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Capítulo Único

Música da história: Make You Bright - Oh, Weatherly


I think I picked the worst time for us both
(Eu acho que escolhi a pior hora para nós dois)
With broken records playing all her songs
(Com discos quebrados tocando todas as músicas dela)
I’ve got the words and she’s got the moves for it
(Eu tenho as palavras e ela tem os movimentos para elas)

Quando acordou naquela manhã, Daniel esticou os braços e encontrou a cama vazia. De novo. Ele se levantou com um pulo e foi fazer o café mais forte possível para se livrar da ressaca ele havia bebido demais no dia anterior. E, bom, em todos os dias anteriores também.
Sentado na pequena mesa da cozinha, ele acendeu um cigarro enquanto dava longos goles no café. O dia estava nublado – como todos nas últimas semanas – e ele sabia que precisava sair de casa em algum momento e que não poderia mais adiar aquilo. Mesmo estando se cagando de medo de levar um tiro no meio da testa. Seu pai sairía no final do dia e ele finalmente teria uma remota chance de conseguir resolver seus pequenos problemas financeiros, de modo que não precisasse mais ter medo de ser morto a qualquer momento.
Seu telefone tocava em algum canto perdido da casa já havia algum tempo. Ele sabia quem era e também sabia que não podia atender. Não era a primeira vez que ela ligava nos últimos dias, mas para o bem dela, ele não podia atender, mesmo que isso significasse dois corações partidos.
Ele sabia que jamais saíria da sua cabeça. Seus olhos grandes, seu sorriso, a forma como enrolava o cabelo entre os dedos e ria para ele, seu corpo perfeitamente moldado e a forma como se encaixava no dele. Haviam milhões de motivos para se lembrar dela todos os dias, mas apenas um motivo para esquecê-la e este era maior que todos os outros. Ele precisava mantê-la segura e longe daquilo tudo.
Ele a conhecera poucos anos antes, enquanto ainda dançava em bares para ganhar uns trocados. também dançava e desde o dia em que a conheceu ele jamais conseguiu tirar os olhos dela. Mesmo não sendo nada oficial, eles nunca se desgrudaram desde então. A presença dela na sua vida havia se tornado uma constante tão natural como respirar. Às vezes ele ia vê-la dançar, outras vezes ela batia na sua porta no meio da noite e os dois transavam até não sentirem mais suas pernas. era boa, mas boa mesmo, daquelas que te deixam sem fôlego com cinco minutos de trepada.
Ele suspirou, passou a mão pelo cabeça e imaginou que se continuasse pensando assim nela, teria que ir bater uma urgentemente. Tentou jogar para o fundo da sua cabeça e encheu mais um copo de café, ligando seu antigo rádio e deixando uma música qualquer preencher o ambiente enquanto acendia outro cigarro.

...

Não era nem hora do almoço quando alguém começou a esmurrar a porta. Daniel correu para o quarto e pegou sua pistola debaixo do travesseiro, destravando-a rapidamente antes de ir até a porta. Ele não podia abaixar a guarda por um segundo ou estaria morto mais rápido do que pudesse sequer recuperar o fôlego.

- Quem é? – ele gritou, mas a pessoa apenas continuou esmurrando com violência a porta.

Ele respirou fundo e se encostou no batente. Colocou a mão na maçaneta e a girou lentamente, pronto para atirar no filho da puta que tinha ido até a ali matá-lo. Ele abriu a porta de uma vez, apontando a arma sem pensar duas vezes e preparando-se para apertar o gatilho mais rápido do que a outra pessoa. Mas por sorte, ele não apertou e pode ouvir os berros histéricos de a tempo.

- Você ia atirar em mim? – ela se encolheu, horrorizada.
- ? O que diabos você está fazendo aqui? Eu te disse pra não voltar!
- Foda-se, Daniel! Você realmente achou que eu ia aceitar isso calada? Abaixa essa porra dessa arma!

As mãos de Daniel ainda tremiam quando ele finalmente abaixou a arma e respirou fundo. Ele a travou novamente e jogou no chão, o mais longe possível dos dois. também tremia e o encarava com os olhos cheios de lágrimas.

- Você apontou uma arma pra porra da minha cabeça.
- Não era minha intenção, não sabia que era você. Perguntei quem era e você continuou esmurrando a pora, caralho!
- E queria o que, Daniel? Que eu falasse que era eu? Você nunca abriria a porta pra mim. Que tipo de jogo é esse? Eu tô cansada. – ela berrou, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
- , eu... – ele sentou-se na cadeira e olhou para cima, segurando fortemente o impulso de enxugar todas as lágrimas da mulher na sua frente.
- Você o que? Sente muito? Nem vem com esse papo pra cima de mim!
- Sentir muito? Eu não sinto porra nenhuma. Eu já te disse pra não chegar perto de mim, . Você não pode.

respirou fundo com um misto de raiva e tristeza. Os olhos de Daniel também estava marejados quando ela se aproximou e passou a mão pelo rosto dele. Ele se encolheu com o toque dela, passando o rosto pela mão dela como um gatinho desamparado. se aproximou devagar, sentado-se no colo dele e pegando seu rosto entre as mãos.

