Finalizada em: 16/02/2021

Capítulo Único

Virei mais um copo de bebida colorida e escutei todos ao meu redor comemorarem. Minha visão ficou turva e eu senti uma mão me segurar pela cintura, de modo que evitasse a minha queda. O que não era nada comparado ao que aconteceu dias antes quando eu recebi um pé na bunda; algo como não posso casar com você, porque estou dormindo com uma das suas melhores amigas. Respirei fundo a fim de expulsar o pensamento que estava tirando o meu sono e procurei no meio de todas aquelas pessoas que eu não conseguia mais distinguir quem era quem.

– Estou aqui, . - ela acenou, enquanto se aproximava mais. – Vamos para casa?

Era mais que óbvio o meu estado e eu sabia que dizer não, não era uma opção, então aceitei ir embora, mesmo que o meu objetivo de perder a consciência ainda estivesse um pouco longe. Eu não daria trabalho a , ela estava aguentando meu porre desde sempre. Deixei a minha amiga me conduzir para fora do pub e, enquanto esperávamos um táxi, permiti meu pensamento viajar mais uma vez, agora embalado pelo vento frio da noite. Como ele teve coragem de me trair assim? Ele sempre foi um escroto do caralho. Como eu não percebi antes? Eu tinha que perceber algo? Eu tinha que esperar isso?
No momento seguinte, eu estava chorando no colo de ao passo que o táxi seguia viagem para a minha casa. Eu iria acabar a minha noite ali? Chorando por um cara? Vou chorar por isso mais tarde.

– Para! - eu disse em meio ao choro.
– A gente ainda não chegou em casa. - disse tranquilamente.
– Minha noite ainda não terminou
– Acho que ela terminou sim. - disse me abraçando um pouco mais forte. – Você está muito alterada, não está pensando direito. - ela continuou.
! Confia em mim. Eu sei que amanhã eu vou acordar com ressaca e reclamarei de tudo que puder, e chorarei pelo mesmo motivo que tenho chorado há uma semana, mas essa noite eu estou me divertindo. - limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto e recuperei a minha postura determinada do início da noite.
– Qual será a próxima parada?

Abracei a minha amiga com toda alegria que ainda me restava e paramos no primeiro pub que apareceu em nosso caminho. Ele não ficava muito longe da minha casa, mas eu nunca tinha ido ali, ele nunca fez o tipo de lugar que o Hunter gostava de frequentar. Aquele otário. concordou em dar uma chance ao lugar também e depois de alguns minutos na fila, entramos. Por fora o lugar parecia um cubículo, mas estava além de ser um simples pub. Sua decoração super moderna deixou tanto eu quanto de queixo caído, o que não passou despercebido pelo barman que ria disfarçadamente.

– Ainda estamos no seu bairro? - minha amiga perguntou depois que fizemos nossos pedidos.
– Estou me perguntando a mesma coisa.

O Dover's era gigante e eu estava apaixonada, ali tinha tudo que um bom pub pode oferecer, além de boas bebidas e gente simpática. Em poucos minutos ficamos sabendo que uma banda estava se apresentando no andar de baixo e não perdemos tempo em ir conferir. Segundo o homem que nos atendeu, a apresentação já estava no final, mas que eles eram muito bons para não ir conferir. Pagamos a nossa bebida e seguimos até onde a multidão levava; um palco muito bem assistido. Eu nunca tinha visto aquela banda, mas eles eram realmente bons.

– Qual o nome da banda? - perguntei a que pulava no ritmo da música.
– No Direction. - uma menina que parecia ser nova demais para estar ali me respondeu sorrindo.

Sorri para a mocinha simpática e deixei a música guiar meus movimentos, e assim se seguiu com as músicas seguintes, até que a banda se despediu e eu fui para o balcão do bar. já não estava ao meu lado, tinha a perdido na ida ao banheiro, eu não sabia direito. Sentei em um dos bancos e pedi mais uma bebida aleatória, que eu não me importava o bastante pra saber o nome, quando senti uma presença no banco ao lado.

– Posso te pagar uma bebida? - a voz grave perguntou. Eu evitei olhar nos primeiros segundos, mas a curiosidade era maior.
– Eu me odiaria se recusasse isso hoje. - eu disse no meu melhor tom de desinteresse. Ele era mais gato do que a média de caras que estavam ali e que eu tinha visto a noite toda.
– Fico feliz em saber disso. Eu odiaria que você recusasse. - ele disse deixando escapar um riso. – Sou o . Estava com a banda lá embaixo.
– Bom te conhecer, ! A sua banda é muito boa. - eu disse ainda tentando me conter. Ele era mais bonito que o normal. Como eu iria conseguir me controlar por tanto tempo? Ainda era um dos caras da banda, e isso era muito sexy. – Eu sou a .
– Nome bonito, combina com você. Então, , você é daqui? - me perguntou e eu me perdi no modo com qual ele dizia meu nome. As palavras deixavam os lábios dele de um jeito tão sensual. – Você está bem? - ele perguntou me despertando daqueles pensamentos.
– O quê?
– Você é daqui? - repetiu a pergunta. O seu olhar era curioso e me fitava com intensidade.
– Sou. Digamos que não moro muito longe.

