Capítulo Único
por sua vez, atravessava o cruzamento com as mãos mexendo ansiosamente no volante, mesmo que não pelo mesmo motivo de . Não olhava para a cafeteria em momento algum e escondia parte do rosto com a máscara preta que usava. Sabia exatamente como iria encontrá-la, mas sinceramente não tinha mais certeza se queria vê-la ou não… Sabia que podia parecer cruel, mas também não tinha mais certeza do que sentia pela namorada de longa data. Não estava apaixonado como quando começaram a conversar, e não a amava como quando fizeram aniversário de dois anos de relacionamento.
Apenas havia… Esfriado. E para ele, não havia mais nada que pudessem fazer além de aceitar. A pior parte era que ainda estava feliz naquele relacionamento, presa em algo fadado ao fracasso. Para ela, estava tudo bem e eles estavam felizes… Mas o não pensava dessa forma e por isso era tão difícil. Respirou fundo algumas vezes antes de tomar coragem e entrar finalmente na cafeteria após estacionar o carro na frente desta. Não se incomodou porque no fundo sabia que não ia demorar. Sentia-se observado e sabia que ela vigiava todos os seus passos atentamente.
Somente ergueu a cabeça quando chegou na frente da última mesa e vendo o sorriso animado da garota em lhe ver. Puxou a máscara para baixo levemente, se inclinando e encostando os lábios por apenas alguns segundos antes de voltar à postura normal e se sentar no banco da frente. A ficou lhe olhando por algum tempo, observando concentradamente todas suas mínimas ações.
― Oi. ― ela disse por fim, sorrindo de canto. A garçonete se aproximou, deixando dois milkshakes com chantilly e morango por cima em cima da mesa que havia pedido assim que chegara. A garota não demorou em pegar o seu, deixando de encarar o rapaz por um tempo para focar na bebida.
― Oi. ― respondeu com o tom de voz levemente indiferente e apático. Mesmo que quisesse mudar sua expressão e falar de um jeito mais caloroso, não conseguia mais fingir algo que não estava sentindo e se perguntava quando ela perceberia aquilo.
― Seus olhos frios, eles me matam. ― o murmúrio de foi tão baixo que ele quase não pôde ouvir, mas arregalou os olhos alguns segundos depois, quando conseguiu identificar o que ela havia dito.
― …
― O fogo que costumava crescer em seu coração deu a lugar às cinzas, por quê?
O coreano nunca pensou que ela podia ter percebido, apenas nunca falou nada. pensava que isso seria apenas uma fase e logo ele iria relembrar de tudo o que passaram juntos, o quanto se completavam e o quanto eram felizes. Mas não foi assim que aconteceu, devia saber que seu efeito enfraquecia com o tempo e que após tantos anos em um relacionamento, devia ter se acostumado com o seu perfume. Ele precisava de algum tempo afastado para conseguir lembrar o quão maravilhoso era e o quão sem graça o mundo se tornava quando não podia senti-lo.
― Eu não sei, mas não podemos mais continuar com isso. ― eram naqueles momentos que a sinceridade estrondosa do era perceptível e afiada como uma faca, fazendo a garota largar o milkshake na mesa e encostar lentamente as costas no estofado do banco.
― Com isso? É assim que você chama o nosso relacionamento? É ruim desse jeito pra você? ― aquele olhar de conseguia ser tão assustador quanto qualquer outra coisa. Os olhos compenetrados da mulher com a cabeça um pouco baixa e os cabelos emoldurando o rosto sinalizavam a o quanto ele tinha que tomar cuidado com as palavras, não que ele realmente se importasse com isso no final.
― Não é isso, é… Era bom, mas acabou. Me desculpe, . ― suspirou, não sabia como lidar com aquela situação e não tinha como explicar o que sentia, por isso depois de se desculpar acabou simplesmente levantando do banco e saindo.
só pode observá-lo ir silenciosamente e em choque. teve coragem… Não acreditava que ele estava mesmo lhe deixando, por que ele estava lhe deixando? Seus olhos se arregalaram enquanto acompanhava os passos do recente ex-namorado para o lado de fora, e sua expressão era completamente baqueada. Três anos que jogou fora amando e cuidando do que eles tinham para que o fizesse isso?
O único movimento que fez foi subir levemente a persiana da janela para observá-lo ir pela rua, assim como fazia quando ele estava chegando. Depois disso nada, até ouvir o motor do carro ligar e vê-lo sumir pela rua, quando sua ficha de fato caiu. O silêncio mortal no local representava o tempo que precisara para digerir o que estava acontecendo realmente e assim que entendeu, apoiou lentamente as mãos na mesa, fazendo o mesmo com os joelhos, um de cada vez em movimentos pausados, passando-os pela madeira e atravessando o objeto até chegar ao outro lado.
Uma de duas mãos ajeitou os cabelos que caiam sob o rosto, os jogando para trás. Então pegou o milkshake que ao menos havia olhado e ignorou o canudo, tomando-o pelo copo e o virando sem hesitação nenhuma. Não demorou muito para terminá-lo, e quando percebeu que seus lábios ficaram sujos de chantilly, rapidamente passou as costas de das mãos por eles, os limpando.
Talvez estivesse um pouco anestesiada enquanto andava até em casa, mas sinceramente apenas percebeu onde estava quando entrava pela porta da sala com um vaso de flores na mão. Aquele maldito vaso de flores que ele lhe trouxera em um dia de verão e colocara em cima da sua mesa da cozinha. Observou todo o lugar, suas expressões mudando conforme girava em trezentos e sessenta graus, mas parou ao jogar o vaso no sofá.
Se era isso que ele queria, era isso que ele ia ter. Assim como o seu perfume e o efeito dele passavam com o tempo, a dor do lamento se torna fraca também. Se levantou, indo até sua lavanderia e pegando uma caixa grande de papelão que costumava usar para guardar produtos de limpeza, rumando até seu quarto logo depois. Ele precisava de uma faxina anti .
― Tudo bem, eu vou te esquecer. ― Recitou assim que abriu a porta e viu todos os presentes do garoto que enfeitavam o ambiente, assim como os porta-retratos espalhados. Olhou para todos eles com um sorriso de canto satânico. ― Vou viver como as flores, como eu sou. ― cantarolou para si mesma, pegando o primeiro porta-retratos e o observando afetuosamente por alguns minutos. ― Ninguém pode me impedir agora. Nem. Tente.
E com aquilo mirou na parede branca vazia de seu quarto, jogando o objeto com toda a força que tinha em seus braços ali. O som de vidro espatifando nunca fora tão prazeroso na mente da , assim como ver os cacos de vidro no chão. Cacos como seu coração, mas não tem problema porque logo, logo ela ia juntá-los e limpar toda aquela bagunça. Um pote de sorvete estava em cima de sua escrivaninha, molhando-a completamente com o gelo que derretia e ela comia uma colher enorme toda vez que passava do seu lado.
perdeu completamente a noção do tempo e o que era isso, apenas percebeu que estava com o som alto em plenas onze e meia da noite ao rasgar a última foto revelada dos dois em pedacinhos, as guardando num potinho para queimá-las logo depois. Queimá-las junto com as palavras e promessas dele, porque ele a deixara, a deixara tão facilmente… Ele prometeu que ficariam juntos, mas foi embora.
Ela dançou em todos os locais da casa sem nem mesmo se importar se algum deles era visível, como por exemplo a sua sacada do quinto andar que podia ser vista por toda a rua. Na sala, cozinha, banheiro de frente para o espelho a qual treinou diversas expressões diferentes e movimentos, no quarto. Mas seu ritual foi interrompido por batidas altas na porta, que provavelmente deviam estar rolando há muito tempo e ela só percebeu agora porque foi quando a música acabou.
