Capítulo Um - Young
entreabriu os olhos com relutância ao perceber que a iluminação daquele maldito lugar não diminuira desde o momento em que ela acordara, meros minutos atrás, sentindo os raios fracos de sol queimarem suas pálpebras. Sua boca e seu nariz estavam secos, e a sua garganta arranhava. Ela tentou respirar fundo e virar-se de bruços, tampando a cabeça com o travesseiro — que, como todo o resto do lugar, cheirava a umidade e cômodo fechado —, tentando, em vão, voltar a dormir.
Merda.
Sua cabeça doía de um modo tão violento que parecia poder explodir a qualquer momento, seu estômago se revirava — pela dor ou pelas substâncias ingeridas na noite anterior, ela não saberia dizer ao certo — e ela tentava ao máximo não vomitar sobre o assoalho empoeirado do sótão de seus pais.
O sótão de seus pais.
Por que diabos ela estava ali, afinal de contas?
Bufando alto, ela desistiu de tentar voltar a dormir e decidiu que seria uma boa ideia sair dali antes que sua rinite estivesse fora de controle, tomar um banho e talvez comer algo com sua mãe, antes de voltar para o muquifo que chamava de casa. Estava prestes a rolar para o chão quando um braço envolveu sua cintura e puxou-a de volta para o centro do colchão, numa conchinha aconchegante. Seus olhos se arregalaram. Ela prendeu a respiração automaticamente, assustada por descobrir que não estava sozinha ali. Baixando a cabeça, seu olhar foi de encontro à mão posicionada em sua pele e ela sentiu seu corpo gelar. seria capaz de reconhecer aquela mão ainda que se passassem décadas desde a última vez que a vira.
O número 13, tatuado, parecia brilhar em neon e zombar de sua ressaca física e moral: o que DIABOS ela estava fazendo deitada com Dougie Fucking Poynter no sótão de seus pais?
E por fucking, entenda da pior maneira possível.
Não é como se o odiasse. Não. Odiar era uma palavra muito forte e infelizmente não tinha motivos para nutrir sentimentos tão grandiosos pelo homem em questão, ainda que esse sentimento fosse ódio. Os dois eram velhos conhecidos. Suas mães eram amigas de infância e ela era amiga próxima de Jazzie, irmã caçula de Dougie. Claro, Dougie fora seu crush adolescente. Mas ele fora o crush adolescente de aproximadamente toda a população feminina de Corringham nascida entre 1987 e 1999 — e aqui estava fazendo uma média para baixo.
Alguns anos atrás, ela ouvira boatos de que ele se aventurara com uma mulher de Londres, vinte anos mais velha que ele, em algum momento de sua vida. Mas isso não era, de modo algum, da conta de . Afinal, ele era apenas o irmão de sua amiga. Nada mais. E, por esse mesmo motivo, ele não deveria estar deitado com ela de modo tão íntimo, naquele maldito colchão mofado!
E sim, ela havia passado por aquela humilhante situação, quinze anos atrás, quando confessou seu amor por Dougie Poynter em frente a todos os colegas de classe, durante uma brincadeira de Verdade ou Consequência, na festa de aniversário de Jazzie… Ela prometera a si mesma nunca mais beber vodka. Aquele momento ainda assombrava suas memórias vez ou outra, e fazia com que ela se encolhesse de vergonha, mesmo depois de tantos anos e de um amor platônico totalmente superado e bem resolvido.
Certo. Talvez não tão superado e bem resolvido, mas estava bem com as coisas do jeito que eram entre os dois. Dada a oportunidade, sem qualquer compromisso, ela ainda aproveitaria a oportunidade de beijar a boca do baixista ao seu lado? Sim. Sem sombra de dúvidas. Mas sem nenhuma cobrança ou sentimentos envolvidos. Tudo estritamente em função de um pouco de diversão e de um encerramento digno para uma história adolescente de merda.
Porém, de novo, o que mil demônios ele fazia deitado sobre o mesmo colchão fétido que ela?
saiu de seus devaneios e tentou se desvencilhar da mão de Dougie, com a intenção de se levantar, mas foi impedida quando ele a segurou com mais firmeza e resmungou, afundando o rosto na nuca dela — o que causou arrepios deveras inapropriados — antes de murmurar:
— Francamente, , — a voz de Dougie era baixa e rouca contra a pele dela. — você pode ficar quieta por um minuto? Eu estou tentando dormir aqui.
Ela se revirou no pseudo-abraço apertado e conseguiu se posicionar de frente à ele. Absurdamente próximos. Seus narizes quase se tocavam e o calor do corpo dele a aquecia. Ela sentiu seu estômago se revirar em antecipação, mas decidiu que a coisa certa a se fazer era ignorar as reações involuntárias daquele corpo traidor que ela possuía.
— A sua audácia não conhece limites, não é mesmo, Poynter? — indagou, com a testa franzida em reprovação.
— Audácia? — o loiro ergueu as sobrancelhas por um breve momento, fingindo espanto com a colocação da mulher em seus braços. Logo em seguida, ele pareceu encontrar um significado lógico para a reação dela e ele falou pausadamente: — … Você se lembra do que aconteceu ontem, certo?
O silêncio e os olhos confusos dela foram mais do que o suficiente para que confirmasse a teoria de Dougie. Ela não se lembrava de nada sobre a noite passada, mas se aquele cara demorasse mais um minuto para desembuchar e contar tudo o que sabia, ela jurava por todas as entidades desacreditadas que ela chutaria aquela bunda magra dele pela janela do sótão.
— Bom, não é de se admirar, considerando a quantidade absurda de vodka barata que você ingeriu… — ele deu de ombros e respirou fundo engolindo a bile que queimou seu estômago ameaçou subir por sua faringe quando seu cérebro escutou as palavras vodka barata. Ela e qualquer tipo de vodka eram antigas inimigas e já fazia algum tempo que ela se limitava a beber cerveja ou vinho, sabendo que qualquer coisa além disso lhe traria problemas e dores de cabeça no dia seguinte. Aquela informação a deixou um tanto quanto preocupada e, é claro, ainda mais enjoada que antes.
— Você sabe muito bem que eu não bebo vodka, Dougie.
— Eu tentei te alertar, — ele deu de ombros, como se estivesse cansado daquele tópico. — Umas cinco vezes, no mínimo. Mas você realmente estava brava. E, com todo respeito, você estava meio assustadora também.
— Você se lembra de tudo, então?
— Sim? Vai me dizer que você não se lembra? — Ele fingiu estar afetado por aquilo, mas retomou seu ar de indiferença antes de continuar: — Foi uma noite selvagem, nunca vou me esquecer de como você se agarrou em meus ombros e…
— Cala a boca, Poynter! — Ela o cortou, os olhos arregalados e a apreensão clara em seu rosto. Não era possível… Não era possível que ela e Dougie… Mas então Dougie gargalhou.
— Claro que não, ! Você acha que eu sou louco? — não sabia dizer exatamente o porquê, mas ela sentiu o frio da decepção descer por seu estômago e fez o seu melhor para disfarçar aquilo. Anos se passaram, mas Dougie Poynter ainda precisaria estar louco para ter vontade de tocá-la com segundas intenções. Não que ela não soubesse daquilo antes, ou que ela ainda tivesse algum tipo de sentimento romântico por ele — longe disso — mas escutar esse tipo de coisa nunca é muito bom para a auto-estima de uma pessoa que já se sente meio quebrada. — Você estava totalmente embriagada. Tem certeza que você quer saber de tudo?
— Conta logo, vai.
— Qual é a última memória clara que você tem da noite de ontem?
Forçando seu cérebro a ajudá-la naquele momento, conseguiu se lembrar vagamente do momento em que ela e Jazzie viraram uma dose de tequila, na cozinha da casa de sua mãe. Ela se lembrava da música alta saindo do velho mini system e do som da gargalhada alta de sua amiga. Ela se lembrava de sentir o braço de Jordan — ela se sentiu encolher de vergonha quando seus pensamentos chegaram até ele. Céus, por que ela tinha que ser tão desajustada quando se tratava de relacionamentos amorosos? — em torno de sua cintura e o olhar de Dougie casualmente sobre eles. Nada que revelasse muito sobre sua situação atual, e aquilo era irritante.
— Nada muito claro… Quer dizer, — ela soltou um ar pesado antes de continuar: — obviamente me lembro de estar desempregada, de ter que me mudar de Londres para cá, me lembro de não estar bem, de modo geral…
— Você se lembra das doses de tequila? — Dougie perguntou, finalmente aumentando o espaço entre eles e se espreguiçando sonolentamente. apenas balançou a cabeça, negando. — Do Jordan? Aliás, abrindo um rápido parênteses, — a voz dele tinha um leve tom de deboche. — Você já teve um gosto melhor para homens, sabia?
Ela revirou os olhos em sinal de impaciência, é claro que ela sabia que tinha um péssimo gosto para homens. Aquela péssima mania de se aproximar sempre dos mais desajustados, incompreendidos, esperando conseguir deixá-los felizes ou o que fosse… colocava a culpa total e exclusivamente no excesso de romances literários tóxicos que consumira durante a adolescência. Mas, além do óbvio, havia algo nas palavras de Dougie que fizera com que ela começasse a pensar com mais foco nos eventos da última noite. se lembrou de Jazzie preparando uma bebida de frutas cítricas com vodka e sua memória começou a clarear lentamente:
Flashback - 14 de Março de 2021, 19:30, Cozinha dos
— Beba logo, , — Jordan lhe deu um leve empurrão com o ombro, provocando-a. Jazzie havia ido rapidamente ao banheiro, quando terminara de preparar o coquetel, e agora ela se encontrava sozinha com Dougie e Jordan, sentados em bancos altos na bonita ilha da cozinha de seus pais. Não era uma cozinha refinada, nem muito grande, mas era muito bem cuidada e geralmente o lugar onde os orgulhosamente recebiam suas visitas. — é só um drink de frutas. Tem mais açúcar que vodka nesse copo aí.
— Jordan, eu já te disse… O quê? Umas vinte vezes só hoje a noite: eu não posso beber vodka.
— Não pode ou não quer? — ele continuou, pressionando-a. O tom de zombaria em sua voz a irritou profundamente e ela se questionou, mais uma vez, por que ela insistia em sair com ele? Será que ela era realmente tão sozinha assim? Porém, por mais que ele fosse irritante em alguns momentos, especialmente quando estavam em público, ele a tratava tão bem quando estavam à sós. Ela se sentia especial naqueles momentos. Se sentia um pouco menos desajustada.
