Capítulo Único
― Omma, quem disse que eu não posso ficar escondendo-me? Ia ser mais benéfico para todo mundo! ― choramingou quando a mulher entrou em seu quarto, já arrancando a coberta que cobria todo o seu corpo e também o seu rosto, vermelho de raiva e inchado de choro.
― Por quê? Pelo amor de Deus, você nem é tudo isso, não é como se todo mundo fosse se apaixonar por você. ― a mãe revirou os olhos com aquele drama da menina, vendo a expressão chateada que ela assumiu logo depois e os olhos brilhando como se ela fosse voltar a chorar a qualquer segundo. ― NÃO FOI ISSO QUE EU QUIS DIZER, eu só estava brincando! Quer dizer, é só uma maldiçãozinha, se alguém se apaixonar, explode e pronto. Ninguém vai morrer, são só umas florezinhas.
― Você não sabe a vergonha que eu passo, não é?! ― a garota assumiu um bico nos lábios pálidos, encarando o tapete em formato de gatinho branco que decorava o meio de seu quarto.
― Por quê? Por que os garotos gostam de você? Poupe-me, menina. ― sério, onde devia arrumar paciência para criar esses adolescentes de hoje em dia? Fácil que não era. ― Isso não é nada demais, você sabe.
― Nenhum deles gosta de mim de verdade! E quando eles explodem a escola toda começa a prestar atenção em mim, e aí começa a todo mundo explodir em efeito dominó, depois disso não tem outro assunto que não seja eu! ― a adolescente gesticulava exageradamente, mexendo as mãos e simulando explosões diversas vezes.
― MAS QUAL O PROBLEMA, MENINA? DEVE SER SÓ UMA CHUVA DE PÉTALAS, É BONITO! ― claramente sua mãe já perdia a paciência depois de tentar ser legal, bufando e jogando o cobertor de novo em cima da sua cara. ― EU NÃO ME IMPORTO! Nós mudamos de cidade por causa disso, eu te transferi de escola e agora você VAI ESTUDAR SIM e eu NÃO quero nem saber de choro!
arregalou os olhos ao ver sua mãe naquele estado, principalmente porque ela bateu a porta logo depois e saiu reclamando pelo corredor. A garota se desvencilhou lentamente do edredom, ainda se escondendo um pouco atrás dele de medo, mas então suspirou derrotada. Não teria jeito, ia ter que enfrentar aquilo novamente, pela quinta vez.
― Bom, esse é meu destino, né? A princesa de conto de fadas da atualidade, e bem fudida, na real. ― preguiçosamente tirava as pernas da cama, sentando-se nessa e observando o quarto todo em tons de branco e lilás, parando o olhar na escrivaninha que ficava em um dos cantos, levantando-se para ir até ela.
Havia um diário com o fundo de azul pastel e uma estampa de rosas em tons suaves de rosa e vermelho ali em cima, alvo de sua atenção. Ao se levantar, passou em seu guarda roupa para pegar a chave dele escondida entre alguns anéis em uma caixa, e então sentou de frente para a escrivaninha, abrindo o cadeado e lendo o que estava escrito na primeira página.
“Esta é a vida de alguém que foi amaldiçoada.
A parte boa é que todos os meninos se apaixonam por mim. E a ruim é que o peito deles explode por causa disso”.
Sinceramente, ela detestava todos aqueles malditos primeiros dias de aula, julgava-os uma coisa tão clichê e irritante! Era por isso que agora não se importava mais com eles, e agia normalmente como se estivesse naquele lugar há anos. Nas primeiras transferências, lembrava-se de ficar tímida e viver corando, mas aquilo parecia só fazer os garotos explodirem mais rápido.
Agora fazia questão de usar uma máscara que cobrisse metade de seu rosto e também óculos com lentes bem grandes que disfarçasse ao máximo seus traços, com os cabelos presos. Sabia que cedo ou tarde acabaria tendo que mostrar seu rosto ao mundo, e aí começaria, mas por enquanto queria paz ao menos durante o tempo que andava pelo local para conhecê-lo melhor, afinal nem iria para a aula naquele dia praticamente, só ficaria andando pela escola que nem uma idiota, fingindo que estava se esforçando para conhecer o ambiente e os coleguinhas novos.
A inspetora da secretaria já lhe dera alguns panfletos de clubes e também mandara tirar a máscara, porém o mais interessante fora o comunicado que ela lhe dera depois disso: entrara no colégio em uma péssima época para atividades extracurriculares, mesmo que todas fossem obrigatórias, e nenhum clube aceitaria membros em uma temporada assim tão próxima das competições começarem. Era muito provável que tivesse que ajudar em diversos até que algum decidisse que tinha capacidade para entrar nele e então a acolher.
Tristemente, não estava interessada em nenhum dos que ela lhe dera, mas não tinha escolha nenhuma senão ir até eles. O que a mulher achava que ia conseguir fazer em um clube de boxe, ou de musculação ― desde quando aquilo existia? Skatismo ― começava a se questionar que tipo de escola era aquela ao ver esse ― e basquete? Ela provavelmente nem pensara muito e só lhe dera o que estava em cima da mesa.
Ao menos havia três opções que pareciam mais normais entre aqueles folhetos, sendo elas teatro, dança e música. Não era nada boa em nenhum deles, mas é óbvio que entre os quatro “esportes” e as três artes, preferia mil vezes ser escolhida pelas artes, se possível que fosse escolhida pelo clube de Teatro nem que fosse só para fazer a árvore durante a peça, pelo menos não ia ter que correr por aí ou suar…
― Hey, espera! Você está perdida?
Uma voz doce e harmoniosa invadiu seus tímpanos de uma forma que não poderia ignorar nem se quisesse, e não teve opção alguma se não virar para encontrar o dono daquela delícia aos ouvidos, o que serviu para descobrir que havia uma coisa ainda mais agradável para si do que apenas a voz do garoto. Controlou o sorriso simpático que pediu para sair dos seus lábios, olhando-o com a maior cara de cú que conseguia ter. Se ainda tivesse de máscara, seria bem mais fácil.
― Não, eu pareço estar? ― questionou, arqueando uma sobrancelha e falando em um tom de voz simpático, tentando não ser tão grossa quanto suas palavras sinalizavam ser.
― Ah, desculpe-me se eu pareci intrometido… ― ele levou uma das mãos até a própria nuca timidamente, abrindo um sorriso sem graça e completamente adorável que quase a fez perder qualquer pose que tentava manter. ― Mas é que você está indo para a área de funcionários, meio que é proibido entrar aí.
― O-Oh, eu não sabia…
A garota murmurou baixo, a boca abrindo levemente em uma expressão surpresa, porém viu que ele deu um passo para a frente para poder se aproximar um pouco e mostrar a placa a qual a garota estava parada praticamente do lado e avisava que era proibido transitar por ali. Porém, ela automaticamente se assustou com a movimentação do garoto e acabou dando um passo para trás. Joshua achou aquilo engraçadinho e deu outro passo para frente, vendo a cena se repetir e a desconhecida não aguentar e dar um sorrisinho de canto.
Joshua sentiu algo que nunca havia imaginado existir antes. Era como se seu coração estivesse acelerando de uma forma completamente descontrolada e podia ouvi-lo bater, sentir algo tão quente e forte que parecia que ia… Explodir?! Fora exatamente isso que aconteceu, seu peito explodiu em diversas pétalas de flores brancas que voaram entre os dois, fazendo o corpo do garoto ir para trás e bater uma das mãos na testa, inconformada.
Dez minutos.
Esse foi o tempo que conseguiu ficar dentro daquele Colégio antes que explodisse alguém. Nem mesmo batera o recorde de chegar até o intervalo e por isso estava meio depressiva, encostada em um dos muros do local, de braços cruzados e olhando o céu. Perguntava-se se algum dia ia conseguir simplesmente andar por aí como uma garota normal, mas sinceramente achava que não, já que não fazia ideia de como quebrar a maldição.
Nem percebeu que estava sendo observada até mesmo de uma distância próxima por um garoto que estava do outro lado das grades que separavam-na da área da quadra do colégio, onde os meninos jogavam. DK estava encostado na grade desde mais cedo, observando os amigos de tempos em tempos e esperando sua vez para entrar no próximo time, mas concentrado na história do mangá que lia.
Seokmin teve aquela sensação estranha de que havia alguém atrás de si, mas não tinha como já que era o fim da quadra… Mesmo assim virou para trás para ver se era apenas uma impressão, e então a viu parada, olhando para o nada. Ela era linda, completamente deslumbrante. Mesmo que estivesse de roupas largas e com os olhos bem escondidos por óculos grandes, conseguia ver os traços delicados e joviais brilhando.
Ele não resistiu, largando o mangá em qualquer superfície que estivesse a seu lado e sentando de lado discretamente na caixa a qual já estava, apenas para a olhar de soslaio. A garota nem mesmo piscava, completamente absorta em seu próprio universo, e Seokmin estava na mesma situação que ela, completamente encantado e concentrado em observá-la.
― Hey, DK, é sua vez!
