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Capítulo 1


- Eu mudei de ideia. Não quero mais entrar. Não quero estudar nessa escola. Vamos voltar pra casa. Pode deixar que eu explico tudo pro velho...

Stefan prosseguia atravessando o corredor, conforme puxava pela mão a garota, em meio a protestos, em direção às grandes portas de carvalho que davam entrada para o salão principal. Poderia parecer uma tarefa fácil, dentre o que estava acostumado a fazer no seu ramo de trabalho, mas viajar com uma bruxa adolescente de 13 anos irritadiça estava sendo mais difícil e perturbador do que quando teve de recuperar o ovo de dragão de ouro e diamantes que mercenários russos haviam roubado de seu chefe, também conhecido como pai da criatura com quem ele fora destinado a cruzar o país.
Um leve flashback invadiu sua mente, lembrava-se de quando terminara, até então seu último serviço antes de tirar merecidas férias depois de cerca de dois anos e meio trabalhando sem parar. Stefan consagrara-se no mundo bruxo como auror, mas nunca gostou de trabalhar no ministério da magia, falava dos fatídicos cinco meses que passara no antro dos bruxos como uma das piores experiências de sua vida. Não era de nenhuma família importante.?E era muito duro para bruxos sem parentes influentes ou sobrenomes de peso fazerem uma carreira no ministério, quando ninguém nem ao menos sabia quem eles eram. As melhores missões que caras como ele conseguiam em seus primeiros meses no ministério era buscar por corujas perdidas.?E como já havia dito, levou cinco meses para descobrir que não era aquilo o que ele queria. Pediu demissão do ministério, e encontrando-se mais uma vez livre, teve a sorte, ou talvez azar, debatia esse fato mentalmente até os dias de hoje, de numa noite em que vagava sem rumo pelas ruas frias de Brixton encontrar um senhor com problemas em seu carro voador. Por falta de algo melhor para fazer, decidiu ajudá-lo e depois de o carro já estar no ar, descobriu que estava carregado de ouro, e seu dono, um dos caras mais importantes e notados do mundo bruxo, ninguém mais, ninguém menos do que Bruce . Veja bem, os eram uma daquelas famílias de bruxos tradicionais e riquíssimas. Foram eles os fundadores do banco dos bruxos, e eram eles que abasteciam as riquezas do mesmo. Eram investidores em tudo o que fosse lhes render alguns milhões a mais de galeões, e faziam isso com muito mérito, já que deveriam ocupar as três primeiras posições numa tabela diagnosticando a riqueza de cada família bruxa do Reino Unido, e talvez do mundo.
Stefan saíra de seu encontro com Bruce com algumas barras de ouro encantado e um cargo de confiança na proteção do patrimônio e bens dos .
- Stefan... - Sobressaltou-se com o chamado repentino de seu nome. - Stefan, eu tô falando com você. Será que você pode olhar pra mim pelo menos uma vez como uma pessoa normal e não como um Troll treinado pelo meu pai? - Seus pensamentos acabaram sendo absortos quando ouviu mais um dos desaforos da menina. Olhou-a diretamente nos olhos, assistindo-a devolver o olhar com a mesma intensidade.
- O que foi agora, ? Já tá na hora de trocar a fralda de novo? - devolveu a ofensa.
-! Já lhe disse para me chamar de . - Ela respondeu, ignorando o outro comentário, deixando Stefan sem saber se era ponto para ele ou para ela no placar imaginário de pequenas discussões que vinham travando desde que deixaram a mansão dos .
- Você não vai falar logo de uma vez? - indagou Stefan, perdendo a pouca paciência que ainda lhe restava.
Assistiu a expressão facial da menina mudar subitamente. O rosto se fechou demonstrando que sofria. Ela olhava para os sapatos muito bem engraxados, e mexia um dos pés desconfortavelmente. Chegou a sentir pena da pobre garota. Por trás das atitudes individualistas e das palavras certeiras que usava, sempre com uma resposta para tudo, demonstrando que sabia exatamente o que queria, e que não desistiria sem alcançar aquilo o que almejava, havia uma garota solitária e com sérios problemas para confiar nas outras pessoas e nela mesma. A mãe de Stefan sempre lhe falava quando contava da filha do chefe, que crianças assim que são criadas com tudo na verdade não tem nada.
- Me diz qual o problema, , por Merlim, nosso tempo juntos está chegando ao fim.?- Ele disse por fim, mudando o tom de voz, fazendo-se soar o mais confortador possível.
- Ah, Stefan... - Podia ter apenas 28 anos de idade completos, e desses, trabalhava há oito para os , o que o fazia conhecer desde que a menina era um projeto de ser humano. Não poderia dizer que era apegado a ela, longe disso, mas havia um carinho, ele sentia um enorme carinho pela garota. E ao vê-la desarmada, sem palavras para explicar o que a afligia, deixava-o comovido.?
- Olha, eu não faço ideia de como você deve estar se sentindo agora, mas eu sei que deve ser uma droga mudar de escola, e deve ser uma droga ainda mais se for do jeito que aconteceu com você. - Ele respirou para continuar. - Eu te disse, eu também não sabia dessa decisão dos seus pais, cara, eu estava de férias. Se você aparecesse ontem à noite na minha casa e me dissesse que hoje eu estaria atravessando a Inglaterra só para te levar pra escola, eu com certeza... - Pausa dramática. - Acreditaria. Seu pai já me pediu para fazer coisas piores em situações mais inesperadas ainda.
- Você fala?como se tivesse sido um estorvo todo o tempo que passamos juntos. - Ela dizia ressentida, mas ele podia jurar ver um sorriso pronto a se formar no canto da boca rosada da menina.
- É claro que foi, garota, acabei de te falar que eu estou de férias! - Ele mantinha um tom divertido na voz. - Agora, é sério, para com isso, cara, você está em Hogwarts, a melhor escola de magia e bruxaria da Inglaterra, e eu arrisco dizer, do mundo. Em nenhum momento você chegou a perguntar, mas eu estudei aqui, , foram os melhores anos da minha vida, e eu só posso esperar que sejam os seus também. - Aquele sorriso já estava impregnado no rosto da menina. - E você já tem amigos aqui, não é mesmo? Tem aquele garoto Malfoy, como é mesmo o nome? Jake? David?
- Draco! - ria da confusão de Stefan.
- Ele gosta muito de você, e...
- Talvez porque sejamos primos! - o interrompeu, o fazendo soltar uma leve risada em meio ao desespero da menina em justificar a união e companheirismo dos dois amigos. Ela sempre ficava assim, em todas as poucas vezes em que falaram sobre o menino Malfoy.
- Calma aí. - Ele ainda ria. - O que eu estava querendo dizer é que Draco estará sempre aqui para você, assim como Hogwarts também estará.
- Eu sei. Ou pelo menos deveria saber. - Ela disse lhe sorrindo, e como era bom poder ver aquele sorriso.
- Bom, acho que esse é aquele momento em que eu digo, comporte-se e não mate ninguém com seu mau humor. - Stefan finalizou, depositando um beijo na testa da menina, sem saber exatamente se aquilo poderia ou não ser contra o regulamento, e não dando a mínima para nada disso.

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* * *


? ? não fazia ideia de que horas deveria ser, nem se poderia estar atrasada para o grande jantar de boas-vindas que ocorria na primeira noite de todo início de ano letivo em Hogwarts, como ficou sabendo por Stefan. Mas chegara a conclusão que deveria estar atrasada, ao contrário, não estaria atravessando um enorme corredor sem fim, cercado de estudantes que ocupavam todos os lugares disponíveis em cada uma das quatro mesas de madeira, tão grandes quanto o próprio corredor, como pode observar pelo canto dos olhos. Stefan a conduzia com uma mão firme no meio de suas costas, talvez dando forças para que ela continuasse, ou talvez com medo de que ela mudasse de ideia novamente e voltasse para casa.
Poderia ter se passado anos, séculos, vidas, mas só haviam se passado alguns míseros minutos, até alcançarem uma quinta mesa que ficava no lado oposto à porta do salão comunal. Nenhum de seus ocupantes parecia com um aluno, acreditou que essa deveria ser a mesa dos velhos, mais tarde descobriria serem esses seus novos professores. Foram recebidos por um bruxo de sorriso simpático e óculos de meia-lua sob um nariz torto, alguém a quem ela conhecia no salão, que não fosse Stefan. Era Alvo Dumbledore, e no mundo mágico, só se você tivesse tomado muito suco de abóbora, a ponto de congelar seu cérebro, para não saber quem ele era.
Ele a recebeu levantando a mão direita, que apertou envergonhadamente, enquanto Stefan fazia o mesmo, porém com maior intimidade, e menos vergonha também, comprimentos e brincadeiras referente ao atraso dos dois não foram deixados de lado.
- Se vocês não tivessem cruzado as portas de entrada desse salão nesse segundo, eu juro pela minha varinha que daria início ao banquete agora mesmo. - Alvo e Stefan pareciam velhos amigos aos olhos de , e nesses aproximados dois minutos em que conhecia finalmente em pessoa o enigmático Dumbledore, pode perceber que ele era um homem que não?desperdiçaria?uma boa piada, mas?também não perderia a oportunidade de lhe lançar uma maldição imperdoável se você o merecesse, atrasando o jantar, por exemplo.
- Mas não vamos mais perder tempo. - Dumbledore agitou-se correndo os olhos pela mesa dos professores até encontrar a quem procurava. - É, Minerva, você poderia... - Não foi preciso terminar. Uma bruxa usando belíssimas vestes negras com detalhes em esmeralda levantou-se ajeitando o chapéu torto na cabeça e vindo na direção deles. Antes de se juntar aos três, a bruxa Minerva parou para pegar um banco com um chapéu tão velho quanto a própria Hogwarts, os trouxe deixando ambos de frente a .
- Bom, Sr. Kanes, faremos a seleção da casa que a jovem estará destinada a estudar em Hogwarts, como o Sr. bem sabe. O Sr. gostaria de acompanhar? Posso pedir que se junte a nós no jantar dessa noite? - Alvo era tão cordial e atencioso com quem quer que fosse que ocorreu à desejar que ele lhe desse maior atenção do que estava dando a Stefan.
- Agradeço muito pelo convite, professor, mas deixemos para outra data. Por mais que eu queira saber em qual casa a vai ficar, estou a serviço hoje, e só vim acompanhá-la em seu primeiro dia mesmo. Espero que o Senhor. compreenda. - Stefan usou tantas palavras para se justificar que não conseguia acreditar que o vocabulário dele fosse tão extenso assim mesmo, ou se ele só estava querendo se mostrar.
- Entendo. Mas não deixe de voltar, sim. As portas de Hogwarts estarão sempre abertas para o Senhor.
Eles terminaram de se despedir e Stefan ainda deu um afago confortador em um dos ombros de , antes de partir pela mesma porta pela qual entraram. Agora se via diante do banco e do chapéu, também se sentia mais propensa a sair correndo e chorando todo o segundo após a partida de Stefan. A professora Minerva tinha o chapéu velho e remendado em mãos e indicou o banco para que se sentasse. Ela o fez. E pela primeira vez desde que entrara naquele salão, encontrava-se defronte a todos aqueles milhares de alunos, dois olhos em cada um deles. Era o mesmo que adagas afiadas perfurando sua pela frágil e pálida, isso se não fosse pior. Procurava os olhos acinzentados de Draco por todo o lado, sem sucesso. Sobressaltou-se quando, sem aviso prévio, o chapéu mais velho do mundo bruxo foi colocado sobre seus longos cabelos loiros.
“- Por Merlim, em quantas cabeças esse chapéu já esteve?" foi o primeiro de seus pensamentos.
- Por muitos, , inclusive pela de seus pais. - O susto não foi maior porque Minerva tinha uma mão depositada em seu ombro.
“- Como assim? O chapéu acabara de falar? Mas espera aí, ele falou, falou, ou só falou na minha cabeça? Isso é estranho demais, até mesmo para um bruxo." Muitas indagações surgiram de repente na mente de .
- Vejo que você sabe tanto sobre nossa querida Hogwarts quanto o Sr. Longbottom. Sou o chapéu seletor, , e sou eu quem decide para qual casa você irá.
"- Mas que injusto, se eu quisesse estudar em uma escola militar teria ido para Durmstrang!"
- A sua mente é revolucionaria demais, e já atrasamos por demais o jantar. Vamos ao que interessa. Tem coragem? Tem sim. E é narcisista também.
“- Ei!" - protestou.
- Calma menina, está tudo aqui, na sua cabeça. Eu sinto que posso lhe encaixar em qualquer uma de nossas casas. Você vai se adaptar, vai criar laços para a vida toda, e também não faria diferença alguma, porque você não saberia me dizer o nome de nenhuma das casas, nesse instante, nem se sua vida dependesse disso. - O chapéu tomou ar, antes de prosseguir com seu monólogo. - O que eu espero que você aprenda, vai além das salas de aula, e é por isso que digo: Sonserina.
E , que até então estava quieta, ouvindo atentamente cada uma das palavras proferidas pelo chapéu, levantou-se instintivamente conforme a professora Minerva tirava o chapéu seletor de sua cabeça e indicava que ela deveria seguir até a última mesa do lado esquerdo do salão, onde alunos eufóricos aplaudiam sabe-se-lá-Deus-o-quê.
Caminhava lentamente e olhando para os próprios pés com medo de que eles parassem de trabalhar a qualquer instante. Era timidamente exaustivo ser o centro das atenções em meio a pessoas que ela jamais vira a vida toda.
- E por fim. Que sirva-se o banquete!
Ouviu Alvo Dumbledore proclamar assim que ocupou um lugar vago na mesa da Sonserina, em meio a cumprimentos de alguns de seus novos colegas que estavam sentados próximos de onde estava. E por mais clichê que isso possa soar, foi como em um passe de mágica que surgiu em sua frente um dos maiores banquetes que já vira na vida. Todo o tipo de comida enchia a sua mesa e todas as outras, era quase uma pena dizer que não sentia fome. Ainda podia sentir os olhares que lhe eram lançados. Nervosa, pensou inúmeras vezes em se levantar e deixar o salão, e quando estava prestes a o fazer, mais uma vez fora surpreendida.
- Ei, baixinha.
Não era preciso se virar para saber quem a chamara. Reconheceria o timbre de voz de Draco Malfoy até mesmo nas profundezas do tártaro.
- Draco. - Ele já ocupava um lugar a seu lado.
- Acho melhor eu já dizer agora, então, da próxima vez que você decidir mudar pra minha escola, seria legal me avisar antes, acho que deve ser isso o que os amigos fazem, ou estou errado? - queria muito rir, mas ainda estava muito traumatizada com tudo o que havia acontecido naquelas poucas horas desde que atravessara os portões de entrada de Hogwarts.
- O que aconteceu? Você foi expulsa de Beauxbatons ou o quê? - Draco tornou a perguntar, já que parecia atônita encarando-o. - ? - Ele a chamou, achando estranha a atitude da amiga. - Está tudo bem?
-Draco. - Foi tudo o que ela disse antes de abraçá-lo e se esconder em meio aos braços do amigo, que logo correspondeu ao abraço e afagou suas costas, do jeito que sabia que ela gostava. Seu único amigo, o único que tinha naquele lugar, e em todos os outros também. Não se pode dizer que era uma menina muito sociável, porque ela realmente não o era. Antes desse fatídico dia em que fora transferida para a escola de magia e bruxaria de Hogwarts, estudara por dois anos na Academia Beauxbatons, no Sul da França.
Pode-se até dizer que tinha um amigo, ou um parceiro de crime, como gostava de se referir a , até hoje não sabia por que cargas d'água se tornaram amigos e porque ele parecia gostar tanto dela e de todas as maluquices sem fim que propunha fazer a fim de tirar o tédio do colégio interno. Ele sempre fora leal e verdadeiro,?qualidades dificílimas de encontrar nas pessoas em tempos como esses. Parecia ser mais fácil pegar o sapo de chocolate enfeitiçado no primeiro pulo dele para fora da caixa de chocolate do que ter amigos de verdade.

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* * *


? ? Era sua primeira noite no castelo de Hogwarts, sentia como se fosse dormir fora de casa, contra sua vontade, e que no dia seguinte quando acordasse voltaria para casa, sua verdadeira casa, Beauxbatons. Pensava em quantas saudades sentiria de sua vida no antigo colégio, da diretora Madame Maxime e de todo o amor que ela dispunha em dar a seus estudantes. Passara os dois últimos anos procurando integrar em alguma aula optativa na qual a garota não colocasse fogo na sala ou nos colegas, e de Madame Clarissa Dalloway, professora-chefe de sua casa, com suas tentativas e pretensões de por juízo na cabeça de .
Lastimaria pela falta do Palácio de Merselha das ilhas de Beauxbatons (onde a escola estava localizada), e mais ainda de sua verdadeira casa, Noble. Nenhum desses projetos de casas em Hogwarts chegaria algum dia sequer aos pés do sistema de seleção de Beauxbatons. Que pesar seria não ter o vermelho da casa Noble em seu uniforme. Lembranças de Rocco, o elfo doméstico que sempre lhe arranjava tortinhas de limão a qualquer hora do dia, do coral de ninfas e suas cantorias durante o jantar, e das aulas de equitação nos cavalos alados. Não sabia se haviam cavalos em Hogwarts, não ouvira ninguém falar a respeito, nem vira nenhum cavalo pela propriedade. A única possibilidade estava no gigante guarda-caça do colégio, talvez fosse ele quem cuidasse dos cavalos alados, parece que o chamavam de Hagrid, mas não tinha certeza, e se esquecera de perguntar isso a Draco. De qualquer forma, Draco parecia detestá-lo, inclusive, parecia que Draco odiava muitas pessoas na escola. Não entendia porque ele estava tão infeliz com os colegas, pelo o que lhe falara e pelo pouco a que realmente ouviu, a Sonserina, por Draco, era a melhor casa da escola, e tinha rixas com todas as outras, a maior delas era com a Grifinoria. Ele falou de traidores do sangue e sangues ruins que tinham aos montes nessa casa, e daí ele começou a falar do torneio de quadribol da escola que ocorria todos os anos e de como a equipe da Sonserina tinha tudo para vencer. Desse momento em diante já não ouviu mais nada. Não entendia nada de quadribol e desistira para sempre uma vez em que Draco lhe implorara para jogarem uma partida no jardim da mansão dos Malfoy, e que nunca conseguia dizer não para nada do que o melhor amigo lhe pedia, aceitou. O problema era que também nunca fora lá muito boa em uma vassoura, se desequilibrou e caiu de uma altura de uns bons metros do chão.
Pensava sobre tudo o que Draco havia lhe dito da escola e dos estudantes, a maioria dos comentários eram negativos, decidira não formar opinião nenhuma quanto a nada por enquanto. ?Seus pensamentos vagavam por todas as lacunas que havia em sua mente, como o porquê de estar em Hogwarts? O que fora aquilo? Do dia para a noite seu pai decidira que a França era distante demais e que ela deveria mudar de escola? E o por que de Stefan lhe acompanhar? O que tinha que ela não poderia ter vindo de trem como todos os outros alunos de Hogwarts? E o mais importante: Por que ninguém lhe falava nada a respeito?
Deveria estar rolando e enrolando há mais de duas horas em sua nova cama de dossel no dormitório das meninas da Sonserina. As outras garotas pareciam ter pegado no sono depois de uma conversa incessante sobre caras gatos da escola. Falaram tanto de um tal de Diggory, que sentia saber tudo sobre ele sem nem ao menos conhecê-lo. E tinha mais essa, além de tudo ainda dividiria seu dormitório com mais quatro garotas. Em Beauxbatons normalmente os alunos possuíam um roommate apenas, e às vezes nem isso, , por exemplo, tinha um quarto só seu. Não sabia ainda como lidar com isso ainda mais porque tinha consciência do quão ciumenta e egocêntrica poderia ser com suas coisas.?Derrotada, após um dia de fracassos eminentes, e sem sono algum, vestiu o roupão por cima do pijama e saiu do quarto decidida. A sala comunal da Sonserina, sem sombra de dúvidas, era incrível. Tinha uma decoração clássica, com móveis em tons escuros e detalhes em verde ou prata, as cores símbolo da casa. Havia sofás e poltronas de couro preto, espaçosos e confortáveis, distribuídos ao redor da grande sala, sendo as melhores localizadas próximas à lareira, que crepitava emanando um calor aconchegante em meio à noite fria. Nas paredes, quadros de avisos e estantes cobertas de livros, nos cantos havia mesas com quatro ou cinco cadeiras, criando um espaço de estudo para os estudantes Sonserinos, e por fim, um piano de cauda mantinha-se icônico no centro de todo o ambiente.
Por mais acolhedora e nostálgica que a sala comunal pudesse ser, não tinha pretensões de ficar ali. Pensou em dar uma volta pelo castelo, e quando já estava na altura de cruzar a porta, ouviu:
- Pretende arrumar uma detenção logo no seu primeiro dia, . - ele disse.
- Eu preciso de um pouco de ar, oras. - respondeu carrancuda.
- Não sei como que era na sua antiga escola, mas aqui, aluno fora da cama é punido com detenção. Você vai ter que ir pegar lenha na floresta proibida. - Draco falava com aquele sorriso irônico, tão dele, no rosto.
- Então quer dizer que eu tenho que passar a noite trancafiada numa sala? Isso aqui está ficando pior do que a caça às bruxas. - Draco riu.
- É, seguindo a constituição da escola, os alunos não podem deixar a sala comunal de suas casas à noite. Mas quem é que dá a mínima? - Ele ainda ria quando pegou uma das mãos de e saiu puxando-a porta afora.
Draco lhe dissera que não poderiam fazer barulho, deveriam manter-se atentos a qualquer movimentação, porque o zelador da escola, Sr. Filch, costumava varrer os corredores com sua gata Madame Nora a procura de alunos fora da cama. Ele a levaria para conhecer a sala de troféus, e depois fariam uma visita à cozinha. não pode deixar de agradecê-lo por isso, depois de não ter comido nada durante o jantar, estava faminta.
Não poderia dizer que a sala dos troféus foi tão fascinante quanto Draco disse que o seria, basicamente o ouviu falar mais um pouco sobre as glórias da casa Sonserina, e ainda não sabia se ele estava fazendo isso porque sabia que o coração de era vermelho cereja, cores de sua casa em Beauxbatons. A casa Noble a escolhera em seu primeiro ano, se identificou com os valores e a história de Noble, era toda Noble. E não tinha certeza se algum dia sentiria por Sonserina algo próximo do que tinha com Noble. Algumas horas atrás o próprio chapéu seletor dissera que não faria diferença em qual casa colocá-la e ele estivera certo, nenhuma casa a faria se sentir realmente em casa, porque sua casa não era ali.
Ficou potencialmente mais animada quando Draco sugeriu que fossem de uma vez às cozinhas e depois retornassem ao dormitório, porque já era muito tarde. Tiveram de usar um caminho alternativo porque Pirraça, o Poltergeist de Hogwarts, estava badernando pelo corredor principal. Ficou pensando no quanto Draco deveria perambular a noite pela escola, ele parecia conhecer todas as rotas e os melhores caminhos, enquanto para , a cada corredor que emergiam lhe parecia o mesmo.
Draco conduziu-a por todo o caminho segurando-lhe a mão. Ele sempre fora cuidadoso com ela, deveriam se conhecer desde que ainda estavam no útero de suas mães. As duas famílias, os Malfoy e os , tinham vários laços sanguíneos, todas as famílias puro sangue os tinham, Narcisa, mãe de Draco, e Helena, mãe de , eram primas-irmãs, haviam sido criadas juntas, e o mesmo acontecerá com seus filhos. e Draco dividiram a infância um com o outro, havia inclusive um quarto na mansão dos Malfoy para , que passava mais tempo lá do que em sua própria casa. Não sei se vale citar, mas os pais de eram muito ausentes, sempre fora. O pai, com uma posição tão importante no mundo bruxo, não tinha tempo para mais nada, a mãe, era curadora no hospital St. Mungus, e dedicava-se mais aos pacientes do que à própria filha. Isso sem falar que nas raras ocasiões em que os estavam juntos, as discussões eram tremendas. Com o tempo, percebeu que o melhor seria se afastar, nunca teria a família que desejava e apenas ela se machucava em cada uma das ridículas vezes em que tentava, e de alguma forma, Draco fora sempre quem preenchera o vazio constante dentro de .
- A entrada para a cozinha é perto das masmorras, e as masmorras ficam próximas a nossa sala comunal. Vamos pegar alguma coisa pra você comer e voltar logo pra lá. - Draco dizia conforme se aproximavam do final de mais um corredor escuro.
- Espere um momento. - Ele avisou. Estavam parados de frente a um quadro, de repente Draco começou a fazer cócegas em uma pera. Inusitadamente surgiu uma maçaneta onde antes estava a fruta, o quadro se abriu em uma passagem, e se viu dentro da cozinha de Hogwarts.
A felicidade momentânea que surgiu com a possibilidade de finalmente poder comer alguma coisa, abriu lugar para a desconfiança. Não estavam sozinhos naquele lugar, tirando as centenas de elfos domésticos, que estavam cada um centrados em suas próprias funções, ocupando duas banquetas de frente ao enorme balcão, estavam dois garotos de cabelos ruivos, ainda vestindo as vestes negras do colégio.
- Weasleys, o que fazem aqui? - Draco disse. - Querendo pegar o emprego dos elfos ou só querendo roubar comida mesmo? – Em um primeiro momento, pensou que ele estivesse brincando com os meninos, mas a voz de Draco possuía um tom sério. - Devem estar roubando comida, não é mesmo? Me esqueci que vocês têm de passar alguns dias das férias sem comer para que sua família consiga alimentar seus outros irmãos, certo? - Ele terminou adotando o sorriso irônico no rosto.
não sabia o que dizer, o que fazer, nunca ouvira Draco humilhando outras pessoas assim. Estava ruborizada, os dois garotos haviam se virado em seus bancos e olhavam fixamente para Malfoy, com expressões nada amigáveis no rosto. Eram gêmeos, e deveriam ser idênticos até o último fio de cabelo, porque pareciam a mesma pessoa, segundo . Ainda muito envergonhada pela atitude de seu melhor amigo, considerava retroceder o caminho, voltar para a sala comunal da Sonserina, e realmente o faria, se soubesse como voltar para lá.
- Veja só, Jorge. - disse um deles.
- Estou vendo, Fred. - o segundo garoto ruivo completou.
- Se não é a coisa mais linda dessa escola. - O primeiro voltou a dizer, com os olhos voltados para , encarando-a diretamente, olho no olho.
- Depois do campo de quadribol, é claro. - O outro completou, mais uma vez.
- Com toda a certeza, irmão. - O primeiro garoto, de nome Fred, levantou-se e seguiu até parar defronte a Draco e , com seu irmão gêmeo, Jorge, logo ao seu lado. achou divertido como cada um dos gêmeos parecia saber exatamente qual seria o próximo movimento do outro.
-? Em respeito à senhorita, vamos deixar a sua arrogância de lado, Draquinho. - Fred disse, virando-se para . Alcançou uma das mãos da garota e levou-a aos lábios, depositando um delicado beijo, sem desviar os olhos dos dela. - É um prazer finalmente conhecê-la, . - ele disse cortês, antes de sair andando em direção à porta da cozinha.
- A gente se vê em algumas semanas no campo de quadribol, Malfoy! - Jorge disse, mandando uma piscada de olho para e seguindo o irmão para fora da cozinha.?


