Autora: Aline Patzz
Beta (até capítulo 25): Sofia Queirós | Beta (demais capítulos): xGabs Andriani
Prólogo
Sombrio é o ar ao meu redor
Carregado pelo medo e solidão
Sozinha conto as batidas de meu coração
E meus olhos procuram por meu amor.
A Lua mostra no céu seu esplendor
Iluminando o rosto da minha paixão
Em desespero ele suplica meu perdão
E meu sorriso singelo traz paz ao meu salvador.
Em seus braços agora vou me aninhar
E sentir seus lábios é o que prefiro
Ao invés de lágrimas derramar.
Perante seus olhos dou meu último suspiro
Com a certeza de que para sempre eu vou amar
O meu eterno amor, o meu doce vampiro.
(No Fim – Aline “Patzz” Bassoli)
Capítulo 01 – Chegada
Eu ainda não entendia direito o que estava indo fazer em Forks. Minha mente fervilhava com pensamentos contraditórios: Forks não ficava perto de Buenos Aires; Forks nem ficava na Argentina. Aliás, nem na América do Sul ficava Forks! Então o que diabos eu estava fazendo em Forks? Uma cidade no norte dos Estados Unidos, fria, nublada, chuvosa, totalmente o contrário do que eu estava acostumada, já que eu morava numa cidade quente, ensolarada e com índices normais de pluviosidade. Eu estava acostumada com o sol, com o céu azul e a temperatura alta. Por que mesmo eu estava num avião para Forks? Ah, claro, minha grande paixão: tango. Ok, eu sei que não faz o menor sentido, já que a capital mundial do tango é Buenos Aires, mas inacreditavelmente, eu estava indo para Forks para estudar tango.
Eu fazia parte de um grupo de dança na minha cidade natal e estávamos em uma competição de dança, cujo prêmio era bolsas de estudo em três cidades distintas: Buenos Aires, Havana e Forks. O primeiro lugar iria para Buenos Aires, o segundo para Havana e o terceiro para Forks. Eu e meu parceiro estávamos na semi-final contra uma dupla de São Paulo; era ganhar aquela rodada e disputar a final. Estávamos indo muito bem, eu tinha aquela sensação gostosa de que estávamos indo melhor do que a dupla adversária, e realmente ganharíamos se perto do final da coreografia meu parceiro não tivesse, inexplicavelmente, pisado em falso, torcido feio o pé e nós acabamos caindo. Perdemos aquela disputa e eu só podia lutar para ganhar a disputa seguinte e conseguir a bolsa em Forks. Só tinha um problema: parceiro. Após muita conversa com a organização da competição ficou decidido que eu poderia competir tendo nosso professor como partner, desde que a dupla adversária também tivesse um professor como um dos participantes. E foi isso que aconteceu: eu e meu professor contra a outra menina com seu respectivo professor. A disputa foi muito acirrada, porque o outro professor era muito bom, mas no fim, um improviso meu e do Juan fez com que ganhássemos o terceiro lugar.
Obviamente, entre as opções oferecidas pela escola em Forks, eu escolhi tango já que é minha paixão desde menina, quando assisti a um show numa viagem com meus pais a Buenos Aires. Eles não eram muito a favor de eu seguir a carreira de dançarina e eles sempre que podiam me boicotavam, mas isso não me impediu – atrapalhou um pouco, é verdade, mas não impediu – que eu seguisse com meu sonho. Em Forks existia uma companhia de dança muito boa e eu sabia que estava em boas mãos – pelo menos era isso o que a reputação da Companhia Cullen de Dança indicava – mas ainda assim não era Buenos Aires, o meu verdadeiro sonho de consumo. Mas, enfim, era o que eu tinha no momento, então abraçaria com todas as forças e faria o meu melhor.
Desembarquei em Seattle, peguei uma conexão em um avião pequeno para Port Angeles e depois de quase uma hora de vôo ainda tive que encarar uma hora de ônibus para chegar a Forks. Cheguei por lá no começo da tarde e fui recepcionada na rodoviária por uma simpática mulher de uns 30 anos, que me acompanhou até uma pequena casa já mobiliada que não ficava muito longe nem do colégio nem da escola de dança. Ela me deixou um pequeno mapa da cidade – que nem era tão grande assim – e um telefone para contato. Despediu-se e me deixou a sós em minha nova moradia. No dia seguinte eu conheceria a companhia de dança e o colégio. Ai, ainda tinha o colégio! Eu estava no último ano do colegial e felizmente só teria aula no período da manhã devido a diferenças nos conteúdos programáticos entre o Brasil e os Estados Unidos. E as aulas de dança – que não se restringiriam a tango, mas sim a várias modalidades de dança – ocorreriam sempre à noite. Eu ficaria com a parte da tarde livre para deveres de casa, afazeres domésticos e essas coisas. Passei o restante do dia arrumando minha casa nova: era um sobradinho muito charmoso; a sala era equipada com um sofá de tecido vermelho queimado, um belo conjunto de TV e aparelho de DVD, um tapete felpudo muito aconchegante e uma lareira – o que me fez lembrar que eu estava em um local onde nevava! Eu odeio frio! – logo em seguida vinha a cozinha bem equipada também e uma pequena lavanderia. Na parte de cima tinham dois quartos – um com uma cama de casal e um armário embutido e outro com uma escrivaninha, uma pequena estante vazia e uma poltrona para leitura – e um banheiro de tamanho razoável, com uma banheira muito convidativa.
Na verdade, não demorei muito para arrumar as cosias, pois não havia necessidade de deixar tudo extremamente organizado naquele dia, aos poucos eu deixaria aquela casa com a minha cara. Decidi ir até um mercado para comprar suprimentos e já me deparei com uma leve chuva. Respirei fundo algumas vezes, abri o guarda-chuva e fui para o mercadinho. Vários olhos curiosos caíram sobre mim, mas eu tentei ignorar, pensando em como seria o dia seguinte no colégio. É isso que dá chegar no meio do semestre! Terminei minhas compras e voltei para casa para preparar um jantar rápido, já que estava cansada demais para algo mais elaborado que um miojo. Tomei um longo e relaxante banho e me larguei na cama, pensando em toda a reviravolta que minha vida estava tendo e adormeci em meio a meus pensamentos.
Eu corria pela floresta, sabia que estava sendo perseguida, mas não conseguia ver meu perseguidor. – Não tema! – uma voz sussurrava em meu ouvido. – Não tema, meu amor! Não lhe farei mal algum. – mas eu não conseguia evitar que meu coração ficasse descompassado quando ele surgiu diante de mim e me encarou com aqueles belos olhos vermelhos. Pude ver então que ele era muito lindo, a pele muito branca e tinha um leve sorriso torto em seus lábios. Seria um anjo, se não fossem os olhos vermelhos. Logo depois de analisar a cena, percebi outros como ele surgirem do nada, envoltos por mantos negros e virem em minha direção. Eu tentei correr, mas ele chegou perto numa fração de segundos e enlaçou minha cintura em seus braços frios. – Não tema, minha doce . É o nosso destino. Só assim poderei salvá-la. – então ele cravou suas presas em meu pescoço e senti todo o calor desaparecer do meu corpo.
- Deus! – eu berrei no escuro sentando-me na cama e procurando pelo interruptor do abajur. Acendi a lâmpada e olhei ao redor, constatando que estava segura em meu novo quarto. Instintivamente verifiquei meu pescoço e depois comecei a rir. – Só você para sonhar outra vez com esse vampiro. Não acha que está bem grandinha para acreditar em histórias de terror não? – levantei-me e fui lavar o rosto que estava molhado de suor. Parei diante do espelho. – Mas então por que será que sempre tenho esse sonho? É sempre tão real! – enxuguei o rosto e voltei para a cama. O sono ainda não tinha voltado, então fiquei pensando no meu fascínio pelos vampiros. Eu sempre tive um lado um pouco fantasioso demais, sempre gostei de contos de fadas com suas bruxas, fadas, dragões, princesas e príncipes encantados, com duendes e lobisomens; e sempre fui fascinada por vampiros. Já tinha assistido a inúmeros filmes – ah, se eu topasse com um Brad Pitt vampiro! – e seriados, lido livros e até mesmo histórias em quadrinhos. Nossa cultura sempre teve a presença deles, e cada vez mais eu me encantava com eles. E já fazia um bom tempo que em quase todas as noites eu tinha esse mesmo sonho: eu fugia deles e um, o mais belo de todos, o amor da minha vida me salvava dos “bandidos”. O sono veio finalmente e dessa vez dormi sem pesadelos.
Capítulo 02 – O Primeiro Encontro
’s POV
Óbvio que chovia quando o despertador tocou. Eu ainda enrolei um pouquinho, mas a crise de consciência foi mais forte e me jogou para fora da cama. Fiz minha higiene, troquei-me, certificando-me de estar bem agasalhada, peguei uma barra de cereal e saí de casa, rumo ao colégio.
As pessoas me olhavam com curiosidade, como se eu estivesse numa jaula em exposição. Não gosto disso. Não que não goste de receber atenção, mas pelo motivo certo: pela minha dança. Quando eu estava em um palco, toda a timidez passava e eu só vivia para a dança; fora disso eu odiava qualquer tipo de atenção. Cheguei até a secretaria e peguei meu horário, saindo em seguida com o papel na mão procurando pela minha sala. Acabei esbarrando em uma menina.
- Desculpe-me. – eu pedi já ficando corada. – Eu estava concentrada no maldito mapa da escola e não te vi. – sorri amarelo.
- Tudo bem. – ela sorriu amigavelmente. – Você parece meio perdida. Posso te ajudar?
- Hum, estou procurando a sala 5, aula de literatura.
- Ah, venha comigo, é minha aula também. – ela continuava com o sorriso no rosto. – Meu nome é Rosalie.
- Nossa, obrigada. Eu sou . – eu sorri para ela.
- Ah, a garota que veio para a escola de dança. – eu só assenti, com uma expressão de espanto por ela saber quem eu era. Ela pareceu perceber meu constrangimento. – Desculpe, é que todos sabem que a Escola Cullen admitiu uma nova aluna.
- Ah, tá. Quer dizer que todo mundo sabe da minha chegada? – eu perguntei receosa.
- Ahã. – Rosalie respondeu. – Mas não se preocupe, ninguém morde por aqui. – inevitavelmente a imagem do “meu” vampiro cravando suas presas em meu pescoço me veio à mente.
- Obrigada mais uma vez. – eu agradeci.
Caminhamos até a sala e Rosalie se sentou ao meu lado. A aula era sobre Shakespeare. Descobri que Rosalie era muito bacana e não ficava me encarando como as outras pessoas, além de ser muito parecida comigo em alguns aspectos e ser linda – com seu corpo bem feito, os cabelos loiros e compridos e belos olhos azul-escuros, quase violetas – mas ela não ficava se exibindo apesar de poder fazê-lo se quisesse. Acho que seremos boas amigas. O sinal tocou e descobri que tinha todas as aulas antes do intervalo com ela. No meio da manhã fomos para o refeitório e ela me apresentou a algumas pessoas: Jéssica, Lauren, Mike e Tyler. As duas primeiras ficaram me medindo o tempo todo, enquanto os meninos tentavam chamar minha atenção, mas eu definitivamente não estava interessada, ainda mais que eles não gostavam muito de dança. Terminamos o intervalo e quando estávamos já na porta, senti um arrepio forte descendo pela minha nuca e coluna. Senti também um pouco da agonia da noite passada, durante meu pesadelo. Olhei para trás e vi um casal sentado numa mesa bem ao fundo do refeitório, quase invisíveis. Ele estava de costas, mas ela me encarava com olhos curiosos.
- O que foi? – perguntou-me Rosalie.
- Quem são eles? – eu apontei para a mesa com a cabeça.
- Ah, sim. São os irmãos Cullen: Edward e Alice. Achei que você já os conhecesse.
- Não. Hoje à noite será minha primeira aula.
- Então você vai conhecer o restante da família. O Dr. Cullen e a esposa são os donos da escola de dança, e os outros dois filhos, Jasper e Emmett... – notei que ela revirou os olhos ao falar o nome de Emmett. - ... são professores também.
- Doutor Cullen?
- É. Ele é o médico da cidade, além de ser professor de dança.
- Ah. – foi o que consegui dizer, notando que a tal Alice ainda me encarava, enquanto o tal Edward continuava de costas.
Saímos finalmente do refeitório e infelizmente eu tive as outras três aulas com Mike. O período se arrastou primeiro por causa das matérias e segundo por causa do garoto. Eita molequinho mala! Dei graças a Deus que o meu período tinha acabado. Me despedi de Rose e voltei para casa. Almocei, liguei para meus pais para contar sobre a escola e fui adiantar meus deveres de casa. Até que a tarde passou rápida e logo eu já estava pronta para minha primeira aula na nova escola de dança.
Caminhei tranquilamente pelas ruas até chegar a uma construção muito bonita, de tijolinhos à vista, com grandes janelas no andar superior. Subi a escada e logo topei com uma cena belíssima: um casal dançava tango, uma melodia mais suave. Ele era loiro, alto, possuía umas feições perfeitas, a pele muito branca e movimentos muito precisos e elegantes. Ela era mais baixa, cabelos castanho-claros, a pele bem branca e, assim como seu parceiro, as feições perfeitas, muito doces. Durante um giro o homem me notou e imediatamente parou a dança.
- Oh, por favor, continuem. – eu disse olhando-os fascinada.
- Você deve ser a .
- . – eu o corrigi.
- Olá, . Eu sou Carlisle Cullen. – ele veio ao meu encontro e estendeu a mão, que era fria como gelo.
- Olá, professor Cullen.
- Ah, por favor, me chame de Carlisle. Essa é minha esposa, Esme.
- É um prazer conhecê-la, querida. – sua voz soou tão angelical e maternal que me fez sentir confortável imediatamente.
- O prazer é meu. – eu finalmente consegui dizer. – Vocês dançam divinamente.
Eles agradeceram e ficamos alguns momentos conversando sobre a escola, minha bolsa, as regras e tudo o mais. Logo em seguida duas pessoas apareceram no local onde estávamos.
- Emmett, Jasper, essa é a nossa nova aluna: . – Carlisle me apresentou.
- Olá! – disse o grandão de cabelos castanho-escuros, uma cara de bebê e ao mesmo tempo muito máscula e um sorriso muito divertido. Era lindo e pude entender o porquê da Rose ter revirado os olhos.
- Olá. – eu consegui dizer depois de um momento analisando a beleza daquele rosto.
- É um prazer conhecê-la. – disse o outro, um pouco menor que o primeiro, loiro, com uma expressão mais centrada, mas mesmo assim muito bonito também.
- Igualmente. – eu disse depois de ficar presa em sua fisionomia por alguns instantes.
- Meus filhos...
- Eles são seus filhos? – eu o cortei, completamente estarrecida pela diferença de idade. Esme não poderia ser mãe deles dois. Só aí me dei conta de que esperava que Carlisle e Esme fossem mais velhos, para terem filhos da minha idade.
- São adotivos. – ela sorriu. – Temos mais dois que logo você conhecerá.
- Ah, certo. Desculpe, Carlisle. – ele apenas sorriu e voltou a falar.
- Meus filhos dão aulas aqui também. Emmett é especialista em danças latinas como salsa e rumba, enquanto Jasper domina danças mais clássicas como valsa, bolero e fox trote.
Eu ainda estava atônita pela beleza daquela família, eles ao mesmo tempo eram muito diferentes e muito parecidos. Talvez fosse a palidez da pele, ou os olhos âmbar, ou as feições perfeitas e, no entanto, eles eram visivelmente diferentes nas posturas, no comportamento. Eu estava fascinada por eles. Meus devaneios foram interrompidos quando a garota que eu tinha visto no refeitório pela manhã – pequena, com feições muito delicadas, cabelos pretos curtos e espetados – entrou no salão cantarolando e logo se colocou ao lado de Jasper.
- Oi, eu sou a Alice. Você deve ser a , certo?
- Somente . – foi o que eu consegui dizer ao ver toda a sua delicadeza e perfeição.
Ela falou mais alguma coisa que eu não ouvi, pois estava perdida em minhas admirações e logo saiu arrastando Jasper pelo braço, girando ao seu redor e depois lhe dando um selinho.
- Eles...?
- Sim. – respondeu Esme. – Alice é irmã biológica do Emmett e do Edward e acabou se apaixonando quando conheceu o Jasper.
- E suponho que Edward seja o outro filho de vocês? – e logo a imagem do rapaz dessa manhã me veio à mente, e apesar de eu não ter visto seu rosto, podia imaginar que devia ser tão lindo quanto os outros.
- É isso aí. – disse Emmett. – Ele já deve estar chegando.
- Já estou aqui. – disse uma voz aveludada e inesperadamente muito, muito familiar.
Eu me virei e o encarei, ficando estática no mesmo momento. Era ele: o vampiro dos meus sonhos, o vampiro que eu podia ver que me amava e que sempre cravava suas presas em meu pescoço, noite após noite. Ele também tinha ficado estático, me olhando e, quando uma brisa vinda de uma janela aberta passou por mim e o atingiu, ele pareceu ter levado um soco na boca do estômago. Imediatamente ele ficou rígido, virou nos calcanhares e desapareceu porta afora. Tudo isso foi muito rápido, segundos apenas.
- O quê...? – eu soltei, mas minha voz desapareceu.
- Desculpe-me , deve ter acontecido alguma coisa com ele. Com licença. – disse Carlisle e saiu atrás de seu filho.
- Emmett, por que não dança um pouco com a , até seu pai voltar? – sugeriu Esme.
- Claro. – ele disse sério, mas logo sorriu para mim. – E aí, sabe dançar salsa ou só fica no tanguinho?
- Desculpe? – eu fui trazida à realidade pela voz de Emmett, mas ainda estava em transe pela cena que tinha presenciado segundos atrás.
- Perguntei se sabe dançar salsa também ou só fica no tango?
- Ah. – eu voltei para a realidade. – Não é minha especialidade, mas alguma coisa eu sei fazer. – eu disse sorrindo também e ele me levou para o centro do salão, enquanto Esme ligava o som.
Edward’s POV
Eu não prestava muita atenção ao pensamento dos meus irmãos e dos meus pais em relação à menina nova. Tinha visto alguns relances de seu rosto nos pensamentos dos alunos da escola, mas nada que tivesse chamado muito minha atenção, afinal era só mais uma humana na nossa escola. Tudo bem que ela vinha para aprender tango e eu seria seu professor, mas isso já tinha acontecido tantas vezes que minha curiosidade não estava mais tão aguçada. Humanos eram previsíveis demais. E a única coisa que me incomodava um pouco era o fato de eu ainda não ter ouvido os seus pensamentos, mas agora era questão de segundos. Abri a porta depois do último degrau da escada.
- É isso aí. – disse Emmett. – Ele já deve estar chegando.
- Já estou aqui. – eu disse e então ela se virou para me olhar.
Fiquei estagnado um segundo avaliando aquela menina. Ela era linda! E olha que para um vampiro achar uma humana bonita, era porque ela realmente era. Mas seus olhos estavam com uma expressão muito estranha, quase aterrorizados e um flash de entendimento passou por eles quando nossos olhares se cruzaram. O que significava aquilo? E por que diabos eu não ouvia o que ela estava pensando? E foi nesse exato momento que a brisa trouxe o seu cheiro. Deus! O cheiro mais doce, convidativo e suculento que já senti em toda a minha existência! Minha garganta ardeu em chamas e minha boca encheu-se com meu veneno; meu corpo inteiro pedia pelo seu sangue! Eu nunca tinha sentido isso por nenhum outro ser humano. Aquele sangue era como o canto das sereias para os marinheiros em alto-mar. Fiz a única coisa sensata que poderia ser feita naquele momento: dei as costas e saí de lá o mais rápido possível.
Edward, o que está fazendo? Perguntou-me Carlisle em pensamento, mas eu não conseguia responder. Corri para longe, mas sabia que tinha que lhe explicar o que estava acontecendo, então desacelerei e parei, esperando que ele me alcançasse.
- O que houve? – ele perguntou em voz alta, colocando a mão sobre meu ombro.
- O cheiro dela. – eu disse com a mandíbula travada. – Nunca desejei tanto o sangue de alguém.
- Oh, Edward. – ele suspirou. – Não podia imaginar.
- Eu quase a matei, Carlisle. Quase acabei com tudo o que estamos fazendo há anos.
- Mas você não o fez, Edward. Saiu de lá antes que pudesse fazer algum mal àquela menina. Estou orgulhoso de você, filho.
- Orgulhoso? – eu ri secamente. – Eu tenho que me afastar. Não serei capaz de lidar com ela. Ainda mais sem conseguir ouvir seus pensamentos.
- Você não a ouve?
- Não. – eu respondi e ele apenas assentiu. – Eu preciso ir embora.
- Edward, tem certeza de que essa é a melhor solução?
- O que mais eu poderia fazer? Você não está sugerindo que eu tenha contato com ela, está?
- Não exatamente, mas você não pode simplesmente desaparecer.
Ficamos em silêncio por algum tempo e ali, em meio à floresta e longe de seu cheiro, parecia mesmo que eu estava fazendo uma tempestade em copo de água.
- Eu tenho que voltar para lá. Pense, meu filho. Conversaremos em casa mais tarde.
- Obrigado, pai. – ele apertou novamente meu ombro e disparou na escuridão da noite. Eu apenas fiquei ali, parado, tentando controlar meu impulso e colocar alguma razão em meu cérebro.
’s POV
Fazia algum tempo que eu estava dançando com Emmett e tenho que confessar que estava gostando de dançar com ele. Ele sabia conduzir muito bem e seu repertório de passos era vasto. Apesar da frieza da sua pele eu não me sentia desconfortável ali. Foi então que Carlisle voltou.
- Sinto muito pelo comportamento de Edward, . – ele disse polidamente.
- O que aconteceu? Ele está bem? – e senti certa preocupação com o seu bem estar.
- Sim, foi um mal súbito, mas eu já o mediquei e ele voltou para casa.
- Ah, sim, fiquei sabendo que você é médico também, além de professor de dança. – ele assentiu e resolveu mudar de assunto.
- E então, filho, nossa nova aluna tem talento para salsa?
- Muito. – ele sorriu largamente. – Precisa de um pouco de treino, mas é um caso a se pensar. – ele disse de forma tão descontraída, que todos caímos na gargalhada.
- Muito bem. Como Edward teve esse pequeno problema, acho que eu o substituirei por enquanto. Venha, minha cara, vamos ao tango.
Aceitei sua mão e imediatamente ele me girou, colocando-me em pose de início de coreografia. Sua postura era firme, segura, precisa e muito delicada ao mesmo tempo. Eu me sentia uma marionete em suas mãos, pois ele me girava de um lado para outro com a maior facilidade. Terminamos aquela dança e ele tinha um sorriso nos lábios.
- , você é espetacular. Temos uma dançarina nata aqui.
- Por favor. – eu disse corando. – Você é que conduz maravilhosamente bem.
- Ah, querida. – disse Esme se aproximando. – Não seja modesta. Você dança muito bem.
Eu apenas sorri e desviei o olhar para a sala ao lado, onde Jasper e Alice pareciam flutuar no salão enquanto dançavam aquela valsa.
- Gosta das danças clássicas? – Carlisle me tirou da minha admiração.
- Acho-as lindas, mas não sou tão boa com elas.
- Será? – gargalhou Emmett olhando para Carlisle.
- Jasper? Poderia vir aqui um momento?
Logo em seguida ele e Alice já estavam ao nosso lado. Ele olhou para o pai interrogativamente.
- Nossa nova aluna está demonstrando ser muito habilidosa com as danças, mas ela acha que não é boa com as clássicas. Gostaria que você dançasse com ela.
- Será um prazer. – ele estendeu a mão para mim e me conduziu ao centro da sala.
Fez um sinal com a cabeça em direção a Alice e essa soltou um clássico do fox: New York, New York – Frank Sinatra. (n/a: para quem não conhece, a música é essa aqui – Música 1.) Jasper e eu rodamos todo o salão e parecia que eu voava, tão delicada era sua condução. Ao término da música Alice pulava ao meu lado.
- Se ela não for boa, eu não sei o que é. – e todos riram.
- Realmente, Carlisle, nunca encontrei uma menina tão fácil de ser conduzida.
- O que é isso, Jasper. Alice ficará com ciúmes.
- Imagina. – ela sorriu divertida. – Sei reconhecer um novo talento e não sou possessiva com Jasper, pelo menos não nesse sentido. – e todos rimos.
Passei mais uma hora com eles e depois voltei para casa. Eu realmente tinha gostado muito da escola e de meus professores. Esme e Alice sempre opinavam quanto a postura, algum passo e essas coisas, sempre prezando pelo meu bem-estar. Quando eu já estava na entrada de casa, senti alguém me observando. Eu me virei imediatamente, mas não consegui ver ninguém e tratei de logo entrar em casa.
Confesso que meus pés doíam um pouquinho, mas eu estava tão animada com as aulas que isso era o de menos. Comi alguma coisa e subi para tomar um banho, já que estava toda suada por causa da aula. Enchi a banheira, utilizei alguns sais relaxantes e entrei na água quente. Imediatamente meu corpo relaxou e fui sentindo os benefícios do banho de imersão. Nem sei quanto tempo fiquei ali, mas só saí quando a água esfriou. Coloquei meu pijama e larguei-me em minha cama. Adormeci logo em seguida.
Não tenha medo! – ele disse ao me encarar com seus lindos olhos vermelhos. – Eu não vou te machucar! – ele se aproximou e me abraçou. Senti-me segura em seus braços, apesar da temperatura fria e a textura dura de sua pele. – O que está acontecendo? – eu perguntei a ele, e imediatamente ele sussurrou. – Eu não sei, mas eu te protegerei, eu te salvarei. – Nesse momento as sombras e outros olhos vermelhos surgiram ao nosso redor, aproximando-se de nós dois. Ele me apertou em seus braços e rosnou para os que se aproximavam, mas isso não fez com que parassem a aproximação. – Desculpe-me, mas só assim poderei te proteger, meu amor. – e novamente cravou as presas em meu pescoço.
- Não! – eu gritei e novamente percebi que tinha sido outro pesadelo. Acendi a luz do quarto e estava, como em todas as outras noites, banhada em suor. Fui até o banheiro lavar o rosto e voltei para a cama. Agora tinha certeza absoluta de que Edward era o vampiro dos meus pesadelos – ou deveria dizer sonhos? – e que estávamos ligados de alguma maneira. Não entendia o que tinha acontecido mais cedo, na escola de dança, por que ele tinha desaparecido assim que me vira? Aquilo era tão estranho! Sua família não teve nenhum problema comigo, aliás foram todos muito simpáticos, então o que será que estava acontecendo com Edward? Passei mais algum tempo pensando nisso e acabei adormecendo.
Edward’s POV
Passei algum tempo ainda na mata pensando no que Carlisle queria dizer com ter certeza de que fugir seria a melhor solução. Era a mais fácil para todos, eu desapareceria e não colocaria minha família em perigo. Mas ao mesmo tempo, algo nela me chamava, e não era somente seu sangue. O brilho que ela trazia no olhar, o modo como ela me olhou, como se soubesse o que eu era, o monstro que eu era. Decidi então voltar para casa e esperar lá por minha família. Com certeza eu poderia vê-la através das memórias deles e tomar uma decisão mais acertada. Eu estava no meio do caminho quando uma sensação urgente me invadiu e eu a segui, instintivamente. Quando dei por mim estava escondido entre as árvores, de frente para a porta da casa dela. Ela caminhava com um sorriso no rosto, tranqüila. Quando estava parada em frente à porta, ela olhou diretamente para mim, mas tenho certeza de que não me viu, então entrou quase que correndo em sua casa.
Eu corri então de volta a minha casa e esperei pela minha família. Eles não demoraram a chegar.
- Que bom que está aqui, filho. – disse Esme me abraçando. – Carlisle nos explicou o que aconteceu. Como você está?
- Eu ainda não sei. – eu respondi sincero. – Ao mesmo tempo em que acredito que sair daqui seja a melhor solução, alguma coisa me diz para ficar. Não sei explicar.
- Ela é muito legal, Edward. – disse Emmett.E uma gata, heim! ele completou em pensamento. Eu apenas não dei bola.
Foi então que uma imagem invadiu minha mente: caminhava sorridente ao meu lado, abraçada a minha cintura. Estava incrivelmente bonita e seus olhos eram de um vermelho muito vivo.
- NÃO! – eu berrei e todos olharam de mim para Alice e voltavam a mim.
- O que houve? – perguntou Carlisle.
- Eu a vi transformada, Carlisle. – disse Alice. – Mas não era nada muito claro. Edward, você sabe que as coisas podem mudar, que não precisa ser assim.
- Não. Não vou condená-la a essa vida. – mas imediatamente depois que eu disse isso, decidido a me afastar e ir embora, outra imagem surgiu diante de meus olhos: estava perdida numa mata nebulosa, assustada, caminhando sem destino. E novamente as feições vampirescas e os olhos vermelhos estavam presentes. – O que isso significa Alice? – eu quase grunhi para minha irmã.
- O que foi agora? – perguntou Emmett.
- vai se transformar, independente da decisão de Edward. Quando tive a primeira visão, ele imediatamente decidiu partir e se afastar dela, então minha visão mudou um pouco no contexto, mas ela ainda será uma vampira.
Todos suspiramos com a constatação de Alice: não importava o que eu fizesse, ela estava fadada a ser uma de nós também. Só não sabíamos se eu seria o responsável pela sua desgraça. Fui para meu quarto, deitei no tapete e fiquei contemplando o teto, pensando nas minhas opções. O fato era que essa garota que eu havia acabado de conhecer já estava de alguma maneira conectada a mim e eu sentia uma necessidade muito grande de tê-la por perto.
Capítulo 03 – Escondido nas Sombras
- Bom dia, !
- Bom dia, Rose!
- E aí, como foi sua aula ontem? Quero saber de tudo.
- Nossa, foi muito legal. Eles são ótimos dançarinos, os melhores que eu já vi. Carlisle será meu professor de tango e também terei aulas com Jasper e Emmett.
- Você vai dançar com o Emmett? – e sua expressão denotava surpresa com um pouco de decepção e uma gota de inveja ou ciúmes, não consegui identificar.
- Sim, mas apenas algumas aulas. – eu sorri e uma idéia se formou em minha mente. – Você não gosta de dançar?
- Eu não sei. Acho que gosto, mas nunca fiz aulas, então eu não sei.
- Por que não entra na escola? Tenho certeza de que você iria adorar.
- Eu não sei. – ela parecia indecisa.
- Ou então por que você não assiste a uma aula, pelo menos? Acho que Carlisle não se importará.
- Quem sabe. – ela suspirou e seus olhos brilharam. – Mas agora vamos que temos matemática. – ambas suspiramos e caminhamos para a sala.
As outras aulas eu tive sozinha e voltei a me encontrar com a Rose na hora do intervalo. Eu já ia me sentar na mesa com a ela quando vi Alice sozinha. Disse a Rose que já voltava e fui falar com Alice.
- Bom dia. – eu disse animada.
- Olá, bom dia! – ela respondeu também animada. – Passou bem de ontem para hoje?
- Sim, e você?
- Bem também.
- Por que está sozinha? Edward ainda não melhorou?
- Não. – e seus olhos perderam um pouco do brilho. – Desculpe-o por ontem.
- Não precisa pedir desculpas, todo mundo passa mal de vez em quando. – ela me olhou e sorriu. – Você não quer se sentar comigo e minha amiga?
- Claro. – ela alargou o sorriso e voltamos para a mesa da Rose.
Apresentei as duas e engatamos numa animada conversa. Eu comentei discretamente que tinha pensado em levar a Rose para assistir a uma aula, e Alice ficou muito radiante.
- Isso será ótimo! – ela exclamou muito animada como se soubesse de algo mais.
Logo o sinal tocou e eu e Rose fomos para a próxima aula, que tínhamos juntas. Ela percebeu que Edward não tinha ido e quis saber o que eu tinha achado dele na escola de dança, então eu disse que não tive a oportunidade de conversar com ele e resumi a história. Nos despedimos na hora do almoço e combinamos que ela passaria em casa para irmos juntas à escola de dança.
Passei minha tarde novamente fazendo tarefas da escola e imaginando se veria Edward à noite. Tomei um banho rápido, comi alguma coisa e 15 minutos depois Rose passou em casa; seguimos para a escola de dança.
Ela estava nervosa quando entramos no salão, mas foi só ver Emmett que seus olhos brilharam. Ah, com certeza ela era apaixonada por ele, mas eu ainda precisava conversar sobre isso com ela, quem sabe eu não poderia dar uma forcinha?
- Oi, pessoal! – eu disse e fui recepcionada por largos sorrisos.
- Aluna nova? – perguntou Emmett interessado.
- Talvez. – eu respondi vendo que Rose não conseguia dizer nada. – Ela veio assistir a uma aula. Digamos que eu meio que a forcei. – eu sorri de lado.
- Por quê? Não gosta de dançar? – Emmett dirigiu a pergunta diretamente a ela.
- Não... não é isso. – ela deu uma gaguejada. – Só não sei se sei dançar.
- Ah, então venha, dance comigo e logo saberemos. – ele disse estendendo a mão para ela. Vi que a expressão dela foi de quase pânico, então inesperadamente Jasper apareceu e ela pareceu ficar muito mais calma.
- Acho que ela está envergonhada, Emmett. Por que não dança com a para a Rosalie ver se salsa é um estilo que ela gosta? Podemos aproveitar que Carlisle vai se atrasar um pouco.
- Ah, claro. – ele disse rindo de lado e me levou para o meio do salão. – Sua amiga é tímida?
- Acho que sim. – eu sorri. – Mas tenho a intuição de que ela vai gostar de salsa.
Ele soltou uma gargalhada divertida e começamos a dançar. Emmett não fez passos muito elaborados para não assustar Rose, mas mesmo assim eram passos bem sensuais. Nossa música acabou e reparei que ela estava encantada com a dança. Dei uma piscadinha para Emmett – engraçado como eu ficava muito à vontade com ele – e ele sorriu de lado. Logo Jasper veio ao nosso encontro e fizemos a mesma coisa, para que Rose visse uma dança mais clássica. Dançamos um bolero maravilhoso e logo depois olhei para Rose, que parecia encantada.
- E aí, Rose? Qual você gosta mais? – eu perguntei parando a seu lado.
- Eu não sei. – ela balançou a cabeça. – Mas nem fazia idéia de que você dançava tão bem.
- E ainda está faltando o tango. – disse Carlisle entrando no salão, acompanhado por Esme e Edward, que não me encarava diretamente. Uma onda de nervosismo percorreu meu corpo, pois imediatamente me lembrei de meu sonho, do meu vampiro salvador e de como ele era exatamente idêntico ao Edward.
- O que é isso, Carlisle. Já disse que você me super estima. – eu tentei desviar meu olhar de Edward, mas ele deu um leve sorriso de lado que me prendeu a sua fisionomia.
- Querida, esse é Edward. – Esme sorriu. – Edward, essa é nossa nova aluna, .
- Olá. – ele finalmente disse me encarando e o tom de sua voz novamente me trouxe a memória de meu sonho. – Desculpe-me por ontem. Não fui muito educado.
- Não se preocupe. – eu disse finalmente, libertando-me daqueles olhos âmbar e piscando algumas vezes. – Seu pai e Alice me explicaram o que aconteceu. Não é sua culpa passar mal subitamente. – eu sorri e ele me encarou de modo quase fascinado.
- Acho que agora seria uma boa hora para Rosalie apreciar uma apresentação de tango, não acha, Carlisle? – esse foi Jasper.
- Claro. – Carlisle respondeu. – Vamos?
Eu consegui me libertar dos olhos de Edward e fomos para o centro do salão. Foi então que percebi um som de piano. (n/a: link para a música – Música 02) Olhei ao redor e encontrei Edward a frente de um belíssimo piano de cauda preto, iniciando La Cumparsita , um dos tangos uruguaios mais famosos do mundo. Ele sorriu para mim no mesmo momento em que Carlisle iniciou a dança. Eu adorava tango tocado ao piano e me deliciei com a melodia que Edward tocava, quase me esquecendo da dança, mas Carlisle conduzia maravilhosamente bem e tivemos uma boa performance. Quando terminamos, Rose tinha lágrimas em seus olhos. Ela correu e me abraçou forte.
- Você nasceu para isso.
- Rose, não exagera. – eu disse olhando para ela. – Só tenho um bom professor.
Carlisle riu encabulado, seguido por todos os presentes. Foi então que Edward se aproximou.
- Não quero tirar o mérito do meu pai, mas você dança muito bem. – sua voz era como música para meus ouvidos e eu quase não percebi que ele tinha parado de falar.
- Obrigada. – eu disse corando. – E você toca muito bem.
- Isso porque ainda não o viu dançando. – disse Alice entrando no salão. – Quer dizer que perdi uma apresentação de dança foi? – ela riu, abraçando-se a Jasper. Mas como ela sabia que tínhamos feito uma apresentação para a Rose? Quase como se lesse minha mente, ela engatou numa pergunta. – E aí, Rose, qual o seu ritmo preferido?
- Ainda não sei, mas acho que gostei muito da salsa. – e ela corou ao dizer isso. – Nem vou arriscar esse tal de tango. É muito complexo. – todos rimos e então Emmett se ofereceu para uma rápida aula particular com Rosalie, que não conseguia esconder o sorriso nos lábios. Eu balancei a cabeça rindo enquanto Alice vinha para meu lado.
- Impressão minha ou ela gosta do meu irmão?
- Ainda não sei Alice, mas tenho fortes suspeitas de que ela gosta. – e ambas rimos.
Alice voltou para o lado de Jasper e foram dançar uma valsa, Emmett estava com Rose, que se atrapalhava toda com o ritmo caribenho e Carlisle e eu voltamos a treinar nosso tango, enquanto Edward tocava e Esme estava sentada a seu lado. Depois de mais ou menos uma hora meu horário terminou e eu e Rosalie fomos embora.
- E aí, o que achou da salsa? – eu a instiguei.
- Er... bom... acho que eu gostei. – ela disse toda enrolada.
- Rose, posso te fazer uma pergunta?
- Ahã. – mas seu tom foi indeciso.
- Você gosta do Emmett?
- Ai, . – ela se soltou no banco. – Quando me mudei para cá no começo do ano passado e entrei na escola topei com ele, que estava no último ano, junto com Jasper. Daí quando eu o vi... já era!
- Mas você nunca tinha falado com ele?
- Ah, trocamos uma ou duas palavras, mas nada demais. – ela suspirou alto. – Ele é tão legal e lindo e dança bem e...
- E você está apaixonada. – eu concluí sorrindo. – Se você quiser posso dar uma sondada nele. Quer dizer, eu o conheci ontem, mas parece que o conheço há muito tempo. Exatamente como me sinto em relação a você.
- Ai, , também me sinto assim sobre você. – ele deu um sorriso extremamente sincero. – E quanto ao Emmett, bom acho que uma sondadinha não faz mal a ninguém, né. – ela sorriu de lado. – Mesmo assim, ainda tenho que falar com meus pais sobre as aulas de dança. Não sei se eles vão permitir.
- E por que não deixariam? É uma escola familiar e não uma boate de striptease.
- É, né? – ela sorriu mais abertamente e nos despedimos.
Eu entrei em casa, ataquei uma maçã e fui tomar outro banho. Dessa vez não fiquei na banheira, estava cansada, mas não o suficiente para dormir ainda, então desci para ver um pouco de TV. Coincidentemente estava começando Entrevista com o Vampiro, então me acomodei entre as almofadas e fiquei assistindo a um dos meus filmes de vampiro prediletos. Acabei pegando no sono na metade do filme e então acordei assustada, com um barulho vindo do andar de cima.
Ok, eu morava sozinha, então tinha que enfrentar os perigos sozinha também. Subi lentamente as escadas, apurando os ouvidos, mas não ouvia nada. Abri lentamente a porta do meu quarto e logo senti uma rajada de ar vinda da janela que estava escancarada. Fiquei arrepiada imediatamente e fui em direção à janela, mas senti uma presença ao meu lado e me virei para me certificar de que estava mesmo sozinha. Outra rajada de ar me fez lembrar da janela e a fechei o mais rápido que pude. Meu coração estava acelerado e um arrepio sinistro percorria minha coluna. Olhei mais uma vez pelo quarto certificando-me de que estava realmente sozinha e desencanei; fui fazer minha higiene noturna e logo depois eu capotei.
Edward’s POV
Não fui para a escola na manhã seguinte. Decidi caçar para manter minha sede sob controle, já que tinha decidido que enfrentaria meu monstro interior e tentaria manter aquela menina viva enquanto fosse possível. Fiquei fora o dia todo, empanturrando-me com sangue animal e então esperei por Carlisle, para irmos para a escola de dança.
Quando já estávamos perto, pude ouvir que havia mais uma humana na sala e logo reconheci Rosalie, uma das poucas mentes decentes daquela cidade. Ela admirava sua amiga dançando com Emmett – uau, ela manda bem na salsa – mas havia também um sentimento que parecia ser inveja? Ah sim, ela queria estar no lugar da amiga, dançando com Emmett. Balancei a cabeça e sorri com a situação. Depois que terminou com Emmett, foi dançar um bolero com Jasper – hum, no bolero ela também é boa – e este estava anormalmente calmo na presença dela. Jasper ainda tinha algumas ressalvas quanto a interagir com humanos, mas na presença dela ele não ficava nervoso e nem tinha sua sede despertada mais do que o normal. Eles terminaram a dança e a amiga estava fascinada, mas sua queda era pelo meu irmão grandalhão. Logo em seguida nós entramos no salão e pudemos ouvir a última frase de Rosalie:
- Mas nem fazia idéia de que você dançava tão bem.
- E ainda está faltando o tango. – disse Carlisle depois de abrir a porta e adentramos – eu, ele e Esme – ao salão.
Eu ainda não estava pronto para encará-la, então desviei o olhar para o nada. Inspirei profundamente e o seu cheiro me acertou em cheio. Pude sentir novamente o veneno em minha boca, mas reprimi esse desejo mortal e continuei caminhando em sua direção. Não consigo saber o que ela está sentindo, Edward!Pensou Jazz um pouco frustrado, me deixando ainda mais atento em relação àquela garota. Foi então que sua voz me trouxe de volta.
- O que é isso, Carlisle. Já disse que você me super estima. – ela ainda me encarava e eu acabei preso pelos seus olhos fascinantes, não consegui evitar sorrir para ela.
- Querida, esse é Edward. – Esme disse nos apresentando. – Edward, essa é nossa nova aluna, .
- Olá. – eu disse. Subitamente senti a necessidade de desfazer a má impressão por quase tê-la matado no dia anterior, mesmo sem ela saber daquilo. – Desculpe-me por ontem. Não fui muito educado.
- Não se preocupe. – ela disse calmamente, depois de piscar algumas vezes. – Seu pai e Alice me explicaram o que aconteceu. Não é sua culpa passar mal subitamente. – ela sorriu e eu não pude deixar de ficar fascinado pelo som de sua voz e a beleza de sua fisionomia.
- Acho que agora seria uma boa hora para Rosalie apreciar uma apresentação de tango, não acha, Carlisle? – Jasper disse controlando um pouco minhas emoções que estavam completamente inebriadas pela presença daquela garota. Eu apenas olhei para ele em agradecimento.
- Claro. – Carlisle respondeu. – Vamos?
Ela acompanhou Carlisle até o centro do salão. Observe, Edward. Ela dança tão bem quanto qualquer um de nós, mesmo sendo humana. Ele disse em pensamento. Eu apenas assenti e sentei-me ao piano, começando uma canção. Bela escolha. Ele pensou novamente enquanto ela olhava ao redor, procurando de onde vinha a canção e então nossos olhos se encontraram mais uma vez. Edward, você a está desconcentrando! Carlisle pensou e eu sorri, voltando minha atenção para o piano no mesmo momento em que ele iniciava a dança.
Tenho que confessar que ela dançava muito bem, excepcionalmente para uma humana. Secretamente pensei em como seria dançar com ela, mas seu cheiro ainda era muito convidativo para mim, então ainda não podia arriscar uma maior aproximação. Eles terminaram de dançar e Rosalie correu para abraçar a amiga, muito emocionada.
- Você nasceu para isso.
- Rose, não exagera. – ela disse. – Só tenho um bom professor. – e sorriu para Carlisle.
Todos riram do rápido momento em que Carlisle se sentiu encabulado – era difícil alguém o deixar constrangido – e então eu tive que me aproximar:
- Não quero tirar o mérito do meu pai, mas você dança muito bem.
- Obrigada. – ela disse corando. – E você toca muito bem.
- Isso porque ainda não o viu dançando. – ah, Alice! – Quer dizer que perdi uma apresentação de dança foi? – ela riu, abraçando-se a Jasper. Eu reparei que percebeu a “gafe” de Alice, afinal, se ela acabou de chegar, como saberia das outras danças? Alice percebeu isso também e imediatamente mudou o rumo da conversa. – E aí, Rose, qual o seu ritmo preferido?
Elas ficaram conversando mais um pouco, mas eu afastei minha mente e me prendi à cena de nós dois dançando. Uma espécie de satisfação invadiu meu ser e eu desejei tornar aquilo realidade, mas para isso, eu ainda precisava controlar minha sede por seu sangue. Houve mais uma risadinha e cada um foi para um canto: Alice foi para o lado de Jasper e foram dançar uma valsa, Emmett estava com Rose, tentando ensiná-la alguns passos básicos da salsa. Eu gosto dela. Não sei explicar bem o que é, mas me sinto muito bem perto dessa humana. Ele pensou; e Carlisle voltaram a treinar tango, e eu voltei para o piano com Esme ao meu lado. Depois de mais ou menos uma hora elas foram embora.
- Como você ficou? – perguntou-me Carlisle.
- Acho que bem. Só não consigo ficar muito próximo ainda. – eu respondi.
- Logo você conseguirá. – disse Alice saltitante. – Eu gosto tanto dela Edward!
- Acho que todos gostamos. – disse Jasper, que sabia das emoções de todos nós.
Eles voltaram para casa, mas eu ainda não tinha me dado por satisfeito, tinha que saber mais sobre ela, me inteirar de seu mundo. Segui até sua casa e imediatamente fui para seu quarto. A janela estava apenas encostada e eu me senti impelido a entrar. O quarto ainda estava meio bagunçado, metade das malas ainda estava fechada e o lugar ainda não tinha sua cara, mas o seu cheiro doce e quente já dominava tudo. Pude ouvir que ela dormia na sala – devido às batidas pesadas de seu coração e a respiração profunda – enquanto passava na TV um dos vários filmes que existiam sobre vampiros. Ela gostava desse gênero? Ela acreditaria em vampiros? Foi então que uma rajada de vento fez com que a janela batesse e percebi que ela acordou e começava a subir. Escondi-me debaixo da cama – patético, eu sei – pois com certeza ela acenderia a luz do quarto e eu seria flagrado. Eu sei que deveria ir embora, mas minha curiosidade era maior que meu senso de segurança. Ela entrou no quarto e outra rajada de ar passou por seu corpo. Por sorte seu cheiro não veio em minha direção. Seu coração estava acelerado – com medo? – e ela virou o corpo para onde eu estava dois segundos atrás, mas foi tirada de sua investigação por outra corrente de ar. Logo depois ela fechou a janela e saiu do quarto, mas eu ainda não estava pronto para deixá-la. Ela deixou a luz do abajur acesa, o que criou um cenário de penumbra e eu pude sair do meu esconderijo super criativo e ficar camuflado pelas sombras.
Ela demorou-se alguns momentos no banheiro e depois caiu sonolenta em sua cama apagando o abajur em seguida. Voltei a observá-la dormir e fiquei fascinado com suas expressões enquanto dormia e sonhava. Foi então que ela começou a ficar muito agitada, virava-se de um lado para outro, seu coração estava acelerado e sua respiração ofegante. Obviamente era um pesadelo. E então, do nada, ela sentou-se na cama enquanto gritava meu nome.
