Finalizada em: 25/10/2018
1.
Era a primeira vez que viajava de avião e ela tinha certeza que havia cometido todos os erros típicos de turistas iniciantes – não que apenas estar em um avião fosse um ato de turismo mas enfim. Ela parecia aquelas pessoas idiotas que claramente não fazem a menor ideia do que estão fazendo da vida mas continuam fazendo mesmo assim.
Ela foi essa pessoa idiota por quase quatorze horas. Porque, se você vai viajar de avião pela primeira vez na vida, o faça em um voo internacional, parece uma excelente ideia. E quando o piloto finalmente avisou que eles iriam pousar ela teve vontade de gritar e chorar, mas existem limites para a idiotice humana, e mesmo que a de geralmente os ultrapassasse, a idiotice dela também possuía limites.
Agora havia aquele pequeno fato de que ela havia se perdido feio no aeroporto no Brasil porque ela tinha uma total incapacidade de seguir placas e se recusava a pedir informações. Aparentemente era hora de se perder no aeroporto de Los Angeles.
Inicialmente apenas seguiu o mar de pessoas porque obviamente todos estavam indo pegar suas bagagens e, onde a de um estava, estavam todas. pensou na possibilidade de ter sua bagagem extraviada porque era o que sempre acontecia em filmes e novelas e livros, então obviamente aconteceria com ela também. Mas ali estava a mala de arco-íris que havia pegado emprestado com Gisele. Tudo bem, ela poderia viver sem um clichê.
Ao sair do local das bagagens viu mais um mar de pessoas parado, esperando. Com plaquinhas! Ela tinha certeza que plaquinhas eram coisa de filme! E havia todos os mais diferentes tipos de nome: Kevin Simpson, Miguel Cunha, Evelyn Gomes, Sharon Hinman, .
Ah tá.
Era ela.
E segurando a placa com seu nome estava um rapaz alto, realmente alto, loiro, olhos claros que não sabia ao certo se eram verdes ou azuis mas que definitivamente eram lindos. Ele estava lá parado, sorrindo com a maior pose de modelo de capa de revista ou de anúncio de nova coleção de roupas de inverno, porque ela tinha na própria mente que Harrison combinava muito mais com roupas de inverno.
Nada de Tom.
Não que ela fosse chorar ou algo assim, mas ela havia imaginado algumas – muitas – vezes que chegaria no aeroporto e correria até os braços de Tom e ele a pegaria no colo e a giraria no ar enquanto eles riam e se beijavam, e isso era a cena mais clichê de todos os romances, mas era a cena que ela queria pra si mesma. Qual a graça de viver uma vida sem clichês? Sem pensar que aquilo poderia ser facilmente a cena de um filme ou livro?
Mas não.
Seu namorado não havia ido buscá-la.
Até que fazia sentido. Talvez a presença dele fosse causar algum tipo de tumulto no aeroporto, vai saber. Tom era mundialmente conhecido, afinal. Ela poderia lidar com o namorado a esperando em casa, fazia sentido de alguma maneira.
Então ela sorriu e praticamente correu até Harrison, puxando a mala de qualquer jeito, tendo certeza que ela iria virar em algum momento mas nem ligando. Haz então abriu os braços, pronto para recebê-la em um abraço. Quando soltou a mala e pulou os braços do rapaz, teve certeza que poderia começar a chorar a qualquer momento.
Ela estava em Los Angeles.
Finalmente aquilo havia acontecido.
— Você pintou o cabelo de cinza! — foi a primeira coisa que o rapaz falou ao soltar a menina, tocando seus cachos com delicadeza.
— Gostou?
— Ficou maravilhosa. — ele sorriu, puxando-a para outro abraço, mais rápido dessa vez. — Me responde: por que você deixou a mala no meio do caminho?
Os olhos de arregalaram enquanto ela voltava e pegava a mala de arco-íris de Gisele. Viu que Harrison ria dela mas nem poderia julgar. Se não fosse lerda de vez em quando ela não seria , essa era a verdade.
— Como foi o voo? — existia aquela necessidade de conversa fiada, claro. E talvez uma preocupação misturada com curiosidade.
— Tranquilo. Uma ou outra turbulência e eu quase começando a chorar achando que iria morrer, nada demais. — os dois riram.
Harrison gesticulou para que eles começassem a caminhar, o que foi um alívio para . Pelo menos agora ela não estava mais completamente perdida naquele lugar, tinha a quem seguir. Durante todo o percurso ela falou sem parar e recebeu pequenos comentários de Harrison, contando sobre como tinha uma criança que não parava de chorar (“Sempre tem!”), como a comida não era nada do que ela esperava (“Eles deixam as coisas boas pra primeira classe”), como o catálogo de filmes era baixo (“Podia rolar uma Netflix né?”) e muito mais.
O carro era preto e de uma marca que não conhecia, provavelmente americana – não que ela realmente conhecesse as marcas brasileiras, mas enfim. Harrison colocou a bagagem de no porta malas e depois seguiu para o banco do motorista enquanto já afivelava o cinto no banco do carona.
Ela ficou quieta durante todo o trajeto, apenas observando as ruas de Los Angeles. Ela havia visto tanto aquelas ruas em talkshows pela internet. O do James Corden, por exemplo. E ali estava uma casa enorme, provavelmente de algum famoso. E um estúdio de gravação. Era um sonho, estava realmente vivendo um sonho.
Eles pararam na portaria de um prédio¹ muito, muito bonito. Mais bonito do que os prédios “de rico” da cidade de . E enquanto desciam do carro e iam até o elevador, teve certeza que aquele era o local mais rico que ela estaria em toda sua vida, porque se nem conseguir trocar de emprego ela conseguiu, quem dirá pagar um apartamento como aquele. Era fácil esquecer a dimensão da riqueza de outras pessoas.
— Bem vindo à nossa casa, que também será sua por um mês. — Harrison sorriu enquanto a deixava entrar na frente.
E aquela casa era exatamente o que sempre via de fundo nas chamadas de vídeo com Tom. Tudo estava incrivelmente limpo – e por alguma razão tinha certeza que eles tinham empregada porque não era possível que os dois fossem tão organizados assim, ela não era – e aconchegante. Só tinha um problema.
Tom não estava.
— ‘Tá, então, lembra que o Tom ia pra China e chegava hoje também? — ah não. já sabia o que viria pela frente. — O voo deles atrasou. Ele vai chegar entre hoje a noite e amanhã cedo.
Ah. Tudo bem. Só mais algumas horas e eles finalmente se veriam. O que eram horas para quem havia esperado meses? E outra, ela tinha certeza que ele deveria estar tão ansioso quanto ela. Se o celular dela estivesse funcionando ela tinha certeza que teria recebido várias mensagens dele. O que lhe lembrava…
— Eu preciso de um chip daqui. — foi o que ela falou após a declaração de Harrison sobre o atraso de Tom, então ela não podia culpar o rapaz por começar a ter uma crise de riso.
***
Ela e Harrison haviam caminhado pelas ruas de Los Angeles muito lentamente, e sabia que a culpa era totalmente dela. Mas o que ela poderia fazer se tudo parecia tão interessante e ela queria tirar várias fotos o tempo todo? Pelo menos eles haviam comprado o tal do chip pré-pago, porque ela ia abusar do whatsapp, claro.
Depois Harrison havia levado-a para um lanchonete muito legal e não tão diferente assim das lanchonetes brasileiras, honestamente. E eles haviam comido tanto que ainda sentia o estômago meio pesado, mas estava extremamente satisfeita, obrigada.
Eles haviam voltado apenas à noite e, por mais que ela estivesse meio acostumada a ficar acordada durante a madrugada, ela se sentia honestamente cansada. Então Harrison a ajudou a se acomodar no quarto de Tom, pedindo para que ela ficasse a vontade e qualquer coisa o chamasse na porta no fim do corredor.
Então agora ela estava deitada na cama de Tom e era isto. O colchão era absurdamente confortável e os lençóis cheiravam muito bem, provavelmente amaciante. E aquela cama era enorme e ela já a amava, sério. Ela se sentia em um quarto de hotel.
gastou uma boa parte de sua noite mandando seu novo e temporário número para todos os amigos, não demorando até que uma mensagem nova aparecesse no grupo em que ela, Eduarda e Gisele faziam parte.
“Minha mala tá inteira? Ela foi feita especialmente pra mim, !” a mensagem de Gisele lhe arrancou uma risada. Certo, encontrar mala de arco-íris não era tão fácil assim.
“Em perfeito estado. E a viagem também foi ótima, obrigada por perguntar”
“Já beijou muito o namorado?”
Então ela contou para as amigas o que havia acontecido e como ela era uma pessoa azarada em alguns momentos – apesar de admitir ser bastante sortuda em outros. Conversou um pouco mais até decidir que realmente estava cansada e precisava dormir. Colocou o celular na cabeceira e finalmente conseguiu fechar os olhos e descansar.
***
acordou com a porta do quarto sendo aberta. Tudo estava escuro e ela não conseguia enxergar muita coisa, mas conseguiu ouvir passos e o barulho de coisas sendo largadas pelo chão. Mais alguns passos e ela sentiu o colchão afundar, alguém se deitando ao seu lado e puxando o lençol que ela usava, fazendo-a dividi-lo.
Ela forçou um pouco a visão, tentando enxergar a pessoa que, ela chutava, agora estava com a cabeça apoiada no travesseiro ao lado dela, mas o quarto ainda estava escuro demais.
— Oi. — a voz de Tom preencheu o quarto, mesmo parecendo apenas ser um sussurro, o corpo dele aproximando-se um pouco mais do dela. — Desculpa o atraso.
O coração de acelerou.
Tom estava ali, deitado ao seu lado.
Finalmente.
¹: eu sei que eles moram em uma casa e em Londres, não Los Angeles, mas aqui vai vamos fingir.
Ela foi essa pessoa idiota por quase quatorze horas. Porque, se você vai viajar de avião pela primeira vez na vida, o faça em um voo internacional, parece uma excelente ideia. E quando o piloto finalmente avisou que eles iriam pousar ela teve vontade de gritar e chorar, mas existem limites para a idiotice humana, e mesmo que a de geralmente os ultrapassasse, a idiotice dela também possuía limites.
Agora havia aquele pequeno fato de que ela havia se perdido feio no aeroporto no Brasil porque ela tinha uma total incapacidade de seguir placas e se recusava a pedir informações. Aparentemente era hora de se perder no aeroporto de Los Angeles.
Inicialmente apenas seguiu o mar de pessoas porque obviamente todos estavam indo pegar suas bagagens e, onde a de um estava, estavam todas. pensou na possibilidade de ter sua bagagem extraviada porque era o que sempre acontecia em filmes e novelas e livros, então obviamente aconteceria com ela também. Mas ali estava a mala de arco-íris que havia pegado emprestado com Gisele. Tudo bem, ela poderia viver sem um clichê.
Ao sair do local das bagagens viu mais um mar de pessoas parado, esperando. Com plaquinhas! Ela tinha certeza que plaquinhas eram coisa de filme! E havia todos os mais diferentes tipos de nome: Kevin Simpson, Miguel Cunha, Evelyn Gomes, Sharon Hinman, .
Ah tá.
Era ela.
E segurando a placa com seu nome estava um rapaz alto, realmente alto, loiro, olhos claros que não sabia ao certo se eram verdes ou azuis mas que definitivamente eram lindos. Ele estava lá parado, sorrindo com a maior pose de modelo de capa de revista ou de anúncio de nova coleção de roupas de inverno, porque ela tinha na própria mente que Harrison combinava muito mais com roupas de inverno.
Nada de Tom.
Não que ela fosse chorar ou algo assim, mas ela havia imaginado algumas – muitas – vezes que chegaria no aeroporto e correria até os braços de Tom e ele a pegaria no colo e a giraria no ar enquanto eles riam e se beijavam, e isso era a cena mais clichê de todos os romances, mas era a cena que ela queria pra si mesma. Qual a graça de viver uma vida sem clichês? Sem pensar que aquilo poderia ser facilmente a cena de um filme ou livro?
Mas não.
Seu namorado não havia ido buscá-la.
Até que fazia sentido. Talvez a presença dele fosse causar algum tipo de tumulto no aeroporto, vai saber. Tom era mundialmente conhecido, afinal. Ela poderia lidar com o namorado a esperando em casa, fazia sentido de alguma maneira.
Então ela sorriu e praticamente correu até Harrison, puxando a mala de qualquer jeito, tendo certeza que ela iria virar em algum momento mas nem ligando. Haz então abriu os braços, pronto para recebê-la em um abraço. Quando soltou a mala e pulou os braços do rapaz, teve certeza que poderia começar a chorar a qualquer momento.
Ela estava em Los Angeles.
Finalmente aquilo havia acontecido.
— Você pintou o cabelo de cinza! — foi a primeira coisa que o rapaz falou ao soltar a menina, tocando seus cachos com delicadeza.
— Gostou?
— Ficou maravilhosa. — ele sorriu, puxando-a para outro abraço, mais rápido dessa vez. — Me responde: por que você deixou a mala no meio do caminho?
Os olhos de arregalaram enquanto ela voltava e pegava a mala de arco-íris de Gisele. Viu que Harrison ria dela mas nem poderia julgar. Se não fosse lerda de vez em quando ela não seria , essa era a verdade.
— Como foi o voo? — existia aquela necessidade de conversa fiada, claro. E talvez uma preocupação misturada com curiosidade.
— Tranquilo. Uma ou outra turbulência e eu quase começando a chorar achando que iria morrer, nada demais. — os dois riram.
Harrison gesticulou para que eles começassem a caminhar, o que foi um alívio para . Pelo menos agora ela não estava mais completamente perdida naquele lugar, tinha a quem seguir. Durante todo o percurso ela falou sem parar e recebeu pequenos comentários de Harrison, contando sobre como tinha uma criança que não parava de chorar (“Sempre tem!”), como a comida não era nada do que ela esperava (“Eles deixam as coisas boas pra primeira classe”), como o catálogo de filmes era baixo (“Podia rolar uma Netflix né?”) e muito mais.
O carro era preto e de uma marca que não conhecia, provavelmente americana – não que ela realmente conhecesse as marcas brasileiras, mas enfim. Harrison colocou a bagagem de no porta malas e depois seguiu para o banco do motorista enquanto já afivelava o cinto no banco do carona.
Ela ficou quieta durante todo o trajeto, apenas observando as ruas de Los Angeles. Ela havia visto tanto aquelas ruas em talkshows pela internet. O do James Corden, por exemplo. E ali estava uma casa enorme, provavelmente de algum famoso. E um estúdio de gravação. Era um sonho, estava realmente vivendo um sonho.
Eles pararam na portaria de um prédio¹ muito, muito bonito. Mais bonito do que os prédios “de rico” da cidade de . E enquanto desciam do carro e iam até o elevador, teve certeza que aquele era o local mais rico que ela estaria em toda sua vida, porque se nem conseguir trocar de emprego ela conseguiu, quem dirá pagar um apartamento como aquele. Era fácil esquecer a dimensão da riqueza de outras pessoas.
— Bem vindo à nossa casa, que também será sua por um mês. — Harrison sorriu enquanto a deixava entrar na frente.
E aquela casa era exatamente o que sempre via de fundo nas chamadas de vídeo com Tom. Tudo estava incrivelmente limpo – e por alguma razão tinha certeza que eles tinham empregada porque não era possível que os dois fossem tão organizados assim, ela não era – e aconchegante. Só tinha um problema.
Tom não estava.
— ‘Tá, então, lembra que o Tom ia pra China e chegava hoje também? — ah não. já sabia o que viria pela frente. — O voo deles atrasou. Ele vai chegar entre hoje a noite e amanhã cedo.
Ah. Tudo bem. Só mais algumas horas e eles finalmente se veriam. O que eram horas para quem havia esperado meses? E outra, ela tinha certeza que ele deveria estar tão ansioso quanto ela. Se o celular dela estivesse funcionando ela tinha certeza que teria recebido várias mensagens dele. O que lhe lembrava…
— Eu preciso de um chip daqui. — foi o que ela falou após a declaração de Harrison sobre o atraso de Tom, então ela não podia culpar o rapaz por começar a ter uma crise de riso.
Ela e Harrison haviam caminhado pelas ruas de Los Angeles muito lentamente, e sabia que a culpa era totalmente dela. Mas o que ela poderia fazer se tudo parecia tão interessante e ela queria tirar várias fotos o tempo todo? Pelo menos eles haviam comprado o tal do chip pré-pago, porque ela ia abusar do whatsapp, claro.
Depois Harrison havia levado-a para um lanchonete muito legal e não tão diferente assim das lanchonetes brasileiras, honestamente. E eles haviam comido tanto que ainda sentia o estômago meio pesado, mas estava extremamente satisfeita, obrigada.
Eles haviam voltado apenas à noite e, por mais que ela estivesse meio acostumada a ficar acordada durante a madrugada, ela se sentia honestamente cansada. Então Harrison a ajudou a se acomodar no quarto de Tom, pedindo para que ela ficasse a vontade e qualquer coisa o chamasse na porta no fim do corredor.
Então agora ela estava deitada na cama de Tom e era isto. O colchão era absurdamente confortável e os lençóis cheiravam muito bem, provavelmente amaciante. E aquela cama era enorme e ela já a amava, sério. Ela se sentia em um quarto de hotel.
gastou uma boa parte de sua noite mandando seu novo e temporário número para todos os amigos, não demorando até que uma mensagem nova aparecesse no grupo em que ela, Eduarda e Gisele faziam parte.
“Minha mala tá inteira? Ela foi feita especialmente pra mim, !” a mensagem de Gisele lhe arrancou uma risada. Certo, encontrar mala de arco-íris não era tão fácil assim.
“Em perfeito estado. E a viagem também foi ótima, obrigada por perguntar”
“Já beijou muito o namorado?”
Então ela contou para as amigas o que havia acontecido e como ela era uma pessoa azarada em alguns momentos – apesar de admitir ser bastante sortuda em outros. Conversou um pouco mais até decidir que realmente estava cansada e precisava dormir. Colocou o celular na cabeceira e finalmente conseguiu fechar os olhos e descansar.
acordou com a porta do quarto sendo aberta. Tudo estava escuro e ela não conseguia enxergar muita coisa, mas conseguiu ouvir passos e o barulho de coisas sendo largadas pelo chão. Mais alguns passos e ela sentiu o colchão afundar, alguém se deitando ao seu lado e puxando o lençol que ela usava, fazendo-a dividi-lo.
Ela forçou um pouco a visão, tentando enxergar a pessoa que, ela chutava, agora estava com a cabeça apoiada no travesseiro ao lado dela, mas o quarto ainda estava escuro demais.
— Oi. — a voz de Tom preencheu o quarto, mesmo parecendo apenas ser um sussurro, o corpo dele aproximando-se um pouco mais do dela. — Desculpa o atraso.
O coração de acelerou.
Tom estava ali, deitado ao seu lado.
Finalmente.
¹: eu sei que eles moram em uma casa e em Londres, não Los Angeles, mas aqui vai vamos fingir.
2.
A língua portuguesa e a língua inglesa não possuíam palavrões o bastante para expressar o nível de felicidade que sentia. Porque Tom estava ali. Ao seu lado. Na mesma cama, embaixo do mesmo lençol. Agora ela podia tocá-lo. A mão dela procurou pelo braço dele, tentando chegar ainda mais perto.
Havia uma coisa que realmente precisava fazer.
Ela precisava beijá-lo.
Mas havia toda uma nova neura: e se ela estivesse com mau hálito? A última coisa que precisaria era que o primeiro beijo com Tom fosse com sabor e cheiro de morte. Então, como quem não quer nada, ela colocou a mão em forma de concha sobre o nariz e a boca, assoprando e sentindo o próprio odor. Não estava fedendo. Claro que também não estava com hálito de menta, mas aquilo daria certo. Ela provavelmente não havia dormido o bastante para que o famoso “bafo” tomasse conta de sua boca.
Estava segura para, finalmente, o beijar.
E mesmo no escuro, mesmo sem enxergar nada, ela o beijou.
E errou, feio.
Os dois começaram a rir sem parar quando os lábios dela acertaram o queixo dele, o beijo mais torto da história. já havia aceitado que aquele relacionamento nunca seria “normal” ou fofo ou o clichê que ela tanto queria que fosse. Sempre ia algo sair errado e que renderia algumas risadas.
As mãos de Tom procuraram o rosto de , encontrando primeiro seu nariz e arrancando ainda mais risadas dos dois. Depois ele segurou o rosto dela com ambas mãos, uma em cada bochecha, apenas para ter uma noção de onde exatamente ela estava naquele maldito quarto totalmente escuro. E com cuidado e muito mais devagar do que gostaria, Tom finalmente conseguiu encontrar os lábios de e, pela primeira vez, beijar a namorada.
Se aquele não era o melhor beijo da vida de ela não sabia qual era.
Os lábios finos dele, em oposição aos lábios cheios dela, pareciam se encaixar perfeitamente, o que realmente não fazia tanto sentido assim. Então provavelmente era apenas o que pensava porque ela havia esperado por sentir aqueles lábios por tanto, tanto tempo, que simplesmente os achava perfeitos. Tudo o que ela havia esperado.
Porque ela realmente estava apaixonada demais por aquele garoto.
— Puta merda. — foi o que ela falou quando ele se afastou tão pouco que ela ainda sentia o nariz dele encostando no dela. — O quanto eu esperei por isso não está escrito.
— Eu digo o mesmo. — e novamente os lábios deles estavam unidos, desta vez por um período menor de tempo. Mas ainda assim um excelente período, era importante frisar.
— Como foi a viagem? — era estranho porque ela não estava enxergando o garoto, mas mesmo assim a presença dele ao seu lado era tão forte que ela sentia como se estivesse vendo cada parte de seu rosto.
— Tranquila até. — os braços dele passaram ao redor da cintura dela, a abraçando, colando seus corpos. — Cansativa.
— Isso foi uma deixa pra eu te deixar dormir?
— Eu prefiro continuar te agarrando. — um beijo torto no canto de sua boca e ela riu um pouco.
— Pra você errar minha boca de novo?
— Lembrando que quem beijou meu queixo foi você.
— Dorme, Tom.
— Durmo. — ele arriscou mais um beijo na namorada, acertando metade de seus lábios, para apenas então fechar os olhos e deixar o cansaço levar a melhor.
percebeu a respiração de Tom se tornar mais compassada, tranquila. Pela primeira vez ela preocupou-se com a ideia de que o rapaz roncasse. Ela simplesmente não dormia se houvesse alguém roncando no mesmo ambiente que ela. Mas, ao que parecia, ele não roncava. Ótimo. Assim ela também poderia entregar-se ao sono. Sabia que a noite seria ótima.
***
Quando acordou estava sozinha na cama. Ela coçou os olhos, tentando entender o que raios estava acontecendo. Pequenos raios de luz entravam pela fresta entre as cortinas. Então Tom havia chegado no meio ou começo da madrugada. Quer dizer, Tom havia chegado, certo? Nada daquilo havia sido um sonho, certo?
Ela saiu debaixo dos lençóis, se espreguiçando e sentindo um pouco de dor na coluna. Com certeza ela não havia sonhado, aquela dor só poderia ser por causa da posição que havia dormido, abraçada ao rapaz. Aquele colchão era bom demais para causar dor daquela maneira.
Mexeu na própria mala, procurando roupas limpas para tomar banho. Ela havia levado apenas uma mala para passar o mês inteiro – uma mala que era metade de seu tamanho, mas mesmo assim apenas uma –, então não tinha tanta coisa assim. Ela pretendia lavar suas roupas, além do que realmente possuía poucas peças. Seu dinheiro sempre foi curto e ela nunca teve roupas como prioridade de compras.
Quando foi para o banheiro que Harrison havia lhe indicado no dia anterior, ouviu vozes que provavelmente vinham da sala ou da cozinha. Não se deu o trabalho de tentar entender sobre o que os dois amigos conversavam. Ela precisava acordar de verdade, e para tanto precisava de um banho bem quente.
Todo o processo durou por volta de dez minutos. Ela havia decidido não lavar o cabelo, então o banho foi bem mais rápido que o normal. Depois teve que voltar em sua “bagagem de mão” porque ela obviamente havia esquecido de levar a escova de dentes pro banheiro. Apenas após não parecer mais com um zumbi ela finalmente foi se juntar a Harrison e Tom.
Os dois estavam sentados na mesa da cozinha, conversando e rindo alto, ambos ainda trajando seus pijamas. Na mesa havia vários tipos de alimentos de café da manhã, não tão semelhantes ao que estava acostumada. Ela achava que faltava um pão de forma com presunto e queijo, mas tudo bem. Ela poderia comer torrada com geleia.
— Bom dia, raio de sol. — Harrison a viu antes, já que Tom estava sentado de costas para ela.
O namorado virou o rosto, sorrindo ao vê-la.
— Seu cabelo está maravilhoso. — era verdade, ela até tinha esquecido que o cabelo cinza seria uma surpresa para Tom. — Eu não achava que era fisicamente possível você ficar ainda mais linda. Pelo visto eu estava errado. — ele fez um gesto para que ela se sentasse ao seu lado, dando-lhe um beijo no rosto como forma de cumprimento.
— Isso foi tão brega. — Harrison revirou os olhos, fazendo com que os outros dois começassem a rir.
sorriu enquanto pegava uma torrada e a cobria com geleia. Aquilo tudo era estranho e ela estava realmente se esforçando muito para não pedir licença para fazer qualquer coisa. Harrison havia falado que aquela também seria a casa dela, certo? E Tom era seu namorado, afinal. Há muitos meses. Ela poderia ficar à vontade.
Ainda assim era diferente estar ao seu lado, vendo-o tão de perto. Surreal não descrevia nem o início do que ela sentia a respeito daquela situação. Mas, ao mesmo tempo, era um sentimento incrível. Era a estranha sensação de ser a pessoa de fora mas de também estar no lugar certo, onde ela deveria estar.
— Olha pra você, toda arrumada e de banho tomado. — Tom sorriu, apenas observando enquanto se servia de mais dos alimentos da mesa. — Haz falou que vamos sair para fazer compras?
— Compras? — repetiu com a boca meio cheia, esforçando-se para abri-la o mínimo possível.
— A menos que você tenha um vestido de gala na sua mala. Você tem? — Tom franziu as sobrancelhas, vendo acenar negativamente. — Então precisamos fazer compras.
— Pra que?
— Como assim “pra que”? Segunda é a premiere mundial de Guerra Infinita, . Tem um código de vestimenta.
Ela sentiu quando o pedaço de torrada “desceu pelo buraco errado”. Seu corpo instantaneamente esforçou-se para expelir o objeto estranho e começou a tossir sem parar, buscando desesperadamente por ar. Ela sentiu os olhos começaram a lacrimejar. A idiota sabia que iria morrer ali, na cozinha de Tom e Harrison.
Os dois rapazes levantaram rapidamente, ajudando a também se levantar. Em poucos segundos ela sentiu Tom atrás de si, fazendo aquele movimento horroroso e levemente doloroso para ajudá-la a cuspir aquele maldito pedaço de torrada. E após três tentativas ela finalmente se livrou daquele maldito pedaço, tossindo algumas vezes e respirando fundo. Harrison lhe estendeu um copo d’água, ao que ela aceitou prontamente e deu um longo gole.
— O que aconteceu? — Tom perguntou após ver que a namorada estava recuperada e viva. E a resposta de foi um forte soco no ombro de Tom. — Ai! Pra que isso?
— Esse não é o tipo de coisa que se fala enquanto a pessoa está comendo, Thomas!
— Como você não sabia disso, ? — ele segurou a mão dela, a impedindo de lhe dar mais um soco. — Por que mais eu pediria pra você vir em abril?
— Eu não sei!
— Você é lerda!
— E você! — ela se virou para Harrison, que apenas fez cara de assustado. Todo o tempo ele havia ficado em silêncio, mas sabia que o rapaz tinha sua parcela de culpa na história. — Por que não me contou antes?
— Não me coloca nisso! — Haz levantou o dedo, segurando a risada. — É culpa do seu namorado não ter falado, e culpa sua por ser lerda.
E então os três finalmente cederam, começando a rir sem parar. Aquela cena havia sido ridícula, e engraçada, e não havia nada o que eles poderiam fazer além de rir sem parar.
***
havia descoberto muito rápido que fazer compras com três rapazes estava muito longe de ser um sonho. Ela sentia falta de Gisele e Eduarda como nunca – honestamente Juliano também não era grandes coisas opinando sobre moda. E não que fosse, mas ela sabia quando algo ficava bom ou não. Diferente de Tom, Harrison e Jacob. Qualquer vestido que ela colocava os três falavam que estava lindo.
Até mesmo quando ela colocou um vestido de saia bufante de duas cores com um tomara que caia em formato de coração que honestamente era a coisa mais horrível que já havia visto em toda sua vida. E mesmo assim os três falavam que ela estava maravilhosa.
Foi aí que ela soube que a escolha do vestido caberia a ela, e apenas a ela.
— Isso ‘tá horrível. — era mais ou menos o vigéssimo vestido que ela experimentava na décima loja que entravam.
Desta vez era um vestido de renda roxa e transparência¹ que deixava metade de seus seios para fora, a renda e alça mal cobrindo seu busto. A cintura também era marcada por transparência, apenas na saia tendo um tecido que a escondia melhor. Honestamente ela se sentia meio nua com aquela roupa.
Foi a vez de Tom engasgar. Ele literalmente cuspiu o café que havia acabado de colocar na boca. franziu as sobrancelhas para o namorado, que agora estava com o rosto vermelho, tentando desesperadamente parar de tossir e voltar a respirar.
— ‘Tá meio… Diferente. — Jacob franziu as sobrancelhas, recebendo um aceno de Harrison, que concordava com o amigo.
— Eu acho que ‘tá bom. — os olhos de Tom ainda estava grudados em , não sabendo exatamente para qual parte do corpo da namorada olhar sem parecer abusado. — Eu… Esse está realmente muito bom. É.
Harrison e Jacob se olharam, explodindo em risadas, deixando Tom ainda mais vermelho. estreitou os olhos na direção do namorado sem falar uma palavra. O garoto desviou o olhar. Ok, aquela era oficialmente uma situação esquisitíssima.
— Olha, tem mais um vestido ali dentro pra experimentar, e é o último. Se não acharmos mais nada eu vou oficialmente desistir. — ela voltou para dentro do provador, tirando o vestido roxo e transparente, questionando-se porque raios havia saído do provador vestindo-o.
Mas, para a sorte de , o último vestido² certamente seria o escolhido. Com a parte de cima preta, alças caídas e um pequeno V no decote, uma saia longa e florida. Era maravilhoso, ela estava completamente apaixonada. Ela tinha certeza que aquele era o vestido perfeito para ela. Quando saiu do provador com um sorriso que tomava todo seu rosto, ouviu um assobio vindo de Harrison.
— Eu sei que falamos “uau” para praticamente todos os vestidos, mas esse…
— Está perfeito, ! — Jacob deu um joinha com ambas mãos, o sorriso tão grande quanto o da garota.
Tom permaneceu em silêncio, apenas a observando e sorrindo. Sem falar mais nada ela voltou para o provador, finalmente terminando aquela primeira sessão de compras, voltando para seu delicioso jeans e blusa xadrez.
Junto dos três rapazes foi para o caixa pagar o vestido, onde uma pequena discussão aconteceu porque todo mundo queria pagar a porcaria da vestimenta e no fim tiveram que dividir entre os três rapazes, porque disse que pagaria os sapatos sozinha e se alguém reclamasse ela iria pegar o primeiro avião de volta para o Brasil. Sério.
— Então… Você gostou daquele vestido transparente. — praticamente cochichou para Tom enquanto eles caminhavam de volta para casa, após passar mais um tempo tentando escolher um sapato que não tivesse o salto tão alto assim porque não era obrigada, simplesmente.
Harrison e Jacob iam um pouco a frente, rindo juntos de qualquer coisa que ela não havia ouvido o começo. Ela e Tom estavam um pouco mais atrás, de mãos dadas. Ele virou um pouco o rosto, sorrindo meio sem graça.
— Desculpa?
— Fala sério, Tom. — ela parou de andar, ainda segurando a mão do rapaz e o impedindo de continuar o caminho. Harrison e Jacob nem pareceram notar, continuando mais a frente. Então levantou um pouco queixo, aproximando a boca do ouvido de Tom para que apenas ele ouvisse suas próximas palavras. — Pra que ficar me olhando com uma roupa transparente se você pode me olhar com roupa nenhuma quando quiser?
A boca de Tom abriu e fechou algumas vezes, sem conseguir formar uma frase lógica. E então ele começou a rir, segurando novamente a mão dela e voltando a caminhar um pouco mais rápido do que antes.
— E essa pressa? — ela riu mas acompanhou o ritmo do homem.
— Olha o que você me falou, . Agora temos que chegar em casa logo.
Havia uma coisa que realmente precisava fazer.
Ela precisava beijá-lo.
Mas havia toda uma nova neura: e se ela estivesse com mau hálito? A última coisa que precisaria era que o primeiro beijo com Tom fosse com sabor e cheiro de morte. Então, como quem não quer nada, ela colocou a mão em forma de concha sobre o nariz e a boca, assoprando e sentindo o próprio odor. Não estava fedendo. Claro que também não estava com hálito de menta, mas aquilo daria certo. Ela provavelmente não havia dormido o bastante para que o famoso “bafo” tomasse conta de sua boca.
Estava segura para, finalmente, o beijar.
E mesmo no escuro, mesmo sem enxergar nada, ela o beijou.
E errou, feio.
Os dois começaram a rir sem parar quando os lábios dela acertaram o queixo dele, o beijo mais torto da história. já havia aceitado que aquele relacionamento nunca seria “normal” ou fofo ou o clichê que ela tanto queria que fosse. Sempre ia algo sair errado e que renderia algumas risadas.
As mãos de Tom procuraram o rosto de , encontrando primeiro seu nariz e arrancando ainda mais risadas dos dois. Depois ele segurou o rosto dela com ambas mãos, uma em cada bochecha, apenas para ter uma noção de onde exatamente ela estava naquele maldito quarto totalmente escuro. E com cuidado e muito mais devagar do que gostaria, Tom finalmente conseguiu encontrar os lábios de e, pela primeira vez, beijar a namorada.
Se aquele não era o melhor beijo da vida de ela não sabia qual era.
Os lábios finos dele, em oposição aos lábios cheios dela, pareciam se encaixar perfeitamente, o que realmente não fazia tanto sentido assim. Então provavelmente era apenas o que pensava porque ela havia esperado por sentir aqueles lábios por tanto, tanto tempo, que simplesmente os achava perfeitos. Tudo o que ela havia esperado.
Porque ela realmente estava apaixonada demais por aquele garoto.
— Puta merda. — foi o que ela falou quando ele se afastou tão pouco que ela ainda sentia o nariz dele encostando no dela. — O quanto eu esperei por isso não está escrito.
— Eu digo o mesmo. — e novamente os lábios deles estavam unidos, desta vez por um período menor de tempo. Mas ainda assim um excelente período, era importante frisar.
— Como foi a viagem? — era estranho porque ela não estava enxergando o garoto, mas mesmo assim a presença dele ao seu lado era tão forte que ela sentia como se estivesse vendo cada parte de seu rosto.
— Tranquila até. — os braços dele passaram ao redor da cintura dela, a abraçando, colando seus corpos. — Cansativa.
— Isso foi uma deixa pra eu te deixar dormir?
— Eu prefiro continuar te agarrando. — um beijo torto no canto de sua boca e ela riu um pouco.
— Pra você errar minha boca de novo?
— Lembrando que quem beijou meu queixo foi você.
— Dorme, Tom.
— Durmo. — ele arriscou mais um beijo na namorada, acertando metade de seus lábios, para apenas então fechar os olhos e deixar o cansaço levar a melhor.
percebeu a respiração de Tom se tornar mais compassada, tranquila. Pela primeira vez ela preocupou-se com a ideia de que o rapaz roncasse. Ela simplesmente não dormia se houvesse alguém roncando no mesmo ambiente que ela. Mas, ao que parecia, ele não roncava. Ótimo. Assim ela também poderia entregar-se ao sono. Sabia que a noite seria ótima.
Quando acordou estava sozinha na cama. Ela coçou os olhos, tentando entender o que raios estava acontecendo. Pequenos raios de luz entravam pela fresta entre as cortinas. Então Tom havia chegado no meio ou começo da madrugada. Quer dizer, Tom havia chegado, certo? Nada daquilo havia sido um sonho, certo?
Ela saiu debaixo dos lençóis, se espreguiçando e sentindo um pouco de dor na coluna. Com certeza ela não havia sonhado, aquela dor só poderia ser por causa da posição que havia dormido, abraçada ao rapaz. Aquele colchão era bom demais para causar dor daquela maneira.
Mexeu na própria mala, procurando roupas limpas para tomar banho. Ela havia levado apenas uma mala para passar o mês inteiro – uma mala que era metade de seu tamanho, mas mesmo assim apenas uma –, então não tinha tanta coisa assim. Ela pretendia lavar suas roupas, além do que realmente possuía poucas peças. Seu dinheiro sempre foi curto e ela nunca teve roupas como prioridade de compras.
Quando foi para o banheiro que Harrison havia lhe indicado no dia anterior, ouviu vozes que provavelmente vinham da sala ou da cozinha. Não se deu o trabalho de tentar entender sobre o que os dois amigos conversavam. Ela precisava acordar de verdade, e para tanto precisava de um banho bem quente.
Todo o processo durou por volta de dez minutos. Ela havia decidido não lavar o cabelo, então o banho foi bem mais rápido que o normal. Depois teve que voltar em sua “bagagem de mão” porque ela obviamente havia esquecido de levar a escova de dentes pro banheiro. Apenas após não parecer mais com um zumbi ela finalmente foi se juntar a Harrison e Tom.
Os dois estavam sentados na mesa da cozinha, conversando e rindo alto, ambos ainda trajando seus pijamas. Na mesa havia vários tipos de alimentos de café da manhã, não tão semelhantes ao que estava acostumada. Ela achava que faltava um pão de forma com presunto e queijo, mas tudo bem. Ela poderia comer torrada com geleia.
— Bom dia, raio de sol. — Harrison a viu antes, já que Tom estava sentado de costas para ela.
O namorado virou o rosto, sorrindo ao vê-la.
— Seu cabelo está maravilhoso. — era verdade, ela até tinha esquecido que o cabelo cinza seria uma surpresa para Tom. — Eu não achava que era fisicamente possível você ficar ainda mais linda. Pelo visto eu estava errado. — ele fez um gesto para que ela se sentasse ao seu lado, dando-lhe um beijo no rosto como forma de cumprimento.
— Isso foi tão brega. — Harrison revirou os olhos, fazendo com que os outros dois começassem a rir.
sorriu enquanto pegava uma torrada e a cobria com geleia. Aquilo tudo era estranho e ela estava realmente se esforçando muito para não pedir licença para fazer qualquer coisa. Harrison havia falado que aquela também seria a casa dela, certo? E Tom era seu namorado, afinal. Há muitos meses. Ela poderia ficar à vontade.
Ainda assim era diferente estar ao seu lado, vendo-o tão de perto. Surreal não descrevia nem o início do que ela sentia a respeito daquela situação. Mas, ao mesmo tempo, era um sentimento incrível. Era a estranha sensação de ser a pessoa de fora mas de também estar no lugar certo, onde ela deveria estar.
— Olha pra você, toda arrumada e de banho tomado. — Tom sorriu, apenas observando enquanto se servia de mais dos alimentos da mesa. — Haz falou que vamos sair para fazer compras?
— Compras? — repetiu com a boca meio cheia, esforçando-se para abri-la o mínimo possível.
— A menos que você tenha um vestido de gala na sua mala. Você tem? — Tom franziu as sobrancelhas, vendo acenar negativamente. — Então precisamos fazer compras.
— Pra que?
— Como assim “pra que”? Segunda é a premiere mundial de Guerra Infinita, . Tem um código de vestimenta.
Ela sentiu quando o pedaço de torrada “desceu pelo buraco errado”. Seu corpo instantaneamente esforçou-se para expelir o objeto estranho e começou a tossir sem parar, buscando desesperadamente por ar. Ela sentiu os olhos começaram a lacrimejar. A idiota sabia que iria morrer ali, na cozinha de Tom e Harrison.
Os dois rapazes levantaram rapidamente, ajudando a também se levantar. Em poucos segundos ela sentiu Tom atrás de si, fazendo aquele movimento horroroso e levemente doloroso para ajudá-la a cuspir aquele maldito pedaço de torrada. E após três tentativas ela finalmente se livrou daquele maldito pedaço, tossindo algumas vezes e respirando fundo. Harrison lhe estendeu um copo d’água, ao que ela aceitou prontamente e deu um longo gole.
— O que aconteceu? — Tom perguntou após ver que a namorada estava recuperada e viva. E a resposta de foi um forte soco no ombro de Tom. — Ai! Pra que isso?
— Esse não é o tipo de coisa que se fala enquanto a pessoa está comendo, Thomas!
— Como você não sabia disso, ? — ele segurou a mão dela, a impedindo de lhe dar mais um soco. — Por que mais eu pediria pra você vir em abril?
— Eu não sei!
— Você é lerda!
— E você! — ela se virou para Harrison, que apenas fez cara de assustado. Todo o tempo ele havia ficado em silêncio, mas sabia que o rapaz tinha sua parcela de culpa na história. — Por que não me contou antes?
— Não me coloca nisso! — Haz levantou o dedo, segurando a risada. — É culpa do seu namorado não ter falado, e culpa sua por ser lerda.
E então os três finalmente cederam, começando a rir sem parar. Aquela cena havia sido ridícula, e engraçada, e não havia nada o que eles poderiam fazer além de rir sem parar.
havia descoberto muito rápido que fazer compras com três rapazes estava muito longe de ser um sonho. Ela sentia falta de Gisele e Eduarda como nunca – honestamente Juliano também não era grandes coisas opinando sobre moda. E não que fosse, mas ela sabia quando algo ficava bom ou não. Diferente de Tom, Harrison e Jacob. Qualquer vestido que ela colocava os três falavam que estava lindo.
Até mesmo quando ela colocou um vestido de saia bufante de duas cores com um tomara que caia em formato de coração que honestamente era a coisa mais horrível que já havia visto em toda sua vida. E mesmo assim os três falavam que ela estava maravilhosa.
Foi aí que ela soube que a escolha do vestido caberia a ela, e apenas a ela.
— Isso ‘tá horrível. — era mais ou menos o vigéssimo vestido que ela experimentava na décima loja que entravam.
Desta vez era um vestido de renda roxa e transparência¹ que deixava metade de seus seios para fora, a renda e alça mal cobrindo seu busto. A cintura também era marcada por transparência, apenas na saia tendo um tecido que a escondia melhor. Honestamente ela se sentia meio nua com aquela roupa.
Foi a vez de Tom engasgar. Ele literalmente cuspiu o café que havia acabado de colocar na boca. franziu as sobrancelhas para o namorado, que agora estava com o rosto vermelho, tentando desesperadamente parar de tossir e voltar a respirar.
— ‘Tá meio… Diferente. — Jacob franziu as sobrancelhas, recebendo um aceno de Harrison, que concordava com o amigo.
— Eu acho que ‘tá bom. — os olhos de Tom ainda estava grudados em , não sabendo exatamente para qual parte do corpo da namorada olhar sem parecer abusado. — Eu… Esse está realmente muito bom. É.
Harrison e Jacob se olharam, explodindo em risadas, deixando Tom ainda mais vermelho. estreitou os olhos na direção do namorado sem falar uma palavra. O garoto desviou o olhar. Ok, aquela era oficialmente uma situação esquisitíssima.
— Olha, tem mais um vestido ali dentro pra experimentar, e é o último. Se não acharmos mais nada eu vou oficialmente desistir. — ela voltou para dentro do provador, tirando o vestido roxo e transparente, questionando-se porque raios havia saído do provador vestindo-o.
Mas, para a sorte de , o último vestido² certamente seria o escolhido. Com a parte de cima preta, alças caídas e um pequeno V no decote, uma saia longa e florida. Era maravilhoso, ela estava completamente apaixonada. Ela tinha certeza que aquele era o vestido perfeito para ela. Quando saiu do provador com um sorriso que tomava todo seu rosto, ouviu um assobio vindo de Harrison.
— Eu sei que falamos “uau” para praticamente todos os vestidos, mas esse…
— Está perfeito, ! — Jacob deu um joinha com ambas mãos, o sorriso tão grande quanto o da garota.
Tom permaneceu em silêncio, apenas a observando e sorrindo. Sem falar mais nada ela voltou para o provador, finalmente terminando aquela primeira sessão de compras, voltando para seu delicioso jeans e blusa xadrez.
Junto dos três rapazes foi para o caixa pagar o vestido, onde uma pequena discussão aconteceu porque todo mundo queria pagar a porcaria da vestimenta e no fim tiveram que dividir entre os três rapazes, porque disse que pagaria os sapatos sozinha e se alguém reclamasse ela iria pegar o primeiro avião de volta para o Brasil. Sério.
— Então… Você gostou daquele vestido transparente. — praticamente cochichou para Tom enquanto eles caminhavam de volta para casa, após passar mais um tempo tentando escolher um sapato que não tivesse o salto tão alto assim porque não era obrigada, simplesmente.
Harrison e Jacob iam um pouco a frente, rindo juntos de qualquer coisa que ela não havia ouvido o começo. Ela e Tom estavam um pouco mais atrás, de mãos dadas. Ele virou um pouco o rosto, sorrindo meio sem graça.
— Desculpa?
— Fala sério, Tom. — ela parou de andar, ainda segurando a mão do rapaz e o impedindo de continuar o caminho. Harrison e Jacob nem pareceram notar, continuando mais a frente. Então levantou um pouco queixo, aproximando a boca do ouvido de Tom para que apenas ele ouvisse suas próximas palavras. — Pra que ficar me olhando com uma roupa transparente se você pode me olhar com roupa nenhuma quando quiser?
A boca de Tom abriu e fechou algumas vezes, sem conseguir formar uma frase lógica. E então ele começou a rir, segurando novamente a mão dela e voltando a caminhar um pouco mais rápido do que antes.
— E essa pressa? — ela riu mas acompanhou o ritmo do homem.
— Olha o que você me falou, . Agora temos que chegar em casa logo.
3.
tinha certeza que iria vomitar. Acontecia constantemente quando ela se sentia muito nervosa. E ela não sabia ao certo se poderia ficar mais nervosa do que aquilo. Antes de tudo o que havia acontecido em sua vida, antes de sentir como se houvesse dado uma volta de cento e oitenta graus, era fã da Marvel. Antes de começar a namorar Tom Holland, era fã da Marvel. Então saber que estava a poucas horas de assistir Vingadores: Guerra Infinita, o maior filme da Marvel até o momento, era sim o bastante para que ela passasse mal.
Por isso ela estava sentada na cama trajando apenas sua roupa íntima, o vestido de saia florida pendurado no guarda roupas, olhando para ela. Perguntando-lhe se ela não o vestiria logo porque eles tinham que sair de casa já que o tapete vermelho sempre parecia levar uma vida inteira. E ela queria colocar o vestido porque sabia que ficava maravilhosa com aquela roupa, mas parecia que algo a travava.
Era aquele sentimento de novo, de que nada daquilo poderia ser real porque era tudo bom demais para estar realmente acontecendo, e quando em sua vida ela havia sido tão sortuda? Toda sua sorte havia sido canalizada em Tom, era a única explicação. E ela já estava com o cabelo lindo, a maquiagem maravilhosa, só faltava colocar o vestido. O barulho do chuveiro já havia silenciado, e a qualquer momento Tom provavelmente apareceria já vestindo seu terno, pronto para sair de casa.
— ? — suas previsões provaram-se quase certas ao ver Tom entrar no quarto, porém ele trajava apenas a calça do terno, o peito nu com a toalha caída nos ombros, os cabelos levemente molhados. — ‘Tá tudo certo?
— Uhum. — ela balançou a cabeça, os olhos ainda no vestido. — Perfeito.
— Não. Tem alguma coisa errada. — ele então se sentou ao lado dela, tocando seu braço, descendo a própria mão até que encontrasse a da namorada. — Quer me falar?
— ‘Tá tudo bem, amor. De verdade. — ela virou o rosto na direção dele, roubando um rápido beijo do namorado e o abraçando.
Ela estava com Tom há exatamente dois dias (dependendo de como preferisse contar) e mesmo assim sentia como se estivesse com ele há anos, como se estar ao lado dele, em seus braços, fosse simplesmente natural. E era ali que ela queria continuar por muito tempo, honestamente.
— Vou acreditar. — os lábios dele encontraram a bochecha dela em um demorado beijo.
— Eu te amo. — ela se afastou um pouco, olhando nos olhos dele e recebendo o sorriso mais lindo do mundo.
— Eu também te amo. — ele aproveitou o momento para realmente beijar os lábios de , demorando-se, aproveitando a sensação de tê-la tão perto. Depois se afastou, vendo-a sorrir. — Se você quiser, eu posso contratar alguém pra ir em meu lugar e a gente fica aqui, quietinhos, só nós dois.
Tom precisou segurar a risada porque ele sabia exatamente qual seria a resposta de . Ele mesmo achava aquela ideia péssima, mas seria engraçado ver como a namorada reagiria. Ela então se afastou ainda mais, inclinando a cabeça e fazendo uma cara meio brava e meio “você só pode ser idiota”.
— Não fala merda, Thomas. — e assim, com quatro palavras, o romance estava morto. — Até parece que eu vou deixar de ir na premiere de Vingadores. O elenco todo vai estar lá. O Robert Downey Jr. vai estar lá!
— O que tem o Downey?
— Tem que eu sou apaixonada por ele. — Tom franziu as sobrancelhas para a namorada, que agora já estava de pé, começando a colocar o vestido.
— É sério que você falou isso pra mim? — o rapaz também se levantou, passando a vestir a camisa vinho que usaria por baixo do terno.
— Tom, eu te amo. De verdade. Tipo, pra caralho. — ela ficou de costas, claramente esperando que Tom fechasse o zíper de seu vestido. Ele revirou os olhos, aproximando-se da namorada e subindo o zíper. Ela então se virou para ele com um enorme sorriso. — Mas se o Downey fosse solteiro e me desse bola, eu ficaria com ele sem pensar duas vezes.
— Você é a pior namorada do mundo.
— Repete isso umas mil vezes. Quem sabe assim você acredita. — ela o puxou para perto, dando um demorado selinho antes de sorrir e sair do quarto, deixando que ele terminasse de se arrumar.
***
A única coisa impedindo de gritar no tapete vermelho era Harrison Osterfield. Primeiro que os dois haviam ido separados de Tom e Jacob. Aparentemente apenas o elenco principal tinha permissão para chegar no tapete vermelho de carro. Convidados simples, como os dois – o que achava meio absurdo já que Haz trabalhava para Tom – deveriam chegar a pé – no caso deles, Uber – e entrar… A pé.
Assim que adentrou o espaço sentiu-se completamente sufocada. Não que ela não estivesse amando, porque no fundo ela estava. estava na premiere de Guerra Infinita, em Los Angeles, não havia realmente como ela odiar tudo o que estava acontecendo por ali. E, pela primeira vez em sua vida, ela estava pisando em tapete vermelho. Com celebridades passando perto de si. Fãs gritando enlouquecidas contra a grade, com cartazes e tudo o mais.
O braço dela estava ao redor do braço de Harrison, que a guiava pelo longo caminho. Câmeras e repórteres estavam por todo lado, entrevistando as mais diferentes celebridades. Ela ainda não tinha visto Tom, mas não estava muito preocupada com ele. Sabia que o namorado era do tipo que tentaria falar com todo repórter que o paresse e com todo fã que estivesse na grade.
via que algumas pessoas na grade acenavam para Harrison, que respondia os acenos com um enorme sorriso. Ela tinha certeza que eram fãs de Tom, e toda boa fã de Tom sabia quem era Haz.
— E não é que você também é famoso? — ela o provocou, rindo.
— É, todo mundo me conhece, o “melhor amigo do Tom”.
— Eu já vi também te chamarem de “namorado do Tom”.
— Eu era, mas aí você apareceu e o roubou de mim. — Harrison fez uma expressão triste exagerada, arrancando várias risadas de . — O que está achando do seu primeiro tapete vermelho?
— É diferente do que eu esperava, mas… É bom. Estou gostando.
— A melhor parte não é agora, acredite. — Harrison piscou para , deixando-a entendendo um total de zero coisas.
sentiu-se obrigada a parar em alguns momentos para tirar fotos, porque você não vai na premiere do maior filme de heróis atualmente a finge que nada aconteceu. Mesmo que ela não fosse postar agora, elas pelo menos teria fotos do evento. Ela e Harrison tiraram várias selfies, sorrindo feito idiotas, fazendo caretas, se divertindo, até que um segurança pedisse para que eles, por favor, entrassem no cinema.
Foi dentro do local que teve certeza que teria um ataque.
O filme ainda não havia começado, e pelas contas de Harrison ainda faltava bons quarenta minutos, mas o cinema já estava começando a lotar, várias rodinhas de pessoas jogando conversa fora, se divertindo. E conseguia ver muitas celebridades perto. Realmente perto. E ela queria muito gritar e correr e conversar com todos, mas ela sabia que não poderia.
— Encontrei vocês. — ela sentiu dois braços ao redor da sua cintura, a apertando em um abraço, e um beijo rápido em seu rosto.
Ela cobriu os braços de Tom com o próprio braço, aceitando o abraço do namorado, deixando-o próximo de si, mas não demorou muito para que ele saísse de trás dela, posicionando-se ao seu lado, porém mantendo o braço esquerdo ao redor de sua cintura. Os três ficaram apenas conversando, esperando que o filme finalmente começasse.
— Tom! — alguém se aproximou dos três, um enorme sorriso no rosto. precisou de apenas dois segundos para reconhecer Chris Pratt. — Não tinha te visto ainda! Quem passou o tapete vermelho com você?
— Eu passei sozinho. — o braço de Tom continuava na cintura de , o que a garota achava ótimo porque ela tinha certeza que iria cair a qualquer momento.
— Deixaram? Você não soltou nenhum spoiler no caminho?
— Acredito que não. — Tom riu, sendo acompanhado por Pratt.
olhou desesperada para Harrison, que apenas ria. Será que ninguém havia percebido que ela estava quase branca – e isso realmente queria dizer muito sobre sua situação? Que a qualquer momento ela poderia desmaiar? Olá, fã no recinto? Alguém pode ajudar?
— Harrison, você impediu o Tom de falar demais, certo? — os olhos de Pratt encontraram os de Harrison, que precisou de alguns segundos para se recompor e respondê-lo.
— Geralmente eu tento, mas hoje eu estava acompanhando a aqui. — o rapaz apontou para a menina.
Então finalmente os olhos de Pratt e encontraram, parecendo notá-la pela primeira vez. Ele então sorriu estendendo a mão para ela, o que fez querer morrer. Ela sabia que sua mão estava muito gelada e que provavelmente ela estava tremendo. Mas era uma pessoa educada, claro que ela não recusaria um aperto de mão, especialmente um vindo de Chris Pratt.
— Você eu não conheço. Prazer, segundo Chris mais bonito daqui.
— Segundo? — ela tentou soar normal, mas apenas o olhar de Harrison já deixava claro que sua voz não estava certa. Provavelmente mais fina.
— Você ainda não conheceu o Hemsworth, né?
— Não. — ela riu, sentindo-o soltar sua mão. E então lembrou-se que ainda não havia se apresentado. — , prazer.
— é minha namorada, Chris. — ela sentiu um leve aperto de Tom em sua cintura, um enorme sorriso no rosto do rapaz.
— Você namora? Com ela? — Pratt pareceu chocado ao encarar Tom, virando-se então para . — Você escolheu namorar com ele?
— Isso foi ofensivo. — apesar das palavras tristes o sorriso ainda estava no rosto de Tom, que claramente havia levado na brincadeira.
— A gente aceita o que a vida oferece, né. — balançou os ombros, conseguindo arrancar uma alta risada de Chris Pratt e sentindo-se um bolinho especial. Sentiu uma forte cutucada do namorado mas ignorou completamente. Ele sabia que, assim como Pratt, ela estava brincando.
— Um dia você consegue algo melhor, não desista. — Pratt piscou para ela.
Ele e Tom trocaram mais algumas palavras antes de Pratt pedir licença e se retirar, indo conversar com algum outro colega de elenco. Assim que o homem não estava mais na visão de , ela finalmente permitiu-se agarrar Tom e esconder a cabeça entre seu ombro e seu pescoço. Sentiu o abraço de Tom mantendo-a próxima de si, segurando seu corpo com delicadeza.
— ?
— O Chris Pratt falou comigo. O Chris Pratt. Ele falou comigo. — ela não iria chorar, claro. Mas ela bem queria.
Porque era uma fã, e a vida inteira ela havia sonhado em conhecer todas as pessoas que estavam exatamente no mesmo cinema que ela. E mesmo que ela tivesse apenas falado com uma delas, ela havia falado com uma delas. Era mais do que ela jamais havia sonhado.
Sem contar o fato que ela era namorada do Tom Holland, mas com isso ela já havia se acostumado. Mais ou menos.
— , calma porque ainda tem muito evento pela frente. — ela sentiu Harrison dar alguns tapinhas reconfortantes em seu braço.
Ela soltou Tom e encarou Harrison, acenando positivamente. O filme ainda nem havia começado. A noite estava apenas começando.
***
O filme era tudo o que havia esperado e, ao mesmo tempo, muito melhor. E tudo estava perfeitamente bem. Cada reação de havia sido exatamente o que Tom esperava.
Até a cena da morte do Peter Parker.
Ele sentiu os braços da garota de fecharem com força ao redor do seu braço direito, uma força que ele não sabia que ela possuía. Então a cabeça dela apoiou-se em seu braço.
Tom sentiu chorar.
— Por favor, não morre… — ela sussurrou em meio a soluços.
Talvez devesse ser fofo, afinal ele havia atuado bem o bastante para fazer com que a namorada de fato chorasse com a cena. E mesmo que aquela fosse a primeira vez que Tom visse a cena, ele estava orgulhoso de si mesmo, e levemente impressionado. Mas, ao mesmo tempo, Tom estava preocupado.
— ? ‘Tá bem?
Na tela ele se ouviu falar “desculpe”, e então desaparecer completamente, o corpo de Tony Stark caindo pela falta do seu próprio, ele tornando-se pó.
Ao seu lado, ainda soluçava.
— O Peter não, por favor…
— , ‘tá tudo bem. — ele se soltou do aperto dela, livrando o próprio braço e o passando pelos ombros da garota, puxando-a para um abraço, sentindo a cabeça dela afundar em seu peito. — Eu ‘tô aqui, ‘tá tudo bem.
— Eu te amo, Tom. Muito. Mas puta merda, como você me fez sofrer. — ele apenas riu, recebendo um leve soco da garota. — Minha maquiagem borrou e eu te culpo.
Eles não falaram mais nada até o fim do filme, quando todos aplaudiram e aos poucos as pessoas se levantavam, novamente passando e se reunir em grupos para conversar mais sobre o que haviam acabado de assistir, provavelmente apontando termos técnicos.
Ele, , Harrison e Jacob – que eles haviam encontrado apenas ao se sentar – saíram das cadeiras, caminhando até um dos corredores cheios. Haz e Jacob não perderam a chance de rir um pouco da maquiagem de , mas não durou muito, já que ela pediu licença e foi para o banheiro, voltando alguns minutos depois com a maquiagem em perfeito estado, apesar de Tom ainda conseguir enxergar seu nariz um pouco vermelho.
— E agora? — foi a primeira coisa que ela perguntou ao se aproximar novamente do trio de amigos.
— Agora é a melhor parte, . Nós vamos para a afterparty.
Por isso ela estava sentada na cama trajando apenas sua roupa íntima, o vestido de saia florida pendurado no guarda roupas, olhando para ela. Perguntando-lhe se ela não o vestiria logo porque eles tinham que sair de casa já que o tapete vermelho sempre parecia levar uma vida inteira. E ela queria colocar o vestido porque sabia que ficava maravilhosa com aquela roupa, mas parecia que algo a travava.
Era aquele sentimento de novo, de que nada daquilo poderia ser real porque era tudo bom demais para estar realmente acontecendo, e quando em sua vida ela havia sido tão sortuda? Toda sua sorte havia sido canalizada em Tom, era a única explicação. E ela já estava com o cabelo lindo, a maquiagem maravilhosa, só faltava colocar o vestido. O barulho do chuveiro já havia silenciado, e a qualquer momento Tom provavelmente apareceria já vestindo seu terno, pronto para sair de casa.
— ? — suas previsões provaram-se quase certas ao ver Tom entrar no quarto, porém ele trajava apenas a calça do terno, o peito nu com a toalha caída nos ombros, os cabelos levemente molhados. — ‘Tá tudo certo?
— Uhum. — ela balançou a cabeça, os olhos ainda no vestido. — Perfeito.
— Não. Tem alguma coisa errada. — ele então se sentou ao lado dela, tocando seu braço, descendo a própria mão até que encontrasse a da namorada. — Quer me falar?
— ‘Tá tudo bem, amor. De verdade. — ela virou o rosto na direção dele, roubando um rápido beijo do namorado e o abraçando.
Ela estava com Tom há exatamente dois dias (dependendo de como preferisse contar) e mesmo assim sentia como se estivesse com ele há anos, como se estar ao lado dele, em seus braços, fosse simplesmente natural. E era ali que ela queria continuar por muito tempo, honestamente.
— Vou acreditar. — os lábios dele encontraram a bochecha dela em um demorado beijo.
— Eu te amo. — ela se afastou um pouco, olhando nos olhos dele e recebendo o sorriso mais lindo do mundo.
— Eu também te amo. — ele aproveitou o momento para realmente beijar os lábios de , demorando-se, aproveitando a sensação de tê-la tão perto. Depois se afastou, vendo-a sorrir. — Se você quiser, eu posso contratar alguém pra ir em meu lugar e a gente fica aqui, quietinhos, só nós dois.