Levantou e saiu correndo, tomando cuidado para não pisar nos cacos no caminho e achando que teve êxito nisso. Finalmente chegou até a porta, a abrindo sem nem mesmo perguntar quem era ou pensar duas vezes. Internamente, mesmo que soubesse que era sonhar demais, queria que fosse aquele embuste para poder fazê-lo engolir todo aquele vidro, caquinho por caquinho. Mas era só seu vizinho com uma expressão um pouco enfezada.
― , algum problema? ― questionou, arqueando uma das sobrancelhas ao vê-lo ali. Mal percebeu o tom de voz alto que teve que usar para conseguir se comunicar com o rapaz.
― S-Sim, é que a música está muito alta. Não sei se você está dando uma festa aí, mas eu realmente preciso terminar um trabalho da faculdade… ― o moreno murmurou envergonhado, principalmente por perceber o que estava falando. Era óbvio que aquilo não era uma festa, afinal, estava com o cabelo em um coque alto, calça jeans surrada azul e camisetinha com uma estampa duvidosa e curta demais, apostava que era de quando ela era criança. Era com certeza uma faxina.
― Ooh, me desculpa, eu não percebi. Vou desligar. ― a sorriu de canto para pedir desculpas e já estava quase fechando a porta quando colocou o braço entre a fresta aberta para impedi-la. Naquele momento os dois estavam de olhos arregalados por motivos diferentes.
― Você está sangrando. ― ele apontou para o pé da garota e foi só aí que toda a adrenalina dela foi embora. arregalou os olhos e sentiu aquela dor aguda de perceber que havia um machucado por ali só depois que o machucado estava ali há algum tempo, e a ardência foi cruel.
Tirou o pé do chão para observar o que tinha acontecido e o caco de tamanho médio já entrado quase completamente no seu pé, a fazendo ficar tão agoniada que não teve reação alguma se não observar aquilo e começar a chorar como um bebê. Seu choro era alto e ela ainda tinha que se segurar na parede para não acabar pisando de novo no chão e piorando ainda mais a situação.
observava completamente atônito com aquela reação que ela tivera, mas não pensou duas vezes antes de entrar e fechar a porta. Não aguentava ver uma mulher chorar, faria qualquer coisa que estivesse ao seu alcance para que ela parasse, principalmente porque sabia bem como cuidar dela. Sem aviso prévio algum, levou uma das mãos até sua cintura e a outra até por trás de seus joelhos, a girando em noventa graus e a pegando no colo.
O choro desesperado de se tornou em um gritinho e logo depois um silêncio total quando ela teve de se segurar no pescoço do rapaz para sentir-se segura, mas sua face ainda estava completamente encharcada de lágrimas e vermelha. tinha os ombros largos e braços fortes, podia sentir a maciez de seus cabelos mesmo que mal estivesse encostando nos fios, além do seu perfume…
Quando aquele embuste do conseguiria lhe pegar no colo daquele jeito e ainda parecer tão incrível? Provavelmente se fizesse isso, a coluna daquele babaca travaria por um mês e ele reclamaria pelo resto da vida que devia estar comendo doces demais, por isso ele não aguentara. Inclusive, por que estava pensando em quando estava nos braços de alguém como ? O vizinho era provavelmente a pessoa mais bonita que já viu naquele bairro, que já entrara em sua casa e ainda que lhe levou até o sofá calmamente para não machucar mais e a deitou ali, abaixando perto de seu rosto.
― Onde você guarda o kit de primeiros socorros? ― ele perguntou em um tom baixo, tentando a acalmar. O som da música ainda era alto, mas simplesmente com a proximidade entre eles parecia sumir um pouco.
― Na última prateleira de cima do meu guarda roupa. Do lado esquerdo. ― fungou algumas vezes antes de responder, tendo que se concentrar para não voltar a chorar.
assentiu com a cabeça e se afastou, passando no rádio para abaixá-lo quase totalmente antes de entrar no corredor. O apartamento era a mesma coisa do seu, a única coisa que mudava era a decoração. Ficou um pouco chocado quando entrou na porta do fim do corredor e deu de cara com o caos que estava aquele lugar. Porta-retratos quebrados, fotos rasgadas, ursinhos de pelúcia jogados e cartas espalhadas em círculo no chão… De repente, tudo fez sentido.
Apesar de parecer um ritual satânico ao qual conseguia bem imaginar ela sentada ali no meio daquelas cartas, provavelmente o namorado dela apenas havia sido babaca. Havia estranhado , que normalmente era uma pessoa discreta e normal, estar tão surtada assim. Mas não, ela não havia ficado louca. Era apenas um término. E mesmo que fosse errado, não pôde deixar de gostar um pouquinho das notícias.
Foi até onde ela havia indicado, encontrando o kit exatamente no local onde ela falou e voltando para a sala. ainda chorava silenciosamente, agora provavelmente pela dor e ardência do que pelo surto, e estava sentada tentando não deixar o sangue manchar seu tapete novo. sentou no lugar vago ao seu lado e abriu a caixa média, pegando o que ia precisar.
― Coloca o pé aqui. ― ele pediu, batendo algumas vezes em suas coxas.
― Isso vai estragar a sua calça… ― a murmurou sem graça, assistindo-o apenas dar de ombros.
― É só uma moletom velha. ― e sorriu de canto e o obedeceu mesmo que hesitante, fazendo caretas ao movimentar o pé.
Mesmo que já houvesse se encontrado com antes no corredor, eles nunca trocaram muito mais do que cumprimentos e não se conheciam além de por nomes e fofocas da vizinha do primeiro andar. Ela havia ouvido falar que ele cursava medicina, mas simplesmente não tinha certeza porque não prestara atenção e na época não se importava. Afinal, estava focada no filho do satã, .
― Você pode gritar, porque isso vai doer.
Ele avisou antes que encaixasse a pinça na parte exposta do vidro, recebendo uma confirmação da garota que já apertava o tecido do sofá completamente amedrontada com o que viria. puxou de uma vez, o mais rápido que pôde após analisar um pouco o machucado e ver que fazer aquilo não pioraria a situação, só faria doer de uma vez só ao invés de torturá-la com puxadinhas lentas e dolorosas. pressionou os lábios fortemente para tentar segurar o grito que e o prender na garganta, mas não adiantou e ele saiu do mesmo jeito junto com algumas lágrimas que caíram pelos olhos.
Talvez não fosse pra tanto, mas sinceramente, quem disse que ela apenas estava chorando por causa da dor física? A desculpa para isso, porém, era perfeita.
deu algum tempo para que ela se recuperasse, observando-a atentamente e vendo o peitoral da garota que subia e descia desesperadamente se acalmando aos poucos e a respiração se tornar mais estável. Começou então a preparar uma pequena solução simples para desinfetar o local.
― Bom, você deu sorte que o pedaço de vidro não era tão longo, ou ele podia ter machucado mais. ― tentou puxar algum assunto para acabar com o silêncio desconfortável que os fungos da garota causavam de tempos em tempos.
― Obrigada, eu não… Eu nem tinha percebido o que aconteceu. ― respondeu baixo. A realidade havia batido em sua cabeça como um martelo ao se vê na situação que estava por causa de um surto pelo término. Bom, com um estranho em seu sofá cuidando de um corte por vidro no seu pé.
Ao menos ele era bonito. E simpático.
― Eu vi o seu quarto, me desculpa se parecer meio indelicado, mas… Está tudo bem? ― o coreano perguntou ao pressionar levemente a gaze no machucado para limpar o sangue que aos poucos parava de escorrer. A arregalou os olhos ao ouvir aquilo, e nervosamente enxugou o rosto molhado.