— Ambos. — ela deu de ombros, jogando seu cabelo para o lado e se virando para bebericar sua cerveja gelada em paz. Seus olhos se encontraram brevemente com os de Dougie. Os anos tinham sido generosos com ele e ela gostaria de entender como um homem poderia ter traços tão bem marcados e ainda portar aquela feição inocente e fofa. Ele era, provavelmente, o único homem heterossexual com mais de trinta anos, que ela conhecia, que não apenas não se importava em vestir qualquer cor, como também ficava absurdamente charmoso com um boonie rosa-bebê.
Ela se repreendeu tão rápido pelos pensamentos sobre o irmão de sua amiga que engasgou com a própria cerveja. Bufando indignada, ela desistiu de resistir aos esforços de Jordan quanto à vodka.
— Me dê isso logo, que merda.
Num gole, ela bebeu metade do copo. "Hm, nada mal, na verdade…", ela pensou. Um tremelique desagradável, que tipicamente acompanhava a ingestão rápida de álcool ruim, passou por seu corpo. "Definitivamente melhor que ficar encarando meu crush dos tempos de colégio na presença do meu ficante a longa data. Certamente mais digno."
— Deixa ela em paz, cara, — Dougie falou, se mexendo desconfortavelmente em seu banco, a voz meio arrastada. — não tá vendo que ela está desconfortável?
— Qual é, Dougie. Ela sabe que eu estou só brincando, não é mesmo, ?
— Tanto faz, — deu de ombros novamente e saiu de seu lugar num salto, indo até a jarra de vidro onde a bebida perigosa se encontrava e enchendo seu copo novamente. — a verdade é que eu só quero esquecer logo essa merda de semana que passou.
— Se a semana foi ruim ao ponto de você aceitar tomar um copo de vodka, eu acredito em você, — o olhar de Dougie focado no dela fez com que ela pensasse que havia algo a mais ali, algo que ele queria que ela soubesse. Ela sabia bem o quê. Os dois não eram exatamente próximos e íntimos, mas isso não mudava o fato de que ele era o irmão de sua amiga mais antiga e que, graças a isso, eles se conheciam relativamente bem.
Ela sabia que aquele olhar significava que Dougie também se lembrava da última vez que tomara um porre de vodka. Havia sido desagradável para todas as partes envolvidas. Ela se perguntava se o tapete da casa dele continuava manchado pelo seu vômito, mas preferia acreditar que não. E então ele continuou, como se lesse seus pensamentos, com um sorriso nos olhos:
— Eu só espero que os tapetes de sua mãe estejam salvos... Não gostaria que eles tivessem o mesmo triste fim que o tapete da minha.
— Vá se foder! — ela mostrou o dedo, sentindo as bochechas corarem, mas não pôde evitar a risada que escapou de seus lábios, silenciosamente agradecendo a sensibilidade de Dougie quanto a como ela estava se sentindo.
— Eu vou fingir que sei do que vocês estão falando — Jordan apreciou mais um gole de seu drink antes de prosseguir. — e continuar tomando essa deliciosa bebida.
— , — Jazzie exclamou, voltando para a cozinha e sentando-se ao lado do irmão. — O papel higiênico acabou e eu tomei a liberdade de colocar outro rolo, de nada.
Uma pausa constrangedora tomou conta do local, mas foi interrompida pela alegre voz de Jazzie.
— Eu não faço ideia do que rolou nesses meros minutos que passei no lindo banheiro dos , — ela se levantou e serviu um copo de shot de tequila para cada um deles, se apressando para distribuir as fatias de limão cuidadosamente cortadas. — Mas eu fui convocada para este recinto com o objetivo único de levantar os ânimos da minha querida amiga, e ninguém, — ela pausou e mirou Jordan atentamente. — eu repito: NINGUÉM, vai me atrapalhar nessa tarefa. Saúde.
Os quatro brindaram e beberam suas doses num segundo. Jazzie Poynter conseguia ser assustadora quando queria.
— Baixa a bola, Jazzie, ninguém fez nada com sua princesa intocável. Nós só estamos trocando uma ideia amigável.
— Vocês poderiam, por favor, calar a boca? — bufou e depois voltou atrás. — Quer dizer, vocês podem falar, ok? Podem, mas por favor, não façam de mim o alvo da conversa. Eu só quero me afogar em álcool e -
— Você está sendo muito dramática, gatinha, — Jordan interrompeu-a. — É só um emprego.
sentiu seu sangue quente subir para a cabeça. Ela só queria ser capaz de finalizar um pensamento sem ser interrompida por ele. Em dias normais, ela não se importaria muito. Mas não hoje. Hoje ela realmente estava abalada. Hoje ela queria ser o centro das atenções e ser consolada por estar sem um trabalho decente, de novo. Ela não era uma pessoa carente, mas não via nada de errado em precisar de carinho num momento de fraqueza como, por exemplo, agora. Respirando fundo, ela tentou se explicar ao homem:
— Não é só um emprego, Jordan. — ela se virou para ele com o cenho franzido em questionamento. — Eu estava prestes a sair de um cargo ridículo no Jornal. Ridículo, mas que pelo menos pagava minhas contas. — Ela deu outro grande gole em sua bebida. — Prestes a ser promovida e na esperança de finalmente escrever algo que bom de verdade, a ser reconhecida… — outro gole. — E eu simplesmente sou demitida? Sem uma explicação? Nada? Como se eu fosse uma guardanapo sujo e descartável?
— Ainda acho está exagerando, é só um emprego meia boca num jornaleco, — ele deu de ombros como se não se importasse com aquilo, bebendo sua cerveja distraidamente. — Ninguém ao menos leva aquele pasquim a sério. E você pode muito bem fazer como eu… Eu estou me virando com meus freelas musicais, não é mesmo, velho? — ele se virou levemente na direção de Dougie, que deu de ombros enquanto bebia sua cerveja, apesar de afirmar com a cabeça. sentiu suas mãos tremerem levemente. Pelo álcool ou pela raiva, ela não saberia dizer.
Mas ela sabia que já havia passado do seu limite de álcool por dia, e se aproveitou daquilo para disparar:
— Eu nem sei por onde começar a argumentar, Jordan, — Ela sentiu sua voz sair um tom mais alto e mais agudo do que esperava. A paciência foi se esvaindo mais rápido a cada batida de seu coração. — Mas vou começar pontuando algumas diferenças entre nós: você mora com seus pais, nunca tem dinheiro para nada e, quando tem, gasta em porcarias. Só sai comigo quando eu pago… E você acha que está se saindo bem? Isso pode te fazer feliz e ser o suficiente para você, mas definitivamente não é o tipo de vida que eu quero para mim.
A tensão que começara a se formar lentamente quando Dougie a defendeu, agora era tangível. Ela sabia que havia atingido um ponto fraco em seu ficante e aquilo fez com que ela se sentisse um pouco melhor, por mais cruel que soasse. "Se você quer jogar esse jogo, que seja."
— Qual é a sua, ? — o cenho de Jordan, geralmente relaxado, agora se tornava duro. — Porcaria? Porcaria essa que você usa sem reclamar, no caso?
— Que porcaria é essa, ? Do que ele tá falando? — Jazzie interveio e sentiu seu corpo congelar de tensão. Aquele não era o modo como ela gostaria de ter essa conversa com sua amiga, definitivamente não na frente de Dougie. A verdade é que havia usado pó algumas vezes. Quando precisara ficar acordada a noite inteira e usar sua criatividade para redigir matérias ridículas sobre subcelebridades que não a interessavam de modo algum. Depois da primeira vez que usara, numa festa com Jordan e seus amigos, sob pressão, ela prometera a si mesma que nunca mais tocaria no pó branco. A ressaca que tivera — a pior de sua vida, sem dúvida alguma — e a depressão que a acompanhara, foram o suficiente para que ela tomasse a decisão.
Mas o fato é que Jordan podia ser realmente convincente, às vezes, e ela acabara caindo na tentação de novo e de novo. Não era algo do qual se orgulhava, pelo contrário. Ela sentia nojo e vergonha de si mesma sempre que dava um tapa. Seu corpo odiava aquilo, mas seu cérebro… Seu cérebro parecia não concordar com o resto. Ela sabia que não estava viciada — ainda. Mas talvez estivesse próxima daquilo.
E ela também sabia que aquela notícia seria um baque para os irmãos Poynter.
Ela sabia do histórico de Dougie com dependências químicas e não queria ser a pessoa a apertar o gatilho do assunto, ou a deixar os irmãos preocupados. Eles não deveriam ao menos ter que presenciar aquela discussão estúpida que estava tendo com Jordan. sentiu as bochechas corarem e uma sensação de desconforto tomar conta de seu estômago ao refletir sobre isso, a humilhação por novamente se sentir inferior atingindo-a em cheio. A certeza de que, mais uma vez, ela estragara a noite das pessoas em sua volta e as decepcionara doía em seu peito e ela bebeu mais um pouco de seu drink a fim de aliviar aqueles sentimentos — afogá-los em álcool. Ela podia ser tão imatura, às vezes.
Talvez Jordan estivesse certo, no fim das contas. Talvez ela realmente estivesse fazendo uma tempestade em copo d'água. Talvez ela devesse apenas superar logo e aceitar que era uma pessoa destinada a empregos de merda em jornalecos de pouco respeito na praça. E talvez ela estivesse mesmo sendo hipócrita sobre tudo aquilo. Afinal de contas, ela havia aceitado experimentar o pó dele naquela vez, quando começaram a sair.
Os olhos de Jazzie — que pareciam cheios de dúvida e decepção, percebeu — se mantiveram fixos na amiga, esperando por uma resposta que muito provavelmente não receberia naquela noite.
Céus, ela era a pior pessoa do mundo.
Perdida em seus pensamentos auto-depreciativos, ela sobressaltou quando a voz delicada de Dougie cortou o ar, mais uma vez em sua defesa:
— Velho, qual o seu problema? — apesar do tom decidido em sua fala, a voz dele ainda era calma, como sempre, e ele riu baixinho desacreditado, enquanto levava uma de suas mãos até a nuca.
— Do que você está falando? — Jordan, por outro lado, era do tipo que se exaltava fácil, apesar de ser muito amigável a maior parte do tempo.