’s POV
Tudo ficará bem. – ele disse me abraçando. – Não vou permitir que te machuquem. – Eu estava abraçada a ele, com o rosto enterrado em seu peito e meu coração quase saía pela boca. As sombras e os olhos vermelhos chegavam cada vez mais perto de nós, estávamos indefesos ali, no meio da mata. Houve um barulho muito alto e de repente, fui arrancada de seus braços protetores e levada para longe dele. – Não tenha medo. – ele implorava, mas era impossível não me sentir amedrontada longe dele. Braços frios e fortes me seguravam e eu sentia uma risada debochada atrás de mim, mas não conseguia me virar para olhar. Edward estava a alguns metros de mim e sua expressão era de dor, muita dor, apesar de ninguém o estar machucando. Seus olhos já não eram mais vermelhos e sim de um dourado reluzente. – Você foi fraco, meu caro. Ela pagará. – disse uma das sombras vindo em minha direção. Lágrimas de pavor inundavam meu rosto. – Edward, me ajude, por favor! – ele me encarou com mais desespero ainda, sua feição era de uma dor muito profunda. – Eu amo você. – foi a última coisa que ele disse antes de ser encoberto por várias sombras e eu só pude ouvir seu grito agonizante.
- EDWARD! – eu gritei em minha cama. Uma dor sufocante apertava meu peito, um desespero devastador. Acendi rapidamente o abajur e olhei atordoada ao redor, tive a nítida sensação de tê-lo visto, mas isso era impossível. Dessa vez não era eu a vítima e sim, ele. A sensação de tê-lo perdido era angustiante e eu nem sabia direito o motivo daquilo. Eu mal o tinha conhecido direito, mas ele já era muito importante para mim. Talvez pelo fato de sua imagem estar me acompanhando há algum tempo já, e só agora eu pude dar nome àquele rosto angelical. Eu não queria perdê-lo. Eu não PODIA perdê-lo.
Olhei ao redor e percebi que começava a clarear, voltei minha atenção para o relógio e nem adiantava tentar voltar a dormir. Resolvi tomar um banho para tentar apagar as imagens daquele que tinha sido o pior pesadelo de todos, depois desci e tomei um café decente. Arrumei meu material e segui para o colégio.
Edward’s POV
Ela gritou desesperadamente meu nome e logo acendeu a luz do abajur. Eu consegui um local seguro para me esconder e ainda pude observá-la por alguns momentos. Suas feições eram de angústia, de medo, de dor. E o modo como gritou meu nome... Havia medo em sua voz, mas não DE mim e sim POR mim. Com o que diabos ela estaria sonhando? Senti uma necessidade enorme de aparecer e consolá-la, dizer que eu estava bem, que ela não precisava se preocupar, mas eu não podia fazer aquilo. Ela olhou ao redor e percebeu, assim como eu, que o dia logo amanheceria. Esperei que saísse do quarto e então corri para minha casa.
Todos me esperavam ansiosos e eu contei o que havia presenciado.
- Deve ter sido por causa do filme. – disse Carlisle confiante. – Você mesmo disse que ela estava assistindo a um filme de terror.
- De vampiros. – eu corrigi.
- Talvez ela converse com a Rosalie. – disse Esme.
- Elas irão. – disse Alice depois que seus olhos ficaram desfocados momentaneamente. Eu vi a visão que ela teve: as duas numa mesa no refeitório.
- Seria tão útil poder ler a mente dela. – eu resmunguei insatisfeito.
Ninguém se manifestou e decidimos ir para o colégio.
Edward? Pensou Jasper. Não consigo identificar o que você está sentindo, irmão, mas sei que é muito forte. Quando precisar estarei por aqui. Eu apenas assenti e saí pela porta.
Capítulo 04 – Descobrindo Sentimentos
- Bom dia, flor do dia! – disse Rose me abraçando toda sorridente.
- Nossa! – eu disse também sorrindo. – O que foi, viu passarinho verde?
- Não. Só tive um sonho maravilhoso com o Emmett e... quando falei com meus pais hoje de manhã eles concordaram com as aulas!
- Jura? Não acredito! – eu quase gritei.
- Eu vou fazer aulas de salsa com o meu Emmett! – ela cantarolou ao meu redor.
- Seu Emmett? – eu tinha que zoar.
- Ops, acho que falei alto demais. – e imediatamente ela ficou corada.
- Relaxa, só nós escutamos.
- Mas o que foi? Sua cara não está muito boa.
- Nada, só um pesadelo que me atrapalhou o sono. – eu desviei o olhar e escutamos o primeiro sinal bater. – Vamos?
Ela assentiu e seguimos para prédios diferentes. Entrei na sala de biologia e para minha surpresa, o único local vago era ao lado do Edward.
- Bom dia. – ele disse com um sorriso tímido.
- Bom dia. – eu respondi.
- Está tudo bem? Você parece um pouco cansada. Será que meu pai está pegando muito pesado com você? – e ele sorriu divertido agora.
- Imagina. – eu sorri de volta. – Tive um pesadelo ruim e não consegui dormir novamente depois que acordei.
- Quer falar sobre isso? – ele parecia preocupado.
- Não, tudo bem. Eu sempre tenho pesadelos. O de ontem foi... – pausa para um suspiro. - ...mais intenso, só isso. Mas obrigada por se preocupar.
- Disponha. – ele sorriu torto e então voltou sua atenção para o professor.
Eu confesso que não prestei quase atenção na aula, pois todo o meu corpo estava ligado à presença do Edward ao meu lado. Seus cabelos eram de um tom meio bronze e todo rebelde, seu corpo não era musculoso como o de Emmett ou mesmo Jasper, mas dava para perceber nitidamente os seus músculos bem desenhados. A pele era extremamente branca e eu podia sentir o frio emanando dela. Seu rosto tinha traços perfeitos, masculinos e angulosos, os lábios de um tom levemente avermelhado eram muito convidativos e seus olhos – ah, seus olhos – de um tom âmbar dourado, quase reluziam: eram lindos. Eu nem vi o tempo da aula passar e levei o maior susto quando o sinal tocou.
- Tudo bem? – ele perguntou e parecia segurar um riso.
- Tudo. – eu disse rapidamente. – Acho que o sono me deixou meio aérea. – ele riu e me deu passagem, me acompanhando de perto. A sensação de tê-lo ao meu lado era maravilhosa, tão acolhedora e protetora que era quase impossível deixá-lo para entrar na próxima aula.
- Nos vemos no intervalo. – ele disse.
- Claro. – eu respondi e fui encarar Mike e gramática.
A aula era dupla e foi quase um inferno! Eu sabia bastante de gramática, o que me deixou entediada, e Mike ficou o tempo todo fazendo gracinhas para meu lado. Eu tentei não ser indelicada, mas também não estava sorrindo aos quatro ventos. Finalmente o sinal tocou e eu saí correndo para encontrar meus amigos.
Rosalie foi a primeira que eu vi e joguei-me ao seu lado. Ela viu minha cara de desânimo e começou a gargalhar.
- O que foi: Mike ou o pesadelo?
- Um pouco dos dois.
- Não quer falar sobre esse seu sonho?
- Hum.... não sei. Você vai me achar ridícula.
- Conta logo, vai.
- Ok. – eu respirei fundo. – Sonhei com vampiros. É um sonho que tenho já há mais de três anos. Eu estou numa floresta, então tem um vampiro bonzinho... – eu fiz aspas com os dedos. – ...que sempre tenta me proteger dos vampiros malvados, mas no fim ele sempre acaba me mordendo. – eu achei melhor não falar para ela que o vampiro bonzinho era a cara do Edward.
- Uau! – ela exclamou. – Isso sim é que é um belo pesadelo.
- O que é um pesadelo? – disse Alice que surgiu do nada quase nos matando do coração.
- O sonho da . Ela tem pesadelos constantes com vampiros. – Rose explicou. Percebi o sorriso de Alice desaparecer por dois segundos, mas ela logo voltou a ficar alegre.
- Hum. Tem visto muitos filmes de terror, é? – ela sorriu, mas nem esperou minha resposta. – E aí, Rose, conversou com seus pais sobre as aulas de dança?
- Siiiiiiiim. – ela respondeu mostrando todos os dentes.
- E pela sua empolgação a resposta foi positiva. – disse Edward também aparecendo do nada. Ele fixou o olhar um milésimo de segundo em Alice, ficou sério e depois me encarou, mas imediatamente colocou um sorriso nos lábios.
Rosalie começou a contar como tinha sido a conversa com seus pais e Alice parecia totalmente imersa na conversa. Edward ria às vezes, mas sempre fazia com que nossos olhares se cruzassem. O sinal tocou e fomos para nossas aulas. O restante do período foi monótono e me despedi de Rose na hora do almoço depois de combinarmos o horário que ela passaria em casa para irmos à escola de dança.
Eu estava caminhando lentamente pela chuva quando um Volvo prata parou ao meu lado.
- ? – olhei e vi um sorridente Edward.
- Oi, Edward.
- Entra aí. Te levo para casa. – eu agradeci e entrei no belo carro.
- Não tem aula agora à tarde?
- Não. – ele fez uma pausa. – Sabe, se você quiser, posso te dar carona pela manhã. Sua casa fica mesmo no meu caminho. – aquelas palavras mexeram muito comigo. Desde que eu o vi pela primeira vez que Edward mexia muito comigo. Eu ainda não sabia identificar corretamente o sentimento, mas era algo muito intenso. – E então?
- Ah, claro. – eu respondi depois de voltar dos meus devaneios. – Será ótimo. – ele apenas sorriu e logo eu já estava na frente de casa.
- Nos vemos à noite então. – ele disse.
- Até lá. – eu sorri, desci do carro e entrei em casa.
Edward’s POV
Pelos pensamentos de Rosalie percebi que tinha uma expressão cansada – não era para menos! Logo ela entrou na sala de biologia e o único lugar vago era ao meu lado, não vou negar que fiquei feliz com isso, apesar de ser um perigo iminente para ela.
Eu a cumprimentei e ela respondeu, sem fazer questão de esconder o cansado. Tentei forçar uma conversa, quem sabe ela não falaria com o que sonhou exatamente e eu começaria a desvendar aquele mistério chamado .
Mas ela disse que eu não precisava me preocupar encerrando a questão. Ok, não conseguiria nada com ela agora, achei melhor então sorrir e prestar atenção na aula.
Tenho que confessar que foi praticamente impossível prestar alguma atenção ao professor. Primeiro porque eu já sabia aquela aula de traz para frente e segundo porque toda a minha atenção estava na garota ao meu lado. Seu cheiro ainda era muito tentador, ainda mais quando ela resolvia mexer nos belos cabelos
ou respirar mais profundamente, mas eu tinha decidido que não machucaria aquele ser e estava fazendo o meu melhor para cumprir minha decisão. Se ela estava destinada a ser uma vampira, eu não podia lutar contra isso, mas lutaria com todas as minhas forças para não ser o responsável por isso. Não era justo que uma criatura tão linda e cativante como aquela estivesse condenada a essa semi vida. Sua pele era bem clara, apesar de ter vindo de um país tropical, seus cabelos eram compridos e seus olhos eram fascinantes. A boca era fina e avermelhada, muito convidativa não só para minha sede, mas para meu corpo também. Céus, estou me sentido fisicamente atraído por ela? Por uma humana? Sim, estou. É exatamente isso: Edward Cullen atraído por uma humana! Durante quase um século eu não senti necessidade de nenhuma companheira e agora estou tentando, inutilmente, ganhar a atenção dessa linda e frágil humana. Fui tirado de meus devaneios quando ela pulou na cadeira com o toque do sinal. Quase não contive o riso divertido.
- Tudo bem? – eu perguntei.
- Tudo. – ela disse rapidamente. – Acho que o sono me deixou meio aérea. – eu tive que rir e a acompanhei a até a porta da sua próxima aula.
- Nos vemos no intervalo. – eu disse.
- Claro. – ela respondeu animada, mas depois fez uma cara de pesar e entrou na sala.
Aquelas duas aulas demoraram uma eternidade para passar. Vi que ela estava com o Newton e esse não parava de importuná-la, mesmo ela dando indiretas de que não queria papo. O pior era agüentar os pensamentos daquele moleque. pareceu muito aliviada quando chegou a hora do intervalo e logo me conectei à mente de Rosalie que já estava numa cadeira no refeitório.
Rose percebeu a expressão cansada de e tentou puxar conversa e finalmente contou sobre seu sonho: vampiros a perseguindo e um vampiro salvador. Não! Ela não podia estar sonhando com vampiros. Será que ela suspeitava de alguma coisa sobre nós? Ela associou meu nome aos vampiros de seus sonhos, alguma desconfiança ela devia ter. Comecei a achar que a aproximação dela e minha família poderia ser muito mais perigosa do que tínhamos cogitado.
Que coisa mais sinistra para se sonhar! Pensou Rose logo depois do relato da amiga.
Preste atenção, Edward. Alertou-me Alice, sem saber que eu já tinha ouvido o suficiente para ficar quase apavorado. Será que isso será um problema Edward? Ainda não vejo nada com relação a isso. Talvez seja melhor mudar o foco da conversa. Minha irmã parecia preocupada, então mudou a conversa para Rose que estava nas nuvens por fazer aulas com meu irmão. Essa parte foi divertida.
Eu cheguei até a mesa das meninas, olhei rapidamente para Alice, para avisá-la de que tinha ouvido tudo e no segundo seguinte os olhos de me puxavam. Impossível não sorrir ao olhar para seu rosto, mesmo com tantas dúvidas e medos percorrendo minha mente.
Felizmente Rose passou a contar como tinha sido a conversa com os pais e tal, Alice esforçou-se para manter a atenção nela, mas vez ou outra seus pensamentos denotavam que estava preocupada com os sonhos de . Eu mantinha minha pose de bom ouvinte também, mas minha atenção estava nessa garota de mente silenciosa e várias vezes nossos olhares se cruzaram. Eu estava enfeitiçado por seus olhos e seus mistérios. Logo o sinal tocou e fomos cada um para suas respectivas aulas. No final do período ouvi as duas combinarem a ida à escola de dança e decidi voltar para casa para contar o pouco que tinha descoberto. Foi quando a vi caminhando tranquilamente pela chuva.
- ? – ela olhou e eu dei meu melhor sorriso.
- Oi, Edward.
- Entra aí. Te levo para casa. – respirei fundo e tranquei minha respiração para não correr o risco de atacá-la motivado pelo seu aroma.
- Não tem aula agora à tarde? – ela perguntou.
- Não. – pausa. – Sabe, se você quiser, posso te dar carona pela manhã. Sua casa fica mesmo no meu caminho. – não sei bem de onde tirei isso, mas a possibilidade de conversar com ela todas as manhãs enchia minha mente de felicidades. Ela parecia meio perdida em seus pensamentos. Estaria cogitando minha oferta? E se não quisesse minha companhia? E se suspeitasse da minha verdadeira identidade e estivesse com medo? Decidi trazê-la de volta gastando mais uma boa quantia do ar que havia reservado para a conversa. – E então?
- Ah, claro. – ela respondeu voltando à Terra. – Será ótimo. – ela tinha um sorriso nos lábios, o que fez com que os meus lábios imediatamente também se abrissem em um sorriso. Infelizmente o caminho era muito curto e já estávamos na frente da sua casa.
- Nos vemos à noite então. – eu disse por fim acabando com meu suprimento de oxigênio.
- Até lá. – ela sorriu e se foi.
’s POV
Minha tarde foi muito monótona, então acabei pegando no sono no sofá. Acordei assustada com o horário e corri para me arrumar antes de Rose chegar. Nem dez minutos depois ela já estava buzinando na frente de casa. Tranquei tudo e fomos para nossa aula.
- Ahá, então você voltou! – disse um animado Emmett em direção à Rose quando entramos no salão.
- Pois é. Meus pais liberaram as aulas. Ficaram até empolgados com essa minha atitude, dizendo que seria bom para acabar com minha vida sedentária.
- Sem sombra de dúvidas. – ele disse, olhando-a de cima a baixo.
- Oi para você também, Emmett. – eu disse, só para zoar.
- Oi, ! – ele logo corrigiu.
Logo depois Jasper apareceu.
- Oi, meninas! Ficamos felizes com sua presença, Rosalie.
- Eu também. – ela concordou.
- Hum, ? – eu olhei para ele e assenti, para que ele continuasse. – Meu pai vai se atrasar um pouco, então ele me pediu para ir dançando outros ritmos com você enquanto isso. Tudo bem?
- Claro, Jasper. – eu sorri seguindo-o. – O que você planejou?
Logo reconheci uma valsa vienense e ele me tirou. Tenho que admitir que Jasper teve mais trabalho comigo na valsa, mas depois de uns 20 minutos, já estávamos em perfeita sincronia. Fizemos uma pequena pausa para eu tomar um gole de água e pude observar Emmett e Rose juntos.
- O Emmett tem namorada, Jasper?
- Humm.....não. – ele me olhou de lado, curioso. – Por quê?
- Bom... é que eu estou começando a achar que ele e a Rosalie formam um belo casal. – e sorri de modo sapeca.
- Oh, sim. – ele disse depois de seguir meus olhos. – Realmente, acho que sua intuição parece estar certa. – e ele riu como se soubesse de algo mais. Ele ia falar alguma coisa quando Edward adentrou ao salão.
- Meu pai mandou pedir mil desculpas, mas ele está com uma emergência no hospital e não poderá vir hoje.
- Poxa, que pena. – eu lamentei, pois estava ansiosa pela aula de Carlisle. – Bom então talvez a gente possa treinar mais a valsa, o que acha, Jasper?
- Na verdade, acho que o Edward poderia dançar tango com você. – ele sorriu para o irmão. – Ele é um ótimo dançarino também.
- Bom, talvez... se você quiser... – ele estava gaguejando? Sua expressão era quase indecifrável.
- Eu acho uma ótima idéia. – disse Alice surgindo bem atrás de nós.
- Céus, que susto! – eu exclamei depois de recuperar o fôlego. – Da onde você apareceu?
- Ela é meio silenciosa às vezes. – disse Esme vindo calmamente em nossa direção. – Mas reiterando o que ela disse, acho uma boa idéia você substituir Carlisle, Edward.
Ele olhou mais um instante para a família e então estendeu a mão para mim:
- Concede-me essa dança?
- Com o maior prazer.
Edward’s POV
Corri até nossa casa e todos já me aguardavam.
- Ela sonhou com vampiros. – eu disse. – Mas não contou para a amiga o motivo de ter gritado o meu nome. E não conseguimos realmente entender o pesadelo.
- O fato é que ela disse que sonha com isso há algum tempo, o que pode significar que seus pesadelos não estejam ligados diretamente a nossa família. – disse Alice.
- E como explicar ela gritar o nome do Edward? – esse foi Jasper.
- Ah, vai ver ela está gostando dele. – esse, claro, só podia ser o Emmett. – Ah, que foi? – ele disse depois que todos o encaramos sérios.
- Ainda não sei como explicar, mas pode não estar relacionado. – disse sabiamente Carlisle. – Temos que ficar atentos agora. Se isso voltar a se repetir, podemos tentar desvendar, mas pode ter sido somente uma coincidência.
Todos acabaram concordando com ele e logo depois ele saiu para o hospital. Jasper e Emmett foram para a escola de dança e eu decidi caçar. Já estava perto do riacho que passa atrás de nossa casa quando escutei Esme. Seria bom se ela estivesse se interessando por ele, pois ele parece bastante preocupado com ela. Não sei se ela imaginava que eu já estivesse longe o suficiente para não escutá-la, mas a ternura que havia em seus pensamentos me fez pensar naquilo também.
Durante a tarde eu me deixei dominar por meus verdadeiros instintos e cacei além do necessário – cervos na maioria – pois precisava estar sempre bem alimentado para poder ficar perto dela. Quando voltei, já estava perto da hora de Carlisle ter voltado do hospital e nada dele aparecer. Logo ele ligou e disse que ficaria preso por lá devido a uma emergência. Emergência em Forks significava um joelho ralado ou alguma dona de casa mais descuidada com um pequeno corte por faca de cozinha, mas enfim, era o trabalho que ele amava.
Eu, Esme e Alice seguimos então para a escola. No meio do caminho Alice teve uma visão, mas a bloqueou rápido demais impedindo que eu visse.
- Por que isso, Alice?
- Não quero que você perca a emoção. – ela disse toda saltitante no banco traseiro. Esme apenas balançou levemente a cabeça, sorrindo.
Logo que chegamos eu me conectei aos pensamentos de meus irmãos: Emmett estava meio derretido pela Rosalie, o que eu achava até legal, mesmo ele sendo um vampiro e ela uma humana. Mas Emmett não tinha o mesmo problema que eu com o aroma de Rosalie, então acho que essa “relação” deles não seria tão torturante como a minha com a . Rosalie tinha pensamentos parecidos, estava quase flutuando por ter Emm tão perto e ela, eu tinha certeza, estava apaixonada por ele.
Encontrei Jasper ao lado de , enquanto esta tomava água.
- O Emmett tem namorada, Jasper? – ela soltou do nada.
- Humm.....não. – havia curiosidade em seu tom. – Por quê?
- Bom... é que eu estou começando a achar que ele e a Rosalie formam um belo casal. – e deu um sorriso sapeca, certamente feliz pela amiga.
- Oh, sim. Realmente, acho que sua intuição parece estar certa. – ele riu. Ela é muito perspicaz, Edward. Temos que tomar todas as precauções possíveis. Ele completou em pensamento, sabendo que nos aproximávamos.
- Meu pai mandou pedir mil desculpas, mas ele está com uma emergência no hospital e não poderá vir hoje. – eu disse ao abrir a porta de entrada para o salão.
- Poxa, que pena. – parecia realmente triste por não ter sua aula de tango com meu pai. – Bom então talvez a gente possa treinar mais a valsa, o que acha, Jasper?
- Na verdade, acho que o Edward poderia dançar tango com você. Não sinto você tão tenso, irmão. E ela realmente parece chateada por não treinar tango. – Ele é um ótimo dançarino também.
- Bom, talvez... se você quiser... – eu gaguejei? Impossível!
- Eu acho uma ótima idéia. – claro que tinha sido Alice, que entrara sorrateiramente no salão e quase matou a pobre de susto. Até eu me assustei com o descompasso de seu coração.
- Céus, que susto! – ela exclamou. – Da onde você apareceu?
- Ela é meio silenciosa às vezes. – disse Esme que vinha mais atrás. Vamos lá, Edward. Sei que está com vontade de dançar com ela. E tenho certeza de que não acontecerá nada de ruim, senão Alice teria visto. – Mas reiterando o que ela disse, acho uma boa idéia você substituir Carlisle, Edward.
Com todos me apoiando, inclusive Emmett que tinha desviado um pouco sua atenção de Rosalie e escutado nossa conversa, eu decidi arriscar. Eu realmente já sentia falta de dançar tango e queria muito senti-la em meus braços. Respirei fundo, deixando que seu aroma me atingisse e me virei para ela:
- Concede-me essa dança?
- Com o maior prazer. – e o seu sorriso era autêntico.
’s POV
(n/a: aconselho ler os próximos trechos ouvindo essa música – Música 03)
Ele me conduziu até o centro do salão e imediatamente a melodia começou. Era Por Una Cabeza – Carlos Gardel, um dos tangos mais clássicos de todos os tempos. A melodia começou suave e ele começou a condução de modo muito delicado, deslizando-me pelo salão. Conforme a música se intensificava, ele acelerava e colocava passos mais elaborados. Sua condução era perfeita e eu nem precisava quase fazer esforço para me movimentar. O toque de suas mãos em alguns momentos me fez estremecer e a dança já estava incorporando o clima sensual que envolve o tango. Conforme a música evoluía, ele a acompanhava e em nenhum momento desviou seus olhos dourados dos meus, o que provocou uma onda de excitação pelo meu corpo. A música chegou a seu ápice num rompante de energia e depois foi se dirigindo para o fim terminando de modo delicado e sensível. Minha respiração estava ofegante quando fizemos a última pose e ouvimos o último acorde. Só aí é que fomos perceber que todos nos olhavam fixamente.
Edward’s POV
Houve uma corrente elétrica quando segurei em sua mão e a conduzi até o centro do salão. Paramos em posição e imediatamente a música começou – um dos tangos que eu mais gostava, por ser forte e delicado ao mesmo tempo – e eu iniciei nosso movimento. Conforme Jasper tinha dito, ela era extremamente fácil de ser conduzida, leve como uma pluma e delicada como uma pétala de rosa. Como a melodia era suave, não fiz passos muito elaborados no começo, deixando-os para o momento certo da música. Rodamos suavemente pelo salão e eu até tinha certa noção de que todos nos olhavam, mas eu não queria ser interrompido pelos seus pensamentos, então me concentrei exclusivamente nela. Mais ou menos no meio da música, esta passou a ser mais passional, então ousei com movimentos mais sensuais, mas que ainda assim não eram arrebatadores. Nossos olhos ficaram ligados o tempo todo, um sustentando o olhar do outro e isso me provocou uma onda de excitação. Houve mais um momento suave na melodia e então ela voltou a ficar intensa em seu apogeu, e depois foi terminando, suave e delicadamente. Terminamos com ela aninhada em meu peito, um dos braços envolvendo meu pescoço e uma das pernas envolvendo minha coxa, enquanto a outra perna estava esticada e simetricamente alinhada à minha. Sua respiração era ofegante, mas não de cansaço: ela se entregava à dança, exatamente como eu. (Foto 01)
- Isso foi... – disse Rose. Eu realmente não conheço uma palavra que descreva essa cena.
- Totalmente... – completou Emmett. Cara, Edward! Totalmente quente, irmão!
- Perfeito. – disse Jasper. A energia de vocês é contagiante, Edward.
- Vocês nasceram para dançarem juntos. – disse Esme. Meu querido, ela é perfeita.
- A sincronia é perfeita. – acrescentou Alice. Eu disse que não queria que você perdesse a emoção.
- Ok, gente. – ela disse, nos trazendo para o mundo real e se soltando do meu corpo, parando ao meu lado. – Acho que vocês estão exagerando um pouquinho, não estão não?
- NÃO! – todos disseram ao mesmo tempo em voz alta e também em pensamento. Ela me olhou assustada.
- Bom... é que... eu acho que... tenho que concordar com eles. – eu realmente tinha, visualizei rapidamente nossa dança na mente de cada um deles e pude constatar o óbvio: ela era a parceira perfeita para mim. – Você se encaixa perfeitamente em meus... movimentos. – em meu corpo, em meus braços, em minha vida. – Você não concorda?
- Concordo. – ela disse depois de avaliar a reação de cada um e a minha também – será que ela pensava como eu? Que nossa combinação era perfeita? – e sorriu.
Depois disso, cada um voltou para seus treinos e eu me concentrei nela novamente. Eu fui lhe ensinando alguns passos novos, mas ela parecia não sentir nenhuma dificuldade em assimilá-los. Não vi aquela hora passar e lamentei muito que aquele momento tivesse chegado ao fim. Ela foi tomar um gole de água e parou para encarar Emmett e Rosalie.
Ainda querendo manter a conversa e percebendo seus olhos em direção ao meu irmão e sua amiga, eu cometi a “besteira” de dizer que achava que Emm gostava da Rose. Ela demorou para me responder, ficando momentaneamente... inebriada pela minha voz? Pelo menos foi isso que as batidas do seu coração indicaram e só depois de me fazer repetir a pergunta foi que ela concordou comigo e me perguntou o que eu achava daquilo. Eu disse que poderia ser complicado – ok, ERA complicado porque ele é um vampiro que se alimenta de sangue e meu irmão estaria se arriscando muito caso se envolvesse mais com sua amiga. Mas ela não se conteve com essa resposta e acabei dando uma desculpa muito esfarrapada. Ela não acreditaria nisso. O que deu em você, Edward? Obviamente ela discordou de mim, mas fui salvo por Rose, que vinha tomar água.
Emmett apenas me olhou. Cara, não sei o que está acontecendo comigo, mas estou gostando muito da companhia dessa menina. Sinto uma vontade de protegê-la, de tê-la ao meu lado, de poder tocar em sua pele. Eu olhei sério para ele, como se dissesse que depois conversaríamos sobre tudo isso. Elas se despediram de nós e ele fez uma coisa que eu nunca o imaginei fazendo: beijou a mão da garota, que quase teve um treco, diga-se de passagem. Mas já a estava levando para fora e elas não viram o largo sorriso que eu abri com as reações daqueles dois.
A volta para casa foi um caos total em minha mente: Emmett pensando em Rosalie, Esme toda feliz por causa da minha sincronia com , Jasper tentando acalmar os ânimos de Emm e Alice toda orgulhosa de ter conseguido bloquear sua visão a tempo e ter me proporcionado a dança com .
- Muito bem, o que eu perdi? – perguntou Carlisle assim que botamos os pés na sala.
Houve uma avalanche de frases ao mesmo tempo e ele olhou abismado, pois não sabia em quem prestar atenção. – Calma! – ele elevou a voz um pouco. – Um de cada vez, por favor?
Como eu já sabia o que eles falariam, decidi ir para meu quarto e tentar me desligar um pouco daquelas vozes todas. Escolhi a 5ª Sinfonia de Beethoven, coloquei meus fones de ouvido, deitei no felpudo tapete e me entreguei àquela melodia forte e impactante.
Depois de algum tempo senti a aproximação de alguém e sabia que era Carlisle.
Quer dizer que encontrou a parceira ideal, foi?
- Com exceção do fato dela ser humana e frágil e o seu aroma ser o mais convidativo que já senti na vida...
Edward, meu filho, não é porque ela é humana que você não pode lidar com ela, que não pode se envolver. Claro que terá que tomar alguns cuidados a mais, mas você também tem o direito de ser feliz. E tem se mostrado extremamente controlado em relação ao seu aroma. Se você conseguiu se controlar até agora, creio que não enfrentará tantas dificuldades com o passar do tempo.
- Obrigado, pai. – eu disse e ele entendeu que eu precisava ficar sozinho para pensar em suas palavras.
Minha cabeça fervilhava com pensamentos e sensações e eu comecei a me sentir sufocado ali, decidi sair e fui para o único lugar onde descobri que ficava em paz: o quarto da .
’s POV
Eu ainda estava totalmente ligada a ele, hipnotizada pelo brilho daqueles olhos dourados e ouvia de longe o que eles estavam falando. Eu tinha quase certeza de que eles estavam exagerando nos elogios, mas ao mesmo tempo eu também tinha certeza de que Edward era o meu parceiro perfeito. Não sei como consegui me desvencilhar daquele olhar cativante.
- Ok, gente. – eu disse soltando do pescoço de Edward. – Acho que vocês estão exagerando um pouquinho, não estão não?
- NÃO! – todos disseram ao mesmo tempo e eu olhei assustada para Edward.
- Bom... é que... eu acho que... tenho que concordar com eles. – ele suspirou, ainda sustentando meu olhar. – Você se encaixa perfeitamente em meus... movimentos. – ele me olhou mais intensamente. – Você não concorda?
- Concordo. – eu disse finalmente, depois de entender que nunca tinha me sentido tão bem com nenhum outro parceiro. Definitivamente nossos corpos se moldavam um ao outro e a sensação de estar ali era indescritível. Meu lugar era nos braços dele, bom pelo menos no que dizia respeito à dança, e eu desejava que não somente nesse aspecto.
Depois desse momento, todos voltaram a seus treinos: eu e Edward com o tango, Rose e Emmett com a salsa, Alice e Jasper com um bolero e Esme concentrou-se em observar um pouco de cada casal. Nem vi aquela hora passar, para ser bem honesta, pois estava completamente fascinada com a minha sintonia e a dele. Terminamos a última música e enquanto eu tomava um gole de água, reparei em Rose e Emmett: eles formavam um casal lindo.
- Acho que meu irmão gosta da sua amiga. – sussurrou Edward em meu ouvido, o que me fez esquecer completamente como se respirava. Eu sabia que ele tinha falado comigo, e sabia que tinha que responder alguma coisa, mas eu não tinha a menor idéia do que ele tinha me perguntado.
- O quê? – eu disse, ainda meio atônita.
- Eu disse que acho que meu irmão gosta da sua amiga. – e ele deu aquele sorriso de canto.
- E eu acho que minha amiga gosta do seu irmão. – eu respondi finalmente recuperando o controle do meu corpo. – O que você acha deles como um casal? – e meus olhos estavam sustentando o seu olhar.
- Acho que pode ser um pouco complicado... – ele disse reticente, como se respondesse apenas para si mesmo.
- Complicado? Por quê? – era claro que eu iria perguntar.
- Hum... por ele ser mais velho que ela. – heim? Ele deu mesmo essa desculpinha cretina?
- Não. Não acho que isso seja um problema.
Ele ia retrucar, mas eles terminaram a dança e já se encaminhavam em nossa direção. Ela pulou ao meu lado para tomar água também – coisa que nenhum deles fazia – e logo nos despedimos. Emmett deu um leve beijo na mão de Rose e essa quase enfartou, mas eu consegui tirá-la de lá antes disso.
- Ele beijou minha mão! – ela gritou quando parou o carro na frente da minha casa.
- Eu vi. – eu disse rindo da felicidade dela.
- Ai, .... – ela suspirou. – O que isso quer dizer? Que ele só foi um cavalheiro, ou que também tem interesse?
- Não sei, não posso afirmar nada, mas o Edward acha que ele gosta de você. – ela alargou ainda mais o sorriso – como se aquilo fosse possível – e deu duas piscadinhas para cima. Eu tive que conter o riso da carinha de boba que ela fazia. Mas logo depois ela mudou de expressão.
- E por falar em Edward, o que foi aquela cena de tango de vocês dois? Meu Deus!
- Rose!
- Não, é sério. Vocês dois são simplesmente perfeitos juntos. E eu já te vi dançando com o Carlisle, então tenho base para comparar! – ela parou para tomar fôlego. – Não rola nada entre vocês dois não?
- Ah... – eu disse num suspiro. – Eu não sei. Ainda não sei o que sinto pelo Edward, mas sei que tem alguma coisa muito forte. – e eu falava não pensando só na dança, mas em como eu me sentia em seus braços e em como o fato dele ser a personificação do meu vampiro salvador mexia comigo.
- Sei, sei. – ela disse com um sorrisinho bobo e então eu aproveitei a deixa para entrar em casa.
Eu estava com fome, já que tinha cochilado à tarde e quase perdido a hora, então me dediquei um pouco mais ao meu jantar e só depois subi para tomar outro banho. Decidi verificar meus emails e responder a alguns amigos brasileiros, contando das novidades desses meus quatro dias em Forks. Nossa, só quatro dias? Pois é, só quatro dias e já parecia que estava aqui há meses. Acho que dei muita sorte com a Rose e com o pessoal da dança. A família Cullen era excepcional. Aliás, eles tinham uma aura meio misteriosa em torno de si. Por mais que Forks fosse nublada e chuvosa, eles ainda assim eram muito brancos e suas peles eram frias. Ok, eu tenho as mãos frias, tanto que minhas unhas chegam a ficar roxas mesmo na primavera, mas eles eram ainda mais gelados. Não que eu realmente me importasse, ou ficasse desconfortável, só era... estranho. Era interessante também o fato de todos eles terem a mesma cor de olhos – e como eram lindos e profundos! Numa família tradicional isso já era bem difícil, que dirá numa família tão peculiar com quatro filhos adotivos! Bom, passei mais alguns minutos ali e depois fui dormir, quase esperando pela hora em que meu pesadelo chegaria.
Estávamos dançando à luz do luar em um belo jardim. A melodia era delicada e nossos movimentos eram muito suaves. Edward segurou meu queixo com seus dedos frios, o que me provocou um arrepio, mas não de frio, e fez com que eu encarasse seus olhos dourados. – Eu gosto de você. – ele disse com um sorriso de canto e eu só pude sorrir. – Eu também gosto de você, Edward. – Fomos nos inclinando um em direção ao outro, fechei meus olhos quando faltavam apenas alguns centímetros para que nossos lábios se tocassem e então ele se afastou. Abri meus olhos rapidamente e sua expressão já não era mais doce. A melodia de fundo tinha parado e agora havia rosnados e gargalhadas maquiavélicas. – O que foi? – Eu perguntei sentindo meu coração se acelerar com um sentimento muito característico: medo. – Eles estão vindo. Temos que sair daqui. – Mas então percebemos que estávamos cercados e já era tarde demais. Olhos vermelhos e mantos pretos estavam a nossa volta. – Edward. – Eu sussurrei apavorada e ele me apertou mais em seus braços protetores. – Eu sinto tanto, meu amor. – Ele disse em meu ouvido, e eu tive certeza de que tudo acabaria ali. Eu o apertei com todas as minhas forças e escondi meu rosto em seu peito enquanto lágrimas jorravam de meus olhos. – Eu amo você. – Eu disse quando eles chegaram até nós e nos atacaram.
Não gritei dessa vez, apenas me sentei em minha cama e respirei profundamente. Meu coração estava descompassado e senti que meu rosto estava úmido, mas não só de suor. As lágrimas eram verdadeiras. Acendi o abajur e puxei as pernas de encontro ao meu peito, deixando-me assim por algum tempo.
- O que diabos está acontecendo? – eu me perguntei em voz alta. – Por que é sempre assim? Por que ele?
Eu sabia que não obteria respostas, levantei-me e fui lavar meu rosto. Desci para tomar um copo de água e vi que meu sono tinha ido para o espaço. Liguei a TV e estava passando Perfume de Mulher um filme muito bom com uma das cenas de tango mais lindas do cinema. Larguei-me no sofá entre almofadas e um edredom e esperei ansiosa pela tal cena, que começou cerca de dez minutos depois. Fechei os olhos para absorver a melodia e imediatamente a imagem da minha dança com Edward naquela noite veio a minha mente. A lembrança de nossos corpos juntos se movendo ao mesmo tempo provocou uma espécie de descarga elétrica e inevitavelmente eu suspirei.
- Edward..... – quando dei por mim estava mordiscando meu lábio inferior.
A cena da dança terminou e não consegui mais prestar atenção ao filme, fiquei pensando no que aquele homem estava despertando em mim. Será que eu estava apaixonada por ele? Mas a gente se conhecia há tão pouco tempo! Eu não sabia nada a seu respeito, e tão pouco ele em relação a mim. Mas eu sentia que o conhecia já há muito tempo, que sempre o conheci. E ele era tão misterioso, aliás, como toda aquela família perfeita. Foi em meio a esses pensamentos que eu adormeci ali mesmo.
Edward’s POV
Ela dormia tranquilamente e seus sonhos pareciam tranqüilos também, pois não havia alteração em seus batimentos e ela tinha um leve sorriso nos lábios.
- Eu também gosto de você, Edward. – ela sussurrou muito baixo, então percebi que ela estava sonhando comigo outra vez. Aquelas palavras me acertaram em cheio, com a mesma intensidade de seu aroma tão inebriante. Ela gosta de mim? Como pode ser? Nós nem nos conhecemos, ela não sabe o que eu sou, como ela pode gostar de mim?
Mas então percebi que seu coração tinha acelerado e ela passou a ficar muito agitada em seu sono. Sua respiração ofegava e se revirava muito na cama. Ah, como eu queria ir até ela e acalmá-la!
- Edward. – ela disse com um tom apavorado. Céus, o que estaria acontecendo em seu sono? Por que tanta agonia e medo? Como eu queria poder ouvir sua mente para entender o que acontecia.
Foi então que ela começou a chorar e logo em seguida sentou-se na cama, quase em desespero. Seu coração estava a mil por hora e sua respiração muito ofegante. Ela acendeu o abajur e agarrou as pernas, numa tentativa fraca de se sentir protegida. Seu rosto estava banhado pelas lágrimas e pelo suor e ela tentava se acalmar.
- O que diabos está acontecendo? – ela disse para si mesma. – Por que é sempre assim? Por que ele? – e senti uma dor quando ela disse aquele “ele”. Ela estaria se referindo a mim?
Era angustiante presenciar aquela cena e não poder fazer nada para poder ajudá-la. De que adiantavam todas as minhas habilidades se eu não podia nem ao menos confortá-la depois de um pesadelo? Ela seguiu para o banheiro e depois desceu para a cozinha. Sentou-se no sofá e ligou a TV. Eu fiquei nas sombras da escada, apenas observando-a. Estava passando Perfume de Mulher e não demorou muito para que a clássica cena de tango começasse. A melodia invadiu o ambiente e me permiti recordar da nossa própria coreografia, horas antes. Tê-la em meus braços fora uma das melhores sensações da minha existência e eu queria repetir aquilo por muitas vezes ainda. Ao menos teríamos esses momentos, durante as aulas, onde eu poderia tocá-la abertamente. Ela suspirou meu nome mais uma vez, o que me fez sair do meu transe e voltar a prestar atenção naquela mulher. Seria possível isso? Ela me desejar como eu acabara de descobrir que a desejava?
A cena do filme terminou e pouco tempo depois ela adormeceu, mais calma. Velei seu sono até o dia clarear, então voltei para minha casa para trocar de roupa.
O que houve, Edward?
- Eu acho... eu acho que estou me apaixonando por ela, Jasper.
Suas emoções estão confusas.
- Eu sei. Eu a quero, mas tenho medo do que posso fazer a ela. Tenho medo de não me controlar o suficiente. E ao mesmo tempo, sinto-me tão bem em sua presença.
Edward, eu não o vejo atacando-a ou perdendo o controle. Você sabe disso.
- Eu sei, Alice. Mas ainda assim tenho medo. – respirei pesadamente. – E ela nem sabe o que somos. Como poderá me amar sabendo o monstro que sou?
Não sei, Edward, mas ela gosta de você. Disso eu não tenho a menor dúvida, mesmo não conseguindo “sentir” suas emoções.
Um sorriso se formou em meus lábios. Eu não a merecia, mas a idéia, somente a idéia de ela gostar de mim foi suficiente para que todo meu ser se alegrasse.
- Vamos, está na hora de irmos para a escola. – disse Alice, mas logo se corrigiu. – Oh, acho que terei que pegar uma carona com Carlisle.
- Só por hoje, Alice.
Não se preocupe. E saiu saltitante para o escritório de Carlisle.
Eu me troquei rapidamente, entrei no Volvo e num piscar de olhos já estava parado em frente a sua porta.
Capítulo 05 – Teorias
A campainha soou e então eu percebi que tinha apagado no sofá. Abri a porta ainda sonolenta – quem seria àquela hora da manhã? – e topei com um Edward sorridente.
- O que faz aqui tão cedo?
- Hum.... – ele pareceu confuso. – Acho que talvez não seja tão cedo assim. – como não? Olhei para o relógio na estante e quase surtei.
- Mer... céus! – eu sorri amarelo com meu quase palavrão. – Perdi completamente a noção da hora. Entre, estarei pronta em cinco minutos. – e subi correndo as escadas para meu quarto.
O que foi que aconteceu? Por que diabos eu dormi na sala e perdi a hora? Ah, claro. Outro maldito pesadelo. Parei de divagar e prestei atenção ao que estava fazendo, para não correr o risco de aparecer com espuma de pasta de dente escorrendo pelo canto da boca na frente do Edward. Coloquei a primeira calça jeans que vi pela frente, uma blusa vermelha e um casaco grosso, prendi o cabelo num rabo de cavalo e desci as escadas.
- Pronto. Demorei muito?
- Quase nada. – ele deu aquele sorriso torto que me desmontava. – Não vai comer nada?
- Não. Tenho uma barra de cereal comigo, depois eu como.
Ele fez questão de abrir a porta do carro para mim – fofo – e logo em seguida saímos.
- Bom dia, Edward. – eu disse rindo, ao me lembrar que nem tínhamos nos cumprimentado direito.
- Bom dia, . – ele respondeu. – Posso perguntar o motivo do seu atraso?
- Outro pesadelo. – eu disse. – Não consegui dormir depois e acabei indo ver TV, daí estava passando Perfume de Mulher e eu decidi assistir. Resultado: capotei no sofá.
- Você tem muitos pesadelos, não é?
- Tenho. – eu disse num fio de voz, depois de um momento em silêncio.
Chegamos ao colégio no momento em que ele ia me fazer mais alguma pergunta e então ele desistiu.
- Nos vemos em biologia? – eu disse indo ao encontro de Rosalie.
- Até lá. – ele sorriu e foi falar com Alice que acabava de chegar no carro de Carlisle.
- Bom dia! – cantarolou Rose.
- Deixe-me adivinhar: outro sonho com o Emmett?
- Yep! – ela disse toda sorridente. – E você veio com o Edward, é?
- Yep! – eu a imitei e caímos na gargalhada enquanto seguíamos para a aula de química.
Ainda tentamos conversar um pouco, mas era dia de laboratório e eu acabei me empolgando com as reações químicas de alguns elementos. O sinal bateu e eu segui quase voando para a aula de biologia. Ok, acho que estou mais ansiosa do que o necessário para encontrar com ele novamente. Ah, céus! Estou me apaixonando por ele.
Edward’s POV
Apertei a campainha e logo depois ela apareceu com uma cara de sono encantadora. Ficou bastante confusa com minha presença e só aí percebeu que estava atrasada. Ela me convidou a entrar enquanto subia as escadas para se trocar.
Eu podia ouvi-la se movimentando no quarto e uma pontinha de curiosidade em espioná-la passou pela minha mente, mas eu me segurei. A sala estava banhada com seu perfume e eu me obriguei a inspirar profundamente o ar, para ir me acostumando com seu cheiro. Tenho que admitir que a cada dia ficava um pouquinho mais fácil tolerar seu convidativo perfume. Logo eu a ouvi descer as escadas.
Depois de alguns pedidos de desculpas entramos no carro e seguimos para o colégio. Eu tentei tirar alguma resposta dela perguntando o motivo dela ter perdido a hora, e ela confessou ser mais um pesadelo, mas quando eu senti que ela poderia me contar, chegamos ao colégio. Nos despedimos ali.
Conseguiu mais alguma informação?
- Não, Alice. Mas acho que na segunda aula terei uma oportunidade.
- Perfeito.
Seguimos para aula de cálculo e eu me concentrei em Rosalie e na aula que elas teriam: química. parecia entretida com as reações químicas, então não fez questão de conversar sobre nada com Rosalie. O sinal bateu e fui voando para a aula de biologia.
Ela entrou sorrindo na sala e seus olhos brilharam quando encontraram os meus. Oh-oh, isso não é bom. Eu não deveria ficar tão feliz com essa hora de tortura provocada pelo seu aroma, mas é exatamente assim que estou: feliz. Ela sentou ao meu lado e me encarou.
- Você ia me perguntar alguma coisa quando chegamos ao colégio.
- Só queria saber se você queria conversar sobre seus pesadelos.
- Você vai me achar ridícula. – ela sorriu encabulada.
- Prometo que não.
- Eu sonho com vampiros. – ela disse finalmente. – Já faz mais de três anos. Geralmente eu estou em uma mata deserta, à noite. Então ouço vozes e um deles aparece. No começo tenho medo, mas depois eu percebo que ele não quer me fazer mal e depois... – ela ficou reticente e corada, eu a incentivei a continuar. – ...bom, depois descubro que esse vampiro é o amor da minha vida. Quando finalmente vamos nos beijar aparecem outros, com olhos vermelhos e mantos negros e eles querem nos atacar. – ela deu mais um suspiro profundo e mordeu o lábio inferior. – E é nessa hora que o meu vampiro tenta me salvar me mordendo e me transformando em uma vampira também.
Eu estava estarrecido, atônito, apavorado. Ela não disse, mas pelo que eu já tinha percebido das minhas observações noturnas, eu era o vampiro que tentava salvá-la dos Volturi, mas para isso eu tinha que mordê-la, tinha que condená-la a essa semi vida.
’s POV
Ok, ele já estava na nossa carteira de sempre e possuía um brilho nos olhos. Ah, tudo nele chama a minha atenção! Caminhei lentamente e sentei ao seu lado. No mesmo instante lembrei que ele tinha feito uma cara de quem ia me perguntar algo quando chegamos.
Fui direto ao ponto e ele queria saber se eu não queria contar sobre meus sonhos, conversar um pouco. Ele parecia realmente preocupado com meu bem estar, ou será que era outra coisa? Será que ele desconfiava que eu fazia suposições sobre ele e sua família? Eu tinha que descobrir. Fiz um pouco de charme e logo em seguida comecei. Decidi por contar toda a história e analisar suas reações, que foram extremamente estranhas, diga-se de passagem. Será que estou chegando perto de alguma coisa? Terminei meu relato sem mencionar que ELE era o “meu” vampiro.
