina, ouvindo-a gemer e já não me importava quem fosse ouvir, eu queria ouvir seus gemidos e meu nome sair de seus lábios com essa voz rouca.
- Ah, Gigi, Gigi, Gigi... – Ela falou baixo, contendo um gritinho quando suguei mais forte o local e ela jogou a cabeça para trás.
Senti meu pênis dando sinais de vida novamente e sabia que logo mais quem não aguentaria era eu. Ela apoiou uma perna em meu ombro e abaixei minhas mãos novamente, puxando-a mais perto de mim e deu outra longa lambida, adentrando minha língua em seus grandes lábios e senti seus pés tocarem meus ombros. Apertei suas coxas, subindo as mãos pela sua virilha e sua barriga, sentindo seu corpo contraído sob o meu e seus gemidos finos me deixavam mais excitado.
- Ah, Gigi, eu não vou aguentar por muito... – Ela disse, apertando a mão em meus cabelos e foquei em sugar seu clitóris. – Gigi, eu... – Ela soltou a respiração fortemente e suas pernas se contraíram, relaxando segundos depois. – Ah, Dio mio!
Seus gemidos reduziram e eu também reduzi os movimentos, ouvindo a respiração dela ficar em evidência no quarto. Afastei meu rosto um pouco, passando a mão em suas pernas e observei-a largada na cama, uma mão na testa e a outra apoiada na barriga e o peito subindo e descendo rápido. Ela ergueu o olhar para mim e negou com a cabeça.
- O que foi isso? – Ela perguntou com a voz falha e eu ri fracamente, subindo na cama novamente e me coloquei em cima dela.
- Nada demais. – Falei e ela gargalhou.
- Nada demais, Gigi? – Ela suspirou, me abraçando e colei meus lábios nos dela rapidamente. – Eu estou exausta! – Rimos juntos. – Isso foi incrível.
- Foi delicioso. – Ergui meu corpo, ajoelhando entre suas pernas e passei o polegar nos lábios.
- Insaciável? – Ela perguntou, entreabrindo as pernas em volta do meu corpo.
- Só sou assim com você. – Falei, passando o dedo em sua cicatriz e ela suspirou.
- E você vai ficar assim? – Ela indicou meu pênis e dei de ombros.
- Aguenta mais?
- Somos farinha do mesmo saco, se esqueceu? – Ela disse e eu sorri.
- Eu vou pegar uma camisinha. – Falei e ela riu fracamente.
Voltei para o banheiro, procurando por mais uma camisinha em minha necessaire. Eu havia trazido exatamente por esse propósito, só não esperava usar depois do que houve mais cedo. Ou mais tarde? Que horas são? Não é como se fizesse muita diferença. Vesti a camisinha, voltando para o quarto e ela ainda estava deitada na cama.
- Espera um pouco, ainda estou anestesiada. – Ela falou rindo.
- Orgasmos múltiplos? – Perguntei, levando a mão até meu pênis, começando a estimulá-lo devagar.
- Não é a primeira vez, mas hoje foi especial. – Ela suspirou, se sentando na cama. – Que sensação deliciosa! – Ela levou a mão até o seio, apertando-o levemente e ergueu seus olhos para o meu. – Vem cá! – Ela me chamou com a mão, se aproximando da beirada da cama e fiz o mesmo. – Não posso te deixar de mão abanando, certo? – Ela disse, levando a mão até meu pênis e sorri.
- Não quando você faz tão bem. – Disse, sentindo meu corpo arrepiar com seu toque em meu membro e ela piscou para mim, antes de abaixar o rosto para meu pênis.
Ela começou a movimentar uma mão na extensão e a outra em minhas bolas, me fazendo olhar para cima e gemi baixo quando senti seus lábios tocarem a cabeça. Soltei a respiração forte, sentindo seus lábios deslizarem pela extensão de meu pênis e levei a mão até seus cabelos, juntando-os para trás em um rabo de cavalo.
Ela espalmou as mãos em minhas coxas, apertando as laterais um pouco e sugava meu pênis o máximo que conseguia, deixando os lábios entreabertos. Ela segurou meu pênis com uma mão, estimulando a base e as bolas e deslizava seus lábios cada vez mais rápido, me fazendo suspirar.
Comecei a movimentar meu quadril devagar, penetrando seus lábios devagar e ela apertou minha bunda, me estimulando a manter os movimentos frequentes. Soltei a respiração forte para cima, apertando a mão livre em sua cabeça e suas unhas me apertavam com força. Comecei a sentir meu corpo contraindo e agilizei meus movimentos por alguns segundos.
- Ah, ! – Joguei a cabeça para trás deixando um gemido escapar e senti sua mão trabalhando mais rápido em meu pênis e ela afastou os lábios.
- Não goza ainda! – Ela pediu. – Te quero dentro de mim.
- Então desacelera aí! – Falei, suspirando e ela fez o que eu pedi, me deixando frustrado por um lado, mas desacelerando os ânimos um pouco.
- Vem agora, então! – Ela disse, inclinando o corpo para trás e ajoelhei na cama novamente com pressa.
Segurei-a pelas pernas novamente, sentindo-a cruzar uma em minha cintura e a outra subiu para meu ombro. Inclinei meu corpo em direção ao seu, guiando meu pênis para sua entrada, sentindo-a completamente enxarcada e meu membro deslizou com facilidade para dentro dela, fazendo-a contrair o corpo e gemer, fechando os olhos.
Segurei sua perna, passando os lábios pela sua panturrilha e inclinei o corpo em direção ao dela, começando a agilizar os movimentos do quadril, da mesma forma que eu estava fazendo em seus lábios. Ela esticou uma mão em minha direção, tocando a lateral do meu corpo e deixei que os movimentos ficassem mais rápidos conforme os gemidos escapavam de nossos lábios.
- Ah, Gigi, vai! – Ela disse, mordendo seus lábios com força e inclinei meu corpo para trás, deixando sua perna cair para o lado.
Ela passou os braços pela minha cintura, me apertando contra seu corpo e deixei meu corpo cair delicadamente sobre seu peito, pressionando meu corpo no seu. Suas mãos subiram para meus ombros e seus lábios procuraram pelos meus e desacelerei os movimentos do quadril, segurei seu rosto e deixei nossos lábios se se juntarem mais uma vez.
Ela deu um sorriso cansado e apertou seus braços ao redor de meu corpo, jogando a cabeça para trás. Voltei a acelerar os movimentos de vai e vem dentro de si e apoiei minha cabeça em seu ombro, dando curtos beijos conforme meu corpo ia de encontro ao seu, estimulando seus gemidos cada vez mais altos e sua respiração mais abafada.
- Piano piano, Gigi. – Ela pediu baixo, apertando os braços em meus ombros e desacelerei os movimentos, sentindo meu corpo mandar estímulos em meu corpo. – Ah! Ah! – Ela gemeu alto, jogando a cabeça para trás e vi as veias de seu pescoço contraídas, indicando mais um orgasmo.
Desacelerei os movimentos em seu corpo devagar, sentindo seu corpo relaxar e deixei o ar sair abafado de meus lábios quando gozei. Passei meu braço por baixo de seu corpo, apertando-a contra mim e ela me abraçou da mesma forma. Encostei minha testa na sua e dei um curto beijo em seus lábios, vendo seu sorriso cansado e ri fracamente.
- Eu estou nas nuvens. – Ela disse baixo e eu ri fracamente.
- Eu também. – Disse dando mais um beijo em seus lábios. – Eu já volto. – Falei, deitando-a novamente na cama e ela assentiu com a cabeça.
Ela suspirou quando saí de dentro dela e ela virou o corpo para o lado, mudando a posição. Segui em direção ao banheiro e tirei a camisinha mais uma vez e aproveitei para mijar e passar uma água no rosto e nos cabelos, vendo o sorriso em meu rosto e ri sozinho. Ah, essa mulher é sensacional! Ela me conhece tão bem. Passei a toalha em meu rosto e voltei para o quarto, vendo-a largada como uma estela na cama e ri fracamente.
- Eu estou tã-ã-ão cansada. – Ela disse dramática e eu ri fracamente.
- Tem um espacinho para mim? – Perguntei, me sentando na lateral da cama e ela sorriu.
- Tem sim, eu preciso fazer xixi. – Ela disse, se levantando rapidamente e dei um curto beijo em minhas costas antes de se levantar e não demorou dois segundos para a porta bater.
Ri fracamente e deitei o corpo de bruços na cama, esticando a mão na mesa da cabeceira e peguei meu celular, apertei o mesmo e vi que era quase cinco da manhã, me fazendo rir sozinho. Aproveitei a posição e liguei o ar-condicionado e ouvi a descarga e logo depois a porta foi aberta e uma bocejando saiu da mesma.
- Ah, acho que estou exausta. – Ela disse com sua voz manhosa.
- Vem dormir um pouco, amore. – Falei e ela se sentou ao meu lado e virei o corpo para ela.
- Você ainda tem aquela cicatriz nas costas. – Ela disse e deitou na cama.
- E você ainda tem na sua virilha. – Falei, me deitando ao seu lado e ela rolou para o meu lado, passando o braço pela minha barriga, apertando seu corpo contra o seu.
- Memórias, péssimas memórias. – Ela disse, apoiando o rosto em meu ombro e virei meu rosto para dar um beijo em seus lábios, fazendo-a sorrir.
- Ótimas memórias, é por causa delas que estamos aqui assim. – Passei as mãos em suas costas, vendo-a sorrir e ergui o olhar para o disjuntor e apertei o mesmo, vendo o quarto escurecer.
- Ah, agora eu desmaio. – Ela disse rindo e eu sorri, roçando meus lábios nos seus.
- Dorme, amore, descansa. – Falei baixo.
- Eu preciso, essas semanas me mataram, acho que a tensão foi embora só agora. – Ela disse e ri fracamente. – Você também.
- Eu vou. – Falei, ouvindo-a rir quando passei a mão pela lateral de seu corpo.
- Para, Gigi! Você não pode usar isso contra mim.
- Não é contra você, minha linda, é só carinho, eu juro. – Falei, sentindo-a passar uma perna pela minha cintura e segurei sua coxa, apertando-a contra meu corpo.
- Eu vou encontrar seus pontos. – Ela disse rindo.
- Você já sabe todos os meus pontos, . Eu só não tenho tantas cócegas como você. – Rimos juntos e senti seus lábios próximos aos meus e virei meu rosto às cegas para eles colarem por alguns segundos.
- Deveria ter. – Ela disse e sorri.
- Não, deixa isso só para você. – Falei sorrindo e ela ficou quieta por alguns segundos.
- Gigi...
- Sim, amore. – Falei baixo, apertando-a mais perto de mim.
- Me desculpa por falar que você estava fazendo drama, não foi minha intenção. – Ela disse e eu sorri.
- Eu sei, minha linda! – Ele disse suspirando. – Está tudo bem. E me desculpe por tudo também, nunca foi minha intenção te machucar. – Falei e senti seu rosto se movimentar para cima e para baixo.
- Tudo bem, só não faz mais, nunca mais. – Ela pediu.
- Nunca mais, mio amore. – Disse, sentindo-a me apertar contra si e suspirei, fechando os olhos. – ...
- Hum... – Ela respondeu.
- Você vai estar aqui quando eu acordar? – Pedi.
- Sim, eu vou. – Ela disse, suspirando. – Até chegarmos em Turim. – Engoli em seco, pressionando os lábios.
- Precisamos voltar? – Perguntei inocentemente e ela me apertou mais forte.
- Sim, Gigi. Infelizmente sim. – Sua voz saiu quase em um sussurro e virei meu corpo em direção ao sei, apertando-a em meus braços.
- Lembre-se que eu sempre serei seu, . Sempre. – Falei, roçando os lábios em seu rosto, procurando pelos seus lábios.
- Eu sei, Gigi. Eu sei. – Ela disse baixo e, por algum motivo, eu não acreditei que ela acreditasse em minhas palavras e, infelizmente, eu não podia fazer muita coisa quanto a isso e meu coração doía. Doía por amá-la e não poder tê-la assim para sempre.
Sempre minha.


Capitolo sessantatre

Stagione 2015/2016
Lei
13 de julho de 2015
Estacionei o carro um pouco mais à frente da trattoria e me olhei no espelho retrovisor, dando uma suspirada. Eu estava com cara de quem participou de oito reuniões em um dia, mas eu estou bem. Peguei o batom em minha bolsa, passei nos lábios e soltei a piranha que prendia os cabelos, dando uma batidinha neles.
Saí do carro, puxando minha bolsa comigo e ajeitei a barra da blusa quando saí. Apertei a chave, ouvindo a trava do carro e alarme e olhei rapidamente para os dois lados antes de atravessar a rua. Fiz um aceno de cabeça para a recepcionista e segui para os fundos, em direção ao caixa.
- Ciao, Marco! – Falei, chamando atenção do homem atrás do mesmo.
- Senhorita ! – Sorri. – Já deveria ter esperado que a senhorita viria. – Ri fracamente.
- Agradeço a formalidade, Marco, mas não há necessidade. – Sorri.
- Você é a mulher mais importante do time, não posso tratar diferente. – Rimos juntos.
- Grazie, Marco. – Ele assentiu com a cabeça. – Cadê o resto do pessoal? – Fiz um movimento com a cabeça.
- Lá no terceiro andar! – Ele disse e suspirei.
- Ah, que mania que eles têm! – Falei, acenando om a mão, ouvindo-o rir. – Nos vemos lá!
- Sim, senhora, logo alguém vai te atender. – Ele disse e sorri.
Segui por onde entrei, vendo a camiseta de diversos jogadores da Juventus de hoje e do passado nas paredes e comecei a subir os degraus. A última vez que eu vim aqui e jantei no último andar, foi exatamente no dia de despedida de uma das pessoas que estariam aqui e eu estava recém-operada, foi torturante, mas agora, apesar dos saltos nos pés, a subida foi mais rápida e não foi difícil encontrá-los, já que só tinham eles ali.
- Ciao, ragazzi. – Falei, sorrindo para Gigi, Pavel e David.
- Ah, resolveu aparecer! – Pavel disse e os três se levantaram da mesa.
- Eu mandei mensagem para o Pavel que ia atrasar! – Falei, seguindo primeiro em direção a Gigi.
- Oi, minha linda! – Ele me abraçou e dei dois beijos em sua bochecha.
- É, mas isso faz mais de uma hora! – O loiro falou.
- Me desculpa, gente! Eu nunca vi um começo de temporada tão aloprado como está! – Segui para David, me colocando na ponta dos pés para abraçá-lo e ele estalou um beijo em meu rosto. – Só hoje eu tive oito reuniões. Oito! – Falei dramática, abraçando Pavel em seguida.
- Vocês estão remodelando o time de novo e eu não sei? – Gigi falou e me sentei na cadeira livre na mesa quadrada entre Gigi e Pavel, e David na frente.
- Não por vontade própria. – Deixei minha bolsa na cadeira. – Mas é isso que acontece quando se chega na final de Champions League, é tipo Mondiale. As pessoas nos veem. – Bufei, olhando para mesa. – Ai, gente, licença! – Roubei um pedaço de queijo e coloquei na boca. – Eu estou morrendo de fome. – Eles riram fracamente.
- Fica à vontade. – Gigi disse. – Vamos pedir mais uma tábua e depois a gente escolhe o que vai comer.
- Ah, por favor, eu não almocei hoje. – Suspirei. – Talvez até precise de uma porção e meia.
- Eh! O dragão está com tudo hoje! – David disse.
- Vou começar a soltar fogo. – Assoprei em sua direção e ele riu fracamente.
- Aceita beber alguma coisa? – Pavel perguntou.
- O que estão bebendo? – Apoiei os braços na mesa.
- Rosé. – Gigi disse. – Aceita?
- Claro! – Disse e ele pegou a garrafa, me servindo em uma das taças colocadas em meu lugar. – A última vez que nos encontramos juntos eu fiquei na água. – Falei rindo.
- E não tinha esse chato aqui! – David passou as mãos nos cabelos de Pavel e rimos juntos.
- Grazie. – Sorri para Gigi, dando um gole na mesma.
- Mas e aí, conta, por que demorou tanto? – Gigi perguntou e eu suspirei.
- Beh, só hoje eu tive que fazer recepção de três jogadores. Paulo Dybala do Palermo...
- E ela merece uma salva de palmas por isso, senhores. – Pavel disse. – Ela foi excepcional! – Coloquei a mão no queixo e fiz um bico, ouvindo-os rirem.
- Já falei, libera o dinheiro que eu faço o que vocês quiserem. – Eles gargalharam. – Beh, se ele fizer conosco o pouco que ele fez com o Palermo, vai ser um sucesso! Temos muito mais vantagem monetária que eles. – Disse.
- Vai dar certo, esse garoto me passa uma imagem tão boa, sabe? – Pavel disse.
- Ele é bem simpático e surpreso nos jogos, sabe? Você vê que ele realmente é feliz por jogar futebol e fazer o que faz. – Gigi disse.
- Ele é bem simpático, um amor de garoto, ele e a Manu já se deram bem logo de cara. O único problema de ser jovem é perder aquela coisa de ser deus e tudo mais, mas eu sei que você e os meninos vão colocar ele nos eixos logo mais. – Disse.
- Ele pegou que número de camisa? – David perguntou.
- 21, pegou a antiga do Pirlo. – Suspirei. – Que também apareceu para se despedir. – Suspirei.
- Ciao, ragazzi, vocês querem pedir alguma coisa? – O garçom apareceu. – Ciao, , come sta?
- Bene, Luca, grazie. – Sorri.
- A gente aceita mais uma dessa para moça aqui. – Gigi disse. – Querem pedir as pastas já?
- Eu quero aquele penne de prosciutto e limão que eu vi no Instagram. – Falei e ele riu fracamente.
- Sim, senhorita. – Sorri.
- Eu vou com a . – David disse.
- Eu quero o clássico de pomodoro com polpetone. – Gigi disse.
- Um penne arrabiata para mim. – Pavel disse.
- Mais alguma coisa, senhores? – Ele perguntou.
- Diz que vocês têm canolli. – Falei.
- Temos sim, senhorita.
- Guarda dois para mim, por favor! – Os meninos riram juntos.
- Pode deixar. – Ele falou rindo e se retirou.
- O Pirlo... – Pavel disse.
- Beh, o Pirlo foi lá se despedir, levar uma blusa... – Suspirei. – Vai para o New York. – Dei de ombros. – Acha que está fazendo uma melhor opção.
- Ele disse algo com alguma rixa com o Allegri. – Gigi disse.
- Beh, o Pirlo só é nosso jogador porque o Allegri não o queria no Milan lá atrás, eles se ajeitaram quando ambos vieram para Juve, mas tem mais que isso, a Major Soccer League paga muito bem para jogadores ditos como lendas. – Falei.
- Eba! – Gigi disse e deu um tapa em seu braço.
- Ei! – Disse e eles gargalharam. – Nem vem, não brigo por você nos conselhos à toa. – Ele sorriu.
- Grazie, ! – Ele disse sorrindo.
- O que mais? – David disse.
- Beh, Paulo nos custou 40 milhões, espero que valham à pena. – Suspirei. – Simone Zaza do Sassuolo, Paratici e Beppe estavam loucos por ele, mas não sei, mais 18 milhões. – Ponderei com a cabeça. – Em compensação peguei o Sami Khedira do Real Madrid de graça. – Dei de ombros.
- Me lembro vagamente dele no jogo. – Gigi disse.
- Meia, é uma troca justa pela saída do Pirlo. – Dei mais um gole no vinho. – Matri saiu também então ficamos iguais em ataque e meia.
- Quem mais de ataque saiu? – Gigi perguntou.
- Tevez. – Falei, desanimada.
- Carlito? – Ele perguntou e eu pressionei os lábios, assentindo com a cabeça.
- Contra minha vontade, já aviso, isso foi bagunça de Paratici e Beppe...
- Ele está velho, , além de que não dá para manter ele e o Dybala e sangue fresco é sempre melhor. – Ele disse e eu revirei os olhos.
- Primeiro de tudo, ele tem 31, nem é tão velho. Segundo, o Gigi tem 37 e ninguém fala nada. – Disse e eles gargalharam.
- Ah, essa doeu! – Gigi apoiou a mão no peito e rimos juntos.
- A idade chega para todo mundo, os cabelos já chegaram! – Falei, passando a mão em seus cabelos e ele inclinou o rosto para o lado contrário.
- Para, ! – Ele disse e o pessoal gargalhou.
- Ragazzi... – Luca voltou, colocando a tábua em nossa mesa.
- Grazie. – Falamos juntos e ele se retirou.
- Storari saiu também, né?! – Gigi disse. – Ele me mandou uma mensagem querendo se despedir.
- Esse já era esperado desde o ano passado. – Pavel disse.
- Ele quer um pouco mais de aparições antes de se aposentar. – Dei de ombros.
- Quem mais? – Trezeguet perguntou.
- Ah, tem tanta gente. – Levei as mãos até o rosto. – Até a Manu está fazendo contrato... – Neguei com a cabeça. – Ogbonna foi para a Premier League, estou recebendo sondagens para o Vidal e ele está querendo ir... – Suspirei. – Renovei com o Marchisio, tem renovação com o Bonucci na semana que vem... – Mordi meu lábio inferior. – Vamos trazer o Daniele Rugani do empréstimo e o Allegri quer colocá-lo no time, então ele deve ficar. – Mordi a ponta do dedo. – Fechei com o croata. – Virei para Pavel.
- Mesmo? – Ele disse.
- Sim, foi fácil demais. E nem foi tão caro, 21 milhões. – Disse.
- Muito bom! – Ele disse animado. – Allegri vai ficar feliz.
- Está! – Eles riram fracamente.
- Que croata? – Gigi perguntou.
- Mario Mandzukic, Atlético de Madrid.
- Ah, sim! Eu levei um amarelo em um jogo por quase atropelá-lo. – Ele fez uma careta e rimos juntos.
- AH... – Virei para Gigi. – Vou trazer o Neto da Fiorentina também. Acho que ele tem muito potencial, com o treinamento e a companhia certa, teremos um goleiro à altura de você. – Disse e ele riu fracamente.
- Um dia ela vai conseguir me mandar embora, cara. – Ele disse e rimos juntos.
- Você entendeu! – Falei. – Mas, infelizmente, um dia todo mundo vai. – Suspirei. – E é uma bosta, estou chorando há três dias. Cada um que vai lá, eu choro. Fiquei 10 minutos abraçada no Tevez. – Eles riram.
- Você se afeiçoa muito a eles, precisa aprender a separar. – Pavel disse.
- É impossível separar convivendo com todos diariamente. – Disse. – E você não tem moral nenhuma para falar disso, nenhum de vocês. – Apontei para eles. – Se não fossem os laços de amizade, não estaríamos aqui. – Estiquei a taça e eles riram.
- Eu estou com ela, a gente que está aqui há muito tempo aqui, começa a sentir o peso. – Gigi disse. – E quanto mais a pessoa fica, mais difícil vai ser de se despedir. – Bebi mais um gole do vinho.
- Tem alguns nomes que eu não gosto nem de pensar o que vai fazer quando se aposentar. – Apoiei a taça e coloquei as mãos
- Se aposentar? – David perguntou.
- Tem jogadores no time que a gente sabe que não sai mais. – Falei. – E depois do Del Piero, não tivemos mais ninguém. – Pressionei os lábios.
- Um a cada 10 anos, o que acha? – Pavel brincou e gargalhamos juntos.
- Acho muito bom. – Reduzi o sorriso, suspirando.
- Scusa. – Luca voltou equilibrando os pratos em nossa frente e colocou cada um em frente ao seu e eu sorri ao sentir o cheiro.
- Que delícia, Luca! Manda um beijo para Suzana. – Disse.
- Sim, senhorita! – Rimos juntos.
- Buono appetite. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Enfim, chega de falar de trabalho. – Peguei meus talheres. – Eu não vejo vocês dois... – Indiquei Gigi e David. – Desde aquele dia horrível. – Falei e Gigi pressionou os lábios em um sorriso e senti minhas bochechas enrugarem. – E esse eu vi hoje de manhã. – Eles riram. – O que vocês fizeram nas férias?
- Eu fiquei organizando aquele jogo que vai ter dos Legends pela UNESCO. – David disse. – Você vai, não vai? – Ele ergueu o olhar para mim?
- Eu? Mas é claro! Você realmente acha que eu vou perder a chance de ver você, o Pavel e o Camoranesi jogando juntos depois de anos? – Disse e Gigi gargalhou ao meu lado.
- Vai ser ótimo! – Ele disse. – A gente pode ir juntos e... – Assenti com a cabeça.
- Claro, eu devo ir representando o time, se o Agnelli não for, mas é, claro... – Ele sorriu. – E, você? O que você fez? – Perguntei, olhando para meu prato, com medo da resposta.
- Eu fiquei com meus filhos. – Ele disse. – Eu tive as classificatórias da Euro, depois fui para Forte dei Marmi. – Assenti com a cabeça.
- A gente ficou por aqui, a Champions foi uma grande vantagem, mas o trabalho que sobrou... – Pavel disse.
- Nem fala. – Disse. – Se eu consegui dois dias sem que ninguém me ligasse o que eu precisasse ajustar contratos de entrada ou saída, foi muito. – Suspirei.
- A temporada volta em uma semana e vocês já estão cansados. – Gigi disse.
- É, tipo isso. – Puxei a respiração fortemente, vendo-o rir. – Mas eu já sabia disso quando aceitei esse posto.
- Você só aceitou um cargo, eu tenho um contrato, né?! – Pavel disse e rimos juntos.
- Como assim? – David perguntou.
- Eu sou contratado para ser vice-presidente, eu tenho contrato renovado a cada três anos e pode não ser renovado se o conselho achar que não deve. Eu, Agnelli, Beppe e Paratici. – Ele disse. – Mas a é a gerente do setor de contabilidade, fazer parte da equipe administrativa é um bônus, então, ela só sai se for demitida ou se quiser sair. – Ele deu de ombros. – O que saber que ela não vai ser demitida nunca. – Ri fracamente.
- E se você quiser sair por algum motivo? Ou se você precisar se afastar? – Gigi perguntou.
- Entra com pedido no conselho e faz votação extraordinária, mas aí só entra quem tem sete por cento ou mais nas ações. – Ele disse.
- O presidente e o vice acabam tendo esse poder mesmo se não tiver ações, como é o caso do Pavel que tem o mesmo número de ações do que eu, agora eu não tenho decisão nisso. – Disse.
- Você me falou um pouco disso já. – Gigi disse.
- É um tanto confuso, mas o que importa é que todo mundo está fazendo bem o seu trabalho. – David disse, nos fazendo rir.
- E que estamos juntos aqui depois de 14 anos. – Sorri.
- Dia três fez 14 anos que eu e Pavel entramos no time. – Gigi disse e eu sorri.
- Eu completei em abril, mas praticamente começou quando o Zidane saiu e vocês entraram, junto com o Lilian. – Eles riram juntos.
- Bom, acho que isso merece um brinde e uma foto. – David disse, pegando sua taça quase vazia. – À nossa amizade? – Sorri, erguendo minha taça também.
- À nossa amizade! – Estendemos as taças no centro da mesa, ouvindo o tilintar e abri um largo sorriso.
- Que possa continuar até o Gigi se aposentar ou até ele perceber quem é a mulher da vida dele. – Pavel disse e fiz uma careta.
- Ah, não começa! – Falei rindo. – Não vem acabar com o clima. – Eles gargalharam.
- Apesar das brincadeiras de muito mal gosto, obrigado... – Rimos juntos. – Isso daqui não acaba nunca, cara. – Gigi disse.
- Sobreviveu há bastante coisa. – Sorri. – E ainda estamos aqui.
- Ancora siamo qui, ragazzi. – David disse. – Vamos aproveitar nossa noite! – David disse e rimos juntos. – Vamos falar da sua amiga, . – Revirei os olhos e os outros dois riram.
- Ela já voltou, David, não tem mais nada. E eu bem sei que você conversou mais com ela do que eu. – Eles riram.
- Vamos precisar arranjar um namorado para você urgentemente quando ela voltar. – Ele disse.
- EI! – Eu e Gigi falamos juntos e David gargalhou.
- O que seu “ei” quis dizer, Gianluigi? – Perguntei e ele sorriu.
- Nada não, alguém quer polpetone? Está bom... – Ele disse, nos fazendo gargalhar e sustentei o sorriso para ele por mais alguns segundos até que ele virasse o rosto para mim e sorrisse também.