Capítulo 2


Há um mês estudava na escola de magia e bruxaria de Hogwarts, por mais que estivesse familiarizada com a dinâmica e com as pessoas do novo colégio, ainda não se sentia como parte daquilo tudo, como já esperava, não havia cavalos alados em Hogwarts, suas aulas de equitação realmente tiveram um fim. Por mais que a escola estivesse localizada na Grã-Bretanha, não tinham um horário para o chá da tarde, e isso a chateava muito, não fora ela quem montara seu horário de aulas, e segundo Draco, eram os próprios alunos quem escolhiam as matérias que iriam cursar, se perguntava quem diabos fizera aquele cronograma estudantil, e decidira que a menina deveria estudar runas antigas. Por Merlim. As lamentações não acabavam por aí, parecia que nessa escola os alunos eram ainda mais loucos quando o assunto era quadribol, a temporada ainda nem tivera início, mas as ofensas, ha, essas haviam e aos montes.
Teve um sábado de manhã, não se lembrava muito bem, mas acreditava ser o primeiro que passava em Hogwarts, enfim, a equipe da Grifinória tinha reservado o campo de quadribol para treinarem, quando Draco descobriu chegou a cuspir fogo de dragão, amaldiçoou aos quatro cantos do castelo a Grifinória por começar a se preparar mais cedo para o torneio entre casas, e por fim, ele e todos os seus companheiros Sonserinos acabaram nas arquibancadas do campo de quadribol, vaiando tudo o que os jogadores da Grifinória faziam com goles e as outras bolas que não fazia idéia do nome. Draco a arrastara com ele, mas manteve-se sentada e calada por todo o tempo, ainda sem entender as razões e circunstâncias que levavam seu melhor amigo a ser um completo babaca com as outras pessoas.
E agora, encostada em uma arvore próxima a margem do Lago Negro, terminava de ler alguns capítulos que faltavam do manual de Runas, tentando mais uma vez entender essa linguagem, pela falta de algo melhor para fazer.
Não era nem um pouco difícil admitir que não fizera nenhum amigo na escola, e dessa vez, não foi por falta de oportunidade. Draco lhe apresentara para toda a Sonserina, inclusive para o professor-chefe, Severo Snape, que fora curto e seco nas apresentações, mas há alguns dias?ele havia elogiado seu relatório sobre Criaturas Mágicas e seus venenos em frente a toda a sala, na aula de Poções, não é necessário dizer que ficara mais vermelha que uma poção apimentosa, para cura de gripes e resfriados.
De qualquer forma, ficar sozinha nunca fora um problema, passara a vida toda assim, e aprendera a apreciar sua própria companhia. Existia algo melhor do que o silêncio? É óbvio que melancolicamente lembrava-se com vestígios de lágrimas nos cantos dos olhos do quão nostálgico lhe era ter para acompanhá-la em suas falcatruas, ouvir seus lamentos, fazê-la rir. sempre fora tão bom em trazer à tona o melhor de , a falta que sentia de Beauxbatons lhe chegava a ser insuportável.
Voltando as Runas Antigas"5° Capítulo – Resumo geral Sobre as Runas. A origem desde oráculo viking data a milhares DE ANOS, pode ser buscado no antigo Nórdico. Significa segredo e mistério. Alguns mitólogos dizem que a invenção das runas é dedicada ao deus ODIN, que conseguiu o conhecimento secreto das runas por um ato de auto-sacrifício..."
- Ora, Ora, mas que sorte a minha. - sobressaltou-se quando um garoto ruivo com um sorriso no rosto ocupou o lugar vago ao seu lado debaixo da árvore. - Por Merlim, como é difícil te encontrar sem o Malfoy por esse castelo. O quê que há? Vocês têm algum tipo de voto perpétuo? - Era Fred Weasley, e não pode deixar de lhe devolver aquele sorriso, com a mesma intensidade.
- Olha só. - Pausa dramática. - Você fala como se não estivesse o tempo todo com Jorge, e por mais que essa seja a primeira vez que conversamos, ainda assim é muito estranho falar com você sem ter ele para completar ou dar ênfase nas suas frases. - Terminou soltando uma risadinha.
- Como assim "primeira vez que nos falamos"? E todos aqueles sinais que eu ando te mandando? - Fred parecia decepcionado, mas sem tirar o humor da voz um segundo que fosse.
- Ué? Mas que sinais? - Ficara confusa.
- QUE SINAIS? – Fred exclamou. - Eu venho fazendo contato visual e te mandando umas piscadas de olho todas as vezes que passamos um pelo outro, ou quando você está na mesa da Sonserina rodeada pelos babacas, e principalmente quando está na biblioteca estudando, também rodeada pelos babacas, e isso há quase um mês inteiro. - Ele parou para respirar. - Não venha me dizer que você não percebeu?
- Ah, então era isso o que você estava fazendo. Eu pensei que fosse algum tipo de ameaça silenciosa contra Draco. - respondeu, tomando o cuidado com as palavras que usava, para não ferir qualquer sentimento que fosse de Fred, ao menos, aos seus olhos, parecia que tinha muito sentimento naquela conversa, e ela não sabia lidar com nada disso.
- Você não é muito de flertar, não é mesmo, ? - Fred disse, inclinando um pouco o rosto, deixando-o acentímetrosdo rosto de .
- E você é cheio de perguntas. - Assistia Fred revezar seu olhar de seus olhos para sua boca.
- É, talvez eu seja. - Ele não desviou os olhos dos dela por segundo algum. - Mas só quando estou interessado. - sentira suas bochechas corarem.
- Fred Weasley, você é um galanteador.
- Acho que nunca conversei por tanto tempo com alguém da Sonserina. - Confessou.
- E por que não?
- Você sabe como eles são. - Fred fez uma careta ao falar dos alunos da Sonserina.
- Eu sou um deles.
- Não, você não é. - Ele falava como se a conhecesse a vida toda. E se questionava mentalmente aonde é que chegariam com essa conversa. Nunca, nenhum garoto, por sua vida toda jamais tivera tanto interesse ou proximidade quanto Fred Weasley parecia demonstrar. Era uma situação com a qual ela não sabia lidar, nem fazia ideia de qual era a desse jogo de Fred, mas de qualquer forma, queria jogar mesmo assim, só por precaução, e talvez pelos hipnotizantes olhos azuis de Fred Weasley.
- Mas você nem me conhece.
- eu te disse que venho te observando há um mês inteiro, acho que um pouco eu te conheço sim. E por mais que você diga não, eu vou saber que é verdade. Só queria que tivéssemos mais tempo juntos. Eu sei que você prefere ficar sozinha, você parece gostar disso, se isolar com um livro... - Ele pegou o livro Aprendendo runas Antigas que descansava no colo de , e deu uma olhada na capa, antes de devolver ao mesmo lugar. - Runas Antigas? Sério? Hmm. - Fred soltou uma risada nasalada. - Mas de qualquer jeito, eu já não consigo mais ficar longe de você, te admirando há uma distancia segura. Não. Chega disso. Eu quero desvendar o mistério que é .

* * *


As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas eram ministradas pelo professor Remo Lupin, gostava dele, mesmo todo o resto de sua casa detestando-o. Só não o odiavam mais do que odiavam a Grifinória, e seria com eles que dividiriam essa aula. Não tinha nada contra a Grifinória, mas parecia que o tinham contra ela, por ser da Sonserina, consideravelmente tinha apreços pela casa, afinal Fred era da Grifinória. Sabia que um dos irmãos dele estudava no mesmo ano que ela, inclusive já o vira algumas vezes, mas nunca trocaram uma palavra que fosse, outras vezes, eles apenas se?encaravam, ele parecia analisá-la de cima a baixo, com uma interrogação no rosto. Ronald Weasley não se parecia muito com Fred e Jorge, sem contar com os cabelos ruivos, as sardas e os olhos extremamente azuis, é claro. Ele andava com Harry Potter, e todo o mundo sabe quem é Harry Potter, até mesmo o sabia.
Nunca parara para pensar no menino-que-sobreviveu, mas agora que estudavam na mesma escola, e até tinham algumas poucas aulas juntos, reparara que ele seria normal, se não fosse pela cicatriz em forma de raio na testa. Havia outros garotos da Grifinória também, que andara observando, mas que tão pouco deram atenção a ela. Tinha Neville Longbottom, que fora a quem o chapéu seletor a comparara, em sua primeira noite em Hogwarts. Ele tinha as feições tristes, e sempre acabava fazendo alguma coisa que fazia com que os outros zombassem dele depois, fosse por sua poção explodir na aula de Snape, ou derrubar as xícaras de chá favoritas da profª Sibilla na aula de adivinhação. Houve um dia em que Gregory Golle passou pelo corredor derrubando todos os livros que Neville segurava, vinha andando logo atrás, estavam retornando para o castelo após uma aula na orla da floresta de Trato das Criaturas Mágicas, se abaixou e ajudou Neville a recolher os livros e pergaminhos que se espalharam pelo chão, ele não olhou para ela em nenhum momento, apenas agradeceu quando já estava com tudo debaixo do braço mais uma vez, coisas assim pareciam acontecer com Neville.
Sentava-se sozinha em uma das primeiras fileiras da sala, rabiscava qualquer coisa em seu livro, logo atrás podia ouvir risadas de Pansy Parkinson e Dafne Greengrass, ambas dividiam o dormitório com , e eram bem amigas de Draco. Pansy o perseguia por todo o castelo e vivia rindo de tudo o que Draco dizia, fosse uma piadinha, fosse humilhar algum outro aluno. acreditava seriamente que a menina devia ter algum tipo de queda (ou abismo) por Draco. De qualquer maneira, não conseguia gostar de Pansy Parkinson, estavam sempre revirando os olhos uma para a outra. A verdade era que não gostava da maioria dos alunos da Sonserina, costumava pensar que era genuinamente o oposto de Draco, enquanto ele vangloriava-se defendendo e honrando sua casa, estava cagando pra Sonserina. Draco implicava com os alunos das outras casas, mantinha bons relacionamentos com alguns dos estudantes de Corvinal e Lufa-Lufa, inclusive descobrira há algumas semanas quem era o tal Cedrico Diggory, conhecera-o em um dos lugares mais inusitados possíveis, no corujal. ?passava muito tempo lá, sua coruja, , andava lhe prestando muitos serviços, carregando e trazendo caixas e pacotes da França para a Grã-Bretanha e vice-versa durante todo o último mês, era o único meio de comunicação que tinha com , e o amigo não tinha uma coruja, por isso mantinham-se mimando excessivamente.
Enfim, sem que dissesse uma só palavra, Cedrico a cumprimentou e danou-se a falar da viagem que fizera ao interior no Sul da França, engajaram-se em um papo que levou a outro, e a outro, e a outro, voltaram juntos para o grande salão, onde já serviam o jantar, e até o fim daquela noite, boatos sobre os dois já percorriam os corredores de Hogwarts. não deu a mínima, é claro, e pelo o visto Cedrico também não, continuavam a se falar constantemente, ele até mesmo lhe obrigara a torcer para a Lufa-Lufa em seu primeiro jogo do campeonato de Quadribol da escola, mesmo sabendo que odiava o esporte. Pensava em como seria se estivesse na Lufa-Lufa ao invés de Sonserina...
- DRACO! - Sobressaltou-se com o grito de Pansy Parkinson, que agitava as mãos chamando a atenção de Malfoy que acabara de entrar na sala.
- Aqui, Draco, guardei um lugar para você. - "Típico da Parkinson" pensou, estivera atônita ao barulho da sala durante todo o tempo, até o estridente som da voz de Pansy lhe acordar de seus devaneios.
Draco não respondeu, tinha uma expressão fechada no rosto, parecia sério, não deu atenção a Pansy Parkinson, e continuou andando até ocupar o lugar vago ao lado de . Em um primeiro momento ele não disse nada, conseguia ouvir alguns cochichos atrás de si, não viraria para ver de onde vinham, preferiu ignorá-los, sua mente trabalhava com possíveis respostas de o porquê Draco estar tão cabisbaixo. Ele soltou um longo suspiro, antes de se virar para .
- Meus pais me mandaram uma carta. - Draco disse. - Mamãe pediu que escrevesse para ela mandando notícias, querem que você passe as férias e o natal lá em casa, e blábláblá, você sabe de todo o resto, é a mesma coisa todos os anos. - Ele mantinha uma expressão de tédio.
- E você já os respondeu? Minha coruja deve estar sobrevoando a Irlanda por agora, vou precisar da sua para responder Tia Ciça.
- Não, deixei Ártemis no meu dormitório, talvez ele tenha ido para o Corujal, você pode usá-lo, vamos até lá mais tarde, depois dessa merdinha de aula. - Draco respondeu, o tédio ainda sobressaia por sua voz.
- Draco, o que é que seus pais disseram nessa carta que lhe deixou desse jeito? - perguntou próximo ao ouvido do amigo.
- Não posso lhe contar. - Ele disse, desviando o olhar do dela.
- E desde quando você não pode me contar alguma coisa? - quis saber.
- Alguns de nossos fardos temos de aguentar por nós mesmo, minha querida .
? - Mas eu sempre posso confiar os meus a você, então acredito que você possa fazer o mesmo. - Assistiu um pequeno sorriso brotar nos lábios de Draco.
- Ah, nem venha com essas suas jogadas sentimentais para cima de mim, , eu lhe conheço desde que nasci, sei bem do que você é capaz, prometi que não falaria nada, e não vou. - virou-lhe o rosto irritada. E Draco, percebendo o que fizera, logo tentou se retratar. - Ei, , me desculpe. - Falava baixo, no pé do ouvido de , para só ela ouvir. Passou um dos braços pelo ombro da menina abraçando-a de lado. - Por favor, entenda, eu prometi pro meu pai que não lhe diria uma palavra sequer, eles querem falar com você, te dar a noticia. - Cada segundo daquela conversa deixava cada vez mais irritada, não entendia bulhufas do que Malfoy lhe dizia, e pelo o visto dizia respeito a ela própria, isso só a deixava ainda mais nervosa.
- Draco, mas eu não estou entendendo nada, quem é que vai falar comigo? O que eu tenho a ver com tudo isso? Por que Tia Ciça e Tio Lucio escreveram para você falando de mim? - Draco parecia mais pálido do que normalmente era.
- Não é óbvio? Porque me envolve. - Ele respondeu com pesar.
- Draco. - soltou-se dos braços de Draco, por mais confortável que estivesse. - Você precisa me dizer.
- , acalme-se, esse não é lugar de...
- Você não entende, não é. - Cortou-o. - Já tem muita gente me escondendo coisas nessa história toda, você também não. Isso esta errado.
- Chega. - Draco disse pegando uma das mãos da garota. - Este não é tempo nem lugar, , não se exalte, quando sairmos daqui falamos disso. - ele fazia o possível para manter o tom de voz o mais baixo possível, sabia como aquela gente poderia ser bisbilhoteira, seres sujos de Hogwarts.
continuaria a protestar contra Draco se o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas não tivesse entrado na sala naquele exato momento. Lupin deu continuidade ao estudo das criaturas mágicas, ao menos nessa aula ele não havia trazido consigo um baú contendo um bicho-papão dentro. Lembrava-se da fatídica aula com pesar, muitos alunos adoraram a didática do novo professor (todo o ano a escola tinha um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas diferente, e conforme corriam os boatos, era um cargo azarado), os outros, bem, saíram aterrorizados da sala, e se todos pensassem igual a , o que ela duvidava, ainda não haviam superado. Lançou um olhar de soslaio para Harry Potter, ele também havia sofrido com a transformação do bicho-papão, para ele o monstro virara um dementador, eram criaturas que guardavam a prisão dos bruxos, Azkaban, e muitos deles vagavam por Hogwarts naquele ano, em vista do prisioneiro que escapara, Sirius Black, e segundo os cartazes de procurado ele parecia loucamente ensandecido. Harry Potter não parecia nem um pouco alarmado, de qualquer modo, ele mantinha a varinha empunhada, vai entender.


Capítulo 3


Lembrava-se da manhã do dia anterior com pesar, tiveram uma aula diferenciada de trato das criaturas mágicas, o gigante Hagrid, que também era o professor, lhes levara para uma clareira próxima a floresta proibida e os apresentara a uma criatura que só ouvira falar a respeito em histórias. Havia pelo menos uma dúzia de hipogrifos, e assim que colocara os olhos neles, a menina decidira que seriam seus animais favoritos no mundo mágico. Para encurtar a história, Harry Potter, que parece ser bem chegado ao professor Rúbeo Hagrid, foi instruído pelo mesmo a chegar perto e acariciar um dos animais, um de nome Bicuço. Além disso, o professor ajudou Harry a montar no hipogrifo e sobrevoar a propriedade.
Todos os outros alunos ficaram estupefatos e gritando palavras de confiança a Harry Potter. Pode-se imaginar quem não gostou de nada disso. Draco, que começara a aula zombando de Harry pelo medo do mesmo de dementadores e relembrando o episódio no trem para hogwarts em que Harry inclusive desmaiara, um assunto que Draco não se cansava de falar e por mais que não tivesse chegado à Hogwarts de trem, viera com Stefan, auror que prestava serviço a seu pai, sabia tudo a respeito da história, Draco não lhe deixara passar uma vírgula na narração do suposto desmaio de Potter ao ataque de um dementador.
Bom, no momento em que Harry pousou no meio da clareira saltando de Bicuço, Draco avançou na criatura, se adiantando grotescamente, tocando uma das asas do hipogrifo. Ele apenas não considerara a explicação de Hagrid dizendo que hipogrifos eram criaturas egocêntricas e não aceitavam que desrespeitassem sua zona de recalque, pois é, Bicuço se irritou com Malfoy e o atacou com um coice, que Draco defendeu se protegendo com os braços. Ele caiu, sangue escorrendo pelas mangas de suas vestes. Por um momento, ninguém se moveu, sem saber o que fazer. Alguns pareceram acordar quando adiantou-se em direção a Draco, tentando confortá-lo conforme acariciava seus cabelos claros, Hagrid rapidamente acalmou o agitado hipogrifo com um petisco e o amarrou em uma corda presa a uma árvore próxima. tinha lágrimas nos olhos, não sabia o que fazer para ajudar Draco, que gemia no chão segurando o braço machucado com o outro que ainda estava bom.
- Eu vou morrer. Eu estou morrendo. - Ele choramingava.
- Acalme-se Draco, você vai ficar bem. - lhe dizia sem realmente saber qual era a gravidade do estado do braço do melhor amigo. - Professor Rúbeo, nos ajude. - implorou.
- Hagrid ele precisa ser levado à enfermaria. - Ouviu Hermione Granger gritar. O professor Hagrid pegou Malfoy em seus braços e saiu caminhando a passos largos rumo à enfermaria. Seria uma cena cômica se não fosse tudo tão trágico. Um fila de alunos da Sonserina os seguia, somente mantinha-se ao lado de Draco, Pansy Parkinson ainda investia com palavras de conforto a Draco, ela dizia "Eu estou aqui Draquinho, eu estou com você meu amor" estava tão nervosa por Draco que não teve nem tempo para pensar no quão patética Parkinson poderia ser. E Draco, bem, ele mantinha-se proferindo o máximo de palavrões que sabia ou inventava contra a escola e o hipogrifo. Deve ter batido algum tipo de recorde, com o tanto de vezes que disse "meu pai vai ficar sabendo disso".
Já na enfermaria, Madame Pomfrey, a enfermeira chefe responsável pelo tratamento dos alunos, os recepcionou e antes de conduzir Rúbeo a uma maca onde ele poderia deixar Draco, ela teve com todos os espectadores que os seguiram até o castelo, dizendo que aquele era um lugar de recuperação e não de bagunça. Ela já estava mandando todos para suas salas comunais, quando Draco se adiantou com sua voz embargada de dor,
- Não, , fique comigo, não me deixe sozinho. - ele disse, tomando desajeitadamente uma das mãos da amiga nas suas.
E com um sorriso sincero nos lábios e lágrimas escorrendo pelas bochechas, ela ficou com ele, e estava até agora. Madame Pomfrey cuidou do braço de Draco, que nem estava tão machucado assim. Por um momento esquecera-se do quanto ele poderia ser dramático. Ele teve uma torção, luxação, alguma coisa assim, e teria de ficar internado na ala hospitalar pelos próximos dias. E de qualquer forma, manter-se-ia ao lado de Draco durante toda sua recuperação.
Era sábado, e uma tempestade tomava conta dos arredores da escola de magia de Hogwarts, fazia frio, mas até mesmo em dias claros e ensolarados o frio tomava conta de Hogwarts, por culpa dos dementadores que andavam guardando a escola, como forma de segurança, afinal eram tempos difíceis no mundo mágico. Um psicopata havia escapado de Askaban, a prisão de força máxima dos bruxos, Sirius Black. Lembrava-se de ouvir uma conversa de seu pai com sabe-se-lá-quem poderia ser o ministro da magia, como poderia ser um elfo domestico, enfim, era seu último dia de férias, e os ouviram conversar sobre a fuga de Black, e sobre o que poderia ser feito para não deixar a notícia parecer pior do que realmente o era.
sabia um pouco sobre Sirius Black sim, sabia que ele era primo de sua mãe, sabia que ele era o primogênito dos Black e sabia também que fora uma vergonha para sua família, não só pelos assassinatos que cometeu, mas principalmente por não respeitar as regras impostas pelas famílias de sangue puro, de honrar seu sobrenome e toda essa ladainha, o achava incrível por isso, sabe, por esse negócio de ele ser ele mesmo sem se deixar atingir pelo que a sociedade lhe impunha, e não pelas mortes e tal.
Era possível ouvir da enfermaria os gritos e torcidas que provinham do campo de quadribol, Grifinória e Lufa-Lufa disputavam a primeira partida daquela temporada do campeonato entre casas. No grande salão as mesas estavam eufóricas, muitos alunos tinham os rostos pintados com as cores da casa, outros com os símbolos, parecia um verdadeiro carnaval bruxo. não passou muito tempo por lá para ver no que aquilo iria dar, só pescou algumas torradas e partiu para a ala hospitalar ficar com Draco. O amigo estava inconsolável, não falara nada a respeito, mas é claro que sabia, sabia tudo sobre Draco Malfoy e mais um pouco, então é claro que tinha plena certeza que ele não estaria tão para baixo se fosse um jogo da Sonserina, mas como era Grifinória, e ele odiava a Grifinória, deveria estar chateadíssimo em não poder torcer contra a casa, gritar ofensas aos jogadores, zombar de Potter... Tudo isso era Draco, e por mais doentio que fosse, amaria o melhor amigo da mesma forma.
Jogavam uma partida de xadrez de bruxo, acabara de arrematar uma das torres de Draco, ele parecia atônito ao jogo, mas não sabia o que poderia fazer para mudar o humor do amigo. Pareciam ser os únicos no castelo, além dos fantasmas e do posteirgaist, Pirraça. Todos deviam estar no campo de quadribol, e parecia ser o lugar onde Draco mais desejava estar no mundo, não aguentaria mais um segundo do mau ânimo do amigo, numa jogada rápida derrubou metade das peças do tabuleiro, e começou a guardar o jogo.
- O que foi isso? Você desistiu? Se for isso eu ganhei. - Draco desatou a falar parecendo acordar de um transe.
- Por Merlim, eu não me lembrava como você poderia ficar irritante mal-humorado Draco Black Malfoy.
- Eu não me lembro de ter lhe pedido para ficar, . – Ele disse virando o rosto para o lado oposto ao que a amiga estava.
- Como você é otário, Draco. E um mal-agradecido também. – descarregou.
- Eu sou otário? Sou eu quem está preso nesse maldito hospital, fui eu quem aquela galinha assassina atacou, estou sendo feito de ridículo na frente de todos aqueles sangues ruins dessa escola, eu tenho o direito de me sentir mal. – Draco desabafou, elevando um pouco o tom de voz.
- Mas não tem o direito de tratar mal as outras pessoas Draco. – contra-atacou.
- Eu discordo, eu vivo tratando todo mundo muito mal e não estou nem aí para isso. – Ele dizia, impondo todo seu egocentrismo em cada palavra.
- Porque todos querem lhe agradar, mas não por você, é pelo o seu sobrenome, Draco, pela sua família e você sabe disso! Mas eu não preciso aturar e nem vou. - E com isso levantou-se da maca de Draco. Sentavam-se lado a lado talvez pela proximidade que estavam sempre buscando e talvez nunca admitissem isso em voz alta.
- E você acha que eu não sei? Eu os trato mal sim, a todos, mas porque me tratam pior ainda, mentindo pra mim, proclamando-se amigos, quando são usurpadores. É assim que puros sangues sobrevivem, querida , ou você mata ou você morre. Desculpe-me, mas eu não sou igual a você, eu não consigo viver isolado, ignorando o resto do mundo, com medo de me machucarem, não, eu já os deixo sangrando antes mesmo que pensem em fazer algo contra mim. – Draco tinha a voz marejada e os olhos vermelhos.
- Draco... - Lágrimas escorriam pelo rosto de Malfoy, ele soltara um peso que carregara a vida toda, e estaria destinado a suportar até o fim de seus dias. Draco sabia que não havia mais ninguém no mundo a quem pudesse confiar fardos, ninguém era real em sua vida, mas era uma constante, era sua maior certeza.
jogou seus braços ao redor do pescoço de Draco e ainda o ouviu soltar um muxoxo, deveria ter pressionado seu braço machucado de alguma forma, mas de qualquer jeito nenhum dos dois amigos se repreendeu quanto a soltar todo o sentimento que sempre estivera tão explícito nesse relacionamento. Só não se perguntasse nada a respeito, porque sempre o iriam dizer que não-faziam-ideia-do-que-você-estava-falando.
Draco Malfoy e já haviam se soltado de um abraço que poderia ter durado a vida toda, e mantinham-se sentados lado a lado de mãos dadas. Não falavam mais nada, palavras nunca foram necessárias aos dois, às vezes até mesmo as discussões eram silenciosas, era um dos momentos que mais apreciavam compartilhar um com o outro, o silêncio, onde apenas sentiam a presença um do outro.
Aconteceu de um segundo a outro, as portas da ala hospitalar foram abertas às pressas e uma avalanche de pessoas veio junto. Eram quase todos alunos da Grifinória, sem contar com a professora Minerva e o diretor Dumbledore.
- Madame Pomfrey? Onde ela está? - Minerva Mcgonagall perguntava aflita. Draco e se sobressaltaram com a movimentação em um lugar que estava vomitando calmaria há menos de dois minutos atrás.
De repente, Madame Pomfrey em pessoa saiu pela porta de seu gabinete encaixando os óculos no rosto, nervosa não só pelo chamado inusitado, mas com certeza pela lotação da ala hospitalar.
O corpo de Harry Potter jazia desacordado em um campo de força que flutuava ao lado de Dumbledore. Entendendo o motivo do chamado, Papoula Pomfrey logo preparou uma maca ao lado da maca de Malfoy, onde o diretor colocou Harry cautelosamente, trocou algumas poucas palavras com a enfermeira antes de se retirar seguido por Minerva.
Os outros estudantes que assistiram a tudo sem se mover permaneceram na ala hospitalar, e como podia ver o time de Quadribol inteiro da Grifinória estava ali, inclusive Fred Weasley, que jogava como batedor em dupla com o irmão gêmeo. Quando seu olhar se encontrou com o de Fred, percebeu que ele já a observava havia algum tempo, ele lhe piscou um dos olhos e mandou-lhe um sorriso daqueles que lhe deixam as pernas bambas.
Não demorou muito para Madame Pomfrey terminar de acomodar Harry Potter, e tentar expulsar os visitantes da Grifinória. Poderia até ter conseguido, se não tivesse dito que Potter logo iria acordar e que todos poderiam falar com ele depois, todos tinham alegações e álibis de o porquê seria útil deixá-los aguardar por Harry despertar na enfermaria, sendo os gêmeos Weasleys os que mais defendiam sua causa.
Madame Pomfrey, exausta, acabou deixando-os ficar, desistiu voltando ao seu gabinete, com a promessa de que qualquer baderna os levaria para fora da ala hospitalar com uma detenção de um mês lavando janelas sem magia. E isso foi o bastante para manter todos os alunos da Grifinória calados.
- O que aconteceu com ele? - foi a primeira a quebrar o silêncio, mesmo assim mantendo o tom de voz o mais baixo possível.
- E o que isso lhe importa, ? - disse Rony Weasley carrancudo.
permaneceu atônita com a falta de respeito.
- Veja só, acredito que mamãe tenha lhe dado mais educação do que isso, Ronald. - disse Fred. - Esses não são modos para se tratar uma dama.
- Você defende gente da Sonserina agora? Tenho certeza que isso causaria mais alarde ainda lá em casa. - Rony rebateu.
- Você trata as outras pessoas da forma que deseja ser tratado, irmão. Se você tivesse dito isso a qualquer outro sonserino eu não lhe impediria, talvez até complementasse, e Jorge também, mas nunca a vi lhe querer mal algum, Ronald, nem mesmo a ninguém. Fale com assim uma segunda vez e o farei se lembrar de onde vem seu medo de aranhas. - dito isso Fred se retirou, batendo a porta da enfermaria.
Ninguém olhava para a porta que Fred acabara de cruzar, nem olhavam para Rony Weasley tampouco, mas todos tinham os olhos cravados em .
Ser o centro das atenções lhe era exaustivo, mas nunca chegara a ser um problema. Desviou o olhar de todos os alunos e jogadores da Grifinória, com os olhos fechados e sabendo exatamente o que deveria fazer, ou quase isso, ela apertou um pouco mais forte a mão de Draco antes de soltá-la completamente e se levantar passando pela porta que Fred batera segundos antes. Só teve tempo de ouvir um último comentário antes de deixar aquele ambiente carregado.
- Eu apenas demorei a me pronunciar só para ver onde é que isso tudo iria dar, e só o que digo a você, Weasley, é que não se esqueça de qual é o seu lugar. - e completou. - Isso serve para o seu irmão traidor do sangue também. - Draco disse intimidadoramente.
No momento que deixou a enfermaria desatou a correr seguindo o som impetuoso dos sapatos de Fred Weasley contra o chão de mármore conforme cruzava o corredor. Quando finalmente o alcançou, ficou de frente a ele, impedindo-o de dar mais um passo que fosse. Com as bochechas coradas pela corrida, o cabelo bagunçado pelo vento, e sem falar da confusão de palavras em sua mente, ela soltou.
- Fred, por que fez isso? – Ela disse com os olhos cravados nos azuis de Fred.
- Às vezes eu não consigo me controlar, você me faz fazer coisas idiotas sem eu saber sequer o porquê. – Ele dizia, conforme colocava um fio de cabelo rebelde que despencava pelo rosto de atrás da orelha da menina. - O seu nome fica preso a minha mente, e eu só consigo pensar em você. Eu lhe sigo secretamente por todos os cantos desse castelo, esperando uma oportunidade para me aproximar. – E agora ele já acariciava uma das bochechas de , carinhosamente. - Eu não sei o que você anda fazendo comigo, , só o que sei é que venho querendo fazer isso desde a primeira coisa idiota que eu lhe disse. - E sem esperar resposta, Fred Weasley tocou os lábios de com os seus, de forma pura, delicada e cheia de sentimentos.