O que veio a seguir aconteceu num piscar de olhos. A conversa furada não durou muito e quando me dei conta estávamos saindo do pub com destino a minha casa. Era algo novo que eu estava esperando. Aquele homem beijando o meu pescoço ao passo em que apertava a minha cintura me fazia esquecer o motivo pelo qual prometi chorar depois. Por que eu choraria mesmo? Eu tinha motivo para isso? O meu maior objetivo naquele momento era chorar por outro lugar.

***


Acordei na manhã seguinte com o sol no meu rosto. A prometida ressaca estava ali, assim como a minha ânsia de vômito e a minha pouca memória. O que tinha acontecido? Levantei da minha cama com dificuldade e passei na frente do espelho, me arrependendo logo depois, uma marca roxa brilhava no meu pescoço um pouco próximo à nuca e eu estava com uma camisa que eu nunca tinha visto na vida. Olhei para o quarto para me certificar que era o meu e era. Eu só não lembrava do que tinha acontecido direito e minha cabeça doía muito para forçar uma memória. Lembrei de e comecei a procurar meu celular desesperadamente, ela tinha se separado de mim antes do show terminar. Antes que eu tivesse algum sinal do meu celular, a porta da frente se abriu.

– Aqui no quarto. - gritei para a única pessoa que teria como entrar no meu apartamento assim.
– O que aconteceu com você? Está péssima. - disse com toda delicadeza do mundo.
– Você não está muito diferente. - eu saí da frente do espelho e fui para o banheiro. – Onde você se meteu a noite toda?
– Digamos que fiz amizade. - ela respondeu do quarto. – Quem deixou essa marca roxa gigante no seu pescoço?
– Não está tão grande assim. - eu disse enquanto ligava o chuveiro e deixava a água gelada cair no meu corpo. Uma coisa era certa, não sabia quem era o cara que eu tinha ficado.

Fechei meus olhos e deixei a sensação de limpeza me consumir, mas os flashbacks da noite anterior inundaram a minha mente, de modo que me lembrei do que fizemos. Suas mãos apertando minhas coxas e seus beijos no meu busto ainda coberto e então meus gemidos altos demais um tempo depois chamando o seu nome. .

– O NOME DELE É ! - eu saí do banheiro gritando e acordei que cochilava na minha cama.
– Meu Deus, garota! Você quer que eu infarte? - ela sentou na cama no momento seguinte. – E você se lembra de mais alguma coisa? Vocês não trocaram números?
–Acho que ele anotou em algum lugar.
– No seu celular, talvez? - disse, levantando e me dando uma toalha. – Toma. Estou ficando um tanto cansada de ver você pelada.
–Obrigada. - peguei a toalha e voltei para o banheiro.

Eu expliquei para que não estava achando meu celular e alguns minutos depois de buscas por ele, acabamos chegando à conclusão mais óbvia: eu tinha esquecido no pub. ainda tinha esperança de que poderíamos achar, e estava animada por isso, ou por voltar ao pub. Passava das duas da tarde quando decidimos sair. Resolvemos comer algo antes de ir para qualquer lugar que fosse, o que não ajudava muito com a minha ansiedade. Eu tinha que recuperar aquele celular.

– Eu tenho que recuperar aquele celular. - eu disse quando paramos na frente do pub.
– Essa determinação toda é por causa do número do ? - me parou e me fez encara-la.
– Claro que não é só pelo número, eu realmente preciso do meu celular. - eu tentei disfarçar o máximo possível as minhas reais intenções, mas era minha amiga demais para cair naquele papo ou insistir no meu desconforto.
– Vamos achá-lo. - me puxou para dentro e fomos recebidas por um homem alto, vestido de preto que se apresentou como Scott; o gerente. Eu não lembrava do rosto dele, mas ele estava sendo mais do que simpático ao deixar a gente olhar os achados e perdidos fora do horário de funcionamento. Segui o homem até um canto do bar onde tinha uma caixa enorme e comecei a procurar o meu celular. Tinha tanta coisa que eu jurava só encontrar no outro dia.
! - procurei pela minha amiga ao redor e deixei meu queixo cair quando a encontrei aos beijos com o mesmo barman que nos atendeu na noite passada. Eu fui em direção a eles enquanto Scott olhava a cena rindo, o que me fazia acreditar que ele sabia bem mais do que eu.
– Por que está me gritando? Estou bem aqui. - ela disse na maior cara de pau. Seu rosto estava vermelho e ambos estavam ofegantes. – Este é o Peter. - apontou para o rapaz ao seu lado, que acenou para mim.
– Olá, Peter! - acenei de volta. - , eu preciso que você ligue para o meu celular. - a puxei pela mão para que me seguisse.

Paramos em frente a pilha de tralhas e minha amiga começou a ligar para o meu celular perdido. Um toque estridente saiu de algum lugar na caixa e eu o encontrei no minuto seguinte. Respirei aliviada e o destravei logo depois. A minha agenda estava em primeiro plano.

– O número dele está salvo ou não? - perguntou ansiosa.
– Não. Acho que vamos ter que procurá-lo. - eu disse desanimada. Por que era tão importante manter contato com ele? Eu não fazia ideia, mas tinha que encontrá-lo outra vez.
– Eu te ajudo! - minha amiga deu pulinhos, me fazendo rir. só tinha que esperar um pouco mais.




Fim.



Nota da autora: Muito obrigada por chegar até aqui. Espero que tenham gostado da história, porque a parte dois está sendo produzida. <3

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