Lui
30 de julho de 2015
- Ei, Gigi, posso usar? – Virei para Neto que sacudia um rolo de fita.
- Claro, cara! Fica à vontade. – Disse, abanando a mão. – Aqui todo mundo é família, relaxa. – Ele deu um riso nervoso.
- Grazie! – Ele disse e sorri, rindo sozinho. Novatos. Ergui minha perna para meu espaço, ajeitando as tornozeleiras.
- Então, vocês vão nos mandar para China? É isso mesmo? – Ouvi Chiello falar com Beppe.
- Isso não é exatamente muito da minha alçada. Você precisa falar com os responsáveis. – Beppe disse.
- Paratici? – Barza disse.
- E , obviamente! – Falei, abaixando a calça.
- Você acha que ela vai? – Marchisio perguntou.
- É para Supercoppa, cara? Não é para nenhum amistoso, não! – Falei.
- Não? – Alguns rostos se viraram para mim.
- Que eu saiba não, tem o amistoso na França dia primeiro e a Supercoppa já é dia oito agora, vai ser antes dessa vez. – Disse.
- É, ela vai então! – Chiello disse.
- Como você tem essa informação e a gente não? – Marchisio disse.
- Porque pelo visto eu li os e-mails enviados durante as férias?! – Falei em tom de pergunta e eles arregalaram os olhos.
- Justo! – Eles disseram rindo.
- Posso fazer uma pergunta? – Dybala, um dos novatos, perguntou.
- Manda! – Lich disse.
- O que a é exatamente? – Ele disse e algumas risadas ecoaram pelo local.
- E aqui vamos nós de novo. – Padoin gritou e neguei com a cabeça.
- Além de ser a namorada do Gigi... – Chiello falou e dei um tapa em sua cabeça.
- PARA! EU JÁ PEDI PARA PARAR! – Falei firme.
- Se fosse a Manu você não ia me dar esse tapão! – Chiello disse, revidando o mesmo e rimos juntos.
- Talvez. Ela está cada vez pior! – Disse e eles riram.
- É mesmo? – Dybala perguntou e algumas pessoas gargalharam.
- Não! – Falei.
- SIM! – Os outros falaram e eu revirei os olhos.
- Nós tivemos um caso em 2005, nos separamos, nenhum dos dois realmente superou, ficamos entre vidas e vindas desde então, mais dúvidas inconvenientes, perguntem para esses daí! – Indiquei Chiello e Barza que se seguravam para não rir.
- Não se surpreenda em vê-los em momentos íntimos, sabe aquelas almas-gêmeas? – Barza disse.
- Uhum... – Paulo disse.
- É isso, ele só é muito burro em não ficar com ela! – Barza disse.
- Já conversamos sobre isso, Barza, por favor. – Ele deu de ombros.
- Conversamos sim, mas eu não vou parar de te zoar. – Ele disse, virando o corpo para seu armário.
- Buongiorno! – Leo entrou no vestiário.
- Oh!
- Olha o atrasado, chegando! – Cáceres disse rindo.
- Estava com a , nem vem! – Leo disse, seguindo até seu armário.
- Renovação? – Chiello perguntou.
- Sim! Até 2020! – Ele disse.
- Uh! – Fiz uma careta. – Essa foi longe!
- Eu sou 10 anos mais novo que você, cara! Uma hora você vai e eu vou ficar! – Ele disse, me fazendo rir.
- Nove, até a última vez que eu chequei! – Falei.
- É, mais ou menos! – Ele disse rindo.
- Vidal estava lá também, deve descer logo mais. – Ele disse, começando a se trocar.
- Agora estamos cheios de gente nova! – Olhei para os novos contratados. – Vamos nos conhecer, reunir como time novamente e continuar vencendo, ok?! – Falei firme. – O que ficou para trás, é passado. Agora só olhar para frente!
- É isso aí, capitano! – Falei, recebendo alguns acenos mais tímidos de Rugani, Dybala, Mandzucik, Neto, Khedira e Zaza.
- É, andiamo! – Chiello disse animado. – Vamos treinar que a pré-temporada foi uma merda! – Ele disse, nos fazendo rir. – Vamos embora que TEM UMA COBRA AQUI! – Ele gritou, subindo em seu espaço e alguns próximos fez a mesma coisa.
Inclinei o corpo para o lado, vendo uma cobra verde entrar no vestiário e franzi a testa quando ela parou no meio do caminho e ameaçou ir de um lado para o outro. Revirei os olhos, rindo sozinho e andei até ela.
- Gigi! Gigi! – Morata me segurou pela blusa e puxei para longe e me aproximei da mesma, dando um pulo em cima dela, ouvindo um som de quebrado sair.
- ECA! – Eles gritaram.
- Emanuelle! – Chamei-a, me abaixando a pegando-a. – É de brinquedo! – Ergui a mesma. – EMANUELLE!
- Ciao! – Sua cabeça azulada apareceu na porta do vestiário com um sorriso ingênuo nos lábios.
- Sua cobra! – Estendi para ela.
- EI, VOCÊ QUEBROU! – Ela pegou de minha mão e eu revirei os olhos.
- AI, EMANUELLE! – Chiello gritou, descendo do banco.
- Olha quem estava com medo. O king kong! – Ela disse, aproximando o brinquedo dele que deu uma guinada para trás.
- Como você fez isso? – Ele perguntou.
- Controle remoto! – Ela tirou-o de trás das costas.
- Aê, Manu! – Morata disse animado, esticando a mão para ela que bateu.
- Olha quem fala, queria me impedir de ir até ela! – Disse e ele fez uma careta.
- Eu não sabia que era de brinquedo, ok?! – Morata disse e rimos juntos.
- Você faz isso com frequência, não? – Dybala perguntou.
- Não crie amizade, não crie intimidade. – Barza disse. – Nós não tivemos escolhas, vocês têm! – Barza disse e Paulo e Mario riram juntos.
- Também te amo, Barza. Obrigada! – Manu disse sorrindo.
- Ah, por que eu já esperava ela aqui? – Ouvi a voz de e ela entrou com Allegri e Vidal. – Ciao, ragazzi.
- Chefa! – Manu disse sorrindo, escondendo seus brinquedos atrás das costas.
- Ciao, chefa! – Dissemos juntos.
- Não tem o que fazer, não? – disse para Manu, abraçando-a de lado.
- Não foi tão genial quanto o corpo no ano passado, mas...
- CORPO? – Khedira arregalou os olhos.
- Era um esqueleto! – Pepe disse e Manu riu.
- Ah, mas foi ótimo! – Ela gargalhou.
- Era um esqueleto de plástico, comprado em qualquer lojinha de variedades lá do centro. – disse, suspirando.
- Mas deu um susto sensacional! – Manu falou sonhadora. – Guardo o vídeo até hoje, vai que preciso chantagear alguém, né?!
- CADÊ A CÂMERA? – Chiello perguntou.
- Eu só quero ver vocês pagando mico, não estou ganhando dinheiro com nudez de jogadores de futebol. – Ela disse. – Apesar que a ideia é boa...
- Emanuelle! – Eu e falamos juntos.
- Vocês vivem se abraçando, será que dá certo nesses sites pornográficos?
- EMANUELLE! – Eu e aumentamos o tom.
- Ah, está bem, mamãe e papai. – Ela disse se retirando.
- Viu?! – Barza disse para Dybala e eu revirei os olhos.
- Ok, ok, sem gracinhas! – disse. – Eu só vim dar as boas-vindas para o pessoal novo, falar para vocês sobre nossa viagem para China e o Vidal veio se despedir. – Ela disse e o chileno acenou atrás dela.
- Viu?! Agora ela vem falar! – Beppe disse e ela riu fracamente.
- Ninguém leu o e-mail, né?! – disse e todo mundo ficou quieto. – Não sei nem porque me dou ao trabalho. – Ela suspirou.
- Eu li! – Falei baixo.
- EI, XI! – O pessoal gritou, alguns me dando tapas na cabeça e outros riram, inclusive .
- Ok, vamos logo que eu tenho 67 contratos para finalizar antes da viagem. – Ela respirou fundo. – A Supercoppa desse ano vai ser agora no começo. No dia oito em Xangai, China. – Ela apoiou o braço no batente da porta. – Vamos no dia três e voltamos no dia nove. Depois a Angela passa mais informações. Por favor, sem chegar em pênaltis de novo, pode ser? – Ela perguntou.
- Você que manda, chefa! – Morata disse e ela suspirou.
- Espero mesmo! – Ela sorriu. – Buon lavoro, ragazzi! Boa viagem para França e tentem ganhar. Sei que é um amistoso, mas vir de uma final de Champions perdendo amistoso é feio, né?!
- Quem mandou se livrar de metade do time? – Leo disse e ela pressionou os lábios e Chiello deu um tapa na cabeça dele.
- Sem noção! – Ele disse, nos fazendo rir.
- Ci vediamo, ragazzi! – Ela disse, se afastando. – Manu, vamos embora! – Sua voz saiu abafada e rimos juntos.
- Vai nos deixar, Arturo? – Perguntei mais alto, seguindo até ele.
- Nos vemos por aí, capitano! – Ele disse e abracei-o fortemente.
- Muita sorte na sua vida, cara! – Sussurrei para ele. – Você tem um talento incrível e tudo para ter uma carreira inesquecível.
- Valeu, capitano! Nunca vou me esquecer de você. – Sorri.
- É bom mesmo! – Rimos juntos e dei uns tapinhas em seu ombro, abrindo espaço para os outros.

Lei
Seis de agosto de 2015
- Não, calma! Deixa eu refazer isso. – Falei, puxando a calculadora de lado.
- Já são sete horas, o povo vai fechar o prédio comigo aqui! – Miguel disse e eu ri fracamente.
- Já são duas da manhã para mim, Miguel, fala para esperar só mais um pouco! – Pedi, sentindo meus dedos doerem de tanto batucar na calculadora e no notebook e senti outro bocejo vir. – Faz com... – Bati os dedos na calculadora novamente. – 21 milhões o Coman e... – Bati os dedos novamente. – Sete o Isla. Eu vejo melhor quando voltar.
- Tudo bem, eu faço a contraproposta e mando para eles. – Ele disse.
- Se tiver alguma dúvida, veja com a Sara, ok?! – Bocejei mais uma vez.
- Vai dormir, chefa! – Ele disse e rimos juntos.
- Você também, pode compensar amanhã, ? Entrar mais tarde ou sair mais cedo. – Ele assentiu com a cabeça.
- Grazie, ciao, ciao. Buona notte. – Ele acenou e fiz o mesmo.
- Buona, ciao. – Sorri, vendo-o desligar a ligação e suspirei, vendo a tela preta por alguns segundos, até aparecer o logo do Skype de novo. – Será que eu fiz certo? – Cochichei, revendo os números variados em caneta preta nos papéis coloridos espalhados pela mesa de centro e bati os dedos na calculadora novamente, checando os dois valores. – Acho que sim.
- Alguma vez...
- AH! – Ergui o olhar apressada, vendo Gigi gargalhando em minha frente.
- Não era minha intenção te assustar. – Ele disse, pegando dois papéis que espalharam no chão e eu suspirei, levando a mão aos olhos. – Desculpa.
- Está tudo bem. – Neguei com a cabeça. – O que faz aqui? – Chequei o relógio mais uma vez.
- Tive sede. – Ele sacudiu as duas garrafas de água em minha mão. – Esqueci de levar para cima.
- Frigobar vazio? – Perguntei, observando as calças de moletom e o casaco do time por cima, mas deixando a brecha de seu peito nu aparecer pelo zíper mal fechado.
- Total! – Ele disse. – E você? O que faz aqui ainda? – Ele perguntou, andando em minha direção para sentar ao meu lado no sofá e afastei o bumbum um pouco mais para a esquerda para sair do meio do mesmo.
- Reunião com o Miguel do meu setor. Tentando emprestar alguns jogadores. – Falei, suspirando, começando a juntar os papéis.
- Não podia fazer isso no seu quarto? – Ele perguntou, encostando as costas para trás.
- A Manu está lá e ela ronca demais. – Falei, ouvindo-o rir.
- Mesmo? Nunca percebi! – Ele disse. – E ela dorme bem nas viagens.
- Ela está gripando, nariz está entupido, está muito difícil ouvir algo além dela. – Ele gargalhou.
- Vai ser difícil dormir?
- Ah, eu estou cansada, o fuso horário está bagunçado, adormecer talvez não, ter uma boa noite, talvez sim. – Dei de ombros. – E você? Só veio pela água mesmo? – Perguntei, fechando minhas planilhas.
- Sim, eu estou com novato, ele está me ensinando a jogar truco, um jogo de cartas brasileiro. – Ele disse.
- Novato brasileiro? Temos duas opções. – Virei para ele que riu fracamente.
- Neto.
- Ah sim! – Assenti com a cabeça.
- O nome dele é Norberto, falando nisso. Diferente.
- Eu sei, eu assinei o contrato dele, caso não saiba. – Desliguei o computador e ele riu fracamente.
- Às vezes esqueço desses detalhes. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Vir nas viagens tem suas vantagens, mas o fuso-horário complica comigo. – Disse, abaixando a tela e guardei o notebook na bolsa dele.
- Essas pré-temporadas e jogos fora são bem legais, mas acaba cansando um pouco mais mesmo. – Ele disse, esticando o braço no encosto do sofá.
- Essa temporada que estamos com muitas transferências piora tudo, pois prefiro trabalhar no nosso fuso, mas para falar com o pessoal precisa ser no fuso de lá e são sete horas de diferença. – Ele riu fracamente.
- Você está com uma cara de cansada, mesmo.
- Ei! – Empurrei-o pelo ombro, vendo-o rir. – Não é porque eu estou sem maquiagem que precisa esculachar. – Ele ergueu a mão para o meu rosto, acariciando-o enquanto sorri.
- Você é linda de qualquer jeito, . – Tombei minha cabeça para seu rosto, suspirando. – Você só parece cansada. Com as mudanças no elenco e sabendo que isso é tudo sua responsabilidade, não me surpreendo, mas nunca disse que você está feia. – Ele disse e sorri, virando o rosto para o lado e dando um beijo em sua mão.
- Amanhã... – Olhei meu relógio. – Ou hoje, ainda tem aquele evento de fãs e depois de amanhã o jogo. – Ele assentiu com a cabeça.
- E então voltamos para casa. – Ele disse.
- E começa o trabalho de verdade! – Falei, vendo-o fazer uma careta.
- Villar Perosa, campeonato... – Ele suspirou.
- Champions. – Disse.
- E lá vamos nós de novo. – Ele disse rindo. – Mah non molliamo mai, vero? – Ri fracamente e inclinei o corpo em sua direção, apoiando minhas costas contra seu corpo.
- Seja honesto comigo, Gigi... – Pedi baixo, como se não tivesse só nós dois no restaurante do hotel.
- O quê? – Ele perguntou.
- Depois de todos esses anos no futebol, quase 20, certo?
- Sim, em novembro. – Ele disse.
- Depois de todos esses anos, você se vê fazendo alguma outra coisa que não seja em volta do futebol? – Ele bufou forte, apertando o braço em meu ombro e deixando-o cair.
- Honestamente?
- É, acho que depois de tantos anos, você pode ser comigo. – Ele apoiou a cabeça na minha, deixando um beijo no topo dela.
- Eu não sei. – Ele suspirou. – Honestamente eu não sei. – Ele disse baixo. – Eu gosto muito do jogo, das técnicas, das táticas, então ser treinador me parece uma ideia boa. Em compensação, eu vejo você, Pavel, David, e, apesar de ser algo mais de escritório, vocês estão em todos os jogos, acompanham todos os bastidores... Talvez ser dirigente não me parece uma boa ruim, sabe? – Ele disse e eu assenti com a cabeça. – Eu realmente não sei, . Também não sei se sairia do futebol no geral.
- Você se vê fora do futebol algum dia? – Perguntei baixo, com medo da resposta.
- Hoje eu digo que não. – Ele disse baixo. – Mas talvez quando eu parar, eu reconsidere. Os meninos estão ficando mais velhos, tem outro a caminho... – Engoli em seco, mordendo meu lábio inferior. – Eu não acho aproveitei o suficiente com eles.
- Aposto que você faz o possível com o tempo que você tem. – Disse baixo.
- Você entende um pouco, não entende? – Ele perguntou.
- Cada vez que eu chego na casa da tia Gio, eu recebo um “achou o caminho de casa?” dela ou da nonna! – Falei, ouvindo-o rir. – Mas não é a mesma coisa.
- A avó da Giulia está ficando com eles? – Ele perguntou.
- Os avôs maternos sim, os paternos já faleceram tem alguns anos. – Disse, suspirando. – Eles se mudaram tem uns dois anos, a idade, etc, sabe? Eles estão chegando aos 80, a Gio acha preocupante eles morando sozinhos. – Falei.
- Sim, é compreensivo. – Ele disse, acariciando minha cabeça. – Eu me preocupo com meus pais também. – Ele disse.
- Mas eles são mais novos, não? – Perguntei.
- Meu pai faz 70 esse ano. – Ele disse suspirando.
- Uou! Eles são bem mais velhos do que meus pais seriam. – Falei. – Mais velhos que a Gio e o Fabrizio.
- Quantos seus pais teriam? – Ele perguntou.
- Minha mãe completaria 60 esse ano, meu pai 58. – Falei.
- É uma bela diferença. – Ele disse, suspirando. – Mas, ei, eu sou o mais novo da família! – Rimos juntos.
- Quem é a mais velha? – Perguntei.
- A Guendy, ela tem 42, a Veronica tem 40. – Ele disse.
- E você está chegando lá! – Falei, gargalhando logo em seguida.
- Há, há, há! Engraçadinha! – Ele disse e eu suspirei.
- Eu não sei por que as pessoas fazem grande caso disso. – Falei rindo.
- Como assim? – Ele perguntou.
- Completar aniversário em data cheia! Você sabe qual é a alternativa, não? – Falei, virando o rosto para ele, vendo seus olhos bem próximos.
- Alternativa de fazer aniversário? – Ele perguntou.
- Sim! – Falei.
- Beh... – Ele pensou um pouco. – Oh! – Ele percebeu. – Morrer, não?
- Exato! – Falei rindo. – A alternativa é morrer e eu prefiro assoprar uma vela a mais por ano até estar velinha igual miei nonni ou mais! – Falei e ela sorriu.
- É uma forma boa de ver a vida. – Ele disse. – Principalmente que eu possa ficar velhinho contigo. – Ele disse, acariciando meu rosto.
- Já pedi para você parar com esse papo, Gigi. – Falei e ele suspirou.
- Desculpe, eu só gosto disso. – Ele disse erguendo os olhos. – É bom, é gostoso, é diferente, é...
- Perfeito. – Falei baixo, vendo-o abaixar os olhos rapidamente.
- É! – Ele disse e eu suspirei, mordendo meu lábio inferior. – Como um sonho...
- A gente não pode só conversar sem você me trazer de volta para realidade? – Pedi, me afastando dele e voltando a organizar minhas coisas na mesa.
- Scusa. – Ele pediu baixo e ouvi ele deslizar para perto de mim novamente. – Você é a melhor parte dos meus dias. – Ele disse, suspirando. – Se eu soubesse que você está aqui, teria vindo antes.
- Eu estava trabalhando. – Falei, empurrando-o para o lado e fechei os olhos.
- Ah não, você não vai ficar chateada com o que eu falei, vai? – Ele me abraçou, se inclinando para colar o peito em minhas costas.
- Pode dar um pouco de espaço pessoal, por favor? – Pedi.
- Não! – Ele disse, dando um beijo em meu pescoço e eu arrepiei.
- Para! – Pedi, juntando os papéis na minha pasta.
- Só fica comigo. Prometo que fico quieto. – Ele pediu e eu suspirei.
- Sabemos que você é incapaz de fazer isso, Gigi! – Falei, endireitando o corpo.
- Talvez... – Ele disse rindo. – Mas é por causa de você!
- Ah, eu sou culpada por você ser tagarela? – Perguntei e ele mordiscou minha orelha.
- Sim! – Ele disse rindo e eu neguei com a cabeça.
- Você é impossível. – Falei e ele me puxou para cima.
- AH! – Falei um tanto alto, escondendo o rosto com as mãos. – Gigi!
- Vem cá! – Ele me puxou para seu colo e eu ri fracamente, esticando as pernas no sofá.
- Melhor, não? – Ele disse e eu revirei os olhos, querendo tentar me manter no personagem, mas não conseguia. Não perto dele.
- Você é ridículo! – Falei e ele passou a mão em meu ombro, tirando o cabelo do lugar e deu um beijo em meu ombro descoberto. – Para, Gigi. E se alguém entrar?
- Só um beijo. – Ele disse baixo e virei meu rosto para ele.
- Você sempre fala que é só um beijo e nunca é! – Falei e ele sorriu.
- Não vou conseguir te segurar por muito tempo aqui, a gente acorda cedo amanhã. – Ele disse e eu ri fracamente.
- O Neto está te esperando lá em cima, a Manu quer nos zoar até sem munição, imagina com? – Falei e ele riu fracamente.
- Ok, um beijo e subimos! – Ele ergueu as mãos, afastando-as de meu corpo e eu ri fracamente.
- Ok... – Falei, vendo-o sorrir e joguei as pernas para o lado. – Um beijo, Gianluigi Buffon.
- Um agora e... – Apoiei o indicador em seu peito.
- Um beijo. – Falei firme e ele riu fracamente, subindo a mão para meu rosto.
Inclinei meu corpo sobre o dele, sentindo seus lábios tocarem nos meus e suspirei com o feito. Fechei minha mão em punho, enrugando o moletom que ele usava e senti sua mão descer pela minha nuca. Ele entreabriu os lábios e deixei que nossas línguas se encontrassem delicadamente, deixando que um sorriso se passasse em meus lábios. Nos afastei com curtos selinhos antes que os beijos começassem a ficar mais intensos e ele mordiscou meu lábio inferior.
- Só? – Ele falou e eu ri fracamente, me levantando.
- Um beijo. Achei que pelo número da sua blusa, até um você sabia contar! – Brinquei, pegando meu moletom na mesa.
- Há, há, há! – Ele disse e vesti o moletom, subindo o zíper no centro dele. – Está cheia das piadas sem graças hoje, né?!
- Estou passando tempo demais com a Manu. – Falei, dando de ombros e passei a mão em seu rosto. – Fico surpresa como seu bronzeado demora para sair. – Pressionei os lábios, negando com a cabeça.
- Se não era na praia, era na piscina. Os meninos realmente aproveitaram minha presença e não podia dizer não. – Ele disse enquanto eu empilhava meus materiais em cima da bolsa do notebook.
- Não está errado, né?! – Dei de ombros, pegando tudo e calcei os chinelos.
- Não! Mas foi bom. Lou queria uns treininhos de futebol, Dado brinca junto... – Ele deu de ombros.
- Lou vai ser o herdeiro, então? – Perguntei, indicando a saída com a cabeça e ele pegou as duas garrafas, seguindo comigo.
- Que herdeiro? – Ele perguntou rindo.
- Dos talentos do grande Gianluigi Buffon? – Ele riu fracamente, andando comigo.
- Ele não quer ser goleiro, não. Está entre ataque e meia. – Ele disse, suspirando.
- Imagina? Daqui uns... – Parei para pensar. – 10 ou 12 anos, a gente contrate outro Buffon?
- Tomara! – Ele disse. – Eu e a Alena deixamos bem aberto as decisões deles, sabe? Se eles gostam de futebol, a gente vai inspirar, mas se não quiser, tudo bem também.
- Você ficaria bem decepcionado se nenhum deles virasse, não? – Falei e ele riu fracamente.
- Eu tenho três chances, quem sabe? – Ele disse e suspirei. – Se não vier mais nenhum, sabe? – Ele tentou corrigir e abanei a mão.
- Relaxa, Gigi. – Falei. – É outro menino?
- É sim. – Ele suspirou. – Podia ser uma menininha, sabe? Imagina? Uma goleira? – Ele perguntou e eu ri fracamente. Apesar de tudo, a ideia era gostosa.
- Você sempre quis ter meninas, não? – Perguntei e ele deu de ombros.
- Ah, nunca pensei muito nisso, mas depois do Lou, poderia ter vindo uma menina, e agora também...
- Parece que o universo está conspirando contra você. – Falei rindo fracamente, acenando para os recepcionistas do hotel e segui para o elevador.
- É, vai saber... – Ele suspirou. – Talvez tenha algo errado nessa equação. – Ele disse e eu franzi a testa.
- Como assim? – Perguntei.
- A mãe? – Ele disse e entrei no elevador, revirando os olhos.
- Isso é ciência, Gigi. DNA, genética... Não... – Engoli em seco. – Amor. – Bati o cartão chave no elevador, apertando o botão oito.
- Ah, vai saber. Talvez o amor e a paixão sejam temperos especiais. – Ele falou e eu revirei os olhos.
- Olha o que você está falando, Gigi! – Falei, negando com a cabeça. – Amor... – Bufei, suspirando em seguida.
- Beh, você sabe... – Ele deu de ombros. – Talvez quando ficarmos juntos, podemos escolher uma menina... – Suspirei.
- Vamos mudar o CD, por favor? – Pedi, não gostando de onde a conversa estava seguindo.
- Ok, sobre o que quer falar? – Ele perguntou.
- Você disse que não pressiona os meninos a serem jogadores, certo? – Falei.
- Sim! – Ele disse.
- A Gio e o Fabrizio estão assim também. – Mordi meu lábio inferior. – O Gianni tem certeza de que quer ser jogador. Isso é fato, ele também tem se saído muito bem na base nossa. Agora o Pietro não quer mais, está mudando de opinião.
- Alguma ideia? – Ele disse quando o elevador parou no andar.
- Arte. – Falei.
- Arte? Fazer arte? – Ele perguntou, franzindo a testa.
- É, ser artista plástico. – Falei. – Ele quer pintar, decorar, talvez entre para área de artista plástico. – Ri fracamente.
- Algo tipo Chagall ou... – Olhei para ele sorrindo antes de sair do elevador e ele retribuiu.
- Não, mais arte moderna mesmo, contemporânea, não entendo muito disso. – Rimos juntos. – Mas ele pintou a parede lá dos fundos de casa e ficou bem legal. – Falei.
- Você está inspirando o garoto? – Ele disse rindo.
- Mas é claro! Tenho um milhão de paredes em branco lá em casa, por que não? – Dei de ombros, chegando em meu quarto. – Eu odeio parecer que o Gianni é meu favorito, sabe? Mas ele é jogador, está na base, é mais fácil, então faço o que posso com o Pietro. Dei um curso para ele em um acampamento em Pisa nas férias de aniversário, ele amou!
- Essa é a titia boa! – Ele disse e eu apoiei a maçaneta na porta.
- Titia não, Gigi. Irmã! – Sorri. – Apesar da diferença de idade.
- Eu me esqueço disso. – Ele disse e eu puxei a porta, ouvindo o ronco sair dele.
- Ouve isso! – Falei, abrindo mais a porta até aparecer Manu dormindo com o rosto enfiado no travesseiro e os lábios entreabertos.
- Acho que o Neto não se importar de dividir contigo. – Ele falou e sorri.
- Eu te aviso se precisar. – Sorri e ele assentiu com a cabeça.
- Então, buona notte? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Buona notte, Gigi! – Falei e ele inclinou o rosto e virei-o, sentindo-o dar um beijo na minha bochecha.
- Dorme com os anjos. – Ele disse e assenti com a cabeça, entrando no quarto.
- Você também. – Falei.
- Não, meu anjo vai ficar aqui! – Ele disse e revirei os olhos.
- Ah, você é muito brega! – Falei, empurrando a porta, ouvindo sua risada abafada antes da porta bater. – Ok, eu preciso respirar. O que acabou de acontecer? – Entrei no quarto. – Ele falou sobre amor? AMOR? – Engoli em seco. – Ele quer dizer que tendo um filho comigo pode ser uma menina por causa do amor? – Sentei na cama. – O que está acontecendo? – Senti a respiração pesada e mordi meu lábio inferior, suspirando e me assustei com o ronco. – Ah, cazzo! – Suspirei. – Não foi nada, . Só forma de dizer. Você não o ama também, não é?! Não... Ah, a quem eu estou querendo enganar! – Bufei. – É só o meu maior sonho ter uma vida feliz com ele, casar, filhos, mas... – Engoli em seco. – Esquece!
- Ah, chefa, tá tudo bem? – Virei o rosto para Manu, vendo-a bocejar, abafando-o no travesseiro.
- Sim, está! – Suspirei. – Volte a dormir. – Falei, mas seu ronco já ficou aparente de novo e eu ri fracamente. – Mas acho que é uma ótima oportunidade para revidar suas chantagens, Emanuelle. – Puxei o telefone do bolso da calça de moletom. – E vou fazer viralizar antes de você acordar.