* * *


Era noite, daquele mesmo sábado, lia instruções de seu livro Bebidas e Soluções Mágicas para o preparo da Poção Sacebak que aprenderam na aula de sexta-feira para Draco.
- “...Derrame 200 mililitros de Miolo Mole na substância, realizando movimentos leves e horários com a colher no caldeirão até que adquira um tom alaranjado...” – Pausava para respirar e vislumbrar as expressões de horror de Draco conforme lia.
- , chega, chega, pelo amor de Merlim. - Draco implorou, interrompendo-a. - Eu não saberia como preparar essa poção nem se eu tivesse ido à aula. Estou fazendo você perder tempo lendo tudo isso para mim. Eu juro que a última coisa que me lembro de ouvir você dizer antes de minha mente apagar foi "Draco é minha vez de alimentar o dragão". – ele disse fazendo uma péssima imitação da voz da amiga. - Draco, tínhamos oito anos quando eu disse isso, e aquilo nem era um dragão de verdade. – rebateu bem-humorada.
- Pra você ver, então eu ando prestando menos atenção do que deveria mesmo. - ele falou, segurando uma gargalhada.
- Você é um trasgo, Draco Malfoy, e quando estiver apto a voltar para as aulas, eu espero que o Snape lhe pergunte sobre a Poção Sacebak e você não saiba responder, e aí quando ele for descontar dez pontos da Sonserina por isso eu vou é rir. – E deu continuidade à discussão.
- Ah minha doce , se soubesse como me és divertido irritá-la. – Draco falou de sua forma galante. Ele o sabia ser, quando queria.
- Deve ser muito mesmo, você vem fazendo isso a vida toda. – Queixou-se.
- Melhora com o passar dos anos. – E ele finalizou aquele debate com uma piscadela de olhos para .
Trocaram sorrisos cúmplices antes de repousar o livro de poções na mesa de cabeceira da maca de Draco e começar a acariciar os cabelos de Malfoy do jeito que sabia relaxar o amigo. Não demorou muito para Draco pegar no sono. apoiava a cabeça no ombro do amigo, mais uma vez eles dividiam o pouco espaço da maca de Draco, mas é óbvio que nada disso envolvia a proximidade entre os dois.
Perdida em pensamentos, se viu observando Harry Potter, na maca ao lado, ele folheava a edição do profeta diário daquele dia. Estava sozinho agora, mas recebera visitas por todo o resto do dia desde que havia acordado após a contusão que tivera no jogo de quadribol contra Lufa-Lufa. Ronald Weasley e Hermione Granger foram aqueles que permaneceram mais tempo com o menino. Eles riam alto, mas conversavam aos buchichos, em momento algum olhavam na direção de Draco e , que passaram toda a tarde sentados na maca de Malfoy comendo sapos de chocolate que Narcisa enviara aos dois.
ficou sabendo, por Draco, que Potter caíra de uns vinte metros de altura após um dementador o atacar quando ele estava sobrevoando o campo atrás do pomo de ouro. Harry era apanhador da Grifinória, e precisava pegar o pomo, que era uma bola de ouro do tamanho de uma bolinha de golf, um esporte trouxa de que ouvira falar, com a diferença de que essa voava.
Já havia passado da hora do jantar, e , que estava cheia de tanto comer doces, não tinha planos de chegar perto do grande salão naquela noite. Adiaria ao máximo a hora em que teria de se retirar para seu próprio dormitório, não aguentaria mais um enxame de questionamentos vindos de Pansy Parkinson sobre a saúde de Draco, e blábláblá. Ela chegara a visitá-lo algumas vezes, mas Draco ficava extremamente carrancudo quando Pansy estava por perto, principalmente quando o estava também. A pobre menina tentara ocupar o lugar da maca de Draco do outro lado do rapaz, em que não estivesse, mas Malfoy logo alegou que não havia espaço e que seu braço doía. Pansy disse que poderia fazer companhia para Draco à noite, e ele retalhou suas esperanças dizendo não ser necessário, Pansy ainda arriscou em ajudar Draco a se alimentar, colocando a comida na boca dele, e mais uma vez, Malfoy deu outro fora na menina, dizendo que não era um aleijado, que poderia comer sozinho.
O engraçado era que quando lhe ajudava com a comida ou ficava até tarde na enfermaria com ele, ele não reclamava por isso, e quando perguntou a Draco sobre o ocorrido, ele apenas disse estar cansado da insistência dos outros em fazê-lo se sentir mal, e que ele acabava sendo mal com todos por isso. considerou que poderia ser verdade, afinal ele gritara com seus então amigos de escola, Vicent Crabe e Gregory Goyle, quando esses vieram lhe visitar à tarde e contar de como andaram aterrorizando alunos do primeiro ano. chegou a sentir um pouco de pena de todos, que mesmo falsamente, tentavam ser legais com Draco, mas logo passou.
- Ei... – O ouviu chamar, Harry Potter a encarava. – Eu não sabia o quanto você e Malfoy eram próximos. Quem o vê assim, quando está com você, pode até pensar que ele seja, você sabe, normal. – Ele disse com um pequeno sorriso nos lábios.
- Talvez porque Draco seja normal, e se esconda atrás de atitudes infantis na escola. – Ela disse lhe devolvendo o sorriso. – Ele não é desse jeito em casa. Ainda é o mesmo Draco de sempre, que pede para comer a sobremesa antes das refeições, e que ainda quer ter uma Quimera como bicho de estimação. Mas não vou dizer que os primeiros dias foram fáceis, quando descobri que meu melhor amigo era um babaca na escola. – Ela falava olhando para o nada, relembrando de seu começo em Hogwarts, e que agora pareciam dias tão distantes.
- Ele realmente é. Sem querer ofender é claro, você parece ser legal. – Harry lhe lançava um olhar cúmplice, e o correspondia. Mantinham um tom baixo, com medo de acordar Malfoy. – Mas me conte, como era a sua antiga escola? Antes de você começar em Hogwarts eu jamais parara para pensar que poderiam existir outras instituições de ensino de magia pelo mundo. Como diria uma amiga minha, é fascinante. – sentia que sabia de que amiga ele estivera falando.
- Bem, eu estudava em Beauxbatons, e o nosso castelo fica na França, próximo ao Rio Mediterrâneo. Os campos e a praia formam uma linda vista, do inverno ao verão. Cavalos alados correm soltos por toda a propriedade, a fundadora Amandine Feullière tinha muito apego a eles, e acabamos endeusando essas criaturas. Eram meus animais preferidos no mundo mágico, até eu conhecer hipogrifos. – soltou uma risadinha, e Harry a acompanhou. – Acho que tirando isso e mais algumas coisas, não existem muitas diferenças entre as duas escolas, acho que todas devem seguir um padrão. Também temos um sistema de seleção, ao invés do chapéu, é um espelho que lê nossa alma e nos encaixa em uma das quatro casas, eu era da casa Noble, lealdade e companheirismo, presamos alguns dos mesmos valores que a Grifinória, mas independente de sua casa, ou de qual família você vinha, não tínhamos essa necessidade de autoafirmação, somos ensinados a tratarmos nossos companheiros como iguais. Não me lembro de rolar algum tipo de preconceito em Beauxbatons, a não ser aqueles ligados ao quão bom você era no Quadribol, ah, o que me faz lembrar, todos, ou pelo menos a maioria, eram tão loucos por quadribol quanto os alunos de Hogwarts. - Terminou seu monólogo com uma careta, como se tentasse lembrar de algum fato que deixara passar. - Bom, pensando bem, talvez a Academia Durmstrang seja um pouco mais rigorosa que Hogwarts ou Beauxbatons, e eles têm uma política diferenciada quanto às artes das trevas, conheci alguns alunos de lá, e eles são... Vamos dizer que são diferentes.
- Você fala como se ainda estudasse lá. – Harry comentou um tanto inseguro.
- Talvez porque eu me sinta como se nunca os tivesse deixado. – respondeu com uma expressão triste no rosto.
- Sinto muito em fazer você ter que lembrar de tudo isso, mas acho que deveria fazer um esforço para se afeiçoar à escola. Hogwarts é mais que um lar para mim, é o único lugar no mundo em que sou feliz de verdade. Não quero parecer dramático, mas a minha vida fora do mundo mágico não é tão legal assim, eu fui criado por trouxas, meus tios, e eles todos me odeiam, então você já deve ter uma ideia de como é. - Ele dizia sofregamente.
- Hm, engraçado, me lembra muito da minha própria vida. Sabe, os meus pais não são do tipo que pegam no colo e tal, na verdade eu nunca os vejo, são raras as vezes em que estou em casa e ouço papai no escritório, ou mamãe mexendo em alguma coisa, também são raros os momentos em que fico em casa, estou sempre na escola e passo as férias na casa de Draco. Além de melhores amigos, nos também somos primos, tio Lúcio e tia Narcisa são o mais próximo que tenho de uma família, e é assim desde que eu possa me lembrar. - pode ver as expressões faciais de Harry mudar de repente quando mencionou os Malfoy.
- Talvez nossas histórias pudessem até mesmo ser engraçadas se não fossem tão trágicas. Imagina, todo mundo embeleza o menino-que-sobreviveu e por mais que eu tenha sido criado por trouxas, conheço o nome , não deve existir um bruxo que nunca tenha ouvido falar da sua família.
- É uma pena que eles não possam ver o que ocorre por trás dos bastidores. – Pensava a respeito.
- Mas veja só, toda essa desgraça me trouxe coisas boas também, tenho Rony, tenho Hermione, os Weasleys sempre foram muito bons comigo. E você tem Draco, quer dizer, ele parece se importar bastante com você. – Harry parecia tentar mudar o rumo que aquela conversa havia tomado.
- A vida toda me pergunto o que posso ter feito de tão bom para merecer alguém como Draco presente e pronto para me ajudar, aconselhar, cuidar, enfim, qualquer coisa que eu precisar, e eu não preciso nem pedir, nunca foi necessário, ele simplesmente sabe, é algo só nosso. – Confessou.
- Eu acho que depois dessa nossa conversa vou passar a enxergar Malfoy com outros olhos. – riu.
- Só não dê muito na cara ou ele irá perceber. – Ainda dava risadas sem som, com medo de despertar Draco de seu sono. – Draco parece superestimar essa rixa que vocês costumam travar.
- Prometo não exagerar. – Harry brincou. – Ei, . – ele parecia querer dizer algo, mas não sabia como falar. – Eu... Bem, me contaram sobre o que aconteceu com Fred. – Ele olhava-a nos olhos, esperando que ela negasse.
- Não entendo, Harry. O que você quer perguntar? Pode falar. – Ela disse soando amigável.
- Eu lhe disse, os Weasleys são família para mim, e fiquei sabendo que Ron e Fred discutiram por você. Não quero tomar as dores de um lado nem nada, só queria saber de você, porque sei que se perguntar isso a um dos gêmeos eles com certeza irão me enrolar, e acho que você já os conhece tão bem quanto eu. – Eles dividiram a risada antes de Harry continuar. – Eu queria saber o que está acontecendo entre você e Fred, quer dizer, nos últimos meses o ouvimos falar tanto de você. Ele sempre arrumava uma maneira de lhe colocar numa conversa. Se estivéssemos falando das aulas do Snape, ele dizia o quão boa você era em poções, quando debatemos sobre a primeira visita à Hogsmeade, ele ficou se perguntando se você iria gostar da Zonkos, e mais recentemente estávamos discutindo as jogadas para a partida de Quadribol contra a Lufa-Lufa e ele falou do nada “ não gosta de quadribol, como pode existir um ser humano que não goste de Quadribol? Hm, mas ela tem olhos tão bonitos...” – tinha as bochechas ruborizadas. Não sabia que Fred pensava tudo isso dela, nem fazia ideia da importância que tinha para ele. Sempre achara que ele só estivesse sendo gentil e galanteador, como sabia que ele o era, mas então se lembrou do beijo que trocaram mais cedo, e sentiu as borboletas de seu estômago despertarem. – Eu não sei, nunca o vimos desse jeito antes, achei que você conseguiria me dizer o que está rolando? – Harry parecia não entender, mas era difícil para explicar algo que nem mesmo ela saberia dizer o que o era.
- Harry, eu sinto muito, mas eu não sei o que lhe dizer. Fred e eu, bem, de certo nos aproximamos muito nas últimas semanas, ele basicamente me observa de longe, e quando se aproxima, costuma me dizer coisas tão lindas, como nunca ouvi antes na vida, e depois desaparece, ao passo que menos espero, lá esta ele de novo, fazendo contato visual e esperando uma nova chance para se aproximar. Tem tanta coisa envolvida nisso tudo, eu poderia passar o dia lhe listando todas as adversidades nesse jogo de prós e contras que travamos. Mas tudo parece ser tão complicado quando envolve Fred e eu.


Capítulo 4


Eu queria poder lhe dizer o que ando fazendo e como tudo está uma maravilha. Da maneira que o sol nasce e do jeito que se põe, e da vista que meu novo quarto em uma das Torres Oeste tem. Poderia falar que o Lago Llugia começou a congelar esses dias atrás, e que logo vamos patinar no gelo. Poderia lhe contar de todos os desesperados pedidos para o baile que recebi, e até mesmo do quão horrível sou na aula de soluções e poções. Nada disso me parece certo. Juro que escrevi uma primeira carta, narrando tudo isso aí que acabei de listar, e eu lia e relia, e nenhuma das palavras parecia me fazer sentido algum. O que eu quero lhe dizer de verdade é que sinto sua falta em tudo e qualquer coisa que eu faça, e em como nada tem o menor SENTIDO sem você. Será que você se lembra em como ninguém falava de um sem lembrar-se do outro ou será que já faz tanto tempo assim? Não se estava falando de se não citasse e decididamente não era se não falasse de . e sempre me fora a maior das certezas, a frase mais cheia de sentidos e a que meus ouvidos mais se alegrava de ouvir. Pergunto-me uma ou mil vezes ao dia se você se lembra de como acordávamos cedo todo maldito sábado só para ver o sol nascer? Ou em como subíamos na torre mais alta da ala mais alta do castelo todos os dias para vê-lo se pôr? Tínhamos tantas tradições que antes não tinham cabimento algum, mas que hoje, quando me recordo, meu peito dói, e eu entendo todo o significado que cada uma de nossas babaquices nostálgicas tinha. O inverno está chegando, e sei que vou sentir mais a sua falta a cada dia que passar. Você costumava amar essa estação, não lhe via sem aquele sorriso sincero de olho a olho, tão seu. Fico esperando que você apareça de repente, a qualquer momento, e me arraste pela mão até o lago, para patinarmos no gelo até nossos tendões racharem. Eu iria reclamar sem parar temendo que a Professora Dalloway nos mandasse para a detenção, nós éramos detidos todo o tempo. Eu me pergunto se você se lembra de como nós nos divertíamos no baile de natal? Receberíamos uma centena de convites, e rejeitaríamos todos. Por fim, iríamos juntos, e , contrabandearíamos Whisky de fogo com Rocco e batizaríamos o ponche, faríamos coreografias de sala de estar na pista de dança, trocaríamos inúmeras risadas e a melancolia seria um pequenino viés do passado. Não deveria ser difícil falar de e . Mas é. Fico imaginando todo o tempo o que é que você deve estar fazendo, me pergunto se você lembra-se de mim do jeito que me lembro de você? Será que eu seria tão deplorável em poções se a tivesse como dupla ao invés de O'Callaghan? Nada disso me parece certo porque você não está aqui comigo para fazer as coisas ficarem certas. Desculpe-me se soei dramático demais, melancólico demais e nostálgico de menos. Você é meu sol. Costumávamos dizer isso um ao outro. Deveria esse ser nosso eu te amo afinal. Nunca nos foi de nossa índole dizer coisas desse tipo. O sentimentalismo é tão blasé. Mas todos meus dias são nublados desde que não a tenho neles. Para iluminar. Para aquecer. Pra ser e . Por favor, não se esqueça de mim velha amiga, e pode ter a certeza de que nem por um segundo me esquecerei de e .

De todo o coração,
Seu amigo e parceiro de crime,
.

Lágrimas escorriam por seu rosto e embargava sua visão. Um enorme abismo surgira em seu coração, o peito doía, e um choro violento tomara-lhe por inteira. Pensava se ficava da mesma forma quando recebia uma carta dela? Era tão injusto como tudo acontecera, nunca tiveram uma chance de se despedir, tudo o que tinham para dizer um ao outro lhes estivera preso na garganta durante todo o tempo. No começo até tentaram manter um nível nas cartas trocadas, basicamente narravam eventos cotidianos e procuravam maneiras que fizessem voltar para Beauxbatons, bolaram inclusive um plano de fuga, onde reuniria membros da equipe de equitação e viriam resgatar de Hogwarts. Em outro, aprenderia a aparatar sozinha e voltaria para Beauxbatons. Não é preciso dizer que nenhuma das tentativas jamais fora posta em prática, a expectativa de sucesso eram mínimas, mas lhes era tão mais confortador continuar pensando em jeitos e trejeitos que os trouxessem de volta.
Queriam e mais do que tudo nesse mundo, a saudade lhes era demais a suportar, e isso passou a ser demonstrado em suas cartas. Já não conseguiam mais esconder por piadas a falta incessante que sentiam, dividiram dois anos de suas vidas um com o outro, era uma amizade tão bela, gostavam de dizer que fora como o pôr do sol, chegara como quem não queria nada, e logo mostrou toda a imensidão de seu poder. "O pôr do sol me faz lembrar você", lembrara-se de uma passagem da última carta que escrevera a . Quanta falta era possível uma pessoa fazer na vida de outra?
Por mais clichê que possa parecer, o sol estava se pondo nesse exato momento, sentava-se na relva, próxima da clareira onde tivera alguma das aulas de trato das criaturas mágicas, do outro lado conseguia ver o grande Salgueiro lutador. Pensava em tudo, e em nada. Sabia que a dor no peito ainda perduraria por horas a fim, e não voltaria para a escola antes de se sentir confiante uma segunda vez, não iria correr o risco de deixar que os outros a vissem chorar, se tinha uma coisa que herdara dos era o orgulho.
Era tão solitário, chegava a ser patético, abraçava o próprio corpo buscando conforto, não tinha mais lágrimas a derramar, mas ainda conseguia sentir o buraco que atravessava seu coração pulsar dentro de si. Sentia-se tão sem vida, que essa seria a única explicação palpável por não se assustar com a criatura que surgia diante de seus olhos. Um cão negro, da cor da noite, vinha caminhando em sua direção. Ele tinha olhos claros, o que era estranho, ele fedia, estava todo sujo, e com toda a certeza, cheio de pulgas. Quando tocou o braço de com o focinho a menina não se absteve em tomá-lo aos braços em um abraço que tanto lhe era necessário.
O choro se retomou com a mesma força de antes, tremores passavam-se por todo o seu corpo, apertava-se cada vez mais ao cão negro que tinha em seus braços, e ele parecia não se importar, parecia querer fazer sua a dor que sentia.
Já era noite, e ainda se encontrava nos jardins da escola, parecia mais calma, mas não estava. Ao menos havia cessado o choro, que deixara vestígios por todo seu rosto. O cão negro descansava a cabeça no colo de , que lhe acariciava a cabeça, como forma de gratidão, por estar ali por ela, quando ninguém mais estava, e também porque se afeiçoara àquele monte de pelo sujo e fedorento. Falava com o cão, sem esperar resposta. Melancolicamente lhe dizia quem era e quem achava ser, falava sobre os medos e injustiças da vida, descrevia situações e lhe fazia uma dúzia e meia de perguntas que não tinham respostas.
- Eu não sei lidar. - Fora a última coisa que dissera ao cão antes desse levantar de seu colo sofregamente aos resmungos e retroceder o caminho que fizera antes de volta ao Sagueiro Lutador, que de alguma forma não avançou contra ele. o observou até o cão negro sumir de vista, e foi nesse momento que um feixe de luz emergiu em sua frente. Draco segurava a varinha iluminando tudo ao seu redor com um dos braços, enquanto o outro descansava em uma tipoia presa a seu ombro.
- Espero que você tenha uma explicação muito boa para isso, . Procurei-lhe por esse castelo inteiro, a tarde toda. - Ele dizia, conforme se aproximava, ocupando um lugar ao lado de na grama molhada pelo sereno da noite. Logo mudou seu posicionamento quando avistou indícios de lágrimas circundando o rosto da amiga.
- Por que você esta aqui sozinha? - Draco disse num fio de voz, nem parecia soar ele mesmo há um minuto.
- Eu precisava ficar sozinha, de muitos jeitos eu prefiro minha própria companhia, é quando encontro tempo para pensar. - Não encarara Draco nos olhos por um segundo que fosse.
- E no que exatamente estivera pensando que a fez chorar? - Ele se antecipou. Não chegou a obter uma resposta, mas lhe estendeu um pedaço de pergaminho amassado e manchado com pingos d'água, onde as lágrimas deveriam ter caído. Em silêncio ele leu e releu a carta, e por mais que tivesse uma vaga ideia da amizade entre e este sujeito de nome , a quem ele nunca vira a vida toda, não pôde deixar de se sentir enciumado da proximidade entre os dois. Aos olhos de Draco, era sangue de seu sangue, além de primos, eram melhores amigos, e se conheciam por toda existência, e isso tudo lhe era mais do que justificável para toda a intimidade que tinham um ao outro.
conhecia , pensava no nome com rancor, há dois anos, ou pouco mais que isso, e já o considerava de tal importância que fazia Draco temer. "E se ela conhecesse alguém feito em Hogwarts?" De um passariam para dois, e isso era algo que não o agradava nem um pouco. Seus pensamentos vagaram para Fred Weasley, e não pôde deixar de fechar os punhos, em um ato de raiva, aquele traidor do sangue vinha cortejando-a desde que pusera os olhos na garota. Era mais uma coisa que deveria cuidar. O coração de Draco pertencia a , o coração de era todo de Draco, e ele não saberia como dividir uma parte que fosse dela. era de Draco, isso era tudo o que ele podia dizer, e que não sabia ainda.
- Vamos entrar, , está frio demais aqui fora. - Draco disse se levantando, conforme guardava, com seu braço bom, a carta de em um dos bolsos internos de suas vestes. Ajudou a se levantar e voltaram para o castelo de braços entrelaçados, talvez pela frio, talvez não.
- É normal animais andarem pelos jardins da escola soltos? - quebrou o silêncio.
- Que animais? Você quer dizer centauros? Eles aparecem às vezes vindos da Floresta Proibida. - Draco disse com escárnio. Odiava criaturas mestiças.
- E cães? - voltou a perguntar.
- Cães? Não, quer dizer, tem aquele cachorro babão de Hagrid. Deveriam sacrificar aquele animal. Não serve para nada. - Draco dizia sem notar que desviara sua atenção. A menina pensava no cão negro, de onde ele viera? E onde deveria estar agora? O que não lhe faltava na vida eram perguntas as quais ela não tinha respostas. Olhava para Draco, diretamente a seus olhos acinzentados, arrematava-na o mar em ressaca. Ele persistia falando, mas nada ouvia, sua mente estava agitada demais. Quantos segredos ele deveria guardar? Pensou. O amigo ainda desviava a conversa quando lhe perguntara da carta que ele recebera dos pais, e isso havia uns bons meses, se aproximavam do natal, e a menina não obtivera feedback de nenhuma de suas indagações.
- Quase me esqueci de o porquê de estar lhe perseguindo pelos cantos desse castelo. Você sempre me distraindo com suas maluquices, . - Draco disse de repente, sobressaltando uma distraída. - Tenho uma notícia que talvez possa lhe agradar. - Ele dizia com seu sorriso de canto de boca. - Por mais peculiar que seja, seus pais estarão em nossa ceia de natal este ano. Não é incrível? - Draco mantinha-se sorrindo esperando uma reação da amiga.
estava confusa, não saberia dizer se estaria animada ou se seriam náuseas o que sentia. Estava temerosa, há quantos anos não se sentava em uma mesa com os pais? E o que é que acontecera para de repente o Sr. Van-der-Todo-Poderoso-Woodsen se lembrar que tinha uma família e amigos com quem desfrutar as festividades ao invés de trancafiar-se em um de seus escritórios na Ásia maior contando quantos galeões arrecadara naquele ano? E quanto a Helena ? Inusitadamente ela decidira que não precisaria passar o natal com seus pacientes no St. Mungus para doenças e acidentes mágicos? Será que ainda conseguiria chamá-la de mãe? Há tempos que a menina não conseguira pronunciar aquelas poucas letras. O estômago de embrulhara, como poderia lidar com tanta coisa lhe acontecendo ao mesmo tempo? Todos só poderiam querer enlouquecê-la.

***


Não se lembrava de sentir tanto frio no sul da França, o inverno em Beauxbatons pareceria um paraíso afrodisíaco se comparado a Hogwarts. A escola ficava na Suécia, em alguma parte da Grã-Bretanha, a qual não fazia ideia de onde exatamente. Sentia tremores por todo o corpo conforme subia de degrau em degrau as escadas que levariam para o Corujal. Fora desafiador levantar-se da cama naquela manhã, e mais ainda sair do castelo, mas não havia escolha. Sua coruja, , descansava no Corujal, e precisava enviar o presente de natal de ainda aquele dia, ou jamais chegaria a tempo.
Carregava nos braços um pacote embrulhado em papel pardo, dentro havia uma caixa de sapos de chocolate, um cachecol com as cores símbolo dos Harpias de Holyhead, time de Quadribol para o qual torcia, e também havia uma carta, ou seria um certificado, não tinha certeza ainda. O importante era que concedia a poder escolher a coruja que quisesse na próxima vez que visitasse o Empório das corujas no beco diagonal. Diga-se de passagem fora o melhor presente que dera naquele natal. Seria tão útil para , quanto para ela própria, e até mesmo a , sua coruja Bufo Real, que não teria mais de viajar de duas a três vezes no mês levando e trazendo cartas dele para ela, e vice-versa.
Sabia estar próxima da porta de entrada para o Corujal conforme o cheiro de titica de animal aumentava consideravelmente. Com muito esforço conseguira abrir e fechar novamente a porta, uma vez que tinha os braços ocupados e o corpo congelado, o chão coberto de palha e as corujas encolhidas em seus buracos nas paredes. Procurava por , e isso nunca foi muito difícil, por ser uma Bufo Real, era maior do que maioria das outras espécies, e sua pelagem, uma mistura de amarelo ouro, caramelo, marrom e seus derivados, também a destacava quando todas as outras corujas eram de tons de branco, preto ou cinza, sendo assim, logo que avistou , a mesma voou, pousando em seu braço.
- Eu sei que ando lhe pedindo mais do que deveria. - dizia, acariciando as penas de carinhosamente. - Mas preciso desse último favor. - Dizia sem ainda dar espaço para que a coruja visse o tamanho do pacote que teria de levar. - Por favor, querida , veja, lhe trouxe uma surpresinha. - Disse conforme alcançava um saco contendo alguns ratos mortos que conseguira com o guarda-caça Hagrid. Estavam bem próximos agora, andara ajudando-o às escondidas em conjunto com Hermione com a defesa de Bicuço, o hipogrifo, no caso processual aberto por seu tio Lucio Malfoy, depois que a criatura atacara Draco, e esta fora condenada a pena de morte.