Eu fiquei o observando enquanto ele assimilava o que eu contei. Sua expressão estava nitidamente preocupada; ele fazia constatação atrás de constatação e eu resolvi tentar descobrir o que se passava em sua cabeça.
- Edward?
- Sim? – ele respondeu vagamente.
- Tudo bem? Você viajou agora.
- Tudo. Só... fiquei pensando nesse seu pesadelo. – ele respondeu e logo engatou outra pergunta. – O que você acha deles? Quero dizer, por que vampiros?
- Ah. – por que ele quer saber o que eu acho sobre vampiros? O que isso tem de tão interessante para ele? – É que sempre tive uma queda por vampiros. Desde pequena ao invés de ter medo deles, eu ficava fascinada. Já até me peguei pensando em como reagiria se eu topasse com algum deles um dia. – e sorri de lado.
- E como reagiria? – ah, aí tem coisa, ele está interessado demais.
- Acho que teria um pouquinho de medo no começo, claro, afinal eles vivem de sangue, mas acho que depois eu não teria problemas. – e eu acredito mesmo que seria assim, se eles existissem. Coisa que estou começando a não duvidar.
- Mas você mesma disse que eles vivem de sangue, não teria medo que eles tentassem te matar? – sua expressão agora era de pavor quase, ou indignação talvez.
- Hum.... prefiro pensar que existem vampiros bonzinhos, como o Louis da Anne Rice, que não querem matar seres humanos e tentam sobreviver de sangue animal. E prefiro mesmo pensar que se um dia eu fosse topar com um deles, fosse um que tivesse esse pensamento. – eu sorri. Realmente era isso que eu pensava, que deve ter algum vampiro bonzinho no estilo Louis, ou Angel, que não quer fazer mal aos seres humanos.
- Seria uma boa saída, se eles existissem. – heim? Só isso? Eu contei toda a história e era só isso que ele falaria?
- Seria. – e meu tom com certeza foi de decepção. – Você não acredita neles. – eu disse de forma afirmativa, tentando tirar mais alguma coisa.
- E você realmente acredita? – ele me encarou sério. Já disse que deio quando alguém responde com outra pergunta?
Edward’s POV
Ela me trouxe de meus pensamentos e perguntou se estava tudo bem. Eu disse que sim e então decidi perguntar o que ela achava dos vampiros. Eu tinha que tentar descobrir mais. Mas conforme ela ia me respondendo, mais pasmo eu ficava, porque, em resumo, ela não tinha medo da gente, acreditava em vampiros bonzinhos e não teria problema nenhum em encontrar com alguns por aí.
Essa menina tinha problema, não era possível! Mas mesmo assim, depois de todo esse relato e praticamente atestado de insanidade, eu me sentia feliz por saber que ela nos aceitaria tão bem. E foi aí que veio o argumento que me desarmou:
- Eu não duvido de nada nesse mundo. – ela fez uma pausa depois de responder minha pergunta. A pergunta mais importante de toda aquela conversa. – Se pôde existir um homem que assumiu todos os pecados da humanidade e morreu por eles para ressuscitar no terceiro dia; se pode existir um diabo que dissemina a raiva e a maldade das pessoas a ponto de se matarem pelos motivos mais mesquinhos existentes; se podem existir anjos e santos que protegem as pessoas e operam milagres, porque não podem então existir bruxas, duendes, fadas, magos, lobisomens e vampiros? – ele disse sustentando nossos olhares.
- Ok, fiquei sem argumento agora. – e essa era a mais pura verdade. Eu não podia discutir isso com ela. Ela sorriu triunfante e encarou a janela molhada pela chuva ficando com uma expressão pensativa. – O que foi? – eu me preocupei.
- Eu te falei que você ia me achar ridícula. – ela sorriu tristemente.
- Não acho. – eu disse numa rajada, colocando mais verdade em minhas palavras do que ela poderia realmente compreender. – Talvez uma mente bastante criativa, mas definitivamente você não é ridícula. – ela suspirou me encarando novamente. – Já pensou em ser escritora?
- Bobo! – ela soltou rindo e balançando a cabeça.
O clima ficou mais leve e finalmente voltamos nossa atenção à aula de biologia, mas logo o sinal bateu e nos separamos. Apesar de conseguir desvendar muitas coisas naquela conversa e perceber que seus olhos eram extremamente transparentes, eu ainda morria de curiosidade para saber o que realmente se passava em sua mente. Por que, com certeza, ela editava muita coisa.
’s POV
Escritora! Só o Edward mesmo! Nós nos separamos na aula seguinte, que era educação física – eca! – e eu estava completamente absorta na nossa conversa. Acho que nunca tinha falado tão abertamente com alguém sobre as minhas teorias vampíricas como fiz na aula de biologia. Mas o que mais me intrigou foi a reação dele. A cada palavra minha ele parecia mais atordoado, como se eu estivesse fazendo uma grande revelação. Como se eu estivesse descobrindo alguma cois... não! Não! Imagina! Ele não era um vampiro! Ou era? Meu devaneio foi interrompido por uma bolada na cabeça.
- Tudo bem, ? – perguntou Lauren com um risinho besta.
- Ah, tudo. Só estava distraída. – mas aí eu senti a dor na cabeça e uma tontura que virou meu estômago e só vi escuridão.
(...)
Um cheiro forte invadiu minhas narinas e eu quase sufoquei ali. Comecei a tossir e abri os olhos lentamente.
- ! – havia alívio em sua voz. – Você está bem?
- Hum.... estou meio tonta. – eu disse num fio de voz.
- Você teve uma queda de pressão, minha querida. – disse uma simpática voz, que eu descobri pertencer a uma senhora baixinha de cabelos grisalhos. – Depois de levar uma bolada na cabeça.
- Ah...é. – foi aí que senti um leve latejar perto da nuca.
- Consegue se sentar? – ele estava realmente preocupado.
- Sim. O que você está fazendo aqui? Digo, como soube que eu estava aqui?
- Er... ouvi a agitação perto da quadra. – ele disse meio atrapalhado. – Como se sente agora?
- Acho que melhor. – eu disse e então meu estômago resmungou alto, me constrangendo.
- Você não tomou café, querida?
- Ops. – e me lembrei da barra de cereal na mochila. Edward me olhou bravo. – Que foi? Eu me esqueci da barra de cereal.
- Por sorte já está na hora do intervalo, vamos. – ele me pegou no colo com uma facilidade muito grande e eu nem senti quando meus pés tocaram o chão.
Ele já ia me levando para o refeitório, mas eu vi que ainda estava com as roupas de ginástica então o convenci a me deixar trocar de roupa.
- Vai ficar de guarda aí na porta, é? – eu brinquei.
- O que posso fazer se você é esquecida? – e seu tom já estava mais leve.
- Pronto. – eu disse surgindo na porta. – Não precisa me amparar, pareço até doente assim.
- Nem vem que não vou te soltar. – ele já estava mais sério outra vez.
- Edward! – eu exclamei abismada. – Eu não vou desm.... – mas veio outra onda de tontura e eu tive que me apoiar em seu braço para não cair.
- Você dizia o que mesmo? – ele disse rindo, mas o sorriso não chegava a seus olhos.
- Nada. – e deixei que ele praticamente me carregasse até o refeitório.
Alice e Rosalie já estavam lá. Edward explicou rapidamente o que tinha acontecido e Rosalie disparou para pegar comida para mim.
- Rose, ok que eu não tomei café da manhã, mas você não acha que duas fatias de pizza, um sanduíche, uma maça e um suco são coisas demais não?
- Ah, não sei. Só não quero que você tenha outra crise de hipoglicemia.
- Obrigada. – eu tive que me render à carinha preocupada dela. – Querem alguma coisa daqui? – eu ofereci ao Edward e à Alice, mas ambos recusaram. – Tudo bem, mas se VOCÊ tiver uma crise de hipoglicemia, Edward, não vou dar conta de te carregar, ok? – eles riram e concordaram.
Dediquei meu tempo e atenção a devorar minha refeição e só aí percebi que estava morrendo de fome. Rose e Alice conversavam animadamente sobre salsa – por que será? – e Edward passou a maior parte do tempo me fitando, analisando minhas expressões. Eu evitei ao máximo olhar diretamente em seus olhos, com medo de que ele imaginasse o que estava se passando em minha mente criativa, como ele mesmo disse mais cedo. O sinal tocou e fomos para nossas aulas e pela primeira vez tive aula com Alice: história.
Eu estava fazendo uma anotação boba enquanto ela prestava atenção na professora, quando me dei conta de que estava sem borracha. Decidi pedir a dela emprestada e no segundo seguinte ela estendia o objeto para mim.
- Como você sabia que eu ia pedir a borracha emprestada? – eu perguntei desconfiada.
- Ah... – ela hesitou por um instante. – Eu vi que a sua não estava sobre a mesa e que você riscou a palavra.
- Ahn... obrigada. – claro que eu não engoli aquela desculpinha. Tinha alguma coisa ali, não era a primeira vez que ela antecipava alguma coisa. Ela sorriu e voltou a olhar a professora, ficando estranhamente quieta.
A aula terminou e tive mais duas muito chatas e longe dos meus amigos. Edward fez questão de me levar para casa, alegando que eu talvez não pudesse estar totalmente recuperada. O percurso foi mais silencioso – Alice não costuma ser tão quieta assim – e um pouco desconfortável.
- Nos vemos à noite então. – eu disse ao sair do carro.
- Claro que sim. – disse Edward com aquele sorriso lindo e depois arrancou com o carro. Acho que estava com pressa.
Entrei em casa e fui comer alguma coisa decente. Arrumei a sala que estava uma bagunça pela noite passada ali e depois fui arrumar meu quarto, que estava outra zona pela minha correria matinal. Depois que tudo estava organizado eu me vi diante de um dilema: havia alguma coisa estranha com os Cullens ou era tudo fruto da minha imaginação fértil? Nem vi o tempo passar direito e logo Rose passou em casa.
- Dia estranho hoje. – ela disse.
- Por quê?
- Edward e Alice estavam agindo meio estranho. Não que eles não sejam um pouquinho diferentes, mas hoje estavam mais. Não sei. Aliás, ele não explicou como ficou sabendo do seu acidente. Eu, que estava na sala ao lado do ginásio não percebi nada, como ele que estava há dois prédios de distância soube?
- Bom, ele disse que ouviu a agitação perto da quadra.
- Ah, sei. Só se ele deu pra ouvir mentes agora. – e caiu na gargalhada. Eu a acompanhei, mas isso não me soou tão impossível assim.
Edward’s POV
Segui para a aula de literatura, mas minha atenção estava totalmente voltada para a aula de educação física. Infelizmente tinha que ficar conectado ou na mente de Jéssica ou na de Lauren, duas escrotas que não gostavam nem um pouco da minha . Por falar nela, ela parecia muito distante, nem prestava atenção ao que o professor estava falando. Era aula de vôlei. estava mais afastada quando, do nada Lauren rebateu e a bola foi direto na cabeça da . Ah, aquela menina me paga. Ainda teve a cara de pau de perguntar se estava tudo bem. Que ódio!
- Ah, tudo. Só estava distraída. – e foi então que ela apagou. O que será que houve? A pancada foi forte demais? Ela está bem? Não tive dúvidas, pedi licença ao professor e fui correndo para a enfermaria. Ela estava deitada numa maca, ainda desacordada. A Sra. Cooper já tinha pegado um chumaço de algodão com éter para acordá-la. Ela fez uma careta, tossiu um pouco e então abriu os olhos.
- ! – ainda bem que ela acordou, já estava cogitando levá-la até Carlisle. – Você está bem?
- Hum.... estou meio tonta. – ela disse num fio de voz.
- Você teve uma queda de pressão, minha querida. – disse a Sra. Cooper. – Depois de levar uma bolada na cabeça.
- Ah...é. – ela pareceu se lembrar do ocorrido.
- Consegue se sentar? – eu perguntei preocupado.
- Sim. O que você está fazendo aqui? Digo, como soube que eu estava aqui? – ops, não tinha pensado nisso ainda, afinal eu estava do outro lado do colégio.
- Er... ouvi a agitação perto da quadra. – acho que não fui muito convincente. – Como se sente agora?
- Acho que melhor. – ela disse já sentada, mas então ouvimos seu estômago roncar alto, ela ficou nitidamente constrangida.
- Você não tomou café, querida? – perguntou a Sra. Cooper com um ar de desaprovação.
- Ops. – ah, claro, ela saiu correndo essa manhã e não comeu nada, mas ela DISSE que comeria a barra de cereal! – Que foi? Eu me esqueci da barra de cereal.
- Por sorte já está na hora do intervalo, vamos. – eu disse, pegando-a e a colocando gentilmente no chão.
Era óbvio que eu a acompanharia de perto até o refeitório, para que ela se alimentasse adequadamente. Não correria o risco de ela ter outra queda de pressão e se machucar. Estávamos quase no meio do caminho quando ela percebeu que ainda estava com o uniforme da educação física. Ela fez que fez que me convenceu a deixá-la a sós para se trocar.
- Vai ficar de guarda aí na porta, é? – ela parecia divertida.
- O que posso fazer se você é esquecida? – sem dúvida, daqui, pelo menos, posso chegar até ela muito mais rápido se ela se sentir mal outra vez.
- Pronto. – ela disse surgindo na porta. – Não precisa me amparar, pareço até doente assim.
- Nem vem que não vou te soltar. – haha. Se ela estava achando que eu desgrudaria dela até que ela estivesse de estômago cheio, estava redondamente enganada.
- Edward! – ela exclamou abismada. – Eu não vou desm.... – mas percebi seu coração acelerar e que sua pressão estava caindo mais uma vez. Ela apertou meu braço, apoiando-se e depois de um momento já tinha se recuperado novamente.
- Você dizia o quê mesmo? – tentei levar para o lado da brincadeira, mas eu só sossegaria quando ela estivesse alimentada.
- Nada. – ela disse finalmente, desistindo.
Alice e Rosalie já estavam lá. Eu expliquei rapidamente o que tinha acontecido e Rosalie disparou para pegar comida para ela. Olhei feio para Alice, como ela não tinha visto que isso aconteceria? Como se ela fosse a leitora de mentes, respondeu em pensamento: Não foi uma decisão consciente, Edward. Você sabe que só vejo as coisas quando as pessoas decidem o que querem. Tive que me conformar com aquilo, já que ela estava certa. Logo Rosalie voltou.
- Rose, ok que eu não tomei café da manhã, mas você não acha que duas fatias de pizza, um sanduíche, uma maça e um suco são coisas demais não?
- Ah, não sei. Só não quero que você tenha outra crise de hipoglicemia. Não quero que se machuque, amiga.
- Obrigada. – ela respondeu comovida. – Querem alguma coisa daqui? – ela nos ofereceu, mas obviamente recusamos. – Tudo bem, mas se você tiver uma crise de hipoglicemia, Edward, não vou dar conta de te carregar, ok? – isso eu não terei mesmo.
Ela parecia faminta, então nem desviou muito sua atenção para nós. Rosalie e Alice conversavam animadamente sobre salsa e em vários momentos vi o carinho que ela sentia por meu irmão. Ela realmente gostava dele, contrariando sua natureza humana de fugir de nós, como a maioria absoluta dos humanos daquele lugar. Aliás, Rosalie e eram uma dupla com baixo senso de auto-preservação. estava estranha. Ela não me encarava, parecia até que fugia do meu olhar. O que estaria se passando naquela cabecinha, heim? Ela tinha ficado esquisita depois da aula de biologia, onde falamos sobre nós. Será que para nossa total infelicidade e perigo, ela tinha ligados os pontos? Minhas conjecturas foram interrompidas pelo sinal que tocou. tinha a próxima aula com Alice. Minha irmã tinha percebido a mesma coisa que eu, então contrariando toda a sua natureza, ficou quieta e evitou ao máximo conversar com . Ela viu pedindo uma borracha emprestada e imediatamente ofereceu a dela. Não, Alice! Pensei alto, mas óbvio que ela não me ouviria. Imediatamente depois do ato ela se arrependeu.
- Como você sabia que eu ia pedir a borracha emprestada? – ela perguntou desconfiada.
- Ah... – ops, desculpe Edward. – Eu vi que a sua não estava sobre a mesa e que você riscou a palavra.
- Ahn... obrigada. – mas com certeza ela não tinha acreditado naquela desculpa da minha irmã. Aquela garota era muito mais perspicaz do que imaginávamos. Alice calou-se completamente depois do incidente.
teve as duas outras aulas sozinha, sem nenhum de nós, mas ainda assim fiquei monitorando-a e fiz questão de levá-la para casa na hora do almoço. Edward, ela está desconfiada. E nem preciso prever o futuro para saber disso. Eu apenas concordei com o olhar.
- Nos vemos à noite então. – ela disse antes de sair do carro.
- Claro que sim. – respondi sorrindo, mas não prolonguei nosso diálogo.
Eu tinha que chegar em casa o mais rápido possível para conversar com minha família.
Você está muito tenso. O que houve, Edward?
- Ela acredita em nós, Alice. Ela acredita em vampiros.
Alice ficou calada ao meu lado, analisando a situação. Logo chegamos e convoquei a reunião de emergência.
- Eu a interroguei sobre seus pesadelos e ela acabou confessando que acredita em vampiros, que acredita que haja vampiros bons que não se alimentem de humanos e que ficaria feliz se topasse com um desses por aí. – eu metralhei.
A expressão de todos era semelhante: incredulidade.
- E mais, em resumo, os pesadelos dela são sobre seu romance com um vampiro, mas quando eles finalmente vão se entender, outros vampiros de olhos vermelhos e mantos pretos aparecerem...
- Volturi. – disse Emmett e eu assenti.
- ...E o vampiro amado é obrigado a transformá-la para que ela não seja morta por eles. – outra onda de incredulidade.
- Temos que ir embora. – disse Jasper, com muito pesar. – Não podemos permitir que ela descubra que realmente existimos.
- Eu não sei se consigo, Jasper.
- Eu não quero ir embora. – disse Emmett.
- Ninguém quer, querido. – disse Esme. – Mas temos que considerar todas as nossas opções.
- Independente de irmos, eu ainda a vejo como uma de nós. – disse Alice.
- Como pode ser? – disse Carlisle. – Isso significaria que ela encontraria com outros vampiros em sua vida.
- Não. – eu quase berrei. – Não posso deixar que ela corra esse risco. Eu vou lutar até não ter mais forças para evitar que isso aconteça com ela.
- Então só podemos esperar pelo que está por vir. – disse Carlisle encerrando o assunto.
O único que estava um pouco mais receoso era Jasper. Eu entendia perfeitamente suas ressalvas e medos, e compartilhava de alguns, mas eu simplesmente não podia deixá-la, não mais. Jazz, Alice e Esme decidiram caçar naquela noite, então iríamos apenas nós três para a escola de dança.
- Desculpe-nos o atraso. – disse Carlisle quando desceu do carro e topamos com as meninas nos esperando.
- Sem problemas. Acho que acabamos chegando mais cedo também. – disse .
- Oi Emmett. – essa foi a Rosalie, toda derretida.
- Oi, Rose. – ele sorriu. – E pode me chamar de Emm se você quiser.
Estamos perdidos! Disse Carlisle em pensamento, rindo bastante.
- Onde estão os outros? – perguntou.
- Jasper não estava se sentindo muito bem hoje, então Esme e Alice decidiram ficar em casa com ele. – disse Carlisle.
- Espero que não seja nada sério. – disse .
- Foi só uma indisposição, não precisa se preocupar. – eu disse finalmente.
- Crise de hipoglicemia? – ela arqueou uma sobrancelha e me encarou com um risinho torto.
- Por aí. – eu sorri e todos nós entramos na escola.
Capítulo 06 – Dúvidas
’s POV
Com a volta de Carlisle, eu não sabia com quem eu dançaria aquela noite. Claro que ele era muito bom, mas eu realmente queria era dançar com Edward. Como se lesse meus pensamentos – será que eles podiam mesmo fazer aquilo? – Carlisle disse:
- Então, , o que achou do seu professor oficial?
- Como? Achei que você era meu professor. – eu realmente tinha entendido que o Edward era meu professor?
- Na verdade, não. Só assumi a posição enquanto Edward teve aquela indisposição. – ele disse olhando de mim para o filho. – Edward é seu professor oficial. Algum problema com isso?
- Na..não. – oh, droga, eu gaguejei! – Não. Adorei dançar com o Edward.
- Fico lisonjeado. – ele deu aquele sorriso lindo. – Você é uma excelente dançarina. – ok, corei agora.
Depois de mais algumas palavras, Emmett foi para a outra sala dançar com Rose e nós dois fomos para o centro do salão. Carlisle soltou a música e eu fiquei encantada com ela.
Edward’s POV
Pronto para assumir seu posto de professor, Edward? Perguntou-me Carlisle silenciosamente. Eu sabia que inicialmente eu seria o professor da , mas com os eventos do nosso primeiro encontro, ele tinha assumido o posto por algum tempo. Eu respirei fundo e assenti discretamente.
- Então, , o que achou do seu professor oficial?
- Como? Achei que você era meu professor. – ela parecia surpresa, como se tivesse sido pega em flagrante em seus pensamentos.
- Na verdade, não. Só assumi a posição enquanto Edward teve aquela indisposição. – pausa. – Edward é seu professor oficial. Algum problema com isso?
- Na..não. – ok, ela gaguejou e me senti extremamente feliz. – Não. Adorei dançar com o Edward.
- Fico lisonjeado. – eu apenas sorri delicadamente. – Você é uma excelente dançarina. – e então ela corou. Foi divertido de ver.
Ah, irmão. Já ganhou a humana, heim! Eu o olhei quase furioso. Ok, como se eu também não estivesse babando por essa humana aqui. Dei outra olhada. Tá bom, tá bom, já parei. Emmett foi para a outra sala e eu e fomos para o centro do salão.
’s POV
(n/a: recomendo ler os próximos trechos ouvindo essa música – Música 04)
Edward estava mais ousado e passional naquela noite, fazendo movimentos sinuosos e mais quentes. Suas pegadas eram fortes e precisas, seus movimentos seguros e ágeis e eu me entreguei completamente àquela dança. Minhas pernas se moviam quase involuntariamente, entrelaçadas às dele, fazendo movimentos sensuais quando requisitado. Nossos corpos ficaram muito colados naquela dança e nossos olhares eram intensos e muito profundos. Ele me afastava de seu corpo para me girar, mas logo em seguida me puxava com vigor para seus braços, encaixando-me ali antes de fazer outro movimento de pernas. Suas mãos frias seguravam com força meu corpo, o que me fez sentir uma mistura de sensações: segurança e proteção, desejo e excitação, deslumbramento e felicidade. A música terminou e nossos rostos estavam muito próximos, nossas bocas quase unidas e eu podia sentir seu hálito adocicado e inebriante. Minha respiração estava ofegante, assim como a dele; e se não fosse por um raspar de gargantas de alguém – Carlisle talvez – eu tenho quase certeza de que o teria beijado.Ele piscou e desviou seu olhar, voltando-me a uma posição normal.
Edward’s POV
Aquele tango não era muito conhecido, mas eu gostava muito dele. Sentir em meus braços enquanto nos deixávamos levar pela melodia era uma experiência muito boa. Eu quase me esquecia da minha verdadeira natureza. Ela se entregava tanto quanto eu, o que fazia com que nossos movimentos se complementassem e cada vez mais eu tinha certeza de que eu não poderia mais ficar longe dela. A música acabou rápido demais para meu gosto. Edward, nunca vi sintonia tão perfeita quanto a de vocês dois. Eu somente sorri para meu pai. E talvez seja melhor você se afastar, pois não preciso ser Alice ou Jasper para saber o que vai acontecer em segundos se vocês não se separarem. Edward?(Foto 02)
Eu estava ouvindo Carlisle, mas era praticamente impossível me desviar daqueles olhos que me encaravam com tamanha intensidade. Seu hálito entrava por minha boca e me inebriava com seu delicioso aroma. Eu a desejava muito. Não só a seu sangue, mas a tudo. Eu a desejava por inteiro. Vendo que seus pensamentos não tinham me ajudado a sair do transe em que estava, Carlisle finalmente pigarreou. Com muito custo eu pisquei e então ela desviou o olhar, e eu nos coloquei em posição normal.
’s POV
- Acho que vou inscrevê-los no festival estadual. – disse Carlisle por fim.
- Como? – eu perguntei, agora voltando totalmente para a realidade.
- Por que não? Vocês dois formam um belíssimo casal e tenho certeza de que gosta de uma boa competição.
- Pode ser uma boa idéia. – disse Edward ao meu lado. – O que acha?
- Eu...eu vou adorar! – eu não contive a empolgação.
Os dois riram e então eu me dirigi para o bebedouro. Lembrei-me de que nunca os via bebendo nada, então resolvi arriscar.
- Nossa, devo estar fora de forma.
- Imagine, . – disse Carlisle quase incrédulo. – Seu condicionamento é ótimo.
- É que fiquei com uma baita sede depois dessa dança, mas Edward nem demonstra se lembrar de que é necessário se hidratar de vez em quando.
- Ah, eu não tenho muita sede, .
- Bom, eu diria que você NUNCA tem sede, mas enfim... – e dei de ombros. Percebi um olhar entre os dois, e aquilo aguçou ainda mais minha curiosidade. Eu teria que fazer algumas pesquisas, mas estava praticamente certa de que aquela simpática e perfeita família escondia um assombroso segredo.
Edward’s POV
- Acho que vou inscrevê-los no festival estadual. – disse Carlisle. Eu o encarei quase incrédulo. Isso será divertido Edward.
- Como? – ela parecia meio perdida.
- Por que não? Vocês dois formam um belíssimo casal e tenho certeza de que gosta de uma boa competição.
- Pode ser uma boa idéia. – eu disse finalmente. Não seria nada mau dançar com minha sentindo a vibração de uma competição. – O que acha?
- Eu...eu vou adorar! – ela disse com muita empolgação.
Só pudemos sorrir da reação dela. Ela então saiu do meu lado indo em direção ao bebedouro. Parou por lá enquanto enchia o copo e soltou:
- Nossa, devo estar fora de forma.
- Imagine, . – disse Carlisle quase incrédulo. Por que será que ela disse isso? Ela está em plena forma. – Seu condicionamento é ótimo.
- É que fiquei com uma baita sede depois dessa dança, mas Edward nem demonstra se lembrar de que é necessário se hidratar de vez em quando. – nenhum outro humano nunca tinha questionado nossa falta de hábitos humanos como comer e beber. Eu tinha que pensar em alguma coisa para dizer, mas nada me vinha à mente, a não ser o fato de ela estar muito perto de descobrir tudo, se é que já não sabia. Ah, como eu queria poder ler sua mente.
- Ah, eu não tenho muita sede, . – eu disse finalmente, esperando pela sua resposta.
- Bom, eu diria que você NUNCA tem sede, mas enfim... – e deu de ombros.
Realmente, filho, ela está muito perto de descobrir as coisas. Sei que você não quer deixá-la, mas também sabemos que não podemos simplesmente contar a ela o que somos. Logo ela descobrirá.
Quando ela voltou seu olhar para nós, sua expressão era de indiferença, como se tivesse deixado para lá e vinha sorridente para nosso lado. Mas eu tinha certeza de que ela não deixaria isso de lado.
Emmett e Rosalie apareceram ao nosso lado, Rosalie também parecia com sede, mas esta não pensava nada estranho sobre não tomarmos água. Ela só tinha pensamentos para Emmett e eu até podia ver os corações passearem por sua mente. E para minha surpresa, meu irmão não ficava muito atrás não. Como pode, um brutamontes daquele tamanho, todo derretido?
Carlisle chamou a atenção dos dois e fez a proposta do festival. Emmett adorou, mas Rosalie parecia insegura ainda. Contudo Emmett e Carlisle lhe garantiram que ela se sairia muito bem, então ela também topou. Fizemos mais uma rodada de danças e o horário das meninas acabou. Elas desceram saltitantes pelas escadas e logo já estavam longe.
Voltamos para casa e Alice pulava de alegria por saber que todos nós participaríamos das competições. Como aquela baixinha conseguia ser tão elétrica?
Se quiser passar um tempo com ela, Edward, acho melhor ir de madrugada, fará sol amanhã.
- Eu sei, Alice. Nos vemos no começo do dia. – e saí disparado para sua casa.
Como ela ainda estava acordada, decidi dar uma volta para caçar alguma coisa. Minha sede estava razoavelmente sob controle, mas eu precisaria estar sempre precavido para não correr o risco de perder o controle. Passei algumas horas na mata e então, depois de alguns cervos, eu voltei a espreitar sua casa. Já estava tudo apagado então me senti seguro para entrar em seu quarto e observá-la dormir.
’s POV
Logo depois disso, Emmett e Rose vieram ao nosso encontro e Carlisle contou sobre a idéia do festival. Emm ficou realmente muito empolgado – acho que ele adora qualquer tipo de competição – mas Rose ficou receosa. Pelo pouco que eu pude perceber, ela estava fazendo um grande avanço – não sei se por causa do professor, ou se ela realmente tinha talento para a dança – e tratei logo de acalmá-la. Dançamos mais algumas músicas e então nossa aula acabou. Confesso que não gosto dessa parte, primeiro por ter que parar de dançar e segundo por ter que me afastar de Edward. Nos despedimos e ficamos fofocando até minha casa sobre a competição.
Depois que Rose me deixou, eu comi alguma coisa e corri para meu computador. Eu precisava saber mais alguma coisa sobre eles. Achei que não daria em nada, mas digitei o nome Cullen num buscador, e fiquei muito admirada com os registros. Houve aparições em quase todos os países do hemisfério norte, em épocas diferentes e, diga-se de passagem, com intervalos de alguns séculos.
Ok, o que temos até agora? Pele branca, pálida, dura e fria; os olhos dos cinco da mesma exata cor, mas dependendo do dia, o brilho e fluidez da cor âmbar variavam um pouco – ora mais claros, ora mais escuros – uma beleza extrema, com traços perfeitos e quase inumanos e um grande poder de atração. Todos eles eram excelentes professores, e até onde eu sabia, alunos invejáveis; extremamente educados e o nome da família era mencionado em registros de mais de trezentos anos. Esme transmitia amor por onde andava, sempre muito gentil e agradável. Emmett tinha uma aparência até assustadora à primeira vista, mas logo mostrava-se uma pessoa muito divertida. Carlisle era excelente professor e, pelo que já tinha escutado por aí, era um excelente médico também; sempre prezando pela justiça e pelo bem estar das pessoas. Jasper tinha uma capacidade de tornar qualquer ambiente o mais confortável possível. Alice era toda agitada, às vezes ficava com a visão perdida, mas depois voltava ao normal. E eu tinha a nítida sensação de que ela era capaz de ou ler mentes, ou prever o futuro, ainda não sabia direito. E Edward.... além de seu charme natural, parecia mesmo ler mentes em algumas ocasiões, como quando apareceu do nada na enfermaria ou quando fez questão de me acompanhar ao refeitório. E por falar em refeitório, eles nunca bebiam ou comiam, o que era muito estranho.
Mas, o que tudo isso significava? Vampiros eram fortes, rápidos, imortais, sobreviviam a base de sangue – humano em geral – e alguns poderiam possuir dons; temiam alho, crucifixos e o sol era mortal para eles, mas eles passeavam pela rua durante o dia! Ok que em Forks nunca faz sol mesmo, mas e a claridade? E eles conviviam com humanos e não saíam por aí atacando nenhuma jugular, e Carlisle trabalhava no hospital, lidando com sangue o tempo todo. Não. Eles não poderiam ser vampiros. Definitivamente, não. Ou poderiam? E se fossem mesmo do tipo de vampiros bonzinhos que tentam não matar gente? E se fossem como o Louis, que tentavam se alimentar de animais?
Ah..... eu estava exausta de tentar entender alguma coisa. Aquilo me intrigava, com certeza, mas sozinha eu não conseguiria respostas. O que faria? Chegaria para eles e perguntaria: oi, vocês podem me esclarecer uma dúvida? Vocês são vampiros? Patético! Uma onda de revolta invadiu minha mente e eu desliguei o computador num rompante só. Como já estava tarde, eu decidi me deitar para dormir. Sabia que ainda demoraria um pouco, mas logo o sono apareceu e eu adormeci.
Eu caminhava por uma rua escura e deserta. Sentia alguém me seguindo, mas estava com medo demais para me virar e verificar se era verdade. Os passos ficaram mais rápidos e mais próximos, então eu dobrei uma esquina e topei com uma rua sem saída. Meu coração já estava disparado quando me virei e encontrei três homens enormes rindo e vindo em minha direção. Eles me cercaram e quando um deles tentou me tocar, ouvimos um rosnado alto e ele apareceu: Edward tinha as feições muito duras e parecia estar com muita raiva. Meu coração ainda estava muito acelerado, mas só por vê-lo ali, eu sabia que tudo ficaria bem e consegui me acalmar um pouco. Seus olhos brilhavam em um vermelho vivo e então os três homens desapareceram num segundo. Edward parecia nem ter saído do lugar, mas quando ele se aproximou mais, seus olhos já eram dourados novamente. Eu corri em seu encontro e me abracei com força. – Já passou. – ele disse afagando minhas costas. – Eles não vão mais te machucar. – meu coração estava calmo novamente, em segurança em seus braços fortes e frios. – Obrigada, Edward. – eu disse voltando meu rosto para olhá-lo. Foi nesse momento que os outros, de olhos vermelhos e mantos negros apareceram e vieram em nossa direção. – Não. – eu sussurrei, sentido toda a adrenalina voltar a correr por minhas veias, minha respiração ficou ofegante e meu coração martelava descompassado. Ele segurou meu rosto em suas mãos, acariciando muito levemente minha bochecha, depois puxou-me de encontro a seu peito e começou a cantarolar uma melodia calma em meu ouvido. Os outros ainda se aproximavam e eu sabia que morreria em seguida, mas sua voz trazia quietude para minha alma, então eu apenas me entreguei ao meu destino, sem medo.
Quando acordei, percebi que tinha dormido a noite inteira. Lembrava-me vagamente de ter sonhado com alguma coisa. Mas não foi só isso que percebi; tinha alguma coisa um pouco diferente: estava claro demais. Não, não era possível! Estava sol em Forks? Sim! Estava sol em Forks! Corri para minha janela e quase não acreditei que estava mesmo vendo um pedaço de céu azul e o sol brilhava majestoso.
Edward’s POV
Ela parecia calma, como em todas as outras noites. Seu rosto angelical estava sereno e pude passar algum tempo observando todos os detalhes de seu rosto: linhas delicadas formavam o contorno da mandíbula, as bochechas eram levemente rosadas, os lábios eram finos e vermelhos e aparentavam ser de uma maciez indescritível. O nariz era desenhado com traços delicados, combinando perfeitamente com o rosto oval. Os cílios eram longos e volumosos, perfeitamente alinhados e as sobrancelhas que emolduravam os olhos eram delicadamente desenhadas, não muito finas, conferindo certa profundidade a sua expressão. Ela era simplesmente linda.
E como nas outras noites, mais ou menos no meio da madrugada, ela começou a ficar agitada. Sua respiração acelerou e a freqüência cardíaca aumentou. Ela tinha espasmos, o que me dizia que estava com medo. Mexia-se muito na cama, virando a cabeça de um lado para o outro e seu rosto se contorcia em expressões de pavor. Mas então ela foi se acalmando. Alguma coisa em seu sonho a fez ficar mais tranqüila e ela voltou a ter ritmos normais.
- Obrigada, Edward. – ela sussurrou emocionada e aquilo me acertou em cheio. Eu a tinha acalmado? Mas teria sido no sonho ou fora minha presença em seu quarto?
Aproximei-me mais dela, ficando ajoelhado ao seu lado na cama. Sabia que era muito perigoso, que ela podia acordar a qualquer momento, mas ela era como um ímã para mim, eu não conseguia – e nem queria, essa era a verdade – mais ficar longe dela.
Foi nesse momento que ela voltou a ficar agitada em seu sono. Novamente seu coração se acelerou e medo voltou a suas expressões. Foi quando eu fiz uma coisa totalmente insana: aproximei minhas mãos geladas de seu rosto e acariciei muito sutilmente sua bochecha com as costas dos meus dedos. Isso pareceu acalmá-la um pouco, então me recordei de uma melodia muito antiga e comecei a cantarolar baixinho em seu ouvido. Parece que funcionou, pois o que quer que a estivesse assustando em seu sonho, já não provocava mais tal reação. Ela foi se acalmando ao som da minha voz e então voltou a ficar serena. Ainda fiquei um bom tempo ali, cantarolando baixinho, embalando o sono do meu amor.
Somente quando o dia clareou e o primeiro raio de sol invadiu o quarto é que eu tive coragem de deixá-la.
- Tenha um lindo dia, meu amor. – eu sussurrei antes de sair janela afora.
Capítulo 07 – Certeza
’s POV
Eu estava muito feliz por ver o sol novamente, depois de quase uma semana de abstinência. Fiz minha higiene matinal e desci para tomar um café da manhã decente. Odiaria passar mal novamente. Fiquei esperando por Edward, mas ele não apareceu. Resolvi ir a pé mesmo para a escola para não me atrasar, qualquer coisa ele me encontraria no meio do caminho. Será que tinha acontecido alguma coisa? Acho que só não fiquei mais chateada porque pude aproveitar a linda manhã que se descortinava a minha frente.
Durante o caminho fui me lembrando do pesadelo da noite anterior e involuntariamente passei os dedos pela minha bochecha. Parecia mesmo que ele tinha me tocado e me acalmado durante o sono.
Cheguei ao colégio e topei com a Rose, que estava sentada preguiçosamente num dos bancos do jardim.
- Bom dia! – eu cantarolei animada.
- Bom dia. – ela disse sorrindo. – Foi você quem sonhou com passarinho verde essa noite é?
- Não. Tive o pesadelo costumeiro. – fiz uma pausa. – Estou feliz por causa do sol! – e abri os braços ao dizer o nome do astro luminoso.
- Ah, é. Você não está muito acostumada com tempo nublado e chuva, né? – ela sorria.
- Não mesmo. Sinto muita falta disso. Mas tudo tem seus dois lados, não é?
- É. – e ela apenas riu da minha cara. O sinal tocou e eu ainda passei os olhos à procura de Edward ou Alice, mas não havia sinal deles.
Minha primeira aula foi de biologia e fiquei mesmo triste por não encontrá-lo por lá. Eu tive que confessar para mim mesma que estava gostando dele mais do que deveria. Apesar de todas as coisas estranhas que eu ridiculamente suspeitava, eu gostava muito dele. As duas aulas seguintes foram duplas, de física. Ninguém merecia ter aula de física! O sinal tocou novamente e logo já estava sentada com Rose na nossa mesa de sempre.
- Você viu a Alice ou o Edward por aí? – eu perguntei.
- Ah, geralmente quando o dia está limpo assim eles não aparecem na escola. – ela disse muito calmamente.
- Ah não? E por que isso?
- Hum, não sei direito, parece que a família toda sai para fazer trilhas ou acampar ou alguma coisa assim.
- Estranho isso.
- Estranho nada, isso é legal. Quisera eu poder “matar aula”... – ela fez aspas com os dedos – ...quando o sol brilha no céu.
Eles desaparecem quando tem sol? Logo me veio à memória uma das minhas anotações da noite anterior: vampiros não saem à luz do sol.
- ? ? !
- Hã? – eu voltei. – Que foi?
- Eu disse que estou muito nervosa com esse negócio de competição de dança e perguntei se você também não está nervosa.
- Ah... é, tô. – eu respondi sem realmente ter prestado atenção no que ela falava.
O sinal tocou mais uma vez e seguimos juntas para aula de matemática. Dupla! Ninguém merecia: sexta-feira e quase que o dia todo eu tinha aula com matérias da área de exatas! Por sorte a última aula era de redação, que eu gostava muito, para aliviar um pouco o cérebro. Eu e Rose nos despedimos no fim da sexta aula e confirmamos o horário em que ela passaria em casa.
Parei em uma padaria no meio do caminho e almocei por lá mesmo. Cheguei em casa, dei uma arrumada por cima e fiquei pensando naquilo. Não, não podia ser. Eles poderiam mesmo ter esse hábito saudável de aproveitar um belo dia de sol, não podiam? Ou então eles só não acordaram muito dispostos. E se o que Jasper tinha na noite anterior era alguma virose e eles também passaram mal? Era uma explicação plausível, não era? Decidi ligar para o hospital e perguntar por Carlisle, mas a atendente disse que ele não iria ao hospital naquele dia. Liguei na escola de dança e ninguém atendeu. Pena que eu não tinha o telefone de nenhum deles, pois poderia ligar e esclarecer esse mal entendido. Mas e se não fosse um mal entendido? E se minha “imaginação fértil” não fosse só imaginação? E se meus pesadelos fossem verdade e Edward fosse mesmo um vampiro? O que eu faria? Ele não me faria mal, faria? Poderia ele, com aquela carinha linda de anjo, ser um vampiro, um bebedor de sangue, um morto-vivo? Minha mente girava freneticamente e eu não sabia o que pensar.
Nem vi o tempo passar e logo já era a hora de Rosalie passar aqui em casa, mas eu nem bem terminei esse pensamento, meu telefone tocou.
- Rose?
- Oi, . – sua voz era de revolta.
- O que foi? Está tudo bem?
- Sim. – ela suspirou. – É só que eu acabei esquecendo que hoje é aniversário de uma prima da minha mãe, e ela não me deixou ir à aula hoje, para ir a essa bendita festa.
- Ah, ufa! Achei que era alguma coisa mais séria.
- Desculpa, amiga. Mas você sabe como são essas coisas, né?
- Claro que sei. Tem algum recado especial para o Emmett? – eu tinha que provocar um pouquinho, né?
- Er... não, tudo bem.
- Ok, depois a gente se fala então.
Desligamos o telefone e eu olhei para o relógio. A escola não era tão longe, mas também não era tão perto assim. Sem a carona da Rose, eu já estava atrasada. Peguei meu casaco e saí.
A noite já tinha caído e estava mais fria do que o normal – estranho, já que fez sol o dia todo hoje. Olhei novamente para o relógio e vi que realmente estava atrasada, então decidi cortar caminho por uma viela. Eu já estava no meio do caminho – aquela rua me parecia familiar, mas eu não sabia da onde – quando ouvi passos atrás de mim. Oh-oh! Meu pesadelo veio com tudo à minha mente. Eu olhei para trás e vi três caras muito grandes vindo na minha direção. Tentei não entrar em pânico, mas eu já começava a correr e virei na primeira rua que vi. Adivinha? Sem saída. Mas que merda!
Voltei-me para trás e vi que eles já estavam muito perto. Meu coração batia muito rápido e eu podia até sentir a adrenalina correndo em minhas veias.
- Oh, acho que alguém se perdeu. – disse um deles com deboche.
- O que está fazendo para esses lados, princesa? – disse outro.
- Que tentação com essa carinha de assustada. – zombou o terceiro.
Eu tentava inutilmente manter meu corpo sob controle, mas o pavor era maior. Minha respiração estava ofegante e eu tentava me lembrar de qualquer coisa sobre defesa pessoal.
Quando um deles chegou perto o suficiente e tentou me agarrar, eu consegui acertar-lhe um chute no meio das pernas e saí correndo. Mas um dos outros me agarrou por trás e eu gritei com raiva.
- Me solta, seu imbecil.
- Ah, é uma gatinha selvagem. – disse um outro rindo.
- Essas são as melhores. – disse outro e ambos me seguraram, um em cada braço. Como se precisasse de dois para me segurar.
Aquele que eu tinha chutado se levantou e veio em minha direção com uma cara de raiva e assim que parou na minha frente me deu um baita tapa no rosto, cortando meu lábio. Travei minha mandíbula para não chorar, não por causa da dor exatamente, mas pela raiva que eu estava daqueles caras.
- Agora você vai ver o que é bom, sua...
- Sai de perto dela! AGORA! – disse uma voz masculina que me encheu de esperança.
- Ora, ora, ora. – o que estava na minha frente disse, se virando e liberando minha visão também. – Se não é o príncipe encantado. Saia da sombra, salvador.
Eu engoli em seco quando vi a fisionomia de Edward: ele estava quase irreconhecível. Suas feições eram muito duras, de muita raiva. Seus olhos estavam muito escuros e ele parecia fazer muita força para manter-se controlado. Foi aí, quando nossos olhares se cruzaram que eu tive certeza: Edward era um vampiro. Mas ao contrário do que eu deveria sentir, não fiquei com medo dele. Nós já tínhamos convivido o suficiente para eu saber que se ele fosse mau, ele já teria me machucado. Edward não era esse tipo de vampiro, ele era bom.
- Solte-a. – ele disse num rosnado baixo e muito ameaçador.
Eu tentei falar alguma coisa, mas minha voz simplesmente não saiu. O cara foi para cima do Edward – ele era maior que o Emmett – e por um momento eu achei que o Edward estava ferrado – ok, vampiros são fortes, mas o cara era muito grande – mas não foi bem isso que aconteceu. O cara tentou acertar um soco nele, só que ele se desviou muito, muito rápido e no segundo seguinte o cara tinha voado pelo ar, batido num alambrado e caído inconsciente no chão. Um dos outros que me segurava, me soltou e foi pra cima dele com muita força, mas Edward apenas mexeu um dos braços e o segundo foi parar perto do amigo, também desacordado. O terceiro, ao invés de ser inteligente e sair correndo, teve a brilhante idéia de “vingar os amigos” e, antes de avançar para o vampiro, ele me jogou com força no asfalto, fazendo com que eu ralasse minha mão ao me apoiar. Eu nem prestei mais atenção ao que aconteceu ao terceiro cara, só podia me preocupar com duas coisas: Edward era um vampiro, e agora eu estava sangrando.
Edward’s POV
Estávamos em casa: eu tocava piano, Emmett jogava alguma coisa no vídeo game, Jasper e Alice tinham saído cedo para dar uma volta e Carlisle e Esme namoravam discretamente no sofá da sala somente esperando o horário para irmos para a escola de dança. Tinha feito um dia lindo e eu já sentia falta do contato com minha quando escutei os passos rápidos de Jasper e Alice em direção a casa. Antes mesmo que os outros pudessem notar sua presença, eu vi sua visão: estava cercada por três grandalhões, correndo perigo, numa rua deserta. Eu não pensei, apenas corri.
Como sou o mais rápido de nossa família não demorei nem cinco minutos para chegar à cidade. Fiz um esforço muito grande para me concentrar e procurei pelas mentes daqueles degenerados. Finalmente os achei.
- Oh, acho que alguém se perdeu. – disse um deles com deboche. Isso vai ser muito gostoso.
- O que está fazendo para esses lados, princesa? – disse outro. Ah, já consigo sentir o gosto dela em minha boca.
- Que tentação com essa carinha de assustada. – zombou o terceiro. E esse corpo, e essas pernas e essa boca.
Desgraçados! Ela mantinha-se em posição de defesa, sem ter muitas escolhas para onde fugir. Sua expressão era de medo, mas seus olhos denunciavam que ela faria qualquer coisa para se defender.
Um deles, o mais perverso de todos foi se aproximando. Ah, essa delícia vai ser minha essa noite. Ele foi com tudo para cima dela, mas minha pequena era uma lutadora e acertou-lhe um belo chute entre as pernas e saiu correndo. Um dos caras começou a rir da coragem daquela pobre garota, mas o outro saiu atrás dela e a agarrou pelos braços. O que ria logo se juntou ao colega, imobilizando .
- Me solta, seu imbecil. – ela gritou com muita raiva, ainda lutando bravamente.
- Ah, é uma gatinha selvagem. – disse um rindo. Vou fazê-la miar em meu ouvido.
- Essas são as melhores. – disse o outro. E eu adoro as irritadiças.
O que tinha levado o chute se levantou e caminhou com raiva até onde eles a mantinham. Sua vadia desgraçada. Ele pensou antes de levantar a mão e esbofetear minha garota. Filho da puta duma figa! Não vai sobrar uma célula inteira do seu corpo, seu desgraçado. Você nunca deveria ter tocado na minha pequena. Eu já os tinha visto e em menos de dois segundos estava a menos de dez metros deles.
- Agora você vai ver o que é bom, sua...
- Sai de perto dela! AGORA! – eu rosnei, fazendo-o parar.