Lui
Seis de agosto de 2015
- Você não pode ter sido tão estúpido em falar isso! – Levei as mãos até o rosto, apertando-o fortemente.
- Eu estava com ela, cara! – Tentei gritar e falar baixo ao mesmo tempo. – Ela causa esse efeito em mim!
- Você praticamente disse que a ama, Gigi! – Barza me deu um tapa no ombro. – Enquanto você tem uma namorada que está esperando um filho seu. – Ele disse no mesmo tom que eu.
- Você sabe que...
- Sei tudo! Mas você ainda está com ela. – Ele disse e eu bufei. – Já falei que entendo seus motivos, provavelmente faria igual, mas você não pode falar que a ama e que sua vida só vai estar perfeita quando você estiver com ela, porque parece que você está iludindo ela. – Ele disse.
- Eu não falei isso. Eu disse que... – Suspirei e ele me olhou. – Ok, eu disse algo assim. – Bufei. – Mas as coisas aconteceram tão naturalmente que... – Neguei com a cabeça. – Eu realmente quero que a gente fique junto um dia, mas é difícil, ok?! Ser uma pessoa pública e ter uma vida privada
- Ok, vamos respirar fundo! Você precisa de um tempo e ela não se afastou, mas não dá para ficar falando que a ama por aí.
- Ah, será que ela percebeu? – Apertei minhas bochechas.
- Já falou com ela hoje? – Ele perguntou.
- Não, mas ela vai na festa com a gente! – Falei, suspirando. – Eu acho, pelo menos.
- Ela falou algo?
- Ela comentou algo tipo em forma de deboche, sabe? “Amor? Pff”. – Tentei imitar. – Como se fosse algo incrédulo.
- Bom, você realmente não demonstra muito que a ama. – Ele cantarolou e eu suspirei.
- Me ajuda, Barza. – Pedi.
- Você já disse, cara! Tem que ver como ela vai reagir. – Ele falou.
- Sério que você está pedindo conselho amoroso para um cara que tentou sair da zona de conforto por um ano, mas voltou para ex? – Viramos para trás, vendo Emanuelle com os braços cruzados.
- EI! – Barza a repreendeu.
- Não menti, vai! – Ela disse.
- Você está passando demais com ela. – Ele disse, chacoalhando os cabelos azuis de Manu.
- , 33 anos, diretora de contabilidade do maior time da Itália, pós-doutoranda em contabilidade do esporte, salário de mais de meio milhão de euros anuais, uma casa sensacional, relação direta com vários jogadores de time, dois ex-namorados gatos para caramba que ainda são amigos dela, um que é caidinho por ela e não a prioriza e linda para caramba. – Ela disse e eu arregalei os olhos. – Claro que temos todo o problema de ser órfã, de ter o goleiro mais famoso do mundo olhando para as pernas dela por onde ela passa e todo aquele rolo de 200 anos atrás, mas eu acho que consigo lidar com isso. – Franzi os olhos. – Se ela quiser trocar de lugar, eu topo. – Eu e Barza nos entreolhamos.
- Já acabou? – Barza perguntou.
- Claro! Mas então, aceitam meu conselho? – Ela perguntou ainda na mesma posição.
- Quantos namorados você teve? – Ele perguntou.
- Nenhum, mas não deve ser muito diferente de você, né?! Você só teve o que? Um e aquele rolo com a ? – Ela disse, seguindo pelo caminho e puxei-a pela gola da blusa. – Ah! – Ela reclamou, voltando os passos de ré.
- O que você sabe? – Perguntei.
- Hum, agora está me ouvindo! – Ela sorriu, piscando para mim.
- Emanuelle...
- O que eu ganho com isso? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Sei lá, o que você quer? – Perguntei.
- Que você e a tenham um final feliz? – Ela perguntou. – Desculpa, Barza.
- Não se preocupe... – Ele disse.
- Relaxa, eu também sonho que você tenha um final feliz...
- Eu tenho um final feliz, Manu! – Ele disse.
- Não tem, não! – Ela falou exageradamente. – A Maddalena é possessiva e muito antipática! E eu só fiquei cinco minutos do seu lado na festa do scudetto! – Ela disse e ri fracamente.
- Isso é coisa da sua cabeça. – Ele falou.
- Bom, um dia você vai perceber e vai me agradecer. – Ela virou o rosto. – Então...
- O que você quer, eu preciso do seu conselho para conseguir. – Ele disse.
- Na verdade, você só quer saber se ela se preocupou com você dizendo que a ama no meio de um papo.
- Eu não falei que eu a amo, eu... – Ambos lançaram olhares julgadores em minha direção e suspirei. – Será?
- O que você falou exatamente? – Manu perguntou.
- Eu não lembro, ok?! – Falei irritado.
- Oi, Manu-u! – Sturaro passou ao nosso lado, dando uma piscadela para ela que revirou os olhos.
- Chato! – Ela resmungou e virou para gente de novo. – Continue. – Ela disse calmamente.
- Eu não lembro real! – Falei. – Estávamos falando de crianças e de eu não ter tido nenhuma menina porque talvez não tenha sido realmente com amor, sabe? Aí ela falou algo e eu disse que talvez o amor seja a situação...
- Yep, ele disse que a ama. – Manu disse, voltando a andar e puxei-a de volta.
- Emanuelle! – Falei em tom de súplica.
- Bom, eu estava dormindo, mas acordei com ela em um mini surto. Não entendi muita coisa, eu estava com sono, mas ela reparou sim!
- Sério? – Barza falou e viramos o olhar para ele.
- O quê? – Perguntei.
- Essa é a grande ajuda? – Barza disse ironicamente.
- Ei, ela estava surtando! Eu acordei, ok?! O grito da sobe algumas notas e pode ser fatal, tá?! – Ela falou e eu suspirei.
- Ela não estava chorando, estava? – Perguntei.
- Não, não estava! – Ela disse. – Tanto que ela teve tempo de me filmar dormindo e divulgar para vocês... – Rimos juntos.
- Ah, foi ótimo! – Barza disse e ela revirou os olhos.
- Você também ronca, Barza e nem precisa estar doente para isso. – Ela lhe mostrou a língua e ri com os dois.
- Enfim, o que eu faço? – Perguntei.
- Sei lá, pergunta para ela. – Ela indicou o local e viramos o rosto, vendo sair do seu quarto com o celular no ombro enquanto falava inglês.
- Eu não posso perguntar para ela. – Falei mais baixo.
- Ok, ok, don’t worry, we talk when I come back, can it be? – Ela disse, puxando a porta e virando o rosto para gente, fazendo um sinal com a mão livre para esperar.
- Ela está pedindo para esperar! – Falei baixo.
- Ah, relaxa, é só descer juntos! – Manu disse, batendo a mão para chamar o elevador.
- Just please, make it work, ok?! He deserves the best! – Ela disse. – Ok, bye, bye! – Ela disse, desligando o telefone e eu engoli em seco. – Ciao, ragazzi.
- Ciao, ! – Falamos quase juntos.
- Acontecendo alguma coisa aqui? – Ela perguntou.
- Não, só esperando o elevador. – Manu sorrindo.
- Você já não estava lá embaixo? – perguntou.
- Eu estava com o Álvaro. – Ela disse.
- A gente se encontrou no corredor. – Eu falei, indicando Barza.
- Ok, então... – Ela disse, suspirando. – Vocês estão prontos? – Ela perguntou, indicando o elevador que abria.
- Um monte de fãs chineses gritando enquanto a gente não entende nada? – Barza disse, sendo o primeiro a entrar.
- É! Algo assim. – Ela disse, jogando os cabelos para trás e entrando junto dele.
- Vai ter comida? – Manu perguntou, seguindo-os e fiquei por último.
- Depois do evento sim, primeiro é fan-fest. Depois coquetel. – disse, apoiando as costas na parede da lateral e me coloquei ao seu lado.
- Ah, eu acho que vou pegar algo no restaurante. – Ela reclamou.
- Almoçamos tem uma hora, Manu! – Ela disse.
- Meio tarde para almoçar, não? – Comentei, checando se era por volta das cinco da tarde mesmo.
- Fomos dar uma volta pela cidade! – Manu disse animada. – E tirar umas fotos. – Ela deu de ombros.
- E ela já comeu algumas coisas na rua. – ergueu o olhar para mim, desviando do celular.
- Ei, eu sou comilona, ok?! Assumo! É um defeito! Mas não se vive só de comida italiana! – Ela disse, apertando sua barriga e ri fracamente.
- Ah, você vive bem disso! – Falei e ela suspirou.
- Eu sei, engordei um pouquinho desde que cheguei, mas não é culpa minha se toda a culinária aqui é deliciosa, mas eu faço bastante exercício físico servindo de pombo correio entre os prédios, ok?! – Ela disse e rimos juntos.
- Eu vejo vantagem, você é paga para fazer exercício físico! – disse. – Todos vocês, na verdade. – Ela suspirou.
- Você está ótima! – Falei.
- Esse elevador não está demorando para descer, não? – Barza disse.
- Se alguém apertar o botão, a gente anda. – disse e Manu arregalou os olhos, virando para trás e apertando o botão do térreo.
- Scusi! – Ela disse, fazendo uma careta e todos rimos juntos quando o elevador começou a se movimentar.
- Mas você faz alguma coisa, não faz, chefa? – Manu perguntou.
- Tento acordar todo dia de manhã e fazer algo, caminhar na rua ou malhar em casa, mas quando você vai dormir uma ou duas da manhã quase todos os dias, dormir até as sete é meu maior prazer. – Ela disse.
- Mesmo? – Manu e Barza falaram, virando os olhares para gente e revirei os olhos.
- O maior? – Manu insistiu.
- Vocês são impossíveis! – disse, revirando os olhos e o elevador deu um pequeno solavanco antes de abrir. – Vai, cai fora! – empurrou os dois à frente e rimos juntos, saindo logo em seguida.
- Nada de novo? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Tudo normal como o planejado. – Ela disse sorrindo. – Como você está?
- Tudo bem. – Assenti com a cabeça. – E você? Conseguiu dormir bem?
- Ah, mais ou menos, mas nada de novo. – Ela riu fracamente. – Quando posso dormir um pouco a mais, o fuso-horário pega. – Ela deu de ombros.
- Logo vamos para casa. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Sim. – Ela sorriu, passando o braço em meus ombros e me abraçando de lado, me fazendo sorrir. – Então, preparou seu discurso? – Ela sorriu e eu arregalei os olhos.
- Que discurso? – Perguntei.
- Opa! – Ela fez uma careta e sorriu logo em seguida. – Scusi! – Ela seguiu à frente.
- Que discurso é essa que eu não estou sabendo, ? – Perguntei, correndo atrás dela e sua risada ecoou pelo lobby, fazendo outros rirem com ela.


Capitolo sessantaquatro

Lei
Oito de agosto de 2015
Levei a taça até meus lábios novamente, sentindo a brisa sacudir um pouco dos meus cabelos e deixei um suspiro escapar pelos meus lábios antes de sentir o agridoce da bebida. Olhei para frente, vendo os jogadores mais novos e Manu gargalhando enquanto dançavam a Macarena. Manu era a que tinha mias gingado ao sacudir o quadril no ritmo da música, agora Álvaro, Paul, Daniele, Paulo, Norberto e o senhor mais velho Martin, pareciam tábuas de passar roupa.
- Ê, MACARENA! – Eles gritaram juntos, pulando para frente da piscina e o pessoal em volta gargalhou quando eles trombaram e não contive que um riso saísse de meus lábios.
Ouvi mais estouros de champanhe e virei o rosto para outro lado, vendo Agnelli, Pavel, Allegri, Gigi, Chiello e Leo aos risos e senti meu corpo relaxado. Hoje havia sido um dia incrível. Eles conseguiram resolver o jogo em 90 minutos simples, comparado com a do ano passado no Catar que foi até para pênaltis. Dybala e Mandzukic fizeram seus primeiros gols como bianconeri, um para cada dos 68 aos 72 minutos e pudemos comemorar ao fim dos 90 com uma festa até modesta.
Voltamos para o hotel e os funcionários prepararam um jantar para comemorarmos aqui mesmo. Só nós, sem muita farra e problema, principalmente porque iríamos embora amanhã pela manhã e estava preparando meu humor para um voo diurno. Aposto que muitos aproveitariam ao máximo para dormir... Quando saíssemos daqui, é claro.
Eu já tinha tomado duas taças de champanhe e estava na hora de eu seguir para a mesa de comida, mas depois que eu tirei os saltos, realmente não queria colocá-los novamente. Além de que o show dos mais jovens e Cáceres, estava realmente interessante. Estava no aguardo do primeiro se machucar ou cair na piscina. Aposto que o álcool no sangue deles só aumentavam também.
- Tem alguém aqui? – Ergui o olhar para Gigi.
- Ei! – Sorri. – Não, senta! – Falei, abaixando as pernas do banco de madeira e ele riu fracamente, se sentando ao meu lado.
- Aceita um refil aí? – Ele indicou a taça em minha mão.
- Não, chega! – Virei o último gole nela e inclinei o corpo para frente para devolver a taça à frente. – Eu preciso comer alguma coisa antes que dê problema.
- Quanto você bebeu? – Ele perguntou.
- Duas taças. – Disse e ele passou o braço pelas minhas costas.
- Ah, é pouco, vai! Isso daqui é fraco! – Ele analisou o líquido em sua taça, rindo fracamente.
- Prefiro não, e espero que vocês não exagerem também, apesar do avião ser fretado, só tem quatro banheiros, ok?! – Falei e ele riu fracamente, me puxando para mais perto de si e suspirei.
- Eles não vomitariam no avião... – Ele disse rindo, virando o rosto para mim. – Vomitariam? – Ele arregalou os olhos.
- Eu não sei os novos, mas não confio mais em vocês com bebida, principalmente você! – Puxei a taça de sua mão e inclinei o corpo para colocá-la ao lado da mesa.
- Ah, foi só uma vez, ! Era um dia feliz. – Ele disse e rimos juntos.
- Era sim. – Suspirei, sendo distraída pela gargalhada de Dybala e agora Barza estava incluído no grupinho e eu neguei com a cabeça.
- Eles estão se divertindo, não? – Ele disse e ajeitei meu corpo, apoiando as costas em seu peito.
- Acho que a Manu encontrou o grupo dela, finalmente. – Sorri.
- Ela não tem dessa, , ela conversa com todo mundo... – Distraímos das gargalhadas altas quando Cáceres tropeçou e caiu na piscina e neguei com a cabeça.
- Estava demora-a-ando. – Falei baixo, negando com a cabeça.
- Eles estão dançando, tem como ser mais desastrado do que isso? – Gigi comentou.
- Estamos falando da Manu, Gigi! Surpreendo de ela não ter caído ainda. – Rimos juntos.
- A noite ainda é uma criança, ! – Virei o rosto para ele, vendo seus olhos azuis próximos aos meus e sorri, desviando novamente.
- Eu não devo aguentar muito! – Suspirei.
- Por que não? O dia não foi tão cansativo, foi? – Ele disse.
- Não, foi muito bom, na verdade, jogo sem estresse... – Rimos juntos. – Mas vamos voar de dia, dificilmente vou conseguir dormir. – Disse.
- É, você tem razão. Apesar que aquele grupinho capaz de ficar aqui até de manhã, talvez tenhamos paz no avião. – Rimos juntos.
- É, talvez... Mas eu preciso comer algo se você quiser minha companhia para beber. – Ouvi seu riso próximo a minha orelha.
- Vamos lá, então... – Ele disse e eu apoiei minha mão em sua perna para me levantar e ele se levantou logo atrás.
- Ei, algo está errado aqui! – Ele disse e eu franzi a testa, virando o olhar para ele.
- O quê? – Perguntei.
- Fazia tempo que eu não precisava abaixar o olhar para falar contigo! – Ele disse e eu ri fracamente, revirando os olhos.
- Eu só tirei o sapato, ok? – Falei rindo. – E você nem é tão mais alto do que eu. Está bem? – Rimos juntos.
- Uns 10, 15 centímetros. – Ele riu fracamente. – Eu posso apoiar o queixo em sua cabeça e cheirar seu cabelo... – Revirei os olhos. – Talvez até tenha um torcicolo ao te beijar... – Ele falou mais baixo e eu ri fracamente.
- Ah, lá vai você começar de novo. – Falei e ele deu um beijo em minha cabeça.
- Só estou constatando um fato! – Ele deu de ombros e empurrei-o pelo ombro, ouvindo-o rir. – Porque da última vez que isso aconteceu...
- Estávamos deitados, eu sei! – Falei, revirando os olhos. – Mas eu lembro de alguns em pé também.
- Eu te peguei no colo... – Ri fracamente.
- Onde você quer ir com isso? – Perguntei, virando o rosto para ele.
- Eu? Nenhum lugar! – Ele se fez de desentendido e eu revirei os olhos.
- Eu estou com fome e eu não vou colocar os sapatos, com licença... – Falei, caminhando pela área externa do hotel e o vi se aproximar rapidamente de novo.
- E agora? – Ele perguntou.
- Como assim? – Perguntei, pegando um prato e observando as opções chinesas e italianas no buffet.
- Como vai ficar a temporada? – Ele perguntou, pegando um prato também. -
- Villar Perosa dia 19, começo do campeonato dia 23 para gente... – Dei de ombros. – Nada de novo. – Falei, me servindo de alguns pedaços de porco agridoce, dois dumpling, um rolinho primavera e finalizei com arroz.
- E começa tudo de novo. – Ele disse.
- Sim! – Suspirei, passando um pé no outro. – Espero que esse seja mais calmo. – Balancei a cabeça e virei para Gigi quando percebi o silêncio entre nós. É, temporada passada havia sido um desastre.
Peguei os hashis, um pouco de molho e sentei em uma mesa livre ali. Gigi deixou seu prato ao meu lado e sumiu por alguns minutos, voltando com duas taças cheias. Olhei dela para ele que sorriu para mi, dando de ombros.
- À uma nova temporada? – Ele perguntou, estendendo a taça dele e eu suspirei.
- Sim... – Peguei a taça, ouvindo o rápido tilintar e dei um gole na mesma.
Olhei para ele por alguns segundos, tentando analisar o que se passava em sua cabeça, mas optei por focar em minha comida. Não podia negar que sua companhia era gostosa. Pelo menos quando eu não quisesse mata-lo novamente.
- Ciao, ragazzi! – Virei o rosto e vi Barza. – Posso sentar?
- Claro! – Falei, indicando a cadeira livre ao meu lado e ele deixou seu prato. – Desistiu de brincar com as crianças?
- É divertido, na verdade. – Ele disse rindo.
- Você é marrento, né?! – Falei rindo. – Diz que não gosta deles, mas adora ficar perto também. – Ele riu fracamente.
- Eu só brinco com a Manu, ok?! O resto acaba virando efeito colateral. – Ele disse e ri fracamente.
- Ela gosta muito de você. – Virei para Gigi. – De vocês, na verdade. – Sorri.
- Ela é ótima. – Gigi disse e eu assenti com a cabeça. – Ela tem um belo futuro no time...
- Eu penso muito nisso, sabia? – Suspirei. – Ela entrou como minha assistente, mas hoje ela parece ter tanta presença, sabe? Não só com vocês, mas com todo mundo do time.
- Ela tem alguma formação? Você conseguiria encaixá-la em alguma outra posição? – Barza perguntou.
- Ela só tem a escola mesmo, veio para Turim logo depois disso e fala que não é muito adepta a estudos e tal... – Eles riram juntos.
- Estamos juntos. – Eles disseram e eu sorri.
- Em compensação, ela tira umas fotos sensacionais. – Falei, suspirando.
- Sim! – Barza disse. – Eu vejo algumas no Instagram dela.
- E ela só usa o celular, gente! – Falei rindo.
- Mesmo? – Barza perguntou surpresa.
- Sim! – Falei rindo.
- Talvez algo nessa área? – Gigi sugeriu. – Ela gosta disso.
- Para contratação direta na área ela precisa de algo no currículo na área. – Falei, franzindo os lábios.
- Acho que tem alguns cursos em Milão. – Barza deu de ombros. – Talvez até em Turim...
- Eu posso pesquisar. – Disse, sorrindo.
- Se o clube não quiser bancar, a gente banca! – Gigi disse.
- Podemos conversar sobre...
- EMANUELLE, NÃO! – Viramos o rosto, vendo Álvaro de um lado da piscina e Manu do outro, sacudindo algo em sua mão.
- Seu celular sabe nadar? – Ela perguntou rindo.
- Não, Manu! – Álvaro gritou e ri fracamente.
- Certeza? – Ela brincou e fez o movimento com a mão, ameaçando jogar.
- NÃO! – Ele disse, caindo na piscina e Manu gargalhou junto de outros, quando o celular estava em sua mão. – MANU! – Ele falou irritado e ela gargalhou.
- Talvez ela consiga ganhar dinheiro com essas pegadinhas um dia. – Barza disse e eu suspirei.
- Não, deixa ela se divertir sem responsabilidade. A Giulia começou a detestar depois de um tempo. – Falei, vendo Álvaro sair encharcado com a camisa e calça social do terno de volta do jogo, igual como boa parte dos homens.
- Eu vou te matar. – Álvaro dizia.
- Não vai, não! – Ela falou, começando a se afastar de onde ele pretendia sair.
- Eu vou te matar, Emanuelle.
- É só água! – Ela disse rindo.
- Então vem aqui! – Ele disse.
- Com seu celular? – Ela esticou o mesmo.
- DEVOLVE MEU CELULAR! – Ele gritou e os dois saíram correndo pelo espaço, desviando entre as mesas e a piscina.
- CUIDADO PARA NÃO CAIR! – Gritei, me levantando.
- ME SALVA, CHEFA! – Ela gritou.
- Eu? Nem vem! – Falei rindo. – Fez a cama, agora deita! – Falei, vendo-a passar por nós, indo em direção ao bar.
- Segura! – Ela jogou o celular para trás e eu arregalei os olhos.
- EMANUELLE! – Álvaro gritou e eu inclinei meu corpo para frente, preparando os braços em uma manchete, mas com as mãos abertas e o celular caiu no meio delas.
- UH! – O pessoal gritou animado e eu fiz uma careta.
- Nossa, ardeu! – Falei, segurando o aparelho com uma mão e sacudi a mesma.
- Entrou no modo jogadora de vôlei aí? – Gigi disse e eu ri fracamente, estendendo o celular para Álvaro.
- Não deixa na vista dela. – Disse e ele suspirou.
- Ei, esse não é meu celular! – Ele esticou o mesmo e ri fracamente.
- Não, é do Paulo! – Manu disse.
- O QUÊ? – O argentino gritou e eu ri fracamente, vendo ele e Manu começarem a dar voltas na mesa.
- Você viu isso? – Perguntei, me sentando novamente.
- Sim, eu vi! – Gigi riu. – Sentiu saudades? – Ele perguntou.
- Ah, faz muito tempo. – Suspirei. – Até brincava com a Giulia há uns anos, mas agora...
- Espera aí! – Manu gritou para Paulo, parando ao nosso lado. – O que estão falando?
- Er, mas é enxerida, hein?! – Barza disse e ri fracamente.
- Ah, xi! – Ela disse.
- Eu jogava vôlei na faculdade.
- Quase jogou profissionalmente. – Gigi disse.
- Mesmo? – Manu falou surpresa.
- É, ela podia representar a seleção italiana. – Revirei os olhos.
- Você nunca me viu jogar, nem vem! – Falei e ele riu fracamente.
- Não, mas lembro a nossa primeira festa de Natal, ok?! – Ele disse rindo. – Você estava mais interessada nas minhas irmãs do que em mim.
- Aposto que elas são mais legais do que você! – Manu disse e Gigi virou o olhar para ela, me fazendo rir.
- Um pouco! – Falei, vendo-o virar o rosto para mim.
- Está parecendo l’esorcista! – Falei e ele riu fracamente.
- Por que você parou? – Ela perguntou.
- Eu tive uma lesão severa no joelho e no tornozelo. – Falei. – Até minha cura, eu já teria me formado na faculdade e, enfim, as coisas mudaram... – Sorri.
- A gente precisa jogar um dia! – Manu falou e eu ri fracamente.
- Pf... – Barza disse rindo em seguida. – Aposto que ela acaba com a gente! – Ri fracamente.
- Até alguns lances de bola ela já está dando, aposto que uma bola de vôlei na mão dela é tipo uma bazuca! – Gargalhei antes de Gigi terminar de falar e neguei com a cabeça.
- Já faz alguns anos. – Suspirei. – Mas eu tinha um saque muito bom também.
- VIU?! – Ele disse alto e rimos juntos.
- Tonto! – Empurrei-o pelo ombro.
- MANU! – Paulo gritou e o aumento do volume da música mostrou exatamente o que ela deveria prestar atenção.
- Qual é essa? – Ela perguntou, se afastando um pouco de nós.
Tiritas pa' este corazón partío'
(Tirititando de frío)
Tiritas pa' este corazón partío'
(Pa' este corazón)