― Sim, está. Eu só… Bom, eu e meu namorado terminamos, mas essas coisas acontecem. ― balançou os ombros como quem não se importa, mordendo o lábio inferior toda vez que sentia o corte arder por causa daquela água oxigenada maldita.
― Ah, eu sinto muito por vocês. Mas quem perde é só ele. ― sorriu de canto, desviando o olhar alguns segundos para a que arregalou os olhos. Aquilo era uma cantada ou era só impressão?
― Obrigada. ― sorriu de canto ao agradecer o garoto, os olhares dos dois se encontrando por alguns segundos e deixando no ar a tensão da atração física.
Mas mesmo com todos os motivos já citados acima sobre como os ombros do coreano eram largos e charmosos, ela só conseguia pensar no maldito do e aquela cara de nada que ele mantinha metade do tempo, o que lhe fez bater em sua própria testa quando voltou a se concentrar no curativo.
― Bom, eu vou tirar aqueles cacos de vidro do seu quarto, você não pode pisar com esse pé e eu não quero que você corte o outro também. ― o coreano acabou rindo baixo ao falar isso, finalizando a volta com o esparadrapo e o prendendo com fita logo depois. Ele cuidadosamente levantou o pé da garota do seu colo e o deixou repousando em cima de uma almofada, fechando a caixa antes de pegá-la. ― Onde eu posso achar uma vassoura?
― Na lavanderia, fica…
― Logo depois da cozinha. ― se já estava chocada com o fato de ser a pessoa mais solícita que conhecera, ela ficou sem palavras quando ele completou sua frase. ― Nossos apartamentos são iguais.
A soltou uma exclamação quando ele disse isso, se sentindo a pessoa mais burra da face da Terra por ter esquecido disso. Eram vizinhos de andar, afinal, é claro que os apartamentos iam ser iguais! não pôde evitar se não rir, sumindo pelo corredor. puxou todo o ar que podia e então soltou novamente, batendo a cabeça levemente contra o encosto do sofá completamente desolada.
Enquanto encarava o teto, só conseguia pensar no que acontecera naquele dia, as memórias enchendo sua mente como um filme sendo projetado. O tempo passava arrastado e podia ouvir o barulho de cacos se colidindo vindo de seu quarto, o que lhe fez suspirar. Devia levar um jantar para qualquer dia desses? Ele realmente merecia, mas não queria que o garoto pensasse com segundas intenções, sinceramente a raça masculina para agora não passava de um mal necessário.
― Eu estou indo. ― anunciou alguns minutos depois, carregando uma sacolinha preta nas mãos que provavelmente eram os cacos e indo direto para a porta. ― É bom você trocar as bandagens e tudo amanhã, se precisar de ajuda ou acontecer alguma coisa, eu chego às nove. ― o rapaz sorriu de canto para a garota, que retribuiu, assentindo com a cabeça. Ele já ia abrir a porta quando ela o chamou para interrompê-lo, levantando e indo de um pé só até encostar à parede ao lado dela.
― Nós podemos jantar um dia desses. Eu pago, só pra você saber o quão agradecida eu estou. ― sorriu sem graça. O garoto ia achar que era a maior piranha, nem bem terminara e já estava o convidando pra jantar.
― Claro, vai ser um prazer. ― o vizinho pareceu ficar empolgado com aquela ideia, abrindo um sorriso largo. ― Mas pra eu saber que você está agradecida, bem… ― ficou um pouco sem graça de terminar aquela frase, mas a expressão curiosa de lhe incentivou. Ele largou a maçaneta e se aproximou alguns passos, levando a mão livre até uma mecha desprendida do coque, a ajeitando atrás da orelha da garota. ― Só não volta com aquele cara. Ele deve ter feito algo bem sério pra te deixar desse jeito, o que me leva a pensar que ele não te merece.
Antes que a respondesse alguma coisa, curvou o corpo sem permissão alguma e lhe roubou um beijo adocicado e suave. não teve reação alguma se não apenas segurar no pulso da mão dele que ainda estava sob seu rosto, abrindo lentamente os lábios quando ele pediu passagem e deixando-o brincar com sua língua enquanto apenas sentia o gosto doce e a temperatura quente.
Perdeu até mesmo o equilíbrio algum minuto que não soube dizer qual quando ainda estavam se beijando, e sem se desgrudarem, deixou a sacola preta escorregar do pulso e cair no chão, a puxando pela cintura para segurá-la e a fazendo se segurar em si, aproveitando também para aprofundar ainda mais o contato, o tornando um pouco mais agressivo.
Porém isso não durou muito, quando sentiram a respiração faltar, ele se afastou da garota um pouco assustado, a soltando após ter certeza de que ela estava segurando na parede e então passando a mão nos cabelos nervosamente, com as bochechas vermelhas.
― Eu acho melhor eu ir agora… Boa noite. ― e então ele saiu como um raio, nem mesmo a deixando responder novamente.
estava de olhos arregalados e precisou acalmar sua respiração para entender o que estava acontecendo, trancando a porta e pegando a sacola preta. Tentava pular em um pé só se apoiando nas paredes conforme andava para chegar aos cômodos.
Quando parou no banheiro após jogar o saco na lavanderia, deu de cara com a escova de dentes azul ao lado da vermelha no pote na pia. Sua expressão de fechou de raiva, e por um minuto ela se sentiu culpada por aquele beijo ter acontecido, pensando em e em seu relacionamento com ele… Então lembrou do que ele havia feito e pegou a escova, a jogando dentro do vaso sanitário e dando descarga.
Se ia entupir? Provavelmente. Mas tudo daquele infeliz devia descer pelo ralo, como ele, aquele merda.
Abriu a torneira da banheira logo depois e se encarou no espelho por algum tempo enquanto a esperava encher, vendo o quão acabada estava, com os olhos inchados e fundos por causa da crise de choro e olheiras escuras, sem um pingo de maquiagem no rosto e pensando em como diabos quisera alguma coisa consigo naquela situação deplorável que estava. Se aquilo era considerado traição ou não em relação a , só tinha uma coisa à dizer.
― Pelo menos ele me fez gritar no primeiro encontro. ― falou para si mesma no espelho rindo alto sozinha e logo após levando a mão até a barra de sua camiseta, a tirando, fazendo o mesmo com a calça jeans e o resto de suas roupas.
Pulou até a banheira e tomou cuidado para não pisar e nem molhar o curativo, deixando o pé para fora dela quando se deitou. A água quente relaxou todos seus músculos, e não soube dizer quando entrou no mundo dos sonhos, mas aquele banheiro se abriu em um lindo caminho de flores diversas e coloridas com a banheira sendo seu meio de transporte.
Um lindo caminho de novas oportunidades que iriam florescer a partir daquele dia.
Se passaram dois dias e acordava com batidas leves na porta de seu apartamento, mas que foram o suficiente para que ela se desesperasse e saísse pulando pelo local para abri-la logo. Havia pego duas semanas em casa por causa do corte no pé - fora para o hospital apenas para pegar um atestado, quem nunca? - e não conseguia imaginar quem era o maldito que estava batendo a sua porta em plenas nove horas da manhã.
Mas lembrou assim que abriu a porta e deu de cara com , sorrindo como um Sol bem na sua cara, sendo a coisinha mais fofinha do mundo e a melhor visão que alguém podia ter ao acordar na vida. Acabou sorrindo e passando as mãos nos cabelos rapidamente para dar uma ajeitada na situação, mesmo que isso não fosse amenizar a sua cara amassada e nem o fato de estar usando camisola de patinhos.