FLASHBACK

achara uma injustiça tremenda, olhava atônita para Draco sentado a sua frente do outro lado da mesa da Sonserina no grande salão, e só o que conseguia pensar era no quanto queria acertar-lhe um soco bem dado no meio de sua cara. Em toda a vida, foram raras as vezes que se desentendera com Draco, deveriam ter brigado por duas vezes ao menos, e em uma delas fora devido uma disputa por uma varinha de brinquedo, quando tinham quatro anos. O amigo se gabava mostrando o braço que descansava na tipoia feito um troféu. Draco deixara a ala hospitalar não havia completado duas horas e agia como se fosse herói de guerra.
- ...Estava bem feio, e por Merlim, meus pais mandaram o curador da família para me tratar, sabe, nunca foram de confiar muito nessa gente de Hogwarts, ainda mais depois que colocaram aquela besta para dar aulas... - Ele dizia com desdém na voz. - De qualquer forma, Dr. Wayde disse que eu poderia ter perdido o braço...
Draco continuou falando e contando sua história acrescentando alguma coisa e muitas outras conforme narrava, e , que não aguentava mais um segundo daquilo, levantou-se do lugar que ocupava na mesa, pensando que o amigo nem ao menos notaria sua saída. Ele já não precisaria mais de sua ajuda e cuidados, quando tinha uma legião de Sonserinos a rodeá-lo. Dera os primeiros passos para longe da mesa da Sonserina e para fora do Grande Salão, tinha pretensões de passar na biblioteca antes de voltar ao dormitório e se esconder atrás das cortinas de sua cama de dossel.
- Meu pai disse que não foi surpresa a ele o que me aconteceu, quer dizer, colocar um mestiço para dar aulas? - Draco ainda resmungava, e parecia agradar sua plateia, porque todos os alunos da mesa da Sonserina passaram a soltar risadinhas.
As mãos de mantinham-se fechadas em punhos, e seus passos eram lentos em direção às portas de carvalho, sua mente pulsava instigando-a a retroceder e terminar de quebrar por vez alguns dos dentes de Malfoy, talvez isso o mantivesse de boca fechada. Mas se faria isso ou não, jamais chegara a descobrir. Em um piscar de olhos, sentiu um braço surgir em seus ombros abraçando-a de lado, um perfume conhecido penetrou seus pulmões, e não foi preciso olhar para saber que era Fred quem estava ao seu lado, conduzindo-a. Já haviam ultrapassado as pesadas portas do grande salão quando ele veio a dizer.
- Você parecia lançar maldiçoes imperdoáveis contra Malfoy com o poder da mente. - Ele ria conforme seguia ao lado de .
- Aonde estamos indo, meu bem? - Fred perguntou após virarem mais um corredor e a menina continuar andando decidida.
- Preciso ir para a biblioteca, tenho que escrever algumas cartas. - Sua voz tremeu antes de terminar. - E também porque é o único lugar em que podemos ficar juntos sem que nos perturbem. - Sorriu para Fred.
- Sempre me surpreendendo, . - Fred beijou-lhe carinhosamente uma das bochechas antes de ultrapassarem o acesso à biblioteca.
Cumprimentaram Madame Pince, que se retesou e apenas balançou a cabeça como sempre fazia quando via os dois entrarem de mãos dadas em sua biblioteca. Até mesmo ela achava estranho um aluno da Grifinória e outro da Sonserina andarem juntos por aí.
Sentaram-se bastante afastados da entrada como naturalmente faziam, tinha um pedaço de pergaminho e uma pena nos bolsos das vestes, Fred a assistia encher a folha de palavras. Nenhum dos dois falava nada, o único som que se era possível ouvir era o da pena em contato com o pergaminho e dos decorrentes suspiros de Fred Weasley. Por mais que tudo o que Fred quisesse fosse repetir o episódio do beijo que dera em no corredor da sala de Feitiços, contentava-se em tê-la perigosamente perto, como estavam naquele momento. Ele tinha o queixo apoiado no ombro da menina e embargava-se com o cheiro doce que emanava dela, sentia-se confortável para demonstrações de carinho e ocasiões como essa. Há tempos vinha acompanhando por todo o canto daquele castelo, quando ela não estava com o Babaca Malfoy é claro. Deviam passar 70% de suas horas juntos daquela maneira, com quieta, fazendo seus deveres, ou ficando em dia com sua leitura, e Fred, bem, aconchegando-se a ela e apreciando cada segundo passado com aquele incrível ser humano que há pouco conhecera, mas que já não poderia mais viver sem. Só se perguntava se com era a mesma coisa.
Ela aparentava ter terminado de escrever, ao menos não puxara mais nenhum pergaminho do bolso, e agora lia o conteúdo de uma e de outra. Fred aprendera a contemplar as expressões faciais de , de quando ela estava concentrada. Ela dobrara as duas cartas e escrevera o nome dos destinatários, antes de finalmente voltar-se para ele.
- Me perdoe pela demora. - Lhe sorriu. - Mas preciso chamar para que ele possa levar minhas cartas. - Ela fez biquinho, e Fred não resistiria a um desses.
- Sorte a sua que gosto de quando chamamos a coruja. - Ele disse tomando-a pela mão e seguindo para uma janela próxima, mas ainda distante de Madame Pince.
Fred abriu a janela de arquitetura gótica e pôs a cabeça para fora, sentiu a brisa noturna chocar-se contra seu rosto, os jardins estavam escuros, não parecia haver uma pessoa sequer se aventurando pelo breu que assolava o castelo.
- Acho que esta numa boa. - Fred disse.
assentiu com um movimento de cabeça, e logo se juntou a ele no parapeito da janela, não deixou de tremer um pouco pelo frio que fazia do lado de fora. Desejando acabar logo com aquilo, colocou dois dedos na boca e assoviou. O som propagou-se pelo ar da noite, e agora rezava mentalmente para que Madame Pince não suspeitasse dos dois. Levou cerca de um minuto, ou talvez dois. Mas um bater de asas e a aproximação de uma criatura que parecia camuflar-se na escuridão fez sorrir. pousou próximo ao braço de Fred, e deu-lhe algumas bicadas carinhosas nos nós dos dedos. O garoto acariciava a penugem da coruja Bufo Real, achava fascinante a forma como a coruja fora treinada, atendendo a qualquer chamado de seu dono, por mais distante que o fosse. lhe contara que poderia ser qual fosse o lugar, se chamasse por , a mesma responderia e a encontraria, estivesse onde estivesse. Ele pensava se algum dia conseguiria fazer o mesmo com Errol, a coruja de sua família.
tirou um pequeno embrulho de suas vestes e o desembrulhou entregando uma bolacha de aveia para a coruja, que comia, mas a olhava desconfiada.
- Cara, qual é o tamanho dos seus bolsos? - Fred exclamou, arrancando algumas risadas da garota.
- . - disse soando angelicalmente. - Eu preciso de um favorzinho. - tinha uma expressão tão meiga no rosto que Fred não saberia dizer não, e agradecia por não ser sua coruja naquele momento. - Leve essa carta para meu Tio Lúcio. - Ela falava enquanto amarrava a primeira carta a uma das patas da coruja. - E, por favor, , leve esta outra para o velho. - agora amarrava a carta que sobrou na outra pata de . - Quando você voltar eu prometo que haverá uma ratazana inteira lhe esperando. - Ela terminou piscando um dos olhos para a coruja. assentiu, e levantou voo deixando migalhas de aveia para trás.
- Velho? - Fred ria de todo o afeto pelo pai de . - Eu só quero ver onde é que você vai arranjar essa ratazana.
- Cale a boca, Weasley. - disse, alcançando uma das mãos do rapaz. - Agora vamos, temos que sair daqui antes que Madame Pince nos expulse de novo.
Os dois saíram da mesma forma que entraram, de mãos dadas e sorrisos bobos presos ao rosto. Mais uma vez, Madame Pince os fuzilou com os olhos, como se aquilo fosse errado, como se não estivesse certo um Sonserino e um Grifinório não desejando matar um ao outro.
Perambulavam pelo castelo sem destino, sabiam que deveriam estar em suas respectivas salas comunais, mas nem uma nem outra teriam um ao outro. contava a Fred de sua revolta contra Draco e o tio por levarem tudo a outro nível quanto ao acidente com o hipogrifo, lhe falou de seus temores quanto as férias de natal, e do natal, propriamente dito, que passaria com os pais depois de tanto tempo em que apenas trocavam expressões monossilábicas. Confessara que também estava ansiosa, esperava encontrar respostas para todo aquele suspense que rodeava sua vida, todas as perguntas as quais se fazia todo dia, e que ninguém parecia dar uma folga. E por fim, contou a Fred sobre o cão negro que encontrava todas as vezes que vagava sozinha pelos jardins de Hogwarts, e de como ele aparentava estar afeiçoado a ela, e ela a ele, do mesmo modo, que parecia ser a única que já vira o enorme cão por Hogwarts.
Fred não dissera nada em meio ao monólogo sem fim de , ele já havia percebido há tempos que ela sentia-se confortável ao lado dele para lhe contar histórias bobas de como achava que ela havia inventado a essência para as bombas de bosta, até assuntos mais pessoais, envolvendo a família de . Ele se sentia bem pensando nisso. E a todo o momento queria dizer alguma coisa que fosse ajudar a menina. Mas a maior parte do tempo ele não encontrava palavras para se expressar. Obrigando-o a permanecer em silêncio. Procurava ao menos confortar a garota, e isso ele sabia que estivera fazendo direito.
- Eu sei como é isso... - Fred parou de andar, obrigando a fazer o mesmo. Ele se sentou nos degraus de mármore das escadas para o quinto andar. - Sente-se comigo, meu bem, estamos seguros por enquanto. - Ele disse a ela, mostrando um pedaço generoso de pergaminho dobrado muitas vezes. sabia o que era, Fred lhe contara como ele e Jorge haviam encontrado no primeiro ano dos dois aquele presente dos deuses na sala do Filch, ele disse que estava numa gaveta do arquivo pessoal de Argus onde estava escrito Confiscado e Muito Perigoso. Para quem não sabia parecia mesmo só um pedaço de pergaminho velho, porém descobrira que sabendo manusear aquele pedaço velho de pergaminho se transformaria num mapa de toda Hogwarts e com a posição exata de onde cada aluno, professor, fantasma, enfim... Estivesse. E era dessa forma que os gêmeos desvendaram Hogwarts, conheciam todas as passagens secretas, descobriram o esconderijo das salas comunais das outras casas de Hogwarts, sabiam por onde andar sem serem pegos. Eles não precisaram ler Hogwarts, Uma história, para desenredar os mistérios do castelo. - Como eu estava dizendo, hm, a única coisa que não nos escondem lá em casa é quando tem alguma infestação de gnomos em nosso jardim. Mamãe e papai nunca nos dizem nada, até hoje não sabemos se quem nasceu primeiro foi Jorge ou eu.
- Os seus dilemas realmente são traumáticos, meu bem. - ria, vinham chamando um ao outro de "meu bem" há tempos, e não sabia quem havia começado com aquilo, só o que sabia era que rendiam-lhes boas risadas e nenhum do dois jamais dissera que mantinham um relacionamento normal, ou seja lá o que fosse aquilo. - De qualquer forma, Harry me contou de uns dias que ele passou na Toca, e que a sua família é por toda muito agradável. Tenho certeza que vocês tem muita sorte por terem os pais que tem. Sabe, eu já falei com seu pai, uma ou duas vezes no ministério, e sinceramente, o Sr. Arthur Weasley é incrível, ele me ajudou com um probleminha que tive em uma de minhas pequenas aventuras pelo mundo dos trouxas e não contou ao meu pai. Bom, ele também sabe falar sobre patinhos de borracha como ninguém. - ela terminou.
- Sai fora, eu não sabia que você conhecia o meu pai. Daqui a pouco vai me dizer que já alimentou dragões com meu irmão Carlinhos, ou que meu irmão Gui excursionou pelas pirâmides do Egito com você. - Fred mexia os braços conforme falava.
- Por Merlim, quantos irmãos você tem? - se acabava de rir, e pode ser que tenha feito isso um pouco alto demais, porque Fred logo veio lhe tapar a boca.
- Não tão alto, . - Ele advertiu com um sorriso repuxado. - E tenho cinco irmãos, e Gina, acho que só, eu espero.
- Eu queria ter irmãos. - soou cabisbaixa.
- Bem, não é de todo ruim, mas de qualquer forma não posso dizer que é bom. - Fred ficou calado, parecia pensar. - Com toda a certeza sei que não conseguiria viver sem Jorge, e espero que você nunca diga isso a ele.
- Eu juro solenemente. - disse erguendo a mão direita.
- Hm, engraçadinha. - Fred lhe fez uma careta. - O que me lembra... - Em movimentos rápidos, ele alcançou o mapa no bolso das vestes, bateu a varinha nele e proferiu algumas palavras baixo, mas que já sabia de cor. Fred examinou o pergaminho, balançou a cabeça algumas vezes, e depois deu um tapinha com a varinha no mapa e o guardou. Já se levantava dos degraus de mármore estendendo uma mão para , que aceitou prontamente.
- Madame Nora está há alguns poucos corredores de nós nesse mesmo andar, vamos sair daqui antes que a gata apareça, e na pior das hipóteses traga o feioso do Filch com ela. – Fred dizia enquanto conduzia . – Cara, eu vou sentir muita falta desse mapa. – Ele parecia ter pesar na voz.
- Do que você esta falando? O que vai acontecer com o mapa? – estava atônita.
- Bom, Jorge e eu tivemos uma conversinha, na verdade estamos discutindo isso desde o começo do ano. – Ele coçou a nuca, escolhendo as palavras. – Pensamos em passar o mapa pra frente, para alguém que precise dele mais do que nós, que saiba reconhecer o valor dessa preciosidade, e claro, respeitar a memória dos marotos, usando-o para quebrar o sistema e espalhar o caos por essa escola. As coisas aqui podem ser muito monótonas, sabe... – Fred estava pensativo.
- E quem foi que você e Jorge escolheram para ser o herdeiro de vocês? – tinha um fio de esperança carregado na voz, talvez, quem sabe talvez eles não estivessem considerando dar o mapa a ela, quer dizer, Fred e Jorge sempre diziam o quanto ela era empenhada em quebrar regras. Só poderia ser ela.
- A Harry. – Fred sorria. não. – O cara anda passando por algumas ruins, um assassino em série está solto por aí atrás dele, e pra piorar ele não tem permissão para visitar Hogsmeade. – Ele parecia horrorizado só com a ideia de perder os finais de semana em que visitavam o vilarejo. – Eu mesmo não saberia o que fazer, a Zonko’s é tipo um santuário para mim e Jorge. Então acreditamos que seja o melhor a fazer, de qualquer forma, só o usamos potencialmente para checar se a área está limpa para gente. Há anos que sabemos de todas as passagens secretas desse castelo. – podia sentir o ar de vitória escapar de Fred. - Pretendemos entregar o mapa do maroto a ele no natal, um pouco antes na verdade, na próxima visita a Hogsmeade pra ser mais exato.
parou em frente a uma janela de corpo inteiro, observava o jardim, mas nada via, estava um pouco decepcionada por não ser herdeira de Fred e Jorge, e tinha inveja de Harry por ser, por que é que ele tinha que ter tudo? Imersa em pensamentos, sobressaltou-se com a chegada repentina de Fred abraçando-a por trás.
- Eu estava querendo lhe dizer isso a noite toda. – Ele sussurrava. – O seu cabelo cheira tão bem. Eu comeria o seu shampoo.
- A cada segundo que passamos juntos eu descubro o quão você pode ser galanteador, Fred Weasley. – disse, apoiando a cabeça no peito de Fred.
- Então você deveria passar mais tempo comigo. – Fred usava um fio de voz tão baixo, que se estivesse há um passo de distancia dele não ouviria, mas por bem ou por mal, estavam perigosamente perto um do outro. não chegou a lhe dar resposta, talvez por não há ter de certo, ou talvez, e mais provavelmente, pela figura negra que passava pelos jardins da escola, e que ela sabia bem o que era.
- O cão negro! – disse repentinamente.
- Desculpe? – Fred tinha uma interrogação no rosto.
- O cão negro, Fred! – já havia se soltado dos braços dele e o puxava pela mão. – Eu lhe contei que o vejo pelo jardim vez ou outra, quando estou sozinha, ele está ali agora, temos que ir atrás dele. Agora! – chegava a correr e Fred sem entender a acompanhava. Já haviam chegado a outro corredor que dava acesso as escadas para descer ao térreo, quando Fred a deteve.
- , espere. – Ele a segurou pelos ombros. – Não podemos sair assim. Tem de haver preparo. Estamos desprotegidos e podemos ser pegos a qualquer minuto.
- Mas eu preciso... – começou a dizer antes dele a interromper calando-a com um dedo em seus lábios.
- Eu não estou dizendo que não vamos atrás de seu cão negro e de qualquer outra criatura mágica que você esteja obcecada. – Fred lhe sorria. – O que eu quero dizer é, precisamos de reforços. – tinha as sobrancelhas erguidas, esperando que Fred lhe dissesse o que fariam. – Vamos até a sala comunal da Grifinória. Precisamos de Jorge.
Estava ansiosa, precisava ir atrás do cão negro, e ainda por cima estava de frente a entrada secreta para a sala comunal da Grifinória, ouviu Fred proferir a senha para a figura do retrato, uma mulher enorme de gorda abriu espaço para que ambos passassem pela porta que surgiu de repente, Fred a puxava pela mão, mas retesou-se no último segundo e parou, não iria entrar.
Fred percebeu o que estava acontecendo, mas não chegou a pressioná-la a dizer nada, apenas ergueu-se na ponta dos pés varrendo o local com os olhos, até que de longe ele avistou a cabeleira ruiva de Jorge Weasley. O outro gêmeo estava em uma poltrona próxima a lareira com Harry e Ronald. Harry fizera um movimento de cabeça cumprimentando , enquanto Rony apenas desviou o olhar.
- Vocês dois não vão entrar não? Preferem ficar obstruindo a passagem. – Jorge parecia animado em ver o irmão.
- Hey Jred. – Fred chamou o irmão que logo se voltou para ele. Trocaram um sorriso que era só deles dois, e rapidamente Jorge já estava no lado de fora da passagem atrás do retrato da mulher gorda. – Venha cá!
- Pois me diga o que se passa, Forge. – sabia que esse era mais um dos códigos usados entre os gêmeos, mas não fazia ideia do que poderia significar, só o que lhe disseram foi que na família Weasley tinham uma tradição de natal onde a mãe os presenteava com suéteres de lã feitos a mão, cada um dos filhos recebia um, e cada um tinha algum bordado diferenciado no meio. Poderia ser um caldeirão, poderia ser um gato, poderia ser uma vassoura... Mas o de Fred e Jorge era sempre com a inicial dos gêmeos, eles acreditavam que a mãe os achava burros e por isso bordava a primeira letra do nome de cada gêmeo para que eles mesmos soubessem quem eles são. Diziam “Nós não somos burros, mamãe. Sabemos que nos chamamos Jred e Forge.” Não fazia sentido algum, e para isso adotaram os apelidos de Jred e Forge entre suas gemialidades, mas fora apenas isso o que lhe contaram. A garota ainda desconhecia o significado dos códigos entre os gêmeos, eles não a confiaram seus segredos mais profundos, como também não a fizeram sua herdeira. Perguntava-se por que ainda andava com os dois.
Passaram cerca de uma hora vagando pelos jardins gelados de Hogwarts, camuflando-se na escuridão, os gêmeos estavam atentos a qualquer movimento, e davam cobertura um ao outro conforme avançavam. assistia a tudo boquiaberta, ainda achava fascinante a forma como Fred e Jorge pareciam ser a mesma pessoa, conheciam um ao outro tão bem, que sabiam qual seria a próxima ação de um e outro.
Por mais que toda aquela falcatrua fosse sua própria ideia, estava esgotada, só conseguia pensar no quão burra fora achando que conseguiria encontrar o cão negro. Odiava quando parava para pensar e percebia que suas atitudes desestruturadas não tinham base alguma, ainda mais quando envolvia terceiros nessas nostalgias. Fred e Jorge pareciam tão compenetrados na busca pelo cão. Decididamente não desistiriam tão cedo. Mas ela estava tão cansada, que quando sentiu suas pernas falharem, não se absteve em cair de bunda no chão.
- Levante-se daí, a grama está úmida, você irá se sujar toda. – Jorge dizia, enquanto cada gêmeo agarrava um de seus braços ajudando-a a se levantar.
- Eu estou morta, meninos. Não sei mais se foi uma boa ideia arrastá-los comigo até aqui... - de desculpava cabisbaixa.
- Sem essa. - Fred a interrompeu. - Fazia tempo que não dávamos uma volta pela propriedade à noite. Estamos nessa caçada por você, meu bem. E se tem uma coisa que você deve saber sobre nós dois é que a gente sempre termina o que a gente começa. - Fred trocou um olhar com o irmão.
- Você é importante para o meu irmão, , e sendo assim, se tornou para mim também. - Jorge dizia, devolvendo-lhe um sorriso sincero. - E você não está ficando louca ou coisa parecida, seu cão negro realmente passou por aqui, avistamos pegadas em muitas áreas dos jardins.
- E se não o encontramos ainda, isso só pode querer dizer uma coisa. - Fred disse, e parecia um tanto contrariado.
- O que é? - quis saber.
- Ele deve estar na floresta. - Foi Jorge quem lhe respondeu. E ela pôde ver os gêmeos trocarem mais um olhar.
- Na floresta? Vocês querem dizer na Floresta Proibida? - falava rápido. Estava apavorada, não poderia negar, ouvira histórias que Draco lhe contara sobre essa tal floresta, de quando ele teve de cumprir detenção acompanhando o guarda-caça, Hagrid, em um passeio noturno pela orla da floresta, e não gostara nem um pouco de como aquilo acabara.
- Esta tudo bem, . Não precisa ter medo. Você está com a gente. - Fred tentou consolá-la.
- É, já estivemos na floresta uma pá de vezes. E estamos vivos até hoje. Com alguns traumas, sim. Mas saudáveis. - Jorge disse fazendo pouco caso.
- Sim, e só fomos atacados o quê? - Fred olhava para Jorge, tentando lembrar o valor aproximado. - Umas duas? Três vezes?
- Talvez vinte - Jorge soou vitorioso, mas logo seu sorriso se esvaiu quando viu a expressão de advertência no rosto de Fred.
Não estavam nem há 10 minutos cruzando o esplendor da floresta proibida, quando se sobressaltou pela primeira vez com algumas urtigas e plantas com espinhos. Fred e Jorge soltaram risinhos, como ela pôde ver pelo canto dos olhos. Os gêmeos lhe ofereceram um braço cada e entrelaçou os seus nos deles. Sentia-se mais segura entre os dois. Deveria ser um raro momento em que o silêncio lhe chegava a ser constrangedor. O único som que seus ouvidos captavam eram os de seus passos contra a grama e folhas secas que tomavam toda a extensão do chão. Olhou de esguelha para Fred e depois para Jorge, os dois pareciam compenetrados em sua missão, observavam todo o entorno ao seu redor, desconfiados e prontos para agir. Percebeu que ambos tinham as varinhas empunhadas, e foi quando se lembrou que a sua estava no cós da saia de seu uniforme escolar. Os gêmeos pararam de andar quando chegaram a uma clareira rodeada por árvores altas e que a lua parecia estar logo acima, centralizada no meio do espaço, iluminando naturalmente o ambiente. Era a primeira vez em horas desde que deixaram o castelo que podia ver a profundidade do tom de azul nos olhos de Fred, carregados com um misto de ansiedade e preocupação.
- A gente chegou no meio da Floresta Proibida. - Jorge quebrou o silêncio que se instaurara.
- É ... - Fred parecia aborrecido. - Não podemos ir além disso, pode ficar muito perigoso, sabe, já tivemos experiências ruins quando fizemos. - Ele tinha uma careta no rosto.
- Tudo bem, caras. - dizia em um fio de voz. - É melhor voltarmos, eu agradeço muito aos dois por me ajudarem nessa busca, mesmo tendo sido em vão. - Sentia-se esgotada e sem esperanças, e quando estava se virando para refazerem o caminho e voltarem ao castelo, acabou tropeçando e caindo dolorosamente no chão escuro. Não tivera tempo de sentir dor, um grito estava preso em sua garganta, havia uma aranha do tamanho do pé de um gigante ao seu lado.
- Acromântula! - Fred e Jorge exclamaram ao mesmo tempo.
A menina nunca fora muito religiosa, mas fazia orações mentais a todos os deuses e bruxos que conhecia, "Ó Merlim, não me deixe morrer agora, eu sou tão nova, nunca imaginei que poderia ser assim meu fim..." ela pensava. Não conseguia se lembrar de nenhum feitiço contra aranhas, jamais tivera problemas com aracnídeos daquele tamanho. A acromântula ameaçara atacá-la. Em um movimento desesperado, rolou para o lado oposto ganhando mais alguns segundos de vida, antes da criatura se armar para atacar novamente. No mesmo segundo, sentiu seus braços serem erguidos e Jorge Weasley lhe puxar para trás.
- Estupefaça. - Fred estuporou a aranha. Mas o feitiço ricocheteou na armadura da casca da aranha.
- Consegue andar? - Jorge lhe perguntou com terror e desespero na voz.
- Sim.
- Ótimo, então corra, caso contrário estaremos todos mortos antes dessa noite chegar ao fim. - Jorge disse, se pondo a correr para longe da clareira.
permaneceu atônita, parada no mesmo lugar por mais um segundo, antes de Fred disparar correndo atrás do irmão, e pegar uma das mãos da menina, arrastando-a consigo. Corriam como se suas vidas dependessem daquilo, e com toda a certeza naquele momento dependia. não sabia dizer de onde suas pernas tiravam forças, só agradecia por elas não terem desistido ainda. Ouvia o som de suas respirações ofegantes e de seus corações bombeando. Ouvia também os passos rápidos da acromântula que persistia perseguindo-os. Jorge estava um pouco mais a frente dela e de Fred, e sabia ser porque Fred praticamente a carregava. Estava fraca, não sabia quanto tempo mais aguentaria, e para seu próprio azar, tropeçara nas raízes de uma árvore enquanto corria, caindo de encontro ao chão e levando Fred com ela. Não teria tempo de pedir perdão a Fred Weasley, estavam por um triz de serem devorados pela aranha gigante. Apenas fechou os olhos, sentia Fred abraçá-la, e tudo deveria ter ocorrido muito rápido, porque quando abriu um dos olhos, tudo o que viu foi uma figura, talvez um vulto, tão escuro quanto à noite, atacar a acromântula, que até tentou combater, mas derrotada, partiu em retirada para a escuridão da floresta.
- Aah! - Fred gritou quando o enorme cão se aproximou, riu acariciando os pelos sujos e coçando uma das orelhas da criatura.
- O cão Negro. - Jorge disse, ajoelhando-se ao lado deles.
O velho Cão Negro os acompanhou de volta aos jardins de Hogwarts em segurança. não sabia como agradecer aquele animal que por mais surpreendente que seja, havia salvado a sua vida e a de Fred. Pensava em levá-lo consigo para o castelo, e sorrateiramente escondê-lo na cozinha para que ele pudesse comer alguma coisa, ao menos aos seus olhos parecia que ele não comia uma boa refeição há tempos. De qualquer forma, antes que pudesse colocar sua ideia em pauta, o cão negro se distanciava do grupo, e quando passou a persegui-lo, o cão correu, e logo, mais uma vez, desaparecera em meio ao Salgueiro Lutador. Os gêmeos ficaram um pouco para trás, mas ainda assim conseguiu escutar um último comentário.
- Essa garota é incrível. - Jorge sussurrava, ou pelo menos achava que sim. - Meu irmão, agora eu entendo porque você está tão a fim dela.
No dia seguinte, agradecia aos céus por ser Domingo, acreditava já ter perdido o café da manhã e o almoço, mas não se importava nem um pouco. Não tinha força, nem vontade para se levantar da cama. As cortinas dos dosséis mantinham-se fechadas, nenhuma claridade ou qualquer tipo de contato com suas colegas de dormitório era bem vindo, fosse dia bom, fosse não. Memórias da noite passada invadiam sua mente sem querer, tivera bons pesadelos por toda a madrugada, onde a acromântula acabava por devorar a ela e aos gêmeos... Os gêmeos... Perguntava-se o que eles estariam fazendo agora. Talvez a única possibilidade de levantar-se da cama, seria para checar os dois. Fred e Jorge ocupavam uma parte importante em seu coração, e pareciam conquistar a cada segundo mais espaço. Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e enfrentar uma acromântula é uma dessas.
Imersa em pensamentos, custou a perceber que uma coruja de penas douradas na janela ao lado de sua cama. Levantou-se em um pulo e deu espaço para entrar. A coruja pousou em sua mesa de cabeceira, tinha um envelope amarrado a uma das patas e um embrulho em papel pardo no bico. logo pegou suas correspondências, tirando o peso de , que a encarou com seus olhos excessivamente amarelos. A dona sabia exatamente o que ela queria, abaixou-se e embaixo da cama, alcançou um saco bem fechado, com uma careta e muito nojo, depositou uma ratazana morta no parapeito de sua janela. A coruja mordiscou carinhosamente seus dedos, antes de agarrar seu rato e voar para o corujal.
Depois de lavar as mãos três vezes ou mais, voltou-se aos seus embrulhos, tendo uma vaga ideia do conteúdo de cada um. Começou pelo pacote de papel pardo, e não foi surpresa alguma encontrar uma dúzia de tortinhas de abóbora e varinhas de alcaçuz ao abrir a caixa com um bilhete:

Estou morrendo de saudades, princesa. Aproveite os presentes. Amor, papai!