- AH, EU AMO DESSA MÚSICA! – Ela disse animada, correndo até eles e ri fracamente.
- Agora vamos nos acostumar com as músicas em espanhol? – Barza perguntou.
- Eu gosto. – Sorri. – Essa é muito bonita, por sinal.
- Eu sou horrível no inglês, não me peça para saber espanhol! – Gigi disse e ri fracamente.
- Ya lo ves, que no hay dos sin tres, que la vida va y viene y que no se detiene y ¿qué sé yo? – Passei as frases da primeira estrofe com o cantor, sem realmente deixar que a voz saísse e olhei o grupinho unido ali.
- Essa é conhecida, não é?! – Barza perguntou.
- Bastante, na verdade. – Falei rindo, observando Manu e Dybala tentando fazer algum tipo de coreografia estranha para música.
Para qué me curaste
Cuando estaba herío'
Si hoy me dejas de nuevo
El corazón partío'
- LÁ VAI! – Manu gritou rindo. – ¿Y quién me va a entregar sus emociones? ¿Quién me va a pedir que nunca la abandone? ¿Quién me tapará esta noche, si hace frío? ¿Quién me va a curar el corazón partío'? – Ela começou a movimentar o corpo solta e sorri com isso. – ¿Quién llenará de primaveras este enero? ¿Y bajará la Luna para que juguemos? Dime, si tú te vas, dime, cariño mío ¿Quién me va a curar el corazón partío'?
- Ela canta bem! – Barza disse e ri fracamente.
- Até que engana bem. – Sorri quando Paulo estendeu a mão para ela e ela aceitou.
- É poliglota igual você! – Gigi disse e sorri.
- Acaba sendo uma necessidade. – Sorri.
Durante a estrofe seguinte da música eles começaram a dançar mais devagar, mas não era uma valsa, eles faziam um ou dois passos próximos, depois afastavam os braços, trocando de lugar e voltavam ao centro novamente, gargalhando conforme eles tropeçavam em seus pés, fazendo outros gargalharem e até tentarem dar uns passinhos sozinhos. O único problema dessa dança toda era que Dybala parecia uma tábua, enquanto Manu era mais solta, ria, tinha gingado e não estava preocupada se cairia ou não.
¿Y quién me va a entregar sus emociones?
¿Quién me va a pedir que nunca la abandone?
¿Quién me tapará esta noche, si hace frío?
¿Quién me va a curar el corazón partío'?
- ... – Virei para o lado, vendo Gigi em pé com a mão esticada para mim.
- E você dança agora? – Perguntei rindo.
- Beh... – Ele disse rindo e eu segurei sua mão, me levantando e ele me puxou para perto de si.
Apoiei minha mão em seu ombro, apoiando a outra em cima da sua. Ele me segurou pela cintura e nossos corpos começaram a se movimentar devagar, mais devagar do que o ritmo mais agitado que a música havia mudado após o segundo refrão, repetindo-o um atrás do outro. Com a diferença de altura, deixei que minha cabeça apoiasse em seu ombro, apertando-o mais firme conforme ele me apertasse pela cintura.
- Então, talvez a Manu tenha encontrado um namorado agora? – Gigi sussurrou próximo ao meu rosto e ergui o olhar de seu ombro, vendo Manu e Paulo gargalhando com seus passos mais desengonçados.
- Eu não sei. – Disse, olhando para ele. – Só ela vai dizer. – Falei baixo. – Eles, na verdade. – Deixei meu corpo se movimentar embaixo de seus dedos que tocavam delicadamente minha bunda.
¿Quién llenará de primaveras este enero?
¿Y bajará la Luna para que juguemos?
Dime, si tú te vas, dime, cariño mío
¿Quién me va a curar el corazón partío'?
- ISSO! – Manu gritou animada e a vi olhando para mim e ri fracamente quando outros olhares viraram para gente e sorri, voltando a apoiar meu rosto no ombro de Gigi, deixando-os movimentar nossos corpos devagar.
- ¿Quién llenará de primaveras este enero y bajará la Luna para que juguemos? – Passei as palavras pelos meus lábios devagar, fechando os olhos, aproveitando somente o momento
Não me importei com o que estava acontecendo em volta de nós. Já era de madrugada, a noite estava bonita, o lugar gostoso, tantos amigos próximos, era quase uma realidade alternativa, podia ser tonta por aproveitar, mas eu não negava mais de como gostava desses pequenos momentos nossos. Eu só percebi que o tempo passou quando a música começou de novo, mas acho que não havia recomeçado somente outra vez, parecia que era a terceira ou quarta vez que se repetia.
- Está tocando de novo? – Perguntei baixo.
- Sim, está! – Gigi disse e ri fracamente.
- E você não parou por quê? – Perguntei baixo.
- Porque eles não pararam. – Ele disse e eu ri fracamente, erguendo o rosto para os responsáveis pelo som e agora, além de Manu e Paulo, Álvaro e Fernando também dançavam com eles, sacudindo as mãos como maracas, me fazendo rir.
- Beh, eu não me importo. – Falei baixo.
- Eu me importo! – Barza disse rindo, se levantando e neguei com a cabeça.
- Lá vai! – Falei para Gigi, virando o rosto para o pessoal e ele se virou também.
- Chega, né?! Vamos cortar isso! – Barza falou.
- Ah, fica quieto! – Manu disse, empurrando-o para trás.
- Tira essa música, o show já acabou, vai! – Ele disse e Gigi riu fracamente.
- É implicante demais. – Gigi disse.
- Demais! – Falei, vendo Manu empurrá-lo para a piscina.
- AH! – Ele gritou, puxando o braço dela junto e eu e Gigi nos afastamos em um pulo quando ambos caíram na piscina, me fazendo colocar a mão na boca, segurando uma gargalhada alta.
- EMANUELLE! – Barza gritou quando subiu à superfície e ela sacudiu os cabelos, gargalhando.
- A PISCINA VAI FICAR AZUL! – Evra gritou e ri fracamente, vendo Manu juntar seus cabelos longos em um coque acima.
- Ah, Barza, relaxa! – Ela abanou a mão. – Está calor, refresca! – Ela começou a sacudir água para cima e ele tentava se proteger da água com a mão.
- UHUL! – Álvaro gritou, se jogando novamente na piscina e Paulo, Cáceres e Pogba foram logo atrás.
- Quer fazer as honras? – Gigi perguntou e eu ri fracamente.
- Não com essa saia! – Disse e ele sorriu.
- A música ainda está repetindo... – Ele disse e dessa vez passei os braços pelos seus ombros, deixando que a voz gostosa de Alejandro Sanz ecoasse em meus ouvidos.

Lui
19 de agosto de 2015
Aos 20 minutos de jogo, Allegri me tirou de campo e colocou Neto, algo já esperado. Villar Perosa era praticamente um show para a torcida bianconera que conseguiam vir à residência da família Agnelli na cidade para ver o jogo, então, todos os jogadores rodavam. Tanto do time principal, quanto da sub-23.
Bati as mãos na de Neto, cumprimentando o assistente no centro do campo e dei um aceno para o top que estava embaixo da tenda entre os dois bancos de reservas além de vários membros da família Agnelli. estava com o corpo apoiado em uma das sustentações da tenda, equilibrando os saltos finos na grama e ri fracamente ao seguir até o banco. Me sentei ao lado de Barza e acompanhei o que se seguiu do jogo.
Apesar de Villar Perosa ser um espetáculo para os fãs e uma forma de eles ficarem mais perto de nós, havia uma competição saudável entre as duas equipes. Em toda a história, só teve uma vez que o time B ganhou, mas havia sido nos anos 60. Acho que depois dessa vez, ninguém realmente queria ser o próximo time a perder. Mas hoje o B tinha Emil Audero, Allegri já tinha convocado-o para o time principal e conversamos nos amistosos e até na China, e ele era muito bom! Tinha um futuro muito promissor.
Comprovando o quão bom ele era, só conseguimos fazer um gol durante o jogo inteiro, aos 42 minutos do primeiro tempo. Pogba conseguiu subir mais que os defensores do B e abriu o placar. Quando o segundo tempo começou, todo mundo que estava no banco já ficou em alerta. Essa aproximação toda da torcida era boa, mas tinha uma desvantagem incrível que era a tradicional invasão de campo.
Tradicional mesmo, eu estou aqui há 14 anos, indo para o décimo quinto e todos os anos teve isso. Acontecia por volta dos 20, 25 minutos do segundo tempo, mas Villar Perosa não era exatamente um estádio com todas as tecnologias e um cronômetro para gente acompanhar, então precisávamos ficar espertos a todo momento e o olhar acabava indo para todos os quaro cantos da torcida, menos para o jogo que acontecia.
Como esperado, a torcida invadiu em uma saída de bola do goleiro do B, que já não era mais Audero, e a única opção era correr antes que o pessoal nos alcançasse. Estando no banco, foi mais fácil, eu só precisei seguir em linha reta para os vestiários e passar pelas grades que faziam a divisão. Agora para o pessoal que estava em banco, não era da mesma coisa.
- Vem! – Um segurança me puxou e eu atravessei a grade, estando em um local mais seguro.
Estando protegido do ataque mais direto dos torcedores, eu me livrei da minha blusa e joguei para a torcida. Depois peguei um marcador para distribuir alguns autógrafos pelo pessoal grudado na grade. O tempo que eu demorei fazendo isso, foi o tempo que outros jogadores chegarem e trocamos de lugares.
- Eles estão ótimos, vamos conversando, ok?! – Vi se aproximando na maior calma com dois seguranças ao seu lado enquanto falava com Fabio Grosso que hoje era o técnico da sub-23.
- Você não vai tirar mais jogadores de mim, vai? – Ele disse rindo.
- Esse lado não é comigo, Fabio! – Ela sorriu. – Eu só cuido dos salários dos meninos, mas veja isso como uma oportunidade...
- Sempre, eu já tive ela um dia. – Ele sorriu e deu um beijo na bochecha dela.
- Bom te ver. – Ele disse.
- Você também. – Ela sorriu e ambos viraram para mim.
- Gigi! – Fabio deu dois tapinhas em meu ombro e seguiu para o vestiário do seu time.
- Andiamo? disse para mim e assenti com a cabeça.
- Vamos lá! – Falei, dando espaço para ela passar e ela sorriu, seguindo em minha frente.
- Vamos logo, o tempo está fechando! – Ela disse, indicando o braço para o lado e inclinei minha cabeça para fora, vendo a nuvem preta que começava a cobrir o céu.
- Oh! – Comentei, seguindo atrás dela, segurando a porta antes que ela fechasse completamente.
- Mas eu não fiz nada! – Leo falava rindo, passando uma toalha no rosto.
- Como que eu ia saber que não era você? – Asa disse rindo.
- Ah, qual é, já faz mais de dois anos que a Manu está no time! Você realmente achou que eu estava te cutucando? – Leo disse rindo.
- Vocês são muito tontos. – Virei o rosto para o lado, vendo Manu sentada no banco, também passando uma toalha no rosto.
- O que aconteceu aqui? – Perguntei.
- O que você acha? – falou para mim.
- Pegadinha dela? – Perguntei.
- FOI UMA PEGADINHO INGÊNUA! – Manu se explicou, nos fazendo rir.
- Dessa vez eu tenho que proteger ela. – Fernando disse. – Ela só cutucou o Asa e ele achou que fosse o Leo.
- E eu levei água na cara! – Leo disse.
- E eu também! – Manu revirou os olhos.
- Ok, andiamo, ragazzi! Andiamo! – Angela falou. – Está começando a chover, precisamos sair daqui antes de... – Um trovão alto fez sua voz sumir. – Deixa quieto!
- O que faremos? – Allegri perguntou.
- Vão se arrumando, eu vou dar uma olhada lá fora e encontrar o Agnelli. – Angela disse.
Suspirei e segui até meu canto no vestiário. Peguei minha mochila e fui direto para o chuveiro. Saí alguns minutos depois e troquei pelo mesmo moletom que eu havia vindo. Quando voltei para o vestiário, consegui ouvir a chuva que caía lá fora. O barulho era alto, forte e contínuo, sendo quase impossível ouvir alguma conversa paralela.
Fui até próximo da porta e vi e Pavel sentados no mesmo banco onde antes estava Manu e outros jogadores já prontos como eu, sentado nos espaços vazios. Me aproximei da porta, abrindo uma fresta e vi a forte chuva caindo lá fora. O espaço onde há 30 minutos estava ocupado com grades e diversos torcedores amontoados, agora estava vazio e dava para ver as poças se formarem na grama.
- A Angela vai ver de ficarmos na casa principal! – Virei o rosto, vendo com o rosto próximo ao meu e ainda tive a sensação de que ela tinha gritado.
- Esperando? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça. – E o outro time?
- Na casa do fundo. – Ela disse e assenti com a cabeça, me afastando quando vi Angela correndo de volta para dentro e o corpo enxarcado. – Angela! – falou preocupada e pegou uma toalha pendurada, colocando-a nos ombros da assessora. – Está tudo bem?
- Sim! – Ela disse alto, secando o rosto. – O guarda-chuva abriu e perdi! – Ela disse, suspirando em seguida.
- Vamos ficar aqui? – perguntou.
- O motorista vai estacionar aqui na frente e vamos para casa! – Ela disse. – ALLEGRI, ANDIAMO! – Ela gritou.
O pessoal que saía do banho começava a se juntar próximo à porta e o local começava a ficar abafado. Coloquei minha mochila nas costas e vi tirar seus sapatos e segurá-los abraçados ao corpo. Demorou alguns minutos ainda para que o ônibus chegasse. As grades estavam na frente, então não foi um trabalho muito fácil, mas ele conseguiu parar o mais perto possível da porta.
Fui um dos primeiros a entrar no ônibus, atrás de e senti a chuva gelada bater em minha cabeça, fazendo meu corpo arrepiar. Adiantou nada tomar um banho quente. Seguimos até o fundo do ônibus e cada um se jogou em uma poltrona.
- Está muito gelado! – comentou.
- Meu casaco está aqui! – Falei.
- Eu sempre trago uma mochila, mas está no bagageiro. Tento pegar quando chegar lá. – Ela disse e assenti com a cabeça.
O pessoal entrou no ônibus, enchendo as poltronas e Manu veio logo atrás. Ela estava completamente enxarcada. Seus cabelos azuis estavam baixos e pensava se não mancharia a blusa do time que ela usava.
- Emanuelle do céu! – disse surpresa e Manu se segurou na poltrona quando seu All-Star deslizou.
- Eu estou bem! – Ela disse, se colocando no fundo do corredor, se sentando na parte mais alta que tinha ali.
- Onde você estava? – perguntou.
- Fui ajudar a Angela a falar com o Fabio Grosso, mas eu estou bem! – Ela disse, assoprando a água que pingava do seu rosto.
- Aqui! – Neto, que estava no banco da frente, esticou uma toalha de rosto para trás e peguei, passando para ela.
- Grazie. – Ela disse, secando o rosto e suspirei.
Quando todo mundo entrou, o ônibus finalmente saiu, mas não demorou muito para chegar à casa. Ele entrou na residência e parou nos fundos. O pessoal da frente foi saindo aos poucos e peguei minha mochila para ir juntos. Deixei que e Manu saíssem em minha frente e a Smurfette deslizou o pé quando pisou no chão e eu a segurei firme pela cintura.
- Quase! – Falei e ela riu fracamente, pulando para dentro da casa.
Os motoristas tiraram as mochilas e bolsas do bagageiro e ajudei-os a coloca-las no coberto. Antes de entrar na casa, assim como todos, deixei meus tênis do lado de fora e passei as mãos nos cabelos, para tentar um pouco do molhado. A residência da família Agnelli era estilo casa vitoriana, antiga, pouco decorada e com algumas obras de arte um tanto de mal gosto, se me pergunta, mas nos fizemos uma roda entre o círculo. Todos os jogadores, staff, administrativo, só faltava Agnelli ali, mas eles também tinham uma casa aqui, pelo que eu sabia.
- Ragazzi, prestem atenção aqui! – A voz de Angela saiu abafada e Pogba foi até a porta.
- Viene! – Ele gritou para os motoristas que entraram também e o ajudou a fechar a porta.
- Grazie! – Angela disse. – Nós vamos ficar aqui até a chuva passar, se for necessário, dormimos aqui e voltamos à noite. – Assenti com a cabeça. – Avisem seus familiares se necessário. Somos em 43 pessoas aqui ao todo! – Ela disse alto. – Não temos quartos o suficiente para todos, então vamos dividir vocês. Alguns ficam nos quartos, outros nas salas. – Ela disse. – Se chegar a ponto de ter que dormir aqui, alguns de vocês terão que dormir abraçadinhos.
- Oh! Que amor! – Morata falou, nos fazendo rir.
- Nós vamos checar e voltamos aqui logo mais. – Angela disse.
- Não é necessário, Angela! – Virei o rosto para o lado, vendo Agnelli chegar pela sala do lado, fechando um guarda-chuva. – Ciao, ragazzi.
- Andrea! – O cumprimentei.
- Nós temos oito quartos aqui, cada um cabe quatro pessoas, mas em dois tem camas de casal, então cabem cinco. – Fiz as contas na cabeça. – Temos três salas, cada uma com dois sofás, o que faltar, temos alguns colchões lá no fundo que podemos pegar. Cada quarto tem um banheiro e a casa no geral tem mais três.
- Acho que vai dar, então. – Angela disse.
- É como uma casa de veraneio. – Chiello disse ao meu lado e rimos juntos.
- Bom, se organizem e dividem os quartos... – Ela disse.
- Se me permite! – levantou a mão.
- Sim! – Angela disse e se aproximou dela e cochichou algo inaudível em seu olhar e a assessora confirmou diversas vezes com a cabeça. – Sim, claro! – Ela disse em seguida.
- Manu! – a chamou.
- Fa-a-ala! – Ela disse, batendo o queixo.
- Vem comigo! – Ela disse e a mais nova a seguiu e ambas subiram as escadas juntas.
- Gigi! – Angela me chamou.
- Fala! – Gritei.
- Você, Barza e Chiello vão com ela! – Ela disse e franzi a testa.
- Ok... – Chiello nem discutiu, colocou sua mochila nas costas e seguiu elas.
- O que aconteceu? – Perguntei baixo para Barza, seguindo atrás deles.
- Manu... – Ele sussurrou e assenti com a cabeça.
Encontrei Chiello entrando no último quarto do corredor e fomos atrás. O cheiro de casa fechada coçava o nariz, mas pelo menos ainda tinha energia e foi a primeira coisa que fez quando entrou ali, ligou o ventilador.
- Você vai para o banho, logo levo as coisas para você! – disse, indicando o banheiro para Manu e Barza fechou a porta atrás de mim.
- O que aconteceu? – Perguntei e vi Manu fechar a porta do banheiro.
- Eu achei melhor interceptar um quarto com vocês antes que os engraçadinhos lá embaixo achassem que pudessem ficar com a Manu. – Ela disse baixo e eu suspirei.
- Justo. – Chiello disse.
- Bom, então como ficamos? – Barza perguntou. – Vocês ficam na cama de casal?
- Claro! – disse. – Só não sentem em nada molhado ou o cheiro vai ficar pior que antes. – Ela disse e rimos juntos.
- Precisamos achar toalhas. – Falei.
- Eu vou descer para pegar minha bolsa e da Manu e já procuro. – Ela disse, colocando seus sapatos ao lado da porta.
- Aqui! – Abri minha mochila, pegando meus chinelos e estiquei para ela. – Não queremos ninguém doente, acho que uma talvez seja inevitável, duas talvez não. – Falei e ela riu fracamente, colocando-os no chão e calçando-os.
- É mais fácil eu cair com eles do que sem eles, mas agradeço. – Ela falou e rimos juntos.
- Eu vou contigo! – Chiello disse e ela assentiu com a cabeça, com ambos saírem.
- Eu, você, Chiello, e Manu por dois dias... – Barza falou. – O que pode dar errado?
- Levando em conta que o resto do time está lá fora, tudo. – Rimos juntos.
- Ragazzi? – Ouvimos uma voz abafada e Barza colocou o ouvido na porta do banheiro. – Tem alguém aí?
- Fala! É o Barza! – Ele disse.
- Eu preciso de sabonete! – Ela gritou e rimos juntos.
- Eu vou entregar minha necessaire para ela. – Falei, pegando em minha mochila e entreguei para ele.
- Aqui, Manu... – Barza disse, batendo a porta e uma fresta se abriu e a mão molhada de Manu apareceu e puxou-a para dentro. Em seguida seu rosto apareceu pela fresta.
- E vai logo, pelo jeito é aquecedor solar e não tem mais sol no céu! – Ela disse, batendo a porta e arregalamos os olhos.
- É, acho que esse é o pior que poderia acontecer. – Falei e ele fez uma careta.
- Droga! – Ele reclamou, se sentando na cama.
- NÃO SENTA! – Falei e ele levantou rapidamente.
- Ah, cazzo! – Ele disse e rimos juntos.