Tom precisou segurar a risada porque ele sabia exatamente qual seria a resposta de . Ele mesmo achava aquela ideia péssima, mas seria engraçado ver como a namorada reagiria. Ela então se afastou ainda mais, inclinando a cabeça e fazendo uma cara meio brava e meio “você só pode ser idiota”.
— Não fala merda, Thomas. — e assim, com quatro palavras, o romance estava morto. — Até parece que eu vou deixar de ir na premiere de Vingadores. O elenco todo vai estar lá. O Robert Downey Jr. vai estar lá!
— O que tem o Downey?
— Tem que eu sou apaixonada por ele. — Tom franziu as sobrancelhas para a namorada, que agora já estava de pé, começando a colocar o vestido.
— É sério que você falou isso pra mim? — o rapaz também se levantou, passando a vestir a camisa vinho que usaria por baixo do terno.
— Tom, eu te amo. De verdade. Tipo, pra caralho. — ela ficou de costas, claramente esperando que Tom fechasse o zíper de seu vestido. Ele revirou os olhos, aproximando-se da namorada e subindo o zíper. Ela então se virou para ele com um enorme sorriso. — Mas se o Downey fosse solteiro e me desse bola, eu ficaria com ele sem pensar duas vezes.
— Você é a pior namorada do mundo.
— Repete isso umas mil vezes. Quem sabe assim você acredita. — ela o puxou para perto, dando um demorado selinho antes de sorrir e sair do quarto, deixando que ele terminasse de se arrumar.
A única coisa impedindo de gritar no tapete vermelho era Harrison Osterfield. Primeiro que os dois haviam ido separados de Tom e Jacob. Aparentemente apenas o elenco principal tinha permissão para chegar no tapete vermelho de carro. Convidados simples, como os dois – o que achava meio absurdo já que Haz trabalhava para Tom – deveriam chegar a pé – no caso deles, Uber – e entrar… A pé.
Assim que adentrou o espaço sentiu-se completamente sufocada. Não que ela não estivesse amando, porque no fundo ela estava. estava na premiere de Guerra Infinita, em Los Angeles, não havia realmente como ela odiar tudo o que estava acontecendo por ali. E, pela primeira vez em sua vida, ela estava pisando em tapete vermelho. Com celebridades passando perto de si. Fãs gritando enlouquecidas contra a grade, com cartazes e tudo o mais.
O braço dela estava ao redor do braço de Harrison, que a guiava pelo longo caminho. Câmeras e repórteres estavam por todo lado, entrevistando as mais diferentes celebridades. Ela ainda não tinha visto Tom, mas não estava muito preocupada com ele. Sabia que o namorado era do tipo que tentaria falar com todo repórter que o paresse e com todo fã que estivesse na grade.
via que algumas pessoas na grade acenavam para Harrison, que respondia os acenos com um enorme sorriso. Ela tinha certeza que eram fãs de Tom, e toda boa fã de Tom sabia quem era Haz.
— E não é que você também é famoso? — ela o provocou, rindo.
— É, todo mundo me conhece, o “melhor amigo do Tom”.
— Eu já vi também te chamarem de “namorado do Tom”.
— Eu era, mas aí você apareceu e o roubou de mim. — Harrison fez uma expressão triste exagerada, arrancando várias risadas de . — O que está achando do seu primeiro tapete vermelho?
— É diferente do que eu esperava, mas… É bom. Estou gostando.
— A melhor parte não é agora, acredite. — Harrison piscou para , deixando-a entendendo um total de zero coisas.
sentiu-se obrigada a parar em alguns momentos para tirar fotos, porque você não vai na premiere do maior filme de heróis atualmente a finge que nada aconteceu. Mesmo que ela não fosse postar agora, elas pelo menos teria fotos do evento. Ela e Harrison tiraram várias selfies, sorrindo feito idiotas, fazendo caretas, se divertindo, até que um segurança pedisse para que eles, por favor, entrassem no cinema.
Foi dentro do local que teve certeza que teria um ataque.
O filme ainda não havia começado, e pelas contas de Harrison ainda faltava bons quarenta minutos, mas o cinema já estava começando a lotar, várias rodinhas de pessoas jogando conversa fora, se divertindo. E conseguia ver muitas celebridades perto. Realmente perto. E ela queria muito gritar e correr e conversar com todos, mas ela sabia que não poderia.
— Encontrei vocês. — ela sentiu dois braços ao redor da sua cintura, a apertando em um abraço, e um beijo rápido em seu rosto.
Ela cobriu os braços de Tom com o próprio braço, aceitando o abraço do namorado, deixando-o próximo de si, mas não demorou muito para que ele saísse de trás dela, posicionando-se ao seu lado, porém mantendo o braço esquerdo ao redor de sua cintura. Os três ficaram apenas conversando, esperando que o filme finalmente começasse.
— Tom! — alguém se aproximou dos três, um enorme sorriso no rosto. precisou de apenas dois segundos para reconhecer Chris Pratt. — Não tinha te visto ainda! Quem passou o tapete vermelho com você?
— Eu passei sozinho. — o braço de Tom continuava na cintura de , o que a garota achava ótimo porque ela tinha certeza que iria cair a qualquer momento.
— Deixaram? Você não soltou nenhum spoiler no caminho?
— Acredito que não. — Tom riu, sendo acompanhado por Pratt.
olhou desesperada para Harrison, que apenas ria. Será que ninguém havia percebido que ela estava quase branca – e isso realmente queria dizer muito sobre sua situação? Que a qualquer momento ela poderia desmaiar? Olá, fã no recinto? Alguém pode ajudar?
— Harrison, você impediu o Tom de falar demais, certo? — os olhos de Pratt encontraram os de Harrison, que precisou de alguns segundos para se recompor e respondê-lo.
— Geralmente eu tento, mas hoje eu estava acompanhando a aqui. — o rapaz apontou para a menina.
Então finalmente os olhos de Pratt e encontraram, parecendo notá-la pela primeira vez. Ele então sorriu estendendo a mão para ela, o que fez querer morrer. Ela sabia que sua mão estava muito gelada e que provavelmente ela estava tremendo. Mas era uma pessoa educada, claro que ela não recusaria um aperto de mão, especialmente um vindo de Chris Pratt.
— Você eu não conheço. Prazer, segundo Chris mais bonito daqui.
— Segundo? — ela tentou soar normal, mas apenas o olhar de Harrison já deixava claro que sua voz não estava certa. Provavelmente mais fina.
— Você ainda não conheceu o Hemsworth, né?
— Não. — ela riu, sentindo-o soltar sua mão. E então lembrou-se que ainda não havia se apresentado. — , prazer.
— é minha namorada, Chris. — ela sentiu um leve aperto de Tom em sua cintura, um enorme sorriso no rosto do rapaz.
— Você namora? Com ela? — Pratt pareceu chocado ao encarar Tom, virando-se então para . — Você escolheu namorar com ele?
— Isso foi ofensivo. — apesar das palavras tristes o sorriso ainda estava no rosto de Tom, que claramente havia levado na brincadeira.
— A gente aceita o que a vida oferece, né. — balançou os ombros, conseguindo arrancar uma alta risada de Chris Pratt e sentindo-se um bolinho especial. Sentiu uma forte cutucada do namorado mas ignorou completamente. Ele sabia que, assim como Pratt, ela estava brincando.
— Um dia você consegue algo melhor, não desista. — Pratt piscou para ela.
Ele e Tom trocaram mais algumas palavras antes de Pratt pedir licença e se retirar, indo conversar com algum outro colega de elenco. Assim que o homem não estava mais na visão de , ela finalmente permitiu-se agarrar Tom e esconder a cabeça entre seu ombro e seu pescoço. Sentiu o abraço de Tom mantendo-a próxima de si, segurando seu corpo com delicadeza.
— ?
— O Chris Pratt falou comigo. O Chris Pratt. Ele falou comigo. — ela não iria chorar, claro. Mas ela bem queria.
Porque era uma fã, e a vida inteira ela havia sonhado em conhecer todas as pessoas que estavam exatamente no mesmo cinema que ela. E mesmo que ela tivesse apenas falado com uma delas, ela havia falado com uma delas. Era mais do que ela jamais havia sonhado.
Sem contar o fato que ela era namorada do Tom Holland, mas com isso ela já havia se acostumado. Mais ou menos.
— , calma porque ainda tem muito evento pela frente. — ela sentiu Harrison dar alguns tapinhas reconfortantes em seu braço.
Ela soltou Tom e encarou Harrison, acenando positivamente. O filme ainda nem havia começado. A noite estava apenas começando.
O filme era tudo o que havia esperado e, ao mesmo tempo, muito melhor. E tudo estava perfeitamente bem. Cada reação de havia sido exatamente o que Tom esperava.
Até a cena da morte do Peter Parker.
Ele sentiu os braços da garota de fecharem com força ao redor do seu braço direito, uma força que ele não sabia que ela possuía. Então a cabeça dela apoiou-se em seu braço.
Tom sentiu chorar.
— Por favor, não morre… — ela sussurrou em meio a soluços.
Talvez devesse ser fofo, afinal ele havia atuado bem o bastante para fazer com que a namorada de fato chorasse com a cena. E mesmo que aquela fosse a primeira vez que Tom visse a cena, ele estava orgulhoso de si mesmo, e levemente impressionado. Mas, ao mesmo tempo, Tom estava preocupado.
— ? ‘Tá bem?
Na tela ele se ouviu falar “desculpe”, e então desaparecer completamente, o corpo de Tony Stark caindo pela falta do seu próprio, ele tornando-se pó.
Ao seu lado, ainda soluçava.
— O Peter não, por favor…
— , ‘tá tudo bem. — ele se soltou do aperto dela, livrando o próprio braço e o passando pelos ombros da garota, puxando-a para um abraço, sentindo a cabeça dela afundar em seu peito. — Eu ‘tô aqui, ‘tá tudo bem.
— Eu te amo, Tom. Muito. Mas puta merda, como você me fez sofrer. — ele apenas riu, recebendo um leve soco da garota. — Minha maquiagem borrou e eu te culpo.
Eles não falaram mais nada até o fim do filme, quando todos aplaudiram e aos poucos as pessoas se levantavam, novamente passando e se reunir em grupos para conversar mais sobre o que haviam acabado de assistir, provavelmente apontando termos técnicos.
Ele, , Harrison e Jacob – que eles haviam encontrado apenas ao se sentar – saíram das cadeiras, caminhando até um dos corredores cheios. Haz e Jacob não perderam a chance de rir um pouco da maquiagem de , mas não durou muito, já que ela pediu licença e foi para o banheiro, voltando alguns minutos depois com a maquiagem em perfeito estado, apesar de Tom ainda conseguir enxergar seu nariz um pouco vermelho.
— E agora? — foi a primeira coisa que ela perguntou ao se aproximar novamente do trio de amigos.
— Agora é a melhor parte, . Nós vamos para a afterparty.
4.
— , você ‘tá me machucando. — Tom puxou a mão para longe do aperto de .
Eles ainda estavam no banco de trás do carro – eles haviam ido separados de Harrison e Jacob –, quase chegando ao local em que aconteceria a afterparty, e desde que haviam falado sobre a festa para , ela havia agarrado a mão do rapaz com tanta força que ele tinha a impressão de que a circulação nos dedos estava comprometida.
— Eu não sei se estou psicologicamente pronta para fazer parte de uma festa com os meus atores preferidos.
— Eu sou seu ator preferido. — Tom franziu a sobrancelha para a namorada.
— Você é meu namorado, já acostumei com você. Não tem mais tanta graça.
Tom bufou e logo em seguida sentiu uma leve mordida no ombro nu, que não demorou muito para se transformar em um beijo. E então Tom começou a subir os beijos pelo pescoço de , dando leves sugadas na pele da garota.
— Por mais que eu esteja amando isso, é melhor parar, Tom. — os dedos encontraram o cabelo na parte de trás da cabeça dele, enrolando-se.
Ela puxou-o levemente, afastando a boca do rapaz do próprio pescoço, sentindo um vento leve por conta da falta de seu calor. então aproximou-se do rosto de Tom, o beijando intensamente, seus lábios se movimentando contra os dele com rapidez. Demorou mais do que deveria no beijo, fazendo uma careta ao ter que se afastar.
— Eu só queria te ajudar a se acalmar. — ele sorriu e apoiou a cabeça entre o ombro e o pescoço dela.
— Isso não iria me acalmar. — ela riu, apoiando a própria cabeça contra a cabeça de Tom.
Poucos minutos depois o carro finalmente parou em frente ao que parecia um enorme e chique salão. e Tom saíram do carro, vendo muitos outros veículos estacionarem logo atrás deles, de onde mais e mais pessoas absurdamente bem arrumadas desciam. Ela passou o braço ao redor do braço de Tom, seguindo com o rapaz até a entrada, onde apresentaram suas “credenciais” e logo estavam no local.
Tocava uma música alta e várias pessoas já se encontravam no local, rindo e conversando alto, a grande maioria com algum copo de bebida na mão. engoliu em seco, sentindo mais nervosa do que nunca. Ela não poderia apertar ainda mais o braço de Tom, honestamente já estava começando a ficar com pena do rapaz. Ela iria se comportar muito bem e não parecer fã louca, já havia se prometido isso.
— Vamos pegar alguma bebida? — Tom sorriu para a garota, que ainda parecia meio encantada demais com tudo o que estava acontecendo.
— Por favor! — ela praticamente chorou ao ver Tom fazer um gesto para o garçom e pedir duas long neck, sendo rapidamente servido.
Ela soltou um suspiro aliviado ao sentir o amargo da cerveja invadir sua boca, lhe causando um leve arrepio. Ela tinha a sensação de que aquela provavelmente seria a melhor maneira de lidar com o que quer que aquela noite acabasse se tornando. Especialmente porque ela sabia que Tom iria socializar com os colegas de elenco cedo ou tarde, e ela não seria idiota de não acompanhá-lo.
— Tom Holland! Você ‘tá bebendo cerveja? — ou então alguém do elenco encontraria Tom antes. e Tom viraram ao mesmo tempo, vendo Anthony Mackie se aproximar do casal. — Isso é cerveja? Você tem doze anos.
— Eu tenho vinte e um. — Tom sorriu e deu mais um gole em sua bebida, recebendo um olhar feio de Anthony.
— Cadê seus sucos de caixinha? Você é realmente um problema, garoto. Cadê o Sebastian pra concordar comigo? Sebastian, ei! — Anthony gritou a última frase, acenando para alguém que não estava muito longe dali.
Em poucos segundos viu Sebastian Stan se aproximar dos três. Ela respirou fundo. Ok, ela havia sobrevivido ao Chris Pratt, poderia facilmente sobreviver a Anthony Mackie e Sebastian Stan bem ali, na sua frente. era uma menina forte. Até parece que queria apenas gritar e chorar e pedir para tirar uma foto com eles e falar o quanto amava o trabalho dos dois. De jeito nenhum. Estava tudo bem.
— Que decepção, Tom. — Sebastian balançou a cabeça de um lado para o outro, fazendo uma careta de decepção. Então seus olhos pararam em e ele abriu um pequeno sorriso. — E nem apresentou sua amiga? É muita falta de educação.
— Vocês mal me deixam falar! — Tom riu e Anthony revirou os olhos, fazendo um sinal com a mão para que ele falasse logo. — Essa é a , minha namorada.
— Era o que me faltava, o moleque com uma namorada. — Anthony revirou os olhos novamente, mas ao olhar para sorriu e estendeu a mão. — Você precisa de ajuda?
— Por enquanto está tudo bem. — sorriu e apertou a mão de Anthony, repetindo o gesto com Sebastian. — Mas agradeço a preocupação.
— Esse garoto é um problema. Tem o ego maior que esse salão. Toma cuidado. — achava incrível como Anthony falava tudo aquilo com a expressão séria, mesmo ela sabendo que era apenas uma piada entre os três, já que Tom ao seu lado não parava de rir.
— Pelo menos faz ele parar de usar tanto gel no cabelo. Não fica tão legal que nem você acha, Tom. — Sebastian também mantinha a expressão incrivelmente séria.
não aguentou, começando a rir dos três. Eles ficaram mais algum tempo conversando, no caso Sebastian e Anthony o tempo todo provocando Tom, que levava tudo na brincadeira. Depois se separaram, e Tom começou a guiar pelo salão. Pegaram mais uma bebida, dessa vez uma colorida e mais forte do que esperava. Ela então pensou que era melhor se controlar mais. A última coisa que precisava era ficar bêbada ali e sair abraçando todos os atores.
— Vou te apresentar pro pessoal. Tudo bem? — Tom passou o braço por cima dos ombros de , começando a guiá-la pelo salão.
Em poucos segundos eles estavam se aproximando de uma rodinha com três homens enormes – e ela sabia por um fato que o menor deles ainda estava na casa dos um e oitenta. Ela e Tom – que não era exatamente muito alto – pareciam ainda menores ao se aproximar de Chris Hemsworth, Tom Hiddleston e Benedict Cumberbatch.
— Ei, galera. — Tom sorriu, recebendo três enormes sorrisos de volta, a rodinha se abrindo para que ele e pudessem se aproximar do trio. — Essa aqui é a , minha namorada.
— Você tem uma namorada? Por que eu não sabia? — Benedict sorriu e se aproximou de , apertando sua mão e lhe dando um beijo no rosto exatamente como era acostumada no Brasil, o que quase a fez chorar de emoção.
— É complicado… — Tom coçou a nuca e desviou o olhar rapidamente.
Eles haviam decidido que não iriam sair por aí falando que namoravam, já que nem estavam perto um do outro. Mas agora ali estavam, com Tom a apresentando como namorada para todo o elenco e ela queria gritar. Honestamente era tudo emocionante demais e tudo o que queria era chorar, mas sabia que não podia, ao menos por enquanto. Se um dia alguém lhe dissesse que ela era uma mulher fraca, ela iria simplesmente jogar seu sapato na cara da pessoa.
— É um prazer te conhecer, . — Tom Hiddleston se aproximou dela, a cumprimentando exatamente da mesma maneira que Benedict. — Eu sou o outro Tom.
— O prazer é meu. — o rosto dela esquentou enquanto Hiddleston se afastava. Meu deus, a voz daquele homem era incrível e ela achava que iria derreter.
— Eu sou o Chris mais bonito daqui. — Hemsworth sorriu e deu um rápido abraço em , a fazendo se sentir mais ou menos um milhão de vezes menor. — Você também é britânica? Eu estou realmente me sentindo em desvantagem aqui. — ele brincou ao se afastar de , fazendo com que os outros três rissem.
— Não, eu sou brasileira. — sua resposta conseguiu arrancar olhares surpresos dos três, recebendo três pares de sobrancelhas arqueadas.
— Brasil? Uau, Holland, você foi longe buscar uma namorada. — Hemsworth brincou, fazendo com que todos rissem.
— Você está aqui apenas visitando? — Hiddleston inclinou a cabeça, piscando algumas vezes, fazendo uma careta curiosa que aqueceu o coração de . Ela tinha um fraco para Toms ou era sua impressão?
— Infelizmente. — ela fez uma careta triste, sentindo um leve e reconfortante aperto de Tom Holland. — No final de maio tenho que voltar para o Brasil.
— Tão pouco tempo assim? — foi a vez de Benedict fazer uma careta triste e, ok, o que acontecia com aqueles britânicos que eram simplesmente tão fofos? — E tem previsão de quando volta pra cá?
Holland e se encararam. Eles ainda não haviam entrado naquele assunto porque não exatamente algo que eles queriam pensar por enquanto. Eles estavam juntos – fisicamente – há tão pouco tempo, não queriam pensar no fim.
— Acho que você tocou em um assunto sensível. — Hemsworth deu alguns tapinhas no ombro de Benedict, que agora estava pedindo desculpas sem parar.
— ‘Tá tudo bem, Benedict. — Tom Holland riu, fazendo um sinal com a mão de que tudo estava bem. Ok, eles iriam ignorar aquele assunto. Ótimo, realmente não queria ter que continuar com aquilo. — Eu preciso levar a pra conhecer o restante do pessoal agora, depois a gente conversa mais.
Os dois se afastaram do trio. ria das coisas que Tom falava durante o caminho, contando várias histórias dos bastidores e de quando havia viajado com Tom Hiddleston e Benedict para divulgações de Guerra Infinita. Pegaram mais duas garrafas de cerveja, uma para cada, e Tom segurou a mão da namorada, a guiando até duas pessoas que pareciam conversar animadamente.
— Tom! — Scarlett Johansson cumprimou antes mesmo que eles pudessem anunciar sua presença. — Tudo bom?
— Olá! — ele sorriu, finalmente chegando perto o bastante da dupla. — Eu vim apresentar para vocês minha namorada, .
— Prazer te conhecer. — Scarlett abraçou . A mulher era quase da mesma altura que , pouquíssimos centímetros mais baixa.
E então o homem ao seu lado esperou que Scarlett se afastasse para pode então lhe dar um abraço apertado. Chris Evans não era tão grande quanto Chris Hemsworth, mas também fazia com que se sentisse menor. O abraço dele era apertado e carinhoso, do tipo que abraçaria por horas sem enjoar.
— , né? — Evans se afastou, porém ainda segurando seu braço levemente. — É um prazer! Você é linda, seu namorado já deve ter falado.
Ele definitivamente não havia falado aquilo como um flerte. Seu tom havia sido exatamente o mesmo de alguém que comentava o tempo, ou que falava “que bota linda você está usando!”. Não era um flerte, era um elogio. E mesmo assim sentiu o rosto inteiro esquentar como se houvesse acabado de beber um shot de molho de pimenta malagueta.
— Obrigada. — ela não conseguiu olhar diretamente para Evans quando respondeu, se sentindo como uma adolescente. — Você está em qual posição na escala de beleza de Chris? — ela só queria quebrar o próprio gelo mas talvez aquela não fosse a melhor forma.
— Pelo visto você já conheceu o Hemsworth e o Pratt. — para o alívio de , Evans começou a rir, jogando a cabeça para trás e colocando a mão no peito, exatamente como ele fazia nas entrevistas. Ela não iria chorar, sério. — Acho que na escala de beleza deles eu estou em terceiro¹? Mas estou um primeiro na escala de “Chris mais legal”, o que pra mim é muito melhor.
Evans piscou para e Scarlett sorriu, e soube naquele momento que iria derreter e não havia volta, ela estava apaixonada pelos dois, era isso. Sentiu o braço de Tom envolver sua cintura novamente, a puxando para mais perto de si.
Novamente estava respondendo perguntas de seus artistas preferidos, que aparentemente estavam realmente curiosos quanto a sua história. Ela meio que entendia, afinal, Tom Holland literalmente havia aparecido de um dia para o outro falando que tinha uma namorada. No mínimo despertava curiosidade.
— Bom, eu ainda preciso apresentar a para outras pessoas, mas daqui a pouco a gente passa aqui de novo. — após longos minutos Tom e ela se despediram da dupla, vendo-os acenar para eles enquanto se afastavam.
Eles não andaram muito até que Tom subitamente parasse, ficando de frente para e a impedindo de continuar caminhando. Ela franziu as sobrancelhas na direção do rapaz, achando no mínimo estranha sua atitude mas, ao mesmo tempo, sentindo-se mais curiosa ainda.
— ‘Tá, você tem que me prometer que não vai pirar. — ele apoiou as mãos nos ombros dela, como se estivesse segurando-a.
— Não prometo nada. Por quê?
— Ei, RDJ! — Tom escorregou a mão esquerda pelo braço dela, e com a direita acenou para alguém atrás de .
Quando ela virou, finalmente o viu. Robert Downey Jr estava parados há poucos metros atrás deles, acenando de volta para Tom, em seguida fazendo um gesto para que elas se aproximassem. Os quinze passos necessários para chegar até o homem foram os mais longos da vida de . Ela sentia que poderia morrer a qualquer momento. Por alguns segundos esqueceu-se completamente de todas as palavras em inglês que conhecia.
Quando chegaram perto o bastante, Downey abriu os abraços e em poucos segundos Tom não estava mais ao seu lado, abraçando o homem à sua frente. E então, quando terminaram o abraço, Downey se virou para ela e simplesmente a abraçou. E ela sentiu o coração bater mais rápido do que deveria, suas pernas moles, assim como os braços, mal a permitindo retribuir o abraço do homem.
— Essa é a minha namorada, . — ouviu Tom falar enquanto o homem se afastava dela, com um enorme sorriso no rosto.
— Oi. — foi tudo o que ela conseguiu falar para ele, sentindo os olhos prestes a marejar. Ela havia prometido a si mesma que não iria chorar se encontrasse o Robert Downey Jr! Que merda!
— Eu não sabia que você namorava. — Robert foi a milésima pessoa a comentar, mas mesmo assim ela havia achado incrível. tinha a impressão que ia achar incrível qualquer coisa que ele falasse. Então ela viu Downey se aproximar novamente de Tom, passando o braço pelos ombros do garoto. — Esse menino é aqui é um dos atores mais incríveis que nós temos, um verdadeiro menino de ouro. Espero que vocês dois estejam realmente felizes juntos.
— Nós estamos. — Tom respondeu com um enorme sorriso, os olhos presos nos de . Não chora, não chora, não chora, ela repetia para si mesma sem parar. — A é sua fã, Downey.
O momento fofo, se é que havia existido, morreu na hora. Ela olhou para o namorado com todo o ódio que conseguia reunir dentro de si. Não que ela tivesse vergonha de admitir que era fã, mas não queria que o homem pensasse que ela apenas queria um autógrafo ou uma selfie.
— Você claramente tem um ótimo gosto. — Downey não parou de sorrir, finalmente soltando Tom novamente. — Eu preciso ir cumprimentar mais pessoas por essa festa, mas espero que os dois estejam se divertindo. E , saiba que sempre que houver algum evento da Marvel, você é mais do que bem vinda.
Com um rápido abraço em Tom e , Robert se afastou. Ela então correu para os braços do namorado e finalmente se permitiu chorar. Aquela com certeza estava na lista de melhores noites de sua vida.
— Feliz? — ela ouviu a voz de Tom meio abafada contra seu cabelo.
— Extremamente. — ela afastou o rosto para poder olhar o namorado, ainda que ele parecesse meio embaçado, mas sobre isso ela culpava suas lágrimas. — Eu te amo.
— Eu sei. — ele piscou. — Eu também te amo. Agora vamos, tem mais gente pra você conhecer. E ainda temos que encontrar o Jacob e o Haz, eles vão nos matar se ficarmos a festa toda sem falar com nenhum dos dois.
enxugou as próprias lágrimas e segurou a mão de Tom, pronta para aproveitar aquela noite que já estava mais do que perfeita.
¹: não briguem comigo! Eu fiz isso baseado no que o próprio elenco falou nesse vídeo! Eu também amo o Evans, juro!
5.
Quando aceitou ir para Los Angeles – meio sem querer, mas uma decisão que ela não se arrependia –, ela sabia que não conseguia ficar com Tom 24/7. Ele não deixaria de ser famoso por um mês para poder ficar dando atenção para ela. Então, desde que havia decidido ir para Los Angeles, ela sabia que corria o risco de passar algum período sozinha.
Como estava acontecendo naquela quarta.
E ela queria sair e passear por Los Angeles, claro que queria, mas havia um problema: ela não conhecia o local. E obviamente ela poderia usar o famoso Google Maps, mas que ninguém duvidasse da capacidade de se perder mesmo usando um mapa. E também, onde quer que ela fosse, ela iria a pé porque 1) ela não iria arriscar andar de ônibus e 2) ela não sabia dirigir – sim, vinte e cinco anos nas costas e não dirigia, acontece.
Mas ela poderia sair um pouco que fosse, pelo menos para comer fora. Pelo que se lembrava, umas duas ruas abaixo do prédio de Tom havia uma lanchonete simpática. Ela pegou alguns dólares que estavam jogados na mesa – eram de Tom mas depois ela dava um jeito de pagá-lo –, pegou as chaves de Harrison – que ele gentilmente havia deixado com – e saiu de casa.
Andou em completo silêncio e sem ser notada, apenas observando tudo ao redor, vendo como tudo nos Estados Unidos era tão absurdamente diferente e, ao mesmo tempo, exatamente igual ao Brasil. Uma rua com casas e lojas nunca é exatamente completamente diferente de um país para o outro, por mais que a sensação fosse de que ela estava em um universo completamente novo.
Já na lanchonete ela foi até o balcão, onde pediu um lanche de três queijos tamanho médio – que basicamente era o tamanho grande do Brasil – e um milkshake grande – porque ela amava milkshake e não ligava de pegar um de quase um litro. Depois se sentou em uma mesinha qualquer, apenas aguardando seu pedido, que demorou menos de dez minutos para ficar pronto.
teve que retirar o pedido no balcão, e a preguiça de voltar para a mesa a fez permanecer em um dos banquinhos que tinha por ali. Pegou o enorme lanche de queijo, dando uma grande mordida e mastigando e uma maneira que teria feito sua mãe dizer que “ela parecia um homem comendo” e honestamente ela achava essa frase horrível.
Ela mal havia chegado a metade de seu lanche quando sentiu uma presença ao seu lado, uma garota de cabelos claros pedindo alguma coisa para o atendente e colocando a própria bolsa contra o balcão. Exatamente ao mesmo tempo em que a garota se sentava, ouviu a voz de Tom. Ela e a garota viraram na mesma hora, vendo-o em um programa na televisão, um que ele provavelmente havia gravado antes de chegar em Los Angeles. Na mesma hora a garota ao lado de soltou um grito fino, praticamente voando contra o balcão para alcançar a bolsa.
E então ela acertou o copo de milkshake de , derrubando tudo sobre o balcão e fazendo começar a escorrer até o chão. deu um pulo do banco, sentindo um pouco da bebida cair em seu sapato. Que merda.
— Me desculpa, moça! Me perdoa, por favor! Eu estava desatenta, mas não se preocupe, vou comprar outra bebida para você. — a garota fez um sinal para o atendente, pedindo para que outro milkshake fosse feito e que alguém, por favor, limpasse aquela bagunça.
estava muito, muito brava com o que havia acabado de acontecer. Seu milkshake estava sobre o balcão – não mais, um outro atendente já havia passado um pano – e seu sapato estava sujo e gelado. Ela queria xingar a garota e gritar, mas infelizmente a menina havia sido simpática, e simplesmente não conseguia ser babaca com pessoas simpáticas.
— ‘Tá tudo bem. — ela sorriu para a menina, que ainda parecia desesperada. — Acontece.
— Eu fui descuidada. — ela fez uma careta, vendo o outro atendente dar a volta e passar um pano no chão, limpando o pouco do milkshake que havia caído, já que a maioria estava no tênis de . — É que quando vi o Tom Holland na televisão nem pensei direito. Tinha que avisar minha amiga, nós somos muito fãs dele, sabe?
— Ah, é? — voltou a se sentar, vendo a garota repetir o gesto e se sentar ao lado dela, o local novamente limpo. — Eu entendo. Eu também sou fã.
— Então você entende! Não dá, o Tom aparece na televisão e eu já fico toda afobada assim. Sou muito apaixonada por ele.
— Eu também. Eu sou completamente apaixonada pelo Tom Holland. — balançou a cabeça, vendo o primeiro atendente colocar outro copo de milkshake em sua frente a aproveitando para dar um longo gole em sua bebida. — Quando você se descobriu fã dele?
— Bom, Guerra Civil, claro. Mas acho que me apaixonei mesmo quando ele participou do lip sync battle e dançou Umbrella. — a garota suspirou, o olhar sonhador fazendo com que estreitasse os olhos quase imperceptivelmente. — Eu e minha amiga até aprendemos a coreografia. Nosso sonho é conhecer ele.
— Engraçado, eu sempre achei que morar em L.A. fosse facilitar essas coisas… — falou mais para si mesma do que para a garota.
— É, eu também. — ela suspirou enquanto o atendente lhe entregava seu pedido, um lanche com pão preto e um chá. Ok, ela era saudável e não, vida que segue. — Mas eu ainda tenho esperanças. Quem sabe um dia a gente se conhece e se apaixona e vivemos uma história de filme romântico?
— Hum. — estreitou os olhos na direção dela, mas a garota estava ocupada demais para perceber a completa desaprovação de . Além de derrubar seu milkshake aquela menina ainda queria ficar com seu namorado? Não, obrigada. Mas, por outro lado, sabia exatamente como era ser fã. Então apenas sorriu e decidiu seguir o baile. — Imagina, você vai pra uma con da vida, conhece ele, faz uma piada, ele acha engraçada e pede seu Twitter. Aí vocês começam a conversar quase todos os dias e depois de quase um ano, quando você já sabe que tá apaixonada por ele, ele confessa que também está apaixonado por você. E vocês começam a namorar. Imagina?
— ‘Tá, isso é bem forçado. — a menina começou a rir de , o que quase a fez revirar os olhos. Ela desistia. — Seria legal se acontecesse, mas assim fica bem forçado.
parou de sorrir e voltou a prestar atenção no seu lanche e beber seu milkshake. Forçado. Tá bom. Como ela poderia falar aquilo de sua história? Bom, forçado ou não, era namorada de Tom. Ponto final.
As duas não conversaram muito mais, e após terminar de comer sua refeição decidiu voltar para a casa – e usou a ajuda do Google Maps para subir duas ruas, a vida tinha dessas. Ao se jogar no sofá se perguntou o que poderia fazer, já que a tarde havia apenas começado e ela sabia que Tom não voltaria tão cedo.
Mais uma das coisas que costumava fazer quando estava entediada no Brasil era escrever um post para o blog, Loli Ruri, e ela sabia que devia um post para Gisele e Eduarda. E seu assunto mais recente era Guerra Infinita, claro, e tudo o que o filme havia feito-a sofrer, além das mil teorias que ela já havia começado a criar. O único problema era ter que escrever tudo pelo celular.
Escrever pelo celular era uma merda, porém ela havia esquecido de pedir a senha do notebook que Tom, e nunca que ele conseguiria ver mensagens naquele momento. Mas mesmo assim ela começou a digitar sua crítica a Vingadores: Guerra Infinita, que estava prestes a estrear no Brasil e que ela queria muito rever – apesar de saber que iria chorar tudo de novo porque ela era assim.
Após escrever mais ou menos três páginas de resenha, voltou a se sentir entediada. Ela queria poder ligar para as amigas mas sabia que todo mundo ainda deveria estar no trabalho. Havia acabado de descobrir que odiava fuso horário mais do que havia imaginado.
Foi então que, inspirada pela garota de cabelos claros e derrubadora de milkshakes, teve provavelmente sua melhor e, ao mesmo tempo, pior ideia de todas.
ligou a televisão e conectou o celular, abrindo o aplicativo do YouTube. Em seguida, abriu o vídeo de Tom Holland no lip sync battle e tomou a decisão: era hora de aprender a coreografia de Umbrella.
Deixou o vídeo em pausa, correndo para o quarto para poder trocar de roupa. Colocou um short um pouco mais folgado e uma camisa de Tom – diferente dela, ele não possuía apenas uma mala de roupas, ela poderia gastar uma camisa dele sem dó. Depois voltou correndo para a frente da televisão e se preparou para aprender a dança.
Ela ignorou completamente o começo com singing in the rain, esperando começar logo a parte de Umbrella. E como uma boa auto-aluna – ela tinha quase certeza que essa expressão não existia – anotou a maioria dos movimentos, tentando decorar a ordem com que Tom os realizava. Depois ela soltou o vídeo, tentando dançar tudo na ordem correta.
Primeiro ela redescobriu algo que honestamente já sabia há algum tempo: ela não era uma boa dançarina.
Segundo ela percebeu que a coreografia não era nada fácil.
Se a menina e amiga dançavam bem, não sabia, mas aquela coreografia definitivamente estava fazendo-a sofrer. Claro que ser sedentária convicta provavelmente não ajudava em nada, mas meu deus, como aquela coreografia era complicada.
Ela estava precisando se concentrar tanto que nem ouviu quando a porta da casa foi aberta, ou quando Tom entrou. Apenas viu o namorado quando se virou em um dos movimentos, vendo-o parado na entrada da sala, o celular apontado em sua direção, provavelmente filmando cada um de seus movimentos.
— Você não ouse publicar isso, Thomas! — ela pausou o vídeo e foi até o garoto, vendo-o rir e interromper a filmagem.
— Não vou. Mas vou mandar pro Haz e pro J. Eles merecem ver essa maravilha. — ele digitou mais alguma coisa rapidamente e colocou o celular no bolso, encarando e sorrindo. — Essa camisa é minha.
— Eu sei. Ficou bem em mim, não ficou? — ela concentrou o peso em uma perna, colocando uma mão na cintura e fazendo bico, algo que ela chamava de “pose de modelo”, mas que provavelmente era só mais um momento de sendo uma garota estranha.
— Você fica melhor com nada, mas ok, eu aceito isso. — ele riu quando ela se aproximou dele para beijá-lo, mas ele a segurou. — Você ‘tá toda suada, sem contato físico, por favor.
— Ah, mas não mesmo. — ela afastou a mão dele e literalmente pulou no garoto, ouvindo-o soltar uma grande quantidade de ar ao receber o peso dela, automaticamente a segurando em seus braços. — Para de ser chato e vem me ajudar a aprender essa coreografia.
tinha certeza que ter a ajuda de Tom iria apenas facilitar sua vida, afinal ele havia ensaiado aquilo tudo, sabia o quanto poderia ser difícil. E ele era seu namorado, óbvio que ele seria compreensivo e paciente, ele era uma pessoa incrível. Era por isso que havia se apaixonado por ele.
E, claro, ela estava completamente errada.
— Você ‘tá fazendo errado, . — era a milésima vez que ele corrigia o mesmo passo.
— Não ‘tô! — ela revirou os olhos quando ele pausou a música.
Ok, ela havia entendido o conceito. Girar o guarda-chuva, virar, colocar o guarda-chuva no chão, descer de uma maneira um tanto quanto sexy e dar uma pequena rebolada. Era isso, certo? Era o que ela estava fazendo.
— Você está tudo, menos sexy. — ele pegou o guarda-chuva da mão dela e revirou os olhos.
— Ouch. Dói ouvir isso do próprio namorado. — ela fez uma falsa expressão de tristeza, arrancando uma risada rápida de Tom.
— Não foi– Você entendeu. Tenta fazer assim. — ele repetiu o passo, girando o guarda-chuva, o apoiando no chão e descendo de uma maneira realmente bastante sexy. Ela não entendia como ele conseguia fazer aquilo, honestamente. — Tente mexer não só o joelho, tenta trabalhar um pouco da cintura e do quadril também.
— Isso é difícil. — ela pegou o guarda-chuva, tentou e, pelo suspiro de Tom, soube que falhou.
— Aqui, deixa eu ajudar. — ele se posicionou atrás dela, segurando sua cintura. sentiu o corpo dele praticamente colado ao dela, e em seguida ele começou a fazer o movimento que ela precisava para aquela parte da dança, sem descer, apenas a maneira de mexer a cintura e o quadril, fazendo com que ela se mexesse no mesmo ritmo dele. — ‘Tá conseguindo sentir? É isso que você precisa fazer.
— Eu ‘tô sentindo muita coisa no momento, Tom. — ela riu, torcendo para que ele não percebessse o nervosismo naquela risada. — Se estava difícil antes, com você assim fica impossível concentrar. — ela parou a movimentação, obrigando Tom a também parar e soltou as mãos dele, virando-se e ficando de frente para ele. — Olha, eu oficialmente desisto. Essa dança é sexy demais pra mim.
— Eu te acho sexy.
— Isso, tenha isso em mente. — ela riu e balançou a cabeça, reafirmando a frase dele. Achar a própria namorada sexy era o mínimo que ele tinha que fazer. Em seguida se aproximou dele e deu-lhe um rápido beijo nos lábios. — Eu vou tomar banho.
— Posso me convidar pra ir com você?
— Deve. — ela riu e segurou a mão dele, entrando no banheiro com o rapaz e trancando a porta. — Ei, agora eu vou te mostrar que eu não preciso de uma coreografia pra ser sexy.
— Como se eu já não soubesse. — ele riu e a puxou para um beijo tão quente que soube na hora que eles precisariam deixar a água o mais fria possível.
Como estava acontecendo naquela quarta.
E ela queria sair e passear por Los Angeles, claro que queria, mas havia um problema: ela não conhecia o local. E obviamente ela poderia usar o famoso Google Maps, mas que ninguém duvidasse da capacidade de se perder mesmo usando um mapa. E também, onde quer que ela fosse, ela iria a pé porque 1) ela não iria arriscar andar de ônibus e 2) ela não sabia dirigir – sim, vinte e cinco anos nas costas e não dirigia, acontece.
Mas ela poderia sair um pouco que fosse, pelo menos para comer fora. Pelo que se lembrava, umas duas ruas abaixo do prédio de Tom havia uma lanchonete simpática. Ela pegou alguns dólares que estavam jogados na mesa – eram de Tom mas depois ela dava um jeito de pagá-lo –, pegou as chaves de Harrison – que ele gentilmente havia deixado com – e saiu de casa.
Andou em completo silêncio e sem ser notada, apenas observando tudo ao redor, vendo como tudo nos Estados Unidos era tão absurdamente diferente e, ao mesmo tempo, exatamente igual ao Brasil. Uma rua com casas e lojas nunca é exatamente completamente diferente de um país para o outro, por mais que a sensação fosse de que ela estava em um universo completamente novo.
Já na lanchonete ela foi até o balcão, onde pediu um lanche de três queijos tamanho médio – que basicamente era o tamanho grande do Brasil – e um milkshake grande – porque ela amava milkshake e não ligava de pegar um de quase um litro. Depois se sentou em uma mesinha qualquer, apenas aguardando seu pedido, que demorou menos de dez minutos para ficar pronto.
teve que retirar o pedido no balcão, e a preguiça de voltar para a mesa a fez permanecer em um dos banquinhos que tinha por ali. Pegou o enorme lanche de queijo, dando uma grande mordida e mastigando e uma maneira que teria feito sua mãe dizer que “ela parecia um homem comendo” e honestamente ela achava essa frase horrível.
Ela mal havia chegado a metade de seu lanche quando sentiu uma presença ao seu lado, uma garota de cabelos claros pedindo alguma coisa para o atendente e colocando a própria bolsa contra o balcão. Exatamente ao mesmo tempo em que a garota se sentava, ouviu a voz de Tom. Ela e a garota viraram na mesma hora, vendo-o em um programa na televisão, um que ele provavelmente havia gravado antes de chegar em Los Angeles. Na mesma hora a garota ao lado de soltou um grito fino, praticamente voando contra o balcão para alcançar a bolsa.
E então ela acertou o copo de milkshake de , derrubando tudo sobre o balcão e fazendo começar a escorrer até o chão. deu um pulo do banco, sentindo um pouco da bebida cair em seu sapato. Que merda.
— Me desculpa, moça! Me perdoa, por favor! Eu estava desatenta, mas não se preocupe, vou comprar outra bebida para você. — a garota fez um sinal para o atendente, pedindo para que outro milkshake fosse feito e que alguém, por favor, limpasse aquela bagunça.
estava muito, muito brava com o que havia acabado de acontecer. Seu milkshake estava sobre o balcão – não mais, um outro atendente já havia passado um pano – e seu sapato estava sujo e gelado. Ela queria xingar a garota e gritar, mas infelizmente a menina havia sido simpática, e simplesmente não conseguia ser babaca com pessoas simpáticas.
— ‘Tá tudo bem. — ela sorriu para a menina, que ainda parecia desesperada. — Acontece.
— Eu fui descuidada. — ela fez uma careta, vendo o outro atendente dar a volta e passar um pano no chão, limpando o pouco do milkshake que havia caído, já que a maioria estava no tênis de . — É que quando vi o Tom Holland na televisão nem pensei direito. Tinha que avisar minha amiga, nós somos muito fãs dele, sabe?
— Ah, é? — voltou a se sentar, vendo a garota repetir o gesto e se sentar ao lado dela, o local novamente limpo. — Eu entendo. Eu também sou fã.
— Então você entende! Não dá, o Tom aparece na televisão e eu já fico toda afobada assim. Sou muito apaixonada por ele.
— Eu também. Eu sou completamente apaixonada pelo Tom Holland. — balançou a cabeça, vendo o primeiro atendente colocar outro copo de milkshake em sua frente a aproveitando para dar um longo gole em sua bebida. — Quando você se descobriu fã dele?
— Bom, Guerra Civil, claro. Mas acho que me apaixonei mesmo quando ele participou do lip sync battle e dançou Umbrella. — a garota suspirou, o olhar sonhador fazendo com que estreitasse os olhos quase imperceptivelmente. — Eu e minha amiga até aprendemos a coreografia. Nosso sonho é conhecer ele.
— Engraçado, eu sempre achei que morar em L.A. fosse facilitar essas coisas… — falou mais para si mesma do que para a garota.
— É, eu também. — ela suspirou enquanto o atendente lhe entregava seu pedido, um lanche com pão preto e um chá. Ok, ela era saudável e não, vida que segue. — Mas eu ainda tenho esperanças. Quem sabe um dia a gente se conhece e se apaixona e vivemos uma história de filme romântico?
— Hum. — estreitou os olhos na direção dela, mas a garota estava ocupada demais para perceber a completa desaprovação de . Além de derrubar seu milkshake aquela menina ainda queria ficar com seu namorado? Não, obrigada. Mas, por outro lado, sabia exatamente como era ser fã. Então apenas sorriu e decidiu seguir o baile. — Imagina, você vai pra uma con da vida, conhece ele, faz uma piada, ele acha engraçada e pede seu Twitter. Aí vocês começam a conversar quase todos os dias e depois de quase um ano, quando você já sabe que tá apaixonada por ele, ele confessa que também está apaixonado por você. E vocês começam a namorar. Imagina?
— ‘Tá, isso é bem forçado. — a menina começou a rir de , o que quase a fez revirar os olhos. Ela desistia. — Seria legal se acontecesse, mas assim fica bem forçado.
parou de sorrir e voltou a prestar atenção no seu lanche e beber seu milkshake. Forçado. Tá bom. Como ela poderia falar aquilo de sua história? Bom, forçado ou não, era namorada de Tom. Ponto final.
As duas não conversaram muito mais, e após terminar de comer sua refeição decidiu voltar para a casa – e usou a ajuda do Google Maps para subir duas ruas, a vida tinha dessas. Ao se jogar no sofá se perguntou o que poderia fazer, já que a tarde havia apenas começado e ela sabia que Tom não voltaria tão cedo.
Mais uma das coisas que costumava fazer quando estava entediada no Brasil era escrever um post para o blog, Loli Ruri, e ela sabia que devia um post para Gisele e Eduarda. E seu assunto mais recente era Guerra Infinita, claro, e tudo o que o filme havia feito-a sofrer, além das mil teorias que ela já havia começado a criar. O único problema era ter que escrever tudo pelo celular.
Escrever pelo celular era uma merda, porém ela havia esquecido de pedir a senha do notebook que Tom, e nunca que ele conseguiria ver mensagens naquele momento. Mas mesmo assim ela começou a digitar sua crítica a Vingadores: Guerra Infinita, que estava prestes a estrear no Brasil e que ela queria muito rever – apesar de saber que iria chorar tudo de novo porque ela era assim.
Após escrever mais ou menos três páginas de resenha, voltou a se sentir entediada. Ela queria poder ligar para as amigas mas sabia que todo mundo ainda deveria estar no trabalho. Havia acabado de descobrir que odiava fuso horário mais do que havia imaginado.
Foi então que, inspirada pela garota de cabelos claros e derrubadora de milkshakes, teve provavelmente sua melhor e, ao mesmo tempo, pior ideia de todas.
ligou a televisão e conectou o celular, abrindo o aplicativo do YouTube. Em seguida, abriu o vídeo de Tom Holland no lip sync battle e tomou a decisão: era hora de aprender a coreografia de Umbrella.
Deixou o vídeo em pausa, correndo para o quarto para poder trocar de roupa. Colocou um short um pouco mais folgado e uma camisa de Tom – diferente dela, ele não possuía apenas uma mala de roupas, ela poderia gastar uma camisa dele sem dó. Depois voltou correndo para a frente da televisão e se preparou para aprender a dança.
Ela ignorou completamente o começo com singing in the rain, esperando começar logo a parte de Umbrella. E como uma boa auto-aluna – ela tinha quase certeza que essa expressão não existia – anotou a maioria dos movimentos, tentando decorar a ordem com que Tom os realizava. Depois ela soltou o vídeo, tentando dançar tudo na ordem correta.
Primeiro ela redescobriu algo que honestamente já sabia há algum tempo: ela não era uma boa dançarina.
Segundo ela percebeu que a coreografia não era nada fácil.
Se a menina e amiga dançavam bem, não sabia, mas aquela coreografia definitivamente estava fazendo-a sofrer. Claro que ser sedentária convicta provavelmente não ajudava em nada, mas meu deus, como aquela coreografia era complicada.
Ela estava precisando se concentrar tanto que nem ouviu quando a porta da casa foi aberta, ou quando Tom entrou. Apenas viu o namorado quando se virou em um dos movimentos, vendo-o parado na entrada da sala, o celular apontado em sua direção, provavelmente filmando cada um de seus movimentos.
— Você não ouse publicar isso, Thomas! — ela pausou o vídeo e foi até o garoto, vendo-o rir e interromper a filmagem.
— Não vou. Mas vou mandar pro Haz e pro J. Eles merecem ver essa maravilha. — ele digitou mais alguma coisa rapidamente e colocou o celular no bolso, encarando e sorrindo. — Essa camisa é minha.
— Eu sei. Ficou bem em mim, não ficou? — ela concentrou o peso em uma perna, colocando uma mão na cintura e fazendo bico, algo que ela chamava de “pose de modelo”, mas que provavelmente era só mais um momento de sendo uma garota estranha.
— Você fica melhor com nada, mas ok, eu aceito isso. — ele riu quando ela se aproximou dele para beijá-lo, mas ele a segurou. — Você ‘tá toda suada, sem contato físico, por favor.
— Ah, mas não mesmo. — ela afastou a mão dele e literalmente pulou no garoto, ouvindo-o soltar uma grande quantidade de ar ao receber o peso dela, automaticamente a segurando em seus braços. — Para de ser chato e vem me ajudar a aprender essa coreografia.
tinha certeza que ter a ajuda de Tom iria apenas facilitar sua vida, afinal ele havia ensaiado aquilo tudo, sabia o quanto poderia ser difícil. E ele era seu namorado, óbvio que ele seria compreensivo e paciente, ele era uma pessoa incrível. Era por isso que havia se apaixonado por ele.
E, claro, ela estava completamente errada.
— Você ‘tá fazendo errado, . — era a milésima vez que ele corrigia o mesmo passo.
— Não ‘tô! — ela revirou os olhos quando ele pausou a música.
Ok, ela havia entendido o conceito. Girar o guarda-chuva, virar, colocar o guarda-chuva no chão, descer de uma maneira um tanto quanto sexy e dar uma pequena rebolada. Era isso, certo? Era o que ela estava fazendo.
— Você está tudo, menos sexy. — ele pegou o guarda-chuva da mão dela e revirou os olhos.
— Ouch. Dói ouvir isso do próprio namorado. — ela fez uma falsa expressão de tristeza, arrancando uma risada rápida de Tom.
— Não foi– Você entendeu. Tenta fazer assim. — ele repetiu o passo, girando o guarda-chuva, o apoiando no chão e descendo de uma maneira realmente bastante sexy. Ela não entendia como ele conseguia fazer aquilo, honestamente. — Tente mexer não só o joelho, tenta trabalhar um pouco da cintura e do quadril também.
— Isso é difícil. — ela pegou o guarda-chuva, tentou e, pelo suspiro de Tom, soube que falhou.
— Aqui, deixa eu ajudar. — ele se posicionou atrás dela, segurando sua cintura. sentiu o corpo dele praticamente colado ao dela, e em seguida ele começou a fazer o movimento que ela precisava para aquela parte da dança, sem descer, apenas a maneira de mexer a cintura e o quadril, fazendo com que ela se mexesse no mesmo ritmo dele. — ‘Tá conseguindo sentir? É isso que você precisa fazer.
— Eu ‘tô sentindo muita coisa no momento, Tom. — ela riu, torcendo para que ele não percebessse o nervosismo naquela risada. — Se estava difícil antes, com você assim fica impossível concentrar. — ela parou a movimentação, obrigando Tom a também parar e soltou as mãos dele, virando-se e ficando de frente para ele. — Olha, eu oficialmente desisto. Essa dança é sexy demais pra mim.
— Eu te acho sexy.
— Isso, tenha isso em mente. — ela riu e balançou a cabeça, reafirmando a frase dele. Achar a própria namorada sexy era o mínimo que ele tinha que fazer. Em seguida se aproximou dele e deu-lhe um rápido beijo nos lábios. — Eu vou tomar banho.
— Posso me convidar pra ir com você?
— Deve. — ela riu e segurou a mão dele, entrando no banheiro com o rapaz e trancando a porta. — Ei, agora eu vou te mostrar que eu não preciso de uma coreografia pra ser sexy.
— Como se eu já não soubesse. — ele riu e a puxou para um beijo tão quente que soube na hora que eles precisariam deixar a água o mais fria possível.
6.
Aqui estava um fato engraçado: quando chegou em Los Angeles, Harrison havia falado que iria ficar aquele mês na casa de Jacob para poder dar privacidade para o casal alegria. E durante a uma semana que estava nos Estados Unidos, Harrison havia ido para a casa e dormido lá durante quatro dias. Então, pelas contas de , ele não iria ficar na casa de Jacob coisa nenhuma.
O que honestamente ela gostava, já que nem sempre ele precisava sair com Tom e ela não se sentia tão sozinha com ele por perto. E Harrison era bastante divertido, apesar de geralmente achar que só falava bosta. Tudo bem, segue o baile.
estava especialmente feliz naquele dia por um motivo muito, muito importante: ela havia combinado uma chama de vídeo via Skype com Eduarda, Gisele e Juliano. E ok, fazia apenas uma semana que ela estava longe de Brasil, mas aqueles eram seus melhores amigos da vida inteira e ela precisava manter contato com eles de alguma maneira.
Havia pedido o notebook de Tom emprestado – e agora ela pensava o quanto havia burra por não ter levado o próprio notebook para os Estados Unidos, mas tudo bem – e estava conectada à própria conta já, apenas esperando que a chamada de vídeo começasse. O que, pelo horário marcado entre os quatro, seria dali quinze minutos. Se ela estava adiantada e ansiosa? Imagina.
— ? — Tom abriu a porta do quarto, entrando com apenas metade do corpo. — ‘Tá tudo certo aí?
Ela sorriu, fazendo um sinal para que ele entrasse logo no quarto. Em segundos ele estava ao lado dela, sentando-se na cama e olhando para o aplicativo do Skype que estava aberto… Com absolutamente nada. Ele olhou do notebook para , tentando entender o que estava acontecendo.
— Eu ‘tô esperando. — ela balançou os ombros sem se sentir culpada por estar parecendo uma louca. — Vai que eles entram antes? ‘Tô ansiosa.
— Tudo bem. — ele mal havia terminado de falar quando uma chamada de vídeo apareceu na tela.
sentiu o coração acelerar, nem se dando o trabalho de ajeitar a coluna antes de poder clicar para aceitar a chamada. Porém, antes que seu indicador encontrasse o touchpad do notebook, ela sentiu a mão de Tom segurá-la, impedindo-a de clicar no botão verde.
— Quer que eu saia? — ele franziu as sobrancelhas parecendo meio incerto.
— Claro que não! — até entendia que Tom apenas queria lhe dar privacidade, mas era levemente ofensivo que ele pensasse que ela realmente iria privá-lo de seus melhores amigos por tanto tempo assim. — Já passou da hora de você ver a carinha dos meus melhores amigos, você não acha?
Tom sorriu, soltando a mão dela e finalmente deixando-a aceitar a chamada de vídeo. Do outro lado da tela ela viu os rostos sorridentes de Eduarda, Gisele e Juliano. também sorriu, sentindo o coração dar um pequeno salto. Uma semana longe dos melhores amigos. Ela já havia ficado mais tempo que aquilo sem vê-los, mas mesmo assim parecia que a distância física interferia. E olha que ela conversava com eles por Whatsapp quase sempre.
— ! Que saudade de você, menina! — Gisele foi a primeira e se manifestar, tomando o cuidado de falar inglês para que Tom também entendesse. — Ah, ela finalmente decidiu te apresentar pra nós?
— Parece que sim. — Tom se sentia bastante sem graça, vendo três pessoas espremidas para caberem no alcance da câmera. — É um prazer finalmente conhecer vocês.
— Eu não acredito que você namora mesmo com ela. — Eduarda revirou os olhos, mantendo porém um enorme sorriso no rosto. — Falta de opção não é. Você é doido?
— Eduarda! Porra! — franziu as sobrancelhas para a amiga, falando o palavrão em português mesmo, querendo atravessar a tela do notebook e arrancar os cabelos da garota.
Ao seu lado Tom começou a rir. Era como no dia em que ela havia conhecido o elenco da Marvel, com todos fazendo a piada de “nossa, por que você namora com ele?”, só que invertido. Agora ela seria obrigada a ouvir aquelas piadinhas. Pra que mesmo ela tinha amigos?
— Não sei muito bem. — ele balançou os ombros, passando o braço ao redor de e se aproximando mais dela. — Quer dizer, eu realmente gosto muito dela…
— Ai, não comecem com a melação, pelo amor. — Juliano revirou os olhos e balançou a mão, mas assim como Eduarda ele também sorria. Aqueles eram seus amigos: amavam um romance mas nunca admitiriam. — A já te faz passar muita vergonha dando uma de turista?
— Vocês me ligaram para conversar comigo ou com o meu namorado? Não ‘tô entendendo. — disse antes mesmo que Tom pudesse responder a pergunta do melhor amigo.
— Ai , com você a gente fala quando quiser, mas vai saber quando vai ser a próxima vez que vamos poder falar com Tom Holland, né.
Eles continuaram conversando por mais alguns minutos, os três praticamente falando apenas com Tom. E ok, queria que os amigos e o namorado se dessem bem, mas ela queria poder fazer parte da conversa também. Por isso, ao ouvir um barulho de alguma coisa caindo no chão, ela soube exatamente o que precisava fazer.
— Harrison! — ela realmente gritou, assustando a todos. — Harrison! Vem cá! Por favor!
— , o que aconteceu? — o rapaz apareceu na porta com o cabelo todo molhado, apenas com uma bermuda e o peito também molhado. não sabia que ele estava saindo do banho, coitado. Nem havia dado tempo do garoto se secar direito. — Tom, o que você fez?
— Eu não fiz nada!
— Haz, vem cá, vem me salvar desses três monstros que só querem saber do meu namorado famosinho. — ela revirou os olhos, fazendo um sinal para que Harrison se juntasse a ela e Tom na cama.
— Três monstros? — o garoto franziu as sobrancelhas, indo até a cama e se sentando ao lado de , deixando-a no meio.
O ângulo que o notebook fazia no colo de não permitia que eles fossem vistos de corpo inteiro pela câmera, apenas até um pouco acima da cintura. Porém mesmo com tão pouco do corpo sendo mostrado, a chegada de Harrison foi o bastante para fazer com que três pares de sobrancelhas brasileiras fossem levantadas.
— Caralho. Que delícia. — Eduarda falou em português, olhando diretamente para Harrison. Com dois pequenos segundos de atraso, todos os brasileiros começaram a rir. viu Harrison e Tom se olharem confusos mas fingiu que nada havia acontecido. — Não é querendo ofender, , mas com essa delícia aí do seu lado, como você consegue ser fiel ao Tom?
— Eu amo o Tom. — respondeu em português, recebendo um olhar curioso do namorado que provavelmente havia entendido apenas o próprio nome.
— Você é uma filha da puta sortuda, isso sim. — Juliano estreitou os olhos, ainda falando em português. contava os minutos para que os dois ao seu lado perdessem a paciência. — Seja boazinha com a gente e peça pro seu namorado também tirar a camisa.
— Quê?! Não! Louco!
— Então, … — Harrison falou após limpar a garganta, impedindo que o diálogo entre os brasileiros continuasse. — Sem querer ser o cara chato, mas você me chamou aqui pra ficar te ouvindo falar em português com seus amigos? Sem nem me apresentar pra ninguém?
— Desculpa. — ela sorriu para ele, vendo os três trocarem olhares que ela sabia serem completamente depravados. — Haz, estes são Juliano, Gisele e Eduarda, meus melhores amigos no Brasil. Gente, esse é o Haz, o melhor amigo do Tom.
— Oi, Haz! — Gisele deu um sorriso que gelou o estômago de , o mesmo que ela havia apelidado de “a Gisele está prestes a aprontar”. — É um prazer te conhecer.
— Digo o mesmo. — ele respondeu na simpatia total, provavelmente sem perceber a maneira como Gisele havia dado ênfase na palavra prazer.
— Haz, você é o terceiro elemento da relação aí? — Eduarda mordeu o próprio lábio, claramente segurando uma risada.
— Não! — Harrison e Tom responderam exatamente ao mesmo tempo, ambos parecendo completamente assustados com a ideia. estreitou os olhos na direção dos amigos, balançando a cabeça negativamente e reprovando a pergunta que havia sido feita.
— Eu nunca mais vou deixar vocês conversarem com os dois. Sério. — queria matar os três, que agoram riam sem parar. Ela sentia que tudo o que havia feito naqueles minutos de conversa havia sido passar muita vergonha.
— Sério? Espera, dois caras maravilhosos e uma mulher incrível juntos e vocês nunca sequer cogitaram um poliamor? — Eduarda realmente não possuía papas na língua.
— Bom, antes da , eu namorava com o Tom. — Harrison balançou os ombros, sorrindo. Graças a todos os deuses do universo ele estava levando tudo na brincadeira. — Mas aí a chegou e eu perdi meu namorado. Honestamente, eu sou meio ciumento, então acho melhor deixar como está.
Logo os seis estavam rindo, ligando assunto atrás de assunto. Para o alívio de , não demorou muito para que Harrison e Tom se sentissem mais à vontade com Gisele, Juliano e Eduarda, começando a responder as brincadeiras e fazer as próprias piadas, da melhor maneira de amigos que havia torcido tanto para que acontecesse.
