The After-Life
Escrita e Betada por Carolina Freitas
Revisão por Sofia Queirós


Muitos de nós, vampiros, achamos que não temos aquela 'vida após a morte'. Enquanto achamos nisso, nunca paramos para pensar que talvez nunca iremos morrer. Na verdade, eu pensei que nunca iria morrer. Mas a vida prega peça até em nós, imortais.

» Capítulo 1

Olhava para o lado e via um corpo em uma maca. Olhava para outro e via a mesma coisa. Olhava para frente e via o corpo de minha mãe ali, jogado e sem vida. A gripe espanhola estava levando minha mãe igual estava fazendo com todos, e nessa hora eu achei que minha "estranha imunidade" à doença não era algo tão bom. De que adiantaria eu ser imune a isso se minha família e meus amigos estavam todos indo embora? Eu não precisava sofrer pela doença em si, mas pelas causas dela. Ela me matava aos poucos, cada pessoa que se ia levava junto uma parte de mim. Mesmo estando morta por dentro meu corpo ainda permanecia aqui, intacto, enquanto via essa peste tomando conta da cidade e atacando os médicos e enfermeiras também. Meu irmão, Alec, havia sumido. Não sei se sumido mesmo ou se a doença havia levado ele também, mas tudo que eu sabia era que eu era a única salva. E a mais debilitada.
No meio de meus devaneios nem percebi o momento em que minha mãe se esticava, gastando o restinho de suas forças, para me cutucar.
- Mamãe, a senhora não pode se esforçar tanto!
- Ja... Jane, minha filha.
- Sim mamãe, sou eu! Mas pare, por favor!
- Filha, eu... - Nessa hora ela juntou todas as suas forças e começou a falar rápido com uma voz fraca. - Eu não vou suportar mais. Quero que se salve, não importa de que maneira! Eu ainda te amaria se você virasse qualquer coisa, qualquer coisa, mas se salve, não continue aqui, não brinque com a sua sorte, Jane! Procure Alec e vá embora!
- Mas mãe, eu...
- VÁ Jane, é a última coisa que te peço.
- Mamãe, por favor, deixe-me...
- Eu te amo, filha. Demais.
- Eu também, mãe.
E após ouvir um suspiro profundo vindo de minha mãe, olhei para ela. Sua expressão havia congelado ali e eu tinha consciência de que não escutaria mais nada saindo dela. "Eu te amo, filha. Demais." Eu também te amo mãe. Tudo pareceu um borrão na frente dos meus olhos, mas a única coisa que pude ver foram os únicos médicos sãos retirando ela da minha frente e falando para eu parar de chorar - até o momento eu não sabia que estava chorando - e um deles em particular, que se chamava Carlisle Cullen, era lindo, muito branco e nunca parecia se cansar, olhou para mim com uma cara reconfortante que fez eu me acalmar por um segundo antes de voltar a minha triste realidade. Sem amigos, sem pais. Orfã em todos os sentidos possíveis. Orfã de todas as maneiras que uma pessoa poderia ser. Eu tinha apenas 17 anos de vida e já teria que cuidar de mim mesma. Eu não sabia se iria conseguir.
- Com licença, senhorita... Truncott?
Me senti sendo puxada do labirinto que se formava em minha mente por aquele mesmo médico de antes.
- Apenas Jane, por favor.
- Tudo bem, Jane. Sou Carlisle Cullen. - Fui cumprimentá-lo com um aperto de mão mas este puxou a sua mão tão rapidamente que nem vi o movimento. - Me perdoe por sua mãe.
- O senhor não tem com o que se desculpar, doutor Cullen. Sei que fez o que estava a seu alcance.
- Sim, mas ainda assim me sinto culpado.
- Não precisa, senhor. - Eu me sinto culpada por nós dois, obrigada. Mas é claro que não disse essa parte. - Bom, tenho que assinar alguma coisa? Acho que sim...
- Sim, sim, me acompanhe.
Fui andando com ele até uma mesa cheia de papéis, que deduzi serem vários atestados de óbito. Sim, a gripe espanhola estava acabando com a minha cidade. Assinei o que precisava e olhei pela pequena janela que tinha no cômodo: estava escuro, deviam ser por volta das 2 da madrugada. Iria para casa tomar um banho, me trocar e vir tratar do enterro de minha mãe, afinal não tinha praticamente ninguém da cidade que pudesse ir no velório, e sabia que não seria perigoso andar por ai de noite. Nunca havia sido, isso era uma regra. Por que hoje haveria de ser diferente? Mas como sempre dizem, toda regra tem sua excessão.