— A está para baixo, ela perdeu um emprego que era importante para ela, — ele respirou fundo, levando as mãos à altura do rosto, ele esfregou a face e bufou com impaciência. — você podia ter um pouco mais de empatia e…
— E o que, Dougie? — Jordan se levantou num pulo, passando os dedos entre os cabelos loiros desgrenhados. Seu copo, agora praticamente vazio, tombou pesadamente no chão de azulejos brancos. Os restos de frutas e gelo se misturaram com os grandes cacos de vidro, e pensou, alheia ao enfrentamento dos dois homens, que aquilo parecia uma bela arte abstrata. Bela e levemente violenta. — Você acha que eu não percebi como você olha para ela?
levantou uma sobrancelha em questionamento, seu olhar se encontrando com o de Jazzie, que deu de ombros e parecia um pouco mais interessada no confronto dos dois rapazes do que o recomendado para alguém que gostaria de manter um clima de paz no cômodo. Jordan caminhou em direção a Dougie, de peito erguido e rosto vermelho.
— Do que você está falando, cara? — Dougie encolheu os ombros, mas Jordan deu mais alguns passos firmes. não se lembrava de algum dia tê-lo visto tão transtornado.
— Eu vou te avisar uma vez, Poynter, — ele agora apontava o dedo indicador, ameaçadoramente, na altura do peito do dito amigo. — Fique longe da minha mina, entendeu?
As sobrancelhas de Dougie se levantaram, enquanto seu sorriso de lado surgia em seu rosto, de modo debochado. Jazzie serviu-se de outra dose de tequila, ainda em silêncio, meio boquiaberta, e em seguida serviu a amiga. As duas viraram o copo com uma careta, e Dougie sibilou:
— Sua?
— Jordan, por favor — implorou, passando os dedos por seu cabelo impacientemente. Quase como se a voz da mulher o despertasse de um transe, Jordan se virou para ela e disse exasperado:
— Você vai ficar do lado dele, ? — Ele apontou para Dougie com a cabeça. — Depois de tudo que vivemos e partilhamos?
— Eu só acho que você bebeu um pouco demais… — a linha de raciocínio da morena foi interrompida por Jordan, mais uma vez.
— Quer saber? — ele se aproximou de . Próximo demais. Seus narizes quase se tocavam, agora. Os olhos dele percorriam o rosto dela, como se procurassem uma resposta sóbria em meio de sua própria embriaguez. O cheiro dele — de álcool e cigarro, que geralmente não a incomodavam — fez com que seu estômago embrulhasse nervosamente. O hálito quente soprava contra a sua pele e ela tudo que ela queria era se afastar dele. Será que aquilo era o que os jovens chamavam de ranço? — Você escolhe, . Ou eu, ou ele. Se você quer que nossa relação continue, eu não quero você perto do Poynter novamente.
A garota deixou uma risada sem humor escapar de seus lábios. Aquele cara estava passando dos limites. Com quem ele pensava que estava falando? Tudo bem, era certo que ela passara pano para atitudes abusivas de Jordan inúmeras vezes, desde o início daquela relação. Também era certo que, em momentos de insegurança e fragilidade, aceitara coisas que normalmente não aceitaria, apenas por medo de se sentir sozinha. Ou simplesmente porque ele fazia com que ela se sentisse jovem e inconsequente. Aquilo tudo era verdade, ela sabia. Além disso, ela ignorara avisos de amigos que diziam ter visto Jordan em festas e pubs, um tanto quanto íntimo de outras garotas quando, para , ele dissera que estaria em casa trabalhando em algum som. Mas como ele ousava fazer uma intimidação como aquela?
Talvez o impulso de coragem que ela precisava viesse do álcool em seu organismo. Talvez fosse a presença de sua melhor amiga. Talvez fosse o olhar confiante do irmão de sua melhor amiga. Talvez ela simplesmente percebera que era forte o suficiente para encarar aquilo tudo, mas não forte o suficiente para aceitar tudo de ruim que acontecia atualmente em sua vida e, no topo disso tudo, um relacionamento de merda.
Todos tem um limite, e o de era aquele.
Ignorando o bonito copo de shot próximo a ela, se apossou da garrafa de vidro — seu conteúdo, cintilante e dourado, agora pela metade — e virou uma quantia generosa em sua garganta. Coragem Líquida, ela pensou enquanto sentia a tequila descer, queimando seu interior, demarcando o caminho por onde passava.
Calma e pausadamente, se levantou. A diferença de altura entre ela e o loiro a sua frente não foi o suficiente para intimidá-la. Olhando dentro dos olhos dele, ela declarou:
— Saia da minha casa, Jordan.
— Mas, —
— Saia. Da. Minha. Casa. — ela respirou fundo, uma tentativa frustrada de manter a calma e o conteúdo de seu estômago no lugar. — Agora.
Percebendo que Jordan não apenas não seguiria as ordens de sua amiga, como parecia ficar cada vez mais desestabilizado e violento, Jazzie se aproximou e segurou o braço do rapaz com certa firmeza, puxando-o em direção a porta.
— Vamos, Jordan, — Jazzie falou, e sua voz parecia muito mais sóbria do que havia estado momentos antes. — Eu te acompanho até sua casa.
Antes de fechar a porta da casa dos atrás de si, Jazzie lançou um último olhar para a cozinha e pediu ao irmão:
— E você, pirralho, toma conta da por mim.
Capítulo Dois - Dumb
— Eu estava tão ruim assim? — perguntou, afundando o rosto nas palmas das mãos. Vexame e humilhação. Mas, no momento, ela estava muito mais puta por ter se envolvido com o Jordan, e se acomodado num quase-relacionamento de merda, do que por ter bebido e vomitado na presença de Dougie Poynter.
— Não foi tão ruim — ele respondeu, prolongando o "tão" por mais tempo que o necessário, fazendo com que ela levantasse uma sobrancelha questionadora. — Tá, foi tão ruim assim. Quer dizer, você parecia uma versão mais nojenta do Squirtle — Ela levantou a sobrancelha mais uma vez. — Mas Pokemóns são fofos, !
bufou e se remexeu, tentando se levantar, mas sua cabeça latejava e tudo que ela conseguiu com aquilo foi que sua vista queimasse ainda mais. Sentindo-se um pouco enjoada, decidiu que talvez fosse realmente melhor ficar onde estava. Era só… Frustrante. Ela achou melhor aproveitar que Dougie estava deitado em sua cama, sem camisa e, aparentemente, com tempo livre, para fazer o que toda pessoa em sã consciência faria em seu lugar:
Se explicar.
— Olha, Dougie… Eu nem sei por onde começar… Eu… Sinto muito. — Ela respirou fundo, tentando manter o conteúdo de seu estômago parado e seus olhos o mais abertos o possível com aquele nível de ressaca. Ela poderia, sim, se levantar, tornar-se apresentável e tomar algo que a fizesse se sentir melhor. Porém, no fundo, ela temia que ele não tivesse tanta paciência assim. — Eu não acho que o modo como as coisas se desenrolaram na noite passada foi… o ideal. Mas, ao mesmo tempo, eu precisava fazer aquilo. Eu precisava dar um fim ao que quer que fosse que estava acontecendo entre Jordan e eu. Há um tempo eu tinha isso em minha cabeça, mas não tinha coragem. Meu medo de ficar sozinha, meu medo de ser uma adulta frustrada, meu medo de ser a vergonha dos meus pais… Todas as minhas inseguranças… Tudo me impedia de colocar um ponto final, mesmo que eu quisesse fazer isso a tanto tempo.
Para sua surpresa, Dougie apenas acenou, enquanto sua mão brincava com o cachinho que caía sobre o rosto de , colocando-o atrás de sua orelha delicadamente e prestando atenção no que ela tinha para dizer. O olhar dela desviou rapidamente, num milisegundo, para os lábios dele e voltaram aos olhos. Talvez ela ainda estivesse intoxicada, mas seus lábios pareciam tão convidativos. Afastando o pensamento, ela prosseguiu:
— Eu sei que eu sou uma idiota… Sobre o que o Jordan falou — uma pausa e Dougie franziu o cenho, parecendo preocupado, intrigado. Ela engoliu em seco, sabendo que aquela conversa seria quase uma tortura — Não é algo que eu faça com frequência. Aconteceu vez ou outra, em momentos um tanto quanto difíceis nos últimos meses, mas não é algo que eu goste de fazer, não é algo que eu queria me envolver, de fato. Até porque, provavelmente foram as piores ressacas físicas e morais da minha vida, e eu me sinto um lixo por ter chegado ao ponto de ao menos cogitar usar pó. Mas eu usei, e é isso. E eu não queria, de verdade, que a Jazzie ou você ficassem sabendo. Não é problema de vocês, eu não queria deixar ninguém preocupado.
sentiu lágrimas começarem a se formar por trás de suas pálpebras. Seus olhos ardiam e ela piscou, tentando evitar se constranger ainda mais.
— Eu não quero ser um peso para a Jazzie. Ou para ninguém. Eu não sei onde, em que momento, minha vida chegou onde chegou, mas eu sei que esse não é o lugar onde eu quero ficar. — Ela suspirou, tentando conter um pequeno soluço que a vontade de chorar lhe causava e sua voz falhou. — Além disso, eu sei que você não tinha a menor obrigação de ficar aqui, comigo. De cuidar de mim. De me escutar chorando as pitangas da vida. Você provavelmente tem tanta coisa melhor para fazer com seus dias aqui em Corringham… Obrigada por ter ficado.
Dougie balançou a cabeça, suas feições ainda fechadas, e seus dedos se entrelaçaram nos cachos com os quais ele brincava momentos antes, fazendo com que inclinasse a cabeça contra sua mão, facilitando o carinho. Há quanto tempo ela não recebia carinha? Ela se sentia tão sozinha. Merda.
— Você não tem que me agradecer, . Quer dizer, é bom saber que meu esforço foi reconhecido, porque não é todo dia que eu lavo um banheiro cheio de vômito — os dois riram baixinho — É que eu também tenho coisas a te falar.
Ela sentiu seu coração apertar com o medo do que escutaria a seguir.
— Você definitivamente precisa procurar uma psicóloga.
deu uma risada sem graça, mas Dougie continuou sério, então ela parou.
— Sério?
— Sério. Não digo isso por mal. Eu só não quero ver você no buraco que eu estava há um tempo. Eu não desejo isso a ninguém, muito menos a você. Eu sei que as pessoas mudam e que nós não somos mais adolescentes no ensino médio. Mas a das minhas memórias… — Um sorriso de lado nos lábios dele, e algo sonhador em sua voz, fizeram com que se atentasse a cada detalhe de seu rosto enquanto ele continuava: — Ela era tão forte, decidida, não tinha medo de nada! Inclusive de falhar! Eu sei que é uma merda, isso tudo. A vida adulta, as responsabilidades, a impressão de que, às vezes, temos que carregar o mundo inteiro nas nossas costas. É muito fácil levar uma vida tóxica, com relacionamentos tóxicos, quando se é adulto. Porque ninguém fala sobre isso. Ninguém te conta que, eventualmente, você vai ter muito a perder se falhar. E que isso vai te encher de medos e inseguranças e pensamentos de merda. Ninguém fala sobre isso. Você pode achar que é a única pessoa no mundo sentindo o que está sentindo, mas a verdade é que nós estamos todos fodidos. E é muito fácil se deixar levar por um momento de euforia, por uma chance de se sentir seguro. Mas nem sempre o fácil é o melhor a longo prazo. Você precisa falar sobre isso com um profissional.