- Ora, ora, ora. – puta que pariu, quem é o bastardo que pretende me atrapalhar agora? – Se não é o príncipe encantado. Saia da sombra, salvador.
Minha mandíbula estava travada, minha vontade era de destroçar cada um deles, membro por membro – como fazemos com outros vampiros – ou de fazê-los sofrer muito, implorar pela morte. Mas eu não podia fazer isso com ela ali. Nossos olhares se cruzaram e eu soube que ela sabia o que eu era, o monstro que eu era. Pelo brilho dos seus olhos eu tive certeza de que ela sabia. Mas eu não tinha o direito de aterrorizá-la ainda mais. Por maior que fosse minha vontade de trucidar aqueles três miseráveis, eu não podia fazer isso na frente dela.
- Solte-a. – eu rosnei baixo.
Por um momento, não prestei atenção nela. Oh, o menino quer brincar, vamos então brincar, docinho. Ele tentou me acertar um soco – patético – e eu só precisei segurar em sua mão para girá-lo no ar como uma bola de basquete, antes de arremessá-lo contra um alambrado. O canalha caiu desacordado. Outro idiota soltou um dos braços da e veio em minha direção. Ah, seu playboyzinho. Agora você vai ver quem é que manda aqui no pedaço. Mas não precisei nem do mesmo esforço para jogá-lo no mesmo lugar onde o primeiro otário estava caído.
Agora só faltava o terceiro, que ainda mantinha as patas imundas no frágil corpo da minha amada. Corro? Enfrento? Esse cara só pode estar chapado, ninguém é tão forte assim. Ah, mas eu vou conseguir derrubar e ainda levar o prêmio aqui para casa. Então ele a empurrou com força para o chão e veio para cima de mim. Ele tentou um ridículo golpe de jiu-jítsu, mas foi fazer companhia para seus amigos.
Minha raiva ainda era imensa, eu queria desesperadamente amassar aqueles três numa bola de corpos humanos e jogá-los contra o chão, fazendo seus corpos frágeis e quebradiços se esmagarem contra o asfalto duro. Mas foi com essa imagem que voltei minha atenção para , que estava no chão, apoiada numa das mãos enquanto examinava a outra. Foi quando o senti: o cheiro do seu sangue. Olhei para ela e minha garganta ardeu em brasa. Havia um singelo filete de sangue escorrendo de seu lábio, e um corte mais profundo em sua mão. O meu monstro interior gritou desesperado e o veneno jorrou abundante em minha boca. Eu precisava daquilo, mais do que qualquer coisa em toda minha existência. Eu precisava do seu sangue.
Capítulo 08 – Perigo
Edward’s POV
Nossos olhos estavam fixos um no do outro, e pela sua expressão, eu sabia que ela estava com medo, mas não era para menos: eu caminhava lentamente em sua direção e meu monstro interior deliciava-se com o terror em seus olhos. Havia uma luta interna entre a porção que a amava e a porção que queria beber todo o seu sangue e, infelizmente naquele momento, a porção monstruosa estava vencendo a batalha.
Eu podia ouvir seu coração descompassado e a respiração ruidosa quando eu finalmente me agachei ao seu lado, preparando-me para atacar seu pescoço.
- Edward... – ela sussurrou e isso deu forças à minha porção que a amava.
Fechei meus olhos numa tentativa ridícula de livrar-me de seu aroma e tranquei minha respiração. Aquela era a mulher que eu amava, eu não podia me deixar levar pelos meus instintos mais básicos, eu não podia fazer isso com ela. Por mais que minha garganta estivesse em brasas, por mais que meu corpo implorasse pelo seu sangue, por mais que minha sede me tentasse, eu não podia simplesmente cravar minhas presas em seu pescoço. Eu não queria condená-la a essa existência amaldiçoada, muito menos provocar sua morte, então a única alternativa que me restava era conseguir domar a fera em meu peito. Quando abri meus olhos novamente, ela já não tinha medo, sua expressão denotava preocupação, como se ela soubesse das dúvidas que afligiam meu ser. Ela se mexeu um pouco e eu instintivamente me afastei, ainda sem respirar, para evitar que eu deixasse o monstro ganhar a batalha.
- EDWARD! – ouvi a voz alta e forte de Emmett. Se segura aí, irmão.
Tenha calma, meu filho. – esse foi o pensamento de Carlisle. Ambos pararam ao meu lado e eu me afastei mais um pouco, dando as costas para .
- Emmett, leve-o daqui. Vá com ele, Edward, eu cuidarei dela.
Vem, bro! E saímos correndo pela noite, em velocidade vampírica; mas ainda pude ouvir um pensamento de Carlisle que me deixou de certa maneira preocupado: Que aroma é esse que o sangue dessa menina tem? Se não fossem meus anos de prática... Apesar desse pensamento de meu pai, eu sabia que ela ficaria bem com Carlisle e eu precisava respirar ar limpo, livrar-me do seu aroma para pensar no que tinha acontecido em apenas alguns minutos.
Quando já estávamos quase em casa, eu decidi parar um pouco.
- Como você está, cara?
- Eu não sei, Emm. Aqueles desgraçados a machucaram. – e o ódio voltou a crescer em meu peito. – Eu não tinha me dado conta disso até que senti o cheiro do seu sangue. Emm eu quase... – e eu me agachei, recostando-me numa árvore, com o rosto entre as mãos.
- Mas não o fez, cara. – ele disse se abaixando ao meu lado e colocando a mão em meu ombro. – Não sei o que foi que te segurou, mas você não a atacou. Você não a machucou.
- Agora ela sabe, Emm. Eu vi a certeza em seus olhos.
- Ela estava com medo?
- No começo sim, mas foi seu olhar de preocupação comigo que fez com que eu me controlasse.
- Como assim?
- Não sei direito, mas parecia que ela entendia meu dilema. Seu tom de voz era de preocupação e não de medo. Se ao menos eu pudesse ler sua mente, saber o que ela está pensando sobre tudo isso.
- Cara, isso é surreal. – ele fez uma pausa. – Como você está?
- Apavorado. Com o monstro que eu sou, com o que eu poderia ter feito, com o fato dela saber sobre nós, com o que ela está pensando, sentindo. E se ela quiser se afastar? E se ela nunca mais quiser olhar para mim?
- Não acho que será assim, irmão.
- E você se baseia nisso por que...
- Ah, sei lá, Edward. Mas não é preciso ter nenhum dom especial para perceber que ela não é muito normal... e que ela gosta de você. – tive que levantar os olhos quando ouvi aquilo. Mas isso não era certo. Não era certo uma humana gostar de um vampiro.
- Talvez fosse melhor eu ir embora, desaparecer, como tinha cogitado antes. Não é justo expô-la ao nosso mundo, aos nossos perigos.
- Você não acha que quem tem que decidir isso é ela, não?
Emmett estava certo, ela é que teria que tomar essa decisão. Se ela quiser, eu me afastarei, irei embora, farei qualquer coisa para desaparecer da sua vida. Mas eu adoraria que ela me entendesse, que ela não tivesse medo ou repulsa por mim, que ela gostasse de mim.
Eu já estava mais calmo, mantendo controle sobre meus impulsos, então decidimos voltar para casa e esperar por notícias de Carlisle. Por mim eu iria até sua casa, mas o mais sensato a se fazer naquela hora era esperar por ele.
- Obrigado, Emm.
Não foi nada, bro.
Durante o caminho de volta, aproveitei para me alimentar, sabendo que o gosto que eu mais desejava, eu nunca provaria. Quando chegamos, Emm fez o relato do que tinha acontecido. Alice tinha segurado Jasper por lá, pois sabia que haveria sangue exposto e Jasper ainda tinha um pouco de problema com sangue fresco. Esme ficou também, a pedido de Carlisle.
Ela está bem, Edward. Carlisle está com ela e não aconteceu nada de mais grave. E sim, vocês vão conversar.
- Obrigado Alice. – eu disse antes de subir e me trancar em meu quarto, esperando ansiosamente pelo retorno de meu pai.
’s POV
Meus olhos estavam fixos nos dele, e eu tenho que confessar que estava com medo. Eu tinha acabado de descobrir que o homem por quem eu estava apaixonada era um vampiro, tinha o visto se livrar de três brutamontes enormes sem o menor esforço, eu estava sangrando e não sabia bem qual era a intenção de Edward naquele exato momento. Sim, eu estava aterrorizada. Ele veio caminhando muito lentamente, sua expressão era quase cruel e eu gelei por imaginar que minha vida acabaria exatamente como nos meus pesadelos: morta por um vampiro.
Mas ao mesmo tempo em que via esse desejo por meu sangue em seus olhos, eu via algo mais. Ele estava em conflito? Ok, acho que o pânico bloqueou minha capacidade de raciocinar, mas eu posso jurar que ele está vivendo um dilema nesse exato momento. Minha respiração ficou mais rápida quando ele se ajoelhou ao meu lado e eu quase tive certeza de que agora seria o fim.
- Edward... – eu disse seu nome num sussurro, numa tentativa ingênua de tentar me ajudar, de tentar ajudá-lo. Eu queria dizer que eu sabia o que ele era, e que não tinha medo dele, mas eu não tive força para fazer isso.
Ele fechou os olhos, concentrando-se muito, eu podia ver, e tive mesmo certeza de que ele era diferente, que se fosse um vampiro comum ele já teria me matado há tempos. Ele estava lutando consigo mesmo? Por mim? Bom, pelo menos era isso que parecia. Depois de um momento ele abriu os olhos e me encarou novamente. Não sei o que foi que ele viu em meus olhos, mas isso fez com que sua expressão ficasse aliviada por uma fração de segundos. Eu me mexi, tentando ir em sua direção, mas ele se afastou muito rápido e logo em seguida eu ouvi uma voz muito familiar.
- EDWARD! – gritou Emmett, surgindo do nada seguido por Carlisle e ambos pararam ao lado dele. Ele se virou e ficou de costas para mim. Aquilo doeu, pois eu não sabia o que se passava em sua cabeça.
- Emmett, leve-o daqui. – disse Carlisle e na mesma hora Emm segurou o braço do irmão e os dois desapareceram nas sombras novamente. – , como você está? – a mão de Carlisle tocando meu ombro desviou minha atenção.
- Eu... - e agora? A família toda era de vampiros, isso eu tinha acabado de constatar, mas será que ele conseguia lidar com sangue? Como se lesse minha mente – ok, acho que além de vampiros eles podiam mesmo fazer isso – Carlisle disse:
- Pode confiar em mim. – sua voz soou muito tranqüila.
- Eu acho que preciso de um médico. – eu respondi sentido a dor em minha mão.
Ele segurou delicadamente minha mão e a observou por um instante.
- Acho que só precisamos limpar isso aqui. Vamos para o hospital.
- Não podemos ir para minha casa, por favor? – ele apenas sorriu e me ajudou a levantar.
Andamos calmamente e logo já estávamos em minha casa. Sob a luz, na cozinha, ele examinou meu lábio e minha mão. Seus olhos trabalhavam muito rápido, avaliando todas as possibilidades existentes ali. Depois de um minuto ele abriu sua maleta médica – eu nem tinha notado que ele a carregava – e pegou uma seringa e um frasquinho.
- E então, doutor, qual o diagnóstico? – apesar da situação inusitada, eu realmente não me sentia em perigo ali. Eu estava tão... calma, que minha voz soou quase como brincadeira.
- Nada muito sério. O corte no seu lábio foi pequeno e provavelmente amanhã ou depois já estará cicatrizado, já esse da sua mão foi um pouco mais profundo. Terei que dar dois pontinhos, só para ajudar na recuperação.
- Como.... – fiz uma pausa para pensar em como continuar, ele me encarou curioso. – Como você consegue lidar com o sangue?
- Anos de prática. – ele sorriu. – O cheiro não me afeta mais. – mas pude perceber que ele não respirava naquele momento. Houve uma pausa rápida. – Isso pode doer um pouquinho.
- Não tenho problema com dor. – eu lhe assegurei e realmente quase não senti a picada do anestésico. Carlisle trabalhou muito rapidamente e em menos de um minuto ele já tinha acabado. Envolveu minha mão com uma gaze, somente para proteger os pontos.
- Prontinho. – ele disse. – E como você está, ? – eu sabia muito bem o que ele queria dizer.
- Confusa, curiosa e talvez um pouco aflita.
- Aflita?
- Tenho medo que o Edward se afaste de mim agora que eu... descobri.... as coisas. – soltei as últimas palavras num fio de voz.
- E o que você descobriu exatamente? – ele parecia um pouco mais sério agora.
- Bem, que vocês são vampiros. – eu disse calmamente, avaliando sua reação, que era a mais serena possível. – Vampiros que aparentemente não se alimentam de humanos. – eu completei e sua expressão não se alterou.
- Isso mesmo. Mas você disse que está confusa, posso ajudá-la quanto a isso? – eu realmente estava muito confusa com relação a muitas coisas, mas queria perguntar tudo a ele, ao Edward. – Ou talvez você queira tirar suas dúvidas com o próprio Edward.
- Er... sim. – eu sorri. – Mas tenho uma para você, se não se importar.
- Claro.
- Vocês leem mentes?
- Bom, eu infelizmente não. – ele disse depois de não conseguir segurar uma gargalhada.
- Mas então como sabia...
- Você é bastante transparente, . – ah, claro. Não era a primeira vez que alguém me dizia aquilo. Mas aí eu compreendi o que ele tinha dito.
- Espera, você disse que VOCÊ não as lê. E quanto aos outros? Alice? Edward? – isso explicaria muita coisa.
- Alice e Jasper tem dons, mas não o de ler mentes. Esse é exclusivo do Edward. – incrível!
- Eu não entendo, isso explica algumas coisas, mas não outras e...
- , acho que isso é mais entre vocês dois, não acha?
- Claro. – eu suspirei finalmente. – Quando poderei vê-lo?
- Quando você quer se encontrar com ele?
- Hum...agora? – eu meio que sorri.
- Bom, façamos o seguinte, eu preciso conversar com ele antes de ele vir até aqui. – ele notou minha expressão de contrariedade e emendou. – Mas prometo-lhe que ainda hoje vocês conversarão, está bem assim? – eu apenas concordei e ele se dirigiu para a porta.
- Obrigada, Carlisle. – ele sorriu e então desapareceu no meio da mata escura.
Fechei a porta e me larguei no sofá, pensando em tudo o que tinha acontecido naquela última hora.
Edward’s POV
Ela está bem, Edward. Foi o que Carlisle pensou quando entrou no meu raio de audição. Estarei em casa em 30 segundos e conversaremos todos juntos.
Foi um alívio muito grande ver que ela estava mesmo bem, ao menos fisicamente. Vi o corte em seu lábio e o pequeno machucado em sua mão, mas em uma semana no máximo não restariam nem cicatrizes. Aquilo me provocou alívio imediato, mas ainda não era o bastante, eu tinha que saber como ELA estava, seus pensamentos, suas emoções, o que ela estava achando de tudo isso, dessa nossa realidade “sobrenatural”.
Apareci na sala no mesmo momento em que ele entrou pela porta.
- Como ela está? – perguntou Esme realmente preocupada.
- Ela está bem. Seus ferimentos foram superficiais e não são preocupantes. Ela é uma garota muito forte. – ele disse tranquilizando sua esposa.
- E quanto a nós? – esse foi Jasper.
- Ela sabe. Como todos nós já havíamos percebido, ela é muito perspicaz e deduziu muita coisa. Inclusive que alguns de nós possuímos dons.
- Você a sente como uma ameaça? – ainda Jasper, eu olhei feio para ele. Desculpe, Edward, mas temos que ser precavidos.
- De modo algum. – Carlisle respondeu calmamente.
- Ela guardará nosso segredo. – disse Alice. – Não se preocupe quanto a isso, Jasper.
Todos ficaram aliviados com as notícias de Carlisle e a previsão de Alice. Eu já estava quase pronto para sair quando: Precisamos falar um minuto, Edward. Segui meu pai silenciosamente até o escritório.
- O que houve?
- Quero saber como você está, meu filho.
- Eu não sei definir ao certo, Carlisle. Estou com muita raiva daqueles caras, estou com raiva de mim por quase tê-la atacado, por ter nos revelado tão facilmente, com medo da reação dela, com medo de que ela se afaste de nós, de mim.
- Filho, essa raiva é natural, mas você já cuidou daqueles homens. Não os matou por pouco. A raiva contra você mesmo é desnecessária, já que mais uma vez você conseguiu superar sua sede e não a machucou. Sei como isso é difícil Edward, mas você se superou, mais uma vez, então não vejo motivo para ficar se martirizando dessa maneira. Quanto a nos revelar, bem, você só deu a última peça, pois ela já estava com todo o quebra-cabeça montado. E tenho certeza de que ela descobriria sem a sua ajuda. – ele parou por um momento. – E quanto à reação dela.... Edward, ela mesma já disse que tinha “uma queda” por vampiros. – ele sorriu. – Ela não vai se afastar de nós, muito menos de você. Ela gosta de você, filho. Tanto quanto você dela.
As palavras de Carlisle soaram como música para meus ouvidos. Ele, com toda a sua sabedoria, sabia como fazer para que víssemos as coisas como elas realmente eram. Era por isso que eu era tão grato por tê-lo em minha “vida”.
Como está sua sede?
- Controlada.
Ótimo. Ela está te esperando para conversar. Ainda essa noite.
- Eu nunca vou machucá-la. – e eu não sabia ao certo se essa promessa era para ele, eu para mim mesmo.
Boa sorte, meu filho. E então eu disparei floresta adentro, rumo a sua casa.
Capítulo 09 – Respostas
’s POV
Eu estava largada na sala, a TV estava sintonizada em um canal qualquer e eu não conseguia deixar de pensar se ele realmente viria me ver. Pensava em como o encararia, o que faria ao vê-lo, como seria essa nossa conversa. Eu queria saber como ele se sentia em relação a tudo isso, ao fato de eu ter descoberto seu segredo, se ele sentia alguma coisa por mim. Ah, minha cabeça rodava com tantas questões! Fui até a cozinha tomar um copo de água e então a campainha tocou. Quase derrubei o copo no chão, quase. Caminhei nervosamente até a porta, meu coração disparado, as mãos tremendo e a respiração levemente alterada. E tudo isso porque eu nem tinha aberto a porta ainda. Respirei fundo e girei a maçaneta.
Parado à minha frente estava a imagem mais bela que eu já vi em toda a minha vida. Seus cabelos bagunçados naquele tom de bronze único, os traços perfeitos de seu rosto, a mandíbula marcada dando aquele ar masculino e protetor, a boca estrategicamente desenhada para despertar os mais luxuriosos desejos e os olhos – oh, céus, seus olhos! – que pareciam ouro líquido. Havia expectativa, preocupação, curiosidade e ternura ali; tudo misturado.
- Oi. – ele disse num tom aveludado que me tirou do transe momentâneo.
- Oi. – eu disse, não contendo um sorriso. Mas aí veio a dúvida. – Er... tenho que te convidar formalmente a entrar? – ele deu um sorriso tão gostoso que o clima ficou muito mais leve.
- Lenda. – ele respondeu, eu balancei a cabeça ainda rindo. Dei-lhe passagem e indiquei o sofá, antes de fechar a porta e me sentar também.
- O que mais é lenda?
- Nossa, tem muita coisa. – ele riu. – Acho mais fácil você ir perguntando.
- Ok. – eu disse fascinada. – Alho? Crucifixos? Água benta? Estacas no coração?
- Todas lendas.
- Hum.... presas?
- Lenda.
- Sair ao sol?
- Lenda.
- Mas....então... por que vocês desapareceram hoje cedo?
- O sol não nos machuca, mas nos revela.
- Como?
- Qualquer dia eu te mostro. – ele fez uma pausa. – Se você ainda quiser.
- Edward eu.... – engoli em seco com o que eu iria dizer. – Eu quero saber tudo sobre vocês, sobre você.
- Você não tem medo de mim?
- Não. – olhei fixamente para ele. – Achei que você pudesse ler isso em minha mente.
- Er, bom..... – ele deu um sorriso que parecia ser frustração. – Eu não consigo ouvir sua mente.
- Mas o Carlisle disse que você podia ouvir mentes. Não entendo...
- Eu posso. – outra pausa. – Exceto a sua.
- Por que isso? Será que tem alguma coisa errada comigo?
- ... – ele sorriu divertido. – ...você está entrando em um mundo quase mitológico e acha que quem tem problemas é você?! Você é hilária!
- Que bom que eu te divirto. – eu fiz bico, só para fazer cena. – Ai...
- O que foi? – ele ficou preocupado no mesmo momento.
- Nada. – eu levei a mão até meu queixo. – Acho que é um pouco cedo para ficar fazendo caretas.
- Ah, ... – ele suspirou pesarosamente. – Sinto tanto não ter conseguido chegar antes disso. – ele se aproximou de mim gentilmente, levando a mão até perto do meu rosto. – Posso?
Eu assenti curiosa e então ele envolveu meu rosto com sua mão fria. Meus olhos se fecharam imediatamente. Senti algo como uma corrente elétrica passar por meu corpo e soltei um suspiro involuntário. Sua mão gelada funcionou melhor que gelo para aliviar a dor, mas não foi somente isso. Esse contato tão próximo, tão delicado, fez com que meu coração se acelerasse novamente. Finalmente abri os olhos e topei com os seus, que pareciam estar gostando disso tanto quanto eu.
- Melhor? – ele disse suavemente.
- Ahã. – e meus lábios se moveram na palma da sua mão, provocando outra onda de sensações.
- Seu coração disparou. – ele disse com um sorriso convencido e afastou a mão.
- Você pode ouvir.... – mas logo me interrompi. – Ah, claro, super audição. – ele sorriu mais abertamente. – Isso é... constrangedor, Edward.
- Desculpe. – ele ainda estava brincalhão.
- Se você não pode ouvir meus pensamentos, como soube o que aconteceria, onde me achar?
- Alice. – ele se afastou de mim e adquiriu uma postura mais séria outra vez. – Ela pode ver o futuro. Pode ver as conseqüências das decisões que as pessoas tomam.
- Hum. Isso explica algumas coisas. – eu disse tentando recuperar o clima mais descontraído. – Carlisle disse que Jasper também tem um dom. O que ele faz?
- Bom, ele consegue manipular os sentimentos. Pode te deixar muito calmo, por exemplo.
- Humm. Então era por isso que Rose sempre ficava mais calma na presença de Emmett quando o Jasper estava por perto. – eu sorri.
- Exatamente. – ele fez uma pausa. – Mas assim como eu não consigo ler sua mente, ele não consegue interferir nos seus sentimentos.
- Estranho. – eu respondi. – Por que será isso?
- Não sei explicar, e confesso que é frustrante.
- Já pra mim acho que é alívio você não saber o que eu penso.... – ops, acho que não devia ter falado isso.
- Por quê? – ele pareceu extremamente curioso.
- Humm...... por nada... – e sorri realmente constrangida. – Já que falamos no Emmett, ele tem algum talento? – Edward claramente não gostou da minha evasiva, mas depois sorriu e respondeu.
- Não, nem Esme e Carlisle.
- Edward.... – eu tinha que perguntar o que tinha acontecido no beco, mas estava com medo da reação dele.
- Pode perguntar, , o que quiser.
- No beco depois que você, bem, me salvou, você parecia um pouco... diferente quando se aproximou de mim.
- Eu sei. – ele fez uma longa pausa e sua expressão ficou dolorida. – Eu quase a matei. – ele me olhou, como se pedisse autorização para continuar. Eu assenti. – Seu sangue tem um cheiro muito, muito atrativo para mim. Diferente de tudo o que já senti em toda minha existência. E é muito difícil eu me controlar, controlar meus instintos quando estou perto de você. – outra pausa. – Entenda, nós não nos alimentamos de humanos, apenas animais. Estamos lutando constantemente contra nossa natureza, e na maior parte do tempo nos saímos muito bem. Mas com você foi diferente. Eu sinto como se meu corpo inteiro precisasse de você, do seu sangue.
- Hum, entendi, eu acho. – uma onda de tristeza me invadiu.
- , eu preciso que me diga o que está pensando. – ele quase implorou.
- É só que... – eu ri sem alegria – ...eu sou totalmente errada para você. Você não lê meus pensamentos e meu cheiro é a maior tentação que você já enfrentou. E mesmo assim, sabendo que você está sofrendo só por estar aqui comigo, eu sou egoísta demais para te deixar ir embora, para QUERER que você vá embora. – ele me olhou profundamente por algum tempo, não sei bem quanto.
- Eu sou o errado dessa história, . Eu sou o monstro, não você.
- Você não é um monstro, Edward.
- Eu sou. Sou o pior de todos, pois estou preso a você, e se você ficar por perto, estarei te expondo a todos os perigos possíveis.
- Eu gosto do perigo. – eu disse num tom debochado.
- O pior é que parece gostar mesmo. – ele riu sem alegria. – Você deveria ficar o mais longe possível de mim.
- Se for o que você realmente quiser, eu me afastarei. – eu disse num tom sério e triste.
- Era o que eu deveria querer. – ele baixou os olhos, e depois os reergueu, olhando-me intensamente. – Mas não é o que eu quero. Eu quero ficar perto de você, eu não posso mais ficar longe de você.
- Nem eu. – eu suspirei, sustentando nosso olhar. Depois desviei meus olhos e corei, ao sentir meu coração disparar.
- O que foi? – ele parecia curioso.
- É que essa foi a declaração de amor mais estranha que eu já fiz. – e ri nervosamente.
- É, a minha também. – ele sorriu de lado, parecendo encabulado.
- Com o Emm e a Rose é assim também? Digo, é tão difícil pra ele quanto é para você?
- Ah, não. Ele também sente o cheiro dela e fica com sede, mas nada comparado ao que é para mim. Não sei como explicar.
- E sempre foi assim, ou só depois dessa noite?
- Sempre foi. – ele riu torto. – Lembra-se da minha reação na segunda? Quando a brisa passou por você e me trouxe seu perfume eu quase não consegui me controlar. Saí correndo, fugindo de você.
- Hummm. – eu concordei. – Mas e como você conseguiu dançar comigo depois?
- Bom, eu estou me familiarizando com seu cheiro. É um pouco doloroso, mas suportável. O problema dessa noite foi que você estava sangrando, o que potencializa muito a sede.
- Ok, então nada de sangrar perto de você. – eu disse brincalhona.
- Isso, vai brincando vai. – e ele já estava mais sereno também. Eu ri e pedi que ele me contasse mais coisas. Ele concordou e passamos quase a noite toda conversando, até que eu capotei no sofá, exausta, ao som da sua voz.
Edward’s POV
Quando cheguei até sua casa já fui me encaminhando para a janela de seu quarto, mas então me toquei que ela não sabia o que eu fazia, então decidi começar de modo tradicional. Um nervosismo quase patético tomou conta do meu corpo enquanto eu me recompunha e apertava a campainha.
Ela não demorou quase nada, mas mesmo do lado de trás da porta, eu podia ouvir seu coração acelerado. Estaria ela tão nervosa quanto eu? Ela abriu a porta e me encarou. Inspirei profundamente para absorver todo o seu aroma e depois eu a fitei, seu rosto delicado, seus traços perfeitos, o tom rosado de suas bochechas, o vermelho de seus lábios – agora um pouco inchados por causa da minha ineficiência em ter chegado mais rápido para salvá-la – e seus olhos misteriosos. Havia ansiedade, curiosidade e expectativa ali, mas nenhum sinal de medo.
- Oi. – eu disse finalmente.
- Oi. – ela respondeu, voltando do seu transe. – Er... tenho que te convidar formalmente a entrar?
- Lenda. – eu consegui dizer depois de dar uma gostosa gargalhada. Eu estava esperando qualquer coisa, menos isso. Ela sorriu também e balançou a cabeça, dando-me passagem e indicando o sofá, enquanto fechava a porta.
- O que mais é lenda? – ela perguntou curiosa.
- Nossa, tem muita coisa. – eu ri. – Acho mais fácil você ir perguntando.
E passamos esses primeiros momentos falando sobre as várias lendas envolvendo minha espécie.
- Sair ao sol? – ela perguntou.
- Lenda.
- Mas....então... por que vocês desapareceram hoje cedo?
- O sol não nos machuca, mas nos revela.
- Como?
- Qualquer dia eu te mostro. –pausa. – Se você ainda quiser.
- Edward eu.... – ela engoliu seco. – Eu quero saber tudo sobre vocês, sobre você.
- Você não tem medo de mim?
- Não. – e me olhou fixamente. – Achei que você pudesse ler isso em minha mente.
- Er, bom..... – bem que eu queria! – Eu não consigo ouvir sua mente.
- Mas o Carlisle disse que você podia ouvir mentes. Não entendo...
- Eu posso. – outra pausa. – Exceto a sua.
- Por que isso? Será que tem alguma coisa errada comigo?
- ... – ela era mesmo de outro mundo. – ...você está entrando em um mundo quase mitológico e acha que quem tem problemas é você?! Você é hilária!
- Que bom que eu te divirto. – ela fez um biquinho, tentando parecer brava, mas em seguida soltou um gemido. – Ai...
- O que foi? – e todo meu ser ficou preocupado.
- Nada. – e ela encostou a mão no exato lugar da agressão. – Acho que é um pouco cedo para ficar fazendo caretas.
- Ah, ... – como eu não queria que ela estivesse machucada. – Sinto tanto não ter conseguido chegar antes disso. – será que um pouco de gelo ajudaria? – Posso?
Ela assentiu e eu delicadamente encostei minha mão fria em seu rosto. Ela fechou os olhos e eu senti algo entre nós, como uma descarga elétrica. Era tão bom tê-la ao meu alcance, poder sentir sua pele quente sob a minha. Ela soltou um suspiro e o ar tocando minha mão foi algo extremamente sedutor. Seu coração deu uma acelerada – o que estaria se passando nessa cabecinha? – e então ela abriu os olhos, encarando-me. Até parecia que ela era a vampira, tamanha era a força de atração de seu olhar.
- Melhor? – eu perguntei.
- Ahã. – ela respondeu raspando os lábios na palma da minha mão, o que despertou outras sensações além de cuidado. Sutilmente afastei minha mão.
- Seu coração disparou.
- Você pode ouvir.... – ela tinha começado uma pergunta, mas logo se corrigiu – Ah, claro, super audição. – eu fui obrigado a sorrir com a sua constatação. – Isso é... constrangedor, Edward.
- Desculpe.
Passamos a conversar sobre os dons da minha família, até que ela ficou um pouco receosa.
- Edward....
- Pode perguntar, , o que quiser.
- No beco depois que você, bem, me salvou, você parecia um pouco... diferente quando se aproximou de mim.
- Eu sei. – essa era a parte que eu temia, quando teria que lhe contar como o seu sangue é tentador para mim, como eu quase a matei para tentar saciar uma sede infinita. – Eu quase a matei. – olhei para ela, na tentativa de encontrar medo, mas só havia curiosidade ali. Então eu prossegui. – Seu sangue tem um cheiro muito, muito atrativo para mim. Diferente de tudo o que já senti em toda minha existência. E é muito difícil eu me controlar, controlar meus instintos quando estou perto de você. – outra pausa. – Entenda, nós não nos alimentamos de humanos, apenas animais. Estamos lutando constantemente contra nossa natureza, e na maior parte do tempo nos saímos muito bem. Mas com você foi diferente. Eu sinto como se meu corpo inteiro precisasse de você, do seu sangue.
- Hum, entendi, eu acho. – sua expressão denotava que ela estava triste, e eu não podia vê-la triste. Isso me enfraquecia.
- , eu preciso que me diga o que está pensando.
- É só que... – ela sorriu sem alegria – ...eu sou totalmente errada para você. Você não lê meus pensamentos e meu cheiro é a maior tentação que você já enfrentou. E mesmo assim, sabendo que você está sofrendo só por estar aqui comigo, eu sou egoísta demais para te deixar ir embora, para querer que você vá embora.
- Eu sou o errado dessa história, . Eu sou o monstro, não você. – como ela poderia cogitar a hipótese de ser errada? Ela era perfeita, eu é que era o monstro.
- Você não é um monstro, Edward. – ela tentou argumentar.
- Eu sou. Sou o pior de todos, pois estou preso a você, e se você ficar por perto, eu estarei te expondo a todos os perigos possíveis.
- Eu gosto do perigo. – ela disse num tom debochado.
- O pior é que parece gostar mesmo. – não faça isso a si mesma, por favor. – Você deveria ficar o mais longe possível de mim.
- Se for o que você realmente quiser, eu me afastarei. – seu tom era triste, e eu soube que, do mesmo jeito que era para mim, era para ela: impossível nos afastarmos.
- Era o que eu deveria querer. – deveria, mas quem diz que sou nobre o suficiente para fazer isso? – Mas não é o que eu quero. Eu quero ficar perto de você, eu não posso mais ficar longe de você.
- Nem eu. – ela respondeu num suspiro, ainda sustentando meu olhar.
- O que foi? – eu perguntei quando seu coração deu outra disparada e ela corou levemente.
- É que essa foi a declaração de amor mais estranha que eu já fiz. – e riu nervosamente.
- É, a minha também. – eu não tinha encarado isso como uma declaração de amor, mas se fôssemos observar mais de perto, era exatamente isso que acabávamos de fazer: ambos nos declaramos um ao outro.
- Com o Emm e a Rose é assim também? Digo, é tão difícil pra ele quanto é para você?
- Ah, não. Ele também sente o cheiro dela e fica com sede, mas nada comparado ao que é para mim. Não sei como explicar.
- E sempre foi assim, ou só depois dessa noite?
- Sempre foi. – eu ri torto. – Lembra-se da minha reação na segunda? Quando a brisa passou por você e me trouxe seu perfume, eu quase não consegui me controlar. Saí correndo, fugindo de você.
- Hummm. – ela concordou. – Mas e como você conseguiu dançar comigo depois?
- Bom, eu estou me familiarizando com seu cheiro. É um pouco doloroso, mas suportável. O problema dessa noite foi que você estava sangrando, o que potencializa muito a sede. – e como potencializa.
- Ok, então nada de sangrar perto de você. – ela riu.
- Isso, vai brincando vai.
O clima ficou mais leve e ainda passamos algumas horas conversando, ela me enchendo de perguntas sobre meu mundo, sobre minha existência e cada vez mais eu me encantava com aquela humana surpreendente. Chegou uma hora, contudo, que ela sucumbiu ao sono e praticamente capotou no sofá. Eu a peguei em meus braços e a levei até sua cama, aconchegando-a sob as cobertas quentinhas e me sentei no puff que havia ali para velar o sono do meu amor.
Capítulo 10 – Algumas Revelações
Estávamos todos numa espécie de festa: eu e Edward, Alice e Jasper, Carlisle e Esme e Emmett e Rosalie. Era noite e a lua cheia iluminava o ambiente, que parecia ser uma clareira. Todos nós ríamos, felizes, e então Edward me tirou para uma valsa. Flutuávamos sobre o chão e eu me sentia completamente feliz por fazer parte daquela linda família. Ele desceu os lábios até o canto da minha mandíbula e depositou ali um beijo suave. Sua pele fria me provocou arrepios e eu sorri espontaneamente. Ele correu os lábios pela linha do meu queixo e então me deu um breve selinho, muito terno, mas cheio de significado. Quando o beijo terminou, olhei em seus olhos dourados e vi que ele me desejava tanto quanto eu o desejava. – Eu amo você. – Ele sussurrou em meu ouvido e outra leva de arrepios inundou meu corpo. – Eu amo você. – Eu repeti, segurando seu rosto com uma das minhas mãos. Ele fechou os olhos momentaneamente e então os abriu, muito rápido, e senti a tensão no ar. – São eles outra vez. – Eu disse, depois de me jogar em seu peito e o abraçar com força. Ele me segurou apertado, beijando o topo da minha cabeça, e logo depois se virou para o outro lado. Nossa família estava em perigo também. Eles já caminhavam na nossa direção, mas os mantos pretos e olhos vermelhos foram mais rápidos e os cercaram antes que pudéssemos ficar juntos. – Eles não tem nada a ver com isso. Sou eu quem vocês querem. – eu gritei na inútil tentativa de salvá-los. Houve uma risada muito assustadora logo atrás de nós e eu e Edward fomos separados. – Não! – eu gritei em desespero. E então assisti, de camarote, a morte de cada uma das pessoas que eu mais amava. Edward tentava lutar, mas ele não conseguiu se desvencilhar dos fortes braços que o seguravam. – Me perdoe, . – ele disse num fio de voz e eu podia sentir sua dor. Ele não tinha culpa, eu não sabia de quem era a culpa, ou mesmo se havia algum culpado. O fato era que em instantes eu morreria. Uma cantiga familiar invadiu o ambiente e eu sabia que a minha hora tinha chegado. Olhei uma última vez para ele. – Eu amo você, Edward. – e então meu corpo desapareceu.
Um barulho irritante e persistente fez com que eu despertasse. Olhei ao redor meio desnorteada ainda e finalmente achei meu celular.
- ?
- Rose?
- Te acordei, por acaso? – ela perguntou um pouco preocupada.
- Humm.....não.
- Ah, desculpa amiga! Não queria te acordar, mas não imaginei que estaria dormindo até tão tarde.
- Não.. tudo bem. Mas, que horas são?
- Quase 11h.
- Hã? – não, não podia ser. – Nossa, nem imaginava que era tão tarde. – pausa. – Mas, diga, por que ligou?
- Ah, eu queria saber como foi a aula ontem, só isso.
- Ah, a aula. – e toda a noite anterior retornou à minha memória. Mas e aí, o que eu falaria para ela? Não podia contar que tinha tido a confirmação de todas as minhas suspeitas, podia? – Ah, foi tudo bem.
- E, bom, você sabe, o Emmett perguntou por mim? – ela parecia meio constrangida em me fazer aquela pergunta. Eu tinha que pensar em alguma coisa rápido.
- Ah, Rose, o Emmett não foi. Ele não estava se sentindo bem e não apareceu. Carlisle acha que pode ser uma virose. – céus, de onde eu tirei aquilo?
- Ah, pôxa. Será que ele está bem? Por acaso você tem o telefone dele? – ela parecia preocupada.
- Calma, Rose. – eu tentei deixar o clima mais leve para ela com um sorriso. – Deve estar tudo bem. Carlisle é médico, lembra?
- Ah, é mesmo. – ela disse desapontada.
- Rose, preciso desligar agora. Mas não se preocupe. Te ligo mais tarde, ok?
- Ah, tá. – ela riu. – Depois a gente se fala então.
Desliguei o telefone e balancei a cabeça rindo, indo em direção ao banheiro.
- Muito criativa. – disse uma voz aveludada.
- Céus! Edward! – eu berrei, colocando a mão no meu coração. – Quer me matar do coração é?
- Desculpe. – ele segurava um riso. – Não queria te assustar.
- Sei. – eu disse já rindo. – De onde você surgiu? Como entrou aqui?
- Er... – ele pareceu meio encabulado. – Eu não saí, na verdade. – eu ia falar mais alguma coisa, mas a natureza chamava.
- Só um minuto. – eu disse. – E depois você vai me explicar isso.
Fiz minha higiene matinal, agradeci por não estar totalmente descabelada e me analisei por um segundo. Minha bochecha e lábios estavam um pouquinho roxos e doloridos, minha mão doía um pouquinho também, mas nada que não fosse suportável. Voltei para meu quarto, mas não o encontrei.
- Edward?
- Aqui embaixo. – ele gritou.
Desci e fui encontrá-lo parado diante da mesa, com o café da manhã posto.
- Pode começar a se explicar. – eu disse olhando para a mesa.
- Bom, isso se chama café da manhã, eu acabei de fazer para você, já que não quero que tenha outra crise de hipoglicemia. – ele sorriu torto, e eu quase tive um treco. – Sentada. – ele meio que ordenou e meu corpo obedeceu na hora. Peguei uma fatia de mamão e comecei a comer. – Isso mesmo. Boa menina.
- Hei, estou me sentindo um cachorrinho assim. Pode parar com isso. – eu disse tentando ficar séria, mas era quase impossível ficar brava com ele.
- Desculpe. – ele ficou sério por um segundo. – Só estou me certificando de que você irá se alimentar.
- Humm.... – eu disse já rindo. – Awf! – eu imitei um latido de cachorro e ele desatou a gargalhar. – Mas você ainda não disse o que faz aqui. – eu disse depois de recuperar o fôlego.
- Você desmaiou no sofá à noite, e eu te levei lá para cima. Sei que deveria ter ido embora, mas não consegui. Se quiser posso ir embora.
- Não! – eu disse alto e rápido demais. – Só não esperava por isso. Mas gostei. – ele abriu um largo sorriso.
Eu voltei a minha tigela de cereais e senti a tensão da noite mal dormida. Girei o pescoço num movimento lento para tentar relaxar um pouco.
- Tudo bem? – ele perguntou preocupado.
- Ahã. – eu abri os olhos e o encarei. – Esses pesadelos acabam comigo.
- Você ficou mesmo bastante agitada. – eu o olhei com incredulidade. Como? Ele tinha ficado no meu QUARTO enquanto eu dormia? Percebendo minha expressão ele se apressou a explicar. – Não consegui sair do seu lado depois que a coloquei na cama. É muito angustiante ver sua dor durante o sono. Queria poder fazer alguma coisa para te ajudar.
Eu ia ficar brava com ele, por ter me espionado, mas sua expressão era tão sincera, que novamente não consegui.
Edward’s POV
Ela dormia profundamente. Seus batimentos estavam um pouco acelerados, mas sua expressão era de felicidade, então não me preocupei: o sonho devia ser bom. Mas, como em todas as outras noites, ela foi ficando agitada e angustiada, com o pulso acelerado e a respiração ofegante.
- São eles outra vez. – ela murmurou com medo, e eu imaginei que deveriam ser os Volturi. Ela se contorceu de dor e eu quase morri de tanta aflição ao ver seu sofrimento, mesmo que em sonho.
Aproximei-me novamente de sua cama, arrisquei-me a sentar na beirada dessa vez e acariciei seus cabelos, cantarolando a melodia da outra noite, bem baixinho ao pé de seu ouvido. Ela foi se acalmando, mas ainda estava muito agitada.
- Eu amo você, Edward. – ela sussurrou e enfim seu sono voltou a ficar calmo. Já era quase de manhã, mas eu fiquei ali, cantarolando em seu ouvido e absorvendo suas palavras. Ah, como eu queria que ela as dissesse quando estivesse acordada! Eu a amava também, como nunca achei que fosse amar alguém.
A claridade invadiu o quarto e eu fui fechar a cortina, para o ambiente ficar mais aconchegante. Ela fora dormir muito tarde e ainda tivera mais um de seus pesadelos, ela merecia dormir até mais tarde. Voltei para o puff e continuei a observá-la. Não me importaria em fazer aquilo pelo resto da minha eternidade.
Mais algum tempo se passou até que seu celular começou a tocar. E agora? Eu deveria ir? Deveria, mas não conseguia. Resolvi descer para a sala antes que ela acordasse de vez. Lá de baixo pude ouvir a conversa dela com a Rose e a desculpa que ela deu para a amiga. Ri comigo mesmo de sua imaginação. Ela desligou o telefone e eu me apressei, não conseguindo ficar longe dela.
- Muito criativa. – eu disse aparecendo do nada e quase me arrependi quando escutei o salto de seu coração.
- Céus! Edward! – ela levou a mão ao peito. – Quer me matar do coração, é?
- Desculpe. – era cômico, eu não podia negar, mas tentei não gargalhar na sua frente. – Não queria te assustar.
- Sei. – e ela já estava rindo também. – De onde você surgiu? Como entrou aqui?
- Er... – ops, acho que vou ter que contar que fiquei por aqui. – Eu não saí, na verdade.
- Só um minuto. – ela disse com uma expressão meio brava. – E depois você vai me explicar isso. – eu concordei e ela entrou no banheiro.
Decidi descer e preparar um belo café da manhã para ela, afinal ela tinha que se alimentar bem. Não queria que minha doce amada ficasse fraca. Ela demorou alguns minutos e então me chamou.
- Edward?
- Aqui embaixo. – eu gritei e ela logo apareceu ao pé da escada.
Olhou para mim, depois para a mesa e me mandou começar a me explicar. Bom, eu expliquei, ela fez uma careta como quem não gostasse da idéia, mas no fim, cedeu. Ela era hilária e mesmo com alguma raiva, fazia piada, despertando um lado meu – leve e despreocupado – que eu nem me lembrava mais existir. Ela fechou os olhos e girou o pescoço, como se tentasse relaxar.
- Tudo bem? – eu perguntei preocupado.
- Ahã. – ela abriu os lindos olhos e me encarou. – Esses pesadelos acabam comigo.
- Você ficou mesmo bastante agitada. – ops, acho que não devia ter dito que a vi enquanto ela dormia. Acho melhor me explicar duma vez. – Não consegui sair do seu lado depois que a coloquei na cama. É muito angustiante ver sua dor durante o sono. Queria poder fazer alguma coisa para te ajudar.
- Eu deveria ficar muito brava com você, por ter me espionado essa noite, mas não consigo. – ela se soltou na cadeira.
- Quer falar sobre o pesadelo?
- É a mesma coisa de sempre. O contexto muda de noite para noite, mas no geral nós dois estamos bem e de repente aquelas sombras aparecem e ou eu, ou você, ou nós dois morremos nas mãos deles.
- Eu sinto muito. – eu disse ao ver sua expressão de tristeza com o final do pesadelo. Doía-me saber que ela passava por essa angústia toda, noite após noite.
- Mas, sabe, essa noite foi um pouquinho diferente, eu não acordei gritando. – ela refletiu mais um pouco. – Havia uma linda melodia, que surgiu na pior hora do sonho, e ela me acalmou. – ela me encarou e eu não consegui olhar em seus olhos novamente. – Edward? Foi... foi você? Você cantou para mim?
- Hum. – ok, essa foi uma das pouquíssimas vezes em que eu realmente fiquei encabulado e coraria, se eu pudesse. – Sim.
Ela abriu um largo sorriso, acalmando meu ser. Era bom saber que ao menos o som da minha voz a fazia se acalmar em meio aquele turbilhão de medos durante o sono. Mas aí, sua expressão se alterou novamente.
- Espera aí! – ela exclamou quase indignada. Oh-oh! – Na outra noite, também ouvi essa mesma melodia quase no fim do pesadelo. Você não...? – e agora? Eu devia dizer a verdade? – EDWARD! – ela me olhou com fúria. – Desde quando? – ela já estava em pé, parada à minha frente, com as duas mãos na cintura.
- Ok! – pausa. – Confesso. Tenho visitado seu quarto todas essas noites.
- Desde quando? – ela estava de olhos fechados agora, sua voz era quase um rugido de raiva.
- Hum... desde terça. – ela arregalou os olhos. – Mas eu posso explicar.
- Pode começar. – nunca a vi com tanta raiva, mas eu tinha começado, tinha que ir até o fim.
- Depois que nos encontramos na dança na terça, eu fiquei muito curioso a seu respeito, principalmente pelo fato de não conseguir ler sua mente. Então me arrisquei vindo até aqui e não consegui mais não deixar de fazê-lo. – ela me encarava, dura. – Eu via a sua agonia durante o sono, e ficava desesperado por querer ajudá-la, mas eu não podia fazer nada. E eu estava intrigado, desconfiado de que você suspeitava sobre nossa natureza, então estava tentando desvendar alguma coisa. – fiz uma pausa, sua expressão ainda era dura. – Na madrugada de quinta para sexta, você estava mais agitada do que “normal”, e sua dor parecia mais intensa, então eu não agüentei e tentei confortá-la, com uma antiga melodia. E parece que funcionou, pois você ficou mais calma. E foi o que fiz nessa noite também. Minha única intenção era tentar aliviar um pouco seu sono sofrido.
Ela ficou ainda alguns momentos em silêncio, de olhos fechados, analisando minhas palavras. Aquela espera era torturante, mas eu tinha que suportá-la. Finalmente ela abriu os olhos, soltou a respiração lentamente e me encarou. Seus olhos ainda não me diziam como ela estava se sentindo.
- E você não tem nada mais interessante para fazer a não ser vigiar meu sono? Você não tem que dormir também?
- Bom, na verdade não. Eu não durmo. E tudo o que envolve você é interessante para mim.