Eles haviam conversado por muito tempo, mais do que uma hora certamente, até que percebessem que já estava na hora de desligar, infelizmente. No fim havia acabado sendo bastante divertido. Após finalizar a chamada, fechou o notebook e suspirou. Virou a cabeça de um lado para o outro, vendo que tanto Tom quanto Harrison olhavam para o aparelho eletrônico como se estivessem meio distantes.
— Desculpa pelas piadas sem graça. — ela torceu a boca. — Acho que eles esquecem que não é o mundo inteiro que está acostumado com a zoeira brasileira.
— Teve umas coisas estranhas mas no geral foi engraçado. — Tom balançou os ombros, se aproximando mais de e lhe dando um longo beijo na bochecha.
— Ok, é a minha deixa. — Harrison se levantou da cama.
— Como assim, Haz? Achei que você fosse a terceira parte desse relacionamento. — Tom encarou a amigo e sorriu, recebendo apenas o dedo do meio enquanto ele saía do quarto.
e Tom começaram a rir. Tudo bem, apesar de todos os pesares, tudo havia ocorrido bem. E ela havia matado um pouco da saudade dos amigos. O dia já havia valido a pena.
O que honestamente ela gostava, já que nem sempre ele precisava sair com Tom e ela não se sentia tão sozinha com ele por perto. E Harrison era bastante divertido, apesar de geralmente achar que só falava bosta. Tudo bem, segue o baile.
estava especialmente feliz naquele dia por um motivo muito, muito importante: ela havia combinado uma chama de vídeo via Skype com Eduarda, Gisele e Juliano. E ok, fazia apenas uma semana que ela estava longe de Brasil, mas aqueles eram seus melhores amigos da vida inteira e ela precisava manter contato com eles de alguma maneira.
Havia pedido o notebook de Tom emprestado – e agora ela pensava o quanto havia burra por não ter levado o próprio notebook para os Estados Unidos, mas tudo bem – e estava conectada à própria conta já, apenas esperando que a chamada de vídeo começasse. O que, pelo horário marcado entre os quatro, seria dali quinze minutos. Se ela estava adiantada e ansiosa? Imagina.
— ? — Tom abriu a porta do quarto, entrando com apenas metade do corpo. — ‘Tá tudo certo aí?
Ela sorriu, fazendo um sinal para que ele entrasse logo no quarto. Em segundos ele estava ao lado dela, sentando-se na cama e olhando para o aplicativo do Skype que estava aberto… Com absolutamente nada. Ele olhou do notebook para , tentando entender o que estava acontecendo.
— Eu ‘tô esperando. — ela balançou os ombros sem se sentir culpada por estar parecendo uma louca. — Vai que eles entram antes? ‘Tô ansiosa.
— Tudo bem. — ele mal havia terminado de falar quando uma chamada de vídeo apareceu na tela.
sentiu o coração acelerar, nem se dando o trabalho de ajeitar a coluna antes de poder clicar para aceitar a chamada. Porém, antes que seu indicador encontrasse o touchpad do notebook, ela sentiu a mão de Tom segurá-la, impedindo-a de clicar no botão verde.
— Quer que eu saia? — ele franziu as sobrancelhas parecendo meio incerto.
— Claro que não! — até entendia que Tom apenas queria lhe dar privacidade, mas era levemente ofensivo que ele pensasse que ela realmente iria privá-lo de seus melhores amigos por tanto tempo assim. — Já passou da hora de você ver a carinha dos meus melhores amigos, você não acha?
Tom sorriu, soltando a mão dela e finalmente deixando-a aceitar a chamada de vídeo. Do outro lado da tela ela viu os rostos sorridentes de Eduarda, Gisele e Juliano. também sorriu, sentindo o coração dar um pequeno salto. Uma semana longe dos melhores amigos. Ela já havia ficado mais tempo que aquilo sem vê-los, mas mesmo assim parecia que a distância física interferia. E olha que ela conversava com eles por Whatsapp quase sempre.
— ! Que saudade de você, menina! — Gisele foi a primeira e se manifestar, tomando o cuidado de falar inglês para que Tom também entendesse. — Ah, ela finalmente decidiu te apresentar pra nós?
— Parece que sim. — Tom se sentia bastante sem graça, vendo três pessoas espremidas para caberem no alcance da câmera. — É um prazer finalmente conhecer vocês.
— Eu não acredito que você namora mesmo com ela. — Eduarda revirou os olhos, mantendo porém um enorme sorriso no rosto. — Falta de opção não é. Você é doido?
— Eduarda! Porra! — franziu as sobrancelhas para a amiga, falando o palavrão em português mesmo, querendo atravessar a tela do notebook e arrancar os cabelos da garota.
Ao seu lado Tom começou a rir. Era como no dia em que ela havia conhecido o elenco da Marvel, com todos fazendo a piada de “nossa, por que você namora com ele?”, só que invertido. Agora ela seria obrigada a ouvir aquelas piadinhas. Pra que mesmo ela tinha amigos?
— Não sei muito bem. — ele balançou os ombros, passando o braço ao redor de e se aproximando mais dela. — Quer dizer, eu realmente gosto muito dela…
— Ai, não comecem com a melação, pelo amor. — Juliano revirou os olhos e balançou a mão, mas assim como Eduarda ele também sorria. Aqueles eram seus amigos: amavam um romance mas nunca admitiriam. — A já te faz passar muita vergonha dando uma de turista?
— Vocês me ligaram para conversar comigo ou com o meu namorado? Não ‘tô entendendo. — disse antes mesmo que Tom pudesse responder a pergunta do melhor amigo.
— Ai , com você a gente fala quando quiser, mas vai saber quando vai ser a próxima vez que vamos poder falar com Tom Holland, né.
Eles continuaram conversando por mais alguns minutos, os três praticamente falando apenas com Tom. E ok, queria que os amigos e o namorado se dessem bem, mas ela queria poder fazer parte da conversa também. Por isso, ao ouvir um barulho de alguma coisa caindo no chão, ela soube exatamente o que precisava fazer.
— Harrison! — ela realmente gritou, assustando a todos. — Harrison! Vem cá! Por favor!
— , o que aconteceu? — o rapaz apareceu na porta com o cabelo todo molhado, apenas com uma bermuda e o peito também molhado. não sabia que ele estava saindo do banho, coitado. Nem havia dado tempo do garoto se secar direito. — Tom, o que você fez?
— Eu não fiz nada!
— Haz, vem cá, vem me salvar desses três monstros que só querem saber do meu namorado famosinho. — ela revirou os olhos, fazendo um sinal para que Harrison se juntasse a ela e Tom na cama.
— Três monstros? — o garoto franziu as sobrancelhas, indo até a cama e se sentando ao lado de , deixando-a no meio.
O ângulo que o notebook fazia no colo de não permitia que eles fossem vistos de corpo inteiro pela câmera, apenas até um pouco acima da cintura. Porém mesmo com tão pouco do corpo sendo mostrado, a chegada de Harrison foi o bastante para fazer com que três pares de sobrancelhas brasileiras fossem levantadas.
— Caralho. Que delícia. — Eduarda falou em português, olhando diretamente para Harrison. Com dois pequenos segundos de atraso, todos os brasileiros começaram a rir. viu Harrison e Tom se olharem confusos mas fingiu que nada havia acontecido. — Não é querendo ofender, , mas com essa delícia aí do seu lado, como você consegue ser fiel ao Tom?
— Eu amo o Tom. — respondeu em português, recebendo um olhar curioso do namorado que provavelmente havia entendido apenas o próprio nome.
— Você é uma filha da puta sortuda, isso sim. — Juliano estreitou os olhos, ainda falando em português. contava os minutos para que os dois ao seu lado perdessem a paciência. — Seja boazinha com a gente e peça pro seu namorado também tirar a camisa.
— Quê?! Não! Louco!
— Então, … — Harrison falou após limpar a garganta, impedindo que o diálogo entre os brasileiros continuasse. — Sem querer ser o cara chato, mas você me chamou aqui pra ficar te ouvindo falar em português com seus amigos? Sem nem me apresentar pra ninguém?
— Desculpa. — ela sorriu para ele, vendo os três trocarem olhares que ela sabia serem completamente depravados. — Haz, estes são Juliano, Gisele e Eduarda, meus melhores amigos no Brasil. Gente, esse é o Haz, o melhor amigo do Tom.
— Oi, Haz! — Gisele deu um sorriso que gelou o estômago de , o mesmo que ela havia apelidado de “a Gisele está prestes a aprontar”. — É um prazer te conhecer.
— Digo o mesmo. — ele respondeu na simpatia total, provavelmente sem perceber a maneira como Gisele havia dado ênfase na palavra prazer.
— Haz, você é o terceiro elemento da relação aí? — Eduarda mordeu o próprio lábio, claramente segurando uma risada.
— Não! — Harrison e Tom responderam exatamente ao mesmo tempo, ambos parecendo completamente assustados com a ideia. estreitou os olhos na direção dos amigos, balançando a cabeça negativamente e reprovando a pergunta que havia sido feita.
— Eu nunca mais vou deixar vocês conversarem com os dois. Sério. — queria matar os três, que agoram riam sem parar. Ela sentia que tudo o que havia feito naqueles minutos de conversa havia sido passar muita vergonha.
— Sério? Espera, dois caras maravilhosos e uma mulher incrível juntos e vocês nunca sequer cogitaram um poliamor? — Eduarda realmente não possuía papas na língua.
— Bom, antes da , eu namorava com o Tom. — Harrison balançou os ombros, sorrindo. Graças a todos os deuses do universo ele estava levando tudo na brincadeira. — Mas aí a chegou e eu perdi meu namorado. Honestamente, eu sou meio ciumento, então acho melhor deixar como está.
Logo os seis estavam rindo, ligando assunto atrás de assunto. Para o alívio de , não demorou muito para que Harrison e Tom se sentissem mais à vontade com Gisele, Juliano e Eduarda, começando a responder as brincadeiras e fazer as próprias piadas, da melhor maneira de amigos que havia torcido tanto para que acontecesse.
Eles haviam conversado por muito tempo, mais do que uma hora certamente, até que percebessem que já estava na hora de desligar, infelizmente. No fim havia acabado sendo bastante divertido. Após finalizar a chamada, fechou o notebook e suspirou. Virou a cabeça de um lado para o outro, vendo que tanto Tom quanto Harrison olhavam para o aparelho eletrônico como se estivessem meio distantes.
— Desculpa pelas piadas sem graça. — ela torceu a boca. — Acho que eles esquecem que não é o mundo inteiro que está acostumado com a zoeira brasileira.
— Teve umas coisas estranhas mas no geral foi engraçado. — Tom balançou os ombros, se aproximando mais de e lhe dando um longo beijo na bochecha.
— Ok, é a minha deixa. — Harrison se levantou da cama.
— Como assim, Haz? Achei que você fosse a terceira parte desse relacionamento. — Tom encarou a amigo e sorriu, recebendo apenas o dedo do meio enquanto ele saía do quarto.
e Tom começaram a rir. Tudo bem, apesar de todos os pesares, tudo havia ocorrido bem. E ela havia matado um pouco da saudade dos amigos. O dia já havia valido a pena.
7.
— ? ? , acorda! — Tom segurava o ombro de , a balançando, tentando fazer com que a garota acordasse logo.
— O que foi, desgraça? — ela falou com a voz rouca, os olhos ainda fechados.
— Levanta, se arruma, vamos sair. — ele continuava balançando a garota.
— É sábado de manhã, Thomas. — ela abriu apenas um olho, esperando que fosse o bastante para que Tom sentisse todo o ódio que ela queria transmitir. — Ninguém sai sábado de manhã. No máximo as pessoas chegam em casa em um sábado de manhã.
— Na verdade eu e o Harrison vamos treinar sábado de manhã, e queremos que você venha conosco.
finalmente abriu os dois olhos, encarando o namorado que a olhava com um enorme sorriso. Ela permaneceu em silêncio, esperando que ele falasse que aquela era uma brincadeira de péssimo gosto e que, obviamente, ela poderia voltar a dormir por era uma merda de um sábado de manhã. Sem contar que era completamente sedentária, e pessoa sedentárias nunca sequer se mexem – as dores que ela ainda sentia após aprender a dançar Umbrella eram bem claras em seu corpo.
— Vai tomar no cu, Tom. — ela finalmente falou, voltando a fechar os olhos, pronta para dormir.
— Amor! — ela sentiu todo o peso de Tom ser solto em cima dela, a fazendo soltar todo o ar de seu pulmão e se perguntando se ter um namorado era realmente tão importante assim, e se ele realmente faria falta para a Marvel após ela assassiná-lo. — Vamos! Vai ser super divertido!
— Thomas Stanley Holland, em que merda de mundo você vive que te faz pensar que realizar exercícios físicos é divertido? — ela falou entre dentes, tentando empurrar o rapaz de si, mesmo sabendo que ela não conseguiria porque ele bem mais forte que ela, infelizmente.
Será que por que ele praticava exercícios físicos?
Bom questionamento.
— , por favor. — ela sentiu um beijo no rosto. Agradeceu por ter um namorado que entendia que ela não beijava na boca logo após acordar. — Nós não queremos que você fique aqui sozinha. Nem precisa fazer exercícios, só ir.
Ela bufou, concordando e apreciando Tom finalmente sair de cima dela, deixando que ela se trocasse. reclamou enquanto colocava uma calça legging e uma blusa larga, para em seguida prender o cabelo em um rabo de cavalo alto e muito torto e bagunçado, mas ela nem ligava. Ela não pretendia se mexer, mas se precisasse pelo menos estava com roupa adequada.
Quando chegou na sala, viu Harrison e Tom conversando animados, o que a fez querer morrer. Ninguém nunca deveria estar feliz em um sábado de manhã – era muito importante frisar que era sábado. De. Manhã. Ela se sentou com eles, tomando o café de manhã que Harrison – provavelmente – havia comprado em algum lugar perto.
Diferente dos dois, ela colocou uma blusa fina de moletom. Era primavera, claro, mas a Califórnia ainda era um pouco mais fria do que ela estava acostumada, então uma blusa fina não fazia tanta diferença no sol fraco que brilhava no céu incrivelmente azul. Ao seu lado, Harrison e Tom caminhavam animados – aparentemente o local de treino era perto, então eles poderiam já começar o treinamento e ir caminhando.
Ok, havia acordado completamente mal humorada, o que era mais comum do que ela gostava de admitir, mas Harrison e Tom brincando e fazendo piada o tempo todo dava uma levantada em seu humor. Ela tirou o celular do bolso, abrindo o Instagram e deixando que os dois andassem um pouco a sua frente.
Ela conseguiu filmar os momentos em que os dois riam e faziam piadas, parecendo duas crianças animadas – só faltava pular no mesmo lugar –, falando pra andar mais rápido e gravando o seu melhor stories da vida. Digitou rapidamente “o tipinho de gente que fica animado em acordar sábado de manhã pra ir treinar”, marcando tanto Tom quanto Harrison, salvando o vídeo antes de adicioná-lo ao seu stories, colocando o celular de volta no bolso.
Menos de dois minutos depois eles estavam chegando em um local enorme. Primeiro que não era uma academia, como havia achado que seria. Era um espaço aberto, com vários colchões espalhados, alguns “obstáculos”, sacos de areia e até mesmo uma parede de escalada. Pelo menos não seria um treinamento de levantar peso, menos pior.
Assim que chegaram, um homem mais velho foi recebê-los, aparentemente o personal trainer de Tom. Ele os levou até um vestiário, onde deixaram chaves e celulares, para então seguir de fato para o tal treinamento. Logo o rapaz foi levado para um dos colchões, onde ele logo começou a treinar seus saltos e piruetas, deixando boquiaberta. Certo, ela sabia que ele tinha um pouco de conhecimento em ginástica, já havia visto vários vídeos dele fazendo aqueles movimentos, mas ver pessoalmente era totalmente diferente.
— Quer bater um pouco no saco de areia? — ela sentiu Harrison cutucá-la e apontar para o saco preto que estava a poucos metros dos dois.
havia prometido a si mesma que não faria nenhum exercício físico.
Mas bater em um saco de areia parecia tão divertido…
Ela concordou, abrindo um enorme sorriso e balançando a cabeça. Então seguiu Harrison até o saco de areia preto, vendo-o pegar dois pares de luvas de boxe, estendendo um deles para . Ela colocou as luvas, que pareciam um pouco grandes demais para suas mãos, mas logo Harrison ajustou, deixando-as perfeitamente encaixadas.
— Já lutou boxe? — ele esperou que ela negasse antes de se posicionar atrás de . — Vou te ajudar a ficar na posição certa, tudo bem?
Ela apenas confirmou com a cabeça, sentindo Harrison segurar seu antebraço, empurrando-os para cima. Em seguidas as mãos dele encontraram a cintura dela, fazendo com que ela ficasse levemente virada para a esquerda, o braço esquerdo parecendo estar um pouco mais para frente que o direito.
— Agora flexiona só um pouco os joelhos, e distribui bem o peso nas duas pernas. — ele se afastou dela, indo para o seu lado e abrindo um sorriso de aprovação. — Perfeito. Agora… Bate.
E foi exatamente o que fez.
Ela começou a socar o saco de areia sem nenhuma piedade, fazendo-o balançar levemente para frente e para trás. Ela tinha certeza que seus socos não possuíam técnica, e se alguém que entendesse do esporte a visse provavelmente sentiria bastante vergonha alheia, mas honestamente ela não se importava. Aquilo estava divertido, e ela nunca imaginaria que praticar um esporte fosse ser divertido.
— Olha só quem decidiu praticar um esporte. — ouviu a voz de Tom atrás de si após o que pareceu apenas cinco minutos, mas ela sabia que havia sido quase uma hora.
Ela parou de bater no saco de areia, se virando e vendo o namorado com os cabelos molhados, provavelmente de suor, a blusa também molhada na região do pescoço. O rosto de Tom estava levemente avermelhado e completamente seco, então ele provavelmente já havia secado o suor com alguma toalha, o que a lembrava que ela não havia levado nada para se limpar, mas mesmo assim ele mantinha um enorme sorriso no rosto. Ela pensou em o abraçar – ela também estava suada a essa altura – mas decidiu que misturar suor não era exatamente algo que ela queria.
— Até que é divertido. — ela balançou os ombros. Tentou tirar as luvas, mas falhou miseravelmente. Tom riu e segurou as mãos delas, tirando as luvas com facilidade. — Acabou o treino?
— Ainda preciso fazer barra. Só vim ver o que você estava aprontando. — ele riu e deu um rápido selinho em . — Quer vir também?
Ela ponderou continuar sua sessão de socos, mas não seria idiota de perder a oportunidade de assistir Tom Holland fazendo barras, então o acompanhou até a outra ponta do salão, onde o personal trainer já o esperava. E ele começou as barras como qualquer pessoa normal, apenas subindo e descendo. Até começar com os malabarismo. Ela encarou de boca aberta enquanto ele girava, se pendurava com apenas uma mão, dava pulos…
— Tom, isso é muito legal! — ela estava se segurando para não começar a bater palmas quando ele dava mais um giro na barra, parando de ponta cabeça, pendurando-se pela parte de trás dos joelhos. Então ele sorriu e fez um sinal com o indicador para que ela se aproximasse.
Com um enorme sorriso no rosto, foi até o namorado praticamente aos pulos, finalmente chegando perto o bastante e colando seus lábios no famoso “beijo do Homem-Aranha”. Com o Homem-Aranha. Se ela não era a garota mais sortuda do mundo, ela não sabia quem era. E era maravilhoso, era bom acrescentar. Talvez porque no geral os beijos de Tom fossem simplesmente incríveis, mas diria que a posição também era bastante boa.
— Ok, eu preciso voltar pra posição normal. — Tom disse após se separarem, rapidamente se mexendo na barra e finalmente voltando para o chão.
apenas continuou assistindo Tom, sabendo que havia atingido sua cota de exercícios físicos pelo resto do ano, apesar de vez ou outra o rapaz fazê-la participar de algo que fosse fácil o bastante. No fim era quase hora do almoço quando ela, Tom e Harrison finalmente puderam pegar suas coisas e ir para a casa descansar um pouco.
Ao recuperar o celular, viu que havia recebido dezenas de notificações no Instagram. Sem entender muito bem, pediu que os dois esperassem um pouco, abrindo o aplicativo e indo até suas mensagens. Todas pareciam ser respostas ao stories que ela tinha gravado mais cedo de Tom e Haz no caminho para a academia. Ela franziu as sobrancelhas, estranhando. Ela não tinha nem dez seguidores no Instagram, já que era privado e ela deixava apenas conhecidos a seguirem. Então abriu as mensagens uma por uma, tentando ver do que se tratava.
“OMG vocês conhecem o Tom Holland?!”
“MENTIRA QUE VOCÊS SÃO AMIGAS DO TOM HOLLAND!!!”
“Vocês estão em Los Angeles? COM O TOM HOLLAND?”
“Meninas, mentira que vocês são amigas do Tom!”
“OMG É O TOM E O HARRISON, VOCÊS CONHECEM ELES!!”
E todas as mensagens seguiam aquela linha.
Vocês? Plural?
E então finalmente percebeu.
Ela não havia publicado o stories no próprio Instagram. Ela havia publicado no Instagram do blog. Que havia acabado de ganhar mais ou menos duzentos seguidores apenas nas horas que ela estava na academia treinando. respirou fundo, pensando no tanto de coisas que aquele simples stories faria em sua vida. Ela havia acabado de anunciar para todo mundo que pelo menos uma das donas do Loli Ruri era no mínimo amiga de Tom Holland.
estava tão fodida.
***
Tom e Harrison não entendiam muito bem o que estava acontecendo. Absolutamente do nada havia praticamente saído correndo, indo para casa o mais rápido possível sem nem ao menos tentar explicar para os dois o motivo de tanta pressa. Ao chegarem em casa, a garota começou a andar de um lado para o outro sem parar, sussurrando para si mesma em português, o que era um tanto irritante.
Eles haviam tentado perguntar para a garota o que estava acontecendo, mas simplesmente não respondia. O celular dela estava sobre superfície da ilha na cozinha e cada vez que ela passava ali o desbloqueava, provavelmente esperando alguma notificação que não aparecia. Tom se sentou em um dos bancos, o olhar acompanhando cada movimento de , parecendo realmente preocupado.
, por sua vez, estava esperando uma ligação. Havia mandado mensagem para Eduarda e Gisele – que havia ido correndo para a casa da amiga – e agora apenas aguardava que as duas lhe ligassem. Seu estômago estava gelado. Ela não conseguia acreditar em como havia sido idiota! Como era possível ter simplesmente soltado um vídeo de Tom e Harrison no stories do Loli Ruri? Ela poderia estragar tanta coisa daquele jeito.
E então o celular finalmente vibrou com uma chamada de vídeo de Eduarda. correu até o aparelho, atendendo rapidamente e vendo do outro lado Eduarda e Gisele com feições preocupadas.
— Me diz que eu ‘to vivendo um pesadelo. — foi a primeira coisa que falou, em português mesmo. Não era o momento que Tom e Harrison precisavam entender e honestamente ela estava sem cabeça para prestar atenção ao falar em inglês.
— Não, amiga. — Gisele fez uma careta triste. — Mas não é exatamente um pesadelo… Nós conseguimos quase duzentos e cinquenta seguidores nas últimas horas!
— E o site Tom Holland Brasil entrou em contato com a gente oferecendo parceria! — Eduarda abriu um animado sorriso. — Acredita nisso? Quase seis anos de com o Loli Ruri e é a primeira vez que alguém quer ser nosso parceiro!
piscou algumas vezes. Era impressão sua ou suas amigas não estavam entendendo o quanto aquilo não era bom? Quer dizer, não que fosse o fim do mundo, mas ela e Tom não queriam falar pro mundo todo sobre o namoro deles. Primeiro porque Tom passaria a ter uma vida de entrevistas sobre namorar uma fã brasileira e isso seria um saco. Segundo porque ela não queria lidar com as fãs do Tom, era isso.
— Vocês não podem estar falando sério. — ela balançou a cabeça, desacreditada.
— , a gente sabe que você não planejou nada disso. — Gisele franziu as sobrancelhas, a voz calma. gostava de como Gisele era sempre delicada, o completo oposto de Eduarda que possuía zero papas na língua. — Mas não tem como negar que foi bom para o Loli Ruri.
— Mesmo que tenha sido, não posso deixar isso acontecer de novo. — desviou o olhar da tela, encontrando o olhar de Tom. Ele a olhava em completo silêncio, parecendo levemente preocupado com a namorada. Ela nem tinha falado para ele tudo o que estava acontecendo. — Isso não vai acontecer de novo.
— Mas… A parceria com o Tom Holland Brasil. — Eduarda fez uma careta chateada. Claro, a vantagem da parceria seria notícias frescas sobre Tom. — Essa seria a oportunidade perfeita pro blog crescer. Além do que…
Eduarda e Gisele se encararam cúmplices, como se estivessem escondendo algo de , o que foi o bastante para fazer com o que o sangue dela fervesse. Não era possível que as duas amigas estavam planejando algo pelas costas dela.
— Além do que o quê? — travou o maxilar, a voz soando realmente nervosa.
— Bom… Sabe como a gente sempre quis ter um canal no YouTube? — ah não. sabia o que vinha pela frente e já não gostava. — Então… Talvez você pudesse começar ele aí, sabe? Em Los Angeles e tal… E…
— Casualmente pedir pro Tom aparecer e atrair inscritos assim. — balançou a cabeça, negando. — Vocês querem que eu use o meu namorado pro Loli Ruri ficar famoso. Uau. Isso não vai acontecer, eu não sou esse tipo de pessoa.
— A gente sabe que isso é horrível, , mas… — Gisele respirou fundo, parecendo tentar tomar coragem. — Você sabe que daria certo, talvez não o blog, mas o YouTube… Você sabe que a gente conseguiria bastante inscritos. E… Se a gente ganhasse dinheiro o bastante, talvez você nem precisasse voltar para o Brasil.
mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça. Doía porque era verdade. Ela sabia que as amigas estavam certas, que ter Tom Holland aparecendo em seu canal seria o bastante para que ela conseguissem elevar o blog e conseguir visualizações para o canal. Na verdade ela poderia assumir o namoro com Tom e ter um canal solo e conseguir bastante dinheiro com isso, era verdade. Ah, e não precisar voltar para o Brasil, continuar ali em Los Angeles com ele.
Mas ela sabia que nunca poderia fazer isso. Não era nem uma questão de não querer porque havia sim uma parte de si absurdamente tentada a aceitar a ideia, mas ela não era esse tipo de pessoa. Ainda lembrava de como Tom havia ficado chateado quando ela brincou sobre espalhar em seu blog um spoiler que ele havia soltado sem querer. Ela não estava com Tom porque queria aproveitar de sua fama; estava com ele porque havia se apaixonado.
Ela sentiu o rosto queimar. Novamente a facilidade com que ela chorava aparecendo. Ok, ela tinha motivos para chorar. tinha a oportunidade perfeita de finalmente conseguir realizar o sonho de ter o blog reconhecido e de continuar em Los Angeles com Tom, mas ela simplesmente não poderia aceitar porque isso iria contra tudo o que ela acreditava como ser humano. E aquilo era uma merda porque tudo em sua vida sempre, sempre dava errado, e Tom era a única coisa constante e boa que estava acontecendo nos últimos tempos. Mas em três semanas ela iria embora porque ela precisava voltar para o Brasil e seu trabalho de merda em um bar de merda com um salário de merda e só deus sabia quando ela veria seu namorado de novo.
Se ela o visse de novo.
Se eles continuassem namorando.
— Não, eu não posso fazer isso. — ela balançou a cabeça rapidamente, sentindo o rosto queimar, as lágrimas prestes a cair. — Eu simplesmente não posso fazer isso, meninas. Não… Não dá. — e lá estavam as lágrimas.
sentiu dois braços a envolvendo. Tom estava atrás dela, lhe abraçando, dando um beijo em sua bochecha molhada porque ele era uma pessoa incrível. Ele não fazia a menor ideia do que estava acontecendo – porque o diálogo inteiro com as amigas estava acontecendo em português – mas mesmo assim, ao ver chorando, ele não pensou duas vezes antes de confortá-la. Ela nunca poderia machucar aquele garoto. Nunca.
— Tudo bem, . — Eduarda tentou sorrir, mas conhecia a amiga o bastante para saber que ela estava chateada. — A gente entende. Na verdade não esperávamos algo diferente. Mas tínhamos que pelo menos tentar, né.
— Desculpa. — sentiu a voz tremer um pouco.
— ‘Tá tudo bem, miga. Nós vamos resolver isso sem precisar expor você ou o Tom. — Gisele também deu um sorriso cheio de tristeza. E então abriu ainda mais o sorriso para Tom, que estava com o queixo apoiado no ombro de . — E você, cuida dessa louca aí.
— Eu vou fazer meu melhor. — a voz de Tom parecia baixa, chateada. — O que está acontecendo?
— A te explica. — Eduarda entortou a boca, se despedindo dos dois e finalmente desligando o celular.
Após desligar o aparelho, se virou e abraçou Tom, chorando um pouco mais. A mão dele fazia um carinho leve na cabeça dela, confortando-a. Ele não havia perguntado de novo o que havia acontecido, apenas focando em ajudar a namorada a se acalmar. O que era péssimo, porque só fazia sentir ainda mais conflitos internos.
Ela não queria ir embora, não queria deixar Tom, mas ela iria. Ou ela poderia transformar o namoro deles em uma constante publicidade e ter dinheiro o bastante pra continuar em Los Angeles. Ideia horrível e tentadora que só fazia com que ela chorasse ainda mais.
— Quer deitar um pouco? — ela ouviu Tom perguntar, o carinho constante.
— Não, eu… — ela se afastou um pouco, fungando e secando as lágrimas. Virou a cabeça, encontrando Harrison a encarando, parecendo preocupado.
— Você ‘tá preocupando a gente, . O que ‘tá acontecendo?
Então finalmente ela explicou para os dois tudo o que havia acontecido, desde o stories que ela havia gravado no caminho para o treino até a conversa que havia acabado de ter com as amigas. A expressão de Tom era de puro choque, o que fez o coração de gelar.
— Eu juro que não vou fazer isso, Tom! Eu prometo! E desculpa ter sido tão descuidada, te prometo que nunca mais acontecer!
— Se isso desse certo você poderia ficar aqui em Los Angeles comigo? — foi o que ele perguntou, parecendo ignorar as desculpas de .
— Sim, mas… — ela franziu as sobrancelhas. Um brilho diferente passou no olhar de Tom. — Não. Não, não, não. Isso não vai acontecer, Tom.
— Mas é a chance de você ficar aqui.
— Não. Não assim, não.
— Eu tenho que concordar com a , Tom. — Harrison falou pela primeira vez desde que haviam entrado no apartamento. — É tentador mas pode acabar virando um problema em algum momento. Pra vocês dois.
Tom balançou a cabeça, concordando a contragosto. Infelizmente era a verdade e eles precisavam entender. Por mais triste e frustrante que fosse.
— Eu queria um cigarro. — murmurou, fungando novamente.
— Eu compro pra você. Tem preferência por marca? — Harrison já estava com a chave em mãos, pronto para sair de casa.
apenas balançou a cabeça, negando. Nem sabia quais marcas de cigarro existiam nos Estados Unidos, não iria exigir muito. Harrison saiu, deixando apenas Tom e na cozinha. Ele segurou a mão da namorada e deu um sorriso quase animado. Quase.
— As coisas vão dar certo, amor. Acredite.
Ela balançou a cabeça concordando. Apertou um pouco a mão de Tom e sorriu. Enquanto durasse tudo daria certo.
— O que foi, desgraça? — ela falou com a voz rouca, os olhos ainda fechados.
— Levanta, se arruma, vamos sair. — ele continuava balançando a garota.
— É sábado de manhã, Thomas. — ela abriu apenas um olho, esperando que fosse o bastante para que Tom sentisse todo o ódio que ela queria transmitir. — Ninguém sai sábado de manhã. No máximo as pessoas chegam em casa em um sábado de manhã.
— Na verdade eu e o Harrison vamos treinar sábado de manhã, e queremos que você venha conosco.
finalmente abriu os dois olhos, encarando o namorado que a olhava com um enorme sorriso. Ela permaneceu em silêncio, esperando que ele falasse que aquela era uma brincadeira de péssimo gosto e que, obviamente, ela poderia voltar a dormir por era uma merda de um sábado de manhã. Sem contar que era completamente sedentária, e pessoa sedentárias nunca sequer se mexem – as dores que ela ainda sentia após aprender a dançar Umbrella eram bem claras em seu corpo.
— Vai tomar no cu, Tom. — ela finalmente falou, voltando a fechar os olhos, pronta para dormir.
— Amor! — ela sentiu todo o peso de Tom ser solto em cima dela, a fazendo soltar todo o ar de seu pulmão e se perguntando se ter um namorado era realmente tão importante assim, e se ele realmente faria falta para a Marvel após ela assassiná-lo. — Vamos! Vai ser super divertido!
— Thomas Stanley Holland, em que merda de mundo você vive que te faz pensar que realizar exercícios físicos é divertido? — ela falou entre dentes, tentando empurrar o rapaz de si, mesmo sabendo que ela não conseguiria porque ele bem mais forte que ela, infelizmente.
Será que por que ele praticava exercícios físicos?
Bom questionamento.
— , por favor. — ela sentiu um beijo no rosto. Agradeceu por ter um namorado que entendia que ela não beijava na boca logo após acordar. — Nós não queremos que você fique aqui sozinha. Nem precisa fazer exercícios, só ir.
Ela bufou, concordando e apreciando Tom finalmente sair de cima dela, deixando que ela se trocasse. reclamou enquanto colocava uma calça legging e uma blusa larga, para em seguida prender o cabelo em um rabo de cavalo alto e muito torto e bagunçado, mas ela nem ligava. Ela não pretendia se mexer, mas se precisasse pelo menos estava com roupa adequada.
Quando chegou na sala, viu Harrison e Tom conversando animados, o que a fez querer morrer. Ninguém nunca deveria estar feliz em um sábado de manhã – era muito importante frisar que era sábado. De. Manhã. Ela se sentou com eles, tomando o café de manhã que Harrison – provavelmente – havia comprado em algum lugar perto.
Diferente dos dois, ela colocou uma blusa fina de moletom. Era primavera, claro, mas a Califórnia ainda era um pouco mais fria do que ela estava acostumada, então uma blusa fina não fazia tanta diferença no sol fraco que brilhava no céu incrivelmente azul. Ao seu lado, Harrison e Tom caminhavam animados – aparentemente o local de treino era perto, então eles poderiam já começar o treinamento e ir caminhando.
Ok, havia acordado completamente mal humorada, o que era mais comum do que ela gostava de admitir, mas Harrison e Tom brincando e fazendo piada o tempo todo dava uma levantada em seu humor. Ela tirou o celular do bolso, abrindo o Instagram e deixando que os dois andassem um pouco a sua frente.
Ela conseguiu filmar os momentos em que os dois riam e faziam piadas, parecendo duas crianças animadas – só faltava pular no mesmo lugar –, falando pra andar mais rápido e gravando o seu melhor stories da vida. Digitou rapidamente “o tipinho de gente que fica animado em acordar sábado de manhã pra ir treinar”, marcando tanto Tom quanto Harrison, salvando o vídeo antes de adicioná-lo ao seu stories, colocando o celular de volta no bolso.
Menos de dois minutos depois eles estavam chegando em um local enorme. Primeiro que não era uma academia, como havia achado que seria. Era um espaço aberto, com vários colchões espalhados, alguns “obstáculos”, sacos de areia e até mesmo uma parede de escalada. Pelo menos não seria um treinamento de levantar peso, menos pior.
Assim que chegaram, um homem mais velho foi recebê-los, aparentemente o personal trainer de Tom. Ele os levou até um vestiário, onde deixaram chaves e celulares, para então seguir de fato para o tal treinamento. Logo o rapaz foi levado para um dos colchões, onde ele logo começou a treinar seus saltos e piruetas, deixando boquiaberta. Certo, ela sabia que ele tinha um pouco de conhecimento em ginástica, já havia visto vários vídeos dele fazendo aqueles movimentos, mas ver pessoalmente era totalmente diferente.
— Quer bater um pouco no saco de areia? — ela sentiu Harrison cutucá-la e apontar para o saco preto que estava a poucos metros dos dois.
havia prometido a si mesma que não faria nenhum exercício físico.
Mas bater em um saco de areia parecia tão divertido…
Ela concordou, abrindo um enorme sorriso e balançando a cabeça. Então seguiu Harrison até o saco de areia preto, vendo-o pegar dois pares de luvas de boxe, estendendo um deles para . Ela colocou as luvas, que pareciam um pouco grandes demais para suas mãos, mas logo Harrison ajustou, deixando-as perfeitamente encaixadas.
— Já lutou boxe? — ele esperou que ela negasse antes de se posicionar atrás de . — Vou te ajudar a ficar na posição certa, tudo bem?
Ela apenas confirmou com a cabeça, sentindo Harrison segurar seu antebraço, empurrando-os para cima. Em seguidas as mãos dele encontraram a cintura dela, fazendo com que ela ficasse levemente virada para a esquerda, o braço esquerdo parecendo estar um pouco mais para frente que o direito.
— Agora flexiona só um pouco os joelhos, e distribui bem o peso nas duas pernas. — ele se afastou dela, indo para o seu lado e abrindo um sorriso de aprovação. — Perfeito. Agora… Bate.
E foi exatamente o que fez.
Ela começou a socar o saco de areia sem nenhuma piedade, fazendo-o balançar levemente para frente e para trás. Ela tinha certeza que seus socos não possuíam técnica, e se alguém que entendesse do esporte a visse provavelmente sentiria bastante vergonha alheia, mas honestamente ela não se importava. Aquilo estava divertido, e ela nunca imaginaria que praticar um esporte fosse ser divertido.
— Olha só quem decidiu praticar um esporte. — ouviu a voz de Tom atrás de si após o que pareceu apenas cinco minutos, mas ela sabia que havia sido quase uma hora.
Ela parou de bater no saco de areia, se virando e vendo o namorado com os cabelos molhados, provavelmente de suor, a blusa também molhada na região do pescoço. O rosto de Tom estava levemente avermelhado e completamente seco, então ele provavelmente já havia secado o suor com alguma toalha, o que a lembrava que ela não havia levado nada para se limpar, mas mesmo assim ele mantinha um enorme sorriso no rosto. Ela pensou em o abraçar – ela também estava suada a essa altura – mas decidiu que misturar suor não era exatamente algo que ela queria.
— Até que é divertido. — ela balançou os ombros. Tentou tirar as luvas, mas falhou miseravelmente. Tom riu e segurou as mãos delas, tirando as luvas com facilidade. — Acabou o treino?
— Ainda preciso fazer barra. Só vim ver o que você estava aprontando. — ele riu e deu um rápido selinho em . — Quer vir também?
Ela ponderou continuar sua sessão de socos, mas não seria idiota de perder a oportunidade de assistir Tom Holland fazendo barras, então o acompanhou até a outra ponta do salão, onde o personal trainer já o esperava. E ele começou as barras como qualquer pessoa normal, apenas subindo e descendo. Até começar com os malabarismo. Ela encarou de boca aberta enquanto ele girava, se pendurava com apenas uma mão, dava pulos…
— Tom, isso é muito legal! — ela estava se segurando para não começar a bater palmas quando ele dava mais um giro na barra, parando de ponta cabeça, pendurando-se pela parte de trás dos joelhos. Então ele sorriu e fez um sinal com o indicador para que ela se aproximasse.
Com um enorme sorriso no rosto, foi até o namorado praticamente aos pulos, finalmente chegando perto o bastante e colando seus lábios no famoso “beijo do Homem-Aranha”. Com o Homem-Aranha. Se ela não era a garota mais sortuda do mundo, ela não sabia quem era. E era maravilhoso, era bom acrescentar. Talvez porque no geral os beijos de Tom fossem simplesmente incríveis, mas diria que a posição também era bastante boa.
— Ok, eu preciso voltar pra posição normal. — Tom disse após se separarem, rapidamente se mexendo na barra e finalmente voltando para o chão.
apenas continuou assistindo Tom, sabendo que havia atingido sua cota de exercícios físicos pelo resto do ano, apesar de vez ou outra o rapaz fazê-la participar de algo que fosse fácil o bastante. No fim era quase hora do almoço quando ela, Tom e Harrison finalmente puderam pegar suas coisas e ir para a casa descansar um pouco.
Ao recuperar o celular, viu que havia recebido dezenas de notificações no Instagram. Sem entender muito bem, pediu que os dois esperassem um pouco, abrindo o aplicativo e indo até suas mensagens. Todas pareciam ser respostas ao stories que ela tinha gravado mais cedo de Tom e Haz no caminho para a academia. Ela franziu as sobrancelhas, estranhando. Ela não tinha nem dez seguidores no Instagram, já que era privado e ela deixava apenas conhecidos a seguirem. Então abriu as mensagens uma por uma, tentando ver do que se tratava.
“OMG vocês conhecem o Tom Holland?!”
“MENTIRA QUE VOCÊS SÃO AMIGAS DO TOM HOLLAND!!!”
“Vocês estão em Los Angeles? COM O TOM HOLLAND?”
“Meninas, mentira que vocês são amigas do Tom!”
“OMG É O TOM E O HARRISON, VOCÊS CONHECEM ELES!!”
E todas as mensagens seguiam aquela linha.
Vocês? Plural?
E então finalmente percebeu.
Ela não havia publicado o stories no próprio Instagram. Ela havia publicado no Instagram do blog. Que havia acabado de ganhar mais ou menos duzentos seguidores apenas nas horas que ela estava na academia treinando. respirou fundo, pensando no tanto de coisas que aquele simples stories faria em sua vida. Ela havia acabado de anunciar para todo mundo que pelo menos uma das donas do Loli Ruri era no mínimo amiga de Tom Holland.
estava tão fodida.
Tom e Harrison não entendiam muito bem o que estava acontecendo. Absolutamente do nada havia praticamente saído correndo, indo para casa o mais rápido possível sem nem ao menos tentar explicar para os dois o motivo de tanta pressa. Ao chegarem em casa, a garota começou a andar de um lado para o outro sem parar, sussurrando para si mesma em português, o que era um tanto irritante.
Eles haviam tentado perguntar para a garota o que estava acontecendo, mas simplesmente não respondia. O celular dela estava sobre superfície da ilha na cozinha e cada vez que ela passava ali o desbloqueava, provavelmente esperando alguma notificação que não aparecia. Tom se sentou em um dos bancos, o olhar acompanhando cada movimento de , parecendo realmente preocupado.
, por sua vez, estava esperando uma ligação. Havia mandado mensagem para Eduarda e Gisele – que havia ido correndo para a casa da amiga – e agora apenas aguardava que as duas lhe ligassem. Seu estômago estava gelado. Ela não conseguia acreditar em como havia sido idiota! Como era possível ter simplesmente soltado um vídeo de Tom e Harrison no stories do Loli Ruri? Ela poderia estragar tanta coisa daquele jeito.
E então o celular finalmente vibrou com uma chamada de vídeo de Eduarda. correu até o aparelho, atendendo rapidamente e vendo do outro lado Eduarda e Gisele com feições preocupadas.
— Me diz que eu ‘to vivendo um pesadelo. — foi a primeira coisa que falou, em português mesmo. Não era o momento que Tom e Harrison precisavam entender e honestamente ela estava sem cabeça para prestar atenção ao falar em inglês.
— Não, amiga. — Gisele fez uma careta triste. — Mas não é exatamente um pesadelo… Nós conseguimos quase duzentos e cinquenta seguidores nas últimas horas!
— E o site Tom Holland Brasil entrou em contato com a gente oferecendo parceria! — Eduarda abriu um animado sorriso. — Acredita nisso? Quase seis anos de com o Loli Ruri e é a primeira vez que alguém quer ser nosso parceiro!
piscou algumas vezes. Era impressão sua ou suas amigas não estavam entendendo o quanto aquilo não era bom? Quer dizer, não que fosse o fim do mundo, mas ela e Tom não queriam falar pro mundo todo sobre o namoro deles. Primeiro porque Tom passaria a ter uma vida de entrevistas sobre namorar uma fã brasileira e isso seria um saco. Segundo porque ela não queria lidar com as fãs do Tom, era isso.
— Vocês não podem estar falando sério. — ela balançou a cabeça, desacreditada.
— , a gente sabe que você não planejou nada disso. — Gisele franziu as sobrancelhas, a voz calma. gostava de como Gisele era sempre delicada, o completo oposto de Eduarda que possuía zero papas na língua. — Mas não tem como negar que foi bom para o Loli Ruri.
— Mesmo que tenha sido, não posso deixar isso acontecer de novo. — desviou o olhar da tela, encontrando o olhar de Tom. Ele a olhava em completo silêncio, parecendo levemente preocupado com a namorada. Ela nem tinha falado para ele tudo o que estava acontecendo. — Isso não vai acontecer de novo.
— Mas… A parceria com o Tom Holland Brasil. — Eduarda fez uma careta chateada. Claro, a vantagem da parceria seria notícias frescas sobre Tom. — Essa seria a oportunidade perfeita pro blog crescer. Além do que…
Eduarda e Gisele se encararam cúmplices, como se estivessem escondendo algo de , o que foi o bastante para fazer com o que o sangue dela fervesse. Não era possível que as duas amigas estavam planejando algo pelas costas dela.
— Além do que o quê? — travou o maxilar, a voz soando realmente nervosa.
— Bom… Sabe como a gente sempre quis ter um canal no YouTube? — ah não. sabia o que vinha pela frente e já não gostava. — Então… Talvez você pudesse começar ele aí, sabe? Em Los Angeles e tal… E…
— Casualmente pedir pro Tom aparecer e atrair inscritos assim. — balançou a cabeça, negando. — Vocês querem que eu use o meu namorado pro Loli Ruri ficar famoso. Uau. Isso não vai acontecer, eu não sou esse tipo de pessoa.
— A gente sabe que isso é horrível, , mas… — Gisele respirou fundo, parecendo tentar tomar coragem. — Você sabe que daria certo, talvez não o blog, mas o YouTube… Você sabe que a gente conseguiria bastante inscritos. E… Se a gente ganhasse dinheiro o bastante, talvez você nem precisasse voltar para o Brasil.
mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça. Doía porque era verdade. Ela sabia que as amigas estavam certas, que ter Tom Holland aparecendo em seu canal seria o bastante para que ela conseguissem elevar o blog e conseguir visualizações para o canal. Na verdade ela poderia assumir o namoro com Tom e ter um canal solo e conseguir bastante dinheiro com isso, era verdade. Ah, e não precisar voltar para o Brasil, continuar ali em Los Angeles com ele.
Mas ela sabia que nunca poderia fazer isso. Não era nem uma questão de não querer porque havia sim uma parte de si absurdamente tentada a aceitar a ideia, mas ela não era esse tipo de pessoa. Ainda lembrava de como Tom havia ficado chateado quando ela brincou sobre espalhar em seu blog um spoiler que ele havia soltado sem querer. Ela não estava com Tom porque queria aproveitar de sua fama; estava com ele porque havia se apaixonado.
Ela sentiu o rosto queimar. Novamente a facilidade com que ela chorava aparecendo. Ok, ela tinha motivos para chorar. tinha a oportunidade perfeita de finalmente conseguir realizar o sonho de ter o blog reconhecido e de continuar em Los Angeles com Tom, mas ela simplesmente não poderia aceitar porque isso iria contra tudo o que ela acreditava como ser humano. E aquilo era uma merda porque tudo em sua vida sempre, sempre dava errado, e Tom era a única coisa constante e boa que estava acontecendo nos últimos tempos. Mas em três semanas ela iria embora porque ela precisava voltar para o Brasil e seu trabalho de merda em um bar de merda com um salário de merda e só deus sabia quando ela veria seu namorado de novo.
Se ela o visse de novo.
Se eles continuassem namorando.
— Não, eu não posso fazer isso. — ela balançou a cabeça rapidamente, sentindo o rosto queimar, as lágrimas prestes a cair. — Eu simplesmente não posso fazer isso, meninas. Não… Não dá. — e lá estavam as lágrimas.
sentiu dois braços a envolvendo. Tom estava atrás dela, lhe abraçando, dando um beijo em sua bochecha molhada porque ele era uma pessoa incrível. Ele não fazia a menor ideia do que estava acontecendo – porque o diálogo inteiro com as amigas estava acontecendo em português – mas mesmo assim, ao ver chorando, ele não pensou duas vezes antes de confortá-la. Ela nunca poderia machucar aquele garoto. Nunca.
— Tudo bem, . — Eduarda tentou sorrir, mas conhecia a amiga o bastante para saber que ela estava chateada. — A gente entende. Na verdade não esperávamos algo diferente. Mas tínhamos que pelo menos tentar, né.
— Desculpa. — sentiu a voz tremer um pouco.
— ‘Tá tudo bem, miga. Nós vamos resolver isso sem precisar expor você ou o Tom. — Gisele também deu um sorriso cheio de tristeza. E então abriu ainda mais o sorriso para Tom, que estava com o queixo apoiado no ombro de . — E você, cuida dessa louca aí.
— Eu vou fazer meu melhor. — a voz de Tom parecia baixa, chateada. — O que está acontecendo?
— A te explica. — Eduarda entortou a boca, se despedindo dos dois e finalmente desligando o celular.
Após desligar o aparelho, se virou e abraçou Tom, chorando um pouco mais. A mão dele fazia um carinho leve na cabeça dela, confortando-a. Ele não havia perguntado de novo o que havia acontecido, apenas focando em ajudar a namorada a se acalmar. O que era péssimo, porque só fazia sentir ainda mais conflitos internos.
Ela não queria ir embora, não queria deixar Tom, mas ela iria. Ou ela poderia transformar o namoro deles em uma constante publicidade e ter dinheiro o bastante pra continuar em Los Angeles. Ideia horrível e tentadora que só fazia com que ela chorasse ainda mais.
— Quer deitar um pouco? — ela ouviu Tom perguntar, o carinho constante.
— Não, eu… — ela se afastou um pouco, fungando e secando as lágrimas. Virou a cabeça, encontrando Harrison a encarando, parecendo preocupado.
— Você ‘tá preocupando a gente, . O que ‘tá acontecendo?
Então finalmente ela explicou para os dois tudo o que havia acontecido, desde o stories que ela havia gravado no caminho para o treino até a conversa que havia acabado de ter com as amigas. A expressão de Tom era de puro choque, o que fez o coração de gelar.
— Eu juro que não vou fazer isso, Tom! Eu prometo! E desculpa ter sido tão descuidada, te prometo que nunca mais acontecer!
— Se isso desse certo você poderia ficar aqui em Los Angeles comigo? — foi o que ele perguntou, parecendo ignorar as desculpas de .
— Sim, mas… — ela franziu as sobrancelhas. Um brilho diferente passou no olhar de Tom. — Não. Não, não, não. Isso não vai acontecer, Tom.
— Mas é a chance de você ficar aqui.
— Não. Não assim, não.
— Eu tenho que concordar com a , Tom. — Harrison falou pela primeira vez desde que haviam entrado no apartamento. — É tentador mas pode acabar virando um problema em algum momento. Pra vocês dois.
Tom balançou a cabeça, concordando a contragosto. Infelizmente era a verdade e eles precisavam entender. Por mais triste e frustrante que fosse.
— Eu queria um cigarro. — murmurou, fungando novamente.
— Eu compro pra você. Tem preferência por marca? — Harrison já estava com a chave em mãos, pronto para sair de casa.
apenas balançou a cabeça, negando. Nem sabia quais marcas de cigarro existiam nos Estados Unidos, não iria exigir muito. Harrison saiu, deixando apenas Tom e na cozinha. Ele segurou a mão da namorada e deu um sorriso quase animado. Quase.
— As coisas vão dar certo, amor. Acredite.
Ela balançou a cabeça concordando. Apertou um pouco a mão de Tom e sorriu. Enquanto durasse tudo daria certo.
8.
O cheiro de café fresco invadiu o quarto. já estava meio acordada, com uma eterna preguiça de levantar. Havia deitado cedo, chorado bastante no colo de Tom e agora sentia os olhos meio inchados. Ponderou que o cheiro de café fosse apenas sua imaginação, mas logo sentiu-o misturar com um aroma meio adocicado.
Ela coçou os olhos, tentando tirar as sujeiras acumuladas nos cantos, e finalmente os abriu, vendo Tom ao lado da cama com uma enorme bandeja de café. Ele sorriu e fez um sinal com a cabeça para que ela se sentasse, o que fez mais devagar do que gostaria – mas, em sua defesa, ela ainda não estava muito acordada. Ela cruzou as pernas, permitindo que Tom se sentasse de frente para ela e, com alguma dificuldade, equilibrasse a bandeja entre eles – não era uma bandeja feita para pernas cruzadas.
— Bom dia. — ele sorriu e apontou para os alimentos.
não sabia muito bem como reagir naquele momento. Tom então revirou os olhos e pegou uma das xícaras, enchendo de café e colocando de volta na bandeja. Depois encheu a segunda e a levou aos lábios, bebendo um pouco do líquido.
— Bom dia. — ela finalmente respondeu, pegando a xícara que Tom havia servido primeiro e bebericando o café, que já estava levemente adoçado. — Café na cama?
— É que hoje o dia vai ser especial. — ele alcançou uma torrada e a enfiou de uma vez na boca, sendo imitado por logo depois.
— Especial?
— Sim. Faz uma semana que você chegou em Los Angeles e ainda não tivemos um encontro de verdade. — ele balançou os ombros, vendo se servir de mais alguns alimentos. — Então hoje nós teremos o melhor encontro da sua vida.
— Não é muito difícil, sabe? Eu não tive muitos encontros. — ela balançou a cabeça fazendo pouco caso, vendo Tom estreitar os olhos em sua direção.
— Será que eu posso ter um minuto de felicidade, ? Não é tão difícil.
— Desculpa, amor. — ela quase engasgou com o café ao começar a rir. — Eu tenho certeza que vou ter o melhor encontro do mundo com o melhor namorado do mundo.
— Não precisa exagerar, mas agradeço a intenção.
Tom se inclinou, quase derrubando tudo o que havia colocado na bandeja mas mesmo assim roubando um beijo de , sentindo sabor de café e geleia de morango misturados. Ela ainda não havia escovado o dente, o que era um inferno, mas o menos seu hálito era de café, então não iria reclamar. Ele sorriu se afastar, vendo a garota fazer o mesmo.
Após o café Tom pediu para que se arrumasse para que pudessem sair. Ela quase entrou em crise com o “que tipo de roupa eu devo colocar?” mas não foi preciso muito esforço da parte do namorado para convencê-la a colocar algo leve e principalmente confortável. Depois foram juntos para o carro de Tom – aparentemente, segundo o rapaz, eles passeariam bastante por Los Angeles.
Durante todo o trajeto não parava de perguntar onde eles estavam indo, se já estavam chegando, o que mais fariam além do local para o qual estavam indo – que Tom ainda não havia revelado do que se tratava – e se eles poderiam ir no letreiro de Hollywood.
— O que tem a ver o letreiro de Hollywood, ? — ele riu, os olhos presos na estrada.
— Como assim “o que tem a ver”? — ela balançou a cabeça e revirou os olhos, como se o sentimento “estar em Hollywood” fosse óbvio para todas as pessoas como era para ela. — É o letreiro de Hollywood, Tom! É tipo… O topo do estrelato.
Tom desviou o olhar rapidamente, como se estivesse conferindo se a namorada realmente estava falando sério. E então começou a rir. se segurou para não cruzar os braços e parecer que fazia birra. Era algo especial! Quer dizer, todos os filmes e livros e absolutamente qualquer coisa que se passasse em Los Angeles acabavam em uma invasão ao letreiro de Hollywood. Não era possível que a vida real acabasse sendo tão diferente assim… Era?
— Nós não vamos no letreiro de Hollywood. — ele disse após se recuperar das risadas.
— Isso é maldade. — ela entortou os lábios em um bico, chateada. Por outro lado, entendia. Ela não estava em filme, apesar de às vezes realmente parecer.
— Desculpa. Mas, ei, chegamos!
O carro parou em frente a uma enorme construção. O prédio parecia decorado com tijolos – o que sabia não ser verdade, eram grandes demais para ser tijolos. A entrada lhe lembrava um pouco o MASP e nem sabia porquê, já que a única semelhança entre o MASP e a entrada do local em que estavam era apenas o fato de ambos serem elevados.
Após estacionarem muito perto da entrada – e não entendia como Tom havia conseguido aquela vaga perfeita mas também não perguntaria – eles saíram do carro e foram para a entrada de mãos dadas. finalmente leu o letreiro colorido e de fonte serifada, que lhe lembrava um pouco o antigo logo do Google, “The Museum Of Contemporary Art”, e abriu a boca em formato de “O”.
amava museus!
— Por favor, me diz que você não acha museus chatos. — Tom olhou preocupado para a namorada, dando um leve aperto em sua mão.
— Chato? Eu amo museu! — ela estava com um sorriso que tomava seu rosto inteiro, dos olhos aos lábios. — ‘Tá, pareceu esquisito. Mas eu fiz optativa em Arte, Literatura e Cultura, com foco em Arte Contemporânea, e honestamente foi a matéria que eu mais amei!
E aquele museu (MOCA, era como aparentemente as pessoas chamavam, já que estava escrito isso para tudo que é lado) era absolutamente incrível. Cada obra de arte era uma intervenção no espaço – que era gigantesco, claro. Havia uma sala em que várias gotas de chuva haviam sido feitas e que realmente passava a impressão de tempestade. Outra sala era escura e iluminada por leds que faziam formatos abstratos e que se complementavam.
Em cada nova sala que entravam, parava para ver cada placa sobre o autor e a obra, pedia para tirar tantas fotos quanto possível e realmente fazia com que Tom discutisse sobre a obra com ela, a ajudando a criar teorias sobre o que o autor queria transmitir. E ele parecia fazer tudo de bom grado.
A tarde já começava quando e Tom começaram a sentir fome, o indicativo necessário de que eles haviam passado tempo demais dentro do local. A saída passava por dentro de uma loja de lembrancinhas, o que fez com que perdesse mais alguns longos minutos. Ela queria comprar absolutamente tudo o que estava sendo vendido, mas se tinha dinheiro para um chaveiro era muito.
— O que você mais quer daqui? — os braços de Tom estavam por cima do ombro de , a segurando em um meio abraço.
— Provavelmente essa carteira Clare V. — ela suspirou, olhando para a carteira roxa e vermelha com uma boca rosa na parte superior central. Era linda, estava completamente apaixonada. E ela precisava de uma carteira nova há anos, e aquela era tudo o que havia pedido. Mas custava 135 dólares e ela não precisava converter para reais para saber que não tinha dinheiro para comprá-la.
— Pode pegar.
virou o rosto na direção de Tom, franzindo as sobrancelhas. Ok, ela sabia que ele poderia pagar por aquela carteira com os olhos fechados e ela se sentia realmente muito tentada em aceitar a oferta, mas ao mesmo tempo ela não queria ser aquela pessoa que deixa que as pessoas comprem tudo para ela, e isso estava já se tornando comum naquela viagem.
Ele já havia pagado a entrada no museu. O vestido que ela usou na premiere. Os almoços, jantares e lanches que eles haviam comido durante aquela semana. A gasolina do carro. havia gastado apenas com o sapato que tinha comprado e mesmo assim já sentia como se estivesse abusando da boa vontade do namorado. Certo, ela era pobre, ele não. Mas isso não era sinônimo de deixar que ele fizesse tudo por ela. A verdade é que era um pouquinho orgulhosa.
— Não precisa. — ela sorriu para o namorado, meio amarelo e torcendo para que ele não reparasse.
— Eu insisto. Por favor, presente de primeiro encontro. — ele deu um beijo no rosto dela e pegou a carteira, guiando até o caixa e pagando-a rapidamente.
aceitou com um sorriso e sentimentos muito, muito conflitantes, mas decidiu que não era o momento de ficar se afundando em preocupações. Era o primeiro encontro oficial deles e ela iria aproveitar sem ficar reclamando e pensando demais em questões que estavam foram de seu alcance. E pelo menos ela havia ganhado uma carteira maravilhosa.
Apesar da fome que ambos sentiam, Tom dirigiu por mais de uma hora até o restaurante que planejava levar . Tudo bem, ela havia morado em São Paulo por um bom tempo, entendia que uma cidade grande tem distâncias de bairros absurdas, mas nunca havia imaginado que do centro de Los Angeles até Topanga eles gastariam tanto tempo – aliás ela nunca nem tinha ouvido falar de Topanga, estava apenas repetindo o que havia ouvido de Tom.
esperava que eles no mínimo fossem a um lugar incrível – apenas lembrando que incrível não é sinônimo de caro – porque uma hora de viagem apenas por um almoço? Que o almoço fosse o melhor de sua vida, por favor.
Quando eles chegaram ao restaurante, finalmente entendeu porque Tom havia feito questão de que eles fossem naquele local em específico.
O nome era Inn of the Seventh Ray e a entrada parecia um local de conto de fadas. sentiu-se entrando em uma cabana na floresta, onde a qualquer momento os sete anões poderiam bater ou atender sua mesa. Tudo era decorado como um sonho de princesa, um completo conto de fadas. Durante todo o trajeto até a mesa que Tom havia reservado – dentro de um gazebo! – ela ficou no mais completo silêncio, a boca aberta.
— ? Você ‘tá se sentindo bem? — ele franziu as sobrancelhas assim que a garçonete os deixou sozinhos com o menu para que pudessem escolher o que comeriam.
— Eu… Tom, esse é o restaurante mais lindo que já fui em toda minha vida. — ela não tinha palavras para descrever o que estava sentindo ali. queria chorar, era isso.
— Fico feliz que tenha gostado. — ele sorriu e alcançou a mão dela por cima da mesa, acariciando-a com o polegar.
— Como eu não iria gostar, Tom? Parece que estou em lugar mágico! Isso é… Incrível. Você é o melhor namorado do mundo, eu já te falei isso?
— Não na última hora. — ele se inclinou e roubou um selinho. — Eu falei que ia te levar pro melhor encontro do mundo, não falei?