- Nós dois temos fodido pela cidade inteira há pelo menos três anos, Daniel. Eu sei tudo sobre você e você tudo sobre mim. Você não pode simplesmente dizer que acabou e me dizer para nunca mais voltar.
- É perigoso, . Você sabe que eles vão até você primeiro se descobrirem sobre você e...
- Eles não vão me pegar. Nós vamos dar um jeito nisso, eu tenho algum dinheiro guardado e posso pedir alguns empréstimos.
- Eu não posso te envolver nisso, não é certo e nem justo.
- Eu não estou te perguntando nada, eu já sou parte disso desde o momento em que decidi fazer parte da sua vida. Olha pra mim. Eu quero ficar com você, não me importo com os riscos. Quero acordar na sua cama, quero ouvir seu rádio chiando e quero beber seu café horrível.
- Você diz como se isso fosse algo simples, como se não significasse sua vida. Mas eu não vou ter esse peso nos meus ombros.

segurou o queixo dele com a ponta dos dedos firmemente. Os dois se encararam por alguns segundos e foi como sempre era, como se nada mais naquele mundo existisse além dos dois.

If it’s a bad time
(Se for uma hora ruim)
I’ll just stay
(Eu apenas ficarei)

Quando seus lábios se chocaram com urgência, algo dentro de Daniel sabia que aquele era a última vez e por isso deixou seu corpo se levar pelas mãos e lábios macios dela. Ainda sentada no colo dele, tirou sua blusa com rapidez e a jogou do outro lado do cômodo, fazendo o mesmo com a dele. As mãos do rapaz exploravam o corpo dela com destreza, demorando-se em suas costas e sempre a puxando para mais e mais perto, como se não pudesse existir sequer um milímetro entre os dois. Ele desabotoou o sutiã dela e deixaram-no cair lentamente no chão enquanto ele agarrava os seios dela com força entre as mãos, ouvindo a garota soltar um gemido baixo e delicioso. A mão dela deslizou para o cós da calça dele, soltando o cinto e enfiando a mão sem cerimônias por debaixo de sua cueca para segurar o pau completamente duro dele.

You already knew it
(Você já sabia disso)
I’ve got the moon and she’s got the flames
(Eu tenho a lua e ela tem as chamas)

Daniel se levantou segurando-a com força contra si, as pernas de enlaçadas em sua cintura. Os dois não pararam de se beijar por um segundo até chegar ao quarto e ele se jogou junto com ela na cama, o pouco que sobrava de roupa dos dois desaparecendo num piscar de olhos. estava por toda parte, ele podia senti-la ao seu redor e contra o corpo dele. Podia passar as mãos por cada centímetro de sua pele e vê-la se arrepiar mais uma vez, mas de certa forma sempre pareceria a primeira vez, e naquele caso, a última. A última primeira vez em que tiraria todos os seus sentidos.
Seu pau roçava lentamente pela buceta dela, os dois desesperados para que ele simplesmente possuísse ela. Mas ele queria aproveitar cada segundo, queria sentir o gosto dos lábios dela pelo maior tempo possível e se misturar à temperatura da pele dela até que não existisse mais ele ou ela.

- Daniel... – ela sussurrou entre a respiração pesada – Me fode.
- Pressa? – ele riu, pressionando-se mais uma vez contra a entrada dela.
- Eu estou a dias desesperada por você, então para de enrolar e me faça gritar.

Sunshine and daisies
(Luz do sol e margaridas)
She paints me in candy
(Ela me pinta em doce)
With colors that we won’t remember her
(Com cores das quais não lembraremos dela)

Ela segurou a cintura dele com força e olhando dentro dos olhos dele, ele a penetrou completamente com apenas um movimento. gemeu alto enquanto ele se mexia dentro dela e beijava cada centímetro do seu pescoço com a clara intenção de deixar marcas ali, mostrando para quem quisesse ver o quanto ela era dele. Ou ao menos o quanto fora.
Daniel agarrou o cabelo dela com força enquanto saía de dentro dela e a virava de costas, empinou a bunda e rapidamente ele já estava dentro dela novamente. Ela não conseguia segurar os gemidos altos, ainda mais quando ele batia com força na bunda dela e puxava seu cabelo com mais e mais força.
Eles não iriam durar muito mais ali, mas a sensação de estarem um dentro do outro sempre seria inigualável e poderia muito bem durar para sempre. E de certa forma, duraria.
Ele segurou a cintura dela com força, deixando as unhas cravadas na pele dela enquanto metia com mais e mais força.

- Mais rápido, mais! - gritava entre um gemido e outro e ele aumentou a velocidade e a força fazendo a cama rangir alto.
- Eu vou gozar, . Não consigo mais segurar.
- Então goza pra mim, vai.