Mesmo que os amigos estivessem gritando por seu nome enquanto se aproximavam de si, ele não conseguia desgrudar seus olhos e nem sua mente da garota por um segundo sequer. Mas, diferente de Seokmin, ela escutou os gritos, voltando a realidade e olhando para a direção da qual as vozes vinham, encontrando-o ainda a encarando sem pudor algum.
não pôde deixar de ficar surpresa, afinal estava ali para se esconder e mesmo assim nem conseguia, já havia sido encontrada novamente! Porém acabou demorando o olhar um pouco no desconhecido, que abriu um sorriso tão largo e brilhante que apenas a fez ficar petrificada no lugar onde estava, um tanto abobalhada pelo enorme eyesmile direcionado para si. Sem pensar nas consequências, deixou seus lábios se abrirem, sorrindo de volta timidamente com as bochechas levemente coradas.
O problema daquela maldição é que não conseguia ignorar um garoto bonito e não ser simpática com ele! Logo após o seu sorriso, fechou a cara de novo ao perceber o que havia feito, porque a expressão dele mudou de um segundo para o outro para uma confusa. Ela já sabia exatamente o que estava acontecendo: o coração dele ia acelerar demais em poucos segundos, as mãos iriam suar, ele iria fechar os olhos, seu rosto ia ficar vermelho e…
Ela também fechou os olhos ao esperar o estouro vir, então deu as costas e saiu rapidamente assim que o ouviu. DK, por sua vez, apenas prestava atenção nas reações que seu corpo estava tendo, a adrenalina a qual se emergiu, tomando conta de todos os seus poros, até que seu corpo foi para trás e apenas não caiu no chão porque seus amigos o seguraram.
― WOW, o que foi isso?! ― perguntou, completamente chocado, abrindo os olhos e olhando para trás, onde os garotos que o seguraram estavam, porém eles observavam à sua frente muito mais abismados do que si.
Fez o mesmo que eles, mirando o alto diante de onde estava e ficou atônito com aquilo. As pétalas em tom forte de dourado caiam e se espalhavam na paisagem com o vento, sendo uma cena fofa ao mesmo tempo que bizarra. Perguntava-se se havia feito aquilo e havia apenas uma forma de provar: olhou para baixo, procurando algum buraco em sua camiseta apenas para constatar que sim, havia um lá bem onde seu coração estava, ainda batendo aceleradamente.
Ergueu o rosto, procurando a garota que o fizera ficar tão eufórico, mas não havia mais ninguém ali atrás, apenas as pétalas que já chegavam ao chão.
Depois da situação com o garoto da quadra, decidiu ficar trancada no banheiro durante todo o dia até poder voltar para a casa, porque dois já eram o suficiente pelo dia, mais um e ela ia acabar surtando no meio do pessoal. Decidiu também não contar muito a sua mãe, porque ela diria que aquilo era apenas drama seu, então era melhor não a incomodar chorando em como já havia feito vítimas, afinal já sabiam que aconteceria cedo ou tarde.
Conseguira se esconder bem nos dias seguintes, apenas aparecendo de máscara nas aulas com a desculpa de que estava com alergia, sentando nas carteiras do fundo e nem mesmo passando nos clubes, mas agora que a primeira semana acabara teria que dar as caras em algum deles para começar a cumprir com suas obrigações. Havia se preparado para isso naqueles dias todos, mas nem desse jeito suas mãos tremiam menos ou o suor parava de escorrer por sua testa.
Devia ter ficado mais calma depois das duas explosões do primeiro dia, mas a realidade é que apenas ficara mais nervosa: como só andava de máscara, ninguém sabia quem era a garota desconhecida que Joshua e DK haviam visto, então estavam todos ansiosos para descobrir, e aquilo fez com que os burburinhos fossem maiores do que em todas as suas escolas anteriores. Ao menos dera a sorte do que os dois fossem mais velhos que si, então não encontrava com eles muito facilmente para que acabassem reconhecendo.
Decidira organizar os clubes por dias para facilitar sua vida, mesmo que fossem muitos para os dias letivos, ela dividiria seu tempo no de boxe e musculação e no de música e dança, já que eles ficavam perto um do outro. Segunda-feira, vulgo hoje, era o dia no qual iria para o clube de Teatro. Soube que eles estavam organizando um musical, e com isso já começou a pensar no desastre que seria quando aparecesse no espaço, perguntando-se quantos garotos teriam ali?
Para a sua surpresa, um só. Não tinha como saber, porque nem mesmo comentara com ninguém da organização do local onde estaria, mas Seungkwan era o ator principal daquele musical. Originalmente do clube de música, havia sido convidado para estrelar por conta da sua voz, e aceitou com a condição de que o deixassem o teatro para ensaiar sozinho pelo menos duas vezes por semana, assim poderia se preparar melhor.
Assim que entrou no pela porta lateral do local que dava para os bastidores, encontrou apenas ele, no centro do palco, e olhando para as cadeiras vazias enquanto cantava. Sua voz era calma, melódica, mas transmitia um sentimento tão puro e dramático, um tom tão bem conectado com a letra da música que a davam arrepios por todo o corpo, principalmente em partes a qual o instrumental se tornava mais baixo e ela podia apenas aproveitar a voz do garoto que soava perfeitamente no meio daquele local enorme.
Your emptiness deep inside that’s not healing
My greed of not being able to send you away
You just keep getting worn out, I couldn’t hold onto you
Even though my heart is aching, I’m such a fool”
Quando percebeu, já estava debulhando-se em lágrimas, observando de trás da estrutura que servia para abrir e fechar as cortinas. Esqueceu até mesmo de enxugar os olhos, e, quando percebeu novamente, a música já havia acabado, e o garoto respirava fundo para recuperar o fôlego após a nota final, virando exatamente para onde estava, querendo buscar a sua garrafa d’água.
Não foi surpresa quando ele a viu após o primeiro passo na direção da pequena mesa que ficava ali no canto, ficando imóvel no lugar onde estava ao encontrar uma garota observando-o e com o rosto molhado, o que podia perceber porque ela rapidamente puxara a máscara para baixo e passou os dedos finos pelas bochechas, numa tentativa falha de secá-las antes que a visse. Ela sabia que eles explodiam mais rápido quando a viam chorando…
Seungkwan arqueou uma das sobrancelhas, pronto para perguntar alguma coisa, quando resolveu finalmente tomar uma atitude, e sua ação foi mais rápida do que a voz do garoto. Ela simplesmente deu as costas e saiu correndo do teatro, segurando a máscara que soltara quando a puxou para baixo em uma de suas mãos. Ele se assustou ao assistir àquilo, mas sua reação foi correr tão rápido quanto podia para segui-la.
― EI, ESPERA! ― pediu assim que saiu pela mesma porta que a garota, vendo-a um pouco mais a frente, mas agora andando calmamente como se nada tivesse acontecido.
não podia mais correr, já que havia tantas pessoas assim no jardim, bem mais do que quando passara mais cedo quando estava indo para o teatro. Começou a pensar então no que era pior: passar correndo e ser notada por todos os garotos que estavam ali, passar devagar com o rapaz correndo atrás de si e ser notada por todos novamente, ou simplesmente olhar para trás e falar com ele.
Ia ser uma explosão só, mas apostava que conseguia sair correndo antes que vissem sua cara, já era experiente nisso. Respirou fundo e então parou de andar, olhando para frente e tomando coragem para finalmente se virar e encontrar o menino parado, esperando para saber o que ia fazer.
― Você vai ir muito bem no musical. ― elogiou naturalmente, e então simplesmente sorriu de canto, vendo a expressão dele se iluminar e então nublar em um segundo.
E por saber exatamente o que estava vindo, ela correu entre algumas flores, chamando a atenção de quem estudava no local, mas que nem teve tempo de observá-la direito, porque o barulho de estopim os fez olhar para onde Seungkwan estava, caindo no chão com um dos braços levantados na direção da garota que ele mal pode ver indo embora, porque as pétalas de tom amarelo caiam em sua frente, embaçando sua visão.
Bom, não ia ser naquele dia que ia ajudar no clube de Teatro, então acabou suspirando, desanimada. Era bom fazer qualquer coisa que fosse em qualquer clube só para dizer que estava fazendo, ou acabaria ficando sem atividades extracurriculares, e isso não seria nada bom para o seu histórico, que já era triste o suficiente de olhar apenas com todas as transferências que havia feito, então tinha que ao menos se esforçar para ser uma aluna decente.
Acabou decidindo passar no de skatismo, afinal o que poderia fazer ali? No máximo dar uma arrumada nas coisas e lustrada na rampa, seria rápido, e, com sorte, todo mundo já teria ido embora para a sua alegria e manutenção de sua sanidade mental, algo que realmente aconteceu e foi um alívio quase inexplicável para a garota.
Quando abriu a porta do clube, encontrou apenas tudo vazio e algo pior ainda: encontrou tudo arrumado, sem nem mesmo um skate fora do lugar, fazendo-a suspirar desanimada por ter ido até ali só para constatar que não tinha nada que pudesse fazer. acabou entrando, já que estava lá mesmo, e se viu subindo a pequena escada que levava até a beirada larga da rampa que era até mesmo bem alta.