― Eu te acordei? Desculpa! ― o coreano mudou a expressão no mesmo momento que percebeu aquilo, transformando-a em uma preocupada.
― N-Não, a culpa não é sua, fui eu que esqueci que você vinha hoje. ― sorriu para acalmá-lo, dando alguns pulinhos para trás para que ele passasse. ― Se eu tivesse lembrado tinha acordado antes.
― Aah, se quiser, eu posso voltar mais tarde… ― ele ofereceu, olhando para o corredor como se sinalizasse que ia embora.
― Claro que não, não perde a viagem. Pode entrar e ficar à vontade. ― saiu da frente da porta, a deixando aberta e continuou saindo até o quarto. então deu de ombros e concordou, já que a garota insistia…
Ele fechou a porta e a seguiu até o quarto, estranhando ela estar andando com um pé só, mas entendendo ao ver a atadura ao redor do pé. Ia perguntar como conseguira aquilo, mas se distraiu ao entrar no quarto e encontrar o estado da parede branca completamente arranhada e batida em alguns pontos, lhe fazendo arregalar os olhos.
― Parece que teve uma briga aqui, nossa. ― ele murmurou um tanto chocado. Foi então que as peças se encaixaram em sua mente, ela estar machucada e ter uma briga…
― Não, não! Não aconteceu nada. Eu estava meio brava e quebrei alguns porta-retratos, pisei em um caco sem querer e foi isso. ― riu da mente fértil do rapaz em pensar que poderia ter sido alguma agressão, apenas a fazendo achá-lo mais fofo ainda.
― Aaah…
― Olha, eu vou tomar um banho rapidinho e depois vou fazer um café da manhã. ― sorriu simpática, escolhendo algumas roupas casuais no armário.
― Claro, finja que eu nem estou aqui se isso te fizer se sentir mais confortável.
deixou o rapaz sozinho logo após ouvir isso, indo para o banheiro. Eles se conheciam da cafeteria que ela trabalhava, a qual ele frequentava assiduamente e vez ou outra fazia trabalhos ajudando a pintar as paredes quando o dono dava a louca de mudar tudo. A parte boa é que ele nem precisava de escadas porque era tão alto que alcançava todos os lugares naturalmente. Enfim, não aguentava olhar para frente no seu quarto e ver os projetos de buraco que fizera jogando aqueles porta-retratos, então resolvera chamar o garoto para ajudar a consertá-los.
Não demorou muito mais de vinte minutos para se tornar uma pessoa apresentável a sociedade, e saiu do banheiro prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, indo para a cozinha. Apenas apareceu no quarto algum tempo depois, arrastando o pé no chão para não pular e acabar derrubando o café que levava na mão. estava tão concentrado no trabalho que apenas desviou o olhar da parede quando ela lhe chamou.
― Eu sei que você já deve ter tomado, mas mais café não mata ninguém, né? ― a garota sorriu ao falar isso, erguendo a xícara na direção do mais alto. ― Mas se quiser dar uma refrescada, eu posso fazer um suco.
― Ah, não precisa, eu realmente precisava do seu café! A cafeteria sente sua falta, viu. ― ele sorriu ao falar isso, sentindo o gosto conhecido do café quando tomou o primeiro gole. ― O está completamente perdido sem você lá.
― Ai, coitado. ― apesar de falar isso, não pode fazer muito se não rir. ― Eu devo voltar logo, mais doze dias talvez?
― T-Tudo isso? Devo começar a passar na sua casa nos próximos dias pra buscar café então. ― ele avisou, já sentindo a depressão bater de ter que aguentar o café de por mais tanto tempo.
― Bom, eu não me oponho. ― sorriu de canto, piscando um dos olhos e segurando levemente na mão do rapaz para pegar a xícara vazia, o deixando com a expressão meio perdida e chocada com as palavras dela. ― Você quer mais?
― Por favor.
O dia ficava mais quente a cada hora que passava, e quando viram, estavam com os dois ventiladores da casa apontados para os dois no quarto. passou a maior parte do tempo sentada na cama, mesmo que quisesse ajudar , mas ele lhe proibira por causa do pé. Mas no momento ela levantara e fora até a sala, vendo alguma coisa aleatória na televisão e depois fazendo uma limonada para o rapaz que não parava de pingar suor. Estava com dó desde a hora que o deixara sozinho, ao mesmo tempo em que não podia negar que aquela cena era um colírio para os olhos e por isso saíra de lá. Era pecado demais para poucos metros quadrados.
Mas para sua surpresa, isso apenas se intensificou quando chegou no quarto com o copo na mão e viu que havia tirado a camisa para refrescar um pouco. As costas definidas fora a primeira coisa que viu, mas logo ele virou de frente para si com um sorriso animado ao ver o suco trincando em sua mão e ela pôde observá-lo em seu esplendor. Se esforçou para manter a expressão neutra, mas céus, foi difícil.
― Ei, obrigada, . ― ele falou, se abaixando para beijar levemente seu rosto em agradecimento e pegar o copo. ― Eu estava terminando agora, acho que ninguém vai perceber que você tentou destruir o drywall.
― Que bom, nós realmente não queremos que ninguém saiba que eu sou surtada, né? Principalmente se eu trago a pessoa no meu quarto. ― a sussurrou maldosa a última parte, rindo com o garoto logo após.
― Achei que só eu e seu namorado tivéssemos esse privilégio. ― ele comentou inocentemente, tomando o copo de suco praticamente de uma vez só.
― Então se sinta especial porque é só você que está tendo. ― respondeu com um sorriso amargo, pulando até perto do garoto que ficou atônito com a notícia, pegando o copo da mão dele e colocando uma toalha no lugar. ― Vai lá tomar um banho, você merece.
obedeceu em silêncio, indo até o banheiro, mas ainda meio fora de órbita por descobrir que a estava solteira. Ela não percebeu o tempo que ele demorou, estava entretida com o ventilador na sua cara e um survival qualquer que passava em um canal qualquer. A quantidade de garotos bonitos nisso era assustadora, agora entendia por que a audiência era tão alta. E ela trouxa perdendo três anos focada naquele infeliz do …
― Hey, . ― apareceu no seu corredor ainda sem camisa e ela só conseguiu confirmar o pensamento que acabara de ter. UM ABDÔMEN DAQUELE E ELA PERDENDO TEMPO COM O EMBUSTE DO .
― Deu pra dar uma refrescada? ― perguntou, tentando focar o olhar da cabeça pra cima, a questão era qual cabeça.
― Até que sim. ― banho gelado era sempre bom pra refrescar e outras coisas também, não é mesmo? ― Se te incomoda, eu coloco a camisa. ― ele provocou a garota ao ver que o olhar dela não parava de descer aos poucos e subir de novo.
― Magina, que isso, a última que você sem camisa ia fazer é me incomodar. ― principalmente porque ainda havia algumas gotículas de água por ali. Aquele infeliz nem havia se secado direito, aquilo era proposital?
― É mesmo? Bom saber. ― a expressão do garoto que era sempre tão simpática e inocente se tornou maliciosa e sensual por um lampejo, fazendo um arrepio subir pela nuca da garota. ― Mas por mais que eu queira ficar e te mostrar mais que meu abs, eu ainda tenho que estudar.
não era o tipo de garota que corava por qualquer coisa. Ela se julgava até mesmo meio cara de pau, uma pessoa confiante que sabia o que queria, quando queria e como conseguir, características ótimas para uma estudante música de vinte anos. Mas aquelas palavras de fizeram até mesmo o pouco ar quente naquela sala lhe sumir por alguns segundos, o fazendo rir quando se aproximava.