- Até uma noite cheia de pesadelos? – ela disse com um tímido sorrisinho nos lábios.
- Até uma noite cheia de pesadelos. – eu repeti suas palavras.
- Ok. – ela suspirou mais uma vez e seus olhos eram doces novamente. – Bom, pelo menos não vou mais me sentir sozinha quando acordar no meio da noite.
- Oh, ! – ela não existia, eu não a merecia. – Desculpe-me, por favor. Eu não queria invadir sua vida, mas é quase impossível para mim, ficar longe de você.
- Tudo bem, Edward, está desculpado. Mas tem uma condição. – ela sorriu de canto.
- E qual é?
- Quero conhecer sua casa. – eu abri um largo sorriso e ela correu escadas acima para se trocar.
Capítulo 11 – Visitando a Mansão
’s POV
Coloquei a primeira roupa decente que vi pela frente e logo já estava na sala outra vez. Ok, eu tinha ficado puta da vida com esse negócio dele ter me espionado durante meu sono, mas depois que ele contou seus motivos, confesso que até fiquei lisonjeada por ser vigiada por ele. Significava que eu era tão especial para ele, quanto ele era para mim. E saber que eu não estaria sozinha à noite, era um conforto extra. Ele riu com minha ansiedade e me acompanhou até o carro depois que tranquei a casa. Para irmos até lá, tínhamos que pegar um pedaço da estrada e depois uma estradinha de terra – praticamente uma trilha – até que finalmente a grande mansão surgiu entre as árvores.
Meu queixo caiu com a beleza da casa: tinha 3 andares, detalhes em madeira, muitas paredes foram substituídas por vidros – o que dava uma amplitude estonteante – além de ser de extremo bom gosto.
Entramos e demos de cara com uma imensa sala muito clara e arejada. Havia uma enorme TV de tela plana numa das paredes, diante da qual existia um aconchegante sofá branco e no chão um convidativo tapete felpudo, na cor creme. Alguns quadros enfeitavam a outra parede que terminava em uma escada e na outra parede, que era de vidro, havia um magnífico piano de cauda preto.
- Era o que você esperava? – ele sussurrou em meu ouvido.
- Definitivamente não. – eu sorri para ele. – Vim esperando um castelo ao estilo Transilvânia.
- Desculpe, nada de coisas sombrias por aqui. – e passou uma das mãos pela minha cintura, o que provocou uma agradável sensação de formigamento em meu estômago. – Venha, eles estão na cozinha.
- Vocês têm uma cozinha?
- Claro. Temos que manter nosso disfarce. – ele riu divertido e me guiou pela escada.
Eu pude ouvir um barulho de talheres e senti um agradável cheiro de algo doce sendo preparado. Demos mais alguns passos e logo eu estava diante de toda a família. Havia uma pequena tensão no ar, mas que logo foi quebrada pela amabilidade de Esme. Eu pude sentir que eles se importavam comigo e com meu bem-estar, o que me deixou comovida e fez ter a certeza absoluta – se é que eu ainda tinha alguma dúvida – de que eles eram muito especiais. Houve um pequeno momento de estresse quando Emm me deu um susto, mas logo Edward resolveu isso me levando para conhecer o restante da casa.
Subimos novamente um lance de escadas que dava para um longo corredor. Havia várias portas e ele foi me dizendo a quem pertenciam: escritório do Carlisle, quarto dele e Esme, quarto da Alice e do Jasper, quarto do Emmett e, por último, o seu. Ele abriu a porta e me deu passagem.
Fiquei chocada com a quantidade de CDs que havia ali: uma parede inteira! Além de alguns instrumentos como violão, guitarra e um sax. Em meio à coleção de CDs havia um aparelho de som de última geração. A parede do fundo era de vidro também e dava para a floresta e um riacho que cortava a terra. Havia também um grande e confortável sofá de couro preto, decorado com almofadas brancas e um tapete branco e felpudo.
- Uau! – eu exclamei, virando-me para ele.
- Gostou? – ele parecia ansioso pela resposta.
- Sim, muito. – mas eu fiz uma pausa. – Só falta uma coisa para ser o quarto perfeito. – ele me olhou de modo interrogativo. – Uma cama. – ele ia falar alguma coisa, mas o interrompi. – Eu sei que vocês não dormem, mas também não precisam descansar? Tipo, repor as energias?
- Não. – ele sorriu divertido. – Nunca nos cansamos. E “repomos a energia” quando nos alimentamos.
- Ok então. – eu disse mudando o foco da conversa. Ainda não estava totalmente à vontade para falar da dieta dele, ainda mais quando minha mão ainda estava machucada. – O que você está ouvindo? – e dei play no aparelho. Imediatamente o quarto foi invadido pelas notas fortes e sombrias da 5ª Sinfonia de Beethoven. – Beethoven? – eu o instiguei.
- Sou um cara meio conservador. – ele disse ainda inseguro.
- É meu compositor clássico preferido. Mas eu prefiro a 9ª Sinfonia, é mais alegre. – e sorri com sua expressão espantada.
- Não seja por isso. – ele buscou por um CD, mas eu o interrompi.
- Não faça isso, Edward.
- Por que não? Você acabou de dizer que é sua sinfonia preferida. – ele estava confuso.
- E é. – eu sorri. – Só que me emociono muito.
- Não se preocupe, . – ele sorriu e apertou o play. (n/a: para quem não sabe de que música estou falando – Música 05 – o trecho que eu mais gosto vai até o minuto 3’20 +/-)
- Eu avisei. – eu disse indo em direção à parede de vidro.
A música começou e eu já senti os primeiros arrepios percorrerem meu corpo. Logo depois veio a primeira lágrima e aí não parei mais de chorar. A melodia era linda demais e sempre mexeu muito comigo, não havia uma única vez em que eu a escutava que não chorava.
Edward parou ao meu lado e enlaçou minha cintura. Foi aí que desabei de vez. Quando aquela parte da música terminou, meus olhos estavam vermelhos e então o encarei: sua expressão era de completa fascinação, e ao mesmo tempo, ele tinha um ar um pouco triste.
- Ah, ! – ele me abraçou e eu suspirei em seu peito. Afastei-me e o olhei novamente.
- Eu te avisei. – eu disse, já com um sorriso, e enxugando as lágrimas. – Eu sou uma manteiga derretida.
- Isso é lindo. – ele disse, ainda sério.
- Chorar feito uma louca por causa de uma música?
- Também. – ele sorriu de leve. – Deixar que algo te envolva, te atinja tão profundamente que a única maneira de expressar suas emoções seja através de lágrimas. – e ele enxugou a última que caía dos meus olhos. – Daria qualquer coisa para poder me expressar dessa maneira outra vez. – e seu olhar ficou desfocado por um momento.
- Oh, Edward. Eu sinto muito. – eu acariciei seu rosto.
- Não se preocupe. – ele sorriu sincero para mim.
- Interrompo? – perguntou Emmett da porta do quarto.
Edward’s POV
Logo ela voltou para a sala e fomos para o carro. O caminho foi rápido e ela prestava atenção a cada detalhe, tentando decorar o caminho. Entramos na estradinha de terra e logo depois chegamos. Sua expressão era impagável. Eu a conduzi até a sala e pude ver que ela estava mesmo muito admirada.
- Era o que você esperava? – eu sussurrei em seu ouvido. Estava muito curioso para saber sua opinião.
- Definitivamente não. – ela respondeu sorrindo. – Vim esperando um castelo ao estilo Transilvânia. – eu tive que segurar o riso. O que ela queria: caixões, teias de aranha e morcegos?
- Desculpe, nada de coisas sombrias por aqui. – eu passei uma das mãos pela sua cintura e a direcionei para subir as escadas. – Venha, eles estão na cozinha.
- Vocês têm uma cozinha? – ela pareceu espantada.
- Claro. Temos que manter nosso disfarce. – e tive gargalhar. Ela era muito mais divertida do que eu podia imaginar.
Logo chegamos e Esme se aproximou:
- Minha querida! – Esme a abraçou gentilmente. – Como você está? Ficamos preocupados ontem à noite. Ela parece muito bem, exceto por esse roxinho no canto do lábio. Que alívio, Edward!
- Estou bem, Esme. – ela sorriu. – Não precisa se preocupar.
- E sua mão? – perguntou Carlisle. – Doeu muito?
- Não. Eu te falei, tenho alta tolerância à dor.
- Pessoal, vamos mudar de assunto, né? já deve estar cansada de fazermos com que ela reviva a noite de ontem. – disse Jasper. Estou sentindo o SEU desconforto, Edward. aparenta estar muito bem com relação ao que aconteceu.
- Relaxa, Jasper. – ela sorriu e eu me peguei encarando-a mais seriamente. – Também tenho uma alta tolerância a traumas.
- Não repita isso, mocinha. – eu disse abaixando até seu ouvido. De maneira alguma eu queria que ela passasse por algo semelhante outra vez. – Não quero que se acostume a traumas.
- Bobo. – ela sorriu novamente e eu confesso que quase derreti ao ver toda a sua sinceridade ali. – Posso perguntar o que estão fazendo aqui? – ela mudou de assunto rapidamente. Ela está bem, Edward, relaxe, por favor. Esse foi Carlisle em minha mente.
- Seu lanche da tarde! – respondeu Alice toda sorridente. – Eu sei que você acabou de tomar café da manhã, mas como vai ficar o dia todo aqui conosco, é bom termos alguma comida humana por perto. Ela ficará com fome no meio da tarde, Ed, humanos precisam comer com freqüência.
- Ah, claro. – ela sorriu muito à vontade. – Oi, Alice. – e minha irmã correu para abraçá-la. Ela é tão adorável, Ed! – Onde está o Emmett? – perguntou.
- Aqui! – ele surgiu do nada e o coração dela deu um salto no peito. Ah, eu queria trucidar meu irmão besta com suas brincadeirinhas infames, eu já estava pronto para lhe dar uma bronca, quando ela segurou meu braço e eu relaxei. Que estranho poder ela exercia sobre mim, que me fazia ficar calmo em sua presença?
- Vai assustar a vovozinha, Emmett! – ela disse num tom sério, mas não conseguiu segurar a gargalhada e todos nós acabamos rindo com eles. Foi mal, Edward, esqueci que humanos tem o coração fraco, mas se ela não surtou com nossa identidade, não vai ser um sustinho que vai fazer mal, vai? E foi divertido. Eu soltei um silvo baixo demais para seus ouvidos humanos, mas extremamente claro para meu irmão. Ok, não vou mais fazer isso. Relaxa.
- Venha, vou te mostrar o resto da casa. – eu disse e a levei para o último andar. Ainda pude escutar os pensamentos deles, todos empolgados com a ótima aceitação dela quanto a nossa natureza.
O lance de escadas terminou no corredor dos nossos quartos e do escritório de Carlisle. Eu os apontei para ela e depois parei, diante da porta do meu quarto. Uma onda de nervosismo percorreu meu corpo, tentando adivinhar o que ela acharia do meu lugar. Abri a porta e dei-lhe passagem. Ela analisava tudo, olhando cada detalhe. Pareceu meio chocada com a quantidade de música que eu tinha em meu quarto. Ok, confesso. Sou apaixonado por música – a boa música, claro – e tenho ao menos um exemplar de cada disco que já foi lançado nos últimos quase 100 anos. Ela passou os olhos também pelos meus instrumentos musicais, pelo sofá – que era usado mais para decoração do que para qualquer outra coisa – e pelo tapete.
Ela fez uma expressão de surpresa e disse que gostou do meu lugar, saciando minha ansiedade, mas questionou a ausência da cama. Será que ela havia esquecido que não dormimos? Mas logo ela desfez minha dúvida, perguntando se não tínhamos que “repor as energias”. Sua expressão estava engraçada, então eu expliquei que fazíamos isso quando nos alimentávamos. Ela se deu por satisfeita e virou-se para o aparelho de som perguntando o que eu estava ouvindo e logo em seguida apertou o botão de play. A última vez que ouvi música foi quando voltamos da aula, na quarta, quando dançamos pela primeira vez. Ela arqueou uma sobrancelha surpresa por ser Beethoven e eu fiquei momentaneamente inseguro, mas tudo passou quando ela disse que era seu compositor clássico predileto. Confesso que fiquei mais surpreso ainda. Ela não existia! Quem, nos dias atuais, fala que gosta de música clássica?
Decidi então colocar para tocar a peça que ela mais gostava, a 9ª Sinfonia, mas ela me pediu para não fazê-lo. Fiquei intrigado, obviamente, e ela apenas respondeu que ficava emocionada demais. Ah, eu queria ver aquilo e praticamente a ignorei, apertando o play no trecho que eu imaginava ser o seu preferido.
- Eu avisei. – ela disse, dando-me as costas e parando diante da parede de vidro.
Sem sombra de dúvidas era um dos melhores trabalhos de Beethoven, uma sinfonia magnífica, forte e delicada. Logo ouvi seu coração acelerar um pouco e pude sentir o cheiro da primeira gota de lágrima. Oh, céus! Há quanto tempo EU não choro! Lembro-me da sensação, dos olhos ficarem úmidos e então a água salgada transbordar e escorrer suavemente pelo rosto.
Parei ao seu lado e enlacei sua cintura. Eu achava maravilhoso poder expressar-se dessa maneira! Sabia que seu choro não era de tristeza e sim de admiração, de emoção, era a melhor forma de demonstrar todo o prazer que aquela música lhe proporcionava. Ela pareceu se sentir segura com meu contato e liberou seus instintos para aproveitar a melodia, que já chegava ao final. Ao término, ela me olhou e vi todo aquele sentimento estampado em seus olhos , agora um pouco avermelhados.
Abracei-a instintivamente, em sinal de proteção, quando vi seus olhos encharcados. Conscientemente eu sabia que ela não precisava de proteção naquele momento, mas era assim que meu corpo reagia àquela imagem. Ela suspirou em meu peito e depois se afastou, com um singelo sorriso dizendo que tinha me avisado.
Eu estava encantado demais com aquilo, com o modo como ela se entregava sem medos e sem vergonha aos seus sentimentos. Ela era daquele tipo de pessoa passional que se jogava de cabeça numa situação, se fosse aquilo que seu coração pedisse. Por um momento me veio uma nostalgia por não poder mais demonstrar dessa maneira a intensidade dos meus sentimentos e ela, observadora como sempre, percebeu isso e subiu sua delicada mão até meu rosto.
- Não se preocupe. – eu sorri. Eu não podia deixar que ela se sentisse culpada por despertar em mim esse desejo quase esquecido por tanto tempo.
- Interrompo? – perguntou Emmett da porta do quarto. Só vim ver se estava tudo bem, pois sentimos cheiro de lágrimas.
Capítulo 12 – Bancando o Cupido
Edward’s POV
- Oi, Emmett! – ela disse sorridente, terminando de secar seus olhos. Ela percebeu que ele a encarava preocupado. O que aconteceu por aqui Edward? Mas ela foi mais rápida e respondeu. – Seu irmão aqui me fez chorar.
- O que aconteceu? Edward....
- Beethoven. – ela apontou para o aparelho de som e sorriu arteira.
- Ah, tá! Ufa! Não estávamos entendendo nada lá de baixo. Todos nós gostamos muito dela, irmão. – e ele abriu um sorriso divertido.
Houve um momento de silêncio. Será que eu pergunto sobre a Rose? Não gostei de não tê-la visto ontem. Mas como se lesse a mente de meu irmão, ela disparou.
- Sabe quem me acordou essa manhã, Emmett? – ela olhou para mim, como se perguntasse minha opinião e eu sorri, concordando com sua idéia. Afinal de contas, eu entendia perfeitamente o que meu irmão sentia.
- Quem?
- A Rose. – ela respondeu e ambos percebemos que seus olhos dourados brilharam quando ela falou o nome da amiga. – Ela queria saber como tinha sido a aula de ontem.
- Ah é? E o que você disse? Ela perguntou de mim? Como ela está? – Emmett disparou numa rajada só. Eu e só pudemos gargalhar.
- Ela está bem. – disse. – Como eu não pude contar para ela o que aconteceu ontem... – ela disse calmamente. – Eu tive que inventar uma desculpinha e disse que você não tinha ido à aula porque não estava se sentindo muito bem. – ela sorriu para meu irmão. – E ela ficou muito preocupada com você, imaginando se você estaria bem e essas coisas. Até perguntou se eu tinha seu telefone! – ela disse a última frase usando uma entonação de espanto e eu nem precisava ouvir os pensamentos do meu irmão para saber que ele estava radiante com aquilo.
- Nossa, que história você inventou, heim! – ele exclamou.
- Eu disse que ela tinha uma boa imaginação. – eu disse e ela me deu um cutucão na costela. – Mas você tem, o que posso fazer? – e sorri para ela, que me mostrou a língua, mas depois sorriu de volta.
- Hei, vocês dois! – disse meu irmão. – E aí, como ficamos?
- Emm? – chamou sua atenção. – Quais suas intenções com minha amiga? – eu tive que conter a gargalhada.
- Hã...bom.... – São as melhores e as piores também. E pude ver várias cenas se passando na mente de meu irmão, coisas sobre as quais teríamos que ter uma séria conversa, mas no resumo, ele estava perdidamente apaixonado pela garota. – Eu gosto dela. Eu quero ficar com ela. – ele respondeu em voz alta.
- Muito bem então. – ela disse. – Qual é o número do seu celular? – e eu não precisava ler sua mente para saber o que ela estava aprontando. Emm disse o número e levantou o dedo indicador, pedindo que ele esperasse. – Alô, Rose? (...) Pois é, então, você ainda quer o telefone do Emm? (...) É, encontrei com o Edward aqui no mercado e ele me disse que o Emm ficou chateado por não ter ido à aula ontem. (...) É, e disse também que ele ficou preocupado com você, por você não ter ido. (...) Claro. Bom, anota aí então. (...) Ok. A gente se fala depois.
- O que você fez? – perguntou um Emmett pasmo.
- Ora, estou só dando mais veracidade à minha desculpa. – e eu tive que gargalhar com a resposta dela. Emmett já saía do quarto quando ela o chamou mais uma vez. – Hei, não se esqueça de fingir surpresa quando o telefone tocar, e eu não estou aqui, heim!
Ele voltou e a abraçou, levantando-a do chão e depois foi para seu quarto, com o telefone em punho.
- Edward?
- Sim. – eu me voltei para ela.
- As intenções dele são boas mesmo, né? – ela sorria, mas eu podia ver uma pontinha de preocupação pela amiga.
- Fique tranqüila. Ele realmente gosta dela. – ela alargou ainda mais o sorriso e voltou seu rosto para a mata. Eu já estava me preparando para enlaçar sua cintura e perguntar o que havia de errado quando Alice disparou quarto adentro.
’s POV
- AAAAhhhhhhhhhhhhhhhh! – gritou Alice entrando quase voando no quarto.
- O que foi, criatura? – eu perguntei quando ela encarou Edward por alguns segundos. – Alice? O que você viu?
- Emm e Rose. – disse Edward sorrindo com a visão da irmã. – Eles vão se tornar namorados em breve.
- Jura? Que ótimo! – eu disse e acabei imitando Alice, que batia freneticamente as mãos e dava alguns pulinhos. – Quando, Alice? – eu perguntei depois de recuperar o controle da minha empolgação.
- Ah, dois ou três dias, no máximo. – e ela sorria feliz. – Vou contar pra Esme. – ela correu para fora, mas antes de sair parou. – Ah, Edward, vai fazer sol amanhã. – e disparou porta afora.
- E isso quer dizer que você vai me mostrar o que acontece com vocês ao sol? – eu indaguei olhando diretamente naqueles olhos dourados.
- Hei, achei que quem lia mentes aqui era eu. – ele disse sorrindo e acariciou meu rosto.
Imediatamente meu corpo foi invadido por uma onda de adrenalina e hormônios, meu coração se acelerou e senti minhas pernas tremerem.
- Tudo bem? – ele perguntou, encarando firmemente meus olhos.
- Ahã. – eu suspirei e engoli seco. – É só que você desperta algumas emoções em mim que eu nunca tinha sentido antes. – eu disse sendo o mais sincera que conseguia.
- Você também. – ele disse e foi aproximando-se vagarosamente, como se estivesse se preparando para um beijo. Meu coração deu um pulo com essa possibilidade e disparou mais rápido ainda. Ele se aproximou mais um pouco e encostou sua testa na minha, respirando pesadamente.
- O que foi? – eu perguntei num sussurro, percebendo que ele fazia muita força para estar ali.
- Esse é o máximo que consigo hoje. – ele disse quase com culpa na voz, e eu entendi perfeitamente o quão difícil era para ele ignorar a sede pelo meu sangue. – Apesar de meu desejo ser de ir além, e meus lábios implorarem pelos seus.
Eu não pude evitar o outro pulo que meu coração deu ao ouvir aquelas palavras. Ele queria me beijar! Eu sabia que tinha que ser paciente até que ele conseguisse o autocontrole suficiente para poder me beijar, mas era muito difícil me segurar também, quando o que eu mais queria era provar o seu beijo. Respirei fundo, afastei nossas testas e segurei em seu rosto, fazendo um leve carinho em seus lábios com o polegar.
- Vamos levar todo o tempo que for necessário. – eu disse fitando seus olhos e depois dei um sorrisinho malicioso. – Só não demore demais. – e ele riu também, segurando minha mão e beijando-a suavemente.
- Só o necessário. – ele disse e me puxou para fora do quarto, levando-me para a sala, onde a família estava reunida, exceto por Emm que ainda estava em seu quarto.
Edward’s POV
Logo que chegamos à sala, encarou o piano outra vez e com uma carinha muito angelical me pediu para tocar para ela. Todos acharam uma excelente idéia e eu me sentei ao piano, ela ficou ao meu lado. Resolvi fazer uma brincadeira com ela e toquei as primeiras notas da 9ª Sinfonia.
- Edward! – ela deu um tapa em meu ombro. – Nem bem acabei de me recuperar direito e você já quer me ver chorando outra vez, é?
- Só estou te provocando, sua boba. – e deslizei a mão pela sua bochecha.
- Sei. – ela sorriu.
Iniciei uma pequena apresentação com as músicas que eu mais gostava de tocar, inclusive algumas composições minhas, como a música favorita da Esme, que ficou emocionada ao término desta.
- É linda. – sussurrou ao meu ouvido, provocando uma onda de desejo por meu corpo. Ah, céus! Eu tinha que conseguir me controlar para poder experimentar todas as sensações que meu corpo e meu coração morto imploravam.
- Tem uma para você também. – eu disse e vi um brilho surgir em seus olhos.
- E é linda! – completou Alice.
Eu toquei a melodia delicada e imponente que eu tinha feito para ela. Apenas Alice a conhecia, pois já a tinha visualizado. Depois que terminei olhei fixamente para seus olhos, que estavam mareados. É linda, filho! – disse Carlisle. Tão delicada quanto ela! – disse Esme. Ai, ai! – suspirou Alice. Ela é sua alma gêmea, Edward. – esse foi Jasper. Mas eu ainda não tinha ouvido a sua opinião. Não que a da minha família não fosse importante, claro que era, mas a dela era a mais.
- E então? – eu a estimulei.
- Eu... eu não tenho palavras. – ela disse num fio de voz. – Eu não mereço tudo isso Edward.
- Claro que merece. Isso é insignificante perto de você.
- É linda. – ela disse, depois de corar um pouco. – Obrigada.
- Disponha. – eu disse sorrindo e ela abriu um belo sorriso também, ainda fitando meus olhos.
- Pessoal! – disse Alice chamando nossa atenção. – Sem querer estragar esse momento, mas já estragando, acho que está na hora da comer alguma coisa. – foi só aí que eu percebi que a tarde já estava quase no fim e ela provavelmente estaria com fome.
- Não se preocupe, Alice eu não estou... – mas seu estômago deu uma resmungada e ela ficou vermelha na hora. – Ok, acho que eu me esqueci que preciso comer de vez em quando.
Fomos para a cozinha e ela devorou um pedaço da torta de morangos que eles tinham preparado mais cedo. Foi então que escutamos um barulho vindo pela escada e Emmett apareceu na porta. Ele praticamente agarrou a e a girou no ar, depois lhe deu um beijo estalado na bochecha – o que me deixou com um pouco de ciúmes, confesso – e disse, apertando suas bochechas:
- Eu te adoro! Eu te adoro! Eu te adoro!
- Wow, Emm. Por que tudo isso? – ela disse quando finalmente se viu livre das mãos de meu irmão.
- Eu e a Rose ficamos conversando até agora e vamos sair amanhã! Vamos até Port Angeles, no shopping! – ele disse aliviando a curiosidade de todo mundo. – Só não sei como vou fazer com o sol. – ele ficou triste de repente.
- Humm.... – disse pensativa. – Acho que posso te dar uma ajudinha. – ela disse sorrindo para ele. – Você vai ser um pouquinho mal educado e não vai nem buscá-la na porta de casa, e nem abrir a porta do carro.
- Mas.... – ele começou a falar.
- Mas nada. – riu sapeca. – Confie em mim, Emm.
- Ok. – ele disse e depois saiu para caçar.
- Eu acho que.... – começou a falar, mas foi interrompida pelo celular. – ...a Rose vai me ligar. – ela sorriu atendendo a ligação. – Rose, estava entrando no banho, posso te ligar daqui a pouco? (...) Ok, beijo!
- Está na hora de ir para casa? – eu perguntei com um sorriso. Ela apenas assentiu, agradeceu a sobremesa e fomos para o carro. O caminho da volta foi silencioso.
- Edward? – ela fez uma pausa e depois continuou. – Como você faz para entrar no meu quarto?
- Bom, geralmente uso a janela. – eu disse com um pouco de receio da pergunta tão direta.
- Você virá hoje?
- Você quer que eu venha? – agora que ela sabia, acho que era melhor eu me certificar, né?!
- Claro. – ela sorriu feliz.
- Então nos vemos mais tarde. – eu disse e afaguei seu rosto, antes que ela saísse do carro. Voltei para casa quase nas nuvens, pensando em tudo o que aconteceu naquele dia, e decidi ir caçar também, mais por precaução do que por sede.
’s POV
Passei todo o caminho pensando no meu dia perfeito ao lado do Edward e de sua família. A emoção de sentir a confiança deles, o alívio por ter minhas suspeitas esclarecidas, os sentimentos despertados na presença dele. Oh, céus! Como eu queria beijar aqueles lábios! E conheci outro lado também, mais livre e informal dele e da família. E Emmett! Ah, como eu gostava dele, sentia-o como um irmão mais velho, brincalhão e divertido. Eu não estava pronta para me despedir de Edward ainda quando chegamos à frente da minha casa. Foi então que perguntei se ele apareceria naquela noite e fiquei muito feliz em saber que sim. Ainda tinha tanta coisa para conversarmos. Eu simplesmente não conseguia mais ficar longe dele. Como pode, em apenas uma semana eu já estava perdidamente apaixonada por um vampiro! Só em Forks mesmo!
Entrei correndo em casa e fui fazer minha lição: ligar pra Rose.
- Oi, amiga!
- !!!!!!! – ela gritou do outro lado da linha.
- Onde é o incêndio, mulher? – eu disse rindo.
- O Emmett! A gente conversou durante muito tempo hoje e ele me chamou para sair!
- Jura? – eu tive que forçar um espanto, claro. – Quando? Para onde vocês vão? Quero saber de tudo!
Ela passou quase uma hora me contando cada palavra da conversa e terminamos aquele papo depois de eu ter estrategicamente me oferecido para ajudá-la a se arrumar na manhã seguinte. Eles sairiam para almoçar em Port Angeles e passariam o dia no shopping, vendo filme e etc. Depois disso eu finalmente fui tomar meu banho e me perdi no tempo enquanto a água quente escorria por meu corpo.
Capítulo 13 – A Primeira Noite
’s POV
Depois que terminei meu banho desci para comer alguma coisa salgada, já que só uma torta de morango não funcionava muito bem como uma refeição completa. Ok, uma torta de frango congelada também não, mas eu não estava exatamente inspirada para preparar algo mais elaborado. Sentei em frente à TV e corri alguns canais enquanto jantava, mas logo uma ansiedade começou a invadir meu corpo e eu logo desisti da sala.
Fui para meu quarto e liguei o computador. Tinha que fazer alguma coisa para me distrair até a chegada de Edward, que aliás, eu não sabia a que horas seria. Abri meu email e vi que havia algumas mensagens de amigos, do meu ex-professor de tango e uma da minha mãe. Ela não era muito adepta da tecnologia, mas como ligações internacionais eram caras, ela estava meio que se obrigando a usar a ferramenta. Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali, até que senti uma corrente de ar mais fria ao meu lado.
- Pesquisando sobre vampiros? – Edward disse sorridente com sua voz de veludo.
- Não. Apenas respondendo alguns emails. – eu encarei aqueles olhos dourados, que estavam mais claros do que nunca. – Que graça tem fazer qualquer pesquisa na internet quando se tem uma fonte verídica de informações? – eu dei um sorriso maroto.
- Espertinha você. – ele disse dando um leve beliscão na minha cintura.
Eu me contorci com a cócega e desliguei o computador. Aconcheguei-me na cabeceira da cama, e ele ficou sentado mais para a ponta, de frente para mim.
- Posso saber o que você está planejando para ajudar o Emmett amanhã? – ele perguntou curioso.
- Nada de mais, na verdade. Combinei de ajudar a Rose a se arrumar, então quando o Emm chegar, eu saio junto na porta e a acompanho até o carro, com a desculpa de “amiga preocupada”.
- Bem pensado. – ele disse sorrindo para mim. Eu fiz um gesto de agradecimento teatral, e ele riu mais alto.
- Ela ficou tão empolgada, Edward. – eu disse com um sorriso sincero. – Ela gosta mesmo dele.
- Eu sei. – ele disse ainda sorrindo. – Só não é maior do que o que eu sinto por você.
- E eu por você. – eu disse depois de me recuperar daquela declaração. Minha vontade era de agarrá-lo, beijar seus lábios e fazer carinho em seus cabelos, vontade de sentir suas mãos em meu corpo, de me entregar a ele sem medos.
Ele acariciou meu rosto com as costas dos dedos e logo depois eu peguei sua mão entre as minhas, fazendo carinho com o polegar até trazê-la junto a minha boca e depositar ali um selinho. Ele suspirou e sua expressão era de desejo.
- Como você está em relação ao meu cheiro? – eu perguntei, ainda acariciando as costas da sua mão.
- Estou controlado.... por enquanto. – ele disse um pouco reticente. Eu me aproximei dele e ele ficou um pouco mais tenso.
- Calma. – eu disse segura. – Apenas não respire. – e sorri. Ele me obedeceu e eu voltei a me aproximar, bem lentamente, olhando em seus olhos.
Meu coração estava acelerado e eu sabia que ele podia ouvi-lo, mas isso não me incomodava. O que eu mais queria era mesmo beijar aqueles lábios ligeiramente rosados, mas sabia que ainda não era a hora. Segui meu rosto pela lateral do seu, vi que ele fechou os olhos e depositei um suave beijo em sua bochecha, acariciando o lado oposto com o polegar. Afastei-me lentamente e voltei para o meu lugar na cama, um pouco mais afastada.
- ... – ele disse depois de um tempo, ainda com os olhos fechados. – Isso foi fantástico. – ele abriu os olhos e sorriu.
- Não era exatamente onde eu queria beijar... – eu disse com um sorriso malicioso. – ...mas me dou por satisfeita por enquanto.
- Não me tente, dona ! – ele disse mais relaxado. – Logo você terá seu desejo realizado. – ele afagou novamente minha bochecha, e depois desceu o polegar pelos meus lábios. Meus olhos se fecharam imediatamente para absorver aquele carinho. – Mas, nesse meio tempo, por que não me conta um pouco sobre você?
- Nossa, que balde de água fria, Edward! – eu bufei para ele, em meio a um sorriso. Ele gargalhou. – Ok, o que você quer saber?
- Tudo. – ele disse e começou o interrogatório.
Falei sobre minha vida no Brasil, minha paixão pela dança e pelo tango, sobre meus pais, sobre a opinião deles a respeito da minha opção e sobre coisas mais simples como minha cor favorita, flor, música e etc.
Não sei por quanto tempo conversamos, mas foi por muito tempo. Incrível como o assunto não acabava entre nós. Mas eu fui vencida pelo cansaço e aos poucos fui adormecendo.
A clareira era iluminada pelo luar quando cheguei nela. Toda a família Cullen estava numa lateral, com olhos desesperados: Esme e Carlisle mais ao fundo, Alice e Jasper ao lado deles, Edward um pouco mais à frente e Emmett ao seu lado. Edward gritava alguma coisa para mim, mas eu não conseguia ouvi-lo e ele não conseguia se aproximar. Emmett tinha uma expressão triste de cortar o coração. Eu fui indo na direção deles, até que vi, na lateral oposta a eles, os tão familiares mantos negros e olhos vermelhos. Eu não via seus rostos, mas podia nitidamente ouvir suas risadas malignas. Eu estava mais ou menos no meio do caminho até Edward, que ainda gesticulava desesperadamente, quando um frio de pânico percorreu minha espinha e eu vi um novo par de olhos vermelhos vindo em minha direção. Demorei alguns segundos para perceber quem era: Rosalie. Ela estava mais linda ainda e seus olhos eram de um vermelho muito vivo. Ela sorria enquanto vinha em minha direção. – , amiga! Por que não me contou antes? Isso aqui é o máximo. – ela disse chegando mais perto ainda. – Rose, o que aconteceu com você? – eu tentava entender o motivo dela ter se transformado. – Entrei para a família. – ela disse gargalhando. – Mas eles são muito chatos. – disse apontando para os Cullens. – Sangue humano é muito mais gostoso. – ela tinha um ar feroz em sua expressão. Ouvi as risadas ao fundo e no instante seguinte ela estava atrás de mim, imobilizando-me com um dos braços, enquanto afastava meu cabelo e expunha meu pescoço. Meu coração estava a mil. – Desculpe, amiga, mas seu cheiro é bom demais para ser ignorado. – ela gargalhou alto instantes antes de cravar os dentes em meu pescoço.
Edward’s POV
Quando cheguei ao seu quarto ela estava entretida no computador. Ela sentiu a corrente de ar e logo notou minha presença. Seu sorriso era encantador e fascinante para mim. Conversamos um pouco sobre os planos dela para ajudar Emm a fugir da luz do sol e acabei dizendo, mais uma vez o quanto eu já a amava. Minha vontade era de tomá-la em meus braços, beijá-la com todo meu amor, sentir em minha pele cada pedaço daquele corpo, amá-la com todo o meu sentimento; mas minha garganta ainda ficava em brasa cada vez que eu inalava o ar ao meu redor.
Eu sabia que a tensão entre nós estava latente, mas o máximo que eu podia me arriscar era fazer carinho com minha mão. Seu coração deu uma acelerada com esse movimento, o que me deixou mais consciente ainda de que ela me queria tanto quanto eu a queria. Ela segurou minha mão entre as suas e começou a fazer carinhos com o polegar na minha pele, o que me deixou mais desperto ainda. Foi aí que ela elevou minha mão até seus lábios e depositou ali um suave beijo. Aquilo foi o suficiente para fazer com que minha imaginação desejasse ainda mais aqueles lábios nos meus. Era um gesto até que inocente na verdade, mas capaz de provocar ondas de desejo e prazer.
Ela então olhou fundo em meus olhos e perguntou como estava minha sede por seu sangue. Eu respondi que ainda estava controlado. Mas temia não ser forte o bastante para me segurar por muito mais tempo. Ela deu um sorrisinho quase safado e começou a se aproximar. Minha reação instintiva foi de me afastar, mas ela me pediu calma e me ordenou que não respirasse. Na hora eu obedeci, pois por maior que fosse meu medo, minha curiosidade em saber o que ela pretendia era maior naquela hora. Ela voltou a se aproximar e dirigiu-se para a lateral do meu rosto, segurando o mesmo com uma das mãos. Seu coração estava descompassado, o que me dizia que ela estava tão nervosa quanto eu com aquilo tudo. Quando eu entendi o que ela ia fazer, meus olhos se fecharam e segundos depois senti o toque macio e quente de seus lábios em minha bochecha. O polegar fazia carinho no lado oposto e ela deixou-se ali por um momento. Aquela foi a melhor sensação que eu já experimentei em toda minha existência: o toque doce e delicado da minha amada em minha pele fria e dura. Ela se afastou e voltou ao lugar em que estava antes, analisando minha reação. Ah, como eu queria retribuir aquele carinho, fazer com que ela sentisse o mesmo prazer que eu. O máximo que consegui foi afagar novamente seu rosto, e descer meu polegar para seus lábios.
Eu não precisava ser o Jasper para saber que o clima ali estava repleto de sensualidade e desejo. Decidi mudar o rumo daquela “conversa” antes que eu fizesse uma besteira. Ela riu com minha fuga, mas me entendeu perfeitamente. Passamos a conversar sobre ela, sua vida e tal, afinal eu ainda não sabia quase nada sobre ela e ela conhecia meu maior segredo.
A conversa durou algumas horas até que ela ficou sonolenta e depois de lutar bravamente, foi vencida pelo sono. Eu a aninhei em suas cobertas e fui para o puff, como tinha feito durante todas aquelas noites. E como sempre, depois de um tempo mais um pesadelo começou. Eu logo fui para seu lado e cantarolei a antiga melodia, mas não surtiu efeito dessa vez e ela acordou apavorada.
- NÃO! – ela gritou sentando-se de súbito na cama, ofegando muito e com o coração disparado.
- ? – eu disse suavemente, chamando-a para mim.
- Oh, Edward! – ela suspirou e me abraçou com força. Tremia de pavor. Seu cheiro me acertou em cheio, mas minha preocupação era maior, então deixei que ela se aninhasse em meu peito.
- O que houve, meu amor?
- Foi horrível. – ela tentou recuperar o fôlego e se acalmar. – Esse foi um dos piores, com certeza.
- Por que não me conta? – eu disse erguendo delicadamente seu queixo.
- Todos vocês estavam numa clareira e pareciam presos em alguma espécie de redoma invisível. Emm estava muito triste e você totalmente desesperado. Do outro lado estavam aqueles vampiros de mantos negros e olhos vermelhos, rindo da situação toda. E então a Rose apareceu, também de olhos vermelhos e basicamente me matou.
- Você sonhou com a Rose vampira? – não, isso não podia acontecer. Emm não seria capaz de fazer isso, seria? Eu tinha que falar com Alice, mas se isso fosse acontecer, ela já teria visto.
- Como as pessoas viram vampiras, Edward? – ela perguntou, interrompendo minhas divagações.
- Bom, nós temos uma espécie de veneno em nossos dentes, então quando mordemos alguém e deixamos que o veneno se espalhe pela corrente sanguínea da vitima, bom ela se transforma. Mas é necessário muito controle para fazer isso, para parar de sugar o sangue ao ponto de não matarmos a vitima e deixar que a transformação ocorra.
- E como é a transformação?
- Horrível. É uma dor que não é possível de ser quantificada. São três dias literalmente queimando, então tudo passa e a única coisa que ainda queima é a garganta, numa sede eterna por sangue humano. – ela fez uma longa pausa, assimilando o que eu tinha lhe contado. E como eu odiava a idéia de que, se a visão de Alice estivesse mesmo certa, ela teria que passar por aquilo também.
- Edward? – eu apenas assenti para que ela continuasse. – E esse bando com os mantos pretos, eles existem ou é só fruto da minha imaginação. Por que eles me parecem bem reais.
- E são. – eu suspirei. – Pela sua descrição, são os Volturi, algo como a realeza dos vampiros. Eles fazem as leis e executam as penas para os infratores. – ela deu um suave bocejo, o que me fez perceber que seus ritmos já estavam estabilizados novamente e o sono voltava a invadir seu corpo. – Mas outro dia falamos disso. Você ainda precisa dormir.
Ela resmungou um pouco, mas outro bocejo, dessa vez mais pronunciado, a deixou sem argumentos. Eu já estava saindo da cama quando ela segurou meu pulso delicadamente.
- Se não estiver muito difícil para você, será que você poderia... ficar aqui....comigo? – ah, eu não poderia resistir àquele pedido. E, de mais a mais, eu tinha que me acostumar com seu cheiro de qualquer maneira.
Sorri para ela e ela abriu um largo sorriso para mim. Eu me ajeitei por cima das cobertas e fiz uma barreira entre nossos corpos, para que ela não congelasse com minha temperatura e então ela apoiou a cabeça em meu peito, enquanto passava uma das mãos sobre minha cintura. Foi tão bom senti-la em meus braços que quase me esqueci da minha sede. Quase. Comecei a cantarolar uma nova melodia que surgia em minha mente e logo depois ela dormiu um sono sereno.
Capítulo 14 – Domingo Ensolarado
’s POV
Acordei com um raio de sol aquecendo meu rosto. Aquela sensação boa de calor fez com que um sorriso se formasse em meus lábios. Eu adorava o calor do sol! Eu me espreguicei na cama e senti falta de alguma coisa.
- Edward? – eu disse com voz manhosa, mas temia que ele não estivesse por perto.
- Aqui. – sua voz aveludada ecoou do canto mais escuro do quarto.
- Você ficou mesmo! – eu disse sentando na cama, alargando ainda mais meu sorriso.
- Claro que fiquei. Depois que você me pediu daquele jeito dengoso, não tive forças para ir embora. – ele dizia isso com calma, então mordi meu lábio inferior fazendo manha.
- Está mesmo fazendo sol. – eu disse depois de olhar pela janela. – Por que não me mostra agora seu segredo? – claro que eu tinha que tentar saciar minha curiosidade, não é mesmo?
- Boa tentativa. – ele gargalhou, indo em direção à porta. – Vou fazer seu café. Encontro você lá embaixo.
- Vai querer que eu lata outra vez? – a intenção era fazer cara de brava, mas ambos caímos na gargalhada e ele desceu, enquanto eu me direcionava para o banheiro.
Voltei para meu quarto alguns minutos depois e comecei a procurar uma roupa para colocar. Optei por uma bata branca de algodão com detalhes em azul marinho no decote quadrado e na barra das mangas e um jeans mais claro; um all star marinho completou o visual. O clima prometia ser bem ameno aquele dia. Desci para a cozinha e lá estava ele diante da mesa do café.
- Onde aprendeu a cozinhar?
- Hum... programas de culinária? – ele franziu a testa.
- Bom. – eu interrompi a frase para dar uma mordida numa torrada com geléia. – Vou ficar muito mimada se você fizer isso sempre.
- Eu gosto de te mimar. – ele disse e afagou minha bochecha mais uma vez. Aquela sensação prazerosa percorreu meu corpo e ele sorriu com minha reação.
Fomos interrompidos pelo meu celular, e eu nem precisava olhar para o visor para saber quem era.
- Bom dia, Rose!
- ! Onde você está? Por que ainda não chegou? Já estamos atrasadas!
- Calma, mulher! – eu ri. – Estou terminando meu café e em 20 minutos estou aí, ok?
- Vem logo!
Desliguei o telefone e Edward ria da conversa. Terminei minha refeição, escovei os dentes e saí de casa.
- Se você esperar um pouquinho, vou buscar o carro e te levo até lá. – ele disse.
- Não se preocupe. – eu sorri. – A casa dela não é tão longe. E hoje está um lindo dia para caminhar.
- Não quero que você corra nenhum risco. – ele falou pronto para correr pela floresta.
- Edward, não vai acontecer nada. – eu afaguei seu rosto. – Sossegue, sim? – ele deu um longo suspiro e pareceu mesmo mais calmo. – Como faremos com nosso passeio?
- Venho te pegar por volta do meio dia, está bem assim?
- Perfeito. – eu disse e fui caminhando pela calçada. – Já estou contando os minutos. – eu disse dando uma última olhada para ele. Que depois de um sorriso, desapareceu na mata.
Caminhei tranquilamente pelas ruas, mas já pensando que seria muito útil se eu tivesse um carro ou alguma coisa motorizada que me levasse até os lugares, assim não teria que depender de caronas e tal. Eu já estava na rua da Rose quando avistei uma antiga caminhonete com um cartaz de vende-se. Como eu já tinha 18 anos, eu já tinha habilitação; tudo bem que aqui a idade mínima era 16, mas enfim, eu já estava apta a dirigir. Um senhor estava perto do veículo e acabei perguntando se era ele quem estava vendendo e ele confirmou. Ela estava com um bom preço, na verdade, não era meu desejo de consumo, mas com certeza serviria para me levar para os lugares. Eu ainda precisava falar com meus pais, mas não acho que será um problema. Deixei combinado que no dia seguinte daria uma resposta ao dono da picape. E então cheguei à casa da Rose.
- Você demorou muito! – ela gritou me puxando para seu quarto, nem me deixando cumprimentar seus pais decentemente.
- Ok, Rose, o que você tem em mente?
E passamos quase duas horas em seu quarto, experimentando roupas, sapatos, penteados e etc. No final, ela estava com uma roupa que eu tinha certeza de que Emmett adoraria, pois mostrava um pouco de pele, mas não muita. Só para deixar um gostinho de “quero mais”. Às 11:30h escutamos a buzina, ela se despediu dos pais e eu botei meu plano em prática.
- Fique aí, Emm. – eu disse muito baixo, mas sabia que ele poderia me escutar. – Vamos, eu quero dar algumas recomendações ao Emmett. – eu disse para a Rose, que me olhou meio feio. – Que foi? Só quero garantir seu bem estar, ok? – ela sorriu.
- Oi, meninas! – ele abriu um largo sorriso e vi Rose quase derreter.
- Oi, Emm. – eu disse e dei um cutucão nela, para dizer alguma coisa. Ela entrou no carro e eu disse. – Juízo vocês dois, heim!
- Sim senhora, mamãe. – disse Emm e eu gargalhei. Eu pisquei para ele e em seguida eles saíram com o jeep.
Eu ainda sorri por algumas ruas enquanto repassava a cena daqueles dois. Já estava curiosa para saber o que aconteceria. Eu sabia que Rose me contaria tudo detalhadamente, mas não custava nada perguntar para Alice o que ela tinha visto, né? Cheguei em casa e Edward ainda não estava lá. Aproveitei para ligar para meus pais e perguntar sobre a caminhonete e, para meu total espanto, eles toparam a idéia. Ou seja, no dia seguinte eu estaria motorizada! Depois disso ataquei uma barrinha de chocolate e sentei na frente da TV para esperar o Edward. Olha só, se eu já tivesse meu carro poderia ter ido até sua casa ao invés de esperar por ele aqui. Mas foi só pensar nisso que a campainha tocou. Corri para a porta.
- Oi! – eu disse sem conter minha empolgação.
- Tudo isso só para me ver ao sol?
- Ahã. – eu disse já fechando a porta. – Podemos ir, por favor?
- Claro. – ele disse rindo e enlaçando minha cintura.
Fomos pela estrada asfaltada, depois por uma estradinha de terra e por fim ele parou na entrada de uma trilha. Olhei com cara de interrogação e ele gargalhou, dizendo que faríamos uma pequena trilha.
- Trilha Edward? – eu disse com pesar. Não que não gostasse, mas só de imaginar o tempo que perderíamos andando era frustrante.
- Bom, se você quiser, podemos viajar ao meu modo. – ele parecia receoso.
- Como?
- Confia em mim?
- De olhos fechados.
Ele só abriu um sorriso e no segundo seguinte eu estava em suas costas, como uma mochila, e ele voava pela floresta. Era muito legal, parecia uma montanha-russa! Em alguns minutos ele desacelerou e me colocou no chão, se certificando de que eu estava bem, e então me indicou um lugar mais claro. Fui andando e então eu me deparei com a clareira dos meus sonhos. Mas ela não tinha nada de sombria à luz do dia. O chão estava forrado com grama verde e muitas flores miudinhas de várias cores. Eu invadi o local e deixei que os raios de sol me envolvessem, senti uma leve brisa e então me virei, procurando por ele, que ainda estava na sombra das árvores.
Sentei-me no centro da clareira e sorri para ele, estimulando-o a se aproximar e então ele entrou no sol. Sua pele brilhava como se fosse cravejada de minúsculos diamantes; era como se ele fosse um grande diamante lapidado em milhares de facetas. Não tenho palavras para descrever sua beleza. Ele caminhou lentamente até mim e deitou-se ao meu lado, deixando a camisa desabotoada e permitindo que seu tórax refletisse a luz do sol.