— Eu falei que não ia ser difícil. — ela riu e balançou os ombros. — Mas você que sabe que qualquer encontro com você é o melhor encontro do mundo, né?
— Você ‘tá super romântica hoje. É diferente mas muito bom. Pode continuar assim.
— Não força, Thomas. — ela revirou os olhos, vendo-o rir. — É só o que o ambiente sugere.
Mais alguns minutos de decisão e eles finalmente fizeram seus pedidos. Aquele restaurante servia brunch, e aquele era realmente um conceito muito novo para , mas ao mesmo tempo totalmente incrível. Misturar café da manhã e almoço era uma ideia incrível e ela precisava admitir – mesmo que pelo horário o certo fosse ser apenas almoço.
Para sua alegria, o restaurante não era apenas um dos lugares mais lindos que já havia visitado como também possuía uma comida incrível e maravilhosa. Ela sentia que poderia comer ali todos os dias de sua vida que nunca iria enjoar de tão bom que tudo estava. Ela provavelmente acabou comendo demais, mas não se importou muito. Não iria fingir que não gostava de comer na frente do namorado apenas para… Na verdade ela não sabia porque algumas pessoas faziam isso, comer era a melhor coisa do mundo – e olha que já havia provado muitas coisas incríveis nessa vida.
A hora de pagar foi um pouco chata, porque novamente Tom queria pagar tudo, mas era realmente orgulhosa e mesmo sabendo que não possuía condições de pagar tudo sozinha eles podiam no mínimo dividir a conta. E após alguns minutos e ameaças por parte de – feitas aos sussurros porque a moça do caixa não precisava ouvir certas coisas – Tom finalmente concordou em dividir a conta.
Durante o restante do dia Tom dirigiu pelos lugares mais aleatórios – para –, a levando pelos mais lindos parques e praças que ela já havia visto em sua vida. Ele comprou para ela um sanduíche de sorvete, que basicamente era uma enorme bola de sorvete servida entre dois cookies e era simplesmente a coisa mais incrível de todas. Ela não entendia porque nunca havia ouvido falar daquilo no Brasil. Certeza que tinha um em São Paulo. Ou no Rio de Janeiro. Ou em Curitiba, aparente os únicos locais do país que as coisas legais chegavam.
Quando a noite começou a cair e eles novamente entraram no carro, Tom disse que eles iriam para a última parada do dia: Cinespia no Hollywood Forever Cemetery.
— Tom? Por que exatamente estamos indo para um cemitério? A noite? — não que ela fosse uma pessoa medrosa, mas ela era uma pessoa medrosa.
Então ele explicou que era um cinema ao ar livre onde as pessoas levavam seus lençóis e se sentavam no chão mesmo para assistir aos filmes – porém o espaço era limitado e era necessário comprar ingressos para participar, um conceito que ainda não entendia muito bem mas ok, Estados Unidos né.
Eles chegaram exatamente quando os portões abriram, uma hora e quarenta e cinco minutos antes do início do filme, e o local já estava lotado. Eles conseguiram um lugar mais ou menos no meio, uma visão bastante boa na opinião de . Tom havia levado um lençol para estender no chão e outro para cobrí-los. Durante todo o tempo de espera eles conversaram, riram e relembraram os momentos ótimos que havia passado naquele dia. Cada vez que via Tom sorrir apenas tinha mais certeza do quanto o amava.
Meu deus.
Ela realmente estava romântica demais.
Quando o filme começou a ser exibido, quase gritou. Era Kimi No Na Wa, ou Your Name, o filme que todo mundo havia falado para ela assistir e ela havia enrolado para sempre. Finalmente era poderia assisti-lo!
E que filme.
havia chorado algumas vezes, Tom ao seu lado rindo e consolando-a. Ela tinha a impressão de que aquela cena provavelmente sempre se repetiria entre eles, com ela chorando em absolutamente todos os filmes. Todos, sem exagero. havia chorado muito no final de Pitch Perfect.
Ao fim do filme, todas as pessoas começaram a levantar ao mesmo tempo. Tom e esperaram um pouco mais, deixando que o local esvaziasse um pouco para que pudessem finalmente ir embora. Ao chegarem no carro, Tom abriu a porta traseira e jogou os lençóis no bancos. se apoiou contra a porta do carona, assistindo aos movimentos do namorado. Ele então parou de frente para ela, um enorme sorriso no rosto.
— Gostou do nosso dia de primeiro encontro oficial? — ele parecia ansioso, como se estivesse com medo que ela falasse que havia sido ruim ou médio.
— Foi o melhor encontro da minha vida. — ela sorriu, segurando a cintura dele e o puxando para mais perto em um abraço quente. — Obrigada por isso.
— Obrigado por ser minha namorada. — ele abaixou a cabeça e deu um longo beijo nela, aproveitando cada segundo em que suas bocas ficavam coladas. A essa altura ela já deveria ter se acostumado, sabia disso, mas não conseguia evitar se sentir absurdamente feliz cada vez que Tom a beijava. — Espero que eu consiga fazer um segundo encontro tão bom quanto esse.
— É só me levar no letreiro de Hollywood.
— Não.
— Pior pessoa. — ela revirou os olhos e o beijou novamente.
Sorrindo, os dois partiram o beijo e finalmente entraram no carro, prontos para voltar para casa e aproveitar o resto de noite que ainda tinham pela frente.
Ela coçou os olhos, tentando tirar as sujeiras acumuladas nos cantos, e finalmente os abriu, vendo Tom ao lado da cama com uma enorme bandeja de café. Ele sorriu e fez um sinal com a cabeça para que ela se sentasse, o que fez mais devagar do que gostaria – mas, em sua defesa, ela ainda não estava muito acordada. Ela cruzou as pernas, permitindo que Tom se sentasse de frente para ela e, com alguma dificuldade, equilibrasse a bandeja entre eles – não era uma bandeja feita para pernas cruzadas.
— Bom dia. — ele sorriu e apontou para os alimentos.
não sabia muito bem como reagir naquele momento. Tom então revirou os olhos e pegou uma das xícaras, enchendo de café e colocando de volta na bandeja. Depois encheu a segunda e a levou aos lábios, bebendo um pouco do líquido.
— Bom dia. — ela finalmente respondeu, pegando a xícara que Tom havia servido primeiro e bebericando o café, que já estava levemente adoçado. — Café na cama?
— É que hoje o dia vai ser especial. — ele alcançou uma torrada e a enfiou de uma vez na boca, sendo imitado por logo depois.
— Especial?
— Sim. Faz uma semana que você chegou em Los Angeles e ainda não tivemos um encontro de verdade. — ele balançou os ombros, vendo se servir de mais alguns alimentos. — Então hoje nós teremos o melhor encontro da sua vida.
— Não é muito difícil, sabe? Eu não tive muitos encontros. — ela balançou a cabeça fazendo pouco caso, vendo Tom estreitar os olhos em sua direção.
— Será que eu posso ter um minuto de felicidade, ? Não é tão difícil.
— Desculpa, amor. — ela quase engasgou com o café ao começar a rir. — Eu tenho certeza que vou ter o melhor encontro do mundo com o melhor namorado do mundo.
— Não precisa exagerar, mas agradeço a intenção.
Tom se inclinou, quase derrubando tudo o que havia colocado na bandeja mas mesmo assim roubando um beijo de , sentindo sabor de café e geleia de morango misturados. Ela ainda não havia escovado o dente, o que era um inferno, mas o menos seu hálito era de café, então não iria reclamar. Ele sorriu se afastar, vendo a garota fazer o mesmo.
Após o café Tom pediu para que se arrumasse para que pudessem sair. Ela quase entrou em crise com o “que tipo de roupa eu devo colocar?” mas não foi preciso muito esforço da parte do namorado para convencê-la a colocar algo leve e principalmente confortável. Depois foram juntos para o carro de Tom – aparentemente, segundo o rapaz, eles passeariam bastante por Los Angeles.
Durante todo o trajeto não parava de perguntar onde eles estavam indo, se já estavam chegando, o que mais fariam além do local para o qual estavam indo – que Tom ainda não havia revelado do que se tratava – e se eles poderiam ir no letreiro de Hollywood.
— O que tem a ver o letreiro de Hollywood, ? — ele riu, os olhos presos na estrada.
— Como assim “o que tem a ver”? — ela balançou a cabeça e revirou os olhos, como se o sentimento “estar em Hollywood” fosse óbvio para todas as pessoas como era para ela. — É o letreiro de Hollywood, Tom! É tipo… O topo do estrelato.
Tom desviou o olhar rapidamente, como se estivesse conferindo se a namorada realmente estava falando sério. E então começou a rir. se segurou para não cruzar os braços e parecer que fazia birra. Era algo especial! Quer dizer, todos os filmes e livros e absolutamente qualquer coisa que se passasse em Los Angeles acabavam em uma invasão ao letreiro de Hollywood. Não era possível que a vida real acabasse sendo tão diferente assim… Era?
— Nós não vamos no letreiro de Hollywood. — ele disse após se recuperar das risadas.
— Isso é maldade. — ela entortou os lábios em um bico, chateada. Por outro lado, entendia. Ela não estava em filme, apesar de às vezes realmente parecer.
— Desculpa. Mas, ei, chegamos!
O carro parou em frente a uma enorme construção. O prédio parecia decorado com tijolos – o que sabia não ser verdade, eram grandes demais para ser tijolos. A entrada lhe lembrava um pouco o MASP e nem sabia porquê, já que a única semelhança entre o MASP e a entrada do local em que estavam era apenas o fato de ambos serem elevados.
Após estacionarem muito perto da entrada – e não entendia como Tom havia conseguido aquela vaga perfeita mas também não perguntaria – eles saíram do carro e foram para a entrada de mãos dadas. finalmente leu o letreiro colorido e de fonte serifada, que lhe lembrava um pouco o antigo logo do Google, “The Museum Of Contemporary Art”, e abriu a boca em formato de “O”.
amava museus!
— Por favor, me diz que você não acha museus chatos. — Tom olhou preocupado para a namorada, dando um leve aperto em sua mão.
— Chato? Eu amo museu! — ela estava com um sorriso que tomava seu rosto inteiro, dos olhos aos lábios. — ‘Tá, pareceu esquisito. Mas eu fiz optativa em Arte, Literatura e Cultura, com foco em Arte Contemporânea, e honestamente foi a matéria que eu mais amei!
E aquele museu (MOCA, era como aparentemente as pessoas chamavam, já que estava escrito isso para tudo que é lado) era absolutamente incrível. Cada obra de arte era uma intervenção no espaço – que era gigantesco, claro. Havia uma sala em que várias gotas de chuva haviam sido feitas e que realmente passava a impressão de tempestade. Outra sala era escura e iluminada por leds que faziam formatos abstratos e que se complementavam.
Em cada nova sala que entravam, parava para ver cada placa sobre o autor e a obra, pedia para tirar tantas fotos quanto possível e realmente fazia com que Tom discutisse sobre a obra com ela, a ajudando a criar teorias sobre o que o autor queria transmitir. E ele parecia fazer tudo de bom grado.
A tarde já começava quando e Tom começaram a sentir fome, o indicativo necessário de que eles haviam passado tempo demais dentro do local. A saída passava por dentro de uma loja de lembrancinhas, o que fez com que perdesse mais alguns longos minutos. Ela queria comprar absolutamente tudo o que estava sendo vendido, mas se tinha dinheiro para um chaveiro era muito.
— O que você mais quer daqui? — os braços de Tom estavam por cima do ombro de , a segurando em um meio abraço.
— Provavelmente essa carteira Clare V. — ela suspirou, olhando para a carteira roxa e vermelha com uma boca rosa na parte superior central. Era linda, estava completamente apaixonada. E ela precisava de uma carteira nova há anos, e aquela era tudo o que havia pedido. Mas custava 135 dólares e ela não precisava converter para reais para saber que não tinha dinheiro para comprá-la.
— Pode pegar.
virou o rosto na direção de Tom, franzindo as sobrancelhas. Ok, ela sabia que ele poderia pagar por aquela carteira com os olhos fechados e ela se sentia realmente muito tentada em aceitar a oferta, mas ao mesmo tempo ela não queria ser aquela pessoa que deixa que as pessoas comprem tudo para ela, e isso estava já se tornando comum naquela viagem.
Ele já havia pagado a entrada no museu. O vestido que ela usou na premiere. Os almoços, jantares e lanches que eles haviam comido durante aquela semana. A gasolina do carro. havia gastado apenas com o sapato que tinha comprado e mesmo assim já sentia como se estivesse abusando da boa vontade do namorado. Certo, ela era pobre, ele não. Mas isso não era sinônimo de deixar que ele fizesse tudo por ela. A verdade é que era um pouquinho orgulhosa.
— Não precisa. — ela sorriu para o namorado, meio amarelo e torcendo para que ele não reparasse.
— Eu insisto. Por favor, presente de primeiro encontro. — ele deu um beijo no rosto dela e pegou a carteira, guiando até o caixa e pagando-a rapidamente.
aceitou com um sorriso e sentimentos muito, muito conflitantes, mas decidiu que não era o momento de ficar se afundando em preocupações. Era o primeiro encontro oficial deles e ela iria aproveitar sem ficar reclamando e pensando demais em questões que estavam foram de seu alcance. E pelo menos ela havia ganhado uma carteira maravilhosa.
Apesar da fome que ambos sentiam, Tom dirigiu por mais de uma hora até o restaurante que planejava levar . Tudo bem, ela havia morado em São Paulo por um bom tempo, entendia que uma cidade grande tem distâncias de bairros absurdas, mas nunca havia imaginado que do centro de Los Angeles até Topanga eles gastariam tanto tempo – aliás ela nunca nem tinha ouvido falar de Topanga, estava apenas repetindo o que havia ouvido de Tom.
esperava que eles no mínimo fossem a um lugar incrível – apenas lembrando que incrível não é sinônimo de caro – porque uma hora de viagem apenas por um almoço? Que o almoço fosse o melhor de sua vida, por favor.
Quando eles chegaram ao restaurante, finalmente entendeu porque Tom havia feito questão de que eles fossem naquele local em específico.
O nome era Inn of the Seventh Ray e a entrada parecia um local de conto de fadas. sentiu-se entrando em uma cabana na floresta, onde a qualquer momento os sete anões poderiam bater ou atender sua mesa. Tudo era decorado como um sonho de princesa, um completo conto de fadas. Durante todo o trajeto até a mesa que Tom havia reservado – dentro de um gazebo! – ela ficou no mais completo silêncio, a boca aberta.
— ? Você ‘tá se sentindo bem? — ele franziu as sobrancelhas assim que a garçonete os deixou sozinhos com o menu para que pudessem escolher o que comeriam.
— Eu… Tom, esse é o restaurante mais lindo que já fui em toda minha vida. — ela não tinha palavras para descrever o que estava sentindo ali. queria chorar, era isso.
— Fico feliz que tenha gostado. — ele sorriu e alcançou a mão dela por cima da mesa, acariciando-a com o polegar.
— Como eu não iria gostar, Tom? Parece que estou em lugar mágico! Isso é… Incrível. Você é o melhor namorado do mundo, eu já te falei isso?
— Não na última hora. — ele se inclinou e roubou um selinho. — Eu falei que ia te levar pro melhor encontro do mundo, não falei?
— Eu falei que não ia ser difícil. — ela riu e balançou os ombros. — Mas você que sabe que qualquer encontro com você é o melhor encontro do mundo, né?
— Você ‘tá super romântica hoje. É diferente mas muito bom. Pode continuar assim.
— Não força, Thomas. — ela revirou os olhos, vendo-o rir. — É só o que o ambiente sugere.
Mais alguns minutos de decisão e eles finalmente fizeram seus pedidos. Aquele restaurante servia brunch, e aquele era realmente um conceito muito novo para , mas ao mesmo tempo totalmente incrível. Misturar café da manhã e almoço era uma ideia incrível e ela precisava admitir – mesmo que pelo horário o certo fosse ser apenas almoço.
Para sua alegria, o restaurante não era apenas um dos lugares mais lindos que já havia visitado como também possuía uma comida incrível e maravilhosa. Ela sentia que poderia comer ali todos os dias de sua vida que nunca iria enjoar de tão bom que tudo estava. Ela provavelmente acabou comendo demais, mas não se importou muito. Não iria fingir que não gostava de comer na frente do namorado apenas para… Na verdade ela não sabia porque algumas pessoas faziam isso, comer era a melhor coisa do mundo – e olha que já havia provado muitas coisas incríveis nessa vida.
A hora de pagar foi um pouco chata, porque novamente Tom queria pagar tudo, mas era realmente orgulhosa e mesmo sabendo que não possuía condições de pagar tudo sozinha eles podiam no mínimo dividir a conta. E após alguns minutos e ameaças por parte de – feitas aos sussurros porque a moça do caixa não precisava ouvir certas coisas – Tom finalmente concordou em dividir a conta.
Durante o restante do dia Tom dirigiu pelos lugares mais aleatórios – para –, a levando pelos mais lindos parques e praças que ela já havia visto em sua vida. Ele comprou para ela um sanduíche de sorvete, que basicamente era uma enorme bola de sorvete servida entre dois cookies e era simplesmente a coisa mais incrível de todas. Ela não entendia porque nunca havia ouvido falar daquilo no Brasil. Certeza que tinha um em São Paulo. Ou no Rio de Janeiro. Ou em Curitiba, aparente os únicos locais do país que as coisas legais chegavam.
Quando a noite começou a cair e eles novamente entraram no carro, Tom disse que eles iriam para a última parada do dia: Cinespia no Hollywood Forever Cemetery.
— Tom? Por que exatamente estamos indo para um cemitério? A noite? — não que ela fosse uma pessoa medrosa, mas ela era uma pessoa medrosa.
Então ele explicou que era um cinema ao ar livre onde as pessoas levavam seus lençóis e se sentavam no chão mesmo para assistir aos filmes – porém o espaço era limitado e era necessário comprar ingressos para participar, um conceito que ainda não entendia muito bem mas ok, Estados Unidos né.
Eles chegaram exatamente quando os portões abriram, uma hora e quarenta e cinco minutos antes do início do filme, e o local já estava lotado. Eles conseguiram um lugar mais ou menos no meio, uma visão bastante boa na opinião de . Tom havia levado um lençol para estender no chão e outro para cobrí-los. Durante todo o tempo de espera eles conversaram, riram e relembraram os momentos ótimos que havia passado naquele dia. Cada vez que via Tom sorrir apenas tinha mais certeza do quanto o amava.
Meu deus.
Ela realmente estava romântica demais.
Quando o filme começou a ser exibido, quase gritou. Era Kimi No Na Wa, ou Your Name, o filme que todo mundo havia falado para ela assistir e ela havia enrolado para sempre. Finalmente era poderia assisti-lo!
E que filme.
havia chorado algumas vezes, Tom ao seu lado rindo e consolando-a. Ela tinha a impressão de que aquela cena provavelmente sempre se repetiria entre eles, com ela chorando em absolutamente todos os filmes. Todos, sem exagero. havia chorado muito no final de Pitch Perfect.
Ao fim do filme, todas as pessoas começaram a levantar ao mesmo tempo. Tom e esperaram um pouco mais, deixando que o local esvaziasse um pouco para que pudessem finalmente ir embora. Ao chegarem no carro, Tom abriu a porta traseira e jogou os lençóis no bancos. se apoiou contra a porta do carona, assistindo aos movimentos do namorado. Ele então parou de frente para ela, um enorme sorriso no rosto.
— Gostou do nosso dia de primeiro encontro oficial? — ele parecia ansioso, como se estivesse com medo que ela falasse que havia sido ruim ou médio.
— Foi o melhor encontro da minha vida. — ela sorriu, segurando a cintura dele e o puxando para mais perto em um abraço quente. — Obrigada por isso.
— Obrigado por ser minha namorada. — ele abaixou a cabeça e deu um longo beijo nela, aproveitando cada segundo em que suas bocas ficavam coladas. A essa altura ela já deveria ter se acostumado, sabia disso, mas não conseguia evitar se sentir absurdamente feliz cada vez que Tom a beijava. — Espero que eu consiga fazer um segundo encontro tão bom quanto esse.
— É só me levar no letreiro de Hollywood.
— Não.
— Pior pessoa. — ela revirou os olhos e o beijou novamente.
Sorrindo, os dois partiram o beijo e finalmente entraram no carro, prontos para voltar para casa e aproveitar o resto de noite que ainda tinham pela frente.
9.
— Tem certeza que não quer entrar?
— Vai ser rápido, não vai? — esperou Tom acenar positivamente antes de continuar. — Então eu espero aqui fora mesmo.
— Tudo bem então. A gente já volta. — ele sorriu e deu um beijo no rosto da namorada.
observou enquanto Tom e Harrison adentraram um enorme prédio executivo, onde eles precisavam resolver alguma coisa que ela não tinha prestado tanta atenção assim. Os três estavam apenas passeando por Los Angeles, mas já que estavam passando ali por perto…
Ela suspirou e se sentou um dos bancos da pequena praça que ficava de frente para o prédio. Tirou o celular da bolsa e começou a mexer em suas redes sociais, compartilhando alguns memes engraçados com os amigos. Mexeu no aplicativo do blog, respondendo a um novo comentário sobre a review que ela havia escrito sobre Your Name. Finalmente abriu o Whatsapp, pronta para mandar mensagens para os amigos.
— Ei! É você, a menina do milkshake! — uma voz soou muito alta e muito próxima, chamando sua atenção.
virou a cabeça, vendo uma menina de cabelos castanhos claros abrir um sorriso gigantesco para ela. Ao lado da menina estava uma garota de cabelos laranja e olhos claríssimos. As duas agora caminhavam em sua direção. franziu as sobrancelhas. Era a garota do restaurante, fã do Tom e que havia derrubado o milkshake de .
— Maurie, essa é a menina que eu derrubei o milkshake aquela vez. — a garota de cabelos claros riu, apresentando para a amiga. — Desculpa, qual o seu nome mesmo?
— .
— Ah, sim. Eu sou a Lori, aliás. Essa é a Maurie, a amiga que eu precisava avisar sobre o Tom Holland, sabe? — a menina parecia pronta para um monólogo, o que levava a pensar que a tal Lori falava demais. — Maurie, a também é fã do Tom Holland!
— Ah, já vi que você tem bom gosto! — a voz de Maurie era exatamente igual à voz de Lori: animada demais. levantou as duas sobrancelhas. Sério mesmo que ela teria que lidar com aquilo tudo de novo? Ainda sentia as dores de tentar aprender a coreografia de Umbrella.
Não que tivesse alguma coisa a ver, mas né.
— Eu tenho. — forçou um sorriso, torcendo para que Harrison e Tom saíssem logo para que eles pudessem ir embora.
Não.
Espera um minuto.
respirou fundo, sentindo o desespero começar a tomar conta dela. A qualquer momento Harrison e Tom poderiam sair dali e ela estava bem com as duas fãs do Tom que, honestamente, pareciam ser meio loucas. O que raios elas fariam se Harrison Osterfield e Tom Holland, o Tom Holland, simplesmente aparecesse ali, na frente delas?
Não é como se pudesse julgar, ela mesma havia feito o maior papel de trouxa do mundo quando viu Tom pela primeira vez – mais de um ano havia se passado e ela ainda não havia superado o quanto ela havia sido completamente idiota. Mas se os dois aparecessem ali, as meninas não iriam se comportar normalmente.
E como poderia explicar eles ali, falando com ela? Ou o fato de que ela sabia que as duas eram fãs do Tom e nunca havia contado que o conhecia, apenas agido como se ele fosse só mais um artista? Meu deus, não podia deixar que os dois saíssem do prédio!
— Então, vocês estão de passagem? Indo para algum lugar importante? — só vão embora, por favor, ela repetia para si mesma mentalmente, o estômago parecendo gelado.
— Não, a Maurie trabalha aqui perto, vim buscar ela para podermos ir tomar uma café na cafeteria nova que abriu. — Lori balançou os ombros.
— Ei, você poderia ir com a gente, ! — qual era o problema daquelas duas com o excesso de ânimo? Como elas poderiam parecer tão ligadas no duzentos e vinte? — Nós podemos conversar melhor, nos conhecer, falar sobre o Tom…
— Uau, isso parece incrível! — forçou tanto o sorriso que sentiu o maxilar doer um pouco. Como fazia para se livrar daquelas duas? Não que as meninas não estivessem sendo simpáticas, mas a situação era realmente desesperadora. — Mas eu estou esperando um amigo meu, sabe? Ele foi, hã, comprar umas roupas, sabe? E eu disse que ia esperar, então… — ela balançou os ombros e fez uma careta triste, falsa, torcendo para que aquilo colasse com as garotas.
— Ah, sem problemas! A gente também espera, ele pode ir junto. — Lori sorriu e se sentou no banco ao lado de , sendo rapidamente acompanhada por Maurie.
Perfeito.
— Ótimo. — sentia que iria vomitar. — Eu vou, hã, ligar pra ele e, hã, avisar. Que nós vamos sair, no caso. E, hã, ver se ele ‘tá vindo. Já.
desbloqueou o celular, pronta para procurar o contato de Harrison – ela não ligaria para Tom, não quando ele estava salvo como “Tom Rolando ❤❤❤” em seu celular. Se alguma delas visse, talvez acabasse associando tudo. Ela queria oficialmente se matar, essa isso. Pelo menos o nome de Harrison estavam apenas como “Haz 👸🏼”. Era menos óbvio.
— Uau, que foto linda do Tom. — Lori apontou para o celular dela, a boca levemente aberta. — Onde você achou? Acho que nunca vi essa foto dele…
encarou o plano de fundo. Era uma foto de Tom deitado na cama dele, com a mão esquerda cobrindo um pouco do rosto, mas o sorriso doce ainda bastante presente, uma leve expressão de sono. A própria havia tirado aquela foto alguns dias antes, e havia gostado tanto que acabou colocando de plano de fundo no celular.
— Eu… Cavei muito fundo no Pinterest. — por favor, compra essa desculpa, por favor, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa…
— Ah, eu tenho que aprender a mexer nesse site! — Lori revirou os olhos, encarando Maurie. — Bem que você fala que é melhor site para imagens…
— Eu sei, amiga. Acredite um pouco mais em mim.
aproveitou que Lori não mais olhava eu celular e abriu rapidamente o contato de Harrison, esperando mais ou menos três toques até que a voz animada dele atendesse.
— ! Não se preocupe, nós já estamos saindo. — ela conseguia ouvir a risada de Tom no fundo.
— Harry, não! — forçou uma risada. Harry. Ela havia chamado Harrison de Harry. Por quê?
— Harry? , você nunca me chamou de Harry. ‘Tá tudo bem? — ele ainda parecia rir.
Agora ela precisava dar um jeito de avisar para Harrison que eles não deveriam sair do prédio. Sem que Lori e Maurie percebessem. Fácil.
— Sim. Então você ainda vai demorar, né? — ela tentava manter a voz neutra e, ao mesmo tempo, passar a urgência que sentia. Por favor, Haz, seja inteligente!
— Não? Eu acabei de falar que já estamos indo. — agora a voz de Harrison parecia um pouco confusa.
— Não tem problema, pode ficar aí. Demore o quanto precisar.
— ?
— É sério, Harry! — ela forçou outra risada, desviando o olhar para Lori e Maurie, que pareciam atentíssimas na conversa de . Ela revirou os olhos e riu como quem disse “ninguém merece!”. — Fica. Aí. O tempo que for necessário.
— Você… Não quer que a gente saia do prédio, é isso?
Amém!
— Exatamente! — abriu um enorme sorriso, logo em seguida soltando um suspiro aliviado.
— O que ‘tá acontecendo? — uma movimentação e um eco maior levou a perceber que Harrison provavelmente havia colocado-a no viva voz para que Tom pudesse ouvi-la.
— Eu encontrei umas conhecidas aqui, nós vamos sair para tomar um café. A gente ia te convidar, mas já que você vai demorar…
— Conhecidas? Aqui em Los Angeles? Quem? — a voz de Tom soou preocupada do outro lado da linha.
— Umas meninas que também são fãs do Tom Holland. — ela ouviu os dois soltarem um “ah”, finalmente compreendendo tudo o que estava acontecendo. — Enfim, pode ir direto pra casa depois, eu peço um Uber e encontro você lá.
— Você sabe o endereço?
— Não.
— Eu mando no Whatsapp. Avisa quando pudermos sair do prédio?
— Eu mando mensagem.
— Qualquer coisa me liga, amor. — Tom ainda parecia um pouco preocupado, fazendo se sentir meio boba. Odiava como às vezes ele era tão fofo.
— Pode deixar, lindo. Até depois, Harry! — ela finalmente desligou o celular, virando-se para Lori e abrindo um sorriso. — Ele ainda vai demorar, vamos só nós mesmo!
— Certeza? A gente realmente não liga de esperar. — Maurie franziu as sobrancelhas, parecendo… Culpada?
— Relaxa, o Harry não vai ligar. Vamos?
***
O café era agradável, bastante iluminado – algo meio incomum em cafeterias – e com mesinhas aconchegantes. , Lori e Maurie já haviam feito seus respectivos pedidos, já havia mandado mensagem para Tom e Harrison avisando que eles poderiam sair do prédio, e agora e agora faltava apenas que os pedidos fossem entregues. havia pedido um sanduíche de queijo porque era o que ela sempre pedia e porque queijo era a melhor coisa do mundo para sempre – mesmo que o idiota do seu namorado pensasse o contrário.
— Obrigada por ter aceitado vir conosco, . — Maurie sorriu e inclinou a cabeça.
Ela havia prendido os cabelos ruivos em um coque alto, mas alguns fios estavam meio soltos. Os dentes dela eram perfeitamente alinhados e conseguia ver algumas sardas espalhadas pela pele branquíssima dela. Os olhos dela eram de azul muito claro e tinha certeza que aquela garota era um clichê ambulante porque ninguém era tão perfeito assim.
— Conte-nos sua história, ! — Lori também sorriu.
A pele de Lori era bronzeada, mas tinha a impressão de que o bronzeamento era artificial. Os cabelos dela eram um castanho bem claro, realmente aproximando-se do loiro escuro. Os olhos da garota eram castanho-amarelado-escuro, meio mel, provavelmente. O rosto de Lori era perfeitamente liso com a única exceção de uma pinta perto do olho esquerdo da garota.
— Vejamos… Eu não sou daqui, estou apenas a passeio. Vim visitar meu na– amigo, o Harry. Não vou ficar muito tempo e… É, basicamente é isto. — balançou os ombros, fazendo pouco caso e sem se aprofundar. Em sua defesa, a última vez que havia contado sua história para Lori a garota havia dito que era “forçado”.
E não, ainda não havia superado.
— De onde você é?
— Brasil.
Então teve que responder às mesmas perguntas que sempre faziam quando descobriam que ela era brasileira. Tudo bem, ela não se importava com essa parte, na verdade até gostava um pouco. E também seria meio hipócrita reclamar, já que ela agia exatamente da mesma maneira quando conhecia qualquer gringo por aí. Era algo justo a se fazer.
Depois de contar seu incrível história de vida sem contar realmente – ela não ia contar toda a parte de ser namorada do Tom – perguntou sobre a história das duas. Era apenas justo todas ali contassem um pouco sobre si mesmas, certo? Certíssimo.
Ambas eram um ano mais nova do que . Lori trabalhava como Advogada Júnior – não sabia ao certo se isso era mesmo uma função e o que realmente significava mas não iria discutir – na empresa de seu pai. Maurie trabalhava diretora de arte em uma agência de propaganda e marketing ali perto, o que fez suspirar. Claro que Maurie já era bem sucedida na área que sonhava em um dia trabalhar.
— Eu sou formada em Marketing, sabe? — ela não havia comentado isso antes, mas agora achava algo interessante de ser apontado.
— Sério? Que incrível! E você já trabalha na área?
— Não. — sabia que parecia que estava repentinamente triste, mas fazer o que. A vida tinha dessas. — Mas vou, um dia.
— Você entende de design? — Maurie inclinou a cabeça, parecendo realmente curiosa com a resposta. respondeu que sim com um leve aceno. Não era sua área de formação, mas havia feito vários cursos de design gráfico, e alguns de audiovisual, ela conseguia se virar muito bem nessas áreas. — Se eu te passar meu email, você me manda seu portfólio? A equipe da minha agência está completa, mas várias vezes contratamos alguns designers freelance, e se tudo der certo vamos fechar com um cliente amanhã, e provavelmente vamos precisar de um serviço. Se te interessar…
— Me interessa! Muito! Mesmo! — ela sorriu, anotando seu número e email no celular de Maurie.
Depois daquilo sentiu-se muito mais animada em conversar com as duas. E a verdade era que elas eram realmente muito legais. Animadas demais, sim, mas naquele momento também estava animada demais. As três possuíam muitos gostos em comum – além do Tom Holland, claro – e tinha as mesmas opiniões na maioria dos assuntos. Quando deu por si, já estava rindo sem parar com as histórias que elas contavam, e vendo-as rir das histórias que contava.
só lembrou que precisava ir embora quando recebeu uma mensagem de Tom parecendo bem preocupado com a falta de notícia dela, já que ela estava há… Cinco horas sem responder! Ela era a pior pessoa, era isso. Levantou-se na hora, apressada.
— Gente, eu preciso ir embora! — ela digitou rapidamente para Tom que estava tudo bem e que ela já estava indo embora. — O T– Harry acabou de mandar mensagem, eu preciso mesmo ir…
— Ah, que pena, o papo tá tão bom! — Lori deu um sorriso triste, mas ela e Maurie imitaram , levantando-se. — Nós podemos marcar de novo? Isso foi tão legal!
— Eu adoraria. — sorriu e ela estava falando realmente sério. Ela queria mesmo encontrar as duas novamente.
Após pagaram o que consumiram, elas deixaram o café juntas, ainda rindo. jogou o endereço de Tom no Uber, solicitando um carro, e Lori e Maurie aguardaram os três minutos necessários ao lado dela. Quando o motorista finalmente chegou, ela abraçou as duas, se despedindo.
— Amanhã eu te mando mensagem, tanto para falar sobre o freela quanto para marcarmos um novo encontro. — Maurie disse enquanto ela entrava no banco traseiro do carro e acenava para as duas.
mal conseguia acreditar naquele dia, e que estava fazendo duas amigas em Los Angeles. E que conseguiria um freelance! Era impressão sua ou as coisas estavam começando a melhorar?
— Vai ser rápido, não vai? — esperou Tom acenar positivamente antes de continuar. — Então eu espero aqui fora mesmo.
— Tudo bem então. A gente já volta. — ele sorriu e deu um beijo no rosto da namorada.
observou enquanto Tom e Harrison adentraram um enorme prédio executivo, onde eles precisavam resolver alguma coisa que ela não tinha prestado tanta atenção assim. Os três estavam apenas passeando por Los Angeles, mas já que estavam passando ali por perto…
Ela suspirou e se sentou um dos bancos da pequena praça que ficava de frente para o prédio. Tirou o celular da bolsa e começou a mexer em suas redes sociais, compartilhando alguns memes engraçados com os amigos. Mexeu no aplicativo do blog, respondendo a um novo comentário sobre a review que ela havia escrito sobre Your Name. Finalmente abriu o Whatsapp, pronta para mandar mensagens para os amigos.
— Ei! É você, a menina do milkshake! — uma voz soou muito alta e muito próxima, chamando sua atenção.
virou a cabeça, vendo uma menina de cabelos castanhos claros abrir um sorriso gigantesco para ela. Ao lado da menina estava uma garota de cabelos laranja e olhos claríssimos. As duas agora caminhavam em sua direção. franziu as sobrancelhas. Era a garota do restaurante, fã do Tom e que havia derrubado o milkshake de .
— Maurie, essa é a menina que eu derrubei o milkshake aquela vez. — a garota de cabelos claros riu, apresentando para a amiga. — Desculpa, qual o seu nome mesmo?
— .
— Ah, sim. Eu sou a Lori, aliás. Essa é a Maurie, a amiga que eu precisava avisar sobre o Tom Holland, sabe? — a menina parecia pronta para um monólogo, o que levava a pensar que a tal Lori falava demais. — Maurie, a também é fã do Tom Holland!
— Ah, já vi que você tem bom gosto! — a voz de Maurie era exatamente igual à voz de Lori: animada demais. levantou as duas sobrancelhas. Sério mesmo que ela teria que lidar com aquilo tudo de novo? Ainda sentia as dores de tentar aprender a coreografia de Umbrella.
Não que tivesse alguma coisa a ver, mas né.
— Eu tenho. — forçou um sorriso, torcendo para que Harrison e Tom saíssem logo para que eles pudessem ir embora.
Não.
Espera um minuto.
respirou fundo, sentindo o desespero começar a tomar conta dela. A qualquer momento Harrison e Tom poderiam sair dali e ela estava bem com as duas fãs do Tom que, honestamente, pareciam ser meio loucas. O que raios elas fariam se Harrison Osterfield e Tom Holland, o Tom Holland, simplesmente aparecesse ali, na frente delas?
Não é como se pudesse julgar, ela mesma havia feito o maior papel de trouxa do mundo quando viu Tom pela primeira vez – mais de um ano havia se passado e ela ainda não havia superado o quanto ela havia sido completamente idiota. Mas se os dois aparecessem ali, as meninas não iriam se comportar normalmente.
E como poderia explicar eles ali, falando com ela? Ou o fato de que ela sabia que as duas eram fãs do Tom e nunca havia contado que o conhecia, apenas agido como se ele fosse só mais um artista? Meu deus, não podia deixar que os dois saíssem do prédio!
— Então, vocês estão de passagem? Indo para algum lugar importante? — só vão embora, por favor, ela repetia para si mesma mentalmente, o estômago parecendo gelado.
— Não, a Maurie trabalha aqui perto, vim buscar ela para podermos ir tomar uma café na cafeteria nova que abriu. — Lori balançou os ombros.
— Ei, você poderia ir com a gente, ! — qual era o problema daquelas duas com o excesso de ânimo? Como elas poderiam parecer tão ligadas no duzentos e vinte? — Nós podemos conversar melhor, nos conhecer, falar sobre o Tom…
— Uau, isso parece incrível! — forçou tanto o sorriso que sentiu o maxilar doer um pouco. Como fazia para se livrar daquelas duas? Não que as meninas não estivessem sendo simpáticas, mas a situação era realmente desesperadora. — Mas eu estou esperando um amigo meu, sabe? Ele foi, hã, comprar umas roupas, sabe? E eu disse que ia esperar, então… — ela balançou os ombros e fez uma careta triste, falsa, torcendo para que aquilo colasse com as garotas.
— Ah, sem problemas! A gente também espera, ele pode ir junto. — Lori sorriu e se sentou no banco ao lado de , sendo rapidamente acompanhada por Maurie.
Perfeito.
— Ótimo. — sentia que iria vomitar. — Eu vou, hã, ligar pra ele e, hã, avisar. Que nós vamos sair, no caso. E, hã, ver se ele ‘tá vindo. Já.
desbloqueou o celular, pronta para procurar o contato de Harrison – ela não ligaria para Tom, não quando ele estava salvo como “Tom Rolando ❤❤❤” em seu celular. Se alguma delas visse, talvez acabasse associando tudo. Ela queria oficialmente se matar, essa isso. Pelo menos o nome de Harrison estavam apenas como “Haz 👸🏼”. Era menos óbvio.
— Uau, que foto linda do Tom. — Lori apontou para o celular dela, a boca levemente aberta. — Onde você achou? Acho que nunca vi essa foto dele…
encarou o plano de fundo. Era uma foto de Tom deitado na cama dele, com a mão esquerda cobrindo um pouco do rosto, mas o sorriso doce ainda bastante presente, uma leve expressão de sono. A própria havia tirado aquela foto alguns dias antes, e havia gostado tanto que acabou colocando de plano de fundo no celular.
— Eu… Cavei muito fundo no Pinterest. — por favor, compra essa desculpa, por favor, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa, por favor, compra essa desculpa…
— Ah, eu tenho que aprender a mexer nesse site! — Lori revirou os olhos, encarando Maurie. — Bem que você fala que é melhor site para imagens…
— Eu sei, amiga. Acredite um pouco mais em mim.
aproveitou que Lori não mais olhava eu celular e abriu rapidamente o contato de Harrison, esperando mais ou menos três toques até que a voz animada dele atendesse.
— ! Não se preocupe, nós já estamos saindo. — ela conseguia ouvir a risada de Tom no fundo.
— Harry, não! — forçou uma risada. Harry. Ela havia chamado Harrison de Harry. Por quê?
— Harry? , você nunca me chamou de Harry. ‘Tá tudo bem? — ele ainda parecia rir.
Agora ela precisava dar um jeito de avisar para Harrison que eles não deveriam sair do prédio. Sem que Lori e Maurie percebessem. Fácil.
— Sim. Então você ainda vai demorar, né? — ela tentava manter a voz neutra e, ao mesmo tempo, passar a urgência que sentia. Por favor, Haz, seja inteligente!
— Não? Eu acabei de falar que já estamos indo. — agora a voz de Harrison parecia um pouco confusa.
— Não tem problema, pode ficar aí. Demore o quanto precisar.
— ?
— É sério, Harry! — ela forçou outra risada, desviando o olhar para Lori e Maurie, que pareciam atentíssimas na conversa de . Ela revirou os olhos e riu como quem disse “ninguém merece!”. — Fica. Aí. O tempo que for necessário.
— Você… Não quer que a gente saia do prédio, é isso?
Amém!
— Exatamente! — abriu um enorme sorriso, logo em seguida soltando um suspiro aliviado.
— O que ‘tá acontecendo? — uma movimentação e um eco maior levou a perceber que Harrison provavelmente havia colocado-a no viva voz para que Tom pudesse ouvi-la.
— Eu encontrei umas conhecidas aqui, nós vamos sair para tomar um café. A gente ia te convidar, mas já que você vai demorar…
— Conhecidas? Aqui em Los Angeles? Quem? — a voz de Tom soou preocupada do outro lado da linha.
— Umas meninas que também são fãs do Tom Holland. — ela ouviu os dois soltarem um “ah”, finalmente compreendendo tudo o que estava acontecendo. — Enfim, pode ir direto pra casa depois, eu peço um Uber e encontro você lá.
— Você sabe o endereço?
— Não.
— Eu mando no Whatsapp. Avisa quando pudermos sair do prédio?
— Eu mando mensagem.
— Qualquer coisa me liga, amor. — Tom ainda parecia um pouco preocupado, fazendo se sentir meio boba. Odiava como às vezes ele era tão fofo.
— Pode deixar, lindo. Até depois, Harry! — ela finalmente desligou o celular, virando-se para Lori e abrindo um sorriso. — Ele ainda vai demorar, vamos só nós mesmo!
— Certeza? A gente realmente não liga de esperar. — Maurie franziu as sobrancelhas, parecendo… Culpada?
— Relaxa, o Harry não vai ligar. Vamos?
O café era agradável, bastante iluminado – algo meio incomum em cafeterias – e com mesinhas aconchegantes. , Lori e Maurie já haviam feito seus respectivos pedidos, já havia mandado mensagem para Tom e Harrison avisando que eles poderiam sair do prédio, e agora e agora faltava apenas que os pedidos fossem entregues. havia pedido um sanduíche de queijo porque era o que ela sempre pedia e porque queijo era a melhor coisa do mundo para sempre – mesmo que o idiota do seu namorado pensasse o contrário.
— Obrigada por ter aceitado vir conosco, . — Maurie sorriu e inclinou a cabeça.
Ela havia prendido os cabelos ruivos em um coque alto, mas alguns fios estavam meio soltos. Os dentes dela eram perfeitamente alinhados e conseguia ver algumas sardas espalhadas pela pele branquíssima dela. Os olhos dela eram de azul muito claro e tinha certeza que aquela garota era um clichê ambulante porque ninguém era tão perfeito assim.
— Conte-nos sua história, ! — Lori também sorriu.
A pele de Lori era bronzeada, mas tinha a impressão de que o bronzeamento era artificial. Os cabelos dela eram um castanho bem claro, realmente aproximando-se do loiro escuro. Os olhos da garota eram castanho-amarelado-escuro, meio mel, provavelmente. O rosto de Lori era perfeitamente liso com a única exceção de uma pinta perto do olho esquerdo da garota.
— Vejamos… Eu não sou daqui, estou apenas a passeio. Vim visitar meu na– amigo, o Harry. Não vou ficar muito tempo e… É, basicamente é isto. — balançou os ombros, fazendo pouco caso e sem se aprofundar. Em sua defesa, a última vez que havia contado sua história para Lori a garota havia dito que era “forçado”.
E não, ainda não havia superado.
— De onde você é?
— Brasil.
Então teve que responder às mesmas perguntas que sempre faziam quando descobriam que ela era brasileira. Tudo bem, ela não se importava com essa parte, na verdade até gostava um pouco. E também seria meio hipócrita reclamar, já que ela agia exatamente da mesma maneira quando conhecia qualquer gringo por aí. Era algo justo a se fazer.
Depois de contar seu incrível história de vida sem contar realmente – ela não ia contar toda a parte de ser namorada do Tom – perguntou sobre a história das duas. Era apenas justo todas ali contassem um pouco sobre si mesmas, certo? Certíssimo.
Ambas eram um ano mais nova do que . Lori trabalhava como Advogada Júnior – não sabia ao certo se isso era mesmo uma função e o que realmente significava mas não iria discutir – na empresa de seu pai. Maurie trabalhava diretora de arte em uma agência de propaganda e marketing ali perto, o que fez suspirar. Claro que Maurie já era bem sucedida na área que sonhava em um dia trabalhar.
— Eu sou formada em Marketing, sabe? — ela não havia comentado isso antes, mas agora achava algo interessante de ser apontado.
— Sério? Que incrível! E você já trabalha na área?
— Não. — sabia que parecia que estava repentinamente triste, mas fazer o que. A vida tinha dessas. — Mas vou, um dia.
— Você entende de design? — Maurie inclinou a cabeça, parecendo realmente curiosa com a resposta. respondeu que sim com um leve aceno. Não era sua área de formação, mas havia feito vários cursos de design gráfico, e alguns de audiovisual, ela conseguia se virar muito bem nessas áreas. — Se eu te passar meu email, você me manda seu portfólio? A equipe da minha agência está completa, mas várias vezes contratamos alguns designers freelance, e se tudo der certo vamos fechar com um cliente amanhã, e provavelmente vamos precisar de um serviço. Se te interessar…
— Me interessa! Muito! Mesmo! — ela sorriu, anotando seu número e email no celular de Maurie.
Depois daquilo sentiu-se muito mais animada em conversar com as duas. E a verdade era que elas eram realmente muito legais. Animadas demais, sim, mas naquele momento também estava animada demais. As três possuíam muitos gostos em comum – além do Tom Holland, claro – e tinha as mesmas opiniões na maioria dos assuntos. Quando deu por si, já estava rindo sem parar com as histórias que elas contavam, e vendo-as rir das histórias que contava.
só lembrou que precisava ir embora quando recebeu uma mensagem de Tom parecendo bem preocupado com a falta de notícia dela, já que ela estava há… Cinco horas sem responder! Ela era a pior pessoa, era isso. Levantou-se na hora, apressada.
— Gente, eu preciso ir embora! — ela digitou rapidamente para Tom que estava tudo bem e que ela já estava indo embora. — O T– Harry acabou de mandar mensagem, eu preciso mesmo ir…
— Ah, que pena, o papo tá tão bom! — Lori deu um sorriso triste, mas ela e Maurie imitaram , levantando-se. — Nós podemos marcar de novo? Isso foi tão legal!
— Eu adoraria. — sorriu e ela estava falando realmente sério. Ela queria mesmo encontrar as duas novamente.
Após pagaram o que consumiram, elas deixaram o café juntas, ainda rindo. jogou o endereço de Tom no Uber, solicitando um carro, e Lori e Maurie aguardaram os três minutos necessários ao lado dela. Quando o motorista finalmente chegou, ela abraçou as duas, se despedindo.
— Amanhã eu te mando mensagem, tanto para falar sobre o freela quanto para marcarmos um novo encontro. — Maurie disse enquanto ela entrava no banco traseiro do carro e acenava para as duas.
mal conseguia acreditar naquele dia, e que estava fazendo duas amigas em Los Angeles. E que conseguiria um freelance! Era impressão sua ou as coisas estavam começando a melhorar?
10.
Não demorou mais que um dia para que recebesse seu primeiro freela. E ela passou os dias que se seguiram o fazendo o mais rápido possível. Não era apenas uma questão de mostrar eficiência; ela também queria terminar aquilo o quanto antes, mesmo sabendo que receberia apenas quando o cliente pagasse para a agência.
Foi assim que ela passou os dois dias que se seguiram, sentada na mesa com o notebook de Tom aberto, ouvindo a mesma playlist do Spotify em looping e praticamente ignorando o mundo ao seu redor. O bom era que Tom e Harrison puderam sair e resolver suas coisas de gente famosa – havia desistido de tentar saber o que eles tanto faziam – enquanto ela se concentrava em algo que ela sabia fazer e que lhe renderia uns trocados a mais.
No fim ela mandou três opções diferentes de design de acordo com o passado no briefing pelo cliente, deixando bem claro que estava mais do que livre para fazer quaisquer alterações que fossem pedidas. Menos de cinco minutos após enviar as artes para Maurie, recebeu a resposta de que tudo estava realmente lindo e o cliente seria louco se não gostasse – exagero, mas não reclamaria – e que na segunda ela provavelmente já teria um retorno a respeito das artes.
Quando ela levantou e se espreguiçou, sentiu todo o corpo com dores por ficar muito tempo na mesma posição. Respirou fundo e decidiu ir para o quarto. Tom e Harrison ainda estava fora, ela havia ficado muito tempo acordada e a tarde estava apenas na metade. Era uma excelente ideia se deitar e tirar um longo cochilo.
***
O coração dela acelerou muito com o barulho do despertador. Os olhos dela abriram de uma vez, sua mente ainda tentando acordar completamente para entender o que raios estava acontecendo. Ao seu lado ouviu alguns suspiros vindos de Tom, que se mexia para pegar o próprio celular desligar o maldito despertador que quase havia matado do coração.
Ela franziu as sobrancelhas, ainda tentando se situar. Que horas eram? Quando Tom havia chegado e se deitado ao lado dela? Por que ele havia programado um despertador? Aliás, que horas eram?
— O que ‘tá acontecendo? — foi a pergunta que ela fez, que resumia todas as perguntas em uma só. Mais ou menos.
— Boa noite. — Tom riu, os olhos não tão abertos, a expressão meio preguiçosa.
— Boa noite? Por que o celular despertou?
— Porque eu programei, ué. — ela estreitou os olhos para a resposta óbvia e completamente idiota do namorado. — Eu vou sair.
— Vai? — ela queria perguntar “pra onde?” porque era um ser humano absurdamente curioso, mas ao mesmo tempo tinha medo de parecer controladora ou algo do tipo.
— Boliche. E você está convidada.
Ela torceu a boca. não era exatamente fã de boliche. Era a única opção de entretenimento em sua cidade além de bar e balada, e ela havia ido tanto, tanto no boliche que simplesmente não via mais graça. E ela estava realmente tentada em voltar a dormir.
— Vai com o Haz? — ela ainda estava pensando em uma desculpa para recusar o convite, então decidiu ganhar um pouco de tempo.
— Sim. E o J., e mais um pessoal do elenco de Homem-Aranha.
Ok.
Aquilo mudava tudo.
— Sério? Tipo… A Zendaya? — estava realmente se esforçando para não parecer animada demais com a ideia de conhecer a Zendaya mas era realmente complicado quando, sabe como é, existia a oportunidade de conhecer a Zendaya.
— Tipo a Zendaya. — o sorriso convencido que Tom deu já deixava claro que era óbvio que aceitaria ir pra porcaria do boliche. Ela se vendia muito fácil.
Não demorou muito para que os dois se levantassem e ficassem prontos para irem ao tal boliche – e ficava repetindo a si mesma que valeria a pena. Em poucos minutos eles já estavam no carro, dirigido por Tom, e em menos minutos ainda estavam estacionando no local, que era realmente perto.
Logo eles estavam adentrando o prédio, onde aparentemente todos esperavam apenas a chegada de Tom. E , que ninguém ali conhecia. Com exceção de Jacob e Harrison.
E então começou novamente toda aquela coisa de -Resende-conhecendo-pessoas-famosas em que basicamente ela fingia que era normal e usava uma metade de seu autocontrole para não se tornar uma fangirl insuportável e a outra metade para não começar a chorar ou acabar desmaiando.
— Finalmente mais uma garota para o grupo! — a fala veio acompanhada de um apertado abraço de Zendaya.
A primeira coisa que pensou foi o quanto ela era alta. A segunda foi o quanto ela era linda. poderia facilmente se apaixonar um pouco mais por Zendaya. A atriz era simplesmente estonteante. tentou retribuir o abraço de maneira completamente platônica, mas teve certeza que acabou dando um abraço muito sem graça. Era complicado forçar-se a parecer alguém normal.
— Pode soltar a agora, Zendaya. — foi a voz de Jacob que fez as duas se afastarem. — Tem mais gente aqui querendo cumprimentar a namorada do Tom, sabe?
— Sai daqui, você conhece ela faz tempo! — mesmo não estando mais abraçando , o braço de Zendaya ainda estava por cima do ombro da brasileira, a mantendo perto de si. iria desmaiar, de verdade. — O Tom escondeu ela por tempo demais, me deixa aproveitar.
— Não aproveita demais, por favor. — Tom riu, terminando de cumprimentar o restante das pessoas que estavam ali. — A tem uma mania estranha de querer me largar para ficar com meus colegas de elenco.
— Calúnia. — não era calúnia, mas protestou mesmo assim.
Quer dizer, era calúnia.
Em partes.
— É a verdade e você sabe, . — Harrison confirmou com um sorriso, voltando-se contra . Pior. Pessoa. Quem fica do lado do melhor amigo? Todo mundo sabe que a função de um melhor é encher o saco sempre que possível! Ele deveria estar enchendo o saco do Tom!
Após todas as apresentações serem devidamente feitas – e uma alegria por parte de por não ser a única não-famosa dali, já que Tony havia levado dois amigos – o grupo finalmente se dirigiu para a pista de boliche. Que, aliás, era neon. Um boliche neon, era só o que faltava. Mas tudo bem, seria divertido. As pessoas pareciam divertidas, e tinha a Zendaya. não iria reclamar.
Tony era realmente bom, o único que estava coseguindo fazer strikes. Depois de Tony, a melhor era Zendaya, que sempre deixava apenas um ou dois pinos em pé. E então , que havia jogado boliche o bastante para não ser péssima. Mas o pior, o mais horrível, o que nunca acertava um único pino sequer, era o próprio Tom Holland.
Para felicidade de .
— Você poderia não parecer tão feliz com a minha desgraça. — Tom revirou os olhos enquanto voltava para as mesas, sentando-se no colo de , que ainda ria de mais uma vez que a bola dele entrava na canaleta.
— É só que eu ‘tô amando ver você sendo horrível em alguma coisa pra variar. — ela passou as mãos pela cintura dele, firmando um abraço e o segurando melhor no próprio colo. Era verdade, era bom ver o namorado não era absolutamente ótimo em tudo o que fazia.
— Você é odiável. — ele sorriu e deu um longo beijo nos lábios de .
— Você são tão adoráveis. — uma movimentação de cadeiras e logo Zendaya estava se sentando ao lado do casal, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo na própria mão. — Sério, olha isso. — ela apontou para os dois que ainda estavam abraçados e dividindo a mesma cadeira. — Eu acho que só de olhar para vocês meu nível de glicose aumenta.
— É tudo mentira. Na verdade eu odeio ela. A gente só namora pra eu fazer fanservice. — a voz de Tom soou séria e precisou se controlar para não começar a ter uma crise de risos.
— E eu só estou com ele porque ele é famoso e eu espero tirar algo disso. — não mentiu tão bem quanto o namorado, mas a atriz ali não era ela, então tudo bem.
— Viu? Adoráveis. — Zendaya revirou os olhos e soltou um suspiro. — Eu nem consigo imaginar vocês dois transando.
— Quê?! — Tom balançou a cabeça, tentando entender de onde aquilo havia saído e porque raios Zendaya havia falado algo assim. — Por que você faria isso?
— Não faça isso. — balançou a cabeça, sentindo o rosto subitamente quente.
— Eu consigo. — Harrison suspirou, também puxando uma cadeira e se sentando próximo ao casal. — Melhor do que gostaria.
sentiu o rosto esquentar tanto que sentiu a necessidade de escondê-lo, enterrando-o no peito de Tom, que apenas a abraçou e soltou uma risadinha que ela sabia ser bastante sem graça. Aquilo era tão, tão vergonhoso! Primeiro porque era sua vida sexual como tópico do assunto e segundo porque ela sempre, sempre tentava ser o mais silenciosa possível, mesmo quando sabia que Harrison não estava em casa, mas sempre era tão difícil.
— Será que a gente pode mudar o assunto? — a voz dela soou meio abafada contra o corpo do namorado, e mesmo sem encarar ninguém ali ela conseguiu ouvir as risadas.
Tinha sido mais fácil conhecer o elenco de Vingadores. Pelo menos eles não haviam comentado sobre como era quando Tom e transavam.
— Desculpa, não queria te deixar sem graça. É só que é difícil mesmo. — Zendaya riu, mas logo mudou o tópico da conversa para a vida de , para que ela pudesse responder às mesmas perguntas de sempre sobre o Brasil.
Pelo restante da noite eles conversaram, comeram, beberam e jogaram, se divertindo tanto que até se sentiu como parte do grupo. Todos eram absurdamente acolhedores e divertidos, o tipo exato de amigo que amava ter. A fazia sentir um pouco de saudade de Juliano, Gisele e Eduarda, mas ao mesmo tempo a fazia querer continuar ali para conhecer aquele grupo muito melhor.
Já estava tarde quando o grupo se despediu e ela e Tom seguiram para o carro – Harrison ia para a casa de Jacob – e finalmente seguiram para casa, terminando um dia incrivelmente bom e apenas levemente vergonhoso.
Foi assim que ela passou os dois dias que se seguiram, sentada na mesa com o notebook de Tom aberto, ouvindo a mesma playlist do Spotify em looping e praticamente ignorando o mundo ao seu redor. O bom era que Tom e Harrison puderam sair e resolver suas coisas de gente famosa – havia desistido de tentar saber o que eles tanto faziam – enquanto ela se concentrava em algo que ela sabia fazer e que lhe renderia uns trocados a mais.
No fim ela mandou três opções diferentes de design de acordo com o passado no briefing pelo cliente, deixando bem claro que estava mais do que livre para fazer quaisquer alterações que fossem pedidas. Menos de cinco minutos após enviar as artes para Maurie, recebeu a resposta de que tudo estava realmente lindo e o cliente seria louco se não gostasse – exagero, mas não reclamaria – e que na segunda ela provavelmente já teria um retorno a respeito das artes.
Quando ela levantou e se espreguiçou, sentiu todo o corpo com dores por ficar muito tempo na mesma posição. Respirou fundo e decidiu ir para o quarto. Tom e Harrison ainda estava fora, ela havia ficado muito tempo acordada e a tarde estava apenas na metade. Era uma excelente ideia se deitar e tirar um longo cochilo.
O coração dela acelerou muito com o barulho do despertador. Os olhos dela abriram de uma vez, sua mente ainda tentando acordar completamente para entender o que raios estava acontecendo. Ao seu lado ouviu alguns suspiros vindos de Tom, que se mexia para pegar o próprio celular desligar o maldito despertador que quase havia matado do coração.
Ela franziu as sobrancelhas, ainda tentando se situar. Que horas eram? Quando Tom havia chegado e se deitado ao lado dela? Por que ele havia programado um despertador? Aliás, que horas eram?
— O que ‘tá acontecendo? — foi a pergunta que ela fez, que resumia todas as perguntas em uma só. Mais ou menos.
— Boa noite. — Tom riu, os olhos não tão abertos, a expressão meio preguiçosa.
— Boa noite? Por que o celular despertou?
— Porque eu programei, ué. — ela estreitou os olhos para a resposta óbvia e completamente idiota do namorado. — Eu vou sair.
— Vai? — ela queria perguntar “pra onde?” porque era um ser humano absurdamente curioso, mas ao mesmo tempo tinha medo de parecer controladora ou algo do tipo.
— Boliche. E você está convidada.
Ela torceu a boca. não era exatamente fã de boliche. Era a única opção de entretenimento em sua cidade além de bar e balada, e ela havia ido tanto, tanto no boliche que simplesmente não via mais graça. E ela estava realmente tentada em voltar a dormir.
— Vai com o Haz? — ela ainda estava pensando em uma desculpa para recusar o convite, então decidiu ganhar um pouco de tempo.
— Sim. E o J., e mais um pessoal do elenco de Homem-Aranha.
Ok.
Aquilo mudava tudo.
— Sério? Tipo… A Zendaya? — estava realmente se esforçando para não parecer animada demais com a ideia de conhecer a Zendaya mas era realmente complicado quando, sabe como é, existia a oportunidade de conhecer a Zendaya.
— Tipo a Zendaya. — o sorriso convencido que Tom deu já deixava claro que era óbvio que aceitaria ir pra porcaria do boliche. Ela se vendia muito fácil.
Não demorou muito para que os dois se levantassem e ficassem prontos para irem ao tal boliche – e ficava repetindo a si mesma que valeria a pena. Em poucos minutos eles já estavam no carro, dirigido por Tom, e em menos minutos ainda estavam estacionando no local, que era realmente perto.
Logo eles estavam adentrando o prédio, onde aparentemente todos esperavam apenas a chegada de Tom. E , que ninguém ali conhecia. Com exceção de Jacob e Harrison.
E então começou novamente toda aquela coisa de -Resende-conhecendo-pessoas-famosas em que basicamente ela fingia que era normal e usava uma metade de seu autocontrole para não se tornar uma fangirl insuportável e a outra metade para não começar a chorar ou acabar desmaiando.
— Finalmente mais uma garota para o grupo! — a fala veio acompanhada de um apertado abraço de Zendaya.