Lei
19 de agosto de 2015
- É uma lupa! Microscópio! Telescópio! – Dybala falava alto.
- É UM FILME, IDIOTA! – Morata gritou de volta e ri fracamente.
- PIRATAS DO CARIBE! – Ele gritou!
- Esse jogo tem uns 200 anos, cara! Não tem Piratas do Caribe aqui! – Manu disse e neguei com a cabeça.
- ZORRO! – Ele gritou e coloquei a mão na testa, rindo fracamente.
- Ah, meu Deus! – Manu suspirou, abaixando as mãos ao lado do corpo.
- 10 segundos! – Pogba disse.
- Ah, eu não sei o nome do filme em italiano! – Dybala apertou as mãos no rosto e eu ri fracamente.
- O nome do vilão! – Manu disse.
- NÃO VALE SOPRAR! – Cáceres gritou de volta.
- É... É...
- Acabou o tempo! – Pogba gritou.
- ARGH! – Dybala gritou. – O que era?
- HOOK! – Manu gritou na cara dele e foi se sentar emburrada, me fazendo rir.
- Oh! – Dybala fez uma careta. – Scusi!
- Vocês voltam para o lugar de vocês. – Cáceres disse, mexendo o pino verde. – Agora, Morata e Neto!
- Ok, cara! Vamos lá! – Neto disse, jogando os dados e eu neguei com a cabeça, sentindo o celular vibrar em meu corpo, vendo uma mensagem de tia Gio.
“Oi, querida, como você está? Vem jantar conosco hoje? Vou fazer canelloni”. – Suspirei, olhando o horário no celular e era quase oito da noite, sem chances de irmos embora hoje, a chuva ainda caía forte lá fora.
“Não vai dar, tia Gio, ficamos presos aqui em Villar Perosa, devemos voltar só amanhã”. – Enviei de volta, voltando a olhar para os mais jovens jogando.
- É ação, cara! É um verbo! Presta atenção! – Neto disse se levantando e guardando a carta no bolso.
“Ah, mesmo? É sobre a chuva? Aqui caiu forte mais cedo, mas agora o tempo já abriu!” – Gio respondeu.
“É sim, começou logo após o jogo, viemos aqui para a residência mesmo, mas acho que ficaremos aqui”. – Suspirei e virei o corpo para trás.
Passei pelo corredor e desci as escadas, sentindo os chinelos grandes de Gigi quererem sair do meu pé. Bom, ele calça 44, eu calço 39, tinha bastante coisa sobrando aqui. No andar de baixo, uma rodinha tentava fazer a mesma coisa da lá de cima, mas estavam com um baralho. Segui pelo corredor até o fim, entrando na cozinha, encontrando Leo e Zaza ali.
- Ei, gente! – Falei. – O que estão beliscando aí? – Perguntei.
- Ah, tem umas bolachas, nada demais. – Leo disse.
- Será que conseguimos uma pizza por aqui? – Zaza perguntou.
- Se a chuva passar, talvez sim. – Abri um armário próximo, vendo algumas coisas ali. – Tem salgadinho também.
- Tem grissini também! – Leo esticou um saco. – É industrializado, mas dá para o gasto.
- Posso? – Peguei-o para mim.
- Fique à vontade, tem vários aqui! – Ele disse rindo.
- Se tem grissini, eu já consigo viver. – Disse e abri outro armário, pegando um copo e enchi de água no filtro, bebendo-o.
- Eu vou tentar achar alguma pizzaria aqui perto. – Zaza disse, olhando o celular.
- Posso abrir uma exceção para esse tipo de gasto. – Falei e ele riu fracamente.
- E o que sobrou do café da manhã? Será que levaram embora? – Leo perguntou.
- Vai saber! – Falei, apoiando o pacote de salgadinho na pia e lavei meu copo, colocando-o no escorredor.
- Vai ver levaram para a casa do Agnelli. – Zaza disse e ri fracamente.
- Se encontrarem alguma pizzaria, podem pedir, e eu repasso para vocês! – Falei.
- Quantas pizzas pede? – Zaza perguntou.
- Somos em 43, cada um come quanto? Uns quatro pedaços? – Ele perguntou.
- Aposto que todos estão com mais fome do que isso. – Falei, ouvindo-os rirem e segui para fora da cozinha, ouvindo as gargalhadas dos meninos jogando e subi as escadas novamente.
Fui em direção ao último quarto no fim do corredor e dei dois toques na porta antes de abrir o mesmo. O local estava vazio, com exceção de alguém que estava no banheiro pelo barulho do chuveiro. Segui até a cama de casal, deixando os chinelos de Gigi no chão e ergui o corpo para cima. Tinha que agradecer muito Chiello pela calça, porque só o casaco não seria o suficiente. Abri o pacote de grissini e peguei um, ouvindo-o quebrar dentro de minha boca. Peguei o celular e vi se tinha algum retorno de Gio.
“Fiquem mesmo, aqui até acabou energia. Tomem cuidado”. – Sorri, respondendo-a
“Não se preocupe, aviso quando chegar amanhã! Se cuidem”. – Suspirei, deixando o telefone de lado e vi a porta ser aberta.
- Ei! – Vi Gigi na mesma e ele sorriu, fechando a porta.
- Ei! – Ele entrou. – Isso é comida?
- Sim! – Falei rindo, esticando o pacote para ele que se sentou na beirada da cama e pegou dois. – Leo e Zaza estão vendo de pedir uma pizza.
- Ah, seria muito bom! – Ele falou, mordiscando o palitinho.
- E você? O que estava se ocupando?
- Estava conversando com Pavel lá em cima.
- Jurava que te encontraria jogando alguma coisa. – Falei, pegando outro palitinho.
- Não me deixaram jogar. – Ele disse e eu ri fracamente. – Falaram que eu sou muito competitivo.
- E você é! – Falei firme, apoiando a cabeça na cama.
- Beh... – Ele disse, rindo em seguida.
- Eu estava vendo os mais novos se matarem em um jogo de tabuleiro, está hilário! – Sorri.
- Eu ouvi os gritos! – Rimos juntos.
- Mas acho que vou aproveitar a falta de um notebook e relaxar um pouco. – Suspirei.
- Aceita uma companhia? – Ele perguntou e eu ri fracamente.
- Por quê? O que você vai fazer? – Ele deslizou o corpo mais perto do meu.
- Só ficar contigo não basta? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Quem não te conhece que te compre, Gianluigi. – Disse e ele riu fracamente.
- Gosto quando me chama de Gianluigi! – Ele disse, apoiando a mão em minha coxa, inclinando o corpo um pouco mais no meu.
- É seu nome! – Falei rindo.
- É, mas sei que você prefere que eu te chame de . – Ele levou a mão até meu queixo, erguendo-o.
- Quando você me chama desse jeito, é porque você está querendo ser fofo. – Falei e ele riu fracamente. – Quando eu te chamo pelo nome completo, é porque você eu estou brava ou incrédula! – Ele riu fracamente.
- E como você está agora? – Ele perguntou.
- Tentando entender o que está fazendo. – Falei.
- Você sabe o que eu estou fazendo. – Ele disse rindo.
- Então, por que você está fazendo isso? – Perguntei baixo e ele sorriu.
- Porque eu tive uma oportunidade de ficar só contigo. – Ele aproximou o rosto do meu. – E a culpa é toda sua! – Ele disse, roçando os lábios nos meus.
- Você não pode fazer isso toda vez que estiver vontade. – Falei.
- Por quê? – Ele perguntou e levei a mão até seu rosto, acariciando sua barba grisalha.
- Você realmente quer que eu diga? – Perguntei e ele suspirou.
- Não mesmo! – Ele disse, colando os lábios nos meus.
Como todas as vezes, eu poderia dizer não, mas eu simplesmente não queria, principalmente quando a primeira ação veio dele. Abaixei minha mão, levando minha mão até sua nuca, acariciando-a devagar e ele apertou a mão em minha coxa, subindo a mão um pouco mais. Mordisquei seu lábio inferior e deixei que sua língua encontrasse a minha.
- Ah, que beleza! – Desviei o rosto, vendo Chiello sair do banheiro. – Se você tinha algum plano extra, , não precisava chamar eu e o Barza para ficarmos juntos com vocês. – Ri fracamente, vendo-o passar a toalha em seus cabelos ralos.
- Scusi! – Disse rindo, passando o polegar nos lábios.
- Vocês são impossíveis! – Ele disse, apoiando a toalha no corpo e indo até sua mochila.
- Não é culpa minha. – Dei de ombros, apoiando as costas na cama novamente e Gigi sorriu para mim.
- Culpa minha. – Falei e Chiello riu sarcasticamente.
- Como se você precisasse falar isso para eu saber, né?! – Ele disse, Gigi revirou os olhos e eu aproximei meu rosto do seu.
- Ele não mentiu, sabe? – Falei e ele aproveitou a proximidade para colar os lábios nos meus rapidamente. – Ah, Gianluigi! – Falei e ele riu fracamente.
- Vocês são impossíveis! – Chiello disse.
- O quê? Por quê? – Perguntei, desviando o rosto para ele.
- Você realmente quer que eu abra aqui os 10 anos que eu conheço vocês e que acho que essa gracinha já deveria ter acabado? – Ele perguntou, apontando para nós dois e suspirei.
- Ok, já entendi! – Gigi falou, virando o corpo para o outro lado e me distraí com a porta sendo aberta.
- Ei, vocês estão aqui! – Barza entrou, fechando a porta. – Hum, grissini! – Ele disse e estiquei o saco em sua direção. – Estou com fome. – Ele pegou um, mordendo-o e acabou-o em poucos segundos. – Qual o assunto?
- Peguei os dois se beijando. – Chiello disse e revirei os olhos.
- Ih! – Barza disse.
- Ih, nada! – Falei.
- Se vocês dois ficarem se beijando, eu vou expulsar os dois do quarto! – Chiello disse.
- Já entendi! – Gigi se levantou e eu ri fracamente.
- Aposto que o surto não foi nem pelo beijo. – Barza disse e revirei os olhos.
- Se vocês começarem com esse papo, eu juro que vou embora daqui! – Falei firme e Chiello e Barza riram.
- Vocês podem parar de ser chatos? A Manu nem está aqui! – Gigi disse.
- Chamou?
- AH! – Viramos assustados para trás, vendo-a entrar no quarto com o moletom gigante de Gigi em seu corpo.
- Eita! Fiz nada! – Ela disse e rimos juntos.
- Não, querida! Fez nada! – Falei, jogando as pernas para o lado. – Pessoal que está enchendo o saco! Como sempre. – Falei.
- Dessa vez a culpa nem é sua, ! – Chiello disse e virei para Gigi que revirava os olhos.
- Vocês não me deixam ser feliz mesmo, né?! – Ele disse.
- Ah, porque agora a culpa é nossa! – Barza disse.
- Entendi nada! – Manu disse. – Enfim, chefa, o pessoal tá pedindo o cartão corporativo, acharam um lugar que faz as pizzas para gente.
- Eba! Comida! – Barza falou animado e ri fracamente.
- Não vou dar o cartão corporativo nada. – Falei, pegando minha mochila. – Eu vou lá pagar. – Eles riram. – Até parece! – Disse, encontrando minha carteira na mesma.
- Bom, tentei! – Ela deu de ombros. – Ei, isso é grissini? – Manu perguntou animada e Barza estendeu o saco para ela. – Minha barriga está roncando.
- Acho que de todo mundo! – Suspirei. – Eu vou lá! Se comportem, ok?!
- Sem você aqui, o Gigi até sabe se comportar. – Chiello disse e o travesseiro da cama ao lado voou nele.
- OH! – Manu falou alto e eu ri fracamente.
- Vocês são impossíveis! – Falei, revirando os olhos.
- Só com você, ! – Barza disse e eu mostrei o dedo do meio antes de sair do quarto, ouvindo a risada dos outros quatro.

Lui
30 de agosto de 2015
Dei um aceno com a cabeça para a comissária de bordo e entrei no avião. Segui até o fundo do mesmo e coloquei minha mochila no bagageiro antes de entrar em uma fileira, me sentando na poltrona da janela. Coloquei a mão no bolso do terno, pegando o fone de ouvido e demorei alguns segundos desenrolando o mesmo. Conectei-o ao celular e desbloqueei o mesmo, procurando por alguma música qualquer ali. Antes de eu conseguir me decidir, uma sombra entrou em minha visão e ergui o olhar, vendo ao meu lado.
- Posso? – Ela indicou o local e bufei, assentindo com a cabeça.
- Não acho que eu tenho muita escolha. – Disse e ela colocou sua mala no bagageiro e sentou ao meu lado.
- Você sempre tem escolha. – Ela disse, pegando o cinto e colocando-o, antes de apertar bem a fivela.
- Se eu pedir para ficar sozinha, você vai deixar? – Perguntei.
- Não! – Ri fracamente. – Mas ficarei de boca fechada a viagem inteira. Trabalho é o que não falta. – Ela deu de ombros e suspirei. – Mas preferiria que conversasse comigo...
- Sobre... – Tirei os fones mudos da orelha, voltando a enfiá-los embaralhados dentro do bolso.
- O motivo de você estar bravo assim. – Ela falou e eu virei o olhar para ela, vendo seu sorriso com os lábios rosados delicadamente.
- Eu não estou...
- Você realmente vai tentar mentir para mim? – Ela perguntou e suspirei, rindo fracamente.
- Já conseguimos mentir um para o outro. – Falei.
- E olha o que aconteceu. – Ela puxou o celular do bolso de sua calça justa e mexeu no mesmo, colocando-o rapidamente no modo avião. – Allora, parla con me! – Ela pediu
- Você estava mesmo no jogo? – Perguntei, suspirando.
- Sim, eu estava! – Ela suspirou, tombando a cabeça para trás. – 2x1 para Roma, duas expulsões do nosso lado... – Ela riu fracamente. – A sorte é que foi o Rubinho, não é?! Não teremos tanto problema.
- E você está bem com isso? – Perguntei. – Já perdemos semana passada, agora hoje...
- É a segunda rodada, Gigi, se acalma! – Ela riu fracamente. – Temos 36 ainda.
- Mas não é um bom começo, ! – Falei, pressionando os lábios. – Não consigo nem me lembrar qual temporada começamos tão mal assim.
- Antes de eu me tornar diretora, posso confirmar para você! – Ela riu fracamente.
- Estou surpreso como você está calma com isso. – Falei e ela apoiou a mão em meu braço com as mangas arregaçadas.
- O que você quer que eu diga? Quer que acabe o campeonato agora? Por causa dessas duas derrotas? – Ela riu fracamente. – Ah, Gigi, você me conhece melhor do que isso. – Ela passou o indicador por dentro da pulseira emborrachada que eu uso frequentemente.
- Mas é preocupante, ! – Falei mais baixo, vendo que o avião já estava mais cheio. – Depois de uma final de Champions, começar assim, é preocupante sim.
- O time está em uma reformulação gigantesca, Gigi. – Ela suspirou. – O Pepe saiu, o Llorente saiu, Coman saiu, De Ceglie saiu, tirando o pessoal que tinha saído antes do começo da temporada. – Ela suspirou.
- Saiu muita gente. – Neguei com a cabeça.
- Em compensação, temos muita gente nova entrando, Alex Sandro, Cuadrado, tenho outros nomes na manga ainda. É normal que isso aconteça. Lembra de 2011? – Ela apertou meu braço. – Não começamos perdendo a temporada, mas tivemos vários tropeços no meio do caminho. – Suspirei, tomando a cabeça para trás.
- Depois de vencer quatro seguidas... – Suspirei.
- Queremos a quinta! – Ela falou próximo ao meu ouvido. – Eu sei disso, eu sei essa pressão, igualar os feitos de 1930 a 35, eu sei disso. – Ela disse baixo. – Mas é só a segunda rodada, Gianluigi. Por favor. – Ri fracamente, virando o rosto. – Dê tempo ao tempo. Vocês têm amistosos nessa semana, terão uma semana para respirar, depois voltamos.
- Você é muito espirituosa. – Falei e ela sorriu. – Você é quem mais deveria se preocupar com o resultado.
- Não de cada rodada. – Ela disse. – Só surto quando estivermos na iminência de perder algum dinheiro.... – Ri fracamente, virando o rosto para ela.
- Você não surtou no último jogo que perdemos...
- Me envolvo demais com vocês. – Ela disse, voltando a posição anterior, olhando para frente. – Choro pelo dinheiro perdido depois... – Rimos juntos e ela voltou a virar o rosto novamente. – Mas relaxa! Temos tempo. – Ela sorriu. – Se passar mais rodadas e vocês continuarem assim, eu mando a Manu brigar com vocês. – Sorri.
- Tudo bem. – Ri fracamente.
- Mas não fique assim. Você não pode falar palavras bonitas e de apoio para seu time e ficar com esse bico sozinho.
- Eu não estou fazendo bico. – Ela franziu os olhos e tentei relaxar o rosto, vendo-a sorrir em seguida. – Ah, ! – Ela apertou a mão em meu braço e girei-o, deixando minha mão para cima e ela apoiou a sua na minha.
- Não fica bonito. – Ela disse e rimos juntos.
- Me diga uma coisa... – Pedi.
- Hum...
- Se você não vai aos jogos por resultado, você vai para quê? – Perguntei baixo.
- Fazer compras, é claro! – Ela disse rindo e eu franzi os lábios.
- Como assim? – Falei em meio à uma risada.
- Jogadores, Gigi.
- A-a-a-ah! – Falei, vendo-a rir. – Está de olho em alguém da Roma?
- Alguns alguéns, na verdade. – Ela suspirou. – Pjanic, Salah... – Ela suspirou. – Mas agora eu gostei do novo goleiro deles. – Ela mordeu o lábio inferior e entrelacei nossos dedos.
- Szczęsny. – Falei baixo.
- Você o conhece? – Ela perguntou.
- Pouco. – Falei. – Ele jogava no Arsenal, foi emprestado para a Roma esse ano. – Ele disse, suspirando. – Eu já vi alguns vídeos, mas foi a primeira vez que o vi jogar ao vivo.
- E o que achou? – Ela perguntou.
- Você realmente gosta de goleiros, não é? – Ela riu fracamente.
- E você sabe que todos que eu contratar vai ser seu reserva até sua aposentadoria, não sabe? – Ela disse e eu suspirei. – E que antes de você sair, você vai treinar seu reserva para ele tentar ser, no mínimo, metade do que você é. – Sorri.
- Você enche muito minha bola, . – Ela sorriu.
- Acho que já trabalhos há tempo demais para saber separar o nosso profissionalismo. – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Sim! – Confirmei com a cabeça. – Mas apesar das mudanças, você sempre fez ótimas opções, . – Ela deu um curto sorriso. – O Neto é um exemplo ótimo. Novo, experiência como titular, ótimos números... Acho que quando chegar a hora, você não vai precisar da minha ajuda.
- Mas eu vou querer! – Ela disse, apertando minha mão. – Seria um crime eu não pedir a opinião do melhor na área no mundo. – Ri fracamente.
- Viu?! Você enche minha bola demais! – Ela sorriu, dando de ombros em seguida.
- Você ficou em quarto na lista de melhor jogador da Europa pela UEFA. – Ela disse e eu sorri. – Isso só prova o que eu e Pavel sempre dizemos: você ainda está em alto nível e ainda pode fazer bastante coisa. – Suspirei.
- Espero poder. Mais uma Euro, talvez um último Mondiale... – Ela apertou minha mão.
- Você vai ter que avaliar suas passadas, Gigi. Tenho certeza que vai saber avalia-las melhor do que eu. – Suspirei.
- Talvez... Temos até 2017 ainda, não temos? – Perguntei.
- Até mais, se você quiser... Mas isso você quem vai ter que me dizer. – Assenti com a cabeça.
- Após os 40, eu vou ter que analisar praticamente por semana. – Rimos juntos.
- É para isso que serve o banco. – Ela disse rindo. – E um reserva.
- Dio, vamos parar com esse papo! – Falei rindo. – Tenho três anos até lá.
- É só um número, Gigi! Já falamos disso.
- É só um número para você! – Falei rindo. – Quando eu estiver 40, você vai ter 37...
- 36. – Ela disse pressionando os lábios.
- Não está me ajudando! – Falei e ela riu fracamente, apoiando a cabeça em meu ombro.
- Podemos falar de outra coisa. – Ela falou baixo, suspirando. – O que achou dos novos uniformes? - Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Eu gostei do preto. – Falei. – Do verde também... Todos, na verdade. – Ela suspirou.
- Eu quis dizer a marca! – Ela disse.
- Por quê? Mudou? – Perguntei.
- Sim! – Ela disse rindo. – Fiquei minhas férias inteiras discutindo contrato com a Adidas para vocês nem perceberem? – Ela perguntou e rimos juntos.
- Era o que antes? – Perguntei e ela riu.
- Nike! – Ela disse e eu ri fracamente.
- Eu sou muito desligado! – Falei e sua respiração bateu em meu ombro.
- Um pouco! – Ela disse rindo.
- Mas está bem legal! – Falei.
- Estou tentando fazer vocês ficarem mais bonitos. – Virei o rosto para ela, apoiando minha cabeça na sua e suspirei.
- Só para deixar o pessoal mais metido. – Falei e ela riu.
- É, tipo isso. – Ela esticou o pouco que conseguiu do seu corpo, se espreguiçando e apertei nossas mãos. – A vantagem dessas eliminatórias é que eu vou conseguir livrar um pouco de serviço. – Ela suspirou.
- Muita coisa acumulada? – Perguntei.
- Um pouco, essas entradas e saídas foram bagunçadas. Quando voltar, talvez teremos gente nova ainda.
- Quando fecha a janela de transferência? – Perguntei.
- Dia três, não tenho mais grande nomes, mas preciso tentar aumentar nosso elenco para reservas e possíveis lesões, perdemos muita gente. – Ela suspirou.
- Por que vender, então? – Perguntei.
- Eu tenho uma política, que todo o top concorda, que é assim: se quer sair, não vãos segurar. – Assenti com a cabeça. – E se o time que a pessoa tiver interesse em ir, oferecer bastante dinheiro, que compense mais sair do que ficar, para que segurar? – Ela falou baixo e assenti com a cabeça.
- Então, se qualquer jogador quiser sair, vocês deixam? – Perguntei.
- Ninguém trabalha bem infeliz, Gigi. – Ela disse baixo. – Se a pessoa está infeliz, ela não se dedica ao time, ela até pode tentar se sabotar de alguma forma. – Ela ergueu sua cabeça e eu endireitei a minha. – Faz sentido. – Falei.
- Claro que faz. – Ela suspirou. – Às vezes temos ofertas que fora que precisam ser apresentadas para os jogadores e eles decidem ir ou ficar, mas no geral a escolha é de fora. – Ela suspirou. – Muitos ainda veem o campeonato italiano como um inferior, elas só não sabem que aqui na Itália temos vários times competindo diretamente, diferente de Espanha, Inglaterra e Alemanha que temos dois ou três times competindo e outros só acompanhando. – Ponderei com a cabeça.
- Vero. – Falei finalmente. – Mas acho que as coisas vão melhorar em breve. – Falei.
- Sim, claro! O futebol está evoluindo de forma geral, mas no geral, é assim que funciona. – Ela disse.
- Entendi! – Suspirei logo em seguida.
- Ecco, para onde vocês vão nessa eliminatória? – Ela perguntou.
- Contra Malta vai ser em Florença, e contra a Bulgária vai ser em Palermo. – Falei e seu rosto se virou para mim.
- Mesmo? – Ela perguntou e assenti com a cabeça. – Legal! – Sorri, apertando sua mão. – Diz oi para minha cidade por mim. – Ela apertou meu braço com a mão solta.
- Pode deixar. – Falei baixo, sentindo-a se ajeitar em meu ombro novamente e inclinei o rosto para deixar um beijo na mesma.