Edward’s POV
Enquanto ela foi até a casa da Rose eu decidi caçar mais um cervo, só por garantia, enquanto corria para casa. Emm estava impaciente aguardando o horário de buscar Rose. Em outras épocas eu me irritaria com tantos pensamentos melosos, mas como eu também estava totalmente envolvido com , eu concordava com cada sentimento que meu irmão tinha.
Jasper se esforçava para dar conta de nós dois, mas ele também estava se divertindo com aquilo. Alice viu o primeiro beijo deles naquela tarde e quase não se contentava de tanta alegria. Surgiu algo em sua mente sobre a clareira, mas ela desviou rápido seus pensamentos e me impediu de ler sua mente. Para a emoção ser mais real. Ela disse em pensamento e eu me recordei que ela tinha feito a mesma coisa na noite em que dancei com pela primeira vez, então não devia ser nada de ruim. Quando tive esse pensamento, porém, lembrei-me do pesadelo da .
- Alice?
Sim?
- Por acaso você vê a Rose transformada?
Como?
- sonhou com isso essa noite. Você poderia, por favor, dar uma checada no futuro dela?
Claro. Ela respondeu e passeou pelo futuro de Rose. Não havia nada de diferente, além do fato dela namorar um vampiro. Acho que foi um alarme falso dos pesadelos da , Edward.
- Obrigado, maninha. – ela apenas sorriu e voltou a cantarolar. Nossa conversa foi tão sutil que mais ninguém a percebeu.
Emm disparou para o jeep quando o horário se aproximou e foi incentivado por toda a família. Eu ainda tinha que esperar algum tempo até voltar à casa da . Decidi tocar um pouco de piano e fui aperfeiçoando a canção que tinha surgido em minha mente enquanto ela dormia em meus braços. O tempo passou voando e então fui para o meu Volvo. Ah, vai comprar um carro.
- Como assim, Alice?
- Não se preocupe, é uma picape mais antiga, que agüenta qualquer tranco. Ela só não gosta de se sentir dependente. Relaxa, Edward.
Depois das palavras da minha irmã eu fui até sua casa. Ela tinha um sorriso enorme nos lábios e eu já não sabia se era por conhecer meu segredo ou por causa do carro. Ela disse que era por minha causa e sua resposta foi tão convincente que aceitei. Segui pela estrada e depois por uma estradinha de terra até chegar à entrada da trilha. Ela fez cara feia para a idéia de caminhar na mata e então eu tive a brilhante idéia de carregá-la em velocidade vampírica. Achei que ela ficaria enjoada ou algo do tipo, mas ela adorou a sensação. Só ela mesmo!
Quando já estávamos perto da clareira eu parei e a coloquei no chão. Indiquei a direção e ela foi direto para a clareira, admirando a beleza cênica do lugar. Ela ficava linda ao sol, sua pele ganhava mais vida e seu sorriso era quase angelical. Ela ficou algum tempo ali até que se virou para mim e sentou-se no chão, esperando pela minha entrada triunfal. Eu respirei profundamente e dei o primeiro passo na luz solar.
Fui caminhando lentamente em sua direção e podia ver o fascínio que o brilho da minha pele inumana causava nela. Enquanto caminhava, fui abrindo os botões da minha camisa, deixando meu peito livre do tecido e brilhante. Quando cheguei até ela, deitei ao seu lado e me deixei ali, reluzindo aos raios do astro rei.
Eu sentia seus olhos sobre mim, mas seu coração me dizia que não havia medo ali, pois ele batia tranquilamente.
- Que tal o jogo de luzes? – eu perguntei, curioso pela sua reação.
- Perfeito. – ela disse suavemente. – Nunca poderia imaginar que você ficaria ainda mais lindo. – e senti seu coração acelerar um pouquinho. Tive que encará-la para saber o motivo daquilo e notei suas bochechas vermelhas.
- Você deveria estar em pânico, e não me achando lindo, .
- É, é o que a razão diria, mas quem disse que eu sou racional? – ela tinha um tom de brincadeira na voz.
- Definitivamente você não é nada racional. – eu tive que concordar e voltei a fechar os olhos.
Ficamos algum tempo assim, apenas sentindo a presença um do outro. Senti ela se mexendo e então ela delicadamente pousou sua mão na minha e passou a fazer desenhos imaginários com a ponta do dedo. Eu sorri com o carinho. Ela então passou a subir o dedo pela parte interna no meu braço, indo em direção ao cotovelo. Uma onda de desejo percorreu meu corpo e eu fiquei muito ciente da mulher ao meu lado. Seu cheiro estava cada vez mais fácil de ser suportado e naquele momento eu tinha desejo de outras coisas além de seu sangue doce e inebriante: eu tinha desejo por ela.
Abri meus olhos e ela me encarou, mordiscando o lábio inferior, cena que apurou ainda mais meus sentidos. Sentei-me e fiquei muito perto de seu rosto, centímetros apenas separavam nossos lábios. Eu dei mais uma longa inspirada, para ser nocauteado mais uma vez pelo seu aroma, e então eu decidi. Ela meio que percebeu o que eu iria fazer, pois seus batimentos se aceleraram e sua respiração ficou irregular. Apoiei seu rosto com a minha mão direita, sentindo um arrepio percorrer todo o seu corpo, mas sabia que não era de frio, não naquele momento, e então fui encurtando a distância entre nossos lábios.
A primeira coisa que senti ao tocá-los foi satisfação por conseguir controlar meu monstro interior e ela logo foi substituída pela sensação de ter seus lábios macios e quentes entre os meus, duros e frios. Movimentei mais meus lábios e pude sentir seu gosto de fruta invadir minha boca. Oh, aquilo era tão bom! Eu tinha tanta necessidade daquilo, de tê-la ali, comigo. Ela entreabriu seus lábios, convidando-me a fazer o mesmo e no instante seguinte nossas línguas se encontraram. No começo um pouco tímidas e receosas, mas logo aquele beijo ganhou mais confiança e quando vi seus braços estavam enroscados em meu pescoço e suas mãos bagunçavam meus cabelos, enquanto minha mão esquerda envolvia sua cintura e trazia seu corpo para mais junto do meu. Minha língua percorreu o contorno de seus lábios e então ela se afastou um pouco, ofegante, mas com um lindo sorriso no rosto.
- Preciso respirar. – ela disse aos trancos. E só aí me dei conta de que eu também ofegava, apesar de EU não precisar respirar.
- Acho que eu também. – eu disse e rimos.
- Isso foi maravilhoso, Edward. – ela disse, ainda com os braços apoiados em meus ombros.
- Concordo plenamente, . – tinha sido mais que maravilhoso, mas eu não saberia qual palavra usar para descrever o momento. Ela ainda me fitava com um sorriso sapeca nos lábios.
- Como você ficou? – sua expressão mudou um pouco, ficando mais séria.
- Bem, eu acho. Foi um pouco doloroso, mas tolerável.
- Tolerável a ponto de podermos repetir?
Eu não respondi, apenas joguei-me contra seus lábios novamente e a beijei com mais vontade, demonstrando o quanto eu desejava aquilo.
Ela também se entregou mais, menos receosa e esse beijo foi muito melhor do que o primeiro. E passamos então todo o tempo restante assim: nos beijando, conversando, nos beijando. E a cada beijo, ficava mais fácil vencer a ardência em minha garganta.
Somente quando o sol começou a ficar mais fraco é que decidimos sair de lá, mesmo porque a temperatura começava a cair. Aquele tinha sido um dia perfeito.
Deixei-a em sua casa e voltei para a minha, quase nas nuvens. Quando cheguei, o Jeep de Emm já estava na garagem e eu podia ouvir seus comentários mesmo com o rádio do carro ligado. Entrei na sala e Emm passou a contar como tinha sido o seu dia perfeito.
’s POV
Eu ainda estava inebriada pelo aroma de Edward e todas as sensações que eu tinha experimentado naquela tarde. Primeiro fora a experiência de correr pela floresta – ou seria melhor voar? – e a sensação de liberdade, depois a magia ofuscante da sua pele ao sol e por fim aquele beijo. Oh, céus! A sensação de beijar o Edward foi indescritível. Eu não pararia nunca mais de beijá-lo, odiava ter que interromper nossos beijos para ter que respirar. Involuntariamente meus dedos percorreram meus lábios e eu quase os pude sentir mais gelados, pelo contato com os lábios dele.
Fui acordada de minhas lembranças com o toque insistente do meu telefone e sabia quem era: Rose. Estava curiosíssima para saber como tinha sido o encontro dela com Emmett, então atendi.
- !!!!!!!!!! – ela gritou do outro lado.
- Ok, conte-me tudo e não me esconda nada! – eu disse rindo.
- Ah, ele é perfeito! Passeamos no shopping, fomos ao cinema e ele nem se importou em assistir a uma comédia romântica e depois fomos tomar sorvete. Ele não quis, mas tudo bem, porque ele acabou melecando minha bochecha e resolveu limpar com um beijo e daí pra ele me beijar de verdade foi um pulo e MEU DEUS DO CÉU, como beija bem! E depois a gente ficou namorandinho lá no shopping mesmo e ele foi lindo, perfeito, e tudo de bom e....
- Respira, Rose. – eu disse entre risos, já que ela havia dito tudo aquilo numa rajada só. – E como você está?
- Como eu estou? Estou nas nuvens! Ele é tudo e muito mais! Eu estou caidinha, amiga! E ele parece que também está, porque ficou meio bobo de vez em quando, e aquelas covinhas quando ele ri? Meu pai do céu! Tudo bem que ele é um pouquinho gelado, mas não me importei com isso quando ele me aninhou em seu peito forte e protetor! Ah, ! – ela suspirou. – Se antes eu já estava apaixonadinha, agora ferrou de vez!
- E... – eu demorei um pouquinho para falar. – ...vocês vão se encontrar outra vez?
- Ah, bom, ele ficou de me buscar amanhã para a aula de salsa, quer vir antes aqui em casa, sabe?
- Nossa, fico muito, muito feliz por você, amiga linda! Você merece ser feliz e o Emm é um cara muito legal.
- Ah, eu sei. – e ela soltou outro suspiro e eu quase pude ver os coraçõezinhos em seus olhos. – Bom, agora preciso desligar. A gente conversa amanhã na escola, ok?
- Claro. Sonhe com os anjos. – e ri da piadinha.
Eu trazia um largo sorriso nos lábios quando desliguei o aparelho. Parecia que o clima de romance estava mesmo invadindo Forks. Fui tomar um banho, mas ainda fiquei alguns minutos sentindo o cheiro de Edward que estava impregnado em minha pele.
Terminei meu banho, que foi mais demorado que o normal, pois várias vezes me perdi em meus pensamentos naquela tarde perfeita e praticamente me esquecia que estava no chuveiro, mas tudo bem. Só depois do banho percebi que estava faminta. Desci e fui preparar alguma coisa para comer. Estava no meio de um lanche, sentada no sofá quando ele apareceu e me deu um beijo estalado no pescoço.
- Que susto! – eu exclamei entre risos. – Vocês gostam de me assustar, né? – fiz referência ao susto que ele e Emm haviam me dado no dia anterior.
- Desculpe, é que não resisti. – seu sorriso estava encabulado. Eu mostrei a língua e voltei ao meu sanduíche. – Alice disse que você vai comprar um carro amanhã.
- Sim. – eu respondi casualmente. – Quando estava indo para a casa da Rose hoje eu topei com uma picape muito legal e barata. Não quero depender das pessoas para fazer minhas coisas e já está tudo acertado com meus pais.
- Você poderia ter me falado que se sentia assim, eu poderia...
- Nem termine essa frase, Edward Cullen. – eu disse num tom mais sério.
- Por que não? Eu não poderia dar um presente para minha namorada então?
- Eu... – eu engasguei quando ouvi a palavra namorada. – Desde quando sou sua namorada?
- Desde que você descobriu meu segredo, desde que você me prendeu com seus encantos, desde que nos beijamos essa tarde. – ele dizia isso com o maior sorriso de bobo. – Por quê? Você não quer ser minha namorada?
- Bobo! – eu disse me jogando em seus braços. – É claro que eu quero.
- Voltando ao presente então...
- Não. – eu fui mais enfática. – Algumas coisas as pessoas tem que conseguir por suas próprias mãos. E de certa forma, já é meio que um presente seu e da sua família, já que graças à bolsa na escola de dança, eu pude juntar uma boa grana.
- Ok, vou aceitar ESSE argumento, mas não pense a senhorita que não vou te encher de mimos. – e me deu um beijo no canto da boca.
- Hum, já estou adorando esses mimos. – eu sorri e selei nossos lábios. Ele gargalhou depois disso.
Passamos algum tempo ali na sala, enroscados no sofá assistindo a alguma coisa sem a menor atenção. Era tão bom ficar ali, aninhada em seus braços. Sentindo seu hálito gelado em meus cabelos, seus dedos deslizando para baixo e para cima no meu braço. Foi quando dei um bocejo inesperado.
- Acho que alguém precisa dormir. – ele sussurrou em meu ouvido.
- É tão injusto! – eu resmunguei. – Queria não precisar dormir para poder ficar mais tempo com você.
- Fica chato às vezes, sabe. – ele disse baixo. – De vez em quando eu daria qualquer coisa para poder dormir um pouco.
- Bom, não tinha pensado por esse lado. – eu ri e me levantei com muito custo de seus braços. – Não demoro. – eu disse quando entrei no banheiro para me trocar. Ele apenas deu um lindo sorriso.
Alguns minutos depois eu já estava de pijama e ele em minha cama, encostado na cabeceira. Pulei para debaixo das cobertas e depois me aninhei em seu peito.
- Como o Emm está?
- Ah, completamente apaixonado. – ele disse entre risos. – Pretende pedir a mão dela em namoro amanhã.
- Que fofo! – eu disse sorrindo com a idéia de Emm e Rose namorando. – Ela estava radiante quando me ligou. – mas então uma dúvida surgiu em minha mente. – Ele vai contar para ela? – senti Edward ficar mais tenso.
- Na verdade, ele não pode. – franzi minha testa em interrogação e ele continuou. – Humanos não podem saber da nossa existência. – ele explicou. – Lembra que te falei sobre os Volturi? Bom, existem certas regras que temos que seguir. E não contar a humanos sobre nossa existência é uma delas.
- E o que acontece quando alguém fica sabendo? – um arrepio percorreu minha espinha.
- Bom, normalmente há duas opções: ou a pessoa morre, ou ela vira uma de nós. – ele disse com tanta dor em sua voz, que fiquei realmente preocupada.
- Então eu.... – mas ele me cortou imediatamente.
- Não! – sua voz era dura. – Eles não saberão nada sobre você. Não deixarei que isso aconteça a você.
- Mas... e aí, como vai ser? – pude sentir que o pânico invadiu minha voz ao analisar as opções que restavam. – Vamos ficar juntos até que EU morra? Até uma certa idade, tudo bem, mas depois eu vou parecer sua mãe, e depois sua avó! Não, Edward!
- ...
- Não tem , nem meio . – eu disse brava. – Ou você não quer ficar comigo para sempre?
- Não é isso. – ele disse pesarosamente. – Eu esperei quase um século para te encontrar. Claro que quero ficar com você para sempre. Mas não vou te transformar em vampira.
- Então nós temos um impasse aqui. – eu disse sentando-me na cama e o encarando friamente. – Você não quer me transformar e eu não quero virar sua avó. E não há nenhuma possibilidade de eu desistir de você.
- Não torne as coisas mais difíceis, . – ele disse também se exaltando um pouco.
- Não tem nada de difícil, basta você colocar seus lindos dentinhos no meu pescoço e tudo termina. Simples assim.
- Você não tem idéia do que está falando. – ele disse ficando em pé ao lado da janela.
- E agora você vai embora? – eu disse quase sarcástica.
- Talvez seja a melhor opção nesse momento.
- Ótimo! – eu disse me enfiando debaixo das cobertas e ouvi a janela se fechar. Voltei a olhar para o quarto e ele não estava mais lá. – Perfeito! Mal viramos namorados e já tivemos nossa primeira briga! – bufei e joguei a cabeça sobre o travesseiro, esperando pelo sono que não viria. Meu quarto ficava estranho demais sem ele ali.
Edward’s POV
Ela tinha que ter entrado nesse assunto?! Tínhamos tido um dia perfeito, eu até a tinha pedido em namoro e foi assim que terminamos a noite: brigados! Que maravilha! Enquanto eu corria pela mata repassava nossos últimos minutos e logo tive a visão que Alice teve no começo da semana: transformada. Mas o que aquilo significaria? Eu teria que ser o responsável por aquilo? Por condená-la a essa semi vida, sem coração batendo, se sangue correndo pelas veias, sem uma alma? Não. Não era isso que eu queria para ela.
Entrei pela porta dos fundos e passei voando pelas escadas. Não queria falar com ninguém, mas isso seria quase impossível naquela família, pois podia ouvir seus pensamentos preocupados. Jasper sentia minha tensão e Alice tinha visto a discussão toda. Esme e Emmett não sabiam direito o que dizer e Carlisle já estava a minha porta.
- Entre. – eu disse antes mesmo que ele batesse.
- O que houve, filho?
- Tudo estava tão bem, e então ela veio com a pergunta sobre Emm contar a Rose sobre nossa natureza. Depois disso veio os Volturi e então estávamos discutindo sobre sua transformação ou não. – eu desembuchei tudo de uma única vez.
- Edward, você sabe tanto quanto nós que ela será uma de nós. Alice viu isso repetidas vezes.
- Ela pode se enganar, não pode? – eu perguntei quase para mim mesmo, sabendo que as visões da minha irmã estavam sempre certas.
- Você sabe que não, filho. – Carlisle disse colocando uma das mãos em meu ombro. – O que o está assustando realmente: o fato dela vir a ser uma de nós ou o fato dela querer que você faça isso? – por aquela eu não esperava. Por um momento achei que ele estivesse lendo minha mente, pois era exatamente isso que estava me atormentando realmente.
- Está tão nítido assim? – eu o encarei pela primeira vez.
- Para quem sabe ler. – ele sorriu solidariamente. – Eu sei que você quer protegê-la, filho, mas ambos sabemos qual é o futuro dela, e não adianta nem cogitar deixá-la, pois Alice já previu essa possibilidade, e isso não mudou em nada o futuro dela.
- O que eu faço, Carlisle?
- Conversem. Encontrem um meio termo. – e ele saiu depois disso, deixando-me com meus pensamentos.
O que deveria fazer? Marcar um dia e um horário para sua transformação? Ela tinha tanta coisa para viver ainda! Por outro lado não seria melhor que isso acontecesse com todos nós ao seu lado, lhe dando apoio? Ajudando-a a controlar sua sede desde o começo como Carlisle fez com todos nós? Eu não poderia deixar que ela fosse transformada por qualquer vampiro. Não. Se isso era inevitável, então ela teria todo o apoio necessário. Mas eu retardaria isso o máximo possível.
Agora eu tinha que pensar em como faria para fazer as pazes com ela. Doía-me muito o fato de não estar em seu quarto nesse exato momento, sentindo o calor de sua pele, ouvindo a melodia de seu coração. E se ela tivesse outro pesadelo? Como fui estúpido!
’s POV
Aquela discussão ficava passando e repassando em minha mente repetidas vezes. Eu não conseguia entender a relutância dele quanto a uma transformação. Ele disse que queria ficar comigo, mas será que seu sentimento não era tão grande quanto o meu? Eu faria qualquer coisa para ficar com ele para sempre. Ok, para sempre aos 18 anos tem uma conotação meio exagerada, mas eu sabia que era ele. Que ele era a minha pessoa. Parecia até ironia do destino: durante quase toda a minha vida eu tive um fascínio irracional por vampiros, desde pequena, e agora eu tinha um namorado vampiro. Talvez fosse para ser assim. Só não conseguia entender o motivo de Edward ficar tão revoltado com a situação. Rolei na cama mais algumas vezes e fui vencida pelo cansaço.
A clareira estava muito convidativa naquela noite sem luar. Eu e Edward passeávamos de mãos dadas e de tempos em tempos ele me abraçava e me beijava apaixonadamente. Eu sentia seu gosto em minha língua e aquilo despertava desejos que eu nem sabia direito que existiam. Estávamos em meio a um beijo mais animado quando ele se curvou e gemeu de dor. Ele ajoelhou e fazia uma força gigantesca para não demonstrar que sofria. – O que está acontecendo, meu amor? – Eu perguntava desesperada, querendo ajudá-lo. Foi nesse momento que vi os mantos negros e os olhos vermelhos e agora eu sabia como chamá-los: Volturi. Havia uma menina loirinha com rosto angelical que sorria para o Edward enquanto ele lutava bravamente contra a dor. – Pare com isso! – eu supliquei, mas ela não desviou seus olhos vermelhos. – Não! – Edward berrou do chão, fazendo com que eu desse um pulo de susto. E foi nesse momento que um vampiro grande e forte me imobilizou. – Me solta, seu imbecil. – eu berrei, mas sabia que era inútil tentar me desvencilhar. – Caro Edward. – disse um outro vampiro, de cabelos negros e um aspecto ameaçador. – Por que você foi tão fraco? Você sabe que ela será minha agora. – Edward se contorceu mais uma vez no chão enquanto a loirinha sorria mais abertamente. O vampiro de cabelos negros se aproximou de mim e deslizou o dedo pelo meu pescoço, fazendo com que meu coração desse mais um salto. As lágrimas já eram inevitáveis e doía-me muito ver Edward sofrer tanto. – Acabe logo com isso! – eu gritei com toda a minha força, chamando a atenção do vampiro moreno. – NÃO! – Edward gritou mais uma vez e arrumou forças para me olhar. – Oh, o amor é lindo! – ironizou o vampiro que me segurava. Eu sabia que o meu fim estava muito próximo e a única coisa que realmente me importava naquele momento era que ele, que o meu amor, ficasse bem. O vampiro que me prendia, me colocou mais para frente, deixando um espaço entre nossos corpos, enquanto o outro se aproximava e começava a inclinar minha cabeça para o lado. Mais uma lágrima escorreu de meus olhos quando fitei o meu amor pela última vez e pronunciei bem baixinho. – Eu serei sua para sempre, meu amor. – Logo depois dentes afiados rasgaram a pele do meu pescoço e o martírio começou.
- Edward! – eu gritei sentando-me de súbito na cama enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto.
- Estou aqui, amor. – ele disse entrando pela janela e me abraçando com força. Eu não consegui fazer mais nada a não ser chorar angustiada em seu peito tão acolhedor. – Shiii. – ele sussurrava em meu ouvido tentando me acalmar enquanto acariciava meus cabelos. – Eu estou aqui. Eu estou aqui.
- Eu te amo tanto. – eu disse entre soluços. – Eu não quero perder você.
- Você não vai. – ele disse afastando meu rosto e me fazendo olhar em seus olhos. – Eu não vou te deixar. Nem se eu quisesse eu conseguiria.
Eu não contive meu impulso e ataquei sua boca quase ferozmente, sentindo uma necessidade latente de ter seus lábios em contato com os meus, de sentir sua língua na minha, saborear seu gosto doce. Ele retribuiu com a mesma vontade que eu e logo estávamos ofegantes.
- Me desculpe? – perguntamos ao mesmo tempo e sorrimos em resposta. Nossa briga estava terminada.
- Quer me contar o que houve essa noite? – ele disse já me puxando para seu peito enquanto ajeitava as cobertas. Contei a ele o sonho e o senti ficar mais tenso quando descrevi a cena dos Volturi.
- Eu sei que esse foi o motivo da nossa briga, Edward, mas é sempre assim que eu termino. Eu viro uma vampira. – ele suspirou pesadamente antes de falar.
- . – ele fez mais uma pausa. – Eu só não queria que você fosse condenada a essa minha “vida”. Temos que nos esconder, sofremos eternamente com uma sede implacável, lutamos dia após dia para não machucarmos as pessoas. – ele suspirou. – Você não poderia mais ver seus pais, seus amigos.
- Eu entendo o que você está dizendo, Edward. – virei meu rosto para ele. – Entendo mesmo. Mas eu sinto como se esse fosse meu destino. – ele sorriu tristemente. – Desde pequena eu sonho com vampiros, eu sempre acreditei neles. Em vocês. – eu sorri timidamente. – Parece que toda a minha vida eu estive me preparando para isso. Para você. – e deslizei as costas da minha mão em seu rosto tenso. – Você é o meu destino. Eu não tenho dúvidas quanto a isso.
- Eu realmente não queria que fosse assim, . – ele disse segurando minha mão e a beijando suavemente. – Não queria que você tivesse que abrir mão da sua alma para ficar comigo. – ele desviou os olhos, mas eu os cacei novamente. – E o que me mata é que eu também sinto que você é o meu destino. De algum modo nossas vidas foram entrelaçadas e não há força no mundo capaz de nos separar.
- Destino. – eu disse recostando minha cabeça em seu peito e logo depois adormeci.
Capítulo 15 – Os Novos Casais da Família
’s POV
Acordei com um toque frio e suave em minha bochecha. Sorri ainda de olhos fechados e me espreguicei manhosamente.
- Quanto dengo! – ele disse entre risos.
- Ah, tem que ficar dengosa mesmo, ainda mais sendo acordada assim e não por um despertador irritante.
Ele riu e se levantou da cama indo para a cozinha. Eu aproveitei e fui para o banheiro fazer minha higiene matinal. Voltei para o quarto, troquei de roupa e fui encontrá-lo na cozinha envolto por um delicioso cheiro de panquecas e geléia de framboesa. Mas na verdade, não dei muita atenção à comida e fui direto para seus braços, enlaçando seu pescoço e tascando o maior beijão.
- Ok, pode continuar sendo dengosa assim. – ele disse rindo quando eu o soltei.
- Seu pedido é uma ordem. – eu disse sorrindo e ataquei uma das panquecas. Ele se despediu e foi para sua casa trocar de roupa e buscar Alice e o Volvo.
Usei esse tempo para terminar de me alimentar e lavar a louça. Dois minutos depois de eu ter terminado de escovar os dentes, ouvi a buzina na frente de casa.
Edward’s POV
Nossa reconciliação foi mais fácil do que pensava, mas não havia necessidade de ser depois de mais pesadelo, não é mesmo? Eu queria tanto saber como fazer para que ela não sofresse mais com esses sonhos. Doía-me tanto ser um mero expectador da sua angústia! Felizmente nos entendemos e apesar de eu não ter dito nada, ela sabia perfeitamente qual era seu futuro e até mesmo as opções que teria a sua disposição, mas ainda assim eu não me sentia aliviado.
Enfim, o fato de tê-la aconchegada em meus braços e agora dormindo tranquilamente era suficiente para fazer com que eu esquecesse da vida e do mundo naquele momento. O dia chegou, eu a acordei e adorei ver sua manha logo cedo, ela ficava linda quando se sentia segura. Desci e preparei seu café e só então fui para minha casa trocar de roupa.
- Quer que eu vá com Carlisle outra vez?
- Não precisa, Alice. – eu disse com bom humor.
- Hum, alguém fez as pazes essa noite. – disse Jasper querendo me provocar.
- E foi a melhor coisa que já fiz, depois de beijá-la. – eu disse todo empolgado.
Se já está feliz só com beijinhos, não quero nem ver então quando você avançar algumas etapas. Ele pensou e vi algumas imagens que até uma semana atrás eu abominaria, mas que naquele atual estado de espírito – perdidamente apaixonado, se é que me entendem – me despertaram muita curiosidade: o modo como casais fazem as pazes. Minha concentração foi quebrada pelo risinho tímido de Esme.
- Ok, parem de pensar nisso. – eu disse, mas não consegui imprimir muita seriedade em minha voz. – Vamos Alice. – minha irmãzinha e eu entramos no Volvo e disparei pela estrada.
Alice tagarelava alguma coisa ao meu lado, mas eu só tinha pensamentos para o que Jasper havia pensado. Seria possível eu, um vampiro, fazer amor com uma humana sem matá-la? Eu nunca nem tinha cogitado isso em toda minha existência, mas só de me lembrar dos toques delicados dela em minha pele, um frenesi era desencadeado em meu corpo. Eu precisaria pensar sobre isso e conversar com Carlisle, afinal além de meu “pai” ele também era médico de humanos, né?!
Chegamos rapidamente à casa da e Alice logo pulou para o banco traseiro, olhando para minha amada com carinha animada. A primeira aula da era com a Rose, eu já imaginava que elas passariam o tempo todo conversando. Apesar de estarmos no último ano, eu quase não tinha aulas com a – coisa que eu teria que mudar usando todo o meu charme, pois não suportava ficar longe dela. Fomos nos encontrar no intervalo e não contive um selinho quando nos reencontramos.
OMFG! Eles...?
- Vocês estão namorando? – perguntou incrédula Rose. Sua bandida, não me disse nada!
- Pois é. – disse meio encabulada. – Lembra quando eu disse que tinha encontrado com ele no mercado, quando te passei o telefone do Emm? Então, a gente ficou conversando e conversando e.... – ok, de onde ela tinha tirado tudo aquilo?
- E ontem eu fui visitá-la e o resto você já pode imaginar. – eu completei.
- E por que você não me falou nada?
- Bom, porque você não me deu muita chance?! – respondeu sorrindo.
- Ops. – disse Rose corando. Acho que não dei chance mesmo. Eu me empolguei demais com meu dia com o Emm que nem deixei a garota falar. Ah, eu sabia que tinha alguma coisa quando os vi dançando aquele tango. – Desculpe, . Depois quero saber os detalhes. – ela disse baixo, perto do ouvido da . Mal sabia que podíamos ouvir em alto e bom som. Olhei para Alice que estava um pouco distraída.
- Tudo bem? – eu perguntei baixo para somente ela escutar.
Sim. Só estou pensando em “nada”. Não se preocupe. Eu estranhei aquele monte de nada na mente da Alice, ela possuía uma das mentes mais ativas que já pude ouvir e era muito incomum ela não pensar em nada e nem ver nada. As outras aulas passaram monotonamente e, ao final, fui me encontrar com .
- Da onde você tirou aquela resposta pra Rose?
- Ora, eu tinha que inventar alguma coisa não tinha? – ela sorriu divertida. – Achei que ela não desconfiaria de nada se eu usasse uma parte da mentirinha que inventei para dar o telefone do Emm para ela.
- Você tem uma mente perigosa, menina! – e gargalhamos. – Venha, vou te levar até sua picape.
- Como você sab... ah, claro, Alice. – eu concordei com ela. – Aliás, o que ela tem? Ela estava muito calada hoje.
- Você também percebeu? Não sei ainda, ela está com a mente vazia.
Ela me encarou e vi preocupação em seus lindos olhos . Eu tentei disfarçar, mas também estava preocupado. Levei até a casa do senhor que estava vendendo o veículo e constatei que estava mesmo em bom estado. Os olhos da brilharam com sua aquisição e eu fiquei feliz com isso. Ela seguiu para sua casa e eu voltei para o colégio.
’s POV
Eu nem acreditava que estava dirigindo o MEU carro! Ok, minha picape já era uma senhora idosa, mas era minha agora e eu podia me locomover livremente pela pequena cidade de Forks.
Mas havia uma coisa me incomodando: Alice. Eu já sabia que ela era hiperativa e tal e já até estava me acostumando com isso. O que era novidade era ela ficar calada e distante. O que será que estava acontecendo com ela? E Edward disse que ela não estava pensando em nada. Estranho.
Estacionei minha Chevy na garagem e fui almoçar. Passei a tarde arrumando a casa – já que tinha ficado fora praticamente os últimos dois dias – e fazendo tarefas do colégio, já ansiosa pela aula da noite.
No meio da tarde Rose me ligou, super nervosa porque Emm iria mais cedo até sua casa. Conversamos por algum tempo e depois ela desligou, alegando que tinha que se arrumar. Eu até podia imaginar qual seria o assunto que Emm queria conversar e ri comigo mesma: eu e Rose namorando os filhos solteiros da família Cullen. No mínimo seríamos amaldiçoadas por todas as meninas da cidade, e pelos meninos também. Senti um sutil, mas agourento arrepio ao pensar nisso, e se eu fosse supersticiosa até bateria na madeira, mas desviei meus pensamentos e voltei para minha faxina. Ao final do dia tomei um banho merecido, comi alguma coisa e fui para minha esperada aula de tango.
Subi as escadas do estúdio com certa ansiedade, que só passou quando Edward correu ao meu encontro e me deu um abraço apertado, rodando-me no ar. Eu colei nossos lábios num beijo suave, mas minha vontade já era de aprofundar aquele beijo, sentir o toque de sua língua na minha
- Haham! – alguém raspou a garganta e imediatamente eu corei: Jasper. – Alguém quer um copo de água?
- Não vai ser necessário, Jasper. – eu disse rindo enquanto Edward me colocava no chão, com um lindo sorriso nos lábios. – Oi, gente!
Todos me cumprimentaram e Alice já estava toda agitada outra vez; reparei que Emm ainda não tinha chegado e ela deu uma alta gargalhada e começou com seus pulinhos animados.
- Emm e Rose? – eu perguntei chegando ao seu lado.
- Sim! – ela me abraçou. – Finalmente nossa família está completa. Você com o Edward e Emm com a Rose! – ela continuou com seus pulinhos e então soltou: - Aaaaaaahhhhhh!
- O que foi isso, Alice? – perguntou Esme meio preocupada, meio rindo.
- Ah, não, por favor, Alice. – disse Edward ao meu lado.
- O que foi? – perguntaram Jasper e Carlisle ao mesmo tempo.
- Ah, por que não, Edward? Vai ser tão divertido! – seu sorriso quase não cabia em seu rosto delicado.
- Ah, você é impossível. – ele disse se rendendo e me abraçando enquanto ela dançava até o aparelho de som e escolhia um CD.
- O que ela está aprontando? – eu perguntei ao Edward.
- Você vai ver. – ele disse entre sorrisos.
Nesse exato momento Emm e Rose apareceram no salão e ambos traziam sorrisos enormes em seus rostos. Ela correu até mim e me puxou de lado.
- Ele me pediu em namoro! Ele me pediu em namoro!
- Eu imaginei mesmo. Vocês são lindos juntos.
- Hei! – gritou Alice. – Venham todos para cá.
- O que ela está aprontando? – Rose me perguntou.
- Não tenho a menor idéia. – eu ri e seguimos para os braços dos nossos namorados.
Alice nos posicionou no salão principal, inclusive Carlise e Esme, que já riam também. Acho que só nós duas ainda não tínhamos entendido o que acontecia ali.
- Para comemorar esse dia feliz, quando meus dois irmãzinhos lindos finalmente desencalharam. – Emm e Edward lhe deram uma olhada ranzinza. – Vamos dançar um clássico dos filmes de dança. – e apertou o play com o controle remoto. Eu realmente não acreditei quando escutei os primeiros acordes e então, cada um dos meninos foi se dirigindo para sua dama, como numa coreografia ensaiada, e reproduzimos aquela cena. (n/a: para quem quiser saber de qual cena eu estou falando – Música 06 )
Todos nós ríamos quando a música terminou. Só Alice mesmo para aprontar uma dessas com a gente!
- Bom, pessoal, a brincadeira foi ótima, mas temos trabalho para fazer, ou já se esqueceram que temos uma competição para participar? – disse Carlisle abraçado a Esme.
Então Rose e Emm voltaram para a salsa e eu e Edward para nosso tango. Alice e Jasper treinavam um fox-trote e Esme e Carlisle dançavam um bolero. Como se eles realmente precisassem ensaiar alguma coisa! Aliás era até desleal casais de vampiros participarem de competições. Eles sempre ganhariam! Nossa hora passou rápido demais e logo me despedi daquela família maravilhosa. Claro que Edward apareceria em casa mais tarde, mas eu não gostava de pensar que estava perdendo tempo longe dele. Emm fez questão de levar Rose para casa e eu fui embora feliz da vida com minha Chevy.
Edward’s POV
O dia passou muito lento longe da e eu não via a hora de encontrá-la para nosso tango. Eu sabia que ela queria aproveitar seu novo brinquedo, só por isso controlei minha ansiedade e não fui buscá-la em sua casa. Não demorou muito para eu escutar o motor da velha caminhonete e saber que ela tinha chegado. Ela subiu as escadas quase correndo e eu fui ao seu encontro, morto de saudade. Peguei-a em meus braços e a girei no ar enquanto ela me dava um doce beijo. Eu queria mais do que aquilo, queria aprofundar aquele beijo, queria descer meus lábios pelo seu pescoço e provocar nela arrepios que eu sabia que a instigavam. Controle-se Edward! Disse um Jasper risonho. Nem precisa ser eu para saber o que está acontecendo com vocês. Edward? Bom, você que pediu. E raspou a garganta ruidosamente, fazendo com que corasse e se afastasse de mim. Jasper ainda fez uma brincadeira boba, mas ela se esquivou muito bem.
Fomos para junto deles e Alice – e eu, consequentemente – viu Emm pedindo Rose em namoro de um jeito muito fofo para meu irmão grandalhão. Ah, o que o amor não faz com as pessoas! Logo eles chegaram e Alice começou a pular freneticamente no lugar, já imaginando a todos nós dançando a coreografia do filme Dirty Dancing. Eu tentei dissuadi-la, mas não deu certo. Ela fez que fez que todos nós dançamos a coreografia e tenho que confessar que foi divertido. As caretas de Rose, principalmente, eram hilárias. Depois disso Carlisle nos chamou à realidade e fomos para nossos treinos de dança oficiais.
O tempo passou rápido demais e logo já era hora dela ir embora. Emm foi levar Rose e eu voltei para casa com o restante da família, esperando um pouco para voltar para a casa do meu amor.
- Incrível como o Emm está feliz. – disse Esme.
- Incrível como nossos filhos estão felizes. – corrigiu-a Carlisle, se referindo a mim também.
- Oh, sem dúvida. – ela me mandou um beijo. – foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas ultimamente. Por causa dela Emm conheceu Rose e Edward finalmente encontrou sua companheira.
Eu estava feliz com os pensamentos deles. E pensar que quando a conheci quase destruí tudo! Senti uma onda de calma quando Jazz apareceu no alto da escada. Edward? Pode tentar conversar com Alice? Ela não quer me contar o que acontece. Eu apenas assenti e sai da sala disfarçadamente, indo em direção ao quarto deles.
- Não vai me contar o que está acontecendo com você?
Desculpe, Edward. Nem eu sei exatamente. Estou muito distraída, e ainda não descobri o motivo disso.
- Você teve alguma visão que não gostou e está tentando bloqueá-la até de si mesma?
Não. Não vi nada de anormal em nossos futuros. Emm ainda não decidiu o que fazer com Rose, mas não a vejo transformada, como disse que sonhou. Quanto a ela, ainda a vejo como nós, e feliz ao nosso lado.
- Oh, maninha. Não gosto de te ver assim.
Talvez... Talvez eu esteja com um pouco de inveja de vocês. Todo mundo está feliz e eu deveria estar também. Não que eu não esteja, mas você sabe que falta uma parte da minha vida, não é? Não sei se algum dia serei completamente feliz sem saber quem eu era antes dessa vida.
- Ainda vamos dar um jeito nisso, Alice. Eu prometo a você.
Ah, Ed! Você é o melhor irmão do mundo!
- Eu sei que sou. – eu disse enquanto ela pulava em meu pescoço. Eu e ela tínhamos uma ligação mais forte do que com os outros, talvez por nossos dons serem semelhantes.
- Agora vá. já deve estar impaciente sem você por perto. – nem foi preciso ela dizer duas vezes e eu já estava correndo pela floresta.
Entrei em seu quarto e ela estava preguiçosamente jogada em sua cama, lendo.
- Você demorou. – ela fez bico.
- Desculpe, estava conversando com Alice.
- Descobriu o que ela tem? – sua feição já tinha deixado de ser de birra e agora ela se interessava verdadeiramente por minha irmã.
- Mais ou menos. Alice é a única de nós que não se lembra de nada da sua vida humana, e isso a deixa bastante frustrada.
- Oh. – ela assentiu. – Deve mesmo ser terrível para ela. Ainda mais podendo ver tudo sobre os outros.
- Exatamente. – eu acariciei sua bochecha e ela sorriu com os olhos fechados. – Mas agora somos só nós dois.
- Oba! – ela disse ao pular em meu pescoço e ficar a centímetros da minha boca.
Ela me fitou com um olhar muito malicioso, depois correu os olhos pela minha boca e mordiscou o lábio inferior, antes de voltar a meus olhos. Wow, o que é isso? Ela nem precisou encostar em mim para o desejo percorrer cada pedaço do meu corpo. Não resisti mais e ataquei seus lábios com desejo, urgência e necessidade. Foi o beijo mais desesperado que já demos, suas mãos passeavam em meus cabelos enquanto as minhas a traziam para mais perto, colando nossos corpos. Seu aroma me arrebatava, mas era cada vez mais suportável, e eu estava descobrindo outros desejos ao lado daquela mulher. Ela se afastou ofegante e sorriu maliciosamente outra vez quando ao invés de beijar meus lábios, foi em direção à ponta da minha mandíbula e foi subindo sua língua até encontrar o lóbulo da minha orelha, dando uma discreta mordidinha ali. Céus! Ela está me deixando maluco ali! Eu a afastei e sabia que meus olhos brilhavam de excitação. Voltei para seus lábios e aprofundei nosso beijo outra vez, sugando sua língua, mas tomando todo o cuidado para não deixar que meus dentes venenosos a machucassem. Saí de seus lábios para que ela pudesse respirar e resolvi fazer exatamente o que ela tinha feito comigo, fazendo o caminho do seu queixo até o lóbulo da orelha com a ponta gélida da minha língua. Ela soltou um gemido de prazer que quase me desconcentrou. Foi então que eu a puxei para baixo do meu corpo, deitando-a gentilmente, e desci meus lábios pelo seu pescoço, deixando-os roçar a região muito delicadamente.
- Edward... – ela soltou baixinho e pude sentir toda a sua excitação também.
Ouvir meu nome sendo pronunciado por seus lábios doces fez-me voltar a atenção a eles e beijá-los novamente num carinho gostoso. Minha mão foi atraída para a barra da blusa de seu pijama e comecei, bem vagarosamente, a puxá-la para cima. E foi nessa hora que senti sua mão na minha, tentando me impedir.
- Rápido demais? – eu perguntei receoso.
- Um pouquinho, talvez. – ela disse corando.
- Tudo bem. – eu disse sorrindo e depositando um beijo mais suave em seus lábios, agora ajeitando-me ao seu lado. Ela sentou-se na cama.
- Hei, não era para parar. – ela sorriu ainda um pouco corada. – É só que, bom, preciso me acostumar com a idéia.
- Não. Talvez tenha sido melhor essa puxada de freio. – eu disse sendo muito sincero. – Eu também nunca..... e sendo um vampiro, muito mais forte que você e você sendo tão frágil.... acho que também preciso me acostumar com a idéia.
- Você nunca...? – ela parecia incrédula.
- Não. – eu abri meu sorriso. – Quando eu era humano, estava me preparando para ir para a guerra, não pensava em amor. E depois que virei vampiro, bom, nunca tinha tido interesse no sexo oposto, até você surgir na minha vida.
- Bom, então acho que vou me sentir lisonjeada agora. – ela disse divertida.
- E você? Por que não?
- Hum.... porque nunca era a pessoa certa. – ela suspirou. – Eu cheguei perto uma vez, não faz tanto tempo assim, mas eu já sonhava com você e obviamente ele não era você, então não era a pessoa certa e eu desisti.
- Agora quem ficou lisonjeado fui eu. – eu disse com um largo sorriso. – Mas agora, podemos voltar aos beijos, por favor? A gente não passa da altura dos ombros, eu prometo. – ela gargalhou e se jogou para cima de mim, sentando sobre meu quadril.
Nossas mãos ficaram entrelaçadas e ela foi descendo o rosto em direção a minha boca, umedecendo os lábios com a língua, o que foi extremamente sexy, e passou a desenhar o contorno dos meus lábios com a língua. Ela não me beijou, mas sim foi descendo os lábios pela linha do queixo, passou pelo pomo de Adão e depois seguiu pela lateral do meu pescoço, até atingir a linha da minha mandíbula. Ela voltou o caminho todo até encontrar minha boca e se entregou a outro beijo muito sensual. Eu a girei na cama e fiquei por cima outra vez, sustentando todo o meu peso para não esmagá-la, e continuei o beijo. E mais uma vez minha mão involuntariamente seguiu para sua blusa. Quando me toquei, comecei a rir; ela entendeu e eu me larguei ao seu lado.
- Ok, acho que isso vai ser mais difícil do que eu imaginava. – ela disse passeando os dedos por meu rosto. – Eu vou tomar um copo de água. Quer um? – eu só a observei sair do quarto e suspirei profundamente. Tinha que falar com meu pai o mais rápido possível.
’s POV
Cheguei em casa e tomei outro banho – era sempre assim: um banho antes da aula e outro depois – e fui jantar de verdade. Rodei os canais da TV, mas não tinha nada que prestava, então subi e me esparramei em minha cama, com meu exemplar de “Amor é prosa, Sexo é poesia” do Arnaldo Jabor e fiquei esperando pelo meu amor. Ele demorou um pouquinho, mas logo apareceu.
Fiz uma ceninha de birra, mas quando ele explicou que estivera conversando com Alice, eu logo me interessei. Ela tinha ficado muito estranha durante todo o dia – exceto na hora daquela coreografia na aula – e eu realmente tinha me preocupado. Depois que Edward me explicou mais ou menos o que acontecia, senti certo alívio, mas também uma tristeza por esse lapso em sua vida.
Mas Edward foi muito eficaz em me fazer esquecer de tudo e de todos. OMG, como ele era gostoso! Ok, eu ainda era virgem, mas não era por isso que não sabia me divertir, né? E eu sabia que era com ele que eu viveria todas essas experiências. Nós estávamos destinados um ao outro, não tinha jeito.
Ele correspondia aos meus beijos e carinhos prontamente e me deixava louca com sua língua gelada, contrastando com meu corpo todo quase em ebulição. Foi a primeira vez que nos soltamos mesmo um nos braços do outro e aquela era uma sensação muito, muito boa. Mordisquei o lóbulo da sua orelha e o senti tremer com meu carinho, ficando satisfeita com minhas habilidades. Mas ele não deixou por menos e fez a mesma coisa comigo e não contive um gemido de prazer. Ele me deixava maluca. E quando me puxou para debaixo de seu corpo e decidiu apenas roçar os lábios gelados pelo meu pescoço, eu não segurei outro sussurro prazeroso e disse seu nome quando soltei o ar, o que o fez correr para meus lábios novamente.
Foi mais ou menos nessa hora que ele desceu a mão até minha cintura e começou a levantar minha blusa conforme subia sua mão. Eu estava adorando aquilo, mas uma crise idiota de consciência falou mais alto e quando vi minha mão já estava em seu pulso tentando pará-lo. Ele entendeu o recado e estagnou, passamos algum tempo conversando sobre aquilo e ele comentou uma coisa que eu não tinha pensado ainda: sua força extra em relação a mim. Eu sabia que ele nunca me machucaria, mas tenho que confessar que fiquei um tiquinho receosa com aquilo. Afinal, ele teria autocontrole suficiente para se segurar na hora H e não me partir ao meio? Por outro lado, meu lado mais carnal, eu não estava ligando muito para aquilo, desde que estivesse com ele. Isso seria resolvido rapidamente se ele me transformasse, mas eu não ia entrar nessa discussão naquela hora, né? Resolvemos aproveitar mais um pouco as carícias, ele disse que ficaria acima dos ombros, mas suas mãos voltaram para minha cintura e começamos a rir, sabendo que nos segurarmos seria bem complicado. Eu então decidi descer para um copo de água, e pela cara do Edward era bem capaz de ele querer mesmo um gole, mas ele não me acompanhou. Voltei ao quarto e ele se distraia com meu livro.
- Sabe português? – eu perguntei curiosa.
- Ahã. – ele ficou um pouco encabulado. – Sou fluente em quase todas as línguas.
- Humm. Então eu não preciso me esforçar com meu inglês quando estivermos juntos. – eu disse em português.
- Não. – ele respondeu, também em português. – Mas eu gosto do seu sotaque.