Podia observar todo o clube dali, e era um espaço até bem considerável, cheio de bicicletas, skates, rampas e tinha até um radiozinho no canto. Aquilo era mais alternativo e hip hop do que um clube de skatismo ― ainda não entendia, mas ok ―, principalmente por causa das pichações do bem em todas as paredes.
Claro que seu momento de paz não durou muito tempo, porque logo percebeu que não estava sozinha, na realidade. Não sabe dizer quando o garoto apareceu ali, ou subiu pelas escadas do outro lado da rampa e muito menos se sentou ao seu lado, mas estava lá com aquela expressão genuinamente curiosa e tão fofa que apenas não correspondeu com um sorriso porque não queria que ele explodisse em um lugar perigoso como aquele.
― Oi. ― ouviu a voz do menino soando baixa e perigosamente próxima, já que ele se aproximara mais uma vez de si, erguendo o corpo e o arrastando aos poucos até seus ombros se encostarem.
― Oi.
Por mais que fosse difícil respondê-lo daquele jeito após ver o sorriso que ele lhe oferecera, a garota virou o rosto para o outro lado e então para o chão logo depois, deixando os cabelos cobrirem seu rosto para dar uma disfarçada. Calmamente ela se afastou do garoto, levantando antes que ele pudesse ver seu rosto e então descendo as escadas, de costas para que arregalou um pouco os olhos, seguindo-a. Respirou, aliviada, assim que ouviu o barulho sinalizando que ele descera também.
― Você é a nova integrante do clube? ― ele perguntou com os olhos brilhantes e curiosos que a olhavam pelas costas, sempre dando passos para frente pra ficar mais perto dela.
― Não exatamente, eu só vou ajudar vocês um tempo. ― até porque esperava que no fim não fosse nenhum clube de esportes que a escolhesse. ― Vocês têm um espaço legal aqui.
― Ganhamos numa votação. ― deu uma risadinha orgulhosa ao falar isso, tentando parar ao lado da menina e poder olhar seu rosto, mas ela andou calmamente até uma das paredes para observar os desenhos formados. ― É por isso que esse clube existe, a escola quis incentivar os alunos a participarem mais das atividades extracurriculares e deixou que a gente votasse em algum clube que queríamos.
― Nossa, então aqui deve ser bem cheio normalmente… ― só pensar naquilo já a fez tremer, ainda por cima em um lugar onde provavelmente noventa por cento das pessoas seriam garotos.
― Um pouco, é sim, mas a maioria dos votos foram de meninas que acham legal ficar assistindo. ― não que o garoto se incomodasse com isso, afinal. Finalmente conseguiu parar do lado de , que estava com os olhos focados na parte de baixo da parede para poder escondê-lo. ― Meu nome é .
O rapaz ergueu uma das mãos no ar e ela pode vê-la de soslaio, o que a fez quase ter um ataque de pânico. Não podia ignorar e não responder, mas caso respondesse e se virasse, saberia seu nome e quem era a garota que estavam vendo por aí antes das peculiares explosões. Ela respirou fundo e fingiu desinteresse, sem se virar nenhum centímetro, apertou a mão dele fraco.
― é um nome bonito. Eu sou .
Estava pronta para puxar sua mão de volta e então sair andando, arrumando uma desculpa para dizer que precisava ir embora, quando ele a puxou com pouca força apenas para fazê-la virar na direção na qual estava. arregalou os olhos e se assustou, mas não teve jeito, a ansiedade pelo destino iminente corroendo-a, enquanto encarava os olhos em castanho amendoado e o sorriso satisfeito e maroto de dentes alinhados e perfeitos.
― E você, parece que não é só seu nome que é bonito.
Meu Deus, meu Deus! Seus lábios até tremeram pela necessidade de reprimir qualquer reação que fosse, mas mesmo que segurasse a boca, não podia controlar suas bochechas ficando a cada segundo mais vermelhas, de forma que ele não pode deixar de reparar e achar extremamente fofo ao perceber que ela era tímida. E foi aí que começou, todo o misto de emoções de susto e paixão, as palpitações e, claro, o estouro.
fechou os olhos com uma expressão desanimada em passar por aquilo, dessa vez tão de perto. Acabou apenas segurando forte a mão de para que ele não perdesse o equilíbrio e pendesse para trás, como era de praxe quando acontecia, e então ele se segurou em si quando recobrou a consciência e entendeu o que estava acontecendo.
― V-Você é a…
― Por favor, não conte para ninguém. ― puxou sua mão para se afastar um passo do rapaz e curvar as costas em sua direção para destacar o quão desesperado seu pedido era.
ainda estava chocado, mas as peças do quebra-cabeças se encaixavam em sua mente até observar a cena da menina abaixada com as pétalas em tom de verde água caindo em seu redor. Era bonito demais para se ignorar e, quando menos esperava, sentia tudo aquilo de novo e o estopim, agora sem ninguém para segurá-lo, indo direto para o chão.
― Aish, droga…
Estava indo para o clube que julgava ser mais inútil e sem sentido, com exceção do de skatismo, claro: o de musculação. Se era tipo uma academia dentro do Colégio, por que não o chamar de clube de exercícios ou sei lá? Não conseguia ver sentido em simplesmente se juntarem para fazer musculação a não ser que a escola tivesse parceria com halterofilismo.
E na verdade estava desconfiando que tinha um quê olímpico no lugar, porque também teria que arrumar algum tempo para passar no de boxe logo depois. Suspirou, aceitando calmamente seu destino de entrar em outro local predominantemente masculino e entrando na sala dando de cara com… Apenas dois garotos.
Não sabia se estava com sorte em encontrar as pessoas aos poucos ou se era na realidade um azar em não explodir a escola toda de uma vez e ter paz em relação a aquilo logo, aguentando apenas os olhares assustados e medrosos em relação a si e todos os comentários curiosos, mas a realidade é que mesmo frustrada, ainda preferia sofrer aos poucos como estava acontecendo.
― Olá, meu nome é , e eu vou ajudá-los aqui no clube por um tempo. ― cumprimentou formalmente, abaixando o corpo logo após para aproveitar e fazer os cabelos cobrirem o rosto mais uma vez durante a reverência.
Dino ficou um pouco chocado em ver uma garota por ali, com certeza tinha alguma coisa errada e ela tinha sido obrigada, mas isso não mudava sua felicidade com a situação. Não costumava ter muito contato com meninas, porém era a situação perfeita que precisava para testar o que queria alcançar estando naquele clube.
― Eu sou Dino! Seja bem-vinda. ― ele esperava ansiosamente a garota erguer a cabeça para encará-lo, e pôde perceber que ela tremia levemente por seus ombros. ― Não precisa ficar com vergonha.
conseguia observar apenas os pés do garoto à sua frente até enfim criar coragem e olhá-lo. Ele tinha um rosto másculo de maxilar definido e olhos angulados bem demarcados levemente fechados porque sorria, e em falar nisso, aquele sorriso… Ah, não, ELE ERA UM NENÊ. Teve uma vontade beirando o inconsolável de apertar aquelas bochechas fofíssimas.
― Eu não estou. ― sorriu largamente também, um sorriso meio fraternal que decepcionou o mais novo.
Era com aquele sorriso que estava acostumado ― ele não queria ser fofo, queria ser masculino! Era por isso que entrara naquele clube de musculação. O sorriso iluminado murchou para um desanimado, e ele maneou a cabeça para sinalizar que entendera, voltando para sua série de exercícios logo depois.
ficou na mesma posição por algum tempinho, como de costume chocada, mas dessa vez pela mudança de humor brusca do garoto. Ela passou a mão levemente pelo cabelo para colocá-lo para trás, umedecendo os lábios e deixando seu nervosismo latente mesmo antes de se aproximar do menino.
― Eu disse algo errado? ― a garota perguntou um tanto emburrada e totalmente sem graça, com o tom de voz tão baixo que ele só escutou por estar prestando atenção nela.
― Você me acha fofo, não é? ― o mais novo também foi direto ao ponto, erguendo os olhos para observar a face de bochechas infladas debaixo.
― Sim. ― ela respondeu normalmente como se não fosse nada demais, e aí que se tocou no que havia soltado inconscientemente e arregalou os olhos. ― Quer dizer, é…
― Eu já sei, nem precisa se explicar. ― Dino soltou um suspiro pesado, a aura do rapaz naquele momento era completamente diferente da que vira há pouquíssimos minutos quando se apresentaram, ele parecia ter crescido uns quinze centímetros e ficado uns sete anos mais velho. ― Eu não quero ser fofo, eu quero ser másculo.
quase riu com isso, mas não foi nem por maldade. Ela achou aquilo tão mais fofo ainda que se sentiu até uma megera, então segurou a risada na garganta e deixou só uma expressão surpresa no rosto. Ele não devia estar se preocupando com isso agora, talvez daqui há dois anos…
― Você pode ser os dois, uma coisa não exclui a outra. É tipo ter o melhor dos dois mundos. ― sorriu largamente ao falar aquilo, piscando um dos olhos para o menino.