Ele levantou seu queixo ao agachar na frente do sofá e pressionou os lábios com força contra os seus por alguns segundos. Apenas um selinho e um toque, nada mais que isso, que fizeram a garota se derreter mais ainda naquele sofá e o calor que sentia subir no mínimo quinze graus. se levantou sorrindo logo depois disso.
― Eu passo amanhã de manhã pra pegar meu café, viu? ― ele avisou antes de sair pela porta, a encostando e deixando lá, com cara de idiota olhando o local.
Realmente, um belo novo caminho com lindas oportunidades a rodeando.
Estava na segunda semana de recuperação e seu pé já estava bem melhor, mesmo que ainda não pudesse forçá-lo fazendo coisas como correr ou algo do tipo, já havia, graças ao céus, parado de andar como o Saci Pererê pelos lugares e até mesmo arriscara sair de casa para comprar alguma comida, após estar nove dias sustentada de fast foods que entregavam na porta.
Inclusive, o entregador era uma gracinha, tinha que lembrar de perguntar o nome dele na próxima vez, ou simplesmente olhar o nome no crachá mesmo e perguntar era outras coisas.
Agora estava apenas jogada em seu sofá, pegando seu celular e abrindo uma rede social qualquer. Se arrependeu assim que o fez, pois a primeira coisa que apareceu foi a foto daquele pseudo cult desgraçado sentado de lado para a câmera em tons de sépia com um livro na mão, que por acaso ela que tinha dado, olhando para cima, fazendo seu sangue ferver. Ele havia cortado o cabelo como sempre havia pedido para ele cortar e estava com o óculos que gostava.
era o filho favorito de Lúcifer, tinha certeza. Quando fora que se esquecera de excluí-lo ou bloqueá-lo? A verdade é que ultimamente ignorara quase completamente seu celular, tentando fugir dos comentários de suas tias sobre porquê havia trocado seu status para solteira se era um rapaz tão decente, algo que chocava um total de zero pessoas porque aquele desgraçado sabia mesmo fingir, afinal ele lhe enganara durante três anos, né?
Mas na realidade isso não importava, porque agora estava pistola.
Se ele queria tirar foto com um livrinho, tiraria com a biblioteca inteira em filtro preto e branco que era muito mais cult e mainstream. Fez questão de escovar seus cabelos e passar uma maquiagem daquelas que dava a impressão de ser pouca quando na verdade demorara uma hora e meia pra fazer, andando calmamente para fora de casa, arrastando levemente o pé.
Conhecia bem a biblioteca que ficava a duas ruas de seu apartamento e lá seria um cenário perfeito, até porque perdera as contas de quantas vezes a visitara com . Eram memórias agridoces, mas que naquele momento apenas a deixavam sedenta por vingança. Seu único desgosto era estar tão quente que nem mesmo poderia usar aqueles casacos alternativos pra parecer ainda mais cult, tendo que se conformar com o short jeans de cintura alta e a camiseta branca listrada em tons coloridos.
O local estava praticamente vazio, o que não era uma surpresa, já que quem ia na biblioteca em plenos trinta graus? Apenas e o bibliotecário que estava distraído com um livro nas mãos, lendo-o como se estivesse em outra dimensão. Ela não quis atrapalhá-lo, apenas passou reto até se enfiar em algum corredor de prateleiras altas e se perder naquele labirinto de fantasia e informações novas que eram os livros.
Mas daquela vez não estava ali para se perder em outra dimensão lendo, então quanto mais fundo se enfiasse menos correria o risco de ser pega, então continuou andando até que chegasse ao outro lado do ambiente, com a janela grande e provençal aberta, mas com grossas cortinas na frente para não deixar a iluminação aconchegante do local ser afetada pelos raios fortes de luz do Sol.
Pegou o celular no bolso e configurou o temporizador, o encaixando logo depois em uma cadeira que teve que arrastar um pouco para ficar em um ângulo que gostasse. Então se preparou e posou como se estivesse tentando alcançar um livro muito alto. Ouviu o primeiro barulhinho de foto sendo tirada, mas sua sessão de fotos foi interrompida pela voz suave e masculina.
― Posso te ajudar?
Aquilo na verdade a atrapalhou e foi por pouco não a fez cair para trás de susto, enquanto o garoto rapidamente se aproximou para lhe segurar ao ver que tinha perdido o equilíbrio, instintivamente as mãos segurando sua cintura ao mesmo tempo que o celular registrava o momento em slow motion.
― Eu só estava tentando alcançar o livro ali. ― mentiu de leve, apontou para um livro qualquer de capa dourada que estava no meio dos outros porque foi o primeiro que lhe chamara a atenção.
― Eu posso fazer isso pra você. ― o garoto sorriu simpático. Ele não era tão mais alto que si assim, mas era o suficiente pra conseguir pegar o que queria facilmente, então depois apenas o segurou no ar para que o pegasse.
― Obrigada. ― sorriu para o rapaz, erguendo a mão para pegar o livro e encarando a capa por alguns segundos para ver o que teria que levar pra casa pra manter a mentira beirando a realidade, mas acabou arregalando os olhos com aquilo.
― Você não tem cara de quem curte histórico de futebol. ― comentou tentando puxar algum assunto, percebendo o que disse logo depois. ― Não que tenha algum problema nisso, quer dizer, você pode curtir o que quiser. ― ele tentou consertar sem graça, arrancando uma risada sonora da mais baixa.
― Você tá certo, eu não curto. Isso aqui só me lembra de uma pessoa e eu decidi dar uma olhada. ― deu de ombros como não se importasse, deixando o livro em cima de uma mesa próxima. O pior é que nem mentira era, conseguia se lembrar perfeitamente daquela capa dourada a qual vira dedilhando alguma vez e tentando lhe explicar alguma coisa do esporte, que com certeza não deu nada certo.
― O-Oh, o seu namorado? ― soltou novamente, porém agora soando genuinamente curioso e nem percebendo a expressão chocada da garota.
― Como você sabe…? ― a garota arqueou uma das sobrancelhas confusa,
― Eu sempre via vocês dois passando juntos. ― explicou, apontando levemente para a entrada do lugar como se dissesse onde os via. Me desculpe se pareceu intrometido.
― Ah, não se preocupe. Eu só não imaginava que você estava prestando atenção. ― já que ele sempre estava com a cara em algum livro completamente imerso. ― Mas na verdade, nós nem somos namorados mais. ― piscou um dos olhos discretamente para o rapaz, rindo baixo como se essa informação não importasse e indo buscar seu celular na cadeira.
― Sério…? ― ele teve que segurar sua boca que ameaçou abrir com aquilo, mas sua ilusão sobre ela estar solteira agora, foi embora em pensar que ela havia ido até ali apenas para olhar coisas que a faziam se lembrar do ex, então claro que ela ainda não tinha superado.
Seus pensamentos apenas se dissiparam com o barulho alto do trovão que cortou o céu e as luzes do local que começaram a piscar em um barulhinho satânico de choque, mas logo se estabilizaram. Ele arregalou os olhos surpreso, aquelas chuvas de verão sempre surgiam quando você menos esperava e escureciam todo o céu, o que ele pôde comprovar ao puxar a cortina grossa para o lado. Fechou a janela, mas deixou a cortina puxada.
― Aish… ― soltou ao ver a situação ao qual o lado externo estava, com as pessoas começando a correr para procurar abrigo e os pingos grossos caindo rapidamente, não deixando ninguém nem mesmo ter a oportunidade de se esconder.