Quando uma lágrima solitária escorreu pelo canto de seu olho em direção ao colchão, Dougie a apagou com o polegar. E ele sorriu para ela, aquele sorriso que estava tatuado em sua memória. Aquele em que seus olhos se fechavam e ficavam pequenininhos e fazia com que a de quinze anos desse risadinhas histéricas e sentisse coisas estranhas na barriga. Acontece que a de agora se sentia basicamente do mesmo jeito, e aquilo era tão errado.
— Você pode falar comigo, ou pode não falar comigo, também. Mas se você quiser, se você precisar de alguém, eu quero que você saiba que eu estou aqui.
— A não ser quando você está em turnês pela América do Sul.
— Ou pela Austrália.
— Ou pela Europa.
— Mas é para isso que existe whatsapp, não é mesmo? Eu sei que nós não somos tão próximos, e que você não tem motivo algum para acreditar em mim. Mas a verdade é que…
O coração de pulou uma batida. E então disparou. Céus, o que estava acontecendo.
— A verdade é que eu não acho que o Jordan mereça você — Dougie soltou uma respiração que parecia não saber estar prendendo. Como se aquilo estivesse entalado em sua garganta por muito tempo. — Eu amo o Jordan, não me entenda mal. Eu acho que ele é um músico brilhante, um amigo divertido. Mas ele definitivamente não te merece. Ontem foi apenas a última prova que eu precisava para ter certeza disso. Não que isso seja problema meu, eu sei que não é.
— Dougie…
— Não, deixa eu terminar, por favor. — ele se virou, ajeitando-se no colchão e encarando o teto. Suas bochechas coraram quando ele finalmente falou: — Quando o Jordan me contou, meses atrás, que estava ficando com você, eu fiquei puto. De verdade. E eu não sabia o motivo. Eu só… fiquei. Não fazia sentido. Vocês dois. Simplesmente não fazia. Mas a última vez que eu tinha visto você, conversado com você, fazia tanto tempo… Eu não tinha o direito de estar me sentindo do modo como eu estava. Especialmente porque, na época, eu ainda estava namorando. Era um relacionamento bom? Não era. Mas isso não justifica.
Por mais que ele estivesse totalmente concentrado no teto, não conseguia descolar os olhos de seu perfil.
— Eu estava sentindo… Coisas. Que eu não queria sentir, para ser sincero. E foi quando eu decidi terminar meu relacionamento e me dar alguns dias de folga, vir passar um tempo com a minha família. Eu não sabia que você estaria aqui, claro. Eu pensei que estava tudo bem com você e sua vida em Londres.
Ele se virou para ela, novamente. Era claro que aquela conversa não estava sendo a mais confortável do mundo para ele.
— Quando a Jazzie me contou o que tinha acontecido, uma parte muito, muito errada dentro de mim secretamente ficou feliz com o fato de que havia uma possibilidade de eu te ver. Mesmo que casualmente. Eu queria checar aquelas coisas. Uma outra parte, uma parte muito melhor, estava preocupada pra caralho, quero deixar claro.
Os dois riram. Eles estavam tão próximos que as pontas de seus narizes quase se tocavam, ela já conseguia sentir cócegas onde a respiração dele tocava. Tão próximos que ele estava quase fora de foco. Ou talvez fossem as malditas lágrimas que teimavam em se formar, mesmo que ela estivesse rindo. As borboletas em seu estômago estavam indo à loucura, como se elas ainda estivessem bêbadas da noite anterior.
— Poynter, eu sempre soube que você tinha um crush em mim! Sabia que não era coisa da minha cabeça!
— Eu não sei do que você está falando, . Eu tenho um crush no Jordan.
Silêncio.
— É brincadeira. Eu, de verdade, não sei o que sinto. Eu sei que sou atraído por você, e é isso. E quero te proteger o tempo todo. E que eu penso em você com mais frequência do que é saudável — ele suspirou, seu olhar dançando entre os olhos e os lábios dela. — E eu sei que isso não deve ser sua prioridade agora. Eu quero você bem, eu quero você forte. Eu quero que, se um dia, por milagre da vida ou coisas do destino, nós estivermos atraídos um pelo outro ao mesmo tempo, que você esteja completa. E se você precisar de mim na jornada, emendando uns pedaços — ele levantou os ombros. — Você pode me usar o quanto você quiser, . Eu sei que sou um idiota por só estar falando isso depois de anos. Mas nem eu tinha noção do que se passava em minha cabeça. Nunca assumi que eu realmente me importo com você. Então sim, eu sou um idiota. É que eu meio que sou um idiota por você.
— Mas… Mas, Dougie… — Era tudo tão confuso, nada fazia sentido para ela. — Você disse mais cedo que nunca faria "algo do tipo"... Isso?
— Sim, e continuo firme em minha decisão. Eu nunca faria nada com você. Não quando você estava embriagada do modo que estava, sem ter controle de suas ações e decisões. Eu não sou esse tipo de pessoa. Se formos fazer… "algo do tipo", eu quero ter plena consciência de que ambos estamos sãos. Certos da merda em que estamos nos metendo.
sentiu um sorriso começar a se formar em seus lábios e se espalhar por todo seu rosto, dominar todo seu corpo. Era possível sorrir com cada milímetro seu? Talvez fosse. Em algum momento durante aquela conversa, suas pernas se entrelaçaram às dele. Tão próximos. Não próximos o suficiente. A mão de Dougie em sua cintura. O polegar dele acariciando, com leveza, a pele por debaixo da sua camisa de algodão, fazendo sua pele se arrepiar com o toque. Um beijo de esquimó acidental. Seu quadril acidentalmente se movendo em direção ao dele, e os dedos dele reagindo ao movimento, apertando sua cintura como resposta, puxando-a para ele. Ela conseguia sentir as batidas de seu coração em seus ouvidos, nas pontas de seus dedos. A mão que apertava sua cintura percorreu um caminho lento até sua nádega, apertando-a, e Dougie sorriu de lado antes de — finalmente — colar seus lábios nos dela.
Sentindo que já havia perdido muito tempo sem fazer aquilo, decidiu tomar iniciativa e aproveitar cada minuto. Foda-se as consequências que aquilo traria. Se ele era o irmão de sua melhor amiga, um ídolo pop ou um morador de outra cidade. Ela pensaria sobre isso depois. Agora era a hora de fazer o que gostaria de ter feito anos atrás e, por isso, ela mordiscou o lábio inferior dele levemente antes de deslizar a ponta da língua por ele. E parece que aquilo foi sinal o suficiente para Dougie, que levou sua mão até sua nuca, enrolando seus dedos nos cachos de , aprofundando o beijo. Um beijo que deveria ter acontecido muito antes. Um beijo que começara quase inocente, mas que gradativamente se tornava mais quente. Suas línguas se tocavam como se já se conhecessem, seus corpos respondiam aos toques como se cada um deles fosse de vital necessidade. Como se eles quisessem ocupar o mesmo espaço.
Ela levou sua perna até a cintura do loiro, colocando seus quadris, sentindo-o contra sua intimidade. Suspirou. Dougie rolou o corpo para o lado, levando-a consigo, e agora ela estava em cima dele. Naquela posição, ela conseguia senti-lo contra si perfeitamente. As mãos dele percorriam seu corpo, acariciando, apertando, desfrutando sua pele, suas curvas, enquanto separou suas bocas — meio que a contragosto, mas por um bem maior — e distribuiu selinhos por aquele maxilar que ela tanto desejava, descendo até o pescoço, seus selinhos viraram mordiscadas leves, arrancando grunhidos roucos da garganta dele. As mãos de foram até a barra da calça que ele ainda vestia, preparando-se para se livrar dela e…
— ? Você sabe se o menino da Sam esteve aqui em casa ontem? — Os dois congelaram ao ouvir a sra. gritar do andar de baixo. , com as mãos prestes a desabotoar as calças de Dougie, as mãos de Dougie prestes a apalpar os seios de . Ambos sussurraram um merda sincronizado e jogou-se ao lado dele no colchão. — Faz séculos que eu não vejo aquele menino pelas redondezas, não é ele que toca numa bandinha de meninos bonitos? — Agora ela parecia estar falando mais com ela mesma que com a filha, e a voz aos poucos foi ficando mais baixa. — Ah sim… O baterista é um pitel… Isso mesmo, Elizabeth. Busted, se não me engano. Era um menino muito educadinho, uma gracinha mesmo…
— Acho que é melhor eu ir para casa. Preciso contar para o Harry que se um dia a Izzy não o quiser mais, ele tem alguém disponível para esquentar os pés a noite. — Dougie passou os dedos pelo cabelo, rindo. virou o rosto para ele, observando seu rosto corado, o sorriso meio tímido. Céus, ela tinha mesmo acabado de dar uns amassos pesados em Dougie Poynter? Sua eu de quinze anos ficaria tão orgulhosa se soubesse disso!
— Eu quero morreeeeer… — resmungou, frustrada. — Mas eu também quero muito escovar os dentes e tomar um banho quente antes de morrer, seria péssimo ir para a cova nessas condições.
Ela se assustou quando, de repente, o tronco de Dougie estava sobre o dela, distribuindo beijinhos por seu rosto.
— Você é louca, . — Um beijinho na ponta de seu nariz. Um na testa.
— Você não estava indo embora, Poynter?
— Por acaso está me expulsando? É isso mesmo?
Ela mostrou a língua e empurrou o ombro dele de leve.
— Vai logo, anda. Antes que eu mude de ideia.
— Eu adoro quando você manda em mim. Manda mais, sua gostosa. — Ele falou em tom de deboche, enquanto cutucava o quadril da garota, fazendo com que ela se contorcesse, por causa cócegas.
— Meu Deus, você é insuportável. A Jazzie estava certa!
— O quê? A Jazzie falou que eu sou insuportável? Isso é ridículo!