A primeira coisa que pensou foi o quanto ela era alta. A segunda foi o quanto ela era linda. poderia facilmente se apaixonar um pouco mais por Zendaya. A atriz era simplesmente estonteante. tentou retribuir o abraço de maneira completamente platônica, mas teve certeza que acabou dando um abraço muito sem graça. Era complicado forçar-se a parecer alguém normal.
— Pode soltar a agora, Zendaya. — foi a voz de Jacob que fez as duas se afastarem. — Tem mais gente aqui querendo cumprimentar a namorada do Tom, sabe?
— Sai daqui, você conhece ela faz tempo! — mesmo não estando mais abraçando , o braço de Zendaya ainda estava por cima do ombro da brasileira, a mantendo perto de si. iria desmaiar, de verdade. — O Tom escondeu ela por tempo demais, me deixa aproveitar.
— Não aproveita demais, por favor. — Tom riu, terminando de cumprimentar o restante das pessoas que estavam ali. — A tem uma mania estranha de querer me largar para ficar com meus colegas de elenco.
— Calúnia. — não era calúnia, mas protestou mesmo assim.
Quer dizer, era calúnia.
Em partes.
— É a verdade e você sabe, . — Harrison confirmou com um sorriso, voltando-se contra . Pior. Pessoa. Quem fica do lado do melhor amigo? Todo mundo sabe que a função de um melhor é encher o saco sempre que possível! Ele deveria estar enchendo o saco do Tom!
Após todas as apresentações serem devidamente feitas – e uma alegria por parte de por não ser a única não-famosa dali, já que Tony havia levado dois amigos – o grupo finalmente se dirigiu para a pista de boliche. Que, aliás, era neon. Um boliche neon, era só o que faltava. Mas tudo bem, seria divertido. As pessoas pareciam divertidas, e tinha a Zendaya. não iria reclamar.
Tony era realmente bom, o único que estava coseguindo fazer strikes. Depois de Tony, a melhor era Zendaya, que sempre deixava apenas um ou dois pinos em pé. E então , que havia jogado boliche o bastante para não ser péssima. Mas o pior, o mais horrível, o que nunca acertava um único pino sequer, era o próprio Tom Holland.
Para felicidade de .
— Você poderia não parecer tão feliz com a minha desgraça. — Tom revirou os olhos enquanto voltava para as mesas, sentando-se no colo de , que ainda ria de mais uma vez que a bola dele entrava na canaleta.
— É só que eu ‘tô amando ver você sendo horrível em alguma coisa pra variar. — ela passou as mãos pela cintura dele, firmando um abraço e o segurando melhor no próprio colo. Era verdade, era bom ver o namorado não era absolutamente ótimo em tudo o que fazia.
— Você é odiável. — ele sorriu e deu um longo beijo nos lábios de .
— Você são tão adoráveis. — uma movimentação de cadeiras e logo Zendaya estava se sentando ao lado do casal, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo na própria mão. — Sério, olha isso. — ela apontou para os dois que ainda estavam abraçados e dividindo a mesma cadeira. — Eu acho que só de olhar para vocês meu nível de glicose aumenta.
— É tudo mentira. Na verdade eu odeio ela. A gente só namora pra eu fazer fanservice. — a voz de Tom soou séria e precisou se controlar para não começar a ter uma crise de risos.
— E eu só estou com ele porque ele é famoso e eu espero tirar algo disso. — não mentiu tão bem quanto o namorado, mas a atriz ali não era ela, então tudo bem.
— Viu? Adoráveis. — Zendaya revirou os olhos e soltou um suspiro. — Eu nem consigo imaginar vocês dois transando.
— Quê?! — Tom balançou a cabeça, tentando entender de onde aquilo havia saído e porque raios Zendaya havia falado algo assim. — Por que você faria isso?
— Não faça isso. — balançou a cabeça, sentindo o rosto subitamente quente.
— Eu consigo. — Harrison suspirou, também puxando uma cadeira e se sentando próximo ao casal. — Melhor do que gostaria.
sentiu o rosto esquentar tanto que sentiu a necessidade de escondê-lo, enterrando-o no peito de Tom, que apenas a abraçou e soltou uma risadinha que ela sabia ser bastante sem graça. Aquilo era tão, tão vergonhoso! Primeiro porque era sua vida sexual como tópico do assunto e segundo porque ela sempre, sempre tentava ser o mais silenciosa possível, mesmo quando sabia que Harrison não estava em casa, mas sempre era tão difícil.
— Será que a gente pode mudar o assunto? — a voz dela soou meio abafada contra o corpo do namorado, e mesmo sem encarar ninguém ali ela conseguiu ouvir as risadas.
Tinha sido mais fácil conhecer o elenco de Vingadores. Pelo menos eles não haviam comentado sobre como era quando Tom e transavam.
— Desculpa, não queria te deixar sem graça. É só que é difícil mesmo. — Zendaya riu, mas logo mudou o tópico da conversa para a vida de , para que ela pudesse responder às mesmas perguntas de sempre sobre o Brasil.
Pelo restante da noite eles conversaram, comeram, beberam e jogaram, se divertindo tanto que até se sentiu como parte do grupo. Todos eram absurdamente acolhedores e divertidos, o tipo exato de amigo que amava ter. A fazia sentir um pouco de saudade de Juliano, Gisele e Eduarda, mas ao mesmo tempo a fazia querer continuar ali para conhecer aquele grupo muito melhor.
Já estava tarde quando o grupo se despediu e ela e Tom seguiram para o carro – Harrison ia para a casa de Jacob – e finalmente seguiram para casa, terminando um dia incrivelmente bom e apenas levemente vergonhoso.
11.
estava sentindo que aquele era mais um daqueles dias em que ela havia sido inútil para seu país – e nem o fato que de na verdade ela estava nos Estados Unidos, que não era seu país, aliviava aquela sensação – quando seu celular vibrou vom uma mensagem de Maurie.
Inicialmente ela achou estranho, já que ainda era sábado e o cliente só retornaria na segunda o que havia achado dos designs que ela havia feito. Mas ao ler a mensagem finalmente entendeu do que se tratava: Maurie e Lori estavam convidando-a para ir a uma balada com elas dali… Poucas horas, na verdade. sorriu, mandando uma mensagem positiva, aceitando o convite.
— Eu vou sair. — ela falou simplesmente, chamando a atenção de Tom, que parecia realmente compenetrado no próprio tablet.
— Você… Quê? — ele balançou a cabeça, desviando o olhar do aparelho e encarando , parecendo levemente perdido em tudo o que estava acontecendo. Não que houvesse muito para saber, mas mesmo assim.
— A Lori e a Maurie me chamaram para ir em uma balada com elas. Eu vou. — balançou os ombros, repassando mentalmente as roupas que havia levado para Los Angeles e imaginando qual delas seria menos vergonhosa de se usar em uma balada.
— ‘Tá? — ele ainda parecia confuso. — Eu… Também vou?
— Não. — ela balançou a cabeça, vendo-o franzir as sobrancelhas. — Lori e Maurie são as suas fãs, Tom. — ela usou um tom bastante explicativo, tentando deixar claro que aquele era o motivo pelo qual ela não queria a companhia do namorado.
— Não? — ele piscou algumas vezes, bloqueando a tela do tablet e o colocando sobre o sofá. — Por que não?
— Eu acabei de falar. São suas fãs.
— E aparentemente suas amigas. — ele ainda estava com as sobrancelhas franzidas e a expressão séria. Aquilo não era nada bom, nada mesmo.
— Olha, só… Eu vou sozinha. — e estava decidido. Ela queria apenas ir com as duas, sem precisar ter que falar que namorava o ídolo delas, a apresentá-las ao ídolo e no fim ficar apenas escutando enquanto elas perguntavam tudo sobre a vida dele.
— Você não pode me esconder delas pelo resto da vida, . — . Ok, as coisas estavam começando a ficar estranhas. E, pelo que ela lembrava, aquela era a primeira vez que ela e Tom brigavam.
— Eu não preciso esconder pelo resto da vida, só por um mês. — ela havia soado completamente debochada, ela sabia disso. E a expressão de Tom era de pouquíssimos amigos. Aquilo havia oficialmente se tornado uma briga.
— E então o quê? Você vai embora e nunca mais fala com as duas? Ou vai embora e termina comigo?
— Para de fazer drama. — ela revirou os olhos e se levantou. Ela precisava se arrumar, afinal. Porque, sim, ela iria para a balada e era isto. — Por que você ‘tá fazendo tanta questão de conhecer as duas?
— Elas são suas amigas! — ele também levantou e a seguiu até o quarto, parando na porta do quarto e apenas observando com certa distância enquanto ela pegava uma roupa em sua mala e começava a se trocar. — Agora é errado eu querer conhecer as amigas da minha namorada?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Thomas. — Thomas. É, não tinha mais volta. — Eu te apresentei pra Eduarda, pra Gisele e pro Juliano, não apresentei?
— Eles estão no Brasil. E não é por nada, mas você demorou mais de um ano pra me deixar falar diretamente com eles. — o que era verdade, ela tinha que confessar. — Qual o seu problema com me apresentar para os seus amigos?
— Porque eu não quero que vire tudo sobre você! — a voz dela ficou mais alta. Ela desceu a blusa no próprio corpo, terminando de vesti-la. Pegou então um sapato qualquer, sentando na cama e começando a abotoa-lo. — É isso. Eu não quero que minha vida seja só sobre você, ‘tá ok?
— O que você quer dizer com isso? — ele estreitou os olhos, parado exatamente no mesmo local, os braços cruzados.
— Elas são suas fãs. — ela finalmente terminou de colocar o sapato, indo até a bolsa e jogando dentro dela algumas maquiagens, conferindo se sua carteira e passaporte estavam ali. — Se você conhecê-las, tudo vai virar sobre você. — ela então colocou a bolsa no ombro e caminhou até a porta, ficando de frente para Tom. — E eu gosto que elas me chamem para as coisas porque gostaram de mim, não porque eu namoro o ídolo delas então pode ser que eu o leve para nossas saídas. Eu não quero as pessoas sendo minhas amigas apenas porque eu namoro um cara famoso. Minha vida não precisa ser só um “namorada do Tom Holland”.
— Então eu ser famoso é um problema na sua vida? — os olhos dele pareciam lançar navalhas na direção de , mas ela sabia que provavelmente estava com a mesma expressão. — Você não pareceu achar isso quando foi na pré-estreia de Guerra Infinita e conheceu seus atores preferidos.
ficou alguns longos segundos em silêncio, apenas encarando Tom. Ela não conseguia acreditar que ele havia falado aquilo, que realmente havia jogado a pré-estreia em sua cara. Primeiro porque não havia pedido para ir. Tom havia feito o convite e era isso, ponto final. Não tinha porque ele falar que ela estava aproveitando da fama dele dessa maneira. Segundo, aproveitar da fama do namorado geralmente era a última coisa que queria. Alguém lembrava que ela havia recusado uma proposta de crescer com o próprio blog e realizar um sonho apenas por que isso significaria aproveitar-se?
— Vai se foder. — foi a única coisa que ela disse antes sair do quarto, pegando a cópia da chave que eles haviam feito no dia anterior para e saindo de casa.
Apenas quando chegou na calçada ela realmente avaliou o que havia acabado de acontecer. Ela havia brigado com Tom –pela primeira vez, ebaaa –, saído de casa sem nem se despedir, pegados a própria chave e, claro, estava nos Estados Unidos.
Aquele era um daqueles momentos em que você sai bravo de casa, não olha para trás e vai para a casa de algum amigo, onde você vai ficar o resto da noite reclamando do namorado babaca que foi capaz de te acusar de ser uma aproveitadora. Honestamente ela teria ficado menos ofendida se Tom tivesse chamado-a de traíra. Sério mesmo. Por isso ela pegou o celular e ligou para o segundo contato que veio em sua cabeça – o primeiro era Harrison, mas talvez ele tivesse que lidar com o próprio Tom, então não iria forçar.
— ? Oie! — a voz de Lori estava animadíssima, o que até fez sorrir um pouco.
— Oi, Lori. Tem problema eu ir pra sua casa agora? Pra… Nós nos arrumarmos juntas? — que merda de desculpa. Ela já estava totalmente vestida. Bom, faltava a maquiagem e o cabelo, ainda tinha um pouco de desculpa.
— Claro que não, vai ser incrível! A Maurie também está aqui, pode vir! Vou te mandar o endereço!
Lori mandou o endereço para tão logo a chamada foi finalizada. A brasileira apenas o copiou e colocou no aplicativo do Uber – ela ainda não fazia a menor ideia de como se locomover por Los Angeles, então tentaria não se preocupar muito com isso e usar o meio de tranporte mais fácil de todos –, chamando o veículo. Por um momento ela ponderou o quão cara sairia a fatura de seu cartão de crédito, mas logo decidiu que aquele seria um problema para a do futuro.
A viagem até a casa de Lori foi mais longa do que esperava, demorando um pouco mais de trinta minutos até que o carro finalmente parasse em frente ao endereço fornecido pela garota. desceu do carro, agradecendo o motorista e indo até a porta da casa de Lori, apertando a campainha duas vezes. Ela então se afastou alguns passos, tomando alguns minutos para analisar a casa da garota. Era gigantesca!
lembrava que Lori havia dito que trabalhava na firma do pai, mas não sabia qual era a extensão dessa firma. Aparentemente era uma bastante grande, se podia pagar por uma casa daquele tamanho. Não que fosse uma mansão, mas com certeza era a casa mais cara em que já havia estado em toda sua vida.
— ! — a porta se abriu e uma sorridente Lori apareceu do outro lado, com uma igualmente sorridente Maurie ao seu lado. A primeira coisa que reparou foi que Lori havia clareado um pouco mais os cabelos, ficando completamente loira. — Que bom que você veio! — a loira então deu um passo para frente, puxando para um apertado abraço.
— Também quero! — a voz animada de Maurie preencheu um curto silêncio, e logo a ruiva estava apertando-se no abraço de e Lori. — Vai ser muito mais divertido com nós três aqui!
— A gente pensou em te chamar pra se arrumar conosco desde o começo, mas… Não sabíamos se era muito sua vibe. — Lori fez um gesto para que elas entrassem.
Conforme seguia as duas pelos cômodos até o quarto de Lori, a brasileira pensava como tudo naquela casa parecia ter sido tirado de um daqueles catálogos de design de interiores. Absolutamente tudo. Cada pequeno detalhe daquele local parecia ter sido minuciosamente pensado, cada cor, cada planta, tudo. Parecia aquelas casas de fazia no The Sims mas absurdamente superiores porque, diferente de , a pessoa que havia decorado a casa de Lori de fato entendia de decoração.
Quando elas chegaram no quarto da loira, pensou que se juntasse o seu quarto com o de Flávio talvez ainda não conseguissem alcançar o tamanho do quarto de Lori. Era quase ridículo, e honestamente exagerado. Ninguém precisava de tanto espaço assim – apesar de Lori ter feito um excelente trabalho lotando o quarto com decorações e móveis que não sabia qual finalidade possuíam.
— Você ‘tá bem? — Maurie perguntou assim que elas estavam acomodadas, a expressão levemente preocupada. — Desculpa ser invasiva, mas você não parece muito bem.
— Ah, eu só… — respirou fundo. Ela não podia falar exatamente o que havia acontecido, mas ao mesmo tempo sabia que desabafar um pouco seria bom. — Eu meio que briguei com o meu… Amigo.
— O Harry? — Lori franziu as sobrancelhas. Ah, verdade, havia chamado Haz de Harry na frente delas.
— É, ele mesmo. — ok, ela iria continuar com aquilo. Já havia começado mesmo… — Ele queria que eu fizesse uma coisa, eu não queria fazer, ele falou umas merdas, eu falei outras… Enfim, eu mandei ele se foder e vim pra cá. Basicamente isso.
— Aposto que ele foi um babaca. — Lori balançou a cabeça, mostrando total apoio a , mesmo sem realmente saber a história. Ela sorriu, feliz por saber que a garota a apoiava. — Mais um motivo para sairmos e bebermos muito!
— E depois você nem precisa ir pra casa do Harry, se não quiser. Nós três podemos vir pra Lori e terminar uma noite perfeita de balada com uma espécie de festa do pijama!
As americanas começaram a fazer vários planos para o pós-balada, fazendo com que risse e se sentisse realmente feliz por ter feito duas amigas tão divertidas.
***
Quando foi convidada para ir a balada, sua maior preocupação havia sido a questão do dinheiro. Quanto ela pagaria para entrar e exatamente quanto ela poderia beber, já que ela definitivamente não tinha muito para gastar. Mas obviamente ela não havia precisado pagar nada porque Maurie havia conseguido as entradas para as três e, claro, a balada era open bar. Tão. Óbvio. Vida de gente rica era tão absurdamente fácil, sequer conseguia entender.
Por isso, após menos de duas horas de balada, já estava consideravelmente bêbada. Com quatro horas de festa, ela já havia dançado os mais diversos tipos de música, conversado com as mais diferentes pessoas, ficado um bom tempo sentada na área de fumante – porque tinha vinte e cinco anos e ela não tinha mais tanto pique para ficar tantas horas de pé.
Ela já havia perdido Lori e Maurie três vezes – mas estava tranquila porque a pulseira da chapelaria estava no braço dela, e as três haviam guardado as bolsas juntas, então nenhuma poderia ir embora sem a outra – e também perdido a conta de há quantas horas estava ali dentro, bebendo em intervalos maiores mas ainda sentindo a bebida agindo fortemente em seu corpo.
Por isso decidiu que era melhor ir para o bar novamente e pegar uma garrafa de água, já que ela realmente não havia feito aquela coisa responsável de intercalar álcool e água a noite inteira. Era bom começar logo antes que ela acabasse passando mal.
— Ei. — ela sentiu uma presença mais próxima que o comum de balada. Ela virou o rosto, vendo um rapaz muito alto ao lado dela, o rosto contornado por uma barba cheia, o cabelo preto levemente bagunçado. — Eu vi que você parece meio sozinha e vim perguntar se você não quer um pouco de companhia.
suspirou. O rapaz era bastante bonito, ela não iria negar. Provavelmente, se estivesse solteira, não pensaria duas vezes e aceitaria o convite de “companhia”. Mas ela não estava, e a briga com Tom não havia sido um término. E ela nunca seria capaz de trair ninguém. Nunca mesmo.
— Estou bem sozinha, obrigada. — ela deu um sorriso amarelo, pegando sua água e já se afastando do local.
— Alguém já te falou que você é muito linda? — o rapaz a seguiu. Era só o que faltava.
— Sim. Meu namorado. Todos os dias. — parou na saída para a área de fumante, esperando que o rapaz se mancasse e a deixasse em paz logo.
— Mas ele não está aqui agora, né? — ele deu um sorriso torto, provocativo. Irritante. — Quer dizer, se ele não está aqui, não deve ligar muito…
— Para o quê? — ela cruzou os braços de uma maneira meio torta, já que ainda segurava sua garrafa de água, mas que também deixasse claro que ela não estava gostando do rumo da conversa. — Para minha fidelidade? Para o nosso relacionamento?
— Bom, um namorado que deixa a namorada sair sozinha pra uma balada–
— “Deixa”? — precisou lembrar a si mesma que não era tão forte fisicamente e se pulasse no garoto provavelmente sairia perdendo a briga. Mas uns arranhões naquela carinha branquela não iriam fazer nenhum mal. — Você acha o quê? Que meu namorado é meu proprietário? Que eu dependo do aval dele para viver a minha vida?
— Calma, gatinha. — ele entendeu as mãos, as palmas voltadas para a direção de , como se fosse completamente inocente. — Foi só um comentário.
— Que eu não pedi. Olha, eu acho que está bem claro que eu não tenho interesse. Por favor, me deixa em paz.
E então o rapaz fez a pior coisa que poderia ter feito. A mão esquerda dele segurou o braço direito de com força, a puxando para perto de si. Ela abriu a boca, chocada, pronta para começar a gritar. Sua mão esquerda agiu rapidamente, desferindo um soco no ombro do rapaz. Mas, antes mesmo que ela pudesse começar a pedir por ajuda, dois pares de mão agarraram o rapaz e o puxaram para longe de .
Lori e Maurie postaram-se ao lado de , ambas com expressões nervosas voltadas para o rapaz. Ele deu apenas um passo para trás, olhando confuso para as três garotas.
— Você ‘tá maluco, cara?! — a voz de Maurie parecia mais grave que o normal, nervosa. — Ela claramente disse que não está interessada! Some daqui!
— Se você não sair daqui agora nós vamos fazer o maior escândalo que essa balada já viu! Some! — Lori parecia tão nervosa quanto Maurie, a voz também soando mais grave.
O rapaz lançou um olhar feio para as três antes de finalmente se afastar, murmurando algo sobre elas serem loucas. então viu Maurie e Lori ficarem de frente para ela, as feições extremamente preocupadas, perguntando se ela estava bem, se ele tinha feito algo com ela, se ela queria ir embora, tudo ao mesmo tempo, sem realmente dar a brasileira tempo para responder.
Talvez fossem as bebidas ou simplesmente a facilidade com a qual se emocionava e chorava, mas quando deu por si as lágrimas já estavam escorrendo por seu rosto e ela já estava puxando Lori e Maurie para um abraço apertado, sentindo-se muito mais segura com as amigas ali, ao seu lado. Após o longo abraço, pediu para que fossem embora, ao que as duas concordaram prontamente.
Dentro do carro, começou a pensar o quanto já havia se afeiçoado às duas. Mesmo que seu primeiro encontro com Lori houvesse sido um desastre, os dois outros encontros haviam sido maravilhosos, e já as considerava amigas – e tinha certeza que elas sentiam exatamente o mesmo. Era novamente sobre como intimidade nada tem a ver com tempo, e sim com a maneira como as pessoas acabavam se ligando.
E pensando em tudo o que havia acabado de acontecer, pensou que, em partes, Tom estava certo. Aquelas garotas haviam salvado-a de um babaca, aceitado a presença dela em sua casa. Aquelas meninas não haviam se aproximado por interesse. E não poderia esconder Tom pelo resto de sua vida, especialmente de pessoas com as quais ela se importava. Quando eles haviam decidido se tornar namorados, todos os prós e contras estavam mais do que claros. E ela não podia continuar agindo como se aquilo não fosse importante.
Então, quando elas já estavam espalhadas em colchões pelo quarto de Lori, após mais longos minutos de conversas e risadas, tomou a importante decisão de apresentá-las para Tom. Mas antes ela precisava se reconciliar com o namorado – ambos tinham errado e precisavam pedir desculpas. E, para isso, ela já possuía o plano perfeito. Tudo o que precisava era contatar Harrison e Jacob.
Inicialmente ela achou estranho, já que ainda era sábado e o cliente só retornaria na segunda o que havia achado dos designs que ela havia feito. Mas ao ler a mensagem finalmente entendeu do que se tratava: Maurie e Lori estavam convidando-a para ir a uma balada com elas dali… Poucas horas, na verdade. sorriu, mandando uma mensagem positiva, aceitando o convite.
— Eu vou sair. — ela falou simplesmente, chamando a atenção de Tom, que parecia realmente compenetrado no próprio tablet.
— Você… Quê? — ele balançou a cabeça, desviando o olhar do aparelho e encarando , parecendo levemente perdido em tudo o que estava acontecendo. Não que houvesse muito para saber, mas mesmo assim.
— A Lori e a Maurie me chamaram para ir em uma balada com elas. Eu vou. — balançou os ombros, repassando mentalmente as roupas que havia levado para Los Angeles e imaginando qual delas seria menos vergonhosa de se usar em uma balada.
— ‘Tá? — ele ainda parecia confuso. — Eu… Também vou?
— Não. — ela balançou a cabeça, vendo-o franzir as sobrancelhas. — Lori e Maurie são as suas fãs, Tom. — ela usou um tom bastante explicativo, tentando deixar claro que aquele era o motivo pelo qual ela não queria a companhia do namorado.
— Não? — ele piscou algumas vezes, bloqueando a tela do tablet e o colocando sobre o sofá. — Por que não?
— Eu acabei de falar. São suas fãs.
— E aparentemente suas amigas. — ele ainda estava com as sobrancelhas franzidas e a expressão séria. Aquilo não era nada bom, nada mesmo.
— Olha, só… Eu vou sozinha. — e estava decidido. Ela queria apenas ir com as duas, sem precisar ter que falar que namorava o ídolo delas, a apresentá-las ao ídolo e no fim ficar apenas escutando enquanto elas perguntavam tudo sobre a vida dele.
— Você não pode me esconder delas pelo resto da vida, . — . Ok, as coisas estavam começando a ficar estranhas. E, pelo que ela lembrava, aquela era a primeira vez que ela e Tom brigavam.
— Eu não preciso esconder pelo resto da vida, só por um mês. — ela havia soado completamente debochada, ela sabia disso. E a expressão de Tom era de pouquíssimos amigos. Aquilo havia oficialmente se tornado uma briga.
— E então o quê? Você vai embora e nunca mais fala com as duas? Ou vai embora e termina comigo?
— Para de fazer drama. — ela revirou os olhos e se levantou. Ela precisava se arrumar, afinal. Porque, sim, ela iria para a balada e era isto. — Por que você ‘tá fazendo tanta questão de conhecer as duas?
— Elas são suas amigas! — ele também levantou e a seguiu até o quarto, parando na porta do quarto e apenas observando com certa distância enquanto ela pegava uma roupa em sua mala e começava a se trocar. — Agora é errado eu querer conhecer as amigas da minha namorada?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Thomas. — Thomas. É, não tinha mais volta. — Eu te apresentei pra Eduarda, pra Gisele e pro Juliano, não apresentei?
— Eles estão no Brasil. E não é por nada, mas você demorou mais de um ano pra me deixar falar diretamente com eles. — o que era verdade, ela tinha que confessar. — Qual o seu problema com me apresentar para os seus amigos?
— Porque eu não quero que vire tudo sobre você! — a voz dela ficou mais alta. Ela desceu a blusa no próprio corpo, terminando de vesti-la. Pegou então um sapato qualquer, sentando na cama e começando a abotoa-lo. — É isso. Eu não quero que minha vida seja só sobre você, ‘tá ok?
— O que você quer dizer com isso? — ele estreitou os olhos, parado exatamente no mesmo local, os braços cruzados.
— Elas são suas fãs. — ela finalmente terminou de colocar o sapato, indo até a bolsa e jogando dentro dela algumas maquiagens, conferindo se sua carteira e passaporte estavam ali. — Se você conhecê-las, tudo vai virar sobre você. — ela então colocou a bolsa no ombro e caminhou até a porta, ficando de frente para Tom. — E eu gosto que elas me chamem para as coisas porque gostaram de mim, não porque eu namoro o ídolo delas então pode ser que eu o leve para nossas saídas. Eu não quero as pessoas sendo minhas amigas apenas porque eu namoro um cara famoso. Minha vida não precisa ser só um “namorada do Tom Holland”.
— Então eu ser famoso é um problema na sua vida? — os olhos dele pareciam lançar navalhas na direção de , mas ela sabia que provavelmente estava com a mesma expressão. — Você não pareceu achar isso quando foi na pré-estreia de Guerra Infinita e conheceu seus atores preferidos.
ficou alguns longos segundos em silêncio, apenas encarando Tom. Ela não conseguia acreditar que ele havia falado aquilo, que realmente havia jogado a pré-estreia em sua cara. Primeiro porque não havia pedido para ir. Tom havia feito o convite e era isso, ponto final. Não tinha porque ele falar que ela estava aproveitando da fama dele dessa maneira. Segundo, aproveitar da fama do namorado geralmente era a última coisa que queria. Alguém lembrava que ela havia recusado uma proposta de crescer com o próprio blog e realizar um sonho apenas por que isso significaria aproveitar-se?
— Vai se foder. — foi a única coisa que ela disse antes sair do quarto, pegando a cópia da chave que eles haviam feito no dia anterior para e saindo de casa.
Apenas quando chegou na calçada ela realmente avaliou o que havia acabado de acontecer. Ela havia brigado com Tom –pela primeira vez, ebaaa –, saído de casa sem nem se despedir, pegados a própria chave e, claro, estava nos Estados Unidos.
Aquele era um daqueles momentos em que você sai bravo de casa, não olha para trás e vai para a casa de algum amigo, onde você vai ficar o resto da noite reclamando do namorado babaca que foi capaz de te acusar de ser uma aproveitadora. Honestamente ela teria ficado menos ofendida se Tom tivesse chamado-a de traíra. Sério mesmo. Por isso ela pegou o celular e ligou para o segundo contato que veio em sua cabeça – o primeiro era Harrison, mas talvez ele tivesse que lidar com o próprio Tom, então não iria forçar.
— ? Oie! — a voz de Lori estava animadíssima, o que até fez sorrir um pouco.
— Oi, Lori. Tem problema eu ir pra sua casa agora? Pra… Nós nos arrumarmos juntas? — que merda de desculpa. Ela já estava totalmente vestida. Bom, faltava a maquiagem e o cabelo, ainda tinha um pouco de desculpa.
— Claro que não, vai ser incrível! A Maurie também está aqui, pode vir! Vou te mandar o endereço!
Lori mandou o endereço para tão logo a chamada foi finalizada. A brasileira apenas o copiou e colocou no aplicativo do Uber – ela ainda não fazia a menor ideia de como se locomover por Los Angeles, então tentaria não se preocupar muito com isso e usar o meio de tranporte mais fácil de todos –, chamando o veículo. Por um momento ela ponderou o quão cara sairia a fatura de seu cartão de crédito, mas logo decidiu que aquele seria um problema para a do futuro.
A viagem até a casa de Lori foi mais longa do que esperava, demorando um pouco mais de trinta minutos até que o carro finalmente parasse em frente ao endereço fornecido pela garota. desceu do carro, agradecendo o motorista e indo até a porta da casa de Lori, apertando a campainha duas vezes. Ela então se afastou alguns passos, tomando alguns minutos para analisar a casa da garota. Era gigantesca!
lembrava que Lori havia dito que trabalhava na firma do pai, mas não sabia qual era a extensão dessa firma. Aparentemente era uma bastante grande, se podia pagar por uma casa daquele tamanho. Não que fosse uma mansão, mas com certeza era a casa mais cara em que já havia estado em toda sua vida.
— ! — a porta se abriu e uma sorridente Lori apareceu do outro lado, com uma igualmente sorridente Maurie ao seu lado. A primeira coisa que reparou foi que Lori havia clareado um pouco mais os cabelos, ficando completamente loira. — Que bom que você veio! — a loira então deu um passo para frente, puxando para um apertado abraço.
— Também quero! — a voz animada de Maurie preencheu um curto silêncio, e logo a ruiva estava apertando-se no abraço de e Lori. — Vai ser muito mais divertido com nós três aqui!
— A gente pensou em te chamar pra se arrumar conosco desde o começo, mas… Não sabíamos se era muito sua vibe. — Lori fez um gesto para que elas entrassem.
Conforme seguia as duas pelos cômodos até o quarto de Lori, a brasileira pensava como tudo naquela casa parecia ter sido tirado de um daqueles catálogos de design de interiores. Absolutamente tudo. Cada pequeno detalhe daquele local parecia ter sido minuciosamente pensado, cada cor, cada planta, tudo. Parecia aquelas casas de fazia no The Sims mas absurdamente superiores porque, diferente de , a pessoa que havia decorado a casa de Lori de fato entendia de decoração.
Quando elas chegaram no quarto da loira, pensou que se juntasse o seu quarto com o de Flávio talvez ainda não conseguissem alcançar o tamanho do quarto de Lori. Era quase ridículo, e honestamente exagerado. Ninguém precisava de tanto espaço assim – apesar de Lori ter feito um excelente trabalho lotando o quarto com decorações e móveis que não sabia qual finalidade possuíam.
— Você ‘tá bem? — Maurie perguntou assim que elas estavam acomodadas, a expressão levemente preocupada. — Desculpa ser invasiva, mas você não parece muito bem.
— Ah, eu só… — respirou fundo. Ela não podia falar exatamente o que havia acontecido, mas ao mesmo tempo sabia que desabafar um pouco seria bom. — Eu meio que briguei com o meu… Amigo.
— O Harry? — Lori franziu as sobrancelhas. Ah, verdade, havia chamado Haz de Harry na frente delas.
— É, ele mesmo. — ok, ela iria continuar com aquilo. Já havia começado mesmo… — Ele queria que eu fizesse uma coisa, eu não queria fazer, ele falou umas merdas, eu falei outras… Enfim, eu mandei ele se foder e vim pra cá. Basicamente isso.
— Aposto que ele foi um babaca. — Lori balançou a cabeça, mostrando total apoio a , mesmo sem realmente saber a história. Ela sorriu, feliz por saber que a garota a apoiava. — Mais um motivo para sairmos e bebermos muito!
— E depois você nem precisa ir pra casa do Harry, se não quiser. Nós três podemos vir pra Lori e terminar uma noite perfeita de balada com uma espécie de festa do pijama!
As americanas começaram a fazer vários planos para o pós-balada, fazendo com que risse e se sentisse realmente feliz por ter feito duas amigas tão divertidas.
Quando foi convidada para ir a balada, sua maior preocupação havia sido a questão do dinheiro. Quanto ela pagaria para entrar e exatamente quanto ela poderia beber, já que ela definitivamente não tinha muito para gastar. Mas obviamente ela não havia precisado pagar nada porque Maurie havia conseguido as entradas para as três e, claro, a balada era open bar. Tão. Óbvio. Vida de gente rica era tão absurdamente fácil, sequer conseguia entender.
Por isso, após menos de duas horas de balada, já estava consideravelmente bêbada. Com quatro horas de festa, ela já havia dançado os mais diversos tipos de música, conversado com as mais diferentes pessoas, ficado um bom tempo sentada na área de fumante – porque tinha vinte e cinco anos e ela não tinha mais tanto pique para ficar tantas horas de pé.
Ela já havia perdido Lori e Maurie três vezes – mas estava tranquila porque a pulseira da chapelaria estava no braço dela, e as três haviam guardado as bolsas juntas, então nenhuma poderia ir embora sem a outra – e também perdido a conta de há quantas horas estava ali dentro, bebendo em intervalos maiores mas ainda sentindo a bebida agindo fortemente em seu corpo.
Por isso decidiu que era melhor ir para o bar novamente e pegar uma garrafa de água, já que ela realmente não havia feito aquela coisa responsável de intercalar álcool e água a noite inteira. Era bom começar logo antes que ela acabasse passando mal.
— Ei. — ela sentiu uma presença mais próxima que o comum de balada. Ela virou o rosto, vendo um rapaz muito alto ao lado dela, o rosto contornado por uma barba cheia, o cabelo preto levemente bagunçado. — Eu vi que você parece meio sozinha e vim perguntar se você não quer um pouco de companhia.
suspirou. O rapaz era bastante bonito, ela não iria negar. Provavelmente, se estivesse solteira, não pensaria duas vezes e aceitaria o convite de “companhia”. Mas ela não estava, e a briga com Tom não havia sido um término. E ela nunca seria capaz de trair ninguém. Nunca mesmo.
— Estou bem sozinha, obrigada. — ela deu um sorriso amarelo, pegando sua água e já se afastando do local.
— Alguém já te falou que você é muito linda? — o rapaz a seguiu. Era só o que faltava.
— Sim. Meu namorado. Todos os dias. — parou na saída para a área de fumante, esperando que o rapaz se mancasse e a deixasse em paz logo.
— Mas ele não está aqui agora, né? — ele deu um sorriso torto, provocativo. Irritante. — Quer dizer, se ele não está aqui, não deve ligar muito…
— Para o quê? — ela cruzou os braços de uma maneira meio torta, já que ainda segurava sua garrafa de água, mas que também deixasse claro que ela não estava gostando do rumo da conversa. — Para minha fidelidade? Para o nosso relacionamento?
— Bom, um namorado que deixa a namorada sair sozinha pra uma balada–
— “Deixa”? — precisou lembrar a si mesma que não era tão forte fisicamente e se pulasse no garoto provavelmente sairia perdendo a briga. Mas uns arranhões naquela carinha branquela não iriam fazer nenhum mal. — Você acha o quê? Que meu namorado é meu proprietário? Que eu dependo do aval dele para viver a minha vida?
— Calma, gatinha. — ele entendeu as mãos, as palmas voltadas para a direção de , como se fosse completamente inocente. — Foi só um comentário.
— Que eu não pedi. Olha, eu acho que está bem claro que eu não tenho interesse. Por favor, me deixa em paz.
E então o rapaz fez a pior coisa que poderia ter feito. A mão esquerda dele segurou o braço direito de com força, a puxando para perto de si. Ela abriu a boca, chocada, pronta para começar a gritar. Sua mão esquerda agiu rapidamente, desferindo um soco no ombro do rapaz. Mas, antes mesmo que ela pudesse começar a pedir por ajuda, dois pares de mão agarraram o rapaz e o puxaram para longe de .
Lori e Maurie postaram-se ao lado de , ambas com expressões nervosas voltadas para o rapaz. Ele deu apenas um passo para trás, olhando confuso para as três garotas.
— Você ‘tá maluco, cara?! — a voz de Maurie parecia mais grave que o normal, nervosa. — Ela claramente disse que não está interessada! Some daqui!
— Se você não sair daqui agora nós vamos fazer o maior escândalo que essa balada já viu! Some! — Lori parecia tão nervosa quanto Maurie, a voz também soando mais grave.
O rapaz lançou um olhar feio para as três antes de finalmente se afastar, murmurando algo sobre elas serem loucas. então viu Maurie e Lori ficarem de frente para ela, as feições extremamente preocupadas, perguntando se ela estava bem, se ele tinha feito algo com ela, se ela queria ir embora, tudo ao mesmo tempo, sem realmente dar a brasileira tempo para responder.
Talvez fossem as bebidas ou simplesmente a facilidade com a qual se emocionava e chorava, mas quando deu por si as lágrimas já estavam escorrendo por seu rosto e ela já estava puxando Lori e Maurie para um abraço apertado, sentindo-se muito mais segura com as amigas ali, ao seu lado. Após o longo abraço, pediu para que fossem embora, ao que as duas concordaram prontamente.
Dentro do carro, começou a pensar o quanto já havia se afeiçoado às duas. Mesmo que seu primeiro encontro com Lori houvesse sido um desastre, os dois outros encontros haviam sido maravilhosos, e já as considerava amigas – e tinha certeza que elas sentiam exatamente o mesmo. Era novamente sobre como intimidade nada tem a ver com tempo, e sim com a maneira como as pessoas acabavam se ligando.
E pensando em tudo o que havia acabado de acontecer, pensou que, em partes, Tom estava certo. Aquelas garotas haviam salvado-a de um babaca, aceitado a presença dela em sua casa. Aquelas meninas não haviam se aproximado por interesse. E não poderia esconder Tom pelo resto de sua vida, especialmente de pessoas com as quais ela se importava. Quando eles haviam decidido se tornar namorados, todos os prós e contras estavam mais do que claros. E ela não podia continuar agindo como se aquilo não fosse importante.
Então, quando elas já estavam espalhadas em colchões pelo quarto de Lori, após mais longos minutos de conversas e risadas, tomou a importante decisão de apresentá-las para Tom. Mas antes ela precisava se reconciliar com o namorado – ambos tinham errado e precisavam pedir desculpas. E, para isso, ela já possuía o plano perfeito. Tudo o que precisava era contatar Harrison e Jacob.
12.
O celular de tocou e apenas a letra J. apareceu na tela. Ela sorriu, correndo para atender, ouvindo a voz animada de Jacob do outro lado falando que ele já havia chegado e era para ir logo. Ela riu e desligou o celular, avisando Lori e Maurie que seu “Uber” havia chegado. As duas fizeram uma careta triste, reclamando que era domingo e que deveria ficar mais tempo com elas, deixando a brasileira com um sentimento bom.
As garotas a acompanharam até o portão, lhe dando um abraço apertado de despedida e falando que, se as coisas não se resolvessem entre e “Harry”, era só ligar que elas mesmas iam buscar onde quer que ela precisasse. Então, com um sorriso enorme no rosto, agradeceu por tudo e atravessou a rua correndo, praticamente pulando no banco do carona.
— Você parece feliz. — Jacob riu enquanto dava partida no carro, começando a dirigir pelas ruas de Los Angeles.
— Eu me diverti muito com as duas. E preciso estar animada para poder seguir com meu plano. — ela suspirou, os olhos presos em um ponto qualquer da estrada. — Vocês tiraram o Tom de casa?
— Não precisou, na verdade. Ele foi pra minha casa ontem depois da briga de vocês e passou a noite lá.
— Ah. — fez uma careta desanimada. Quer dizer, era bom que o namorado não havia ficado sozinho, claro. Mas era horrível ter brigado. — Ele… Falou alguma coisa?
— Sobre a briga? — Jacob suspirou, imitando a careta de . — Não exatamente. Ele só parecia bem chateado, disse que vocês tinham brigado e que você saiu de casa.
— Ah. Só isso?
— Ele disse que é culpa dele, que você não deve estar querendo vê-lo nem com todo o elenco de Vingadores do lado. — os dois se permitiram rir um pouco daquela comparação. — E que… Ele só quer que vocês se acertem, basicamente. — e então um longo minuto de silêncio seguiu antes que Jacob decidisse falar novamente. — O que realmente aconteceu?
— Eu fui uma babaca, aí ele foi um babaca. — balançou os ombros. — Só… Nós dois falamos merda um pro outro, e honestamente eu não quis dizer nada daquilo e tenho certeza que ele também não. Eu só quero me acertar com o Tom, J.
— Por isso nós estamos indo fazer compras? — o carro diminuiu, logo estacionando em frente a um mercado modesto, todo decorado de verde e amarelo.
Com um enorme sorriso confirmou, entrelaçando o braço com o de Jacob após sair do carro e seguindo para o mercado especializado em produtos brasileiros.
***
— Como… O que mesmo que você vai fazer com esses camarões? — Jacob estava sentado com uma vasilha de camarões crus em sua frente, limpando de um jeito minuciosamente chato que havia lhe ensinado.
— Moqueca. Vai ficar incrível, a Thaís que me ensinou a receita, o Flávio ama. — terminava de colocar água no arroz para deixá-lo cozinhando enquanto continuava com a moqueca. Então foi até Jacob, apenas para conferir que tudo estava saindo como o esperado. — J.! Você não limpou nem metade dos camarões!
— É difícil!
— Não, você que é lerdo. — ela riu e fez um sinal para que ele se afastasse. — Deixa que eu limpo esses camarões, o almoço tem que sair ainda hoje.
— Ei! — Jacob fez uma expressão completamente ofendida, o que fez com que risse ainda mais.
Ela pediu para que então ele cortasse as cebolas e os tomates enquanto ela terminava de limpar os camarões. Havia rido de Jacob mas era verdade que limpar camarão era um saco. Especialmente se a limpeza fosse feita de maneira certa, tirando todas as impurezas do alimento. Pediu para que Jacob fosse cortando os legumes e logo os dois estavam compenetrados em suas tarefas na cozinha.
— Então… — foi quem puxou o assunto após alguns minutos. — Não que eu não esteja amando sua companhia, mas por que foi você quem veio e não o Haz?
— Porque é sempre ele, era minha vez de passear um pouco com você. — Jacob fez uma careta com o cheiro da cebola, começando a piscar os olhos rapidamente. — Caso não se lembre, foi eu quem começou a conversar com você pelo Twitter.
— E você acha que eu esqueceria? — ela riu, limpando o último camarão e começando a jogar um monte de tempero. — Tudo que aconteceu começou por sua causa. Acho que eu nunca agradeci direito, né? Obrigada, J.
— Eu te abraçaria se não estivesse com cheiro de cebola, e você com cheiro de camarão.
Rindo, os dois continuaram a cozinhar e jogar mais um pouco de conversa fora. Quase uma hora depois – não era exatamente acostumada a cozinhar, então infelizmente sempre levava um pouco mais que o normal para preparar comida – a casa estava com um cheiro maravilhoso, e ela precisou pesar se Tom era mais importante que um estômago cheio – spoiler alert: era.
Ela e Jacob não se despediram com um abraço porque ainda estava com cheiro de camarão. Então enquanto o rapaz ia para a própria casa para que junto a Haz colocassem início a segunda parte do plano – em que Haz e Tom voltavam para casa e Haz fingia ter esquecido algo no carro para que Tom subisse sozinho – aproveitou para tomar uma rápida ducha e tirar aquele cheiro horrível de seu corpo.
Enquanto sentia a água escorrendo por seu corpo, repassava tudo o que havia acontecido. A briga, as coisas que Tom havia dito, o que ela havia dito. Agora, com a cabeça fria, tudo parecia não ter nenhum sentido. Nem era para tanto. Se enrolou na toalha e foi até o quarto, colocando um shorts e uma camisa com o desenho do escudo do Capitão América, aquela mais básica de todas. Era a única camisa de estampa nerd que ela havia levado para Los Angeles, não deixaria de levar.
Prendeu cabelo cheio de nós – que ela não havia lavado – em um coque completamente bagunçado e voltou para a cozinha, arrumando a mesa e checando o celular, vendo que Jacob havia mandado uma mensagem há dois minutos avisando que Tom e Haz haviam acabado de sair. Ela respirou fundo e foi até a sala, conectando o celular na caixinha de som e colocando uma playlist de músicas brasileiras.
Em seguida se dirigiu a cozinha, reaquecendo a comida e em seguida pegando a garrafa de vodca que havia comprado – ela ainda não acreditava que não havia conseguido encontrar pinga no mercado de produtos brasileiros –, os morangos, açúcar e a coqueteleira que Jacob havia deixado com ela e se preparou para começar a fazer a mais famosa bebida de seu país: caipirinha.
Mal havia acabado de encher dois copos e colocá-los na geladeira quando a porta da casa abriu e Tom apareceu, parando com a mão na maçaneta, os olhos presos na mesa que havia arrumado – e olha que ela nem havia tentado romantizar com velas e flores, estava tudo realmente simples. Então os olhos dele encontraram os de e ele franziu as sobrancelhas.
Ela respirou fundo, tentando dar um sorriso. Esperava que ele sorrisse quando visse tudo o que ela havia feito, não iria negar. A expressão séria dele era um pouco preocupante. Tom finalmente entrou realmente na casa, fechando a porta atrás de si e indo até a cozinha, parando ao lado da mesa, as sobrancelhas ainda franzidas.
— Oi. — a voz dela pareceu um pouco baixa e tímida. Ok, aquela era uma situação complicada. Ela não sabia como lidar com aquele momento. Ela estava convivendo com Tom há apenas dezesseis dias, não era tempo o bastante para já saber exatamente como agir quando brigasse com o namorado.
— Oi. — ele então soltou uma risadinha, quase fazendo com que ela suspirasse de alívio. — O que é isso? Que cheiro é esse?
— Ah! — ela então abriu um enorme e animado sorriso, apontando para a mesa e pedindo para que Tom se sentasse. Enquanto ele se acomodava, ela correu até o fogão e com cuidado colocou a moqueca e o arroz em duas vasilhas separadas, as levando até a mesa. Depois correu até a geladeira e pegou as caipirinhas, colocando os copos ao lado dos pratos. — Lembra como você me levou para um encontro por Los Angeles? Então, eu queria te levar em um pela minha cidade, mas como não ‘tá sendo possível, decidi fazer uma tarde brasileira!
Tom riu, apenas observando quanto servia os dois pratos – ela não precisava fazer aquilo, óbvio, mas ela estava querendo ser mais legal que o normal. Depois de ambos servidos ela se sentou de frente para ele e começou a comer. Seguindo o exemplo da namorada, Tom deu a primeira garfada na moqueca, levantando as sobrancelhas.
— Gostou? — ela perguntou ansiosa.
— Isso é muito bom! Você que fez mesmo? — ele riu da cara brava que ela fez.
— Claro! Bom, o J. ajudou um pouco. — ela balançou os ombros e deu mais uma garfada, enchendo a boca de algo que ela decidiu chamar de “gostinho de casa”.
— O J. ajudou, foi? — Tom falou com a boca meio cheia, desconfiado. — Interessante. Ele tinha falado que tinha um compromisso importante com um estúdio.
— A vida tem dessas. — riu e deu um gole na caipirinha, fazendo uma careta em seguida. Como sempre ela havia exagerado na quantidade de vodca. — Ew. Isso tá muito forte. Quer que eu coloque mais açúcar ou morango ou gelo ou sei lá?
— Deixa eu ver. — ele levou o próprio canudo a boca, sugando uma grande quantidade do líquido. — Não, está ótimo. Aliás, muito gostoso mesmo. Você quem fez?
— Eu fiz tudo aqui, Tom.
— Qual o nome dessa bebida mesmo?
— Caipirinha.
— Esquece. — ele riu e bebeu um pouco mais, nem tentando repetir a pronúncia.
O almoço seguiu-se com vários comentários e brincadeiras de ambas partes, mas ainda assim conseguia sentir o “elefante no cômodo”. Era óbvio que os dois ainda pensavam na briga do dia anterior, e eles precisavam resolver aquilo. Mas não durante o almoço. Aquele era o momento apenas para descontrair e lembrarem do que realmente importava naquele relacionamento – os bons momentos juntos, não a comida.
Depois de comerem quase tudo, fez mais duas caipirinhas, com menos vodca, e juntos eles seguiram para a sala, deixando a louça para mais tarde e se acomodando lado a lado no sofá, a música de fundo bem baixa.
— Essa música é bem legal. Quer dizer, parece ser, não sei o que a letra fala.
— É Charlie Brown Jr. É– quer dizer, era a melhor banda de todas.
— Era?
— É, o cantor cometeu suicídio há uns cinco anos. E depois de uns meses o cantor que ‘tava substituindo ele também cometeu suicídio. — os olhos de Tom aumentaram, assustados, e apenas fez um sinal para que deixassem o assunto para lá. Nem sabia porque havia comentado algo tão pesado assim em um momento que era para ser leve. Ela realmente era horrível com essa coisa de timing. — Enfim, pelo menos ainda temos músicas ótimas.
— Claro. — Tom riu e deu um gole em sua bebida, suspirando em seguida. — Por que você fez tudo isso, ?
Era chegada a hora. Ela suspirou e se ajeitou melhor, virando-se para Tom e apoiando a mão com a bebida no encosto do sofá. Tom repetiu o movimento da namorada, ficando de frente para ela, com a diferença de que ele apoiava o copo na própria perna.
— Eu queria pedir desculpas por ontem. — ela começou, vendo Tom abrir a boca para cortá-la, mas ela foi mais rápida, continuando antes que ele pudesse falar qualquer coisa. — Eu falei merda. Sua fama não é um problema na minha vida, e mesmo se fosse eu nunca poderia jogar isso em você. Além do que eu meio que te amo, e–
— Meio que me ama? — ele riu, movendo o próprio copo e colocando no chão.
— Tom, não atrapalha meu monólogo, por favor. — ela abriu um pequeno sorriso, vendo Tom rir mais um pouco. — Enfim, eu quero continuar com você por muito mais tempo, então não é justo te esconder dos meus amigos. Se eu quero que esse relacionamento dê certo eu tenho que deixar que você seja parte da minha vida, toda ela. Então… É, desculpa por ontem, eu fui babaca.
— Desculpo… Se você também me desculpar. — ele pegou o copo da mão dela, também colocando-o no chão, e em seguida se aproximou mais da namorada. — Primeiro que eu nunca deveria ter sequer insinuado que você se aproveitou da minha fama quando você já provou tantas e tantas vezes que nunca faria algo assim. Segundo… Eu nem tentei entender seu lado ou o quão pode ser pesado se relacionar com um artista. Eu vejo como isso afetou o Haz, mesmo que ele não fale, e é óbvio que também te afetaria.
— Bom, eu conheci o elenco da Marvel. — ela balançou os ombros e deu uma risada que rapidamente foi acompanhada por ele.
— Sim, tem o lado positivo, mas meu ponto principal é… A maneira como você se sente é importante e eu ignorei isso ontem. Então… Desculpa. Eu fui um babaca.
Os braços de passaram sobre os ombros de Tom, se encontrando atrás do pescoço do rapaz. Ela então o puxou para mais próximo de si, deixando seus rostos muito, muito perto, os narizes se encostando. Ela pensou em falar o quanto o amava, mas aquilo já era tão, tão óbvio que o melhor mesmo apenas demonstrar, beijando os lábios de Tom, deixando que os sabores de morango e vodca se misturassem entre as duas bocas.
— Aliás… — ela disse após longos minutos, afastando-se um pouco do namorado. — Se você ainda quiser… Eu queria que você conhecesse a Lori e a Maurie.
— Eu adoraria. — ele se aproximou novamente, dando um selinho em e em seguida franzindo as sobrancelhas. — Você não fez sobremesa?
— Sobremesa?
— Claro! — ele riu e puxou para perto de novo, a guiando até seu colo. — Vai me dizer que não tinha nenhum doce brasileiro que você pudesse fazer?
— Tinha brigadeiro. — ela balançou os ombros e se ajeitou melhor no colo do namorado, apoiando os braços nos ombros dele e aproximando um pouco mais seus rostos. — Mas eu não gosto muito, então nem fiz.
— Agora eu fico sem comer sobremesa porque você não gosta de brigadeiro? — ele falou o nome do doce com um pouco de dificuldade, errando levemente a pronúncia.
— Pra que sobremesa? Eu já sou um doce. — ela mordeu o próprio lábio, tentando ser sexy e falhando, vendo Tom começar a rir.
— Então você está proibida de reclamar do que eu vou fazer. — ele disse antes de beijá-la novamente e segurar o quadril dela com firmeza contra o dele, deixando que eles se perdessem um no outro.
As garotas a acompanharam até o portão, lhe dando um abraço apertado de despedida e falando que, se as coisas não se resolvessem entre e “Harry”, era só ligar que elas mesmas iam buscar onde quer que ela precisasse. Então, com um sorriso enorme no rosto, agradeceu por tudo e atravessou a rua correndo, praticamente pulando no banco do carona.
— Você parece feliz. — Jacob riu enquanto dava partida no carro, começando a dirigir pelas ruas de Los Angeles.
— Eu me diverti muito com as duas. E preciso estar animada para poder seguir com meu plano. — ela suspirou, os olhos presos em um ponto qualquer da estrada. — Vocês tiraram o Tom de casa?
— Não precisou, na verdade. Ele foi pra minha casa ontem depois da briga de vocês e passou a noite lá.
— Ah. — fez uma careta desanimada. Quer dizer, era bom que o namorado não havia ficado sozinho, claro. Mas era horrível ter brigado. — Ele… Falou alguma coisa?
— Sobre a briga? — Jacob suspirou, imitando a careta de . — Não exatamente. Ele só parecia bem chateado, disse que vocês tinham brigado e que você saiu de casa.
— Ah. Só isso?
— Ele disse que é culpa dele, que você não deve estar querendo vê-lo nem com todo o elenco de Vingadores do lado. — os dois se permitiram rir um pouco daquela comparação. — E que… Ele só quer que vocês se acertem, basicamente. — e então um longo minuto de silêncio seguiu antes que Jacob decidisse falar novamente. — O que realmente aconteceu?
— Eu fui uma babaca, aí ele foi um babaca. — balançou os ombros. — Só… Nós dois falamos merda um pro outro, e honestamente eu não quis dizer nada daquilo e tenho certeza que ele também não. Eu só quero me acertar com o Tom, J.
— Por isso nós estamos indo fazer compras? — o carro diminuiu, logo estacionando em frente a um mercado modesto, todo decorado de verde e amarelo.
Com um enorme sorriso confirmou, entrelaçando o braço com o de Jacob após sair do carro e seguindo para o mercado especializado em produtos brasileiros.
— Como… O que mesmo que você vai fazer com esses camarões? — Jacob estava sentado com uma vasilha de camarões crus em sua frente, limpando de um jeito minuciosamente chato que havia lhe ensinado.
— Moqueca. Vai ficar incrível, a Thaís que me ensinou a receita, o Flávio ama. — terminava de colocar água no arroz para deixá-lo cozinhando enquanto continuava com a moqueca. Então foi até Jacob, apenas para conferir que tudo estava saindo como o esperado. — J.! Você não limpou nem metade dos camarões!
— É difícil!
— Não, você que é lerdo. — ela riu e fez um sinal para que ele se afastasse. — Deixa que eu limpo esses camarões, o almoço tem que sair ainda hoje.
— Ei! — Jacob fez uma expressão completamente ofendida, o que fez com que risse ainda mais.
Ela pediu para que então ele cortasse as cebolas e os tomates enquanto ela terminava de limpar os camarões. Havia rido de Jacob mas era verdade que limpar camarão era um saco. Especialmente se a limpeza fosse feita de maneira certa, tirando todas as impurezas do alimento. Pediu para que Jacob fosse cortando os legumes e logo os dois estavam compenetrados em suas tarefas na cozinha.
— Então… — foi quem puxou o assunto após alguns minutos. — Não que eu não esteja amando sua companhia, mas por que foi você quem veio e não o Haz?
— Porque é sempre ele, era minha vez de passear um pouco com você. — Jacob fez uma careta com o cheiro da cebola, começando a piscar os olhos rapidamente. — Caso não se lembre, foi eu quem começou a conversar com você pelo Twitter.
— E você acha que eu esqueceria? — ela riu, limpando o último camarão e começando a jogar um monte de tempero. — Tudo que aconteceu começou por sua causa. Acho que eu nunca agradeci direito, né? Obrigada, J.
— Eu te abraçaria se não estivesse com cheiro de cebola, e você com cheiro de camarão.
Rindo, os dois continuaram a cozinhar e jogar mais um pouco de conversa fora. Quase uma hora depois – não era exatamente acostumada a cozinhar, então infelizmente sempre levava um pouco mais que o normal para preparar comida – a casa estava com um cheiro maravilhoso, e ela precisou pesar se Tom era mais importante que um estômago cheio – spoiler alert: era.
Ela e Jacob não se despediram com um abraço porque ainda estava com cheiro de camarão. Então enquanto o rapaz ia para a própria casa para que junto a Haz colocassem início a segunda parte do plano – em que Haz e Tom voltavam para casa e Haz fingia ter esquecido algo no carro para que Tom subisse sozinho – aproveitou para tomar uma rápida ducha e tirar aquele cheiro horrível de seu corpo.
Enquanto sentia a água escorrendo por seu corpo, repassava tudo o que havia acontecido. A briga, as coisas que Tom havia dito, o que ela havia dito. Agora, com a cabeça fria, tudo parecia não ter nenhum sentido. Nem era para tanto. Se enrolou na toalha e foi até o quarto, colocando um shorts e uma camisa com o desenho do escudo do Capitão América, aquela mais básica de todas. Era a única camisa de estampa nerd que ela havia levado para Los Angeles, não deixaria de levar.
Prendeu cabelo cheio de nós – que ela não havia lavado – em um coque completamente bagunçado e voltou para a cozinha, arrumando a mesa e checando o celular, vendo que Jacob havia mandado uma mensagem há dois minutos avisando que Tom e Haz haviam acabado de sair. Ela respirou fundo e foi até a sala, conectando o celular na caixinha de som e colocando uma playlist de músicas brasileiras.
Em seguida se dirigiu a cozinha, reaquecendo a comida e em seguida pegando a garrafa de vodca que havia comprado – ela ainda não acreditava que não havia conseguido encontrar pinga no mercado de produtos brasileiros –, os morangos, açúcar e a coqueteleira que Jacob havia deixado com ela e se preparou para começar a fazer a mais famosa bebida de seu país: caipirinha.
Mal havia acabado de encher dois copos e colocá-los na geladeira quando a porta da casa abriu e Tom apareceu, parando com a mão na maçaneta, os olhos presos na mesa que havia arrumado – e olha que ela nem havia tentado romantizar com velas e flores, estava tudo realmente simples. Então os olhos dele encontraram os de e ele franziu as sobrancelhas.
Ela respirou fundo, tentando dar um sorriso. Esperava que ele sorrisse quando visse tudo o que ela havia feito, não iria negar. A expressão séria dele era um pouco preocupante. Tom finalmente entrou realmente na casa, fechando a porta atrás de si e indo até a cozinha, parando ao lado da mesa, as sobrancelhas ainda franzidas.
— Oi. — a voz dela pareceu um pouco baixa e tímida. Ok, aquela era uma situação complicada. Ela não sabia como lidar com aquele momento. Ela estava convivendo com Tom há apenas dezesseis dias, não era tempo o bastante para já saber exatamente como agir quando brigasse com o namorado.
— Oi. — ele então soltou uma risadinha, quase fazendo com que ela suspirasse de alívio. — O que é isso? Que cheiro é esse?
— Ah! — ela então abriu um enorme e animado sorriso, apontando para a mesa e pedindo para que Tom se sentasse. Enquanto ele se acomodava, ela correu até o fogão e com cuidado colocou a moqueca e o arroz em duas vasilhas separadas, as levando até a mesa. Depois correu até a geladeira e pegou as caipirinhas, colocando os copos ao lado dos pratos. — Lembra como você me levou para um encontro por Los Angeles? Então, eu queria te levar em um pela minha cidade, mas como não ‘tá sendo possível, decidi fazer uma tarde brasileira!
Tom riu, apenas observando quanto servia os dois pratos – ela não precisava fazer aquilo, óbvio, mas ela estava querendo ser mais legal que o normal. Depois de ambos servidos ela se sentou de frente para ele e começou a comer. Seguindo o exemplo da namorada, Tom deu a primeira garfada na moqueca, levantando as sobrancelhas.
— Gostou? — ela perguntou ansiosa.
— Isso é muito bom! Você que fez mesmo? — ele riu da cara brava que ela fez.
— Claro! Bom, o J. ajudou um pouco. — ela balançou os ombros e deu mais uma garfada, enchendo a boca de algo que ela decidiu chamar de “gostinho de casa”.
— O J. ajudou, foi? — Tom falou com a boca meio cheia, desconfiado. — Interessante. Ele tinha falado que tinha um compromisso importante com um estúdio.
— A vida tem dessas. — riu e deu um gole na caipirinha, fazendo uma careta em seguida. Como sempre ela havia exagerado na quantidade de vodca. — Ew. Isso tá muito forte. Quer que eu coloque mais açúcar ou morango ou gelo ou sei lá?
— Deixa eu ver. — ele levou o próprio canudo a boca, sugando uma grande quantidade do líquido. — Não, está ótimo. Aliás, muito gostoso mesmo. Você quem fez?