Não tinha nada para fazer em casa, mas apesar de ter tido um surto de ex-namorada ofendida, não planejava passar a tarde toda naquela biblioteca. Na verdade queria ter tempo de pensar sobre postar ou não aquela foto e chorar de raiva durante três horas no seu travesseiro pensando o quanto era um filho da puta.
― Parece que não vou poder ir embora tão cedo, então. ― soltou o ar um tanto inconformada, mas aceitou seu destino de ter que ficar ali ao sentar em uma das mesas e cruzar as pernas, desanimada. ― Alguma leitura que você me recomenda pra passar o tempo?
― A-Ah, claro! ― o rapaz voltava à realidade, largando o tecido da cortina e virando para olhá-la.
Mas o trovão foi mais rápido, atingindo um local tão próximo a biblioteca que fez que a iluminação sumisse junto com o barulho de gerador sendo desligado, deixando apenas a luz de emergência piscando em uma parte alta da parede, com uma seta indicando a saída. A expressão de não pôde ser nenhuma a não ser choque, olhando para cima como se perguntasse aos céus porque andava tão azarada ultimamente.
Os dois suspiraram ao mesmo tempo, e o garoto andou com a ajuda da pouca luz que o céu acinzentado proporcionava, pegando uma cadeira e a arrastando até ficava à frente da que a mais baixa estava, do outro lado da mesa, apoiando o rosto na madeira em desânimo.
― A propósito, meu nome é . ― ele se apresentou após estarem nas mesmas posições por alguns minutos, fazendo com que a desfizesse a expressão confusa e assustada que sustentava até agora olhando para a janela.
― . ― ela respondeu automaticamente, desviando o olhar para o rapaz e sorrindo sem abrir os lábios. Pelo menos até ver como ele estava, parecendo um cachorrinho que caiu da mudança olhando para si debaixo, com um pouco dos cabelos cobrindo os olhos e a fazendo ter que exercer seu controle mental para não achá-lo extremamente fofo.
Talvez não fosse azar e o destino fosse seu amigo ao invés de inimigo, mas o silêncio que pairava entre os dois ainda a deixava em dúvida sobre isso. Deixou-se observar o garoto a sua frente, a iluminação era precária e terrível, mas ele sentara exatamente na direção onde a pouca luz natural era refletida, diferente de si que estava praticamente na escuridão. Percebeu que suas feições não eram só bonitas, mas também joviais. provavelmente era mais novo que si, o que a fazia sentir-se uma pessoa horrível por tê-lo achado tão gato.
― Não deve demorar muito. ― ele comentou após mais uns minutos de apenas o barulho de chuva sendo ouvido no local. ― O temporal. Essas chuvas assim sempre passam em alguns minutos…
― Você está certo. ― ela sorriu para o rapaz que continuava na mesma posição de antes, mas agora encarando o chão. ― Mas sabe, eu não me importo. ― recostou na parte estofada da poltrona confortavelmente, fechando os olhos. ― Eu não tenho plano nenhum pra hoje mesmo.
― Quer dizer que vocês terminaram mesmo, então? ― aproveitou a deixa para questionar aquilo. Queria ter certeza de que ela não tinha mais nenhum interesse no ex.
― Só me resta ranço. ― riu um pouco com a necessidade dele de voltar naquilo para confirmar. ― Só tive uma recaída. ― apontou levemente para o livro no meio da mesa. Era verdade e mentira ao mesmo tempo, tivera mesmo uma recaída, mas não exatamente daquela forma.
― Isso é normal, vocês ficaram juntos muito tempo. Quando eu comecei a trabalhar aqui vocês já frequentavam e… ― mais uma vez ele apenas percebia o que falara após falar, batendo discretamente seu próprio queixo na madeira como castigo. ― Me desculpe, não é como se eu fosse obcecado por você ou algo assim, eu só te acho muito bonita e prestava atenção quando você vinha até aqui. Mesmo sendo errado porque você era comprometida. ― murmurou um pouco emburrado, se perguntando se isso melhorava ou piorava a situação.
apenas riu alto tanto do nervosismo do garoto quanto do que ele falava, aproveitando para fazer a mesma coisa que e abaixar o rosto até a mesa, o encostando ali e então ficando de frente com o do rapaz, a única distância os separando sendo o fato de um estar de um lado e o outro do outro lado.
― Você nunca deu em cima de mim, então não tem problema. E sabe que é uma pena eu não ter te conhecido antes do , porque eu também te acho muito bonito. ― essa parte falou um pouco mais baixo, como se fosse segredo, fazendo a feição do menino se contorcer em vergonha e choque.
― Bom, você não está mais com ele agora, não é? ― soltou, sorrindo de canto e surpreendendo a mais velha que ergueu as sobrancelhas.
― Olha… Você está certo. ― a acabou concordando, não havia pensado daquela forma. ― Me avise quando você tiver dezoito anos.
Aquela frase era ao mesmo tempo hilária e trágica para o bibliotecário, que quis chorar e rir ao mesmo tempo. Imaginava que ela fosse mais velha, mas ouvir aquilo era praticamente uma frustração em sua vida. A sua sorte era que essa desculpa não existia mais, e não tomaria mais nenhum toco simplesmente por ser menor de idade.
― Eu fiz semana passada, Noona. ― fez questão de pronunciar a palavra noona com uma entonação carregada, umedecendo levemente os lábios rosados.
sentiu até mesmo um peso enorme saindo das suas costas, junto com um arrepio em sua nuca ao ouvir aquilo. O silêncio reinou entre eles, mas não era nada desconfortável, e sim uma provocação um para com o outro. Mais tarde acabaram voltando a fazer comentários sobre como aquela chuva não passava de jeito nenhum e realmente ela durara o dia todo, assim como o apagão.
Em algum momento, sentaram no chão apenas para esticarem as pernas e no outro percebeu que estava dormindo em seu colo. O garoto estava cansado porque era sua última semana de provas do colégio e na verdade ele estava estudando para o vestibular com o livro que o vira lendo ao chegar, enquanto tinha que manter o trabalho de meio período. Bom, ao menos ele estava quase na faculdade, esperar mais uns seis meses não doía muito não.
Pegou seu celular para olhar que horas eram e o relógio já marcava quatro e quarenta da tarde, o que era meio assustador em pensar que ela chegara lá ainda beiravam uma e pouco, mas não era possível que a chuva durasse até a noite, ao menos esperava. Acabou se distraindo ao clicar na galeria, vendo as fotos que havia tirado mais cedo e sorrindo para si mesma. Enquanto aparecia tentando alcançar o livro, estava encostado na prateleira lhe observando meio escondido, e a última foto era dele lhe segurando pela cintura.
Já agradecia o destino mentalmente e constatara que ele era sim seu amigo, será que agora podia parar de chover?
Era seu último dia de “férias” e graças aos céus seu pé estava completamente recuperado. Já estava pulando e correndo como louca como fazia normalmente, e por que não aproveitar aquele verão fodido e um domingo de Sol mais fodido para dar uma passeada na piscina do clube que ficava perto de casa, não é mesmo?
Estava louca para tirar uma selfie bem plena de biquíni e postar no Instagram, claramente certas pessoas iam chorar.
Foi um pouco complicado para encontrar alguma roupa de banho que ainda lhe servisse, a realidade é que nem mesmo achou algum biquíni, que maldição era aquela? E nem era porque havia engordado, na realidade é porque não sabia há quantos anos não aparecia na praia ou em alguma piscina por aí. Seus passeios desde que começara o ensino médio e o namoro com eram bem mais por museus do que por ondas.