— Ela aparentemente nunca passa frio, pois está coberta de razão…
— Certo, eu estou indo. Minha mãe deve estar preocupada também. Esteja pronta às oito, . — Ele falou enquanto vestia sua camisa e tentava, inutilmente, alisá-la com as mãos. Com um último selinho em e sem esperar por alguma resposta, saiu pela porta do sótão.
— Ei, pirralho — Jazzie abriu a porta e, por algum motivo, Dougie achava que ela não estava de bom humor. — Entra logo, não tenho tempo para ficar segurando a porta o dia inteiro.
— Bom dia para você também, minha irmã mais amada de todas — Ele seguiu o conselho e entrou, apertando a bochecha da mulher para provocá-la.
— Sai. Você foi encontrado no lixo, já te falei mil vezes. — Ela saiu de perto, caminhando pelo Hall e indo até a cozinha, onde Sam, sua mãe, preparava o almoço. Era engraçado como a noção de espaço mudava de acordo com a idade. Dougie se lembrava de pensar que a casa em que crescera era enorme! Agora, quase vinte anos depois de deixar aquela cidade, tudo parecia tão pequeno. Ainda assim, não importa quanto tempo passasse, aquela seria a casa dele.
— Mãe, a Jazzie falou que eu fui achado no lixo! — Ele gritou para Sam, fazendo voz de birra, enquanto pegava uma maçã da fruteira.
— Jazzie, você sabe que seu irmão é emotivo, seria melhor ter mantido isso como um segredo entre nós duas!
— Isso é um complô?
— Claro que não — Sam secou as mãos no pano de prato em seu ombro e foi até o filho, ficando nas pontas dos dedos para depositar um beijo em sua bochecha. — Mas estava preocupada. Jazzie me contou que não estava muito bem. Ela está tendo problemas com álcool de novo?
De novo? Então a fama de estava consolidada assim na cidade?
— Não é problema, mãe — Jazzie resmungou, pronta para defender a amiga. — Ela só está passando por uma fase difícil. Achei que seria bom para ela poder conversar um pouco com o Dougster. — com um tom mais baixo na voz, fingindo descaso, ela rolou os olhos: — por algum motivo ela é encantada com o tampinha.
— E tem como não ser? Meu filho é encantador. Se cortasse um pouco o cabelo…
— Mãe!
— Não está mais aqui quem falou… — Sam levantou as mãos em sinal de paz e voltou sua atenção para o fogão, enquanto Dougie puxava uma cadeira para se sentar ao lado de Jazzie, que parecia focada em seu computador e ainda parecia prestes a matar alguém.
— Ei, Jazz, fala comigo… — Dougie cutucou a irmã no ombro inúmeras vezes até finalmente conseguir sua atenção. Ela bufou, olhando para ele emburrada. Ele cochichou, não muito confortável com a ideia de que sua mãe fosse escutar o que ele tinha a dizer. — Vou levar a para sair hoje à noite. Alguma dica?
— Você o quê?
— Vou levar a para sair.
— Céus, tantas coisas se passam em minha cabeça nesse momento… — Ela afastou a cadeira da mesa, levantando-se e andando em direção a escada que levava para o segundo andar da casa, onde ficavam os quartos. Quando percebeu que Dougie não deu sinal de que a seguiria, virou para trás e gesticulou impaciente para que ele também fosse até lá.
Os dois subiram as escadas em silêncio, que apenas era cortado pelos passos contra o carpete e por Jazzie resmungando coisas ininteligíveis. Eles entraram para o quarto dela, onde Dougie se jogou na cama confortável e ela se sentou na cadeira da escrivaninha.
— Você tem certeza do que está fazendo, Dougie? Não acha que está agindo por impulso e vontade de se aventurar como o bom sagitariano que é?
— Assim você me ofende! Quando foi que eu agi por impulso nessa vida?
Os dois se encararam, fingindo seriedade. Jazzie levantou uma sobrancelha inquisitiva. Dougie copiou a ação. A sobrancelha de Jazzie subiu um pouco mais. Dougie desistiu do desafio.
— Certo… Talvez, às vezes — muito de vez em quando, eu aja por impulso. Mas não é o caso agora, ok? Eu realmente estou afim de tentar algo com a . Não é como se a gente estivesse fugindo para se casar… É só um encontro. Nada demais.
— Hm… Se você diz. É que eu não quero que ninguém sofra, sabe? Você teve seus problemas em relacionamentos passados, ela está enfiada em merda até o pescoço atualmente… Só não… Apresse nada, ok?
Dougie assentiu com a cabeça, pensativo, e Jazzie continuou:
— Quanto a um date… A gosta de coisas casuais, informais… Eu sei que faz um tempo que ela está afim de ir ao Flip Out, aquele parque de trampolins que abriu há alguns meses. Não é tão longe daqui, e fica bem localizado. Acho que você pode pesquisar alguma coisa legal a partir disso.
— Ok, Flip Out… — Ele repetiu, memorizando — Você é a melhor, Jazzie! Prometo não te decepcionar!
— O Jordan vai te matar, Dougie…
— Eu sei, eu sei…
— Isso vai dar tanta merda… Por que eu estou sentindo como se estivesse no ensino médio de novo? Pelo amor da deusa, eu já tenho mais de trinta anos… Eu poderia estar fazendo tanta coisa melhor com a minha vida…
Enquanto escutava a irmã reclamar sem parar, a cabeça de Dougie vagou para os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas e as palavras de Jazzie. Embora ela estivesse mais rabugenta que o normal, parte dele sabia que ela tinha razão: Jordan o mataria. E, pior ainda, Jordan poderia tentar se vingar de algum modo, atrapalhando os projetos da banda. Por mais que Dougie fosse impulsivo e aventureiro, ele nunca deixaria que nada entrasse no caminho do sucesso da banda — mais uma vez. Ele tivera sua lição e aprendera com ela. Faltava pouco até o álbum estar completamente produzido, de qualquer modo. Muito pouco.
Além disso, o término de Jordan e ainda era deveras recente, se ele que eles tinham mesmo terminado de vez. Os dois provavelmente ainda teriam muito o que conversar e se acertar, e não seria legal da parte de Dougie ficar no meio disso.
Talvez a coisa certa a se fazer fosse se afastar, por enquanto.
Por mais que doesse em Dougie aceitar aquilo. Por mais que ele soubesse que talvez nunca mais lhe desse outra oportunidade. Por mais que fosse uma saída covarde, Dougie sabia que era o que precisava ser feito. Ele havia demorado tanto para assumir que sentia algo em relação a , havia demorado tanto para agir em relação a esses sentimentos, e agora lá estava ele. Fugindo. Pelo menos ele pensava que sua irmã seria mais piedosa que Jordan ao planejar sua morte.
De repente, ele sentiu que precisava vomitar.
Às sete e quarenta da noite, estava pronta. Ela não sabia o que deveria usar, já que Dougie não respondera nenhuma de suas 5 mensagens e áudios no whatsapp, e quando ela tentou falar com Jazzie, ela disse que não sabia do paradeiro do loiro. Por fim, ela decidiu pela boa e velha calça jeans larga, de lavagem clara, uma camisa de malha branca e um converse também branco (Ou, de acordo com sua mãe, "esse tênis um dia foi branco, hoje em dia nem água sanitária dá jeito. Pode ir direto pro lixo.").
Às oito, contrariando todas as expectativas britânicas sobre moral e bons costumes, Dougie Poynter não apareceu. tentou relaxar, talvez alguma coisa havia acontecido e ele ia se atrasar. Não queria que sua mãe percebesse que ela estava ansiosa. Abriu uma cerveja para não pensar muito naquilo e manter as mãos ocupadas.
Às oito e meia ela tentou entrar em contato, mas seu telefone estava desligado e Jazzie dizia não saber do paradeiro do irmão. Ela já estava na terceira cerveja. Por que mesmo ela pensara que algo bom aconteceria naquela noite? Eu não acredito que me depilei para isso! Era tudo que conseguia pensar naquele momento.
Às nove da noite, relativamente bêbada após seis cervejas, levantou-se do sofá na sala de estar e subiu as escadas lentamente até o sótão. Retirou seus sapatos, jogando-os num canto. Abriu a janela, deixando a brisa fresca da noite entrar no cômodo. Seus olhos arderam, e ela não sabia ao certo se as lágrimas se formavam por causa do vento ou pelo sentimento amargo que tomava conta de seu peito. Apoiando-se na fresta, ela respirou fundo. A lua brilhava e havia muito mais estrelas visíveis do que o céu de Londres. Talvez Corringham não fosse assim tão ruim. No fim das contas, ela sabia que estava em pedaços e precisava se recuperar. Precisava de um tempo só com ela para organizar tudo que estava bagunçado dentro de si. Talvez o fato de que Dougie nunca aparecera fosse um bom sinal. No fim das contas, Dougie Poynter ainda era apenas um jovem idiota.
Ela acendeu um cigarro e tragou profundamente, sentindo-se relaxar enquanto a nicotina era recarregada em seu sistema e as estrelas brilhavam de modo tão bonito que pareciam zombar de sua decepção.
Seu celular piscou, chamando sua atenção. Pousando o cigarro no cinzeiro sujo junto à janela, deslizou a tela e clicou no ícone do whatsapp. Seu coração batia rápido e sua mãe estava levemente trêmula.
visto por último hoje às 21:15
, sinto muito enviar essa mensagem tão tarde. Eu sei que é idiota da minha parte e você provavelmente nunca vai me desculpar, mas eu precisei voltar para Londres… Problemas da banda, eu simplesmente não pude adiar. Planejo voltar para Essex em breve, e espero que você me perdoe e que a gente possa conversar. Fique bem xx
Fique bem? Maldito. Idiota. Crianção.
se sentia tão… Boba. Tão imatura por ter acreditado nele.
Afastando-se da janela, limpando algumas poucas lágrimas que teimaram em escorregar por suas bochechas, ela foi até sua mochila e sacou seu notebook e o caderno de anotações. Estava na hora de fazer o que ela fazia de melhor — depois de merda. Merda era o que ela fazia de melhor.
Escrever.