E é claro que ali começaria. Quando ele se deixou observar o rosto feminino, o sorriso e o eyesmile, praticamente as mesmas coisas que ela tanto achara bonito em si. Dino sentiu-se ofegante, com o peito a ponto de rasgar e o rosto completamente vermelho, até que veio o estouro e ele apenas não foi para trás por estar sentado, as pétalas prateadas indo para cima até o teto e então flutuando ao chão.
Mas na cabeça de só rodava uma coisa. Até que tinha demorado.
Fugindo das multidões durante os intervalos para almoço, acabara encontrando um oásis em meio ao deserto. Acima de escadarias que subiu no desespero de não se encontrar com Joshua no meio do corredor, acabou saindo na porta do último andar que dava para o terraço. Aquele local se tornou seu refúgio espiritual para quando estava muito ansiosa ou nervosa, e ele estava na maior parte do tempo vazio.
Maior parte porque, na realidade, seu oásis particular estava mais para um depósito dos clubes e do diretor da escola, porque era um caos e estava completamente bagunçado. Antes estava ainda pior, mas a garota agoniada e entediada aos poucos arrumava tudo aquilo que conseguia carregar. Havia instrumentos velhos, um letreiro de luzes amarelo e várias outras coisas, mas ali seu espaço favorito era o do balanço duplo de aço.
Porém não era nele que estava agora. Em uma vontade e impulso bem idiotas, acabou subindo na escada articulada de alumínio que estava ali apenas para ter uma visão de cima do lugar. Sentou no quarto degrau, observando as árvores do jardim lá embaixo balançarem com o vento fraco e sorriu para si mesma, ajeitando os cabelos que voavam. Ao menos era um lugar que podia ficar sozinha e relaxar por algum tempo, comer em paz e depois esperar o sinal tocar para voltar a tortura.
O ar puro a deixava mais leve e relaxada, como se tivesse em outra dimensão completamente diferente do que apenas sentada em uma escada no terraço do Colégio. E aquela cena era bem mais bonita do que ela podia imaginar que fosse. Foi por isso que Minghao não resistiu em pegar o celular e enquadrar a menina na foto, de costas.
Mas esqueceu que seu celular não estava no silencioso e ao tirar a fotografia chamou a atenção de no mesmo momento, com o clique sendo o único barulho por ali. A garota sentiu um arrepio subindo por sua espinha e ficou em choque. Pedira para , Dino e o outro garoto que estava nos clubes não contarem nada e eles concordaram, mas a verdade é que não tinha certeza se eles não contariam mesmo só por terem falado que não falariam.
Então por alguém tirar uma foto de si, já estava em estado de desespero pensando nela estampando o jornal da escola, com que tinha pacto com alguma entidade que explodia gente. Seus ombros tremiam levemente e os olhos estavam fechados, fazendo a audição no momento ser seu guia, o que ela fazia bem, já que ouvia os passos de quem quer que fosse dando a volta na escada para parar um pouco depois da onde estava.
Não demorou para abrir os olhos e nem para erguer o rosto, se a pessoa estava tirando fotos de si é porque já sabia quem era, não? Não exatamente. Arregalou os olhos quando viu o rapaz desconhecido parado bem na frente, no pé da escada, segurando o celular na direção de seu rosto com a foto que ele tirou aberta.
― O ângulo era bonito demais para não tirar, desculpa. ― o chinês pediu com um sorrisinho sem graça, olhando para baixo disfarçadamente.
A menina estava concentrada em olhar a tela do celular no momento, o azul escuro com cinza do uniforme contrastava com o azul claríssimo do céu misturado com o branco das nuvens, algumas mechas dos cabelos voavam com o vento fraco da tarde, deixando um charme a mais.
― Ficou muito boa! ― estava até meio chocada no quão fofa havia ficado.
― Se me passar seu número, eu posso te mandar pelo Kakao. ― agora Minghao já parecia mais animado pela garota ter gostado, puxando o celular novamente para abrir o aplicativo.
― Isso foi uma estratégia para conseguir meu número? ― ela perguntou, arqueando uma das sobrancelhas, fazendo o garoto se assustar um pouco, com medo dela ter ficado brava por isso. ― Porque, se for, é muito inteligente.
Minghao arregalou os olhos, surpreso, erguendo a cabeça para vê-la, mas os dois acabaram rindo do que a garota havia falado. Ele podia jurar que não havia tido a intenção, porque realmente não tinha, mas a ideia era boa e ia anotar para começar a usar.
― Só se eu tivesse visto seu rosto antes.
Ele sorriu largo quando seus olhos se encontraram, fazendo até mesmo as orelhas da menina ficarem coradas e ela assumiu uma expressão um pouco mais emburrada de primeira, ficando sem graça pelo elogio que pretendia agradecer, mas antes que ela sorrisse para o fazer, o processo começou.
se desesperou ao perceber, o seu coração batendo tão rápido quanto imaginava que o dele estaria, a respiração da garota tão ofegante quanto a dele. Percebeu a expressão perdida do menino e ficou morrendo de dó, sua primeira reação sendo descer os degraus que conseguiu na escada sem demorar demais ou esbarrar nele, segurando a sua mão e o puxando para si em um abraço meio torto para que ele não caísse, fazendo a explosão não fazer barulho, as pétalas laranjas não voarem e o mais importante: Minghao não soltar o celular.
Vinha sendo a cada dia mais complicado esconder sua identidade e evitar as explosões. Estava certa de que o caos estava próximo, mas tentava com todas as suas forças adiá-lo o máximo que podia, porque era bom ser simplesmente uma adolescente normal no meio da sala de aula, sem ninguém lhe apontando o dedo ou com medo de olhar para si. Era apenas uma estudante e queria que continuasse assim, mas suas atividades extracurriculares instalavam a anarquia.
Quinta-feira é dia de boxe, e estava andando na sola do pé para se esconder atrás do ringue, querendo ver se dessa forma conseguia passar o dia ali sem ser encontrada por ninguém e então esperaria todo mundo ir embora, arrumaria todas as toalhas e luvas, assinaria o livro de presença e iria para a casa sem causar nenhum acidente de percurso.
Claro que não conseguiria, seus planos pareciam fáceis na cabeça, mas quando estava tentando executá-los, sempre havia alguma coisa no destino que fazia questão de estragá-los. Ouviu a voz de dois garotos que entravam lá conversando e seu corpo já se tencionou, mas achou que não ia dar em nada. Estava bem escondida, não é? Era sempre bom se enganar um pouco e tentar viver de um jeito mais relax, não é mesmo?
― Ei, você!
No momento enquanto estava mexendo no seu celular, encolhida em um dos cantos do chão, jurando que não seria vista, essa coisa que o destino resolvera colocar para impedi-la de ser discreta era um garoto de mais de um e oitenta de altura e também um dos mais lindos que havia visto naquela escola até o momento, capaz até mesmo de a deixar completamente sem palavras, apenas com a boca entreaberta e os olhos arregalados em concentração em analisar todos aqueles traços.
― Nós precisamos de uma juíza no round, você está ocupada? ― ele olhava para baixo sem nem mesmo perceber o quão abobalhada ela estava.
sabia que devia falar que estava ocupada, sim, e voltar a focar no celular. Inclusive ela sabia que tinha que parar de olhar para a cara dele daquele jeito meio assustador, mas não era capaz de fazer nenhum dos dois. Bom, todo mundo sabe de muitas coisas na vida, mas nem sempre exerce a melhor opção, não é? Como poderia dizer não para aquele rosto perfeitamente moldado e aqueles olhos caidinhos de quem estava com sono?
Simples, ela não dizia não. Mesmo se não fosse a resposta certa da pergunta, continuava sendo sim de qualquer forma.
― Sim! Quer dizer, não. Não estou ocupada. ― enrolou-se assim que começou a falar, surpreendendo-se com a própria burrice. ― Não estou ocupada e posso ser a juíza de vocês. ― reformulou com um suspiro derrotado, já se levantando do seu canto e dando a volta no ringue.
― Ótimo então, vamos lá para fora. ― Wonwoo não esperou muito, já descendo do ringue e ficando parado apenas até vê-la aparecer ao lado deste, então logo já começou a andar para o lado de fora do lugar.
― L-Lá fora…? ― pera, eles tinham um ringue enorme dentro do clube e estavam inventando de treinar do lado de fora?
Aquilo não era coisa boa. Lá fora devia ter tanta gente e…
― Sim, lá fora. ― ela não esperava que o rapaz ouvisse pois foi apenas um sussurro, muito menos que ele parasse de andar a fazendo quase bater em suas costas, já que ela andava em um ritmo um tanto acelerado para alcançá-lo. Mas pior ainda: não esperava que ele virasse para lhe olhar nos olhos daquela forma intensa. Engoliu em seco, dando dois passos para trás para se afastarem e encarando o chão para cortar o contato visual. ― Algum problema para você?
― Sim. ― não, pera, sua mente deu tela azul e reiniciou outra vez, fazendo-a bater levemente na lateral de sua cabeça pra ver se ela funcionava direito. ― Quer dizer, não, não tem problema nenhum!