A menina rolou os olhos, aquilo era típico de seu velho pai, mas o que é que estivera esperando? O Sr. já não respondia cartas cotidianas que a filha lhe enviava de vez em nunca. Ele tinha o costume de pegar as cartas de e passar para algum auxiliar, ajudante, ou qualquer coisa, para que cuidassem do que a menina precisasse, e com raiva, jogou a embalagem de lado. Foi ler a carta, era de seu Tio Lucio, tão cheia de respostas quanto a de seu pai.

Olá minha querida sobrinha,
Eu e sua tia estamos ansiosos para recebê-la nas férias de Natal. E dito isso, espero que tenha se integrado ao programa de Hogwarts, tenho certeza que não se deve comparar a Beauxbatons, mas continue honrando o nome da família, querida . Meu Draco disse que já és a melhor da sala em Poções e Feitiços, meus parabéns, aposto que deve estar colocando mestiços e sangues-ruins em seus devidos lugares, se é que me entende. Temos uma surpresa lhe esperando na Mansão Malfoy.
Até logo, querida.


bufou, atirando tudo o que recebera aos pés da cama. Como é que poderia viver dessa maneira? Sua família não lhe apoiava em nada do que decidisse fazer, ninguém a retornara. Pensou por um segundo em mandar uma carta à mãe, mas logo recobrou os sentidos, esse poderia ser seu maior erro, Helena estava para a filha da mesma forma que Você-Sabe-quem estivera para os nascidos trouxas. Ninguém a retornara. A menina respirou fundo. E então, em uma última tentativa, pescou pergaminho, tinta e uma pena de sua mesa de cabeceira, redigiu uma nova carta, e foi atrás de , com promessas de guloseimas e pedidos de desculpas por fazê-la partir de novo. Mas precisava enviar uma mensagem a Stefan, o auror que trabalhava para seu pai, confiava nele, esperava que a ajudasse, como ninguém mais o fizera:

Caro Stefan,
De todo o coração espero que você não tenha se transformado num Trasgo Montanhês por inteiro, e de qualquer forma, desejo que esteja bem.
Acho que nunca nos falamos mais do que monossilabicamente, ou sem que você estivesse em missões de risco para proteger a minha vida, e acho que nossas mil e uma brigas em todas essas situações não contam nesse momento.
De todo jeito, gostaria de pedir, por favor, que deixássemos nossas implicâncias um com o outro de lado por um segundinho. Porque eu tenho uma coisa muito importante para lhe pedir. E eu sei que você deve estar revirando os olhos agora, mas preciso da sua ajuda, Stefan. Tenho certeza que você conhece o guarda-caças de Hogwarts, Rúbeo Hagrid? Bem, ele é nosso professor de Trato das Criaturas Mágicas esse ano, e em uma das aulas nos apresentou aos Hipogrifos. São criaturas fascinantes, você não acha? Enfim, ele havia nos dito que eram animais extremamente orgulhosos, mas mesmo assim Draco se empertigou de mexer com um deles e acabou causando um acidente. Foi horrível. Por sorte, Draco não se machucou muito, mas você o conhece, ele gosta de dramatizar e transformar pequenas situações na Revolta dos Duendes. O pai dele não gostou nada, meu Tio Lucio convocou o Conselho Bruxo, e agora Bicuço (esse é o nome do Hipogrifo, incrível não?) está jurado de morte. Haverá uma audiência para julgarem o caso, mas você sabe como os Malfoy são influentes! Eu pedi ajuda ao meu pai, e tenho certeza que ele nada irá fazer. Por isso preciso de você, Stefan. Não sei a quem mais recorrer, eu não tenho como sair dessa escola, e mesmo que o fizesse, nenhum bruxo levaria a sério minha causa, quer dizer, me acham uma pirralha mimada. Mas você não. Sei que não. Você me conhece, Stefan, e tem contatos no Ministério, e pode matar uma pessoa de trezentas formas diferentes. Por favor. Conto com seu auxílio. Qualquer mísera ajuda basta. Só não podemos deixar Bicuço morrer.
Fique bem. Abraços xx
P.S.: Ah, e não sei que diferença isso possa fazer, mas caso lhe interesse, eu estou na Sonserina!


E foi dito e feito, Stefan respondeu de imediato. Fora uma surpresa das grandes quando chegara naquela noite em seu dormitório, e uma Coruja das Torres aguardava-a empoleirada no assento da cadeira que ficava próxima a cama de dossel de .
Na carta, Stefan instruíra a menina em como recorrer o caso, indicara material a servir de repertório, até mesmo citara alguns outros processos parecidos. não perdeu tempo, no minuto em que finalizou a leitura da carta nem pensou nas consequências e problemas que poderia arranjar, apenas vestiu um casaco grosso e esvaiu-se da sala comunal da Sonserina. Cortou caminho pelos corredores do castelo, que aquela altura já conhecia tão bem quantos os de sua própria casa. Os créditos dessa proeza deveriam ser todos de Fred e Jorge Weasley, e os passeios noturnos que o trio costumava dar pelo castelo, mas isso é algo para se deixar para depois. E como tudo em sua vida, é claro que encontraria algum obstáculo em seu caminho. Pirraça, o Poltergeist de Hogwarts, estava quebrando algum vasos próximo às portas de entrada do castelo. Não poderia arriscar, Pirraça a meteria em uma encrenca das grandes, delatando-a ao zelador Filch. Precisava encontrar outra maneira de sair sem ser percebida.
- Eu poderia... - Sussurrava.
- Falando sozinha, . - Uma voz ecoou atrás dela.
Teve de segurar o grito que daria devido ao susto, mas qual foi sua surpresa quando se virou e encontrou os gêmeos Weasleys parados lado a lado, encarando-a com sorrisos no rosto. Pulou no pescoço dos dois, abraçando-os.
- Também sentimos saudades, ! - Fred disse.
- É, mas já pode parar por aí. - Jorge continuou. - Sentimentalismo em excesso me faz lembrar que eu ainda tenho um coração. - Ele tinha uma careta no rosto.
- O que você esta fazendo escondida aqui, meu bem? - Fred perguntou.
- Estou esperando Pirraça se cansar de atirar giz nas figuras dos quadros para eu poder sair. - Ela disse simplesmente.
- Vai sair de novo? - Jorge exclamou. - Veja só, Fred, parece que a está querendo colocar nossa reputação em cheque. Se aventurando sozinha por aí e quebrando pelo menos oito regras da escola.
- Noite passada você quase foi morta por uma acromântula, o que é que está procurando hoje, ? - Fred parecia intrigado.
- Eu preciso falar com Hagrid. - Os gêmeos riram, sufocando as risadas para não atraírem a atenção de Pirraça.
- Foi mal, mas eu esperava que você dissesse qualquer coisa menos que queria ver Hagrid. - Jorge disse ainda estava se controlando para não rir.
- Para sua sorte, e talvez para nossa também, isso ai tá fácil. - Fred disse, alcançando uma das mãos da garota. - Vamos.
- Como assim "vamos"? Vamos para onde? Pirraça está logo ali. - sussurrava, mas parecia temerosa pelo tom de voz.
- Jorge pode cuidar disso, não pode? - Fred perguntou ao irmão.
- Mas é claro, irmão. - E com uma imitação perfeita da voz do Barão Sangrento, fantasma da casa Sonserina, Fred conseguiu espantar Pirraça da porta de entrada do castelo. O poltergeist morria de medo do Barão.
Esgueiraram-se pelos jardins de Hogwarts até a cabana de Hagrid, que ficava nos arredores próximos da Floresta Proibida, e não pôde deixar de sentir um tremor percorrer seu corpo quando passaram por ali. O guarda-caça os recebeu, logo os colocando para dentro, temendo que alguém os visse. Não parecia surpreso com a visita dos gêmeos, mas não poderia ser dito o mesmo da presença de . Ele olhava da menina para os meninos e esperava que algum deles dissesse de uma vez o que os levava até sua casa.
- Caham, caham. - Todos se sobressaltaram com a figura de Hermione Granger sentada à mesa com uma caneca de chocolate quente do tamanho de sua cabeça. Ela parecia querer chamar a atenção de todos com a tosse forçada que soltara.
- O que estão fazendo aqui? - Hermione perguntou sem sutileza alguma.
- Boa noite para você também Hermione. - Jorge disse.
- É, como vai você, Hermione? - Fred completou.
- Não foi o que eu quis dizer, é... - Ela parecia querer arrumar o que dissera.
- Nós é quem deveríamos lhe perguntar o que faz aqui! - Jorge exclamou.
- Fora da cama! - Fred disse no mesmo tom.
- Infringindo sabe-se lá quantas normas da escola! - Jorge voltou a dizer.
- Faz ideia de quantos pontos Grifinória pode perder com essa sua aventurazinha? - olhava de um gêmeo para o outro. Deus, como eles podiam ser irritantes quando queriam.
- Meninos, meninos. - Hagrid averiguou tentando por fim a discussão. - Aqui, peguem uma caneca, irei servi-los.
Ele entregou canecas tão grandes quanto a de Hermione para , Fred e Jorge.
- Preferem chá ou chocolate quente? - Hagrid perguntou.
- Que pergunta, Hagrid, é óbvio que queremos chocolate quente. - Fred pediu.
- Por favor! - Jorge completou a frase do irmão.
- Também prefere chocolate, ? - Rúbeo voltou-se a ela.
- Duh. - Fred resmungou.
- Sim, por favor, Hagrid. - disse e recebeu um sorriso do gigante.
Rúbeo Hagrid serviu as bebidas aos três e os indicou lugares vazios ao redor da mesa, enquanto ele mesmo ocupava um acento ao lado de Hermione. Ela por sua vez, permanecia quieta, bebendo seu chocolate quente, mas acompanhando todos os movimentos de .
- Hagrid. - Fred, como sempre, foi o primeiro a quebrar o silêncio que se instaurara na cabana. - Espero que esteja se perguntando o que é que viemos fazer aqui essa noite.
- Sim. - Jorge meteu-se na conversa, completando as falas do irmão como normalmente o fazia. - É com pesar que temos de admitir que nos últimos tempos andamos um tanto relapsos quanto nossas obrigações. Quer dizer, nós somos os caos em Hogwarts. E por mais que estivéssemos em falta com você, a principal razão de estarmos aqui agora, é que nossa amiga tem alguns assuntos para tratar com você.
- Assuntos? - Hagrid parecia confuso. - Que assuntos? - Ele olhava diretamente para agora, esperando respostas mais do que nunca.
- Sei que não é de minha conta, Rúbeo. - começou com um tom tímido na voz. - Mas eu não concordo com o que fizeram a Bicuço. Bem, Draco, assim como meu Tio Lucio, tem tendência a dramatizar muitas situações. Um amigo meu tem alguns contatos no Ministério, então eu tenho algumas informações referente ao caso...
Sem mais nenhum resquício de timidez na voz, falou sobre tudo o que Stefan narrara na carta que a enviara, mostrou tudo o que ele mandara em anexo, dissertou sobre ideias próprias, e de como pretendia preparar a defesa do Hipogrifo se Hagrid a permitisse ajudar.
Rubeo conhecia Stefan, de quando o auror cursara Hogwarts, o que renderam alguns pontos positivos para a causa de . Ele parecia encantado com tudo o que a menina dizia, uma chama de esperanças brilhava em seus olhos, até mesmo Hermione assentia a cabeça em confirmação ao que falava.
- ... Ele disse que irá nos ceder mais material, e também vai falar com um conhecido dele no departamento de aplicação das leis mágicas. Ele só não vai poder comparecer a audiência mesmo, pois, bem, ainda trabalha para o meu pai, que é contra interferir nos assuntos dos Malfoy.
- Mas se o seu pai é contra, por que é que você esta fazendo tudo isso? - Hermione falou pela primeira vez.
- Oras, porque é o certo a se fazer. - respondeu simplesmente.

/FLASHBACK

Não saberia dizer por quanto tempo andara hiperventilando, só o que sabia era que Cedrico Diggory estava parado a sua frente fazendo sinais com a mão na frente de seu rosto, dizendo "Terra para ..." e coisas parecidas.
- Nossa. - balançou a cabeça e esfregou os olhos. Parecia acordar de um longo sono. - Há quanto tempo você está aqui?
- Tempo suficiente para dizer com toda certeza que você é estranha. - Ele tinha um sorriso no canto do rosto. - O que se passa, ? Você deve ser a única pessoa em toda Hogwarts que não está animada com as férias de natal.
- Ah. - Ela deu de ombros. - Só não estou muito a fim de ir para casa.
- Então fique. - Cedrico mantinha aquele sorriso no rosto. E era o tipo de sorriso que lhe faz sorrir junto.
- Em Hogwarts? - Ela perguntou intrigada.
- Mas é claro, eu, por exemplo, passarei o natal por aqui esse ano. Sabe, meu pai trabalha no Ministério, no departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, e eles andaram tendo alguns problemas envolvendo Erumpentes africanos, e papai teve que viajar com uma equipe para a África, ajudar com as explosões que essas criaturas causam na temporada de acasalamento. O negócio está tão perigoso que os trouxas estão começando a desconfiar. Então como meu pai ainda está a trabalho por lá, mamãe passará as festas com ele na África. Eu iria com ela, mas tenho que estudar para meus NOM’s. – Uma careta se formou em seu rosto involuntariamente ao se lembrar dos exames. – De qualquer forma, acho que ainda dá tempo de assinar o formulário para passar o natal na escola. Você precisa falar com seu professor-chefe.
- O diretor de minha casa é Severo. – tinha as mãos na cabeça, como se seu cérebro pudesse explodir a qualquer momento.
- Hm, vocês da Sonserina também não dão uma dentro não é mesmo?
- Culpa do estúpido chapéu seletor! – Ela cruzou os braços ao redor do corpo.
- Não o culpe, . Se me lembro bem da sua seleção, e olha que eu prestei bastante atenção. - Ele lhe deu uma piscadela após o comentário. - O chapéu falou de alguma coisa que você aprenderia na Sonserina. E aí? Sente que aprendeu alguma coisa? – Cedrico perguntou.
A menina parou para pensar, e por um segundo, nada lhe veio em mente. Tentava recapitular o que o chapéu dissera, mas fazia tanto tempo, não tinha certeza se saberia dizer o que jantara na noite passada.
- Tudo está uma tremenda bagunça, parece que nada pode dar certo simplesmente por se tratar da minha vida, tudo dá errado pra mim, sempre foi assim. – Tinha uma expressão triste nas feições de seu rosto.
- Acho que você precisa de um abraço. - Dito isso, Cedrico passou os braços ao redor da cintura de e aconchegou sua cabeça no peito dele.
- Eu queria tanto saber como seria se eu estivesse em outra casa, em Corvinal, ou na própria Lufa-Lufa. Eu não me encaixo na Sonserina. – Confessou.
- Acho que nunca vi nenhum aluno da Sonserina odiar tanto a própria casa quanto você, deve ser a primeira dentre toda uma geração de bruxos. – Cedrico riu, acariciando os cabelos de , confortando-a em meio a seu abraço. – Normalmente os pais esperam que seus filhos sejam selecionados para as casas as quais eles próprios e o resto da família estudou. Eu me lembro do Chapéu Seletor dizer algo relacionado a seus pais, de que ele havia passado pela cabeça deles também. Então , seus pais não ligam por você renegar a casa de sua família?
- Você não faz nem ideia, Ced. – Ela dizia com aquela mesma expressão deprimente.
- Hm. – Ele coçou o queixo, pensativo. – É estranho, não queira nem saber quem foi o último cara que caiu numa casa diferente da casa de seus pais.
- E quem foi? – Perguntou, curiosa, e com intenções de desviar aquele assunto.
- Sirius Black.