Capítulo Três - Thrills
visto por último hoje às 20:00
o tempo está horrível em Londres. Bom que você não está aqui, não sei como seu cabelo reagiria.
eu estava brincando, eu realmente gosto muito, muito do seu cabelo.
visto por último hoje às 20:00
acho que a idade chegou, estou com dor na lombar depois de passar o dia com os meninos do Tom. Meus gatos dão menos trabalho.
visto por último hoje às 20:00
estou viciado em Animal Crossing de novo, você devia jogar, sabia? Quero visitar sua ilha tropical :p
visto por último hoje às 20:00
Você ainda está puta, né? Tudo bem, eu entendo… Acho que eu fiz por merecer… Mas eu quero que você saiba que eu não teria feito isso se não fosse por um motivo realmente sério. Eu espero que você esteja bem e se cuidando.
visto por último hoje às 17:00
A Jazzie se recusa a dar notícias suas e eu começo a suspeitar que esse número nem é seu mais. Eu só preciso saber se você está bem.
visto por último hoje às 20:00
Vou seguir os conselhos dos caras e te dar seu espaço. Mas eu tô aqui pro que você precisar. Eu não retiro nada do que eu disse aquele dia, e…
Eu só queria parar de pensar em você e em como eu me sinto quando estou com você.
13 de Junho de 2021, 10:00 am, Corringham
O dia estava bonito, o sol brilhava no céu e não havia previsão de chuva — aquilo nem ao mesmo parecia o país da rainha. Mas Dougie Poynter recebeu o clima gostoso como um bom presságio. E, pelos deuses, como ele precisava de bons presságios hoje.
Após exatos três meses praticamente refugiado em Londres, trabalhando incansavelmente no estúdio da banda, sem muito contato com qualquer pessoa que não fosse parte da equipe ou da família direta da equipe, ele finalmente se sentia pronto para dar um passo à frente com . Se ela o desculpasse.
Sentindo suas mãos suarem, Dougie posicionou o embrulho caprichado que trazia consigo embaixo do braço, e as esfregou em sua calça jeans clara. Seu estômago embrulhava, fazendo com que ele se arrependesse de tudo que comera de manhã, mas ele ignorou a sensação desconfortável, respirou fundo e deu mais um passo em direção a porta da casa da família .
E então um pensamento absurdo passou por sua cabeça: E se a sra. o odiasse? Se ela soubesse do que acontecera e nunca mais deixasse a raspa de bolo de coco para ele?
Se recomponha, Dougie. Essa não é sua prioridade aqui. Apesar de o bolo de coco da sra. sempre cair muito bem com uma xícara de café.
Ele bateu na porta três vezes, ignorando a campainha, porque a família não usava campainhas. A primeira batida foi fraca, parte dele — a parte medrosa — desejava que a casa estivesse vazia, ou que ninguém o escutasse. A segunda batida, um pouco mais forte, dizia a ele mesmo que ele precisava agir como o adulto que era, de vez em quando. A terceira foi interrompida pela maçaneta de bronze girando. Uma porta nunca se abriu tão lentamente quanto aquela. Ele teve tempo de corar, respirar fundo e fingir estar muito interessado nas flores cuidadosamente plantadas no pequeno jardim dianteiro da residência. Mas eventualmente a porta se abriu, e a sra. estava parada, sorridente, na soleira.
— Menino Dougie! Como você cresceu! — Ela falou amigavelmente, e Dougie agradeceu ao fato de nenhum amigo, ou mesmo , estar por perto para fazer piadas sobre sua altura. — A última vez que você esteve por aqui eu não tive a oportunidade de te ver! Entre! Vou preparar um chá!
Apesar de se sentir um pouco sobrecarregado com a recepção, Dougie assentiu e entrou, retirando os sapatos no hall de entrada enquanto a sra. fechava a porta e aguardava por ele. Ao se levantar, foi recebido com um abraço maternal da mulher e meio que entendeu o motivo dela ter exclamado que ele havia crescido: a mãe de era muito menor que ele. Dougie não se lembrava disso. Quanto tempo ele tinha ficado longe daquela cidade, mesmo?
— Venha, eu tenho bolo de coco no forno e o chá não vai demorar para ferver! — Ela caminhou em frente a ele, em direção a cozinha, e falou sobre o ombro: — comprou uma chaleira elétrica! É tão rápido, você não vai acreditar!
Ele levantou as sobrancelhas como se estivesse surpreso com a novidade super moderna que era uma chaleira elétrica, mesmo que sua chaleira fosse elétrica a anos.
— Uau! É incrível o que a tecnologia nos proporciona, não é mesmo? Nada como chá fresco o dia inteiro!
— Exatamente o que eu disse para a !
Dougie balançou a cabeça, rindo, e sentou-se na cadeira oferecida a ele, enquanto a sra. se apressava em preparar um chá preto. Ele tomou um tempo para observar o ambiente, que parecia tão diferente sob a luz do sol, especialmente quando comparado com a última vez que estivera ali. A noite em que perdeu o emprego, terminou com Jordan...
… E vomitou em seu sapato.
Ele riu com a lembrança. Ela estava totalmente quebrada naquela noite, o que fazia seu coração doer por ela, mas havia algo dentro de si que sempre achara poesia em coisas quebradas. E apesar de não ser segredo para ninguém que ele achava incrivelmente bonita, em seu próprio jeito não padronizado de ser bonita, Dougie não conseguia se lembrar de nenhuma memória em que ela estivesse tão bonita quanto naquela noite. A sinceridade e a força dos sentimentos que ela expressou naquele momento de vulnerabilidade eram tão crus. Ele torcia para ter uma chance de ver o extremo oposto daquilo refletido em seu rosto. Ele podia jurar que felicidade pura combinaria muito com as feições dela.
A voz da Sra. interrompeu seus devaneios, perguntando-lhe como ele gostava de tomar seu chá. Dougie não era o maior fã de chá, sempre preferiu café, mas ele nunca falaria isso para aquela senhora tão querida, então ele respondeu educadamente que não gostava de açúcar e leite em seu chá.
— Meu querido, a vida é amarga demais para tomar chá preto puro.
— Mas eu me lembro bem que seu bolo de coco é uma ótima combinação com bebidas amargas, Sra. . — Ele respondeu, sorrindo com os olhos fechados. — A cidade inteira sabe que esse é o melhor bolo de coco do mundo!
— Você é muito gentil, menino! A cidade tem, o que, vinte habitantes? Precisamos de uma pesquisa mais ampla — Os dois riram e ele recebeu uma louça florida contendo um pedaço de bolo do tamanho de um tijolo. Aquela era uma boa manhã. A sra. sentou-se de frente a ele, servindo chá em sua xícara antes de servir a si mesma. tinha os olhos dela. — Sem mais delongas, por que não vamos direto ao ponto de sua visita?
A falta de sutileza com o qual ele foi atingido fez com que ele se sentisse um pouco desconcertado, mas ele limpou a garganta, sentindo as bochechas corarem, e começou:
— Eu vim procurar a , na verdade.
— Ah, eu imaginei que a visita não era para mim… — Ela fingiu estar desapontada, mas riu enquanto tomava um gole de chá. — Infelizmente, a não mora mais aqui…
— C-como assim — Dougie engasgou com um pedaço de bolo e precisou respirar fundo antes de continuar — 'não mora mais aqui'?
— Faz um pouco mais de um mês que ela se mudou… — Ele podia ver que a sra. preferiria ter a filha ao seu lado. — Anda muito ocupada, a … Quase não liga e só veio nos visitar uma vez… Estou surpresa que você não saiba, já que a Jazzie ajudou na mudança…
Ele observou a sra. franzir a testa, como se ponderasse sobre o assunto, enquanto tomava outro gole de chá e fitava o embrulho em seu colo.
— E onde ela mora agora? — Dougie arriscou, sua voz saindo um pouco mais baixa do que pretendia.
— Em Manchester — a Sra. fez uma careta de reprovação ao dizer o nome da cidade e Dougie riu. — Mas você está com sorte, porque hoje é domingo e ela disse que planejava nos visitar, passar a noite aqui. Acho que ela mencionou alguma coisa sobre ir até Londres amanhã…
— A senhora se importaria se eu voltasse mais tarde? Não quero atrapalhar, eu posso dar um pulo aqui depois da janta, se for conveniente. Minha mãe me mata se eu não jantar com ela hoje.
— Será um prazer recebê-lo, e tenho certeza que ficará encantada com a visita.
E foi assim que Dougie Poynter voltou para casa com o rabo entre as pernas e um embrulho pesado debaixo do braço.
13 de Junho de 2021, 9:50 pm, Corringham
— Humpf — bufou ao abrir a porta da casa dos pais e encontrar Dougie Poynter parado nos degraus de entrada, com seu olhar de cachorro sem dono e tudo mais. Tudo bem, ela não poderia negar que seu estômago parecia ter se jogado do oitavo andar, e que ela sentia como um balde de gelo descesse por sua traquéia, mas porra, ela realmente queria odiar aquele homem. E já que ela não conseguia de fato, ela poderia ao menos tentar. Por isso sua reação foi dar de ombros e começar a subir as escadas da casa para o segundo andar, mas convenientemente deixar a porta aberta, enquanto resmungava com o olhar fixo na escadaria de madeira revestida com carpete cinza: — Pelo visto três meses ignorando não foram o suficiente para te fazer entender…
— Olha, — É óbvio que ele havia entrado na casa, mesmo sem convite. É óbvio que ele estava subindo as escadas atrás dela. E é óbvio que parte dela estava feliz com isso. Ela tentou não demonstrar, mas foi difícil controlar o sorrisinho que se formava em seus lábios enquanto abria a porta do sótão. — Eu sei que o que eu fiz não tem desculpa…
— Que bom que você sabe.
— Mas — Ele continuou, ignorando a interrupção. — Era de extrema importância para a banda. Eu não faria aquilo se não fosse, realmente, algo imprescindível.
— Algo imprescindível tipo você estar se cagando de medo de se relacionar comigo e o Jordan simplesmente não querer seguir os projetos com a banda? Ou algo imprescindível tipo você ser um puta covarde? — caminhou até a janela inclinada do sótão. A umidade da noite de verão cobria a maior parte das estrelas e a lua nova não ajudava a embelezar o céu. Ela escutou Dougie fechar a porta depois de entrar no cômodo e caminhar lentamente, até parar a alguns passos de distância dela. Seus dedos, um pouco trêmulos depois de sua explosão de sinceridade e raiva, foram até o bolso traseiro e pegaram o maço de cigarros. O isqueiro sempre estava no mesmo lugar: escondido na borda da janela. Ela precisava de um trago. — Esquece, Dougie. Eu sei que a banda é sua prioridade e eu nunca, nunca, me sentiria bem mudando isso. Eu sei que você teve um bom motivo, mas não muda o fato de você ter agido como um merda.
— Eu sei — ele ofegou atrás dela. — , eu sei que eu fui um merda, e é por isso que eu tentei te contactar várias vezes desde então. E você ignorou todas essas vezes.