Ouvindo a voz dela daquele forma, ele realmente não conseguiu mais se segurar e deixou que seu corpo fluir do jeito que deveria ser. Ele suspirou sonoramente, deixando seu corpo cair por cima do dela e então para o lado. De olhos fechados, ele sentiu os lábios dela em seu rosto e seu sorriso contra a pele dele. Com lágrimas nos olhos, ele não conseguiu abri-los e encará-la sabendo que depois dali, jamais a veria novamente.

She’s taking my time and I can’t say
(Ela está tomando meu tempo e eu não posso ficar)
I’ll find a new life and call it your mistake
(Eu encontrarei uma vida nova e a chamarei de seu erro)

- Eu amo você, Daniel Ramos. Mesmo que não possamos fazer mais isso. – ela sussurrou no ouvido dele enquanto enroscava seu corpo ao dele – Mesmo que eu não seja ninguém, mesmo que sejamos uma bagunça... Amo você. Sempre amarei.

Ele abriu os olhos e encarou. Ela sorria de forma triste, mas ele sabia que ela ainda tinha esperança. Por que era sempre assim, eles podiam até ficar um tempo separados, mas sempre acabavam na cama um do outro de qualquer forma.
Mas daquela vez, Daniel não voltaria porque isso significaria ser morto.

- Não diga isso, . Você é alguém e é maravilhosa. E eu sempre vou amar você, também. A porra da moça mais bonita dessa cidade... – ele riu e encostou a testa na dela – A porra da moça mais bonita de cidade. Você.
- Sou só uma dançarina fodida, Daniel. – ela também riu – Por favor, me deixa te ajudar.
- Não, eu vou resolver isso sozinho. Não tem discussão, não irei te envolver.

Ela se deu por vencida e não falou mais naquilo. Daniel acendeu um cigarro para ele e um para si, os dois enrolados na cama velha. O rádio xiava ao fundo e o gosto um do outro permaneceria nas bocas dele pelo resto do dia ou talvez um pouco mais. Mas aquele momento, aquele cigarro e aquelas lágrimas que nunca caíram, aquilo duraria para sempre.

So wait till tomorrow
(Então espere até amanhã)
What’s the point when you know
(Qual é o ponto quando você sabe)
That you’re never coming back from this
(Que você nunca voltará disso)

- Eu preciso ir, preciso buscar meu pai.
- Ele sai hoje? Que ótimo.
- É. Ele vai estar me esperando. Eu te deixo em casa.

concordou enquanto se levantava e buscava as roupas perdidas pela casa. Se vestiram rapidamente e enquanto ela se ajeitava no espelho, ele a abraçou por trás e encaixou seu rosto no ombro dela. Eles ficaram daquele jeito por alguns minutos e então ela se virou, olhando-o nos olhos de beijando seus lábios com paixão. Ela estava acabando com ele.
Eles saíram da casa de mãos dadas e entraram dentro do carro dele em silêncio. Daniel dirigiu rápido, querendo logo acabar com aquele momento. Era completamente injusto que aquela despedida fosse de apenas um lado, mas se soubesse que ele pretendia nunca mais voltar, ela jamais deixaria que ele fosse.

Make a point when you go
(Faça um ponto quando você for)
That you’re never coming back from this
(Que você nunca vai voltar disso)

Daniel parou o carro na porta da casa dela e ela sorriu, beijando os lábios dele delicadamente. Ele queri agarrá-la contra si e nunca mais soltar, mas deveria agir naturalmente, como em todas as outras vezes que eles se reconciliavam.

- Se cuida, certo?
- Eu sempre me cuido. – ela sorriu – Passa aqui amanhã?
- Claro. – ele concordou, sorrindo o máximo que conseguia.

Ela saiu do carro acenando e entrou em casa. Daniel acelerou o carro e não olhou para trás sequer uma vez, as lágrimas borrando sua visão da rua. Ele correu o máximo que pode até a penitenciária, pensando em como diria ao seu pai a merda da confusão na qual se envolveu e como saíria dela sem machucar ninguém, principalmente , no processo.
A única coisa que ele sabia é que não poderia voltar e não poderia mais colocá-la em risco. Ele chorou, mas sabia que era a única coisa certa a se fazer.
E ele nunca imaginou as palavras que seu pai falaria, nunca imaginou que sua vida viraria de cabeça para baixo e que ele, de fato, jamais poderia voltar.
Lembrou do sorriso dela uma última vez enquanto estacionava o carro e acenava para seu pai, que andava em sua direção.
E então ele sorriu para o resto de sua nova vida.

I know you’re fine
(Eu sei que você está bem)
I’ll be alright
(Eu vou ficar bem)
Your eyes are dark without a light
(Seus olhos são escuros e sem luz)
Take me
(Me leve)
I’ll light up your feet
(Eu iluminarei seus pés)
Run till you’re caught up in me
(Correrei até que você esteja preso em mim)
I’ll take your dark and make you bright
(Eu pegarei sua escuridão e farei você brilhar)




FIM!



Nota da autora: Só queria dizer que escrever uma história com meu bebê Denver foi a melhor decisão do mundo e que espero que tenham gostado tanto quanto eu!

Querem falar comigo? Algum erro, comentário, elogio ou crítica? Podem me encontrar no meu Facebook e no meu email. xx





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