— Eu fiz tudo aqui, Tom.
— Qual o nome dessa bebida mesmo?
— Caipirinha.
— Esquece. — ele riu e bebeu um pouco mais, nem tentando repetir a pronúncia.
O almoço seguiu-se com vários comentários e brincadeiras de ambas partes, mas ainda assim conseguia sentir o “elefante no cômodo”. Era óbvio que os dois ainda pensavam na briga do dia anterior, e eles precisavam resolver aquilo. Mas não durante o almoço. Aquele era o momento apenas para descontrair e lembrarem do que realmente importava naquele relacionamento – os bons momentos juntos, não a comida.
Depois de comerem quase tudo, fez mais duas caipirinhas, com menos vodca, e juntos eles seguiram para a sala, deixando a louça para mais tarde e se acomodando lado a lado no sofá, a música de fundo bem baixa.
— Essa música é bem legal. Quer dizer, parece ser, não sei o que a letra fala.
— É Charlie Brown Jr. É– quer dizer, era a melhor banda de todas.
— Era?
— É, o cantor cometeu suicídio há uns cinco anos. E depois de uns meses o cantor que ‘tava substituindo ele também cometeu suicídio. — os olhos de Tom aumentaram, assustados, e apenas fez um sinal para que deixassem o assunto para lá. Nem sabia porque havia comentado algo tão pesado assim em um momento que era para ser leve. Ela realmente era horrível com essa coisa de timing. — Enfim, pelo menos ainda temos músicas ótimas.
— Claro. — Tom riu e deu um gole em sua bebida, suspirando em seguida. — Por que você fez tudo isso, ?
Era chegada a hora. Ela suspirou e se ajeitou melhor, virando-se para Tom e apoiando a mão com a bebida no encosto do sofá. Tom repetiu o movimento da namorada, ficando de frente para ela, com a diferença de que ele apoiava o copo na própria perna.
— Eu queria pedir desculpas por ontem. — ela começou, vendo Tom abrir a boca para cortá-la, mas ela foi mais rápida, continuando antes que ele pudesse falar qualquer coisa. — Eu falei merda. Sua fama não é um problema na minha vida, e mesmo se fosse eu nunca poderia jogar isso em você. Além do que eu meio que te amo, e–
— Meio que me ama? — ele riu, movendo o próprio copo e colocando no chão.
— Tom, não atrapalha meu monólogo, por favor. — ela abriu um pequeno sorriso, vendo Tom rir mais um pouco. — Enfim, eu quero continuar com você por muito mais tempo, então não é justo te esconder dos meus amigos. Se eu quero que esse relacionamento dê certo eu tenho que deixar que você seja parte da minha vida, toda ela. Então… É, desculpa por ontem, eu fui babaca.
— Desculpo… Se você também me desculpar. — ele pegou o copo da mão dela, também colocando-o no chão, e em seguida se aproximou mais da namorada. — Primeiro que eu nunca deveria ter sequer insinuado que você se aproveitou da minha fama quando você já provou tantas e tantas vezes que nunca faria algo assim. Segundo… Eu nem tentei entender seu lado ou o quão pode ser pesado se relacionar com um artista. Eu vejo como isso afetou o Haz, mesmo que ele não fale, e é óbvio que também te afetaria.
— Bom, eu conheci o elenco da Marvel. — ela balançou os ombros e deu uma risada que rapidamente foi acompanhada por ele.
— Sim, tem o lado positivo, mas meu ponto principal é… A maneira como você se sente é importante e eu ignorei isso ontem. Então… Desculpa. Eu fui um babaca.
Os braços de passaram sobre os ombros de Tom, se encontrando atrás do pescoço do rapaz. Ela então o puxou para mais próximo de si, deixando seus rostos muito, muito perto, os narizes se encostando. Ela pensou em falar o quanto o amava, mas aquilo já era tão, tão óbvio que o melhor mesmo apenas demonstrar, beijando os lábios de Tom, deixando que os sabores de morango e vodca se misturassem entre as duas bocas.
— Aliás… — ela disse após longos minutos, afastando-se um pouco do namorado. — Se você ainda quiser… Eu queria que você conhecesse a Lori e a Maurie.
— Eu adoraria. — ele se aproximou novamente, dando um selinho em e em seguida franzindo as sobrancelhas. — Você não fez sobremesa?
— Sobremesa?
— Claro! — ele riu e puxou para perto de novo, a guiando até seu colo. — Vai me dizer que não tinha nenhum doce brasileiro que você pudesse fazer?
— Tinha brigadeiro. — ela balançou os ombros e se ajeitou melhor no colo do namorado, apoiando os braços nos ombros dele e aproximando um pouco mais seus rostos. — Mas eu não gosto muito, então nem fiz.
— Agora eu fico sem comer sobremesa porque você não gosta de brigadeiro? — ele falou o nome do doce com um pouco de dificuldade, errando levemente a pronúncia.
— Pra que sobremesa? Eu já sou um doce. — ela mordeu o próprio lábio, tentando ser sexy e falhando, vendo Tom começar a rir.
— Então você está proibida de reclamar do que eu vou fazer. — ele disse antes de beijá-la novamente e segurar o quadril dela com firmeza contra o dele, deixando que eles se perdessem um no outro.
13.
Na segunda-feira Maurie havia ligado para para avisar que o cliente havia amado todas as suas artes e que na verdade estava até com dificuldades de escolher apenas uma para utilizar na campanha. sentiu-se um pouco mais especial, feliz por saber que gastar todo aquele dinheiro com cursos de design gráfico havia valido para alguma coisa em sua vida. Ela apenas esperava que aquilo fosse o bastante para que a ruiva lhe passasse mais alguns freelances no futuro.
Maurie também havia aproveitado para convidar (e Lori, porque quase nunca existia uma sem a outra) para um café de comemoração na terça-feira, mais um encontro entre as três amigas. E achava que aquele era o momento de finalmente apresentá-las a Tom. Se ele ainda quisesse, claro.
— Sério? — ele perguntou animado quando contou o plano de apresentar as duas a ele. — Claro que quero! Finalmente vou conhecer as suas amigas!
— Perfeito. — ela sorriu, meio deitada na cama, observando enquanto ele trocava de roupa para poder sair. Ao que parecia, ele teria que voltar ao estúdio para fazer algumas redublagens de Chaos Walking. — Que horas você sai do estúdio?
— Não tenho certeza. — ele balançou os ombros, colocando uma calça escura. — Vocês marcaram que horas?
— Cinco da tarde, porque aí as duas já vão ter saído do trabalho. — ela fez uma careta, desejando estar trabalhando. Não que ela amasse trabalhar, mas ela precisava de dinheiro. Estava gastando muito com Uber em Los Angeles – ela não tinha culpa se era a maneira mais fácil de se locomover por lá.
— Não sei se até lá vai ter acabado. — Tom colocou uma camisa simples azul escura, abrindo a porta do guarda roupa e pegando um colar prateado e um relógio.
— Ah para. — fez uma careta triste. — Se você não sair a tempo o plano vai por água abaixo.
— Não exatamente. — ele pegou um par de meias e um tênis claro, se sentando na cama ao lado de e começando a calçar o sapato. — Se eu não sair a tempo, leva as duas pro estúdio.
— Eu posso fazer isso?! — sentou-se ereta, os olhos brilhando na direção do namorado. — De verdade?!
— Bom, você não pode entrar no estúdio em si. — a careta decepcionada dela fez com que Tom desse um sorriso triste. — Mas eu aviso que você vai lá e eles te deixam esperar lá dentro. Não é exatamente a melhor coisa do mundo mas…
— Ah, aposto que elas vão adorar. — os lábios dela roubaram um selinho. — Imagina, vão conhecer o ídolo e entrar em um estúdio.
— Eu vivo para agradar. — Tom balançou os ombros e se levantou, abrindo a porta do guarda roupa novamente e se olhando no espelho, ajeitando a roupa e o cabelo. — Como eu ‘tô?
— Maravilhoso, como em todos os dias da sua vida. — ela piscou e ele revirou os olhos.
— Não é hora de flertar, .
— Você é meu namorado, toda hora é hora de flertar. — riu quando Tom estreitou os olhos em sua direção. — Não se preocupa com isso, elas são suas fãs. Te achariam lindo até se você estivesse vestido de Etevaldo.
— Quem é Etevaldo?
— Crescer sem Castelo Rá-Tim-Bum é uma séria falha na formação de caráter. — finalmente se levantou da cama, indo até o namorado e o abraçando. — Ter crescido na Inglaterra não é desculpa.
— Você é uma falha na formação de caráter. — os dois riram e Tom aproveitou para dar um rápido beijo em . — Mas sério, essa blusa tá legal? Ou você acha melhor eu colocar a listrada?
— Já disse que tá ótimo. — ela o soltou e revirou os olhos, para em seguida estreitar os olhos, desconfiada. — Que preocupação é essa com a roupa?
— Eu só quero causar uma boa impressão nas suas amigas. — ele balançou os ombros e pegou um perfume que sabia que era de uma marca famosa e que provavelmente o frasco de 150ml custava seu salário anual no bar, mas que mesmo assim ela odiava o cheiro e sempre segurava a respiração quando Tom o passava.
— Que interesse é esse nas duas? — ela o encarava com expressão de poucos amigos, cruzando os braços. — Precisa se arrumar tanto assim só pra encontrar com elas? ‘Tá procurando uma namorada nova, é isso?
— Bom, você sabe que eu tenho um fraco por fãs…
A expressão de choque que tomou o rosto de era exatamente igual a de alguém que gritaria “quanta audácia!”, fazendo Tom explodir em risadas, guardando o perfume após espirrá-lo duas vezes contra o próprio pescoço a uma distância considerável, fechando a porta do guarda roupa e dando dois passos na direção de , abraçando-a e tentando beijar seu rosto, vendo a menina desviar de seus lábios com vigor.
— Para de ser ciumenta, você sabe que eu só tenho olhos pra você.
— Frases clichês não vão te salvar dessa, Holland. — ela desviou de mais uma tentativa de beijo dele, concentrando-se para não começar a rir e falhando miseravelmente. — ‘Tá, me solta, você ‘tá lindo, vai embora logo.
— Não me expulsa da minha própria casa. — ele saiu do quarto sendo seguido por ela, pegando as chaves e a carteira em cima da ilha da cozinha, tirando de lá algumas notas e estendendo para . — Precisa de dinheiro pro Uber?
Ela franziu as sobrancelhas para as notas. No geral não gostava de aceitar dinheiro, mas ela não tinha muita coisa sobrando do pouco que tinha levado para Los Angeles e honestamente nem queria ver como estava a fatura de seu cartão de crédito – ainda não sabia exatamente como faria para pagá-lo e pedir dinheiro emprestado para Flávio parecia a única saída no momento, mas aquele seria um problema para a do Futuro. Por isso balançou a cabeça e concordou, aceitando as notas de Tom.
— Eu te mando mensagem avisando se vou ou não conseguir sair do estúdio a tempo ou se você vai ter que ir pra lá. — ele enfiou a carteira no bolso, rodando o molho de chaves no dedo. — Mas acho bem mais provável que você tenha que ir para lá.
— Tudo bem. Às cinco eu apareço lá com suas duas novas namoradas.
— Obrigado. Ei, você acha que elas teriam algum problema com um relacionamento a três?
— Some daqui, Tom! — ela apontou para a porta.
Rindo, Tom estalou os lábios nos dela, acenando e finalmente saindo, deixando-a sozinha. Ela riu quando a porta bateu, balançando a cabeça e voltando para o quarto, pronta para tirar um longo cochilo.
***
Faltava dez minutos para as cinco quando chegou ao café combinado – aquele mesmo que elas haviam ido na primeira vez. Ela respirou fundo, sentindo-se um pouco nervosa. Tinha medo de como elas reagiriam a Tom. Não ao ator, exatamente, mas o fato de ter escondido isso delas. Com um pouco de sorte, as duas seriam bastante compreensivas.
Tom já havia avisado que não conseguiria sair do estúdio a tempo de encontrá-las na cafeteria – como eles já haviam imaginado que aconteceria – mas que os quatro poderiam ir comer alguma coisa juntos, se elas aceitassem. Então era tudo uma questão de tempo até que Lori e Maurie chegassem e casualmente sugerisse para que fizessem uma pequena mudança de planos.
Às cinco em ponto um carro escuro parou exatamente na frente de , de onde duas garotas muito bem arrumadas desceram, uma delas loira com um terninho com saia azul claro e cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Ao seu lado a ruiva trajava um vestido colorido, coberto por flores. pensou que, comparada as duas, estava muito mal vestida.
Enquanto Lori e Maurie se aproximavam e abraçavam , a brasileira pensou que as três eram aquele grupo clichê de loira-morena-ruiva – mesmo que Lori não fosse loira natural e que na verdade fosse negra e nos clichês geralmente era só uma branca de cabelo preto – que tanto se via, principalmente em desenhos. Elas eram basicamente As Meninas Super Poderosas.
— Então… — falou após Lori fazer menção para que entrassem no café. — Na verdade eu queria pedir para irmos para outro lugar. Se não tiver problema, claro.
— Claro que não, . — Maurie sorriu e balançou os ombros. — Lori, o Walter consegue voltar?
— Walter? — perguntou confusa.
— O motorista do meu pai, que acabou de nos trazer. — porque óbvio que Lori tinha um motorista particular. E totalmente fazia pouco caso disso. — Ele ia buscar meu pai pra leva-lo ao aeroporto, lembra? Desculpa. — ela fez uma careta triste.
— Não tem problema, a gente pega um Uber. — agitou o celular e deu um sorriso amarelo. Ela se sentia tão pobre que era triste de ver.
Ela jogou o endereço que Tom havia mandado no aplicativo e em três minutos um carro já estava parando na frente delas. As três se espremeram no banco traseiro e foram conversando durante todo o trajeto, que era mais longo do que havia imaginado, o que também não era um problema porque ela realmente se divertia conversando com Lori e Maurie.
Quando finalmente chegaram – as três acabaram dividindo o valor da corrida – Lori e Maurie franziram as sobrancelhas para o local. Era um prédio grande, todo feito de vidro, as palavras “Lionsgate” praticamente piscando em dourado. Tom havia dito que aquele não era o estúdio onde as gravações haviam acontecido, apenas a pós-produção.
sorriu para as amigas e fez um sinal para que as acompanhasse. As três entraram no prédio em completo silêncio, observando como o local era maravilhoso. A brasileira então pediu para que as duas esperassem enquanto ela ia até a recepção e falava com a moça que Tom Holland estava aguardando-a.
Com um sorriso absurdamente simpático que todas as recepcionistas do mundo possuíam, ela saiu de trás do balcão e fez um gesto para que as três garotas a seguissem. Todo o caminho até uma pequena sala de espera foi feito no mais completo silêncio, que permaneceu por mais alguns longos minutos mesmo após a recepcionista tê-las deixado sozinhas.
mandou uma mensagem para Tom, avisando que já haviam chegado e estavam em uma salinha de espera, recebendo como resposta um “ok, aqui já está acabando, chego em dez ou quinze minutos!”.
— ? Então… — Maurie olhou incerta para Lori, para então encarar . — O que exatamente estamos fazendo em uma salinha de um dos prédios da Lionsgate?
— Não que estejamos reclamando! — Lori fez um gesto rápido com as mãos, as balançando como se negasse algo. — É só… Incomum, sabe?
— Sei. — deu um risada nervosa e então respirou fundo. — Então… É que eu meio que preciso contar uma coisa pra vocês.
Ela pegou novamente o celular, esperando que Tom houvesse mandado mensagem, mas nada havia acontecido. queria que ele surgisse ali na sala e a poupasse de explicações chatas, mas era óbvio que não aconteceria. Olhou novamente para Lori e Maurie, vendo que ambas a encarava com olhos cheios de expectativas.
— Eu… Ai, lembram como eu falei que vim pra Los Angeles visitar meu amigo? — esperou que as duas confirmassem antes de continuar. — Então, não é bem isso. Eu vim na verdade visitar meu namorado.
— Você e o Harry namoram? Eu sabia! — Lori abriu um enorme sorriso, dando um high-five com Maurie e deixando levemente desconcertada, fazendo uma careta confusa. — Desculpa, mas é que o jeito que você fala dele… Pareceu.
Ok, ela só não ia achar aquilo muito estranho porque havia usado “Harry” para se referir tanto a Harrison quanto a Tom. Se não aquilo teria sido absurdamente bizarro. Antes que pudesse continuar, o celular vibrou em sua calça. Ela conferiu a notificação, vendo uma nova mensagem de Tom. “Ainda não acabei tudo mas consigo passar aí cinco minutinhos, já estou chegando!”. Ok, ela precisava parar de enrolar, a qualquer momento Tom aparecia e as duas não poderiam ter um ataque.
— ‘Tá, não. Eu não namoro o Harry. Na verdade o nome dele é Harrison e eu costumo chamar ele de Haz, não Harry. Enfim. — ela respirou fundo, vendo as duas novamente com expressões confusas. — A verdade é que… Ok, vocês não vão acreditar muito, mas eu meio que namoro o Tom Holland.
Lori e Maurie se olharam por alguns minutos, como se conversassem apenas pelo olhar – o que acreditava ser realmente possível –, em seguida olhando para com um pouco de pena e preocupação, como se ela fosse louca. O que ela não era. Claro.
— Certo… — Lori falou meio incerta, claramente não acreditando em . — O Tom Holland. Tipo… O homem-aranha.
— É.
— Claro. — Maurie balançou a cabeça, também claramente sem acreditar.
— Ele está vindo aí. — lançou um olhar nervoso para a porta. — Ele ‘tá ansioso pra conhecer vocês. Ficou dois dias escolhendo a roupa que ia usar. — ela riu e viu as meninas se encararem de novo, quase com pena de .
— A qualquer momento então ele vai entrar por essa porta? — Lori, Maurie e olharam para a porta exatamente ao mesmo tempo.
Teria realmente sido legal se, naquele exato momento, Tom tivesse entrado. Daria uma dramaticidade interessante para a cena. Mas nada havia acontecido, claro. As três ainda estavam sentadas nas poltronas da sala, voltando a se encarar em silêncio. Lori e Maurie se olharam de novo, como se estivessem decidindo o que fazer com . A brasileira pegou novamente o celular, pronta para mandar uma mensagem para Tom.
Então a porta abriu, assustando as três.
Tom entrou na sala, sorridente. suspirou aliviada e se levantou, indo até o namorado e o cunprimentando com um rápido selinho. Depois se virou para as duas. Lori cobria a boca com a mão direita, parecendo segurar um grito. Maurie estava com as sobrancelhas tão erguidas que corriam o risco de se misturar ao seu couro cabeludo.
— Lori, Maurie, esse é o meu namorado, Tom. Acho que vocês já o conhecem. — queria muito rir. Ela sabia exatamente o que era ser fã e meio que entendia o que aquelas duas estavam passando naquele exato momento.
— Prazer. — Tom parecia não saber muito bem o que fazer. Ele claramente queria cumprimentá-las melhor, mas as duas ainda estavam sentadas em suas respectivas poltronas, completamente estáticas. — falou muito de vocês, eu estava ansioso para conhecê-las.
— Ansioso? — a voz de Maurie soou muito fina. — Para conhecer a gente?
— Sim. — ele riu e deu um passo para frente, estendendo a mão para Maurie. — Você é a Maurie, certo? A que conseguiu um freela pra ? Obrigado por isso, aliás.
Maurie apenas balançou a cabeça, concordando e apertando a mão de Tom. Ele então a puxou delicadamente, fazendo-a ficar de pé, e lhe deu um abraço. riu, vendo o rosto da menina ficar absurdamente vermelho. A ruiva olhou em dúvida para , que apenas deu um sorriso encorajador para ela, e então Maurie finalmente retribuiu o abraço de Tom.
desviou o olhar para Lori, que estava estranhamente quieta. Agora a garota cobria a boca com as duas mãos, parecendo prestes a chorar. sequer podia culpá-la. Ela queria falar algo para a garota, alguma palavra de apoio, mas não sabia exatamente o que falar. Era uma situação complicada.
Tom e Maurie partiram o abraço e ele se virou para Lori. Ele caminhou até ela e, sorrindo, abriu os braços esperando um abraço. Em um movimento rápido, Lori ficou de pé e praticamente pulou no rapaz, fazendo-o dar dois passos para trás enquanto tentava segurar a menina. Maurie exclamou um alto “Lori!” e e Tom começaram a rir.
Quando os dois se separaram, os olhos de Lori estavam completamente marejados e as lágrimas pintavam duas linhas tortas por sua bochecha. Ela fungou e passou as mãos nos rastros, tentando secá-los, mas as lágrimas não paravam de escorrer.
— Ai que vergonha! — ela deu uma risada nervosa, a voz um pouco tremida. — Eu não pretendia chorar, desculpa por isso. ‘Tô me sentindo idiota, desculpa!
— Não precisa pedir desculpas. — Tom deu um sorriso fofo e levou a mão à bochecha de Lori, passando o polegar na região e secando um pouco das lágrimas dela. — A me contou que vocês são minhas fãs. ‘Tá tudo bem.
Com uma última risadinha para Lori, Tom se afastou e foi até , parando ao lado dela e passando o braço por sua cintura, dando-lhe um rápido beijo no rosto. olhou de Maurie para Lori, que pareciam ainda absorver o que estava acontecendo ali, as expressões agora uma mistura de choque e alegria.
— Aliás, eu sei que tirei vocês do café da tarde, então se quiserem podemos sair para comer alguma coisa juntos. ‘Tá meio cedo pra jantar mas tem uma lanchonete legal aqui perto…
— Sim! — Lori respondeu rápido demais, fazendo Tom e rirem e Maurie praticamente dar um tapa na própria testa. — Quer dizer, claro, se não for problema.
— Problema nenhum. Só preciso terminar algumas coisinhas e já venho aqui de novo. Pode ser? Vai ser rápido. — ele esperou Maurie e Lori concordarem antes de se virar para a com um sorriso não-tão discreto e sussurrar para que apenas a namorada pudesse ouvir: — Eu acho que elas estão em estado de choque.
— A culpa é totalmente sua. — ela sussurrou de volta.
Ele deu um rápido beijo em , murmurando um “já volto” antes de repetir a mesma coisa para as duas garotas – que ainda pareciam meio chocadas – e sair da sala, fechando a porta atrás de si. encarou a porta por alguns segundos e então se virou para as amigas a tempo de ver Maurie soltar um suspiro alto e se jogar novamente na poltrona.
Agora as duas encaravam , fazendo-a engolir em seco. Se elas iriam lhe odiar pelo resto da vida aquele era o momento perfeito para que dissessem tudo o que estavam pensando. Alguma coisa sobre como foi errado ter mentido para as duas sobre uma parte tão importante de sua vida, por exemplo.
Mas o que aconteceu foi Lori pulando nos braços de e a abraçando com tanta força que a brasileira sabia que não ter caído havia sido um senhor milagre. Ela abriu a boca para perguntar o que exatamente era aquilo, mas logo Lori estava repetindo a palavra “obrigada” sem parar. então franziu as sobrancelhas e a afastou com cuidado, vendo as lágrimas no rosto da garota acompanharem um sorriso gigantesco.
— Quê? Vocês não tão tipo… Bravas? — foi a coisa extremamente inteligente que conseguiu falar.
— Bravas? Como é que nós poderíamos ficar bravas, ? — Lori agora ria sem parar, parecendo aquela coisa de sol-e-chuva, mas rindo-e-chorando. Era um nível altíssimo de emoção, tinha certeza. — Você acabou de nos apresentar nosso ator favorito!
— É, mas… Eu escondi isso de vocês. Menti, na verdade.
— E daí? — foi Maurie quem respondeu, levantando-se e aproximando-se das duas com um sorriso tão grande quanto o da loira. — Você nem conhecia a gente direito, claro que não ia sair falando isso assim. Na verdade acho até que você nos contou rápido.
— Quando você não gritou comigo por ter derrubado todo seu milkshake eu sabia que você era uma pessoa incrível. Eu teria surtado no seu lugar. — Lori riu, secando novamente as lágrimas.
— Na verdade por dentro eu queria te matar. — as três riram. — E eu só queria dizer que depois que vocês enfrentaram aquele cara por mim na balada eu não podia continuar escondendo as coisas de vocês.
— Abraço em grupo! — Lori quase gritou, puxando Maurie e para um abraço apertado.
As três ficaram rindo, abraçadas e falando coisas desconexas que nenhuma delas conseguia entender de verdade. E mesmo o barulho da porta sendo novamente aberta não foi o bastante para separar as garotas.
— Uau, que momento lindo. — a voz animada de Tom preencheu a sala, finalmente levando a três a se separarem e o encarar. — Desculpa, não queria atrapalhar. Mas nós já podemos ir, se vocês quiserem.
Elas riram e concordaram, os quatro saindo da sala juntos, as meninas começando a se soltar mais e contando um pouco mais sobre elas para Tom. segurou a mão do namorado, entrelaçando seus dedos, e observou as amigas. Aquilo parecia certo, e ela estava realmente feliz por finalmente tê-los apresentado.
Maurie também havia aproveitado para convidar (e Lori, porque quase nunca existia uma sem a outra) para um café de comemoração na terça-feira, mais um encontro entre as três amigas. E achava que aquele era o momento de finalmente apresentá-las a Tom. Se ele ainda quisesse, claro.
— Sério? — ele perguntou animado quando contou o plano de apresentar as duas a ele. — Claro que quero! Finalmente vou conhecer as suas amigas!
— Perfeito. — ela sorriu, meio deitada na cama, observando enquanto ele trocava de roupa para poder sair. Ao que parecia, ele teria que voltar ao estúdio para fazer algumas redublagens de Chaos Walking. — Que horas você sai do estúdio?
— Não tenho certeza. — ele balançou os ombros, colocando uma calça escura. — Vocês marcaram que horas?
— Cinco da tarde, porque aí as duas já vão ter saído do trabalho. — ela fez uma careta, desejando estar trabalhando. Não que ela amasse trabalhar, mas ela precisava de dinheiro. Estava gastando muito com Uber em Los Angeles – ela não tinha culpa se era a maneira mais fácil de se locomover por lá.
— Não sei se até lá vai ter acabado. — Tom colocou uma camisa simples azul escura, abrindo a porta do guarda roupa e pegando um colar prateado e um relógio.
— Ah para. — fez uma careta triste. — Se você não sair a tempo o plano vai por água abaixo.
— Não exatamente. — ele pegou um par de meias e um tênis claro, se sentando na cama ao lado de e começando a calçar o sapato. — Se eu não sair a tempo, leva as duas pro estúdio.
— Eu posso fazer isso?! — sentou-se ereta, os olhos brilhando na direção do namorado. — De verdade?!
— Bom, você não pode entrar no estúdio em si. — a careta decepcionada dela fez com que Tom desse um sorriso triste. — Mas eu aviso que você vai lá e eles te deixam esperar lá dentro. Não é exatamente a melhor coisa do mundo mas…
— Ah, aposto que elas vão adorar. — os lábios dela roubaram um selinho. — Imagina, vão conhecer o ídolo e entrar em um estúdio.
— Eu vivo para agradar. — Tom balançou os ombros e se levantou, abrindo a porta do guarda roupa novamente e se olhando no espelho, ajeitando a roupa e o cabelo. — Como eu ‘tô?
— Maravilhoso, como em todos os dias da sua vida. — ela piscou e ele revirou os olhos.
— Não é hora de flertar, .
— Você é meu namorado, toda hora é hora de flertar. — riu quando Tom estreitou os olhos em sua direção. — Não se preocupa com isso, elas são suas fãs. Te achariam lindo até se você estivesse vestido de Etevaldo.
— Quem é Etevaldo?
— Crescer sem Castelo Rá-Tim-Bum é uma séria falha na formação de caráter. — finalmente se levantou da cama, indo até o namorado e o abraçando. — Ter crescido na Inglaterra não é desculpa.
— Você é uma falha na formação de caráter. — os dois riram e Tom aproveitou para dar um rápido beijo em . — Mas sério, essa blusa tá legal? Ou você acha melhor eu colocar a listrada?
— Já disse que tá ótimo. — ela o soltou e revirou os olhos, para em seguida estreitar os olhos, desconfiada. — Que preocupação é essa com a roupa?
— Eu só quero causar uma boa impressão nas suas amigas. — ele balançou os ombros e pegou um perfume que sabia que era de uma marca famosa e que provavelmente o frasco de 150ml custava seu salário anual no bar, mas que mesmo assim ela odiava o cheiro e sempre segurava a respiração quando Tom o passava.
— Que interesse é esse nas duas? — ela o encarava com expressão de poucos amigos, cruzando os braços. — Precisa se arrumar tanto assim só pra encontrar com elas? ‘Tá procurando uma namorada nova, é isso?
— Bom, você sabe que eu tenho um fraco por fãs…
A expressão de choque que tomou o rosto de era exatamente igual a de alguém que gritaria “quanta audácia!”, fazendo Tom explodir em risadas, guardando o perfume após espirrá-lo duas vezes contra o próprio pescoço a uma distância considerável, fechando a porta do guarda roupa e dando dois passos na direção de , abraçando-a e tentando beijar seu rosto, vendo a menina desviar de seus lábios com vigor.
— Para de ser ciumenta, você sabe que eu só tenho olhos pra você.
— Frases clichês não vão te salvar dessa, Holland. — ela desviou de mais uma tentativa de beijo dele, concentrando-se para não começar a rir e falhando miseravelmente. — ‘Tá, me solta, você ‘tá lindo, vai embora logo.
— Não me expulsa da minha própria casa. — ele saiu do quarto sendo seguido por ela, pegando as chaves e a carteira em cima da ilha da cozinha, tirando de lá algumas notas e estendendo para . — Precisa de dinheiro pro Uber?
Ela franziu as sobrancelhas para as notas. No geral não gostava de aceitar dinheiro, mas ela não tinha muita coisa sobrando do pouco que tinha levado para Los Angeles e honestamente nem queria ver como estava a fatura de seu cartão de crédito – ainda não sabia exatamente como faria para pagá-lo e pedir dinheiro emprestado para Flávio parecia a única saída no momento, mas aquele seria um problema para a do Futuro. Por isso balançou a cabeça e concordou, aceitando as notas de Tom.
— Eu te mando mensagem avisando se vou ou não conseguir sair do estúdio a tempo ou se você vai ter que ir pra lá. — ele enfiou a carteira no bolso, rodando o molho de chaves no dedo. — Mas acho bem mais provável que você tenha que ir para lá.
— Tudo bem. Às cinco eu apareço lá com suas duas novas namoradas.
— Obrigado. Ei, você acha que elas teriam algum problema com um relacionamento a três?
— Some daqui, Tom! — ela apontou para a porta.
Rindo, Tom estalou os lábios nos dela, acenando e finalmente saindo, deixando-a sozinha. Ela riu quando a porta bateu, balançando a cabeça e voltando para o quarto, pronta para tirar um longo cochilo.
Faltava dez minutos para as cinco quando chegou ao café combinado – aquele mesmo que elas haviam ido na primeira vez. Ela respirou fundo, sentindo-se um pouco nervosa. Tinha medo de como elas reagiriam a Tom. Não ao ator, exatamente, mas o fato de ter escondido isso delas. Com um pouco de sorte, as duas seriam bastante compreensivas.
Tom já havia avisado que não conseguiria sair do estúdio a tempo de encontrá-las na cafeteria – como eles já haviam imaginado que aconteceria – mas que os quatro poderiam ir comer alguma coisa juntos, se elas aceitassem. Então era tudo uma questão de tempo até que Lori e Maurie chegassem e casualmente sugerisse para que fizessem uma pequena mudança de planos.
Às cinco em ponto um carro escuro parou exatamente na frente de , de onde duas garotas muito bem arrumadas desceram, uma delas loira com um terninho com saia azul claro e cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Ao seu lado a ruiva trajava um vestido colorido, coberto por flores. pensou que, comparada as duas, estava muito mal vestida.
Enquanto Lori e Maurie se aproximavam e abraçavam , a brasileira pensou que as três eram aquele grupo clichê de loira-morena-ruiva – mesmo que Lori não fosse loira natural e que na verdade fosse negra e nos clichês geralmente era só uma branca de cabelo preto – que tanto se via, principalmente em desenhos. Elas eram basicamente As Meninas Super Poderosas.
— Então… — falou após Lori fazer menção para que entrassem no café. — Na verdade eu queria pedir para irmos para outro lugar. Se não tiver problema, claro.
— Claro que não, . — Maurie sorriu e balançou os ombros. — Lori, o Walter consegue voltar?
— Walter? — perguntou confusa.
— O motorista do meu pai, que acabou de nos trazer. — porque óbvio que Lori tinha um motorista particular. E totalmente fazia pouco caso disso. — Ele ia buscar meu pai pra leva-lo ao aeroporto, lembra? Desculpa. — ela fez uma careta triste.
— Não tem problema, a gente pega um Uber. — agitou o celular e deu um sorriso amarelo. Ela se sentia tão pobre que era triste de ver.
Ela jogou o endereço que Tom havia mandado no aplicativo e em três minutos um carro já estava parando na frente delas. As três se espremeram no banco traseiro e foram conversando durante todo o trajeto, que era mais longo do que havia imaginado, o que também não era um problema porque ela realmente se divertia conversando com Lori e Maurie.
Quando finalmente chegaram – as três acabaram dividindo o valor da corrida – Lori e Maurie franziram as sobrancelhas para o local. Era um prédio grande, todo feito de vidro, as palavras “Lionsgate” praticamente piscando em dourado. Tom havia dito que aquele não era o estúdio onde as gravações haviam acontecido, apenas a pós-produção.
sorriu para as amigas e fez um sinal para que as acompanhasse. As três entraram no prédio em completo silêncio, observando como o local era maravilhoso. A brasileira então pediu para que as duas esperassem enquanto ela ia até a recepção e falava com a moça que Tom Holland estava aguardando-a.
Com um sorriso absurdamente simpático que todas as recepcionistas do mundo possuíam, ela saiu de trás do balcão e fez um gesto para que as três garotas a seguissem. Todo o caminho até uma pequena sala de espera foi feito no mais completo silêncio, que permaneceu por mais alguns longos minutos mesmo após a recepcionista tê-las deixado sozinhas.
mandou uma mensagem para Tom, avisando que já haviam chegado e estavam em uma salinha de espera, recebendo como resposta um “ok, aqui já está acabando, chego em dez ou quinze minutos!”.
— ? Então… — Maurie olhou incerta para Lori, para então encarar . — O que exatamente estamos fazendo em uma salinha de um dos prédios da Lionsgate?
— Não que estejamos reclamando! — Lori fez um gesto rápido com as mãos, as balançando como se negasse algo. — É só… Incomum, sabe?
— Sei. — deu um risada nervosa e então respirou fundo. — Então… É que eu meio que preciso contar uma coisa pra vocês.
Ela pegou novamente o celular, esperando que Tom houvesse mandado mensagem, mas nada havia acontecido. queria que ele surgisse ali na sala e a poupasse de explicações chatas, mas era óbvio que não aconteceria. Olhou novamente para Lori e Maurie, vendo que ambas a encarava com olhos cheios de expectativas.
— Eu… Ai, lembram como eu falei que vim pra Los Angeles visitar meu amigo? — esperou que as duas confirmassem antes de continuar. — Então, não é bem isso. Eu vim na verdade visitar meu namorado.
— Você e o Harry namoram? Eu sabia! — Lori abriu um enorme sorriso, dando um high-five com Maurie e deixando levemente desconcertada, fazendo uma careta confusa. — Desculpa, mas é que o jeito que você fala dele… Pareceu.
Ok, ela só não ia achar aquilo muito estranho porque havia usado “Harry” para se referir tanto a Harrison quanto a Tom. Se não aquilo teria sido absurdamente bizarro. Antes que pudesse continuar, o celular vibrou em sua calça. Ela conferiu a notificação, vendo uma nova mensagem de Tom. “Ainda não acabei tudo mas consigo passar aí cinco minutinhos, já estou chegando!”. Ok, ela precisava parar de enrolar, a qualquer momento Tom aparecia e as duas não poderiam ter um ataque.
— ‘Tá, não. Eu não namoro o Harry. Na verdade o nome dele é Harrison e eu costumo chamar ele de Haz, não Harry. Enfim. — ela respirou fundo, vendo as duas novamente com expressões confusas. — A verdade é que… Ok, vocês não vão acreditar muito, mas eu meio que namoro o Tom Holland.
Lori e Maurie se olharam por alguns minutos, como se conversassem apenas pelo olhar – o que acreditava ser realmente possível –, em seguida olhando para com um pouco de pena e preocupação, como se ela fosse louca. O que ela não era. Claro.
— Certo… — Lori falou meio incerta, claramente não acreditando em . — O Tom Holland. Tipo… O homem-aranha.
— É.
— Claro. — Maurie balançou a cabeça, também claramente sem acreditar.
— Ele está vindo aí. — lançou um olhar nervoso para a porta. — Ele ‘tá ansioso pra conhecer vocês. Ficou dois dias escolhendo a roupa que ia usar. — ela riu e viu as meninas se encararem de novo, quase com pena de .
— A qualquer momento então ele vai entrar por essa porta? — Lori, Maurie e olharam para a porta exatamente ao mesmo tempo.
Teria realmente sido legal se, naquele exato momento, Tom tivesse entrado. Daria uma dramaticidade interessante para a cena. Mas nada havia acontecido, claro. As três ainda estavam sentadas nas poltronas da sala, voltando a se encarar em silêncio. Lori e Maurie se olharam de novo, como se estivessem decidindo o que fazer com . A brasileira pegou novamente o celular, pronta para mandar uma mensagem para Tom.
Então a porta abriu, assustando as três.
Tom entrou na sala, sorridente. suspirou aliviada e se levantou, indo até o namorado e o cunprimentando com um rápido selinho. Depois se virou para as duas. Lori cobria a boca com a mão direita, parecendo segurar um grito. Maurie estava com as sobrancelhas tão erguidas que corriam o risco de se misturar ao seu couro cabeludo.
— Lori, Maurie, esse é o meu namorado, Tom. Acho que vocês já o conhecem. — queria muito rir. Ela sabia exatamente o que era ser fã e meio que entendia o que aquelas duas estavam passando naquele exato momento.
— Prazer. — Tom parecia não saber muito bem o que fazer. Ele claramente queria cumprimentá-las melhor, mas as duas ainda estavam sentadas em suas respectivas poltronas, completamente estáticas. — falou muito de vocês, eu estava ansioso para conhecê-las.
— Ansioso? — a voz de Maurie soou muito fina. — Para conhecer a gente?
— Sim. — ele riu e deu um passo para frente, estendendo a mão para Maurie. — Você é a Maurie, certo? A que conseguiu um freela pra ? Obrigado por isso, aliás.
Maurie apenas balançou a cabeça, concordando e apertando a mão de Tom. Ele então a puxou delicadamente, fazendo-a ficar de pé, e lhe deu um abraço. riu, vendo o rosto da menina ficar absurdamente vermelho. A ruiva olhou em dúvida para , que apenas deu um sorriso encorajador para ela, e então Maurie finalmente retribuiu o abraço de Tom.
desviou o olhar para Lori, que estava estranhamente quieta. Agora a garota cobria a boca com as duas mãos, parecendo prestes a chorar. sequer podia culpá-la. Ela queria falar algo para a garota, alguma palavra de apoio, mas não sabia exatamente o que falar. Era uma situação complicada.
Tom e Maurie partiram o abraço e ele se virou para Lori. Ele caminhou até ela e, sorrindo, abriu os braços esperando um abraço. Em um movimento rápido, Lori ficou de pé e praticamente pulou no rapaz, fazendo-o dar dois passos para trás enquanto tentava segurar a menina. Maurie exclamou um alto “Lori!” e e Tom começaram a rir.
Quando os dois se separaram, os olhos de Lori estavam completamente marejados e as lágrimas pintavam duas linhas tortas por sua bochecha. Ela fungou e passou as mãos nos rastros, tentando secá-los, mas as lágrimas não paravam de escorrer.
— Ai que vergonha! — ela deu uma risada nervosa, a voz um pouco tremida. — Eu não pretendia chorar, desculpa por isso. ‘Tô me sentindo idiota, desculpa!
— Não precisa pedir desculpas. — Tom deu um sorriso fofo e levou a mão à bochecha de Lori, passando o polegar na região e secando um pouco das lágrimas dela. — A me contou que vocês são minhas fãs. ‘Tá tudo bem.
Com uma última risadinha para Lori, Tom se afastou e foi até , parando ao lado dela e passando o braço por sua cintura, dando-lhe um rápido beijo no rosto. olhou de Maurie para Lori, que pareciam ainda absorver o que estava acontecendo ali, as expressões agora uma mistura de choque e alegria.
— Aliás, eu sei que tirei vocês do café da tarde, então se quiserem podemos sair para comer alguma coisa juntos. ‘Tá meio cedo pra jantar mas tem uma lanchonete legal aqui perto…
— Sim! — Lori respondeu rápido demais, fazendo Tom e rirem e Maurie praticamente dar um tapa na própria testa. — Quer dizer, claro, se não for problema.
— Problema nenhum. Só preciso terminar algumas coisinhas e já venho aqui de novo. Pode ser? Vai ser rápido. — ele esperou Maurie e Lori concordarem antes de se virar para a com um sorriso não-tão discreto e sussurrar para que apenas a namorada pudesse ouvir: — Eu acho que elas estão em estado de choque.
— A culpa é totalmente sua. — ela sussurrou de volta.
Ele deu um rápido beijo em , murmurando um “já volto” antes de repetir a mesma coisa para as duas garotas – que ainda pareciam meio chocadas – e sair da sala, fechando a porta atrás de si. encarou a porta por alguns segundos e então se virou para as amigas a tempo de ver Maurie soltar um suspiro alto e se jogar novamente na poltrona.
Agora as duas encaravam , fazendo-a engolir em seco. Se elas iriam lhe odiar pelo resto da vida aquele era o momento perfeito para que dissessem tudo o que estavam pensando. Alguma coisa sobre como foi errado ter mentido para as duas sobre uma parte tão importante de sua vida, por exemplo.
Mas o que aconteceu foi Lori pulando nos braços de e a abraçando com tanta força que a brasileira sabia que não ter caído havia sido um senhor milagre. Ela abriu a boca para perguntar o que exatamente era aquilo, mas logo Lori estava repetindo a palavra “obrigada” sem parar. então franziu as sobrancelhas e a afastou com cuidado, vendo as lágrimas no rosto da garota acompanharem um sorriso gigantesco.
— Quê? Vocês não tão tipo… Bravas? — foi a coisa extremamente inteligente que conseguiu falar.
— Bravas? Como é que nós poderíamos ficar bravas, ? — Lori agora ria sem parar, parecendo aquela coisa de sol-e-chuva, mas rindo-e-chorando. Era um nível altíssimo de emoção, tinha certeza. — Você acabou de nos apresentar nosso ator favorito!
— É, mas… Eu escondi isso de vocês. Menti, na verdade.
— E daí? — foi Maurie quem respondeu, levantando-se e aproximando-se das duas com um sorriso tão grande quanto o da loira. — Você nem conhecia a gente direito, claro que não ia sair falando isso assim. Na verdade acho até que você nos contou rápido.
— Quando você não gritou comigo por ter derrubado todo seu milkshake eu sabia que você era uma pessoa incrível. Eu teria surtado no seu lugar. — Lori riu, secando novamente as lágrimas.
— Na verdade por dentro eu queria te matar. — as três riram. — E eu só queria dizer que depois que vocês enfrentaram aquele cara por mim na balada eu não podia continuar escondendo as coisas de vocês.
— Abraço em grupo! — Lori quase gritou, puxando Maurie e para um abraço apertado.
As três ficaram rindo, abraçadas e falando coisas desconexas que nenhuma delas conseguia entender de verdade. E mesmo o barulho da porta sendo novamente aberta não foi o bastante para separar as garotas.
— Uau, que momento lindo. — a voz animada de Tom preencheu a sala, finalmente levando a três a se separarem e o encarar. — Desculpa, não queria atrapalhar. Mas nós já podemos ir, se vocês quiserem.
Elas riram e concordaram, os quatro saindo da sala juntos, as meninas começando a se soltar mais e contando um pouco mais sobre elas para Tom. segurou a mão do namorado, entrelaçando seus dedos, e observou as amigas. Aquilo parecia certo, e ela estava realmente feliz por finalmente tê-los apresentado.
14.
— ‘Tá, eu tenho uma pergunta. — Maurie falou enquanto abria a bolsa e tirava um pendrive, entregando-o para . — Como é que vocês conseguiram manter o relacionamento em segredo por tanto tempo? Porque assim, com todo respeito, mas seu namorado não sabe guardar segredos.
— Eu me pergunto isso quase diariamente. — riu, guardando o dispositivo no bolso. E pensar que ela quem quase havia vazado o relacionamento deles… — A gente tem bastante cuidado com essa questão de demonstrar afeto em público.
Era meio verdade.
O maior nível de demonstração pública de afeto havia sido quando Tom a levou para o primeiro encontro do casal. Fora isso eles nem davam muito a mão e só trocavam selinhos – nem beijo de verdade, selinho – quando tinham certeza que nenhum paparazzi estava seguindo-os. não sabia muito bem diferenciar, mas aparentemente Harrison e Tom estavam bastante acostumados com aquilo e sabiam quando era ou não seguro.
Sem contar que muitas das vezes em que eles saíam juntos, andava abraçada com Harrison. Era uma maneira de não deixar tudo muito óbvio. Quer dizer, se as pessoas vissem ela cada dia parecendo mais próxima de um deles ninguém pensaria que ela namorava com um dos dois.
Ou talvez pensassem que ela namorava os dois mas honestamente não via onde estava o problema disso.
— E vocês dois decidiram manter isso em segredo? — as duas agora começavam a caminhar, indo em direção a esquina onde Haz a esperava dentro do carro.
— Sim. Eu não quero ter que lidar com a fama do Tom e acho que ele não quer que as pessoas fiquem falando o tempo todo sobre relacionamento e essas coisas. — suspirou e balançou os ombros. — Quer dizer, já vivem falando que ele tá namorando. Tipo com a Zendaya.
— Eu acreditava muito nisso! Você conheceu ela?
— Sim! — parou de andar, vendo Maurie imitá-la. Um sorriso enorme tomava o rosto da brasileira. — Foi a coisa mais incrível!
Então as duas estavam falando ao mesmo tempo, pulando no mesmo lugar e ninguém entendia mais nada do que estava acontecendo ali. Era com Maurie e Lori que tinha a oportunidade de ser super fã e ela não iria desperdiçá-la.
Ela não estava em Los Angeles nem há um mês, ainda não havia dado tempo de, sabe como é, se acostumar com o fato de que o namorado dela era famoso e tinha amigos famosos e obviamente ela conheceria pessoas famosas durante sua vida. Ou durante o tempo que ela e ele estivessem juntos. Que ela esperava que fosse bastante. Enfim.
— Ele ‘tá te esperando no carro? — ela apontou para o carro que agora estava a pouquíssimos metros.
— Não, é o Haz. O Tom ‘tá participando de um desses programas de rádio, ao vivo e tal.
— Ah sério? — Maurie franziu as sobrancelhas ao mesmo tempo que começou a acenar para que Haz saísse do carro e fosse cumprimentar a menina. — Aposto que a Lori deve estar ouvindo no escritório. Espera aí, vou mandar mensagem.
sorriu para Maurie e virou o rosto, vendo Harrison se aproximar das duas com uma expressão… Preocupada? Por que ele estaria preocupado? Eles só haviam ido até o prédio da agência que Maurie trabalhava para que ela pegasse o pendrive com os arquivos absurdamente pesados que um novo cliente havia passado para eles e pedido para que, por favor, não upassem aquilo na nuvem. Era perigoso – e paranoico mas quem era para julgar.
E exatamente ao mesmo tempo em que Harrison chegou perto o bastante com a expressão ainda muito preocupada, Maurie levantou os olhos da tela do celular, a boca aberta em surpresa.
— O Tom soltou que tem uma namorada. — as vozes de Harrison e Maurie soaram exatamente ao mesmo tempo. Os dois se encararam por dois segundos e só não riram por conta da situação. Provavelmente.
— Harrison. — ele estendeu a mão para Maurie dando um leve sorriso.
— Maurie. — o rosto dela ficou vermelho enquanto ela apertava a mão do rapaz. revirou os olhos.
— Voltem um minuto, por favor. O Tom fez o quê? — e então ela olhou diretamente para a ruiva. — E como é que você sabe?
— A Lori me contou. — ela mostrou o próprio celular, onde mais ou menos trinta mensagens em caps lock de Lori tomavam a tela.
— Ele nem percebeu, só falou. — Harrison suspirou e passou a mão pelo próprio cabelo. — O entrevistador perguntou algo sobre aquele cinema no cemitério–
— Cinespia. — Maurie cortou com um pequeno sussurro, como se não quisesse realmente ser ouvida.
— –isso, e ele disse que é incrível, que ele tinha até ido com a namorada. E aí…
E aí provavelmente todo mundo havia ouvido apenas a parte da namorada. suspirou. Tinha elogiado cedo demais. Quer dizer, era óbvio que um dia iam acabar descobrindo e ela realmente tentava se acostumar com esse fato. E por mais que ninguém soubesse que a namorada do Tom era ela, as coisas iam começar a ficar meio estranhas daqui para frente e querendo ou não ia precisar se acostumar.
***
A primeira coisa que ela fez ao chegar em casa foi jogar “Tom Holland namorada” no Google. Primeiro ela leu três notícias sobre rapaz ter soltado durante um programa de rádio que estava namorando, e apenas uma delas trazia o áudio com a entrevista.
— Mas aqui em Los Angeles também tem muitas coisas legais para fazer! — o locutor parecia defender a cidade. Aparentemente estava acontecendo uma comparação entre Los Angeles e Londres.
— Eu sei! Eu gosto daqui, juro! Já visitei um monte de locais maravilhosos! — a risada de Tom ecoou levemente.
— Você foi no Cinespia? É o meu preferido.
— Fui com a minha namorada há algum tempo. É realmente um lugar incrível.
Alguns segundos de silêncio.
— Sua namorada? — a voz chocada do locutor e então um sussurro por parte de Tom. tinha certeza que ele tinha falado um palavrão. — Não sabia que você namorava. A gente conhece?
— Pois é… Isso é tudo que posso falar sobre o assunto sem me complicar com ela, desculpa. — e uma risadinha de Tom que ela sabia ser bem nervosa.
suspirou e tirou o fone de ouvido. Depois decidiu procurar algumas teorias sobre a nova namorada de Tom. 99,9% das pessoas tinham certeza que Tom havia acabado de confirmar o namoro com Zendaya. revirou os olhos e bufou. Claro que a teoria Tomdaya permanecia firme e forte.
Não que realmente fosse um problema. Achar que os dois estavam juntos já era a coisa mais comum de todas desde o lançamento de Homecoming, era quando o ship havia começado. E permanecia firme e forte, mesmo que não fosse real. E até mesmo se fosse verdade seria um excelente casal, confessava. A amizade deles era divertida e ela tinha certeza que o relacionamento também seria.
Ao mesmo tempo ela não conseguia não sentir um pouco de ciúmes – bem pouco mesmo. Ninguém tinha ideia de que a namorada era . Óbvio, porque ninguém sabia quem ela era. Mas mesmo assim a incomodava um pouco o fato de que, se eles não levassem mesmo a público, ninguém iria saber quem era .
Não que ela quisesse ser conhecida, ainda mais por ser apenas a “namorada do Tom Holland”. Ela só não queria ser ignorada.
Era contraditório e complicado e odiava isso.
— Ei. — a voz de Tom soou desanimada quando ele entrou no quarto, tirando os sapatos e subindo na cama de casal, sentando-se ao lado de .
Ela abriu um sorriso pequeno, inclinando-se na direção do namorado e lhe dando um beijo rápido na bochecha, vendo sorrir um pouco. Então Tom suspirou, desviando os olhos para a tela do celular de e soltando um suspiro.
— Acho melhor eu começar pedindo desculpas, né?
— Desculpa por quê? Eu acho é que demorou pra acontecer. — ela riu quando Tom inclinou a cabeça e estreitou os olhos, o olhar falando “sério mesmo?” — Mas falando sério… Não tem porque pedir desculpas. De verdade.
— Ai meu deus. — ele suspirou de novo, endireitando a cabeça e rindo. — Eu sou muito idiota, né? Por isso ninguém nunca me conta nada.
Os dois riram por dois segundos e ficaram em silêncio de novo, apenas se encarando. Era óbvio que eles estavam pensando em tudo o que aquilo implicaria. Se ela quisesse se manter anônima praticamente não poderia mais sair com Tom. Ele agora teria que responder sobre ter uma namorada em toda entrevista que fosse dar. E com certeza teria o dobro de paparazzi em seu pé.
— E agora? — ela finalmente perguntou depois de longos segundos de silêncio.
— Agora a gente vai levando. — eles riram da resposta vaga de Tom. — E, quando estivermos preparados, a gente deixa todo mundo saber sobre você.
Porque era óbvio que era apenas uma questão de tempo até que descobrissem quem era ela.
— E aí quando descobrirem… Espero que alguém me dê um emprego na minha área. Eu totalmente vou usar a cartada “namorada do Tom Holland”.
— Achei que você não fizesse essas coisas.
— Eu estou desesperada! — ela riu e colocou o celular na mesa de cabeceira, ficando de pé na cama e pulando em Tom, fazendo-o perder o ar momentaneamente. — Eu preciso ficar rica pra poder continuar morando com o meu namorado! Imagina se descobrem que eu moro em um país diferente?
Rindo, os dois deitaram abraçados, decidindo que, por enquanto, manteriam o que ainda restava do segredo.
— Eu me pergunto isso quase diariamente. — riu, guardando o dispositivo no bolso. E pensar que ela quem quase havia vazado o relacionamento deles… — A gente tem bastante cuidado com essa questão de demonstrar afeto em público.
Era meio verdade.
O maior nível de demonstração pública de afeto havia sido quando Tom a levou para o primeiro encontro do casal. Fora isso eles nem davam muito a mão e só trocavam selinhos – nem beijo de verdade, selinho – quando tinham certeza que nenhum paparazzi estava seguindo-os. não sabia muito bem diferenciar, mas aparentemente Harrison e Tom estavam bastante acostumados com aquilo e sabiam quando era ou não seguro.
Sem contar que muitas das vezes em que eles saíam juntos, andava abraçada com Harrison. Era uma maneira de não deixar tudo muito óbvio. Quer dizer, se as pessoas vissem ela cada dia parecendo mais próxima de um deles ninguém pensaria que ela namorava com um dos dois.
Ou talvez pensassem que ela namorava os dois mas honestamente não via onde estava o problema disso.
— E vocês dois decidiram manter isso em segredo? — as duas agora começavam a caminhar, indo em direção a esquina onde Haz a esperava dentro do carro.
— Sim. Eu não quero ter que lidar com a fama do Tom e acho que ele não quer que as pessoas fiquem falando o tempo todo sobre relacionamento e essas coisas. — suspirou e balançou os ombros. — Quer dizer, já vivem falando que ele tá namorando. Tipo com a Zendaya.
— Eu acreditava muito nisso! Você conheceu ela?
— Sim! — parou de andar, vendo Maurie imitá-la. Um sorriso enorme tomava o rosto da brasileira. — Foi a coisa mais incrível!
Então as duas estavam falando ao mesmo tempo, pulando no mesmo lugar e ninguém entendia mais nada do que estava acontecendo ali. Era com Maurie e Lori que tinha a oportunidade de ser super fã e ela não iria desperdiçá-la.
Ela não estava em Los Angeles nem há um mês, ainda não havia dado tempo de, sabe como é, se acostumar com o fato de que o namorado dela era famoso e tinha amigos famosos e obviamente ela conheceria pessoas famosas durante sua vida. Ou durante o tempo que ela e ele estivessem juntos. Que ela esperava que fosse bastante. Enfim.
— Ele ‘tá te esperando no carro? — ela apontou para o carro que agora estava a pouquíssimos metros.
— Não, é o Haz. O Tom ‘tá participando de um desses programas de rádio, ao vivo e tal.
— Ah sério? — Maurie franziu as sobrancelhas ao mesmo tempo que começou a acenar para que Haz saísse do carro e fosse cumprimentar a menina. — Aposto que a Lori deve estar ouvindo no escritório. Espera aí, vou mandar mensagem.
sorriu para Maurie e virou o rosto, vendo Harrison se aproximar das duas com uma expressão… Preocupada? Por que ele estaria preocupado? Eles só haviam ido até o prédio da agência que Maurie trabalhava para que ela pegasse o pendrive com os arquivos absurdamente pesados que um novo cliente havia passado para eles e pedido para que, por favor, não upassem aquilo na nuvem. Era perigoso – e paranoico mas quem era para julgar.
E exatamente ao mesmo tempo em que Harrison chegou perto o bastante com a expressão ainda muito preocupada, Maurie levantou os olhos da tela do celular, a boca aberta em surpresa.
— O Tom soltou que tem uma namorada. — as vozes de Harrison e Maurie soaram exatamente ao mesmo tempo. Os dois se encararam por dois segundos e só não riram por conta da situação. Provavelmente.
— Harrison. — ele estendeu a mão para Maurie dando um leve sorriso.
— Maurie. — o rosto dela ficou vermelho enquanto ela apertava a mão do rapaz. revirou os olhos.
— Voltem um minuto, por favor. O Tom fez o quê? — e então ela olhou diretamente para a ruiva. — E como é que você sabe?
— A Lori me contou. — ela mostrou o próprio celular, onde mais ou menos trinta mensagens em caps lock de Lori tomavam a tela.
— Ele nem percebeu, só falou. — Harrison suspirou e passou a mão pelo próprio cabelo. — O entrevistador perguntou algo sobre aquele cinema no cemitério–
— Cinespia. — Maurie cortou com um pequeno sussurro, como se não quisesse realmente ser ouvida.
— –isso, e ele disse que é incrível, que ele tinha até ido com a namorada. E aí…
E aí provavelmente todo mundo havia ouvido apenas a parte da namorada. suspirou. Tinha elogiado cedo demais. Quer dizer, era óbvio que um dia iam acabar descobrindo e ela realmente tentava se acostumar com esse fato. E por mais que ninguém soubesse que a namorada do Tom era ela, as coisas iam começar a ficar meio estranhas daqui para frente e querendo ou não ia precisar se acostumar.
A primeira coisa que ela fez ao chegar em casa foi jogar “Tom Holland namorada” no Google. Primeiro ela leu três notícias sobre rapaz ter soltado durante um programa de rádio que estava namorando, e apenas uma delas trazia o áudio com a entrevista.
— Mas aqui em Los Angeles também tem muitas coisas legais para fazer! — o locutor parecia defender a cidade. Aparentemente estava acontecendo uma comparação entre Los Angeles e Londres.
— Eu sei! Eu gosto daqui, juro! Já visitei um monte de locais maravilhosos! — a risada de Tom ecoou levemente.
— Você foi no Cinespia? É o meu preferido.
— Fui com a minha namorada há algum tempo. É realmente um lugar incrível.
Alguns segundos de silêncio.
— Sua namorada? — a voz chocada do locutor e então um sussurro por parte de Tom. tinha certeza que ele tinha falado um palavrão. — Não sabia que você namorava. A gente conhece?
— Pois é… Isso é tudo que posso falar sobre o assunto sem me complicar com ela, desculpa. — e uma risadinha de Tom que ela sabia ser bem nervosa.
suspirou e tirou o fone de ouvido. Depois decidiu procurar algumas teorias sobre a nova namorada de Tom. 99,9% das pessoas tinham certeza que Tom havia acabado de confirmar o namoro com Zendaya. revirou os olhos e bufou. Claro que a teoria Tomdaya permanecia firme e forte.
Não que realmente fosse um problema. Achar que os dois estavam juntos já era a coisa mais comum de todas desde o lançamento de Homecoming, era quando o ship havia começado. E permanecia firme e forte, mesmo que não fosse real. E até mesmo se fosse verdade seria um excelente casal, confessava. A amizade deles era divertida e ela tinha certeza que o relacionamento também seria.
Ao mesmo tempo ela não conseguia não sentir um pouco de ciúmes – bem pouco mesmo. Ninguém tinha ideia de que a namorada era . Óbvio, porque ninguém sabia quem ela era. Mas mesmo assim a incomodava um pouco o fato de que, se eles não levassem mesmo a público, ninguém iria saber quem era .
Não que ela quisesse ser conhecida, ainda mais por ser apenas a “namorada do Tom Holland”. Ela só não queria ser ignorada.
Era contraditório e complicado e odiava isso.
— Ei. — a voz de Tom soou desanimada quando ele entrou no quarto, tirando os sapatos e subindo na cama de casal, sentando-se ao lado de .
Ela abriu um sorriso pequeno, inclinando-se na direção do namorado e lhe dando um beijo rápido na bochecha, vendo sorrir um pouco. Então Tom suspirou, desviando os olhos para a tela do celular de e soltando um suspiro.
— Acho melhor eu começar pedindo desculpas, né?
— Desculpa por quê? Eu acho é que demorou pra acontecer. — ela riu quando Tom inclinou a cabeça e estreitou os olhos, o olhar falando “sério mesmo?” — Mas falando sério… Não tem porque pedir desculpas. De verdade.
— Ai meu deus. — ele suspirou de novo, endireitando a cabeça e rindo. — Eu sou muito idiota, né? Por isso ninguém nunca me conta nada.
Os dois riram por dois segundos e ficaram em silêncio de novo, apenas se encarando. Era óbvio que eles estavam pensando em tudo o que aquilo implicaria. Se ela quisesse se manter anônima praticamente não poderia mais sair com Tom. Ele agora teria que responder sobre ter uma namorada em toda entrevista que fosse dar. E com certeza teria o dobro de paparazzi em seu pé.
— E agora? — ela finalmente perguntou depois de longos segundos de silêncio.
— Agora a gente vai levando. — eles riram da resposta vaga de Tom. — E, quando estivermos preparados, a gente deixa todo mundo saber sobre você.