» Capítulo 2

Andava pelas ruas sozinha enquanto pensava em como minha vida havia mudado. Minha vida costumava ser perfeita. Minha família era unida, como toda típica família da época; nós tínhamos nossos hábitos, nossas crenças, nossa rotina. Éramos o que poderiam chamar de exemplo. Nunca pensei que veria tudo isso acabar. Primeiro com o meu pai, que havia fugido sabe-se lá porquê. Esperto havia sido ele, quem tinha conseguido escapar - ou não, afinal ele havia fugido apenas alguns dias antes - da gripe espanhola. Logo após isso foi Alec. O sumiço dele foi muito estranho, eu, de alguma maneira, sentia que ia perdê-lo. Não perdê-lo para a morte, mas perdê-lo para outra coisa. Depois disso tudo, a saúde da mamãe foi começando a ficar cada vez mais debilitada, e com o surto da gripe, não me surpreendi quando ela caiu doente. Na verdade eu meio que já esperava que fosse ficar sozinha. Meu subconsciente sabia que isso ia acontecer.
Avistei, ao final da Rua Princeston, a casa de número 458. A nossa casa. Ou devo dizer minha. Ou antiga casa, seria melhor. Por que eu não ficaria naquela casa cheia de lembranças boas sozinha. Não mesmo.
Continuei andando em direção ao local e senti uma brisa estranha passar ao meu lado. Balancei a cabeça e já conseguia empurrar os portões de ferro da casa. Com um suspiro, subi as escadinhas e destranquei a porta, entrando naquele local que, pela primeira vez, não me trazia nenhum conforto. Pelo contrário, quanto mais eu pisava lá dentro, mas tinha vontade de sair correndo, mais meus sentidos me gritavam "Cuidado, perigo!". Acendi uma vela e foi aí que os vi. Eles estavam lá, mais bonitos do que eu lembrava que eram - pelo menos a pouca luz que eu tinha -, sorrindo para mim de uma maneira diabólica e ao mesmo tempo acolhedora, como eu sentia falta há tempos. Eles estavam lá por mim. Depois de tudo que eu passei sozinha, eles haviam voltado para me buscar. Alec e papai.
- Esperávamos por você, Jay. - Alec disse meu antigo apelido de uma forma carinhosa que só ele conseguia, e eu quase nem reparei no novo timbre de sua voz por emoção.
- Al, o que aconteceu? Pai? - Perguntei, com medo de me aproximar. Sentia-me tão bem por estar próxima a eles, e ao mesmo tempo tinha uma enorme vontade de sair correndo e nunca mais voltar.
- Viemos te buscar, pequena. Pra sempre. - O timbre de papai me assustou, me deixando mais intimidada ainda pela presença dos dois por lá.
- Eu não quero ir com o senhor.
- Mas você irá, minha jovem. - Ele se aproximou e pensei ter visto um par de olhos vermelho carmim me observando. Tremi e senti meu coração acelerar.
- Al, tira ele de perto de mim. - Minha voz estava baixa, mas agradeci mentalmente por não ter falhado.
- Para se ser idiota, garota. Você tem que vir com a gente. - O aperto de aço dele em meu braço me fez soltar um grito de dor, e só parei de gritar ao ouvir um barulho parecido com o de pedras batendo e meu pai soltando meu braço.
- Pai, dá um tempo pra ela. Ela não é obrigada a entender e aceitar tudo de uma vez. Eu não aceitei ainda. - A mudança da voz do Alec me fez ter mais vontade ainda de correr.
- NÃO TEMOS TEMPO, ALEC! ELA PRECISA SE JUNTAR A NÓS!