― Tem certeza? ― Wonwoo chegou até a abaixar um pouco para buscar os olhos da garota e conseguir fitá-los, confuso com o fato de ela parecer estar assim tão nervosa perto de si.
― Sim, tenho! ― sorriu de canto, ainda evitando erguer a cabeça e também tentava ao máximo desviar seus olhos dos do rapaz, mesmo que quisesse muito observar o rosto dele agora que estavam próximos.
― Não parece não…
A garota viu os pés dele se movendo alguns centímetros para frente, deixando-a completamente congelada principalmente por sentir logo depois o toque do rapaz em seu queixo, levantando seu rosto delicadamente para fazer os olhares se encontrarem. poderia facilmente se apaixonar à primeira vista por ele, aquele garoto não era brincadeira… Mas, sinceramente, por quem ela não se apaixonava à primeira vista?
Wonwoo, por sua vez, não era desse tipo, não acreditava em amor à primeira vista e menos ainda achava que isso poderia acontecer com ele. Acreditava que ninguém podia se apaixonar tão rapidamente por outra pessoa e que isso levava tempo e convivência, mas naquele momento ele sentiu algo que nunca havia sentido em sua vida.
Era como se tivesse corrido uma maratona inteira, o que para ele seria um sacrifício, mas no fim o prêmio era seu. A euforia que encheu seus pulmões e a necessidade do seu corpo de descarregar toda aquela energia de alguma forma era insana, porém alguns segundos depois tudo parecia se concentrar em seu coração, fazendo uma pressão como se ele tivesse a ponto de explodir… E bom, você já sabe o que aconteceu depois, com a chuva de pétalas azuis clara caindo entre os dois.
Naquele dia, ela oficialmente desistiu. O que tivesse que acontecer e quem tivesse que explodir naquelas horas, já nem mesmo ligava mais. E sinceramente era uma ótima hora para pensar assim, porque estava chegando na porta do Teatro e sabia que ele estaria lotado em um dos últimos ensaios antes do espetáculo, onde provavelmente todo mundo ia estar com os nervos à flor da pele. Ao longe, assim que virou a espécie de esquina que dava para a entrada lateral do Teatro, já podia ver um dos atores principais sentados na porta, parecendo ansioso.
Já o havia visto antes no colégio e até no dia em que passou no Teatro para ver como estava a situação de Seungkwan. parecia ser bem popular com todas as pessoas daquele lugar, e era incontestável o porquê: ele era um ator talentoso, um dançarino mais ainda, tinha uma voz de anjo, e não só a voz, como a beleza também. A realidade é que aquele garoto nem era gente, desconfiara que ele era só um holograma passeando pela escola, nas primeiras vezes que o viu, tipo um Vocaloid que o pessoal era bem fã.
Ele passava as mãos na calça repetidamente e olhava para os lados ansiosamente como se estivesse esperando alguém, então não foi surpresa alguma quando a viu chegando. A surpresa mesmo foi que a pessoa que ele aparentemente estava esperando era si, indicado pelo fato dele ter levantado e aberto um sorriso enorme para si. Sua primeira vontade na realidade foi parar ali e aproveitar aquela cena por pelo menos umas dez horas antes de voltar a andar e se aproximar, mas resistiu firmemente, afinal sua segunda vontade foi olhar para os lados para ver se tinha outra pessoa vindo atrás de si e estava apenas iludindo-se.
Ainda com medo desse seu pensamento ser o certo, ela apenas andou timidamente até chegar onde o rapaz estava, curvando levemente as costas em um cumprimento normal e tímido que deveria ter de qualquer forma para demonstrar respeito já que era um membro ativo e importante do clube, enquanto ela era apenas uma ajudante temporária que nem mesmo sabia fingir para mãe que estava dormindo para não levar bronca quando fazia besteira.
― Você é a ? ― ele perguntou assim que as costas da menina voltaram a ficar eretas.
Pronto, agora sim ela tinha certeza de que era consigo que ele estava falando, e começara a ficar bem nervosa por isso.
Não era todo dia que o garoto mais bonito da escola falava com você e demonstrava saber quem você era, e, por mais idiota que aquilo fosse, totalmente clichê de filme adolescente colegial, ela estava mesmo sentindo-se a protagonista surtada. Até pensar que conhecia Seungkwan, e Seungkwan sabia bem do seu segredo, então… Ficou meio chocada, pensando se o Boo a havia dedurado na cara dura assim e, se foi, por que estava interessado em si…?
― Sim, sou eu. ― respondeu com um sorriso de nervoso, mantendo as mãos atrás do corpo para controlar a vontade que tinha de se mexer incansavelmente.
― É um prazer conhecer você, eu me chamo . ― o garoto buscou a mão dela para segurá-la enquanto fazia reverência.
― O prazer é meu…?
― Você deve estar confusa, não é? Não se preocupe, você não fez nada de errado. ― ok, na realidade nem era por isso que ela estava preocupada, mas só o rapaz dizendo que estava tudo bem foi o suficiente para acalmá-la seja qualquer motivo que fosse. ― O Seungkwan sabia que você ia vir, então me pediu para te avisar que não vai ter ensaio hoje. É um dia para todos repensarem seus personagens individualmente.
― Oh, interessante! ― nem pensou no porquê o próprio Seungkwan não tinha ficado para lhe avisar, mas ok. ― Bom, muito obrigada me avisar. Desculpe por te fazer esperar. ― curvou-se mais uma vez na direção do garoto.
― Não tem problema, mas sabe o que é… Você demorou tanto tempo que me deixou com fome, então acho que não pode dizer não para um convite meu. ― agora sim as coisas estavam ficando estranhas, mas quem pensa nisso quando tem um garoto lindo daqueles em sua frente? ― Tem um restaurante bom aqui na frente, vamos?
A situação estava mais perigosa para do que para , na realidade, principalmente quando ele ergueu os dedos daquela forma para chamá-la para mais perto, com o corpo um pouco de lado e um sorriso de canto que derreteria até as camadas de gelo do Ártico. Estava muito cedo para falar talvez, mas ele ainda não havia nem explodido e estava chamando-a para um encontro, o que estava acontecendo?
― Por que não?
Claro que ela sempre cometeria o mesmo erro que estava destinada a fazer, erguendo o rosto e sorrindo largamente para o garoto, fazendo seus olhos fecharem levemente. analisou aquele sorriso milimetricamente, sendo pego de surpresa por ele. Mais cedo, conversara com Seungkwan sobre como não conseguia interpretar bem o papel de príncipe apaixonado por nunca ter se sentido tão apaixonado, e então o amigo de elenco lhe dissera que ia apresentar uma pessoa que acabaria com o seu “problema”.
De início não entendera o porquê de Seungkwan falar aquilo, mas agora que aquele sorriso aquecia todos os locais abandonados e gélidos de seu coração ele entendia perfeitamente. Nunca havia se sentido daquela forma, era assim que era se apaixonar…? Era como se houvessem ligado um propulsor em seu peito, começava a sentir um calor insuportável que o fez ficar inquieto pois a proporção das sensações começava a ser tóxica e incômoda…
E então veio o que já esperava com um suspiro desanimado, as pétalas rosas saindo da camisa de e espalhando-se com o vento.
Não era como se não estivesse tão curioso quanto todo o resto da escola com tudo o que estava acontecendo na última semana, com alguma ressalva de que talvez ele havia visto demais. A questão, na realidade, era só como ele conseguia lidar bem com as suas emoções e fingir que nada estava acontecendo e nem o deixando inquieto, o que o garoto demonstrava fazer perfeitamente, com o ar relaxado e distraído em seu rosto, enquanto estava treinando algumas cestas de três sozinho na quadra aberta.
A quadra aberta, na realidade, não era muito mais do que um quadrado de tinta branca pintado no chão junto com outros desenhos necessários, como o garrafão e então a cesta, daquelas de playground de criança, acoplada na própria parede acima da porta. Não, ninguém entendia a lógica da escola de fazer aquilo, mas era tipo um local de passa tempo onde eles podiam brincar de acertar cestas e fazer apostas para os que perdessem.
No lado contrário antes de um galpão, onde ficava o clube de arquearia, tinha até um sofá para que sentassem quando estivessem cansados, ninguém fazia ideia do porquê ou como diabos aquilo havia ido parar ali, um mistério completamente não resolvido, mas útil, porque adoravam sentar ali para dar um tempo ou até mesmo algumas garotas sentavam às vezes para observá-los quando começavam a treinar as cestas.
Como presidente do clube de basquete, estava tranquilo em relação aos jogos que estavam chegando. Tinha plena confiança em suas habilidades e nas habilidades do seu time, tinha certeza que aquele seria um bom ano para eles, comemorando sua despedida do time do colégio. Estava levemente ofegante quando pegou a bola e resolveu sentar no sofá para descansar um pouco do sol fraco que batia bem onde estava naquela hora do dia.