— Claro que ignorei, Dougie! O que você queria que eu fizesse? Agisse como se nada tivesse acontecido? Como se eu não tivesse me sentido um saquinho de lixo dourado, pronta, te esperando para sair?
— Não, eu definitivamente não esperava isso… — Ele falou, com os olhos baixos, focados nos próprios sapatos. se perguntou se ele tinha alguma ideia de como era difícil manter a fachada de durona enquanto o observava com sua melhor cara de cachorro sem dono. — Olha, eu sei que errei, . Eu não tiro sua razão de estar brava. Mas apesar de tudo, eu estou aqui. E você sabe — eu sei que você sabe — que meus sentimentos não mudaram desde a última vez… Ou talvez tenham se intensificado. Não houve um dia em que eu não pensasse em você, ou refletisse sobre minhas escolhas daquela noite.
Por mais que tentasse disfarçar, sua mão tremia quando levou o cigarro aos lábios e tragou como se sua vida dependesse daquilo, causando uma crise de tosse que fez com que lágrimas saíssem de seus olhos. Maldito hábito.
Ela observou Dougie depositar o embrulho grande numa mesinha de madeira surrada e se aproximar.
O cigarro foi retirado de seu lábio subitamente, e com um sobressalto ela percebeu que Dougie havia se aproximado. Ele tragou o cigarro dela, espirando a fumaça aos poucos, e continuou:
— Mas como eu te falei aquele dia: eu queria — quero — você por completo, . E eu também preciso estar completo para que isso dê certo, se você ainda estiver disposta a tentar.
— Dougie… — Seu braço se estendeu ao lado dela, alcançando o cinzeiro da janela para apagar o cigarro, e ele estava ainda mais próximo dela agora. Ela conseguia sentir seu cheiro amadeirado, ainda que o odor do cigarro prevalecesse no quarto. Ele sorriu de lado e precisou se controlar para não avançar e tocar seu rosto, seu cabelo, para não beijá-lo como ela queria desde a primeira vez que o vira naquela noite. Ela não poderia ceder a ele tão facilmente depois de tudo que ocorrera. — Você sabe que eu estou morando em Manchester e…
— E de Londres até Manchester são quatro horas de carro, uma hora de avião, uns três dias de bicicleta, porque eu não sou mais tão jovem. Eu tenho uma resposta para cada desculpa, você pode continuar tentando. Sei que você tem medo, e depois do que eu fiz, você tem razão. Mas se você me der uma chance, uma última chance, posso te provar que só quero te fazer bem. Até porque eu tenho medo da Jazzie.
Os dois riram, tão próximos que ela sentiu a risada dele contra seu rosto.
— É, sua irmã pode ser assustadora quando quer.
Ela ponderou sobre a situação e deu de ombro. Por mais brava que estivesse, ela já havia perdoado Dougie fazia um tempo. Ela sabia que também era o tipo de pessoa que colocaria sua carreira em primeiro lugar em algumas situações, e entendia os motivos por trás do bolo que levara. Eles não eram mais adolescentes ou inocentes ao ponto de acreditarem que relacionamentos amorosos estavam sempre em primeiro lugar. E foi por isso que, eventualmente se rendeu à tentação e permitiu que seu dedo indicador acariciasse a mandíbula dele, vagando até chegar aos lábios, num carinho leve como pena.
— Ela tentou me jogar no caminhão de lixo quando descobriu que eu estava voltando para Londres naquele dia.
Ele fechou os olhos e inclinou o rosto em direção a mão dela, com a respiração falha.
— Errada ela não estava.
Sua mão acariciou a face dele, subindo até encaixar os dedos entre as mechas de seu cabelo. precisou se controlar ao sentir as mãos dele em seus quadris, aproximando-a dele, fazendo-a perceber o quanto ele a queria naquele momento.
— Não.
Os lábios dele no dela, tão sutilmente que talvez não fosse considerado um beijo. sentiu aquela tensão gostosa se formando no baixo ventre, sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando os dedos gelados de Dougie encontraram sua pele, por baixo do tecido de sua camiseta.
— O que tem naquele embrulho, Dougie?
Ela sussurrou contra o lábio dele. Seu lábio inferior entre os dentes dele, o aperto em seu quadril mais forte.
— Meu pedido de desculpas materialista… A Life In Pictures, do McCurry. Eu sei o quanto você gosta do trabalho dele e...
Os lábios dele descendo de seus lábios por seu rosto, mandíbula… Parando em seu pescoço. A respiração e o toque causando arrepios onde quer que tocassem.
— E se a gente não der certo…
Dedos entre seus cachos, seu pescoço exposto. Beijos, suspiros, leves mordidas. Seu quadril ainda mais próximo do dele. Sua calcinha provavelmente encharcada com os toques, a antecipação e o pensamento de que provavelmente ele estava duro por ela. Ela era a causa daquilo. A outra mão abandonando seu quadril e trilhando um caminho por seu tronco, parando exatamente onde seu sutiã começava.
— Nós tentamos de novo, e de novo, e de novo.
não conseguiu evitar o grunhido que saiu por sua boca quando seu mamilo foi estimulado por cima do tecido fino do sutiã. Maldito Poynter. Ele sabia como provocá-la. Ele sabia, desde o início, que eventualmente ela cederia. Foda-se. Ela também sabia e não poderia se importar menos. Não quando seu corpo já lhe denunciara reagindo a cada toque e sua pele implorava por mais contato. Não quando os lábios dele brincavam daquele jeito perigoso perto dos seus, atiçando-a.
— Me beije logo, Poyn…
Ele a interrompeu, calando-a com seus lábios. Um beijo que começou meio tímido, como se Dougie não tivesse certeza de que deveria seguir em frente, mas que em pouco tempo evoluiu para algo mais. Sua língua partiu os lábios de , que logo retribuiu, dando espaço para a invasão muito bem vinda em sua boca, levando sua própria língua até a dele, sentindo a carícia íntima. Os dedos que estavam em seus cachos aplicaram um pouco mais de força, levando-a para mais perto dele, aprofundando o beijo. Ela levou as mãos até as bochechas de Dougie, deslizando-as lentamente para dentre as mechas de seu cabelo, enquanto a mão dele que, até então estava relativamente comportada em seu seio, começou a se aventurar, apalpando-a e acariciando-a.
tinha uma opinião muito forte sobre beijos: eles eram subestimados. Um beijo tinha capacidade de exercer tanto poder. Podia ser um beijo casto, fraternal. Podia ser um beijo sem maiores interesses, ou um beijo carnal. Um beijo podia mudar sua vida, suas decisões. Um beijo podia muito bem convencê-las das intenções de outra pessoa. Ainda mais se aquela pessoa fosse Dougie Poynter: o dono dos beijos que exerciam um poder anormal sobre . Aquele poderia, sim, ser só um beijo. Mas ela sabia que não era. Porque seu cérebro estava nublado com todas as sensações, porque seus corpos pediam por mais, porque seus lábios simplesmente não se cansavam uns dos outros, porque dentro de si, coisas aconteciam, fazendo com que ela quisesse ainda mais, nunca era o suficiente. Porque a química dos dois era inexplicável, era boa demais para ser desperdiçada, era forte demais para ser ignorada e era hipnotizante o suficiente para que eles soubessem que, por mais que às vezes eles fossem tão errados um para o outro, quando estavam juntos aquilo era nada além de certo.
Foi quem quebrou o beijo delicadamente, com a respiração falha, sentindo as bochechas quentes e os lábios inchados. Foi quem sorriu de lado, mordendo o lábio, e levou as mãos até a barra da camisa larga de Dougie, retirando-a, jogando-a em algum canto do sótão. Foi quem tirou a própria camiseta, deixando-a cair aos seus pés. Dougie sorriu embasbacado. Não é como se ela não fosse tímida e cheia de inseguranças quanto a auto-imagem, porque ela era o oposto disso. Mas ela se sentia tão confortável e livre com ele, que não havia motivos para constrangimento. E ele parecia gostar daquilo, parecia gostar de quando ela tomava iniciativa, mostrava que era dona de si, quando ela conseguia ser quem realmente era.
Dougie se aproximou novamente, mãos envolvendo sua cintura, boca na curva de seu pescoço, causando arrepios e sensações que há muito não sentia.
— Você não vai se arrepender, … Eu prometo fazer de tudo ao meu alcance para manter minha palavra, dessa vez — Ele falou, a voz abafada contra a pele dela. , por sua vez, subiu as mãos pelo peitoral do loiro, até chegar aos ombros, antes de descer mais um vez, deixando suas unhas arranharem a pele dele levemente, até chegar ao cós da calça.
— É melhor que você realmente o faça, Poynter — os dedos dela desafivelavam o cinto dele, e ela se distraia ao receber mordiscadas e beijinhos por seu ombro. — Porque eu posso não ser tão compreensiva no futuro.
— Como uma mulher tão bonita e meiga pode ser tão assustadora… — Enquanto uma das mãos de Dougie subia por sua coluna, a outra se encarregava de abrir os botões complexos da calça dela, empurrando o tecido colado para baixo com um pouco de dificuldade, e terminou de tirar a calça com os pés, rapidamente, fazendo com que Dougie erguesse uma sobrancelha em questionamento, mas logo sua calça também estava no chão. sentiu uma leve onda de constrangimento tomar conta de si, por exatos cinco segundos, até que ela decidisse que foda-se a vergonha, Dougie Poynter tinha uma ereção nem-um-pouco-discreta por causa dela. Então ela sorriu. Sorriu abertamente, como se ela não conseguisse mais controlar os músculos dos lábios, e segurou a mão dele, guiando-o até o colchão. O mesmo maldito colchão de meses atrás. Mas Dougie soltou sua mão e, antes que ela pudesse questioná-lo, ele estava se jogando na cama bagunçada. Sob o olhar questionado de , ele deu de ombros e respondeu:
— Sempre quis fazer isso.
— Você tem sorte que a audição da minha mãe é péssima. — Ela respondeu segurando o riso, caminhando e sentando-se sobre ele, que prontamente segurou sua cintura.
— Eu tenho sorte por ter a melhor pessoa de Essex no meu colo, isso sim.
— De Essex? Só de Essex? — Ela cruzou os braços como se estivesse brava, e ele aplicou força em seu toque, rolando-os até que ela estivesse por baixo dele num baque amortecido pela espuma.
— Infelizmente ninguém pode competir com o Harry Judd, . Ele é a melhor pessoa da Inglaterra.
— Certo, então por que você não está com a melhor pessoa da Inglaterra no momento? Por que perder seu tempo com uma mera melhor pessoa de Essex?