- Ok, ok. – eu voltei a falar a língua oficial do país em que estava. – É um bom incentivo para meu esforço. – eu disse dando-lhe um selinho e me aconchegando em seu peito. Eu não tinha percebido que estava tão cansada até ficar aninhada no peito dele e logo capotei.
Capítulo 16 – Desejo à Flor da Pele
’s POV
Um toque frio e suave percorreu minha bochecha e eu sorri por saber quem era. Ainda fiquei de olhos fechados por um momento, saboreando o formigamento que o caminho feito pelos dedos de Edward provocaram em meu rosto, inalando seu perfume floral e sentindo-me no local mais seguro da face da Terra: seus braços. Abri meus olhos finalmente, só para encontrar os seus, dourados, me fitando.
- Bom dia, flor do dia! – ele disse todo bobo.
- Humm...bom dia, meu amor! – eu respondi e me senti extremamente disposta. – Nossa, o que uma noite sem pesadelos não..... – eu sentei na cama e arregalei os olhos. – Eu não tive pesadelos essa noite!
- Não. – ele disse muito alegre. – Seu sono foi o mais tranqüilo possível.
- Não acredito! – eu quiquei na cama. – Minha primeira noite de sono decente em mais de três anos! – e então olhei mais atentamente para ele. – É você.
- Hein? – ele franziu a testa.
- É por sua causa. – eu sorri. – Foi a primeira vez que passamos a noite inteira juntos. A primeira vez que fiquei em seus braços a noite toda.
- Será, ? – ele parecia receoso e muito animado ao mesmo tempo.
- Tenho certeza. – eu disse pulando em seu pescoço. – Você é a salvação para minhas boas noites de sono!
Eu dei vários beijinhos em seu rosto, mas então notei que ele ficou mais rígido e fechou os olhos fazendo uma certa força.
- Ops. – eu disse me afastando um pouco e ficando quietinha na beirada da cama. – Desculpa. – mordi meu lábio inferior e ele deu uma longa inspirada, depois abriu os olhos lentamente, botando um leve sorriso nos lábios.
- Passou. – ele disse ao me olhar. – Fui pego de surpresa, desculpe.
- Ok. – eu já coloquei um sorriso em meus lábios também. – Sem ataques surpresas pela manhã. – ele soltou uma risada baixa e desceu para a cozinha, mas antes deu um leve beijo em minha bochecha. Eu fui para minha rotina matinal e depois desci correndo as escadas, para me deparar com ele e sua perfeita mesa de café da manhã.
- Posso dar um beijo de bom dia no meu namorado? – eu perguntei com um sorriso inocente.
- Claro que pode. – ele disse já me convidando com seus braços. – Foi só a surpresa, só isso.
Eu me aproximei dele, mas não fui diretamente para sua boca, antes rocei meus lábios pela sua mandíbula, afundando meu rosto na curva do seu pescoço e dando um leve beijinho na base da sua orelha. Ele estreitou os braços em minha cintura e passou a fazer leves movimentos em minhas costas, e eu entendi aquilo como um incentivo. Voltei o caminho com leves beijinhos e parei no canto da sua boca. Meu coração já estava acelerado e senti a respiração dele um pouco ofegante. Sorri com aquilo e só então cheguei a seus lábios propriamente. O beijo começou suave e carinhoso e então foi ganhando urgência, necessidade, desejo, até estarmos quase nos engolindo na cozinha em plena manhã de terça-feira. Eu tinha que respirar, mas simplesmente não conseguia me afastar da sua boca. E então, ele me afastou gentilmente.
- ... – ele ofegou engolindo em seco.
- Ok, acho que me empolguei um pouquinho. – eu disse ainda com dificuldade para respirar.
- Um pouquinho? – ele sorriu e me fez sentar na cadeira, servindo-me um copo de suco de laranja. – Você vai ser minha perdição total. – mas seu tom não era sério e sim cheio de desejo e malícia. Eu só sorri sapeca e tomei meu suco.
Logo ele se despediu e correu para sua casa, enquanto eu terminava meu café e me preparava para o colégio. Peguei as chaves da minha picape e segui feliz da vida para mais uma manhã de aprendizado – ou não – pensando que Edward também seria minha perdição.
Edward’s POV
Ela ainda vai me matar! Foi o que consegui pensar enquanto corria de volta a minha casa. Primeiro aquele ataque de beijinhos no quarto, provocando uma onda muito intensa do seu aroma ao meu redor enquanto ela se mexia, e depois aquele “beijo de bom dia” na cozinha. Fala sério! Não que não tivesse sido bom, muito pelo contrário, e era exatamente ali que morava o perigo. A necessidade que eu tenho dela é perigosamente incapacitante e eu fico completamente a sua mercê quando seus lábios resolvem tocar minha pele.
Era uma ótima sensação, aliás, mas eu queria poder retribuir aquilo a ela. Queria poder fazer com que ela se sentisse daquele jeito em relação a mim também. Mas eu ainda precisava treinar mais meu autocontrole para poder oferecer a ela todas as carícias que ela merecia. Eu ainda tinha que conversar com Carlisle e pretendia fazer isso assim que chegasse em casa, mas ele já tinha saído para o hospital e apenas me restou trocar de roupa e ir para o colégio ao encontro do meu amor.
- Emmett foi buscar a Rose em casa. – relatou Alice no nosso caminho para a escola.
- Acho que entendo a necessidade dele de ficar perto dela. – eu disse sorrindo de lado.
- Nunca imaginei que te veria assim, Edward Cullen. – ela soltou seu sorriso de sino. – Perdidamente apaixonado e por uma humana. – eu revirei os olhos. Não quero nem ver se Tanya ficar sabendo.
- Nem eu, Alice. Nem eu. – eu respondi ao seu pensamento. Tanya era uma vampira de um clã amigo, também vegetariano e infelizmente para ela, ela tinha uma queda por mim. Ela era linda, mas não chegava aos pés da minha doce humana.
Chegamos ao colégio e já estava lá, parada ao lado da sua picape de um vermelho desbotado.
- Bom dia, cunhadinha! – Alice a abraçou cantarolando. – Não se preocupe, minha outra cunhadinha virá com meu outro irmão.
- Uau! – riu me abraçando pela cintura. – Emmett está me saindo um belo namorado.
- Por que, o Edward não? – Alice franziu a testa. O que você andou aprontando Edward?
- O Edward? Está me saindo melhor do que a encomenda. – disse faceira e mordiscou o lábio inferior, me fazendo rir. – É que só não imaginava o Emmett, com todo aquele tamanho e cara de mau, sendo tão romântico.
- Ah. – disse Alice e nós três caímos na gargalhada.
Eu e minha irmã seguimos para nossas aulas enquanto ainda esperou um pouco por Rose, que ainda não tinha chegado. Confesso que me preocupei um pouco também, mas logo depois ouvi os pensamentos dela se aproximando e relaxei. Não teve como não prestar atenção aos seus pensamentos, já que ela passava e repassava o amasso que tinha dado com meu irmão no carro, minutos antes da chegada ao colégio. Ok, não era exatamente legal ficar bisbilhotando assim, mas pude perceber pelas memórias dela que Emmett estava se saindo muito melhor do que eu no quesito autocontrole para proporcionar a Rose toda a atenção que ela necessitava. Provavelmente o fato do aroma dela não ser tão inebriante para Emmett como era o de para mim, estava ajudando nessa questão. E pelos desejos de Rose, eles pulariam para a fase seguinte – como disse Jasper na outra noite – bem mais rápido do que eu e minha amada. Não que fosse uma competição, longe disso, talvez eu até pudesse pegar algumas dicas com ele. Quem sabe. As aulas seguintes foram totalmente entediantes e finalmente chegou a hora do intervalo.
’s POV
A nossa aula de matemática já tinha começado quando Rose pediu licença e sentou um pouco afobada ao meu lado. O professor ficou de olho nela, então não consegui saber o motivo de toda a empolgação naquela hora. Quando ele se distraiu um pouco, mandei o primeiro bilhete:
O que houve? Por que o atraso e as bochechas coradas?
Emmett.
O que aconteceu?
Nada.... ainda! Ah, ! Serei promíscua demais se me empolgar muuuuito logo assim, no começo do namoro?
O que vocês andaram aprontando?
Já falei, nada. Mas não por falta de vontade! Oh, céus! Ele me deixa maluca com aquela boca, e aquelas mãos, e...
Ok, não preciso de tantos detalhes....bom, não por bilhete. =D
Tá, depois de conto tudo. Preciso da sua opinião, ok?
Eu assenti com a cabeça e amassei o bilhete, jogando-o dentro do meu estojo antes que o professor se aproximasse demais de nós. Minhas outras duas aulas foram sozinhas e eu já estava impaciente esperando pelo intervalo. A única coisa ruim de ter conhecido e me apaixonado pelo Edward foi que fiquei totalmente dispersa nas aulas. Era quase impossível prestar atenção a qualquer coisa. Finalmente o intervalo chegou e nos encontramos, os quatro no refeitório.
- Como foram suas aulas até agora? – ele perguntou, passando um dos braços pela minha cintura enquanto eu pegava algo para comer.
- Péssimas. – eu disse com desânimo. – Fico pensando em você o tempo todo e não consigo prestar atenção em nada. – ele revirou os olhos e deu aquele sorriso lindo. – É sério. – eu continuei. – Você vai acabar com meu bom desempenho escolar.
- Bom, se você quiser, posso dar aulas particulares. – ele sussurrou em meu ouvido com um tom extremamente safado, que me fez arrepiar dos pés à cabeça.
- Erm.... – eu engoli em seco. – Isso me parece muito.... tentador. – ele gargalhou e voltamos para nossa mesa, onde Alice e Rose tagarelavam sobre compras e shopping. Nesse aspecto, nós três descobrimos que elas eram muito mais empolgadas do que eu.
O intervalo passou rápido demais enquanto Edward brincava com uma mecha do meu cabelo e as outras três aulas passaram devagar demais. Nos despedimos na hora do almoço e eu voltei para casa. Fiz meu dever logo depois do almoço e então desci para ver TV. Estava entretida num desenho qualquer quando a campainha tocou.
- Eu estava com saudade. – ele disse já me lascando um baita beijo e fechando a porta atrás de si.
- Wow, então acho que ficarmos separados na escola vale à pena. – eu disse rindo, mas ainda presa em seus braços.
Ele inspirou lenta e profundamente a curva do meu pescoço, e então deu um beijo ali, me deixando completamente fora do ar. E ele não parou nisso. Com a ponta da língua ele umedeceu o espaço abaixo da minha orelha e depois depositou um beijo suave ali, subindo vagarosamente até achar o lóbulo da minha orelha e sugá-lo lenta e deliciosamente. Meus joelhos falharam nessa hora e eu soltei um gemido incontrolável. Ele sorriu com a boca ainda ali e depois veio devagar, apenas roçando os lábios na linha da minha mandíbula, até chegar ao meu queixo. Depositou vários selinhos ali e só então chegou aos meus lábios, contornando-os com a ponta da língua antes de pedir passagem e se entregar a outro beijo ardente e profundo. Meu corpo inteiro tremia com aquele carinho inesperado, meu coração batia mais rápido que bateria de escola de samba e eu gemi novamente, em seus lábios.
Ele então se afastou e me fitou intensamente. Eu ainda estava completamente zonza pelo turbilhão de emoções e sentimentos que se embaralhavam em minha mente. Vendo meu estado de semi letargia, ele passou as mãos por trás dos meus joelhos e me colocou no sofá, afastando-se novamente.
- On...onde você..... – eu não era capaz de formular uma frase decentemente.
- Eu só vim dizer que estava com saudade. – ele sorriu torto e foi para a porta. – Preciso urgentemente caçar. Até à noite. Te amo. – e saiu porta afora.
Eu apenas assenti lentamente e o vi sair da sala. Tudo passava meio que em câmera lenta e eu ainda sentia seu gosto em minha boca. OMFG! Desse jeito não tem quem resista! Onde já se viu fazer isso comigo? É quase desumano me deixar nesse estado! Outro arrepio percorreu meu corpo e eu tentei acalmar meu corpo, ainda anestesiado por aquele mega beijo.
Confesso que demorei uns bons minutos até que meu corpo estivesse num ritmo normal e minha mente desanuviada. Só aí eu consegui levantar do sofá e voltar a minha rotina. Já estava quase no fim do dia, então tomei um banho rápido e fiz um lanche antes de pegar as chaves do meu carro e seguir para a academia de dança.
Edward’s POV
Ok, eu tive que me segurar muito para conseguir fazer aquilo com ela. Mas eu tinha que começar a testar meus limites. E foi totalmente delicioso pegá-la tão desprevenida. Se meu coração ainda batesse, com certeza teria ficado a mil por hora, igual ao dela, mas eu queria que ela experimentasse o que tinha me proporcionado logo de manhã, por isso repeti quase que identicamente a sequência que ela havia usado. Só não podia imaginar que me sairia tão bem a ponto de deixá-la completamente anestesiada e com a maior cara de boba.
Entrei na floresta e meu foco mudou, entrando no “modo de caça”. Se eu pretendia seguir com meu plano de testes, tinha que estar sempre muito bem alimentado. Passei aquele final de tarde caçando alguns cervos e só no começo da noite voltei para casa.
Não vou me controlar por muito tempo. Ela é muito gostosa.
- Fala, maninho! – eu tirei Emm dos seus pensamentos.
- Ed!
- Quer dizer que está deixando a Rose sem fôlego é?
- Ela disse isso?
- Não diretamente, mas os pensamentos dela estavam tão embaralhados quando ela chegou à escola, que acho que ela nem precisava dizer.
- Ah, cara. Ela me deixa maluco. Aquela boquinha, aquela pele macia, aquelas mãozinhas safadas...
- Chega, Emm! – eu o interrompi. – Realmente não preciso de todos os detalhes, mesmo porque, já tenho que tomar conta dos meus sentimentos.
- Ah, é! – ele sorriu. – Você a também estão nessa fase, é?
- É, mais ou menos, né. Não é tão simples para mim, você sabe.
- Putz verdade. – ele parou um segundo. – Como você está?
- Está cada vez mais fácil, mas morro de medo de me descontrolar e fazer merda.
- É, não imagino como seria para mim, se tivesse que lutar contra a vontade pelo sangue da minha linda.
- Emm, como você controla a parte, você sabe, física?
- Ah, eu ainda não sei bem como fazer isso, mas te conto assim que descobrir. – ele fez outra pausa, pensativo. – Pensar nela como se fosse uma boneca de porcelana ajuda.
Eu apenas assenti e sorrimos juntos. Logo Carlisle chegou do hospital e fomos todos para a escola de dança. Logo depois de chegarmos, as meninas chegaram também.
- Bom, pessoal, gostaria de avisar que nossas inscrições na competição foram realizadas com sucesso e temos apenas um mês para ensaiarmos. – disse Carlisle com tom sério. – Mas podem ficar tranqüilos que tudo será muito divertido.
Ele propôs às meninas fazermos duas horas diárias de ensaios ao invés de apenas uma, e ambas toparam e então seguimos para nossos ritmos.
- Sabe, eu realmente acho um exagero esses ensaios extras. – disse quando começamos nossa dança. – Tenho certeza de que vocês podem nos conduzir de olhos fechados e os braços amarrados.
- Bom. – eu disse. – Digamos que você esteja certa. – e sorri divertido. – Mas será muito proveitoso passar mais uma hora por dia dançando com você. A prática leva à perfeição.
- Concordo plenamente. – ela disse e depois cerrou um pouco os olhos. – E por falar em prática, dá pra explicar o que foi aquilo à tarde? Eu achei que você iria com mais calma.
- Bom, eu tenho que ir testando meus limites, não é?
- Hum.. – ela deu um sorrisinho safado. – Acho que gostei muito dessa sua idéia.
Mas, como eu já tinha percebido, o tempo passava rápido demais quando estávamos juntos e logo as duas horas de aula já tinham se passado. Ela voltou para sua casa e cerca de uma hora depois eu apareci por lá também.
- Como será nosso esquema de testes? – ela perguntou pendurada ao meu pescoço.
- Ainda não sei bem. – eu disse com um sorriso malicioso nos lábios. – Tem alguma sugestão?
- Ah, tenho várias. – ela sorriu mais maliciosamente ainda e me puxou pela camiseta até a cama. Ela me pediu para ficar deitado, e em menos de dois segundos estava sentada sobre meu quadril. – Avise-me quando estiver perto do limite, ok?
Eu apenas assenti, quase receoso com o que ela pretendia, quase. Ela debruçou-se lentamente sobre meu tronco até encontrar minha boca, e foi dando selinhos suaves em meus lábios, sem realmente me beijar. Saiu dos meus lábios e foi beijando cada pedaço do meu rosto, passando as mãos delicadamente pelos meus cabelos. Minhas mãos imediatamente pararam em sua cintura e eu as passeava por suas costas. Depois que ela cobriu cada centímetro do meu rosto com beijinhos, ela voltou para meus lábios e começou o beijo, um pouco tímido no começo, mas logo ela pediu passagem e nossas línguas se encontraram. Minha necessidade por ela era enorme, e a dela por mim também parecia urgente. Eu subi uma das minhas mãos até sua nuca e a trouxe para mais perto. Ela então se afastou um pouquinho, para respirar.
- Como estamos indo? – ela disse um pouco ofegante.
- Ainda bem. – eu disse um pouco inebriado.
Ela então voltou a ficar sentada sobre meu corpo e passou os dedos levemente pela barra da minha blusa, tocando meu abdômen. Um tremor percorreu meu corpo, mas eu ainda estava sob controle. Vendo a afirmação em meus olhos, ela começou a subir a camiseta, lentamente, e então desceu os lábios até encontrar a pele dura e fria da minha barriga. Não consegui segurar um gemido de prazer. Ela sorriu e foi subindo mais a camiseta, até que finalmente a tirou, deixando todo meu tórax exposto. Seus dedos brincavam com a definição dos meus músculos e eu senti meu amigo se animar. Ela voltou a descer os lábios até meu umbigo e foi subindo, muito vagarosamente, ora roçando os lábios, ora com a ponta da língua, ora com beijos. Minha respiração estava ofegante e minha boca implorava pela dela, então eu não me contive e a girei na cama, ficando sobre ela. Ela sorriu de modo safado, excitação emanava de seus lindos olhos e eu parti para o que minha boca desejava: seus lábios quentes e macios. Beijei-a demoradamente antes de aprofundar mais o beijo e este se tornar ardente, apaixonado, quase sexual. Eu sabia que ela precisava respirar, então desci meus lábios para o seu pescoço e dediquei algum tempo a ele, lambendo, beijando, sugando. Foi então a vez dela soltar um gemido enquanto suas mãos passeavam frenéticas por minhas costas. Meu corpo tremeu com aquilo e eu senti que estava perto de perder meu controle. Fui me afastando, o mais lentamente que meu controle permitia, querendo aproveitar ao máximo aqueles segundos e então fui parar perto do pé da cama.
- Bom. – ela começou, enquanto recuperava o fôlego. – Acho que esse foi um bom teste.
- Sem dúvida. – eu respondi, aliviado por ela entender minhas limitações. – E já tenho coisas em mente para amanhã. – seus olhos brilharam, mas eu me recusei a contar o que planejava. – Agora, hora de dormir. – eu disse, depois que já tinha pleno controle dos meus instintos e apesar da cara feia que ela fez, um bocejo saiu por seus lábios e ela se rendeu.
Novamente dormimos abraçados e ela não teve nenhum pesadelo durante toda a noite. Acho que ela realmente estava certa e o que faltava era minha presença protetora ao seu redor para ela se sentir segura e poder descansar sem medos.
Capítulo 17 – A Primeira Noite na Mansão
’s POV
As duas semanas seguintes passaram extremamente rápidas, pois eram semanas de provas e eu tive que me dedicar aos estudos. Edward havia mudado seus horários na secretaria e tinha quase todas as aulas comigo, exceto educação física e matemática, essa última tinha ficado reservada para minhas fofocas com a Rose. Ela e Emm estava no maior love possível e pelo jeito que o negócio tava, eles logo passariam para a outra fase. Eu e Edward ainda estávamos na fase de testes de limites e devo dizer que tínhamos progredido muito. Eu sabia que era muito mais difícil para ele do que para o Emm, então não cobrava demais. Claro que teve uma ou duas vezes que nos empolgamos bastante, mas conseguimos reverter a situação sem danos colaterais.
Ok, eu estava ficando louca com aquilo, a cada dia eu desejava mais e mais o meu namorado, e sabia que ele também estava louco por mim, mas mesmo assim eu ia respeitar seu tempo, afinal, era meu pescoço – literalmente – que estava em jogo, né.
Também não tive mais pesadelos desde que ele passou a dormir todas as noites comigo, sempre me aninhando em seus braços. Acho que era exatamente isso que faltava: segurança. E ele sempre me acordava do jeito mais fofo do mundo, preparando meu café enquanto eu me arrumava para ir ao colégio.
Os ensaios da dança iam de vento em popa e todos acabamos nos surpreendendo com a desenvoltura da Rose. Para quem estava super tímida no começo, ela tinha virado uma salseira de primeira. E foi numa sexta-feira – ela havia insistido muito para que ela me desse carona na ida e na volta – que ela me fez o pedido.
- Hum, deixa eu ver se entendi: você e o Emm vão....enfim... e querem minha casa emprestada?
- Ahã. – ela disse quase roxa ao banco do motorista, olhando firmemente para o nada. – Em casa não há a menor condição e na casa deles, bom, tem gente demais para desalojar e ficar sabendo dos nossos planos. – ela suspirou e me encarou finalmente. – Estou sendo abusada demais?
- Não, Rose. – eu disse por fim sorrindo para ela. – Vou adorar conspirar com o plano de vocês. – ela soltou um gritinho e me agarrou pelo pescoço, quase me sufocando. Ficamos combinadas de que ela viria para cá no começo da tarde do dia seguinte. Entrei em casa com um largo sorriso no rosto e não demorou muito para Edward aparecer.
- Você soube do plano maluco do seu irmão e da minha amiga, né? – eu disse rindo.
- Claro que soube. – ele disse me abraçando enquanto eu mordia meu sanduíche. – Adivinha se não teve dedo da sua cunhadinha nisso.
- Ah, claro. Só podia! – eu disse rindo com as idéias da Alice. – Bom, acho que terei que dormir na sua casa amanhã.
- Ah, não. – ele disse fazendo manha.
- Não? – eu disse dengosa, enroscando meus braços em seu pescoço. – Eu adoraria testar seus limites naquele magnífico sofá que existe no seu quarto.
- Ai, golpe baixo. – ele disse já com um sorriso nos lábios. – Não vou conseguir resistir a essa idéia.
- Oba! – eu disse e lhe beijei demoradamente.
Ele passou as mãos por trás dos meus joelhos, me segurando no colo e em meio segundo estávamos em meu quarto, para mais uma sessão de testes e descobertas. Estávamos realmente muito bons em beijos e amassos e eu começava a sentir que logo nós dois também estaríamos aptos a seguir com nossos planos.
Ele novamente passou a noite comigo, e novamente eu não tive nenhum pesadelo. Já estava até me esquecendo da sensação angustiante de acordar no meio da noite com o coração apertado. Quando amanheceu ele novamente preparou meu café e disse que ia caçar um pouco mais longe naquele dia, queria um pouco de variedade na sua dieta e Jasper ia com ele.
Nos despedimos, eu fiz uma faxina na casa na parte da manhã, almocei perto das 13h e fui arrumar minha mochila para passar a noite na casa do Edward. Enquanto Rose não chegava, fiquei fuçando na internet. Uma hora depois, mais ou menos, Rose chegou em casa. Conversamos bastante durante algumas horas e mais perto do fim do dia eu fui para a casa do Edward, desejando-lhe bom divertimento.
Edward’s POV
Quase não acreditei quando vi a visão de Alice: Emm e Rose no quarto da . Eu sabia que ela não se recusaria a ajudar a amiga diante da situação em questão, então a visão de Alice foi tão sólida quanto uma rocha. Tratei de providenciar uma cama para colocar no meu quarto, já que não a faria dormir no sofá.
Durante toda a aula daquela sexta à noite, os pensamentos de Rose estavam voltados exclusivamente ao pedido que ela teria que fazer à amiga. O que foi confirmado quando eu cheguei à casa do meu amor, algum tempo depois e ela me comunicou o fato de que passaria a noite em minha casa. Eu achei horrível, né?
Tivemos a nossa sessão de testes naquela noite e eu me sentia quase pronto para controlar totalmente minha força e meus impulsos para poder me entregar de verdade ao desejo mais latente em minha mente e corpo: fazer amor com minha . Nós estávamos ficando muito bons em preliminares e eu já tinha conversado bastante com Carlisle, então era apenas questão de mais um pouco de paciência, coisa que às vezes escapava a ela, e eu não podia realmente culpá-la, porque eu sabia que a estava provocando muito, do mesmo jeito que ela me provocava.
Dormimos juntos novamente e ela nunca tinha estado tão tranqüila em seu sono. Eu ficava extremamente feliz por ter finalmente descoberto uma maneira de confortá-la e fazer com que os pesadelos desaparecessem. Pela manhã eu a deixei e fui caçar com Jasper. Fomos atrás de alguns leões da montanha, um pouco mais ao norte, mas estaríamos de volta ao anoitecer. já estava em minha casa quando voltamos e ria alegremente na sala junto com meus pais e minha irmãzinha.
- E aí, divertiu-se com alguns gatinhos? – ela perguntou brincalhona.
- Como não me divertia há tempos. – eu respondi dando um beijo estalado em sua bochecha.
- Bom, família, estou indo. – disse um Emm animado descendo as escadas. Ele agarrou minha namorada e a abraçou demoradamente, dando-lhe um beijo no rosto. – Eu te adoro, maninha!
- Também te adoro, maninho. – ela respondeu depois que foi colocada no chão. – Emm? – ela o chamou quando ele já estava na porta. – Só tome cuidado para não quebrar a cama, ok? Gosto muito dela. – todos nós soltamos uma forte gargalhada e ele saiu em direção ao seu jeep.
Depois da saída do meu irmão seguimos todos para a cozinha para fazer companhia a enquanto ela jantava. Ela fez um pouco de caso, disse que não precisava e tal, mas o que ela não entendia era que todos nós adorávamos a sua presença. Ela era algo como um elo, uma ligação entre a família que éramos um mês atrás e a família que estávamos construindo dia após dia: mais feliz, mais leve, quase mais humana, eu diria.
Terminada a refeição voltamos todos para a sala e eu fui ao piano, acompanhado por Alice, que estava empolgada para cantar. No fim, terminamos por todos cantarmos, inclusive minha amada, que tinha uma voz linda, diga-se de passagem.
Conforme a noite adentrava, meus pais, Alice e Jasper foram se ocupando de outras coisas e eu finalmente levei ao nosso quarto.
- Não existia uma cama nesse quarto. – ela disse curiosa.
- Você não achou mesmo que eu ia te fazer dormir no sofá, não é?
- Hum. – ela fez biquinho. – Eu tinha vários planos para esse sofá. – ela disse quase triste.
- Bom. – eu disse me aproximando de seu ouvido. – Não precisamos abandonar seus planos. A gente pode usar a cama só para dormir mesmo. – ela tremeu um pouquinho com meu sussurro.
- Sabe. – ela fez uma pausa. – Acho que agora também tenho planos para essa cama. – e me olhou com malícia nos olhos. Ah, eu adorava aquele olhar! – Onde eu posso me trocar?
Eu indiquei o banheiro, ela levou a mochila consigo e logo depois ela apareceu com um robe de cetim pérola comprido, frouxamente amarrado em sua cintura por uma faixa também de cetim. Ela estava descalça e trazia o cabelo preso em um coque com uma presilha; seu olhar era extremamente sedutor. Ainda não sabia o que esperar por debaixo daquela peça e engoli em seco com aquela imagem e expectativa.
- Gostou? – ela disse percebendo minha cara babona. – Achei que hoje seria uma boa noite para testarmos seu controle visual.
- Controle visual? – eu quase gaguejei. O que ela estava planejando?
- Ahã. – ela disse num tom sensual. – Hoje você não pode me tocar, apenas me olhar. – ela seguiu até o aparelho de som, colocou um CD, sintonizou uma faixa específica e caminhou até mim com olhos libidinosos, me fazendo sentar na beirada da cama. – Ah, mas eu posso tocar em você. – e me deu um rápido selinho.
- Hãn.... ok. – eu disse depois de engolir seco e perceber que estava começando a ficar nervoso. Ela se afastou um pouco, fechando a porta do quarto e então soltou o play do som, ainda de costas para mim. (n/a: faz toda a diferença ler os próximos trechos ouvindo essa música – Música 07)
Reconheci a música no primeiro acorde e quase prendi minha respiração: ela não ia mesmo fazer o que eu estava achando que ela ia fazer, ia? Oh, céus! Ia! Ela jogou os quadris para os lados, no mesmo tempo das batidas da música. Então se virou para mim com um sorriso quase maligno e veio caminhando em minha direção. Seu corpo se movia no ritmo da música, fazendo ondas conforme ela mudava o passo. Ela parou a certa distância e sorriu, fitando-me enquanto colocava um dedo na boca fazendo cara de safada e rebolava lentamente até o chão. Puta que pariu! Ela quer me matar desse jeito! Foi subindo lentamente e então se virou de costas novamente, desamarrando a faixa do robe e virou-se para mim, mantendo-o fechado com as mãos. Um tremor percorreu todo o meu corpo com a ansiedade pelos seus movimentos. Meu coração estaria a mil por hora se ainda batesse e minha respiração estaria ofegante – ops, ela está ofegante – com cada movimento seu.
Ela sorriu novamente e novamente se virou de costas soltando as laterais do robe e então as desceu um pouco pelos ombros, mostrando que estava com uma peça de alcinha. Pude observar seus ombros praticamente nus com sua pele macia e sedosa. Novamente engoli seco e meus joelhos deram uma tremida. Ela virou a cabeça para me encarar e sorriu largamente com minha concentração. Deixou o robe ir descendo lentamente por seus braços até alcançar a altura dos cotovelos e então os segurou na frente, virando-se e mostrando uma blusinha de cetim com uma linha de botões que ia desde a barra – ao que parecia – até o ponto onde se encontrava com o decote do busto. Esse decote era em V e deixava à mostra as delimitações de seus seios. Oh, céus, como eu queria tocá-la naquele exato momento, minha boca pedia por seu colo desnudo. Como se percebesse isso, ela se aproximou mais um pouco, mas ainda estava distante. Suas coxas apareciam pela abertura do robe que ainda estava na altura da sua cintura, o que me deixou mais atento ainda, notando suas pernas torneadas e firmes. Eu mordi meu lábio inferior instintivamente e não consegui segurar um suspiro baixo. Se eu pudesse, com certeza estaria suando nesse momento. Ela remexeu os quadris mais um pouco, movimentando sensualmente a cabeça e então deixou o robe escorregar de vez por seus braços, revelando que vestia um micro short por baixo da blusinha de cetim. Ok, parei de respirar agora. Ela se aproximou mais um pouco, deliciando-se com meu desejo, fitando-me intensamente com um sorriso luxurioso nos lábios. Quando estava a centímetros da minha boca, ela umedeceu os lábios com a língua, passou o dedo indicador por eles e depois contornou os meus, num movimento extremamente sexy. Eu fiz uma leve menção de me mexer e ela me impediu, colocando o dedo verticalmente em meus lábios, em sinal de negativa. Eu suspirei, simplesmente.
Ela voltou a se afastar, ficando de costas outra vez, apoiando uma das pernas no assento do sofá e subindo as duas mãos pelas laterais de seu corpo, desde a coxa até o pescoço e então num movimento mais rápido soltou o cabelo e virou-se para mim outra vez. Eu quase não me segurei quando vi seus fios tocarem seu pescoço indecentemente. Meu amigo lá de baixo já estava latejando de desejo por ela, eu a queria ali, naquele momento. Ela apoiou-se no braço do sofá e desceu muito lentamente até o chão e depois foi subindo, mais lentamente ainda, permitindo que eu visse cada detalhe das suas lindas pernas. Mesmo sendo gelado, eu estava sentindo meu corpo inteiro quase que entrar em ebulição. Ainda dançando muito sensualmente, ela voltou a ficar próxima a mim e começou a desabotoar sua blusinha delicada, botão por botão, lentamente, me deixando completamente louco de tesão.
E então eu não suportei mais, ficando de pé e enlaçando sua cintura quase com fúria. Apertei-a contra meu quadril sabendo que ela sentiu o volume que eu tinha entre as pernas e me olhou com muito desejo e então eu ataquei sua boca deliciosa beijando-a quase desesperadamente. Ela correspondeu ao meu beijo com a mesma voracidade, o que indicava que estava tão excitada quanto eu e jogou seus braços ao redor do meu pescoço, afundando as mãos em meus cabelos bagunçados. Depois de um tempinho ela se afastou para respirar e então deu uma bela gargalhada.
- Em quesito controle visual, seu desempenho foi apenas mediano.
- Você foi muito má, . – eu disse enroscando gentilmente uma das minhas mãos nos seus cabelos, na altura da sua nuca e afastando-a um pouquinho mais de mim. – Merece ser castigada. – e sei que meus olhos arderam de excitação.
- Então me castigue. – ela disse com a voz mais sexy da face da Terra e eu a peguei no colo, jogando-a não tão gentilmente assim na enorme cama.
’s POV
Eu estava simplesmente adorando provocá-lo daquela maneira. Como ainda não tinha pensado em um strip-tease? Aproveitei toda a minha sensualidade natural de brasileira e mexi meu corpo no ritmo da música, que era absolutamente perfeita para aquilo. Cada vez que eu o olhava e via o desejo em seus olhos, eu me excitava mais. Como é bom se sentir desejada pelo homem que você ama! Fui brincando com ele até onde deu, mas quando comecei a desabotoar a blusinha do baby doll ele não se segurou e me atacou quase com fúria. Tenho que dizer que meus lábios imploravam pelos dele mais do que nunca! Eu o provoquei mais um pouquinho e então ele me jogou na cama, fazendo meu corpo tremer de desejo.
Ele se posicionou sobre meu corpo, sentando em meus quadris e foi descendo o tronco em minha direção, e foi quando eu senti o tamanho da sua excitação. Não contive um sorriso malicioso e muito satisfeito.
- Olha a situação em que você me deixou. – ele disse ao pé do meu ouvido e eu me esqueci momentaneamente de respirar. – Você não deveria ter feito isso. – ele disse ainda ao meu ouvido, num sussurro gelado que me fez me arrepiar e então passou a brincar em minha orelha com sua língua.
Um gemido involuntário saiu por meus lábios e o senti sorrir. Eu fui envolver seu pescoço com os braços, mas ele me impediu, segurando em meus pulsos e os elevando acima da minha cabeça, prendendo-me apenas com uma das mãos.
- Só eu posso te tocar, mocinha. – ele disse com muita sensualidade e eu engoli seco, mordendo meu lábio inferior e soltando um ruidoso suspiro.
Ele abriu um largo sorriso de satisfação e foi descendo os dedos da mão livre pelo meu braço, muito lentamente, provocando uma espécie de formigamento enquanto fazia o trajeto. Meu corpo estava quase em chamas e seu toque frio só fazia aumentar meu prazer. Ele desceu os lábios até os meus, apenas roçando-os levemente, me fazendo subir a cabeça para beijá-lo, mas ele se afastava milimetricamente diante do meu esforço.
- Isso é tortura, Edward. – eu deixei escapar baixinho e ele se rendeu ao meu tom suplicante e me deu um baita beijo, que começou leve e foi se aprofundando sensualmente.
Ele então deslizou os lábios pelo meu pescoço e passou a explorar meu colo, passando a língua lentamente por toda a região, de um ombro a outro e foi descendo mais um pouco, até encontrar as delimitações dos meus seios. OMG! Prendi a respiração por um momento quando ele desceu seu rosto pelo meio dos meus seios ainda cobertos pela blusinha e passou a beijar toda a região do meu abdômen, que estava exposta por causa dos botões que eu mesma havia aberto. Ele soltou meus braços e eu não consegui me conter e fui acariciar seus fios cor de bronze. Oh, céus! Eu gemi um pouco mais alto quando ele resolveu brincar com meu umbigo, dando beijinhos e fazendo desenhos com a língua. Ele posicionou ambas as mãos no cós do meu short e ficou passando o dedo ali, indo e vindo junto ao elástico, sem intenção de avançar por aquele caminho. Aquilo estava me deixando completamente maluca.
- Edward.... – eu não me contive e ele voltou correndo para minha boca quando ouviu seu nome sendo pronunciado. Beijou-me avidamente, pressionando os lábios com força contra os meus. Eu quase senti dor, quase, pois aquilo estava bom demais.
Ele decidiu então que estava na hora de dar atenção às minhas pernas e afastou-se ao máximo da minha boca, começando a – literalmente – beijar meus pés e ir subindo, muito vagarosamente a boca pela minha canela. Enquanto sua boca cuidava de uma das pernas, sua outra mão e dedos cuidavam da outra, provocando-me sensações indescritíveis. Quando ele chegou à curva do joelho meu corpo inteiro estremeceu com o prazer que aquilo me dava e soltei outro gemido, esse um pouco mais alto. Ele sorriu em minha pele, mas não se deixou intimidar continuando seu caminho. Agora ele subia pela parte interna da minha coxa. Meu coração estava disparado, até mesmo descompassado e minha respiração extremamente ofegante e ruidosa, só imaginando o destino que seus lábios logo encontrariam. Na outra perna, seu toque era tão leve quanto uma pluma, o que deixava um caminho de formigamento por onde seus dedos passavam. Minha respiração ficou presa quando ele chegou muito perto da minha virilha e enquanto ele pressionou fortemente uma das minhas coxas, a centímetros da virilha, na outra ele aplicou um beijo molhado. Mordi novamente meu lábio na vã tentativa de segurar o ruidoso gemido.
- Merda! – eu exclamei quando senti o gosto de ferro em minha língua. Imediatamente tampei minha boca e no segundo seguinte Edward estava do outro lado do quarto, ao lado da janela.
Eu sentei rapidamente na cama, sem acreditar que eu mesma tinha cortado meu lábio, liberando uma ínfima quantidade de sangue no ambiente, mas o suficiente para atingir em cheio o olfato apurado do meu vampiro. Busquei seus olhos, numa tentativa de lhe dizer o quanto sentia, mas não os encontrei com fúria.
- Deixe escorrer um pouco de água em seus lábios, meu amor. Logo o sangue estancará. – sua voz não estava muito tensa, só um pouquinho mais do que o normal.
Eu corri o mais rápido que pude até o banheiro e me tranquei ali, na tentativa de impedir que meu aroma o atingisse. Merda! Merda! Merda! Por que eu tenho essa mania idiota de morder o lábio? Claro que isso aconteceria uma hora ou outra! Estúpida! Justo agora que estava tão bom! Justo quando ambos nos sentíamos seguros para seguir em frente! Tudo sua culpa, !
Enchi minha boca com água várias vezes e examinei o minúsculo corte. Era até menor do que o provocado pelo tabefe que levei naquela fatídica noite, então eu sabia que em questão de alguns minutos o sangue pararia de jorrar. Eu estava realmente me odiando naquele momento, quando escutei Edward bater à porta.
- , amor? Tudo bem? – sua voz estava preocupada.
- Ahã. Saio em um minuto, ok?
- Claro. – ele disse e o ouvi se afastar.
Aproveitei que já estava por lá e joguei uma água em meu rosto e pescoço, tentando esfriar o fogo carnal que me consumia. Sabia que não rolaria mais nenhum “teste” aquela noite. Inspirei profundamente algumas vezes, analisei novamente o machucado e vi que já havia parado de sangrar então saí do banheiro. Havia agora uma melodia doce e suave tomando conta do quarto e Edward estava deitado na cama.
- Você está bem? – eu perguntei receosa.
- Sim. – ele disse com um sorriso suave. – Preocupado com você.
- Foi um corte idiota, mínimo. – eu bufei. – Eu e essa mania idiota de morder o lábio. – olhei em seus lindos olhos dourados.
- Não é idiota, é fofa. – ele disse tentando me acalmar.
- Desculpe, amor. – eu disse num fio de voz.
- Ah, . – ele se levantou e veio me abraçar. – Acidentes de percurso acontecem. – ele beijou o topo da minha cabeça. – Não se martirize por isso.
- Mas.... – eu tentei o interromper.
- Mas, nada. – ele sorriu e puxou meu queixo para cima, cruzando nossos olhares. – Foi mais fácil do que eu imaginava. Tranquei minha respiração quando o cheiro me atingiu e busquei por um pouco de ar fresco.
- E como você está agora? – eu perguntei um pouco mais segura.
- Muito bem. – ele acariciou minha bochecha. – Nossos testes de tolerância surtiram um efeito melhor do que o esperado. – eu só consegui me lançar contra seu peito e abraçá-lo. – Venha. – ele me pegou em seus braços e nos aconchegou na cama.
Ficamos aninhados um nos braços do outro por algum tempo ainda, até que a melodia suave que inundava o quarto chamou o sono e eu capotei em seus braços.
Edward’s POV
Tudo estava correndo às mil maravilhas naquela noite: ela me provocando, eu a provocando e acho que ambos tínhamos certeza de que daquela noite não passava. Mas foi aí, em meio a um beijo estratégico em sua coxa, que ele me acertou. O seu cheiro doce e suculento invadiu minhas narinas e a única coisa em que consegui pensar em fazer foi parar de respirar e sair de perto dela, colocando-me ao lado da janela e inalando o ar frio e úmido da noite. Demorei alguns segundos para entender o que tinha acontecido ali e assimilar que ela mesma, inconscientemente, havia se machucado num momento de prazer. No momento seguinte eu estava me culpando por tê-la provocado a tal ponto e sabia que precisava saber como ela estava, qual seu grau de pavor diante daquele fato.
Finalmente nossos olhos se encontraram e encontrei ali culpa ao invés de medo. Ah, não. Não era ela a culpada e só então fui perceber que, apesar da minha garganta arder um pouco mais do que o normal, o cheiro do seu sangue estava em níveis bastante toleráveis. Ela ainda tapava a boca com uma das mãos, então eu disse para ela jogar um pouquinho de água para ajudar a estancar o sangramento e no segundo seguinte ela estava trancada no banheiro. Pela freqüência de seus batimentos e o ritmo da sua respiração, eu sabia que ela estava puta da vida consigo mesma. Tinha que fazer qualquer coisa para reverter aquilo. Fui até a porta do banheiro, saber se ela estava bem e logo depois ela saiu.
Sua expressão indicava raiva de si mesma e preocupação comigo. Ela começou a falar, e só então fui entender que aquilo poderia ter acontecido com qualquer um. Casais convencionais viviam demonstrando empolgação demais e às vezes se machucando, acidentes de percurso e era exatamente o que tinha acontecido ali. Ela se acalmou mais depois de concordar comigo e terminamos a noite como as outras: ela dormindo tranquilamente em meus braços até o dia clarear.
- Bom dia, dorminhoca. – eu disse quando ela abriu os olhos.
- Bom dia, meu amor. – ela respondeu dengosa, como sempre fazia. Ah, como eu adorava vê-la fazer isso. – Nossa, seu quarto é muito claro de manhã. – ela sorriu e depois franziu os olhos.
- Nunca tinha pensado nesse detalhe. – eu confessei dando beijinhos em suas pálpebras fechadas. Ela sorriu com aquilo. – Venha, o café da manhã a espera.
- Você saiu daqui? – ela perguntou espantada.
- Não. – eu desci o dedo pelo seu nariz. – Carlisle é um ótimo cozinheiro também.
Ela não demorou a ficar pronta e descemos de mãos dadas até a cozinha. Gostou do show de ontem à noite? Perguntou Alice toda empolgada. Filha da mãe! Ela não tinha deixado escapar nenhuma dica sequer! Sinto vocês dois mais unidos do que nunca, fico feliz, irmão. Esse, claro, foi Jasper. Esme não pensava, no momento, apenas admirava o tamanho da minha felicidade e eu pude constatar isso ao ver a mim mesmo em seus pensamentos e Carlisle tentava disfarçar, mas estava curioso para saber o que tinha acontecido. Foi o único a reparar no lábio minimamente inchado dela. Tudo bem, filho? Eu apenas assenti com os olhos e ela se sentou numa das cadeiras.
- Duvido que eu seja tão bom cozinheiro quanto Edward, mas acho que está palatável. – disse meu modesto pai.
- Palatável? – ela franziu a testa depois de provar uma das panquecas. – Está muito mais do que palatável, Carlisle.
Passamos a manhã toda passeando pelo entorno da casa, ao longo do riacho e nos curtindo. Voltamos para dentro na hora do almoço e ela experimentou uma macarronada preparada por Esme. Pela sua fisionomia devia estar realmente muito boa. Passamos mais um tempo ao piano e mais ou menos no meio da tarde ela foi interrompida pelo telefonema de Rose.
- Emm está vindo para cá e ela quer que eu vá para lá. – ela disse com muita curiosidade em seus brilhantes olhinhos.
Quando ela estava se preparando para subir na Chevy, Emm surgiu em seu Jeep, com um sorriso maior que o rosto. Dei um último beijo nela e fui conversar com meu irmão, enquanto ela voltava para sua casa.
Capítulo 18 – Felicidade de uns...
Rose’s POV
Enquanto ainda estava ali comigo, meu nervosismo parecia estar adormecido em algum lugar, mas foi só ela sair da sua casa que eu quase pirei! Meu Emm ainda demoraria um pouco para chegar, então fui correndo me arrumar, para ficar linda para ele. Depois de conseguir borrar duas vezes meu gloss labial, eu até pensei em tomar algum chá calmante ou mesmo em desistir daquela idéia afinal, se eu estava tão nervosa assim era sinal de que eu ainda não estava preparada, não era?
Quase morri do coração quando ele tocou a campainha e minhas pernas tremiam enquanto eu seguia em direção à porta, já pensando em como diria a ele que achava melhor adiarmos aquela hora.
- Oi, linda! – ele disse com aquele sorriso fofo e um lindo buquê de flores nas mãos. – É pra você.
E foi nessa hora que todas as minhas dúvidas caíram por terra, o Emm era sim o homem perfeito pra mim e não havia motivos para eu me sentir insegura com ele. Abri um largo sorriso para ele e corri para seus braços.
- Oi, lindo. – eu disse ao pé de seu ouvido. – Estava com saudade.
Ele me apertou mais forte em seus braços e beijou docemente meu pescoço, provocando aquela deliciosa sensação arrepiante.
- Eu também. – ele disse depois de fechar a porta da sala e então surgiu aquele silêncio horroroso. – É.... então.....
- Ai, droga, Emm.... – eu acabei soltando ao me sentar no sofá. – Não sei o que fazer, o que dizer...
- Hei, calma. – ele disse sentando-se ao meu lado. – Se isso ajuda, também estou nervoso. – e acariciou minha bochecha. Eu encarei seus olhos lindos e sorri envergonhada. Emm também sorriu e foi se aproximando lentamente de mim. – Quem sabe isso não ajuda? – e beijou minha bochecha enquanto fazia carinho no lado oposto.
Tenho que confessar que fiquei molinha com aquilo e fui ficando cada vez mais segura enquanto ele beijava cada pedacinho do meu rosto. Finalmente nossos lábios se encontraram e quando eu senti o seu gosto não consegui pensar em mais nada.
Emmett’s POV
Eu saí de casa ainda rindo com as recomendações da minha cunhadinha linda, mas logo passei a me concentrar na minha fofura, na minha Rose. Antes de chegar na casa da , parei numa floricultura e comprei um lindo buquê de rosas vermelhas, já que a ocasião pedia, né, e só depois fui ao encontro da Rose.
Ela estava mais linda do que nunca – se é que era possível – e um pouco nervosa também, o que me deixou nervoso também, mas logo resolvemos isso pois passamos a fazer aquilo em que éramos melhores: nos curtir.
Sentir a pele quente e macia da Rose em contato com a minha me deixava louco de desejo e não demorou muito para que estivéssemos no quarto. Ela me olhava intensamente e seu coração pulava em seu peito, chamando minha atenção para o movimento que seus seios faziam quando ela respirava. Desci meus carinhos até eles e Rose ofegou de prazer.