Ele jogou a cabeça para trás, o encosto do sofá fazia perfeitamente a volta de seu pescoço de uma forma confortável e então olhou para cima, buscando o céu para relaxar o máximo que podia. Porém não foi o céu que ele encontrou, sentado na ponta do balcão e balançando os pés enquanto olhava para frente. Não era como se estivesse o observando ou nada assim, ela simplesmente pegara gosto por terraços e lugares altos desde que entrara naquele colégio, o garoto só estava fazendo parte da paisagem…
Bela paisagem, inclusive, mas estava determinada a controlar seus sentimentos volúveis por homens bonitos desde o caso com no outro dia, por isso evitou de início olhar para baixo mesmo que sua nuca estivesse completamente arrepiada com aquela sensação de estar sendo observada. Não queria simplesmente sair dali para não parecer mal-educada, mas quanto mais tempo ficava, pior era.
― É você de quem andam falando, não é? ― apesar de baixa, a voz de soou clara e forte em seus ouvidos, e por um pouco a garota não caiu ali de cima por choque e desespero que a dominaram. ― Relaxa, ninguém me contou. Eu estava treinando com o Wonwoo no clube de boxe aquele dia, então eu vi tudo, mas preferi não comentar nem com ele, porque vi você pedindo para manter segredo.
― Obrigada por não contar. ― estava desconfortável, ao mesmo tempo que confortável e aliviada. Estava feliz de o garoto não ter intenção de contar e achava isso muito fofo, porém ao mesmo tempo sentia uma necessidade ainda maior de se afastar dele antes que acontecesse o que sabiam que acontecia. ― Mas, se você sabe, é melhor eu ir embora, ou também deve saber…
Curiosa como era, a garota acabou dando uma olhadinha para baixo apenas para conseguir mentalizar como estava lá, e então o viu no sofá que estava um pouco afastado da parede do galpão, mas dava um ângulo perfeito para olhar onde se sentava. Quando ia aprender a controlar suas vontades, sinceramente? Foram apenas poucos segundos, mas ele estava olhando exatamente para si bem embaixo de seus pés, fazendo o pouco do contato visual que tiveram ser o suficiente para que visse a expressão que tanto a assustava.
― Você vai explodir. ― constatou, cabisbaixa, não tendo outra opção senão aceitar calmamente a situação e esperar o estouro que não demorou muito mais que um minuto, tempo médio que eles aguentavam normalmente.
E, enquanto estava completamente desnorteado e assustado com a situação, até ergueu uma das mãos no alto e esperou as pétalas prateadas caírem nela, olhando o quanto eram bonitinhas.
Jihoon estava tendo um tempo difícil para compor desde que aquele burburinho na escola começara. Era como se um bloqueio tivesse se instalado em sua mente por conta da curiosidade, mas ele julgava isso uma coisa tão infantil que o irritava. Parecia que só conseguiria voltar a compor quando conhecesse o motivo de tanto falatório e de sua falta de concentração, mas aquilo era ridículo, não?
Como podia basear sua inspiração em uma pessoa que nem mesmo conhecia? Aquilo até mesmo o tirara o sono na noite anterior, não estava certo de forma alguma. As competições e apresentações estavam chegando e ainda não havia composto a música que cantariam, como iriam conseguir ganhar alguma coisa só com a melodia que repetia incansavelmente nas teclas do piano?
Vendo sua dificuldade, os membros do clube resolveram fazer uma surpresa para si e colocaram seu piano na sacada do clube, cercado de plantas, onde podia ver todas os colegas de escola passando apressadamente para as aulas ou simplesmente o pátio descoberto completamente vazio durante horários letivos. Era algo interessante e até mesmo bonito quando se focava nas fontes e jardins, mas não era o suficiente, nem mesmo a paisagem era capaz de o ajudar naquele momento.
Suspirou, desanimado, não seria isso que o faria parar, era uma simples crise que passaria como todas as outras. Seus dedos deslizaram novamente pelas teclas, o som melódico e animado soando no clube vazio. Tão concentrado que estava que não percebeu ela o observando atentamente, sentada no tampo do piano com as pernas para o lado, ouvindo a melodia que lentamente ia se tornando mais lenta e calma, assim como os sentimentos no coração de Woozi.
― Algumas pessoas dizem que namoro é só namoro, e é isso… ― conforme cantava calmamente, ele parava para anotar a letra que surgia em sua mente no caderno encostado entre o tampo e as teclas. ― Então, se eu posso fazer o ponto de partida, também faço o final, para que eu possa começar com você e terminar comigo. Como quando seguramos nossas mãos juntos, somos infinitos como um círculo. Esta situação para sempre, apenas os dois de nós para sempre, não vamos acreditar que o primeiro amor nunca se torna realidade. Espero que não sejamos enganados pela familiaridade e percamos um ao outro, assim, podemos proteger o nós…
― É lindo, Oppa…
Ele não podia reconhecer aquela voz, mas o elogio que soou docemente no timbre feminino o deixou mais feliz do que devia. Jihoon sorriu e ergueu levemente a cabeça para olhar quem havia falado, mas sentiu um toque delicado em seu ombro naquele momento que o desconcentrou, fazendo-o erguer o olhar e não encontrar ninguém, mas os chacoalhões aos poucos iam ficando mais fortes…
― Oppa? ― estava com um pouco de medo de acordá-lo daquela forma, mas não tinha outra opção, Seungkwan falara que era urgente! Também falara para chamá-lo de Oppa, não dizer que ele era fofinho e nem que parecia uma criança, mesmo que achasse isso. De primeira não entendeu o porquê, mas agora, vendo-o babando em cima do piano, teve que se controlar para não ter um surtinho, porque realmente achava. ― Desculpe-me te acordar…
Deu alguns momentos para que Woozi recobrasse a consciência totalmente e aproveitou esses sentando no tampo do piano sem cerimônia alguma. Correra do Teatro até o prédio ― o que era bem longe, na realidade, um ficava de um lado do colégio e o outro do outro, e então subira os três lances de escada que levavam até a sala do clube. Suas pernas já estavam doendo horrores, precisava de algum lugar para sentar imediatamente, e o piano era o lugar mais próximo.
Jihoon passou levemente as costas das mãos pela boca, já se xingando completamente por ter adormecido em cima do piano que em nada tinha haver com seus problemas, ignorando a menina que havia o chamado, e então olhando para a caderneta, esperando vê-la em branco. Mas, para a sua surpresa, toda a letra que tinha aparecido em seu sonho estava anotada ali, o que o fez sorrir orgulhoso e aliviado, como se um peso enorme tivesse saído de suas costas.
Depois de aquilo ser capaz de fazer seu dia mais feliz, ele se permitiu olhar para a garota que havia o acordado, seus olhos arregalando-se ao perceber que era a mesma voz do sonho e também a mesma situação, Woozi apenas ficou estático, encarando , que estava levemente ofegante, olhando para frente enquanto tentava normalizar sua respiração. Após algum tempo recuperando-se ela voltou a se levantar e a ficar em pé ao lado do piano, fazendo uma reverência bem curvada e longa.
― Eu sou , e estou ajudando os clubes temporariamente. ― apresentou-se formalmente, tudo isso a mando de Boo Seungkwan. ― O Seungkwan me disse que é urgente, então eu tive que te chamar, desculpe-me.
Então voltou a se encostar no piano, abanando-se com as mãos insistentemente para ajudar o calor a passar mais rápido. Woozi ainda estava perplexo observando-a, a garota o tratando formalmente daquele jeito era tão fofo que ele não conseguiu aguentar. Até mesmo um sorrisinho surgiu no canto de seus lábios, mas como você já deve imaginar, ele não durou muito tempo.
observou Jihoon concentradamente durante o processo, ficando assustada a cada minuto que passava e ele não explodia. O presidente estava na mesma posição há uns cinco minutos, olhando-a fixamente e piscando pouquíssimas vezes para o normal, e logo a testa dele estava completamente molhada. Era como se ele tivesse controle sobre aquilo e se esforçasse para manter-se neutro, mesmo que seu corpo não conseguisse resistir.
― Oppa, você está bem? ― ela começou a se preocupar ao ver seu rosto ficar vermelho, virando o corpo para se aproximar.
Deu apenas um passo na direção de Jihoon, mas assim que o fez, as pétalas esverdeadas preenchiam todo o espaço. E o pior é que, daquela vez, os dois ficaram aliviados com isso.
Era sua primeira vez no clube de dança, mesmo depois de tanto tempo. Já era sua terceira semana no Colégio, mas entre um dia e outro acabava faltando aos compromissos ou na aula para fugir das situações que podiam acontecer. Agora não tinha mais como fugir, e também ficou relativamente mais confiante após conhecer , que fazia parte tanto do Teatro tanto da dança.
Ao menos teria um apoio moral para a deixar um pouco mais confortável, já que o garoto continuara sendo amigável consigo após a explosão. Na verdade, ele achara as flores bonitas e ainda dera risada da situação, curioso para que lhe explicasse mais sobre sua condição, ficando bem fascinado. Era uma reação revigorante que queria que mais gente pudesse ter, mas normalmente a achavam uma aberração…
O clube estava vazio, mas esperava isso, já que chegara meia hora antes do início das atividades letivas. Era estranho como o espaço era literalmente um galpão com duas paredes de espelhos e um sofá em seu meio, o que ela estranhou, até achou que fosse o sofá que estivesse sentado há alguns dias, mas não era… Talvez o fossem usar para alguma apresentação de dança…?