— Porque, — Dougie aproximou seu rosto do dela, mordiscando sua bochecha, seu pescoço, seu ombro e descendo em direção ao seu seio. Ele movimentou o quadril de um modo que fez suspirar e querer mais. —, eu não paro de pensar na melhor pessoa de Essex há meses. Eu não consigo me concentrar direito em nada, porque tal pessoa não me dava sinais de vida. — Seus lábios úmidos rondavam o seio direito, de um modo carinhoso e, ainda assim, extremamente sensual, enquanto sua mão dava atenção ao esquerdo. Mas ele pausou e olhou nos olhos dela, que precisou levantar um pouco a cabeça para enxergá-lo em seu colo. — Porque não tem outro lugar no mundo onde eu preferiria estar do que aqui, ou qualquer pessoa no mundo com quem eu quisesse estar do que com você.
A ponta da língua de Dougie circulou seu mamilo antes dele mordiscar a área também, e então ele começou a descer ainda mais, seus lábios distribuindo beijos e lambidas por toda a extensão da pele que tocava, causando sensações no estômago de que ela tinha certeza, deveriam ser proibidas.
Quando finalmente chegou na altura do osso do quadril de , suas mãos desceram por seu tronco até as coxas, acariciando-as. Seus lábios desceram até sua virilha, suas mãos separaram suas coxas delicadamente. Ele olhou para ela mais uma vez, como se pedisse autorização. Como se ela precisasse ser mais clara quanto ao que ela queria. Ela quase riu da situação, porque naquele momento ela o queria desesperadamente. Dougie a provocou, beijando a parte interna de sua coxa enquanto acariciava a parte traseira. sentiu um calafrio gostoso percorrer seu corpo quando o nariz e a boca dele tocaram a parte mais baixa de sua calcinha, e seu quadril se moveu involuntariamente de encontro ao rosto, arrancando um risinho baixo do loiro.
Dougie passou seu dedo por sua calcinha, desde o início da peça até onde seu rosto havia estado momentos atrás, demorando-se um pouco mais ali, onde — sabia — o tecido estava úmido. Ela moveu seu quadril de novo, e dessa vez não foi involuntário. Resmungou quando Dougie se recusou a oferecer mais fricção onde ela queria.
— Por que você está resmungando, ? — Ele perguntou antes de lamber sua virilha, o que apenas a fez resmungar novamente. Ele forçou a língua por baixo do tecido, até tocar seu lábio externo. Apenas mais uma provocação antes dele tirar a língua do local. Encaixando a parte frontal da calcinha entre dois dedos, ele subiu e desceu a mão, esticando o tecido. O contato entre a pele dele e sua intimidade deixando-a desesperada por mais.
— Porque aparentemente você gosta de me torturar, Poynter! — conseguiu responder entre dentes. Dougie afastou sua boca dela, mas manteve os dedos onde estavam, fazendo com que sua frustração crescesse. Ele franziu a testa antes de perguntar, fingindo estar em dúvida sobre como proceder:
— Devo parar? — As costas de seus dedos acariciaram toda a extensão coberta por sua calcinha e gemeu, balançando a cabeça. — Me responde, … O que eu devo fazer?
— Dougie… — Ela falou arrastado, de modo quase dengoso. — Por favor…
Seu polegar passou por entre seus lábios baixos e vibrou em seu ponto mais sensível.
— Me fala, . O que você quer?
Ela o xingou em pensamento e puxou-o em sua direção pelos ombros.
— Poynter — ela pronunciou, sem paciência, olhando nos olhos dele. — Me fode.
— Agora, essa é a que eu conheço — ele sorriu de lado, seu cabelo caindo sobre seu rosto quando se abaixou, ficando na altura de seu quadril. Finalmente retirou a peça de roupa que ela começara a odiar e beijou-a. Ele abriu seus lábios com o dedo indicador e médio, e lambeu-a de baixo para cima, evitando a ponta do clitóris, mas dedicando-se a cada milímetro em seu entorno. Seu polegar acariciava sua entrada, sem penetrá-la. gemeu. Ela já estava excitada antes, quando ele ainda não havia encostado nela de fato, mas agora… Aquilo era simplesmente demais. Ela moveu o quadril e levou as mãos até a cabeça de Dougie.
Incentivado por aquilo, ele finalmente penetrou-a com um dedo, numa velocidade muito mais lenta do que ela precisava, fazendo com que aquele nó excitação que crescia no baixo de seu ventre crescesse. Ele adicionou o segundo dedo e aumentou a velocidade das investidas, arrancando um ronronar satisfeito da mulher. Sua boca dedicava-se ao ponto mais alto da intimidade dela, e conseguia escutar o quanto estava molhada sempre que os dedos de Dougie entravam e saiam dela.
Ela entrelaçou os dedos entre as mechas do loiro ao mesmo tempo que subia seu quadril, aumentando a fricção. Sentia seu interior se contrair em torno dos dedos dele, que se curvaram da maneira mais perfeita possível, alcançando um ponto que ela, sem sombra de dúvidas, nunca conseguiria sozinha. Estava tão próxima de seu orgasmo, que chegava a doer. já não tentava abafar seus gemidos e frases desconexas que pediam por mais, que chamavam o nome dele. Ela só poderia agradecer por estarem no sótão, e não em seu antigo quarto.
Mas então Dougie se afastou e olhou para ela. Descabelada e suada e franzindo a testa em frustração. Ele sorriu de lado. Ela observou que ele também estava descabelado. Seu queixo, nariz e lábios encharcados com os fluidos dela.
— O que…
— Camisinha.
— Hm… — resmungou enquanto Dougie caminhava até sua calça e tirava um preservativo de sua carteira. Ela sorriu com o ato, apesar da frustração do orgasmo interrompido. Era bom saber que alguém naquele quarto ainda tinha um pouco de sanidade.
Logo, Dougie estava sobre ela novamente, desta vez nu e com o preservativo devidamente colocado. Ele beijou-a na boca — um beijo profundo, cheio de desejo —, fazendo-a desfrutar do seu próprio gosto. Moveu o quadril e ela sentiu sua ereção contra sua entrada. Arfou.
— — ele ainda a provocava, escorregando seu membro por sua intimidade com ajuda de sua lubrificação natural e do preservativo. A boca dele em seu ouvido. Ofegante, sussurrando: — Você não faz ideia do quanto eu tenho que me controlar tanto para não meter logo em você.
Ela gemeu ainda mais alto quanto ele investiu contra seu clitóris e levou suas mãos até as nádegas dele, a fim de aumentar o contato.
Aquilo parece ter sido a gota d'água para ele. Apoiando-se no colchão, ele penetrou-a com um impulso.
Os dois gemeram — de prazer e de alívio. arqueou as costas, indo de encontro aos movimentos dele. Dougie tentou manter um ritmo lento, a princípio. Enterrando-se o máximo que conseguia dentro dela, demorando-se ali por alguns momentos antes de sair completamente e repetir a ação.
Era tão bom, tão bom. E logo precisava de mais.
Mais força, mais velocidade. Ela não hesitou em pedir, em implorar. E Dougie respondeu prontamente a cada um de seus desejos, aumentando gradativamente a força e a velocidade de suas investidas contra ela, enquanto sua boca tentava concentrar em beijá-la, mas não conseguia. Finalmente desistiu, e levou seus lábios ao pescoço dela.
Ambos se moviam de maneira descompassada, dominados pela necessidade e pelo desejo. abriu mais suas pernas e Dougie conseguiu chegar num novo ponto. Naquela posição, seu clitóris ficava exposto ao contato com a área pélvica dele, e não demorou muito para que o orgasmo tomasse conta de todo seu corpo. Desde os dedos dos pés até seu último fio de cabelo, sentiu as sensações fortes causadas por ondas e ondas de prazer. Seu interior se contraiu ao redor dele, sua pele estava sensível, seu coração batia rapidamente e respirar se tornava uma missão cada vez mais difícil. Suas mãos apertaram o lençol abaixo de seu corpo com força e um grito de alívio escapou se sua garganta. Dougie continuou a penetrá-la lenta e profundamente, fazendo com que ela aproveitasse cada segundo do seu ápice, até que ele mesmo não pudesse mais suportar e deixasse o orgasmo dominá-lo e ele se deixasse relaxar sobre .
Seus corpos estavam impossivelmente próximos, colados pelo suor, suas respirações erráticas, batimentos descompassados. Ela ainda o sentia vibrar dentro de si enquanto encarava o teto com um sorriso bobo nos lábios, enquanto os braços de Dougie envolviam sua cintura e ele depositava um beijo carinhoso no topo de sua cabeça. não se lembrava de ter tido alguma experiência tivesse sido ao mesmo tempo tão erótica e tão profunda.
O cansaço dominou o corpo de ambos rapidamente, e ela tinha quase certeza que cochilara naquele meio tempo. Virou-se de lado, ficando de costas para Dougie, que a aconchegou contra ele e afundou o rosto em seu pescoço, inspirando profundamente. Ela sorriu ao se lembrar de tudo que havia acontecido nos últimos meses.
Por mais que tenha estado brava com ele, a distância viera a calhar. Ela havia começado terapia, arranjado um novo emprego — que não era o emprego dos sonhos, mas pagava as contas e, sem dúvida, lhe oferecia oportunidades maravilhosas —, e agora estava nua e plena nos braços de Dougie Poynter. Ela sabia que ainda tinham muito que enfrentar pela frente. Os dois eram cabeça dura, tinham dificuldades em dialogar e tendências a se render a hábitos destrutivos. Mas nada que a fizesse sentir tão bem quanto ela se sentia agora poderia ser ruim. Não havia substância no mundo que a fizesse sentir do modo como Dougie havia acabado de fazê-la sentir. Disso ela tinha certeza.
Estava distraída com seus pensamentos quando uma das mãos de Dougie começou a subir lentamente por seu abdome e ela sentiu algo duro na parte baixa de sua coluna. Riu baixinho antes de perguntar:
— De novo?
— De novo.
Fim.
Apesar da insegurança que senti em alguns momentos para tratar de assuntos delicados, sem dúvida esse foi um projeto ao qual me dediquei bastante e espero que vocês gostem da história tanto quanto eu.
Tentei ser sutil em relação ao abuso de substâncias e a relacionamentos tóxicos por esses serem tópicos sensíveis para mim, e não queria que ninguém se sentisse mal ao vê-los retratados aqui.
Pelo contrário, minha intenção é que se sintam acolhidas. Se você está passando por algo que parece pesado demais para encarar sozinha, procure ajuda. Fale sobre isso. Não se cale.
Nota da beta:
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