Capítulo 5


Não conseguia se lembrar qual fora a última vez que pegara um trem. Ainda mais uma locomotiva do tamanho do Expresso Hogwarts e cheia de bruxos. Costumava pegar o metrô quando perambulava pelo mundo dos trouxas e se misturava a eles, algumas das melhores lembranças que tinha, envolviam suas pequenas aventuras pelas ruas de Londres. Criara esse hábito aos dez anos de idade, quando decidira fugir de casa pela primeira vez. A mansão dos ficava num vilarejo bruxo e os Malfoy moravam por ali também, o povoado ficava próximo a Brixton e, como já havia excursionado incansáveis vezes para o Ministério da Magia pelo transporte trouxa, não demorou muito para descobrir o trem que a levaria para Londres. Coincidentemente talvez, fora Stefan Kane quem fora designado a trazê-la de volta após a fuga.
Lembrava-se com pesar de suas façanhas passadas, dos passeios pelas cidades trouxas, de como gostava de se integrar a sociedade e fingir ser um deles.
Passava os olhos pelas imagens de alguma revista de punk rock velha, que encontrara em seu malão enquanto arrumava as coisas para passar as férias em casa. Estava sozinha em sua cabine, e isso não a impedira de deitar-se confortavelmente no banco estofado. Não tinha sono, o que era uma pena, sabia que a viagem seria longa. Draco lhe avisara na noite anterior. Por falar em Draco, não o via desde o último café-da-manhã em Hogwarts, antes do recesso de férias. Lembrava-se vagamente de ouvi-lo dizer que Tia Cisa os estaria esperando na plataforma 9 ¾ da estação King’s Cross.
Se perguntava qual seria a reação de sua tia ao perceber que os dois andavam brigados. Se antes não tinham mais de duas discussões em seus respectivos currículos, ambas por causas bobas, agora deveriam ter atingido um montante de duzentas brigas. Talvez por estudarem na mesma escola, e passarem grande parte de seus dias juntos um ao outro, como há muito não acontecia. O que era estranho. Em vista de que passaram os primeiros dez anos de suas vidas grudados feito gêmeos siameses. Então, talvez fosse por Draco atingir sua cota de egocentrismo a cada três minutos, tratando a todos pior do que ele tratava o Elfo doméstico de sua família. Fatos que odiava. Ou talvez por abandonar seus companheiros da Sonserina, para se debandar com alunos das outras casas. O que irritava Draco totalmente. De uma forma ou de outra, os dois viviam listando tudo o que o outro fazia e que este não gostava nem um pouco, pareciam ter se esquecido do que os unia, seus laços de sangue, as memórias passadas. sabia disso tudo, era no que mais pensava nos últimos tempos, mas também sabia que não conseguia ficar próxima de Draco sem que ele fizesse alguma coisa sem que a irritasse muito. Era tudo tão mais fácil quando eram só os dois. Tudo parecia mais certo quando era Draco e ela. Tanto é que estaria falando sobre tudo isso com o próprio e não apenas remoendo sozinha, como fazia.
Desembarcaram na plataforma e já era noite. Narcisa Malfoy os aguardava com tédio no rosto, que lançava para todos os lados, e foi só enxergar vindo em sua direção que aquela expressão se suavizou, dando espaço para a aura materna de Tia Cisa, era sempre fora uma mãe para , a única figura materna cuja menina tivera a vida toda. E vice-versa, Narcisa enxergava em uma filha. E como toda a mãe o faria, abriu os braços para receber sua pequena.
- Ó , quanta saudades fez-se. – Apertava a menina em seus braços. – Minha menina, está tão grande e bonita. Como sempre o foi. – Agora tinha o rosto de em suas mãos examinava cada pedaço da mesma. – Espero que tenha tido um bom ano, minha querida.
- É muito bom lhe ver, Tia. As cartas já não estavam mais suprimindo minhas saudades de ti. E sim as aumentando. – Narcisa voltara a envolver em seus braços lhe acariciando os longos cabelos claros.
- Lhe entendo perfeitamente, querida. Bem, e Draco? Onde ele está? Por que não vieram juntos? – A mulher se dera da ausência do filho, e agora virava a cabeça para todos os cantos procurando-o.
- Nos separamos no trem, ele preferiu ficar com os amigos. – não se sentiu apta a confessar para a Tia que não o via há mais tempo que isso.
- Hmm. Entendo. – Narcisa parecia examinar . E a menina sabia que a mulher fazia exatamente isso. E o pior, era que ela conseguia prever o menor resquício de mentira, e não existia nada que pudesse fazer para detê-la, afinal era isso o que as mães faziam. – Deve ter sido difícil para vocês, mesmo juntos, nunca tiveram ninguém para se sobrepor entre um e outro, sempre foram só os dois. Imagino como deve ter sido... Draco com os amigos, você e suas amigas. Ás vezes, na vida, minha , é quando estamos perto que nos sentimos mais distantes do que nunca de uma pessoa amada. – E mais uma vez, como em muitos outros episódios de sua vida, percebera que Narcisa lhe dissera a coisa certa, sem nem ao menos saber o que poderia estar acontecendo de verdade. A tia conseguia decifrá-la como ninguém. Bom, talvez só não melhor do que Draco, propriamente dito.
- É quase isso, Tia Cisa. – escondia o rosto do peito da tia.
- Como assim “quase isso”, ? Não me diga que arrumou um namorado... – Narcisa dizia, mas foi obrigada a se interromper quando avistou Draco há alguns passos de distância. E ele estava mais lindo do que poderia se lembrar, sem o uniforme de Hogwarts, ele usava um conjunto de vestes cinza-escuro com alguns poucos detalhes em preto, a roupa realçava-lhe os olhos, num tom acinzentado, que confundia a qualquer um, menos a .
- Amado filho... – Narcisa beijou-lhe o rosto, e abraçou a Draco com um dos braços, o outro permanecia em .
- Olá, mamãe. – Aquele tom de voz. Ameno e carinhoso. Não o ouvia há meses. Será que o seu Draco estaria de volta?
- Vocês pegaram tudo, crianças? – Ela os soltou, e olhava para o malão de cada um. – Temos que ir. Há essa altura Lucio já deve estar em casa.
Os dois assentiram e, com isso, Narcisa tomou o braço de cada um, preparando-se para aparatarem. Foi nesse momento, antes de sentir o embrulho em seu estômago que aparatar lhe causava, que trocou um primeiro olhar com Draco, ele olhava no fundo de seus olhos, vendo mais distante que isso, ela sabia, e ele lhe sorriu, o sorriso dela, algo que era só deles, sentiu uma onda elétrica percorrer todo o seu corpo, e sua Tia aparatou. A Mansão Malfoy estava da mesma forma majestosa que sempre estivera e que se lembrava. Foram recebidos por Tio Lucio, que lhes deu seus comprimentos e logo os mandou pra cima, a seus respectivos quartos a fim de se aprontarem para o jantar. Os dormitórios de Draco e ficavam de frente um ao outro, tiveram tempo de trocar um último olhar antes de se separarem, nenhuma palavra fora dita e, de qualquer forma, não era nem preciso. percorreu seu quarto antes de finalmente se despir para o banho, sentia saudades de casa, inclusive, isso a lembrava de visitar a casa de seus pais, precisava de um pouco de amor, que apenas sua coleção de discos e as tortas de Daisy e Jenny, as Elfos Domésticos dos , supririam.
Os jantares servidos na casa dos Malfoy eram sempre muito formais, o que impunha a usar alguns de seus melhores vestidos nas ocasiões, no caso, todas as noites. Tinha um arsenal completo com todas as cores, tecidos, formas, etc, etc, etc, com vestidos de todos os tipos em seu armário na mansão. Optou por usar um longo preto, com fendas nas laterais que iriam até um pouco acima de seus joelhos. Elegante sem ser vulgar. Penteou os fios louros, desembaraçando-os o máximo que pode e, por fim, os prendeu num rabo-de-cavalo alto. Passou um pouco de seu perfume atrás da orelha, no pescoço e nos pulsos. Calçou um par de Ankle Boots e deu uma última checada em seu espelho de corpo inteiro, que ficava ao lado da penteadeira. Sentia-se parecidíssima com sua Tia Cisa, o que lhe ocorreu um sorriso no rosto.
Saindo pela porta de seu quarto, deu de cara com Draco escorado na parede do corredor, com o cabelo penteado para trás, mas com alguns fios caindo-lhe no rosto, ele cheirava a banho recém-tomado e suas vestes eram azul-escuro. Um sorriso brincava em seu rosto e prontamente Draco ofereceu o braço a , que o aceitou, entrelaçando o seu ao dele. Desciam as escadas quando Draco quebrou o silencio.
- Não tive a oportunidade de lhe dizer o quanto está linda, . – Sentiu suas bochechas enrubescerem.
- Agradeço lhe o elogio, Draco. – disse timidamente.
Na sala de jantar, que poderia muito bem ser do tamanho de uma casa da classe média, Malfoy pai e mãe já ocupavam seus lugares na cabeceira da mesa com taças de vinho em punhos.
- Draco, , sentem-se. – Lucio disse, indicando-lhes dois lugares ao seu lado.
Os pais de Draco falavam de assuntos relacionados ao ministério, que não se deu ao trabalho de escutar, sua mente vagava na possibilidade de dar um passeio noturno pelos jardins da mansão. Quando voltou a prestar atenção no que diziam, Draco falava sobre os dementadores em Hogwarts e logo passaram a criticar a escola, mestiços, sangues-ruins, Dumbledore, a carruagem completa.
- E quanto a você, ? – Ouviu a voz de Tia Cisa lhe chamar. Sabia que quando o assunto passara a Hogwarts logo chegaria nela, e não estivera preparada para aquilo momento algum. – Está tão quieta, minha querida, não é de seu feitio. O que acontece, anjo? Está tudo bem? – Aquele olhar matriarcal.
- Desculpem-me. – Seguia a etiqueta à risca. Sabia como a boa educação era super estimada em famílias puro sangue, como os Malfoy e, bem, a sua própria. – Estou um pouco debilitada em conta da longa viagem que fizemos. O jantar está maravilhoso, Tia Cisa. – Lhe sorriu.
- Minha , pode ir se deitar depois do jantar. Mas agora nos conte, como foi em sua nova escola, querida? – Narcisa perguntou.
- Bom... – Todos os olhares direcionados a ela. Respirou fundo algumas vezes antes de dizer alguma coisa. Por mais que estivesse sentada com membros de sua família, com os seres humanos que a criaram como se fosse sua filha legitima, era difícil. Gaguejou algumas vezes e só se sentiu confiante quando sentiu uma mão repousar sobre um de seus joelhos. Era Draco. Trocaram um olhar rápido e ela continuou, falou exatamente o que sabia que seus tios queriam ouvir, dos professores, das aulas, dos outros alunos, escondeu sua pseudo amizade com Weasleys, ou que trabalhava todas as noites com uma nascida trouxa no caso do hipogrifo que Sr. Malfoy estava envolvido, não falou de suas inimizades com alunos da Sonserina, nem de sua vontade em ter contra o chapéu-seletor afim de mudar de casa. Não falou de nada disso. Nada do que realmente lhe importava. sempre tivera consciência de que sua forma de pensar era um oposto da linha tênue de sua família, era um problema relativamente grande quando expunha seus pensamentos. Com o tempo, aprendera a guardar seus assuntos para si mesma. Eles não precisavam saber. Porque ninguém a compreendia. Era mais fácil a todos que não soubessem a verdade. E quando finalmente conseguiu se retirar da sala de jantar e subir os inúmeros degraus que a separavam de seu quarto, sentia o corpo clamar por sua cama e seus montes de travesseiros, fora um dia esgotante, e se fosse para o seguinte ser da mesma maneira, então preferiria não acordar com vida.
- . – Estava deitada, já vestia seus pijamas, e encarava o teto esperando o cansaço lhe vencer, quando ouviu o som de sua voz. – Lhe atrapalho? – ele perguntou, com a cabeça para dentro pela fresta da porta, e o resto do corpo fora do quarto.
- Mas nunca, Draco. – Ela sorriu a ele, o sorriso que era de Draco. – Venha, deite-se comigo.
E ele o fez. Só permaneceram alguns minutos em silencio. Apenas sentindo a presença um do outro.
- Como nos bons e velhos tempos. – Ela disse simplesmente.
- Tudo sempre acaba assim, não é mesmo? – Draco falou olhando-a nos olhos pela primeira vez. – Nós dois sempre terminamos juntos. É nosso destino.
- Eu gosto quando estamos juntos. – correspondeu ao seu olhar.
- Eu gosto de tudo que envolva você. – Draco encontrou a mão da menina e a segurou.
- Onde você esteve, Draco? – Sussurrou. – Todo esse tempo, em Hogwarts, não era você mesmo, do que se esconde? Por que é que tem de ser assim? Eu não entendo.
- Essa é só uma parte das milhares de complicações que existem em se carregar meu sobrenome. Eu sinto muito, . Sempre pensei como seria se um dia você se deparasse com Draco Malfoy. E agora você sabe.
- O que eu sei é que não tem de ser desse jeito, Draco, e você também sabe disso. – Apertou com força a mão dele.
- Como sinto falta de quando éramos só nós dois. Eu era apenas Draco e você sempre foi a minha . – Ele respirou fundo. - Eu não quero mais errar com você. Eu sinto que a qualquer momento posso lhe perder.
- Draco, eu sempre vou estar aqui pra você. Você sabe disso. Somos nós dois, sempre foi assim. – Ela disse num fio de voz. Br> Ele olhava para o teto quando disse.
- Eu te amo. Amo demais. – Levaram alguns segundos, e não obteve-se resposta, ele só sentia a respiração pesada de , virou o rosto, encarando as feições angelicais da garota que dormia um sono profundo.
Os dias que se seguiram na mansão Malfoy, não foram lá tão ruins. Pôde fazer exatamente tudo o que mais gostava de fazer em tempos passados e que por algum motivo não lhe traziam a mesma calmaria de antes. Basicamente passava a manhã nos jardins e escapava da supervisão de sua tia logo após o almoço, onde fazia suas pequenas expedições por Londres, visitava suas lojas favoritas, caminhava pelo Hide Park, se deliciava com a culinária trouxa ou apenas passava o tempo em lojas de discos e sentada no chão de alguma livraria devorando livros e mais livros daquilo o que os trouxas chamavam de literatura. Mesmo assim, voltava antes do jantar.
Era véspera de Natal e tudo o que queria, era que aquele dia terminasse de uma vez, que ela logo acordasse na manhã seguinte com os pés de sua cama cheios de presentes e com seu malão aberto à espera de seus pertences para que voltasse para a escola de uma vez. Draco passara a maior parte de seu tempo útil de férias com Tio Lucio, só o via durante as refeições, e ás vezes nem isso, nem mesmo as visitas noturnas lhe fazia mais. Ele voltara a ser um Malfoy. E prometera a si mesma que não deixaria esse outro eu de seu melhor amigo lhe afetar mais.
No canto de seu quarto, havia um manequim com um vestido longo, lindo de se ver. Se perguntava quantos galeões teria sua tia dado por aquele modelo, sabia que deveria se aprontar. Tia Cisa já havia batido na porta do quarto algumas vezes, apreçando-a, sabia que seus pais estavam no andar debaixo, os dois, na mesma sala, no mesmo lugar, não tinha certeza se saberia lidar com aquele momento, logo optara por adia-lo o máximo possível.
Descia degrau por degrau, olhava para seus próprios pés, sabia que a sala estaria lotada, mas não tinha certeza de quantas pessoas estariam por ali e nem exatamente quem era quem, era possível ouvir música no grande salão de entrada da mansão dos Malfoy, onde eram recepcionados seus convidados, “será que alguém estaria dançando?” se perguntava, e fora quando avistara no próximo degrau, um par de pés, diferentes dos seus, calçando sapatos de couro de dragão, num tom escuro, contrastando com o terno que vestia, subiu o olhar, e seus olhos encontraram Draco, que lhe sorria com uma mão estendida.
O amigo não a poupou elogios, galante como sabia bem ser, deram uma pequena volta pelo salão cumprimentando a todos, inusitadamente a família de Pansy Parkinson estava presente. a cumprimentou com um aceno de cabeça e já achou o suficiente. Por último, Draco ainda a conduzia e, agora, como ela podia ver bem, ao seu último destino: seus pais, posicionados elegantemente ao lado de seu Tio Lucio e Tia Narcisa. Fizeram uma pequena reverência ao se aproximarem dos mais velhos, Cisa abraçou a sobrinha, e lhe sussurrou algumas poucas palavras de força, Lucio beijou-lhe a testa, a olhou paternalmente e então ela se virou a eles, os que faltavam, Bruce e Helena Mccallister.
- Está linda como sempre, princesa. – O pai lhe disse, sorrindo gentilmente.
Por um momento não soube como reagir. Ele olhava para ela diretamente e era estranho, já que normalmente estava sempre debruçado sobre papeis e livros, sempre ocupado demais. Vê-lo ali, na sua frente, com um sorriso inteiramente seu, era algo que não estava acostumada. Não conseguiria se lembrar de qual fora a última vez que passara por situação parecida, tendo toda a atenção de Bruce . Seus pensamentos se desfizeram quando sentiu Draco empurrá-la levemente na direção dos pais. Ainda não tinha certeza do que fazer, mas nem mesmo isso lhe impediu de abrir os braços e passá-los pelo pescoço do pai e da mãe. O abraço não chegou a durar o suficiente, ao menos não para alguém que conformara-se com carinho escasso dos pais a vida toda necessitava. Helena dera-lhe tapinhas nas costas antes de se soltar abruptamente da filha. Sentiram o clima que se instaurara de repente no meio deles, até mesmo um cego enxergaria, Lucio e Narcisa trocavam olhares, enquanto Helena evitava o olhar de todos e Bruce fazia perguntas atrás de perguntas para sobre Quadribol, sobre Paris e Beauxbatons. A menina dava respostas monossilábicas, sem realmente entender o que estava acontecendo e chegando a conclusão mais uma vez que sua vida só poderia se tratar de uma piada de muito mal gosto.
- Err... Tio, com licença. – Draco disse formalmente, depositando uma das mãos no ombro de Bruce Mccallister. – Peço-lhe permissão para roubar por um instante do senhor. Gostaria de convidá-la para dançar.
- Ora, jovem Malfoy, vá em frente. – Bruce pegara uma das mãos de e juntara-a com as mãos de Draco. - Tenho certeza que minha querida filha não estaria em melhores mãos.
A menina ainda trocou um último olhar com o pai, que lhe piscou um dos olhos.
- Foi pior do que imaginava? – Já estavam afastados dos pais quando Draco perguntou.
- Na verdade, eu jamais imaginei algo pior do que isso. – descansava o queixo no ombro de Draco, enquanto os dois se moviam conforme o ritmo da música lenta que tocava.
- Sinto muito por ter de passar por isso. – ele acariciava lhe as costas descobertas pelo modelo do vestido. suspirou. Sem palavras para expressar o que sentia. Draco respeitou seu silencio. E continuaram dançando, sentindo o outro. E não viam o tempo passar. E não havia mais ninguém. Eram só os dois.
Draco sobressaltou-se com um toque em seu ombro, aquele em que não estava apoiando o rosto, era Lucio Malfoy, que apenas com uma troca de olhares pareceu dizer alguma coisa ao filho, algo que não compreendia, mas estava perto o suficiente de Draco para senti-lo engolir em seco. Lucio saiu desviando das pessoas no salão, Draco o seguiu, puxando consigo. Já estavam um tanto afastados da festa de Natal e dos convidados, sabia exatamente para onde estavam indo e também sabia que nada de bom poderia sair de nada disso. Viraram mais um corredor e depois outro, mais adiante, Malfoy-pai segurava abertas as portas duplas para seu escritório, esperando os dois estrarem, para depois fechá-las novamente.
- . Draco. – Bruce dizia com um sorriso e os braços abertos, se aproximando dos mais jovens. – Helena, traga duas taças de Hidromel para os meninos, sim? – Ele disse sem se virar para a esposa, que fuzilava-o com os olhos, como pode perceber. - Isso mesmo. – Bruce voltou a dizer, conforme Helena lhe entregava as taças com a bebida alcóolica. – Há tempos não nos reunimos devidamente. Não é mesmo, Lucio? – Malfoy quebrou a pequena distância, ficando ao lado de , enfatizando o que era dito pelo amigo, com movimentos contidos de cabeça. – Me é satisfatório ver-nos todos juntos neste momento tão importante, tão crucial a nossas famílias. – Então, ele se virou para , encarando intensamente seus olhos, no mesmo tom do mais velho. – Porque família, , família é poder, lealdade é poder. Me lembro bem de ter-lhe dito isso, uma ou duas vezes, talvez mais, em nossas lições. Você é minha única filha. Minha herdeira. E estes somos nós. – Ele disse apontando para todos os presentes na sala. – Duas famílias puro sangue, unidos pelos laços sanguíneos e assim permaneceremos juntos sempre e para sempre. Draco sabe do que estou falando muito bem. – A menina assistiu Draco abaixar a cabeça, e não entendeu o que aquilo poderia significar, deixando-a ainda mais confusa. Afinal, desde quando é que haviam espaços entre Draco e ela? - Lucio teve esta mesma conversa com ele em outro momento e eu a estou tendo com você agora. Vocês estão destinados a feitos grandiosos, por serem quem são, por carregarem os sobrenomes de nossas famílias. Draco e você estão destinados um ao outro. Os vínculos familiares nos abençoam com um poder infinito e por isso temos de aceitar o que lhes vem junto, a responsabilidade de amar incondicionalmente, sem apologia, e nunca se pode renunciar ao poder deste laço, é o laço quem nos nutro, nos dá força. Sem esse poder, não temos nada.
- Papai. – tinha temor em sua voz. Não queria acreditar no significado daqueles palavras.
- e Draco Malfoy, vocês são prometidos um do outro.
Aquelas palavras continuavam ecoando em sua mente. Não a deixaram dormir aquela noite. Não a deixara levantar da cama por todo o dia. Flashs dos últimos acontecimentos abarrotavam sua mente. De quando fugira correndo da mansão dos Malfoy e só parara quando chegara a seu próprio quarto, em sua casa, com a porta trancada e lágrimas escorrendo pelo rosto. Draco fora atrás dela, passara metade da noite do outro lado da porta do quarto da menina, implorando para entrar, clamando por desculpas, ouvindo-a chorar. Até mesmo Tia Narcisa chegara a dar algumas batidas naquela porta, sem obter resposta alguma. E seus pais, bem, voltaram a ser o que sempre o foram, distantes, não ouvira mais nada vindo deles. Depois de destruírem qualquer resquício de felicidade e normalidade na vida da jovem , como poderia estar noiva aos 13 anos de idade? Que tempos eram esses?
Com toda certeza já perdera o expresso para Hogwarts. Não fazia a mínima ideia do fim que deram a seus pertences esparramados pelo quarto na mansão dos Malfoy, de qualquer forma não queria pensar nisso. Se tivesse um pouquinho que fosse de sorte, esqueceriam de sua existência e ela passaria o resto de seus dias trancada no quarto, da forma que mais estivera acostumada, sozinha e em silêncio.
Mas é claro que qualquer vestígio de sorte, não estaria designado a ela, naquele mesmo instante, batidas insistentes passaram a ecoar pela porta de seu quarto. Manteve-se com o rosto enterrado em travesseiros. Quem quer que fosse desistiria, porque ela não se levantaria daquela cama, por motivo algum.
- Alohomora! – Ouviu a porta destrancando-se e abrindo. – Mas você só pode estar de brincadeira comigo, . – Não poderia deixar de se assustar com a figura que cruzava a porta de entrada de seu quarto.
- Stefan Kane? – A voz embargada pelo choro recente não demonstrava muita confiança. E fez-se sumir um sorriso que antes brincava no rosto do auror que a encarava do outro lado do cômodo.
- Garota, você está horrível. – Ele dizia no mesmo tom a quem diria bom dia. E sem esperar resposta, ou talvez já sabendo que não arrancaria uma palavra que fosse da menina melancólica afogada em travesseiros, numa cama que, segundo pensava, caberiam dois trasgos montanhês adultos confortavelmente. Stefan se aproximou de . Com pouco cuidado, dispersou algumas das caixas de presentes de natal que rodeavam toda a imensidão da cama da menina, nenhum dos pacotes parecia ter sido se quer tocado por ela. Ele pensava agora em seus próprios presentes, alguns pequenos embrulhos, não chegariam a um quarto da quantidade de coisas que ganhara. E ela não se importava com nada disso. Stefan sabia que alguma coisa deveria ter acontecido quando recebera o recado de seu chefe naquela manhã, pedindo-lhe que acompanhasse a menina mais uma vez até a escola. Mesmo sabendo que era sua folga de natal. O auror simplesmente trocou os pijamas, vestes as quais ele havia jurado não tirar até seus dias off terminarem, alcançou sua varinha e partiu.
- Eu tenho certeza que você não quer falar sobre isso. E nem vou lhe forçar. Não é da minha conta. Porém, acredite que estou torcendo para que aquele seu sorriso sincero volte a brilhar em seu rosto, menina. - Ele passou a mão gentilmente pela cabeça de . - Mas por agora, sinto em dizer, que tenho de levar-lhe de volta à escola.
Stefan lhe deu uma mão ajudando-a a se levantar e, num último momento de nostalgia, chutou alguns de seus presentes, pisou, estraçalhou e gritou um palavrão e outro, antes de se trancar no banheiro de seu quarto, saiu alguns minutos depois com uma aparência parcialmente melhor, vestindo um conjunto de vestes pretas, trocou um olhar de agradecimento com Stefan e deu-lhe a mão. De um segundo para o outro, aparataram.
Surgiram no escritório do Diretor Dumbledore. Não se pode aparatar em Hogwarts, mas o diretor abrira um pequena exceção para . Educadamente, Alvo pediu a Stefan que o deixasse a sós com a menina, o auror assentiu dizendo ir verificar se a velha lula gigante continuava amedrontando alguns alunos no Lago Negro.
- Srta. . - Dumbledore sorriu para a menina que mantinha-se em pé ao lado de uma bacia de pedra, uma luz prateada emanava da mesma, só não saberia dizer se a substancia era liquida ou gasosa. - Há tempos venho querendo conversar com você. Desde o momento em que lhe vi pela primeira vez soube que teria muito a aprender com a Srta. e seu modo de pensar. Acredito que saiba porquê está aqui, certo? - ele perguntou.
- Desculpe-me, senhor, mas a essa altura, não tenho certeza de nada que condiga respeito a minha vida. - Respondeu melancolicamente.
- Entendo. - Dumbledore sentou-se em sua cadeira, atrás de sua mesa, cheia de cacarecos por todos os lados, indicando o lugar vago a sua frente, para que a menina ocupasse-o. - Não se assuste com o que irei lhe dizer, jovem , mas creio que ainda encontra-se muito cética quanto a determinados assuntos que a envolvem e que, espero que perdoe minha falta de etiqueta, sua família não a preparou, da forma que imaginei que o fariam na pequena reunião que tiveram há pouco tempo. Ao contrário, acredito que a assombraram e não chegaram a tratar daquilo que o tinha maior importância. - Ele respirou fundo antes de prosseguir. - Quero que saiba que não está segura, nenhum de nós está e seus pais temem por sua segurança. Fora isso que lhe trouxe a Hogwarts. Sua mãe, Helena, fui seu professor. Hoje ela é a única curandeira a quem confio minha saúde e sempre me premia com um pirulito ao fim de nossas consultas. - Dumbledore soltou uma risadinha, antes de ficar sério uma segunda vez. - Não duvide do que lhe digo, Srta. , és estimada por mais pessoas do que poderia crer, inclusive lhe aconselho em procurar pelo Sr. Weasley quando terminarmos aqui.
- Desculpe, Senhor, mas qual Weasley necessariamente?
- Tenho certeza que a Srta. sabe por qual Weasley procurar. - Dumbledore deu uma piscadela para ela. sentiu suas bochechas corarem. - Tempos difíceis nos aguardam. - Alvo voltou a dizer, num tom de voz que condizia não estar brincando mais. - Nosso mundo estará próximo de se fragmentar. Uma guerra está por vir, . Muitos de nós não saberão distinguir o que é certo do errado. Muitos irão escolher o que for mais fácil. Muitos ficarão com o lado mais forte. Mas isso, criança, porque todos desconhecem a verdadeira força em tempos como esses.
- E qual seria, senhor? - Perguntou.
- O amor, é claro.


Capítulo 6


As aulas recomeçaram e a neve ainda perdurava. A primeira aula que teriam pós ferias seria Trato das Criaturas Mágicas e Hagrid não se absteve quanto a manter seus alunos no castelo, fizera uma fogueira naquela mesma clareira próxima a floresta proibida. ouvira pouco o que seu professor explicava quanto salamandras, mexia os pés tentando controlar a ansiedade, trocava alguns olhares significativos com Hermione Granger, pretendiam se reunir com Rúbeo ao fim daquela aula para tratarem dos últimos acertos quanto a defesa de Bicuço, o Hipogrifo, o julgamento seria por aqueles dias. Hermione, assim como pode observar, estava em pé, fazendo anotações sozinha, enquanto Harry e Rony estavam do outro lado do grupo sem sequer olhar para a menina. Ela não parecia bem, Hermione carregava uma mochila cheia de livros, quer dizer, com mais livros do que normalmente levava, o cabelo parecia não ver um pente há tempos e escuras olheiras cobriam seus olhos.
Quando todos já haviam deixado o gramado forrado pela neve, de volta ao castelo, Hagrid levou as duas meninas consigo para sua cabana, lhes serviu uma caneca de chá e Hermione, que sempre tinha tanto a falar, parecia cabisbaixa no momento, então decidiu assumir. Mostrou a Hagrid as últimas anotações que haviam feito, dissertou sobre o que ele poderia dizer e até ensaiaram algumas vezes. Quando se despediram do guarda-caça, no caminho de volta ao castelo, observava Hermione pelo canto dos olhos, só ouvira respostas monossilábicas da menina por todo o tempo em que estiveram juntas naquela manhã e era estranho, até mesmo para ela, que mantinha com Hermione um relacionamento profissional de ajuda mutua ao Hipogrifo de Hagrid.
- Espera! - Já estavam no primeiro andar quando parou de frente a Hermione, impedindo-a de continuar a andar. - Mione, eu não acredito que vou dizer isso, mas por favor, fale alguma coisa. - Hermione encarou os olhos muito azuis de e começou a chorar. - Ah, por Merlim! - arrastou a menina até o banheiro feminino mais próximo daquele andar, garantindo-se que ninguém as vira. Hermione ajoelhou-se no chão frio e tapou o rosto com as mãos, escondendo as lagrimas. suspirou, caminhou quebrando a pouca distância que separava as duas garotas, sentou-se ao lado de Hermione e simplesmente a abraçou. Hermione retribuiu. Um tempo depois, ainda fungava com a cabeça nas pernas de , que acariciava-lhe os cabelos. Quebrou o silêncio.
- Obrigada, . - Hermione disse baixinho, com a voz embargada pelo choro. - Senti que você estava precisando lidar com seus sentimentos e só quis ajudar. Está melhor agora? - Hermione assentiu. - O que foi que aconteceu a você, Mione? - Perguntou, com sua curiosidade aguçada.
- O que foi que não aconteceu? Não é mesmo? - Hermione desfazia-se do conforto de segundos atrás enquanto chorava no colo de , sentindo seu corpo reclamar ao se levantar bruscamente. - Além de estar cursando mais aulas do que poderia dar conta, tenho dois trabalhos atrasados e mais de 400 páginas de um estúpido livro de Aritmancia para terminar até amanhã, não consigo dormir à noite, preocupada com o destino de Bicuço e, ainda por cima, acho que Harry e Rony me odeiam de verdade.
- Hermione, se acalme, por favor. - disse vendo resquícios de novas lágrimas surgindo nos olhos da menina. - Primeiro, respire fundo.
- Eu não sei como é que isso... - Hermione começou a dizer, mas a repreendeu.
- Apenas inspire, Hermione. Vamos! - disse, assistindo Mione puxar o ar para dentro de seus pulmões. - Isso mesmo, agora expire. - E ela soltou o ar dos pulmões. - Melhorou?
- Um pouco, sim. - Hermione olhava para as próprias mãos.
- Mione, você está sobrecarregada. Esta cursando quantas aulas a mais? - percebeu que era estranho, como a menina conseguira inserir em seu horário mais aulas? Sabia que o cronograma de estudos era o mesmo para todos os alunos de Hogwarts.
- É complicado... - Ela parecia enfrentar uma batalha interna, onde não tinha certeza se queria dizer a verdade.
- Você não precisa me dizer nada que não queria. Só quero ajudar. - logo se explicou, lembrando o quanto Hermione era fechada com os outros, principalmente com alunos das Sonserina, demorara semanas para que ela passasse a chamar pelo nome e não pelo sobrenome. Não era tão amigas assim, a ponto de trocar segredos, já era estranho o suficiente ter-lhe carinhosamente acudido.
- Veja bem, eu sou nascida trouxa. Meus pais não são bruxos. Nunca imaginei que existisse universo tão fascinante quanto o mundo bruxo e desde meu primeiro dia como uma, decidi me dedicar total e plenamente aos estudos. Talvez para comprovar aos outros que posso ser melhor do que este rótulo a que pertenço. Talvez para provar algo a mim mesma. Não sei. Mas talvez Profª Minerva suspeite de alguma coisa. Porque no fim do ano passado, ela me chamou para conversar e me ofereceu essa oportunidade, de cursar todas as aulas de meu período letivo, é claro que aceitei. Me lembro de como me senti naquele momento, excitadíssima com a ideia de aprender mais, fui ao beco diagonal e comprei todo o meu material, sacolas e mais sacolas de livros, pergaminho, tabelas, tudo, e então começaram as aulas. Eu me sentia mais motivada e atraída a tudo que estava aprendendo, mas aí começaram os deveres e trabalhos que cada professor passava, e mais alguns problemas foram surgindo, coisas que envolvem a Harry e Rony, e não tenho certeza se posso lhe contar. Depois tudo isso com Hagrid e as noites sem dormir, ou os dias em que perco as refeições e passeios pelos jardins ou qualquer outra coisa que se faça no tempo livre, tudo porque estou sempre muito ocupada com minhas tarefas estudantis. - Ela soltou um suspiro, parecia tirar um peso enorme de suas costas.
- Você está assistindo a todas as aulas? - estava estupefata. - Como isso é possível? Achei que estivesse cursando uma, duas aulas a mais e não a todas. Isso é loucura, Mione. Não é a toa que está tão abarrotada de trabalhos e tudo o mais.
- A Profª Minerva me deu um gira-tempo. - Hermione puxou a gola de sua camisa, e alcançou uma corrente de ouro que carregava no pescoço, na ponta havia um tipo de ampulheta. sabia da existência do artefato, mas nunca vira um daqueles na vida.
- Incrível. - sussurrou, pegando em suas mãos o gira-tempo, admirando-o.
- Você não pode contar isso a ninguém, , por favor. Profª Minerva me confiou segredo, e... - Hermione dizia, quando a interrompeu.
- Ei, não precisa se preocupar. - Disse tocando o ombro da outra menina, amigavelmente. - Como eu disse, só queria lhe ajudar, e posso fazer algum desses seus trabalhos atrasados, se quiser. Assim você terá um tempinho a mais para terminar de ler aquele livro de Aritmancia. - Hermione lhe sorriu.
- Sabe de uma coisa, , eu gosto de você. - Dessa vez, fora que sorriu.

Passara toda a tarde livre daquele dia com Hermione na biblioteca, ajudando-a a terminar algumas das tarefas e fazendo outras suas próprias também, não falavam muito, o que mais era ouvido na bolha de estudos criada pelas duas era o som das penas em contato com o pergaminho. Sabia que devia ser próximo a hora do jantar, sentia seu estomago reclamar um pouco de fome, suas mãos estavam vermelhas de tanto escrever, alguns dos dedos formigavam, olhou para Mione de relance e a garota parecia o contrário dela, carregava inclusive um sorriso no rosto enquanto virava a página do livro de transfiguração que folheava. Piscou os olhos algumas vezes e voltaria a escrever, porém sentiu seu braço ser puxado e ela foi arrastada contra sua vontade. Olhava para seu transgressor e tudo o que via eram suas costas e os cabelos claros. Não precisaria de muito mais para saber quem era. Draco Malfoy a levou para alguns corredores depois da biblioteca, e entrou numa sala de aula vazia. Fechou a porta atrás de si, para enfim se virar para a menina com uma expressão carrancuda no rosto, não muito diferente da dela.
- Se você está fazendo isso tudo para me irritar de alguma maneira, sugiro que pare agora mesmo, . - Ele disse frisando o sobrenome.
- Nada do que faço lhe diz respeito, Malfoy. - Respondeu no mesmo tom.
- É claro que me condiz respeito, você é minha prometida, o que você fizer de agora em diante afeta a mim e a minha família. - Draco disse, raivoso.
- Eu espero que você não esteja mesmo achando que vou me casar com você só porque nossos pais querem isso. - se afastou de Draco, caminhando para o outro lado da sala.
- . . . - Ele repetiu seu nome repetidas vezes se aproximando dela. - Tão ingênua. Assim como eu era alguns anos atrás. Não há nada que possamos fazer contra isso. É uma força muito maior. Não é como se pudéssemos passar por cima do que algo que é dito por alguém tão poderoso e influente, como o seu pai, ou ao meu. - Draco parecia amaciar sua voz, tentando falhamente confortar a amiga.
- É você quem é inocente, Draco, criou essa sua falsa imagem, onde se mostra auto suficiente, que causa tremores aos outros, mas mal sabem eles que você não tem livre arbítrio, está confinado as escolhas de seus pais. É de sentir pena. - Vira o rosto de Draco se fechar, tocara num ponto sensível, e sabia disso.
- Olha só quem fala. - Ainda podia enxergar a máscara no rosto do amigo, aquele já não era mais o seu Draco. - Eu posso me guardar do mundo, , mas e quanto a você? Você se esconde de você mesma. Não é à toa que seus pais não estão nem aí para você, eles não lhe entendem, ninguém entende, nem mesmo você. - Draco tinha aquele sorriso de canto de rosto, aquele sorriso que demonstrava o quão filho da puta ele poderia ser.
- Você não disse isso, seu... - começou a dizer, sentindo sua voz falhar.
- Eu disse sim. Porque você precisava ouvir. Porque de todas as pessoas do mundo, , você foi a quem mais me machucou. - A esse ponto ele segurava os braços de , presos as laterais do corpo da menina, impedindo-a de se mover, e sussurrava, afim de manter a privacidade, mas com toda a sua raiva exposta em na voz. - Você, quem me conhece melhor do que qualquer outro ser humano, melhor que minha própria mãe, aquela mulher que lhe criou feito uma filha, e que você renega, você renega a todos nós com essas atitudes, , você é uma traidorazinha do sangue. Do seu próprio sangue. - chorava, pela dor que sentia nos braços, em vista da força que Draco empunhava, e da intensidade de suas palavras.
- O que foi que eu lhe fiz, Draco? - Ela lamuriava. - O que foi que eu fiz de tão ruim a você? Para me tratar assim? Esse não é você Draco, não é o Draco que conheço. - Lágrimas escorriam por suas bochechas, sentia o corpo todo tremer.
- Você me desprezou, . - Ele disse encarando-a nos olhos. - Você não me deixou lhe contar o meu lado da história, você simplesmente virou as costas a todos, a mim, , você me deixou lá, com todos os olhares de nossos pais voltados a mim e quando fui atrás de você, não quis me ouvir, não me abriu as portas, você me deixou, , e o meu coração, ele sempre foi seu, e você o partiu em mil pedaços.