Capitolo sessantacinque

Lei
Oito de setembro de 2015
Chequei o relógio mais uma vez, vendo que faltava alguns minutos para começar, e me desencostei da parede quando o elevador deu um pequeno solavanco quando parou e coloquei o celular na divisão da saia e da blusa quando as portas se abriram. O túnel estava mais vazio do era normalmente em dia de jogos, mas hoje era um jogo especial, jogo com as antigas lendas do time em prol da UNESCO. O estádio não estava lotado, a arrecadação seria menor que a esperada, mas eu estava mais empolgada em rever grandes amigos.
Dei alguns passos pelo corredor e vi nossas lendas prontas para entrar em campo. Dio! Essa cena era até engraçada. Vários dos nossos jogadores aposentados entrando em campo novamente! Trezeguet, Pavel, Pessoto, Davids, Ciro, Peruzzi, Schillaci, Birindelli, Bonini, Toricelli, Tacconi, Peruzzi e, um que eu não via há anos, Camoranesi. Fazia uns cinco ou seis anos que eu não o via e, tirando as rugas, ele não havia mudado nada.
- Ciao, ragazzi! – Me aproximei deles.
- Ah, olha quem está aqui! – Trezeguet me abraçou pelos ombros, me puxando para perto de si e Mauro olhou para mim.
- AH, NÃO! – Ele disse alto e eu gargalhei. – NÃO ACREDITO! – Trezeguet tirou o braço de meus ombros antes de Mauro me abraçar fortemente e nossas risadas ecoaram pelo local. – Dio mio! Que saudades de você!
- Ah, Mauro! Nem fala! – Disse sorrindo e senti meus olhos embaçarem e suas mãos me apertaram fortemente pelas costas.
- Deixa eu olhar para você! – Ele segurou meu rosto com as mãos como se eu fosse uma criança de 10 anos e eu ri fracamente, vendo-o estudar meu rosto. – Você está mais linda desde a última vez que eu te vi. – Ri fracamente.
- Eu estava recuperando de um câncer da última vez que me viu! – Falei e ele ponderou com a cabeça.
- Beh, è vero! – Rimos juntos. – Mas você está incrível! A posição cai muito bem em você! – Ele disse e eu sorri.
- E ela está fazendo um trabalho incrível, devo dizer! – Pavel disse e ri fracamente, passando o braço pela sua cintura quando ele me apertou pelos ombros.
- É incrível ver vocês juntos, sério! – Ele disse e sorri.
- Não só eles! – Pessotto disse e sorri, me aproximando dele e cumprimentando-o com dois rápidos beijos. Pessotto trabalhava na nossa base ainda depois de todos esses anos e mostrou nenhuma lesão após a tentativa de suicídio em 2006.
- Ah, Pessotto! – Sorri e ele riu fracamente.
- É difícil ver a e pensar naquela menina de...
- 20 anos? – Falei, ouvindo-o rir.
- É! – Sorrimos juntos.
- É tão incrível ver todo mundo junto! – Ciro Ferrara apareceu com sua animação habitual e rimos juntos.
- Ciro! – Sorri, me aproximando dele e cumprimentando-o rapidamente.
- Você está magnífica! – Ele disse, dando um beijo em minha cabeça e sorri.
- Você é um amor! – Falei e ele sorriu, me apertando. – É bom ter vocês aqui! – Estiquei a mão para Edgar Davids, que eu via com mais frequência por causa de Trezeguet, e ele sorriu.
- A gente deveria fazer isso com mais frequência! – Pavel disse rindo.
- Você eu já vejo demais! – Disse e eles gargalharam. – Todo dia está lá na minha sala! – Eles riram.
- Vocês estão fazendo um trabalho incrível. – Ciro disse.
- Eu falei para ela na última festa de Natal! – Pessotto disse e rimos juntos.
- Eu tive um ótimo histórico de vencedores para me preparar! – Falei, mostrando a língua e eles riram.
- AH! – Eles gritaram e rimos juntos.
- Andiamo, ragazzi! – Um organizador apareceu.
- Façam uma boa partida, ok?! – Falei firme.
- Pode deixar, chefa! – David disse e ri fracamente, abraçando-o de lado e ele sorriu. – Estarei lá em cima.
- Nos falamos melhor depois? – Mauro perguntou.
- Claro! Precisamos colocar o papo em dia! – Falei, abraçando-o fortemente mais uma vez.
- Vai ficar para o coquetel, certo? – Ele perguntou.
- Agora que o Pavel decidiu voltar a ser jogador, eu estou de anfitriã hoje! – Falei e ele riu fracamente.
- Muito mais bonito do que ele! – Mauro passou as mãos nos cabelos de Pavel e rimos juntos.
- Andiamo, ragazzi! – Dei um beijo em Mauro.
- Bom jogo, gente! Cuidado para não se machucarem! – Falei, ouvindo eles rindo e me soltei de Mauro, seguindo pelo túnel.
Cumprimentei Peruzzi e Birindelli que estavam no fim da fila para entrar como reserva e acenei para alguns assistentes técnicos da equipe de Allegri que estavam lá para auxiliar durante o jogo. Assim que todos entraram, segui novamente em direção ao elevador. A vantagem de estar sozinha lá, era que só, bem, eu lá!
Quando cheguei ao andar de nossa área, estava mais calmo do que normalmente com acionistas, conselheiros, além da família Agnelli que costumava estar em peso ali. Hoje o dia estava calmo até demais, o estádio também estava com menos de 50 por cento de sua capacidade, isso incluía o camarote.
Cumprimentei o barman que ficava ali e segui para o lado de fora, respirando fundo. Acabei optando por ficar no primeiro degrau de cima para baixo e me sentei na poltrona do canto. Observei os jogadores entrando em campo e ri fracamente, essa seria engraçada. Seria contra as lendas do Boca Juniors da Argentina, vamos ver o que o que ia acontecer.
Puxei o celular do lugar e dei uma conferida nele rapidamente, vendo as diversas notificações de e-mail e mensagens, mas acho que podia tirar essas duas horas para relaxar e mais uma ou duas em um coquetel. Seria difícil acordar amanhã, mas quando não? Desviei o rosto quando senti alguém me abraçar pelo pescoço e virei o lado surpresa, vendo Louis.
- Lou? – Falei surpresa.
- Oi, ! – Ele me abraçou carinhoso como sempre e apertei-o fortemente.
- Como você está aqui, menino? – Apertei-o fortemente, passando as mãos em suas costas.
- Papai! – Ele disse risonho e virei o rosto em volta, procurando Gigi com o olhar.
- E logo veio atrás da tia , né?! – Perguntei e ele riu fracamente.
- A melhor! – Ele disse sorrindo e ri fracamente, dando um beijo em seus cabelos lisos e vi Gigi aparecer ao meu lado com Dado em seu colo.
- Ciao! – Ele disse desanimado e rimos juntos.
- Achei seu filho! – Falei e ele negou com a cabeça.
- Eu que achei você! – Ele disse e Gigi revirou os olhos.
- Ele sempre te acha! – Gigi disse, colocando Dado no chão.
- E você, hein?! – Falei para o mais novo que riu, vindo em minha direção e passei os braços pelo corpo do menino de cinco anos que gargalhou ao me apertar. – Como você está?
- Eu bem! – Ele disse rindo.
- Senti saudades de vocês, sabia? – Falei, acariciando o rosto e cabelos lisos dos dois.
- A gente também! – Eles falaram juntos e eu sorri, erguendo o olhar para Gigi.
- Quer sentar? – Perguntei, indicando as poltronas livres ao meu lado.
- Claro! – Ele disse e desviei as pernas para o lado para ele entrar e ele se colocou na poltrona ao meu lado. – Sentem e fiquem quietinhos.
- Por que você fica do lado dela? – Lou perguntou e senti meu rosto esquentar, rindo fracamente.
- Porque eu sou mais velho! – Gigi disse e franzi os olhos, vendo os dois se ajeitarem nas poltronas.
- Está com eles hoje? – Perguntei.
- É, eu cheguei ontem, aí a Alena os deixou em casa já que o próximo jogo é só dia 12 em casa, posso aproveitar com eles. – Ele disse, passando a mão nos cabelos de Lou.
- Faz bem, eles devem sentir sua falta. – Falei, vendo-o sorrir para mim e desviei o olhar para o campo.
- Sim, um pouco. – Ele disse suspirando. – Achei que não estivesse aqui. – Ele disse.
- Fui lá embaixo ver o pessoal, fazia anos que eu não via o Camoranesi. – Falei sorrindo. – Aproveitei e já todo mundo.
- Isso é engraçado, né?! – Ele disse rindo.
- Beh, é o futuro da profissão. – Dei de ombros. – Quando você se aposentar, você tem algumas opções... – Ele riu fracamente.
- Virar um Legends.
- Beh, você já é uma lenda na prática, colocar um nome não custa nada e é até divertido. – Dei de ombros e ele riu fracamente.
- Tem tempo ainda! – Ele suspirou.
- Não sabia que o jogo de domingo foi seu centésimo quinquagésimo jogo pela Nazionale. – Falei baixo. – É uma marca importante, não? – Perguntei.
- É sim! – Ele riu fracamente.
- Auguri! – Falei e ele assentiu com a cabeça, sorrindo.
- Grazie. – Ele riu fracamente. – Agora voltar para o campeonato. – Suspirei.
- Essa semana vai ser complicada. Jogo contra o Chievo, que não vai ter a presença da torcida organizada...
- Eu ouvi algo assim, o que houve? – Ele perguntou.
- Briga deles e do Torino... – Bufei. – Mas aposto que terão vários em outras áreas da arquibancada. – Suspirei, rindo quando Trezeguet deslizou em campo. – Pelo menos eu faria isso.
- Sim, provavelmente. – Ele disse. – Mas ver aquele lado ali vazio vai ser estranho.
- Muito! – Suspirei. – E viajaremos para Manchester para o primeiro jogo da Champions, vai começar a correria...
- Começando tudo de novo, . – Ele disse e eu pressionei os lábios.
- Espero não surtar. – Falei baixo.
- Você ou eu? – Virei o rosto para ele.
- Você, se você não surtar, eu não surto. A regra é essa. – Rimos juntos e ele assentiu com a cabeça, pressionando os lábios.
- Vamos lá, né?! – Ele disse e eu assenti com a cabeça, sorrindo.
- Você nunca foi do tipo que desiste de uma luta, aposto que não vai começar agora.
- Não, com certeza não! – Ele disse e eu sorri. – Ouvi que conseguiu mais reforço para gente. – Suspirei.
- Sim! Paratici queria o brasileiro Hernanes... – Suspirei. – Saiu um pouco mais caro que o esperado, mas vamos ver se traz bons resultados. – Ponderei com a cabeça. – Ele tem 29, 30 anos, pode ter algo de bom. – Gigi me olhou e mexi a cabeça para os lados, vendo-o rir. – E o gabonês Lemina, do Marseille, esse é empréstimo, mas as condições de compra são bem altas, então ele precisa realmente fazer compensar.
- Aí já não é contigo...
- Obviamente! – Falei e ele riu fracamente.
- Agora a temporada começa de verdade. – Ele disse.
- Não fique irritado por qualquer derrota, ok?! Junte-se ao Allegri e ajude a remodelar esse time, o scudetto é prioridade esse ano. – Falei.
- Sempre é, ! – Ele disse.
- Não, real! – Falei, virando o rosto para ele. – Precisam vencer.
- Agora você me fala isso? – Ele perguntou e rimos juntos.
- Já falei, se vocês continuarem tropeçando assim, teremos que conversar, mas depois de dois jogos é difícil falar, por favor. – Ele suspirou silenciosamente.
- Vamos ver, né?! – Ele relaxou. – Aproveitar minha folga, encontrar velhos amigos, beber uma cerveja, ficar com os meninos...
- Tudo no seu tempo. – Disse, apertando sua mão em cima da poltrona e ele assentiu sua cabeça.
- Oito meses por aí! – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Tem muita água para rolar. – Falei e ele riu fracamente.
O jogo acabou em 2x1... Para o Boca! Eles abriram o placar e depois empatamos com um gol de Trezeguet e assistência de Pavel. Devo dizer que foi muito engraçado e divertido comemorar um gol desses dois depois de seis anos, mas por fim eles tiveram um pênalti e o placar fechou dessa forma. Apesar de perder em casa, havia sido uma experiência divertida e por uma boa causa, espero que possamos fazer mais vezes.
Difícil mesmo foi aguentar duas crianças, de quase seis e quase oito durante o jogo. Lou logo veio para meu colo e Dado no colo de Gigi. Eles são bem sapecas, então me vi distraída com alguns causos de escola que Lou contava ou enchendo suas bochechas gordas de beijos enquanto Gigi sorria para mim.
- Então, vamos lá? – Perguntei para Gigi, me levantando e esticando a mão para Lou.
- Sim, claro! – Ele disse. – Eu nem poderia dizer o contrário, pois eles não me obedeceriam. – Ele riu fracamente.
- Desista, Gigi, seus filhos gostam mais de mim do que você! – Falei, subindo os degraus e ele riu fracamente.
- Eles gostam de você mais do que muita gente, viu?! Só para deixar claro. – Ele disse e dei a mão para Dado subir junto.
- Seja legal com eles, que eles serão legais com você. – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Acho que o Lou é quase apaixonado por você, mas a gente deixa isso para lá... – Ele sussurrou e ri fracamente.
- Ciúme de um garoto de sete anos? – Perguntei.
- Preciso ter? – Ele perguntou sorrindo e eu dei de ombros.
- Talvez... – Falei, vendo seu sorriso sumir e pisquei em sua direção, voltando a andar com os meninos me segurando pela mão, ouvindo a risada de Gigi atrás de mim.

Lui
15 de setembro de 2015
- Foi um bom jeito de começar! – Pavel disse.
- Bom? Foi ótimo! – Dybala falou animado. – Não foi vocês que falaram que eles eram favoritos? E ganhamos deles em casa! – Ri com a empolgação do mais novo.
- Agora precisamos manter essa empolgação no campeonato. – Falei, bebendo o restante da minha água.
- Ah, isso precisa! – Allegri falou ao passar por nós e rimos juntos.
- Ele não está errado, sabe? – Barza disse. – Duas derrotas e um empate são de longe o esperado. – Suspirei.
- Eu sei, veio me falar para tirar o bico da cara depois do jogo da Roma, mas faz tempo que não temos um começo ruim assim. – Suspirei.
- Na temporada 09/10 nós perdemos um e empatamos outro, mas duas sequências de derrotas, não tivemos. – Pavel disse. – Pelo menos não de 2001 para cá. – Bufei.
- Eu sei que um dia vai acontecer da gente perder essa sequência que conseguimos, mas não agora. – Falei, batucando a mão na parede.
- Sim, a gente precisa manter a sequência ao máximo. A Internazionale dominou durante nossa relegação, ficando com cinco títulos...
- Contando um nosso, né?! – Chiello interrompeu Pavel e assenti com a cabeça.
- É! – Ele suspirou. – Antes disso o Torino ganhou por cinco anos lá por 1940. E a gente antes disso que é o feito que queremos atingir. – Ele disse. – Só que precisamos passar por esses tropeços. – Pavel finalizou e suspirei. – A é bem espirituosa quanto a isso, mas ela aguenta mais bucha do que a gente por causa dos acionistas e do conselho. – Olhei rapidamente em volta, procurando por ela.
- Ela sabe esconder bem. – Leo disse.
- Onde ela está, falando nisso? – Perguntei e todos à nossa volta deram uma olhada em volta, finalmente sentindo falta da nossa diretora da contabilidade.
- Acho que ela já subiu, ela disse que estava com um pouco de dor de cabeça. – Pavel disse. – O presidente do City não ficou quieto durante o jogo falando com ela. Acho que ela precisava de um pouco de silêncio. – Rimos juntos.
- A gente não pode demorar também, o voo amanhã é as 10. – Falei, checando o relógio, vendo que estava perto da meia-noite.
- Para que um voo tão cedo, cara? – Leo disse e rimos juntos.
- O próximo jogo é dia 20, vocês vão ter um tempo para descansar. – Pavel disse. – Mas se não quiser também...
- Está ótimo! – Falei firme e eles riram. – Eu preciso ir para casa, hoje é aniversário do meu pai.
- Dá para ficar uns dois, três dias lá. – Barza disse.
- Sim! É o que eu pretendo. – Suspirei. – Preciso ver com o Allegri ainda.
- Vai dar certo! A gente só precisa voltar a vencer! – Pavel disse.
- É! – Dybala disse, suspirando. – Vai dar certo.
- Beh, eu vou subir. – Falei, fingindo um bocejo. – Até amanhã, ragazzi. Buona notte.
- Buona notte, Gigi! – Eles disseram e bati a mão nas deles, antes de seguir para fora do restaurante.
Procurei se estava no lobby, mas não, então segui para o meu andar. Eu talvez seja muito filho da puta, mas eu sempre acabava guardando os andares e número do quarto que ficava, era algo tipo mais forte do que eu, então eu sabia exatamente aonde ir e em que porta bater. Mas também não é minha culpa se eles sempre me colocavam no andar dela. Ouvi o barulho ecoar no corredor vazio e demorou alguns segundos para ela abrir a mesma já com seu pijama de calça de moletom e regata de alcinha.
- Ei, Gigi! – Ela disse.
- Atrapalho? – Perguntei.
- Não, não! – Ela disse, dando espaço para eu entrar e eu o fim, vendo sua cama bagunçada e um livro ao lado do espaço vazio junto do abajur aceso que deixava o ambiente à meia luz.
- Já estava dormindo? – Perguntei.
- Ainda não. – Ela disse, voltando até a cama, e se sentando na mesma, colocando uma perna para cima. – Só lendo um pouco mesmo.
- Pavel disse que você estava com dor de cabeça. – Falei.
- Um pouco, o presidente do Manchester City não parou de falar o jogo inteiro. – Ela suspirou. – Ele reduziu quando empatamos e depois quando passamos, mas não parou. – Ri fracamente.
- Vai ver ele estava fim de você! – Falei e ela inclinou o corpo para trás.
- Eu aprendi a lidar com esses velhos que acham que tem algum direito comigo, Gigi. – Ela deu um curto sorriso e ri fracamente.
- Não duvido.
- Dentro de Turim é tudo mais fácil... Até dentro da Itália, apesar do país ser incrivelmente machista, mas fora é outra realidade, mas não me importo de me impor. – Me aproximei das janelas de seu quarto, vendo a frente do hotel pela fresta que ela deixou aberta na cortina.
- Você é o tipo de mulher que não precisa de ninguém para cuidar de você. – Falei.
- Por que você diz isso? – Ela perguntou e virei o rosto para ela.
- Ah, é bom cuidar de você! – Ela riu fracamente. – Você só não precisa...
- O que você está fazendo aqui, Gigi? – Ela perguntou, cruzando os braços, deixando seus seios mais em evidência.
- Eu? Nada! – Falei, me aproximando da cama novamente e ela revirou os olhos.
- Há quanto tempo eu te conheço?
- Ok, bastante tempo. – Rimos juntos e ela deu um sorriso pressionando os lábios. – Só queria ficar aqui contigo. – Dei de ombros.
- “Só”? – Ela perguntou.
- Beh, minhas opções são você, o Neto ou o pessoal lá embaixo superanimado pela vitória. – Falei e ela riu fracamente.
- Foi uma boa vitória, vai! – Ela pegou seu livro e virou o corpo, colocando na mesa de cabeceira. – Gostei de ver você e o BBC animados no fim. – Ela indicou o espaço ao seu lado e sorri, me sentando na cama.
- Começamos bem, agora faltam só mais cinco. – Deixei meus tênis no chão e subi as pernas para cama.
- Piano piano, Gigi! – Ela disse, tirando um travesseiro do seu monte empilhado e me entregou, onde eu coloquei atrás de mim. – Temos duas semanas, três jogos de campeonato para vocês se preocuparem.
- Você está? – Perguntei, vendo-a deslizar o corpo mais para baixo na cama e deitar na mesma.
- O quê? – Ela perguntou e aproximei meu corpo do dela, apoiando o cotovelo ao lado de seu rosto.
- Preocupada. – Ela riu fracamente.
- Aquele jogo foi horrível, preciso assumir. – Rimos juntos. – Nunca vi tanto cartão amarelo na minha vida. – Nossas gargalhadas ecoaram pelo seu quarto.
- Sorte não ter tido um vermelho. – Falei, levando a mão até sua barriga e seus olhos foram para o local.
- É... – Ela mordeu seu lábio inferior. – Realmente. – Seus olhos ergueram para os meus. – O que você quer? – Ela perguntou baixo.
- Honestamente? – Perguntei.
- Claro. – Ela sorriu.
- Só ficar aqui contigo. – Falei, passando a mão por dentro de sua blusa.
- Você não quer só isso. – Ela disse baixo.
- O que você quiser, . Eu topo. – Falei e ela riu fracamente, erguendo a mão para meu rosto.
- Eu adoro sua mãe, mas você é um puttano, já falei isso? – Ri fracamente, sentindo sua mão em minha barba.
- Talvez já, mas não me lembro. – Falei e ela riu fracamente.
- Você pode ficar comigo, mas é isso. – Ela disse, inclinando o corpo para frente para desligar o abajur, deixando o quarto com pouca iluminação vinda da rua.
- Só isso? – Perguntei, aproximando meu corpo do seu e colando meu peito em suas costas.
- Não era “o que eu quiser”? – Ela perguntou e ri fracamente, sentindo seu corpo colar no meu quando ela foi para trás.
- Ah, você pode querer algo a mais... – Ela riu fracamente e senti sua mão em meu rosto novamente, do outro lado dessa vez.
- Nós temos que dormir. – Ela disse e abaixei o rosto, procurando seu ombro às cegas e deixei um beijo no local.
- Você pode dormir... – Falei baixo, apertando sua mão na minha, colando meu quadril mais próximo do seu e desci os lábios para curvatura do seu pescoço.
- Eu não consigo dormir com você fazendo isso... – Era inclinou a bunda para trás, roçando em meu pênis e eu suspirei alto.
- Nem eu. – Falei e ela riu fracamente.
- Se você me provocar, eu também te provoco. – Ela disse baixo e subi minha mão pela sua barriga, sentindo-a contrair sobre minha pele.
- A intenção é essa. – Falei e seu corpo virou um pouco.
- Eu estou cansada, sério. – Ela disse baixo, suspirando em seguida.
- Está tudo bem, eu paro. – Falei, inclinando meu rosto para frente e senti minhas mãos em seu rosto, me puxando para si, e ela colou nossos lábios.
Um sorriso escapou no meio do caminho e apertei minha mão em seu corpo com o feito. Nossas línguas se encontraram com rapidez e deixei meu corpo cair delicadamente sobre o seu. Suas mãos abaixaram para meus ombros e envolveram em meu pescoço. Apertei minha mão em sua cintura, ameaçando girar o corpo para trás e ela me parou.
- Não... – Ela disse, soltando os lábios. – Deixa eu ficar na cama. – Ela disse manhosa e eu sorri, acariciando seu rosto. – Eu estou cansada mesmo. Prometo. – Rimos juntos.
- Eu acredito em você, amore. – Falei baixo, colando um beijo em seus lábios e o outro saiu um pouco mais distante, acertando sua bochecha.
- Já que você está aqui... – Suas mãos desceram para meu corpo. – Você poderia fazer algo para mim... – Ela pediu baixo.
- O quê? – Perguntei, acariciando sua barriga e descendo pela lateral esquerda do seu corpo, sentindo-a dar alguns espasmos e soltar risinhos com as cócegas.
- Você poderia me relaxar um pouco... – Ela disse, apoiando a mão em cima da minha e deslizando-a para baixo devagar. – Ajuda a dormir melhor...
- Eu sei... – Falei, ouvindo-a rir e adentrei o elástico de sua calça.
- Foi um dia longo, eu revisei um contrato de 150 páginas... – Ri fracamente, entrando no elástico de sua calcinha, sentindo sua barriga se contrair.
- Não vai ser problema nenhum para mim. – Falei, deslizando pela sua virilha e encontrei sua vagina.
- Eu sei. – Senti sua mão atrás da minha orelha e inclinei o corpo para frente, colando meus lábios nos seus.
Ela deslizou a mão em meus ombros, apertando-o devagar e comecei a movimentar seu clitóris devagar, procurando seu ponto certo conforme meus dedos faziam movimentos circulares em cima de sua vagina. Seus lábios me davam curtos beijos, já que eu era incapaz de fazer duas coisas ao mesmo tempo, e eu deslizava os dedos pelo local devagar.
Quando eu encontrei, notei que ela suspirou e eu sorri com o feito, dando uma mordida em seus lábios. Ela desceu a mão para a blusa se eu usava e apertou-a, juntando o tecido em sua mão. Comecei a movimentar os dedos mais rápidos e vez ou outra eu descia os dedos entre suas pernas, encontrando sua vagina úmida e voltava para cima, me ajudando a friccionar os dedos pelo seu clitóris com mais rapidez.
Suas mãos foram apertando em meu ombro e minha blusa conforme eu a estimulava cada vez mais rápido e sentia sua respiração ficando acelerada conforme eu a atingia da forma que ela gostava. Agilizei seus movimentos, sentindo seu corpo se contrair cada vez mais sobre o meu e, de repente, suas mãos se afrouxaram de meu corpo e um longo suspiro pode ser ouvido pelo quarto, me fazendo sorrir.
Desacelerei os movimentos, acariciando-a quase com um carinho mais leve e suas pernas se contraíram uma na outra, pressionando minha mão. Inclinei meu rosto para o seu, roçando meus lábios em seu rosto até encontrar seus lábios e ela me puxou pelo ombro para pressionar os lábios nos meus, deixando-o meio bagunçado pelos seus suspiros.
- Ah, Gigi! – Ela disse, soltando a respiração quente em meu rosto.
- Melhor? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Sim! – Ela disse rindo e eu tirei a mão de dentro de sua calça devagar e ajeitei a barra da mesma. – Vai ficar chateado se eu não compensar contigo hoje? – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Se você está feliz, eu estou feliz. – Falei e ela riu fracamente.
- Sim... – Ela suspirou novamente. – Foi bom. – Ela disse sorrindo. – Agora me abraça, porque isso é como um sonífero para mim. – Ela disse baixo e sorri, abraçando-a da mesma forma de antes e ela puxou minha mão para apertar seu corpo contra o seu quando virou-o de lado.
- Dorme, amore. Eu estarei aqui. – Falei, dando um beijo em seu ombro.
- Eu sei. – Ela disse com a voz falha e eu sorri, distribuindo mais alguns beijos no local, antes de apoiar a cabeça em meu braço apoiado na cama.