A fissura do Colégio em sofás não a importou muito na verdade, estava feliz e satisfeita por ter um lugar para se sentar. Jogou a mochila em um lado e se jogou no outro, dobrando os joelhos cruzados como índio e pegando o celular no bolso para se distrair. Havia algumas mensagens de sua mãe dando-a broncas por ter descoberto que explodira o filho do vizinho, mas se Wonwoo não parecera se importar, por que se importaria?
Respirou fundo, respondendo apenas para conversarem melhor quando voltasse para casa depois da aula, mas no momento não estava ocupada. Não era muito verdade, mas sinceramente não queria pensar nisso agora, afinal o que poderia fazer sobre algo que já havia passado? O barulho de algo batendo levemente contra a porta a despertou das redes sociais, fazendo-a olhar para cima novamente.
Aquela escola devia mesmo ser muito estranha, levando em consideração si mesma e tudo que havia visto aqueles dias. O garoto entrou no galpão, andando de bicicleta, e se engana quem pensa que ele parou ao chegar, muito pelo contrário. Começou a dar voltas incessantes ao redor do sofá no qual estava sentada, com o olhar cravado em si de uma forma até mesmo assustadora, de tão fixa.
― Eu não ficaria olhando muito se eu fosse você, principalmente em cima de uma bicicleta. ― comentou divertida, mas não fugia ao olhar do garoto, na verdade era ao contrário, ela seguia as voltas com seus olhos e o seu pescoço virando levemente para acompanhá-lo.
― Por quê? Eu corro o risco de me apaixonar e explodir? ― mesmo com aquelas palavras, ele não diminuía nem um segundo a velocidade das voltas, mas a expressão surpresa da menina foi o suficiente para dar certeza do que falava. ― Você acha que é perigoso em cima de uma bicicleta?
― Como…?
― Eu só liguei as informações que eu tinha. Nós não temos muitas alunas novas no Colégio e as explosões começaram depois que você chegou. Eu sei que você só usa máscara durante as aulas, então pensei que a aluna nova devia ter um rosto que eu não conhecia. Também soube que você tem andado em clubes aleatório esses dias, então estive ansioso para que aparecesse aqui.
― Não sei se eu devo ficar assustada ou feliz com todo seu interesse sobre mim, mas parabéns pela pesquisa e raciocínio. ― até mesmo empalidecera com toda a análise do garoto em relação a si mesma, mas isso não o fez vacilar.
― Não se preocupe, eu sou apenas uma pessoa curiosa. ― a expressão séria que continuava na face do rapaz deixava aquela frase mais assustadora do que ela realmente era. ― Nada de psicopata ou alguma coisa assim.
― Não parece quando você me olha desse jeito. ― ela apontou para o rosto dele com o dedo indicador, com um bico manhoso formando-se nos lábios avermelhados pelo batom que passara antes de sair de casa e agora praticamente havia saído todo.
― Desculpe-me, não estou tentando ser intimidador. ― na verdade, só estava muito curioso sobre tudo o que estavam falando que acontecia quando você focava muito nos olhos da garota.
― Não quero nem ver quando você está tentando, então. ― riu, divertida, tentando fazer com que ele desfizesse aquela expressão focada e séria que já estava deixando-a agoniada.
sabia bem o que ele estava querendo fazer e era interessante, mas tinha arrepios sempre que alguém resolvia testar quanto tempo aguentava ficar olhando-a sem explodir. Era assustador, principalmente porque às vezes acontecia algumas exceções as quais a pessoa demorava algum tempo para explodir, ela não entendia porquê, mas o presidente parecia ser uma delas.
― Sou . E já estou ficando tonta de te assistir. ― apresentou-se sem mexer nenhum músculo que não fosse o do pescoço, que ainda acompanhava o rapaz.
― Eu sou . ― finalmente viu um vislumbre de sorriso no rosto bonito do garoto, mas infelizmente não foi muito mais que só um vestígio que logo sumiu.
A garota não aguentava aquilo, era muita tortura para pouco tempo de convivência e foi apenas por isso que resolveu tomar medidas drásticas. Normalmente, detestava o fato de explodir pessoas, mas estava pedindo por algo que não costumava fazer. Era como se ele estivesse a usando de teste, e isso a deixava meio triste e incomodada, então se vingaria de um jeito que arruinaria os planos dele.
― Sabe, Oppa, você está sendo cruel. ― a garota cruzou os braços abaixo dos seios e olhou para baixo com as bochechas inflando-se e um bico formando-se. ― Não faça isso.
estava passando bem na sua frente quando ela fez isso, e a garota soube que seu plano havia dado certo, porque ele parara a bicicleta no mesmo momento, observando-a um tanto chocado com as mãos apertando forte o guidão. apenas sorriu de canto, satisfeita, erguendo as sobrancelhas como se houvesse vencido a guerrinha que estabelecera em sua própria mente.
― Se eu fosse você, eu desceria, ou você pode se machucar… ― ainda usou o mesmo tom doce apenas para piorar a situação.
Dessa vez o garoto a obedeceu mesmo que automaticamente, praticamente jogando a bicicleta longe por já saber o que ia acontecer. Mesmo que estivesse preparando-se naqueles dias que a esperara, ele não conseguia imaginar que era algo tão intenso como aquilo. Todo seu corpo trabalhava em prol daquela pressão em seu coração, aquela garota tinha alguma coisa que fazia todos os seus poros reagirem a ela de uma forma que não tinha como controlar ou deixar dentro de si, o sentimento queria sair de alguma forma…
E realmente saiu, atravessando sua camiseta em forma de pétalas pretas que forraram o sofá que ela estava sentada e até caíram em cima da garota que já se levantava. O impulso fez com que fosse para trás como de praxe e ele parecia meio perdido observando a situação, até olhar pra cima e vê-la estendendo a mão para si.
― Você não devia ter me provocado, .
Tinha um encontro marcado nos fundos do colégio assim que batesse o sinal de saída, foi por isso que praticamente saíra correndo assim que ele tocou anunciando o fim da aula. Curiosamente, não, não era com nenhuma de suas vítimas, na realidade era com o único garoto que conseguira conversar mais de cinco minutos sem que se apaixonasse por si e saísse por aí explodindo.
Yoon Jeonghan era diferente dos outros, e isso era tão clichê quanto todas as outras coisas que já havia pensado desde que chegara naquele colégio, mas era tão real quanto elas. Ele sorrira para si sem se importar com quem era, mesmo após assistir de camarote Jihoon explodindo, observando do jardim quando estava no terceiro andar com o garoto. Assim que passou para voltar ao clube de Teatro, ele apenas a chamou e iniciou uma conversa normal, sem se afetar em nada com seu olhar, sorriso ou qualquer coisa que fizesse.
achou que podia ser porque ele já estava preparado psicologicamente para as explosões, mas sua mãe apenas disse que ele não devia gostar de garotas. Sendo uma ou outra opção, ela simplesmente estava feliz de conseguir conversar com um garoto e ter um amigo sem segundas intenções, que simplesmente a fazia rir com piadas sobre a maldição que não o assustava nem um pouco.
― Você já chegou? ― perguntava surpresa ao encontrar Jeonghan deitado de um lado do sofá já praticamente cochilando, enquanto Joshua estava do outro lendo um livro.
A menina não havia percebido a presença do Hong, por isso se curvou respeitosamente assim que o viu. Jeonghan e Joshua eram da mesma sala e melhores amigos, não devia estar surpresa pelos dois estarem juntos, na verdade só estava meio sem graça. Era a primeira vez que o via tão de perto e tinha algum contato direto desde seu primeiro dia de aula.
― Ah, não precisa ser tão formal. ― Joshua sorriu de canto, balançando uma das mãos no ar despojadamente para tentar fazer a garota se sentir confortável.
― Você demorou! ― Jeonghan reclamou, manhoso, levantando-se e aproximando-se da garota para pesar a mão em cima de sua cabeça, fazendo-a olhá-lo com as sobrancelhas juntas. ― Eu achei uma coisa legal no terraço e peguei para a gente brincar.
O garoto apontou levemente para trás do sofá, onde Joshua se deitara, assim que ele levantou, usando o livro para cobrir o rosto da pouca luz do sol que os alcançava ali. A curiosidade da garota falou tão alto que ela rapidamente andou até o amigo apontava para ver o que era, encontrando um carrinho de mercado amarelo repousando ali.
― V-Você desceu as escadas carregando ele?! ― olhou Jeonghan completamente incrédula.
Não precisam se conhecer há muito tempo para saber que ele não era muito bom em nada que envolvia força.
― Não, foi um amigo do Joshua. ― o Yoon riu da reação da garota, mas logo fechou a cara, olhando feio para ela. ― Mas eu conseguiria se eu quisesse.