Teve que literalmente se jogar em seu closet, arrancando todas as roupas dos armários e as jogando. Ele nem estava tão bagunçado até fazer isso, mas quando viu, estava praticamente deitada em cima de um marzinho de roupas, procurando algo por debaixo das mais novas que provavelmente jogara lá por último. Por sorte ainda havia algum maiô ali que podia ser aproveitado, e assim que o encontrou, saiu rolando do espaço fechando a porta logo após.
Que pesadelo, não teria ânimo algum para arrumar aquilo, mas preferiu nem pensar nisso enquanto ia até o banheiro para terminar de se arrumar, com uma bolsa pequena e branca em mãos a qual iria colocar algum dinheiro, o protetor solar e essas coisas dentro. Iria com um vestido envelope de pano leve e algumas flores desenhadas até chegar até lá, mas nem foi sua aparência o que mais chamou sua atenção ao olhar o espelho, e sim a última coisa que restava de em sua casa.
O maldito pato de borracha que ele adorava tanto. Aquele burro provavelmente não sabia, mas pela sua capacidade de adaptação, estilo de vida distintos e ser um animal da terra, água e ar, o pato é considerado como sendo uma função transcendental, ou seja, ele representava uma capacidade que tem a psique inconsciente de se transformar e de nos levar a uma nova situação que anteriormente nos parecia bloqueada.
Com quem será que a porra do pato combinada agora, não é mesmo? Foda-se o pato, foda-se , pegou o bichinho e o jogou no meio do corredor revoltada, saindo logo após e colocando o óculos escuros grandes e marrons no rosto ainda no corredor da casa. Ia aproveitar seu dia e nada era capaz de estragá-lo, principalmente algo que tivesse haver com . Na verdade, se encontrasse com algum cara gato por aí, era bem capaz de dar em cima dele apenas para se lembrar de que continuava sendo maravilhosa.
O local estava lotado, o que era o esperado. Com aquele clima, na biblioteca ninguém ia, mas no clube só faltavam sair do bueiro pra aparecerem lá. Suspirou desanimada, arrumando alguma esteira ao lado de uma sombrinha e mesinha que havia acabado de vagar para se deitar. se sentou, tirando o vestido rosa de tecido fino e aos poucos revelando o maiô que usava.
Era completamente estampado por florzinhas pequenininhas e coloridas, a maioria em tons de rosa, vermelho e azuis, com a parte das costas trançada e com um laço por cima de um tecido da mesma estampa. Era um pouco antiquado, tinha que admitir, mas na verdade não se importava. Estava vivendo como as flores, o que era melhor do que se vestir com elas também?
Não ficou muito tempo naquela posição porém, logo após passar o protetor solar, levantou para dar um mergulho. Talvez estivesse sendo um pouco abusada para quem havia acabado de se machucar de uma forma tão desastrada quanto se cortara, mas não pensou muito ao entrar na piscina e aproveitar o fato de não se sentir cozinhando pela primeira vez em dias.
A garota passou o dia apenas olhando para o céu e o sol, também fez questão de tirar uma foto ou outra, além de sair e entrar na piscina para dar um tempo ou simplesmente repassar o protetor. Naquela hora, porém, saíra pra comer e não pensou duas vezes antes de querer se jogar de novo na água, o sol do meio dia e meia castigava demais para que aguentasse apenas olhar a piscina, mas um braço levemente musculoso interrompeu o seu caminho, a fazendo olhar de baixo para cima por detrás das lentes do óculos escuros, confusa.
Por que diabos havia um homem sem camisa parado na sua frente, impedindo seu caminho?
― Fiz algo errado? ― questionou confusa, frisando as sobrancelhas na direção do dono dos cabelos escuros perfeitamente penteados para trás.
― Você acabou de sair do restaurante, não posso te deixar voltar pra água em pelo menos quarenta minutos. ― ele explicou, mantendo o braço erguido na frente da garota para que ela não acabasse lhe dando um perdido.
― Parece que alguém estava me observando, não? ― a sorriu de canto, cruzando os braços na cintura. Fazia mais sentido agora que entendera o porquê dele estar vestindo uma bermuda vermelha: era um salva vidas, e se sentiu tapada por não ter percebido antes.
― Apenas zelando pelo bem dos visitantes. ― o salva vidas respondeu, levemente sem graça com a insinuação da garota em estar a olhando.
― Ok, então, e o que é que eu vou fazer nesses quarenta minutos? ― questionou, deixando uma das mãos na cintura e guiando a outra até o rosto para retirar o óculos escuros.
― Nós recomendamos atividades leves como uma pequena visita ao museu ou… ― a forma a qual ela continuava encarando intensamente, agora sem os óculos, fez o garoto corar mesmo que bem pouco e começar a demonstrar um pouco de nervosismo. ― Ou algum jogo de tabuleiro.
― E onde essas atividades podem ser encontradas? ― apenas em pensar em “museu” ou “jogo de tabuleiro” acabou bocejando inconscientemente, pensando no ex-namorado e que aquilo era praticamente uma descrição do que ele faria em plenos trinta graus. ― Espera, você pode me levar até lá, não é? Porque se eu não encontrar algo pra fazer, eu vou me jogar nessa piscina. ― apontou para o lado, onde a água clara e azulada parecia gritar seu nome.
― N-Na verdade, eu…
― Você pode sim, você não tem que zelar pelos visitantes? ― ela perguntou, tombando um pouco a cabeça para o lado para observar melhor o rapaz e deixar claro que não aceitaria não como resposta.
Ele acabou suspirando inconformado e o abdômen bem marcado subiu e desceu levemente com a respiração acentuada, fazendo a disfarçar o olhar para o horizonte. Por que não ficara com os óculos escuros, afinal, assim poderia continuar encarando o corpo definido do desconhecido sem precisar se sentir culpada por estar sendo muito descarada…
O mais alto se conformou e apenas pegou na mão da garota, a puxando para fora do espaço da piscina. Planejava simplesmente deixá-la na porta do museu e então voltar até seu posto, mas assim que passaram entre um pequeno espaço de árvores e bambus que geralmente serviam para que algum pessoal tirasse foto entre eles, a mais baixa tirou uma força de onde ela não faz a mínima ideia, o surpreendendo e puxando para entre as árvores.
Era claro que ia fazer alguma besteira naquelas duas semanas, alguém que namorara por três anos não podia estar em estado normal de sanidade. Por isso naquele momento ela não se importou e nem se deu ao trabalho de pensar, deixando suas costas prensadas contra algum tronco e puxando o salva vidas para si com força antes de agarrar os cabelos úmidos e lisos dele, seus lábios se encontrando ferozmente e sem cerimônia alguma as línguas se entrelaçaram.
Inicialmente ele não recusou, muito pelo contrário, uma das mãos segurou firmemente lateral da cintura de enquanto a outra subiu por suas costas a causando leves arrepios até se embrenhar com a raiz de seus cabelos, próxima a nuca. O beijo não era nada delicado, batalhavam pela dominância e seus corpos se prensaram um contra o outro cada vez mais, o calor aumentando e fazendo algumas gotas de suor surgirem em suas testas. O que durou apenas até que o rapaz separou suas bocas apenas o suficiente para que conseguisse falar, levemente ofegante.
― Você nem sabe meu nome… ― ele abriu os olhos os deixando meio cerrados focados nos lábios agora avermelhados da mulher, o peito subindo e descendo como se não quisesse parar, mas sua consciência estive lhe obrigando a fazê-lo.
― Qual o seu nome? ― a perguntou, também abrindo as orbes e as fixando nas dele ao questionar isso.
― .
― Pronto, agora eu sei seu nome.