Lei
29 de setembro de 2015
Acenei para o porteiro e entrei no CT, guiando o carro pela rua ali. Vi meu nome na minha vaga de sempre, mas optei por ir até lá embaixo. Já passava das três da tarde, eu já havia almoçado tarde e queria dar uma checada no time antes. Amanhã tinha o segundo jogo da fase de grupos da Champions e precisávamos nos manter bem, já que no campeonato estava difícil engrenar. Ganhamos contra o Genoa, mas depois empatamos contra o Frosinone e perdemos do Napoli.
Estacionei o carro em uma das vagas restantes e peguei minha bolsa com uma mão e o potinho de sorvete que já começava a derreter. Empurrei a porta e apertei o alarme, ouvindo o Jeep travar e acionar o alarme.
Caminhei em direção ao prédio do time principal e puxei a porta de vidro do mesmo. Antes pela área interna do mesmo, vendo-o vazio, com exceção de alguns funcionários da limpeza que eu cumprimentei com o aceno. Passei pela porta de fora, dando uma bebericada no líquido do gelatto e caminhei calmamente até o campo principal, onde já era possível ouvir gritos e pancadas de bola.
Passei pelo arco que o separava do caminho e vi o pessoal ali. Allegri gritava alguma coisa com os jogadores que faziam um treino de campo. Neto estava em um gol e Rubinho no outro. Gigi e Audero, jogador da base, conversavam com Filippi em um canto. Apoiei o corpo no arco e terminei meu sorvete enquanto acompanhava os jogadores correndo de um lado para o outro.
- Ei, ! – Allegri se virou e eu acenei para ele com a mão da pazinha, prendendo-a entre os dentes. – Está aí há muito tempo? – Ele perguntou.
- Uns cinco minutos. – Falei, devolvendo a pazinha no sorvete e procurando um lixo para jogar o potinho vazio. – Como eles estão?
- Ah, sabe como é! – Ele disse e eu ri fracamente.
- Esperamos que sim, tem que ter alguma compensação. – Falei e eu ouvi meu celular apitar.
- Vai ter! – Ele disse e puxei o celular da bolsa.
- Ei, olha quem está aqui! – Gigi se aproximou.
- Ciao, Gigi! – Sorri e ele passou suas mãos com as luvas em minhas costas, que deixavam-nas maiores ainda e deu um beijo em minha testa.
- Surpresa te ver aqui. – Ele disse sorrindo.
- Almocei tarde hoje, voltei agora. Vim dar um tempo antes de encarar o segundo período. – Falei, suspirando.
- ! – Sorri para Filippi, me aproximando dele e abraçando-o fortemente, sentindo-o dar um beijo em meu rosto.
- Achei que tivesse acontecido algum problema. – Gigi disse e rimos juntos.
- Acredito, se tivesse algum problema, eu enviaria a Manu aqui...
- Ciao, ragazzi! – Virei o rosto para trás e vi Emanuelle chegando ofegante e com os cabelos bagunçados.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei rapidamente.
- Ih, lá vem bomba. – Gigi disse.
- Você não viu minhas mensagens ou minhas ligações? – Ela disse apressada, começando a segurar os fios azuis e fazendo um coque.
- Não, eu fui visitar a Gio, aí eu peguei um sorvete e...
- Você precisa vir comigo agora mesmo! – Ela disse apresada e eu franzi os olhos.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Tem um casal querendo falar contigo! – Ela disse firme.
- Casal? Que casal? Eu tenho reunião agora e não sei? – Chequei o relógio.
- Não, não tem! Eu chequei sua agenda 200 vezes, mas aí o Pasquale disse que eles insistiam muito em falar contigo, aí eu perguntei os nomes deles e VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR QUEM AÍ! – Ela falou empolgada e senti meu corpo tremer só na expectativa.
- Quem? – Perguntei fracamente, vendo seus olhos se misturarem com brilho de alegria e emoção.
- PELO AMOR DE DEUS, EMANUELLE, FALA! – Gigi disse apressado atrás de mim.
- Olga e Riccardo Battaglia, ! – Minha boca entreabriu surpresa.
- O quê? – A voz de Gigi saiu e a minha não.
- São os nomes dos amigos dos seus pais, não são? De Palermo? Da história que você me contou? – Ela começou a falar rapidamente.
- Eles estão a-aqui? – Perguntei fracamente, sentindo a garganta secar.
- Sim, estão! – Ela disse alto. – Eles chegaram tem uma hora mais ou menos, mas aí você não chegava e eu comecei a te ligar empolgada e...
- Eles estão aqui? – Repeti mais firme, sentindo meus olhos cheios de lágrimas.
- ! – Vi os olhos azuis embaçados de Gigi aparecerem em minha visão. – Olha para mim! – Ele segurou o rosto com as mãos. – Eles estão aqui! Eles também estavam te procurando.
- Sim, foi o que eles disseram! – Manu disse. – Eles te viram nas entrevistas da final da Champions.
- Vamos, ! O dia chegou! – Ele sorriu e eu ri fracamente, sentindo-o me apertar pelos ombros em um forte abraço e eu suspirei, deixando minhas mãos caírem em suas costas. – Vamos, ! Coragem, sim?! – Ele disse animado e eu respirei fundo, suspirando em seguida.
- Vai comigo? – Perguntei baixo.
- É claro! – Ele disse, acariciando meu rosto e eu engoli em seco.
- Vamos, ! Eles estão esperando! – Manu disse empolgada e eu suspirei.
- Ok, vamos lá! – Falei, assentindo repetidamente com a cabeça.
- Allegri, isso é uma emergência! – Ouvi Gigi falar com o treinador e Manu tinha um largo sorriso no rosto.
- É um dia feliz, chefa! – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Como eles são? – Perguntei baixo e ela riu fracamente.
- Normais, eu acho, mas eles estão felizes. – Ela sorriu e eu assenti com a cabeça. – Vamos! – Ela esticou a mão para mim e dei um curto sorriso. Ela me puxou para cima e segundos depois senti Gigi me abraçar pelos ombros e subir lado a lado conosco.
Sabe quando você tem um sonho e sabe que ele está há minutos de realizar e você sente aquele receio, até natural, em fazer com que ele se realize? Seja por medo ou até por não ser como esperou a vida inteira e isso te decepcionasse mais do que sonhar em realizar? Era assim que eu estava me sentindo.
Eu tinha lembranças de Olga e Ricky desde que eu era pequena. Não uma memória com rostos e algo assim, mas eu lembro da presença de suas pessoas convivendo com meus pais e brincando comigo quando eu era mais nova e me visitando enquanto eu estava no orfanato, inclusive tentando me adotar e brigando na justiça para ficar comigo. Infelizmente eu acabei ficando com a minha avó e não tive contato com eles. Na época eu não sabia se era porque eles não quiseram ou porque minha avó impedia, mas sabendo que eles estavam aqui e que eles me acharam, eu podia imaginar que era mais uma coisa que minha avó escondeu de mim e evitou que eu fosse feliz.
E quando eu fiz minha decisão de vir para Turim, eu nem pensei que eu pudesse ter alguns conhecidos ainda ou pessoas que se lembrassem de mim, só lembrei da existência deles quando fui para Palermo aquele dia e Gigi havia colocado essa pontinha de esperança em minha cabeça. Confesso que minhas pesquisas não haviam sido muito fortes quanto a isso, meu medo de mais uma rejeição foi maior, mas pelo jeito colocar a cara na mídia e responder algumas entrevistas não era tão mal assim! Eles me encontraram. Depois de 20 anos. Oh, Dio! 20 anos! De pensar que já se passou tanto tempo desde a última vez que os vi. Ou mais.
- Tem uma terceira mulher com eles, sabe quem é? – Manu disse quando entramos no elevador e virei o olhar para ela.
- Como assim? – Perguntei.
- Tem uma outra mulher com eles, não só os dois. – Ela disse, dando de ombros.
- Ela disse o nome? – Perguntei.
- Carmela. – Ela falou e eu coloquei a cabeça para pensar.
- Não faço ideia de quem seja. – Falei, sentindo o elevador parar.
- Força! – Gigi me puxou pelo corpo, dando um beijo em minha cabeça e eu engoli em seco, assentindo com a cabeça.
- Vem! – Manu segurava a porta do elevador e indicou com a cabeça.
Saí do elevador receosa e Manu me olhou esperançosa e engoli em seco, colocando os pés para andar, sentindo os saltos mais arrastarem do que andarem e engoli em seco ao ver três pessoas na antessala olhando igualmente esperançosas para mim. Quando o homem e a mulher de braços dados sorriram, foi como se uma chave tivesse virado em minha mente e várias memórias saíssem da mesma.
A mulher de cabelos curtos cacheados pretos e o homem de careca e barba preta preencheram os espaços vazios de minha cabeça como uma avalanche. E os vi ao lado de meus pais no nosso apartamento em Palermo, depois memórias de nós três tomando sorvete na praia de Palermo, depois eu sentada na cama conversando com a mulher e outra minha chorando, enquanto abraçava-os fortemente.
Meu rosto passou para a outra mulher e eu não a reconheci. Ela tinha os olhos , os cabelos castanho , alguns dreads perdidos nos longos fios, óculos grandes e redondos ocupando espaço de seu rosto junto com diversas sardinhas e usava um vestido florido um tanto alternativo demais para mim. Eu não sabia quem ela era, mas ela também estava emocionada ao me ver e eu tentava lembrar de onde a conhecia.
- ? – Olga perguntou com uma voz melódica e aquele clássico sotaque do sul e eu assenti com a cabeça.
- É claro que sim, Olga, ela é a cara da Stella! – Ricky disse e Olga riu, se aproximando de mim.
- É... Sou eu! – Falei baixo e Olga se aproximou de mim e suspirei, engolindo em seco.
- Ah, eu preciso te abraçar! – Ela passou os braços pelos meus ombros, me apertando e senti as lágrimas acumuladas deslizarem de minha bochecha e fechei os olhos, suspirando. – Você está tão crescida... – Ela falou baixo e eu suspirei.
- Faz tanto tempo... – Sussurrei.
- A gente procurou tanto por você! A gente entrou com tantos processos, tantos detetives, tantas pessoas para encontrar você! – Ricky disse.
- Tanta coisa aconteceu... – Falei baixo, me afastando de Olga devagar e Ricky veio em minha direção.
- Deixa eu olhar para você! – Ele disse, segurando meu rosto com as mãos e eu sorri, mordendo meu lábio inferior. – Você é a cara da sua mãe...
- Já ouvi isso antes. – Falei rindo e ele me apertou fortemente em um abraço e eu suspirei, apertando-o igualmente, me afastando alguns segundos depois.
- E essa mulher aqui, , imagino que você não a conheça... – Olga me indicou a outra pessoa. – Eu sei como a relação dos seus pais com a família deles era difícil, mas nem todo mundo era ruim. Como a Carmela... – Ela disse, segurando minha mão e vi a outra mulher se aproximar.
- Você não me é estranha... – Falei baixo. – Seus olhos são...
- Seus olhos. – Olga falou e eu virei para ela, franzindo a testa.
- Como assim?
- Eu sou sua tia. – A mulher disse sorrindo.
- Tia? De sangue? – Perguntei baixo.
- Ela é irmã do seu pai! – Ricky falou e eu suspirei.
- Eu tenho uma tia? – Perguntei surpresa.
- Sim, você tem! – Ela disse rindo. – Eu e o Mazu éramos muito próximos, mas quando ele se apaixonou pela sua mãe, ele escolheu fugir e eu o apoiei em todo momento. – Ela sorriu e eu mordi meu lábio inferior. – Eu só te vi uma vez, você tinha dois anos. – Ela me abraçou pelos ombros e eu fechei meus olhos, suspirando.
- Eu achei... – Engoli em seco. – Eu achei que eu estava sozinha no mundo. – Suspirei. – Que eu tinha que lutar tanto para encontrar uma família...
- Você nunca esteve sozinha. – Olga sorriu, abraçada em Ricky. – E nunca vai estar mais.
- Eu não sei o que dizer. – Suspirei, soltando Carmela devagar e passei as mãos nos olhos, sentindo que minha maquiagem já deve ter saído totalmente.
- Você tem tanta coisa para contar para gente. – Ricky disse rindo. – A gente te procurou em Nápoles inteira para você estar aqui em Turim. – Ri fracamente. – E ainda em um time enorme e com o Buffon chorando por você... – Virei o rosto para trás, rindo ao ver Gigi e Manu abraçados e os rostos avermelhados.
- Eu sou emotivo. – Gigi disse e sorri.
- Como vocês me encontraram? – Perguntei fracamente.
- Eu gosto de futebol. – Ricky disse. – Eu estava acompanhando a Champions e aí do nada apareceu as entrevistas pré-jogo, pós-semi, não lembro, e você deu uma entrevista. – Suspirei. – Antes do seu nome aparecer a Olga disse que parecia a Stella e quando seu nome e sobrenome apareceu, a gente soube que era você. – Olga e Carmela sorriram. – A gente só não sabia que você era alguém tão importante. – Ri fracamente.
- Vamos na minha sala, falando nisso. – Respirei fundo. – Gigi, Manu... – Dei um olhar mais firme para eles.
- Vamos! – Gigi falou rapidamente.
- O que você faz aqui, querida? – Olga me abraçou pelos ombros e andei lado a lado com ela pelo corredor.
- Eu sou diretora de contabilidade. – Falei, abrindo a porta da minha sala.
- Contabilidade? – Ela perguntou.
- Sim! – Falei rindo fracamente.
- Eu sou contadora também. – Ela disse.
- Mentira! – Disse rindo.
- Não. – Ela sorriu.
- Podem se sentar. – Falei, vendo Gigi dar um olhar firme para mim e sorri.
- Você se formou aqui? – Ela perguntou.
- Sim, na UNITO. Acabou sendo minha passagem para liberdade. – Suspirei, me sentando no sofá sozinho.
- Alguém quer café? – Manu perguntou animada.
- Por favor, Manu! – Pedi e ela praticamente saltitou até a máquina, me fazendo rir.
- O que aconteceu, ? – Olga perguntou. – Nós tentamos te adotar, te visitávamos quinzenalmente que era permitido pelo orfanato, de repente nos foi informado de que você tinha sido adotado por uma avó... – Suspirei.
- Sim, foi. – Mordi meu lábio inferior. – A mãe da minha mãe.
- A do seu pai que não seria, querida. – Carmela disse.
- É, fiquei sabendo que nossa família não tem uma bela fama em Nápoles. – Ela riu fracamente.
- Nenhum pouco. Pequenos problemas com drogas e alguns roubos, por isso eu escolhi me afastar da minha família. – Carmela disse. – Mazu era 10 anos mais novo que eu, se envolveu um pouco, a Stella estava envolvida com pessoas mais poderosas que meus pais, quase como se a realeza de Nápoles e... Enfim, não acho que vale à pena relembrar. – Assenti com a cabeça.
- Eu vou querer saber essa história direito depois, se puder me contar. Eu nunca soube por completo, minha avó... – Pigarreei. – Giuseppa nunca me contou com todas as palavras, ela insinuava muito...
- A gente conversa com calma. – Carmela disse sorrindo.
- Eu a conheci uma ou duas veze e ela era uma mulher horrível, não consigo imaginar como conseguiu se afastar dela. – Gigi se sentou no braço da minha poltrona e eu sorri, apoiando a mão em sua perna.
- Foi uma loucura, na verdade. – Suspirei. – Quando eu cheguei na idade de prestar vestibular, eu escolhi o local mais longe possível, que foi Turim. Eu fiz todas as inscrições por meio da escola, estudei bastante, fiz a prova e, quando passei, fiz minhas malas, comprei uma passagem de trem e vim. – Suspirei e Manu esticou uma xícara para mim. – Grazie, amore.
- E você ninguém veio atrás de você? – Ricky perguntou, também pegando uma xícara.
- Não. – Ri fracamente. – Eu não era maior de idade ainda, mas eu não sei o que aconteceu depois, não tive mais informações dela, ninguém veio atrás de mim... – Dei de ombros. – Depois que eu fiz 18 anos, eu me libertei e segui em frente.
- E como foi? Você fez tudo sozinha? Como você chegou aqui? – Olga disse. – É incrível pensar que você conquistou tudo isso sozinha.
- Eu tive muita ajuda. – Sorri. – Eu fiz uma amizade que se tornou uma família para mim. – Sorri. – Eu falo com convicção que eles são meus pais e meus irmãos. – Eles sorriram. – Eles vão adorar conhecer vocês, por sinal. – Olga assentiu com a cabeça. – Vocês estão com tempo?
- A coisa mais importante das nossas vidas aconteceu hoje, . Temos todo o tempo do mundo. – Carmela disse e sorri.
- Manu, você combina um jantar para mim com a Gio e o Fabrizio, por favor? – Pedi.
- Claro! Na sua casa ou na deles? – Ela perguntou.
- Onde eles acharem melhor. Se for em casa, aí você fala com a Martha, por favor.
- Pode deixar! – Ela disse animada, seguindo até sua mesa e os outros três sorriram.
- A Gio e o Fabrizio são praticamente meus pais, eu fiz amizade com a filha deles, Giulia, na faculdade e eles me acolheram desde o primeiro dia. – Eles sorriram. – No meu terceiro ano da faculdade em 2001, eu entrei como estagiária no time e fui crescendo desde então. -Ri fracamente. – Fiz amizades que me ajudaram a crescer aqui dentro, fui criando confiança do pessoal e virei diretora no fim de 2010, começo de 2011. – Eles sorriram.
- Ela é a terceira pessoa mais importante do time. – Gigi disse e ri fracamente.
- Do administrativo sim. – Rimos juntos. – As coisas foram acontecendo. – Dei de ombros.
- E você voltou para Palermo alguma vez? – Olga perguntou.
- Voltei sim, quando o time vai jogar lá, eu vou também, vou visitar o túmulo dos meus pais, foi lá que eu me recordei de vocês. – Eles sorriram. – De quem é o jazigo?
- Dos meus pais. – Ricky disse. – Meu, na verdade. Quando o acidente aconteceu, a gente não teve coragem de deixar que tanto os pais do Mau ou da Stella tivessem algum direito com eles. – Sentia que sua voz saía difícil. – Então, a gente os enterrou conosco. – Ele suspirou. – Tínhamos esperança de conseguirmos adotar você, mas a vida virou de cabeça para baixo e... – Assenti com a cabeça, sentindo as lágrimas subirem de novo.
- Estamos aqui agora. – Olga segurou a mão dele. – Depois de 20 anos.
- 20 anos. – Suspirei rindo.
- Eu ainda estou em choque como você parece a Stella. – Olga disse, nos fazendo rir.
- Eu faço 34 dia um de novembro, minha mãe faleceu um mês antes de completar 34 anos. – Suspirei e eles riram.
- Você está exatamente na idade dela. – Assenti com a cabeça.
- Mas você tem os olhos do seu pai. – Carmela disse, fazendo os outros dois rirem.
- Já está querendo puxar alguma característica do Mau. – Ricky disse e rimos juntos.
- Eu concordo que ela parece a Stella. – Gigi disse e eu ri fracamente. – Há 10 anos eu vi uma foto da sua mãe, aquela que você tinha do lado da sua cama... – Assenti com a cabeça. – E não me conformava com a aparência. Agora, então, mais ainda. – Sorri.
- Eu ainda guardo um pedaço dela em mim... – Falei, ouvindo o telefone tocar e Manu o puxou.
- Alô? – Ela falou animada. – Ah, sim! – Ela disse. – Calma, dona Giovanna, aqui é a Manu. Isso, a louquinha! – Ri fracamente. – Espera! Fala devagar! – Manu suspirou. – Meu italiano não é perfeito, por favor. – Me levantei da poltrona, apoiando a mão na perna de Gigi com o feito e estiquei a mão para Manu, vendo-a me entregar o mesmo.
- Tia Gio?
- SERENA, QUERIDA. É VERDADE? OLGA E RICKY? ELES TE ENCONTRARAM? – Ri fracamente.
- Sim, e uma tia, irmã do meu pai. – Suspirei.
- AH, MEU DEUS! FABRIZIO, SÃO ELES MESMOS! – Ri fracamente. – Traga eles para jantar, ok?! Eu vou preparar um jantar incrível. Traga todo mundo, está bem?
- Pode deixar. Que horas? – Perguntei.
- Sete horas? Você não vai emendar trabalho hoje com um dia tão especial quanto esse, vai? – Ela dizia rapidamente e eu ri fracamente.
- A noite é uma criança, não é? – Falei e ela riu.
- Te espero, minha querida! Um beijo! AH, EU ESTOU MUITO EMPOLGADA! – Ela falou alto antes de desligar o telefone e ri fracamente, devolvendo o telefone para Manu.
- Jantar às sete na casa da minha... Beh, minha mãe. – Falei e eles sorriram.
- Fico feliz que você tenha encontrado uma família, . – Olga disse e voltei para poltrona, me sentando novamente.
- Não foi só pessoalmente que eu encontrei uma família. O time se transformou em uma também. – Suspirei.
- Beh, já faz 15 anos. – Gigi disse e eu sorri.
- Quase. – Falei e ele sorriu. – Eu tenho uma dúvida! – Virei o rosto de volta para eles.
- Claro! Fique à vontade. – Ricky disse.
- Além de amigos dos meus pais, a gente tem alguma outra relação? – Perguntei baixo. – Eu tenho uma memória muito próxima de vocês, muito afetiva, sabe? – Suspirei e eles sorriram.
- Nós somos seus padrinhos, . – Ricky disse sorrindo. – Nós te batizamos quando você tinha sete meses. – Ele sorriu e pressionei os lábios.
- E, se você quiser... – Olga disse. – Adoraríamos voltar a ter você em nossas vidas. – Assenti com a cabeça repetidamente.
- Sim, claro! – Suspirei. – Eu vou adorar. – Respirei fundo e Gigi me apertou contra si mais uma vez.