― Ahaammm, claro…
― Vai, para de falar e sobe aí. Eu tenho força para te empurrar um pouco. ― ele bateu algumas vezes no cabo que devia segurar, chamando a menina, que o encarou meio duvidosa. ― Mas depois a gente troca.
― Haha, não estou surpresa. ― cedeu finalmente, pulando com algumas dificuldades no carrinho e então vendo que tinha um livro aqui no canto. ― Isso é seu? ― levantou o exemplar um pouco no ar para que ele visse o que era.
― Não, é do Josh, nós temos que aproveitar enquanto ele não faz do carrinho uma biblioteca particular.
Suspirou desanimado com isso, pegando um pouco de impulso para começar a empurrar a garota que folheava as páginas. Com o impulso, o corpo da garota foi levemente para trás, fazendo-a bater com a cintura no ferro e reclamar baixinho, soltando o livro para colocar a mão onde batera.
― Está tudo bem? Machucou? ― Jeonghan parou de empurrar no mesmo momento, olhando para baixo para ver se estava tudo bem.
― Tudo bem, não machucou, foi só uma batidinha. ― explicou, suspirando e jogando o pescoço para trás para olhar o mais velho, vendo os longos cabelos castanho escuro caindo levemente em seus ombros e o chapéu escorregando lentamente de sua cabeça. ― Sabe que olhando desse ângulo você até parece mesmo um anjo?
Ela sorriu largamente ao falar isso, os olhos concentrados no Yoon, que arregalou os olhos enquanto a encarava. O chapéu caiu de sua cabeça na da garota, mas isso não foi o suficiente para fazê-lo despertar. não percebeu e logo estava brincando com o acessório, colocando-o e então girando o corpo para ficar de frente para Jeonghan, arqueando uma das sobrancelhas quando não o encontrou…
Mas entendeu ao ver as primeiras pétalas roxas caindo a frente de seu rosto e fazendo-a abaixar o olhar, encontrando Jeonghan no chão. Suspirou desanimada, engatinhando até o lado do carrinho onde ele estava para olhá-lo com uma expressão amuada. E lá se ia toda a esperança que tinha de que algum dia alguém simplesmente não ia explodir, mas ao mesmo tempo agora sabia que Jeonghan também gostava de meninas.
― Até você, Oppa…?
Aos poucos, os dias se tornavam mais normais na vida de , afinal após explodir praticamente a escola toda quando resolveu aparecer sem máscara durante as aulas e intervalo, já não tinha mais onde se esconder ou a quem temer encontrar. Após a situação com Jeonghan no terraço, os dois conversaram e ela resolveu parar de fugir, ele conseguiu colocar em sua cabeça que era algo que tinha que lidar com, e ao menos sabia que agora tinha amigos que não a achavam estranha ou tinham medo daquilo.
Na verdade, tanto Jeong quanto Josh ainda achavam as explosões bonitinhas, assim como a maioria dos garotos que conversara após tais.
Mas mesmo passando agora pouco mais de dois meses, o terraço ainda era o lugar que ia quando queria passar um tempo sozinha e relaxar sem ninguém por perto. Provavelmente se atrasaria um pouco para o clube de dança, porém valia a pena por aqueles minutos de paz em que era apenas si mesma e a paisagem bonita do céu azul.
Tinha um apreço especial pelo balanço azul duplo, mesmo que sempre estivesse sozinha nele. Ficava pensando em como acabaria com aquela maldição e quando alguém gostaria de si de verdade, não apenas porque um dia o universo a colocou aquilo nas costas. E mais ainda, ficava pensando no que aconteceria quando encontrasse alguém que…
― A-Ah, desculpa, eu não sabia que tinha alguém aqui. ― a voz grave chamou a atenção do seu devaneio.
Ironicamente, ele apareceu exatamente na hora que o balanço estava indo para o alto, dando-a a visão completa do rapaz, mas de cabeça pra baixo.
Mas isso foi o suficiente. Assim que o viu, foi como se toda a atmosfera ao redor do garoto tivesse mudado. Havia conhecido muitos rapazes bonitos desde que entrara naquele colégio, mas a realidade é que nenhum parecia chegar perto do que estava parado um pouco atrás de si no momento, carregando algumas caixas. E apesar de sua beleza ser surreal, o seu coração batia ainda mais por conta daquela forma tímida que ele lhe olhou.
― N-Não se preocupe comigo… ― murmurou, completamente abobalhada, sem nem mesmo piscar.
Estava totalmente fascinada, e ele nem estava em sua linha de visão no momento.
Ele deixou as caixas em um canto do local, passando por si e então aproximando-se logo depois, o que apenas a fez ficar mais nervosa e segurar mais forte nas correntes do balanço, principalmente ao vê-lo sentando-se no que estava ao seu lado. Pela primeira vez, ela não estava mais sozinha ali.
― Eu também gosto muito daqui. Tem uma paz que poucos lugares do colégio têm. ― ele comentou assim que se sentou, passando os braços ao redor das correntes e entrelaçando as mãos em seu colo. Ele mexia levemente o pé, fazendo o balanço de seu corpo ser pouco e ir e voltar em sequência. ― Eu subo para organizar as coisas às vezes, mas ultimamente eu não tenho tido muito trabalho. Parece que tem outra pessoa arrumando por mim.
não conseguia nem mesmo responder, sua vontade era apenas se aproximar mais dele e observar todos os traços daquele rosto que para si, era perfeito. E não fez questão de se controlar, agarrou na cadeia de ferro e a impulsionou para o lado, aproximando-se sem pudor algum até deixar seu corpo ao lado do dele e poder observar de perto sua face.
― É você que sempre organiza as coisas por ordem de cor. ― sussurrou para si mesma, sentindo-se a garota mais tapada daquele colégio. ― Como eu nunca te vi antes…?
― Nós não costumamos ir nos mesmos lugares. Eu sou do clube de culinária, um dos poucos que você não vai. ― ele sabia quem era.
Meu Deus, ele sabia exatamente quem era e mesmo assim ainda se sentara ao seu lado e estava mantendo uma conversa consigo…? E por que diabos estava em praticamente todos os clubes do colégio, mas não dera a sorte de estar no dele?
― V-Você sabe que…
― O colégio inteiro sabe. Mas isso não me incomoda. ― ele sorriu de canto, um sorriso que fez algo acender dentro do peito da garota. ― Meu nome é .
― …
. Nunca havia ouvido falar daquele nome, mas agora que o ouvira não queria parar de repetir.
Sentia uma euforia tão grande dentro de si que nem mesmo percebera que ele não havia explodido, era como se uma paleta nova de sentimentos tivesse se aberto para , como se fosse completamente normal sentir suas mãos suando, o seu rosto completamente vermelho, sorrir daquele jeito idiota e tão largo que fazia suas bochechas doerem sem nem mesmo se importar se o motivo do seu sorriso estava sentado do seu lado, ao mesmo tempo que um calor insuportável a dominava por seu coração bombear sangue tão rápido para suas veias…
Como se fosse completamente normal explodir em pétalas vermelhas e fazer o balanço quase dar uma volta completa em seu próprio eixo, assim como sua mente dera. Espera, desde quando ela mesma explodia…?
Fim.
Nota da autora: JESUS, essa é a primeira e a última one que eu escrevo com os TREZE. Sério, no começo eu não achei que fosse ser tão difícil assim, mas quando chegou na cena do Woozi suicídio começou a se tornar uma opção viável, mas eu resisti firmemente porque eu adorei essa cena, talvez ela seja a minha favorita da one UHAUAHUAH E a sua, qual é? ♥
MAS SÉRIO, parecia que não ia acabar nunca as cenas e os membros, misericórdia, SEVENTEEN eu te amo, porém sofri UHAUAHUHA INCLUSIVE, eu claramente não sei escrever com os meus bias e fico fazendo propaganda deles na narração, favoritista sim ou claro? AUHAUHAUHA MAS JURO QUE SOU BIASED COM QUASE TODO O SEVENTEEN, e os que faltam eu me esforcei pra ser uma narradora bem fã girl pra ser justo e não deixar ninguém pra trás xD
Essa one me sugou mais de uma semana e acabou com o meu cronograma, então se você gostou dela, por favor me deixe saber! Obrigada por ter lido até aqui e apreciem a linda voz de Boo Seungkwan, essa aqui é a música que eu coloquei na cena dele:
https://www.youtube.com/watch?v=rdAO92BAoSc
Se quiser falar comigo, é só me procurar no Twitter!
E caso tenha gostado e queira ler alguma outra coisa minha, eu estou com uma long fic em andamento sobre romance e distopia, originalmente escrita com o Monsta X!
Outras Fanfics:
Trespass
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
MAS SÉRIO, parecia que não ia acabar nunca as cenas e os membros, misericórdia, SEVENTEEN eu te amo, porém sofri UHAUAHUHA INCLUSIVE, eu claramente não sei escrever com os meus bias e fico fazendo propaganda deles na narração, favoritista sim ou claro? AUHAUHAUHA MAS JURO QUE SOU BIASED COM QUASE TODO O SEVENTEEN, e os que faltam eu me esforcei pra ser uma narradora bem fã girl pra ser justo e não deixar ninguém pra trás xD
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