Não aguentei mais e sai correndo para noite, afinal qualquer outra coisa seria melhor do que aquilo. Parei no final da rua, ofegando e olhando para trás, não vendo nem escutando nada nem ninguém.
- Okay Jane, foi uma ilusão. Você está abalada, é isso. Nada aconteceu e você vai voltar pra casa, pegar as coisas que precisa pegar e nunca mais vai naquele lugar, okay? Okay.
Suspirei e virei, voltando a andar para a casa. Nem dei cinco passos quando ouvi aquele barulho ensurdecedor, como se estivessem quebrando pedras. E o barulho vinha de casa. Dei alguns passos para frente, mesmo quando queria, mais que tudo, voltar. Mas como dizem, a curiosidade matou o gato. No meu caso não matou, apenas... Reviveu, deu uma nova vida ao gato.
Ao chegar bem perto de casa pude ver pela janela meu pai e meu irmão brigando, feito dois leões.
- VOCÊ QUER MATAR QUEM TE DEU A VIDA DUAS VEZES, MOLEQUE? - Meu pai gritava, descontrolado.
- Eu quero matar quem quer ferir aqueles à quem eu amo.
Então Alec ficou por cima de papai e tirou algo que eu não pude ver o que era de dentro do bolso. Foi quando uma chama brilhou no local e meu pai começou a pegar fogo, fazendo um cheiro forte subir instantaneamente no local. Uma caixinha de fósforos.
- NÃO, ALEC!
Entrei correndo dentro de casa quando Alec olhou para mim. A cara dele estava de dor, como que se desculpasse pelo que havia acabado de fazer. Cheguei mais perto da fogueira, que em pouco tempo destruiria minha casa inteira - e comecei a chorar. Mas não por muito tempo.
- E EU VOU MATÁ-LA JUNTO COMIGO!
Senti uma mão incorpórea me puxando e em questão de segundos o fogo me invadiu completamente. Comecei a gritar coisas indistintas, por dor e por vontade de que Alec fugisse dali antes que ele fosse o próximo. Tentei engatinhar para o lado dele, que ia me envolver com um pano, quando aquela mesma mão me puxou e senti dentes muito afiados furando meu pescoço. Gritei mais ainda - se é que isso era algo possível -, e a queimação que antes estava fora de mim parecia estar sendo sugada para dentro do meu corpo pelo buraco dos dentes.
- NÃO!
Alec me puxou, envolvendo o cobertor em volta de meu corpo, e eu continuei gritando.
- Jane, vai ficar tudo bem. Confia em mim.
Eu não sabia mais em quem confiar, mas aquelas palavras de meu irmão me fizeram acreditar que tudo ia, realmente, terminar bem. E foi em seus olhos, do mesmo vermelho dos olhos do meu pai, que eu me concentrei, me fazendo parar de gritar e ficar olhando para Alec, que me dizia que, no fim, nós superaríamos isso juntos.

To be continued...

N/A: Menine, adorei! AHUHEUAIEAUI Okay, depois de mais de 7 meses sem postar, ninguém mais nem deve lembrar da existência dessa fic! Mas tudo bem, eu espero que consiga revivê-la porque tinha umas idéias muuuuuito legais pra ela e quero concretizar todas! Mas então, o que estão achando? Eu quero saber de TUDO! AIUAHIUEHAUIEHUIA Okay okay, parei. Bom, espero que gostem e que comentem para que eu fique feliz (hihihi). E AH, eu troquei a caixa de comentários, logo está zerada. Vamos encher ela, jemteeeee! Me ignorem.É isso! xoxo Carol (follow me at @cahvieira lol)

Outras fics aqui:

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