* * *



Haviam semanas que não falava com Draco Malfoy, e ele tão pouco com ela, ainda sentia os olhares inquisidores que lhe lançava e as poucas vezes que acabava se perdendo nos olhos acinzentados de Draco, porque velhos hábitos eram difíceis de mudar. Sentia um fio de arrependimento quando se lembrava de tudo o que já passara com o menino, da importância que ele ainda tinha e sempre teria, a ela. Mas também não poderia negar que desde que se distanciara de vez de Malfoy e dos alunos da Sonserina, criara ainda mais laços com os alunos das outras casas. Não sabia se estava querendo evidenciar a Draco ou a si mesma, que poderia viver sem o amigo. Tudo o que sabia era que seus dias sentada sozinha com um livro imersa em silêncio, se tornaram cada vez mais raros. Como naquele momento, por exemplo, estava na companhia de alguns alunos das Lufa-Lufa, que ela descobrira ser a casa das pessoas mais legais de toda a escola. Quer dizer, você não ouvia falar de ninguém desleal ou que não fosse amigável e decente, ninguém se preocupava em pensar algo do tipo e muitos ficavam sem saber porque os de Lufa-Lufa eram humildes demais para ficar se gabando. Como desejava ser da Lufa-Lufa. De qualquer forma, estava com alguns alunos do quinto ano, Megan Jones, Dimitri Helsemann e Owen Luftkin, amigos de Cedrico Diggory, e também na companhia dele próprio, Ced, como o chamava agora. Estavam no campo de Quadribol, Cedrico e Dimitri trajavam o uniforme de quadribol da casa, acabavam de terminar o treino da equipe, assistira por insistência de Ced, mas não poderia dizer que não se entediara nos primeiros cinco segundos.
- A gente tem grandes chances contra Corvinal, basta Ced não bancar o cavalheiro com a Chang de novo. - Dimi disse arrancando risadas de todos, e deixando as bochechas de Cedrico coradas.
- Cale a boca, Dimi. - Cedrico reagiu dando um tapa seco na cabeça de Dimitri, que riu por envergonhar o amigo. Coisas de garotos.
- Quando venceram Corvinal, com quem vão jogar depois? - perguntou de repente.
- Veja só. - Dimitri disse. - Quando chegamos aqui, você disse que odiava Quadribol e agora já quer saber do próximo jogo.
- Aposto que estará nos próximos testes para a equipe da Sonserina. - Megan brincou.
- Só se for para mascote, não sei nem como montar uma vassoura. - disse, fazendo os amigos rirem.
- Eu não acredito, . - Ced parecia incrédulo. - Achei que soubesse pelo menos o básico.
- Você não torce para nenhum time de Quadribol? - Fora a vez de Owen perguntar, o pai dele era comentarista esportivo, ele sempre ganhava ingressos de cortesia para as partidas e ás vezes presenteava os amigos com alguns, pelo menos fora isso que Ced lhe dissera.
- Eu sei o nome de alguns times que meus amigos torcem, mas eu não tenho preferencia quanto a nenhum deles. - Ela disse dando de ombros.
- Tem os Fura-bolas de Quiberon, é uma equipe famosa da França, você não era de lá? - Cedrico perguntou.
- Eu estudava em Paris, mas só isso, sou da Inglaterra. - Assistia a Cedrico fazer uma cara pensativa.
- Então, pode torcer para os Montrose Magpies comigo, estou esperando que se classifiquem para a final da liga de Quadribol, tenho certeza que irei nesse jogo, e seria a coisa mais linda do mundo assistir meu time nas finais. - Cedrico parecia enérgico ao falar de seu time de Quadribol. Mais coisas de garotos.
- Duvido que ganhe dos Tornados de Tutshill, mas tudo bem. Não quero começar uma guerra. - Owen disse erguendo os braços em sinal de paz.
- Por favor, vamos parar de falar de Quadribol. - Megan disse, parecendo tão perdida quanto naquela conversa. - Tenho certeza que deve estar desejando explodir de novo. - Todos riram dessa pequena piada interna. estava passando por uma fase em que dizia desejar explodir a todo o momento, pelas mais fatídicas razões possíveis.
- Você está, ? - Dimitri perguntou.
- Um pouco. - Confessou, arrancando mais risadas.
- Então vamos entrar, antes que todos congelemos. - Megan pediu abraçando o próprio corpo.
- Não podemos. - Cedrico foi o primeiro a dizer.
- Não vá me dizer que pretende continuar treinando, Ced? Seu maníaco. - Dimi disse.
- Não, Dimi, mas preciso ensinar a montar numa vassoura. - Ele disse virando-se para a menina, que parecia não acreditar no que ouvia.
- Ced, não. Eu não sou boa com nada que envolva Quadribol, você quer me fazer passar uma ruim na frente de todos os meus amigos. - Ela disse, queixando-se.
- Nem vem, . - Ced disse puxando-a pela mão. - Vamos dar uma pequena volta pelo campo, só isso, e quando terminarmos você vai passar o resto do ano me importunando por mais aulas. - lhe deu língua, desdenhando do amigo.
sentou na vassoura de Cedrico, e ele tomou posição logo atrás dela, levantaram vôo em seguida, antes disse Ced lhe pediu calma e que confiasse nele, duas tarefas difíceis para a menina que estava comprometida em não confiar em mais ninguém, e que já estava nervosa desde o momento em que Cedrico falara daquilo num primeiro momento. Fechou os olhos quando sentiu seus pés saírem do chão. E um abismo se abriu em seu estômago.
- Abra os olhos, . - Ouviu Cedrico sussurrar.
E assim o fez, deveriam estar há uns 20 metros acima do gramado coberto de neve, seus amigos eram pontinhos pretos, tudo parecia tão distante, a brisa fria em seu rosto e aquela velha sensação de que a qualquer segundo poderia cair, não pareciam mais tão ruim assim, na verdade, o perigo tinha um gosto muito bom, ela chegou a pensar. Levemente olhou para Cedrico por cima dos ombros e enxergou tudo o que não via há muito tempo. Ou ao menos, que não se deixava ver.
Á uma distância segura, Draco Malfoy assistia a tudo aquilo.

* * *


- Pare agora mesmo, Potter!
- Está me perseguindo? Sinto lhe dizer, mas vai ter de entrar na fila, . - Harry dizia para conforme assistia a menina se aproximar quebrando a distância entre os dois.
- É, e a fila está enorme, ouvi dizer. - disse abanando a mão, fazendo pouco caso. - Preciso falar com você. - O timbre na voz de era sério.
- Claro, vamos caminhar pelos jardins. - Harry abriu espaço a sua frente, deixando a menina passar primeiro, e seguindo logo atrás dela.
- Não sei por onde começar. - Colocou algumas mechas rebeldes de seu próprio cabelo atrás da orelha repetidas vezes, em sinal de nervosismo. - Você deve saber que ando um tanto próxima de Mione? - Perguntou insegura.
- Hm, saber não sabia, mas o deve estar mesmo, tanto que já a chama de "Mione". - Poderia ser coisa da sua cabeça, mas aos seus ouvidos parecia que Harry Potter estava com ciúmes da recém-amizade entre ela e Hermione.
- Pois é, trabalhamos juntas há alguns meses num projeto em comum. - gaguejou a última parte, não sabia se Harry tinha conhecimento do que andavam fazendo por Bicuço, o Hipogrifo.
- Projeto em comum? Você e Hermione? - Harry parecia começar a ficar confuso com aquela história.
- Sim! - confirmou. - Não sei se posso lhe contar, mas, olhe, Hermione e eu preparamos a defesa do Hipogrifo de Rúbeo, para que ele não seja sacrificado injustamente. - Harry estava boquiaberto.
- Você também está amiga de Hagrid? E ele já lhe ofereceu canecas de chá e bolos de frutas seco e duro? São a especialidade dele. - Harry lhe sorria. Sentia-se confiante em continuar.
- Eu não sei porque vocês reclamam tanto dos bolos que ele faz, Mione sempre diz a mesma coisa. Mas espere. - balançou a cabeça, se concentrando. - Aah! - Ela gritou. - Estamos nos perdendo nessa conversa. - Harry tapara os ouvidos, sustentando a graça.
- Você é bem doidinha, já lhe falaram isso? - Ele dizia.
- Quase sempre. Mas me deixe falar. - Ela pediu. - Onde eu estava mesmo? Aé. Então. - adiantara-se um pouco na caminhada e parara de frente a Harry Potter, apontando-lhe o dedo indicador. O menino-que-sobreviveu ergueu os braços em sinal de trégua, mesmo sem saber exatamente a que. - Brincadeiras à parte, o negócio é o seguinte, Harry Potter, você e seu amiguinho Weasley andaram sendo uns babacões com a pobre Hermione. Eu não achei que fosse algo tão grave até o surto que ela deu alguns dias atrás. Ela perdeu uma aula de feitiços! - Falara alguns tons mais alto essa última parte, que parecia ter um grande significado aos dois. - E você sabe muito bem que a coisa só pode estar um tanto ruim para Mione perder uma aula. - mantinha seu olhar inquisidor.
- Er... - Harry coçou a cabeça, desviando do olhar inquisitivo de , um tanto envergonhado. - Hagrid nos falou coisa parecida, mas, bem, não sabemos o que fazer, entende? Fomos realmente cruéis com Mione.
- Por que não começam se desculpando? - disse simplesmente. - Vocês são amigos, amigos brigam, e o mais importante, amigos perdoam. - Disse a última parte mais baixo, e com a mente em outro lugar, pensando em seus próprios relacionamentos, com um amigo em questão, seu melhor-amigo, na verdade, e que agora parecia tão distante. Pensava em todos os erros, das duas partes, em como não saberia por onde começar para consertar muitas das coisas, e no quanto sentia falta de seu Draco. Oras, como era tão mais fácil resolver algum assunto que não lhe envolvia, como estava fazendo, ajudando na amizade de Harry, Rony e Hermione. Tinha medo de nunca mais voltar a ter o mesmo laço que passara a vida toda criando com Draco, quer dizer, não poderia simplesmente chegar como quem não quer nada, dar-lhe um abraço e dizer que sentia muito. Tinha plena certeza de como tudo poderia ser um pouco mais complicado quando envolvia Draco Malfoy, e mais explicitamente, quando a envolvia também.
- Você tá certa. Eu vou falar com Rony, essa nossa pseudobriga está durando tempo demais mesmo. Como a própria Hermione nos diria, somos muito imaturos. - eles riram com a tentativa de Harry em imitar a voz de Mione. - É, que, não me entenda mal, mas, cara eu ganhei uma fucking Firebolt, ficou um pouco pessoal esse negócio, sabe? Antes, todas as discussões eram entre Rony e Mione, e Bichento e Perebas, quer dizer, ainda são, eu não me envolvo nas brigas, tento não escolher um lado, sou imparcial a maior parte do tempo, mas não tinha como não ficar alarmado em perder minha vassoura voadora. Ainda dói. - Harry tocou o lado esquerdo de seu peito. E não pode deixar de rir.
- Supera isso, Potter! - empurrou-lhe um dos ombros levemente. - Você pode ter mil vassouras encantadas, mas só existe uma Hermione e ela está possessa com os dois no momento.
- Eu sei. - Harry murmurou, pensativo.
- E tem mais. - A menina continuou. - De que adiantaria você ganhar o campeonato de Quadribol da escola se não poderia comemorar com seus melhores amigos? Porque estariam todos muito irritadiços para dividir o suco de abóbora, ou um abraço.
- Você é muito sentimentalista, . Vai me fazer chorar. - lhe repreendia com o olhar. - Já entendi, vou falar com Mione, ainda hoje, prometo. Só tenho que falar com Lupin antes. - Harry dizia.
- E o que é que nosso professor de Defesa Contra as Artes das Trevas tem a ver com isso? - quis saber.
- Ah, bem. - Ele parecia meio desconcertado, numa batalha interna decidindo se valeria a pena falar ou não. - E-ele anda me dando algumas aulas extras, anti-dementadores.
- Oh. - o encarava fixamente. - Não me diga que... - Ela parecia um tanto excitada com a ideia que se passava por sua cabeça. - Não me diga que ele está lhe ensinando a conjurar patronos? - Sussurrou a última parte.
- Como é que você sabe isso? - Harry parecia admirado.
- Eu tive que acompanhar meu pai numa visita que ele fez a Askaban com o Ministro e Stefan estava conosco. Ele ficou comigo enquanto papai cuidava de seus assuntos e não tem como não se sentir relativamente mal com essas coisas por perto, então ele simplesmente me falou que a única forma de vencer uma força maléfica como essa seria com energia positiva, na figura de um patrono. Mas eu nunca consegui conjurar um. - Lamentou-se
- Er, as aulas anti-dementadores não estão correndo tão bem quanto eu esperava, em várias sessões consegui produzir um vulto prateado numa forma indistinta, mas é um patrono muito fraco para afugentar um dementador. Algumas vezes esse feitiço parece que só esgota toda minha energia, e que não serve de nada, na verdade. - Harry confessou.
- Você vai se sair bem, Harry. - afagava o ombro do menino, tentando confortá-lo. - Se concentre nas lembranças felizes.
Eles se despediram com Harry correndo para a sala do Professor Lupin, ele já estava um tanto atrasado para suas aulas anti-dementadores. voltou para a sala comunal da Sonserina, ainda fazia frio em Hogwarts, e as poltronas bem posicionadas de frente a lareira eram irresistíveis demais, até mesmo para ela. Tinha o horário livre naquele dia até a hora do jantar, e decididamente não faria nada até lá, não tinha vontade nenhuma de estudar para os exames que estavam a cada dia mais próximos, e também não tinha dever nenhum atrasado, e devia isso tudo a Hermione, que andara incentivando a terminar seus trabalhos escolares, quando ela normalmente deixava tudo para ser feito na véspera da entrega, ah Mione, acreditava que quando a encontrasse sentada na mesa da Grifinória no Grande Salão naquela noite a menina estaria com um humor melhor, e acompanhada dos dois melhores amigos, se tudo ocorresse como esperava. Pensou cedo demais.
Estava sentada entre Fred e Jorge num banco de madeira de algum corredor adjacente ao Grande Salão, Gina Weasley e Harry Potter também estavam com eles, tentavam animar um inconsolável Rony Weasley, que pelo o que Fred a contara, tivera Perebas, seu bichinho de estimação, comido pelo gato de Hermione, o Bichento. E Rony estava realmente sofrendo muito com a perda do rato.
— Vamos, Rony, você vivia dizendo que Perebas era chato — disse Fred para. — E seu rato estava doente havia séculos, estava definhando. Provavelmente foi melhor para ele morrer depressa, de uma engolida, provavelmente nem sofreu.
— Fred! — exclamou Gina, indignada.
— Ele só fazia comer e dormir, Rony, você mesmo dizia — argumentou Jorge.
— Ele mordeu Goyle para nos defender uma vez! — disse Rony, infeliz. — Lembra, Harry?
— É, é verdade — confirmou o amigo.
— Foi o ponto alto da vida dele — disse Jorge, incapaz de manter a cara séria. — Que a cicatriz no dedo de Goyle seja uma homenagem eterna a memória de Perebas.
- Ah, sai dessa, Rony, vai até Hogsmeade e compra um rato novo. Que adianta ficar se lamentando? - cotovelou Fred no estomago, repreendendo o menino. Nada parecia animar Rony Weasley, de longe ele não era uma das pessoas favoritas de em Hogwarts, e vice-e-versa, mas se sentia mal pela perda do menino, e numa última tentativa de distraí-lo do fatídico incidente, puxou de sua mochila uma caixa de pequenos Ovos de Dragão de chocolate, que recebera por correio-coruja de casa, e a entregou a Rony, que tinha os olhos brilhando, e aceitou o presente de bom grado, mas nada disse sobre isso, e , como ninguém, sabia respeitar o silêncio.


* * *



O banquete daquela noite fora nada mais do que agradável para e com a segunda visita ao vilarejo de Hogsmeade se aproximando, passara todo o jantar debatendo com Blásio Zabini e Tracey Davis que Rum de Groselha era um milhão de galeões melhor do que Cerveja Amanteigada, enquanto contestava mentalmente com ela mesma, até onde poderia chegar sua personalidade sociável, que recentemente desabrochara e que agora a propiciava conversas amigáveis até mesmo com outros alunos de sua própria casa.
- Você é cheia de frescuras, , tenho certeza que nunca nem experimentou cerveja amanteigada e está aí falando... - Zabini provocou, fazendo Tracey e rirem.
- Eu não tenho frescura nenhuma! - protestou. - Davis, me defenda. - Ela suplicou a menina sentada ao seu lado na mesa, que ainda terminada de comer a sobremesa.
- Da última vez que estivemos em Hogsmeade, você disse que precisava de meias. Então, você sumiu e quando lhe encontramos, você estava saindo da Trapobelo Moda Mágica com mais sacolas que a Dafne Greengrass. Cadê Merlim agora, Zabini? - Tracey disse, fazendo um high five com , em seguida.
- Talvez eu derrube alguma de vocês duas da Torre de Astronomia amanhã. - Zabini dizia. Arrancando mais risadas das meninas.
- Puta, temos astronomia amanhã. - Tracey dizia o óbvio. – , você promete me ajudar a terminar meu mapa Solar?
- , você promete não estar de pijamas amanhã no café-da-manhã? - Zabini usara o mesmo tom pedinte de Tracey Davis na voz, relembrando de um episódio de alguns dias atrás quando acordara preguiçosa em excesso e um tanto atrasada, com mais medo de perder o café da manhã do que o começo da primeira aula do dia, descera para o Grande Salão de pijamas mesmo. E seus novos amigos não cansavam de lembrá-la disso, ou da forma com que o diretor da casa Sonserina, Severo Snape a olhava, parecia desejar explodir o cérebro da menina com o poder da mente, e até de quando o próprio Alvo Dumbledore sentira-se a vontade para trocar o chapéu pontudo de bruxo da mesma cor de suas vestes, por seu gorro de dormir.
- Davis, te ajudo quando voltar para a sala comunal, e Zabini... - mostrou o dedo médio para o amigo.
- Vai dar um passeio noturno, ? Vai ser com Diggory de novo? - Tracey Davis lançava-lhe um olhar malicioso, e decididamente chegou à conclusão que a menina fazia perguntas demais para o seu próprio gosto.
- Davis, acalme-se. - pediu. - Primeiro que eu não estava dando um "passeio noturno" com Cedrico. - Fez aspas com os dedos. - Ele estava me ajudando com uns deveres do Flitwick, e hoje eu só tenho que mandar uma carta para minha tia. - E dito isso, não conseguiu não olhar para Draco. Sentira o olhar dele sobre si durante toda a refeição. E ainda lhe era muito estranho tê-lo tão perto, e tão longe, ao mesmo tempo. Há quanto tempo não se falavam? Talvez essa fosse a pior parte. Não ter Draco. E ele parecia ter exata certeza sobre o que se passava na cabeça da amiga, ele sempre sabia quando se tratava de , caso contrário não estaria tão próximo de Pansy Parkinson e de outras garotas da Sonserina, como estava ultimamente, eram raras as vezes que não era visto passando por com seu olhar reprovador, mas de mãos dadas com Parkinson. não gostava da menina, e nem um pouco, mas não era contra a amizade dos dois, seria hipócrita se o fosse, afinal ela mesma andava com metade das pessoas que Draco mais odiava no mundo. Talvez pra fazer ciúmes, ou talvez fosse para suprir a falta que a amiga lhe fazia, não tinha certeza de nenhuma dessas suposições, só o que sabia era que sentia falta do amigo. Poderia fazer amizades com todos os alunos de Hogwarts, mas se não tinha Draco, não tinha nada. E era muito difícil lidar com isso.
Levantara da mesa antes dos companheiros de casa e saíra pelas portas do Grande Salão sem nada dizer, uma olhada rápida pela mesa da Grifinória para perceber que Fred já não estava mais por lá, com um sorriso tímido no rosto, venceu em passos largos os três lances de escadas que a separavam do Terceiro Andar, e mais precisamente da Sala de Troféus. Com um longo suspiro de ansiedade, atravessara a entrada da sala escura, sendo surpreendida por um par de braços envolvendo-a. Era Fred Weasley.
- Você demorou. - Ele se queixou.
- Sabe o quanto gosto de comer. Inclusive, deveríamos visitar mais as cozinhas. - Fred afundara o rosto nos cabelos da menina, sufocando sua risada.
- Vou cuidar disso. - Ele dizia, enquanto a conduzia para algumas almofadas bem posicionadas no canto da Sala de Troféus. Coisa que achou curiosa.
- De onde saiu isso? - Ela perguntou.
- Não faço ideia, quando cheguei já estavam aí, com certeza algum casal deve ter esquecido aí sem querer. - Fred respondeu.
- Casais vêm aqui? - Questionou.
- As pessoas que vêm a Sala de Troféus normalmente têm o intuito de fazer alguma coisa errada. - sentiu as bochechas corarem. E Fred riu da garota. - Você ficou vermelha, . - Ele dizia apontando para o rosto da menina. - É brincadeira, ok? - Fred alcançou a varinha no cós da calça de suas vestes. - Feitiços para conjurar, está vendo. - Ele dizia conforme balançava a varinha e fazia surgir mais duas almofadas.
- Você vai ter que me ensinar. - Agora olhava fascinada para as almofadas de Fred, que ria da menina.
- Eu vou ter que te ensinar? - Ele repetiu, questionando-a.
- Por favor. - juntou as mãos eu súplica. - Eu faço o que você quiser. Sempre quis aprender a conjurar objetos. Imagine só? Nunca mais vou ter que me levantar da cama. - Fred não parecia mais muito animado, ao menos não da forma que estava quando chegaram na sala de troféus. - Ei, Fred. - Chamou, tocando o braço do garoto. - O que é que você tem? - ele voltara a encará-la, sem vestígios de seu sorriso no rosto.
- Eu não sei. - Soava sincero. - Eu não consigo me lembrar das palavras. - Fred passara a tarde ensaiando o discurso para aquele momento, e de repente, as palavras simplesmente lhe fugiram a mente. - Cara, como isso é difícil. - Ele disse por fim, se sentando em algumas das almofadas, enfezado consigo mesmo. Para era estranho ao mesmo tempo que era curioso enxergar Fred, que outrora sempre fora tão seguro de si, em lamúrias por não conseguir dizer alguma coisa, e ainda mais para ela. Em pouco tempo de convivência, conheciam-se há menos de um ano, mas já haviam superado tantas barreiras sociais, que achava que momentos como esse nunca mais chegariam a ocorrer. Porém, lá estavam eles. Num silêncio que chegava a ser constrangedor.
- Fred. - Ela disse cutucando-o na barriga, conforme se ajeitava nas almofadas ao lado do amigo. - Eu sei que você não me chamou até aqui só para infringirmos algumas normas do regulamento de Hogwarts, mesmo isso podendo ser bem possível. - Por alguma razão, ele parecia envergonhado.
- Você checou o quadro de avisos recentemente? - Ele perguntou depois de uma batalha interna, pelo o que pode perceber.
- Er... Não. - Respondeu, coçando a nuca em sinal de nervoso. Nunca olhava para os avisos da Sonserina. E isso pareceu desanimar Fred um pouco mais.
- Bem, é que vai ter outra ida a Hogsmeade. - Fred disse.
- Oh, sim, eu fiquei sabendo. Sabe, esse é o tipo de coisa que não precisa se olhar no quadro de avisos, a notícia simplesmente se espalha.
- Certo. - ele disse perguntando-se mentalmente se não deveria parar por aí.
- Eu... Er... - murmurou.
- Se você quiser... - Ele disse rapidamente. o observou. Perguntava-se porque ele estava lhe dizendo isso. - Mas tudo bem se você não quer, não se preocupe. - Se estivesse entendo direito as frases desconexas de Fred, ele a estaria chamando para um encontro em Hogsmeade? parou de respirar por alguns segundos. E Fred fez menção de se levantar. Mas a menina foi mais rápida, segurando uma das mãos inquietas dele.
- Você está me perguntando o que eu estou pensando? - As palavras saíram de sua boca sem que ela pudesse fazer nada.
- Er... -Fred murmurava, sem dizer nada aparentemente, causando um nervosismo eufórico na menina a sua frente.
- Fred. - o chamou, e ele não teria como desviar o olhar da menina naquele momento, não com um chamado tão doce, Fred encarava profundamente o azul que cintilava na íris dela, lembrava-se da primeira vez que colocara os olhos naquela garota, e uma confusão de sentimentos passou a explodir dentro dele, e fora assim, em todas as outras vezes em que olhava para ela. O nervoso que sentia não poderia ser explicado por nenhuma ciência. - . - Havia ternura em sua voz. E aquele sorriso voltara a brincar no canto de seus lábios. - Você quer ir a Hogsmeade comigo?