Lui
29 de setembro de 2015
Parei em frente à casa de Giovanna e peguei somente meu celular. Empurrei a porta do carro, saindo do mesmo e coloquei o celular na bolsa da calça jeans. Puxei levemente a camisa branca que eu usava e soltei-a do corpo ainda um pouco úmido por causa do banho. Me aproximei da porta e apertei a campainha, ouvindo o som ecoar um pouco mais alto do mesmo. Não demorou muito para que um dos gêmeos abrisse a porta.
- Ei, se não é Gigi Buffon! – Ele disse e eu olhei para o mesmo de cabelos descoloridos e tentei imaginar qual dos dois ele era.
- Pietro? – Perguntei e ele sorriu.
- Está aprendendo! – Ele disse, abrindo a porta e eu ri fracamente.
- Como você está? – Perguntei.
- Tudo bem, você já deve estar sabendo para ter vindo aqui, não? – Ele disse.
- Já sim! – Falei e ele indicou a mão para dentro.
- Eles estão na cozinha, vai lá. – Ele disse, fechando a porta e assenti com a cabeça.
Esperei que ele fosse para o mesmo lugar, mas ele subiu rapidamente as escadas. Entrei na casa devagar, esperando encontrar alguém conhecido, mas segui em direção aonde ele indicou, começando a ouvir algumas vozes misturadas no mesmo. estava lá, com aquele largo e novo sorriso no rosto, as bochechas ainda úmidas e os olhos avermelhados, mas eu sabia que tudo isso era emoção.
- Olha essa! – comentou, olhando alguma coisa aberta em sua frente na mesa, um álbum talvez.
- Você tinha dois anos aqui! – Carmela disse, passando as mãos nos cabelos de .
- Isso é um tesouro perdido. – Ela disse suspirando. – Olha como eu era gordinha aqui! – Giovanna riu com ela, abraçando-a pelos ombros.
- Scusi? – Dei dois toques no batente e eles viraram o rosto para mim.
- Gigi! – Giovanna falou animada.
- Você veio! – disse sorrindo, passando as mãos nos olhos.
- Espero que não tenha chegado tão tarde. Precisei compensar um pouco no treino. – Olhei o relógio em meu pulso que marcava 21:30 da noite.
- Nos já comemos, mas sobrou um pouco de lasanha se estiver servido. – Giovanna falou sorrindo.
- Claro! – Falei rindo e passei pela porta.
- E aí, Gigi, quanto tempo! – Giovanna disse me abraçando e retribuí, sorrindo.
- Faz um tempinho mesmo! – Sorri.
- Desde aquele fatídico dia! – Fabrizio disse e eu suspirei.
- É, deixa quieto! – Falei, cumprimentando-o com um rápido abraço também.
- Por que eu não estou surpreso de você estar envolvido nisso? – Ele disse, indicando com o olhar e ri fracamente.
- Eu vou apoiá-la no que eu puder, pelo tempo que eu puder. – Ele assentiu com a cabeça e eu sorri.
- Gigi, vem ver! – me chamou animada e me aproximei dela, vendo a Carmela se afastar um pouco e apoiei um braço na mesa e outro nas costas da cadeira de , vendo-a com um álbum de fotos aberto. – Olha isso! – Ela indicou uma foto dela bebê. Ela estava no colo de sua sósia, era gordinha, a mão na boca e os olhos arregalados.
- Você sempre foi linda, né?! – Falei e ela virou o rosto, rindo fracamente. – Vocês trouxeram? – Olhei para Ricky sentado do outro lado da mesa e ele assentiu com a cabeça.
- Nós guardamos vários bens materiais dos dois. – Ele disse. – Tínhamos que dar algum destino, então guardamos os mais importantes e os materiais nós acabamos doando.
- Eu tenho memórias, Gigi! – disse animada, apoiando a cabeça no álbum e não podia esconder o sorriso.
- Tem uma poupança no seu nome também, ok?! Não se esqueça disso. – Olga disse. – A moeda mudou algumas vezes, não é grande coisa, mas o que tem lá é seu. – suspirou.
- Vocês não têm noção como esse dinheiro me ajudaria alguns anos atrás. – disse rindo. – Agora eu realmente não preciso. Vocês podem ficar.
- Não, não! É seu! – Ricky disse.
- O orfanato ainda existe? – perguntou.
- Não mais. – Olga disse e Giovanna me estendeu um prato.
- Não é a lasanha da , mas te prometo que está deliciosa. – Ela disse e eu ri fracamente, suspirando ao sentir o cheiro do molho de tomate.
- Grazie. – Sorri.
- Eu tenho um amigo que tem uma instituição, se vocês não se importarem, posso doar para ele. – disse e me sentei na ponta da mesa, apoiando o prato na mesma.
- Chiello? – Perguntei.
- Sim, o Chiellini, sabe, Ricky? – perguntou.
- É claro! – Ele disse rindo.
- Ele tem uma instituição incrível para inspirar pessoas com deficiência através do esporte, eu e Gigi ajudamos e sou muito apaixonada pelo trabalho que ele faz.
- O que você quiser fazer, querida! É seu! – Olga disse, se sentando ao lado de .
- Isso é surreal, sabia? – disse, colocando o indicador em uma foto, mantendo seu largo sorriso e peguei os talheres de Giovanna, começando a cortar a lasanha em pedaços menores, apesar que minha fome era tanta que eu comeria rapidamente. – Até ontem eu não tinha ninguém...
- Ei! – Eu, Giovanna e Fabrizio falamos juntos.
- Vocês me entenderam, não precisam ficar enciumados! – Ela disse, nos fazendo rir. – Eu não tinha passado, era uma história sem provas, sem confirmação... – Ela suspirou. – Agora eu tenho parentes, passado, fotos! – Ela sorriu sozinha. – Isso é incrível, muito obrigada mesmo.
- Nós que agradecemos por você ter ficado bem todos esses anos, não teve um dia que não sentimos sua falta e não pensamos em você. – Ricky sorriu e assentiu com a cabeça.
- Quando eu visitei o jazigo, criou uma esperança em mim, mas confesso que tinha medo de descobrir que vocês haviam falecido também... – Ela disse baixo.
- O receio é recíproco, quando soubemos que você tinha fugido, só pensávamos se você estava bem. – Olga suspirou. – E sim, está muito bem, graças a pessoas incríveis. – Giovanna e Fabrizio sorriram confiantes e ri fracamente. – Se tornou uma mulher linda, importante...
- Eu fui encontrando meu espaço. – sorriu.
- E vocês dois? – Ricky perguntou e eu ergui o rosto para ele.
- Como assim? – Perguntei.
- O que vocês são? – Eu olhei para e ela riu fracamente.
- RICKY! Não precisa ser tão invasivo. – Olga disse e riu fracamente.
- Gigi é a segunda família que eu encontrei aqui em Turim. – Ela disse rapidamente. – Somos amigos desde que ele entrou no time. – Dei um sorriso com os lábios fechados e senti dificuldade em descer o espinafre que tinha no recheio.
- Só amigos? – Ricky perguntou.
- RICKY! – Olga o repreendeu e Fabrizio gargalhou, realmente divertido com aquilo tudo.
- Fabrizio! – Giovanna deu um tapinha nele que escondeu os lábios com a mão.
- Eu e o Gigi passamos por muita coisa juntos para dizer somente que somos amigos. – disse. – Mas se é para rotular de alguma coisa, sim. – Ela disse, olhando para mim e sorri, assentindo com a cabeça.
- Isso não é da sua conta. – Olga disse. – Não é porque encontrou a menina hoje que já criou intimidade. – Ri fracamente.
- Eu só acompanho o futebol, amor. E eu vejo um pouco do que acontece nos bastidores. – Engoli em seco.
- Então, você gosta de futebol, Ricky? – Perguntei, tentando mudar do assunto incômodo.
- Sim, gosto, bastante! – Ele disse.
- Torce para o Palermo? – perguntou.
- Sim, torço! Aquilano no sangue! – Ele disse sorrindo.
- Será que cai esse ano? – Perguntei.
- GIGI! – me repreendeu, gargalhando em seguida.
- Engraçadinho você, né?! – Ricky disse, me fazendo rir. – Estamos na frente de vocês no campeonato.
- Ele está certo! – disse, falando para mim.
- Você que disse para gente não se preocupar! – Falei e ela sorriu.
- Mas já foram seis jogos, Gigi. – Ela mordeu seu lábio inferior. – Está chegando na hora de começar a se preocupar. – Ela disse, rindo fracamente e coloquei o último pedaço na boca antes de falar.
- Vamos lá, chefa! – Disse e ela sorriu.
- Quer mais, Gigi? – Giovanna perguntou.
- Não, obrigado, estava ótimo! – Sorri.
- Ah, não vai se fazer de gorado agora, né, Gianluigi? – disse rindo. – Até parece que come pouco assim! – Giovanna gargalhou.
- Mais um pedaço? – Ela perguntou.
- Por favor! – Estendi o prato e ela riu, seguindo em direção à bancada.
- Falando em jogos, posso colocar vocês na lista para o jogo de amanhã. – disse. – Que por sinal você deveria estar descansando para ele, Gigi.
- Relaxa, , o jogo é só à noite, não tem treino, sem meus filhos em casa, amanhã seria um dia de acordar tarde. – Falei e ela riu.
- Se o Allegri sabe que você ficou acordado até tarde... – Ela disse rindo.
- São nem dez horas ainda, . – Chequei o relógio. – Tá, agora são... – Ela negou com a cabeça. – Relaxa, ok?! Eu falei que ficaria contigo e eu vou ficar. – Ela sorriu, assentindo com a cabeça e Gio me devolveu o prato. – Grazie.
- Enfim, vocês podem ir no jogo comigo. – Ela disse. – É Champions League.
- Não vou negar! – Ricky disse e sorriu.
- Vou adorar te ver no seu ambiente, querida. – Olga disse e sorri.
- Perfeito! E vocês vão ficar em casa essa noite, ok?! Não quero nem saber! – Ela disse, indicando-o com o dedo para eles.
- Nós já temos hotel e...
- Não quero saber! Minha casa tem espaço de sobra! – Ela disse e eles rira.
- Eu não contrariaria. – Falei e eles riram.
- Combinado. – Ricky disse.
- Nós também logo vamos, Gio, vocês precisam descansar. – disse.
- Ah, que isso, meu amor, não se preocupe! – Giovanna disse, acariciando os cabelos de .
- Vocês abrem a loja as sete, tem que deixar as crianças na escola, assim que o Gigi terminar de comer, nós vamos. Já fiz bagunça demais aqui. – disse.
- Se for esse tipo de bagunça, filha, você pode fazer sempre. – Fabrizio disse e eu sorri.
- E a Carmela nos ajudou com a louça, não se preocupe! – Giovanna disse sorrindo.
- Eu amo vocês. – disse e eles sorriram. – É uma pena só a Giulia estar viajando... – falou.
- Eu mandei um e-mail enorme para ela assim que a Emanuelle me ligou, uma hora ela vai ver e te liga. – Giovanna disse.
- E não vai faltar oportunidades para nos encontraremos. – Olga disse.
- Vocês vão vir para cá no Natal, viu?! – Giovanna disse. – Você não vai viajar esse fim de ano, né, ? – Ela perguntou.
- Por enquanto não. – Ela disse e rimos juntos.
- Enfim, está confirmado. – Giovanna disse, nos fazendo rir e me levantei quando dei a última garfada. – Ela se ajeita! – sorriu, negando com a cabeça.
- Pode deixar, garoto! – Fabrizio disse, pegando o prato de minha mão.
- Pode deixar que eu lavo. – Falei.
- Relaxa! Ela é metódica. – Ele indicou Giovanna que deu um olhar repreendedor para ele.
- Enfim, eu vou lá me despedir dos meninos e a gente vai para casa. – disse. – Vai comigo, Gigi? – Ela se levantou, fechando o álbum e notei que tinha mais dois embaixo dele.
- Claro! Moramos na mesma rua, caso não se lembre! – Falei e ela me mostrou a língua e guardei uma piada para mim.
- Eu já volto. – Ela disse, seguindo para a outra sala e notei seus pés descalços.
- Deixa eu pegar isso para ela. – Ajeitei os álbuns.
- É legal saber que ela teve alguém para protegê-la em todos os momentos. – Ricky disse.
- Teve uma época que eu não gostava desse daí! – Fabrizio disse e eu revirei os olhos. – Mas aí as coisas mudaram depois do câncer dela.
- Não consigo acreditar que ela passou por isso sozinha. – Olga disse.
- Nunca sozinha! – Falei rapidamente. – Tinha muita gente para apoiar ela. – Sorri.
- É claro! – Ela disse. – É força do hábito. – Rimos juntos.
- sempre quis ter uma família pela falta da sua, mas ela foi construindo a dela aos poucos. – Falei. – O time mesmo é apaixonado por ela, todos a amam de paixão, desde o administrativo até os jogadores, ela é incrível mesmo. – Falei e eles assentiram com a cabeça.
- Beh, levando em conta do que Mazu e Stella tiveram que enfrentar para ficarem juntos... – Carmela disse. – Não me surpreendo de ela ter nascido tão forte quanto eles.
- Pode apostar que sim! – Sorri.
- Ok, pronto. – voltou. – Gostei do que o Pietro está pintando. É novo?
- É sim, começou ontem, está animado. – Giovanna disse rindo.
- Eu vou querer, tá? – disse. – Ele está me fazendo gostar de arte de um jeito que nunca esperei. – Rimos juntos.
- Pode deixar, ele vai adorar! – Giovanna disse rindo.
- Bom, vamos? – disse, se aproximando de Fabrizio e Giovanna. – Nos vemos amanhã?
- Não tenho certeza, mas te mando mensagem, o Gianni vai com os amigos, capaz de te mandar mensagem. – Giovanna disse, abraçando-a fortemente. – Eu estou tão feliz por você, querida.
- Grazie, Gio! – Ela suspirou.
- Talvez eu te encontre lá, ok?! Se precisar de algo... – Fabrizio disse, indicando algo interno e imaginei que fosse algo por questão de segurança, eles ainda eram estranhos, não?
- Não se preocupem, Gigi vai estar comigo. – sorriu e dei um sorriso, internamente contente por saber que eu dormiria fora de casa hoje.
- Esse dá para confiar! – Fabrizio me fuzilou com o olhar e pensava se algum dia isso acabaria.
- Bom, vamos, então! – seguiu à frente e peguei os álbuns, andando um pouco atrás dela. – Amanhã o dia vai ser corrido para mim também, preciso compensar o que não consegui fazer hoje. – Ela parou na sala para calçar os saltos pretos novamente, se inclinando para frente para fazer e pegar sua bolsa no sofá.
- Foi um prazer enorme conhecê-los. – Giovanna os abraçou um a um e tomou liberdade para abrir a porta e segui atrás dela com os álbuns.
- Eu posso não ir contigo se não quiser ir, viu?! – Falei baixo, vendo-a abrir o porta-malas.
- Se você puder, eu prefiro. – Ela disse. – Sabe...
- Sim, claro! – Falei e ela sorriu.
- Grazie. Prometo que compenso em algum problema de sua família. – Rimos juntos e esvaziei as mãos em seu porta-malas.
- Eu não faço isso esperando algo em troca...
- Uma semana de babá dos meninos?
- Fechado! – Falei e ela sorriu, puxando o porta-malas novamente.
- É um prazer, honestamente. – Giovanna apareceu com o restante do pessoal.
- Bom, vocês me seguem, pode ser? – disse.
- Claro! – Ricky disse e esperava que o carro fosse alugado e não que eles tivessem vindo de Palermo até aqui dirigindo.
- É perto do CT. – disse.
- Sem problemas. – Ricky disse.
- Ciao, ciao, gente! Nos falamos amanhã! – disse para Giovanna e Fabrizio.
- Nos avise quando chegar, por favor! – Giovanna disse e sorrimos juntos.
- Pode deixa-a-ar! – disse cantado e rimos juntos.
Esperei que todos fossem para os respectivos carros e fui no meu. Do meu bairro antigo, até meu bairro atual, demorava cerca de 30 minutos, mas já era tarde da noite, plena terça-feira. Deixei que eles seguissem diretamente atrás de e fui logo atrás. Quando chegamos, ela entrou na garagem e o carro deles entrou junto e entrei junto. estacionou o carro no fundo, quase no quintal e eu fui o único que fiquei no corredor.
- Benvenutti! – Ela disse quando eles saíram e eles pareciam bem surpresos com a casinha da . Não podia falar muita coisa, já que a minha era bem parecida. – Entrem aqui! – Ela abriu a porta do fundo, fazendo as luzes da cozinha se acenderem e peguei minha mochila e fui ajudá-los a tiraram as malas do carro.
também tirou os álbuns e logo entramos com ela. Ela apresentou rapidamente os cômodos e seguimos para o andar de cima. Ela deixou Carmela no segundo quarto e o casal no terceiro, deixando o escritório como divisão de seu quarto, além da sala ao lado dele.
- Vocês fiquem à vontade, tem comida na geladeira, casa quarto tem um banheiro, se precisar, eu estou no último, só bater. – disse.
- Não se preocupe conosco. – Olga disse sorrindo.
- Eu saio para trabalhar as 7:30, mas eu tenho uma ajudante que vai estar aqui quando acordarem, vamos nos falando, mas eu venho para cá antes do jogo. – disse.
- Eu costumo acordar cedo mesmo, então nos encontraremos. – Carmela disse e sorriu.
- Buona notte. Descansem. – disse sorrindo.
- Pela primeira vez em 26 anos, eu vou descansar. – Olga disse e sorriu.
- Vai ser uma ótima noite. – sorriu e ela se afastou alguns passos e esperei que as duas portas se fechassem para ir atrás dela.
seguiu em direção ao seu quarto e fui com ela, vendo-a tirar os sapatos assim que passou do mesmo. Entrei devagar no mesmo e ela sorriu para mim, uma mistura cansada e realizada, como imaginaria que aconteceria. Ela seguiu em minha direção, puxando a porta de volta e trancou-a.
- Você está feliz, não está? – Perguntei e ela sorriu.
- Hoje era para ser um dia comum, Gigi. – Ela disse rindo, puxando de blusa de dentro da saia. – Era para ser um dia normal, preparação de Champions, mas foi...
- O dia mais importante da sua vida? – Perguntei, deixando minha mochila na poltrona e ela suspirou.
- Foi perfeito, Gigi! – Ela disse, passando os braços pelo meu pescoço e ficou na ponta dos pés para me abraçar.
- Tudo vai se ajeitar, . – Falei, suspirando, apertando-a pela cintura. – A vida é feita de momentos felizes também. – Ela se afastou, sorrindo.
- Sim e hoje foi incrível. – Ela suspirou e dei um beijo em sua testa.
- Aproveite, porque uma parte da sua história se reencontrou agora. – Falei e ela relaxou os ombros, rindo fracamente.
- E foi demais! Eu tenho uma tia! – Ela disse gargalhando, sumindo no closet por alguns segundos, voltando com seu pijama na mão. – É incrível falar com eles, relembrar histórias, conhecer detalhes... – Ela suspirou. – Eles moram em Palermo ainda, sabe? Eu posso visitá-los, eles podem vir para cá. – Meu sorriso era largo e só queria aumentar.
- Eu estou muito feliz por você, ! Sério. – Ela riu fracamente.
- Ah, é demais! – Ela suspirou.
- Aproveite ao máximo. – Falei.
- Ganhem amanhã que eu continuarei feliz. – Rimos juntos. – Você quer tomar banho?
- Tomei quando saí do time. – Falei.
- Bom, então eu vou, só tomei de manhã. – Ela suspirou. – Fique à vontade.
- Onde eu posso ficar? – Perguntei e ela parou o passo antes de entrar no banheiro.
- Cabe umas três pessoas folgadas nessa cama e você ainda me pergunta? – Ela disse.
- Ah, não sei se você quer dormir comigo ou... – Ela riu fracamente.
- Desde quando ficamos de frescura? – Ela perguntou.
- Nunca. – Falei e ela riu fracamente.
- Já volto. – Ela disse, fechando a porta e suspirei.
Não demorou muito para eu ouvir o barulho do chuveiro e aproveitei para trocar de roupa, não tinha pijama, mas minha calça de moletom do time estava sempre na mochila. Tirei a roupa que eu usava, junto com os tênis e as meias e me troquei pela calça. Arrumei a cama, enrolando a coberta para os pés da mesma e separei minha necessaire para escovar os dentes quando ela liberasse.
Enquanto isso, fiquei dando uma rápida olhada em minhas mensagens e vi Ilaria mandando várias falando que eu havia sumido e se tinha acontecido alguma coisa. Respirei fundo, evitando fazer muito barulho e respondi aleatoriamente.
“Acabei ficando tarde no time e comi na rua, estou chegando em casa e vou direto para cama, estou exausto. Boa noite”. – Enviei, esperando que a resposta viesse mais rápido que saísse do banheiro ou que nem viesse. É óbvio que veio.
“Tudo bem, Gigi, descansa, boa noite. Te amo”. – Franzi a testa com a resposta e suspirei.
“Eu também”. – Enviei, ouvindo a porta se abrir e vi saindo do cômodo com um pijama de short e camiseta regata, os cabelos bagunçados e secos e o rosto sem resquício da maquiagem que havia sobrado em seu rosto. A mulher mais linda do mundo, é claro.
- Desculpe a demora, estava escovando os dentes, etc... – Ela abanou com a mão.
- Não se preocupe. – Sorri, puxando as notificações do meu celular e limpei-as e desliguei a conexão com a internet.
- Pode ir lá! – Ela disse sorrindo e peguei a nécessaire e fui para dentro do banheiro.
Escovei os dentes, mijei e passei bastante água no rosto, jogando os cabelos para trás. Estar aqui, nessa situação, era quase um sonho, um tanto irreal, claro, mas uma esperança incrível dentro de mim de que isso pudesse se tornar verdade algum dia. Não demorou muito e saí do banheiro, puxando a porta em seguida e deixei minha bolsa e o celular dentro da mochila. estava sentada na cama, com as pernas cruzadas e o corpo reto e eu sorri.
- Não vai me bater no meio da noite e me expulsar, hein?! – Falei e ela riu fracamente.
- Bobo. – Ela disse, desviando o olhar do celular e me sentei ao seu lado, virando as pernas na cama e deitei na cama.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei, colocando os braços atrás da cabeça.
- Respondendo alguns e-mails, vendo se em alguma coisa mais emergencial... – Puxei o telefone da sua mão. – Gigi! – Ela disse.
- Você vai descansar, . Você tem uma equipe e uma assistente para te ajudar. – Falei, afastando o celular dela.
- Eu sei, mas quando chega em mim, é porque eles já fizeram tudo. – Ela me esticou a mão. – Por favor...
- Não, deita! Amanhã você responde! – Falei e ela bufou.
- Gianluigi Buffon...
- Dessa vez não vai adiantar, . – Ela revirou os olhos e tombou para trás, apoiando a cabeça em seus vários travesseiros. – As pernas... – Ela esticou-as e tirou alguns travesseiros até ficar somente com um. – Ótimo. – Falei.
- Pode me devolver o celular para eu checar ao menos o despertador? – Ela pediu e eu observei seus olhos por alguns segundos e entreguei para ela.
Ela mexeu no aparelho por bem mais que alguns segundos para checar o despertador, mas colocou na mesa ao seu lado logo em seguida e depois bateu a mão no interruptor, desligando as luzes.
- Agora dorme. – Falei e ela riu fracamente.
- Faz tempo que eu não durmo antes da meia-noite. – Ela disse. – Nem sei mais o que é isso. – Rimos juntos.
- Posso arranjar outras formas de nos divertir. – Disse, passando um braço pela sua barriga e a ouvi rir quando a puxei para mim.
- Se eu não posso trabalhar, não posso transar contigo também. – Ela disse e apoiei meu rosto em seu ombro, sentindo-a entrelaçar as mãos que estava entrelaçada a sua.
- Droga! – Falei e ela riu fracamente. – Mas você está feliz, não está? – Perguntei.
- Muito, Gigi. Hoje foi incrível. – Ela suspirou.
- Isso é o que importa, mi amore. – Falei e senti seu corpo se mexer na cama e logo sua mão me abraçou pela cintura. – Você feliz!
- Eu já sou feliz. – Ela disse rindo e subi a mão pelo seu braço devagar, até chegar em seu rosto.
- Mais feliz ainda! – Disse e ela riu fracamente.
- Grazie, Gigi, por estar comigo nesse momento tão importante. – Ela se aninhou em meu peito e colei meus lábios em sua cabeça.
- Sempre que precisar, ! Para sempre. – Falei, suspirando.


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Nota da autora: Oi, gente! Demorei para aparecer aqui de novo!
Que temporada foi essa, hein?! Chegamos a uma final depois de nove anos, mas não foi como o planejado! Agora vamos ver o que isso vai afetar... Além dos problemas pessoais, né?!
Espero que gostem e não se esqueçam de comentar!
Beijos e boa leitura!




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