Porque era óbvio que era apenas uma questão de tempo até que descobrissem quem era ela.
— E aí quando descobrirem… Espero que alguém me dê um emprego na minha área. Eu totalmente vou usar a cartada “namorada do Tom Holland”.
— Achei que você não fizesse essas coisas.
— Eu estou desesperada! — ela riu e colocou o celular na mesa de cabeceira, ficando de pé na cama e pulando em Tom, fazendo-o perder o ar momentaneamente. — Eu preciso ficar rica pra poder continuar morando com o meu namorado! Imagina se descobrem que eu moro em um país diferente?
Rindo, os dois deitaram abraçados, decidindo que, por enquanto, manteriam o que ainda restava do segredo.
15.
Faltava exatamente oito dias para que fosse embora de Los Angeles.
E aquilo era simplesmente horrível.
Quanto mais os dias passavam, pior ela se sentia. E praticamente nada conseguia lhe tirar o mau humor. Nem Tom, nem Harrison, nem Jacob, nem Lori, nem Maurie. Nem o job que a garota havia lhe passado no dia anterior e parecia pior do que nunca porque não conseguia encontrar ânimo para fazer uma arte decente.
— Você precisa se animar, . — Harrison suspirou quando ela bufou de novo.
estava sentada na bancada da ilha da cozinha, tentando fazer a maldita da arte que ela tinha até terça-feira para entregar – e levando em conta que era sábado, tinha pouquíssimo tempo – mas nada, absolutamente nada vinha em sua mente.
E não era falta de esforço. Ela havia pesquisado em todos os concorrentes da empresa o que estava sendo utilizado, como as artes estavam sendo feitas, que tipos de memes eram postados… Mesmo assim nada vinha em sua cabeça. Simplesmente nada. E ela tinha dois dias para entregar tudo, já havia comentado isso? Pois é.
— Mais fácil falar do que fazer, Haz. — ela fez uma careta. Tudo o que ela precisava era espairecer um pouco. Só um pouco.
— Vamos sair. — o rapaz loiro se levantou do sofá e foi até a ilha, puxando um banco e se sentando ao lado de . — Você precisa espairecer um pouco.
Ela teve que se segurar para não começar a rir realmente alto. Era quase como se Harrison tivesse lido seus pensamentos. E ele estava certo, sair parecia uma ótima ideia. Mas ao mesmo tempo ela ficava preocupada com o prazo para a entrega das artes para o cliente de Maurie. E também tinha aquele fato pequeninho de que as pessoas sabiam que Tom tinha uma namorada e agora os paparazzi estavam mais no pé dele do que nunca.
— Não sei se é uma boa. — ela franziu as sobrancelhas e fez uma careta, vendo Harrison revirar os olhos.
— Qual é! Aposto que o Tom também vai querer sair.
— Isso não ajuda em nada, Haz. O Tom não é um bom padrão de consciência. — ela riu enquanto Harrison dava um sorrisinho e começava a digitar uma mensagem no celular, provavelmente para Tom, pelo que achava.
— Ele falou que também quer sair. — o sorriso vitorioso de Harrison fez revirar os olhos. O que ela havia feito para merecer isso? — Disse que chegando aqui nós podemos ir para praia.
— Praia? — ela sentiu-se subitamente mais interessada. amava praia.
— Isso é um sorriso? — o indicador de Harrison encontrou a bochecha de , cutucando levemente. Ela riu e afastou a mão do rapaz. — Vamos para a El Matador Beach.
Ela franziu a sobrancelha. Não era um nome muito interessante, honestamente. Mas também não iria reclamar. Ela não era a pessoa que conhecia Los Angeles. Vai que, apesar do nome, a praia era maravilhosa. Nada era impossível, sua vida era uma prova disso.
— Parece que você ganhou. — ela se deu por vencida, vendo o indicador de Harrison indo em direção a sua bochecha novamente. Ela ameaçou morder o dedo do rapaz, vendo-o afastar-se com uma expressão chocada. — Mas se a água estiver gelada eu não entro.
— Você acha que eu e seu namorado não vamos te arrastar?
— Eu me arrependo de tudo.
— Tarde demais. — ele falou exatamente ao mesmo que a porta abriu, Tom entrando com diversas sacolas de mercado.
— Praia! — o recém chegado praticamente gritou, colocando as sacolas de qualquer jeito sobre a ilha e jogando os braços para cima em uma animada pose vitoriosa.
revirou os olhos mas riu enquanto Harrison e Tom davam um high-five. Logo os três se dividiram entre os dois quartos, trocando-se e arrumando para levar a tal El Matador Beach – sério, ainda não conseguia aceitar muito bem esse nome.
Não demorou muito para que os três estivessem no carro, Harrison sendo o motorista da vez. Tom ligou o rádio e eles tiveram uma não-tão-rápida briga a respeito de qual playlist seria colocada – ganhou sob ameaças alimentícias – e foram o caminho inteiro ouvindo Panic! At The Disco, porque segundo a garota era uma das melhores bandas atuais. No fim viu que os dois também estavam curtindo a música.
A praia era longe e de difícil acesso. Até eles chegarem, ela não havia conseguido entender porque eles haviam escolhido justo aquela praia sendo que poderiam ter algo mais simples, tipo Santa Monica. Quer dizer, pelo menos era o que o Google havia lhe falado. estava vivendo de Google naquela cidade.
Mas ao chegarem ela finalmente entendeu. Aquela parecia uma daquelas praias de filme, livros, jogos. Era o tipo de praia praticamente deserta – não tão deserta, tinha meia dúzia de pessoas passeando pela areia – cheia de rochas. Não pedras, rochedos enormes, maravilhosos, daqueles que tudo o que você quer fazer quando o vê é subir e tirar uma foto enquanto o mar molha seus pés. Ah, e só para deixar o cenário um pouco mais clichê, uma das rochas era aquela gigante com espaço para que as pessoas ficassem embaixo, como se fosse uma espécie de caverna.
— Olha pra isso, você está embasbacada. — um cutucão em suas costas e a voz de Tom próxima de seu ouvido a despertaram, fazendo piscar duas vezes e sorrir.
— Eu estou. Eu achava que esse lugar nem podia existir na vida real. — ela riu, entrelaçando os dedos com os do namorado.
Tom simplesmente levantou a mão de , dando um beijo nos dedos entrelaçados, arrancando um sorriso ainda maior da garota – e um pequeno de Harrison, que no fundo do coração os achava um casal realmente fofo.
Eles se ajeitaram em um pedaço da areia, meio longe das outras pessoas que também estavam curtindo o fraco sol – talvez eles não achassem tão fraco assim mas para aquilo era um sol de outono – e aproveitando o sábado. Eles conversavam, riam, contavam as mais diversas histórias um para o outro. Era um momento simples e maravilhoso que estava amando com todas as suas forças.
Quando Harrison e Tom decidiram entrar no mar, recusou. Ela tinha certeza que a água estava geladíssima e o sol não estava nem de perto quente o bastante para que ela tentasse dar uma chance. E mesmo com toda a insistência dos dois ela manteve-se firme, vendo-os desistir e apostarem corrida até o mar. Até porque seu creme para cabelos descoloridos havia acabado e a última coisa que ela precisava era arriscar seus maravilhosos cachos cinzas com água salgada.
Ela observou de longe os dois mergulhando, indo de um lado para o outro do mar, jogando água para todo lado. Um sorriso bobo tomou conta do rosto de , logo se transformando em uma careta triste. Oito dias. Apenas oito dias e aquilo não seria mais parte de sua rotina. Ela pararia de ouvir os comentários sarcásticos de Harrison, as piadas idiotas de Tom, tudo acabaria e a vida voltaria a ser um bar lotado e mensagens no Whatsapp.
Não era o que ela queria.
Ela queria ter dinheiro e conseguir continuar morando em Los Angeles com Tom. Ou, se ele voltassse para Londres, poder ir para lá com ele. queria continuar acordando ao lado do namorado, ver e ouvir a risada dele sempre que ela falava alguma de suas – muitas – bobeiras, reclamar sempre que ele passava aquele perfume horroroso.
não iria chorar, claro que não. Mas ela queria, muito. Porque ela simplesmente não sabia o que viria depois disso. Uma coisa era começar um namoro a distância sabendo que em alguns meses eles se encontrariam pessoalmente. Mas e agora, que ela iria embora? O que eles fariam? Quando eles iriam se encontrar de novo? Às vezes parecia que sua partida eventualmente acabaria levando-os para o fim daquele namoro, e ela não queria aquilo. Não, de nenhuma maneira.
Porque se ela havia se apaixonado por Tom Holland ator lá em 2015, aquilo nem era mais importante. Agora ela havia se apaixonado por Tom, seu amigo, seu namorado. A pessoa doce e ao mesmo tempo firme que ele era. O rapaz engraçado mas que sabia exatamente a hora de falar sério. O garoto educado com absolutamente todas as pessoas. O namorado dela, que a amava verdadeiramente, e que ela amava tanto que nem sabia se poderia explicar tudo o que sentia se um dia alguém lhe pedisse.
— Sabe, quando eu sugeri sairmos para que você pudesse espairecer, eu realmente não esperava te encontrar chorando. — não havia percebido que Harrison estava de volta, pingando água salgada para todo, sentando-se ao lado dela. Também não havia percebido que havia chorado um pouco. — O que ‘tá acontecendo, ?
Ela encarou o amigo, o cabelo claro parecendo mais escuro por causa da água, jogado para trás. Os olhos claros e brilhantes em sua direção parecendo preocupados. Harrison também era uma pessoa maravilhosa e ela não queria perdê-lo. Com um suspiro se inclinou, apoiando a cabeça no ombro do rapaz, sentindo a pele gelada e úmida contra a testa quente dela, molhando-a levemente. Os braços deles passaram ao redor dela, o corpo dele a molhando ainda mais, apertando-a em um abraço.
— Eu não quero ir embora, Haz. — a voz dela não passava de um sussurro abafado contra o corpo dele. — Eu não quero perder vocês. Eu… Eu não quero ter que terminar com o Tom só porque não vou mais estar perto dele.
— Primeiro que você nunca vai perder a gente. — a voz dele estava firme, calma. — Não importa a distância, antes de tudo nós somos amigos, e não é assim que funciona amizade. Quer dizer, você por acaso perdeu o Juliano, a Eduarda e a Gisele? — ela deu uma risadinha, o coração aquecendo um pouco a menção dos amigos, um súbito desejo de ligar para os três apenas para matar a saudade a tomando. — Segundo…
Harrison ficou em silêncio, sem terminar o tal “segundo”. afastou-se um pouco do amigo, o olhando curiosa. Apenas então reparou que uma sombra os cobria. Ela virou o rosto, encontrando Tom os encarando com um sorriso. Ele se sentou ao lado de , deixando-a entre os dois rapazes, também respingando água para todo lado.
— Segundo que não vai ter essa de terminar. — Tom continuou a frase de Haz e riu, passando os dedos molhados delicadamente pelo braço de , que ainda estava apoiada contra Harrison. — Eu não te amo porque você ‘tá fisicamente perto. Se um dia terminarmos não vai ser por causa disso, pelo menos não no que depender de mim. E eu já disse que as coisas vão dar certo, não disse? Pode não ser agora, mas elas vão. Eu te prometo isso.
— Como você consegue ser tão otimista? — não não evitou uma risadinha, ouvindo Harrison também rir.
— Eu preciso, se não nós dois ficamos chorando e o Haz não iria aguentar.
Os três riram, o clima ficando mais leve. Tom estava certo, ela precisava acreditar que tudo daria certo. E mesmo se não desse, ela tinha mais oito dias em Los Angeles. Não poderia desperdiçar esse tempo chorando pelos cantos. Se aquele era o tempo que ela teria, aquele era o tempo que ela aproveitaria.
E aquilo era simplesmente horrível.
Quanto mais os dias passavam, pior ela se sentia. E praticamente nada conseguia lhe tirar o mau humor. Nem Tom, nem Harrison, nem Jacob, nem Lori, nem Maurie. Nem o job que a garota havia lhe passado no dia anterior e parecia pior do que nunca porque não conseguia encontrar ânimo para fazer uma arte decente.
— Você precisa se animar, . — Harrison suspirou quando ela bufou de novo.
estava sentada na bancada da ilha da cozinha, tentando fazer a maldita da arte que ela tinha até terça-feira para entregar – e levando em conta que era sábado, tinha pouquíssimo tempo – mas nada, absolutamente nada vinha em sua mente.
E não era falta de esforço. Ela havia pesquisado em todos os concorrentes da empresa o que estava sendo utilizado, como as artes estavam sendo feitas, que tipos de memes eram postados… Mesmo assim nada vinha em sua cabeça. Simplesmente nada. E ela tinha dois dias para entregar tudo, já havia comentado isso? Pois é.
— Mais fácil falar do que fazer, Haz. — ela fez uma careta. Tudo o que ela precisava era espairecer um pouco. Só um pouco.
— Vamos sair. — o rapaz loiro se levantou do sofá e foi até a ilha, puxando um banco e se sentando ao lado de . — Você precisa espairecer um pouco.
Ela teve que se segurar para não começar a rir realmente alto. Era quase como se Harrison tivesse lido seus pensamentos. E ele estava certo, sair parecia uma ótima ideia. Mas ao mesmo tempo ela ficava preocupada com o prazo para a entrega das artes para o cliente de Maurie. E também tinha aquele fato pequeninho de que as pessoas sabiam que Tom tinha uma namorada e agora os paparazzi estavam mais no pé dele do que nunca.
— Não sei se é uma boa. — ela franziu as sobrancelhas e fez uma careta, vendo Harrison revirar os olhos.
— Qual é! Aposto que o Tom também vai querer sair.
— Isso não ajuda em nada, Haz. O Tom não é um bom padrão de consciência. — ela riu enquanto Harrison dava um sorrisinho e começava a digitar uma mensagem no celular, provavelmente para Tom, pelo que achava.
— Ele falou que também quer sair. — o sorriso vitorioso de Harrison fez revirar os olhos. O que ela havia feito para merecer isso? — Disse que chegando aqui nós podemos ir para praia.
— Praia? — ela sentiu-se subitamente mais interessada. amava praia.
— Isso é um sorriso? — o indicador de Harrison encontrou a bochecha de , cutucando levemente. Ela riu e afastou a mão do rapaz. — Vamos para a El Matador Beach.
Ela franziu a sobrancelha. Não era um nome muito interessante, honestamente. Mas também não iria reclamar. Ela não era a pessoa que conhecia Los Angeles. Vai que, apesar do nome, a praia era maravilhosa. Nada era impossível, sua vida era uma prova disso.
— Parece que você ganhou. — ela se deu por vencida, vendo o indicador de Harrison indo em direção a sua bochecha novamente. Ela ameaçou morder o dedo do rapaz, vendo-o afastar-se com uma expressão chocada. — Mas se a água estiver gelada eu não entro.
— Você acha que eu e seu namorado não vamos te arrastar?
— Eu me arrependo de tudo.
— Tarde demais. — ele falou exatamente ao mesmo que a porta abriu, Tom entrando com diversas sacolas de mercado.
— Praia! — o recém chegado praticamente gritou, colocando as sacolas de qualquer jeito sobre a ilha e jogando os braços para cima em uma animada pose vitoriosa.
revirou os olhos mas riu enquanto Harrison e Tom davam um high-five. Logo os três se dividiram entre os dois quartos, trocando-se e arrumando para levar a tal El Matador Beach – sério, ainda não conseguia aceitar muito bem esse nome.
Não demorou muito para que os três estivessem no carro, Harrison sendo o motorista da vez. Tom ligou o rádio e eles tiveram uma não-tão-rápida briga a respeito de qual playlist seria colocada – ganhou sob ameaças alimentícias – e foram o caminho inteiro ouvindo Panic! At The Disco, porque segundo a garota era uma das melhores bandas atuais. No fim viu que os dois também estavam curtindo a música.
A praia era longe e de difícil acesso. Até eles chegarem, ela não havia conseguido entender porque eles haviam escolhido justo aquela praia sendo que poderiam ter algo mais simples, tipo Santa Monica. Quer dizer, pelo menos era o que o Google havia lhe falado. estava vivendo de Google naquela cidade.
Mas ao chegarem ela finalmente entendeu. Aquela parecia uma daquelas praias de filme, livros, jogos. Era o tipo de praia praticamente deserta – não tão deserta, tinha meia dúzia de pessoas passeando pela areia – cheia de rochas. Não pedras, rochedos enormes, maravilhosos, daqueles que tudo o que você quer fazer quando o vê é subir e tirar uma foto enquanto o mar molha seus pés. Ah, e só para deixar o cenário um pouco mais clichê, uma das rochas era aquela gigante com espaço para que as pessoas ficassem embaixo, como se fosse uma espécie de caverna.
— Olha pra isso, você está embasbacada. — um cutucão em suas costas e a voz de Tom próxima de seu ouvido a despertaram, fazendo piscar duas vezes e sorrir.
— Eu estou. Eu achava que esse lugar nem podia existir na vida real. — ela riu, entrelaçando os dedos com os do namorado.
Tom simplesmente levantou a mão de , dando um beijo nos dedos entrelaçados, arrancando um sorriso ainda maior da garota – e um pequeno de Harrison, que no fundo do coração os achava um casal realmente fofo.
Eles se ajeitaram em um pedaço da areia, meio longe das outras pessoas que também estavam curtindo o fraco sol – talvez eles não achassem tão fraco assim mas para aquilo era um sol de outono – e aproveitando o sábado. Eles conversavam, riam, contavam as mais diversas histórias um para o outro. Era um momento simples e maravilhoso que estava amando com todas as suas forças.
Quando Harrison e Tom decidiram entrar no mar, recusou. Ela tinha certeza que a água estava geladíssima e o sol não estava nem de perto quente o bastante para que ela tentasse dar uma chance. E mesmo com toda a insistência dos dois ela manteve-se firme, vendo-os desistir e apostarem corrida até o mar. Até porque seu creme para cabelos descoloridos havia acabado e a última coisa que ela precisava era arriscar seus maravilhosos cachos cinzas com água salgada.
Ela observou de longe os dois mergulhando, indo de um lado para o outro do mar, jogando água para todo lado. Um sorriso bobo tomou conta do rosto de , logo se transformando em uma careta triste. Oito dias. Apenas oito dias e aquilo não seria mais parte de sua rotina. Ela pararia de ouvir os comentários sarcásticos de Harrison, as piadas idiotas de Tom, tudo acabaria e a vida voltaria a ser um bar lotado e mensagens no Whatsapp.
Não era o que ela queria.
Ela queria ter dinheiro e conseguir continuar morando em Los Angeles com Tom. Ou, se ele voltassse para Londres, poder ir para lá com ele. queria continuar acordando ao lado do namorado, ver e ouvir a risada dele sempre que ela falava alguma de suas – muitas – bobeiras, reclamar sempre que ele passava aquele perfume horroroso.
não iria chorar, claro que não. Mas ela queria, muito. Porque ela simplesmente não sabia o que viria depois disso. Uma coisa era começar um namoro a distância sabendo que em alguns meses eles se encontrariam pessoalmente. Mas e agora, que ela iria embora? O que eles fariam? Quando eles iriam se encontrar de novo? Às vezes parecia que sua partida eventualmente acabaria levando-os para o fim daquele namoro, e ela não queria aquilo. Não, de nenhuma maneira.
Porque se ela havia se apaixonado por Tom Holland ator lá em 2015, aquilo nem era mais importante. Agora ela havia se apaixonado por Tom, seu amigo, seu namorado. A pessoa doce e ao mesmo tempo firme que ele era. O rapaz engraçado mas que sabia exatamente a hora de falar sério. O garoto educado com absolutamente todas as pessoas. O namorado dela, que a amava verdadeiramente, e que ela amava tanto que nem sabia se poderia explicar tudo o que sentia se um dia alguém lhe pedisse.
— Sabe, quando eu sugeri sairmos para que você pudesse espairecer, eu realmente não esperava te encontrar chorando. — não havia percebido que Harrison estava de volta, pingando água salgada para todo, sentando-se ao lado dela. Também não havia percebido que havia chorado um pouco. — O que ‘tá acontecendo, ?
Ela encarou o amigo, o cabelo claro parecendo mais escuro por causa da água, jogado para trás. Os olhos claros e brilhantes em sua direção parecendo preocupados. Harrison também era uma pessoa maravilhosa e ela não queria perdê-lo. Com um suspiro se inclinou, apoiando a cabeça no ombro do rapaz, sentindo a pele gelada e úmida contra a testa quente dela, molhando-a levemente. Os braços deles passaram ao redor dela, o corpo dele a molhando ainda mais, apertando-a em um abraço.
— Eu não quero ir embora, Haz. — a voz dela não passava de um sussurro abafado contra o corpo dele. — Eu não quero perder vocês. Eu… Eu não quero ter que terminar com o Tom só porque não vou mais estar perto dele.
— Primeiro que você nunca vai perder a gente. — a voz dele estava firme, calma. — Não importa a distância, antes de tudo nós somos amigos, e não é assim que funciona amizade. Quer dizer, você por acaso perdeu o Juliano, a Eduarda e a Gisele? — ela deu uma risadinha, o coração aquecendo um pouco a menção dos amigos, um súbito desejo de ligar para os três apenas para matar a saudade a tomando. — Segundo…
Harrison ficou em silêncio, sem terminar o tal “segundo”. afastou-se um pouco do amigo, o olhando curiosa. Apenas então reparou que uma sombra os cobria. Ela virou o rosto, encontrando Tom os encarando com um sorriso. Ele se sentou ao lado de , deixando-a entre os dois rapazes, também respingando água para todo lado.
— Segundo que não vai ter essa de terminar. — Tom continuou a frase de Haz e riu, passando os dedos molhados delicadamente pelo braço de , que ainda estava apoiada contra Harrison. — Eu não te amo porque você ‘tá fisicamente perto. Se um dia terminarmos não vai ser por causa disso, pelo menos não no que depender de mim. E eu já disse que as coisas vão dar certo, não disse? Pode não ser agora, mas elas vão. Eu te prometo isso.
— Como você consegue ser tão otimista? — não não evitou uma risadinha, ouvindo Harrison também rir.
— Eu preciso, se não nós dois ficamos chorando e o Haz não iria aguentar.
Os três riram, o clima ficando mais leve. Tom estava certo, ela precisava acreditar que tudo daria certo. E mesmo se não desse, ela tinha mais oito dias em Los Angeles. Não poderia desperdiçar esse tempo chorando pelos cantos. Se aquele era o tempo que ela teria, aquele era o tempo que ela aproveitaria.
16.
O som estava alto. Talvez algum vizinho acabasse reclamando, era um lado negativo de morar em apartamento, mas ela não estava se importando muito. Era dia quinze, sua passagem de volta para o Brasil estava marcada para o dia vinte e tudo o que queria era curtir um pouco mais o pouco tempo que ainda possuía.
Claro que ficar trancada em casa provavelmente não era a melhor maneira, mas ela não tinha muito para onde ir. poderia até estar de férias mas isso não se aplicava ao resto do mundo. Lori, Maurie, Tom, Harrison e J. precisavam trabalhar, e claro que era um saco ficar sozinha boa parte do dia, mas ela sempre pensava que havia o lado positivo de Tom ter se mudado para Los Angeles. Se o rapaz ainda morasse em Londres seria pior, com viagens longas constantes.
Mesmo assim ela estava tentando se manter feliz. No dia anterior havia entregado a Maurie o pendrive do cliente com a arte que ela havia feito – dessa vez não havia feito mais de uma opção, infelizmente. Não estava tão criativa assim. De manhã a garota havia ligado para falar que o cliente havia amado a arte e queria apenas agradecer. Um excelente notícia. Modéstia a parte era realmente boa no que fazia.
Agora, sem freela pra fazer, sem Harrison e Tom para ficarem conversando e rindo, o que restava a era escutar música e fazer uma espécie de karaokê particular – porque eles tinham empregada e nem precisar arrumar a casa ela precisava. Em momentos assim ela ficava estudando a ideia de morar em Los Angeles com Tom.
Havia se tornando uma espécie de sonho. Ela sentia um pequeno aperto de pensar em ficar longe de Flávio, Thaís e todos os seus amigos, claro, mas ao mesmo tempo seria a realização de um de seus maiores desejos. Quer dizer, se fosse para viver uma vida em que ela apenas esperava o namorado chegar do trabalho para que pudessem fazer algo juntos seria um saco. Mas imagina, ela morando ali, tendo um trabalho e seus próprios dólares para passear por aí… Essa sim seria uma excelente vida.
Mas é, iria embora em cinco dias e precisava se acostumar com esse fato, por mais incômodo que fosse. E ela e Tom ainda não haviam conversado a respeito do que aconteceria após sua partida. Havia tido o drama na praia alguns dias antes, mas fora isso… Nada mais. Não que eles realmente precisassem estabelecer o que seria dali para frente, mas ela se sentia incomodada com a ideia de simplesmente voltar para o Brasil e… É isso.
A música – estava tocando Aún Hay Algo e lembrou que ainda tinha músicas do RBD no celular e sentiu-se levemente feliz consigo mesma – foi interrompida por um toque levemente irritante. Ela franziu as sobrancelhas, indo até o celular e vendo uma ligação de Eduarda pelo Whatsapp. Não se lembrava de ter combinado com uma ligação com a amiga mas mesmo assim atendeu. Óbvio.
— , você lembra aquela vez que eu falei sobre como o Harrison é uma delicinha e como eu te admiro por se manter fiel ao Tom tendo ele tão perto de você? — foi a exata resposta para o “alô” de . Ela simplesmente suspirou.
— Lembro, Eduarda. Ainda te odeio por isso, mas lembro. O que tem?
— Eu não imaginei que você fosse me levar a sério. Você é toda “garota monogamia”, achei que–
— Como assim “te levar a sério”? — interrompeu antes que a amiga desatasse a falar, o que sempre acabava acontecendo. — Eu não te levei a sério.
— ‘Tá, então agora que a coisa fica interessante. — um barulho estranho do outro lado da linha levou a entender que Eduarda estava andando pela casa, balançando o celular. — Você claramente não tem checado o Instagram do blog, mas uma menina nos mandou uma mensagem com o print de um stories de uma pessoa aleatória na praia em que, pasme, você, seu namorado e seu amante aparecem no fundo. E você está abraçada com o amante, não com o namorado.
precisou de alguns minutos para entender o que tinha acabado de acontecer, principalmente porque Eduarda era péssima em contar as coisas. Ok, então aparentemente eles haviam saído como fundo do stories de alguma das pessoas que estavam na praia no mesmo dia que eles. Óbvio que algum fã do Tom Holland iria notar ele no fundo do stories de uma pessoa aleatória. E, no caso, ela. Abraçada com Harrison porque a vida tinha dessas.
— O Haz não é meu amante. — ela respirou fundo, falando a primeira coisa que conseguiu processar. — Ele… Nós estávamos só conversando. Era um momento ruim.
— Te conhecendo, aposto que você estava chateada porque dia vinte você pega o avião de volta pro Brasil. — a voz de Eduarda havia soado mais doce que o normal, compadecendo-se da amiga. Era bom saber que, por mais rude que Eduarda pudesse parecer, ela era verdadeiramente doce. — Mas… Você entendeu, né? Que agora as fãs do seu namorado estão loucas criando mil teorias sobre você namorar o Harrison? Aliás tem umas até que falaram que você é a namorada misteriosa do Tom mas esconde fingindo que namora o Harrison.
— O que a pessoa que mandou o print disse?
— Que é por isso que aquela vez postamos o stories deles indo pra academia. Ela é uma das meninas que acompanham a gente desde o começo, então é, ela te reconheceu. — um suspiro do outro lado da linha. — Eu só ‘tô te falando isso pra você saber que… Pode ser que as coisas fiquem estranhas. Uma hora ou outra vocês vão precisar vir a público.
agradeceu a informação, conversou um pouco mais com Eduarda sobre trivialidades e finalmente desligou o celular. A música voltou a tocar automaticamente mas nem RBD seria capaz de fazê-la ignorar o que havia acabado de descobrir. Logou no Instagram do Loli Ruri e viu que, de fato, dava pra ver muito bem ela, Tom e Harrison ao fundo do print. Não precisou pesquisar muito para descobrir que na verdade se tratava de um vídeo. Realmente parecia que ela tinha algo com Haz.
Apenas duas soluções óbvias vinham a mente de : deixar o mundo saber que ela estava com Tom ou ignorar pelo resto da vida. A segunda opção era meio merda porque obviamente isso não seria simplesmente esquecido. Uma pessoa já havia reconhecido-a, não iria demorar muito para que ela falasse para outra pessoa que sabia quem era a “menina misteriosa”, e depois para outra, e outra, e outra… Em pouco tempo todo mundo já estaria ligando os pontos.
Faltando apenas cinco dias para voltar para o Brasil e isso acontecia. Era uma sucessão de eventos que honestamente nem parecia que poderiam ter se ligado tanto assim. O post que ela havia feito no Instagram do blog sem querer, Tom soltando que tinha uma namorada, eles sendo flagrados juntos na praia – e nem havia sido por um paparazzi, esse era o nível de azar –, as fãs teorizando…
Mais um suspiro e ela se sentou no sofá, o olhar completamente perdido. Era isso, ela teria que contar para Tom e a melhor solução era assumir de uma vez. Ou terminar o namoro mas isso estava completamente fora de cogitação, óbvio.
— ? Você ‘tá com cara de quem acabou de chegar do restaurante no fim do universo. — ela mal havia ouvido a porta ser aberta. Talvez fosse culpa de Lies, que tocava no último volume, ou de sua completa falta de atenção com qualquer coisa.
Ela fez um sinal para que Tom e Harrison também se sentassem no sofá. Eles não pareciam muito preocupados – a música de fundo realmente não estava ajudando a dar um clima melhor – mas ela precisava contar a história logo. E conforme ela contava e explicava cada teoria que já havia formado na própria cabeça, a expressão dos dois passava a ser mais séria e, claro, preocupada.
— Então… É isso. — ela finalmente falou após deixar claro qual era a melhor saída em seu ponto de vista. — Não ‘tô falando que amo a ideia de vir a público, mas… Talvez seja a melhor chance de controle de dano.
— Haz? — Tom encarou o amigo, que por sua vez parecia perdido em seus próprio pensamentos.
— Eu acho que infelizmente a ‘tá certa. — se a situação fosse outra teria achado aquele “infelizmente” bastante ofensivo, mas naquele momento ela na verdade entendia muito bem o que Harrison queria dizer. — A especulação já estava forte por causa do que você falou naquele programa de rádio, agora com a foto… — Harrison balançou a cabeça, suspirando. — É questão de tempo até terem certeza que se trata da e procurarem as redes sociais dela. E se escapa alguma coisa de vocês dois e começam a acusar a de estar “me” traindo? — o loiro fez o sinal de aspas com as mãos. — Ou de estar traindo você, Tom?
— Eu não quero viver com isso. — ela balançou a cabeça, vendo os dois concordarem.
Silêncio. Nenhum dos três se atreveu a falar por mais um longo período. Haviam decidido que teriam que ir a público e sabia que era apenas por preocuparem-se com ela – confirmar um romance não era o modus operandi de nenhum famoso, não assim. Não iria negar que se considerava egoísta por deixar que o fizessem, mas ao mesmo tempo não queria de jeito nenhum precisar lidar com o monte de boatos e teorias que começariam a criar caso eles ficassem em silêncio sobre o maldito vídeo da praia. Então, é, ir a público.
A questão agora era como.
Os três começaram a discutir as mais diversas estratégias, desde um tweet de um deles até uma declaração super elaborada – nenhum parecia bom o suficiente. Até que teve a melhor e mais simples ideia de todas. E com certeza era a mais simples e que em pouquíssimo tempo geraria todo o buzz que eles precisavam para espalhar a notícia – que depois eles praticamente ignorariam até a poeira baixar e tudo pudesse voltar ao normal.
Por isso o casal deitou no sofá, abraçados, os olhos fechados, parecendo que estavam dormindo e completamente em silêncio. Esperaram um tempo até que Harrison conseguisse tirar fotos que parecessem o mais natural possível. Depois os três se sentaram novamente, Harrison entre os dois, e o loiro abriu o próprio Instagram, abrindo a parte de stories e selecionando a foto de e Tom “dormindo” abraçados no sofá. Rapidamente ele digitou “quando você chega cansado mas o casal da casa já está ocupando o sofá”.
— Vocês têm certeza? — Harrison perguntou após posicionar a legenda em um canto da imagem.
— Não. — Tom soltou uma risada nervosa. — Mas vai ter que ser assim, né?
— Eu vou ter muitos mais replys que o normal. — Harrison suspirou, apertando o botão para postar a imagem nos stories.
Eles encararam a tela em silêncio por alguns longos minutos.
— Então é isso. Agora todo mundo sabe.
— Vamos só torcer para que tudo dê certo.
Claro que ficar trancada em casa provavelmente não era a melhor maneira, mas ela não tinha muito para onde ir. poderia até estar de férias mas isso não se aplicava ao resto do mundo. Lori, Maurie, Tom, Harrison e J. precisavam trabalhar, e claro que era um saco ficar sozinha boa parte do dia, mas ela sempre pensava que havia o lado positivo de Tom ter se mudado para Los Angeles. Se o rapaz ainda morasse em Londres seria pior, com viagens longas constantes.
Mesmo assim ela estava tentando se manter feliz. No dia anterior havia entregado a Maurie o pendrive do cliente com a arte que ela havia feito – dessa vez não havia feito mais de uma opção, infelizmente. Não estava tão criativa assim. De manhã a garota havia ligado para falar que o cliente havia amado a arte e queria apenas agradecer. Um excelente notícia. Modéstia a parte era realmente boa no que fazia.
Agora, sem freela pra fazer, sem Harrison e Tom para ficarem conversando e rindo, o que restava a era escutar música e fazer uma espécie de karaokê particular – porque eles tinham empregada e nem precisar arrumar a casa ela precisava. Em momentos assim ela ficava estudando a ideia de morar em Los Angeles com Tom.
Havia se tornando uma espécie de sonho. Ela sentia um pequeno aperto de pensar em ficar longe de Flávio, Thaís e todos os seus amigos, claro, mas ao mesmo tempo seria a realização de um de seus maiores desejos. Quer dizer, se fosse para viver uma vida em que ela apenas esperava o namorado chegar do trabalho para que pudessem fazer algo juntos seria um saco. Mas imagina, ela morando ali, tendo um trabalho e seus próprios dólares para passear por aí… Essa sim seria uma excelente vida.
Mas é, iria embora em cinco dias e precisava se acostumar com esse fato, por mais incômodo que fosse. E ela e Tom ainda não haviam conversado a respeito do que aconteceria após sua partida. Havia tido o drama na praia alguns dias antes, mas fora isso… Nada mais. Não que eles realmente precisassem estabelecer o que seria dali para frente, mas ela se sentia incomodada com a ideia de simplesmente voltar para o Brasil e… É isso.
A música – estava tocando Aún Hay Algo e lembrou que ainda tinha músicas do RBD no celular e sentiu-se levemente feliz consigo mesma – foi interrompida por um toque levemente irritante. Ela franziu as sobrancelhas, indo até o celular e vendo uma ligação de Eduarda pelo Whatsapp. Não se lembrava de ter combinado com uma ligação com a amiga mas mesmo assim atendeu. Óbvio.
— , você lembra aquela vez que eu falei sobre como o Harrison é uma delicinha e como eu te admiro por se manter fiel ao Tom tendo ele tão perto de você? — foi a exata resposta para o “alô” de . Ela simplesmente suspirou.
— Lembro, Eduarda. Ainda te odeio por isso, mas lembro. O que tem?
— Eu não imaginei que você fosse me levar a sério. Você é toda “garota monogamia”, achei que–
— Como assim “te levar a sério”? — interrompeu antes que a amiga desatasse a falar, o que sempre acabava acontecendo. — Eu não te levei a sério.
— ‘Tá, então agora que a coisa fica interessante. — um barulho estranho do outro lado da linha levou a entender que Eduarda estava andando pela casa, balançando o celular. — Você claramente não tem checado o Instagram do blog, mas uma menina nos mandou uma mensagem com o print de um stories de uma pessoa aleatória na praia em que, pasme, você, seu namorado e seu amante aparecem no fundo. E você está abraçada com o amante, não com o namorado.
precisou de alguns minutos para entender o que tinha acabado de acontecer, principalmente porque Eduarda era péssima em contar as coisas. Ok, então aparentemente eles haviam saído como fundo do stories de alguma das pessoas que estavam na praia no mesmo dia que eles. Óbvio que algum fã do Tom Holland iria notar ele no fundo do stories de uma pessoa aleatória. E, no caso, ela. Abraçada com Harrison porque a vida tinha dessas.
— O Haz não é meu amante. — ela respirou fundo, falando a primeira coisa que conseguiu processar. — Ele… Nós estávamos só conversando. Era um momento ruim.
— Te conhecendo, aposto que você estava chateada porque dia vinte você pega o avião de volta pro Brasil. — a voz de Eduarda havia soado mais doce que o normal, compadecendo-se da amiga. Era bom saber que, por mais rude que Eduarda pudesse parecer, ela era verdadeiramente doce. — Mas… Você entendeu, né? Que agora as fãs do seu namorado estão loucas criando mil teorias sobre você namorar o Harrison? Aliás tem umas até que falaram que você é a namorada misteriosa do Tom mas esconde fingindo que namora o Harrison.
— O que a pessoa que mandou o print disse?
— Que é por isso que aquela vez postamos o stories deles indo pra academia. Ela é uma das meninas que acompanham a gente desde o começo, então é, ela te reconheceu. — um suspiro do outro lado da linha. — Eu só ‘tô te falando isso pra você saber que… Pode ser que as coisas fiquem estranhas. Uma hora ou outra vocês vão precisar vir a público.
agradeceu a informação, conversou um pouco mais com Eduarda sobre trivialidades e finalmente desligou o celular. A música voltou a tocar automaticamente mas nem RBD seria capaz de fazê-la ignorar o que havia acabado de descobrir. Logou no Instagram do Loli Ruri e viu que, de fato, dava pra ver muito bem ela, Tom e Harrison ao fundo do print. Não precisou pesquisar muito para descobrir que na verdade se tratava de um vídeo. Realmente parecia que ela tinha algo com Haz.
Apenas duas soluções óbvias vinham a mente de : deixar o mundo saber que ela estava com Tom ou ignorar pelo resto da vida. A segunda opção era meio merda porque obviamente isso não seria simplesmente esquecido. Uma pessoa já havia reconhecido-a, não iria demorar muito para que ela falasse para outra pessoa que sabia quem era a “menina misteriosa”, e depois para outra, e outra, e outra… Em pouco tempo todo mundo já estaria ligando os pontos.
Faltando apenas cinco dias para voltar para o Brasil e isso acontecia. Era uma sucessão de eventos que honestamente nem parecia que poderiam ter se ligado tanto assim. O post que ela havia feito no Instagram do blog sem querer, Tom soltando que tinha uma namorada, eles sendo flagrados juntos na praia – e nem havia sido por um paparazzi, esse era o nível de azar –, as fãs teorizando…
Mais um suspiro e ela se sentou no sofá, o olhar completamente perdido. Era isso, ela teria que contar para Tom e a melhor solução era assumir de uma vez. Ou terminar o namoro mas isso estava completamente fora de cogitação, óbvio.
— ? Você ‘tá com cara de quem acabou de chegar do restaurante no fim do universo. — ela mal havia ouvido a porta ser aberta. Talvez fosse culpa de Lies, que tocava no último volume, ou de sua completa falta de atenção com qualquer coisa.
Ela fez um sinal para que Tom e Harrison também se sentassem no sofá. Eles não pareciam muito preocupados – a música de fundo realmente não estava ajudando a dar um clima melhor – mas ela precisava contar a história logo. E conforme ela contava e explicava cada teoria que já havia formado na própria cabeça, a expressão dos dois passava a ser mais séria e, claro, preocupada.
— Então… É isso. — ela finalmente falou após deixar claro qual era a melhor saída em seu ponto de vista. — Não ‘tô falando que amo a ideia de vir a público, mas… Talvez seja a melhor chance de controle de dano.
— Haz? — Tom encarou o amigo, que por sua vez parecia perdido em seus próprio pensamentos.
— Eu acho que infelizmente a ‘tá certa. — se a situação fosse outra teria achado aquele “infelizmente” bastante ofensivo, mas naquele momento ela na verdade entendia muito bem o que Harrison queria dizer. — A especulação já estava forte por causa do que você falou naquele programa de rádio, agora com a foto… — Harrison balançou a cabeça, suspirando. — É questão de tempo até terem certeza que se trata da e procurarem as redes sociais dela. E se escapa alguma coisa de vocês dois e começam a acusar a de estar “me” traindo? — o loiro fez o sinal de aspas com as mãos. — Ou de estar traindo você, Tom?
— Eu não quero viver com isso. — ela balançou a cabeça, vendo os dois concordarem.
Silêncio. Nenhum dos três se atreveu a falar por mais um longo período. Haviam decidido que teriam que ir a público e sabia que era apenas por preocuparem-se com ela – confirmar um romance não era o modus operandi de nenhum famoso, não assim. Não iria negar que se considerava egoísta por deixar que o fizessem, mas ao mesmo tempo não queria de jeito nenhum precisar lidar com o monte de boatos e teorias que começariam a criar caso eles ficassem em silêncio sobre o maldito vídeo da praia. Então, é, ir a público.
A questão agora era como.
Os três começaram a discutir as mais diversas estratégias, desde um tweet de um deles até uma declaração super elaborada – nenhum parecia bom o suficiente. Até que teve a melhor e mais simples ideia de todas. E com certeza era a mais simples e que em pouquíssimo tempo geraria todo o buzz que eles precisavam para espalhar a notícia – que depois eles praticamente ignorariam até a poeira baixar e tudo pudesse voltar ao normal.
Por isso o casal deitou no sofá, abraçados, os olhos fechados, parecendo que estavam dormindo e completamente em silêncio. Esperaram um tempo até que Harrison conseguisse tirar fotos que parecessem o mais natural possível. Depois os três se sentaram novamente, Harrison entre os dois, e o loiro abriu o próprio Instagram, abrindo a parte de stories e selecionando a foto de e Tom “dormindo” abraçados no sofá. Rapidamente ele digitou “quando você chega cansado mas o casal da casa já está ocupando o sofá”.
— Vocês têm certeza? — Harrison perguntou após posicionar a legenda em um canto da imagem.
— Não. — Tom soltou uma risada nervosa. — Mas vai ter que ser assim, né?
— Eu vou ter muitos mais replys que o normal. — Harrison suspirou, apertando o botão para postar a imagem nos stories.
Eles encararam a tela em silêncio por alguns longos minutos.
— Então é isso. Agora todo mundo sabe.
— Vamos só torcer para que tudo dê certo.
17.
“, o que foi esse stories do Harrison?!”
“OMG o que tá acontecendo?!”
“ do céu me explica isso!!!”
“MIGA SUA LOUCA POR QUE VOCÊ CONTOU PRO MUNDO???”
“, tá tudo bem? Se quiser conversar é só chamar!”
“Sabia que vocês iam decidir ir a público. Aposto que a Gisele já disse isso mas, se precisar conversar, é só chamar!”
“ eu estou hiperventilando! Chocadíssima, me explica isso!”
“Isso foi planejado? Não me diz que o Tom deixou escapar de novo!”
“Quem postou foi o Harrison, não o Tom.”
“Não é desculpa! , fala com a gente ou vamos aí agora te buscar!”
As mensagens de seus amigos não paravam de chegar. O frequência absurda com a qual seu celular vibrava havia sido o bastante para acordá-la às dez da manhã. Ao seu lado Tom ainda parecia dormir tranquilamente. Ela respirou fundo e colocou o celular de volta em cima do criado mudo, decidindo que por hora iria apenas ignorar as mensagens dos amigos. Em seguida deitou-se de bruços, enterrando o rosto no travesseiro e esperando que, se ficasse naquela posição tempo o bastante, acabaria sufocando e nunca mais precisaria lidar com a própria vida.
O que, claro, não aconteceu.
Então logo ela estava desistindo de dormir e sufocar, levantando-se com cuidado para não acordar o namorado e saindo do quarto. Com uma força de vontade equivalente a zero, praticamente arrastou os pés pelo corredor.
— Bom dia. — a voz não-tão animada de Harrison a cumprimentou assim que ela fez-se visível da cozinha, onde ele estava sentado, mexendo no próprio celular. — Dormiu bem?
O fato era que ela não havia tido nenhum pesadelo durante a noite, por incrível que pudesse parecer. Eles haviam ido dormir tarde, mas ainda assim o horário deixava claro que ela havia dormido bastante até. Por isso apenas balançou os ombros e foi até a mesa, sentando-se ao lado de Harrison.
— Não dormi mal, o que já é uma vitória. — um suspiro dela e uma risada dele. — Como estão as coisas?
— Menos loucas do que esperávamos. — era bom que ela e o rapaz já houvessem desenvolvido uma amizade forte o bastante para que ele soubesse que a pergunta de não se referia ao bem estar de Harrison e sim às consequências do que haviam feito no dia anterior. — Algumas notícias de “revelada namorada de Tom Holland!”, coisas assim. Fãs tristes. Em uma semana, ou menos, isso deixa de ser interessante.
balançou a cabeça, concordando. Era verdade, em questão de dias aquilo já teria praticamente sido esquecido, não havia muito com o que se preocupar. Depois disso era se preocupar com a própria vida, o que não era exatamente algo que deixava ansiosa. Ela então suspirou e abaixou a cabeça, batendo a testa contra a mesa em um alto “tuc”.
— Awn, . — um barulho de movimentação e logo ela sentiu a cadeira de Harrison praticamente colada à dela, os braços do rapaz se fechando ao seu redor. — Não fica triste, vai.
— Haz, você é uma graça, sabia? — ela riu e levantou a cabeça, se aconchegando no abraço do amigo. — Eu acho que eu e o Tom estaríamos completamente perdidos sem você.
— É, eu quem mantenho esse relacionamento de vocês nos trilhos. — ele riu com o leve tapa que deu na mão dele.
— Retiro o que disse. Não precisamos de você.
— Tarde demais. Eu já estou muito envolvido no controle de danos porque vocês dois são burros demais pra namorar de um jeito completamente discreto.
Então os dentes de se fecharam ao redor do braço de Harrison que a segurava próximo ao ombro da garota, dando uma forte mordida. Harrison deu um pequeno grito, puxando o braço por reflexo, quase acertando um tapa no queixo de .
— Sua louca! — ele esfregou o local da mordida.
— Você mereceu. — ela balançou os ombros e riu. Não havia mordido forte o bastante para deixar marca então estava tudo bem.
— Você não merece minha preocupação. — ele estreitou os olhos na direção da menina. — Me dá seu braço, tenho direito a morder de volta.
— Na verdade você tem direito nenhum, sai. — ela riu enquanto se desvencilhava da mão dele, que tentava de todo jeito puxar o braço dela para perto.
Os dois começaram uma brincadeira idiota em que Harrison tentava capturar o braço de e ela apenas desviava, ambos rindo alto feito duas crianças. Era uma brincadeira meio infantil, afinal. Mas ao menos eles se divertiam. Até a parte em que ouviram um barulho parecido com alguém limpando a garganta. Param o “pega-pega” e se viraram, encontrando Tom com uma expressão metade mal humorada, metade de sono, os cabelos bagunçados com fios para todo lado.
— ‘Tô atrapalhando? — ele perguntou com a voz meio rouca de sono.
— Bom dia, amor! — riu, dando um tapa na mão de Harrison, que tentou lhe alcançar enquanto achava que ela estava distraída.
— ‘Dia. — Tom revirou os olhos e foi até a mesa. — O que vocês estão fazendo?
— O idiota do seu amigo ‘tá tentando me morder. — ela lançou um olhar feio para Harrison, colocando a mão na bochecha dele e afastando-o dela.
— Eu ‘tô tentando exercer meu direito de vingança.
— Não existe direito de vingança!
— ‘Tá, chega vocês dois. — Tom revirou os olhos novamente e puxou para perto de si. — Já deu dessa brincadeira.
franziu as sobrancelhas, tentando entender o mau humor do namorado. Depois encarou Harrison, que parecia estar segurando uma risada, as sobrancelhas erguidas. Estava realmente acontecendo o que ela achava?
— Sério que você ‘tá com ciúmes? — quem disse foi Harrison, que logo não conseguia mais segurar a risada.
— Não. — Tom fez uma careta ainda maior, mas honestamente estava apenas achando que ele parecia uma criança incomodada, o que era fofinho. Não tinha nada a ver com quando eles haviam realmente brigado, parecia mais… Manha. — Para de rir!
— Você com ciúmes de mim e do Haz, amor? Sério?
— Vocês pediam ser menos grudados, é só o que quero dizer. — a maneira como Tom contorceu a boca fez com que e Harrison rissem ainda mais. Tom apenas revirou os olhos, bufando e apoiando o queixo no ombro da namorada e em seguida estendendo o celular dela. — Tanto faz. , seu celular tava tocando.
pegou o aparelho com um suspiro. Mais mensagens dos amigos, com certeza. Rapidamente abriu o aplicativo de conversa, vendo mais algumas mensagens muito parecidas com as que haviam acordado-a. Em especial o grupo de conversa dela com Maurie e Lori, e tantas, tantas mensagens de Lori chamando sua atenção que estava mais que óbvio porquê o celular vibrando havia sido o bastante para acordar Tom. Com um suspiro leu rapidamente o conteúdo das mensagens, soltando um sorriso e respondendo apenas com um “ok”.
— A Maurie e a Lori me chamaram para almoçar com elas. Eu vou, tudo bem?
— Claro. — Tom sorriu e balançou a cabeça, desencostando de e dando espaço para que ela se levantasse. — Eu vou com vo–
— Não. — Harrison cortou o amigo. — Desculpa, mas neste exato momento não acho que seja uma boa ideia. Melhor que a vá sozinha. Eu vou ter que fazer umas fotos a tarde, posso te levar para o restaurante, .
Ela fez uma careta e balançou a cabeça, confirmando, vendo Tom fazer uma careta mas também concordar. murmurou, avisando que tomaria um banho antes de ir. Achava que aquela situação não era nada legal, mas tinha apenas que acreditar em Harrison e que logo o choque passaria e tudo voltaria ao normal. Ou tão normal quanto ser namorada do Tom Holland poderia ser.
***
— … e aí tivemos que gravar aqueles stories e é por isso que o Tom não está aqui hoje, almoçando com a gente. — balançou os ombros, finalizando sua história.
Ela havia encontrado com Maurie e Lori no restaurante combinado – uma pausa para falar sobre Lori quase chorando ao conhecer Harrison – e então contado a história completa sobre como ela e Tom haviam assumido o namorado para o público por meio do instagram do amigo.
— Ai, , eu nem sei o que falar. — Maurie fez uma careta chateada. — Eu não consigo nem imaginar o que você ‘tá passando.
— Olha, não é muita coisa, pra ser sincera. — deu uma pequena risada que continha um pouco de humor. — Tem muita coisa muito pior que pode acontecer. Quer dizer, o Haz não mostrou nenhum comentário, e eu não tentei pesquisar pelo meu próprio bem, então imagino que não sei da pior parte. É só que… tudo isso aconteceu tão rápido, e bem quando falta quatro dias pra eu voltar pro Brasil que–
— Quantos dias? — Lori a interrompeu praticamente gritando, não alto o bastante para chamar atenção de todo o restaurante.
— Quatro.
— Você vai embora no domingo?! — dessa vez foi Maurie quem praticamente gritou. — , como que você não tinha contado isso pra gente?!
ficou em silêncio, olhando de Lori para Maurie. O que ela poderia falar? Que estava adiando aquela conversa por que não suportava mais o clima mórbido que já estava sentindo diariamente por saber que se afastaria de Tom e Haz e não queria que piorasse com as duas? É, era egoísmo mas fazer o quê, né.
— Desculpa. — foi apenas o que ela conseguiu falar.
— Que merda. — a testa de Lori provocou um “tuc” alto ao se encontrar com força contra a madeira da mesa. — Você foi forçada a assumir o relacionamento, vai embora domingo, a Maurie ‘tá pra ser demitida… por que tudo tem que dar errado ao mesmo tempo?
— Demitida? — arregalou os olhos, virando-se para uma Maurie que agora fazia uma careta chateada.
— Não tenho certeza, mas acho que sim. — a ruiva suspirou, cutucando Lori para que ela levantasse quando viu o garçom se aproximar com seus pedidos. — Desde que eu subi pra direção de arte nós não conseguimos fechar nenhum cliente grande. Nenhum cliente cancelou contrato, claro, mas também não teve nenhum novo. Eu tenho certeza que vão jogar em mim de alguma forma.
— Mas isso não deveria ser conversado com o atendimento?
— Sim, mas qualquer um pode falar que minhas campanhas não estão chamando tanto a atenção assim. Você sabe como é essa área…
As três ficaram um bom tempo em silêncio, não aproveitando tanto assim a refeição. Quer dizer, obviamente a comida era incrível mas nenhuma das três estava exatamente em um momento feliz. nem conseguia imaginar o tamanho da pressão que Maurie estava sofrendo no emprego. E mesmo que Lori não estivesse pessoalmente passando por um momento complicado, sabia que a loira estava extremamente preocupada com ela e Maurie porque Lori era o tipo de amiga que sofria em conjunto.
— ‘Tá, não, não tem como ficar assim! — Lori falou tão de repente que quase pulou, errando o corte de sua carne e derrubando um pouco de comida do prato. — O que vamos fazer: sexta vamos pra balada, uma dessas bem exclusivas porque aí você pode levar seu namorado, , e ninguém vai encher o saco de vocês. E nós vamos beber, dançar e esquecer por uma noite o tanto de merda que ‘tá acontecendo! Combinado?
Maurie e se olharam, rindo e concordando. Ainda bem que elas tinham Lori em suas vidas.
“OMG o que tá acontecendo?!”
“ do céu me explica isso!!!”
“MIGA SUA LOUCA POR QUE VOCÊ CONTOU PRO MUNDO???”
“, tá tudo bem? Se quiser conversar é só chamar!”
“Sabia que vocês iam decidir ir a público. Aposto que a Gisele já disse isso mas, se precisar conversar, é só chamar!”
“ eu estou hiperventilando! Chocadíssima, me explica isso!”
“Isso foi planejado? Não me diz que o Tom deixou escapar de novo!”
“Quem postou foi o Harrison, não o Tom.”
“Não é desculpa! , fala com a gente ou vamos aí agora te buscar!”
As mensagens de seus amigos não paravam de chegar. O frequência absurda com a qual seu celular vibrava havia sido o bastante para acordá-la às dez da manhã. Ao seu lado Tom ainda parecia dormir tranquilamente. Ela respirou fundo e colocou o celular de volta em cima do criado mudo, decidindo que por hora iria apenas ignorar as mensagens dos amigos. Em seguida deitou-se de bruços, enterrando o rosto no travesseiro e esperando que, se ficasse naquela posição tempo o bastante, acabaria sufocando e nunca mais precisaria lidar com a própria vida.
O que, claro, não aconteceu.
Então logo ela estava desistindo de dormir e sufocar, levantando-se com cuidado para não acordar o namorado e saindo do quarto. Com uma força de vontade equivalente a zero, praticamente arrastou os pés pelo corredor.
— Bom dia. — a voz não-tão animada de Harrison a cumprimentou assim que ela fez-se visível da cozinha, onde ele estava sentado, mexendo no próprio celular. — Dormiu bem?
O fato era que ela não havia tido nenhum pesadelo durante a noite, por incrível que pudesse parecer. Eles haviam ido dormir tarde, mas ainda assim o horário deixava claro que ela havia dormido bastante até. Por isso apenas balançou os ombros e foi até a mesa, sentando-se ao lado de Harrison.
— Não dormi mal, o que já é uma vitória. — um suspiro dela e uma risada dele. — Como estão as coisas?
— Menos loucas do que esperávamos. — era bom que ela e o rapaz já houvessem desenvolvido uma amizade forte o bastante para que ele soubesse que a pergunta de não se referia ao bem estar de Harrison e sim às consequências do que haviam feito no dia anterior. — Algumas notícias de “revelada namorada de Tom Holland!”, coisas assim. Fãs tristes. Em uma semana, ou menos, isso deixa de ser interessante.
balançou a cabeça, concordando. Era verdade, em questão de dias aquilo já teria praticamente sido esquecido, não havia muito com o que se preocupar. Depois disso era se preocupar com a própria vida, o que não era exatamente algo que deixava ansiosa. Ela então suspirou e abaixou a cabeça, batendo a testa contra a mesa em um alto “tuc”.
— Awn, . — um barulho de movimentação e logo ela sentiu a cadeira de Harrison praticamente colada à dela, os braços do rapaz se fechando ao seu redor. — Não fica triste, vai.
— Haz, você é uma graça, sabia? — ela riu e levantou a cabeça, se aconchegando no abraço do amigo. — Eu acho que eu e o Tom estaríamos completamente perdidos sem você.
— É, eu quem mantenho esse relacionamento de vocês nos trilhos. — ele riu com o leve tapa que deu na mão dele.
— Retiro o que disse. Não precisamos de você.
— Tarde demais. Eu já estou muito envolvido no controle de danos porque vocês dois são burros demais pra namorar de um jeito completamente discreto.
Então os dentes de se fecharam ao redor do braço de Harrison que a segurava próximo ao ombro da garota, dando uma forte mordida. Harrison deu um pequeno grito, puxando o braço por reflexo, quase acertando um tapa no queixo de .
— Sua louca! — ele esfregou o local da mordida.
— Você mereceu. — ela balançou os ombros e riu. Não havia mordido forte o bastante para deixar marca então estava tudo bem.
— Você não merece minha preocupação. — ele estreitou os olhos na direção da menina. — Me dá seu braço, tenho direito a morder de volta.
— Na verdade você tem direito nenhum, sai. — ela riu enquanto se desvencilhava da mão dele, que tentava de todo jeito puxar o braço dela para perto.
Os dois começaram uma brincadeira idiota em que Harrison tentava capturar o braço de e ela apenas desviava, ambos rindo alto feito duas crianças. Era uma brincadeira meio infantil, afinal. Mas ao menos eles se divertiam. Até a parte em que ouviram um barulho parecido com alguém limpando a garganta. Param o “pega-pega” e se viraram, encontrando Tom com uma expressão metade mal humorada, metade de sono, os cabelos bagunçados com fios para todo lado.
— ‘Tô atrapalhando? — ele perguntou com a voz meio rouca de sono.
— Bom dia, amor! — riu, dando um tapa na mão de Harrison, que tentou lhe alcançar enquanto achava que ela estava distraída.
— ‘Dia. — Tom revirou os olhos e foi até a mesa. — O que vocês estão fazendo?
— O idiota do seu amigo ‘tá tentando me morder. — ela lançou um olhar feio para Harrison, colocando a mão na bochecha dele e afastando-o dela.
— Eu ‘tô tentando exercer meu direito de vingança.
— Não existe direito de vingança!
— ‘Tá, chega vocês dois. — Tom revirou os olhos novamente e puxou para perto de si. — Já deu dessa brincadeira.
franziu as sobrancelhas, tentando entender o mau humor do namorado. Depois encarou Harrison, que parecia estar segurando uma risada, as sobrancelhas erguidas. Estava realmente acontecendo o que ela achava?
— Sério que você ‘tá com ciúmes? — quem disse foi Harrison, que logo não conseguia mais segurar a risada.
— Não. — Tom fez uma careta ainda maior, mas honestamente estava apenas achando que ele parecia uma criança incomodada, o que era fofinho. Não tinha nada a ver com quando eles haviam realmente brigado, parecia mais… Manha. — Para de rir!
— Você com ciúmes de mim e do Haz, amor? Sério?
— Vocês pediam ser menos grudados, é só o que quero dizer. — a maneira como Tom contorceu a boca fez com que e Harrison rissem ainda mais. Tom apenas revirou os olhos, bufando e apoiando o queixo no ombro da namorada e em seguida estendendo o celular dela. — Tanto faz. , seu celular tava tocando.
pegou o aparelho com um suspiro. Mais mensagens dos amigos, com certeza. Rapidamente abriu o aplicativo de conversa, vendo mais algumas mensagens muito parecidas com as que haviam acordado-a. Em especial o grupo de conversa dela com Maurie e Lori, e tantas, tantas mensagens de Lori chamando sua atenção que estava mais que óbvio porquê o celular vibrando havia sido o bastante para acordar Tom. Com um suspiro leu rapidamente o conteúdo das mensagens, soltando um sorriso e respondendo apenas com um “ok”.
— A Maurie e a Lori me chamaram para almoçar com elas. Eu vou, tudo bem?
— Claro. — Tom sorriu e balançou a cabeça, desencostando de e dando espaço para que ela se levantasse. — Eu vou com vo–
— Não. — Harrison cortou o amigo. — Desculpa, mas neste exato momento não acho que seja uma boa ideia. Melhor que a vá sozinha. Eu vou ter que fazer umas fotos a tarde, posso te levar para o restaurante, .
Ela fez uma careta e balançou a cabeça, confirmando, vendo Tom fazer uma careta mas também concordar. murmurou, avisando que tomaria um banho antes de ir. Achava que aquela situação não era nada legal, mas tinha apenas que acreditar em Harrison e que logo o choque passaria e tudo voltaria ao normal. Ou tão normal quanto ser namorada do Tom Holland poderia ser.
— … e aí tivemos que gravar aqueles stories e é por isso que o Tom não está aqui hoje, almoçando com a gente. — balançou os ombros, finalizando sua história.
Ela havia encontrado com Maurie e Lori no restaurante combinado – uma pausa para falar sobre Lori quase chorando ao conhecer Harrison – e então contado a história completa sobre como ela e Tom haviam assumido o namorado para o público por meio do instagram do amigo.
— Ai, , eu nem sei o que falar. — Maurie fez uma careta chateada. — Eu não consigo nem imaginar o que você ‘tá passando.