Capítulo 7


Repassara aquele momento por sua mente com tamanha frequência nos dias que se seguiram, que poderia recitar todo o diálogo, ou a falta dele, de trás para frente. A confusão formada no cérebro de Fred impedindo-o de funcionar direito, pelo medo da rejeição iminente por parte de , passara, e ele logo obrigara a menina a prometer que jamais diria ao irmão gêmeo, Jorge, que ele travara quando fora chamá-la para sair. O episódio causara algumas boas risadas a menina. Mais uma vez, tudo voltara ao normal. Ela se olhava no espelho, assistindo seus olhos sorrirem na mesma intensidade que o sorriso formado em seus lábios. Enrolava um cachecol ao pescoço, fazia frio naquele dia, e vestia algumas de suas melhores roupas, calçava um par de botas coturno vinho, meia-calça grossa, saia plissada e um suéter quente, por cima de tudo usava um sobretudo preto. Recebera alguns elogios em excesso de suas companheiras de dormitório.
- Ai. Meu. Merlim. de. Deus. , você está usando botas da Dolce & Bruxanna, tem modelos em praticamente todas as páginas da revista Bruxateen usando esse mesmo par de botas! - Emilia Bulstrode disparara, entusiasmada, só faltando beijar os sapatos da menina.
Já Tracey Davis, que vira a luta da menina contra os cabelos despenteados, pegara a escova e ajudara-a a desembaraçar;
- , você sinceramente não nasceu para ser uma garota. - Davis dizia divertida, enquanto lhe mandava língua.
E já esperava que Pansy Parkinson dissesse alguma coisa inegavelmente idiota, do tipo
- Só espero que você não tenha más intenções com meu Draquinho hoje em Hogsmeade, todo mundo sabe que ele não aguenta mais você, . - Parkinson questionava de três em três segundos a menina, que fazia caretas imitando a cara de bulldog de Pansy, arrancando risadas das outras companheiras de quarto.
Não chegou a estranhar nada disso, porque deveria ser de surpreender mesmo, vê-la bem vestida, quando haviam dias que nem os cabelos penteava. Mas naquela manhã fizera tudo diferente. Passara até mesmo um batom vermelho, que contrastava com a pele clara e os cabelos louros. Estava um tanto apreensiva, imaginando como seria quando encontrasse Fred Weasley no saguão de entrada.
Ele estava em pé ao lado das portas de carvalho, estava sozinho, e vestia o suéter que lhe presenteara no natal. Lembrava-se de como havia sido difícil pensar no que daria para os gêmeos de natal, tivera a ideia de comprar para cada um deles um suéter, como aqueles que recebiam de natal da própria mãe, e que diziam detestar por ela bordar as iniciais de seus nomes, como se fossem doentes mentais e não soubessem como se chamavam, pedira então para a costureira da loja bordar os dizeres Thing #1 e Thing #2, respectivamente na peça de cada gêmeo, enviando para os gêmeos, não apenas um presente, mas uma tirada cômica de natal. Também comprara um kit de equipamentos de Quadribol para batedores, posição que os gêmeos ocupavam na equipe da Grifinória, vinha com um par de luvas de couro de dragão e um taco de madeira sueca. Não é necessário dizer que eles gostaram mais do segundo presente.
Descia os três últimos degraus da escadaria de mármore, quando seus olhos se encontraram com os azuis de Fred, ela o assistiu abrir a boca, parecia que o menino estava sem fôlego, ficaram se encarando por um momento, até se aproximar o suficiente dele para dizer-lhe algo. - Bonita. - ele disse, antes se quer que pudesse pensar em alguma coisa para dizer. - Muito bonita. - Ele voltou a dizer, alcançando uma das mãos da menina e depositando um delicado beijo.
Fred lhe oferecera um braço, que ela prontamente entrelaçara ao seu, enquanto se juntavam a fila de pessoas que iriam para Hogsmeade. Falavam da vitória da Grifinória sobre a Corvinal de alguns dias atrás e um Fred totalmente empolgado dizia de como estavam dando festas toda noite na sala comunal da Grifinória, considerando que a Taça de Quadribol daquele ano já estava garantida, sendo esse o assunto por todo o caminho até os portões. Era um dia agradável, como pode perceber, e por mais que estivesse um tanto nervosa com seu pseudo-encontro, Fred estava deixando-a confortável e alegre, emendavam uma conversa atrás da outra, e o garoto adicionava algumas de suas piadas no meio disso tudo. E foi quando alguns alunos da Sonserina passaram por eles.
- Weasley e ? - Reconheceu a voz de Pansy Parkinson em meio de risadinhas e murmúrios. - Eu não acredito nisso. Hoje é o dia da mentira ou o quê? - Àquela altura, Pansy ria escandalosamente. - Deve ser o casal mais estranho que já vi na vida. Quanta falta de bom gosto... Dos dois lados. - já tinha algo pronto na ponta da língua para responder a Parkinson. Mas se calou quando percebeu quem andava ao lado da menina. Draco olhava-a friamente, os sombrios olhos acinzentados direcionados a ela, enxergou decepção, sentiu suas bochechas corarem levemente, queria fugir da vista reprovadora de Malfoy, passou a encarar suas botas afundadas na neve.
- Cale a boca, Parkinson! - Fred exclamou, atraindo atenção de . - Diz isso porque nunca conseguiu se olhar num espelho antes que ele se quebrasse. - Um coro de vaias surgiu de alunos das outras casas que atravessavam o mesmo trajeto para Hogsmeade. - Me avise quando algum cara lhe chamar para ir com ele a Hogsmeade ou a qualquer outro lugar em plena luz do dia. Serei o primeiro a cumprimentá-lo. - Fred tinha uma expressão mal intencionada no rosto. - Ter que olhar pra você deve ser pior que engolir mil bombas de bosta. - Fred passara um de seus braços pelos ombros de , e apertou o passo, deixando o grupo de garotos da Sonserina para trás. Os dois ficaram num silêncio, embaraçoso, na opinião de , não conseguia pensar em nada para iniciar outra conversa regada de piadas da parte de Fred, pensava se o garoto sentia-se do mesmo jeito, dera uma olhadela rápida para o rosto de Fred, e de repente, não conseguiu mais desviar seu olhar, dos cabelos ruivos cuidadosamente despenteados, das sardas em evidência, as bochechas um bocado enrubescidas, e os brilhantes globos azuis, que pareciam contrastar com todo o resto. Olhava-o com avidez, e Fred pareceu perceber. o viu devolvendo-lhe o olhar, com um sorriso de canto de boca.
- Espero que Parkinson e os outros idiotas não tenham lhe aborrecido. - Ele coçou a nuca. Parecia preocupado. - Eu estava preparando um dia incrível pra gente, mas parece que esqueci de levar em conta que a galera definitivamente não está acostumada em ver um cara da Grifinória com a garota mais linda da Sonserina.
- Você vive encontrando maneiras de me deixar envergonhada. - disse em voz baixa, encolhendo os ombros.
- Já lhe disse que não consigo me controlar quando você está por perto. - Fred mandou-lhe uma piscadela.
Estavam entrando em Hogsmeade, podendo ver as ruas abarrotadas de estudantes de Hogwarts, muitos defronte as vitrines das lojas, outros se divertiam na neve, e ainda haviam alguns que apenas conversavam e riam particularmente alto.
- Vamos dar uma olhada nas lojas? - Fred começou a dizer. - Ou algo assim. - Terminou indeciso.
- Poderíamos ir até a Zonko's, você não gosta de lá? - Sugeriu.
Fred parecia entusiasmado uma segunda vez, puxava em direção a Zonko's, Logros e Brincadeiras, haviam muitas cabeças em frente as janelas e a porta de entrada do estabelecimento, no entanto, saíram de lado quando e Fred se aproximaram, um enorme letreiro com os dizeres "Encontre aqui a maior quantidade de utensílios para serem usados contra seus queridos amigos" era a primeira coisa que se via quando entrava na loja, parecia que todos os estudantes de Hogwarts estavam aglomerados naquele lugar, era um pouco difícil de andar, e esbarravam em alguém um minuto, ou outro, mas Fred parecia não encontrar problemas em nada disso, não tirara um riso de satisfação do rosto momento algum. Ao contrário. Falava de todas as travessuras que já havia feito com produtos da loja.
- ... E teve aquela vez que Jorge e eu colocamos Pó de Arroto no chá de Percy, foi de longe a melhor ceia de Natal de toda a dinastia Weasley. - Ele dizia divertido.
- Eu não fazia ideia que vendiam tamanhas preciosidades aqui. - comentou pesarosa, não aproveitara o suficiente da loja em sua primeira visita a Hogsmeade, que ocorrera há alguns meses.
- , o nome da loja é Zonko's, logros e brincadeiras. - ele falava pausadamente, como se explicasse para uma criança de 4 anos que o céu é azul. - Essas duas palavras sempre estiveram muito bem esclarecidas para mim.
- Tenho tanto a aprender com você, Fred.
- Olha, você tem mesmo. Estou decepcionadíssimo com você por desvalorizar este antro. - Ele disse abrindo os dois braços, indicando todo o esplendor da loja. E consequentemente acertando dois garotos que estavam próximos. deu de ombros, seguindo em direção a outra prateleira cheia de xícaras-de-chá, fazendo-a lembrar da sala da Profª de Adivinhação.
- O que são esses aqui? - Perguntou a Fred.
- São xícaras-que-morde-nariz. - Ele respondeu, alcançando um par. - Vamos levar. Já até tenho em mente onde podemos usar. - Fred olhava para um grupo de alunos próximos das Minhocas de Apito, e Pansy Parkinson estava entre eles.
- Você não existe Fred Weasley. - ria só de imaginar o que Fred iria aprontar.
- O que? - Ele fingiu-se estar indignado com as acusações de . - Mexer comigo é uma coisa, mas mexer com minha garota?
- Quem foi que disse que sou sua garota? - Perguntou, fazendo charme.
- Se não é, vai ser. - Fred disse pegando-a pela mão e sumindo em meio à multidão. Saíram da Zonko's algum tempo mais tarde com uma sacola cheia de travessuras, e um Weasley satisfeitíssimo, que tagarelava sem parar. por outro lado não deixava de sentir os olhares furtivos que lançavam aos dois, e não entendia a finalidade disso, viu uma, duas vezes o reflexo de si mesma andando de mãos dadas com Fred pelas vidraças das lojas, só o que conseguia pensar era no quão fofos ficavam os dois juntos, o que é que as outras pessoas viam? Um garoto da Grifinória e uma da Sonserina? Um Weasley e uma ? Ou seria alguma coisa pior? Sentiu gotas pesadas e frias contra seu rosto, começara a chover. Fred a apertara contra seu peito, enquanto a chuva começava a cair mais forte.
- Hum... Vamos até Madame Puddifoo, o lugar é bem legal, e é logo ali. - Ele falou baixo, apontando com o queixo uma rua ao lado.
Entraram na pequena casa de chá que jurava já ter passada no frente algumas vezes, sem nunca entrar, o lugarzinho, como ela pode identificar era simpático e acolhedor, inteiramente decorado com babados e rendas, estava um tanto cheio, as mesas, em sua maioria ocupadas por casais. Reconheceu Percy Weasley, irmão mais velho de Fred, com a namorada, Penelope, não se lembrava do sobrenome da moça, e acreditava que Fred havia percebido a presença do irmão também, uma vez que, o viu torcer a boca em contragosto.
- Gosto daqui. - Sussurrou para Fred, arrastando-o consigo para uma mesa afastada.
- É bonitinho. - Fred concordou.
Observando as outras mesas, pode perceber que só haviam casais por todo o lado, todos de mãos dadas e trocando olhares apaixonados, até mesmo Percy e Penelope, sentiu-se um pouco desconfortável, ainda mais quando um silêncio arrebatador surgiu entre ela e Fred.
- O que vão querer, meus queridos? - perguntou uma mulher corpulenta, carregando uma bandeja com bolinhos, espremia-se entre duas mesas.
- Dois cafés, por favor, Madame Puddifoo. - Fred respondeu, sorrindo para a mulher, que assentiu. – Jorge e eu costumávamos vir até aqui e chamegá-la, ela nos dava muffins de graça. - Confessou, fazendo rir.
- O que comprova mais uma vez o que venho dizendo há tempos. O Sr. é um galanteador, Fred Weasley. - disse pausadamente. Fred piscou um dos olhos para ela.
- O que vai fazer nas férias, ? - Ele parecia mais ansioso do que se fez soar.
- Na verdade, eu ainda não pensei sobre isso. - Fez um careta involuntária só de imaginar a possibilidade de voltar para casa naquele verão. - Talvez eu vá visitar um amigo. - Disse, pensando em , e a imagem do amigo que há tanto não via fez seu coração doer.
- E esse amigo seria... Eu? - Fred perguntou, arrancando-a de seus pensamentos.
- Não acho que sua família ficaria contente com uma visita minha, Fred. - Disse pesarosa.
- Eu não teria tanta certeza, minha família não é como aqueles que você costuma conviver, não vão lhe julgar ou virar-lhe a cara porque você é diferente. E mesmo que o fizessem, o que isso importaria? Você estará indo me ver. Os outros que achem o que eles quiserem, só o que importa para mim é estar perto de você - Ele disse se aproximando, não desviara o olhar um segundo que fosse dos azuis de .
- Eu não posso ir para sua casa, Fred, o que seus pais diriam? - disse.
- "Prazer em conhecê-la, , gostaria de ficar para o jantar?" - Fred lhe dizia sorrindo abertamente. - Sabe, você não precisa complicar tanto as coisas, . - Fred a interrompeu. – Por que não dá uma chance para mim? Uma chance a você mesma? - Ele disse alcançando a mão da menina que repousava na mesa, entrelaçando seus dedos. - Suas tentativas de me repelir não estão dando certo, quanto mais você me afasta, mais eu quero entrar. - Fred se aproximava dela a cada segundo um pouco mais. - Você vai chegar a descobrir o quanto posso ser insistente. - Ele havia quebrado toda a distância que havia entre os dois. A menina podia sentir a respiração de Fred bater de encontro a seu rosto. Se a perguntassem algo naquele momento, ela não saberia muito, não saberia nem diferenciar o que é certo do que é errado.
- Acho que tivemos nossa primeira discussão. - disse, quebrando o silêncio, sentindo as borboletas de seu estomago voarem descontroladamente com a proximidade de Fred Weasley.
- Acho que está mais do que na hora de fazermos as pazes. - Estavam perigosamente perto, quando Fred selou seus lábios aos de .

* * *


De longe, não saberia dizer o que é que estava rolando entre ela e Fred Weasley, tudo o que sabia era que gostava, e gostava bastante. Desde aquele pseudo-encontro que tiveram em Hogsmeade, estavam passando muito tempo juntos com relação a antes. não se surpreendia mais quando encontrava Fred lhe esperando próximo as masmorras, onde ficava a sala comunal da Sonserina, nem achava estranho quando ele carregava sua mochila e seus livros, e muito menos quando ele ficava observando-a enquanto ela estudava, como muito faziam ás tardes. E nenhum dos dois dizia nada a respeito disso tudo. E conviviam muito bem com este acordo imaginário mútuo.
- ... E tem um vilarejo perto d'A Toca, mas é um vilarejo trouxa, não é nada importante. - ele dizia fazendo pouco caso. - Eu mesmo já me aventurei por aqueles lados algumas vezes com Jorge, e tem uma atendente num pub que acha incrível meus truques com cartas. - Fred piscou um dos olhos para , a menina fez lhe cara feia e socou seu braço. - Calma aí, meu bem, era só uma garota trouxa. - Tentava arrumar o que havia dito. Sem sucesso. - Onde eu estava mesmo? - Optou por voltar ao assunto inicial. - Ah é, então, vivemos praticamente ilhados da civilização bruxa, o que é muito bom na verdade. - Fred dizia. Estavam há horas sentados debaixo de uma árvore, próximos do Lago Negro, falavam de suas casas e de suas famílias, do céu azul, do pudim de rim que serviram no almoço, falavam de tudo, e falavam de nada, tinha certeza que tudo o que Fred lhe contava, era com uma certa porcentagem de expectativa que ela aceitasse os inúmeros pedidos que o menino havia feito chamando-a para passar alguns dias em sua casa, nas férias. - E também tem os campos, eu poderia te ensinar a voar direito numa vassoura, o que acha? Não seria incrível? - ele continuou, com um sorriso aberto no rosto.
- Eu sei voar direito numa vassoura, Fred Weasley. - exclamou depois de tempos em silêncio ininterrupto.
- Ah, por favor, foi Cedrico Diggory que te ensinou, não pra levar a sério um cara que passa mais tempo cuidando do cabelo do que da vassoura. - Fred falou com descaso.
- Ele é capitão da Lufa-Lufa! - Ela respondeu, um tanto revoltado.
- Touché! - Fred resmungou. - Eu poderia ser capitão da Grifinória se eu quisesse, por sorte sou humilde demais para isso. - riu.
- Se essa está sendo mais uma de suas tentativas frustradas para me convencer a ir para A Toca, você está falhando. - ela disse, cruzando os braços na altura do peito. Fred a observava, ficara quieto de repente, e sempre que ele parava de falar, despertava a curiosidade de . E a encarava com um sorrisinho enviesado, e hora ou outra arqueava a sobrancelha, a menina correspondeu ao seu olhar.
- Estou aqui decidindo se lhe empurro no lago de uma vez, ou se te dou uns bons beijos.
- Eu que vou te dar uns bons tapas na cara.
- Com essas mãos de menininha? Acho que não. - se jogou para cima de Fred, derrubando-o de costas na grama, ele se assustou num primeiro momento, mas logo já estava gargalhando da menina que o estapeava.
- Ei, casal. - Jorge caminhava despreocupadamente com as mãos nos bolsos das vestes. - Vejo que estão se divertindo. - Ele sorria, maliciosamente. - Ou se matando, tanto faz.
- Preferimos Mr. e Mrs. Fred Weasley, por favor. - Fred dizia, ainda estirado na grama.
- Por Merlim, decididamente não existe amor em Hogwarts. O que você está vendo aqui são duas pessoas que se odeiam, e uma delas está prestes a matar a criatura ruiva. - gesticulava com as mãos.
- Cuidado com o que diz, . Não foi isso o que eu estava vendo antes de chegar aqui. - Jorge rebateu.
- Jorge, cara, dá pra acreditar que ainda não aceitou meu humilde convite para A Toca? - Jorge virou para com uma expressão de quem poderia começar um barraco. - Como você teve coragem, ? - Ele começara um barraco. - Não me segura, Fred, eu vou jogar sua namorada como oferenda pros sereianos!
- Eu não vou lhe impedir, irmão, foi uma ofensa muito grande contra meu orgulho de macho alfa, . Meu coração está fragmentado. - Fred dramatizava. - Eu não consigo nem olhar para você. Ah, mentira, eu consigo olhar sim, poderia ficar lhe admirando por horas, dias, por minha vida toda.
- Vocês dois são doentes! Eu não posso continuar aqui. - dizia, já se levantando.
- Iiiiiiih. - Os gêmeos começaram a resmungar. Eles poderiam ser incrivelmente irritantes (e fofos) quando estavam juntos.
- É sério, Weasleys, eu preciso ir, tenho aula do Severo, e ainda tenho que pegar minhas coisas no meu quarto, não posso me atrasar se quero continuar sendo a queridinha do professor. - Falava ao mesmo tempo que terminava de limpar quaisquer vestígios de terra, folha, e sujeira por ter passado tanto tempo na grama.
- Bajuladora! - Jorge logo disse. - , acho que você já pode parar de se queixar pelo chapéu seletor ter te colocado na Sonserina, os únicos que puxam saco do Snape em Hogwarts são da própria Sonserina, você acabou de se consagrar uma, meus parabéns. - Fred fez um high-five com o irmão, rolou os olhos e deixou os dois meninos gêmeos gargalhando enquanto voltava às pressas para o castelo.
Preparariam uma solução mágica na aula de poções daquela tarde, Severo Snape terminava de pontuar algumas instruções extras daquelas que havia anotado na lousa, alguns alunos faziam uma pequena algazarra na sala, o que conflituava com a expressão raivosa do professor, por sorte, ou talvez fosse por azar, eram todos alunos da Sonserina, dividiam aquela aula com Grifinória, e nenhum estudante de outra casa, senão a que Snape fosse diretor, seria louco o suficiente para causar qualquer baderna numa classe de Poções ministrada por Severo. Com exceção, talvez, de Fred e Jorge Weasley.
Podia ouvir algumas risadas vindas das bancadas do fim da sala, a maioria saindo da boca de Draco Malfoy e seu grupo de seguidores da Sonserina, não precisava virar-se para ter certeza disso.
- Como disse, formem duplas. - Severo disse, sem levantar o tom de voz, mesmo olhando sombriamente para os alunos de sua casa que continuavam rindo e conversando em meio a sua aula. - Sr. Malfoy. - Ele chamou, e todos se calaram num instante. - Percebi que está um pouco inquieto hoje, porque não se junta a Srta. para o trabalho, ao menos quando está perto dela não fica pirilampando pela minha sala.
- Prefiro fazer dupla com a Parkinson, professor. - Draco respondeu.
- O Sr. perceberá que sua vontade não é levada em conta nessa sala. Poderá escolher entre preparar a poção com , ou sair das masmorras e ficar com zero nesse trabalho, e como nós dois sabemos que o Sr. optara por ficar com , faça-me o favor e venha logo de uma vez. - Snape terminou, apontando para , que a essa altura corara levemente.
Sentiu Draco sentar com pesar ao seu lado, bufando e espalhando o material pela bancada, sabia o quão difícil era para ele, ser contrariado, era filho único de uma família bem colocada, crescera com todos a seu redor lhe dizendo o quanto ele era melhor que todo o resto, e Draco se apegara a isso veementemente. se diferenciava dele neste aspecto, principalmente, porque tivera a sorte, ou talvez falta dela, de ter pais que se preocupavam com ela na mesma intensidade de que uma pessoa gordo para se empenhar numa dieta. Debatera mentalmente e decidira que o melhor naquela situação seria fazer a solução por ela mesma, sabia que Malfoy não era lá muito bom com poções, repassava as instruções de Severo, e já começara a misturar essência de Murtisco com olhos de besouro. Sentia o olhar pesado de Malfoy sobre si, e também sentia-se tentada a corresponder, queria ver Draco, queria sentir os azuis de seus olhos em contraste com os acinzentados dele, queria ver os cabelos louros, macios, e proporcionalmente bem penteados, queria o rosto pálido, e as sardas mínimas, que alguém que não olhasse para ele tão profundamente quanto não conseguiria enxergar. Era o que mais queria no mundo, mas que também não poderia ter. Talvez por medo, talvez por orgulho, ou quem sabe por um pouco dos dois.
- Mais Murtisco, , sua solução está laranja. Deveria estar vermelha. - Snape comentou, enquanto passava pelas bancadas observando o trabalho dos alunos. - E você, Sr. Malfoy, quando pretende começar a fazer alguma coisa?
Draco bufou, aproximando-se de , ele mexeu em alguns tubos-de-ensaio e num rabo de rato que estava na mesa, sem saber por onde começar, voltou-se a .
- O que é que eu posso fazer? - Perguntou amargamente.
- Descasque as sementes de fogo. - sugeriu. Sem olhar para ele.
A menina terminava de picotar alguns pedaços de Raízes de Gengibre para adicionar a mistura que já borbulhava em fogo baixo, dentro de seu caldeirão. Mexia no sentido anti-horário, e tinha plena certeza que o antídoto para venenos comuns que preparava, estava há poucos passos de curar mordidas e picadas de quaisquer animais, a qual era a finalidade dessa poção. Só precisava das sementes de fogo que Draco ainda remexia. Com uma espiada percebeu que ele não estava se dando bem com sua tarefa.
- Me deixe te ajudar a terminar, Draco. - Pediu.
- Não precisa. - Ele resmungou. Afastando-a com o cotovelo, e colocando um pouco mais de força que o necessário para cortar uma das sementes que faltavam, e consequentemente, rasgando o próprio dedo, o sangue começou a respingar na mesa e Draco gemia de dor. pegou-lhe a mão machucada e apontou a varinha.
- Episkey. - Ela disse e o corte se fechou. Os olhos acinzentados a encaravam furtivamente, e dessa vez, ela não conseguiu ser forte e desviar-lhe, ao contrário, devolvia o olhar, e até arriscou um sorriso. E fora aí que tudo de dissipara.
- Não espere que eu diga obrigado. Não encoste em mim de novo, traidora do sangue, se nossos pais soubessem com quem anda, sentiriam tanta vergonha de você. - ele cuspiu as palavras contra ela. ficou boquiaberta com o que lhe fora dito, tentava engolir algumas lágrimas que teimaram em escorrer. Ficou possessa contra o menino, empurrou Draco com um pouco de força, e este, se desequilibrou, derrubando o caldeirão com a poção que ela ficara a aula toda preparando.
- Você não é o Draco, eu não te conheço mais. - Foram suas últimas palavras antes de sair a passos largos da sala de aula.
Corria pelos corredores com lágrimas escorrendo pelos olhos, a visão estava turva, não sabia para onde estava indo, subia mais alguns lances de escadas, e sentia o coração apertado, fizera uma confusão de tudo, sentia-se como um acidente de trem, e agora estava perdida em suas próprias decisões ruins. Criara um labirinto de más escolhas, não conseguia encontrar a saíd, e era tão solitário. Pensava em Draco e em como passara as últimas semanas bolando jeitos de se reaproximar do amigo se desculpar e começar de novo, sentira a falta dele, de seu Draco, mas agora, quando ele lhe vinha a mente, tudo o que sentia era raiva, sentia um ódio tremendo de Draco Malfoy, por estar se mostrando exatamente tudo o que ela mais desdenhara por toda a vida, um puro sangue. Seria esse o verdadeiro Draco? E aquele que ela costumava chamar de amigo era a máscara? O choro aumentou consideravelmente só de pensar na possibilidade daquilo, estaria vivendo uma mentira por toda a vida? Não tinha mais certeza de nada, e a vista embaçada pelas lágrimas não a deixava ver o caminho que seguia, poderia estar no corredor de transfiguração, como poderia estar na Torre Oeste. Soluçava com a intensidade do choro que irrompia de seu peito e talvez continuasse correndo por todo o castelo se não tivesse trombado contra alguma coisa, algo que a princípio não soube o que era, mas que logo se viu apertada contra um longo abraço e era tão confortador, sentia os braços lhe amparando, e cochichos contra seus ouvidos, a voz lhe dizia "Shh... Está tudo bem, eu estou com você". A mente confusa demorou a captar a verdadeira identidade de seu salvador, fungou por mais alguns minutos nos braços do desconhecido, e quando levantou minimamente a cabeça, lá estava ele, com olhos mais azuis que todo o oceano, um sorriso carregado de consolo, e tudo aquilo o que ela mais precisava no mundo, um amigo. - Não chore mais, . - Fred Weasley segurava o rosto da menina entre as mãos, secando as lágrimas que escorriam. - Quem lhe fez isso não merece que você derrame mais uma lágrima se quer. - Sussurrou próximo ao ouvido dela. - Eu estou com você agora, e nada de ruim irá lhe acontecer. - Ele dizia só para ela ouvir. - Você precisa me dizer o que aconteceu, eu quero ajudar. - Ela negou com a cabeça repetidas vezes. Fred não se deu por vencido, mas tão pouco sabia o que fazer para acalmar a menina em seus braços, nunca antes tivera que encarar alguém do sexo oposto aos prantos, e sabia que sua irmã mais nova não contaria nesse quesito, porque afinal todas as vezes em que vira Gina chorar fora por alguma das brincadeiras de mal gosto dele e do gêmeo. E pensando nisso, olhou para Jorge, que estava em pé, ao seu lado, observando a cena em silêncio, sabendo lidar com aquilo tanto quanto o irmão. Um lançando olhares de socorro para o outro.
- Draco. - Ela começou a dizer. Tão baixo que eles quase não a escutaram. - Draco disse ter vergonha de mim e que se minha família soubesse que sou traidora do sangue, também teriam. - Ela disse, voltando a soluçar, escondendo-se no peito de Fred. O ruivo, por sua vez, sentiu o corpo tremer e sabia que não era por ter tão perto de si, até seria, mas tinha plena certeza que a adrenalina que circulava seu sistema sanguíneo vinha de outro sentimento.
- Jorge. - Ele chamou. - Fique com , por favor, ela não pode ficar sozinha, eu tenho um assunto a resolver. - Fred disse friamente, com o olhar perdido.
- Fred, eu sei o que você vai fazer, não acha melhor... - O irmão gêmeo tentou averiguar, mas foi interrompido.
- Eu volto logo. - Fred depositou um beijo na testa de e sumiu pelos corredores do castelo.
Já era fim de tarde e as aulas do dia haviam terminado, Fred caminhava a passos largos, desviando de um aluno ou outro, haviam muitos pelos corredores, chegou a ouvir chamarem por seu nome algumas vezes, mas não deu ouvidos, continuou andando e de olho em cada canto pelo qual passava, não tinha certeza de onde poderia encontrá-lo, mas Fred Weasley tinha um faro inigualável para atrair encrenca, sua atenção foi atraída para uma risada teatral, observava de longe o rosto pálido e a expressão inabalável de Malfoy. Fechou as mãos em punhos, e logo estava segurando o menino pelo colarinho das vestes, arremessou Draco de encontro ao chão, e por um momento chegou a lastimar por estarem nos jardins e o impacto da queda de Malfoy não ser maior. Não deu tempo do menino se recuperar do susto pelo ataque inesperado, antes que Draco pudesse se levantar Fred o atingiu com um soco bem dado no rosto.
- Peça desculpas a , ou volto para quebrar o resto de sua cara.


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