E então trouxe uma das mãos para a bochecha do mais alto, a segurando e novamente pressionando sua boca contra a dele que não conseguiu resistir em não fazer o mesmo, retornando a intensidade de alguns segundos atrás quando o deixou dominá-la e afundar sua língua para explorar cada canto da dela, o gosto de framboesa o deixando completamente fora de si, permitindo suas mãos passearem pelo corpo delineado da garota até que o choque de realidade o fizesse parar novamente.
― Eu não posso fazer isso. Se você quiser sair comigo, nós podemos nos conhecer, mas aqui não… Não desse jeito.
Era engraçado como um desconhecido tinha mais decência em lhe dar um toco bem explicado do que seu próprio ex-namorado. Tudo bem que não fora exatamente um toco, porque deixou bem claro os seus motivos sobre a regra de não ficar com ninguém em serviço e também não ser do tipo que sai pegando as pessoas por aí, além de que quando ele passou o número de telefone, parecia bem feliz com a hipótese de a ver de novo.
mal conseguira parar de pensar no garoto do dia anterior até agora por isso, mas a realidade é que após voltar ao trabalho e se preparar para desvirar a placa de Fechado, não parava de incomodar sua mente. Quanto mais pensava naquilo, mais ficava confusa. Aqueles dias serviram para comprovar algo que o término de seu relacionamento lhe deixara cheia de dúvidas…
Todos queriam o seu perfume, mas só ele não quer, como um idiota. Por mais que pensasse naquilo, não conseguia entender… Ele tem certeza que não está louco?
― , você voltou!
A voz de seu chefe estava tão emocionada quando ele lhe viu atrás do balcão que podia jurar que mais um pouco ele dava uma choradinha. Não queria nem imaginar o inferno que ele passara naquele lugar naqueles dias pra estar daquela forma. atravessou a cafeteria em um segundo e logo já estava lhe abraçando pelos ombros tão apertado que quase foi espremida, com um adorável sorriso de hamster com as bochechinhas cheias.
― E-Ei… ― ela tentou reclamar, mas o garoto estava tão concentrado que nem mesmo prestou atenção.
― O que foi que aconteceu, você não ia se encontrar com o aquele dia? ― a soltou para olhar em seus olhos, observando a expressão confusa da garota enquanto a segurava levemente pelos ombros.
― Nós nos encontramos aqui, mas nós dois terminamos, então eu… ― o chefe não a deixou terminar, a interrompendo completamente revoltado.
― Eu sempre soube que ele era um imbecil e ia acabar te machucando alguma hora. ― o garoto puxou o ar fortemente, o soltando logo depois.
― P-Pera, não foi ele que machucou meu pé… ― olhou feio para o mais alto por ele ter pensado aquilo, frisando o cenho. podia ser muitas coisas, mas pelo menos sobre isso não podia xingá-lo.
― Eu não estou falando do seu pé, . ― o coreano levou uma das mãos até a franja da mais nova, a colocando atrás de sua orelha ao arrastar delicadamente o dedo na lateral de seu rosto. ― Estou falando do seu coração.
― …
A sineta do lugar fez com os dois se separassem rapidamente e voltassem ao trabalho. Aquilo fora tão estranho para a que ela precisou de alguns minutos a mais parada como idiota atrás do balcão para se recuperar do choque. era o filho do dono da cafeteria que trabalhava há dois anos e meio. Mas mais que isso, era um amigo seu de infância, estudaram juntos durante toda a época colegial.
nunca gostara de e também não fazia questão de esconder, apesar de sempre ter aceitado calmamente seu relacionamento e sorrir complacente dizendo que o que importava era sua felicidade. No fim das contas, já estava preparada para a reação ruim que imaginava que seria, mas não para a que ele teve na realidade.
Se distraiu com o trabalho, o que para ela na verdade foi um alívio. Sentira falta de ter algo pra pensar além de pegar os trabalhos da faculdade, limpar a casa, pedir comida por aplicativo e pensar em homens principalmente quando um deles era o ex, mas sabia que voltaria logo ao ritmo… Pelo menos achava isso até o pôr do Sol chegar e estar próxima de fechar.
limpara algumas mesas e agora estava sentada no último banco, observando o movimento da rua assim como fizera há duas semanas atrás. Os carros coloridos passavam pelo cruzamento e pareciam lhe esmagar cada vez mais enquanto pensava com o coração apertado. Em duas semanas ela havia florescido, ele murchado e havia acabado. Mesmo se ele quisesse voltar, não tinha mais jeito. Sabia que ele precisava de um tempo longe, mas nunca disse que quando ele voltasse sua essência estaria esperando por ele.
Mas mesmo que já soubesse disso tudo, não conseguiria seguir em frente se não soubesse a resposta para sua dúvida. Havia uma pergunta martelando em sua cabeça e ela a faria para , ele querendo ou não. Quando ele visse quão afiada ela havia se tornado, ia se arrepender. iria cortar mais fundo nele do que um espinho, ou do que aquele caco de vidro que a machucara. Mas não aceitaria que ele se arrependesse, porque no final, o que se feriu de verdade foi , e não ela.
Saiu da cafeteria e chegou em sua casa em menos de cinco minutos, um caminho que levaria pelo menos dez, normalmente, pegando fogo ao abrir o closet. Não se importou em se jogar nele, só em encontrar o vestido de noite com bordados em tons de rosa que jogou em cima da cama, pegando uma sandália de salto alto prata e jogando no chão mesmo.
Prendeu os cabelos que já estavam escovados desde de manhã para facilitar em passar a maquiagem, aproveitando que já anoitecia e ajeitando sua palheta de glitters em cima da penteadeira. Deve ter demorado quarenta minutos só pra maquiar os olhos como queria, mas quando terminou estava perfeito e ainda dava tempo de fazer o que estava planejando.
saiu do apartamento de chinelo, com as sandálias em mãos e pegou o táxi que havia chamado, indicando o endereço de onde queria ir. O trânsito naquele dia não estava ajudando muito e foi por isso que acabou colocando a sandália dentro do carro mesmo e descendo duas esquinas antes, correndo até a porta da garagem da casa dele. Sabia que deveria estar saindo aquela hora para a faculdade, e não errou.
Assim que virou a rua pôde ver o carro já no meio dela, com os faróis acesos. Não pensou duas vezes em parar na frente do automóvel, vendo os olhos do ex-namorado se arregalarem enquanto ele balbuciava seu nome, chocado ao encontrá-la ali, principalmente daquela forma. estava linda, com os cabelos longos caindo em seus ombros mesmo que um tanto bagunçados, provavelmente porque ela estava correndo, o que apenas lhe dava um charme a mais, assim como a maquiagem pesada em seus olhos que o deixavam mais penetrantes e por mais que não quisesse admitir, mais assustadores também, principalmente porque ela lhe olhava levemente de baixo.
Fim
Isso aqui é um harém, sim ou claro? Mas pelo menos a pp não é tonta que nem as meninas de dorama/anime, porque ai não dá UAHAUHUAHA Quem vocês escolheriam como par final? Eu sinceramente não sei qual deles eu prefiro, eu acho que gosto de todos :c UAHUAHUAH mas dava um plot legal pra uma one pra cada, né nom? Assim, só jogando no ar RS
Gashina foi minha música tema de 2017 por alguns acontecimentos e porque a SUNMI É UMA RAINHA e minha bias ultimate entre as mulheres, ela ter voltado lançando uma maravilha dessas foi DEMAIS pra mim, então se você gostou me deixe saber! Muito obrigada por ter lido ♥
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E caso tenha gostado e queira ler alguma outra coisa minha, eu estou com uma long fic em andamento sobre romance e distopia.
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