— Olha, não é muita coisa, pra ser sincera. — deu uma pequena risada que continha um pouco de humor. — Tem muita coisa muito pior que pode acontecer. Quer dizer, o Haz não mostrou nenhum comentário, e eu não tentei pesquisar pelo meu próprio bem, então imagino que não sei da pior parte. É só que… tudo isso aconteceu tão rápido, e bem quando falta quatro dias pra eu voltar pro Brasil que–
— Quantos dias? — Lori a interrompeu praticamente gritando, não alto o bastante para chamar atenção de todo o restaurante.
— Quatro.
— Você vai embora no domingo?! — dessa vez foi Maurie quem praticamente gritou. — , como que você não tinha contado isso pra gente?!
ficou em silêncio, olhando de Lori para Maurie. O que ela poderia falar? Que estava adiando aquela conversa por que não suportava mais o clima mórbido que já estava sentindo diariamente por saber que se afastaria de Tom e Haz e não queria que piorasse com as duas? É, era egoísmo mas fazer o quê, né.
— Desculpa. — foi apenas o que ela conseguiu falar.
— Que merda. — a testa de Lori provocou um “tuc” alto ao se encontrar com força contra a madeira da mesa. — Você foi forçada a assumir o relacionamento, vai embora domingo, a Maurie ‘tá pra ser demitida… por que tudo tem que dar errado ao mesmo tempo?
— Demitida? — arregalou os olhos, virando-se para uma Maurie que agora fazia uma careta chateada.
— Não tenho certeza, mas acho que sim. — a ruiva suspirou, cutucando Lori para que ela levantasse quando viu o garçom se aproximar com seus pedidos. — Desde que eu subi pra direção de arte nós não conseguimos fechar nenhum cliente grande. Nenhum cliente cancelou contrato, claro, mas também não teve nenhum novo. Eu tenho certeza que vão jogar em mim de alguma forma.
— Mas isso não deveria ser conversado com o atendimento?
— Sim, mas qualquer um pode falar que minhas campanhas não estão chamando tanto a atenção assim. Você sabe como é essa área…
As três ficaram um bom tempo em silêncio, não aproveitando tanto assim a refeição. Quer dizer, obviamente a comida era incrível mas nenhuma das três estava exatamente em um momento feliz. nem conseguia imaginar o tamanho da pressão que Maurie estava sofrendo no emprego. E mesmo que Lori não estivesse pessoalmente passando por um momento complicado, sabia que a loira estava extremamente preocupada com ela e Maurie porque Lori era o tipo de amiga que sofria em conjunto.
— ‘Tá, não, não tem como ficar assim! — Lori falou tão de repente que quase pulou, errando o corte de sua carne e derrubando um pouco de comida do prato. — O que vamos fazer: sexta vamos pra balada, uma dessas bem exclusivas porque aí você pode levar seu namorado, , e ninguém vai encher o saco de vocês. E nós vamos beber, dançar e esquecer por uma noite o tanto de merda que ‘tá acontecendo! Combinado?
Maurie e se olharam, rindo e concordando. Ainda bem que elas tinham Lori em suas vidas.
18.
Short, blusa, tênis. Aquele era o look mais básico de todo o universo mas era o que ela tinha. Em sua defesa, o short jeans era rasgado, a blusa escura era cropped e o tênis era vermelho e branco. Se adicionasse uma camisa xadrez vermelha e preta por cima ela teria um look de Pinterest e todo mundo sempre quer look de Pinterest. Claro que provavelmente Maurie e Lori estariam vestidas como verdadeiras celebridades, mas quem se importava? Não , com certeza.
Tom entrou no quarto, rindo de alguma piada que ela não havia ouvido. O rapaz usava uma camisa de botões escura com algumas flores estampadas e uma calça jeans de tom médio, lisa. Ele sorriu para , dirigindo-se até a cômoda e pegando alguma coisa na gaveta, colocando no bolso.
— O que é isso? — apontou na direção geral de Tom com um simples aceno da cabeça, esperando que ele entendesse a quê a pergunta se referia. O rapaz apenas riu, indo até e segurando a cintura dela onde a camisa não cobria. Ela franziu as sobrancelhas, desconfiada. — O que você ‘tá aprontando?
— Nada, só um remédio pra ressaca. — ele balançou os ombros, inclinando a cabeça e cobrindo a boca de em um rápido beijo. — Você é linda. — ele afastou os cachos dela, abrindo espaço na região do pescoço e começando a beijá-la ali.
— Nós não temos que ir? — ela riu, sentindo um leve arrepio na nuca.
— Ninguém vai ligar se nos atrasarmos.
Ela sentiu as mãos de Tom nas suas costas, descendo, e com muita facilidade ele a segurou no colo. Buscando maior sustentação, fechou as pernas ao redor de Tom, mais ou menos na altura da cintura do rapaz. Ele a segurou com firmeza, carregando-a até a cama e a soltando com menos cuidado do que ela esperava. Tom também subiu, ficando por cima de e a beijando novamente.
— Tom. — ela afastou o rosto, franzindo as sobrancelhas. — A gente vai atrasar.
— Sim. — o tom de voz dele deixava claro que ele não se importava.
Tom desceu pelo corpo de e logo seus beijos estavam passeando pela barriga dela, onde a blusa cropped não cobria. Ela abriu um pequeno sorriso, decidindo que não iria ligar de se atrasar alguns minutos. Uns dez, talvez. Sentiu os dedos de Tom sobre o botão de seu shorts, abrindo-o. Ela sorriu, movendo-se para que ele pudesse remover a peça, puxando o short junto com sua roupa íntima até seus joelhos.
Ela fechou os olhos quando sentiu Tom tocá-la, segurando um suspiro. Por mais que realmente quisesse aproveitar cada minuto daquilo e estender o máximo possível, ela sabia que eles precisavam ser rápidos. Por isso fez um gesto para que Tom não “perdesse tempo” com preliminares – merda, amava tanto preliminares! – e fosse direto ao ponto. Sem questionar, Tom desabotoou a própria calça, abaixando-a.
— Casal, nós precisamos ir! — duas batidas na porta e a voz de Harrison do outro lado.
Tom e congelaram. Não era possível.
— Sai daqui, Harrison! — ela gritou, bufando e vendo Tom começar a rir.
— Mas nós precisamos ir!
— Sai! Daqui! — ela gritou novamente, travando o maxilar em seguida e segurando-se para não rosnar de tanta raiva que sentia do amigo. O clima estava oficialmente morto.
— Só um… Ou dois minutos e já vamos, Haz. — Tom respondeu com um suspiro, voltando a fechar a própria calça e se sentando na cama ao lado de .
Ela revirou os olhos, subindo a calcinha e o short e o abotoando. Como ela odiava Harrison. e Tom ficaram no mais completo silêncio por dois minutos, apenas esperando que o rapaz pudesse se recompor.
— Eu quero matar o Haz. — ela comentou em um sussurro.
— Dois. — Tom riu, levantando-se e fazendo um sinal para que eles saíssem do quarto. — Harrison, eu juro que vou te matar. — Tom comentou assim que eles chegaram na sala, onde Harrison os esperava com uma expressão impaciente.
— Ah não, sério que vocês– Não, esquece. — o loiro apenas revirou os olhos. — A Lori mandou mensagem pra mim avisando que elas já estão nos esperando na porta da balada, e eu nem sabia que ela tinha meu número. Não dava pra esperar vocês dois gozarem.
— Haz! — bufou e cobriu o rosto com as duas mãos, sentindo uma enorme onda de vergonha. Por que sempre que alguém comentava sobre a vida sexual dela tão casualmente ela se sentia tão sem graça?
— Quando a gente chegar vocês podem quebrar a cama de tanto foder, mas agora realmente precisamos ir. — dessa vez Harrison e Tom riram do gemido de tristeza que soltou e logo os três estava saindo de casa. realmente esperava que a promessa de Lori de esquecer as merdas por uma noite fosse ser cumprida.
***
Uma coisa interessante sobre baladas era que elas sempre pareciam exatamente iguais. Então aquele local era muito parecido com o que Lori e Maurie haviam levado há alguns dias. Apesar de claramente ser mais caro porque tinha certeza de que, se juntasse as roupas de todas pessoas ali, não daria tudo o que ela havia gastado em sua vida. E não era exagero.
Infelizmente essa festa em específico não era open bar, então ela realmente estava tentando não exagerar na bebida. O que era difícil porque toda hora Tom, Harrison, Lori ou Maurie apareciam com uma nova bebida em mãos, oferecendo para . Ela era muito claramente a amiga pobre do rolê.
No início até tentava negar, mas após o quarto copo de alguma bebida com muita vodca ela já não estava mais se importando, aceitando praticamente tudo o que seus amigos colocavam em sua mão, e logo ela mesma estava pedindo para o bartender umas bebidas mais caras e das quais ela com certeza se arrependeria no futuro.
Em algum momento Lori e Maurie a levaram para a pista de dança, onde as três dançavam no ritmo de alguma música eletrônica da moda. reclamou de não tocar funk e como aquele país precisava de um pouco de funk para melhorar as baladas, mas como nenhuma das duas entendia o que queria dizer ela acabou desistindo e apenas aceitando que teria de dançar músicas eletrônicas.
não viu exatamente como ou quando, mas logo Lori havia se afastado com alguma outra garota, deixando apenas Maurie e na pista de dança. Não muito tempo depois Harrison se aproximou, pedindo licença e puxando Maurie para longe, deixando apenas na pista.
O que era um saco.
Ela bufou e voltou para o bar, pegando uma dose de vodca pura porque o sabor era simplesmente maravilhoso. Começou então a andar sem rumo pela balada, vendo vários jovens dançando, se beijando. Ela virou sua dose de vodca de uma vez, e o simples fato de que havia sentindo absolutamente nada ao beber aquela quantidade de álcool naquela rapidez deveria ser um bom indicativo de que ela já havia bebido demais. O que, claro, ignorou.
Pela meia hora em que ficou sozinha na festa, andando de um lado para o outro, pegou mais e mais bebidas, ingerindo-as cada vez mais rápido. Dentro de si existia uma voz baixa que dizia que aquela era provavelmente uma péssima ideia mas se ela estivesse em condições de pensar direito…
Após tempo demais rodando sozinha, finalmente conseguiu encontrar Tom em um canto, parecendo conversar animadamente com uma moça que ela sabia que não conhecia mas, ao mesmo tempo, tinha a impressão de que já havia visto-a – provavelmente pela própria balada, óbvio. se aproximou dos dois, um sorriso enorme no rosto.
— Amoooooor! — ela falou arrastado, praticamente se jogando em Tom, sentindo os braços dele se fecharem ao redor dela e a segurando. Helan tinha certeza que, não fosse pelo namorado, ela teria beijado o chão. Olhou para a menina e abriu um enorme sorriso. — Oi, você. Eu sou a .
— Oi, . — a menina riu, acenando. — Você é a -namorada-do-Tom que ele não para de falar sobre?
— Eu! Sim, sou. Eu. — ela riu de si mesma. Não tinha percebido que estava com dificuldades de formular frases. Hum. Interessante.
— E ela está completamente bêbada, aparentemente. — Tom riu, apertando um pouco mais contra si, a lançando um olhar preocupado. — Será que a Lori vai demorar muito?
— Não sei, a fila do banheiro tava meio grande… — a garota respondeu também com um olhar preocupado. Ah, era isso! Era a garota que estava ficando com Lori.
— Eu ‘tô achando que vou ter que levar essa aqui pra casa… — o rapaz apontou para , arrancando uma risada da menina.
— Eu não ‘tô bêbada! Você que ‘tá embaçado! — falou alto, afastando-se de Tom e ficando de pé sem a ajuda dele. Por dois segundos. Os reflexos dela estavam tão comprometidos que sequer conseguiu amortecer a própria queda com as mãos, o rosto batendo com força contra o chão.
— Você ‘tá ótima. — ela novamente sentiu os braços fortes de Tom ao seu redor, levantando-a com alguma facilidade. Era bom ter um namorado forte. — Eu realmente acho melhor levar ela para casa. Você avisa a Lori, por favor?
— Aviso. Foi um prazer te conhecer, Tom. E você também, .
— Eu sou prazer! Quer dizer, eu também! — franziu as sobrancelhas sem conseguir se entender.
— Até mais! — Tom riu e logo sentiu-se ser praticamente carregada pela balada.
não se lembrava de ter pagado a conta. Ou de ter entrado no Uber. Ou de ter entrado no elevador. De repente ela estava entrando em casa, praticamente nos braços de Tom. Ela não fazia ideia de que horas eram, mas sabia ser tarde.
— Nós temos que fazer silêncio. — levou o indicador ao lábio e fez um sonoro “shhhh".
Tom revirou os olhos, segurando a namorada pela cintura, tentando ajudá-la e a se movimentar. Ela tentou andar até o sofá mas por algum motivo o chão não estava mais plano. Ela realmente não entendia o que estava acontecendo. Logo sentiu Tom a segurando novamente. Pronto, agora não conseguia nem ficar em pé sem ajuda.
— Não precisa fazer silêncio, . Só estamos nós dois em casa.
— Cadê o Haz? A gente esqueceu o Haz! — ela tentou se ajeitar melhor, mas ainda tinha dificuldades em permanecer de pé sem a ajuda do namorado.
— Ele ficou na festa, amor. Senta aqui, vou pegar um copo d'água pra você. — Tom a guiou até o sofá, em seguida pegando um enorme copo d'água e entregando para a namorada. levou o copo à boca, deixando que algumas gotas escorrerem por seu queixo.
— O Haz ficou sozinho?! Tom, a gente tem que buscar ele! — a voz dela atropelava as sílabas, nada fazendo muito sentido.
— Ele ficou com a Maurie e a Lori, . — Tom suspirou, sentando-se ao lado dela e sentindo um forte cheiro de álcool. — Você derrubou bebida em você mesma?
Ela franziu as sobrancelhas e levantou a gola da própria blusa, cheirando e franzindo as sobrancelhas em seguida fazendo uma careta e dando uma risadinha culpa. De repente uma memória estalou na mente de , seus olhos arregalando.
— Tom, a Maurie e o Harrison ficaram!
— Foi o que eu disse, eles ficaram na festa…
— Não, Tom! Tipo, beijando! — balançou a cabeça e se arrependeu na mesma hora. — Eu tava dançando com a Maurie aí o Haz veio e eu nunca mais vi eles!
— Sem ofensa, amor, mas acho que nesse nível de bêbada você não viu muita coisa. — ele riu e ela sabia que, se estivesse conseguindo processar bem as coisas, teria ficado levemente brava. — Eu duvido que eles tenham ficado desse jeito. Mas depois a gente pergunta pra eles. Agora vem, é melhor você tomar um banho.
Ele foi com ela até o banheiro, apenas observando quando ela tentou tirar o short e quase caiu contra o boxe, sendo segurada por Tom. Ele então pediu para que ela se apoiasse na pia, abrindo o short da namorada e o puxando para baixo. Depois pediu para que a garota permanecesse apoiada na pia, segurando a barra da blusa de e subindo-a por sua corpo, deixando a namorada apenas com a roupa íntima.
— Nós vamos transar no chuveiro? — ela perguntou animada demais, o que fez Tom rir um pouco.
— De jeito nenhum. — ele riu da careta que ela fez enquanto ele tirava o sutiã dela.
— Por quê? Eu sei que você também gosta, e temos que continuar o que começamos antes da festa. Você parecia bem animado aquela hora.
— Eu estava, mas agora você está totalmente bêbada, . — ele finalmente tirou a calcinha dela, a guiando para baixo do chuveiro. — Você acha que consegue tomar banho sozinha?
— Eu não sou uma criança, Tom! — ela reclamou antes de escorregar de novo e se segurar nele.
Ele riu, pedindo para que ela esperasse um minuto, apenas o tempo para que ele também se despisse e entrasse embaixo do chuveiro com a namorada. Apesar das palavras de , Tom sentia como se estivesse cuidando de uma criança, ajudando-a a se ensaboar, segurando o cabelo dela para que não molhasse e depois ajudou-a a se secar. Enrolados na toalha, Tom os guiou até a cama, dando apenas uma camisola para que a vestisse e ele mesmo colocando apenas uma cueca.
Ele então se deitou ao lado da namorada, que já fechava os olhos, mas um sorriso enorme ainda em seu rosto.
— Eu nunca mais te deixo beber tanto. — ele balançou a cabeça, vendo-a dar uma risada culpada.
— Desculpa, amor. Eu prometo que me comporto na próxima.
— Você se comportar? Qual seria a graça?
Ele a abraçou, deixando que se apoiasse no peito dele e dormisse.
Tom entrou no quarto, rindo de alguma piada que ela não havia ouvido. O rapaz usava uma camisa de botões escura com algumas flores estampadas e uma calça jeans de tom médio, lisa. Ele sorriu para , dirigindo-se até a cômoda e pegando alguma coisa na gaveta, colocando no bolso.
— O que é isso? — apontou na direção geral de Tom com um simples aceno da cabeça, esperando que ele entendesse a quê a pergunta se referia. O rapaz apenas riu, indo até e segurando a cintura dela onde a camisa não cobria. Ela franziu as sobrancelhas, desconfiada. — O que você ‘tá aprontando?
— Nada, só um remédio pra ressaca. — ele balançou os ombros, inclinando a cabeça e cobrindo a boca de em um rápido beijo. — Você é linda. — ele afastou os cachos dela, abrindo espaço na região do pescoço e começando a beijá-la ali.
— Nós não temos que ir? — ela riu, sentindo um leve arrepio na nuca.
— Ninguém vai ligar se nos atrasarmos.
Ela sentiu as mãos de Tom nas suas costas, descendo, e com muita facilidade ele a segurou no colo. Buscando maior sustentação, fechou as pernas ao redor de Tom, mais ou menos na altura da cintura do rapaz. Ele a segurou com firmeza, carregando-a até a cama e a soltando com menos cuidado do que ela esperava. Tom também subiu, ficando por cima de e a beijando novamente.
— Tom. — ela afastou o rosto, franzindo as sobrancelhas. — A gente vai atrasar.
— Sim. — o tom de voz dele deixava claro que ele não se importava.
Tom desceu pelo corpo de e logo seus beijos estavam passeando pela barriga dela, onde a blusa cropped não cobria. Ela abriu um pequeno sorriso, decidindo que não iria ligar de se atrasar alguns minutos. Uns dez, talvez. Sentiu os dedos de Tom sobre o botão de seu shorts, abrindo-o. Ela sorriu, movendo-se para que ele pudesse remover a peça, puxando o short junto com sua roupa íntima até seus joelhos.
Ela fechou os olhos quando sentiu Tom tocá-la, segurando um suspiro. Por mais que realmente quisesse aproveitar cada minuto daquilo e estender o máximo possível, ela sabia que eles precisavam ser rápidos. Por isso fez um gesto para que Tom não “perdesse tempo” com preliminares – merda, amava tanto preliminares! – e fosse direto ao ponto. Sem questionar, Tom desabotoou a própria calça, abaixando-a.
— Casal, nós precisamos ir! — duas batidas na porta e a voz de Harrison do outro lado.
Tom e congelaram. Não era possível.
— Sai daqui, Harrison! — ela gritou, bufando e vendo Tom começar a rir.
— Mas nós precisamos ir!
— Sai! Daqui! — ela gritou novamente, travando o maxilar em seguida e segurando-se para não rosnar de tanta raiva que sentia do amigo. O clima estava oficialmente morto.
— Só um… Ou dois minutos e já vamos, Haz. — Tom respondeu com um suspiro, voltando a fechar a própria calça e se sentando na cama ao lado de .
Ela revirou os olhos, subindo a calcinha e o short e o abotoando. Como ela odiava Harrison. e Tom ficaram no mais completo silêncio por dois minutos, apenas esperando que o rapaz pudesse se recompor.
— Eu quero matar o Haz. — ela comentou em um sussurro.
— Dois. — Tom riu, levantando-se e fazendo um sinal para que eles saíssem do quarto. — Harrison, eu juro que vou te matar. — Tom comentou assim que eles chegaram na sala, onde Harrison os esperava com uma expressão impaciente.
— Ah não, sério que vocês– Não, esquece. — o loiro apenas revirou os olhos. — A Lori mandou mensagem pra mim avisando que elas já estão nos esperando na porta da balada, e eu nem sabia que ela tinha meu número. Não dava pra esperar vocês dois gozarem.
— Haz! — bufou e cobriu o rosto com as duas mãos, sentindo uma enorme onda de vergonha. Por que sempre que alguém comentava sobre a vida sexual dela tão casualmente ela se sentia tão sem graça?
— Quando a gente chegar vocês podem quebrar a cama de tanto foder, mas agora realmente precisamos ir. — dessa vez Harrison e Tom riram do gemido de tristeza que soltou e logo os três estava saindo de casa. realmente esperava que a promessa de Lori de esquecer as merdas por uma noite fosse ser cumprida.
Uma coisa interessante sobre baladas era que elas sempre pareciam exatamente iguais. Então aquele local era muito parecido com o que Lori e Maurie haviam levado há alguns dias. Apesar de claramente ser mais caro porque tinha certeza de que, se juntasse as roupas de todas pessoas ali, não daria tudo o que ela havia gastado em sua vida. E não era exagero.
Infelizmente essa festa em específico não era open bar, então ela realmente estava tentando não exagerar na bebida. O que era difícil porque toda hora Tom, Harrison, Lori ou Maurie apareciam com uma nova bebida em mãos, oferecendo para . Ela era muito claramente a amiga pobre do rolê.
No início até tentava negar, mas após o quarto copo de alguma bebida com muita vodca ela já não estava mais se importando, aceitando praticamente tudo o que seus amigos colocavam em sua mão, e logo ela mesma estava pedindo para o bartender umas bebidas mais caras e das quais ela com certeza se arrependeria no futuro.
Em algum momento Lori e Maurie a levaram para a pista de dança, onde as três dançavam no ritmo de alguma música eletrônica da moda. reclamou de não tocar funk e como aquele país precisava de um pouco de funk para melhorar as baladas, mas como nenhuma das duas entendia o que queria dizer ela acabou desistindo e apenas aceitando que teria de dançar músicas eletrônicas.
não viu exatamente como ou quando, mas logo Lori havia se afastado com alguma outra garota, deixando apenas Maurie e na pista de dança. Não muito tempo depois Harrison se aproximou, pedindo licença e puxando Maurie para longe, deixando apenas na pista.
O que era um saco.
Ela bufou e voltou para o bar, pegando uma dose de vodca pura porque o sabor era simplesmente maravilhoso. Começou então a andar sem rumo pela balada, vendo vários jovens dançando, se beijando. Ela virou sua dose de vodca de uma vez, e o simples fato de que havia sentindo absolutamente nada ao beber aquela quantidade de álcool naquela rapidez deveria ser um bom indicativo de que ela já havia bebido demais. O que, claro, ignorou.
Pela meia hora em que ficou sozinha na festa, andando de um lado para o outro, pegou mais e mais bebidas, ingerindo-as cada vez mais rápido. Dentro de si existia uma voz baixa que dizia que aquela era provavelmente uma péssima ideia mas se ela estivesse em condições de pensar direito…
Após tempo demais rodando sozinha, finalmente conseguiu encontrar Tom em um canto, parecendo conversar animadamente com uma moça que ela sabia que não conhecia mas, ao mesmo tempo, tinha a impressão de que já havia visto-a – provavelmente pela própria balada, óbvio. se aproximou dos dois, um sorriso enorme no rosto.
— Amoooooor! — ela falou arrastado, praticamente se jogando em Tom, sentindo os braços dele se fecharem ao redor dela e a segurando. Helan tinha certeza que, não fosse pelo namorado, ela teria beijado o chão. Olhou para a menina e abriu um enorme sorriso. — Oi, você. Eu sou a .
— Oi, . — a menina riu, acenando. — Você é a -namorada-do-Tom que ele não para de falar sobre?
— Eu! Sim, sou. Eu. — ela riu de si mesma. Não tinha percebido que estava com dificuldades de formular frases. Hum. Interessante.
— E ela está completamente bêbada, aparentemente. — Tom riu, apertando um pouco mais contra si, a lançando um olhar preocupado. — Será que a Lori vai demorar muito?
— Não sei, a fila do banheiro tava meio grande… — a garota respondeu também com um olhar preocupado. Ah, era isso! Era a garota que estava ficando com Lori.
— Eu ‘tô achando que vou ter que levar essa aqui pra casa… — o rapaz apontou para , arrancando uma risada da menina.
— Eu não ‘tô bêbada! Você que ‘tá embaçado! — falou alto, afastando-se de Tom e ficando de pé sem a ajuda dele. Por dois segundos. Os reflexos dela estavam tão comprometidos que sequer conseguiu amortecer a própria queda com as mãos, o rosto batendo com força contra o chão.
— Você ‘tá ótima. — ela novamente sentiu os braços fortes de Tom ao seu redor, levantando-a com alguma facilidade. Era bom ter um namorado forte. — Eu realmente acho melhor levar ela para casa. Você avisa a Lori, por favor?
— Aviso. Foi um prazer te conhecer, Tom. E você também, .
— Eu sou prazer! Quer dizer, eu também! — franziu as sobrancelhas sem conseguir se entender.
— Até mais! — Tom riu e logo sentiu-se ser praticamente carregada pela balada.
não se lembrava de ter pagado a conta. Ou de ter entrado no Uber. Ou de ter entrado no elevador. De repente ela estava entrando em casa, praticamente nos braços de Tom. Ela não fazia ideia de que horas eram, mas sabia ser tarde.
— Nós temos que fazer silêncio. — levou o indicador ao lábio e fez um sonoro “shhhh".
Tom revirou os olhos, segurando a namorada pela cintura, tentando ajudá-la e a se movimentar. Ela tentou andar até o sofá mas por algum motivo o chão não estava mais plano. Ela realmente não entendia o que estava acontecendo. Logo sentiu Tom a segurando novamente. Pronto, agora não conseguia nem ficar em pé sem ajuda.
— Não precisa fazer silêncio, . Só estamos nós dois em casa.
— Cadê o Haz? A gente esqueceu o Haz! — ela tentou se ajeitar melhor, mas ainda tinha dificuldades em permanecer de pé sem a ajuda do namorado.
— Ele ficou na festa, amor. Senta aqui, vou pegar um copo d'água pra você. — Tom a guiou até o sofá, em seguida pegando um enorme copo d'água e entregando para a namorada. levou o copo à boca, deixando que algumas gotas escorrerem por seu queixo.
— O Haz ficou sozinho?! Tom, a gente tem que buscar ele! — a voz dela atropelava as sílabas, nada fazendo muito sentido.
— Ele ficou com a Maurie e a Lori, . — Tom suspirou, sentando-se ao lado dela e sentindo um forte cheiro de álcool. — Você derrubou bebida em você mesma?
Ela franziu as sobrancelhas e levantou a gola da própria blusa, cheirando e franzindo as sobrancelhas em seguida fazendo uma careta e dando uma risadinha culpa. De repente uma memória estalou na mente de , seus olhos arregalando.
— Tom, a Maurie e o Harrison ficaram!
— Foi o que eu disse, eles ficaram na festa…
— Não, Tom! Tipo, beijando! — balançou a cabeça e se arrependeu na mesma hora. — Eu tava dançando com a Maurie aí o Haz veio e eu nunca mais vi eles!
— Sem ofensa, amor, mas acho que nesse nível de bêbada você não viu muita coisa. — ele riu e ela sabia que, se estivesse conseguindo processar bem as coisas, teria ficado levemente brava. — Eu duvido que eles tenham ficado desse jeito. Mas depois a gente pergunta pra eles. Agora vem, é melhor você tomar um banho.
Ele foi com ela até o banheiro, apenas observando quando ela tentou tirar o short e quase caiu contra o boxe, sendo segurada por Tom. Ele então pediu para que ela se apoiasse na pia, abrindo o short da namorada e o puxando para baixo. Depois pediu para que a garota permanecesse apoiada na pia, segurando a barra da blusa de e subindo-a por sua corpo, deixando a namorada apenas com a roupa íntima.
— Nós vamos transar no chuveiro? — ela perguntou animada demais, o que fez Tom rir um pouco.
— De jeito nenhum. — ele riu da careta que ela fez enquanto ele tirava o sutiã dela.
— Por quê? Eu sei que você também gosta, e temos que continuar o que começamos antes da festa. Você parecia bem animado aquela hora.
— Eu estava, mas agora você está totalmente bêbada, . — ele finalmente tirou a calcinha dela, a guiando para baixo do chuveiro. — Você acha que consegue tomar banho sozinha?
— Eu não sou uma criança, Tom! — ela reclamou antes de escorregar de novo e se segurar nele.
Ele riu, pedindo para que ela esperasse um minuto, apenas o tempo para que ele também se despisse e entrasse embaixo do chuveiro com a namorada. Apesar das palavras de , Tom sentia como se estivesse cuidando de uma criança, ajudando-a a se ensaboar, segurando o cabelo dela para que não molhasse e depois ajudou-a a se secar. Enrolados na toalha, Tom os guiou até a cama, dando apenas uma camisola para que a vestisse e ele mesmo colocando apenas uma cueca.
Ele então se deitou ao lado da namorada, que já fechava os olhos, mas um sorriso enorme ainda em seu rosto.
— Eu nunca mais te deixo beber tanto. — ele balançou a cabeça, vendo-a dar uma risada culpada.
— Desculpa, amor. Eu prometo que me comporto na próxima.
— Você se comportar? Qual seria a graça?
Ele a abraçou, deixando que se apoiasse no peito dele e dormisse.
19.
se sentia péssima.
Ela estava sentada no chão, encarando a cama, onde sua mala estava fechada, com todas as roupas guardadas. A bagagem de mão também estava ali, fechada, com sua escova de dentes, pente, maquiagens e alguns remédios. Tudo estava pronto para que fosse embora de Los Angeles.
Ela suspirou, o olhar voltado para as malas mas sem realmente olhá-las. Sua mente estava completamente perdida no fato de que dali poucos minutos ela iria pegar um Uber para o aeroporto – e por mais que ela quisesse muito que Tom a levasse, sabia que ele não podia porque a droga do mundo ainda queria descobrir mais sobre a namorada de Tom Holland e eles não podiam deixar que a descoberta fosse justo sobre ela pegando uma droga de avião para o Brasil.
Finalmente se levantou, pegando as malas e as arrastando até a sala, onde Tom, Harrison e Jacob já a aguardavam. Assim que viu os três, sentiu a maior vontade do mundo de chorar. A despedida era um momento péssimo, o pior de todos. Um que ela realmente não queria enfrentar. Mas seu Uber chegaria em quinze minutos para a viagem agendada.
— Ah, … — Harrison foi o primeiro a falar, aproximando-se da garota e lhe dando um abraço absurdamente apertado. — Eu vou sentir tanto a sua falta…
— Eu também vou sentir a sua. — a voz dela soou abafada, o rosto dela escondido no corpo de Harrison. Era péssimo lembrar que logo menos não mais teria-o implicando com ela diariamente. — Me promete que você vai continuar cuidando do Tom?
— É literalmente meu trabalho. — o loiro deu aquela famosa risada sem humor, se afastando da menina após mais alguns segundos.
Depois foi a vez de Jacob abrir os braços, deixando que se perdesse em mais um abraço. Ela pensou que em seu tempo em Los Angeles não havia passado tanto tempo com Jacob como gostaria e aquilo era realmente um de seus maiores arrependimentos. Mas era tarde demais.
— Obrigada por ter sido a pessoa responsável por uma das melhores coisas da minha vida. — ela sussurrou para que apenas o rapaz escutasse.
— Obrigado por ser tão incrível e por fazer meu amigo tão feliz. — as palavras de Jacob deixaram o coração da garota ainda mais apertado enquanto eles partiam o abraço.
Então havia Tom.
O rapaz lhe encarava com um sorriso pequeno e tão claramente forçado que parecia doer. Ela ouviu Harrison e Jacob falarem algo sobre deixar os dois a sós mas nem prestou muita atenção. De fato logo estavam apenas os dois na sala e sentiu-se finalmente segura para chorar. Ela e Tom se mexeram exatamente ao mesmo tempo, os corpos se buscando em um abraço tão apertado quanto o de Harrison, mas com muito mais sentimentos do que ela sequer seria capaz de descrever.
se sentia triste e brava. Por um mês ela e Tom haviam deixado de conversar a respeito daquele dia, de sua partida. Por um mês inteiro, sempre que aquele assunto chegava, Tom dizia que as coisas dariam certo.
Mas não deram.
Por que ela estava com as malas prontas e ia pegar o avião de volta ao Brasil em poucas horas.
Nada tinha dado certo.
Nada.
— Eu te amo. — ele sussurrou e ela sentiu vontade de gritar. Ela também amava ele, óbvio. E isso tornava tudo ainda pior.
— Eu te amo. — ela repetiu e fungou, afastando-se do abraço e secando as lágrimas. — Eu vou sentir sua falta.
— Eu te prometo que, na minha primeira folga maior, eu é quem vou te visitar no Brasil. — ele acariciou a bochecha dela, seus olhos também avermelhados por conta das lágrimas.
— Aí vou te levar pra um tour incrível pela minha cidade. E você vai conhecer a Eduarda, a Gisele e o Juliano pessoalmente. E o Flávio e a Thaís, porque família. E… merda. — ela voltou a se aproximar dele, beijando-o com toda vontade, como se aquele fosse de fato o último beijo deles.
Porque, por tempo indeterminado, realmente era o último beijo.
Ela sentiu o celular vibrar no bolso, afastando-se de Tom e vendo uma mensagem do motorista do Uber, avisando que havia se adiantado uns minutos e já estava no portão do prédio, aguardando-a. Ela engoliu em seco, avisando que já estava descendo.
Chamou Harrison e Jacob novamente, vendo-os pegar as malas dela e a acompanhar até o elevador. Haviam combinado que ela desceria sozinha, e entraria sozinha no Uber. Nunca sabia se algum paparazzi estaria de tocaia pelos arredores. Com um último abraço nos amigos e um último beijo no namorado, entrou no elevador, vendo a porta se fechar e separá-los pelo que seria um longo tempo.
***
Ela chorou por todo o trajeto até o aeroporto. Tinha certeza que o motorista do Uber estava preocupado – ou desesperado – e ele até mesmo tinha perguntado se ela queria fazer uma parada ou voltar, mas havia dito que tudo estava bem e eles podiam continuar. Não tinha certeza se o motorista havia entendido, já que o inglês com sotaque brasileiro misturado com muito choro não era exatamente eloquente.
Quando ela desceu e viu o carro do Uber partindo, a realidade pareceu ainda mais pesada. Tudo o que restava era continuar seu caminho, entrar no avião e voltar para sua vida. Mas ela mal teve tempo de chegar dentro do aeroporto quando seu celular começou a tocar – o que a fez lembrar que logo ela teria que aposentar aquele número.
— ! — a voz de Maurie soou ansiosa do outro lado. — , onde você ‘tá?
— Entrando no aeroporto. Por quê?
— Não entra! Sai daí! Pega um Uber e vem pro nosso café! — “nosso café”, aquele mesmo de quando elas se conheceram e saíram juntas pela primeira vez.
— Não dá, Maurie. Logo meu voo sai, eu tenho que fazer o check-in e essas coisas chatas.
— Você não tá entendendo, . — a garota suspirou do outro lado da linha, a voz ainda desesperada. — Não é pra você fazer check-in e entrar nesse voo. Você tem que vir me encontrar.
— O que ‘tá acontecendo?
— Só vem e, se você ainda precisar, eu juro que eu mesma compro uma passagem para você voltar para o Brasil.
***
— Eu não ‘tô acreditando que aceitei essa sua loucura. — arrastou as malas pelo café, sentando-se de frente para Maurie, que exibia um sorriso aliviado.
— E eu ‘tô feliz de ter te alcançado a tempo. — a ruiva sorriu, fazendo um sinal para que o garçom se aproximasse e ela mesma pedisse um café preto para .
— Você não deveria ter pedido nada. — a brasileira disse enquanto via o garçom se afastar. — Eu ainda preciso voltar para o aeroporto.
— Ou não. Aconteceu uma coisa.
2 dias antes, na balada
— Uau, vocês estão arrasando nessa dança. — Harrison riu enquanto se aproximava de Maurie e , que dançavam de uma maneira bastante desengonçada (especialmente ). — Ei, eu preciso um pouquinho da Maurie. Já devolvo.
Ele fez um sinal para a ruiva o acompanhasse, saindo do local onde a música alta tocava e indo até a área de fumante, onde várias pessoas conversavam ao ar livre. Conforme se aproximavam de um rapaz não tão mais velho que eles, Maurie fez uma careta desconfiada.
— Maurie, esse é um amigo meu, Gerald. Gerald, essa é a Maurie, daquela agência que eu tava te falando. — Maurie então abriu um enorme sorriso, apertando a mão de Gerald educadamente, vendo o homem repetir o gesto. — O Gerald trabalha em uma das partes responsáveis pela comunicação dentro da Sony. A gente se conheceu na época que o Tom tava filmando Homecoming.
— Ah. — ela abriu a boca, levemente chocada, mas se recuperou rapidamente. — É um prazer.
— O prazer é meu. — Gerald sorriu, apagando o próprio cigarro e desencostando da parede. — O Haz me contou que sua agência está procurando novos clientes, certo? — um olhar rápido de Maurie claramente perguntava “como você sabe”, portanto Haz apenas movimentou os lábios dizendo “”.
— Sim, nós estamos querendo fechar novas parcerias. Já trabalhamos com alguns nomes grandes, mas esperamos…
Harrison sorriu e se afastou, deixando que os dois conversassem sobre negócios. Em uma balada. Pela noite inteira.
— … e então ontem, no sábado, o Gerald foi até a agência, eu apresentei trocentas campanhas e agora de manhã ele me ligou para nós podermos assinar o contrato amanhã! — o sorriso de Maurie ia de orelha a orelha, iluminando seu rosto. — A agência vai fechar um contrato com a Sony!
— Maurie, isso é incrível! — imitou o sorriso da amiga. Não tinha como aquilo ser melhor. Aliás, Harrison era incrível. — Você merece!
— Não, , eu tenho que te falar a melhor parte. — as mãos de Maurie atravessaram a mesa, esperando que as segurasse, o que a brasileira fez rapidamente. — Eu vou precisar de mais gente na minha equipe e eu quero você!
continuou segurando a mão de Maurie, completamente estática. Ela queria falar alguma coisa, queria agradecer, gritar, chorar, rir, fazer tudo ao mesmo tempo. Porque sua amiga havia acabado de lhe oferecer um emprego para que ela continuasse ali, em Los Angeles. Aquela era simplesmente a melhor coisa que poderia acontecer em sua vida. E mesmo que não fosse especificamente Marketing, que era de fato sua área, design também era algo que gostava.
E ela poderia ficar ali.
Em Los Angeles.
Com Tom.
Então começou a chorar. Aquele estava sendo um dia absurdamente emocional e ela simplesmente não tinha preparação psicológica para lidar com o tanto de informação que lhe estava sendo apresentada. Maurie se levantou, arrastando a cadeira para o lado de e a abraçando a garota. A brasileira se deixou enterrar o rosto no ombro de Maurie, mesmo sabendo que estava molhando a ruiva com suas lágrimas.
— Maurie, isso… — ela fungou, afastando a cabeça do ombro da amiga, as lágrimas ainda se acumulando em seus olhos. — Eu nem sei o que dizer.
— É só dizer que aceita, . — a ruiva acariciava as costas de . — De maneira indireta, eu só tive essa oportunidade por sua causa. É minha maneira de retribuir. Sem contar que você já mostrou fazer excelentes trabalhos de design, então vai ser uma adição incrível à minha equipe. O Brasil é conhecido por excelentes campanhas publicitárias…
riu, se sentindo boba e balançando a cabeça, confirmando. Era óbvio que ela aceitava. Ela ia ter um emprego. Ia pode ficar em Los Angeles. Precisava avisar Tom, Flávio, seus amigos… Meu deus, ela tinha tanta coisa para fazer! Então simplesmente levantou, limpando o rosto e fazendo um sinal para que Maurie também se levantasse.
— Eu preciso ir. Eu tenho que avisar o Tom, fazer algumas ligações, eu… Vem, vamos comigo, vou pedir um Uber pra gente.
— Você… Você ‘tá me convidando pra ir pra casa do Tom Holland? — a ruiva sussurrou, parecendo chocada.
— Não. Eu ‘tô te convidando pra ir pra minha casa, porque ai desse meu namorado se ele não me deixar morar com ele.
Maurie riu e correu para o caixa enquanto chamava o milésimo Uber do mês, o primeiro que não pesava sua consciência. Logo ela teria dinheiro para pagar seu cartão de crédito porque ela passaria a ganhar em dólares. E enquanto chamava o Uber, riu sozinha, lembrando que durante todo aquele tempo Tom havia falado a verdade.
As coisas realmente haviam dado certo.
Ela estava sentada no chão, encarando a cama, onde sua mala estava fechada, com todas as roupas guardadas. A bagagem de mão também estava ali, fechada, com sua escova de dentes, pente, maquiagens e alguns remédios. Tudo estava pronto para que fosse embora de Los Angeles.
Ela suspirou, o olhar voltado para as malas mas sem realmente olhá-las. Sua mente estava completamente perdida no fato de que dali poucos minutos ela iria pegar um Uber para o aeroporto – e por mais que ela quisesse muito que Tom a levasse, sabia que ele não podia porque a droga do mundo ainda queria descobrir mais sobre a namorada de Tom Holland e eles não podiam deixar que a descoberta fosse justo sobre ela pegando uma droga de avião para o Brasil.
Finalmente se levantou, pegando as malas e as arrastando até a sala, onde Tom, Harrison e Jacob já a aguardavam. Assim que viu os três, sentiu a maior vontade do mundo de chorar. A despedida era um momento péssimo, o pior de todos. Um que ela realmente não queria enfrentar. Mas seu Uber chegaria em quinze minutos para a viagem agendada.
— Ah, … — Harrison foi o primeiro a falar, aproximando-se da garota e lhe dando um abraço absurdamente apertado. — Eu vou sentir tanto a sua falta…
— Eu também vou sentir a sua. — a voz dela soou abafada, o rosto dela escondido no corpo de Harrison. Era péssimo lembrar que logo menos não mais teria-o implicando com ela diariamente. — Me promete que você vai continuar cuidando do Tom?
— É literalmente meu trabalho. — o loiro deu aquela famosa risada sem humor, se afastando da menina após mais alguns segundos.
Depois foi a vez de Jacob abrir os braços, deixando que se perdesse em mais um abraço. Ela pensou que em seu tempo em Los Angeles não havia passado tanto tempo com Jacob como gostaria e aquilo era realmente um de seus maiores arrependimentos. Mas era tarde demais.
— Obrigada por ter sido a pessoa responsável por uma das melhores coisas da minha vida. — ela sussurrou para que apenas o rapaz escutasse.
— Obrigado por ser tão incrível e por fazer meu amigo tão feliz. — as palavras de Jacob deixaram o coração da garota ainda mais apertado enquanto eles partiam o abraço.
Então havia Tom.
O rapaz lhe encarava com um sorriso pequeno e tão claramente forçado que parecia doer. Ela ouviu Harrison e Jacob falarem algo sobre deixar os dois a sós mas nem prestou muita atenção. De fato logo estavam apenas os dois na sala e sentiu-se finalmente segura para chorar. Ela e Tom se mexeram exatamente ao mesmo tempo, os corpos se buscando em um abraço tão apertado quanto o de Harrison, mas com muito mais sentimentos do que ela sequer seria capaz de descrever.
se sentia triste e brava. Por um mês ela e Tom haviam deixado de conversar a respeito daquele dia, de sua partida. Por um mês inteiro, sempre que aquele assunto chegava, Tom dizia que as coisas dariam certo.
Mas não deram.
Por que ela estava com as malas prontas e ia pegar o avião de volta ao Brasil em poucas horas.
Nada tinha dado certo.
Nada.
— Eu te amo. — ele sussurrou e ela sentiu vontade de gritar. Ela também amava ele, óbvio. E isso tornava tudo ainda pior.
— Eu te amo. — ela repetiu e fungou, afastando-se do abraço e secando as lágrimas. — Eu vou sentir sua falta.
— Eu te prometo que, na minha primeira folga maior, eu é quem vou te visitar no Brasil. — ele acariciou a bochecha dela, seus olhos também avermelhados por conta das lágrimas.
— Aí vou te levar pra um tour incrível pela minha cidade. E você vai conhecer a Eduarda, a Gisele e o Juliano pessoalmente. E o Flávio e a Thaís, porque família. E… merda. — ela voltou a se aproximar dele, beijando-o com toda vontade, como se aquele fosse de fato o último beijo deles.
Porque, por tempo indeterminado, realmente era o último beijo.
Ela sentiu o celular vibrar no bolso, afastando-se de Tom e vendo uma mensagem do motorista do Uber, avisando que havia se adiantado uns minutos e já estava no portão do prédio, aguardando-a. Ela engoliu em seco, avisando que já estava descendo.
Chamou Harrison e Jacob novamente, vendo-os pegar as malas dela e a acompanhar até o elevador. Haviam combinado que ela desceria sozinha, e entraria sozinha no Uber. Nunca sabia se algum paparazzi estaria de tocaia pelos arredores. Com um último abraço nos amigos e um último beijo no namorado, entrou no elevador, vendo a porta se fechar e separá-los pelo que seria um longo tempo.
Ela chorou por todo o trajeto até o aeroporto. Tinha certeza que o motorista do Uber estava preocupado – ou desesperado – e ele até mesmo tinha perguntado se ela queria fazer uma parada ou voltar, mas havia dito que tudo estava bem e eles podiam continuar. Não tinha certeza se o motorista havia entendido, já que o inglês com sotaque brasileiro misturado com muito choro não era exatamente eloquente.
Quando ela desceu e viu o carro do Uber partindo, a realidade pareceu ainda mais pesada. Tudo o que restava era continuar seu caminho, entrar no avião e voltar para sua vida. Mas ela mal teve tempo de chegar dentro do aeroporto quando seu celular começou a tocar – o que a fez lembrar que logo ela teria que aposentar aquele número.
— ! — a voz de Maurie soou ansiosa do outro lado. — , onde você ‘tá?
— Entrando no aeroporto. Por quê?
— Não entra! Sai daí! Pega um Uber e vem pro nosso café! — “nosso café”, aquele mesmo de quando elas se conheceram e saíram juntas pela primeira vez.
— Não dá, Maurie. Logo meu voo sai, eu tenho que fazer o check-in e essas coisas chatas.
— Você não tá entendendo, . — a garota suspirou do outro lado da linha, a voz ainda desesperada. — Não é pra você fazer check-in e entrar nesse voo. Você tem que vir me encontrar.
— O que ‘tá acontecendo?
— Só vem e, se você ainda precisar, eu juro que eu mesma compro uma passagem para você voltar para o Brasil.
— Eu não ‘tô acreditando que aceitei essa sua loucura. — arrastou as malas pelo café, sentando-se de frente para Maurie, que exibia um sorriso aliviado.
— E eu ‘tô feliz de ter te alcançado a tempo. — a ruiva sorriu, fazendo um sinal para que o garçom se aproximasse e ela mesma pedisse um café preto para .
— Você não deveria ter pedido nada. — a brasileira disse enquanto via o garçom se afastar. — Eu ainda preciso voltar para o aeroporto.
— Ou não. Aconteceu uma coisa.
2 dias antes, na balada
— Uau, vocês estão arrasando nessa dança. — Harrison riu enquanto se aproximava de Maurie e , que dançavam de uma maneira bastante desengonçada (especialmente ). — Ei, eu preciso um pouquinho da Maurie. Já devolvo.
Ele fez um sinal para a ruiva o acompanhasse, saindo do local onde a música alta tocava e indo até a área de fumante, onde várias pessoas conversavam ao ar livre. Conforme se aproximavam de um rapaz não tão mais velho que eles, Maurie fez uma careta desconfiada.
— Maurie, esse é um amigo meu, Gerald. Gerald, essa é a Maurie, daquela agência que eu tava te falando. — Maurie então abriu um enorme sorriso, apertando a mão de Gerald educadamente, vendo o homem repetir o gesto. — O Gerald trabalha em uma das partes responsáveis pela comunicação dentro da Sony. A gente se conheceu na época que o Tom tava filmando Homecoming.
— Ah. — ela abriu a boca, levemente chocada, mas se recuperou rapidamente. — É um prazer.
— O prazer é meu. — Gerald sorriu, apagando o próprio cigarro e desencostando da parede. — O Haz me contou que sua agência está procurando novos clientes, certo? — um olhar rápido de Maurie claramente perguntava “como você sabe”, portanto Haz apenas movimentou os lábios dizendo “”.
— Sim, nós estamos querendo fechar novas parcerias. Já trabalhamos com alguns nomes grandes, mas esperamos…
Harrison sorriu e se afastou, deixando que os dois conversassem sobre negócios. Em uma balada. Pela noite inteira.
— … e então ontem, no sábado, o Gerald foi até a agência, eu apresentei trocentas campanhas e agora de manhã ele me ligou para nós podermos assinar o contrato amanhã! — o sorriso de Maurie ia de orelha a orelha, iluminando seu rosto. — A agência vai fechar um contrato com a Sony!
— Maurie, isso é incrível! — imitou o sorriso da amiga. Não tinha como aquilo ser melhor. Aliás, Harrison era incrível. — Você merece!
— Não, , eu tenho que te falar a melhor parte. — as mãos de Maurie atravessaram a mesa, esperando que as segurasse, o que a brasileira fez rapidamente. — Eu vou precisar de mais gente na minha equipe e eu quero você!
continuou segurando a mão de Maurie, completamente estática. Ela queria falar alguma coisa, queria agradecer, gritar, chorar, rir, fazer tudo ao mesmo tempo. Porque sua amiga havia acabado de lhe oferecer um emprego para que ela continuasse ali, em Los Angeles. Aquela era simplesmente a melhor coisa que poderia acontecer em sua vida. E mesmo que não fosse especificamente Marketing, que era de fato sua área, design também era algo que gostava.
E ela poderia ficar ali.
Em Los Angeles.
Com Tom.
Então começou a chorar. Aquele estava sendo um dia absurdamente emocional e ela simplesmente não tinha preparação psicológica para lidar com o tanto de informação que lhe estava sendo apresentada. Maurie se levantou, arrastando a cadeira para o lado de e a abraçando a garota. A brasileira se deixou enterrar o rosto no ombro de Maurie, mesmo sabendo que estava molhando a ruiva com suas lágrimas.
— Maurie, isso… — ela fungou, afastando a cabeça do ombro da amiga, as lágrimas ainda se acumulando em seus olhos. — Eu nem sei o que dizer.
— É só dizer que aceita, . — a ruiva acariciava as costas de . — De maneira indireta, eu só tive essa oportunidade por sua causa. É minha maneira de retribuir. Sem contar que você já mostrou fazer excelentes trabalhos de design, então vai ser uma adição incrível à minha equipe. O Brasil é conhecido por excelentes campanhas publicitárias…
riu, se sentindo boba e balançando a cabeça, confirmando. Era óbvio que ela aceitava. Ela ia ter um emprego. Ia pode ficar em Los Angeles. Precisava avisar Tom, Flávio, seus amigos… Meu deus, ela tinha tanta coisa para fazer! Então simplesmente levantou, limpando o rosto e fazendo um sinal para que Maurie também se levantasse.
— Eu preciso ir. Eu tenho que avisar o Tom, fazer algumas ligações, eu… Vem, vamos comigo, vou pedir um Uber pra gente.
— Você… Você ‘tá me convidando pra ir pra casa do Tom Holland? — a ruiva sussurrou, parecendo chocada.
— Não. Eu ‘tô te convidando pra ir pra minha casa, porque ai desse meu namorado se ele não me deixar morar com ele.
Maurie riu e correu para o caixa enquanto chamava o milésimo Uber do mês, o primeiro que não pesava sua consciência. Logo ela teria dinheiro para pagar seu cartão de crédito porque ela passaria a ganhar em dólares. E enquanto chamava o Uber, riu sozinha, lembrando que durante todo aquele tempo Tom havia falado a verdade.
As coisas realmente haviam dado certo.
20.
O barulho do Skype chamou a atenção de , que correu até a ilha da cozinha, onde estava o notebook, rapidamente aceitando a chamada. Do outro lado da tela viu Flávio, Thaís, Juliano, Eduarda e Gisele, todos parecendo ainda mais apertados do que nunca para caber no alcance da câmera.
— ! — a primeira pessoa a lhe cumprimentar foi Flávio, causando um fortíssimo aperto no coração da garota. Como ela sentia falta do seu irmão! — Meu deus, você ‘tá mais linda do que nunca. Eu ‘tô com tanta saudade, Ratinha!
— Não, essa chamada mal começou, eu não posso já chorar. — ela balançou a cabeça, arrancando risadas dos cinco.
puxou um banquinho e se ajeitou melhor de frente para o notebook, encarando os cinco brasileiros mais importantes da sua vida, dando um sorriso saudosista.
— , nós invadimos a casa do seu irmão só pra todo mundo poder conversar com você ao mesmo tempo. E o que queremos saber é: conta! Tudo! — Eduarda arrancou risadas de todos com seu desespero por informações.
— Essa semana foi uma loucura! — riu, finalizando com um suspiro. — Eu passei muitos dias correndo atrás de mudar meu visto para trabalho, o que foi meio complicado porque com essa pele escura eu não sou exatamente o sonho do “make America white again” — a expressão de todos se contorceu em uma careta de nojo e desaprovação. —, então eu meio que precisei de forças superiores, leia-se: minha novíssima chefe Maurie e meu namorado famoso Tom. Mas no fim, depois de uma pequena luta, meu visto vai ser transferido para visto de trabalho e eu vou poder ficar mais alguns anos aqui nos Estados Unidos!
— E você avisou o dono do bar aqui que você não ia voltar das suas férias?
— Ah, ele me ligou! — foi Juliano quem falou, balançando a cabeça. — Ele pareceu super chateado. Aposto que não sabe se vai encontrar outra funcionária que engula tanto sapo quanto você.
— Nem me lembre disso. — revirou os olhos. — Isso foi outra loucura, porque agora eu preciso cancelar minha conta bancária brasileira, meus cartões… E é bem complicado fazer isso a alguns países de distância. Mas não impossível! Enfim, o dono do bar ficou chateado mas entendeu. Quer dizer, eu consegui um emprego na minha área em Los Angeles, é óbvio que eu iria preferir ficar aqui.
— , o Flávio me contou toda a história muito por cima porque ele é o pior noivo do mundo. — Thaís fez uma careta na direção do rapaz, fazendo todos rirem. — Como seu namorado reagiu quando descobriu que você ia continuar aí em Los Angeles?
— Nossa, quando eu cheguei na casa dele– quer dizer, nossa casa — a frase arrancou alguns sorrisos bobos e um “awn” de Gisele. —, ele ficou em estado de completo choque, achando que eu tinha perdido o voo, que alguma coisa tinha acontecido. E quando eu expliquei o que realmente estava acontecendo e que eu não precisaria mais ir embora… foi uma alegria sem limites.
— Aposto que vocês fizeram vários sexos de comemoração. — Eduarda balançou a cabeça, recebendo vários “porra, Eduarda” e um forte tapa de Gisele. Flávio abaixou a cabeça com uma careta que misturava tristeza e nojo. Saber sobre a vida sexual da irmã mais nova com certeza não era uma prioridade para o homem.
— Enfim. — preferiu simplesmente ignorar aquele comentário da amiga. — Foi a maior festa e tudo está se encaixando e nós estamos muito felizes, obrigada.
A porta do apartamento foi aberta por Tom, que entrou com uma cara animada. Ele foi até , lhe cumprimentando com um beijo no rosto e acenando para todas as pessoas “presentes”.
— E a chegada dele é provavelmente minha deixa para me despedir de vocês. — falou em inglês para que o namorado também pudesse entender, pensando no tamanho de seu privilégio por ter família e amigos que também falavam a língua.
— Mas espera, quando você vem pro Brasil de novo? — Gisele perguntou também em inglês. Era bom ver que todos se esforçavam para manter Tom na conversa.
— Isso eu respondo. — foi Thaís quem falou, o sotaque britânico e carregado. De todos ali a loira era a única que havia aprendido o inglês britânico quando fez curso, o que claro chamava uma atenção especial de Tom. — Setembro. No meu casamento. E o Tom também vai vir. Acertei?
— Com certeza. — foi Tom quem respondeu, rindo. — Até porque eu não vejo a hora de conhecer todos vocês pessoalmente.
Todos se despediram por mais tempo que o necessário e finalmente encerraram a ligação. soltou um suspiro feliz, abraçando Tom que ainda estava em pé ao seu lado. Com tudo o que havia acontecido naqueles últimos dias tudo o que ela conseguia pensar era o quanto estava feliz e, mais importante: estava em casa.
— ! — a primeira pessoa a lhe cumprimentar foi Flávio, causando um fortíssimo aperto no coração da garota. Como ela sentia falta do seu irmão! — Meu deus, você ‘tá mais linda do que nunca. Eu ‘tô com tanta saudade, Ratinha!
— Não, essa chamada mal começou, eu não posso já chorar. — ela balançou a cabeça, arrancando risadas dos cinco.
puxou um banquinho e se ajeitou melhor de frente para o notebook, encarando os cinco brasileiros mais importantes da sua vida, dando um sorriso saudosista.
— , nós invadimos a casa do seu irmão só pra todo mundo poder conversar com você ao mesmo tempo. E o que queremos saber é: conta! Tudo! — Eduarda arrancou risadas de todos com seu desespero por informações.
— Essa semana foi uma loucura! — riu, finalizando com um suspiro. — Eu passei muitos dias correndo atrás de mudar meu visto para trabalho, o que foi meio complicado porque com essa pele escura eu não sou exatamente o sonho do “make America white again” — a expressão de todos se contorceu em uma careta de nojo e desaprovação. —, então eu meio que precisei de forças superiores, leia-se: minha novíssima chefe Maurie e meu namorado famoso Tom. Mas no fim, depois de uma pequena luta, meu visto vai ser transferido para visto de trabalho e eu vou poder ficar mais alguns anos aqui nos Estados Unidos!
— E você avisou o dono do bar aqui que você não ia voltar das suas férias?
— Ah, ele me ligou! — foi Juliano quem falou, balançando a cabeça. — Ele pareceu super chateado. Aposto que não sabe se vai encontrar outra funcionária que engula tanto sapo quanto você.
— Nem me lembre disso. — revirou os olhos. — Isso foi outra loucura, porque agora eu preciso cancelar minha conta bancária brasileira, meus cartões… E é bem complicado fazer isso a alguns países de distância. Mas não impossível! Enfim, o dono do bar ficou chateado mas entendeu. Quer dizer, eu consegui um emprego na minha área em Los Angeles, é óbvio que eu iria preferir ficar aqui.
— , o Flávio me contou toda a história muito por cima porque ele é o pior noivo do mundo. — Thaís fez uma careta na direção do rapaz, fazendo todos rirem. — Como seu namorado reagiu quando descobriu que você ia continuar aí em Los Angeles?
— Nossa, quando eu cheguei na casa dele– quer dizer, nossa casa — a frase arrancou alguns sorrisos bobos e um “awn” de Gisele. —, ele ficou em estado de completo choque, achando que eu tinha perdido o voo, que alguma coisa tinha acontecido. E quando eu expliquei o que realmente estava acontecendo e que eu não precisaria mais ir embora… foi uma alegria sem limites.
— Aposto que vocês fizeram vários sexos de comemoração. — Eduarda balançou a cabeça, recebendo vários “porra, Eduarda” e um forte tapa de Gisele. Flávio abaixou a cabeça com uma careta que misturava tristeza e nojo. Saber sobre a vida sexual da irmã mais nova com certeza não era uma prioridade para o homem.
— Enfim. — preferiu simplesmente ignorar aquele comentário da amiga. — Foi a maior festa e tudo está se encaixando e nós estamos muito felizes, obrigada.
A porta do apartamento foi aberta por Tom, que entrou com uma cara animada. Ele foi até , lhe cumprimentando com um beijo no rosto e acenando para todas as pessoas “presentes”.
— E a chegada dele é provavelmente minha deixa para me despedir de vocês. — falou em inglês para que o namorado também pudesse entender, pensando no tamanho de seu privilégio por ter família e amigos que também falavam a língua.
— Mas espera, quando você vem pro Brasil de novo? — Gisele perguntou também em inglês. Era bom ver que todos se esforçavam para manter Tom na conversa.
— Isso eu respondo. — foi Thaís quem falou, o sotaque britânico e carregado. De todos ali a loira era a única que havia aprendido o inglês britânico quando fez curso, o que claro chamava uma atenção especial de Tom. — Setembro. No meu casamento. E o Tom também vai vir. Acertei?
— Com certeza. — foi Tom quem respondeu, rindo. — Até porque eu não vejo a hora de conhecer todos vocês pessoalmente.
Todos se despediram por mais tempo que o necessário e finalmente encerraram a ligação. soltou um suspiro feliz, abraçando Tom que ainda estava em pé ao seu lado. Com tudo o que havia acontecido naqueles últimos dias tudo o que ela conseguia pensar era o quanto estava feliz e, mais importante: estava em casa.
Fim
Nota da autora: (25/10/2018)
É só isso, não tem mais jeito, acabou...
Ah, eu to tão feliz e triste ao mesmo tempo hahahahaha
Chegar no fim é uma coisa doida, né? Toda a jornada, finalmente, acabou
Claro que eu vou voltar com uma ou duas shorts desse casal no futuro (não podemos deixar o casamento do Flávio passar batido)
Enfim, espero que vcs tenham gostado dessa jornada tanto quanto eu, foi maravilhoso e cada comentário de vcs deixou meu dia mais feliz
Vejo vocês no meu próximo projeto ;)
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É só isso, não tem mais jeito, acabou...
Ah, eu to tão feliz e triste ao mesmo tempo hahahahaha
Chegar no fim é uma coisa doida, né? Toda a jornada, finalmente, acabou
Claro que eu vou voltar com uma ou duas shorts desse casal no futuro (não podemos deixar o casamento do Flávio passar batido)
Enfim, espero que vcs tenham gostado dessa jornada tanto quanto eu, foi maravilhoso e cada comentário de vcs deixou meu dia mais feliz
Vejo vocês no meu próximo projeto ;)
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