Aos poucos fomos nos livrando das roupas e dos pudores e quando dei por mim, Rose gemia alto de prazer. A onda de prazer percorreu todo o meu corpo e eu senti o maior prazer de todos.
Rose’s POV
Emm sabia perfeitamente como me deixar sem fôlego e eu não pensei mais, apenas me deixei levar pelos sentimentos despertados por ele. Minha respiração estava num ritmo frenético, assim como meu coração, e nem vi quando ele me deitou na cama, olhando-me com malícia e desejo.
Suas mãos habilidosas percorriam cada centímetro do meu corpo, levando-me à loucura ao mesmo tempo em que seus lábios anormalmente e deliciosamente gelados tomavam conta dos meus.
Eu não sentia mais nada a não ser o amor de Emm, a não ser nossa conexão e sintonia. E vi estrelas quando chegamos juntos ao momento mágico e sublime do nosso amor.
- Eu amo você, Rose. – ele sussurrou ao meu ouvido quando me puxou para me aconchegar em seus braços fortes e acolhedores.
- Eu também te amo, Emm. Muito. – eu respondi ainda um pouco boba com todas as sensações que estava sentindo. Ficamos ali, abraçados até que eu adormeci.
Emmett’s POV
Minha princesa adormeceu em meus braços e eu fikei ali, velando seu sono. Agora entendia o fascínio que Edward sentia por ficar a noite toda ao lado da enquanto ela dormia. O dia logo chegou e eu tratei de preparar um belo café da manhã pra minha linda. Edward dizia que adorava quando ele fazia isso, então presumi que Rose também iria gostar. E foi o que aconteceu: ela abriu um largo sorriso e, depois que ela se alimentou, voltamos correndo para o quarto, pois agora que tínhamos tido nossa primeira vez, queríamos a segunda, a terceira e por aí vai.
Só conseguimos nos desgrudar mais para o fim da tarde, e só porque tínhamos que manter as aparências. Mas tenho que confessar que foi muito difícil me despedir dela e terminar aquele que tinha sido o melhor dia da minha existência.
’s POV
- ! – Rose berrou quando entrei em casa.
- Ok. – eu disse sorrindo largamente. – Pode contar tudinho.
E passamos algumas horas conversando. Ela dizendo como Emm era carinhoso, como tinha sido perfeito, como ela o amava e como ele a amava, como ela queria ficar com ele para sempre, enfim. Fez um relatório que só não foi mais completo porque eu a impedi de contar os detalhes mais íntimos. Mesmo assim uma ou outra coisa ela deixou escapar. Ela deixou minha casa praticamente caminhando nas nuvens e eu fiquei verdadeiramente feliz por saber que meus amigos estavam felizes. E também, por saber que era possível um vampiro e uma humana fazerem amor sem ossos quebrados ou maiores traumas.
Depois que ela saiu eu fui tomar um banho e preparar o meu jantar. Estava largada no sofá quando senti aquela dor chata e familiar. Ah, claro! Tava demorando até! Bufei, fui até o banheiro e abri um novo pacote de absorventes, voltei para a sala com uma manta e me encolhi ainda mais no sofá, sabendo que aquela posição ajudava a aliviar a dor. Ok, posso até parecer meio masoquista falando assim, mas é que eu simplesmente odeio tomar remédios e prefiro deixar que meu corpo lide ele mesmo com a dor. Só quando fica insuportável, aí sim me entrego a um anti-inflamatório da vida.
- ? – escutei Edward no topo da escada.
- Aqui, amor. – eu disse.
- Tudo bem? Achei que estaria no quarto já. – eu o encarei, meio enrolada no sofá, sem fazer muita festa e vi seus olhos se tingirem de preocupação. – O que houve, amor? Você está bem?
- Tudo bem, não se preocupe. É que entrei nos meus “dias de menina”.
- Dias de menina? – ele arqueou as sobrancelhas interrogativamente.
- É, Edward. – eu sorri com sua confusão. – É meu jeito carinhoso de me referir ao meu período menstrual.
- Ah. – ele disse, ainda muito longe de mim. – Mas você parece estar com dor.
- E estou: cólicas. – eu fiz bico. – Mas vem pra cá, você está muito longe. Ou será que...
- Não. Na verdade isso nunca me afetou. Estranho até. – disse Edward vindo se colocar ao meu lado.
Eu resmunguei um pouco ainda, até que eu estava enroscada em seu peito enquanto ele fazia cafuné em meus cabelos.
- Você quer que eu chame o Carlisle?
- Relaxa, amor, ok? Passo por isso todo santo mês. Só preciso ficar assim, quietinha.
Passamos mais algum tempo na sala até que me deu sono e ele gentilmente me carregou até a cama. Ok, eu também estava fazendo um pouquinho de dengo – eu estava com dor, mas não era para tanto – apenas era tão gostoso ser cuidada assim por ele que não resisti.
Ele nos acomodou na cama, me mantendo bem próxima a seu peito e me envolvendo em seu abraço e eu tinha certeza absoluta de que ali era o melhor lugar do mundo.
- Como foi com o Emm? – eu perguntei.
- Nossa. – ele soltou uma lufada. – Fiz um esforço enorme para não ouvir sua mente, mas ele praticamente gritava em sua memória todos os momentos com a Rose. – ele riu um pouco encabulado. – Digamos que eles se saíram muito bem.
- É, eu imagino. Também tentei fugir dos detalhes com ela, mas não tive escapatória em alguns momentos. – rimos da nossa situação e então ele deslizou os dedos com segundas intenções pelo meu braço.
- E como ficam nossos testes? – ele disse naquele tom sedutor que me derretia.
- Ah, amor. – eu suspirei pesadamente. – Teremos que suspendê-los por uns dias.
- Não podemos nem testar alguns beijos? Não vou suportar ficar sem te beijar.
- Ah, que fofo. – eu não resisti ao comentário. – Acho que quanto a beijos não há problemas. – e sorri um pouco maliciosa.
Ele compreendeu e desceu o rosto até que nossos lábios se encontraram e nos deixamos levar por um longo e apaixonado beijo. Passamos algum tempo assim, sem provocar muito até que fui vencida pelo mal estar e adormeci.
Edward’s POV
A conversa com Emm foi constrangedora em sua quase totalidade, ainda mais que ele não fazia o menor esforço para refrear suas memórias, mas o que me deixou aliviado foi o fato de ser extremamente possível esse tipo de relação. Esperei mais um pouco e fui até a casa da , com várias intenções em minha mente, já que tínhamos nos saído muito bem em todos os nossos testes e se não fosse o pequeno incidente da noite anterior, hoje seríamos um casal com todos os desejos carnais realizados.
Estranhei um pouco a luz do quarto estar apagada e pensei que talvez ela tivesse adormecido, mas ela não estava lá e me desesperei por um segundo, até escutar a TV na sala e ouvir seu coração calmo. Chamei por ela e logo eu já estava ao seu lado, tentando fazer com que aquela dor da cólica diminuísse. Não que eu pudesse fazer muita coisa, mas enfim, era meu instinto de proteção falando mais alto.
Fiquei com ela na sala e depois a carreguei para o quarto, perdendo totalmente as esperanças de termos nossa primeira vez naquela noite. E nas próximas. Eu embalei seu sono com uma cantiga e ela adormeceu tranquilamente.
Ela não amanheceu tão bem quanto eu desejava e decidiu ficar em casa naquela manhã. Embora ela tivesse me proibido de chamar Carlisle, eu aproveitei que ela dormia e liguei para meu pai, só para ele me dizer que aquilo era assim mesmo.
Bom, sei que foram quatro longos dias de irritação, dor, mau humor e emoções à flor da pele. Ela até tinha pensando em desistir de ir às aulas de dança naquela semana, mas logo mudou de idéia. Honestamente? Antes não tivesse ido, pois ela estava extremamente irritada e desconcentrada. Credo! Mulher nesses dias fica o cão, fala sério!
Capítulo 19 – Recompensa
’s POV
Nossa, eu até fiquei assustada dessa vez: eu nunca tive TPM, nunca fiquei irritada, de mau humor, ou sensível. Coitado do Edward, ele que agüentou. Mas realmente não sei o porquê de tudo isso. Talvez tenha sido uma mistura de tudo o que aconteceu comigo nesse último mês, um reflexo da minha mudança de vida, das minhas descobertas, enfim.
O bom era que eu já estava bem melhor naquela manhã de sexta feira e agora tinha que pensar numa maneira de me desculpar com meu amor. Se bem que eu já tinha uma bela idéia. Nos encontramos na escola e fomos para nossas aulas.
- Como você está hoje? – ele perguntou depois de me dar um selinho. Desde que eu tinha percebido que estava extremamente irritada nos outros dias, tínhamos combinado de que ele não estaria presente quando eu acordasse pela manhã. Parecia infantilidade, eu sei, mas como nem eu mesma estava me reconhecendo, não queria ficar dando patadas sem que ele merecesse, afinal, ele não tinha culpa do meu estresse. Então, nos víamos na escola, nas aulas de dança e ele aparecia à noite quando eu já estava quase dormindo. Eu tinha dito que não era necessário, mas ele não queria que eu tivesse pesadelos – mais um fator para afetar meu humor – então passava as noites comigo e ia embora antes de eu acordar.
- Ótima. – eu respondi com um largo sorriso. – Finalmente essa fase acabou.
- Graças a Deus! – ele soltou tão aliviado que fiquei culpada. – Desculpe, . – ele disse logo depois de ter lido minha expressão. – Mas é que a coisa estava meio complicada.
- Eu sei. – eu respondi envergonhada. – Realmente não sei o que houve comigo esse mês, nunca reagi dessa maneira. Mas tenho certeza de que não se repetirá.
- Que bom ter minha de volta! – ele me envolveu em seus braços.
- Desculpe se fui insuportável, injusta e chata. Não pude controlar.
- Está tudo bem, amor. O que interessa é que já passou. – e deu aquele sorriso torto que me derretia.
- É por isso que eu te amo tanto. – eu disse ao pé do seu ouvido. Ele engoliu em seco.
As aulas passaram rapidamente e logo já era hora do intervalo. Rose estava nas nuvens com Emm e ambos andavam se divertindo muito – se é que me entendem – no escritório da escola de dança e no jeep dele. O intervalo foi rápido demais, assim como as outras aulas e logo eu já estava em casa almoçando. Fiz meus deveres do colégio, arrumei a casa e fiquei pensando em como arrumaria tudo. A tarde passou voando e logo já estava na hora de ir para a escola de dança.
- Você está diferente. – ele disse depois de me recepcionar com um leve beijo.
- Diferente como? – eu fiz charme.
- Não sei. – ele apoiou a mão sob o queixo de modo pensativo. – Você está aprontando alguma coisa.
- Eu? Imagina! – claro que disse isso com uma atuação exagerada, só para deixá-lo mais curioso. Às vezes era muito bom que Edward não pudesse ler minha mente.
- Sei. – ele disse com um meio sorriso. – Bom, Alice vai me contar de qualquer maneira, não é, irmãzinha?
- Sabe como é, Edward. – disse Alice se aproximando de nós. – Algumas coisas eu simplesmente não posso contar. Coisas de mulher. – e piscou para mim. Eu sorri largamente e a abracei.
- Obrigada, cunhadinha. – eu sussurrei bem baixo. Ela aumentou ainda mais o sorriso.
- Mulheres! – Edward bufou me arrastando pela cintura até o centro do salão.
Começamos nosso ensaio, já com a música e coreografia que usaríamos no fim de semana seguinte. Uau, só faltava uma semana! Esse pensamento percorreu minha coluna e uma agitação familiar começou a surgir em meu estômago: a expectativa pelos holofotes, pelo palco, pelos olhares de admiração. Eu adorava estar no palco dançando tango.
Emmett e Rose chegaram um pouco atrasados e meio desarrumados e eu nem precisava ler mentes para saber o motivo daquilo tudo. Ambos, Edward e eu, rimos com a cena e nossos olhares se cruzaram sensualmente. Ah, no que dependesse de mim, dessa noite Edward não me escapava. Ri sozinha com meu pensamento e ele arqueou uma sobrancelha, mas eu apenas ignorei isso. A aula passou rápida demais e logo ele já me acompanhava até a Chevy.
- Você vai lá para casa hoje, não é? – eu perguntei fazendo dengo.
- Claro que sim. – ele disse deslizando um dedo pelo meu nariz. – Eu talvez demore um pouquinho, pois vou caçar algum animal pequeno com Carlisle e Esme.
- Claro, amor. – eu lhe dei um selinho, mas depois intensifiquei um pouco o beijo e, quando ele começou a se empolgar, eu parti o beijo. – Estarei te esperando. – ele me encarou quase com incredulidade por ter partido aquele beijo. – Ah, amor?
- Sim?
- Vou te esperar na sala, está bem? – e parti com a Chevy, sem dar chance para que ele me fizesse mais perguntas, e voei – na velocidade máxima suportada pela minha caminhonete, claro – para casa.
Edward’s POV
Fiquei tão aliviado por aquela fase da ter passado. Eu a amo incondicionalmente, mas estava complicado agüentar aquele humor – ou falta dele. Ela chegou toda manhosa no colégio, jogando charminho e tal. Acho que no fundo ela também estava contando os segundos para aquela montanha-russa hormonal acabar. Nossa manhã foi muito agradável – com exceção dos pensamentos de Rose, que não conseguia não pensar em meu irmão – e nos despedimos na hora do almoço. Ok, fiquei com as imagens de Rose na cabeça, torcendo para que eu e minha namorada tivéssemos logo nosso momento também. Bom, se o humor dela já tinha voltado ao normal, quem sabe hoje à noite, ou amanhã... Eu e Alice voltamos para casa no meio da tarde e logo fui para o piano, esquecer da vida e fazer o tempo passar mais rápido até a hora da nossa aula de tango.
Bom, meu plano deu certo e logo já estávamos todos – exceto Emm que tinha ido buscar Rose – a caminho da escola. Minha linda entrou estonteante no salão, com uma carinha de sapeca que me deixou extremamente curioso. Claro que eu sempre ficava frustrado por não poder ler sua mente, mas nessas horas, onde ela parecia estar aprontando alguma coisa, minha frustração triplicava. Ainda tentei tirar alguma coisa dela, mas a danada não disse absolutamente nada. E para ajudar, Alice mantinha sua mente muito ocupada traduzindo a declaração de independência americana para o híndi. Ah, aí tinha coisa.
Fomos para nosso treino e foi o melhor em toda aquela semana. estava totalmente focada e nem parecia que nossas últimas quatro aulas tinham sido tão desastrosas, mesmo eu sendo o vampiro da história. Emm e Rose chegaram atrasados e tentavam esconder os largos sorrisos, mas ninguém conseguiu deixar de notar os cabelos bagunçados. olhou em meus olhos, rindo divertida, e depois sua expressão mudou para algo mais sensual eu diria. Ai, ai, se ela continuasse a me olhar daquela maneira... A aula acabou rápido demais e ao nos despedirmos, ela perguntou, cheia de dengo, se eu iria até sua casa. Eu quase desisti da minha rápida caçada com meus pais, mas era melhor eu estar saciado antes de vê-la naquela noite; algo me dizia que isso seria fundamental. Ela saiu com a picape depois de me dar um beijo muito sugestivo e eu já estava impaciente esperando por meus pais. Passamos um tempo caçando e então, quando eu já estava quase empanturrado, voei para sua casa.
Quando já estava próximo a ela, lembrei-me do seu pedido de entrar pela sala, então desacelerei e parei à porta. Mal bati e ela já apareceu na porta, usando um vestido básico, mas que naquele momento estava extremamente sensual. Ela me recebeu com um provocativo beijo e depois me puxou para dentro, segurando uma das minhas mãos. Ao me deparar com a sala notei que tinha mudado os móveis de lugar, puxando o sofá para o lado e abrindo um certo espaço no centro da sala.
- Vai me dizer o que você está aprontando? – eu perguntei extremamente curioso.
- Humm......bom, é que minha tarde estava um pouco tediosa, daí resolvi assistir a um filme e quando dei por mim... – ela direcionou o controle remoto para a TV e deu play – Essa era a cena que eu via. – seu rosto estava iluminado por um meio sorriso e seus olhos ansiosos.
- Hum, certo. – eu disse chegando mais perto. – E por acaso essa cena te deu alguma idéia? – ok, eu acho que já sei aonde ela quer chegar. E confesso: estou adorando.
- Exatamente. – ela umedeceu os lábios, o que me fez engolir em seco. – E eu gostaria muito de reproduzi-la.... – ela se aproximou do meu ouvido. – ...com você. – e deu um beijinho suave em meu pescoço. Preciso dizer que deixei escapar um gemido nessa hora?
- Seu desejo é uma ordem, madame. – eu disse tirando meu casado e jogando-o sobre o sofá enquanto ela posicionava o filme na cena certa, para que pudéssemos dançar ao som daquela música específica e deixou o filme rodar. (n/a: para quem quiser ver qual cena eles reproduziram –Música 08)
Ambos tínhamos aquela coreografia decorada – eu por minha ótima memória, ela por já tê-la visto inúmeras vezes – e a reproduzimos quase que fielmente, exceto por alguns improvisos que eu fiz, conduzindo-a de modo um pouco mais sensual, selando nossos lábios em alguns momentos e unindo nossos corpos em outros. Eu podia ouvir seu coração acelerado, mas sabia que não era de cansaço. A música terminou, mas ao contrário de descê-la dos meus braços, como na coreografia original, eu a mantive ali e selei nossos lábios com um beijo profundo, apaixonado, urgente, necessário. Fui diminuindo a intensidade do beijo até afastar nossos lábios e contornar os seus com a ponta da minha língua, degustando todo o seu sabor doce.
- Eu quero você, Edward. – ela disse olhando fixamente em meus olhos, com um brilho de luxúria nos seus.
- E eu preciso de você, . – eu respondi, com desejo e segurança. Ela voltou a me beijar vorazmente e eu segui para seu quarto, ainda carregando-a em meus braços.
’s POV
Assim que cheguei comecei os preparativos para aquela que seria a nossa primeira noite de verdade. Coloquei um vestido champanhe de alcinhas, decote V e com um leve rodado na saia, apliquei apenas duas gotinhas do meu perfume favorito em meus pulsos e soltei o cabelo, bagunçando-o com as mãos para ficarem naturais. Distribuí as velas pelo quarto, esparramei as pétalas de rosa sobre a cama e fechei a porta do quarto.
Fiquei sentada no sofá repetindo a cena que eu adorava até que ele finalmente bateu à porta. Parei a reprodução e fui até ele que estava estonteante naquela noite, como se já soubesse dos meus planos. Eu sabia que Alice não teria contado nada, mas ele não era bobo e com certeza já teria percebido minhas intenções para aquela noite de sexta-feira. Logo que entrou ele reparou na nova arrumação da sala e suas dúvidas estavam desfeitas. Como eu sabia que ele faria, ele concordou com minha brincadeira e nos deliciamos com aquele tango diferente. Ao terminar a cena, ele me manteve em seus braços e me beijou com vontade, com desejo, com saudade, com certeza. Quando dei por mim, já estávamos parados à porta do meu quarto. Ele a abriu e adorei a expressão de surpresa em seu rosto, afinal, ninguém conseguia surpreendê-lo, além de mim.
- ... – ele sussurrou baixinho ao pé do meu ouvido.
- Hoje somos só nós dois, meu amor. – eu disse e beijei o canto dos seus lábios.
- Mas, eu é quem deveria ter preparado o cenário. – ele fez cara de repreensão.
- Você não tem idéia de como te surpreender me deixa... excitada. – pronto, eu havia dito as palavrinhas mágicas para acabar com qualquer discussão que poderia surgir ali. Claro que como a boa romântica que sou, o “correto” seria ele ter feito tudo isso; mas como eu realmente adorava proporcionar pequenos prazeres a ele, o brilho da surpresa em seus olhos foi realmente afrodisíaco para mim.
Edward caminhou lentamente pelo quarto até me colocar delicadamente no meio da cama enquanto me beijava de modo suave. Ele se afastou um pouco, me olhando por um momento e fitando todo o meu corpo. O brilho em seus olhos me deixou mais consciente ainda de que diante de mim estava a pessoa que eu mais amava no mundo.
- Você é linda. – ele disse com os olhos sinceros e um meio sorriso.
- Você é mais. – eu respondi, fazendo com que aquele sorriso torto se abrisse para mim. – Vem cá, vem. – eu o convidei e no segundo seguinte seus lábios estavam sobre os meus.
Ele me beijava suavemente no começo, mas depois minha língua necessitava da sua e como pude perceber, a necessidade era recíproca. Elas se encontraram numa dança muito sensual e saboreávamos nossos gostos misturados. Edward percebeu quando eu comecei a sentir necessidade de respirar e escorregou de meus lábios, passando a beijar a linha do meu queixo, deslizando pela mandíbula e indo parar estrategicamente no lóbulo da minha orelha. Engoli em seco e suspirei quando ele deu leves beijos ali e sugou a região de modo delicado, mas intenso.
Forcei um pouco meu corpo contra o seu e ele atendeu meu pedido, colocando-nos sentados frente a frente. Ele corria os dedos pela extensão dos meus braços enquanto eu abria os botões da sua camisa, curtindo cada momento daquela ação. Finalmente terminei e deslizei a camisa por seus braços fortes, deixando todo seu tronco à mostra. Meus dedos passaram a acariciá-lo subindo desde suas mãos até atingir os ombros e depois foram descendo pelo seu tórax e abdômen. Eu realmente estava me deliciando com aquele “passeio” e sorri maliciosamente com isso.
Edward sorriu também e avançou para meus lábios com urgência. Eu passei meus braços por seu pescoço e entrelacei minhas mãos em seus cabelos bagunçados, aprofundando ainda mais aquele beijo. Suas mãos passeavam desde minha nuca até a base da minha cintura e voltavam, lentamente, provocando aquela gostosa sensação de formigamento quando seus dedos gelados achavam minha pele queimando.
Sem partir o beijo, eu ergui meu corpo, deixando-nos de joelhos no colchão e desci minhas mãos pelo seu peito até encontrar o cós da sua calça e consegui abrir sem dificuldades o botão e o zíper, fazendo com que a calça deslizasse por suas coxas. Aproveitei que minha mão estava naquela região e acariciei seu membro por cima da boxer e fiquei até espantada com o volume que ali existia. Sorri nos lábios dele.
- ... – ele ofegou em meus lábios, me tirando da realidade por um instante. Era bom demais saber que ele estava tendo tanto prazer quanto eu.
Ainda estávamos ajoelhados no colchão quando ele desceu suas mãos pela lateral do meu corpo até encontrar a barra do vestido, na altura dos meus joelhos. O seu toque gelado em minha pele me fez soltar um gemido baixo e ele passou a subir as mãos lentamente pelas minhas coxas, levando junto o vestido. Passou delicadamente pelo meu quadril e continuou subindo até que finalmente eu estava livre da minha roupa.
Abracei-o com força e fiz nossos troncos nus se encontrarem e ambos gememos com aquele encontro de temperaturas. Nem vi quando ele terminou de se livrar das calças, sapatos e meias, pois seus lábios e sua língua não se afastavam dos meus. E então estávamos apenas com as peças de baixo – minha calcinha e sua boxer – quando ele me deitou novamente e pressionou seu corpo contra o meu, fazendo-o se conscientizar das nossas posições e do seu volume.
- Eu amo você. – ele disse olhando intensamente em meus olhos e acariciando meu rosto delicadamente.
- Eu amo você. – eu repeti com toda a verdade que existia em meu ser.
Ele abaixou novamente o rosto e nossos lábios se tocaram gentilmente enquanto eu descia minhas mãos pelas suas costas até encontrar o cós da sua boxer e passei a brincar com o elástico. Ele brincava com a lateral do meu corpo, sem pressa, me proporcionando todo o prazer possível.
Foi quando ele decidiu sair dos meus lábios e dedicar algum tempo aos meus seios. Seus toques eram cuidadosos enquanto ele os beijava e brincava com sua língua, fazendo com que meu corpo começasse a se contrair com tanto prazer. Depois de um tempo ali ele desceu mais um pouco e encontrou meu umbigo, passando a dedicar preciosos minutos a brincar com ele, introduzindo a língua e dando suaves beijos.
- Edward... – eu deixei escapar num gemido mais alto e ele sorriu em minha pele.
Eu já ofegava com seus carinhos, mas ele não se cansou e foi descendo ainda mais sua boca enquanto suas mãos faziam o caminho contrário, subindo pelo interior das minhas coxas. OMG! Eu gemi mais alto quando ele depositou um beijo molhado na parte interna da minha coxa, ao lado da virilha. Ele voou até meus lábios e me beijou avidamente, gemendo em minha boca enquanto seu membro roçava no meu corpo. Eu o envolvi com minhas pernas e apertei o máximo que consegui meu corpo contra o seu, pressionando nossos sexos o que provocou em mim um tremor de prazer. Ele gemeu mais uma vez em meu ouvido e eu estava completamente pronta para ele.
Edward desceu minhas pernas do seu quadril, depois se livrou rapidamente das últimas peças que faltavam e se posicionou sobre mim, pressionando-se contra meu quadril. Soltei outro suspiro de prazer e ele foi me penetrando suavemente, provocando sensações indescritíveis. Nossos olhares estavam conectados e conforme ele ia tendo certeza do nosso prazer, ele aumentava o ritmo do movimento. Instintivamente voltei a enlaçar seu quadril, facilitando os movimentos e os aprofundando. Eu já podia sentir a sensação de plenitude chegando, seu membro pulsava dentro de mim e eu sabia que ele logo chegaria ao ápice também. Nossos movimentos ficaram mais fortes e profundos até que chegamos juntos ao orgasmo. OMFG! Eu cravei minhas unhas em suas costas e ele apertou seus lábios na curva do meu pescoço.
Eu ainda o apertei mais contra meu corpo, querendo senti-lo em mim ainda e subi minhas mãos para seus cabelos, puxando sua cabeça para fazê-lo me olhar. Encarei sua boca por um segundo antes dele atacá-la avidamente, como se estivesse lendo meu pensamento e desvendando que esse era o meu desejo naquele exato momento: sentir sua língua na minha. Só depois desse beijo apaixonado foi que ele saiu de mim, colocando-se ao meu lado na cama e me puxando para seu peito.
- Isso foi incrível. – ele disse com um sorriso bobo nos lábios.
- Incrível é pouco para descrever. – eu disse com um sorriso mais bobo ainda.
- Ah, como eu te amo, minha linda. – ele disse fazendo cafuné em meus cabelos. Eu apenas levei meus lábios até os seus e selei aquela declaração com todo o meu amor.
Edward’s POV
Fiquei extasiado ao ver o que ela havia preparado para nós: o quarto estava perfeito para aquele momento. Eu a repousei delicadamente na cama, e passei a observar a mulher que eu amava: ela era simplesmente linda. Mas não consegui passar muito tempo observando-a porque instantes depois já estávamos grudados um ao outro nos beijando e nos descobrindo. Cada toque seu parecia destinado a provocar uma sensação diferente e cada vez mais prazerosa. Seus sussurros e gemidos eram estratégicos para despertar os meus mais humanos e instintivos desejos carnais e eu tive certeza de que não conseguiria, nem se quisesse, machucar a mulher em meus braços. Livrei-me dessa preocupação e me entreguei aos nossos desejos.
Nossos corpos foram feitos para se encaixarem, como duas peças complementares e nossos sentidos estavam exageradamente conectados naquela noite, garantindo que cada um proporcionasse ao outro os prazeres certos na medida certa. A sensação de tê-la em mim, de senti-la por completo foi indescritível. Nossos corpos chegaram praticamente juntos ao ápice e foi maravilhoso sentir que nossa união era perfeita em todos os aspectos. Realmente fomos feitos um para o outro; estávamos destinados a nos amarmos.
Agora ela dormia serenamente em meu peito e eu posso experimentar, pela primeira vez em mais de um século, a felicidade plena. Não importava quem eu era, minha natureza, nada. Éramos apenas e Edward, namorados, amantes, para sempre.
Capítulo 20 – Love is in the Air
Edward’s POV
O dia chegou rápido demais para meu gosto. Ainda queria senti-la em meus braços, sua pele quente tocando meu corpo e me fazendo sentir vivo, sua respiração tranqüila em minha pele.
- Bom dia, amor da minha vida. – ela disse com aquele sorriso lindo.
- Bom dia, amor da minha eternidade. – eu disse deslizando meus dedos por suas costas.
Ela subiu o rosto para me olhar e deu um leve selinho em meus lábios. Quase na mesma hora seu estômago resmungou e eu fui para a cozinha enquanto ela foi para o banheiro. Logo ela apareceu na porta da cozinha, usando minha camisa e estava extremamente sexy. Vaguei meus olhos por todo o seu corpo, prestando bastante atenção em suas pernas e no decote que mostrava grandes porções do seu colo.
- O que foi? – ela perguntou com a carinha mais inocente do mundo.
- Nada. – eu quase gaguejei. – É que de repente eu fiquei faminto.
Ela gargalhou com a comparação e sentou-se preguiçosamente na cadeira, devorando um waffle com mel.
- Ops... – ela disse quando um fio de mel escorreu pelo canto da sua boca.
- Tudo bem, eu cuido disso. – eu disse e tive que fazer aquilo: fui lambendo o mel até encontrar o canto dos seus lábios e engatar num beijo mais profundo.
imediatamente largou a guloseima sobre o prato e atarracou-se em meu pescoço, puxando-me contra seu corpo e me beijando com uma necessidade urgente. No segundo seguinte já estávamos em sua cama novamente nos beijando e nos acariciando de modo indecente.
Ela girou seu corpo para ficar sentada em meu quadril e logo em seguida estava debruçada sobre meu corpo, enchendo meu rosto de beijos e mordiscando minha orelha. OMFG, como ela era gostosa! Ela foi descendo os beijos até encontrar meu pomo de Adão e depois desceu mais, brincando com meus mamilos e me deixando louco de tesão. Dedicou algum tempo ali e voltou a descer aquela boca deliciosa até encontrar meu umbigo, fazendo a mesma brincadeira que eu havia feito na noite anterior. Aquilo foi me deixando mais vidrado ainda e deixei escapar um gemido gostoso. Ela sorriu em meu ventre e logo em seguida abriu o botão da minha calça e foi deslizando a mesma pelas minhas pernas, levando junto minha boxer.
Sua atenção foi voltada para meu membro que já estava pulsando por ela e seu sorriso sacana me levou às alturas. Confesso que fiquei um pouco impaciente nesse momento e acabei girando-a e deitando-a no colchão; logo em seguida abri a minha camisa que ela usava, sem me preocupar com os botões e no segundo seguinte ela estava praticamente nua. Tentei ser um pouco mais delicado com a calcinha, mas minha força saiu do controle momentaneamente e destruí a peça também. Aquele sorriso de luxúria e divertimento foi o suficiente para que eu caísse de boca em seus lábios e fizesse com que eu beijasse cada centímetro do corpo da mulher que eu amava, provocando nela reações das mais prazerosas.
Sentindo a pressão que ela exercia, entendi que ela queria nos girar e facilitei as coisas, então num rompante que eu não esperava ela deslizou seu corpo sobre o meu, fazendo com que eu estivesse todo dentro dela de uma única vez. Nossos gemidos foram altos e ela sorria mordiscando o lábio inferior. Apoiei minhas mãos em sua cintura, ajudando-a no movimento e chegamos ao ápice rápido e intensamente.
- Uau! – ela exclamou quando caiu ao meu lado.
- Ahã. – foi o máximo que eu consegui dizer naquele momento.
Ela riu com isso e veio me dar um beijo doce nos lábios, ainda com um suave gosto de mel, o que me fez lembrar que eu não a tinha deixado tomar o café da manhã. Desci imediatamente até a cozinha e tão rápido quanto fui, voltei com a bandeja.
- Será que algum dia vou me acostumar com sua velocidade? – ela perguntou entre risos, ajeitando-se no colchão para tomar um gole do suco.
- Não sei. – eu disse sorrindo. – Mas agora é hora de comer comida. – ela fez um beicinho tão fofo que quase me distraiu, mas eu me recuperei a tempo.
Ela terminou a refeição enquanto conversávamos sobre qualquer coisa e eu já podia ver se formando um brilho de desejo em seus olhos enquanto ela me observava. parecia insaciável, o que me deixou convencido e não resisti a dar-lhe mais um beijo apaixonado.
- Eu posso passar o resto da minha vida te beijando que não vou enjoar. – ela disse com aquele lindo sorriso estampado no rosto.
- Ainda bem. – eu disse. – Não posso nem pensar em você se enjoando de mim. – eu respondi e a puxei para meus braços.
Passamos um bom tempo apenas fazendo carícias leves, nos curtindo, nos descobrindo, vivendo os bons momentos de uma relação plena. Todo o meu medo de machucá-la em algum momento mais instintivo se dissipou e agora eu sabia que poderia dar todo o prazer e amor que ela merecia receber.
acabou cochilando em meus braços no meio da tarde e só acordou quando a noite já tinha caído. Obviamente ela estava faminta e logo estávamos na cozinha enquanto ela preparava algo para comer.
- Não acredito que desperdicei nosso tempo dormindo! – ela resmungou ainda inconformada.
- Relaxa, amor. – eu disse. – Você precisava descansar um pouquinho....e ainda temos a noite toda pela frente.
- Ainda bem! – ela exclamou e me deu um beijo delicado. – Hei, aonde você vai? – ela perguntou quando me afastei de seu corpo.
- Preciso caçar alguma coisa. – eu disse encostado à porta. – Eu estou sob pleno controle, mas é melhor prevenir, não acha?
Ela se levantou da cadeira e me enlaçou pela cintura, passeando os dedos finos em meu rosto de pedra e depois em meus lábios gelados, provocando-me uma onda de frenesi pelo corpo.
- Será que é mesmo necessário? – ela sussurrou em meu ouvido.
- Definitivamente. – eu disse e beijei sua mão. – Alguém tem que ter o pensamento em ordem por aqui, e definitivamente não é você. – ela gargalhou e me beijou demoradamente.
- Só não demore muito. – ela disse e eu consegui, com muito custo, sair do seu lado para caçar.
Não demorei muito, apenas queria garantir meu estoque de sangue em meu organismo. Posso até estar exagerando, mas a última coisa com a qual queria me preocupar era deixar que minha garganta ardesse mais do que o habitual ao seu lado.
Voltei cerca de uma hora depois e encontrei na sala, assistindo provavelmente pela enésima vez, ao filme de dança que ela tanto gostava. Sentei-me ao seu lado, aninhando-a em meu peito e assisti com ela ao restante do filme.
- Não sei quanto a você, mas eu adoraria repetir a NOSSA versão desse filme. – ela disse e sentou em meu colo, acariciando meu pescoço de modo provocante.
- Está lendo mentes agora é? – eu perguntei enquanto segurava-a em meus braços e voava escadas acima.
Coloquei na cama e em seguida já estávamos atracados um ao outro, nos beijando com desejo. Line parecia sem paciência e rapidamente se livrou da minha camisa, enquanto eu tentava não destruir a roupa que ela usava. Em segundos ambos estávamos despidos e eu podia admirar a beleza inebriante da mulher que eu amava.
Passamos algumas horas entre carícias, arrepios, sussurros e gemidos de prazer, até que ela adormeceu exaurida em meus braços frios e apaixonados. Eu passei então a fazer a segunda coisa que mais gostava: admirá-la durante seu sono. Ela parecia um anjo enquanto dormia e ver a tranqüilidade em sua expressão era tão gratificante quanto receber um beijo seu.
Logo o dia chegou e ela acordou manhosa em meus braços. Foi só nossos olhares se encontrarem que todo aquele fogo foi reacendido e ela me atacou com necessidade. Mas novamente fomos interrompidos pelo seu estômago e em segundos eu já havia preparado uma belíssima bandeja de café para ela.
- Podemos brincar com mel novamente? – ela perguntou de modo quase indecente. – Ou você prefere provar a geléia?
- Depois pensamos nisso. – eu disse tentando parecer sério, mas era praticamente impossível não lembrar das cenas da manhã amterior. – Agora você precisa se alimentar.
- Sempre tão preocupado. – ela retrucou sorrindo e deixou um fio de geléia escorrer propositalmente.
- .... – eu disse em tom de advertência, mas com um sorriso nos lábios.
Ela ia responder alguma coisa, mas fomos interrompidos pelo telefone: Rose nos convidava para irmos ao cinema, sair como casais e tal e, mesmo um pouco contrariados, acabamos aceitando o convite. Fui para minha casa trocar de roupa enquanto ela se arrumava.
- Olha a cara de feliz dele! – exclamou Emm bem alto para que toda a casa ouvisse assim que entrei na sala. – Será que a noite e o dia foram bons?
- Calado Emmett. – eu respondi tentando ser seco, mas a minha felicidade era demais para ser abalada com as brincadeiras do meu irmão.
- Qual é, bro? A felicidade também deve ser compartilhada. – ele insistiu e todos acabamos caindo na gargalhada.
- Ok, ok, você venceu. – eu suspirei sem conseguir segurar o sorriso. – Estou feliz, estamos felizes e eu a amo mais do que tudo nesse mundo.
Tive que sair quase voando de lá, pois seus pensamentos estavam quase insuportáveis de tão felizes. Acabou que todos gostaram de idéia de um domingo família no cinema e nos dividimos em dois carros: Carlisle, Esme, Jazz e Alice no Mercedes do meu pai e eu, , Emmett e Rose no Volvo. Apesar de Emm querer ir com o Jeep, eu não abri mão de irmos com meu carro por ser bem mais confortável.
’s POV
Foi maravilhoso acordar abraçada daquele jeito com o meu amor. Por mim eu teria ficado o dia inteirinho naquele quarto com o Edward, mas a voz de Rose me convenceu. Ele foi para casa e logo depois apareceu com o Volvo, me explicando que teríamos um domingo em família. Seguimos para Port Angeles e passamos um dia muito agradável: jogamos boliche, fomos ao cinema – nem sei bem a qual filme assistíamos, pois aproveitei o escuro da sala para dar uns amassos em meu namorado – e Rose nem percebeu a desculpa de Alice e Esme para fugirem da praça de alimentação. A desculpa foi que ambas queriam ver novas tendências de moda e decoração de casas e os respectivos parceiros as acompanharam. Emmett a mantinha distraída com algumas piadas enquanto ela comia e eu e Edward embarcamos no jogo.
Voltamos para Forks à noite já e paramos na casa deles para Emm pegar o jeep para levar Rose para casa. Era a primeira vez que ela ia lá, então acabamos todos nos pegando observando-a enquanto ela se maravilhava com a mansão Cullen.
- Você não tinha me dito que sua casa era tão linda, ursão.
- Desculpe, ursinha, é que nada é mais lindo do que você.
- Ai, que fofo.
Nós seis nos entreolhamos e foi difícil segurar a gargalhada. A sorte era que Jazz estava por perto e ajudou com isso. Enquanto Emm fazia o tour pela casa, eu fiquei na sala junto com o restante da família enquanto meu amor nos agraciava com seu talento musical. Depois de mais ou menos uma hora Emm levou Rose embora e Edward quis fazer o mesmo.
- Edward? – eu o chamei quando nos encaminhávamos para a garagem.
- Diga, amor.
- Que tal preservar o meio ambiente e fazer uma viagem, digamos, mais ecológica?
- Tem certeza? – ele perguntou com um largo sorriso.
- Absoluta. – eu disse lhe dando um selinho. Eu sabia que ele adorava correr.
Nem terminei direito o beijo e ele já me jogava em suas costas e disparamos pela floresta. Eu confesso: também adorava quando corria com ele. Em pouco tempo já estávamos em minha casa. Depois de tomar um copo de água eu comecei a subir as escadas e fui deixando algumas peças de roupa pelo caminho.
- O que você está fazendo? – ele me perguntou meio confuso.
- Estou me preparando para um banho. – e o olhei com um meio sorriso provocante. – Quer me acompanhar?
- Não precisa falar duas vezes. – ele disse já ao meu lado, enlaçando minha cintura e beijando minha nuca, provocando um gostoso arrepio de prazer.
Fizemos amor na banheira e depois, não satisfeitos, passamos quase a noite toda nos amando, até que eu sucumbisse à exaustão.
Edward’s POV
O dia em família foi perfeito e não poderia ter terminado de maneira melhor: em meus braços na banheira e depois na cama. Ela estava exausta quando finalmente adormeceu em meus braços, com um lindo sorriso feliz nos lábios. Eu não me cansava, mas sabia que ela, como humana, precisava de períodos de descanso. Eu ainda não sabia quando sua transformação ocorreria, ela nunca mais havia tocado no assunto, mas não podia deixar de pensar, quase secretamente, que essa seria uma vantagem para nós: não nos cansaríamos nunca mais.
Tentei expulsar esse pensamento, pois essa não era vida que eu queria para ela, mas a visão de Alice não tinha mudado, o que significava que ainda seria uma de nós. O resto de noite passou tranquilamente e logo já estava na hora de irmos para o colégio. Ainda tínhamos algumas provas naquela semana, e eu sabia que ela passaria rapidamente.
Nossa rotina foi: aulas pela manhã, à tarde eu ajudava a estudar alguma coisa, à noite tínhamos os ensaios de tango e mais tarde um pouco nossos momentos de amor. Nós nos surpreendíamos mais a cada dia um com o outro e eu já não tinha mais medo de perder o controle com ela. O apelo de seu sangue estava em níveis extremamente toleráveis e meu amor e desejo por ela falavam mais alto do que qualquer instinto natural. E então chegamos ao ensaio de sexta à noite.
- Bom, pessoal. Sei que vocês devem estar ansiosos por amanhã, mas não fiquem. – disse Carlisle antes do inicio da aula. – Tudo correrá bem e o que realmente importa é que será divertido. – percebi que olhava para Rose, que tinha uma expressão preocupada. Eu sabia que minha amada estava tranqüila com relação ao dia seguinte, mas era sua amiga que a preocupava. Mesmo tendo Emm ao seu lado, ela se sentia insegura e era basicamente por ela que Carlisle estava fazendo esse discurso.
Ele sugeriu que trocássemos de parceiros e ritmos, para relaxarmos e descontrairmos. Todo mundo dançou com todo mundo e ao longo da noite fui sentido Rose mais tranqüila, ao ver que ela estava preparada para o desafio da noite seguinte. E como todas as outras noites, depois da aula eu dei um tempinho a apareci na casa do meu amor.
’s POV
Eu gostei da idéia do Carlisle de fazer um troca-troca de parceiros e ritmos. Primeiro porque, apesar de tango ser minha paixão, eu também gostava dos outros ritmos e era muito divertido dançar com o Emm; e segundo porque senti que isso fez com que a Rose relaxasse um pouco sua ansiedade pela noite seguinte. Era a primeira vez que ela participava de algo como aquilo e digamos que seus nervos estavam à flor da pele, ainda mais que seus pais estavam fazendo questão absoluta de ir assisti-la. Em resumo, eu gostei muito da iniciativa do meu sogro.
Depois da aula, como de costume, Edward foi para minha casa e, no caminho até lá, eu tive uma idéia para dar uma apimentadinha na minha noite de amor com meu amado. Desarrumei outra vez a sala, deixando um espaço e ele me encontrou por lá, com um largo sorriso nos lábios.
- Outra cena de tango? – ele perguntou ao reparar no momento deja vu.
- Não. – eu disse lhe dando um beijo. – Gostei da idéia do seu pai essa noite e quero tentar uma coisa. – ele me olhou interrogativamente e então eu dei play no aparelho de som. (n/a: música para esse momento – Música 09)
- Salsa? – ele me olhou com desejo, formando um meio sorriso nos lábios.
Eu apenas assenti e logo já estava em seus braços dançando aquele ritmo extremamente sensual. Edward se soltou na dança junto comigo e me conduzia de modo muito “caliente”. A música terminou e ele me tascou o maior beijo apaixonado. A eletricidade da excitação percorreu todo o meu corpo e eu não quis ser levada para o quarto, indo de encontro ao seu corpo até que ele nos puxou para o sofá.
- Sempre me surpreendendo. – ele disse enquanto dava leves beijos em meu pescoço.
- Tenho que aproveitar já que sou a única que consegue. – eu ri e ele atacou meus lábios com um desejo latente.
Ele tirou minha calça com maestria enquanto eu arrancava a camiseta sem muito cuidado. Dediquei alguns momentos preciosos àquele tronco definido e delicioso enquanto ele passeava seus dedos gelados pelas minhas costas, provocando arrepios de prazer. Logo depois eu me desvencilhei da sua calça e ele da minha blusa e ficamos apenas com as roupas íntimas.
Como o sofá não estava exatamente confortável, ele arrumou as almofadas sobre o tapete felpudo, produzindo um local mais convidativo. Seus beijos eram ora suaves, ora provocativos, ora intensos, ora quase desesperados. Eu não deixava por menos e sempre dava aquela mordidinha no lóbulo da orelha, o que o deixava louco de desejo.
Ele foi descendo a mão pela lateral do meu corpo até a altura dos joelhos e depois foi subindo pela parte interna da minha coxa, fazendo com que meu corpo tremesse de prazer. E foi então que ele alcançou minha “menina” e passou a acariciá-la com os dedos.
- Oh, Edward.... – eu gemi em seu ouvido quando ele introduziu um dedo em mim, provocando uma onda de prazer sem igual.
- ... – ele sussurrou em minha pele antes de atacar novamente minha boca e movimentar sua língua no mesmo ritmo em que movimentava os dedos. Eu arfei com um espasmo.
- Edward... eu... vou... – eu gemi, tentando segurar a explosão que estava a caminho.
- É o que eu quero, meu amor. – ele sussurrou em sua voz de veludo e sugou meu lóbulo no momento exato em que seus dedos estocaram mais profundamente.
Eu não segurei o alto gemido que dei enquanto sentia meu corpo se contrair e relaxar logo em seguida. Ele beijou minha boca novamente, ferozmente e depois delineou meus lábios com sua língua fria.
Desceu os lábios para meus seios, desenhando-os delicadamente enquanto meu peito arfava e meu coração batia descompassado. Quando eu achava que já tinha tido minha cota de prazer, ele voltou a movimentar seus dedos, estimulando-me novamente e meu corpo respondeu praticamente na hora, enquanto eu corria minhas mãos freneticamente pelas costas dele. Eu sabia que ele estava pronto, que seu membro estava pulsante e desejoso pelo meu corpo, então escorreguei para baixo de Edward e enlacei seu quadril, puxando-o para mim. No momento seguinte Edward estava em mim, entrando e saindo num movimento ritmado e cada vez mais rápido. Quando já estávamos no nosso limite, eu o apertei o mais forte que pude com minhas pernas e ele se contraiu e chegamos juntos a um orgasmo fantástico.
- Você é perfeita, . – ele sussurrou em meu ouvido antes de me beijar ternamente.
- Você também. – eu disse depois que nossos lábios se descolaram e ele se largou ao meu lado.
Edward’s POV
veio com uma idéia maravilhosa e dançamos uma salsa muito sensual, o que só nos fez ficarmos mais desejosos um do outro. Ela estava impaciente aquela noite e acabamos por ficar na sala mesmo. Eu a amava tanto que queria proporcionar a ela todo o prazer possível e foi o que fiz quando decidi estimulá-la com meus dedos. Eu adorava fazer com que ela se sentisse feliz e quase gozei junto com ela naquele primeiro momento, por ver sua satisfação. O meu prazer era vê-la com prazer. Seguimos num ritmo um pouco mais forte do que as outras noites e tivemos um delicioso orgasmo juntos.
Passamos algum tempo ali no tapete da sala até que entrou uma corrente gelada por uma das janelas e ela se encolheu de frio em meu peito já gelado. Corri com ela para o quarto, para que ela não ficasse com mais frio do que o que eu já lhe oferecia e achei que ela iria dormir.
Mas não foi bem isso que aconteceu e tivemos mais uma sessão de beijos, carícias e descargas hormonais. Dessa vez foi mais calmo, mas mesmo assim extremamente prazeroso. Eu adorava fazer sexo com minha namorada, mas adorava ainda mais fazer amor com ela.
Já era quase dia quando ela finalmente adormeceu extasiada e exausta em meu peito e eu me considerei o homem, o vampiro, a criatura mais feliz do universo por ter em meus braços a mulher que eu amava.
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